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CETCC - CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA

COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

SILVIA REGINA M. A. DE ARAÚJO

A TERAPIA COGNITIVO - COMPORTAMENTAL NO


TRATAMENTO DO BULLYING

SÃO PAULO
2018
SILVIA REGINA M. A. DE ARAÚJO

A TERAPIA COGNITIVO - COMPORTAMENTAL NO


TRATAMENTO DO BULLYING

Trabalho de Conclusão de curso Latu


Senso
Área de Concentração: Terapia Cognitivo
Comportamental
Orientador: Prof. Dr. Luiz Ricardo Vieira
Gonzaga

SÃO PAULO
2018
FICHA CATALOGRÁFICA

Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde que citada a fonte.

Araújo, Silvia Regina M. A. de.

A Terapia Cognitivo - Comportamental no Tratamento do


Bullying

Silvia Regina M. A. de Araújo

37f + CD-ROM

Trabalho de Conclusão de Cursos (especialização) – Centro de


Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC).

Orientação: Prof. Luiz Ricardo Vieira Gonzaga

1. Bullying 2. Terapia Cognitivo Comportametal; 3. Vitimização.


4. Violência Escolar
SILVIA REGINA M. A. DE ARAÚJO

A TERAPIA COGNITIVO - COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO


BULLYING

Monografia apresentada ao Centro de


Estudos em Terapia Cognitivo-
Comportamental como parte das
exigências para obtenção do título de
Especialista em Terapia Cognitivo-
Comportamental.

BANCA EXAMINADORA

Parecer:________________________________________________________

Prof.___________________________________________________________

Parecer:________________________________________________________

Prof.___________________________________________________________

São Paulo, ____ de ____________ de _________


“Não são as coisas que nos perturbam, mas a visão que temos
dessas coisas”

(Epítetos)
RESUMO

O bullying é um fenômeno que existe há muitos anos, e vem sendo amplamente


debatido na sociedade. É complexo e requer intervenções em várias frentes,
inclusive tornou-se objeto de legislação específica (Lei nº 13.185 de 06/11/2015).
Deve ser devidamente identificado, para que os personagens envolvidos na
situação, recebam o tratamento adequado e não sofram sozinhos. Um desses
tratamentos é baseado na abordagem Cognitiva Comportamental, que está
fundamentada na formulação clínica das questões atuais do paciente, onde se
propõem sua participação ativa no tratamento. Este trabalho pretendeu identificar
uma proposta terapêutica aos personagens envolvidos no bullying, através do
levantamento da teoria, técnicas e instrumentos utilizados pela Terapia Cognitivo
Comportamental. Para esse trabalho foi realizado uma pesquisa bibliográfica em
livros de referência sobre o fenômeno bullying e da Teoria Cognitivo
Comportamental, em artigos científicos nas bases científicas disponíveis da
Scientific Eletronic Library ou Line (Scielo-BR), Google acadêmico e Periódicos
Eletronicos (PePSIC). Foram utilizados cinco livros da área e quatro artigos, devido
aos critérios de inclusão preestabelecidos neste estudo. Conclui-se que as vítimas
do bullying, geralmente são tímidas e de pouca habilidade social, o que as tornam
alvo fácil para hostilidade e maus tratos. Por outro lado, os agressores são líderes e
populares da turma, e que não se preocupam com o bem-estar dos colegas.

Palavras-Chaves: Bullying. Terapia Cognitivo Comportametal. Vitimização. Violência


Escolar.
ABSTRACT

Bullying is a phenomenon that has existed for many years, and has been widely
debated in society. It is complex and requires interventions on several fronts, and has
also become the subject of specific legislation (Law No. 13,185 of 11/6/2015). It must
be properly identified, so that the characters involved in the situation, receive the
appropriate treatment and do not suffer alone. One of these treatments is based on
the Cognitive Behavioral approach, which is based on the clinical formulation of
current patient issues, where they propose their active participation in the treatment.
This work aimed to identify a therapeutic proposal to the characters involved in
bullying, by surveying the theory, techniques and instruments used by Cognitive
Behavioral Therapy. For this work, a bibliographic research was carried out in
reference books on the bullying phenomenon and the Cognitive Behavioral Theory,
in scientific articles on the scientific bases available from Scientific Eletronic Library
or Line (Scielo-BR), Google academic and Periodicals Eletronicos (PePSIC). Five
books of the area and four articles were used, due to the inclusion criteria pre-
established in this study. It is concluded that the victims of bullying are usually shy
and of little social ability, which makes them an easy target for hostility and
mistreatment. On the other hand, the aggressors are leaders and popular of the
class, and they do not worry about the well-being of the classmates.

Key-words: Bullying. Cognitive behavioral therapy. Victimization. School violence.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 7

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................... 9
2.1 O que é bullying? ............................................................................................... 9
2.2 Os personagens envolvidos e seus comportamentos ..................................... 10
2.3 A Terapia Cognitivo Comportamental .............................................................. 13
2.4 O tratamento terapêutico à vítima segundo a TCC ......................................... 19
2.5 O tratamento terapêutico ao agressor segundo a TCC ................................... 21
2.6 O tratamento terapêutico aos pais segundo a TCC ......................................... 24

3 OBJETIVOS .......................................................................................................... 26
3.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 26
3.2 Objetivos específicos ....................................................................................... 26

4 METODOLOGIA .................................................................................................... 27

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 28

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 35

ANEXOS ................................................................................................................... 37
7

1 INTRODUÇÃO

Fante (2011, p. 28) cita que “bullying é um conjunto de atitudes agressivas,


intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, contra uma pessoa”.
O bullying é caracterizado por uma variedade de comportamentos que
impactam em diversos aspectos de uma pessoa, como o corpo, os sentimentos, os
relacionamentos, a reputação e o status social (DORNELLES; SAYAGO, 2012).

O bullying não é um fenômeno isolado, exclusivo de culturas específicas,


mas, sim, prevalente no mundo todo, encontrado em todas as escolas
independente das características sociais, culturais e econômicas de seus
usuários (LOPES NETO, 2011, p. 22).

O bullying não escolhe classe social ou econômica, está presente em grupos


de crianças e de jovens, em escolas de países e culturas diferentes. Trata-se de um
fenômeno de grupo, ocorrido num ambiente agressivo e desequilibrado. A
agressividade é um componente muito presente na situação do bullying, e o
entendimento de que a agressão gera mais agressão, e que a passividade incentiva
a continuidade do problema pode ser identificado com as estratégias de
enfrentamento e o desenvolvimento da assertividade do paciente (CHALITA, 2008).
Para Silva (2010), o bullying muitas vezes se inicia dentro do lar, “os pais,
muitas vezes, não questionam suas próprias condutas e valores, eximindo-se da
responsabilidade de educadores”.
Neste sentido, aponta-se que a agressividade, passividade e assertividade
são classes de comportamento dentro do campo das habilidades sociais. Para os
autores Del Prette e Del Prette (2016), entende-se habilidades sociais como um
conjunto de comportamentos que faz com que a pessoa se adapte na sociedade. As
habilidades sociais envolvem: autocontrole e expressividade emocional,
enfrentamento e autoafirmação com risco, assertividade, desenvoltura social, alta
exposição a situações novas.
O objetivo é educar o paciente na identificação e modificação de
pensamentos que estão desencadeando comportamentos inadequados. Trabalhar
suas habilidades sociais de forma a fortalecer o seu posicionamento no círculo de
amigos e em situações de eventuais dificuldades, desenvolver as expressões de
8

seus pensamentos e sentimentos, fortalecendo sua autoestima e autocontrole


(DORNELLES; SAYAGO, 2012 apud MAIA, 2012, p. 307 - 317, 2012).
Na prática clínica, o tema tem sido cada vez mais frequente, exigindo que os
profissionais ampliem seus conhecimentos acerca deste fenômeno, e desenvolvam
uma proposta de enfrentamento do sofrimento emocional causado as vítimas do
bullying. O interesse da autora na pesquisa sobre esse tema seria de revelar que a
prática do bullying vem crescendo e seus efeitos e consequências na vida de suas
vítimas são diversos, desde os transtornos psíquicos, emocionais até os sociais.
O presente trabalho identifica as contribuições da Terapia Cognitivo
Comportamental, no tratamento terapêutico dos personagens envolvidos no
processo do bullying, oferecendo conteúdo, formas de intervenção e apoio. Teve
como objetivo específico descrever o fenômeno bullying e suas implicações na vida
do indivíduo bem como de investigar técnicas de intervenção as vítimas do bullying.
Será apresentado no decorrer das seções, a Fundamentação Teórica que
versará sobre o conceito do bullying, os personagens envolvidos no bullying
(agressores e vítimas), a Terapia Cognitivo Comportamental, o tratamento
terapêutico à vítima do bullying e ao agressor na abordagem da TCC, o tratamento
terapêutico para os pais ou responsáveis. Optou-se pelo método da pesquisa
exploratória bibliográfica para a realização desta pesquisa.
Os resultados e a discussão serão apresentados neste trabalho apontando os
artigos elencados através dos critérios de inclusão e sendo finalizado com a
conclusão.
9

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O que é bullying?

O termo bullying é derivado da palavra inglesa – bully, que significa “valentão,


tirano”. Ocorrem nas relações interpessoais em que há uma relação desigual, de um
lado por alguém que exerce poder (agressor), através da intimidação, humilhação,
atitudes agressivas sobre outra pessoa (vítima), supostamente mais frágil (FANTE,
2011).
Para ABRAPIA (Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância
e à Adolescência), o bullying envolve:

Todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas que


ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes
contra outro (s), causando dor e angústia, e executadas dentro de uma
relação desigual de poder (DORNELLES; SAYAGO, 2012 apud MAIA,
2012, p. 308).

Segundo Dornelles e Sayago (2012, apud ALMEIDA; LISBOA; BRUM, 2012,


p. 275), dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE de 2009,
revela pesquisa realizada com estudantes do 9º ano do ensino fundamental de 27
capitais brasileiras, que um terço dos alunos (30,8%) sofreu bullying pelo menos
alguma vez, sendo que em escolas privadas 35,9% e em escolas públicas 29.5%.
Diante do exposto, há muito a se propor no sentido de esclarecer o fenômeno
e tratá-lo adequadamente quando este for identificado. “Bom humor e brincadeiras
são comuns na infância e juventude e devem estar presentes em nossas vidas, mas
a linha divisória entre as atitudes dessa natureza e o bullying por vezes é tênue”
(CHALITA, 2008, p. 85).
Tão importante quanto conhecer o que é bullying é entender as formas como
ele se apresenta. Lopes Neto (2011, p. 230), sugere a seguinte classificação:

 Classificação por formas de agressão e tipos de danos:


 Bullying verbal: apelidar, falar mal e insultar;
 Bullying moral: difamar, disseminar rumores e caluniar;
 Bullying sexual: assediar, induzir ou abusar;
 Bullying psicológico: ignorar, excluir, perseguir, amedrontar, aterrorizar,
intimidar, dominar, tiranizar, chantagear e manipular;
10

 Bullying material: destroçar, estragar, furtar, roubar;


 Bullying físico: empurrar, socar, chutar, beliscar, bater; e,
 Bullying virtual ou cyberbullying: divulgar imagens, criar comunidades,
enviar mensagens e invadir privacidade, com intuito de assediar a vítima
ou expô-la a situações vexatórias.

2.2 Os personagens envolvidos e seus comportamentos

Fante (2011), em seus estudos, cita que os personagens envolvidos na


prática do bullying podem ser divididos em: Agressor, Vítima e Espectador.
Agressores ou Bullies: são geralmente populares; vitimam os mais fracos, e
comumente tem o auxílio dos colegas para se auto afirmarem. Nem sempre tem um
motivo aparente para a agressão, agem com dominação e imposição. Usam da
ameaça para conseguir aquilo que almejam. Em geral, vivem em famílias com falta
de carinho e diálogo.

Tabela 1 – Agressores típicos


São muito populares;
Sentem-se confiantes e seguros;
Assumem atitudes agressivas também contra os adultos (pais/professores);
Demonstram opinião e atitudes negativas sobre os outros;
São geralmente mais fortes que os demais e que seus alvos;
Podem apresentar sentimentos negativos sobre si mesmos;
Estão insatisfeitos com a escola;
Possuem satisfação em causar danos e sofrimentos a outros;
Tem necessidade imperiosa de dominar os colegas;
Aprendem a usar o poder com a intenção de agredir e controlar os outros;
Sofrem influências negativas de seus pares;
Tem dificuldades em solucionar problemas de relacionamento;
Pode existir um comportamento benéfico em sua conduta (domínio, prestígio, etc.)
Fonte: Lopes Neto (2011).

Segundo Caballo (2003), o comportamento agressivo não respeita a


expressão dos pensamentos, sentimentos e opiniões das pessoas. Com frequência
a pessoa agressiva viola os direitos da outra pessoa, o objetivo é dominar e vencer.
As vítimas, são aquelas que sofrem o bullying, tendem a ser impotentes
diante do agressor. Apresentam postura frágil e certa timidez.
11

Podemos diferenciar as vítimas como típica, provocadora ou agressora. A


primeira categoria, a vítima típica, em geral é frágil e tímida, fácil de ser manipulada.
A vítima provocadora, provoca reações agressivas dos colegas contra si mesma,
discute ou briga quando é atacada. E a vítima agressora, ora sofre e ora pratica
bullying.
A vítima do bullying tende a apresentar alguns sinais indicativos de que está
ocorrendo a situação, através de alguns comportamentos típicos.

Tabela 2 – Sinais indicativos


Apresenta dificuldade de concentração;
Apresenta queda nas notas;
Apresenta falta de interesse por atividades e eventos da escola;
Parece bem no final de semana e preocupado e tenso na segunda-feira;
Prefere a companhia de adultos repentinamente;
Tem ou finge doenças frequentemente;
Tem pesadelos e insônia;
Apresenta ferimentos e hematomas inexplicáveis;
Apresenta alterações na alimentação;
Preocupa-se excessivamente com segurança pessoal (carregar equipamentos de
proteção);
Pede dinheiro extra com frequência;
“Perde” constantemente suas coisas, que aparecem danificadas ou destruídas
sem explicação;
Apresenta mudança súbita no comportamento;
Perturbação emocional e alterações extremas do humor;
Apresenta culpa por problemas e dificuldades;
Reclama que não é capaz de se defender sozinho;
Pensa em abandonar a escola;
Torna-se agressivo e rebelde;
Perde repentinamente o respeito por figuras de autoridade;
Ingressa em um grupo suspeito;
Sente-se deprimido;
Fala sobre suicídio ou tenta o suicídio;
Relata ser alvo de deboche; provocação, humilhação, empurrão ou riso;
Queixa-se de ameaças e agressões;
Comenta que mentem a seu respeito, fofocam e o excluem do grupo.
Fonte: Dornelles (2012 apud Beane, 2010, p. 32 e 33).

Outro personagem, geralmente esquecidos de serem identificados, são os


espectadores, os colegas que não praticam e nem sofrem o bullying. Convivem
12

com o fenômeno sem tomar atitude. Os passivos temem em se tornarem possíveis


alvos e não buscam ajuda. Os ativos, apoiam os agressores, reforçando suas
atitudes.
Segundo Lopes Neto (2011), os espectadores ou observadores do bullying
são influenciados por normas existentes entre os membros de grupos:
 Não ter amigos é considerado um fator de risco para se tornar alvo;
 Ser vitimado reduz a convivência com os colegas;
 Ao se isolarem, os alvos tornam-se menos visíveis aos demais;
 Estar junto dos alvos pode ser um risco para se tornar vítima também;
 Não existe nenhum benefício social em ser amigo do alvo;
 Os autores do bullying, em geral, são membros de rede social ampla, por
isso, a convivência com eles é mais atraente.

A exposição à situação de bullying ocasiona efeitos negativos na estrutura


emocional, social e cognitivo das pessoas. Portanto, quando a situação é descoberta
é fundamental que não se ignore o problema ou adote postura agressiva com os
envolvidos na situação.
“É preciso, é necessário e é sobretudo urgente abandonar a apatia, tocar a
alma das pessoas e sentir a agonia e a aflição das vítimas dessa violência”
(CHALITA, 2008, p. 107).
Segundo Dornelles e Sayago (2012), é importante que os pais, escola ou
responsáveis acolham a vítima e a testemunha para fortalecer a autoestima e
eliminar a possibilidade de sentirem-se culpados ou desprotegidos. A ação e
providencia deve ser conjunta, inclusive pensando em como lidar com os
agressores, pois estes também necessitam de apoio.
A escola, local que comumente ocorre o fenômeno bullying, deve atuar na
conscientização acerca do problema, da sua gravidade e suas consequências.
Envolver todos os professores, funcionários, pais e alunos na conscientização e
promoção de um ambiente que assegure a cooperação, amizade e possibilidade de
expressão. Que valorize a participação e o equilíbrio, onde as diferenças individuais
sejam respeitadas. Que a prioridade seja para o exercício da liberdade, da
autonomia, da escolha, da participação em conversas e da tomada de decisão. Este
ambiente se constrói com a presença de diálogo e respeito por todos.
13

No Brasil, foi realizado uma pesquisa por uma organização não


governamental no ano de 2009, a Plan Brasil. O objetivo foi conhecer situações de
maus tratos nas relações estudantis dentro das escolas das cinco regiões do país. A
pesquisa indicou que 70% dos jovens da amostra passaram por situações de
bullying (DORNELLES; SAYAGO, 2012 apud REIS, 2012, p. 192).
Diante da situação de causadores e vítimas de bullying, todos precisam de
ajuda. As vítimas perdem sua autoestima, a visão que tem de si mesmo é bastante
prejudicada. Os agressores perdem a referência dos valores sociais.
Cabe à escola desenvolver um projeto que alcance todos os alunos: vítimas,
agressores e espectadores. Um projeto focado em neutralizar os agressores; auxiliar
e proteger as vítimas e transformar a postura dos espectadores.
Dornelles e Sayago (2012 apud NEUFELD; DOBROCHINSKI, 2012, p. 244),
propõe intervenções de diversas frentes, com o treino e fortalecimento de
habilidades sociais, percepção de si mesmo e dos outros, melhora no humor e
sentimentos de autoestima e confiança no futuro. Um trabalho direcionado para as
habilidades comportamentais, emocionais, cognitivas e de motivação. Considerando
o grau de ajustamento entre essas habilidades e o contexto que os jovens
pertencem. Outra ação de intervenção sugerida nesta pesquisa é o tratamento
terapêutico apoiado na Terapia Cognitivo Comportamental.

2.3 A Terapia Cognitivo Comportamental

A Terapia Cognitivo Comportamental está baseada em uma conceituação,


ou compreensão, de cada paciente (suas crenças específicas e padrões de
comportamento). O terapeuta procura produzir de várias formas uma
mudança cognitiva – modificação no pensamento e no sistema de crenças
do paciente – para produzir uma mudança emocional e comportamental
duradoura (BECK, 2013, p. 22).

Na infância, as crianças desenvolvem suas percepções sobre si mesmas,


sobre as outras pessoas e sobre o mundo.
Crença é uma condição psicológica que se define como uma verdade sobre
determinada ideia. Nossas crenças constroem nosso mundo. Portanto, não são
verdades absolutas, são percepções que foram consideradas verdades (BECK,
2013, p. 52).
As crenças nucleares ou centrais são mais profundas e não são acessíveis
nem mesmo para a pessoa, que a considera uma verdade absoluta. Pode-se dizer
14

que fazem parte da personalidade das pessoas. Essas crenças centrais sobre si
mesmo se dividem em: desamparo, desamor e desvalor. Existem também as
crenças sobre os outros e sobre o mundo (BECK, 2013, p. 53).
As crenças intermediárias, são mais superficiais, e específicas para as
situações. São regras, atitudes e os pressupostos, que influenciam a visão da
situação, e impactam nos pensamentos e comportamentos das pessoas. Elas são
desenvolvidas para que a pessoa consiga lidar com a sua crença central (BECK,
2013, p. 54).
Segundo Leahy (2006), as crenças intermediárias permitem que a pessoa lide
com suas dificuldades ou medo, através da utilização de comportamentos
estratégicos como: compensação, superando as dificuldades com esforço extra;
esquiva ou evitação de situações que acredita que possa fracassar e finalmente
manutenção da crença com comportamentos de aceitação das mesmas.
Segundo Beck (2013, p. 50): “A terapia cognitivo-comportamental está
baseada no modelo cognitivo, o qual parte da hipótese de que as emoções, os
comportamentos e a fisiologia de uma pessoa são influenciados pelas percepções
que ela tem dos eventos”.

Figura 1 – Modelo Cognitivo

Reação (emocional,
Situação/evento Pensamentos comportamental,
automáticos fisiológica)

Fonte: Beck (2013, p. 50).

A terapia Cognitiva Comportamental possui princípios aplicáveis a todos os


pacientes (BECK, 2013). São eles:
 Princípio 1: Está baseada em uma formulação em desenvolvimento
contínuo dos problemas do paciente e em uma conceituação individual de
cada paciente em termos cognitivos.
 Princípio 2: Requer uma aliança terapêutica sólida.
 Princípio 3: Enfatiza a colaboração à participação ativa do paciente.
 Princípio 4: É orientada para os objetivos e focada nos problemas.
 Princípio 5: Enfatiza inicialmente o presente.
15

 Princípio 6: É educativa, tem como objetivo ensinar o paciente a ser seu


próprio terapeuta e enfatiza a prevenção de recaída.
 Princípio 7: Visa ser limitada no tempo.
 Princípio 8: As sessões de terapia cognitivo comportamental são
estruturadas.
 Princípio 9: Ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder aos seus
pensamentos e crenças disfuncionais.
 Princípio 10: Usa uma variedade de técnicas para mudar o pensamento, o
humor e o comportamento.

A prática da clínica, segundo o modelo cognitivo, varia de acordo com cada


paciente, com a natureza das suas dificuldades e seu momento de vida, assim como
seu nível intelectual, gênero e origem cultural. Vale lembrar que serão considerados
também os objetivos do paciente, sua motivação mediante mudança e o transtorno
apresentado (BECK, 2013).
Segundo Beck (2013), para a Terapia cognitivo-comportamental é
fundamental estabelecer o vínculo sólido entre paciente e terapeuta. Esse processo
é contínuo e para alcançá-lo o terapeuta deve:

Tabela 3 – Desenvolvimento da Relação Terapêutica

 Demonstrar boas habilidades terapêuticas e compreensão acurada.


 Compartilhar sua conceitualização e plano de tratamento.
 Tomar decisões colaborativamente.
 Buscar o feedback.
 Variar seu estilo.
 Ajudar o paciente a resolver seus problemas e a aliviar sua angústia.

Fonte: Beck (2013, p. 38).

Segundo o princípio 8, citado acima, as sessões na TCC são estruturadas.


Após a identificação do problema será necessário planejar a sessão.
Em geral, a estrutura da sessão segue a ordem a seguir:
 Inicia-se a sessão com a verificação do humor do paciente.
 Uma rápida atualização de como foi sua semana.
 Verifica-se se as tarefas de casa foram realizadas.
16

 Define-se a pauta.
 Propõe-se novo exercício de casa.
 Feedback da sessão.

No decorrer das sessões terapêuticas em TCC a proposta é ajudar o paciente


identificar seus pensamentos automáticos. Existem algumas propostas para esta
identificação, mas uma pergunta básica resume esta questão: O que está passando
pela sua cabeça agora?

Se o paciente não conseguir responder à pergunta, você poderá:

Figura 2 – Identificação dos pensamentos automáticos

1- Perguntar como ele está/estava se sentindo e onde seu


corpo vivenciava a emoção.
2- Evocar uma descrição detalhada da situação
problemática.
3- Pedir ao paciente para visualizar a situação angustiante.
4- Sugerir que o paciente faça um role play com você da
interação específica (se a situação angustiante foi
interpessoal).
5- Evocar uma imagem.
6- Apresentar pensamentos opostos aos que você supõe
que na realidade estavam passando pela cabeça dele.
7- Perguntar sobre o significado da situação.
8- Fazer a pergunta de maneira diferente.

Fonte: Beck (2013, p. 164).

Os pensamentos automáticos “disfuncionais” são aqueles que impedem que


se faça uma avaliação exata das experiências, impelindo o paciente a escolher
comportamentos menos adequados e tirar conclusões e supor o pior. Tendem a
desviar do caminho adequado ou distorcer os fatos.
É interessante nomeá-los juntamente com o paciente para o entendimento
dos mesmos e identificação daqueles que estão mais presentes em seu dia a dia.
17

Segue abaixo alguns exemplos de pensamentos automáticos, segundo Beck


(2013).
1 - Pensamento do tipo tudo ou nada: Você enxerga uma situação em
apenas duas categorias em vez de em um continum. Exemplo: “Se eu
não for um sucesso total, eu sou um fracasso”.
2 - Catastrofização: (também chamado de adivinhação): Você prevê
negativamente o futuro sem levar em consideração outros resultados
mais prováveis. Exemplo: “Eu vou ficar muito perturbada. Eu não vou
conseguir trabalhar”.
3 - Desqualificar ou desconsiderar o positivo: Você diz a sim mesmo,
irracionalmente, que as experiências positivas, realizações ou qualidades
não contam. Exemplo: “Eu realizei bem aquele projeto, mas isso não
significa que eu sou competente; só tive sorte”.
4 - Raciocínio emocional: Você acha que algo deve ser verdade porque
você “sentiu” intensamente (na verdade, acreditou), ignorando ou
desvalorizando as evidências em contrário. Exemplo: “No trabalho, eu sei
fazer bem muitas coisas, mas eu ainda me sinto um fracasso”.
5 - Rotulação: Você coloca em você ou nos outros um rótulo fixo e global
sem considerar que as evidências possam levar mais razoavelmente a
uma conclusão menos desastrosa. Exemplo: “Eu sou um perdedor. Ele
não é bom”.
6 - Magnificação/minimização: Quando você se avalia ou avalia outra
pessoa ou uma situação, você irracionalmente magnifica o lado negativo
e/ou minimiza o positivo. Exemplo: “Receber uma avaliação medíocre
prova o quanto eu sou inadequado. Tirar notas altas não significa que eu
seja inteligente”.
7 - Filtro Mental: (também chamado de abstração seletiva): Você dá uma
atenção indevida a um detalhe negativo em vez de ver a situação como
um todo. Exemplo: “Como eu tirei uma nota baixa na minha avaliação
(que continha várias notas altas), significa que eu estou fazendo um
trabalho mal feito”
8 - Leitura Mental: Você acredita que sabe o que os outros estão pensando,
não levando em consideração outras possibilidades muito mais prováveis.
Exemplo: “Ele acha que eu não sei nada sobre este projeto”.
18

9 - Supergeneralização: Você tira uma conclusão negativa radical que vai


muito além da situação atual. Exemplo: “(Como eu me senti
desconfortável na reunião), eu não tenho as condições necessárias para
fazer amigos”.
10 - Personalização: Você acredita que os outros estão agindo de forma
negativa por sua causa, sem considerar explicações mais plausíveis para
tais comportamentos. Exemplo: “O encanador foi rude comigo porque eu
fiz alguma coisa errada”.
11 - Afirmações com “deveria” e “tenho que” (também chamados de
imperativos): Você tem uma ideia fixa precisa de como você e os outros
devem se comportar e hipervaloriza o quão ruim será se essas
expectativas não forem correspondidas. Exemplo: “É terrível eu ter
cometido um erro. Eu sempre deveria dar o melhor de mim”.
12 - Visão de túnel: Você enxerga apenas os aspectos negativos de uma
situação. Exemplo: “O professor do meu filho não faz nada direito. Ele é
crítico, insensível e ensina mal”. (BECK, 2013, p. 202 e 203).

Durante a sessão, o terapeuta evoca os pensamentos automáticos com o


objetivo de averiguar qual ou quais são mais perturbadoras para o paciente. E a
técnica da descoberta guiada é uma das mais utilizadas (BECK, 2013, p. 43).

Quais as evidências de que seu pensamento é verdadeiro? Quais as


evidências em contrário?
Qual seria uma forma alternativa de encarar esta situação?
O que de pior poderia acontecer e como você lidaria com isso? O que de
melhor poderia acontecer? Qual é o resultado mais realista desta situação?”
Qual o efeito de acreditar no seu pensamento automático e qual seria o
efeito de muda-lo?
Se o (seu amigo ou familiar) estivesse nesta situação e tivesse m mesmo
pensamento automático, que conselho você lhe daria?
O que devemos fazer? (BECK, 2013, p. 43).

De acordo com Beck (2013) para a modificação dos pensamentos


automáticos disfuncionais a TCC sugere a aplicação de várias técnicas:
 Uso do RPD (registro dos pensamentos disfuncionais)
 Identificação de erros cognitivos
 Debate socrático
19

 Exame das evidências


 Geração de alternativas racionais
 Ensaio cognitivo
 Cartões de enfrentamento

Tabela 4 – Exemplo do formulário de RPD


Situação Pensamento Emoção Erro Resultado
automático cognitivo

Ex: Briga com Ele não me Tristeza e Leitura mental Tristeza: 50%
namorado ama. raiva Raiva: 50%
Fonte: Elaborada pela autora.

Além da identificação dos pensamentos é importante a identificação das


emoções, pois se forem negativas e dolorosas podem ser disfuncionais e acabam
interferindo na capacidade de o paciente pensar, resolver problemas e atuar com
assertividade (BECK, 2013).
Alguns pacientes nomeiam facilmente suas emoções e outros apresentam
dificuldades ao fazê-lo. A sugestão é criar um “Quadro de emoções”, juntamente
com o paciente. Segue exemplo abaixo:

Tabela 5 – Nomeando as emoções


Irritada Triste Ansiosa
Irmão cancela planos Mamãe não retorna Vendo o quanto minha
comigo. telefonema. conta bancária está baixa.
Anúncio de que
Amiga não me devolve Sem dinheiro suficiente
poderemos ter um
minha bolsa de ginástica. para sair de férias.
tornado.

Motorista de van deixa Nada para fazer no Encontrando um inchaço


tocar música muito alto, sábado. no pescoço.
Fonte: Beck (2013, p. 183).

2.4 O tratamento terapêutico à vítima segundo a TCC

A seguir segue a proposta de tratamento as vítimas do bullying, segundo


Dornelles e Sayago (2012 apud REIS, 2012, p. 196-204):
20

Tabela 6 – Tratamento para vítimas do bullying


PASSO 1: Os pais, são envolvidos logo no início do tratamento, e apoiam
Identificação do no mapeamento dos problemas vividos pelo filho;
problema O terapeuta juntamente com o paciente levanta as suas
dificuldades enfrentadas nas situações do bullying;
Também aponta, algumas questões que identifica no decorrer
das sessões;
Cada uma das percepções dos problemas é escrita por uma cor
de caneta (dos pais, da criança e do terapeuta);
O paciente escolhe os problemas que são colocados em uma
caixa, e caixa é nomeada como a “caixa dos problemas”. Essa
caixa pode ser levada para casa, desde que trazida em todos os
atendimentos.
PASSO 2: Pode ser utilizado filmes ou textos que apoiem o esclarecimento
Psicoeducação sobre situações semelhantes vividas pelo paciente. Será
realizado uma discussão, logo após, sobre o entendimento do
material trabalhado e sobre pontos críticos trazidos pelo
paciente.
PASSO 3: Solicita-se que o paciente desenhe situações de vitimização que
Construção vivenciou.
conceitualização
cognitiva do caso
PASSO 4: Sugere-se vários questionamentos como: O que o faz acreditar
Identificação que sempre sofrerá esse tipo de agressão? Conhece algum
pensamentos colega que sofreu bullying e deixou de ser vítima dessa
automáticos situação? Se viveu outra situação que acreditou que nunca
terminaria, mas terminou?
PASSO 5: Aplica-se a técnica da Torta de Responsabilidade (desenha um
Identificação dos círculo representando 100% dos fatores causadores, pede-se
fatores causadores que o paciente liste os fatores causadores do bullying e
do bullying identifique seus percentuais correspondentes.
PASSO 6: Mapear a Pede-se que desenhe em uma folha ou cartolina uma série de
rede social do círculos concêntricos. No círculo central, coloca-se o nome do
paciente paciente e solicita que identifique as pessoas com quem se
relaciona. Quanto mais próximo ao círculo central maior o grau
de intimidade. Quanto mais distante, menor a convivência e
intimidade. Esta técnica permite elencar as pessoas que podem
auxiliá-lo em situações de dificuldades. Pode-se também
questionar a quem ele pediria ajuda caso precise. E se já
ocorreu situações de dificuldades e quem o ajudou? Quem não o
ajudaria se pedisse? E se tem outras pessoas que poderia
recorrer para apoiá-lo e que não foram citadas?
PASSO 8: Buscar Aplica-se o Debate Socrático, por meio de um diálogo
novas evidências direcionado.
para a identificação Exemplos de algumas perguntas utilizadas: Quais são as
de possíveis evidências que apoiam sua ideia?
problemas Existe uma explicação para isso?
O que de pior poderia ocorrer? Você poderia superar isso?
O que de melhor poderia ocorrer?
O que diria a um amigo se este enfrentasse a mesma situação?
Fonte: Dornelles e Sayago (2012 apud REIS, 2012).
21

É importante incentivar o paciente na busca de apoio sempre que necessário


e identificar e avaliar os pensamentos automáticos que possam surgir com relação a
esta possibilidade.
Orientar o paciente a questionar: O que eu ganharia ou perderia se o fizesse?
Ou Como as pessoas poderiam ajuda-lo?
Aqui cabe, o entendimento do conceito da assertividade, que pode ser
trabalhado através do treino de habilidades sociais.
O comportamento assertivo é expresso com consideração dos direitos,
responsabilidades e consequências. A pessoa que expressa a si mesma em uma
situação tem de considerar quais são seus direitos nessa situação e quais são os
direitos das demais pessoas envolvidas (CABALLO, 2003, p. 362).
As sessões terapêuticas vão se espaçando gradualmente à medida que se
identifica o empoderamento do paciente, diante da situação vivida. Quando a sua
rede de apoio foi construída e está disponível para eventuais situações que possam
ocorrer de bullying. Já ocorreu a reestruturação cognitiva e os pensamentos
disfuncionais foram identificados, possibilitando o enfrentamento das situações em
geral. A sua autoestima e autoconfiança foi restabelecida, e o paciente está pronto
para encarar situações adversas de forma assertiva, sempre que necessário, e
cessando qualquer tipo de agressão (DORNELLES; SAYAGO, 2012 apud REIS,
2012, p. 204).

2.5 O tratamento terapêutico ao agressor segundo a TCC

Os agressores também necessitam de apoio terapêutico, pois sua vida,


também é afetada pela situação do bullying. Em geral, o agressor não teme a
punição, quer exercer influência sobre os colegas e ser popular.

Ao tratar o agressor, o terapeuta deve inicialmente identificar e avaliar os


próprios pensamentos automáticos em relação ao paciente. Ou seja,
verificar se é possível que o veja de forma negativa se considerar os danos
que o agressor causa na vida de outras crianças (DORNELLES; SAYAGO,
2012 apud REIS, 2012, p. 206).

Dornelles e Sayago (2012 apud REIS, 2012, p. 204-212) sugere um


tratamento ao agressor baseado nos conceitos da Terapia Cognitivo
Comportamental. Segue abaixo alguns passos:
22

1- Trabalho do vínculo paciente x terapeuta.


2- Orientação do processo terapêutico.
3- Levantamento da queixa.
4- Identificação e solução dos problemas: sugere-se que o paciente aprenda
a solucionar problemas, de forma que não utilize atitudes agressivas e
consiga identificar, em conjunto com o terapeuta, suas características
pessoais positivas para que faça contato com o seu lado positivo. Após
este mapeamento, inicia-se o foco na conscientização das características
negativas, que podem ser listadas pelo paciente. O próximo passo é a
aplicação da técnica proposta por Gasparetto (2002), chamada “luz do
coração”. O paciente é questionado sobre suas características positivas,
que “acendem a luz do seu coração” e, as negativas ou aquelas que
poderiam melhorar, que “apagam a luz do seu coração”. Numa cartolina
pede-se que desenhe um coração e, em um dos lados as características
positivas (luz acesa) e do outro as negativas (luz apagada). Assim,
reforçar com o paciente as suas potencialidades e os comportamentos
que devem ser desenvolvidos. E, apontar os prejuízos que tais
comportamentos geram para ele e para as outras pessoas.
5- Quanto a habilidade em resolver problemas de forma assertiva (e não
agressiva), o terapeuta primeiramente precisa “psicoeducar” o paciente,
sobre os conceitos assertividade, passividade e agressividade. Em
seguida, sugerir uma série de situações e pedir que o paciente as resolva.
Conforme, as respostas dadas, trabalhar alternativas mais flexíveis para
as soluções
6- Foco nas relações sociais: pois o agressor provavelmente não apresenta
habilidades sociais, tendendo a valorizar atitudes agressivas em
detrimento aos danos que causam em suas vítimas.
7- Identificação das emoções: O terapeuta pode trabalhar com filmes, para
que o paciente possa identificar as emoções desencadeadas no
personagem e em si mesmo, enfatizando as diferenças ou semelhanças
das mesmas. Uma sugestão de filme é do “O pestinha”, na cena em que o
personagem joga os presentes da aniversariante na piscina. Com esta
cena, discutir com o paciente, que emoções a menina deve ter sentido, o
que o garoto ganhou ou perdeu com esta atitude. E outras questões que o
paciente possa trazer com suas experiências. São propostas para
23

incentivar o paciente a pensar sobre suas atitudes e consequências, além


de ajudá-lo a enxergar a outra pessoa e seus sentimentos.
8- A proposta terapêutica possibilita ao paciente a criação de novos
repertórios comportamentais e a identificação de boas ações praticadas
por ele a partir deste momento. Uma vez que esses comportamentos são
identificados devem ser checados com os pais ou professores,
assegurando que o paciente não esteja manipulando as informações.
9- Trabalho das habilidades do paciente de liderar: valorizar a postura
positiva e não a impositiva. O terapeuta pode pedir ajuda aos professores,
no sentido de solicitar que o paciente seja incentivado a liderar atividades
escolares.
10- Identificação dos pensamentos disfuncionais: pode-se aplicar o jogo da
verdade ou mentira. O terapeuta cita afirmações e o paciente deve
sinalizar se é verdade ou mentira. Estas citações devem estar
relacionadas a forma como o paciente percebe suas vítimas.
11- Aplicação do Debate socrático para identificação dos seus pensamentos e
comportamentos disfuncionais. Algumas sugestões de questionamentos:
Que tipo de brincadeira gosta de fazer com os colegas? Quando faz este
tipo de brincadeira todos os colegas se divertem? Tem algum colega que
não se diverte? Se não, você sabe o motivo?
12- Entendimento sobre as distorções cognitivas: o terapeuta pode levar
alguns óculos coloridos, mostrando ao paciente que as cores do ambiente
variam conforme os óculos utilizados. Sendo assim, fazer um paralelo das
consequências da utilização dos óculos coloridos. E que o entendimento
de uma situação ou ambiente pode variar com a utilização ou não dos
óculos, ou seja, quando faço uma brincadeira, que deixa alguém triste,
posso estar usando os óculos coloridos.
13- Treino da habilidade de negociação e a prática dos acordos: para que
fique claro para o paciente, que eventualmente, ele terá que ceder para
que um problema seja resolvido. Por exemplo: atividade em sala de aula,
em que todos os alunos devem resolver exercícios online. Negociar
quantos exercícios cada um resolverá de forma que todos possam
participar da atividade proposta.
24

14- O primeiro objetivo da TCC é apoiar a remissão do problema do paciente


e ensiná-lo habilidades para utilizar em situações futuras.
15- Preparar o paciente para o término do tratamento e desenvolver um
plano de recaída é o segundo e não menos importante objetivo.

Segundo Beck (2013), algumas técnicas e ferramentas comuns podem ser


usadas durante e depois da terapia, conforme quadro abaixo:

Quadro 1 – Técnicas da TCC


1- Dividir os grandes problemas em comportamentos manejáveis.
2- Fazer um brainstorm de soluções para os problemas.
3- Identificar, testar e responder aos pensamentos automáticos e crenças.
4- Usar os Registros de Pensamentos.
5- Montar e programar atividades.
6- Fazer exercícios de relaxamento.
7- Usar as técnicas de distração e refocalização.
8- Criar hierarquias de tarefas ou situações evitadas.
9- Escrever lista de méritos.
10- Identificar as vantagens e as desvantagens (de pensamentos específicos,
crenças, comportamentos ou escolhas ao tomar uma decisão)

Fonte: Beck (2013, p. 341).

A preparação para a alta do paciente é uma etapa que merece uma atenção
especial, pois iniciar o espaçamento das sessões, pode deixar alguns pacientes
satisfeitos e outros muito ansiosos. Investigar se existem pensamentos disfuncionais
com relação ao espaçamento das sessões, para apoiá-lo na reestruturação
cognitiva, e recomenda-se também, que o terapeuta expresse seus sentimentos com
relação ao término do trabalho terapêutico (BECK, 2013, p. 344).

2.6 O tratamento terapêutico aos pais segundo a TCC

Os pais, de alguma forma, contribuem para a descoberta da razão de


existir. É numa estrutura familiar sólida que a criança e adolescente vão
suprir suas necessidades de amor, de valorização, de limites e de
coerência. Valores que contribuem para o desenvolvimento de habilidades
de autodefesa e autoafirmação (CHALITA, 2008, p. 164).
25

Segue proposta de Dornelles e Sayago (2012 apud REIS, 2012, p. 219-225)


para tratamento aos pais:
1- Primeiro contato do terapeuta com o caso deve ser a partir da entrevista
com os pais. O objetivo é identificar a queixa e quais características dos
pais podem ter contribuído na situação.
2- O próximo passo é a orientação aos pais com relação aos seus próprios
comportamentos, pois as crianças aprendem repetindo modelos. E para
sensibilizá-los a sugestão é a apresentação do vídeo “Criança vê, criança
faz”, seguida de uma discussão de seus comportamentos e se estes
podem estar influenciando seus filhos.
3- Em seguida, é discutir com os pais como expressam a raiva e a frustação
e como lidam com os filhos quando estes demonstram tais sentimentos. É
importante que as crianças possam expressar seus sentimentos diante de
seus pais, e se houver alguma distorção dos sentimentos que possam
dialogar sobre os mesmos. Cabe aos pais estabelecer limites e
consequências dos comportamentos agressivos de seus filhos, dentro ou
fora de casa. E que se estes forem identificados deve ser esclarecido que
o uso da agressividade não é o correto.
4- Portanto, para os pais de crianças que sofrem bullying cabe a orientação
de estimulá-los a promover autonomia dos filhos. Esse trabalho se inicia
com a identificação dos ganhos obtidos com a dependência do filho e dos
pensamentos automáticos da mãe em relação à autonomia do filho.
5- Outro ponto importante é que os pais de crianças vítimas de bullying,
identifiquem as qualidades dos filhos e passem a elogiá-los com o
objetivo de valorizar suas qualidades e não apenas seus erros.
6- Ocorrerá o incentivo a convivência, inclusive sessão terapêutica conjunta
na qual pais e filhos brincarão com o jogo: “Será que conheço você?”. O
objetivo é promover o diálogo, o conhecimento um do outro. Melhorar a
comunicação entre pais e filhos, fortalecer a interação e gradativamente
estabelecer um clima de confiança em que a criança se sinta segura para
contar aos pais o que está acontecendo com ela.
26

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo analisar a contribuição da terapia cognitivo


comportamental no tratamento do paciente vítima do bullying.

3.2 Objetivos específicos

 Descrever o fenômeno bullying e suas implicações na vida do indivíduo.


 Investigar técnicas de intervenção as vítimas do bullying.
27

4 METODOLOGIA

Para esse trabalho foi realizado uma pesquisa bibliográfica em livros de


referência, em artigos científicos nas bases científicas disponíveis da Scientific
Eletronic Library ou Line (Scielo-BR), Google acadêmico e Periódicos Eletronicos
(PePSIC) sobre o fenômeno bullying e da Teoria Cognitivo Comportamental
Foram utilizados seis livros para a pesquisa sobre o tema bullying; três sobre
a Terapia Cognitivo Comportamental; um de habilidades sociais; de diversos
autores.
Limitou-se as buscas na língua portuguesa com os descritores bullying,
vitimização, violência escolar, terapia cognitivo comportamental e técnicas de terapia
comportamental, crianças, adolescentes e ambiente escolar. Não teve um periódico
específico para realizar a coleta dos artigos pelo fato se ser um tema com pouco
conteúdo.
Os critérios de inclusão se basearam na escolha de artigos e livros que
abordassem o tema bullying na língua portuguesa. Já os critérios de exclusão foram
artigos e livros que não tivessem direcionados ao tema da pesquisa além de
bullying.
28

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente, foram encontrados aproximadamente 138 artigos sobre o tema


bullying, havendo uma redução considerável para quatro artigos, devido ao foco
escolhido, demonstrado na Tabela 7:

Tabela 7 – Distribuição das Bases de Dados e Artigos selecionados

Total artigos Total artigos


Bases Autores
encontrados selecionados

AGUIAR, Jr. R. L;

CARDOSO, P.;

MORAIS, G. K.;

PEREIRA, L.;

GALVÃO L.;
GOOGLE 32 3
COSTA, S.M;

GONÇALVES, C.

HOERTEL, P. L.

LAMARCA, T. E.

GOOGLE
106 1 ROLIM, M.
acadêmico

Fonte: Elaborada pela autora.

Dos artigos consultados, todos selecionados relacionam-se com o tema


Bullying, vitimização e violência no ambiente escolar. Foram identificados poucos
artigos com propostas de aplicação das técnicas da TCC em vítimas do bullying.
Os quatro artigos elegíveis segundo os critérios de inclusão estabelecidos
para esse estudo, tiveram seus resultados apresentados e analisados a seguir.
Na pesquisa evidenciada pelo autor Rolim (2008) apontou-se que a escola
pode contribuir de forma significativa na prevenção do bullying, com a construção de
normas de convivência e respeito. Que as iniciativas devem ser integradas,
29

envolvendo autores e vítimas, espectadores, pais e funcionários da escola. Que é


preciso que o problema seja, primeiramente, reconhecido pelos professores e pelos
pais. Outra ação recomendada foi a pesquisa de campo, que deve garantir a
anonimato das respostas para que as vítimas se sintam seguras para falar a
verdade, e consequentemente a elaboração de um plano eficaz de intervenção
institucional.
No artigo de Hoertel (2013), o combate ao fenômeno bullying foi amplamente
discutido, e trouxe o questionamento sobre a banalização com que o tema tem sido
tratado. Que qualquer conversa ou brincadeira entre alunos tem sido ultimamente
caracterizado como bullying. O artigo sugere cautela para lidar com esse boom de
casos, pois o termo pode estar sendo mal-empregado e estar causando estragos
significativos nas vidas dos envolvidos.
Na pesquisa evidenciada pela autora Lamarca (2013), constatou-se que a
atuação do psicólogo no ambiente escolar é de fundamental importância, pois vai
desde a prevenção e sensibilização da comunidade escolar até o aconselhamento a
acompanhamento dos alunos vítimas e agressores do bullying. Que profissional ao
identificar a situação de bullying precisa sistematizar sessões de aconselhamento e
ações de intervenção no ambiente escolar. O trabalho do psicólogo propicia uma
visão holística de toda a escola, dos fenômenos sociais que a compõem para que as
suas intervenções sejam eficientes. A atuação preventiva no combate ao bullying e
todo o tipo de violência é um dos desafios mais importantes no ambiente escolar.
Na revisão bibliográfica de Aguiar, Cardoso, Morais, Pereira, Galvão, Costa e
Gonçalves (2017), evidenciou-se que a Teoria Cognitivo Comportamental dispõe de
técnicas para lidar com o fenômeno bullying, e que a forma com que os sujeitos
interpretam e conceituam as informações são variadas e pessoais devido suas
histórias de vida. A reestruturação dos pensamentos das vítimas do bullying,
proporciona a ressignificação de suas crenças e vivências, permitindo o melhor
enfrentamento em situações de agressão. Foi identificado como propostas: a técnica
da psicoeducação para capacitar os adolescentes nas suas habilidades da
assertividade e atitudes proativa, em situações diversas. O Role play, foi indicado
para preparar os jovens em situações de agressão ou violência.
30

Tabela 8 – Distribuição dos livros selecionados


Total de livros
Nome do livro selecionados e o Autor/ Ano
tema
Fenômeno Bullying 1 Cleo Fante (2011)
Aramis Antonio Lopes Neto
Bullying saber identificar e como prevenir 1
(2011)
Pedagogia da Amizade 1 Gabriel Chalita (2008)
Bullying como combatê-lo 1 Alessandro Costantini (2004)
Vinicius Guimarães Dornelles
Bullying 1
Cristina Wurdig Sayago (2012)
Bullying, mentes perigosas nas escolas 1 Ana Beatriz Barbosa Silva (2010)
Manual de avaliação e treinamento das
1 Vicente E. Caballo (2003)
habilidades sociais
Terapia Cognitivo comportamental 1 Judith S. Beck (2013)
Aaron T. Beck
O Poder integrador da Terapia Cognitiva 1
Brad A Alford (2000)
Técnicas de Terapia Cognitiva Manual do
1 Robert L. Leahy (2006)
terapeuta
Fonte: Elaborada pela autora.
O tema Terapia Cognitivo Comportamental (BECK, 2013) deu base a
fundamentação metodológica a pesquisa quanto o tratamento as vítimas do bullying
na visão da TCC.
Foram consultados 10 livros no levantamento bibliográfico, sendo que 06
sobre o tema bullying, 03 sobre a Terapia Cognitivo Comportamental e 01 sobre
Habilidades Sociais.
Constantini (2004), apresenta em seu livro, Bullyng: como combatê-lo; além
da definição do bullying, uma proposta de enfrentamento no ambiente escolar, com
o envolvimento ativo dos adultos. Traz um manual para os educadores que lidam
com os jovens em situações de agressão e enfatiza a importância da comunicação
como um método que utilizado estrategicamente é muito útil no combate e
prevenção do bullying.
Cleo Fante (2005), no livro Fenômeno Bullying – Programa Educar para a
paz, enfatiza a identificação das principais causas que desencadeiam o fenômeno
bullying. Sua proposta está apoiada na cooperação para a elaboração de estratégias
de intervenções e prevenções para o fenômeno. Relata o tema através da sua
experiência educacional indo além dos dados teóricos. A autora apresenta o
Programa Educar para a Paz em que os objetivos são: a conscientização dos alunos
acerca do fenômeno e suas consequências, o desenvolvimento da capacidade de
31

empatia, a fim de perceberem as implicações e os sofrimentos gerados pela


violência e por fim, o seu comprometimento com o bem comum.
Outro ponto de destaque do livro, é o questionamento que a autora faz sobre
a origem da agressividade, e que algumas teorias defendem como um impulso
interno e inato e outras como decorrente da influência ambiental. Coloca que, as
teorias apresentam uma visão parcial do que seja o comportamento agressivo e que
o tema é complexo e multifacetado. Finaliza sua obra, sugerindo que, para a
construção de uma sociedade sem violência, os governantes deverão olhar para a
educação como algo prioritário, e que que os profissionais educadores, além do
ensino da grade curricular deverão estar preparados para o manejo das suas
emoções e para o manejo das emoções dos alunos.
No livro Pedagogia da Amizade, Chalita (2008), enfatiza a importância da
amizade nas relações sociais. Define o bullying como a negação do amor e a
ausência da amizade. Descreve experiências vividas e ouvidas dos personagens
envolvidos em situações de agressão e traz o convite a reflexão sobre a importância
da família, instituição que deveria oferecer amor, construir o sentido de limite e
coerência das pessoas. Valores que segundo o autor, favorece para o
desenvolvimento das habilidades de autodefesa e autoafirmação, e que
independente da configuração familiar, essa sempre será a referência para o
indivíduo, e que os pais sempre serão os modelos de identificação para os filhos.
Silva (2010) autora do livro Bullying, mentes perigosas nas escolas, uma das
precursoras na abordagem sobre violência e agressão no ambiente escolar, analisa
em sua obra as diversas faces do problema e aponta caminhos para combater esta
prática, que sinaliza como algo nocivo para a sociedade. Afirma tratar de um
problema de saúde pública e por esse motivo deve entrar na pauta de todos os
profissionais da saúde. A prática do bullying no ambiente escolar reflete algo mais
amplo, sendo um reflexo do que se produz no social.
No livro Bullying saber identificar e como prevenir, o autor Lopes Neto (2011),
relata a questão da violência desde os primórdios da humanidade e como as
crianças são afetadas. Apresenta estratégias como formas de intervenções para as
escolas, nas salas de aulas e medidas individuais aos estudantes alvos e estudantes
autores. Uma proposta do autor, que chama atenção, é técnica da roda de
conversação, que propõe diálogos com a participação de todos, para a criação de
um contrato de convivência. Sugere ainda, a construção de uma nova escola, que
32

agrade professores e estudantes, com a mudança dos padrões de comportamento


revisados com a participação de todos os envolvidos. O autor defende que o
possível insucesso nas intervenções, pode estar relacionado ao entendimento de
que bullying e vitimização são considerados problemas pessoais individuais, em vez
de questões que requerem uma resposta coletiva.
No livro de Dornellas e Sayago (2012), além das mais diferentes informações
a respeito do tema bullying foi identificado algumas propostas de intervenções
dentro da abordagem cognitivo comportamental. Inclusive, é a primeira referência
dentro da TCC sobre bullying no Brasil.
As propostas de tratamento e a identificação das técnicas para a aplicação
TCC, foram encontradas no capítulo Intervenção Cognitivo-Comportamental em
crianças agressoras e/ou vítimas de bullying (REIS, 2012); Intervenção Cognitivo-
Comportamental em Bullying entre adolescentes (NEUFELD; DOBROCHINSKI,
2012); Aspectos gerais da intervenção no bullying (ALMEIDA; LISBOA; BRUM,
2012); Desenvolvimento de habilidades sociais como estratégia de prevenção ao
bullying (MAIA, 2012).
A proposta do tratamento é que seja estruturado, com começo, meio e fim.
Que privilegie a participação ativa do paciente, e que inclusive, o sucesso do
tratamento depende da sua colaboração.
A modificação das crenças disfuncionais do paciente resultará em mudanças
emocionais e comportamentais, este será convidado a produzir mudanças nos seus
pensamentos e nos sistemas de crenças provocando novo pensar e olhar sobre a
situação de agressão.
Os resultados mostram que os terapeutas cognitivos devem estruturar a sua
proposta terapêutica baseada na conceitualização do caso, respeitando os princípios
que norteiam a metodologia.
33

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho primeiramente, dedicou-se a entender o fenômeno


bullying, suas formas de manifestação e consequências na vida de suas vítimas.
Comprovou-se que, se trata de um fenômeno social complexo e de difícil
identificação, pois suas vítimas, em geral, não denunciam a situação vivida. É
fenômeno antigo, que vem sendo estudado há algum tempo e que, no entanto,
continua sendo praticado sem muito controle no ambiente escolar.
Conclui-se que as vítimas do bullying, geralmente são tímidas e de pouca
habilidade social, o que as tornam alvo fácil para hostilidade e maus tratos. Por outro
lado, os agressores são líderes e populares da turma, e que não se preocupam com
o bem-estar dos colegas.
Foi identificado que os atos de violência se manifestam de diversas formas,
verbal, física, sexual, virtual e material. Ocorrem em locais diversos, e na maioria
dos casos acontece na escola.
Outro ponto de destaque da pesquisa, foi a identificação do papel da família
no processo de violência x socialização, e a importância de uma estrutura familiar
sólida que ofereça a criança e ao adolescente a construção de sentimentos como
amor, autoestima e postura coerente frente as pessoas e situações. Quando a
família, não oferece estas bases emocionais, abre-se espaço para atitudes
agressivas e de desrespeito. Esta violência tende a se expandir para todos os outros
segmentos da sociedade que contamina os ambientes e as pessoas.
Hoje em dia, o fenômeno bullying já é estudado e discutido nas esferas
jurídicas. Portanto, faz-se necessário ações globais e continuadas para sua redução.
Segundo os autores pesquisados, a educação é o principal veículo de disseminação
da cultura anti bullying, através do manejo da solidariedade, da tolerância e do
respeito pelas diferenças individuais. Onde o diferente é simplesmente diferente, e
não significa que o indiferente é certo ou errado.
A escola, além de ensinar uma gama de conhecimentos e conteúdo, pode
também ser agente na transmissão de valores humanos como solidariedade,
tolerância, respeito as diferenças e ao bem comum. Ensinar o aluno a lidar com seus
medos, conflitos, dores, perdas de forma a canalizá-los para ações que resultem em
benefícios individuais e sociais.
34

Com a revisão bibliográfica, confirmou-se que a Terapia Cognitivo


Comportamental, pode contribuir de forma eficaz no tratamento de todos os
personagens envolvidos no processo de agressão e violência.
Para as vítimas, a proposta é o desenvolvimento de estratégias de
enfrentamento diante de possíveis situações de violência. Comumente, identifica-se
que as vítimas do bullying, acreditam que as agressões nunca vão parar; pois seus
pensamentos disfuncionais, são geralmente, de catastrofização e vitimização, sendo
necessário, ensiná-los a buscar evidências que sustentem tais pensamentos. A
proposta é de uma reestruturação cognitiva, e o desenvolvimento de pensamentos
mais adaptativos, além da criação de estratégias que promovam a interrupção do
bullying.
Para o tratamento dos agressores, propõe-se focar nas relações sociais,
identificando e valorizando as atitudes positivas nas resoluções de problemas, além
da conscientização das consequências de suas atitudes agressivas na vida dos seus
colegas.
E por fim, para os pais e responsáveis a proposta é ajudá-los a entender a
abrangência do fenômeno bullying, e a importância do seu posicionamento positivo
dentro da situação.
Com a realização desta pesquisa, pode-se evidenciar a publicação de poucos
estudos a respeito do tema bullying sob o olhar da Terapia Cognitivo
Comportamental, e consequentemente poucas propostas de intervenções
específicas para o tema em questão.
Portanto, abre-se o pressuposto de que, em pesquisas futuras, possa-se
trabalhar com a conceituação da Terapia Cognitivo Comportamental nos ambientes
escolares, de forma a antever situações do bullying.
35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUIAR JR., R. L; CARDOSO P.; MORAIS, G. K.; GALVÃO L.; COSTA, S. M.;
GONÇALVES, C. Bullying: uma revisão bibliográfica acerca da relação entre
autoestima e agressividade. MG, 2017. Disponível em:
<http://www.computacao.unitri.edu.br/erac/index.php/e-rac/article/view/707>. Acesso
em: 30 mar. 2018.

BECK, A. T.; ALFORD, B. A. O poder integrador da Terapia Cognitiva, Porto


Alegre, Artmed, 2000.

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2013.

CABALLO, V. E. Manual de avaliação e treinamento das habilidades sociais.


Santos, 2003.

CHALITA, G. Pedagogia da Amizade Bullying: o sofrimento das vítimas e dos


agressores, Editora Gente, 2008.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Bullying: cartilha 2010 – projeto justiça nas


escolas. Brasília: FMU, 2010. Disponível em:
<http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000014963.pdf>. Acesso
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DELL PRETTE Z.A.P.; DELL PRETTE A. Inventário de Habilidades Sociais:


manual de aplicação, apuração e interpretação. São Paulo, 6ª edição, Casa do
Psicólogo, 2016.

DORNELLES, V. G.; SAYAGO, C. W. Bullying Avaliação e intervenção em


Terapia Cognitivo-Comportamental. Porto Alegre, 1ª edição; Editora Sinopsys,
2012.

FANTE, Cleo. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar
para a paz. Campinas, 6ª edição; Editora Verus, 2011.

HOERTEL, P. L. Isso é mesmo bullying? RJ, 2013. Disponível em:


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LAMARCA, T. E. A atuação do psicólogo frente ao bullying no contexto escolar,


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SILVA, A, B.B. Mentes perigosas nas escolas: Bullying. RJ, 2010.


37

ANEXOS

Termo de Responsabilidade Autoral

Eu, Silvia Regina M. A. de Araújo, afirmo que o presente trabalho e suas


devidas partes são de minha autoria e que fui devidamente informada da
responsabilidade autoral sobre seu conteúdo.

Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de


Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental, sob
o título “A Terapia Cognitivo – Comportamental no tratamento do bullying”,
isentando, mediante o presente termo, o Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-
Comportamental (CETCC), meu orientador de qualquer ônus consequentes de
ações atentatórias a “propriedade intelectual”, por mim praticadas, assumindo,
assim, as responsabilidades civis e criminais decorrentes das ações realizadas para
a confecção da monografia.

São Paulo, ______ de ____________________ de ____________.

_________________________________________
Assinatura do Aluno (a)

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