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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADOÍTALO LATINO - IL.

Impetrante: Dra Vanessa GabrielaKrammes OAB/RS 40F892 e Dr. Cristian Garcia


Marquesan OAB/RS 50E683.
Paciente: Mévio da Silva
Autoridade Coatora: MM Juiz de Direito da 2ª Vara Criminal da Comarca Internacional -
IL

PEDIDO DE APRECIAÇÃO URGENTE( LIMINAR) – RÉU PRESO

Os Advogados Dra Vanessa Gabriela Krammes, OAB/RS 40F892 e Dr. Cristian


Garcia Marquesan OAB/RS 50E683, ambos brasileiros, casados, maiores, com escritório
profissional consignado no timbre desta, onde receberá intimações, vem, com o devido
respeito à presença de Vossa Excelência, para, sob a égide dos artigos 647 e 648, inciso
I, II, IV do Código de Processo Penal c/c art. 5º, inciso LXVIII da Lei Fundamental ,
impetrar a presente
ORDEM DE HABEAS CORPUS,
(com pedido de “medida liminar”)

em favor de MÉVIO DA SILVA, brasileiro, solteiro, mecânico, possuidor do RG. nº.


11223344 – SSP(PR), residente e domiciliado na Rua X, nº. 000 – Internacional - IL, ora
Paciente, posto que se encontra sofrendo constrangimento ilegal por ato do eminente
Juiz de Direito da 2ª Vara Criminal da Comarca Internacional - IL, o qual, do exame
do pedido de absolvição sumária com pleito sucessivo de liberdade provisória, manteve a
prisão preventiva e negou a absolvição de pronto, aquele sem a devida motivação, em
face de pretenso crime de furto simples, consoante no Art. 155 do Código Penal,
somando-se o § 2º deste mesmo artigo, que lhe fora atribuído, cuja decisão dormita nos
autos do processo nº. 33344.55.06.77/0001, como se verá na exposição fática e de direito,
a seguir delineadas.

SÍNTESE DOS FATOS

Colhe-se dos autos do processo supra-aludido que o


Paciente fora preso em flagrante delito, em 08 de janeiro de 2018, pela suposta
prática de crime de furto simples (CP, art. 155, caput c/c § 2ª do mesmo artigo),
cuja cópia do auto em flagrante ora acosta-se.(doc. 01)
Por meio do despacho que demora às fls. 12/13 do processo
criminal em espécie, o Magistrado a quo, na oportunidade que recebera o auto de prisão
em flagrante (CPP, art. 310), converteu esta em prisão preventiva, sob o enfoque da
garantia da ordem pública e conveniência da instrução criminal (CPP, art. 310, inc. I), o
que se observa pelo teor do referido decisum nesta oportunidade acostado. (doc. 02)

Citado, o Paciente apresentou tempestivamente sua Resposta


à Acusação (CPP, art. 396-A) e, nesta ocasião processual, pediu o julgamento antecipado
do processo com a sua absolvição sumária. Neste enfoque, evidenciou considerações de
que havia ausência de tipicidade, uma vez que res furtiva não alcançava, à época dos
fatos, sequer 20%(vinte por cento) do salário mínimo. Sendo assim, segundo o sólido
entendimento de doutrina e jurisprudência, remetia-se à aplicação do princípio da
insignificância.

Subsidiariamente, não fosse atendido o pleito em liça,


requereu o benefício da liberdade provisória, maiormente quando ausentes os requisitos
do art. 312 da Legislação Adjetiva Penal.

Ambos os pedidos foram negados.

Por conveniência, abaixo evidenciamos trecho da decisão em


vertente (doc. 03), proferida pela Autoridade Coatora, cuja cópia anexamos:

“ Não há que se cogitar na aplicação do princípio da insignificância. O


princípio da insignificância não foi estruturado para resguardar e legitimar
constantes condutas desvirtuadas, mas para impedir que desvios de condutas
ínfimos, isolados, sejam sancionados pelo direito penal, fazendo-se justiça no
caso concreto. Comportamentos contrários à Lei Penal, mesmo que
insignificantes, quando constantes, devido a sua reprovabilidade, perdem a
característica de bagatela e devem se submeter ao direito penal.

(...)

No tocante ao pedido de liberdade provisória, é de rigor recusá-lo.


Compulsando os autos, verifico que inexiste qualquer elemento capaz de alterar a
classificação penal feita pela douta Autoridade Policial e nobre represente do
Órgão Ministerial, sobretudo quando apoiados nas convicções colhidas dos fólios
da pela inquisitória.

É de solar clareza, no cenário jurídico atual, que o crime de furto, por sua
gravidade que importa à sociedade, por si só, já distancia a hipótese da
concessão da liberdade provisória.

(...)

Devo registrar, por outro ângulo, que a crime contra o patrimônio, cada
vez mais constante e eficiente, deve ser combatida eficazmente pelo Judiciário,
onde, em última análise.

Vislumbro, mais, a manutenção da prisão preventiva é a medida acertada à


hipótese em relevo, visto que tal proceder é de conveniência da instrução
criminal, para garantia da ordem pública e para assegurar a aplicaçãção da lei
penal.
Por tais considerações, INDEFIRO O PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO
SUMÁRIA E DE LIBERDADE PROVISÓRIA.

Designo audiência de instrução para o dia 10/01/2020 Expedientes


necessários. “

Estas são, pois, algumas considerações necessárias à


elucidação fática.

O QUADRO FÁTICO APONTA PARA A HIPÓTESE DE ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA


CPP, art. 397, inc. III (ausência de tipicidade)

Colhe-se dos autos que a res furtiva (2 camisetas) fora


avaliada em cerca de R$ 30,00(trinta reais), cada uma, perfazendo R$ 60,00
(sessenta reais), consoante se constata pela leitura do laudo de avaliação ora
carreado e extraído do bojo do inquérito policial. (doc. 04).

A coisa tem valor insignificante, não representando


sequer 10% (dez por cento) do salário mínimo à época dos fatos. (08/01/2018)

De outra banda, o Paciente não é voltado à prática de


delitos. Inexiste contra o mesmo condenações pretéritas, o que se comprova de
pronto com as certidões anexas. (docs. 05/09)

Outrossim, a hipótese em estudo diz respeito à


imputação de crime onde não há grave ameaça contra a vítima.
As circunstâncias descritas certamente remetem à
aplicação do princípio da insignificância.

É consabido que o princípio da insignificância tem


franca aceitação e reconhecimento na doutrina e pelos Tribunais. Funcionando
como causa de exclusão da tipicidade, representa instrumento legal decorrente da
ênfase apropriada dos princípios da lesividade, fragmentariedade e intervenção
mínima.

Oportuno destacar que ao Judiciário cabe somente ser


acionado para solucionar conflitos que afetem de forma substancial os bens
jurídicos protegidos pelas normas incriminadoras. A propósito vejamos as lições
doutrinárias de Cezar Roberto Bitencourt acerca deste tema, in verbis:

“ A tipicidade penal exige uma ofensa de alguma gravidade aos bens


jurídicos protegidos, pois nem sempre qualquer ofensa a esses bens ou
interesses é suficiente para configurar o injusto típico. Segundo esse
princípio, que Klaus Tiedemann chamou de princípio de bagatela, é
imperativa uma efetivida proporcionalidade entre a gravidade da conduta
que se pretende punir e a drasticidade da intervenção estatal. Amiúde,
condutas que se amoldam ao determinado tipo penal, sob o ponto de vista
formal, não apresentam nenhuma relevância material. Nessas circunstâncias,
pode-se afastar liminarmente a tipicidade penal porque em verdade o bem
jurídico não chegou a ser lesado. “ (BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado
de Direito Penal. 16ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2011, vol. 1. Pág. 51)
Consoante as linhas doutrinária mencionadas, para que seja
conferida a atipicidade da conduta delituosa, faz-se mister, além da análise abstrata
desta, o exame das circunstâncias que denotem a inexistência de lesão relevante ao
bem jurídico tutelado.

Doutrina e jurisprudência são firmes em assentar que a


aplicação do princípio da significância reclama aferir-se (a) mínima ofensividade
da conduta sub examine; (b) inexistência de periculosidade social no
comportamento; (c) reduzido grau de censura do proceder do agente e; (d)
insignificância da lesão jurídica produzida.

Neste exato tocante vejamos o que professa o penalista


Rogério Greco:

“ Ao contrário, entendendo o julgador que o bem subtraído não goza da


importância exigida pelo Direito Penal em virtude da sua insignificância,
deverá absolver o agente, fundamento na ausência de tipicidade material, que
é o critério por meio do qual o Direito Penal avalia a importância do bem no
caso concreto. “ (GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. 8ª Ed. Rio de
Janeiro: Impetus, 2011, vol. III. Pág. 39)

Com a mesma sorte de entendimento vejamos as


considerações de Guilherme de Souza Nucci:

“ O Direito Penal não se ocupa de insignificâncias(aquilo que a própria


sociedade concebe ser de menos importância), deixando de se considerar fato
típico a subtração de pequeninas coisas de valor nitidamente irrelevante. “
(NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 10ª Ed. São Paulo:
RT, 2010. Pág. 735)

À luz das considerações doutrinárias destacadas, o


Paciente faz jus à absolvição sumária.

A situação dos autos importa que seja acatada a tese da


irrelevância material da conduta em estudo, maiormente quando (a) a res furtiva é
financeiramente inexpressiva; (b) o Denunciado-Paciente é réu primário,
consoante já demonstrado; (c) não há qualquer relato que a conduta do Paciente
tenha provocado consequências danosas á vítima; (d) inexistiu violência na
conduta; (e) o patrimônio da vítima não foi e nem será afetada com pretensa
subtração dos insignificantes bens.

Quanto ao aspecto da primariedade, ainda que


existisse(m) condenação(ções) pretéritas contra o Paciente – o que não é o caso --,
esta(s) não seria(m) capaz(es) de afastar a absolvição, consoante entendimento do
Egrégio Superior Tribunal de Justiça.

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS.


TENTATIVA DE FURTO DE BEM AVALIADO EM R$ 12,00 (DOZE
REAIS). PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INCIDÊNCIA.
AUSÊNCIA DE TIPICIDADE MATERIAL. INEXPRESSIVA LESÃO
AO BEM JURÍDICO TUTELADO. REITERAÇÃO CRIMINOSA.
IRRELEVÂNCIA, PARA A INCIDÊNCIA DA CAUSA DE EXCLUSÃO
DA TIPICIDADE. PRECEDENTES DO STF E DO STJ.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. DECISÃO
AGRAVADA EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO
STJ E DO STF. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. I. A conduta
do réu - tentativa de subtração de um bem avaliado em R$ 12,00 (doze reais)
-, embora se subsuma à definição jurídica do crime de furto tentado e se
amolde à tipicidade subjetiva, uma vez que presente o dolo, não ultrapassa a
análise da tipicidade material, mostrando-se desproporcional a imposição de
sanção penal, uma vez que, embora existente o desvalor da ação - por ter
praticado uma conduta relevante -, o resultado jurídico, ou seja, a lesão, é
absolutamente irrelevante.
II. Consoante a jurisprudência do STF e do STJ, o princípio da
insignificância, quando aplicável, interfere com a tipicidade material,
pelo que - a não ser em relação a certas modalidades de delito, nas quais
as particularidades do bem jurídico tutelado afastam, por completo, sua
incidência - apenas critérios de ordem objetiva devem interessar, para
fins de reconhecimento, ou não, do crime de bagatela, abstraindo-se da
discussão outras circunstâncias de índole subjetiva, tais como a
personalidade do agente, antecedentes, habitualidade ou continuidade
delituosa.
III. Agravo Regimental improvido. (STJ - AgRg-HC 208.349; Proc.
2011/0125084-8; SP; Sexta Turma; Relª Min. Assusete Magalhães; Julg.
18/10/2012; DJE 30/10/2012)
Comprovado que o comportamento do Paciente afasta o
tipo penal enfocado, aplicável o princípio da insignificância consoante melhor
jurisprudência:

APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO QUALIFICADO. INCIDÊNCIA DO


PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. POSSIBILIDADE.
1. As circunstâncias de o apelante possuir apontamentos criminais e de o
furto ter sido praticado, aparentemente, mediante concurso de pessoas. Já que
o único elemento probatório produzido nesse sentido foi a confissão do
próprio condenado. Não impedem, segundo entendimento doutrinário e
jurisprudencial das cortes superiores e, também, deste sodalício, de forma
absoluta, a aplicação do princípio da insignificância.
2. Constatado que, a par de a conduta de subtrair uma lona plástica usada e
três caixas de repolho em local desabitado, no período noturno e sem o
emprego de violência e grave ameaça à pessoa, não ser socialmente perigosa,
nem tampouco de revelar expressiva ofensividade ou considerável
reprovação, os bens subtraídos são fungíveis e foram recuperados, em parte,
pelas vítimas, ocasionando uma lesão patrimonial efetiva de apenas R$
30,00, a absolvição do condenado, com fulcro no art. 386, inciso III, do
diploma processual penal, é medida que se impõe, pois, o direito penal não
deve ocupar-se de bagatelas. Apelo conhecido e provido. Sentença
reformada. (TJGO - ACr 73859-30.2008.8.09.0006; Anápolis; Rel. Des.
Itaney Francisco Campos; DJGO 04/02/2013; Pág. 155)
APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO QUALIFICADO. RECURSO
MINISTERIAL. A B SOLV I ÇÃ O. A P LI C AÇ ÃO DO P R IN CÍ P
IO DA INSIGNIFICÂNCIA. DECISÃO MANTIDA. PRESCRIÇÃO DA
PRETENSÃO PUNITIVA PELA PENA IN ABSTRATO.
RECONHECIMENTO EX OFFICIO. EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE DOS RÉUS. RECURSO IMPROVIDO.
É de ser mantida a sentença absolutória com base no princípio da
insignificância se a Res furtiva foi avaliada indiretamente em R$ 200,00,
equivalente ao salário mínimo da época, e os animais foram recuperados pela
vítima, e, inclusive, carneados, sobretudo se passados mais de 10 (dez) anos
da prática dos fatos. Transcorridos mais de 6 (seis) anos do recebimento da
denúncia até o momento, deve-se declarar extinta a punibilidade dos réus
pela prática de furto qualificado. Que prevê pena de 2 (dois) a 8 (oito) anos
de reclusão. , nos termos do art. 109, III, do Código Penal, porquanto, à
época dos fatos, eram menores de 21 (vinte e um) anos, reduzindo-se o prazo
prescricional pela metade, conforme dispõe o art. 115 do mesmo CODEX.
Reconhecimento ex officio. (TJMS - APL 0000218-38.2004.8.12.0047;
Terenos; Segunda Câmara Criminal; Rel. Des. Romero Osme Dias Lopes;
DJMS 04/02/2013; Pág. 21)

Furto privilegiado Absolvição Necessidade Res de valor irrisório (R$ 64,00)


Ausência de lesão ao bem jurídico tutelado Atipicidade Aplicação do
princípio da insignificância Apelação provida. (TJSP - APL 0002878-
62.2009.8.26.0201; Ac. 6460976; Garça; Décima Sexta Câmara de Direito
Criminal; Rel. Des. Pedro Menin; Julg. 29/01/2013; DJESP 04/02/2013)
Ainda sobre o tema em vertente colhemos os seguintes
precedentes do Superior Tribunal de Justiça:

HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE FURTO SIMPLES


CONSIDERADO PRIVILEGIADO. PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. MÍNIMO DESVALOR DA
AÇÃO. VALOR ÍNFIMO DA RES FURTIVA. IRRELEVÂNCIA DA
CONDUTA NA ESFERA PENAL. PRECEDENTES DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL E DESTA CORTE. HABEAS CORPUS
CONCEDIDO.
1. A conduta imputada ao Paciente - tentativa de furto de uma peça de
picanha, com peso de 1,3 kg (um quilograma e trezentos gramas), avaliada
em R$ 24,00 - insere-se na concepção doutrinária e jurisprudencial de crime
de bagatela. Precedentes.
2. O furto não lesionou o bem jurídico tutelado pelo ordenamento positivo,
excluindo a tipicidade penal, dado o reduzido grau de reprovabilidade do
comportamento do agente, o mínimo desvalor da ação e o fato não ter
causado maiores conseqüências danosas.
3. Habeas corpus concedido para absolver o Paciente. ( STJ - HC 250.574;
Proc. 2012/0162440-7; SP; Quinta Turma; Relª Minª Laurita Vaz; Julg.
18/12/2012; DJE 01/02/2013)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. FURTO. BEM


AVALIADO EM R$ 150,00. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
APLICABILIDADE. ABSOLVIÇÃO EM PRIMEIRO E SEGUNDO
GRAUS. CASO CONCRETO.
1. A Lei Penal não deve ser invocada para atuar em hipóteses desprovidas de
significação social, razão pela qual os princípios da insignificância e da
intervenção mínima surgem para evitar situações dessa natureza, atuando
como instrumentos de interpretação restrita do tipo penal.
2. A conduta perpetrada pelo agente, primário e sem antecedentes, é
irrelevante para o direito penal. O delito em tela - furto de um pneu estepe
avaliado em R$ 150,00 (cento e cinquenta reais) -, se insere na concepção
doutrinária e jurisprudencial de crime de bagatela.
3. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ - AgRg-REsp
1.313.372; Proc. 2012/0068534-0; RS; Quinta Turma; Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze; Julg. 23/10/2012; DJE 30/10/2012)

Vejamos, de outro importe, decisões emblemáticas do


Supremo Tribunal Federal:

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. IDENTIFICAÇÃO DOS


VETORES CUJA PRESENÇA LEGITIMA O RECONHECIMENTO
DESSE POSTULADO DE POLÍTICA CRIMINAL. CONSEQÜE NTE
DESCARACTERIZAÇÃO DA TIPICIDADE PENAL EM SEU
ASPECTO MATERIAL. DELITO DE FURTO SIMPLES CP, ART. 155,
" CAPUT ") DE UM CHEQUE ASSINADO. " RES FURTIVA " NO
VALOR DE R$ 80,00 (EQUIVALENTE A 17,20% DO SALÁRIO
MÍNIMO ATUALMENTE EM VIGOR). DOUTRINA.
CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA JURISPRUDÊNCIA DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. " HABEAS CORPUS "
CONCEDIDO PARA ABSOLVER O PACIENTE. O POSTULADO DA
INSIGNIFICÂNCIA E A FUNÇÃO DO DIREITO PENAL. " DE
MINIMIS, NON CURAT PRAETOR ".
O sistema jurídico há de considerar a relevantíssima circunstância de que a
privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se
justificam quando estritamente necessárias à própria proteção das pessoas, da
sociedade e de outros bens jurídicos que lhes sejam essenciais, notadamente
naqueles casos em que os valores penalmente tutelados se exponham a dano,
efetivo ou potencial, impregnado de significativa lesividade. - O direito penal
não se deve ocupar de condutas que produzam resultado, cujo desvalor - Por
não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes - Não
represente, por isso mesmo, prejuízo importante, seja ao titular do bem
jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social. O princípio da
insignificância qualifica-se como fator de descaracterização material da
tipicidade penal. - O princípio da insignificância. Que deve ser analisado em
conexão com os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do
estado em matéria penal - Tem o sentido de excluir ou de afastar a própria
tipicidade penal, examinada esta na perspectiva de seu caráter material.
Doutrina. Precedentes. Tal postulado. Que considera necessária, na aferição
do relevo material da tipicidade penal, a presença de certos vetores, tais
como (a) a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma
periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do
comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada -
Apoiou-se, em seu processo de formulação teórica, no reconhecimento de
que o caráter subsidiário do sistema penal reclama e impõe, em função dos
próprios objetivos por ele visados, a intervenção mínima do poder público. O
fato insignificante, porque destituído de tipicidade penal, importa em
absolvição criminal do réu. - A aplicação do princípio da insignificância, por
excluir a própria tipicidade material da conduta atribuída ao agente, importa,
necessariamente, na absolvição penal do réu (CPP, art. 386, III), eis que o
fato insignificante, por ser atípico, não se reveste de relevo jurídico-penal.
Precedentes. (STF - HC 97.836; RS; Segunda Turma; Rel. Min. Celso de
Mello; Julg. 19/05/2009; DJE 01/02/2013; Pág. 156)

AÇÃO PENAL. CRIME AMBIENTAL. PESCADOR FLAGRADO


COM DOZE CAMARÕES E REDE DE PESCA, EM DESACORDO
COM A PORTARIA 84/02, DO IBAMA. ART. 34, PARÁGRAFO
ÚNICO, II, DA LEI Nº 9.605/98. RES FURTIVAE DE VALOR
INSIGNIFICANTE. PERICULOSIDADE NÃO CONSIDERÁVEL DO
AGENTE. CRIME DE BAGATELA. CARACTERIZAÇÃO.
APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
ATIPICIDADE RECONHECIDA. ABSOLVIÇÃO DECRETADA. HC
CONCEDIDO PARA ESSE FIM. VOTO VENCIDO.
Verificada a objetiva insignificância jurídica do ato tido por delituoso, à luz
das suas circunstâncias, deve o réu, em recurso ou habeas corpus, ser
absolvido por atipicidade do comportamento. ( STF - HC 112.563; SC;
Segunda Turma; Rel. Min. Ricardo Lewandowski; Julg. 21/08/2012; DJE
10/12/2012; Pág. 33)
PENAL. HABEAS CORPUS. PACIENTES CONDENADOS PELO
CRIME DE FURTO QUALIFICADO. PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. ATIPICIDADE DA CONDUTA DOS AGENTES.
RECONHECIMENTO. ORDEM CONCEDIDA.
I. A aplicação do princípio da insignificância, de modo a tornar a ação
atípica, exige a satisfação, de forma concomitante, de certos requisitos, quais
sejam, conduta minimamente ofensiva, ausência de periculosidade social da
ação, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e lesão jurídica
inexpressiva.
II. In casu, tenho por preenchidos os requisitos necessários ao
reconhecimento do crime de bagatela. Primeiro porque se trata de delito
praticado sem violência ou grave ameaça contra a pessoa. Ademais, embora
não se tenham informações sobre a condição econômica da vítima, o valor
dos animais abatidos pelos pacientes não pode ser considerado expressivo, de
forma tal a configurar-se em prejuízo econômico efetivo. Ademais, os
animais subtraídos foram utilizados para consumo.
III. Ordem concedida para reconhecer a atipicidade da conduta e trancar as
execuções criminais movidas contra os pacientes. ( STF - HC 113.327; MG;
Segunda Turma; Rel. Min. Ricardo Lewandowski; Julg. 13/11/2012; DJE
06/12/2012; Pág. 51)

Em arremate, no caso específico a absolvição pela


atipicidade de conduta é de rigor, maiormente quando a res furtiva é ínfima e, mais,
quando conjugada pela ausência de periculosidade social da conduta e não
reprovabilidade do comportamento.
DA ILEGALIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA

– O Paciente não ostenta quaisquer das hipóteses previstas no art. 312 do CPP
- Ilegalidade da convolação da prisão em flagrante para prisão preventiva

Saliente-se, primeiramente, que o Paciente é primário, de


bons antecedentes, com ocupação lícita e residência fixa. Neste importe, afasta-se
quaisquer dos parâmetros da segregação cautelar prevista no art. 312 da Legislação
Adjetiva Penal, o que se observa dos documentos ora colacionados. (docs. 10/15)

Não havia nos autos do inquérito policial, maiormente no auto


de prisão em flagrante -- nem assim ficou demonstrado no despacho prolatado pela
Autoridade Coatora, por outro ângulo, quaisquer motivos que implicassem na decretação
preventiva do Paciente, sendo possível, por este norte, a concessão do benefício da
liberdade provisória, com ou sem fiança. (CPP, art. 310, inc. III)

Vejamos, a propósito, julgados neste tocante:

Habeas Corpus Prisão em flagrante Furto simples Insurgência contra a manutenção


da prisão cautelar, que tem base apenas na impossibilidade de recolhimento da
fiança pelo paciente, por falta de condições financeiras Admissibilidade Crime
cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa e arbitramento de fiança
indicando a possibilidade de aguardar o julgamento em liberdade Exigência da
fiança afastada mercê da patente incapacidade financeira do paciente, evidenciada
pelo fato de encontrar-se preso há meses. Ausentes, portanto, os pressupostos da
prisão preventiva (não apenas o fumus commissi delicti, mas também o periculum
libertatis), há de ser outorgada, por afigurar-se como adequada, a liberdade
provisória, mediante o compromisso de comparecimento aos atos do processo, sob
pena de revogação (arts. 282, II e 310, III, CPP). A prisão é exceção e a liberdade
do indivíduo é a regra no Estado Democrático de Direito instaurado com a Carta
Constitucional de 1988 (art. 5º, caput e incs. LVII, LXVI). Ordem concedida.
(TJSP - HC 0200358-64.2012.8.26.0000; Ac. 6414870; São Paulo; Oitava Câmara
de Direito Criminal; Rel. Des. Moreira da Silva; Julg. 08/11/2012; DJESP
17/01/2013)

HABEAS CORPUS. ESTELIONATO. MOEDA FALSA. PRISÃO


PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. 1. A custódia cautelar,
por ser medida excepcional a restringir a liberdade individual, só se legitima
quando fundada em razões inafastáveis, vinculada a elementos concretos
indicativos da necessidade da medida, conforme previsão do artigo 312 do código
de processo penal.
2. Não havendo na decisão indeferitória do pedido de liberdade provisória da
paciente referência a elementos concretos que a justifiquem, impõe-se revogá-la,
permitindo à paciente responder solta ao processo, adotando-se outras medidas
cautelares diversas do encarceramento. Ordem concedida. ( TJGO - HC 0415523-
44.2012.8.09.0000; Neropolis; Primeira Câmara Criminal; Rel. Des. Itaney
Francisco Campos; DJGO 08/02/2013; Pág. 331)

HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. PRISÃO PREVENTIVA.


FUNDAMENTOS. ARTIGO 312, DO CPP. GRAVIDADE ABSTRATA DO
DELITO. NECESSIDADE DE IMEDIATA APLICAÇÃO DE LEI PENAL.
IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO
IMPUGNADA EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA.
IMPOSSIBILIDADE. OCORRÊNCIA DE ILEGALIDADE OU ABUSO DE
PODER. ORDEM CONCEDIDA.
1. A segregação cautelar do réu, na ação penal, somente é permitida quando
presente qualquer das hipóteses indicadas no artigo 312, do código de processo
penal, e no caso em análise, em que sequer se mencionou revelia e não há a devida
fundamentação da medida, não se verifica necessidade ou adequação do
recolhimento à prisão para apelar, e não se justifica a ordem de expedição de
mandado de prisão considerando-se apenas a gravidade abstrata do delito.
2. Por outro lado, a autoridade impetrada não demonstrou a ocorrência de qualquer
modificação fática que determinasse a imediata prisão do paciente, que respondeu
a todos os atos do processo em liberdade, sendo pacífico o entendimento
jurisprudencial no sentido de que é vedada a execução da pena privativa de
liberdade antes do trânsito em julgado da condenação.
3. Ordem concedida. (TRF 3ª R. - HC 0035180-38.2012.4.03.0000; SP; Quinta
Turma; Relª Juíza Conv. Tânia Marangoni; Julg. 28/01/2013; DEJF 07/02/2013;
Pág. 252)

– O decisório limitou-se a apreciar a gravidade abstrata do delito


- Houve a decretação da prisão preventiva, sem a necessária fundamentação

Extrai-se da decisão combatida que a mesma fundamentou- se


unicamente em uma gravidade abstrata do delito contra o patrimônio em estudo. Nada
ostentou, portanto, quanto ao enquadramento em uma das hipóteses que cabível se revela
a prisão cautelar. (CPP, art. 312)
Neste ínterim, a Autoridade Coatora, nobre Juiz de Direito
operante na 2ª Vara Criminal da Comarca de Internacional - IL, não cuidou de estabelecer
qualquer liame entre a realidade dos fatos colhida dos autos e alguma das hipóteses
previstas no art. 312 da Legislação Adjetiva Penal.

Não é preciso muitas delongas para saber-se que é regra


fundamental, extraída da Carta Magna, que é dever de todo e qualquer magistrado
motivar suas decisões judiciais, à luz do que reza o art. 93, inc. IX da Constituição
Federal. Urge asseverar que é direito de todo e qualquer cidadão, atrelando-se aos
princípios da inocência e da não-culpabilidade – perceba-se que o Paciente negara o
que lhe fora imputado – o que reclama, por mais estes motivos, uma decisão devidamente
fundamentada acerca dos motivos da permanência do Paciente no cárcere, sob a forma de
segregação cautelar.

Neste azo, o Julgador, ao manter a prisão preventiva, mesmo


diante da absurda e descabida pretensa alegada gravidade do crime em liça, deveria
motivar sua decisão, de sorte a verificar se a prisão preventiva conforta-se com as
hipóteses previstas no art. 312 do Código de Processo Penal, ou seja: a garantia da
ordem pública ou da ordem econômica, a conveniência da instrução criminal e a
segurança da aplicação da Lei Penal, quando houver prova da existência do crime e
indício suficiente da autoria.

Note-se, pois, que o Magistrado não cuidou de elencar


quaisquer fatos ou atos concretos que representassem minimamente a garantia da
ordem pública, não havendo qualquer indicação de que seja o Paciente uma ameaça ao
meio social, ou, ainda, que o delito fosse efetivamente de grande gravidade.
De outra banda, inexiste qualquer registro de que o
Paciente cause algum óbice à conveniência da instrução criminal, nem muito menos
fundamentou sobre a necessidade de assegurar a aplicação da lei penal, não
decotando, também, quaisquer dados(concretos) de que o Paciente, solto, poderá
evadir-se do distrito da culpa.

Dessarte, o fato de tratar-se de imputação de “furto simples”,


como aludido no decisório, não possibilita, por si só, a decretação da prisão preventiva do
Paciente.

Desta forma, a decisão em comento é ilegal, também por


mais este motivo, sobretudo quando vulnera a concepção trazida no bojo do o arrt. 93,
inc. IX, da Carta Magna e, mais, do art. 315 da Legislação Adjetiva Penal.

Colhemos, pois, as lições doutrinárias de Eugênio Pacelli de


Oliveira, o qual, destacando linhas acerca da necessidade de fundamentação no decreto
da prisão preventiva, assevera que:

“ Se a prisão em flagrante busca sua justificativa e fundamentação, primeiro,


na proteção do ofendido, e, depois, na garantia da qualidade probatória, a prisão
preventiva revela a sua cautelaridade na tutela da persecução penal, objetivando
impedir que eventuais condutas praticadas pelo alegado autor e/ou por terceiros
possam colocar em risco a efetividade do processo.
A prisão preventiva, por trazer como conseqüência a privação da liberdade
antes do trânsito em julgado, somente se justifica enquanto e na medida em que
puder realizar a proteção da persecução penal, em todo o seu iter procedimental, e,
mais, quando se mostrar a única maneira de satisfazer tal necessidade.
(...)
Em razão da gravidade, e como decorrência do sistema de garantias
individuais constitucionais, somente se decretará a prisão preventiva ‘por ordem
escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.’, conforme se
observa com todas as letras no art. 5º, LXI, da Carta de 1988.” (Oliveira, Eugênio
Pacelli de. Curso de Processo Penal. 16ª Ed. São Paulo, Atlas, 2012, pp. 542-543)
( os destaques são nossos )

Em nada discrepando deste entendimento, com a mesma sorte


de entendimento lecionam Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar que:

“ O art. 315 do CPP exige fundamentação no despacho que decreta a medida


prisional. Tal exigência decorre também do princípio constitucional da motivação
das decisões judiciais(art. 93, IX, CF). O magistrado está obrigado a indicar no
mandado os fatos que se subsumem à hipótese autorizadora da decretação da
medida. Decisões vazias, com a simples reprodução do texto da lei, ou que
impliquem meras conjecturas, sem destacar a real necessidade da medida pelo
perigo da liberdade, não atendem à exigência constitucional, levando ao
reconhecimento da ilegalidade da prisão.”(Távora, Nestor; Alencar, Rosmar
Rodrigues. Curso de direito processual penal. 7ª Ed. Bahia: JusPODIVM, 2012, p.
589).
( não existem os destaques no texto original )

Vejamos, também, o que professa Norberto Avena:


“ Infere-se do art. 315 do CPP, e também por decorrência constitucional(art.
93, IX, da CF), o decreto da prisão preventiva deve ser fundamentado quanto aos
pressupostos e motivos ensejadores.”(Avena, Norberto Cláudio Pâncaro. Processo
Penal: esquematizado. 4ª Ed. São Paulo: Método, 2012, p. 951).

Vejamos, a propósito, julgados de outros Tribunais de Justiça,


próprios a viabilizar a concessão da ordem, mais especificamente pela ausência de
fundamentação:

HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. TENTATIVA DE


HOMÍCIDIO. FUNDAMENTAÇÃO NA GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA. GRAVIDADE ABSTRATA DO CRIME. AUSÊNCIA DE FATOS
REAIS QUE DEMONSTREM A NECESSIDADE DA CUSTÓDIA
CAUTELAR. ORDEM CONCEDIDA.
1. A ordem de prisão preventiva é medida legalmente reconhecida como
excepcional, que só deve ser aplicada quando não for possível ou recomendável
outra medida substitutiva. Assim, além da prova da existência do delito e de
indício suficiente de autoria, somente deverá ser decretada diante de evidentes
fatos reais que se insiram nas elementares previstas nas disposições dos artigos
arts. 312 e 313 do código de processo penal.
2. Ordem concedida. (TJDF - Rec 2013.00.2.000213-4; Ac. 652.059; Segunda
Turma Criminal; Rel. Des. João Timóteo; DJDFTE 08/02/2013; Pág. 173)
HABEAS CORPUS. ESTELIONATO. MOEDA FALSA. PRISÃO
PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO.
1. A custódia cautelar, por ser medida excepcional a restringir a liberdade
individual, só se legitima quando fundada em razões inafastáveis, vinculada a
elementos concretos indicativos da necessidade da medida, conforme previsão do
artigo 312 do código de processo penal. 2. Não havendo na decisão indeferitória
do pedido de liberdade provisória da paciente referência a elementos concretos
que a justifiquem, impõe-se revogá-la, permitindo à paciente responder solta ao
processo, adotando-se outras medidas cautelares diversas do encarceramento.
Ordem concedida. (TJGO - HC 0415523-44.2012.8.09.0000; Neropolis; Primeira
Câmara Criminal; Rel. Des. Itaney Francisco Campos; DJGO 08/02/2013; Pág.
331)

HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. SUPOSTA PRÁTICA DO


CRIME TIPIFICADO NO ART. 157, §2º, I E II, DO CP. 1. ALEGAÇÃO DE
INCOMPETÊNCIA TERRITORIAL E NULIDADE DO
RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO. AUSÊNCIA DE SUSCITAÇÃO E
ANÁLISE DAS QUESTÕES PELO JUÍZO A QUO. SUPRESSÃO DE
INSTÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO DA IMPETRAÇÃO NESSE
SENTIDO. 2. ALEGAÇÃO DE CARÊNCIA DE FUNDAMENTOS DA
DECISÃO E DE EXISTÊNCIA DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA
A MANUTENÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. VIABILIDADE.
INADMISSÃO PELO ORDENAMENTO JURÍDICO PÁTRIO DA PRISÃO
EX LEGE. PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA NECESSIDADE DE
FUNDAMENTAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS AUSÊNCIA DE
DEMONSTRAÇÃO CONCRETA DOS REQUISITOS QUE
INSTITUCIONALIZAM A PRISÃO PREVENTIVA.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. ORDEM
CONCEDIDA.
1. Suscitada a incompetência do juízo a quo, assim como a nulidade do
reconhecimento fotográfico em segundo grau de jurisdição, cabe àquele analisar
em primeiro lugar o pleito, sob pena de supressão de instância. 2. A segregação
cautelar é medida excepcional e a fundamentação das decisões do poder judiciário,
tal como resulta da letra do inciso IX, do art. 93, da Constituição Federal, constitui
condição absoluta de sua validade. Nesse sentido, diante da ausência de elementos
concretos que justifiquem a necessidade da custódia, a concessão do presente
mandamus é medida que se impõe. ( TJMT - HC 3014/2013; Terceira Câmara
Criminal; Rel. Des. Rondon Bassil Dower Filho; Julg. 30/01/2013; DJMT
08/02/2013; Pág. 38)

PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS.


PEDIDO DE EXTENSÃO DO BENEFÍCIO DA LIBERDADE. PRISÃO
PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DA CAUTELAR.
GRAVIDADE GENÉRICA DO DELITO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
CONFIGURADO. ORDEM CONCEDIDA.
1. Por força do princípio constitucional da presunção de não culpabilidade, as
prisões de natureza são medidas de índole excepcional, que somente podem ser
decretadas (ou mantidas) caso venham acompanhadas de efetiva fundamentação.
2. A prisão preventiva teve por fundamento a gravidade abstrata do crime
cometido. Tal referência genérica, não basta para justificar o decreto de segregação
provisória, razão pela qual não há, no caso, justificativa idônea para a manutenção
da custódia. 3. Existindo circunstâncias de caráter objetivo que justifique a
paridade entre os corréus, a extensão do benefício deve ser deferida. 4. Ordem
concedida. (TJPI - HC 2012.0001.008002-2; Segunda Câmara Especializada
Criminal; Rel. Des. Sebastião Ribeiro Martins; DJPI 05/02/2013; Pág. 6)

Sobre o tema ora em comento, destacamos, abaixo, julgados


originários do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, os quais, identicamente, acolhem
o entendimento da necessária motivação na decisão que decretar a prisão preventiva .

PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. POSSE ILEGAL DE ARMA.


TRÁFICO DE DROGAS. (1) MATÉRIAS NÃO ENFRENTADAS PELO
TRIBUNAL DE ORIGEM. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. (2) NULIDADE
(DESATENDIMENTO AO DISPOSTO NO ART. 57 DA LEI Nº 11.343/06 E
AUSÊNCIA DE LAUDO DEFINITIVO DA SUPOSTA DROGA
APREENDIDA). NÃO CONHECIMENTO. (3) PRISÃO. PACIENTE
RESPONDEU AO PROCESSO EM LIBERDADE. INEXISTÊNCIA DE
ANTERIOR ÉDITO PRISIONAL. (4) SENTENÇA QUE MANTÉM
SUPOSTA ORDEM DE PRISÃO. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO IDÔNEA.
ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. A matéria que não foi examinada pela Corte de origem não pode ser enfrentada
pelo Superior Tribunal de Justiça, sob pena de indevida supressão de instância. O
prévio writ não foi conhecido, tendo em vista a instrução deficiente. 2. Tendo em
vista a interposição de apelação pela Defesa, as questões atinentes à nulidade
deverão ser apreciadas no referido recurso. 3. Na espécie, verifica-se flagrante
constrangimento ilegal no tocante à prisão preventiva do paciente. Não tendo sido
preso durante a instrução criminal, inusitadamente, determinou-se, na sentença, a
manutenção de sua prisão. Assim, o Juízo de primeiro grau não apresentou
justificativa idônea ao negar o recurso em liberdade, já que aduziu a necessidade
da manutenção da segregação do paciente pelos motivos ensejadores da prisão
preventiva, que não ocorreu. Assim, naquela ocasião, não se cuidava de
manutenção da custódia, pois não havia sido decretada a prisão cautelar do
paciente. Não se mostra, ainda, motivação hígida a referência à gravidade abstrata
do crime de tráfico de drogas. 4. Diante da ausência de análise dos requisitos da
prisão preventiva, previstos no art. 312 do Código de Processo Penal, não há como
prosperar, por ora, a prisão preventiva do paciente. 5. Habeas Corpus não
conhecido. Ordem concedida de ofício para determinar a soltura do paciente, se
por outro motivo não estiver preso, sem prejuízo de que seja decretada nova
custódia, com base em fundamentação concreta. ( STJ - HC 256.921; Proc.
2012/0216100-1; PB; Sexta Turma; Relª Minª Maria Thereza Assis Moura; Julg.
18/12/2012; DJE 01/02/2013)

PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 33, CAPUT, DA


LEI Nº 11.343/06 E 12 DA LEI Nº 10.826/03. LIBERDADE PROVISÓRIA.
POSSIBILIDADE. ÓBICE LEGAL AFASTADO. EXECUÇÃO
PROVISÓRIA DA PENA. PRISÃO ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO.
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. ORDEM CONCEDIDA.
1. O Pleno do Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade da
expressão "e liberdade provisória", constante do art. 44, caput, da Lei nº
11.343/2006, afigurando-se ilegal, pois, a manutenção da prisão preventiva dos
acusados de crimes de tráfico ilícito de entorpecentes com fundamento no óbice
legal afastado. 2. Conforme reiterada jurisprudência desta Corte Superior de
Justiça, a custódia imposta antes do trânsito em julgado de sentença penal
condenatória exige concreta fundamentação, nos termos do disposto no art. 312 do
Código de Processo Penal. 3. A expedição de mandado de prisão, antes do trânsito
em julgado da condenação, decorrente do julgamento da apelação, sem amparo em
dados concretos de cautelaridade, viola a garantia constitucional inserta no art. 5º,
inciso LVII, da Constituição Federal. 4. Ordem concedida para, ratificada a
liminar, garantir ao paciente o direito de aguardar em liberdade o trânsito em
julgado da ação penal nº 2009.1514-7, oriunda da Vara Criminal do Foro Regional
de Colombo/PR. (STJ - HC 249.614; Proc. 2012/0155464-1; PR; Sexta Turma;
Relª Minª Maria Thereza Assis Moura; Julg. 18/12/2012; DJE 01/02/2013)

HABEAS CORPUS. DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA. PACIENTE CITADA


POR EDITAL. NÃO ESGOTAMENTO DAS TENTATIVAS PARA
ENCONTRAR A RÉ. SUSPENSÃO DO PROCESSO E DO PRAZO
PRESCRICIONAL. PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA. AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. O habeas corpus não pode ser utilizado como substitutivo do recurso
apropriado. Esse é o atual entendimento adotado no Supremo Tribunal Federal e
no Superior Tribunal de Justiça, que não têm mais admitido o habeas corpus como
sucedâneo do meio processual adequado, seja o recurso ou a revisão criminal,
salvo em situações excepcionais. 2. A prisão preventiva da paciente foi decretada e
mantida somente em razão da revelia, sem indicativos concretos de fuga, o que
configura nítido constrangimento ilegal. 3. Habeas corpus não conhecido. Ordem
concedida de ofício para cassar o Decreto prisional expedido em desfavor da
paciente, sem prejuízo da decretação de nova prisão, desde que fundamentada em
dados concretos, e da aplicação da medidas alternativas diversas da prisão (art.
319 do CPP) pelo magistrado singular. (STJ - HC 248.212; Proc. 2012/0141711-0;
MG; Sexta Turma; Rel. Min. Sebastião Reis Júnior; Julg. 18/12/2012; DJE
01/02/2013)

Do Supremo Tribunal Federal também se espraiem julgados


desta mesma natureza de entendimento:

HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. WRIT IMPETRADO


CONTRA DECRETO DE PRISÃO PREVENTIVA. SUPERVENIÊNCIA DE
SENTENÇA CONDENATÓRIA. PREJUDICIALIDADE DA AÇÃO.
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTOS CONCRETOS QUE JUSTIFIQUEM A
MANUTENÇÃO DA PRISÃO CAUTELAR DO PACIENTE NO ÉDITO
CONDENATÓRIO. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA (ART. 312 DO CPP).
PRECEDENTES. ORDEM CONCEDIDA.
I - Prejudicado o habeas corpus impetrado contra Decreto de prisão preventiva em
face da superveniência de sentença condenatória, que constitui novo título a
embasar a custódia.
II - Configura constrangimento ilegal a manutenção da prisão preventiva fundada
apenas na gravidade do delito e em sua repercussão social.
III - O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que a execução
provisória da pena, ausente a justificativa da segregação cautelar, fere o princípio
da presunção de inocência. Precedentes.
lV - Ordem concedida. (STF - HC 102.111; SP; Primeira Turma; Rel. Min.
Ricardo Lewandowski; Julg. 16/11/2010; DJE 09/03/2011; Pág. 41)
HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. REQUISITOS DO ART. 312
DO CPP. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. CONSIDERAÇÃO TÃO-SÓ
A GRAVIDADE ABSTRATA DO CRIME. FUGA DO ESTABELECIMENTO
PRISIONAL. AUSÊNCIA DE ADITA MENTO AO DECRETO DE PRISÃO.
FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO. ORDEM CONCEDIDA.
1. Em matéria de prisão processual, a garantia constitucional da fundamentação do
provimento judicial importa o dever da real ou efetiva demonstração de que a
segregação atende a pelo menos um dos requisitos do art. 312 do código de
processo penal. Sem o que se dá a inversão da lógica elementar da constituição,
segundo a qual a presunção de não- culpabilidade é de prevalecer até o momento
do trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
2. A mera referência vernacular à garantia da ordem pública não tem a força de
corresponder à teleologia do art. 312 do CPP. Até porque, no julgamento do HC
84.078, o Supremo Tribunal Federal, por maioria, entendeu inconstitucional a
execução provisória da pena. Na oportunidade, assentou-se que o cumprimento
antecipado da sanção penal ofende o direito constitucional à presunção de não-
culpabilidade. Direito subjetivo do indivíduo que tem a sua força quebrantada
numa única passagem da Constituição Federal. Leia- se: "ninguém será preso
senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em Lei " (inciso LXI do art. 5º).
3. Esta nossa corte entende que a simples alusão à gravidade do delito ou a
expressões de mero apelo retórico não valida a ordem de prisão cautelar. Isso
porque o juízo de que determinada pessoa encarna verdadeiro risco à coletividade
só é de ser feito com base no quadro fático da causa e, nele, fundamentado o
respectivo Decreto de prisão cautelar. Sem o que não se demonstra o necessário
vínculo operacional entre a necessidade do confinamento cautelar do acusado e o
efetivo acautelamento do meio social.
4. Ordem concedida. (STF - HC 101.705; BA; Primeira Turma; Rel. Min. Ayres
Britto; Julg. 29/06/2010; DJE 03/09/2010; Pág. 90)

3 - DO PEDIDO DE “MEDIDA LIMINAR”

A leitura, por si só, da decisão que manteve a prisão


preventiva do Paciente, demonstra na singeleza de sua redação a sua fragilidade legal e
factual.

A ilegalidade da prisão se patenteia pela ausência de algum


dos requisitos da prisão preventiva e, mais, porquanto não há óbice à concessão da
liberdade provisória, além da ausência de fundamentação na decisão que negou o intento
formulado nos autos em favor do ora Paciente.

O endereço do Paciente é certo e conhecido, mencionado no


caput, desta impetração, não havendo nada a indicar se furtar ela à aplicação da lei penal.

A liminar buscada tem apoio no texto de inúmeras regras,


inclusive do texto constitucional, quando revela, sobretudo, a ausência completa de
fundamentação na decisão em enfoque.

Por tais fundamentos, requer-se a Vossa Excelência, em razão


do alegado no corpo deste petitório, presentes a fumaça do bom direito e o perigo na
demora, seja LIMINARMENTE garantido ao Paciente a sua liberdade de locomoção,
maiormente porque tamanha e patente, como ainda clara, a inexistência de elementos a
justificar a manutenção do encarceramento.

A fumaça do bom direito está consubstanciada, nos elementos


suscitados em defesa do Paciente, na doutrina, na jurisprudência, na argumentação e no
reflexo de tudo nos dogmas da Carta da República.

O perigo na demora é irretorquível e estreme de dúvidas,


facilmente perceptível, não só pela ilegalidade da prisão que é flagrante. Assim, dentro
dos requisitos da liminar, sem dúvida, o perigo na demora e a fumaça do bom direito
estão amplamente justificados, verificando-se o alicerce para a concessão da medida
liminar,

com expedição incontinenti de alvará de soltura, ou


sucessivamente,
seja ao Paciente concedido o direito à liberdade provisória, sem
fiança.

EM CONCLUSÃO

O Paciente, sereno quanto à aplicação do


decisum , ao que expressa pela habitual pertinência jurídica dos
julgados desta Casa, espera deste respeitável Tribunal a pleiteia-se
a ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA do Acusado, em face da atipicidade
dos fatos narrados na peça acusatória, a qual ora acostada. ( doc.
13) Sucessivamente, espera-se a concessão da ordem de soltura do
Paciente, ratificando-se a liminar almejada, cassando-se a ordem de
prisão preventiva e permitindo-lhe beneficiar-se do instituto da
liberdade provisória , sem fiança.
O Paciente se encontra também aparado pelos
Artigos 647 e 648 inciso I, II e IV, do Código de Processo Penal.

Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre


que alguém sofrer ou se achar na iminência
de sofrer violência ou coação ilegal na sua
liberdade de ir e vir, salvo nos casos de
punição disciplinar.

Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:

I - quando não houver justa causa;

Respeitosamente, pede deferimento.

Internacional , 20 de novembro de 2019.


VANESSA GABRIELA KRAMMES
Impetrante – Advogada OAB/RS 40F892

CRISTIAN GARCIA MARQUESAN


Impetrante – Advogada OAB/RS 50E683

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