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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 41ª VARA CRIMINAL DA

COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO X


Processo n. ...
Rita, já qualificada nos autos, por seu advogado infra-assinado, com procuração em anexo,
vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por não se conformar com a decisão
de fls., interpor RECURSO DE APELAÇÃO, com base no art. 593, I, do Código de Processo
Penal. Assim, requer seja recebido e processado o presente recurso, já com as razões
inclusas, remetendo-se os autos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado X.

Nestes termos,

Pede deferimento,

Local ..., Data ...

Advogado, OAB, n. ...

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO X

APELANTE: Rita
APELADO: Ministério Público

Processo n. ...

RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO


EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO X
COLENDA CÂMARA

I- DOS FATOS
No dia 10.11.2011, Rita foi presa em flagrante por ter furtado de uma grande rede de farmácia
cinco tintas de cabelo. Para realizar a subtração das tintas, a apelante arrebentou a fechadura
do armário que estavam os itens. O valor total dos subtraídos foi de R$ 49,95.
O Ministério Público ofereceu denúncia tipificando a conduta da acusada pelo crime de furto
qualificado pelo rompimento de obstáculo, previsto no art. 155, §4º, I, do Código Penal.
A denúncia foi regularmente recebida, a apelada regularmente citada. O processo teve seu
curso regular e a ré respondeu ao processo inteiro em liberdade.
Na audiência de instrução e julgamento, no dia 18.10.2012, o Ministério Público apresentou
certidão cartorária a qual atestava que no dia 15.05.2012 ocorrera o transito em julgado da
sentença que condenou a apelada pelo crime de estelionato.
Finda a instrução, o magistrado proferiu sentença em audiência. Na dosimetria da pena, o
magistrado elevou a pena-base por entender que a sentença do crime de estelionato
representava maus antecedentes, sendo que na segunda fase da dosimetria, reconheceu a
agravante da reincidência levando-se em conta também a data do trânsito em julgado definitivo
da sentença de estelionato. Por fim, fixou a pena definitiva em 4 (quatro) anos de reclusão no
regime inicial semiaberto e 80 (oitenta) dias-multa e não substituiu a pena privativa de
liberdade por pena restritiva de direitos. No entanto, assegurou-se à ré o direito de recorrer em
liberdade.Eis uma apertada síntese.
II- DO DIREITO
a) Do mérito

A conduta da apelante encontra-se sob a incidência do princípio da insignificância. Sabe-se


que para haver crime é necessário a tipicidade conglobante, qual seja, a combinação da
tipicidade formal com a tipicidade material.
A tipicidade formal é a subsunção perfeita da conduta do agente ao tipo penal. No caso, a
conduta comissiva de subtrair coisa alheia para si formalmente amolda-se ao crime de furto.
Nas esteiras do entendimento pacificado do Supremo Tribunal Federal, para haver tipicidade
material é necessário a presença de certos fatores, tais como: a inexpressividade da lesão
jurídica provocada, mínima ofensividade da conduta, nenhuma periculosidade social e
reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento.
Neste sentido, se para haver crime é necessário a combinação da tipicidade formal com a
material, uma conduta materialmente atípica deixa de ser crime, o que afasta, por conseguinte,
a tipicidade penal.
É o caso. Narram os autos que a apelante subtraiu, insta-se dizer que de uma grande rede de
farmácias, bens cujo valor total foi de R$ 49,95. Tal valor diante do porte da empresa é irrisório,
ou seja, não houve uma lesão jurídica ao bem tutelado que justifique a aplicação da lei penal e
uma consequente condenação, pois o desfalque patrimonial foi irrisório. Além de que na
conduta da ré não houve violência ou grave ameaça, não há nenhuma periculosidade social e
a reprovabilidade do seu comportamento é mínimo. Imperioso reconhecer que o fato não
constitui infração penal.
Com efeito, requer a aplicação do princípio da insignificância e seja a apelante absolvida, com
base no art. 386, III, do Código de Processo Penal.
b) Da subsidiariedade
Em rara hipótese dos nobres julgadores não reconhecerem a incidência do princípio da
insignificância, necessário a reforma da sentença nos seguintes aspectos:
b.1) dos maus antecedentes
O magistrado se utilizou dos maus antecedentes para agravamento de pena já tendo se
utilizado da reincidência para agravar a pena-base, o que configura bis in idem, nos termos da
súmula 241 do Superior Tribunal de Justiça. Nas esteiras da referida súmula, a reincidência
penal não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como
circunstância judicial.
Logo, com base na súmula 241 do Superior Tribunal de Justiça, requer, seja afastado o
agravamento de pena por maus antecedentes.
b.2) da reincidência
O art. 63, do Código Penal aduz que verifica-se a reincidência quando o agente comete novo
crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha
condenado por crime anterior. Ou seja, o Código Penal estabelece que a reincidência se
configura quando o agente comete novo crime depois do trânsito em julgado de condenação
anterior.
Nobres julgadores, o crime cometido pela apelante ocorrera no dia 10.11.2011, e o transito em
julgado da sentença pelo crime de estelionato se deu em 15.05.2012, não podendo tal
sentença ser utilizada como motivo para reconhecer reincidência, nos termos do art. 63, do
Código Penal.
Requer, portanto, seja afastado o agravamento da pena pela reincidência, e seja aplicada a
pena em sua forma mínima, qual seja, 02 anos de reclusão.
b.3) do furto privilegiado
A ré fora condenada por furto qualificado pelo rompimento de obstáculo, e os bens subtraídos
foram de pequeno valor, totalizando R$ 49,95. Dessa forma, caso não seja reconhecido a
incidência do princípio da insignificância, imperioso seja reconhecido o furto privilegiado, nos
termos do §2º, do art. 155, do Código Penal, pois a ré é primária e foi de pequeno valor a coisa
furtada.
Ainda que a apelante tenha praticado furto qualificado, a qualificadora de rompimento de
obstáculo é de natureza objetiva, sendo que a súmula 511 do Superior Tribunal de Justiça
legitima o furto privilegiado se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor
da coisa e a qualificadora de ordem objetiva.
Requer, portanto, seja reconhecido o furto privilegiado, nos termos do art. 155, §2º, do Código
Penal.
b.4) da substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direito
O crime cometido pela apelante foi sem violência ou grave ameaça e a pena aplicada há de ser
em seu mínimo legal. O art. 44, inciso I, do Código Penal aduz que as penas restritivas de
direito substituem as penas privativas de liberdade quando aplicada pena privativa de liberdade
não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa.
Dessa forma, requer a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito, nos
termos do art. 44, inciso I, do Código Penal.
b.5) do regime inicial do cumprimento de pena
De acordo com o exposto supra, deve-se ser afastada a utilização da reincidência e dos maus
antecedentes para o agravamento da pena-base. Dessa forma, a pena a ser aplicada a
apelante deve ser na sua forma mínima, qual seja, 02 anos de reclusão, nos termos do art.
155, §4º, I, do Código Penal.
O art. 33, §2º, c), do Código Penal dispõe que o condenado não reincidente, cuja pena seja
igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto. Ou seja,
o regime de cumprimento de pena a ser aplicado à apelante há de ser o aberto. Para a
imposição de regime mais gravoso, é necessário motivação idônea, nas esteiras da súmula
719 do Supremo Tribunal Federal.
Dessa forma, requer seja o regime de cumprimento de pena o aberto, nos termos do art. 33,
§2º, c, do Código Penal, c/c a súmula 719 do Supremo Tribunal Federal.
b.6) da multa
A magistrado fixou a pena de multa em 80 dias-multa. No entanto, por tudo explanado supra,
requer seja aplicado os dias-multa em seu mínimo, ou seja, 10 dias-multa, nos termos do art.
49, do Código Penal.
III- DOS PEDIDOS
I. Absolvição com base na atipicidade da conduta; II. Subsidiariamente, requer-se a aplicação
do § 2º do artigo 155 do CP (furto privilegiado);
II. Caso não reconhecida a atipicidade, deverá requerer a diminuição da pena pelo
afastamento da circunstância agravante da reincidência
III. A fixação do regime aberto para o cumprimento da pena;
IV. A substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos

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