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PROGRAMA DA DISCIPLINA
UNIDADE I:
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
FORMAS DE ESTADO
CARACTERÍSTICAS DO ESTADO FEDERAL
FEDERAÇÃO BRASILEIRA NA CONSTITUIÇÃO DE 1988
UNIÃO, ESTADOS-MEMBROS, MUNICÍPIOS, DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
FORMAÇÃO DOS ESTADOS E MUNICÍPIOS
VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS DE NATUREZA FEDERATIVA
REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
COMPETÊNCIA MATERIAL EXCLUSIVA ENUMERADA DA UNIÃO E DO MUNICÍPIO
COMPETÊNCIA MATERIAL EXCLUSIVA RESERVADA DO ESTADO
COMPETÊNCIA MATERIAL COMUM A UNIÃO, ESTADOS, MUNICÍPIOS E DISTRITO FEDERAL
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA DA UNIÃO
DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DA UNIÃO PARA OS ESTADOS
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE DA UNIÃO, DOS ESTADOS, E DO DISTRITO
FEDERAL
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA REMANESCENTE DO ESTADO
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA EXCLUSIVA E SUPLEMENTAR DO MUNICÍPIO
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA RESERVADA DO DISTRITO FEDERAL
INTERVENÇÃO
INTERVENÇÃO FEDERAL: HIPÓTESES E PROCEDIMENTOS
INTERVENÇÃO ESTADUAL NOS MUNICÍPIOS E INTERVENÇÃO DA UNIÃO NOS MUNICÍPIOS
LOCALIZADOS EM TERRITÓRIO FEDERAL: HIPÓTESES E PROCEDIMENTOS.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES PÚBLICOS
ACESSIBILIDADE A CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES PÚBLICAS: CONCURSO PÚBLICO
SISTEMA REMUNERATÓRIO DO SERVIDOR PÚBLICO
DIREITOS DOS SERVIDORES, GARANTIAS E VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS
LICITAÇÃO PÚBLICA
RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
1
Possui graduação em Administração Postal pela Escola Superior de Administração Postal (1981), graduação em Direito pelo Centro de
Estudos Superiores do Estado do Pará (1986) e mestrado em Direito pela Universidade Federal do Pará (2000). Atualmente é Analista
Jurídico do Ministério Público do Estado do Pará, Assessor do Colégio de Procuradores de Justiça do Estado do Pará e Professor
Adjunto da Universidade da Amazônia. E_mail: pmscardoso@oi.com.br. Fone: (91) 988433161.
OUTROS PRECEITOS RELATIVOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES E DOS ÓRGÃOS AUTÔNOMOS
SEPARAÇÃO DAS FUNÇÕES ESTATAIS: PODER LEGISLATIVO, PODER EXECUTIVO, PODER
JUDICIÁRIO, MINISTÉRIO PÚBLICO E TRIBUNAL DE CONTAS
FUNÇÕES TÍPICAS E ATÍPICAS.
PODER EXECUTIVO
CHEFE DE ESTADO E CHEFE DE GOVERNO
CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE, PROCESSO ELEITORAL, POSSE E VACÂNCIA DA
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
ÓRGÃOS AUXILIARES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA: MINISTROS, CONSELHO DA REPÚBLICA
E CONSELHO DE DEFESA NACIONAL
RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA: PRERROGATIVA DE FORO E
IMUNIDADES
GOVERNADOR DE ESTADO
PREFEITO MUNICIPAL
UNIDADE II:
PODER LEGISLATIVO
ESTRUTURA DO PODER LEGISLATIVO NOS ÂMBITOS FEDERAL, ESTADUAL, MUNICIPAL,
DISTRITAL E DOS TERRITÓRIOS FEDERAIS
COMPOSIÇÃO, SISTEMAS ELEITORAIS, LEGISLATURA E SESSÃO LEGISLATIVA
ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL
COMPETÊNCIA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
COMPETÊNCIA DO SENADO FEDERAL
COMISSÕES PARLAMENTARES
ESTATUTO DOS CONGRESSISTAS
PROCESSO LEGISLATIVO
ESPÉCIES NORMATIVAS: EMENDA CONSTITUCIONAL, LEI COMPLEMENTAR, LEI ORDINÁRIA,
MEDIDA PROVISÓRIA, LEI DELEGADA, DECRETO LEGISLATIVO, RESOLUÇÃO
CLASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS LEGISLATIVOS
PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO: FASES INTRODUTÓRIA, CONSTITUTIVA E
COMPLEMENTAR
PROCESSO LEGISLATIVO ESPECIAL DAS LEIS ORÇAMENTÁRIAS
PROCESSO LEGISLATIVO NOS ESTADOS E MUNICÍPIOS
TRIBUNAL DE CONTAS
TRIBUNAL DE CONTAS: TIPOS DE CONTROLE
TRIBUNAL DE CONTAS: SISTEMAS DE CONTROLE EXTERNO
TRIBUNAL DE CONTAS: MODELO DE CONTROLE EXTERNO NO BRASIL
TRIBUNAL DE CONTAS: HISTÓRICO DOS TRIBUNAIS DE CONTAS
TRIBUNAL DE CONTAS: NATUREZA JURÍDICA DOS TRIBUNAIS DE CONTAS
TRIBUNAL DE CONTAS: ORGANIZAÇÃO, COMPOSIÇÃO, SEDE E JURISDIÇÃO DOS TRIBUNAIS
DE CONTAS
TRIBUNAL DE CONTAS: PROCESSO DE ESCOLHA, GARANTIAS, PRERROGATIVAS E
IMPEDIMENTOS DOS MEMBROS
PODER JUDICIÁRIO
ESTATUTO DA MAGISTRATURA
GARANTIAS DO PODER JUDICIÁRIO
ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO
PRECATÓRIOS JUDICIAIS
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO: ESCOLHA DOS MEMBROS
DOS TRIBUNAIS SUPERIORES E DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIAS JURISDICIONAIS
MINISTÉRIO PÚBLICO
MINISTÉRIO PÚBLICO: ORIGEM HISTÓRICA E DEFINIÇÃO CONCEITUAL
ORGANIZAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
PRINCÍPIOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO
GARANTIAS DO MINISTÉRIO PÚBLICO
MINISTÉRIO PÚBLICO: VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS
FUNÇÕES INSTITUCIONAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO
MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS
OUTRAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
ADVOCACIA
ADVOCACIA PÚBLICA
DEFENSORIA PÚBLICA
UNIDADE I
1. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Estado
Na perspectiva de Bercovici (Dimoulis: 2012, p. 101), foi Jellinek que abriu
caminho para a doutrina jurídica do Estado, que foi por ele definido como “corporação
territorial dotada de um poder de mando originário”, conceito o qual ressalta os três
elementos do Estado: povo, território e poder.
Características dos Estados
Na doutrina de Alarcón (2014: p. 81-82), os Estados têm as seguintes
características: centralização do poder, institucionalização, coercibilidade, autonomia e
sedentariedade.
A centralização do poder é a qualidade que faz referência à articulação
funcional, à diferenciação de órgãos e serviços, às faculdades conferidas aos indivíduos e
às imposições decorrentes do exercício do cargo público.
A institucionalização refere a necessária distinção entre a autoridade
política [autoridade estatal] e a pessoa que em cada momento da vida do Estado exerce o
cargo público. É que a autoridade pública não se confunde com a pessoa que exerce o
cargo público.
A coercibilidade é o poder de império [de impor a própria vontade], que se
configura no exercício da jurisdição, da administração da justiça, no monopólio da força.
A autonomia é o poder de escolha, a faculdade de escolher os
mecanismos [a estrutura, os programas, os projetos] necessários à concretização dos
objetivos gerais do Estado [o bem comum, a manutenção da paz e da segurança da
sociedade e na sociedade, entre outros].
A sedentariedade que supõe a continuidade da vida estatal, sua
preservação no tempo e no espaço.
Elementos essenciais do Estado
Ainda de conformidade com a doutrina de Alarcón (2014: p. 93-112), os
elementos essenciais do Estado são: soberania, território e povo.
A soberania que se expressa como a condução permanente de qualquer
manifestação de força social ao Estado, que adquire assim personalidade; age como um
sujeito, uma pessoa, com plena capacidade de assumir direitos e obrigações. Compreende
a capacidade de autodeterminação interna e de independência de atuação a nível
internacional.
O território entendido, na perspectiva política, como o espaço em que o
Estado exerce a soberania; e, na jurídica, como o âmbito de validade [jurisdição] em que
se aplica a ordem normativa estatal.
O povo que, sob a ótica da ação política, é o agente titular [sujeito ativo]
da soberania nos Estados democráticos de direito e se assume como sujeito de dominação,
que elege um corpo constituinte e decide sobre a forma de ser do Estado. O povo é,
também, o ente legitimador da atividade estatal, pois é dele que se desprende a escolha
dos representantes políticos da cidadania, tanto na esfera do Poder Legislativo
[legisladores] como do Poder Executivo [administradores públicos].
Finalidades do Estado
Ao discorrer sobre as finalidades estatais, Alarcón (2014: p. 113-116)
destaca a classificação de Jellinek que distingue os fins objetivos do estado e os fins
subjetivos.
Os fins objetivos podem ser universais e os particulares. Os fins
universais expressam que o Estado deve cumprir os fins gerais da humanidade, ligados a
uma filosofia da história; os fins particulares representam privativos de cada Estado, que
somente a ele correspondem e que se apresentam como condicionantes da sua situação
histórica.
Os fins subjetivos expõem que a vida do Estado consiste numa série
ininterrupta de ações humanas, logo, os fins do Estado constituem, ao cabo e ao fim, os
fins particulares das pessoas que nele se encontram ou dele dependem.
Adiante, ainda com fundamento na doutrina de Jellinek, trata das teorias
que afirmam um fim único para o Estado, dos fins absolutos, que se subdivide em fins
expansivos e fins limitados do Estado.
Os fins expansivos têm conteúdo “eudemonista utilitário”, expressam que
os fins do Estado se encontram na conquista do bem-estar dos indivíduos e da comunidade,
bem como na realização da moralidade [teorias éticas]; em tal concepção o Estado se
justifica apenas e na medida em que realiza a justiça ou virtude total e atinge esse bem
[eudemonia].
Os fins limitados se apresentam em três formas: 1. O fim do estado é a
segurança dos indivíduos; 2. O fim do Estado é a liberdade humana, seja ela espiritual
[Spinoza], seja privada [Locke]; 3. O fim do Estado é a promoção do direito, é a realização
do direito objetivo [Kant].
2. FORMAS DE ESTADO
Na doutrina de Streck e Morais (2003: p. 159-162), os Estados se
apresentam de duas formas: Estado unitário e Estado federal.
O Estado unitário se caracteriza, politicamente, pela unidade do sistema
jurídico, excluindo qualquer pluralidade normativa e, administrativamente, pela
centralização da execução das leis e da gestão dos serviços. Tem como aspectos positivos:
1. A existência de uma só ordem política e administrativa; 2. O fortalecimento da autoridade
estatal; 3. O reforço da unidade nacional; 4. Uma burocracia única, eficaz e racionalizada;
5. Impessoalidade e imparcialidade no exercício das prerrogativas de governo. E como
negativos: 1. Ameaça à autonomia criadora das coletividades menores com o
desaparecimento dos grupos sociais intermediários asseguradores das liberdades
individuais; 2. Sobrecarga administrativa do poder central; 3. Estancamento do autogoverno
e desvinculação em face dos problemas públicos; 4. Temas de interesse local resolvidos
no plano da legislação nacional; 5. Retardamento das decisões administrativas.
O Estado federal configura um pacto, uma aliança, entre vários Estados,
um processo de descentralização do poder político que implica uma repartição rígida de
competências entre o órgão do poder central, denominado União, e as expressões das
organizações regionais, os Estados-membros, que participam do poder central via
representação.
3. CARACTERÍSTICAS DO ESTADO FEDERAL
3.1. FEDERAÇÃO, ESTADO FEDERAL E FEDERALISMO
Federação
Constitui um tipo de Estado composto que é divisível em partes Internas e
que não unidas entre si por um vínculo de sociedade. O objetivo é manter intactas as
autonomias regionais dos entes federado, tendo como base uma Constituição. Trata-se de
um Estado no qual há uma repartição em unidades autônomas, porém não soberanas,
havendo relativa descentralização com a reunião de diversas coletividades que formam,
inobstante, uma só população.
Estado federal
É formado pela reunião de dois ou mais Estados, mantendo cada um deles
a sua autonomia no âmbito interno, mas representados externamente por um governo
central, o chamado governo federal ou União. Pressupõe o reconhecimento da existência
de forças distintas do poder central que têm sua própria sustentabilidade e reclamam um
campo próprio de atuação jurídico política como, por exemplo, a possibilidade de criar por
si mesmo normas jurídicas. Trata-se de uma forma de Estado em que o poder é dividido
entre uma ordem jurídica central e várias ordens jurídicas regionais (MOTTA; BARCHET,
2007, p. 419).
Federalismo
Não é redutível a uma noção puramente jurídica, devendo ser entendido
como uma associação política dentro do próprio Estado, respondendo, entre outras, às
seguintes necessidades:
I. organizar política e racionalmente grandes espaços geográficos,
incorporando relações de paridade entre suas distintas unidades (entes federados), em
substituição às relações de subordinação típicas dos Estados unitários;
II. integrar os diversos entes federados, dotados de autonomia, em uma
entidade una (União), salvaguardando suas peculiaridades regionais; e
III. dividir o poder para salvaguardar a liberdade e garantir o
desenvolvimento integrado das unidades autônomas.
Assim, federalismo é uma forma de governo, baseada em um certo modo
de distribuir e exercer o poder político numa sociedade, sobre um determinado território,
que resulta da necessidade de preservar a diversidade de culturas ou da constatação das
origens diferenciadas da história e das tradições políticas dos Estados-membros,
necessitando, portanto, de um estatuto que garanta a autonomia local.
3.2. SURGIMENTO DA FEDERAÇÃO NO ESTADO MODERNO
A Federação norte-americana é oriunda das 13 colônias inglesas que se
tornaram independentes e se fundiram, dando origem aos Estados Unidos da América.
Com a fusão, formularam a Constituição Federal, impondo a superioridade da União em
face dos Estados-membros.
Para ocorrer a unificação, cada Estado-membro “abriu mão” de uma
parcela de seu poder repassando-o à União. Assim, esta passou a deter uma esfera de
poder e a representar a coletividade dos Estados federados.
3.3. TIPOLOGIA
Federalismo por agregação.
Refere a reunião de vários Estados para a formação de um novo Estado,
um Estado federal. Os Estados Unidos da América configuram uma federação instituída por
agregação.
Federalismo por desagregação.
Neste modelo, um Estado unitário se descentraliza e forma um Estado
federal. A federação brasileira foi criada por desagregação.
Federalismo dual.
Alude um Estado federal caracterizado por uma rígida separação de
competências entre o ente central (união) e os entes regionais (estados-membros).
Federalismo cooperativo.
Sistema em que não há uma separação rígida de competências entre os
entes federados, justamente para promover aproximação, cooperação entre a união e os
estados-membros.
Federalismo simétrico.
É caracterizado pela igualdade formal, eis que os estados-membros são
rigorosamente iguais em termos de representação no legislativo do Estado federal.
Federalismo assimétrico.
Há um certo balanceamento das diferenças naturalmente existentes, a
partir de fatores socioeconômicos ou mesmo territoriais.
Federalismo orgânico.
Caracterizado pela prevalência do poder central, eis que os estados-
membros são vinculados ao modelo estabelecido para a união; nele, a “Lex Mater” procura
disciplinar o modo de gestão dos estados-membros, reduzindo, assim, a autonomia destes.
Federalismo de integração.
Há uma centralização do poder na união, com a imposição aos estados-
membros do modelo adotado para o ente central. Nele, há uma tendência de estabelecer
um Estado unitário descentralizado e não em Estado federal.
Federalismo de equilíbrio.
Busca estabelecer mecanismos que mantenham o delicado equilíbrio dos
entes federados, a partir de políticas de incentivos fiscais, redistribuição de rendas.
3.4. CARACTERÍSTICAS
Rigidez constitucional.
O pacto federativo está alicerçado em uma constituição rígida, cujo
processo de modificação é mais severo do que o previsto para a alteração das normas
infraconstitucionais.
Poder constituinte derivado decorrente.
A autonomia conferida aos estados-membros de uma federação é
materializada na prerrogativa conferida a estes de elaborarem suas próprias constituições;
em assim agindo, os princípios estruturantes da constituição federal, pelo princípio da
simetria das formas, devem ser observados pelas ordens estaduais.
Indissolubilidade do pacto federativo.
Característica basilar dos estados federados, configura a inexistência do
direito de secessão pelos estados-membros.
Representação dos Estados-membros.
A federação apresenta como um dos seus requisitos a participação da
vontade dos estados-membros na elaboração das normas gerais, base sobre a qual se
estruturou o Poder Legislativo bicameral; de um lado tem-se uma casa representativa da
vontade popular; de outro lado uma casa representativa da vontade dos entes federados;
Tribunal constitucional.
A manutenção do pacto federalista pressupõe a existência de um tribunal
constitucional, encarregado de dizer o direito quando houver dúvida acerca das
competências de determinado ente federado ou mesmo em caso de violação da forma
federativa.
UNIÃO
A União não se confunde com a República Federativa do Brasil. Enquanto
esta é dotada de soberania, abrangendo todos os Entes federados; aquela é pessoa jurídica
de direito público interno, dotada de autonomia e do poder de agir dentro dos limites
traçados pela Constituição.
No âmbito organizacional do Brasil, a União apresenta uma dupla face:
I. Entidade federativa dotada de autonomia política: sob tal enfoque, a
União atua no âmbito interno, como uma pessoa jurídica de direito público integrante da
Federação, exercendo a parcela de competência que lhe é deferida pela Lei Maior.
II. Órgão de representação da República Federativa do Brasil: quando
exerce desse papel, a União atua no âmbito externo, na forma do art. 21, incs. I e II da
Constituição, mantendo relações com Estados estrangeiros, declarando guerra e
celebrando a paz, enfim, representando o Estado brasileiro perante a comunidade
internacional, de forma soberana.
Capital Federal.
Brasília é a Capital Federal (§ 1º do art. 18 da Constituição).
Autonomia.
Pelo atributo da auto-organização, é da competência de a União
estabelecer sua própria organização, observando os princípios e diretrizes traçadas na
Constituição.
A capacidade de auto legislação confere à União vasta competência
legislativa, podendo dispor livremente sobre os temas expressamente elencados na
Constituição.
O autogoverno permite à União ter representantes políticos próprios, eleitos
pelo voto popular, na forma da Constituição.
Quanto à autoadministração concede à União a prerrogativa de dispor de
um corpo administrativo próprio, formado pelos servidores públicos, os quais tem o encargo
de manter em funcionamento a chamada Administração Pública Federal.
ESTADOS
Auto-organização.
Os Estados, que compõem a federação brasileira, conforme já visto, gozam
de autonomia, a qual importa em auto-organização. Assim, cada Estado é regido por
Constituição própria, fruto do poder constituinte derivado que lhe é assegurado, bem como
pelas leis que adotar.
A auto-organização é, portanto, um poder limitado e delimitado pela
Constituição da República, que fixa em parte a estruturação estadual.
Os limites ao poder constituinte derivado são os princípios constitucionais:
sensíveis, extensíveis e estabelecidos.
Limites ao poder
constituinte Princípios constitucionais sensíveis: são expressamente
derivado indicados na Constituição como impeditivos da atuação dos
Estados-membros, cuja violação autoriza a intervenção federal
para assegurar a prevalência da ordem constitucional (art. 34, inc.
VII, alíneas “a” a “e” da Lei Maior).
Princípios constitucionais extensíveis (paralelismo, simetria):
são as regras de organização da União, obrigatoriamente
estendidas aos Estados; e
Princípios constitucionais estabelecidos: limitam a autonomia
dos Estados-membros na organização de suas respectivas
estruturas; podem ser expressos e implícitos.
. Expressos: são limitações que constam da Constituição.
Exemplo: Art. 19, incs. I a III da Lei Maior.
. Implícitos: são limitações decorrentes dos princípios adotados
pela Constituição; exemplo: norma que atribua ao Poder
Legislativo Estadual funções típicas de um regime parlamentarista
(aprovar os nomes do secretariado estadual) será inconstitucional,
uma vez que contrasta com o regime político presidencialista
adotado pelo Brasil.
Auto legislação.
Cada Estado pode elaborar suas próprias leis, observados os limites e as
competências fixadas pela Constituição da República.
Autogoverno.
Cada Estado exerce livremente o próprio governo, inclusive e
especialmente quanto aos seus Poderes, além de escolher os próprios representantes
políticos, observando o modelo federal e respeitando o sistema constitucional da separação
dos Poderes e o regime presidencialista de governo.
O Poder Legislativo estadual (art. 27 da Constituição) é unicameral, sendo
exercido pelas Assembleias Legislativas, que, por sua vez, são integradas pelos Deputados
Estaduais.
O Executivo estadual (art. 28 da Lei Maior) segue, em linhas gerais, o
modelo estabelecido para a União.
O Poder Judiciário estadual (art. 125 da Carta Política) é exercido pelo
Tribunal de Justiça de cada Estado e pelos Juízes estaduais, alguns deles dispondo, ainda,
de Tribunal de Justiça Militar Estadual.
Autoadministração.
Cada Estado administra, sem interferência externa, os serviços que lhe são
próprios, organizando-os, mantendo-os e prestando-os por meio de corpo próprio de
servidores públicos.
MUNICÍPIOS
Auto-organização.
Os Municípios também compõem a federação brasileira, embora não
tenham, de fato, representação na elaboração da vontade geral (Senado Federal, no caso
dos Estados-membros). Dessa forma, como se verifica no art. 18 da Lei Maior, tais Entes
integram a ordem administrativa e política, tendo reconhecida a sua autonomia, dentro dos
limites e respeitados os princípios constitucionais.
Na forma do art. 29 da Constituição da República os Municípios reger-se-
ão pelas leis orgânicas que adotarem, aprovadas por dois terços dos membros das
Câmaras Municipais, que as promulgarão, atendidos os princípios das Cartas Magnas
Federal e Estadual respectiva.
Auto legislação.
É facultado a cada Município elaborar sua própria legislação, não podendo,
destarte, inobservar os limites e as competências fixadas pela Constituição.
Inúmeros temas podem ser destacados como de competência municipal,
dada a prevalência do interesse imediato da comunidade local, por exemplo:
a) normas específicas de trânsito, como lei versando acerca do rodízio
para evitar excesso de veículos nas vias urbanas em certo período;
b) zoneamento e ocupação do solo urbano;
c) horário de funcionamento do comércio local; e
d) estabelecimento de uma guarda municipal para proteção de seus bens,
serviços e instalações (art. 144, § 8º da Constituição).
Autogoverno.
Cada Município pode, ainda, organizar-se livremente, inclusive e
especialmente quanto aos respectivos Poderes Legislativo (Câmara Municipal) e Executivo,
devendo escolher diretamente seus representantes, observando o modelo federal e o
estadual, respeitando o sistema constitucional da separação dos Poderes, além do regime
presidencialista de governo.
O Poder Legislativo estadual é unicameral, sendo exercido pelas Câmaras
Municipais, compostas por Vereadores eleitos pelo voto direto, secreto e universal, para
mandato de quatro anos, gozando de imunidade quanto a suas opiniões, palavras e votos
no exercício do mandato e na circunscrição do Município, na forma do art. 29, inc. VIII da
Constituição.
O Poder Executivo municipal é exercido pelo Prefeito, eleito em conjunto
com o Vice-Prefeito do Município, para mandato de quatro anos.
Autoadministração.
Incumbe a cada Município a administração dos serviços que lhe são
próprios, por meio de corpo próprio de servidores públicos, observando os princípios
fundamentais estabelecidos para a Administração Pública em geral, nos arts. 37 a 41 da
Constituição.
DISTRITO FEDERAL
O Distrito Federal possui natureza jurídica de entidade federativa, dotado
de autonomia política, atribuições e receitas próprias.
É reconhecido como ente integrante da Federação, embora não se
enquadre nem como Estado-Membro nem como Município.
Reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo
de dez dias, sendo aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará,
atendidos os princípios da Constituição.
É vedada sua divisão em Municípios.
A eleição do Governador e do Vice-Governador será em dois turnos,
enquanto a dos Deputados Distritais ocorrerá em turno único, coincidindo com a dos
Governadores e Deputados Estaduais.
O número de Deputados Distritais corresponderá ao triplo da representação
do Distrito Federal na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será
acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.
O mandato dos Deputados Distritais será de quatro anos, aplicando-lhes
as regras da Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades,
remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças
Armadas.
O subsídio dos Deputados Distritais será fixado por lei de iniciativa da
Câmara Legislativa, na razão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele
estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais.
Compete à Câmara Legislativa dispor sobre seu regimento interno, polícia
e serviços administrativos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos.
Observados os dispositivos constitucionais pertinentes, o Distrito Federal
pode editar livremente as normas que regerão os temas em relação aos quais tem
competência para legislar.
A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo do Distrito
Federal.
Lei Federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal,
das polícias civil e militar e do corpo de bombeiro militar.
O Poder Legislativo distrital é exercido pela Câmara Legislativa, composta
de Deputados Distritais.
O Poder Executivo distrital é atribuição do Governador do Distrito Federal,
auxiliado pelos Secretários Distritais.
O Poder Judiciário distrital é da responsabilidade do Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e Territórios.
Incumbe ao Distrito Federal a administração dos serviços que lhe são
inerentes, por meio de corpo próprio de servidores públicos, observando os princípios
fundamentais estabelecidos para a Administração Pública em geral.
5.2. FORMAÇÃO DOS ESTADOS E MUNICÍPIOS
Estados
Na forma do § 3º do art. 18 da Constituição, os Estados podem incorporar-
se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos
Estados ou Territórios Federais.
Para tanto, dois requisitos são constitucionalmente previstos:
a) aprovação da população diretamente interessada, mediante plebiscito;
como população interessada, entende-se aquela residente no território; e
b) lei complementar, do Congresso Nacional.
Municípios
A criação, incorporação, fusão e desmembramento de Municípios (§ 4º do
art. 18 da Constituição) far-se-á por lei estadual, dentro do período determinado por lei
complementar estadual, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às
populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade
Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.
5.3. VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS DE NATUREZA FEDERATIVA
As vedações constitucionais de natureza federativa constam do art. 19 da
Carta Republicana, segundo o qual os Entes federados não podem:
a) Estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-
lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência
ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público.
b) Recusar fé aos documentos públicos.
c) Criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
6. REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
COMPETÊNCIAS
Questão de suma importância para o entendimento do Estado Federal
brasileiro é o sistema de partição de competências. O que é da responsabilidade, na forma
da Constituição da República, a cada Ente federado.
No modelo político implantado a partir de 1988, se apresentam
competências de legislar, de administrar e de julgar, vinculadas aos Poderes Legislativo,
Executivo e Judiciário, respectivamente.
As legislativas representam a capacidade de legislar, atribuída ao Poder
Legislativo. Se subdividem em privativas, concorrentes, suplementares e supletivas.
Competências
Privativas: são atribuidas à União que pode delegá-las aos
legislativas
Estados ou ao Distrito Federal; no modelo brasileiro vigente, a
delegação somente pode ser efetivada se houver disposição
constitucional expressa.
COMPETÊNCIAS
HORIZONTAL VERTICAL
Suplementares
Supletivas
COMPETÊNCIAS
UNIÃO
MATERIAIS LEGISLATIVAS
Exclusivas Concorrentes
Comuns Privativas
MATERIAIS LEGISLATIVAS
Exclusiva Residual
Comuns Concorrentes
Residual Suplementares
Supletivas
I.
COMPETÊNCIAS
MUNICÍPIOS
MATERIAIS LEGISLATIVAS
Exclusiva Exclusiva
Comum Suplementar
I. Materiais exclusivas (arts. 30, incs. III, IV, V, VIII da Constituição): Cabe
tão somente aos Municípios tratar da administração tributária local, incluso a instituição e
arrecadação dos tributos de sua competência; organizar seu território, criando e suprimindo
distritos; organizar e prestar os serviços públicos de interesse local, diretamente ou
mediante concessão ou permissão, incluso o essencial transporte coletivo urbano; e dispor
sobre o ordenamento territorial, com planejamento e controle do uso, parcelamento e
controle do solo urbano.
II. Materiais comuns (art. 23 da Constituição): Exercidas de igual modo
aos demais Entes Federados, cada qual no âmbito da respectiva jurisdição.
III. Legislativa exclusiva (art. 30, inc. I da Constituição): Aos Municípios
cabe legislar sobre assuntos de interesse local.
IV. Legislativa suplementar (art. 30, inc. II da Carta Política): Podem,
também, os Municípios suplementar a legislação federal e estadual, para satisfação do
interesse local.
COMPETÊNCIAS DO DISTRITO FEDERAL
O Distrito Federal possui as mesmas competências legislativas, materiais
e tributárias reservadas aos Estados e Municípios, ou seja:
I. materiais exclusivas (§§ 2º e 3º do art. 25 da Lei Maior);
II. materiais comuns (art. 23 da Constituição);
III. residual (§ 1º do art. 25 da Lei Maior);
IV. material exclusiva (arts. 30, incs. III, IV, V, VIII da Constituição);
V. material comum (art. 23 da Constituição);
VI. legislativa exclusiva (art. 30, inc. I da Constituição); e
VII. legislativa suplementar (art. 30, inc. II da Carta Política).
É que, como não pode ser subdividido em Municípios, o Distrito Federal
trata tanto dos interesses regionais como dos interesses locais.
7. INTERVENÇÃO
7.1. ESTADOS DE LEGALIDADE EXTRAORDINÁRIA
No modelo Constitucional brasileiro atual, a antiga ideologia da segurança
nacional foi substituída por uma concepção de defesa do próprio Estado Democrático de
Direito. Defesa do Estado entendida como defesa do território contra invasão estrangeira;
defesa da soberania nacional; defesa da Pátria; não mais deste ou daquele regime político
ou de uma particular ideologia ou de um grupo detentor do poder.
A Lei Maior que prescreve os mecanismos de salvaguarda da ordem
jurídica para os momentos de grave crise institucional, mediante a suspensão ou a restrição
de diversos direitos individuais. É o sistema constitucional de crises.
A intervenção, o estado de defesa e o estado de sítio representam formas
excepcionais e transitórias de preservação da ordem em face de crise institucional de
natureza grave, com o fortalecimento do poder do Estado (Poder Executivo) e a restrição
ou suspensão de alguns ou mesmo todos os direitos individuais.
Estão sujeitos aos princípios da necessidade, temporariedade e
proporcionalidade.
Princípios Necessidade: condiciona a adoção do sistema de legalidade
informadores especial às hipóteses expressamente previstas na Constituição; sua
violação equivale a um golpe de estado.
Temporariedade: com base nele, somente é admissível a
decretação do sistema de legalidade extraordinária por período
definido; Sua não-observância origina uma ditadura.
Proporcionalidade: corolário do princípio do devido processo legal,
prescreve que deve existir uma correlação direta entre os fatos
justificadores do estado de exceção e as medidas de salvaguarda
adotadas.
Tais mecanismos de defesa compõem o estado de legalidade especial ou
extraordinária, denominação dada ao regime que vigora nos momentos da grave crise
institucional, o qual substitui o de legalidade ordinária comumente adotado.
7.2. INTERVENÇÃO FEDERAL
O instituto da intervenção federal, consagrado no texto de todas as
Constituições republicanas brasileiras, representa um elemento fundamental, tanto na
construção da doutrina do Estado Federal, quanto na práxis do federalismo.
2 Sobre a relativização do princípio, em relação à Administração Pública, cabe destacar: 1. somente “o Chefe
do Executivo pode ordenar o descumprimento de lei por vício de inconstitucionalidade”; e 2. a inobservância
“à lei é feita sob conta e risco daquele que a assume como inconstitucional” (ob. cit.: p. 1337).
3 “O ato de improbidade pode causar um dano material ao patrimônio público, com o consequente
enriquecimento (ilícito) do agente ou daquele por este protegido, ou não, como nas hipóteses indicadas pelo
art. 11 da Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92), que contempla uma seção dedicada aos atos
imoralidade”.
A publicidade configura a transparência na gestão pública e garante o
amplo acesso aos atos e processos administrativos. Ao tratar desse dúplice papel, Tavares
(ob. cit.: p. 1342) ressaltou: 1. pela exigência dela “obtém-se a necessária transparência
dos atos administrativos”, eis que veda ao administrador público “guardar sigilo das
atividades administrativas em geral”; e 2. “o princípio da publicidade assegura a todos o
direito de acesso à atividade administrativa”, nos termos no inc. XXXIII, do art. 5º, da
Constituição Federal.
A eficiência expressa a racionalidade no cumprimento dos fins a que se
propõe a Administração Pública. Ainda Tavares (ob. cit.: p. 1342) aloca “a busca da
economicidade na Administração” como “um dos aspectos mais salientes do princípio da
eficiência”.
8.2. CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES PÚBLICOS
Na doutrina de Meirelles (2016: p. 79 e ss.), agentes públicos são todas
as pessoas físicas incumbidas, definitiva ou transitoriamente, do exercício de alguma
função estatal. Os agentes públicos, enquanto gênero, subdividem-se em cinco espécies:
agentes políticos, agentes administrativos, agentes honoríficos, agentes delegados e
agentes credenciados.
Os agentes políticos são os componentes do Governo nos seus mais
elevados escalões, investidos em cargos, funções, mandatos ou comissões, por nomeação,
eleição, designação ou delegação para o exercício de atribuições constitucionais. Nesta
categoria encontram-se os chefes do Executivo e seus auxiliares imediatos, os membros
do Poder Legislativo, os membros do Poder Judiciário, os membros do Ministério Público,
os membros dos Tribunais de Contas, os representantes diplomáticos e demais autoridades
que atuem com independência funcional no desempenho de atribuições governamentais,
judiciais ou quase judiciais, estranhas ao quadro do serviço público.
Os agentes administrativos são todos aqueles que se vinculam ao Estado
ou às suas entidades autárquicas e fundacionais por relações profissionais, sujeitos à
hierarquia funcional e ao regime jurídico determinado pela entidade estatal a que servem.
Nesta categoria estão incluídos os servidores públicos concursados, os servidores públicos
exercentes de cargos ou empregos em comissão titulares de cargo ou emprego público e
os servidores temporários [contratados por tempo determinado para atender a necessidade
temporária de excepcional interesse público].
que atentam contra os princípios da Administração Pública (como ‘deixar de prestar contas quando esteja
obrigado a fazê-lo’)” (ob. cit.: p. 1339).
Os agentes honoríficos são cidadãos convocados, designados ou
nomeados para prestar, transitoriamente, determinados serviços ao Estado, em razão de
sua condição cívica, de sua honorabilidade ou de sua notória capacidade profissional, mas
sem qualquer vínculo empregatício ou estatutário e, normalmente, sem remuneração. São
exemplos: jurado, mesário eleitoral, comissário de menores, presidente ou membro de
comissão de estudo ou de julgamento, entre outros.
Os agentes delegados são as pessoas [físicas ou jurídicas] que recebem
a incumbência da execução de determinada atividade, obra ou serviço público e o realizam
em nome próprio, por sua conta e risco, mas segundo as normas do Estado e sob a
permanente fiscalização deste. Nesta categoria estão os concessionários e permissionários
de obras e serviços públicos, os titulares por delegação dos serviços públicos notariais e
de registro, os leiloeiros, os tradutores e intérpretes públicos e as demais pessoas que
recebem delegação para a prática de alguma atividade estatal ou serviço de interesse
público.
Os agentes credenciados são os que recebem a incumbência de
representar a Administração em determinado ato ou praticar certa atividade específica,
mediante remuneração do Poder Público credenciante.
8.3. ACESSIBILIDADE A CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES PÚBLICAS:
CONCURSO PÚBLICO
O art. 37, incisos I e II da Carta Republicana dispõem sobre o tema. Os
cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei.
Na doutrina de Meirelles (2016: p. 86 e ss.), todo agente público vincula-se
ao Estado por meio de ato ou procedimento legal a que se denomina investidura, que pode
ser: administrativa [vincula o agente a cargo, função ou mandato administrativo, atendidos
os requisitos de capacidade e idoneidade que a lei estabelecer] ou política [realiza-se, em
regra, por eleição direta ou indireta, mediante sufrágio universal ou restrito a determinados
eleitores, de acordo com a Constituição da República, para mandatos nos Poderes
Legislativo e Executivo]; originária [vincula inicialmente o agente ao Estado, como a
primeira nomeação para cargo público] ou derivada [se baseia em anterior vinculação do
agente com a Administração, como a promoção, a transferência, a remoção, a reintegração,
entre outras]; vitalícia [tem caráter perpétuo, como a dos magistrados], efetiva [tem
presunção de definitividade, para tornar o agente estável no serviço após o estágio
probatório] ou em comissão de natureza transitória, para cargos ou funções de confiança,
sendo o agente exonerável ad nutum, a qualquer tempo e independentemente de
justificativa]; e outras formas temporárias.
A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia
em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei.
As nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração, prescindem de concurso público.
8.4. SISTEMA REMUNERATÓRIO DO SERVIDOR PÚBLICO
O sistema remuneratório do serviço público está previsto no artigo 37,
incisos X a XVII da Carta Republicana.
Assim, a remuneração dos servidores públicos e o subsídio dos agentes
políticos (§ 4º do art. 39) somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica,
observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na
mesma data e sem distinção de índices.
A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos
públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie
remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de
qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o
subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador
no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito
do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a
noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite
aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos.
Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não
poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo.
É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies
remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público.
Os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público também não
serão computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores.
O subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos
são irredutíveis, com as ressalvas do Texto Constitucional.
8.5. DIREITOS DOS SERVIDORES, GARANTIAS E VEDAÇÕES
CONSTITUCIONAIS
Direitos e garantias
Os servidores possuem os mesmos direitos e garantias dos trabalhadores
do setor privado: salário mínimo; salário nunca inferior ao mínimo para os que percebem
remuneração variável; gratificação natalina (13º salário); remuneração do trabalho noturno
superior ao diurno; salário família para os dependentes; jornada de trabalho não superior a
oito horas diárias e quarenta e quatro semanais; repouso semanal remunerado;
remuneração de serviço extraordinário (horas extras) superior, no mínimo, em cinquenta
por cento à do normal; licença à gestante; licença paternidade; proteção do mercado de
trabalho da mulher; redução dos riscos inerentes ao trabalho; proibição de diferenças
salariais e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; direito de
greve; e direito à sindicalização.
Há, também, na forma da Carta Republicana, das Constituições estaduais
e de leis específicas, direitos pelo exercício de cargos, remuneração, férias, aposentadoria
e outras vantagens [auxilio alimentação, auxilio saúde, auxílio transporte, licença prêmio,
entre outros].
Vedações
É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando
houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o teto remuneratório
correspondente:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; e
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com
profissões regulamentadas.
A proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange
autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público.
9. LICITAÇÃO PÚBLICA
Na forma do inciso XXI do art. 37 da Carta Republicana, ressalvados os
casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão
contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições
a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento
das obrigações.
10. RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO
Conforme o § 6º do art. 37 da Carta Republicana, as pessoas jurídicas de
direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. É a chamada teoria da
responsabilidade objetiva do estado, sob a modalidade do risco administrativo.
Na doutrina de Meirelles (2016: p. 786-787), incide a responsabilidade
objetiva quando a Administração Pública assume o compromisso de executar determinada
atividade administrativa [prestação de um serviço público, guarda de um bem, condução de
uma viatura, velar pela integridade física de um detento ou educando, entre outras] e o
agente público, por ação ou omissão, causar dano a outrem [pessoa física ou jurídica].
11. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
A improbidade administrativa é configurada pela violação do dever de
probidade [honestidade] por parte do agente público ou terceiro. O tema é tratado nos §§
4º e 5º do art. 37 da Carta Republicana.
Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos
políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por
qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as
respectivas ações de ressarcimento.
A Lei de Improbidade Administrativa classifica os atos de improbidade
administrativa em três espécies: I) os que importam enriquecimento ilícito; II) os que
causam prejuízos ao erário; e III) os que atentam contra os princípios da Administração
Pública. Para cada espécie, há penalidades previstas, entre as seguintes: perda de bens
ou valores acrescidos ilicitamente, ressarcimento integral do dano, perda da função pública,
suspensão dos direitos políticos, multa civil, proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. Somente ao Poder Judiciário, quando
do julgamento de ação específica, cabe aplicá-las.
12. OUTROS PRECEITOS RELATIVOS À ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
O art. 38 da Carta Republicana estabelece as condições de afastamento
do servidor público quando eleito para o exercício de mandato eletivo.
O art. 39 dispõe sobre o regime jurídico único e o plano de carreira para os
servidores públicos, em todos os níveis.
O art. 40 trata do regime de previdência de caráter contributivo e solidário,
aplicável aos servidores públicos titulares de cargos efetivos da Administração Direta
[União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e fundações].
O art. 41 versa sobre a estabilidade do servidor público efetivo após três
anos de exercício do cargo.
13. ORGANIZAÇÃO DOS PODERES E DOS ÓRGÃOS AUTÔNOMOS
A Carta Republicana brasileira trata da organização do Estado no Título III,
arts. 18 e ss., aduzindo que a organização político-administrativa da República Federativa
do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
autônomos, nos termos nela [Constituição] estabelecidos.
13.1. SEPARAÇÃO DAS FUNÇÕES ESTATAIS: PODER LEGISLATIVO, PODER
EXECUTIVO, PODER JUDICIÁRIO, MINISTÉRIO PÚBLICO E TRIBUNAL DE
CONTAS. FUNÇÕES TÍPICAS E ATÍPICAS
O modelo da separação dos poderes resulta da combinação de dois
princípios: o primeiro, o da especialização das funções, atende à distribuição das funções
estatais; o segundo, o da independência recíproca dos órgãos, às relações entre os órgãos
competentes para exercê-las.
Sua aplicação preserva a autonomia dos poderes da República –
legislativo, executivo e judiciário – e impõe o funcionamento harmonioso entre eles.
O fundamento do sistema de separação de poderes, característica basilar
dos estados liberais, é evitar a concentração do poder político nas mãos de uma só pessoa,
que caracteriza os estados absolutistas, criando assim um obstáculo a situações de abuso
de poder. Trata-se da aplicação da célebre doutrina política de Montesquieu: o poder deve
limitar o poder, para evitar o abuso de poder.
Nesse contexto, estão inseridas as funções estatais básicas ou típicas:
legislativa, executiva e judiciária.
Funções Função legislativa: Exercida pelo Poder Legislativo, a quem
estatais compete elaborar as leis, normas gerais e abstratas coativamente
básicas impostas a todos.
Assim sendo, cada função estatal básica deve ser atribuída a um órgão
específico (especialização funcional) e independente (independência orgânica) dos demais.
Para que tal modelo funcione adequadamente, é imprescindível o chamado
sistema de freios e contrapesos, pelo qual cada Poder, na sua esfera própria de atuação,
exerce atribuições típicas [as funções básicas de cada Poder] e atípicas [as funções que
a Carta Política lhe atribui, embora típicas dos outros Poderes].
A separação de poderes, portanto, não é rígida, absoluta, existindo um
sistema de interferências recíprocas, a que a doutrina norte-americana denomina “checks
and balances”.
No Estado brasileiro, pode-se visualizar claramente o funcionamento desse
sistema:
I. o Executivo edita medidas provisórias com força de lei (art. 62 da
Constituição) e participa do processo legislativo, tendo matérias de iniciativa legislativa
privativa (art. 64, § 1º da Lei Maior) e amplo poder de veto (arts. 66, § 1º e 84, inc. VI da
Carta Política);
II. o Legislativo pode derrubar o veto do Presidente da República (art. 66,
§ 4º da Constituição), rejeitar medidas provisórias por ele editadas (art. 62 da Lei Maior) e
aprovar, pelo Senado Federal, a indicação dos Ministros dos Tribunais Superiores feita pelo
Presidente da República (arts. 52, inc. III e 84, inc. XIV da Carta Política); e
III. o Judiciário, por sua vez, pode declarar a inconstitucionalidade de leis
elaboradas pelo Poder Legislativo e atos administrativos editados pelo Poder Executivo (art.
97, 102, inc. I, alínea ‘a’ e 125, § 2º da Constituição).
A Constituição brasileira consagra o princípio da separação dos poderes o
art. 2º, garantindo a independência e harmonia recíproca, ao dispor que os Poderes da
República são independentes e harmônicos entre si, devendo todos eles atuar de forma
isenta e imparcial, sem subordinação nem conflitos, buscando assegurar o bem-estar da
coletividade, objetivo maior do Estado.
Além dos clássicos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, a
Constituição da República estabeleceu outros órgãos de Poder: o Ministério Público e os
Tribunais de Contas.
O Ministério Público que, na doutrina de Silva (2005: p. 597-598), passou a
ocupar um lugar cada vez mais importante na organização do Estado brasileiro, dado o
crescimento de suas funções de proteção de direitos indisponíveis e de interesses coletivos,
pois lhe foi conferida constitucionalmente a condição de instituição permanente, essencial
à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
Os Tribunais de Contas compõem o chamado sistema de controle externo,
auxiliando o Poder Legislativo que tem tal atribuição como típica. Conforme Silva (2005: p.
752-753), o sistema retro citado compreende a fiscalização contábil, financeira, operacional
e patrimonial da Administração Pública, competência do Poder Legislativo com o auxílio
dos Tribunais de Contas. Representa a atuação fiscalizadora do povo, por meio de seus
representantes, sobre a administração financeira e orçamentária dos recursos públicos. Um
controle de natureza política, porém, submetido à prévia apreciação técnico-administrativa
dos Tribunais de Contas, que, assim, se apresentam como órgãos técnicos e suas decisões
são administrativas, não jurisdicionais.
14. PODER EXECUTIVO
14.1. CHEFE DE ESTADO E CHEFE DE GOVERNO CONDIÇÕES DE
ELEGIBILIDADE, PROCESSO ELEITORAL, POSSE E VACÂNCIA DA
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Na visão clássica do Federalismo, para definir um bom governo, um dos
elementos essenciais deve ser a energia por parte do Executivo. É ele indispensável para
proteger a comunidade contra os ataques do exterior, para garantir a firme administração
das leis, para proteger a propriedade contra as mutações irregulares e arbitrárias que por
vezes interrompem o curso normal da justiça, para a segurança e a liberdade econômica
em face dos ataques da ambição, do espírito faccioso e da anarquia.
Nesse contexto, um Executivo débil significa uma execução débil dos
planos de governo. Uma execução débil é apenas uma outra maneira de designar uma má
execução; e um governo que executa mau na prática tem que resultar em mau governo.
Um Executivo forte e atuante é, portanto, essencial para o desenvolvimento
harmônico de um Estado Democrático de Direito.
No modelo federal presidencialista, o Poder Executivo é unitário. Está
centrado em um presidente que é, ao mesmo tempo, chefe de Estado e chefe de Governo.
O presidente é regido pelo povo e não pelo Legislativo, o que dá ao titular
do Executivo independência frente ao Parlamento.
O presidente nomeia e destitui livremente os ministros de Estado.
Nem o presidente nem os ministros são politicamente responsáveis ante o
Legislativo.
Tanto o presidente como os ministros não podem ser membros do
Legislativo.
O presidente pode estar filiado a um partido político que não detenha a
maioria parlamentar.
O presidente não pode dissolver o parlamento, mas este pode destituí-lo
do cargo (impeachment).
Funções: típicas e atípicas
A função tradicional do poder executivo é administrar. Sob tal ótica, cabe-
lhe exercer a administração do Estado, na forma e nos limites traçados pela constituição,
observadas as leis elaboradas pelo poder legislativo.
Para Mendes, Coelho e Branco (2007, p. 858):
... a referência ao Poder Executivo contempla atividades diversas e variadas, que
envolvem atos típicos da Chefia de Estado (relações com Estados estrangeiros, celebração de
tratados), e atos concernentes à Chefia de governo e da administração em geral, como a fixação
das diretrizes políticas da administração e a disciplina das atividades administrativas (direção
superior da Administração Federal), a iniciativa de projetos de lei e edição de medidas provisórias,
a expedição de regulamentos para execução das leis etc. (CF, art. 84), a iniciativa quanto ao
planejamento e controle orçamentário, bem como sobre o controle das despesas (CF, arts. 163-
169) e a direção das Forças Armadas.
Destarte, além da função típica – administrar o Estado – o Poder Executivo
também exerce funções atípicas, quando, por exemplo, participa do processo legislativo
(iniciativa, sanção, veto e promulgação), edita atos com força de lei (medidas provisórias),
aplica o Direito aos casos concretos nos processos administrativos que lhe são submetidos,
entre outros.
Estruturação do governo
No Brasil, o Poder Executivo exerce o governo e a administração do país.
Governo, entendido como o conjunto de órgãos que tomam decisões políticas
fundamentais. Administração, definida como o conjunto de órgãos que implementam as
decisões políticas fundamentais.
O sistema de governo adotado é o presidencialismo. O chefe de Estado e
de Governo, o titular do Poder Executivo, é o presidente da República, que exerce o poder
auxiliado pelos ministros de Estados (art. 76 da Constituição).
Processo de investidura do presidente da República
O processo de investidura legalmente previsto para o exercício do cargo
de Presidente da República consubstancia-se na eleição e na posse.
Para participar da eleição presidencial, o candidato deve observar os
seguintes requisitos (§ 3º do art. 14 da Constituição):
a) ser brasileiro nato;
b) estar em pleno gozo de direitos políticos; e
c) possuir mais de trinta e cinco anos de idade.
A eleição presidencial tem como característica a simultaneidade, eis que:
a) a eleição do presidente da República importa a do vice-presidente com
ele registrado; e
b) realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em
primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano
anterior ao do término do mandato presidencial vigente, em todo o território nacional.
No processo eleitoral brasileiro, será considerado eleito presidente da
República o candidato que, registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de
votos, não computados os em branco e os nulos.
Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-
se-á nova eleição em até vinte dias após a proclamação do resultado, concorrendo os dois
candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos
válidos.
Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou
impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior
votação. Se, entretanto, remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a
mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.
Uma vez eleito, o presidente e o vice-presidente da República tomarão
posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de manter, defender
e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro,
sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil.
Mandato do presidente da República
O mandato presidencial é de quatro anos e terá início em primeiro de
janeiro do ano seguinte ao da eleição. É permitida a reeleição para um único período
subsequente (§ 5º do art. 14 da Constituição).
Afastamento do presidente da República
4 Especificamente em relação ao citado inc. XXV, não há previsão legal para a delegação presidencial da
atribuição de extinguir cargos públicos federais.
5Essa atribuição institucionalizou o decreto autônomo, norma secundária editada pelo presidente da
República que retira sua eficácia diretamente da Constituição da República e não das leis.
da República, consistente em expedir decretos6 e regulamentos7 para fiel execução das
leis.
Regulamentar significa editar regras que se limitem a adaptar a atividade
humana ao texto, e não o texto à atividade humana. Vale aqui advertir: onde se
estabelecem, alteram, ou extinguem direitos, não há regulamentos – há abuso de poder
regulamentar, invasão da competência do Poder Legislativo. O regulamento não é mais do
que auxiliar das leis.
Vice-presidente da República
O vice-presidente da República tem funções próprias e impróprias.
As funções próprias consistem em substituir o Presidente, no caso de
impedimento, e sucedê-lo, no de vaga.
São funções impróprias as que lhe forem conferidas por lei complementar,
bem como as missões especiais para auxiliar o Presidente da República, sempre que por
ele convocado.
14.3. ÓRGÃOS AUXILIARES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA: MINISTROS,
CONSELHO DA REPÚBLICA E CONSELHO DE DEFESA NACIONAL
Ministros de Estado
Os ministros de Estado auxiliam o presidente da República a gerir o Poder
Executivo. Serão por ele escolhidos entre brasileiros maiores de vinte e um anos e no
exercício dos direitos políticos.
Possuem atribuições estabelecidas na Constituição e nas leis. Suas
atribuições constitucionais são:
a) exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades
da administração federal na área de sua competência e referendar os atos e decretos
assinados pelo presidente da República;
b) expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;
c) apresentar ao presidente da República relatório anual de sua gestão no
Ministério; e
d) praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou
delegadas pelo presidente da República.
A criação e extinção de ministérios e órgãos da Administração Pública está
6 Decreto é a norma secundária editada pelo chefe do Poder Executivo para materializar os atos de sua
competência, inclusive regulamentos.
7 Regulamento é também ato normativo secundário expedido pelo chefe do Poder Executivo. Não pode
contrariar leis nem criar direitos e obrigações. Se prende a um texto normativo e seu objetivo é facilitar o
processo de execução das leis.
sujeita à chamada reserva legal – somente lei, em sentido estrito, pode dispor sobre o
assunto.
Uma das principais atribuições dos ministros de Estado é a referenda
ministerial em atos e decretos expedidos pelo presidente da República, nos assuntos de
competência de suas respectivas pastas. É considerada indispensável para a validade de
tais atos.
Os ministros de Estado, quando da prática de crimes comuns ou de
responsabilidade, serão julgados pelo Supremo Tribunal Federal (competência originária).
Todavia, em se tratando de crimes de responsabilidade conexos aos praticados pelo
presidente da República e pelo vice-presidente da República, serão julgados pelo Senado
Federal.
Conselho da República
O Conselho da República é, na forma do art. 89 da Constituição da
República, o órgão superior de consulta do presidente da República e dele participam: o
vice-presidente da República; o presidente da Câmara dos Deputados; o presidente do
Senado Federal; os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados; os líderes
da maioria e da minoria no Senado Federal; o Ministro da Justiça; e seis cidadãos brasileiros
natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo presidente da
República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados,
todos com mandato de três anos, vedada a recondução.
Ao Conselho da República compete pronunciar-se sobre:
a) intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio; e
b) questões relevantes, comprometedoras da estabilidade das instituições
democráticas.
Conselho de Defesa Nacional
O Conselho de Defesa Nacional é, conforme o art. 91 da Carta
Republicana, o órgão de consulta do presidente da República nos assuntos relacionados
com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático. Dele participam: o vice-
Presidente da República; o presidente da Câmara dos Deputados; o presidente do Senado
Federal; o ministro da Justiça; o ministro de Estado da Defesa; o ministro das Relações
Exteriores; o ministro do Planejamento; e os comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica.
O Conselho de Defesa Nacional é competente para:
a) opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz;
b) opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da
intervenção federal;
c) propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à
segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de
fronteira e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais de
qualquer tipo; e
d) estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas
necessárias a garantir a independência nacional e a defesa do Estado democrático.
14.4. RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA: PRERROGATIVA
DE FORO E IMUNIDADES
Perda do cargo
O presidente e o vice-presidente da República perderão o cargo somente
nos casos expressamente previstos na Constituição:
a) quando, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por
período superior a quinze dias (art. 83);
b) em caso de condenação, proferida pelo Senado Federal, por votação
de dois terços de seus integrantes, em processo de “impeachment”, pela prática de crimes
de responsabilidade (arts. 51, inc. I, 52, inc. I e parágrafo único e 85);
c) se condenados, após julgamento no Supremo Tribunal Federal, pela
prática de crime comum (art. 102, inc. I, alínea “b”); e
d) uma vez declarada a vacância, por não tomarem posse no prazo de dez
dias (art. 78, parágrafo único).
Prerrogativas
Na vigência do mandato o presidente da República:
a) não será preso nas infrações penais comuns, antes do trânsito em
julgado da sentença condenatória (art. 86, § 3º da Constituição);
b) não poderá ser processado por crimes estranhos à função presidencial
(§ 4º do art. 86 da Constituição);
c) envolvido em crimes comuns, será processado perante o Supremo
Tribunal Federal (art. 102, inc. I, alínea “b” da Constituição); e
d) na prática de crimes de responsabilidade, será julgado pelo Senado
Federal (art. 52, inc. I da Constituição).
Imunidade penal temporária
O presidente da República, no transcurso do mandato, não pode ser
responsabilizado criminalmente por atos estranhos ao exercício de suas funções. Trata-se
de imunidade temporária, de caráter processual, que impede o trâmite da ação penal
durante o curso do mandato. Ao final deste, o processo voltará a ter curso normal no fórum
competente.
Esta imunidade penal temporária não atinge os atos praticados pelo
presidente da República “in officio” ou “propter officium”, ou seja, em razão do cargo ou em
decorrência dele, caso em que a persecução penal pertinente correrá perante o Supremo
Tribunal Federal, mediante prévia autorização da Câmara dos Deputados.
Crimes comuns ou de responsabilidade
O presidente da República, na vigência de seu mandato, é responsável
pelos atos que praticar no exercício de suas funções. Se a conduta presidencial for ilícita,
caracterizar-se-á como crime comum ou crime de responsabilidade.
Os crimes comuns são aqueles previstos da legislação penal comum ou
especial (homicídio, corrupção...).
Os crimes de responsabilidade são os atos ilícitos praticados pelo
presidente da República que atentem contra a Constituição e, especialmente, contra:
a) a existência da União;
b) o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério
Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;
c) o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
d) a segurança interna do País;
e) a probidade na administração;
f) a lei orçamentária; e
g) o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Processo para apuração de crimes comuns
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Art. 125. A eleição do Governador e do Vice-Governador do Estado, por sufrágio universal direto e secreto, realizar-
se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em
segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato de seus antecessores.
§ 1° A eleição do Governador importará a do Vice-Governador com ele registrado.
§ 2° Será considerado eleito Governador o candidato que, registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de
votos, não computados os em branco e os nulos.
§ 3° Se nenhum candidato alcançar a maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição, concorrendo os dois
candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos;
VI - vetar projetos de leis, total ou parcialmente; 86VII - dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e
funcionamento da administração estadual, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos
públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; VIII - decretar e executar a intervenção do Estado
nos Municípios, na forma desta Constituição. IX - remeter mensagem e plano de governo à Assembléia Legislativa, por
ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do Estado e solicitando as providências que julgar
necessárias; X - exercer o comando supremo da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, promover seus oficiais
e nomear e exonerar o Comandante-Geral dessas corporações; XI - escolher um dos integrantes da lista tríplice para
Posse e vacância da governadoria de Estado
De igual modo observa simetria com o Poder Executivo federal. A
Constituição do Estado do Pará disciplina a matéria nos arts. 128 a 1319.
Atribuições do governador de Estado
Observa simetria com o Poder Executivo federal. A Constituição do Estado
do Pará disciplina a matéria no art. 13510.
nomeação de Desembargador, no caso previsto no art. 156, parágrafo único; 87XII - nomear, após aprovação pela
Assembléia Legislativa, os dirigentes das autarquias e fundações públicas, e exonerar livremente essas autoridades; XIII
- nomear, observado o disposto no art. 119, os Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado e do Tribunal de Contas
dos Municípios; XIV - nomear e destituir o Procurador-Geral do Estado; XV - nomear o Procurador-Geral de Justiça,
mediante escolha feita em lista tríplice, nos termos desta Constituição; XVI - nomear membros do Conselho do Estado,
nos termos do art. 146, VII e convocar e presidir o Conselho; XVII - conferir condecorações e distinções honoríficas
estaduais, ressalvadas as dos demais Poderes; XVIII - enviar à Assembléia Legislativa o plano plurianual, o projeto de lei
de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento, previstos nesta Constituição; XIX - prestar anualmente à
Assembléia Legislativa, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício
anterior; XX - prover e extinguir os cargos públicos estaduais, na forma de lei, com as restrições desta Constituição, e
usar do poder disciplinar sobre todos os servidores do Poder Executivo; XXI - decretar situação de calamidade pública;
XXII - propor ação de inconstitucionalidade, nos casos previstos em lei e nesta Constituição; XXIII - solicitar intervenção
da União, no caso estabelecido na Constituição Federal; XXIV - convocar, extraordinariamente, a Assembléia Legislativa,
nos casos previstos nesta Constituição;
§ 4° Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-
se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação. § 5°. Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em
segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.
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Art. 128. O Governador e o Vice-Governador tomam posse no dia 1° de janeiro do ano subseqüente ao da eleição, em
sessão solene da Assembléia Legislativa e, se esta não estiver reunida, perante o Tribunal de Justiça do Estado.
§ 1° O Governador prestará o seguinte compromisso: PROMETO MANTER, DEFENDER, CUMPRIR E FAZER CUMPRIR AS
CONSTITUIÇÕES DO BRASIL E DO ESTADO DO PARÁ, OBSERVAR E FAZER OBSERVAR AS LEIS, PROMOVER O BEM GERAL
DO POVO PARAENSE, DESEMPENHAR LEAL E HONESTAMENTE O MANDATO QUE ME FOI CONFIADO, COM O OBJETIVO
DE CONSTRUIR UMA SOCIEDADE LIVRE, JUSTA E SOLIDÁRIA.
§ 2° Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Governador ou o Vice-Governador, salvo motivo de força
maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago pela Assembléia Legislativa.
§ 3° A renúncia do Governador ou do Vice-Governador do Estado torna-se efetiva com o conhecimento da respectiva
mensagem pela Assembléia Legislativa.
Art. 129. Substituirá o Governador no caso de impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Governador.
Art. 130. Em caso de impedimento do Governador e do Vice-Governador, ou vacância dos respectivos cargos, serão
sucessivamente chamados ao exercício temporário da chefia do Poder Executivo o Presidente da Assembléia Legislativa,
o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado, o 1° Vice-Presidente da Assembléia Legislativa e o Vice-Presidente do
Tribunal de Justiça do Estado.
Art. 131. Vagando os cargos de Governador e Vice-Governador, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última
vaga.
§ 1° Ocorrendo a vacância no penúltimo ano do período governamental, a eleição para ambos os cargos será feita até
trinta dias depois da última vaga, pela Assembléia Legislativa, na forma da lei.
§ 2° Ocorrendo a vacância do último ano do período governamental, assumirá o cargo de Governador do Estado, em
caráter permanente, o Presidente da Assembléia Legislativa ou o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado, nesta
ordem.
§ 3° Em qualquer dos casos, os substitutos deverão completar o período de seus antecessores.
10
Art. 135. Compete privativamente ao Governador:
I - representar o Estado perante a União e as demais unidades da Federação, bem como em suas relações jurídicas,
políticas e administrativas, quando a lei não atribuir esta representação a outras autoridades;
II - nomear e exonerar os Secretários de Estado;
III - exercer, com o auxílio dos Secretários de Estado, a direção superior da administração estadual;
IV - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;
Órgãos auxiliares do governador de Estado: secretários e Conselhos
O exercício do Poder Executivo estadual também observa a simetria com
o modelo federal, ou seja, o governador de Estado exerce o Poder Executivo estadual
auxiliado pelos secretários de Estado. Na Constituição do Estado do Pará consta no art.
124.
Os secretários de Estado têm suas atribuições definidas na Constituição
estadual e nas leis. Na Constituição do Estado do Pará no art. 138.
Os conselhos consultivos, sua estrutura e atribuições, de igual modo
constitui tema disciplinado nas Constituições estaduais. Na Constituição do Estado do Pará
no art. 146.
Responsabilidade do governador de Estado: prerrogativa de foro e
imunidades
V - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução e elaborar leis
delegadas;
VI - vetar projetos de leis, total ou parcialmente;
VII - dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração estadual, quando não implicar
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
vagos;
VIII - decretar e executar a intervenção do Estado nos Municípios, na forma desta Constituição.
IX - remeter mensagem e plano de governo à Assembléia Legislativa, por ocasião da abertura da sessão legislativa,
expondo a situação do Estado e solicitando as providências que julgar necessárias;
X - exercer o comando supremo da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, promover seus oficiais e nomear e
exonerar o Comandante-Geral dessas corporações;
XI - escolher um dos integrantes da lista tríplice para nomeação de Desembargador, no caso previsto no art. 156,
parágrafo único;
XII - nomear, após aprovação pela Assembléia Legislativa, os dirigentes das autarquias e fundações públicas, e exonerar
livremente essas autoridades;
XIII - nomear, observado o disposto no art. 119, os Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado e do Tribunal de Contas
dos Municípios;
XIV - nomear e destituir o Procurador-Geral do Estado;
XV - nomear o Procurador-Geral de Justiça, mediante escolha feita em lista tríplice, nos termos desta Constituição;
XVI - nomear membros do Conselho do Estado, nos termos do art. 146, VII e convocar e presidir o Conselho;
XVII - conferir condecorações e distinções honoríficas estaduais, ressalvadas as dos demais Poderes;
XVIII - enviar à Assembléia Legislativa o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de
orçamento, previstos nesta Constituição;
XIX - prestar anualmente à Assembléia Legislativa, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as
contas referentes ao exercício anterior;
XX - prover e extinguir os cargos públicos estaduais, na forma de lei, com as restrições desta Constituição, e usar do
poder disciplinar sobre todos os servidores do Poder Executivo; XXI - decretar situação de calamidade pública;
XXII - propor ação de inconstitucionalidade, nos casos previstos em lei e nesta Constituição;
XXIII - solicitar intervenção da União, no caso estabelecido na Constituição Federal;
XXIV - convocar, extraordinariamente, a Assembléia Legislativa, nos casos previstos nesta Constituição;
XXV - celebrar ou autorizar contratos, acordos, ajustes, convênios e outros instrumentos congêneres, com entidades
públicas e particulares, "ad referendum" da Assembléia Legislativa, ou com a prévia autorização desta, nos casos
previstos nesta Constituição;
XXVI - realizar operações de crédito autorizadas pela Assembléia Legislativa, observando, quando externas, o que
também dispõe a Constituição Federal;
XXVII - prestar, por si ou por seus auxiliares, por escrito, as informações solicitadas pelos Poderes Legislativo e Judiciário,
no prazo de trinta dias, salvo se outro for determinado por lei federal;
XXVIII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.
A Constituição da República, no art. 105, inciso I, alínea “a”, confere como
foro privilegiado dos governadores de Estado, nos crimes comuns, o Superior Tribunal de
Justiça.
No que se refere aos crimes de responsabilidade e às imunidades, observa-
se a simetria com o modelo federal. A Constituição do Estado do Pará disciplina o tema nos
arts. 136 e 13711.
14.6. PREFEITO MUNICIPAL.
O prefeito municipal é o chefe da Administração Pública municipal. É,
portanto, chefe de governo, mas não chefe de Estado.
Condições de elegibilidade
Para participar da eleição presidencial, o candidato deve observar os
seguintes requisitos (§ 3º do art. 14 da Constituição):
a) ser brasileiro nato;
b) estar em pleno gozo de direitos políticos; e
c) possuir mais de vinte e um anos de idade.
Processo eleitoral
O processo eleitoral de escolha do prefeito e do vice-prefeito municipal, é
disciplinado nos incisos I e II do art. 29 da Carta Republicana, nos seguintes termos:
I - eleição do prefeito e do vice-prefeito, para mandato de quatro anos,
mediante pleito direto e simultâneo realizado em todo o País; e
II - realizada no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término do
11
Art. 136. São crimes de responsabilidade os atos do Governador que atendem contra a Constituição Federal, esta
Constituição, e, especialmente, contra:
I - a existência da União, do Estado e dos Municípios;
II - o livre exercício dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como do Ministério
Público;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País ou do Estado;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo Único. A definição desses crimes e as normas de processo e julgamento serão estabelecidas em lei especial.
Art. 137. Admitida a acusação contra o Governador, por dois terços da Assembléia Legislativa, mediante votação
secreta, será ele submetido a julgamento perante o Superior Tribunal de justiça, nas infrações penais comuns, ou
perante a própria Assembléia Legislativa, nos crimes de responsabilidade.
§ 1° O Governador ficará suspenso de suas funções:
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Superior Tribunal de Justiça;
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pela Assembléia Legislativa.
§ 2° Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do
Governador, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.
§ 3º Revogado.
§ 4° Tratando-se de julgamento por crime de responsabilidade, a Assembléia Legislativa será presidida pelo Presidente
do Tribunal de Justiça do Estado, observando-se o disposto no art. 92, parágrafo único.
mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77 (segundo turno), somente
no caso de municípios com mais de duzentos mil eleitores.
Posse e vacância da prefeitura municipal
Observa simetria com o Poder Executivo federal. A Constituição do Estado
do Pará disciplina a matéria nos arts. 77 a 7912.
Atribuições do prefeito municipal
Observa simetria com o Poder Executivo federal. Constitui disciplina
constante das leis orgânicas municipais.
Órgãos auxiliares do prefeito municipal: secretários e Conselhos
Observa simetria com o Poder Executivo federal. Constitui disciplina
constante das leis orgânicas municipais.
Responsabilidade do prefeito municipal: prerrogativa de foro e
imunidades
A Constituição do Estado do Pará, no art. 161, inciso I, alínea “a”, confere
como foro privilegiado dos prefeitos municipais, nos crimes comuns, o Tribunal de Justiça
do Estado.
No que se refere aos crimes de responsabilidade e às imunidades, observa-
se a simetria com o modelo federal. A Constituição do Estado do Pará disciplina o tema de
forma diversa, em dispositivos flagrantemente inconstitucionais, os arts. 161, inciso I, alínea
“a” e 81, respectivamente.
12
Art. 77. O Prefeito e o Vice-Prefeito tomarão posse perante a Câmara Municipal e prestarão o compromisso de
defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição Federal, esta Constituição e as leis.
§ 1° Se a Câmara não estiver instalada ou se deixar de reunir para dar posse, o Prefeito e o Vice-Prefeito tomarão posse,
dentro de quinze dias da data fixada para esta, perante o Juiz de Direito da Comarca ou seu substituto legal.
§ 2° Se, decorridos quinze dias da data fixada para a posse, o Prefeito ou o Vice-Prefeito, salvo motivo de força maior,
não tiver assumido o cargo, este será declarado vago pela Câmara Municipal.
Art. 78. O Prefeito será substituído, no caso de ausência do Município ou de impedimento, e sucedido, no de vaga, pelo
Vice-Prefeito.
§ 1°. Para os casos de ausência ou impedimento, do Prefeito e do Vice-Prefeito ou vacância dos respectivos cargos,
competirá à Câmara de Vereadores de cada Município, normatizar estas substituições, em Lei Orgânica Municipal.
§ 2° Implica responsabilidade a não transmissão de cargo nos casos de ausência ou impedimento.
Art. 79. Vagando os cargos de Prefeito e Vice-Prefeito, far-se-a eleição noventa dias depois de aberta a última vaga.
§ 1° Ocorrendo a vacância no último ano do mandato, a eleição para ambos os cargos será feita até trinta dias depois
da última vaga, pela Câmara Municipal, na forma da lei.
§ 2° Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores.
UNIDADE II
1. PODER LEGISLATIVO
Funções
Diz a Lei Maior que o Congresso Nacional, por suas Casas, reunir-se-á
anualmente (sessão legislativa), na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho (período
legislativo) e de 1º de agosto a 22 de dezembro (período legislativo) (art. 57, “caput”).
Ademais, a sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do
projeto de lei de diretrizes orçamentárias (§ 2º do art. 57 da Lei Maior).
A expressão sessões legislativas tem outro significativo na Constituição da
República: é o momento em que os parlamentares se reúnem para deliberar conjuntamente
sobre os assuntos de sua competência. Neste sentido, podem ser: ordinárias,
extraordinárias, preparatórias ou conjuntas.
As sessões legislativas ordinárias são realizadas nos dias úteis, dentro do
horário de expediente parlamentar fixado no regimento interno das respectivas Casas.
As sessões legislativas extraordinárias são as convocadas fora do horário
normal (sessão legislativa ordinária), para apreciar determinada matéria ou encerrar
votação já iniciada.
As sessões legislativas preparatórias são convocadas para a posse dos
congressistas e eleição das respectivas Mesas. Diz a Lei Maior que cada uma das Casas
reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da
legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato
de dois anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente
subsequente (§ 4º do art. 57).
As sessões legislativas conjuntas são reuniões das duas Casas do
Congresso Nacional (deputados federais e senadores da República, conjuntamente).
Ocorrem nas situações previstas na Lei Maior pátria.
Autonomia
As Casas do Congresso Nacional são independentes e autônomas,
possuindo as prerrogativas inerentes a tais atributos. Assim, podem:
a) elaborar seus regimentos internos;
b) organizar seus serviços internos;
c) fixar por lei a remuneração de seus servidores; e
d) gerir o quadro de pessoal próprio.
Atribuições
As Casas que compõem o Parlamento brasileiro possuem as seguintes
espécies de atribuições: legislativa, fiscalização e controle, julgadora, constituinte e
deliberativa.
A atribuição legislativa (Art. 48 da Constituição) é o principal mister do
Poder Legislativo, sua função típica. Consiste em elaborar, discutir e aprovar os projetos de
lei, em todas as matérias de competência legislativa da União, submetendo-os à sanção ou
veto do Presidente da República. Cabe, assim, às Casas do Congresso Nacional, legislar
sobre as matérias de competência da União.
A fiscalização e controle dos atos do Poder Público, incluídos os da
Administração indireta da União é outra importante atribuição das Casas do Congresso
Nacional. Abrange as seguintes competências:
a) fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial
da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, mediante
controle externo (art. 70 da Constituição).
b) controle externo das contas do Poder Público, exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União (art. 71 da Constituição) e da Comissão Mista Permanente de
Orçamento (arts. 166, § 1ª e 72 da Constituição);
c) convocação de ministros de Estado para prestar esclarecimentos sobre
assuntos de relevância de sua pasta (art. 50 e § 1º da Constituição);
d) pedido de informações aos ministros de Estado ou titulares de órgãos
diretamente subordinados à Presidência da República (art. 50, § 2º da Constituição); e
e) instalação de Comissões Parlamentares de Inquérito (art. 58, § 3º da
Constituição).
O processo e julgamento dos crimes de responsabilidade (Constituição, inc.
I do art. 51 combinado com inc. I do art. 52) é a atribuição das Casas do Congresso
Nacional, relativamente ao presidente da República e outras autoridades federais, quando
acusados da prática de crimes de responsabilidade (ofensa à Constituição da República).
A atribuição constituinte conferida às Casas do Congresso Nacional
consiste em modificar a Constituição da República, ou seja, deliberar acerca das emendas
constitucionais (art. 60 da Lei Maior).
As deliberativas são atribuições conferidas com exclusividade às Casas do
Congresso Nacional, não sujeitas à sanção ou veto do Presidente da República. Estão
listadas no art. 49 da Lei Maior.
Estrutura das Casas
A estrutura básica das Casas envolve a mesa diretora, o plenário e as
comissões.
As mesas diretoras são os órgãos de direção do Congresso Nacional e de
suas Casas Legislativas. São normalmente compostas, mediante a representação
proporcional dos partidos e dos blocos partidários lá representados.
A mesa diretora da Câmara dos Deputados será composta por Deputados
Federais eleitos por seus pares (presidente, vice-presidentes e secretários). De igual modo
a do Senado Federal. A do Congresso Nacional, entretanto, é diferenciada, pois presidida
pelo presidente do Senado Federal, sendo os demais cargos exercidos, alternadamente,
pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal
(§ 5º do art. 57 da Lei Maior).
Ao presidente da mesa diretora de qualquer das Casas (Câmara dos
Deputados, Senado Federal e Congresso Nacional), compete dirigir os trabalhos do órgão
respectivo, elaborar a pauta de reunião, conduzir e proclamar o resultado das votações,
exercer o poder de polícia durante as sessões, apressar ou obstruir os assuntos que serão
discutidos em plenário.
Ainda em relação às mesas diretoras, a Constituição veda a recondução
para igual cargo na eleição imediatamente subsequente, dentro da mesma legislatura (arts.
57, §§ 4º e 5º, e 58, § 1º).
O plenário representa a reunião dos parlamentares de cada Casa
Legislativa para exercerem o seu mister. É nele que a atividade legislativa é exercida em
sua plenitude.
As comissões (art. 58 da Constituição) são órgãos constituídos de um
número reduzido de parlamentares, observada quando possível a proporcionalidade na
representação partidária, com finalidade específica de examinar determinadas questões.
Constituem forma de racionalização dos trabalhos dos congressistas.
1.3. ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL
O Congresso Nacional é um órgão específico do Parlamento brasileiro.
Representa a reunião conjunta das Casas (Câmara dos Deputados e Senado Federal).
Sendo um órgão específico, o Congresso Nacional tem atribuições
próprias. São elas: 1. inaugurar a sessão legislativa; 2. elaborar o regimento interno
comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas; 3. receber o compromisso
do presidente e do vice-presidente da República; e 4. conhecer do veto e sobre ele
deliberar, em escrutínio secreto.
O Congresso Nacional pode ser convocado extraordinariamente (art. 57,
§§ 6º a 8º da Constituição), em casos graves de comoção interna ou para tratar de assunto
de urgência ou de interesse público relevante, da seguinte forma:
a) pelo presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado
de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado
de sítio e para o compromisso e a posse do presidente e do vice-presidente da República;
b) pelo presidente da República, presidentes da Câmara dos Deputados e
do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em
caso de urgência ou interesse público relevante, em todos os casos com a aprovação da
maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional.
Em cada sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente
deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, vedado o pagamento de parcela
indenizatória, em razão da convocação. Havendo medidas provisórias em vigor na data de
convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automaticamente incluídas
na pauta da convocação.
1.4. COMPETÊNCIA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
As atribuições privativas – e não delegáveis – da Câmara dos Deputados
estão listadas no art. 51 da Constituição da República.
1.5. COMPETÊNCIA DO SENADO FEDERAL
As atribuições privativas – e não delegáveis – do Senado Federal estão
listadas no art. 52 da Constituição da República.
1.6. COMISSÕES PARLAMENTARES
Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:
a) discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a
competência do plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa;
b) realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;
c) convocar ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos
inerentes a suas atribuições;
d) receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer
pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas;
e) solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
f) apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de
desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.
No sistema constitucional brasileiro, há os seguintes tipos de comissões
parlamentares: permanentes, temporárias ou especiais, mistas e representativas.
Comissões Permanentes: São instituída em razão da matéria
parlamentares (constitucionalidade, orçamento...), em todas as legislaturas. Não
sofrem solução de continuidade. Exemplo: Comissão de Constituição
e Justiça e Comissão de Orçamento.
13 A imunidade relativa, embora somente prevaleça em matéria penal, não abrange todos os crimes; estão excetuados
os delitos contra a honra, para os quais prevalece a imunidade material.
de seus membros, resolva sobre a prisão.
Foro por prerrogativa de função (art. 53, § 1º da Constituição)
Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão
submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. Somente prevalece durante
o exercício do mandato.
Sigilo da fonte (art. 53, § 6º da Constituição)
Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre
informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as
pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações.
E, também, de outras prerrogativas:
Isenção do serviço militar (art. 53, § 7º da Constituição)
A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora
militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva.
Subsídio
Corresponde à “remuneração dos parlamentares”, devendo ser fixado em
parcela única, defeso o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, verba de
representação ou outra qualquer espécie remuneratória (art. 39, § 4º da Constituição),
cabendo ao próprio Congresso Nacional fixá-lo (art. 49, inc. VII da Lei Maior), não podendo
exceder o subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal (art. 37, inc. XI da
Carta Política).
Impedimentos ou incompatibilidades
Como já referido, os impedimentos ou incompatibilidades são vedações
impostas aos parlamentares para evitar o uso indevido do cargo em proveito próprio ou de
outrem. São classificados em funcionais, negociais e políticas.
Funcionais (art. 54, inc. I, alínea “b” e inc. II, alínea “b”)
Aos Deputados Federais e Senadores é vedado o exercício de outras
atividades remuneradas com entidades públicas. Não poderão:
a) desde a expedição do diploma, aceitar ou exercer cargo, função ou
emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis “ad nutum” (a qualquer
tempo), nas pessoas jurídicas de direito público, autarquias, empresas públicas,
sociedades de economia mista ou empresas concessionárias de serviço público; e
b) desde a posse, ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis “ad
nutum”, nas entidades retro citadas.
Negociais (art. 54, inc. I, alínea “a” e inc. II, alíneas “a” e “c”)
Não poderão, ainda, Deputados Federais e Senadores negociar com
entidades públicas. É vedado a eles:
a) desde a expedição do diploma, firmar ou manter contrato com qualquer
pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia
mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a
cláusulas uniformes; e
b) desde a posse: 1. ser proprietários, controladores ou diretores de
empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público,
ou nela exercer função remunerada; e 2. patrocinar causa em que seja interessada
qualquer das entidades retro citadas.
Políticas (art. 54, inc. II, alínea “d”)
De igual modo, é vedado aos Deputados e Senadores o exercício de mais
de um cargo público, nos seguintes termos:
a) não poderão, desde a posse, ser titulares de mais de um cargo ou
mandato público eletivo; e
b) não perdem o cargo, porém, quando investidos nos cargos de ministro
de Estado, governador de Território, secretário de Estado, do Distrito Federal ou de
Território, secretário de prefeitura de capital ou chefe de missão diplomática, ocasiões em
que devem optar por uma das remunerações.
Perda do mandato (art. 55 da Constituição)
A Constituição estabelece, taxativamente, as hipóteses de perda do
mandato14 de Deputados e Senadores, por decisão da Casa ou da mesa diretora
14 A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, terá seus
efeitos suspensos até a deliberação final da respectiva Casa, conforme o caso.
respectiva.
A perda por decisão da Casa se dará pelo voto secreto e maioria absoluta
dos membros dela, mediante provocação da Mesa ou de partido político representado no
Congresso Nacional, assegurada ampla defesa, nos casos de:
a) infringência a qualquer das proibições funcionais, negociais ou políticas;
b) procedimento declarado incompatível com o decoro parlamentar15; e
c) condenação criminal em sentença transitada em julgado.
A perda por decisão da mesa diretora da Casa respectiva, será declarada
de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político
representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa, nos casos em que:
a) deixar de comparecer o parlamentar, em cada sessão legislativa, à terça
parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta
autorizada;
b) perder ou tiver suspensos os direitos políticos; e
c) o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos na Constituição.
1.8. PROCESSO LEGISLATIVO
15 É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno das Casas, o
abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens
indevidas.
16 O Supremo Tribunal Federal tem admitido o controle incidental da constitucionalidade do processo
legislativo, desde que a medida seja intentada por membros do Congresso Nacional. O objetivo é assegurar
aos parlamentares o direito público subjetivo de elaborar os atos legislativos da forma prescrita na
Constituição.
1.8.1. ESPÉCIES NORMATIVAS: EMENDA CONSTITUCIONAL, LEI
COMPLEMENTAR, LEI ORDINÁRIA, MEDIDA PROVISÓRIA, LEI
DELEGADA, DECRETO LEGISLATIVO, RESOLUÇÃO
A elaboração de normas constitucionais derivadas – que modificam a
Constituição Federal – configura o Poder reformulador ou reformador e é exercido por meio
de emendas constitucionais.
A instituição de normas infraconstitucionais – que materializam a
competência legislativa da União – conforma o Poder regulamentar e é praticado via leis
complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos
e resoluções.
1.8.2. CLASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS LEGISLATIVOS
No Brasil há três espécies de processos legislativos: ordinário ou comum,
sumário e especiais.
O processo ordinário ou comum é destinado à elaboração das leis
ordinárias. É o mais completo, pois nele estão presentes todas as fases do processo
legislativo: introdutória, constitutiva e complementar. Ocorre em um único turno de votação.
O processo sumário também é utilizado para a edição de leis ordinárias,
porém, em regime de urgência. Visa evitar a obstrução do Poder Executivo pelo Legislativo,
permitindo ao presidente da República solicitar urgência na apreciação dos projetos de sua
iniciativa.
Já os processos especiais são previstos para a elaboração de normas
específicas: emendas constitucionais, leis complementares, leis delegadas, medidas
provisórias, decretos legislativos e resoluções.
1.8.3. PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO: FASES INTRODUTÓRIA,
CONSTITUTIVA E COMPLEMENTAR
O processo legislativo ordinário ou comum é utilizado para elaboração de
leis ordinárias e possui três fases: introdutória, constitutiva e complementar.
A fase introdutória corresponde ao início do processo legislativo, à
apresentação do projeto de lei ao Congresso Nacional. É materializada pela iniciativa, a
qual se apresenta como comum, reservada e popular.
A iniciativa comum cabe aos parlamentares: qualquer membro do
Congresso Nacional (art. 61, “caput” da Lei Maior) ou de quaisquer de suas comissões.
Pode ser exercida isoladamente ou em conjunto.
A iniciativa reservada é atribuída a uma só pessoa ou órgão: presidente da
República, Supremo Tribunal Federal, Tribunais Superiores, Procurador-Geral da
República.
A iniciativa popular é exercida pelos cidadãos para proposição de projetos
de leis ordinárias e complementares. Constitui importante instrumento de democracia
participativa adotado na Constituição da República, tanto no âmbito federal (art. 61, § 2º)17
como no municipal (art. 29, inc. XIII). Na esfera de atuação dos Estados, a questão é tratada
nas respectivas Constituições estaduais.
A fase constitutiva representa a maturação do projeto de lei. É formada
pelas deliberações parlamentar e executiva.
A deliberação parlamentar é o momento em que o projeto de lei é analisado
pelo Congresso Nacional, seja pelas Comissões que o compõem, seja pelo plenário.
A deliberação executiva é o momento em que o projeto de lei é analisado
pelo chefe do Poder Executivo, pelo Presidente da República, que poderá sancioná-lo ou
vetá-lo.
A sanção é a aquiescência do chefe do Executivo ao projeto de lei aprovado
pelo Congresso Nacional. Pode ser expressa ou tácita. A sanção é expressa quando o
presidente da República manifesta sua concordância. É tácita quando aquela autoridade
deixa de manifestar-se, por escrito, sobre o projeto de lei, no prazo de quinze dias.
O veto representa a discordância do chefe do Executivo ao projeto de lei
aprovado pelo Congresso Nacional. Considerando a motivação do ato, o veto é jurídico –
quando o presidente da República o faz em razão de inconstitucionalidade (art. 66, § 1º da
Lei Maior) – ou político – quando a discordância do chefe do Executivo tem como
fundamento o interesse público.
17A iniciativa popular, no âmbito federal, é exercível pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto
de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados,
com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
O processamento do veto apresenta-se da seguinte forma:
Lei delegada
Medida provisória
18
Art. 103. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Assembléia Legislativa;
II - do Governador;
III - do Tribunal de Justiça, após aprovação pela maioria dos Desembargadores;
IV - de mais da metade das Câmaras de Vereadores dos Municípios do Estado, manifestando-se, cada uma
delas, pela maioria relativa de seus membros;
V - popular, na forma do art. 8°.
§ 1°. A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal no Estado, de estado de
defesa ou de sítio.
§ 2°. A proposta será discutida e votada em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em cada um
deles, três quintos dos votos dos membros da Assembléia Legislativa.
§ 3°. A emenda à Constituição será promulgada pela Mesa da Assembléia Legislativa, com o respectivo
número de ordem.
§ 4°. Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa do Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
§ 5°. A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de
nova proposta na mesma sessão legislativa.
complementar19, lei ordinária20, lei delegada21, decreto legislativo e resolução22.
19
Art. 113. As leis complementares e suas alterações serão aprovadas por maioria absoluta.
§ 1°. Dentre outras previstas nesta Constituição, consideram-se leis complementares:
I - os Códigos de Finanças Públicas e Tributário do Estado;
II - as Leis Orgânicas do Ministério Público, da Procuradoria-Geral do Estado, da Defensoria
Pública, do Tribunal de Contas do Estado, do Tribunal de Contas dos Municípios, do Magistério
Público, da Polícia Civil e da Polícia Militar;
III - a Lei de Organização Judiciária do Estado.
§ 2°. As leis complementares terão numeração distinta da numeração das leis ordinárias.
20
Art. 104. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da
Assembléia Legislativa, ao Governador, ao Tribunal de Justiça do Estado, a órgãos e pessoas referidos
nesta Constituição.
Parágrafo único. A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Assembléia Legislativa de projeto
de lei subscrito por, no mínimo, meio por cento do eleitorado estadual, na forma do art. 8°.
Art. 105. São de iniciativa privativa do Governador as leis que:
I - fixem ou modifiquem os efetivos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar;
II - disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua
remuneração, ressalvada a competência dos demais Poderes, órgãos e instituições referidos nesta
Constituição;
b) servidores públicos do Estado, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria de
civis, reforma e transferência de militares para a inatividade;
c) organização da Procuradoria-Geral do Estado e da Defensoria Pública;
d) criação, estruturação e atribuições das Secretarias de Estado e órgãos da administração pública;
e) o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais.
Art. 106. Não será admitido aumento da despesa prevista:
I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Governador, salvo se se tratar de emenda ao projeto de lei do
orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem, de emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias,
observado o disposto no art. 166, §§ 3°. e 4°., da Constituição Federal;
II - nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Assembléia Legislativa, Tribunal de Justiça
do Estado, Tribunal de Contas do Estado, Tribunal de Contas dos Municípios, Ministério Público,
Procuradoria-Geral do Estado e Defensoria Pública;
Art. 107. O Governador, o Presidente da Assembléia Legislativa ou o Presidente do Tribunal de Justiça do
Estado poderá solicitar urgência para a apreciação de projetos de sua iniciativa.
§ 1°. Se, no caso deste artigo, a Assembléia Legislativa não se manifestar, em até quarenta e cinco dias sobre
a proposição, será esta incluída na ordem do dia, sobrestando-se a deliberação quanto aos demais assuntos,
para que se ultime a votação.
§ 2°. O prazo do parágrafo anterior não corre no período de recesso da Assembléia Legislativa, nem se aplica
aos projetos de códigos e de leis orgânicas.
§ 3°. A solicitação de urgência poderá ser feita após a remessa do projeto à Assembléia e em qualquer fase
de sua tramitação.
§ 4°. Em qualquer dos casos deste artigo, o prazo para deliberação começa a ser contado da data do
recebimento da solicitação.
Art. 108. O projeto de lei aprovado pela Assembléia Legislativa será enviado ao Governador, que,
aquiescendo, o sancionará.
§ 1°. Se o Governador considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse
público, veta-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento e
comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente da Assembléia Legislativa os motivos do veto.
§ 2°. O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.
§ 3°. Decorrido o prazo de quinze dias úteis, o silêncio do Governador importará sanção.
§ 4°. O veto será apreciado dentro de trinta dias, a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo
voto da maioria absoluta dos Deputados, em escrutínio secreto.
§ 5°. Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao Governador.
§ 6°. Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4°., o veto será colocado na ordem do dia da
sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final.
§ 7°. Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Governador, nos casos dos §§ 3°. e
5°., o Presidente da Assembléia Legislativa a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, deverão fazê-
los os Vice-Presidentes da Assembléia, sucessivamente, na ordem de sua numeração.
§ 8°. Se a Assembléia estiver em recesso, o veto será publicado e o prazo referido no § 4°. começará a correr
do dia do reinício das reuniões.
1.9. TRIBUNAL DE CONTAS
§ 9°. No caso do parágrafo anterior, se considerar urgente a deliberação sobre o veto, o Presidente da Mesa
ou a Comissão Representativa referida no art. 101, § 5°, poderá convocar extraordinariamente a Assembléia
Legislativa.
Art. 109. Respeitada a ordem da respectiva promulgação, o Governador mandará publicar imediatamente a
lei.
Art. 110. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto, na
mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros da Assembléia Legislativa.
Art. 111. Decorridos sessenta dias do recebimento de um projeto, o Presidente da Assembléia, a requerimento
de qualquer Deputado, mandará incluí-lo na ordem do dia, para discussão e votação, com ou sem parecer.
21
Art. 112. As leis delegadas serão elaboradas pelo Governador, que deverá solicitar a delegação à
Assembléia Legislativa.
§ 1°. Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva na Assembléia Legislativa a matéria
reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:
I - organização do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria Pública, do Tribunal de Contas do
Estado, do Tribunal de Contas dos Municípios, a carreira e a garantia de seus membros;
II - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
§ 2°. A delegação ao Governador terá a forma de decreto legislativo da Assembléia, que especificará seu
conteúdo e os termos de seu exercício.
§ 3°. Se o decreto legislativo determinar a apreciação do projeto pela Assembléia, esta a fará em votação
única, vedada qualquer emenda.
22
Art. 114. Através de decreto legislativo, a Assembléia Legislativa se manifesta sobre as matérias de sua
competência exclusiva, e, através de resolução, regula matéria de seu interesse interno, político ou
administrativo.
Parágrafo único. Os decretos legislativos e as resoluções serão promulgados pela Mesa Diretora.
Tribunais de Conta o auxiliam a exercer o controle.
Os Tribunais de Conta, entretanto, não estão subordinados ao Poder
legislativo. A Carta Republicana lhes outorga autonomia para cumprimento de seu mister.
1.9.3. TRIBUNAL DE CONTAS: MODELO DE CONTROLE EXTERNO NO BRASIL
O controle externo adotado pela Constituição brasileira envolve a
fiscalização contábil, financeira, orçamentária, patrimonial e operacional de dinheiro
público, tanto da Administração Pública direta, como da indireta.
E, na forma do art. 170, caput, da Carta Republicana, há quatro
modalidades de fiscalização: legalidade, financeira, legitimidade e economicidade. Nas
palavras de Bulos (2009: p. 1008):
Há quatro modalidades distintas de fiscalização (CF, art. 170, caput):
• fiscalização da legalidade – vincula o administrador público ao império da lei, verificando a
validade formal e material dos atos administrativos em face da Constituição e do ordenamento
infraconstitucional;
• fiscalização financeira – controla a aplicação das subvenções, a renúncia de receitas, as
despesas e as questões contábeis;
• fiscalização da legitimidade – as finanças públicas devem ser geridas conforme os objetivos
politicamente aceitos pela Nação, a qual cumpre ser informada sobre o modo de gestão da coisa
pública; e
• fiscalização da economicidade – às finanças públicas cumpre perseguir o princípio do
custo/benefício. Logo, a despesa deve adequar-se à receita, de modo que os tributos pagos pela
população tenham destino útil. Noutras palavras, deve-se diminuir o gasto e aumentar o lucro,
em nome da eficiência administrativa (CF, art. 37, caput).
Na forma do parágrafo único do art. 170, da Lex Mater pátria, qualquer
pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou
administre bens e valores públicos ou pelos quais o Poder Público responda, ou, em nome
dele, assuma obrigações de natureza pecuniária, portanto, até mesmo, os Tribunais de
Contas, devem prestar contas, estando, assim, submetidas ao controle externo.
1.9.4. TRIBUNAL DE CONTAS: HISTÓRICO DOS TRIBUNAIS DE CONTAS
Sobre o histórico dos Tribunais de Conta brasileiros, mister citar o breve
relato de Bulos (2009: p. 1010), nos seguintes termos:
A iniciativa para criar Tribunais de Contas, no Brasil, partiu dos Senadores do Império,
Visconde de Barbacena e José Inácio Borges, em 1826.
Nos idos de 1845, Manoel Alves Branco reforçou a ideia, que não saiu do papel, nada
obstante os apelos de Pimenta Bueno, Silveira Martins, Visconde de Ouro Preto e João Alfredo.
Assim, o Brasil-Império não conheceu as Cortes de Contas.
Com o Decreto n. 966-A instituíram-nas, por insistência de Ruy Barbosa. Mas a
constitucionalização do Tribunal de Contas só ocorreu com a Carta Republicana de 1891 (art. 89),
mantendo-se nas constituições seguintes.
É curioso notar que o Texto de 1946 deu bastante espaço à instituição (art. 77), enquanto
a Lei Magna de 1967, e suas alterações posteriores, sufragaram-na no elenco considerável de
prerrogativas.
Promulgada a Carta de 1988, o Tribunal de Contas soergueu-se com enorme galhardia,
jamais vista antes.
Sua ampliação foi uma “consciente opção política feita pelo legislador constituinte, a
revelar a inquestionável essencialidade dessa instituição surgida nos albores da república. A
atuação dos tribunais de contas assume, por isso, importância fundamental no campo do controle
externo e constitui, como natural decorrência do fortalecimento de sua ação institucional, tema de
irrecusável relevância”. (STF. Pleno. ADIn 215/PB, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 3-8-1990, p.
7234)
1.9.5. TRIBUNAL DE CONTAS: NATUREZA JURÍDICA DOS TRIBUNAIS DE
CONTAS
A natureza jurídica dos Tribunais de Contas é administrativa. Eles não se
enquadram no contexto de órgãos jurisdicionais.
1.9.6. TRIBUNAL DE CONTAS: ORGANIZAÇÃO, COMPOSIÇÃO, SEDE E
JURISDIÇÃO DOS TRIBUNAIS DE CONTAS
TRIBUNAL DE CONTAS: PROCESSO DE ESCOLHA, GARANTIAS,
PRERROGATIVAS E IMPEDIMENTOS DOS MEMBROS
Tribunal de Contas da União (TCU)
Na forma do art. 73, caput da Constituição da República, o TCU é integrado
por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em
todo o território nacional.
Os Ministros do TCU serão nomeados (§ 1º do art. 73 da Constituição)
dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:
a) mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;
b) idoneidade moral e reputação ilibada;
c) notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros
ou de administração pública;
d) mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade
profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.
Os Ministros do TCU serão escolhidos (§ 2º do art. 73 da Constituição):
a) um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado
Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto
ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e
merecimento;
b) dois terços pelo Congresso Nacional.
Os Ministros do TCU possuem garantias e impedimentos (§ 3º do art. 73),
as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros
do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se lhes, quanto à aposentadoria e pensão as
mesmas normas dos servidores públicos titulares de cargos efetivos (Art. 40 da
Constituição). O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e
impedimentos do titular e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de
juiz de Tribunal Regional Federal.
As competências do TCU estão listadas no art. 71 da Constituição, tendo
ainda outras atribuições:
a) Sustação de contrato (§§ 1º e 2º do art. 71 da Constituição): no caso de
contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que
solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. Se o Congresso Nacional
ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não a efetivar, o próprio Tribunal decidirá
a respeito.
b) Eficácia das decisões (§ 3º do art. 71 da Lei Maior): as decisões do TCU
de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo.
c) Prestação de contas (§ 4º do art. 71 da Constituição): o TCU
encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
d) Denúncias (§ 2º do art. 74 da Lei Maior): qualquer cidadão, partido
político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar
irregularidades ou ilegalidades perante o TCU.
Tribunal de Contas dos Estados
As normas disciplinadoras do TCU aplicam-se, no que couber, à
organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito
Federal, cabendo às Constituições estaduais disporem sobre os Tribunais de Contas
respectivos, que serão integrados por sete Conselheiros.
A Constituição paraense trata das atribuições do Tribunal de Contas do
Estado (TCE), no art. 11623.
23
Art. 116. O controle externo, a cargo da Assembléia Legislativa, será exercido com o auxílio do Tribunal de
Contas do Estado, ao qual compete:
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Governador, mediante parecer prévio, que deverá ser
elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público
estadual e as contas daqueles que derem causa à perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
prejuízo ao erário público;
As demais normas de organização do TCE estão inclusas nos arts. 118 a
12024 da Carta paraense.
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas
as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias,
reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato
concessório;
IV - realizar, por iniciativa própria, da Assembléia Legislativa, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções
e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades
administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
V - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pelo Estado, mediante convênio, acordo, ajuste
ou outros instrumentos congêneres;
VI - fiscalizar a aplicação das quotas entregues pela União ao Estado, referentes ao Fundo de Participação
estabelecido no art. 159 da Constituição Federal;
VII - prestar as informações solicitadas pela Assembléia Legislativa, ou por qualquer de suas Comissões,
sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de
auditorias e inspeções realizadas;
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções
previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da
lei, se verificada ilegalidade;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Assembléia Legislativa;
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.
§ 1°. No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pela Assembléia Legislativa, que
solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis;
§ 2°. Se a Assembléia Legislativa ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas
previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
§ 3°. As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo.
§ 4°. O Tribunal encaminhará à Assembléia Legislativa, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
§ 5°. É assegurado ao Deputado Estadual, no Tribunal de Contas do Estado, acesso a processos de
diligências, inspeções, auditorias e de contas, dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário,
independentemente de já terem sido julgados pelo Tribunal.
24
Art. 118. O Tribunal de Contas do Estado e o Tribunal de Contas dos Municípios, integrados por sete
Conselheiros, cada um, têm sede na Capital, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território
estadual, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 160, cabendo-lhes a iniciativa de leis que
disponham sobre a criação e extinção dos cargos de suas secretarias e serviços auxiliares, e fixação dos
respectivos vencimentos, provendo por concurso público de provas, ou de provas e títulos, os cargos
necessários à realização de suas atividades, exceto os de confiança assim definidos em lei.
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização do Tribunal de Contas do Estado e do Tribunal de Contas
dos Municípios podendo dividi-los em câmaras e criar delegações ou órgãos destinados a auxiliá-los no
exercício de suas funções, visando à descentralização e interiorização de seus trabalhos.
Art. 119. Os Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado e do Tribunal de Contas dos Municípios serão
nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;
II - idoneidade moral e reputação ilibada;
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública;
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos
mencionados no inciso anterior.
§ 1°. Os Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado e do Tribunal de Contas dos Municípios serão
escolhidos:
I - três pelo Governador, com aprovação da Assembléia Legislativa, sendo um de livre escolha, e dois,
alternadamente, dentre Auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice
pelo Tribunal, segundo os critérios de antigüidade e merecimento;
II - Quatro pela Assembléia Legislativa.
§ 2°. Os Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado e do Tribunal de Contas dos Municípios terão as
mesmas garantias, prerrogativas e impedimentos, vencimentos e vantagens dos Desembargadores do
Tribunal de Justiça do Estado, aplicando-se-lhes quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do
art. 40 da Constituição Federal.
O controle das contas do próprio TCE é tratado no art. 122 25 da
Constituição paraense.
Tribunal de Contas dos Municípios
Também as normas estabelecidas do TCU se aplicam, no que couber, à
organização, composição e fiscalização dos Tribunais e Conselhos de Contas dos
Municípios. Mister destacar que, na forma do art. 31, § 4º da Constituição, é expressamente
vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de contas municipais, tendo sido
mantidos, entretanto, os Tribunais Municipais que já existiam antes da promulgação da
atual Carta Política.
Naqueles Municípios, onde não há Tribunais de Contas, o controle externo
é exercido pelas Câmaras Municipais, com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado
respectivo.
No Estado do Pará temos o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), que
auxilia todas as Câmaras Municipais paraenses a exercer o controle externo das contas
municipais.
A Carta paraense dá ao TCM a mesma estruturação do TCE, nos arts. 118
a 120, retro transcritos.
2. PODER JUDICIÁRIO
O Poder Judiciário, na clássica tripartição dos poderes, é encarregado da
administração da justiça, da resolução dos conflitos intersubjetivos de interesses entre as
pessoas – físicas e jurídicas, de direito público e privado. É incumbido, portanto, da função
jurisdicional, ou seja, da função de fazer justiça.
Alguns autores colocam o judiciário como exercendo uma função por sua
natureza igual à desempenhada pela administração, executar ou aplicar a lei, o que não
significa que se recomende a fusão com o executivo.
26 Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de
constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;
c) nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de
Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente;
d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de
segurança e o "habeas-data" contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados
e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio
Supremo Tribunal Federal;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros,
inclusive as respectivas entidades da administração indireta;
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
i) o “habeas corpus”, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade
ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate
de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;
l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela
em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou
indiretamente interessados;
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da
República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma
dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio
Supremo Tribunal Federal;
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público;
§ 1.º A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada
pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
com base na Lei Maior – e jurisdição ordinária27 – solução de conflitos com fundamento na
legislação infraconstitucional.
As competências recursais configuram o mister confiado aos ministros do
STF de, em grau de recurso, conhecer e decidir as causas já sentenciadas ou deliberadas
por juízes ou tribunais inferiores. É a consagração do princípio do duplo grau de jurisdição.
São os recursos ordinário28 e extraordinário29.
A Constituição da República conferiu também ao STF uma outra importante
competência, a de editar súmulas vinculantes (art. 103-A).
A súmula vinculante pode ser entendida como a sumulação de reiteradas
decisões da Suprema Corte sobre matéria constitucional que, depois de aprovada e
publicada na imprensa oficial, tem efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e
municipal.
A súmula vinculante tem por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia
de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários
ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e
relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.
As súmulas vinculantes são editadas pelo STF, de ofício ou por provocação
27 Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso
Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;
c) nas infrações penais comuns, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de
Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente;
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o
Território;
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições
para a prática de atos processuais;
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais
Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;
28 Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o "habeas-corpus", o mandado de segurança, o "habeas-data" e o mandado de injunção decididos em
única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
b) o crime político;
29 Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a
decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
(legitimados ativos para propositura de ação direta de inconstitucionalidade), mediante
decisão de dois terços dos seus membros. Cabe também ao STF, observado o mesmo
processo, a revisão ou o cancelamento de súmula vinculante por ele editada.
Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável
ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que,
julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial
reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula,
conforme o caso.
Conselho Nacional de Justiça
O Conselho Nacional de Justiça – CNJ é o órgão colegiado instituído para
efetuar o controle externo do Poder Judiciário, mais precisamente: o controle da atuação
administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais
dos juízes.
É composto por quinze membros com mais de trinta e cinco e menos de
sessenta e seis anos de idade, com mandato de dois anos, admitida uma recondução,
sendo: 1. dez magistrados; 2. um membro do Ministério Público; 3. dois advogados; e 4.
dois cidadãos.
O processo de nomeação de seus integrantes observa o seguinte
procedimento: 1. a indicação pelas Instituições expressas nos incisos II a XIII do art. 103-
B da Constituição da República; 2. a aprovação do indicado pelo Senado Federal por
maioria absoluta de votos; e 3. a nomeação pelo presidente da República. Não efetuadas,
no prazo legal, as indicações, caberá a escolha ao Supremo Tribunal Federal.
A estrutura do CNJ: plenário, presidência e corregedoria.
CONSELHO
NACIONAL
DE JUSTIÇA
Procurador-Geral da República
Presidente do Conselho Federal da OAB