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XXX Congresso ALAS Costa Rica – 29 de novembro a 4 de dezembro de 2015

Pueblos en movimiento: un nuevo diálogo en las ciencias sociales


GT 16: Pensamiento Latinoamericano: Hacia a Descolonización de Las Ciencias
Sociales

Guerreiro Ramos e a Descolonização do Pensamento Negro

Vânia Morales Sierra, UERJ- Brasil

Guerreiro Ramos, no final dos anos 50, caracterizou a sociologia brasileira


como um episódio da expansão cultural dos países da Europa e dos Estados Unidos.
Com relação à sociologia do negro, criticou o transplante mecânico das categorias
científicas que acabaram transformando o negro em um sujeito estranho, problemático,
exótico, ao invés de situar o racismo como problema. Sua proposta consistia em
realizar uma inflexão na produção sociológica, que visava descobrir qual seria o lugar
do negro na sociedade brasileira, temática na época bastante debatida, para entender o
negro como o lugar de onde se deveria partir a explicação sobre o Brasil. Este ensaio
resulta de uma pesquisa já concluída sobre a questão do racismo e a crítica de Guerreiro
Ramos à sociologia do negro no Brasil.

Palavras-chave: sociologia, racismo, dominação.

Introdução:

A sociologia brasileira tem entre os seus expoentes intelectuais negros que,


contrariando a influência do pensamento sociológico europeu, procuraram se concentrar
sobre o problema da produção acadêmica, denunciando a apropriação mecânica do
conhecimento das ciências sociais europeias por parte de intelectuais brasileiros. Ao
lado de Abdias Nascimento, Guerreiro Ramos reclamava a construção de uma
sociologia em “mangas de camisa”. Sua proposta era a realização da sociologia em ato,
ou seja, a produção de um conhecimento engajado, reproduzido como práxis.

O intelectual negro, Alberto Guerreiro Ramos, nasceu em Santo Amaro da


Purificação, Bahia, no ano de 1915. Formou-se em ciências sociais e filosofia pela
Faculdade Nacional de Filosofia do Rio de Janeiro, em 1942. Escreveu 10 livros e
vários artigos com publicação no Brasil e no exterior. Foi professor da Escola de
Administração Pública (FGV), em 1951, dirigiu o ISEB e chegou a ser delegado do
Brasil na ONU.

Como político, assessorou Getúlio Vargas (segundo governo), Juscelino Kubitschek


e João Goulart. Foi deputado Federal pela Aliança Socialista Trabalhista em 1963,
tendo seus direitos cassados no ano de 1964. Saiu para o exílio nos EUA, em 1966, e
exerceu a profissão de professor na Universidade do sul da Califórnia. Foi autor de 10
livros, e inúmeros artigos traduzidos em várias línguas. Morreu no dia 6 de abril de
1982, na Califórnia.

Guerreiro Ramos foi um sociólogo crítico da subordinação do pensamento social


brasileiro que procurava explicar os problemas sociais nacionais a partir das categorias
sociológicas criadas nos países centrais, sem considerar nossas especificidades culturais.
Defendia a produção de conhecimento que a desenvolvesse autodeterminação da nação,
sem negar a contribuição da sociologia europeia. Considerava que o investimento em
pesquisas na sociologia deveria ser direcionado a resolução de problemas como a
desigualdade social, a degradação ambiental, a dominação cultural estrangeira, a mídia
etc.

Seu pensamento se alinha a crítica pós-colonial iniciada após a Segunda Guerra


Mundial, com os movimentos de independência dos países afro-asiáticos. Conforme
Gomes (2006), os Estudos Pós-Coloniais problematizam o processo histórico da
colonização, confrontando a hegemonia cultural dos países europeus pela crítica ao
impacto das interpretações culturais etnocêntricas, que submetem as antigas colônias
aos parâmetros da civilização ocidental. O pos-colonialismo questiona a produção do
conhecimento supostamente universal, que subordina todas as outras culturas,
principalmente as populações não brancas aos seus critérios de validade.

Neste artigo nosso objetivo consiste em analisar o pensamento de Guerreiro


Ramos numa perspectiva pós-colonial, destacando a sua crítica ao eurocentrismo nas
ciências sociais ainda presente nos anos de 1950, por seu conteúdo alienante, que ao
invés de problematizar, continua reforçando a subordinação do negro na sociedade
brasileira, o que ele denuncia como racismo.

As três partes em que o artigo está subdividido reúne os seguintes temas: a sua
proposta metodológica da redução sociológica e crítica a sociologia produzida no
Brasil; a produção de uma sociologia engajada; e a sua proposta da dialética da
negritude.

1- A Redução Sociológica como Crítica à Sociologia Brasileira


A sociologia brasileira se desenvolveu incorporando o conhecimento produzido
nos países Europeus e nos Estados Unidos, que contribuía para a construção de um
processo de dominação cultural dos países periféricos. A crítica de Guerreiro Ramos
à sociologia brasileira consistia em denunciar o emprego mecanicista dos conceitos
na interpretação da realidade aqui produzida. Reconhecendo que a dominação não
era apenas econômica, procura mostrar o quanto a sociologia reproduz o racismo,
subordinando os negros aos critérios de avaliação que o estigmatizavam e
humilhavam.

Conforme Barbosa (s/d), no início do século XIX, os intelectuais brasileiros,


como Oliveira Viana e Silvio Romero, defendiam o branqueamento, acreditando que
o sangue branco poderia purificar o primitivo sangue do negro e do indígena. O
predomínio das teorias eugênicas contrapunha-se ao reconhecimento da igualdade
jurídica destes sujeitos com o branco. A Constituição de 1891 ignorou as
especificidades culturais dos índios e a questão do racismo, o que pode ser
entendido como uma estratégia para o ocultamento, visando à negação do conflito.

Após 1930, começam a aparecer os intelectuais que valorizam a


mestiçagem, como Gilberto Freire. O problema da integração do negro passa a ser
identificado como uma questão cultural decorrente da escravidão. Não há qualquer
questionamento acerca do caráter subalterno do negro. Nos anos 1950, o debate
sobre a integração dos negros retorna, e uma nova geração de pensadores como
Abdias Nascimento e Guerreiro Ramos passam a assumir a posição da defesa do
negro como caminho para a transformação social.

A crítica Guerreiro Ramos às ciências sociais no Brasil se desenvolve com o


seu engajamento político no Teatro Experimental do Negro (TEM), uma instituição
criada no fim do regime autoritário estadonovista, sob a liderança de Abdias
Nascimento. O TEN procurou resgatar em um novo patamar a luta política dos
negros da década de 30, cuja referência mais importante era a Frente Negra
Brasileira (1931-37).

No início, o TEN constituiu-se como movimento cultural, politizando-se em


seguida com a democratização do país no pós-guerra, a luta contra o racismo em
escala mundial e a eclosão dos movimentos africanos de libertação nacional. Foi o
TEN que patrocinou as Convenções Nacionais do Negro em 1945 (São Paulo) e
1946 (Rio de Janeiro), a Conferência Nacional do Negro em 1949 e o I Congresso
do Negro Brasileiro em 1950 (ambos no Rio de Janeiro) (NASCIMENTO, 1982:
103), (MAIO: 1997).

A visão de Guerreiro contra a perspectiva da assimilação do negro,


predominantes nas décadas de 1930 e 1940, encontra-se em alguns de seus
principais livros, tais como: Introdução crítica à sociologia brasileira (1957/1995); A
redução sociológica (1957/1995); O problema nacional do Brasil (1960), mas também pode
ser encontrada em notas e nos artigos de jornais e revistas cariocas da década de 50
(BARBOSA, s/d). Sua contribuição à sociologia pode ser identificada com o
desenvolvimento do método da “redução sociológica”, que consistia em “habilitar o
estudioso a praticar a transposição de conhecimentos e de experiências de uma
perspectiva para a outra” (1996:42). O objetivo principal dessa metodologia era o
desenvolvimento da consciência crítica, consciência que poderia ser alcançada pela
reflexão dos indivíduos e dos grupos sociais sobre os fatores determinantes que os
conduzem. Para tal, a sociologia aqui desenvolvida deveria ser “ao mesmo tempo
engajada, participante e não marxista, servindo de base a uma ideologia nacional,
nacionalista” (SCHAWARTZMAN, 1983).

Na sua ótica, os povos colonizados precisam requerer do sistema


colonial o reconhecimento de que eles sejam sujeitos de um destino próprio. Trata-
se de uma reivindicação de conteúdo universal, infinito e não parcial
(GUERREIRO,1965). Neste aspecto que a sociologia brasileira carecia de
autenticidade, pois assimilava de forma literal e passiva a sociologia produzida no
exterior. A solução seria o desenvolvimento de uma metodologia que realizasse a
assimilação crítica de seus produtos, fazendo a redução sociológica. Em suas
palavras,

A redução sociológica não implica em isolacionismo,


nem em exaltação romântica do local, regional ou
nacional. É, ao contrário, dirigida por uma aspiração ao
universal, mediatizado, porém, pelo local regional ou
nacional. É, ao contrário, dirigida por uma aspiração ao
universal, mediatizado, porém, pelo local, regional ou
nacional. (GUERREIRO RAMOS, 1965:73)

De acordo com Guerreiro Ramos no Brasil se produzia uma sociologia


consular, enlatada, Quisling. Uma sociologia que não passava de um episódio da
expansão cultural dos países da Europa e EUA, consumida como verdadeira
conserva cultural ou pseudomorfoses, pois

“seus aparatos institucionais recortados à imagem e


semelhança dos países de grande prestígio cultural, não
resultaram da evolução propriamente, de uma elaboração
interna do processo de crescimento orgânico destes países,
mas de transplantações”(GUERREIRO
RAMOS:1954:32).

Esses transplantes reforçava a dominação cultural branca que submeteu os


negros e indígenas à subalternidade cultural, identificando-os como problemas do
Brasil e não como sujeitos num processo de construção da nacionalidade brasileira.
O país se desenvolvia sem um projeto que lhe reservasse um espaço para a formação
cultural autônoma. A dominação cultural dos países centrais excluiu dos negros e
dos indígenas as possibilidades para a construção de um projeto político
participativo, construído como “um processo coletivo de personificação histórica
contra um processo de alienação” (GUERREIRO RAMOS, 1965:88).

As visões do negro e a sociologia em “Mangas de Camisa”

Em Guerreiro Ramos a interpretação do Brasil passa necessariamente pelo


reconhecimento do racismo e de suas implicações na construção nacional. Os
critérios “alienígenas de pensamento e de ação” reforçam a subalternidade dos
países periféricos, reforçando a hegemonia cultural dos brancos, servindo ao não
reconhecimento da cidadania aos negros e indígenas. Não sendo identificados como
sujeito, eles tornam-se objeto de estudos. O Negro, segundo o autor, passa a ser
estudado “a partir de categorias e valores induzidos predominantemente da realidade
Europeia” (GUERREIRO RAMOS, 1954:124). De acordo com o seu pensamento,
duas sociologias predominavam no Brasil:

“uma enlatada”, produzida nos quadros da escola e no


âmbito confinado nas reuniões e entidades particulares de
caráter acadêmico; e outra que se exprimia
predominantemente em comportamentos que se “pensa”,
por assim dizer “com as mãos”, no exercício das
atividades executivas e de aconselhamento nos quadros
dos negócios privados e governamentais”. (GUERREIRO
RAMOS, 1954:32)

A corrente autonomista - representada por Sylvio Romero, Alberto Torres,


Euclides da Cunha e Oliveira Viana - ainda que compartilhassem a ideia de
inferioridade do negro, era autenticamente nacional, pois considerava a
processualidade histórica, reconhecendo a mudança. A corrente monográfica -
fundada em Nina Rodrigues e desenvolvida por Arthur Ramos e Gilberto Freire - era
preconceituosa e estática, identificando o negro como elemento exótico, estranho e
problemático. O resgate da primeira corrente lhe parecia relevante na construção de
uma sociologia capaz de refletir sobre o problema do racismo no Brasil. A corrente
se caracteriza “pelo propósito antes de transformar a condição do negro na sociedade
brasileira, do que descrever ou interpretar os aspectos pitorescos e particularíssimos
da situação de gente de cor”. Abdias Nascimento é um representante dessa corrente.
Contrariamente ao pensamento heterônomo predominante na sociologia
brasileira, Guerreiro Ramos vai questionar esta produção por ter identificado o
negro como o problema e não o racismo. Considera que a que a sociologia do negro
existente na época consistia numa agressão aos brasileiros de cor, constituindo-se,
portanto, numa falsa consciência que obstaculiza o desenvolvimento da consciência
crítica da realidade étnica brasileira.

Com este diagnóstico, Guerreiro Ramos indica como estratégia de


enfrentamento a questão racial, a construção de uma sociologia engajada, produzida
pelos próprios negros.

O Personalismo Negro e a Dialética da Negritude

Conforme Guerreiro Ramos, a questão racial deveria ser encarada a partir das
diferenças regionais, de classe e da clivagem rural/urbano. No entanto, não bastam às
ações com objetivo da integração pelo mercado, visto que a inserção do negro tenderia a
ser subalterna. Daí a necessidade de se provocar mudança na perspectiva sociológica
pela inversão da análise que percebe o negro como sujeito anormal. A identificação do
“problema do negro” seria uma questão de patologia, mas não do negro e sim do
branco. (GUERREIRO RAMOS, 1995:236). Conforme Guerreiro Ramos,

“O que parece justificar a insistência com que se


considera como problemática a situação do negro no
Brasil é o fato de que ele é portador de uma pele escura. A
côr da pele do negro parece constituir o obstáculo, a
anormalidade a sanar. Dir-se-ia que na cultura brasileira o
branco é o ideal, a norma, o valor, por excelência”.
(GUERREIRO RAMOS, 1954:149)

Ao analisar a questão racial brasileira, Guerreiro Ramos entende que os


sociólogos brasileiros do final do século XIX e início do século XX, definiam o
problema em termos da raça, classificando o negro como inferior. Buscavam como
solução diluir o contingente negro, visando assegurar a dominação política e cultural
dos brancos. Nos anos 30 e 40, a questão racial é vista como questão cultural.

Guerreiro Ramos (1954) se contrapõe a esta perspectiva advertindo que os


elementos de cor se encontravam em todas as camadas sociais, graças ao
desenvolvimento econômico e social do país. Defende a criação de mecanismos
integrativos de capilaridade social que sejam capazes de dar função e posição aos
elementos de cor que tenham sido adestrados nos estilos das classes dominantes. Ao
criticar a produção intelectual sobre o negro que chega conclusão de que o problema é a
cor da pele.

O que parece justificar a insistência com que se considera


como problemática a situação do negro no Brasil é o fato
de que ele é portador de uma pele escura. A côr da pele do
negro parece constituir o obstáculo, a anormalidade a
sanar. Dir-se-ia que na cultura brasileira o branco é o
ideal, a norma, o valor, por excelência”. (GUERREIRO
RAMOS, 1954:149)

Ao identificar o problema como racismo, Guerreiro Ramos propõe a valorização


das "sobrevivências africanas" por parte de sociólogos e antropólogos, indicando que os
negros estariam mais preocupados em ascender socioculturalmente (GUERREIRO
RAMOS, 1948a: 5);(MAIO, 1997).

A seu ver, na sociologia brasileira o negro é transformado em tema, e dessa


forma estabelece uma distância entre a concepção abstrata do seu ser e a sua realidade.
Esta fabricação da visão do negro acabou produzindo uma divisão entre a vida do negro
e os conceitos criados a seu respeito. A produção intelectual sobre o negro acabou
operando uma divisão, que Guerreiro Ramos vai chamar de separação entre negro tema
e negro vida. O negro tema é criação dos sociólogos e antropólogos que o conceberam
ora como ser mumificado, ora como curioso, sendo de qualquer modo um risco. Como
negro vida refere-se à realidade efetiva que o negro tem enfrentado, assumindo o seu
destino, fazendo a si próprio nas condições singulares da sociedade brasileira
(GUERREIRO RAMOS, 1995). O negro vida é luta e resistência, ele não se deixa
dominar e escapa as definições da ciência a seu respeito.

O negro vida é, entretanto, algo que não deixa se


imobilizar, é despistador, protéico, multiforme, do qual na
verdade, não se pode dar versão definitiva, pois é hoje o
que não era ontem e será amanhã o que não é hoje
(GUERREIRO RAMOS, 1995:215).
Em “O Negro desde Dentro”, Guerreiro Ramos propõe a dialética da negritude
sobre três prerrogativas complementares:

1) A assunção da negritude pela cor e pela pele escura – Niger Sun (tese)

2) A suspensão da brancura (antítese)

3) Uma compreensão humanista do valor objetivo da negrura e da luta negra (síntese).

Na sua compreensão da questão, a assunção da negritude consiste em realizar a


tarefa heroica de revelar a negrura em sua validade intrínseca. Para Guerreiro Ramos, o
negro é maioria, pois constitui o povo brasileiro, sendo portanto a norma. Tal
perspectiva altera a direção da produção sociológica, visto não admitir que a
interpretação da questão racial no Brasil se realize a partir do “olhar” de uma minoria
branca.

Desde que se define o negro como ingrediente normal da


população do país, como povo brasileiro, carece de
significação falar do problema do negro puramente
econômico, destacado do problema geral das classes
desfavorecidas ou do pauperismo. O negro é povo no
Brasil. Não é um componente estranho de nossa
demografia. Ao contrário é a sua mais importante matriz
demográfica. E este fato tem de ser erigido a categoria de
valor, como o exige a nossa a nossa dignidade e o nosso
orgulho de povo independente. O negro no Brasil, não é
anedota, é um parâmetro da realidade nacional. A
condição do negro no Brasil só é sociologicamente
problemática, em decorrência da alienação estética do
próprio negro e da hipercorreção estética do branco
brasileiro, ávido de identificação com o europeu.
(GUERREIRO RAMOS, 1954:158)

Descolonizar a mentalidade do negro brasileiro significa assumir postura de


autoafirmação da cor e da sua cultura. Guerreiro Ramos critica a percepção positiva
da aculturação destacando que supõe o conceito de superioridade do padrão estético
da cultura europeia. (GUERREIRO RAMOS, 1954:155). Daí defender a
necessidade de reexaminar a questão racial no Brasil a partir de uma posição de
autenticidade étnica. A assunção da negritude significa a valorização de seus
atributos e uma postura de não submissão à avaliação produzida com critérios que
lhes são alheios.
“Sou negro, identifico como meu o corpo em que o meu eu
está inserido, atribuo a sua cor a suscetibilidade de ser
valorizada esteticamente e considero a minha condição
étnica como um dos suportes do meu orgulho pessoal.
(GUERREIRO RAMOS,1954:157)

Com esta perspectiva, Guerreiro Ramos presta a sua contribuição a sociologia no


Brasil, destacando a importância de pensar os sujeitos como agentes de sua própria
história, contrapondo-se assim a hegemonia dos países centrais, que exerce uma
dominação econômica e cultural submetendo as populações dos países periféricos ao
crivo das suas análises ditas científicas.

Conclusão:

A sociologia de Guerreiro Ramos serviu para mostrar a sociedade brasileira que o


processo de colonização produziu uma subordinação simultaneamente econômica e
cultural, que reforçava a perspectiva dos dominadores e submetia os dominados a um
processo de objetivação que impediu a possibilidade de participação autônoma dos
negros, na construção de um projeto nacional em condição de igualdade com os
brancos. A consequência foi a internalização do fracasso nos negros, um problema do
racismo que deveria ser enfrentado pela sociologia.

Ao denunciar a produção sociológica sobre o negro, entende que negro é o povo


brasileiro, sendo portanto o sujeito e não o objeto estranhado. A alienação da sociologia
que se produziu foi decorrente da sua dependência e do racismo dos brancos que
insistiam em reproduzir aqui as teorias europeias, se recusando a olhar a própria
realidade, visando à identificação com o dominador. Neste sentido, o caminho para a
autonomia nacional passava necessariamente pela elaboração de um projeto nacional,
crítico da dominação cultural dos países centrais, portanto autêntico, e criado para
responder as necessidades da maioria. Daí ser importante não pensar o lugar do negro
como problema para a sociedade brasileira mas, conforme salientou Santos (1995:28),
reconhecer o negro como lugar de onde se deve descrever o Brasil.
Referências:

BARBOSA, Muryatan Santana. Revista Biblioteca Entre Livros – Edição especial nº 8 Ediouro,
Segmento-Duetto Editorial Ltda.
GOMES, Heloisa Toller. Crítica Pós-colonial em questão. Revista Z Cultural. Rio de Janeiro, UFRJ,
2006. Disponível em:http://revistazcultural.pacc.ufrj.br/critica-pos-colonial-em-questao-de-heloisa-
toller-gomes/
RAMOS, Alberto Guerreiro. Cartilha Brasileira do Aprendiz de sociólogo- prefácio a
uma sociologia nacional. RJ: Andes, 1954.
RAMOS, Alberto Guerreiro. A Redução Sociológica - Introdução ao Estudo da Razão
Sociológica. Rio de Janeiro: Edições Tempo Brasileiro Ltda, 1965.
RAMOS, Alberto Guerreiro. Introdução Crítica à Sociologia Brasileira. Rio de Janeiro:
Editorial Andes Ltda, 1995.
CHOR MAIO, Marcos. (1997). Uma Polêmica Esquecida: Costa Pinto, Guerreiro
Ramos e o Tema das Relações Raciais. Dados, 40(1) Retrieved June 20, 2015, from
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0011-
52581997000100006&lng=en&tlng=pt. 10.1590/S0011-52581997000100006.
SANTOS, RUFINO DOS SANTOS, Joel. (1995), "O negro como lugar". In: RAMOS
GUERREIRO, A. Introdução crítica à sociologia brasileira. 2 ed. Rio de Janeiro,
Editora UFRJ.
SCHAWARTZMAN, Simon. A Sociologia de Guerreiro Ramos. Rev. de Adm. Pública.
RJ, 17, 2, 1983. Disponivel em: http://www.schwartzman.org.br/simon/gramos.htm

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