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Uma simples carta, escrita a um amigo em Janeiro de 1945, provocou a prisão do

capitão de artilharia do Exército Vermelho A E!A"#$E %& JE"'(%'"E) "a*uela carta


estavam escritas algumas amargas palavras contra os privilégios existentes no seio
do Exército e contra a conduta de Estaline em rela+ão , guerra) Estaline não
admitia, no entanto, *ual*uer espécie de cr-tica , sua actua+ão como pol-tico e
como homem) .or isso, %ol/enitsine v01se condenado, sem *ual*uer /ulgamento, a oito
anos de prisão e mais *uatro de ex-lio) Assim come+ou a dura vida de um /ovem 2-
sico e matem3tico de 45 anos *ue aca6ou por a6andonar as ci0ncias puras, passando a
dedicar1se apenas ,s lides liter3rias) Estes anos de prisão e de ex-lio numa long-
n*ua aldeia soviética, para além de o 7levarem8 a rever todas as suas posi+9es
ideol:gicas, permitiram1lhe conhecer muitas outras pessoas *ue se encontravam em
id0nticas situa+9es) (ais trans2orma+9es ideol:gicas e tais contactos viriam a
in2luenciar pro2undamente toda a sua o6ra liter3ria) Em 19;4, 7Um #ia na Vida de
'van #enisovitch8 2oi pu6licado na $<ssia com grande 0xito) =rushtchev, *ue
continuava com a sua pol-tica de desanuviamento, permitiu *ue este livro 2osse
pu6licado, uma ve> *ue ele iria apro2undar muitas das cr-ticas contra Estaline) "o
entanto, a estrondosa venda deste livro impressionou vivamente as autoridades
soviéticas *ue, terminado o degelo pol-tico de =rushtchev, proi6iram a divulga+ão
de todos os seus livros) ?ome+ou então a 2ase de literatura clandestina) 7&
.rimeiro ?-rculo8, 7.avilhão dos ?ancerosos8 e 7Agosto de 19148 2oram /3 pu6licados
no &cidente e di2undidos na $<ssia clandestinamente) Entretanto, em %etem6ro de
195@, as 2or+as de seguran+a 7levaram8 Eli>avieta Voroni3nsAaia, a amiga de
%ol/enitsine *ue lhe tinha dactilogra2ado secretamente o manuscrito do 7Ar*uipélago
de Bulag8, a con2essar onde se encontrava o original) (al con2issão condu>iu
Eli>avieta ao suic-dio) .erante tal situa+ão, e em homenagem a tão grande amiga,
%ol/enitsine d3 ordem de imediata pu6lica+ão) %e as primeiras edi+9es clandestinas
lhe tinham provocado a irradia+ão do %indicato dos Escritores, impedindo1o portanto
de ganhar a vida como escritor, a di2usão do 7Bulag8, em 1954, culminou com a sua
expulsão do pa-s e a conse*uente retirada do direito de cidadania russa) Assim
viveu na $<ssia um cidadão *ue d3 pelo nome de Alexandre %ol/enitsine, escritor
e .rémio "o6el da iteratura em 195C) A E!A"#$E %& JE"'(%'"E A$DU'.E AB& #E BU AB V&
UFE ' (radu+ão directa do russo de G$A"?'%?& Ai GE$$E'$A FA$'A F) '%(H J&%E A)
%EAI$A 'V$A$'A IE$($A"# A.A$(A#& @5 1 AFA#&$A (-tulo originalJ A.xnnEAAr (KA Ar ?
apa de José ?Lndido Morld ?opNright O 195@ 6N Alexandre %ol/enitsine (odos os
direitos reservados para a pu6lica+ão desta o6ra em l-ngua portuguesa pela ivraria
Iertrand, %)A)$) )
?omposto e impresso por Bris 'mpressores, %)A)$) ) 1 Alto da Ielavista 1 ?acém
Aca6ou de imprimir1se em %etem6ro de 1955 Goi com o cora+ão oprimido *ue me
a6stive, durante anos, de pu6licar este livro, /3 então conclu-doJ o dever perante
os vivos prevalecia so6re o dever perante os mortos) Agora, porém, *ue as 2or+as de
seguran+a do Estado dele se apoderaram, nada mais me resta do *ue a sua pu6lica+ão
imediata) A) %& JE"'(%'"E %etem6ro de P95)% A E!A"#$E %& JE"'(%'"E A$DU'.E AB& #E
BU AB 191Q1195; Ensaio de investiga+ão liter3ria ' e '' .artes "o presente livro
não h3 personagens imagin3rias, nem acontecimentos imagin3rios) .essoas e lugares
são mencionados pelos seus pr:prios nomes) Duando os mencionarmos por iniciais,
isso deve1se a considera+9es de ordem pessoal) %e, de *ual*uer modo, não 2orem
re2eridos, isso deve1se simplesmente ao 2acto de a mem:ria humana não ter retido os
seus nomes) Fas tudo se passou exactamente assim) "& ano de 1949, aconteceu1nos, a
mim e a alguns amigos, lermos uma nota, *ue nos chamou a aten+ão, na revista
.riroda R"ature>aS, da Academia das ?i0ncias) 'mpressa em caracteres min<sculos,
noticiava *ue no rio =olima, durante umas escava+9es, se tinha deparado,
casualmente, so6 uma camada glaciar, uma corrente congelada, nela tendo sido
desco6ertos, tam6ém congelados, espécimes de 2auna 2ossili>ada Rvelhos de v3rias
de>enas de miléniosS) Esses peixes, ou trit9es, conservavam1se tão 2rescos T
testemunhava o correspondente cient-2ico 1 *ue as pessoas presentes *ue6ravam o
gelo ali mesmo e comiam1nos ?&F .$AUE$) "ão poucos leitores da revista se devem ter
espantado 6astante pelo 2acto de a carne de peixe se poder conservar durante tão
longo tempo no gelo) Fas 2oram menos os *ue puderam discernir o sentido
verdadeiramente her:ico dessa nota imprudente) ":s compreendemos tudo num 3pice)
Vimos com clare>a toda a cena, nos seus m-nimos pormenoresJ como os homens
presentes *ue6ravam o gelo, com exacer6ada pressa, e como, menospre>ando os
elevados interesses da ictiologia, se acotovelavam uns aos outros, arrancavam os
peda+os da carne milen3ria, a passavam pelo lume, a descongelavam e saciavam a
2ome) ?ompreendemo1lo, por*ue n:s pr:prios est3vamos em .$E%E"VA dessa poderosa
legião de >eAs, <nica na (erra, *ue s: ela podia comer os trit9es ?&F .$AUE$)
=olima era a maior e a mais céle6re ilha, o p:lo da 2erocidade desse assom6roso
Ar*uipélago de BU AB, desgarrado pela geogra2ia num ar*uipélago, mas
psicologicamente ligado ao continente, a esse *uase invis-vel, *uase intang-vel pa-
s ha6itado pelo povo >eA) Este ar*uipélago, cheio de enclaves, recortava1se
policromo so6re o 1C A$DU'.E AB& #E BU AB outro pa-s onde estava incorporado,
penetrava nas suas cidades, pairava so6re as suas ruas 1 e no entanto havia *uem
não se aperce6esse de nada, em6ora muitos tivessem ouvido 2alar vagamente de algoW
s: os *ue l3 tinham estado conheciam tudo) Entretanto, como se tivessem perdido o
dom da 2ala nas ilhas do Ar*uipélago, eles guardavam sil0ncio) "uma inesperada
viragem da nossa hist:ria, uma parte insigni2icante desse Ar*uipélago 2oi dada a
conhecer ao mundo) Fas as mesmas mãos *ue nos apertaram as algemas
a6rem agora conciliadoramente as palmas e di>emJ 7"ão se deve))) não se deve
remexer no passadoX))) A*uele *ue recorda o passado perde um olhoX8 E, no entanto,
o provér6io acrescentaJ 7A*uele *ue o es*uece perde os doisX8 As décadas vão
correndo e lam6em irrecuperavelmente as cicatri>es e as <lceras do passado) &utras
ilhas, durante este tempo, estremeceram, 2oram1se derretendo, des6ordaram, e o mar
polar do es*uecimento vem em6ater so6re elas) E um dia, no século 2uturo, este
Ar*uipélago, o seu ar e os ossos dos seus ha6itantes, congelados numa camada
glaciar, serão apresentados aos descendentes como um inveros-mil tritão) "ão ouso
escrever a hist:ria do Ar*uipélagoJ não me 2oi dado ler os documentos) Fas alguém,
algum dia, vir3 a consegui1loY))) A*ueles *ue não dese/am $E?&$#A$ tiveram /3 tempo
6astante Re terão ainda maisS para destruir os documentos todos, completamente) &s
on>e anos *ue ali passei incorporei1os não como uma desonra, nem como um sono
maldito, mas *uase amando a*uele mundo monstruoso) E agora, tendo1me tornado, por
um 2eli> reverso, a pessoa a *uem 2oram con2iadas as in<meras cartas e relatos
tardios, talve> eu sai6a transmitir algo dos seus ossos e da sua carne e, para além
disso, da carne ainda viva dos trit9es ainda ho/e vivos) #E#'?& este livro a todos
*uantos a vida não chegou para o relatar) Due eles me perdoem não ter visto tudo,
não ter recordado tudo, não me ter aperce6ido de tudo) E%?$EVE$ um livro como este
é superior ,s 2or+as de um s: homem) Além de *uanto eu pr:prio trouxe do
Ar*uipélago 1 na minha pr:pria pele, na minha mem:ria, nos ouvidos e nos olhos 1, o
material para este livro 2oi1me 2ornecido por relatos, recorda+9es e cartas de
du>entas e vinte e sete pessoas) "ão lhes exprimo a*ui o meu reconhecimento
pessoalJ este é o nosso monumento comum de ami>ade a todos os torturados e mortos)
#esta lista dese/aria salientar a*ueles *ue mais se es2or+aram por me a/udar a
incluir neste relato pontos de re2er0ncia 6i6liogr32icos de volumes *ue estão ho/e
conservados em 6i6liotecas ou *ue h3 muito 2oram retirados e destru-dos, de tal
modo *ue encontrar um exemplar guardado exigiu uma grande tenacidadeW e ainda mais
a*ueles *ue me a/udaram a esconder este manuscrito num momento di2-cil e depois a
reprodu>i1lo) Fas não chegou ainda a hora de me atrever a mencion31los) & velho
#mitri .etrovitch VitAovsAi, de %olovAi, devia ter sido o redactor do presente
livro) Entretanto, a metade da vida Z passada Ras suas mem:rias do campo de
tra6alho intitulam1se Feia VidaS acarretou1lhe uma paralisia prematura) J3 depois
de ter perdido o dom da 2ala, ele pode somente ler uns *uantos cap-tulos conclu-
dos, e ad*uirir a certe>a de *ue tudo %E$'A $E A(A#&) E se por longo tempo ainda se
não divisar a li6erdade no nosso pa-s, e a di2usão deste livro representar um
grande perigo, eu devo por isso mesmo agradecer tam6ém reconhecidamente aos 2uturos
leitores, em nome de todos a*ueles *ue morreram) Duando comecei a escrever este
livro, no ano de 195Q, não tinha conhecimento de *uais*uer mem:rias ou produ+9es
liter3rias so6re os campos de concentra+ão) "os anos de tra6alho *ue decorreram até
19;5, 2ui tomando conhecimento, gradualmente, das "arrativas de =olima, de Variam ?
halamov, e das mem:rias de #) VitAovsAi, E) Buin>6urg e 14 A$DU'.E AB& #E BU AB &)
Adamova1%lio>6erg, a cu/os tra6alhos me re2iro no decorrer da exposi+ão como 2actos
liter3rios, conhecidos por todos Rassim h31de ser no 2im de contasXS) A despeito
das suas inten+9es e em contradi+ão com a sua vontade, 2orneceram inapreci3vel
material para o presente livro, conservando muitos 2actos importantes e até
n<meros, )6em como o pr:prio ar *ue respiraramJ F) K) %udra61 atsis, ") V)
=rilenAo, durante muitos anos o principal procurador do EstadoW e o seu sucessor A)
K) VichinsAi, com os seus /uristas1auxiliares, entre os *uais não se pode deixar de
destacar ') ) Aver6ach) (am6ém proporcionaram documentos para este livro ($'"(A E
%E'% escritores soviéticos, enca6e+ados por FZ!'F& B&$=', autores de um vergonhoso
livro so6re o canal do mar Iranco, os primeiros *ue na literatura russa enalteceram
o tra6alho 2or+ado) .rimeira .arte A '"#[%($'A ?A$?E$Z$'A 7"a época da ditadura, e
cercados por todos os lados de inimigos, temos mani2estado por ve>es uma 6randura
desnecess3ria, uma 6ondade desnecess3ria)8 =$' E"=& discurso pronunciado no
processo 7.romparti8) ' A #E(E"V\& ?&F& se chega a esse misterioso Ar*uipélagoY A
todas as horas para l3 voam avi9es, navegam 6arcos e marcham com6oios, sem *ue
neles se ve/a uma s: inscri+ão *ue indi*ue o lugar de destino) &s empregados das
6ilheteiras e os agentes da %ovturista e da 'n1turista 2icarão surpreendidos se
voc0 lhes pedir uma passagem para l3) "em do Ar*uipélago, no seu con/unto, nem de
nenhum dos seus incont3veis ilhéus eles t0m conhecimento, ou ouviram se*uer 2alar)
A*ueles *ue vão dirigir o Ar*uipélago chegam l3 por intermédio da Escola do
Finistério do 'nterior RF) V) #)S) A*ueles *ue vão ser guardas no Ar*uipélago são
convocados por intermédio de sec+9es militares) A*ueles *ue vão l3 morrer, como
voc0 e eu, leitor, esses devem passar in2al-vel e exclusivamente através da
deten+ão) #eten+ãoXXX %er3 necess3rio di>er *ue isso representa uma viragem 6rusca
em toda a sua vidaY Due é como a *ueda a pi*ue de um corisco so6re a sua ca6e+aY
Due é uma como+ão espiritual insuport3vel, a *ue nem todas as pessoas podem
adaptar1se, e *ue 2re*uentemente leva , loucuraY & universo tem tantos centros
*uantos os seres vivos *ue nele existem) ?ada um de n:s é o centro do mundo e do
universo, e ele desmorona1 se *uando alguém nos sussurra ao ouvidoJ 7Est3 presoX8
%e voc0 /3 est3 preso, acaso algo resistiu ainda a esse terramotoY 'ncapa>es, com o
cére6ro o2uscado, de a6arcar esses a6alos do universo, os mais su6tis, 6em como os
mais simples dentre n:s, não conseguem extrair nesse instante, de toda a sua
experi0ncia de vida, senão isto a di>er mais ou menosJ 1 EuYYY .or*u0YYY .ergunta
repetida milh9es e milh9es de ve>es antes de n:s, e *ue nunca o6teve resposta) 1Q
A$DU'.E AB& #E BU AB A deten+ão é uma transi+ão instantLnea e evidente, uma
ruptura, a passagem de um estado a outro) Ao longo da sinuosa rua da nossa vida
caminh3vamos 2eli>es, ou arrast3vamo1nos penosamente, encostados a não importa *ue
taipaisJ taipais e taipais de madeira podre, de 6arro, de ti/olo, de 6etão, de
2erro 2undido) .ensar-amos no *ue existe para além delesY "em com a vista, nem com
o pensamento tent3vamos penetrar no *ue havia por detr3s, *uando é ali mesmo, 6em
perto, a dois metros de n:s, *ue come+a o Ar*uipélago de BU AB) "em ainda distingu-
amos, nesses taipais, a in<mera *uantidade de portas estreitas e 6em a/ustadas, 6em
camu2ladas) (odas, todas essas portas 2oram preparadas para n:sX E eis *ue uma se
a6re r3pida e 2atal, e *ue *uatro mãos 6rancas, masculinas, não ha6ituadas ao
tra6alho, mas como garras, nos prendem pelas pernas, pelos 6ra+os, pelo colarinho,
pelo 6oné ou por uma orelha e nos arrastam como um 2ardo, en*uanto a porta 2ica
para tr3s de n:sW a porta da nossa vida passada, 2echada para sempre) E é tudo)
Voc0 é um presoX E nada encontra para responder a isso, a não ser um 6alido do
cordeiroJ 1 E1uYYY .or*u0YYY))) Eis o *ue é a deten+ãoJ uma chama o2uscante e um
golpe, a partir dos *uais o presente desli>a num segundo para o passado, e o
imposs-vel passa a ter os plenos direitos do presente) E é tudo) "ada mais ser3
capa> de assimilar, nem na primeira hora, nem mesmo nos primeiros dias) Ainda
trémula no meio do seu desespero o luar de uma lua de 6rin*uedo, de circoJ 7E um
erroX (udo ser3 esclarecidoX8 & resto, o *ue agora se 2ormou com 6ase na ideia
tradicional a até liter3ria so6re a deten+ão, acumula1se e estrutura1se /3 não na
sua desconcertada mem:ria, mas na da sua 2am-lia e dos seus vi>inhos) 'sto é, o
6rusco som nocturno da campainha ou a 6rutal pancada na porta) 'sto é a 6rava
investida dos 6riosos agentes com as 6otas su/as) 'sto é, a assustada testemunha
*ue os segue) RE para *u0 essa testemunhaY As v-timas não ousam pens31lo, os
agentes não o conce6em, mas são assim as instru+9es, e é preciso *ue este/a sentada
toda a noite e pela manhã ponha a sua assinatura) .ara as testemunhas *ue
levantaram da cama isso é tam6ém uma torturaJ noite ap:s noite andar a a/udar a
prender os vi>inhos e conhecidos)S A deten+ão tradicional parte ainda dos
preparativos do preso, com as mãos trementes estendidas para os o6/ectos, a levar
uma muda de roupa, um peda+o de sa6ão, um pouco de comidaW ninguém sa6e o *ue é
necess3rio "um apartamento ha6itam normalmente v3rias 2am-lias e ocupam uma parte)
A co>inha e o *uarto de 6anho são comuns) R") dos ()S A$DU'.E AB& #E BU AB 19 rio,
o *ue se pode levar e a melhor maneira de se vestir, mas os agentes imp9em pressa e
interrompemJ 7"ão é preciso levar nada) 3 dão de comer) 3 2a> calor)8 RFentem
sempre e se imp9em pressa é para atemori>ar)S A deten+ão tradicional é ainda,
depois de terem levado o po6re detido, a ocupa+ão do apartamento durante longas
horas por uma 2or+a estranha, r-gida, esmagadora) E ainda o arrom6ar, a6rir, tirar
e arrancar das paredes, lan+ar dos arm3rios e das mesas para o solo, sacudir,
rasgar, espalhar montes de coisas pelo chão e pis31las) "ada existe de sagrado na
6usca do domic-lioX Duando prenderam o ma*uinista 2errovi3rio 'nochin,
encontrava11se no *uarto o corpo de uma crian+a *ue aca6ava de morrer) &s /uristas
tiraram o corpo da crian+a e revistaram tam6ém l3) Eles dão sa2an9es aos doentes de
cama e tiram as ligaduras *ue lhes co6rem as 2eridas)4 #urante a 6usca nada pode
ser considerado como um desprop:sitoX Ao amador de antiguidades (chetveruAhin
apreenderam 7algumas 2olhas de decretos c>aristas8 1 precisamente dos decretos
so6re o termo da guerra contra "apoleão, so6re a 2orma+ão da %anta Alian+a e so6re
o servi+o religioso contra a c:lera de 1Q@C) Ao nosso melhor conhecedor do (i6ete,
VostriaAov, 2urtaram1lhe manuscritos antigos ti6etanos, valios-ssimos Ros alunos do
2alecido arrancaram1nos com enorme di2iculdade ao ?omité de %eguran+a do Estado,
trinta anos depoisXS) Ao orientalista "evsAi, no momento de ser preso, levaram1lhe
manuscritos de (agut Re vinte e cinco anos depois, por t01los
deci2rado, concederam1lhe o .rémio enine, a t-tulo p:stumoS) Gi>eram desaparecer o
ar*uivo dos ost-acos do Jenissei, ar*uivo pertencente a =arguer, e proi6iram a
escrita e o a6eced3rio *ue ele criou, 2icando esse pe*ueno povo sem l-ngua escrita)
Em linguagem intelig-vel, tudo isto leva muito tempo a relatar, mas o povo di>
acerca da 6usca domicili3riaJ 6uscam o *ue l3 não puseram) evam o *ue seleccionam e
por ve>es o6rigam o pr:prio detido a carreg31lo, como 2i>eram a "ina
AleAsandrova .altchinsAaia, *ue levou ,s costas um saco com cartas e documentos do
seu 2alecido marido, not3vel engenheiro da $<ssia, perpetuamente em ac+ão nas
6ar6as deles, para sempre, sem retorno) .ara os *ue 2icam depois da deten+ão restam
as longas se*uelas de uma vida des2eita, desolada) E as tentativas de 2a>er chegar
encomendas aos presos) Fas em todos os postigos h3 vo>es *ue ladramJ 7Esse não est3
a*uiX8 %im, diante de um postigo desses, nos piores dias de eninegrado, era preciso
2a>er uma 6icha de cinco dias) E 6em pode acontecer *ue no pra>o de 4 Em 19@5
*uando sa*uearam o 'nstituto do #r) =a>aAov, os agentes da 7comissão8 *ue6raram as
provetas com lisati, desco6erto por ele, apesar de os doentes resta6elecidos e os
inv3lidos *ue estavam a curar1se pularem em redor e pedirem *ue conservassem o
milagroso remédio) R%egundo a versão o2icial, lisati era considerado como um
veneno))) .or*ue não conserv31lo como prova de delitoYS 4C A$DU'.E AB& #E BU AB
meio ano o pr:prio preso responda ou eles larguemJ 7"ão tem direito a cartas)8 E
isso signi2ica desde logo *ue é para sempre) 7"ão tem direito a cartas8 é *uase
certo *uerer di>erJ 2oi 2u>ilado)@ E esta a ideia *ue 2a>emos da deten+ão) E, na
verdade, a deten+ão nocturna, do tipo descrito, é a pre2erida, pois apresenta as
maiores vantagens) (odos os ha6itantes do apartamento 2icam encolhidos pelo terror,
desde a primeira pancada na porta) & preso é arrancado ao calor da cama, todo ele
redu>ido , impot0ncia do sono, com a mente con2usa) "a deten+ão nocturna, os
agentes t0m superioridade de 2or+asJ v3rios homens armados contra um *ue não chegou
se*uer a a6otoar as cal+asW durante os preparativos e a revista , casa, por certo
*ue não se /unta , entrada da casa nenhum grupo de poss-veis partid3rios da v-tima)
A chegada gradual e sem pressas a um apartamento, depois a outro, amanhã a um
terceiro ou *uarto, d3 a possi6ilidade de utili>ar /udiciosamente os grupos de
agentes e de meter no c3rcere, com 2re*u0ncia, mais ha6itantes da cidade do *ue o
n<mero de pol-cias) As deten+9es nocturnas t0m ainda a vantagem de *ue nem os
in*uilinos do prédio, nem os transeuntes das ruas da cidade v0em *uantos levaram
durante a noite) %e assusta os vi>inhos mais pr:ximos, o acontecimento não existir3
para os mais distantes) E como se nada tivesse acontecido) .ela mesma cal+ada em
*ue transitaram os carros da pol-cia durante a noite, des2ila durante o dia um
magote de /ovens com 6andeiras e 2lores, entoando alegres can+9es) Fas para os
arre6anhadores, cu/o servi+o é apenas o de 2a>er deten+9es e para *uem os horrores
so2ridos pelos presos são uma coisa repetida e 2astidiosa, a compreensão da
deten+ão é muito mais ampla) Eles possuem toda uma teoria 6em ela6orada, não se
devendo pensar ingenuamente *ue a não t0m) A ci0ncia da deten+ão é um cap-tulo
importante do curso geral da #irec+ão das .ris9es, e nele assenta a teoria
2undamental da sociedade) As deten+9es são classi2icadas de acordo com critérios
diversosJ nocturnas e diurnasW domicili3rias, no lugar de tra6alho ou em trLnsitoW
primeira ou segundas deten+9es isoladas ou em grupo) Estas deten+9es di2erenciam1se
pelo grau de surpresa
exigido e pelo grau de resist0ncia esperado Rmas em de>enas de milh9es de casos não
era esperada resist0ncia alguma, como de @ "uma palavra, 7vivemos em condi+9es
malditasJ um homem desaparece sem not-cias e as pessoas mais chegadas, a esposa e a
mãe))) não sa6em durante anos o *ue lhe sucedeu8) E /ustoY "ãoY 'sto 2oi escrito
por enine em 191C, no necrol:gico de Ia6uchAine) %: *ue h3 *ue di>01lo claramenteJ
Ia6uchAine levava uma carga de armas para a insurrei+ão e 2oi com essa carga *ue o
2u>ilaram) Ele sa6ia ao *ue se expunha) Fas o mesmo se não pode di>er de n:s, *ue
somos apanhados como coelhos) A$DU'.E AB& #E BU AB 41 2acto não houveSW as
deten+9es di2erenciam1se pela gravidade dada , 6usca4 pela necessidade de 2a>er ou
não um invent3rio, a 2im de proceder , apreensão e de selar o *uarto ou o
apartamentoW pela necessidade de prender a esposa depois da deten+ão do marido e de
mandar os 2ilhos para uma casa de crian+as, ou de enviar todo o resto da 2am-lia
para a deporta+ão ou ainda os velhos para um campo) Evidentemente, as deten+9es são
muito variadas *uanto , 2orma) 'rma Fendel, de nacionalidade h<ngara, conseguiu
certa ve>, no =omintern5, em 194;, duas entradas para o (eatro Iolchoi, nas
primeiras 2ilas) & /ui> de instru+ão, =leguel, corte/ava1a e ela convidou1o)
.assaram em id-lio todo o espect3culo, depois do *ue ele a acompanhou)))
directamente , u16ianAa;) E se num dia 6elo de Junho de 1945, na $ua =u>nietsA
Fost, a 2ormosa Ana %AripniAova, de louras tran+as e rosto redondo, *ue aca6ava de
comprar tecido a>ul para um vestido, é convidada por um /ovem todo /anota a
sentar1se ao seu lado, num carro puxado a cavalos Ro cocheiro 2ran>iu o so6rolho,
pois compreendeu logo tudoJ os chamados :rgãos nada lhe pagarãoS, sai6am *ue não se
trata de um encontro amoroso, mas tam6ém de uma deten+ãoJ eles 2arão um desvio para
u6ianAa e entrarão pela negra 2auce desses port9es) E se Rvinte e dois anos depoisS
o segundo11capitão Ioris IurAovsAi, envergando um casaco 6ranco, cheirando a magn-
2ica 3gua1de1col:nia, compra um 6olo para uma rapariga T é 6om não /urar *ue esse
6olo lhe chegar3 ,s mãos, em lugar de ser partido ,s 2atias pelas 2acas dos
investigadores e levado pelo capitão para a primeira cela *ue lhe é destinada) "ão,
nunca 2oi descrita, no nosso pa-s, a deten+ão em pleno dia, nem a deten+ão em
marcha, nem a deten+ão entre um 2ormigueiro de genteX Entretanto, todas elas são
reali>adas de 2orma cuidadosa e 1 caso surpreendenteX 1 as pr:prias v-timas,
segundo os agentes, comportam1se da maneira mais no6re poss-vel, para *ue isso, a
perdi+ão do condenado, não d0 nas vistas aos *ue permanecem vivos) 4 E h3 ainda,
especialmente, toda uma ci0ncia de 6usca domicili3ria, segundo consegui ler num
2olheto para /uristas, de ensino por correspond0ncia, em Alma1Ata) "ele eram
elogiados muitos da*ueles /uristas *ue nessas 6uscas não tiveram pregui+a de
remexer duas toneladas de esterco, seis metros c<6icos de lenha e dois carros de
2eno, *ue removeram a neve de todo um sector pertencente a uma herdade, *ue tiraram
os ti/olos de um 2orno, *ue a6riram uma cova numa estre6aria, *ue inspeccionaram as
latrinas, *ue revistaram o canil, as capoeiras, ninhos dos estorninhos, *ue 2uraram
colch9es, *ue arrancaram ligaduras do corpo e até dentes de metal para neles
procurarem microdocumentos) Aos estudantes da Escola da .ol-cia .ol-tica é
recomendado com insist0ncia *ue iniciem a 6usca pela revista pessoal e terminem por
ela Rde repente, o revistado pode ter1se apoderado de algo *ue 6uscavamS, voltando
uma ve> mais a esse lugar, mas em outra hora do dia, e 2a>endo novamente outra
6usca) 5 A6reviatura da ''' 'nternacional ?omunista, nascida da cisão da ''
'nternacional) R") dos ()S ; %ede das pol-cias soviéticas R(cheAa, B).)U),
")=)V)#), etc)S
44 A$DU'.E AB& #E BU AB "em todos podem ser presos em casa com uma pancada prévia
na porta Re se acaso alguém 6ate, apresenta1se como o 7gerente da casa8, como o
7carteiro8S, e nem convém *ue todos se/am detidos no local de tra6alho) %e o *ue
vai ser preso é considerado perigoso é mais c:modo prend01lo 2ora do seu meio
ha6itual, longe dos seus 2amiliares, dos seus colegas, dos seus correligion3rios,
dos seus esconderi/osJ ele não deve ter tempo de destruir, esconder ou transmitir
a6solutamente nada) ]s altas patentes, militares ou do .artido, era1lhes dado, por
ve>es, antes de mais, um novo cargo, e proporcionada uma carruagem1salão, s: sendo
presos no caminho) Dual*uer mortal desconhecido, gelado de pavor pelas deten+9es em
massa e h3 /3 uma semana atormentado pelos olhares de soslaio do seu che2e, é
chamado de um momento para o outro ao ?omité do %indicato, onde lhe o2erecem,
radiantes, uma reserva para um sanat:rio de %otchi) & nosso pato 2ica comovidoJ
isso *uer di>er *ue os seus receios eram in2undados) Agradece, delirante de
alegria, apressa1se a dirigir1se para casa a 2im de preparar a mala) & com6oio
partir3 dentro de duas horas e ele >anga1se com a lentidão da esposa) Ei1lo na
esta+ãoX Ainda h3 tempoX "a sala de espera ou no 6u2ete um /ovem simp3tico
grita1lheJ 7"ão me conhece, .iotr 'vanitchY8 .iotr 'vanitch atrapalha1seJ 7"ão,
mas)))8 & /ovem expande1se numa atitude a2ectuosaJ 7Então como, então como, eu vou
recordar1lhe8 e respeitosamente 2a> vénias , esposa de .iotr 'vanitchJ 7.erdoe1me,
o seu marido voltar3 dentro de um minuto)))8 A esposa d3 licen+a, o desconhecido
leva .iotr 'vanitch con2iantemente pelo 6ra+o 1 para sempre ou por de> anosX "a
esta+ão h3 um vaivém em torno e ninguém repara))) ?idadãos *ue gostam de via/arX
"ão es*ue+am *ue em cada esta+ão existe uma sec+ão da B).)U)5 e v3rias celas de
reclusão) Esta insist0ncia importuna de aparentes conhecidos é tão viva, *ue um
homem sem a prepara+ão de lo6o de um campo é incapa> de desem6ara+ar1se dela) "ão
pense *ue se voc0 tra6alha na Em6aixada norte1americana e se chama, por exemplo,
Al1r1#), não pode ser detido em pleno dia na $ua BorAi, perto da Esta+ão de ?
orreios e (elégra2os) & seu amigo desconhecido precipita1se para si através da
densa multidão e di>, a6rindo os seus 6ra+os como tena>esJ 7%achaX8, Rele não se
esconde, mas simplesmente gritaS, 7eh p3X ^3 *uantos anos não te ve/oYX Vem a*ui,
para não estorvarmos8) Uma ve> de lado, , 6eira do passeio, chega, precisamente um
carro marca .o6ieda))) R#ias depois, a ag0ncia (ass declarar3, irritada, em todos
os /ornais, *ue os c-rculos competentes nada sa6em do desaparecimento de Al1r1#)S
Due novidadeX &s nossos 6ravos rapa>es tam6ém e2ectuaram deten+9es dessas em
Iruxelas R2oi assim *ue 2oi preso Jora IlednovS, e não s: em Foscovo) .ol-cia pol-
tica chamada #irec+ão .ol-tica do Estado) R") dos ()S A$DU'.E AB& #E BU AB 4@ ^3
*ue dar aos :rgãos o *ue lhes é devidoJ no século em *ue os discursos dos oradores,
as pe+as de teatro e as modas 2emininas parecem 2eitas em série, as deten+9es podem
ser variadas) A si, levam1no a um lado da entrada da 236rica, depois de lhe
veri2icarem o cartão e voc0 est3 presoW arrancam1no de um hospital militar com
trinta e nove de 2e6re R^ans Iern1steinS, e o médico não se op9e , sua deten+ão Re
de *ue vale tentar opor11 seYSW tiram1no directamente da mesa de opera+9es durante
uma opera+ão de <lcera do est_mago R") F) Voro6iov, inspector do departamento
regional de Educa+ão .<6lica, ano de 19@;S e, *uase sem vida, cheio de sangue,
condu>em1no , cela Rrecorda =arpunitchSW voc0 R"adia evitsAaiaS reclama uma
visita , sua mãe, *ue est3 condenada, e concedem1lhaX Fas ela trans2orma1se numa
acarea+ão e numa deten+ãoX
"uma mercearia convidam1no a passar , sec+ão de encomendas e ali mesmo o det0mW
voc0 é preso pelo via/ante *ue passou a noite em sua casa por 7amor de #eus8W preso
pelo electricista *ue 2oi ler o contadorW preso pelo ciclista *ue es6arrou consigo
na ruaW pelo revisor do com6oio, pelo motorista de t3xi, pelo 2uncion3rio da ?aixa
Econ:mica e pelo administrador do cinemaJ todos o podem prender e s: depois, mas /3
tarde, voc0 ver3, muito escondida, a chapa vermelha) ]s ve>es as deten+9es *uase
parecem uma 6rincadeira T tais são o engenho e o re2inamento utili>ados, mesmo
*uando sem isso a v-tima não o2ereceria resist0ncia) &s agentes *uerem
porventura /usti2icar o seu servi+o e o elevado n<mero de deten+9esY Iasta enviar a
todos os patos visados uma intima+ão e todos eles, , hora e minutos marcados, se
apresentarão, su6missos, com a trouxa,ao portão de 2erro negro da .ol-cia de
%eguran+a do Estado, para ocuparem na cela o espa+o *ue lhes é destinado) RE assim
mesmo *ue os AolAho>ianos são detidosW seria l3 poss-vel ter de ir de noite
6usc31los a casa por lugares sem caminhoYX ?hamam1nos ao %oviete da aldeia e ali o
prendem) &s simples oper3rios são convocados ao escrit:rio da empresa)S
"aturalmente *ue cada m3*uina so2re o seu desgaste depois do *ual /3 não pode
2uncionar) "os saturados e es2or+ados anos de 194514;, *uando chegavam umas atr3s
das outras, composi+9es 2errovi3rias da Europa e era necess3rio a6sorv01las e
despach31 las para o BU AB, não havia se*uer esse /ogo supér2luo e a pr:pria teoria
tinha perdido muito do seu 6rilho, a plumagem ritual tinha voado e a deten+ão de
de>enas de milhares de homens ad*uiriu o m-sero aspecto de uma chamadaJ pegavam nas
listas, tiravam1nos de um vagão e metiam1nos noutro, e isso era no 2im de contas o
método da deten+ão) As pris9es pol-ticas no nosso pa-s singulari>aram1se, durante
décadas, precisamente pelo 2acto de serem detidas pessoas em nada culpadas e, por
isso, de modo nenhum preparadas para o2erecer resist0ncia) ?riou1se o sentimento
geral de 2atalidade, a ideia de *ue , #irec+ão .ol-tica do Estado e ao ?omissariado
do .ovo para o 'nterior era imposs-vel 44 A$DU'.E AB& #E BU AB 2ugir Ro *ue, com o
nosso sistema de passaporte, tem, ali3s, ra>ão de serS) E mesmo no auge das
epidemias de deten+9es, *uando as pessoas, ao sa-rem cada dia para o tra6alho, se
despediam da 2am-lia, por não terem a certe>a de regressarem , noite, mesmo então
*uase não 2ugiam) RE em raros casos se suicidavam)S Exactamente o *ue era preciso)
Uma ovelha pac-2ica para os dentes do lo6o) 'sto sucedia ainda pela incompreensão
do mecanismo das epidemias de deten+9es) &s :rgãos não tinham 2re*uentemente motivo
pro2undo para escolha, não sa6endo *ue pessoa deter ou não deter, mas simplesmente
*uais os n<meros a atingir) & cumprimento destes n<meros podia estar de acordo com
as normas, mas podia tam6ém ter um car3cter completamente casual) Em 19@5, apareceu
na recep+ão da ")=)V)#), de "ovo (cherAassA, uma mulher a perguntar *ue destino
devia dar a uma crian+a de peito, *ue tinha 2ome, de uma vi>inha detidaJ
7%ente1se8, disseram1lhe, 7vamos esclarecer isso8) Esperou duas horas e levaram1na
da recep+ão , celaJ era preciso completar urgentemente a ci2ra prevista e 2altavam
agentes para mand31los correr a cidade, e a*uela mulher /3 ali estavaX %ucedeu o
oposto com o letoniano Andrei .avlu, perto de &rcha, onde a ")=)V)#) se dirigiu
para o prenderJ ele não a6riu a porta, saltou pela /anela, teve tempo de 2ugir e
partiu de viagem directamente para a %i6éria) Em6ora vivesse com o seu nome
verdadeiro e pelos documentos 2osse claro *ue era de &rcha, .avlu "U"?A 2oi detido,
nem chamado aos :rgãos, nem considerado suspeito) ^3 tr0s tipos de 6uscasJ de
Lm6ito 2ederal, repu6licano e regimental, e *uase para metade dos presos, em tais
epidemias, a 6usca
não excedia a região) A*uele *ue era destinado a ser preso por circunstLncias
2ortuitas, a den<ncia de um vi>inho, por exemplo, 2acilmente era su6stitu-da por
outro vi>inho) (al como .avlu, outros houve *ue 2oram apanhados casualmente numa
rusga, ou num apartamento, ou numa em6oscada, e tiveram a aud3cia de 2ugir nesse
preciso momento, antes mesmo do primeiro interrogat:rio, nunca sendo agarrados, nem
levados a /ulgamentoW mas a*ueles *ue 2icaram a aguardar /usti+a, cumpriram a pena
so2rida) E *uase todos, na sua esmagadora maioria, se comportaram precisamente
desse modoJ com pusilanimidade, impot0ncia, 2atalismo) E certo tam6ém *ue a
")=)V)#), na aus0ncia da pessoa de *ue necessitava, o6rigava os seus 2amiliares a
assinar um aviso, proi6indo1os de *ual*uer desloca+ão e, naturalmente, não custava
nada em6arcar os *ue tinham 2icado em lugar do 2ugitivo) A inoc0ncia geral engendra
a inactividade geral) .ode ser *ue não te levem a ti) .ode ser *ue escapes) A)')
adi/ensAi era pro2essor da escola da aldeia perdida de =ologriva) "o ano de 19@5
aproximou1se dele, no mercado, um campon0s e comunicou1lhe da parte de alguémJ
7AleAsandr 'vanitch, vai1te em6ora da*ui, est3s na lista)8 Fas ele 2icouJ 7Eu sou o
pilar da escola e os pr:prios 2ilhos deles estudam comigo 1 como me podem
prenderY)))8 R#ias depois 2oi preso)S "ão é *ual*uer pessoa *ue, como A$DU'.E AB&
#E BU AB 45 VLnia evitsAi, compreende logo aos cator>e anos de idadeJ 7(oda a
pessoa honrada deve passar pelo c3rcere) Agora est3 o meu pap3, e *uando eu
crescer, meter1me1ão a mim)8 REle 2oi preso aos vinte e tr0s anos)S A maioria 2ica
inerte numa miragem de esperan+a) Uma ve> *ue és inocente 1como te podem prenderY E
UF E$$&X J3 te puxam pela gola e não deixas de exorcismarJ 7E um erroX Esclarecerão
tudo e hão1de li6ertar1meX8 &utros são presos em massaW isto é tam6ém a6surdo, mas
cada caso 2ica envolto nas trevasJ (alve> a*uele, *uem sa6eY))) Fas tuX 1 tu
certamente, *ue est3s inocenteX (u ainda encaras os :rgãos como uma institui+ão com
l:gica humanaJ hão1de esclarecer e li6ertar) "esse caso, para *u0 2ugirY))) E como
podes então o2erecer resist0nciaY ))) %: pioras a tua situa+ão e impedes *ue
esclare+am o erro) "ão s: não resistes, como até desces a escada na ponta dos pés,
como te ordenam, para *ue os vi>inhos não oi+amQ) E depois, resistir precisamente a
*u0Y ] apreensão do cintoY &u , ordem de te mandarem para o canto de castigoY &u de
cru>ar a om6reira Q E depois, nos campos, *ue torturaX E se cada agente de cada ve>
*ue vai 2a>er deten+9es, pela noite, não tivesse a certe>a de voltar vivo e tivesse
de despedir1se da 2am-liaYX %e durante as deten+9es em massa, como por exemplo em
eninegrado, *uando 2oi presa a *uarta parte da popula+ão da cidade,` as pessoas não
tivessem permanecido nas suas tocas, tremendo de medo a cada pancada na porta e a
cada passo na escadaW se elas tivessem compreendido *ue nada mais tinham a perder,
e nos seus vest-6ulos, com Lnimo 2orte, umas *uantas pessoas tivessem 2eito
em6oscadas com machados, com martelos, com espetos, en2im com o *ue encontrassem ,
mãoY E sa6ido de antemão *ue essas aves nocturnas com 6onés não vão com 6oas
inten+9es 1 não h3 risco de errar, descarregando um golpe no homicida) Duanto ,
carrinha da pol-cia, com o seu motorista solit3rio, *ue 2icou na rua, não havia
senão *ue arrast31la ou 2urar1lhe os pneusX &s :rgãos 6em depressa notariam a 2alta
de cola6oradores e de meio de transporte, e, a despeito de toda Lnsia de
%talin,ateria sido detida a m3*uina malditaX %e se tivesse))) se se tivesse 2eito
isso))) Galtou1nos o su2iciente amor , li6erdade, e, antes do mais, a plena
consci0ncia da verdadeira situa+ão) Bast3mo1nos numa incont-vel explosão no ano de
1915, e depois A.$E%%ZF&1"&% a su6meter1nos, e 2oi com %A('%GAV\& *ue nos
su6metemos) RArthur $enson descreve um com-cio oper3rio em
Karoslav em 1941) #e Foscovo, do ?omité ?entral, 2oram sondar os oper3rios para se
aconselharem so6re a polémica re2erente aos sindicatos) & representante da
oposi+ão, K) arin, explicou aos oper3rios *ue o seu sindicato devia de2end01los da
administra+ão, *ue eles con*uistaram direitos contra os *uais pessoa alguma tem o
direito de atentar) &s oper3rios mantiveram1se a6solutamente indi2erentes, "]& ?&F.
$EE"#E"#& se*uer de *uem é *ue eles precisavam ainda de de2ender1se e para *ue é
*ue ainda necessitavam desses direitos) Fas *uando interveio o representante da
linha geral e 2ustigou os oper3rios pelo relaxamento da disciplina e pela sua
pregui+a, e exigiu deles sacri2-cios, horas extraordin3rias de gra+a, limita+9es
*uanto , alimenta+ão, su6missão militar 2ace , administra+ão da 236rica, isso
suscitpu o entusiasmo do com-cio e os aplausos)S FE$E?EF&% simplesmente tudo *uanto
so6reveio depois) b Em #e>em6ro de 19@4, ap:s o assass-nio de =irov) R") dos ()S 4;
A$DU'.E AB& #E BU AB da portaY A deten+ão é composta de pe*uenos preLm6ulos, de
numerosas insigni2icLncias, e parece não ter sentido discutir *ual*uer deles
isoladamente Ros pensamentos do preso giram em torno da grande perguntaJ
7.or*u0YX8S, mas são todos esses preLm6ulos *ue 2ormam, inevitavelmente, a deten+ão
no seu con/unto) Duanta coisa não h3 na alma do recém1detidoX %: isto mereceria
todo um livro) "ela pode haver sentimentos de *ue nem se*uer n:s suspeitamos) Em
1941, *uando prenderam a /ovem Evguénia #oiarenAo, de de>anove anos, e tr0s /ovens
tche*uistas revolveram a sua cama e a c:moda da roupa, ela permaneceu tran*uilaJ
não h3 nada, nada encontrarão) E, de repente, eles encontraram o seu di3rio -ntimo,
*ue a mo+a nem , mãe podia mostrarJ a leitura dessas linhas, por rapa>es estranhos
e hostis, a2ectou1a mais do *ue toda a u6ianAa com as suas grades e caves) E muitos
desses sentimentos -ntimos e a2ectivos, atingidos pela deten+ão, podem ser 6em mais
2ortes do *ue o pavor do c3rcere ou as ideias pol-ticas) A pessoa interiormente não
preparada para a viol0ncia é sempre mais dé6il do *ue a*uela *ue a exerce) %ão
raras as pessoas inteligentes e auda>es *ue tudo compreendem instintivamente) &
director do 'nstituto de Beologia da Academia das ?i0ncias, Brigoriev, *uando o
2oram deter, em 194Q, 6arricou1se e *ueimou documentos durante duas horas) .or
ve>es, o sentimento dominante do detido é o al-vio e até))) a A EB$'A, mas isso
sucedeu s: no tempo da epidemia de deten+9esJ *uando , tua volta levavam e levavam
outros como tu, e não te levavam a ti, tardandoW isso é uma consumi+ão interior, um
so2rimento pior do *ue *ual*uer deten+ão, e não apenas para um esp-rito dé6il)
Vassili Vlassov, intrépido comunista, *ue ainda recordaremos mais de uma ve>,
tendo1se negado a 2ugir, o *ue lhe 2oi proposto pelos seus cola6oradores sem
partido, ia1se consumindo, pois /3 tinham preso toda a direc+ão do .artido do
distrito de =adi R19@5S e s: ele não era detido) "ão podia rece6er o golpe senão de
2renteJ rece6eu1o e sossegou, sentindo1se per2eitamente nos primeiros dias de
deten+ão) & sacerdote 'raAli 2e> em 19@4 uma viagem a Alma1Ata para visitar os
crentes deportados, mas nesse entrementes 2oram tr0s ve>es ao seu apartamento, em
Foscovo, para o prender) Duando regressou, os paro*uianos esperavam1no na esta+ão e
não o deixaram seguir para casa, e durante oito anos esconderam1no de apartamento
em apartamento) & sacerdote 2icou tão extenuado por essa vida de perseguido *ue,
*uando o prenderam, em 1944, agradeceu a #eus) "este cap-tulo, s: 2alamos so6re a
grande massa, so6re os patos detidos não se sa6e por*u0) Fas, no presente livro,
re2erir1nos1emos ainda ,*ueles *ue nos novos tempos se mantiveram como aut0nticos
pol-ticos) Vera $i6aAova, estuda*te social1democrata,
*uando estava em li6erdade, sonhava com o isolamento na prisão de %u>dalJ s: ali
esperava encontrar A$DU'.E AB& #E BU AB 45 os seus antigos camaradas R/3 não os
havia em li6erdadeS e ela6orar a sua 2iloso2ia pol-tica) A socialista
revolucion3ria EAaterina &litsAa, em 1944, até se considerava indigna de estar
encerrada na prisão, /3 *ue pelos c3rceres tinham passado as melhores pessoas da
$<ssia, e ela era muito /ovem e nada tinha 2eito ainda pela $<ssia) Fas a pr:pria
li6erdade a re/eitava) Assim, 2oram as duas para a prisão com alegria e orgulho) 7A
resist0nciaX &nde esteve a vossa resist0nciaY8, é a recrimina+ão *ue 2a>em ho/e os
*ue so2rem, ,*ueles *ue escaparam , repressão) %im, a resist0ncia devia ter
come+ado a partir da*ui, do in-cio da deten+ão) Fas não teve come+o) E eis *ue /3 o
levam) Em pleno dia, a deten+ão é inevitavelmente um momento 6reve, *ue não se
repete, em *ue o levam através da multidão, entre centenas de outros homens
igualmente inocentes e condenados como voc0) E a sua 6oca não 2oi tapada) E voc0
pode e deveria a6solutamente B$'(A$X Britar *ue vai presoX Due h3 mal2eitores
dis2ar+ados *ue andam , ca+a das pessoasX Due as apanham com 6ase em den<ncias
2alsasX Due uma surda repressão é desencadeada contra milh9es de pessoasX E,
ouvindo esses gritos, in<meras ve>es durante o dia, e em todas as partes da cidade,
talve> *ue os nossos concidadãos se re6elassemX E talve> *ue as deten+9es se não
tivessem tornado tão 23ceisXY "o ano de 1945, *uando a su6missão ainda não tinha
amolecido os nossos cére6ros a tal ponto, na .ra+a de %erpuAhovsAaia dois
tche*uistas tentaram prender, de dia, uma mulher) Ela agarrou1se ao poste de
ilumina+ão p<6lica e come+ou a gritar, o2erecendo resist0ncia) Juntou1se uma
multidão) REra necess3ria uma mulher assim, mas tam6ém era necess3ria uma multidão
assimX "em todos os transeuntes 2echaram os olhos, nem todos se apressaram de
largoXS &s nossos 3geis rapa>es des+oncertaram1se de repente) Eles não podem
tra6alhar , vista de toda a sociedade) %u6iram para o autom:vel e 2ugiram) R#ali, a
mulher devia ter1se dirigido imediatamente para a esta+ão e partirX Fas ela 2oi
pernoitar a casa) E, pela noite, levaram1na para a u6ianAa)S Fas dos seus l36ios
resse*uidos não 6rota nem um som e a multidão *ue transita descuidadamente toma1o a
voc0 e aos seus carrascos por amigos *ue passeiam) Eu pr:prio tive muitas ve>es a
possi6ilidade de gritar) &n>e dias ap:s a minha deten+ão, tr0s parasitas da
contra1espionagem R%merchS9 mais preocupados com *uatro pesadas malas, cheias, na
sua maior parte, de tro2éus da guerra, do *ue comigo Rdurante o longo caminho
tinham /3 passado a con2iar em mimS condu>iram1me , Esta+ão de Iie1 9 A6reviatura
de 7Forte aos Espi9es) R") dos ()S 4Q A$DU'.E AB& #E BU AB lorrAaia, em Foscovo)
Eles tinham a denomina+ão de escolta especialW mas, na realidade, as espingardas
autom3ticas causavam1lhes estorvo para arrastar as *uatro pesad-ssimas malas com
o6/ectos de valor, rou6ados na Alemanha por eles e pelos seus che2es da
contra1espionagem da %egunda Grente da Iielorr<ssia) %o6 o pretexto de me servirem
de escolta, levaram esses o6/ectos para as 2am-lias *ue tinham 2icado na p3tria) Eu
transportava, sem vontade nenhuma, a *uinta mala, em *ue iam os meus di3rios e os
meus escritosJ as provas contra mim) "enhum dos tr0s conhecia a cidade, e era eu
*ue devia escolher o caminho mais curto para o c3rcereW era eu mesmo *ue devia
condu>i1los , u16ianAa, onde eles nunca tinham estado Re eu con2undia1a com o
Finistério dos "eg:cios EstrangeirosS)
#epois de um dia na prisão da contra1espionagem do exércitoW depois de tr0s dias na
prisão da contra1espionagem da 2rente, onde os companheiros de cela me tinham
instru-do Racerca dos em6ustes dos interrogat:rios, das amea+as e dos
espancamentos, e so6re o 2acto de *ue ,s ve>es o preso nunca é posto em li6erdade,
podendo1se apanhar 2acilmente de> anosS, eu escapei por milagre) E, de repente, h3
*uatro dias *ue ando como um homem livre entre homens livres, em6ora as minhas
costelas ainda durmam so6re palha podre perto do 6alde da latrina, em6ora os meus
olhos /3 tenham visto companheiros espancados e privados do sono, em6ora os meus
ouvidos tenham escutado a verdade, e a minha 6oca coma a sopa dos prisioneiros)
.or*ue é *ue eu me calo entãoY .or*ue é *ue eu não esclare+o a multidão enganada,
aproveitando o meu <ltimo minuto em p<6licoY Eu guardei sil0ncio na cidade polaca
de Irodnitsa Rtalve> ali não compreendessem o russoS) "ão pro2eri palavra nas ruas
de IielostoA Rpodia ser *ue isso não interessasse aos polacosS) "ão soltei nem um
som na esta+ão de VolAovisA Rhavia l3 pouca genteS) ?omo se nada sucedesse,
caminhei acompanhado desses 6andoleiros pela gare da esta+ão de FinsA Rmas a
esta+ão estava ainda em ru-nasS) E agora levo atr3s de mim esses agentes da
contra1espionagem, so6 a c<pula 6ranca do vest-6ulo superior da esta+ão do metro
radial da IielorussAaia, inundada de lu> eléctrica, e su6indo de 6aixo, ao nosso
encontro, v0m as duas esteiras paralelas das escadas rolantes, repletas de
moscovitas) .arece *ue todos olham para mimX "uma 2ila intermin3vel, emergindo da
pro2undidade do desconhecido, desli>am, so6 a c<pula resplandecente, na minha
direc+ão, como se solicitassem uma palavra de verdade) .or*ue é *ue então eu
permane+o caladoYX))) ?ada pessoa tem sempre uma d<>ia de motivos de desculpa,
dando1lhe ra>ão para não sacri2icar1se) Alguns t0m esperan+a no desenlace 2eli> e
temem compromet01lo com o seu grito Ra n:s não nos chegam not-cias do outro lado do
mundo, não sa6emos *ue desde o momento da deten+ão a nossa sorte est3 *uase
decidida segundo a pior das hip:teses e não é poss-vel agrav31laS) &utros não estão
ainda maduros para as ideias *ue se transmitem em gritos , massa) "a verdade
A$DU'.E AB& #E BU AB 49 , s: os revolucion3rios t0m sempre as palavras de ordem na
ponta da l-ngua prontas a saltarW mas *ue di>er do pacato e simples homem comum,
não implicado em nadaY Ele "\& %AIE pura e simplesmente o *ue é *ue deve gritar) E,
por 2im, h3 ainda um género de pessoas *ue t0m o peito demasiado repleto, cu/os
olhos viram demasiado, para poder 2a>er trans6ordar todo esse mar nuns *uantos
gritos sem nexo) Fas eu, eu guardo sil0ncio ainda por outro motivoJ por*ue esses
moscovitas *ue co6rem as duas escadas rolantes são poucos para mim 1 poucosc & meu
clamor seria ali ouvido por umas du>entas ou *uatrocentas pessoas 1 e os restantes
du>entos milh9esY))) Eu sonho con2usamente em *ue haverei alguma ve> de gritar a
du>entos milh9es))) .or en*uanto, não a6ro a 6oca e a escada rolante arrasta1me
irreprimi1velmente para o in2erno) E na esta+ão de &Ahotni1$iad hei1de guardar
ainda sil0ncio) "ão gritarei perto do Fetropol) "ão agitarei os 6ra+os na pra+a da
u6ianAa, no B:lgota))) Eu tive, certamente, a espécie mais 23cil de deten+ão *ue
possa imaginar1se) Ela não me arrancou dos 6ra+os dos 2amiliares, não me separou da
vida doméstica *ue nos é tão grata) "um pardacento dia de Gevereiro europeu
arre6ataram1me do nosso estreito corredor *ue d3 para o mar I3ltico, onde
cerc3vamos ou -amos ser cercados pelos
alemães, e 2ui apenas privado da divisão a *ue estava ha6ituado e do espect3culo
dos tr0s <ltimos meses da guerra) & che2e da 6rigada chamou1me ao posto de comando,
pediu1me sem eu sa6er por*u0 a pistola, entreguei1a sem a m-nima suspeita T e de
repente do meio dos o2iciais im:veis e tensos saltaram dois agentes da
contra11espionagem, atravessando o *uarto em dois pulos, agarrando1se , uma com as
*uatro mãos , estrela do 6oné, aos gal9es, ao cinturão e , 6olsa de campanha, e
gritando em tom dram3ticoJ 1 Est3 presoXXX (odo vermelho e varado dos pés , ca6e+a,
nada mais de ra>o3vel achei do *ue perguntarJ 1 EuY .or*u0YX))) Em6ora essa
pergunta não tenha resposta, por surpreendente *ue pare+a eu o6tive1a) E isto
merece tanto mais ser recordado *uanto est3 2ora dos nossos costumes) Fal os da
contra1espionagem tinham aca6ado de me depenar, arrancando1me /untamente com a
6olsa as minhas notas pol-ticas, e amedrontados pelo tremor das vidra+as provocado
pelas explos9es alemãs me empurravam , pressa para a sa-da, ouviu1se su6itamente um
enérgico @C A$DU'.E AB& #E BU ABG apelo *ue me era dirigidoJ simX, através dessa
seca ruptura *ue se a6ria/ entre mim e os *ue 2icavam, provocada pela grave palavra
de 7preso8 atirada , cara, através desse a6ismo so6re *ue não devia 2iltrar1se som
algum, passaram as inconce6-veis e 2a6ulosas palavras do che2e da 6rigadaJ T
%ol/enitsine) Volte c3) E eu, numa 6rusca reviravolta, escapuli1me das mãos dos da
contra11espionagem e dirigi1me ao che2e da 6rigada) ?onhecia1o poucoJ ele nunca
condescendera a conversas simples comigo) .ara mim, o seu rosto exprimia ordem,
comando, c:lera) Fas agora, iluminava1se com ar pensativo 1 talve> com vergonha da
sua participa+ão involunt3ria num s:rdido caso, ou num impulso de se colocar acima
da mes*uinha su6ordina+ão de toda a vida) #e> dias antes, eu retirara *uase intacta
a 6ateria de reconhecimento de uma 6olsa onde 2icara a sua artilharia, 2ormada de
do>e canh9es pesados, e agora ele deveria separar1se de mim em 2ace de um peda+o de
papel com um carim6oY T Voc0 1 perguntou ele com vo> autorit3ria T, tem um amigo na
.rimeira Grente UcranianaY T "ão é permitidoX))) "ão tem o direitoX T gritaram ao
coronel o capitão e o ma/or da contra1espionagem) Assustada, a escolta do
estado1maior/ comprimiu1se no seu canto como se temesse compartilhar a inaudita
re2le xão do che2e da 6rigada Re, pertencendo , sec+ão pol-tica, preparava1se /3
para transmitir material acerca deleS) Fas para mim isso era o su2icienteJX
compreendi logo *ue 2ora preso pela correspond0ncia *ue mantinha com meu velho
companheiro de escola, dedu>indo de onde vinha o perigo) E UaAhar Bueorguievitch
(ravAin teria podido 2icar por a-X Fas não ?ontinuando a limpar1se e a
endireitar1se aos seus pr:prios olhos, levantou1se da mesa Ranteriormente nunca se
tinha erguido para me rece6erS, e1 através da 6arreira empestada, estendeu1me a mão
R*uando eu estava em li6erdade nunca ma tinha estendidoXS e apertou1ma perante o
horror mudo da escolta, di>endo com calor no seu rosto sempre severo, sem medo,
claramenteJ T #ese/o1lhe 6oa sorte, capitãoX Eu não s: /3 não era capitão, como
estava desmascarado como inimigo do povo Rpois, no nosso pa-s, *ual*uer pessoa, a
partir do momento de deten+ão, est3 /3 completamente desmascaradaS) Assim, ele
dese/ava 6oa sorte a um inimigoY)))
As vidra+as estremeciam) As explos9es alemãs martiri>avam a terra a du>entos metros
dali, recordando *ue a*uilo não poderia suceder l3, na pro2undidade da nossa terra,
por de6aixo do glo6o 2irme da exist0ncia, mas apenas so6 o alento de uma morte
pr:xima e igual para todos)1C 1C Eis o surpreendenteJ .&#E1%E, apesar de tudo, ser
um homemX (ravAin nada so2reuX Encontr3mo1nos h3 pouco cordialmente, conhecendo1nos
pela primeira ve>) Ele é engenheiro re2ormado e inspector da %ociedade dos ?
a+adores) A$DU'.E AB& #E BU AB @1 Este livro não ser3 um livro de mem:rias
pessoais) .or isso não relatarei pormenores aned:ticos da minha deten+ão, *ue t0m a
sua originalidade pr:pria) "a*uela noite os da contra1espionagem perderam
completamente as esperan+as de se orientarem pelo mapa Rnunca se tinham ali3s
orientado por eleS, entregando1se1me com ama6ilidade e pedindo1me para eu indicar
ao motorista como dirigir1se , contra1espionagem do exército) Eu mesmo os condu>i e
me condu>i até essa prisão, e, como agradecimento, 2ui metido imediatamente, não
numa cela simples, mas no cala6ou+o de castigo) Fas é imposs-vel não 2alar dessa
arrecada+ão de uma casa de campo alemã, *ue provisoriamente servia de c3rcere)
(inha o comprimento1de um homem e a largura de tr0s homens deitados , vontade ou de
*uatro apertados) Eu era precisamente o *uarto, sendo l3 metido depois da meia1
noite) &s tr0s *ue estavam deitados, entrea6riram os olhos estremunhados de6aixo da
lu> de uma lamparina de petr:leo e mexeram1se para me dar lugar) Assim, na palha
calcada, 2icaram oito 6otas estendidas para a porta e *uatro capotes) Eles dormiam
e eu espumava de c:lera) Duanto mais eu era senhor de mim mesmo, en*uanto capitão,
meio dia antes, mais doloroso era para mim estar assim comprimido no 2undo da*uela
arrecada+ão) #e ve> em *uando, os rapa>es acordavam ao entorpecerem1se1lhes as
costas e volt3vamo1nos todos ao mesmo tempo) .ela manhã acordaram, 6oce/aram,
ar2aram, encolheram as pernas, meteram1se em cantos di2erentes e come+3mos a travar
conhecimento) 1 E tu por*ue é *ue est3s a*uiY Fas uma vaga 6risa de preven+ão tinha
/3 soprado até mim, so6 o tecto empestado dos da contra1espionagem, e com simple>a
pus um ar admiradoJ 1 "ão 2a+o ideia) #i>em1no acaso esses canalhasY "o entanto, os
meus companheiros de cela, *ue eram tan*uistas, com os seus negros capacetes 2o2os,
não o ocultavam) Eram tr0s honestos, tr0s simples cora+9es de soldados, espécie de
pessoas pelos *uais eu tinha ganho a2ecto durante os anos de guerra, eu *ue era 6em
mais complicado e pior) &s tr0s eram o2iciais) &s seus gal9es tam6ém tinham sido
arrancados com 2<ria, distinguindo1se ainda nalguns lugares as linhas) "os seus
casacos su/os, viam1se as manchas claras das condecora+9es arrancadasW as
cicatri>es vermelhas e escuras no rosto e nas mãos eram outras tantas recorda+9es
de 2eridas e de *ueimaduras) A divisão deles tinha vindo, por desgra+a, 2a>er
repara+9es a esta aldeia, onde estava a contra1espionagem do 4Q)O Exército) .ara
comemorar o com6ate travado na noite anterior, em6e6edaram11se e, nas imedia+9es da
aldeia, arrom6aram uma casa de 6anho, ao verem *ue para l3 tinham entrado duas
mo+as) Estas conseguiram escapar, meio nuas, nas suas pernas cam6aleantes) Uma
delas, porém, não era l3 *ual*uer ) rapariga, mas sim a amante do che2e da contra1
espionagem do Exército) %imX ^3 /3 tr0s semanas *ue a guerra se travava na Alemanha
e todos sa6-amos per2eitamente *ue, tratando1se de mo+as alemãs, podiam ser
violadas @4 A$DU'.E AB& #E BU AB
e 2u>iladas depois, constituindo isso *uase uma distin+ão militarW se 2ossem
polacas ou das nossas, russas, enviadas para a Alemanha, tolerava11se *ue se
corresse atr3s delas pela horta, nuas, dando1lhes palmadas nas n3degasJ simples
6rincadeira e nada mais) Fas, tratando1se de uma 7mulher de campanha8, do che2e da
contra1espionagem, um *ual*uer sargento da retaguarda arrancou raivosamente ali
mesmo os gal9es aos tr0s o2iciais de linha e as condecora+9es con2irmadas por uma
ordem da 2rente e concedidas pelo .raesidium do %oviete %upremo da União %oviética,
e agora esses veteranos, *ue tinham 2eito toda a guerra e certamente haviam rompido
mais de uma linha das trincheiras inimigas, aguardavam uma senten+a do tri6unal
militar, *ue sem o tan*ue deles não teria chegado ainda a esta aldeia) Apag3mos a
lamparina, pois /3 tinha consumido todo o ar de *ue disp<nhamos para respirarmos)
"a porta estava a6erto um postigo do tamanho de um postal e por ali entrava
indirectamente a lu> do corredor) .arece *ue, preocupados com o 2acto de *ue ao
despontar do dia tivéssemos demasiado espa+o na cela, nos meteram l3 um *uinto
homem) Ele entrou com um capote novo em 2olha, assim como o 6oné, e *uando chegou
em 2rente do postigo vimos o seu rosto todo 2resco, de nari> arre6itado e de 2aces
muito coradas) 1 #e onde vens, irmãoY Duem és tuY 1 #o outro lado T respondeu ele,
com desen2ado) 1 %ou espião) 1 Est3s a rirY 1 respondemos, at:nitos R*ue se
tratasse de um espião e *ue ele mesmo o dissesse, eis o *ue nunca escreveram nem ?
hein nem os irmãos (urX11S) 1 Due 6rincadeiras se podem 2a>er em tempo de guerraX 1
suspirou com sensate> o rapa>) T ?omo regressar do cativeiro a casaY #igam,
ensinem1me) Fal teve tempo de iniciar o relato so6re como, um dia antes, os alemães
o tinham passado para o outro lado da 2rente, para *ue ali 2i>esse espionagem e
dinamitasse pontes, so6re como se apresentara imediatamente ao 6atalhão mais
pr:ximo e se entregara, não tendo o sonolento e cansado che2e do 6atalhão
acreditado e remetendo1o , en2ermaria, para lhe dar uns comprimidos, *uando
su6itamente nos assaltaram novas impress9esJ 1 GormarX Fãos atr3s das costasX 1
lan+ou através da porta, a6erta de par em par, um sargento capa> de puxar a cauda
de um canhão de cento e vinte e dois mil-metros) Ao longo de todo o p3tio rural
tinha /3 2ormado um cordão de soldados com armas autom3ticas, guardando o caminho
*ue nos levava , sa-da do palheiro) Eu 2ervia de indigna+ão pelo 2acto de *ue
*ual*uer sargento 11 ?onhecidos autores soviéticos de romances de espionagem) R")
dos ()S A$DU'.E AB& #E BU AB @@ ignorante se atrevesse a dar1nos, a n:s, o2iciais,
a ordem de 7mãos atr3s das costas8, mas os tan*uistas puseram as mãos atr3s, e eu
segui1os) #o outro lado do palheiro havia um pe*ueno curral *uadrado, com neve
amontoada, *ue não tinha derretido 1 e todo ele estava co6erto de excrementos
humanos, tão densos e desordenados *ue não era 23cil encontrar onde p_r os pés)
Apesar de tudo, conseguimos arran/ar1nos, acocoran1do1nos os cinco em lugares
di2erentes) #ois soldados com armas puseram11se em 2rente de n:s, tam6ém
acocorados, mas o sargento, não tinham decorrido uns minutos, disse 6ruscamenteJ 1
#epressaX Entre n:s as necessidades 2a>em1se rapidamenteX .erto de mim, estava
acocorado um tan*uista, de $ostov, primeiro11tenente, de elevada estatura e aspecto
som6rio) & seu rosto estava enegrecido de p: met3lico ou 2umo, mas na 2ace
notava1se uma grande cicatri> vermelha)
1 &nde é isso, entre n:sY 1 perguntou ele com lentidão, não mostrando inten+9es de
apressar1se de volta ao c3rcere, *ue cheirava a petr:leo) 1 "a sec+ão de
contra1espionagem do %merchX 1 exclamou o sargento com vo> sonora e altiva, mais do
*ue era necess3rio) R&s da contra11espionagem adoravam essa a6reviatura de tão mau
gostoJ 7Forte aos Espi9es8, *ue achavam atemori>ante)S 1 Entre n:s, tam6émX 1
respondeu lento e pensativo o primeiro11tenente) & seu capacete estava desca-do
para o lado, deixando a desco6erto o ca6elo ainda por cortar) & seu traseiro,
endurecido na 2rente, estava virado para o vento 2resco e agrad3vel) 1 &nde é isso,
entre n:sY 1 ladrou mais alto do *ue o necess3rio o sargento) 1 "o Exército
Vermelho T respondeu com muita calma o primeiro11tenente, de c:coras, medindo com o
olhar a*uele pa*uiderme 2rustrado) (ais, 2oram os primeiros e2l<vios da minha
respira+ão prisional) '' ^'%(H$'A #A "&%%A ?A"A 'UAV\& DUA"#& se condena agora a
ar6itrariedade do culto, insiste1se sempre, respectivamente, no *ue sucedeu rios
anos de 19@51@Q) E assim é como se se come+asse a imprimir na mem:ria a ideia de
*ue não teria havido pris9es nem A"(E% nem #E.&'%, mas apenas nos anos @5 e @Q) "ão
tendo , mão nenhuma estat-stica, não receio, no entanto, enganar1me ao di>erJ a
torrente de @5 e de @Q não 2oi a <nica, nem se*uer a principal, mas s: talve> uma
das tr0s mais importantes *ue invadiram os tene6rosos e 2edorentos tu6os da nossa
canali>a+ão prisional) A"(E% dela tinha havido a torrente dos anos 49 e @C,
semelhante , do 6om rio &6i, arrastando para a tundra e a taiga a pe*uena
*uantidade de *uin>e milh9es de mu/i*ues Ra não terem sido maisS) Fas os mu/i*ues
são pessoas privadas do dom da palavra e da escrita e não redigiram protestos nem
mem:rias) Em rela+ão a eles, os /u->es de instru+ão não tra6alharam a2anosamente
noites e noites, com eles não gastaram processos ver6aisJ 6astaram as resolu+9es
dos %ovietes de aldeia) Essa torrente trans6ordou, 2oi a6sorvida pelos gelos
eternos, e mesmo os esp-ritos mais ardentes *uase não se lem6ram dela) E como se
mal tivesse 2erido a consci0ncia russa) E, no entanto, %taline não cometeu Rnem eu
convoscoS um crime maior) E #E.&'% houve a torrente dos anos 194414;, semelhante ,
do 6om rio JenisseiJ pelos seus canos de esgoto 2oram expulsas na+9es inteiras, e
ainda milh9es e milh9es de homens *ue 2icaram Rpor uma culpaXS prisioneiros na
Alemanha e *ue regressaram depois) R%taline cauteri>ava as 2eridas para *ue se
2ormasse rapidamente uma crosta e não 2osse necess3rio ao corpo do povo descansar,
respirar e recompor1se)S Fas essa torrente era tam6ém 2ormada, na sua maioria, por
gente simples e *ue não escreveu mem:rias) Entretanto, a torrente do ano @5 atingiu
e levou ao Ar*uipélago pessoas @; A$DU'.E AB& #E BU AB de alta posi+ão, com um
passado no .artido, com cultura, e em torno delas houve in<meros 2eridos *ue
2icaram nas cidades, muitos deles sa6endo mane/ar uma pena T e todos agora /untos
escrevem, 2alam e recordam o ano trigésimo sétimoX & Volga da amargura popularX Fas
ide 2alar aos t3rtaros da ?rimeia, aos calmucos ou aos tchetchénios1 no ano
trigésimo sétimo e eles limitar1se1ão a encolher os om6ros) E a eninegrado o *ue é
*ue lhe di> o ano trigésimo sétimo, *uando tinha havido antes o ano @5Y .ara os
reincidentes ou para os ha6itantes da região do I3ltico, não 2oram mais penosos os
anos 4Q149Y E se os >eladores do estilo e da geogra2ia me censurarem por ter ainda
omitido na $<ssia alguns rios, assim como algumas torrentes não mencionadas, *ue
eles me d0em papelX &utras torrentes 2ormariam outros tantos rios)
E sa6ido *ue *ual*uer :rgão *ue não se exercite se atro2ia) Assim, pois, se
sou6ermos *ue os :rgãos Ré com esta no/enta palavra *ue eles se denominam a si
pr:priosS cele6rados e exaltados, deviam ser mantidos 6em vivos, para *ue não
perecesse um s: tent3culo, mas, ao contr3rio, crescesse e se 2ortalecesse a sua
musculatura, é 23cil adivinhar *ue eles se exercitavam .E$FA"E"(EFE"(E) .elos tu6os
perpassava como *ue uma pulsa+ão, com uma pressão ora mais elevada do *ue a
prevista, ora mais 6aixa, mas sem *ue nunca os canos prisionais se esva>iassem) &
sangue, o suor e a urina em *ue 2ic3vamos espremidos, esguichavam incessantemente)
A hist:ria desta canali>a+ão é a hist:ria de um curso e de uma a6sor+ão
ininterruptos) %implesmente, as grandes enchentes alternavam com as 6aixas, e
novamente com outras enchentesW as torrentes trans6ordavam, ora maiores ora mais
pe*uenas, a2luindo ainda de todos os lados regatos, riachos, escoamentos por
caleiras e simples gotas isoladas, capturadas uma a uma) A enumera+ão cronol:gica
*ue 2arei adiante, onde serão mencionadas de igual modo as torrentes 2ormadas por
milh9es de presos e os riachos 2ormados por algumas impercept-veis de>enas, é ainda
muito incompleta, muito po6re, e limitada ,s minhas possi6ilidades de penetrar no
passado) (orna1se a*ui a6solutamente necess3rio um complemento das pessoas
conhecedoras dos 2actos, *ue continuam vivas) `` "essa enumera+ão, o mais di2-cil
de tudo é ?&FEVA$) 'sso por*ue *uanto mais a gente vai penetrando no tempo, década
ap:s década, tanto menos testemunhas restamW o rumor extinguiu1se e eclipsou1se e
os anais .ovos deportados em massa, em 1944145, por pretensa 7cola6ora+ão8 com os
alemães) R") dos ()S A$DU'.E AB& #E BU AB @5 ou não existem ou estão 2echados a
cadeado) E ainda por*ue não é completamente /usto examinar a*ui da mesma maneira os
anos de mais grave exacer6a+ão Ra guerra civilS e os primeiros anos de pa>, *uando
se esperava clem0ncia) Fas antes mesmo de pensar1se em guerra civil, era vis-vel
*ue a $<ssia, com a estrutura da sua popula+ão, não estava preparada, naturalmente,
para *ual*uer tipo de socialismo, por*ue ela encontrava1se co6erta de lixo) Um dos
primeiros golpes da ditadura 2oi vi6rado aos cadetes4 Rno tempo do c>ar eles
constitu-am a peste extremista da revolu+ãoW so6 o poder do proletariado a peste
extremista da reac+ãoS) Em 2ins de "ovem6ro de 1915, na primeira convoca+ão, não
reali>ada dentro do pra>o, da Assem6leia ?onstituinte, o partido dos cadetes 2oi
declarado 2ora da lei, e iniciou1se a prisão dos seus mem6ros) Duase na mesma
altura 2oram e2ectuadas as deten+9es da União da Assem6leia ?onstituinte@ e da rede
das 7universidades de soldados8)4 #ado o sentido e o esp-rito da revolu+ão, é
evidente *ue, nesses meses, 2icaram repletos os c3rceres de =rest, de IutirAi e de
muitas outras pris9es provinciais, a a6arrotar de grandes rica+os, de conhecidos l-
ders, de generais, de o2iciais e ainda de 2uncion3rios dos ministérios e de todo o
aparelho do Estado, *ue não cumpriam as decis9es do novo poder) Uma das primeiras
opera+9es da (cheAa 2oi entretanto a deten+ão do ?omité de Breve da União de
Guncion3rios de (oda a $<ssia) Uma das primeiras circulares da ")=)V)#), datada de
#e>em6ro de 1915, di>iaJ 7Em ra>ão da sa6otagem *ue é reali>ada pelos
2uncion3rios))) h3 *ue mostrar a maior iniciativa local, %EF .d$ #E A#& os
con2iscos, os procedimentos coercivos e as deten+9es)85 E em6ora V) ') enine
exigisse, em 2ins de 1915, para o esta6elecimento de 7uma rigorosa ordem
revolucion3ria8, *ue 7se esmagassem sem compaixão as veleidades de anar*uia dos
é6rios, dos ru2ias, dos contra11revolucion3rios e outras personagens8;, o
*ue pareceria indicar *ue o principal perigo para a $evolu+ão de &utu6ro advinha,
para ele, dos 606ados, en*uanto os contra1revolucion3rios eram relegados l3 para a
terceira 2ila, a verdade é *ue ele visava o6/ectivos 6em mais amplos) "o artigo 7?
omo &rgani>ar a Emula+ão8 Rde 5 e 1C de Janeiro de 191QS, V) ') enine proclamou
como tare2a imediata, <nica e geral 7a limpe>a da terra russa de 4 #emocratas
constitucionais, *ue 2a>iam parte, como os socialistas revolucion3rios, do Boverno
provis:rio *ue sucedeu , $evolu+ão de Gevereiro de 1915) R(V) dos ()S @ &rganismo
2ormado por comités de apoio aos socialistas revolucion3rios da es*uerda) R") dos
()S 4 ?ursos nocturnos para militares) R") dos ()S 5 Fensageiro da ")=)V)#), 1915,
n)O 1, p3g) 4) ; enine, &6ras Escolhidas, 5a edi+ão, tomo @5, p3g) ;Q) @Q A$DU'.E
AB& #E BU AB todos e *uais*uer insectos nocivos85) E por insectos ele entendia não
apenas todos os elementos estranhos pela sua classe, mas tam6ém 7os oper3rios
calaceiros no tra6alho8, por exemplo os da tipogra2ia do .artido em .etrogrado) R&
*ue 2a> a distLncia no tempoX Fesmo agora temos di2iculdade em compreender como é
*ue esses oper3rios, logo *ue se tornaram ditadores, imediatamente mostraram
tend0ncia a ser pregui+osos no tra6alho, para si mesmosXS Fais aindaJ 7))) em *ue
*uarteirão de uma grande cidade, em *ue 236rica, em *ue aldeia )))) não h3)))
sa6otadores *ue se denominam intelectuaisY8Q E certo *ue enine, nesse artigo,
previa diversas 2ormas de limpe>a dos insectosJ a*ui, prend01losW ali, p_1los a
limpar latrinasW mais além, 7depois da sa-da do c3rcere, dar1lhes um cartão
amarelo8W en2im, 2u>ilar os parasitas) ^avia ainda a escolha entre a prisão 7ou o
castigo de tra6alhos 2or+ados mais duros89) Em6ora tra+asse e sugerisse as
orienta+9es 2undamentais do castigo, Vladimir 'litch propunha uma emula+ão 7das
comunas e das comunidades8, *uanto ,s melhores 2ormas de limpe>a) "ão podemos,
neste momento, investigar em pormenor *uem era a6rangido por essa ampla de2ini+ão
de insectosJ a popula+ão russa era demasiado heterogénea e nela havia pe*uenos
grupos isolados, completamente negligenciados e ho/e es*uecidos) 'nsectos,
naturalmente, eram as administra+9es das autar*uias locais e provinciais) 'nsectos
eram os mem6ros das cooperativas) Iem como todos os *ue possu-am casas) ^avia não
poucos insectos entre os pro2essores de liceu) (odos os insectos *ue pertenciam ,s
comiss9es paro*uiais) 'nsectos tam6ém a*ueles *ue cantavam nos coros religiosos)
'nsectos ainda todos os padres, *uanto mais os 2rades e as 2reirasX E mesmo a*ueles
tolstoistas *ue, entrando ao servi+o dos %ovietes, ou, digamos, nos caminhos de
2erro, não prestavam o /uramento o6rigat:rio, por escrito, de de2ender o poder
soviético de armas na mão, eram insectos declarados Re teremos ocasião de ver casos
de /ulgamentos contra elesS) E, por 2alar em caminhos de 2erro, /3 *ue muitos
insectos se aco6ertavam com a 2arda de 2errovi3rios, era necess3rio dar1lhes, a
uns, sa2an9esW e a outros, a+oites) Duanto aos telegra2istas, esses, não se sa6e
por*u0, eram insectos encarni+ados, em massa, *ue não simpati>avam com os %ovietes)
"ada se podia di>er de 6om *uanto ao ?omité Executivo da União %indical dos
Gerrovi3rios RIiA/elS1C, nem *uanto a outros sindicatos, 2re*uentemente repletos de
insectos hostis , classe oper3ria) 5 enine, &6ras Escolhidas, 5o edi+ão, tomo @5,
p3g) 4C4) Q 'dem, p3g) 4C4) 9 'dem, p3g) 4C@) 1C &rgani>a+ão sindicalista, com uma
direc+ão menchevi*ue e socialista revolucion3ria, dissolvida em 191Q) R") dos ()S
A$DU'.E AB& #E BU AB @9 E os grupos *ue enumer3mos 2ormam /3 um enxame colossal,
*ue exige v3rios anos de tra6alho de limpe>a) Fas *uantos intelectuais malditos, de
todo o género, *uantos estudantes revoltados e *uantos tipos estranhos de
6uscadores da verdade, de inocentes, dos *uais /3 .edro ' se u2anava de ter limpo a
$<ssia e *ue estorvam sempre um regime severo e harmoniosoY "ão teria sido poss-vel
reali>ar essa opera+ão sanit3ria, e muito menos em condi+9es de guerra, se se
tivesse utili>ado 2ormas processuais e /ur-dicas caducas) Adoptou1se uma 2orma
completamente novaJ a repressão sem /ulgamento, e este ingrato tra6alho 2oi
assumido a6negadamente pela Vet1cheAa R?omissão Extraordin3ria de toda a UniãoS, a
%entinela da $evolu+ão, o <nico :rgão punitivo da hist:ria da humanidade *ue reuniu
nas mesmas mãos a investiga+ão, a deten+ão, a instru+ão do processo, a acusa+ão
p<6lica, o /ulgamento e a execu+ão da senten+a) Em 191Q, para acelerar de igual
modo a vit:ria cultural da revolu+ão, come+ou1se a esventrar e a p_r em cacos as
rel-*uias sagradas, a con2iscar os o6/ectos do culto religioso) Eclodiram revoltas
populares em de2esa das igre/as e mosteiros sa*ueados) A*ui e ali tocaram sinos a
re6ate e os ortodoxos acorriam, alguns munidos de varapaus) "aturalmente, havia *ue
eliminar alguns in loco e prender outros) $e2lectindo agora so6re os anos
191Q1194C, deparam1se1nos certas di2iculdadesJ devemos p_r em rela+ão com as
torrentes prisionais a*ueles *ue 2oram a+oitados, sem mesmo serem condu>idos ao
c3rcereY E em *ue categoria incluir todos a*ueles *ue os comités de camponeses
po6res eliminavam atr3s das cancelas, dos %ovietes da aldeia ou nas traseiras dos
*uintaisY (eriam acaso tempo de p_r os pés nas terras do Ar*uipélago os
organi>adores de conspira+9es, *ue eram desco6ertas em sérieY REm cada distrito as
haviaW em $ia>an houve duasW em =ostroma, Vich1nievolotsA e VeliAi, umaW em =iev e
em Foscovo, v3riasW outras tiveram lugar em %aratov, (chernigov, Astracã, %eliguer,
%molensA, Io6ruisA, cavalaria de (am6ov, (chem6arsA, Ieli1 uA, Fstislavl, etc)S &u
não tiveram tempo disso e não estão portanto relacionados com o tema da nossa
pes*uisaY A excep+ão do esmagamento das 2amosas revoltas de Karoslavl, Furoma,
$i6insA, Ar>amass, acerca de alguns acontecimentos s: conhecemos o nomeW por
exemplo, o 2u>ilamento em =olpinsA, em Junho de 191Q) Due se passouY #e *uem se
tratavaY Em *ue ru6rica inscrev01losY "ão é menor a di2iculdade *ue h3 em
determinar se se deve atri6uir ,s torrentes prisionais ou ao 6alan+o da Buerra ?
ivil, as de>enas de milhares de re2éns, esses ha6itantes pac-2icos, *ue
pessoalmente não são acusados de nada, nem se*uer os seus nomes estavam escritos a
l3pis numa lista, e *ue são votados ao exterm-nio, ao terror e , vingan+a do
inimigo armado, ou das massas revoltadas) #epois do dia @C de Agosto de 191Q, a
")=)V)#) deu ordens, in loco, de 7prender imediatamente todos os socialistas
revolucion3rios 4C A$DU'.E AB& #E BU AB de direita, elementos da 6urguesia e da
o2icialidade, agarrando consider3vel n<mero de re2éns811) RE como se, depois do
atentado do grupo de Alexandre Ulianov, tivesse sido preso não somente esse grupo,
mas tam6ém todos os estudantes da $<ssia e consider3vel n<mero de 2uncion3rios
administrativos do distrito)S .or disposi+ão do ?onselho da #e2esa, de 15 de
Gevereiro de 1919 T certamente so6 a presid0ncia de enine T, 2oi proposto , (cheAa
e , ")=)V)#) *ue tomassem como re2éns os camponeses de todos a*ueles lugares em *ue
a limpe>a da neve nos caminhos de 2erro 7se reali>ava de 2orma
insatis2at:ria8, so6 pena de *ue 7se a limpe>a da neve não 2osse e2ectuada, eles
seriam 2u>ilados814) .or disposi+ão do ?onselho dos ?omiss3rios do .ovo, de 2ins de
194C, 2oi decidido deter tam6ém os sociais1democratas como re2éns) Fas, mesmo
restringindo1nos s: ,s deten+9es ha6ituais, devemos assinalar *ue /3 na .rimavera
de 191Q des6ordava a ininterrupta torrente dos traidores socialistas, *ue devia
prolongar1se por muitos anos) (odos esses partidos 1 sociais revolucion3rios,
menchevi*ues,) anar*uistas, socialistas11populares ter1se1iam 2ingido, durante
décadas, revolucion3rios, a2ivelando apenas uma m3scara e sendo deportados
unicamente por issoJ tudo a 2ingir) E s: no curso impetuoso da revolu+ão se
exteriori>ou de s<6ito a ess0ncia 6urguesa desses social1traidores) Era natural
proceder , sua deten+ãoX ogo a seguir aos democratas constitucionais, com a
dissolu+ão da Assem6leia ?onstituinte, o desarme do regimento de .reo6ra/ensAi1@ e
outros, come+ou a agarrar aos poucos Rde in-cio discretamenteS, os socialistas
revolucion3rios e os menchevi*ues) Ap:s o 14 de Junho de 191Q, data da sua exclusão
de todos os %ovietes, essas deten+9es tornaram1se mais numerosas e mais 2re*uentes)
A partir de ; de Julho ca-ram tam6ém so6 a al+ada das persegui+9es os socialistas
revolucion3rios de es*uerda, *ue mais per2idamente e durante mais tempo tinham
2ingido ser aliados do <nico partido conse*uente do proletariado) E, desde então,
6astava *ue em *ual*uer 236rica ou 6airro oper3rio surgisse a agita+ão, o
descontentamento, as greves Rhouve muitas, logo no Verão de 191Q e em Far+o de
1941, a6alando .e1trogrado, Foscovo, em seguida =ronstadt, e o6rigando , ")E).)14S
para *ue, simultaneamente ao apa>iguamento, ,s concess9es, , satis2a+ão das leg-
timas reivindica+9es dos oper3rios, a (cheAa apanhasse, sem ru-do, pela noite, os
menchevi*ues e os socialistas revolucion3rios, considerados 11 Fensageiro da
")=)V)#), 191Q, ")bb 41144, p3g) 1) 14 #ecretos do $egime %oviético, vol) 'V,
Foscovo, 19;Q, p3g) ;45) 1J1 "ome de um regimento de guarda, 2undado por .edro, o
Brande, *ue tinha desempenhado um papel importante em Gevereiro e em &utu6ro de
1915, sendo 2avor3vel , revolu+ão) R") dos ()i 14 "ova .ol-tica Econ:mica) R") dos
()S A$DU'.E AB& #E BU AB 41 como os verdadeiros culpados dessas agita+9es) "o Verão
de 191Q, em A6ril e em &utu6ro de 1919, 2oram e2ectuadas numerosas deten+9es de
anar*uistas) "o ano de 1919 2oi presa a parte acess-vel do ?omité ?entral dos
socialistas revolucion3rios, e metida no c3rcere de IutirAi até ao seu /ulgamento,
em 1944) Em 1919, tam6ém, o conhecido tche*uista atsis escreveu so6re os
menchevi*uesJ 7Esses indiv-duos não 2a>em mais do *ue estorvar1nos) E por isso *ue
os a2astamos do caminho, para não nos enredarem as pernas))) Gechamo1los num lugar
retirado, em IutirAi, e o6rigamo11los a permanecer l3, en*uanto não terminar a luta
entre o tra6alho e o capital815) Ainda em 1919 2oram detidos, tam6ém, os delegados
ao ?ongresso dos &per3rios sem .artido Rmotivo pelo *ual este não se e2ectuouS)1;
#esde 1919 *ue 2icou patente toda a descon2ian+a para com os nossos compatriotas
*ue regressavam do estrangeiro Rpor*u0Y, com *ue missãoYS, prendendo1se assim os
o2iciais do corpo expedicion3rio russo Rem Gran+aS) "o mesmo ano de 1919, ap:s
ter1se lan+ado uma ampla rede em torno de verdadeiras e 2alsas conspira+9es Ra do ?
entro "acional, a do complot militarS em Foscovo, em .etrogrado e noutras cidades
2u>ilava1se por listas Risto é, apanhavam1se pessoas em li6erdade para um
2u>ilamento imediatoS e varria1se pura e simplesmente para as pris9es a
intelectualidade, considerada pr:xima dos cadetes) E *ue signi2icava 7pr:xima dos
cadetes8Y "ão mon3r*uica e não socialista, ou se/aJ todos os c-rculos cient-2icos,
todos os universit3rios, todos os valores art-sticos e
liter3rios, todo o corpo de engenharia) ] excep+ão dos escritores extremistas, dos
te:logos e dos te:ricos do socialismo, toda a restante intelectualidade Runs
oitenta por cento delaS era 7pr:xima dos cadetes8) Entre ela, segundo a opinião de
enine, estava inclu-do por exemplo =orolenAo 1 7um lament3vel 2ilisteu, preso a
preconceitos 6urgueses815, 7não sendo pecado *ue talentos destes passem uma
semana>inha na prisão8)1Q (emos conhecimento da exist0ncia de grupos isolados de
presos através de protestos de BorAi) Em 15 de %etem6ro de 1919, 'litch
responde1lheJ 7))) est3 claro, tam6ém, *ue houve erros8, mas 7imagine *ue desgra+aX
Due in/usti+aX8 E aconselha BorAi a não se consumir a choramingar pelos
intelectuais apodrecidos)19 Em Janeiro de 1919 2oi introdu>ido o racionamento de v-
veres e para a sua re*uisi+ão 2oram 2ormados destacamentos) 15 F)K) atsis 1 #ois
Anos de uta na Grente 'nterna) Exposi+ão popular da actividade da (cheAa) Edit) do
Estado, Foscovo, 194C, p3g) ;1) 1; 'dem, p3g) ;C) 15 enine, 5)a edi+ão, tomo 51,
p3gs) 4514Q) 1Q 'dem, p3g) 4Q) 19 idem, p3g) 49) 44 A$DU'.E AB& #E BU AB Em toda a
parte, nas aldeias, eles encontravam resist0ncia 1 ora o6stinadamente evasiva, ora
violenta) & esmagamento dessa resist0ncia Rsem contar os 2u>ilados em 2lagranteS
deu lugar a uma a6undante torrente de presos, prolongando1se por dois anos)
&mitimos deli6eradamente toda uma grande parte da tritura+ão operada pela (cheAa,
pelas %ec+9es Especiais e pelos (ri6unais $evolucion3rios, *ue estava ligada ao
avan+o da linha da 2rente, com a ocupa+ão de cidades e de regi9es) A directri> da
")=)V)#), de @C de Agosto de 191Q, visava os es2or+os 7para o 2u>ilamento
incondicional de todos os implicados nas ac+9es dos guardas 6rancos8) Fas, por
ve>es, n:s perdemo1nosJ como 2a>er uma delimita+ão correctaY %e, no Verão de 194C,
*uando a Buerra ?ivil ainda não tinha completamente terminado em todos os lugares,
mas /3 em todo o caso no #on, 2oram enviadas desta região, de $ostov e de "ovo
(cherAass, um elevado n<mero de o2iciais a ArcLngel, e dali, em 6arcas, a %olovAi
Rdi>1se *ue algumas delas 2oram a2undadas no mar Iranco, assim como aconteceu
tam6ém no mar ?3spioS, dever3 relacionar1se tudo isto com a Buerra ?ivil ou com o
in-cio da constru+ão pac-2icaY %e, nesse mesmo ano, em "ovo (cherAass, 2oi 2u>ilada
a mulher de um o2icial, *ue estava gr3vida, por esconder o marido, em *ue categoria
incluir istoY ^3 uma conhecida resolu+ão do ?omité ?entral, de Faio de 194C 7so6re
a actividade de sapa na retaguarda8) %a6emos, por experi0ncia, *ue *ual*uer
resolu+ão desse tipo constitui um impulso para uma nova torrente de pris9es por
toda a parte, sendo o sintoma exterior da torrente) a Uma di2iculdade particular
Rmas tam6ém um mérito particularS na organi>a+ão de todas estas levas cou6e, até ao
ano de 1944, , aus0ncia de um ?:digo .enal, de *ual*uer sistema de leis penais) %:
a consci0ncia da /usti+a revolucion3ria Rsempre in2al-velXS serviu de guia aos
con2iscadores e aos canali>adores, indicando1lhes *uem a6ar6atar e *ue 2a>er deles)
"este resumo não vamos seguir as levas dos criminosos e delin*uentes de direito
comum4C e por isso recordaremos apenas *ue as desgra+as e pen<rias, criadas pelas
condi+9es de reorgani>a+ão das administra+9es, das institui+9es e de todas as leis,
s: poderiam 2a>er aumentar, em grande n<mero, os rou6os, os actos de 6anditismo, de
viol0ncia e de especula+ão) Em6ora estes não 2ossem tão perigosos para a exist0ncia
da $ep<6lica, esta criminalidade comum 2oi tam6ém em parte perseguida e as
respectivas
levas aumentaram as torrentes de contra1revolucion3rios) Fas havia tam6ém uma
especula+ão de car3cter completamente pol-tico, como indicava o decreto do ?onselho
dos ?omiss3rios do .ovo, assinado por enine em 44 de Julho de 191QJ 7&s culpados de
venda, a+am6arcamentos ou arma>enamentos AgolovuiA Rdelin*uente de direito comumSJ
delin*uente ha6itualW IitoviA Rcrimin so de direito comumSJ criminoso ocasional)
R") dos ()S A$DU'.E AB& #E BU AB 4@ , para 2ins comerciais, de géneros aliment-
cios, monopoli>ados pela $ep<6lica Ro campon0s arma>ena o seu cereal para a venda
com 2ins comerciais, mas *ual é o seu comércioY T A) %)S, são punidos com a
priva+ão da li6erdade por um pra>o não in2erior a de> anos, seguidos de tra6alhos
2or+ados pesados e con2isco de todos os seus 6ens)8 A partir desse Verão, o campo,
*ue estava a 2a>er es2or+os acima das suas 2or+as, passou a ceder ano ap:s ano a
colheita gratuitamente) 'sto provocou revoltas camponesas41 *ue 2oram esmagadas,
sendo e2ectuadas novas deten+9es) "o ano de 194C n:s temos conhecimento Rou antes
não temos)))S do processo da União ?amponesa da %i6éria) E é tam6ém em 2ins do
mesmo ano *ue se veri2ica o esmagamento preventivo da insurrei+ão camponesa de
(am6ov) R"este caso, não houve processo /udicial)S Fas a maior parte dos ha6itantes
das aldeias de (am6ov 2oi presa em Junho de 1941) "essa prov-ncia a6riram1se campos
de concentra+ão para as 2am-lias dos camponeses *ue participaram no movimento
insurreccional) .arcelas de campo raso 2oram cercadas com postes de arame 2arpado e
nelas 2oi mantida durante tr0s semanas cada 2am-lia suspeita de *ue algum dos seus
homens 2i>esse parte dos insurrectos) %e ao 2im das tr0s semanas, esse homem não se
apresentasse para resgatar a 2am-lia com a sua ca6e+a, ela era desterrada44) Fas /3
antes, em Far+o de 1941, tinham sido enviados para a ilha do Ar*uipélago, através
do 6astião de (ru6etsA, da Gortale>a de .edro e .aulo, os marinheiros su6levados da
6ase de =ronstadt, , excep+ão dos *ue 2oram 2u>ilados) Esse mesmo ano de 1941
come+ou com a ordem n<mero de>, datada de Q de Janeiro, da (cheAa de toda a União,
*ue re>aJ 7'ntensi2icar a repressão contra a 6urguesiaX Agora, *ue a Buerra ?ivil
aca6ou, não a2rouxar a repressão, mas intensi2ic31laX8 As conse*u0ncias disso, na ?
rimeia, 2oram mostradas em alguns versos de Volochin) "o Verão de 1941 2oi detido o
?omité %ocial de A/uda ,s V-timas da Gome R=usAova, .roAopovitch, =ichAin e
outrosS, *ue tentava impedir o avan+o duma 2ome sem precedentes na $<ssia) E *ue
essas mãos *ue davam de comer não eram as apropriadas para vir em a/uda dos
2amintos) & /3 mori6undo =orolenAo, respeitado presidente deste comité,
caracteri>ou o seu esmagamento como 7a pior das politi*uices de um governo de
politi*ueiros 41 A parte mais la6oriosa do povo 2oi exterminada completamente)8
R=orolenAo, carta de 1C1Q141, enviada a BorAi)S 44 $evista Buerra e $evolu+ão, ")os
51Q, de 194;) (uAhatchevsAiJ A uta contra as 'nsurrei+9es contra1$evolucion3rias)
44 A$DU'.E AB& #E BU AB 8 Rcarta enviada, em 14 de %etem6ro de 1941, a BorAiS) RE
=orolen1Ao recorda1nos tam6ém a signi2icativa particularidade dos c3rceres em
19414@J 7Estão todos impregnados de ti2o)8 Assim o con2irmam %AripniAova e outros,
*ue estiveram detidos então)S
"esse ano de 1941 /3 se e2ectuaram pris9es de estudantes Rpor exemplo, na Academia
(imiria>ev, o grupo de E) #oiarenAoS, por cr-ticas ao regime Rnão em p<6lico, mas
em conversas entre colegasS) ?asos desses eram ainda poucos, pelos vistos, pois
esse grupo 2oi interrogado pelos pr:prios Fen/insAi e 'agoda) "o mesmo ano de 1941
as deten+9es 2oram ampliadas e incidiram so6re mem6ros dos outros partidos) Fas /3,
2alando com propriedade, tinham aca6ado de2initivamente todos os partidos pol-ticos
da $<ssia, , excep+ão do vencedor) RAhX, *uem 6oa cama 2i>er)))S E para *ue o
desmoronamento desses partidos 2osse irrevers-vel era ainda necess3rio *ue se
destro+assem os pr:prios mem6ros desses partidos, os corpos desses mem6ros) "enhum
cidadão do Estado $usso *ue tivesse sido mem6ro de outro partido pol-tico *ue não o
6olchevi*ue escapava a esse destinoJ estava condenado Rse não conseguia, como
FaisAi ou VichinsAi, passar1se a tempo para os comunistasS) .odia não ser preso na
primeira rodadaW podia so6reviver, segundo o grau da sua periculosidade, até 1944,
19@4 ou 19@5, mas as listas estavam guardadas, ia chegar a sua ve>, a sua ve>
aproximava1se, detinham1no ou convocavam1no amavelmente, 2a>endo1lhe uma <nica
perguntaJ 2e> parte ou não))) de))) até)))Y REra costume ser interrogado so6re a
sua actividade hostil, mas a primeira pergunta de tudo decidia, como é claro, agora
decorridos decénios)S Em seguida, a sua sorte podia variar) Uns ca-am rapidamente
numa das céle6res centrais prisionais c>aristas, *ue se tinham conservado, e alguns
socialistas 2oram até parar ,s mesmas celas, com os mesmos guardas *ue /3 tinham
conhecido antes) A outros 2oi1lhes proposto o desterro, mas não por muito tempo 1
uns dois ou tr0s anitos) &u então algo de mais suaveJ uma diminui+ão da li6erdade
de desloca+ão, escolhendo ele pr:prio o seu lugar de resid0ncia, com a condi+ão de
ser tão am3vel *ue se su/eitasse a controle, aguardando a vontade da B) .) U)
RAdministra+ão .ol-tica do EstadoS) Esta opera+ão prolongou1se por muitos anos
por*ue a condi+ão principal era o sil0ncio e a discri+ão) & *ue importava,
rigorosamente, era limpar Foscovo, .etrogrado, os portos, os centros industriais, e
depois as simples 4@ =orolenAo escreveu a BorAi R491;141SJ 7A ^ist:ria mencionar3
algum dia *ue a revolu+ão 6olchevi*ue reprimia os revolucion3rios e socialistas
sinceros com meios iguais aos do regime c>arista)8 A$DU'.E AB& #E BU AB 45 prov-
ncias, de todas as outras espécies de socialistas) 'sto exigiu uma paci0ncia
silenciosa, de Jo6, cu/as regras eram inteiramente incompreens-veis para os
contemporLneos e de cu/os contornos s: agora podemos dar1nos conta) Due
intelig0ncia tão previdente era essa *ue planeou tudo istoW *ue mãos tão cuidadosas
eram essas *ue, sem perder um instante, manipulavam as 2ichasY A*uele *ue tinha
cumprido tr0s anos era tirado de um monte dessas 2ichas e colocado suavemente
noutro) A*uele *ue tinha estado numa central era enviado para o desterro Re o mais
longe poss-velS) A*uele *ue tinha resid0ncia 2ixa era tam6ém mandado para o
desterro Rmas 2ora dos limites da resid0ncia 2ixaS) A*uele *ue /3 estava no
desterro era desterrado para outro local e depois novamente trans2erido para uma
central R/3 outraS) A paci0ncia, sempre a paci0ncia, reinava nesse /ogo de
paci0ncias estendidas so6re a mesa) E sem ru-do, sem clamor, gradualmente, iam
desaparecendo os dos outros partidos, perdendo todas as liga+9es com os lugares e
as pessoas onde antes eram conhecidos, eles e a sua actividade revolucion3ria) E
assim, impercept-vel e in2lexivelmente, se preparava a destrui+ão da*ueles *ue
noutros tempos se en2ureciam nos com-cios de estudantesW da*ueles *ue com orgulho
2a>iam retinir as grilhetas c>aristas)
"esta opera+ão da Brande .aci0ncia 2oi exterminada a maioria dos velhos presos pol-
ticos, pois era precisamente aos socialistas revolucion3rios e aos anar*uistas, e
não aos sociais1democratas, *ue os tri6unais c>aristas impunham as penas mais
severasW a eles, *ue constitu-am /ustamente a antiga popula+ão das deporta+9es) A
regularidade do exterm-nio era, entretanto, /ustaJ nos anos 4C ti1nham1lhes
proposto assinar retracta+9es escritas dos seus partidos e das suas ideologias)
Alguns recusaram1 se e ca-ram assim, naturalmente, na primeira rodada do exterm-
nioW outros 2i>eram essas retracta+9es e conseguiram, desse modo,mais uns anos de
vida) Fas chegou inexoravelmente a sua ve> e inexoravelmente, tam6ém, as ca6e+as
ca-ram dos seus om6ros44) "a .rimavera de 1944 a (cheAa R?omissão Extraordin3ria
para a uta contra a contra1 $evolu+ão e a Especula+ãoS, *ue aca6ava de ser
cognominada B).)U), decidiu intervir nos assuntos religiosos) Galtava ainda levar a
ca6o a 7revolu+ão eclesi3stica8J su6stituir a hierar*uia e colocar em seu 44 ]s
ve>es lemos no /ornal um artiguelho e 2icamos 6o*uia6ertosJ & l>vie>tia, de 44 de
Faio de 1959, contava *ue um ano ap:s o advento de ^itler ao .oder, Faximilian
^uaAe 2oi detido por pertencer))) não a um partido *ual*uer, mas ao .artido ?
omunista) Ani*uilaram11noY "ão, condenaram1no a dois anos) #epois disso,
certamente, teve uma nova condena+ãoY "ão, 2oi posto em li6erdade) ?ompreenda1se
isso como se *uiserX Ele continuou a viver em seguida, tran*uilamente, organi>ando
a actividade clandestina) & artigo destinava1se a p_r em relevo a sua intrepide>)
4; A$DU'.E AB& #E BU AB lugar outra *ue estendesse uma s: orelha para o céu e a
outra para a u16ianAa) &s clérigos da 'gre/a Viva45, tinham prometido *ue seria
assim, mas sem a/uda exterior eles não podiam dominar o aparelho religioso) .or
essa ra>ão 2oi preso o patriarca (iAhon e montaram1se dois ruidosos processos,
seguidos de 2u>ilamentosJ em Foscovo, o dos propagadores do apelo do patriarcaW
em .etrogrado, o do metropolita Veniamin, *ue punha o6st3culos , transmissão do
poder religioso aos partid3rios da 'gre/a Viva) "as prov-ncias e distritos, a*ui e
acol3, 2oram presos os metropolitas e os 6ispos e logo a seguir aos peixes gordos,
chegou, como sempre, a ve> dos mi<dosJ os arciprestes, monges e di3conos, acerca
dos *uais /3 a 'mprensa nada noticiava) (odos a*ueles *ue não prestavam /uramento
de 2idelidade ao impetuoso movimento renovador da 'gre/a Viva eram detidos) &s
sacerdotes eram parte o6rigat:ria de cada leva di3ria e os seus ca6elos grisalhos
6rilhavam de etapa em etapa para %olovAi) "os primeiros anos da década de 4C ca-ram
tam6ém seitas de te:so2os, m-sticos, espiritistas Rum grupo como o do conde .ahlen
2a>ia relat:rios das suas conversas com os esp-ritosS, sociedades religiosas e
2il:so2os do c-rculo de Ierdiaiev) Entrementes, 2oram presos e des6aratados os
7cat:licos orientais8 Rdisc-pulos de Vladimir %oloviovS, assim como o grupo de A)
') A6riA:ssova) Duanto aos simples cat:licos e aos sacerdotes polacos,
en1tregavam1se , prisão eles mesmos) "o entanto, o exterm-nio radical da religião
no nosso pa-s, ao longo dos anos 4C e @C, tendo sido um dos o6/ectivos importantes
do grupo B).)U)1")=)V)#), s: poderia ser conseguido com a deten+ão em massa dos
pr:prios ortodoxos) Apanhavam1se, encarceravam1se e deportavam1se de modo intensivo
os 2rades e 2reiras, *ue tanto enegreciam a vida russa) #eti1nham1se e /ulgavam1se
os c-rculos de 2iéis particularmente activos) Estes c-rculos ampliavam1se sempre e
logo eram varridos os crentes, *ue eram pessoas idosas, so6retudo mulheres, mais
o6stinadas na sua 2é, ,s
*uais, durante os longos anos de deporta+ão e de campos de concentra+ão, se passou
tam6ém a chamar 2reiras) ?onsiderava1se, é certo, *ue todos eram presos e /ulgados,
ao *ue parece, não pelo seu credo mas por mani2estarem convic+9es em vo> alta e por
darem uma educa+ão ,s crian+as nesse esp-rito) ?omo escreveu (Lnia =hodAevitchJ
.odes orar livremente, Fas))) de modo *ue s: #eus te escute) A 'gre/a Viva ou
7renovada8, 2oi criada em 1944, em oposi+ão ao patriarca (iAhon, etendendo uma
cola6ora+ão estreita com o poder soviético, sem ter, contudo, um grande 0xito) R")
dos ()S e A$DU'.E AB& #E BU AB 45 R.or este verso, ela 2oi condenada a de> anos)S
As pessoas convictas de possu-rem a verdade espiritual deveriam ocult31la dos)))
seus 2ilhosXXX A educa+ão religiosa das crian+as nos anos 4C, passou a ser
*uali2icada como um delito, a6rangido pelo artigo 5Q1 1C, isto é, como agita+ão
contra11revolucion3riaX E certo *ue no tri6unal havia ainda a possi6ilidade de
a6/urar da religião) Em6ora não 2osse 2re*uente, casos havia em *ue o pai a6/urava
e 2icava a criar os 2ilhos, en*uanto a mãe ia para %olovAi Rdurante todas estas
décadas as mulheres revelaram uma grande 2irme>a de convic+ãoS) (odas as religiosas
apanhavam de> anos, *ue era então a condena+ão mais longa) RAo limpar as grandes
cidades para a sociedade pura *ue se avi>inhava, 2oram misturadas nesses mesmos
anos, especialmente em 1945, as 2reiras com as prostitutas, e tam6ém enviadas a
%olovAi) ]s amantes da pecadora vida terrena reservava1se uma leve condena+ão de
tr0s anos) & am6iente das levas, as expedi+9es e a pr:pria %olovAi, não as impediam
de ganhar a vida na sua alegre pro2issão, com os che2es e os soldados da escolta, e
regressavam ao ca6o de tr0s anos, com as suas pesadas malas, ao ponto de partida)
Duanto ,s 7religiosas8, era1lhes vedada a possi6ilidade de /amais regressarem aos
seus 2ilhos e , sua terra natal)S #esde os primeiros anos da década de 4C *ue
apareceram correntes puramente nacionais, por en*uanto redu>idas, relativamente ,s
respectivas regi9es 2ronteiri+as, e ainda mais relativamente ,s dimens9es russasJ
mus1savatistas do A>er6ei/ão, dachnaAos da Arménia, menchevi*ues da Be:rgia e
6assmatches da (urcoménia, *ue o2ereceram resist0ncia , implanta+ão, na Zsia ?
entral, do poder soviético Ros primeiros %ovietes de deputados, oper3rios,
camponeses e soldados tinham uma maioria numérica de russos e eram interpretados
como um poder russoS) Em 194; 2oi totalmente aprisionada a sociedade sionista
^e/aluts, *ue não tinha sa6ido elevar1se até ao irresist-vel impulso do
internacionalismo) Entre muitos da*ueles *ue pertencem ,s gera+9es seguintes
2irmou1se a ideia de *ue os anos 4C constitu-ram uma espécie de orgia de li6erdade,
*ue nada limitava) "o presente livro havemos de encontrar pessoas *ue se
ressentiram dos anos 4C de maneira a6solutamente di2erente) &s estudantes sem
partido 6atiam1se nesse tempo pela 7autonomia das escolas superiores8W pelo direito
de reali>ar assem6leias pela não inclusão nos programas de estudo de um excesso de
matérias pol-ticas) ?omo resposta so6revinham as deten+9es, deten+9es estas *ue
aumentavam nas vésperas das 2estas Rpor exemplo, no 1)O de Faio de 1944S) Em 1945,
um certo n<mero de estudantes de eninegrado Rcerca de uma centenaS 2oram condenados
a tr0s anos de prisão, em isolamento 7pol-tico8, pela leitura de & Fensageiro
%ocialista4; e pelo estudo de .leAhanov Ro pr:prio .leAhanov, *uando /ovem, por um
discurso pronunciado contra o Boverno, /unto da ?atedral de =a>an, $evista
pu6licada em .aris, de emigrados menchevi*ues) R") dos ()S 4Q
A$DU'.E AB& #E BU AB apanhara muito menosS) Em 1945, come+aram as deten+9es dos
primeiros R/ovensS trots*uistas) #ois ingénuos soldados vermelhos *ue, seguindo a
tradi+ão russa, come+aram a angariar 2undos para os presos trots*uistas, 2oram
tam6ém atirados para pris9es pol-ticas e mantidos incomunic3veis) ?ompreende1se *ue
não escapassem ao golpe as classes exploradoras) Em toda a década de 4C continuou o
2lagelo de antigos o2iciais *ue tinham escapado com vidaJ os 6ra+os *ue não tinham
merecido o 2u>ilamento durante a Buerra ?ivilW os 6rancos1vermelhos, *ue haviam
lutado dos dois lados, e ainda os c>aristas vermelhos, *ue não tinham servido todo
o tempo no Exército Vermelho ou haviam tido interrup+9es de servi+o, não atestadas
por documentos) #i>emos 2lagelo por*ue não lhes davam logo as condena+9es, senão
*ue passavam 1 sempre a paci0nciaX 1 por veri2ica+9es intermin3veis, tornando1se
o6/ecto de limita+9es no tra6alho, no lugar de resid0ncia, e sendo detidos, soltos
e novamente detidos, até irem gradualmente parar a campos de concentra+ão, donde
não voltariam mais) Entretanto, com o envio de o2iciais para o Ar*uipélago, a
solu+ão do pro6lema não 2icava conclu-da, não 2a>endo mais do *ue come+arJ restavam
ainda, na verdade, as mães dos o2iciais, as suas esposas e 2ilhos) .rocedendo a uma
an3lise social in2al-vel, era 23cil imaginar *ual seria o estado de esp-rito
destes, ap:s a prisão dos che2es de 2am-lia) #esse modo, provocavam, eles pr:prios,
muito simplesmente, a sua deten+ãoX E eis *ue a torrente engrossa) "os anos 4C
houve uma amnistia para os cossacos *ue participaram na Buerra ?ivil) Fuitos
regressaram da ilha de emnos ao =u6an e rece6eram terras) Fas, posteriormente,
2oram todos detidos) &s antigos 2uncion3rios do Estado, *ue se tinham escondido,
estavam su/eitos a ser agarrados) Eles camu2laram1se ha6ilmente, aproveitando1se do
2acto de *ue na $ep<6lica ainda não existia o sistema do passaporte interior nem da
caderneta de tra6alho, e 2oram introdu>indo1se nas institui+9es soviéticas) "este
sentido 2oram de muita a/uda os lapsus linguae, os conhecimentos casuais, as
den<ncias))) perdão, os 7relat:rios de com6ate8 dos vi>inhos) R.or ve>es tratava1se
de uma pura casualidade) Um tal Fova, por simples a2ei+ão de coleccionador, tinha
guardado em casa uma lista dos antigos 2uncion3rios /ur-dicos da prov-ncia) Em 1945
isso 2oi desco6erto casualmenteJ todos 2oram detidos e 2u>ilados)S Assim se iam
2ormando torrentes com o 2undamento da 7oculta+ão da origem social8 e d3 7antiga
posi+ão social8) Essas express9es eram interpretadas num sentido amplo) &s no6res
eram presos por meros ind-cios de casta) & mesmo se passava com as respectivas 2am-
lias) Ginalmente, sem grande preocupa+ão de clare>a, eram presos tam6ém os no6res a
t-tulo pessoal45 isto é, pessoas *ue noutros tempos 7no6res a t-tulo pessoal8 Risto
é, cu/a no6re>a era intransmiss-velS eram todos a*ueles *ue possu-am um grau tanto
civil como militar) R(V) dos ()S A$DU'.E AB& #E BU AB 49 p:s tinham terminado
estudos universit3rios) E uma ve> detidos, não se podia voltar atr3sJ o *ue estava
2eito estava 2eito) Uma sentinela da $evolu+ão não se engana) Fas não, h3 sempre um
ou outro caminho para voltar a tr3sX %ão as 2inas e ténues contracorrentes, *ue ,s
ve>es no entanto conseguem irromper) E mencionaremos a*ui a primeira) Entre as
esposas e 2ilhos de no6res o2iciais havia não raramente mulheres *ue se destacavam
pelas suas *ualidades pr:prias e pelo seu aspecto atraente) Algumas sou6eram talhar
para si uma min<scula torrente ao invés T em direc+ão contr3riaX Eram todas a*uelas
*ue se lem6ravam de *ue a vida nos é dada uma s: ve> e *ue não h3
nada de mais *uerido do *ue a nossa vida) &2ereceram1se , (cheAa1B) .) U) como
in2ormadoras, como cola6oradoras, como não importa *u0 1 e as *ue lhes agradaram
2oram admitidas) (ornaram1se as in2ormadoras mais proveitosasX A/udaram muito a
B) .) U), *ue teve enorme con2ian+a nas ditas) ^3 *ue citar a*ui os nomes da <ltima
princesa Via1>emsAaia, a mais )not3vel das denunciantes do per-odo posterior ,
revolu+ão 1 o seu 2ilho 2oi tam6ém delator em %olovAi TW e o de ?onc:rdia "iAo1
laievna 'osse, *ue era, pelos vistos, uma mulher 6rilhanteJ o seu marido, um
o2icial, 2oi 2u>ilado na sua 2rente, e a ela mandaram1na para %olovAi, mas aca6ou
por pedir para regressar e, perto da Brande u6ianAa, dirigia um salão *ue as
importantes personagens dessa casa muito gostavam de 2re*uentar) %: em 19@5 voltou
a ser detida com os seus clientes, 'agoda e *ue/andos) E c:mico di>01lo, mas por
uma tradi+ão a6surda conservava1se a ?ru> Vermelha .ol-tica da Velha $<ssia)4Q
^avia tr0s sec+9esJ a de Foscovo RE) .echAova, VinaverSW a de ?rac:via R
%andomirsAaiaS e a de .etrogrado) A de Foscovo portava1se decentemente e até 19@5
não 2oi dissolvida) Fas a de .etrogrado Ro velho populista ?hevtsov, o coxo Bartman
e =otche1rovsAiS comportava1se de maneira insuport3vel, insolente, metia1se em
assuntos pol-ticos, procurava apoiar1se nos antigos prisioneiros da 2ortale>a de ?
hlissel6urg R"ovorussAi, do grupo de AleAsandr UlianovS e a/udava não s: os
socialistas, como tam6ém os democratas1constitucionais contra11revolucion3rios) Goi
2echada em 194; e os seus dirigentes presos e deportados) &s anos passam e o *ue
não se re2resca apaga1se nas nossas mem:rias) Envolto nas 6rumas da distLncia, o
ano de 1945 é por n:s evocado como um ano despreocupado e 2arto da ") E) .), não
suprimida ainda) Fas 2oi um ano tenso, a6alado pelas explos9es dos /ornais, sendo
vivido, como a véspera da guerra, pela revolu+ão mundial) & assass-nio do
representante plenipotenci3rio soviético em Vars:via inundou as colunas dos
/ornais, em Junho) FaiaAovsAi consagrou1lhe *uatro ri6om6antes poemas) &rgani>a+ão
de solidariedade aos presos pol-ticos R") dos ()S 5C A$DU'.E AB& #E BU AB Fas, por
pouca sorte, a .ol:nia apresentou desculpas, e o assassino isolado de VoiAov49 2oi
preso nesse pa-s) ?omo e contra *uem, pois, cumprir o apelo do poetaJ ?om união,
2irme>a e repressão, lancemo1nos a ele, tor+amos1lhe o pesco+oX A *uem reprimirY A
*uem torcer o pesco+oY 'mediatamente come+a a promo+ão VoiAov) ?omo sempre, *uando
h3 agita+9es e tens9es, são detidos os do costumeJ os anar*uistas, os socialistas
revolucion3rios, os menchevi*<es e ainda a intelig0ncia pura e simples) "a verdade,
*uem mais deter, nas cidadesY "ão a classe oper3riaX Fas a intelectualidade
7pr:xima dos cadetes8W essa, /3 tinha apanhado uns 6ons sa2an9es, a partir de 1919)
"ão teria chegado a hora de sacudir a intelectualidade, *ue se 2a>ia passar por
progressistaY #e passar ao crivo os estudantesY Iasta, outra ve>, 2olhear
FaiaAovsAiJ .ensa no =omsomol dias e noitesX As suas 2ileiras examina1as mais
atentamente)
%erão todos Aomsomols de verdadeY &u serão apenas Aomsomols mascaradosY Uma
concep+ão c:moda do mundo d3 origem a um c:modo termo /ur-dicoJ o de pro2ilaxia
social) Ei1lo adoptado, aceite e compreendido imediatamente por todos) RUm dos
che2es da constru+ão do canal do mar Iranco, a>ar =ogan, di1lo13 desenvoltamenteJ
7Eu acredito *ue voc0 não é culpado de nada, pessoalmente) Fas é uma pessoa culta e
deve, pois, compreender *ue estamos a reali>ar uma vasta pro2ilaxia socialX8S "a
realidade, *uando deter esses companheiros de viagem inseguros, toda essa
intelectualidade vacilante e apodrecida, senão nas vésperas da guerra pela
revolu+ão 49 %egundo parece, este mon3r*uico matou VoiAov por vingan+a pessoalJ
comiss3rio do ?omité $egional de a6astecimento dos Urais, VoiAov teria dirigido, em
Junho de 191Q, a destrui+ão dos vest-gios do 2u>ilamento da 2am-lia c>arista
Res2acelamento e serra+ão dos ossos, crema+ão e dispersão das cin>asS) A$DU'.E AB&
#E BU AB 51 mundialY Duando a grande guerra eclodir /3 ser3 tarde) E em Foscovo
come+a uma limpe>a plani2icada, de *uarteirão em *uarteirão) Em todos os lugares
alguém deve ser a6ar6atado) A palavra de ordem éJ 7#aremos um murro na mesa tão
2orte *ue o mundo estremecer3 de horrorX8 .ara a u6ianAa, para a IutirAi, correm
velo>es, mesmo de dia, carros celulares, autom:veis, cami9es 2echados e carro+as
a6ertas, puxadas por cavalos) ^3 engarra2amentos nos port9es e engarra2amentos no
p3tio) & tempo não chega para 2a>er os descarregamentos e os registos) R%ucede o
mesmo noutras cidades) Em $ostov do #on, na cave da casa trinta e tr0s, era tal o
aperto no chão, nesses dias, *ue o recém1chegado IoiAo *uase não encontrou lugar
para sentar1se)S (omemos um exemplo t-pico dessa torrenteJ algumas de>enas de
/ovens organi>aram ser9es musicais, para os *uais não pediram a autori>a+ão da
B) .) U) &uvem m<sica e 6e6em ch3) .ara pagar o ch3 angariam uns *uantos Aopecs) E
claro *ue a m<sica constitui uma dissimula+ão do seu estado de esp-rito
contra1revolucion3rio e *ue o dinheiro angariado não é de modo algum para o ch3,
mas para vir em a/uda da 6urguesia mundial agoni>ante) (&#&% eles são presos e
condenados de tr0s a de> anos RAnna %AripniAova apanha cincoS e os organi>adores
*ue não reconhecem a culpa )R'van "iAolaievitch, Varentsov e outrosS são GUU' A#&%X
&u então, nesse mesmo ano, re<nem1se, algures, em .aris, os estudantes emigrados, a
2im de comemorar a tradicional 2esta do liceu consagrada a .uschAine) &s /ornais
deram not-cias do 2acto) (rata1se, evidentemente, de um des-gnio do imperialismo,
moralmente 2erido) E eis *ue são detidos (&#&% os estudantes desse liceu, *ue
restavam ainda na U) $) %) %) e, ao mesmo tempo, os estudantes da Escola de #ireito
Routro esta6elecimento tam6ém privilegiadoS) A promo+ão VoiAov redu>1se, por
en*uanto, ,s dimens9es do E EGA"(E 1 designa+ão especial do ?ampo de %olovAi) Fas o
crescimento maligno do Ar*uipélago de BU AB /3 tinha come+ado e 6em depressa ele
dispersar3 as suas met3stases por todo o corpo do pa-s) ) .rovando um novo 2ruto,
surgiu um novo apetite) ^3 muito *ue é tempo de destruir a intelectualidade
técnica, *ue tem demasiadas pretens9es de ser insu6stitu-vel e *ue não est3
ha6ituada a cumprir imediatamente as ordens) %e/amos clarosJ n:s nunca deposit3mos
con2ian+a nos engenheiros, esses lacaios dos antigos patr9es capitalistas) #esde os
primeiros anos da $evolu+ão *ue os coloc3mos
so6 um são controle, su6metidos , descon2ian+a da classe oper3ria) Entretanto, no
per-odo da reconstru+ão, mesmo assim n:s pr:prios lhes permitimos *ue tra6alhassem
na nossa ind<stria, concentrando toda a 2or+a o2ensiva de classe na outra
intelectualidade) Fas, , medida *ue amadurecia a nossa direc+ão econ:mica Ro ?
onselho de Economia dos .ovos de toda a União e o .lano EstatalS e aumentava o
n<mero de planos, come+ando estes a entrar em con2lito e a seguir1se uns aos 54
A$DU'.E AB& #E BU AB outros, mais clara se tornava a nature>a sa6otadora do velho
corpo de engenharia, a sua 2alsidade, ast<cia e venalidade) A %entinela da
$evolu+ão 2ran>ia mais os so6rolhos e para onde *uer *ue olhasse com os olhos
2ran>idos logo desco6ria um ninho de sa6otagem) Este tra6alho de saneamento p_s1se
em marcha no ano de 1945 e logo 2oi mostrando ao proletariado todas as causas dos
nossos 2racassos econ:micos e das nossas car0ncias) "o ?omissariado dos (ransportes
do .ovo Rdos 2errovi3riosS havia sa6otagemJ por isso era di2-cil conseguir passagem
nos com6oios e sucediam1se as interrup+9es na distri6ui+ão de mercadorias) "a União
Estatal de ?entrais Eléctricas de Foscovo havia sa6otagemJ por isso veri2icavam1se
cortes de lu>) "a ind<stria petrol-2era havia sa6otagemJ por isso não se conseguia
*uerosene) "a ind<stria t0xtil havia sa6otagemJ por isso as pessoas *ue tra6alhavam
não tinham *ue vestir) "a ind<stria do carvão havia uma sa6otagem colossalJ por
isso gel3vamos de 2rioX "a do metal, na de guerra, na de constru+ão de ma*uinaria,
na de constru+ão de 6arcos, na de *u-mica, na de ouro e de platina, na de irriga+ão
T por todo o lado havia a6cessos purulentos de sa6otagemX .or todos os lados
surgiam inimigos com réguas de logaritmosX A B) .) U) su2ocava na tare2a de agarrar
e de carregar sa6otadores) "as capitais e nas prov-ncias actuavam as comiss9es de
união da Administra+ão .ol-tica do Estado e os tri6unais prolet3rios, revolvendo
essa imund-cie viscosa e todos os dias soltando ais de surpresa) &s tra6alhadores
eram in2ormados Rou nãoS das <ltimas 6andalhices dos sa6otadores, através dos
/ornais) %ou6e1se dos casos de .altchinsAi, de Von FeAAe, de VielitchAo@C e de
tantos outros an:nimos) ?ada ramo da ind<stria, cada 236rica e cada o2icina de
artesanato devia detectar a sa6otagem *ue havia no seu seio e logo *ue se punham em
campo imediatamente a desco6riam Rcom a a/uda da B) .) U)S) %e algum engenheiro
2ormado antes da $evolu+ão não tinha sido desmascarado como traidor, podia com toda
a certe>a suspeitar1se de *ue o era) E *ue re2inados mal2eitores eram estes velhos
engenheiros, com *ue diversidade de manhas satLnicas sa6iam sa6otarX "iAolai
=arlovitch von FeAAe, do ?omissariado dos (ransportes do .ovo, 2ingia1se muito
devotado , constru+ão da nova economia, 2alando longa e animadamente acerca dos
pro6lemas econ:micos da constru+ão do socialismo e gostando de dar conselhos) &
pior dos seus conselhos 2oi esteJ aumentar as composi+9es de mercadorias, não temer
*ue 2ossem muito carregadas) .or interven+ão da B) .) U), Von FeAAe 2oi
desmascarado Re 2u>iladoS, pois visava o desgaste das linhas 2érreas, dos vag9es e
das locomotivas, de modo a deixar a $ep<6lica, em caso de interven+ão, sem caminhos
de 2erro) Entretanto, passado A) G) VielitchAo, o2icial engenheiro, antigo
pro2essor da Academia Filitar, e gene1hete no Finistério da Buerra c>arista onde
dirigia a administra+ão dos transportes, Goi tado) AhX, *uanta 2alta nos 2e> em
1941X A$DU'.E AB& #E BU AB 5@ pouco tempo, *uando o novo ?omiss3rio dos (ransportes
do .ovo, o camarada =aganovitch, decidiu precisamente autori>ar as composi+9es de
mercadorias com
pesadas cargas, e mesmo duas e tr0s ve>es mais pesadas Rtendo por essa desco6erta,
ele e outros dirigentes, rece6ido a &rdem de enineSW os maldosos engenheiros
intervieram agora /3 no papel de limitadores Rclamavam *ue isso era demasiado, *ue
desgastava ruinosamente o material rolante, e 2oram /ustamente 2u>ilados pela sua
2alta de con2ian+a nas possi6ilidades dos transportes socialistasS) Esses
limitadores 2oram 2ustigados durante v3rios anos, pois em todos os ramos da
ind<stria erguiam1se com as suas 2ormas de c3lculo, não *uerendo compreender como o
entusiasmo do pessoal a/uda as pontes e as m3*uinas) #urante essa época toda a
psicologia popular é posta em causaJ ridiculari>a1se a circunspecta sa6edoria de
*ue 7depressa e 6em não h3 *uem8, e volta1se do avesso o velho a2orismo de *ue
7devagar se vai ao longe)))8) A <nica coisa *ue di2iculta por ve>es a prisão dos
velhos engenheiros é *ue não h3 su6stitutos preparados) "iAolai 'vanovitch
adi/ens1Ai, engenheiro1che2e das 236ricas de material de guerra de '/evsA, é
primeiro detido pela sua 7teoria das limita+9es8, 7pela 2é cega no coe2iciente de
seguran+a8 Rpartindo da *ual ele considerava insu2icientes as ver6as destinadas por
&rd/oniAid>e para a amplia+ão das 236ricasS)@1 #epois, trans2ormam a prisão em
deten+ão domicili3ria, ordenando1lhe *ue tra6alhe no seu antigo posto Rsem ele tudo
se desmoronavaS) Ele p9e as coisas em ordem) Fas as ver6as continuaram a ser, como
antes, insu2icientes T e eis *ue de novo vai parar , prisão, desta ve> pela 7m3
utili>a+ão das ver6as8J se elas não chegaram, isso 2ora devido a *ue o engenheiro
principal as não sou6e aplicar 6emX adi/ensAi morre ao 2im de um ano, num 6os*ue,
condenado ao tra6alho de corte de 3rvores) Assim, nuns poucos de anos, 2oi *ue6rada
a coluna verte6ral do velho corpo de engenheiros russos, gl:ria do nosso pa-s, *ue
eram os her:is pre2eridos de Barin1 FiAhailovsAi e Uamiatine) ?ompreende1se *ue
nesta leva, como em *ual*uer outra, 2ossem arrastadas tam6ém outras pessoas,
chegadas e relacionadas com os condenados, como por exemplo))) não *ueria manchar a
2ace de 6ron>e dourado da %entinela, mas tem de ser))) os delatores relutantes)
Esta torrente, inteiramente secreta, *ue nunca apareceu em p<6lico, pedimos ao
leitor *ue a guarde todo o tempo na mem:ria T especialmente na primeira década
revolucion3riaJ então, as pessoas tinham ainda o seu orgulho e muitas não haviam
ad*uirido ainda o conceito de *ue a moral 2osse uma coisa relativa, com um estreito
sentido de classe, havendo pessoas *ue se recusavam cora/osamente a prestar o
servi+o proposto, sendo todas castigadas sem compaixão fa ?onta1se *ue &rd/oniAid>e
2alava com os velhos engenheiros, pondo em cima da sua mesa de tra6alho duas
pistolasJ uma , direita, outra , es*uerda) 54 A$DU'.E AB& #E BU AB ?erta ve>
convidaram a /ovem Fagdalina Ed/u6ova para ser espia no c-rculo de engenheiros, e
ela não s: se recusou como 2oi tam6ém contar tudo ao seu tutor Rdevia)espi31lo a
ele pr:prioSJ este 2oi logo detido e nos interrogat:rios reconheceu tudo) Ed/u6ova,
*ue estava gr3vida, 2oi presa 7por revelar uma opera+ão secreta8, e condenada ao
2u>ilamento) Entretanto, aca6ou por passar vinte e cinco anos na prisão, ap:s uma
série de condena+9es) "esse mesmo ano de 1945, em6ora num c-rculo completamente
di2erente 1 entre os destacados comunistas de ?rac:via T, "adie/da Vitalievna
%urovets negou1se tam6ém a espiar e a denunciar os mem6ros do governo ucraniano,
pelo *ue 2oi detida pela B) .) U) e s: um *uarto de século depois, /3 meio morta,
conseguiu1 emergir , tona em =olima) E so6re os *ue não conseguiram vir , super2-
cie, so6re esses nada sa6emos) R"os anos @C, essa torrente de insu6missos redu>1se
a >eroJ uma ve> *ue se exige de alguém ser in2ormador, isso signi2ica *ue é
o6rigat:rio, *ue não se pode escaparX 7"ão
é com um puxão *ue se consegue partir a 2orca)8W 7%e não 2or eu ser3 outro)8W 7Fais
vale um 6u2o 6om como eu, do *ue outro mau)8 Além disso, amontoam1se /3 volunt3rios
para entrar na pol-cia, havendo1os de so6raJ é algo de glorioso, e tam6ém
vanta/oso)S Em 194Q, tem lugar em Foscovo o sensacional processo /udicial das ,L
minas) %ensacional pela pu6licidade *ue lhe é dada, pelas estonteantes congs2iss9es
e pela auto2lagela+ão dos acusados Rem6ora ainda não todosS) Ao ca6o de dois anos,
em %etem6ro de 19@C, são /ulgados com enorme estrépio os organi>adores da 2ome R%ão
elesX %ão elesX Ei1losXSJ *uarenta e oito os sa6otadores da ind<stria aliment-cia)
Em 2ins de 19@C reali>a1se, mais sensacionalmente ainda e /3 impecavelmente
ensaiado, o /ulgamento do .artido 'ndustrialJ a*ui, todos os acusados, do primeiro
ao <ltimo, lan+am so6re si mesmos *ual*uer a6surda a6/ec+ão e eis *ue, perante os
olhos dos tra6alhadores, como um monumento cu/o véu caiu, se eleva a maior e mais
engenhosa constru+ão de todas as sa6otagens /amais desco6ertas, atri6u-das, numa
dia6:lica liga+ão, a FiliuAov, $ia6uchinsAi, #eterding e .oin1caré) Agora *ue
come+amos a penetrar nos meandros da nossa pr3tica /udicial, compreendemos *ue
os /ulgamentos p<6licos são simples montes de toupeiras , super2-cie, *uando o
essencial da pes*uisa se passa su6terraneamente) Em tais processos s: aparece uma
pe*uena parte dos detidosJ apenas a*ueles *ue estiveram de acordo, contra sua
vontade, em se denunciarem a si e aos outros, esperan+ados numa maior indulg0ncia)
A maioria dos engenheiros, a*ueles *ue mostravam valentia e sensate>, repeliram o
a6surdo dos /u->es de instru+ão 1 e esses 2oram /ulgados em sil0ncio, sendo1 lhes
aplicados 1 a eles *ue não reconheceram a acusa+ão 1 os mesmos de> anos, pela
comissão da B) .) U) As torrentes 2luem no su6solo, pelas canali>a+9es, arrastando
a vida 2lorescente da super2-cie) E precisamente a partir desse momento *ue é dado
um passo importante A$DU'.E AB& #E BU AB 55 para a participa+ão de todo o povo na
canali>a+ão, para a distri6ui+ão por todo o povo da responsa6ilidade em rela+ão a
elaJ a*ueles cu/os corpos ainda não ca-ram nas 6ocas da canali>a+ão, a*ueles *ue
ainda não 2oram levados pelos tu6os do Ar*uipélago 1 esses devem des2ilar , super2-
cie com 6andeiras, glori2icando a sua sorte e rego>i/ando1se com a repressão
/udicial) R'sto, por precau+ãoX As décadas passariam, a hist:ria recuperaria de
novo os sentidos, mas os investigadores, os tri6unais e os procuradores não seriam
mais culpados do *ue eu e v:s, caros concidadãosX .ois se temos a ca6e+a co6erta de
alguns ca6elos 6rancos é por*ue em tempos vot3mos decorosamente A GAV&$)S A
primeira prova 2oi tirada por %taline a prop:sito dos organi>adores da 2ome T e
como é *ue essa prova não seria concludente, *uando todos passavam 2ome na 2arta
$<ssia, *uando todos perguntavam por toda a parte por onde é *ue se extraviara o
nosso rico pãoY E eis *ue, em 236ricas e institui+9es, antecipando1se ,s decis9es
do tri6unal, os oper3rios e os 2uncion3rios votam colericamente a 2avor da pena de
morte contra os in2ames réus) E *uando do /ulgamento do .artido 'ndustrial
reali>aram1se /3 com-cios e mani2esta+9es de toda a popula+ão, mo6ili>ando os
alunos das escolas) Eram milh9es de pessoas marcando o passo e gritando atr3s das
vidra+as do edi2-cio do tri6unalJ 7A morteX ] morteX ] morteX8 "esta 2ractura da
nossa hist:ria ressoaram vo>es solit3rias de protesto ou de a6sten+ãoJ era
necess3ria muita coragem, no meio deste coro de 6ramidos, para di>er 7nãoX8,
coragem em nada compar3vel , 2acilidade de ho/eX RE mesmo ho/e não se levantam
muitas o6/ec+9es)S (anto *uanto sa6emos, todas essas vo>es 2oram as desses tais
intelectuais 2r3geis, sem espinha dorsal) "a reunião do 'nstituto .olitécnico de
eninegrado, o pro2essor #mitri Apollinarievitch $o/ansAi AI%(EVE1%E Rele era,
calcule1se, em geral, contra a pena de morte, pois isso seria, como se di> em
linguagem cient-2ica, um processo irrevers-velS) Ali mesmo 2oi detidoX & estudante
#ima &litsAi a6steve1se, tam6ém, e ali mesmo tam6ém 2oi presoX (odos estes
protestos 2oram as2ixiados , nascen+a) (anto *uanto sa6emos, a classe oper3ria, de
6igodes /3 6rancos, aprovou essas execu+9es) (am6ém *uanto sa6emos, desde os
2ogosos Aomso1mols até aos che2es do partido e aos che2es dos exércitos lend3rios,
toda a vanguarda 2oi unLnime na aprova+ão destas execu+9es) ?éle6res
revolucion3rios, te:ricos e dirigentes sindicais, sete anos antes da sua morte sem
gl:ria, saudavam esse 6ramido da multidão, sem adivinhar *ue o seu tempo estava a
chegar, *ue 6em depressa os seus nomes seriam arrastados nesse 6ramido, aos gritos
de 7imund-cie8 e de 7canalhas8) Entretanto, a ca+a aos engenheiros terminava
precisamente a*ui) Em come+os de 19@1, 'oci2 Vissarionovitch enunciou as 7seis
condi+9es8 da edi2ica+ão econ:mica e aprouve , sua alta egocracia indicar como
*uinta condi+ãoJ passar da pol-tica de repressão da velha intelectualidade técnica
a pol-tica de atrac+ão e de preocupa+ão com ela) 5; A$DU'.E AB& #E BU AB
.reocupa+ão com elaX .or onde se evaporou a nossa /usta c:leraY .ara onde 2oram
varridas as nossas /ustas acusa+9esY #ecorria então o /ulgamento dos sa6otadores da
ind<stria de porcelana Rl3 tam6ém tinha havido imund-cieXS e /3, os acusados, todos
, uma, se denegriam a si pr:prios, con2essando1se culpados de tudo, *uando, de
repente, todos do mesmo modo, exclamaramJ 7Estamos inocentesX8 E li6ertaram1nosX
R"esse ano o6servou1se até uma pe*uena contracorrenteJ os engenheiros /3 condenados
ou perseguidos 2oram restitu-dos , vida) Goi assim *ue regressou #) A) $o/ansAi)
"ão se poder3 di>er *ue ele travou um duelo com %talineY Due um povo cora/oso e c-
vico não teria dado a>o a *ue se escrevesse nem este cap-tulo, nem todo este
livroYS ^avia /3 muito tempo *ue os menchevi*ues tinham ca-do por terra, mas nesse
ano %taline voltou a pis31los Rprocesso p<6lico do ?omité Gederal dos Fenchevi*ues,
com Broman1%uAhanov@4 e laAu6ovitch, em Far+o de 19@1, e mais tarde uns *uantos
dispersos, menos conhecidos, agarrados em segredoS, e, su6itamente, p_s1se
pensativo) &s povos do mar Iranco di>em a respeito da preia1marJ a 3gua p9e1se
pensativaW isto antes de come+ar a va>ante) Fas é mau comparar a turva alma de
%taline com a 3gua do mar Iranco) (alve> ele nem se tenha posto, de modo algum,
pensativo) "ão chegou a haver va>ante) "esse ano teve, contudo, lugar ainda outro
milagre) A seguir ao processo do .artido 'ndustrial preparava1se, no ano de 19@1, o
grand-ssimo processo do .artido ?ampon0s do (ra6alhoJ ao *ue parece, teria existido
Rmas nunca existiuXS uma enorme 2or+a, organi>ada clandestinamente, da
intelectualidade rural, dos activistas das cooperativas de consumo e agr-colas, 6em
como parte do campesinato evolu-do, *ue se preparavam para derru6ar a ditadura do
proletariado) "o processo do .artido 'ndustrial /3 havia sido mencionado o
.artido ?ampon0s do (ra6alho, *ue era 6em conhecido) & aparelho de investiga+ão da
B).)U) actuava sem 2alhasJ /3 F' ^A$E% de acusados tinham con2essado pertencerem ao
.artido ?ampon0s do (ra6alho, 6em como dos seus 2ins criminosos) Ao todo, tinham1se
indicado #UUE"(&% F' 7mem6ros8) 7] ca6e+a8 do partido destacavam1se o economista
agr3rio AleAsandr (chaianov, o 2uturo 7primeiro1ministro8 ") #) =ondra1tiev, ) ")
FaAarov, AleAsei #oiarenAo, pro2essor da Academia (imiria1>ev, 2uturo 7ministro da
Agricultura8@@) E, de repente, numa 6ela noite,
@4 (rata1se do mesmo %uAhanov, em cu/o apartamento, em .etrogrado, na =arpovAa, com
o seu conhecimento, se reuniu o ?omité ?entral Iolchevista, em 1C de &utu6ro de
1915, a- tomando a resolu+ão *uanto , insurrei+ão armada) R&s guias das excurs9es
mentem agora, ao a2irmarem *ue 2oi sem seu conhecimento)S @@ (alve> ele tivesse
dado melhor conta desse cargo do *ue a*ueles *ue depois o ocuparam durante *uarenta
anos) E o *ue é o destino humanoX #oiarenAo tinha1se mantido, por princ-pio, ,
margem da pol-ticaX Duando a sua 2ilha levava a casa estudantes, *ue mani2estavam
ideias social1revolucion3rias, ele expulsava1os de casaX A$DU'.E AB& #E BU AB 55
%taline FU#&U #E '#E'A%) .or*u0, talve> nunca o sai6amos) (er3 *uerido rogar pela
salva+ão da sua almaY Era cedo de mais) (er1se1ia mani2estado o seu sentido do
humor, dado *ue verdadeiramente a*uilo era tudo tão mon:tono *ue estava 2artoY
"inguém se atrever3 a censurar %taline por um tal sentido de humorX & mais prov3vel
é ele ter calculado *ue, em 6reve, todo o campo iria morrer de 2ome e não apenas os
du>entos mil réus, não valendo, pois, a pena perder tempo) Goi assim suprimido o
.artido ?ampon0s do (ra6alho e todos os *ue tinham 7con2essado8 convidados a
retractarem1se das con2iss9es 2eitas Rpodemos imaginar a sua alegriaXS, sendo, em
ve> disso, arrastado ao tri6unal s: o pe*ueno grupo =ondratiev1(chaianov@4) R"o ano
de 1941 acusou1se Vavilov, /3 sem 2or+as, com o 2undamento de *ue o .artido ?
ampon0s do (ra6alho existia, e de *ue ele, Vavilov, o enca6e+ava secretamente)S &s
par3gra2os apertam1se, apertam1se os anos, e não h3 maneira de enunciar por ordem o
*ue aconteceu Rmas a B) .) U) cumpria magni2icamente a tare2aX A B) .) U) nada
deixava passarXS) "ão o6stante, guardaremos sempre na mem:ria *ue os crentes são
presos sem parar, como é :6vio) RA*ui emergem , super2-cie algumas datas e pontos
culminantes) .or exemplo a 7noite de luta contra a religião8, na véspera do "atal
de 1949, em eninegrado, *uando 2oi detido um grande n<mero de intelectuais
religiosos, e não s: até de manhã, sem *ue se tratasse de um conto de "atal) .or
exemplo, ainda na mesma cidade, em Gevereiro de 19@4, *uando 2echaram de ve> muitas
igre/as, sendo, simultaneamente, e2ectuadas deten+9es em massa entre o clero) E
muitas outras datas e lugares de *ue ninguém nos legou tra+a)S "ão se deixa de
des6aratar todas as seitas, até mesmo as *ue são simpati>antes do comunismo)
RAssim, em 1949, 2oram detidos todos os mem6ros, sem excep+ão, das comunidades
esta6elecidas entre %otchi e =hosta) (udo nelas 2uncionava ao modo comunistaJ a
produ+ão e a distri6ui+ão) E tudo tão honestamente como nunca o pa-s o conseguir3
2a>er em cem anos) Fas, aiX, os seus mem6ros eram demasiado cultos e instru-dos em
literatura religiosa, e a sua 2iloso2ia não era ateia, mas sim um misto de
6aptista, tolstoiana e ioga) Uma ?&FU"'#A#E assim, era criminosa e não podia
proporcionar 2elicidade ao povo)S "os anos 4C, um importante grupo de tolstoianos
2oi desterrado para as 2aldas das montanhas do Altai, tendo ali criado
aldeias1comunas /untamente com os 6aptistas) Duando come+ou a constru+ão do
com6inado de =u>nietsA, eles 2orneciam1lhe comest-veis) Fais tarde, ei1los a ser
detidos, a ?ondenado ao isolamento prisional, =ondratiev aca6ou por 2icar doente
mental e .or morrer) Forreu tam6ém KurovsAi) (chaianov, ap:s cinco anos de
isolamento, 2oi desterrado para Alma1Ata, sendo detido novamente em 194Q) 5Q
A$DU'.E AB& #E BU AB come+ar pelos pro2essores, pois não ministravam o programa
estatalJ as crian+as, aos gritos, corriam atr3s dos carros) #epois, 2oi a ve> dos
dirigentes da comunidade)
Assim, as cartas da Brande .aci0ncia dos socialistas continuam, ininterruptamente,
a ser distri6u-das, como é :6vio, e em 1949 são detidos os historiadores *ue não
2oram exilados a tempo para o estrangeiro R.lato1nov, (arle, iutovsAi, Botie
iAhatchov, 'smailovS, 6em como o destacado cr-tico liter3rio F) F) IaAhtine) &s
grupos nacionais vão tam6ém a2luindo, ora de um extremo ora de outro) %ão
aprisionados os NaAutos, ap:s a insurrei+ão de 1949) RGoram 2u>ilados, segundo
di>em, cerca de trinta e cinco mil) "ão nos é poss-vel veri2ic31lo)S %ão
aprisionados os Aa>aAos, ap:s o seu her:ico esmagamento pela cavalaria de Iudi:ni,
nos anos de 19@C1@1) Em come+os de 19@C é processada a União de i6erta+ão da
UcrLnia Ro .ro2) E2riemov, (cheAhovsAi, "iAovsAi e outrosS, e sa6endo n:s *uais as
propor+9es entre o *ue é divulgado e o *ue é secreto, *uantos não haver3 por detr3s
destesY Duantos haver3 *ue 2oram presos ,s escondidasY E aproxima1se, lentamente,
mas aproxima1se, a ve> de meter na prisão os mem6ros do partido dirigenteX .ara /3,
em 1945149, é 7a oposi+ão oper3ria8, ou os trots*uistas, *ue elegeram um leader
desa2ortunado) .or en*uanto, são algumas centenas, mas 6em depressa serão milhares)
& mais di2-cil é come+arX Assim como estes trots*uistas assistiram tran*uilamente ,
deten+ão dos mem6ros dos outros partidos, de igual modo o resto do partido assiste
com aprova+ão , deten+ão dos trots*uistas) A cada um a sua ve>) #epois, vir3 a
imagin3ria oposi+ão da 7direita8) #evorando os mem6ros, um ap:s outro, a partir da
cauda, chega1se com as 2auces até , pr:pria ca6e+a) A partir do ano de 194Q é a
hora do a/uste de contas com os restos da 6urguesia T os nepmen Rcomerciantes e
negociantes *ue desenvolveram a sua actividade durante a "ova .ol-tica Econ:micaS)
& mais 2re*uente é *ue lhes imponham contri6ui+9es cada ve> mais elevadas, e /3
superiores ,s suas possi6ilidades, até ao momento em *ue se negam a pagar, sendo
logo detidos por insolv0ncia e con2iscando1se1lhes os 6ens) RAos pe*uenos artesãosJ
6ar6eiros, al2aiates, reparadores de 2ogareiros a petr:leo, apenas os privavam da
patente)S "o engrossamento da torrente dos nepmen h3 um interesse econ:mico) &
Estado necessita de 6ens, necessita de ouro, e a =olima ainda não existe) ?om o ano
de 1949 come+a a céle6re 2e6re do ouro) %: *ue a 2e6re ataca não a*ueles *ue o
6uscam, mas a*ueles a *uem é extor*uido) A particularidade desta nova torrente 7do
ouro8 consiste em *ue todos estes patos ri,o são acusados pela B) .) U)
propriamente de nada, estando esta disposta a não envi31los para o Ar*uipélago de
BU AB, dese/ando apenas arrancar11lhes o ouro pelo direito do mais 2orte) E por
isso *ue os c3rceres estão repletos e os comiss3rios instrutores extenuados) As
expedi+9es, as pris9es de A$DU'.E AB& #E BU AB 59 trLnsito e os campos de
concentra+ão rece6em um re2or+o proporcionalmente menor) Duem é *ue é preso nesta
corrente 7do ouro8Y (odos a*ueles *ue, alguma ve>, nos <ltimos *uin>e anos, tiveram
algum 7neg:cio8, comércio, ou tra6alharam por sua conta, podendo ter guardado ouro,
segundo pensa a B) .) U) Fas, /ustamente, acontecia com muita 2re*u0ncia *ue eles
não tinham ouro algumJ os seus 6ens m:veis e im:veis, tudo se derretera, tudo 2ora
con2iscado pela $evolu+ão, nada mais restando) ?om enorme esperan+a são detidos,
naturalmente, os /oalheiros e relo/oeiros) Através da den<ncia, pode ter1se
conhecimento da exist0ncia de ouro nas mãos mais inesperadasJ um oper3rio 7cem por
cento8, não se sa6e como, conseguiu arran/ar e guardar sessenta moedas de ouro de
cinco ru6los cada, dos tempos de "iAolaiW o conhecido guerrilheiro si6eriano
Furaviov chegou a &dessa tra>endo consigo uma 6olsinha de ouroW os cocheiros de
cavalos t3rtaros de eninegrado todos eles t0m ouro escondido) %e isso é verdade ou
não, s: ser3 poss-vel esclarec01lo na prisão) E /3 não pode servir de atenuante nem
a
condi+ão de oper3rio, nem os méritos revolucion3rios da*uele so6re *uem caiu a
som6ra da den<ncia do ouro) (odos são detidos, metidos em celas da B) .) U), em
*uantidades *ue até ho/e pareciam imposs-veis T mas assim é melhor, mais depressa o
hão1de darg ?hega1se até , promiscuidade de p_r mulheres e homens nas mesmas celas,
2a>endo as suas necessidades uns diante dos outros, num 6alde) Duem repara nessas
6agatelasX .ara c3 o ouro, vil9esX &s comiss3rios instrutores não redigem processos
ver6ais, por*ue esses papéis não são precisos para nada, e se vão conden31los ou
não, isso pouco importa a *uem *uer *ue se/a) & importante é istoJ para c3 o ouro,
malvadoX & Estado necessita do ouro, e a ti para *ue te serveY Aos comiss3rios
instrutores /3 lhes 2alecem a garganta e as 2or+as para pro2erir amea+as e aplicar
torturas, mas h3 um procedimento geralJ servir nas celas, apenas comida salgada e
não dar 3gua a 6e6er) %: a*ueles *ue entregarem ouro é *ue 6e6em 3guaX #e> ru6los
por um copo de 3guaX &s homens morrem pelo metal)))@5 Esta leva di2erencia1se das
anteriores, como das posteriores, pelo 2acto de *ue senão a metade, pelo menos uma
parte desta torrente tem o seu destino vacilante nas suas pr:prias mãos) %e, na
realidade, não tens ouro, a tua situa+ão não tem sa-daJ vão espancar1te,
*ueimar1te, e a6rasar1te até , morte ou até *ue e2ectivamente te acreditem) Fas se
tens ouro, então és tu pr:prio *ue determinas a medida das torturas, a medida da
tua resist0ncia e o teu 2uturo) #e resto, isto não é mais 23cil, mas mais di2-cil,
por*ue te enganas e sempre te sentir3s culpado perante ti pr:prio) "aturalmente, ,5
Verso do li6reto russo do Gausto, de Bounod) R") dos ()S ;C A$DU'.E AB& #E BU AB
a*uele *ue /3 assimilou os h36itos desta institui+ão, cede e entrega o ouroJ é isso
o mais simples) Fas não se pode d31lo demasiado 2acilmente, pois assim não
acreditarão *ue o deste todo, e vão guardar1te ainda) Fas d31lo demasiado tarde
tam6ém não é poss-velJ arriscas1te a perder o *ue tens de mais *uerido e a *ue, de
raiva, te preguem com uma condena+ão) Um desses t3rtaros cocheiros resistiu a todas
as torturasJ 7"ão tenho ouroX8 Então, prenderam a mulher e torturaram1na, mas o
t3rtaro insistia na sua declara+ãoJ 7"ão tenho ouroX8 .renderam a 2ilhaJ o t3rtaro
não resistiu e deu cem mil ru6los) Então, li6ertaram a 2am-lia e in2ligiram1lhe uma
condena+ão) As mais grosseiras aventuras da literatura policial e das operetas de
6andoleiros 2oram levadas , pr3tica, , escala de um grande Estado) A introdu+ão do
sistema do passaporte interior, no limiar dos anos @C @;, trouxe consider3veis
re2or+os aos campos de concentra+ão) (al como .edro ' simpli2icou a estrutura da
popula+ão, varrendo todas as 2rinchas e interst-cios entre a aristocracia, assim
procedeu o nosso sistema socialista do passaporteJ ele varreu precisamente os
insectos intermédios@5, atingindo a parte da popula+ão mais astuciosa, sem domic-
lio e sem 6ase de apoio) E, de in-cio, as pessoas cometeram 6astantes erros com
esses passaportesJ a*ueles *ue não registavam nem noti2icavam a sua mudan+a de
domic-lio iam parar ao Ar*uivo, ainda *ue 2osse por um s: anito) Assim iam
6or6ulhando e mandando as torrentes, mas por cima de todas elas rolou e
precipitou1se, nos anos de 19491@C, essa leva de milh9es e milh9es, *ue 2oi a
li*uida+ão dos AulaAs) ?omo era desmedidamente grande, não podia conter1se se*uer
na /3 desenvolvida rede de c3rceres R*ue, além disso, estava superlotada com a
torrente do 7ouro8S, mas contornou1a, indo parar imediatamente aos campos de
trLnsito, ,s expedi+9es de prisioneiros, ao Ar*uipélago de BU AB) #es6ordando de
uma s: ve>, com a sua enchente, esta torrente Reste oceanoXS extravasava para l3
dos limites de tudo o *ue pode permitir1se num sistema /udici3rio e prisional,
mesmo de um Estado enorme) "ão havia termos de compara+ão em toda a hist:ria da
$<ssia) (ratava1se de uma
migra+ão de povosW de uma cat3stro2e étnica) Fas os canais da B).)U)1BU AB estavam
tão /udiciosamente tra+ados *ue as cidades nada teriam notado, se não tivessem
estremecido @; .ara 2ixar resid0ncia, os soviéticos devem o6ter a chamada propisca
Rautori>a+ão policialS) E para mudar de resid0ncia t0m de pedir a vipisAa
Rigualmente uma autori>a+ão da pol-ciaS sem a *ual não o podem 2a>er) ?om o
passaporte interior, os soviéticos podem via/ar por todo o pa-s, mas ao chegar a
*ual*uer localidade, inclusive de 2érias, devem comunicar o 2acto,
o6rigatoriamente, no pra>o de vinte e *uatro horas, , pol-cia local) .or essa
perman0ncia, onde não t0m resid0ncia 2ixa, pagam um tanto em dinheiro) R") dos ()S
Alusão ir:nica e meta2:rica , de2ini+ão leninista dos intelectuais como 7classe
intermedi3ria)), 7sem personalidade econ:mica))) R") dos ()S A$DU'.E AB& #E BU AB ;
1 com uma 2ome de tr0s anos, uma 2ome sem seca e sem guerra) Esta torrente
di2erenciava1se ainda de todas as precedentes, pelo 2acto de *ue neste caso não
havia demasiadas preocupa+9es em agarrar primeiro o che2e de 2am-lia e ver depois o
*ue haveria *ue 2a>er ao resto da prole) .elo contr3rio, a*ui não se redu>iam, num
3pice, a cin>as senão lares completosW não se agarrava senão 2am-lias inteiras e
velava1 se mesmo >elosamente para *ue nenhuma das crian+as de cator>e, de de> ou de
seis anos escapasseJ todos deviam ir para um e mesmo s-tio, a 2im de conhecerem uma
extermina+ão comum) REsta 2oi a .$'FE'$A experi0ncia deste tipo, em todo o curso da
hist:ria moderna) ^itler repetiu1a depois com os /udeus, e, outra ve>, de novo,
%taline com as na+9es in2iéis e suspeitas)S Esta torrente englo6ava s: uma parte
insigni2icante da*ueles AulaAs, cu/o nome 2oi utili>ado para desviar a aten+ão) Em
russo chamava1se AulaA ao mes*uinho e desonesto tra2icante rural, *ue enri*uece não
com o seu tra6alho, mas através da usura e do comércio) Em cada localidade, até ,
$evolu+ão, eles eram casos isolados e a $evolu+ão privou1os, em geral, do terreno
em *ue podiam exercer a sua actividade) Fas, logo a seguir ao ano 15, por uma
trans2er0ncia de signi2icado, passou1se a designar por AulaAs Rna literatura
o2icial e de agita+ãoW da*ui, desli>ando para a linguagem usualS todos a*ueles *ue,
normalmente, empregavam tra6alhadores agr-colas assalariados, mesmo devido a
insu2ici0ncias tempor3rias das suas 2am-lias) "ão percamos de vista *ue depois da
$evolu+ão era imposs-vel *ue *ual*uer tra6alho destes não 2osse pago na sua /usta
medidaJ os interesses dos assalariados eram salvaguardados pelos comités de
camponeses po6res e pelo %oviete da aldeiaW ai da*uele *ue tentasse lesar a /orna
de um tra6alhador agr-colaX & tra6alho assalariado, pago com /usti+a, é permitido
ainda ho/e no nosso pa-s) Fas a dilata+ão do 2ustigante termo de AulaA alargou1se
irresistivelmente e no ano @C designava1se /3 através dele (&#&% &% ?AF.&"E%E% E?
&"&F'?AFE"(E G&$(E%J e não s: 2ortes *uanto , explora+ão, mas 2ortes *uanto ao
tra6alho e até simplesmente *uanto ,s suas convic+9es) & apodo AulaA era utili>ado
para *ue6rantar A G&$VA) $ecorde1mo1nos e reco6remos os esp-ritosJ tinha decorrido
apenas do>e anos desde o grande #ecreto da (erra, esse mesmo sem o *ual o
campesinato não teria seguido os 6olchevi*ues nem a $evolu+ão de &utu6ro teria
triun2ado) A terra 2oi distri6u-da por um certo pra>o e .&$ 'BUA ) ^avia s: nove
anos *ue os mu/i*ues tinham regressado do Exército Vermelho e se tinham lan+ado
so6re a terra con*uistada) E, de repente, come+ou a 2alar1se de AulaAs e de
camponesesbpo6res) #e onde provinha issoY ]s ve>es da situa+ão, a2ortunada ou não,
da 2am-lia) Fas não seria, antes de mais,
da tenacidade e da capacidade de tra6alhoY E eis *ue estes mu/i*ues, *ue produ>iam
o pão *ue a $<ssia comia no ano de 194Q, 2oram arremetidos e desarraigados dos %pUr
lugares .elos camponeses 2alhados e pelos *ue chegavam das cidades) En2urecidos,
perdendo todo o conceito de 7humanidade8 ela6orado ao ;4 A$DU'.E AB& #E BU AB longo
de milénios, estes puseram1se a prender os melhores produtores cereal-2eros,
/untamente com as suas 2am-lias, tirando1lhes os 6ens, e lan+an1do1os nus para a
tundra e para a taiga desa6itadas do "orte) Este movimento de massas não podia
deixar de se complicar) Era necess3rio livrar tam6ém a aldeia da*ueles camponeses
*ue não mani2estavam simplesmente dese/o de entrar no AolAho>W *ue não revelavam
inclina+ão para a vida colectiva, deles desconhecida, suspeitando Rsa6emos agora
com *ue 2undamentoS *ue ela traria o poder aos pregui+osos, o tra6alho compulsivo e
a 2ome) Era necess3rio des2a>er1se tam6ém da*ueles camponeses Rpor ve>es nada
ricosS *ue, pela sua aud3cia, 2or+a 2-sica e esp-rito de decisão, pelo calor da sua
interven+ão nas assem6leias e pelo seu amor , /usti+a, go>avam da considera+ão dos
seus conterrLneos, tornando1se, pela sua independ0ncia, perigosos para a direc+ão
de AolAho>es@Q) E em cada aldeia havia tam6ém a*ueles *ue .E%%&A FE"(E levantavam
estorvos aos activistas locais) .or ci<mes, inve/a ou despeito era esse o momento
mais prop-cio para um a/uste de contas) .ara designar todas estas v-timas era
necess3ria uma nova palavra e ela surgiu) "ela /3 nada havia de 7social8, nem de
econ:mico, mas soava magni2icamenteJ 7Es chegado dos AulaAs8, isto é, considero *ue
tu és um auxiliar do inimigo) E isso 6astaX Até ao mais andra/oso tra6alhador agr-
cola, era inteiramente poss-vel inclu-1lo entre os chegados aos AulaAsl@9 Goi assim
*ue, com duas palavras, se atingiram todos a*ueles *ue constitu-am a ess0ncia da
aldeia, a sua energia, a sua intelig0ncia viva e capacidade de tra6alho, a sua
resist0ncia e consci0ncia) Eles 2oram a2astados e a colectivi>a+ão levada a ca6o)
Fas na aldeia colectivi>ada 2lu-ram tam6ém novas torrentesJ a torrente dos
sa6otadores da agricultura) .or todos os lados se come+aram a desco6rir agr:nomos
sa6otadores, *ue tinham tra6alhado toda a vida, até esse ano, honradamente, mas *ue
agora 2a>iam crescer premeditadamente ervas nocivas nos campos russos) RIem
entendido por indica+9es do 'nstituto de Foscovo, agora completamente desmascarado)
(ratava1se precisamente da*ueles mesmos du>entos mil mem6ros do .artido ?ampon0s do
(ra6alho *ue não 2oram presosXS ?ertos agr:nomos não cumprem as directri>es
pro2undamente inteligentes de issenAo R2oi numa torrente assim *ue, no ano de 19@1,
2oi enviado para o ?asa*uestão o 7rei8 da 6atata, orchS) &utros cumprem1nas com
pouca su6tile>a e revelam com isso a sua estupide>) REm 19@4 os agr:nomos de .aAov
semearam linho na neve, /ustamente como tinha ordenado issenAo) As sementes
incharam, co6riram1se de 6olor e morreram) Vastos campos permaneceram incultos
durante um ano) @Q Este tipo de campon0s e o seu destino estão retratados de modo
imortal, por %tepan (chauss:v na novela %) Ualiguin) h9 $ecordo1me *ue esta
palavra, na nossa /uventude, nos parecia inteiramente l:gica e nada con2usa)
A$DU'.E AB& #E BU AB ;@ issenAo não podia di>er *ue a neve era AulaA, ou *ue ele
pr:prio era idiota) Acusou os agr:nomos de serem AulaAs e de terem tergiversado na
aplica+ão da sua tecnologia) E os agr:nomos 2oram levados para a %i6éria) #e resto,
em *uase todas as esta+9es de
tractores e m3*uinas agr-colas desco6riram1se sa6otagens dos tractores, e, assim,
eram explicados os 2racassos dos primeiros anos nos AolAho>esXS 1 A torrente 7por
perdas da colheita8 Rmas estas 7perdas8 eram calculadas relativamente aos n<meros
ar6itr3rios, estipulados na .rimavera pela 7comissão de determina+ão da colheita8SW
1 A torrente 7pelo não cumprimento das o6riga+9es de entrega de cereal ao Estado8
Ro comité de >ona do .artido comprometeu1se, mas o AolA1ho> não cumpriuJ prisão com
eleXSW 1 A torrente dos cortadores de espigas) & corte manual nocturno de espigas,
no campo, tornou1se um aspecto completamente novo de ocupa+ão agr-cola e um tipo
inédito de cei2a das searasX "ão 2oi uma torrente nada pe*uenaJ muitas 2oram as
de>enas de milhares de camponeses, 2re*uentemente não homens nem mulheres, mas
rapa>es e raparigas, garotos e garotas, *ue os adultos mandavam pela noite cortar
espigas, por*ue não tinham esperan+a de rece6er do AolAho> nada pelo seu tra6alho
di3rio) .or esta ocupa+ão, amarga e pouco tentadora Rnos tempos de servidão, os
camponeses não chegaram a tal necessidadeS, os tri6unais aplicavam pesadas penasJ
de> anos, por atentado perigoso , propriedade socialista, nos termos da 2amosa lei
de 5 de Agosto de 19@4) REm linguagem da prisão 7lei de sete do oito8)S Esta 7lei
de sete do oito8 proporcionou ainda, paralelamente, a grande torrente das
constru+9es do primeiro e do segundo plano *uin*uenal, dos transportes do comércio
e das 236ricas) A ") =) V) #) rece6eu ordem de se ocupar dos grandes des2al*ues)
Esta torrente tem de ser levada, de 2uturo, em conta, como 2luido em perman0ncia,
de modo especialmente a6undante durante os anos de guerra, portanto durante *uin>e
anos Raté 1945, data em *ue ser3 ampliada e tornada mais rigorosaS) Ginalmente,
podemos respirarX Vão cessar, en2im, todas as torrentes massivasX & camarada
Folotov declarou em 15 de Faio de 19@@J 7"ão consideramos *ue a nossa tare2a se/a a
repressão de massas)8 .ois 6em, /3 era tempo) Aca6aram as ang<stias nocturnasX Fas
*ue ladrar de cães é esseY AgarraX AgarraX .oiseX ?ome+ou a torrente =irov, de
eninegrado, onde a tensão 2oi considerada tão grande *ue se instalaram
*uartéis1generais da ") =) V) #) em cada comité executivo dos %ovietes de 6airro,
pondo1se em vigor um procedimento /udicial 7mais acelerado8 Ranteriormente, ele /3
não primava .ela lentidãoS e sem direito a apelo Ranteriormente, tão1pouco se
apelava /3 da senten+aS) ?alcula1se *ue uma *uarta parte da popula+ão de eninegrado
2oi limpa em 19@41@5) Esta aprecia+ão, *ue a desminta a*uele *ue tem em seu poder
os n<meros exactos, e *ue os 2orne+a) RAli3s, esta torrente ;4 A$DU'.E AB& #E BU AB
não se limitou a eninegrado, repercutindo1se na 2orma ha6itual por todo o pa-s,
em6ora de maneira incoerenteJ 2oram por ela apanhados a*ueles *ue ainda se
mantinham a*ui e ali 1 os 2ilhos de sacerdotes, as mulheres da antiga no6re>a e as
pessoas *ue tinham 2amiliares no estrangeiro)S "estas espraiadas torrentes, *ue
inundavam tudo, perdiam1se sempre modestos e invari3veis riachos *ue não se
precipitavam com estrépido, mas iam 2luindo, 2luindo, sem 2imJ 1 &s austr-acos,
mem6ros do %hut>6und4C, *ue perderam as lutas de classe em Viena e vieram, para
salvar1se, re2ugiar1se na p3tria do proletariado mundialW 1 &s esperantistas Ressa
gente nociva era di>imada por %taline nos mesmos anos em *ue ^itler o 2a>iaSW 1 &s
2ragmentos *ue restavam da %ociedade Gilos:2ica 'ndependente, dos c-rculos de
2iloso2ia ilegaisW
1 &s pro2essores *ue discordavam do ensino avan+ado, pelo método das 6rigadas de
la6orat:rios Rem 19@@, "at3lia 'vanovana IugaienAo 2oi detida pela B).)U) de
$ostov, mas ao 2im do terceiro m0s da instru+ão do processo houve uma resolu+ão,
declarando *ue este método era vicioso e ela 2oi li6ertadaSW 1 &s cola6oradores
da ?ru> Vermelha .ol-tica, *ue, gra+as aos es2or+os de EAaterina .echAova41 ainda
de2endia o direito , sua exist0nciaW 1 &s montanheses do ?3ucaso, setentrional,
insurgidos em 19@5) As nacionalidades continuam a 2luir, vindas do extremo ou de
outro pa-s) R"a constru+ão do canal do Volga pu6licam1se /ornais nacionais em
*uatro idiomasJ t3rtaro, turcomen*, us6e*ue e Aa>aAo) ^3 pois *uem os leiaXSW 1 E
de novo os crentes *ue não *uerem tra6alhar aos domingos Rtinha sido introdu>ida a
semana de cinco dias44W os AolAho>ianos eram sa6otadores, por não tra6alharem nos
dias de 2estas religiosas, con2orme estavam ha6ituados nos tempos do tra6alho
individualSW 1 Ainda sempre os *ue se negavam a ser in2ormadores da ")=)V)#) Ra*ui
eram a6rangidos os padres *ue guardavam o segredo da con2issãoJ os :rgãos
compreenderam rapidamente *uanto <til seria para eles sa6erem o conte<do das
con2iss9es, a <nica coisa para *ue servia a religiãoSW 1 As seitas religiosas, *ue
são detidas cada ve> em maior n<meroW T E a Brande .aci0ncia dos socialistas
continua a mudar as cartas) 4C Fovimento de Gevereiro de 19@4) R") dos ()S 41
Esposa de F3ximo BorAi) R") dos ()S 1 Era uma semana de cinco dias de tra6alho,
repousando1se ao sexto, independentemente do dia da semana) R") dos ()S A$DU'.E AB&
#E BU AB ;5 Ginalmente, havia a torrente do décimo par3gra2o, *ue não 2oi
mencionado uma s: ve>, mas *ue 2lui constantemente, intitulado, ali3s, =)$)A)
RAgita+ão ?ontra1 $evolucion3riaS, ou ainda A)%)A) RAgita+ão Anti1%oviéticaS)
(alve> se/a ela a mais est3vel de todas, pois não estancou nunca, e nos per-odos
das outras grandes torrentes, como nos anos @5, 45 ou 49, cresceu mesmo em vagas
particularmente caudalosas4@) .or paradoxal *ue pare+a, em todos os seus longos
anos de actividade, os eternamente vigilantes e sempre penetrantes :rgãos tiraram a
sua 2or+a de UF %H artigo dos cento e *uarenta e oito do cap-tulo especial Rnão
comumS do ?:digo .enal de 194;) Fas para 2a>er o elogio desse artigo é poss-vel
encontrar ainda mais ep-tetos do *ue a*ueles *ue, em tempos, (urgueniev escolheu
para a l-ngua russa, ou "ieArassov para a Fãe11 $<ssiaJ44 grande, potente,
a6undante, rami2icado, diversi2icado, devastador, o artigo 5Q é um mundo completo,
não s: na 2ormula+ão dos seus par3gra2os, mas tam6ém *uanto , sua interpreta+ão
ampla e dialéctica) Duem de entre n:s não so2reu na sua carne o seu sempre
envolvente a6ra+oY "a realidade, não existe de6aixo dos céus in2rac+ão, inten+ão,
ac+ão ou inac+ão, *ue não possa ser castigada pela mão de 2erro do artigo 5Q)
Gormul31lo tão amplamente era imposs-vel, mas tornou1se poss-vel interpret31lo
dessa maneira) & artigo 5Q não 2a> parte, no ?:digo, do cap-tulo respeitante aos
delitos pol-ticos e em lugar algum est3 escrito *ue se/a 7pol-tico8) "ão) Ao lado
dos crimes contra a ordem governamental e do 6anditismo ele encontra1se inclu-do no
cap-tulo dos 7crimes contra o Estado8) Assim, o ?:digo .enal come+a por se negar a
reconhecer *ue no nosso territ:rio ha/a delin*uentes pol-ticos, estipulando *ue h3
unicamente criminosos) & artigo 5Q constava de ?ator>e par3gra2os)
.elo primeiro par3gra2o sa6emos *ue se considera como contra11revolucion3ria
*ual*uer ac+ão Rpelo artigo ;)O do ?:digo .enal pode tratar1se de inac+ãoS
tendente))) a de6ilitar o .oder))) A partir de uma interpreta+ão ampla, resulta *ue
a recusa, num campo de concentra+ão, de ir tra6alhar, *uando se est3 2aminto e
extenuado, Esta torrente atingia *ual*uer pessoa em *ual*uer instante) Fas, para os
intelectuais conhecidos, nos anos @C, co>inhava1se ,s ve>es algum delito in2amante,
como o de concupisc0nciaW por exemplo o .ro2) .letniev, ao 2icar a s:s com as
pacientes, mord01 las1ia nos seios) 'sto era escrito num /ornal central) Due se
experimentasse re2ut31loX ?2) o poema Rem prosaS A -ngua $ussa, de (urgueniev, e o
poema Duem Bosta de Viver na $<ssiaY, de #eArassov) R") dos ()S ;; A$DU'.E AB& #E
BU AB tende a de6ilitar o .oder) E isso acarreta 2u>ilamento) RVe/a1se o
2u>ilamento dos *ue 7recusavam o tra6alho8, durante a guerra45)S A partir de 19@4,
*uando nos 2oi devolvido o termo de 7.3tria8, 2oi a*ui *ue 2oram inseridas as al-
neas de trai+ão , .3triaJ 11a, 116, l1c, 11d) %egundo estas al-neas, as ac+9es
reali>adas em pre/u->o do poder militar da União %oviética são castigadas com o
2u>ilamento, R116SW e s: no caso de circunstLncias atenuantes e tratando1se de
civis R11aS, com de> anos) ?onsiderando *ue os nossos soldados, ao tornarem1se
prisioneiros Rpor o2ensas ao poder militarXS, apanhavam s: um total de de> anos,
isso era um gesto humanit3rio *ue ia contra a lei) #e acordo com o c:digo
estalinianoW , medida *ue regressavam , p3tria deveriam ser todos 2u>ilados) R&utro
exemplo de interpreta+ão amplaJ recordo1me 6em de um encontro na prisão de IutirAi,
no Verão de 194;) (ratava1se de um polaco nascido em em6erg, *uando esta 2a>ia
parte do império austro11h<ngaro) Até , %egunda Buerra Fundial, ele viveu na sua
cidade natal, na .ol:nia) #epois 2oi para a Zustria, onde estava empregado, e ali
2oi preso pelos nossos no ano de 1945) Goi condenado a de> anos, segundo o artigo
5411 do c:digo ucraniano, ou se/a, por trai+ão , sua p3tria, a UcrLnia, /3 *ue a
cidade de em6erg tinha passado a ser a cidade ucraniana de vovX E o po6re não p_de
demonstrar, nos interrogat:rios, *ue não tinha ido para Viena com a inten+ão de
trair a UcrLniaX Ele 2icou cheio de raiva de o tomarem como traidor)S &utra
importante extensão do par3gra2o so6re trai+ão é a sua aplica+ão 7por re2er0ncia ao
artigo 19 do c:digo ucraniano8J 7?om inten+ão)8 'sto é, não houve trai+ão alguma,
mas se o /ui> de instru+ão considerou *ue houve inten+ão de trair, isso 2oi
su2iciente para aplicar a pena m3xima, completa, como se se tratasse, de 2acto, de
trai+ão) E certo *ue o artigo 19 se prop9e castigar não a inten+ão, mas a
prepara+ãoJ segundo uma compreensão dialéctica da inten+ão pode1se entend01la como
prepara+ão) E 7a prepara+ão é castigada de igual modo, Rou se/a, com a mesma penaS
*ue o pr:prio delito8 Rc:digo ucranianoS) #e um modo geralJ 7":s não 2a>emos
di2eren+a entre a inten+ão, e o pr:prio delito e nisto reside a superioridade da
legisla+ão soviética so6re a 6urguesaX4;8 & segundo par3gra2o re2ere1se ,
insurrei+ão armada, , tomada do poder 45 $e2er0ncia aos o6/ectores de consci0ncia)
R") dos ()S 4; #as .ris9es ,s 'nstitui+9es Educativas) ?olectLnea do 'nstituto
de .ol-tica .enal, redigida so6 a direc+ão de VichinsAi) Editora egisla+ão
%oviética, Foscovo, 19@4, p3g) @;) A$DU'.E AB& #E BU AB ;5
central ou local e, cm particular, , separa+ão, pela viol0ncia, de *ual*uer parte
da União das $ep<6licas) .or tais 2actos, a pena aplic3vel vai até ao 2u>ilamento
Rcomo em ?A#A UF dos par3gra2os seguintesS1 Extrapolando Rnão se podia escrever
isso no artigo, mas é logo ditado pela concep+ão revolucion3ria do direitoS, entra
neste caso *ual*uer tentativa de sair da União) Fas 7violentamente8 não indica em
rela+ão a *uem) Fesmo *ue toda a popula+ão da $ep<6lica *uisesse separar11se, se em
Foscovo 2ossem contra a separa+ão /3 seria violenta) #esta 2orma, todos os
nacionalistas estonianos, letonianos, lituanos, ucranianos e turcomenos 2oram com
grande 2acilidade condenados, por aplica+ão desse par3gra2o, a de> e a vinte cinco
anos) & terceiro par3gra2o re2ere1se , 7a/uda prestada, por *ual*uer 2orma, a um
estado estrangeiro *ue se encontre em guerra com a U)$)%)%)8) Este par3gra2o dava a
possi6ilidade de processar DUA DUE$ cidadão *ue, em territ:rio ocupado, tivesse
pregado um salto , 6ota de um militar alemão ou lhe tivesse vendido um molhinho de
ra6anetesW ou uma cidadã *ue tivesse elevado o moral com6ativo do ocupante,
dan+ando ou passando uma noite com ele) R"em todos G&$AF condenados por aplica+ão
deste par3gra2o, dada a a6undLncia de pessoas *ue estiveram em territ:rio ocupadoSW
mas *ual*uer pessoa .&#'A ser /ulgada em 2un+ão dele) & *uarto par3gra2o re2eria1se
, a/uda R2antasiosaS prestada , 6urguesia internacional) Aparentemente, *uem pode
ser inclu-do a*uiX Ga>endo uma leitura ampla, com a a/uda da consci0ncia
revolucion3ria, encontrava1se 2acilmente toda uma categoria de pessoasJ todos os
emigrados *ue, tendo a6andonado o pa-s anteriormente a 194C, ou se/a, uns anos
antes da redac+ão desse mesmo c:digo, 2ossem apanhados pelas nossas tropas na
Europa ao 2im de um *uarto de século R1944145S, viam1lhes aplicado o 5Q14J de>
anos, ou o 2u>ilamento) .ois *ue 2a>iam eles no estrangeiro senão prestar a/uda ,
6urguesia mundialY R&utro exemplo dessa a/uda /3 n:s o conhecemosJ o de um grupo
musical dentro da pr:pria U)$)%)%)S .odiam tam6ém prest31la todos os socialistas
revolucion3riosW todos os menchevi*ues Ra isso se destinava precisamente o artigoS
e, mais tarde, os engenheiros do .lano Estatal e do ?onselho Econ:mico de toda a
União %oviética) .ar3gra2o *uintoJ incita+ão a *ue um estado estrangeiro declare a
guerra , U)$)%)%) ;Q A$DU'.E AB& #E BU AB Um caso *ue se deixou passar em 6rancoJ
alargar o campo de aplica+ão deste par3gra2o a %taline e ao seu c-rculo diplom3tico
e militar, nos anos de 194C141) A sua cegueira e insensate> 2oi a isso *ue
condu>iram)) Duem senão eles arrastaram a $<ssia para vergonhosas e nunca vistas
derrotas, sem compara+ão alguma com as derrotas da $<ssia c>arista nos anos de 19C4
ou 1915Y #errotas como as *ue a $<ssia não conhecia desde o século !'''Y45
.ar3gra2o sextoJ a espionagem) Goi interpretado com tal amplitude *ue, se se
contassem todos os *ue, por virtude dele, 2oram condenados, seria poss-vel chegar ,
conclusão de *ue, nos tempos de %taline, a su6sist0ncia do nosso povo não se
apoiava na agricultura, nem na ind<stria, nem em *ual*uer outra coisa, senão na
espionagem estrangeira, vivendo1se do dinheiro proveniente das in2orma+9es) A
espionagem era algo de muito c:modo pela sua simplicidade, e compreens-vel tanto
para o delin*uente pouco evolu-do como para o /urista culto, o /ornalista e a
opinião p<6lica4Q) A amplitude da interpreta+ão consistia tam6ém em *ue não se
/ulgava alguém directamente por espionagem, mas sim porJ
T .EJ presun+ão de espionagem Rou espionagem não provada, o *ue dava lugar ,
aplica+ão 2atal da penaXSW T ?%EJ liga+9es conducentes RXS , suspeita de
espionagemW ou se/a, por exemplo, o 2acto de a amiga de uma amiga da sua mulher
mandar 2a>er um vestido , mesma modista Rnaturalmente cola6oradora da ")=)V)#)S *ue
a esposa de um diplomata estrangeiro) E esta categoria do 5Q1;, .E Rpresun+ão de
espionagemS e ?%E Rliga+9es conducentes , suspeita de espionagemS, eram par3gra2os
contagiosos, *ue exigiam um regime severo, uma vigilLncia alerta Rpois os servi+os
de in2orma+ão estrangeiros podiam estender os seus tent3culos ao seu protegido, até
ao interior do campo de concentra+ãoS, implicando a proi6i+ão da escolta em grupo)
Em geral, todos estes artigos1siglas, isto é, não propriamente artigos, mas
assustadoras com6ina+9es de mai<sculas Rneste cap-tulo ainda iremos encontrar
outrasS, arrastavam constantemente consigo um halo de mistério) Era imposs-vel
compreender se se tratava de rami2ica+9es 45 Epoca das invas9es mong:licas) R") dos
()S E poss-vel *ue a mania da espionagem não 2osse s: uma estreite>a mental de
%taline) Ela tornou1se c:moda para *uantos des2rutavam de privilégios) .assou a ser
a /usti2ica+ão natural da pol-tica do segredo, *ue /3 amadurecia, da proi6i+ão da
in2orma+ão, do sistema da porta 2echada, do passe das datchas vedadas e dos centros
secretos de distri6ui+ão) & povo não podia penetrar através das de2esas 6lindadas
da espionite, nem o6servar como a 6urocracia se arran/ava para mandriar, errar,
comer e divertir1se) A$DU'.E AB& #E BU AB ;9 do artigo 5Q ou de algo independente e
muito perigoso) &s detidos ao a6rigo de artigos1 siglas eram mais perseguidos, em
muitos campos, do *ue os do artigo 5Q) .ar3gra2o sétimoJ actividades nocivas ,
ind<stria, aos transportes, ao comércio, , circula+ão 2iduci3ria e ,s cooperativas)
"os anos @C, este par3gra2o esteve muito em voga e a6rangeu massas inteiras so6 a
designa+ão simpli2icada, e a todos acess-vel, de nocividade) E2ectivamente, todos
os ramos citados no par3gra2o sétimo, pioravam de dia para dia a olhos vistos e
devia haver culpados disso) #urante séculos, o povo constru-ra, criara tudo sempre
honradamente, mesmo sendo para os senhores) #esde os tempos de $tariA49 *ue não se
tinha ouvido 2alar de *ual*uer nocividade) E eis *ue, *uando, pela primeira ve>, os
6ens passaram a ser propriedade do povo, centenas de milhares dos seus melhores
2ilhos se lan+aram inexplicavelmente a actividades nocivas) R& par3gra2o so6
nocividade não estava previsto para estender1se , agricultura, mas desde *ue era
imposs-vel explicar de 2orma sensata por*ue é *ue os campos se enchiam de ervas
daninhas, as colheitas diminu-am, as m3*uinas se *ue6ravam, a su6tile>a dialéctica
introdu>iu1o l3 tam6ém)S .ar3gra2o oitavoJ o terror Rnão se tratava da*uele terror
*ue devia 72undamentar e legali>ar8 o ?:digo .enal soviético5C, mas do terror
exercido pela 6aseS) & terror era entendido de um modo particularmente extensivoJ
não signi2icava simplesmente colocar 6om6as de6aixo do carro dos gover1nadores4
mas, por exemplo, es6o2etear a seu médico pessoal, se este era do .artido, ou ainda
o Aomsomol ou o miliciano activistaW isso era /3 terror) ?om mais 2orte ra>ão o
assass-nio de um activista nunca se podia comparar com o assass-nio de um homem
comum Ro mesmo *ue no c:digo de ^amura6i, no século !''' antes da nossa eraS) %e o
marido matava o amante da sua mulher, e acontecia este não ser do .artido, era uma
sorte para o marido, pois aplicava1se1lhe o artigo 1@;J tratava1se de um criminoso
comum, socialmente pr:ximo, e podia ser deixado sem escolta) Fas se o amante
calhava ser do .artido, o marido
convertia1se num inimigo do povo e era /ulgado segundo o artigo 5Q1Q) ?hegava1se a
uma amplia+ão ainda mais lata do conceito, através da aplica+ão do par3gra2o
oitavo, com re2er0ncia ao /3 mencionado artigo 19, ou se/a, através da prepara+ão,
entendida como inten+ão) "ão s: 4b .r-ncipe *ue reinou na segunda metade do século
'!, na $<ssia de =iev) R") dos ()S 5C enine, 5)a edi+ão, tomo 45, p3g) 19C) 5C
A$DU'.E AB& #E BU AB uma amea+a directa pro2erida numa cerve/aria) R7Espera, *ue /3
apanhasX8S, dirigida a um activista, mas uma o6serva+ão 2eita por uma ra6u/enta
vendedora do mercado R7Ah, *ue te leve a pesteX8S, era *uali2icada como '(,
inten+9es terroristas, e dava 2undamento , aplica+ão do artigo com toda a
severidade51) .ar3gra2o nonoJ destrui+ão ou deteriora+ão))) causadas por explosão
ou inc0ndio Rin2alivelmente com um o6/ectivo contra1revolucion3rioS) &u mais
sucintamenteJ sa6otagem) A amplia+ão consistia em imputar1se a estes 2actos uma
inten+ão con1tra1revolucion3ria Ro /ui> de instru+ão sa6ia 6em o *ue se passava na
ca6e+a do delin*uenteXS) Dual*uer neglig0ncia humana, erro, ou 2racasso no tra6alho
e na produ+ão era imperdo3vel, sendo tudo isso encarado como sa6otagem) Fas nenhum
par3gra2o do artigo 5Q se interpretava tão amplamente e com uma tal chama de
consci0ncia revolucion3ria, como o décimoJ 7A propaganda ou a agita+ão, contendo um
apelo ao derru6amento, ao a6alo ou ao en2ra*uecimento do poder soviético))) assim
como a di2usão, prepara+ão ou posse de literatura desse tipo)8 Este par3gra2o
esta6elecia em tempo #E .AU apenas o limite m-nimo da pena Rnão muito 6aixoX "ão
demasiado suaveXS, en*uanto o m3ximo "i& E$A 'F'(A#&X (al era a altive> do
Brande .oder, perante a .A AV$A do seu s<6dito) As mais céle6res extens9es deste
céle6re par3gra2o eramJ T .or 7agita+ão, contendo um apelo8 podia entender1se uma
conversa entre amigos Re até entre con/uguesS cara a cara, ou por carta particularW
e o apelo podia ser um simples conselho pessoal) R":s di>emos 7podia ser8, mas na
realidade A%%'F E$A)S 1 7A6alo ou en2ra*uecimento8 do poder era *ual*uer pensamento
*ue não se a/ustasse ou não se elevasse , incandesc0ncia do pensamento do /ornal do
dia) .ois tudo o *ue não 2ortalece, en2ra*ueceX .ois tudo o *ue não se a/usta
a6alaX E a*uele *ue ho/e não canta connosco, Esse é contra n:sX))) RFaiaAovsAiS 51
'sto tem o ar de um exagero, de uma anedota, mas não 2omos n:s *ue invent3mos tal
anedotaW estivemos presos com pessoas dessas) A$DU'.E AB& #E BU AB 51 1 .or
7prepara+ão de literatura8, compreendia1se *ual*uer coisa escrita numa carta, num
<nico exemplar, umas notas, um di3rio -ntimo) Assim tão alegremente extrapolada,
*ue '#E'A re2lectida, pronunciada ou escrita não era a6rangida pelo par3gra2o
décimoY & décimo primeiro, esse, era de um género especialJ não tinha um conte<do
aut:nomo, sendo, sim, uma circunstLncia agravante de *ual*uer dos anteriores, se a
ac+ão se preparou de 2orma organi>ada ou os delin*uentes constitu-ram uma
organi>a+ão) "a realidade, tal par3gra2o era interpretado de tal modo *ue não se
exigia organi>a+ão alguma) Esta re2inada aplica+ão, eu pr:prio a experimentei) ":s
éramos dois, a
trocarmos secretamente impress9es, ou se/a, um em6rião de organi>a+ão, ou se/a uma
organi>a+ãoX & décimo segundo par3gra2o punha em causa a consci0ncia dos cidadãosJ
re2eria1se , não den<ncia de *ual*uer das ac+9es acima enumeradas) E para o grave
pecado de não denunciar A .E"A "\& ('"^A UF 'F'(E FZ!'F&XXX Este ponto era tão
in2initamente amplo *ue não necessitava de *ual*uer acrescento) %AI'A E "\& #'%%E,
é o mesmo *ue o tivesse 2eito ele pr:prioX & décimo terceiro par3gra2o, *ue, pelos
vistos, /3 tinha perdido h3 muito o seu o6/ectivo, a6rangia os *ue tinham
pertencido ao servi+o de in2orma+ão da HArana, pol-cia secreta c>arista54) Um
servi+o an3logo seria mais tarde considerado, pelo contr3rio, como de valor
patri:tico) & décimo *uarto par3gra2o pune 7o não cumprimento consciente de
determinadas o6riga+9es ou a neglig0ncia premeditada no seu cumprimento8, puni+ão
*ue podia ir, sem d<vida, até ao 2u>ilamento) $esumindoJ isso tinha o nome de
7sa6otagem8 ou 7contra1revolu+ão econ:mica8) #elimitar o premetidado do
impremeditado s: o comiss3rio1instrutor podia 2a>01lo, com 6ase no seu sentido
revolucion3rio do direito) Este par3gra2o aplicava1se aos camponeses *ue não
entregavam os 2ornecimentosW aos AolAho>ianos *ue não tinham tra6alhado o n<mero
su2iciente 54 ^3 2undamentos psicol:gicos para suspeitar *ue %taline cairia,
tam6ém, so6 a al+ada /ur-dica deste par3gra2o do artigo 5Q) Fuitos dos documentos
re2erentes a este tipo de scr1vaVos não so6reviveram a Gevereiro de 1915 e poucos
2oram tornados p<6licos) V) G) #/un1AovsAi, antigo director do departamento da pol-
cia, morto em =olima, a2irmava *ue o 2ogo ateado apressadamente, aos ar*uivos da
pol-cia, nos primeiros dias da revolu+ão de Gevereiro, se deveu a um impulso
unLnime de certos revolucion3rios interessados nisso) 54 A$DU'.E AB& #E BU AB de
diasW aos reclusos dos camposa de concentra+ão *ue não cumpriam a norma de
tra6alhoW e por ricochete, depois da guerra, aos delin*uentes *ue 2ugiam dos
campos, o *ue *uer di>er *ue se considerava, por extrapola+ão, a 2uga do
delin*uente não como um impulso para a doce li6erdade, mas como um atentado ao
sistema dos campos de concentra+ão) Esta era a <ltima vareta do le*ue do artigo 5Q
1 le*ue *ue envolvia dentro de si a exist0ncia humana) Ap:s este exame resumido do
grande A$('B& teremos menos ocasião de nos surpreender, no prosseguimento do livro)
Duem di> lei, di> crime) & a+o adamascado do artigo 5Q, /3 experimentado em 1945,
logo ap:s ter sido 2or/ado, e depois temperado em todas as torrentes da década
seguinte, 2oi de novo aplicado, com enorme estrépido e amplitude, no ata*ue movido
pela lei contra o povo, nos anos 19@51 @Q) E necess3rio di>er *ue a opera+ão de
19@5 não 2oi espontLnea, mas sim planeada, e *ue na primeira metade desse ano
ocorreu um ree*uipamento em muitos c3rceres da UniãoJ 2oram retiradas as tarim6as
das celas e colocados no seu lugar 6eliches, com pranchas cont-nuas, de um e de
dois andares5@) &s velhos prisioneiros recordam *ue o primeiro golpe maci+o ter3
sido dado simultaneamente numa noite de Agosto, em todo o pa-s Rmas, conhecendo a
nossa lentidão, eu não acredito muito nissoS) "o &utono, *uando para o vigésimo
anivers3rio de &utu6ro se esperava com 2é uma grande amnistia geral, o pra>enteiro
%taline acrescentou ao ?:digo .enal duas novas e inauditas penas de *uin>e e vinte
anos54)
"ão h3 necessidade de repetir a*ui, acerca de 19@5, tudo *uanto /3 2oi amplamente
escrito e ser3 ainda repetido in<meras ve>esJ assestou1se um golpe demolidor nos
escal9es superiores do .artido, da administra+ão soviética, do comando militar e
das pr:prias B).)U)1")=)V)#)55 E duvidoso *ue tenha havido alguma região em *ue se
conservasse o primeiro1secret3rio do ?omité do .artido ou o presidente do ?omité
Executivo 5@ .arece não ser casual o 2acto de *ue a ?asa Brande de eninegrado tenha
sido conclu-da em 19@4, precisamente nas vésperas do assass-nio de =irov) 54 A pena
d0 vinte e cinco anos 2oi homologada nas vésperas do trigésimo anivers3rio de
&utu6ro, em 1945) 55 Agora, ao o6servar a revolu+ão cultural chinesa R*ue teve
tam6ém lugar de>assete anos depois da vit:ria de2initivaS, podemos suspeitar com
toda a pro6a6ilidade de acertar *ue se trata de uma lei do desenvolvimento
hist:rico) E o pr:prio %taline come+a a aparecer1nos, apenas, como um executor
super2icial e cego) A$DU'.E AB& #E BU AB 5@ dos %ovietes) %taline escolheu outros
*ue lhe eram mais convenientes) &lga (chatchavad>e relata como isso se passou em
(6ilissiJ em 19@Q 2oram detidos o presidente do ?omité Executivo dos %ovietes da
cidade, o seu su6stituto, todos os che2es de sec+ão Ron>eS, os seus ad/untos, todos
os che2es de conta6ilidade e todos os directores dos servi+os econ:micos) &utros
2oram designados) #ecorreram dois meses) E de novo 2oram detidosJ o presidente, o
su6stituto, todos os che2es de sec+ão Ron>eS todos os che2es de conta6ilidade e
todos os directores dos servi+os econ:micos) Em li6erdade 2icaram apenas os simples
conta6ilistas, as dactil:gra2as, as mulheres da limpe>a e os pa*uetes))) Duanto ,
deten+ão dos mem6ros de 6ase do .artido havia, pelos vistos, um motivo secreto *ue
não era mencionado directamente nem nos processos ver6ais nem nas senten+asJ
prender de pre2er0ncia os militantes do .artido, *ue tinham ingressado antes de
1944) & *ue 2oi aplicado de modo particularmente enérgico em eninegrado, dado *ue,
precisamente, todos eles tinham assinado a 7plata2orma da "ova &posi+ão8) RE como
podiam eles deixar de a assinarY ?omo podiam eles 7não con2iar8 no seu ?omité
$egional de eninegradoYS Eis um pe*ueno *uadro da*ueles anosJ est3 a decorrer Rna
região de FoscovoS a con2er0ncia distrital do .artido) E dirigida por um novo
secret3rio, em su6stitui+ão do recentemente detido) "o 2im da con2er0ncia é
aprovada uma mensagem de 2idelidade ao camarada %taline) ?omo se compreende, todos
se p9em de pé Rdo mesmo modo *ue no decorrer da con2er0ncia todos saltavam da
cadeira cada ve> *ue era mencionado o seu nomeS) "a pe*uena sala ressoam
7tempestuosos aplausos *ue se trans2ormam em ova+ão8) .assam tr0s, *uatro, cinco
minutos e são cada ve> mais tempestuosos os aplausos redundando numa ova+ão) Fas /3
come+am a doer as mãos, /3 se 2atigam os 6ra+os levantados, /3 vão su2ocando as
pessoas idosas) A*uilo passa a ser est<pido até para a*ueles *ue sinceramente
admiram %taline) Entretanto, *uem é o primeiro *ue se atreve a pararY .oderia
2a>01lo o secret3rio da >ona, *ue se encontra de pé na tri6una e aca6a de ler essa
mesma mensagem) Fas ele est3 ali h3 pouco tempo e en1contra1se no lugar do
recentemente detido, tendo ele pr:prio medoX "a verdade, na sala estão tam6ém de
pé, aplaudindo, os mem6ros da ")=)V)#) e eles o6servam *uem é o primeiro *ue se
atreve a pararX))) E os aplausos na pe*uena e desconhecida sala, ignorada pelo ?
he2e, prolon1gam1se por seis minutosX, sete minutosX, oito minutosX))) Eles
sucum6emX Estão todos perdidosX "ão podem parar, en*uanto não tom6arem com os
cora+9es despeda+adosX Ainda no 2undo da sala, no meio do aperto, se pode 2a>er um
pouco de
6atota, aplaudir mais devagar, não tão 2orte, não tão 2uriosamente, mas *ue 2a>er
no praesidium, , vista de todosXY & director da 236rica de papel local, uma
personalidade 2orte, independente, 2a> 54 A$DU'.E AB& #E BU AB parte do praesidium
e compreende toda a 2alsidade, todo o 6eco sem sa-da da situa+ão, mas aplaudeX
#ecorre o nono minutoX & décimoX Ele olha a6orrecido para o secret3rio distrital do
partido, mas este não se atreve a parar) E uma loucuraX Uma loucura geralX
&lhando1se uns aos outros, com uma dé6il esperan+a, mas 2ingindo 0xtase nos rostos,
os dirigentes da >ona aplaudiram até cair) Até *ue os levem em macasX E, até esse
momento, os restantes não vacilaramX))) & director da 236rica de papel, no décimo
primeiro minuto, 2ingindo1se atare2ado,1deixa1se cair no seu lugar, no praesidium)
E, ohX FaravilhaX Esvaiu1se então o incont-vel, o indescrit-vel entusiasmo geralY
#e repente, todos pararam no meio do mesmo aplauso e tam6ém , uma se sentaram)
Estão salvosX & es*uilo teve a ideia de sair da rodaX))) Entretanto, é dessa 2orma
*ue se conhecem as pessoas independentes) E é dessa 2orma *ue se p9em de lado)
"essa mesma noite, o director da 236rica é preso) ?om 2acilidade pregam1lhe, por
outro motivo, de> anos) Fas, depois da assinatura do documento du>entos e seis, *ue
conclui as investiga+9es, o comiss3rio1instrutor recorda1lheJ T "unca1se/a o
primeiro a deixar de aplaudirX RDue 2a>er, poisY ?omo pararmos entãoY )))S5; Eis o
*ue é a selec+ão, segundo #arjin) Eis o *ue é o cansa+o pela estupide>) Fas ho/e
cria1se outro mito) Dual*uer relato pu6licado, *ual*uer men+ão na imprensa
re2erente a 19@5, é invariavelmente o relato da tragédia dos dirigentes comunistas)
E /3 nos convenceram, e n:s inconscientemente deix3mo1nos in2luenciar, de *ue o
per-odo das deten+9es de @51@Q consistiu apenas no encarceramento dos grandes
comunistas e, segundo parece, em nada mais) Fas dos milh9es então presos, não
deviam poder 2a>er parte mais do *ue de> por cento de dirigentes destacados do
.artido e do Estado) Fesmo nas 6ichas dos c3rceres, de eninegrado, para entrega de
pacotes, viam1se, na sua maioria, mulheres simples, com o aspecto de leiteiras) A
composi+ão dos detidos desta enorme torrente, levados meio mortos para o
Ar*uipélago, era tão dispare e extravagante *ue a*uele *ue dese/asse de2inir
cienti2icamente a sua con2ormidade com alguma lei *ue6raria os miolos) RDuanto mais
para os contemporLneos) Ela deveria ser para eles incompreens-vel)S Fas a
verdadeira lei *ue regia as deten+9es da*ueles tempos era constitu-da pelo n<mero
esta6elecido pelas di2erentes categorias e pela sua distri6ui+ão) ?ada cidade, cada
distrito, cada unidade militar rece6ia uma determinada ci2ra de presos a enviar, e
devia cumpri1la no pra>o esta6elecido) & resto dependia da ha6ilidade dos agentes)
$elatado por ")B) A$DU'.E AB& #E BU AB 55 & antigo tche*uista AleAsandr =alganov
recorda como rece6eu em (ach*uent um telegrama di>endoJ 7Enviem du>entosX8 Eles
tinham aca6ado de 2a>er uma ra>ia e *uase /3 não havia *uem deter) E verdade *ue
tinham tra>ido do distrito meia centena de delin*uentes) (iveram uma deiaX (odos os
gatunos presos pela mil-cia seriam levados ao a6rigo do artigo 5QX #ito e 2eitoX
&ra, a mil-cia não sa6ia *ue 2a>er dos ciganos *ue numa das pra+as da cidade,
insolentemente, instalaram um acampamento) (inham uma ideiaX ?ercaram1nos e levaram
todos os homens de de>assete a sessenta anos, como inclu-dos no artigo 5QX E
cumpriram o planoX
&utro casoJ aos tche*uistas de &cétia, segundo relata o che2e de mil-cias
Ua6olovsAi, 2oi dada a tare2a de 2u>ilar nessa $ep<6lica *uinhentas pessoas) Eles
pediram para aumentar o n<mero e permitiram1lhes *ue 2u>ilassem ainda mais du>entas
e trinta) Esses telegramas, ligeiramente ci2rados, eram transmitidos pelo telégra2o
normal) Em (emriuA, a telegra2ista, na sua santa singele>a, transmitiu ao .)I)!) da
")=)V)#)J 7Enviem amanhã a =rasnodar du>entas e *uarenta caixas de sa6ão8, e teve
uma suspeitaX "a manhã seguinte sou6e *ue numerosas pessoas 2oram presas e levadas
da cidade) ?ontou a uma sua amiga como era o telegrama) .renderam1na imediatamente)
R%eria completamente casual *ue uma pessoa 2osse ci2rada como caixa de sa6ãok &u
conhecia1se o *ue era a saponi2ica+ãoY)))S "aturalmente podem dedu>ir1se algumas
leis particulares) %ão presosJ 1 &s nossos verdadeiros espi9es no estrangeiro)
R(rata1se, 2re*uentemente, de sincer-ssimos delegados do =omintern 'nternacional ?
omunistaS, ou de tche*uistas, muitos dos *uais são atractivas mulheres) ?hamam11nos
de volta , p3triaW são presos na 2ronteira e depois acareados com o seu ex1che2e do
=omintern, por exemplo Firov1 =orona) Este a2irma *ue ele pr:prio tra6alhava para
um servi+o de in2orma+ão estrangeiro e, portanto, os seus su6ordinados tam6ém,
automaticamente, sendo tanto mais nocivos, *uanto mais honestos sãoXS 1 &s
empregados do caminho de 2erro da ?hina &riental) R(odos os empregados soviéticos
desse caminho de 2erro, incluindo mulheres, crian+as e velhos, eram espi9es
/aponeses) Fas deve reconhecer1se *ue, anos antes, /3 tinham sido detidos algunsSW
1 &s coreanos do Extremo &riente Rdeporta+ão para o ?asa*uestão 1primeira
experi0ncia de deten+ão, segundo um critério r3cicoSW 1 &s estonianos de eninegrado
Rtodos são detidos, somente em 2un+ão do apelido de cada um, como espi9es dos
estonianos 6rancosSW 1 (odos os atiradores e tche*uistas lituanos 1 sim, os
lituanos, os parteiros da $evolu+ão, *ue ainda não h3 muito constitu-am a espinha
dorsal e o orgulho da (cheAaX E até os comunistas da 6urguesa ituLnia, *ue tinham
sido trocados em 1941, li6ertando1os das horr-veis condena+9es *ue tinham so2rido,
de dois a tr0s anos) R%ão encerrados em eninegradoJ a sec+ão lituana do 'nstituto
^ert>enW a ?asa de ?ultura ituanaW o ?lu6e Esto1 5; A$DU'.E AB& #E BU AB nianoW a
Escola (écnica lituana e os /ornais lituano e estoniano)S #e6aixo de um terramoto
geral, aca6am de ver redistri6u-das as cartas da Brande .aci0ncia, sendo varridos
todos os *ue ainda o não tinham sido) J3 não h3 ra>ão alguma para se ocultar, /3 é
tempo de cortar este /ogo) Agora os socialistas são metidos na prisão, exilados por
col:nias inteiras Rpor exemplo, as de U23 e de %aratovS, processados todos /untos e
mandados para o matadouro do Ar*uipélago, em manadas) Em parte alguma 2oi indicado
*ue era preciso procurar deter o maior n<mero de intelectuais, mas se não os
es*ueciam nunca nas torrentes anteriores, agora tão1pouco os es*uecem) Iasta uma
den<ncia estudantil Ra associa+ão destas palavras deixou h3 muito de soar de
maneira estranhaS, segundo a *ual o pro2essor da sua escola superior cita pouco
enine e Farx e de modo geral não cita %taline T e o pro2essor /3 não comparece ,
con2er0ncia seguinte) E se ele não 2a> nunca cita+9esY (odos os orientalistas de
eninegrado, das gera+9es média e /ovem, são presos) (odos os mem6ros do 'nstituto
do "orte Rexcepto os do servi+o secretoS são presos) "ão desdenham tão1pouco os
pro2essores das escolas prim3rias e secund3rias) Em %verdlov, monta1se o processo
de trinta pro2essores das escolas secund3rias, enca6e+ados pelo seu inspector
provincial de ensino, .ereliem) Entre as terr-veis acusa+9es 2igura a de
instalarem 3rvores de "atal para incendiar as escolas 55 E so6re a ca6e+a dos
engenheiros R/3 da gera+ão soviética, /3 não 76urgueses8S a6ate1se o 6ordão com a
cad0ncia do p0ndulo) Ao top:gra2o de minas FiAov "iAolai FerAurievitch, pelo 2acto
de *ue devido a uma altera+ão nos estratos estes não coincidiram com duas galerias
de uma mina *ue deviam encontrar1se, aplica1se o artigo 5Q15J vinte anosX %eis
ge:logos Rdo grupo de =otovitchS, 7por oculta+ão premeditada de reservas de estanho
no su6solo8 Rou se/a, por não as terem desco6ertoXS, 7na perspectiva da chegada dos
alemães8 Rsegundo den<nciaS, aplica1se o artigo 5Q15J de> anos de reclusão) 'ndo
/untar1se ,s principais torrentes, havia ainda as torrentes especiaisJ as das
esposas Rmem6ros da 2am-liaS) Elas englo6am as mulheres dos destacados dirigentes
do .artido, e em certos lugares R eninegradoS de todos *uantos apanharam 7de> anos
sem direito a correspond0ncia8, isto é, da*ueles *ue /3 não existem) Em regra,
todas apanham oito anos de reclusão 55 ?inco dentre eles 2oram torturados nos
interrogat:rios, morrendo antes do /ulgamento) Vinte e *uatro morreram em campos de
concentra+ão) & trigésimo, 'van Aristaulo1vitch .unitch, voltou rea6ilitado) R%e
tivesse perecido tam6ém ele, ter-amos deixado passar estas trinta pessoas, como
deix3mos passar milh9es)S As numerosas 7testemunhas8 do seu processo, vivem agora
em %verdlov, prosperamenteJ são 2uncion3rios de 7nomenclatura8, com re2ormas a t-
tulo pessoal) A tal selec+ão de #arjin) A$DU'.E AB& #E BU AB 55 ) REm todo o caso,
a pena é mais suave do *ue a da torrente dos AulaAs, e as crian+as 2icam no
continente)S Font9es de v-timasX Fontanhas de v-timasX &2ensiva 2rontal da ") =) V)
#) contra as cidadesJ numa mesma onda, mas por 7causas8 #'GE$E"(E%, %).) Fateveieva
v0 prender o marido e tr0s dos seus irmãos Rdos *uatro, s: um regressouS) 1 A um
técnico electricista *ue6rou1se no seu sector um ca6o de alta tensão) 5Q15 com eleJ
vinte anos) 1 & oper3rio "oviAov, de .erm, é acusado de preparar a explosão de uma
ponte so6re o rio =Lma) 1 Ku/aAov, tam6ém de .erm, 2oi detido de dia e 2oram 6uscar
a esposa de noite) Apresentaram1lhe a ela uma lista de pessoas e exigiram1lhe *ue a
assinasse, indicando *ue todos eles visitavam a sua casa, onde reali>avam reuni9es
de menchevi*ues e de socialistas revolucion3rios Rcomo é de supor, não havia tais
reuni9esS) .or isso, prometeram1lhe deix31la com os tr0s 2ilhos pe*uenos *ue
tinham) Ela assinou, e perdeu1 os a todos, 2icando ela pr:pria presaW 1 "adie/da
Kudenitch 2oi presa devido ao so6renome) E verdade *ue, nove meses depois, 2icou
esta6elecidob`*ue não era da 2am-lia do general do mesmo nome e 2oi posta em
li6erdade Rmas, por uma tal estupide>, durante esse tempo morreu a sua mãe de
desgostoSW 1 Em %tara1$ussa era exi6ido o 2ilme enine em &utu6ro) Alguém prestou
aten+ão , 2raseJ 7'sto deve sa601lo .altchinsAiX8 E .altchinsAi era um de2ensor
de .al3cio do 'nverno) Esperem, nesta 2eira tra6alha uma en2ermeira *ue se chama
.altchinsAaiaX Apanhem1naX E prenderam1na) (ratava1se, e2ectivamente, da mulher,
*ue, depois do 2u>ilamento do marido, se ocultava num lugar a2astado) 1 &s irmãos
IoruchAo R.avel, 'van e %tepanS, tinham chegado da .ol:nia no ano de 19@C, ainda ?
$'A"VA%, para se reunirem , 2am-lia) Agora, /3 adolescentes, são condenados a de>
anos por suspeita de espionagemW
1 Uma condutora de eléctricos de =rasnodar, ao regressar tarde do dep:sito, a pé,
passou nos su6<r6ios, para desgra+a sua, diante de um camião, perto do *ual se
movia gente) &ra, o camião estava repleto de cad3veresJ As pernas e os 6ra+os
apareciam por de6aixo do oleado) .ergunta1ram1lhe o nome) "o dia seguinte 2oi
detida) & comiss3rio instrutor perguntou1lhe o *ue tinha visto) Ela reconheceu
honestamente o *ue vira Reis a selec+ão de #arjinS) .ropaganda anti1soviéticaJ de>
anosW 1 Um canali>ador desligava o aparelho de r3dio do seu *uarto sempre *ue
transmitiam intermin3veis cartas a %taline5Q) Um vi>inho denunciou1o 5Q Duem se
recorda delasY #urante horas eram estonteantemente iguaisX ?ertamente *ue o locutor
evitan se deve lem6rar 6emJ lia1as com grandes in2lex9es, com muito sentimento) 5Q
A$DU'.E AB& #E BU AB Ronde estar3 agora esse vi>inhoYS, como elemento socialmente
perigosoJ oito anosW 1 Um padeiro semianal2a6eto gostava, nas suas horas livres, de
assinar o seu nome, o *ue o elevava perante si mesmo) "ão havendo papel 6ranco,
servia1se do /ornal) &s vi>inhos desco6riram um desses /ornais, com assinaturas
so6re o rosto do .ai e Festre, no cesto dos papéis da latrina colectiva) Agita+ão
anti1soviéticaJ de> anos) %taline e os seus pr:ximos cola6oradores gostavam muito
dos seus retratos, enchendo com eles os /ornais, reprodu>indo1os em milh9es de
exemplares) As moscas tinham1lhes pouca considera+ão, dando pena não utili>ar
/ornais 1 e *uantos desgra+ados não 2oram condenados por issoX As deten+9es
propagavam1se pelas ruas e pelas casas como epidemias) Assim como as pessoas
transmitem umas ,s outras o cont3gio da epidemia sem o sa6erem T num aperto de mão,
através da respira+ão ou da entrega de o6/ectos T assim tam6ém num aperto de mão,
através da respira+ão, durante um encontro na rua, se transmitia o inelut3vel
cont3gio da deten+ão) .ois se amanhã és o6rigado a reconhecer *ue estavas a
organi>ar um grupo clandestino para envenenar a canali>a+ão de 3gua da cidade, e
ho/e eu te apertara a mão na rua, isso signi2icava *ue eu estava igualmente
perdido) %ete anos antes disso, a cidade tinha assistido , extermina+ão do campo e
achado isso muito natural) Agora era o campo *ue poderia o6servar como arrasavam a
cidade, mas era demasiado ignorante para isso, e de resto continuavam tam6ém a
assestar1lhe golpesJ 1 & agrimensor RXS %aunin 2oi condenado a *uin>e anos))) pela
morte de gado RXS e pelas m3s colheitas RXS no seu distrito Re os respons3veis do
distrito 2oram todos 2u>ilados pelo mesmo motivoS) 1 Um secret3rio do .artido
chegou , aldeia para apressar a lavra dos campos, e um velho mu/i*ue perguntou1lhe
se ele sa6ia *ue em sete anos os AolAho>ianos não tinham rece6ido pelos dias de
tra6alho nem um grão de cereal, mas unicamente palha, e, mesmo esta, pouca) .or
esta pergunta condenaram esse velho a de> anos de reclusão, por agita+ão
anti1soviéticaW 1 &utro 2oi o destino de um mu/i*ue pai de seis 2ilhos) .or essas
seis 6ocas matava1se a tra6alhar nas tare2as do AolAho>, bsempre esperan+ado em *ue
rece6eria algo) & *ue, de 2acto, aconteceu) #eram1lhe uma condecora+ão)
Entregaram1lha numa reunião onde se pronunciavam discursos) "a sua resposta, o
mu/i*ue comoveu1se e disseJ 7%e em lugar desta condecora+ão me dessem uma arro6a de
2arinhaX "ão poder3 serY8 A assist0ncia re6entou em gargalhadas 2ero>es e o novo
condecorado 2oi enviado com as suas seis 6ocas para a deporta+ão)
^aver3 *ue reunir agora todos estes casos e explicar *ue se detinham inocentesY Fas
n:s es*uecemo1nos de precisar *ue o pr:prio conceito de culpa 2oi suprimido /3 pela
revolu+ão prolet3ria, e no come+o dos anos @C A$DU'.E AB& #E BU AB 59 2oi declarado
oportunismo de direita "ão podemos continuar, pois, a especular com esses conceitos
anti*uados de culpa e inoc0ncia) A promo+ão do regresso, em 19@9, 2oi um caso
inimagin3vel na hist:ria dos :rgãos, uma mancha nos seus anaisX E verdade,
entretanto, *ue esta contracorrente 2oi pe*uenaJ cerca de um a dois por cento de
todos os ultimamente presos, ainda não processados, nem enviados para longe e *ue
não tinham morrido) Ela 2oi pe*uena, mas ha6ilmente utili>ada) Assemelham1se ,
troca de um Aopec por um ru6lo, sendo necess3ria para lan+ar todas as culpas em
cima do s:rdido Ke/ov e 2ortalecer o recém1chegado Ié1ria, e para *ue a auréola
do ?he2e 6rilhasse mais radiosamente) Bra+as a este Aopec conseguiu enterrar1se com
ast<cia o ru6lo restante) ?om e2eito, se 7tudo 2oi esclarecido e os puseram em
li6erdade8 Raté os /ornais relatavam com coragem alguns casos isolados de v-timas
de cal<niasS isso signi2ica *ue os restantes presos eram certamente uns canalhasX E
os *ue regressavam guardavam sil0ncio, pois tinham assinado uma declara+ão) Estavam
emudecidos pelo terror e eram poucos os *ue sa6iam algo dos segredos do
Ar*uipélago) A distri6ui+ão 2ora 2eita antesJ as carrinhas pela noite, as
demonstra+9es de dia) Duanto ao Aopec, 6em depressa 2oi recuperado nesses mesmos
anos e pelos mesmos par3gra2os do in2inito Artigo) Assim, *uem deu, por exemplo,
nos anos 4C, pela torrente das esposas *ue não renegaram os maridosY Duem recorda,
na cidade de (am6ov, *ue nesse pac-2ico ano 2oram detidos todos os mem6ros da
or*uestra de /a>> *ue tocava no ?inema Foderno, dado *ue todos eram inimigos do
povoY E *uem viu os trinta mil checos *ue deixaram, em 19@9, a ?hecoslov3*uia
ocupada para a *uerida .3tria eslava, a U) $) %) %)Y "ão era poss-vel garantir *ue
algum deles não 2osse um espião) Fas 2oram todos enviados para campos de
concentra+ão do "orte Ré de l3 *ue parte, em tempo de guerra, o 7corpo
checoslovaco8S) Fas, permitam ainda, não 2oi em 19@9 *ue estendemos a mão em a/uda
dos ucranianos ocidentais, dos 6ielorrussos ocidentais, e, depois, em 194C, dos
ha6itantes da região do I3ltico, 6em como dos moldavosY Aconteceu *ue os nossos
irmãos eram completamente limpos, e da- 2lu-ram as torrentes da pro2ilaxia social)
Goram presos os *ue eram demasiado a6astados e in2luentes, os *ue se destacavam
pela sua independ0ncia, intelig0ncia e notoriedade) "as antigas regi9es da .ol:nia
2oram presos, so6retudo, muitos polacos R2oi então *ue se recrutaram as v-timas do
massacre de =atin e nos campos de concentra+ão do "orte os mem6ros do 2uturo
exército de %i1AorsAi1AndersS) .or toda a parte se detinham os o2iciais) E assim se
condicionavam as popula+9es, redu>indo1as ao sil0ncio, privando1as dos poss-veis
dirigentes da resist0ncia) Assim eram chamadas , ra>ão, es2riando1se as antigas
rela+9es, as antigas ami>ades) ?2) ?olectLnea 7das pris9es)))8, p3g) ;@) QC A$DU'.E
AB& #E BU AB A GinlLndia deixou1nos um istmo sem popula+ão, mas, em compensa+ão, na
?arélia e em eninegrado procedeu1se , extrac+ão e , transplanta+ão de todas as
pessoas de sangue 2inland0s) ":s nem se*uer demos por esse pe*ueno riachoJ não
temos sangue 2inland0s;C) Goi na guerra da GinlLndia *ue se procedeu a uma primeira
experi0nciaJ a de processar os nossos soldados, *ue ca-ram prisioneiros, como
traidores , .3tria) Era, na verdade, a
primeira experi0ncia na hist:ria da humanidadeX Fas, por espantoso *ue pare+a, não
nos aperce6emos dissoX Estava1se a proceder ao ensaio *uando precisamente so6reveio
a guerra e com ela a grandiosa retirada) "as rep<6licas ocidentais, *ue eram
a6andonadas ao inimigo, era necess3rio apressar1se a em6arcar, nuns *uantos dias,
a*ueles a *ue era ainda poss-vel deitar a mão) "a ituLnia, com a pressa, 2oram
deixadas unidades militares inteiras, regimentos, divis9es de artilharia cl3ssica e
antiaérea, mas arran/ou1se meio de levar alguns milhares de 2am-lias lituanas
suspeitas R*uatro mil dentre elas 2oram depois entregues, no campo de concentra+ão
de =rassnoiarsA, ao sa*ue dos urAi6!) #epois de 4Q de Junho come+aram a e2ectuar1se
deten+9es precipitadas na et:nia e na Est:nia) Fas a situa+ão tornava1se perigosa e
tiveram de retroceder mais depressa ainda) Es*ueceram1se de desmantelar 2ortale>as
inteiras, como a de Irest, mas não se es*ueceram de passar pelas armas os presos
pol-ticos nas celas e nos p3tios de vov, de $ovn, de (alin e de muitas outras
pris9es do &cidente) "o c3rcere de (artu 2oram 2u>iladas cento e noventa e duas
pessoas e os cad3veres lan+ados a um po+o) ?omo imaginar istoY %em *ue sai6as o *ue
se passa, a6re1se a porta da cela e disparam so6re ti) Antes de morrer tu gritas e
ninguém, além das pedras do c3rcere, te ouve, nem ir3 contar) Fas di>1se *ue houve
*uem não chegasse a ser 2u>ilado) .ode ser *ue ainda leiamos um livro acerca disso)
"a retaguarda, a primeira torrente da guerra 2oi a dos espalhadores de 6oatos e
semeadores de pLnico, segundo os termos de um decreto especial , margem do c:digo
editado nos primeiros dias da guerra;4) (ratava1se de um sangria experimental para
manter a disciplina geral) (odos eram condenados a de> anos, mas não se
consideravam como a6rangidos pelo artigo 5Q Re a*ueles poucos *ue so6reviveram aos
campos de concentra+ão dos anos de guerra, 2oram amnistiados em 1945S) #epois houve
a torrente dos *ue não entregaram os aparelhos de r3dio ou as suas pe+as
so6resselentes) .or uma v3lvula de r3dio encontrada Rpor den<nciaS apanhava1se de>
anos) ;C Duando da guerra russo12inlandesa R194CS, o istmo da ?arélia 2oi anexado
pela União %oviética) R") dos ()S ha .resos comuns Rladr9es e delin*uentes de outro
tipoS *ue eram utili>ados como guardas em campos de prisioneiros pol-ticos) R") dos
()S Estive a pontos de experimentar esse decreto na minha pr:pria pele) .us1me na
6icha de uma padaria) Um miliciano chamou1me e levou1me para completar um n<mero)
(eria come+ado peio BU AB, em ve> da guerra, se não 2osse essa 2eli> interrup+ão)
A$DU'.E AB& #E BU AB Q1 E logo veio a torrente dos alemãesJ os da região do Volga,
os colonos da UcrLnia e do ?3ucaso do "orte, en2im, todas as pessoas de origem
alemã, *ual*uer *ue 2osse a >ona da União %oviética onde vivessem) & sintoma
determinante era o do sangue, e até her:is da guerra civil e velhos militantes
do .artido, desde *ue se tratasse de alemães, eram desterrados;@) "a sua ess0ncia,
o desterro dos alemães 2oi an3logo ao esmagamento dos AulaAs, mas assumiu 2ormas
mais suaves, pois permitiram1lhes levar mais coisas consigo e não os atiraram para
lugares tão perdidos e mort-2eros) "enhuma 2ormalidade /ur-dica 2oi repetida, do
mesmo modo *ue no caso do esmagamento dos AulaAsJ o ?:digo .enal era uma coisa e o
desterro de centenas de milhares de homens outra) (ratava1se de uma decisão pessoal
do reiX Além disso, era a sua primeira experi0ncia nacional desse tipoW tinha para
ele interesse te:rico)
A partir do 2im do Verão de 1941, e mais ainda no &utono, precipitou1se a torrente
dos *ue tinham 2icado cercados) (ratava1se da*ueles mesmos de2ensores da .3tria, de
*ue meses antes as nossas cidades se tinham despedido com 2an2arras e 2lores, e a
*uem depois disso, cou6e em sorte apanhar os golpes mais duros dos tan*ues pesados
alemães, tendo1se encontrado, no meio do caos geral, e de maneira nenhuma por culpa
sua, não na situa+ão de cativos, mas durante algum tempo dispersos em grupos de
com6ate no interior do cerco alemão, e conseguindo romp01lo, no 2im de contas) &ra,
em lugar de serem a6ra+ados 2raternalmente no seu regresso Rcomo teria procedido
*ual*uer outro exército do mundoS, deixando1os repousar, visitar a 2am-lia e
incorporarem1se depois na sua unidade, 2oram condu>idos, de6aixo de suspeitas e
d<vidas, em destacamentos desarmados e privados de direitos, para centros de
veri2ica+ão e de classi2ica+ão, onde os o2iciais dos %ervi+os Especiais come+avam
por ter descon2ian+as so6re cada palavra sua e até se eram *uem di>iam ser) E os
métodos de veri2ica+ão eram os interrogat:rios, as acarea+9es é as declara+9es de
uns acerca dos outros) #epois da veri2ica+ão, uma parte dos cercados era integrada,
com o nome anterior, grau e con2ian+a, em novas unidades militares) &utra parte,
menor por en*uanto, compunha a primeira torrente de traidores , p3tria) Era1lhe
aplicado o artigo 5Q1116, mas, ao princ-pio, até , ela6ora+ão da norma, menos de
de> anos) Assim se ia depurando o exército em opera+9es) Fas havia ainda o
enorme ;@ E o sangue era determinado a partir do so6renome) & engenheiro construtor
Vassili &AoroAov Rda palavra oAoroA, presumoS, achando inc:modo assinar com esse
apelido os seus pro/ectos, mudou nos anos @C, *uando isso ainda era poss-vel, para
$o6ert %hteAAer, *ue soava 6em, aper2ei+oando a sua assinatura) Agora, não tinha
tempo de provar nada e 2oi preso como alemãoJ 7E este o seu verdadeiro nomeY #e *ue
tare2as 2oi incum6ido pela espionagem 2ascistaY)))8 E outro ha6itante de (am6ov,
=aver>niev Rda palavra Aaver>ni, intriguistaS, `Jue /3 em 191Q tinha mudado o seu
pouco melodioso so6renome pelo de =ol6e, *uando é *ue compartilhou o seu destino
com o de &AoroAovY))) Q4 A$DU'.E AB& #E BU AB exército inactivo, no Extremo &riente
e na Fong:lia) "ão deixar *ue este exército se en2erru/asse, tal era a no6re tare2a
das %ec+9es Especiais) E aos her:is de =hassan;4 come+ava a soltar1se1lhes a l-
ngua, na sua inac+ão, tanto mais *ue lhes tinham dado agora a estudar as armas *ue
até esse momento eram mantidas secretas para os nossos pr:prios soldadosJ as
pistolas autom3ticas #egtiarev e os o6uses de regimento) #ispondo dessas armas,
era1lhes di2-cil compreender como retroced-amos no &cidente) ] distLncia da %i6éria
e dos montes Urais, eles não podiam ganhar consci0ncia de *ue, retrocendo cento e
vinte *uil:metros por dia, n:s simplesmente repet-amos a mano6ra de atrac+ão de
=utu>ov) %: uma torrente provinda do exército oriental poderia propiciar essa
compreensão) E os l36ios 2echaram1se e a 2é passou a ser de 2erro) "as altas
es2eras ia 2luindo tam6ém, por si s:, a torrente dos culpados do recuo Rnão era,
claro, o Brande Estrategista o culpado dissoXS) Goi uma torrente pe*uena, de meia
centena de pessoas, a torrente dos generais, detidos nos c3rceres de Foscovo
durante o Verão de 1941, e, em &utu6ro desse ano, em levas) Entre os generais, a
maioria da avia+ão, 2iguravam o general1che2e das 2or+as aéreas, %muchAevitch, o
general E)%) .tuAhin Ro *ual di>iaJ 7%e eu sou6esse, teria 6om6ardeado em primeiro
lugar o nosso .ai Duerido, e s: depois iria para a prisãoX8S, e outros) A vit:ria
na >ona de Foscovo deu origem a uma nova torrenteJ a dos moscovitas culpados)
Agora, ap:s uma an3lise tran*uila, p_de veri2icar1se *ue esses moscovitas não
2ugiram nem 2oram evacuados, mas 2icaram intrepidamente na capital amea+ada e
a6andonada pelas autoridades) Eis *ue /3 deles se suspeitavaJ *uer de minarem o
poder das autoridades R5Q11CSW *uer de terem esperado os alemães R5Q111a, com
re2er0ncia ao artigo 19J esta torrente alimentaria os comiss3rios de instru+ão de
Foscovo e de eninegrado 1945S) E evidente *ue o 5Q11C, A)%)A) Ragita+ão
anti1soviéticaS, nunca deixou de ser aplicado, e, durante toda a guerra, satis2e>
as necessidades da retaguarda e da 2rente) Era aplicado aos evacuados, se relatavam
os horrores da retirada Rsegundo os /ornais, é claro *ue o retrocesso se 2a>ia de
acordo com um planoSW aos *ue na retaguarda espalhavam cal<nias, di>endo *ue o
racionamento era severoW aos *ue na 2rente pro2eriam di2ama+9es, di>endo *ue os
alemães possu-am uma técnica 2orteW em 1944, por toda a parte, ,*ueles *ue,
caluniosamente, pretendiam *ue em eninegrado, então 6lo*ueada, as pessoas morriam
de 2ome) "esse mesmo ano, ap:s o insucesso registado na >ona de =ertch Rcento e
vinte mil prisioneirosS, na >ona de ?rac:via Rainda maisS, no decurso da grande
retirada do sul para o ?3ucaso e para o Volga, 2oi ainda aspirada uma torrente mais
importante de o2iciais e de soldados, *ue não dese/avam ;4 ocalidade onde se
desenrolaram renhidos com6ates de tropas da U)$)%)%) e da $ep<6lica .opular da
Fong:lia, contra tropas /aponesas, no ano de 19@9) R") dos ()S A$DU'.E AB& #E BU AB
Q@ resistir até , morte e retrocederam sem licen+aJ a*ueles mesmos a *uem, segundo
os termos da imortal ordem do dia du>entos e vinte sete, de %tali1ne, a .3tria não
podia perdoar a sua vergonha) Esta torrente não chegou, porém, a BU ABJ su6metida
ao regime acelerado, pelos tri6unais das divis9es, 2oi empurrada para as companhias
disciplinares e rea6sorvida sem deixar vest-gios na areia vermelha das primeiras
linhas) (al 2oi o cimento so6re *ue se 2undaram os alicerces da vit:ria de
Estalinegrado, mas não entrou na hist:ria geral da $<ssia, 2icando con2inado ,
hist:ria espec-2ica das canali>a+9es) R#e resto, tentamos seguir a*ui apenas as
torrentes *ue chegavam a BU AB vindas do exterior) As ininterruptas trans2orma+9es
internas de BU AB, de um reservat:rio a outro, pelos chamados delitos do campo de
concentra+ão, *ue 2oram particularmente 2ero>es no tempo da guerra, não são
examinados neste cap-tulo)S A honestidade exige tam6ém *ue citemos as
contracorrentes do tempo da guerraJ os /3 mencionados checos e polacos, 6em como
delin*uentes comuns *ue 2oram deixados sair dos campos para irem para a 2rente de
6atalha) A partir de 194@, *uando da viragem da guerra a nosso 2avor, come+ou a
tornar1se mais a6undante, de ano para ano, até 194;, a torrente dos muitos milh9es
provindos dos territ:rios ocupados e da Europa) &s dois a2luentes mais importantes
*ue a compunham eramJ 1 &s cidadãos *ue tinham vivido nos territ:rios so6 o dom-nio
alemão ou na Alemanha Rapanhavam de> anos, sendo catalogados com a letra 7a8J
5Q111aSW 1 &s militares *ue tinham sido 2eitos prisioneiros Rapanhavam tam6ém de>
anos, sendo catalogados com a letra 768J 5Q1116S) (odos os *ue 2icaram su6metidos ,
ocupa+ão *ueriam, apesar de tudo, continuar a viverW isso, exerciam uma actividade,
podendo teoricamente ganhar, ao mesmo tempo *ue o sustento di3rio, tam6ém uma
2utura prova de delitoJ se não a de trai+ão , p3tria, pelo menos a de cola6ora+ão
com o inimigo) Entretanto, na pr3tica era su2iciente registar as séries dos
passaportes dos ha6itantes das >onas ocupadasJ prend01los a todos era
economicamente insensato, pois isso signi2icava despovoar amplas extens9es)
Iastava, para edi2ica+ão da consci0ncia geral, prender apenas uma certa
percentagemJ
culpados, semiculpados, culpados em *uarto, 6em como a*ueles *ue secavam as tulias
no mesmo tapume *ue os alemães) Fas 6astava um por cento de um milhão para 2ormar
uma 6oa d<>ia de plet:ricos campos de tra6alho) E não h3 lugar para pensar *ue uma
participa+ão honrada em *ual*uer organi>a+ão clandestina de resist0ncia contra os
alemães livrava alguém, de modo seguro, de entrar na 2orma+ão dessa torrente) "ão
2oi caso <nico, o da*uele Aomsomol de =iev a *uem a organi>a+ão clandestina mandou
tra6alhar na pol-cia, para lhe transmitir in2orma+9es) & rapa>, honestamente, Q4
A$DU'.E AB& #E BU AB deu in2orma+9es de tudo aos Aomsomols, mas , chegada dos
nossos apanhou os seus de> anos, pois era imposs-vel *ue tendo servido na pol-cia
não se tivesse deixado contagiar pelo esp-rito do inimigo e cumprido as tare2as de
*ue este o incum6ria) Fais duramente e com mais rigor eram /ulgados os *ue tinham
estado na Europa, em6ora se tratasse de escravos das prov-ncias orientais, por*ue
tinham visto um peda+o da vida europela e podiam 2alar so6re ela) (ais relatos eram
sempre desagrad3veis R, excep+ão, compreende1se, das notas de viagem dos escritores
sensatosS e muito mais desagrad3veis o eram nos anos do p:s1guerra, anos de ru-na e
desordem) ?ontar *ue na Europa tudo era a6solutamente mau, *ue a vida a- era
imposs-vel nem todos o sa6iam 2a>er) Era por esse motivo, e não por*ue se tivessem
tomado prisioneiros, *ue era /ulgada a maioria dos prisioneiros de guerra,
so6retudo a*ueles *ue tinham visto no &cidente algo mais do *ue um campo de morte
alemão;5) 'sto torna1se evidente pelo 2acto de, in2lexivelmente, serem tratados
como prisioneiros de guerra os internados Rcivis levados para tra6alhar na
AlemanhaS) "os primeiros dias da guerra, por exemplo, um grupo de marinheiros
nossos 2oi dar ao litoral da %uécia) #urante toda a guerra viveram livremente nesse
pa-s, com tanto con2orto como nunca tinham go>ado até então, nem nunca mais
usu2ruiriam no 2uturo) A U)$)%)%) retrocedia, avan+ava, atacava, morria e passava
2ome e esses canalhas iam comendo o pão da neutralidade) #epois da guerra a %uécia
devolveu1no1los) A trai+ão , .3tria era indu6it3vel, mas havia algo *ue não /ogava
certo) #eixaram11nos partir e separar1se, e depois aplicaram a todos eles uma pena
por Agita+ão Anti1%oviética, devido aos aliciantes relatos *ue 2a>iam so6re a
li6erdade e a a6undLncia *ue veri2icaram na capitalista %uécia RBrupo =adenAoS;;) ;
5 Em6ora não se deixassem logo aperce6er tão claramente, em 194@ havia /3 umas
torrentes perdidas, di2erentes de todas as outras, como por exemplo a dos
7a2ricanos8, tal como a denominaram durante muito tempo nas o6ras de constru+ão de
VorAut) (ratava1se dos prisioneiros de guerra russos, utili>ados pelos americanos
no exército de $ommel em Z2rica Ros ^ijiS, *ue 2oram expedidos em %tude6aAers
através do Egipto, do 'ra*ue e do 'rão, para a p3tria) 'nstalaram1nos imediatamente
numa 6a-a deserta do mar ?3spio, atr3s de arame 2arpado, arrancaram1lhes as ins-
gnias militares, tiraram1lhes os o6/ectos *ue os americanos lhes tinham dado Rem
proveito dos 2uncion3rios dos :rgãos, evidentemente, e não do EstadoS e
expediram1nos para VorAut, até nova ordem, não lhes aplicando ainda, por 2alta de
experi0ncia, nem uma pena nem um artigo do ?:digo) Estes 7a2ricanos8 viveram em
VorAut em condi+9es indeterminadasJ não eram guardados, mas não podiam, sem
licen+a, dar um passo se*uer por VorAutW pagavam1 lhes um sal3rio como se 2ossem
livres, mas dispunham deles como prisioneiros) E a ordem especial não chegava)
(inham1nos es*uecido)))
;; ?om este grupo veri2icou1se um caso aned:tico) "o campo, tinham /3 calado a 6oca
so6re a vida na %uécia, temendo apanhar por isso uma nova condena+ão) "a %uécia,
porém, sou6e1se, por *ual*uer meio, desse caso e 2oram pu6licadas not-cias
caluniosas na imprensa) Entretanto, os rapa>es /3 estavam dispersos por diversos
campos) #e repente, por ordem especial A$DU'.E AB& #E BU AB Q5 .or entre a torrente
geral dos li6ertados das >onas ocupadas, 2oram passando, uma ap:s outra,
rapidamente e em catadupa, as torrentes das na+9es *ue ca-ram em 2altaJ Em 194@, as
dos calmucos, dos tchetchenos, dos inguchos, dos ca6ar1dinosW Em 1944, a dos
t3rtaros da ?rimeia) Elas não teriam corrido tão impetuosa e velo>mente para o seu
desterro perpétuo se os :rgãos não tivessem rece6ido o re2or+o de tropas regulares
e de viaturas do exército) As unidades militares cercaram com um anel de 2erro as
povoa+9es montanhosas e os *ue ali se tinham aninhado para viver durante séculos
2oram o6rigados, em vinte e *uatro horas, pela impetuosidade das tropas de
desem6ar*ue, a dirigir1se para a esta+ão, a su6ir para os vag9es e a partir
imediatamente para a %i6éria, para o ?asa*uestão, para a Zsia ?entral, para o "orte
da $<ssia) Exactamente vinte e *uatro horas depois, a sua terra e os seus 6ens eram
trans2eridos para os herdeiros) #o mesmo modo *ue os alemães no come+o da guerra,
tam6ém estas nacionalidades eram deportadas unicamente em 2un+ão do critério do
sangue, sem preencherem *ual*uer *uestion3rio T e tanto os mem6ros do .artido como
os her:is do tra6alho e os her:is da guerra ainda não 2inda, todos eram tam6ém
levados para l3) "os <ltimos anos da guerra houve, s: por si, a torrente dos
criminosos de guerra alemães, seleccionados nos campos de prisioneiros de guerra e
trans2eridos, por decisão do tri6unal, para os do complexo de BU AB) Em 1945, não
o6stante a guerra com o Japão não ter durado nem tr0s semanas, 2oram apanhados
numerosos prisioneiros de guerra /aponeses, empregados em tra6alhos urgentes de
constru+ão na %i6éria e na Zsia ?en1 2oram levados todos para a prisão de =rest, em
eninegrado) #urante dois meses alimentaram1nos para a engorda e deixaram
crescer1lhes o ca6elo) #epois, vestiram1nos com s:6ria elegLncia, industriaram cada
um so6re o *ue devia 2a>er, advertiram1nos de *ue se um *ual*uer deles cometesse a
canalhice de 2alar de outra 2orma apanharia 7nove gramas8 de chum6o na nuca, e
enviaram1nos para uma con2er0ncia de imprensa, na presen+a de /ornalistas
estrangeiros convidados e de pessoas *ue conheciam 6em o grupo na %uécia) &s
ex1internados mantiveram1se muito animados, relataram onde viviam, estudavam,
tra6alhavam e indignaram1se com as cal<nias 6urguesas, *ue recentemente tinham lido
na imprensa ocidental Rpois ela ven1de1se a*ui em cada *uios*ueXS) (ratavam de
escrever uns aos outros e puseram1se de acordo, indo a eninegrado Ra *uestão das
despesas da viagem não pertur6ou ninguémS) ?om o seu aspecto vistoso e 2resco eles
constitu-ram o melhor desmentido ao 6oato dos /ornais) &s /ornalistas partiram
envergonhados, indo escrever desculpas) .ara a imagina+ão ocidental era
inimagin3vel explicar de outra 2orma o sucedido) E os protagonistas da con2er0ncia
de imprensa, dali mesmo 2oram levados ao 6anho, tendo1lhes cortado o ca6elo e
vestido os velhos 2arrapos, sendo enviados para os mesmos campos) evando em conta
*ue todos eles se portaram 6em, não lhes aplicaram nova condena+ão) Q; A$DU'.E AB&
#E BU AB
tral, procedendo1se a uma opera+ão de selec+ão de criminosos de guerra id0ntica ,
*ue 2oi tam6ém ali levada a ca6o para BU AB);5 A partir de 2ins de 1944, *uando o
nosso exército irrompeu nos Ialcãs, e so6retudo em 1945, *uando ele atingiu a
Europa ?entral, escoou1se ainda pelos canais de BU AB uma torrente de russos
emigrados T velhos *ue haviam sa-do por altura da $evolu+ão e /ovens *ue /3 ali
tinham crescido) %acavam para a p3tria geralmente os homens, deixando as mulheres e
as crian+as na emigra+ão) RE verdade *ue não os levavam todos, mas s: a*ueles *ue
ao longo desses vinte e cinco anos tivessem exprimido, em6ora timidamente, os seus
pontos de vista pol-ticos, ou *ue os tivessem mani2estado longo tempo antes,
durante a $evolu+ão) "ão tocavam na*ueles *ue haviam levado uma exist0ncia
simplesmente vegetativa)S As principais torrentes procederam da Iulg3ria, da
Jugosl3via, da ?hecoslov3*uia, um pouco menos da Zustria e da AlemanhaW nos outros
pa-ses da Europa &riental *uase não viviam russos) ?omo um eco, respondeu1lhe
tam6ém da Fanch<ria, em 1945, uma torrente de emigrantes) RAlguns deles não 2oram
presos imediatamenteJ houve 2am-lias inteiras *ue 2oram convidadas a regressar ,
p3tria como pessoas livres) Uma ve> a*ui, separavam1 nos e mandavam1nos para a
deporta+ão ou para os c3rceres)S Em todo o per-odo de 1945 a 194;, avan+ou para o
Ar*uipélago, en2im, uma grande torrente de verdadeiros inimigos do .oder Ros homens
de Klassov, os cossacos de =rasnov, os mu+ulmanos das unidades nacionais criadas
por ^itlerS, uns convictos e outros 2or+ados) Juntamente com eles 2oi capturado
nada menos de meio milhão de re2ugiados, *ue tinham 2ugido ao poder soviéticoJ
civis de todas as idades e de am6os os sexos, *ue tinham conseguido esconder1se no
territ:rio dos aliados, mas 2oram per2idamente devolvidos nos anos de 194;145,
pelas respectivas autoridades, aos soviéticos;Q) ;5 %em conhecer os pormenores
deste caso, estou convicto, não o6stante, de *ue grande parte destes /aponeses não
puderam ser /ulgados legalmente) (ratou1se de um acto de1 vingan+a e de um meio de
reter a mão1de1o6ra por um pra>o mais prolongado) ;Q %urpreendentemente, apesar de
no &cidente ser imposs-vel guardar segredos pol-ticos por muito tempo, pois aca6am
inevitavelmente por ser divulgados, o segredo desta trai+ão conheceu uma sorte
di2erente, sendo guardado ciosamente pelos governos 6ritLnico e americano) "a
verdade, deve ser, senão o <ltimo segredo da %egunda Buerra Fundial, um dos
<ltimos) (endo encontrado in<meras ve>es pessoas dessas nas pris9es e nos campos,
custava1me a acreditar *ue neste *uarto de século a opinião p<6lica do &cidente
"A#A sou6esse desta entrega grandiosa pelas suas propor+9es, de gente simples da
$<ssia, pelos governos ocidentais, , repressão e , morte) %: em 195@, no %undaN
&Alahoma, de 41 de Janeiro, saiu um pe*ueno artigo de Kulis Epstein, a *uem da*ui
me atrevo a transmitir o meu agradecimento, em nome da massa de mortos e dos poucos
vivos) (rata1se de um 6reve documento incompleto acerca do ocorrido, e oculto até
ao presente, entre os muitos tomos a escrever so6re a repatria+ão A$DU'.E AB& #E BU
AB Q5 Um certo n<mero de polacos, mem6ros do exército nacional de =raiova,
partid3rios de FiAolaitchiA, passou pelas nossas pris9es em 1945, antes de seguir
para BU AB) ^avia tam6ém uns tantos romenos e h<ngaros) A partir do 2im da guerra e
por longos anos 2oi escorrendo a a6undante torrente dos nacionalistas ucranianos
R7os Iender8S) %o6re o pano de 2undo de toda esta gigantesca transplanta+ão de
milh9es de pessoas no p:s1guerra, poucos 2oram os *ue o6servaram torrentes tão
pe*uenas comoJ
1 A das raparigas *ue namoravam estrangeiros R194;145S, ou se/a, *ue se deixaram
corte/ar por estrangeiros) Elas eram marcadas com o r:tulo do artigo 51@5
Rsocialmente perigosasSW 1 A das crian+as espanholas, essas mesmas *ue tinham sido
expatriadas durante a guerra civil, mas /3 se tinham convertido em adultas depois
da %egunda Buerra Fundial) Educadas em internatos nossos, elas adaptavam1se,
entretanto, mal , nossa vida) Fuitas tentaram regressar 7a casa8) Eram tam6ém
marcadas com o r:tulo do 51@5 Rsocialmente perigosasS e as mais o6stinadas com o do
artigo 5Q1; Respionagem em proveito))) da AméricaS) R.ara sermos /ustos não devemos
es*uecer, tão1pouco, a pe*uena contracorrente dos))) sacerdotes, em 1945) %im, oh
milagreX .ela primeira ve> depois de trinta anos eram postos em li6erdade os
sacerdotesX .ropriamente 2alando, eles não eram procurados nos campos, mas todas as
pessoas *ue, encontrando1se em li6erdade, se lem6ravam deles, podiam dar o seu
nome, mencionando o seu paradeiro, e os interessados eram postos por levas em
li6erdade, a 2im de participarem no 2ortalecimento da 'gre/a resta6elecida)S
'mporta lem6rar *ue este cap-tulo não tem, de modo algum, por 2im enumerar (&#A% as
torrentes *ue 2ertili>aram BU AB, mas s: a*uelas *ue assumiram um mati> pol-tico)
Assim, como num curso de anatomia, depois da descri+ão pormenori>ada do sistema da
circula+ão sangu-nea, se pode come+ar de novo e detalhadamente a 2a>er a descri+ão
do sistema lin23tico 2or+ada para a União %oviéticaJ 7(endo vivido dois anos nas
mãos das autoridades 6ritLnicas, com um 2also sentimento de seguran+a, os russos
2oram apanhados de surpresa, nem compreendendo se*uer *ue os repatriavam))) Eram na
maioria simples camponeses, com um rancor pessoal contra os 6olchevi*ues)8 As
autoridades inglesas portaram1se com eles como se se tratassem de 7criminosos de
guerra8, entregando1os, contra sua vontade, nas mãos da*ueles de *uem se não pode
esperar um /ulgamento /usto) Goram enviados todos para o exterm-nio, para BU AB) QQ
A$DU'.E AB& #E BU AB assim se poderiam descrever de novo, desde 191Q até 195@, as
torrentes dos condenados por delitos comuns e mais propriamente por crimes penais)
E essa descri+ão tam6ém não ocuparia pe*ueno espa+o) A*ui seriam esclarecidos
muitos ucasses RdecretosS céle6res, es*uecidos em parte agora Rem6ora não tenham
sido revogados por leiS, *ue 2orneciam a6undante material humano para o insaci3vel
Ar*uipélagoJ o decreto so6re o a6sentismo ao tra6alhoW o decreto so6re a produ+ão
de2eituosaW o decreto so6re a destila+ão caseira de vodca R*ue atingiu o auge em
1944, mas /3 na década de 4C tinha 2eito muitos estragosSW o decreto punindo os
AolAho>ia1nos *ue não cumprissem a norma o6rigat:ria de dias de tra6alhoW o decreto
so6re a lei marcial nos caminhos de 2erro Rpromulgado em A6ril de 194@, /3 não no
come+o da guerra, mas no momento da sua viragem a nosso 2avorS) Esses decretos,
segundo uma tradi+ão antiga, *ue remontava aos tempos de .edro, o Brande, apareciam
sempre como ignorando toda a legisla+ão anterior, sem a ter de nenhum modo em
conta, como se tivesse sido es*uecida) Era proposta aos /uristas a tare2a de
conciliar os di2erentes ramos /ur-dicos, mas eles não curavam disso nem com muito
>elo nem com muito 0xito) Esta pulsa+ão de decretos condu>iu a um estranho *uadro
de delitos e crimes de direito comum em todo o pa-s) .odia o6servar1se *ue nem os
rou6os, nem os assass-nios, nem a destila+ão caseira de vodca, nem as viola+9es
aconteciam no nosso pa-s, segundo os lugares e as circunstLncias, como conse*u0ncia
de 2ra*ue>as humanas, da lux<ria e de paix9es desen2readasX
"ãoX "os crimes cometidos por todo o pa-s veri2icava1se uma assom6rosa unanimidade
e uni2ormidadeX Era todo o pa-s 2ervilhando de violadores, ora apenas de assassinos
ou de destiladores de vodca, como reac+ão ao <ltimo decreto governamental)
#ir1se1ia *ue cada delito dava o 2lanco ao respectivo decreto, para desaparecer
mais depressaX E /ustamente este delito, *ue grassava logo por toda a parte, era o
mesmo *ue aca6ava de ser previsto e punido com mais rigor pela nossa s36ia
legisla+ão) %e o decreto so6re a militari>a+ão dos caminhos de 2erro levou aos
tri6unais multid9es de simples mulheres e de adolescentes, *ue constitu-am a
maioria dos 2uncion3rios das linhas 2érreas no tempo de guerra, era por*ue não
tendo rece6ido, antes, *ual*uer instru+ão em *uartéis eles eram os *ue provocavam
mais atrasos e cometiam in2rac+9es) & decreto so6re o não cumprimento da norma
o6rigat:ria dos dias de tra6alho simpli2icou muito a deporta+ão dos AolAho>ianos
indolentes *ue não *ueriam satis2a>er1 se com o n<mero de pau>inhos *ue lhes
atri6u-am;9) %e por esse motivo antes se exigia um /ulgamento e a aplica+ão do
artigo so6re a contra1revolu+ão &s dias de tra6alho eram assinalados por pau>inhos)
R") dos ()S A$DU'.E AB& #E BU AB Q9 econ:mica, 6astava agora uma decisão do
AolAho>, con2irmada pelo ?omité Executivo do %oviete do distritoW e os pr:prios
AolAho>ianos não podiam deixar de se sentir melhor consigo mesmos ao terem
consci0ncia de *ue, em6ora 2ossem deportados, /3 não os consideravam como inimigos
do povo) RA norma o6rigat:ria de dias de tra6alho era di2erente, segundo as
diversas regi9es, sendo a mais privilegiada a dos caucasianosJ setenta e cinco dias
de tra6alhoW mas muitos destes 2oram apanhados na torrente, por oito anos, na
região de =rasnoiarsA)S "o entanto, neste cap-tulo, não procedemos a um exame
pormenori>ado e 2ecundo das torrentes de crimes e delitos comuns) %: não podemos
silenciar unicamente, ao atingir 1945, um dos maiores ucasses de %taline) J3 a
prop:sito de 19@4 tivemos ocasião de re2erir1nos , céle6re lei do 7sete do oito8,
ou 7sete oitavos8,1 lei pela *ual se prendia em pro2usão por uma simples espiga, um
pepino, duas 6atatas, uma astilha, ou um carro de linhas5C, e sempre com a pena de
de> anos) Fas as exig0ncias do tempo, tais como as compreendia %taline, mudavam, e
esses de> anos *ue pareciam su2icientes antes da guerra 2ero>, agora, depois da
vit:ria hist:rica e mundial, tinham um aspecto demasiado 2rouxo) E, de novo, com
menospre>o do ?:digo, ou es*uecendo1se de *ue existia uma in2inidade de artigos e
decretos so6re delapida+9es e rou6os, 2oi pu6licado, em 4 de Junho de 1945, um
decreto *ue ia mais longe do *ue todos eles, e *ue 2oi imediatamente 6apti>ado
pelos sempre animosos presos como o ucasse 7*uatro do seis8) A superioridade do
novo ucasse residia, antes de mais nada, em ser recenteJ logo a seguir , sua
apari+ão devia desencadear1se uma vaga de tais delitos e assegurar1se uma a6undante
torrente de novos condenados) Fas mais superioridade apresentava ainda *uanto aos
pra>os das condena+9esJ se para darem coragem umas ,s outras iam apanhar espigas
não uma mas tr0s raparigas Rum 76ando organi>ado8S ou se eram v3rios os rapa>es de
do>e anos *ue colhiam ma+ãs ou pepinos, eram sentenciados a vinte anos em campos de
concentra+ãoW nas 236ricas, a senten+a era maior e 2oi ampliada até vinte e cinco
anos Resta mesma pena de um *uarto de século 2ora introdu>ida dias antes, como uma
su6stitui+ão humanista da pena de morteS51) Ginalmente, era reparada a antiga
in/usti+a, segundo a *ual s: a não den<ncia por ra>9es pol-ticas era considerada um
delito contra o EstadoJ agora, não denunciar os rou6os ao Estado ou ao AolAho>
podia valer tr0s anos de campo ou sete anos de deporta+ão) "os anos imediatamente
posteriores ao ucasse, milhares de ha6itantes
5C "o processo ver6al escrevia1se 7#u>entos metros de material de costura8) Apesar
de tudo, tinham vergonha de escreverJ 7Um carro de linhas8) 51 Fas a pr:pria pena
de morte s: por algum tempo ocultou o seu rosto por detr3s do véu, para logo
arranc31lo, mostrando os dentes, ao ca6o de dois anos e meio RJaneiro de 195CS) 9C
A$DU'.E AB& #E BU AB do campo e da cidade 2oram mandados tra6alhar para as ilhas de
BU AB em su6stitui+ão dos ind-genas *ue ali tinham perecido) E certo *ue estasa
torrentes seguiram através da mil-cia e dos tri6unais comuns, sem encher os canais
de seguran+a do Estado, *ue mesmo sem isso /3 estavam esta2ados nos anos do
p:s1guerra) Esta nova linha de %taline 1 segundo a *ual agora, depois da vit:ria
so6re o 2ascismo, era necess3rio FE(E$ "A .$'%\& o maior n<mero poss-vel de pessoas
e por longo tempo 1 repercutiu1se logo, naturalmente so6re os pol-ticos) "os anos
de 194Q149 a mani2esta intensi2ica+ão das persegui+9es e da vigilLncia em toda a
vida social 2oi assinalada pela tragicomédia dos reincidentes, *ue não tinha
procedente)mesmo nas in2rac+9es das leis estalinianas) Assim 2oram denominados, na
linguagem de BU AB, a*ueles desgra+ados a *uem não 2ora assestado o golpe de
miseric:rdia em 19@5, conseguindo so6reviver aos imposs-veis e insuport3veis de>
anos, e *ue, agora, em 194514Q, al*ue6rados e com a sa<de arruinada, punham
timidamente os pés em terra livre, na esperan+a de aca6arem calmamente o curto
tempo de vida *ue lhes restava) Fas uma 2antasia selv3tica Rou uma tena> maldade e
insaci3vel sede de vingan+aS levou o Beneral-ssimo Vencedor a dar uma ordemJ a de
*ue todos esses estropiados deviam ser presos novamente, sem nova culpaX .ara ele,
era até econ:mica e politicamente desvanta/oso o6struir a m3*uina deglutidora com
os seus pr:prios desperd-cios) Fas %taline decidia precisamente assim) Este 2oi um
dos casos em *ue a personalidade hist:rica se mostra caprichosa em rela+ão ,
necessidade hist:rica) E todos eles, recém1radicados em novos lugares ou em novas
2am-lias, 2oram apanhados) evaram1nos com a mesma lassitude com *ue eles tam6ém
andavam) %im, /3 todos eles conheciam com antecipa+ão o caminho da cru>) "ão
perguntavamJ 7.or*u0Y8, nem di>iam aos 2amiliares 7voltarei8) Vestiam a roupa mais
su/a, enchiam de ta6aco o sa*uinho do campo de tra6alho e iam assinar o processo
ver6al) RE este era um e o mesmo para todosJ 7E voc0 *ue esteve detidoY8 1 7%ou)8 1
7#eram1lhe mais de>)8S E vai da- o egocrata aperce6eu1se de *ue não 6astava prender
os *ue tinham so6revivido ao ano @5X &s 2ilhos desses seus inimigos /urados, tam6ém
esses, era necess3rio prend01 losX .ois eles cresciam e podiam pensar na vingan+a)
R(alve> depois de ter ceado 6em tivesse tido um mau sonho so6re essas crian+as)S
#epois de 2eitos os c3lculos e e2ectuadas as pris9es, veri2icou1se *ue eram ainda
poucos) (inham prendido os 2ilhos dos che2es do exército, mas os dos trots*uistas
nem todosX E a torrente dos 2ilhos11 vingativos arrastou1se) REntre eles
encontrava1se ena =ossariova,54 de de>assete anos, e Elena $aAovsAaia, de trinta e
cinco)S 54 ^elena =ossariova 1 2ilha de ^) V) =ossariov, *ue 2oi secret3rio do ?
omité ?entral do =omsomol até 19@5) R") dos ()S A$DU'.E AB& #E BU AB 91 #epois do
grande deslocamento europeu, %taline conseguiu, até 194Q, reconstituir um reduto
2echado, 6em s:lido, com o tecto mais 6aixo, e nesse espa+o assim delimitado tornar
mais espessa ainda a antiga atmos2era de 19@5)
E 2oram1se arrastando as torrentes, durante os anos de 194Q, 49 e 5CJ 1 A dos
espi9es imagin3rios Rde> anos antes eram germano1nip:nicos, agora anglo1
americanosSW 1 A dos crentes Rdesta ve>, so6retudo, as seitasSW 1 A dos
geneticistas e seleccionadores *ue não tinham sido detidos, partid3rios das teorias
de Vavilov e de FendelW 1 A dos simples intelectuais e homens de pensamento Rcom
especial rigor para os estudantesS, *ue não tinham 2icado su2icientemente
assustados com o acidente) Era moda dar1lhesJ VA( 1 por enaltecer a técnica
americanaW VA# 1 por enaltecer a democracia americanaW .U 1 por venerar o &cidente)
As torrentes eram id0nticas ,s de 19@5, mas não as senten+asJ a norma, agora, /3
não era os de> anos patriarcais, mas o novo *uarto de século estaliniano) Agora,
de> anos era coisa de crian+a))) Uma torrente consider3vel 2oi então originada pelo
novo ucasse so6re a divulga+ão de segredos do Estado Re considerava1se como
segredosJ as colheitas dos distritosW *ual*uer estat-stica epidemiol:gicaW o tipo
de produ+ão de *ual*uer o2icina ou 2a6ri*uetaW a men+ão de *ual*uer aeroporto
civilW as >onas do transporte ur6anoW o nome de um recluso *ue se encontrava no
campo de tra6alhoS) .or esse ucasse a pena atri6u-da era de *uin>e anos) (ão1pouco
eram es*uecidas as torrentes das nacionalidades) Elas 2lu-am constantemente,
provindas dos com6ates de guerrilha no meio dos 6os*ues, tal como a torrente dos
partid3rios de Iender) %imultaneamente, condenavam1se a de> e cinco anos nos campos
e , deporta+ão todos os ha6itantes rurais da UcrLnia &cidental, *ue haviam tido
*ual*uer contacto com os guerrilheirosJ *uem deixara pernoitar, *uem lhes dera de
comer uma s: ve> *ue 2osse e *uem não os denunciara) A partir de 195C,
aproximadamente, 2oi drenada tam6ém a torrente das FU ^E$E% dos 6enderistasJ eram
condenadas a de> anos por não os denunciarem, para mais rapidamente aca6arem com
eles) "essa época tinha /3 cessado a resist0ncia na ituLnia e na Est:nia) Fas em
1949 irromperam da- potentes torrentes da nova pro2ilaxia social, destinada a
garantir a colectivi>a+ão) ?omposi+9es 2errovi3rias inteiras, vindas das tr0s
rep<6licas 63lticas, carregavam para a deporta+ão na %i6éria os ha6itantes da
cidade e do campo) R& ritmo hist:rico era encurtado nessas rep<6licas) "um 6reve
pra>o deviam percorrer o mesmo caminho /3 andado por todo o pa-s)S 94 A$DU'.E AB&
#E BU AB Em 194Q 2oi enviada para a deporta+ão ainda outra torrente nacionalistaJ a
dos gregos de A>ov, do =u6an e de %uAhumi) #e nada tinham sido culpados aos olhos
do .ai durante os anos da guerra, mas agora vingava1se neles, talve> pelo seu
2racasso na Brécia) .arece *ue esta torrente 2oi tam6ém 2ruto da sua dem0ncia
pessoal) A maioria dos gregos 2oi parar , deporta+ão na Zsia ?entral e os
descontentes postos em isolamento pol-tico) ?erca de 195C, sempre por vingan+a da
guerra perdida ou para manter o e*uil-6rio com os /3 deportados, vieram parar ao
Ar*uipélago os pr:prios insurrectos do exército de Farcos, *ue nos 2oram entregues
pela Iulg3ria) "os <ltimos anos da vida de %taline come+ou a delinear1se, de
maneira de2inida, a torrente dos /udeus Ra partir de 195C, iam sendo arrastados aos
poucos como
cosmopolitasS) ?om esse o6/ectivo 2oi tramado o caso dos médicos) %egundo parece,
%taline preparava1se para organi>ar um grande exterm-nio dos /udeus5@) "o entanto,
este 2oi o primeiro des-gnio 2racassado em toda alsua vida) %egundo parece, #eus
*uis *ue, através das mãos humanas, ele entregasse a sua alma) & relato *ue precede
tinha por 2im mostrar , evid0ncia *ue a transplanta+ão de milh9es de homens e o
povoamento de BU AB o6edeciam a uma 2ria e premeditada l:gica, 6em como a uma
tenacidade permanente) Due nunca houve entre n:s c3rceres VAU'&%, mas sempre cheios
ou superlotados) Due en*uanto v:s vos ocup3veis, para vossa satis2a+ão, com os
ino2ensivos segredos do 3tomoW estud3veis a in2lu0ncia de ^eidegger so6re %artreW
coleccion3veis reprodu+9es de .icassoW via/3veis em carruagens1camas para as
termas, ou aca63veis de construir as vossas casas de campo nos arra6aldes de
Foscovo, as carrinhas corriam ininterruptamente de um extremo ao outro das ruas e
os agentes da seguran+a do Estado 6atiam e chamavam ,s portas) E eu penso *ue, com
este relato, 2ica demonstrado *ue os :rgãos nunca comeram o seu pão em vão) 5@ "ada
sa6emos de modo 2idedigno, nem agora nem talve> por longo tempo) Fas, segundo
rumores *ue circulavam em Foscovo, o des-gnio de %taline era en2orcar, em come+os
de Far+o,7os médicos1assassinos8, na .ra+a Vermelha) Em seguida, os patriotas
deviam naturalmente Rso6 a direc+ão de instrutoresS lan+ar1se num pogrom contra os
israelitas) E então o Boverno Rconhece1se o car3cter de %taline, não é verdadeYS,
salvando magnanimamente os /udeus do :dio popular, expulsava1os nessa mesma noite
de Foscovo para o Extremo &riente e para a %i6éria Ronde /3 se estavam a preparar
6arracasS) ''' A '"%($UV\& %E aos intelectuais das pe+as de (cheAhov, sempre a
2a>er con/ecturas so6re o *ue seria a vida dentro de vinte, trinta ou *uarenta
anos, tivessem respondido *ue na $<ssia se torturaria os acusados durante a
instru+ão do processoW *ue se lhes apertaria o crLnio com um anel de 2erro1W *ue se
su6mergiria uma pessoa num 6anho de 3cido4W *ue se ataria um homem nu para o
expor ,s 2ormigas e aos perceve/osW *ue se introdu>iria a vareta de uma espingarda,
*uente ao ru6ro, pelo ori2-cio anal R7a marca secreta8SW *ue se comprimiriam
lentamente com uma 6ota os :rgãos sexuais e *ue, como tratamento mais suave, se
torturaria alguém durante uma semana, sem a deixar dormir, nem lhe dar de 6e6er,
espancando1o até deixar o corpo em carne viva 1 nem uma s: dessas pe+as teria
chegado até ao 2im e todos os seus her:is teriam ido parar ao manic:mio) E não s:
os her:is de (cheAhovX Due russo normal dos come+os do século e, entre os mais, *ue
mem6ro do .artido &per3rio %ocial1#emocrata $usso poderia suportar semelhante
di2ama+ão lan+ada contra o 2uturo luminosoY A*uilo *ue ainda se admitia so6 o poder
de AleAsei FiAhailo1vitch e *ue /3 so6 .edro, o Brande parecia 63r6aroW a*uilo *ue
nos tempos de INron podia ser aplicado a de> ou vinte pessoas e *ue /3 era
completamente imposs-vel de suceder no reinado de ?atarina, isso 2oi reali>ado em
pleno 2lorescimento da sociedade do nosso grande século !!, conce6ido segundo os
princ-pios socialistas, *uando /3 voavam avi9es e havia surgido o cinema sonoro e a
r3dio) E 2oi reali>ado, não por um criminoso isolado num lugar secreto, mas por
de>enas de milhares de 6estas humanas, especialmente amestradas, so6re milh9es de
v-timas inde2esas) %er3 apenas terr-vel esta explosão de horroroso atavismo,
designado agora como su6ter2<gio, por 7culto de personalidade8Y &u s01lo13 tam6ém
*ue, no decurso destes mesmos anos, tivéssemos comemorado o centen3rio de
.uschAine, *ue sem *ual*uer vergonha tivéssemos representado essas mesmas pe+as de
(cheAhov, em6ora /3
sou6éssemos a resposta a tais perguntasY Fas não ser3 mais terr-vel ainda *ue
trinta anos depois nos venham di>erJ não se deve 2alar dissoX $ecordar o so2rimento
de milh9es de a ?omo aconteceu ao #outor %), segundo o testemunho de A) .) =) 4 ?
omo aconteceu a ^) %) () 94 A$DU'.E AB& #E BU AB pessoas é de2ormar a perspectiva
hist:ricaX (ratar de desco6rir a ess0ncia dos nossos costumes é o6scurecer o
progresso materialX Due se 2ale antes dos altos12ornos *ue 2oram acesos, ou dos
trens de lamina+ão1, ou dos canais *ue 2oram a6ertos))) "ão, dos canais tam6ém não
é conveniente 2alar))) Antes do ouro de =olima))) "ão, tão1pouco isso é
conveniente) En2im, pode 2alar1se de tudo, mas desde *ue se sai6a 2a>01lo,
glori2icando1o))) %er3 então incompreens-vel *ue amaldi+oemos a 'n*uisi+ãoY Acaso,
além das 2ogueiras, não havia ao mesmo tempo servi+os religiosos solenesY %er3
incompreens-vel *ue não gostemos do direito 2eudalY Ve/a1se, não se proi6iam os
camponeses de tra6alhar todos os dias))) E eles podiam cele6rar o "atal com
vilancicosW pela (rindade as mo+as teciam coroas))) `` & car3cter excepcional *ue
as lendas orais e escritas atri6uem agora ao ano @5, reside, aos olhos de muitos,
na inven+ão de culpas e nas torturas) Fas não é essa a verdade, isso é inexacto)
Duais*uer *ue 2orem os anos ou as décadas, a instru+ão, segundo o artigo 5Q, DUA%E
"U"?A visou o esclarecimento da verdade, consistindo unicamente num procedimento
su/o e inexor3velJ pegar num homem *ue se aca6ava de privar da li6erdade, por ve>es
altivo, sempre impreparado, do6r31lo, introdu>i1lo num tu6o estreito, onde os
ganchos da armadura lhe esga+avam os costados, onde não podia respirar, de maneira
a *ue ele implorasse a gra+a de chegar , outra extremidade) E dessa extremidade,
ei1lo *ue sa-a /3 pronto, como um ind-gena do Ar*uipélago, a entrar na terra
prometida) R&s mais o6tusos o6stinam1se eternamente, pensando *ue pode haver essa
sa-da do tu6o caminhando para tr3s)S Duantos mais anos se deixam passar sem tra+os
escritos, mais di2-cil se torna reunir as testemunhas dispersas *ue se salvaram)
Fas estas asseguram1nos *ue a cria+ão de 2alsos processos remonta /3 aos primeiros
anos de exist0ncia dos :rgãos, tornando assim palp3vel a sua constante e
insu6stitu-vel actividade de salva+ão, a 2im de *ue com a diminui+ão dos seus1
inimigos não tivessem os pr:prios :rgãos em m3 hora *ue desaparecer) ?omo se v0
pelo processo de =ossiriev@ a situa+ão da (cheAa era /3 cam6aleante em come+os de
1919) endo os /ornais de 191Q, deparei com um comunicado o2icial so6re a desco6erta
de um terr-vel complot, montado por um grupo de de> pessoas *ue *ueriam Re
limitavam1se ainda a DUE$E$XS i+ar ate ao telhado do hosp-cio Rve/am s: a altura
*ue isto 2a>S alguns canh9es, para da- 6om6ardear o =remlin) As pessoas eram de>
Rentre elas podia haver mulheres e adolescentesS, mas ignora1se *uantos eram os
canh9es) E de onde vinham esses canh9esY #e *ue cali6re eramY E como 2a>01los su6ir
@ .arte ', cap-tulo Q) A$DU'.E AB& #E BU AB 95 da escada até ao telhadoY E como
instal31los no telhado inclinado de modo a não resvalarem ao dispararX .or*ue é *ue
os pol-cias de .eters6urgo, *uando lutavam contra a $evolu+ão de Gevereiro, não
puseram metralhadoras pesadas nos telhadosY))) E, contudo, esta 2antasia,
antecipando as constru+9es de 19@5, era lida por toda a genteX E)acreditavam
nelaX))) Evidentemente, com o tempo, vieram a demonstrar1nos *ue o
caso 7?umi1liov8, no ano de 1941, 2oi pura inven+ão4) "esse mesmo ano, a (cheAa de
$ia>an montou um 2also processo so6re uma 7conspira+ão8 da intelectualidade local
Rmas os protestos de algumas pessoas cora/osas puderam chegar ainda até Foscovo, e
o processo 2oi ar*uivadoS) "esse mesmo ano de 1941, 2oi 2u>ilado todo o ?omité de
%apropeliev, *ue 2a>ia parte da ?omissão de .rotec+ão da "ature>a) ?onhecendo1se
6em o car3cter e o am6iente dos c-rculos cient-2icos russos da época, e não nos
deixando separar da*ueles anos pela cortina de 2umo do 2anatismo, talve> possamos
compreender, sem 2a>er grandes investiga+9es, *ual o valor de um tal ?A%&) & ano de
1941 2icou na mem:ria de E) #oiarenAo) "a sala de admissão da u6ianAa, *ue tinha de
*uarenta a cin*uenta 6ancos, dão entrada mulheres durante toda a noite, sem cessar)
"enhuma sa6e do *ue é culpada) A impressão geral é a de *ue as pris9es são 2eitas
sem motivo) Ela é a <nica em toda a sala *ue sa6eJ é uma socialista revolucion3ria)
Eis a primeira pergunta 2eita por 'agodaJ 7Então, por*ue é *ue te trouxeram para
a*uiY8 & *ue *ueria di>erJ inventa tu mesma, a/uda1nos a 2a6ricar este casoX Algo
de AI%& U(AFE"(E %EFE ^A"(E é relatado so6re a B).)U) de $ia>an, no ano de 19@CX A
impressão geral era *ue todos estavam presos sem *ual*uer culpa) A tal ponto não
sa6iam de *ue acus31los *ue ') #) () 2oi acusado de usar um nome 2also) RE, em6ora
2osse o verdadeiro, condenaram1no a tr0s anos, pelo artigo 5Q11C)S "ão sa6endo *ue
pretexto invocar, o comiss3rio instrutor perguntou1lheJ 7Em *ue tra6alhavaY8 1 7Era
2uncion3rio da plani2ica+ão)8 1 7Escreva uma nota so6re este temaJ & *ue é a
plani2ica+ão na empresa e como se reali>a) #epois sa6er3 por*ue o prenderam)8 R"a
nota ele encontraria *ual*uer pretexto a *ue se agarrar)S 'sso 2a> lem6rar o caso
da 2ortale>a de =ovensAaia, em 1914) (inham decidido suprimi1 la, por ser in<tilJ
ela deixara de cumprir o seu o6/ectivo militar) Então, os o2iciais do comando,
alarmados, organi>aram um 7canhoneio nocturno8 so6re a 2ortale>a, para demonstrarem
a sua utilidade e 2icarem nos seus lugaresX))) Ali3s, o ponto de vista te:rico
so6re a ?U .AI' '#A#E do acusado, era, desde o come+o, muito livre) "as instru+9es
relativas ao terror vermelho, o tche*uista F) K) atsis escreveuJ 7))) não procurem,
durante a instru+ão, documentos ou provas de *ue o acusado actuou por palavras ou 4
A) A) AAhmatova exprimiu a sua plena convic+ão acerca disso) Ela até me disse o
nome do tche*uista *ue inventou este caso RK) Agranov, segundo pareceS) 9; A$DU'.E
AB& #E BU AB por actos contra o poder soviético) A primeira pergunta deve serJ a
*ue classe pertence, *ual é a sua origem, o seu n-vel de instru+ão Reis o caso do ?
omité de %apropelievX T A)%)S, a sua educa+ão) Estas *uest9es determinarão o
destino do acusado)8 Em 1@ de "ovem6ro de 194C, #>er/insAi, numa carta , VetcheAa
2a> notar *ue na (cheAa 72re*uentemente dão seguimento a declara+9es caluniosas8)
%im, ensinaram1nos durante de>enas de anos *ue de l3 não se regressaX ] excep+ão do
6reve e premeditado movimento do ano de 19@9, apenas se conhecem relatos isolados
so6re a li6erta+ão de pessoas como resultado 2inal da investiga+ão) E de resto, ou
essa pessoa depressa seria detida de novo, ou a deixariam em li6erdade para
espi31la) Assim se criou a tradi+ão de *ue os :rgãos nunca t0m 2alhas no seu
tra6alho) Due sucede então aos inocentesY))) "o #icion3rio de -ngua $ussa, de
autoria de #al, 2a>1se esta distin+ãoJ o in*uérito di2ere da instru+ão, pelo 2acto
de *ue se organi>a para certi2icar previamente se existem ou não 2undamentos para
proceder , instru+ão /udicial) &hX, santa simplicidadeX Então os :rgãos nunca
sou6eram o *ue é um in*uéritoc As listas enviadas pelos dirigentes, a mais pe*uena
suspeita, a den<ncia de um pol-cia
secreto ou mesmo de um an:nimo5 eram su2icientes para condu>ir , deten+ão e desta ,
inevit3vel acusa+ão) & tempo dado para a instru+ão do processo não se destinava a
esclarecer o delito, mas sim, em noventa e cinco por cento dos casos, a esgotar,
extenuar e de6ilitar o preso, a tal ponto *ue este dese/ava nem *ue 2osse cortar a
ca6e+a com um machado, s: para ver o 2im mais rapidamente) J3 em b1919 o método
principal de instru+ão erL o de p_r o rev:lver so6re a mesa) Assim se desenrolava
não apenas a instru+ão dos processos pol-ticos como tam6ém dos 7comuns8) "o
processo da Administra+ão Beral dos ?om6ust-veis R1941S a ré, FaAhrovsAaia,
*ueixou1se de *ue durante os interrogat:rios a tinham o6rigado a tomar coca-na) &
acusador;, pretendendo es*uivar1se, replicouJ 7%e ela declarasse *ue a tinham
tratado grosseiramente, *ue a tinham amea+ado com o 2u>ilamento, ainda se poderia,
com rigor, acreditar)8 Eis o assustador rev:lver posto so6re a mesa e ,s ve>es
apontado contra ti, e o comiss3rio instrutor não perde tempo nem 2eitio a desco6rir
do *ue és culpado, repetindoJ 7Gala, tu /3 sa6es do *ue se trataX8 Era o *ue no ano
de 1945 o comiss3rio =haiAin exigia de %AripniAovaW e era o *ue no ano de 1949
exigiam de VitAovsAi) E nada mudou, decorrido um *uarto de século) "o ano de
1954, , mesma Anna 5 & artigo 9@ do ?:digo de .rocesso .enal re>ava assimJ 7A
den<ncia an:nima pode servir para instaurar um processo criminal)8 RA palavra
7criminal8 não deve causar surpresa, uma ve> *ue todos os pol-ticos eram
considerados criminosos)S ; ") V) =r-lenAoJ Em ?inco Anos) Editora Estatal,
Foscovo, 194@, p3g) 4C1) A$DU'.E AB& #E BU AB 95 %AripniAova, *ue cumpria a DU'"(A
deten+ão, o che2e da sec+ão de instru+ão da %eguran+a do Estado de &rd/oniAid>e,
%ivaAov, declaraJ 7& médico da prisão entregou1 nos uma nota, di>endo *ue a tua
tensão arterial é de du>entos e*uarenta1cento e vinte) 'ssoé pouco, canalha Rela ia
a caminho dos sessenta anosS) G31la1emos chegar até tre>entos e *uarenta, para *ue
estre6uches, minha v-6ora, sem necessidade de n:doas roxas, de espancamentos, nem
2racturas) Iasta *ue não te deixemos dormirX8 E se %AripniAova, ap:s os
interrogat:rios nocturnos, durante o dia 2echava os olhos na cela, o vigilante
irrompia, 6errandoJ 7A6re os olhos, senão arrasto1te pelos pés e prego1te ,
paredeX8 A partir de 1941 os interrogat:rios passaram a ser, na sua maioria,
nocturnos) "essa época utili>avam1se /3 os 2ar:is de autom:veis para encandear o
acusado R(cheAa de $ia>an, %telmaAhSW E em 194;, na u6ianAa Rtestemunho de Ierta
BandalS, era utili>ado o sistema de a*uecimento da 236rica de autom:veis AF& para
as celas, o *ual expelia ora ar 2rio, ora ar 2edorento) E havia uma cela revestida
de corti+a, sem ventila+ão, onde, para c<mulo, se su2ocava de calor) .arece *ue o
poeta =liuiev esteve numa cela desse género e a- permaneceu Ierta Bandal) &
participante da insurrei+ão de Karoslavl, de 191Q, Vassili AleAsandrovitch
=acianov, contava *ue essa cela era a*uecida até ao ponto de os poros do corpo
sangraremW o6servando os e2eitos através do postigo, colocavam então o preso numa
maca e levavam1no para assinar o processo ver6al) %ão conhecidos os métodos *uentes
Re 7salgados8S do per-odo de 7ouro8) "a Be:rgia, em 194;, *ueimavam as mãos dos
presos com cigarrosW na prisão de FeteAha, empurravam, na escuridão, os presos para
dentro de um tan*ue cheio de imund-cies) Eis a rela+ão simples entre todos estes
2actos) J3 *ue é necess3rio acusar de *ual*uer maneira, são inevit3veis as amea+as,
as viol0ncias e as torturas, e *uanto mais 2antasiosa 2or a acusa+ão mais cruel
deve ser a investiga+ão, para o6rigar ,s con2iss9es) E uma ve> *ue as acusa+9es
eram sempre inventadas, havia sempre viol0ncias, o *ue não 2oi pois atri6uto do ano
de 19@5, mas sim um sintoma prolongado, de car3cter geral) .or isso se
torna estranho ler agora por ve>es nas recorda+9es de antigos >eAs, *ue as torturas
2oram permitidas a partir da .rimavera de 19@Q ) "ão existiram nunca *uais*uer
limites morais e espirituais capa>es de re2rear os :rgãos na aplica+ão das
torturas) "os primeiros anos a seguir , $evolu+ão discutia1se a6ertamente no
7%emin3rio da (cheAa8, na 7Espada Vermelha8 e no 7(error 5 E) Buin>6urg escreve *ue
a autori>a+ão para a 7aplica+ão da 2or+a 2-sica8 2oi dada em A6ril de 19@Q) V) ?
halamov considera *ue as torturas 2oram permitidas em meados de 19@Q) & velho
detido F1tch est3 convencido de *ue houve uma 7ordem acerca da simpli2ica+ão dos
interrogat:rios e da su6stitui+ão dos métodos psicol:gicos pelos 2-sicos8)
'vanov11$a>mniA p9e em evid0ncia *ue 7por meados de 19@Q teve lugar o per-odo dos
interrogat:rios mais cruéis8) 9Q A$DU'.E AB& #E BU AB Vermelho8 o pro6lema de sa6er
se a aplica+ão de torturas era admiss-vel do ponto de vista do marxismo) A /ulgar
pelas conse*u0ncias, a resposta 2oi positiva, em6ora não universal) %er3 mais /usto
di>er, *uanto ao ano de 19@QJ se até a- as aplica+9es de torturas era condicionada
a 2ormalidades *ue implicavam a sua permissão em cada caso Ra *ual era o6tida
2acilmenteS, nos anos 19@51@Q, tendo em conta a situa+ão excepcional Rhavia *ue
enviar milh9es de homens para o Ar*uipélago num 6reve pra>o pré1determinado,
2a>endo1os passar, de *ual*uer rhodo, através do aparelho de instru+9es
individuais, o *ue não se veri2icou nas torrentes maci+as dos AulaAs e das
nacionalidadesS, as autori>a+9es de viol0ncias e de torturas 2oram dadas
ilimitadamente aos instrutores, segundo o seu critério, con2orme o exigisse o seu
tra6alho e o pra>o esta6elecido) Ao mesmo tempo, não se regulamentavam os tipos de
torturas e era permitida *ual*uer inven+ão nesse dom-nio) Em 19@9 essa autori>a+ão
tão ampla e geral 2oi impressa e exigiram1se novamente 2ormalidades escritas para a
aplica+ão das torturas, sendo prov3vel *ue elas não 2ossem 23ceis de o6ter
Rentretanto, as simples amea+as, a chantagem, o engano, a extenua+ão pela priva+ão
do sono e as celas de castigo não 2oram nunca proi6idasS) Fas /3 a partir do 2im da
guerra e nos anos posteriores 2oram especi2icadas certas categorias de presos, em
rela+ão aos *uais era permitido, de antemão, aplicar uma ampla gama de torturas)
Entre elas estavam inclu-dos os nacionalistas, especialmente os ucranianos e os
lituanos, e so6retudo na*ueles casos em *ue havia, ou se considerava *ue havia,
liga+9es clandestinas, sendo preciso desmantel31las, conseguir todos os nomes
através dos *ue estavam presos) & grupo de %Airius $oualdas .rano, por exemplo,
compreendia cin*uenta lituanos) Em 1945, eles 2oram acusados de a2ixar carta>es
anti1soviéticos) .or 2alta de pris9es na ituLnia, nesse tempo, 2oram condu>idos
para o campo *ue 2ica situado perto de VelsA, na região de ArcLngel) Alguns 2oram
ali torturados, outros não resistiram ao duplo regime de tra6alho no campo e aos
interrogat:rios, mas o resultado 2oi esteJ todos os cin*uenta presos, unanimemente,
se con2essaram culpados) .assou algum tempo e comunicaram da ituLnia *ue tinham
sido desco6ertos os verdadeiros culpados da a2ixa+ão de carta>es, E DUE ADUE E%
"A#A ('"^AF A VE$ ?&F '%%&X Em 195C, no campo de trLnsito de =ui6ichiev,
encontrei1me com um ucraniano de #niepro1petrovsA a *uem, para o6terem 7liga+9es8 e
nomes de pessoas, tinham torturado por métodos diversos, inclusive o castigo *ue
consistia em s: o deixarem dormir com uma vara para apoio, *uatro horas por dia)
#epois, retiravam1lhe a vara) A seguir , guerra tam6ém torturaram evina, mem6ro
correspondente da Academia das ?i0ncias, pelo 2acto de ela ter conhecidos comunscom
a 2am-lia dos Aliluiev)
%eria ainda inexacto atri6uir ao ano de 19@5 a 7desco6erta8, segundo ah *ual a
con2issão da culpa pelo acusado é mais importante do *ue todas as provas e 2actos)
Essa pr3tica tinha1se esta6elecido nos anos 4C) Fas no ano A$DU'.E AB& #E BU AB 99
de 19@5 é o da mani2esta+ão oportuna da doutrina 6rilhante de VichinsAi)
Entretanto, ela 2oi então transmitida apenas hierar*uicamente aos comiss3rios
instrutores e aos interrogadores, para sua 2irme>a moral, en*uanto n:s, todos os
outros, s: sou6emos dela vinte anos mais tarde, *uando come+ou a ser atacada em
ora+9es su6ordinadas e em par3gra2os secund3rios de artigos de /ornal, como se se
tratasse de algo conhecido amplamente e de h3 longo tempo por todos) %ucede *ue
nesse ano de sinistra mem:ria, num discurso *ue se tornou céle6re nos c-rculos
especiali>ados, Andrei Januarievitch Rd3 vontade de chamar1lhe /aguarievitchS,
VichinsAi, 2a>endo apelo ao esp-rito 2lex-vel da dialéctica R*ue não é permitida
aos simples s<6ditos do Estado, nem agora ,s m3*uinas electr:nicas, dado *ue para
eles o sim é sim, e o não é nãoS, lem6rou *ue, para a humanidade, nunca é poss-vel
esta6elecer a verdade a6soluta, mas apenas a verdade relativa) E vai da- deu um
passo *ue os /uristas meta2-sicos não tinham ousado dar em dois mil anosJ o de *ue,
em conse*u0ncia, a verdade esta6elecida pela instaura+ão do processo e pelo pr:prio
processo não pode ser a6soluta, mas simplesmente relativa) Assim, ao assinar uma
senten+a de 2u>ilamento n:s nunca podemos estar a6solutamente convictos de executar
o culpado, mas s: com um certo grau de aproxima+ão, 6aseados em certas suposi+9es
num certo sentidoQ) #a- a conclusão mais pr3ticaJ a de *ue é tempo perdido em vão a
6usca de provas documentais a6solutas Relas são todas relativasS e de testemunhas
irre2ut3veis Relas podem contradi>er1seS) Duanto ,s provas relativas, ou
aproximativas, o /ui> pode muito 6em o6t01las mesmo sem documentos, sem sair do seu
ga6inete, 7apoiando1se não s: na sua intelig0ncia, mas tam6ém na sua intui+ão de
mem6ro do .artido, nas suas 2or+as morais8 Risto é, na superioridade do homem *ue
dormiu, *ue est3 saciado e não 2oi espancadoS 7no seu car3cter8 Rou se/a, na sua
vontade ou crueldadeS) "aturalmente, esta 2orma de perguntar as coisas era muito
mais re2inada do *ue as instru+9es de atsis) A ess0ncia, porém, era a mesma) E s:
so6re mais um ponto é *ue VichinsAi não 2oi até ao 2im, retorcendo1se na aplica+ão
da sua l:gica dialécticaJ por alguma ra>ão, ele deixou *ue a IA A "A "U?A
continuasse a ser uma prova AI%& U(A))) Assim, desenvolvendo1se em espiral, as
dedu+9es da /urisprud0ncia de vanguarda voltaram aos pontos de vista da
pré1Antiguidade ou da 'dade Q (alve> *ue o pr:prio VichinsAi não tivesse menos
necessidade do *ue os seus auditores desta consola+ão dialéctica) Ao gritar da sua
tri6una de procuradorJ 7Gu>ilem1 nos todos como cães raivososX8, ele, inteligente e
mau como era, compreendia 6em *ue os acusados estavam inocentes) Era pois com
redo6rada veem0ncia, provavelmente, *ue ele e um 3s da dialéctica marxista como
IuAharine se entregavam a reco6rir de ornamentos dialécticos as mentiras
processuaisJ para IuAharine era demasiado est<pido e desopilante morrer, sendo
completamente inocente Rele "E?E%%'(AVA, inclusive, de provar a sua culpaXS e para
VichinsAi era mais agrad3vel sentir1se um l:gico do *ue um pati2e mascarado) 1CC
A$DU'.E AB& #E BU AB Fédia) E, como ms carrascos medievais, os nossos procuradores
e /u->es concordaram em considerar como principal prova da culpa6ilidade, a
con2issão do acusado9)
Entretanto, a ingénua 'dade Fédia, para arrancar as dese/adas con2iss9es, recorria
a meios dram3ticos, impressionantesJ , roldana, , roda, ao assador, ,s cavilhas e
ao empalamento) "o século !!, gra+as ao progresso da medicina, e a uma consider3vel
experi0ncia prisional Rhouve alguém *ue de2endeu isso muito a sério numa teseS,
reconhecem1se *ue uma concentra+ão de meios tão aparatosos, tratando1se de uma
aplica+ão em massa, se tornava supér2lua e pesada) E, de resto))) E, de resto,
pelos vistos, havia ainda uma circunstLnciaJ como sempre, %taline não dissera a
<ltima palavra e os seus pr:prios su6ordinados deviam adivinhar) Ele reservava para
si um 6uraco de chacal a 2im de poder dar um passo atr3s e escrever A Vertigem dos
nxitos) Era a primeira ve> *ue a tortura plani2icada de milh9es de homens era
empreendida na hist:ria da humanidade e, com toda a 2or+a do seu poder, %taline não
podia estar a6solutamente seguro do seu 0xito) ?om um material gigantesco, a
experi0ncia podia decorrer di2erentemente do *ue com material discreto) .odia ter
lugar uma explosão imprevista, uma 2ractura geol:gica ou, pelo menos, a divulga+ão
universal do segredo) Em *ual*uer caso, %taline devia guardar a sua auréola pura e
angélica) .or isso é1se levado a pensar *ue não existia uma lista de torturas e de
vilanias distri6u-das em letra impressa aos comiss3rios instrutores, mas *ue se
exigia apenas *ue cada sector de instru+ão, num pra>o 2ixo, enviasse ao tri6unal um
n<mero determinado de patos *ue tivessem con2essado) E simplesmente Rpor via oral,
mas com 2re*u0nciaS *ue todas as medidas e meios eram 6ons, uma ve> *ue visavam um
o6/ectivo elevadoJ *ue ninguém pedia contas a um comiss3rio pela morte de um réuW
*ue o médico da prisão deve intervir o menos poss-vel no decurso da instaura+ão do
processo) .rovavelmente, organi>ava1se um intercLm6io amig3vel de experi0ncias,
7aprendendo1 se com os de vanguarda8W reconhecia1se 7o interesse material8, com o
pagamento a do6rar pelas horas nocturnas e prémios pela instru+ão em pra>os
redu>idosW e advertia1 se tam6ém *ue o comiss3rio *ue não desempenhasse 6em a sua
tare2a))) #esse modo, se num *ual*uer departamento regional da ")=)V)#) houvesse um
2racasso, o che2e 2icaria sempre limpo perante %talineJ não havia dado indica+9es
directas para torturarX E ao mesmo tempo tinha assegurado as torturasX ?
ompreendendo *ue os superiores tomavam precau+9es, parte dos comiss3rios
instrutores Rnão a*ueles *ue com exalta+ão se deleitavamS iam come+ando ?ompare1se
com o *uinto aditamento , ?onstitui+ão dos Estados UnidosJ 7E proi6ido 2a>er
declara+9es contra si pr:prio)8 E .$&'I'#&X))) R& mesmo re>a o c:digo ingl0s dos
direitos, no século !V'')S A$DU'.E AB& #E BU AB 1C1 pelos métodos mais suaves, e, ,
medida da sua intensi2ica+ão, procuravam es*uivar1se ,*ueles *ue deixavam vest-gios
demasiados evidentes, tais comoJ va>ar um olho, arrancar uma orelha, 2racturar a
coluna verte6ral e, ainda, encher o corpo de n:doas negras) Eis por*ue, em 19@5,
não o6serv3mos 1 além da priva+ão do sono 1uma completa uni2ormidade de métodos nas
v3rias pris9es regionais e entre os di2erentes comiss3rios de uma mesma direc+ão1C)
^avia, contudo, algo de comum na pre2er0ncia dada aos meios denominados suaves R/3
veremos em *ue consistiamS, e esse era um caminho in2al-vel) "a verdade, os limites
reais do e*uil-6rio humano são muito estreitos e era completamente desnecess3rio
lan+ar mão da roldana ou do assa1dor para p_r 2ora de si uma pessoa comum)
(entaremos enumerar alguns dos métodos mais simples, *ue *ue6rantam a vontade e a
personalidade do preso sem, contudo, deixar vest-gios no seu corpo)
?ome+aremos pelos métodos ps-*uicos) .ara os patinhos *ue nunca se haviam preparado
para os so2rimentos prisionais, estes métodos t0m uma 2or+a terr-vel e mesmo
ani*uiladora) E mesmo para os *ue t0m convic+9es tão1pouco são 23ceis) 1) Ve/amos
em primeiro lugar as noites) .or*ue é *ue o essencial do desmoronamento das almas
tem lugar de noiteY .or*ue é *ue desde o seu aparecimento os :rgãos tiveram
pre2er0ncia pela noiteY .or*ue, durante a noite, arrancando violentamente ao sono
Re mesmo ainda não martiri>ado pelo sonoS, o preso não pode manter o e*uil-6rio e
guardar a lucide> como de dia, tornando1se mais male3vel) 4) A persuasão em tom de
2ra*ue>a) E a coisa mais simples) .ara *u0 6rincar ao gato e ao ratoY #epois de
estar entre outros processados, o preso /3 assimilou a situa+ão geral) E o
comiss3rio di>1lhe em tom displicente e amig3velJ 7(u pr:prio compreendes *ue, de
todos os modos, ser3s condenado) Fas se op9es resist0ncia, a*ui na prisão, chegar3s
ao extremo de perder a sa<de) En*uanto num campo de tra6alho ter3s ar, lu>))) &
melhor para ti, pois, é assinares /3)8 (udo muito l:gico) E todos a*ueles *ue
concordam e assinam são muito sensatos))) *uando se trata apenas deles pr:prios)
Fas raramente sucede assim) E a luta é inevit3vel) &utra variante é a persuasão
dirigida a um mem6ro do .artidoJ 7%e no pa-s h3 car0ncias e até 2ome, voc0 mesmo,
como 6olchevi*ue, deve decidirJ poderia admitir *ue o .artido se/a culpado distoY
&u o poder soviéticoY8 17"ão, naturalmenteX8, apressa1se a responder o director de
um centro de produ+ão de linho) 7Então tenha coragem e assuma as suas
responsa6ilidadesX8 Ele assume1asX 1C #i>1se *ue as torturas em $ostov do #on e em
=rasnodar se destacavam pela sua crueldade, mas isso não est3 demonstrado) 1C4
A$DU'.E AB& #E BU AB @) 'nsultos grosseiros) E um método pouco complicado, mas *ue
pode ter e2eitos seguros so6re pessoas educadas, delicadas, de nature>a sens-vel) ?
onhe+o dois casos, ocorridos com religiosos, *ue cederam unicamente com palavr9es)
"o caso de um deles Rem IutirAi, em 1944S, a instaura+ão do processo era dirigida
por uma mulher) #e in-cio, na cela, ele cansava1se de elogi31la, di>endo como ela
era am3vel) Fas um dia voltou aturdido e durante muito tempo recusou1se a repetir
as palavras com *ue, re2inadamente, ela o mimoseou, cru>ando, com descaro, um
/oelho so6re o outro) R amento não poder inserir a*ui uma das suas 2rase>inhas)S 4)
?ho*ue provocado pelo contraste psicol:gico) Assim, as mudan+as repentinasJ todo o
interrogat:rio, ou parte dele, tinha sido extremamente am3vel, com um tratamento
pelo nome ou pelo so6renome, sendo 2eita toda a espécie de promessas) #epois,
su6itamente, o instrutor levantou1se, 2a>endo amea+as com o pisa1papéisJ 7AhX
pati2eX Vais apanhar bnove gramasb na nucaX8, e as suas mãos avan+avam como se
2ossem agarrar os ca6elos, como se as unhas terminassem em agulhas, a aproximar1se
Rcontra as mulheres, este é um método muito e2icienteS) &utra varianteJ a
alternLncia de dois comiss3rios, um *ue nunca amea+a e atormenta, e outro *ue se
mostra simp3tico, *uase cordial) & interrogado treme de cada ve> *ue entra no
ga6inete, sem sa6er *ual ir3 encontrar, e, sucum6indo ao contraste, disp_e1se a
reconhecer e a assinar ao segundo, inclusive o *ue não 2e>) ) 5) ^umilha+ão prévia)
"as céle6res caves da B).)U), de $ostov Rn<mero trinta e tr0sS, so6 o grosso
pavimento de vidro da rua R*ue era um antigo arma>émS, os presos, antes do
interrogat:rio, eram metidos v3rias horas no corredor, com o rosto contra o chão,
sendo proi6idos de levantar a ca6e+a e de 2a>er o m-nimo ru-do) Assim, 2icavam
deitados, como os mu+ulmanos nas suas preces, até *ue o encarregado de os levar
lhes tocasse no om6ro e os condu>isse ao interrogat:rio) AleAsandrovna não tinha
2eito as
declara+9es necess3rias na u6ianAa) Goi trans2erida para e2ortovo) Ali, na sala de
entrada, uma vigilante mandou1a despir1se, como se 2osse do regulamento, levou1lhe
a roupa e 2echou1a nua num *uartinho) ogo vieram vigilantes do sexo masculino *ue
se puseram a mirar pelo postigo, a rir1se e a comentar a 2igura dela) Ga>endo1se um
in*uérito, ainda se podem encontrar, naturalmente, depoimentos so6re muitos outros
casos) & o6/ectivo é sempre o mesmoJ criar no acusado um estado de a6atimento) ;)
Fétodos *ue levam o preso a desconcertar1se) Eis como G) ') V), de =1rasnogorsA, na
região de Foscovo Rsegundo me comunicou ') A) .)S, 2oi interrogado) A
investigadora, no decurso do interrogat:rio, despia1se pouco a .ouco, diante dele,
2a>endo strip1tease, mas continuava a 2a>er perguntas, como se nada sucedesse,
andava pelo ga6inete e aproximava1se do preso conseguindo *ue ele cedesse nas
declara+9es) (alve> *ue se tratasse de uma necessidade pessoal dela, ou talve> de
um 2rio c3lculoJ o preso é *ue A$DU'.E AB& #E BU AB 1C@ 2icava pertur6ado e
assinavaX Duanto a ela, não corria *ual*uer risco pois tinha uma pistola e a
campainha) 5) 'ntimida+ão) E o método mais 23cil de utili>ar, sendo muito variado)
E acompanhado 2re*uentemente de sedu+ão e promessas R2alsas, evidentementeS) Em
1944J 7Voc0 não *uer con2essarY (er3 de ir para %olovAi) ":s pomos em li6erdade
a*ueles *ue con2essam)8 Em 1944J 7#epende de mim indicar para *ue campo te enviam)
&s campos são di2erentes uns dos outros) Agora temos campos de tra6alhos 2or+ados)
%e 2ores sincero, ir3s para um lugar suave, mas se te o6stinares apanhar3s vinte e
cinco anos de tra6alhos 2or+ados su6terrLneos e ser3s algemadoX8 'ntimida1se tam6ém
o acusado com outra prisão piorJ 7%e te manténs renitente enviamos1te para e2ortovo
Rno caso de se estar na u6ianAaS, ou para %uAhanov Rno caso de se estar em
e2ortovoS e l3 não 2alarão assim contigo) &ra tu /3 est3s acostumadoJ nesta prisão
o regime parece ser A%%'F1A%%'F, en*uanto l3, *ue torturas te esperamY E depois a
trans2er0ncia))) "ão ser3 melhor cederY8 A intimida+ão age per2eitamente so6re todo
a*uele *ue ainda não 2oi preso, mas sim chamado , ?asa Brande, por agora, como
aviso) Ele Rou elaS t0m ainda muito *ue perderW ele Rou elaS t0m medo, medo de *ue
não o RaS deixem sair ho/e, medo da con2isca+ão dos seus 6ens, da sua casa) Ele,
para evitar esses perigos, est3 disposto a 2a>er todo o género de declara+9es e de
concess9es) Ela, naturalmente, não conhece o ?:digo .enal e o menos *ue 2a>em no
in-cio do interrogat:rio é mostrar1lhe uma 2olha escrita, com uma cita+ão 2alsa do
c:digoJ 7Eu 2ui advertida de *ue, por 2also testemunho, apanharei cinco anos de
prisão8 Rna realidade, segundo o artigo 95, a pena é de dois anosS e, por negar1me
a 2a>er declara+9es outros cinco)))8 R"a realidade, segundo o artigo 94, a pena não
excede tr0s mesesS) A*ui, entrou /3 em ac+ão outro método, a *ue recorrerão
constantementeJ Q) A mentira) ":s,)os cordeiros, não podemos mentir, mas o
comiss3rio mente constantemente e todos estes artigos não se re2erem a ele)
.erdemos até /3 o h36ito de perguntarJ 7Due lhe pode suceder por mentirY8 Ele pode
colocar ante n:s tantos depoimentos 2alsos *uantos *uiser, com a assinatura imitada
dos nossos 2amiliares e amigos 1 e isso ser3 apenas um modo re2inado de
interrogat:rio) A intimida+ão, aliada , sedu+ão e , mentira, é o método ideal para
exercer in2lu0ncia so6re os 2amiliares do preso, chamados como testemunhasJ 7%e
voc0 não 2i>er as declara+9es R*ue eles exigemS, para ele isso ser3 pior))) Voc0
deita1o completamente a perder Rcomo é *ue uma mãe pode ouvir istoY11) %: com a
assinatura desse RimpingidoS papel voc0 pode salv31lo8 Rperd01loS)
11 %egundo as cruéis leis do 'mpério $usso, os 2amiliares mais chegados podiam,
regra geral, recusar1se a 2a>er declara+9es) Fas se as 2i>essem na instru+ão
preparat:ria, podiam, por sua vontade, retir31las e impedir *ue 2ossem utili>adas
no /ulgamento) & conhecimento ou parentesco com o delin*uente não eram, então,
considerados como provaX))) ?oisa estranha))) 1C4 A$DU'.E AB& #E BU AB 9) & /ogo
com a a2ei+ão ,s pessoas mais chegadas) Gunciona excelentemente so6re os acusados)
Esta é mesmo a mais e2ica> das intimida+9es) #esse modo, pode 2a>er1se *ue6rar
mesmo o homem mais intrépido Rcomo est3 pro2eti>adoSJ 7& inimigo do homem é a 2am-
liaX8 $ecordemos a*uele t3rtaro *ue a tudo resistiuJ ,s suas torturas e ,s da sua
mulher, mas não ,s torturas da 2ilha))) Em 19@C, a comiss3ria instrutora $imalis
2a>ia a seguinte amea+aJ 7.renderemos a sua 2ilha e /unt31la1emos ,s si2il-t-casX8
Uma mulherX))) A amea+a de prisão pode a6ranger todos a*ueles *ue voc0 ama) ]s
ve>es, emprega1se acompanhamento sonoroJ 7A tua mulher /3 est3 presa, mas o seu
destino depende da tua sinceridade) E estão a interrog31la na cela cont-gua,
escutaX8 E2ectivamente, do outro lado da parede vem um choro acompanhado de gritos
de mulher Reles são todos parecidos, e muito mais através de uma paredeW mas voc0
tem os nervos tensos, não est3 nas condi+9es de um peritoW ,s ve>es trata1se de um
disco com uma vo> 7tipo esposa8, soprano ou contraltoJ invento registado de
alguémS) Fas eis *ue, sem 2alsi2ica+ão, lha mostram através de uma porta
envidra+adaX ?omo ela vai silenciosa, inclinando a ca6e+aX %imX E a sua mulherX
.elos corredores da .ol-cia de %eguran+a do EstadoX .erdeu1a com a sua o6stina+ãoX
J3 est3 presaX RFas ela 2oi chamada apenas para uma 2ormalidade sem importLncia, e,
no minuto com6inado, deixaram1na passar pelo corredor, mas ordenaram1lheJ
7"ão)levante a ca6e+a, pois de outra maneira não sai da*uiX8S &u então dão1lhe a
ler uma carta dela, exactamente com a sua letraJ 7A6andono1teX #epois das in2Lmias
*ue me contaram a teu respeito, não me 2a>es 2altaX8 R#eve haver esposas *ue
escrevem cartas assimW por *ue ra>ão não as haveria no nosso pa-sY $esta1te
unicamente decidir em tua alma e consci0ncia se se trata, de 2acto, da tua
esposa)))S Em 1944, o comiss3rio Boldman extor*uiu de V) A) =orneieva declara+9es
contra outras pessoas, so6 esta amea+aJ 7?on2iscamos1te a casa e pomos na rua os
teus velhos)8 ?onvicta e 2irme na sua 2é, =orneieva nada temia por si, estava
disposta a so2rer) Fas as amea+as de Boldman eram completamente veros-meis segundo
as nossas leis e ela atormentava1se pela sua 2am-lia mais chegada) Duando, numa
manhã, depois de ter repelido e rasgado v3rios depoimentos durante a noite, Boldman
come+ou a escrever uma outra variante, a *uarta, em *ue ela se declarava culpada, e
unicamente ela) =orneieva assinou com alegria e uma sensa+ão de vit:ria moral) "ão
conservamos, se*uer, o simples instinto humano *ue consiste em /usti2icar1se e
de2ender1se de 2alsas acusa+9esX Gicamos 2eli>es *uando conseguimos tomar so6re n:s
toda a culpaX14 Agora ela di>J 7&n>e anos depois, durante o per-odo das
rea6ilita+9es, deram1me a depoimentos e apoderou1se de mim uma sensa+ão de n3usea
espiritual) #e *ue podia eu orgulhoYX)))8 (am6ém experimentei o mesmo *uando me
rea6ilitaram, ao ouvir trechos A$DU'.E AB& #E BU AB 1C5 #a mesma maneira *ue, na
nature>a, nenhuma classi2ica+ão tem compartimenta+9es r-gidas, tam6ém a*ui n:s não
conseguimos separar de 2orma precisa os métodos ps-*uicos dos 2-sicos) &nde
incluir, por exemplo, uma diversão como a *ue se segueY
1C) Fétodo sonoro) ?oloca1se o réu , distLncia de uns seis ou oito metros,
o6riga1se a 2alar em vo> muito alta e a repetir tudo) .ara uma pessoa extenuada,
isso não é 23cil) &u, então, 2a>em1se dois alti2alantes de papelão e, /untamente
com um colega instrutor, aproximando1se do preso, grita1se1lhe aos ouvidosJ 7?
on2essa, pati2eX8 & preso ensurdece, e, ,s ve>es, perde o ouvido) Fas este não é um
método econ:mico) %implesmente, com a monotonia do tra6alho, os investigadores
tam6ém *uerem divertir1se, e, então, cada um inventa e 2a> o *ue pode) 11) As
c:cegas) E tam6ém uma diversão) Amarram1se ou apertam1se os 6ra+os e as pernas do
preso e 2a>em1se1lhe c:cegas no nari> com uma pena de p3ssaro) & preso torce1se e
tem a impressão de *ue lhe estão a per2urar o cére6ro) 14) Apagar o cigarro na pele
do preso Rprocesso /3 mencionado antesS) 1@) & método luminoso) #eixa1se uma lu>
eléctrica intensa acesa durante vinte e *uatro horas na cela ou depend0ncia onde o
preso est3) Uma lLmpada demasiado 2orte para uma depend0ncia pe*uena, de paredes
6rancas Reis a aplica+ão da electricidade economi>ada pelos estudantes e pelas
donas de casaXS As p3lpe6ras do preso in2lamam1 se, o *ue é muito doloroso) E, no
ga6inete do investigador, voltam1se para o acusado os pro/ectores do escrit:rio)
14) &utra inven+ão) "a noite do 1)O de Faio de 19@@, na B).)U) de =ha6arovsA,
(che6otariov 2oi, não interrogado durante do>e horas, mas condu>ido durante todo
esse tempo ao interrogat:rioJ 7Gulano de tal, mãos atr3s das costasX8 evaram1no
para 2ora da cela, condu>indo1o rapidamente pela escada, ao ga6inete do
investigador) & *ue o levou saiu) Fas o investigador, sem lhe 2a>er uma s:
pergunta, e sem se*uer o deixar sentar no 6anco, agarrou no tele2oneJ 7Venham
6usc31lo ao cento e seteX8 evaram1no e condu>iram1no , cela) ogo *ue se sentou na
tarim6a ouviu1se o ru-do do cadeadoJ 7(che6otariovX Ao interrogat:rioX Fãos atr3s
das costasX8 E, l3 em cimaJ 7Venham 6usc31lo ao cento e seteX8 "a generalidade dos
casos os métodos de pressão podem come+ar muito antes de se chegar ao ga6inete do
investigador) 15) A prisão inicia1se pela 6ox, *ue é uma espécie de co2re ou
arm3rio) A pessoa *ue aca6a de ser detida, e *ue, levada pelo 0lan do seu movimento
dos depoimentos anteriores so6re mim pr:pria) #o6rei1me e como *ue me tornei outra)
Agora não me reconhe+o) ?omo pude assinar isso, considerando, ainda por cima, *ue
não me havia sa-do malY))) 1C; A$DU'.E AB& #E BU AB interior, est3 disposta a
explicar1se, a discutir e a lutar, é encerrada, logo nos primeiros passos do seu
encarceramento, numa caixa, umas ve>es com lu> e com espa+o para sentar1se, outras
ve>es ,s escuras e onde s: pode manter1se de pé apertada contra a porta) E
guardam1na ali durante v3rias horas, um meio dia ou um dia inteiro) ^oras de
completa incerte>aX (alve> a- 2i*ue emparedada para toda a vidaX "unca passou por
nada semelhante, e nem pode aperce6er1se de nadaX Essas primeiras horas decorrem
*uando tudo dentro dela est3 ainda envolto nas 6rumas de um torvelinho espiritual
*ue ainda não se acalmou) Uns deixam1se a6ater pelo desLnimo 1 e é o momento do
primeiro interrogat:rioX &utros irritam1se,, e isso é ainda melhorJ vão o2ender o
investigador, cometer uma imprud0ncia 1 e ser3 mais 23cil organi>ar1lhes o
processo) 1;) Duando as 6oxes escasseavam, eis como se procediaJ na sec+ão da
")=)V)#) de "ovo (cherAass, mantiveram Elena %trutinsAaia durante seis dias no
corredor, sentada num 6anco, de maneira *ue ela não pudesse apoiar1se em nada, não
dormisse, não ca-sse e não se levantasse) %eis diasX Experimente1se 2icar assim
sentado durante seis horasX
?omo variante, pode igualmente manter1se o preso sentado numa cadeira alta, como as
de la6orat:rio, de maneira a *ue os pés não cheguem ao solo, 2icando assim muito
dormentes) 'sso chega a durar de oito a de> horas) &u então, durante o
interrogat:rio, *uando o preso est3 /3 6em o6servado, manda1se sent31lo numa
cadeira vulgar, da seguinte 2ormaJ no extremo do assento, mesmo , 6eira Rmais
ainda, mais , 2renteXS, mas de modo *ue não caia e *ue o 6ordo do assento lhe
provo*ue uma pressão dolorosa durante todo o interrogat:rio) E não lhe permitem,
durante longas horas, *ue se mexa) %: issoY %im, s: isso) ExperimentemX 15) %egundo
as condi+9es locais, a 6ox pode ser su6stitu-da pela 2ossa da divisão, como sucedia
nos campos militares, em BoroAhoviets, durante a Brande Buerra .atri:tica) "essa
2ossa, de tr0s metros de pro2undidade e dois de diLmetro, metia1se o preso durante
v3rios dias, so6 um céu a6erto, por ve>es de6aixo de chuva) A 2ossa era para o
preso a cela e a retrete) E, através de uma corda, 2a>iam1lhe chegar tre>entos
gramas de pão e 3gua) 'magine1se alguém nessa situa+ão, aca6ado de ser preso,
*uando tudo ainda 2ervilha dentro de si) #ecorreria isso acaso das instru+9es
gerais dadas a todas as sec+9es especiais do Exército Vermelho, ou seriam as
situa+9es similares de acampamento *ue condu>iam , ampla di2usão deste métodoY "a
@;)a #ivisão Fotori>ada de Atiradores, *ue participou nos com6ates de
=halAhine1Bol, e *ue, em 1941, estava de preven+ão no deserto da Fong:lia, sem nada
explicar ao detido, metia1se1lhe uma p3 nas mãos Rera o che2e da %ec+ão Especial,
%amuliov, *ue se encarregava dissoS e ordenava1se1lhe *ue cavasse, com as medidas
exactas, a sua sepultura Risso era /3 um cru>amento com os métodos psicol:gicosXS)
Duando o preso /3 tinha 2eito um 6uraco *ue A$DU'.E AB& #E BU AB 1C5 ultrapassava a
sua cintura, mandava1se1lhe parar, 2a>endo1o sentar1se no 2undoJ a ca6e+a do
preso /3 não se via) Uma sentinela 2icava de guarda a v3rias dessas covas, e
parecia *ue em torno era tudo deserto1@) "esse deserto, mantinha1se o preso nu, so6
o a6rasador sol da Fong:lia e so6 o 2rio nocturno, sem se lhe 2a>er *ual*uer outra
tortura) .ara *u0 despender es2or+os com torturasY & rancho era composto de cem
gramas de pão e de um copo de 3gua por dia) & tenente (chulpeiov, um hércules *ue
era pugilista, de vinte e um anos de idade, esteve assim UF Fn%) Ao ca6o de de>
dias estava cheio de piolhos) Ao 2im de *uin>e dias 2oi chamado, pela primeira ve>,
para prestar declara+9es) 1Q) &6rigar o preso a p_r1se de /oelhos 1 não em sentido
2igurado, mas realJ de /oelhos e de tal modo *ue não se sentasse so6re os
calcanhares, mantendo o dorso aprumado) "o ga6inete do comiss3rio ou no corredor
pode 2or+ar1se o preso a 2icar nessa posi+ão durante do>e, vinte e *uatro e até
*uarenta e oito horas) R& mesmo comiss3rio de instru+ão pode ir a casa, dormir e
distrair1se, pois tem o sistema 6em organi>adoJ /unto da pessoa a/oelhada é posta
uma sentinela e as sentinelas rendem1se 14) A *uem é conveniente colocar assimY ]
*ueles *ue, tendo /3 o Lnimo *ue6rantado, se inclinam a ceder) E é 6om p_r assim as
mulheres) 'vanov1$a>umniA descreve outra variante desse métodoJ tendo posto o /ovem
ordAipanid>e de /oelhos, o comiss3rio urinou1lhe no rostoX E *ue sucedeuY (endo
resistido a outros métodos, ordAipanid>e do6rou1se a este) 'sto signi2ica *ue ele
tem um e2eito positivo so6re os *ue são altivos))) 19) &u então, simplesmente,
o6rigar o preso a permanecer de pé15) .ode1se deix31lo de pé s: durante os
interrogat:rios, o *ue tam6ém extenua e *ue6ranta) .ode1se 2a>01lo sentar nos
interrogat:rios, mantendo1se de pé entre um interrogat:rio e outro Rp9e1se um
vigilante de guarda, o *ual impede o preso de se apoiar nas paredes e, se o preso
dorme ou cai, lhe d3 pontapés e o levantaS) ]s ve>es, um dia inteiro de pé 6asta
para *ue uma pessoa 2i*ue sem 2or+as e declare o *ue se dese/a) 4C) #urante todo o
tempo em *ue o preso 2ica de pé Rtr0s, *uatro, cinco diasS ha6itualmente não se lhe
d3 de 6e6er) (orna1se cada ve> mais clara a com6ina+ão dos métodos psicol:gicos e
1@ 'sto era, pelos vistos, de inspira+ão mong:lica) A revista "iva de 15 de Far+o
de 1914, na p3g) 41Q, inseria uma gravura de um c3rcere mongol em *ue se via cada
preso encerrado no seu 6a<, com um pe*ueno ori2-cio para a ca6e+a e para introdu>ir
a alimenta+ão) Um guarda andava por entre os 6a<s) 14 .or*ue h3 *uem tenha come+ado
os seus anos de /uventude precisamente assim, permanecendo de guarda ,s pessoas
a/oelhadas) Agora, certamente, t0m /3 gal9es e os seus 2ilhos são /3 adultos) 15
Fétodo designado, entre n:s) nos tempos da .)')#)E) e da #)B)%), de triste mem:ria,
por 7tortura da est3tua8) R") dos ()S 1CQ A$DU'.E AB& #E BU AB 2-sicos) ?
ompreende1se, tam6ém, *ue todas as medidas precedentes estão ligadas , priva+ão do
sono) 41) .riva+ão do sono, tortura *ue não era avaliada na 'dade Fédia na sua
/usta medidaJ não se conhecia a estreite>a dos limites do diapasão em *ue o homem
conserva a sua personalidadeW a priva+ão do sono Rligada ainda por cima ,
manuten+ão de pé, , sede, , lu> intensa, ao pavor e , incerte>a 1 *ue longe 2icam
as torturas medievais`XS turva o racioc-nio, *ue6ra a 2or+a de vontade, e o homem
perde a no+ão do seu eu) R'sso 2a> lem6rar a narrativa de (cheAhovJ 7Duero dormir8W
mas a- tudo é muito mais 23cil, pois a mo+a pode recostar1se, experimentar
intervalos de lucide>, os *uais, por um minuto *ue se/a, re2rescam salutarmente o
cére6ro) A pessoa 2ica semi1inconsciente, ou totalmente inconsciente, de maneira
*ue se torna /3 imposs-vel levar a mal as suas declara+9es1;))) & argumento eraJ
7Voc0 não é sincero nas suas declara+9es, e por isso não se lhe permite dormirX8
.or ve>es, supremo re2inamento, em ve> de p_r o preso de pé, sentavam1no num divã
macio, *ue predispunha especialmente ao sono Ro guarda de plantão sentava1se ao
lado do divã, e dava1lhe pancadas cada ve> *ue ele 2echava os olhosS) Eis como uma
vitima descreve Rantes disso, tinha passado um dia na 6ox dos perceve/osS as suas
sensa+9es depois da torturaJ 7%ente1se um cala2rio, devido , grande perda de
sangue) %ecam1se as mem6ranas dos olhos, como se diante da vista alguém 6randisse
um 2erro incandescente) A l-ngua incha1se devido , sede e pica como um ouri+o ao
mais leve movimento) &s espasmos da degluti+ão parecem cortar a garganta15) A
priva+ão do sono é uma 2orma superior de tortura e não deixa a6solutamente nenhuns
vest-gios vis-veis, nem se*uer motivo de *ueixas, mesmo *ue irrompa amanhã uma
inspec+ão imprevista1Q) 7"ão lhe permitiram dormirY Fas isto a*ui não é uma casa de
repousoc &s 2uncion3rios, tal como voc0, tam6ém não dormiram8 Rmas de dia, eles
des2orraram1seXS .ode di>er1se *ue a priva+ão do sono passou a ser um meio
universalmente utili>ado pelos :rgãos, tendo passado mesmo da categoria de
tortura , de regra da seguran+a do Estado, pois revelou1se um método mais 6arato,
*ue 'magine1se, em tal estado de pertur6a+ão, um estrangeiro *ue não sa6e russo e a
*uem dão algo a assinar) Um 63varo, Kup Ashen6renner, assinou desse modo um
documento, a2irmando *ue tra6alhava numa cLmara de g3s) %omente no campo, em 1945,
conseguiu, en2im, provar *ue nessa época 2re*uentava, em Funi*ue, um curso de
soldadura a electricidade) 15 B) F)
Entretanto, uma inspec+ão era de tal modo impens3vel, "U"?A se 2i>era, *ue *uando
uma comissão entrou na cela do ministro da %eguran+a do Estado, A6aAumov, /3 preso
em 195)@, ele rece6eu1a 3s gargalhadas, considerando1a uma misti2ica+ão) A$DU'.E
AB& #E BU AB 1C9 permitia prescindir de sentinelas especiais) Em todas as pris9es
onde se procede , instru+ão não se pode dormir um minuto se*uer, desde o to*ue de
alvorada até , hora de deitar Rem %uAhanovAa e noutros c3rceres, a tarim6a é
recolhida na parede durante o diaW noutros, ainda, não é permitido deitar1se, nem
mesmo, estando sentado, 2echar os olhosS) E os interrogat:rios mais importantes são
2eitos de noite) E algo de autom3ticoJ a*uele a *uem est3 a ser instaurado o
processo não tem tempo de dormir, ao menos, durante cinco dias da semana Rnas
noites de s36ado para domingo e de domingo para segunda12eira os pr:prios
comiss3rios de instru+ão procuram descansarS) 44) Extensão do processo precedenteJ
a cadeia rolante dos investigadores) "ão s: não te deixam dormir, mas durante tr0s
ou *uatro dias és interrogado ininterrupta e alternadamente por comiss3rios *ue se
reve>am) 4@) A 6ox dos perceve/os, /3 re2erida) "um escuro arm3rio de madeira
criaram1se centenas de perceve/os, milhares talve>) (ira1se o casaco ou a 6lusa ao
preso, e logo, provindos das paredes e do tecto, caem em cima dele os 2amintos
insectos) #e come+o, o preso luta desesperadamente contra eles, mata1os,
esmagando1os contra si mesmo e contra as paredes, as2ixia11se com o seu cheiro e,
ao 2im de algumas horas, en2ra*uecido e resignado, deixa1se sugar) 44) &s
cala6ou+os) .or muito mal *ue se este/a na cela, os cala6ou+os são sempre pioresW
uma ve> l3, a cela parece sempre um para-so) "o cala6ou+o, o homem 2ica extenuado
pela 2ome e ha6itualmente pelo 2rio Rem %uAhanovAa h3 cala6ou+os escaldantesS)
Assim, os cala6ou+os de e2orto1vo não são /amais a*uecidos, mas apenas os
corredores, e ao longo destes os vigilantes de guarda A"#AF de um lado para o outro
com 6otas de 2eltro e casacos 2orrados de algodão) & preso, *uanto a ele, é despido
e deixado em roupa interior, e ,s ve>es s: em cuecas, devendo permanecer im:vel
Rdevido , 2alta de espa+oS durante tr0s a cinco dias Rs: ao terceiro lhe servem
rancho *uenteS) "os primeiros minutos pensa para si mesmoJ 7"ão resistirei se*uer
uma hora)8 Fas por uma espécie de milagre, a)pessoa ali 2ica os seus cinco dias,
contraindo, talve>, uma doen+a para toda a vida) &s cala6ou+os apresentam
variantesJ a humidade ou a 3gua) J3 depois da guerra, B) Facha 2oi mantida no
cala6ou+o da prisão de (chemovits duas horas descal+a com 3gua gelada até aos
torno>elosJ 7?on2essaX8 REla tinha de>oito anosW como davam pena as suas pernas e
*uanto tempo teria ainda de viver com elasXS 45) #ever1se13 considerar como uma
variante do cala6ou+o o encerramento de pé num nichoY J3 em 19@@, na B).)U) de
=ha6arovsA, torturaram assim %) A) (che6otariovJ encerraram1no nu num nicho de
cimento, de tal 2orma *ue não podia do6rar os /oelhos, nem erguer1se, nem
endireitar os 6ra+os, nem voltar a ca6e+a) Fais aindaJ come+ou a cair, gota a gota,
3gua 2ria R*ue p3gina de antologiaX)))S, derramando1se1lhe pelo corpo em regueiros)
"ão comunicaram a (che6otariov, como se compreende) 11C A$DU'.E AB& #E BU AB *ue
isso iria durar apenas vinte e *uatro horas) .or terr-vel, ou não, *ue 2osse, o
caso é *ue o preso desmaiou e, no dia seguinte, *uando o viram, ele estava como
morto, s: tendo recuperado os sentidos no leito do hospital) Voltou a si com amon-
aco, ca2e-na e massagens no corpo) Fas demorou muito a lem6rar1se como tinha ido
ali parar e o *ue lhe havia sucedido na véspera) #urante todo um m0s 2icou
inutili>ado mesmo para os
interrogat:rios) RAtrevemo1nos a supor *ue esse nicho e a instala+ão dessa
gota1a11gota não 2oram 2eitos s: para (che6otariov) Em 1949, um meu conhecido, 1de
#niepropetrovsA, esteve numa instala+ão parecida, é certo *ue sem tal sistema)
Entre =ha6arivsA e #niepropetrovsA, e ao longo de de>asseis anos, poderemos supor
tam6ém a exist0ncia de outras instala+9esYS 4;) A 2ome, /3 mencionada entre os
e2eitos com6inados) "ão é assim um meio tão raro, o6ter a con2issão do preso
através da 2ome) .ropriamente 2alando, o elemento 2ome, assim como a utili>a+ão da
noite, 2a> parte do sistema geral de pressão) & ex-guo rancho prisional de
tre>entos gramas de pão, em 19@@, em tempo de pa>, de *uatrocentos e cin*uenta
gramas em 1945, na u6ianAa, o /ogo da autori>a+ão e da proi6i+ão de rece6er pacotes
e de 2a>er vir comida de 2ora, tudo isso é utili>ado a6solutamente com todos, é
universal) Fas existe uma utili>a+ão re2inada da 2omeJ por exemplo, (chulpeniov 2oi
mantido durante um m0s a cem gramas di3rios) Ga>endo1o sair da 2ossa, o comiss3rio
instrutor %oAolov colocava diante dele uma panela)de 6orche, um caldo espesso, meio
pão cortado ,s 2atias em diagonal Risso parece não ter importLncia, mas (chulpeniov
ainda ho/e insiste no 2acto de o pão estar cortado de 2orma muito tentadoraS e
entretanto não lhe dava nada de comer) ?omo tudo isto é velho, 2eudal, da idade das
cavernasX A <nica novidade é ser aplicado na sociedade socialistaX &utros 2alam
tam6ém de processos an3logos) E coisa 2re*uente) Fas n:s vamos de novo relatar o
caso de (che6otariov, dado *ue é o produto de muitas com6ina+9es) Gecharam1no
durante setenta e duas horas no ga6inete do investigador e a <nica coisa *ue lhe
permitiam era ir , retrete) #e resto, não o deixavam comer, nem 6e6er Rao lado
estava um /arro com 3guaS, nem dormir) "o ga6inete encontravam1se sempre tr0s
investigadores) (ra6alhavam em tr0s turnos) Um escrevia todo o tempo Rem sil0ncio e
sem in*uietar em nada o presoXS, o segundo dormia num divã e o terceiro andava pelo
ga6inete e sempre *ue (che6otariov dormitava espancava1o imediatamente) #epois
alternavam as 2un+9es) R(alve> *ue a eles pr:prios os tivessem trans2erido para
a*uela situa+ão de caserna, por não darem conta do recadoYS E, de repente, levaram
comida a (che6otariovJ 6orche ucraniano, cheio de gordura, uma costeleta com
6atatas 2ritas e uma caneca de cristal com vinho tinto) (che6otariov, *ue ao longo
da sua vida sempre teve aversão ao 3lcool, não 6e6eu vinho, a despeito das
insist0ncias do investigador Re este não o podia 2or+ar muito, por*ue isso
estragava o /ogoS) #epois da re2ei+ão disseram a (che6otariovJ 7E agora assina as
declara+9es *ue 2i>este diante de duas testemunhasX8, isto é, o *ue 2ora redigido,
A$DU'.E AB& #E BU AB 111 em sil0ncio, perante o investigador *ue dormia e o outro
*ue velava) #esde a primeira p3gina *ue (che6otariov veri2icara *ue mantinha
estreitas rela+9es com todos os mais destacados generais /aponeses e *ue de todos
tinha rece6ido miss9es de espionagem) E p_s1se a riscar as 2olhas) Espancaram11no e
puser3m1no 2ora do ga6inete) Fas Ilaguinine, tam6ém dos caminhos de 2erro da ?hina
&riental, preso com (che6otariov, *ue tinha so2rido o mesmo *ue ele, 6e6era o vinho
e, em estado de agrad3vel em6riague>, assinara o papel, Vindo a ser 2u>ilado) R.ara
*uem este/a tr0s dias sem comer, o e2eito *ue 2a> um s: copitoX Duanto mais uma
canecaXS 45) & espancamento sem deixar vest-gios) Utili>am1se matracas de 6orracha,
malhetes e sacos de areia) E muito doloroso *uando 6atem nos ossos, por exemplo,
*uando o investigador d3 pontapés nas t-6ias, onde o osso est3 mais , 2lor da pele)
=arpunitch1 Iraven, comandante de 6rigada, 2oi espancado durante vinte e um dias
consecutivos) RE ainda di>J 7#epois de trinta anos, continuam a doer1me todos os
ossos e a ca6e+a)8S Ao recordar o *ue ele e outros relatam, =arpunitch1Iraven
enumera cin*uenta e duas
2ormas de tortura) Eis ainda outraJ as mãos são apertadas com um aparelho especial,
de maneira *ue as palmas 2i*uem planas so6re a mesa, e então 6ate1se1lhes com uma
régua nas articula+9es T pode1se rugir de dorX %er3 necess3rio re2erir em
particular o espancamento dos dentes até parti11losY R=arpunitch 2icou com oito
*ue6rados)S19 ?omo *ual*uer pessoa sa6e, um murro no plexo, *ue corta a respira+ão,
não deixa o menor vest-gio) & coronel %idorov, em e2ortovo, /3 depois da guerra,
chutava com uma galocha nos :rgãos genitais de um homem pendurado Ros 2ute6olistas
*ue apanharam um pontapé nas virilhas podem avali31loS) "ada existe de compar3vel a
esta dor, e ha6itualmente perdem1se os sentidos4C) 4Q) "a ") =) V) #), de
"ovorossisA, inventaram umas certas ma*uinetas para esmagar as unhas) #epois, nos
campos de trLnsito, vimos muitos prisioneiros de "ovorossisA a *uem tinham ca-do as
unhas) 49) E a camisa de 2or+asY @C) E a 2ractura da espinha dorsalY R%empre na
mesma B) .) U) de =ha16arovsA, em 19@@)S @1) E o 2reio nos dentes Ra 7andorinha8SY
Este é um método da %uAha1novAa, mas tam6ém conhecido na cadeia de ArcLngel
Rcomiss3rio de instru+ão 19 Ao secret3rio do ?omité $egional do .artido de ?arélia,
B) =uprianov, partiram11lhe alguns dentes) Uns eram naturais e não entraram em
conta, mas outros eram de ouro) .rimeiro deram1lhe um reci6o, provando *ue os
entregara no dep:sito para guardar) #epois, aperce6eram1se disso e tiraram1lhe o
reci6o) 4C Em 191Q, o (ri6unal $evolucion3rio de Foscovo /ulgou o antigo guarda da
prisão c>arista, Iondar) ?omo exemplo FZ!'F& da sua crueldade, constava da
acusa+ão, *ue 7uma ocasião espancou um preso pol-tico com tal 2or+a *ue lhe
re6entou os t-mpanos8) R=ri1lenAoJ Em ?inco Anos, p3g) 1;) 114 A$DU'.E AB& #E BU AB
'vAov, no ano de 194CS) Fete1se uma toalha comprida de pano cru pela 6oca Ro 2reioS
e depois, pelas costas, atam1se as pontas aos calcanhares) Experimente1se 2icar
assim, com o dorso curvado e rangendo, sem 3gua nem comida, uns dois dia>itos41)
%er3 necess3rio continuar a 2a>er esta enumera+ãoY ^aver3 muito ainda a re2erirY
Due mais não inventarão os ociosos, saciados e insens-veisY))) 'rmãoX "ão censures
a*ueles *ue ca-ram em tais situa+9es, *ue se mostraram 2racos e assinaram o *ue não
deviam))) "ão lhes atires pedras) Fas ve/a1seJ não são necess3rias essas torturas,
nem se*uer os métodos 7mais suaves8 para o6ter con2iss9es da maioria, para apanhar
entre os dentes de 2erro os cordeirinhos *ue não estão precavidos e *ue se es2or+am
por regressar aos seus c3lidos lares) E demasiado desigual a rela+ão de 2or+as e de
situa+9es) &h, a *ue nova lu> nos aparece a nossa vida passada, assim trans6ordante
de perigos, como numa verdadeira selva a2ricana, *uando vista do ga6inete do
investigadorX E n:s *ue a consider3vamos tão simplesX Voc0, A, e o seu amigo, I,
conhecendo1se de longos anos e con2iando inteiramente um no outro, *uando se
encontravam 2alavam ousadamente de pol-tica, da pe*uena e da grandeW sem *ue
ninguém ouvisse) E voc0s não se denunciaram, de maneira alguma) Fas eis *ue voc0,
A, 2oi detectado por *ual*uer ra>ão, *ue o apanharam pelas orelhas, o tiraram da
manada e o prenderam) E, 2osse pelo *ue 2osse Rtalve> sem ter havido uma den<ncia
contra si, não sem recear pela sorte dos seus 2amiliares, não sem um pouco de
priva+ão de sono, e não sem ter passado pela 6oxS voc0 decidiu deixar1se ir a6aixo,
mas não denunciando ninguém, acontecesse o *ue acontecesseX E assinou *uatro autos,
reconhecendo *ue era um inimigo /urado do poder soviético, por*ue contava anedotas
so6re o ?he2e, dese/ava *ue houvesse dois candidatos , escolha nas elei+9es,
entrava na ca6ina eleitoral com a inten+ão de riscar o nome do candidato <nico,
em6ora não houvesse tinta no tinteiro, e, além disso, no seu aparelho de r3dio, com
o comprimento de onda de de>asseis metros, tentava, através das inter2er0ncias,
escutar emissoras ocidentais) .ode agora estar seguro de apanhar uns de> anos, mas
tem as costelas inteirasW por en*uanto não apanhou nenhuma pneumonia, não entregou
ninguém e parece *ue se livrou inteligentemente) E /3 di> na cela *ue, por certo, o
seu caso se aproxima do 2im) Fas, aten+ãoX $evendo lentamente a sua caligra2ia,
o /ui> de instru+ão come+a a redigir o auto n<mero cinco) .erguntaJ 1 Fantinha
rela+9es de ami>ade com IY 41 ") =) B) A$DU'.E AB& #E BU AB 11@ 1 %im) 1 Era
sincero com ele em *uest9es pol-ticasY 1 "ão, nãocon2iava nele) 1 Fas voc0s
encontravam1se com 2re*u0nciaY 1 "ão muita) 1 ?omo nãoY %egundo as declara+9es dos
seus vi>inhos, ele estava na sua casa no <ltimo m0s, em tal, tal e tal data) E
verdadeY 1 Iom, pode ser) 1 Ao mesmo tempo, eles notaram *ue, como sempre, voc0s
não 6e6iam, não 2a>iam 6arulho, 2alavam em vo> 6aixa e nada se ouvia no corredor)
RAhX Ie6am, amigosX .artam garra2asX Britem palavr9esX 'sso torna11vos de mais
con2ian+aXS 1 &ra, o *ue é *ue isso tem a verY 1 E voc0 tam6ém o visitou, voc0
disse1lhe pelo tele2oneJ 7.ass3mos uma tarde agrad3vel)8 #epois 2oram vistos na
es*uina, estiveram meia hora ao 2rio, de rostos carrancudos, com uma expressão
descontente) Justamente, até 2oram 2otogra2ados) R(écnica dos agentes, amigo,
técnica dos agentesXS Então, so6re *ue é *ue 2alavam nesses encontrosY %o6re *u0Y
Eis uma pergunta assustadoraX .rimeiro pensamentoJ voc0 es*ueceu1se da*uilo so6re
*ue 2alavam) Acaso tem a o6riga+ão de se recordarY Est3 6em, es*ueceu1 se da
primeira conversa) E da segunda, tam6émY E da terceira, igualmenteY E até da dessa
tarde agrad3velY E da da es*uinaY E das conversas com ?Y E das conversas com #Y
"ão, pensando 6em, di>er *ue 7se es*ueceu8, não é uma sa-da, é algo de imposs-vel
manter) E o seu cére6ro, pertur6ado pela deten+ão, aturdido pelo terror, con2uso
pela ins:nia e pela 2ome, come+a a magicarJ como amanhar1se da maneira mais veros-
mil e pregar uma partida ao comiss3rio de instru+ão) %o6re *u0YX))) Era 6om se
2alassem so6re h:*uei Ré, em todos os casos, o *ue h3 de mais seguro, amigosXS, e
inclusive so6re mulheres e ci0ncia) Fas, então h3 *ue repetir tudo Ra ci0ncia é
assunto *ue não 2ica muito longe do h:*uei, s: *ue no nosso tempo, na es2era da
ci0ncia, tudo é secreto e pode1se cair so6 a al+ada do ucasse acerca da divulga+ão
de segredosS) E se na realidade voc0s 2alavam so6re as novas deten+9es na cidadeY
&u dos AolAho>esY RE naturalmente mal, pois não h3 *uem 2ale 6em deles)S &u so6re a
6aixa das remunera+9es das normas de produ+ãoY .or*ue é *ue voc0sa 2alavam assim
carrancudos, durante uma meia hora, , es*uinaY %o6re *ue é *ue 2alavamY (alve> *ue
I tenha sido preso Ro comiss3rio a2irma1lhe *ue sim, *ue ele /3 2e> declara+9es
so6re si e *ue agora vão tra>01lo para acarea+ãoS) (alve> este/a muito tran*uilo em
sua casa, mas para os 2ins do interrogat:rio vão arrast31lo até a*ui e
con2ront31los um com o outroJ por*ue é *ue estavam carrancudos , es*uinaY
Agora voc0 compreendeu mas /3 é tardeJ a vida é 2eita de tal modo *ue, em *ual*uer
ocasião, ao despedirem1se, as pessoas devem p_r1se de acordo 114 A$DU'.E AB& #E BU
AB e recordar com exactidão o assunto so6re *ue 2alaram nesse dia) #essa 2orma, em
*ual*uer interrogat:rio, as declara+9es coincidirão) Fas voc0s não se puseram de
acordoX Voc0s não imaginaram o *ue é esta selvaX #i>er *ue estavam a com6inar ir
/untos , pescaY Fas I dir3 *ue não se tratava de pesca nenhuma, mas *ue 2alavam
so6re o ensino por correspond0ncia) "ão, em ve> de 2acilitar a investiga+ão, voc0
não 2a> senão apertar mais o n:J so6re *u0Y, so6re *u0Y E vem1lhe , ca6e+a uma
ideia T acertada ou ne2astaY E necess3rio 2alar o mais aproximadamente poss-vel do
*ue se passou na realidade Revidentemente, arredondando todas as arestas e pondo de
parte tudo o *ue 2or perigosoS) "ão se di> *ue uma 6oa mentira deve sempre ro+ar a
verdadeY .or certo *ue I se aperce6er3 e contar3 algo de semelhante, as declara+9es
coincidirão e ver1te13s livre deles) #entro de muitos anos voc0 aca6ar3 por
compreender *ue se tratava de uma ideia completamente insensata e *ue teria sido
muito melhor 2a>er11se passar pelo mais completo idiotaJ 7"ão me recordo de um s:
dia da minha vida, ainda *ue me matem)8 Fas voc0 /3 não dormia h3 tr0s dias) Duase
não tinha 2or+a para manter as suas pr:prias ideias e a impertur6a6ilidade do seu
rosto) "em tempo para re2lectir um minuto se*uer) E simultaneamente dois
comiss3rios de instru+ão Reles gostam de visitar1seS apertaram consigoJ so6re *u0Y,
so6re *u0Y E eis *ue voc0 presta declara+9esJ 7Gal3vamos so6re os AolAho>es R*ue
não est3 tudo em ordem, mas depressa se arran/ar3S) %o6re a 6aixa das remunera+9es
das normas de produ+ão)))8 1 7E *ue di>iam precisamenteY Alegravam1se com a 6aixaY8
As pessoas normais não podem 2alar assim, isso é inveros-mil) .ara *ue tenha alguma
verosimilhan+a h3 *ue di>erJ *ueix3vamo1nos um pouco por apertarem as normas) E o
comiss3rio instrutor escreve o auto e tradu> na sua l-nguaJ durante este nosso
encontro caluni3mos a pol-tica do .artido e do Boverno na es2era dos sal3rios) E,
um dia, I censur31lo13J eh, palerma, eu tinha dito *ue est3vamos a com6inar ir
/untos , pesca))) Fas voc0 *ueria ser mais esperto e inteligente *ue o seu
comiss3rioX (er um racioc-nio mais r3pido e su6tilX Ah, os intelectuaisX Goi
demasiado longe))) "o ?rime e ?astigo, .or2-rio .etrovitch 2e> a $a>AolniAov uma
o6serva+ão assom6rosa, *ue s: podia desencantar *uem passou por estas 6rincadeiras
do gato e do ratoJ 7?om voc0s, os intelectuais, eu não necessito de ela6orar a
minha versão, voc0s pr:prios a constroem e ma apresentam /3 2eita)8 %im, é mesmo
assimX Um intelectual não pode responder com a em $e2er0ncia ao /ulgamento de um
campon0s *ue desapara2usa uma porca da linha 2érrea para 2a>er uma rede de pesca) &
Fal2eitor, 1Q55) R") dos ()S A$DU'.E AB& #E BU AB 115 cantadora incoer0ncia do
7mal2eitor844 de (cheAhov) Ele es2or+ar1se13, sem 2alta, por dar 2orma a toda a
hist:ria de *ue o acusam, por encontr31la o mais mentirosa e coerentemente poss-
vel) &ra o comiss3rio1carniceiro não é esta coer0ncia *ue apreende, mas apenas duas
ou tr0s 2rases) Ele sa6e, pois, o valor de cada coisa) E n:s não estamos preparados
para nadaX))) %omos educados e preparados desde a /uventude para a nossa
especialidade, para as o6riga+9es de cidadão, para o servi+o militar, para os
cuidados a ter com o nosso corpo, para um comportamento conveniente, e mesmo para a
compreensão da 6ele>a Rem6ora não muitoS) Fas nem a instru+ão, nem a educa+ão, nem
a experi0ncia nos preparam
nunca, por pouco *ue se/a, para a grande prova da vidaJ a deten+ão por nada e o
interrogat:rio so6re nada) &s romances, as pe+as de teatro, os 2ilmes Ros seus
autores deviam provar, eles mesmos, da ta+a de BU ABXS apresentam1nos a*ueles *ue
podemos encontrar no ga6inete do comiss3rio de instru+ão como verdadeiros
cavaleiros da verdade e da 2ilantropia, como os nossos pr:prios pais) E so6re
*uantas coisas não nos 2a>em con2er0nciasX Gor+ando1nos até a assistir a elasX Fas
ninguém nos 2a> uma con2er0ncia so6re o sentido verdadeiro e o sentido amplo dos
c:digos penaisW sim, e esses mesmos c:digos não se encontram , vista nas
6i6liotecas, não se vendem nos *uios*ues, nem chegam ,s mãos da /uventude
despreocupada) Duase parece uma lenda *ue, algures, para além dos mares, o réu
possa 6ene2iciar da a/uda de um advogado) & *ue signi2ica, no momento mais di2-cil
da luta, ter a seu lado alguém com intelig0ncia clara, *ue conhece todas as leisX &
princ-pio da nossa instru+ão /udicial consiste ainda em privar o acusado até do
conhecimento das pr:prias leis) E1lhe apresentado o termo da acusa+ão))) E a
prop:sitoJ 7Assine)8 T 7Eu não concordo com ela)8 T 7Assine)8 T 7Fas não sou
culpado de nadaX8 1 7Voc0 é acusado em con2ormidade com os artigos 5Q11C, segunda
parte, e 5Q111, do ?:digo .enal da $ep<6lica %ocialista %oviética Gederativa $ussa)
AssineX 8 1 7Fas *ue di>em esses artigosY #eixe1me ler o c:digoX8 1 7Eu não o
tenho)8 T 7?onsiga1o do che2e da sec+ãoX8 1 7Ele tam6ém não o tem ao seu dispor)
AssineX8 1 7Fas eu pe+o1lhe *ue mo mostreX8 1 7"ão est3 prescrito *ue lho mostre,
não 2oi escrito para voc0s, mas sim para n:s) E a si não lhe 2a> 2alta, eu
explico1lheJ estes artigos são precisamente a*ueles *ue o inculpam) E, de resto,
voc0 não vai assinar para di>er *ue concorda, mas para con2irmar *ue leu o termo da
acusa+ão *ue lhe 2oi apresentado)8 "um dos papéis aparece de repente uma nova
com6ina+ão de letrasJ U) .) =)Y R?:digo de .rocesso .enalS) Voc0 2ica de pé atr3sJ
em *ue se di2erencia U) .) =) de U) =)Y R?:digo .enalS) %e voc0 teve a sorte de
cair em momento de 6oa disposi+ão do comiss3rio, ele explicar3J ?:digo de
.rocesso .enal) ?omoY 'sso signi2ica *ue não h3 s: um, mas sim dois c:digos
inteiros 11; A$DU'.E AB& #E BU AB *ue são por si desconhecidos, en*uanto é em
con2ormidade com essas leis *ue o castigamYX )))#esde então, passaram1se /3 de>,
*uin>e anos) E uma densa erva cresceu so6re a sepultura da minha /uventude) ?umpri
a condena+ão e até a deporta+ão por pra>o ilimitado) E em parte alguma nem nas
sec+9es de 7cultura e educa+ão8 dos campos de tra6alho, nem nas 6i6liotecas dos
distritos, nem se*uer nas cidades médias, pude /amais ver com os meus olhos, nem
ter nas minhas mãos, nem comprar, nem conseguir se*uer '"G&$FA$1FE so6re um c:digo
de direito soviéticoX4@ E centenas de presos conhecidos meus, *ue passaram pela
instru+ão de processos e pelo tri6unal, e em alguns casos estiveram mais de uma ve>
em campos de tra6alho e na deporta+ão, nenhum deles viu ou teve o c:digo nas mãosX
E s: *uando os dois c:digos /3 viviam os <ltimos dias da sua exist0ncia de trinta e
cinco anos, devendo de um momento para o outro ser su6stitu-dos por outros 1 s:
então eu os vi, os dois irmãos, sem encaderna+ão, o ?:digo .enal e o ?:digo do
.rocesso .enal, num *uios*ue de /ornais do metro de Foscovo Rtinham decidido p_1los
, venda pela sua inutilidadeS) E leio agora enternecidamente) .or exemplo,
no ?:digo do .rocesso .enalJ Artigo 1@; T & investigador não tem o direito de o6ter
declara+9es ou a con2issão do acusado por meio da viol0ncia e amea+as) R&s autores
estariam a olhar para a 3guaXS44
Artigo 111 1 & /ui> de instru+ão é o6rigado a esclarecer as circunstLncias suscept-
veis de condu>ir , não culpa6ilidade, 6em como ,s atenuantes da culpa) R7Fas eu
esta6eleci o poder soviético em &utu6roX))) Eu 2u>ilei =olt1chaAX))) Eu esmaguei os
AulaAsl))) Eu dei ao Boverno de> milh9es de ru6los das minhas economiasX))) Eu 2ui
duas ve>es 2erido na <ltima guerraX))) Eu 2ui condecorado tr0s ve>esX)))8 7"\& E
.&$ '%%&a DUE & .$&?E%%AF&%X)))8, ri1se a ^ist:ria pela 6oca do comiss3rio
instrutor) 7& *ue 2e> de 6om não se relaciona com o assunto)8S Artigo 1@9 1 &
acusado tem o direito de escrever as declara+9es pelo seu punho e com a sua letra,
e de exigir a introdu+ão de emendas no auto escrito pelo comiss3rio instrutor)
A*ueles *ue conhecem a atmos2era de suspeita existente entre n:s, compreendem
por*ue é *ue não se podia pedir para consultar um c:digo no (ri6unal .opular ou no
%oviete Executivo do distrito) & interesse pelo c:digo seria um 2en:meno
extraordin3rioJ ou voc0 se preparava para cometer um crime, ou para apagar os seus
vest-giosX 44 &lhar para a 3guaJ adivinhar o 2uturo , meia1noite, olhando 2ixamente
para um recipiente com 3gua) R") dos ()S A$DU'.E AB& #E BU AB 115 RAh, se eu
sou6esse disso a tempoX Felhor ditoJ se assim 2osse na realidadeX Fas é sempre por
2avor e sempre inutilmente *ue pedimos ao comiss3rio para não escreverJ 7As minhas
in2ames e caluniosas inven+9es8 em ve> de 7as minhas a2irma+9es erradas8 e 7o nosso
dep:sito clandestino de armas8 em ve> de 7a minha navalha 2errugenta8)S &h, se se
ministrasse previamente ao acusado um curso de ci0ncia prisionalX %e se come+asse
por 2a>er um ensaio da instru+ão e s: depois tivesse lugar a verdadeira))) ?om os
reincidentes de 194Q /3 não 2i>eram todo este /ogo da instru+ão do processoJ teria
sido em vão) Fas os novatos não t0m experi0ncia, não t0m conhecimentosX E não podem
aconselhar1se com *uem *uer *ue se/a) & isolamento do acusadoX Eis outra condi+ão
do 0xito da instru+ãoX %o6re a vontade solit3ria e violentada deve cair todo o
aparelho destruidor) #esde o momento da deten+ão e durante todo o primeiro per-odo
de cho*ue, o acusado deve estar idealmente s:J na cela, no corredor, nas escadas,
nos ga6inetes T ele não deve encontrar1se, onde *uer *ue se/a, com um dos seus
semelhantes, nem rece6er o sorriso de ninguém, um olhar de simpatia, um conselho ou
um est-mulo) &s :rgãos tudo 2a>em para lhe eclipsar o 2uturo e de2ormar o presenteJ
2a>em1lhe crer *ue todos os seus amigos e 2amiliares 2oram presos e apanhados com
provas materiaisW exageram as possi6ilidades de repressão contra ele e os seus
-ntimos, 6em como acenar com a compet0ncia para conceder o perdão R*ue os :rgãos,
em geral, não t0mSW ligam a sinceridade do 7arrependimento8 , 6randura da
condena+ão e do regime no campo Rnunca houve tal rela+ãoS) "o curto espa+o de tempo
em *ue o detido est3 a6alado, atormentado e 2ora de si, h3 *ue o6ter dele o m3ximo
poss-vel de declara+9es irremedi3veis, *ue enredar o maior n<mero poss-vel de
pessoas de nada culpadas Ralgumas caem num desLnimo tal *ue até pedem *ue não lhes
leiam o auto em vo> alta, pois 2alecem1lhes as 2or+as, e *ue s: lho d0em a
assinarS) E s: *uando estas são trans2eridas da cela individual para a colectiva,
s: então é *ue, com tardio desespero, desco6rem e se aperce6em dos seus anteriores
erros) ?omo não enganar1se num tal dueloY Duem é *ue não se enganariaY #issemos h3
poucoJ 7Estar idealmente s:)8 )Entretanto, nos c3rceres superlotados, em 19@5 Re
tam6ém em 1945S, este princ-pio do isolamento ideal do acusado recém1detido, não
p_de ser o6servado) ogo *uase desde as primeiras horas, o preso encontrava1se na
cela geral, densa e a6arrotada)
Fas isto tam6ém tinha os seus méritos, *ue ultrapassavam os inconvenientes) A
a6undLncia de gente na cela não s: su6stitu-a a estreite>a da cela individual, mas
surgia tam6ém como uma tortura de primeira ordem, especialmente valiosa por*ue se
prolongava por dias e semanas inteiros, e sem es2or+os alguns dos comiss3rios
instrutoresJ os presos torturavam os pr:prios presosX Fetiam tantos na mesma cela
*ue cada um aca6ava por não conseguir nem um pedacito de solo, espe>inhando1se
mutuamente e nem se*uer se podiam mexer, sentando1se so6re as pernas uns dos
outros) 11Q A$DU'.E AB& #E BU AB Assim, na prisão preventiva de =ichiniev, em 1945,
numa cela individual metiam #EU&'(& homensW em ugansA, em 19@5, DU'"UE45W e, em
19@Q, numa cela de tipo standart de IutirAi, prevista para vinte e cinco pessoas,
'vanov1$a>umniA esteve com ?E"(& E DUA$E"(A Ras retretes estavam tão
so6recarregadas *ue s: permitiam ir uma ve> por dia 2a>er as necessidades, e por
ve>es s: pela noite, o mesmo se passando com o recreio4;) & mesmo 'vanov calculou
*ue na sala de recep+ão da u6ianAa, o 7canil8, durante semanas inteiras, havia um
metro *uadrado para ($n% homens Rcalculem a olho o *ue isso representa e procurem
arran/ar lugarXS45) "o canil não havia /anela nem ventila+ão e, devido ao calor dos
corpos e da respira+ão, a temperatura atingia *uarenta a *uarenta e cinco grausX
(odos se deixavam 2icar em cuecas Ras roupas de 'nverno serviam11lhes para se
sentarem, os seus corpos nus apertavam1se como uma prensa, e, devido ao suor
alheio, a pele so2ria de ec>emaS) Assim estiveram durante semanas, sem *ue os
deixassem respirar , vontade ou 6e6er 3gua R, excep+ão do rancho e do ch3 da
manhãS)4Q %e ainda por cima o 6alde su6stitu-a a latrina Rou se, pelo contr3rio,
para 2a>er as necessidades não havia 6alde na cela, como nalgumas pris9es
si6erianasSW se os presos comiam aos *uatro, numa tigela, so6re os /oelhos uns dos
outrosW se estavam constantemente a levar uns para os interrogat:rios e a tra>01los
espancados, insones e al*ue6radosW se o aspecto destes convencia melhor *ue todas
as amea+as do investigadorW e se a*uele *ue h3 /3 alguns meses não era chamado,
*ual*uer morte ou *ual*uer campo parecia mais leve do *ue continuar encolhido nesse
espa+o, não su6stituiria 15 A instaura+ão do processo de alguns deles durou de oito
a de> meses) 7?ertamente =lim nunca esteve numa cela individual como esta8, di>iam
os rapa>es Re esteve ele por acaso presoYS) $e2eriam1se a =lim Vorochilov, natural
de ugansA) "esse mesmo ano, na prisão de IutirAi, os recém1detidos *ue /3 tinham
passado pelo 6anho e pela 6ox 2icavam durante dias e dias sentados nos degraus das
escadas, esperando *ue sa-ssem os *ue iam para a deporta+ão para ter lugar nas
celas) ())) esteve preso sete anos em IutirAi, antes de 19@1, e relataJ tudo estava
a6arrotado e havia presos de6aixo das tarim6as, deitados no solo as2altado) Eu
voltei a estar l3 preso sete anos depois, em 1945, e a situa+ão era a mesma)
$ecentemente rece6i de F) =) I) um valioso testamento pessoal so6re a superlota+ão
na cadeia de IutirAi, no ano de 191QJ em &utu6ro desse ano Rsegundo m0s do terror
vermelhoS, ela estava tão repleta *ue até na lavandaria arran/aram uma cela para
setenta mulheresX Duando é *ue esteve então va>ia a prisão de IutirAiY Fas isto não
é milagre nenhumJ no c3rcere da %eguran+a do Estado, em 194Q, numa cela de tr0s
metros *uadrados havia permanentemente trinta pessoasX R%) .otapov)S #uma 2orma
geral, no livro de 'vanov1$a>umniA h3 muito de super2icial e de pessoal, 6em como
pilhérias 2atigantemente mon:tonas) Fas descreve 6em a vida *uotidiana, nos anos de
19@51@Q) A$DU'.E AB& #E BU AB
119 isso, de modo per2eito, a solidão teoricamente idealY "um tal amontoado humano
nem sempre uma pessoa se decide a a6rir1se com alguém e nem sempre encontra com
*uem se aconselhar) E acredita1se mais depressa nas torturas e nos espancamentos,
não propriamente *uando o investigador amea+a, mas *uando se podem veri2icar
através das pessoas) (oma1se conhecimento pelas pr:prias v-timas de *ue in/ectam
3gua salgada em clisteres pela garganta e depois, durante todo um dia, torturam um
preso, pela sede, no c3rcere =arpunitch) &u es2regam1lhe as costas com um ralador
até 2a>er sangue e depois regam1 no com aguarr3s) R& comandante de 6rigada
$udol2 .intsov so2reu uma e outra coisa, e ainda por cima lhe meteram agulhas pelas
unhas e as entumesceram com 3gua até incharem, exigindo *ue assinasse um auto em
*ue a2irmava *ue pretendia 2a>er avan+ar uma 6rigada de tan*ues contra o Boverno,
no des2ile de &utu6ro49)S E através de AleAsandrov, ex1administrador da sec+ão art-
stica da V) &) E) %)@C, *ue 2icou com uma 2ractura da coluna verte6ral, e *ue se
inclinava para um lado, sem poder conter as l3grimas, pode sa6er1se como IA('A Rem
194QS o pr:prio A6aAumov em pessoa) %im, é verdade, o pr:prio ministro da %eguran+a
do Estado, A6aAumov, não menospre>ava, de maneira alguma, esse tra6alho rudimentar
Rera um %uvorov sempre na primeira linhaXS, pegando de 6om grado, por ve>es, na
matraca de 6orracha) & seu su6stituto, $iumin, 6atia ainda com mais satis2a+ão)
Ga>ia isso em %uAhanovAa, no ga6inete de 7general8 do comiss3rio instrutor) &
ga6inete tem um revestimento *ue imita a madeira de nogueira, reposteiros de seda
nas /anelas e nas portas, e um tapete persa no soalho) .ara não estragar toda essa
6ele>a estende1se por cima do tapete uma passadeira su/a, com manchas de sangue)
$iumin é a/udado nos espancamentos, não por um simples guarda, mas por um coronel)
7Iom8, di> amavelmente $iumin, acariciando o 6astão de 6orracha de uns *uatro cent-
metros de diLmetro, 7voc0 resistiu com honra , prova do sono)8 RA) #) conseguiu,
com ast<cia, aguentar1se durante um m0sJ ele dormia de pé)S 7Agora vamos
experimentar a matraca de 6orracha) A*ui ninguém se aguenta mais de duas ou tr0s
sess9es) #ispa as cal+as e deite1se na passadeira)8 & coronel senta1 se nas costas
de A) #) Este prepara1se para contar as %aneadas rece6idas) Ele não sa6e ainda o
*ue são os golpes da matraca de orracha no nervo ci3tico, *uando as n3degas
emagreceram devido a uma 49 $ealmente, ele marchou , ca6e+a da 6rigada no des2ile,
mas, não se sa6e por*u0, não a 2e> avan+ar contra o Boverno) 'sso não é levado em
conta) Entretanto, ap:s as costumadas torturas in2ligidas, deram1lhe))) de> anos,
por incitar ao de6ilitamento do Boverno) A tal ponto os pr:prios pol-cias não
acreditavam no seu 0xito) @C %ociedade de $ela+9es ?ulturais com pa-ses
estrangeiros) R") dos ()S 14C A$DU'.E AB& #E BU AB 2ome prolongada) A pancada não
se sente no lugar, mas na ca6e+a, *ue parece estalar) #epois do primeiro golpe o
torturado enlou*uece de dor e torce as unhas so6re a passadeira) $iumin continua a
6ater, procurando acertar no s-tio /usto) & coronel calca o preso com o seu enorme
corpan>ilJ é um 6om tra6alho para *uem ostenta no om6ro tr0s estrelas grandes, ser
assistente do poderoso $iuminX R#epois da sessão, o espancado não pode andar e,
claro est3, não o transportam, arrastam1no pelo soalho) As n3degas incharam1se1lhe
logo, e a tal ponto *ue ele não pode a6otoar as cal+as, mas *uase não 2icaram
sinais do espancamento) %o6revem1lhe uma terr-vel diarreia e, sentado no 6alde da
cela individual, #) ri ,s gargalhadas) (em ainda por diante a segunda e a terceira
sess9es, a pele vai estalar1lhe, e $iumin, exasperado, come+ar3 a 6ater1lhe no
a6d:men,
per2urando1lhe o peritoneu) ?om o aspecto de uma grande hérnia, saem1lhe rolando os
intestinos) ?ondu>em então o preso , en2ermaria da prisão de IutirAi, com
peri1tonite, e interrompem, provisoriamente, as tentativas de o o6rigar a cometer
uma in2Lmia)S Eis como te podem tam6ém torturar a tiX #epois disto, parecer1te13
simplesmente tratar1 se de uma car-cia paternal, *uando o in*uiridor de =ichiniov,
#anilov, espanca o padre Victor ?hipovalniAov com uma tena> na nuca, arrastando1o
pelas gadelhas Raos padres é mais c:modo arrast311los assimW mas aos laicos
pode1se1lhes tam6ém puxar pela 6ar6a, de um extremo a outro do ga6ineteW e a
$ichard &Ahol, guarda vermelho 2inland0s, *ue participava na captura de %idneN
$eillN e era che2e de uma companhia durante o esmagamento da insurrei+ão de
=ronsdadt, levaram1no com um alicate, ora de um, ora de outro lado, pelas pontas do
seu enorme 6igode, mantendo1o assim, durante de> minutos, sem tocar com os pés no
soloS) Entretanto, o mais terr-vel *ue te podem 2a>er é despirem1te da cintura para
6aixo, colocarem1te de costas no so6rado, separarem1te as pernas e sentarem1se
so6re cada uma delas dois a/udantes Rdo glorioso corpo de sargentosS, agarrarem1te
pelas mãos, e o comiss3rio T não desdenham tal tare2a mesmo mulheres 1 coloca1se
entre as tuas pernas separadas, e com o 6ico da sua 6ota Rou sapatoS calca1te, a
pouco e pouco, gradualmente, e cada ve> com mais 2or+a, a*uilo *ue outrora te 2e>
homem, en*uanto te olha nos teus olhos e repete e repete as suas perguntas ou
propostas de trai+ão) %e ele não apertar demasiado 2ortemente e antes de tempo,
tens *uin>e segundos para gritar *ue con2essas tudo, *ue est3s disposto a 2a>er
prender as tais vinte pessoas *ue exigem de ti, ou a caluniar através da imprensa o
*ue tens de mais sagrado))) E *ue #eus te /ulgue, mas não os homens))) 1 "ão h3 sa-
daX (ens de con2essar tudoX 1 sopram1te aos ouvidos os delatores *ue meteram na tua
cela) T & c3lculo é simplesJ tens de conservar a sa<deX T di>em1te as pessoas
l<cidas) A$DU'.E AB& #E BU AB 141 1 #epois não te p9em outros dentes 1 avisam
a*ueles *ue /3 os não t0m) 1 #e *ual*uer 2orma condenam1te, *uer con2esses ou não 1
concluem os *ue compreendem a ess0ncia da *uestão) 1 A*ueles *ue não assinam são
2u>iladosX 1 pro2eti>a ainda alguém sentado a um canto) 1 .ara se vingarem) .ara
*ue não 2i*ue rasto de como se 2a> a instru+ão do processo) 1 E se morreres no
ga6inete comunicam , 2am-lia *ue est3s num campo de tra6alho, sem direito a
correspond0ncia) Due te procurem) 1 E se és um comunista ortodoxo, destacam um
outro ortodoxo para /unto de ti, o *ual, olhando su61repticiamente para *ue os
pro2anos não escutem, come+a a cochichar1te com ardor aos ouvidosJ 1 & rtosso dever
é apoiar a instru+ão /udicial soviética) A situa+ão é de com6ate) ":s pr:prios
somos os culpadosJ 2omos demasiado 6randos e assim se propagou esta podridão pelo
pa-s) ^3 uma cruel guerra secreta em curso) E a*ui, , nossa volta, h3 inimigos, não
ouves como se exprimemY & .artido não é o6rigado a prestar contas a cada um de n:s,
explicando por*u0 e para *u0) Uma ve> *ue o exige, isso signi2ica *ue é necess3rio
assinar) E aparece ainda um outro género de ortodoxosJ 1 Eu assinei, denunciando
trinta e cinco pessoasJ todos os meus conhecidos) E aconselho1vos a 2a>er o mesmoJ
a dardes o maior n<mero de nomes, a arrastardes atr3s de v:s o maior n<mero poss-
vel de gente) Então, tornar1se13 evidente *ue é um a6surdo e li6ertar1nos1ão a
todos)
E precisamente do *ue os :rgãos precisamX A consci0ncia do ortodoxo e os o6/ectivos
da ") =) V) #) coincidiam, naturalmente) A ") =) V) #) necessitava precisamente
desse le*ue, em ogiva, de homens, dessa sua reprodu+ão ampliada) Era esse o melhor
sintoma da *ualidade do seu tra6alho, ao mesmo tempo *ue a pista para o lan+amento
de novos la+os) 7?<mplicesX ?orreligion3riosX8, exigiam de todos com energia)
R#i>1se *ue $) $alov mencionou como c<mplice o cardeal $ichelieu, cu/o nome 2icou
anotado no auto, e *ue até ao interrogat:rio de rea6ilita+ão, em 195;, ninguém se
surpreendeu com isso)S E por 2alar ainda em ortodoxos) .ara reali>ar uma tal .U$BA
era preciso um %taline, mas era tam6ém preciso um .artido assimJ a maior parte dos
*ue estavam no .oder, até ao momento da sua deten+ão, prendiam implacavelmente,
ani*uilavam o6edientemente outros iguais a eles, entregando , repressão, por meio
da mesma instru+ão *ue agora so2riam, *ual*uer amigo ou companheiro de armas de
ontem) E todos os grandes 6olchevi*ues, agora coroados com a auréola de m3rtires,
conseguiram ser carrascos de outros 6olchevi*ues Rsem levar em conta *ue antes
disso /3 tinham sido todos carrascos dos sem partidoS) (alve> *ue 19@5 (E"^A %'#&
"E?E%%Z$'& para mostrar o pouco *ue valem essas ?&"?E.VoE% #& FU"#&, com as *uais
tão vigorosamente eles in2undiam coragem, revolvendo toda a $<ssia, acometendo
todas as suas cidadelas, espe>i1 144 A$DU'.E AB& #E BU AB nhando todos os seus
santu3rios 1 a $<ssia onde eles mesmos nunca 2oram amea+ados de tal repressão) As
v-timas dos 6olchevi*ues entre 191Q e 19@;, nunca se portaram de modo tão 6aixo
como os pr:prios 6olchevi*ues, *uando a tormenta os atingiu) %e examinarmos em
pormenor toda a hist:ria das pris9es e dos processos dos anos de 19@;119@Q, a maior
repugnLncia *ue sentiremos não ser3 perante %taline nem perante os seus sic3rios,
mas perante a 6aixe>a moral dos acusados, depois do seu anterior orgulho e
intransig0ncia) ))) Fas como resistir então, tu *ue és sens-vel , dor, *ue és
dé6il, *ue est3s ligado por vivas a2ei+9es e não est3s preparadoY))) Due 2a>er para
ser mais 2orte do *ue o comiss3rio instrutor e de *ue todas essas ratoeirasY E
preciso entrar na prisão, sem temer pela sua con2ort3vel vida passada) "o limiar da
cadeia, h3 *ue di>er a ti pr:prioJ a vida aca6ou, um pouco cedo, mas nada h3 a
2a>er) "ão regressarei , li6erdade) Estou condenado , morte, agora ou pouco mais
tarde, mas *uanto mais tarde pior, pois *uanto mais cedo 2or, menos duro ser3) J3
não tenho 6ens) &s meus entes *ueridos morreram para mim e eu para eles) & meu
corpo a partir de ho/e é in<tilJ um corpo estranho) %: o meu esp-rito e a minha
consci0ncia permanecem para mim *ueridos e importantes) Gace a um preso com tal
Lnimo a instru+ão /udicial treme) %: triun2a a*uele *ue renunciou a tudoX Fas como
converter o corpo em pedraY Ve/a1seJ do c-rculo de Ierdiaiev conseguiram 2a>er
2antoches para o tri6unal, mas não do pr:prio Ierdiaiev) Duiseram intentar1lhe um
processo, prenderam1no duas ve>es, condu>iram1no a um interrogat:rio nocturno Rem
1944S no ga6inete de #>er/insAi) 3 estava tam6ém =ameniev Ro *ue prova *ue tam6ém
ele não se eximia , luta ideol:gica por intermédio da (cheAaS) Fas Ierdiaiev não se
humilhou, não implorou, mas exp_s1 lhe 2irmemente os princ-pios morais e religiosos
pelos *uais não aceitava o poder soviético esta6elecido na $<ssia 1 e não s:
reconheceram a inutilidade do processo, como o puseram em li6erdade) Eis um homem
com o seu .&"(& #E V'%(AX
") %toliarova recorda a sua vi>inha na cela de IutirAi, em 19@5) Era uma velhota)
%u6metiam1na a interrogat:rios todas as noites) #ois anos antes, ao passar por
Foscovo, tinha pernoitado em sua casa o ex11metropolita, *ue se evadira da
deporta+ão) 7%: *ue não era o ex11metropolita, mas o aut0nticoX E verdade, tive a
honra de rece601 lo)8 17Iem) .ara casa de *uem 2oi ele, *uando deixou FoscovoY8 1
7Eu sei, mas não digoX8 R.or intermédio da a/uda de crentes, o metropolita tinha
2ugido para a GinlLndia)S &s comiss3rios de instru+ão alternavam1se e reuniam1se em
grupos e amea+avam com os punhos a velhota) Ela di>ia1lhesJ 7"ada conseguirão de
mim, mesmo *ue me cortem em peda+os) Voc0s t0m medo dos superiores, t0m medo uns
dos outros, medo até de matar1me) R.erdereis A$DU'.E AB& #E BU AB 14@ o elo)S Fas
eu não tenho medo de nadaX Estou disposta agora mesmo a responder diante de #eusX8
^ouve gente assim, gente dessa no ano de 19@5, *ue não voltou do interrogat:rio ,
cela, a 6uscar a trouxa) Due escolheu a sua morte, mas não assinou denunciando *uem
*uer *ue 2osse) "ão se pode di>er *ue a hist:ria dos revolucion3rios russos nos
tenha dado os melhores exemplos de 2irme>a) Fas não h3 termo de compara+ão poss-
vel, pois os nossos revolucion3rios nunca conheceram o *ue era uma 6oa instru+ão,
com cin*uenta e dois métodos di2erentes) ?hechAovsAi não torturou $adichiev) E
$adichiev sa6ia per2eitamente *ue, segundo os costumes da época, os seus 2ilhos
serviriam igualmente como o2iciais da guarda, *ue ninguém lhes 2aria perder a
carreira) E *ue a propriedade da 2am-lia $adichiev não seria con2iscada) ?ontudo,
durante uma 6reve instru+ão de duas semanas, este homem not3vel renegou as suas
convic+9es, os seus livros 1 e pediu clem0ncia) "icolau ' não pensou em prender as
mulheres dos de>em6ristas, ou em o6rig31las a dar gritos no ga6inete cont-guo, nem
em su6meter os pr:prios de>em6ristas a torturasJ não teve necessidade disso) Até
$ileiev 7respondeu longa e sinceramente, sem nada ocultar8) E mesmo .estel se 2oi
a6aixo e deu os nomes dos seus camaradas Rainda em li6erdadeS *ue tinha encarregado
de enterrar $ussAaia .ravda RA Verdade $ussaS, 6em como o lugar com6inado para
isso@1) Goram raros a*ueles *ue, como enine, 6rilharam pela sua irrever0ncia e
despre>o 2ace , comissão investigadora) A maioria mostrou1se incapa>, enredando1se
mutuamente, tendo muitos pedido humilhantemente perdãoX Uavalichine lan+ou tudo
so6re $ileiev) E) .) &6o1lensAi e %) .) (ru6etsAoi apressaram1se mesmo a denunciar
Bri6oiedov, no *ue "icolau ' não acreditou) IaAunine, na sua ?on2issão,
autodi2amou1se perante "icolau ', e desse modo es*uivou1 se , pena de morte)
Iaixe>a de esp-ritoY &u ética revolucion3riaY ?omo deveriam ser dotados de
a6nega+ão, , primeira vista, os homens *ue se dispuseram a matar Alexandre ''X Eles
sa6iam ao *ue se expunhamX BrinievitsAi compartilhou da sorte do c>ar e $issaAov
2icou vivo e caiu nas mãos do /ui> de instru+ão) E "E%%E FE%F& #'A, denunciou logo
as casas de encontros, 6em como os participantes da conspira+ão, e temendo pela sua
/ovem vida apressou1se a comunicar ao Boverno mais in2orma+9es do *ue as *ue este
podia suporX Engasgou1se de arrependimento e o2ereceu1se para 7revelar todos os
segredos dos anar*uistas8) Em 2ins do século passado e come+o do actual, um o2icial
da pol-cia $E('$AVA imediatamente uma pergunta se o acusado considerava *ue era
importuna ou *ue constitu-a uma intromissão na sua vida privada) Em 11 & motivo
2oi, em parte, o mesmo *ue depois com IuAharineJ o interrogat:rio era 2eito por
irmãos da mesma condi+ão) #a- o seu dese/o natural de E!. '?A$ tudo)
144 A$DU'.E AB& #E BU AB 19@Q, *uando, em =resti, o velho preso pol-tico UelensAi
2oi espancado com varetas de espingarda e lhe tiraram as cal+as como a um garoto,
ele re6entou em solu+os na celaJ 7& /ui> de instru+ão c>arista nem se atrevia a
tratar1me por (UX8 Eis outro exemplo, *ue conhecemos através de uma pes*uisa
contemporLnea@4) Duando os pol-cias se apoderaram do manuscrito do artigo de enine
7Em *ue .ensam os "ossos Finistros8, não puderam, através dele, chegar até ao seu
autor) 7.elo interrogat:rio, os pol-cias, como era de esperar Ro su6linhado a*ui e
mais adiante, é meu 1 A) %)S, não sou6eram por Vaneieiv RestudanteS grande coisa)
Ele declarou, nem mais nem menos, *ue os manuscritos *ue lhe encontraram lhe tinham
sido entregues para guardar, uns dias antes da 6usca, todos dentro de um
so6rescrito, por uma pessoa *ue ele não dese/ava mencionar) Ao /ui> de instru+ão
nada mais lhe restou RcomoY E a 3gua gelada até aos torno>elosY E os clisteres de
3gua salgadaY E a matraca de $iuminY))))S senão su6meter o manuscrito , an3lise de
peritos)8 Fas nada encontraram) .arece *ue .e1riesvetov apanhou tam6ém uns *uantos
anos, e 2acilmente poderia enumerar o *ue lhe restava perante o /ui> de instru+ão,
se tivesse diante de si o deposit3rio do artigo 7Em *ue .ensam os "ossos
Finistros8X ?omo lem6ra %) .) Fielgunov, tratava1se da prisão c>arista, de 6oa
mem:ria, de *ue os presos pol-ticos se recordam *uase com um sentimento de
alegria)@@ Veri2ica1se a*ui um progresso de no+9es, um critério completamente
di2erente de aprecia+ão) Assim como os condutores de carros de 6ois do tempo de
Bogol não podem compreender as velocidades dos avi9es a /acto, tão1pouco é poss-vel
*ue a*uele *ue nunca passou pela m3*uina de picar carne de BU AB se/a capa> de
a6ranger as verdadeiras possi6ilidades de uma instru+ão) "o '>vie>tia de 4415159,
podemos lerJ J<lia $umiantseva 2oi levada para o c3rcere interior de um campo na>i,
a 2im de di>er onde estava o seu marido, *ue tinha 2ugido do campo de concentra+ão)
Ela sa6e, mas recusa1se a responderX .ara o leitor pouco atento, eis um exemplo de
hero-smo) Fas para o leitor com a experi0ncia amarga do BU AB eis um modelo de
in*uérito desa/eitadoJ J<lia não morreu devido ,s torturas, nem 2oi levada ,
loucura, mas, simplesmente, ao ca6o de um m0s, 6em vivinha, 2oi posta em li6erdade)
(odos estes pensamentos so6re a necessidade de tornar1se de pedra @4 "ovi Fir, ")O
4, de 19;4) 1 $) .eriesvetov) @@ %) .) FielgunovJ $ecorda+9es e .3ginas de #i3rio,
2asc-culo ') .aris, 19;4, p3g) 1@9) A$DU'.E AB& #E BU AB 145 eram, então,
completamente desconhecidos) Eu não s: não estava disposto a cortar todos os la+os
-ntimos *ue me uniam ao mundo, mas o simples 2acto de *uando da minha deten+ão me
tirarem uma centena de l3pis Ga6er, como despo/os, indignou1me por muito tempo)
Examinando mais tarde o meu processo, vi *ue não tinha motivo para me sentir
orgulhoso do *ue se passou durante a minha prisão) "aturalmente *ue eu podia ter1me
portado com mais 2irme>a e, provavelmente, sair1me do aperto de maneira mais
engenhosa) A o2usca+ão do cére6ro e o desLnimo acompanharam1me nas primeiras
semanas) %: *ue estas recorda+9es não me roem de remorsos, pois, gra+as a #eus, não
arrastei ninguém , prisão) A nossa deten+ão Rminha e de um amigo processado no
mesmo caso, "icolau V)S teve um car3cter pueril, em6ora 2_ssemos /3 o2iciais da
2rente) Fant-nhamos correspond0ncia durante a guerra, de um sector para outro, e
não pod-amos impedir1nos, apesar da censura militar, de mani2estar nas cartas o
nosso a6erto descontentamento
pol-tico, nem conter as invectivas com *ue co6r-amos o mais s36io dos s36ios, cu/o
nome tinha sido dia2anamente posto por n:s em c:digoJ cham3vamos1lhe o .ap3
Alcaide) RDuando, depois, nos c3rceres, eu contava o nosso caso, a nossa
ingenuidade não provocava senão riso e admira+ão) #i>iam1me *ue não era poss-vel
encontrar outros patos como n:s) (am6ém me convenci disso) Um 6elo dia, ao ler um
estudo so6re o caso de AleAsandr Ulianov, sou6e *ue o seu grupo tinha sido tam6ém
preso pelo mesmoJ imprud0ncias na correspond0ncia, e *ue s: isso salvou a vida, em
1 de Far+o de 1QQ5, a Alexandre ''')@4 & ga6inete do comiss3rio ') ') E>iepov, *ue
instaurou o meu processo, era de tecto alto, espa+oso, claro e com uma grande
/anela Ra %ociedade de %eguros $<ssia não o tinha constru-do para aplica+ão de
torturasS) Aproveitando a sua altura de cinco metros, tinham pendurado um retrato,
de corpo inteiro, de *uatro metros, do poderoso so6erano, a *uem eu, um
insigni2icante grão de areia, tinha votado o meu :dio) & comiss3rio instrutor
punha1se ,s ve>es na sua 2rente e /urava em tom teatralJ 7Estamos dispostos a dar a
vida por eleX .or ele estamos dispostos a atirar1nos para de6aixo dos tan*uesX8
.erante esse retrato, *ue atingia *uase a grande>a de um altar, @4 Um mem6ro do
grupo, AndreiuchAin, tinha escrito para ?rac:via uma carta dirigida a um seu amigo,
em *ue di>iaJ 7Eu creio 2irmemente *ue haver3 no nosso pa-s o mais implac3vel
terror, e não num 2uturo long-n*uo))) & terror vermelho é a minha ideia 2avorita)))
Estou in*uieto *uanto ao meu destinat3rio Rnão era a primeira carta *ue ele
escreviaX 1 A) %)S))) %e lhe acontece algo, a mim tam6ém me pode acontecer e isso
não é dese/3vel, pois arrastarei muita gente activa atr3s de mim)8 A 6usca
provocada por esta carta, prolongou1se por cinco semanas, através da ?rac:via, a
2im de sa6er *uem a tinha escrito para .eters6urgo) & nome de AndreiuchAin s: 2oi
desco6erto em 4Q de Gevereiro T e a 1 de Far+o, a*ueles *ue deviam)arremessar as
6om6as 2oram presos, /3 com elas na Avenida "evsAi, no pr:prio momento do atentadoX
14; A$DU'.E AB& #E BU AB pareciam m-seros os meus 6al6<cios so6re a puri2ica+ão do
leninismo, e eu pr:prio um sacr-lego 6las2emo, somente digno da morte) & conte<do
das nossas cartas dava matéria su2iciente, na*uele tempo, para nos condenarem aos
dois) & comiss3rio não tinha, pois, necessidade de inventar coisa alguma a meu
respeito, e apenas se es2or+ava por lan+ar o la+o estrangulador so6re *uantos,
alguma ve>, teriam mantido correspond0ncia comigo) Eu exprimia com temeridade, e
*uase com 6ravata, nas cartas *ue escrevia aos amigos da minha idade, os meus
sediciosos pensamentos, e esses amigos continuavam a corresponder1se comigoX "as
suas cartas de resposta encontravam1se tam6ém certas express9es suspeitas@5) E
agora E>iepov, assim como .or2iri .etrovitch, exigia de mim *ue lhe explicasse tudo
de maneira coerenteJ se n:s escrev-amos a*uilo em cartas *ue passavam pela censura,
*ue poder-amos di>er, então, cara a caraY Eu não podia convenc01lo de *ue toda a
dure>a das minhas express9es se veri2icava somente nas cartas))) E eis *ue, com o
cére6ro con2uso, devia inventar algo de muito veros-mil so6re os encontros com os
meus amigos Rencontros mencionados na correspond0nciaS *ue estivessem concordes com
o conte<do das cartas, mantendo1se nos limites da pol-tica, sem, contudo, cair no
Lm6ito do ?:digo .enal) E isso de modo a *ue estas explica+9es sa-ssem da minha
garganta como a respira+ão e convencessem o comiss3rio, muito sa6ido, acerca da
minha ingenuidade, merecedora de compaixão, e da minha 2ran*ue>a sem limites) &
principal era *ue o meu pregui+oso comiss3rio se não dispusesse a examinar a*uela
maldita carga *ue eu tra>ia na*uela maldita mala 1 os apontamentos de um #i3rio de
Buerra, escritos com um l3pis ri/o, muito 2ino e com letra mi<da, e *ue come+avam /
3,
nalguns lugares, a apagar1se) Estes apontamentos tradu>iam as minhas pretens9es de
me tornar escritor) Eu não con2iava na 2or+a da nossa admir3vel mem:ria e durante
os anos de guerra procurava escrever tudo o *ue via Risso era ainda o menor malS e
tudo o *ue ouvia das pessoas) Fas os relatos mais naturais do mundo na primeira
linha de 2ogo, a*ui, na retaguarda, pareciam sediciosos, cheiravam a palha h<mida
da prisão para os meus camaradas) E s: para *ue o comiss3rio não 2osse transpirar
so6re o meu #i3rio de Buerra e não arrancasse dele a 2i6ra da ra+a livre da 2rente,
eu arrependia1me o mais *ue podia .or minha causa, por pouco *ue não 2oi detido,
então, um amigo dos anos da escola) Due al-vio me trouxe sa6er *ue ele 2icou em
li6erdadeX &ra, vinte e dois anos depois, ele escreveu1me o seguinteJ 7Através das
tuas o6ras pu6licadas depreende1se *ue avalias a vida unilateralmente)))
&6/ectivamente, passas a ser a 6andeira da reac+ão 2ascista no &cidente, na
$ep<6lica Gederal da Alemanha e nos Estados Unidos))) enine, *ue respeitas e amas
como dantes, estou convencido, e tam6ém os velhos Farx e Engels, condenar1te1iam de
modo mais severo) .ensa nistoX8 %im, eu pensoJ ahX, *ue pena 2oi *ue não te
tivessem preso, entãoX Duanto perdesteX))) A$DU'.E AB& #E BU AB 145 e era
necess3rio, come+ando a tomar consci0ncia de todos os meus erros pol-ticos)
Extenuava1me neste caminhar pelo 2io da 2aca, en*uanto não tra>iam ninguém para
acarea+ão, en*uanto não apareceram os sintomas claros da instaura+ão do processoW
até *ue ao *uarto m0s todos os cadernos do meu #i3rio de Buerra 2oram lan+ados para
a 6oca in2ernal do 2ogão da u6ianAa, espalhando a casca vermelha de mais um romance
morto na $<ssia e deixando as 6or6oletas negras da 2uligem voar pela mais alta das
chaminés) ] som6ra desta chaminé passe3vamos n:s, numa caixa de cimento, no telhado
da grande u6ianAa, ao n-vel do sexto andar) As paredes su6iam ainda até , altura de
tr0s homens) Escut3vamos Foscovo, as 6u>inas dos autom:veis respondendo umas ,s
outras) Fas v-amos unicamente a chaminé, a sentinela de atalaia no sétimo andar e
esse in2eli> peda+o do céu de #eus, ao *ual era dado estender1se so6re a u6ianAa)
&h, a*uela 2uligemX ?a-a e ca-a sem cessar, nesse primeiro de Faio do p:s1guerra) E
era tanta, tanta, durante cada um dos nossos passeios, *ue imagin3vamos *ue a
u6ianAa estava a *ueimar ar*uivos de tempos remotos) & meu di3rio perdido não
passou da espiral de um minuto no meio da*uela 2uligem) E recordei1me de uma
ensolarada e gelada manhã de Far+o, em *ue me encontrava no ga6inete do comiss3rio)
Ele 2a>ia as suas ha6ituais e grosseiras perguntasW ao tomar notas, deturpava as
minhas palavras) & sol 6rincava na renda desenhada pelo gelo na larga /anela,
através da *ual me dava, por ve>es, a tenta+ão de saltar, para resplandecer so6re
Foscovo, ainda *ue o pre+o 2osse a minha morte, esmagando1rhe do *uinto andar
contra o pavimento, como na minha in2Lncia 2i>era um desconhecido predecessor em
$ostov do #on, saltando de uma /anela do n<mero 7trinta e tr0s8) .elos espa+os
limpos da vidra+a viam1se os telhados moscovitas) E, so6re eles, su6indo, alegres
rolos de 2umo) "o entanto, eu não olhava para l3, mas sim para o montão de
manuscritos *ue ocupavam todo o centro do ga6inete, meio va>io, de trinta metros, e
*ue aca6avam de ser atirados para ali, ainda por classi2icar) Em cadernos nas
pastas de papelão, nas improvisadas encaderna+9es, em pacotes atados e desatados,
ou simplesmente em 2olhas soltas, /a>iam os restos mortais do esp-rito humano
sepultado) A altura desse amontoado de papéis ultrapassava a da escrivaninha do
comiss3rio instrutor, e, por isso, *uase não o via) A minha compaixão 2raternal ia
toda para o tra6alho da*uele homem desconhecido, *ue haviam detido na noite
anterior, e cu/o resultado tinha sido assim es6anda1lhado no soalho do ga6inete
das torturas, aos pésde um retrato de %taline, de *uatro metros de altura) Eu
estava sentado e meditavaJ *ue vida 2ora do comum tinha sido essa noite tra>ida
para a-, martiri>ada, es*uarte/ada e, por 2im, incineradaY Ah, *uantos pro/ectos e
tra6alhos não 2oram destru-dos nesse edi2-cioX (oda uma cultura ani*uiladaX Ah,
2uligem, 2uligem das chaminés da u6ianAaX & mais ultra/ante de tudo é *ue os nossos
descendentes considera1 14Q A$DU'.E AB& #E BU AB rão a nossa gera+ão a mais
est<pida, mais incapa> e mais destitu-da do dom da palavra do *ue na verdade
2oiX))) .ara tra+ar uma recta 6asta marcar dois pontos) Em 194C, como lem6ra
Eren6urg, a (cheAa p_s1lhe a *uestão seguinteJ 7.rove voc0 *ue não é agente de
Vranguel)8 Em 195C, um dos mais destacados coronéis do F)B)I) RFinistério de
%eguran+a do EstadoS, Goma Gomitch Belie>ov, declarou isto aos detidosJ 7":s não
nos damos ao tra6alho de lhe demonstrar Rao presoS a sua culpa6ilidade) E ele *ue
tem de provar1nos *ue não teve inten+9es hostis)8 E no espa+o *ue separa estes dois
pontos de uma recta primitiva e cani6alesca situam1se as recorda+9es incont3veis de
milh9es de homens) Due acelera+ão e simpli2ica+ão da instru+ão dos processos,
totalmente desconhecidas até então da humanidadeX $egra geral, os :rgãos
poupavam1se ao tra6alho de 6uscar as provas de delito) & pato aca6ado de apanhar,
temeroso e p3lido, sem direito a escrever a ninguém, a chamar a *uem *uer *ue 2osse
pelo tele2one, a *uem nada podem tra>er de 2ora, privado do sono, da comida, do
papel, de l3pis e até de 6ot9es, sentado num 6anco duro a um canto do ga6inete,
deve, E E FE%F&, desencantar e expor, perante o ocioso comiss3rio, as provas de *ue
"\& teve inten+9es hostisX E se não as desencanta Ronde poder3 consegui1lasYS, ele
pr:prio 2ornece as provas aproximadas da sua culpa6ilidadeX ?onheci um caso em *ue
um velho, *ue tinha 2icado prisioneiro dos alemães, p_de, contudo, sentado nesse
duro 6anco e agitando os seus magros dedos, provar ao monstruoso comiss3rio *ue "\&
tinha tra-do a p3tria, e mesmo *ue não tinha, se*uer, tal inten+ãoX (ratava1se de
um caso escandalosoX .ois *u0, li6ertaram1noY "ão, não o li6ertaramX Ele contou11me
tudo isso no c3rcere de IutirAi e não na Avenida (versAi) Ao comiss3rio encarregado
da instaura+ão do processo /untou1se outro, e passaram com o velho uma tran*uila
noite, a trocar recorda+9es, assinando depois, como se 2ossem duas testemunhas,
depoimentos segundo os *uais o velho 2aminto e sonolento teria 2eito perante eles
agita+ão anti1soviéticaX %e 2alou sem mal-cia, não 2oi escutado sem mal-ciaX
.assaram o velho para as mãos de um terceiro comiss3rio) Este retirou a in2undada
acusa+ão de trai+ão , p3tria, mas aplicou1lhe cuidadosamente os mesmos de> anos de
prisão, por agita+ão anti1soviética durante o interrogat:rio) (endo desistido de
6uscar a verdade, a 2orma+ão dos processos tornavam1se, para os pr:prios
comiss3rios, casos di2-ceis, um cumprimento de o6riga+9es de carrasco, e, nos casos
23ceis, uma simples 2orma de passatempo, pretexto para rece6er o soldo) Fas casos
23ceis houve1os sempre 1 até no céle6re ano de 19@5) Exem1 Alexandre %ol/enitsine)
no exército na prisão *uando 2oi li6ertado A$DU'.E AB& #E BU AB 149
pioJ IorodAo era acusado de h3 de>asseis anos ter ido ver os seus pais , .ol:nia
sem levar o passaporte para via/ar ao estrangeiro Ros seus pais viviam a uma
distLncia de de> verst3s, mas os diplomatas tinham assinado a entrega ã .ol:nia
dessa parte de Iielorr<ssia) REm 1941, as pessoas não estavam ha6ituadas, e
passavam, segundo o costume antigo, para o outro ladoS) A instru+ão do processo
durou meia horaJ 7Ge> essa viagemY8 T 7Gi>8 T 7?omoY8 1 7Gui a cavalo)8 #e> anos
por actividade contra1 revolucion3riaX Uma tal rapide> tem algo de semelhante ao
movimento staAhanovista, *ue não encontrou no entanto seguidores entre os
6onés1a>uis) %egundo o ?:digo de .rocesso .enal, a instru+ão de *ual*uer processo
devia 2a>er1se no pra>o de dois meses, mas, havendo complica+9es, era permitido
solicitar aos procuradores uma ou v3rias prorroga+9es desse pra>o por um m0s Re
naturalmente os procuradores não as recusavamS) %eria a6surdo gastar em vão a
sa<de, não aproveitar essas dila+9es e, 2alando em estilo 2a6ril, não aumentar as
pr:prias normas de tra6alho) (endo despendido 2or+as com a garganta e com os
punhos, durante a primeira semana de tra6alho de cho*ue de uma instru+ão, e
consumindo a sua vontade e o seu car3cter Rcon2orme *ueria VichinsAiS, os
comiss3rios estavam interessados em prolongar cada investiga+ão, em *ue houvesse
mais processos velhos e de rotina, e menos novos) ?onsiderava1se simplesmente
indecoroso concluir um processo pol-tico em dois meses) & sistema estatal punia1se
a si mesmo pela sua 2alta de con2ian+a e de 2lexi6ilidade) "ão con2iava se*uer nos
*uadros seleccionadosJ mesmo a esses, o6rigava1os a marcar a entrada e a sa-da, e
em todo o caso, certamente para controle, a registar as chamadas dos reclusos para
interrogat:rio) Due restava ao comiss3rio, a 2im de assegurar a percentagem
necess3ria para a conta6ilidadeY ?hamar *ual*uer dos processados, sent31 lo num
Lngulo do ga6inete, 2a>er1lhe *ual*uer pergunta assustadora, es*uecer1se mesmo *ue
ele estava ali, ler longamente o /ornal, redigir o relat:rio para o curso de
instru+ão pol-tica, escrever cartas particulares, visitar um colega Rdeixando em
seu lugar um guarda pedido ao regimentoS) (agarelando calmamente no divã com um
amigo *ue tinha vindo visit31lo, ,s ve>es o comiss3rio dava sinal de si, e olhava
com ar de amea+a para o acusado, di>endoJ 1 A- est3 um canalhaX Um re2inado
canalhaX Fas não importa, gastar 7nove gramas8 de chum6o com ele não é para
lamentarX & comiss3rio encarregado do meu caso utili>ava tam6ém muito o tele2one)
Assim, ligava para casa e di>ia , mulher, olhando para mim de soslaio com os olhos
6rilhantes, *ue ho/e teria interrogat:rios nocturnos e *ue não o esperasse antes da
madrugada Ro meu cora+ão des2aleciaJ isso signi2icava *ue seria interrogado toda a
noiteXS Fas imediatamente ele marcava o n<mero do tele2one da amante e em tom de
sussurro com6inava ir passar a noite com ela R*ue 6om, vou poder dormirJ e o meu
cora+ão sentia al-vioS) 1@C A$DU'.E AB& #E BU AB Assim, o impec3vel sistema era
aligeirado pelos v-cips dos seus executores) &utros investigadores, mais curiosos,
gostavam de utili>ar tais interrogat:rios 7va>ios8 para ampliar a sua experi0ncia
da vidaJ perguntavam ao preso pormenores da 2rente Racerca da*ueles mesmos tan*ues
alemães, de6aixo dos *uais nunca haviam tido oportunidade de deitar1seSW so6re os
h36itos dos pa-ses europeus e ultramarinos onde tinham estadoW so6re os
esta6elecimentos comerciais e os artigos *ue l3 se encontravamW e especialmente
so6re o 2uncionamento dos prost-6ulos estrangeiros e aventuras diversas com
mulheres)
Em con2ormidade com o ?:digo do .rocesso .enal, considerava1se *ue o procurador
controlava com vigilLncia a marcha /usta de cada processo) Fas ninguém, no nosso
tempo, lhe punha a vista em cima antes do chamado 7interrogat:rio com o
procurador8, o *ue signi2icava *ue o processo chegara ao seu termo) evaram1me
tam6ém a um interrogat:rio desses) & tenente1coronel =otov, um louro impessoal,
tran*uilo, gordo, nem mau nem 6om, e em geral nulo, estava sentado atr3s da
secret3ria e, 6oce/ando, examinava pela primeira ve> o meu processo) #urante *uin>e
minutos, ainda diante de mim, em sil0ncio, tomou conhecimento do caso Reste
interrogat:rio era a6solutamente inevit3vel e tam6ém se registava, não tendo
sentido examinar o processo noutro momento não registado, guardando ainda, durante
v3rias horas, os pormenores do caso na mem:riaS) #epois, levantou para a parede,os
olhos indi2erentes e, pregui+osamente, perguntou *ue é *ue eu tinha a
acrescentar ,s minhas declara+9es) Ele deveria perguntar1me *uais as *ueixas *ue
tinha a 2a>er so6re a marcha da investiga+ão, se não teria havido viola+9es da
minha vontade ou in2rac+9es , lei) Fas h3 /3 muito tempo *ue os procuradores não
perguntavam isso) E se perguntassemY (odo este edi2-cio do ministério, com os seus
mil ga6inetes, 6em como os seus cinco mil pavilh9es de investiga+ão, vag9es, grutas
e cho+as dispersos por toda a União %oviética, não viviam senão da viola+ão da lei,
e não éramos n:s *ue mudar-amos as coisas) Além disso, todos os procuradores algo
importantes ocupavam o seu lugar de acordo com a pr:pria seguran+a do Estado))) *ue
deviam controlar), A sua indol0ncia, o seu temperamento pac-2ico e o seu cansa+o
perante estes incont3veis e est<pidos ?A%&% contagiaram1me um tanto) %olicitei
apenas a correc+ão de um a6surdo demasiado claroJ éramos dois, os acusados pela
mesma causa, mas a instru+ão do processo 2ora 2eita separadamente Ra mim em
Foscovo, ao meu amigo na 2renteS e dessa maneira eu ia a a /ulgamento s:, acusado
pelo par3gra2o décimo primeiro, ou se/a, en*uanto grupo, en*uanto organi>a+ão) .edi
ra>oavelmente, para retirar esse acrescento do par3gra2o décimo primeiro) Ele
2olheou o processo ainda uns cinco minutos, suspirou, a6riu os 6ra+os e disseJ 1 E
entãoY Uma pessoa é uma pessoa, mas duas /3 são gente) A$DU'.E AB& #E BU AB 1@1 1 E
uma pessoa e meia ser3 uma organi>a+ãoY))) Ele premiu o 6otão da campainha, para me
levarem) .ouco depois, numa tarde de 2ins de Faio, 2ui chamado a esse mesmo
ga6inete do procurador, onde havia um rel:gio de 6ron>e com 2iguras em cima da
placa de m3rmore da chaminé, por convocat:ria do comiss3rio instrutor, em aplica+ão
do 7du>entos e seis8 1 assim era denominada, em virtude do respectivo artigo
do ?:digo de .rocesso .enal, a 2ormalidade do exame do processo pelo pr:prio
acusado, *ue devia apor a sua <ltima assinatura) "ão duvidando de *ue a o6teria, o
comiss3rio encontrava1se /3 sentado e redigia o termo da acusa+ão) Eu a6ri a capa
da grossa pasta e logo na parte in2erior, em letra de imprensa, li uma coisa
impressionanteJ *ue durante a marcha da instru+ão eu tinha o direito de me *ueixar
por escrito acerca da incorrecta condu+ão do processo, e *ue o comiss3rio era
o6rigado a /untar as minhas *ueixas por ordem cronol:gica, aos autosX #urante a
marcha da instru+ãoX Fas não no 2im dela))) Ah, esse direito não era conhecido por
um s: dos milhares de presos, com os *uais estive depois) ?ontinuei a 2olhear) Vi
2otoc:pias de cartas minhas com interpreta+9es de ideias completamente deturpadas
por comentadores desconhecidos Rda espécie do capitão i6inS) E aperce6i1me da
maneira hiper6:lica cmm a *ual o capitão tinha envolto as
minhas cautelosas declara+9es) E, 2inalmente, do a6surdo de *ue eu s: era acusado
em termos de 7grupo8X 1 "ão estou de acordo) & senhor dirigiu a instru+ão do
processo de 2orma incorrecta 1 disse eu, com pouca decisão) 1 E então recome+amos
tudo desde o princ-pioX 1 E apertou os l36ios com ar malévolo) 1 evamos1te para um
certo lugar, onde encerramos os poli>ei@;) E até 2e> o gesto de estender a mão para
recolher o 7processo8) REu, acto cont-nuo, segurei1o com os dedos)S Irilhava
algures o entardecer dourado, para além das /anelas do *uinto andar da u6ianAa) Era
o m0s de Faio) As /anelas do ga6inete, como todas as /anelas exteriores do
ministério, estavam hermeticamente 2echadasJ nem se*uer lhes tinham tirado a
cala2etagem de 'nverno, a 2im de *ue o ar c3lido e a 2lora+ão não irrompessem
nessas secretas depend0ncias) #o rel:gio de 6ron>e havia desaparecido o <ltimo raio
de lu> e as horas soaram silenciosamente) $ecome+ar tudo pelo in-cioY))) .areci,1me
mais 23cil morrer do *ue recome+ar tudo desde o princ-pio) Entretanto, diante de
mim a6ria1se a promessa de uma certa vida) R%e eu tivesse sa6ido *ualX)))S E depois
havia Em alemãoJ pol-cias auxiliares russos, recrutados pelas tropas na>is durante
a ocupa+ão) R") dos ()S 1@4 A$DU'.E AB& #E BU AB esse tal lugar onde encerram os
poli>ei) "ão valia a pena 2a>01lo >angar1se, disso ia depender o tom com *ue ele
escreveria o termo da acusa+ão))) E assinei) Assinei mesmo com o par3gra2o décimo
primeiro) #esconhecia então a sua gravidade, disseram1me apenas *ue não aumentava a
condena+ão) E 2oi por causa do par3gra2o décimo primeiro *ue 2ui parar a um campo
de tra6alhos 2or+ados) Goi por causa do par3gra2o décimo primeiro *ue, depois da
7li6erta+ão8, 2ui enviado, sem *ual*uer senten+a, para o desterro perpétuo) E
talve> tenha sido melhor) %em uma e outra coisa eu não escreveria este livro))) &
comiss3rio encarregado do meu caso apenas me aplicou a tortura do sono, 6em como os
expedientes da mentira e da intimida+ão T métodos completamente legais) .or isso,
ele não necessitou, para iludir responsa6ilidades, como 2a>em muitos comiss3rios
in2ames para co6rir1se, de o6rigar11me a assinar, em virtude do artigo 4C;, so6re a
não divulga+ãoJ 7Eu, a6aixo assinado, comprometo1me, so6 pena de san+ão Rnão se
sa6e segundo *ue artigoS, a não relatar nunca a ninguém os métodos da instru+ão do
meu processo)8 Em algumas direc+9es regionais da ")=)V)#) esta medida era levada a
ca6o em sérieJ uma 2:rmula impressa so6re a não divulga+ão era entregue ao preso
para assinar, /untamente com a senten+a da comissão especial por incita+ão ao
en2ra*uecimento do poder soviético) RE depois ainda, ao ser li6ertado, ele devia
2a>er uma assinatura, comprometendo1se a não contar a ninguém o 2uncionamento dos
campos)S .ois *u0Y &s nossos h36itos de su6missão, a nossa cervi> curvada Rou
*ue6radaS não nos permitiam *ue recus3ssemos nem *ue)nos indign3ssemos com esses
métodos de 6andidos *ue *uerem esconder o 2io , meada) .erdemos A FE#'#A #A
'IE$#A#E) "ão temos meios de determinar onde come+a e onde aca6a) %omos um povo
asi3tico e todos os *ue *uiserem apanham1nos, apanham1 nos, apanham1nos estas
intermin3veis assinaturas so6re a não divulga+ão) J3 nem estamos segurosJ temos ou
não o direito de contar os acontecimentos da nossa pr:pria vidaY 'V &%
#EI$U"%1AUU'%
A& longo de toda esta tritura+ão entre os rod->ios da grande 'nstitui+ão "octurna,
onde a nossa alma é remo-da, en*uanto a nossa carne pende em 2arrapos, como os
andra/os de um mendigo, so2remos demasiado, estamos demasiado a6sortos na nossa
dor, para podermos examinar com um olhar l<cido e pro2ético os p3lidos carrascos da
noite *ue nos atormentam) Um excesso de amargura interior inunda os nossos olhos,
senão *ue 6ons historiadores não ser-amos dos nossos torcion3riosX Duanto a eles,
não se descreverão nunca a si pr:prios com realidadeX Fas aiX ?ada ex1preso
recorda1se pormenori>adamente de toda a instru+ão do seu processo, de como o
oprimiam e de *ue esc:ria humana se tratavaW mas do comiss3rio não se lem6ra
2re*uentemente, nem se*uer do nome, para não ter de pensar mais num tal homem)
Assim, eu posso guardar na mem:ria, so6re *ual*uer, muito mais coisas e 6em mais
interessantes do *ue so6re o capitão da %eguran+a do Estado, E>iepov, em 2rente do
*ual estive não pouco tempo sentado, a s:s, no seu ga6inete) Algo nos resta, no
entanto, como lem6ran+a comum e exactaJ a*uela grande podridão, a*uele espa+o
completamente contaminado pela podridão) .assaram /3 de>enas de anos, sem *uais*uer
acessos de raiva ou de o2ensa, com o cora+ão sossegado, mas n:s guardamos esta
impressão ina6al3velJ a da 6aixe>a moral, da perversidade, do cinismo e da desonra
desses homens, talve> desviados) E conhecido o epis:dio em *ue Alexandre '', esse
mesmo *ue 2oi severamente atacado pelos revolucion3rios, *ue sete ve>es tentaram a
sua morte, ao visitar, em certa ocasião, a ?asa da .risão .reventiva de ?hpalernaia
Rantecessora da ?asa BrandeS, ordenou *ue o encerrassem na cela individual du>entos
e vinte e sete, ali 2icando mais de uma hora, pois *ueria compenetrar1se da
situa+ão da*ueles *ue ali mantinha) "ão se pode negar *ue isso era, da parte do
monarca, um acto moral, uma necessidade ou uma tentativa de en2rentar o assunto
espiritualmente) Fas é imposs-vel imaginarmos *ual*uer dos nossos comiss3rios, e
mesmo A6aAumov e Iéria, a *uererem meter1se na pele de um preso, por uma hora *ue
2osse, 2icando 2echados a meditar numa cela individual) As 2un+9es *ue executam não
exigem deles *ue se/am pessoas 1@4 A$DU'.E AB& #E BU AB instru-das, com uma cultura
e com hori>ontes largos e, de 2acto, não o são) .elo seu servi+o, não t0m
necessidade de raciocinar logicamente T e não o 2a>em) "o seu tra6alho precisam
apenas de cumprir as directri>es, exacta e cruelmente, insens-veis aos so2rimentos
1 e essa insensi6ilidade, sim, t0m11na eles) ":s, *ue pass3mos pelas suas mãos,
sentimo1nos su2ocar , ideia desta corpora+ão, completamente privada de no+9es
comuns a todos os homens) .ara *uem, senão para os comiss3rios, era claro *ue os
casos eram 2a6ricadosY Ao sair das suas reuni9es, e ao 2alar entre eles, podiam
porventura di>er seriamente *ue desmascaravam criminososY E, no entanto, redigiam
autos, 2olhas e mais 2olhas, so6re a nossa corrup+ão) Assim, pois, inspiravam1se de
um esp-rito de 6anditismoJ 7Forre tu ho/e, *ue amanhã serei euX8 Eles compreendiam
*ue os processos eram 2alsos e, entretanto, iam 2a>endo esse tra6alhinho ano ap:s
ano) ?omo entãoY Es2or+avam1se talve> por não pensar Rmas isto /3 é uma destrui+ão
do homemS, aceitando pura e simplesmente *ue assim tinha de serJ os *ue lhes
enviavam as instru+9es não se podiam enganar) Fas os na>istas di>iam o mesmo,
recordam1seY1 &u então a #outrina de Vanguarda é uma ideologia de pedra) &
comiss3rio instrutor do sinistro &roAutã Rcampo de castigo em =olima, 19@QS,
deixando1se comover ao o6ter de F) urie, director do com6inado de =rivoi1$og, a
assinatura das declara+9es *ue o
levariam , segunda condena+ão no campo, *uando ia ser posto em li6erdade,
disse1lheJ 7.ensas *ue nos d3 alguma satis2a+ão utili>ar ba in2lu0nciabY48 Fas
devemos 2a>er a*uilo *ue o .artido de n:s exige) (u, velho mem6ro do .artido, di>
l3 o *ue 2arias no nosso lugarY E parece *ue urie estava *uase de acordo com ele
Rseria talve> por isso *ue assinou tão 2acilmente, pensando, no 2undo, assimYS Eis,
/ustamente, algo *ue convence) Fas o mais 2re*uente era o cinismo) &s de6runs1a>uis
compreendiam muito 6em o 2uncionamento da m3*uina de picar carne e compra>iam1se
nela) & comiss3rio FironenAo, dos campos de #/ida R1944S di>ia ao condenado
Ia6itch, sentindo até orgulho pela constru+ão racional da 2raseJ 7A 1 "inguém pode
es*uivar1se a esta compara+ãoJ os anos e os métodos são demasiado coincidentes)
Fais naturalmente 2a>ia tal compara+ão *uem tinha passado pela Bestapo e pelo
Finistério da %eguran+a do Estado, como AleAsei 'vanovitch #ivnitch, exilado e
pregador da ortodoxia grega) A Bestapo acusava1o de actividade comunista entre os
oper3rios russos na Alemanha) & Finistério da %eguran+a do Estado, F)B)I, de
liga+9es com a 6urguesia mundial) A conclusão de #ivnitch não era em 2avor do
F)B)I)J torturaram1no l3 e c3, mas na Bestapo procuravam sa6er, de *ual*uer modo, a
verdade e, *uando a acusa+ão revelou não ter 2undamento, #ivnitch 2oi posto em
li6erdade) & Finistério da %eguran+a do Estado não 6uscava a verdade e não era
inten+ão sua soltar das garras alguém *ue por ele 2osse preso) 4 Faneira delicada
de designar as (&$(U$A%) A$DU'.E AB& #E BU AB 1@5 instru+ão do processo e o
/ulgamento são apenas uma 2ormalidade /ur-dica e em nada podem mudar o vosso
destino, prescrito de antemão) %e é necess3rio 2u>ilar1vos, ainda *ue este/ais
a6solutamente inocentes, sereis 2u>ilados de todas as maneiras) %e é necess3rio
a6solver1vos Risto re2eria1se, evidentemente, aos #E E% 1 A)%)S, mesmo *ue se/ais
e2ectivamente culpados, sereis /usti2icados e a6solvidos)8 & che2e da primeira
sec+ão de investiga+ão da %eguran+a do Estado da região ocidental do ?asa*uestão,
=uchna1riov, exprimiu1se assim perante Adol2 (sivilAoJ 7&ra não te podemos soltar,
a ti, *ue és de eninegradoX8 R'sto é, um velho militante do .artido)S 7#0em1nos um
homem, e o caso n:s /3 o criaremosX8 Eis como muitos deles pilheriavamJ era este um
dos seus ditos) & *ue para n:s era um mart-rio, era para eles um 6om tra6alho) A
mulher do comiss3rio "iAolai Bra6i1chenAo Rcanal do VolgaS, di>ia enternecida ,s
vi>inhasJ 7& meu marido é um tra6alhador magn-2ico) Um preso esteve muito tempo sem
con2essar e entregaram1no a "iAolai) "iAolai conversa uma noite com ele, *ue logo
con2essou)8 .or*ue é *ue todos eles se lan+aram assim, com uma atrelagem tão
2ogosa, nessa corrida, não pela verdade, mas por um "[FE$& de indiv-duos
interrogados e condenadosY .or*ue, para eles, o FA'% ?HF&#& era não se desviar da
linha geral) .or*ue essas ci2ras signi2icavam uma vida tran*uila, um soldo
suplementar, condecora+9es, promo+9es, a amplia+ão e a prosperidade dos pr:prios
:rgãos) Apresentando 6oas ci2ras, podiam mandriar, aldra6ar e passar 6oas noites de
2arra Ro *ue eles 2a>iamS) "<meros 6aixos condu>iriam ao seu despedimento e
retrograda+ão, , perda da man/edoira, /3 *ue %taline não podia acreditar *ue num
determinado 6airro, cidade ou unidade militar deixassem de se encontrar, de
repente, inimigos seus) #esse modo, não era um sentimento de compaixão, mas de
o2ensa e irrita+ão, *ue neles 6rotava contra os presos muito teimosos, *ue não
*ueriam entrar dentro dos seus n<meros, *ue não cediam pela tortura do sono, nem
pelos cala6ou+os, nem pela 2omeX $ecusando1se a con2essar, eles pre/udicavam a
situa+ão pessoal do comiss3rio instrutorX
Era como se *uisessem *ue ele mesmo 2racassasseX #a- *ue todos os métodos 2ossem
6onsX "a guerra como na guerraX Um tu6o na tua garganta, 6e6e 3gua salgadaX
.rivados, pelo tipo das suas actividades e pelo género de vida escolhida, da es2era
%U.E$'&$ da exist0ncia humana, os servidores da 'nstitui+ão A>ul viviam com mais
plenitude e avide> na es2era in2erior) E a- eram dominados e dirigidos pelos mais
2ero>es instintos dessa es2era, *ue são Ralém da 2ome e do sexoS, o instinto do
.&#E$ e do E"$'DUE?'FE"(&) REspecialmente do poderJ nas <ltimas décadas, este
tornou1se mais importante *ue o dinheiro)S & poder é um veneno conhecido desde h3
milénios) Due nunca ninguém tivesse ad*uirido um poder material so6re outremX Fas
para *uem 1@; A$DU'.E AB& #E BU AB tem 2é em algo de superior e tem, por isso
mesmo, a consci0ncia dos seus limites, o poder não é, ainda, mortal) %: para as
pessoas com hori>ontes limitados é *ue o poder é um veneno letal) #e um cont3gio
desses, elas não t0m salva+ão) $ecordam1se do *ue (olstoi escreve so6re o poderY@J
7'van 'litch exercia tais 2un+9es *ue tinha possi6ilidade de condu>ir , ru-na
*ual*uer pessoa, a *uem *uisesse destruirX (odas as pessoas, sem excep+ão, estavam
nas suas mãos, e mesmo a mais importante podia ser condu>ida perante si, como
acusada) R%im, isto aplica1se aos nossos de6runs1 a>uisX "ada h3 a acrescentarXS A
consci0ncia deste poder R7e a possi6ilidade de o suavi>ar8, concede (olstoi, mas
isto não se re2ere de nenhum modo aos nossos rapa>esS constitu-a para ele o
interesse e o atractivo principal das suas 2un+9es) Dual atractivoX Felhor se diria
a em6riague>`) .ois não é uma em6riague>Y (u és ainda /ovem, tu *ue 1 diga1se entre
par0ntesis 1 és um ranhosoW ainda muito recentemente os teus pais preocupavam1se
contigo, não sa6iam onde colocar1te, tão est<pido como és e não *uerendo estudarW
mas andaste tr0s anitos na*uela escola, e como levantaste vooX ?omo mudou a tua
situa+ão na vidaX ?omo mudaram os teus movimentos, o teu olhar e, mesmo, o teu
voltar de ca6e+aX Est3 reunido em sessão o ?onselho ?ient-2ico do 'nstitutoJ tu
entras e todos notam, até estremecemW tu não so6es para o lugar do presidente, isso
compete ao reitor, mas sentas1te a seu lado e todos compreendem *ue és tu o mais
importante, *ue tu és mem6ro da sec+ão especial) .odes 2icar sentado cinco minutos
e sair, essa é a tua superioridade so6re os pro2essores, pois podem solicitar1te
assuntos mais importantes 1 mas depois, examinando as suas decis9es, 6asta1te
2ran>ir o so6rolho Rou melhor ainda os l36iosS e di>er ao reitorJ 7E imposs-vel) ^3
considera+9es)))8 E é tudoX 'sso não se 2ar3X &u então, tu pertences , sec+ão
especial da contra1espionagemW és apenas um tenente, mas um velho e corpulento
coronel, comandante de unidade, *ue se levanta , tua chegada, procura adular1te,
agradar1te e não ir3 6e6er com o che2e do estado1maior sem te convidar) "ão importa
*ue s: tenhas duas pe*uenas estrelinhas, isso até é divertidoJ pois as tuas
estrelinhas medem1se por uma escala completamente di2erente da dos o2iciais normais
Re, ,s ve>es, numa missão especial, permitam1te pregar, por exemplo, as estrelas de
ma/or, isso como uma espécie de pseudoconven+ãoS) %o6re toda a gente dessa unidade
militar, ou dessa 236rica, C11 desse distrito, tens um poder incomparavelmente
maior do *ue o comandante, o director ou o secret3rio do .artido) Eles disp9em da
sua carreira, do seu sal3rio, da sua reputa+ão, mas tu disp9es da li6erdade deles)
E ninguém ousar3 2alar a teu respeito nas reuni9es, ninguém ousara escrever so6re
ti nos /ornais 1 não s: mal, nem mesmo 6emX E como se 2osses uma divindade secreta,
cu/o nome não se pode se*uer citarX (u existes A$DU'.E AB& #E BU AB 1@5
todos te sentem, mas é como se não existissesX E por isso, tu est3s acima do poder
declarado, desde o momento em *ue te co6res com o 6oné a>ul) & *ue (U 2a>es,
ninguém se atrever3 a veri2ic31lo, mas *ual*uer pessoa est3 su/eita , tua
veri2ica+ão) .erante os chamados cidadãos simples R*ue para ti são simplesmente
ceposS, a atitude mais digna consiste em adoptar uma expressão misteriosa de grande
penetra+ão) %: tu, na verdade, conheces as considera+9es especiais, e ninguém mais)
E por isso tu tens sempre ra>ão) %: não te es*ue+as de uma coisaJ tu mesmo serias
um cepo desses, se não tivesses tido a sorte de te tornares uma pe+a da engrenagem
dos :rgãos 1 esse ser vivo, 2lex-vel, completo, *ue ha6ita no Estado como a 6icha
solit3ria no homem) (udo te pertence agora, tudo é para ti, mas s: com a condi+ão
de seres 2iel aos :rgãosl Eles sempre intercederão por tiX %empre te a/udarão a
engolir todo a*uele *ue te o2enderX E retirarão *ual*uer o6st3culo do teu caminhoX
Fas s0 2iel aos :rgãosl Ga> tudo o *ue eles te ordenemX %ão eles *ue pensam por ti
e *ue designam o teu lugarJ ho/e podes ser da sec+ão especial e amanhã podes ir
ocupar o cadeirão do comiss3rio instrutor, para, em seguida, seres destacado como
etn:gra2o para o lago %eli1guer4 em parte tam6ém para tratares dos nervos) #epois
ser3s trans2erido de uma cidade, onde /3 te tornaste demasiado 2amoso, para o outro
extremo do pa-s, como encarregado para os Assuntos da 'gre/a5) &u passar3s a ser o
secret3rio respons3vel da União de Escritores;) "ão h3 *ue admirar11se de nadaJ a
verdadeira 2un+ão e categoria das pessoas, sa6em1na unicamente os :rgãos, aos
demais deixam1nos simplesmente representarJ ali onde se v0 um mestre emérito das
artes ou um her:i do tra6alho socialista, sopra1se e ele desaparece5) & lugar de
comiss3rio re*uer, naturalmente, tra6alhoJ é necess3rio ir e vir, de dia e de
noite, permanecer sentado horas e horas) Fas não tens de *ue6rar a ca6e+a a
desco6rir as 7provas8 Rdeixa *ue a *ue6re o presoS, não tens de te preocupar em
sa6er se ele é culpadoJ 2a> o *ue 2or melhor para os :rgãos e tudo estar3 6em)
#epender3 de ti a organi>a+ão do processo da 2orma mais agrad3vel, sem te cansares
muitoJ é 6om tirar algum proveito e tam6ém distrair1se) Estiveste sentado durante
longo tempo e, su6itamente, inventaste uma nova 2orma de 7in2lu0ncia8J 7EurecaX8
(ele2ona aos amigos, percorre os ga6inetes, conta coisasJ DUE IE A% BA$BA ^A#A%X
Vamos experimentar, rapa>es, em *uemY Ve/am, é a6orrecido encontrar 4 19@1, 'line)
5 & pér2ido comiss3rio VolAopialov 2oi encarregado para os Assuntos da 'gre/a na
Fold3via) ` Um outro 'line, Victor "iAolaievitch, ex1general de 6rigada da
%eguran+a do Estado) 5 7Duem és tuY8, perguntou o general %erov, em Ierlim, ao
mundialmente conhecido 6i:logo (imo2eiev1$essovsAi) 7E tu, *uem ésY8, ripostou, sem
se desconcertar, com a sua heredit3ria aud3cia cossaca, (imo2eiev1$essovsAi) 7Ah,
voc0 é um cientistaY8, corrigiu %erov) 1@Q A$DU'.E AB& #E BU AB pela 2rente sempre
a mesma coisa, estas mãos trementes, estes olhos suplicantes, esta su6missão
co6arde 1 oxal3 *ue algum o2erecesse resist0ncia) 7Bosto dos inimigos resistentesX
E agrad3vel *ue6rar1lhes a espinhaa)89, E se ele é tão resistente *ue não cede, se
todos os teus métodos não dão resultadoY En2ureces1teY Vamos, não retenhas a tua
raivaX E uma satis2a+ão imensa, é um voo da 2antasiaX #eixa em li6erdade a tua
2<ria, não lhe ponhas limitesX .9e em tensão as tuas 2or+asX E em tal estado *ue se
escarra na 6oca do presoX Due se es2rega o seu rosto no escarrador repletoX9 E em
tal estado *ue se arrastam os padres pelas guedelhasX E *ue se
urina no rosto da*ueles *ue 2oram postos de /oelhosX #epois de acesso de 2<ria,
sentes1 te um verdadeiro homemX &u então interrogas 7uma rapariga *ue anda com um
estrangeiro81C) Iem, di>es1lhe algumas grosserias e perguntas1lheJ 7%er3 *ue o
americano a tem 6em cin>elada, ou *u0Y #e *ue é *ue necessitavas, havia poucos
russosY8 E surge1te su6itamente uma ideiaJ com esses estrangeiros ela deve ter
ad*uirido alguns conhecimentos) "ão se pode perder a ocasião, é uma espécie de
missão de servi+os l3 2oraX E, com ardor, come+as a interrog31laJ 7?omo eraY Em *ue
posi+9esY))) E em *ue mais outrasY))) #3 pormenoresX E outros detalhesX 'sso poder3
servir para mim e vou cont31lo aos rapa>esX8 A rapariga, envergonhada e lavada em
l3grimas, di> *ue isso nada tem a ver com o assunto) 7Fas sim, tem *ue verX GalaX8
Eis o *ue signi2ica o teu poderX Ela aca6a por contar1te tudo tintim por tintim, se
*uiseres, 2a> mesmo um desenho e poder3 até mostrar1to com o corpo, não tem outra
sa-da, est3 nas tuas mãos a sua deten+ão e a sua pena) $e*uisitasteb uma
dactil:gra2a para escrever o interrogat:rio e mandaram1te uma, 6onita, e
imediatamente tu lhe meteste a mão nos seios, diante do rapa>ola interrogado14) E
como se ele não 2osse gente, não h3, por isso, de ter vergonha) %imX, de *uem é *ue
haverias de ter vergonhaY %e gostas de mulheres Re *uem é *ue não gosta delasYS,
serias idiota se não te aproveitasses da situa+ão) Umas são atra-das pelo teu
poder, outras cedem por temor) (endo encontrado uma rapariga em *ual*uer parte,
2icou1te de olhoY %er3 tua, não te escapar3) E 2icou1te de olho tam6ém uma mulher
casadaY %er3 tuaX A2astar o marido do caminho é coisa *ue não te custa nada1@) "ão
é na Q Goi o *ue disse a B) B) o comiss3rio de eninegrado, ?hitov) aa ?aso ocorrido
com Vassiliev e lvanov1$a>umniA) 1C Ester $), 1945) b & comiss3rio .oAhilAo, da
%eguran+a do Estado de =emerovo) 14 & estudante Ficha I) b ^3 muito tempo *ue tenho
um assunto para um contoJ 7A Esposa ?orrompida)8 Fas, pelos vistos, não consigo
dispor1me a escrev01lo) Ei1lo) $e2ere1se ao 2acto de *ue, numa unidade militar da
2or+a aérea do Extremo &riente, antes da guerra da ?oreia, certo tenente11coronel,
ao regressar de uma missão de servi+o, sou6e *ue a sua mulher estava no hospital) &
A$DU'.E AB& #E BU AB 1@9 verdade necess3rio experiment31lo, para sa6er o *ue
signi2ica um 6oné a>ulX Dual*uer coisa *ue viste, é tuaX Dual*uer apartamento *ue
visitaste, é teuX Dual*uer mulher, é tuaX Dual*uer advers3rio, é varrido da tua
2renteX A terra *ue pisas, é tuaX & céu *ue so6re ti paira, é teu, a>ul como tuX
Duanto , Lnsia de lucro, é a paixão de todos eles) ?omo não utili>ar esse poder e
uma tal 2alta de controle para enri*uecerY %eria necess3rio ser um santoX))) %e nos
2osse permitido conhecer o 2undamento de certas deten+9es, ver-amos com assom6ro,
*ue, sendo a norma geral a de prender, a escolha particular de *uem prender e a
sorte pessoal de cada um dependia, em tr0s *uartas partes dos casos, da cupide> e
da vingan+a, e, em metade deles, de c3lculos interesseiros da ")=)V)#) local Re dos
procuradores, naturalmenteW não os vamos deixar de parte) ?omo come+ou, por
exemplo, o périplo de de>anove anos de V) B) Vlassov pelo Ar*uipélagoY #evido ao
2acto de *ue tendo ele, administrador da cooperativa de consumo local, promovido a1
venda de uns tecidos R*ue /3 ninguém comprava)))S para o activo do .artido R*ue não
2osse para o povo, isso não desconcertava ninguémS, e a esposa do procurador não
p_de compr31losJ ela não se encontrava presente e ao
procurador era1lhe molesto ir 2a>er compras ao 6alcão) &ra Vlassov não teve a ideia
de di>er1lheJ 7Eu mesmo lhos deixo de parte8 Risso não estava no seu car3cterS)
Fais aindaJ o procurador $ussov levou , cantina privada do .artido Rhavia cantinas
dessas nos anos @CS, um amigo *ue não estava autori>ado a comer ali Risto é, *ue
tinha uma posi+ão in2eriorS e o administrador da cantina não permitiu *ue se
servisse a re2ei+ão ao amigo) & procurador exigiu de Vlassov *ue o castigasse, o
*ue este não 2e>) #esse modo, ele o2endeu caso era tão grave *ue os médicos não lho
ocultaramJ os seus :rgãos genitais so2riam de uma lesão, devido a rela+9es
anormais) & tenente1coronel precipitou1se para a esposa e conseguiu a con2issão
delaJ tratava1se de um primeiro1tenente da sec+ão especial da sua unidade Rparece
*ue por ela correspondidoS) & marido correu 2urioso ao ga6inete da sec+ão especial,
sacou da pistola e amea+ou mat31lo) Fas rapidamente o primeiro1 tenente o6rigou1o a
curvar1se e a sair, a6atido e em estado lastimosoJ amea+ou envi31lo a apodrecer no
mais terr-vel campo, cm *ue ele chegaria a re>ar por uma1 morte sem so2rimentos) E
&$#E"&U1 ^E *ue rece6esse em casa a esposa, tal como estava Ralgo havia sido
de2ormado sem remédioS, e *ue vivesse com ela, sem se atrever a divorciar1 se nem
ousar *ueixar1se 1 era esse o pre+o da li6erdadeX & tenente1coronel cumpriu tudo)
R'sto 2oi1me relatado pelo motorista desse mesmo agente da sec+ão especial)S ?asos
semelhantes não devem ser poucosJ este é um dom-nio onde se revela particularmente
tentador utili>ar o poder) Um desses agentes da %eguran+a do Estado o6rigou, a
2ilha de um general1che2e do Exército Rem 1944S a casar1se com ele, so6 a amea+a de
*ue, caso contr3rio, prenderia o pai) A /ovem tinha noivo, mas, para salvar o pai,
casou com o agente da %eguran+a) #urante o 6reve tempo de casada escreveu um
di3rio, enviou1o ao namorado e depois suicidou1se) 14C A$DU'.E AB& #E BU AB
gravemente a ")=)V)#) da >ona) E 2oi assim *ue o inclu-ram na lista da oposi+ão de
direitaX))) As considera+9es e os actos dos de6runs1a>uis costumam ser tão
mes*uinhos *ue é coisa de maravilhar) & che2e de uma 6rigada operacional, para
6uscas e deten+9es, %entchenAo, tirou a um o2icial do exército preso a 6olsa de
campanha e a prancheta, e usava1as na sua presen+a) A um outro preso ele 2urtou,
servindo1se dos su6ter2<gios de um auto, um par de luvas estrangeiras) RDuando a
o2ensiva prosseguia, eles ro-am1se todos por não serem os primeiros a colher
tro2éus)S & agente da contra1espionagem do 4Q)O Exército *ue me deteve, olhava com
inve/a para a minha cigarreira, *ue, ali3s, nem se*uer era uma cigarreira, mas sim
uma caixa alemã *ual*uer de atraente cor escarlate) E na mira dela tentou toda uma
mano6ra auxiliarJ primeiro, não a incluiu no auto da apreensão Risto pode 2icar
consigoS, depois ordenou *ue me revistassem de novo, sa6endo per2eitamente *ue não
tinha mais nada nas algi6eirasJ 7Ah, ve/am s:X (irem1 lhaX8 E para *ue eu não
protestasseJ 7 evem1no para a enxoviaX8 RDue gendarme c>arista se atreveria a
portar1se assim com um de2ensor da p3triaYS ?ada investigador dispunha deb
determinada *uantidade de cigarros para animar os *ue con2essavam e para os 6u2os)
Alguns, porém, 2icavam com todos esses cigarros para eles) Até nas horas de
interrogat:rios nocturnos, pagas por tari2a especial, eles 2a>iam trapa+asJ
o6serv3vamos como eles anotavam nos autos mais tempo do *ue o utili>ado Rdas tantas
,s tantasS) & comiss3rio Giodorov Resta+ão de $echeta, caixa de correios de
campanha du>entos e trinta e cincoS numa 6usca ao apartamento de um cidadão em
li6erdade, =or>uAhin, rou6ou, ele mesmo, um rel:gio de pulso) & comiss3rio "iAolai
Giodorov =ru/Aov, durante o cerco de eninegrado, disse a Elisa6eth Victorovna
%traAhovitch, mulher do seu acusado =) ') %traAhovitchJ 7"ecessito de um edredão)
(raga1me umX8 Ela respondeu11lheJ 7& *uarto onde tenho as coisas de 'nverno est3
selado)8 Então ele di1rigiu1se a casa dela e, sem violar o selo de chum6o da
%eguran+a do Estado, desapara2usou o puxador da portaJ 7Eis como tra6alha o ?
omissariado do .ovo para a %eguran+a do EstadoX8, explicou ele pra>enteiro))) e
levou dali a roupa de 'nverno, metendo, de passagem, o6/ectos de cristal nas
algi6eiras RElisa6eth, por sua ve>, levou tam6ém o *ue p_de e *ue no 2im de contas
era dela) 7J3 leva 6astanteX8, advertiu1a ele, en*uanto continuava a servir1se14S)
G)m 1954 esta enérgica e inexor3vel mulher Ro marido tudo perdoou, até a pena de
morte, e dissuadiu1aJ 7"ão é precisoX8S interveio contra =ru/Aov no tri6unal como
testemunha) ?omo não era o primeiro caso veri2icado com =ru/Aov e ele violava os
interesses dos :rgãos, condenaram1no a vinte e cinco anos) Estaria l3 muito tempoY
A$DU'.E AB& #E BU AB 141 & n<mero de casos semelhantes não tem 2imJ poderiam
pu6licar1se mil 7 ivros Irancos8 Ra come+ar em 191QS, in*uirindo
sistematicamente /unto dos ex1presos e das esposas) .ode ser *ue tenha havido e
ha/a de6runs11a>uis *ue nunca rou6aram nada, nem de nada se apropriaram 1 mas a mim
custa1me a imagin31lo, decididamenteX "ão compreendo, pura e simplesmente, *ue, com
os seus pontos de vista, algo pudesse cont01los se uma coisa lhes agradasse) J3 nos
come+os dos anos @C, *uando particip3vamos nas campanhas /uvenis e execut3vamos o
primeiro plano *uin*uenal, eles passavam os seus ser9es em sal9es , maneira da
no6re>a do &cidente, do género do de =onAordi 'osse, e as suas damas ostentavam
toiletes estrangeiras) #e onde vinha tudo issoY E os seus apelidosX Era como se
tivessem sido escolhidos em 2un+ão deles para esse tra6alhoX .or exemplo, na
%eguran+a do Estado da região de =emerovo, em come+os dos anos 5C, havia diversos
(rutniev R.arasitaS, o che2e da %ec+ão de 'nvestiga+ão, ma/or ?hAurAin R?oirãoS, o
seu su6stituto, tenente1coronel Ialandin Rsopa aguadaS e ainda o /ui> de instru+ão
%AoroAhvatov RArre6anhadorS) Ve/am, não é inventadoX (odos eles su6itamente /untosX
RAcerca de VolAopialov e Bra6ichenAe /3 nem vale a pena 2alar15S Acaso não
re2lectem nada do *ue as pessoas são, os seus apelidosY E ve/am uma ve> mais o *ue
é a mem:ria do prisioneiroJ ') =orneiev es*ueceu1se do apelido da*uele coronel da
%eguran+a do Estado, amigo de =onAordi 'osse Rpor coincid0ncia, conhecido de
am6osS, *ue encontrou no isolamento pol-tico de Vladimir) Esse coronel era a
personi2ica+ão con/unta do instinto do poder e do dinheiro) Em come+os de 1945, no
tempo das vacas gordas, dos 7tro2éus8, ele pediu para ser incorporado na sec+ão dos
:rgãos, *ue, enca6e+ada pelo pr:prio A6aAumov, controlava toda essa pilhagen1h,
isto é, procurava apoderar1se de tudo o *ue podia, não para o Estado, mas para seu
proveito Re conseguiu muitos prod-giosS) & nosso her:i limpou vag9es inteiros e
construiu para si v3rias casas de campo Ruma delas em =linS) #epois da guerra,
atingiu tal envergadura *ue, ao chegar , Esta+ão de "ovossi6irsA, mandou expulsar
todos *uantos estavam sentados no restaurante, ordenando *ue lhe trouxessem
mulheres para si e para os seus colegas de 2arra, o6rigando1as a dan+ar nuas em
cima das mesas) (eria sido perdoado, mas violou outra lei importante, como o 2i>era
=ru/1AovJ agiu contra os seus) "ão s: enganou os :rgãos como ainda 2e> piorJ
apostou em *ue sedu>iria as mulheres de alguns dos seus camaradas da sec+ão
operacional da (cheAa) "ão lhe perdoaramX Goi metido no isolamento pol-tico, ao
a6rigo do artigo 5QX En2ureceu1se por se terem atrevido a prend01lo e não duvidava
de *ue o caso seria reparado) RE talve> 2osse)S a VolAopialov deriva de volA p
lo6o, e pialit p 2itar com os olhos desor6itados) Brae tem a rai> em gra6it p
sa*uear, pilhar) R") dos ()S 144 A$DU'.E AB& #E BU AB
Esse destino ne2asto de se deterem a si mesmos não é assim tão raro como isso entre
os de6runs1a>uis) "ão h3 uma verdadeira garantia contra tal, e não se sa6e por*ue
eles assimilam mal as li+9es do passado) ?ertamente pela 2alta de intelig0ncia
superior, en*uanto a in2erior lhes segredaJ 7%ão raros a*ueles a *ue isso ocorre,
eu escaparei e os meus não me vão desamparar)8 &s seus procuram, realmente, não o
a6andonar na desgra+a, pois estão ligados por uma conven+ão t3citaJ colocar os
deles em situa+ão privilegiada Ro coronel A) ') Voro6iov 2oi metido na cadeia
especial de Far2insAW o pr:prio ") ') 'line esteve na u6ianAa mais de oito anosS)
A*ueles *ue são presos individualmente pelos seus erros pessoais de c3lculo, gra+as
a essa preven+ão de casta não passam ha6itualmente mal, e assim se explica a sua
*uotidiana sensa+ão de impunidade) %ão conhecidos, porém, alguns casos em *ue os
mand9es operacionais dos campos 2oram o6rigados a cumprir penas em campos comuns,
onde se encontraram com os seus pr:prios >eAs RreclusosS, e não passaranNiada 6em
Rpor exemplo, o agente Funchin, *ue odiava encarni+adamente o artigo 5Q, e *ue se
apoiava no 6anditismo, 2oi metido por este mesmo de6aixo das tarim6asS) Entretanto,
tratando1se de tais casos, não temos meios de os conhecer em pormenor, a 2im de
poder dar deles uma ideia) Fas a*ueles agentes da %eguran+a *ue caem nas torrentes
Reles t0m igualmente as suas torrentesl)))S arriscam tudo) Uma torrente é um
cataclismo natural, mais 2orte até *ue os pr:prios :rgãos, e então /3 ninguém
a/uda, com medo de ser ele mesmo arrastado para esse a6ismo) "o <ltimo minuto, se
tens uma 6oa in2orma+ão e uma consci0ncia aguda de tche*uista, podes ainda
2urtar1te a essa avalancha, demonstrando *ue não tens nenhuma rela+ão com ela) .or
exemplo, o capitão %aenAo Rnão a*uele carpinteiro tche*uista de ?rac:via dos anos
191Q119, céle6re pelos seus 2u>ilamentos, per2ura+9es no corpo com o sa6re,
despeda+amentos de pernas, esmagamento da ca6e+a com pesos e halteres e
cauteri>a+ão1;, mas talve>, *uem sa6e, da mesma 2am-lia)))S, teve a 2ra*ue>a de
ca1sar1 se por amor com uma 2uncion3ria, =oAhansAaia, dos caminhos de 2erro da ?
hina &riental) #e repente, antes de re6entar a vaga, sou6e *ue iam prender os
empregados desses servi+os 2errovi3rios) Era então o che2e da %ec+ão &peracional da
B) .) U) em ArcLngel) %em perder um s: minuto, *ue 2e> eleY .$E"#EU A FU ^E$ AFA#AX
E ainda por cima não como 2uncion3ria dos caminhos de 2erro da ?hina &riental, mas
2or/ando1lhe um processo) E não s: 2icou vivo como 2oi promovido, tornando1se o
che2e da ")=)V)#) de (omsA15) bf $oman Bul, in #>cr/insAi) 15 Ainda um 6om assuntoX
Duantos não h3 a*uiX .ode ser *ue sirva a alguém) A$DU'.E AB& #E BU AB 14@ Estas
torrentes surgiram em virtude de uma misteriosa lei de renova+ão dos :rgãosJ um
pe*ueno sacri2-cio peri:dico, o2erecido para *ue os *ue 2icavam tomassem a
apar0ncia de puri2icados) &s :rgãos deviam mudar mais depressa do *ue &vcrescimento
normal e o envelhecimento das gera+9es humanasJ certos cardumes da %eguran+a do
Estado deviam entregar as suas ca6e+as com a in2lexi6ilidade do estur/ão, *ue vai
morrer so6re as pedras do rio, para ser su6stitu-do pelos 2ilhos) Esta lei era 6em
vis-vel para uma intelig0ncia superior, mas os de6runs1a>uis, eles mesmos, não
*ueriam, de modo algum, reconhec01la e prevenir1se) E tanto o rei como os tu6ar9es
dos :rgãos, e até ministros, chegada a hora astralmente designada, colocavam as
suas ca6e+as so6 a sua pr:pria guilhotina)
Um primeiro cardume arrastou 'agoda atr3s de si) .rovavelmente muitos da*ueles
nomes gloriosos, *ue ainda teremos ocasião de admirar ao 2alar do canal do mar
Iranco, 2oram levados nesse cardume e os seus nomes riscados das linhas poéticas) &
segundo cardume arrastou 6em depressa o e2émero le/ov) Alguns dos melhores
cavaleiros de 19@5 pereceram nessa vaga Rmas importa não exagerar, estão longe de
terem sido os melhoresS) & pr:prio le/ov 2oi espancado durante a instru+ão do
processo, apresentando um lastimoso aspecto) ?om essas deten+9es, BU AB 2icou
:r2ão) %imultaneamente a le/ov, 2oram presos, por exempo, o che2e da #irec+ão das
Ginan+asW o che2e da #irec+ão %anit3ria e o che2e da Buarda 'nterior de BU AB 1
isto é, o che2e de todos os compadres dos camposX E depois veio o cardume de Iéria)
& gordo e presun+oso A6aAumov trope+ou , parte dos outros, separadamente) &s
historiadores dos :rgãos Rse os ar*uivos não 2orem *ueimadosS relatar1nos1ão isso
um dia, passo a passo, com ci2ras e com o 6rilho dos nomes) Eu limitar1me1ei a*ui
apenas a uma pe*uena parteJ a hist:ria de $iu1min e de A6aAumov, *ue conheci
casualmente) R"ão vou repetir a*uilo *ue so6re eles tive ocasião de contar noutro
lugar1Q)S $iumin, 2amiliar do pr:prio A6aAumov, *ue o tinha protegido,
apresentou1se a ele em 2ins de 1954 com a sensacional not-cia de *ue o pro2essor de
medicina Etinguer tinha con2essado *ue su6metera a tratamento incorrecto Jdanov e ?
her6aAov Rcom o 2im de os matarS) A6aAumov ne1gou1se a acreditar, pois conhecia 6em
tais co>inhados, a achou *ue $iumin ia demasiado longe) RFas $iumin pressentia
melhor a*uilo *ue %taline *ueriaXS .ara tirar d<vidas, organi>aram essa tarde um
interrogat:rio cru>ado com Etinguer, e tiraram u)ma ?onclusão di2erenteJ A6aAumov,
a de 1Q "o .rimeiro ?-rculo) 144 A$DU'.E AB& #E BU AB *ue não havia nenhum 7caso
dos médicos8W $iumin, a de *ue sim, *ue havia) Era necess3rio 2a>er veri2ica+9es
ainda uma ve> mais, na manhã seguinte, mas por uma dessas maravilhosas
particularidades da 'nstitui+ão "octurna, E(1"BUE$ F&$$EU "E%%A FE%FA "(&'(EX .ela
manhã, $iumin, passando por cima de A6aAumov, tele2onou ao ?omité ?entral do
.artido e pediu para ser rece6ido por %talineX R.enso *ue não 2oi esse o seu passo
decisivoJ o decisivo, depois do *ual /3 a sua ca6e+a estava em /ogo, 2ora dado na
véspera, ao não concordar com A6aAumov, e ao matar, talve>, Etinguer durante a
noite) Fas *uem conhece os segredos destes pal3ciosY .ode ser *ue o contacto com
%taline tivesse /3 sido reali>ado antes)S %taline rece6eu $iumin, deu andamento ao
caso dos médicos e .$E"#EU AIA=UF&V) $iumin 2oi para a 2rente com o caso, segundo
parece independentemente, e a despeito mesmo de IériaX R^3 sintomas de *ue antes da
morte de %taline, Iéria tinha a sua situa+ão amea+ada, e 2oi talve> por seu
intermédio *ue %taline 2oi li*uidado)S Um dos primeiros passos do novo Boverno 2oi
a ren<ncia ao caso dos médicos) Então G&' .$E%& $'UF'" Rainda so6 o poder de
IériaS, mas AIA=UF&V "i& G&' 'IE$(A#&X 'ntrodu>iram1se novas regras na u6ianAa, e
pela primeira ve> em toda a sua exist0ncia cru>ou os seus um6rais um procurador R#)
() (erieAhovS) $iumin mostrou1se nervoso e servilJ 7Eu não sou culpado, estou
detido sem motivo8, pedindo para ser interrogado) ?omo era seu costume, chupava um
6om6om e a uma o6serva+ão de (erieAhov, cuspiu1o na palma da mão, di>endoJ
7#esculpe)8 Duanto a A6aAumov, como /3 mencion3mos, ele riu1seJ 7E uma
misti2ica+ão)8 (erieAhov mostrou1lhe o seu mandado de controle das cadeias internas
do Finistério da %eguran+a do Estado) 7?omo esse podem 2a6ricar1se *uinhentosX8,
respondeu A6aAumov, recusan1do1o com a mão) A ele, como 7patriota da 'nstitui+ão8,
o *ue mais o2endia não era se*uer *ue estivesse preso, mas *ue tentassem
pre/udicar os :rgãos, os *uais não podiam estar su6ordinados a nada no mundoX Em
Julho de 195@ $iumin 2oi /ulgado Rem FoscovoS e 2u>ilado) Fas A6aAumov continuou na
prisãoX "o interrogat:rio, ele disse a (erieAhovJ 7(ens os olhos demasiado
6onitosa9, terei pena de 2u>ilar1teX A2asta1te do meu caso, e a2asta1te pelas
6oas)8 Uma ve>, (erieAhov chamou1o e deu1lhe a ler o /ornal com o comunicado so6re
o desmascaramento de Iéria) 'sso era então *uase uma sensa+ão c:smica) A6aAumov leu
o comunicado sem pestane/ar, voltou a 2olha e come+ou a procurar a p3gina
desportiva) &utra ve>, assistindo ao interrogat:rio um importante agente da
%eguran+a do Estado, até h3 pouco su6ordinado de A6aAumov, este perguntou1lheJ 7?
omo pudésteis & *ue era verdade) Em geral, #) (erieAhov era um homem de 2or+a de
vontade c aud3cia 2ora do comum Ros /ulgamentos contam1noS, e talve> de viva
intelig0ncia) %e as re2ormas de =ruchtchev tivessem sido mais conse*uentes,
(erieAhov ter1se1ia destacado) Assim, no nosso pa-s, não chegam a 2ormar1se
personalidade hist:ricas) A$DU'.E AB& #E BU AB 145 permitir *ue a investiga+ão do
caso Iéria não 2osse reali>ada pelo Finistério da %eguran+a do Estado, mas pela
.rocuradoriaY R?ontinuava l3 com a sua na ca6e+aXS E tu acreditas *ue eu, ministro
da %eguran+a do Estado, serei /ulgadoY8 1 7%im)8 1 7Então en2ia um chapéu de coco
na ca6e+a, os :rgãos deixaram de existirX8 REle, naturalmente, tinha uma visão
demasiado pessimista, como um inculto correio do Estado)S "ão era o /ulgamento *ue
A6aAumov temia, *uando estava preso na u6ianAa, mas sim um envenenamento Rmostrando
uma ve> mais ser um digno 2ilho dos :rgãoslS ?ome+ou pois a re/eitar toda e
*ual*uer comida da prisão, s: comendo ovos *ue comprava na cantina) RA*ui
2altava1lhe imagina+ão técnica, ao pensar *ue um ovo não pode ser envenenado)S #a
6em surtida 6i6lioteca da u6ianAa s: lia livros de))) %taline R*ue o tinha metido
na cadeia)))S 'sso seria talve> uma ostenta+ão ou um c3lculo, prevendo *ue os
partid3rios de %taline aca6ariam por predominar) Fas continuou preso por mais dois
anos) .or*ue é *ue não o soltaramY A pergunta não é ingénua) A /ulgar pelos seus
crimes contra a humanidade, ele estava manchado de sangue até a ca6e+a) Fas não era
s: eleX &s restantes tinham escapado com sorte) & segredo est3 a*uiJ h3 rumores
surdos de *ue, em tempos, ele tinha espancado a nora de =ruchtchev, inlea %edaia,
esposa do 2ilho mais velho, o *ual, condenado no tempo de %taline, 2ora enviado
para um 6atalhão disciplinar, 1 onde morreu) .or isso, tendo sido encarcerado por
%taline, A6aAumov aca6ou por ser /ulgado, no tempo de =ruchtchev, em eninegrado, e
2u>ilado a 1Q de #e>em6ro de 19541O) Fas era em vão *ue ele se preocupavaJ os
:rgãos não morreram por isso) ?omo di> a sa6edoria popularJ ao 2alares do lo6o,
2ala tam6ém como o lo6o) Esta 2a+a de lo6os, de onde surgiu ela do nosso povoY "ão
é da nossa rai>Y "ão é do nosso sangueY %im, é) .ara não vestir sem mais o alvo
manto dos /ustos, interroguemo1nosJ se a minha vida se tivesse apresentado
di2erentemente, ter1me1ia eu convertido num carrasco assimY E uma pergunta terr-
vel, se *ueremos responder a ela honestamente) 14; A$DU'.E AB& #E BU AB em6ro1me do
meu terceiro ano da universidade, no &utono de 19@Q) ":s, rapa>es do =omsomol,
2omos chamados ao comité de >ona uma primeira e uma segunda ve>, e, *uase sem nos
pedirem o nosso acordo, meteram1nos um *uestion3rio nas mãos para preenchermosJ
h3 /3 demasiados 2-sicos e matem3ticos, a p3tria precisa de candidatos , escola da
")=)V)#) Rde resto, é sempre assim, não são as pessoas *ue t0m necessidade
de alguém, mas sim a p3tria, e h3 sempre um 6urocrata *ue sa6e tudo e 2ala em seu
nomeS) Um ano antes, esse mesmo comité de >ona tinha1nos aliciado para uma escola
de avia+ão) (am6ém dessa ve> nos recus3mos Rt-nhamos pena de deixar a
universidadeS, mas não tão tena>mente como agora) Um *uarto de século depois pode
pensar1seJ sim, voc0s compreendiam per2eitamente como 2ervilhavam as deten+9es ,
vossa volta, como eles torturavam nos c3rceres e para *ue lama vos arrastavam) Fas
nãoX As coru/as voam de noite, e n:s éramos dos *ue des2ilavam de dia, com
6andeiras) ?omo poder-amos sa6er ou pensar *ual a causa das deten+9esY Due tivessem
mudado todos os che2es regionais, isso era1nos per2eitamente indi2erente) (inham
mandado prender dois ou tr0s pro2essores, mas não era com eles *ue -amos aos 6ailes
e assim ainda seria mais 23cil 2a>er exames) ":s, rapa>es de vinte anos de idade,
marc3vamos o passo nas mesmas paradas *ue os da $evolu+ão de &utu6ro e esperava1nos
o mais radioso 2uturo) E di2-cil descrever o sentimento -ntimo, não 6aseado em
*ual*uer argumento, *ue nos impedia de aceitar a ida para a escola da ")=)V)#) "ão
era *ue tal se dedu>isse das con2er0ncias ouvidas so6re o materialismo hist:ricoJ
ao contr3rio, através delas estava claro *ue a luta contra o inimigo interno era
uma 2rente de com6ate ardente e uma tare2a honrosa) E isso estava em contradi+ão
com a nossa vantagem pr3ticaJ a universidade provincial nada nos podia prometer
além de uma escola rural num recanto a2astado e com um sal3rio ex-guo, en*uanto a
escola da ")=)V)#) nos prometia um racionamento especial e um vencimento duas ou
tr0s ve>es maior) & *ue sent-amos não podia tradu>ir1 se em palavras Re se as
houvesse, não as pod-amos comunicar uns aos outros, por temorS) $esistia1se, em
geral, não ao n-vel da ca6e+a, mas do cora+ão) .odem gritar1te de todos os ladosJ
7E necess3rio8, e a tua ca6e+a tam6ém pensarJ 7E necess3rioX8, mas o cora+ão
repelirJ 7"ão *uero, E"&JA1FEX Arran/em1se sem mim, eu não entro nisso) 8a E algo
*ue data de h3 muito, *ui+3 desde iermontov) "a*uelas décadas da vida russa em *ue,
para uma pessoa decente, não havia servi+o pior nem mais su/o do *ue o de agente da
pol-cia secreta, e isso di>ia1se em vo> alta) Fas tudo vem de mais longe ainda) %em
o sa6er, resgat3vamos a li6erdade com o *ue nos restava 1 moedas de co6re e pe+as
de de> Aopecs, das moedas de ouro deixadas pelos nossos 6isav:s, nos tempos em *ue
a moral ainda não era considerada relativa e o 6em e o mal se di2erenciavam
simplesmente através do cora+ão) A$DU'.E AB& #E BU AB 145 ?ontudo, alguns dos
nossos rapa>es alistaram1se então) Acho *ue se tivessem exercido uma pressão mais
2orte nos teriam talve> do6rado a todos n:s) .onho1me a imaginarJ se ao come+ar a
guerra eu /3 tivesse gal9es *uadrados nas lapelas a>uis41 1 *ue teria sido 2eito de
mimY .osso, naturalmente, para ser agrad3vel comigo pr:prio, di>er *ue a minha
honestidade não teria suportado tal coisa, *ue me teria recusado e *ue a6alaria
6atendo com a porta atr3s de mim) Fas, deitado na tarim6a do c3rcere, comecei a
examinar sucessivamente a minha verdadeira carreira de o2icial 1 e
horrori1>ei1me) .assei a o2icial, não vindo da universidade, ainda de6ru+ado so6re
integrais, mas tendo 2eito meio ano de servi+o militar opressivo, sa6endo o *ue
signi2icava estar sempre pronto a su6ordinar1me a pessoas *ue podem não 1ser
dignas) #epois, 2ui torturado durante mais meio ano na Escola do Exército) #everia,
pois, ter assimilado para sempre a amargura do servi+o militarW guardo na minha
mem:ria como a pele me gelava e se gretava))) Fas nãoX ?omo prémio de consola+ão,
deram1me gal9es com duas estrelinhas, depois com tr0s, *uatro, e es*ueci tudo)
(alve> conservasse então o amor , li6erdade, t-pico dos estudantesY Fas entre n:s
ele não existia) Existia, sim, o amor , disciplina da 2orma e ,s marchas)
$ecordo1me 6em *ue 2oi a partir da Escola de &2iciais *ue experimentei a A EB$'A #A
$U%('?'#A#EJ ser militar e "i& $EG E?('$W a A EB$'A #E $EG&?' A$ na vida, tal como
a vivem todos, segundo é praxe no nosso am6iente militarW a alegria de es*uecer
certas su6tile>as espirituais, incutidas desde a in2Lncia) "a escola militar
and3vamos constantemente atena>ados pela 2ome, tentando desco6rir onde pod-amos
2anar um naco mais, vigilando1nos >elosamente uns aos outros para ver *uem se,
desenrascava melhor) & *ue mais tem-amos era não chegar a ganhar as ins-gnias
Renviavam para Estali1negrado a*ueles *ue não terminavam o cursoS) 'nstru-am1nos
como se 2_ssemos /ovens 2eras, a 2im de tornar1nos mais 2uriosos, para *ue, depois,
tent3ssemos des2orrar1nos em alguém) "ão dorm-amos o su2icienteJ ap:s a hora de
sil0ncio, podiam o6rigar1nos a *ue, so6 o comando de um sargento, 2ic3ssemos
so>inhos a marcar passo T isso como castigo) &u então, pela noite, 2a>iam levantar
toda a sec+ão e 2orm31la em volta de uma 6ota su/aJ é desse canalha, *ue vai agora
limp31la e en*uanto ela não 2icar 6rilhante v:s permanecereis a*ui 2ormados) "a
Lnsia apaixonada dos gal9es, ganh3vamos um andar 2elino de o2icial e uma vo>
met3lica de comando) As ins-gnias com esse 2ormato eram 2ixadas ,s extremidades
Rde6runsS da gola do li2orme, *ue era a>ul tratando1se da pol-cia pol-tica) R") dos
()S 14Q A$DU'.E AB& #E BU AB Ginalmente, eis *ue me puseram os gal9esX E cerca de
um m0s depois, 2ormando a 6ateria na retaguarda, eu /3 o6rigava o meu descuidado
pra+a Ier6ienov a marcar passo, depois da hora do descanso, so6 o comando do
insu6misso sargento Fetlin))) RE%DUE?', es*ueci sinceramente tudo isto durante
anosX Aca6o de voltar a lem6rar1me agora mesmo, diante desta 2olha de papel)S E um
velho coronel, em inspec+ão casual, convocou1me e envergonhou1me) Eu Re di>er *ue /
3 depois de ter 2eito a universidadeXS /usti2i*uei1meJ 7"a escola militar assim nos
instru-ram8, o *ue signi2icavaJ *uais podem ser as considera+9es de humanidade, uma
ve> *ue estamos no exércitoY RDuanto mais nos :rgãos)))S & orgulho medra no cora+ão
como o toucinho no porco) Eu lan+ava aos meus su6ordinados ordens indiscut-veis,
convencido de *ue não podia haver outras melhores do *ue essas) Até na 2rente de
6atalha, onde parecia *ue a morte nos igualava a todos, o meu poder conven1ceu1me
rapidamente de *ue eu era uma pessoa de *ualidade superior) %entado, escutava1os a
eles em posi+ão de sentido) 'nterrompia, dava instru+9es) ^avia pais e av_s, *ue eu
tratava por 7tu8 R e eles a mim por 7o senhor8, naturalmenteS) Fandava1os so6 o
2ogo dos canh9es ligar os 2ios partidos, s: para *ue os che2es superiores não me
censurassem Rassim morreu AndriachinS) Eu comia a minha manteiga e as minhas
6olachas de o2icial, sem pensar muito em sa6er por*ue é *ue isso não correspondia
tam6ém aos soldados) Eu /3 tinha, naturalmente, uma ordenan+a R*ue dava pelo no6re
nome de 7impedido8S, *ue, de uma maneira ou doutra, tinha a preocupa+ão de cuidar
da minha pessoa e de preparar todas as minhas re2ei+9es , parte do rancho dos
soldados) R&s comiss3rios instrutores da u16ianAa, esses, não t0m impedidos, é
coisa *ue não se pode di>er deles)S Eu o6rigava os soldados a do6rarem1se e a a6rir
valas especiais de protec+ão para mim, em cada novo lugar, arrastando para l3 os
troncos mais pesados de modo a eu 2icar comodamente e 2ora de perigo) E reparem,
permitam11me, é verdade *ue na minha 6ateria tam6ém devia haver um lugar de
deten+ãoX E no 6os*ue *ual podia ele serY (ratava1se de uma cova, melhor do *ue a
da divisão de BoroAhovets, por*ue era co6erta e se servia l3 o rancho de soldadoJ
2oi onde esteve ViuchAov, por ter
perdido um cavalo, e .op1Aov, por cuidar mal da cara6ina) .ermitam1me ainda outra
recorda+ãoJ tinham1me 2orrado a prancheta com pele alemã Rnão, não era pele humana,
mas do assento do motoristaS e 2altava uma correia de couroW eu a6orreci11me com
issoW su6itamente, viram uma correia desse género, pertencente a um certo
comiss3rio pol-tico de guerrilheiros Rdo comité do partido da >onaS e tiraram1lhaJ
n:s somos do exército, somos superioresX R$ecordam11se de ?entchenAo, agente
operacional da (checaYS Ginalmente, h3 *ue recordar o esto/o de cigarros
vermelho1claro, *ue eu tanto pre>avaJ não es*ueci como o tiraram ))) tis o *ue os
gal9es 2a>em de um homem) &nde se tinham sumido as recomenda+9es da minha av:,
diante do -coneY E para onde tinham voado A$DU'.E AB& #E BU AB 149 as minhas
ilus9es de pioneiro so6re a 2utura e santa 'gualdadeX Duando, no posto de comando
do che2e de 6rigada, os agentes da contra1espionagem me arrancaram os malditos
gal9es, me tiraram as correias e me empurraram para meter1 me no autom:vel,
totalmente a6andonado , minha sorte, ainda me sentia morti2icado ao pensar na
degrada+ão *ue seria passar pela depend0ncia dos tele2onistas, pois os soldados não
me deviam ver assimX "o dia seguinte ao da minha deten+ão, comecei a percorrer a
minha 7Via de Vladimir844) #irigiam os presos da sec+ão de contra1espionagem do
exército, , 2rente, por etapas) Gi>eram1nos ir a pé de &sterod a Irodnitsa) Duando
me tiraram da enxovia para 2ormar, /3 estavam de pé sete reclusos, dos *uais, seis
aos pares e um de costas voltadas para mim) %eis deles vestiam capotes militares
russos, surrados, *ue /3 tinham visto tudo, em cu/o dorso se liam, em tinta 6ranca
indelével, estas enormes letrasJ 7%U)8 & *ue signi2icava 7%oviet Union)8 Eu /3
conhecia esse sinalJ tinha1o visto, por mais de uma ve>, escrito nas costas dos
nossos prisioneiros russos, *ue se arrastam com ar a2lito e culpado ao encontro do
seu exército li6ertador) Em6ora os li6ertassem, não havia alegria rec-proca nessa
li6erta+ãoJ os seus compatriotas olhavam1nos de soslaio e de modo mais som6rio do
*ue aos alemães) E a uma pe*uena distLncia da retaguarda, eis o *ue lhes aconteciaJ
eram metidos na prisão) & sétimo preso era um civil alemão, de 2ato, so6retudo e
chapéu pretos) J3 passava dos cin*uenta, era alto, de aspecto 6em tratado, pele
muito 6ranca, ha6ituado , 6oa comida) .useram1me no *uarto par, e um sargento
t3rtaro, che2e da escolta, 2e> um gesto para *ue eu agarrasse e levasse a minha
mala, *ue estava selada num lado) "ela estavam as minhas roupas de o2icial e todos
os meus escritos con2iscadosJ elementos para a minha condena+ão) ?omo, então, a
malaY Ele, o sargento, *ueria *ue eu, o2icial, agarrasse e levasse a malaY 'sto é,
um o6/ecto pesado, ?oisa *ue era proi6ida pelo novo regulamento internoY E ao lado,
com as mãos va>ias, iam seis soldados rasosk E um representante da na+ão vencidaY
"ão expli*uei isso de 2orma tão complicada ao sargento, mas disse11lheJ 1 %ou
o2icial) Due a leve o alemão) "enhum dos presos voltou o rosto ao ouvir as minhas
palavrasJ era proi6ido voltar1se) %: o *ue 2ormava par comigo, tam6ém %U, me 2itou,
admirado R*uando eles deixaram o nosso exército, ele ainda não era assimS) 7Via de
Vladimir8 Rcaminho da deporta+ãoSJ alusão ao itiner3rio seguido pelos deportados,
*ue partiam a pé de Foscovo para a %i6éria, no século !'!) R") dos ()S 15C A$DU'.E
AB& #E BU AB
Fas o sargento da contra1espionagem não se espantou) Em6ora aos seus olhos eu /3
não 2osse o2icial, a sua aprendi>agem e a minha coincidiam) Ele chamou o alemão,
*ue não era o6rigado a nada, e ordenou1lhe *ue levasse a minha mala, aproveitando o
2acto de *ue ele não compreendera a nossa conversa+ão) (odos os restantes,
incluindo eu, puseram as mãos atr3s das costas Ros prisioneiros de guerra não
tinham se*uer uma sacola, com as mãos va>ias tinham sa-do do pa-s e com as mãos
va>ias regressavamS, e a nossa coluna de *uatro pares de occipitais p_s1se em
marcha) "ão t-nhamos de *ue 2alar com os mem6ros da escoltg e entre n:s era
terminantemente proi6ido trocar palavras em marcha, nas paragens ou ao pernoitar)))
En*uanto acusados, dev-amos ir como se nos encontr3ssemos entre invis-veis
ta6i*ues, mergulhados cada um na sua cela individual) Eram dias de tempo vari3vel
duma .rimavera prematura) &ra alastrava um ténue nevoeiro e a lama se li*ue2a>ia
desoladoramente so6 as nossas 6otas, mesmo na estrada s:lida, ora o céu clareava e
um sol suavemente amarelado, ainda inseguro na sua d3diva, a*uecia as colinas /3
*uase sem neve e nos mostrava um mundo transl<cido *ue era preciso a6andonar, ora
se 2ormavam tur6ilh9es hostis *ue arrancavam ,s nuvens negras uma neve *ue nem
parecia 6ranca, e nos 2ustigava 2riamente o rosto, as costas, as pernas, molhando
os capotes e as polainas) %eis costas pela 2rente, sempre e sempre seis costas)
^avia tempo para o6servar e voltar a o6servar a retorcida e dis2orme marca %U, 6em
como o negro tecido lustroso das costas do alemão) ^avia tempo para re2lectir so6re
a vida anterior e compreender a presente) Fas eu não podia) J3 golpeado na 2ronte
com uma matraca, eu não podia compreender) %eis costas) "enhum sinal de aprova+ão,
nem de condena+ão no seu 6alancear) h & alemão cansou1se depressa) Ele mudava a
mala de uma mão para a outra, 6atia no peito, 2a>ia acenos , escolta de *ue não a
podia levar) E então, o *ue ia a seu lado 2a>endo par com ele, um prisioneiro de
guerra, *ue sa6e #eus o *ue não teria visto no cativeiro alemão Rou *ue então sa6ia
o *ue era a piedadeS, agarrou na mala e levou1a) (ransportaram1na depois tam6ém
outros prisioneiros de guerra, sem *ual*uer ordem da escolta) E de novo o alemão)
Fas eu não peguei nela) E ninguém me disse uma palavra) Encontr3mos no caminho uma
comprida carro+a va>ia) &s condutores miravam1nos, curiosos, e alguns levantavam1se
para 2ixar1nos com olhos de assom6ro) ?ompreendi su6itamente *ue a sua agita+ão e
irrita+ão se dirigiam contra mim 1 eu di2erenciava1me muito dos restantesJ o meu
capote era novo, comprido, 2eito , medida, os gal9es não tinham sido arrancados e,
com o sol, os 6ot9es, *ue não haviam sido cortados, 6rilhavam como ouro 6arato)
Via1se per2eitamente *ue eu era o2icial, e *ue aca6avam de me A$DU'.E AB& #E BU AB
151 apanhar) Em parte, talve> *ue esta decad0ncia lhes provocasse uma excita+ão
agrad3vel Rum re2lexo de /usti+aS, mas acontecia antes *ue as suas ca6e+as,
repletas de palestras pol-ticas, não eram capa>es de compreender *ue pudessem
prender um comandante de companhia, e decidiram, unanimemente, *ue eu pertencia ao
&U($& lado) 1 Apanharam1te, canalha vlassovistaYX))) Gu>ilem1no, ao pati2eXXX
1gritavam excitados pelo :dio, da retaguarda, os condutores Ro patriotismo mais
veemente existe sempre na retaguardaS, acompanhando esses gritos de um grande
n<mero de palavr9es) Eu aparecia1lhes como uma espécie de velhaco internacional,
*ue tinham a6ar6atado, e agora a o2ensiva na 2rente marcharia mais depressa, a
guerra duraria menos) Due lhes podia eu responderY ^avia sido proi6ido de
pronunciar uma s: palavra *ue 2osse q, além disso, teria de explicar a cada um toda
a minha vida) ?omo podia eu di>er1
lhes *ue não era um terroristaY Due era amigo delesY E *ue era por eles *ue estava
a*uiY .us1me a sorrir))) &lhando para eles, sorria1lhes desde a coluna dos presos
em marchaX Fas o meu sorriso pareceu1lhes a pior das 6urlas e gritaram com mais
2<ria, insultaram1me e amea+aram1me com os punhos) Eu continuava a sorrir,
orgulhando1me de não ir preso por rou6o, nem por trai+ão ou por deser+ão, mas por
ter penetrado, pela 2or+a da dedu+ão, nos segredos maldosos de %taline) 'a sorrindo
para lhes di>er *ue *ueria e *ue talve> ainda pudesse corrigir a nossa vida russa)
Entrementes, levavam a minha mala))) Eu nem se*uer sentia remorsosX E se o meu
vi>inho, de rosto a6atido, com a 6ar6a crescida de duas semanas, os olhos repletos
de so2rimento e de experi0ncia, me tivesse censurado, então, no russo mais claro
*ue houvesse, por eu ter humilhado a dignidade do preso, ao pedir a/uda , escolta,
por eu ser altaneiro, orgulhoso 1 "\& & (E$'A ?&F.$EE"#'#&X %implesmente não teria
compreendido %&I$E o *ue é *ue ele me 2alava) .ois não era eu um o2icialY))) %e
sete dentre n:s tivessem de morrer pelo caminho, e o oitavo pudesse ser salvo pela
escolta, *ue me impediria de exclamarJ 1 %argentoX %alve1meX Ve/a, sou um
o2icialX))) Eis o *ue é um o2icial, mesmo *uando os seus gal9es não são a>uisX E se
ainda por cima são a>uisY %e lhe incutiram, para além do mais, *ue entre os
o2iciais ele é a gemaY Due depositaram maior con2ian+a nele do *ue nos outros e
*ue, por tudo isso, deve o6rigar o acusado a meter a ca6e+a entre as pernas, e uma
ve> nessa posi+ão, empurr31lo para a tu6eiraY E por*ue não empurr31loY Eu atri6u-a
a mim mesmo uma a6nega+ão desinteressada) Entretanto, era um carrasco em pot0ncia)
E se tivesse entrado para a escola da ")=)V)#) no tempo de 'e/ov, talve> *ue, no de
Iéria, eu estivesse preparado para ocupar um tal posto))) 154 A$DU'.E AB& #E BU AB
Due 2eche a*ui o livro o leitor *ue espera *ue ele continue uma acusa+ão pol-tica)
Ah, se as coisas 2ossem assim tão simplesX %e num dado lugar houvesse pessoas de
alma negra, tramando maldosamente negros des-gnios e se se tratasse somente de
di2erenci31 las das restantes e de ani*uil31lasX Fas a linha *ue separa o 6em do
mal atravessa o cora+ão da cada pessoa) E *uem destr:i um peda+o do seu pr:prio
cora+ãoY))) "o decurso da vida de um cora+ão esta linha desloca1se dentro dele, ora
oprimida por uma alegria maligna, ora li6ertando espa+o para o despontar da
6ondade) Uma e mesma pessoa nas suas di2erentes idades e em di2erentes situa+9es da
vida constitui um ser completamente distinto) &ra pr:ximo do dia6o, ora pr:ximo de
um santo) Fas o nome não muda, e é a ela *ue tudo é atri6u-do) %:crates disseJ 7?
onhece1te a ti pr:prioX8 E, perante a cova para a *ual /3 nos disp<nhamos a
empurrar os nossos opressores, detemo1nos aturdidosJ sim, as coisas sucederam de
tal 2orma *ue não 2omos n:s os carrascos, 2oram eles) Fas se o .e*ueno %Auratov
tivesse 2eito apelo a n:s, talve> *ue não tivéssemos recusado) #o 6em ao mal h3 um
passo, re>a um provér6io) & *ue signi2ica *ue igualmente do mal ao 6em) ogo *ue na
nossa sociedade se agitou a lem6ran+a das ar6itrariedades e das torturas, come+aram
por todos os lados a explicar, a escrever e a replicarJ Z Rno ?&F'%%A$'A#& #E
%EBU$A"VA #& E%(A#&, no F'"'%(E$'& #A %EBU$A"VA #& E%(A#&S havia tam6ém gente 6oa)
":s conhecemos essa gente 6oaJ eram a*ueles velhos 6olchevi*ues *ue nos sussurravam
7aguenta1te8 ou inclusive nos passavam uma sandu-che, mas *ue mimoseavam os
restantes, todos a eito, com
pontapés) E nas es2eras superiores do .artido, não haveria gente 76oa8, humanamente
2alandoY Em geral, não devia l3 haver muita genteJ es*uivavam1se a admiti1la) Antes
do recrutamento, procediam /ura exame minucioso) #e resto, a gente 6oa tentava
escapar1 se pela ast<cia)4@ A*ueles *ue l3 2icavam por e*u-voco, ou se integravam
nesse meio ou eram empurrados para ele, acostumando1se e entrando nos eixos) Fas
acaso não 2icavam mesmo l3Y Em =ichiniov, um /ovem tenente da %eguran+a 2oi
avisar ?hipovalni1 #urante )1 guerra, em $ia>an, um aviador de eninegrado, depois
de sair do hospital, suplicou bno dispens3rio antitu6erculosoJ ) =ncontrem1nie uma
doen+a *ual*uerX &rdenam1me *ue v3 tra6alhar para os :n,uosX8 &s radiologistas
inventaram uma in2iltra+ão tu6erculosa e imediatamente os da %eguran+a desistiram)
A$DU'.E AB& #E BU AB 15@ Aov um m0s antes da sua deten+ãoJ parta, parta, *ue *uerem
prend01loX R%eria por iniciativa suaY &u 2oi a mãe *ue o mandou salvar o
sacerdoteYS #epois da deten+ão, cou6c1lhe escoltar o padre Victor) E dava1lhe penaJ
por*ue é *ue ele não tinha 2ugidoY Eis outro caso) Eu tinha um che2e de sec+ão, o
tenente &vcianiAov) "a 2rente, era a pessoa mais chegada a mim) #urante metade da
guerra comemos /untos da mesma marmita e so6 o canhoneio com-amos entre as
explos9es, para *ue a sopa não se es2riasse) Era um mo+o campon0s, com uma alma tão
pura e sem preconceitos *ue nem a escola militar, nem a o2icialidade o corromperam)
Ele pr:prio me moderava muito) (odo o seu poder de o2icial o utili>ava para uma
coisaJ para salvaguardar a vida e as energias dos seus soldados Re entre eles havia
muitos idososS) Goi através dele *ue eu sou6e, pela primeira ve>, o *ue é ho/e o
campo e o *ue são os AolAho>es) REle 2alava so6re isso sem irrita+ão, sem protesto,
com simplicidade, como a 3gua do 6os*ue re2lecte as 3rvores e até mesmo os ramos
mais min<sculos)S Duando me prenderam, ele comoveu1se, escreveu uma excelente
6iogra2ia militar minha e levou1a ao che2e da divisão para a assinar) #epois de
desmo6ili>ado procurou, por intermédio de pessoas de 2am-lia, ver como me podia
a/udar Rest3vamos em 1945, *ue pouco se di2erenciava de 19@5XS .or causa dele, eu
temia deveras *ue, durante a instru+ão do meu processo, 2ossem ler o meu #i3rio
Filitar, pois a- 2iguravam os seus relatos) Duando 2ui rea6ilitado, em 1955, tinha
um enorme dese/o de encontr31lo) em6rava1me da sua direc+ão, na aldeia) Escrevi1lhe
uma ve>, escrevi1lhe duas e não o6tive resposta) Encontrei 2inalmente uma indica+ão
de *ue ele tinha aca6ado o 'nstituto de .edagogia de 'aroslavl, de onde me
responderamJ 7Goi enviado para tra6alhar nos :rgãos da %eguran+a do Estado)8 Essa
agoraX 'sso era 6astante interessanteX Escrevi1lhe para o seu endere+o da cidade e
tão1pouco o6tive resposta) .assaram alguns anos e 2oi pu6licado o 'van
#enissovitch) Iem, agora ele vai responder) "adaX))) (r0s anos depois, pedi a um
meu correspondente de 'aroslavl para ir v01lo e lhe entregar pessoalmente uma
carta) & meu correspondente entregou1lha e escreveu11meJ 7%im, parece *ue ele não
leu se*uer o 'van #etiissovitch )))8 E, de 2acto, para *ue *uerem eles sa6er o *ue
sucede depois aos condenadosY))) #essa ve> &vcianiAov /3 não p_de guardar sil0ncio
e respondeu1meJ 7#epois do 'nstituto convidaram1mc a ir tra6alhar nos :rgãos e
pareceu1me *ue a*ui teria o mesmo 0xito)8 REle, 0xitoY)))S 7Fas não tenho
progredido no novo campo de ac+ão, havia coisas *ue não me agradavam, mas tra6alho
bsem 6ordãob e, a não ser por erro, não pre/udicarei nenhum camarada)8 REis uma
/usti2ica+ão 1 a camaradagemXS 7Agora /3 não penso no 2uturo)8 Eis tudo)))
#ir1se1ia *ue ele não rece6era as cartas anteriores) "ão *ueria ter encontros) R%e
nos encontr3ssemos, penso *ue teria escrito melhor este cap-tulo)S "os <ltimos anos
de %taline ele /3 era comiss3rio instrutor) "essa época aplicavam em série um
*uarto de
século a cada um) E como é *ue tudo isso se conciliou na sua consci0nciaY ?omo é
*ue ela se o2uscouY 154 A$DU'.E AB& #E BU AB Ao recordar o antigo rapa>, puro,
a6negado, acaso posso acreditar *ue tudo se/a irrevog3velY Due não su6sistem nele
alguns germes vivosY))) Duando o comiss3rio Boldman deu a assinar a Vera =orneieva
o artigo 4C;)O ela compreendeu *uais eram os seus direitos e come+ou a estudar
minuciosamente o 7processo8 dos de>assete mem6ros do seu 7grupo religioso8) Ele
en2ureceu1se, mas não p_de recusar) .ara não se 2atigar com ela, levou1a então para
uma grande sala, onde estavam meia d<>ia de cola6oradores, indo1se ele em6ora)
.rimeiro, =orneieva leu o seu dossier, depois 2oi enta6ulando conversa e, talve>
para matar o a6orrecimento dos cola6oradores, Vera passou a 2a>er um verdadeiro
sermão em vo> alta) RE necess3rio conhec01la) (ratava1se de uma pessoa 6rilhante,
de intelig0ncia viva e elo*uente, em6ora *uando estava em li6erdade se dedicasse ,
serralharia, tivesse tra6alhado numa cavalari+a e como doméstica)S (odos a
escutavam com a respira+ão suspensa, 2a>endo, de ve> em *uando, uma ou outra
pergunta) Era, para todos, uma revela+ão) Vieram pessoas de outras depend0ncias e o
*uarto encheu1se) Em6ora não 2ossem comiss3rios mas sim dactil:gra2as, esten:gra2as
e empregados de escrit:rio, tratava1se, no entanto, do seu am6iente, o dos :rgãos
em 194;) "ão é poss-vel reconstituir a*ui o seu mon:logo, mas ela conseguiu a6ordar
in<meros assuntos) Galou so6re os traidores , p3tria e por*ue é *ue não os houve na
Buerra .atri:tica de 1Q14, so6 o regime de servidão, *uando era natural então *ue
tivessem surgidoX Fas do *ue ela mais 2alou 2oi so6re a 2é e os crentes) 7#A"(E%8,
di>ia ela 7voc0s 6aseavam tudo no desen2rear das paix9es Rrou6a *uem te rou6ouS, e,
então, os crentes eram um estorvo, naturalmente) Fas agora, *ue voc0s *uerem ?&"%
($U'$ e go>ar do 6em1estar neste mundo, por*ue é *ue perseguem os nossos melhores
cidadãosY .ara voc0s eles são o material mais preciosoJ com e2eito, não é preciso
controlar os crentes, eles não rou6am, não t0m pregui+a de tra6alhar) .ensarão
voc0s construir uma sociedade /usta com os interesseiros e os inve/ososY Então,
tudo se desmoronar3) .or*ue é *ue escarnecem da alma das melhores pessoasY ?oncedam
, 'gre/a uma aut0ntica separa+ão, mas não to*uem nelae nada perderão com issoX
Voc0s são materialistasY Então con2iam no progresso da instru+ão, *ue, segundo
di>em, 2ar3 dissipar a 2é) Fas para *u0 e2ectuar deten+9esY8 "esse momento entrou
Boldman e *uis rudemente interromp01la) Fas todos lhe gritaramJ 7?ala a 6ocaX))) ?
alaX))) Gala, 2ala, mulherX8 R?omo chamar1lhe, na verdadeY ?idadãY ?amaradaY (udo
isto era proi6ido, enredavam1se nas conven+9es) FulherX Assim, como ?risto, não se
enganariam) E Vera continuou a 2alar diante do comiss3rioXXX .or*ue é *ue as
palavras de =orneieva, uma insigni2icante presa, impressionaram tão vivamente esses
ouvintes do ga6inete da %eguran+a do stadoY & pr:prio #) .) (erieAhov recorda1se
ainda do seu primeiro condenado , morteJ 7(ive pena dele)8 Ve/am, esta lem6ran+a
vem ainda do 2undo A$DU'.E AB& #E BU AB 155 do cora+ão) RFas, depois disso, /3 se
es*ueceu da maior parte e /3 lhes perdeu o conto)S44 .or muito glacial *ue se/a o
pessoal de vigilLncia da ?asa Brande, deve ainda conservar o mais pe*ueno grão
interior de alma, o mais pe*ueno dos grãos) ") .) conta *ue certa ve> 2oi condu>ida
ao interrogat:rio por uma V'B' A"(E intrépida, muda, indi2erente, *uando, de
repente, perto da ?asa Brande, come+aram a explodir 6om6asJ pareciam *ue
iam cair so6re elas) A vigilante lan+ou1se aterrori>ada para a sua presa,
a6ra+ando1a, 6uscando a união e a simpatia humana) Fas cessou o 6om6ardeamento e
logo voltou a indi2eren+a anteriorJ 7.onha as mãos atr3s das costas1X AvanceX8 ?
laro *ue isto não é um grande mérito, tornar1se uma pessoa humana em 2ace do horror
da morte) ?omo tão1pouco é uma prova de 6ondade o amor aos 2ilhos Rele é 7um 6om
pai8, di>em, a mi<de, /usti2icando os pati2esS) Eis como tecem o elogio do
presidente do %upremo (ri6unal, ') () Bo1liAov) 7Bostava de cavar no seu /ardim,
amava os livros, visitava os al2arra6istas, conhecia 6em (olstoi, =orolenAo e
(cheAhov)8 E o *ue é *ue colheu nelesY Duantos milhares de homens desgra+ouY &utro
exemploJ a*uele coronel amigo de 'ossé, *ue mesmo no c3rcere, no isolamento pol-
tico de Vladimir, contava, a rir, como metia velhos /udeus numa cave com gelo, e
*ue em todas as suas deprava+9es s: temia *ue a sua mulher viesse a sa6er 1 ela
tinha con2ian+a nele, considerava1o no6re e isso era algo *ue ele estimava) Fas
ousaremos encarar esse sentimento como uma pra+a de armas de 6ondade no seu
cora+ãoY .or*ue é *ue, desde h3 /3 dois séculos, eles veneram tão o6stinadamente a
cor do céuY "o tempo de iermontov os 7a>uis8 /3 existiamJ 7E voc0s, é
2ardas1a>uisX8 #epois 2oram os 6onés1a>uis, os gal9es1a>uis, os palas11a>uisW
ordenaram1lhes *ue se tornassem menos vis-veis e os capas1a>uis tudo 2i>eram para
se esconderem da gratidão popular, tudo retiraram da ca6e+a e dos om6ros 1 e
2icaram apenas os de6runs, 2ran/as estreitas, mas apesar de tudo a>uisX %er3 s: um
dis2arceY &u acontecer3 antes *ue tudo o *ue é negro deve, mesmo raramente,
comunicar com o céuY %eria 6elo pensar assim) Fas *uando se sa6e como, por exemplo,
'ago1da se elevava até , santidade))) segundo conta uma testemunha ocular Rdo c-
rculo de BorAi, *ue nesse tempo era pr:ximo de 'agodaS, na propriedade deste,
situada nos arredores de Foscovo, havia -cones no vest-6ulo dos 6anhos 44 )Eis um
epis:dio passado com (erieAhov) (entando demonstrar1ine a /usti+a do sistema
/udicial, no tempo de =ruchtchev, ele 6ateu energicamente com a mão no vidro da
mesa e teriu1se no punho) ?hamou imediatamente o pessoal, *ue se p:s em sentido, e
o o2icial che2e da guarda trouxe1lhe o iodo e 3gua1oxigenada) A conversa continuou
ainda durante uma hora e ele manteve, impotentemente, o algodão ensanguentado so6re
o 2erimentoJ acontecia *ue o seu sangue coagulava mal) Assim, #eus parecia
demonstrar1lhe, claramente, as limita+9es do homemX E ele, ele /ulgava e con2irmava
as condena+9es , morte dos outros))) 15; A$DU'.E AB& #E BU AB especialmente para
*ue 'agoda e os seus camaradas, nus, disparassem os seus rev:lveres contra eles,
indo depois 6anhar1se))) ?omo compreender istoJ tratar1se13 de FA GE'(&$E%Y & *u0YX
^3 gente desta no mundoY %omos tentados a di>er *ue não, *ue não pode haver, *ue
não existe) E admiss-vel *ue, nos contos, se descrevam tal género de mal2eitores ,s
crian+as, para maior simplicidade do *uadro) Fas, *uando a grande literatura
mundial dos séculos passados inventa, com tal exagero, 2iguras pro2undamente
som6rias de mal2eitores 1 *uer se trate de %haAespeare, de %hiller ou de #icAens 1,
isso /3 nos parece, em parte, teatro de 2eira, grosseiro para a nossa percep+ão
contemporLnea) & essencial é, no entanto, ver como são descritos esses mal2eitores)
Eles reconhecem1se a si pr:prios como taisW t0m consci0ncia da negridão da sua
alma, raciocinando deste modoJ não posso viver sem 2a>er mal) Vou incitar o meu pai
contra o meu irmãoX Vou deliciar1me com os
so2rimentos das v-timasX lago menciona claramente os seus des-gnios, os seus
impulsos sinistros, nascidos do :dio) Fas as coisas não sucedem assimX .ara 2a>er o
mal, o homem deve t011lo interiormente reconhecido como um 6em ou como uma ac+ão
sensata, de acordo com a lei) (al é, 2eli>mente, a nature>a do homemJ ele deve
6uscar a JU%('G'?AV\& das suas ac+9es) As JU%('G'?AVoE% de Fac6eth eram dé6eis e os
remorsos ro-am1lhe a consci0ncia) Fas lago era um cordeiro45) %e a 2antasia e as
2or+as interiores dos mal2eitores shaAespearianos se limitava a uma de>ena de
cad3veres, era por*ue eles não tinham ideologia) A ideologiaX Ela 2ornece a
dese/ada /usti2ica+ão para a maldade, para a 2irme>a necess3ria e constante do
mal2eitor) Ela constitui a teoria social *ue o a/uda, perante si mesmo e perante os
outros a desculpar os seus actos e a não escutar censuras nem maldi+9es, mas sim
elogios e testemunhos de respeito) Era assim *ue os in*uisidores se apoiavam no
cristianismo, os con*uistadores no engrandecimento da p3tria, os coloni>adores na
civili>a+ão, os na>is na ra+a, os /aco6inos Rde ontem e de ho/eS na igualdade, na
2raternidade e na 2elicidade das gera+9es 2uturas) Bra+as , '#E& &B'A, o século !!
teve de suportar as mal2eitorias , escala de milh9es) 'sto não se pode negar, nem
esconder, nem deixar passar em sil0ncio) ?omo nos atrevemos a insistir em *ue não
existiam mal2eitoresY E *uem ani*uilou esses milh9esY %em mal2eitores não teria
havido o Ar*uipélago) ?orreu o 6oato, nos anos 191Q14C, de *ue a (cheAa de
.etrogrado e de &dessa não 2u>ilava todos os condenados, mas *ue com alguns deles
RvivosS alimentava as 2eras dos /ardins >ool:gicos da cidade) "ão sei se isso é
verdade ou cal<nia, se houve casos desses e *uantos) Fas eu não 6uscaria =m russo
nignionoA signi2ica cordeiro) R") dos ()S A$DU'.E AB& #E BU AB 155 provasJ segundo
o costume dos de6runs1a>uis, eu convid31los1ia a demonstrar1nos *ue isso é imposs-
vel) "as condi+9es de 2ome da*ueles anos onde conseguir alimento para as 2erasY
(ir31lo , classe oper3riaY A*ueles inimigos, de todas as maneiras, tinham de morrer
e por*ue não manter com a sua morte as 2eras da $ep<6lica e contri6uir assim para a
nossa marcha para o 2uturoY "ão é isso acaso racionalY Eis a raia *ue não se atreve
a passar o mal2eitor shaAespeariano, mas o mal2eitor com ideologia ultrapassa1a e
os seus olhos continuam claros) A 2-sica conhece as grande>as ou os 2en:menos no
limiar) %ão os *ue não existem en*uanto não é transposto um certo 'F'A$ conhecido e
ci2rado pela nature>a) .or muito *ue se pro/ecte a lu> amarela so6re o l-tio, este
não proporcionar3 electr9es, mas se se tratar de uma dé6il lu> a>ul, ei11los *ue se
li6ertam R2oi transposto o limiar 2otoeléctricoSX %e se es2riar o oxigénio para l3
dos cem graus negativos, pode1se comprimi1lo com *ual*uer pressão *ue o g3s
mantém1se, não cede, mas ao transpor os cento e oitenta graus, o l-*uido 2lui)
.elos vistos, a maldade é tam6ém uma grande>a com limiar) %im, o homem oscila,
de6ate1se toda a vida entre o 6em e o mal, escorrega, cai, levanta1se, volta a cair
de novo) (odavia, en*uanto não transp9e o limiar da maldade, guarda sempre a
possi6ilidade de retorno, e mantém1se nos limites das nossas esperan+as) Fas
*uando, pela densidade dos actos de malvade>, ou pelo seu grau, ou pelo poder
a6soluto *ue detém, ele transp9e su6itamente o limiar, ei1lo *ue a6andonou a
humanidade) E talve> sem regresso)
A ideia de /usti+a comp9e1se, aos olhos dos homens, desde aa antiguidade, de duas
metadesJ a virtude triun2a, o v-cio é punido) (ivemos a sorte de chegar a viver
ainda num tempo em *ue a virtude, em6ora não triun2e, não é sempre, apesar de tudo,
a+ulada por cães) A virtude espancada, com6alida, /3 é permitido entrar com os seus
andra/os e 2icar sentada a um canto, desde *ue não a6ra a 6oca) Entretanto, ninguém
se atreve a pronunciar uma palavra so6re o v-cio) %im, mo2ou1se da virtude, mas sem
*ue tenha havido v-cio) %e alguns milh9es 2oram lan+ados pela ladeira, não houve
culpados disso) E se alguém 2a> uma simples alusãoJ 7Fas, en2im, a*ueles *ue)))8,
ouve recrimina+9es de todos os lados) "os primeiros tempos, amistosamenteJ 7&ra,
camaradaX .ara *u0 voltar a a6rir 2eridas velhasYX4; E depois, a caceteJ 7%il0ncio,
so6reviventesX Voc0s 2oram rea6ilitadosX8 Fesmo a prop:sito do 'van #enissovitch,
2oi exactamente a o6/ec+ão *ue levanta1i os re2ormados da ?asa A>ulJ para *u0
rea6rir as chagas da*ueles *ue 2oram encarcerados camposY Eles é *ue devem ser
poupadosX 15Q A$DU'.E AB& #E BU AB Duando, em 19;;, na Alemanha &cidental, 2oram
/ulgados &'(E"(A E %E'% F' criminosos na>is45, n:s engasg3mos de alegria, não
lament3mos as p3ginas dos /ornais nem as horas de r3dio gastas, e mesmo depois do
tra6alho 2ic3vamos para assistir a com-cios, onde grit3vamosJ E .&U?&X &itenta e
seis mil é poucoX E vinte anos é poucoX ^3 *ue prosseguirX Duanto a n:s, apenas
/ulg3mos Rsegundo os relatos do J<ri Filitar do %upremo (ri6unalS cerca de #EU
^&FE"%) & *ue se 2a> para além do Hder, do $eno, isso in*uieta1nos) E o *ue se 2a>
nos arra6aldes de Foscovo e por tr3s dos verdes taipais dos arredores de %otchi, o
2acto de os assassinos dos nossos maridos e pais andarem pelas nossas ruas e lhes
cedermos a passagem T isso não nos in*uieta, não nos comove, isso é 7remexer o
passado8) Entretanto, se transpusermos os oitenta e seis mil alemães ocidentais
para as nossas propor+9es, isso signi2icaria para o nosso pa-s UF DUA$(& #E F' ^]&X
"ão o6stante ter passado um *uarto de século, não lev3mos ninguém ao tri6unal,
receamos a6rir as suas 2eridas) E, como s-m6olo de todos eles, continua a viver até
agora na $ua BranovsAi, n<mero @, satis2eito, o6tuso, o Folotov, todo ele
impregnado de sangue nosso, atravessando no6remente o passeio e sentando1se no seu
comprido e espa+oso autom:vel) E um mistério *ue a n:s, os contemporLneos, não é
poss-vel deci2rarJ .&$DUE E DUE a Alemanha precisou de castigar os seus mal2eitores
e a $<ssia não precisaY Due caminho de perdi+ão ser3 o nosso, se não é poss-vel
puri2icar1nos desse mal *ue empe+onha o nosso corpoY & *ue é *ue a $<ssia poder3
ensinar ao mundoY "os processos /udicials alemães, veri2icava1se um 2en:meno
extraordin3rioJ o réu agarrava1se , ca6e+a, renunciava , de2esa e nada mais pedia
ao tri6unal) #i>ia *ue a descri+ão dos seus crimes, citada e registada perante ele,
o 2a>ia trans6ordar de repugnLncia e *ue não dese/ava mais viver) Esse é o maior
0xito do tri6unalJ *uando o v-cio é tão reprovado *ue o pr:prio criminoso o
repudia) Um pa-s *ue oitenta e seis mil ve>es, do alto do estrado do tri6unal,
reprovou o crime Re o condenou irreversivelmente na literatura e entre a
/uventudeS, puri2ica1se, ano ap:s ano e de degrau em degrau, desse mesmo crime) E
n:s, *ue devemos 2a>erY))) Um dia, os nossos descendentes chamarão a v3rias das
nossas gera+9es, as gera+9es dos 6a6ososJ primeiro, su6missamente, deix3mo1nos
massacrar aos milh9esW depois, com solicitude, amim3mos os nossos assassinos na sua
velhice 2eli>) Due 2a>er, se a grande tradi+ão do arrependimento russo é para eles
"a Alemanha de este não se ouvia 2alar de tais processosW provavelmente procedeu1se
a uma reeduca+ão, decidida pela administra+ão do Estado) A$DU'.E AB& #E BU AB 159
incompreens-vel e rid-culaY Due 2a>er, se o terror animal de so2rerem a centésima
parte do *ue causaram aos outros pesa neles mais do *ue *ual*uer inclina+ão para
a /usti+aY %e eles agarram com mãos 3vidas a colheita dos 6ens criados com o sangue
dos *ue pereceramY E verdade *ue a*ueles *ue manipulavam a m3*uina de picar carne,
mesmo *ue 2osse no ano @5, /3 não são /ovens, /3 t0m de cin*uenta a oitenta anos de
idade, e viveram todos os seus melhores anos desa2ogadamente, 6em alimentados, no
con2orto) Dual*uer castigo EDU'(A('V& chega tarde, /3 não pode ser1lhes
aplicado) .odemos ser generosos, não os vamos 2u>ilar, não lhes vamos en2iar 3gua
salgada pela garganta, não vamos ench01los de perceve/os, at31los, segundo o método
de 7andorinha8, nem mant01los durante semanas sem dormir, nem dar1lhe pontapés, nem
maltrat31los a cavalo1marinho, nem apertar1lhes o crLnio com um anel de 2erro, nem
empilh31los nas celas como se 2ossem 6agagens amontoadas T não vamos 2a>er1lhes
nada do *ue eles 2i>eramX Fas perante o nosso pa-s e os nossos 2ilhos estamos
o6rigados a .$&?U$Z1 &% A (&#&% e a JU BZ1 &% (&#&%X A /ulg31los não tanto a eles
como aos seus crimes) A procurar *ue cada um deles diga, pelo menos, em vo> altaJ 1
%im, 2ui um algo>, um assassino) E se esta 2rase 2or pronunciada A.E"A% por um
*uarto de milhão, para não 2icar proporcionalmente atr3s da Alemanha &cidental,
ser3 su2icienteY "o século !! não se pode /3, durante decénios, continuar a
con2undir as atrocidades, revelando ao tri6unal *ue são 7velhos8, e o passado em
*ue 7não se deve remexer8X #evemos condenar pu6licamente a pr:pria '#E'A da
viol0ncia de uns homens so6re os outrosX ?alando o v-cio, 2a>endo1o entrar no corpo
s: para *ue não saia para o exterior, n:s %EFEAF&1 & e ele surgir3 ainda mil ve>es
mais 2orte no 2uturo) "ão castigando, nem se*uer censurando os criminosos, não
apenas os protegemos na sua velhice insigni2icante, como tam6ém minamos as 6ases,
para as novas gera+9es, de *ual*uer 2undamento de /usti+a) E por isso *ue elas
crescem na 7indi2eren+a8 e não devido , 7de6ilidade do tra6alho educativo8) &s
/ovens compenetram1se da ideia de *ue a in2Lncia nunca é castigada nesta terra, mas
é sempre 2onte de prosperidade) &h, como é desolador, terr-vel, viver num pa-s
assimX hV .$'FE'$A ?E A 1 .$'FE'$& AF&$ ?&F& compreender istoJ a cela e, assim de
cho2re, o amorY))) Ah, deve ser issoJ durante o cerco de eninegrado 2echaram1te
na ?asa BrandeY Então tudo se explicaJ é por*ue te meteram l3 *ue ainda est3s vivo)
Era esse o melhor lugar de eninegrado, e não apenas para os /u->es, *ue tam6ém a-
viviam e tinham su6terrLneos nos ga6inetes para o caso de 6om6ardeamentos) #eixando
de lado 6rincadeiras, en*uanto em toda a cidade ninguém se lavava e os rostos
estavam co6ertos de uma negra camada de poeira, na ?asa Brande os presos tomavam
duche *uente de de> em de> dias) E certo *ue s: havia a*uecimento nos corredores
para os guardas, mas as celas tinham canali>a+ão e retretes *ue 2uncionavam 1 e
onde é *ue isso acontecia em eninegradoY A ra+ão de pão
era igual , *ue ca6ia aos *ue estavam em li6erdadeJ cento e vinte e cinco gramas
di3rios) Fas ainda serviam, uma ve> por dia, sopa de carne de cavaloX E uma ve>
tam6ém papas de cereaisX Uma vida de cão *ue o gato inve/ariaX Fas, e o c3rcereY E
a longa atalaiaY "ão, não é isso *ue pode explicar))) "ão é isso))) %enta1te,b2echa
os olhos e 2a> a contaJ em *uantas celas estiveste durante o cumprimento da penaY E
di2-cil enumer31las) E em cada uma delas havia gente e mais gente))) A*ui, s: duas
pessoas, ali, centena e meia) "algumas, demoraste cinco minutos, noutras, 2icaste
um longo Verão) Fas sempre, entre todas elas, distingues umaJ a primeira em *ue
encontraste pessoas semelhantes a ti, com a mesma sorte predestinada) E nenhuma
outra coisa recordar3s pela vida 2ora com tanta emo+ão, a não ser talve> o primeiro
amor) Essas pessoas compartilhavam contigo o chão e o ar desse cu6o de pedra,
nesses dias em *ue revivias toda a tua vida a uma lu> nova) E ainda h3s1de
lem6rar1te algum dia delas, como se 2ossem pessoas de 2am-lia) #e resto, elas eram
então a tua <nica 2am-lia) A*uilo *ue se experimenta na primeira cela da instru+ão
do processo, nada tem de semelhante, nem em toda a tua vida A"(E$'&$ nem .&%(E$'&$)
.ouco importa *ue as pris9es existam /3 h3 milénios e *ue continuem a existir
outros tantos milénios depois Rousemos pensar *ue menosS 1;4 A$DU'.E AB& #E BU AB
mas h3 uma cela <nica, incompar3vel, e é precisamente essa em *ue passaste o tempo
da instru+ão) .ode ser *ue ela 2osse horrorosa para um ser humano) Uma caixa cheia
de perceve/os e de piolhos, sem /anela, sem ventila+ão, sem tarim6a, com o chão
su/oW uma caixa denominada =.U e a2ecta a um %oviete de aldeia, a um posto da mil-
cia, a uma esta+ão de caminho de 2erro ou a um porto1) RAs celas ou as casas de
prisão preventiva são das mais espalhadas pela 2ace da nossa terra, onde existem em
massa)S .or exemplo, a cela 7individual8 da cadeia de ArcLngel, *ue tem as vidra+as
pintadas de m-nio, para *ue a mutilada lu> divina s: a- penetre com cor purp<rea,
en*uanto uma lLmpada de *uin>e jatts arde perpetuamente no tecto) &u a cela
7individual8 na cidade de (choi6alsan, onde numa super2-cie de seis metros
*uadrados cator>e homens estavam durante meses como sardinhas em lata, mudando a
posi+ão das pernas encolhidas s: por vo> de comando) &u uma das celas
7psi*ui3tricas8 de e2ortovo, como a n<mero cento e on>e, pintada de preto, tam6ém
com uma lLmpada de vinte jatts acesa durante vinte e *uatro horas, e semelhante,
*uanto ao resto, a todas as outras da mesma cadeiaJ o chão de cimento, a chave do
a*uecimento no corredor, em poder do guarda, e, so6retudo, as longas horas de ru-do
ensurdecedor Rprovindo de uma o2icina cont-gua de tu6os aerodinLmicos, (sagi, o *ue
custa a acreditar *ue não se/a propositadoS, ru-do *ue 2a> a tigela da sopa e a
caneca vi6rar e mexer1se na mesa, *ue torna in<til 2alar, mas *ue permite *ue se
cante a plena vo> sem *ue o guarda oi+a, e *ue *uando cessa d3 origem a uma
sensa+ão de 6eatitude superior , li6erdade) Fas não 2oi ,*uele solo su/o, nem ,s
paredes tétricas, nem ao cheiro do 6alde, *ue tu ganhaste amor, mas sim ,s pessoas
ao lado das *uais mudavas de posi+ão por vo>es de comandoJ a algo *ue entre as
vossas almas palpitava, ,s suas palavras por ve>es admir3veis, e aos pensamentos
tão livres e 2lutuantes *ue de ti nasciam e a *ue agora /3 não podes elevar1te
mais) E para chegar a esta primeira cela, *uanto te custou a a6rir caminhoX
(inham1te en2iado numa 2ossa, numa 6ox ou numa cave) "inguém te di>ia uma palavra
humana, ninguém
te lan+ava um olhar humano, e s: te picavam com uma ponta de 2erro o cére6ro e o
cora+ãoW tu gritavas, tu gemias, e eles riam1se) #urante semanas ou meses estiveste
completamente s: entre inimigos e /3 te despedias do racioc-nio e da vidaW /3 ca-as
so6re o radiador do a*uecimento, de maneira *ue partiste a ca6e+a contra o cano da
3gua4, *uando, de repente, voltaste a sentir1te vivo e te levaram para /unto dos
teus amigos) E reco6raste o racioc-nio) Eis o *ue é a primeira celaX 1 =.U R#.USJ ?
ela Rou casaS de prisão preventiva) "ão onde se cumpre a condena+ão, mas onde se
instrui o processo) 4 Alexandre #ol/ineJ A$DU'.E AB& #E BU AB 1;@ (u esperavas esta
cela, sonhavas com ela *uase como com a li6erta+ão, mas tratava1se de um 6uraco
para lan+ar1te numa toca, 2a>iam1te ir de e12ortovo para *ual*uer lend3ria e
dia6:lica %uAhanovAa) A %uAhanovAa é a mais terr-vel cadeia do Finistério da
%eguran+a do Estado) E com ela *ue se amea+am os nossos irmãos, o seu nome é
pronunciado pelos comiss3rios com um sila6ar maligno) RE *uem por l3 passou /3 não
pode ser interrogado depoisJ ou responde com um del-rio incoerente, ou /3 não
pertence ao n<mero dosbvivos)S A %uAhanovAa é o antigo mosteiro de %anta ?atarina,
constitu-do por dois pavilh9esJ um para os *ue cumprem a pena, e outro, com
sessenta e oito celas, para os *ue estão su6metidos ao per-odo de instru+ão) .ara
l3 te condu>em as carrinhas, em duas horas e poucos são a*ueles *ue sa6em *ue essa
cadeia se encontra a uns *uatro *uil:metros de BorAi1 eninsAie@ e da antiga
propriedade de Uinaida VolAonsAaia) As imedia+9es são maravilhosas) Ao ser ali
rece6ido, o preso é en2iado, para o aturdirem, num cala6ou+o vertical, tão estreito
*ue, se não tens 2or+as para te manteres de pé, não te resta senão deixar1te
desli>ar, apoiando1te nos /oelhos, pois não h3 outra posi+ão) "esse cala6ou+o
guardam1 te mais de um dia, a 2im de *ue o teu esp-rito se su6meta) "a %uAhanovAa a
alimenta+ão é sa6orosa e delicada, como em nenhum outro lugar do Finistério de
%eguran+a do Estado, pois levam a comida de uma casa de repouso de ar*uitectos, não
tendo uma co>inha especial, da*uelas de preparar 2arelos para porcos) Fas a
re2ei+ão de um s: ar*uitecto 1 6atatas e cro*uetes 1 é repartida por do>e presos)
#evido a isso, não s: 2icas a morrer constantemente de 2ome, como em toda a parte,
mas tam6ém gravemente doente) As celas 2oram constru-das para dois presos, mas o
detido em 2ase de instru+ão é mantido 2re*uentemente so>inho) Elas medem um metro e
meio por dois)4 "o solo de pedra estão encravadas duas pe*uenas cadeiras, em 2orma
de cepos) %o6re cada cepo, *uando oaguarda a6re a 2echadura inglesa, cai da parede,
,s sete da noite Rou se/a, , hora do come+o dos interrogat:rios, pois de dia não se
reali>amS, uma tarim6a e uma pe*uena esteira de palha, do tamanho de um colchão de
crian+a) #e dia as cadeiras estão livres, mas não permitem *ue o preso se sente
nelas) %o6re *uatro tu6os verticais estende1se ainda uma espécie de t36ua de
engomarJ a mesa) & postigo est3 sempre 2echado, sendo apenas a6erto de manhã pelo
guarda durante de> minutos) & pe*ueno vidro do postigo é de armadura) "unca h3
passeio) %: se pode ir , retrete ,s seis da manhã, ou se/a, *uando o est_mago @ A
trinta e cinco *uil:metros de Foscovo) A- morreu enine, em 1944) R") dos ()S Fais
exactamenteJ 1,5; x 4,C9 m) ?omo se sa6e issoY E o triun2o do c3lculo de um
engenheiro de esp-rito 2orte, *ue não 2oi *ue6rantado pela cadeia de %uAhanovAa,
Alexandre #) Ele não se deixou enlou*uecer nem desmorali>ar e para isso
es2or+ava1se
por 2a>er c3lculos) Em e2ortovo contava os passos e convertia1os em *uil:metros,
recordando1se de *uantos *uil:metros eram, segundo o mapa, de Foscovo até ,
2ronteira, depois através de toda a Eu1 1;4 A$DU'.E AB& #E BU AB est3 va>io e não é
precisa ainda) #e noite nunca é permitido) .ara sete celas, h3 dois guardas, por
isso eles te o6servam tão 2re*uentemente pelo postigoJ o tempo *ue necessita um
guarda para passar em 2rente de duas portas e chegar , terceira) E esse o o6/ectivo
da silenciosa %uAhanovAaJ não deixar1te um minuto de sono, nem uns minutos rou6ados
para a tua vida privadaW est3s sempre a ser o6servado, sempre so6 o controle da
autoridade) Fas se travaste toda essa luta singular contra a loucura, se resististe
a todas as tenta+9es da solidão, então tu mereceste a tua primeira celaX E agora
vais nela reviver com toda a alma) %e 2oste a6aixo depressa, se cedeste em tudo e
tra-ste toda a gente, tam6ém est3s maduro agora para a tua primeira cela, em6ora
2osse melhor para ti não viver até esse instante 2eli>, mas sim morrer vitorioso na
cave, sem assinar uma s: 2olha) .ela primeira ve> não vais encontrar inimigos) .ela
primeira ve> vais ver seres vivos5, *ue seguem um caminho igual ao teu e aos *uais
te podes unir pela radiosa palavra "H%) %im, esta palavra *ue tu, talve>, em
li6erdade, despre>aste, *uando com ela *ueriam su6stituir a tua personalidade R7":s
somos todos como um s: homemX))) ":s estamos pro2undamente indignadosX))) ":s
exigimosX))) ":s /uramosX),)8S, apresenta1se1te agora como deliciosaJ não est3s s:
no mundoX Existem ainda criaturas com esp-ritoJ .E%%&A%X #epois de *uatro dias de
duelo com o comiss3rio instrutor, e tendo esperado *ue eu, /3 cego pela o2uscante
lu> eléctrica, me deitasse na enxovia, depois da hora de sil0ncio, o guarda come+ou
a a6rir a porta) Eu ouvia tudo, mas antes de ele di>erJ 7 evante1seX Ao
interrogat:rioX8, *ueria estar deitado por tr0s centésimos de segundo *ue 2osse,
com a ca6e+a so6re a almo2ada, sonhando *ue dormia) "o entanto, o guarda desviou1se
da 2rase ha6itual e disseJ 7 evante1seX #o6re a camaX8 ropa e 2inalmente cru>ando o
AtlLntico) & seu est-mulo era o seguinteJ regressar mentalmente a casa, , América)
#epois de um ano passado na cela solit3ria de e2ortovo, tinha descido ao 2undo do
AtlLntico, *uando o levaram para a %uAhanovAa) A*ui, pensando *ue poucos seriam os
*ue 2alariam mais tarde desta cadeia Ro nosso relato é todo deleS, inventou um
processo de medir a cela) "o 2undo da tigela prisional leu a 2rac+ão de 1CP44 e
compreendeu *ue 71C8 signi2icava o diLmetro do 2undo e 7448 o diLmetro do 6ordo)
#epois tirou um 2io da toalha e com ele 2e> um metro, *ue lhe permitiu medir tudo)
'nventou a seguir como dormir de pé, apoiando um /oelho na cadeira, de maneira a
*ue o guarda tivesse a impressão *ue tinha os olhos a6ertos) E s: por isso não
enlou*ueceu) R$iumin manteve1o um m0s sem dormir)S %e estiveste na ?asa Brande,
durante o cerco de eninegrado, tam6ém podia tratar1se de antrop:2agosJ pessoas *ue,
além de comer carne humana, tinham 2eito comércio com 2-gado de autopsiados) "ão se
sa6e por*u0, eles eram mantidos pelo Finistério da %eguran+a do Estado /untamente
com os presos pol-ticos) A$DU'.E AB& #E BU AB 1;5 ?on2uso, en2urecido, pois esse
era o momento mais precioso, enrolei as meias, calcei as 6otas, vesti o capote, pus
o 6oné de 'nverno e, com uma 6ra+ada, agarrei o colchão da enxovia) & guarda,
andando na ponta dos pés e 2a>endo1me constantemente sinais para
eu não 2a>er 6arulho, levou11me por um corredor silencioso como um t<mulo até ao
*uarto andar da u6ianAa) .ass3mos /unto da secret3ria do che2e de sector do
isolamento, em 2rente dos n<meros relu>entes das celas e dos *ue6ra1lu>es de cor
esverdeada) Ele a6riu1me a cela n<mero sessenta e sete) Entrei e 2echou1a
imediatamente atr3s de mim) Em6ora tivessem decorrido apenas uns *uin>e minutos
depois da hora do sil0ncio, os presos t0m um tempo tão incerto e 2r3gil de sono *ue
os ha6itantes da cela sessenta e sete /3 dormiam, *uando cheguei, nas suas camas de
metal, com as mãos por cima da manta); Ao ouvirem o ru-do da porta a6rindo1se, os
tr0s estremeceram e instantaneamente levantaram a ca6e+a) Eles tam6ém esperavam *ue
chamassem algum para o interrogat:rio) E essas tr0s ca6e+as levantadas e
assustadas, esses tr0s rostos com a 6ar6a por 2a>er, p3lidos e enrugados,
pareceram1me tão humanos, tão *ueridos, *ue 2i*uei de pé, a6ra+ando o colchão e
sorrindo de 2elicidade) E eles tam6ém sorriram) E *ue expressão era a*uela, *ue
eu /3 tinha es*uecido ao ca6o de uma semanaX 1 Vens da li6erdadeY 1 perguntaram1me)
RE essa a primeira pergunta ha6itualmente 2eita a um novato)S 1 "ão 1 respondi eu)
RE essa a resposta ha6itualmente dada pelo novato)S #eviam pensar *ue eu sou um
preso recente, e portanto *ue venho da li6erdade) Fas eu, ap:s noventa e seis horas
de investiga+ão, não considerava de modo nenhum *ue vinha 7da li6erdade8) "ão era /
3 porventura um preso experienteY))) ?ontudo, eu vinha e2ectivamente da li6erdade`)
Um velho sem 6ar6a, com as so6rancelhas negras, muito vivas, /3 me perguntava
novidades militares e pol-ticas) Era impressionanteX Em6ora estivéssemos nos
<ltimos dias de Gevereiro, eles nada sa6iam da con2er0ncia de 'alta, nem do cerco
da .r<ssia &riental, nem, em geral, da nossa o2ensiva so6re Vars:via, em meados de
Janeiro, nem se*uer da retirada deplor3vel dos ; Bradualmente, nas pris9es internas
da B) .) U), da ") =) V) #) e do Finistério da %eguran+a do Estado, inventavam1se
diversas medidas opressivas, *ue se acrescentavam ,s /3 existentes nas antigas
cadeias) &s *ue estiveram detidos nesta mesma prisão, em come+os dos anos 4C, não
conheceram estas medidas) A lu> apagava1se então pela noite, como 2a>em os seres
humanos normais) Fas come+aram a deixar a lu> acesa, com o 2undamento l:gico de
terem os presos em *ual*uer momento R*uando a acendiam de noite, para a revista,
era ainda pior tam6ém 2oi ordenado *ue os presos mantivessem as mãos por cima da
manta para *ue se pudessem en2orcar, es*uivando1se assim , instru+ão /usta) Em
seguida, uma veri2ica+ão . nmental permitiu concluir *ue no 'nverno as pessoas
sempre *uerem esconder as mãos aixo da roupa para se a*uecerem, e por isso a medida
2oi de2initivamente aprovada) 4;; A$DU'.E AB& #E BU AB aliados, em #e>em6ro)
%egundo as ordens dadas, no per-odo da instru+ão do processo, os presos nada deviam
sa6er do mundo exterior 1 e eles, de 2acto, nada sa6iamX Eu estava disposto a
passar metade da noite a contar1lhes tudo isso, com orgulho, como se essas vit:rias
e con*uistas 2ossem o6ra das minhas mãos) Fas, nisto, o guarda de plantão trouxe a
minha cama e 2oi preciso coloc31la sem 2a>er 6arulho) Gui a/udado por um rapa> da
minha idade, tam6ém militarJ o seu casaco e o seu 6oné de aviador estavam
pendurados na coluna da cama) Ainda antes do velhote, ele tinha1me 2eito uma
pergunta, não so6re a guerra, mas para sa6er se eu tinha ta6aco) .or muito a6erta
*ue eu tivesse a alma para os meus novos amigos, e por poucas palavras *ue tivesse
pro2erido nuns
*uantos minutos, algo de estranho pressenti neste companheiro de idade e de 2rente,
e logo me 2echei perante ele para sempre) REu não conhecia ainda a palavra
7galinha1choca8, nem sa6ia *ue em cada cela devia haver uma) #um modo geral, não
tinha tempo de re2lectir nem de chegar , conclusão de *ue essa pessoa, Bueorgui
=ramarenAo, não me agradava) Fas /3 tinha 2uncionado em mim o comutador moral, o
detector, e 2echara1me para sempre a esse homem) "ão teria 2eito men+ão deste caso
se ele 2osse <nico) Aconteceu, porém, *ue passei a sentir, rapidamente, dentro de
mim, com assom6ro, excita+ão e in*uietude, o 2uncionamento deste detector, como uma
*ualidade natural e permanente) .assaram os anos, deitei1me nas mesmas tarim6as,
marchei nas mesmas 2orma+9es, tra6alhei nas mesmas 6rigadas com muitas centenas de
pessoas e sempre este detector misterioso, cu/a cria+ão não era um mérito meu,
2uncionava antes de *ue eu me lem6rasse dele, so6 o aspecto de um rosto humano, de
uns olhos, dos primeiros sons de uma vo> T e eu a6ria1me a essa pessoa
completamente, ou s: por uma 2enda, ou então 2echava1me hermeticamente) (udo 6atia
sempre tãol certo *ue todas as preocupa+9es dos agentes da %eguran+a com as e*uipas
de 6u2os passaram a parecer1me coisa de pigmeusJ pois a*uele *ue est3 disposto a
ser traidor revela1o sempre claramente no rosto e na vo>W pode haver *uem o
dissimule ha6ilmente, mas a 2alsidade nota1se) E, pelo contr3rio, o detector
a/udava1me a di2erenciar a*ueles a *uem, poucos minutos depois de conhec01los,
podia revelara os segredos e as intimidades mais ocultas, pelas *uais podem
cortar1nos a ca6e+a) Assim, passei oito anos de prisão, tr0s de desterro, e ainda
mais seis de escritor clandestino 1 *ue não 2oram os menos perigosos 1 e em todos
estes de>assete anos a6ri1me sem re2lectir a de>enas e de>enas de pessoas, sem ter
dado um s: passo em 2alsoX "unca li em parte alguma nada so6re isto e deixo1o
a*ui , considera+ão dos amadores de psicologia) .enso *ue estes dispositivos morais
existem ém muitos de n:s, mas *ue n:s mesmos, homens de um século demasiado
técnico, e intelectual como somos, despre>amos esta maravilha e não a deixamos
desenvolver1se)S ?oloc3mos a cama no s-tio e, então, eu poderia come+ar o meu
relato A$DU'.E AB& #E BU AB 1;5 Rnaturalmente 6aixinho e deitado, para não ir agora
parar de novo ao cala6ou+o depois deste 6em1estarS, mas o terceiro ha6itante da
cela, de meia11idade, /3 de ca6elos grisalhos mirando1me com um olhar nada
satis2eito, disse com a*uela rude>a *ue caracteri>ava os do "orteJ 1 Amanhã) A
noite é para o sono) E era o mais ra>o3vel) Dual*uer de n:s, em *ual*uer momento,
podia ser condu>ido ao interrogat:rio e mantido l3 até ,s seis da manhã, hora a *ue
o comiss3rio vai dormir e a*ui era proi6ido) Uma noite de sono tran*uilo era mais
importante do *ue a sorte de todos os planetasX E havia ainda algo de estranho,
di2-cil de captar imediatamente, mas *ue intu-ra desde as primeiras 2rases do meu
relato, sem *ue, entretanto, me 2osse poss-vel 2ormul31lo assim tão depressaJ a
sensa+ão de *ue tinha come+ado Rcom a deten+ão de cada um de n:sS uma permuta+ão
completa dos p:los ou uma rota+ão de todos os conceitos, de cento e oitenta graus,
*ue 2a>ia com *ue a*uilo, *ue tão entusiasmado come+ara a contar, talve> para n:s
não 2osse nada alegre) Eles voltaram1se, co6riram os olhos com len+os *ue os
protegiam da lLmpada de du>entos jatts, enrolaram uma toalha , mão *ue es2riava por
cima da manta, esconderam a outra, como 2a>em os ladr9es, e adormeceram) Eu
deitei1me, trans6ordando de alegria 2estiva por estar entre outros homens) Uma hora
antes não podia calcular *ue me levariam para /unto de alguém) .odia aca6ar a vida
com uma 6ala na nuca Ro comiss3rio prometia1me isso constantementeS, sem ver *uem
*uer *ue 2osse) %o6re mim ainda pairava, como anteriormente, a instru+ão do
processo, mas 2icava /3 muito para tr3sX "o dia seguinte iria 2alar1lhes Rnão so6re
o meu caso, naturalmenteS e eles 2alariam tam6ém 1 *ue interessante seria o dia
seguinte, um dos melhores da minha vidaX RUma consci0ncia clara a2lorara em mim
muito antesJ a de *ue a cadeia não era para mim um a6ismo, mas a viagem mais
importante da minha vida)S A mais pe*uena coisa na cela suscitava o meu interesseW
o sono tinha1se desvanecido e *uando o guarda não olhava pelo postigo eu o6servava
simultaneamenteJ ali, no cimo de uma das paredes, havia uma cavidade do tamanho de
tr0s ti/olos e dela pendia um estore a>ul de papel) &s meus companheiros tiveram
tempo de esclarecer1meJ sim, é uma /anelaW na cela h3 uma /anelaX E o estore é uma
camu2lagem contra os ata*ues aéreos) "o dia seguinte haveria uma lu> dé6il, e, pelo
meio1dia, apagariam a 2orte lLmpada por uns minutos) & *ue isso signi2icavaX Viver
de dia com a lu> do diaX "a cela h3 ainda uma mesa) %o6re ela, no lugar mais vis-
vel, um 6ule, um Sogo de xadre> e um monte de livros) REu não sa6ia ainda por*ue é
*ue tudo estava no lugar mais vis-vel) Era uma ve> mais o regulamento da u6ianAa) A
cada olhadela *ue, de minuto a minuto, lan+ava através do postigo, o 1;Q A$DU'.E
AB& #E BU AB guarda devia convencer1se de *ue não havia a6usos com estas li6erdades
da administra+ãoJ de *ue com o 6ule não 2uravam as paredesW de *ue ninguém engolia
o xadre>, arriscando1se a prestar contas e a deixar de ser cidadão da U) $) %) %)W
de *ue ninguém se dispunha a *ueimar os livros com a inten+ão de deitar 2ogo ,
cadeia) E os :culos pertencentes aos presos eram considerados como uma arma tão
perigosa *ue, mesmo de noite, não podiam 2icar em cima da mesa, e a administra+ão
recolhia1os até , manhã seguinte)S Due vida tão con2ort3velX !adre>, livros, cama
de molas, 6ons colch9es, roupa limpa) Em toda a guerra não me recordo de ter
dormido assim) & soalho era encerado) .odiam dar1se *uase *uatro passos de passeio,
da /anela , porta) "ão) Esta prisão pol-tica central era um verdadeiro sanat:rio) E
não ca-am 6om6as))) Eu recordava1me do seu silvo crescente e do ru-do da explosão)
E como as minas >um6iam docementeX ?omo tudo estremecia, *uando esses *uatro cent-
metros c<6icos rangiamX em6rava1me da humidade do lodo dos arredores de Vormdit,
onde me tinham prendido e onde os nossos se arrastavam agora pela lama e pela neve
2undente, para não deixar os alemães romper o cerco) Due vão para o dia6oX %e não
*uerem *ue eu me 6ata, pois 6em, tanto me 2a>X Entre os in<meros valores de *ue
perdemos a no+ão h3 ainda esteJ o grande mérito da*ueles *ue, antes de n:s, 2alaram
e escreveram em russo) E estranho *ue eles *uase não se/am descritos na nossa
literatura anterior , $evolu+ão) %: raramente chega até n:s o seu alento, ora
através de (svetaieva ora de 7Fater Faria85) Eles tinham visto demasiadas coisas
para escolher uma s:) Aspiravam demasiado ,s alturas para 2incarem os pés
2irmemente na terra) Antes do desmoronar da sociedade, havia uma categoria de
homens pensantes T e s: pensantes) ?omo 2oram votados ao rid-culoX ?omo 2a>iam
par:dias so6re elesX As pessoas de inten+9es e actos rectil-neos pareciam t01los
atravessados na garganta) "ão encontravam outro apodo para os re6aixar senão o de
podridão) #ado *ue estes homens eram uma 2lor precoce, de aroma demasiado su6til,
deitaram1 nas para de6aixo da m3*uina de cei2ar)
"a sua vida individual eles eram particularmente vulner3veisJ não se curvavam, não
2ingiam, não se portavam 6em, cada palavra sua era uma opinião, um impulso, um
protesto) %ão esses precisamente os *ue a m3*uina de cei2ar escolhe) %ão esses
precisamente *ue a de6ulhadora trituraQ) 5 Faria %Ao6tsova, autora de $ecorda+9es
so6re IloA) Q ^esito em di>01lo, mas nos anos 5C deste século estes homens parecem
emergir de novo , super2-cie) E assom6roso) Duase *ue não se podia esperar isto)
A$DU'.E AB& #E BU AB 1;9 Eles passaram por estas mesmas celas) Fas as suas paredes
2oram arrancando, desde então, o papelW estucaram1nas, caiaram1nas e pintaram11nas
mais de uma ve> 1 e as paredes das celas nada nos restitu-ram do passado Rpelo
contr3rio, com os micro2ones, elas estendem a orelha para escutar1nosS) %o6re os
antigos ocupantes destas celas, das conversas *ue a*ui tinham lugar, dos
pensamentos com *ue partiam para o 2u>ilamento e para %olovAi, não h3 nada escrito
nem ditoW e um livro desses, *ue valha *uarenta vag9es da nossa literatura,
certamente *ue /3 não ser3 mais escrito) Entretanto, a*ueles *ue ainda estão vivos
contam1nos toda uma série de ninhariasJ *ue antigamente havia tarim6as de madeira e
*ue os colch9es estavam cheios de palhaW *ue antes de terem posto as morda+as
nas /anelas, os vidros haviam /3 sido pintados de gi> até acima, a partir dos anos
4CW e *ue as morda+as existiam seguramente /3 em 194@ R*uando n:s, unanimemente, as
atri6u-amos a IériaS) %egundo di>em, a comunica+ão intercelas por meio de pancadas
nas paredes ainda se 2a>ia livremente nos anos 4CJ respeitava1se, de certo modo, a
a6surda tradi+ão dos c3rceres c>aristas de *ue, se os presos não comunicavam assim,
o *ue deviam eles 2a>erY Fais aindaJ durante toda a década de 4C, a maioria dos
guardas da*ui eram lituanos Rvindos dos regimentos de atiradores, com algumas
excep+9esS, e a comida tam6ém era distri6u-da por gordas e altas mulheres lituanas)
(rata1se talve> de 6analidades, mas elas dão *ue re2lectir) A mim era1me muito
necess3ria esta estada na cadeia pol-tica mais importante da União, e agrade+o por
até ela me terem tra>idoJ pensava muito so6re IuAharine e *ueria 2a>er uma ideia de
tudo isto) "o entanto, tinha a impressão de *ue não éramos mais do *ue o resto da
de6ulha e de *ue para n:s *ual*uer prisão interior regional servia9) Esta era uma
honra demasiado grande) Fas com a*ueles *ue vim encontrar não era poss-vel
a6orrecer1me) ^avia a *uem escutar e com *uem 2a>er compara+9es) A*uele velho com
as so6rancelhas vivas Raos sessenta e tr0s anos de idade não era, de resto,
completamente velhoS dava pelo nome de Anatoli 'litch GastenAo) Era ele *ue enchia
a nossa cela da u6ianAa, tanto como guardião das tradi+9es dos velhos c3rceres
russos, como pela hist:ria viva *ue contava das revolu+9es russas) ?om tudo o *ue
tinha conservado na mem:ria, ele podia analisar todo o passado e todo o presente)
^omens assim não somente são valiosos numa cela, como são raros no con/unto da
sociedade) & apelido de GastenAo 2oi extra-do por n:s, a*ui mesmo na cela, de um
livro *ue veio parar ,s nossas mãos, so6re a revolu+ão de 19C5) GastenAo era um
social1democrata tão arcaico *ue parecia ter deixado de o ser) io interiorJ mais
propriamente, prisão da %eguran+a do Estado) 15C A$DU'.E AB& #E BU AB Em 19C4,
rapa> ainda, tinha sido condenado pela primeira ve>, mas, em ra>ão do 7mani2esto8
de 15 de &utu6ro de 19C5, 2oi posto em li6erdade1C)
REra interessante o seu relato so6re as condi+9es da*uela amnistia) "a*ueles anos,
como se compreende, não havia *uais*uer 7morda+as8 nas /anelas dos c3rceres, nem
havia ainda no+ão delas, e das celas da prisão de Iielaia (serAov, onde GastenAo
esteve detido, os presos podiam ver livremente o p3tio da prisão, os *ue chegavam e
os *ue sa-am, 6em como a rua, conversando em vo> alta com *uem *uisessem do
exterior) E eis *ue, /3 no dia 15 de &utu6ro, os *ue estavam em li6erdade, tendo
conhecimento da amnistia pelo telégra2o, comunicaram a not-cia aos presos) &s
presos pol-ticos come+aram a arre6atar1se de alegria, a *ue6rar as vidra+as das
/anelas, a partir as portas e a exigir do director da prisão a sua li6erdade
imediata) ^ouve *uem levasse pontapés nas trom6asY Encerrado num cala6oi+oY Algumas
celas 2oram privadas de livros ou de cantinaY #e maneira nenhumaX & director,
atrapalhado, corria de cela em cela, suplicandoJ 7%enhoresX $ogo1lhes *ue se/am
sensatosX Eu não tenho direito de li6ert311 los com 6ase no comunicado telegr32ico)
(enho de rece6er instru+9es directas do meu che2e, de =iev) .or 2avor, t0m de
passar ainda a*ui a noite)8 E, realmente, ainda os retiveram 6ar6aramente todo um
diaX)))S11 Ao serem postos em li6erdade, GastenAo e os seus camaradas lan+aram1se
logo na revolu+ão) Em 19C;, GastenAo 2oi condenado a oito anos de tra6alhos
2or+ados, o *ue signi2icavaJ *uatro anos com grilh9es e *uatro anos de deporta+ão)
&s primeiros *uatro cumpriu1os na central de %e6as1topolW onde, por sinal, nesse
per-odo, se veri2icou uma evasão em massa de presos, organi>ada do exterior com a
coopera+ão dos partidos revolucion3riosJ social1revolucion3rio, anar*uista e
social1democrata) .or meio da explosão de uma 6om6a 2oi a6erta uma 6recha na parede
da cadeia, pela *ual podia passar um homem a cavalo, e duas de>enas de presos Rnão
todos os *ue o dese/avam, mas s: os *ue haviam sido designados pelos respectivos
partidos para a 2ugaS munidos de antemão com pistolas, lan+aram1se, h1C Duem, de
entre n:s, pelas hist:rias da instru+ão prim3ria e pelo ?urso Ireve Rde hist:ria do
.artidoS não aprendeu e não decorou *ue este 7mani2esto in2ame e provocador8 2oi
uma in/<ria , li6erdadeW *ue o c>ar tinha ordenadoJ 7 i6erdade para os mortos e
prisão para os vivos8Y .ois essa cita+ão enigm3tica é 2alsa) Em virtude de tal
mani2esto, eram permitidos (&#&% os partidos pol-ticos, convocada a #uma e
concedida uma amnistia completa e inteiramente ampla R*ue ela tivesse sido 2or+ada,
isso é outra *uestãoS) .or ela 2oram li6ertados, nada mais nada menos do *ue (&#&%
os presos pol-ticos, sem excep+ão, independentemente da senten+a e da nature>a da
condena+ão) %: não a6rangia os presos comuns) A amnistia esta1liniana de 5 de Julho
de 1945 Ré verdade *ue não 2or+adaS procedeu precisamente ao contr3rioJ todos os
presos pol-ticos continuaram no c3rcere) 11 #epois da amnistia estaliniana, como se
relatar3 adiante, os 6ene2iciados 2oram retidos mais dois ou tr0s meses e o6rigados
a 2ixarem1se Risto é, a 2ixar resid0ncia onde lhes impuseramS, mas ninguém
considerou isso ar6itr3rio) A$DU'.E AB& #E BU AB 151 através dos guardas, pela
6recha e, , excep+ão de um, conseguiram 2ugir todos) & pr:prio Anatoli GastenAo não
rece6eu ordem do .artido &per3rio %ocial1#emocrata $usso para se evadir, mas sim
para distrair os guardas e armar con2usão) Em contrapartida, esteve pouco tempo na
deporta+ão, no Jenissei) ?omparando o seu relato Re mais tarde os de outros
so6reviventesS com o 2acto deveras conhecido de *ue os nossos revolucion3rios se
evadiam ,s centenas e centenas da deporta+ão, a maior parte dos *uais para o
estrangeiro, chega1se , conclusão de *ue da deporta+ão c>arista somente não 2ugiam
os pregui+osos, tão 23cil isso era) GastenAo 2oi dos *ue 72ugiu8, ou se/a, saiu
simplesmente do lugar do desterro sem passaporte) #irigiu1se a
Vladivosto*ue, esperando partir de 6arco com o aux-lio de um conhecido) "ão
conseguiu, não se sa6e por*u0) Então, sempre sem passaporte, cru>ou tran*uilamente,
de com6oio, toda a mãe $<ssia, via/ando até , UcrLnia, onde era 6olchevi*ue
clandestino e onde tinha sido preso) Ali deram1lhe um passaporte de outra pessoa e
dirigiu1se para a 2ronteira austr-aca, a 2im de a passar) Esta empresa era
considerada pouco perigosa, e a tal ponto GastenAo não sentia atr3s de si o h36ito
da persegui+ão *ue mani2estou uma despreocupa+ão surpreendenteJ ao atingir a
2ronteira e ao dar o seu passaporte ao 2uncion3rio da pol-cia, aperce6eu1se, de
repente, de *ue "i& %E $E?&$#AVA do seu novo apelidoX Due 2a>erY &s passageiros
eram uns *uarenta e o 2uncion3rio /3 tinha come+ado a cham31los) GastenAo 2ingiu
*ue estava a dormir) &uvira entregar todos os passaportes e como tinham chamado
diversas ve>es por um tal FaAarov, sem ter a certe>a de se tratar dele) Ginalmente,
o dragão do regime imperial inclinou1se para o clandestino e, amavelmente,
tocou1lhe no om6roJ 7%enhor FaAarovX %enhor FaAarovX .or 2avor, o seu passaporteX8
GastenAo via/ou até .aris) Ali conheceu enine e unatcharsAi e, na escola do
.artido, em ong/umeau, desempenhou tare2as administrativas) Ao mesmo tempo, estudou
2ranc0s e, o6servando a vida , sua volta, teve vontade de conhecer mundo) Antes da
guerra, 2oi para o ?anad3, onde tra6alhou como oper3rio, e esteve nos Estados
Unidos) & tipo de vida despreocupada *ue reina nesses pa-ses surpreendeu GastenAo e
tirou a conclusão de *ue a- não haveria /amais uma revolu+ão prolet3ria, sendo
pouco prov3vel *ue ela 2osse necess3ria) Fas a*ui, na $<ssia, ela aconteceu 1 e
antes mesmo de *ue a esperassem 1, essa tão impacientemente dese/ada revolu+ão, e
todos regressaram) #epois houve ainda outra revolu+ão) GastenAo /3 não sentia o
mesmo impulso *ue dantes por estas revolu+9es) Fas regressou, su6metendo1se , lei
*ue impede as aves de migrar14) .ouco depois de GastenAo ter regressado , p3tria,
tam6ém voltou um amigo seu, giado do ?anad3, ex1marinheiro do .otemAine, *ue se
convertera num pr:spero 2a>endeiro 154 A$DU'.E AB& #E BU AB Fuita coisa era então
ainda inacess-vel a GastenAo) .ara mim dir1se1ia *ue o mais importante e admir3vel
nesse homem era o 2acto de ter conhecido pessoalmente enine, mas ele pr:prio
recordava isso de modo completamente 2rio) R& meu estado de Lnimo continuava a ser
esteJ se alguém na cela tratava GastenAo simplesmente pelo patron-mico, sem o nome,
di>endo por exemploJ 7'litch, ho/e não levas o 6alde da latrinaY8, eu irritava1me,
>angava1me, parecia1me isso um sacrilégio, não s: pela com6ina+ão dessas palavras,
mas por me parecer um sacrilégio chamar 'litch1@ a *uem *uer *ue 2osse, , excep+ão
de uma <nica pessoa na terraXS .or essa ra>ão havia imensas coisas *ue GastenAo não
me podia explicar como dese/aria) Ele di>ia1me claramente em russoJ 7"ão cries
-dolosX8 Fas eu não o compreendiaX Ao ver a minha exalta+ão, ele repetia1me
insistentemente, por mais de uma ve>J 7Voc0 é matem3tico, para si é imperdo3vel
es*uecer #escartesJ h3 *ue se su6meter tudo , d<vidaX (udoX8)T 7?omo, tudoY8 Iem,
nem tudoX A mim parecia1me *ue /3 tinha su6metido a d<vida 6astantes coisas)
IastavaX &u então di>iaJ 7Duase não h3 /3 velhos presos pol-ticos, eu sou um dos
<ltimos) &s velhos deportados pol-ticos 2oram todos ani*uilados e a nossa
associa+ão 2oi dissolvida logo nos anos @C)8 T 7Fas por*u0Y8 1 7.ara *ue não nos
reun-ssemos e não discut-ssemos)8 Em6ora estas simples palavras, ditas em tom
tran*uilo, 2ossem de 6radar aos céus, de *ue6rar as vidra+as, eu compreendi a1as s:
como tratando1se de outra malvade> de %taline) Um 2acto penoso, mas sem ra->es)
Est3 inteiramente provado *ue nem tudo o *ue entra nos nossos ouvidos consegue
penetrar na consci0ncia) & *ue não vai no sentido do nosso estado de Lnimo
perde1se, ora nos ouvidos, ora depois dos ouvidos, mas perde1se) Acontece *ue,
em6ora me lem6re per2eitamente de numerosos ) Ele vendeu a sua 2a>enda e o seu
gado, e, com o dinheiro e um tractor novinho em 2olhJ voltou , terra *uerida, para
a/udar a construir o alme/ado socialismo) 'nscreveu1se numa da primeiras comunas e
o2ereceu o tractor) ?om esse tractor tra6alhava *ual*uer pessoa, e dt *ual*uer
maneira, pelo *ue depressa aca6aram com ele) & ex1marinheiro via tudo a*uilo 6em
di2erente do *ue havia imaginado vinte anos antes) & tra6alho era dirigido por
pessoas *ue não tinham capacidade para o 2a>erW mandavam executar coisas *ue, para
um 2a>endeiro >eloso, era um verdadeiro disparate) .or outro lado, ele tinha
perdido as suas energias, gasto a sua roupa e pouco lhe restava dos d:lares
canadianos *ue trocara por ru6los de papel) %uplicou *ue o deixassem sair com a
2am-lia, atravessou a 2ronteira, tão po6re como *uando 2ugira de .otemAine, cru>ou
o oceano como então, en*uanto marinheiro Rnão tinha dinheiro para o 6ilheteS, e
come+ou no ?anad3, de novo, a sua vida, como tra6alhador assalariado do campo)
7'litch8 era o patron-mico de Vladimir 'litch Ulianov R enineS) #i>er s: 'litch é
uma expressão de grande respeito) R") dos ()S A$DU'.E AB& #E BU AB 15@ relatos de
GastenAo, as suas re2lex9es se imprimiriam vagamente na minha mem:ria) Ele
indicou1me diversos livros, *ue me aconselhava muito a ler um dia em li6erdade) Ele
mesmo, devido , sua idade e , sua sa<de, /3 não contava demorar1se entre os vivos e
achava satis2a+ão na esperan+a de *ue eu viesse um dia a recolher os seus
pensamentos) (omar notas era imposs-vel, e mesmo sem isso /3 havia muitas coisas a
recordar da vida prisional, mas os t-tulos *ue mais se aproximavam dos meus gostos
de então não os es*ueciJ ?onsidera+9es 'noportunas, de BorAi R*ue eu nessa altura
tinha em alta estima, pois superava todos os cl3ssicos russos pelo simples 2acto de
ser escritor prolet3rioS, e Um Ano na .3tria, de .leAhanov) ^o/e, *uando leio isto
num escrito de .leAhanov, datado de 4Q de &utu6ro de 1915J 7)))%e me entristecem os
acontecimentos dos <ltimos dias, não é por*ue eu não dese/e o triun2o da classe
oper3ria na $<ssia, mas precisamente por*ue o anseio +om todas as 2or+as da minha
alma))) ?onvém recordar a o6serva+ão de Engels de *ue para a classe oper3ria não
pode haver maior desgra+a do *ue a tomada do poder pol-tico *uando ainda não est3
preparada para issoW essa tomada do poder o6rig31la13 a retroceder para posi+9es
muito anteriores ,s con*uistadas em Gevereiro e em Far+o deste ano)))814 é como se
reconstitu-sse, claramente, o pensamento de GastenAo) Duando ele regressou ,
$<ssia, tendo em considera+ão a sua antiga actividade clandestina, insistiam em
promov01lo e poderia ter ocupado um posto importante 1 mas ele não *uis, pre2erindo
um modesto lugar na Editora .ravda e depois outro lugar ainda mais modesto, indo
2inalmente parar ao trust municipal 7Fosgoro2ormlenie8 Rpu6licidade em painéis, da
cidade de FoscovoS, onde tra6alhou completamente na som6ra) Eu surpreendia1meJ
por*u0 esse caminho tão evasivoY Ele, incompreensivelmente, respondiaJ 7?ão velho
não se acostuma , coleira)8 Vendo *ue nada se podia 2a>er, GastenAo guardava
simplesmente o dese/o, 6em humano, de continuar vivo) .assara a rece6er uma pe*uena
e tran*uila re2orma Rnaturalmente, não como personalidade do .artido, pois isso
despertaria a lem6ran+a de ter sido pessoa chegada a muitos 2u>iladosS e, assim
teria so6revivido até 195@) Fas, por desgra+a, prenderam um vi>inho do mesmo
apartamento, o escritor ) %), li6ertino e
permanentemente em6riagado, um dia em *ue estava com dois grãos na asa e se
/actanciara de possuir uma pistola) .istola é sinonimo de terror e GastenAo, com o
seu velho passado de social1democrata, era um terrorista aca6ado) E eis *ue agora o
comiss3rio punha em realce o seu terrorismo, ao mesmo tempo, claro est3, *ue o
acusava de estar ao servi+o da espionagem 2rancesa e ca1 .leAhanovJ ?arta A6erta
aos &per3rios de .etrogrado Rin /ornal Unidade, de 4Q11C115b 154 A$DU'.E AB& #E BU
AB nadiana e de ter sido in2ormador da pol-cia c>arista15) Em 1945, em troca do seu
chorudo ordenado, um chorudo comiss3rio compulsava seriamente os ar*uivos
provinciais da pol-cia secreta e redigia autos per2eitamente sérios acerca de
interrogat:rios onde 2iguravam os nomes de conspiradores, palavras de ordem,
encontros e reuni9es do ano de 19C@) E a sua velha mulher Rnão tinham 2ilhosS todos
os de> dias, como era permitido, mandava a Anatoli 'litch as encomendas *ue estavam
dentro das suas possi6ilidadesJ um peda+o de pão negro, de uns tre>entos gramas
Rcomprado no mercado a cem ru6los o *uiloXS, uma d<>ia de 6atatas co>idas, sem pele
Rno controle, elas eram picadas com uma sovelaS) & aspecto dessas m-seras
encomendas 1 *ue na realidade eram sagradas 1 despeda+ava o cora+ão) E *uanto
mereceu um homem por sessenta e tr0s anos de honrade> e de d<vidasX hte ` ` As
*uatro camas da nossa cela deixavam entre elas um espa+o para a mesa) Fas alguns
dias depois de eu ter chegado meteram l3 um *uinto preso e a cama 2icou atravessada
ao meio) " (rouxeram esse novato uma hora antes da alvorada, no momento em *ue o
sono é mais doce, e tr0s dentre n:s não levant3mos se*uer a ca6e+a, apenas
=ramarenAo, tendo saltado da cama para conseguir um pouco de ta6aco Re talve>
alguma in2orma+ão para o comiss3rioS) Eles come+aram a 2alar 6aixinho e n:s
procur3mos não escutar, mas não se podia deixar de ouvir a vo> sussurrante do
novatoJ ela era tão 2orte, alarmada e tensa, *uase mesmo chorosa, *ue se podia
pensar *ue na nossa cela tinha dado entrada um drama 2ora do vulgar) & novato
perguntava se havia muitos condenados ao 2u>ilamento) #e *ual*uer modo, sem voltar
a ca6e+a pedi1lhes *ue 2alassem mais 6aixo) Duando, ao to*ue da alvorada, todos nos
levant3vamos R2icar na cama era expor1se a ir parar ao cala6ou+oS, vimos)um
generalX E verdade *ue ele não tinha *ual*uer distintivo, nem se*uer ins-gnias
descosidas ou desa6otoadas) Fas o seu casaco magn-2ico, o d:lman de seda e toda a
sua 2igura e o seu rosto indigitavam tratar1se, sem som6ra de d<vida, dum generalW
um general *ual*uer, um simples 6rigadeiro, mas in2alivelmente um general completo)
Era 6aixo, roli+o, de costado largo e om6ros salientes) %e o seu ls Era esse um
tema pre2erido de %talineJ atri6uir a cada preso do seu partido Re em geral a cada
velho revolucion3rioS a acusa+ão de ter estado ao servi+o da pol-cia c>arista)
%eria pela sua intoler3vel descon2ian+aY &u))) por um sentimento interiorY))) &u,
ainda, por analogiaY))) A$DU'.E AB& #E BU AB 155 rosto era gorducho, isso não lhe
dava um ar 6onacheirão, mas sim importante, como se 2osse um atri6uto de
superioridade) & seu rosto não terminava, é certo, pela parte superior, senão pela
in2erior, com uma mand-6ula de 6uldogue, sendo a- *ue se concentravam toda a
energia, 2or+a de vontade e autoritarismo *ue lhe tinham permitido atingir essa
patente numa idade ainda pouco avan+ada)
Duando se 2i>eram as apresenta+9es, veri2icou1se ser )V)U), ainda mais /ovem do *ue
aparentava, pois ia 2a>er trinta e seis anos R7se não me 2u>ilarem8S e, o *ue é
mais surpreendente, não era, no 2im de contas, nenhum general, nem se*uer coronel,
ou *ual*uer espécie de militar, mas sim um engenheiroX EngenheiroYX Gui educado
precisamente no meio de engenheiros e recordo1me 6em dos dos anos 4CJ tinham a*uela
mentalidade a6erta e irradiante, a*uele humor livre e ino2ensivo, a*uela 2acilidade
e largue>a de ideias *ue lhes permitiam passar desem6ara+adamente de uma es2era a
outra da engenharia, e mesmo da técnica ,s *uest9es sociais e , arte) Além disso,
possu-am uma 2orma+ão esmerada, gostos re2inados e 2acilidade de palavra, evitando
as express9es vulgaresJ uns dedicavam1se um pouco , m<sica, outros , pintura, e
todos tinham *ual*uer marca de esp-rito impressa no rosto) "os come+os dos anos @C
perdi o contacto com este meio) #epois eclodiu a guerra) E eis *ue surgia ante mim
um engenheiro) #a*ueles *ue vieram su6stituir os *ue tinham sido exterminados) Uma
vantagem não se lhe podia negarJ era muito mais entroncado, mais 2orte do *ue os
outros) ?onservava a 2or+a dos om6ros e das mãos, em6ora h3 muito lhe não 2ossem
necess3rias) i6erto do 2ardo vão da ama6ilidade, olhava 6ruscamente, 2alava de
maneira terminante, sem esperar se*uer *ue pudesse haver o6/ec+9es) (inha crescido
di2erentemente dos outros e tra6alhado tam6ém de maneira di2erente) & seu pai era
lavrador, lavrando a terra no sentido mais literal e real do termo) i:nia U) era um
desses desgrenhados e ignorantes /ovens camponeses, com a perda de cu/os talentos
IielinsAi e (olstoi tanto se a2ligiam) %em ser nenhum omonossov nem ter por si
mesmo chegado , Academia, era talentoso, mas continuaria a lavrar a terra se não
tivesse havido a $evolu+ão) .or certo *ue aca6aria de enri*uecer, visto ser
inteligente e talve> se tivesse convertido num comerciante) "a era soviética
ingressou no =omsomol, e 2oi a sua actividade de militante *ue, superando os outros
talentos, o arrancou da ignorLncia e da rude>a da aldeia e o levou, como um
2oguetão, através da 2aculdade oper3ria até , Academia 'ndustrial, onde entrou em
1949, precisamente *uando levavam, como gado, os outros engenheiros para BU AB) &s
soviéticos tinham necessidade de, urgentemente, 2a>er deles engenheiros
conscientes, leais cem por cento, *ue não s: 2i>essem o seu tra6alho, mas se
ocupassem de toda a produ+ão, isto é, se tornassem verdadeiros 6usinessmen) Era no
15; A$DU'.E AB& #E BU AB momento em *ue os céle6res postos de comando da ind<stria
soviética, ainda por construir, estavam vagos) E o destino da sua 2orma+ão era
ocup31los) A vida de U) tornou1se uma sucessão de 0xitos, uma grinalda enrolada
para as alturas) "esses anos extenuantes de 1949 até 19@@, *uando a guerra civil
era travada não com carros e*uipados de metralhadoras, mas com cães1pol-ciasW
*uando 6andos de homens 2amintos se arrastavam para as esta+9es 2errovi3rias, na
esperan+a de ir para a cidade, onde havia pão, mas como não lhes davam 6ilhetes e
eles não sa6iam como partir iam morrer numa massa resignada de 6otas e samarras
/unto dos taipais das esta+9es 1, nesses anos, U) ignorava *ue os ha6itantes das
cidades rece6iam o pão racionado pois tinha uma 6olsa de estudante de novecentos
ru6los Rum oper3rio não *uali2icado rece6ia então sessentaS) & seu cora+ão não
so2ria pela aldeia, onde tinha sacudido a poeira dos sapatosJ a sua nova vida
decorria /3 a*ui, entre os vencedores e os dirigentes) "ão teve se*uer tempo de ser
che2e de e*uipaJ imediatamente puseram so6 as suas ordens de>enas de engenheiros,
milhares de oper3riosJ era o engenheiro1che2e das grandes constru+9es dos
arra6aldes de Foscovo) #esde o come+o da guerra *ue ele
2icou, naturalmente, isento do servi+o militar, evacuando1se com toda a direc+ão
central, para Alma1Ata, dirigindo maiores constru+9es ainda so6re o rio 'li, com a
di2eren+a de *ue agora s: ali tra6alhavam presos) & aspecto desses insigni2icantes
hom<nculos incomodava1o muito pouco, não o 2a>ia re2lectir, não lhes prestava
aten+ão) "a*uela :r6ita 6rilhante em *ue se movia s: eram importantes as ci2ras do
cumprimento do plano) A U) 6astava1lhe indicar o local de tra6alho, o campo, ao
contramestre, e eles, com os seus meios, *ue se desenrascassem para executar as
normasJ *uantas horas tra6alhavam e como se alimentavam, nesses pormenores ele não
entrava) &s anos de guerra, no 2undo da retaguarda, 2oram os melhores da vida de
U)X (al é a propriedade inevit3vel e geral da guerraJ *uanto mais amargura ela
concentra num p:lo, tanto mais alegrias li6erta no outro) U) tinha não apenas uma
mand-6ula de 6uldogue, mas tam6ém uma r3pida, engenhosa e experiente garra)
Adaptou1se r3pida e sa6iamente ao novo ritmo de guerra da economia nacionalJ tudo
para a vit:riaW arranca para diante *ue tudo passar3 por conta da guerraX %: 2e>
uma concessão a estaJ renunciou aos 2atos e ,s gravatas e, vestido de ca*ui, mandou
2a>er umas 6otas de pele de 6e>erro e um d:lman de general, esse mesmo com *ue
chegou ali, /unto de n:s) Era a moda, assim andava como toda a gente, não suscitava
irrita+ão nos inv3lidos nem os olhares reprovadores das mulheres) Fas, *uanto ,s
mulheres, estas olhavam1no 2re*uentemente de outro ponto de vistaJ dirigiam1se a
ele para aiimentar1se, a*uecer1se e divertir1se) Um dinheirão louco, o *ue corria
pelas suas mãosJ a sua carteira a6arrotava como um 6arrilW as notas de de> ru6los,
gastava1as como se 2ossem Ao1pecs e as de mil como ru6los) U) não era avaro, não
economi>ava, não con1 A$DU'.E AB& #E BU AB 155 tava) %: contava as mulheres *ue
passavam pelas suas mãos e, so6retudo, a*uelas a *uem tirava o ca6a+oW essa estat-
stica era o seu desporto) "a cela, a2irmava1nos *ue a deten+ão o tinha interrompido
lamentavelmente *uando /3 per2a>ia du>entas e noventa e tal, impedindo1o por
desgra+a de ter atingido as tre>entas) ?omo era no tempo da guerra, as mulheres
estavam s:s e, além do poder do dinheiro, ele tinha uma energia viril, , $asputine,
o *ue não era di2-cil de acreditar) Ele dispunha1se, gostosamente, a relatar tudo,
epis:dio atr3s de epis:dio, mas os nossos ouvidos não estavam a6ertos para isso)
Em6ora nenhum perigo o amea+asse, era convulsivamente *ue ele Rum pouco , maneira
dos mariscos *ue se tiram de um prato, se roem, se chupam e se deitam 2ora para
apanhar outrosS, nos <ltimos anos de li6erdade, agarrava todas essas mulheres,
espremendo1as e pondo1as de parte) Due acostumado ele estava , ductilidade da
matéria, na sua carreira de /avali selvagemX REm horas de grande agita+ão,
desarvorava pela cela exactamente como um potente /avali, capa> de derru6ar um
ro6le *ue se lhe atravessasse nas suas correrias)S Due acostumado ele estava a *ue
entre os dirigentes todos 2ossem do seu tipo, tudo se podendo sempre conciliar,
arran/ar, dissimularX (inha1se es*uecido de *ue *uanto maiores são os 0xitos, maior
é a inve/a) ?omo aca6ava de sa6er pela instru+ão do processo, no seu dossier
2igurava /3 uma anedota de 19@;, contada despreocupadamente num grupo de amigos
em6riagados) #epois, 2oram1se 2iltrando pe*uenas den<ncias e testemunhos de agentes
Rhavia *ue levar as mulheres ao restaurante, e *uem é *ue l3 não te v0YS)Uma destas
den<ncias era a de *ue, em 1941, não se apressara a partir de Foscovo, esperando os
alemães Re2ectivamente, ele demorara1se l3, então, mas parece *ue por causa de uma
mulherS) U) pugnava para *ue as suas opera+9es econ:micas decorressem com limpe>a,
mas não se lem6rou de *ue ainda existia o artigo 5Q) E, apesar de tudo isso, esse
6loco teria1podido, durante longo tempo, não se desmoronar
so6re ele, se, por presun+ão, não tivesse recusado, a um certo procurador, material
de constru+ão para uma casa de campo) A*ui o seu caso despertou do sono, estremeceu
e come+ou a rolar) RUm exemplo mais, *ue prova *ue as causas /udicials come+am
pelos interesses ego-stas dos 7a>uis8)))S & hori>onte intelectual de U) era deste
géneroJ considerava *ue existia uma l-ngua americanaW na cela, durante dois meses,
não leu um s: livro, nem se*uer uma p3gina inteira, e se leu um par3gra2o ou outro
2oi unicamente para se distrair dos tristes pensamentos no processo) .elas suas
conversas, compreendia1se per2eitamente *ue em li6erdade lia ainda menos) A 1
uschAhine conhecia1o apenas como her:i de anedotas esca6rosas e /ulgava *ue (olstoi
devia ser deputado do %oviete %upremo1;) ; Alusão a uma con2usão 2eita por U) entre
eão (olstoi, autor de Buerra e .a>, e Aleixo (olstoi, escritor soviético, *ue ele
s: conhecia, no entanto, como deputado) R") dos ()S 15Q A$DU'.E AB& #E BU AB Fas,
em compensa+ão, não seria ele um cem1por1centoY Fas, em compensa+ão, não seria ele
um desses prolet3rios conscientes, educados para su6stituir .altchinsAi e Von
FeAAeY .or muito estranho *ue pare+a, nãoX ?erta ve>, discutindo acerca da marcha
da guerra, eu disse *ue, desde o primeiro dia, nem um instante se*uer duvidara da
nossa vit:ria so6re os alemães) Ele olhou1me 6ruscamente e não acreditouJ 7Fas,
comoY8, e levou as mãos , ca6e+a, 7Ai, %acha, %acha, pois eu estava convencido de
*ue os alemães venceriamX E 2oi isso o *ue me perdeuX8 .ois éX Ele era um dos
7organi>adores da vit:ria8, mas todos os dias ia acreditando nos alemães e
aguardava1os inevitavelmenteX "ão por*ue gostasse deles, mas simplesmente por*ue
conhecia 6em a nossa economia Rnaturalmente eu não a conhecia, mas tinha 2éS) (odos
n:s, na cela, est3vamos de humor triste, mas ninguém se desmorali>ou tanto, nem
encarou a pr:pria deten+ão tão tragicamente como ele) Junto de n:s, ele ha6ituou1se
, ideia de *ue não o esperavam mais do *ue uns #EU A"&% de prisão, e de *ue,
durante esses anos no campo, seria naturalmente um capata> e não conheceria as
agruras, como não as conhecera no passado) Fas isso não o consolava no m-nimo *ue
2osse) Estava demasiado aca6ado pelo 2racasso de uma vida tão excelenteJ pois h3 s:
uma vida na terra e por nada mais ele se tinha interessado ao longo dos seus trinta
e seis anos de exist0nciaX Fais de uma ve>, sentado na sua cama, diante da mesa,
com o rosto gorducho apoiado nas suas curtas e grossas mãos, com os olhos perdidos
e enevoados, ele come+ava a cantarolar em vo> 6aixaJ Es*uecidoW a6andonado, na
minha mocidade 2i*uei desamparado))) E nunca podia prosseguirX ?hegado a*ui,
explodia em pranto) (oda a grande 2or+a *ue dele 6rotava, mas *ue não o podia
a/udar a derru6ar as paredes, convertia1a assim em piedade por si mesmo) E tam6ém
pela mulher) Esta, h3 muito por ele não amada, levava1lhe agora, cada de> dias
Risso não era permitido com mais 2re*u0nciaS, a6undantes pacotes de pão 6ranco,
manteiga, caviar vermelho, carne de vitela e estur/ão) Ele dava1nos a cada um de
n:s uma sandu-che e um cigarro, inclinava1se so6re os seus man/ares expostos R*ue
contrastavam pelo seu aroma e pelas suas cores, com as 6atatas pisadas do velho
revolucion3rio clandestinoS, e novamente as l3grimas lhe ca-am em 2io) Em vo> alta,
ele recordava as l3grimas da esposa, anos inteiros de l3grimasJ ora pelas missivas
das amantes, encontradas nas algi6eirasW ora por umas calcinhas metidas , pressa no
so6retudo, dentro do autom:vel, e es*uecidas) E *uando a piedade *ue sentia por si
mesmo lhe 2a>ia cair a coura+a da energia maldosa, perante n:s surgia um homem
perdido e visivelmente 6om) Eu surpreen1 A$DU'.E AB& #E BU AB
159 dia1me de *ue ele pudesse chorar assim) & estoniano Arnold %u>i, nosso
companheiro de cela, com alguns ca6elos grisalhos, explicava1meJ 7A crueldade 2a>
aumentar o6rigatoriamente o sentimentalismo) E a lei da compensa+ão) "os alemães,
por exemplo, esta com6ina+ão é até uma caracter-stica nacional)8 Fas GastenAo, pelo
contr3rio, era o homem mais animoso da cela, em6ora pela sua idade ele 2osse o
<nico)*ue /3 não podia contar so6reviver nem regressar , li6erdade) A6ra+ando1me
pelos om6ros, di>ia1meJ 7$esistir pela verdade, isso o *ue éX .ela verdade est3s tu
presoX &u então ensinava1me a entoar a sua can+ão, uma can+ão de deportadosJ %e é
preciso a vida dar "o 2undo das pris9es ou das minas, (udo ir3 2ruti2icar "as
gera+9es *ue hLo1de virX (enho 2é nissoX E oxal3 *ue estas p3ginas a/udem a
concreti>ar essa 2éX &s dias de de>asseis horas na nossa cela eram po6res de
acontecimentos exteriores, mas tão cheios de interesse *ue a mim, por exemplo,
de>asseis minutos de espera por um tr:lei me parecem mais a6orrecidos) Em6ora não
ha/a 2actos dignos de aten+ão, *uando vem a noite suspira1se por não ter chegado o
tempo, tendo voado mais um dia) &s acontecimentos são m-nimos, mas, pela primeira
ve> na vida, aprende1se a v01los com uma lente de aumentar) As horas mais tristes
do dia são as duas primeirasJ desde *ue ouvimos o) ru-do da chave na 2echadura Rna
u6ianAa não h3 7man/edoura815, e para a ordem de 7p_r1se a pé8 é tam6ém preciso
a6rir a portaS saltamos para o chão sem demora, 2a>emos as camas, e sentamo1nos
nelas sem esperan+as, inutilmente e ainda privados de lu> eléctrica) Este 2or+ado
despertar matinal ,s seis) horas, *uando o cére6ro ainda est3 em6otado pelo sono e
o mundo parece todo ele desagrad3vel e a vida va>ia de perspectivas, não havendo na
cela um sorvo de ar respir3vel, é particularmente a6surdo para a*ueles *ue passaram
a noite no interrogat:rio e s: h3 pouco puderam dormir) Fas não tentes 2a>er
6atotaX %e procuras cochichar um pouco, apoiando1te nas paredes ou pondo os
cotovelos na mesa, como se estivesses de6ru+ado para o xadre> ou inclinado so6re um
livro, ostensivamente a6erto em cima dos /oelhos, darão uma pancada de advert0ncia
com a chave Brande postigo a6erto na porta da cela, a6rindo1se de modo a 2ormar uma
mesa, e . onde os guardas 2alam e distri6uem a comida, ou convidam os presos a
assinar os diversos documentos prisionais) 1QC A$DU'.E AB& #E BU AB na porta ou
ainda piorJ a porta *ue normalmente se 2echa com um cadeado 6arulhento é a6erta sem
ru-do Restão 6em treinados nisso, os guardas da u6ianAaS e como uma r3pida e
silenciosa som6ra, como um esp-rito desli>ando das paredes, o terceiro1 sargento d3
tr0s passos na cela e se te encontra adormecido podes ir parar ao cala6ou+o, ou
então tiram1te o livro, podendo mesmo toda a cela 2icar privada do passeio) ?ruel
in/usti+a, este castigo geral, mas est3 inscrito em letras impressas no regulamento
da prisão e não tens mais *ue l01lo, pois se encontra a2ixado em cada cela) Além
disso, se precisas de :culos, para ler nessas duas horas *ue te tiram o Lnimo, não
poder3s p_r a vista nos livros, nem se*uer no santo regulamento, pois os :culos *ue
te tiraram de noite são ainda perigosos para ti, durante esse per-odo) "essas duas
horas ninguém vem tra>er nada , cela, ninguém l3 entra, nem 2a> perguntas so6re
nada, não se chama ninguémJ os comiss3rios ainda dormem docemente, os che2es da
prisão estão ainda a voltar a si, e s:
os guardas VertuAei se mant0m acordados e se inclinam a cada minuto so6re a
a6ertura do postigo1Q) Fas decorre uma opera+ão nessas duas horasJ ir , latrina)
#esde a alvorada *ue o guarda 2e> uma importante comunica+ãoJ designar *uem é *ue
est3 ho/e incum6ido de tirar o 6alde da retrete da cela) R"as pris9es 6anais,
ordin3rias, os presos t0m tanta li6erdade e autonomia *ue são eles pr:prios *ue
decidem esta *uestão) Fas na prisão pol-tica central tal assunto não pode ser
deixado , espontaneidade)S E depressa todos 2ormam em 2ila indiana, com as mãos
atr3s das costas, seguindo , 2rente o respons3vel *ue leva contra o peito o 6alde
de oito litros com tampa) 3, no o6/ectivo, encerram1nos de novo, não sem antes nos
entregarem tantas 2olhinhas de papel do tamanho de dois 6ilhetes de com6oio *uantos
são os presos) "a u6ianAa estas 2olhinhas não são interessantesJ elas são 6rancas)
Fas h3 cadeias tão atraentes *ue dão 2ragmentos de livros impressos) Due
maravilhosa leituraX Adivinhar de onde são extra-dos, ler dos dois lados, assimilar
o conte<do, aproveitar o estilo T mesmo com palavras cortadas isso é poss-velX 1 e
permut31los com os camaradas) Em alguns lugares dão recortes da Branat, outrora uma
enciclopédia de vanguarda, ou então, é horr-vel di>01lo, de cl3ssicos, mas não, de
modo algum, liter3rios))) A visita , latrina converte1se num acto de conhecimento)
Fas não é caso para rir) (rata1se de uma grosseira necessidade, , *ual não é
permitido aludir na literatura Rem6ora /3 se tenha dito com imortal leviandadeJ
7Iendito a*uele *ue pela manhã)))8S) "este come+o de dia, *ue parece tão natural, /
3 na prisão se estendeu uma armadilha ao preso, 1Q "o meu tempo, tal palavra /3
estava muito di2undida) #i>iam *ue ela procedia dos guardas ucranianosJ 7%t:i t3
nié vertuAhaisX8) Fas h3 *ue recordar tam6ém a palavra inglesa *ue signi2ica
carcereiro rtitrnAeNJ 7Volta a chave8S) (alve>, na $<ssia, vertuAei se/a 7a*uele
*ue d3 a volta , chave8 Rvertit AlintchS) A$DU'.E AB& #E BU AB 1Q1 *ue durar3 todo
o dia, e o *ue é mais ultra/ante, uma armadilha ao seu esp-rito) #evido ao estado
de imo6ilidade prisional e , mes*uinhe> da alimenta+ão, depois do impotente momento
de torpor, ainda não se est3, ao levantar1se, em condi+9es de a/ustar contas com a
nature>a) E eis *ue te mandam sair rapidamente e te 2echam até ,s seis horas da
tarde Rnalgumas pris9es, até ao dia seguinte pela manhãS) Agora tu tens de
preocupar1te com a aproxima+ão do interrogat:rio diurno e com os outros
acontecimentos do dia, tal como encher1te com o rancho, a 3gua e a sopa aguada, mas
t3 ninguém te deixar3 ir a esse excelente s-tio, a cu/a 2acilidade de acesso os
lomens livres não sa6em dar o valor devido) Essa extenuante e vulgar necessidade
pode assaltar1te todos os dias, e logo a seguir , visita da manhã , latrina, e
depois torturar1te todo o dia, apertar1te, privar1te da li6erdade de conversar, de
ler, de pensar e até de ingerir a 2raca comida) ]s ve>es, discute1se nas celas *ual
a origem do regulamento da u6ian1Aa ou de *ual*uer outra prisãoJ se se trata de uma
crueldade calculada ou se tudo resultou simplesmente assim) Eu penso *ue resultou
simplesmente assim) A alvorada 2oi naturalmente um c3lculo malévolo, mas muito do
restante aconteceu mecanicamente Rcomo numerosas crueldades da nossa vida em
geralS, sendo depois reconhecido no topo como <til e aprovado) &s turnos mudam ,s
oito da noite e ,s oito da manhã, e é assim mais c:modo levar os presos , latrina
ao 2im do turnoJ deixar l3 ir um ou outro, isoladamente, durante o dia, implicaria
preocupa+9es e precau+9es excessivas da parte dos guardas e eles não são pagos para
isso) & mesmo se passa com os :culosJ para *u0 preocupar1te com isso desde a
alvoradaY Antes de terminar o turno da noite devolvem1 nos)
E eis *ue come+am a distri6u-1losJ ouve1se a6rir as portas) .ode sa6er 11se se
alguém usa :culos na cela vi>inha Rora, o teu companheiro de processo não os usaW
mas não nos atrevemos a 6ater na parede, pois *uanto a isso são muito severosS) Fas
/3 nos restitu-ram tam6ém os nossos) GastenAo s: pode ler com eles, e %u>i usa1os
permanentemente) $epara, ele deixou de apertar os olhos ap:s coloc31los) ?om os
seus olhos de concha, numa linha recta, o seu rosto torna1se de repente mais
severo, penetrante, tal como podemos imaginar o rosto de uma pessoa culta no nosso
século) Fuito antes da $evolu+ão, ele estudava em .etrogrado, na Gaculdade de
^ist:ria é Gilologia, e durante os vinte anos de independ0ncia da Est:nia conservou
toda a pure>a do seu idioma russo) #epois, /3 em (artu, completou os seus estudos)
Além da l-ngua materna estoniana, domina o ingl0s e alemão, e durante todos estes
anos seguiu regularmente o Economist londrino, as recens9es cient-2icas da revista
alemã Iericht, estudando tam6ém as constitui+9es e c:digos de diversos pa-ses)
A*ui, na nossa cela, ele representa digna e discretamente a Europa) Goi um not3vel
advogado da Est:nia e chamavam1lhe o 7=uldsuu8 Rl36ios de ouroS) "o corredor h3 de
novo movimentoJ outro parasita com uma 6ata escura 1 um rapa> 2orte, *ue não est3
na 2rente 1 trouxe1nos numa travessa 1Q4 A$DU'.E AB& #E BU AB as cinco ra+9es de
pão e as de> por+9e>inhas de a+<car) A nossa galinha11choca anda em torno delasJ
em6ora,1 inevitavelmente, as 2_ssemos agora tirar , sorte Rtem importLncia sa6er se
se trata da c_dea, *ual a *uantidade de peda+os necess3rios para 2a>er o peso, se o
miolo est3 pegado , c_deaJ é a sorte *ue decide *ual a reparti+ão19, a galinha1
choca *uer sopesar tudo, e, *uanto mais não se/a, 2icar com restos de moléculas de
a+<car e de pão nas suas mãosS) Estes *uatrocentos e cin*uenta gramas de pão, com o
miolo cheio de humidade pantanosa, pois metade é de 6atata, são a nossa muleta e o
mais importante acontecimento *uotidiano) E a vida *ue come+aX E o dia *ue come+a,
*ue s: agora come+aX ?ada um tem uma *uantidade de pro6lemasJ ter3 repartido
/udiciosamente ontem a sua ra+ãoY #ever3 cort31la com um 2io, esperar o ch3, ou
com01la agoraY #eixar parte dela para a ceia ou com01la toda ao almo+oY E *ue
*uantidadeY Além de todas estas po6res vacila+9es, *ue longas discuss9es ainda
Rsoltou1se1nos a l-ngua, com o pão /3 somos genteXS provocam estes gramas de pão,
2eito mais de 3gua do *ue de cerealX RGastenAo, entretanto, explica *ue é este
mesmo pão *ue os tra6alhadores de Foscovo comem agora)S Fas haver3 nele mesmo
2arinhaY #e *ue misturas 2oi 2eitoY REmacada cela h3 uma pessoa entendida em
misturas, pois *uem não comeu pão assim nestas décadasYS ?ome+am os devaneios e as
recorda+9es) Due pão tão 6ranco se co>ia ainda nos anos vinteX Um pão redondo,
espon/oso, poroso, com a c_dea de cima dourada, acastanhada, gordurosa, e a de
6aixo com cin>a, com um pouco de carvão do 2orno) .ão *ue aca6ou irremediavelmenteX
A*ueles *ue nasceram nos anos trinta nunca sa6erão, em geral, o *ue é .\&X Fas
alto, amigos, este é um tema proi6idoX J3 t-nhamos com6inado *ue não dir-amos nem
uma palavra so6re comidaX #e novo, um movimento no corredorJ distri6uem o ch3)
&utro latagão com a 6ata escura e 6aldes) ?olocamos o nosso 6ule no corredor, e
ele, do 6alde sem 6ico, despe/a o ch3 para o 6ule, entornando1o ao lado na
passadeira) E todo o corredor est3 encerado como um hotel de primeira classe4C) E é
tudo como pitan+a) &s alimentos *uentes virão um atr3s do outro, 19 Fas onde é *ue
isto não se 2a>Y #esde h3 longos anos *ue o povo so2ria de 2ome) E todas estas
reparti+9es de ra+9es se 2a>iam tam6ém no exército) E os alemães, ouvindo1 nos das
suas trincheiras, parodiavam1nosJ 7.ara *uem esta ra+ãoY 1 .ara o respons3vel
pol-ticoX8 #e Ierlim, veio /untar1se1nos o 6i:logo (imo2eien1$essovsAi, a *uem /3
nos re2erimos) "unca ninguém se sentia tão o2endido como ele, na u6ianAa, por esses
derramamentos no solo) Via nisso um sintoma da 2alta de interesse pro2issional dos
carcereiros R6em como de todos n:sS pelo *ue estão 2a>endo) Fultiplicou vinte e
sete anos de exist0ncia da u6ianAa por setecentas e trinta ve>es ao ano, em cento e
on>e celas, e indignou1se por ter achado mais 23cil derramar 3gua 2ervida dois
milh9es cento e oitenta e oito mil ve>es no chão, e apanh31la com um trapo, do *ue
2a>er 6aldes com 6ico) A$DU'.E AB& #E BU AB 1Q@ , uma e ,s *uatro da tarde, e
depois horas de lem6ran+as) R'sso não é tam6ém por crueldadeJ a gente da co>inha
necessita de despachar1se depressa e de sair *uanto antes)S "ove horas) $onda da
manhã) Fuito antes, ouve1se dar voltas particularmente ruidosas ,s chaves, pancadas
extremamente 2ortes nas portas, e um dos tenentes de plantão dos andares entra, d3
dois passos na cela, empertigado, *uase em posi+ão de contin0ncia, e o6serva1nos
severamente, todos /3 de pé) R":s não ousamos lem6rar *ue os pol-ticos tinham o
direito de não se levantar)S ?ontar *uantos somos não é grande tra6alho, 6asta uma
olhadela, mas esse instante é uma prova para os nossos direitos, pois, se temos
alguns, não os conhecemos, e se não os conhecemos ele deve escond01los de n:s) (oda
a 2or+a da aprendi>agem da u6ianAa reside na completa mecani>a+ãoJ nem express9es,
nem anota+9es, nem uma palavra a mais) (odos os direitos *ue n:s conhecemos são os
de peti+ão escrita para a repara+ão do cal+ado e para ir ao médico) Fas, se te
chamarem ao médico, tu não te rego>i/ar3s, e o *ue te ir3 surpreender ser3, antes
de mais, essa mecani>a+ão pr:pria da u6ianAa) & olhar do médico não exprime
preocupa+ão, nem se*uer revela simples aten+ão) Ele não perguntaJ 7#e *ue se
*ueixaY8, pois a*ui é1se avaro de palavras e não se pode pronunciar esta 2rase sem
lhe dar 0n2ase) an+a apenasJ 7DueixasY8 %e tu te come+as a espraiar, tentando
explicar a doen+a, ele interrompe1teJ 7Est3 6em) Um denteY Extrai1se) &u então,
p9e1se arsénico) ?urasY A*ui não se 2a>em)8 R'sso aumentaria o n<mero de visitas e
criaria um am6iente *uase humano)S & médico da prisão é o melhor auxiliar do
comiss3rio e do verdugo) %e o preso *ue est3 a ser espancado volta a si, ainda por
terra, ouve a vo> do médicoJ 7.odem continuar, o pulso est3 normal)8 #epois de
cinco dias de cala6ou+o 2rio, o médico examina o corpo nu e entorpecido e di>J
7.odem continuar)8 %e te espancarem até , morte, ele assina um certi2icado de :
6itoJ morte por cirrose no 2-gadoW por en2arto) %e o chamam urgentemente para
assistir a um mori6undo na cela, ele não se apressa) E a*uele *ue se comportar de
outra maneira 1 esse não é mantido nas nossas pris9es) & dr) G) .) Baa> não poderia
tra6alhar a*ui) Fas o nosso galinha1choca est3 mais 6em in2ormado so6re os seus
direitos Rsegundo di>, h3 on>e meses *ue estão a instaurar1lhe o processoW os
interrogat:rios apenas se reali>am de diaS) Ei1lo *ue chama e pede uma entrevista
com o che2e da prisão) ?omo, ao che2e de toda a u6ianAaY %im) E inscrevem1no) RE
pela noite, depois da hora do sil0ncio, *uando todos os comiss3rios estão nos
respectivos ga6inetes, chamam1no e regressa provido de ta6aco) E um tra6alho
grosseiro, naturalmenteW mas, por en*uanto, não inventaram nada de melhor) .assar
sistematicamente , utili>a+ão de micro2ones tam6ém é uma enorme despesaJ não se
pode escutar durante dias inteiros cento e on>e celas) Due h31de 2a>er1seX &s
galinhas1chocas 2icam mais 6aratos e serão ainda utili>ados por muito tempo) Fas é
di2-cil a 1Q4 A$DU'.E AB& #E BU AB
=ramarenAo aguentar connosco) ]s ve>es 2ica a suar, escutando as nossas conversas e
pela sua expressão v01se *ue não compreende)S &utro direito aindaJ a li6erdade de
entregar re*uerimentos por escrito Rem troca da li6erdade de imprensa, de reunião e
de vota+ão, *ue perdemos ao deixar a vida livreXS #uas ve>es por m0s o guarda *ue
est3 de plantão de manhã perguntaJ 7Duem dese/a escrever solicita+9esY8 E inscreve
todos os *ue mani2estam tal dese/o) A meio do dia chamam1te para um cu6-culo
separado e 2echam1te) A- podes escrever a *uem *uiseresJ ao .ai dos .ovosW ao ?
omité ?entral do .artidoW ao %oviete %upremoW ao ministro IériaW ao ministro
A6aAumovW ao procurador1geralW , ?entral FilitarW , #irec+ão .risionalW , sec+ão de
instru+ão /udicialW e podes *ueixar1te da deten+ão, do comiss3rio, do che2e da
prisãoX Em *ual*uer caso, o teu pedido não ter3 0xito algum, nem se*uer ser3
ar*uivado, e o mais alto respons3vel *ue o vai ler ser3 o teu comiss3rio instrutor)
Entretanto, tu nada conseguir3s demonstrar) Fais aindaJ ele "i& & E$Z se*uer,
por*ue não pode l01lo auem *uer *ue se/a) "esse peda+o de papel, de 5 ! 1C cm, um
pouco maior o *ue o *ue te entregaram de manhã para a latrina, mal podes arranhar,
com uma caneta *ue6rada ou munida dum aparo torcido, metida num tinteiro cheio de
3gua e de 2arrapos, as letrasJ 7$EDUE$')))8 'mediatamente, elas se apagam no papel
grosseiro e 7FE"(&8 não ca6er3 se*uer na linha, en*uanto do outro lado da 2olha
tudo ressumou) .ode ser *ue ainda ha/a outros direitos, mas o guarda de plantão
silencia1os) (alve> não percas muito desconhecendo1os) A ronda aca6a de passar) &
dia come+a) J3 chegam os comiss3rios, alguns no edi2-cio) & guarda chama1os com
enorme mistérioJ ele di> apenas a primeira letra e do seguinte modoJ 7Duem come+a
por ?Y, *uem come+a por GY8, ou aindaJ 7Duem come+a por AY8 Voc0s devem dar provas
de prontidão e apresentar1se como v-timas) Esta regra 2oi adoptada contra poss-veis
erros dos guardasJ chamar alguém pelo apelido numa cela indevida e assim n:s
2icarmos a sa6er *uem est3 preso) Fas, mesmo separados e dispersos por toda a
cadeia, n:s não estamos privados de not-cias entre as celasJ ao darem entrada mais
presos, 6aralham1nos e cada um dos *ue são trans2eridos leva para a nova cela toda
a experi0ncia ad*uirida na anterior) Assim, estando no *uarto andar, tudo sa6emos
das celas da cave e das 6oxes do primeiro andar, acerca da escuridão do segundo,
onde se encontram agrupadas as mulheres, so6re a instala+ão de duas galerias do
*uinto e do n<mero mais alto das celas doa *uinto andarJ cento e on>e) Em 2rente da
cela onde eu estava, encontrava1se o escritor de crian+as Iondarine, *ue, até
então, tinha estado no andar das mulheres, com um correspondente polaco, *ue, por
sua ve>, havia estado com o marechal11de1campo Von .aulus 1 e todos os pormenores
so6re .aulus tam6ém n:s os conhec-amos41) b Von .aulus, general alemão, aprisionado
na 6atalha de Estalinegrado) R") dos ()S A$DU'.E AB& #E BU AB 1Q5 .assado o per-odo
das chamadas para os interrogat:rios, para a*ueles *ue 2icavam na cela a6ria1se um
longo e agrad3vel dia, rico de possi6ilidades e não demasiado o6scurecido pelas
o6riga+9es) Estas podem ca6er1nos, mas duas ve>es por m0s, como, por exemplo, a de
desin2ectar as camas com uma lLmpada de soldar Rna u6ianAa, os 2:s2oros são
categoricamente proi6idos, e para 2umar um cigarro temos de ter a paci0ncia de
levantar o dedo diante do postigo, pedindo 2ogo ao guarda, mas, *uanto ,s lLmpadas
de soldar, não, con2iam1nos1las tran*uilamenteS) (am6ém nos pode ca6er uma espécie
de direito, mas *ue muito se parece com uma o6riga+ãoJ uma ve> por semana
chamam1nos um por um ao corredor e ali, com uma m3*uina de cortar ca6elo, por
a2iar, 2a>em1nos a 6ar6a) &utra o6riga+ão é a de p_r a 6rilhar o soalho da cela)
RU)
es*uiva1se sempre a esse tra6alho, *ue considera humilhante, como *ual*uer outro)S
Gatigamo1nos muito, devido , 2ome, senão esta tare2a poderia inscrever1se talve>
até entre os direitos, tão alegre e sadia ela éX ?om os pés descal+os, a escova de
lustro para diante e o tronco para tr3s, e inversamente de tr3s para diante, não te
preocupes com nada maisX & soalho 2ica a 6rilhar como um espelhoX Uma prisão ,
.otemAineX #e resto, /3 não estamos tão apertados, como na nossa antiga cela
sessenta e sete) Em meados de Far+o, veio /untar1se1nos um sexto companheiro, e
como a*ui se desconhecem os 6eliches e não existe o costume de dormir no chão,
mudaram1nos com toda a e*uipa, para a linda cela cin*uenta e tr0s) R$ecomendo muito
a *uem nunca l3 esteve *ue a visiteXS "ão é uma celaX E um pal3cio tran*uilo,
destinado a dormit:rio para via/antes céle6resX A sociedade de seguros $<ssia44,
sem olhar a despesas de constru+ão, levantou nesta ala um andar com cinco metros de
altura) RDue 6elos 6eliches de *uatro andares a- teria constru-do o che2e da
contra1espionagem da 2rente, metendo l3, de 2orma garantida, uns cem homensXS E
a /anelaX Al1+ando1se so6re o parapeito, o guarda *uase não chega ao postigo, e uma
s: das vidra+as poderia servir de /anela para todo um *uarto) Apenas as 2olhas de
a+o, cravadas da morda+a, nos 2a>em recordar *ue não estamos num pal3cio) #e todas
as maneiras, nos dias claros, por cima dessa morda+a, chega até n:s, vindo do po+o
do p3tio da u6ianAa, e re2lectido por *ual*uer vidra+a do sexto ou do sétimo andar,
um p3lido raio de sol) Um verdadeiro Esta sociedade ad*uiriu um peda+o de terra
moscovita, propenso ao sangueJ do outro lado da $ua GurAassovsAi, perto da casa de
$ostoptchin, 2oi massacrado o inocente Vere1chaguin, em 1Q14, e em 2rente da Brande
u6ianAa vivia Re assassinava os seus servosS a criminosa %altitchiAha) r.or
Foscovo, redac+ão de ") A) BueiniA e outros) Foscovo, Editora %a6achniAov, 1915,
p3g) 4@1)S 1Q; A$DU'.E AB& #E BU AB coelhinho4@, este raio de sol, um ser vivo e
*ueridoX Acompanhamos carinhosamente o seu desli>ar pela parede, cada passo seu
est3 repleto de sentido, augura a aproxima+ão do passeio, conta uma a uma as v3rias
meias horas *ue 2altam para o almo+o, e antes de este chegar desaparece) #esse
modo, eis todas as nossas possi6ilidadesJ ir ao passeioX, ler um livroX, trocar
impress9es so6re o passadoX, escutar e aprenderX, discutir e educar1seX E, como
recompensa, haver3 ainda um almo+o de dois pratosX 'ncr-velX .ara os presos dos
tr0s primeiros andares da u6ianAa, o passeio é desagrad3velJ metem1nos num pe*ueno
p3tio in2erior, h<mido, no 2undo de um estreito po+o entre os edi2-cios da
cadeia) .elo contr3rio, os presos do *uarto e do *uinto andares são levados para um
ninho de 3guias, para um telhado do *uinto andar) E verdade *ue o chão é de
cimento, *ue as paredes são de 6etão, tendo a altura de tr0s homensW e havendo
/unto delas um) guarda desarmado, 6em como, de atalaia na torre, uma sentinela de
arma autom3tica, mas o ar é aut0ntico e aut0ntico é o céuX 7Fãos atr3s das costasX
Em 2ilas de doisX "ão conversarX "ão pararX8 %: se es*ueceram de proi6ir *ue se
levante a ca6e+aX E tu, naturalmente, levanta1la) A*ui podes ver, /3 não o re2lexo,
/3 não a imagem indirecta, mas o pr:prio %olX & pr:prio %ol, eternamente vivoX &u o
seu derramar dourado através das nuvens primaveris) A .rimavera promete a todos a
2elicidade, mas ao preso ainda de> ve>es maisX &hX & céu de A6rilX "ão importa *ue
eu este/a na prisãoX A mim, certamente, não me 2u>ilam) Em troca, hei1de tornar1me
a*ui mais inteligenteX ^ei1de compreender muita coisa, : ?éuX ?orrigirei ainda os
meus erros, não perante eles, mas perante ti, ?éuX A*ui, dei1me conta deles e
hei1de repar31losX
?hega até n:s, como provindo de uma cova pro2unda e long-n*ua, da .ra+a #>er/insAi,
o ininterrupto e a6a2ado coro das 6u>inas dos autom:veis) .ara a*ueles *ue marcham
ao som dessas 6u>inas, elas devem parecer1lhes a trom6eta do triun2o, mas da*ui
v01se claramente a sua insigni2icLncia) Vinte minutos apenas de passeio, mas
*uantas preocupa+9es em torno dele, para *uanta coisa h3 *ue 6uscar tempoX Em
primeiro lugar, é muito interessante, en*uanto te levam para l3 e te tra>em de
volta, compreender a disposi+ão de toda a cadeia, ver para onde dão estes
min<sculos p3tios suspensos, a 2im de *ue algum dia, *uando estiveres em li6erdade,
possas atravessar a pra+a e sa6er onde passavas) "o 4@ Am6iguidade conotativa, *ue
permite a %ol/enitsine um /ogo de signi2icantes e de signi2icados) Em russo,
>aitc6iA signi2ica 7raio de sol8, en*uanto o seu diminutivo, >aitcho1noA, signi2ica
7coelhinho))) R") dos ()S A$DU'.E AB& #E BU AB 1Q5 caminho damos muitas voltas e eu
invento este sistemaJ desde a cela, contar cada volta )para a direita como se 2osse
7mais um8 e cada volta para a es*uerda como se 2osse 7menos um8) .or muito
rapidamente *ue nos 2a+am dar as voltas, não é necess3rio apressares1te a
representar o percurso, 6astando1te tempo para contar a totalidade) E se, pelo
caminho, através de alguma /anela da escada, aperce6es o dorso das n3iadas da
u6ianAa, *ue se encostam a pe*uenas torres com colunas, dominando a mesma pra+a, e
te recordas do n<mero de voltas, atingida nessa altura, podes depois, na cela,
prientarte e sa6er para onde d3 a vossa /anela) Em seguida, no passeio, é preciso
simplesmente respirar, concentran1do1te o mais poss-vel) E tam6ém, nessa solidão
so6 a claridade do céu, imaginar a tua luminosa vida 2utura, sem pecados nem erros)
Fas é ainda a-, acima de tudo, o lugar mais prop-cio para 2alar so6re temas
pungentes) Em6ora no passeio se/a proi6ido conversar, isso não importa, é
necess3rio sa6er 2a>01lo, precisamente por*ue a- ninguém vos ouveW nem o
galinha1choca, nem os micro2ones) #urante o passeio, eu e %u>i procuramos 2ormar um
par) Galamos igualmente na cela, mas o mais importante gostamos de deix31lo para o
passeio) "o primeiro dia, não coincidimos, mas, pouco a pouco, come+amos a
a/ustar1nos, e ele /3 teve tempo de me di>er muitas coisas) ?om ele, ad*uiro uma
aptidão nova para mimJ a de paciente e conse*uentemente, aceitar tudo a*uilo *ue
nunca 2igurou nos meus planos e *ue, aparentemente, não tinha rela+ão alguma com a
linha claramente tra+ada da minha vida) #esde a in2Lncia *ue eu sei, ignoro de
onde, *ue o meu 2im é a hist:ria da revolu+ão russa e *ue o resto não me di>
inteiramente respeito) .ara a compreensão da revolu+ão russa h3 muito tempo *ue de
nada mais necessito, além do marxismoJ todos os corpos estranhos *ue se pegaram a
mim, cortei1os e voltei1lhes as costas) Fas o destino condu>iu1me /unto de %u>i,
*ue evoluiu numa es2era a6solutamente di2erente) Agora, ele 2ala1me com entusiasmo
de tudo o *ue é a sua vida, e esse tudo é a Est:nia e a democracia) Apesar de antes
nunca me ter passado pela ca6e+a interessar1me pela Est:nia, e ainda menos pela
democracia 6urguesa, eu escuto1o, escuto os seus relatos apaixonados so6re os vinte
anos de li6erdade desse pe*ueno povo la6orioso, pouco 6arulhento, de homens de
grande estatura e de uma lentidão e seriedade naturaisW escuto1o a expor1me os
princ-pios da ?onstitui+ão estoniana, inspirados na melhor experi0ncia europela, e
como ela 2uncionava no seu parlamento de uma s: ?Lmara e composta de cem deputadosW
e sem sa6er por*u0 come+o a gostar de tudo isso, tudo isso come+a a sedimentar1se
na minha experi0ncia44) .onho1me a penetrar, com interesse,
#epois, %u>i 2alar3 de mim nestes termosJ 7Era uma estranha mistura de marxista e
(iocrata)8 %im, estes dois aspectos uniram1se então em mim de 2orma extravagante)
1QQ A$DU'.E AB& #E BU AB na sua tr3gica hist:riaJ entre dois grandes martelos, o
teut:hico e o eslavo, est3 exposta, desde tempos imemoriais, a pe*uena 6igorna
estoniana) %o6re ela, am6os assestaram as suas pancadas, ora do oriente ora do
ocidente, alternadamente, não se vendo um 2im para esta alternativa, como ainda não
se v0 ho/e) E conhecida Rou melhor, completamente desconhecida)))S a hist:ria de
como n:s *uisemos tom31la irre2lectidamente de assalto em 191Q, sem *ue ela o
permitisse) Em seguida, 'udenitch despre>ou os seus ha6itantes, como se 2ossem
2inlandeses, e n:s trat3mo1los como 6andidos 6rancos) Duanto aos estudantes da
Est:nia, inscreveram1se como volunt3rios) Assestaram1lhe mais pancada em 194C, em
1941 e em 1944) Uma parte dos 2ilhos desse povo 2oi apanhada pelo exército russo, a
outra pelo exército alemão e a restante 2ugiu para o 6os*ue) &s velhos intelectuais
de (a1lin discutiam como sair desse maldito c-rculo, a2astar1se de *ual*uer maneira
e viver uma vida pr:priaJ por suposi+ão, ter (ii2 como primeiro11ministro e como
ministro da Educa+ão "acional, digamos, %u>i) Fas nem ?hurchill nem $oosevelt se
preocuparam com eles e, em troca, o6tiveram a solicitude do 7tio Jo8 RJoséS) Fal as
nossas tropas entraram no pa-s, todos esses sonhadores 2oram apanhados na primeira
noite, nos seus apartamentos de (alin) Agora, todos eles, uns *uin>e, se encontram
na prisão moscovita da u6ianAa, cada um em celas di2erentes e acusados, segundo o
artigo 5Q, do criminoso dese/o de autodetermina+ão) & regresso do passeio , cela
constitui sempre uma pe*uena deten+ão) Até na nossa cela de luxo o ar parecia
pesado, depois do recreio) Ah, como seria 6om petiscar algoX Fas não se pode, nem
vale a pena pensar nissoX Ai deles, se alguns dos *ue rece6iam pacotes de casa, sem
*ual*uer tacto, se punham a mostrar a sua comida 2ora do tempo e come+avam a comer)
(anto pior, isso 2ar1nos1ia agu+ar o nosso autodom-nioX Ai dele, se o autor de um
livro te 2a> uma partida e se p9e a descrever pormenori>adamente o sa6or da comidaX
Gora com esse livroX Gora com BogolX Gora tam6ém com (cheAhov, 2oraX ^3 neles
demasiada comidaX 7"ão tinha 2ome, mas, de *ual*uer maneira, 2oi comendo Ro 2ilho
da mãeXS uma por+ão de vitela e 6e6eu cerve/a)8 & *ue é preciso é uma leitura
espiritual) #ostoievsAi, por exemplo, eis *uem os presos devem lerX Fas,
permitam1me, esta passagem é deleJ 7As crian+as passavam 2ome, h3 /3 alguns dias
*ue nada viam além de pão e lingui+a)8 Fas a 6i6lioteca é o ornato da u6ianAa) E
certo *ue a 6i6liotec3ria é algo repulsivaJ uma rapariga loura, tipo cavalona, *ue
tudo 2a> para não parecer 6onita, com o seu rosto tão empoado *ue parece a m3scara
de uma 6oneca im:vel, de l36ios viol3ceos e de pestanas negras, depiladas) RA 2alar
verdade, isso di>1lhe respeito a ela, mas ser1nos1ia mais agrad3vel se nos
aparecesse uma /ovem vistosa) (alve> o che2e da u6ianAa tivesse levado tudo isso em
conta)S Fas *ue maravilhaJ cada de> dias, vindo 6uscar os livros, vai satis2a>endo
os nossos pedidosX Ela escuta, com essa mecani>a+ão inumana da u6ianAa, sem se
poder compreender se ouviu 6em os nomes e A$DU'.E AB& #E BU AB 1Q9 os t-tulos, ou
mesmo as nossas palavras) #epois sai) ":s passamos v3rias horas entre a in*uieta+ão
e a alegria) #urante esse tempo são 2olheados e veri2icados todos os livros *ue nos
2oram entreguesJ procura1se ver se deix3mos picadas ou pontos de6aixo das letras Ré
esse um processo de correspond0ncia dentro da prisãoS, ou se assinal3mos com a unha
as passagens de *ue mais gostamos) 'n*uietamo1nos com isso, em6ora não
se/amos culpados de nada) Eles podem vir e di>er *ue 2oram desco6ertos pontos, e,
como sempre, terão ra>ão, como sempre não terão necessidade de provas e 2icaremos
privados, durante tr0s meses, de livros, se é *ue não trans2erem toda a cela para
os cala6ou+os) E são estes os melhores e os mais radiosos meses prisionais,
en*uanto não nos enterram na cova de um campo de tra6alhoX ?omo é doloroso ter de
passar sem livrosX ":s não tememos apenas, estremecemos, tal como na adolesc0ncia
ao mandar uma carta de amor e ao esperar a resposta) Vir3 ou nãoY E *ual ser3Y
Ginalmente, tra>em os livros, o *ue condicionar3 os de> dias *ue vão seguir1seJ
iremos intensi2icar mais a leitura ou, então, se não t0m interesse, devolvemo1los,
passando a 2alar mais) (ra>er tantos livros *uantas pessoas h3 na cela, é o c3lculo
de um cortador de pão e não de uma 6i6liotec3riaJ não um para cada, mas seis para
seisX As celas onde h3 muitos presos 2icam a ganhar) x ]s ve>es, a rapariga cumpre
os nossos pedidos maravilhosamenteX Fas outros desdenha1os e, contudo, isso
torna1se interessante) .or*ue a pr:pria 6i6lioteca da u6ianAa é <nica no género) ?
ertamente *ue os livros prov0m de 6i6liotecas particulares apreendidasW os
6i6li:2ilos *ue os coleccionaram /3 entregaram a alma a #eus) Fas o principal é
*ue, tendo censurado e castrado, em geral, durante décadas, as 6i6liotecas do pa-s,
a %eguran+a do Estado se es*ueceu de o 2a>er no seu pr:prio seioJ e, a*ui, no seu
covil, podia1se ler Uamiatin, .ilniaA, .anteleimon $omanov e *ual*uer tomo de
Fere/AovsAi) RAlguns pilheriavam, di>endoJ 7?onsideram1nos aca6ados e é por isso
*ue nos dão a ler o *ue é proi6ido)8 Eu penso *ue as 6i6liotec3rias da u6ianAa não
tinham ideia do *ue nos emprestavamJ tratava1se de pregui+a e de ignorLncia)S "as
horas *ue precedem as re2ei+9es, l01se muito) Fas uma 2rase pode 2a>er1te saltar,
correr da /anela para a porta e da porta para a /anela) %entes dese/o de mostrar a
alguém o *ue leste, o *ue da- se depreende, e surge uma discussão) As discuss9es
são tam6ém agudas, nesse tempoX Gre*uentemente, enred3vamo1nos em discuss9es com
Kuri E) "a*uela manhã de Far+o, *uando nos trans2eriram os cinco da cela ao pal3cio
cin*uenta e tr0s, meteram ali connosco um sexto preso) Ele entrou como uma som6ra,
sem tocar com as 6otas no chão) Entrou, 19C A$DU'.E AB& #E BU AB mas inseguro de
poder suster1se de pé,e apoiou as costas contra a coluna da porta) "a cela /3 não
estava acesa a lLmpada e a lu> matinal era ne6ulosaW entretanto, o novato não
olhava com os olhos a6ertos , semicerrava1os) E não di>ia palavra) & tecido do seu
casaco militar e as suas cal+as não permitia inclu-1lo nem no exército soviético,
nem no alemão, nem no polaco, nem no ingl0s) A 2orma do seu rosto era alongada e
pouco tinha de russo) E *ue magro estavaX #e tão esguio, parecia mais alto)
Gi>eram1lhe perguntas em russo, mas não respondeu) %u>i interrogou1o em alemãoJ
tão1 pouco respondeu) #irigiu1se em seguida a ele em ingl0s, e manteve1se calado)
Bradualmente, no seu rosto amarelado e extenuado de semicad3ver, 2oi despontando um
sorriso, um sorriso como nunca tinha visto em toda a minha vidaX 7Ben1te)))8,
pronunciou, como se voltasse a si mesmo depois de um desmaio ou como se tivesse
passado a noite , espera do 2u>ilamento) E estendeu a sua dé6il e es*u3lida mão)
"ela segurava uma pe*uena trouxa) & nosso galinha1choca, *ue tinha /3 compreendido
do *ue se tratava, apressou1se a agarr31la e desatou1a so6re a mesa) ^avia ali uns
du>entos gramas de ta6aco ligeiro, e ele enrolou logo um enorme cigarro para si)
Goi assim *ue apareceu entre n:s Kuri "iAolaievitch E), depois de ter sido mantido
durante tr0s semanas numa enxovia da cave)b
#urante o per-odo dos incidentes nos caminhos de 2erro da ?hina &riental, em 1949,
cantava1se em todo o pa-s a can+ãoJ Varrendo com o seu peito de a+o os inimigos A
vinte e sete monta a guarda) & comandante de artilharia da divisão vinte e sete de
atiradores, constitu-da ainda no tempo da guerra civil, era o o2icial do antigo
exército c>arista, "iAolai E) Reu recordava1 me deste apelidoW tinha1o visto entre
os autores do nosso manual de artilhariaS) "um vagão de mercadorias, a2ecto ao
transporte de passageiros, ele percorria, com a sua insepar3vel esposa, o Volga e o
Ural, ora para leste, ora para oeste) "esse vagão passou os seus primeiros anos, e,
igualmente, o seu 2ilho Kuri, nascido em 1915, contemporLneo da $evolu+ão) #esde
essa época long-n*ua o seu pai radicou1se na Academia de eninegrado, onde vivia
desa2ogadamente e como personalidade importante, tendo o seu 2ilho terminado a
escola de *uadros de comando) #urante a guerra russo12inlandesa, *uando Kuri ardia
no dese/o de lutar pela p3tria, os amigos do pai enviaram1no, como a/udante, para o
Estado1Faior do Exército) Kuri não teve ocasião de arrastar1se até ,s 2orti2ica+9es
2inlandesas, nem de cair no cerco da contra1espionagem, nem de enregelar1se na
neve, so6 as 6alas dos 2rancos1atiradores) Fas a &rdem da Iandeira Vermelha 1 não
*ual*uer outraX 1 veio1lhe cair delicadamente no peito) Assim, A$DU'.E AB& #E BU AB
191 terminou a guerra 2inlandesa com a consci0ncia de nela haver tido um
comportamento /usto e <til) Fas a guerra seguinte não a p_de passar tão 6em) A
6ateria *ue estava so6 o seu comando viu1se cercada na >ona de uga) Andaram ,
deriva, ca+aram1nos e aprisionaram1nos) Kuri 2oi parar ao campo de concentra+ão
alemão dos o2iciais na >ona de Vilnius) "a vida de cada um h3 sempre um
acontecimento *ue se torna decisivo para o seu destino, para as suas convic+9es e
as suas paix9es) &s dois anos *ue passou nesse campo a6alaram Kuri) & *ue era tal
campo, não seria poss-vel exprimi1lo com simples palavras, nem analis31lo com
silogismosJ haveria *ue morrer l3 e s: *uem não morria era capa> de tirar
conclus9es) Duem podia so6reviver eram os impedidos, pol-cias internos do campo,
recrutados entre os nossos) ?omo se compreende, Kuri não se tornou impedido) .odiam
so6reviver ainda os co>inheiros e tam6ém os intérpretesJ esses eram procurados)
Ele, *ue dominava per2eitamente o alemão, ocultou tal 2acto) Viu logo *ue, en*uanto
intérprete, teria de entregar os seus) .odia demorar a sua morte a6rindo covas, mas
havia outros mais 2ortes e mais ha6ilidosos do *ue ele) Kuri declarou *ue era
pintor) E2ectivamente, no Lm6ito da sua educa+ão multi2orme, rece6era li+9es de
pintura, e não pintava mal a :leo) %: o dese/o de seguir a carreira do pai, de *ue
sentia orgulho, o impediu de 2re*uentar a Escola de Ielas1Artes) Juntamente com um
velho pintor Rlamento não recordar1me do seu nomeS levaram1no para uma ca6ina
isolada numa 6arraca, e, ali, Kuri pintava de gra+a para os comandantes alemães uma
série de *uadrosJ o 6an*uete de "ero, um coro de el2os) Em troca, levavam1lhe
comida) A*uela 6e6eragem, pela *ual os o2iciais prisioneiros 2a>iam 6icha, com as
suas marmitas, ,s seis da manhã, en*uanto os impedidos lhes 6atiam com paus e os
co>inheiros com seus colher9es) Ie6eragem essa *ue era insu2iciente para manter um
homem vivo) .elas tardes, Kuri, da /anela da ca6ina, visuali>ava o <nico *uadro,
para o *ual lhe dera voca+ão a arte do pincelJ a névoa pairando so6re o prado /unto
do pLntano, o prado cercado de arame 2arpado, com um sem1n<mero de 2ogueiras
ardendo, e, , volta das 2ogueiras, o *ue restava dos antigos o2iciais russosJ seres
agora semelhantes a 2eras, roendo os ossos de cavalos mortos, 2a>endo 6olachas de
cascas de 6atata, rumando
esterco e remexendo1se todos devido aos piolhos) "em todos esses 6-pedes tinham
ainda morrido) "em todos haviam perdido ainda o dom do discurso coerente e, so6 os
re2lexos purp<reos das chamas, via1se como uma intelig0ncia tardia despontava
na*ueles rostos *ue remontavam ao ^omem de "eanderthal) A 6oca tornava1se1lhe
amargaX A vida *ue Kuri conservava /3 nem lhe a *uerida em si mesma) Ele não é
da*ueles *ue aceitam 2acilmente es*uecer) "ão, h31de so6reviver e tirar conclus9es)
Ja todos eles sa6em *ue a *uestão não depende dos alemães, ou apenas e alemães, e
*ue entre os prisioneiros de numerosas nacionalidades s: os 194 A$DU'.E AB& #E BU
AB soviéticos vivem e morrem assim, ninguém est3 em pior situa+ão) &s polacos e
os /ugoslavos, inclusive, são tratados de modo muito insuport3vel) Duanto aos
ingleses e aos noruegueses, estão inundados de pacotes da ?ru> Vermelha
'nternacional, e enviados pela 2am-lia, não indo simplesmente rece6er o
racionamento alemão) %e os acampamentos 2icam ao lado uns dos outros, os aliados,
por 6ondade, arremessam1nos esmolas através do arame 2arpado, e os nossos
lan+am1se1lhes como sete cães a um osso) %ão os russos *ue suportam toda a guerraW
são os russos *ue t0m esse destino) .or*u0Y #a*ui e dali vão chegando as
explica+9esJ a U)$)%)%) não reconhece a ?onven+ão da ^aia so6re os prisioneiros,
assinada pela $<ssia, isto é, não assume nenhumas o6riga+9es *uanto ao tratamento
dos prisioneiros e não pretende de2ender os seus *ue ca-ram no cativeiro45) A U)$)
%)%) não reconhece a ?ru> Vermelha 'nternacional) A U)$)%)%) não reconhece os seus
soldados de ontemJ não lhe convém prestar1lhes a/uda no cativeiro) & cora+ão do
nosso entusiasta contemporLneo da $evolu+ão de &utu6ro gela1se) Ali, na ca6ina da
6arraca, entra em con2lito e discute com o velho pintor Raté então, Kuri tinha
di2iculdade em admitir a*uilo, mas o velho ia pondo a verdade a nu, camada ap:s
camadaS) & *u0Y %talineY "ão ser3 exagerado atri6uir tudo a %taline, ,s suas mãos
tão curtasY (odo a*uele *ue s: tira metade das conclus9es não tira, geralmente,
conclus9es algumas) E os outrosY &s *ue cercavam %taline, os *ue planavam mais
a6aixo, e os *ue, distri6u-dos por toda a p3tria, tinham permissão de 2alar em seu
nomeY E como se h31de reagir com /usti+a *uando a nossa mãe nos vendeu aos ciganos,
ou, pior ainda, nos atirou aos cãesY Acaso continua a ser mãeY %e a nossa mulher
anda a correr as ruas, acaso estamos ligados ainda a ela por 2idelidadeY A p3tria
*ue traiu os seus soldados é porventura uma p3triaY )))?omo tudo se trans2ormou
para KuriX Ele admirava o pai 1 e passou a amaldi+o31loX .ela primeira ve>, pensou
*ue ele tinha tra-do, na realidade, o /uramento do exército em *ue se criara, e
isso para esta6elecer este mesmo regime, *ue tra-a agora os seus pr:prios soldados)
E por*ue é *ue o /uramento de Kuri o devia vincular a um regime assim traidorY
Duando, na .rimavera de 194@, chegaram ao campo os recrutadores das primeiras
7legi9es8 6ielorrussas, um ou outro alistou1se para se salvar da 2ome) Fas E) 201lo
com 2irme>a e lucide>) "ão se demorou muito tempo na legiãoJ *uando te arrancam a
pele, não tens de chorar pela lã) Kuri dei1 45 %: em 1955 reconhecemos esta
conven+ão) #e resto, /3 em 1915, Felgunov nota no seu di3rio *ue corre o I&A(& de
*ue a U)$)%)%) não permite *ue se preste a/uda aos seus soldados prisioneiros na
Alemanha, e de *ue eles vivem pior *ue os de todos os aliados) 'sso para *ue não
ha/a I&A(&% so6re a 6oa vida dos prisioneiros e estes não se
entreguem tão gostosamente) ^3 certa continuidade de ideias) R%) .) Felgunov,
$ecorda+9es e #i3rios, vol) ', .aris, 19;4, p3ginas 199 e 4C@)S A$DU'.E AB& #E BU
AB 19@ xou de ocultar o seu conhecimento da l-ngua germLnica, e logo um certo ?^EGE
alemão, dos arredores de =assen, *ue tinha sido designado para criar uma escola de
espi9es de 2orma+ão acelerada, o recrutou como seu 6ra+o direito) Assim, come+ou um
desli>e *ue Kuri não tinha previsto, assim se 2oi operando uma mudan+a) Ele ardia
no dese/o de li6ertar a sua p3tria e puseram1no a preparar espi9es alemães para
com6ater os seus) &nde estava o limiteY))) A partir de *ue momento se não pode ir
demasiado longeY Kuri passou a ser tenente do exército alemão) ?om a 2arda alemã,
ele percorria toda a Alemanha, ia a Ierlim, visitava os emigrados russos, lia os
livros *ue dantes não lhe eram acess-veisJ Iunine, "a6oAov, Aldanov,
Am2i1teatrov))) Kur esperava *ue em todos eles, em Iunine por exemplo, 6rotasse a
cada p3gina o sangue das 2eridas vivas da $<ssia) Fas o *ue é *ue sucediaY Em *ue
delapidavam eles a sua inapreci3vel li6erdadeY Uma ve> mais a descrever o corpo
2eminino, a explosão das paix9es, o p_r do %ol, a 6ele>a das ca6e+as no6res, 6em
como a contar anedotas esta2adas dos anos long-n*uos) Eles escreviam como se
nenhuma revolu+ão se tivesse veri2icado na $<ssia ou como se 2osse /3 demasiado
inacess-vel a eles explic31la) #eixavam aos /ovens o cuidado de se orientar na
vida) Assim se agitava KuriJ tinha Lnsia de ver, de conhecer e, entretanto, segundo
a tradi+ão russa, a2ogava cada ve> mais a sua con2usão na vodca) & *ue era a*uela
escola de espionagemY "ada tinha de uma escola verdadeira, naturalmente) Em seis
meses s: lhes puderam ensinar a dominar o p3ra1*uedas, a 2a>er uso de explosivos e
a transmitir mensagens pela r3dio) "ão con2iavam muito neles, porém) an+avam1nos a
pretexto de insu2lar Lnimo) Fas para os mori6undos prisioneiros de guerra russos,
a6andonados, sem esperan+a, essas escola>inhas, na opinião de Kuri, eram uma 6oa
sa-daJ os rapa>es comiam, vestiam roupas de a6a2o novas, e, ainda por cima,
recheavam as algi6eiras de dinheiro soviético) (anto os alunos como os pro2essores
2ingiam *ue tudo se passaria como previstoJ *ue na retaguarda soviética 2ariam
espionagem, dinamitariam os o6/ectivos designados, esta6eleceriam liga+9es pelo
c:digo da r3dio e regressariam outra ve>) "o entanto, através dessa escola, eles
*ueriam simplesmente escapar , morte e ao cativeiro, dese/ando 2icar vivos, mas não
ao pre+o de dispararem contra os seus na 2rente4;) Ga>iam1nos passar a linha da
2rente, e, logo adiante, a li6erdade de escolha dependia do seu car3cter e da sua
consci0ncia) 'mediatamente todos a6andonavam os explosivos e a r3dio) A di2eren+a
consistia apenas nistoJ uns entregavam1se sem mais ,s autoridades Rco1 4;
"aturalmente, os nossos investigadores não admitiam tais ra>9es) Due direito tinham
eles de viver, *uando as 2am-lias dos privilegiados, na retaguarda soviética, mesmo
sem isso, viviam 6emY "ão se lhes reconheceu nenhuma atenuante pelo 2acto de se
recusarem a .egar na cara6ina alemã) #evido ao seu 2also /ogo de espionagem
aplicaram1lhes o grave artigo 5!1;, com a agravante da inten+ão de sa6otagem) 'sto
signi2icava guard31los na cadeia até a morte) 194 A$DU'.E AB& #E BU AB mo este
7espião8 de nari> chato, encontrado no servi+o de contra11espionagem do exércitoS,
outros iam para a 2arra com o dinheiro) "unca nenhum deles voltou atr3s, através da
2rente, a entregar1se novamente aos alemães) ` Fas um 6elo dia, em 1945, um rapa>
viva+o regressou, in2ormando de *ueatinha reali>ado a tare2a Ride l3 veri2ic31loXS)
Era um 2acto invulgar) & che2e não teve d<vidas de *ue ele tinha sido enviado pela
contra1espio1nagem %merch e decidiu 2u>il31lo Ré esse o destino de um espião
escrupulosoXS) Fas Kuri insistiu em *ue, pelo contr3rio, era
necess3rio condecor31lo e apresent31lo aos alunos) &ra o espião aca6ado de
regressar prop_s a Kuri *ue 2ossem 6e6er uns copos e, todo corado, inclinando1se
para a mesa, se1 gredou1lheJ 7Kuri "iAolaievitchX & comando soviético promete1lhe o
perdão se voc0 se passar agora connosco)8 Kuri estremeceu) & seu cora+ão, /3
endurecido, *ue a tudo tinha renunciado, encheu1se de calor) A p3triaY Era maldita,
in/usta, mas, de todas as maneiras, *ueridaX ?oncediam1 lhe o perdãoY))) E poderia
regressar , 2am-liaY E passear por =amennostrovY .ois 6em, realmente somos russosX
%e nos perdoam, voltaremos e hão1de ver como ainda seremos 6ons cidadãosX ))) Esse
ano e meio passados, desde *ue sa-ra do campo, não proporcionara a 2elicidade a
Kuri) Ele não se arrependia, mas não via nenhum 2uturo diante dele) $eunindo1se a
6e6er vodca com outros russos, tão 2alhos de arrependimento como ele, sentiam
todos, claramente, *ue lhes 2altava um ponto de apoio, *ue, de todas as maneiras, a
vida deles era 2alsa) &s alemães mane/avam1nos , sua maneira) Agora *ue a guerra
estava claramente perdida para eles, tinha aparecido a Kuri uma sa-daJ o che2e
gostava dele e disse1lhe *ue possu-a uma propriedade na Espanha, para onde, logo
*ue o império ardesse, eles se escapariam os dois) E eis *ue, sentado diante dele,
estava um compatriota em6riagado e,arriscando a vida ele pr:prio, o tentava através
da mesaJ 7Kuri "iAolaievitchY, o comando soviético aprecia a sua experi0ncia e os
seus conhecimentos e *uer utili>31los para conhecer a organi>a+ão da
contra1espionagem alemã)))8 As vacila+9es roeram E) durante duas semanas) Fas,
*uando depois da o2ensiva soviética para l3 do V-stula, devia trans2erir a sua
escola para o interior, ele ordenou *ue dessem a volta por uma tran*uila gran/a
polaca, mandou 2ormar os alunos da escola e declarouJ 7Eu passo1me para o lado
soviéticoX ?ada um é livre de escolherX8 E esses inexperientes aprendi>es de
espi9es, ainda com leite no nari>, *ue uma hora antes eram leais ao reich alemão,
6radaram entusiasmadosJ 7^urraX (am6ém n:))) :))) :sX8 REles vitoriavam os seus
2uturos tra6alhos 2or+ados)))S Então, a sua escola de espionagem ocultou1se até ,
chegada dos tan*ues soviéticos e depois veio a contra1espionagem %merch) Kuri /3
não voltou a ver os seus rapa>es) 'solaram1no durante de> dias e o6rigaram1no a
descrever toda a hist:ria da escola, os programas, as tare2as diversionistas) Ele
pensava realmente *ue a sua 7experi0ncia e conhecimentos8))) Estava1 A$DU'.E AB& #E
BU AB 195 1se mesmo a discutir o pro6lema da sua ida a casa, para visitar a 2am-
lia) E s: na u6ianAa ele compreendeu *ue, mesmo em %alamanca, estaria mais perto do
rio "eva))) .odia 2icar a aguardar o 2u>ilamento, ou então uma senten+a de vinte
anos) A es2umada imagem da terra p3tria 2a> com *ue uma pessoa se deixe enganar
irremediavelmente))) Assim como um dente não cessa de doer, en*uanto não se matar o
seu nervo, tam6ém n:s, evidentemente, não deixamos de sentir o apelo da p3tria até
ao dia em *ue engolimos o arsénico) &s lot:2agos da &disseia conheciam certa 2lor
de l:tus, apropriada para isso))) Kuri esteve tr0s semanas na nossa cela) #urante
todo esse tempo discutimos com ele) Eu di>ia *ue a nossa $evolu+ão era magn-2ica
e /usta e *ue apenas tinha sido horr-vel a sua de2orma+ão em 1949) Ele olhava1me
com pena e mordia os seus l36ios nervososJ antes de empreender a $evolu+ão devia1se
ter limpo o pa-s dos perceve/osX R"isto havia estranhamente uma certa coincid0ncia
com GastenAo, em6ora procedessem de pontos de partida di2erentes)S Eu di>ia *ue
durante longo tempo s: pessoas de inten+9es su6limes e de todo em todo a6negadas
tinham dirigido as *uest9es importantes no nosso pa-s) Ele a2irmava *ue eram da
mesma t0mpera de %taline, logo desde o come+o) R%o6re o 2acto
de *ue %taline era um 6andido, não diverg-amos)S Eu tinha uma grande estima por
BorAi) Due esp-rito tão l<cidoX Due concep+9es tão /ustasX Due not3vel artistaX Ele
interrompia1meJ era uma personalidade insigni2icante e a6orrecidaX Ga6ricou a sua
pr:pria personagem da mesma 2orma *ue inventou os seus her:is) (odos os seus livros
são 2a6ricados do princ-pio ao 2im, até , medula) eão (olstoi, esse sim, é o rei da
nossa literaturaX .or causa destas discuss9es di3rias, acaloradas devido , nossa
/uventude, não sou6emos aproximar1nos e o6servar1nos mais, em ve> de nos negarmos
um ao outro) evaram1no da cela e, desde então, por mais *ue tenha perguntado,
ninguém me sou6e dar not-cias dele na cadeia de IutirAi e ninguém o encontrou nos
c3rceres de trLnsito) Até os soldados rasos de Vlassov desapareceram sem deixar
vest-gios Ro *ue é mais certo da terraS, 2ora a*ueles *ue não possuem documentos
para sair dos rec_nditos cantos do "orte) & destino de Kuri E) não era o de um
soldado raso) Ginalmente, chegou a comida da prisão) Fuito antes, ouv-amos o alegre
tilintar no corredor, depois tra>iam1nos, no estilo de restaurante, uma travessa
para cada um, com dois pratos de alum-nio Rnão havia tigelasSJ uma colherada de
sopa e outra de papas aguadas e sem gordura) #urante as primeiras emo+9es, ao
acusado nada lhe entra pela gargan1 19; A$DU'.E AB& #E BU AB ta) Alguns, durante
dias, não tocam no pão e não sa6em onde met01lo) Fas o apetite, gradualmente, vai
regressando, e depois a sensa+ão de 2ome permanente condu> , avide>) ?om o tempo,
se a gente consegue moderar1se, adapta1se , 2rugalidade, e a pouca alimenta+ão *ue
a*ui nos dão consegue chegar , /usta) .ara isso é necess3ria uma auto1educa+ão *ue
2a+a perder o h36ito de olhar de soslaio para *uem come algo mais e consiga p_r de
parte as conversas, repletas de perigo, so6re a comida, elevando1se o mais poss-vel
,s altas es2eras) "a u6ianAa isto é 2acilitado pela licen+a de estar deitado duas
horas depois do almo+o, o *ue é ainda algo *ue lem6ra a maravilha de uma casa de
repouso) #eitamo1nos de costas voltadas para a 2enda da porta, a6rimos um livro
para dis2ar+ar e dormitamos) .ropriamente 2alando é proi6ido dormir, e os guardas
espreitam com insist0ncia para ver se voltamos as 2olhas do livro, mas,
ha6itualmente a estas horas não costumam tocar , porta) RA explica+ão deste
humanitarismo reside no 2acto de *ue a*ueles *ue estão proi6idos de descansar se
encontram nessa altura no interrogat:rio diurno) .ara os teimosos *ue não assinam
os autos e não reconhecem as culpas, o contraste é maiorJ *uando regressam /3 est3
a aca6ar a hora de descanso)S , & sono é o melhor remédio contra a 2ome e contra a
depressãoJ o organismo não se desgasta e o cére6ro não 2a> passar e repassar os
erros cometidos) Entretanto, chega a hora do /antarJ mais outra colherada de papas)
A vida apressa1se a o2erecer1te todos os seus dons) Agora 2altam cinco a seis horas
e até ao aviso do sil0ncio nada levas , 6oca, mas isso /3 não é tão terr-velJ é
23cil acostumar1se a não dese/ar comer de noite 1 processo desde h3 muito conhecido
pela medicina militarJ nos regimentos de reserva tam6ém não dão de comer , noite)
Então aproxima1se a hora de ir , latrina, pela *ual é prov3vel *ue tenhas esperado
e estremecido todo o dia) Due aliviada 2ica de repente toda a genteX ?omo de s<6ito
se simpli2icam todos os grandes pro6lemas) J3 notaram isso, não é verdadeY AhX As
noites imponder3veis da u6ianAaX R?ontudo, imponder3veis somente se não te aguarda
o interrogat:rio nocturno)))S E como se o corpo não tivesse peso, satis2eito com as
papas, na exacta medida *ue permite , alma deixar de sentir a sua opressão) Due
leves e livres pensamentosX .arece *ue nos elevamos até ,s alturas do %inai, e *ue
ali,
por entre as chamas, nos surge a apari+ão da verdade) %im, devia ser com isto *ue
sonhava .uschAhineJ Duero viver, para pensar e so2rerX E n:s so2remos e pensamos,
mas nada mais h3 na nossa vida) Due 23cil se tornou atingir esse ideal)))
"aturalmente, discutimos ao longo das noites, distraindo1nos da parti1 A$DU'.E AB&
#E BU AB 195 da de xadre> com %u>- e dos livros) Entramos de novo mais 2ogosamente
em cho*ue com E), pois os pro6lemas são mais explosivos, por exemploJ a *uestão do
2im da guerra) E eis *ue o guarda entra na cela, sem palavras e sem expressão,
6aixando o estore a>ul de camu2lagem da /anela) Agora, por detr3s do estore, a
Foscovo nocturna come+a a disparar salvas de artilharia45) "ão vemos o 2ogo no céu,
como não vemos o mapa da Europa, mas tentamos imagin31lo nos seus pormenores,
adivinhando *uais as cidades tomadas) Kuri, particularmente, 2ica 2ulo com essas
salvas) 'nvocando o destino para corrigir os erros por si cometidos, ele a2irma *ue
a guerra não aca6a de modo algum, *ue é agora *ue o Exército Vermelho e os
an1gio1americanos vão atirar1se uns contra os outros, e, s: então, come+ar3 a
verdadeira guerra) A cela mani2esta um 3vido interesse por esse press3gio) E como
terminar3Y Kuri assegura *ue com uma ligeira derrota do Exército Vermelho Re
portanto com a nossa li6erta+ão ou o nosso 2u>ilamentoS) A*ui, eu protesto e
discutimos 2uriosamente) &s seus argumentos consistem em *ue o nosso exército est3
deveras extenuado, de6ilitado, mal a6astecido so6retudo, e *ue contra os aliados /3
não com6ater3 com tal 2irme>a) .elo exemplo das unidades *ue conhe+o, eu a2irmo *ue
o exército não se encontra tão extenuado como isso, *ue acumulou experi0ncia e *ue
actualmente est3 repleto de 2or+a e de 2<ria, indo nessa hip:tese despeda+ar os
aliados com mais limpe>a ainda do *ue aos alemães) 7"uncaX8, grita lmas em tom de
murm<rioS Kuri) 7E as ArdenasY8, grito eu Rtam6ém semi1murmurandoS) GastenAo
intervém, ridiculari>ando1nos, di>endo *ue não compreendemos o &cidente, *ue não h3
*uem o6rigue agora as tropas aliadas a lutar contra n:s) E todavia, pela noite,
sentimos menos dese/o de discutir do *ue de ouvir algo de interessante e até de
conciliador, 2alando todos cordatamente) Um dos temas pre2eridos na prisão é a
conversa so6re as tradi+9es carcer3rias, so6re como eram as coisas antes) GastenAo
encontra1se entre n:s e por isso ouvimos esses relatos de prineira 2onte) & *ue
mais nos comove é *ue dantes, ser preso pol-tico era um motivo de orgulho) "ão
somente as 2am-lias não renegavam o preso, como 1unhem muitas /ovens desconhecidas,
2a>endo1se passar por noivas, conseguiam 2a>er1lhes visitas) E a velha e universal
tradi+ão do envio de em6rulhos nas 2estasY "inguém na $<ssia come+ava a 2este/ar
a .3scoa sem levar pacotes a presos desconhecidos, destinados ao comum ca6a>
prisional, dam presuntos de "atal, pastéis de massa, empad9es, 2olares) Dual*uer
po6re velhota levava uma de>ena de ovos pintados, partindo com o cora+ão mais
aliviado) &nde desapareceu esta 6ondade russaY Goi su6stitu-da .ela consci0ncia
pol-tica) Due trans2orma+ão 6rusca e irrevog3vel aterrori>ou assim o nosso povo, ao
ponto de o desa6ituar de mani2estar o seu desvelo estas salvas destinavam1se a
comemorar as vit:rias do exército soviético, sendo por ve>es acompanhadas de
2ogo1dc1arti2-cio) 2,g) 1PC5 ()W 19Q A$DU'.E AB& #E BU AB velo pelos *ue so2remY
Agora isso seria considerado como algo de desvairado) Due se tente propor em
*ual*uer institui+ão uma angaria+ão de 2undos para a 2esta os presos da
cadeia localX 'sso ser3 tomado *uase como uma insurrei+ão anti1soviéticaX Até *ue
grau chegou a nossa 2erocidadeX Pb E *ue representavam esses presentes 2estivos
para os presosY Assiso s: uma comida sa6orosaY "ão) Eles tradu>iam o c3lido
sentimento de *ue os *ue estavam em li6erdade pensavam e se preocupavam contigo)
GastenAo conta1nos *ue mesmo durante o poder soviético existiu a ?ru> Vermelha .ol-
tica) J3 não digo *ue se/a imposs-vel para n:s acreditar nisso, mas torna1se1nos
di2-cil imagin31lo) Ele explica1nos *ue E) .) .echAo1va4Q, utili>ando a sua
imunidade pessoal, via/ava no estrangeiro, angariava dinheiro Rno nosso pa-s não
poderia angariar muitoS, sendo depois comprados a*ui artigos para os presos pol-
ticos *ue não tinham 2am-lia) .ara todos os pol-ticosY A*ui cumpria esclarecerJ
não, não para os contra11 revolucion3rios Rpor exemplo, os engenheiros, os
religiososS, mas s: para os antigos mem6ros de partidos pol-ticos) AhX, 6omX, era
preciso t01lo ditoX ))) Fas, de resto, a pr:pria ?ru> Vermelha, , excep+ão de E) .)
.echAo1va, 2oi no essencial encarcerada))) &utro tema de *ue é agrad3vel 2alar pela
noite, *uando não se est3 , espera de um interrogat:rio, é a li6erta+ão) %im,
di>1se *ue se veri2icam casos surpreendentes *uando alguém é li6ertado) evaram da
nossa cela, U) 7com os seus o6/ectos pessoais8) (eria ele 2icado de um momento para
o outro em li6erdadeY A 2orma+ão do processo não podia terminar tão depressa) R#e>
dias depois, ei1lo *ue regressaJ levaram1no para e2ortovo) A-, pelos vistos, ele
come+ou rapidamente a assinar e trouxeram1no outra ve> para a*ui)S 7%e acaso te
puserem em li6erdade, escuta, o teu caso, tu mesmo o di>es, é uma 6agatela T então
promete1me *ue ir3s ver a minha mulher e como prova disso ela *ue me mande num
pacote, digamos, duas ma+ãs)))8 1 7Agora não h3 ma+ãs em parte alguma)8 1 7Então,
tr0s 6iscoitos)8 T 7.ode suceder *ue não ha/a 6iscoitos em Foscovo)8 T 7Iom, então
servem *uatro 6atatas)8 RGacto extraordin3rio e admir3velJ levaram e2ectivamente ")
e, como 2ora com6inado, F) rece6eu *uatro 6atatasX 'sso prova *ue 2oi li6ertado)
&ra o seu caso é muito mais sério do *ue o meu, pode ser *ue tam6ém me soltem
depressa))) Fas aconteceu simplesmente *ue a mulher de F) deixou cair a *uinta
6atata da 6olsa, en*uanto ") /3 se encontra no porão do 6arco *ue segue rumo a
=olima)S Assim vamos conversando so6re toda a espécie de coisas, recordamos casos
divertidos, e tu sentes1te 6em e alegre entre pessoas interessantes *ue não 2a>iam
parte da tua vida, *ue não 2a>iam parte do teu c-rculo de preocupa+9es) E,
entretanto, /3 a silenciosa ronda nocturna passouJ levaram os :culos e a lLmpada
deu sinal tr0s ve>es) 'sso signi2ica *ue dentro de cinco minutos tocar3 a sil0ncioX
.rimeira mulher de BorAi) R") dos ()S A$DU'.E AB& #E BU AB 199 #epressa, depressa,
agarremos a mantaX Assim como na 2rente não a6es se uma ra/ada de pro/écteis se vai
a6ater so6re ti, de um minuto para outro, não podemos sa6er tam6ém a*ui *ual é a
tua noite 2atal de interrogat:rio) #eitamo1nos, pomos um 6ra+o por cima da manta e
es2or+amo11nos por a2ugentar os pensamentos da ca6e+a) #ormirX Goi num momento
assim, de uma noite de A6ril, pouco depois de nos termos despedido de E), *ue se
ouviu o ru-do da 2echadura) &s cora+9es oprimiram1seJ *uem irão levarY Agora o
guarda vai lan+arJ 7Duem come+a por %X, *uem come+a por UX8 Fas o guarda não a6riu
a 6oca) A porta des1cerrou1se) evant3mos a ca6e+a) A entrada estava um novatoJ
magrinho, /ovem, com 2ato a>ul e um 6oné a>ul1escuro) "ada tra>ia consigo) &lhava,
con2uso, , sua volta) 1 Dual é o n<mero desta celaY 1 perguntou in*uieto) 1 ?
in*uenta e tr0s) Ele estremeceu)
1 Vens da ruaY 1 pergunt3mos1lhe) 1 "ão))) T a6anou com ar so2redor a ca6e+a) 1
Duando 2oste presoY 1 &ntem de manhã) $imos ,s gargalhadas) Ele tinha um rosto
simpl:rio, suave, com as pestanas *uase 6rancas) 1 E por*u0Y RE uma pergunta pouco
honesta, de *ue não h3 *ue esperar resposta)S 1 "ão sei))) Uma ninharia))) (odos
respondem assim, todos estão presos devido a *ual*uer ninharia) E so6retudo
ninharia para o pr:prio acusado) 1 Fas, no entantoY))) 1 Escrevi um apelo) Ao povo
russo) 1 & *u01010YYY R7"inharias8 dessas ainda não t-nhamos encontradoXS 1 'rão
2u>ilar1meY 1 perguntou ele, alongando o rosto) E apertava entre as mãos a pala do
6oné, *ue tinha tirado) 1 "ão, provavelmente não 1 tran*uili>3mo1lo) 1 Agora não
2u>ilam ninguém) Apanhar3s uns #EU A"&%, pela certa) 1 E oper3rioY EmpregadoY 1
perguntou o social1democrata, 2iel ao princ-pio de classe) 1 &per3rio) GastenAo
estendeu a mão e, solenemente, disse, voltando1se para mimJ 1 A- tem, A) '), o
estado de esp-rito da classe oper3riaX E voltou1se para o outro lado, disposto a
dormir, supondo *ue não era necess3rio ir mais longe nem havia mais *ue escutar)
Fas enganou1seJ 1 ?omo isso, um apelo, assim sem mais nem maisY Em nome de *uemY 1
Em meu nome pr:prio) 4CC A$DU'.E AB& #E BU AB 1 Fas *uem é) voc0Y & novato
sorriu1se, como se se sentisse culpadoJ 1 & imperador FiAhail) Uma 2a-sca saltou
entre n:s) evant3mo1nos, ainda nas camas, e olh3mos para ele) & seu rosto magro e
t-mido não tinha *ual*uer parecen+a com o rosto de FiAhail $omanov) "em a idade)))
1 Amanhã, amanhã, agora h3 *ue dormirX 1 disse severamente %u>i) #ormimos, go>ando
antecipadamente a certe>a de *ue as duas primeiras horas da manhã, antes da
distri6ui+ão do pão, não iam ser a6orrecidas) (rouxeram tam6ém ao 7imperador8 uma
cama, um colchão, e ele deitou1se em sil0ncio, perto do 6alde da latrina) Em 191;
entrou em casa de Iielov, ma*uinista de locomotivas em Foscovo, um velho corpulento
e desconhecido, de 6ar6a ruiva, e dirigiu1se , devota esposaJ 7.el3giaX (u tens um
2ilho de um ano) Buarda1o para #eus) Duando soar a hora, voltarei de novo8) E saiu)
Duem 2osse esse velho, .el3gia não o sa6ia, mas ele 2alou de 2orma tão clara e
amea+adora *ue as suas palavras venceram o cora+ão maternal) E cuidou dessa crian+a
mais do *ue , menina dos seus olhos) Victor cresceu sossegado, o6ediente, devoto,
tendo 2re*uentemente vis9es de an/os e da Virgem) #epois, estas tornaram1se mais
espa+adas) & velho não voltou a aparecer) Victor aprendeu a pro2issão de motoristaW
em 19@; assentou pra+a no exército e levaram1no para Iiro6id/ã, onde serviu numa
companhia motori>ada de transportes) "ão era muito desem6ara+ado, mas, talve>
devido , sua do+ura e suavidade, tão impr:prias de um motorista, encantou uma das
raparigas recrutadas para o tra6alho e atravessou1se no caminho do seu che2e de
sec+ão, *ue lhe arrastava a asa) "esse per-odo de mano6ras chegou ali o marechal
IliuAher e o condutor deste adoeceu gravemente) IliuAher &rdenou ao comandante da
companhia *ue lhe enviasse o seu melhor motoristaW)o comandante chamou o che2e da
sec+ão, *ue logo pensou em mandar ao marechal o seu rival Iielov) R"o exército
sucede 2re*uentemente assimJ é promovido não a*uele *ue o merece mas a*uele de *uem
se *uerem livrar)S Além disso, Iielov não era 6e6edor, sendo cumpridor no tra6alho,
e não o deixaria 2icar mal) IliuAher gostou de Iielov e 2icou com ele) Iem
depressa, invocando1se *ual*uer ra>ão plaus-vel, IliuAher 2oi chamado a Foscovo
Rdesse modo, antes de proceder , sua deten+ão, separaram o marechal do Extremo
&riente, *ue lhe era 2ielS e levou consigo Iielov) #epois de ter perdido o seu
superior, ele 2icou na garagem do =remlin, come+ando a condu>ir ora FiAhailov
Rdirigente do =omsomolS, ora o>ovsAi e alguns outros e, 2inalmente, =ruchtchev) Goi
então *ue Iielov p_de o6servar muitas coisasJ A$DU'.E AB& #E BU AB 4C1 6an*uetes,
costumes, medidas de seguran+a Rde *ue nos contou pormenoresS) ?omo representante
do simples proletariado moscovita, Iielov assistiu então ao processo contra
IuAharine, *ue teve lugar na ?asa dos %indicatos) Entre todos os seus patr9es
apenas se re2eriu com calor a =ruchtchev, pois s: em sua casa o motorista se
sentava , mesa da 2am-lia e não separadamente, na co>inhaW nesses anos, s: a- se
conservava ainda a simplicidade oper3ria) & alegre =ruchtchev tam6ém votou simpatia
a Victor AleAseievitch Iielov e, ao 2a>er uma viagem, em 19@Q, , UcrLnia,
convidou1o com insist0ncia a ir com ele) 7"ão teria deixado =ruchtchev em toda a
minha vida8, di>ia Victor AleAseievitch) Fas algo o reteve em Foscovo) Em 1941,
pouco antes do come+o da guerra, teve pausa no seu tra6alho na garagem do Boverno
e, sem a sua protec+ão, 2oi mo6ili>ado imediatamente pelo ?omissariado da Buerra)
Entretanto, pela sua pouca sa<de, não o mandaram para a 2rente de 6atalha, mas para
um 6atalhão de tra6alhoJ primeiro enviaram1no a pé a 'n>a, depois puseram1no a
a6rir trincheiras e a construir caminhos) #epois da vida descuidada e 2arta *ue
tinha levado nos <ltimos anos isso 2oi para ele um golpe doloroso, como se lhe
2i>essem dar com o 2ocinho em terra) .assou muitas necessidades e amarguras e
o6servou, olhando , sua volta, *ue o povo não s: não havia passado a viver melhor
do *ue antes da guerra, como tinha mesmo empo6recido) Esteve *uase , morte,
conseguiu livrar1se como doente, e regressou a Foscovo, onde novamente se empregouJ
passou a ser o motorista de ?her6aAov49 e, a seguir, do comiss3rio do povo para a
ind<stria petrol-2era, %edin) Fas %edin 2e> um des2al*ue Rtrinta e cinco milh9es,
nem mais nem menosS e a2astaram1no em sil0ncio desse cargo) Iielov, sem sa6er
por*u0, 2icou novamente sem tra6alho /unto dos che2es) Empregou1se como condutor de
uma empresa de transportes e nas horas de 2olga 2a>ia tra6alho negro condu>indo
passageiros a =rasnaia .aAhr3 R6airro moscovitaS) Fas os seus pensamentos /3
estavam 2ixos noutra coisa) Em 194@, estando em casa da mãe, *ue tinha ido lavar e
6uscar 3gua , 2onte com os 6aldes, a6riu1se de repente a porta e entrou um velho
corpulento e desconhecido, com a 6ar6a 6ranca) Ien>eu1se diante do -cone, olhou com
ar severo para Iielov e disse1lheJ 7%a<de, FiAhailX Due #eus te a6en+oeX8 17Eu
chamo1me Victor8, respondeu Iielov) 7Fas passar3s a ser FiAhail, imperador da %anta
$<ssiaX8, insistiu o velho) "isto entrou a mãe e 2icou paralisada de pavor,
derramando a 3gua dos 6aldesJ era o mesmo velho *ue viera vinte e sete anos antes,
encanecido, mas ele mesmo) 7Due #eus te guarde, .el3gia, sou6este conservar o
teu 2ilho8, acrescentou o velho) E chamou de parte o 2uturo imperador, como um
patriarca *ue o instalasse /3 Ele relatava *ue o o6eso ?her6aAov, *uando chegava ao
%ecretariado da 'n2orma+ão, não gostava de ver gente, e assim, das depend0ncias
pelas *uais devia passar, todos os cola6oradores se sumiam) $es2olegando, devido ,
sua gordura, ele punha1se de gatas e dava a volta ao tapete) #esgra+ado de todo o
secretariado se ali desco6risse p:) 4C4 A$DU'.E AB& #E BU AB no trono) Ge> então
sa6er ao emocionado /ovem *ue, em 195@, haveria uma mudan+a de .oder e ele seria o
imperador de toda a $<ssia@C Reis a ra>ão por *ue o n<mero 5@ da cela tanto o
assom6rouXS, tendo para isso, a partir do ano de 194Q, a come+ar a reunir as suas
2or+as) & velho não lhe ensinou como o 2a>er e saiu) Victor AleAseievitch não
tivera tempo de lho perguntar) Agora tinha perdido para sempre a tran*uilidade e a
simplicidade da vidaX (alve> *ue outro *ual*uer tivesse retrocedido perante uma
ideia 2ora das suas possi6ilidades, mas Victor, precisamente, *ue tivera ocasião de
acercar1se das personagens mais altas, *ue vira de perto os FiAhailov, os ?
her6aAov, os %edin, *ue escutara o *ue contavam outros motoristas, tinha 2icado
convencido de *ue nada havia neles de extraordin3ria antes pelo contr3rio) & c>ar
novamente ungido, doce, avisado, sens-vel como Giodor 'oannovitch, o <ltimo dos
$iuriA, sentiu so6re si o peso do chapéu de mo1nomaAha@1) A miséria e a dor do povo
*ue via , sua volta, pelas *uais até ao momento não se sentia culpado, come+avam a
pesar agora so6re os seus om6ros e seria ele o respons3vel se elas se prolongassem)
.areceu1lhe estranho ter de esperar até 194Q, e logo no &utono desse mesmo ano de
194@ escreveu o seu primeiro mani2esto dirigido ao povo russo, *ue leu a *uatro
oper3rios da garagem do ?omissariado do .etr:leo))) ))) ogo pela manhã rode3mos
Victor AleAseievitch, *ue nos contou tudo isto resumidamente) ":s ainda não t-
nhamos perce6ido a sua simplicidade in2antil, est3vamos a6sorvidos pelo seu
invulgar relato e 1 a culpa 2oi nossaX 1 não tivemos tempo de o avisar acerca do
galinha1choca) (ão11pouco nos passou pela ca6e+a *ue tudo o *ue ele, ingenuamente,
contara não era ainda do conhecimento do comiss3rio instrutorX))) #epois de
terminado o relato, =ramarenAo come+ou a pedir 7para ir ao che2e da prisão pedir
ta6aco8, ou ao médico, mas o *ue é certo é *ue 6em depressa o chamaram) E ele
denunciou esses *uatro oper3rios do ?omissariado do .etr:leo, so6re os *uais nunca
ninguém sa6eria nada))) R"o dia seguinte, ap:s o interrogat:rio, Iielov
assom6rou1se de como é *ue o comiss3rio podia t011los conhecido) Goi a*ui *ue n:s
nos aperce6emos))) &s oper3rios do ?omissariado do .etr:leo *ue tinham lido o
mani2esto, estiveram de acordo 1e "E"^UF #E"U"?'&U o 7imperador8X Fas ele pr:prio
compreendera *ue era cedoX, *ue era cedo de maisX E tinha *ueimado o mani2esto) Um
ano se passara) Victor AleAseievitch tra6alhava como mecLnico na @C ?om o pe*ueno
erro de ter con2undido o motorista com o *ue era condu>ido dentro do autom:vel, o
pro2ético velho *uase não se enganouX @1 Atri6uto dos c>ares da Fosc:via, desde
'van, o (err-vel) (ornou1se o s-m6olo do poder, depois de um verso céle6re do Ioris
Bodonov, de .uschAhine) R") dos ()S A$DU'.E AB& #E BU AB 4C@ garagem de uma empresa
de transportes) "o &utono de 1944, escreveu novamente um mani2esto e deu1o a ler a
#EU pessoasJ motoristas e serralheiros) (odos estiveram de acordoX E "E"^UF &
E"($EB&UX R(ra1tando1se de de> pessoas, não haver uma *ue o 2i>esse, na*ueles
tempos de den<ncias, era um 2en:meno raroX GastenAo não se tinha
enganado nas suas conclus9es *uanto ao 7estado de esp-rito da classe oper3ria8)S E
certo *ue o 7imperador8 lan+ava mão de ingénuos su6ter2<giosJ 2a>ia alus9es
insinuando *ue tinha uma 2orte mão no Boverno *ue o apoiava, e prometendo aos seus
partid3rios miss9es de servi+o para uni2ica+ão das 2or+as mon3r*uicas no interior
do pa-s) #ecorreram meses) & 7imperador8 a6riu1se a duas raparigas da mesma
garagem) A*ui o caso /3 não caiu em saco roto) As /ovens estavam ideologicamente ,
alturaX E logo o cora+ão de Victor AleAseievitch se oprimiu, 2are/ando desgra+a) "o
domingo depois da Anuncia+ão, *uando caminhava pelo mercado, levando o mani2esto
consigo, um velho oper3rio, *ue era um dos seus correligion3rios, encontrou1o e
disse1lheJ 7Victor, devias *ueimar, por en*uanto, esse papel, não achasY8 E Victor
sentiu com acuidade *ue o tinha escrito demasiado cedoX 7Vou agora *ueim31lo, tens
ra>ão)8 dirigiu11se a casa para o 2a>er) Fas dois /ovens simp3ticos a6ordaram1no
ali mesmo, no mercadoJ 7Victor AleAseievitchX Venha connoscoX8 E num autom:vel
ligeiro levaram1no para a u6ianAa) A*ui, 2oram tão precipitados *ue não o
revistaram, con2orme o ritual, e houve um momento em *ue o 7imperador8 *uase chegou
a destruir o seu mani2esto, na retrete) Fas pensou *ue assim o pressionariam ainda
mais) Aonde, aonde é *ue iam lev311loY Gi>eram1no su6ir imediatamente no elevador,
levando1o perante um general e um coronel, e a*uele arre6atou1lhe, com a sua
pr:pria mão, o mani2esto do seu 6olso a6arrotado) Entretanto, 6astou um s:
interrogat:rio para *ue a Brande u6ianAa 2icasse sossegadaJ veri2icaram nada
haver1de terr-vel) Gi>eram de> deten+9es na garagem da empresa de transportes e
*uatro na do ?omissariado do .etr:leo) Entregaram logo o processo ao coronel e este
riu1se ao analisar o apeloJ 1 7Vossa ma/estade8 escreve a*uiJ 7#arei instru+9es ao
meu ministro da Agricultura para *ue na .rimavera dissolva os AolAho>es)8 Fas como
vai dividir o invent3rio agr-colaY 'sto não 2oi previsto))) #epois escreveJ ,
7'ntensi2icarei a constru+ão de moradias e alo/arei cada pessoa perto do seu lugar
de tra6alho))) Aumentarei os sal3rios dos oper3rios)))8 E com *ue dinheiro, 7sua
ma/estade8Y Ve/a, o dinheirinho tem de ser impresso , m3*uina, dado *ue *uer
suprimir os empréstimosc))) 7Varrerei o =remlin da 2ace da (erra)8 Fas onde vai
instalar o seu governoY %ervi1lhe1ia, por exemplo, o edi2-cio da Brande u6ianAaY
"ão dese/a ir visit31loY))) a&s /ovens comiss3rios vieram tam6ém para se rir do
7imperador8 de todas as $<ssias) Além da piada, nada mais o6servaram de importante)
":s mesmo, na cela, nem sempre pod-amos conter o risoJ 1 "ão se es*uecer3 de n:s,
em 195@, espero 1 di>ia U), piscando1nos o olho) (odos se riam dele))) Victor
AleAseievitch, simpl:rio, de so6rancelhas 6rancas, com calos nas mãos, ao rece6er
as 6atatas co>idas da sua in2eli> mãe .el3gia, o2erecia1no1las sem distinguir o teu
e o meuJ 7?omam, comam, camaradas)))8 E sorria com timide>) Ele compreendia,
per2eitamente, como era rid-culo e 2ora do tempo ser imperador de todas as $<ssias)
Fas *ue 2a>er, se a elei+ão do %enhor se tinha detido neleYX Iem depressa o levaram
da nossa cela)@4 7 "as vésperas do .rimeiro de Faio tiraram a camu2lagem das
/anelas) A guerra, pelos vistos, aca6ara) A*uela tarde, na u6ianAa, estava
tran*uila como nunca, era *uase como um segundo dia de .3scoaJ as 2esta
entrecru>avam1se) (odos os comiss3rios passeavam por Foscovo, não tendo chamado
ninguém para interrogat:rios) "o meio do sil0ncio ouviu1 se no entanto alguém
protestar contra *ual*uer coisa) evaram1no da cela para a enxovia Rpelo som
determin3vamos a disposi+ão de todas as portasS e espancaram1no
durante longo tempo) .or entre o amea+ador sil0ncio ouvia1se nitidamente cada
arrochada no corpo mole e na 6oca engasgada) "o dia 4 de Faio dispararam trinta
salvas, o *ue signi2icava tratar1se de uma capital europela tomada) ^avia ainda
duas por tomarJ .raga e Ierlim) $estava sa6er *ual das duas era) Em 9 de Faio
trouxeram1nos o almo+o /untamente com a ceia, como apenas se 2a>ia, na u6ianAa,
no .rimeiro de Faio e qm 5 de "ovem6ro) %: por isso nos aperce6emos do 2im da
guerra) .ela noite dispararam ainda trinta salvas) J3 não havia mais capitais para
tomar, segundo parecia) E nessa mesma noite ouviu1se outra sauda+ão, parece *ue de
*uarenta salvas) Era /3 o 2im dos 2ins) %o6re a morda+a da nossa /anela, das outras
celas da u6ianAa e de todas as cadeias da capital, n:s, antigos prisioneiros de
guerra e antigos com6atentes, contempl3vamos o céu de Foscovo repleto de
2ogo1de11arti2-cios e cru>ado pelos raios dos pro/ectores) Ioris Bammerov, /ovem
antitan*uista, desmo6ili>ado por invalide> Rcom uma 2erida incur3vel nos pulm9esS e
preso com um grupo de estudan1 @4 Duando me apresentaram a =ruchtchev, em 19;4,
tinha na ponta da l-ngua para di>er1lheJ 7"iAita %erguievitchX (emos um conhecido
comum)8Fas disse1lhe outra 2rase, mais necess3ria, da parte dos antigos presos)
A$DU'.E AB& #E BU AB 4C5 tes, encontrava1se nessa noite numa superlotada cela de
IutirAi, onde metade dos presos eram ex1prisioneiros e ex1soldados da 2rente) Ele
descreveu a <ltima das salvas numa concisa oitava, alinhando nos versos mais
prosaicos como se deitaram nas tarim6as e se co6riram com os capotesW como
acordaram com o 6arulho, ergueram a ca6e+a e olharam de soslaio a morda+a R7ahX, as
salvas8S, voltando a deitar1se) E de novo se em6rulharam nos capotes) a "esses
mesmos capotes cheios de lama das trincheiras ou de cin>a de acampamentos, e
per2urados por estilha+os de metralha alemã) "ão era para n:s, essa Vit:ria) "ão
era para n:s, essa .rimavera) 2 V' E%%A .$'FAVE$A EF Junho de 1945 chegavam até
,s /anelas da cadeia de IutirAi, todas as manhãs e todas as noites, vindos de não
muito longe, os sons met3licos das or*uestras da $ua essnaia ou da
"ovoslo16odsAaia) Executavam s: marchas, *ue repetiam ve>es sem conta) E n:s
2ic3vamos de pé /unto das /anelas a6ertas, em6ora não a toda a largura, da prisão,
por detr3s das morda+as verde1escuras dos vidros, escutando) Eram unidades
militares *ue des2ilavamY &u oper3rios *ue dedicavam com satis2a+ão o seu tempo
livre a marcar passoY "ão sa6-amos, mas chegava1nos /3 o rumor de *ue se preparava
uma grande parada da Vit:ria, na .ra+a Vermelha, marcada para 44 de Junho 1 *uarto
anivers3rio do in-cio da guerra) As pedras *ue tinham servido de alicerce, gemiam e
a2undavam1se e não eram elas *ue deviam coroar o edi2-cio) Fas até 2igurar
dignamente nos alicerces, era recusado ,*ueles *ue, a6surdamente a6andonados,
tinham rece6ido na sua 2ronte e no seu peito os primeiros golpes desta guerra,
impedindo a vit:ria alheiaJ Due são para o traidor os acordes da gl:riaY1 Essa
.rimavera de 1945 2oi antes de mais, nas nossas cadeias, a primavera dos
prisioneiros russos) Eles passavam pelas pris9es da União como densos e invis-veis
cardumes cin>entos, tais aren*ues no oceano) "a primeira ponta desse cardume
apareceu1me Kuri E) Fas agora eu estava envolto, de todos os lados, pelo seu
movimento coeso e seguro, como se tivessem /3 um destino marcado) "em s: os
prisioneiros passaram por estas celas) .or elas 2luiu a torrente de todos a*ueles
*ue tinham estado na EuropaJ os emigrados da guerra civilW os alemães do este, da
nova AlemanhaW os o2iciais do Exército Vermelho *ue eram demasiado 6ruscos e
ousados nas suas conclus9es, de modo *ue %taline temia *ue eles pensassem tra>er da
campanha na Europa a li6erdade europela, como /3 tinha acontecido cento e vinte
anos antes) ?ontudo, o *ue mais havia era gente da minha gera+ão ou, mais exacta1 1
Verso de Alexandre IloA) R") dos ()S 4CQ A$DU'.E AB& #E BU AB mente, contemporLnea
da $evolu+ão, nascida em 1915, e *ue, sem *ual*uer d<vida, tinha participado nas
mani2esta+9es do vigésimo anivers3rio, constituindo pela sua idade, no come+o da
guerra, precisamente o *uadro de o2iciais do exército *ue 2oi disperso em algumas
semanas) Assim, essa angustiante primavera das pris9es, converteu1se, ao som das
marchas da Vit:ria, na primavera do a/uste de contas com a minha gera+ão) Eramos
n:s a*ueles a *uem cantavam no 6er+oJ 7(odo o .oder aos %ovietesX8 Eramos n:s os
*ue estend-amos as nossas mãos in2antis, *ueimadas do sol, para as cornetas de
pioneiros, e *ue , exclama+ão de 7Este/am preparadosX8b, respond-amos, saudandoJ
7%empre preparadosX8 Era mos n:s os *ue introdu>-amos armas em Iuchenjald e *ue ali
mesmo ingress3vamos no .artido ?omunista) E agora encontr3vamo1nos entre os demais,
s: por*ue t-nhamos escapado com vida4) J3 *uando cort3vamos a .r<ssia &riental em
duas, eu vi as colunas, desalentadas, dos prisioneiros *ue regressavam, os <nicos
*ue tinham um ar a6atido, en*uanto , sua volta todos nos alegr3vamos, e /3 então a
sua triste>a me deixou estupe2acto, em6ora eu não sou6esse ainda *ual a sua causa)
Eu saltei para o chão e aproximei1me dessas colunas espontaneamente 2ormadas) R.ara
*u0, colunasY E por*ue iam 2ormadosY "inguém a isso os o6rigava) &s prisioneiros de
guerra de todas as na+9es regressavam em de6andadaX Fas os nossos *ueriam voltar o
mais su6missos poss-vel)))S Eu tra>ia, então, os gal9es de capitãoJ com eles
postos, não seria poss-vel sa6er por*ue vinham tão tristesY Fas eis *ue o destino
me atirara tam6ém para o rasto destes prisioneiros) Eu /3 tinha 2eito com eles o
caminho da sec+ão de contra1espionagem até , 2rente e ali havia escutado, pela
primeira ve>, os seus relatos, ainda não muito claros para mim) %: depois Kuri E)
me explicou tudo, e agora, de6aixo das c<pulas de ti/olo vermelho do castelo de
IutirAi, eu sentia *ue esta hist:ria de alguns milh9es de prisioneiros russos me
ligava a ela para sempre, como um al2inete 2ixa uma 6arata) A pr:pria hist:ria de
como eu 2ui parar , prisão parecia1me, em compara+ão, uma insigni2icLncia e
es*ueci1me de me lamentar acerca dos gal9es arrancados) 3, onde tinham ido parar os
meus companheiros de gera+ão, s: por casualidade é *ue eu não havia estado) ?
ompreendi *ue o meu dever era meter om6ros a um dos cantos do seu 2ardo comum e
lev31lo até ao 2im, en*uanto não me esmagassem) %entia1me agora como se, /unto com
esses rapa>es, houvesse sido aprisionado na travessia da ponte do %oloviovsAi, no
cerco de ?rac:via, nas canteiras de =ertchW como se, com as mãos atr3s 4 &s cativos
de Iuchenjald, *ue tinham 2icado vivos, E$AF .$E?'%AFE"(E .&$ '%%& metidos em
camposJ como é *ue pudeste escapar vivo de um campo de exterm-nioY A*ui h3 maroscaX
A$DU'.E AB& #E BU AB 4C9
das costas, tivesse levado o meu orgulho soviético para tr3s do arame 2arpado do
campo de concentra+ãoW como se tivesse 2icado, horas e horas na 6icha, ao 2rio,
para o6ter uma colherada de Aava RsucedLneo de ca2éS gelado e me convertesse num
cad3ver ainda antes de chegar , caldeira do campo de o2iciais n<mero sessenta e
oito R%uvalAiS) Era como se tivesse a6erto com as mãos e com a tampa da marmita uma
cova em 2orma de sino Rmais estreita em cimaS, a 2im de não passar o 'nverno so6 um
céu a6erto, e um prisioneiro trans2ormado em animal 2ero> se arrastasse até mim,
para morder a carne do meu 6ra+o *ue ainda não congelara) E como se dia ap:s dia,
com a consci0ncia agu+ada pela 2ome, na 6arraca dos ti2osos e /unto do arame
2arpado do campo vi>inho dos ingleses, uma ideia clara penetrasse no meu cére6ro
mori6undoJ *ue a $<ssia %oviética renunciava aos seus 2ilhos agoni>antes) 7&s
2ilhos orgulhosos da $<ssia8 tinham1lhe 2eito 2alta, en*uanto se lan+avam so6 os
tan*ues, en*uanto ainda se podiam levantar para o ata*ue) Fas encarregou1se de
aliment31los no cativeiro, para *u0Y Eram comedores supér2luos) E testemunhas
supér2luas de vergonhosas derrotas) ]s ve>es *ueremos mentir, mas a l-ngua não nos
permite) Esses homens 2oram declarados traidores, mas um erro lingu-stico 2oi então
cometido, tanto pelos /u->es como pelos procuradores e investigadores) E os
pr:prios acusados, todo o povo e os /ornais repetiram e transcreveram esse erro,
revelando involuntariamente a verdadeJ *uiseram declar31los traidores , p3tria, mas
ninguém, 2alando ou escrevendo, inclusive nos documentos /udicials, os tratou senão
como 7traidores da p3tria8) Est3 tudo ditoX Eles não 2oram traidores a ela, mas sim
por ela atrai+oados) "ão 2oram eles, os in2eli>es, *ue tra-ram a p3tria, mas a
calculista p3tria *ue os traiu a eles e, diga1 se mesmo, por ($n% VEUE%) A primeira
ve>, grosseiramente, no campo de 6atalha, *uando o governo *uerido da p3tria tudo
havia 2eito para perder a guerraJ tinha destru-do as linhas de 2orti2ica+9esW
exposto a avia+ão a ser destro+adaW desmontado os tan*ues e a artilhariaW privado o
pa-s de generais competentes e proi6ido os exércitos de resistirem@) &s
prisioneiros de guerra 2oram precisamente a*ueles *ue apararam com os seus corpos o
golpe e detiveram o Exército alemão) "a segunda ve>, a p3tria tra-a1os
malevolamente, a6andonando1os , morte no cativeiro) @ Agora, ao 2im de vinte e sete
anos, saiu a lume o primeiro tra6alho honesto so6re este assunto) .)B)
BregrorienAo, carta , revista .ro6lemas da ^ist:ria do .artido ?omunista da bh $)
%) %), %amisdat, 19;Q) #a*ui por diante eles multiplicar1se1ão) "em todas as
testemunhas morreram e 6em depressa ninguém chamar3 ao Boverno de %taline senão o
Boverno da loucura e da trai+ão) 41C A$DU'.E AB& #E BU AB E agora, pela terceira
ve>, ela atrai+oa1os desavergonhadamente, atraindo1os com amor maternal R7A p3tria
perdoou1vosX A p3tria chama11vosX8S, e lan+ando1lhes /3 o la+o estrangulador a
partir da 2ronteira4) 'n<meras 2oram as in2Lmias *ue se cometeram e os mil e cem
anos de exist0ncia da nossa na+ão testemunham1no) Fas ter3 havido alguma mais
gigantesca do *ue esta, de *ue 2oram v-timas muitos milh9esJ trair os1seus 2ilhos e
declar31los traidoresYX E com *ue 2acilidade os exclu-mos das nossas contasX (ra-
ramX &pr:6rioX ^3 *ue risc31 losX $iscou1os mesmo antes de n:s o nosso .aiJ ele
lan+ou a 2lor da intelectualidade moscovita para a m3*uina de picar carne de
Via>ma, com cara6inas Verdan, de 1Q;;, e mesmo estas na propor+ão de uma para cada
cinco) RDue outro eão (olstoi ir3 2a>er reviver perante n*8 este IorodinoYS E com
um torpe movimento do seu curto e grosso dedo, o Brande Estrategista, sem outro
motivo *ue não 2osse pu6licar, no ano, um comunicado de grande e2eito, mandou, em
#e>em6ro de 1941, atravessar o estreito de
=ertch a ?E"(& E V'"(E F' dos nossos soldados 1 *uase tantos russos *uantos havia
nas proximidades de Iorodino 1 e entregou1os todos, sem com6ate, aos alemães) E,
contudo, não se sa6e por*u0, o traidor não é ele, mas sim os soldados) R?om *ue
2acilidade nos deix3mos arrastar por ep-tetos preconce6idosW com *ue 2acilidade
estivemos de acordo em considerar esses a6negados soldados como traidoresX "uma das
celas de IutirAi encontrava1se, nessa .rimavera, o velho e6ediev, um metal<rgico
*ue tinha o t-tulo de pro2essor, e *ue, pelo seu aspecto, mais parecia um vigoroso
tra6alhador, do <ltimo ou do antepen<ltimo século, empregado nas 236ricas de
#emidov) Era espada<do, de 2ronte ampla, com 6ar6a , .ugatchov e com uma mão tão
potente, *ue era capa> de agarrar numa selha com um *uintal de peso) "a cela vestia
uma 6ata cin>enta de tra6alho so6re a roupa 6ranca interior, era pouco asseado, e
podia parecer um tra6alhador auxiliar da cadeia, en*uanto se não sentava a ler e a
2orte e costumada ma/estade de pensamentos não lhe iluminava o rosto)
Gre*uentemente, os presos reuniam1se , sua volta) Era so6re metalurgia *ue ele
menos 2alava, mas com a sua vo> de 6aixo explicava *ue %taline era um cão de 2ila
tão 2ero> como 'van, o (err-velJ 7Gu>ilaX EstrangulaX "ão d0s tréguasX8W e *ue
BorAi era um 6a6oso e um charlatão *ue /usti2icava os verdugos) Eu sentia
entusiasmo por e6edievJ era como se todo o povo russo se personi2icasse perante
mim, no seu 2orte 4 Era um dos maiores criminosos de guerra, o ex1che2e da direc+ão
da espionagem do Exército Vermelho, coronel1general BoliAov, *ue dirigia então a
mano6ra de atrac+ão e degluti+ão dos repatriados) A$DU'.E AB& #E BU AB 411 dorso,
donde se erguia uma ca6e+a inteligente, nessas mãos e pernas de lavrador) Ele tinha
/3 meditado tantoX 1 Eu aprendia com ele a compreender o mundoX E, de repente,
cortando com a mão, 2e> atroar a sua vo>, di>endo *ue os presos, segundo 116, eram
traidores , p3tria e *ue não se lhes podia perdoar) &ra, todas as tarim6as , nossa
volta estavam ocupadas por presos do 116) Due ultra/ante isso 2oi para os rapa>esX
& velho 2a>ia vatic-nios seguros em nome da $<ssia, da terra e do tra6alho, e era
para eles di2-cil e vergonhoso terem de de2ender1se a si pr:prios desta nova
acusa+ão) A de2esa deles perante o velho cou6e1me a mim e a dois rapa>es condenados
pelo par3gra2o décimo) Até *ue grau de o6scurantismo conseguem chegar as mon:tonas
mentiras do EstadoJ mesmo os mais dotados de n:s somente são capa>es de a6ranger
a*uela parte da verdade em *ue meteram o seu pr:prio nari>)S5 Goram tantas as
guerras *ue a $<ssia travou Rmelhor seria *ue 2ossem menos)))S e acaso houve muitos
traidores nessas guerrasY Veri2icou1se, porventura, *ue a trai+ão se enrai>asse no
esp-rito do soldado russoY Fas eis *ue, na mais /usta das guerras, se desco6riram
su6itamente milh9es de traidores entre a gente simples do povo) ?omo compreender
istoY ?omo explic31loY Ao nosso lado, com6atera contra ^itler a 'nglaterra
capitalista, onde, tão elo*uentemente, Farx descreveu a miséria e os so2rimentos da
classe oper3ria, e por*ue é *ue entre eles, nesta guerra, se revelou um <nico
traidor céle6re, o comerciante 7 ord ^aj1^aj8, en*uanto no nosso pa-s houve
milh9esY E terr-vel a6rir a 6oca para di>01lo, mas talve> *ue a causa resida,
apesar de tudo, no regime))) Até agora havia um antigo provér6io *ue /usti2icava
assim a prisãoJ 7& prisioneiro pode ainda gritar, mas o morto nunca)8 %o6 o c>ar
AleAsei FiAhailovitch, ,*uele *ue so2ria o cativeiro era dado o t-tulo de no6reg
Ga>er trocas de prisioneiros, acarinh31los e recon2ort31los, era um dever da
sociedade depois de (&#A% as guerras) ?ada 2uga do cativeiro era glori2icada
5 VitAovsAi descreve tudo isto de 2orma mais ampla Rnos anos @CS, mostrando como
era surpreendente *ue os 2alsos 7sa6otadores8, compreendendo *ue eles mesmos não
eram culpados, /usti2icassem *ue se metessem na ordem os militares e os religiosos)
Duanto aos militares, sa6endo *ue eles pr:prios não estavam ao servi+o da
espionagem estrangeira nem destru-am o Exército Vermelho, acreditavam piamente *ue
os engenheiros eram sa6otadores e *ue os religiosos eram dignos de exterm-nio) &
homem soviético raciocinava na prisão deste modoJ eu, pessoalmente, estou inocente,
mas para com eles, para com os inimigos, são 6ons todos os métodos) A li+ão da
investiga+ão e da cela não instru-ram, em nada, esta gente e mesmo condenados
conservavam todos a cegueira #A $UAJ a cren+a cega em todas as conspira+9es,
envenenamentos, sa6otagens e actos de espionagem) 414 A$DU'.E AB& #E BU AB como um
gesto do mais elevado hero-smo) "o decurso da .rimeira Buerra Fundial 2i>eram1se,
na $<ssia, colectas de 2undos para aux-lio aos nossos prisioneiros e as nossas
religiosas o6tinham licen+a para ir , Alemanha visit31los) Em cada n<mero de /ornal
se lem6rava aos leitores *ue havia compatriotas seus *ue so2riam num vil cativeiro)
(odos os povos do &cidente 2i>eram o mesmo nesta <ltima guerraJ as encomendas, as
cartas e o apoio de todos iam 2luindo através dos pa-ses neutros) &s prisioneiros
de guerra ocidentais não se humilhavam a estender a mão para a marmita alemã e
dirigiam1se com despre>o , guarda na>i) &s governos tomavam em considera+ão os seus
com6atentes, *ue tinham sido aprisionados, conta do1lhes os anos de servi+o e
assegurando1lhes promo+9es imediatas e, até, soldo) %: os com6atentes do Exército
Vermelho Rcaso <nico no mundoS não eram considerados prisioneiros Era o *ue estava
escrito nos regulamentos r7'van não é prisioneiroX8, assim gritavam os alemães das
suas trincheirasS) Fas *uem podia imaginar todo o conte<do desta ideiaYX ^3 guerra,
h3 morte, mas não h3 prisioneirosX A- est3 uma desco6ertaX Eis o *ue isso
signi2icaJ vai e morre, *ue n:s continuamos a viver) Fas se, mesmo tendo perdido as
duas pernas, regressaste vivo do cativeiro, em muletas Rcaso do leninegradense
'vanov, che2e de sec+ão de metralhadoras na guerra da GinlLndia, *ue esteve depois
preso no campo de UstvimS, n:s vamos condenar1te) %: o nosso soldado, re/eitado
pela p3tria, e o mais insigni2icante de todos aos olhos dos inimigos e dos aliados,
se arrastava para rece6er a 6e6eragem de porcos *ue davam nos p3tios interiores do
''' $eich) %: para ele estava hermeticamente 2echada a porta de casa, em6ora as
almas /ovens procurassem não acreditarJ existia um certo artigo 5Q1116, segundo o
*ual, em tempo de guerra, não havia pena mais suave do *ue o 2u>ilamentoX .or não
*uerer morrer de uma 6ala alemã, o soldado russo devia, depois do cativeiro, morrer
de uma soviéticaX Aos outros, as 6alas inimigasW a n:s, as dos nossos) R#e resto, é
ingénuo di>erJ 2or*ue não))) "unca os governos de *ual*uer época 2oram, de modo
algum, moralistas) Eles nunca prenderam nem castigaram as pessoas por algo) Eles
prenderam e castigaram1nas para *ue não 2i>essem algoX %e todos esses prisioneiros
2oram presos não 2oi por trai+ão , p3tria, pois até mesmo para um idiota se tornava
claro *ue s: os vlas1sovistas podiam ser /ulgados por trai+ão) Goi sim para *ue
eles não 2alassem da Europa entre os seus conterrLneos na aldeia) A*uilo *ue não
v0s não te d3 volta , ca6e+a)))S E assim, *uais os caminhos *ue se a6riam ante o
prisioneiro russoY egal, um s:J /a>er por terra e deixar1se pisar) ?ada erva do
mais dé6il caule irrompe para viver) Fas tu, estende1te e deixa1te pisar) Em6ora
com atraso, morre agora, /3 *ue não pudeste morrer no campo de 6atalha, e nesse
caso não te /ulgaremos) A$DU'.E AB& #E BU AB 41@
&s com6atentes dormem) #isseram a <ltima palavra) E pelos séculos hLo1de ter
ra>ão); Em conse*u0ncia, todas outras vias *ue possa imaginar o teu desesperado
cére6ro, todas elas te condu>irão ao cho*ue com a lei) A evasão para a p3tria,
rompendo as cercas do campo, passando através de metade da Alemanha e depois
cru>ando a .ol:nia ou os Ialcãs, condu>ia1te , %merch, sec+ão de contra1espionagem,
e ao 6anco dos réusJ como é *ue 2ugiste, *uando os outros não conseguem 2ugirY ^3
a*ui algo de o6scuroX ?on2essa, canalha, com *ue missão te mandaram) RFiAhail
Iurnatsev, .avel IondarenAo, e muitos, muitos mais5)S A 2uga para o lado dos
guerrilheiros ocidentais, para te /untares ,s 2or+as da $esist0ncia, não 2a>ia
senão protelar a tua hora de responder perante o tri6unal, e tornava1te mais
perigoso aindaJ tendo vivido livremente entre a popula+ão europela, podias ter1te
deixado contagiar por um esp-ri1 ; A) (vardovsAi, Vacili (ior*uin) 5 "a nossa cr-
tica tornou1se regra escrever *ue ?holoAhov, na sua imortal narrativa & #estino de
Um ^omem, contou a 7verdade amarga8 so6re 7este aspecto da nossa vida8, 7revelou8 o
pro6lema) Vemo1nos o6rigados a o6servar *ue em tal narrativa, em geral muito
2rouxa, onde as p3ginas de guerra são p3lidas e 2alhas de convic+ão Ro autor, pelos
vistos, não conheceu a <ltima guerraS, onde os alemães são descritos de 2orma
estereotipada e pseudopo1pular, até cair na anedota Rs: a esposa do her:i est3 6em
apresentada, mas ela é uma pura cristã tirada de #ostoievsAiS, pois 6em, em tal
narrativa so6re o destino de um prisioneiro de guerra, & VE$#A#E'$& .$&I EFA #& ?
A('VE'$& E%(Z &?U (& &U #E(U$.A#&J 1S Goi escolhido um dos casos menos 2lagrantesJ
o de um prisioneiro *ue perdeu a mem:ria para torn31lo 7indiscut-vel8, es*uivando
toda a intensidade do pro6lema) RE se ele se tivesse entregue com plena
consci0ncia, como se veri2icou na maioria dos casos, *ue teria sucedido entãoYSW 4S
& principal pro6lema do cativeiro est3 apresentado de tal 2orma, *ue não 2oi a
p3tria *ue nos a6andonou, *ue renunciou a n:s, *ue nos maldisse Rso6re isso, ?
holoAhov não escreve uma palavraS, *uando 2oi precisamente isso *ue criou uma
situa+ão sem sa-da) (udo se passa antes como 3e entre n:s tivessem surgido
traidores) RFas se é essa a explica+ão 2undamental, então *ue se expli*ue, tam6ém,
de onde é *ue eles sa-ram, ap:s um *uarto de século de uma revolu+ão apoiada por
todo o povoXSW @S Goi inventada uma 2ant3stica evasão do cativeiro, digna de um
romance policial, com um montão de cordelinhos puxados pelo ca6elo, para *ue não
surgisse o o6rigat:rio e inevit3vel 2ormalismo da recep+ão do prisioneiroJ a
contra1espionagem R%merchS e o campo de veri2ica+ão e 2iltragem) %oAolov não s: não
é encerrado atr3s da rede de arame)2arpado, como a instru+ão estipula, mas 1 *ue
anedotaX 1 o coronel ainda lhe concede um m0s de licen+aX R'sto é, ele 2ica com
li6erdade para cumprir a sua eventual missão da espionagem 2ascista))) Esse coronel
est3 6om para ser l3 metidoXS 414 A$DU'.E AB& #E BU AB to muito pre/udicial) E se
não tiveste medo de 2ugir e em seguida de lutar, é por*ue és homem decidido e
duplamente perigoso de regresso , p3tria) #evias ter continuado a viver no campo, ,
custa dos teus compatriotas e camaradasY ?onverter1te em pol-cia, che2e, a/udante
dos alemães e da morteY A lei estaliniana não te aplicava, por isso, uma pena mais
severa do *ue pela participa+ão nas 2or+as de $esist0nciaJ o artigo é o mesmo, e a
mesma a condena+ãos Re pode adivinhar1se por*u0J um homem desses é menos
perigosoXS) Fas uma lei -ntima, enrai>ada em n:s, proi6ia, inexplicavelmente, esse
caminho a todos, , excep+ão da esc:ria) M
.ondo de lado estas *uatro vias, di2-ceis ou inadmiss-veis, restava urrr2 *uintaJ
esperar os enga/adores, esperar *ue eles te recrutassem) ]s ve>es, por 2elicidade,
chegavam alguns alemães das >onas rurais e enga/avam tra6alhadores agr-colas para
os lavradores, e 2irmas havia *ue escolhiam engenheiros e oper3rios) %egundo o
superior imperativo estaliniano, tu devias negar *ue eras engenheiro, ocultar *ue
eras um oper3rio *uali2icado) %endo construtor ou electricista, tu conservarias a
tua pure>a patri:tica se 2icasses a cavar a terra, a apodrecer ou a re6uscar nas
lixeiras) Então, por uma trai+ão pura , p3tria, tu poderias, de ca6e+a
orgulhosamente erguida, contar apanhar uns de> anos, mais cinco de morda+aQ) Assim,
por uma trai+ão , p3tria, agravada pelo tra6alho para o inimigo, na tua
especialidade, apanharias de ca6e+a 6aixa))) os mesmos de> anos e mais cinco de
morda+aX (al era a 2iligrana de hipop:tamo em *ue %taline tanto se distinguiuX
&utras ve>es chegavam enga/adores de car3cter completamente diversoJ russos *ue, em
geral, tinham sido, ainda h3 pouco, comiss3rios pol-ticos vermelhos, pois os
guardas 6rancos não 2a>iam esse tra6alho) &s enga/adores convocavam um com-cio no
campo, insultavam o regime soviético e 2a>iam apelo , inscri+ão nas escolas de
espionagem ou nas unidades vlas1sovistas) A*ueles *ue nunca passaram 2ome, como o
passavam os nossos prisioneiros de guerra, *ue nunca rilharam morcegos, como eles
2a>iam aos *ue voavam so6re o campo, nem puseram a co>er as solas velhas das 6otas,
di2icilmente poderão compreender *ue irresist-vel 2or+a material ad*uire *ual*uer
apelo, *ual*uer argumento, *uando, por detr3s dele, por detr3s as portas do campo,
se v0 2umegar uma co>inha de campanha e a todos os *ue estão de acordo dão de comer
até encherem a 6arriga 1 uma s: ve> *ue se/aX Uma ve> mais *ue se/a, na vida) Fas,
além das 2umegantes papas de cereal, os apelos do enga/ador acenavam com a miragem
da li6erdade e de uma vida verdadeira onde *uer Q .riva+ão de direitos c-vicos) R")
dos ()S A$DU'.E AB& #E BU AB 415 *ue os destinassemJ aos 6atalh9es de VlassovW aos
regimentos de cossacos de =rasnovW aos 6atalh9es de tra6alho para cimentar o 2uturo
muro do AtlLnticoW aos 2iordes norueguesesW ,s areias da -6iaW aos Aiji 1
^il2sjill1ge 1, auxiliares volunt3rios da Mehrmacht Rhavia uns do>e hiji em cada
companhia alemãSW ou ainda , .ol-cia $ural, para perseguir e ca+ar guerrilheiros
Rdos *uais, muitos haveriam de ser tam6ém a6andonados pela p3triaS) &nde *uer *ue
2osse, pouco importava, desde *ue não 2icassem ali a morrer aos poucos como gado
a6andonado) A um homem *ue levamos ao extremo de rilhar morcegos, n:s mesmos o
dispensamos de *ual*uer dever, não s: perante a p3tria, mas tam6ém ante a
humanidade) E a*ueles, dos nossos rapa>es, *ue, nos campos de prisioneiros, se
inscreveram nos 6reves cursos para espi9es não tiravam ainda as conclus9es <ltimas
do a6andono a *ue estavam votadosJ actuavam ainda de 2orma extraordinariamente
patri:tica) Encaravam isso como o recurso mais 23cil para se escaparem do campo)
Duase todos tinham na ideia o pro/ecto de irem entregar1se, logo *ue 2ossem
lan+ados pelos alemães para o lado russo, ,s autoridades soviéticas, com armas,
6agagens e instru+9es, rindo1se, /untamente com o 6ondoso comando, dos tontos dos
alemães, vestindo as suas 2ardas do Exército Vermelho e voltando, com Lnimo
com6ativo, ,s 2ileiras) Bostaria *ue me dissessem %E ^UFA"AFE"(E %E$'A #E E%.E$A$
&U($A ?&'%A, ?&F& E DUE .&#E$'A %E$ #E &U($& F&#&Y Eram rapa>es sinceros, pude ver
muitos deles, de rostos 6olachudos, nada complicados, com um simp3tico sota*ue de
VieatAa
ou de Vladi1mir) Enga/avam1se volunt3rios na espionagem, com apenas *uatro ou cinco
anos de escola rural, sem *ual*uer pr3tica de lidar com a 6<ssola ou com o mapa)
Assim, poderia parecer *ue essa era a <nica 2orma ade*uada *ue eles tinham de sair
dessa situa+ão) .oderia parecer *ue a empresa do comando alemão era dispendiosa e
a6surda) Fas nãoX ^itler /ogava em sintonia com o car3cter do déspota seu irmão) A
mania da espionagem era um dos tra+os 2undamentais da loucura estaliniana) %taline
vivia o6cecado pela ideia de *ue o seu pa-s estava pe/ado de espi9es) (odos os
chineses *ue ha6itavam o Extremo &riente soviético 2oram condenados segundo o
artigo 5Q1;, condu>idos aos campos do "orte e l3 desapareceram) & mesmo destino
teriam conhecido os chineses *ue participaram na Buerra ?ivil, se não tivessem
partido antecipadamente) ?entenas de milhares de coreanos 2oram exilados para o ?
asa*uestão, so6 a mesma suspeita, recaindo em 6loco so6re *uase todos eles) (odos
os soviéticos *ue alguma ve> tivessem estado no estrangeiro, *ue alguma ve>
tivessem a6randado o passo perto do ^otel 'nturist, *ue alguma ve> tivessem sido
2ixados num retrato ao lado de um rosto com uma 2isionomia estrangeira, ou tivessem
2otogra2ado um edi2-cio da cidade Rpor exemplo, as .ortas #ouradas, em VladimirS
eram acusados de igual crime) A*ueles *ue olhavam com demasiada insist0ncia para
uma 41; A$DU'.E AB& #E BU AB linha 2érrea, para a ponte de uma estrada ou para a
chaminé de uma 236rica, eram tam6ém v-timas dessa acusa+ão) (odos os in<meros
comunistas estrangeiros *ue desapareceram na União %oviética, *uer 2ossem
destacados ou pe*uenos 2uncion3rios do =omintern, sem distin+ão de pessoas, eram
acusados, antes de mais nada, de espionagem9) E os atiradores lituanos, *ue tinham
sido as 6aionetas mais leais durante os primeiros anos da $evolu+ão, ao serem
detidos em massa, em 19@5, 2oram igualmente acusados de espionagemX %taline parece
ter intervindo e multiplicado a céle6re 2rase da co*ueta ?atarina) Ele pre2eria
2a>er apodrecer novecentos e noven1te e nove inocentes a deixar escapar um s:
espião, ainda *ue insigni2icante) Assim, *ue con2ian+a se podia ter nos soldados
russos *ue tinham estado realmente nas mãos da espionagem alemãYX E *ue al-vio para
os casacos do Finistério da %eguran+a do Estado se milhares e milhares de soldados
lan+ados para a Europa não ocultavam terem sido recrutados voluntariamente para a
espionagemX Due evidente con2irma+ão dos progn:sticos do mais s36io dos s36iosX
Vamos, vamos, im6ecisX & artigo e a recompensa *ue merecem h3 /3 muito, h3 /3 muito
*ue estão preparadosX Fas é oportuno levantar esta *uestãoJ houve, entretanto,
tam6ém, a*ueles *ue não aceitaram nenhum enga/amento, *ue não tra6alharam na sua
especialidade para os alemães, *ue não 2oram denunciantes, passando toda a guerra
no campo de prisioneiros, sem p_r o nari> de 2ora, e *ue, apesar de tudo, 2icaram
vivos, por incr-vel *ue pare+aX .or exemplo, os engenheiros electrotécnicos "iAolai
Andreievitch %emionov e Giodor Giodoro1vitch =arpov, *ue 2a6ricavam is*ueiros com
os restos do 2erro velho, e, assim, 2a>iam uns 6iscates) %er3 poss-vel *ue a p3tria
lhes não tenha perdoado, tam6ém a eles, pelo 2acto de terem ca-do prisioneirosY
"ão, não lhes perdoouX ?onheci %emionov e =arpov na cadeia de Iu1tirAi, *uando
am6os /3 tinham rece6ido o *ue lhes competia por lei))) Duantos anosY & leitor
perspica> /3 sa6eJ de> anos, mais cinco de morda+a) E, sendo magn-2icos
engenheiros, eles $EJE'(A$AF a proposta alemã de tra6alhar na sua especialidadeX Em
1941, o tenente %emionov tinha marchado, como V& U"(Z$'&, para a 2rente) E em 1944
tinha ainda um coldre va>io em ve> de uma pistola Ro comiss3rio não compreendia
por*ue é *ue ele não deu ca6o da ca6e+a com o coldreS) Evadiu1se por ($n% VEUE%) Em
45, depois da li6erta+ão do campo, incorporou1se na e*uipagem de um tan*ue nosso
Rde tropas de desem6ar*ue aéreoS e (&F&U IE$ 'F, rece6endo a &rdem da Estrela
Vermelha) E no 2im de tudo isso 2oi 9 'oci2 Iro> (ito escapou por um tri> a esse
destino) Fas .opov e (aniev, companheiros de 2eitos de #imitrov no processo de
eip>ig, 2oram am6os condenados) %taline preparava outro destino para #imitrov)
A$DU'.E AB& #E BU AB 415 de2initivamente aprisionado e condenado) Eis o espelho da
nossa "emésis) .oucos prisioneiros de guerra cru>aram a 2ronteira soviética como
pessoas livres, e se, na con2usão, alguém conseguiu escapulir1se, 2oi apanhado logo
depois, a partir de 194;145) Uns eram presos nos centros de concentra+ão na
Alemanha) &utros não eram o2icialmente presos, segundo parecia, mas na 2ronteira
levavam1nos em vag9es de mercadorias, so6 escolta, para um dos in<meros campos de
controle e de 2iltragem dispersos por todo o pa-s) Estes pouco se di2erenciavam dos
campos de tra6alho, com a di2eren+a de *ue os *ue ali se encontravam ainda não
tinham sido condenados e deviam rece6er a senten+a1no campo) (odos estes campos de
controle e de 2iltragem estavam adstritos a alguma 236rica, mina ou o6ra de
constru+ão, e os antigos prisioneiros de guerra, ao avistarem a p3tria através
dessa rede de arame 2arpado, igual , *ue tinham conhecido na Alemanha, podiam
adaptar1se desde o primeiro dia , /ornada de tra6alho de de> horas) "os tempos
livres, de tarde ou de noite, eram interrogadosW para isso, havia no campo de
controle e de 2iltragem um elevado n<mero de comiss3rios instrutores e de
2uncion3rios da %eguran+a) ?omo sempre, a instru+ão partia do princ-pio de *ue tu
eras, evidentemente, culpado) %em sa-res da rede de arame 2arpado, eras tu *ue
devias demonstrar *ue não o eras) #evias 6asear1te, para isso, em testemunhasJ
outros prisioneiros de guerra, *ue podiam não estar nesse campo, mas numa região
a2astada) &s agentes operacionais de =emerovo enviavam as perguntas aos de
%oliAamsA e eram esses *ue interrogavam as testemunhas e enviavam as suas
respostas, 2a>endo, por sua ve>, novas perguntas, o *ue dava lugar a *ue 2osses
tam6ém interrogado como testemunha) E certo *ue o esclarecimento do caso podia
prolongar1se por um ano ou dois, mas a p3tria nada perdia com isso, pois todos os
dias tu ias extraindo o teu carvão) E se alguma das testemunhas não depunha nos
termos re*ueridos, ou /3 não se encontravam testemunhas vivas, tu não tinhas senão
*ue culpar1 te a ti mesmoJ eras, automaticamente, catalogado como traidor , p3tria,
e o tri6unal aplicava1te, sem se reunir em sessão 2ormal, os teus de> anos) "o caso
de *ue, por mais voltas *ue dessem, não conseguissem provar *ue, e2ectivamente,
havias servido os alemães, e, so6retudo, *ue não tiveras tempo de ver, em carne e
osso, os americanos e os ingleses R*uando a li6erta+ão do cativeiro não 2ora 2eita
por n:s, mas por E E%, isso era uma circunstLncia 2ortemente agravanteS, então, os
agentes operacionais decidiam *ue grau de isolamento tu merecias) Alguns rece6iam
ordem de mudar o lugar de resid0ncia Risto altera sempre a rela+ão do homem com o
meio am6iente, tornando1o mais vulner3velS) A outros propunham, no6remente, *ue
tra6alhassem na guarda militari>ada de um campoJ 2icando aparentemente livre, a
pessoa perdia1toda e *ual*uer li6erdade individual, sendo enviada para um rincão
distante) A outros, apertavam1lhes a mão e, em6ora por se terem simplesmente
deixado aprisionar merecessem o 2u>ilamento, permitiam humanamente *ue 2ossem para
casa) Fas a tua alegria era prematuraX Adiantando1se a eles, 41Q A$DU'.E AB& #E BU
AB através dos canais secretos das sec+9es especiais, o seu processo /3 havia
chegado , terra) Esses indiv-duos tinham deixado, de todas as maneiras, de ser dos
nossos, e por
ocasião da primeira deten+ão em massa, por exemplo a de 194Q149, eram presos com
2undamento no par3gra2o respeitante , agita+ão, ou noutro *ual*uer *ue
considerassem conveniente) Estive preso com pessoas dessas) 7Ah, se eu
sou6esseX)))8 era esse o principal estri6ilho, nas celas da prisão, nessa
.rimavera) %e sou6esse *ue me iam rece6er assimX Due me enganavam assimX Due era
este o destinoX (eria eu, acaso, regressado , p3triaY #e modo nenhumX (er1me1ia
arran/ado para alcan+ar a %u-+a, a Gran+aX (eria ido para além1marX .ara
além1oceanoX .ara além de tr0s oceanos) A*ueles *ue haviam sido apanhados em casa
ou no Exército Vermelho segundo o par3gra2o décimo, 2re*uentemente tinham1lhes
inve/aX Due dia6oX .or esse mesmo pre+o Rpor esses mesmos de> anosS, *uanta coisa
interessante pod-amos ter visto, como estes rapa>esX &nde não estiveram elesX E n:s
re6entaremos assim num campo, sem nada mais ter conhecido do *ue a escada 2edorenta
da casa) REntretanto, esses mesmos *ue eram a6rangidos pelo 5Q11C *uase não
ocultavam o seu 2eli> pressentimento de *ue seriam os primeiros a 6ene2iciar da
amnistia)S %: os vlassovistas não suspiravamJ 7Ah, se eu sou6esseX8 R.or*ue eles
sa6iam ao *ue se expunham)S "ão esperavam *ual*uer perdão, não esperavam nenhuma
amnistia) J3 antes do nosso encontro nas tarim6as da prisão, eu tinha conhecimento
da sua exist0ncia, tendo 2icado perplexo) 1C #e resto, mesmo *uando os prisioneiros
sa6iam, procediam 2re*uentemente da mesma 2orma) Vassili AleAsandrov 2oi
aprisionado na GinlLndia) Ali o desco6riu um velho comerciante sampeters6urgu0s,
*ue se certi2icou do seu nome e do apelido e lhe disseJ 7Em 1915 2i*uei a dever ao
seu pai uma grande *uantia em dinheiro e não me 2oi poss-vel pagar11lha) #igne1se,
pois, rece601la)8 A antiga d-vida pela desco6ertaX AleAsandrov, depois da guerra,
2oi acolhido nos c-rculos dos emigrados russos) Ali encontrou tam6ém uma /ovem por
*uem se apaixonou) & 2uturo sogro, para sua edi2ica+ão, deu1lhe a ler a colec+ão
completa do .ravda, entre 191Q11941, sem edulcora+9es nem correc+9es) Ao mesmo
tempo contou1lhe, mais ou menos, a hist:ria das torrentes, tal como 2i> no cap-tulo
segundo) E contudo))) AleA1sandrog deixou a namorada, a a6undLncia, regressou , U)
$)%)%) e apanhou, como 2acilmente se adivinhar3, de> anos mais cinco de morda+a) Em
195@, num campo especial, ele considerava1se satis2eito por se ter colocado 6em
como che2e de 6rigada))) A$DU'.E AB& #E BU AB 419 Goram primeiro pe*uenas 2olhas de
papel, muitas ve>es molhadas pela chuva e secas pelo sol, perdidas entre as ervas
altas, *ue h3 tr0s anos não eram cei2adas, da >ona pr:xima da 2rente de &rei) "elas
se comunicava a cria+ão, em #e>em6ro de 1944, de um certo 7comité russo8 de
%molensA, *ue não se sa6ia 6em se pretendia ser uma espécie de governo russo ou
não) .elos vistos, isto não tinha ainda sido decidido pelos pr:prios alemães) E,
por isso, o indeciso comunicado parecia até uma inven+ão pura e simples) Essas
2olhinhas reprodu>iam o retrato do general Vlassov, 6em como a sua 6iogra2ia) (anto
*uanto se podia ver na ne6ulosa 2otogra2ia, o seu rosto dava1lhe um aspecto de
pessoa 6em sucedida e 6em tratada, como todos os generais da nova 2orma+ão)
R#isseram1me depois *ue não era assim e *ue Vlassov tinha antes uma 2igura mais
parecida com a de um general do &cidenteJ alto, magro, com :culos de aros de
tartaruga)S Fas, a /ulgar pela 6iogra2ia, esse ar de sucesso parecia con2irmar1seJ
a sua 2olha de servi+o não tinha sido manchada pela guerra de 19@5, nem por ter
sido conselheiro militar de ?hang =ai1?heA) A primeira como+ão da sua vida
veri2icou1se *uando o 4)O Exército de ?ho*ue, *ue comandava, 2oi torpemente deixado
morrer , 2ome, *uando estava cercado) Fas em *ue 2rases dessa 6iogra2ia se podia
acreditarY11
1a %egundo o *ue se pode ho/e esta6elecer, Andrei Andreievitch Vlassov não terminou
os estudos do semin3rio de "i/ninovgorod devido , $evolu+ão, sendo mo6ili>ado para
o Exército Vermelho em 1919 e tendo 2eito a guerra como simples soldado) "a 2rente
meridional, lutando contra #eniAin e Mranguel, 2oi promovido a che2e de sec+ão e,
depois, de companhia) "os anos 4C terminou o curso da Academia Filitar V-strelW em
19@C, tomou1se mem6ro do .artido ?omunista R6olchevi*ueSW em 19@;, /3 com a patente
de comandante de regimento, 2oi enviado como conselheiro militar , ?hina) "ão
estando aparentemente ligado aos altos c-rculos militares e partid3rios, veio a
encontrar1 se naturalmente na*uele 7segundo escalão8 estalinista, *ue 2oi promovido
para su6stituir os che2es de exército, os che2es de divisão e os che2es de 6rigada
massacrados) Em 19@Q, rece6e o comando de divisão e em 194C, no momento em *ue são
atri6u-das as 7novas8 Rou antes, velhasS patentes, é promovido a 6rigadeiro) ?omo
se pode concluir pelo *ue se seguiu, entre a*uela 2ornada de generais, onde havia
muitos completamente torpes e inexperientes, Vlassov era um dos mais competentes) A
99)b #ivisão de 'n2antaria, *ue ele instruiu e preparou a partir do Verão de 194C,
não 2oi colhida de surpresa pela agressão hitleriana, antes pelo contr3rioJ no meio
da nossa retirada geral para oriente, ela avan+ou para ocidente, e arre6atou
.eremichl, *ue aguentou durante seis dias) Ap:s uma 6reve passagem pelo posto de
comandante de corpo, o tenente1general Vlassov comandava /3, em 1941, na >ona de
=iev, o @5)O Exército) (endo rompido o longo cerco de =iev, em #e>em6ro de 1941,
comanda, na >ona de Foscovo, o 4C)O Exército, *ue numa contra1o2ensiva vitoriosa em
de2esa da capital Rtomada de %olnetchnogorsAS é mencionado no comunicado de guerra
do 'n2orm6ureau, de 14 de #e>em6ro Ra ordem de enumera+ão dos generais era estaJ
JuAov, eliuchenAo, =u>nietsov, Vlassov, $oAossovsAi, Bovorov ,))S) ?om o -mpeto
caracter-stico desses meses, conseguiu tornar1se o vice1comandante1che2e da 2rente
de VolAhov Rgeneral FerietsAovS e rece6er so6 o seu comando o 4)b Exército de ?
ho*ue, tendo 44C A$DU'.E AB& #E BU AB &lhando para a 2otogra2ia não era de crer *ue
se tratasse de um homem 2ora do vulgar ou *ue h3 muito so2resse pro2undamente pela
$<ssia) J3 as pe*uenas 2olhas volantes, *ue comunicavam a cria+ão do $) &) A)
RExército $usso de i6erta+ãoS, não s: estavam escritas num mau russo, como tam6ém
com um esp-rito estrangeiro claramente germLnico, e até alheio , *uestãoW em
compensa+ão, ga6ava1se, com grosseira /actLncia, da 2artura de papas de cereal
existente entre eles e do car3cter galho2eiro dos iniciado, , 2rente dele, em 5 de
Janeiro de 1944, a tentativa de romper o cerco de eninegrado, avan+ando através do
rio VolAhov em direc+ão a noroeste) Esta opera+ão com6inada ti%g2 sido conce6ida
para partir de v3rios lados, incluindo eninegrado, e nela deviam tomar parte, em
datas coordenadas, os 54t) 4)t e 54)O Exércitos) Fas estes tr0s exércitos não se
mexeram a tempo, devido , 2alta de prepara+ão, ou então estacaram rapidamente Rnão
sa6-amos ainda planear opera+9es tão complexas e, o *ue é mais importante,
a6astec01lasS) & 4)b Exército de ?ho*ue avan+ou com 0xito e em Gevereiro de 1944
encontrou1se a setenta e cinco *uil:metros de pro2undidade no meio do dispositivo
alemãoX E, a partir desse momento, os aventureiros do comando supremo estalinista
não encontraram nem re2or+os humanos, nem reservas de muni+9es para mandar em sua
a/uda) RGoi com essas reservas *ue se iniciou a o2ensivaXS #este modo, 2icou
eninegrado cercada, sem sa6er exactamente o *ue se passava em "ovgorod) Em Far+o,
os caminhos de 'nverno eram ainda transit3veis, mas a partir de A6ril passaram a
ser impratic3veis em toda essa >ona pantanosa por onde tinha avan+ado o 4)O
Exército de ?ho*ue, *ue 2icou sem nenhum acesso para a6astecimento, não podendo
rece6er
a/uda aérea) & exército encontrou1se %EF VuVE$E% e, em tal situa+ão, $E?U%A$AF
AU(&$'UAV\& .A$A $E($&?E#E$ a VlassovX Ap:s dois meses de 2ome e de morte lenta Ros
soldados con1taram1me mais tarde, nas celas da cadeia de IutirAi, *ue raspavam os
cascos dos cavalos /3 putre2actos, co>endo e comendo essas raspadurasS, come+ou, a
14 de Faio, uma o2ensiva conc0ntrica dos alemães contra o exército cercado Rno ar,
como se compreender3, viam1se apenas aparelhos alemãesXS) E s: então Rcomo *ue por
>om6ariaS 2oi rece6ida autori>a+ão de retroceder para c3 do VolAhov))) ^ouve ainda
tentativas desesperadas para romper o cerco até come+os de JulhoX Assim pereceu
Rrepetindo o destino do 4)O Exército de %amsonov, lan+ado tão loucamente para a
2ornalhaS o 4)O Exército de Vlassov) "este caso, naturalmente, houve trai+ão ,
p3triaX "este caso, naturalmente, veri2icou11se um a6andono ego-sta e cruelX Fas da
parte de %talineX A trai+ão não consiste necessariamente em vender1se por dinheiro)
A ignorLncia e a inc<ria na prepara+ão da guerra, o desconcerto e a co6ardia no seu
come+o, e o sacri2-cio insensato de exércitos e corpos de exércitos, com o <nico
2im de salvar o uni2orme de marechal 1 haver3 trai+ão mais amarga do comando
supremoY ?ontrariamente a %amsonov, Vlassov não se suicidou) #epois do desastre do
seu exército, andou errante por 2lorestas e pLntanos e 2oi 2eito prisioneiro em ;
de Julho, na >ona de %iversA) Ele 2oi trans2erido para o *uartel1general alemão,
nas proximidades de et>en R.r<ssia &rientalS, onde vieram a encontrar1se alguns
generais aprisionados e o comiss3rio de 6rigada B) ") JilenAov, *ue antes
tra6alhara, com sucesso, no posto de secret3rio do .artido de um dos 6airros de
Foscovo) Eles tinham /3 mani2estado a sua discordLncia em rela+ão , pol-tica do
Boverno de %taline) Fas 2altava uma personalidadeJ essa personalidade 2oi Vlassov)
P A$DU'.E AB& #E BU AB 441 seus soldados) "ão se chegava a acreditar na exist0ncia
deste exército, e se existia realmente como 2alar dele com um humor tão alegreY)))
%: os alemães podiam mentir assim14) Due haviam realmente russos contra n:s e *ue
eles se 6atiam com mais dure>a do *ue *ual*uer %%, 6em depressa o veri2icar-amos)
Em Junho de 194@, na >ona de &rei, um destacamento de russos, com 2arda alemã,
de2endeu, por exemplo, %o6achinsAie1 VicielAi) Iateram1se todos com tal desespero
*ue se diria *ue eles pr:prios tinham constru-do a aldeia) Um deles 2oi encurralado
numa cave, mas tendo1se lan+ado para l3 granadas de mão, manteve1se silencioso, e
logo *ue assomaram para descer a6riu novamente 2ogo com a metralhadora) %: *uando
se arremessou uma granada antitan*ue contra ele se sou6e *ue na cave1havia uma cova
onde se en2iava, protegendo1se das granadas anti1in2antaria) .ode 2a>er1se, pois,
uma ideia do grau de endurecimento e de desespero com *ue continuava a lutar) Esses
russos de2enderam, por exemplo, a ina6al3vel 6ase de #niepre, ao sul de (ursA)
#urante duas semanas desenrolaram1se ali lutas in2rut-2eras por umas centenas de
metrosJ com6ates 2ero>es, so6 um 2rio não menos 2ero> R#e>em6ro de 194@S) "esta
endemoninhada 6atalha invernal, *ue durou muitos dias, e em *ue tanto n:s, como
eles, utili>3vamos camu2lagens 6rancas para enco6rir o capote e o 6oné, contaram1me
*ue na >ona de Falie1=oslovitchie se registou o seguinte casoJ ao avan+ar aos
saltos através dos pinheiros, dois com6atentes perderam1se e deitaram1se lado a
lado no solo, /3 sem compreender exactamente contra *uem disparavam, nem 14
$ealmente, até *uase ao 2im da guerra não houve nenhum Exército $usso de i6erta+ão
R$) &) A)S) & nome e a 6ra+adeira com o escudo 2oram inventados por um
alemão de origem russa, o capitão %chtriA1%chtriA2eld, da &stpropagandaa6tailung)
R'nsigni2icante pelo seu posto, tinha, no entanto, in2lu0ncia e procurava convencer
a camarilha hitlerista da necessidade de uma alian+a germano1russa, e de atrair os
russos , cola6ora+ão com a Alemanha) Uma empresa vã pelos dois ladosX Am6os
6uscavam tão1 s: os meios a empregar para enganar o outro) Fas os alemães ocupavam
para isso uma posi+ão mais 2avor3vel e os o2iciais de Vlas1sov tinham de seu apenas
a 2antasia no 2undo do des2iladeiro)S "ão existia tal exército, mas sim 2orma+9es
anti1soviéticas, compostas de cidadãos soviéticos recentes, *ue come+aram a
constituir1se desde os primeiros meses de guerra) &s primeiros a apoiar os alemães
2oram os lituanos Rpois num s: ano t-nhamos1lhes 2eito um sem1n<mero de
pati2ariasXSW em seguida, 2oi 2ormada, por volunt3rios ucranianos, uma divisão de %
%J BalitsiaW mais tarde, houve destacamentos de estonianosW no &utono de 1941
apareceram companhias de seguran+a da Iielor1r<ssiaW e na ?rimeia um 6atalhão
t3rtaro) (udo isto 2oi semeado por n:s pr:priosX .or exemplo, na ?rimeia 1 com a
torpe persegui+ão movida ao longo de duas décadas contra as mes*uitas,
encerrando1as e destruindo1asW isto, en*uanto a clarividente con*uistadora ?atarina
concedia ver6as do Estado para a constru+ão e a amplia+ão de mes*uitas) &s
hitlerianos, ao chegarem ali, aperce6eram1se disso e protegeram1nas)
.osteriormente, apareceram do lado 444 A$DU'.E AB& #E BU AB so6re *ue o6/ectivo) As
armas autom3ticas de am6os eram soviéticas) #ividiram as 6alas entre si,
elogiaram1se um ao outro,, pronunciaram palavr9es e /uras contra o :leo das
metralhadoras *ue se congelava) Ginalmente, deixaram completamente de disparar e
decidiram 2umar, tirando os capu>es 6rancos da ca6e+a T e s: então viram a 3guia e
a estrelinha nos 6onés um do outro) #eram um saltoX As armas não disparavam)
Agarraram1nas pelo cano, como ca/ados, e come+aram a perseguir1se um ao outroJ a*ui
/3 não se tratava de pol-tica, nem da mãe1p3tria, mas simplesmente da descon2ian+a
primitiva dos homens das cavernasJ se o poupo, ele mata1me) "a .r<ssia &riental, a
uns *uantos passos de mim, condu>iam pela 6erma da estrada tr0s prisioneiros, *ue
eram precisamente vlassovistas, *uando passou, atroando, um tan*ue (1@4) #e
repente, um dos prisioneiros deu um salto de andorinha e caiu so6 o tan*ue) Este
desviou1se, mas t2t-2et das extremidades da cremalheira esmagou o prisioneiro) J3
esmagado ele contorcia1se e da 6oca sa-a1lhe uma espuma vermelha) E podia1se
compreend01loX (inha pre2erido uma morte de soldado a ser en2orcado numa prisão)
"ão lhes 2oi deixada a possi6ilidade de escolha) "ão lhes 2oi deixada a
possi6ilidade de lutar de outra maneira) "ão lhes restou outra 2orma mais econ:mica
de lutar, poupando1 se a si pr:prios) %e um prisioneiro 7puro8 e simples /3 era por
n:s considerado como um imperdo3vel traidor , p3tria, alemão destacamentos
caucasianos e com6atentes cossacos Rmais do *ue um corpo de cavalariaS) "o primeiro
'nverno da guerra come+aram a 2ormar1se sec+9es e companhias de volunt3rios russos,
mas o comando alemão descon2iava muito dessas 2orma+9es, colocando , 2rente destes,
sargentos e tenentes alemães Rs: os ca6os podiam ser russosS, dando tam6ém as
ordens de comando em alemão RAchtungX, haltX e outrasS) Fais consider3veis e /3
completamente constitu-das por russos, 2oram as seguintesJ a 6rigada de oAt, na
prov-ncia de IriansA, a partir de "ovem6ro de 1941 Ro pro2essor local de
constru+9es mecLnicas, =) .) VosAo6oiniAov, 2undou o .artido "acional $usso do
(ra6alho, com um mani2esto dirigido aos cidadãos do pa-s e a 6andeira de %ão Jorge,
o VitoriosoSW a unidade 2ormada na localidade de &cintor2, na >ona de &rcha, a
partir dos come+os de 1944, so6 a direc+ão de emigrados russos Rapenas uma pe*uena
corrente de emigrados aderiu a esse movimento, não ocultando, no entanto, os seus
sentimentos
antialemães, o *ue possi6ilitou muitas 2ugas para o lado soviético e até a passagem
de todo um 6atalhão, depois do *ue 2oram postos de parte por a*uelesSW e as
unidades de Buil, nos arredores de iu6lim, a partir do Verão de 1944 RV) V) Buil,
mem6ro do .artido ?omunista Iolchevi*ue e, segundo parece, /udeu, não s: escapou
inc:lume do cativeiro, apoiado por outros prisioneiros, como se tornou che2e do
campo de %uvalAi, propondo aos alemães a cria+ão da União de ?om6ate dos
"acionalistas $ussosS) Entretanto, em tudo isso não havia nenhum Exército $usso de
i6erta+ão R$) &) A)S, nem Vlassov) As companhias so6 comando alemão 2oram enviadas,
a t-tulo de experi0ncia, para a 2rente soviética, en*uanto as unidades russas 2oram
utili>adas contra os guerrilheiros de IriansA e de &rcha e contra os resistentes
polacos) A$DU'.E AB& #E BU AB 44@ *ue sucederia, então, ,*ueles *ue empunharam as
armas do inimigoY & comportamento dessas pessoas, no nosso simplismo propagand-
stico, era explicadoJ primeiro, por trai+ão R6iol:gica, por*ue lhes estava no
sangueYSW segundo, por co6ardia) Em todo o caso tratava1se de tudo menos co6ardiaX
&s co6ardes encontram1se onde ha/a indulg0ncia, condescend0ncia) Fas *ue podia
condu>i1los aos destacamentos vlassovistas da Mehr1macht, senão o <ltimo extremo, o
ilimitado desespero, o insaci3vel :dio ao regime soviético, o despre>o pela pr:pria
integridade 2-sicaY Eles sa6iam *ue não podiam contar com a mais pe*uena margem de
perdãoX "os nossos campos de prisioneiros 2u>ilavam1nos logo *ue ouviam da sua 6oca
a primeira palavra compreens-vel de russo) "o cativeiro soviético como no cativeiro
alemão, eram os russos os mais maltratados) #e um modo geral, esta guerra
revelou1nos *ue o *ue h3 de pior na terra é ser russo) $ecordo1me, envergonhado, de
como na limpe>a Risto é, no sa*ueS do cerco de Io6ruisA, eu seguia pela estrada, no
meio de cami9es e outros ve-culos destru-dos e voltados) Entre o rico esp:lio *ue
se espalhava pelos 6aixios, onde se tinham atascado as carro+as e carros, andavam ,
solta enormes cavalos alemães) #e repente, ouvi um grito de socorroJ 7%enhor
capitãoX %enhor capitãoX8, gritava, pedindo1me a/uda, num russo per2eito, um homem
*ue marchava a pé, com cal+as alemãs, nu da cintura para cima, todo ensanguentado
no rosto, no peito, nos om6ros e nas costas, en*uanto um sargento da %ec+ão
Especial, montado a cavalo, o 2a>ia correr diante de si , chicotada e o empurrava
com o cavalo) Ele arreava1lhe com a chi6ata so6re o corpo despido, sem o deixar
voltar1se, nem pedir aux-lio) .erseguia1o e a+oitava1o, causando1lhe novas
es2oladuras roxas na pele) "ão se tratava da guerra p<nica, nem da
guerra,greco1persaX Dual*uer o2icial de *ual*uer exército da terra, *ue tivesse
algum poder, devia p_r termo ,*uela tortura ilegal) #e *ual*uer exército, sim, mas
do nossoY))) ?om o 2ero> e a6soluto masochismo a *ue redu>-amos a humanidadeY RDuem
não é por n:s, *uem não est3 connosco, etc))) 1 E FE$E?E#&$ A.E"A% #& "&%%& #E%.
$EU& E #& A"'DU' AFE"(&)S Assim, eu A?&IA$#E'1FE a de2ender um vlassovista perante
um agente da %ec+ão Especial, "A#A #'%%E E "A#A G'U, .A%%E' #E A$B&, ?&F& %E "A#A
('VE%%E &UV'#&, com medo de *ue essa peste, reconhecida por todos, não se
transmitisse a mim Re se, de um momento para o outro, esse vlassovista 2osse um
criminoso *ual*uerY))) e se, de um momento para o outro, esse sargento da %ec+ão
Especial pensasse *ue euY))) e se, de um momento para o outroY)))S) #e resto, as
coisas eram 6em mais simples, para *uem conhecesse a con/untura, de então, no
exércitoJ acaso um elemento da %ec+ão Especial daria ouvidos a um capitãoY E, com o
seu rosto selvagem, o da %ec+ão Especial continuou a a+oitar e a perseguir o homem
inde2eso, como se se tratasse de um animal) 444
A$DU'.E AB& #E BU AB Este *uadro 2icou para sempre gravado em mim) Ele é *uase o s-
m6olo do Ar*uipélago e poderia 2igurar na capa do livro) E tudo isto eles o
pressentiam e sa6iam de antemão, mas isso não os impedia de coserem na manga
es*uerda da 2arda alemã o escudo com o de6rum 6ranco, a>ul e vermelho, o campo de
%anto André e as iniciais $)&)A)1@ 1@ Essas iniciais eram cada ve> mais conhecidas,
em6ora, como anteriormente, não houvesse nenhum exércitoW todas as unidades estavam
dispersas, su6ordinadas a di2erentes camadas, e os generais vlassovistas /ogavam ,s
cartas em #alemdor2, nos arredores de Ierlim) A 6rigada de VosAo6oiniAov e depois
da sua morte, de =aminsAi, por meados de 1944, contava com cinco regimentos de
in2antaria de dois mil e *uinhentos a tr0s mil homens cada, aos *uais h3 *ue
acrescentar os serventes das pe+as de artilharia, um 6atalhão 6lindado, de cl J
7%R2 de>enas de tan*ues soviéticos, e uma divisão de artilharia com tr0s de>enas de
canh9es) R& comando era constitu-do por o2iciais, prisioneiros de guerra, e as
tropas, em grau consider3vel, por volunt3rios de IriansA)S Essa 6rigada 2oi
incum6ida de de2ender a >ona contra os guerrilheiros))) ?om esse mesmo 2im, no
Verão de 1944, 2oi trans2erida da .ol:nia para "o1guilion a 6rigada de
Buil1Ila/evitch, *ue se tinha destacado pela sua crueldade contra os polacos e
os /udeus) Em come+os de 194@ o seu comando recusou su6ordinar1se a Vlassov,
censurando1o por*ue no seu anunciado programa não 2igurava a 7luta contra o /uda-
smo mundial e os comiss3rios /udai>antes8W 2oram /ustamente os elementos desta
6rigada Ros rodionovistas, dado Buil ter adoptado o nome de $odionovS, *ue, em
Agosto de 194@, *uando come+ou a de2inir1se a derrota de ^itler, trocaram a sua
6andeira negra com uma caveira prateada pela 6andeira vermelha, e proclamaram num
vasto 7territ:rio guerrilheiro8 o poder soviético, no nordeste da Iielorr<ssia) R
%o6re esse 7territ:rio guerrilheiro8, sem se esclarecer onde tinha aparecido, muito
se escreveu então nos nossos /ornais) Fais tarde, todos os rodionovistas *ue
escaparam com vida 2oram presos)S E *uem lan+ou os alemães contra os rodionovistasY
A 6rigada de =aminsAiX REm Faio de 1944, tre>e divis9es 2oram mo6ili>adas para
li*uidar o 7territ:rio guerrilheiro8)S Era assim *ue os alemães compreendiam essas
e2-gies tricoloresJ %ão Jorge, o 'nvenc-vel, so6re 2undo de %anto André) & russo e
o alemão eram intradu>-veis, inexpressivos, incompat-veis) .ior aindaJ em &utu6ro
de 1944 os alemães mandaram a 6rigada de =aminsAi R/untamente com as unidades
mu+ulmanasS esmagar a insurrei+ão de Vars:via) En*uanto uns russos se deixaram
trai+oeiramente adormecer do outro lado de V-stula, contemplando com 6in:culos o
massacre de Vars:via, outros estrangulavam a insurrei+ão) "ão teriam os polacos
sido su2icientemente maltratados pelos russos, no século !'!, para, ainda, neles se
cravarem os seus al2anges, no século !!Y RFas isso seria tudoY %eriam os <ltimosYS
Fais clara parecia ser a exist0ncia do 6atalhão de &ssintor2, trans2erido para a
>ona de .sAov) Era 2ormado por cerca de seiscentos soldados e du>entos o2iciais,
so6 o comando de emigrantes Rl)=) UaAharov, amsdor2SW a sua 2arda era russa e a sua
6andeira 6ranca, a>ul e vermelha) & 6atalhão, aumentado até um regimento, tinha
sido preparado para ser lan+ado em p3ra1*uedas na linha de Vologda1ArcLngel, com o
o6/ectivo de atingir o complexo de campos de tra6alho, *ue se encontrava situado
nesses lugares) 'gor UaAharov conseguiu, durante todo o ano de 194@, impedir *ue a
sua unidade 2osse enviada contra os guerrilheiros) Então, destitu-ram1no,
desarmaram o 6atalhão e meteram1no num campo, enviando1o depois para a 2rente
ocidental) (endo posto de lado, es*uecido e não necessitando de recordar o pro/ecto
inicial, no &utono de 194@, os alemães tomaram a decisão de enviar carne de canhão
russa))) para o 6aluarte do AtlLntico, contra a resist0ncia 2rancesa e italiana) &s
vlassovistas *ue tinham conservado algum sentido pol-tico ou alguma esperan+a,
perderam1nos) A$DU'.E AB& #E BU AB 445 &s ha6itantes das regi9es ocupadas
despre>avam1nos por serem mercen3rios alemães, e os alemães pelo seu sangue russo)
&s seus m-seros /ornais eram su6metidos , tesoura da censura alemãJ a Brande
Alemanha e o G<h1rer) E, assim, nada mais restava aos vlassovistas do *ue lutar até
, morte e, nos momentos de :cio, encharcar1se em vodca) Uma ?&F. E(A .E$#'V\&, tal
2oi a sua exist0ncia durante todos os anos de guerra no estrangeiro sem terem,
/amais, outra sa-da) ^itler e os *ue o rodeavam, retrocedendo /3 por toda a parte,
em vésperas da derrota, não podiam no entanto superar a sua ina6al3vel descon2ian+a
perante as unidades russas isoladas, nem decidir1se pelas divis9es integralmente
russas, por uma som6ra, se*uer, de uma $<ssia independente, *ue não lhe 2osse
su6metida) %: no estertor do nau2r3gio, em "ovem6ro de 1944, 2oi permitido Rem
.ragaS um <ltimo espect3culoJ a convoca+ão de todos os grupos nacionais russos
uni2icados por um 7?omité de i6erta+ão dos .ovos da $<ssia8, 6em como a pu6lica+ão
de um mani2esto R6astardo, como das outras ve>es, pois nele não se permitia pensar
a $<ssia 2ora da Alemanha, 2ora do na>ismoS) Vlassov tornou1se o presidente deste ?
omité) %: no &utono de 1944 come+aram a 2ormar1se divis9es vlassovistas,
integralmente russas14) .rovavelmente, os especialistas pol-ticos alemães supunham
*ue os oper3rios russos Rostar6eitenS se lan+ariam a tomar as armas) Fas o Exército
Vermelho /3 se encontrava no V-stula e no #an<6io))) E, por ironia, como se
*uisessem con2irmar a previsão dos alemães mais m-opes, as divis9es vlassovistas,
ao executarem a sua primeira e <ltima ac+ão independente, assestaram um golpe)))
contra os alemãesX "o meio do desmoronamento geral, e /3 sem *ual*uer contacto com
o &6erAommando, Vlassov reuniu, em 2ins de A6ril, as suas duas divis9es e meia, nas
proximidades de .raga) Ali sou6e *ue o general das %%, %teiner, se preparava para
destruir a capital checa, para não a entregar intacta) E Vlassov ordenou ,s suas
divis9es *ue se passassem para o lado dos checos su6levados) E todos os ultra/es,
toda a amargura e toda a raiva acumulados, perante os alemães, nesses tr0s cruéis e
est<pidos anos, nos es2or+ados peitos russos, voltavam11nos, agora, contra elesJ
surgindo de um lado inesperado, desalo/aram1nos de .raga) R(erão todos os checos
compreendido, depois, *uais 2oram os russos *ue lhes salvaram a cidadeY A nossa
^ist:ria est3 deturpada, pretendendo1se *ue .raga 2oi salva pelos com6atentes
soviéticos, *uando, a2inal, eles não puderam chegar a tempo)S 14 A primeira,
2ormada na 6ase da 76rigada =aminslci8 R%) =) IuniatchenAoSW a segunda, so6 as
ordens de Uvierev Rantigo comandante militar de ?rac:viaSW a terceira 2icou em
metadeW a *uarta apenas reuniu alguns elementosW e ainda o destacamento de avia+ão
de Faltsiev) "ão 2oram autori>adas mais de *uatro divis9es) 44; A$DU'.E AB& #E BU
AB #epois o exército de Vlassov come+ou a retroceder para o lado dos americanos,
para a IavieraJ toda a sua esperan+a estava posta agora nos aliados, em *ue
pudessem vir a ser1lhes <teis) Assim ganharia, no 2im de contas, um sentido a sua
prolongada suspensão na corda da 2orca alemã) Fas os americanos rece6eram1nos
hostilmente e o6rigaram1 nos a entregar1se ,s mãos dos soviéticos, como tinha sido
previsto na ?on2er0ncia de lalta, E nesse mesmo Faio, na Zustria, ?hurchill deu
tam6ém um passo de 2iel aliado R*ue, pela nossa ha6itual modéstia, não 2oi
divulgado entre n:sS, entregando ao comando soviético um ?orpo ?ossaco de noventa
mil homens,15 6em como muitos carros repletos de velhos, crian+as e mulheres, *ue
não dese/avam regressar ,s margens
dos p3trios rios cossacos) R& grande homem, cu/os monumentos com o tempo co6rirão
toda a 'nglaterra, decidiu tam6ém entreg31los , morte)S 15 A maneira como esta
entrega 2oi 2eita teve car3cter pér2ido, tradicional da diplomacia inglesa) & 2acto
era *ue os cossacos estavam dispostos a 6ater1se até , morte, ou a partir para o
outro lado do oceano, mesmo *ue 2osse para o .araguai ou para a 'ndochina, desde
*ue não tivessem de se entregar vivos) .or isso, os ingleses propuseram
primeiramente aos cossacos *ue depusessem as armas, so6 o pretexto de uni2ica+ão)
#epois, chamaram os o2iciais separadamente dos soldados, para uma pretensa
con2er0ncia so6re os destinos do exército, a reali>ar na cidade de ^uden6urgo, na
>ona de ocupa+ão inglesaW mas, na noite anterior, haviam cedido secretamente essa
cidade ,s tropas soviéticas) Duarenta autocarros com o2iciais, desde os comandantes
de companhias até ao general =rasnov, passando pelo alto viaduto, desceram
directamente para o semicerco de carros prisionais, em torno dos *uais /3 se
encontravam as escoltas com listas) E o caminho de regresso estava 6arrado por
tan*ues soviéticos) "em se*uer podiam suicidar1se com um tiro, ou apunhalando1seJ
todas as armas tinham sido con2iscadas) Alguns lan+aram1se do viaduto so6re as
pedras da estrada) #epois, usando o mesmo estratagema, os ingleses entregaram os
soldados, metidos em com6oios, como se 2ossem reunir1se aos seus o2iciais, para
rece6er as armas) "os seus pa-ses, $oosevelt e ?hurchill são considerados como
modelos de lucide> pol-tica) Entre n:s, nas discuss9es travadas nas pris9es russas,
so6ressa-a, com assom6rosa evid0ncia, a sua miopia sistem3tica e até a sua
estupide>) ?omo puderam eles, no decorrer de 1941 e até 1945, não assegurar
nenhumas garantias de independ0ncia para a Europa &rientalY ?omo puderam eles, em
troca do rid-culo /oguete das *uatro >onas de Ierlim R*ue se tornaram o seu 2uturo
calcanhar1de1 A*uilesS, a6andonar as vastas regi9es da %ax:nia e da (ur-n1giaY E
*ual 2oi a ra>ão militar e pol-tica *ue os levou a atirar para a mão de %taline,
isto é, para a morte, algumas centenas de milhares de cidadãos soviéticos armados,
*ue, decididamente, não se *ueriam entregarY #i>1se *ue, desse modo, eles pagavam a
participa+ão directa de %taline na guerra contra o Japão) .ossuindo /3 a 6om6a
at:mica, isso e*uivalia a pagar a %taline para *ue ele renunciasse não s: a ocupar
a Fanch<ria, mas a 2ortalecer Fao (sé1(ung, na ?hina, e =im '' %ung, em metade da ?
oreiaX))) "ão se tratava, por acaso, de um indigente c3lculo pol-ticoY Fais tarde,
*uando 2oi desalo/ado FiAolaitchiA, *uando desapareceram Ienés e FassariA, *uando
2oi 6lo*ueada Ierlim, a6andonada ,s chamas e as2ixiada Iudapeste, *uando re6entou a
guerra da ?oreia, e os conservadores tiraram os pés do %ue> 1 ser3 poss-vel *ue os
*ue entre eles não t0m a mem:ria curta se não tenham recordado se*uer do epis:dio
dos cossacosY A$DU'.E AB& #E BU AB 445 Além das divis9es vlassovistas,
apressadamente constitu-das, não poucas sec+9es militares russas continuavam a
a>edar no destro+ado exército alemão, so6 uni2ormes *ue não se distinguiam das
2ardas alemãs) Elas terminaram a guerra em diversos sectores e de maneira
di2erente) Alguns dias antes da minha deten+ão, eu pr:prio 2i*uei de6aixo do 2ogo
dos vlassovistas) ^avia igualmente russos dentro do cerco por n:s montado na
.r<ssia &riental) Uma noite de 2ins de Janeiro, parte deles tentou a6rir caminho
para ocidente, através das nossas posi+9es, sem prepara+ão de artilharia,
silenciosamente) "a aus0ncia de uma linha de 2rente cont-nua, eles in2iltraram1se
rapidamente, e apanharam em tena> o meu goni:metro, *ue estava numa posi+ão
avan+ada, de modo *ue tive di2iculdade em retir31lo pelo <ltimo caminho *ue nos
restava) Fais tarde voltei l3 por causa de um camião avariado e, ao amanhecer, vi
como, agrupando1se na neve com a sua
camu2lagem 6ranca, se levantaram su6itamente e se lan+aram, ao grito de 7hurraX8,
so6re as posi+9es de 2ogo da nossa 6ateria de cento e cin*uenta e dois mil-metros,
perto de Adling %hvenAitten, co6rindo de granadas do>e canh9es pesados sem
permitir1lhes dar um s: tiro) %o6 o 2ogo das suas 6alas trace/antes, o nosso <ltimo
grupo correu tr0s *uil:metros, através da terra devoluta e nevada, até , ponte
so6re o riacho .assarg) E ali 2oram detidos) .ouco depois 2ui preso) E eis *ue na
véspera da parada da Vit:ria est3vamos agora todos /untos, presos, nas tarim6as de
IutirAi) E aca6ava de 2umar o cigarro deles e eles o meu, e lado a lado -amos levar
o 6alde de lata da latrina) Uma grande parte dos vlassovistas, assim como dos
7espi9es de uma hora8, era muito /ovem, tendo nascido entre 1915 e 1944, e
pertencendo portanto , 7desconhecida gera+ão /uvenil8, *ue, em nome de .uschAin, se
tinha apressado a saudar o in*uieto unatchersAi) A maioria 2ora lan+ada nas
2orma+9es militares pela mesma vaga casual *ue, no campo vi>inho, arrastara os seus
camaradas , espionagemJ tudo dependia do enga/ador *ue se apresentava) &s agentes
de recrutamento explicavam1lhes com >om6aria 1 com >om6aria é uma maneira de di>er,
pois tratava1se da verdadeJ 7%taline renunciou a voc0sX %taline est31se nas tintas
para voc0sX8 A lei soviética colocara1os 2ora da lei, mesmo antes de eles se terem
colocado 2ora dela) E eles enga/aram1se))) Uns, apenas para sair do campo da morte)
&utros, com o 2ito de se passarem para o lado dos guerrilheiros Re muitos
passaram1se, tendo com6atido depois ao lado deles, mas, segundo o critério
estaliniano, isso em nada atenuava a sua condena+ãoS) Entretanto, alguns deles
tinham calado 2undo a dor so2rida pelo vergonhoso ano 41, a consterna+ão da derrota
ap:s tantos anos de /actLnciaW e outros havia *ue consideravam %taline como o
primeiro culpado destes inumanos campos de concentra+ão) (am6ém eles sentiram o
dese/o de di>er *uem eram e *ual tinha 44Q A$DU'.E AB& #E BU AB sido a sua terr-vel
experi0nciaJ *ue constitu-am uma part-cula da $<ssia e *ueriam in2luir no seu
2uturo, nãosendo um /oguete dos erros alheios) Fas o destino riu1se deles ainda
mais amargamente e tornaram1se pe9es ainda mais min<sculos) ?om uma o6tusa miopia e
2atuidade, os alemães s: lhes permitiam *ue morressem pelo $eich, mas não *ue
pensassem so6re um destino russo independente) Até aos aliados estendia1se duas mil
verstas 1 e, de resto, como seriam esses aliadosY))) A palavra 7vlassovista8 soa
entre n:s como algo parecido com 7impure>a8, dando a impressão de *ue su/amos a
6oca s: de pronunci31la, e por isso ninguém se atreve a pro2erir duas ou tr0s
2rases cu/o su/eito se/a 7vlassovista8) Fas a ^ist:ria não se escreve assim) Agora,
decorrido /3 um *uarto de século, *uando a maioria deles pereceu nos campos e os
*ue permaneceram vivos aca6am os seus dias no extremo norte, eu *uis, através
destas p3ginas, lem6rar *ue, para a hist:ria mundial, se trata de um 2en:meno
6astante inauditoJ *ue v3rias centenas de milhares de /ovens1;, na casa dos vinte e
trinta anos, tenham empunhado as armas contra a sua pr:pria p3tria, em alian+a com
o séu pior inimigo) (alve> se/a necess3rio re2lectirJ *uem ser3 o mais culpado,
essa /uventude ou a p3tria encanecidaY E algo *ue não se pode explicar por uma
propensão 6iol:gica , trai+ão, devendo existir, para isso, causas sociais) .or*ue,
como di> o velho ad3gioJ 7"ão é devido , 2orragem *ue os cavalos relincham)8
'maginei um *uadro assimJ um descampado e, correndo desvairadamente por ele,
cavalos a6andonados e 2amintos) "a*uela .rimavera havia ainda numerosos emigrados
russos nas celas)
'sso tomava *uase uma apar0ncia de sonhoJ o retorno da ^ist:ria) ^3 muito *ue
tinham sido escritos e 2echados os tomos da guerra civil, resolvidos os seus
pro6lemas, inseridos os seus acontecimentos na cronologia dos manuais) &s l-ders do
movimento 6ranco /3 não eram nossos contemporLneos na terra, mas sim 2antasmas de
um passado delido) &s emigrados russos, mais cruelmente dispersos do *ue as tri6os
de 'srael, na nossa maneira soviética de ver, se ainda por acaso arrastavam a sua
exist0ncia, era como pianistas em desagrad3veis restaurantes, como lacaios,
lavadeiras, 1; Eram precisamente esses os cidadãos soviéticos *ue 2iguravam na
Mehrmacht, tanto nas 2orma+9es anteriores a Vlassov como nas deleW o mesmo nas
unidades e destacamentos de cossacos, mu+ulmanos, 63lticos e ucranianos) A$DU'.E
AB& #E BU AB 449 pedintes, mor2in:manos, cocain:manos, cad3veres vivos) Até ,
guerra de 1941, nenhuns ind-cios se 2iltravam nos nossos /ornais, na nossa
literatura e na nossa cr:nica liter3ria Re não seriam os nossos saciados mestres
*ue no1los dariam a conhecerS, capa>es de nos 2a>er suspeitar *ue os russos no
estrangeiro constitu-am um grande mundo espiritualW *ue a- se ia desenvolvendo uma
2iloso2ia russa original, onde se distinguiam os nomes de Iulga1Aov, Ierdiaiev e
ossAiW *ue a arte russa cativava o mundo, com um $ach1 maninov, um ?haliapine, um
Ienois, um #iaguiliev, uma .avlova, ou o coro cossaco de JarovW *ue a- se
reali>avam pro2undas pes*uisas so6re #ostoievsAi Ren*uanto no nosso pa-s ele era
então amaldi+oadoSW *ue existia um extraordin3rio escritor chamado "a6oAov1%irinW
*ue Iunine ainda vivia e nos <ltimos vinte anos ainda continuava a escreverW *ue se
pu6licavam revistas de arte e eram dados espect3culosW *ue se reuniam congressos de
associa+9es regionais onde se 2a>ia ouvir a palavra russaW *ue os homens emigrados
não tinham perdido a possi6ilidade de desposar mulheres emigradas e *ue estas lhes
davam 2ilhos, ou se/a, contemporLneos nossos) As ideias espalhadas no nosso pa-s
acerca dos emigrados eram tão 2alsas *ue se se reali>asse um in*uérito para sa6er
ao lado de *uem estavam os emigrados russos, na guerra civil espanhola e na %egunda
Buerra Fundial, todos , uma responderiamJ 7#e GrancoX #e ^itlerX8 "em agora, no
nosso pa-s, se sa6e *ue a grande maioria dos emigrados 6rancos com6ateram ao lado
dos repu6licanos) Due as divis9es vlassovistas e o corpo cossaco de Von1.annevits
RArasnovistaS eram compostos por cidadãos soviéticos e não, de modo nenhum, por
emigradosJ estes não 2oram atr3s de ^itler, sendo casos isolados os de Ferie/AovsAi
e Buippius, *ue se puseram ao lado dos alemães) .arece algo de aned:tico, mas não
éJ o pr:prio #eniAin tentou lutar ao lado da União %oviética contra ^itler, e
%taline esteve, por momentos, disposto a deix31lo regressar , p3tria Rnão como
2or+a de com6ate, pelos vistos, mas como s-m6olo da unidade nacionalS) "o per-odo
da ocupa+ão da Gran+a, um elevado n<mero de emigrados russos, velhos e /ovens,
aderiram ao movimento de resist0ncia e, depois da i6erta+ão de .aris, acorreram em
vaga ao consulado soviético, entregando uma solicita+ão para regressar , p3tria)
"ão importava *ue $<ssia 2osse, era a $<ssiaX Eis a sua palavra de ordem) E assim
eles demonstraram *ue não mentiam *uando /3 antes a2irmavam o seu amor a ela) R"as
pris9es, nos anos 4514;, eles eram *uase 2eli>es, pois essas grades e esses guardas
eram russosW eles o6servavam com espanto como as crian+as russas co+avam a nucaJ 7E
para *ue dia6o viemosY "ão t-nhamos espa+o su2iciente na EuropaY8S Fas, de acordo
com essa mesma l:gica estaliniana, segundo a *ual se devia meter num campo de
tra6alho todo o cidadão soviético *ue tivesse vivido no estrangeiro, como poderiam
escapar a esse destino os emigradosY "os Ialcãs, na Europa ?entral, em =ar6ine,
logo , chegada das tropas soviéticas eles eram presosJ apanhavam1nos nas
casas e nas ruas, exactamente como os nossos) #e momento, s: deitavam as mãos aos
homens, e não a 4@C A$DU'.E AB& #E BU AB todos, apenas ,*ueles *ue tinham
mani2estado as suas ideias pol-ticas) RAs suas 2am-lias iam depois, por etapas,
para as >onas de deporta+ão russas, sendo algumas deixadas na Iulg3ria ou na ?
hecoslov3*uia)S "a Gran+a rece6iam1nos com honras e 2lores, concedendo1lhes a
cidadania soviética e transportando1os com con2orto para a p3tria, mas a*ui logo os
varriam) As coisas levaram mais tempo com os emigrados de !angaiJ as mãos
soviéticas não chegaram até l3 em 1945) Fas um representante plenipotenci3rio do
Boverno soviético apresentou1se e tornou p<6lico um ucasse do .raesi1dium do
%oviete %upremo *ue coincidia com o perdão a todosa os emigradosX ?omo não
acreditarY E imposs-vel *ue o Boverno mintaX RDue houvesse ou não esse ucasse, isso
em nada atrapalhava os :rgãos)S &s emigrados de !angai mani2estaram o seu /<6ilo) ?
onvidaram1nos a levar os o6/ectos *ue *uisessem Ralguns levaram autom:veis, *ue
podiam ser <teis , p3triaS, e a instalar1se onde dese/assem na União %oviética, a
tra6alhar, naturalmente, em *ual*uer especialidade) Goram transportados de !angai
em 6arcos) Fas /3 o destino dos 6arcos 2oi di2erenteW não se sa6ia por*u0, nalguns
deles não davam de comer) #i2erente 2oi tam6ém o destino dos emigrados *ue
desem6arcaram no porto de "aAhodAa Rum dos principais pontos de passagem para
BulagS) Duase todos 2oram metidos em com6oios de mercadorias, como reclusos)
%omente não havia ainda uma escolta rigorosa nem cães) Alguns 2oram condu>idos para
lugares ha6itados, inclusive cidades, e, e2ectivamente, ali os deixaram viver de
dois a tr0s anos) &utros 2oram imediatamente levados em com6oios para campos de
tra6alho, algures no Volga, e lan+ados de um alto declive, em plena 2loresta
montanhosa, /untamente com pianos pintados de 6ranco e vasos de plantas) "os anos
de 4Q149, os repatriados do Extremo &riente, *ue continuavam vivos, 2oram todos de
novo passados ao raspador) Duando eu era um garoto de nove anos lia, com mais
pra>er do *ue os livros de J<lio Verne, as 6rochuras a>uis de V) V) ?hulguin, *ue
eram então vendidas tran*uilamente nos nossos *uios*ues) Era uma vo> vinda de um
mundo tão a2astado *ue nem com a mais assom6rosa 2antasia eu podia supor *ue menos
de vinte anos depois os passos do seu autor se cru>ariam com os meus numa invis-vel
linha ponteada pelos silenciosos corredores da Brande u6ianAa) E certo *ue não 2oi
nessa época distante *ue o encontrei em carne e osso, mas somente vinte anos mais
tarde) Entretanto, nesta .rimavera de 1945 tive tempo de o6servar numerosos
emigrados, /ovens e velhos) Goi1me dada a oportunidade de ir, /untamente com o
capitão de cavalaria Iorch e o coronel FariuchAin, a uma inspec+ão médica, e a
imagem lament3vel dos seus corpos nus, enrugados, de uma cor amarelada e escura,
não propriamente corpos, mas sim m<mias, 2icou gravada nos meus olhos) Goram presos
cinco minutos antes de serem enterrados, tra>idos para Foscovo, de milhares de
*uil:metros de distLncia)e a*ui, em 1945, da maneira mais séria do mundo,
2i>eram1lhes um interrogat:rio so6re))) a sua luta A$DU'.E AB& #E BU AB 4@1 contra
o poder soviético em 1919X ^a6itu3mo1nos tanto , acumula+ão de in/usti+as nos
processos /udicials *ue deix3mos de di2erenciar os seus graus) Este capitão de
cavalaria e este coronel eram *uadros militares do exército c>arista) J3 tinham
mais de *uarenta anos de idade e serviam h3 uns vinte, *uando o telégra2o
transmitiu o comunicado de *ue em .etrogrado haviam derru6ado o imperador) #urante
duas décadas eles 2oram 2iéis ao /uramento c>arista e agora, contra as suas
convic+9es Re
talve> murmurando por dentroJ 7Due a peste caia so6re ti e *ue o dia6o te
carregue8S, prestaram ainda /uramento ao Boverno provis:rio) "unca mais os
convidaram a prestar /uramento a *uem *uer *ue 2osse, uma ve> *ue o exército tinha
sido completamente des6aratado) Eles não gostavam de um regime so6 o *ual se
arrancavam gal9es e matavam o2iciais, e naturalmente uniram1se a outros o2iciais
para lutar contra esse regime) Era tam6ém natural *ue o Exército Vermelho lutasse
contra eles e os /ogasse ao mar) Fas num pa-s onde existisse, ainda *ue 2osse em
em6rião, um pensamento /ur-dico, *uais poderiam ser os 2undamentos para os JU BA$ e
ainda por cima ao ca6o de um *uarto de séculoY R#urante todo esse tempo eles tinham
vivido como simples particularesJ FariuchAin, até , sua deten+ãoW e *uanto a Iorch,
é verdade *ue o encontraram numa caravana cossaca, na Zustria, mas não,
precisamente, numa unidade armada, e sim entre os velhos e as mulheres)S
Entretanto, em 1945, no pr:prio centro do novo aparelho /udici3rio, acusaram1nos
cumulativamenteJ de actos destinados ao derru6amento do poder dos %ovietes de
oper3rios e camponesesW de invasão armada do territ:rio soviético Risto é, de não
terem partido imediatamente da $<ssia, *uando em .etrogrado 2oi proclamado o poder
soviéticoS de presta+ão de a/uda , 6urguesia internacional R*ue nem em sonhos nem
em esp-rito haviam vistoSW de terem servido os governos contra1revolucion3rios Rou
se/a, os seus generais, aos *uais tinham estado sempre su6ordinadosS) E todos estes
pontos R1141 411@S do artigo 5Q correspondiam a um c:digo aprovado))) em 194;, isto
é, seis a sete anos #E.&'% #& (E$F& da guerra civilX RExemplo cl3ssico e
desavergonhado de aplica+ão retroactiva da leiXS Além disso, o artigo 4 do ?:digo
indicava *ue ele se aplicava unicamente aos cidadãos presos no territ:rio da
$ep<6lica %ocialista %oviética Gederativa $ussa) Fas a mão direita da %eguran+a do
Estado arrancava tanto os *ue eram "i& cidadãos, como os ha6itantes de todos os pa-
ses da Europa e da ZsiaX15 Duanto , prescri+ão, /3 nem se*uer 2alamosJ estava
2lexivelmente previsto *ue, em rela+ão ao artigo 5Q, ela não se aplicava) R7.ara
*u0 remexer no passadoY)))8S A prescri+ão era reservada aos nossos verdugos
caseiros 15 Assim, não h3 nenhum presidente a2ricano *ue possa estar seguro de *ue,
dentro de de> anos, não pu6li*uemos uma lei, pela *ual o /ulguemos pelos seus actos
de ho/e) &s chineses, em todo o caso, 231lo1ão desde *ue os deixem chegar l3) 4@4
A$DU'.E AB& #E BU AB *ue ani*uilaram sistematicamente mais compatriotas do *ue toda
a guerra civil) FariuchAin era ainda capa> de se recordar de tudo claramente,
relatando os pormenores da sua evacua+ão de "ovorossisA, mas Iorch era como se
tivesse regressado , in2Lncia, e murmurava simploriamente como aca6ava de 2este/ar
a .3scoa na u6ianAaJ durante toda a semana, desde os $amos até , .aixão, apenas
comeu metade da ra+ão de pãoW a outra guar1dava1a, e trocava gradualmente pão duro
por mole) #esta 2orma, com o *ue tinha /e/uado, /untou o pão de sete dias e
6an*ueteou1se durante os tr0s dias de .3scoa) "ão sei precisamente *ue espécie de
guardas 6rancos 2oram eles durante a guerra civilJ se pertenciam , categoria *ue
constitu-a a excep+ão 1 os *ue en2orcavam sem /ulgamento um entre cada de>
oper3rios e espancavam os camponeses 1 ou , da maioria dos soldados) Due agora os
tivessem processado e /ulgado a*ui, não constitu-a uma prova material nem um
argumento) Fas se, até esse momento, durante um *uarto de século, tinham vivido,
não como honrados aposentados, mas como proscritos sem lar, talve> se/a ainda di2-
cil encontrar 2undamentos morais para /ulg31los) Esta é uma dialéctica *ue Anatole
Grance dominava, mas *ue nos é de todo em todo inacess-vel) %egundo ele, o m3rtir
de ontem deixa de ser /usto, desde o primeiro instante em *ue a camisa de carrasco
se lhe pegue ao corpo) E vi1ce1versa) Fas não nas 6iogra2ias do
nosso tempo revolucion3rioJ se me montaram durante um ano, *uando eu deixei de ser
potro, agora toda a vida me chamarei cavalo, em6ora h3 muito sirva como cocheiro) &
coronel =onstantin =onstantinovitch 'acevitch di2erenciava1se muito dessas
importantes m<mias de emigrantes) .ara ele, o 2im da guerra civil não signi2icava
certamente o 2im da luta contra o 6olchevismo) ?om *ue meios ele p_de lutar, onde e
como, isso não me contou) Fas ele tinha a impressão de se encontrar ainda no
servi+o activo, mesmo agora, a*ui na cela) En*uanto o caos e as se*u0ncias descont-
nuas e incertas de ideias reinavam na maioria das nossas ca6e+as, ele, pelos
vistos, tinha uma opinião clara e precisa so6re o *ue nos rodeava, e a clare>a das
suas posi+9es na vida dava1lhe uma permanente energia, elasticidade e dinamismo)
"ão tinha menos de sessenta anos, a sua ca6e+a era inteiramente calva, /3 so2rera a
instru+ão do processo Resperava a senten+a, como todos n:sS e não rece6ia,
naturalmente, a/uda de parte alguma, mas conservava a sua /uventude e mesmo a sua
pele rosada) Em toda a cela ele era o <nico *ue 2a>ia gin3stica pela manhã e se
6orri2ava com 3gua da torneira Rtodos n:s poup3vamos, pelo contr3rio, as calorias
do rancho prisionalS) Ele não deixava passar o tempo, durante o *ual, entre as
tarim6as, 2icava um espa+o livre, e nesses cinco ou seis metros andava de um lado
para o outro, com passo el3stico e preciso, as mãos cru>adas so6re o peito e os
olhos claros e /uvenis trespassando as paredes) Justamente por*ue n:s nos
surpreend-amos com o *ue sucedia , nossa A$DU'.E AB& #E BU AB 4@@ volta, e para ele
nada contradi>ia a sua expectativa, era na cela um ser completamente isolado) %: um
ano depois eu pude avaliar e compreender a sua conduta na prisãoJ 2ui parar de novo
a IutirAi e, numa das setenta celas, encontrei /ovens do mesmo processo de
lacevitch, com senten+as de de> e de *uin>e anos) "um papel de 2umar estava
escrito, não se sa6endo como é *ue tinha ido parar ,s suas mãos, a senten+a de todo
o grupo) & primeiro da lista era lacevitch e a sua senten+a era o 2u>ilamento) Eis
pois o *ue ele s via e previa através das paredes, com os seus olhos não
envelhecidos, andando da mesa para a porta e inversamente) Fas a sua consci0ncia,
*ue não se arrependia de seguir o caminho /usto, proporcionava1lhe uma 2or+a
extraordin3ria) Entre os emigrados encontrava1se 'gor (ronAo, da minha gera+ão)
(rav3mos ami>ade) Am6os est3vamos en2ra*uecidos, chupados, com a pele amarelada e
engelhada reco6rindo os ossos) R.or*ue é *ue nos deixamos a6ater tantoY .enso *ue
devido ao desconcerto espiritual)S (anto eu como ele éramos magros e altos)
Agitados pelos impulsos do vento estival, no p3tio de recreio de IutirAi, and3vamos
sempre ao lado um do outro, com um passo cuidadoso de velhos, discutindo as nossas
vidas paralelas) "ascemos no mesmo ano, no %ul da $<ssia) Ainda mam3vamos, *uando o
destino remexeu na sua velha 6olsa e me estendeu a mim uma palhinha curta e a ele
uma comprida) A sua sina atirou1o para l3 dos mares, em6ora o seu pai, pretenso
guarda 6ranco, 2osse um simples e modesto telegra2ista) .ara mim era deveras
interessante imaginar, através da vida dele, toda a minha gera+ão de compatriotas
*ue ali se encontrava) Eles tinham sido criados so6 uma 6oa protec+ão 2amiliar, com
modesto desa2ogo ou mesmo com di2iculdades) Eram todos muito 6em1educados e, de
acordo com os seus meios, instru-dos) ?resceram sem conhecer o medo e a repressão,
em6ora um certo peso dos dirigentes das organi>a+9es de 6rancos se exercesse so6re
eles, en*uanto não se tornaram adultos) ?resceram dum modo tal *ue os v-cios do
século, *ue envolviam toda a /uventude europela Relevada criminalidade, atitude
leviana perante a vida, 2alta de re2lexãoS, não os a6rangeram, pois
desenvolveram1se , som6ra da indelével desgra+a das suas 2am-lias) Em todos os pa-
ses onde tinham estado s: reconheciam a $<ssia como sua p3tria) A sua 2orma+ão
espiritual era 6aseada na
literatura russa, tanto mais amada, por*ue para eles ela signi2icava o princ-pio e
o 2im da sua p3tria, a *ual, na*uele momento, não existia senão como um 2acto
geogr32ico e 2-sico) As pu6lica+9es contemporLneas eram1lhes mais acess-veis do *ue
a n:s, mas precisamente as edi+9es soviéticas *uase não chegavam até eles, e
sentiam essa lacuna de um modo agudo, parecendo11lhes *ue, por isso, não podiam
compreender o *ue havia de mais importante, o *ue havia de mais elevado e 6elo na
$<ssia %oviética) (udo o *ue conheciam tinha para eles um ar de deturpa+ão, de
mentira, de algo incompleto) As ideias *ue possu-am so6re a nossa vida aut0ntica
eram das mais .3lidas, mas a saudade pela p3tria era tal *ue se no ano de 41
tivessem 2eito 4@4 A$DU'.E AB& #E BU AB apelo a eles, todos acorreriam ao Exército
Vermelho e mesmo maisa gratamente para morrer do *ue para 2icar vivos) E aos vinte
e cinco e vinte e sete anos esta /uventude /3 2ormulava e de2endia com 2irme>a
v3rios pontos de) vista, *ue não coincidiam com as opini9es dos velhos generais e
pol-ticos) Assim, o grupo de 'gor era partid3rio de 7nada decidir a priori8) Eles
a2irmavam *ue, não havendo compartilhado com a p3tria toda a complexa gravidade das
décadas anteriores, ninguém tinha o direito de decidir so6re o 2uturo da $<ssia,
nem se*uer de propor algo, mas somente de regressar e o2erecer as suas energias
para a*uilo *ue o povo decidisse) .ass3vamos longo tempo deitados um ao lado do
outro nas tarim6as) Eu aprendi *uanto pude do seu mundo, e este encontro a6riu1me
Ro *ue depois outros encontros con2irmaramS , ideia de *ue se sumira pela vala de
escoamento da guerra civil uma parte consider3vel das nossas 2or+as espirituais,
privando1nos de um ramo da cultura russa) E todos os *ue a amaram vverdadeiramente
aspirarão , reuni2ica+ão dos dois ramos 1 o da metr:pole e o do estrangeiro) %:
então ela atingir3 a plenitude, s: então ela poder3 desenvolver1se sem entraves) Eu
sonho viver até esse dia) & homem é dé6il, dé6il) "o 2im de contas, até os mais
o6stinados de n:s dese/avam o perdão, nessa .rimavera, estando dispostos a
renunciar a muito por um poucochinho mais de vida) ?irculava a seguinte anedotaJ 7A
sua <ltima palavra, acusadoX8 1 7.e+o *ue me enviem para onde *uiserem, contanto
*ue ha/a l3 o poder soviéticoX E sol)))8 "ão est3vamos amea+ados de ver1nos
privados do poder soviético, mas de ver1nos privados do sol))) "inguém *ueria ir
para as regi9es polares, onde havia o escor6uto, a distro2ia) E, não se sa6e
por*u0, espalhou1se, em particular nas celas, a lenda so6re o Altai) A*ueles poucos
*ue alguma ve> l3 tinham estado, mas so6retudo os *ue nunca l3 estiveram, sugeriam
aos companheiros de cela sonhos harmoniososJ *ue 6elo pa-s é o AltaiX (em a
vastidão da %i6éria e um clima suaveX Fargens cheias de trigais e rios de melX
Estepes e montanhasX $e6anhos de ovelhas, ca+a e pescaX .opulosas e ricas
aldeiasX )))1Q 1Q &s sonhos dos presos so6re o Altai não serão a continua+ão do
velho sonho dos camponeses so6re essa regiãoY A- 2icavam as terras chamadas do
7Ba6inete de %ua Fa/estade8, mantendo1se, por isso, durante longo tempo, mais
2echadas , emigra+ão do *ue o resto da %i6éria) Fas era precisamente para l3 *ue
tentavam ir os camponeses Re l3 se instalaramS) "ão preceder3 da- essa insistente
lendaY A$DU'.E AB& #E BU AB 4@5 AhX, esconder1se nessa *uietudeX &uvir o n-tido e
sonoro canto do galo através dum ar l-mpidoX Acariciar o 2ocinho sério e
6onacheirão de um cavaloX E *ue vão para o #ia6o todos os grandes pro6lemasW *ue
*ue6re com eles a ca6e+a outro *ual*uer mais est<pido do *ue euX $epousar ali das
in/<rias do investigador, deste 2astidioso des6o6inar de toda
a tua vida, do 6arulho das 2echaduras da prisão, do as2ixiante ar viciado da cela)
A vida *ue nos é dada é tão pe*uena, tão curtaX E n:s expomo1la criminosamente a
uma metralhadora *ual*uer, e imiscu-mo1la, assim pura, no s:rdido lixo da pol-ticaX
3, no Altai, parece1me *ue viveria na mais 6aixa e o6scura ca6ana do extremo da
aldeia, na orla do 6os*ue) E iria ao 6os*ue não para apanhar lenha seca ou
cogumelos, mas simplesmente para errar entre as 3rvores, de *ue a6ra+aria dois
troncosJ meus *ueridosX, de nada mais precisoX))) A pr:pria .rimavera exortava ,
clem0nciaJ a .rimavera do 2im de uma tão monstruosa guerraX ":s, presos, v-amos
*uebéramos milh9es a 2luir pelos c3rceres e *ue muitos mais milh9es ainda nos
acolheriam nos campos) E imposs-vel *ue se deixem assim tantos milh9es de pessoas
na prisão, ap:s a maior vit:ria mundialX #evem simplesmente reter1nos para nos dar
uma severa advert0ncia, para *ue nos 2i*ue na mem:ria) "aturalmente, haver3 uma
grande amnistia, 1e 6em depressa nos li6ertarão a todos) Alguns até /uravam ter
lido no /ornal *ue %taline, respondendo a um correspondente americano Rde *ue
apelidoY, não me lem6ro)))S, disse *ue depois da guerra haveria uma amnistia no
nosso pa-s como o mundo nunca vira) A um outro, tinha sido & .$H.$'& ?&F'%%Z$'& a
garantir *ue 6em depressa dariam uma amnistia geral) REstes 6oatos eram vanta/osos
para os comiss3rios, pois a2rouxavam a nossa vontadeJ *ue um raio os leve,
assinaremos o *ue *uiserem, de todas as maneiras não é por muito tempoXS Fas para
*ue ha/a clem0ncia é necess3rio *ue a ra>ão prevale+al 'sto é v3lido para toda a
nossa ^ist:ria, e por muito tempo ainda) "ão escut3vamos os poucos prisioneiros
l<cidos *ue havia entre n:s, os *uais grasnavam *ue nunca, ao longo de um *uarto de
século, tinha havido uma amnistia para os presos pol-ticos, nem /amais haveria)
Encontrava1se sempre na cela um 6u2o para saltar com esta respostaJ 7%im, em 1945,
por ocasião do décimo anivers3rio de &utu6ro, todas as cadeias 2icaram va>ias e
so6re elas 2lutuavam 6andeiras 6rancasX8 Esta surpreendente visão das 6andeiras
6rancas na prisão 1 e por*u0 6rancasY 1 comovia particularmente o cora+ão19) $epel-
amos os mais sensatos, *ue explicavam *ue 19 A colectLnea #as .ris9es ,s
'nstitui+9es Educativas, na p3g) @9;, d3 a seguinte ci2raJ por ocasião da amnistia
de 1945 2oram li6ertados sete e meio por cento dos reclusos) .ode acreditar1se
nisto) E um n<mero muito mes*uinho para o décimo anivers3rio da $evolu+ão) #os pol-
ticos, li6ertaram as mulheres com 2ilhos, e a*ueles a *uem 2altava cumprir uns
meses, 4@; A$DU'.E AB&(5E BU AB n:s est3vamos presos aos milh9es precisamente
por*ue tinha aca6ado a guerraJ na 2rente /3 não 2a>-amos 2altaW na retaguarda
éramos perigosos e nas long-n*uas o6ras de constru+ão sem n:s não se assentava um
ti/olo) R":s não t-nhamos su2iciente esp-rito de a6dica+ão de n:s pr:prios para
penetrar nos c3lculos, senão malévolos, pelo menos econ:micos, de %talineJ *uem é
*ue, depois de desmo6ili>ado, *uereria deixar a 2am-lia, o lar, e partir para
=olima, para VorAut, para a %i6éria, onde não havia ainda caminhos nem casasY 'sto
era *uase uma tare2a do .lano EstatalJ 2ornecer ao Finistério do 'nterior o n<mero
de homens a prender)S Uma amnistiaX Uma generosa e ampla amnistiaX ":s
esper3vamo1la ansiosamenteX #i>1se *ue na 'nglaterra no anivers3rio da coroa+ão,
isto é, todos os anos, dão amnistiaX Goram amnistiados numerosos presos pol-ticos
pelo tricenten3rio da dinastia dos $omanov) %eria poss-vel *ue, tendo o6tido agora
uma vit:ria, , escala de um século, e mesmo mais, o Boverno estalinista 2osse tão
mes*uinho e vingativo *ue se mostrasse incapa> de es*uecer os passos em 2also e os
desli>es de cada um dos seus mais insigni2icantes cidadãosY)))
^3 uma verdade simples, mas *ue é necess3rio experimentar na pr:pria carneJ
6enditas se/am não as vit:rias nas guerras, mas as derrotasX As vit:rias são
necess3rias para os povos) #epois das vit:rias am6iciona1se ainda novas vit:rias,
depois das derrotas *uer1 se a li6erdade, e ha6itualmente consegue1se) &s povos
precisam das derrotas como certas pessoas precisam de so2rimentos e de desgra+asJ
elas o6rigam a apro2undar a vida interior e a elevar1se espiritualmente) A vit:ria
de .oGtava4C 2oi uma desgra+a para a $<ssiaJ ela arrastou consigo dois séculos de
grandes tens9es, de devasta+9es, de opressão e de novas e novas guerras) .elo
contr3rio, a derrota de .oltava 2oi salutar para os %uecosJ tendo perdido o gosto
de pele/ar, eles tornaram1se o povo mais 2lorescente e livre da Europa41) ":s
estamos tão acostumados a orgulhar1nos da nossa vit:ria so6re "apoleão *ue perdemos
de vista *ue 2oi precisamente devido a ela *ue a li6erta+ão dos camponeses se não
reali>ou cin*uenta anos antesW e *ue 2oi /ustamente gra+as a ela *ue o trono se
2ortaleceu e esmagou os de>em6ris1tas) RDuanto , ocupa+ão 2rancesa, ela não 2oi uma
realidade para a $<ssia)S J3 a guerra da ?rimeia e as guerras contra o Japão e a
Alemanha44 nos proporcionaram todas as li6erdades e revolu+9es) uma d<>ia) Fas,
entretanto, arrependeram1se, inclusive dessa m-sera amnistia e come+aram a
atropel31laJ alguns 2oram retidos na prisão e aos outros, em ve> de dar1 lhes
li6erdade incondicional, concederam1lhes uma li6erta+ão 7redu>ida8 Rresid0ncia
2ixaS) 4C r/e pet/ro & Brande, so6re o rei da %uécia, eml5C9) R") dos ()S 41 (alve>
*ue s: no século !!, a acreditarmos no *ue se di>, a sua a6undLncia estagnante o
tenha condu>ido , crise moral) 44 $espectivamente, em 1Q5@15;, 19C415 e 1914115)
R") dos ()S A$DU'.E AB&#E BU AB 4@5 "essa .rimavera t-nhamos 2é na amnistia, mas
nisso não éramos originais) Galando com velhos presos compreendia1se, pouco a
pouco, *ue esta sede de li6erdade, esta 2é na clem0ncia, nunca a6andonam os
cin>entos muros da cadeia) #écada ap:s década, as di2erentes torrentes de presos
sempre esperaram e sempre tiveram 2éJ ora na amnistia, ora num novo c:digo, ora
numa revisão do processo Re os 6oatos eram sempre, com ha6ilidade e cautela,
suscitados pelos :rgãosS) ?ada anivers3rio de &utu6ro, cada anivers3rio de enine e
do #ia da Vit:ria, do Exército Vermelho ou da ?omuna de .aris, cada plano
*uin*uenal e cada reunião plena do %upremo (ri6unal 1 tudo a imagina+ão dos presos
2a>ia coincidir como a tão esperada descida do an/o da li6erta+ãoX E *uanto mais
selvagens, eram os acusados, *uanto mais homéricas e 2renéticas eram as, torrentes
de prisioneiros, tanto mais nascia neles, não a lucide> mas sim a 2é na amnistiaX
(odas as 2ontes da lu> se podem comparar, num ou noutro grau, com o %ol) %: o %ol
não se pode comparar com coisa alguma) #o mesmo modo, todas as esperan+as do mundo
podem ser comparadas , espera de uma amnistia, mas a espera de uma amnistia a nada
se pode comparar) "a .rimavera de 1945, a cada novato *ue chegava , cela, a
primeira coisa *ue se perguntava era se ele tinha ouvido algo so6re a amnistia) E
se de uma cela levavam dois ou tr0s presos ?&F A% %UA% ?&'%A%, os peritos logo
come+avam a con2rontar os seus .$&?E%%&% e sa6iamente conclu-am *ue eram dos menos
graves, sendo por isso *ue os punham em li6erdade) (udo come+ava na latrina e na
casa de 6anho, *ue eram os postos de correio dos presosW por toda a parte os nossos
activistas 6uscavam vest-gios e escritos so6re a amnistia) E, de s<6ito, no céle6re
vest-6ulo roxo da casa de 6anho de IutirAi, n:s lemos, em come+os de Julho, a
enorme pro2ecia, escrita com sa6ão so6re os
a>ule/os cor de violeta, a uma altura superior , estatura de um homem Ralguém tinha
su6ido aos om6ros de outro, para *ue tardassem mais tempo a apagar a inscri+ãoSJ
7^urraXXX Em 15 de Julho sair3 uma amnistiaX84@ Duanto rego>i/o houve entre n:sX R
%e não tivessem a certe>a não escreveriam a*uiloXS (udo o *ue palpitava, pulsava,
vi6rava no nosso corpo, 2icou paralisado de alegria, ao pensarmos *ue a porta se ia
a6rir))) Fas 1 .A$A DUE ^AJA ? EFn"?'A E "E?E%%Z$'& DUE A $AU\& .$EVA EVAX Em
meados desse m0s de Julho, o guarda do corredor mandou um velho da nossa cela lavar
as latrinas e ali, cara a cara Rdiante de testemunhas não se teria atrevidoS,
perguntou1lhe compadecidamente, olhando para a sua ca6e+a grisalhaJb 7.or *ual
artigo est3 preso, velhoteY8 1 7.elo cin1 #e 2acto, os 2ilhos da mãe tinham1se
enganado apenas num tra+oX .ara mais pormenores so6re a grande amnistia estaliniana
de 5 de Julho de 1945, ver .arte ''', cap-tulo V') 4@Q A$DU'.E AB& #E BU AB *uenta
e oitoX8, alegrou1se o velho, por *uem choravam em casa tr0s gera+9es) 7"ão és
a6rangido)))8, suspirou o guarda) 7IesteiraX8, conclu-ram na cela) 7& guarda é um
anal2a6eto)8 "esta cela encontrava1se um /ovem de =iev, Valentim Rnão me recordo do
seu apelidoS, de olhos grandes e 6onitotes, *ue pareciam de mulher, e estava
aterrori>ado com o processo) Ele +ra sem d<vida extremamente intuitivo, talve>
devido ,*uele estado de excita+ão) .or mais de uma ve>, ao passear de manhã pela
cela, ele indicavaJ 7^o/e levam1te a ti e a ti, eu sonhei com isso)8 E levavam1nosX
.recisamente a eles-iEntretanto, a alma do preso é tão inclinada ao misticismo *ue
ele acolhe os vatic-nios *uase sem assom6ro) "o dia 45 de Julho, Valentim
3proximou1se de mim e disseJ 7AlexandreX ^o/e vamos os dois)8 E contou1me um sonho
onde 2iguravam todos os elementos dos sonhos prisionaisJ uma ponte por cima de um
rio turvo, e uma cru>) ?omecei a preparar1me e não 2oi em vãoJ depois da 3gua
2ervida da manhã chamaram1nos) A cela despediu1se ruidosamente de n:s,
dese/ando1nos sorte, pois muitos a2irmavam *ue -amos ser postos em li6erdade Ro *ue
resultara do con2ronto dos nossos processos, am6os pouco gravesS) .odes não
acreditar nisso, podes permitir1te ser céptico, repeti1lo com grace/os, mas umas
tena>es ardentes, das mais a6rasadoras da terra, aper1tam1te de repente a almaJ e
se 2or verdadeY Juntaram vinte pessoas de celas di2erentes e levaram1nos
primeiramente ao 6anho Rem cada mudan+a da vida de um preso ele deve, antes do
mais, passar pelo 6anhoS) Ali estivemos algum tempo, cerca de uma hora e meia,
entregues a con/ecturas e a divaga+9es) #epois do vapor do 6anho, recon2ortados,
pass3mos pelo /ardim cor de esmeralda do p3tio de IutirAi, onde ensurdecedoramente
chilreavam os p3ssaros Rtalve> 2ossem apenas pardaisSW o verde intenso dessas
3rvores parecia insuport3vel aos olhos desa6ituados da lu>) "unca a vista apreendeu
com tanta 2or+a o verde da 2olhagem como nesta .rimaveraX E nunca tinha visto nada
na vida mais parecido com o para-so do *ue a*uele /ardin>inho de IutirAi, *ue não
levava mais de trinta segundos a atravessar, pelo passeio as2altadoX44 ?
ondu>iram1nos , esta+ão de IutirAi Rlugar de recep+ão e de envio dos presos, cu/o
nome é muito certeiro, pois, além do mais, o vest-6u/o principal é muito parecido
com o de uma 6oa esta+ãoS e meteram1nos num c3rce1 44 Vi ainda um /ardim parecido,
*ue era mais pe*ueno, mas em compensa+ão mais -ntimo, /3 muitos anos depois, como
excursionista, no 6astião de (ru6etsAi, na Gortale>a
de .edro e .aulo) &s excursionistas surpreendem1se diante dos tene6rosos corredores
e celas, mas eu pensei *ue, tendo para passeio um tal /ardin>inho, os prisioneiros
não eram pessoas inteiramente perdidas no mundo) A n:s levavam1nos a passear s: por
recantos co6ertos de pedras mortas) A$DU'.E AB& #E BU AB 4@9 re grande, espa+oso)
^avia a- uma semiescuridão e ar 2rescoJ a <nica e min<scula /anela 2icava muito
alta e não tinha morda+a) Ela dava /ustamente para a*uele ensolarado /ardim)
Através de um caixilho a6erto, ouvia1se o piar ensurdecedor dos p3ssaros e no vão
da /anela 6alanceava1se um raminho verde1claro, prometendo a todos n:s a li6erdade
e o lar) RVe/amX "unca hav-amos estado numa 6ox tão 6oaX 1 não era por
casualidadeXS E todos n:s depend-amos do &)%)&)45 Acontecia *ue est3vamos presos
por uma ninharia) #urante tr0s horas ninguém nos molestou, ninguém a6riu a porta)
":s and3vamos, and3vamos e and3vamos pela 6ox, até *ue, derreados, nos sent3mos nos
6ancos de pedra) E o raminho 6alanceava, 6alanceava, sau1dando1nos através do
postigo, en*uanto os pardais respondiam uns aos outros endia6radamente)
%u6itamente, os gon>os da porta rangeram e chamaram um dos nossos, um pacato
conta6ilista de trinta e cinco anos) Ele saiu) A porta 2echou1se) .usemo1nos a
correr mais intensamente ainda dentro da nossa caixa, *ue nos *ueimava) "ovo
estrondo) ?hamaram outro e 2i>eram entrar o anterior) an+31mo1nos so6re ele) Fas
não parecia o mesmoX A vida tinha paralisado no seu rosto) &s seus olhos a6ertos
estavam cegos) ?om movimentos incertos, ele mexia1se vacilantemente pelo chão liso
da 6ox) Estaria contundidoY (01lo1iam espancado com uma t36ua de engomarY 1 EntãoY
EntãoY 1 pergunt3mos angustiados) R%e ele não vem da cadeira eléctrica, devem, em
todo o caso, ter1lhe comunicado a pena de morte)S ?om vo> de *uem anuncia o 2im do
mundo, o conta6ilista disseJ 1 ?inco))) anosX E de novo os gon>os da porta
rangeramJ voltaram tão rapidamente *ue dava a impressão de os terem levado ,
latrina para 2a>er uma pe*uena necessidade) Este regressou radiante) .elos vistos
anunciaram1lhe a li6erdade) 1 EntãoY EntãoY 1 /unt3mo1nos , volta do *ue regressara
com esperan+a) Ele 2e> um movimento com o 6ra+o, su2ocando de risoJ 1 Duin>e anosX
Era demasiado a6surdo para acreditarmos, assim de cho2re) 45 %essão especial de
deli6era+ão da Administra+ão .ol-tica do Estado 1 B) .) U)11") =) V) #) V'' "A %E?
V\& #E FZDU'"A% "A 6ox vi>inha , esta+ão de IutirAi, conhecida como a da 6usca Rali
se revistavam os recém1detidos, havendo um espa+o su2iciente para *ue cinco ou seis
guardas pudessem controlar, numa s: rodada, uns vinte presosS, não havia /3
ninguém, encontrando1se va>ias as grosseiras mesas da inspec+ão) %: a um lado, so6
uma lLmpada, estava sentado, diante de uma pe*uena mesa ocasional, um elegante
ma/or da ") =) V) #), de ca6elos pretos) A expressão dominante do seu rosto era de
paciente a6orrecimento) Ele perdia o seu tempo em vão, en*uanto tra>iam e levavam
os presos um por um) As assinaturas poderiam ser recolhidas muito mais depressa)
Ele apontou1me um 6anco situado na sua 2rente, do outro lado da mesa, e veri2icou o
meu apelido) ] direita e , es*uerda dos tinteiros, , sua 2rente, viam1se pe*uenas
pilhas de papelinhos 6rancos, todos iguais, da dimensão de metade de uma 2olha de
papel de m3*uina e de 2ormato igual ao dos *ue, nas administra+9es das casas de
ha6ita+ão, nos entregam como 2acturas de com6ust-vel, ou, então, ao dos
re*uerimentos para a a*uisi+ão de artigos de escrit:rio, nas reparti+9es) Ao
2olhear a rima da direita, o ma/or encontrou um 6oletim *ue me di>ia respeito)
(irou1o, leu1o com indi2eren+a, numa vo> precipitada Reu compreendi *ue me
condenavam a oito anosS, e p_s1se logo a anotar com a caneta no reverso, *ue o
texto me tinha sido comunicado em tal data) & meu cora+ão nem se*uer teve uma leve
palpita+ão a mais, tão 6anal era tudo a*uilo) %eria poss-vel *ue 2osse essa a minha
verdadeira senten+a e *ue iria constituir uma viragem decisiva na minha vidaY Eu
*ueria emocionar1me, viver todos os sentimentos pr:prios deste momento 1 mas não
pude, de modo algum) & ma/or estendia1me /3 o verso da 2olha) E ali tinha ao meu
alcance a caneta de sete Aopecs, com um ruim aparo, *ue pescou um 2arrapo de papel
no tinteiro) 1 "ão, *uero l01la eu pr:prio) 1 Acaso vou engan31loY 1 replicou
pregui+osamente o ma/or) T Iem, leia) E, sem vontade, soltou a 2olhinha da mão) Eu
voltei1a e, propositadamente, mirei1a com todo o vagar, não apenas palavra por
palavra mas letra 444 A$DU'.E AB& #E BU AB por letra) Estava escrita , m3*uina, mas
não era o original *ue eu tinha so6 os olhos e sim uma c:piaJ Extracto do despacho
da ?omissão Especial de #eli6era+ão do ?omissariado do .ovo da %eguran+a do Estado
da U) $) %) %), de 5 de Julho de 1945, n<mero)))1 (udo isto era su6linhado com um
tra+o ponteado e dividido tam6ém com um ponteado verticalJ (endo examinadoJ a
acusa+ão contra Rnome, data e lugar de nascimentoS) ?:pia 2iel) & %ecret3rio)
#ecidiu1seJ aplicar a Rnome do interessadoS por agita+ão e tentativa de uma
organi>a+ão anti1 soviética QRoitoS anos de campo correccional de tra6alho) #everia
eu limitar1me simplesmente a assinar e a sair silenciosoY &lhei para o ma/orJ iria
ele di>er1me *ual*uer coisa, explicar1me algoY "ão, não se dispunha a isso) (inha /
3 2eito sinal com a ca6e+a ao guarda, para entrar o seguinte) .ara emprestar ao
momento um pouco de gravidade, perguntei1lhe em tom tr3gicoJ T Fas isto é horr-velX
&ito anosX .or*u0Y As minhas palavras soaram1me 2alsas a mim mesmoJ nem eu nem ele
sent-amos *ue era horr-vel) T A*ui T indicou1me o ma/or, uma ve> mais) E eu
assinei) "ão teria simplesmente achado mais *ue 2a>erY T Então, permita1me *ue
escreva a*ui mesmo um recurso de apela+ão) A senten+a é in/usta) T Ga+a1o nos
termos legais 1 disse mecanicamente com a ca6e+a o ma/or, colocando o meu papelinho
na pilha da es*uerda) T .asseX 1 ordenou1me o guarda) E eu passei) 1 $eunida no
pr:prio dia da amnistiaJ o tra6alho era urgente) A$DU'.E AB& #E BU AB 44@
Galtou1me engenho) Beorgui (enno, a *uem, é verdade, apresentaram um papelinho com
vinte e cinco anos, respondeu assimJ 7Fas trata1se de prisão perpétuaX #antes,
*uando uma pessoa era condenada a prisão perpétua, ru2avam os tam6ores e convocava1
se) a multidão) Fas a*ui é como se 2osse uma lista do sa6ãoJ vinte cinco anos 1 e
a6alarX8 Arnold $appoport agarrou na caneta e escreveu no versoJ 7.rotesto
categoricamente contra esta senten+a ilegal e terrorista, e exi/o imediatamente a
minha li6erta+ão)8 & 2uncion3rio esperou primeiro com paci0ncia, mas, ao ler o *ue
ele escrevera, en2ureceu1 se e rasgou o papel *ue continha a decisão) 'sso não
tinha importLncia, a senten+a continuava em vigorJ a*uilo era uma c:pia) Fas Vera
=orneieva aguardava uns *uin>e anos e viu com entusiasmo *ue no seu papelinho
somente estavam escritos cinco) $iu1se com o seu riso luminoso e apressou1 se a
assinar, para *ue não se arrependessem) & o2icial teve d<vidasJ 7Fas voc0
compreendeu o *ue eu lhe liY8 T 7%im, sim, muito o6rigadaX ?inco anos em campos de
tra6alho correccionaisX8 Duanto ao h<ngaro $o>cas Janos, leram1lhe em l-ngua russa,
e sem tradu+ão, num corredor, a senten+a de de> anos de prisão) Ao assinar, ele não
compreendeu *ue se tratava da senten+a) (inha esperado longo tempo o /ulgamento e
s: mais tarde, no campo, ao ter uma ideia con2usa do seu caso, suspeitou *ue
tivesse sido assim) $egressei , 6ox, sorrindo) Estranhamente, sentia1me, de minuto
a minuto, mais alegre e aliviado) (odos voltavam com de> anos, inclusive Valentim)
A pena in2antilmente mais 6aixa de todo o nosso grupo tinha sido a do conta6ilista
*ue perdera o /u->o Re *ue até ao momento continuava sentado sem dar sinal de siS)
#epois da dele a mais pe*uena era a minha) Entre as pinceladas de sol, via1se ainda
a*uele raminho, do outro lado da /anela, a 6alancear1se alegremente , leve 6risa de
Junho) ":s 2al3vamos com anima+ão) A*ui e ali o riso 6rotava com 2re*u0ncia na
enxovia) $-a1mo1nos por tudo se ter passado 6emW r-amo1nos do pertur6ado
conta6ilistaW r-amo1nos das nossas esperan+as matinais e de como se haviam
despedido de n:s na cela, de como nos tinham encomendado pacotes convencionaisJ
*uatro 6atatinhasX, dois 6iscoitosX 1 Fas sim, haver3 uma amnistiaX 1 a2irmavam
alguns) 1 'sto é simplesmente um pr:1 2orma para assustar1nos, para *ue nos 2i*ue
na mem:ria) %taline disse isso mesmo a um correspondente americano))) 1 Dual era o
apelido desse correspondenteY 1 "ão sei))) "esse momento ordenaram1nos *ue
agarr3ssemos nas nossas coisas, *ue 2orm3ssemos dois a dois, e levaram1nos de novo
por esse maravilhoso /ardin>inho, inundado pela lu> de Verão) .ara ondeY .ara o
6anho Uma ve> mais) 'sto provocou /3 em n:s gargalhadas) Fas *ue ca6e+udosX
#espimo1 444 A$DU'.E AB& #E BU AB 1nos entre risos, en*uanto penduravam as nossas
roupas nos mesmos ganchos e as levavam para a mesma desin2ec+ão, onde as tinham
colocado essa manhã) Balho2ando, rece6emos uma lLmina de ruim sa6ão e pass3mos ao
amplo e 6arulhento 6anho, para nos lavar dos nossos pecados de crian+a) Ali
despe/3mos e volt3mos a despe/ar 3gua *uente e pura so6re n:s, chapinhando tanto
como estudantes *ue 2ossem 6anhar1se depois do <ltimo exame) Esse riso era
puri2icador, aliviador, e não, segundo pnso, doentio) Era uma de2esa viva e salutar
do organismo) Ao enxugar1se, Valentim disse1tne com ar tran*uili>ador e pac-2icoJ
1 "ão importa, ainda somos /ovens, ainda temos tempo de viver) & principal agora é
não dar passos em 2also) Duando chegarmos ao campo, nem uma palavra com *uem *uer
*ue se/a, para *ue não caiam so6re n:s novas condena+9es) (ra6alharemos
honradamente e, *uanto ao resto, calar, calar) (anta era a 2é *ue punha nesse
programa, tanta era a esperan+a *ue tinha este inocente grão, apanhado entre as
pedras de moer estalinistasX %entia1se vontade de estar de acordo com ele, de
cumprir comodamente a senten+a e de varrer depois da ca6e+a tudo o *ue se tinha
so2rido) Fas come+ou uma sensa+ão a emergir dentro de mimJ se para viver é preciso
"\& V'VE$ 1 então, para *u0Y "ão se pode di>er *ue as ?omiss9es Especiais R&) %)
&)S, tivessem sido inventadas depois da $evolu+ão) J3 ?atarina '' mimoseara o
indese/3vel /ornalista "oviAov com *uin>e anos, através do *ue mais tarde se
chamaria uma ?omissão Especial, pois não o entregou aos tri6unais) E todos os
imperadores desterravam tam6ém, paternalmente, os *ue não go>avam das suas 6oas
gra+as, sem /ulgamento) "os anos ;C do século !'! 2oi 2eita uma re2orma radical do
sistema /udici3rio) Era como se se come+asse a delinear algo *ue aos governantes e
aos s<6ditos aparecesse como uma visão /ur-dica da sociedade) Entretanto, nos anos
5Ca e QC, =orolenAo revelava casos de repressão administrativa, em ve> de
condena+9es /udicials) Ele pr:prio, em 1Q5;, com mais dois estudantes, 2oi
deportado sem /ulgamento, por despacho de um camarada ministro dos dom-nios
estatais Rcaso t-pico de deli6era+ão de uma ?omissão EspecialS) Ainda sem
/ulgamento, 2oi deportado uma segunda ve>, /untamente com um irmão, para Bla>ov)
=orolenAo cita o caso de Giodor Iogdan, delegado campon0s, *ue chegou a 2alar com o
c>ar e depois 2oi deportadoW de .ianAov, a6solvido pelo tri6unal e *ue 2oi exilado
por ordem superiorW e o de muitas outras pessoas) Vera Uassulitch, numa carta
escrita da emigra+ão, explicava *ue não era ao tri6unal *ue se su6tra-a, mas sim a
uma repressão administrativa, sem /ulgamento) A$DU'.E AB& #E BU AB 445 #este modo,
a tradi+ão ia tra+ando uma linha ponteadaW mas era demasiado 2rouxaJ 6oa para uma
na+ão asi3tica em letargia, e não para um pa-s *ue *ueria dar um grande salto em
2rente) E depois havia ainda a aus0ncia de responsa6ilidade pessoalJ *uem era
essa ?omissão EspecialY &ra o c>ar, ora o governador, ora o camarada ministro)
.erdão, mas *ue 2alta de envergadura, se se podem enumerar os nomes e os casos) A
envergadura, essa, come+ou a partir dos anos 4C, *uando, passando por cima dos
tri6unais, se criaram o2icialmente as troiAas, 2uncionando permanentemente) #e in-
cio, 2alava1se delas com orgulho) A troiAa da B) .) U)X &s nomes dos seus mem6ros
não eram ocultos, 2a>ia1se até a sua pu6licidade) Duem não conhecia em %olovAi a
céle6re troiAa moscovitaJ Ble6 Io*uii, Vul e VassilievYX E era 6em apropriada, essa
palavra troiAag Ela evoca um pouco o som dos gui>os, so6 o arco do cavalo de tiro,
a pLndega carnavalesca e um certo mistério) .or*u0 troiAak Due signi2ica issoY Um
tri6unal, na verdade, não é propriamente um *uartetoX E uma troiAa não é tam6ém um
tri6unalX & *ue h3 mais misterioso nela é *ue se re<ne na aus0ncia do acusado)))
":s não estivemos l3, nada vimos, s: nos estenderam um papelinhoJ e assineX A
troiAa tornou1se mais terr-vel do *ue os tri6unais revolucion3rios) Um 6elo dia ela
isolou1se, enco6riu1se, encerrou1se num ga6inete , parte, e os apelidos dos seus
mem6ros tornaram1se secretos) Assim nos ha6itu3mos , ideia de *ue os da troiAa não
6e6em, não comem, nem vivem entre gente humana) E uma ve> *ue se retiraram para
deli6erar, desaparecendo para
sempre, é s: através das dactil:gra2as *ue nos chegam as senten+as) RE com ordem de
degola+ãoJ esse documento não se pode deixar nas nossas mãos)S Estas troiAas Rpara
o *ue der e vier, escrevemos o seu nome no pluralW é como se se tratasse de uma
divindadeJ nunca se sa6e onde situ31laS respondiam , mani2esta+ão de uma insistente
necessidadeJ uma ve> as pessoas presas, /3 não se podia deix31las regressar ,
li6erdade Rtratava1se, no 2undo, de uma espécie de %ec+ão de ?ontrole (écnico da B)
.) U), destinada a impedir *ue houvesse sucataS) E se por acaso acontecia *ue o
preso era inocente, não se podendo processar de 2orma alguma, então, através da
troiAa, rece6ia o seu 7menos trinta e dois8 Rproi6i+ão de resid0ncia em trinta e
duas cidades da prov-nciaS, ou uma deporta+ão>inha de dois a tr0s anos) E ei1lo
marcado para sempre, com um sinal indelévelJ de 2uturo, seria um 7reincidente8)
RDue o leitor nos perdoeJ ve/a, em6rulhamo1nos de novo no oportunismo de direita,
com o conceito de 7culpa8, com a oposi+ão entre 7culpado8 e 7não culpado8) "o
entanto, /3 nos 2oi explicado *ue a *uestão não reside na culpa pessoal, mas na
periculosidade socialJ assim, pode1se prender um inocente se ele é socialmente
pr:ximo) Fas para n:s, *ue não rece6emos instru+ão /ur-dica, isso é desculp3vel,
pois o pr:prio c:digo de 194;, so6 o *ual vivemos, como de6aixo da protec+ão de um
pai, durante vinte e cinco anos, 2oi criticado tam6ém pelo seu 7ponto de vista
inadmissivelmente 44; A$DU'.E AB& #E BU AB 6urgu0s8, pela sua 7posi+ão de classe
insu2iciente8, por uma certa 7pondera+ão 6urguesa na dosagem da pena, em 2un+ão da
gravidade do acto cometido84)S "ão é a n:s *ue competir3 escrever a apaixonante
hist:ria deste :rgão) ?omo é *ue a troiAa se converteu em ?omissão EspecialY Duando
é *ue 2oi mudada a sua denomina+ãoY ^avia ?omiss9es Especiais nas cidades da prov-
ncia, ou s: na capitalY E *uem é *ue, entre os nossos grandes e orgulhosos
dirigentes, 2a>ia parte delaY ?om *ue 2re*u0ncia e dura+ão se reuniaY ?om ch3, ou
sem eleY E o *ue é *ue acompanhava o ch3Y ?omo se desenrolavam as discuss9esY
Galava1se so6re a *uestão, ou nem se*uer se 2alavaY "ada escreveremos acerca disso,
por*ue não sa6emos) %: ouvimos di>er *ue, na sua ess0ncia, a &) %) &) era uma
trindade, e, em6ora nos se/a imposs-vel mencionar os nomes desses tr0s >elosos
assessores, sa6emos, entretanto, *uais eram os tr0s :rgãos *ue estavam l3
representados pelos seus delegados permanentesJ um era do ?omité ?entral do
.artido, outro do Finistério da %eguran+a do Estado e o terceiro da .rocuradoria)
"o entanto, não ser3, de modo algum, de admirar, se algum dia sou6ermos *ue não
havia *uais*uer reuni9es, mas apenas um *uadro de experientes dactil:gra2as, *ue,
so6 a direc+ão de um administrador, ela6oravam extractos de processos ver6ais
inexistentes) Duanto ,s dactil:gra2as, disso estamos certos, podemos garanti1loX
Até 1944 a compet0ncia das troiAas limitava1se ,s penas de tr0s anosW a partir da-,
2oi ampliada para cinco anosW depois de 19@5, a &) %) &) aplicava de> anos e a
partir de 194Q pregava com um *uarto de século) ^3 *uem ateste R(chavdarovS, *ue
durante os anos da guerra a &) %) &) aplicava igualmente o 2u>ilamento) "ão seria
nada de extraordin3rio) "ão sendo mencionada em parte alguma, nem na ?onstitui+ão,
nem no ?:digo, a &) %) &) aca6ou, entretanto, por ser a m3*uina de alm_ndegas mais
c:modaJ d:cil e pouco exigente não necessitava da lu6ri2ica+ão das leis) & ?:digo
era uma coisa e a &) %) &) outra, rodando 2acilmente, sem precisar desses du>entos
e cin*uenta artigos, sem utili>31 los nem mencion31los nunca) ?omo se di>ia, por
pilhéria, no campoJ os tri6unais não servem para nadaJ h3 a ?omissão Especial)
?ompreende1se *ue, por comodidade, 2osse tam6ém necess3ria uma espécie de c:digo,
mas com tal 2im a &) %) &) ela6orou para si mesmo os seus artigos1siglas,
2acilmente operacionais Rnão era preciso *ue6rar a ca6e+a e andar atr3s das
2ormula+9es do ?:digoS, os *uais, pelo seu n<mero 4 ?olectLnea #as .ris9es ,s
'nstitui+9es Educativas) A$DU'.E AB& #E BU AB 445 limitado, seriam acess-veis ,
mem:ria de uma crian+a Rparte deles /3 os mencion3mosSJ 1 A%A 1 Agita+ão
anti1soviéticaW 1 =$# 1 Actividade contra1revolucion3riaW 1 =$(# 1 Actividade
contra1revolucion3ria trots*uista Ra simples letra ( agravava muito a vida do >eA
no campoSW 1 .?^ 1 .resun+ão de espionagem Rse a espionagem ultrapassava a mera
suspeita dela, era entregue ao tri6unalSW 1 %V.?^ 1 $ela+9es conducentes RXS ,
suspeita de espionagemW 1 =$F 1 &pini9es contra1revolucion3riasW 1 VA% 1 'ncu6a+ão
de esp-rito anti1soviéticoW 1 %&E 1 Elemento socialmente perigosoW 1 %VE 1 Elemento
socialmente pre/udicialW 1 .# 1 Actividade criminosa Raplicada particularmente aos
ex11reclusos dos campos, se de nada mais podiam ser acusadosSW E 2inalmente, com
grande amplitudeJ 1 (?^? 1 Fem6ro da 2am-lia Rcondenado por um dos artigos
anterioresS) "ão es*ue+as *ue estes artigos1siglas não se repartiam de maneira
uni2orme pelas pessoas e pelos anos, mas, como o artigo do c:digo e os par3gra2os
dos ucasses, mani2estavam1se por epidemias s<6itas) E h3 *ue prevenir aindaJ a &)
%) &) não pretendia de maneira alguma pro2erir uma senten+a contra *ual*uer pessoa)
Ela não aplicava penasJ punha uma san+ão administrativa 1 e era tudo) "aturalmente,
go>avam, pois, de uma inteira li6erdade /ur-dicaX Fas em6ora a san+ão
administrativa não pretendesse tornar1se uma senten+a /udicial, ela podia atingir
vinte e cinco anos e incluirJ 1 a priva+ão de t-tulos e de condecora+9es 1 o
con2isco de todos os 6ens 1 a reclusão prisional 1 a priva+ão do direito de
correspond0ncia) E uma pessoa desaparecia da 2ace da (erra com maior seguran+a do
*ue pelo processo primitivo da senten+a /udicial) &utra vantagem importante da &)
%) &) era ainda a de *ue a sua decisão não tinha recursoJ não havia onde apelarW
não existia nenhuma instLncia, nem superior nem in2erior a ela) Estava su6ordinada
unicamente ao ministro do 'nterior, a %taline e a %atan3s))) & grande mérito da &)
%) &) era a sua rapide>J esta era limitada apenas pela técnica da dactilogra2ia)
Ginalmente, a &) %) &) não tinha necessidade de ver o acusado 2rente a 2rente
Rdescongestionando, assim, os transportes interprisionaisS, nem se*uer exigindo a
2otogra2ia dele) "o per-odo em *ue as cadeias estavam completamente a6arrotadas,
havia ainda a comodidade de *ue o recluso, uma ve> instaurado o processo, podia não
ter de ocupar o seu lugar na ca1 44Q
A$DU'.E AB& #E BU AB deia, não comer de gra+a o seu pão, sendo enviado
imediatamente para o campo, e tra6alhando honradamente) A leitura da c:pia do
extracto, podia 2a>01la muito mais tarde) Em casos privilegiados acontecia
descarregarem os reclusos dos vag9es na esta+ão de destino e a-, perto da linha,
mandarem1nos p_r de /oelhos Rpara evitar 2ugas e como se 2osse para re>ar pela &)
%) &)S sendo1lhes imediatamente lida a condena+ão) As coisas podiam passar1se ainda
de outra maneiraJ os *ue chegavam a .erie6ori por etapas, em 19@Q, não conheciam os
artigos pelos *uais eram acusados, nem as penas, mas o escrevente *ue os rece6ia /3
tinha conhecimento deles e encontrava1os logo na listaJ %VE, cinco anos Rnessa
época 2e>1se sentir uma necessidade urgente de mão1de11o6ra para a constru+ão do
canal de FoscovoS) Fas outros havia *ue tra6alhavam durante muitos meses sem
conhecerem as condena+9es) Fais tarde Rconta ') #o6riaAS, 2ormaram1nos solenemente,
não num dia *ual*uer, mas no .rimeiro de Faio de 19@Q, com as 6andeiras vermelhas
i+adas e comunicaram1lhes as penas ditadas pela troiAa da região de %taline Ro *ue
mostra *ue a &) %) &) se descentrali>ava em per-odos de tensãoSJ e cou6eram de> a
vinte anos a cada um) & meu che2e de 6rigada %inie6riuAhov, nesse mesmo ano de
19@Q, 2oi trans2erido, com toda uma composi+ão 2errovi3ria de presos por /ulgar, de
(chelia6insAi, para (cheriepovets) .assaram meses e os >eAs continuavam a tra6alhar
ali) #e repente, no 'nverno, num dia de descanso Rrepararam por*ue é *ue escolhiam
um tal diaY .or*ue é *ue ele era vanta/oso para a &) %) &)YS, os presos 2oram
mandados 2ormar no p3tio, so6 um 2rio rigoros-ssimo, e um tenente itinerante
apresentou1seJ tinha sido enviado para comunicar1lhes as decis9es da &) %) &) Fas
aconteceu *ue não era mau rapa>, e, olhando de soslaio o cal+ado roto deles e o sol
entre os postos gelados, disse simplesmenteJ 1 "o 2im de contas, rapa>es, para *ue
é *ue ides 2icar a*ui a enregelarY Iasta *ue sai6ais *ue a &) %) &) vos deu de>
anos a *uase todosW raros, muito raros, a*ueles *ue apanharam oito) ?ompreendidoY,
podem dispersar))) Em 2ace de uma tão 2ranca mecani>a+ão da ?omissão Especial, para
*u0, então, os tri6unaisY .ara *u0 os carros de cavalos, *uando h3 actualmente
autocarros 6em mais silenciosos, de *ue não se pode saltarY .ara não desempregar os
/u->esY .ela 6oa ra>ão de *ue não é decente, para um estado democr3tico, não ter
tri6unais) Em 1919, o V''' ?ongresso do .artido inscrevia no seu programaJ 2a>er o
poss-vel no sentido de *ue toda a popula+ão tra6alhadora, A$DU'.E AB& #E BU AB 449
sem excep+ão, se/a chamada ao exerc-cio das 2un+9es /udicials) (oda 7sem excep+ão8,
não 2oi poss-vel, pois o exerc-cio da /usti+a é muito delicado, mas tão1pouco
2ic3mos completamente privados de tri6unaisX Entretanto, os nossos tri6unais pol-
ticos 1 os tri6unais especiais da região e os tri6unais militares Re por*u0
tri6unais militares em tempos de pa>YS, 6em como, evidentemente, os tri6unais
supremos 1 procuram seguir unanimemente o exemplo da &) %) &), e não se perder
tam6ém nos processos /udicials p<6licos e nos de6ates contradit:rios entre as
partes) A sua primeira e principal caracter-stica reside em *ue são , porta
2echada) E , porta 2echada, antes de mais, para sua comodidade) J3 nos ha6itu3mos
de tal 2orma a *ue milh9es e milh9es de pessoas se/am /ulgadas em sess9es secretasW
/3 nos 2amiliari>3mos tanto com isso, *ue por ve>es h3 mesmo 2ilhos, irmãos ou
so6rinhos do acusado *ue ainda te replicam convictamente, com o esp-rito
misti2icadoJ 7.ois *ue *uerias tuY 'sso signi2ica *ue o caso est3 seguramente
relacionado))) &s inimigos viriam a sa6erX "ão se pode)))8 Assim, temendo *ue 7os
inimigos sai6am8, metemos a nossa pr:pria ca6e+a entre os /oelhos) Duem é *ue
actualmente, na nossa p3tria, além dos vermes dos livros, se lem6ra de *ue
=araAo>ov, *ue a6riu 2ogo contra o c>ar, teve um de2ensorY Due Jelia6ov e todos os
populistas do grupo A Vontade do .ovo 2oram /ulgados pu6licamente, sem se ter medo
de *ue 7os turcos pudessem sa6er8Y Due Vera Uassulitch, *ue tinha disparado, para
empregarmos a nossa terminologia, contra o che2e da administra+ão de Foscovo do
Finistério da %eguran+a do Estado Rem6ora a 6ala passasse ao lado da ca6e+a, sem
ter acertadoS, não somente não 2oi ani*uilada na cLmara de torturas, como tam6ém a
não /ulgaram , porta 2echada, mas sim num tri6unal .[I '?&, sendo AI%& V'#A
pelos /urados Rnão por uma troiAaS e partindo em triun2o numa carruagemY ?om tais
compara+9es, não *uero di>er b*ue na $<ssia tenha havido alguma ve> uma /usti+a
per2eita) .rovavelmente, uma /usti+a digna desse nome é o 2ruto aca6ado de uma
sociedade amadurecida) &u então h3 *ue ser o rei %alomão) Vladimir #al o6serva *ue
na $<ssia anterior ,s re2ormas 7não havia um s: provér6io de elogio aos tri6unais8)
'sso signi2ica alguma coisaX .arece *ue não houve tempo de criar um s: ditado
elogioso para os che2es das administra+9es c>aristas locais) ?ontudo, a re2orma
/udicial de 1Q;4 2e> enveredar, ao menos, a parte ur6ani>ada da nossa sociedade
pelo caminho conducente ao modelo ingl0s, *ue ^ert>en tanto admirou) Ao re2erir
isto não es*ue+o tão1pouco as cr-ticas de #ostoievsAi contra os nossos tri6unais de
/urados Rno #i3rio de Um EscritorSW o a6uso da elo*u0ncia dos advogados
R7%enhores /uradosX, *ue mulher seria ela se não anavalhasse a sua rivalY)))
%enhores /uradosX, *ual de v:s não teria lan+ado a crian+a pela /anela 2oraY)))8SW
o impulso de momento do /<ri, *ue pode pesar mais do *ue a sua responsa6ilidade c-
vica) Fas #ostoievsAi antecipava1se muito, em esp-rito, , nossa vida, e o *ue ele
temia "\& E$A ADU'1 45C A$DU'.E AB& #E BU AB & *ue havia *ue temerX Ele considerava
o /ulgamento p<6lico como uma con*uista de2initivaX))) E *uem é *ue, entre os seus
contemporLneos, podia acreditar na &)%)&)Y Algures, ele escreveJ 7E melhor
enganar1se na clem0ncia do *ue na puni+ão)8 &h, sim, sim, simX, mil ve>es simX &
a6uso da elo*u0ncia é uma doen+a de *ue so2re não s: uma /usti+a nascente, mas, de
um modo mais amplo mesmo, uma democracia adulta Radulta, mas não consciente dos
seus 2ins moraisS) A pr:pria 'nglaterra nos d3xexemplos de como, para impor a
preponderLncia do seu partido, o lea1der da oposi+ão nãd hesita em atri6uir ao
Boverno um agravamento da situa+ão no pa-s, maior do *ue na realidade existe) &
a6uso da elo*u0ncia é um mal) Fas, então, *ue palavra utili>ar contra o a6uso do
secretismoY #ostoievsAi sonhava com um tri6unal em *ue tudo o *ue se revelasse .A$A
A #EGE%A do acusado 2osse expresso pelo procurador) Duantos séculos ainda a esperar
para issoY A nossa experi0ncia social enri*ueceu1nos imenso, entretanto, com
advogados *ue A?U%AF o acusadoJ 7?omo honesto cidadão soviético *ue sou, como
verdadeiro patriota, não posso deixar de sentir repugnLncia perante a an3lise
destes crimes)))8 E *ue 6om *ue é participar numa audi0ncia , porta 2echadaX "ão é
necess3rio a toga e pode1se arrega+ar as mangas) ?omo é 23cil tra6alhar assimX "em
micro2ones, nem correspondentes de /ornais, nem p<6lico) RFas sim, h3 um p<6licoJ
os comiss3rios instrutores) .or exemplo, no tri6unal da região de eninegrado, eles
vinham de dia ver
como se portavam os seus constituintes, e depois, de noite, visitavam na prisão
a*ueles *ue era preciso chamar , ordem@)S A segunda caracter-stica essencial dos
nossos tri6unais pol-ticos é a exactidão no tra6alho, ou se/a, a pré1determina+ão
das senten+as4, o *ue signi2ica *ue os /u->es sa6em sempre o *ue exigem os che2es
Ré para isso *ue existem os tele2onesXS) ] imagem d, &) %) &), h3 igualmente
senten+as escritas , m3*uina, previamente, apenas se tendo de inserir , mão o nome
e o so6renome do acusado) E se um *ual*uer %traAhovitch grita na sessão do
tri6unalJ 7Eu não podia ter sido recrutado por 'gnatov, pois nessa altura eu tinha
de> anos de idadeX8, o presidente do tri6unal Rda ?ircunscri+ão Filitar de
eninegrado, 1944S limitava1se a grasnarJ 7.ro-6o1o de caluniar a contra1espionagem
soviéticaX8 J3 est3 tudo decidido h3 muitoJ todo o grupo @ Brupo de (ch) 4 A mesma
colectLnea #as .ris9es ,s 'nstitui+9es Educativas nos proporciona elementos para
ver *ue a pré1determina+ão das senten+as é coisa velha, pois /3 nos anos de 1944149
as senten+as dos tri6unais eram dadas apenas em 2un+ão de considera+9es
econ:mico1administrativas) A partir de 1944, devido ao desemprego existente no pa-
s, os tri6unais diminu-ram as penas de tra6alhos correccionais, cumpridos em casa,
e aumentavam as de 6reves A$DU'.E AB& #E BU AB 451 de 'gnatov é para 2u>ilar) E s:
por acaso é *ue 2oi inclu-do no grupo um tal ipovJ ninguém o conhece e ele não
conhece ninguém) Iom, de acordo, ipov é condenado a de> anos) ?omo a
pré1determina+ão das senten+as torna menos espinhoso o caminho do tri6unalX "ão é
tanto /3 o al-vio do cére6ro, a dispensa de pensar, *uanto o al-vio moralJ não tens
de torturar1te, pensando em *ue te podes enganar na senten+a e deixar :r2ãos os
seus 2ilhos) E até no caso de um /ui> tão encarni+ado como Ulrich 1 *uantos
2u>ilamentos importantes não 2oram pro2eridos pela sua 6ocaX T, a pré1determina+ão
predisp9e , 6ondade) Em 1945, o ?olégio Filitar /ulgava o caso 7dos separatistas
estonianos8) E o 6aixinho, gorducho e 6onacheirão Ulrich *ue preside) "ão deixa
passar a ocasião de grace/ar, não s: com os colegas, mas tam6ém com os reclusos
Risso , é ser humanistaX Eis uma nova caracter-stica, onde /3 se viu issoYS) Ao
sa6er *ue %u>i é advogado, di>1lhe sorrindoJ 7En2im, a sua pro2issão vai ser muito
<tilX8 Fas o *ue é *ue na realidade os separaY .ara *u0 exasperar1seY & tri6unal
segue uma ordem agrad3velJ 2uma1se na mesa dos /u->es, e no momento prop-cio 2a>1se
um 6om intervalo para o almo+o) Duando a noite chega, é necess3rio ir deli6erar)
Fas *uando é *ue se viu deli6erar1se de noiteY #eixam os reclusos sentados a noite
inteira na sala e vão eles pr:prios para casa) .ela manhã chegam, todos
2res*uinhos, 6ar6eados, e ,s nove da manhã anunciamJ 7 evantem1se, est3 a6erta a
audi0nciaX8 E pregam de> anos a cada um) E se vierem di>er1nos *ue, pelo menos, a
&) %) &) não é hip:crita, en*uanto a*ui o 2ingimento é a regra, pois 6em, não,
decididamente não podemos aceitar issoX #ecididamenteX Ginalmente, a terceira
caracter-stica é a dialéctica Rdantes, grosseiramente, di>ia1seJ 7A lei é como a
6arra de uma carro+a, volta1se para o lado onde se *uer ir8S) & ?:digo não pode ser
uma pedra a 6arrar o caminho ao tri6unal) &s artigos do ?:digo t0m /3 de>, *uin>e )
vinte anos de vida, a um ritmo r3pido, e como disse GaustoJ & mundo todo muda e
anda para diante, por*ue hei1de ser eu a guardar palavraY
per-odos de prisão Rtrata1se, naturalmente, de delitos comunsS) 'sso teve como
conse*u0ncia a superlota+ão das cadeias por presos com penas in2eriores a seis
meses e a insu2ici0ncia de mão1de1o6ra nas col:nias de tra6alho) Em come+os de
1949, o ?omissariado do .ovo para a Justi+a, na sua circular n<mero cinco, ?$'('?&U
a aplica+ão de penas curtas, e em ;111149 Rna véspera do décimo segundo anivers3rio
de &utu6ro, *uando ia iniciar1se a edi2ica+ão do socialismoS, por resolu+ão do ?
omité Executivo do ?onselho dos ?omiss3rios do .ovo 2oi simplesmente .$&'I'#&
aplicar penas de prisão in2eriores a um anoX g 454 A$DU'.E AB& #E BU AB (odos os
artigos 2oram reco6ertos de interpreta+9es, de indica+9es, de instru+9es) %e os
actos do acusado não estão previstos no ?:digo, ele pode sera/ulgado aindaJ 1 .or
analogia R*ue imensas possi6ilidadesXSW 1 %implesmente pela sua origem Rartigo
51@5J por pertencer a um meio socialmente perigoso5SW 1 .or ter rela+9es com
pessoas perigosas;) R"ão pode haver maior amplitudeJ *ue pessoa é perigosa e em *ue
consistem essas rela+9es, isso s: o tri6unal sa6e)S Fas não h3 *uem levante
o6/ec+9es *uanto , exactidão das leis promulgadas) Em 1@ de Janeiro de 195C saiu o
ucasse so6re a restaura+ão da pena de morte Rem6ora possa pensar1se *ue ela nunca
desapareceu das caves de IériaS) A- se escreviaJ 7.odem ser executados os
sa6otadores e diversionistas)8 Due signi2icava issoY "ão se especi2icava) 'oci2
Vissarionovitch %taline pre2eria não di>er, mas insinuar) (ratar1se1ia unicamente
dos *ue dinamitam os caminhos de 2erroY "ão se indicava) 7#iversionista8, /3
sa6emos h3 muito o *ue éJ a*uele, cu/a produ+ão é de m3 *ualidade) Fas o *ue é um
sa6otadorY .or exemplo, a*uele *ue, em conversas no eléctrico, atentou contra a
autoridade do BovernoY &u a*uela *ue casou com um estrangeiroY Acaso ela não
atentou contra a grande>a da nossa p3triaY))) Fas não é o /ui> *uem /ulgaJ o /ui>
s: rece6e o vencimento) Duem /ulga são as instru+9es o2iciaisX As instru+9es do ano
de @5 eramJ de> anos, vinte anos, 2u>ilamento) As instru+9es do ano 4@J vinte anos
de tra6alhos 2or+ados, 2orca) As instru+9es do ano 45J a todos em geral de> anos de
prisão, mais cinco de priva+ão de direitos c-vicos Ro *ue era um meio de recrutar
mão1de1o6ra para o terceiro plano *uin*uenalS5) As instru+9es do ano 49J a todos em
geral vinte e cinco anos de prisãoQ) A m3*uina estampa as senten+as) Entretanto, um
preso é privado de todos os direitos desde *ue lhe cortam os 6ot9es, ao cru>ar os
um6rais do Finistério da %eguran+a do Estado, e /3 não pode evitar uma ?&"#E"AV\& 5
"a $ep<6lica da Z2rica do %ul, o terror chegou nos <ltimos anos ao ponto de *ue
cada negro suspeito pode ser preso sem culpa 2ormada por tr0s meses))) V01se logo
onde est3 a 2ra*ue>aJ por*ue não por tr0s a de> anosY ; 'sso ignor3vamo1lo) Goi
relatado no /ornal '>vie>tia, em Junho de 1955) ?omo Ia6aiev lhes gritou, ele *ue
era um preso de direito comumJ 7.odeis aplicar11me, se *uiserdes, tre>entos anos de
morda+a Rpriva+ão de direitosS) En*uanto viver não hei1 de votar por v:s, : meus
6en2eitoresX8 Q E assim um verdadeiro espião R%hult>, Ierlim, 194QS pode apanhar
uns de> anos, mas não uma pessoa *ue nunca o tenha sido R^unter VashAau, *ue 2oi
condenado a vinte e cinco, segundo parece, na vaga de 1949S) A$DU'.E AB& #E BU AB
45@ E os 2uncion3rios /udicials estão de tal modo ha6ituados a isso *ue cometeram
uma enorme ga22e em 195QJ pu6licaram nos /ornais o pro/ecto das novas 7Iases do
%istema
.enal da U) $) %) %)8 e E%DUE?E$AF1%E de inserir um ponto so6re a possi6ilidade de
uma senten+a de a6solvi+ãoX & :rgão do governo9 repreendeu1os, mas em tom 6randoJ
7'sso pode dar a impressão de *ue os nossos tri6unais s: pro2erem senten+as
condenat:rias)8 .onhamo1nos na pele dos /uristasJ por*ue é *ue, propriamente
2alando, os tri6unais devem ter duas sa-das, se as elei+9es gerais se reali>am com
um s: candidatoY A senten+a de a6solvi+ão é um a6surdo econ:micoX 'sso signi2ica
*ue os in2ormadores, os agentes operacionais, os investigadores, os procuradores,
os carcereiros e a escolta, todos tra6alharam em vãoX Eis um exemplo simples e t-
pico de um processo no tri6unal militar) Em 1941, as sec+9es de agentes
operacionais tche*uistas tinham por missão exercer uma actividade de vigilLncia
entre as nossas tropas inactivas *ue se encontravam na Fong:lia) & médico militar
osovsAi, *ue sentia ci<mes de uma mulher *ue dava sorte ao tenente .avel
(chulpeniov, 2e> a este tr0s perguntas) .rimeiraJ 7.or*ue é *ue te parece *ue
retrocedemos dos alemãesY8 R(chulpeniovJ 7Eles t0m mais recursos técnicos e
mo6ili>a1ram1se antes)8 osovsAiJ 7"ão, trata1se ,éum ardil, armamos1lhe uma
cilada)8S %egundaJ 7?on2ias na a/uda dos aliadosY8 R(chulpeniovJ 7?on2io em *ue nos
a/udarão, mas não desinteressadamente)8 osovsAiJ 7Engano, não nos a/udarão em
nada)8S (erceiraJ 7.or*ue é *ue trans2eriram Voro1chilov para o comando da 2rente
"oroesteY8 (chulpeniov respondeu e não voltou a pensar na conversa) Fas osovsAi
redigiu uma den<ncia) (chulpeniov 2oi)chamado , sec+ão pol-tica1da divisão e
expulso do =omsomolJ por esp-rito derrotista, por enaltecer a técnica alemã e por
minimi>ar a estratégia do nosso comando militar) "este caso, *uem mais discursou
2oi o secret3rio do =omsomol, =aliaguin Rnos com6ates de ^alAhin1Bol, em presen+a
de (chulpeniov, ele mostrara1se co6arde e agora tinha ocasião de a2astar do seu
caminho para sempre uma testemunhaS) Ei1lo preso) (em uma <nica acarea+ão com
osovsAi) "\& E #'%?U('#A a conversa anterior, entre os dois) Apenas 2a>em a osovsAi
uma perguntaJ 7?onhece este homemY8 1 7%im)8 1 7(estemunha, pode retirar11se)8 R&
investigador teme *ue a acusa+ão se desmorone1C)S 9 hvie>tia, 1C de %etem6ro de
195Q) osovsAi é agora candidato a doutor em ci0ncias médicas) Vive em Foscovo) (udo
ie corre 6em) (chulpeniov é condutor de tr:leis) 454 A$DU'.E AB& #E BU AB A6atido
por ter passado um m0s na 2ossa, (chulpeniov comparece perante o tri6unal da @;)a
#ivisão Fotori>ada) Estão presentes o comiss3rio da divisão, e6iedev, e o che2e da
sec+ão pol-tica, %lessariev) A testemunha osovsAi nem se*uer é convocada a vir
depor ao tri6unal) R"o entanto, para 2ormali>a+ão das 2alsas provas, /3 depois
do /ulgamento, são recolhidas as assinaturas de osovsAi e do comiss3rio
%erioguine)S .erguntas do tri6unalJ 7(eve alguma conversa com osovsAiY Due lhe
perguntou eleY Due respondeu voc0Y8 (chulpeniov respondeu ingenuamente, não
compreendendo ainda do *ue é culpadoJ 7Fas h3 tanta gente *ue di> issoX8 $e2lexo
autom3tico do tri6unalJ 7Duem precisamenteY #iga nomes)8 Fas (chulpeniov não é da
ra+a delesX E tem uma <ltima palavraJ 7.e+o ao tri6unal *ue comprove uma ve> mais o
meu patriotismo, dando1me a mim uma tare2a em *ue eu tenha de arriscar a vidaX8 E
numa atitude de paladino sinceroJ 7A mim e a *uem me denunciou, am6os /untosX8 AhX
'sso nãoX Esses costumes cavaleirescos, devemos extirp31los do nosso povo) osovsAi
deve receitar p-lulas, %erioguine educar com6atentes11) Acaso é importante
sa6er se vais morrer ou nãoY & essencial é *ile n:s se/amos vigilantes) %a-ram,
2umaram, regressaramJ de> anos de prisão e tr0s de perda de direitos c-vicos) ?asos
destes, durante a guerra, houve1os em cada divisão Rde outra maneira teria 2icado
caro manter os tri6unais militaresS) E o n<mero de divis9es *ue havia no total,
poder3 o leitor procur31lo) )))(odas as sec+9es dos tri6unais militares se
assemelham de modo sinistro) (ão sinistro como a 2alta de responsa6ilidade pessoal
e a insensi6ilidade dos /u->es, *ue pareciam ter luvas de 6orracha) ]s senten+as
são 2a6ricadas em série) (oda a gente tem um ar sério, mas compreende *ue isto é
uma palha+ada, e melhor do *ue ninguém os rapa>es da escolta, *ue são mais simples)
"o campo de trLnsito de "ovossi6irsA, em 1945, a escolta toma conta dos presos,
2a>endo a comunica+ão, por uma lista, da penaJ 7Gulano de talX, 5Q111a, vinte e
cinco anos)8 & che2e da escolta interessa1seJ 7.or*ue é *ue te deram tantosY8 1
7.ois, por nada)8 1 7Fentes) .or nada dão s: de>8 Duando o tri6unal tem pressa, a
7sessão8 dura um minutoJ entrar e sair) Duando a /ornada no tri6unal ocupa
de>asseis horas seguidas, da porta da sala de sess9es v01se uma toalha 6ranca, a
mesa servida e travessas com 2ruta) %e não t0m muita pressa, gostam de ler a
senten+a 7com psicologia8J 7#ecidiu ))) condenar o réu , pena m3xima)))8 .ausa)
&s /u->es n Victor Andreievitch %erioguine reside actualmente em Foscovo,
tra6alhando numa empresa de servi+os p<6licos) Vive 6em) A$DU'.E AB& #E BU AB 455
olham o condenado nos olhosJ é interessante ver como ele aguenta, o *ue é *ue ele
sente agora) 7))) Fas, levando em conta o seu sincero arrependimento)))8 (odas as
paredes da sala de espera do tri6unal estão riscadas com pregos e a l3pisJ 7?
ondenaram1me a 2u>ilamento8, 7?ondenaram1me a um *uarto de século8, 7#eram1 me de>
anos8) "ão apagam as inscri+9esJ elas são edi2icantes) (eme, verga1te e não penses
*ue podes mudar algo com o teu comportamento) Fesmo *ue pronuncies um discurso como
#EFH%(E"E%, em tua de2esa, na sala va>ia, diante um punhado de in*uiridores R&lga
%lios6erg, no %upremo (ri6unal, em 19@;S, isso não te servir3 de nada) Fas pode
aumentar a pena de de> anos para 2u>ilamento 1 isso pode) .or exemplo, se lhes
gritaresJ 7%ois uns 2ascistasX Envergonho1me de ter pertencido durante v3rios anos
ao vosso .artidoX8 R"iAolai %emionovitch #ascal, (ri6unal Especial do (errit:rio de
A>ov e do mar "egro, presidente AholiA, Faicop, 19@5S, eles insrauram1te um novo
processo, e então dão ca6o de ti) (chavdarov conta um caso em *ue, no tri6unal, os
réus, su6itamente, se recusaram a con2irmar as suas 2alsas con2iss9es, 2eitas
durante a instru+ão do processo) E *ue aconteceuY %e houve uma pausa para o rever,
2oi apenas de uns *uantos segundos) & procurador exigiu uma suspensão da sessão,
sem explicar para *u0) #a prisão acudiram a toda a pressa os investigadores e os
seus a/udantes carrascos) (odos os acusados, distri6u-dos pela 6ox, 2oram de novo
6em sovados, prometendo1lhes, numa segunda suspensão, dar1lhes ainda mais) &
intervalo terminou) & /ui> intenogou1os uma ve> mais a todos e eles então
reconheceram1se culpados) Alexandre Brigorievitch =aretniAov, director do 'nstituto
de 'nvestiga+ão ?ient-2ica so6re os (0xteis, demonstrou uma not3vel ha6ilidade) "o
pr:prio momento da a6ertura da sessão do ?olégio Filitar do %upremo (ri6unal
comunicou, através dos guardas, *ue *ueria 2ornecer provas suplementares) 'sso,
naturalmente, interessava) & procurador chamou1o) =aretniAov mostrou1lhe a sua
clav-cula purulenta, 2racturada pelo investigador com um 6anco, e declarouJ
7Assinei tudo so6 torturas)8 & procurador
arrependeu1se pela sua avide> em o6ter provas suplementares, mas /3 era tarde) Essa
gente s: é cora/osa en*uanto constitui uma pe+a invis-vel da m3*uina geral em
2uncionamento) Fas *uando so6re ela recai uma responsa6ilidade pessoal, *uando um
raio de lu> incide directamete so6re si, logo empalidece, compreendendo *ue não é
ninguém e *ue pode escorregar em *ual*uer casca de 6anana) Assim, =aretniAov
em6ara+ou o procurador e este não ousou enco6rir o assunto) Ao recome+ar a sessão
do (ri6unal Filitar, =aretniAov repetiu tudo))) Então o (ri6unal retirou1se para
e2ectivamente discutirX Fas a senten+a *ue devia pronunciar podia ser s: de
a6solvi+ão, e por conseguinte teriam de p_r em li6erdade =aretniAov) #esse modo)))
"A& G&' .$&"U"?'A#A %E"(E"VA A BUFAX ?omo se nada tivesse acontecido, meteram
=aretniAov novamente na 45; A$DU'.E AB& #E BU AB prisão) ?uraram1no e guardaram1no
tr0s meses) ?hegou um novo investigador, muito am3vel, redigiu uma nova ordem de
deten+ão Rse o ?olégio não se tivesse curvado, =aretniAov poderia ter 2icado em
li6erdade, pelo menos, estes tr0s mesesS e 2e> novamente as perguntas do primeiro
comiss3rio) =aretniAov, pressentindo a li6erdade, aguentou1se 2irmemente e não se
reconheceu culpado de nada) E *ue sucedeuY))) Goi condenado a oito anos pela ?
omissão Especial R&) %) &)S) Este exemplo chega para demonstrar, respectivamente,
as possi6ilidades do preso e da &) %) &)J3 #er/avine escreviaJ .ior do *ue um
6andoleiro, s: um tri6unal 2alho) &nde dorme a lei, o /ui> é nosso inimigo) &
pesco+o do cidadão, sem a6rigo, Estende1se para o cada2also) Fas s:
excepcionalmente no ?olégio Filitar dob %upremo (ri6unal sucediam 2actos tão
desagrad3veis) Era muito raro v01lo es2regar os olhos em6aciados para o6servar de
perto um soldadinho detido) Em 19@5, A)#)$), engenheiro electrotécnico, 2oi
arrastado até ao *uarto andar, su6indo a correr a escada, puxado pelo 6ra+o por
dois agentes da escolta Ro elevador certamente 2uncionava, mas os presos chegavam
com tanta 2re*u0ncia *ue, a utili>31lo, nem os 2uncion3rios teriam podido su6irS) ?
ru>aram1se com um preso *ue /3 havia sido condenado, entrando de rompante pela
sala) & (ri6unal Filitar tinha tanta pressa *ue nem se*uer se sentaram,
permanecendo os tr0s assim de pé) $espirando com di2iculdade Rpor se ter de6ilitado
nos interrogat:riosS, $) disse o seu apelido, o seu nome e o seu patron-mico)
%ussurraram algo, olharam1se entre si e Ulrich 1 sempre igual a si mesmoX 1
declarouJ 7Vinte anosX8 evaram1no a correr e a correr trouxeram o seguinte) Goi
como num sonhoJ em Gevereiro de 19@; tive eu de su6ir por essa mesma escada, mas
com o am3vel acompanhamento de um coronel da organi>a+ão do .artido) E na sala
cercada de uma colunata circular, onde di>em *ue se re<ne o plen3rio do %upremo
(ri6unal da União, , volta de uma enorme mesa em 2orma de 2erradura, *ue tem no seu
interior, ainda, uma outra redonda com sete cadeiras antigas, 2ui ouvido por
setenta magistrados do ?olégio Filitar, esse mesmo *ue noutros tempos condenou
=aretniAov, $) é muitos outros))) E eu disse1lhesJ 7Due dia tão memor3velX (endo
sido condenado primeiro a um campo de tra6alhos 2or+ados e depois ao desterro
perpétuo, nunca os meus olhos tinham visto um s: /ui>, e agora ve/o1vos a todos,
senhores, reunidos a*ui /untosX8 RE eles tam6ém era a primeira ve> *ue viam um >eA
vivo, com olhos de ver)S A$DU'.E AB& #E BU AB 455 Fas acontecia *ue não eram ciesX
%im, agora, eles a2irmavam1me *ue não eram elesX Asseguravam1me *ue os outros /3 l3
não estavam) Alguns tinham sa-do com uma honrosa re2orma, os restantes haviam sido
destitu-dos) RUlrich, o mais not3vel dos verdugos, 2ora posto a mexer ainda no
tempo de %taline, em 195C, por))) ser moleXS
.odiam contar1se pelos dedos da mão os *ue 2oram /ulgados, inclusive no tempo de
=ruchtchev, e esses, do 6anco dos réus, amea+avamJ 7^o/e tu /ulgas1nos a n:s, mas
amanhã seremos n:s *ue te /ulgaremos a ti, toma cuidadoX8 Fas, como todos os
empreendimentos de =ruchtchev, este movimento, de in-cio tão enérgico, 2oi depois
por ele 6em depressa es*uecido, a6andonado, não chegando a provocar mudan+as
irrevers-veis, e 2icando portanto nos limites do sistema anterior) &s veteranos
da /urisprud0ncia evocavam agora, a v3rias vo>es, as suas mem:rias, 2ornecendo1me
involuntariamente elementos para este cap-tulo) RE se eles se dispusessem a
pu6licar essas mem:riasY Fas os anos vão passando, /3 passaram mais cinco e não se
2e> mais lu>)S Eles recordavam como, nas con2er0ncias do tri6unal, os /u->es se
orgulhavam de terem conseguido não aplicar o artigo 51 do ?:digo so6re as
circunstLncias atenuantes, e de haverem, dessa 2orma, conseguido condenar a vinte e
cinco anos em ve> de de>X E *ue humilhante, a su6missão dos tri6unais aos :rgãosl ]
s mãos de certo /ui> chegou o seguinte processoJ um cidadão *ue tinha regressado
dos Estados Unidos a2irmava caluniosamente *ue havia ali 6oas estradas para
autom:veis) E nada mais) "o processo era tudo o *ue 2igurava) & /ui> atreveu1se a
devolver a causa para *ue a investiga+ão prosseguisse com o o6/ectivo de conseguir
7material anti1 soviético de pleno valor8, ou se/a, para *ue esse preso 2osse
torturado e espancado) Fas este no6re o6/ectivo não 2oi levado em conta pelos
comiss3rios e estes responderam11 lhes coléricosJ 7Voc0 não con2ia nos nossos
:rgãosk8 & /ui> 2oi trans2erido como secret3rio do tri6unal para %acalinaX R"o
tempo de =ruchtchev tudo era mais suaveJ os /u->es *ue 7cometiam 2altas8 eram
mandados))) imaginemX, tra6alhar como advogadosa)S14 E a .rocuradoria curvava1se da
mesma maneira perante os :rgãos) Duando em 1944 se divulgaram, com indigna+ão, os
a6usos de $iumin na contra1 espionagem do mar do "orte, a .rocuradoria não se
atreveu a intervir com o seu poder, mas limitou1se a in2ormar respeitosamente
A6aAumov de *ue os seus rapa>es 2a>iam travessuras) A6aAumov tinha motivos para
considerar os :rgãos como o sal da (erraX RGoi então *ue ele, depois de chamar
$iumin, o promoveu, para desgra+a sua)S hvie>tia, 9 de Junho de 19;4) Eis uma
interessante concep+ão da de2esa /udicialX))) m 191Q, enine exigia *ue se exclu-
ssem do .artido os /u->es *ue aplicassem senten+as demasiado leves) 45Q A$DU'.E AB&
#E BU AB & tempo não chegou senão eles terme1iam contado de> ve>es mais coisas) Fas
o *ue me disseram d3 para re2lectir) %e os tri6unais e a .rocuradoria eram s: pe9es
nas mãos do ministro da %eguran+a do Estado, talve> não se/a necess3rio escrever um
cap-tulo , parte so6re eles) Eles contavam1me tudo o melhor *ue podiam, en*uanto eu
os examinava com assom6ro) Estes eram homensX ^&FE"% completosX ?hegavam mesmo a
sorrirX Eles explicavam sinceramente como tinham dese/ado sempre o 6em) Fas, e se
tudo desse uma volta tal *ue eles me tivessem de /ulgar a mim outra ve>Y A*ui nesta
mesma sala Rmostravam1me a sala principalS) Iem, condenar1me1iam tam6ém) Dual é *ue
nasceu primeiroJ o ovo ou a galinhaY &s homens ou o sistemaY #urante v3rios séculos
existiu entre n:s o provér6ioJ 7"ão temas a lei, teme os /u->es)8 Fas, a mim,
parece1me *ue a lei 2oi mais além *ue os homens, e *ue estes 2icaram para tr3s, na
2erocidade) ?hegou a hora de inverter este provér6ioJ não temas os /u->es, teme a
lei) A de A6aAumov, naturalmente)
E eis *ue so6em , tri6una, discutindo Um #ia na Vida de 'van #enis1sovitc6, e
a2irmam, rego>i/ando1se, *ue esse livro lhes aliviou a consci0ncia Rpelo menos é o
*ue di>em)))S) $econhecem *ue eu apresentei um *uadro edulcorado, *ue cada um deles
conhece campos de tra6alho mais terr-veis Rassim, eles sa6iamY)))S) #entre os
setenta homens *ue estavam sentados , volta da 2erradura, alguns dos *ue
intervieram mostraram1se conhecedores de literatura, e inclusive leitores de "ovi
Fir1@, ansiando por re2ormas, dando opini9es animadas so6re as nossas chagas
sociais, so6re o modo como o campo 2oi votado ao a6andono))) ?ontinuo sentado e
pensoJ se a primeira e min<scula gota de verdade explodiu como uma 6om6a
psicol:gica, o *ue suceder3 no nosso pa-s *uando a Verdade se precipitar em
torrentesY E h31de precipitar1se) 'nevitavelmente) $evista) liter3ria
incon2ormista) dirigida por A) (vardovsAi) *ue pu6licou um dia na vida de 'ran
#enissonitch no tempo de =ruehtched voltando a ter de novo di2iculdades com a
censura ap:s a destitui+ão deste e a normali>a+ão então imposta pelos sectores mais
conservadores do regime) RF) dos ()S V''' A E' ?$'A"VA "H% tudo es*uecemos)
Buardamos na mem:ria, não o *ue 2oi, não os 2actos hist:ricos, mas apenas essa
linha trace/ada *ue *uiseram gravar em n:s com uma 6roca persistente) "ão sei se
isto é um tra+o comum a toda a humanidade, ou s: do nosso povo) E em todo o caso
uma caracter-stica lament3vel, *ue tem talve> origem na sua 6ondade, mas *ue é
lament3vel apesar de tudo) Ela entrega1nos, como uma presa, nas mãos dos
mentirosos) Assim, se importa *ue não recordemos se*uer os processos p<6licos,
então não os recordamos) Em6ora se tenham desenrolado ,s escLncaras, em6ora os
/ornais deles tenham 2alado, se não no1los meteram constantemente no crLnio ,
2or+a, não os recordamos) RA cavidade do cére6ro en1che1se exclusivamente da*uilo
*ue transmitem todos os dias pela r3dio)S "ão me re2iro , /uventude, *ue
naturalmente não tem conhecimento disso, mas aos contemporLneos da*ueles processos)
.e+am a um homem de idade mediana *ue enumere *uais 2oram os /ulgamentos p<6licos
de grande espavento, e ele lem6rar1se13 do de IuAharine e do de Uinoviev) E ainda,
2ran>indo a testa num es2or+o de mem:ria, do do .artido 'ndustrial) E é tudo, para
ele não houve mais processos p<6licos) &ra, eles come+aram logo a seguir a &utu6ro)
J3 em 191Q tinham lugar, em a6undLncia, nos nossos tri6unais) 1E isso *uando ainda
não havia leis, nem c:digos, e os /u->es s: podiam re2erir1se ,s necessidades do
poder oper3rio e campon0s) Eles a6riam caminho 1 como então se pensava 1 a uma
legalidade audaciosa) Um dia, alguém escrever3 a sua hist:ria pormenori>ada, mas
n:s não pretendemos inclu-1la na nossa pes*uisa) Entretanto, não é poss-vel
prescindir de um 6reve resumo) %omos o6rigados a sondar certas ru-nas calcinadas
*ue remontam ,*uela matinal névoa, docemente rosada) "esses anos dinLmicos não
chegavam a en2erru/ar1se nas 6ainhas os sa6res da guerra, nem tão1pouco es2riavam
nos coldres os rev:lveres do castigo) Goi mais tarde *ue se tentou enco6rir as
execu+9es, pela noite, nas caves, 6em como os disparos na nuca) J3 em 191Q, o
conhecido tche*uista de $i>am, %telmaAh, organi>ava 2u>ilamentos em pleno dia, no
p3tio, de 4;C A$DU'.E AB& #E BU AB ma2teira *ue os condenados , morte, *ue
estavam , espera, pudessem ver tudo das /anelas da prisão)
Existia então um termo o2icialJ /usti+a extra/udicial) "ão por*ue não houvesse
tri6unais, mas sim por*ue havia a (cheAa1) .or*ue assim era mais e2ica>) &s
tri6unais 2uncionavam, processavam e aplicavam penas, mas h3 *ue recordar *ue,
paralelamente a eles e independentemente deles, exercia1se, por outro lado, a
repressão , margem do aparelho /udici3rio) ?omo imaginar as suas dimens9esY F)
atsis, na sua popular colectLnea so6re a actividade da (cheAa4, in2orma *ue s: em
ano e meio R191Q e metade de 1919S, e em apenas vinte prov-ncias da $<ssia ?entral
R7as ci2ras aapresentadas estão longe de ser completas8@, precisa ele, em parte por
modéstiaS, 2oram 2u>ilados pela (cheAa Risto é, sem /ulgamento, 2ora dos tri6unaisS
oito mil tre>entas e oitenta e nove pessoasX 4, 2oram desco6ertas *uatrocentas e
do>e organi>a+9es contra1 revolucion3rias Rci2ra 2ant3stica, se conhecermos a
incapacidade para a organi>a+ão *ue revel3mos ao longo da nossa hist:ria, além da
desunião geral e da decad0ncia espiritual da*ueles anosS e houve ao todo oitenta e
sete mil presos5) RFas este <ltimo n<mero cheira a 6aixo de mais)S Dual o termo de
re2er0ncia *ue permite uma compara+ãoY Em 19C5, um grupo de dirigentes de es*uerda
pu6licou uma colectLnea de artigos T ?ontra a .ena de Forte T, onde era
apresentada5 uma lista com o nome de todos os condenados , morte, desde 1Q4; até
19C;) &s autores advertiam *ue ela era ainda incompleta Rentretanto ela não so2reu
tantos des2al*ues como as ci2ras de atsis so6re a guerra civilS) Essa lista a6range
mil e *uatrocentos nomes, dela devendo dedu>ir1se du>entas e trinta pessoas a *uem
2oi comutada a pena e du>entas e setenta *ue não 2oram encontradas Rno 2undamental,
insurrectos polacos *ue 2ugiram para o &cidenteS) $estam oitocentas e *uarenta
pessoas) Uma tal ci2ra, num per-odo de oitenta anos, não resiste , compara+ão com a
de atsis em s: ano e meio, a *ual não se re2ere ainda a todas as prov-ncias) E
verdade *ue os autores da re2erida colectLnea nela apresentam outra estimativa,
segundo a *ual 2oram a Este pintainho com um 6ico duro 2oi chocado por (rotsANJ 7A
intimida+ão é uma poderosa arma pol-tica, e é necess3rio ser tartu2o para não
compreender isto)8 E Uinoviev rego>i/ava1se, não prevendo ainda o seu 2imJ 7As
iniciais B).)U), assim como as da (cheAa, são as mais populares , escala mundial)8
4 F) ") atsis, #ois Anos de uta na 2rente 'nterna) Editora do Estado, 194C) a 'dem,
p3g) 54) 4 'dem, p3g) 55) a 'dem, p3g) 5;) ; .u6licada por F) ") Bernet) Red)S, com
o t-tulo Against ?apital .unishment) 5 &6) ?it), 4)a edi+ão, 19C5, p3gs) @Q5144@)
A$DU'.E AB& #E BU AB 4; 1 condenadas , morte Rem6ora não tenham talve> sido
executadasS, s: em 19C;, mil tre>entas e de> pessoas, o *ue per2a> ao todo, a
partir de 1Q4;, tr0s mil *uatrocentas e vinte pessoas) Estava1se precisamente no
auge da céle6re reac+ão de %tolipine, e so6re ela dispomos de um n<meroQJ
novecentas e cin*uenta execu+9es em seis meses R2oi essa a dura+ão dos tri6unais
militares stolipinianosS) ?oisa horr-vel esta, mas *ue, para os nossos endurecidos
nervos, não chega a a6alar1nosJ a nossa ci2ra, se a calcularmos proporcionalmente a
meio ano, é ainda ($n% VEUE% FA'% E EVA#A 1 e isto s: em vinte prov-ncias, sem
incluir os tri6unais civis e militares) &s tri6unais actuavam /3 por sua conta em
"ovem6ro de 1915) Apesar da 2alta de tempo dispon-vel, 2oram editados em sua
inten+ão, em 1919, os .rinc-pios &rientadores do #ireito .enal da $ep<6lica
%ocialista %oviética Gederativa $ussa Rnão os lemos, pois não os conseguimos o6ter,
mas sa6emos *ue previam a 7priva+ão da li6erdade por tempo inde2inido8, ou se/a,
até nova ordemS)
^avia tri6unais de tr0s tiposJ populares, distritais e revolucion3rios) &s
tri6unais populares ocupavam1se dos assuntos criminais e de pe*uenos casos do dia)
"ão podiam condenar ao 2u>ilamento) Até Julho de 191Q conservava1se ainda na
/usti+a a heran+a dos socialistas revolucion3riosJ os tri6unais populares, d3
vontade de rir ao di>01lo, não podiam aplicar penas superiores a dois anos) %: por
interven+ão especial do Boverno é *ue algumas senten+as, particularmente 6randas,
podiam ser elevadas até vinte anos9) A partir de Julho de 191Q permitiu1se aos
tri6unais populares aplicar penas de cinco anos) Duando /3 se tinham acalmado todas
as amea+as de guerra, em 1944, os tri6unais populares o6tiveram o direito de
condenar até de> anos, perdendo, em compensa+ão, o direito de condenar a menos de
seis meses) &s tri6unais de distrito e os tri6unais revolucion3rios, tinham
permanentemente o direito de aplicar a pena de 2u>ilamento, mas por um curto espa+o
de tempo estiveram privados deleJ os tri6unais de distrito em 194C c os
revolucion3rios em 1941) ^3 a*ui engrenagens muito delicadas, *ue s: podem ser
examinadas em pormenor por um historiador da*ueles anos) Esse historiador talve>
descu6ra documentos, talve> descortine longos rolos de senten+as dos tri6unais e
consiga estat-sticas) REm6ora isso se/a pouco prov3vel) & *ue não 2oi destru-do
pelo tempo e pelos acontecimentos, ter3 sido destru-do pelas pessoas interessadas)S
Fas n:s s: sa6emos *ue os tri6unais revolucion3rios não dormitavam, *ue /ulgavam
sem pararW *ue cada cidade tomada no curso da guerra civil 2icava assinalada não
somente pelo 2umo das armas no p3tio da (cheAa, mas tam6ém pelas ses1 Q $evista
Iitoe, n<mero dois, 1414119C5) lv Ver .arte ''', cap-tulo primeiro) 4;4 A$DU'.E AB&
#E BU AB soes nocturnas dos tri6unais) E *ue para rece6er uma 6ala não era
indispens3vel ser um o2icial 6ranco, um senador, um grande propriet3rio, um 2rade,
um democrata constitucional, um social1revolucion3rio ou um anar*uista) Iastava ter
umas mãos 6rancas e macias, sem calosJ isso era mais *ue su2iciente, nesses anos,
para se ser condenado ao 2u>ilamento) E 23cil adivinhar *ue, em '/evsA ou IotAinsA,
'aroslavl ou Furoma, =o>lov ou (am6ov as revoltas custavam tam6ém caro ,s mãos
calosas) "esses rolos, os da /usti+a extra/udicial e os dos tri6unais, se alguma
ve> vierem a desenrolar1se perante os nossos olhos, o mais surpreendente ser3 a
ci2ra de simples camponeses, dado terem sido in<meras as agita+9es e insurrei+9es
do campesinato entre 191Q e 1941, em6ora elas não ilustrem as gravuras a cores da
^ist:ria waa Buerra ?ivil, e ninguém tenha 2otogra2ado nem 2ilmado essas multid9es
excitadas, com estacas, 2or*uilhas e machados, *ue arremetiam contra as
metralhadoras e, depois, com as mãos atadas, pagavam , ra>ão de um por de> nas
2ilas alinhadas para o 2u>ilamento) Assim, a insurrei+ão de %apo/A é recordada
apenas em %apo/A, e a de .itelin apenas em 1aitelin) Através da citada colectLnea
de atsis conhecemos o n<mero de insurrei+9es esmagadas nesse ano e meio em vinte
prov-nciasJ tre>entas e *uarenta e *uatro ,C) RAs insurrei+9es camponesas /3 em
191Q eram designadas como sendo 7de =ulacs8, pois os camponeses não podiam
revoltar11se contra o poder oper3rio e campon0sX Fas como explicar *ue, de cada
ve>, se levantassem não tr0s is6as numa aldeia, mas toda ela em pesoY .or*ue é *ue
a massa de camponeses po6res, com as suas 2or*uilhas e machados, não matava os
=ulacs su6levados, mas /untamente com eles se lan+ava contra as metralhadorasY
atsisJ 7&s outros camponeses eram o6rigados pelos =ulacs, com promessas, cal<nias e
amea+as, a tomar parte di essas insurrei+9es8b) Iom, mas seriam essas promessas
mais aliciantes do *ue as palavras de ordem do ?omité dos ?amponeses .o6resY E
essas amea+as mais terr-veis do *ue as metralhadoras das unidades da (chorY14
E *uantas pessoas choram, por um mero acaso, sim, por um mero acaso, esmagadas por
estas m:s, cu/o ani*uilamento constitui a outra 2ace inevit3vel de *ual*uer
revolu+ão *ue utili>a a 2or+aY Eis o relato, 2eito por uma testemunha ocular, de
uma sessão do tri6unal revolucion3rio de $ia>an, em 1919, no processo contra o
tolstoiano ') E)J Ap:s ter sido decretada a mo6ili>a+ão geral o6rigat:ria para o
Exército Vermelho Rum ano depois das palavras de ordemJ 7A6aixo a guerraX As 1C
atsis, o6) cit), p3g) 55) b 'dem, p3N) xtS) a1 Unidades de missão especial) A$DU'.E
AB& #E BU AB 4;@ 6aionetas em terraX .ara casaX8S, s: na prov-ncia de $ia>an, até
%etem6ro de 1919, 2oram 7apanhados e enviados para a 2rente cin*uenta e *uatro mil
e setecentos desertores81@, além de uns *uantos 2u>ilados in loco para exemplo) E)
não desertou, mas negou1se a6ertamente ao cumprimento do servi+o militar, por
considera+9es religiosas Ro6/ec+ão de consci0nciaS) Ele 2oi mo6ili>ado pela 2or+a,
mas, no *uartel, não pegava em armas nem 2a>ia instru+ão) 'ndignado, o comiss3rio
da unidade entregou1o , (cheAa, com uma notaJ 7"ão reconhece o poder soviético)8
'nterrogat:rio) (r0s homens atr3s de uma mesa, com um rev:lver diante de cada um
delesJ 7^er:is como tu /3 vimos muitos, vais p_r1te, num instante, de /oelhosX
Aceita imediatamente ir com6ater, senão 2u>ilamos1te a*ui mesmoX8 Fas mantémse
2irmeJ ele não pode 6ater1se, é partid3rio do cristianismo livre) & seu caso é
entregue ao tri6unal revolucion3rio) A audi0ncia é p<6lica) "a sala h3 umas cem
pessoas) & advogado é velho e am3vel) & acusador p<6lico Ra palavra 7procurador8
2oi proi6ida até 1944S, "oAolsAi,é tam6ém um velho /urista) Um dos /urados tenta
explicar ao réu o seu ponto de vistaJ 7?omo é *ue voc0, sendo um representante do
povo tra6alhador, pode compartilhar as ideias do aristocrata conde (olstoiY8 &
presidente do tri6unal interrompe1o e não o deixa explicar11se) E travada
discussão) Um /uradoJ 1 Voc0 não *uer matar e tenta dissuadir os outros) Fas os
6rancos come+aram a guerra e voc0 impede1nos de de2ender1nos) Envi31lo1emos para
=oltchaA e a- pode preconi>ar a não viol0nciaX E)J 1 'rei para onde me enviarem) &
acusadorJ 1 & tri6unal não tem de ocupar1se de *uais*uer actos penais, mas
unicamente de actos contra1revolucion3rios) #ado o corpo de delito, re*ueiro *ue
este caso se/a entregue aos tri6unais populares) & presidenteJ 1 & *u0Y ActosY
Ve/am l3, *ue legistaX ":s regemo1nos não pelas leis, mas pela nossa consci0ncia
revolucion3riaX & acusadorJ 1 'nsisto em *ue transcrevam o meu re*uerimento na
acta) & de2ensorJ 1 Eu associo1me ao acusador) A causa deve ser /ulgada num
tri6unal ordin3rio) 1@ atsis, o6) cit), p3g) 54) 4;4 A$DU'.E AB& #E BU AB &
presidenteJ 1 Due velho idiotaX &nde o 2oram 6uscarY & de2ensorJ
1 ^3 *uarenta anos *ue exer+o a advocacia e é a primeira ve> *ue ou+o uma tal
o2ensa) 'nsiram1na na acta) & presidente, rindo1seJ T 'nserimosX 'nserimosX $isos
na sala) & tri6unal retira1se para deli6erar) &uvem1se gritos de desacordo na sala
de de6ates) Voltam com a senten+aJ 2u>ilamentoX "a sala h3 um murm<rio de
indigna+ão) & acusadorJ T .rotesto contra a senten+a e vou apelar para o ?
omissariado da Justi+aX & de2ensorJ T Associo1me ao acusadorX & presidenteJ 1
Evacuem a salaXXX &s mem6ros da escolta recondu>em E), , prisão, e a- lhe di>emJ
7%e todos 2ossem como tu, irmão, seria 6omX "ão havia nenhuma guerra, nem 6rancos
nem vermelhosX8 #e regresso ao *uartel re<nem em assem6leia de soldados
vermelhos) ?ensuram a senten+a e redigem um protesto para enviar a Foscovo)
Esperando cada dia a morte, e o6servando diariamente da /anela os 2u>ilamentos, E)
esperou trinta e sete dias) ?hegou en2im a comuta+ão da senten+aJ *uin>e anos de
cadeia em regime especial de isolamento) Este é um exemplo edi2icante) Em6ora a lei
revolucion3ria tenha vencido, em parte, *uantos es2or+os isso exigiu do presidente
do tri6unalX Duanta pertur6a+ão, *uanta indisciplina e 2alta de consci0ncia pol-
ticaX A acusa+ão 2a>endo causa comum com a de2esa, os da escolta metendo1se num
assunto *ue não lhes di> respeito e enviando um protestoX AhX, não é 23cil de
instaurar a ditadura do proletariado, nem a nova /usti+aX ?omo é de supor, nem
todas as sess9es decorriam com uma disciplina tão relaxada, mas tão1pouco esta 2oi
a <nicaX Duantos anos terão de passar ainda até *ue tudo se classi2i*ue, ganhe um
rumo e se consolide a linha necess3ria, até *ue a de2esa não 2a+a mais um todo com
a acusa+ão e o tri6unal, e com eles 2a+a causa comum o processado, e com estes,
en2im, 2a+am causa comum as resolu+9es das massasX &6servar este caminho ano ap:s
ano ser3 uma grata tare2a para o historiador, mas como avan+aremos n:s no meio
deste nevoeiro cor1de1rosaY &s 2u>ilamentos não 2alam, os desaparecidos 2alam) "em
os réus, nem os advogados, nem os da escolta, nem os espectadores, mesmo *ue eles
este/am vivos, a n:s não nos deixam ir , sua procura) .elos vistos, s: a acusa+ão
nos pode a/udar) ?hegou até n:s, por intermédio de pessoas de 6oa vontade, um
exemplar A$DU'.E AB& #E BU AB 4;5 não destru-do, de uma colectLnea dos discursos de
acusa+ão do violento revolucion3rio ") V) =rilenAo, primeiro1comiss3rio do .ovo
para a de2esa, primeiro1comandante supremo, *ue teve mais tarde a iniciativa das
%ec+9es dos (ri6unais Extraordin3rios do ?omissariado do .ovo para a Justi+a
Rpreparavam1se para lhe dar o posto de tri6uno, mas enine suprimiu esse posto14S, e
*ue 2oi o glorioso acusador dos maiores processos, até ser, mais tarde,
desmascarado como um encarni+ado inimigo do povo1aa) %e, de *ual*uer modo,
*uisermos levar a ca6o o nosso 6reve resumo dos processos p<6licos, se nos domina a
tenta+ão de respirar o ar /udicial dos primeiros anos ap:s a $evolu+ão, é
necess3rio sa6er ler este livro) "ão dispomos de outro) E tudo o *ue 2alta, tudo o
*ue di> respeito ,s prov-ncias, h3 *ue complet31lo mentalmente) Evidentemente, ter-
amos pre2erido ver as notas estenogra2adas desses processos, ouvir as dram3ticas
vo>es sepulcrais desses primeiros réus e advogados, *uando ninguém podia prever *ue
uma engrenagem implac3vel iria tragar tudo isto, /untamente com os tri6unais
revolucion3rios)
Entretanto, =rilenAo esclarece *ue pu6licar notas estenogra2adas 7era inc:modo, por
uma série de considera+9es técnicas81;, mas c:modos eram os seus discursos de
acusa+ão e as senten+as dos tri6unais, *ue /3 então coincidiam plenamente com as
exig0ncias do acusador) %egundo ele, os ar*uivos do (ri6unal de Foscovo e do
%upremo (ri6unal $evolucion3rio Rem 194@S 7não estavam de modo algum em ordem))) Em
toda uma série de causas o estenograma))) estava escrito de 2orma tão incompreens-
vel *ue 2oi necess3rio eliminar p3ginas inteiras, ou resta6elecer o texto de
mem:ria8 RXS E 7uma série de grandes processos8 Rentre os *uais, o da insurrei+ão
dos socialistas revolucion3rios de es*uerda e o do almirante ?hastniS 7decorreram
em geral sem estenograma815) E estranho a condena+ão dos socialistas
revolucion3rios de es*uerda não ser um 2acto insigni2icanteJ depois de Gevereiro e
de &utu6ro, era a terceira intersessão decisiva da nossa ^ist:ria, a passagem para
um sistema 14 enine, 5)a edi+ão, tomo @;, p3g) 41C) ") V) =rilenAo, #urante ?inco
Anos R191Q144S) #iscursos de acusa+ão pronuncia1os nos maiores processos instru-dos
no (ri6unal de Foscovo e no %upremo (ri6unal $evolucion3rio) Editora do Estado)
194@) (iragemJ 5 CCC exs) bb 'dem, p3g) 4) 'dem, p3gs) 415) 4;; A$DU'.E AB& #E BU
AB de partido <nico no Boverno) E não 2oram poucas as acusa+9es) Fas não se 2e>
nenhuma acta estenogra2ada) E a 7conspira+ão militar8 de 1919 72oi li*uidada pela
(cheAa através de meios de repressão extra/udicials81Q, tanto mais *uanto 72oi
demonstrada a sua exist0ncia819) RGoram então presos mais de mil homens4C 1 haveria
*ue instaurar processos a todosYS Assim, *ue alguém agora tente descrever
ordenadamente, e em pormenor, os processos /udicials da*ueles anos))) ?onhecemos,
no entanto, alguns princ-pios essenciais) .or exemplo, o acusador principal
indica1nos *ue o Executivo do ?omité ?entral tem o direito de intervir em *ual*uer
causa /udicialJ 7& Executivo do ?omité ?entral tem o direito ilimitado de amnistiar
e castigar segundo o seu 6elo pra>er)841 R& it3lico é meu) 1 A) %)S) .or exemplo,
uma senten+a de seis meses podia ser trans2ormada em de> anos Re, como o leitor
compreender3, para isso não se reunia todo o Executivo em plen3rio, 6astando *ue a
senten+a 2osse emendada, por exemplo, por %verdlov no seu ga6ineteS) (udo isto,
explica =rilenAo, 7di2erencia com vantagem o nosso sistema da 2alsa teoria da
separa+ão de poderes844, *ue é a teoria da independ0ncia do poder /udicial)
RJustamente, repetia %verdlovJ 7E 6om *ue os poderes legislativo e executivo não
este/am separados, como no &cidente, por uma parede surda) (odos os pro6lemas se
podem resolver rapidamente)8 Especialmente por tele2one)S E com a maior 2ran*ue>a e
exactidão *ue são 2ormuladas, nos discursos /udicials, pronunciados por =rilenAo,
as tare2as gerais do tri6unal soviético) & tri6unal era 7simultaneamente o criador
do direito Rit3lico de =rilenAoS))) e o instrumento da pol-tica84@ Rit3lico meu)aT
A) %)S) ?riador do direito, na medida em *ue, durante *uatro anos, não houve c:digo
algumJ os c:digos c>aristas 2oram deitados pela porta 2ora e ainda não tinham sido
ela6orados os nossos) 7E *ue não venham di>er1me *ue os nossos tri6unais penais
devem aplicar exclusivamente as normas escritas existentes) Vivemos um processo
revolucion3rio)))844 7"um tri6unal revo1 1Q =rilenAo, o6) cit), p3g) 5)
19 'dem, p3g) 44) 4C atsis, o6) cit), p3g) 4;) 1a =rilenAo, o6) cit), p3g) 1@) b
'dem, p3g) 14) 4JX 'dem, p3g) @) 44 'dem, p3g) 4CQ) A$DU'.E AB& #E BU AB 4;5
lucion3rio não devem renascer as su6tile>as e os casu-smos /ur-dicos))) ?riaremos
um direito novo e normas éticas novas)845 7.or muito *ue 2alem das leis eternas do
direito, da /usti+a, etc, n:s 6em sa6emos))) como elas nos custaram caro)84; R%e as
V&%%A% condena+9es 2ossem comparadas com as "&%%A%, talve> reparassem *ue elas não
vos custaram assim tão caroXS (alve> *ue a /usti+a eterna se/a um pouco mais
con2ort3velX))) J3 *ue são desnecess3rias as su6tile>as /ur-dicas, não h3 *ue
determinar se o réu é culpado ou não culpadoJ o conceito de culpa6ilidade é um
velho conceito 6urgu0s, agora explicado45) .ela 6oca do camarada =rilenAo, 2icam a
sa6er *ue os tri6unais revolucion3rios são tri6unais de outro género) "outra
ocasião, ouvimo1lo a2irmar *ue um tri6unal, de um modo geral, não é um tri6unalJ
7Um tri6unal revolucion3rio é um :rgão de luta da classe oper3ria contra os
inimigos8, e deve actuar 7so6 o ponto de vista dos interesses da $evolu+ão))) tendo
em conta os resultados mais dese/3veis para as massas oper3rias e camponesas84Q, Ro
it3lico é meu) T A)%)S) &s homens não são homens, mas sim 7os portadores de
determinados ideais849) %e/am *uais 2orem as *ualidades individuais Rdo réuS s: lhe
pode ser aplicado um método de valori>a+ãoJ o critério do valor é o do interesse de
classe@C) & *ue *uer di>er *ue s: tens o direito de existir, se isso 2or
conveniente para a classe oper3ria) Entretanto 7se esta conveni0ncia exigir *ue uma
espada punitiva caia so6re a ca6e+a dos réus, então, nenhum discurso, por mais
persuasivo *ue se/a, a/udar38@a Risso são argumentos de advogado, etc)))S) 7"o
nosso tri6unal revolucion3rio não 2a>emos caso nem dos artigos nem das
circunstLncias atenuantesW devemos partir de considera+9es de utilidade)8@4
"a*ueles anos houve muitos a *uem sucedeu istoJ depois de terem vivido e vivido
desco6riram de repente *ue a sua exist0ncia não era ?&"VE"'E"(E) 45 =rilenAo, o2c)
cP2), p3g) 44) R& it3lico é meu)S 4; 'dem, p3g) 5C5) 45 'dem, p3g) @1Q) 4Q 'dem,
p3g) 5@) 49 'dem, p3g) Q@) @C 'dem, p3g) 59) @1 'dem, p3g) Q1) @4 'dem, p3g) 544)
4;Q A$DU'.E AB& #E BU AB #a*ui se deve in2erir *ue so6re o acusado não recai
propriamente o peso do *ue /3 2e>, mas do *ue ele .&#E$Z 2a>er, se não 2or agora
2u>iladoJ 7":s de2endemo1nos não s: do passado, mas tam6ém do 2uturo)8@@ As
declara+9es do camarada =rilenAo são claras como 3gua) Elas 2a>em emergir com
relevo todo este per-odo /udicial) Através das evapora+9es primaveris, anuncia1se /
3 a transpar0ncia di32ana do &utono) %er3 necess3rio ir mais longe na nova an3lise,
2olhear processo ap:s processoY Estas declara+9es serão inexoravelmente aplicadas)
Gechai os olhos e imaginai uma pe*uena sala de audi0ncia) Ainda não est3 pintada de
ouro) &s 2ervorosos mem6ros do tri6unal usam 6onés simples, sãoo magros, ainda não
pelo excesso de comida) Duanto , autoridade acusadora Rcomo =rilenAo gosta de a
caracteri>arS, veste um casaco desa6otoado, de civil e pela a6ertura do pesco+o
v01se uma camisola de marinheiro ,s riscas 6rancas e a>uis) & acusador supremo
exprime1se num russo deste géneroJ 7& *ue a mim me interessa são as *uest9es de
2actoX8W 7?oncreti>e1me o momento da tend0nciaX8W 7":s operamos no plano da an3lise
da verdade o6/ectiva)8 ]s ve>es l3 surge um ditado latino Ré verdade *ue de um
processo a outro esse ditado repete1se, mas passados v3rios anos aparece novo)S
Iem, mas h3 *ue di>er tam6ém *ue, a despeito das suas correrias revolucion3rias,
terminou os seus estudos em duas 2aculdades) Duando est3 6em disposto derrama a sua
alma so6re os réusJ 7%ois uns pati2es pro2issionaisX8 E não é nada hip:crita) .or
exemplo, não gosta do sorriso das mulheres acusadas e atira1lhes com ar desdenhoso
e amea+ador, antes mesmo de *ual*uer senten+aJ 7Voc0, cidadã 'vanova, com esse seu
sorrisinho, ter3 o pre+o *ue merece e havemos de 2a>er com *ue não se ria nunca
maisl8@` Vamos l3 entãoY aS & .$&?E%%& #&% 7I& E('"% $U%%&%8) Este processo, um dos
primeiros e dos mais precoces, 2oi o processo contra a li6erdade de expressão) "o
seu n<mero de 44 de Far+o de 191Q, este conhecido /ornal dos 7pro2essores8 inseriu
um artigo de %avinAov T 7Em Viagem8) ?om muito gosto teriam detido o pr:prio
%avinAov, mas ele estava em viagem, o maldito, e onde encontr31loY Assim, 2echaram
o /ornal e levaram ao 6anco dos réus o velho redactor .) V) legorov, convidando1o a
explicar1seJ como se atreveraY J3 haviam decorrido *uatro meses de dom-nio da "ova
Era e /3 tinha chegado a hora de se acostumarX legorov ingenuamente /usti2icou1se,
di>endo *ue o artigo era da autoria =rilenAo, o6) 3t), p3g) Q4) 'dem, p3g) 49;)
A$DU'.E AB& #E BU AB 4;9 de 7um destacado leader pol-tico, cu/as opini9es tinham um
interesse geral, independentemente de a redac+ão as compartilhar ou não8) Além
disso, não via *ual*uer cal<nia nas a2irma+9es de %avinAov 7segundo as *uais não se
devia es*uecer *ue enine, "atanson e companhia tinham regressado , $<ssia através
de Ierlim, ou se/a, *ue as autoridades alemãs lhes prestaram coopera+ão para o
regresso , p3tria8, por*ue na realidade assim 2oraJ a Alemanha do =aiser, em
guerra, a/udou enine a regressar) =rilenAo exclama *ue não tenciona acus31lo de
cal<nia Re por*ue nãoY)))S e o /ornal é processado por tentativa de in2luir nos
esp-ritosX RFas, acaso, um /ornal pode ousar ter tais o6/ectivosYn (ão1pouco é
revelada a 2rase de %avinAovJ 7E preciso ser um criminoso insensato para pretender
seriamente *ue o proletariado internacional rios apoia8, dado *ue ele ainda nos
iria apoiar))) .ela tentativa de in2luir nos esp-ritos, é assim condenado um /ornal
*ue se pu6licou desde 1Q;4, suportando as mais incr-veis reac+9esJ
oris11FeliAov, .o6iedonotsiev, %tolipin, =asso e outros mais) #ecidem 2ech31lo para
sempreX Ao redactor 'egorov, é vergonhoso di>01lo, condenavam1no, em *ual*uer
Brécia, a tr0s meses de prisão isolada, mas não é assim tão vergonhoso se se pensa
*ue estamos ainda em 191QX R%e o velho so6reviver, det01lo1ão de novo e *uantas
ve>es ainda ser3 agarradoXS .or estranho *ue pare+a, na*ueles anos explosivos,
continuava a manter1se o h36ito do su6orno, como na velha $<ssia de h3 séculos e
como ainda presentemente na U) $) %)
%), tentando1se particularmente su6ornar, com presentes, os :rgãos /udicials) E
podemos acrescentar, como em segredo, tam6ém a (cheAa) &s tomos de hist:rias,
encadernados de vermelho e gravados a ouro, silenciam1no) ^3 velhas testemunhas
oculares *ue se recordam de *ue, di2erentemente do tempo estalinista, o destino dos
presos pol-ticos nos primeiros anos da $evolu+ão dependia grandemente do su6ornoJ
rece6iam os presentes sem timide> e por isso punham os presos honradamente em
li6erdade) =rilenAo seleccionou somente uma d<>ia de processos num per-odo de cinco
anos e 2ala1nos de dois desses casos) & caminho *ue o (ri6unal $evolucion3rio de
Foscovo e o (ri6unal %upremo seguiam para atingir a per2ei+ão enveredou por vias
tortas e am6os se a2undaram na indec0ncia) 6S & .$&?E%%& #&% ($n% ?&F'%%Z$'&% #&
($'IU"A $EV& U?'&"Z$'& #E F&%?&V& RA6ril de 191QS) Em Far+o de 191Q 2oi preso
Ierid>e, *ue especulava com lingotes de ouro) A sua mulher, como era costume,
come+ou a indagar *uais os meios de resgatar o marido) Ela conseguiu o6ter uma
liga+ão com um conhecido dum dos comiss3rios, este aliciou mais dois, e num
encontro secreto exigiram1lhe du>entos e cin*uenta mil ru6los, 6aixando, depois de
um regateio, para sessenta mil, dos *uais metade adiantados e pagos através do
advogado Brin) (udo poderia ter 2icado ignorado, como aconteceu com centenas 45C
A$DU'.E AB& #E BU AB de neg:cios *ue terminaram 6em, e não teria ido parar aos
anais de =rilenAo, nem aos nossos Re nem mesmo teria sido o6/ecto de de6ate no ?
onselho dos ?omiss3rios do .ovoS, se a esposa não tivesse come+ado a apertar com o
dinheiro, levando a Brin apenas *uin>e mil ru6los adiantados, em ve> de trinta mil,
e, so6retudo, se, com a telha pr:pria das mulheres, não tivesse decidido durante a
noite *ue o advogado não era uma pessoa séria, e pela manhã não se tivesse
precipitado para um outro intermedi3rio, o /urado 'aAulov) "ão se sa6e exactamente
*uem 2oi, mas, pelos vistos, deve ter sido 'aAulov *uem decidiu a/ustar as contas
com os comiss3rios) & *ue h3 de interessante neste processo é *ue todas as
testemunhas, a come+ar pela desa/eitada esposa, procuram apresentar provas
2avor3veis aos acusados, atenuando a acusa+ão Ro *ue seria imposs-vel num processo
pol-ticoXS) =rilenAo explica assim as coisasJ pela sua compreensão estreita e
mes*uinha, eles sentem1se estranhos 2ace ao nosso tri6unal revolucion3rio) RDuanto
a n:s, atrevemo1nos de 2orma estreita e mes*uinha a supor *ue as testemunhas não
tiveram tempo de aprender a temer, em meio ano, a ditadura do proletariado) E na
verdade necess3rio um grande atrevimento para p_r em causa os comiss3rios do
tri6unal revolucion3rio) E *ue vir3 a suceder posteriormente contigoY)))S E tam6ém
interessante a argumenta+ão do comiss3rio) ?om e2eito, um m0s antes, os acusados
eram seus camaradas de armas, seus auxiliares, isto é, pessoas totalmente devotadas
aos interesses da $evolu+ão, e um deles, eist, era mesmo um 7severo acusador, capa>
de lan+ar raios e coriscos so6re *uem *uer *ue atentasse contra os 2undamentos8) E
*ue di>er agora so6re elesY &nde ir 6uscar com *ue denegri1losY RJ3 *ue atacar a
corrup+ão, s: por si, não 6asta)S .ois a *uestão é claraJ remexendo no seu passado
X, no seu curriculum vitae) 7%e se examina com aten+ão8 o caso desse eist,
7encontram1se in2orma+9es extraordinariamente curiosas8) Estamos intrigadosJ ser3
ele um antigo aventureiroY "ão, é 2ilho de um pro2essor da Universidade de FoscovoX
E este pro2essor não é um simples pro2essor, mas um homem *ue durante vinte anos
conseguiu so6reviver a todas as reac+9es, pela sua indi2eren+a , actividade pol-
ticaX RIom, mas apitar da reac+ão
tam6ém =rilenAo 2oi admitido como estudante externo)))S %er3 acaso de surpreender
*ue o seu 2ilho se/a uma pessoa de duas carasY Duanto a .odgaisAi, era 2ilho de um
2uncion3rio /udicial, certamente mem6ro das ?ent<rias "egras) #e outro modo, como é
*ue o seu pai teria podido servir durante vinte anos o c>arY E o 2ilho tam6ém se
preparava para a carreira /udici3ria) Fas so6reveio a $evolu+ão e precipitou1se
para os tri6unais revolucion3rios) & *ue ontem parecia po6re, aparecia agora como
repugnanteX & mais a6/ecto de todos, naturalmente, era Buguel) En*uanto editor, *ue
o2erecia ele aos oper3rios e camponeses como alimento mentalY 7Alimentava as vastas
massas com literatura de m3 *ualidade8, não de Farx, A$DU'.E AB& #E BU AB 451 mas
de pro2essores 6urgueses de renome mundial Resses pro2essores, tam6ém iremos
encontr31los 6em depressa no 6anco dos réusS) =rilenAo encoleri>ava1se e
assom6rava1seJ mas *ue gentalha é esta *ue se in2iltrou nos tri6unaisY R(am6ém n:s
2icamos perplexosJ *uem constitui esses tri6unais dos oper3rios e camponesesY
.or*ue é *ue o proletariado con2iou em tal gente para a6ater os seus inimigosYS Fas
/3 o advogado Brin, 7pessoa de con2ian+a8 da comissão investigadora, *ue podia p_r
em li6erdade *uem *uisesse, é um representante t-pico da*uela variedade da espécie
humana *ue Farx denominou como 7sanguessugas do regime capitalista8, da *ual 2a>em
parte, além de todos os advogados e todos os gendarmes, os sacerdotes e))) e os
not3rios)))@5 .arece *ue =rilenAo não poupou as suas 2or+as para conseguir uma
senten+a implac3vel e cruel, *ue não levasse em conta 7os mati>es individuais da
culpa6ilidade8W mas uma certa no6re>a, uma certa 2adiga se apoderou do tri6unal,
sempre tão animoso, e ele p_de apenas 6al6uciar as penas de seis meses de prisão a
cada um dos comiss3rios e uma multa em dinheiro ao advogado) R%: 2a>endo uso do
direito do Executivo do ?omité ?entral de 7aplicar penas ilimitadas8 é *ue =rilenAo
conseguiu, no ^otel Fetr:pole, o6ter penas de de> anos de prisão para os
investigadores e de cinco para o advogado1 sanguessuga, acompanhadas do con2isco
total dos seus 6ens) =rilenAo apregoou aos *uatro ventos a sua vigilLncia e por
pouco não rece6eu o t-tulo de tri6uno)S (emos per2eita consci0ncia de *ue, tanto
entre as massas revolucion3rias de então como entre os nossos leitores de ho/e,
este desgra+ado processo não pode deixar de a6alar a sua 2é na santidade do
tri6unal) E com mais timide> ainda passamos ao processo seguinte, respeitante a uma
institui+ão ainda mais elevada) cS & .$&?E%%& #E =&%%'$'EV R15 de Gevereiro de
1919S) G) F) =ossiriev e os seus amigalha+os i6ert, $:tten6erg e %oloviov tinham
tra6alhado na ?omissão de A6astecimento da 2rente oriental Rcontra as tropas da
Assem6leia ?onstituinte, antes ainda de =oltchaAS) ?hegou1se , conclusão de *ue
encontraram a- 2orma de rece6er, de uma s: ve>, entre setenta mil e um milhão de
ru6los, gastando1os em corridas de cavalos e em pLndegas com as en2ermeiras) A ?
omissão tinha ad*uirido uma casa, um autom:vel e 6an*ueteava1se no $estaurante Kar)
R":s não estamos ha6ituados a imaginar desse modo o ano de 191Q, mas é assim *ue
aparece testemunhado no tri6unal revolucion3rio)S @% =rilenAo, o6) cit), p3g) 5CC)
454 A$DU'.E AB& #E BU AB "o entanto, não 2oi esse o o6/ecto do processoJ nenhum
deles 2oi /ulgado pelos 2actos da 2rente oriental e até lhes perdoaram tudo) Due
espanto) #esde *ue 2oi destitu-da a sua
?omissão de A6astecimentos, 2oram os *uatro convidados, /untamente com "a>arenAo,
velho vaga6undo si6eriano, amigo de =ossiriev dos anos de tra6alhos 2or+ados por
delito comum, a constituir))) o ?olégio de $evisão e de ?ontrole da (cheAa da
UniãoX Eis a compet0ncia desse ?olégioJ ele tinha plenos poderes para veri2icar a
con2ormidade com a lei dos actos de todos os restantes :rgãos da (cheAa da União,
6em como o direito de re*uisitar e examinar *ual*uer processo, em *ual*uer 2ase da
instru+ão, ou de anular as decis9es de todos os restantes :rgãos da (cheAa, ,
excep+ão, somente, do .residium da (cheAa da UniãoXXX@; J3 não era pouco ser a
segunda autoridade da (cheAa depois do .raesidiumX Encontrar1se num degrau a seguir
a #>er/insAi, UritsAi, .eterson, atsis, Fen/insAi e 'agodaX & modo de vida dos
cons:cios continuou a ser o mesmo) "ão se tornaram orgulhosos, não se envaideceramJ
com gente do género de FaAsi1mitch, ionAa, $a2ailsAi e FariupolsAi 7*ue não tinham
rela+ão alguma com as organi>a+9es comunistas8, instalaram em casas particulares e
no ^otel %avoi 7um am6iente de luxo))) onde reinam as cartas Rpondo1se em /ogo
milhares de ru6losS, as 6e6edeiras e as mulheres8, =ossiriev instala1se com grande
2austo Rsetenta mil ru6losS, não desdenhando levar da (cheAa da União colheres e
ch3venas de prata Rmas como é *ue tais o6/ectos a- haviam chegadoY )))Sou mesmo
simples copos) 7Era so6re isso, e não so6re as ideias, *ue se concentrava a sua
aten+ão, eis o *ue ele tomou para si do movimento revolucion3rio)8 R"egando agora a
origem dos su6ornos rece6idos, esse destacado tche*uista não pestane/a ao a2irmar
*ue uma conta de du>entos mil ru6los no Ianco de ?hicago é proveniente de uma
heran+aX))) (al situa+ão, pelos vistos, é para ele compat-vel com a revolu+ão
mundialXS movimento revolucion3rio)8 R"egando agora a origem dos su6ornos
rece6idos, esse destacado tch*uista não pestane/a ao a2irmar *ue uma conta de
du>entos mil r6los no Ianco de ?hicago é proveniente de uma heran+aX))) (al
situa+ão, pelos vistos, é para ele compat-vel com a revolu+ão mundialXS Due melhor
2orma de utili>ar o seu direito so6re1humano de prender e de p_r em li6erdade *uem
lhe parecesseX .elos vistos, havia *ue detectar as galinhas dos ovos de oiro e no
ano 1Q ca-am não poucas nas redes) RA $evolu+ão tinha sido 2eita com demasiada
pressa, não se podendo ver tudo, desentranhar *uantas pedras preciosas, colares,
6racel2 tes, anéis, e 6rincos as damas 6urguesas tiveram tempo de esconder)S E
depois tentar esta6elecer contactos com as 2am-lias dos presos através de um
*ual*uer testa1de112erro) Giguras dessas tam6ém des2ilam perante n:s no processo)
A- est3, por exemplo, UspensAaia, de vinte e dois anos) Ela terminou o liceu de
%am1 =rilenAo, o6) cit), p3g) 5C5) A$DU'.E AB& #E BU AB 45@ peters6urgo, mas não
conseguiu ascender ao ensino superior) Adveio o poder dos %ovietes e, na .rimavera
de 191Q, UspensAaia apresentou1se na (cheAa a o2erecer os seus servi+os como
in2ormadora) .elo seu aspecto exterior parecia ade*uada e aceitaram1na) A prop:sito
dos denunciantes, =rilenAo 2a> o seguinte coment3rio, como se 2osse para si mesmoJ
7":s não vemos nisso nada de critic3vel, pois consideramo1lo como uma o6riga+ão)))
"ão é o 2acto de exercer esse tipo de tra6alho *ue envergonhaW uma ve> *ue alguém
reconhece *ue ele é indispens3vel para o interesse da $evolu+ão, deve estar pronto
a 2a>01lo@5) Fas acontece *ue UspensAaia não tinha convic+9es pol-ticasX Era isso o
mais terr-vel) Ela responde nestes termosJ 7Eu concordei em *ue me pagassem
determinada percentagem pelos casos desco6ertos8, sendo ainda divididos a meias os
6ene2-cios provindos da*ueles *ue o tri6unal evita revelar, ordenando *ue os seus
nomes não se mencionem) "a expressão de =rilenAo, 7UspensAaia não estava inclu-da
no pessoal da (cheAa e tra6alhava , pe+a8y) #e resto, h3 *ue compreend01la
humanamente, explica o acusadorJ ela estava ha6ituada a gastar sem conta, e *ue
representam para ela os m-seros *uinhentos ru6los *ue lhe pagava o ?onselho do .ovo
da Economia, *uando com um s: golpe Rintervir para *ue tirem a um comerciante o
selo de chum6o da portaS rece6e cinco mil ru6los, ou mesmo de>assete mil, como
chegou a pagar1lhe a mulher de um preso, FecherAa1BrevsY Entretanto, UspensAaia não
2icou muito tempo na pol-cia secreta, conseguindo, com a a/uda de importantes
tche*uistas, tornar1se, ao ca6o de uns meses, comunista e comiss3ria) Entretanto,
não conseguimos tocar no 2undo do processo) UspensAaia organi>ou para
FecherAa1Brevs um encontro numa casa privada com um tal BodeliuA, amigo -ntimo de
=ossiriev, a 2im de se porem de acordo *uanto ao pre+o do resgate do marido Rela
erigia))) seiscentos mil ru6losXS) Fas, por *ual*uer a>ar não explicado no
tri6unal, essa entrevista secreta veio a ser conhecida pelo /urado laAuloN, esse
mesmo *ue tinha enterrado os investigadores su6ornados e *ue, pelos vistos, tinha
um :dio de classe ao sistema prolet3rio de processos /udicials e extra/udicials,
laAulov denunciou o caso ao (ri6unal $evolucion3rio de Foscovo@9, e o presidente do
tri6unal Rter1se1ia lem6rado da indigna+ão do ?onselho dos ?omiss3rios do .ovo em
2ace do processo dos /u->esYS tam6ém cometeu um erro de classeJ em ve> de advertir
simplesmente o camarada #>er/insAi e de arran/ar tudo em 2am-lia, colocou atr3s de
uma cortina uma esten:gra2a) Assim 2o1 @5 =rilenAo, o6) cit), p3g) 51@) R& it3lico
é meu)S 1Q 'dem, p3g) 5C5) .ara acalmar a indigna+ão do leitor h3 *ue re2erir *ue
este laAulov, sanguessuga *ue za antes do /ulgamento de =ossiriev tinha sido
a6ar6atada, deu motivo a um processo) Goi condu>ido so6 escolta para testemunhar,
sendo de crer *ue em 6reve o 2u>ilariam) RE di>er *ue nos ho/e nos interrogamos
so6re a 2orma como se chegou , ar6itrariedade e por*ue é *ue ninguém lutou contra
issoXS 454 A$DU'.E AB& #E BU AB ram registadas todas as a2irma+9es de BodeliuA
so6re =ossiriev, %oloviov e outros comiss3riosW todas as suas indica+9es so6re
*uem, na (cheAa, rece6ia dinheiro e em *ue *uantidadeW segundo o estenograma,
BodeliuA tinha rece6ido um avan+o de do>e mil, cedendo a FecherAa um passe para
entrar na (cheAa, /3 assinado em nome da ?omissão de $evisão e ?ontrole, por i6ert
e $otten6erg Rna (cheAa, o regateio devia prosseguirS) E nisto ele 2oi desco6ertoX
E na sua desorienta+ão 2orneceu provasX RFecherAa teve ainda tempo de se apresentar
, ?omissão de $evisão e de ?ontrole, *ue /3 tinha re*uisitado o processo do seu
marido para veri2ica+ão)S Fas permitam1meX Este desmascaramento mancha a 2arda a>ul
da (cheAaX Estar3 senhor do seu /u->o, o presidente do (ri6unal $evolucion3rio de
FoscovoY &cupar1se13 ele, acaso, da sua 2un+ãoY Acontece *ue era essa a tend0ncia
do momentoJ momento *ue 2icou totalmente oculto nas pregas da nossa grandiosa
^ist:ria) Acontece *ue o primeiro ano de tra6alho da (cheAa produ>iu uma impressão
um tanto repulsiva, mesmo nas 2ileiras do partido do proletariado, ainda não
ha6ituado a isso) %: um ano, s: um passo do glorioso caminho tinha sido ainda
percorrido pela (cheAa e /3, como em termos algo o6scuros escrevia =rilenAo, surgia
7uma discussão entre os tri6unais e as suas 2un+9es, por um lado, e as 2un+9es
extra/udicials da (cheAa, por outro))) discussão *ue na*uele tempo dividia o
.artido e os 6airros oper3rios em dois campos84C) Goi assim *ue surgiu o processo
de =ossiriev Raté esse momento todos tinham go>ado de impunidadeS, e p_de ser
levado até ao mais alto n-vel)
#evia1se salvar a (cheAaX %alvar a (cheAaX %oloviov pede autori>a+ão ao tri6unal
para ir , cadeia da (anganAa Raté in2eli>mente não da u6ian1AaS para ter uma
conversa com o preso BodeliuA) & tri6unal recusa) Então %oloviov penetra na cela de
BodeliuA sem licen+a do tri6unal) E d31se uma coincid0nciaJ é precisamente então
*ue BodeliuA adoece gravementeX R7%er3 duvidoso 2alar1se da exist0ncia de m3
vontade por parte de %oloviov8, inclina1se reverentemente =rilenAo)S %entindo
aproximar1se a morte, BodeliuA arrepende1se de terb podido caluniar a (cheAa, pede
*ue lhe d0em papel e escreve uma retracta+ãoJ tudo o *ue ele disse so6re =ossiriev
e outros comiss3rios é mentira, 6em como o *ue 2oi estenogra2ado por detr3s da
cortinaX41 4C =rilenAo, oh) cit), p3g) 14) 41 AhX, *uantos enredosX &nde est3
%haAespeareY %oloviov palou através da parede na p3lida som6ra da cela) BodeliuA
retractou1se com mão dé6il))) E di>er *ue no teatro e no cinema s: nos são dados os
anos revolucion3rios pela can+ão das ruas (orvelinhos hostis) A$DU'.E AB& #E BU AB
455 7E *uem lhe deu o passe para entrarY8, insiste =rilenAo) & passe para FecherAa
não caiu com certe>a do céuX "ão, o acusador 7não *uer di>er *ue %oloviov tenha
participado neste caso, por*ue))) não h3 dados su2icientes8, mas calcula *ue alguns
7cidadãos *ue 2icaram em li6erdade tenham montado a *uestão8 e enviado %oloviov
para a (anganAa) E este o momento de interrogar i6ert e $otten6erg) Am6os 2oram
chamados, mas não se apresentaramX Assim mesmo, não se apresentaram, recusaram1se a
vir) Então permitam ao menos *ue se interrogue FecherAaX .ois imaginem *ue esta
aristocrata, *ue come+ava a aco6ardar1se, teve tam6ém a ousadia de não comparecer
ante o tri6unal revolucion3rioX E não houve 2or+a capa> de a o6rigarX Entretanto,
BodeliuA retractou1se e est3 mori6undoX E =ossiriev não con2essa nadaX E %oloviov
de nada é culpadoX E não h3 *uem interrogar))) Em compensa+ão, *uantas testemunhas
vieram depor perante o tri6unal por sua pr:pria vontadeX & vice1presidente da
(cheAa, camarada .eters, até o pr:prio Gélix Edmundovitch #>er/insAi, cheio de
ang<stia) ?om o seu rosto alongado e ardente de asceta, volta1se para o tri6unal
petri2icado e, em termos penetrantes, dep9e em de2esa da inoc0ncia de =ossiriev, em
de2esa das suas *ualidades morais, revolucion3rias e pro2issionais) Estes
depoimentos não nos 2oram transmitidos, mas =rilenAo releva1os assimJ 7%oloviov e
#>er/insAi puseram em evid0ncia as magn-2icas *ualidades de =ossiriev)844 RAh,
o2icial incautoX 1 passados vinte anos hão1de recordar11te, na u6ianAa, este
processoXS E 23cil adivinhar o *ue p_de di>er #>er/insAiJ *ue =ossiriev é um
tche*uista de 2erro, sem compaixão para o inimigoW *ue ele é um 6om camarada) #e
cora+ão ardente, ca6e+a 2ria e mãos limpas) E so6re o lixo das cal<nias ergue1se
diante de n:s um cavaleiro de 6ron>e) .ara além do mais, a 6iogra2ia de =ossiriev
d31nos conta da sua vontade invulgar) Antes da $evolu+ão tinha sido processado em
v3rias ocasi9es, na maioria delas por crimeJ por se ter, na cidade de =ostroma, com
inten+ão de pilhagem, introdu>ido por manha na casa da velha %mir1nova,
estrangulando1a com as suas pr:prias mãosW mais tarde, por tentativa de morte do
pai e por assass-nio de um companheiro com o 2im de utili>ar o seu passaporte) "os
casos restantes, =ossiriev havia sido /ulgado por 2raudes, passando um grande
n<mero de anos na deporta+ão Rcompreende1se agora a sua tend0ncia para a vida
luxuosaXS) %: as amnistias c>aristas lhe valeram) 44 =rilenAo, o6) cit), p3g) 544)
45; A$DU'.E AB& #E BU AB Fas, neste passo, severas e /ustas vo>es de destacados
tche*uistas interromperam o acusador, 2a>endo notar *ue todos esses tri6unais
antigos eram compostos de propriet3rios e 6urgueses e não podiam ser levados em
conta pela nossa nova sociedade) .erdendo o sentido da medida, o o2icial, do alto
da c3tedra da acusa+ão do tri6unal revolucion3rio, teve em resposta esta tirada,
tão valiosa ideologicamente *ue destoa até na exposi+ão harmoniosa dos processos
/udicialsJ 7%e no antigo tri6unal c>arista havia algo em *ue pod-amos con2iar, era
unicamente nos tri6unais de /urados))) .erante a sua decisão era sempre permitido
ter con2ian+a, pois eles cometiam o menor n<mero de erros /udicials)8 (anto mais
ultra/antes pareciam semelhantes a2irma+9es na 6oca do camarada =rilenAo, *uanto
tr0s meses antes, no processo do provocador $) FalinovsAi Rex12avorito da direc+ão
do .artido, *ue 2ora, a despeito das *uatro condena+9es penais *ue 2iguravam no seu
cadastro, cooptado para o ?omité ?entral e designado para a #umaS, a Autoridade
Acusadora adoptara uma posi+ão de classe inatac3velJ 7#o nosso ponto de vista, cada
delito é o produto de um determinado sistema social e neste sentido uma condena+ão
aplicada segundo as leis da sociedade capitalista e da época c>arista não é aos
nossos olhos um 2acto *ue deixe para sempre uma mancha indelével))) ":s conhecemos
muitos exemplos de terem 2igurado nas nossas 2ileiras pessoas com 2eitos
semelhantes no passado, e nunca tir3mos da- a conclusão de *ue era necess3rio
exclu-1las do nosso meio) Duem conheceu os nossos princ-pios não pode temer *ue o
2acto de ter sido condenado /udicialmente no passado o ameace de ser exclu-do das
2ileiras dos revolucion3rios8 )))4JX A- est3 como sa6ia 2alar dentro de uma
perspectiva partid3ria o camarada =rilenAoX Fas neste caso o seu racioc-nio viciado
o6scurecia a imagem cavalheiresca de =ossiriev) E criou1se no tri6unal uma situa+ão
tal *ue o camarada #>er/insAi se viu o6rigado a di>erJ 7.or um segundo Rmas s: por
um segundoX 1 A) %)S atravessou1me a ideia de sa6er se o camarada =ossiriev não
ser3 v-tima das paix9es pol-ticas *ue ultimamente se acenderam em torno da
(cheAa)844 =rilenAo aperce6eu1se dissoJ 7Eu não *uero, nem nunca *uis, *ue o
presente processo 2osse não o processo de =ossiriev e UspensAaia, mas o processo da
(cheAa) "ão s: não posso *uer01lo, como tam6ém tenho o6ri1 4@ =rilenAo, o6) cit),
p3g) @@5) 44 'dem, p3g) 5C9) w A$DU'.E AB& #E BU AB 455 ga+ão de lutar com todas as
minhas 2or+as contra issoX ] ca6e+a da (cheAa 2oram colocados os camaradas mais
respons3veis, mais honrados e mais 2irmes, *ue assumiram o pesado dever de esmagar
os nossos inimigos, mesmo correndo o risco de cometer erros))) .or isso, a
$evolu+ão tem de exprimir1lhes o seu agradecimento))) %u6linho este aspecto para
*ue))) depois ninguém me possa di>er bele aca6ou por ser um instrumento da trai+ão
pol-ticab845 R%im, hão1de di>01lo)S (al era o 2io da navalha so6re *ue marchava o
supremo acusadorX V011se *ue ele tinha certos contactos, vindos ainda do tempo da
clandestinidade, através dos *uais sa6ia as voltas *ue tudo podia dar amanhã) 'sso
resulta da o6serva+ão de alguns processos, e deste tam6ém) %opravam certas
correntes, em come+os de 1919, insu2lando *ue 6astava, *ue /3 era tempo de re2rear
a (cheAaX %im, esse momento 2oi magni2icamente expresso
num artigo de IuAharine,) em *ue este di> 7*ue se deve passar do revolucionarismo
legal , legalidade revolucion3ria84;a) 3 surge a dialéctica, onde *uer *ue te
metasX E =rilenAo deixa escapar a 2raseJ 7& tri6unal revolucion3rio é chamado a
su6stituir a (cheAa8 RA %UI%('(U'$Y)))S #e resto, ele 7não deve ser menos terr-vel,
no sentido da aplica+ão do sistema de intimida+ão, de terror e de amea+as, do *ue o
2oi a (cheAa8) #o *ue 2oiY))) Fas acaso ele /3 a enterrouYX))) Um momentoJ
su6stituir, di> voc0, mas *ue 2a>er dos tche*uistasY #ias terr-veisX ?ompreende11se
a pressa com *ue o seu che2e veio testemunhar com um capote até aos pés) (alve>
se/am 2alsas as suas in2orma+9es, camarada =rilenAoX %im, pairavam nuvens negras
so6re a u6ianAa nesses dias) E este livro poderia ter seguido outro rumo) Fas,
suponho eu, o 2érreo Gélix 2oi ver Vladimir 'litch, conversaram os dois e tudo se
esclareceu) As nuvens passaram) (odavia, dois dias depois, em 15 de Gevereiro de
1919, por disposi+ão especial do Executivo do ?omité ?entral, a (cheAa 2oi privada
dos seus direitos /udicials 1 7mas não por muito tempo8X 45 & *ue veio complicar
ainda a /ornada de de6ates 2oi o repugnante comportamento da desavergonhada
UspensAaia) Até mesmo no 6anco dos réus ela atirou para a lama outros importantes
tche*uistas, *ue não tinham sido inclu-dos no processo, inclusive o camarada
.etersX RAcontece *ue ela utili>ava o seu nome sem mancha em opera+9es de
chantagem, permane1 45 =rilenAo, o6) cit), p3gs) 5C9151C) R& it3lico é meu 1 A)%)S
4; 'dem, p3g) 511) 'dem, p3g) 14) 45Q A$DU'.E AB& #E BU AB cendo sem cerim:nia no
ga6inete de .eters durante as suas conversas com outros tche*uistas)S Agora, ei1la
*ue insinua *ue teve um passado o6scuro em $iga, antes da $evolu+ão) (inha1se
tornado um réptil durante os oito meses *ue viveu entre tche*uistasX Due 2a>er com
uma 2ulana assimY "isso, =rilenAo esteve inteiramente de acordo com a opinião dos
tche*uistasJ 7En*uanto não se esta6elecer um regime s:lido, e ainda estamos longe
disso Rna verdadeY)))S, o interesse da de2esa da $evolu+ão implica *ue não h3 nem
pode haver outra senten+a para a cidadã UspensAaia *ue não se/a o seu
ani*uilamento)8 "ão o 2u>ilamento, ele disse 6emJ o ani*uilamentoX Fas é ainda uma
rapariga nova, cidadão =rilenAo) Iom, apli*uem1lhe de> anos, ou vinte e cinco, e
até l3 o regime 2icar3 s:lido) Ai de n:sJ 7"ão h3 nem pode haver outra resposta, no
interesse da sociedade e da $evolu+ão, sendo imposs-vel p_r de outra maneira a
*uestão) "enhum isolamento, neste caso, dar3 2rutosX8 Ela excedeu1se))) 'sso
signi2ica *ue sa6e muita coisa))) E a =ossiriev houve *ue sacri2ic31lo tam6ém)
Gu>ilaram1no) .ara salvar outros) %er3 permitido ler alguma ve> os velhos ar*uivos
da u6ianAaY "ão, *ueim31los1ão) %e /3 não os tiverem *ueimado) ?omo ver3 o leitor,
este processo 2oi de pouca importLncia) .od-amos não nos ter detido nele) Fas,
entretanto))) dS & .$&?E%%& #&% 7? E$'?A'%8 R1111; de Janeiro de 194CS ocupar3,
segundo a opinião de =rilenAo, 7um lugar devido nos anais da $evolu+ão $ussa8) "ada
mais nada menos, nos anais) Um s: dia chegou para do6rar =ossiriev, mas estes 2oram
triturados durante cinco dias) Eis os principais acusadosJ A) #) %amarine
Rpersonagem conhecida na $<ssia, antigo procurador1geral do %-nodo, *ue lutava pela
separa+ão da 'gre/a do poder c>arista, inimigo de $asputine e desalo/ado por este
do seu postoS4QW =u>nietsov, pro2essor de
direito can:nico na Universidade de FoscovoW e os arciprestes UspensAi e (svietAov,
tam6ém de Foscovo) R%o6re (svietAov, o pr:prio acusador a2irmar3J 7E uma not3vel
personagem social, talve> o melhor *ue nos 2oi dado pelo clero, um 2ilantropo)8S E
eis do *ue eram culpadosJ criaram o ?onselho Foscovita das .ar:*uias Unidas, o *ual
constituiu Rentre os crentes de *uarenta a oitenta anosS uma guarda volunt3ria para
o patriarca Rnaturalmente desarmadaS, destinada a montar uma vigilLncia permanente,
dia e noite, nas imedia+9es da sua resid0ncia) Em caso de perigo para o patriarca,
por parte das autoridades, ela devia 2a>er apelo ao povo a to*ue de re6ate e pelo
tele2one, a 2im de seguirem todos em tropel atr3s dele para onde *uer *ue o
levassem, e Fas para o acusador, entre %amarine e $asputine não havia di2eren+a) w
A$DU'.E AB& #E BU AB 459 irem rogar Reis a contra1revolu+ãoXS ao ?onselho dos ?
omiss3rios do .ovo *ue o pusesse em li6erdade) "ão era um empreendimento digno da
antiga $<ssia, da %anta $<ssia, esse de reunir1se ao to*ue de re6ate, e ir em
tropel apresentar uma s<plicaY ))) & acusador mostra1se surpreendidoJ *ue perigo
amea+a o patriarca, por*ue é *ue se lhes meteu na ca6e+a de2end01loY "enhum, na
realidadeJ s: *ue desde h3 dois anos a (cheAa se desem6ara+a, sem processo, dos
indese/3veisW *ue ainda h3 muito pouco tempo, em =iev, *uatro soldados vermelhos
mataram o metropolitaW *ue 7aca6a de ser instru-do o processo contra o patriarca e
2alta apenas su6met01lo aos tri6unais revolucion3rios8W e *ue é 7unicamente por uma
atitude prudente em rela+ão ,s vastas massas de oper3rios e de camponeses, *ue se
encontram so6 a in2lu0ncia da propaganda clerical, *ue deixamos por agora
tran*uilos estes inimigos de classe849) .or*u0 então o alarme dos ortodoxos *uanto
ao patriarcaY #urante os <ltimos dois anos o patriarca (iAhon não se calou, tendo
enviado mensagens aos comiss3rios do povo, ao clero e ,s suas ovelhasW as suas
mensagens R2oram elas o primeiro %anisdatXS, tendo sido proi6idas de ser impressas
nas tipogra2ias, eram escritas , m3*uina) Ele desmascarava o exterm-nio de
inocentes, a ru-na do pa-s) .or*u0, pois, agora, a intran*uilidade pela vida do
patriarcaY %egunda culpa dos acusadosJ em todo o pa-s se estava a proceder 3
rela+ão e , re*uisi+ão dos 6ens da 'gre/a Ralém do encerramento dos mosteiros, além
do con2isco das terras e dos 6os*ues, trata1se agora dos lustres, dos vasos
sagrados, das 6aixelas dos o2-cios religiososS) & ?onselho das .ar:*uias di2undiu
uma palavra de ordem entre os laicosJ resistir ,s re*uisi+9es, tocando o sino a
re6ate) R"aturalmenteX Goi tam6ém assim *ue se de2enderam os templos contra os
t3rtarosXS (erceira culpaJ o insolente e incessante envio de *ueixas ao ?onselho
dos ?omiss3rios do .ovo contra os vexames *ue os 2uncion3rios locais 2a>iam
so2rer , 'gre/aW contra os grosseiros sacrilégios e as viola+9es da lei so6re a
li6erdade de consci0ncia) Essas *ueixas, em6ora não atendidas Rdepoimentos de
Iontch11Iruievitch, che2e do ?onselho dos ?omiss3rios do .ovoS, condu>iam ao
descrédito dos 2uncion3rios locais) Analisando agora todas as culpas dos acusados,
*ue pena aplicar a esses terr-veis delitosY "ão lha ditar3 acaso ao leitor a sua
consci0ncia revolucion3riaY Evidentemente, %H & GUU' AFE"(&X (al como o exigiu
=rilenAo Rpara %amarine e =u>nietsovS) Fas, en*uanto assim se ocupavam com a
maldita legalidade e escutavam os discursos torrenciais dos inumer3veis advogados
6urgueses Rnão =rilenAo, o6) 3t), p3g) ;1) 4QC A$DU'.E AB& #E BU AB
transmitidos por considera+9es técnicasS, sou6e1se *ue))) tinha sido a6olida a pena
de morteX & *u0YX "ão pode serX ?omo é issoY (ratava1se de uma disposi+ão de
#>er/insAi, *ue di>ia respeito , (cheAa) RA (cheAa privada do 2u>ilamentoY)))S E
o ?onselho dos ?omiss3rios do .ovo havia1a tornado extensiva aos tri6unais
revolucion3riosY Ainda não) 'sso deu novo Lnimo a =rilenAo) E ele continuou a
exigir o 2u>ilamento, com o 2undamento seguiteJ 7Fesmo supondo *ue a situa+ão
2ortalecida da $ep<6lica elimina o perigo imediato de tais pessoas, parece1me,
entretanto, a mim, indu6it3vel, *ue, neste per-odo de tra6alho criador, a
limpe>a))) de tais activistas e camale9es))) é uma exig0ncia imprescind-vel da
$evolu+ão8W 7A disposi+ão da (cheAa acerca da a6oli+ão dos 2u>ilamentos)))
constitui um orgulho para o poder soviético)8 Fas isso 7ainda não nos o6riga a
considerar *ue a *uestão da a6oli+ão dos 2u>ilamentos tenha sido decidida de uma
ve> para sempre))) para toda a dura+ão do poder soviético85C) .alavras pro2éticasX
& 2u>ilamento ser3 restaurado, e muito em 6reveX ^3 ainda todo um 6ando *ue é
necess3rio li*uidarX RA come+ar pelo pr:prio =rilenAo e por muitos dos seus irmãos
de classe)))S E o tri6unal revolucion3rio o6edeceu e condenou %amarine e
=u>niet1sov ao 2u>ilamento, em6ora 2a>endo1os 6ene2iciar da amnistiaJ internamento
num campo de concentra+ão até , completa vit:ria so6re o imperialismo mundialc
RAinda l3 se devem encontrar)))S .elo *ue 7de melhor podia dar o clero8 T *uin>e
anos em ve> de cinco) ^avia outros réus ligados ao processo, a 2im de *ue a
acusa+ão tivesse uma 6ase material convincenteJ os 2rades e os pro2essores de
Uvienigorod, acusados de 2actos registados no Verão de 191Q, mas *ue, não se sa6e
por*u0, não tinham sido /ulgados durante o pra>o de um ano e meio Rou talve>
tivessem sido /3 /ulgados, voltando a s01lo de novo, tantas ve>es *uantas se
considerasse convenienteS) "esse Verão tinham1se apresentado ao superior Jonas51,
do Fosteiro de Uvienigorod, v3rios 2uncion3rios soviéticos, *ue o intimaram Re
mexa1se depressaXS a entregar as rel-*uias do venerado %avva, *ue ali se
conservavam) Esses 2uncion3rios não s: 2umaram no templo Rpelos vistos, diante do
altarS, não tendo naturalmente tirado o 6oné, como tam6ém um deles 5C =rilenAo, o6)
cit), p3g) Q1) 51 & antigo militar de cavalaria da Buarda, Girgu2, *ue 7mais tarde,
de um momento para outro, se converteu, tendo dado tudo aos po6res e entrando num
mosteiro) Ali3s, não se sa6e se ele 2e> e2ectivamente essa d3diva8) "a verdade, se
admitimos a regenera+ão espiritual, o *ue resta da teoria das classesY A$DU'.E AB&
#E BU AB 4Q 1 pegou com as suas mãos na caveira do 6eato %avva e come+ou a cuspir
nela, para melhor su6linhar a 2ic+ão da sua santidade) ?ometeram ainda outros
sacrilégios) 'sso levou a *ue tocassem a re6ate, apelando para a insurrei+ão
popular e para o assass-nio de um desses 2uncion3rios) &s restantes negaram depois
*ue tivessem cometido sacrilégios ou cuspido, e para =rilenAo 2oram su2icientes as
suas declara+9es54) Eram então /ulgados agora esses 2uncion3rios soviéticosY "ão,
não eram os 2uncion3rios, mas sim os 2radesX .edimos aos leitores *ue levem em
conta *ue logo desde 191Q se esta6eleceu o nosso costume /udici3rio de *ue cada
processo de Foscovo Rcom excep+ão, evidentemente, do in/usto processo contra a
(cheAaS não constitu-a um processo aut:nomo, resultante de um con/unto de
circunstLncias casuais, mas sim um -ndice da pol-tica /udicialJ uma espécie de
amostra de v-tima, *ue do arma>ém se manda para a prov-ncia) (ratava1se de modelos,
como a*ueles *ue 2iguram num caderno de aritmética, através dos *uais os alunos,
posteriormente, compreendem os outros pro6lemas por si pr:prios)
Assim, *uando se di> 7o processo dos clericais8 h3 *ue entend01lo no plural) #e
resto, é o pr:prio acusador supremo *ue nos explica com todo o gosto *ue 7em *uase
todos os tri6unais da $ep<6lica se desenrolaram85@ R6ela palavraXS processos
semelhantes) E ainda recentemente eles se reali>aram nos tri6unais de #vina
%etentrional, de (versA, de $ia>an, de %aratov, de =a>an, de U2a, de
%olvitchegodsA, de (sarievoAoAchaisAJ 2oram /ulgados clérigos e salmodistas da
'gre/a li6ertada pela $evolu+ão de &utu6ro) & leitor /ulgar3 detectar a*ui uma
contradi+ãoJ por*ue é *ue muitos desses processos são antriores ao modelo
moscovitaY 'sso é tão1s: um de2eito da nossa exposi+ão) A persegui+ão /udicial e
extra/udicial da 'gre/a li6ertada teve o seu in-cio em 191Q e, a /ulgar pelo caso
de Uvienigorod, atingiu, /3 então, uma certa gravidade) Em &utu6ro de 191Q, o
patriarca (iAhon escreveu numa mensagem, enviada ao ?onselho dos ?omiss3rios do
.ovo, *ue não havia li6erdade para as prédicas religiosas e *ue 7muitos
predicadores auda>es /3 tinham pago com o sangue do mart-rio))) tendo sido deitada
a mão aos 6ens da 'gre/a, reunidos por gera+9es de crentes, sem se hesitar em
violar a sua vontade p:stuma8) Duem não se lem6ra de tais cenasY A primeira
impressão da minha vida remonta certamente aos meus tr0s a *uatro anos de idadeJ na
igre/a de =islovodsA entram de rompante as ca6e+as pontiagudas Ros tche*uistas,
utili>ando os capacetes de IudioniS e passam através a muda e estupe2acta multidão
de 2iéis e, com os capacetes na ca6e+a, interrompem o servi+o religioso,
postando1se diante do altar) b =rilenAo, o6) cit), p3g) ;1) 4Q4 A$DU'.E AB& #E BU
AB &s comiss3rios do povo, naturalmente, nem leram a mensagem, e os che2es pol-
ticos riram1se 6astanteJ eis o *ue nos censuraram, a viola+ão da vontade
p:stumaX .ois n:s estamo1nos nas tintas para os nossos antepassadosX %: tra6alhamos
para os nossos descendentes) 7Executam 6ispos, sacerdotes, 2rades e 2reiras, *ue de
nada são culpados, simplesmente por acusa+9es in2undadas, de esp-rito
contra11revolucion3rio, em termos di2usos e indeterminados)8 E certo *ue com a
amea+a de #eniAin e =oltchaA, tais acusa+9es cessaram, para 2acilitar aos ortodoxos
a de2esa da $evolu+ão) Fas, logo *ue a guerra civil come+ou a decrescer, os
comiss3rios do povo implicaram com a 'gre/a levando1a até aos tri6unais
revolucion3riosPE em 194C ca-ram so6re o Fosteiro da (rindade e de %ão %érgio,
pegaram nas rel-*uias do chauvinista %erguei $ado1nie/sA e ala com elas para o
Fuseu de Foscovo54) ^ouve uma circular do comiss3rio do povo da Justi+a, com data
de 45 de Agosto de 194C, acerca da li*uida+ão de todas as rel-*uias em geral, pois
eram elas *ue di2icultavam, precisamente, a marcha radiosa para a nova sociedade
/usta) ?ontinuando a servir1nos da selec+ão 2eita por =rilenAo, lancemos agora um
olhar so6re um caso examinado no 7VerAhtri6e8 R%upr) (ri)S como gostam de a6reviar
entre eles, en*uanto para n:s, simples escaravelhos, vão gritandoJ 7#e pé, o
(ri6unalX8 eS & .$&?E%%& #& 7?E"($& (Z?('?&8 R1;14C de Agosto de 194CSJ vinte e
oito réus, mais outros tantos /ulgados , revelia) ?om uma vo> ainda não
enrou*uecida ao dar in-cio ao seu veemente discurso, todo iluminado pela sua
an3lise de classe, o acusador supremo 2a>1nos sa6er *ue, além dos grandes
propriet3rios e capitalistas, 7existia e existe ainda uma camada social *ue desde
h3 muito é o6/ectivo de re2lexão por parte dos representantes do socialismo
revolucion3rio) R'sto éJ dever3 continuar a existir ou nãoY 1 A) %)S))) Essa camada
é a chamada intelectualidade))) "este processo vamos ver como o tri6unal da
^ist:ria /ulga a intelectualidade russa855 e como a /ulga tam6ém a $evolu+ão) 54 &
patriarca cita =liutchevsAiJ 7As portas do mosteiro do Vener3vel não se 2echarão e
as lamparinas não se apagarão so6re o seu sepulcro senão *uando tivermos delapidado
todos os restos de reservas morais e espirituais legados pelos nossos grandes
construtores da (erra $ussa, como o Vener3vel %erguei)8 "ão pensava =liutchevsAi
*ue a delapida+ão se consumaria ainda com ele vivo) & patriarca solicitou uma
audi0ncia ao presidente do ?onselho dos ?omiss3rios do .ovo, para convenc01lo a não
tocarem no mosteiro nem nas suas rel-*uias, pois a 'gre/a estava separada do
EstadoX Goi1lhe respondido *ue o presidente estava ocupado na discussão de
importantes pro6lemas e *ue a entrevista não poderia reali>ar1se nos dias mais
pr:ximos) "em nos mais long-n*uos) x, 55 =rilenAo, o6) cit), p3g) @4) A$DU'.E AB&
#E BU AB 4Q@ &s limites de espa+o da nossa pes*uisa não nos permitem examinar a*ui
*ual a $EG E!\& exacta dos representantes do socialismo revolucion3rio acerca do
destino da chamada intelectualidade, nem o *ue é *ue pensavam, mais precisamente,
so6re ela) Entretanto, consola1nos o 2acto de *ue esses documentos estão
pu6licados, são acess-veis a todos e podem ser compilados com maior ou menor
aten+ão) Assim, é apenas para *ue a situa+ão geral da $ep<6lica se torne clara *ue
recordamos a opinião do presidente do ?onselho dos ?omiss3rios do .ovo, na época em
*ue decorriam todas essas audi0ncias dos tri6unais revolucion3rios) Em carta a
BorAi, de 15 de %etem6ro de 1919 R/3 por n:s citadaS, Vla1dimir 'litch responde ,s
dilig0ncias de BorAi, motivadas pelas deten+9es de intelectuais Rentre eles,
segundo parece, parte dos réus deste processoS, e escreve a respeito da
massa2undamental da intelectualidade russa de então Rpr:xima dos 7democratas
constitucionais8SJ 7"a realidade, não é esse o cére6ro da na+ão, mas sim a sua
trampa)85; "outra ocasião, di> a BorAiJ 7%er3 culpa sua Rda intelectualidadeS, se
*ue6rarmos demasiados p<caros) %e ela 6usca a /usti+a, por*ue é *ue não se /unta a
n:sY .or mim, apanhei uma 6ala na intelectualidade)855 R$e2er0ncia a GanN
=aplan)S ?om tais sentimentos, ele re2eria1se , intelectualidade em termos
descon2iados e pouco amistososJ 7li6eral e apodrecida8, 76eata8, 7cheia de inc<ria,
tão ha6itual nas pessoas instru-das85Q, considerando *ue nunca ia ao 2undo das
coisas, *ue tra-ra a causa dos oper3rios) RFas *uando é *ue ela prestara
/uramento , causa dos oper3rios, isto é, , ditadura do proletariadoYS Esse tom de
mo2a para com a intelig0ncia, esse despre>o a *ue a votou, 2oi re2ormado, com gala,
pelos pu6licistas e os /ornalistas dos anos 4C, transmitindo1se ao meio am6iente e,
2inalmente, aos pr:prios intelectuais, *ue aca6aram por amaldi+oar a sua eterna
irre2lexão, a sua eterna duplicidade, a sua eterna car0ncia de coluna verte6ral e o
seu desesperado atraso em rela+ão , época) E é /usJoX Fas eis *ue so6 as a6:6adas
do %upremo (ri6unal estava a vo> da Autoridade Acusadora e nos 2a> regressar ao
6anco dos réusJ 7Esta camada social))) 2oi su6metida durante estes anos , prova de
uma nova revisão geral)8 %im, revisão como então se di>ia 2re*uentemente) E como
decorreu essa revisãoY #este modoJ 7A intelectualidade russa, entrando no caminho
da $evolu+ão com palavras de ordem de poder popular R/3 era alguma coisa, apesar de
tudoXS, saiu dele aliada dos generais negros Rnem se*uer dos 6rancosXS, como agente
mercen3rio RXS e d:cil do imperia1 5; enine, 5)a ed), t) 51, p3g) 4)
5 V) P) enine c A) F) BorAi, ed) da Academia das ?i0ncias, Foscovo, 19;1, p3g) 5Q
enine, 4)a ed), t) 4;, p3g) @5@) 4Q4 A$DU'.E AB& #E BU AB lismo europeu) A
intelectualidade espe>inhou as suas 6andeiras Rcomo no exércitoYS e lan+ou1as ,
lama)8 59 ?omo não dar gritos de arrependimentoY))) ?omo não arranhar o peito com
as unhasY))) E s: 7não h3 necessidade de aca6ar com os seus representantes
isolados8 por*ue 7este grupo social /3 viveu o tempo *ue tinha a viver8) 'sto, no
come+o do século !!X Due 2or+a pro2éticaX &h, os revolucion3rios cient-2icos Rno
entanto, teve de se aca6ar com eles) "ão se 2e> outra coisa durante os anos 4CS)
&lhamos com aversão para as vinte e oito pessoas aliadas dos negros generais,
mercen3rios do imperialismo europeu) E repugna1nos especialmente esse ?entro 1 a*ui
6apti>ado 7?entro (3ctico8, ali, 7?entro "acional8, mais além, 7?entro #ireitista8
Rda mem:ria dos processos de duas décadas emergem centros, centros e centros, ora
de engenheiros, ora de menchevi*ues, ora de trots*uistas e de >inovievistas, ora de
direitistas116uAharinistas, todos eles esmagados, sendo unicamente por isso *ue
ainda estamos vivosS) 3, onde est3 o ?entro, aparece, naturalmente, a mão do
imperialismo) E verdade *ue o cora+ão 2ica um pouco aliviado *uando ouvimos mais
adiante di>er *ue o ?entro (3ctico, agora processado, não era uma organi>a+ão, *ue
não tinhaJ estatutos, programa, mem6ros *ue pagavam *uota) Então *ue 2a>iam elesY
'stoJ encontravam1seX R%entimos cala2rios nas costas)S Ao encontrar1se, davam a
conhecer uns aos outros os seus pontos de vistac RGrio glacial)S As acusa+9es são
muito graves e apoiam1se so6re provasJ contra vinte e oito acusados h3 dois
documentos;C) %ão duas cartas de dois leaders ausentes Restão no estrangeiroSJ
FiaAotin e Gioderov) Ausentes, mas *ue até &utu6ro 2a>iam parte dos mesmos comités
*ue os presentes) E isto d31nos o direito de assimilar ausentes e presentes) As
cartas tratam de diverg0ncias com #eniAin so6re pro6lemas tão insigni2icantes como
o dos camponeses Rnão no1lo di>em, mas est3 claro *ue aconselham #eniAin a dar1lhes
a terraS acerca do caso dos /udeus Rsegundo parece, não voltar aos antigos
vexamesSW so6re o pro6lema nacional12ederal Risso é, por si s:, claroSW so6re a
direc+ão administrativa Rdemocracia e não ditaduraSW e outras coisas mais) Dual a
conclusão das provasY Fuito simplesJ através delas demonstra1se a correspond0ncia e
a concordLncia de pontos de vista dos presentes com #eniAinl RI1r1r))) Au, euXS Fas
h3 tam6ém acusa+9es directas 2eitas aos presentesJ troca de in2orma+9es com
conhecidos seus, residentes na peri2eria Rem =iev, por exemplo =rilenAo, o6) cit),
p3g) 54) bb 'dem, p3g) @Q) A$DU'.E AB& #E BU AB 4Q5 ainda não so6 o poder central
soviéticoX 'sto é, suponhamos *ue anteriormente tal territ:rio pertencia , $<ssia,
e *ue depois, no interesse da revolu+ão mundial, cedemos esse peda+o , Alemanha, e
as pessoas continuavam a enviar 6ilhetes umas ,s outrasJ como vivem a-, 'van
'vanitchY))) Duanto 3 n:s, a vida corre assim e assado))) E F) F) =ichAin Rmem6ro
do ?omité ?entral do .artido #emocr3tico ?onstitucionalS, mesmo no 6anco dos réus,
d3 esta /usti2ica+ão insolenteJ 7Uma pessoa não *uer andar ,s cegas e procura sa6er
tudo o *ue se 2a> em toda a parte)8 %a6er (U#& o *ue se 2a> EF (&#A A .A$(EYY)))
"ão *uerer andar ,s cegasYYY))) (em, pois, ra>ão o acusador ao *uali2icar
/usticeiramente as suas ac+9es como trai+ãoX (rai+ão para com o poder soviéticoXXX
Fas ve/amos os seus actos mais terr-veisJ no auge da guerra civil eles)))
escreveram tra6alhos, ela6oraram notas, esta6eleceram pro/ectos) %im, en*uanto
7peritos do direito p<6lico, da ci0ncia 2inanceira, das rela+9es econ:micas, das
*uest9es /udicials e da instru+ão p<6lica8, eles escreveram tra6alhosX RE, como é
23cil adivinhar, tudo isto sem se apoiarem nos tra6alhos antecedentes de enine, de
(rotsAN e de IuAharine)))S & pro2essor %) A) =otliarevshi, so6re a organi>a+ão
2ederativa da $<ssiaW V) 1) %tempAo1 vsAi tratou do pro6lema agr3rio Re,
certamente, sem de2ender a colectivi>a+ão)))SW V) %) Furalevitch, da instru+ão
p<6lica na 2utura $<ssiaW ") ") VinogradiAi, da economia) E) ") =) =oltsov
RgrandeS, 6i:logo, *ue na sua p3tria s: conheceu persegui+9es e castigos, permitia
a esses tu6ar9es 6urgueses *ue se reunissem, para discutir, no seu 'nstituto)
R"esta ratoeira caiu tam6ém ") #) =ondraticv, *ue, em 19@1, seria condenado
de2initivamente no caso do .artido ?ampon0s do (ra6alho)S & nosso cora+ão acusador
palpita 2ortemente no peito, adiantando1se ao veredicto) Due pena aplicar a estes
generais trans2ormados em homens de mãoY .ara eles, s: um castigoJ o 2u>ilamentoX
Esta não é a exig0ncia do acusadorJ é /3 a senten+a do tri6unalX RIom, atenuaram1na
depoisJ campo de concentra+ão até ao 2im da guerra civil)S A culpa dos acusados
reside em eles não se terem deixado 2icar acocorados nos seus rinc9es, chupando os
du>entos e cin*uenta gramas de pão, mas 7entenderem1se e porem1se de acordo entre
si so6re *ual devia ser o regime, ap:s a *ueda do poder soviéticoX8 "a linguagem
cient-2ica actual, chama1se a issoJ estudar a possi6ilidade de uma alternativa) A
vo> do acusador atroa, mas parece1nos notar uma 2enda) #ir1se1ia *ue ele 6usca algo
com os olhos, pela c3tedra, *ue procura algum papelY ma cata+ãoY Um instanteX E
necess3rio dar uma re2er0nciaX (omada noutro processoY "ão tem importLnciaX "ão
ser3 acaso isto, "iAolai Vassilie1vitchY;1 a "ome e patron-mico de =rilenAo) R")
dos ()S 4Q; A$DU'.E AB& #E BU AB 7.ara n:s))) o conceito de tortura est3 /3 contido
no pr:prio 2acto de manter os pol-ticos na prisão)))8 Ve/am s:X Fanter os pol-ticos
na prisão é uma torturaX E isto é dito pelo acusadorX Due visão tão amplaX Uma nova
/urisprud0ncia nasceX Fais adianteJ 7))) A luta contra o regime c>arista era para
eles Ros pol-ticosS uma segunda nature>a e não podiam deixar de lutar contra o
c>arismoX8;4 #a mesma 2orma *ue estes não podiam deixar de estudar as poss-veis
alternativasY))) pensar não ser3 talve> a primeira nature>a do intelectualY))) Ah,
2oi por uma torpe>a *ue não lhe 2orneceram a cita+ão devidaX Due con2usãoX))) Fas
"iAolai Vassilievitch /3 est3 no seu apogeuJ 7E mesmo se os senhores acusados, a*ui
em Foscovo, não mexeram nem com um dedo Re parece *ue 2oi assim)))S, de todos os
modos))) neste momento, o simples 2acto de conversar, atr3s de uma ch3vena de ch3,
so6re *ual ser3 o regime *ue deve su6stituir o soviético, *ue ir3 pretensamente
desmoronar1se, é um acto contra1revolucion3rio))) #urante a guerra civil não s: a
actividade contra o poder soviético é criminosa))) é criminosa a pr:pria
inactividade) 8;@ Iem, agora tudo se compreende, tudo se torna claro) Eles são
condenados ao 2u>ilamento por inactividade) .or uma ch3vena de ch3) .or exemplo,
tendo os intelectuais de .etrogrado decidido, no caso da entrada de Kudnitch,
7preocupar1se, antes de mais, com a convoca+ão da #uma democr3tica da cidade8 Rpara
de2end01la da ditadura do generalS, lan+a1lhes =rilenAoJ 7Eu dese/ava
gritar1lhesJ b&s senhores deviam pensar, antes de mais nada, em como dar a vida, em
ve> de deixar Kudnitch passarXXb8 Fas eles não a tinham dadoX RA*ui para n:s,
"iAolai Vassilievitch tão1pouco)S Entretanto, eram ainda acusados a*ueles *ue
estavam in2ormados e silenciaram) R7%a6iam e não o disseram8, na nossa linguagem de
ho/e)S Fas o *ue se segue /3 não é uma inactividade, é uma ac+ão criminosaJ através
de ) ") =ruschova, mem6ro da ?ru> Vermelha .ol-tica Rtam6ém no 6anco dos réusS,
outros acusados a/udavam os reclusos de IutirAi com dinheiro Rpodemos imaginar esse
a2luxo de capitais , cantina prisionalXS e roupas Rimaginem, inclusive de lãXS) As
suas maldades não t0m conta nem medidaX Fas não haver3 2reio para o castigo
prolet3rioX ?omo numa cLmara cinematogr32ica em *ueda livre, com a pel-cula
torcida, indeci2r3vel, perpassam diante de n:s vinte e oito rostos masculinos ;4
=rilenAo, o6) ,t), p3g) 15) ba 'dem, p3g) @9) A$DU'.E AB& #E BU AB 4Q5 e 2emininos
de antes da $evolu+ão) "ão podemos apanhar as suas express9esX AssustadosY
#esdenhososY AltivosY Ve/am, as suas respostas 2altamX "ão dispomos das suas
<ltimas palavrasX .or considera+9es técnicas))) Enco6rindo esta 2alta, o acusador
segreda1nosJ 7Assistimos a uma completa auto2lagela+ão e arrependimento dos erros
cometidos) A irasci6ilidade pol-tica e a nature>a intermédia da intelig0ncia))) R
%im, sim, ainda e sempre a nature>a intermédiaXS))) 'sso serviu para 2undamentar
plenamente a an3lise marxista *ue os 6olchevi*ues sempre 2i>eram da intelig0ncia)
"ão sei) .ode ser *ue se auto2lagelassem) .ode ser *ue não) .ode ser *ue /3
tivessem cedido , Lnsia de conservar a vida, custasse o *ue custasse) .ode ser *ue
A'"#A conservassem a antiga dignidade da intelig0ncia) "ão sei) Fas *uem é esta
mulher nova *ue passou assim tão rapidamenteY E uma 2ilha de (olstoiJ Alexandra)
=rilenAo perguntou1lhe o *ue 2a>ia ela em tais entrevistas) $espondeuJ 7.reparava o
samovarX8 (r0s anos de campo de concentra+ãoX Assim despontou o sol da nossa
li6erdade) Assim cresceu, tra*uinas, 6em nutrida na sua in2Lncia, a lei de &utu6ro)
J3 es*uecemos tudo) =rilenAo, o6) cit), p3g) Q) '! A E' A('"BE A '#A#E V'$' A nossa
exposi+ão 2oi1se alongando) E, não o6stante, ainda não come+3mos) (odos os grandes
processos, todos os *ue 2icaram céle6res, ainda estão por vir) Fas as linhas
2undamentais /3 se encontram tra+adas) Vamos continuar a acompanhar a nossa lei ao
longo da idade dos pioneiros) $ecordemos o h3 muito es*uecido e, de resto não pol-
tico 2S .$&?E%%& #A #'$E?V\& ?E"($A #&% ?&FIU%(uVE'%) RFaio de 1941S, *ue visava os
engenheiros, ou spetsi1, como então se di>ia) Aca6ava de passar1se o mais cruel dos
*uatro 'nvernos da guerra civilJ /3 nada restava para o a*uecimento, os com6oios
não chegavam ,s esta+9es, nas capitais havia 2rio e 2ome, tendo1se desencadeado nas
236ricas uma vaga de greves Ragora eliminadas da hist:riaS) Duem é o culpadoY %im,
eis a céle6re perguntaJ DUEF E & ?U .A#&Y4 Iem, naturalmente, não a #irec+ão1Beral)
"em se*uer a localX 'sso é importante) %e 7os camaradas *ue vinham de 2ora8 Ros
dirigentes comunistasS, não tinham uma ideia exacta do assunto, eram os spetsi *ue
deviam 7indicar a 2orma correcta de resolver o pro6lema8X @ & *ue signi2ica *ue 7os
dirigentes não eram os culpados))) &s culpados
eram a*ueles *ue calculavam, recalculavam e ela6oravam os planos8 Rcomo arrancar v-
veres e com6ust-veis aos camposS) "ão os *ue os impunham, mas a*ueles *ue os
preparavamX %e a plani2ica+ão cometia excessos eram os spetsi *ue pagavam as 2avas)
%e as ci2ras não coincidiam, 7a culpa era dos spetsi e não do ?onselho do (ra6alho
e da #e2esa8, nem mesmo 7dos che2es mais respons3veis da #irec+ão ?entral dos ?
om6ust-veis84) "ão h3 carvão, nem lenha nem petr:leoJ 7Esta situa+ão, con2usa e
ca:tica, 2oi criada pelos spetsi)8 Eles eram acusados de não se terem oposto ,s
mensagens tele2:nicas, urgentes, de $iAov e de terem 2eito 2ornecimentos a este
e ,*uele, em desacordo com o plano) EspecialistasJ técnicos, engenheiros,
pro2essores, médicos) R") dos ()S (-tulo de um romance de ^ci>en) WV dos ()S @
=rilenAo, o6) cit), p3g) @!1) 4 idem, p3gs) @Q41@Q@) 49C A$DU'.E AB& #E BU AB "uma
palavra, os spetsi eram culpados de tudoX Fas o tri6unal prolet3rio era clemente,
aplicava1lhes senten+as leves) Evidentemente, no peito dos prolet3rios, continuava
a lavrar um sentimento de hostilidade para com esses malditos spetsiW entretanto,
não se podia passar sem eles, senão tudo se desmoronava) E o tri6unal
revolucion3rio não os massacrava) =rilenAo, inclusive, a2irma *ue desde 194C 7não
existe sa6otagem8) &s spetsi são culpados, sim, mas não 2i>eram isso por maldade,
são apenas uns complicados, uns incapa>es, pois não aprenderam a tra6alhar so6 o
capitalismo, ou são, pura e simplesmente, ego-stas e corruptos) Assim, no in-cio do
per-odo de reconstru+ão, come+ou a desenhar1se, com espanto, uma linha trace/ada de
indulg0ncia para com os engenheiros) & ano de 1944, o primeiro ano de pa>, 2oi
a6undante em processos p<6licos, tão rico mesmo *ue este nosso cap-tulo lhe ser3
*uase todo dedicado) R.odem admirar1seJ a guerra aca6ou e por*ue é *ue h3 tamanha
anima+ão nos tri6unaisY Fas tam6ém em 1945 e em 194Q o #ragão se animou
extraordinariamente) "ão existir3 a*ui uma simples regularidadeYS ^3 *ue não deixar
passar, logo no princ-pio do ano, gS & .$&?E%%& %&I$E & %U'?u#'& #& E"BE"^E'$& &
#E"1I&$BUE$ R%upremo (ri6unal, Gevereiro de 1944S, processo /3 de todo es*uecido,
insigni2icante, e sem nenhuma caracter-stica t-pica) E isto por*ue ele a6range uma
<nica vida humana, e esta /3 se extinguiu) %e tal não tivesse acontecido,
precisamente, esse engenheiro e mais de> outras pessoas, *ue com ele 2ormavam um ?
entro, estariam agora sentados diante do %upremo (ri6unal e, então, o processo
seria per2eitamente t-pico) Fas, de momento, no 6anco dos réus encontram1 se o
conhecido camarada do .artido, %edielhniAov, dois mem6ros da 'nspec+ão &per3rio11?
amponesa e dois sindicalistas) Fas como a corda *ue se rompe ao longe, descrita na
pe+a de (cheAhov5, h3 neste processo algo de opressivo e *ue é precursor dos
processos 7da Fina8 e do 7.artido 'ndustrial8) V) V) &lden6orguer tinha tra6alhado
durante trinta anos no %ervi+o de ?anali>a+ão de Zgua de Foscovo e tornara1se,
segundo parece, desde o come+o do século, o engenheiro1che2e desse servi+o) Ao
longo da 'dade da .rata das artes;, de *uatro #umas do Estado, de tr0s guerras e de
tr0s revolu+9es, toda a cidade de Foscovo 6e6eu 3gua de &lden6orguer) &s aAmeistas
e os 2uturistas, os reaccion3rios e os revolucion3rios, os /unAers e os guardas
vermelhos, o ?onselho de ?omiss3rios do .ovo, a (cheAa e a 'nspec+ão &per3rio1?
amponesa 6e6eram a 3gua pura e 2ria de &lden6or1
1 & Jardim das ?ere/eiras) R") dos ()S ; .er-odo de desenvolvimento art-stico *ue
vai dos 2ins do século !'! até , Brande Buerra) R") dos ()S A$DU'.E AB& #E BU AB
491 guer) Ele não era casado, nem tinha 2ilhos e em toda a sua vida dedicou1se
unicamente a essa canali>a+ão de 3gua) Em 19C5, ele não permitiu *ue as tropas de
vigilLncia tivessem acesso ,s canali>a+9es 7por*ue os soldados podiam, por torpe>a,
estragar os canos ou as m3*uinas8) "o dia seguinte , $evolu+ão de Gevereiro ele
disse aos seus oper3rios *ue a revolu+ão tinha terminado, *ue /3 6astava, e *ue
todos deviam ocupar os seus lugares e 2a>er a 3gua correr) E durante os com6ates de
&utu6ro, em Foscovo, ele s: tinha uma preocupa+ãoJ conservar a canali>a+ão da 3gua)
&s %EU% cola6oradores puseram1se em greve, em resposta ao golpe 6olchevista, e
convidaram1no a aderir) Ele respondeuJ 7))) #o ponto de vista técnico não 2a+o
greve, perdoem1me) Duanto ao resto))) *uanto ao resto, sim, apoio a greve)8 Ele
rece6eu o dinheiro da comissão de greve destinado aos empregados, deu um reci6o, e
entretanto correu , procura de cotovelos para os tu6os avariados) .ouco importa, é
um inimigoX Eis o *ue ele disse a um oper3rioX 7& poder soviético não se aguentar3
nem duas semanas)8 RUma nova orienta+ão surge em vésperas da ")E).), e =rilenAo
permite1se 2alar com toda a 2ran*ue>a desde o %upremo (ri6unalJ 7Era o *ue
pensavam, então, não somente os spetsi, mas) n:s tam6ém, por mais de uma ve>)81
.ouco importa, é um inimigoX ?omo nos di>ia o camarada enineJ 7.ara vigiar os
especialistas 6urgueses, precisamos de um cão de guarda como a 'nspec+ão
&per3rio1 ?amponesa)8 #ois desses cães de guarda 2oram colocados permanentemente
/unto de &lden6orguer) RUm deles, um malandrão *ue era escritur3rio da canali>a+ão,
FaAarov1UemliansAi, despedido 7por actos indecorosos8, 2oi para a 'nspec+ão
&per3rio1?amponesa 7por*ue ali pagavam melhor8, ascendeu ao ?omissariado do .ovo
por*ue 7l3 pagam melhor ainda8, e da- veio a controlar o seu antigo che2e e a
vingar1se do seu o2ensor, cordialmente)))S Entretanto, o comité do sindicato não
dormia, é claroJ era ele o melhor de2ensor dos interesses oper3rios) E os
comunistas puseram1se a dirigir a canali>a+ão de 3gua) 7%: os oper3rios devem
mandar e s: os comunistas t0m autoridade completa 1 a /uste>a de tal posi+ão 2oi
con2irmada por este processo)8Q A &rgani>a+ão do .artido de Foscovo não tirava os
olhos da canali>a+ão da 3gua) RE por detr3s dela estava ainda a (cheAa)S 7Goi
através de um sadio sentimento de hostilidade de classe *ue constru-mos, no seu
devido tempo, o nosso exércitoW e 2oi em nome dela *ue não con2i3mos um s: posto de
responsa6ilidade a pessoas *ue não 2ossem do nosso campo, não deixando de colocar
ao seu lado))) um comiss3rio)89 'mediatamente todos passaram a p_r em causa, a dar
ordens e instru+9es ao engenheiro =rilenAo, o6) cit), p3g) 4@9) R& it3lico é meu)S
` 'dem, p3g) 4@@) 'dem, p3g) 4@4) 494 A$DU'.E AB& #E BU AB che2e, e mesmo a
trans2erir, sem o seu conhecimento, o pessoal técnico R72oi limpo todo esse ninho
de arran/istas8S) E, com tudo isso, não salvaram a canali>a+ãoX As coisas não
come+aram a melhorar, mas sim a piorarX (al era a ast<cia posta por essa *uadrilha
de engenheiros em levar a ca6o, pela calada, o seu maldoso des-gnioX Fais aindaJ
passando por cima da sua nature>a intermédia de intelectual, a em virtude da *ual
nunca na sua vida se tinha exprimido com dure>a, &l1den6orguer atreveu1se a
*uali2icar as ac+9es do novo che2e
da canali>a+ão, UeniuA R2igura pro2undamente simp3tica a =rilenAo 7pela sua
estrutura interior8S, de despotismoX Goi então *ue 2icou claro *ue o 7engenheiro
&lden6orguer atrai+oava conscientemente os interesses dos tra6alhadores e aparecia
como um inimigo declarado da ditadura da classe oper3ria8) ?ome+aram a convocar
comiss9es de controle para a canali>a+ão, mas estas acharam *ue tudo estava em
ordem e *ue a 3gua corria normalmente) &s elementos da 'nspec+ão &per3rio1?amponesa
não se con2ormaram com isso e passaram a enviar relat:rios e mais relat:rios ,
direc+ão) &lden6orguer *ueria simplesmente 7destruir, deteriorar e romper a
canali>a+ão com 2ins pol-ticos8, mas não o sa6ia 2a>er) .ois 6em, na*uilo em *ue
lhes 2oi poss-vel, opuseram1se1lhe, impedindo1o, so6 pretexto de delapida+ão, de
reparar as caldeiras e su6stituir os reservat:rios de madeira por outros de
cimento) &s che2es dos oper3rios passaram a di>er a6ertamente nas reuni9es da
empresa *ue o engenheiro1che2e era 7a alma da sa6otagem técnica organi>ada8, e *ue
era preciso não con2iar nele, mas opor1lhe resist0ncia em tudo) Entretanto, o
tra6alho não melhorava e tudo pioravaX))) & *ue o2endia especialmente 7a psicologia
heredit3ria dos prolet3rios8 da 'nspec+ão &per3rio1?amponesa e dos sindicatos era o
2acto de a maioria dos oper3rios de servi+o de 6om6agem, 7contagiada pela
mentalidade pe*ueno16urguesa8, estar do lado de &lden6orguer e não ver a sua
sa6otagem) "esse momento, precisamente, aproximavam1 se as elei+9es para o %oviete
de Foscovo e os tra6alhadores da empresa apresentaram a candidatura de
&lden6orguer, , *ual a célula comunista, como se compreende, contrap_s a
candidatura do .artido) "o entanto, esta era uma candidatura sem esperan+as, tal
era a 2alsa autoridade *ue o engenheiro1che2e go>ava entre os oper3rios) A despeito
disso, a célula do .artido enviou uma mensagem ao comité de 6airro e a todas as
instLncias, apresentando na assem6leia geral a seguinte resolu+ãoJ 7&lden6orguer é
o centro e a alma da sa6otagem, e ser3 para n:s um inimigo pol-tico no %oviete de
FoscovoX8 &s oper3rios opuseram1se ruidosamente e aos gritos de 7não é verdadeX,
mentisX8) Então, o secret3rio do .artido, camarada %edielhniAov, atirou a6ertamente
, cara de mil ca6e+as prolet3riasJ 7?om cent<rias negras como voc0s, não *uero
2alarX8 E acrescentouJ 7Galaremos noutro lugar)8 A$DU'.E AB& #E BU AB 49@ & .artido
adoptou as seguintes medidasJ destituir o engenheiro principal ))) do conselho de
administra+ão da rede distri6uidora de 3gua e criar11lhe uma situa+ão de vigilLncia
permanente, convocando1o constantemente perante comiss9es e su6comiss9es *ue o
interrogavam e incum6iam de tare2as urgentes) ?ada 2alta de compar0ncia era anotada
na acta 7para o caso de um 2uturo processo /udicial8) Através do ?onselho do
(ra6alho e da #e2esa Rpresidido pelo camarada enineS conseguiram 2a>er nomear para
a canali>a+ão uma 7troiAa extraordin3ria8 R2ormada pela inspec+ão &per3rio1?
amponesa, pelo ?onselho dos %indicatos e pelo camarada =ui6ichevS) ^avia /3 *uatro
anos *ue a 3gua corria pelos canos, *ue os moscovitas a 6e6iam e nada tinham
notado))) Então o camarada %edielhniAov escreveu um artigo na Vida Econ:micaJ 7Em
virtude dos rumores *ue in*uietam a opinião p<6lica acerca do estado catastr:2ico
da canali>a+ão)))8, onde deu conta de muitos outros e in*uietantes 6oatos,
inclusive o de *ue o %ervi+o de ?anali>a+ão 6om6eava a 3gua so6 a terra, minando
conscientemente todos os alicerces de Foscovo Rlan+ados ainda nos tempos de 'van
=alita1C) ?onvocaram a ?omissão do %oviete da capital) Ela o6servouJ 7& estado do
a*ueduto é satis2at:rio, e a direc+ão técnica racional)8 &lden6orguer re2utou todas
as acusa+9es) Então %edielhniAov respondeu tran*uilamenteJ 7Eu apenas me propus a
tare2a de
levantar 6arulho em torno do pro6lema, mas compete aos spetsi averiguar o *ue h3 de
verdade em toda esta *uestão)8 Due restava 2a>er aos che2es oper3riosY Dual era o
<ltimo e mais seguro recursoY A den<ncia , (cheAaX Assim 2e> %edielhniAovX Ele
7pinta o *uadro da destrui+ão premeditada da canali>a+ão por parte de
&lden6orguer8, não tendo d<vida alguma 7so6re a presen+a, no %ervi+o de ?
anali>a+ão, no cora+ão da Foscovo Vermelha, de uma organi>a+ão
contra11revolucion3ria8) .ara não 2alar do estado catastr:2ico do dep:sito de 3gua
de$u6liovX E 2oi então *ue &lden6orguer cometeu uma 2alta de tacto, tendo um gesto
de intelectual intermédio inveteradoJ ao entravarem1lhe uma encomenda de novas
caldeiras estrangeiras Ras velhas era imposs-vel repar31las agora na $<ssiaS, ele
suicidou1se) RA*uilo tinha sido demasiado para uma s: pessoa, *ue, além do mais,
não estava preparada)S & caso não 2ica por ali) A organi>a+ão contra1revolucion3ria
podia detectar1se mesmo sem ele, e os elementos da 'nspec+ão &per3rio1?amponesa
insistem em tra>01la , lu>) #ois meses passam no meio de mano6ras surdas) Fas o
esp-rito da ") E) .), *ue 2a> caminho, é tal *ue 7se torna necess3rio dar uma li+ão
a esses e a outros8) & processo so6e ao %upremo (ri6unal) =rilenAo é comedidamente
severo) 'nexor3vel, mas 1C 'van =alita, pr-ncipe russo da Fosc:via, *ue reinou no
século !'V) R") dos ()S 494 A$DU'.E AB& #E BU AB com peso) Ele compreende as
coisasJ 7& oper3rio russo, naturalmente, tinha ra>ão ao ver, em cada um *ue não era
dos seus, mais depressa um inimigo do *ue um amigo811, mas, 7, medida *ue 2or
evoluindo a nossa pol-tica pr3tica de con/unto, pode ser *ue tenhamos de 2a>er
ainda maiores concess9es, de retroceder e mano6rarW pode ser *ue o .artido se ve/a
o6rigado a escolher uma linha t3ctica, contra a *ual venha em6ater a l:gica
primitiva de honrados e a6negados com6atentes8 14) Iom, na realidade, o tri6unal
7tratou com 6randura8 os oper3rios *ue testemunharam contra %edielhniAov e os da
'nspec+ão &per3rio11?amponesa) E o réu %edielhniAov respondeu sem in*uieta+ão ,s
amea+as do acusadorJ 7?amarada =rilenAoX, eu conhe+o esses artigosJ eles visam os
inimigos de classeW mas a*ui não são inimigos de classe *ue estão a ser /ulgados)8
Entretanto, =rilenAo volta , carga com vivacidade) #en<ncias 2alsas,
conscientemente 2or/adas, a institui+9es do Estado))) com circunstLncias agravantes
Rvingan+a pessoal, a/uste de contasS))) mau uso do cargo ocupado)))
irresponsa6ilidade pol-tica, a6uso do poder e da autoridade, por parte de
2uncion3rios soviéticos e de mem6ros do .artido Iolchevista))) desorgani>a+ão do
tra6alho da canali>a+ão))) pre/u->o para o %oviete de Foscovo e para a $<ssia
soviética, dada a 2alta de especialistas desse tipo))) e a impossi6ilidade de
su6stitu-1los))) 7"ão 2alando /3 da sua perda pessoal como indiv-duo))) "esta
época, em *ue a luta representa o conte<do essencial da nossa vida, acostum3mo1nos
a levar pouco em conta essas perdas irrepar3veis)))111 & %upremo (ri6unal
$evolucion3rio deve 2a>er ouvir com toda a 2or+a a sua vo>))) & castigo deve ser
aplicado com todo o seu rigorX))) "ão viemos a*ui para grace/arX)))8 Feu #eus, *ue
ir3 suceder1lhes agoraY %er3 poss-vel)))Y & meu leitor /3 est3 acostumado e
sopra1meJ (&#&% E!))) Exactamente) (odos expostos ao rid-culo) #ado o sincero
arrependimento dos acusados, estes 2oram condenados a uma))) censura p<6licaX #uas
verdades))) dois pesos e duas medidas))) E %edielhniAov, parece *ue apanhou um ano
de prisão) (enho di2iculdade em acreditar)
&hX, 6ardos dos anos 4C, *ue no1los representais so6 o claro 6ul-cio da alegriaX
Fesmo sem a2lorar os seus extremos, mesmo sem os ter visto com olhos de crian+a,
eles são ines*uec-veis) Esses 2ocinhos, essas ventas *ue b =rilenAoJ o6) cit), p3g)
4@5) 14 'dem, p3g) 4@Q) 11 'dem, p3g) 45Q) A$DU'.E AB& #E BU AB 495 acossavam os
engenheiros 1 não h3 d<vida de *ue se 2artaram 6em, nos anos 4CX Ve/amos agora o
*ue se passou a partir do ano 1Q) "os dois processos *ue se seguem descansaremos um
pouco do nosso acusador supremo 2avoritoJ ele est3 ocupado na prepara+ão do grande
processo dos socialistas revolucion3rios14) Este grandioso processo come+ava a
suscitar uma pro2unda in*uieta+ão na Europa e o ?omissariado do .ovo da Justi+a
aperce6eu1se de *ue h3 /3 *uatro anos *ue /ulg3vamos sem ter ainda um ?:digo .enal,
nem velho nem novo) ?ertamente *ue essa preocupa+ão do ?:digo não tinha escapado a
=rilenAoJ era preciso coordenar tudo de antemão) Entretanto, os processos
religiosos *ue iam a6rir1se eram *uest9es internas, não interessavam , Europa
progressista, e podiam ser despachados Fesmo sem ?:digo) J3 vimos *ue a separa+ão
da 'gre/a do Estado era por este compreendida de tal modo *ue tudo *uanto nos
templos se encontrava pendurado, exposto e pintado, passava , posse do Estado e a
'gre/a 2icava unicamente com essa igre/a nua, de *ue 2ala a %agrada Escritura) Em
191Q, *uando a vit:ria pol-tica /3 parecia ter sido alcan+ada, mais r3pida e
2acilmente do *ue se esperava, deu1se in-cio aos con2iscos religiosos) "o entanto,
esta atitude irre2lectida provocou demasiada indigna+ão popular) "a guerra civil,
*ue come+ava a acender1se, era insensato criar uma 2rente interior contra os
crentes) (eve de se adiar o momento do di3logo entre os comunistas e os cristãos)
"o 2im da guerra civil, e como sua conse*u0ncia natural, a6ateu1se so6re a região
do Volga um ano de 2ome como nunca se tinha conhecido) ?omo ela não adorna muito a
coroa de gl:ria dos vencedores desta guerra, 2alam entre dentes e sem ir mais além
de aduas linhas) E no entanto essa 2ome chegou até ao cani6alismo, até aos pais
comerem os seus pr:prios 2ilhos) "unca uma 2ome assim tinha sido conhecida na
$<ssia, nem se*uer no (empo dos (umultosa5 Rentão, como testemunham os
historiadores, os cereais mantinham1se de6aixo da neve, durante v3rios anos, sem
serem colhidosS) Um s: 2ilme so6re essa 2ome poderia pro/ectar uma lu> nova so6re
tudo o *ue vimos e *ue sa6emos acerca da $evolu+ão e da guerra civil) Fas não h3
nem 2ilmes, nem romances, nem estudos estat-sticos 1 é algo *ue se procura
es*uecer, *ue não em6ele>a) &s processos provinciais contra os socialistas
revolucion3rios, como o de %aratov, 1919, tinham /3 come+ado antes) ab Ap:s a morte
de Ioris Bodunov, em 1;C5) R") dos ()/ 49; A$DU'.E AB& #E BU AB Além disso, a causa
de *ual*uer 2ome é costume 2a>01la recair so6re os AulaAs) Fas *uando a 2ome era
geral, onde estavam elesY V) B) =orolenAo, nas suas ?artas a unatc6arsAib1, *ue,
contrariamente , promessa deste <ltimo, nunca se pu6licaram entre n:s, explica1nos
as ra>9es da 2ome e da ru-na completas do pa-sJ elas residem na *ueda de toda a
produtividade Ras mãos tra6alhadoras encontram1se ocupadas com as armasS, na perda
da v con2ian+a e da esperan+a do campon0s de poder guardar para si uma pe*uena
parte *ue 2osse da sua colheita) Fas alguma ve> alguém 2alar3 da*ueles
2ornecimentos, de intermin3veis vag9es de v-veres enviados durante meses, em
aplica+ão da .a> de Irest, pela $<ssia, privada de vo>es de protesto, mesmo das
regi9es *ue a 2ome ia devastar, para a Alemanha do =aiser, *ue travara no &cidente
os <ltimos com6atesY
#a causa ao e2eito, a cadeia era curtaJ se os ha6itantes do Volga comiam os seus
2ilhos era por*ue n:s não t-nhamos outra preocupa+ão *ue não 2osse dissolver a
Assem6leia ?onstituinte) Fas a genialidade da pol-tica consistia em o6ter 0xitos,
mesmo a partir da desgra+a popular) E, num golpe de inspira+ão, de uma s: ca/adada,
matam1se dois coelhosJ *ue se/am agora os padres a alimentar a região do VolgaX "a
verdade, eles são cristãos e 6ondososX 1S %e recusam, culpamo1los de toda essa 2ome
e esmagamos a 'gre/aW 4S %e concordam, limpamos os templosW @S E num caso ou noutro
aumentamos a reserva de divisas) .rovavelmente esta ideia 2oi suscitada por actos
da pr:pria 'gre/a) ?omo indica o patriarca (iAhon, logo em Agosto de 1941, *uando
come+ou a grassar essa 2ome, a 'gre/a criou comités diocesanos e pan1russos, de
a/uda aos 2amintos, come+ando a angariar dinheiro) Fas permitir uma a/uda directa
da 'gre/a ,s 6ocas es2omeadas seria minar a ditadura do proletariado) &s comités
2oram proi6idos e o dinheiro con2iscado a 2avor do (esouro .<6lico) & patriarca 2e>
apelo , a/uda do .apa de $oma e do #eão de ?antu3ria, mas ainda a- lhe cortaram a
iniciativa, esclarecendo1o de *ue s: o poder soviético estava autori>ado a
enta6ular conversa+9es com estrangeiros, e de *ue não era necess3rio semear o
alarmeJ segundo o *ue escreviam os /ornais, as autoridades tinham todos os meios
para aca6ar com a 2ome) Entretanto, na região do Volga comia1se ervas e solas de
sapatos, chegando a roer1se as om6reiras das portas) E, 2inalmente, em #e>em6ro de
1941, o ?omité de Estado de A/uda ,s V-timas da Gome prop_s , 'gre/a *ue o2erecesse
os seus 6ens aos 2amintos T não todos, de resto, mas apenas a*ueles *ue não eram
canonicamente imprescind-veis para os servi+os religiosos) & patriarca mani2estou o
seu acordo e o ?omité de Estado de A/uda ,s V-timas da Gome ela6orou as instru+9esJ
todas as o2ertas deviam ser ab .aris, 1944, e %ami>dat, 19;5) A$DU'.E AB& #E BU AB
495 volunt3riasX Em 19 de Gevereiro de 1944, o patriarca lan+ou uma mensagem,
autori>ando todos os conselhos paro*uiais a o2erecer o6/ectos *ue não 2ossem
indispens3veis aos o2-cios religiosos) E assim tudo corria, de novo, o risco de
dissolver1se no compromisso e enredar a vontade prolet3ria, como tinha, noutros
tempos, sido tentado com a Assem6leia ?onstituinte e como era costume em todos os
parlamentos da Europa) Uma ideia eclodiu num relLmpagoX Uma ideia, isto éJ um
decretoX Um decreto do ?omité Executivo ?entral de toda a $<ssia, datado de 4; de
GevereiroJ con2iscar todos os valores dos templos para os 2amintos) & patriarca
escreveu a =alinine, mas este não respondeu) Então, em 4Q de Gevereiro, o prelado
pu6licou uma nova e 2at-dica mensagemJ 7#o ponto de vista da 'gre/a, semelhante
acto constitui um sacrilégio, e n:s não podemos aprovar o con2isco)8 A meio século
de distLncia, é 23cil censurar o patriarca) "aturalmente, os dirigentes da 'gre/a
cristã não deviam ter1se agarrado a o6/ec+9es, do género de sa6er se o poder
soviético não tinha outros recursos, ou *uem é *ue tinha levado a região do Volga ,
2omeW não deviam ter1se agarrado a estas ri*ue>as, pois não era em a6soluto delas
*ue havia de ressurgir Rse haviaS a nova 2irme>a na 2é) Fas é preciso ter em mente
a situa+ão deste desgra+ado patriarca, eleito /3 depois de &utu6ro, *ue dirigia a
'gre/a h3 poucos anos, uma 'gre/a *ue s: tinha conhecido a repressão, as
persegui+9es, os 2u>ilamentos, e *ue lhe havia sido con2iada com a missão de a
salvaguardar)
Então os /ornais lan+aram uma campanha contra o patriarca e todos os altos
dignit3rios da 'gre/a, acusando1os de estrangularem a região do Volga com a mão
descarnada da 2omeX E *uanto mais se o6stinava com 2irme>a o patriarca, mais 2raca
se tornava a sua posi+ão) Em Far+o desenvolve1se um movimento entre o clero, no
sentido de ceder os valores e de chegar a acordo com o .oder) &s receios *ue ainda
su6sistiam 2oram expressos a =alinine pelo 6ispo Antonin BranovsAi, *ue tinha
passado a 2a>er parte da ?omissão ?entral do ?omité de Estado de A/uda ,s V-timas
da GomeJ 7&s crentes t0m receio de *ue os valores da 'gre/a possam ser utili>ados
para outros 2ins, 2ins mes*uinhos e alheios aos seus cora+9es)8 R?onhecendo os
princ-pios gerais da #outrina de Vanguarda, o leitor experiente concordara em *ue
isso era muito prov3vel, /3 *ue as necessidades do =omintern e do &riente, *ue se
li6ertava, não eram menos agudas do *ue as da região do Volga)S & metropolita de
.etrogrado, Veniamin, 2oi tomado tam6ém de um arre6atamento *ue não podia ser posto
em d<vidaJ 7'sto é de #eus e nos daremos tudo) Fas não é necess3rio 2a>er
con2iscos, a o2erta deve ser volunt3ria)8 Ele era de igual modo 2avor3vel ao
controle da 'gre/a e dos crentesJ seguir os valores da 'gre/a até ao momento em *ue
se convertessem em pao p3ra os 2amintos) A sua o6sessão era a de não in2ringir a
vontade condenat:ria do patriarca) 49Q A$DU'.E AB& #E BU AB aEm .etrogrado parecia
*ue tudo se iria arran/ar paci2icamente) "as sess9es da ?omissão ?entral do ?omité
de Estado de A/uda ,s V-timas da Gome, de 5 de Far+o de 1944, registou1se até uma
situa+ão eu2:rica, segundo o relato de uma testemunha) Veniamin anunciouJ 7A 'gre/a
&rtodoxa est3 disposta a tudo dar em a/uda dos 2amintos8, considerando apenas como
um sacrilégio o con2isco pela viol0ncia) Fas então o con2isco não era necess3rioX &
presidente do ?omité de Estado de .etrogrado de A/uda ,s V-timas da Gome,
=anattchniAov, assegurou *ue isso suscitaria uma atitude 6enevolente da parte do
poder soviético em rela+ão , 'gre/a R6elas palavrasXS "um caloroso arre6atamento,
todos se levantaram) & metropolita disseJ 7& *ue mais nos pesa é a disc:rdia e a
inimi>ade) Fas tempos virão em *ue todos os 2ilhos russos se unirão) Eu mesmo
irei , 2rente dos 2iéis, em preces, tirar o manto dourado da Virgem de =a>an,
chorando so6re ele doces l3grimas e 2a>endo dele o2erenda)8 #eu a 60n+ão aos
6olchevistas mem6ros do ?omité, e estes, com a ca6e+a desco6erta, acompanharam1no
até , porta) & /ornal .ravda de .etrogrado, de Q, 9 e 1C de Far+o15 con2irma a
conclusão pac-2ica, e com 0xito das conversa+9es e escreve 6enevolentemente,
re2erindo1se ao metropolitaJ 7"o %molni chegou1se a acordo em *ue os c3lices e os
revestimentos dos -cones se/am 2undidos em lingotes, na presen+a dos crentes)8 Fas
de novo se est3 a tramar um compromissoX &s vapores envenenados do cristianismo
empe+onham a vontade revolucion3ria) Uma tal união e uma tal entrega dos valores,
não são necess3rios aos es2omeados da região do VolgaX E su6stitu-da a e*uipa do ?
omité de .etrogrado de A/uda ,s V-timas da GomeW os /ornais lan+am o2ensas contra
os 7maus pastores8 e contra os 7pr-ncipes da 'gre/a8, esclarecendo os seus
representantesJ 7"ão precisamos de nenhuns dos vossos sacri2-ciosX "em de ter
*uais*uer conversa+9es convoscoX (udo pertence ao .oder e ele tomar3 conta do *ue
considerar necess3rio)8 E come+ou em .etrogrado, como em todos os outros lugares, o
con2isco pela 2or+a, *ue deu origem a incidentes graves) Agora havia 2undamentos
legais para dar in-cio aos processos religiosos1Q) hS .$&?E%%& ? E$'?A #E F&%?&V&
R4; de A6ril15 de Faio de 1945S) "o Fuseu .olitécnico reuniu1se o (ri6unal
$evolucion3rio, so6 a presid0ncia de IeA, ladeado pelos procuradores unin e
onguinov) Eram de>assete réus, arciprestes e
leigos, acusados de distri6uir o apelo do patriarca) Esta acusa+ão era mais grave
do *ue a da entrega, ou não, dos 6ens) 15 ArtigosJ 7A 'gre/a e a Gome8 e 7?omo
%erão ?on2iscados os Iens da 'gre/a8, 1Q Estes dados 2oram por mim colhidos do
livro Ensaios so6re a ^ist:ria dos (umultos $eligiosos, de Anatoli evitin, .arte ',
%ami>dat, 19;4W e das 7"otas do 'nterrogat:rio do .atriarca (iAhon8, tomo V das
actas do processo /udicial) A$DU'.E AB& #E BU AB 499 & arcipreste Uao>ersAi
E"($EB&U (&#&% &% VA &$E% #& %EU (EF. &, mas, por ra>9es de princ-pio, de2ende o
apelo do patriarca, considerando o con2isco pela 2or+a um sacrilégio) (orna1se
assim a 2igura central do processo e ser3 imediatamente GUU' A#&) R'sto revela *ue
o mais importante não é dar de comer aos 2amintos, mas esmagar a 'gre/a no momento
oportuno)S A 5 de Faio é chamado ao tri6unal, como testemunha, o patriarca (iAhon)
Em6ora o p<6lico, *ue enche a sala, /3 se/a escolhido Rnisto o ano de 1944 não se
di2erencia muito do de 19@5 ou de 19;QS, os costumes da $<ssia estavam tão
enrai>ados e os h36itos dos %ovietes constitu-am ainda uma pel-cula tão 2ina *ue ,
entrada do patriarca mais de metade dos assistentes se p_s de pé para rece6er a sua
60n+ão) (iAhon assumiu toda a responsa6ilidade pela ela6ora+ão e distri6ui+ão do
apelo) & presidente es2or+a1se por arrancar1lhe algo maisJ 1 Fas isso não pode serX
%er3 poss-vel *ue tenha escrito tudo com a sua pr:pria mão, de uma ponta , outraY ?
ertamente, s: assinou) Fas *uem o escreveuY E *uem 2oram os conselheirosY E aindaJ
por*ue é *ue se 2a> re2er0ncia, no apelo, , persegui+ão *ue os /ornais levam a ca6o
contra siY %e s: v:s sois perseguido, por*ue 2alar então de n:s))) Due *uer isso
di>erY .atriarcaJ 1 ^3 *ue pergunt31lo ,*ueles *ue come+aram a persegui+ãoJ *ual
2oi o seu o6/ectivoY .residenteJ 1 'sso nada tem a ver com a religiãoX .atriarcaJ 1
E mau sinal dos tempos) .residenteJ 1 #isse ou não, textualmente, *ue, en*uanto
mantinha conversa+9es com o ?omité de Estado de A/uda ,s V-timas da Gome, 2oi
pu6licado, pelas costas, um decretoY (iAhonJ 1 E verdade) .residenteJ 1 #esse modo,
considera *ue o poder soviético procedeu incorrectamenteY Argumento demolidorX
^ão1de repeti1lo a n:s, milh9es de ve>es, os /u->es de instru+ão, nos
interrogat:rios nocturnosX E nunca ousaremos responder tão simplesmente como o
.atriarcaJ 1 %im) .residenteJ 1 ?onsidera *ue as leis actuais do Estado são para si
o6rigat:rias ou nãoY .atriarcaJ @CC A$DU'.E AB& #E BU AB 1 %im, considero, na
medida em *ue não este/am em contradi+ão com as regras da 2é) R(odos deviam
responder assimX &utra teria sido a nossa ^ist:riaXS %egue1se uma discussão
can:nica) & patriarca esclareceJ 1 %e a pr:pria 'gre/a entrega as ri*ue>as, isso
não é sacrilégio, mas se lhas tiram, sem levar em conta a sua vontade, trata1se 6em
de um sacrilégio) & apelo não di> *ue não se deve dar os valores, de um modo geral,
condenando unicamente a entrega contra vontade)
RAssim, as coisas são tanto mais interessantes para n:sJ contra vontadeXS &
presidente, camarada IcA, 2icou estupe2actoJ 1 & *ue é para si mais importante, no
2im de contasJ os cLnones religiosos, ou o ponto de vista do Boverno soviéticoY
R$esposta esperadaJ 1 7 ))) do Boverno soviético)8S 1 Iem, admitamos *ue se/a
sacrilégio, segundo os cLnones 1 exclamou o acusador) 1 Fas do ponto de vista da
caridadea)ca) R.ela primeira ve>, e a <ltima, em cin*uenta anos, é invocada no
tri6unal essa po6re caridade)))S Ga>1se uma an3lise 2ilol:gica da palavra
7sacrilégio8) %viatotatsvo vem de sviato e tat1aa) AcusadorJ 1 %igni2icar3 isso *ue
n:s, representantes do poder soviético somos ladr9es de o6/ectos sagradosY R$u-dos
prolongados na sala) %uspensão da audi0ncia) &s encarregados da ordem entram em
ac+ão)S AcusadorJ 1 Assim, trata de ladr9es os representantes do poder soviético, o
?onselho ?entral Executivo de toda a $<ssiaY .atriarcaJ 1 Eu cito apenas os
cLnones) #iscute1se depois o termo 76las2émia8) Duando 2i>eram o con2isco da 'gre/a
de %ão Vassili =cssarisA, o manto do -cone não entrava no caixote e meteram1no l3 ,
2or+a com os pés) Fas não estava presente o pr:prio patriarcaY AcusadorJ 1 ?omo é
*ue sa6e issoY #iga o apelido do sacerdote *ue lho contouX R%u6entendidoJ agora
mesmo o prenderemosXS h & patriarca não di>, o *ue signi2ica *ue é mentiraX &
acusador insiste, triun2anteJ 1 Vamos l3, *uem espalhou essa repugnante cal<niaY
R .residenteJ 19 Em russo a palavra 7sacrilégio8 Rsviatot/tsvoS é composta de
7sviato8 p sagrado e 7tata8 p ladrão, no antigo eslavo) RiV) dos ()S 1) A$DU'.E AB&
#E BU AB @C1 T 'ndi*ue o nome da*ueles *ue espe>inharam o manto do -coneX REles,
com tudo isso, tinham deixado ali os cart9es de visitaS) #e outra maneira, o
tri6unal não pode acreditar em si) & patriarca é incapa> de mencion31los)
.residenteJ 1 'sso *uer di>er *ue 2a> uma declara+ão sem provasX Ainda resta
demonstrar *ue o patriarca *ueria derru6ar o poder soviético) Eis a demonstra+ãoJ
7A propaganda é uma tentativa de preparar os esp-ritos para um 2uturo derru6amento
do .oder) & tri6unal decide intentar um processo penal contra o patriarca) A 5 de
Faio é pro2erida a senten+aJ dos de>assete acusados, on>e são condenados , morte)
RE 2u>ilam cinco)S ?omo disse =rilenAo, não estamos a*ui para gracinhas) Ao ca6o de
uma semana, o patriarca é destitu-do e preso) RFas as coisas ainda não chegaram ao
2im) .or en*uanto, trans2eriram1no para o Fosteiro de #onsA, e ali 2oi mantido em
rigorosa reclusão, até os crentes se acostumarem , sua aus0ncia) $ecordam1 se de
*ue, ainda h3 pouco, =rilenAo mani2estava surpresaJ *ue perigo amea+a o
patriarcaY))) E certo *ue *uando o perigo se aproxima 2urtivamente de nada vale o
to*ue a re6ate, nem o tele2one)S
Ao ca6o de duas semanas, é preso em .etrogrado o metropolita Venia1min) Ele não era
um alto dignit3rio da 'gre/a, não sendo, se*uer, nomeado como todos os
metropolitas) "a .rimavera de 1915, pela primeira ve> desde os tempos da antiga
"ovgorod, tinham sido eleitos os metropolitas de Foscovo e de .etrogrado) Acess-
vel, doce, visitando 2re*uentemente as 236ricas e as o2icinas, popular entre o povo
e o clero, modesto, Veniamin 2oi eleito com os votos de todos eles) "ão
compreendendo a época, considerava como sua tare2a li6ertar a 'gre/a da pol-tica
7dado *ue no passado tinha so2rido imenso em conse*u0ncia dela8) Eis obmetropolita
*ue 2oi su/eito ao iS .$&?E%%& ? E$'?A #E .E($&B$A#& R9 de Junho15 de Julho de
1944S) &s réus Racusados de resist0ncia , entrega dos valores da 'gre/aS eram em
n<mero de v3rias de>enas de homens, entre os *uais pro2essores de teologia e de
direito can:nico, ar*uimandritas, sacerdotes e leigos) & presidente do (ri6unal,
%emionov, tinha vinte e cinco anos de idade Rsegundo se di>ia, era padeiroS) &
principal acusador, mem6ro do colégio do ?omissariado do .ovo da Justi+a, .) A)
=rassiAov, era contemporLneo e havia sido companheiro de enine na deporta+ão, em
=rasnoiarsA, e depois seu amigo na emigra+ão) As suas execu+9es de violino eram
muito apreciadas de Vladimir 'litch) #esde a Avenida do "eva até , es*uina, onde o
corte/o dava a volta, todos os dias havia uma grande multidão, e *uando condu>iam o
metropo1 vta muitas pessoas se a/oelhavam e entoavamJ 7%enhor, salva a tua genteX8
como se compreende, tanto a*ui, na rua, como no edi2-cio do tri6unal, os ?rentes
demasiado >elosos eram presos)S "a sala, a maior parte do p<6lico @C4 A$DU'.E AB&
#E BU AB era 2ormada por soldados vermelhos, e estes levantavam1se tam6ém todas as
ve>es *ue entrava o metropolita com o seu capu> 6ranco) E, contudo, o acusador e
o1tri6unal chamavam1lhe inimigo do povo Ra palavrinha /3 existia, diga1se de
passagemS) #e um processo a outro, come+ava a tornar1se cada ve> mais patente a
2alta de li6erdade dos advogados) =rilenAo não nos di> nada acerca disso, mas eis o
*ue relata uma testemunha ocular) & primeiro advogado de de2esa,
Io6richiev1.uchAine, 2oi amea+ado de prisão pelo tri6unal) E isto estava tão de
acordo com as normas da época, e era tão plaus-vel, *ue Io6richiev se apressou a
passar ao advogado Burovitch o rel:gio de ouro e a carteira))) E o tri6unal disp_s
*ue 2osse detida ali mesmo uma testemunha, o pro2essor Egorov, por se mani2estar a
2avor do metropolita) Acontece *ue Egorov /3 estava preparado para issoJ levava
consigo uma grande pasta e nela tinha posto comida, roupa e até uma manta) & leitor
vai certamente notando como o tri6unal, a pouco e pouco, come+a a ad*uirir as
2ormas por n:s /3 conhecidas) & metropolita Veniamin é acusado de ter chegado
mal1intencionadamente a acordo))) com o poder soviético, a 2im de conseguir uma
atenua+ão do decreto acerca do con2isco dos 6ens) & seu apelo ao ?omité de Estado
de A/uda ,s V-timas da Gome 2oi por ele divulgado entre o povo com o6/ectivos
suspeitos R%amisdatXS, e agir de acordo com a 6urguesia mundial) & sacerdote
=rasnitsAi, um dos mem6ros mais importantes da 'gre/a Activa e cola6orador da
B).)U), testemunhou no sentido de *ue os sacerdotes se tinham posto de acordo para
provocar uma revolta contra o poder soviético, 6aseando1se na 2ome) Goram ouvidas
unicamente as testemunhas de acusa+ão, não tendo as da de2esa podido 2a>er os seus
depoimentos) R?omo tudo se assemelhaX))) ?ada ve> mais)))S & acusador %mirnov
exigiu *ue ca-ssem 7de>asseis ca6e+as8) & acusador =rassiAov, *uanto a ele,
exclamouJ 7(oda a 'gre/a &rtodoxa é uma organi>a+ão contra1 revolucion3ria)
.ortanto, devia1se prender toda a 'gre/aXvv
R& programa não era nada ut:pico e 6em depressa seria *uase inteiramente levado a
ca6o) E era uma 6oa 6ase para o #'Z &B&)S .or um acaso raro, 2oram conservadas
v3rias 2rases do advogado *ue de2endeu o metropolita, R%) K) BurovitchS, *ue
passamos a transcreverJ 7"ão h3 prova alguma de culpa6ilidade, nem um 2acto, nem
mesmo um 2undamento para acusa+ão))) Due dir3 a ^ist:riaY R&h, 2icar3 imp3vida)
Es*uecer3 tudo, não dir3 palavraXS & con2isco dos valores da 'gre/a, em .etrogrado,
desenrolou1se com toda a calma, mas o clero da capital encontrava1se no 6anco dos
réus e certas mãos empurram1 no para a morte) & princ-pio 2undamental, por v:s
posto em evid0ncia, é o interesse do poder soviético) "o entanto, não se es*ue+am
de *ue com o sangue dos m3rtires a A$DU'.E AB& #E BU AB @C@ 'gre/a se 2orti2ica)
REntre n:s não ser3 o casoX)))S "ada mais tenho a di>er, mas é duro ter de ceder a
palavra) En*uanto os de6ates se prolongam, os acusados estão vivos) Aca6ados os
de6ates, aca6ada ser3 tam6ém a sua vida)))8 & tri6unal condenou de> , morte) Esta
morte, eles aguardaram1na durante mais de um m0s, até ao 2im do processo dos
socialistas revolucion3rios Rtudo indicava *ue se preparavam para 2u>il31los em
con/untoS) #epois, o ?omité Executivo da União concedeu o indulto a seis) &s outros
*uatro Ro metropolita VeniaminW o ar*uimandrita %erguei, ex11mem6ro da #umaW o
pro2essor de direito K) .) "ovitsAi e o advogado =ovcharovS 2oram 2u>ilados na
noite de 14 para 1@ de Agosto) $ogamos encarecidamente ao leitor para não es*uecer
o princ-pio da multiplica+ão , escala provincial) En*uanto nos re2erimos apenas a
dois processos religiosos, na prov-ncia houve vinte e dois) & ?:digo .enal 2oi
ela6orado , pressa para o processo dos socialistas revolucion3riosJ /3 era tempo de
exi6ir os 6locos de granito da eiX Em 14 de Faio, como estava previsto, 2oi a6erta
a sessão do ?omité Executivo de toda a União, e ainda não tinham conseguido aca6ar
o pro/ecto do c:digo) Gora apenas entregue a Vladimir Uitch, *ue se encontrava em
BorAi, para ele o examinar) %eis artigos do c:digo previam como pena m3xima o
2u>ilamento) 'sso era insatis2at:rio) Em 15 de Faio, em notas , margem do pro/ecto,
Vladimir Uitch enine acrescentou mais seis artigos, para os *uais era imprescind-
vel o 2u>ilamento Rentre eles, o artigo ;9J propaganda e agita+ão))) em particular,
o incitamento , resist0ncia passiva contra o Boverno, ao não cumprimento em massa
das o6riga+9es militares, ou ao não pagamento dos impostosS)4C & 2u>ilamento devia
ainda ter lugar noutro casoJ por regresso, sem autori>a+ão, do estrangeiro Ro *ue
antes 2a>iam todos os socialistasS) &utro castigo e*uivalente ao 2u>ilamentoJ a
deporta+ão) RVladimir Uitch tinha previsto a época, não muito long-n*ua, em *ue nos
ver-amos des6ordados pelos *ue a2luiriam da Europa para virem re2ugiar1se entre
n:s, en*uanto ninguém poderia ser coagido a partir voluntariamente .ara o
&cidenteS) Bomo no caso de apelo de Vi6org, pelo *ual o Boverno c>arista tinha
aplicado tr0s e prisão) REste apelo tinha sido lan+ado em 19C; por um grupo de
deputados da #u1 do1 (Om.osto de cadetes, mem6ros do .artido do (ra6alho e
socialistas menchevi*ues) R") @C4 A$DU'.E AB& #E BU AB Eis como 'litch explicou as
suas conclus9es ao comiss3rio do .ovo da Justi+aJ 7?amarada =ursAiX Em minha
opinião, tem de se ampliar o Lm6ito da aplica+ão do 2u>ilamento))) Rcomut3vel em
expulsão para o estrangeiroS a todas as actividades dos conhecidos che2es
menchevi*ues, socialistas revolucion3rio, etcW é preciso encontrar
uma 2ormula+ão *ue ponha essas actividades em liga+ão com a 6urguesia
internacional8 Rsu6linhado por enineS4a) Ampliar o Lm6ito de aplica+ão de
2u>ilamentoX %er3 di2-cil de compreenderY RAcaso, expulsaram muitosYS & terror é um
meio de persuasão44, parece *ue tudo est3 claroX Fas =ursAi não compreendia 6em) ?
ertamente ele tinha di2iculdade em encontrar a 2ormula+ão exacta, em esta6elecer a
re2erida liga+ão) E, no dia seguinte, 2oi ver o presidente do ?onselho dos ?
omiss3rios do .ovo4@ para o6ter esclarecimentos) Esta conversa é para n:s
desconhecida) Fas, na sua se*u0ncia, em 15 de Faio, enine remeteu de BorAi uma
segunda cartaJ 7?amarada =ursAiX ?omo complemento , nossa conversa, envio1lhe um
rascunho suplementar para o par3gra2o do ?:digo .enal))) A ideia 2undamental,
espero *ue este/a clara apesar de todas as de2ici0ncias do rascunhoJ evidenciar
a6ertamente *ue se trata de uma tese de princ-pio, politicamente /usta Re não
somente do estreito ponto de vista /ur-dicoS, motivando a ess0ncia e a /usti2ica+ão
da sua necessidade e limites) & tri6unal não deve eliminar o terrorJ prometer isto
seria enganar1nos a n:s mesmos ou enganar os outros) ^3 *ue 2undament31lo e
legali>31lo claramente, sem 2alsidades e sem adornos) A 2ormula+ão deve ser o mais
ampla poss-vel, pois s: a consci0ncia e o sentido revolucion3rio da /usti+a
decidirão das condi+9es da sua aplica+ão pr3tica, mais ou menos larga) ?om
sauda+9es comunistas enine)844 A6ster1nos1emos de comentar este importante
documento) & sil0ncio e a medita+ão são mais apropriadas) (al documento é tanto
mais importante, *uanto se trata de uma das <ltimas disposi+9es de enine, antes de
se ter apoderado dele a doen+a, constituindo, assim, uma pe+a 2undamental do seu
testamento pol-tico) "ove dias depois desta carta, deu1lhe o primeiro ata*ue, do
*ual s: parcialmente, e por pouco tempo, se resta6eleceu, no &utono de 1944) (alve>
as duas cartas a =ursAi tivessem sido escritas na*uele claro ga6inete de m3rmore
6ranco, no Lngulo do segundo andar, onde /3 se encontrava preparado, e , sua
espera, o leito mortu3rio de che2e) 41 enine, &6ras Escolhidas, %)a edi+ão, tomo
45, p3g) 1Q9) a1 'dem, tomo @9, p3gs) 4C414C5) aha & pr:prio enine) R") dos ()S 44
enine, &6ras Escolhidas, 5)b edi+ão,tomo 45, p3g) 19C) A$DU'.E AB& #E BU AB @C5 Em
anexo a este rascunho encontram1se duas variantes do par3gra2o adicional, donde
dentro de alguns anos, sairão o 5Q14 e o pai de todos n:s, o artigo 5Q, na sua
totalidade) 01se e 2ica1se estupe2actoJ eis o *ue signi2ica dar uma 2ormula+ão o
mais ampla poss-velc Eis o *ue signi2ica 2a>er uma aplica+ão o mais larga poss-velc
01se e recorda1 se *uanta gente ele conseguiu apanhar, o velho))) 7 )))A
propaganda, a agita+ão, a participa+ão numa organi>a+ão ou a coopera+ão
Rbcooperando o6/ectivamente ou suscept-vel de cooperarbS))) com organi>a+9es ou
pessoas cu/a actividade tenha um car3cter)))8 Apresentem1me %anto Agostinho e eu
garanto *ue o ponho, agora mesmo, so6 a al+ada desse artigoX (udo isso 2oi, como se
impunha, introdu>ido no texto, com a pena de 2u>ilamento ampliada) E a sessão do
Executivo ?entral de toda a União, em 4C de Faio, aprovou e p_s em vigor
o ?:digo .enal a partir de 1 de Junho de 1944) E /3 so6re 6ases legais a6riu1se,
en2im, por um ptr-odo de dois meses, o S .$&?E%%& #&% %&?'A '%(A% $EV& U?'&"Z$'&%
RQ de Junho15 de Agosto de 1944S) %upremo (ri6unal) & presidente ha6itual, camarada
=arAlin45 R6om apelido para
um /ui>XS, 2oi, nesse processo, *ue concentrou a aten+ão de todo o mundo
socialista, su6stitu-do pelo h36il Bueor1gui .iataAov) R& destino, previdente,
gosta de rir1se de n:s e deixa1nos tempo para pensarX Duin>e anos, 2oi o tempo *ue
ele deixou a .iataAov)))S "ão havia advogados) &s réus eram destacados socialistas
revolucion3rios e eles pr:prios se de2endiam) .iataAov intervinha 6ruscamente,
impedindo os réus de se exprimirem) %e n:s, os leitores, não sou6éssemos
per2eitamente *ue o essencial em *ual*uer processo /udicial não é a acusa+ão, a
chamada culpa, mas sim a conveni0ncia, talve> não aceit3ssemos de1Lnimo tão 23cil
este processo) Fas a conveni0ncia vai1se delineando sem 2alhasJ di2erentemente dos
menchevi*ues, os socialistas revolucion3rios continuavam a ser considerados
perigosos, não tendo sido ainda dispersos nem li*uidados, e, para 2ortalecimento da
nova ditadura Ra do proletariadoS, era conveniente aca6ar com eles) 'gnorando esse
princ-pio, pode erroneamente interpretar1se todo este processo como constituindo
uma vingan+a partid3ria) Gica1se entretanto a meditar, apesar de tudo, nas
acusa+9es pro2eridas perante o tri6unal, se se inseriam na /3 longa e dilatada
hist:ria dos estados) A excep+ão das democracias parlamentares 1 contadas pelos
dedos 1, em tam6ém limitadas décadas, toda a hist:ria dos estados é a hist:ria dos
golpes e tomadas do .oder) E a*uele *ue se instalou a tempo no .oder com "ome *ue
2a> lem6rar o ver6o hrrAats, ou se/a 7grasnar8) R") cPos ()S @C; A$DU'.E AB& #E BU
AB mais ha6ilidade e com mais solide>, imediatamente se aco6erta com o manto
di32ano da /usti+a, e todos os seus actos, passados e 2uturos, serão considerados
leg-timos e consagrados com odes, en*uanto todos os actos, passados e 2uturos dos
seus desa2ortunados inimigos, serão criminosos, pass-veis dos tri6unais e punidos
pela lei) ^3 apenas uma semana *ue 2oi aprovado o ?:digo .enalv mas /3 so6re ele se
acumulam os cinco anos de hist:ria vividos ap:s a $evolu+ão) E vinte, de>, cinco
anos antes, os socialistas revolucion3rios eram um partido solid3rio vi>inho, *ue
lutava pelo derru6amento do c>arismo e *ue assumira Rgra+as , particularidade da
sua t3ctica do terrorismoS o maior peso da deporta+ão, *ue *uase não atingiu os
6olchevi*ues) Fas, agora, a primeira acusa+ão 2eita contra eles era a de terem sido
os iniciadores da Buerra ?ivilX %im, eles iniciaram1na, 2oram eles *ue a iniciaramX
Ei1los acusados de, nos dias do golpe de &utu6ro, lhe terem o2erecido resist0ncia
de armas na mão) Duando o Boverno provis:rio, *ue eles apoiavam era em parte
composto por eles, 2oi legalmente varrido pelas metralhadoras dos marinheiros, os
socialistas revolucion3rios tentaram ilegalmente de2end01lo4; e aos tiros
responderam mesmo com tiros, tendo, até, 2eito su6levar os NunAers *ue estavam ao
servi+o do Boverno derru6ado) Iatidos pelas armas, não se arrependeram entretanto
politicamente) "ão se colocaram de /oelhos diante do ?onselho de ?omiss3rios do
.ovo, *ue se intitulou a si mesmo Boverno) ?ontinuaram a insistir em *ue o <nico
Boverno legal era o anterior) "ão reconheceram imediatamente a 6ancarrota de uma
linha pol-tica seguida durante vinte anos45, mas reclamaram gra+a, solicitando *ue
os dissolvessem e *ue os deixassem de considerar como um partido)4Q E eis a segunda
acusa+ãoJ eles cavaram o a6ismo da Buerra ?ivil, *uando em 5 e ; de Janeiro de 191Q
desceram , rua como mani2estantes, logo como re6eldes, contra o poder legal do
Boverno oper3rio1campon0sJ apoiavam assim a sua ilegal Assem6leia ?onstituinte
Releita livremente, em elei+9es gerais, com su2r3gio universal, igual, directo e
secretoS contra os marinheiros e os soldados vermelhos, *ue1legalmente haviam
dissolvido essa Assem6leia e dispersado os mani2estantes) R#e resto, a *ue podiam
servir e condu>ir os tran*uilos de6ates da Assem6leia ?onstituinteY Apenas ao atear
de uma guerra civil de tr0s anos) Esta come+ou pela simples ra>ão 4; Due eles o
tenham 2eito molemente, *ue tenham vacilado e 2inalmente renunciado, isso é outra
hist:ria) A sua culpa não era menor por isso) 45 (ratava1se e2ectivamente de uma
6ancarrota, em6ora isso não 2osse compreendido imediatamente) 4Q Em 2un+ão destes
mesmos princ-pios 2oram considerados igualmente ilegais todos os governos regionais
e peri2éricosJ de ArcLngel, %am3ra, U23, &msA, UcrLnia, =u6ã, Ural ou ?3ucaso, por
se terem erigido eles mesmo em governos depois de o ?onselho de ?omiss3rios do .ovo
se ter constitu-do como tal) A$DU'.E AB& #E BU AB @C5 de *ue nem todos os
ha6itantes, , uma e docilmente, se su6meteram aos decretos legais do ?onselho dos ?
omiss3rios do .ovo)S (erceira acusa+ãoJ eles não reconheceram a pa> de Irest1
itovsA, a*uele tratado leg-timo e salvador, *ue não cortou a ca6e+a , $<ssia, mas
apenas uma parte do seu tronco) #esse modo, tal como o esta6elece o acto de
acusa+ão, estão presentes 7todos os elementos caracteri>adores da trai+ão ao
Estado, 6em como da pr3tica de ac+9es criminosas visando arrastar o pa-s para a
guerra8) (rai+ão do EstadoX Ela é como um teimoso, *ue se p9e sempre de pé))) #a-
deriva uma grave e *uarta acusa+ãoJ no Verão e no &utono de 191Q, *uando a Alemanha
do =aiser vivia os seus <ltimos meses e semanas na guerra contra os aliados, e o
Boverno soviético, 2iel ao tratado de Irest11 itovsA a apoiava nessa pesada luta,
enviando1lhe com6oios inteiros de v-veres e pagando1lhe tri6utos mensais em ouro,
os socialistas revolucion3rios, trai+oeiramente, preparavam1se Rnão se preparavam
se*uer, mas limitavam1se a discutir, , sua maneira, o *ue se passaria se acaso)))S
para dinamitar a via 2érrea, antes da passagem de uma dessas composi+9es, impedindo
o ouro de sair da p3tria) "uma palavra, eles 7organi>aram uma ac+ão criminosa de
destrui+ão da propriedade do povo 1 os caminhos de 2erro8) REntão, ainda não se
tinha por vergonhoso nem se ocultava o 2acto de *ue se enviava ouro russo para o
2uturo império de ^itler, não tendo ocorrido a =rilenAo, apesar da suas
especiali>a+9es em ^ist:ria e #ireito 1nenhum dos seus cola6oradores lho sussurrou
T, *ue se os carris de a+o eram propriedade do povo, talve> tam6ém o 2ossem os
lingotes de ouro)))S ] *uarta acusa+ão, implacavelmente, segue1se a *uintaJ *uanto
aos meios técnicos para essa explosão, tinham os socialistas revolucion3rios a
inten+ão de o6t01los com 2undos rece6idos dos representantes aliados Rpara não dar
o ouro a Builherme, eles *ueriam apanhar o dinheiro , EntenteS) 'sto ro+ava /3 o
limite extremo da trai+ãoX bREm todo o caso, =rilenAo gague/ou *ue os socialistas
revolucion3rios tam6ém estavam ligados ao Estado1Faior de udendor22, mas a pedra
caiu em saco roto e não tomaram isso em conta)S #a*ui /3 não 2ica longe a sexta
acusa+ãoJ os socialistas revolucion3rios, em 191Q, eram espi9es da EntenteX &ntem,
eram revolucion3rios, ho/e espi9esX "a época, isso era algo de explosivo) #esde
então, com tantos processos, come+am a sentir1se n3useas ))) Iem, a sétima acusa+ão
era a de cola6orarem com %avinAov, ou Gilo1nenAo, ou com os democratas
constitucionais, ou com a Alian+a do $enascimento Racaso ainda existiaY)))S, ou até
com os 2orros16rancos49, senão mesmo com os guardas16rancos) Estudantes
reaccion3rios, muito elegantes, *ue antes da $evolu+ão se destacavam por usarem um
uni2orme 2orrado de 6ranco) R") dos ()S
@CQ A$DU'.E AB& #E BU AB (al era a cadeia de acusa+9es magni2icamente articulada
pelo procurador@C) Ap:s uma lenta matura+ão no sil0ncio do ga6inete, ou por uma
repentina ilumina+ão no alto da tri6una, ele encontra a*ui o tom /usto, cordial e
compadecido, a2ectuosamente reprovador, de *ue vai servir1se cada ve> com mais
seguran+a nos processos posteriores e *ue, em 19@5, ter3 um 0xito espectacular)
Esse tom consiste em revelar a rela+ão *ue existe entre lY os /u->es e os réus em
2ace do resto do mundo) Essa melodia toca as cordas mais sens-veis do acusado)
#esde a tri6una da acusa+ão lan+a1se aos socialistas revolucion3riosJ en2im, n:s e
v:s somos todos revolucion3riosX R":sX V:s e ":s, numa palavra, somos iguaisXS ?omo
pudésteis v:s descer assim tão 6aixo, até vos unirdes aos democratas
constitucionaisY R%im, por certo *ue o vosso cora+ão se *ue6raXS Fisturardes1vos
com os o2iciaisY Ensinar aos 2orros16rancos a vossa 6rilhante técnica conspirativaY
"ão sa6emos *uais as respostas dos acusados) %e algum deles assinalou o car3cter
especial da revolta de &utu6roJ declarar a guerra a todos os partidos de uma s:
ve>, e ao mesmo tempo proi6i1los de se unirem entre si R7se não te tocam, não te
a2li/as8S) Fas tem1se a impressão, não se sa6e por*u0, de *ue alguns réus 6aixaram
a ca6e+a e e2ectivamente um ou outro 2icou com o cora+ão *ue6radoJ como puderam
eles descer tão 6aixoY Esta compaixão do procurador, na sala inundada de lu>,
penetra pro2undamente no preso, tra>ido da cela escura) E =rilenAo envereda ainda
por uma nova via l:gica R*ue prestou grandes servi+os a VichinsAi contra =ameniev e
IuAharineSJ entrando em alian+a com a 6urguesia, v:s rece6-eis dela a/uda em
dinheiro) A princ-pio, era para a causa e em caso algum para 2ins partid3rios 1 mas
onde est3 o limiteY Duem o demarcaY "ão é a causa tam6ém um o6/ectivo do .artidoY
Assim, v:s 2osteis1vos deixando arrastar) V:s, partido dos socialistas
revolucion3rios, mantidos pela 6urguesiaYX &nde est3 o vosso orgulho
revolucion3rioY (odas estas a2irma+9es reunidas dão a medida exacta das acusa+9es,
e são até de so6ra) & tri6unal podia retirar1se para deli6erar, para aplicar a cada
um o castigo merecido, mas eis *ue a con2usão se esta6eleceuJ 1 (odos os 2actos de
*ue é acusado o partido dos socialistas revolucion3rios remontam a 1919W 1 #esde
então, mais precisamente desde 45 de Gevereiro de 1919, havia sido decretada, em
2avor exclusivo dos socialistas revolucion3rios, uma amnistia *ue lhes perdoava
toda as lutas anteriormente travadas contra os 6olchevi*uesW se não reincidissem de
2uturoW 1 E A(é AB&$A "\& ('"^AF V& (A#& A ($AVA$ (A'% U(A%) 1 E est3vamos no
come+o de 1944X #evolveram1lhes este apodo) A$DU'.E AB& #E BU AB @C9 ?omo sair da
situa+ãoY (inha1se pensado nisso) Duando a 'nternacional %ocialista pediu ao
Boverno soviético *ue suspendesse o processo contra os seus con2rades socialistas,
pensava1se nisso) E2ectivamente, nos come+os de 1919, em ra>ão da amea+a de
=oltchaA e de #eniAini, os socialistas revolucion3rios retiraram a palavra de ordem
da insurrei+ão, e até ao momento não tinham levado a ca6o a luta armada contra os
6olchevi*ues) R&s socialistas revolucion3rios de %amara, a6riram mesmo aos seus
irmãos comunistas um sector da 2rente contra =oltchaA, a isso se tendo devido a
amnistia)S E a*ui mesmo, no tri6unal, o acusado Buendelman, mem6ro do ?omité ?
entral, declaravaJ 7#0em1nos a
possi6ilidade de utili>ar todas as chamadas li6erdades c-vicas e n:s não
in2ringiremos as leis)8 R#ar1lhes a eles, ainda por cima, 7todas8X Due
charlat9es)))S ?omo se ainda não 2osse pouco deixar de travar *ual*uer luta, eles
reconheceram o poder dos %ovietesX R&u se/a, renunciaram ao seu antigo Boverno
provis:rio e , Assem6leia ?onstituinte)S E pedem apenas a reali>a+ão de novas
elei+9es para estes %ovietes, com li6erdade de propaganda dos partidos) Estão a
ouvirY Estão a ouvirY A- est3X 3 come+a a mostrar1se o 2ocinho 2ero> do inimigo
6urgu0sX Acaso é poss-velY A hora é graveX Estamos cercados de inimigosX RE dentro
de vinte, de cin*uenta, de cem anos, ser3 sempre assim)S E v:s *uereis li6erdade de
propaganda dos partidos, 2ilhos de uma cadelaYX As pessoas politicamente sensatas,
disse =rilenAo, poderiam simplesmente, como resposta, rir1se, encolher os om6ros)
#ecidiu1se, com /uste>a, 7cortar imediatamente a) estes grupos, utili>ando todas as
medidas de repressão governamental, a possi6ilidade de 2a>erem propaganda contra
o .oder8@1) E precisamente como resposta , ren<ncia, dos socialistas
revolucion3rios, , luta armada e ,s suas propostas pac-2icas, FE(E$ "A .$'%\& (&#&
& ?&F'(E ?E"($A #&% FE%F&% %&?'A '%(A% $EV& U?'&"Z$'&% Ra*ueles *ue conseguiram
apanharSX Este, sim, é *ue é o nosso estiloX Fas, /3 *ue eram mantidos na prisão
Rnão estavam /3 l3 h3 tr0s anosYS, era necess3rio /ulg31los) #e *ue acus31los
entãoY 7Este per-odo não 2oi o6/ecto, na mesma medida, de um in*uérito /udicial8,
lamenta1se o nosso procurador) Entretanto, uma das acusa+9es era 2undadaJ a de *ue,
em Gevereiro de 1919, os socialistas revolucion3rios adoptaram a resolu+ão R*ue não
levaram , pr3tica, mas segundo o novo ?:digo .enal isso era o mesmoS de 2a>er
propaganda secreta no Exército Vermelho, para *ue os soldados se recusassem a
participar nas expedi+9es punitivas contra os camponeses) @1 =rilenAo, o6) cit),
p3g) 1Q@) @1C A$DU'.E AB& #E BU AB Esta era uma 6aixa e pér2ida trai+ão ,
$evolu+ãoX #issuadir os soldados das expedi+9es punitivasX Eles podiam ser ainda
acusados de tudo a*uilo *ue di>ia, escrevia e 2a>ia Rso6retudo do *ue di>ia e
escreviaS a chamada 7#elega+ão no estrangeiro do ?omité ?entral dos socialistas
revolucion3rios8, a*ueles destacados socialistas revolucion3rios *ue 2ugiram para a
Europa) V Fas tudo isto era pouco) E cogitou1se o seguinteJ 7Fuitos dos *ue a*ui
estão a ser /ulgados não teriam sido inculpados neste processo se não 2ossem
acusados de organi>ar actos terroristasc8 &ra, *uando 2oi concedida a amnistia, em
1919, 7a nenhum dos che2es da /usti+a soviética lhe passou pela ca6e+a8 *ue os
socialistas revolucion3rios organi>avam ainda o terror contra os dirigentes do
Estado soviéticoX RA *uem, na realidade, podia passar pela ca6e+a esta6elecer uma
rela+ão entre os socialistas revolucion3rios e o terrorY %e alguém tivesse pensado
nisso, ter1se1ia estendido a amnistia aos actos terroristasX &u, então, não se
aceitaria a 6recha a6erta na 2rente de =oltchaA) Goi, de resto, uma 2elicidade *ue
então nem se*uer nisso pensaram) %: *uando houve necessidade é *ue de tal se
aperce6eram)S E agora esta acusa+ão não é a6rangida pela amnistia Rdado *ue s: a
luta 2oi amnistiadaS) E =rilenAo serve1se disso) Duantas coisas 2oram desco6ertasX
Duanto se 2oi desco6rirX Antes de mais nada, o *ue é *ue disseram os che2es dos
socialistas revolucion3rios@4 logo nos primeiros dias depois do golpe de &utu6roY
(chernov Rno 'V ?ongresso dos %ocialistas $evolucion3riosS a2irmou *ue o .artido
7se oporia, com todas as suas 2or+as, a *ual*uer atentado contra
os direitos do povo8, como o tinha 2eito so6 o regime c>arista) RE todos recordavam
como ele o tinha 2eito)S BotsJ 7%e os autocratas do %molni atentam tam6ém contra a
Assem6leia ?onstituinte))) o .artido %ocialista $evolucion3rio sa6er3 lem6rar1se da
sua antiga t3ctica, longamente experimentada)8 (alve> se tenha lem6rado, mas não se
decidiu a aplic31lo) #a- para diante parece poss-vel desencadear o processo) 7"este
dom-nio da investiga+ão8, lamenta1se =rilenAo, 7devido , conspira+ão, haver3 muito
poucos testemunhos))) com isso a nossa tare2a 2ica extraordinariamente
di2icultada))) neste dom-nio8 Risto é, o terrorS, 7 em certos momentos é como se
nos v-ssemos o6rigados a errar nas trevas) 8@@ A tare2a de =rilenAo era complicada
pelo 2acto de *ue o terror contra o poder soviético tinha sido discutido no ?
omité ?entral R?)?)S dos socialistas revolucion3rios em 191Q e tinha sido
re/eitado) E agora, passados tantos anos, h3 *ue demonstrar *ue os socialistas
revolucion3rios se enganaram a si pr:prios) &s socialistas revolucion3rios disseram
entãoJ 7Aguardemos *ue os E *ue é *ue não disseram todos estes charlat9es durante
uma vida inteiraY =rilenAo, o6) cit), p3g) 4@;) RVe/a1se *ue l-nguaXS A$DU'.E AB&
#E BU AB @11 6olchevi*ues passem a executar os socialistas)8 &u, no ano de 194CJ
7%e os 6olchevi*ues atentarem contra a vida dos re2éns socialistas revolucion3rios,
então o partido voltar3 a empunhar as armas@4)8 Fas por*u0 todas estas
condi+9esY .or*ue não renunciaram pura e simplesmenteY ?omo se atreveram apensar em
empunhar as armasX 7.or*ue não 2i>eram declara+9es de car3cter a6solutamente
negativok8 R?amarada =rilenAo, *uem sa6e se o terror era a sua segunda nature>akS &
partido nunca levou a ca6o actos de terror) 'sso ressalta mesmo do discurso de
acusa+ão de =rilenAo) Fas recorre1se 2or+osamente a 2actos deste géneroJ na ca6e+a
de um dos acusados 2igurava o pro/ecto de dinamitar a locomotiva do com6oio do ?
onselho de ?omiss3rios do .ovo, durante a trans2er0ncia da sua sede para FoscovoW
logo, o ?) ?) é culpado de terror) 'vanova, encarregada da execu+ão, estava de
atalaia com uma carga de piroxilina, durante uma noite, perto da esta+ãoJ logo,
houve um atentado contra o com6oio de (rotsAi, e o ?) ?) é culpado de terror) &u
aindaJ o mem6ro do ?) ?V) #onsAoi advertiu Gaina =aplan de *ue seria expulsa do
partido se disparasse contra enine) E poucoX .or*ue não a proi6iram categoricamente
dissoY R&u melhorJ por*ue é *ue não a denunciaram , (cheAaYS (udo o *ue =rilenAo
conseguiu arrancar deste magma 2oi *ue os socialistas revolucion3rios não adoptaram
as medidas necess3rias para 2a>er cessar os actos individuais de terror dos seus
activistas, *ue se a6orreciam na inac+ão) A isso se redu>ia o terror) R#e resto,
esses activistas nada 2i>eram) #ois deles, =onopliova e %emonov, com suspeita
solicitude, 2orneceram em 1944, com os seus depoimentos volunt3rios, preciosas
provas , B) .) U) e ao tri6unal, mas as suas declara+9es não di>em respeito
ao ?) ?) dos socialistas revolucion3rios, e, de repente, de modo inexplic3vel,
esses encarni+ados terroristas são postos em total li6erdade)S &s depoimentos são
de tal modo 2r3geis *ue é preciso apoi31los com argumentos) %o6re uma das
testemunhas, =rilenAo 2a> este coment3rioJ 7%e esta pessoa *uisesse inventar uma
hist:ria, seria pouco prov3vel *ue a imaginasse de 2orma a *ue, por coincid0ncia,
acertasse precisamente no ponto exacto)8@5 RFuito 6em ditoX 'sto pode aplicar1se a
*ual*uer depoimento preparado)S &u então, 2alando de #onsAoiJ 7%er3 poss-vel
suspeitar da sua extrema perspic3cia, por ele demonstrar a*uilo de *ue a acusa+ão
precisaY8 Duanto a =onopliova, pelo contr3rio, a veracidade do seu depoimento
consiste precisamente no 2acto de ela não revelar tudo a*uilo de *ue a acusa+ão
necessita) RFas é o 6astante para o 2u>ilamento dos acusados)S 7%e se levanta o
pro6lema de =onopliova inventar tudo isto))) a resposta é @4 Duanto aos outros
re2éns, *ue aca6assem com eles))) @5 =rilenAo, o6) cit), p3g) 451) @14 A$DU'.E AB&
#E BU AB claraJ *uando alguém se p9e a inventar, então inventa8 Rele sa6e de *ue
2alaX T ])%)S, 7*uando alguém est3 disposto a denunciar, então denuncia8@; Fas ela,
como se v0, não vai até ao 2im) &u aindaJ 7 evar =onopl-ova, sem mais nem mais, ao
2u>ilamento, *ue interesse é *ue isso poder3 ter para E2imov8Y@5 'sso é, uma ve>
mais, /usto, muito 6em) Fas h3 melhorJ 7.oderia ter ocorrido este encontroY Essa
possi6ilidade não est3 exclu-da)8 "ão est3 exclu-dak & *ue signi2ica *ue ocorreuc
AdianteX Em seguida, havia 7o grupo de sapa8) Ele deu muito *ue 2alar e de repente
2oi 7dissolvido por inactividade8) Então, para *ue nos enchem os ouvidos com eleY
^ouve umas *uantas 7expropria+9es8 de 2undos de institui+9es soviéticas Rcomo é *ue
os socialistas revolucion3rios podiam sa2ar11se de apuros, se tinham de alugar
casas e ir de uma cidade para outraYS) #antes, tratava1se de no6res e elegantes
7expropria+9es8, na linguagem dos revolucion3rios, mas agora, perante um tri6unal
soviético, tudo passava a ser 7pilhagem e enco6rimento8) Através das pe+as de
acusa+ão do processo, vai1se pro/ectando a p3lida e amarelada lu> da lanterna da
lei so6re toda a insegura, oscilante e enredada hist:ria desse partido ver6alista,
grandilo*uente, mas, no 2undo, desorientado, inde2eso e até inactivo, *ue nunca
chegou a ter dirigentes dignos dele) E cada uma das suas decis9es ou indecis9es,
cada um dos seus movimentos, impulsos, ou retrocessos, tudo lhe é agora imputado
apenas, como culpa, culpa, culpa) E se, em %etem6ro de 1941, de> meses antes do
processo, o ex1?omité ?entral, /3 preso em IutirAi, escrevia ao novo, recém1eleito,
di>endo não concordar com o derru6amento da ditadura 6olchevista por *ual*uer meio,
mas s: através da união de todas as massas tra6alhadoras e de um tra6alho de
agita+ão Rou se/a, mesmo estando preso não concordava em ser li6ertado pelo terror
nem por um complotS, isso era1lhes assacado agora como a sua primeira culpaJ ahX
ahX, estava, pois, de acordo com o derru6amentoX Fas se, de todo em todo, não eram
culpados de derru6ar o regime, e não eram culpados de terror, não tinham por assim
di>er 2eito expropria+9es e, *uanto ao restante, h3 muito haviam sido perdoadosY &
nosso caro procurador tira então da manga a sua reserva secretaJ 7Em <ltimo caso a
não den<ncia constitui um crime, em *ue estão implicados, sem excep+ão, todos os
acusados, e *ue deve considerar1se como esta6elecido)8@Q & .artido dos %ocialistas
$evolucion3rios é /3 culpado pelo simples 2acto de "i& %E (E$ #E"U"?'A#& A %' .$H.
$'&X 'sto, sim, não 2alhaX E uma desco6erta do pensamento /ur-dico inscrita no novo
?:digo) E 11; =rilenAo, o6) cit), p3g) 45@) @5 'dem, p3g) 45Q) 1,Q 'dem, p3g) @C5)
A$DU'.E AB& #E BU AB @1@ o caminho empedrado pelo *ual se hão1de arrastar e
arrastar, até , %i6éria, os nossos agradecidos descendentes) =rilenAo dispara com
2uror, direito ao cora+ãoJ 7'nimigos encarni+ados e eternos8, eis o *ue são os
acusadosX "esse caso, mesmo sem recorrer ao tri6unal, /3 se sa6e o *ue h3 a 2a>er
deles)
& ?:digo é tão novo *ue =rilenAo nem teve tempo de aprender de cor, pelos
respectivos n<meros, os principais artigos re2erentes aos contra11revolucion3rios,
mas é ver *ue golpes assesta com esses n<meros, com *ue pro2undidade os cita e os
interpretaX E como se desde h3 décadas mane/asse tais artigos como *uem mane/a o
cutelo da guilhotina) Fas eis algo *ue é essencialmente novo e importanteJ a
di2erencia+ão entre métodos e meios, *ue existia no antigo c:digo c>arista, deixa
entre n:s de existirc Ela não intervém nem na *uali2ica+ão do delito, nem na san+ão
penalX .ara n:s, a inten+ão e a ac+ão, tudo é o mesmoX (omada *ue 2oi uma decisão,
é em 2un+ão dela *ue /ulg3mos) Due ela 7se tenha levado a ca6o ou não, isso não tem
*ual*uer signi2icado essencial8)@9 Duer tenha sussurrado , sua mulher na cama *ue
seria 6om derru6ar o poder soviético, 2eito propaganda nas elei+9es, ou lan+ado
6om6as 1 tudo é o mesmoX A pena é igualXXX #o mesmo modo *ue um pintor, com uns
*uantos tra+os 2ortes de carvão, 2a> emergir o retrato dese/ado, tam6ém para n:s
2oi tomando 2orma, cada ve> mais, através dos es6o+os de 1944, todo o panorama dos
anos @5, 45 e 49) Fas não, ainda não cheg3mos l3X Ainda não é esse o ?&F.&$(AFE"(&
#&% A?U%A#&%X Eles ainda não são carneiros amestrados, ainda são genteX .oucas
coisas, muito poucas nos 2oram ditas acerca da atitude deles, mas pode1se
per2eitamente calcul31la) ]s ve>es =rilenAo, por distrac+ão, cita as palavras *ue
pronunciaram no tri6unal) & réu Ierg 7acusava os 6olchevi*ues de terem chacinado as
v-timas de 5 de Janeiro8 Ra6riram 2ogo so6re os mani2estantes *ue de2endiam a
Assem6leia ?onstituinteS) E i6erov di>ia sem papas na l-nguaJ 7Eu reconhe+o1me
culpado de em 191Q não ter tra6alhado su2icientemente para o derru6amento do poder
dos 6olchevi*ues)84C Evguenia $atner teve express9es semelhantes, e de novo IergJ
7?onsidero1me culpado perante a $<ssia tra6alhadora de não ter podido lutar, com
todas as minhas 2or+as, contra o chamado poder oper3rio1campon0s, mas espero *ue o
meu tempo ainda não tenha passado)8 R.assou, amiguinho, passou)S #etectamos a*ui a
antiga paixão pela sonoridade das 2rases, mas tam6ém uma grande 2irme>aX &
procurador argumentaJ 7&s acusados constituem um perigo para a $<ssia soviética,
dado *ue consideram 6om tudo *uanto 2i>eram) (alve> =rilenAo, o6) cit), pAg) 1Q5)
'dem, p3g) 1C@) @14 A$DU'.E AB& #E BU AB alguns dos réus encontrem consola+ão no
2acto de alguma ve> um analista se re2erir a eles ou , sua conduta no tri6unal com
elogios)841 A aprecia+ão do ?omité ?entral Executivo de toda a $<ssia, /3 depois do
/ulgamento, 2oiJ 7#urante o pr:prio processo, eles reservaram1se o direito de
prosseguir a sua actividade anterior)8 Duanto ao réu Bendelman1Bra6ovsAi Rele mesmo
/uristaS, destacou1se no tri6unal pelas suas discuss9es com =rilenAo so6re a 2orma
como eram 2alsi2icados os depoimentos das testemunhas, e so6re 7os métodos
especiais de tratamento delas antes do processo8) eia1seJ é evidente *ue 2oram
tra6alhados pela B).)U) RJ3 a- est3 tudo, /3 a- est3 tudoJ 2altava s: dar um
empurrão para atingir o ideal)S %ucede *ue a investiga+ão prévia se reali>ou so6 a
o6serva+ão do procurador Ro pr:prio =rilenAoS e desse modo se eliminaram
conscientemente alguns desacordos nos depoimentos) ^3 mesmo depoimentos 2eitos pela
primeira ve> perante o tri6unal) Due *uerem, h3 certas arestas) ^3 coisas *ue não
2oram aca6adas) "o 2im de contas 7é nosso dever di>er, com plena clare>a e
sangue12rio))) não nos preocupa o pro6lema de sa6er como o /u->o da hist:ria
avaliar3 a o6ra *ue reali>amos8)
Fas as arestas havemos de tom31las em conta e de corrigi1las) Entretanto,
es*uivando1 se, =rilenAo lem6ra1%e, pela primeira e <ltima ve> na hist:ria da
/urisprud0ncia soviética, de *ue existe a investiga+ãoX A investiga+ão preliminar
antes mesmo da instru+ãoX E eis a explica+ão h36il *ue ele d3J a*uilo *ue se
desenrolou 2ora do Lm6ito da o6serva+ão do procurador e *ue v:s considerais como a
instru+ão é, de 2acto, a investiga+ão) E a*uilo *ue v:s considerais como uma
repeti+ão da investiga+ão revista pelo procurador, em *ue se atam todos os n:s e se
apertam todos os para2usos, isso é a instru+ãoX &s in2ormes, 7elementos 2ornecidos
pelos :rgãos da investiga+ão, *ue não são comprovados pela instru+ão, t0m muito
menos valor pro6at:rio /udicial do *ue os elementos da instru+ão *uando esta é
inteligentemente organi>ada8)44 %e és esperto, evitas pisar o almo2ari>) Galando em
termos pro2issionais, era ultra/ante para =rilenAo ter1se levado meio ano a
preparar este processo, ter1se ladrado durante dois meses na audi0ncia e perdido
*uin>e horas a de6itar discursos de acusa+ão, *uando todos os acusados 7/3 não era
a primeira nem a segunda ve> *ue tinham passado pelas mãos dos :rgãos, *uando estes
dispunham de poderes extraordin3rios, tendo conseguido, gra+as a uma ou outra
circunstLncia, 2icar vivos84@ 1 para aca6ar agora por dar tra6alho a =rilenAoJ o de
lev31los ao 2u>ilamento por 2orma legal) 41 =rilenAo, o6) cit), p3g) @45) 44 'dem,
p3g) 4@Q) 4v 'dem, p3g) @44) A$DU'.E AB& #E BU AB @15 ?laro *ue 7a senten+a deve
ser uma e a mesmaJ o 2u>ilamento de todos, ' até ao <ltimoX844 Fas =rilenAo
previne, com esp-rito magnLnimo, tendo ' em conta *ue o processo é seguido pelo
mundo inteiro, *ue o re*uisit:rio i do procurador 7não é uma ordem para o
tri6unal8, *ue este se/a 7o6rigado a tomar imediatamente em conta ou a cumprir8)45
Ielo tri6unal esse, ao *ual é necess3rio explicar istoX))) E o tri6unal, na sua
senten+a, d3 provas de aud3ciaJ na verdade, ele condena ao 2u>ilamento não 7todos
até ao <ltimo8, mas s: cator>e pessoas) As restantes são condenadas a prisão, aos
campos de concentra+ão, sem 2alar de uma centena dentre elas, *ue serão o6/ecto de
um processo , parte) em6re1se amigo leitor, lem6re1seJ o %upremo (ri6unal 7é olhado
por todos os tri6unais da $ep<6lica, é ele *ue lhes d3 as directri>es8)4; A
senten+a aplicada pelo %upremo (ri6unal é utili>ada 7como norma indicadora8)45
Duantos haver3 ainda nas prov-ncias *ue serão assim en2errolhados, podem calcul31lo
por si pr:prios) Fas talve> este processo aca6e por ser cortado pelo .raesidium
do ?omité ?entral Executivo de toda a UniãoJ este con2irmar3 a senten+a de
2u>ilamento, mas suspender3 o seu cumprimento) E a sorte 2utura dos condenados
depender3 do comportamento dos socialistas revolucion3rios *ue 2icaram em li6erdade
Rinclusive os *ue se encontram no estrangeiroS) %e eles tiverem actividades contra
n:s, esmagaremos estes todos) "os campos da $<ssia cei2ava1se /3 a segunda colheita
em pa>) "ão se disparava em mais nenhum lugar, , excep+ão dos p3tios da (cheAa) REm
laroslavl, 2u>ilava1se .erAurov, em .etrogrado, o metropolita Veniamin) E sempre
assim, sempre asssim)S %o6 o céu cor de tur*uesa e pelas 3guas a>uis vão navegando
rumo ao estrangeiro os nossos primeiros diplomatas e /ornalistas) & ?omité
Executivo de #eputados &per3rios e ?amponeses conservava no seu rega+o os eternos
re2éns) &s mem6ros do partido dirigente tinham lido sessenta n<meros do .ravda
so6re o processo Rtodos eles liam o /ornalS 1 e todos haviam dito AFE", AFE", AFE")
"enhum se atreveu a di>er "]&)
.or*ue é *ue emendaram então, passados tempos, em 19@5Y #e *ue é *ue se
*ueixavamY))) Acaso não tinham sido lan+ados todos os 2undamentos da aus0ncia de
/usti+a 1 primeiro com a repressão extra/udicial da icheAa, depois com esses
processos precoces e com esse /ovem ?:digoY Acaso 19@5 não era tam6ém &IJE?
('VAFE"(E "E?E%%Z$'& Rnecess3rio para os o6/ectivos de %taline e *uem sa6e se para
os da ^ist:riaSY 44 =rilenAo, o6) cit), p3g) @4;) 45 'dem, p3g) @19) 'dem, p3g)
4C5) 45 'dem, p3g) 4C9) @1; A$DU'.E AB& #E BU AB J3 pro2eticamente =rilenAo tinha
deixado escapar *ue não era o passado *ue /ulgavam, mas sim o 2uturo) ?om uma 6oa
2oice, o mais di2-cil é o primeiro golpe) ?erca de 4C de Agosto de 1944, Ioris
Victorovitch %avinAov cru>ou a 2ronteira soviética) Goi logo preso e condu>ido ,
u6ianAa)4Q A investiga+ão consistiu num <nico interrogat:rioJ apenas as declara+9es
volunt3rias e o exame da sua actividade) Em 4@ de Agosto tinha /3 sido entregue o
termo de acusa+ão) R$apide> incr-vel, mas *ue produ>iu e2eito) Alguém calculara
certamenteJ extor*uir a %avinAov m-seras declara+9es 2alsas não 2aria senão
destruir a verosimilhan+a do *uadro)S "a conclusão da acusa+ão, ela6orada com uma
terminologia ,s avessas, de *ue crimes não era acusado %avinAovY #e 7inimigo
sistem3tico do campesinato po6re8W de 7ter a/udado a 6urguesia russa a reali>ar as
suas aspira+9es imperialistas8 Rou se/a, ele mani2estara1se pela declara+ão da
guerra , AlemanhaSW 7de manter contactos com os representantes do comando aliado8
Risto *uando era dirigente do Finistério da BuerraXSW 7de se in2iltrar, com
intuitos de provoca+ão, nos ?omités de %oldados Rentenda1seJ 2ora eleito deputado
pelos soldadosSW e, 2inalmente T havia de *ue 2a>er rir as galinhasX 1, tinha
7simpatias mon3r*uicas8) Fas tudo isto era velho) ^avia algo de novo nas acusa+9es,
*ue 2iguraria em todos os 2uturos processosJ dinheiro rece6ido dos imperialistasW
espionagem a 2avor da .ol:nia Res*ueceram1se do JapãoX)))SW e tentativa de
envenenamento do Exército Vermelho com cianeto Rmas não chegara a envenenar um s:
soldadoS) Em 4; de Agosto a6riu o /ulgamento) & presidente era um tal Ulrich
Rencontramo1lo pela primeira ve>S, não havendo *ual*uer acusador, nem tão1pouco
de2ensor) %avinAov de2endia1se sem grande convic+ão, *uase não contestava as
provas) Ele con2eria uma dimensão l-rica a este processoJ era o seu <ltimo encontro
com a $<ssia e a <ltima possi6ilidade de se explicar em vo> alta) #e arrepender1se)
R"ão destes pecados *ue lhe imputavam 1 mas doutros) Vinha muito a prop:sito, para
pertur6ar o acusado, esta melodiaJ pois se tanto voc0 como n:s somos russosX)))
Voc0 e n:s T isto é, n:sX Voc0 ama a $<ssia, indu6itavelmente, n:s respeitamos esse
seu amor 1 mas acaso 4Q %o6re este regresso 2i>eram1se muitas suposi+9es) Fas,
recentemente, um certo Ar1 damatsAi R*ue tinha acesso aos ar*uivos do ?omissariado
da %eguran+a do EstadoS pu6licou uma hist:ria *ue, com todos os exageros ret:ricos
da literatura pretensiosa, parecia pr:xima da realidade Rrevista "icva, 19;5, n)O
11S) (endo levado alguns agentes de %avinAov , trai+ão e enganando outros, a B) .)
U) lan+ou através deles um an>ol seguroJ a*ui, na $<ssia, havia uma grande
organi>a+ão clandestina, mas sem um dirigente de méritoX "ão se podia imaginar um
an>ol mais tentadorX %im, e a vida agitada de %avinAov não podia terminar
calmamente em "ice) Ele não podia deixar de 2a>er uma <ltima tentativa, regressar
ele pr:prio , $<ssia, para sua perdi+ão)
A$DU'.E AB& #E BU AB @15 não a amamos n:s tam6émY Acaso não somos n:s agora a 2or+a
e a gl:ria da $<ssiaY E voc0 *uis lutar contra n:sY Arrependa1seX)))S Fas o mais
espantoso de tudo 2oi a senten+aJ 7A aplica+ão da pena m3xima não é exigida pelo
interesse da manuten+ão da ordem legal revolucion3ria e, considerando *ue os
motivos de vingan+a não podem inspirar o sentido da /usti+a das massas
prolet3rias8, o 2u>ilamento é comutado em de> anos de priva+ão da li6erdade) 'sto
2oi sensacional, turvando então muitas mentesJ degeloY $egenera+ãoY Ulrich, no
Grauda, explicou ele mesmo, parecendo desculpar1se, por*ue tinha sido indultado
%avinAov) Ve/a1se como em sete anos se 2ortalecera o poder soviéticoX .oder3 ele
temer um *ual*uer %avinAovX R%e ao 2im de vinte anos se de6ilitar, não se
in*uietem, 2u>ilaremos centenas de milhares)S Assim, ao primeiro mistério do
regresso, teria vindo /untar1se o segundo mistério da senten+a Ra clem0nciaS, se em
Faio de 1945 am6os não 2ossem reco6ertos pelo terceiro mistérioJ em estado de
depressão, %avinAov arro/ou1se de uma das /anelas sem rede do p3tio interior da
u6ianAa, e os homens da B) .) U), os seus an/os1da1guarda, não puderam simplesmente
agarrar e salvar o seu grande e pesado corpo) "o entanto, %avinAov deixou, em todo
o caso, um documento /usti2icativo Rpara *ue não houvesse engulhos no servi+oS,
explicando sensata e coerentemente por*ue é *ue se tinha suicidado) E com tanta
propriedade e tão de acordo com o seu esp-rito e a sua 2orma de exprimir1se *ue o
pr:prio 2ilho do morto, ev Iorisso1vitch, acreditou piamente, a todos con2irmando,
em .aris, *ue ninguém podia ter escrito esta carta senão o seu pai, e *ue se este
se havia suicidado era por reconhecer a sua 6ancarrota pol-tica)49 4g E n:s, os
est<pidos, os posteriores detidos da u6ianAa, papague3vamos credulamente *ue as
redes de metal tinham sido estendidas nas escadas da prisão desde *ue %avinAov da-
se arro/ara) 'nclin3vamo1nos diante dessa 6ela lenda e es*uec-amo1nos de *ue a
experi0ncia dos carcereiros é internacionalX .ois se as redes existiam tam6ém nas
pris9es americanas /3 nos come+os do século, como seria poss-vel *ue a técnica
soviética estivesse atrasadaY Em 19@5, /3 mori6undo no campo de =olima, o antigo
tche*uista Artur .riu6el contou a um dos seus -ntimos *ue ele era um dos *uatro *ue
lan+aram %avinAov, pela /anela do *uinto andar, para o p3tio da u6ianAaX RG) isto
não contradi> em nada a versão actual de Arda1blatsAiJ essa /anela tinha um
parapeito 6aixo, sendo uma porta de 6alcão e não propriamente uma /anela) Eles
tinham escolhido o *uartoX %: *ue *uanto a ArdamatsAi, os an/os se descuidaram, e
segundo .riu6el se lan+aram a ele , uma)S & segundo mistério 1 a senten+a
ina6itual1ente 6enévola 1 é desvendado pela 6rus*uidão do terceiro) (rata1se de um
rumor surdo, bias ele chegou até mim e eu transmiti1o em 19;5 a F) ") KaAu6ovitch,
e este, com a anima) de Jovem *ue ainda conserva, de olhos 6rilhantes, exclamouJ
7AcreditoX 'sso coincideX Eu acreditava em IliumAin, pensava *ue ele se ga6ava)8
Eis o *ue se apurouJ em 2ins dos , a baiumAin, em grande segredo, contou a
laAu6ovitch *ue era ele *uem tinha escrito a carta .:stuma de %avinAov,1por
incum60ncia da B) .) U) Acontecia *ue *uando %a1estava preso, IliumAin era a <nica
pessoa a *uem era permitido visit31lo permanente1 @1Q A$DU'.E AB& #E BU AB Fas
todos os mais importantes e céle6res processos estão, de *ual*uer modo, ainda por
vir) mente na cela, 7entretendo1o8 pelas tardes) R.ressentiria acaso %avinAov *ue
era a morte *ue ia 2re*uentemente visit31lo 1 a insinuante, a amistosa morte de *ue
não se pode
adivinhar a 2ormaYS 'sso a/udou IliumAin a apanhar a maneira de exprimir1se e de
pensar de %avinAov, a penetrar na intimidade das suas <ltimas medita+9es)
.ergunta1seJ e por*u0 lan+31lo pela /anelaY "ão teria sido mais simples
envenen31loY ?ertamente *ue era inten+ão deles mostrar os restos a alguém, ou
pensavam 2a>01lo) E o momento de revelar tam6ém o *ue 2oi 2eito de IliumAin, agora
em todo o seu poder de tche*uista, ele *ue em outros tempos 2ora auda>mente atacado
por Fandelstam) Eren16urgo come+ou a escrever so6re IliumAin, mas prontamente se
envergonhou e o deixou) ^3, no entanto, coisas para contar) #epois do esmagamento
dos socialistas revolucion3rios de es*uerda, em 191Q, o assassino de Fir6ach não s:
não 2oi castigado, não s: não partilhou da sorte de todos os socialistas
revolucion3rios de es*uerda, como 2oi tam6ém protegido por #>er/insAi Rcomo ele
dese/ava proteger =ossirievS, tendo1se aparentemente convertido ao 6olchevismo) E
claro *ue o mantinham de reserva para as tare2as especialmente su/as) ?erta ve>, no
limiar dos anos @C, ele 2oi enviado a .aris, secretamente, para assassinar Ia/enov
Rum cola6orador do secretariado de %taline *ue tinha 2ugidoS e conseguiu lan+31lo
com 0xito do com6oio, uma noite) Entretanto, o seu esp-rito de aventureirismo, ou a
admira+ão por (rotsAi, levou IliumAin , ilha dos .r-ncipes, perguntando ao
pro2essor de leis se tinha alguma missão para a U) $) %) %) (rotsAi deu1lhe um
pacote para $adeA) IliumAin levou1o, transmitiu1o, e a sua visita a (rotsAi seria
um segredo 6em guardado se $adeA /3 não 2osse então um delator) $adeA denunciou
IliumAin e este 2oi tragado pelas 2auces do monstro, *ue ele mesmo tinha alimentado
com o seu primeiro leite sangrento) ! A E' (&$"&U1%E A#U (A &"#E estão elas, essas
multid9es *ue se introdu>em loucamente, vindas do &cidente, nas nossas linhas
2ronteiri+as de arame 2arpado, e *ue n:s 2u>il3mos de acordo com o artigo 51
do ?:digo Ucraniano, pelo seu regresso ar6itr3rio , $ep<6lica %ocialista %oviética
Gederativa $ussaY A despeito de todas as previs9es cient-2icas, tais multid9es não
existiram e 2icou sem e2eito o artigo ditado a =urs1Ai) & <nico exc0ntrico *ue se
achou em toda a $<ssia 2oi %avinAov, mas nem contra esse chegaram a servir1se de
tal artigo) Em compensa+ão, a pena oposta T a deporta+ão para o estrangeiro em ve>
do 2u>ilamento 1 2oi experimentada em massa e sem tardar) "essa época ainda, num
acesso de c:lera, *uando estavam a ela6orar o ?:digo, Vladimir 'litch, sem deixar
perder a sua 6rilhante ideia, escrevia em 19 de FaioJ 7?amarada #>er/insAiX
Duanto , *uestão da deporta+ão de escritores e de pro2essores *ue a/udam a
contra1revolu+ão, é necess3rio preparar isso o mais cuidadosamente poss-vel) %em
prepara+ão cometeremos tonterias))) E preciso organi>ar tudo isso de tal 2orma *ue
esses 7espi9es militares8 se/am ca+ados permanente e sistematicamente e expulsos
para o estrangeiro) .e+o1lhe *ue mostre isto secretamente, e sem o reprodu>ir, aos
mem6ros do Iureau .ol-tico)81 & car3cter naturalmente secreto, neste caso, era
provocado pela importLncia e pela exemplaridade da medida) A disposi+ão das 2or+as
de classe na $<ssia %oviética era 6em clara e contrastada, s: se alterando com esta
mancha gelatinosa e sem contorno preciso da velha intelig0ncia 6urguesa, *ue na
es2era ideol:gica desempenhava o papel de uma aut0ntica espionagem militar, nada de
melhor se tendo podido inventar para raspar e lan+ar 6orda 2ora, *uanto antes, esse
pLntano de ideias) Duanto ao camarada enine, *uanto a ele, /3 tinha ca-do na cama,
doente, mas os mem6ros do Iureau .ol-tico aprovaram1no, pelos vistos, tendo o
camarada #>er/insAi organi>ado a ca+a, e, em 2ins de 1944, cerca de tre>entos
importantes homens de letras russos 2oram metidos))) numa barca+aY))), não, num
navio, e enviados para a lixeira da Europa) REntre os
a enine, 5)b edi+ão, tomo 54, p3gs) 4;514;;) ' @4C A$DU'.E AB& #E BU AB nomes *ue
a- se a2irmaram e ad*uiriram a gl:ria 2iguram os dos 2il:so2os ") &) ossAi, %) ")
IulgaAov, ")A) Ierdiaiev, G) A) %tepun, I) .) Viches1lavtsev, ) .) =arssavin, %) )
GranA, ') A) 'linW os dos historiadores %) .) Felgunov, V) ) FiaAotin, A) A)
=isse6etter, ') ') apchin, etcW e os dos escritores e pu6licistas K) 1) AiAhenvald,
A) %) '>goiev, F) A) &ssorguin, A) V) .echeAhonov) &utros 2oram ainda expedidos por
pe*uenos grupos, em come+os de 194@, como por exemplo, o secret3rio de eão (olstoi,
V) G) IulgaAov) #evido ,s suas m3s ami>ades, tam6ém l3 2oram parar matem3ticos como
#) G) %elivanov)S Entretanto, as coisas não continuaram assim permanente e
sistematicamente) (alve> pelo clamor da emigra+ão, para a *ual isso era um
verdadeiro 7presente8, chegou1se , conclusão de *ue essa medida não era a melhor,
de *ue se deixava escapar em vão 6oa carne para 2u>ilamento, e de *ue nessa lixeira
podiam crescer 2lores venenosas) E 2oi a6andonado tal processo) (oda a limpe>a
posterior condu>ia *uer , sorte de #uAhonine4, *uer ao Ar*uipélago) Aprovado em
194; Re mantido até =ruchtchevS, o ?:digo .enal, corrigido e melhorado, entran+ou
todas as antigas cordas dos artigos pol-ticos numa <nica e s:lida rede de arrasto 1
o artigo 5Q 1 e 2oi utili>ado para esse género de pesca) Esta alarga1se rapidamente
, intelig0ncia dos engenheiros e técnicos T tanto mais perigosa *uanto ocupava uma
2orte posi+ão na economia nacional e era di2-cil control31la unicamente com a a/uda
da #outrina de Vanguarda) (ornava1se agora claro *ue 2ora um erro o processo em
de2esa de &lden6orguer Rtinha1se reunido ali um 6om centrin6oXS e prematura a
declara+ão perempt:ria de =rilenAoJ 7"ão se podia 2alar de sa6otagem dos
engenheiros a partir de 194C141) 8@ %e não era sa6otagem, era pior aindaJ
nocividade premeditada Resta expressão 2oi lan+ada, ao *ue parece, por um simples
comiss3rio instrutor do .rocesso das FinasS) Fal se tinha compreendido o *ue era
necess3rio procurar 1 a nocividade premeditada, e logo, apesar do inédito *ue o
conceito tinha na hist:ria da humanidade, se come+ou a desco6ri1la, sem tra6alho,
em todos os ramos da ind<stria e em todas as 236ricas) "o entanto, nestes
achados12ragment3rios não havia uma unidade de pensamento, nem uma execu+ão
per2eita, mas a nature>a de %taline e tudo o *ue a nossa /usti+a contava de
inventores aspirava, pelos vistos, a ela) E, 2inalmente, a nossa lei amadureceu e
p_de apresentar ao mundo algo de verdadeiramente per2eitoX Um processo -ntegro,
grande, 6em concatenado, e desta ve> contra os engenheiros) Goi assim *ue se a6riuJ
aS & .rocesso das Finas R1Q de Faio115 de Julho de 194QS, %ec+ão Especial do
%upremo (ri6unal da U)$)%)%)W presidenteJ A) K) VichinsAi Rrei1 #uAhonine,
comandante do exército russo so6 o Boverno provis:rio) Goi morto em "ovem6ro de
1915, linchado pela tropa) R") dos ()S 11 =rilenAo, o6) cit), p3g) 4@5) Vasilv
'vanovich AnichAov FiAhail AleAsandrovich AleAsandr %htro6inder AleAsandr
AndreNevich %vechn1 Keli>aveta KevgenNevna A$DU'.E AB& #E BU AB @41
tor ainda da Universidade Estatal de FoscovoSW acusador principalJ ") V) =rilenAo
Rencontro céle6re, uma espécie de transmissão /ur-dica do testemunhoS4W cin*uenta e
tr0s acusados, cin*uenta e seis testemunhas) BrandiosoXXX Ai dele, nessa
grandiosidade residia tam6ém a 2ra*ue>a desse processoJ se para cada réu 2osse
necess3rio manipular apenas tr0s 2ios, estes seriam /3 cento e cin*uenta e nove,
mas =rilenAo tinha s: de> dedos, e VichinsAi s: de>, tam6ém) "aturalmente, 7os
acusados procuravam revelar , sociedade os seus graves crimes8, mas não todosJ s:
de>asseis dentre eles) (re>e o2ereciam resist0ncia) Vinte e *uatro não se
reconheciam em geral culpados)5 'sso era uma mani2esta+ão inadmiss-vel de
discordLncia *ue as massas não podiam compreender) Ao lado dos méritos
Rconseguidos, de resto, em anteriores processosS 1 a importLncia dos réus e dos
de2ensores, a sua incapacidade de deslocar ou re/eitar o 6loco da senten+a 1, os
de2eitos do novo processo estavam , vista e eram imperdo3veis precisamente ao
experiente =rilenAo) "o um6ral da sociedade sem classes, t-nhamos 2or+as,
2inalmente, para organi>ar um processo /udicial sem con2lito Rre2lexo do nosso
regime interno não con2litualS, onde tanto o tri6unal como o procurador, tanto a
de2esa como os acusados, aspirariam unanimemente a um mesmo o6/ectivo) Além do
mais, a envergadura do .rocesso das Finas R*ue punha em causa a ind<stria de
extrac+ão car6on-2era, <nica e exclusiva do #on6assS era desproporcionada para a
época) Goi, sem d<vida, logo a partir do dia do termo do .rocesso das Finas *ue
=rilenAo come+ou a cavar um novo e mais largo 2osso Rca-ram, inclusive, nele dois
cons:cios seus, do .rocesso das Finas 1 os acusadores p<6licos &ssadtchi e ?heinS)
(orna1se desnecess3rio di>er com *ue gosto e ha6ilidade lhe prestou aux-lio todo o
aparelho da Administra+ão .ol-tica e Estatal Uni2icadaJ R&) B) .) U)S, *ue /3 tinha
passado para o pulso de 2erro de lagoda) ^avia *ue criar e desmascarar a
organi>a+ão dos engenheiros, *ue a6rangia todo o pa-s) .ara isso, precisava1se de
colocar , sua 2rente v3rias 2iguras importantes, poss-veis de nocividade
premeditada) Duem não conhecia uma 2igura tão indu6itavelmente 2orte e
insuportavelmente arrogante como .iotr AAimovitch .altchinsAi, destacado engenheiro
de minas /3 nos come+os do século, *ue durante a guerra mundial era /3 o camarada 4
E os mem6ros assessores eram velhos revolucion3rios, Vassili1'u/in e Antonov11
%aratovsAi) Eram simp3ticos e, pela simples sonoridade dos seus apelidos, são nomes
*ue se recordam 2acilmente) #e repente, em 19;4, lemos no hvie>tia um necrol:gio
so6re as v-timas da repressão) G) *uem o assinouY & campeão da longevidade Antonov1
%aratovsAiX 5 .ravda, 44 de Faio de 194Q, p3g) @) @44 A$DU'.E AB& #E BU AB
presidente do ?omité da 'nd<stria de Buerra, ou se/a, *ue dirigia os es2or+os de
guerra do con/unto da ind<stria russa, e *ue sou6e, tomando o com6oio em marcha,
preencher as lacunas devidas , inc<ria c>aristaY #epois de Gevereiro, ele passou a
ser o camarada ministro do ?omércio e da 'nd<stria) .ela sua actividade
revolucion3ria tinha sido perseguido pelo c>aris1mo, e esteve tr0s ve>es preso
depois da $evolu+ão de &utu6ro Rem 1915, 191Q e 1944S, sendo, a partir de 194C,
pro2essor do 'nstituto de Finas e consultor do .lano do Estado) Galaremos mais
pormenori>adamente so6re ele na .arte ''', cap-tulo de>S) .altchinsAi 2oi apontado
como o principal réu do novo e grandioso processo) "o entanto, o imprudente
=rilenAo, ao penetrar num dom-nio novo para ele, o da engenharia, não s:
desconhecia a resist0ncia dos materiais, como tam6ém não tinha no+ão das
possi6ilidades de resist0ncia das almas, não o6stante a ruidosa actividade de
procurador *ue exercia h3 /3 de> anos) A escolha de =rilenAo revelou1se err:nea)
.altchinsAi suportou todos os meios de tratamento conhecidos pela &) B) .) U), não
se entregou, e morreu sem ter assinado *ual*uer a6surdo) Juntamente com ele 2oram
postos , prova, e pelos vistos tão1pouco se entregaram, ") =) VonmeA e A) G)
VelitchAo) %e Galeceram durante as torturas ou 2oram 2u>ilados, é coisa *ue por
en*uanto não sa6emos, mas eles demonstraram *ue é .&%%uVE o2erecer resist0ncia, *ue
E .&%%uVE manter1se 2irme 1 e assim deixaram uma ardente chama de reprova+ão
dirigida a todos os céle6res acusados posteriores) Escondendo a sua derrota, lagoda
pu6licou, em 44 de Faio de 1949, um conciso comunicado da &) B) .) U) so6re o
2u>ilamento dos tr0s, pelos grandes pre/u->os premeditadamente causados , economia,
e so6re a condena+ão de muitos outros *ue não eram mencionados); E *uanto tempo
perdido para nadaX Duase um anoX Duantas noites de interrogat:rioX Duantas
2antasias dos in*uiridoresX E tudo em vão) =rilenAo tinha de recome+ar tudo pelo
princ-pioJ procurar uma 2igura *ue 2osse 6rilhante e 2orte, mas *ue ao mesmo tempo
se mostrasse dé6il e completamente d<ctil) Fas ele compreendia tão mal esta maldita
ra+a de engenheiros *ue perdeu ainda um ano em tentativas desa2ortunadas) A partir
do Verão de 1949, andou ,s voltas com =hrenoAov, mas este morreu sem ter aceite
representar esse vil papel) ?onseguiram vergar o velho Giodotov, mas era na verdade
demasiado velho e, além disso, pertencia , ind<stria t0xtil, um ramo pouco
vanta/oso) E perdeu1se outro anoX & pa-s aguardava o processo universal dos
sa6otadores da economia, aguardava1o o camarada %taline, e =rilenAo não conseguia
lev31lo a ca6o)5 E 2oi s: no Verão de ; hvie>tia, 44 de Faio de 1949) 5 E muito
poss-vel *ue este seu 2racasso o tenha 2eito cair nas m3s gra+as do che2e e
determinado a condena+ão sim6:lica do ex1procurador nessa mesma guilhotina) A$DU'.E
AB& #E BU AB @4@ 19@C *ue alguém desencantou e prop_s o director do 'nstituto de
(écnica (érmica, $am>inX Este 2oi preso e em tr0s meses preparou1se e encenou1se
magni2icamente o espect3culo, *ue 2icou a ser uma o6ra1prima da nossa /usti+a e um
modelo inating-vel pela /usti+a mundial) 6S & .rocesso do .artido 'ndustrial R45 de
"ovem6ro15 de #e>em6roS, sessão extraordin3ria do %upremo (ri6unal) & pr:prio
VichinsAi, o pr:prio Antonov1%aratovsAi e o nosso 2avorito =rilenAo) Agora /3 não
h3 7ra>9es técnicas8 *ue impe+am de o2erecer ao leitor o estenograma completo do
processo 1 ele a- est3Q 1, ou *ue se oponham , presen+a de correspondentes
estrangeiros) 'deia grandiosaJ no 6anco dos réus, toda a ind<stria do pa-s, todos
os seus ramos e :rgãos de plani2ica+ão) R%: o olhar do construtor distingue a 2alha
por onde desapareceram a minera+ão e os transportes 2errovi3rios)S A acrescentar a
isto h3 a parcim:nia na utili>a+ão dos materiaisJ são acusadas apenas oito pessoas
Rsendo levados em conta os erros cometidos no .rocesso das FinasS) ^ão1de exclamar
os leitoresJ então oito pessoas podem representar toda a ind<striaY .ara n:s, até
são muitasX (r0s das oito pertencem , ind<stria t0xtil, ramo important-ssimo para a
de2esa nacional))) Fas h3 nesse caso uma multidão de testemunhasY %ete pessoas,
tam6ém sa6otadoras da economia, e tam6ém presas) .acotesY #ocumentos denunciadoresY
.lanosY .ro/ectosY #irectri>esY ?omunicadosY ?onsidera+9esY #en<nciasY "otas
pessoaisY "adaX 'sto é 1 "EF UF .A.E '"^&X ?omo é *ue a B) .) U) cometeu tal
descuidoJ prender tanta gente e não ter conseguido arre6anhar nenhum papelY 7^avia
muitos8, mas 72oi tudo destru-do8) $a>ãoJ 7onde guardar os ar*uivosY8 "o processo
são apresentados unicamente v3rios artigos de
/ornaisJ da emigra+ão e do interior) Fas como condu>ir a acusa+ãoYX))) .ara isso l3
est3 "iAolai Vassilievitch =rilenAo) "a verdade, não é a sua primeira experi0ncia)
7A melhor prova de todas as circunstLncias é sempre o reconhecimento da
culpa6ilidade pelos réus)89 Um reconhecimento aut0ntico, não 2or+ado, sincero, em
*ue o arrependimento 2a> irromper do peito mon:logos intermin3veis, e se dese/a
2alar, 2alar, denunciar, estigmati>arX & velho Giodotov Rde sessenta e seis anosS é
convidado a sentar1seJ o *ue disse /3 6astaX, mas não, ele o2erece1se para dar
ainda esclarecimentos 1e interpreta+9esX Em cinco sess9es seguidas, nem .rocesso do
.artido 'ndustrial, Editora egisla+ão %oviética, Foscovo, 19@1) a 'dem, p3g) 45@)
@44 A$DU'.E AB& #E BU AB é necess3rio 2a>er perguntasJ os réus 2alam, 2alam,
explicam, e depois pedem ainda a palavra para completar o *ue se es*ueceram de
di>er, exp9em de 2orma l:gica tudo o *ue é imprescind-vel para acus31los, sem
se*uer serem interrogados) $am>in, depois de extensas explica+9es, para maior
clare>a, 2a> um 6reve resumo, como é costume para os estudantes med-ocres) & *ue
mais temem os réus é *ue algo 2i*ue por esclarecer, *ue alguém 2i*ue por
desmascarar, *ue um apelido 2i*ue por pronunciar, *ue a inten+ão lesiva de alguém
2i*ue por denunciar) E como se descomp9em a si pr:priosX 7Eu sou um inimigo de
classe8, 7Eu sou um corrompido8, 7A nossa ideologia 6urguesa8 ))) & procuradorJ
7Esse 2oi o seu erroY8 (charnovsAiJ 7E o meu delitoX8 =rilenAo, simplesmente, nada
tem *ue 2a>er, h3 cinco audi0ncias *ue toma ch3 com 6olachas ou o *ue *uer *ue lhe
vão servir) ?omo é *ue os réus conseguem resistir a uma tal descarga emocionalY "ão
havia grava+ão em magneto2ones, mas eis a descri+ão do de2ensor &tsepJ 7As palavras
dos réus 2lu-am diligentemente, com 2rie>a e tran*uilidade pro2issional)8 Essa
agoraX (anta paixão na con2issãoY E dilig0nciaY E 2rie>aY 'sso é poucoJ pelos
vistos, o seu texto arrependido e 2luente é murmurado com tanta 2rouxidão *ue,
2re*uentemente, VichinsAi lhes pede *ue 2alem mais alto, mais claro, pois nada se
ouve) A de2esa não altera no m-nimo *ue se/a a harmonia do processoJ ela est3 de
acordo com todas as suposi+9es do procurador, chama hist:rico ao seu discurso de
acusa+ão, os seus pr:prios argumentos são estreitos e 2ormulados contra vontade,
pois o 7de2ensor soviético é, antes de tudo, um cidadão soviético8 e 7em un-ssono
com todo o povo tra6alhador, experimenta um sentimento de indigna+ão pelos crimes
dos seus clientes8)1C "o interrogat:rio da audi0ncia a de2esa 2a> perguntas t-midas
e simples e desiste imediatamente, logo *ue VichinsAi a interrompe) &s advogados
apenas de2endem dois ino2ensivos acusados da ind<stria t0xtil, e não contestam a
nature>a dos seus crimes nem a *uali2ica+ão das suas ac+9es, discutindo somente se
não poder3 o seu cliente escapar ao 2u>ilamento) & *ue ser3 mais <til, camaradas
/u->es, 7o seu cad3ver ou o seu tra6alho8Y E *uais eram os crimes hediondos desses
engenheiros 6urguesesY Ei1los) .laneavam a diminui+ão do ritmo de desenvolvimento
Rpor exemplo, o crescimento anual da produ+ão 2icaria redu>ido apenas a vinte ou
vinte e dois por cento, *uando os tra6alhadores estavam dispostos a dar *uarenta a
cin*uenta por centoS) $etardavam os ritmos de extrac+ão de com6ust-vel local) "ão
desenvolviam o =u>6ass com su2iciente rapide>) Utili>avam as discuss9es econ:micas
te:ricas Rdevia a6astecer1se o #on6ass com a central eléctrica do #niepre,
construir a superauto1estrada Fos1covo1#on6assYS para retardar a solu+ão de
importantes pro6lemas) REn*uanto os 1C .rocesso do .artido 'ndustrial, p3g) 4QQ)
A$DU'.E AB& #E BU AB @45 engenheiros discutem, as coisas estão paralisadasXS
$etinham o exame dos pro/ectos de engenharia Rnão os aprovavam instantaneamenteS)
"os cursos so6re a resist0ncia de materiais aplicavam uma linha anti1soviética)
'nstalavam m3*uinas anti*uadas) ?ongelavam capitais rdespendiam1nos em constru+9es
prolongadas e custosasS) $eali>avam repara+9es desnecess3rias RXS) Aproveitavam mal
o metal Rsortimento incompleto de 2erroS) ?riavam despropor+9es entre as o2icinas,
as matérias11primas e as possi6ilidades de ela6ora+ão Re isso mani2estava1se
especialmente no ramo t0xtil onde se constru-ram uma ou duas 236ricas a mais para o
algodão colhidoS) #epois, deram1se saltos de planos minimalistas para maximalistas)
E come+ou uma clara e premeditada actividade nociva, com o desenvolvimento
acelerado dessa mesma in2eli> ind<stria t0xtil) E o pior é *ue pro/ectavam Rmas sem
uma s: ve> as reali>arem em nenhum lugarS ac+9es de sa6otagem na energética) #esse
modo, o pre/u->o não aparecia so6 a 2orma de destrui+ão ou de deterioramentoJ
tratava1se de um plano operacional *ue devia condu>ir , crise geral e até ,
paralisa+ão da economia em 19@CX Fas não condu>iu a isso, gra+as ao elevado n<mero
de contratos de 2inanciamento e produ+ão proposto pelas massas R*uantidades
duplasXS) &ra, ora))), di> com cepticismo o nosso leitor) ?omoY .ara si isso é
poucoY Fas se, no decurso do /ulgamento, repetimos cada ponto e o mastigamos cinco,
oito ve>es, pode ser *ue não resulte assim tão poucoY &ra, ora))), insiste na sua o
leitor dos anos ;C) "ão poderia ocorrer tudo isso, precisamente, por causa dos
contraplanos 2inanceiros para a ind<striaY ^aver3 uma despropor+ão,se, em *ual*uer
reunião sindical, sem se consultar o plano do Estado, se puder duplicar , vontade
as percentagensY AhX, como é amargo o pão do procuradorX #ecidiu1se *ue tudo seria
pu6licado palavra por palavraX 'sso signi2ica *ue todos os engenheiros o lerão) Uma
ve> a6erto o vinho, é necess3rio 6e601loX E =rilenAo lan+a1se auda>mente a discutir
e a 2a>er perguntas so6re os pormenores de engenhariaX E as 2olhas soltas e
intercaladas dos grandes /ornais, enchem1se de caracteres min<sculos com su6tile>as
técnicas) & c3lculo é *ue o leitor se sinta aturdido, não lhe chegando as noites
nem os dias de 2olga para ler tudo, 2ixando1se apenas nos estri6ilhos colocados de
ve> em *uando em alguns par3gra2osJ sa6otadoresX %a6otadoresX Fas se, de todas as
2ormas, ele se decide a lerY inha ap:s linhaY Ver3 então, através das 2astidiosas
autodeclara+9es, ela6oradas sem nenhuma intelig0ncia nem ha6ilidade, *ue a /i6:ia
da u6ianAa se tinha incum6ido de uma *uestão, de um tra6alho *ue não era da sua
es2era) Due do grosseiro n: levantam voo sem di2iculdade as asas poderosas do
pensamento do século !!) &s presos ali estão, apanhados, su6missos, esmagados, mas
o pensamento, esse, evola1se, e mesmo as assustadas e 2atigadas anguas dos réus
conseguem nomear e di>er1nos tudo) @4; A$DU'.E AB& #E BU AB Eis em *ue am6iente
eles tra6alhavam) =alinniAovJ 7Entre n:s tinha1se criado um clima de descon2ian+a
técnica)8 aritchevJ 7Duer *uiséssemos *uer não, t-nhamos de extrair esses *uarenta
e dois milh9es de toneladas de na2ta Risto é, de cima assim o haviam ordenadoS)))
ora, de todos os modos, *uarenta e dois milh9es de toneladas de na2ta são imposs-
veis de extrair, em *uais*uer condi+9es *ue se/a)8b Entre estas duas
impossi6ilidades se comprimia todo o tra6alho)dessa desgra+ada gera+ão de
engenheiros) & 'nstituto de (écnica (érmica orgulha1se dos resultados da sua
principal investiga+ãoJ elevou 6ruscamente o coe2iciente de utili>a+ão do com6ust-
velW a partir
da-, no 2uturo plano, apresentam1se menos exig0ncias *uanto , extrac+ão do com6ust-
vel 1 isso %'B"'G'?A DUE ^&UVE %AI&(ABEF, diminuindo o n-vel de produ+ão do
com6ust-velX "o plano dos transportes propuseram o ree*uipamento de todos os vag9es
de trac+ão autom3tica T isso signi2ica, uma ve> mais, *ue sa6otavam, *ue congelavam
o capitalX R"a verdade, a trac+ão autom3tica s: pode introdu>ir1se e amorti>ar1se a
longo pra>o e n:s temos necessidade dela /3 para amanhãXS A 2im de aproveitar
melhor as linhas 2érreas de via simples, tinham decidido aumentar o n<mero de
locomotivas e de vag9es) "ão ser3 isto uma moderni>a+ãoY "\&, mera sa6otagemX ?om
e2eito, ser3 necess3rio gastar dinheiro no re2or+o da parte superior das pontes e
das viasX Ap:s uma pro2unda re2lexão econ:mica so6re o 2acto de *ue na América o
capital é 6arato e a mão11de1o6ra cara, en*uanto entre n:s sucede o contr3rio,
ra>ão por *ue não devemos copiar o *ue se l3 2a> como os macacos, Giodotov chegou ,
conclusão seguinteJ não é vanta/oso comprar agora cei2adoras1de6ulhadoras
americanas, *ue são mais carasW nos pr:ximos de> anos 2icar3 mais 6arato comprar as
inglesas, em6ora menos aper2ei+oadas, recorrendo a um maior n<mero de
tra6alhadores) #entro de um decénio, de *ual*uer maneira, ser3 inevit3vel mud31las,
se/am *uais 2orem as *ue tenhamosl e então compr31las1emos mais caras) A- reside a
sa6otagemX %o6 a apar0ncia de economia o *ue o réu não *uer é *ue na ind<stria
soviética ha/a as m3*uinas mais avan+adasX E *uando se lan+aram a construir novas
236ricas de 6etão armado, em lugar de simples cimento, *ue 2icaria mais 6arato, com
a explica+ão de *ue num pra>o de cem anos isso se /usti2icava T l3 estava ela
ainda, a %AI&(ABEFX ?ongelamento de capitaisX A6sor+ão de arma+9es *ue escasseiamX
RBuard31las1ão, por acaso, para os dentesYS #o 6anco dos réus concorda, de 6oa
mente, GiodotovJ 7E :6vio *ue se se puseram a contar cada Aopec, então pode chamar
a isso sa6otagem) &s ingleses di>emJ eu não sou su2icientemente rico para poder
comprar coisas 6aratas))) E ele tenta explicar docemente ao teimoso procuradorJ
7Dual*uer *ue se/a o ponto de vista te:rico, 2ornecem1se normas suscept-veis, no
2im de contas, de serem consideradas pre/udiciais)148 11 .rocesso do .artido
'ndustrial, p3g) @45) 14 'dem, p3g) @;5) A$DU'.E AB& #E BU AB @45 Iom, como poder3
explicar1se mais claramente o aterrori>ado réuY))) & *ue para n:s é teoria, para
voc0s é sa6otagemX .ois o *ue voc0s *uerem é apanhar as coisas ho/e, sem pensarem
nada no amanhã))) & velho Giodotov tenta explicar onde vão perder1se centenas de
milhares e milh9es de ru6los, devido ao 2renesim selvagem do .lano Duin*uenalJ o
algodão não é seleccionado no lugar da colheita, para *ue se/a enviada a cada
236rica uma determinada *ualidade correspondente , sua designa+ão, sendo tudo
expedido desordenadamente, , mistura))) Fas o procurador não escutaX ?om a
o6stina+ão de uma pedra ele volta ao assunto de> ve>es durante o processo, insiste,
insiste e insiste numa *uestão espectacular, voltando aos dados do pro6lemaJ por*ue
é *ue passaram a construir 7236ricas1pal3cios8, com tectos altos, amplos corredores
e demasiado 6oa ventila+ãoY Acaso não se trata de uma actividade pre/udicialY "ão é
isso imo6ili>a+ão irrevers-vel de capitalXX &s sa6otadores 6urgueses explicam1lhe
*ue o ?omissariado do .ovo *ueria, no pa-s do proletariado, construir para os
oper3rios edi2-cios com amplitude e 6om ar Rportanto no ?omissariado do (ra6alho
tam6ém h3 sa6otadores, tomem notaXS, *ue os médicos exigiam uma caixa de ar de nove
metros de altura, tendo1a Giodotov 6aixado para seis 1 por*ue não para cincoY Eis a
sa6otagemX RFas se a tivesse 6aixado para
*uatro e meio seria, do mesmo modo, uma insolente sa6otagemJ recriar para os livres
oper3rios soviéticos as horr-veis condi+9es das 236ricas capitalistas)S .rocuram
explicar a =rilenAo *ue, relativamente ao custo glo6al de toda a 236rica, com as
suas instala+9es, isso não a2ecta mais do *ue tr0s por cento do custoW mas não, ele
insiste ainda outra ve>, outra ve> e outra ve> so6re essa *uestão da altura do
tectoX E como se atreveram a montar tão potentes ventiladoresY Era a previsão dos
dias mais *uentes de Verão))) E por*u0 para os dias mais *uentesY "os dias mais
*uentes, *ue os oper3rios tomem um 6elo 6anho de vaporX "o meio de tudo issoJ 7As
despropor+9es eram preconce6idas))) Uma torpe organi>a+ão tinha ar*uitectado 6em as
coisas, antes do ?entro dos Engenheiros)8 R(charnovsAiS u 7"ão são necess3rias
*uais*uerbac+9es de sa6otagem)))8 7Iasta levar a ca6o as ac+9es previstas e tudo se
consumar3 por si mesmo)814 Ele mesmo não pode exprimir1se mais claramenteX 'sso
passa1se depois de v3rios meses de u6ianAa e no 6anco dos réus) Iastam as ac+9es
previstas Risto é, ordenadas de ?'FA pelos che2es torpes *ue dirigemS e o plano,
por imposs-vel, desmoronar1se13 por si pr:prio) 3 est3 ela, a sa6otagemJ 7":s t-
nhamos a possi6ilidade de produ>ir, digamos, mil toneladas, mas dev-amos Rem
virtude desse est<pido planoS produ>ir tr0s mil, e não hav-amos adoptado as medidas
necess3rias para essa produ+ão)8 1@ .rocesso do .artido 'ndustrial, p3g) 4C4) 14
'dem, p3g) 4C4) @4Q A$DU'.E AB& #E BU AB .ara um relat:rio o2icial da*ueles anos,
revisto e depurado, concordem *ue não é pouco) =rilenAo a6usa muitas ve>es dos seus
artistas até os levar a uma entoa+ão 2atigada, pelo a6surdo de os o6rigar a moer e
a remoer, *uando /3 sentem vergonha pelo dramaturgo, em6ora tenham de continuar a
desempenhar o seu papel, por um peda+o de vida) =rilenAoJ 1 Est3 de acordoY
GiodotovJ 1 Estou de acordo))) em6ora, no 2undo, não pense)))15 =rilenAoJ 1 ?
on2irma1oY GiodotovJ 1 Galando com propriedade))) em certas passagens))) parece *ue
em geral))) sim)1; .ara os engenheiros Ra*ueles *ue ainda estão em li6erdade, *ue
ainda não 2oram presos, *ue t0m de tra6alhar animosamente depois de um processo *ue
denigre toda a classeS, não existe sa-da) (udo é mau) E mau o sim e é mau o não) E
mau avan+ar e é mau recuar) %e se apressaram, a pressa teve por 2im sa6otarW se não
se apressaram, houve uma rutura do ritmo, com o 2im tam6ém de sa6otar) %e
desenvolveram um ramo da ind<stria com prud0ncia, houve um atraso premeditado e
nocivoW se se su6ordinaram aos caprichos da 2antasia de avan+ar, a despropor+ão 2oi
tam6ém pre/udicial) $epara+9es, melhoramentos, e*uipamentos de) 6aseJ tudo era
imo6ili>a+ão de capitaisW o tra6alho até ao desgaste do material tornava1se uma
ac+ão sa6otadoraX RAcrescente1se *ue os investigadores conhecerão tudo isto através
dos réus, paor meio da priva+ão do sono e do cala6ou+o 1 e voc0s mesmos poderão
2ornecer1me 2actos convincentes de *ue é poss-vel terem praticado actos de
sa6otagem)S 7#01me um exemplo claroX #01me um exemplo claro do seu tra6alho de
sapa8, estimula o impaciente =rilenAo) R#ar1lhe1ão exemplos clarosX ^aver3 alguém
*ue aca6ar3 por escrever a hist:ria da técnica nestes anosX Ele citar3 todos os
exemplos, 6ons ou maus) Ele poder3 avaliar todas as convuls9es histéricas do
vosso .lano Duin*uenal a reali>ar em *uatro anos) %a6eremos então *uanta ri*ue>a e
*uantas energias populares 2oram desperdi+adas em vão) %a6eremos como
`2 15 .rocesso do .artido 'ndustrial, p3g) 445) 1; 'dem, p3g) @5;) A$DU'.E AB& #E
BU AB @49 os melhores pro/ectos 2oram condenados e reali>ados os piores, segundo os
piores métodos) Fas *uando são os guardas1vermelhos15 *ue dirigem os engenheiros
das explora+9es de diamantes, *ue 6om pode sair da*uiY &s diletantes e entusiastas
2a>iam ainda mais desgastes do *ue os che2es torpes)S %im, não é preciso entrar em
pormenores) Duanto mais pormenores se dão, menos as pati2arias arrastam ao
2u>ilamento) Fas, esperem, ainda não é tudoX &s crimes mais importantes ainda estão
por virX Ei1los, ei1los, acess-veis e compreens-veis mesmo a um anal2a6etoXXX &
.artido 'ndustrialJ 1S .reparava uma interven+ão estrangeiraW 4S $ece6ia dinheiro
dos imperialistasW @S Exercia espionagemW 4S (inha distri6u-do as pastas do 2uturo
Boverno) A- est3X E todas as 6ocas se 2echaram) E todos os o6/ectores 2ran>iram as
so6rancelhas) E s: se ouvia o patear das mani2esta+9es e um 6rado atr3s da /anelaJ
7] F&$(EX ] F&$(EX ] F&$(EX8 Fas não é poss-vel dar mais pormenoresY E para *u0Y)))
En2im, est3 6em, s: *ue ser3 ainda mais terr-vel) (odos eram dirigidos pelo
*uartel11general 2ranc0s) A Gran+a Rnão éS não tinha mais com *ue se preocupar, nem
di2iculdades, nem lutas de partidos) Iastava apitar e todas as divis9es se poriam
em marcha para a interven+ãoX .rimeiro, haviam1na marcado para 194Q) Fas não
chegaram a p_r1se de acordo, houve 2alta de coordena+ão) Iom, trans2eriram1na para
19@C) #e novo não se chegou a acordo) Gica então para 19@1) .ropriamente 2alando,
as coisas passar1se1iam assimJ a Gran+a não com6ateria ela mesma, reservando para
si Rcomo pre+o da organi>a+ão geralS uma parte da UcrLnia) A 'nglaterra, ainda
muito menos com6ateria, mas como medida de atemori>a+ão promete enviar uma es*uadra
para o mar "egro e para o I3ltico Rpor isso se lhe dariam o petr:leo do ?3ucasoS)
&s principais com6atentes seria)m, pois, cem mil emigrantes Reles h3 muito *ue
de6andaram, e se separaram, mas 6astava uma apitadela para imediatamente se
reuniremS) #epois, havia a .ol:nia Ra ela davam11lhe metade da UcrLniaS) A $oménia
Rsão conhecidos os seus 6rilhantes 0xitos na .rimeira Buerra Fundial, sendo um
inimigo terr-velS) A et:niaX E a Est:niaX REstes dois pe*uenos pa-ses a6andonariam
gostosamente as preocupa+9es dos seus /ovens regimes e todos em massa se lan+ariam
nas con*uistas)S Fas o mais terr-vel de tudo é a direc+ão do golpe principal) ?omo,
ela é /3 conhecidaY %imX .artir3 da Iessar36ia e, mais adiante, apoiando1se na
margem direita do #niepre, avan+ar3 directamente so6re FoscovoX Q E, nesse momento
2atal, em todas as vias 2érreas)))1Q & autor utili>a no texto a expressão chinesa)
R") dos ()S Essa 2lecha, *uem é *ue a desenhou para =rilenAo no ma+o de cigarrosY
"ão seria J*uele *ue meditou toda a nossa de2esa para o ano de 1941Y))) @@C A$DU'.E
AB& #E BU AB ^aver3 explos9esY "ão, provocar1se1ão engarra2amentosX "as centrais
eléctricas, o .artido 'ndustrial provocar3 tam6ém curto1circuitos, deixando a União
%oviética mergulhada nas trevas, e todas as m3*uinas 2icarão paralisadas, entre
elas as t0xteisX %erão desencadeados actos diversionistas) RAten+ão, acusados,
até , sessão , porta 2echada não devem di>er *uais seriam os actos de sa6otagemX
"em mencionar as 236ricasX "em indicar *uais os pontos geogr32icosX "em mencionar
os apelidos, *uer se/am de estrangeiros, *uer dos nossosXS Acrescentem a isto o
golpe mortal *ue ser3 dado , ind<stria t0xtilX .aralelamente, duas outras unidades
t0xteis serão constru-das na
Iielorr<ssia, para servir de 6ase de apoio aos intervencionistasXa19 #ominando as
236ricas t0xteis, estes arremeterão inexoravelmente so6re FoscovoX Fas eis o
complot mais pér2idoJ eles *ueriam Rnão tiveram tempoS drenar a corrente do =u6an,
os pLntanos de .olessie e o pLntano pr:ximo do lago 'lhmen) VichinsAi pro-6e *ue se
mencionem os lugares exactos, mas uma das testemunhas 6ateu com a l-ngua nos
dentes, a6rindo1se então aos intervencionistas os caminhos mais curtos de modo a
alcan+ar Foscovo sem molhar os pés nem os cascos dos cavalos Rpor*ue é *ue aos
t3rtaros isso tinha sido tão di2-cilY .or*ue é *ue "apoleão 2oi incapa> de atingir
FoscovoY Evidentemente, devido aos pLntanos de .olessie e do 'lhmen) Fas desta ve>
2icar3 a desco6erto a cidade das pedras 6rancasXS Acrescente1se ainda *ue, so6 a
apar0ncia de 236ricas de serra+ão, se constru-ram Rnão se pode mencionar o lugar, é
segredoS hangares para *ue os avi9es dos intervencionistas não 2icassem , chuva)
(am6ém constru-ram Rproi6ido di>er ondeS depend0ncias para os intervencionistasX
R&nde se alo/ariam todos os ocupantes sem domic-lio das guerras anterioresY)))S As
instru+9es para tudo isso rece6iam1nas os réus de misteriosos indiv-duos
estrangeiros, =) e $) Rnão mencionar em nenhum caso os nomes e, en2im, a6ster1se de
indicar a sua nacionalidadeS)4C Ultimamente tinha1se come+ado a 7preparar ac+9es de
trai+ão por parte de certas unidades do Exército Vermelho8 Rnão nomear a armaX, não
nomear as unidadesX, não nomear os apelidosXS) E certo *ue nada disso reali>aram,
mas tinham a inten+ão de agrupar Rem6ora tão1pouco o 2i>essemS, numa institui+ão
central do exército, uma célula de 2inanciadores, constitu-da por antigos o2iciais
do Exército Iranco) RAhX, o Exército IrancoY (omem nota, ordem de prisãoXS ?élulas
de estudantes de esp-rito anti1soviético))) REstudantesY (omem nota, ordem de
prisãoXS R"o entanto, nem tudo o *ue verga *ue6ra) Due os tra6alhadores não 19
.rocesso do .artido 'ndustrial, p3g) @5;) R"ão tro+avam, pilheriavam)S 4C 'dem,
p3g) 4C9) A$DU'.E AB& #E BU AB @@1 esmore+am, pensando *ue tudo agora est3 perdido,
*ue o poder soviético se descuidou) .or outro lado, esclareceu1seJ o pro/ecto era
vasto, mas *uase nada 2i>eram, s: uma ind<stria essencial tinha so2rido perdasXS #e
todas as 2ormas, por*ue é *ue não se reali>ou a interven+ãoY .or causas diversas e
complexas) &ra não 2ora eleito .oincaré em Gran+a, ora os nossos industriais
emigrados consideram *ue as suas antigas empresas ainda não tinham sido
su2icientemente reconstru-das pelos 6olchevi*ues 1deixem *ue os 6olchevi*ues
tra6alhem ainda um poucoX E depois não havia maneira de p_r de acordo a .ol:nia e a
$oménia) Iem, não tinha havido interven+ão, mas houvera um .artido 'ndustrialX
&uvem o patear da multidãoY &uvem o descontentamento das massas tra6alhadorasJ 7]
F&$(EX ] F&$(EX ] F&$(EX8 Ve/am como des2ilam 7a*ueles *ue em caso de guerra terão
de expiar com as suas vidas, as suas priva+9es e os seus so2rimentos, o tra6alho
dessas personagens8)41 RE parece *ue adivinhouJ 2oi precisamente com as suas vidas,
e as suas priva+9es, e os seus so2rimentos, *ue em 1941 essas crédulas massas de
mani2estantes expiaram o tra6alho #E%%A% .E$%&"ABE"%X Fas para onde aponta o seu
dedo, procuradorY Duem aponta com o seu dedoYS "a realidade por*u0 o .artido
'ndustrialY .or*u0 um partido e não um ?entro de (écnicos e de EngenheirosY (-
nhamo1nos acostumado a 2alar de ?entroX ^avia tam6ém um ?entro, sim) Fas decidiram
convert01lo em partido) Era algo de mais s:lido) Assim seria mais 23cil lutar pelas
pastas no 2uturo Boverno) 'sso 7mo6ili>aria as massas de técnicos e de estrangeiros
para a luta pelo .oder8) E contra *uem lutarY .ois, contra os outros partidosX Em
primeiro lugar, contra o .artido ?ampon0s do (ra6alho,
pois este tinha /3 du>entos mil homensX Em segundo lugar, contra o .artido
Fenchevi*ueX Fas então o ?entroY A- est3J os tr0s partidos /untos deviam construir
um centro uni2icado) Fas a B) .) U) desmante ou1o) E ainda 6em *ue 2omos
desmanteladosX R&s réus estão todos satis2eitos)S E lison/eiro para %taline esmagar
tr0s partidosX (r0s 7centros8 teriam acrescentado muito , sua gl:riaX J3 *ue existe
um partido, h3 pois um ?omité ?entralJ sim, o ?omité ?entral delesX E verdade *ue
não houve nunca uma con2er0ncia, *ue nem uma s: ve> se reali>aram elei+9es) Duem
*uis, entrouJ umas cinco pessoas) (odos os mem6ros se tratavam com de2er0ncia) E o
lugar de presidente todos o cediam reciprocamente) (ão1pouco se e2ectuaram sess9es,
*uer do ?omité ?entral Rninguém se lem6ra delas, mas $am>in recorda1se 6em, e
haver3 de mencion31lasS, *uer dos grupos rami2icados) Era tudo até um tanto ou
*uanto despovoado))) (charnovsAiJ 7"ão houve uma organi>a+ão 2ormalmente constitu-
da do .artido 'ndustrial)8 E *uantos mem6ros 41 .rocesso do .artido 'ndustrial, do
discurso de =rilenAo, p3g) 4@5) @@4 A$DU'.E AB& #E BU AB tinhaY aritchevJ 7&
c3lculo dos mem6ros é di2-cil, o total exacto é desconhecido)8 E como reali>avam as
suas ac+9es de sa6otagemY ?omo transmitiam as suas directri>esY .ois 6em, , medida
*ue se encontravam nas administra+9es transmitiam1nas ver6almente) #epois, cada um
2a>ia a sa6otagem con2orme entendia) R$am>in, *uanto a ele, cita com seguran+a dois
mil mem6ros) &nde houver dois, prendem cinco) &ra, em toda a U) $) %) %), segundo
os dados do tri6unal, h3 de trinta a *uarenta mil engenheiros) 'sso signi2ica *ue
de cada sete deterão um e os seis restantes 2icarão assustados)S E os contactos com
o .artido ?ampon0s do (ra6alhoY Encontravam1se no .lano do Estado ou no ?onselho da
Economia "acional de toda a União e 7plani2icavam ac+9es sistem3ticas contra os
comunistas dos campos8 ))) &nde /3 vimos istoY AhX %imX "a Aida) $adamés rece6e
despedidas *uando parte em campanha, ao som das 2an2arras, acompanhado por oito
com6atentes em pé de guerra, com capacetes e lan+as, en*uanto dois mil estão
desenhados num painel de 2undo) & mesmo se passava com o .artido 'ndustrial) Fas
não importa, isso serve, pode representar1seX RAgora mal se pode acreditar como
tudo tomava então a*uele aspecto amea+ador e sério)S E algo *ue se aprende de
mem:ria, , 2or+a de repeti+9es) ?ada epis:dio é retomado v3rias ve>es e assim
multiplicam as horr-2icas vis9es) .ara *ue6rar a monotonia, de repente os réus
7es*uecem1se8 de insigni2icLncias, tentam 7es*uivar1se8, e imediatamente 7são
encostados , parede com depoimentos cru>ados8 e as coisas resultam animadas, como
no (eatro de Arte de Foscovo) (odavia, =rilenAo exagerou) (eve a ideia de destacar
um novo aspecto do .artido 'ndustrialJ de mostrar a sua 6ase social) A*ui estava1se
/3 no terreno da luta de classes, a an3lise não o deixaria 2icar mal, e =rilenAo
a2astou1se do 7sistema8 de %tanislavsAi44, não distri6uiu os papéis, deixando os
actores improvisarJ *ue cada um relatasse a sua vida e *ual a sua atitude desde a
$evolu+ão, mostrando como chegou até , sa6otagem) Este acrescento irre2lectido de
um *uadro humano estragou, dum momento para o outro, todos os cinco actos) A
primeira coisa *ue 2icamos a sa6er, surpreendentemente, é *ue estes tu6ar9es da
intelectualidade 6urguesa são todos, os oito, origin3rios de 2am-lias po6res) Um
2ilho de um campon0s, um 2ilho de um escritur3rio com muitos 2ilhos, um 2ilho de um
pro2essor prim3rio, um 2ilho de um 2erro1velho))) (odos os oito tinham estudado com
pouco
dinheiro, tra6alhando eles mesmos para custear os seus estudos) E a partir de *ue
idadeY A partir dos do>e, tre>e, cator>e anosX Um dando li+9es, outro tra6alhando
14 ?éle6re encenador soviético, director do (eatro de Arte de Foscovo, cu/o
7sistema8 se 6aseava, entre outros aspectos, numa longa série de ensaios
repetitivos) R") dos ()/ A$DU'.E AB& #E BU AB @@@ numa locomotiva))) E eis o mais
monstruosoJ ninguém havia conseguido 6arrar1lhes o caminho para a instru+ãoX (odos
tinham terminado normalmente o ensino secund3rio e depois as escolas técnicas
superiores, passando a ser pro2essores de nomeada) R?omo é isso poss-velY A n:s
tinham1nos dito *ue nos tempos do c>arismo))) s: os 2ilhos dos grandes 2a>endeiros
e dos capitalistas))) &s arm3rios poderão mentirY)))S En*uanto agora, no tempo
soviético, os engenheiros conheciam in<meras di2iculdadesJ *uase lhes era imposs-
vel dar instru+ão superior aos seus 2ilhos Rlem6remo1nos *ue eram 2ilhos de
intelectuais, isto é, da <ltima *ualidadeS) & tri6unal não discute) E =rilenAo
tam6ém não) R&s pr:prios acusados apressam1se a concordar *ue, naturalmente, no
*uadro geral das vit:rias comuns, isso não era importante)S ?ome+amos, pouco a
pouco, a poder distinguir tam6ém os réus Raté a- tinham 2alado de 2orma deveras
parecidaS) A di2eren+a de idade *ue os separa é uma caracter-stica a considerar)
Alguns contam perto de sessenta anos ou maisJ as explica+9es destes suscitam
simpatia) Fas $am>in e arit1chev, de *uarenta e tr0s anos, e &tchAin, de,trinta e
nove Ro mesmo *ue em 1941 denunciou a Administra+ão ?entral de ?om6ust-veisS, são
vivos e imprudentes) (odas as principais provas contra o .artido 'ndustrial e
contra a interven+ão emanam deles) $am>in tinha1se mostrado de tal 2orma vaidoso
R*uando dos seus precoces e desmedidos 0xitosS *ue nos meios da engenharia ninguém
lhe apertava a mãoX Fas ele aguentouX E, no /ulgamento, perce6e as alus9es de
=rilenAo por meias palavras e d31lhe 2ormula+9es precisas) (odas as acusa+9es se
6aseiam na mem:ria de $am>in) E tal o seu autodom-nio e a sua persist0ncia *ue,
e2ectivamente, ele poderia Rpor instru+9es da B).)U), compreende1seS levar a ca6o
conversa+9es em .aris so6re a interven+ão) & caminho de &tchAin tam6ém havia
conhecido o sucessoJ aos vinte e nove anos /3 7tinha go>ado da ilimitada con2ian+a
do ?onselho do (ra6alho e da #e2esa do ?onselho dos ?omiss3rios do .ovo) & mesmo
não se pode di>er do pro2essor (charnovsAi, de sessenta e dois anos de idadeJ
estudantes an:nimos tinham1no in/uriado num /ornal mural e, depois de vinte e tr0s
anos de ensino, convidaram1no a comparecer numa reunião estudantil 7para prestar
contas do seu tra6alho8 Rnão compareceuS) & pro2essor =alinniAov, em 1941,
enca6e+ou uma luta a6erta contra o poder soviéticoX Fais precisamente, uma greve de
pro2essoresX & caso era *ue a Escola %uperior de Estudos (écnicos de Foscovo, ainda
nos anos da reac+ão de %tolipin, tinha con*uistado para si a autonomia académica Ra
escolha do corpo docente, a elei+ão do reitor, etcS) &ra, em 1941, os pro2essores
da Escola (écnica %uperior de Foscovo reelegeram =alinniAov como reitor, por um
novo per-odo, mas isso não agradou ao ?omissariado do .ovo, *ue nomeou o seu)
Entretanto, os pro2essores puseram1se em greve, apoiados pelos estudantes Rainda
não havia verdadeiros estudantes prolet3riosS, e durante todo um ano =alinniAov 2oi
reitor contra a vontade do @@4 A$DU'.E AB& #E BU AB poder soviético) R%: em 1944
aca6ou por ceder e perdeu a sua autonomia, o *ue não se passou, por certo, sem
deten+9es)S Giodotov tinha sessenta e seis anosW pelo tempo *ue /3 tra6alhara como
engenheiro de 236ricas era on>e anos mais velho do *ue o .artido &per3rio
%ocial1#emocrata $usso e
prestara servi+o em todas as 236ricas de tecidos e de 2ia+ão da $<ssia R*ue odiosas
eram estas pessoas, e como dese/avam ver1se livres delas *uanto antesXS Em 19C5,
demitiu1se do lugar de director da 236rica de Foro>ov, prescindindo de um elevado
sal3rio e pre2erindo incorporar1se nos 72unerais vermelhos8, atr3s do 2éretro dos
oper3rios mortos pelos cossacos) Agora é um homem doente, v0 mal de noite, não pode
sair de casa, nem se*uer ir ao teatro) E eram eles *ue preparavam a interven+ãoY A
ru-na econ:micaY (charnovsAi, durante anos consecutivos, não teve uma noite livre,
tão ocupado andava com o ensino e com o lan+amento das novas ci0ncias Rorgani>a+ão
da produ+ão, princ-pios cient-2icos da racionali>a+ão do tra6alhoS) A minha mem:ria
de in2Lncia guarda essa lem6ran+a dos engenheiros1pro2essores da*ueles anos) Era
exactamente assimJ não os deixavam tran*uilos, nem durante a noite, os estudantes
*ue preparavam o seu diploma, *ue ela6oravam pro/ectos, *ue redigiam teses)
$egressavam ao seio da 2am-lia s: l3 pelas on>e) E *ue eram apenas trinta mil em
todo o pa-s, )na época do in-cio do .lano Duin*uenal, e tornavam1se tão
necess3riosX E seriam eles *ue organi>avam a criseY Due 2a>iam espionagem por uma
esmolaY $am>in disse uma 2rase honrada no tri6unalJ 7& caminho da sa6otagem
econ:mica é estranho , estrutura interna do corpo de engenheiros)8 #urante todo
o /ulgamento =rilenAo o6riga os réus a vergar a espinha e a desculparem1 se por
serem 7meio anal2a6etos8, ou mesmo 7completamente anal2a6etos8 em pol-tica) "a
verdade, a pol-tica é muito mais complicada e elevada do *ue o conhecimento dos
metais para produ+ão de tur6inasX A*ui não é a ca6e+a nem a instru+ão *ue contam)
$espondamJ com *ue estado de Lnimo acolheram a $evolu+ão de &utu6roX ?om
cepticismo) 'sto é, com hostilidadeY .or*u0Y .or*u0Y =rilenAo metralha1os com as
suas perguntas te:ricas, e eis *ue através de simples lapsos humanos, , margem do
papel previsto, se nos a6re o n<cleo da verdade, a*uilo *ue %E .A%%&U "A $EA '#A#E,
e a partir do *ual se 2e> inchar toda a 6or6ulha) A primeira coisa *ue os
engenheiros veri2icaram na reviravolta de &utu6ro 2oi a desorgani>a+ão)) RE durante
tr0s anos o *ue houve, e2ectivamente, 2oi s: desorgani>a+ão)S (odos veri2icaram,
além disso, a priva+ão das li6erdades mais elementares) RE estas li6erdades não
voltaram /amais)S ?omo podiam eles "\& DUE$E$ uma rep<6lica democr3ticaY ?omo
podiam os engenheiros aceitar a ditadura dos oper3rios, dos seus auxiliares na
ind<stria, pouco *uali2icados, *ue não compreendiam as leis da produ+ão, nem 2-sica
nem economicamente, o *ue tinham ocupado os postos de A$DU'.E AB& #E BU AB @@5
comando mais importantes pondo1se a dirigir os engenheirosY .or*ue é *ue estes não
deviam considerar como mais natural uma estrutura social em *ue as decis9es 2ossem
tomadas por a*ueles *ue podiam dirigir sensatamente a sua actividadeY R%e se p9e
entre par0ntesis a orienta+ão ética da sociedade T acaso não é para isto *ue ho/e
tende toda a ci6ernética socialY 1, os pol-ticos pro2issionais não representam,
acaso, um a6cesso no pesco+o da sociedade, *ue a impede de 2a>er girar livremente a
ca6e+a e de mexer os 6ra+osYS E por*ue é *ue os engenheiros não podem ter pontos de
vista pol-ticosY "a verdade, a pol-tica não é uma espécie de ci0ncia, mas sim uma
es2era emp-rica, não descrita por *ual*uer aparelho matem3tico e su6metida ainda ao
ego-smo humano e ,s paix9es cegas) R"o tri6unal, (charnovsAi 2oi ao ponto de di>erJ
7A pol-tica, até certo grau, deve dirigir11se segundo os princ-pios da técnica)8 A
pressão selvagem do comunismo de guerra podia causar apenas desgosto aos
engenheiros) Um engenheiro não pode participar em disparates 1 e isso explica *ue,
até
194C, a maioria deles se mantivesse inactiva, apesar de uma miséria digna da idade
das cavernas) Duando se iniciou a "ova Economia .ol-tica, logo os engenheiros
gostosamente se lan+aram ao tra6alhoJ eles encararam a ") E) .) como um sintoma de
*ue o .oder passava a tomar uma atitude ra>o3vel) Fas as condi+9es /3 não eram as
mesmasJ os engenheiros, não s: eram vistos como uma camada socialmente suspeita,
*ue não tinha se*uer o direito de instruir os seus 2ilhos, não s: eram pagos com um
sal3rio incomensuravelmente mais 6aixo do *ue a sua contri6ui+ão para a produ+ão,
como tam6ém se exigia deles *ue assegurassem o sucesso e a disciplina da mesma,
privando1os, ao mesmo tempo, do direito de manter essa disciplina) Agora, *ual*uer
oper3rio pode não apenas deixar de cumprir as decis9es do engenheiro, como tam6ém
o2end01lo e até espanc31lo impunementeJ como representante da classe oper3ria
dirigente, ele ter3, de *ual*uer modo, %EF.$E $AU\&) =rilenAo o6/ectaJ 1 em6ra1se
do processo de &lden6orguerY &u se/a, de como n:s o de2endemos)S GiodotovJ 1
%im) .ara chamar a aten+ão so6re a situa+ão dos engenheiros 2oi preciso *ue ele
desse a vida) =rilenAo RdecepcionadoSJ 1 Iem, a pergunta não era essa) GiodotovJ 1
Forreu e não 2oi o <nico a morrer) %e ele morreu voluntariamente, muitos outros
2oram mortos)4` .rocesso do .artido 'ndustrial, p3g) 44Q) @@; A$DU'.E AB& #E BU AB
=rilenAo cala1se) 'sso signi2ica *ue é verdade) RGolheiem uma ve> mais o processo
de &lden6orguer e tentem imaginar essa persegui+ão) "o 2im de contas, 7muitos
outros 2oram mortos8)S Assim, o engenheiro era culpado de tudo, antes mesmo de ter
cometido *ual*uer 2altaX Fas se realmente se enganasse nalguma coisa, o *ue é
humano, então es*uarte/avam1 no, se os colegas não o protegessem) Acaso eles
apreciam a sinceridadeY "ão ser3 por isso *ue, por ve>es, os engenheiros se v0em
o6rigados a mentir perante a direc+ão do .artidoY .ara resta6elecer a autoridade e
o prest-gio da engenharia, eles necessitavam realmente de se unir e de se guardar
mutuamenteJ com e2eito, todos estão su/eitos , mesma amea+a) Fas para tal união não
era precisa nenhuma con2er0ncia, nenhuma *uoti>a+ão) ?omo se trata sempre de
esta6elecer compreensão entre pessoas inteligentes, *ue pensam claramente, isso
consegue1se com poucas palavras, calmas e mesmo pronunciadas casualmente, sem ser
imprescind-vel vota+ão alguma) #as resolu+9es e do 6ordão do .artido, unicamente
sentem 2alta as mentes limitadas) RE isto *ue nem %tali1 ne nem os /u->es, nem toda
a sua companhia *uerem compreenderX Eles não t0m experi0ncia dessas rela+9es rec-
procas entre os homens, nunca viram disso na hist:ria do .artidoXS Uma tal unidade
h3 muito tempo /3 *ue existe entre os engenheiros russos, neste grande pa-s de
déspotas anal2a6etos, unidade vivida década ap:s década) Ela 2oi notada pelo novo
poder e este alarmou1se) E chegamos a 1945) .ara onde se evaporou a 6ela sensate>
da "ova Economia .ol-ticaY Veri2icou1se *ue a ") E) .) tinha sido apenas um engano
c-nico) Ela6oraram1se pro/ectos desatinados e irreais de um salto
super1rindustrial, anunciaram1se planos e tare2as imposs-veis) "estas condi+9es,
como devia proceder a ra>ão colectiva da engenharia 1 a ca6e+a da engenharia do
.lano do Estado e do ?onselho da Economia .opularY %u6meter1se , dem0nciaY ._r1se
de ladoY Duanto a si mesmos, pouco lhes importavaJ
no papel podiam escrever1se *uais*uer ci2ras, mas 7os nossos camaradas, os *ue
tra6alham na pr3tica, não poderão, de maneira alguma, cumprir essas tare2as8) 'sso
signi2ica *ue era preciso moderar esses planos, regul31los sensatamente e eliminar
pura e simplesmente as tare2as mais excessivas) &s engenheiros podiam ter uma
espécie de .lano do Estado pr:prio, para corrigir as tomarias dos dirigentes 1 e o
mais rid-culo é *ue isso era no interesse destesX Assim como no interesse de toda a
ind<stria e do povo, pois sempre se conseguiria a2astar algumas decis9es ruinosas e
recuperar os milh9es e milh9es derramados e espalhados) "a con2usão geral, em *ue
conta apenas a *uantidade, o plano e o superplano, h3 *ue de2ender a 7*ualidade T
alma da técnica8) E 2ormar assim os estudantes) Eis o 2ino e delicado tecido da
verdade) ?omo ela 2oi) Fas *ue se experimentasse di>er isto em vo> alta, em 19@CX
Era logo o 2u>ilamentoX E para 2uror da multidão isso era pouco, não era vis-vel)
A$DU'.E AB& #E BU AB @@5 E, assim, o complot silencioso da engenharia, salvador
para todo o pa-s, era necess3rio ser pintalgado so6 as cores grosseiras da
sa6otagem e da interven+ão) Assim, enxertada neste *uadroW aparece1nos irreal e
in2ecunda a visão da verdade) 3 se estragou o tra6alho do encenador) Giodotov tinha
/3 2alado das noites sem sono RXS, no decurso de oito meses de deten+ão, e de certo
2uncion3rio da B) .) U), *ue lhe apertara a mão RYS havia pouco tempo Rseria uma
espécie de acordoJ desempenhe 6em o seu papel e a B) .) U) cumprir3 a sua
promessaYS) Agora são /3 as testemunhas, ainda *ue representando um papel
incomensuravelmente menor, *ue come+am a contorcer1se) =rilenAoJ T Voc0 2a> parte
desse grupoY (estemunha =irpotenAoJ T #uas ou tr0s ve>es, *uando se tratava dos
pro6lemas da interven+ão) .recisamente o *ue era necess3rioX =rilenAo
RalentadoramenteSJ T ?ontinueX =irpotenAo RpausaSJ T Além disso, nada mais sei)
=rilenAo incita1o, 231lo recordar) =irpotenAo RtorpementeSJ T Além da interven+ão,
de nada mais tenho conhecimento),44 "a sua acarea+ão com =uprianov, os 2actos /3
não coincidem) =rilenAo >anga1se e grita para os est<pidos presosJ T (0m de 2a>er
com *ue as vossas respostas se/am iguaisX4` Fas, no entreacto, atr3s dos
6astidores, tudo é de novo a/ustado por medida) &s réus estão todos de novo ligados
aos 2ios e cada um aguarda o puxão) =rilenAo puxa de repente os oito duma s: ve>J
imaginem *ue os industriais emigrados pu6licaram um artigo a2irmando *ue não
tiveram conversa+9es algumas com $am>in e aritchev, nem os conhecem de nenhum
7.artido 'ndustrial8, e *ue os depoimentos dos acusados devem, provavelmente,
ter1lhes sido extor*uidos , 2or+a de torturas) Então, *ue di>em voc0s a istoY)))
Feu #eusX ?omo os réus mani2estaram indigna+ãoX Alterando a ordem normal do
processo, eles pedem *ue *uanto antes os deixem exprimir1seX &nde se desvaneceu
a*uela tran*uilidade torturada com a *ual, durante v3rios dias, se re6aixaram a si
mesmos e aos seus colegasY Gervem simplesmente em indigna+ão contra os emigrados)
Ardem no dese/o de 2a>er uma declara+ão escrita para os /ornaisJ uma declara+ão
colectiva dos acusados em de2esa dos métodos da B) .) U)X R"ão acham *ue é uma
6ele>a, algo de 6rilhanteYS $am>inJ 7Due n:s não temos sido su6meti1 44 .rocesso do
.artido 'ndustrial, p3g) @54)
45 'dem, pag) @5Q) @@Q A$DU'.E AB& #E BU AB dos a torturas, nem a maus tratos 1
prova1o su2icientemente a nossa presen+a a*uiX8 R#e 2acto, para *ue serviriam as
torturas, se não os pudessem levar ao tri6unalXS GiodotovJ 7"ão é s: para mim *ue a
prisão tem vantagens) Eu até me sinto melhor na cadeia do *ue em li6erdade)8
&tchAinJ 7E eu, e eu tam6ém me sinto muito melhorX8 Fas, por no6re>a de alma,
=rilenAo e VichinsAi renunciam a essa carta colectiva) &s réus, no entanto,
t01la1iam escritoX E t01la1iam assinadoX Fas talve> ainda lhe restem algumas
d<vidasY Assim, o camarada =rilenAo consagra1 lhes o 6rilho da sua l:gicaJ 7%e
admitirmos, por um segundo *ue se/a, *ue estas pessoas não di>em a verdade, então
por*ue é *ue 2oram presas e por*ue é *ue su6itamente elas come+aram a 2alarY84; E
essa a 2or+a do pensamentoX Em milhares de anos, os acusadores não se aperce6eram
dissoJ o pr:prio 2acto da deten+ão revela /3 culpa6ilidadeX %e os réus não são
culpados, para *u0 então prend01losY Uma ve> *ue 2oram presos, isso signi2ica *ue
são culpadosX E realmenteJ .&$DUE E DUE E E% ?&FEVA$AF A GA A$Y #eixemos de lado a
*uestão das torturasX))) .onhamos o pro6lema psicologicamenteJ por*ue é *ue eles
con2essamY E eu perguntoJ E *ue mais podiam eles 2a>erY41 Due /uste>aX Due
psicologiaX Duem 2oi alguma ve> recluso desta institui+ão *ue se recordeJ *ue mais
podiam 2a>erY))) 'vanov1$a>umniA conta4Q *ue em 19@Q esteve preso com =rilenAo na
mesma cela, em IutirAi, e *ue o lugar *ue a este era destinado 2icava de6aixo das
tarim6as) 'magina1o per2eitamente como se o estivesse a ver Reu mesmo tive de
raste/arSJ ali as tarim6as são tão 6aixas *ue s: de ro/o se pode desli>ar pelo chão
su/o e as2altado, mas um novato não aprende a 2a>01lo imediatamente e anda de
gatas) Ele mete a ca6e+a, mas o traseiro, ar*ueado, 2ica de 2ora, , mostra) ?alculo
*ue seria especialmente di2-cil ao procurador supremo acostumar1se e *ue o seu
traseiro, ainda por adelga+ar, devia so6ressair 6astante, para gl:ria da /usti+a
soviética) .ecador como sou, é com maligna alegria *ue visuali>o esse comprimido
traseiro, e en*uanto 2a+o o longo relato destes processos isso, em certa medida,
acalma1me) 7"ão 2alando /38, continua o procurador, 7*ue, se isso 2or verdade Ras
torturasS, não se compreende o *ue é *ue o6riga todos , uma, sem *uais*uer
a6sten+9es nem desacordos, a reconhec01lo em coro))) %im, onde podem eles reali>ar
essa conspira+ão gigantescaY .ois se não t0m conviv0ncia entre si, durante o tempo
da instaura+ão do processoXYX8 4; .rocesso do .artido 'ndustrial, p3g) 454) 45
'dem, p3g) 454) 4Q 'vanov1$a>umniA, .ris9es e #eporta+9es, Editora (cheAhov)
A$DU'.E AB& #E BU AB @@9 RUmas *uantas p3ginas mais adiante, uma testemunha *ue
2icou viva contar1nos13 onde)))S Agora não sou eu *ue vou explicar ao leitor, mas é
o leitor *ue vai explicar1me, em *ue consiste o tão apregoado 7mistério dos
processos de Foscovo dos anos @C8 Rprimeiro, causou espanto o do .artido
'ndustrial, depois o mistério passou para os processos dos che2es do .artidoS)
.or*ue, en2im, não houve dois mil duplicados, nem 2oram apresentados tre>entos nem
du>entos ao tri6unal, mas apenas oito pessoas) Um coro de oito não é assim tão di2-
cil de dirigir) E =rilenAo podia escolh01los entre milhares, e 201lo durante dois
anos) .altchinsAi não se deixou do6rar 1 2oi 2u>ilado Re postumamente declarado
7dirigente do
.artido 'ndustrial8, segundo re>am os depoimentos, em6ora deles não tenha 2icado
se*uer uma palavrinhaS) #epois, esperavam extrair o *ue precisavam de =hrenniAov)
Este não cedeu) .or isso pu6licaram uma nota em pe*uenos caracteres, uma s: ve>J
7=hrenniAov morreu durante a instaura+ão do processo)8 .ara os idiotas, eles
escreveram isso em min<sculas, mas n:s, *ue sa6emos, escrevemo1lo em letras
mai<sculas e grandes caracteresJ (&$(U$A#& #U$A"(E &% '"(E$$&BA(H$'&%X RGoi tam6ém
declarado, a t-tulo p:stumo, dirigente do .artido 'ndustrial) (er3 havido ao menos
um leve 2eito seu, ao menos uma prova nesse coro geralY "ão, nem a m-nima) .or*ue E
E "\& #EU "EF UFA %HXS E, de repente, eis um achadoJ $am>inX Este tem energiaX Este
tem garraX E, para viver, est3 disposto a tudoX Due talentoX Goi preso em 2ins do
Verão, mesmo antes do in-cio do processo T mas não s: entrou no seu papel, como até
parecia *ue ele mesmo havia composto toda a pe+a, *ue a6rangia todas as matérias
com ela relacionadas e restitu-a tudo /3 tra6alhado, *ual*uer apelido, *ual*uer
2acto *ue 2osse) (inha, por ve>es, o displicente re2inamento de um artista eméritoJ
7A actividade do .artido 'ndustrial era tão rami2icada *ue, mesmo ap:s o décimo
primeiro dia do /ulgamento, não se pudera ainda desco6rir por completo, com
pormenores8 Risto é, procuremX, procurem aindaXS) 7Eu estou 2irmemente convencido
de *ue su6siste ainda uma pe*uena camada intermédia anti1 soviética nos c-rculos de
engenheiros)8 RIich16ich, apanhem1naXS E ele era capa> de tudoJ sa6ia o *ue é um
mistério, *ue o mistério h3 *ue explic31lo artisticamente) 'nsens-vel como um
madeiro, encontrou de repente em si 7os tra+os t-picos do crime russo, *ue exige
para a puri2ica+ão o arrependimento de todo o povo8)49 Em suma, toda a di2iculdade
de =rilenAo e da B).)U) consistia em não $am>in 2oi desmerecidamente omitido pela
mem:ria russa) Eu penso *ue ele mereinteiramente converter1se no tipo negativo do
traidor c-nico e deslum6rante) & 2ogo1de12gala da trai+ãoX "ão era ele *ue
representava essa época, mas aparecia no primeiro plano) @4C A$DU'.E AB& #E BU AB
se enganar na escolha das pessoas) Fas o risco não era grandeJ um erro de
investiga+ão pode ser sempre atirado para a cova) E a*ueles *ue são passados ,
peneira e ao crivo, esses h3 *ue cur31los, aliment31los e apresent31los ao
/ulgamentoX Então onde reside o mistérioY "a maneira de manipul31losY "ada mais
simplesJ voc0s dese/am viverY RA*uele *ue não *uer viver para si mesmo, *uer viver
para os seus 2ilhos, para os seus netos)S "ão compreendem *ue 2u>il31los sem sair
do p3tio da B).)U), não custa a6solutamente nadaY R'ndu6itavelmente *ue é assim) ]
*uele *ue não compreendeu isso, a esse, dar1lhe1emos um curso de morte lenta na
u6ianAa)S Assim, tanto para n:s como para voc0s, o melhor é *ue representem um
certo espect3culo, um texto *ue voc0s mesmos escreverão, como especialistas, e *ue
n:s, procuradores, aprenderemos, tentando recordar os termos técnicos) R"o
processo, =rilenAo con2unde, por ve>es, um eixo de vagão com o lugar de um eixo de
locomotiva)S .ara voc0s ser3 desagrad3vel, vergonhoso, dar , l-ngua, mas é
necess3rio aguentarX Viver é mais preciosoX E *ue garantia temos de *ue depois não
seremos 2u>iladosY .or*ue é *ue nos vingar-amos de voc0sY Voc0s são uns magn-2icos
especialistas e, se não cometerem 2alta alguma, n:s sa6eremos apreci31los) Ve/am
*uantos processos houve de sa6otadoresJ todos os *ue se portaram decentemente,
deix3mo1los vivos) R.erdoar aos réus d:ceis de um /ulgamento anterior, é uma
condi+ão importante para um 2uturo processo) E assim *ue, de elo em elo, esta
esperan+a se vai transmitindo até aos pr:prios Uinoviev e =ameniev)S Fas aten+ãoX
^3 *ue cumprir todas as nossas condi+9es até ao 2imX & /ulgamento deve e2ectuar1se
para 6em da sociedade %ocialistaX
E os réus cumprem todas as condi+9es))) A su6tile>a da oposi+ão intelectual dos
engenheiros assume, na sua 6oca, o aspecto de uma s:rdida sa6otagem premeditada,
acess-vel , compreensão do <ltimo 7li*uidador do anal2a6etismo8) RFas não se 2ala
ainda de vidro mo-do, polvilhado nos pratos dos tra6alhadoresX 'sso ainda não
chegou a ser congeminado pela temperatura)S #epois, vinha a motiva+ão ideol:gica)
%e eles se puseram a causar pre/u->os 2oi por hostilidade de ideias) Fas não o
reconhecem agora unanimementeY E ainda por ra>9es ideol:gicas) Goram su6/ugados
pelo espect3culo ardente dos altos12ornos do terceiro ano do .lano Duin*uenalX "as
suas <ltimas declara+9es eles dese/am e solicitam para si a vida, mas não é isso o
principal para eles) RGiodotovJ 7"ão h3 perdão para n:sX & acusador tem ra>ãoX8S
.ara estes estranhos réus, agora, no limiar da morte, o mais importante é convencer
o povo e o mundo inteiro da in2ali6ilidade e da clarivid0ncia do Boverno soviético)
$am>in, por exemplo, glori2ica 7a consci0ncia revolucion3ria das massas prolet3rias
e dos seus che2es8, os *uais 7sou6eram encontrar caminhos para a pol-tica econ:mica
incomensuravelmente mais /ustos8 do *ue os aos cientistas e calcularam muito mais
certeiramente os ritmos de desenvolvimento da economia nacional) Agora 7eu A$DU'.E
AB& #E BU AB @41 compreendi *ue é necess3rio dar uma arrancada, dar um salto@C, *ue
é preciso tomar de assalto)))8, etc))) aritchevJ 7A União %oviética não ser3
vencida pelo mundo capitalista mori6undo)8 =alinniAovJ 7A ditadura do proletariado
é umanecessidade inevit3vel) &s interesses do povo e os interesses do poder
soviético convergem para um o6/ectivo 2irmemente determinado)8 E, *uanto ao campo,
7é /usta a linha geral do .artido, o ani*uilamento dos AulaAs8) Eles t0m tempo de
maldi>er de tudo, , espera da execu+ão))) E até pela garganta dos intelectuais
arrependidos passam pro2ecias como estaJ 7?om o desenvolvimento da sociedade, a
vida individual ir1se13 estreitando))) A vontade colectiva é a 2orma superior)8@1
Assim, com os es2or+os de inculpa+ão dos oito, 2oram alcan+ados todos os o6/ectivos
do processoJ 1) (odas as de2ici0ncias *ue existem no pa-s, a 2ome, o 2rio, a 2alta
de roupas, a desorgani>a+ão e mais rematadas tonterias 1 tudo isso 2oi atri6u-do
aos engenheiros1 sa6otadoresW 4) & povo 2icou assustado com a iminente interven+ão
e disposto a novos sacri2-ciosW @) &s c-rculos de es*uerda no &cidente 2icaram
advertidos *uanto ,s ma*uina+9es dos seus governosW 4) A solidariedade dos
engenheiros 2oi a6alada, toda a intelectualidade assustada e dividida) E, para *ue
não restassem d<vidas de *ue era este o o6/ectivo do processo, uma ve> mais ele 2oi
proclamado com clare>a por $am>inJ 7Eu *ueria *ue, como resultado do actual
processo do .artido 'ndustrial, so6re o som6rio e vergonhoso passado de toda a
intelectualidade))) 2osse tra+ada uma cru> para sempre)8 @4 "o mesmo sentido se
mani2esta aritchevJ 7Essa casta deve ser destru-da))) "ão h3 nem pode haver
lealdade nos meios da engenhariaX8 @@ E &tchAinJ 7A intelectualidade é algo de
pantanosoW ela não tem, como disse o acusador, coluna verte6ral, carece
a6solutamente de verte6ralidade))) E ihcomensuravelmente mais elevado o ol2acto do
proletariado)8@4 .or*u0, pois, 2u>ilar gente de tão 6oa vontadeY))) Goi isso o *ue
se escreveu durante décadas da hist:ria da nossa @b .rocesso do .artido 'ndustrial,
p3g) 5C4) Eis como se 2alava E"($E "H% em 19@C, *uando Fao era ainda /ovem) b 'dem,
p3g) 51C) @4 'dem, p3g) 49) ab 'dem, p3g) 5CQ)
'dem, p3g) 5C9) "o proletariado, o ol2acto é o essencial por uma ra>ão desconhecida
fhh (udo vem através do nari>) @44 A$DU'.E AB& #E BU AB intelig0ncia 1 desde o
an3tema do ano 4C Ro leitor recorda1seJ 7"ão é o cére6ro da na+ão, mas a merda da
na+ão, a aliada dos generais negros, um agente a soldo do imperialismo)8S até ao
an3tema do ano @C) E acaso de maravilhar *ue a palavra intelig0ncia se tenha
a2irmado, entre n:s, como um insultoY Eis como são montados os processos /udiciais
p<6licos) & pensamento in*uiridor estalinista alcan+ou, 2inalmente, o seu ideal)
R&ra, ora))) ele causa inve/a aos desastrados ^itler e Boe66els, *ue se co6riram de
vergonha com o seu inc0ndio do $eichtag)))S Goi conseguido o standard e agora pode
manter1se por muitos anos e repetir1se pelo menos cada temporada T como dir3 o
.rincipal Encenador) & dese/o desse .rincipal é o de designar o espect3culo
seguinte, para dentro de tr0s meses) &s pra>os para os ensaios são muito apertados,
mas não importa) Ve/a e escuteX Em exclusividade do nosso teatroX EstreiaX cS
.rocesso do Iureau Unido dos Fenc6evi*ues R119 de Far+o de 19@1S) %essão
extraordin3ria do %upremo (ri6unal) .residente, não se sa6e por*u0, ?hverniA) E, em
seguida, todos nos seus lugares, Antonov1%ara1tovsAi, =rilenAo e o seu a/udante
$oguinsAi) A encena+ão est3 segura de si Ro material /3 não é técnico, mas
partid3rio, como 3 ha6itualS e p9e em palco cator>e réus) (udo decorre não s:
suavemente, mas com uma suavidade enervante) Eu tinha então do>e anos, e havia /3
tr0s *ue lia atentamente toda a pol-tica do grande l>vie>tia) %egui linha ap:s
linha os estenogramas destes dois /ulgamentos) J3 no do .artido 'ndustrial o meu
cora+ão in2antil pressentia per2eitamente a irrealidade, a mentira, as manigLncias,
mas a- havia, ao menos, a grandiosidade do cen3rioJ a interven+ão geralX, a
paralisa+ão de toda a ind<striaX, a distri6ui+ão das pastas ministeriaisX "o
/ulgamento dos menchevi*ues tinha1se a mesma decora+ão, mas /3 descolorida, os
actores articulavam as réplicas molemente, e o espect3culo era a6orrecido até aos
6oce/os, tornando1se uma repeti+ão sem talento) RFas acaso %taline poderia
compreender isto através da sua pele de rinoceronteY ?omo explicar *ue ele ha/a
anulado o processo do .artido ?ampon0s do (ra6alho e, durante v3rios anos, não
tenha havido /ulgamentosYS %er3 2astidioso retomar um coment3rio seguido do
estenograma) Fas eu tenho o testemunho recente de um dos principais réus neste
processo, FiAhail .etrovitch, e o seu pedido de rea6ilita+ão, em *ue ele exp9e a
2alsi2ica+ão dos 2actos, chegou agora ,s mãos da nossa salvadora %amisdat, e
sa6e1se /3 como as coisas se passaram)@5 & seu relato explica1nos materialmente
toda a cadeia dos processos de Foscovo dos anos @C) @5 $ecusaram1lhe a
rea6ilita+ão, dado *ue o seu processo entrou nas l3pides de ouro da nossa hist:ria,
e não se pode tirar nenhuma pedra 1 para não se desmoronarX .etrovitch 2ica com
antecedentes penais, mas como consola+ão 2oi1lhe atri6u-da uma re2orma a t-tulo
pessoal, pela sua actividade revolucion3riaX Due monstruosidades não existem entre
n:sX A$DU'.E AB& #E BU AB @4@ ?omo se compunha o inexistente Iureau UnidoY A B) .)
U) tinha uma tare2a 6em planeadaJ demonstrar *ue os menchevi*ues se in2iltraram
ha6ilmente, com 2ins contra1 revolucion3rios, em muitos postos estatais
importantes) A situa+ão real e o es*uema não se coadunavamJ os aut0nticos
menchevi*ues não ocupavam nenhuns postos) Fas esses
não 2a>iam parte do processo) RV) =)) 'Aov, segundo se di>, 2a>ia e2ectivamente
parte do 6ureau clandestino de Foscovo, *ue tinha 2icado tran*uilo e nada 2a>ia,
mas no processo não sou6eram isso e ele passou para segundo plano, apanhando oito
anos de prisão)S A B) U) tinha o seguinte es*uemaJ era preciso *ue houvesse dois do
?onselho da Economia "acional, dois do ?omissariado do .ovo para o ?omércio, dois
do Ianco do Estado, um da União ?entral das ?ooperativas e um do .lano) RA *ue
ponto tudo isso era mon:tono e 2alho de inventivaX J3 no ano 4C tinham prescrito
para o ?entro (3ctico dois da União do $enascimento, dois do ?onselho das
.ersonalidades %ociais, dois do)))S Eis a ra>ão por *ue se recorria ,*ueles cu/a
pro2issão concordava) E se eram na realidade ou não menchevi*ues tudo dependia dos
6oatos) Alguns *ue ca-ram na rede não o eram de *ual*uer modo, mas 2oi1lhes
ordenado *ue se considerassem como tal) &s verdadeiros pontos de vista pol-ticos
dos acusados para nada interessavam , B) .) U) "em todos os condenados se conheciam
entre si) Arre6anharam1se como testemunhas os menchevi*ues *ue se p_de)@; R(odas as
testemunhas apanharam depois, in2alivelmente, a respectiva condena+ão)S Fuito
servi+al e lo*ua>, $am>in 2oi, igualmente, testemunha) Fas a esperan+a da B) .) U)
residia no principal acusado, Vladimir Bustavovitch Broman Rele a/udaria a montar
este caso e, como paga, seria amnistiadoS, e no provocador .etunin) RExponho os
2actos segundo KaAu6ovitch)S Apresentemos agora este KaAu6ovitch) Ele come+ou a sua
actividade revolucion3ria tão cedo *ue não chegou se*uer a terminar o liceu) Em
Far+o de 1915, /3 era presidente do %oviete de #eputados &per3rios, ?amponeses e
%oldados de %molensA) .ossu-do pelas suas convic+9es R*ue o impeliam constantemente
para dianteS, tornou1se um 6om orador) "o ?ongresso da Grente &cidental ele chamou
irre2lectidamente inimigos do povo ,*ueles /ornalistas *ue exortaram o povo a
prosseguir a guerra 1 isto em A6ril de 1915X Duase 2oi retirado da tri6una) Fas
desculpou1se e, com Um deles era =u>ma A) Bvo>diev, homem com um destino amargo)
Esse mesmo Bvo>diev *ue 2oi presidente do grupo oper3rio do ?omité
'ndustrial1Filitar e *ue, por estupide> extrema, 2oi preso pelo Boverno c>arista em
191;, tornando1o a $evolu+ão de Gevereiro inistro do (ra6alho) Bvo>diev 2oi um dos
m3rtires das prolongadas deten+9es BU AB) não sei *uanto tempo esteve preso até
19@C, mas depois desse ano esteve l3 ininterruptamente) E, ainda em 1954, amigos
meus o conheceram no campo de %passAi, no ?asa*uestão) @44 A$DU'.E AB& #E BU AB
continuando o seu discurso, teve tais sa-das e envolveu de tal maneira o audit:rio
*ue no 2inal voltou a chamar1lhes inimigos do povo, /3 então so6 estrondosos
aplausos, sendo eleito mem6ro da delega+ão enviada ao %oviete de .etrogrado) Ali,
logo ao chegar, com a ligeire>a t-pica da*ueles tempos, 2oi indicado para a
comissão militar do %oviete de .etrogrado, tendo in2lu0ncia na nomea+ão dos
comiss3rios de guerra @5 e aca6ando, no 2im de contas, por partir ele pr:prio como
comiss3rio de exército para a 2rente sudoeste) Em Vinitsa deteve pessoalmente
#eniAin Rdepois da su6leva+ão ) de =ornilovS e lamentou muito Rno /ulgamentoS *ue
não o tivessem 2u>ilado ali mesmo) #e olhos claros, sempre muito sincero, sempre
completamente a6sorvido pela sua ideia, /usta ou in/usta, 2a>ia 2igura de muito
/ovem no .artido Fenchevi*ue) E era1o de 2acto) 'sto não o impedia, no entanto, de
propor com ousadia e entusiasmo , direc+ão os seus pro/ectos, como por exemplo
estesJ 2ormar, na .rimavera de 1915, um governo social1 democrata, ou 2a>er aderir
os menchevi*ues, em 1919, , 'nternacional ?omunista) R#an e outros re/eitaram
sistematicamente as suas variantes, com altive>)S Em Julho de 1915 ele so2reu
dolorosamente e considerou como um erro 2atal o 2acto de o %oviete
%ocialista de .etrogrado ter aprovado o apelo dirigido pelo Boverno provis:rio ,s
tropas governamentais para lutarem contra outros socialistas, em6ora estes tivessem
pegado em armas) A seguir , reviravolta de &utu6ro, KaAu6ovitch prop_s ao seu
partido *ue apoiasse inteiramente os 6olchevi*ues e *ue, com a sua participa+ão e
in2lu0ncia, melhorasse o regime estatal criado por eles) Ginalmente, 2oi
amaldi+oado por Fartov e, em 194C, a6andonou de2initivamente os menchevi*ues, ao
convencer1se de *ue era incapa> de 2a>01los in2lectir para a via seguida pelos
6olchevi*ues) Exponho tudo isto em pormenor para tornar claro *ue KaAu6ovitch não
era propriamente um menchevi*ue, mas comportou1se como um 6olchevi*ue durante toda
a $evolu+ão, do modo mais sincero e inteiramente desinteressado) E, em 194C, 2oi
ainda comiss3rio da prov-ncia de %molensA para a recolha de produtos aliment-cios
Rera o <nico dentre eles a não estar inscrito no .artido Iolchevi*ueS, tendo sido
até considerado o melhor pelo ?omissariado do .ovo dos A6astecimentos Rele assegura
*ue não precisou de destacamentos punitivosW não seiW no /ulgamento ele lem6rou
ter1se servido de 6arreiras preventivasS) "os anos 4C, 2oi redactor do Jornal do ?
omércio, tendo ocupado ainda outras 2un+9es de relevo) Duando, em 19@C, segundo o
plano da B) .) U), se teve necessidade de prender precisamente esse género de
menchevi*ues, *ue 7se tinham in2iltrado8, ele 2oi detido) Goi então convocado para
um interrogat:rio por =rilenAo, *ue, como o leitor /3 sa6e pelo passado, punha um
pouco de ordem no caos da investi1 @5 "ão o con2undir com o coronel do estado1maior
KaAu6ovitch, *ue nessas mesmas sess9es representava o Finistério da Buerra) A$DU'.E
AB& #E BU AB @45 ga+ão, ao organi>ar o processo) %ucede *ue am6os se conheciam
per2eitamente, pois na*ueles anos Rentre dois processosS =rilenAo dera um salto ,
prov-ncia de %molensA, para re2or+ar o tra6alho de recolha de produtos aliment-
cios) Eis o *ue lhe disse =rilenAoJ 1 FiAhail .etrovitch, eu sou 2rancoJ
considero1o um comunistaX R'sto in2undiu Lnimo e aprumo a KaAu6ovitch)S "ão duvido
da sua inoc0ncia) Fas é o6riga+ão do .artido, sua e minha, levar a ca6o este
processo) R%taline dava ordens a =rilenAo, mas KaAu6ovitch palpita pela causa, como
um cavalo 2ogoso *ue se apressa ele mesmo a meter a ca6e+a no /ugo)S .e+o1lhe *ue
coopere em tudo, *ue auxilie a investiga+ão) "o tri6unal, em caso de di2iculdade
imprevista, nos momentos cruciais, eu pedirei ao presidente *ue lhe d0 a palavra) E
KaAu6ovitch prometeu) ?om a consci0ncia do seu dever, prometeu) "unca uma tare2a
tão respons3vel lhe tinha sido dada ainda pelo poder soviéticoX #urante a instru+ão
podiam não ter tocado em KaAu6ovitch nem com um dedoX Fas isso era demasiado su6til
para a B) .) U) ?omo aos demais, cou6e1lhe ter de en2rentar
investigadores1carniceiros, *ue lhe aplicaram toda a gamaJ cala6ou+o gelado,
ardente ou hermético, pancadas nos :rgãos genitais) (orturaram1no de tal maneira
*ue KaAu6ovitch e o seu companheiro A6raam Buin>6urg cortaram as veias de
desespero) #epois de se resta6elecerem não os torturaram mais, não os espancaram,
mantiveram11nos apenas duas semanas sem os deixar dormir) RKaAu6ovitch disseJ 7%:
*ueria dormirX J3 não existia nem vergonha, nem honra)))8S E havia ainda as
acarea+9es com outros *ue /3 se renderam, *ue tam6ém empurram a 7con2essar8, a
di>er a6surdos) E o pr:prio comiss3rio RAleAsei AleAsievitch "aciedAinS di>iaJ 7Eu
sei, sei *ue nada disso existiaX Fas exigem isso de n:sX8 ?erta ve>, chamado pelo
investigador, KaAu6ovitch d3 de caras com um preso torturado) & comiss3rio
sorri1seJ 7A*ui tem o .oissei 'ssaievitch (eitel6aum, ele pede1lhe *ue o
admita na sua organi>a+ão anti1soviética) Galem sem mim, , vontade, eu sairei uns
momentos)8 %aiu) (eitel6aum, e2ectivamente, suplica1lheJ 7?amarada KaAu6ovitch,
pe+o1lhe *ue me admita no seu Iureau Unido dos Fenchevi*uesX Acusam1me de estar
bcorrompido por 2irmas estrangeirasb, amea+am1me de 2u>ilamento) Então é melhor
morrer como contra1revolucion3rio do *ue como um criminoso comumX R(er1lhe1iam
prometido *ue, en*uanto contra1revolucion3rio, lhe perdoariamY Ele não se enganouJ
apanhou uma condena+ão in2antil 1 cinco anos)S A pen<ria dos menchevi*ues era de
tal ordem *ue a B) .) U) recrutava acusados dentre os volunt3riosX))) RA (eitel6aum
esperava1o um importante papelJ liga+9es com os menchevi*ues do estrangeiro e com a
%egunda 'nternacionalX Fas, segundo 2icara entendido, levaria cinco anos
honradamente)S ?om a aprova+ão do comiss3rio, KaAu6ovitch admitiu (eitel6aum no
Iureau Unido) @4; A$DU'.E AB& #E BU AB #ias antes do /ulgamento, no ga6inete do
comiss3rio de primeira classe #mitri Fatveievitch #mitriev, 2oi convocada a
primeira sessão da organi>a+ão do Iureau Unido dos Fenchevi*ues, destinada a
porem1se de acordo, de 2orma a *ue cada um compreendesse melhor o seu papel) RE 2oi
assim *ue o ?omité ?entral do .artido 'ndustrial se reuniuX Eis onde os réus
7tinham podido reunir1se8, o *ue deixava perplexo =rilenAo)S Fas havia tanta
mentira misturada, tão di2-cil de meter na ca6e+a, *ue os participantes armaram
con2usão, não assimilaram tudo numa sessão, e reuniram1 se pela segunda ve>) ?om
*ue sentimento a6ordava KaAu6ovitch o processoY #epois de todas as torturas *ue
suportara, depois de todas as mentiras *ue engolira, iria provocar no processo um
escLndalo mundialY FasJ 1S 'sso seria uma punhalada nas costas do poder soviéticoX
'sso seria a nega+ão do o6/ectivo de toda a sua vida, da ra>ão de viver de
KaAu6ovitch, de todo o longo caminho *ue tivera de percorrer para escapar aos erros
do menchevismo e aderir , /uste>a do 6olchevismoW 4S #epois deste escLndalo não o
deixariam morrer, não o 2u>ilariam pura e simplesmente, mas iriam tortur31lo de
novo, e desta ve> por vingan+a, aca6ando por lev31lo , loucura, *uando /3 sem isso
o seu corpo estava su2icientemente marcado) &nde encontraria uma pessoa o apoio
moral para este mart-rio, onde iria 6uscar coragemY RGoi com o som ardente das suas
palavras a ressoar nos meus ouvidos *ue transcrevi os seus argumentos) E raro
recolher como *ue 7postumamente8 as explica+9es de um participante num processo
assim) E eu acho *ue seria a mesma coisa se IuAharine ou $iAov nos revelassem o
motivo da misteriosa su6missão no seu processoJ a mesma sinceridade, a mesma
devo+ão ao .artido, a mesma 2ra*ue>a humana, a mesma aus0ncia de apoio moral para a
luta, devido a não terem uma posi+ão independente)S E, durante o /ulgamento,
KaAu6ovitch não se cansou de repetir su6missamente todas as med-ocres mentiras
ruminadasJ acima disso não se elevava a imagina+ão nem de %taline, nem dos seus
aprendi>es, nem dos martiri>ados réus) $epresentou o melhor *ue p_de o seu papel,
con2orme prometera a =rilenAo) A chamada delega+ão dos menchevi*ues no estrangeiro
Ressencialmente toda a nata do seu ?omité ?entralS pu6licou no Vorjarts@; um artigo
dessolidari>ando1se dos acusados) Ela escrevia *ue se tratava de uma vergonhosa
comédia /udicial, estruturada com depoimentos de provocadores e de in2eli>es réus,
2or+ados pelo terror) A maioria esmagadora dos acusados h3 mais de de> anos *ue
a6andonara o partido, sem nunca a ele ter regressado) E o mais rid-culo eram as
grandes *uantias *ue 2iguravam no /ulgamento 1 somas de *ue nunca o partido disp_s)
Hrgão do .artido %ocial1#emocrata Alemão) R") dos ()S A$DU'.E AB& #E BU AB @45
(endo lido o artigo, =rilenAo pediu , ?hverniA *ue o comunicasse aos réus, para
estes 2a>erem uma declara+ão Rtratava1se do mesmo esticão, com todos os 2ios de uma
s: ve>, , imagem do processo do .artido 'ndustrialS) E todos intervieram) E todos
de2enderam os métodos da B) .) U), contra o ?omité ?entral menchevi*ue))) Fas *ual
é a recorda+ão *ue KaAu6ovitch conserva da sua 7resposta8, do seu <ltimo discursoY
Due não se limitou a 2alar segundo o *ue tinha prometido a =rilenAo, *ue não se
levantou pura e simplesmente, mas *ue saltou como uma mola, rtuma torrente de
irrita+ão e elo*u0ncia) 'rrita+ão contra *uemY (endo conhecido as torturas, tendo
cortado as veias, estando por mais de uma ve> a pontos de morrer, indignava1se
agora sinceramente, não contra o procurador nem contra a B) .) U) T nãoX T, mas
contra a delega+ão no estrangeiroXXX (ratava1se de uma reviravolta do eixo
psicol:gicoX ?om seguran+a e com con2orto Ra emigra+ão, mesmo po6re, constitui
naturalmente um con2orto, em compara+ão com a u6ianAaS, essa gente desavergonhada e
satis2eita, como podia não sentir pena dos de c3, pelos seus mart-rios e
so2rimentosY ?omo podia assim, insolentemente, renegar a entregar os desgra+ados ao
seu destinoY REra uma resposta 2orte, e os *ue tinham 2or/ado o processo 2este/avam
o seu triun2o)S Fesmo relatando isso em 19;5, KaAu6ovitch treme de indigna+ão
contra a delega+ão no estrangeiro, contra a sua deser+ão, contra a sua ren<ncia,
contra a sua trai+ão , revolu+ão socialista, como /3 censurava os menchevi*ues em
1915) Entretanto, não se conhecia então o estenograma do /ulgamento) Fais tarde, eu
consegui1o e surpreendi1meJ a mem:ria de KaAu6ovitch, tão exacta, conservava todas
as insigni2icLncias, todas as datas e todos os nomes, mas neste pormenor tinha
2alhadoJ ele dissera no /ulgamento *ue a delega+ão no estrangeiro, por incum60ncia
da '' 'nternacional %ocialista, lhes dava instru+9es para sa6otarX 1 e agora /3 não
se lem6ra) &s menchevi*ues no estrangeiro não tinham escrito um artigo
desavergonhado nem satis2eitoW eles AFE"(AVAF /ustamente as desgra+adas v-timas do
processo, mas indicavam *ue havia /3 muito tempo *ue eles não eram menchevi*ues 1 o
*ue correspondia , verdade) ?ontra *uem é *ue se encoleri>ava, de modo tão duro e
sincero, KaAu6ovitchY E como é *ue os menchevi*ues do estrangeiro podiam "i& deixar
os processados entregues ao seu destinoY ":s temos tend0ncia para revoltar1nos
contra a*ueles *ue são mais 2racos, contra os *ue não podem responder) 'sto é
pr:prio do homem) E os argumentos dados revelam, muito a prop:sito, *ue temos
ra>ão) =rilenAo disse, no discurso de acusa+ão, *ue KaAu6ovitch era um 2an3tico de
ideias contra1revolucion3rias e *ue por isso re*ueria para ele 1 o 2u>ilamentoX E
KaAu6ovitch não s: sentia nesse dia l3grimas de agradecimento nos olhos, como ainda
ho/e, tendo1se arrastado por muitos campos e celas de @4Q A$DU'.E AB& #E BU AB
isolamento, est3 agradecido a =rilenAo por ele não o ter humilhado, não o ter
insultado, não o ter ridiculari>ado no 6anco dos réus, mas ter1lhe com /usti+a
chamado 2an3tico Rem6ora de uma ideia opostaS, exigindo simples e honradamente o
2u>ilamento, *ue punha termo a todos os seus so2rimentosX #e resto, na sua <ltima
declara+ão, KaAu6ovitch não deixou de anuirJ 7&s crimes de *ue me reconheci culpado
Rele d3 um grande signi2icado a esta 2eli> expressão de *ue me reconheci culpado) A
6om entendedorJ *ue não cometiXS são dignos do castigo m3ximo e eu não pe+o
indulg0nciaX "ão pe+o *ue me deixem com vidaX8 RAo lado, no 6anco
dos réus, Broman so16ressaltou1seJ 7Voc0 enlou*ueceuX Voc0 não tem o direito de
2a>er isso, tomando em conta os camaradasX8S ?oncordemos, não 2oi isto um achado
para a .rocuradoriaY Acaso não 2icam assim totalmente explicados os processos dos
anos 19@;119@QY "ão teria sido este processo *ue 2e> %taline pensar *ue os seus
principais inimigos eram charlat9es e *ue ele podia manipul31los completamente,
organi>ando o mesmo género de espect3culosY Due me perdoe o indulgente leitorX Até
ao momento, 2i> correr intrepidamente a minha pena) "ão se me encolhia o cora+ão e
desli>3vamos despreocupadamente, por*ue durante todos estes *uin>e anos est3vamos
so6 a égide, *uer da legalidade revolucion3ria, *uer da revolucionari>a+ão da
legalidade) Fas da*ui por diante tudo se tomar3 para n:s dolorosoJ como o leitor se
lem6rar3, e como nos explicaram de>enas de ve>es, a come+ar por =ruchtchev,
7aproximadamente a partir de 19@4 come+ou1se a violar as normas leninistas da
legalidade8) E como é *ue a6ordaremos agora este p-ncaro das ilegalidadesY ?omo é
*ue nos arrastaremos agora por este amargo caminhoY A 2alar verdade, pela
cele6ridade dos nomes desses réus, os dos processos seguintes, os /u->es viram
concentrados so6re eles os olhares de todo o mundo) "ão se distraiu deles a
aten+ão, so6re eles se escrevia, se 2a>iam coment3rios) E haveriam de 2a>er) Duanto
a n:s, vamos re2erir1nos apenas aos seus enigmas) ^ouve uma pe*uena discrepLnciaJ o
conte<do das actas estenogra2adas, *ue 2oram pu6licadas, não coincidia plenamente
com o *ue tinha sido dito nos /ulgamentos) Um escritor autori>ado a assistir aos
processos, entre o p<6lico seleccionado, tomou apontamentos r3pidos e aperce6eu1se
depois destas incongru0ncias) (odos os correspondentes notaram o incidente com
=restinsAi, *uando se tornou necess3rio suspender a audi0ncia para a/ustar os
depoimentos 2eitos) REu imagino assim as coisasJ antes do processo 2oi ela6orado um
registo para os casos de erroJ primeira coluna 1nome do réuW segunda coluna 1 *ue
medida adoptar durante a suspensão da audi0ncia, se no decurso do /ulgamento ele se
desvia do textoW terceira coluna 1 apelido do tche*uista respons3vel por essa
medida) E se =restinsAi A$DU'.E AB& #E BU AB @49 su6itamente se em6rulhar, então /3
se sa6e *uem tem de lhe acudir e o *ue 2a>er)S Fas as inexactid9es dos estenogramas
em nada mudam nem desculpam o *uadro) & mundo assistiu surpreendido a tr0s pe+as
seguidas, a tr0s espect3culos longos e car-ssimos, em *ue os grandes che2es do
auda> comunista, *ue tinha su6vertido e aterrori>ado o mundo inteiro, se
apresentavam agora como carneiros desanimados e su6missos, *ue davam todos os
6alidos *ue se lhes havia ordenado, vomitavam tudo so6re si mesmos e se re6aixavam
servilmente, a si e ,s suas convic+9es, reconhecendo crimes *ue de 2orma alguma
podiam ter cometido) "unca se vira na hist:ria nada de igual) Era 2lagrante o
contraste com o recente /ulgamento de #imitrov, em eip>ig) Este respondia rugindo
como um leão aos /u->es na>is, mas, a*ui, os seus camaradas, oriundos da mesma
coorte in2lex-vel, perante a *ual todo o mundo tremia T e até os maiores dentre
eles, os mem6ros da chamada 7guarda leninista8 1, apre1sentavam1se diante do
tri6unal a mi/ar1se pelas pernas a 6aixo) E, em6ora até ao momento muitas coisas se
tenham aclarado Re com especial acerto por Arthur =oestlerS@9, o enigma continua a
ser a6ordado com am6iguidade) Galou1se acerca de uma po+ão do (i6ete *ue privava um
homem da sua vontade, e tam6ém do uso da hipnose) (udo isso, *uer esclare+a ou não,
não vale a pena re2ut31loJ se a ") =) V) #) dispunha de tais meios, não se
compreende DUE "&$FA% F&$A'% a podiam impedir de recorrer a eles) .or*ue não
de6ilitar e eclipsar a vontade dos acusadosY E not:rio *ue ' nos anos 4C houve
céle6res hipnoti>adores *ue a6andonaram a sua carreira e passaram ao servi+o da
B) .) U) E sa6e1se, com toda a certe>a, *ue nos anos @C, so6 os ausp-cios da ") =)
V) #), existia uma escola de hipnotismo) A esposa de =ameniev, numa visita *ue lhe
2e> antes do /ulgamento, encontrou1o prostrado, não parecendo o mesmo) 7Ela teve
ainda tempo de comunicar isso, antes de ter sido presa)8 F Fas por*ue é *ue
.altchinsAi ou =hrenniAov não 2oram vergados pela po+ão do (i6ete ou pelo
hipnotismoY I "ão h3 *ue encontrar uma explica+ão mais elevada T uma explica+ão
psicol:gicaY I ?ausa perplexidade, so6retudo, por se tratar de velhos
revolucion3rios I) *ue não tremeram nas pris9es c>aristas, o 2acto de eles serem
com6atentes temperados, , prova de 2ogo) Fas a*ui havia um simples erro) J3 não se
tratava desses mesmos velhos revolucion3rios) Uma tal gl:ria tinham1na I rece6ido
em heran+a, por a2inidade com os populistas, com os socialistas I revolucion3rios e
com os anar*uistas) Esses lan+adores de 6om6as e @5C A$DU'.E AB& #E BU AB
conspiradores conheceram a deporta+ão com grilhetas, so2reram condena+9es, mas a
aut0ntica e inexor3vel instru+ão nunca sou6eram o *ue ela era) R.or*ue na $<ssia,
em geral, ela não existia)S "ão conheciam nem os interrogat:rios nem as
condena+9es) 7"enhuma cLmara especial de torturas8, nenhuma %acalina, nenhuma
deporta+ão especial para KaAutia, atingiu os 6olchevi*ues) %a6e1se, acerca de
#>er/insAi, *ue a ele cou6eram as penas mais pesadas e *ue passou toda a vida na
prisão) Fas, segundo os nossos actuais critérios, ele cumpriu apenas de> anos, de>
anos normaisJ como nos nossos tempos *ual*uer AolAho>ianoW é verdade *ue esses de>
anos englo6avam tr0s numa central de tra6alhos 2or+ados, o *ue tam6ém não é coisa
excepcional) &s che2es do .artido, *ue vimos nos /ulgamentos dos anos de @; a @Q,
ostentavam no seu passado revolucion3rio deten+9es curtas e leves, deporta+9es
pouco prolongadas, e nem se*uer cheiraram os tra6alhos 2or+ados) IuAharine tinha
so2rido muitas pris9es 6reves, um tanto divertidasW pelos vistos, ele não esteve
se*uer um ano seguido no mesmo s-tio, e s: se alongou mais na deporta+ão no
&nega4C) =ameniev, com todo o seu longo tra6alho de agita+ão e de viagens por todas
as cidades da $<ssia, esteve dois anos preso, 6em como ano e meio na deporta+ão)
Agora, os nossos /ovens de de>asseis anos apanhavam, de uma s: ve>, ?'"?&)
Uinoviev, é rid-culo di>01lo, "\& E%(EVE .$E%& "EF ($n% FE%E%X "ão teve "EF UFA
["'?A ?&"#E"AV\&X Em compara+ão com os ind-genas vulgares do nosso Ar*uipélago eram
umas crian+as de peito, não sa6iam o *ue eram os c3rceres) $iAov e ') ") %mirnov
2oram presos v3rias ve>es, passaram na cadeia cinco anos cada um, mas, de certo
modo, 2oi algo de ligeiro e evadiram1se de todas as deporta+9es sem di2iculdade,
sendo amnistiadosW até , sua deten+ão na u6ianAa, eles não 2a>iam se*uer uma ideia
do *ue era uma verdadeira prisão, nem do *ue eram as tena>es de uma investiga+ão
in-*ua) "ão existem 2undamentos para supor *ue, se tivesse sido apanhado no meio
destas tena>es, (rotsAi se portasse com mais 2irme>aW não havia motivo para isso)
Ele tinha conhecido tam6ém exclusivamente deten+9es 23ceis, sem ser su6metido a
interrogat:rios a sério, cumprindo dois anos de deporta+ão em Ust1=ut) A severidade
de (rotsAi, como presidente dos tri6unais militares revolucion3rios, 2oi 23cil para
ele ad*uiri1la, e não é prova de uma aut0ntica 2irme>aJ a*uele *ue ordenou in<meros
2u>ilamentos, pode
deixar1se ir a 6aixo , ideia da sua pr:pria morteX REstes dois tipos de 2irme>a não
estão mutuamente ligados)S E $adeA era um provocador Rmas não 2oi o <nico, nestes
tr0s processosSX 'agoda, *uanto a ele, era um criminoso declarado) 4C (odos os
dados a*ui citados são extra-dos do tomo 41 do #icion3rio Enciclopédico Branai,
onde estão coligidas auto6iogra2ias ou cr:nicas 6iogr32icas 2idedignas de
dirigentes do .artido ?omunista $usso R6olchevi*ueS) A$DU'.E AB& #E BU AB @51 REste
assassino de milh9es de homens não podia admitir *ue o assassino1mor não al6ergasse
no seu cora+ão um sentimento de solidariedade, nos seus <ltimos momentos) ?omo se
%taline estivesse sentado ali na sala, 'agoda, com seguran+a e insist0ncia,
pedia1lhe piedade a ele directamenteJ 7#iri/o1lhe um apeloX Eu constru- para %'
dois grandes canaisX)))8 E alguém *ue ali se encontrava nesse instante conta *ue,
por detr3s de uma /anelinha do segundo andar, segundo parece na penum6ra de uma
cortina de musselina, se acendeu um 2:s2oro nas trevas, aperce6endo1se a 2orma de
um cachim6o) Duem esteve alguma ve> em IaAhtchissarai recorda1se talve> desta
2antasia oriental) "a sala de sess9es do ?onselho de Estado, ao n-vel do segundo
andar, h3 umas /anelas 2echadas com 2olhas1de12landres, *ue t0m pe*uenos ori2-cios,
e por detr3s delas uma galeria não iluminada) #a sala nunca se pode adivinhar se h3
ali alguém ou não) & cã é invis-vel e o ?onselho re<ne1se sempre como se ele
estivesse presente) #ado o pronunciado car3cter oriental de %taline, acredito
piamente *ue ele seguisse as comédias desde a %ala de &utu6ro) "ão posso admitir
*ue ele se privasse desse espect3culo, desse pra>er)S Assim, toda a perplexidade
deriva unicamente da cren+a na singularidade destes homens) "a verdade, se
esta6elecermos uma compara+ão com os actos correntes do comum dos cidadãos, não h3
para n:s nenhum enigma no 2acto de eles di>erem tão mal uns dos outros) 'sto
parece1nos compreens-velJ o homem é 2raco, as pessoas vão1se a 6aixo) Fas
IuAharine, Uinoviev, =ameniev, .iataAov, e ') ") %mirnov, eram considerados de
antemão como super1homens e da- a nossa perplexidade) E certo *ue aos encenadores
parece ter sido neste caso mais di2-cil escolher os intérpretes do *ue nos
anteriores processos dos engenheirosJ ali eles tinham *uarenta 2igurantes por onde
escolher, e a*ui a companhia teatral é pe*uena, os principais intérpretes são
conhecidos de todos, e o p<6lico dese/a *ue se/am eles mesmos a representar) Fas,
de *ual*uer maneira, havia uma selec+ãoX &s mais clarividentes e decididos dos
condenados não se entregaram de mãos atadas, suicidando11se antes da deten+ão R
%AripuniA, (omsAi, BamarniAS) %: se deixavam agarrar os *ue *ueriam viver) E de
todo a*uele *ue *uer viver pode 2a>er1se hgato sapato))) Fas houve mesmo alguns
deles *ue se comportaram nos interrogat:rios de 2orma contr3ria, *ue recuperaram,
resistiram e morreram em sil0ncio, mas sem opr:6rio) Goi por isso *ue não levaram a
/ulgamento $ud>utaA, .ostichiev, EnuAid>e, (chu6ar, =ossior e o pr:prio =rilenAo,
em6ora os seus nomes pudessem ter adornado esses processos) %: levaram os mais
male3veisX ^ouve, apesar de tudo, uma escolha) A selec+ão 2oi limitada, mas, em
compensa+ão, o Encenador dos grandes 6igodes conhecia 6em cada um) Ele sa6ia tam6ém
*ue, em geral, eram todos 2rouxos e conhecia as de6ilidades respectivas) E nisto
ele tinha um tene6roso mérito, 2ora do vulgar, *ue lhe servia de orienta+ão
psicol:gica para conseguir 0xitos na sua vidaJ tomar em conta @54 A$DU'.E AB& #E BU
AB as 2ra*ue>as humanas, ao n-vel mais 6aixo da vida *uotidiana)
E a*uele *ue, , distLncia, nos aparece como o mais inteligente e o mais l<cido
dentre os che2es di2amados e 2u>ilados Ra *uem =oestler consagrou o seu talentoso
estudoS, ") 1) IuAharine, tam6ém esse o tratou %taline como um homem ao rés da
terra, penetrando a sua psicologia e mantendo1o durante longo tempo nas garras da
morte, a 6rincar como o gato com o rato, numa aparente li6erdade) IuAharine
redigiu, desde a primeira , <ltima palavra, toda a ?onstitui+ão vigente Rmelhor
dito, não vigenteS, uma ?onstitui+ão apenas para ingl0s ver) "a estratos2era ele
tinha a impressão de voar livremente, e pensava *ue havia derrotado =o6a41J
impingira1lhe essa constitui+ão *ue o o6rigaria a suavi>ar a ditadura) Fas ele
pr:prio /3 estava no papo) IuAharine não gostava de =ameniev e de Uinoviev, e logo
*uando os processaram pela primeira ve>, depois do assass-nio de =irov, disse aos
seus -ntimosW 7& *u0Y E gente capa> disso))) (alve> tenha havido algo)))8 REra a
2orma cl3ssica do homem comum,da*ueles anosJ 7Alguma coisa, certamente, deve ter
havido))) "ão se prende ninguém sem motivo, no nosso pa-s)8 'sto disse1o em 19@5 o
primeiro te:rico do .artidoX)))S #urante o segundo processo de =ameniev, no Verão
de 19@;, ele andava , ca+a em (ianchan, sem nada sa6er) #escendo das montanhas ,
cidade de Grun>e, leu a not-cia dos dois 2u>ilamentos e os artigos dos /ornais,
pelos *uais se via *ue tinham sido apresentadas provas ani*uiladoras contra
IuAharine) (entou acaso evitar essa execu+ãoY Ge> acaso um apelo ao .artido
denunciando a*uela monstruosidadeY "ão, somente enviou um telegrama a =o6a,
pedindo1lhe *ue adiasse o 2u>ilamento de =ameniev e de Uinoviev, para ter tempo de
ser acareado com eles e /usti2icar1se) Era tardeX %e =o6a estava /3 na posse de
su2icientes documentos, para *ue *ueria ele uma acarea+ão em carne e ossoY
Entretanto, passou muito tempo sem *ue IuAharine 2osse preso) Ele perdeu o seu
lugar no /ornal '>vie>tia, deixando de ter *ual*uer actividade, *ual*uer posto
no .artido 1 e viveu ainda no seu apartamento do =remlin Ro pal3cio de $ecreio
de .edro 1S, durante meio ano, como numa prisão) R#e resto, *uando 2oi , sua 3atcha
no &utono, as sentinelas do =remlin 2i>eram1lhe a contin0ncia como se nada
ocorresse)S J3 ninguém o visitava nem o chamava pelo tele2one) E todos esses meses
ele escrevia in2atigavelmente cartasJ 7Duerido =o6aX))) Duerido =o6aX))) Duerido
=o6aX)))8, 2icando sempre sem resposta) .rocurava esta6elecer, mesmo então, um
contacto cordial com %talineX Fas o *uerido =o6a, olhando de soslaio, /3 2i>era os
ensaios) (ivera tempo, durante muitos anos, de tirar a prova e sa6ia *ue
IuAhartchiA de1 41 .seud:nimo de %taline na clandestinidade) R") dos ()S A$DU'.E
AB& #E BU AB @5@ desempenharia o seu papel magni2icamente) ?om e2eito, ele renegara
os seus disc-pulos e partid3rios presos e deportados Rpouco numerosos, ali3sS,
suportando o seu exterm-nio44) Ele deixara esmagar e denegrir as suas ideias, antes
mesmo de terem vindo , lu> e amadurecido devidamente) E *uando ainda era
redactor1principal do /ornal '>vie>tia e mem6ro do Iureau .ol-tico do .artido,
tinha permitido, como se 2osse legal, o 2u>ilamento de =a1meniev e de Uinoviev) "ão
se ergueu contra isso, nem em vo> alta, nem se*uer a meia vo>) "ão 2a>ia mais *ue
ensaiar o seu papelX Fas antes disso, h3 /3 muito tempo, *uando %taline amea+ava
exclu-lo do .artido Ra cada um a sua ve>S, IuAharine, como todos os outros,
renunciara aos seus pontos de vista, s: para permanecer dentro do .artidoX
(ratava1se de ensaios para esse papelX %e todos se condu>em assim em li6erdade,
ainda no cume das honrarias e do .oder, o *ue ser3 *uando os seus corpos, a sua
comida e o seu sono estiverem nas mãos dos carrascos da u6ianAa) %u6meter1se1ão sem
pestane/ar aa texto do drama)
"os meses *ue precederam a deten+ão, *ual 2oi o maior receio de IuAharineY %a6e1se
de 2onte 2idedigna *ue 2oi o de ser exclu-do do .artidoX #e ver1se privado do
.artidoX #e 2icar vivo, mas 2ora do .artidoX E nesta sua corda sens-vel Rde todos
elesS /ogava esplendidamente o *uerido =o6a, desde o momento em *ue ele pr:prio se
tinha convertido no .artido) IuAharine não possu-a Rnenhum deles possu-aS o seu
.&"(& #E V'%(A '"#E.E"#E"(EW nenhum de2endia realmente uma ideologia oposicionista,
na *ual pudessem autonomi>ar1se, a2irmar1se) %taline havia1os denunciado como
opositores, antes de eles terem passado a s01lo, e assim privou1os de todo e
*ual*uer poder) E todos os seus es2or+os passaram a ser dirigidos no sentido de se
manterem no .artido) E, so6retudo, de não o pre/udicaremX Eram demasiadas
exig0ncias para poderem ser independentesX A IuAharine tinha sido destinado,
2undamentalmente, o papel principal, e nada devia ser estragado, nem posto de
parte, no tra6alho do Encenador relativamente a ele, no tra6alho do tempo so6re
ele, 6em como na sua pr:pria adapta+ão ao papel) Fesmo o seu envio , Europa, no
<ltimo 'nverno, para recolher manuscritos de Farx, não era apenas uma necessidade
exterior a 2im de esta6elecer uma rede de acusa+9es pelas liga+9es mantidasW a
li6erdade desinteressada da sua viagem indicava, ainda mais irrecusavelmente e de
antemão, o seu regresso , cena principal) E agora, o negrume das acusa+9es 1 a
prolongada e intermin3vel não deten+ão, a extenuante ang<stia *ue o cercava em casa
1 destru-a melhor ainda a vontade da v-tima do *ue as press9es directas da u6ianAa)
REste não escapar3, apanhar3 tam6ém um ano)S ?erta ve>, IuAharine 2oi chamado por
=aganovitch, *ue, na presen+a 44 %: de2endeu E2im (seitlin e não por muito tempo)
@54 A$DU'.E AB& #E BU AB de importantes tche*uistas, organi>ou uma acarea+ão com
%oAolniAov) Este dep_s acerca do 7centro paralelo da direita8 Rentenda1seJ paralelo
ao ?entro (rots*uistaS e da actividade clandestina de IuAharine) =aganovitch
condu>iu o interrogat:rio energicamente, depois ordenou *ue levassem %oAolniAov e
amistosamente disse a IuAharineJ 7Ele mente em tudo, o devassoX8 Entretanto, os
/ornais continuaram a noticiar a indigna+ão das massas) IuAharine tele2onava ao ?
omité ?entral) IuAharine escrevia cartas, 7Duerido =o6aX))8, pedindo *ue lhe
retirassem pu6licamente as acusa+9es) Então, 2oi pu6licado pela .rocuradoria um
vago comunicadoJ 7Duanto , acusa+ão contra IuAharine, não se acharam provas
o6/ectivas)8 $adeA tele2onou1lhe no &utono, mani2estando o dese/o de encontrar11se
com ele) IuAharine recusouJ am6os somos acusados, para *ue atrair uma nova som6raY
Fas as suas datchas, do '>vie>tia, 2icavam uma ao lado da outra, e $adeA, certa
noite, 2oi l3J 7#iga eu o *ue disser, *uero *ue sai6as *ue não sou culpado da nada)
Além do mais, tu ser3s poupadoJ não estavas ligado aos trots*uistas)8 E IuAharine
acreditava *ue 2icaria vivo, *ue não o excluiriam do .artido 1 isso seria
monstruosoX Duanto aos trots*uistas, de 2acto, ele sempre se deu mal com elesJ
a2astaram1se do .artido e o *ue sucedeuY & *ue é necess3rio é manter1se a unidade,
se se cometem erros, cometem1se /untos) "a mani2esta+ão de "ovem6ro Ra sua
despedida da .ra+a VermelhaS, ele e a mulher tomaram lugar na tri6una dos
convidados com um passe da redac+ão do '>vie>tia) #e repente, dirigiu1se a eles um
soldado vermelho armado) (eve um pressentimentoX 7A*ui mesmoY "este
instanteY8 )))"ão, ele 2e>1lhe a contin0nciaJ 7& camarada %taline surpreende1se por
v01los a*uiX E pede1lhes *ue ocupem o vosso lugar na tri6una do Fausoléu)8
Assim, alternaram o duche escoc0s, durante meio ano) Em 5 de #e>em6ro 2oi aprovada
com /<6ilo a ?onstitui+ão de IuAharine, tendo sido denominada para sempre como
estalinista) .iatoAov 2oi Jevado ao plen3rio de #e>em6ro do ?omité ?entral com os
dentes partidos, e era /3 uma caricatura de si mesmo) Atr3s dele estavam postados
mudos tche*uistas Rde 'ago1da, pois 'agoda tam6ém se treinava e se preparava para o
papelS) .iatoAov 2e> depoimentos in2ames contra IuAharine e $iAov, sentado ali
mesmo entre os che2es) &rd/oniAid>e colocava a mão /unto do ouvido Rele não ouvia
6emSJ 7#iga, e voc0 2ornece todas as provas voluntariamentek8 R"otaJ &rd/oniAid>e
apanhou tam6ém uma 6ala na nuca)S 7#e todo em todo voluntariamente8, respondeu,
cam6aleando, .iataAov) E, no intervalo, $iAov disse a IuAharineJ 7(omsAi teve 2or+a
de vontade, /3 em Agosto tinha compreendido, e suicidou1se) Fas n:s os dois,
continuamos a viver como est<pidos)8 A*ui interveio =aganovitch com c:lera e com
invectivas Rele dese/aria tanto acreditar na inoc0ncia de IuAhartchiA, mas não
conseguia)))S) E Folotov) E %talineX Due grande cora+ãoX Due grata generosidadeX
7#e A$DU'.E AB& #E BU AB @55 todas as maneiras, eu considero *ue a culpa de
IuAharine não est3 demonstrada) $iAov talve> se/a culpado, mas não IuAharine)8 REra
como se alguém, independentemente da sua vontade, concentrasse as acusa+9es contra
IuAharineXS Um duche escoc0s) Assim vai amolecendo a vontade) Assim se vão
ha6ituando ao papel de her:is a6atidos) A partir da*ui come+aram sem parar e
levar1lhe a casa os autos dos interrogat:riosJ dos antigos alunos do 'nstituto
de .ro2essores Vermelhos, de $adeA e dos demais 1 e todos apresentavam provas
graves da negra trai+ão 6uAharinista) evavam1lhe a casa, não como se se tratasse de
um acusado, ohX, nãoX, mas sim como mem6ro do ?omité ?entral, simplesmente para seu
conhecimento))) Gre*uentemente, ao rece6er novos documentos, IuAharine di>ia ,
mulher, de vinte e dois anos de idade, *ue nessa .rimavera lhe tinha dado um 2ilhoJ
7 0 tu, eu não possoX8 E solu+ava, com a ca6e+a so6re a almo2ada) Buardava em casa
dois rev:lveres Re %taline tinha1lhe dado tempoXS, mas não se suicidou) Acaso não
se havia adaptado ele ao papel *ue lhe 2ora destinadoY))) E ainda se reali>ou outro
/ulgamento p<6lico))) E 2u>ilaram ainda um punhado deles))) E IuAharine era
respeitado, e IuAharine não era apanhado))) Em come+os de Gevereiro de 19@5, ele
decidiu 2a>er a greve da 2ome em casa, para *ue o ?omité ?entral averiguasse e lhe
retirasse as acusa+9es) ?omunicou isso por carta ao *uerido =o6a e manteve a greve
escrupulosamente) Então 2oi convocado ao plen3rio do ?omité ?entral, com a seguinte
ordem do diaJ 1) &s crimes do centro de direita) 4) A actividade antipartido do
camarada IuAharine, expressa na greve da 2ome) E IuAharine vacilouJ talve> tivesse
o2endido em algo o .artido))) ?om a 6ar6a por 2a>er, emagrecido, /3 com aspecto de
culpado, arrastou1se até ao plen3rio) 7& *ue é *ue te veio , ca6e+aY8,
perguntou1lhe cordialmente o *uerido =o6a) 7Due havia de 2a>er, se lan+am tais
acusa+9es contra mimY Duerem excluir1me do .artido)))8 %taline 2ran>iu o so6rolho
perante um tal a6surdoJ 7Fas ninguém te exclui do .artidoX8 E IuAharine acreditou,
animou1se, arrependeu1se de 6oa mente diante do plen3rio, e ali mesmo deu por 2inda
a greve da 2ome) RUma ve> em casaJ 7Vamos, cortem1me um peda+o de chouri+oX =o6a
disse1me *ue não me excluirão)8S Fas, no decorrer do plen3rio, =aganovitch e
Folotov R*ue insolentesX, não t0m em conta %talineS4@ apodaram1no de mercen3rio
2ascista e exigiram o seu 2u>ilamento)
Ue *ue a6undLncia de depoimentos nos privamos, respeitando o no6re sossego da
velhice de FolotovX @5; A$DU'.E AB& #E BU AB E de novo IuAharine caiu no desLnimo e
os <ltimos dias passou1os a escrever uma carta ao 72uturo ?omité ?entral8)
Aprendida de mem:ria e assim retida, 2oi conhecida recentemente pelo mundo inteiro)
Entretanto, não o comoveu44) Due tinha decidido este agudo e 6rilhante te:rico
legar aos descendentes através das suas <ltimas palavrasY Ga>er ainda outra s<plica
para ser reintegrado no .artido Rcom *ue humilha+ão pagou ele tal devo+ão ao
.artidoXS) Uma ve> mais protestava 7aprovar completamente8 tudo o *ue ocorrera até
19@5, inclusive) Duer di>erJ não s: os anteriores e in2ames processos, mas tam6ém
todas as nausea6undas torrentes da nossa grande canali>a+ão prisionalX Assim
reconhecia *ue era digno de su6mergir1se tam6ém nelas))) Ginalmente, tinha
amadurecido completamente para ser entregue ,s mãos dos pontos de teatro e dos
encenadores su6alternos) Ele era um homem de m<sculos, ca+ador e lutadorX REm lutas
a 6rincar, diante dos mem6ros do ?omité ?entral, *uantas ve>es ele não tinha 2eito
cair =o6a de costas so6re o tapeteX ?ertamente nem isso =o6a lhe p_de perdoar)S
#epois de um lamento deste género, depois de estar assim ani*uilado, a tal ponto
*ue /3 não são necess3rias as torturas, em *ue di2erir3 a sua posi+ão relativamente
, de KaAu6ovitch, no ano de 19@1Y "o 2acto de *ue ele não est3 su/eito aos mesmos
dois argumentosY Ele é mesmo mais 2raco, pois KaAu6ovitch dese/ava a morte, mas
IuAharine teme1a) $estava um di3logo não muito di2-cil com VichinsAi, segundo este
es*uemaJ 7E exacto *ue cada oposi+ão contra o .artido é uma luta contra o .artidoY8
1 7Em geral, sim) "a pr3tica, sim)8 T 7Fas não é verdade *ue a luta contra o
.artido não pode deixar de trans2ormar1se numa guerra contra o .artidoY8 1 7.ela
l:gica das coisas, sim)8 1 7.or outras palavras, signi2ica isso *ue, com as
convic+9es da oposi+ão, no 2im de contas, podiam cometer1se todas e *uais*uer
in2Lmias contra o .artido Rassass-nios, espionagem, venda da .3triaSY8 1 7"o
entanto, perdoem1me, elas não 2oram cometidas)8 1 7Fas não podiam t01lo sidoY
Galando teoricamente))) R(rata1se de te:ricosX)))S &s interesses mais altos, para
voc0s, continuam entretanto a ser os interesses do .artidoY8 1 7%im, naturalmente,
naturalmenteX8 1 7Assim, pois, resta apenas uma pe*uena diverg0nciaJ é preciso
2a>er coincidir a hip:tese e os 2actosW é preciso, para desacreditar *ual*uer ideia
de oposi+ão no 2uturo, reconhecer como reali>ado a*uilo *ue, s: teoricamente,
poderia ter1se reali>ado) "ão é verdade *ue isso poderia ter ocorridok8 1
.oderia)))8 1 7Assim, é necess3rio reconhecer o poss-vel como real, e nada mais)
Uma pe*uena transla+ão 2ilos:2ica) Estamos de acordoY))) %im, como nãoY "ão é
preciso explicar1lhe a si *ue se agora no /ulgamento volta atr3s e di> algo
di2erente, compreende *ue s: 2ar3 o /ogo da 6urguesia Assim como não comoveu o
72uturo ?omité ?entral8) A$DU'.E AB& #E BU AB @55 mundial e apenas pre/udicar3 o
.artido) E é evidente *ue não ter3 uma morte 23cil) Fas se tudo correr 6em, n:s,
naturalmente, deix31lo1emos viverJ mandamo1lo secretamente para a ilha de Fonte ?
risto e l3 voc0 ir3 tra6alhar so6re a economia do socialismo)8 T 7Fas nos
/ulgamentos anteriores parece *ue voc0s os 2u>ilaramY8 1 7Ve/a *ue compara+ão est3
a 2a>erJ eles e voc0X Além disso, n:s poup3mos muitos, e isto segundo os
pr:prios /ornais)8
(alve> *ue o enigma não se/a assim tão o6scuroY %empre esta cantilena irresist-vel
através de tantos processos, apenas com algumas varia+9esJ ora, voc0s são, como
n:s, comunistasa) E como p_de voc0 desviar1se, agir contra n:sY Arrependa1seX .ois
voc0 e n:s, /untos, somos n:sl "a sociedade vai amadurecendo lentamente a
compreensão hist:rica) E *uando ela amadurece, tudo é simples) "em em 1944, nem em
1944, nem em 19@5, podiam ainda os acusados 2incar1se assim no seu ponto de vista,
resistindo a esta cantilena arrepiante e envolvente, e gritando com a ca6e+a
erguidaJ 7"ão, não somos revolucion3rios ?&F& V&?n%X))) "ão, não somos russos ?&F&
V&?n%X))) "ão, não somos comunistas ?&F& V&?n%X)))8 E parece *ue o simples 2acto de
gritar 2a>ia cair por terra os cen3rios, derreter a ma*uilhagem, 2ugir o encenador
pela escada de servi+o e correr os pontos de teatro para a toca como rata>anas) E
na rua teria amanhecido /3 o ano de 19;5X45 Fas mesmo os espect3culos
magni2icamente conseguidos 2icavam caros e re*ueriam muitos cuidados) E %taline
decidiu não mais lan+ar mão dos espect3culos p<6licos) Fais exactamente, ele tinha
pro/ectado em 19@5 levar a ca6o uma ampla rede de processos por >onas, para *ue a
alma negra da oposi+ão se tornasse vis-vel para as massas) Fas não se encontraram
6ons encenadores, estava 2ora das possi6ilidades preparar1se tudo tão
cuidadosamente, como seria necess3rio, e os pr:prios acusados não eram tão
complexos) Assim, as coisas tornaram1se menos 23ceis para %taline, mas h3 pouca
gente *ue sa6e disto) Alguns processos 2racassaram e tudo 2icou em 3guas de
6acalhau) E oportuno re2erir a*ui um desses processos, o ?aso de =adii, cu/as
reportagens tinham come+ado a se, pu6licadas no /ornal regional de 'vano1vo) Em
2ins de 19@4, numa distante e perdida aldeia da região de 'vanovo, Ano do in-cio
dos processos de dissidentes, em *ue estes passaram a a2irmar1se 7mortais) R") dos
()S @5Q A$DU'.E AB& #E BU AB na /un+ão com =astroma e "i/ngorod, tinha sido criado
um novo distrito, ao *ual 2oi dado como capital a antiga e calma vila de =adii) &s
novos dirigentes 2oram para l3 destacados de diversos lugares e s: se conheceram no
local de destino) Eles 2oram encontrar uma >ona m-sera, triste e perdida, extenuada
pelas remessas o6rigat:rias de cereais ao Estado, *uando do *ue ali se necessitava
era, pelo contr3rio, de a/uda em dinheiro, em m3*uinas e de uma direc+ão sensata da
economia) E sucedeu *ue o primeiro1secret3rio do ?omité do .artido, Giodor
'vanovitch %mirnov, era uma pessoa com um 2irme sentido de /usti+a, e *ue o che2e
da sec+ão agr3ria da >ona, %tavrov, era um mu/i*ue de gema, um da*ueles camponeses
chamados 7intensivis1tas8, isto é, cuidadosos e instru-dos, *ue /3 nos anos 4C
orientavam as suas explora+9es so6re 6ases cient-2icas Rpelo *ue eram, então,
estimulados pelo poder soviéticoJ ainda não tinham decidido *ue era preciso varrer
todos esses intensivistas) %tavrov, *uanto a ele, devido a ter ingressado no
.artido, não 2oi varrido *uando da li*uida+ão dos AulaAs) (alve> ele pr:prio tenha
participado nessa li*uida+ãoYS) "o seu novo lugar de tra6alho eles tentaram 2a>er
algo pelos camponeses, mas de cima ca-am em catadupas directri>es, e cada uma delas
era contra os seus empreendimentosJ tudo se passava como se as inventassem de
prop:sito l3 em cima para tornar a vida mais amarga e di2-cil aos mu/i*ues) ?erta
ve>, os dirigentes de =adii escreveram um relat:rio , capital da prov-ncia di>endo
ser necess3rio redu>ir o plano de remessas de cerealJ o distrito não o podia
cumprir, caso contr3rio empo6receria até um limite perigoso) E preciso recordar o
am6iente dos anos @C Rmas s: dos anos @CYS, para avaliar o sacrilégio *ue isto
constitu-a
contra o plano, e o motim *ue 2omentava contra o .oderX Fas, segundo os h36itos
da*ueles tempos, não 2oram adoptadas medidas 2rontais pelas autoridades superiores,
mas deixadas , iniciativa local) Duando %mirnov partiu de 2érias, o seu su6stituto,
Vassili Giodorovitch $omanov, segundo11secret3rio, impingiu a seguinte resolu+ão ao
?omité #istritalJ 7&s 0xitos do distrito seriam mais 6rilhantesRYS se não 2osse por
causa do trots*uista %tavrov)8 Assim come+ou o 7caso %tavrov8) R & método é
interessanteJ dividir .ara /3, assustar %mirnov, neutrali>31lo, o6rig31lo a 2a>er
marcha a tr3sW depois chegar3 a ve> dele) E esta, em pe*uena escala, precisamente a
t3ctica estalinista do ?omité ?entral)S Em tempestuosas reuni9es do .artido
esclareceu1se *ue %tavrov era tão trots*uista como /esu-ta romano) & che2e das
cooperativas de consumo do distrito, Vassili Bregorievitch Vlas1sov, homem
autodidacta, com lacunas, mas com essas atitudes naturais *ue tanto surpreendem nos
$ussos, cooperador inato, elo*uente e engenhoso nas discuss9es, acalorando1se
*uando se tratava do *ue considerava /usto, convenceu a assem6leia do .artido a
expulsar $omanov, secret3rio do ?omité #istrital, por cal<niaX E 2oi1lhe aplicada
uma repreensãoX A <ltima interven+ão de $omanov é muito caracter-stica desse tipo
de gente e da con2ian+a *ue depositava no sistemaJ 7Em6ora tenham demonstrado a*ui
*ue %tavrov não é trots*uista, eu estou, mesmo assim, convencido de *ue A$DU'.E AB&
#E BU AB @59 ele o é) & .artido aclarar3 as coisas, assim como *uanto , minha
repreensão)8 E o .artido aclarouJ *uase logo a seguir, a ") =) V) #) do distrito
prendeu %tavrovW ao ca6o de um m0s, prendeu o presidente do Executivo do %oviete do
distrito, o estoniano Univer 1 e o seu lugar 2oi ocupado por $omanov) %tavrov 2oi
condu>ido , ") =) V) #) regional e ali con2essou ser trots*uistaW *ue toda a vida
tinha 2eito parte do 6loco, com os socialistas revolucion3riosW e *ue no seu
distrito era mem6ro de uma organi>a+ão clandestina de direita Rum ramalhete digno
da*uele tempoJ s: 2altava a liga+ão directa com a EnteriteS) (alve> ele não tenha
con2essado nada, mas isso nunca ninguém o sa6er3, pois morreu na prisão central da
") =) V) #) de 'vanovo, em conse*u0ncia das torturas) Em todo o caso, 2oram
redu>idos a escrito os autos) #epressa 2oram presos o secret3rio do .artido do
distrito, %mirnov, che2e da suposta organi>a+ão de direita, o che2e da sec+ão de
2inan+as do distrito, %a6urov, e ainda outros) E interessante ver como se decidiu a
sorte de Vlassov) $ecentemente, ele tinha incitado a excluir do .artido o novo
presidente do Executivo, $omanov) Assim como havia o2endido mortalmente o
procurador do distrito, $ussov R/3 descrito no cap-tulo *uartoS) & che2e da ") =)
V) #) do distrito, ") ') =rilov, 2icou o2endido por ter sido impedido de prender,
por imagin3ria actividade de sa6otagem, dois h36eis e entendidos cooperadores de
origem social incerta RVlassov admitia sempre no tra6alho *uais*uer cooperadores de
antes da $evolu+ãoJ eles dominavam magni2icamente as *uest9es e procuravam ser
diligentesW os prolet3rios *ue lhe propunham nada sa6iam 2a>er e, o *ue era mais
importante, nada *ueriam 2a>erS) #e todas as maneiras, a ") =) V) #) estava
disposta ainda a arran/ar as coisas pelas 6oas com a cooperativaX & su6stituto da
") =) V) #) do distrito, %o1roAin, 2oi pessoalmente propor a Vlassov *ue o2erecesse
, ") =) V) #) R7depois conta6ili>as isso de *ual*uer 2orma8S setecentos ru6los de
tecidos R7trapos8S, e para Vlassov isso signi2icava dois meses de sal3rio) Ele não
guardava para si ilegalmente nem uma migalha) 7"ão d3s, depois lamentar3s)8 Vlassov
expulsou1o daliJ 7?omo se atreve propor1me a mim, comunista, uma coisa dessasX8 "o
dia seguinte =rilov apresentou1se na cooperativa, /3 como representante do ?omité
#istrital do .artido Rtoda esta mascarada e todos estes neg:cios são, a alma do ano
@5XS, e ordenou *ue se reunisse o .artido com a seguinte ordem do diaJ 7A
actividade sa6otadora de %mirnov e de Univer na cooperativa de consumoW relatorJ o
camarada Vlassov)8 A*ui,
cada tru*ue é uma pérolaX #e momento não se acusa VlassovX Fas 6astava *ue ele
dissesse duas palavras so6re a actividade sa6otadora do antigo secret3rio do
.artido, na sua es2era de compet0ncia, e a ") =) V) u1 interromp01lo1iaJ 7&nde
estava voc0k .or*ue é *ue não veio, em devido tempo, comunicar1nosY8 Em tal
situa+ão havia muitos *ue se desorientavam e se enterravam) Fas não Vlassov) Ele
respondeu imediatamenteJ 7Eu ao tarei o relat:rioX Due o 2a+a =rilov, pois 2oi ele
*ue o prendeu e *ue es1a a tratar do caso %mirnov1UniverX8 =rilov negou1seJ 7Eu não
estou a par @;C A$DU'.E AB& #E BU AB do assunto)8 VlassovJ 7.ois se nem voc0 est3 a
par do assunto, é por*ue eles estão presos sem 2undamentoX8 E a reunião pura e
simplesmente não se reali>ou) Fas seria 2re*uente as pessoas atreverem1se a
de2ender1seY RA situa+ão no ano @5 não estar3 completa, e n:s perderemos de vista
homens ousados e de decis9es enérgicas, se não mencionarmos o 2acto de *ue /3
tarde, nessa noite, irromperam no ga6inete de Vlassov o conta6ilista principal das
cooperativas do distrito e o seu su6stituto "), o2erecendo1lhe de> mil ru6losJ
7Vassili BregorievitchX Gu/a esta noiteX Esta noite aindaX #e outra 2orma est3
perdidoX8 Fas Vlassov considerava *ue não era digno de um comunista 2ugir)S .ela
manhã, no /ornal do distrito, apareceu uma severa nota so6re o tra6alho na sec+ão
das cooperativas do distrito Ré preciso di>er *ue, no ano @5, a imprensa andava
sempre de mãos dadas com a ") =) V) #)S, e pela tarde 2oi proposto a Vlassov *ue
apresentasse um relat:rio do seu tra6alho ao ?omité #istrital do .artido Ra cada
passo depara1se1nos o mesmo tipo de métodos em toda a UniãoXS) 'sto sucedia em
19@5, segundo ano da chamada FiAoNan prosperitN`; em Foscovo e noutras grandes
cidades, e actualmente aparecem por ve>es mem:rias de /ornalistas e escritores
mostrando como /3 então come+ava a grande 2artura) (udo entrou na hist:ria e existe
o risco de *ue 2i*ue nela para sempre) E, no entanto, em "ovem6ro de 19@;, dois
anos depois de terem sido eliminadas as cadernetas de racionamento do pão, na
região de 'vanovo Re outrasS 2oi dada a instru+ão secreta de proi6ir o comércio de
2arinha) "a*ueles anos muitas donas de casa, nas pe*uenas cidades e especialmente
nas vilas e aldeias, co>iam elas pr:prias o pão) A proi6i+ão da venda de 2arinha
signi2icavaJ não comam pãoX "o centro distrital de =adii 2ormavam1se longas e nunca
vistas 6ichas para o pão Rde resto assestou1se tam6ém um golpe nessas 6ichasJ em
Gevereiro de 19@5, proi6iu1se o 2a6rico de pão negro nos centros distritais,
vendendo1se somente pão 6ranco, mais caroS) "a >ona de =adii não havia outra
pani2icadora além da da sede do distrito, e das aldeias todos a2lu-am ali em 6usca
de pão negro) "os arma>éns havia 2arinha, mas duas proi6i+9es se opunham , sua
venda ao p<6licoXXX Entretanto, Vlassov encontrou solu+ão e, apesar das astutas
disposi+9es do Estado, vendeu pão a todo o distrito durante esse anoJ percorreu os
=olAho>es e em oito deles chegou a acordo no sentido de *ue nas is6as a6andonadas
pelos AulaAs se criassem pani2icadoras colectivas Rou se/a, *ue para l3 se levasse
lenha e se pusessem as mulheres a tra6alhar nos 2ornos russos caseiros 1 mas
colectivamente, não individualmenteS) A sec+ão distrital das cooperativas
comprometia1se a a6astec01las de 2arinha) ?omo com o ovo de ?olom6oJ a solu+ão é
simples, depois de ter sido encontradaX %em construir pani2icadoras Rnão tinha
recursos para issoS, Vlassov p_1las a 2uncionar num s: dia) %em 2a>er comércio de
2arinha, ele, inin1 Em ingl0s no texto) R") dos ()S N A$DU'.E AB& #E BU AB @;1
terruptamente, enviava 2arinha do arma>ém, e exigia mais do ?omité $egional) "ão
vendendo pão negro no centro distrital, ele 2ornecia pão negro ao distrito) %im,
ele não
transgredira a letra das instru+9es, mas violara o esp-rito das disposi+9esJ
economi>ar 2arinha e deixar o povo morrer de 2ome) E assim, no distrito, tinham
ponta por onde critic31lo) #epois dessa cr-tica ainda so6reviveu uma noite) Fas de
dia 2oi preso) ?omo um pe*ueno galo de com6ate Rera de 6aixa estatura e mantinha1se
sempre um pouco arrogante, com a ca6e+a inclinada para tr3sS, tentou recusar1se a
en/regar o cartão do .artido Rna véspera, na reunião do ?omité #istrital, não se
tinha decidido a sua expulsãoXS, e o 6ilhete de deputado do %oviete local Rele
havia sido eleito pelo povo e não havia *ual*uer decisão do Executivo do %oviete
privando1o da imunidadeXS) Fas os milicianos não 2i>eram caso dessas 2ormalidades,
lan+aram1se so6re ele e levaram1no pela 2or+a) #a sec+ão distrital das cooperativas
condu>iram1no , ") =) V) #), pelas ruas de =adii, de dia, e um dos /ovens
vendedores, um Aomsomol, viu1o da /anela do ?omité do .artido) Então, nem todas as
pessoas tinham aprendido ainda Rso6retudo nas aldeias, pela sua simplicidadeS a não
di>er o *ue pensavam) & vendedor exclamouJ 7Ah, canalhasX evam o meu che2eX8 Ali
mesmo, sem sair da sala, 2oi exclu-do do ?omité #istrital e do =omsomol, e
arrastou1se pelo conhecido caminho até , cova) Vlassov 2oi preso tarde,
relativamente aos seus companheiros de processo) Este *uase tinha sido instaurado
sem ele e agora ia 2a>er1se o /ulgamento p<6lico) evaram1no para a prisão central
de 'vanovo, mas, como era o <ltimo, so6re ele *uase não 2oi exercida *ual*uer
pressãoW 2i>eram1lhe apenas dois interrogat:rios e nenhuma testemunha veio depor)
As pastas da investiga+ão estavam repletas de comunicados da sec+ão distrital das
cooperativas e de recortes dos /ornais do distrito) Vlassov era acusado deJ 1S (er
provocado 6ichas no pãoW 4S #e não ter assegurado o sortimento de um m-nimo de
mercadorias Rcomo se houvesse tais mercadorias e alguém as propusesse a =adiiSW @S
#e ter 2eito um stocA excessivo de sal, *uando este era o6rigatoriamente uma
reserva 7em caso de mo6ili>a+ão8 Rdado *ue, segundo um velho costume da $<ssia,
numa guerra sempre se teme 2icar sem salS) Em 2ins de %etem6ro levaram os acusados
a /ulgamento p<6lico, em =adii) Este não era o caminho mais curto R*ue luxo, ao
lado das comiss9es especiais e dos /ulgamentos , porta 2echadaXSJ de 'vanovo a
=inechma 2oram condu>idos num 7vagão de %tolipine845W e de =inechma a =adii, numa
distLncia de cento e de> *uil:metros, de autom:vel) ^avia mais de uma de>ena de
viaturas, *ue 2ormavam uma 2ila 2ora do vulgar pela velha estrada deserta,
provocando admira+ão nas aldeias, misto de terror e de pressentimento de guerra)
.ela organi>a+ão irrepreens-vel e pelo e2eito de intimida+ão Finistro do 'nterior
de antes da $evolu+ão) R") dos ()S @;4 A$DU'.E AB& #E BU AB mde todo o processo
respondia =linguin Rche2e da sec+ão especial e regional da ") =) V) #), encarregado
das organi>a+9es contra1revolucion3riasS) A guarda era composta por *uarenta homens
da reserva da mil-cia montada, e todos os dias, entre 44 e 45 de %etem6ro, os
condu>iam pelas ruas de =adii, com os sa6res desem6ainhados e as pistolas em riste,
ao edi2-cio da ") =) V) #) distrital, num clu6e ainda não aca6ado de construir)
#epois, no regresso, 2a>iam1nos passar pela aldeia onde ainda h3 pouco constitu-am
o governo local) As /anelas do clu6e /3 tinham sido postas, mas o cen3rio ainda não
estava pronto, não havia lu> eléctrica Rcomo, de resto, não existia, de modo geral,
em =adiiS, e , noite o tri6unal reunia11se , lu> de *uerosene) (ra>iam um p<6lico
escolhido dos =olAho>es) (oda a aldeia de =adii ia assistir) ^avia gente não apenas
sentada nas cadeiras e nas /anelas, mas de pé, enchendo os corredores, de 2orma *ue
ca6iam l3 setecentas pessoas de uma ve> Rna $<ssia, de todos os modos, gostam
desses espect3culosS) & 6ancos da
2rente eram permanentemente reservados aos comunistas, para *ue o tri6unal tivesse
sempre o dese/ado apoio) A constitui+ão especial do tri6unal englo6ava o
vice1presidente do tri6unal regional, ?hu6in, e os assessores Iitch e Uao>iorov) &
procurador regional =arassiA, diplomado pela Universidade de #orpat, dirigia a
acusa+ão Rem6ora todos os acusados tivessem recusado de2esa, 2oi1lhes imposto o
advogado o2icioso para /usti2icar a presen+a do acusador p<6licoS) & re*uisit:rio
da acusa+ão, solene, amea+ador e longo, resumia1se a *ue no distrito de =adii
actuava um grupo clandestino da direita 6uAharinista, criado em 'vanovo Rve/a1se,
haver3 pris9es por l3S, *ue se impunha como o6/ectivo derru6ar o poder soviético na
vila, por meio da sa6otagem econ:mica Rnão teriam podido encontrar os direitistas
um lugar mais ignorado para dar in-cio ao seu pro/ectoXS) & procurador 2e> um
re*uerimentoJ em6ora %tavrov tivesse morrido na cadeia, devia ser tomado a*ui em
conta, considerando1se como prestadas perante o tri6umal, as declara+9es 2eitas por
ele antes da sua morte Rera nestes depoimentos de %tavrov *ue se 6aseavam todas as
acusa+9esXS) & tri6unal mani2estou a sua concordLnciaJ ter em considera+ão as
declara+9es do de2unto como se ele estivesse vivo Rcom a vantagem, entretanto, de
*ue /3 nenhum dos réus podia impugn31loS) Fas a ignorLncia da popula+ão de =adii
não captava tais su6tile>as cient-2icas, esperando o *ue sucederia mais adiante)
Ga>1se de novo a leitura do depoimento do morto durante a investiga+ão) ?ome+a o
interrogat:rio dos réus e 1 *ue con2usãoX 1 (&#&% eles %E $E($A?(AF das comiss9es
2eitas durante as averigua+9esX "ão se sa6e como se teria procedido neste caso na
%ala de &utu6ro da ?asa dos %indicatos4Q, mas a*ui 2oi decidido, sem vergonha
alguma, continuar A céle6re %ala das ?olunas, de Foscovo) R") dos ()S A$DU'.E AB&
#E BU AB @;@ & /ui> censura1osJ como é *ue puderam, na instru+ão, 2a>er outras
declara+9esY Univer, de6ilitado, disse com vo> *uase inaud-velJ 7?omo comunista,
não posso relatar num /ulgamento p<6lico os métodos de interrogat:rio da ")=)V)#)8
REis um modelo dos processos dos 6uAharinistas) E isto *ue os paralisaJ o *ue eles
mais procuram é *ue o povo não pense mal do .artido) &s seus /u->es h3 muito *ue
deixaram de ter essa preocupa+ão)S "o intervalo, =liuguin percorre as celas dos
acusados) #i> a VlassovJ 7&uviste como se curvaram %mirnov e Univer, canalhaY (u
tam6ém deves reconhecer1te culpado, e contar toda a verdadeX8 1 7%: a verdadeX8,
concorda ainda de 6om grado o vigoroso Vlassov) 7A verdade é *ue voc0s em nada se
di2erenciam dos 2ascistas alemãesX8 =liuguin en2urece1seJ 7Escuta, canalha, h3s1de
pag31lo com sangueX498 A partir deste momento, Vlassov passa, no processo, do
segundo ao primeiro plano, como inspirador ideol:gico do grupo) E neste momento *ue
a multidão *ue enche os corredores come+a a compreender as coisas mais claramente
*uando o tri6unal é o6rigado a 2alar so6re as 6ichas do pão, so6re a*uilo *ue a
cada um toca mais de perto Rantes vendia1se pão sem conta, en*uanto ho/e não h3
6ichasS) .erguntam ao réu %mirnovJ 7Voc0 sa6ia da exist0ncia de 6ichas para o pão,
no distritoY8 1 7%im, claro, elas estendiam1se desde a padaria até ao pr:prio edi2-
cio do ?omité #istrital do .artido)8 1 7E *ue medidas tomaramY8 "ão o6stante as
torturas, %mirnov conservava a vo> sonora e a calma seguran+a *ue lhe era dada pela
sua inoc0ncia) Este homem espada<do, de ca6elo castanho1claro, de rosto simples,
não mostra pressa, e a sala ouve cada palavra suaJ 7Visto *ue todos os apelos
2eitos ,s organi>a+9es regionais não deram resultado, incum6i Vlassov de enviar um
relat:rio ao camarada %taline)8)1 7E por*ue é *ue voc0s não o 2i>eramY REles não
sa6em ainda
por*u0X))) #eixaram1no escaparXS8 1 7Escrevemo1lo e eu mandei1o por esta2eta
especial directamente ao ?omité ?entral, sem passar pelo ?omité $egional)
Buardou1se uma c:pia nos ar*uivos do ?omité #istrital)8 A sala nem respira) &
tri6unal alarma1se) "ão é necess3rio perguntar mais, mas h3 ainda alguém *ue
perguntaJ 1 E *ual 2oi o resultadoY Esta pergunta est3 nos l36ios de todosJ 7E *ual
2oi o resultadoY8 %mirnov não solu+a, não se lamenta acerca do ideal morto Ré isso
o *ue 2alta nos processos de FoscovoXS) Ele responde com vo> sonora e tran*uilaJ 1
"enhum) "ão houve resposta) "a sua vo> cansada lia1seJ era o *ue eu esperava, na
realidade) "ão 2altar3 muito para *ue o seu pr:prio sangue se/aaderramadoX "o meio
da ma1a seguran+a do Estado em *ue caiu Ke/ov, 2oi apanhado =liuguin, e no campo
ele 2oi morto , machadada pelo 6u2o Bu6aidulin) @;4 A$DU'.E AB& #E BU AB "\& ^&UVE
$E%.&%(AX #o nosso .ai e do nosso Festre não houve respostaX & /ulgamento p<6lico
atingira o seu ponto culminanteX J3 tinha sido mostrado ,s massas as negras
entranhas do antrop:2agoX & /ulgamento /3 podia terminarX Fas não, não lhes chega
para isso nem o tacto nem a intelig0ncia, e eles durante mais tr0s dias não deixam
de insistir no mesmo) & procurador esgana1seJ 1 #uplicidadeX E isso o *ue 2a>emX ?
om uma mão sa6otam e com a outra escrevem a %talineX E ainda esperavam resposta
deleYX Due responda agora o réu VlassovX ?omo é *ue chegou a inventar uma sa6otagem
tão monstruosaJ p_r termo , venda de 2arinhaY #eixar de co>er pão de centeio na
capital do distritoY & 2ranganote Vlassov não espera *ue o mandem levantar) Ele
mesmo se apressa a dar um salto e a gritar estridentemente na salaJ 1 Estou
completamente de acordo em responder por isso perante o tri6unal, se deixar o seu
lugar de acusador, senhor procurador =arassiA, e se se sentar a*ui ao meu ladoX a
"ão se entende nada) Iarulho, gritos) ?hamem1no, ordem, *ue é istoY))) (endo tomado
a palavra de assalto, Vlassov explica agora com toda a satis2a+ãoJ 1 ?hegaram
instru+9es do .raesidium do Executivo do %oviete $egional proi6indo vender 2arinha
e 2a>er pão) & procurador =arassiA é mem6ro permanente do .raesidium) %e isto é uma
sa6otagem econ:mica, por*ue é *ue ele não imp_s o seu veto, como procurador, a tal
decisãoY 'sso não signi2ica *ue come+ou a sa6otar antes de mimY & procurador
a2undou1se, o golpe tinha sido r3pido e certeiro) & /ui> não encontra nada *ue
di>er) E pronuncia entre dentesJ 1 %e 2or preciso, processar1se13 RYS tam6ém o
procurador) Fas ho/e é voc0 *ue estamos a /ulgar) R^3 duas verdades 1 uma para cada
categoriaXS 1 Assim, eu exi/o *ue o tirem da c3tedra de procuradorX 1 repisa o
tur6ulento e incont-vel Vlassov) %uspensão da audi0ncia))) Iom, *ue signi2icado
educativo tem para as massas este /ulgamentoY Fas eles insistem) #epois do
interrogat:rio dos réus, come+am os depoimentos das testemunhas) & conta6ilista
"))) 1 Due conhece acerca da actividade sa6otadora de VlassovY 1 "ada) 1 ?omo pode
ser issoY
1 Eu estava na sala das testemunhas e não ouvi o *ue se di>ia) 1 "ão tem
necessidade de escutarX Através das suas mãos passavam muitos documentos, voc0 não
podia deixar de sa6er) 1 &s documentos estavam todos em ordem) 1 A*ui tem) Um
montão de /ornais do distrito) Fesmo a- se 2ala da A$DU'.E AB& #E BU AB @;5
actividade sa6otadora de Vlassov) E voc0 não sa6e nadaY 1 Então pergunte ,*ueles
*ue escreveram esses artigosX A gerente da padaria) 1 #iga, o poder soviético tem
muito cerealY R&ra, oraX Due responderY))) Duem é *ue est3 disposto a di>erJ eu não
o conteiYS 1 (em muito))) 1 Então por*ue é *ue havia a*ui tantas 6ichasY 1 "ão
sei))) 1 #e *uem depende issoY 1 "ão sei))) 1 ?omo não sa6eY Duem era o seu che2eY
1 Vassili Bregorievitch) 1 Ao dia6o Vassili BregorievitchX & réu VlassovX 'sso
signi2ica *ue dependia dele) A testemunha cala1se) & presidente dita ao secret3rioJ
7$espostaJ em conse*u0ncia da actividade sa6otadora de Vlassov 2ormavam1se 6ichas
para o pão, não o6stante as enorme reservas de cereal do poder soviético)8
#ominando o seu pr:prio receio, o procurador pronunciou um longo discurso) &
advogado, no 2undamental, de2endeu1se a si pr:prio, su6linhando *ue os interesses
da p3tria lhe são tão *ueridos a ele como a *ual*uer honrado cidadão) %mirnov, na
sua <ltima interven+ão, não solicitou nada e de nada se arrependeu) .elo *ue se
pode esta6elecer agora, era um homem 2irme, demasiado sincero para continuar a
sustentar a ca6e+a so6re os om6ros para l3 de 19@5) Duando %a6urov pediu *ue lhe
conservassem a vida 1 7não para mim, para os meus 2ilhinhos8 1, Vlassov, >angado,
puxou1lhe pelo casacoJ 7'diotaX8 Ele pr:prio, Vlassov, não deixou passar a <ltima
ocasião para mostrar o seu atrevimentoJ 1 "ão vos considero como um tri6unal, mas
sim como actores representando uma opereta no tri6unal, de acordo com papéis
escritos de antemão) %ois os executores de uma provoca+ão da ") =) V) #) #iga eu o
*ue disser, de todas as maneiras vão1me condenar ao 2u>ilamento) %: tenho 2é em *ue
chegar3 o tempo em *ue v:s estareis no nosso lugarX)))5C #esde as sete da tarde até
, uma hora da madrugada *ue o tri6unal esteve a ela6orar a senten+a, e na sala do
clu6e as lLmpadas de *uerosene roram ardendo, en*uanto os réus se mantinham
sentados so6 a amea+a dos sa6res, e o p<6lico >um6ia sem a6andonar a sala) 1 ao
prolongada como a redac+ão da senten+a 2oi a sua leitura, so6re1 2alar verdade,
nisto ele enganou1se) @;; A$DU'.E AB& #E BU AB carregada de todas as alucinantes
ac+9es, liga+9es e inten+9es sa6otadoras) %mirnov, Univer, %a6urov e Vlassov 2oram
condenados ao 2u>ilamento, outros dois réus a de> anos e um a oito) Além disso, as
conclus9es do tri6unal condu>iram ainda , desco6erta, em =adii, de outra
organi>a+ão de sa6otadores da economia, pertencentes ao =omsomol
R*ue não tardaram a ser presosJ recordam1se do /ovem vendedorYSW o centro
clandestino das organi>a+9es era em 'vanovo, *ue, por sua ve>, naturalmente, estava
su6ordinado a Foscovo Ro a6ismo ia1se a6rindo so6 os pés de IuAharineS) #epois das
palavras rituais 7ao 2u>ilamentoX8, o /ui> 2e> uma pausa para os aplausos, mas na
sala havia uma tensão tão som6ria *ue se ouviam os suspiros e o choro das pessoas
estranhas, os gritos e os desmaios dos 2amiliares, e mesmo nos dois primeiros
6ancos onde estavam sentados os mem6ros do .artido não ressoaram aplausos, o *ue /3
era completamente indecoroso) 7&hX, meu #eus, *ue é *ue voc0s 2a>emYX8, gritavam ao
tri6unal vo>es vindas da sala) #esesperadamente a esposa de Univer irrompeu em
pranto, e na penum6ra da sala houve um movimento na multidão) Vlassov gritou para
os 6ancos da 2renteJ 1 Fas por*ue é *ue voc0s, canalhas, não aplaudemY E di>em1se
comunistasX & dirigente pol-tico do destacamento da guarda correu para ele e
apon1tou1lhe o rev:lver , cara) Vlassov es2or+ou1se por lho tirar) Um miliciano
acorreu e a2astou o seu che2e pol-tico, *ue tinha cometido um erro) & che2e da
escolta ordenouJ 7]s armasX8 E trinta cara6inas das mil-cias de seguran+a, 6em como
as pistolas dos en*uavedistas locais, 2oram apontadas contra a multidão Rpois
parecia *ue esta ia lan+ar1se para arre6atar os condenadosS) A sala estava
iluminada s: por umas *uantas lLmpadas de *uerosene, e a meia escuridão aumentava a
con2usão geral e o medo) A multidão, convencida completamente, não pelo
/ulgamento /udicial mas pelas cara6inas apontadas contra ela, esmagando1se no
pLnico, 6uscava uma sa-da, não s: pelas portas, como tam6ém pelas /anelas) $angeram
as t36uas, tilintaram os vidros) Duase esmagada, desmaiada, 2icou ca-da de6aixo das
cadeiras, até de manhã, a esposa de Univer) E não houve aplausos)))51 51 Uma
pe*uena nota consagrada , menina Uoia Vlassova, de oito anos) Ela amava o pai
extremosamente) "ão p_de voltar a estudar na escola R>om6avam dela di>endoJ 7& teu
pai é um sa6otadorX8 Ela 6rigava com as outrasJ 7& meu pap3 é 6omX8S) #epois do
/ulgamento, viveu s: um ano Raté então /amais estivera doenteS) "esse ano, "EF UFA
%H VEU %E $'U, andando sempre ca6is6aixa, e as velhas auguravamJ 7Ela olha para a
terra, depressa morrer3)8 E morreu de meningite, gritando antes de morrer
constantementeJ 7&nde est3 o meu pap3Y (ragam o meu pap3X8 Duando calculamos os
milh9es de homens *ue pereceram nos campos, es*uecemo1nos de multiplic31los por
dois ou por tr0s))) A$DU'.E AB& #E BU AB @;5 &s condenados não s: não podiam ser
2u>ilados imediatamente, como tam6ém deviam ser guardados custasse o *ue custasse,
por*ue /3 não tinham nada a perder e, para execut31los, era preciso condu>i1los ao
centro regional) A primeira tare2a era a de escolt31los pelas ruas, , noite, até ,
") =) V) #), e procedeu1se assimJ cada condenado era acompanhado por cinco guardas)
Um levava a lanterna) &utro ia adiante com a pistola no ar) #ois agarravam o
condenado com um 6ra+o, en*uanto, com a mão livre, seguravam a pistola) E o <ltimo
ia atr3s apontando a pistola para o condenado pelas costas) & resto da mil-cia
estava postada a intervalos regulares para evitar *ual*uer ata*ue da multidão)
^o/e, *ual*uer pessoa sensata estar3 de acordo em *ue, se se continuasse assim, com
/ulgamentos p<6licos, a ") =) V) #) nunca teria cumprido a sua grandiosa tare2a) A-
est3 por *ue os processos pol-ticos p<6licos, no nosso pa-s, não criaram ra->es)
!' ] FE#'#A FZ!'FA A pena de morte na $<ssia tem uma hist:ria com altos e 6aixos)
"o ?:digo de AleAsandr FiAhailoNitch o castigo m3ximo era previsto em cin*uenta
casosW no regulamento militar de .edro ' havia du>entos artigos *ue o previam) Fas
'sa6el, não tendo a6olido a pena capital, não recorreu, no entanto, uma s: ve> a
elaJ di>em *ue ao su6ir ao trono 2e> a promessa de não executar ninguém T e em
vinte anos de reinado não houve *ual*uer execu+ão) Fesmo durante a Buerra dos %ete
Anos, ela passou sem essa pena) (rata1se de um exemplo surpreendente para os meados
do século !V''', meio século antes da matan+a dos /aco6inos) E certo *ue n:s somos
muito desenvoltos na ridiculari>a+ão de todo o nosso passadoW não reconhecemos
nunca um acto nem uma 6oa inten+ão) Assim pode tam6ém denegrir1se inteiramente
'sa6elJ ela su6stituiu a execu+ão pelos golpes de a>orrague, o corte do nari>, a
marca do 2errete Rpara os ladr9esS e a deporta+ão perpétua para a %i6éria) Fas
diremos em de2esa da imperatri>J como podia ela voltar1se mais 6ruscamente contra
as ideias da*uela sociedadeY (alve> *ue o condenado , morte, nos nossos dias, para
*ue não se apague o %ol de2initivamente para ele, escolhesse voluntariamente todo
esse complexo de castigos *ue n:s, por ra>9es humanit3rias, não lhe propomos) E
talve> *ue no decurso deste livro o leitor se incline no sentido de *ue vinte, e
mesmo de> anos, nos nossos campos são mais penosos do *ue os castigos do tempo da
imperatri> 'sa6el) %egundo a nossa actual terminologia1, 'sa6el tinha so6re isso
uma visão humanista universal, e ?atarina '', um ponto de vista de classe Re
portanto mais /ustoS) "ão executar a6solutamente ninguém dava1lhe, a ela, uma
sensa+ão in*uietante de ang<stiaJ a de 2icar sem de2esa) E para se proteger a si,
ao trono e ao regime, isto é, nos casos pol-ticos RFirovitch, o motim da peste,
.ugatchovS, ela reconheceu *ue a execu+ão era, de todo em todo, conveniente) Fas
para os delin*uentes, para os presos comuns, por*ue não considerar a execu+ão
a6olidaY so6 o c>ar .avel, a a6oli+ão da pena de morte 2oi con2irmada) RE houve
Alusão , 2:rmula da condena+ão , pena capitalJ 7?ondenado , medida m3xima de
seguran+a social)))), R") dos ()S @5C A$DU'.E AB& #E BU AB muitas guerras, mas nos
regimentos não havia tri6unais militares)S E durante todo o longo reinado de
Alexandre ' 2oi introdu>ida a pena de morte unicamente para os delitos militares
cometidos em campanha Rem 1Q14S) RA*ui poderão di>er1nosJ e os a+oites até , morteY
(am6ém h3 *ue di>erJ havia, é claro, assass-nios secretos, podia levar1se uma
pessoa até , morte, inclusive por meio de reuni9es sindicaisX Fas, de todas as
maneiras, entregar a vida 1 a #eus 1 através de uma vota+ão dos /u->es 2oi coisa
*ue meio século depois de .ugatchov, e até aos de>em6ristas, não voltou a acontecer
no nosso pa-s, nem se*uer por crimes de Estado)S & sangue dos cinco de>em6ristas
2e> 2are/ar as narinas do nosso Estado) #esde então, a execu+ão por crimes de
Estado não 2oi a6olida, nem es*uecida, nem mesmo pela $evolu+ão de Gevereiro, sendo
con2irmada pelos ?:digos de 1Q45 e de 19C4, alargando1se ainda aos crimes de guerra
e aos previstos pelas leis penais mar-timas) E durante este tempo *uantas pessoas
2oram executadas na $<ssiaY 'ndic3mos /3 Rno cap-tulo oitavoS os c3lculos
re2erentes aos leaders do per-odo de 19C5 a 19C5) Acrescent3mos1lhes os dados
comprovados pelo perito russo em direito penal ") %) (agantsiev4) Até 19C5, a pena
de morte na $<ssia era uma medida de excep+ão) Ao longo de trinta anos, de 1Q5; a
19C5 Répoca dos revolucion3rios de 7A Vontade do .ovo8, dos actos terroristas, e
não das inten+9es mani2estadas na co>inha comum de um apartamento soviéticoW época
das greves de massas e dos dist<r6ios dos camponesesW
época durante a *ual se criaram e 2ortaleceram todos os partidos da 2utura
$evolu+ãoS, 2oram executadas perto de *uinhentas pessoas, ou se/a, cerca de
de>assete por ano, em todo o pa-s) R'sto englo6ando as execu+9es por crimes
comunsXS@ #urante os anos da primeira revolu+ão e do seu esmagamento, o n<mero de
execu+9es elevou1se, 2ustigando a imagina+ão dos $ussos, 2a>endo cair l3grimas a
(olstoi e criando indigna+ão em =oro1lenAo e em muitos outrosJ de 19C5 a 19CQ 2oram
executadas cerca de duas mil e du>entas pessoas R*uarenta e cinco por m0sXS) Goi
uma epidemia de execu+9es, como escreve (agantsiev) RA*ui ela interrompeu1se)S &
Boverno provis:rio, no seu advento, suprimiu a pena de morte em geral) Em Julho de
1915 resta6eleceu1a para o exército em opera+9es e nas prov-ncias da 2rente de
luta, para delitos militares, assass-nios, viola+9es, 6anditismo e pilhagem R*ue
nessas >onas então a6undavamS) Esta 2oi uma das medidas mais impopulares, *ue levou
, *ueda do Boverno provis:rio) A palavra de ordem dos 6olchevi*ues para a mudan+a
de regime eraJ 7A6aixo a pena de morte, resta6elecida por =erensAiX8 ?onservou1se o
relato de uma discussão *ue ocorreu no %molni, na 4 ") %) (agantsiev, A .ena de
Forte) %pec) Ii6lio, 191@) @ Em %chlissel6urg, de 1QQ4 a 19C;, 2oram executadas)))
tre>e pessoas) "<mero horroroso para))) a %u-+aX A$DU'.E AB& #E BU AB @51 pr:pria
noite de 45 para 4; de &utu6roJ um dos primeiros decretos não devia ser a a6oli+ão
da pena de morte para sempreY E enine, com ra>ão, ridiculari>ou nessa altura a
utopia dos seus camaradas, pois ele /3 sa6ia *ue, sem a pena de morte, nada se
avan+aria a caminho da nova sociedade) Entretanto, ao 2ormar um Boverno de
coliga+ão com os socialistas revolucion3rios de es*uerda, as suas err:neas
concep+9es 2oram postas de lado, e a partir de 4Q de &utu6ro de 1915 a pena de
morte 2oi a6olida) "ada de 6om, est3 claro, podia sair dessa 76ondosa8 medida) RE
como a a6oliramY Em come+os de 191Q, (rotsAi ordenou *ue se processasse AleAsei ?
hastni, recém1promovido a almirante, por se ter recusado a meter a pi*ue a es*uadra
do I3ltico) & presidente do %upremoa(ri6unal $evolucion3rio, =arA1lin, num russo
de2eituoso pronunciou , pressa a senten+aJ 7Gu>il31lo num pra>o de vinte e *uatro
horas)8 "a sala do tri6unal, houve uma agita+ãoJ a pena de morte 2ora a6olidaX &
procurador =rilenAo esclareceuJ 7.or*ue se in*uietamY Goi a execu+ão *ue 2oi
a6olida) "ão vamos executar ?hastni T vamos 2u>il31lo)8 E 2u>ilaram1no)S A /ulgar
pelos documentos o2iciais, a pena de morte 2oi resta6elecida, em todos os seus
direitos, a partir de Junho de 191Q 1 não propriamente 7resta6elecida8, mas
institu-da para inaugurar nova era de execu+9es) %e considerarmos *ue atsis4 não
diminui os n<meros, carecendo apenas de in2orma+9es completas, e *ue os tri6unais
revolucion3rios 2i>eram pelo menos um tra6alho /udicial e*uivalente ao
extra/udicial da (cheAa, chegaremos , conclusão de *ue em vinte prov-ncias da
$<ssia ?entral, num per-odo de de>asseis meses Rde Junho de 191Q a &utu6ro de
1919S, 2oram 2u>iladas mais de de>asseis mil pessoas, ou se/a, FA'% #E F' .&$ Fn%5)
RA prop:sito, 2oram 2u>ilados então o presidente do primeiro %oviete de deputados
oper3rios russos de .eters6urgo R19C5S, =hrustaliev1"ossar, e o artista *ue 2e> o
desenho do lend3rio uni2orme do soldado vermelho para toda a guerra civil)S #e
resto, pode até acontecer *ue não se/am estes 2u>ilamentos isolados Rcom senten+as
prévias ou não, e *ue mais tarde se elevaram a milharesS os *ue mais gravemente
em6riagaram e arrepiaram a $<ssia nesta era de execu+9es, come+ada em 191Q) Fais
horrorosa nos parece ainda a moda de am6as as partes 6eligerantes, e mais tarde dos
vencedores, do a2undamento de 6arca+as com centenas de pessoas, sem serem contadas
nem recenseadas, e até nem inscritas nas listas) R(al 2oi o caso da morte de
o2iciais da marinha no gol2o da GinlLndia, no mar Iranco, no mar ?3spio e no mar
"egro, e ainda dos re2éns 4 "o op<sculo /3 citado #ois Anos de uta))), 194C, p3g)
55) Ja *ue entramos em compara+9es, ve/amos mais outraJ nos oitenta anos do auge da
'n*uisi+ão R144C1149QS 2oram, em toda a Espanha, condenadas , 2ogueira de> mil
pessoas, s o e, cerca de de> pessoas por m0s) @54 A$DU'.E AB& #E BU AB de 194C, no
lago Iaical)S 'sto não 2a> parte da nossa hist:ria estritamente /udicial 1 mas é a
hist:ria dos nossos costumes, de onde procede tudo o *ue vir3) Em todos os séculos,
a partir do primeiro $iuriA, ter3 havido acaso uma época de tantas crueldades e de
tantos assass-nios como depois de &utu6ro, durante a guerra civilY (er-amos deixado
passar um dente caracter-stico da engrenagem se não disséssemos *ue a pena de morte
2oi suprimida))) em Janeiro de 194C, simX Algum investigador poder3 2icar até
perplexo diante desta con2iante e inde2esa ditadura, *ue se privou da espada
punitiva, *uando #eniAin ainda estava no =u6an, Mrangel na ?rimei3, e a cavalaria
polaca aparelhava os cavalos para a campanha) Fas, em primeiro lugar, esse decreto
era deveras ra>o3velJ não se estendia aos tri6unais militares Rmas unicamente
aos /ulgamentos sum3rios da (cheAa e aos tri6unais revolucion3rios da retaguardaS)
Em segundo lugar, ele 2oi precedido de uma limpe>a das pris9es Rvastos 2u>ilamentos
de presos, *ue podiam ser a6rangidos 7pelo decreto8S) E em terceiro lugar, o *ue é
mais consolador, a sua vig0ncia limitar1se1ia a um per-odo extremamente curto 1
*uatro meses Ren*uanto as pris9es não se encheram de novoS) .or decreto de 4Q de
Faio de 194C, 2oi devolvido , (cheAa o direito de continuar a 2u>ilar) A $evolu+ão
apressa1se a mudar o nome ,s coisas, para *ue cada o6/ecto se/a encarado como novo)
Assim, 7a pena de morte8 passou a ser denominada medida m3xima e não 7pena8, e
no ?:digo .enal de 1944 explicam1nos *ue a medida m3xima 2oi esta6elecida .
$&V'%&$'AFE"(E, até , sua completa a6oli+ão pelo ?omité Executivo ?entral) E,
e2ectivamente, em 1945, come+aram a suprimi1laJ deixaram1na unicamente para os
delitos contra o Estado e o exército Ro artigo 5Q e o correspondente do ?:digo
FilitarS e ainda, é verdade, para o 6anditismo Rmas /3 sa6emos como é ampla a
interpreta+ão pol-tica do 76anditismo8, na*ueles anos e mesmo ho/eJ desde o
6asmatc6 1 nacionalista da Zsia ?entral 1 até ao guerrilheiro dos 6os*ues da
ituLnia, *ual*uer nacionalista armado, em discordLncia com o Boverno central, é um
76andido8) ?omo prescindir deste artigoY E um amotinado de um campo de
concentra+ão, 6em como de um tumulto na cidade, tam6ém é um 76andido8S) Entretanto,
2oi suprimido o 2u>ilamento, na altura do décimo anivers3rio da $evolu+ão de
&utu6ro, para os crimes previstos nos artigos *ue dependem dos particulares) Fas,
por ocasião do décimo *uinto anivers3rio, a lei do 7sete e do oito8
acrescentou1se , pena de morte como uma important-ssima lei para o socialismo em
marcha, *ue prometia a cada s<6dito uma 6ala por cada migalha rou6ada ao Estado) ?
omo sempre, lan+ou1se mão em grande escala dessa lei, so6retudo nos primeiros
tempos, em 19@41@@, e 2u>ilava1se então com especial >elo) "essa época pac-2ica
Rainda em vida de =irov)))S, s: na prisão das ?ru>es de eninegrado, em #e>em6ro de
19@4, aguardavam %'FU (A"EAFE"(E a sua sorte #UUE"(&% E %E%%E"(A E ?'"?& ?&"#E"A#&%
A$DU'.E AB& #E BU AB @5@ ] F&$(E; 1 n<mero *ue, durante um ano, s: nessa prisão,
deveria ultrapassar um milhar)
E *ue criminosos eram estesY #onde tinham sa-do tantos conspiradores e agitadoresY
Estavam ali, por exemplo, seis AolAho>ianos dos arredores de (sarsAoie1%elo, os
*uais eram acusados do seguinteJ depois das cei2as do =olAho> R2eitas com as suas
pr:prias mãosXS, eles passaram de novo a crivo os campos e recolheram as espigas
*ue tinham 2icado entre os torr9es para dar ,s suas vacas) E%(E% %E'% FUJ'DUE% "\&
G&$AF .E$#&A#&% .E & ?&F'(E ?E"($A E!E?U('V& E A %E"(E"VA G&' ?UF.$'#AX Due 2ac-
nora género %altitchiAha, *ue a6omin3vel e repugnante senhor de servos poderia
FA(A$ seis mu/i*ues por umas desgra+adas espigasY))) %e 2ossem somente espancados
com um ca/ado, t01lo1-amos sa6ido, e nas escolas amaldi+oar-amos os seus nomes)5
Fas agora isto passou desperce6ido e sem pro6lemas) E h3 *ue conservar a esperan+a
de *ue algum dia os documentos con2irmem o relato de uma testemunha viva) Fesmo *ue
%taline nunca mais tivesse mandado matar ninguém, s: por estes seis mu/i*ues de
(sarsAoie1%elo eu /3 o consideraria digno de ser es*uarte/ado em *uatroX E ainda se
atrevem a grunhir1nos Rde .e*uim, de (irana, de (6ilissi e das 2lorestas dos
arra6aldes de FoscovoSJ 7?omo se atreveram a desmascar311loY ?omo se atreveram a
pertur6ar a sua grande som6raY))) %taline pertence ao movimento comunista mundialX8
Fas, em meu parecer, pertence s: ao ?:digo .enal) 7&s povos de todo o mundo
recordam1no com simpatia )))8, mas não a*ueles so6re os *uais ele ia montado e a
*uem chicoteava) Fas voltemos , escrita impass-vel, o6/ectiva) "aturalmente *ue o ?
onselho ?entral Executivo teria 7suprimido completamente8, sem 2alta, a pena
m3xima, uma ve> *ue o havia prometido 1 mas a desgra+a 2oi *ue, em 19@;, o .ai e
Festre suprimiu completamente o pr:prio ?onselho ?entral Executivo) E o %oviete
%upremo tinha /3 um ar mais pr:ximo do dos tempos de Anna 'oannovna)Q A*ui /3 a
7pena m3xima8 se tornou uma medida de castigo e não uma *ual*uer medida de
7seguran+a8, incompreens-vel, us 2u>ilamentos de 19@51@Q até /3 para um ouvido
staliniano des6ordavam o limite da 7seguran+a8) %o6re esses 2u>ilamentos *ual ser3
o especialista /ur-dico ou o historiador da delin*u0ncia *ue nos apresentar3 uma
estat-stica aut0nticaY &nde estão os ar*uivos secretos, onde possamos penetrar e
ler as ci2rasY "ão existem) E não existirãoY .or isso, s: nos atrevemos a repetir
os n<meros ; (estemunho de I), *ue distri6u-a a comida nas celas dos condenados ,
morte) & *ue se ignora na escola é *ue %altitchiAha, por um veredicto Rde classeS
do tri6unal, esteve presa on>e anos nos su6terrLneos da prisão do Fosteiro de
'vanovo, em Foscovo, por atrocidades cometidas) R.rugavin, .ris9es dos Fosteiros)
Editorial .orédniA, p3g) @9)S #el eterencia , imperatri> *ue li*uidou, em 15@C, o
7conselho8 R%ovieteS constitu-do os bo6res do 'mpério $usso em 154;) R") dos ()S
@54 A$DU'.E AB& #E BU AB mais recentemente ouvidos, *ue em 19@914C circulavam pelas
a6:6adas da prisão de IutirAi e provinham dos 2uncion3rios, altos e médios, do
aparelho de Ke/ov, *ue tinham ca-do em desgra+a não havia muito e *ue passaram por
essas celas Reles estavam 6em colocados para o sa6erS) #i>iam os de Ke/ov *uenesses
dois anos tinham sido 2u>ilados em toda a União FE'& F' ^\& de 7pol-ticos8 e
*uatrocentos e oitenta mil comuns Rartigo 591@J 2u>ilados com o 7apoio de 'agoda8W
assim 2oi cei2ado o 7no6re e antigo meio da gatunagem8S) Até *ue grau serão
inveros-meis estas ci2rasY ?onsiderando *ue os 2u>ilamentos 2oram reali>ados não
durante doisa anos, mas sim em ano e meio, o6temos Rpara o artigo 5QS a média por
m0s de vinte e oito mil 2u>ilados) 'sto em toda a União) Fas *uantos lugares
havia de 2u>ilamentoY %er3 muito modesto considerar *ue existia apenas uma centena
e meia) REram mais, naturalmente) %: em .sAov tinham sido adaptadas muitas igre/as
e antigas celas de eremitas para locais de torturas e 2u>ilamentos da ")=)V)#)
Ainda em 195@ nessas igre/as não era permitida a entrada de turistasJ 7dep:sito de
ar*uivos8W 6elos 7ar*uivos8, em *ue não haviam limpo as teias de aranha em de>
anosX Antes dos tra6alhos de restaura+ão, 2oram da- levados montes de ossos em
cami9es)S .ode calcular1se *ue num lugar, e num s: dia, levavam ao 2u>ilamento seis
pessoas) Acaso isto é algo de 2ant3sticoY 'sto est3 até su6estimadoX R%egundo
outras 2ontes, até 1 de Janeiro de 19@9, tinham1se 2u>ilado um milhão e setecentas
mil pessoas)S #urante os anos da grande guerra patri:tica, por causas diversas, a
aplica+ão da pena de morte ora se ampliava Rpor exemplo, com a militari>a+ão das
linhas 2érreasS, ora se enri*uecia de novas 2ormas Rdesde A6ril de 194@ com o
ucasse so6re o en2orcamentoS) (odos estes acontecimentos retardaram um pouco a
prometida a6oli+ão a6soluta e de2initiva da pena de morte) "o entanto, a paci0ncia
e a a6nega+ão do nosso povo tinham1na merecidoJ em Faio de 1945, oci2
Vissarionovitch, ao estrear diante do espelho, o peitilho engomado com re*uinte,
ditou ao .raesidium do %oviete %upremo a a6oli+ão da pena de morte em tempos de pa>
Rsu6stituindo1a por uma nova pena de vinte e cinco anos em campos de concentra+ãoJ
um 6om pretexto para introdu>ir um *uarto de séculoS) Fas o nosso povo é
desagradecido, criminoso e incapa> de apreciar a magnanimidade) Assim, tendo
choramingado e choramingado por passar dois anos e meio sem pena de morte, os
dirigentes, em 14 de Janeiro de 195C, pu6licaram um ucasse em sentido opostoJ 7Em
ra>ão das peti+9es precedentes das rep<6licas nacionais Ra UcrLniaY)))S, dos
sindicatos R*ue agrad3veis são esses sindicatos, sa6em sempre o *ue 2a> 2altaS, das
organi>a+9es camponesas Risto 2oi ditado a dormir, pois todas as organi>a+9es
camponesas tinham sido destru-das pelo Fisericordioso no ano da grande viragemS,
6em como dos intelectuais Risto sim, é inteiramente veros-milS))1, decidiu1se
voltar a instaurar a pena de morte para os traidores , p3tria, os A$DU'.E AB& #E BU
AB @55 espi9es e os *ue reali>em actividades de sapa e de sa6otagem8, *ue /3 se
tinham amontoado nas pris9es) RFas es*ueceram1se de retirar a pena de um *uarto de
século, e ela 2icou)S Duando come+aram a restituir1nios o nosso conhecido
corta1ca6e+as, este di2undiu1se sem es2or+osJ em 1954, por homic-dio premeditadoW
em Faio de 19;1, por delapida+ão de 6ens do Estado, por 2alsi2ica+ão de moeda, por
terrorismo nos lugares de reclusão Risto é, pela morte de denunciantes e por
amea+as , administra+ão dos camposSW em Julho de 19;1, por in2rac+ão ao regulamento
das opera+9es com divisasW em Gevereiro de 19;4, por atentado contra as vidas dos
agentes da mil-cia e dos seus auxiliares Rum sopapo, por exemploS, 6em como por
viola+ãoW e, imediatamente a seguir, por corrup+ão) Fas tudo isso a t-tulo
provis:rio, até , a6oli+ão completa) E ainda ho/ea est3 escrito assim9) "o 2im de
contas, o per-odo mais longo em *ue nos mantivemos sem execu+9es 2oi o da c>arina
'sa6el .etrovna) "a nossa cega e con2ort3vel exist0ncia apresentam1nos os
condenados , morte como personalidades isoladas, v-timas da 2atalidade)
'nstintivamente, estamos convencidos de *ue n:s mesmos nunca poder-amos cair numa
cela de condenado , morte, por*ue para isso seria necess3ria, senão uma culpa
grave, em todo o caso, uma vida de excep+ão) (emos de dar muitas voltas ao miolo
para imaginarmos *ue ,s celas dos condenados ,
morte 2oram parar in<meras pessoas insigni2icantes, pelos actos mais simples e *ue
1 cada uma segundo a sorte *ue teve T, na maior parte dos casos, não o6tiveram
clem0ncia, mas sim a atalaia Ré o nome *ue os presos dão 7, medida m3xima8J eles
não suportam palavras elevadas e denominam tudo d, 2orma mais grosseira e curta
poss-velS) A um agr:nomo da sec+ão distrital agr3ria 2oi aplicada a pena de morte
por um erro na an3lise dos cereais do =olAho> Rtalve> *ue a an3lise não tenha
agradado aos che2esSX Aest3 19@5X & presidente de uma o2icina de artesanato R*ue
produ>ia carros de linhaXS, FelhniAov, 2oi condenado , morte por*ue na sua lo/a se
declarou um inc0ndio devido a uma 2a-scaX Ainda 19@5) RE verdade *ue a pena 2oi
comutada em de> anos)S "a .risão das ?ru>es, em 19@4, aguardavam a morteJ Geldman,
por ter sido encontrado com divisasW Gaiteleievitch, estudante do ?onservat:rio,
.ela venda de 2itas de a+o para aparos) & comércio tradicional, ganha1pão
passatempo dos /udeus, tam6ém passou a merecer a pena de morteX aera caso para nos
espantarmos *ue BuerachAa, rapa> de uma aldeia e lvarvovo, 2osse condenado , pena
de morteY & dia de %) Figuel, na .rimavera, 2este/ou1o na aldeia vi>inha, 6e6eu 6em
e 6ateu com uma 6arra 1 no traseiro de um miliciano, nãoX 1, mas sim no do cavalo
do milicianoX @5; A$DU'.E AB& #E BU AB RE verdade *ue, depois, raivoso contra a
mil-cia, arrancou o 2io do tele2one do %oviete da aldeia e gritouJ 7Forte aos
dia6osX8 )))S & nosso destino de ir parar , cela dos condenados não se decide por
a*uilo *ue 2i>emos ou não 2i>emos T decide1se pelas voltas da grande roda, pelas
poderosas circunstLncias exteriores) .or exemplo, eninegrado encontra1se 6lo*ueada)
Due deve pensar, o seu dirigente supremo, camarada Jdanov, se nos processos da
%eguran+a do Estado de eninegrado, nesses meses duros, não est3 prevista nenhuma
pena de morteY Due os :rgãos não actuam, não é assimY #eve haver, por revelar,
importantes conspira+9es clandestinas dirigidas pelos alemães do exterior, não é
verdadeY .or*ue é *ue so6 %taline, em 1919, essas conspira+9es 2oram desco6ertas e
so6 Jdanov, em 1944, elas não v0m , lu>Y #ito e 2eitoJ desco6rem1se v3rias
conspira+9es rami2icadasX En*uanto voc0 dorme no seu *uarto gelado de eninegrado,
uma garra negra desce so6re si) E a*ui nada depende de voc0 mesmo) Acontece *ue um
certo general 'gnatovsAi tem uma /anela *ue d3 para o rio "ieva e tirou um len+o
6ranco para se assoarJ é um sinalX Além disso, 'gnatovsAi, *ue é engenheiro, gosta
de 2alar com os marinheiros so6re *uest9es técnicas) ^3 *ue cortar o mal pela rai>X
'gnatovsAi é preso) ?hegou o momento de a/ustar contasX Ele é o6rigado a dar o nome
dos *uarenta mem6ros da sua organi>a+ão) #31os) %e voc0 é arrumador do (eatro
AleAsandra, as possi6ilidades de ser citado não são grandes, mas se é pro2essor de
um 'nstituto (ecnol:gico, então est3 na lista Routra ve> esta maldita
intelig0nciaXS) "ada depende de si) E por 2igurar nessa lista todos são 2u>ilados)
E 2u>ilam1nos e2ectivamente a todos) %: resta entre os vivos =onstantin 'vanovitch
%traAhovitch, conhecido especialista russo de hidrodinLmicaJ o Alto ?omando da
%eguran+a do Estado est3 descontente, por*ue a lista é pe*uena e se 2u>ilam poucos)
E %traAhovitch é designado como o elemento central, ade*uado para a desco6erta de
uma nova organi>a+ão) E convocado pelo capitão AltschullerJ 7Então voc0, de
prop:sito, con2essou tudo rapidamente, decidindo ir para o outro mundo, a 2im de
ocultar o governo clandestinoY Dual era o seu papel na organi>a+ãoY8 Assim,
continuando na cela dos condenados , morte, %traAhovitch é apanhado num novo c-
rculo de interrogat:riosX Ele prop9e *ue o considerem como ministro da 'nstru+ão
Rdese/a aca6ar *uanto antesXS,
mas para Altschuller isso é pouco) A investiga+ão prossegue e entretanto é 2u>ilado
o grupo de 'gnatovsAi) "um dos interrogat:rios o :dio apodera1se de %traAhovitchJ
ele não s: não dese/a viver, como est3 cansado de ser um condenado , morte, e
so6retudo a mentira /3 lhe repugna) E numa acarea+ão com um certo 2uncion3rio
importante, ele grita, 6atendo na mesaJ 7%ão voc0s *ue vão ser todos 2u>iladosX "ão
vou mentir mais) $etracto1me de todas as minhas declara+9esX8 E esta explosão
a/uda1oX "ão s: o deixam de interrogar, mas, durante longo tempo, es*uecem1no na
cela dos condenados) .elos vistos, num clima de su6missão geral, uma explosão de
desespero A$DU'.E AB& #E BU AB @55 é sempre 6ené2ica) (antos e *uantos 2u>iladosX A
princ-pio, milhares) #epois, centenas de milhares) Ga>emos contas de dividir, de
multiplicar, e suspiramos, amaldi+oamos) E, contudo, trata1se de simples n<meros)
Eles chocam o esp-rito) #epois, es*uecem1se) Fas se, um dia, as 2am-lias dos
2u>ilados mandassem imprimir numa editora as 2otogra2ias de todos os mortos e se se
pu6licasse um 3l6um com essas 2otogra2ias, em v3rios tomos, ao perscrutar num
<ltimo olhar os seus olhos extintos, *ue ri*ue>a humana não extrair-amos para a
vida *ue nos restaX Uma tal leitura, *uase sem texto, depositar1se1ia nos nossos
cora+9es como uma estrati2ica+ão eterna) Em casa de um conhecido meu, antigo preso
pol-tico, h3 o costume seguinteJ em 5 de Far+o, no dia da morte do Assassino
.rincipal, colocam1se so6re a mesa as 2otogra2ias dos 2u>ilados e mortos no campo
de concentra+ãoJ algumas de>enas, as *ue se conseguiram) E durante todo o dia reina
no apartamento um am6iente solene, meio de igre/a, meio de museu) Executa1se m<sica
2<ne6re, v0m os amigos, olham as 2otogra2ias, guardam sil0ncio, escutam, 2alam a
meia1vo> e saem sem se despedir) %e se 2i>esse assim em toda a parte))) Buardar-
amos nem *ue 2osse uma pe*uena cicatri> dessas mortes) A 2im de *ue, de todas as
maneiras, "\& ('VE%%EF F&$$'#& EF V\&X))) Eu tam6ém tenho umas *uantas 2otogra2ias
ocasionais) &lhem ao menos para estasJ Victor .etrovsAi 1 2u>ilado em Foscovo, em
191Q) AleAsandr ?htro6inder, estudante 1 2u>ilado em .etrogrado, em 191Q) Vassili
'vanovitch AnitchAov 1 2u>ilado na u6ianAa, em 1945) AleAsandr Andreievitch
%vietchin, pro2essor do Estado1Faior1Beneral 1 2u>ilado em 19@5) FiAhail
AleAsandrovitch $e2ormatsAi, agr:nomo 1 2u>ilado em &riol, em 19@Q) Elisa6ete
Evguenievna Anitchova 1 2u>ilada num campo de tra6alho no 'enissei, em 1944) ?omo
acontece tudo istok ?omo é *ue as pessoas esperam a morteY & *ue e *ue sentemY &
*ue é *ue pensamY A *ue conclus9es chegamY E donde as tiramk E o *ue é *ue recordam
nos <ltimos minutos da sua vidaY E como é *ue))) isto))) eles))) istoY t natural
esta Lnsia doentia das pessoas de levantar o véu Rainda *ue, naturalmente, nunca
nenhum de "H% o consigaS) E claro, tam6ém, *ue os *ue so6reviveram nada nos podem
di>er so6re esse <ltimo momento, dado *ue 2oram indultados) & *ue para além se
passa s: o conhecem os verdugos) Fas os verdugos ao talarão) R& céle6re (io ioc6a,
da .risão das ?ru>es, *ue atava as mãos atr3s das costas, punha as algemas e tapava
a 6oca ,*ueles *ue, ao em condu>idos , morte pelos corredores nocturnos, gritavam
7adeus @5Q A$DU'.E AB& #E BU AB irmãosX8, por*ue havia ele de vos contar tudoY .or
certo *ue ainda ho/e se passeia por eninegrado, 6em vestido) %e o encontrarem numa
das cerve/arias das ilhas 1C ou no 2ute6ol, perguntem1lheXS
Entretanto, o verdugo não conhece tudo até ao 2im) %o6 o ru-do ensurdecedor *ue
acompanha a escolta das execu+9es, não se ouve o disparo da 6ala, e ele est3
condenado torpemente a não compreender o *ue se passou) "ão 2ica a sa6er tudo 6em
até ao 2imc %: o sa6em os mortos 1 isto é, ninguém) Ah, é verdade, h3 o artistaJ
esse, em6ora de 2orma o6scura, con2usa, algo pressente, até a pr:pria 6ala, até a
pr:pria morda+a) E através dos indultados e dos artistas *ue temos um *uadro
aproximado da cela da morte) %a6emos, por exemplo, *ue durante a noite eles não
dormem, mas esperam) %: pela manhã se tran*uili>am) "aroAov RFartchenAoS, no
romance Galsas Brande>as11, onde é dominado pela preocupa+ão de escrever como
#ostoievsAi, de tocar e de comover mais ainda do *ue #ostoievsAi, descreve, no
entanto, muito 6em a cela do condenado , morte e a pr:pria cena do 2u>ilamento, na
minha opinião) "ão é poss-vel comprov31lo, mas em certa medida acredita1se) &s
pressentimentos de artistas mais antigos, por exemplo ionid Andreiev, transportam1
nos inevitavelmente aos tempos de =rilo14) Fas *ue escritor 2ant3stico poderia
imaginar, por exemplo, as celas da morte de 19@5Y Ele não deixaria de des2i6rar a
trama psicol:gicaJ a maneira de esperar, de escutar) Duem poderia, no entanto,
prever e descrever1nos estas sensa+9es inesperadas dos condenados , morteYJ 1) Eles
so2rem de 2rio) (0m de dormir num chão de cimento, de6aixo da /anela, so6 uma
temperatura de tr0s graus negativos R%traAhovitchS) E de morrer enregelado antes do
2u>ilamentoX 4) Eles so2rem de 2alta de espa+o e de calor as2ixiante) "uma cela s:
para um, metem sete Ré raro ^AVE$ menosS, de>, *uin>e ou mesmo V'"(E E &'(&
condenados , morte R%traAhovitch, eninegrado, 1944S) E assim, esmagados, são
mantidos semanas e FE%E%X #e 2orma *ue /3 não é um pesadelo 2alar dos sete
en2orcadosX1@ &s homens /3 não pensam na execu+ão, não temem o 2u>ilamento,
imaginam s: em como estender as pernas, em como dar uma volta, em como a6sorver o
arX Em 19@5, *uando nas v3rias pris9es de 'vanovo Rpris9es interiores, um, dois e
=.%S se encontravam presas ao mesmo tempo *uarenta mil pessoas, em6ora estivessem
calculadas apenas para tr0s ou *uatro mil, s: na prisão 1C 'lhas situadas no
estu3rio do "eva, onde 2ica o par*ue de eninegrado) R") dos ()S 11 Edi+9es
(cheAhov) a1 Ga6ulista russo) R") dos ()S 11 Alusão a narrativa de eonid Andreiev
^ist:ria dos %ete En2orcados) R") dos ()S A$DU'.E AB& #E BU AB @59 dois tinham sido
amontoados presos com processo não 2ormado, condenados ao campo de tra6alho,
condenados , morte, condenados , morte indultados e ainda ladr9es) E todos eles
estiveram #U$A"(E VZ$'&% #'A%, numa grande cela, #E .E, A.&'A#&% U"% ?&"($A &%
&U($&%, com tal estreite>a *ue não se podia levantar nem 6aixar os 6ra+os, e
a*ueles *ue eram apertados contra as tarim6as podiam 2racturar os /oelhos) 'sto
passava1se no 'nverno, mas, para não as2ixiarem, os reclusos *ue6raram as vidra+as
das /anelas) RGoi nesta cela *ue, em 191Q, aguardou a morte, /3 depois de
condenado, todo de 6ranco como um hussardo, o mem6ro do .artido &per3rio %ocial1
#emocrata $usso, AlaliAin, *ue a6andonou o .artido Iolchevi*ue em 1915, depois das
teses de A6ril)S14 @) &s condenados , morte so2rem de 2ome) #epois da senten+a a
espera é tão longa *ue a sua principal sensa+ão passa a ser não a do medo do
2u>ilamento, mas a da tortura da 2omeJ onde encontrar de comerY AleAsandr Ia6itch,
em 1941, na cadeia de =rasnoiarsA,
passou na sua cela de morte setenta e cinco diasX J3 se tinha resignado
completamente e aguardava o 2u>ilamento como o <nico e poss-vel 2im da sua vida
des2eitaW Fas aca6ara por inchar devido , 2ome 1 e 2oi então *ue lhe comutaram a
pena em de> anos de prisão, tendo iniciado em tal estado a sua vida pelos campos de
tra6alho) Fas *ual é o record de perman0ncia na cela da morteY Duem o conheceY
Vcievolov .etrovitch Bolitsin parece ser o campeão RXS) .assou l3 cento e *uarenta
dias Rem 19@QS) Fas acaso ser3 este o recordY))) Uma gl:ria da nossa ci0ncia, o
académico ") ') Vassilov, estava , espera do 2u>ilamento v3rios meses, senão UF A"&
'"(E'$&W depois, na sua *ualidade de condenado , morte, 2oi evacuado para a prisão
de %aratov, onde permaneceu numa cela su6terrLnea, sem /anelasW e *uando, no Verão
de 1944, 2oi indultado e o trans2eriram para a cela comum, não podia andarJ , hora
do passeio era preciso lev31lo em 6ra+os) 4) &s condenados , morte so2rem por 2alta
de assist0ncia médica) &Ah1nmenA, durante a sua longa perman0ncia na cela da morte
Rem 19@QS, adoeceu gravemente) "ão o levaram ao hospital e a médica não apareceu
durante largo tempo) Duando 2inalmente chegou, não entrou na cela, mas através da
porta com rede, sem o examinar nem nada lhe perguntar, esten1deu1lhe uns p:s)
%traAhovitch so2ria de hidropsia nas pernas, o *ue explicou ao guarda, e
mandaram1lhe))) um estomatologista) Duando o médico intervém, dever3 ele curar o
condenado , morte, ou seSa, prolongar1lhe o tempo de espera, ou o seu humanismo
consistir3 em insistir no 2u>ilamento *uanto antesY Ainda outra cena de *ue
%traAhovitch C1 testemunhaJ o médico entra e, ao 2alar com o guarda de plantão,
aponta com o dedo para um condenado , morteJ 7Fas é /3 um de2untoX))) Um eses
de2endidas por enine em 15 de A6ril de 1915J recusa de com6ater na guerra, o
Boverno provis:rio, passagem do .oder aos %ovietes) R") dos ()S @QC A$DU'.E AB& #E
BU AB de2untoX))) Um de2untoX)))8 RAssim ele *ueria chamar a aten+ão para as
distro2ias dos condenados, insistindo em *ue não se pode deixar morrer assim
lentamente as pessoas, sendo /3 mais *ue tempo de 2u>il31losXS E por*ue é *ue, na
realidade, os retinham assim tanto tempoY "ão teriam carrascos em n<mero
su2icienteY E necess3rio tomar em conta o 2acto de *ue muitos apresentavam uma
peti+ão de indulg0ncia, ou até lhes pediam *ue o 2i>essem, e *uando eles,
o6stinando1se, não *ueriam entrar em mais compromissos, assinavam mesmo em seu
nome) E a marcha do papel através da m3*uina não podia levar menos do *ue meses)
Eis, provavelmente, o *ue sucediaJ a inter2er0ncia de dois departamentos
di2erentes) & departamento encarregado das investiga+9es e dos processos Rcomo nos
asseveraram alguns mem6ros do ?olégio Filitar tratava1se de um s:S es2or+ava1se por
detectar os casos mais amea+adores e tene6rosos, não podendo deixar de aplicar aos
delin*uentes um castigo exemplar 1o 2u>ilamento) Fas *uando a senten+a de
2u>ilamento era pronunciada e transcrita no processo /udicial, esses espantalhos
chamados réus /3 não lhes interessavamJ como, na verdade, não havia *ual*uer
sedi+ão, nada na vida do Estado mudaria pelo 2acto de os condenados 2icarem com
vida ou serem mortos) E assim eles passavam completamente a depender do
departamento prisional) Este, ligado ao BU AB, olhava /3 os presos do ponto de
vista econ:micoJ os seus c3lculos eram não os de 2u>ilar o maior n<mero poss-vel,
mas sim os de enviar mais 2or+a de tra6alho para o Ar*uipélago) (al 2oi a atitude
de %oAolov, che2e da prisão interna da ?asa Brande, em rela+ão a %traAhovitch, o
*ual, no 2im de contas, a6orrecendo1se na cela dos condenados , morte, pediu papel
e l3pis para 2a>er exerc-cios cient-2icos) .rimeiro escreveu um estudo so6re
7A 'nterven+ão dos -*uidos e dos %:lidos em Fovimento8, e so6re 7?3lculo de Ial-
stica, Folas e Amortecedores8W depois outro acerca de 7&s Gundamentos da (eoria de
Esta6ilidade8) Goi então *ue o trans2eriram para uma cela isolada, dita 7cient-
2ica8, melhorando1lhe a comida) E come+aram a chegar até ele encomendas da 2rente
de eninegrado, para a *ual ela6orou um estudo acerca do 7Volume de Gogo na #e2esa
Antiaérea8) .or 2im Jdanov comutou1lhe a pena de morte em *uin>e anos Rmas a
correspond0ncia com a (erra Brande seguia muito devagar, e chegou mais depressa de
Foscovo a indulg0ncia ordin3ria, a *ual 2oi mais generosa *ue a de JdanovJ ao todo
de> anosS)15 Duanto a A) ") .), pro2essor de Fatem3tica, retido na cela dos
condenados , morte, o investigador =ru/Aov Rsim, sim, é esse, o ladrãoS decidiu
explor31lo com 2ins pessoaisJ o caso era *ue =ru/Aov estudava por correspond0nciaX
Assim, 2a>ia sair A) .) da ?E A #A F&$(E e dava1lhe, para ab (odos os cadernos *ue
%traAhovitch escreveu na prisão estão ho/e intactos) Fas a sua 7carreira cient-
2ica8 atr3s das grades estava ainda no come+o) Ele teria ainda de dirigir um dos
primeiros pro/ectos de tur6orreactores na U)$)%)%) A$DU'.E AB& #E BU AB @Q1 ele
resolver, os seus exerc-cios so6re a teoria das 2un+9es na corrente alterna
complexa Rsendo prov3vel *ue não se tratasse apenas dos seus pontosXS) Due
compreendeu, e2ectivamente, a literatura mundial acerca dos so2rimentos perante a
morteY))) En2im Reste relato é de (di)S, a cela da morte pode ser utili>ada como
elemento de investiga+ão, como método de coac+ão so6re o acusado) #ois presos *ue
não reconheceram as suas culpas R=rasnoiorsAS 2oram de repente convocados ao
7tri6unal8, 7sentenciados8 , morte e trans2eridos para a respectiva cela R(ch)
especi2ica 6em *ue se tratava da 7encena+ão de um /ulgamento8) Fas, dado *ue
*ual*uer processo é uma encena+ão, com *ue )palavra designar este pseudoprocessoY
Uma cena dentro de outra cena, um espect3culo dentro de outro espect3culoS)
#eixaram1nos a respirar até se intoxicarem neste am6iente de morte) #epois
puseram1lhes l3 um 6u2o, tam6ém como 7condenado , morte8) E eles, de repente,
passaram a arrepender1se de terem sido tão o6stinados durante a investiga+ão e
pediram ao guarda *ue comunicasse ao investigador *ue estavam dispostos a con2essar
tudo) #eram1lhes a assinar as declara+9es, e depois levaram1nos da cela /3 de dia 1
isto é, não para o 2u>ilamento) Fas os verdadeiros condenados , morte, *ue serviram
de co6aia para o /ogo de investiga+ão, *ue deviam eles sentir perante esses *ue
assim 7se arrependiam8 e eram indultadosY (rata1se de aspectos secund3rios da
encena+ão) #i>em *ue =onstantin $oAossovsAi1;, 2uturo marechal, 2oi, em 19@9,
levado duas ve>es a um 6os*ue, para um aparente 2u>ilamento nocturno, tendo1lhe
sido apontadas as armas e, depois, 6aixadas, ap:s o *ue o condu>iram de novo ,
prisão) 'sto é tam6ém uma medida m3xima, aplicada como método de investiga+ão) E
isso não )teve importLncia, ele sa2ou1se, 2icou vivo e são, e nem se o2endeu) &
homem deixa1se matar *uase sempre resignadamente) .or*ue é *ue a pena de morte o
hipnoti>a tantoY $aramente os indultados se recordam de *ue na sua cela de morte
alguém ha/a resistido) Fas houve tam6ém casos desses) "a .risão das ?ru>es, de
eninegrado, em 19@4, os condenados a morte tiraram o rev:lver ao guarda e
dispararam) #epois disso 2oi adoptada a técnica seguinteJ depois de 6em o6servarem
pelo postigo a*uele *ue precisavam de levar, lan+avam1se na cela, su6itamente,
cinco guardas desarmados, para agarrar um s: homem) "a cela dos condenados , morte
avia oito ou de> presos, mas cada um deles tinha enviado um recurso a alinin e
esperava ser perdoado) .or issoJ 7Forre tu ho/e *ue amanhã serei eu)8 (odos se
a2astavam e se
punham a olhar com indi2eren+a como avam o condenado, como ele pedia socorro e lhe
tapavam a 6oca com aAossovsAi morreu em 19;Q) R") dos ()S @Q4 A$DU'.E AB& #E BU AB
uma pe*uena 6ola de crian+a) R&lhando uma 6ola dessas, acaso se adivinham todas as
possi6ilidades da sua utili>a+ãoY))) Due 6om tema para um con2erencista 2alar so6re
o método dialécticoXS Esperan+aX & *ue é *ue mais te 2ortalece ou de6ilitaY %e em
cada cela os condenados , morte, todos unidos, estrangulassem os carrascos, *uando
7les chegam, não cessariam mais seguramente as execu+9es do *ue com os apelos ao ?
omité Executivo de toda a UniãoY J3 , 6eira da sepultura, por*ue não o2erecer
resist0nciaY Fas acaso no momento da deten+ão não estava /3 tudo predestinadoY
Entretanto, todos os presos, de /oelhos, como se tivessem as pernas cortadas, se
arrastam pelo caminho da esperan+a) Vassili Brigorievitch Vlassov conta *ue na
noite seguinte ao veredicto, *uando o levavam através das ruas escuras de =adii,
com *uatro pistolas apontadas aos seus *uatro costados, toda a sua preocupa+ão era
a de *ue não lhes ocorresse disparar agora, provocadoramente, a pretexto de uma
tentativa de 2uga) Ainda não acreditava na senten+aX Ainda tinha esperan+as de
escapar com vida))) Goi então enca2uado no posto da mil-cia) .useram1no estendido
so6re a mesa do escrit:rio, sendo vigiado por turnos de dois ou tr0s milicianos, ,
lu> de uma lLmpada de *uerosene) Eles di>iam entre siJ 7Gartei1me de escutar
durante *uatro dias, e não consegui compreender por*ue é *ue os condenaram)8 1
7'sso não são coisas *ue precisemos de entenderX8 Vlassov 2oi a- mantido cinco
diasJ esperavam a con2irma+ão da senten+a para 2u>ilar os condenados ali mesmo, em
=adiiJ era muito di2-cil escolt31los até outro destino) Alguém enviou em nome deles
um telegrama pedindo o indultoJ 7"ão me considero culpado, pe+o *ue me poupem a
vida)8 "ão houve resposta) Entrementes as mãos tremiam de tal 2orma a Vlassov *ue
não era capa> de levar a colher , 6oca, e 6e6ia a sopa directamente do prato)
=liuguin visitava1o para >om6ar dele) R ogo a seguir ao caso de =adii estava
iminente a sua trans2er0ncia de 'vanovo para Foscovo) "esse ano, essas estrelas cor
de sangue *ue 6rilhavam no céu de BU AB tinham 6ruscos amanheceres e entardeceres)
Aproximava1se o momento de os lan+ar, tam6ém a eles, na mesma 2ossa, mas isso não o
sa6iam eles)S "ão chegava a con2irma+ão nem o indulto, e tiveram de levar os *uatro
condenados para =inechma) (ransportaram1nos em *uatro cami9es de tonelada e meia,
indo em cada um deles um condenado guardado por sete milicianos) A$DU'.E AB& #E BU
AB @Q@ Em =inechma, nos su6terrLneos do mosteiro Ra ar*uitectura monacal, li6ertada
da ideologia mon3stica, prestou1nos muitos servi+osXS, agregaram1lhes outros
condenados , morte, e condu>iram1nos num vagão celular até 'vanovo) "uma gare de
mercadorias de 'vanovo separam tr0s dentre elesJ %a6u1rov Vlassov e outro de um
grupo di2erenteJ os restantes marcharam imediatamente para o 2u>ilamento, a 2im de
não so6recarregarem mais as pris9es) Goi a- *ue Vlassov se despediu de %mirnov) &s
tr0s *ue escaparam 2oram deixados so6 a 2ria humidade de &utu6ro no p3tio da cadeia
n<mero um, onde os mantiveram durante *uatro horas, en*uanto retiravam,
condu>iam e revistavam outros *ue iam em levas) "ão havia propriamente provas de
*ue não os 2u>ilassem na*uele dia) Estas *uatro horas tinham, todavia, de pass31las
sentados no chão, mergulhados nos seus pensamentos) ^ouve um momento em *ue %a6urov
/ulgou *ue os iam levar para o 2u>ilamento Rmas condu>iam1nos para a celaS) "ão
gritou, mas agarrou1se tão 2ortemente , mão do vi>inho, *ue este uivou de dor) &s
guardas levaram %a6urov de arrastão, empurrando1o com as 6aionetas) "essa prisão
havia *uatro celas de condenados , morte) "o pr:prio corredor estavam presas
mulheres com crian+as, além de doentesX As celas tinham duas portasJ uma de
madeira, com um postigo, e outra de 2erro, com grades) ?ada uma possu-a duas
2echaduras Ras chaves estavam em poder do guarda e do che2e do pavilhão, para *ue
não pudessem a6rir as portas separadamente, um sem o outroS) A cela *uarenta e tr0s
2a>ia paredes meias com o ga6inete do /ui> de instru+ão, e pela noite, *uando os
condenados , morte esperavam o 2u>ilamento, os gritos dos torturados rasgavam1lhes
os ouvidos) Vlassov 2oi parar , cela sessenta e um) Era para um s: presoJ tinha
cinco metros de comprimento e pouco mais de um de largura) #uas camas de 2erro
estavam 2ixas ao chão por uma grossa 6arra) Em cada cama havia dois condenados ,
morte) ?ator>e outros estavam deitados no chão de cimento, transversalmente) A
espera da morte, tinham reservado para cada um menos de uma archina15 *uadradaX E
sa6ido *ue h3 muito tempo *ue mesmo um morto tem direito archinas de terra 1 e a
(cheAhov isso ainda lhe parecia pouco))) Vlassov perguntou se o iriam 2u>ilar
depressa) 7":s viemos para a*ui ha muito tempo, e ainda estamos vivos)))8 t come+ou
a tal espera 1 como /3 é conhecidaJ durante a noite ninguém rme, no mais completo
a6atimento, aguardando *ue venham lev31los morrer, escutando cada sussurro no
corredor Rcom essa prolongada espera decai tam6ém a capacidade de a pessoa opor
resist0nciaX)))S) %ão archinaJ medida e*uivalente a setenta e um cent-metros) R")
dos () / @Q4 A$DU'.E AB& #E BU AB especialmente in*uietantes a*uelas noites *ue se
seguem aos dias *ue chegou o indulto para alguémJ este irrompe em gritos de
alegria, mas na cela adensa1se o terror, pois isso é sinal de *ue, /untamente com o
indulto, chegou tam6ém do alto da montanha a recusa para alguns deles, e de *ue
pela noite 2ora virão 6uscar alguém ))) ]s ve>es, a meio da noite, as 2echaduras
rangem e os cora+9es gelam11seJ ser3 para mimY "ão, não é para mimX E o guarda a6re
a porta de madeira para di>er *ual*uer coisa a6surdaJ 7$ecolham as coisas *ue estão
no parapeito da /anelaX8 Esse simples acto de a6rir a porta pode ter tirado a todos
os cator>e um ano de vidaW 6astar3 talve> repetir uma meia centena de ve>es essa
opera+ão para /3 não ser necess3rio gastar uma 6alaX Fas como todos lhe 2icaram
agradecidos por ter terminado tudo 6emJ 7Vamos /3 guard31las, cidadão che2eX8
#epois de irem , latrina, pela manhã, /3 li6ertos do temor, adormeciam) Fais tarde,
o guarda tra>ia o recipiente da sopa e dava os 6ons1diasX ?on2orme o regulamento, a
segunda porta, a das grades de 2erro, devia a6rir1se somente na presen+a do guarda
de plantão da cadeia) Fas, como é sa6ido, as pessoas são mais pregui+osas do *ue os
regulamentos e as instru+9es T e o carcereiro entrava na cela, pela manhã, sem o
guarda de plantão, e de um modo per2eitamente humano, ou melhor, so6re1humano,
lan+ava a sauda+ãoJ 7Ions diasX8 ^averia alguém na (erra *ue 2osse mais sens-vel a
esses 6ons1dias do *ue elesY $econ2ortados pelo calor dessa vo> e desse l-*uido
viscoso, dormiam agora até ao meio1 dia) R%: pela manhã é *ue eles comiamX #epois
de acordados, durante o dia, muitos
deles eram incapa>es de engolir 2osse o *ue 2osse) Alguns rece6iam pacotes de casa,
pois podia acontecer *ue a 2am-lia nada sou6esse acerca da condena+ão , morte) &s
pacotes passavam a ser de todos na cela, mas para ali 2icavam até apodrecerem, com
a exala+ão da humidade)S #e dia havia ainda uma ligeira anima+ão na cela) Vinha o
che2e do pavilhão, ou o som6rio (araAanov ou o 6em disposto FaAarov, o2erecendo
papel para escrever peti+9es, perguntando se *ueriam algo, *uem é *ue tinha
dinheiro para encomendar ta6aco , cantina) Estas propostas pareciam ou demasiado
estranhas ou extraordinariamente humanasJ era como se os não tomassem por
condenados , morte) ?om os 2undos das caixas de 2:s2oros, os condenados 2a>iam
pedras de domin: e /ogavam) Vlassov 2alava a alguns deles so6re as cooperativas, o
*ue nele sempre ganha um tom c:mico)1Q KaAov .etrovitch =olpaAov, presidente do ?
omité Executivo do %oviete de %udcha, 6olchevi*ue desde a .rimavera de 1915, na
2rente, permanecia sentado de>enas de dias sem mudar de posi+ão, com a ca6e+a entre
as mãos, os cotovelos 2incados so6re &s seus relatos so6re as cooperativas são
magn-2icos e dignos de men+ão , parte) A$DU'.E AB& #E BU AB @Q5 os /oelhos, olhando
sempre para o mesmo ponto da parede) R?omo devia parecer1lhe agora alegre e ligeira
a .rimavera de 1915X)))S A lo*uacidade de Vlassov irritava1oJ 7?omo podes ser
assimY8 T 7E tu, est3s a preparar1te para o para-soY8, sorria1se Vlassov, *ue, com
a rapide> da conversa+ão, ganhava uma pron<ncia especial, com o som do 7:8 muito
marcado19) 7Eu s: me impus uma coisa) Vou di>er ao carrascoJ bEs s: tu, e não os
/u->es, nem o procurador, *ue és o culpado da minha morte) E vive com esta ideia,
canalhaXb %e não existissem pessoas como ele, carrascos volunt3rios, não havia
senten+as de morte) Due me mate, este canalhaX8 =olpaAov 2oi 2u>ilado) Goi 2u>ilado
=onstantin %erguievitch ArAadiev, antigo director da sec+ão agr3ria do distrito de
AleAsandrovsA Rregião de VladimirS) A despedida dele 2oi particularmente
dolorosa) .ela noite ouviram1se os passos dos seis homens da guarda *ue vinham
6usc31lo) Iruscamente, exigiram pressa, mas ele, doce, educado, durante algum tempo
deu voltas e voltas ao 6oné entre as mãos, retardando o momento da sa-da, da sa-da
do meio dos <ltimos homens terrestres) E *uando pronunciou o <ltimo 7adeus8, *uase
não tinha vo>) "os primeiros instantes, ao indicarem a v-tima, os restantes 2icaram
aliviados R7não sou euX8S, mas agora, depois de o terem levado, é duvidoso *ue se
sintam melhor do *ue ele) Em todo o dia seguinte 2icarão condenados a permanecer
calados e a não comer) Duanto a BuerachAa, *ue p_s a sa*ue o %oviete da aldeia,
comia e dormia muitoW , maneira camponesa, ele acostumou1se mesmo ,*uilo) .arecia
*ue não podia acreditar *ue o 2u>ilariam) RE a ele não o 2u>ilaramJ comutaram1lhe a
pena em de> anos)S Alguns 2icaram grisalhos , vista dos seus companheiros de cela
em tr0s a *uatro dias) Duando se 2ica , espera da morte durante um per-odo tão
prolongado, os ca6elos crescem, sendo1se o6rigado a cort31los e a tomar 6anho) A
vida do c3rcere vai rodando na ignorLncia dos veredictos) Alguns perdiam a
coer0ncia do discurso e a compreensão, mas, de todas as) maneiras, ali iam
aguardando tam6ém o seu destino) A*ueles *ue haviam perdido o /u->o na cela dos
condenados , morte eram 2u>ilados, mesmo sendo loucos) ?hegavam 6astantes indultos)
.recisamente na*uele &utono de 19@5, pela primeira ve> depois da $evolu+ão,
tinham /3 sido previstas senten+as e *uin>e e vinte anos, e elas anularam muitos
2u>ilamentos) ?omutavam tam6ém as penas em de> anos) E até as comutavam em cinco)
"o pa-s das
aravilhas tudo pode acontecerJ ontem de noite eras merecedor da execu+ão i ho/e de
manhã és digno de uma senten+a in2antil) Es um delin*uente ligeiro, no campo
poder3s ter a possi6ilidade de não ser escoltado) aren<ncia do "orte da $<ssia) R")
dos ()S @Q; A$DU'.E AB& #E BU AB V) ") =homenAo estava na sua cela) Era um homem do
?u6an, de sessenta anos de idade, antigo capitão de cossacos, 7a alma da cela8, se
numa cela de condenados pode haver almaJ pilheriava, sorria de6aixo do 6igode, não
mostrava amargura) #epois da guerra contra o Japão, 2ora declarado incapa> para o
servi+o militar e aper2ei+oara1se na cria+ão de cavalos) %ervira na administra+ão
local da sua prov-ncia e, nos anos @C, era 7inspector para o 2ornecimento de
cavalos ao Exército Vermelho oper3rio1campon0s8, na sec+ão agr3ria da região de
'vanovo) 'sto é, estava encarregado de velar por *ue o Exército Vermelho tivesse os
melhores cavalos) Goi preso e condenado , morte por haver aconselhado a castrar os
garanh9es aos tr0s anos, 7com inten+ão de sa6otagem8, minando a capacidade
com6ativa do Exército Vermelho) =homenAo interp_s recurso) Ao ca6o de cin*uenta e
cinco dias, o che2e do corpo comunicou1lhe *ue não tinha dirigido o recurso ,
devida instLncia) Ali mesmo, apoiado na parede, com um l3pis pertencente ao che2e
do corpo, riscou o nome da institui+ão e no seu lugar escreveu outra, como se se
tratasse de um ma+o de cigarros) ?om esta de2eituosa correc+ão, a *ueixa demorou
outros sessenta dias a chegar) E assim =homenAo 2icou , espera da morte durante
*uatro meses) RE p_de esper31la ainda mais um ano, pois n:s esper3mo1la anos
inteirosX)))S E veio a completa rea6ilita+ão`) REntretanto, Vorochilov tinha
decidido castrar antes dos tr0s anos)S ^o/e cortam1te a ca6e+a dos om6ros, amanhã
ter3s toda a is6a em 2esta) Eram muitos os indultados, os *ue alimentavam
esperan+as) Fas Vlas1sov, con2rontando o seu caso com outros, e analisando,
so6retudo, o seu comportamento no processo, achava *ue so6re ele se tinham
acumulado coisas mais graves) ^avia *ue 2u>ilar alguém) Fetade dos condenados, pelo
menos) Ele estava persuadido de *ue seria 2u>ilado) %: *ueria, em 2ace disso,
manter a ca6e+a erguida) A ousadia pr:pria do seu car3cter emergia de novo, e
disp_s1se a ser atrevido até ao 2im) A ocasião deparou1se1lhe) .assando revista ,
prisão, não se sa6ia p3ra *u0 Ro mais certo seria para experimentar sensa+9esS,
'vanovo (chinguli, che2e de) investiga+ão da %eguran+a do Estado, ordenou *ue
a6rissem a porta da sua cela e postou1se no um6ral) "o meio da conversa, perguntouJ
7Duem h3 a*ui *ue perten+a ao processo de =adiiY8 Vestia uma camisa de seda de
manga curta, das *ue estavam então na moda e pareciam 2eitas por mulheres) Ele
mesmo, ou a camisa, expeliam um per2ume adocicado, *ue chegava até , cela) Vlassov,
com agilidade, saltou da cama e p_s1se a dar gritos estridentesJ 7Duem é este
o2icial colonialYX %ai da*ui, assassinoXXX8 #e cima, escarrou com toda a 2or+a no
rosto de (chinguli) E acertou1lheX & outro limpou1se e retrocedeu) E *ue ele não
tinha o direito de entrar nesta cela senão acompanhado de seis guardas))) E mesmo
assim))) Um pato com /u->o não deve comportar1se desse modo) E se, precisa1 A$DU'.E
AB& #E BU AB @Q5 nente agora, o teu processo estiver nas mãos deste (chinguli e
depender dele o visto para o indultoY .ois não deve ter sido em vão *ue perguntouJ
7Duem h3 a*ui *ue perten+a ao processo de =adiiY8 Gora seguramente por isso *ue
viera)
Fas h3 um limite, *uando /3 repugna ser um pato com /u->o) Duando a ca6e+a do pato
é iluminada pela compreensão geral de *ue todos os patos estão condenados a ser
redu>idos a carne e a pele, a vantagem pode consistir unicamente em ganhar tempo,
mas não a vida) Duando se *uer gritarJ 7Faldito se/as, 2u>ila1nos *uanto antesX8
#epois de *uarenta e um dias , espera do 2u>ilamento, era este precisamente o
sentimento de exaspera+ão *ue se ia apoderando, cada ve> mais, de Vlassov) "a
cadeia de 'vanovo convidaram1no duas ve>es a re*uerer a gra+a e ele negou1se) Fas
no *uadragésimo segundo dia chamaram1no ao 6ox e anunciaram1lhe *ue o .raesidium do
%oviete %upremo lhe comutava a pena m3xima em vinte anos de prisão em campos
correccionais de tra6alho, com os su6se*uentes cinco anos de priva+ão de direitos)
& p3lido Vlassov sorriu1se e até teve a presen+a de esp-rito para di>erJ 7E
estranho) ?ondenaram1me por não ter con2ian+a na vit:ria do socialismo num s: pa-s)
Fas acaso =alinin acredita nela, se pensa *ue dentro de vinte anos serão ainda
necess3rios campos de tra6alhoY)))8 'sso parecia ainda longe 1 dentro de vinte
anos) Estranhamente, continuavam a ser necess3rios, trinta anos depois))) !''
('U$UA= A $E? U%\& .$E%'#'Z$'A A^, a 6oa palavra russa ostrog Rpres-dioS, como ela
é 2orte, 6em constitu-daX .arece ter a mesma 2ortale>a destes muros, de *ue não
podes sair) E tudo est3 concentrado nesses seis 2onemasJ o rigor RostrogostS, o
arpão RostrogaS e os picos RostrotaS T os picos do ouri+o, *uando ro+am como
agulhas no 2ocinho, *uando a tormenta 2ustiga a 2ronhaa gelada e espica+a os olhos)
As estacas agu+adas da >ona 2ronteiri+a ao campo, e de novo o arame 2arpado) A
prud0ncia Ros1toro/nostsS vem agregar1se1lhe ao 2lanco) E por*ue não o corno RrogS2
%im, o corno so6ressai, marra, apontado directamente contra n:sX %e deitarmos uma
olhadela a todas as pr3ticas presidi3rias, aos seus usos e costumes, digamos, aos
<ltimos noventa anos desta institui+ão, ver11se13 *ue não é s: um corno, mas sim
doisJ os populistas tiveram direito a uma extremidade, l3 onde ele marra mais, onde
é insuport3vel apanh31lo no t:rax, penetrando até ao ossoW depois, gradualmente,
ele 2oi1se tornando cada ve> mais redondo, mais liso, descendo até , rai>, passando
a não parecer ser /3 *uase um corno, mas sim uma super2-cie peluda Risto nos
come+os do século !!S) #epois de 1915, depressa se lhe apalparam as primeiras
protu6erLncias da segunda rai>) Apesar da dor do re6entar, apesar do 7não h3
direito8, essas protu6erLncias passaram de novo a elevar1se, a estreitar1se, a ser
mais severas, a endurecer 1 e no ano @Q enterraram a sua ponta no homem em plena
car:tida, um pouco mais a6aixo do pesco+oJ eis o corno t-ur>aA)a E como um sino de
alarme nocturno e long-n*uo, .os1se a dar uma 6adalada por anoJ (&"1n1nX )))4 %e
seguirmos esta par36ola, segundo os presos de %hlissel6urg@, ao come+o é tudo terr-
velJ o preso tem um n<mero e ninguém o pode chamar pelo seu apelidoW os guardas,
como se tivessem sido ensinados na u6iana, nao di>em uma s: palavra) %e
pronuncias))) 7n:s8, respondem1teJ 7Gale somente de siX8 & sil0ncio é sepulcral) A
cela est3 permanentemente na a $eclusão presidi3ria) A6reviatura de 7pres-dio com
regime especial1) 1 (ra6alho %elado, de Vera Gigner) @9C A$DU'.E AB& #E BU AB
penum6ra, os vidros são opacos, o solo as2altado, o postigo a6re1se apenas *uarenta
minutos por dia) #ão de comer sopa de couve sem carne e papas de cereal) "a
6i6lioteca não emprestam livros cient-2icos) #ois anos inteiros em *ue não v0s uma
<nica pessoa) %: ao 2im de tr0s anos te tão algumas 2olhas de papel numeradas)4
Fas, a pouco e pouco, o espa+o aumenta e vai1se tornando mais doceJ eis *ue aparece
pão 6ranco e ch3 com a+<carW se tens dinheiro, podes comprar o *ue *uiseresW 2umar
não é proi6idoW 2oram postos novos vidros transparentes e o postigo est3 sempre
a6ertoW pintaram as paredes de cor mais claraW e tens direito de rece6er livros por
assinatura de uma 6i6lioteca de %) .eters6urgoW entre as portas h3 gradeamentos de
2erro, é poss-vel conversar e até 2a>er palestras de um lado para o outro) J3 as
mãos dos presos come+am a reclamarJ d0em1nos ainda um pouco mais de terraX E dois
palmos da prisão são lavrados, para criar plantas) J3 havia *uatrocentos e
cin*uenta tipos de 2lores e de hortali+asX V0em1se aparecer colec+9es cient-2icas,
uma o2icina de carpintaria, uma 2or/aJ ganhamos dinheiro, compramos livros,
inclusive livros pol-ticos russos5 e revistas estrangeiras) E trocamos
correspond0ncia com os 2amiliares) & passeioY (odo o dia, se se *uiser) Vera Gigner
recordaJ 7J3 não era o director *ue gritava, éramos n:s *ue lhe grit3vamos)8 E em
19C4, tendo1se ele negado a enviar a sua *ueixa, ela arrancou1l6e os gal_esl As
conse*u0ncias 2oram as seguintesJ veio um investigador militar e desculpou1se
diante de Vera Gigner pela ignorLncia do directorX ?omo se veri2icou este desli>e,
este relaxamentoY Vera Gigner explica1o em parte pelo humanismo de alguns
comandantes, e pelo 2acto de *ue 7os guardas se 2amiliari>avam com os presos8, se
ha6ituavam) Em 6oa parte, isso 2oi resultado da 2irme>a dos presos, da sua
dignidade e da maneira como sou6eram comportar1se) #e todas as maneiras, eu pensoJ
o ar dos tempos, a 2rescura h<mida *ue precede a tormentosa nuvem, a 6risa de
li6erdade *ue /3 se estendia pela sociedade, 2oi o elemento decisivoX %em ela teria
sido imposs-vel estudar ,s segundas12eiras o manual de hist:ria do .artido com os
guardas, 2ortalecendo simultaneamente a disciplina e a su6ordina+ão) E em lugar do
7tra6alho selado8, Vera "iAolaievna teria rece6ido 7nove gramas8 de chum6o, numa
cave, por ter arrancado os gal9es) & a6alo e o a2rouxamento do sistema prisional
c>arista não aconteceram por si s:s, mas sim por*ue toda a sociedade, 2a>endo causa
comum com os revolucion3rios, o sacudia e ridiculari>ava como podia) & c>arismo 4
%egundo c3lculos de F) "ovorussAi, de 1QQ4 e 19C; houve tr0s suic-dios e cinco
casos de loucura em %hlissel6urg) 5 .) A) =raciAov Ro mesmo *ue condenara , morte o
metropolita VeniaminS leu & ?apital na Gortale>a de .edro e .aulo Rs: l3 esteve um
ano, e li6ertaram1noS) A$DU'.E AB& #E BU AB @91 3 tinha perdido a ca6e+a, não nos
tiroteios de rua, em Gevereiro, mas algumas décadas antesJ *uando a /uventude das
2am-lias acomodadas passou a considerar o 2acto de passar pela prisão como uma
honra, e os o2iciais do exército Rmesmo os da BuardaS consideravam uma vergonha
apertar a mão a um guarda) E *uanto mais se de6ilitava o sistema prisional, mais
clara se revelava a ética invenc-vel dos presos pol-ticos, e os mem6ros dos
partidos revolucion3rios sentiam com mais nitide> a sua 2or+a e a 2or+a das
pr:prias leis 1 não as do Estado) E assim se a6ateu so6re a $<ssia o ano 15 e so6re
os seus om6ros se lan+ou o ano 1Q) .or*ue é *ue passamos imediatamente ao ano 1QY A
matéria da nossa an3lise não nos permite determo1nos no ano 15J a partir de
Gevereiro, todas as cadeias pol-ticas, tanto as preventivas como as de
investiga+ão, assim como os pres-dios, 2icaram va>ios) E é surpreendente como é *ue
so6reviveram os guardas dos pres-dios, durante esse ano) "aturalmente, converteram
as hortas em campos de 6atatas) RA partir de 191Q, a sua
situa+ão aliviou1se, e em ?hpalernaia, em 194Q, /3 serviam o novo regime, como se
nada se tivesse passado)S #esde o <ltimo m0s de 1915 *ue se tornou claro *ue não se
podia passar sem pres-dios, e *ue para alguns não havia lugar senão atr3s das
grades Rver cap-tulo segundoS) 'sso por*ue, pura e simplesmente, não tinham lugar
na nova sociedade) Aca6ou1se assim de tactear a super2-cie entre os cornos,
come+ando a apalpar1se o segundo) ?ompreende1se *ue tenham imediatamente declarado
*ue os horrores das cadeias c>aristas nunca mais se repetiriamW *ue não podia haver
nenhuma correc+ão coercitiva, nenhum sil0ncio nas pris9es, nenhuma cela de
isolamento, nenhum passeio separado com 2ormas diversas de 2ila indiana, nenhuma
cela 2echadaX ; Vamos, *ueridos convidados, re<nam1se, 2alem *uanto *ueiram,
*ueixem1se uns aos outros dos 6olchevi*ues) A aten+ão das novas autoridades
voltava1se para as 2or+as de com6ate da guarda 2ronteiri+a e para a recep+ão da
heran+a penitenci3ria legada pelo c>arismo Rera precisamente essa m3*uina do Estado
*ue não era conveniente desmantelar nem construir de novoS) Geli>mente,
desco6riu1se *ue a guerra civil não tinha ocasionado a destrui+ão das principais
cadeias e pres-dios) ^avia apenas *ue evitar estas palavras antigas e
emporcalhadas) Agora chamavam1lhes isolamentos pol-ticos) Esta expressão indicava
*ue os mem6ros dos antigos partidos revolucion3rios eram considerados como inimigos
pol-ticos e indigitava não o car3cter punitivo das grades, mas sim a necessidade de
isolar Rpelos vistos, temporariamenteS esses revolucion3rios passados de moda, na
marcha empreendida pela nova sociedade) ?om )tudo isto, as a6:6adas das velhas
cadeias centrais rece6eram os socialistas hbevolucion3rios, os democratas
constitucionais e os anar*uistas Ras da prisão de %u>dal parece *ue /3 durante a
guerra civilS) ?olectLnea #as .ris9es))) @94 A$DU'.E AB& #E BU AB (odos a*ui
regressaram com a consci0ncia dos seus direitos de presos, com a antiga e
comprovada tradi+ão de os de2ender) (inham direito, por leiJ a uma ra+ão especial
para os pol-ticos, arrancada ao c>ar e con2irmada pela $evolu+ão Rinclusive meio
ma+o de cigarros por diaSW a compras no mercado Rleite e *uei/oSW a passeios livres
de v3rias horas por diaW a *ue os vigilantes os tratassem por 7voc08 Re eles
pr:prios não se levantavam diante dos representantes da administra+ão prisionalSW ,
reunião de marido e mulher na mesma celaW a /ornais, revistas, livros, material
para escrever e o6/ectos de uso pessoal, incluindo aparelhos de 6ar6ear e tesouras
na celaW a enviar e a rece6er correspond0ncia tr0s ve>es por m0sW a visitas uma ve>
por m0s, claro est3W a ter as /anelas a6ertas Rentão ainda não havia a no+ão das
7morda+as8SW , circula+ão intercelas sem impedimentoW a p3tios para passearem, com
verdura e lilasesW , livre escolha dos companheiros de passeioW , possi6ilidade de
lan+ar uma 6olsa com mensagens de um p3tio para outroW , trans2er0ncia das mulheres
gr3vidas5 dois meses antes do parto, da prisão para uma resid0ncia 2ixa) Fas isto
s: para presos pol-ticos) Entretanto, os pol-ticos dos anos 4C recordavam1se ainda
per2eitamente de um direito mais elevadoJ o da auto11administra+Lo dos presos pol-
ticos, *ue lhes dava a sensa+ão de 2a>erem na prisão parte de um todo, de serem um
elo da comunidade) A auto11administra+ão Relei+ão livre de delegados *ue
representassem os interesses de todos os presos 2ace , administra+ãoS 2a>ia
diminuir a pressão da cadeia so6re cada pessoa, pois suportavam1na com os om6ros
todos /untos, re2or+ando cada protesto com a 2usão das suas vo>es em un-ssono) E
eles dispuseram1se a de2ender tudo issoX E as autoridades prisionais dispuseram1se
a tirar1lhes tudo issoX ?ome+ou assim uma luta surda, em *ue não explodiam
pro/écteis de
artilharia, mas s: de ve> em *uando soavam disparos de espingarda, 2a>endo um
6arulho de vidros partidos *ue não se ouvia para l3 de meia versta) (ratava1se de
uma luta surda pelos restos da li6erdade, pelos restos do direito de ter uma
opinião) Uma luta surda de *uase vinte anos, em6ora so6re ela não tivessem sido
pu6licados volumes com ilustra+9es) E todas as muta+9es, toda a lista das suas
vit:rias e das suas derrotas, são1 nos ho/e *uase inacess-veis, por*ue no
Ar*uipélago não h3 escrita e a mem:ria oral interrompe1se com a morte das pessoas)
%: chegampor ve>es até n:s salpicos casuais dessa luta, iluminados pela claridade
lunar, *ue não é a melhor nem a mais clara) #esde então até agora não nos 2altaram
motivos de espanto) ?onhecemos as lutas de tan*ues, conhecemos as explos9es
at:micas) Due signi2ica, pois, para n:s o 2acto de as celas estarem 2echadas a
cadeado e de os presos, exercendo o seu direito de entrarem em contacto,
comunicarem a6ertamente por meio de pancadas nas paredes, gritando de uma /anela
para outra, 6aixando, com o aux-lio 5 #esde 191Q, *ue não tinham vergonha de
prender as socialistas revolucion3rias gr3vidas) A$DU'.E AB& #E BU AB @9@ de um
2io, uma mensagem de um andar para outro, e insistirem em *ue pelo menos os
delegados das 2ac+9es partid3rias possam percorrer livremente as celasY Due luta é
essa para n:s, se, *uando o che2e da u6ianAa entra na cela da anar*uista Anna B)
R194;S ou da socialista revolucion3ria =atia &litsAa-a R19@1S, estas se recusam a
p_r1se de pé , sua chegadaY RE este selvagem inventa logo um castigoJ priv31las do
seu direito))) de ir 2a>er as suas necessidades 2ora da cela)S Due luta é essa, se
duas /ovens, ?hura e Vera R1945S, protestando contra a ordem dada na u6ianAa de
conversar a meia vo>, pois se trata de uma repressão da personalidade, cantam em
vo> alta na cela Rno 2im de contas uma can+ão so6re os lilases e a .rimaveraS, o
*ue leva o che2e da prisão, o lituano #u*ues, a arrast31las pelos ca6elos pelo
corredor até , latrinaY &u se Rem 1944S, num vagão stolipiano de eninegrado, os
estudantes entoam can+9es revolucion3rias, e a escolta os priva de 3gua, en*uanto
eles gritamJ 7"em uma escolta c>arista teria 2eito issoX8 E a escolta espanca1osX
&u se o socialista revolucion3rio =o>lov, no campo de trLnsito de =emi, chama em
vo> alta 7verdugos8 aos guardas e é arrastado por terra como um saco, e espancadoY
":s ha6itu3mo1nos, na verdade, a entender por valentia unicamente o valor militar
R6om, ou o dos *ue 2a>em voos c:smicosS, o da*uele *ue 2a> tilintar medalhas)
Es*uecemo1nos de outra espécie de valentia T a c-vica) &ra é dela, dela, dela
apenas, *ue est3 necessitada a nossa sociedadeX E é essa *ue não existe entre
n:s))) Em 194@, na cadeia de ViatAa, o socialista revolucion3rio %tru/insAi e
alguns camaradas R*uantos eramY, como se chamavamY, contra *ue é *ue protestavamYS
6arricaram1se na cela, regaram os colch9es com *uerosene e imolaram1se pelo 2ogo)
Exactamente como nas tradi+9es do pres-dio de %hlissel6urg, para não remontar mais
longe) Fas *ue 6arulho se 2e> entãoX ?omo se comoveu toda a sociedade russaX Fas
agora nem ViatAa, nem Foscovo, nem a hist:ria, tiveram conhecimento disso)
Entretanto, a carne humana tam6ém crepitou no 2ogoX A primeira ideia de %olovAi 2oi
a de encontar um 6om lugar, onde durante meio ano houvesse liga+ão com o mundo
exterior) #a- não se poderão ouvir os teus gritos e, se assim o dese/as, podes
implorar a teu pra>er pelo 2ogo) Em 194@, 2oram trans2eridos para a*ui os presos
socialistas de .ertominsA Rpen-nsula de &negaS e dividiram1nos por tr0s mosteiros
solit3rios) Eis o mosteiro de %avatievsAJ dois pavilh9es da antiga hospedaria para
peregrinos, com uma parte do lago a penetrar na >onas) "os primeiros meses tudo
parece correr 6emJ
o6serva1se o regime dos presos pol-ticos, alguns 2amiliares chegam a 2a>er visitas,
e os tr0s delegados dos tr0s partidos levam a ca6o conversa+9es com a administra+ão
prisional) A >ona do %uper2-cie do campo de concentra+ão) R") dos ()S @94 A$DU'.E
AB& #E BU AB mosteiro é uma >ona de li6erdadeJ no interior dela os presos podem
2alar, pensar e mover1se sem o6st3culos))) Fas /3 então, na aurora do Ar*uipélago,
se espalham, pelas ainda não chamadas latrinas, graves e insistentes rumoresJ vai
ser li*uidado o regime dos presos pol-ticos))) o regime dos presos pol-ticos vai
ser li*uidado))) E, e2ectivamente, aproveitando a oportunidade da interrup+ão da
navega+ão e de liga+ão com o mundo exterior, em meados de #e>em6ro, o che2e do
campo de %olovetsA, Eichmans,9 anunciouJ 7%im, 2oram rece6idas novas instru+9es
so6re o regime do campo) "ão se retira tudo, naturalmente, ah, nãoX $edu>1se a
correspond0ncia, uma ou outra coisa mais, mas o *ue é mais sens-vel, por ho/e, é
*ue a partir de 4C de #e>em6ro de 194@ se pro-6e a sa-da a *ual*uer hora dos
pavilh9es, sendo esta permitida apenas durante o dia até ,s seis da tarde)8 As
diversas 2rac+9es decidem protestarJ apresentam1se volunt3rios dos socialistas
revolucion3rios e dos anar*uistas, decididos a sair no primeiro dia da proi6i+ão,
passeando precisamente depois das seis da tarde) Fas o che2e do mosteiro de
%avatievsA, "ogtiov, ardia tanto no dese/o de pegar numa espingarda *ue, antes
mesmo das seis horas da tarde Rtalve> os rel:gios não andassem certos e não existia
ainda o controle pela r3dioS, uma escolta com espingardas penetrou na >ona e a6riu
2ogo so6re os *ue passeavam legitimamente) (r0s descargas) %eis mortos e tr0s
2eridos graves) "o dia seguinte, chegou EichmansJ tudo 2oi um triste mal1entendido)
"ogtiov ser3 destitu-do Risto é, trans2erido e promovidoS) Guneral dos a6atidos) &
coro canta na espessura de %olovetsAJ 7%ois as v-timas da luta 2atal)))81C R"ão é
acaso permitida, por uma <ltima ve>, esta melodia, em mem:ria dos *ue aca6am de
cairYS ?olocou1se uma pedra so6re a sua sepultura, sendo nela gravados os nomes dos
mortos)11 "ão se pode di>er *ue a imprensa tenha ocultado este acontecimento) "o
.ravda 2oi inserta uma not-cia local em caracteres min<sculos, noticiando *ue os
presos atacaram a escolta, tendo morrido seis pessoas) Um /ornal honesto, $ote
Gane, descreveu o motim de %olovetsA)14 9 Due semelhan+a com Eichman, não éYX))) 1C
?anto, revolucion3rio, conhecido pelo t-tulo de Farcha G<ne6re, *ue servia, no
século !'!, de acompanhamento aos 2unerais das v-timas da repressão c>arista) R")
dos ()S 11 Em 1945, viraram a pedra e enterraram a inscri+ão) %e alguém visitar
%olovetsA, *ue procure e o6serveX 14 Entre os socialistas revolucion3rios de
%avatievsA encontrava1se Kuri .od6elsAi) Ele reuniu os documentos médicos so6re os
2u>ilamentos de %olovetsA, a 2im de pu6lic31los algum dia) Fas, ao 2im de um ano,
numa rusga no campo de trLnsito de %verdlovsA, desco6riram11nos no 2undo 2also de
uma mala e limparam o esconderi/o) A ^ist:ria russa tem topadas assim ))) A$DU'.E
AB& #E BU AB @95 Fas 2oi mantido o regimeX E em todo um ano ninguém 2alou da
mudan+a)
E verdade *ue durante o ano de 1944, e no 2inal deste, voltaram a correr rumores
insistentes de *ue em #e>em6ro se preparavam para introdu>ir o novo regime) &
dragão /3 tinha 2ome e *ueria novas v-timas) &s socialistas dos tr0s mosteiros de
%avatievsA, (roitsAi e FuAsalmsA, ainda dispersos por diversas ilhas, sou6eram
chegar a um acordo clandestinamente e, no mesmo dia, as tr0s 2rac+9es dos mosteiros
entregaram um ultimato a Foscovo e , administra+ão de %olovetsAJ ou evacuavam todos
os prisioneiros antes da interrup+ão da navega+ão, ou permitiam a continua+ão do
antigo regime prisional) & pra>o do ultimato era de duas semanasW caso não 2osse
aceite, p_r1se1iam em greve da 2ome) (al unidade o6rigava a escut31los) Um ultimato
assim não entra por um ouvido e sai pelo outro) Um dia antes da expira+ão do pra>o,
Eichmans 2oi a cada mosteiro, declarandoJ Foscovo recusou) E no dia marcado, em
todos os tr0s mosteiros R*ue /3 tinham perdido a liga+ãoS, iniciou1se a greve da
2ome Rnão ingeriram *ual*uer alimento, nem s:lido nem l-*uidoS) Em %avatievsA
2a>iam greve cerca de du>entas pessoas) &s doentes 2oram dispensados da greve) Um
médico dos pr:prios presos passava todos os dias a ver os grevistas) Uma greve de
2ome colectiva é sempre mais di2-cil de manter do *ue a individualJ ela nivela1se
pelos dé6eis e não pelos mais 2ortes) A greve da 2ome s: tem sentido *uando h3 uma
decisão sem 2alhas, de maneira *ue cada um conhe+a pessoalmente os restantes e
tenha con2ian+a neles) Entre diversas 2rac+9es pol-ticas, entre centenas de homens,
são inevit3veis as diverg0ncias e o so2rimento moral pelos outros) Ao 2im de *uin>e
dias, no mosteiro de %avatievsA teve de 2a>er1se uma vota+ão Rlevavam a urna pelas
ha6ita+9esSJ devia1se prosseguir ou p_r termo , greve da 2omeY a Fas Foscovo e
Eichmans esperavam) Estavam 6em comidos e os /ornais da capital não di>iam uma
palavra se*uer so6re essa greve, não tendo havido mani2esta+9es de estudantes na ?
atedral da =a>an) & segredo tinha /3 imprimido 2irmemente 2orma , nossa hist:ria)
&s mosteiros cessaram a greve) "ão a ganharam, mas tão1pouco a perderamJ durante o
'nverno 2oi mantido o mesmo regime, s: se acrescentando o corte de lenha no 6os*ue
para o consumoa, mas isso era l:gico) "a .rimavera de 1945 passara1se o contr3rioJ
tinham triun2ado na greve da 2ome e os presos dos tr0s mosteiros 2oram retirados de
%olovAiX .ara o continenteX J3 não haveria mais noites polares, nem isolamentos de
meio anoX Fas era muito rude Rpara a*uele tempoS a escolta *ue os condu>ia, e as
ra+9es para o transporte parcas) #epressa os enganaram per2idamenteJ so6 O pretexto
de *ue era mais c:modo, para os delegados, passaram1nos para o vagão do 7*uartel1
general8, /unto da intend0ncia, e deixaram1nos sem direc+ãoJ em ViatAa desengataram
o vagão dos delegados e desviaram1no para o isolamento de (o6olsA) %: assim se
tornou claro *ue a greve da 2ome da .rimavera passada havia sido perdidaJ tinham
desviado 2ortes e in2luentes @9; A$DU'.E AB& #E BU AB delegados para re2or+ar o
regime dos restantes) 'agoda e =atanian dirigiram pessoalmente a instala+ão dos
antigos presos de %olovAi no edi2-cio do isolamento de VerAhne1Ural, /3 pronto, o
*ual 2oi desta 2orma 7inaugurado8 na .rimavera de 1945 Rso6 a direc+ão de #upperS,
indo tornar1se um importante espantalho por muitos decénios) Aos antigos presos de
%olovAi, uma ve> chegados ao novo destino, tiraram1lhes logo o direito de passear
livremente) As celas 2oram 2echadas a cadeado) #e todos os modos conseguiram eleger
delegados, mas eles não tinham direito de visitar as celas) Goi proi6ida a troca de
dinheiro, de o6/ectos e de livros nas celas, como anteriormente) %e eles 2a>iam
sinais através das /anelas, então o guarda disparava do posto de vigia so6re
as celas) ?omo resposta, os presos 2a>iam o6stru+ãoJ *ue6ravam vidra+as, estragavam
o material prisional) RFas nasanossas pris9es pensa1se muito antes de partir as
vidra+as, pois *uando chega o 'nverno não as consertam e não h3 de *ue
surpreender1se) Entretanto, no tempo do c>arismo, o vidraceiro corria imediatamente
a colocar as vidra+as)S A luta continuava, mas com desespero e em condi+9es
desvanta/osas) Em 194Q Rsegundo o relato de .iotr .etrovitch $u6inS, por um motivo
*ual*uer, desencadeou1se uma nova greve da 2ome geral, no isolamento de
VerAhne1Ural) Fas agora /3 não havia o antigo am6iente, de rigorosa solenidade, de
encora/amentos, nem um médico dos presos) ?erto dia, os carcereiros irromperam nas
celas, em n<mero elevado, come+ando a espancar as pessoas de6ilitadas com paus e
6otas) ?om esta pancadaria aca6ou a greve da 2ome) A 2é ingénua na e2ic3cia das
greves da 2ome veio1nos da experi0ncia e da literatura do passado) A greve da 2ome
é uma arma puramente moral, pressupondo *ue os carcereiros não perderam ainda todos
os escr<pulos) &u *ue eles temam a opinião p<6lica) %: assim ela é e2iciente) &s
carcereiros eram ainda im6er6esJ se o preso 2a>ia greve da 2ome, eles in*uietavam1
se, andavam chorosos e preocupavam1se com a sua sa<de, levando1os ao hospital) ^3
m<ltiplos exemplos dissoJ mas não é a eles *ue consagramos o nosso cap-tulo) E
estranho di>01lo, mas a Valentinov 2oi su2iciente 2a>er a greveb da 2ome durante
do>e dias, conseguindo com isso não s: um regime de privilégios, mas A ?&F. E(A
'IE$#A#E e a suspensão do processo Rpartindo para a %u-+a a 2im de reunir1se a
enineS) Fesmo no pres-dio central de &riol os presos *ue 2a>iam greve da 2ome
triun2avam invariavelmente) Eles conseguiram uma suavi>a+ão do regime carcer3rio em
1914W e em 191@ ainda outros privilégios mais, inclusive o de um passeio comum de
todos os presidi3riosW pelos vistos, eram tão pouco molestados pela vigilLncia, *ue
conseguiram enviar para 2ora do pres-dio uma mensagem 7ao povo russo8 Re ela
emanava dos presidi3rios da centralXS *ue 2oi .UI '?A#A Ros olhos saltam1nos das
:r6itas, *uem de n:s é *ue est3 loucoYS, em 1914, no primeiro n<mero do Ioletim dos
.res-dios e A$DU'.E AB& #E BU AB @95 da #eporta+ão1@ Re a ideia do 6oletim o *ue
não valeY .or*ue é *ue não experimentamos n:s pu6licar uma assimYS) Em 1914, cinco
dias de greve da 2ome, é verdade *ue sem 3gua, 6astaram a #>er/insAi e a *uatro
camaradas seus para conseguirem ver satis2eitos todas as suas numerosas
reivindica+9es so6re as condi+9es de vida)14 "a*ueles anos, além da tortura
provocada pela 2ome, a greve não implicava *uais*uer outros perigos ou di2iculdades
para o preso) Ele não podia ser espancado por causa da greve, nem ser /ulgado pela
segunda ve>, nem ser agravada a sua condena+ão, nem ser 2u>ilado, nem ser enviado
por levas) R(udo isto veio a conhecer1se depois)S #urante a revolu+ão de 19C5 e nos
anos posteriores , mesma, os presos sentiam1se tão donos da prisão, *ue /3 não se
preocupavam com a declara+ão de greves da 2ome, mas unicamente com a destrui+ão do
invent3rio prisional, 2a>endo o6stru+9es) &u, se chegavam a pensar em greves, para
os cativos ela era a6surda) Assim, na cidade de "iAolaiev, em 19C;, cento e noventa
e sete presos da cadeia local puseram1se em 7greve8, de acordo, é claro, com o
exterior) .or motivo da greve, no exterior pu6licaram1se mani2estos e passaram a
reali>ar1se diariamente com-cios /unto da prisão) Esses com-cios Rem *ue os presos,
por sua ve>, participavam através das /anelas sem morda+asS o6rigaram a
administra+ão a aceitar as reivindica+9es dos grevistas) Entretanto, uns da rua e
os outros das grades das /anelas, entoavam can+9es
revolucion3rias Rsem o m-nimo o6st3culoX E era o ano da reac+ão contra1
revolucion3riaS) 'sto durante oito diasX "o nono dia, todas as reivindica+9es dos
presos 2oram satis2eitasX Acontecimentos semelhantes veri2icaram1se então em
&dessa, em =herson e em Elisa6etegrado) Eis como se conseguia, então, 2acilmente a
vit:riaX %eria interessante comparar as greves da 2ome so6 o Boverno provis:rio,
mas a*ueles v3rios 6olchevi*ues *ue, desde Julho até ao caso =ornilov permaneceram
presos R=ameniev, (rotsAN e, pouco depois, $asAoniAovS, pelos vistos não
encontraram motivos para 2a>er a greve da 2ome) "os anos 4C, o animoso *uadro das
greves da 2ome ensom6rece Risto é, depende do ponto de vista)))S) Este meio de
luta, amplamente conhecido, e *ue na apar0ncia tão gloriosamente se tinha
/usti2icado, 2oi tomado , sua conta não s: por reconhecidos 7pol-ticos8, mas tam6ém
por a*ueles *ue nao eram reconhecidos como tais 1 os contra1 revolucion3rios)
Artigo 5QJ O a a gente era a6rangida, mesmo a casual) Entretanto, essas 2lechas,
anteriormente tão pontiagudas, em6otaram1se ou 2oram interceptadas em voo por
alguma mã1de12erro) E verdade *ue ainda são rece6idas declara+9es 1 as de greves da
2ome, e por agora ainda não se v0 nelas algo su6versivo) 1@ p z4 lb2mett, ^ist:ria
das .ris9es ?>aristas, Foscovo, 19;@, tomo 5, cap-tulo Q) Ali mesmo) @9Q A$DU'.E
AB& #E BU AB Fas vão sendo ela6orados novos regulamentos, muito desagrad3veisJ todo
a*uele *ue 2a> greve da 2ome deve ser isolado numa cela especial e solit3ria Rem
IutirAi é na torre de .utatchovS) A greve não dever3 ser conhecida nem no exterior
nem tão1pouco nas celas vi>inhas, e nem se*uer na cela em *ue o grevista se
encontrava até esse diaJ esta constitui tam6ém uma sociedade, e é preciso
deslig31lo dela) A medida 2undamenta1se no 2acto de *ue a administra+ão deve estar
certa de *ue a greve da 2ome é cumprida honestamente e de *ue o resto da cela não
d3 de comer ao grevista) RE como se comprovava isso antesY %egundo a 7palavra de
honra8Y)))S "esses anos, por meio da greve da 2ome, podia conseguir1se, pelo menos,
a satis2a+ão de exig0ncias pessoais) A partir dos anos @C opera1se uma nova
reviravolta no pensamento do Estado a respeito das greves da 2ome) Ve/amosJ essas
greves da 2ome, de6ilitadas, isoladas, meio as2ixiadas, para *ue necessita delas o
EstadoY & ideal não ser3 imaginar *ue os presos não t0m vontade pr:pria, nem
decisão, *ue a administra+ão pensa e decide por elesY (alve> se/am esses os <nicos
presos *ue possam existir na nova sociedade) E eis *ue a partir dos anos @C se
deixa de admitir a legalidade das declara+9es de greves da 2ome) 7`A greve da 2ome
como meio de luta, não existe maisX8, eis o *ue declararam a EAaterina &litsAaia e
a muitos outros) & .oder eliminou as vossas greves da 2omeX Iasta) Fas &litsAaia
não o6edeceu e come+ou a greve) #eixaram1na passar 2ome na sua cela solit3ria
durante *uin>e dias) #epois condu>iram1na ao hospital e, como tenta+ão, puseram
diante dela leite com torradas) "o entanto, ela manteve1se 2irme e ao décimo nono
dia triun2ouJ o6teve um prolongamento do tempo de passeio, /ornais e pacotes da ?
ru> Vermelha .ol-tica Ra- est3 o *ue era preciso so2rer para rece6er esses pacotes
legaisXS) Fas, em geral, tratava1se de uma vit:ria insigni2icante e paga muito
caro) &litsAaia lem6ra1se de mais greves da 2ome a6surdas, 2eitas por outros
presosJ para conseguir a entrega de pacotes ou a troca de um companheiro de
passeio, 2a>iam1se greves *ue iam até vinte dias) Valia isso a penaY "a verdade,
nas pris9es de novo tipo não resta6eleciam as 2or+as perdidas) =olossAov, mem6ro de
uma seita religiosa, 2e> uma greve da 2ome e ao vigésimo *uinto dia morreu) .oder3,
acaso, permitir1se em
princ-pio a greve da 2ome numa prisão de novo tipoY &s novos carcereiros, nas
condi+9es de segredo e de isolamento, 2oram dotados de poderosos meios contra a
greve da 2omeJ 1) A paci0ncia da administra+ão) RJ3 vimos su2icientemente até onde
podia chegar,pelos exemplos anteriores)S 4) & engano, devido tam6ém ao isolamento)
Duando o mais pe*ueno passo é divulgado pelos correspondentes dos /ornais, não se
consegue enganar muito) Fas, entre n:s, o *ue é *ue impede de utili>ar o enganoY Em
19@@, na prisão de =ha6arovsA, %) A) (che6otariov 2e> greve da 2ome durante
de>assete dias, exigindo *ue comunicassem , 2am-lia onde se encon1 A$DU'.E AB& #E
BU AB @99 trava Rtinham aca6ado de chegar dos ?aminhos de Gerro da ?hina &riental
e, de repente, ele 7desapareceu8, preocupando1se com o *ue a mulher pudesse
pensarS) Ao 2im de de>assete dias 2oram v01lo o vice1che2e provincial da B).)U) de
=ha6arovsA ocidental e o procurador do tri6unal de =ha6arovsA Rpelos postos de *ue
se trata v01se *ue as greves da 2ome não eram assim muito 2re*uentesS e
mostraram1lhe o reci6o de um telegrama Rv0, /3 comunic3mos , tua esposaXS) Assim o
convenceram a comer sopa) Fas o reci6o era 2alsoX .or*ue é *ue, então, esses altos
2uncion3rios se in*uietaramY "ão era pela vida de (che6otariov) Ao *ue parece, na
primeira metade dos anos @C havia ainda certa responsa6ilidade pessoal perante uma
greve da 2ome prolongada)S @) A alimenta+ão arti2icial 2or+ada) Esse método 2oi
transplantado, indu6itavelmente, de um /ardim >ool:gico e s: pode existir num
regime 2echado) Em 19@5, a alimenta+ão arti2icial /3 estava, evidentemente, em
plena marcha) .or exemplo, na greve da 2ome do grupo de socialistas na cadeia
central de Karoslavl, 2oi aplicada a todos, ao 2im de *uin>e dias, a alimenta+ão
arti2icial) "um acto destes h3 muito de viola+ão 1 sim, é isso precisamente *ue
existeJ *uatro possantes mu/i*ues lan+am1se so6re um ser de6ilitado a 2im de
priv31lo de uma s: interdi+ão, e priv31lo dela uma ve>, suceda o *ue suceder depois
com ele T isso /3 não tem importLncia) A*ui a viola+ão consiste na *ue6ra da
vontadeJ não ser3 como tu *ueres, mas como eu *uero, deita1te e su6mete1te)
A6rem1lhe os l36ios com uma lLmina, descerrando1lhe os dentes, e vão alargando a
2issura, metendo por ela um tu6o de 6orrachaJ 7EngoleX8 E se não engole metem1no
mais para dentro até *ue o l-*uido aliment-cio cai directamente no es:2ago) #epois,
ainda dão massagens ao est_mago, para *ue o preso não recorra aos v:mitos) Dual é a
sensa+ão assim experimentadaY A de pro2ana+ão moral, acompanhada de do+ura na 6oca
e de uma /u6ilosa a6sor+ão no est_mago, com um pra>er voluptuoso) A ci0ncia não
estagna e 2oram ela6orados outros métodos de alimenta+ãoJ com clisteres, através do
Lnus, e com gotas introdu>idas pelo nari>) 4) "ovos pontos de vista so6re a greve
da 2omeJ estas greves são uma continua+ão da actividade contra1revolucion3ria na
cadeia e devem ser castigadas com uma nova condena+ão) Este aspecto prometia criar
um novo ramo na pr3tica da 7prisão de novo tipo8, mas *uedou1se na es2era das
amea+as) E não 2oi o sentido de nurnor, naturalmente, *ue o travou, mas talve>
unicamente a pregui+aJ para *u0 tudo isto, *uando h3 paci0nciaY .aci0nciaJ uma ve>
mais a paci0ncia do saciado perante o 2aminto) Aproximadamente por meados de 19@5
chegou uma nova orienta+ãoJ adnistra+ão da cadeia, da- em diante, não se
responsa6ili>a pela mortedurante a greve de 2omeX Assim desaparecia a <ltima
responsa6ilidade pes1 (ch =O% carcereirosa1 RAgora o procurador da região /3 não
iria ver
otanovX)))S Fais aindaJ para *ue o investigador não se in*uietasse 4CC A$DU'.E AB&
#E BU AB prop_s1se *ue os dias de greve da 2ome não 2ossem contados no pra>o do
processado, isto é, *ue não s: se considerasse *ue não existiu greve da 2ome, mas
*ue o preso durante esses dias 2osse tido como se estivesse em li6erdadeX Due a
<nica conse*u0ncia da greve da 2ome 2osse a extenua+ão do presoX 'sto signi2ica
pura e simplesmenteJ *uereis morrerY ForreiXXX Arnold $appoport teve a desgra+a de
p_r1se em greve da 2ome na cadeia interna de ArcLngel, precisamente *uando chegou
essa orienta+ão) Aguentou uma greve da 2ome especialmente di2-cil, e aparentemente
muito mais signi2icativa Rera 7seca8S,durante tre>e dias, num cala6ou+o isolado
Rcomparem1na com a de cinco dias, do mesmo tipo, mantida por #>er/ins1Ai, *ue além
disso não estava no segredo e o6teve uma vit:ria completaS) E nesses tre>e dias
passados num cala6ou+o isolado, para onde o trans2eriram, apenas a en2ermeira, por
ve>es, lhe deitava uma olhadela, não tendo sido visto pelo médico, nem pelo pessoal
da administra+ão, mesmo *ue 2osse para interessar1 se pelas ra>9es da sua greve da
2ome) "em lhe perguntaram *uais elas eram))) A <nica aten+ão *ue a vigilLncia lhe
dispensou 2oi revistar cuidadosamente o cala6ou+o, con2iscar1lhe o ta6aco, *ue
tinha escondido no colchão, e alguns 2:s2oros) &ra $appoport *ueria conseguir *ue
cessassem as pr3ticas humilhantes do investigador) Ele preparou1se cienti2icamente
para a greveJ pouco antes tinha rece6ido pacotes, mas comeu somente os ros*uilhos
de pão 6ranco e manteiga, e na semana precedente deixou de comer o pão negro)
.assou tanta 2ome *ue as palmas das mãos se tornaram transparentes) ^o/e ele
recorda1se de ter uma sensa+ão de grande leve>a e de clare>a de pensamentos) A
6ondosa e sorridente vigilante Farucia entrou em certa ocasião no cala6ou+o e
sussurrou1lheJ 7(ermine a greve da 2ome, ela não resolver3 nada e assim morrer3X
#evia ter 2eito isso uma semana antes)))8 Ele seguiu o seu conselho, e suspendeu a
greve da 2ome sem nada ter conseguido) Entretanto, deram1lhe vinho tinto *uente e
um 6olo, depois do *ue os guardas o levaram em 6ra+os para a cela comum) Ao 2im de
alguns dias, come+aram novamente os interrogat:rios) R?om tudo isso, a greve da
2ome não 2oi totalmente em vãoJ o investigador compreendeu *ue $appoport tinha
su2iciente 2or+a de vontade e estava disposto a morrer, e os interrogat:rios
tornaram1se mais suaves) 7.areces um lo6oX8, disse1lhe o investigador) 7%im, um
lo6o8, con2irmou $appoport, 7e nunca serei um cachorrinho para voc0s8)S #epois
disso, $appoport 2e> ainda uma greve da 2ome no campo de trLnsito de =otlas, mas
*ue decorreu com aspectos c:micos) Ele declarou *ue exigia uma nova investiga+ão e
*ue se recusava a ser trans2erido) Ao terceiro dia 2oram v01loJ 7.repare1 se para a
mudan+aX8 1 7"ão t0m direito de trans2erir1meX Estou em greve da 2ome)8 Então,
*uatro valent9es pegaram nele, levaram1no em 6ra+os e lan+aram1no ao 6anho) #epois
do 6anho, tam6ém em 6ra+os, condu>iram1no ao posto da guarda) "ada mais a 2a>er)
$appoport levantou1se e seguiu a coluna de prisioneiros, pois atr3s /3 A$DU'.E AB&
#E BU AB 4C1 vinham os cães e as 6aionetas) E eis como a 7prisão de novo tipo8
venceu as greves da 2ome 6urguesas) Fesmo aos mais 2irmes não lhes restava outro
caminho de resist0ncia contra a m3*uina carcer3ria senão o suic-dio) Fas o suic-dio
ser3 acaso uma lutaY "ão é antes uma su6missãoY A socialista revolucion3ria E)
&lits1Aaia considera *ue a greve da 2ome como método de luta 2oi muito
desprestigiada pelos trots*uistas e pelos comunistas *ue se lhes seguiram nas
pris9esJ declaravam1na e suspendiam1na com demasiada
2acilidade) %egundo ela di>, inclusive ') ") %mirnov, o seu che2e, *ue se tinha
posto em greve da 2ome, *uatro dias antes do processo de Foscovo, cedeu rapidamente
e interrompeu a greve) #i>1se *ue até 19@; os trots*uistas, por princ-pio,
renunciavam a *ual*uer greve da 2ome contra o poder soviético, nunca tendo apoiado
os socialistas revolucion3rios e os sociais1democratas)15 Due a hist:ria /ulgue até
*ue ponto é /usta ou não esta censura) Entretanto, ninguém pagou tão caro asb
greves da 2ome como os trots*uistas Rna ''' parte voltaremos ,s suas greves da 2ome
e ,s greves nos camposS) A leviandade na declara+ão e suspensão das greves da 2ome
são provavelmente caracter-sticas de nature>as impulsivas, prontas na
exteriori>a+ão dos sentimentos) "ão o6stante, tam6ém existiam nature>as desse
género entre os velhos revolucion3rios russos e, outrora, na 't3lia e na Gran+a 1 e
contudo, em lugar algum, nem na antiga $<ssia, nem na 't3lia e na Gran+a se
conseguiu aca6ar com as greves da 2ome como na União %oviética) As greves da 2ome
deste segundo *uarto de século exigiram, por certo, tantas v-timas humanas e
2irme>a de esp-rito como as do primeiro *uarto) Entretanto, não deixou de haver no
pa-s uma opinião p<6lica, e 2oi por isso *ue se re2or+ou a 7prisão de novo tipo8 e
*ue, em lugar das vit:rias 2acilmente alcan+adas, os presos so2riam pesadas
derrotas) .assaram décadas 1 e o tempo 2e> a sua o6ra) A greve da 2ome 1 o primeiro
e o mais natural direito do preso 1 tornou1se estranha e incompreens-vel para o
pr:prio preso) (odos os dias passou a haver menos seguidores delas) E come+ou a ser
encarada pelos carcereiros como uma estupide> ou uma in2rac+ão grave) Duando, em
19;C, Buenadi %melov, um preso comum, se p_s em gre1Ve da 2ome prolongada, na
cadeia de eninegrado, o procurador 2oi , sua cela Rtalve> estivesse a 2a>er uma
inspec+ão geralS e perguntouJ 7.ara *ue é Fue se torturaY8 E %melov respondeu1lheJ
7A verdade é para mim mais 15 G c/a/ , m compensa+ão, exigiam sempre o apoio dos
socialistas revolucion3rios e dos sociais1democratas) "a trans2erqncia de =araganda
para =olima, em 19@;, eles chamaram a =alinre% ? provocacaoresva ,*ueles *ue
recusaram assinar um telegrama de protesto, dirigido a =alinin, contra o envio da
Vanguarda da $evolu+ão Risto é, eles mesmosS para =olima) R$e1ue FaAotinsAiS) 4C4
A$DU'.E AB& #E BU AB importante do *ue a vidaX8Esta 2rase surpreendeu tanto o
procurador pela sua incoer0ncia *ue no dia seguinte %melov 2oi levado ao hospital
especial Risto é, ao manic:mioS para reclusos) A médica comunicou1lheJ
7%uspeita11se *ue voc0 so2re de es*ui>o2renia)8 .elas espirais do corno, /3 na sua
parte mais 2ina, erguiam1se as antigas cadeias centrais, actualmente pris9es de
isolamento especial) ?ome+ava a esmagar1se o <ltimo ponto dé6il, o *ue restava
ainda de ar e lu>) E a greve da 2ome dos cada ve> mais raros e 2atigados
socialistas, na prisão de isolamento disciplinar de Karoslavl, em come+os do ano
@5, 2oi uma das derradeiras e desesperadas tentativas) Em geral, eles exigiam, como
dantes, a elei+ão de um delegado e a conviv0ncia livre entre as celas) Exigiam, mas
é pouco prov3vel *ue eles pr:prios esperassem consegui1 lo) Duin>e dias de greve da
2ome, ao 2im dos *uais eram alimentados com um tu6o de 6orracha, permitiram1lhes,
aparentemente, salvaguardar parte do antigo regime prisionalJ uma hora de passeio,
rece6er o /ornal da região, dispor de cadernos para
apontamentos) E verdade *ue conseguiram o6ter isso, mas imediatamente lhes 2oram
retirados os seus o6/ectos pessoais e lhes 2oi imposto o uni2orme de presos de
pres-dio especial) .ouco tempo depois redu>iram1lhes o passeio a meia hora, e mais
tarde a *uin>e minutos) Era sempre a mesma gente *ue passava periodicamente pelas
pris9es e deporta+9es, segundo as regras da Brande .aci0ncia) Alguns havia /3 de>
anos, outros *uin>e, *ue não conheciam uma vida humana normal, mas apenas a m3
comida prisional e as greves da 2ome) Ainda não tinham morrido todos os *ue estavam
acostumados, antes da $evolu+ão, a vencer os carcereiros) (odavia, o tempo agia
então a seu 2avor, na luta contra um inimigo de6ilitado) Fas agora a alian+a do
tempo com os seus inimigos re2or+ava1se) Entre eles havia tam6ém /ovens Ra n:s
parece1nos isso agora estranhoS *ue se consideravam a si pr:prios como socialistas
revolucion3rios, democratas constitucionais ou anar*uistas, /3 mesmo depois de
esses partidos terem sido esmagados, de terem deixado de existir, nada mais
restando aos seus novos aderentes do *ue os c3rceres) "o Lm6ito da luta prisional
dos socialistas, *ue de ano para ano se tornava cada ve> mais sem esperan+a, a
solidão impregnava até ao v3cuo) As coisas não se passavam assim durante o
c>arismoJ logo *ue se a6riram as portas das cadeias, os presos eram acolhidos com
2lores) Agora eles a6riam os /ornais e viam como os inundavam de insultos, e até de
imund-cies Rpois os socialistas apareciam precisamente a %taline como os maiores
A$DU'.E AB& #E BU AB 4C@ inimigos do seu socialismoS, en*uanto o povo se calava) &
*ue é *ue autori>ava a pensar *ue ele simpati>ava com a*ueles por *ue tinha votado,
não havia muito tempo, para a Assem6leia ?onstituinteY &s /ornais deixaram de
insult31los, mas isso por considerarem1nos ino2ensivos, insigni2icantes, e mesmo
inexistentes) &s *ue estavam em li6erdade recordavam1nos /3 no pretérito e no
pretérito mais *ue per2eito) Duanto , /uventude, nem podia pensar se*uer *ue em
algum lugar houvesse socialistas revolucion3rios e menchevi*ues vivos) E no
percurso pelas deporta+9es de (chim*uent e de (cherdin, pelas cadeias de isolamento
pol-tico de VerAhne1Ural e de Vladi1mir, como não vacilar nos som6rios cala6ou+os
de isolamento, /3 com morda+as, so6re se o seu programa e os seus che2es teriam
2alhado, cometendo erros de t3ctica e de actua+ãoY (odas as suas ac+9es come+avam a
parecer1lhes uma ininterrompida impot0ncia) E a vida consagrada apenas aos
so2rimentos, um e*u-voco 2atal) & seu solit3rio com6ate prisional era, na ess0ncia,
um com6ate por todos n:s, os 2uturos presos Rem6ora eles mesmos não pudessem pensar
assim, nem compreender istoS, pelas condi+9es em *ue n:s depois -amos ser
encarcerados) %e eles tivessem vencido, é poss-vel *ue nada do *ue sucedeu depois
se tivesse passado connosco, sendo o o6/ecto deste livro nas suas sete partes) Fas
eles 2oram derrotados, sem nada terem conseguido para si nem para n:s) A som6ra da
solidão estendeu1se so6re eles, em parte tam6ém por*ue, durante os primeiros anos
da $evolu+ão, ao aceitarem, naturalmente, por parte da B) .) U) o merecido t-tulo
de pol-ticos, se puseram tacitamente de acordo com a mesma B) .) U) em *ue todos os
*ue estavam , sua 7direita81;, a come+ar pelos democratas constitucionais, não eram
pol-ticos, mas sim contra1revolucion3rios, gente do contra, o esterco da ^ist:ria)
E os *ue so2riam pela 2é de ?risto rece6eram igualmente a acusa+ão de serem do
contra) E *uem não conhecia nem a 7direita8 nem a 7es*uerda8 Re no 2uturo ser-amos
n:s 1 todos n:sXS tornava1se do contra) Assim, em parte
voluntariamente, em parte involuntariamente, isolando1se e olhando1se de sos1aaio,
eles consagraram o 2uturo artigo 5Q, em cu/o 2osso aca6ariam por cair) &s o6/ectos
e as ac+9es mudam decididamente de aspecto con2orme o angulo de *ue se o6servem)
"este cap-tulo descrevemos a situa+ão prisional dos socialistas do seu ponto de
vista 1 e ela 2ica iluminada por um raio tagico) Fas esses *ue eram do contra, ao
lado dos *uais os pol-ticos em olovAi passavam desdenhosamente, esses *ue eram do
contra, *ue recorda+ão guardam dos pol-ticosY 7Eram repulsivosJ desdenhavam todos
os "ão gosto destas denomina+9es de 7es*uerda8 e 7direita8J são ar6itr3rias,
permut3veis e não dão conta do ess0ncia) 4C4 A$DU'.E AB& #E BU AB outros,
a2astavam1se com o seu grupinho, exigiam não s: as ra+9es, como privilégios
especiais) E disputavam constantemente entre si)8 ?omo não sentir o *ue nisto havia
de verdadeY Essas in2rut-2eras, intermin3veis disputas eram /3 rid-culas) E essa
exig0ncia de ra+9es suplementares, *uando , sua volta havia uma multidão de
2amintos e miser3veisY "os anos do poder soviético o honroso t-tulo de pol-tico
aca6ou por tornar1 se um dom envenenado) E surge ainda esta interroga+ãoJ por*ue é
*ue os socialistas, *ue tão despreocupadamente 2ugiam so6 o c>arismo, se amoldaram
tão 6em ,s pris9es soviéticasY &nde estão as suas 2ugask #e um modo geral, havia
6astantes 2ugas 1 mas *uem se recorda, entre elas, da de um socialistaY E a*ueles
presos *ue estavam mais , es*uerda dos socialistas 1 os trots1*uistas e comunistas
1 esses, por sua ve>, olhavam de soslaio para os socialistas tam6ém como sendo do
contra, 2echando o 2osso da solidão num anel) &s trots*uistas e os comunistas, uns
e outros, apresentando a sua tend0ncia como mais pura e mais elevada do *ue as
restantes, menospre>avam e odiavam até os socialistas Rcomo se odiavam entre si
mutuamenteS, os mesmos *ue partilhavam com eles a cadeia e com *uem passeavam
/untos nos p3tios) E) &litsAaia recorda *ue no campo de trLnsito na 6a-a de
Vani1no, em 19@5, *uando os socialistas da >ona masculina e 2eminina se chamavam
através da divis:ria, 6uscando os seus e comunicando not-cias, as comunistas i>a
=otiA e Faria =rutiAova 2icavam indignadas, por*ue com essa atitude irrespons3vel
dos socialistas podiam cair, so6re todos, castigos administrativos) E comentavamJ
7(odas as nossas desgra+as prov0m destes vis socialistas Rexplica+ão pro2unda e
dialécticaXS #eviam ser estranguladosX8 E se a*uelas duas raparigas, em 1945,
cantavam na u6ianAa a can+ão do lil3s, era por*ue uma delas era socialista
revolucion3ria e a outra oposicionista, não tendo um canto pol-tico comum) A 2alar
verdade, a oposicionista não deveria ter1se unido , socialista revolucion3ria num
protesto) %e, nas pris9es c>aristas, 2re*uentemente os partidos se uniam para uma
luta comum na prisão Rrecordemos a 2uga da cadeia central de %e6as1topolS, nas
pris9es soviéticas cada corrente de2endia a pure>a da sua 6andeira, não se
unindo ,s outras) &s trots*uistas lutavam separados dos socialistas e dos
comunistas, e os comunistas, em geral, não lutavam, pois como é poss-vel lutar
contra o seu pr:prio poder e as suas pr:prias cadeiasY .or isso, sucedia *ue os
comunistas, nos pres-dios de isolamento pol-tico, 6em como nas pris9es, 2ossem
vexados em prioridade e mais severamente do *ue os outros) A comunista "adie/da
%urovtseva, na cadeia central de Karoslavl, em 194Q, sa-a para o passeio em 2ila
indiana, sem direito a conversar, en*uanto os socialistas ainda 2a>iam 6arulho nos
seus grupos) A ela /3 não lhe permitiam cuidar das 2lores no p3tio 1 as 2lores
tinham 2icado dos antigos presos, dos *ue lutavam pelos seus direitos) J3 então ela
2oi
privada da leitura de /ornais Rem troca, a sec+ão pol-tica da B).)U) permitia1lhe
ter na cela as o6ras completas de Farx, Engels, enine e ^egelS) A$DU'.E AB& #E BU
AB 4C5 A visita da mãe 2oi1lhe concedida *uase na escuridão, e a velhota, a6atida,
orreu pouco depois R*ue podia pensar de um regime *ue mantinha assim a sua 2ilhaYS)
Esta di2eren+a, ao longo dos anos, *uanto , conduta prisional, teve pro2unda
repercussão, mais adiante, *uanto , di2eren+a das senten+asJ nos anos @51@Q, os
socialistas continuavam na prisão e apanhavam os seus de> anos) Fas, como regra,
não eram o6rigados a autodela+ãoJ eles não ocultavam as suas opini9es pessoais,
su2icientes para a condena+ãoX ?ontudo, um comunista nunca tem opini9es pessoais)))
?omo conden31lo, então, se não se lhe extor*uirem 2alsas con2iss9esY Ainda *ue o
enorme Ar*uipélago /3 se tivesse estendido, as cadeias não Duestionavam) A velha
tradi+ão dos pres-dios não perdia a sua sol-cita continuidade) (udo *uanto de novo
e de inestim3vel o Ar*uipélago tra>ia ,1educa+ão das massas, ainda não tinha
atingido a plenitude) .ara isso, havia *ue acrescentar1lhe os pres-dios especiais e
as pris9es comuns) "ão era *ual*uer um *ue podia ser engolido pela Brande F3*uina e
misturar1se com os ind-genas do Ar*uipélago) &s estrangeiros conhecidos, as pessoas
demasiado destacadas e os presos secretos, como os da %eguran+a do Estado *ue
tinham sido degredados, de modo algum podiam ser mostrados a6ertamente nos camposJ
o 6arulho *ue podiam causar não /usti2icaria a divulga+ão e o conse*uente pre/u->o
moral e pol-tico15) #o mesmo modo, os socialistas, dado o seu com6ate constante
pelos seus direitos, não podiam ser misturados com a massa, e 2oi precisamente a
co6erto dos seus privilégios e direitos *ue 2oram mantidos e as2ixiados
isoladamente) Fuito mais tarde, nos anos 5C, como sou6emos, os pres-dios especiais
eram necess3rios para o isolamento dos re6eldes dos campos de tra6alho) "os <ltimos
anos de vida, desiludido pela 7correc+ão8 dos caids, %taline ordenou *ue se
impusesse a alguns deles a reclusão presidi3ria e não os campos) En2im, tiveram de
ser mantidos gratuitamente pelo Estado os presos *ue, pela a de6ilidade, teriam
morrido imediatamente no campo, es*uivando1se sim ao cumprimento da pena) &u ainda
a*ueles *ue de 2orma alguma se , ,am adaptar ao tra6alho ind-gena 1 como o cego
=opeiAin, um velho de setenta anos, *ue estava permanentemente no mercado de
'nrevts Rno VolgaS) As suas can+9es e ditos acarretaram1lhe de> anos por agita+ão
#e cor a>ul1celeste pantanosa))) Ah, a 6ela palavraX 4C; A$DU'.E AB& #E BU AB
contra1revolucion3ria, mas houve *ue su6stituir o campo por reclusão prisional) #e
acordo com as circunstLncias, era mantida, renovava1se, 2ortalecia1se ou
aper2ei+oava1se a antiga heran+a presidi3ria da dinastia dos $omanov) Algumas
cadeias centrais, como a de Karoslavl, estavam montadas tão c:moda e solidamente
Ras portas chapeadas de 2erro, em cada cela uma mesa, um tripé, uma cama, sempre
2ixosS *ue exigiam apenas a instala+ão de morda+as nas /anelas e a redu+ão dos
p3tios de passeio até ,s dimens9es de uma cela Rem 19@5 2oram cortadas todas as
3rvores nas cadeias e as2altadas as hortas e as super2-cies relvadasS) &utras
cadeias, como a de %u>dal, exigiam uma remodela+ão do mosteiro, mas a verdade é *ue
a reclusão do corpo num convento e a trans2orma+ão deste, por lei, em prisão,
constituem actos 2isicamente an3logos, ra>ão pela *ual os edi2-cios se adaptavam
sempre 2acilmente) Goi tam6ém
adaptado a prisão um dos pavilh9es de %uAhanovAa, pois havia *ue compensar a perda
de edi2-cios como a Gortale>a de .edro e .aulo e a %hlissel6urg, dedicados aos
turistas) A cadeia central de Vladimir 2oi ampliada, /untando1se1lhe umgrande
pavilhão novo no tempo de 'e/ov, *ue passou a ser muito utili>ado e a6sorveu muitos
presos durante essas décadas) J3 mencion3mos como 2uncionava a cadeia central de
(o6olsA) A partir de 1945, 2oi inaugurada, para utili>a+ão permanente e a6undante,
a cadeia de VerAhne1 Ural) R(odas estas pris9es de isolamento pol-tico continuam a
existir para desgra+a nossa, 2uncionam no momento em *ue estas linhas são
escritas)S #o poema de (vardovsAi Fais além da on/ura pode dedu>ir1se *ue no tempo
de %taline não estava desa6itado o pres-dio central de AleAsandrovsA) (emos menos
in2orma+9es so6re o de &riolJ é de recear *ue tenha sido muito dani2icado durante a
guerra patri:tica) Fas nas vi>inhan+as, ele tem um anexo per2eitamente e*uipadoJ a
prisão de #mitrovsA) "os anos 4C, nos isolamentos pol-ticos Ros presos denominam
esses isolamentos pres-dios secretos para pol-ticosS, a alimenta+ão era decenteJ ,s
re2ei+9es havia sempre carne, preparavam hortali+as 2rescas e na cantina podia
comprar1se leite) As coisas pioraram 6ruscamente nos anos de 19@11@@, mas então as
condi+9es tão1pouco eram melhores para a popula+ão) "esse tempo, o escor6uto e as
tonturas devido , 2ome não eram um 2en:meno raro entre os presos pol-ticos) Fais
tarde a alimenta+ão melhorou, mas /3 não era a mesma de antes) Em 1945, no .res-dio
Especial de Vladimir, ') =orneiev sentia permanentemente 2omeJ *uatrocentos e
cin*uenta gramas de pão, dois torr9es de a+<car, duas re2ei+9es *uentes não
a6undantes nem nutritivas e somente 3gua 2ervida , vontade Rdir1nos1ão ainda *ue
não se trata de um ano caracter-stico, pois no exterior tam6ém havia 2ome) Em
compensa+ão, nesse ano permitiram magnanimamente o envio ilimitado de pacotes aos
presosS) A lu> nas celas sempre 2oi racionada nos anos @C e nos anos 4CJ as
morda+as e o vidro em6aciado 2ixo criavam na cela uma penum6ra permanente Ra
escuridão é um 2actor importante A$DU'.E AB& #E BU AB 4C5 para o a6atimento do esp-
ritoXS) E por cima da morda+a ainda era estendida 2re*uentemente uma rede, *ue no
'nverno se co6ria de neve e tapava o <ltimo acesso , lu>) A leitura passava a
signi2icar cansa+o e deteriora+ão da vista) "a .risão Especial de Vladimir esta
insu2ici0ncia de lu> era compensada durante a noiteJ até de madrugada havia uma
intensa lu> eléctrica, *ue impedia de dormir) E na prisão de #mitrov, segundo ") A)
=o>iriev, em 19@Q, a lu> diurna e nocturna era a de uma candeia numa prateleira,
*ue *ueimava os restos do oxigénio do arJ no ano de 19@9 apareceram as h lLmpadas
eléctricas de incandesc0ncia vermelha média) & ar era tam6ém racionado, os postigos
estavam 2echados a cadeado e a6riam1se unicamente a intervalos, para ir , latrina,
con2orme recordam tam6ém os antigos prisioneiros das cadeias de #mitrov e de
Karoslavl) RE) Buin>6urgJ o pão co6ria1se de manhã para a noite de 6olor, as
paredes enchiam1se de verde1te)S Fas em Vladimir, no ano de 4Q, o ar não era
limitado, o postigo estava permanentemente a6erto) & passeio, em diversas pris9es e
durante v3rios anos, oscilava entre *uin>e e *uarenta e cinco minutos) J3 não havia
*ual*uer contacto com a terra, como em %hlissel6urg ou em %olovAiW tudo o *ue
crescia tinha sido arrancado, esmagado, co6erto de cimento e as2alto) #urante o
passeio proi6iam até *ue se erguesse a ca6e+a para o céu) 7&lhar s: para os pésX8,
recordam =o>iriev e Adamov Rprisão de =a>anS) As visitas da 2am-lia 2oram proi6idas
em 19@5 e não 2oram resta6elecidas) #uas ve>es por m0s permitiam *ue se enviasse
cartas aos 2amiliares mais pr:ximos) Duanto a rece6er cartas deles, isso 2oi
permitido *uase todos os anos Rmas na prisão de =a>an, depois de as terem lido,
tinham de devolv01las , vigilLnciaS) ^avia tam6ém um pe*ueno *uios*ue para 2a>er
compras até ao limite do dinheiro rece6ido)
Um aspecto muito importante do regime carcer3rio era a mo6-lia) Adamov descreve
expressivamente, depois de serem retiradas as camas em6utidas na parede e as mesas
e cadeiras pregadas ao solo, a alegria *ue 2oi ver e apalpar na cela R%u>dalS uma
simples cama de madeira com um saco de 2eno a servir de colchão e uma singela mesa
tam6ém de madeira) "a .risão Especial de Vladimir, ') =orneiev experimentou dois
regimes di2erentesJ não permitiam ter na cela o6/ectos pessoais ') 5blQS uma pessoa
podia deitar1 se de dia e o guarda exercia pouca vigilLncia pelo postigoW noutro, a
cela 2icava 2echada com dois cadeados uma chave estava em poder do vigilante e a
outra nas mãos do =ial de plantão, sendo proi6ido deitar1se de dia e 2alar em vo>
alta Rna de a>an s: se podia cochicharXSW os o6/ectos pessoais eram retirados e
tra>ia1se uma 2arda ,s riscasW s: permitiam *ue se escrevesse duas ve>es por ano e
apenas nos dias su6itamente designados pelo che2e da prisão Rse se deixasse passar
esse dia /3 não se podia escreverS, utili>ando uma 2olhinha duas ve>es menor *ue um
postalW eram 2re*uentes as 6uscas violentas e de sos A 1%tOa ?Om O desalo/amento
completo e 2a>endo depois despir os presos) A comunica+ão entre as celas era de tal
modo reprimida *ue depois de .essoa ir , latrina os vigilantes entravam com uma
lLmpada port3til e 4CQ A$DU'.E AB& #E BU AB iluminavam todos os cantos) %e
apareciam inscri+9es na parede, toda a cela era posta no cala6ou+o de castigo) &s
cala6ou+os eram o 2lagelo das pris9es especiais) .odia1se ser enviado para l3 por
tossir R7cu6ra a ca6e+a com a manta, e então /3 pode tossirX8SW por andar pela cela
R=o>irievJ isso era considerado 7tur6ul0ncia8SW por 2a>er 6arulho com o cal+ado Rna
prisão de =a>an tinham dado ,s mulheres 6otas masculinas n<mero *uarenta e *uatroS)
.or outro lado, Buin>6urg dedu> /ustamente *ue a passagem pelo cala6ou+o era
determinada não pelos actos reali>ados mas por um gr32icoJ todos tinham, por
turnos, de passar por ali e de sa6er o *ue isso era) E nas disposi+9es havia ainda
este ponto de grande amplitudeJ 7Em caso de indisciplina no cala6ou+o, o che2e da
prisão tem o direito de prolongar o per-odo de perman0ncia nele até vinte dias)8 E
*ue 7indisciplina8 era essaY))) Eis o *ue ocorreu com =o>iriev Ra descri+ão dos
cala6ou+os e de muitos aspectos do regime apresentam tantas coincid0ncias, *ue se
nota o selo de um regime <nicoS) .or andar pela cela castigaram1no com cinco dias
de cala6ou+o) "o &utono, este não era a*uecido) Ga>ia muito 2rio) #eixavam1nos em
roupa interior e descal+os) & soalho era de terra 6atida com poeira R,s ve>es era
de 6arro ou lama, e na prisão de =a>an co6erto de 3guaS) =o>iriev tinha um mocho
RBuin>6urg não tinhaS) .ensou imediatamente *ue ia morrer, *ue ia congelar) Fas
gradualmente emergiu nele um misterioso calor interior, e isso salvou1o) Aprendeu a
dormir sentado no mochoW tr0s ve>es por dia davam1lhe uma caneca de 3gua 2ervida
*uente, com o *ue parecia 2icar em6riagado) "a ra+ão de tre>entos gramas de pão, um
dos guardas introdu>iu1lhe um torrão de a+<car, o *ue não era permitido) Era
através da entrega do racionamento e de uma 2rincha de lu> *ue penetrava pelo
la6irinto da entrada *ue =o>iriev contava o tempo) Ao 2im do *uinto dia não o
tiraram dali) ?om o ouvido atento, ele escutou um murm<rio no corredor, 2alando de
seis dias, ou de um sexto dia) "isso consistia a provoca+ãoJ esperavam *ue ele
dissesse *ue os cinco dias tinham passado, *ue /3 era tempo de o tirarem dali, para
prolongarem por indisciplina a estada no cala6ou+o) Fas ele, su6missamente calado,
esperou um dia mais, e então deli6eraram como se nada tivesse sucedido) R(alve> *ue
o che2e da prisão os experimentasse todos, um por um, aplicando o cala6ou+o a todos
a*ueles *ue ainda não se haviam su6metido)S #epois do cala6ou+o, a cela comum
parecia um pal3cio, em6ora =o>iriev 2icasse surdo por meio ano e come+assem a
surgir1lhe a6cessos na garganta) & companheiro da cela de =o>iriev, devido aos
2re*uentes per-odos de cala6ou+o, aca6ou por enlou*uecer, e durante mais de um ano
permaneceram /untos) R"adie/da %urovtseva recorda muitos
casos de loucura nos pres-dios de isolamento pol-tico, não menos de *ue a*ueles *ue
"ovorussAi relatou nos anais de %hlissel6urg) "ão lhe parece agora, leitor, *ue
n:s, gradualmente, alcan+3mos o ponto mais alto do segundo corno 1 talve> mais alto
do *ue o primeiro e mais agudoY A$DU'.E AB& #E BU AB 4C9 Fas as opini9es divergem)
&s velhos reclusos dos campos são unLnimes em reconhecer *ue a .risão Especial de
Vladimir, nos anos 5C, era uma vilegiatura) E a opinião de Vladimir Iorissovitch
Ueldovitch, enviado para l3 da esta+ão de A6es, e de Anna .etrovna %AripniAova, *ue
2oi l3 parar em 195;, vinda dos campos de =emerovo) %AripniAova 2icou surpreendida
com a possi6ilidade do envio regular de peti+9es em cada de> dias Rela p_s11se a
escrever))) , &) ") U)S, com a magn-2ica 6i6lioteca, incluindo livros em l-nguas
estrangeirasJ levava1se para a cela um cat3logo completo e podia 2a>er1se uma
re*uisi+ão para o ano inteiro) Fas eis outro exemplo da 2lexi6ilidade da nossa leiJ
condenaram milhares de mulheres ResposasS , reclusão prisional) #e repente,
resolveram comutar o cumprimento da pena na prisão por um campo Rem =olima, o ouro
estava por lavarXS) E mudaram as senten+as) %em /ulgamento) Existirão ainda estes
casos de deten+ãoY &u tratar1se1ia somente de um vest-6ulo de entrada para o campoY
E era s: a*ui *ue devia come+ar este cap-tulo) Ele devia analisar essa irradia+ão
de lu> *ue emana com o tempo, como a auréola de um santo, da alma de um preso
solit3rio) Arrancado , agita+ão *uotidiana de 2orma tão a6soluta *ue até a contagem
lenta dos minutos lhe permite uma comunica+ão -ntima com o universo, o preso
solit3rio deve puri2icar1se de tudo o *ue de imper2eito o torturou na sua vida
anterior q *ue o impedia de ascender , aia2aneidade) ?omo os dedos se estendem com
dignidade para tocar e es2arelar os torr9es de terra da horta Rmas s: h3))))
as2altoX)))S) ?omo a sua ca6e+a se ergue espontaneamente para o céu eterno Rmas ele
é))) proi6idoX)))S) Due enternecida sensa+ão lhe tra> a ave>inha *ue salta no
parapeito a /anela Rmas, do outro lado, h3 a morda+a, a rede e o postigo 2echado a
cadeado)))S) Due claros pensamentos e, ,s ve>es, *ue conclus9es ele anota & papel
*ue lhe entregaram Rmas com a condi+ão de o comprar no *uios e, tendo depois de
preench01lo e de entreg31lo para sempre , administra+ão prisional)))S) , Fas algo
tolhe as nossas o6/ec+9es ra6u/entas) #esarticula1se e rui o o do nosso cap-tulo)
J3 não sa6emos se na 7prisão de novo tipo8, no a 1C especial Re *ual é eleYS, a
alma humana se puri2ica ou perece de2initivamenteX %e todas as manhãs a primeira
coisa *ue v0s são os olhos do teu companheiro de cela *ue enlou*ueceu, como é *ue
encontrar3s a salva+ão tu mesmo, no dia *ue come+aY "iAolai AleAsandrovitch
=o>iriev, cu/a 6rilhante carreira de astr:nomo 2oi interrompida pela deten+ão,
conseguiu 41C A$DU'.E AB& #E BU AB salvar1se unicamente através dos seus
pensamentos so6re a eternidade e o in2initoW so6re a ordem universal e o Esp-rito
%upremo *ue a animaW so6re as estrelas e a sua composi+ão interiorW so6re a
nature>a e a marcha do tempo) E assim passou a a6rir1se para ele uma nova es2era da
2-sica) %: com isso ele conseguiu so6reviver na prisão de #mitrov) Fas os seus
c3lculos apoiavam1se nos n<meros es*uecidos) Fais além era1lhe imposs-vel irJ
2altavam1lhe muitas ci2ras) ?omo 6usc31las nessa cela solit3ria, com uma candeia
nocturna, onde não entrava uma ave>inha se*uerY
E o cientista interrogavaJ 7%enhorX Gi> *uanto pude) Fas a/uda1meX A/uda1me a
prosseguir)8 "esse tempo tinha direito a um livro em cada de> dias Restava s: na
celaS) "a mal sortida 6i6lioteca prisional havia v3rias edi+9es do ?oncerto
Vermelho, de #emian Iedni, *ue circulavam repetidamente pelas celas) Feia hora
depois da sua s<plica, vieram su6stituir1lhe o livro, e como sempre não lhe
perguntaram nada, meteram1lhe um livro nas mãosJ ?urso de Astro2-sicaX #onde teria
chegadoY "ão podia imaginar *ue existisse na 6i6liotecaX .ressentindo a 6reve
dura+ão desse encontro =o>iriev lan+ou1se so6re ele e p_s1se a meter tudo na
mem:ria, tudo a*uilo de *ue necessitava e *ue lhe poderia vir a 2a>er 2alta depois)
(inham decorrido dois dias e ainda poderia ter o livro em seu poder mais oito dias,
mas su6itamente houve uma inspec+ão do director) ?om perspic3cia, este o6servou
imediatamenteJ 7Fas voc0 é astr:nomo de pro2issãoY8 1 7%im)8 1 7(irem1lhe esse
livroX8 Fas essa visita so6renatural a6riu1lhe o caminho para o seu tra6alho, *ue
continuou no campo de "orilsA) .ois 6em, metamos agora om6ros ao cap-tulo so6re a
resist0ncia dos esp-ritos contra as grades) Fas, o *ue se passaY))) 'nsolentemente,
o guarda est3 a dar a volta , chave) & tene6roso che2e do pavilhão aparece com uma
longa listaJ 7ApelidoY .atron-micoY Ano de nascimentoY .or*ue artigo est3
condenadoY Dual a senten+aY Gim da senten+aY))) .repare1se com as coisas $3pidoX8
Iem, irmãos, é a trans2er0nciaX))) .ara destino incertoX #eus nos a6en+oeX
Gicaremos vivosY))) Fas 2i*uem certosJ se so6revivermos 1 terminaremos o relato
noutra ocasião) "a *uarta parte) %e so6revivermos))) %egunda .arte & F&V'FE"(&
.E$.E(U& As rodas tam6ém não param, As rodas) Biram e dan+am as m:s, Biram) Ml ^= F
FU ')G)$ R159411Q45S ' &% "AV'&% #& A$DU'.E AB& #E%#E o estreito de Iéringue e
*uase até ao do I:s2oro *ue 2icam dispersas as milhentas ilhas do em6ruxado
Ar*uipélago) %ão invis-veis, mas existem, e é de modo invis-vel *ue, de uma ilha a
outra, é necess3rio constantemente transportar os invis-veis 2or+ados, *ue t0m
corpo, peso e volume) Fas com *ue transport31losY E por ondeY ^3 para isso grandes
portosJ as pris9es de trLnsitoW e portos mais pe*uenosJ os campos de trLnsito) ^3
para isso navios de a+o secretosJ os 7vag9es de reclusos8) "os ancoradouros, em ve>
de chalupas e de canoas, são rece6idos por engenhosos carrinhos herméticos, tam6ém
de a+o) &s 7vag9es de reclusos8 via/am de acordo com um hor3rio) E, em caso de
necessidade, enviam1se tam6ém de porto em porto, pelas diagonais do Ar*uipélago,
caravanas inteiras de composi+9es 2errovi3rias com vag9es vermelhos de mercadorias)
(rata1se de todo um sistema 6em ordenadoX Goi criado por alguns homens, durante
décadas 1 e sem pressas) Goi criado por pessoas 6em alimentadas, e*uipadas e com
uni2orme) "os dias -mpares, ,s de>assete horas, o com6oio de =inechma rece6e na
Esta+ão do "orte de Foscovo as levas das carrinhas das pris9es de IutirAi, de
.resnaia e de (aganAa) "os aias pares, ,s seis da manhã, o com6oio de 'vanovo deve
encontrar1 se na esta+ao para rece6er e guardar a*ueles *ue são trans2eridos para
"iereAh1`a, Ie/entsA e Iologoe) tudo isto decorre ao vosso lado, rente a v:s todos,
mas invis-vel aos vossos olhos Ré poss-vel 2ech31losS) "as grandes esta+9es a carga
e descarga
os porcos reali>a1se longe da gare dos passageiros e s: os guardas, os aguros, ou
os condutores os v0em) "as esta+9es mais pe*uenas escolhe1se @ um entre dois
dep:sitos de mercadorias, onde carrinhas entram em marcha a tr3s até aos degraus do
vagão de reclusos) &s presos não t0m .o de deitar uma olhadela para a esta+ão, nem
de olhar para v:s ao longo das composi+9es 2errovi3rias1, apenas podendo enxergar
os degraus 414 A$DU'.E AB& #E BU AB R,s ve>es o degrau in2erior d31lhes pela
cintura, não tendo se*uer 2or+a para su6irS, e a escolta, *ue 2ormara um estreito
corredor da carrinha ao vagão, voci2era, 6ramaJ 7$3pidoX $3pidoX))) AndemX
AndemX)))8, ou então amea+a com as 6aionetas) Duanto a v:s, *ue vos apressais pela
gare, com crian+as, malas e trouxas, 2altava1vos tempo para verJ por*ue é *ue 2oi
engatado , composi+ão 2errovi3ria um vagão mais para 6agagemY "ele não h3 nada
escrito e é muito parecido com os de mercadorias, tendo igualmente grades e sendo
escuro por dentro) Apenas se d3 conta de *ue ali vão soldados, de2ensores da
p3tria, e *ue nas paragens dois deles andam, a asso6iar, de um lado e de outro,
olhando de soslaio para de6aixo do vagão) & com6oio p_s1se em marcha e centenas de
destinos comprimidos, de cora+9es torturados, correm, por esses mesmos carris
sinuosos, atr3s desse mesmo 2umo, /unto a esses mesmos campos, postes e medas,
alguns segundos antes de v:s mesmos) Fas atr3s das vossas vidra+as, v:s nada
sereisJ no ar 2icam ainda menos vest-gios desta amargura *ue emerge do *ue a*ueles
*ue restam ap:s a passagem dos dedos so6re a 3gua) E no am6iente de v:s 6em
conhecido e sempre igual do com6oio, com roupa de cama e com o ch3 servido em
copos, podereis acaso 2a>er ideia desse tene6roso e a6a2ado terror *ue, , distLncia
de tr0s segundos, atravessou esse mesmo espa+o euclidianoY Estais descontentes s:
peloa simples 2acto de *ue nesse mesmo compartimento via/am *uatro pessoas e estais
apertados, mas poder-eis acreditar acaso *ue nesta linha, nesse vagão *ue aca6a de
passar adiante de v:s seguem cator>e pessoasY E se 2orem vinte e cincoY E se 2orem
trintaY))) Vagão1recl) T *ue a6reviatura a6omin3velX ?omo o são, em geral, todas as
a6reviaturas 2eitas pelos verdugos) 'sso signi2ica *ue se trata de um vagão para
reclusos) Fas em lado algum, , excep+ão dos papéis dos carcereiros, se aplicaria
essa palavra) &s presos acostumaram1se a chamar1 lhe 7vagão de %tolipine8 ou,
simplesmente, stolipine) A medida *ue os transportes por caminho de 2erro 2oram
introdu>idos na nossa p3tria, mudaram as 2ormas das levas dos presos) Ainda nos
anos 9C do século !'!, as levas para a %i6éria eram 2eitas a pé ou a cavalo) enine,
em 1Q9;, 2oi deportado para a %i6éria numa carruagem vulgar de terceira classe Rcom
gente livreS e *ueixou1se aos 2errovi3rios de *ue ia insuportavelmente apertado) &
*uadro, 6em conhecido, de KarochenAo A Vida Est3 por (oda a .arte, mostra1nos /3
uma ingénua readapta+ão de uma carruagem de passageiros de *uarta classe para o
transporte de presosJ tudo 2icou como era, os presos via/am como toda a gente,
apenas colocaram grades nas /anelas de am6os os lados) Estas carruagens circularam
ainda muito tempo pelas vias 2érreas russasJ alguns lem6ram1se de como marchavam
nas levas de 1945) %: *ue seguiam separados os homens e as mulheres) .or outro
lado, o socialista revolucion3rio (ruchine recorda1se de *ue /3 durante o c>arismo
se utili>ava o 7vagão de %tolipine8, em6ora so nos tempos de =rilov seguissem seis
pessoas num compartimento) A$DU'.E AB& #E BU AB 415 .rovavelmente este tipo de
vagão 2oi posto pela primeira ve> em circula+ão durante o regime de %tolipine, isto
é, em 1911, e de acordo com a exacer6a+ão revolucion3ria
dominante os democratas constitucionais 6apti>aram1no com esse nome) Entretanto, s:
a partir dos anos 4C ele esteve em voga, tendo encontrado uma utili>a+ão
generali>ada exclusiva nos anos @C *uando tudo na nossa vida passou a ser uni2orme)
%eria, pois, mais /usto chamar1lhe, não stolipine, mas staline) "ão nos percamos
porém com palavras) & 7vagão de %tolipine8 era uma carruagem vulgar, com a simples
particularidade de *ue, dos nove compartimentos, cinco eram destinados aos presos
Ra*ui, como em todo o Ar*uipélago, metade 2icava reservada para os servi+osXS)
Estes cinco compartimentos 2icavam separados do corredor não por um ta6i*ue cont-
nuo, mas por uma grade *ue os deixava a desco6erto para o6serva+ão) Essa grade era
de 6arras o6l-*uas, cru>adas, como nos pe*uenos /ardins das esta+9es) Erguem1se a
toda a altura da carruagem, pelo *ue não havia desvão para a 6agagem) As /anelas do
lado do corredor eram as ha6ituais, mas tam6ém com 6arras o6l-*uas no exterior) "o
compartimento dos presos não havia /anelas, apenas uma pe*uena ranhura, sem visão,
igualmente com grades ao n-vel do segundo 6eliche Rprivado assim de /anelas, mais
se diria um vagão de mercadoriasS) A porta do compartimento era corredi+aJ uma
divis:ria de 2erro, tam6ém com grades) (udo isto, visto do corredor, 2a>ia lem6rar
um par*ue de 2erasJ atr3s de uma grade de 2erro, no solo e nos 6eliches,
encolhem1se certos seres miser3veis, parecidos com o homem, pedindo lastimosamente,
com o olhar, de 6e6er e de comer) "as /aulas, contudo, nunca amontoam assim os
animais) %egundo c3lculos 2eitos por engenheiros em li6erdade, no compartimento de
um stolipine ca6em seis presos sentados em 6aixo, tr0s deitados na tarim6a do meio
Ra *ual se estende ao longo do compartimento, 2ormando uma s: cama e deixando um s:
espa+o para poder su6ir e descerS e dois deitados na prateleira de cima,
destinada , 6agagem) %uponhamos *ue alem destes on>e se metem l3 mais on>e Ros
<ltimos, para se poder 2echar a .orta, são empurrados pelos guardas a pontapéS)
(eremos então a lota+ão esgotada e normal do compartimento dos reclusos) #ois deles
contorcem1rsea meios do6rados no porta16agagem de cimaW cinco deitam1se na tarima
do 6eliche do meio Re estes são os mais 2eli>es, pelo *ue tais lugares são
disputados em com6ateW havendo presos comuns, são precisamente estes Fue ai são
colocadosSW na parte in2erior 2icam tre>e pessoas, das *uais cinco sentadas em cada
tarim6a e tr0s no meio, entre as pernas dos outros) As coisas vão onde calhar, por
6aixo, por cima ou misturadas com as pessoas) aslma ?om as pernas oprimidas,
encolhidas, via/am dias e dias) "ão, isto não é 2eio de prop:sito para torturar
especialmente os homensX & condenado é um soldado tra6alhador do socialismo, para
*u0 atorment31loY Ele tem de ser utili>ado na constru+ão) Fas, concordem, ele 41;
A$DU'.E AB& #E BU AB não vai 2a>er uma visita , 2am-lia, e não deve 2icar instalado
de 2orma *ue os *ue estão em li6erdade o inve/em) (emos di2iculdades com os
transportesJ ele chegar3 ao destino, descansem, não morrer3) A partir dos anos 5C,
*uando 2oram a/ustados os hor3rios, os presos não eram o6rigados a 2a>er viagens
longasJ dia e meio, a dois dias, *uando muito) #urante e depois da guerra era piorJ
de .etropavlovsA Rno ?asa1*uestãoS até =araganda, os stolipine podiam levar sete
dias Re havia vinte e cinco pessoas no compartimentoSW de =araganda e %verdlovsA
o>2o dias Re no compartimento havia vinte e seisS) Fesmo de =ui6ichiev a
(chalia16insA, em Agosto de 1945, %u>i 2oi num stolipine uma série de dias, e no
compartimento havia ($'"(A E ?'"?& pessoas, amontoadas em cima umas das outras,
de6atendo1se e lutando1) "o &utono de 194;, ") V) (imo2eiev1$essovsAi 2oi de
.etropavlovsA a Foscovo num compartimento onde iam ($'"(A E %E'% ^&FE"%X
Esteve v3rios dias .E"#U$A#& no compartimento no meio dos outros, sem *ue os pés
tocassem no solo) ]s tantas, os homens come+aram a morrer e tiraram1nos de6aixo dos
pés dos presos Ré verdade *ue não imediatamente, mas s: ao segundo diaS) %: dessa
maneira come+aram a 2icar menos apertados) A viagem inteira até Foscovo durou tr0s
semanas)4 (rinta e seis 1 ser3 esse, por acaso, o limiteY "ão possu-mos testemunhos
de *ue tenha havido trinta e sete, mas, atendo1nos ao <nico método cient-2ico e ,
nossa educa+ão na luta contra os 7limites8, devemos responderJ não, não e nãoX "ão
h3 limitesX (alve> eles existam algures, mas não entre n:sX En*uanto houver alguns
dec-metros c<6icos de ar por ocupar, ainda *ue se/a de6aixo dos 6ancos, entre os
om6ros, as pernas ou as ca6e+as, o compartimento est3 apto a rece6er presos
suplementaresX ?onvencionalmente, pode admitir1se como 2i6ra limite a dos cad3veres
*ue cou6erem no volume total do compartimento, empilhados metodicamente) V) A)
=orneieva partiu de Foscovo num compartimento onde havia trinta mulheres T a
maioria delas velhinhas decrépitas, deportadas por serem crentes R, chegada, (&#A%
essas mulheres, , excep+ão de duas, 2oram hospitali>adas imediatamenteS) "ão houve
casos mortais por*ue entre elas havia /ovens cultas e atractivas, presas por 7terem
correspond0ncia com estrangeiros8) Essas /ovens come+aram a envergonhar a escoltaJ
7?omo e *ue não t0m vergonha de as condu>ir assimY Elas podiam ser vossas mãesX8 ?
ertamente, não 2oram tanto os argumentos morais, mas sim o aspecto a 'sto para
satis2a+ão da*ueles *ue se espantam e censuramJ por*ue é *ue não lutavamY J J3 em
Foscovo, segundo as mesmas leis do pa-s dos milagres, (imo2eiev1$essovs= 2oi
transportado por o2iciais em 6ra+os até ao autom:velJ ele ia contri6uir para o
avan+o da ci0nciaX A$DU'.E AB& #E BU AB 415 atractivo das /ovens *ue encontrou eco
na escolta 1 e algumas velhas 2oram trans2eridas))) para o compartimento de
castigo) "os stolipine esse compartimento não constitui um castigo, antes uma
2elicidade) #os cinco compartimentos para os presos, s: *uatro são utili>ados como
celas ha6ituais, sendo o *uinto dividido em duas metades, estreitos meios
compartimentos com dois 6eliches, como os *ue são ha6itualmente reservados aos
condutores) Essas celas de castigo são utili>adas para isolamentoW o 2acto de
via/arem ali tr0s ou *uatro signi2ica comodidade e espa+o) "ão, não é *ue se 2a+a
de prop:sito para torturar os presos pela sede, mas em todos esses dias passados no
vagão, no meio de des2alecimento e aperto, d31se1lhes de comer, em ve> de alimentos
co>idos, apenas aren*ue salgado, ou peixe seco R2oi o *ue se passou ao longo de
(&#&% os anos @C e 5C, no 'nverno e no Verão, na %i6éria e na UcrLnia, e nem sendo
preciso pormenori>ar exemplosS) "ão se trata de tortura pela sede, mas, en2im,
digam1me como alimentar estes 2arrapos durante a viagemY ?omida *uente no vagãoY
"ão t0m direito a ela Rnum dos compartimentos, é certo, h3 uma co>inha, mas é s:
para a escoltaS) "ão se lhes pode dar cereais secos, nem 6acalhau 2resco) ?onservas
de carneY .odem 2a>er1lhes mal) Aren*ue salgado e um peda+o de pão 1 não h3 coisa
mais 6em pensada, *ue mais *ueremY (oma tu o teu aren*ue, e est3s com sorte,
alegra1teX %e és sensato, não o comas, aguenta, esconde1o no 6olso, com01lo13s no
campo de trLnsito, onde ha/a 3gua) E pior ainda *uando dão peixe miudinho do A>ov,
h<mido, com sal grosso, *ue se estraga no 6olso) Agarra1o com o 2orro do casaco de
algodão, com o len+o ou com a palma da mão, e come1o) Esse peixinho é lan+ado em
cima de *ual*uer casaco, mas o peixe seco é deitado pela escolta no chão, sendo
dividido nos 6eliches, em cima das pernas@)
Uma ve> *ue te deram peixe, não te negarão o pão e talve> rece6as ainda um
poucochinho de a+<car) & pior é *uando chega a escolta e declaraJ 7^o/e não damos
de comer, não nos entregaram nada para voc0s)8 E, na realidade, talve> não tenham
dado nadaJ em *ual*uer sec+ão de conta6ilidade prisional não puseram os n<meros no
devido lugar) &u pode ser *ue ha/am entregue algo, mas *ue a pr:pria escolta tenha
2alta de senhas de racionamento Reles não andam tam6ém demasiado 2artosS e
decidisse 2icar com o pão>inho) #ar s: meio aren*ue torna1se suspeito) @ .) G)
KaAu6ovitch R"o Fundo dos ?ondenados, Foscovo, 19;4, tomo 1S escreve, acerca dos
anos 9C do século passado, *ue no tempo terr-vel das levas para a %i6éria davam
.ara alimenta+ão de> Aopecs di3rios por pessoa, *uando o pre+o da 6roa de pão de
trigo 1 seria de tr0s *uilosY 1 era de cinco Aopecs e a /arra de leite 1 de dois
litrosY 1 custava tr0s) 7&s .resos viviam na prosperidade8, escreve ele) Fas na
prov-ncia de 'rAutsA os pre+os eram mais caros1 Uma li6ra de carne valia de> Aopecs
7e os presos viviam simplesmente na miséria8) l@ li6ra de carne por pessoa e por
dia, corresponder3 isso a meio aren*ueY 41Q A$DU'.E AB& #E BU AB E, naturalmente,
não é para atormentar o preso se depois do aren*ue não se lhe d3 3gua 2ervida Ro
*ue nunca aconteceS, nem 3gua simples) E preciso compreenderJ o pessoal da escolta
é limitado) Uns montam a guarda no corredor, 2a>em plantão entre as carruagens e
nas esta+9es p_em1se a inspeccionar de6aixo dos vag9es, pelo te/adilho, vendo se
não 2oi 2eito algum ori2-cio em *ual*uer parte) &utros limpam as armas e é preciso
tam6ém ocuparem1se da instru+ão pol-tica e do regulamento militar) Duanto ao
terceiro turno, esse dorme, o hor3rio é de oito horas segundo a lei, e a guerra /3
aca6ou) #epois h3 *ue tra>er 3gua de longe, em 6aldes, e é ultra/ante
transport31laJ por*ue é *ue um com6atente soviético deve acarretar 3gua, como um
asno, para os inimigos do povoY .or ve>es, para separar os presos e 2a>er uma
mudan+a de linha, levam o 7vagão de %tolipine8 até meio dia de distLncia da esta+ão
Rpara longe dos olhos estranhosS e não se acarreta 3gua nem para a co>inha do
soldado vermelho) ^3, é certo, uma sa-daJ tirar 3gua do t0nder da locomotiva, uma
3gua amarela, turva, com :leo de lu6ri2ica+ão) &s >eAs 6e6em gostosamente dessa
3gua) Due importa, eles na penum6ra do compartimento não v0em muito 6em, não t0m
/anelas, nem lLmpadas, nem lu> do corredor) .ara mais, essa 3gua leva muito mais
tempo a distri6uir, os presos não t0m p<caros, aos *ue os possu-am tiraram1lhos, ou
se/a, t0m de 6e6er pelas duas canecas do regulamento, e en*uanto eles se saciam h3
*ue 2icar , espera ao lado, tirando e dando 3gua) RE eis o *ue se lem6raram ainda
de inventarJ primeiro h3 *ue dar de 6e6er aos sadios, depois aos tu6erculosos e,
2inalmente, aos si2il-ticosX ?omo se na cela seguinte as coisas não come+assem de
novoJ primeiro aos sadios, etc)S Fas a escolta suportaria tudo isto, acarretaria a
3gua e daria de 6e6er, se estes porcos, depois de se terem 2artado de 3gua, não
pedissem para ir , latrina) Fas é assimJ se não se lhes d3 3gua um dia, não pedem
para ir , latrinaW se se lhes d3 de 6e6er nem *ue se/a s: uma ve>, tem1se de
lev31los l3W e se, por compaixão, se lhes d3 duas ve>es de 6e6er, h3 *ue lev31los
duas ve>es) #e todas as maneiras, o melhor é não lhes dar de 6e6erX "ão é por*ue
isso lhes custe, ou por*ue *ueiram poupar a latrina 1mas apenas por*ue se trata de
uma opera+ão de responsa6ilidade, e até de com6ateJ é preciso ocupar, em tal
missão, um ca6o e dois soldados) ?olocam1se duas sentinelas, uma perto da porta da
latrina e outra no corredor, no lado oposto Rpara *ue não se escapem por ali, o
ca6o tem de a6rir e 2echar a porta corredi+a do compartimento, primeiro deixando
passar o *ue volta e depois permitindo a sa-da do seguinte) & regulamento manda *ue
não se deixem
sair um por um, para *ue não se precipitem e comece um motim) E sucede *ue esse
homem *ue 2oi , latrina retém trinta presos no seu compartimento e cento e vinte em
todo o vagão, além do grupo da escoltaX Assim, o ca6o e os soldados espica+am1no no
caminhoJ 7$3pidoX $3pidoX #epressaX #epressaX8, e ele apressa1se e trope+a, como se
na latrina rou6asse um ponto ao Estado) REm 1949, no 7vagão de %tolipine8 de
A$DU'.E AB& #E BU AB 419 Foscovo1=ui6ichiev, o alemão %hult>, coxo de uma perna,
*ue /3 compreendia as 2rases russas de incitamento, saltava so6re um pé ao ir ,
latrina ao voltar, o guarda da escolta ria1se e exigia *ue ele saltasse mais
rapidamente) Uma das ve>es, um dos guardas empurrou1o em 2rente da latrina e %hult>
caiu) Uangado, o da escolta come+ou a agredi1lo e, não conseguindo levantar1se
de6aixo da pancada, %hult> arrastou1se para a su/a latrina) &s guardas
riam1se)S4 .ara *ue, durante os curtos instantes passados na latrina, o preso não
possa evadir1se, e tam6ém para *ue ele volte depressa, a porta da latrina não é
2echada, e, o6servando todo o processo desde a plata2orma, o da escolta estimulaJ
7$3pido, r3pidoX))) J3 chegaX8 ]s )ve>es desde o come+o logo a ordem saltaJ 7%:
3guas menoresX8 E então da plata2orma não te deixam 2a>er nada mais) As mãos,
naturalmente, não se lavamJ a 3gua do dep:sito não chega para isso, nem h3 tempo)
%e o preso mexe na torneira, a escolta voci2era da plata2ormaJ 7& *u0, não to*ues
nisso, avan+aX8 R%e algum tem sa6ão e toalha no saco, não o tira por vergonha) E
demasiado, é a <ltima moda)S A retrete é por*u-ssima) Fais r3pidoX E levando a
su/idade l-*uida agarrada ,s 6otas, o preso entra no compartimento, so6e por cima
das mãos e dos pés de um *ual*uer, e depois essas 6otas su/as pendem do terceiro
6eliche, a gote/ar so6re o segundo) Duando as mulheres vão 2a>er as suas
necessidades, o regulamento da escolta e o senso comum exigem tam6ém *ue não se
2eche a porta, mas nem todos os guardas insistem nisso, e alguns permitemJ 7Iom8,
di>em, 72eche8) R#epois são ainda as mulheres *ue t0m de limpar as retretes e de
novo h3 *ue postar1se /unto delas, para *ue não 2u/am)S evar os cento e vinte ,
retrete, mesmo a um ritmo tão r3pido, leva mais de duas horas 1 isto é, mais do *ue
um *uarto de turno de tr0s soldados da escoltaX E, de *ual*uer maneira, os presos
não 2icarão satis2eitosX #e *ual*uer maneira, haver3 sempre algum velho com areia
nos rins *ue, ao ca6o de meia hora, se lamenta de novo e pede para ir , retrete)
"aturalmente, não o deixam ir, e ele 2a> tudo em cima de si mesmo) Fais tra6alho
para o ca6oJ o6rig31lo a *ue apanhe a*uilo com as mãos e o deite 2ora) .ois *u0J
tenham menos necessidadesX & *ue signi2ica menos 3gua e menos comida) Assim não se
*ueixarão de diarreia, nem empestarão o ar, por*ue, en2im, não se pode respirar no
vagãoX Fenos 3guaX Fas h3 *ue distri6uir o aren*ue regularmente) "ão dar 3gua e uma
medida sensata, não dar aren*ue seria uma 2alta de servi+o) ninguém, ninguém se
imp_s como o6/ectivo torturar1nosX &s actos da escolta são completamente ra>o3veisX
Fas, como os antigos cristãos, estão metidos em /aulas, e nas nossas l-nguas
2eridas deitam1nos sal) sem d<vida, o *ue se designa por 7culto da personalidade de
%taline)))8 44C A$DU'.E AB& #E BU AB &s guardas não t0m tão1pouco *ual*uer
o6/ectivo Rexcepto ,s ve>esS, ao misturar os presos do artigo 5Q com a gatunagem e
os presos comuns) Acontece simplesmente *ue h3 um excesso de presos, poucos vag9es
e compartimentos, e *ue o tempo é contado) Duando irão ocupar1se delesY Um dos
*uatro compartimentos é reservado ,s mulheres e, nos tr0s restantes, caso se/a
necess3rio seleccion31los, então 2a>em1no segundo as esta+9es de destino, de modo a
ser mais c:moda a descarga)
Fas acaso cruci2icaram ?risto entre dois ladr9es, por*ue .ilatos o *uis humilharY
Acontece *ue era o dia de cruci2icar, *ue havia um s: B:lgota e *ue o tempo de *ue
se dispunha era pouco) .&$ '%%& G&' .&%(& E"($E &% FA GE'(&$E%) (remo s: de pensar
o *ue eu teria tido de so2rer se me encontrasse na situa+ão de um preso vulgar))) A
escolta e os o2iciais das levas trataram11nos, aos meus companheiros e a mim, com
o6se*uiosa cortesia))) ?omo preso pol-tico 2ui levado ao pres-dio com relativo
con2ortoJ durante as etapas utili>ei um compartimento , parte dos presos comuns,
dispunha de uma carro+a, e nela levava uma 6agagem de mais de uma arro6a) ))) "o
<ltimo par3gra2o, eu não utili>ei aspas, para *ue o leitor possa compenetrar1se
melhor) "a verdade, as aspas constituem sempre ou uma 2orma de ironia ou de
distancia+ão) Fas sem as aspas o par3gra2o soa com um tom um tanto estranho, não éY
Goi .) G) KaAu6ovitch, a- pelos anos 9C do século passado, *ue o escreveu) & livro
2oi reeditado agora para mostrar o *ue 2oi a*uela tene6rosa época) %a6emos tam6ém
*ue os pol-ticos tinham nas 6arca+as uma ha6ita+ão especial, 2icando na co6erta com
uma >ona , parte para passear) R"a $essurrei+ão, de (olstoi, o du*ue "eAhliudov,
*ue era um estranho, podia visitar os pol-ticos para conversar)S E 2oi s: por*ue na
lista dos presos, em 2rente ao apelido KaAu6ovitch, tinha sido omitida a m3gica
palavra pol-tico Rescreve eleS, *ue em Ust1=ara ele 2oi 7rece6ido pelo inspector do
pres-dio))) como um preso comum 1 de 2orma ordin3ria, arrogante, insolente8) #e
resto, 2eli>mente, o mal1 entendido des2e>1se) Due época inveros-mil essa em *ue
misturar os pol-ticos com os comuns parecia *uase um delitoX Estes <ltimos eram
condu>idos , esta+ão em 2orma+ão vergonhosa, marchando na cal+ada) &s pol-ticos
podiam ir de carro+a) R&lminsAi, 1Q99)S "ão comiam como os outros do caldeirão
comum, dava1se1lhes dinheiro para as re2ei+9es, *ue lhes eram levadas de uma casa
de pasto) & 6olchevi*ue &lminsAi nem *ueria a comida do hospital, parecia1lhe
ordin3ria)5 & che2e do pavilhão de IutirAi pediu desculpa, pelo 2acto de o guarda
ter tratado &lminsAi por 7tu8, pois raramente havia l3 pol-ticos e o vigilante não
sa6ia))) 5 Era por tudo isto *ue a ralé Ra massa dos comunsS chamava aos
revolucion3rios pro2issionais os 7no6res ranhosos8 R.)G) KaAu6ovitchS) A$DU'.E AB&
#E BU AB 441 em IutirAi raramente havia pol-ticosX))) Due sonho ser3 esteY &nde
estavam então elesY Fuito menos podia hav01los na u6ianAa e e2ortovo, *ue ainda não
existiamX))) $adichiev 2oi levado algemado durante a trans2er0ncia e, por 2a>er um
tempo muito 2rio, puseram1lhe em cima 7uma a6/ecta peli+a de carneiro8, nue tiraram
ao guarda) Entretanto, ?atarina ordenou imediatamente *ue lhe tirassem as grilhetas
e *ue lhe arran/assem tudo o *ue era necess3rio para a viagem) Fas a Anna
%AripniAova, em "ovem6ro de 1945, enviaram11na de IutirAi, por etapas, até %olovAi
com um chapéu de palha e um vestido de Verão Rpois tinha sido presa no Verão e
desde então a sua casa estava selada, ninguém lhe permitindo tirar de l3 o seu
vestu3rio de 'nvernoS) #i2erenciar os pol-ticos dos comuns signi2ica respeit31los
como opositores iguais, signi2ica reconhecer *ue as pessoas podem ter pontos de
vista pr:prios) Assim, o preso pol-tico tem a sensa+ão da sua li6erdade pol-ticaX
Fas desde o momento em *ue todos somos do contra e *ue os socialistas não
conseguiram manter1se como pol-ticos, s: pode provocar presentemente risos aos
presos e perplexidade aos guardas o 2acto de se protestar, por*ue n:s, os pol-
ticos, somos misturados com os comuns) 7A*ui, entre n:s, todos são comuns8,
respondiam sinceramente os guardas) Esta mistura, este primeiro encontro,
verdadeiro golpe 2ulminante, ocorre na carrinha ou no stolipine)) Até a-, por mais
*ue nos tenham vexado, torturado e atormentado nos
interrogat:rios, tudo provinha dos 6onés11a>uis, *ue não se con2undiam com a
humanidade, vendo n:s neles apenas um servi+o vergonhoso) Fas, em compensa+ão, os
companheiros de cela, em6ora 2ossem di2erentes de n:s pela sua experi0ncia e pelo
desenvolvimento cultural, em6ora com eles discut-ssemos e em6ora entre eles
houvesse 6u2os, pertenciam todos a essa humanidade ha6itual, pecadora, *uotidiana,
no meio da *ual tinha decorrido toda 3 nossa vida) Ao ser1se empurrado para o
compartimento de stolipine espera1se encontrar l3 dentro companheiros de
in2ort<nio) (odos os inimigos e opressores 2icam do outro lado das grades, não é
deste *ue a gente os espera) E de repenteW ao levantar a ca6e+a para o espa+o *ue
d3 passagem até ao 6eliche do meio, deparam1se1nos tr0s ou *uatro 1 não, não são
rostos, não são ocmhos de macaco, os macacos ainda se assemelham em algo ao homemX,
as sim m3scaras repugnantes e cruéis, com expressão de avide> e mo2a) a uma
2ixa1nos como a aranha suspensa so6re a mosca) A sua teia são as grades, e n:s ca-
mos nelaX Eles torcem a 6oca como a preparar1se / a morder1nos de lado e, ao
conversar, silvam, deleitando1se mais com isso do *ue com as vogais e as consoantes
da l-ngua) A sua linguagem pr:1soviética pela desin0ncia dos ver6os e dos
su6stantivos recorda a l-ngua russa e uma algaraviada) .ois estes estranhos
goril:ides estão, *uase sempre, em camisola interior, ois no sopline o ar é
su2ocante) &s seus pesco+os cheios de veias roxas, os om6ros salientes, os seus
escuros peitos tatuados, nunca so2reram 444 A$DU'.E AB& #E BU AB com a extenua+ão
carcer3ria) Duem são elesY #onde v0mY %u6itamente, do pesco+o de um deles pende uma
cru>X %im, uma cru>inha de alum-nio, atada a um cordelinho) Admiramo1nos e
sentimo1nos um pouco aliviadosJ entre eles h3 crentes, isso é comovedorX Assim,
nada de tem-vel pode acontecer) Fas, precisamente, esse 7crente8, acto cont-nuo,
lan+a1se em 6las2émias contra a cru> e a 2é R6las2émias parcialmente ditas em
russoS e mete11nos dois dedos como cornos directamente so6re os olhos, não
amea+ando, mas come+ando imediatamente a apertar) "este gesto, 7tiro1te os olhos,
animal8, est3 toda a 2iloso2ia da sua 2éX %e eles são capa>es de esmagar os teus
olhos como uma lesma, *ue é *ue eles respeitarão em n:s, ou diante de n:sY A
cru>inha 6alanceia1se e n:s olhamos com os olhos ainda não esmagados para esta
mascarada selvagem, perdendo a no+ão da realidadeJ *uem de entre n:s enlou*ueceuY
Duem enlou*uecer3 aindaY 1 "um instante, todos os h36itos de conviv0ncia humana em
*ue se tinha vivido estalam e *ue6ram1se) Em toda a nossa vida passada 1
especialmente antes da deten+ão, mas até mesmo depois, e em parte durante o
interrogat:rio 1, 2al3vamos aos outros homens com palavras e eles respondiam11nos
tam6ém com palavras) Estas produ>iam um e2eito, era poss-vel convencer, re/eitar,
p_r1se de acordo) $ecordam1se diversos tipos de rela+9es sociais 1 a peti+ão, a
ordem, o agradecimento 1, mas tudo *uanto a*ui vem encontrar1se, situa1se 2ora
dessas palavras e dessas rela+9es) ?omo mensageiro do che2e, eis *ue desce alguém,
mais 2re*uentemente um magricelas novinho, cu/o desem6ara+o e insol0ncia se tornam
tr0s ve>es mais repulsivas, e este dia6rete desata o nosso saco e mete a mão nos
nossos 6olsos, não para 2a>er uma 6usca mas como se 2ossem os seusX #esde este
minuto /3 nada nos pertence, nem n:s pr:prios, passando a ser uns mane*uins
providos de o6/ectos supér2luos e *ue nos podem tirar) "em a este pe*ueno e raivoso
ru2ia, nem aos car9es de cima se lhes pode explicar nada com palavras, nem negar,
nem proi6ir, nem pedirX Eles não são gente, isso torna1se claro para n:s num 3pice)
.ode1se, somente, arriar1se1lhes para cimaX %em esperar, sem perder tempo
se*uer a mexer a l-ngua) Arriar1lhes para cima, a esse crian+ola, ou ,*uelas 2eras
grandes de cima) Fas, de 6aixo para cima, como chegar a esses tr0sY E ao crian+ola,
em6ora se/a um 2uinha repugnante, parece tam6ém *ue não se pode 6ater) Empurr31lo
mansamenteY 'mposs-vel, por*ue ele pr:prio te morde o nari>) &u então os de cima
partem1te, num a6rir e 2echar de olhos, a ca6e+a Re eles t0m navalhas, s: *ue não
vão sacar delas, e su/ar1se contigoS) &lhas para os vi>inhos, para os camaradas 1
h3 *ue o2erecer resist0ncia, ou *ue 2a>er um protestoX T, mas todos os teus
camaradas, todo o teu cin*uenta e oito, 2oram /3 sa*ueados um por um, antes da tua
chegada, e estão sentados su6missamente, encolhidos a olhar) Ainda se compreenderia
se olhassem de lado ou 2ixamente, mas 2a>em1no com um ar tão ha6itual *ue se diria
não se tratar de uma viol0ncia, de uma pilhagem, mas sim de um 2en:meno natural,
como o crescer da erva ou o cair da chuva) A$DU'.E AB& #E BU AB 44@ E isto sucede
por*ue se deixou passar o momento, senhores camaradas e irmãosX .ara reagir, havia
*ue t01lo 2eito *uando %tru/insAi se imolou na cela de ViatAa, e ainda antes disso,
*uando vos classi2icaram 7do contra8) &ra, tu deixaste *ue te tirassem o so6retudo,
*ue o teu casaco tosse apalpado e arrancada com um peda+o de tecido a nota de vinte
ru6los *ue latinhas co>ido, *ue o teu saco 2osse despe/ado e revistado, *ue tudo o
*ue a tua sentimental esposa /untou para ti depois da senten+a, para a tua longa
viagem, 2icasse perdido, sendo1te devolvido apenas o saco com a escova de dentes)))
E verdade *ue nem todos se su6meteram assim, nos anos @C e 4C, mas apenas noventa e
nove por centoX; ?omo p_de suceder istoY ^omensX &2iciaisX %oldadosX ?om6atentes da
2renteX .ara se 6ater auda>mente, um homem necessita de estar preparado para este
com6ate, de aguard31lo, de compreender o seu o6/ectivo) A*ui, 2altavam todas as
condi+9esJ não tendo *ual*uer conhecimento prévio do meio da gatunagem, ninguém
esperava este com6ate e, o *ue é mais importante, não compreendia em a6soluto a sua
necessidade, imaginando erradamente *ue os seus inimigos eram apenas os
6onés1a>uis) E necess3ria toda uma educa+ão para compreender *ue os peitos tatuados
são os traseiros dos 6onés1 a>uis, para ter a revela+ão do *ue os gal9es não te
di>em em vo> altaJ 7Forre tu ho/e, *ue eu morrerei amanhãX8 & preso novato *uer
considerar1se a si mesmo como pol-tico, ou se/aJ ele é a 2avor do povo e o Estado é
contra eles) Fas eis *ue, inesperadamente, é atacado por seres imundos, de uma
agilidade dia6:lica, e todas as categorias se misturam, a clare>a é convertida em
estilha+os) RE não ser3 de um momento para o outro *ue o preso compreender3 *ue
esses seres malignos agem de acordo com os carcereiros)S .ara lutar auda>mente, um
homem necessita de se sentir de2endido , sua retaguarda, de ter apoio dos lados e
terra de6aixo dos pés) (odas estas condi+9es 2altam no caso do cin*uenta e oito)
(endo sido triturado pela ma*uina de picar carne dos interrogat:rios pol-ticos, o
homem tem o corpo destru-doJ passou 2ome, não dormiu, gelou nas masmorras, 2icou
ca-do no chão depois de espancado) Fas se 2osse s: o corpoX Ele tem a alma
al*ue6rada) Gi>eram1no compreender e demonstraram1lhe *ue os seus pontos de vista,
o seu comportamento e as suas rela+9es com os homensW tudo isto é errado, por*ue
condu>iu ao seu esmagamento) Essa 6olinha *ue 2oi lan+ada pela sec+ão de m3*uinas
do tri6unal para as levas 2icou redu>ida , Lnsia de viver sem *ual*uer compreensão)
#estruir completamente e isolar
?ontaram1me alguns casos em *ue tr0s homens solid3rios R/ovens e 2ortesS resistiram
aos ladr_es mas não para de2enderem os direitos em geral dos *ue , sua volta eram
rou6ados, e de2enderem a si mesmosJ neutralidade armada) 444 A$DU'.E AB& #E BU AB
completamente 1 tal é o o6/ectivo dos interrogat:rios para os do artigo 5Q) &s
condenados devem compreender *ue a sua maior culpa, *uando estavam em li6erdade,
residiu na tentativa de comunicarem ou de se unirem de *ual*uer 2orma uns com os
outros, 2ora do controle do organi>ador do .artido, dos sindicatos e da
administra+ão) "a prisão isso leva até ao horror de *ual*uer tipo de ac+ão
colectivaJ 2a>er uma e a mesma *ueixa a duas vo>es ou colocar no mesmo papel duas
assinaturas) #esacostumados h3 /3 muito tempo do *ue se/a solidariedade, os
pseudopol-ticos não estão preparados se*uer para se de2enderem contra a gatunagem)
Assim a ninguém lhe vem , ca6e+a arran/ar, para o vagão ou para o campo de
trLnsito, uma navalha ou um castão de 6engala) Em primeiro lugarJ para *u0Y ?ontra
*uemY Em segundo lugarJ se tu o utili>as, apenas 2ar3s agravar o sinistro artigo
5Q, podem voltar a /ulgar1te e condenar1 te ao 2u>ilamento) Em terceiro lugarJ
mesmo antes, no momento da 6usca, poderão condenar1te, a ti, por uma navalha,
di2erentemente do *ue 2a>em a um gatunoJ nas mãos deste, uma navalha é uma
travessura, 2a> parte da tradi+ão, é um sinal de inconsci0ncia, mas, nas tuas mãos,
trata1se de terrorismo) En2im, a maior parte dos presos pelo artigo 5Q são pessoas
pac-2icas Re 2re*uentemente velhos e doentesS, *ue toda a vida se serviram das
palavras, e não dos punhos, não estando preparadas para en2rentar ho/e o *ue não
en2rentaram antes) &s gatunos, *uanto a eles, não passaram por tais torturas) Goram
interrogados *uando muito duas ve>es, tiveram um /ulgamento suave, uma senten+a
leve, e até mesmo essa senten+a leve não a cumprirão, serão li6ertados antesJ ou os
amnistiam ou 2ogem5) "inguém privou os gatunos das encomendas legais e, durante a
instru+ão, rece6em a6undantes pacotes dos camaradas de rou6o *ue 2icaram em
li6erdade) "ão emagreceram, não os de6ilitaram nem um s: dia, e pelo caminho
alimentam1se , custa dos 2raiersQ) &s artigos *ue punem o rou6o e o 6anditismo não
s: não deprimem o gatuno, mas enchem1no de orgulho 1 e neste orgulho ele é apoiado
por todos os che2es com gal9es e com de6runs a>uisJ 7"ão tem importLncia, ainda 6em
*ue és um 6andido e um criminoso, *ue não és um traidor da p3tria) Es dos nossos,
h3s1de corrigir1te)8 "os artigos so6re o rou6o não existe o ponto on>e, re2erente ,
organi>a+ão) Esta organi>a+ão não ser3 proi6ida aos gatunos) E por*ue o havia de
serY "ão contri6ui ela para educar o sentido do colectivismo, tão necess3rio ao
homem da nossa sociedadeY E a apreensão de armas *ue lhes 2a>em é um /ogo, não
sendo penali>a1 5 V) ') 'vanov)R*ue aca6a de sair de UAhtaS 2oi nove ve>es
condenado pelo artigo 1;4 Rrou6oS e cinco ve>es pelo Q4 R2ugaS, apanhando ao todo
trinta e sete anos de reclusão 1 mas 7cumpriu1os8 em cinco1seis anos) Q GraierJ
a*uele *ue não é ladrão, ou se/a, *ue não é um 7^omem8 Rcom letra mai<sculaS) &u,
mais simplesmenteJ o resto da humanidade *ue não rou6a) A$DU'.E AB& #E BU AB 445
dos por isso) $espeita1se a sua lei R7com eles não pode ser de outra maneira8S) Um
novo assass-nio na cela, longe de agravar a pena do criminoso, s: o co6re de
louros) (udo isto data de h3 muito) "os tra6alhos do século passado so6re o
lutnpenproletariat condenava1se apenas os seus excessos, o seu estado de Lnimo
inst3vel) Duanto a %taliné, mostrou sempre inclina+ão para os gatunos 1 *uem é *ue
rou6ava os 6ancos em seu nomeY9 J3 em 19C1, na prisão, ele 2oi acusado pelos seus
companheiros de .artido de
utili>ar delin*uentes comuns contra opositores pol-ticos) A partir dos anos 4C,
surgiu o termo complacente deJ socialmente pr:ximos) #e um tal ponto de vista se
2a> arauto igualmente FaAarenAoJ E%%E% podem ser corrigidos) R%egundo FaAarenAo1C,
a origem dos delitos é unicamente a 7contra1revolu+ão clandestina8) 'ncorrig-veis
são os outrosJ os engenheiros, os sacerdotes, os socialistas revolucion3rios, os
menchevi*ues)S .or*ue não rou6ar, se não h3 ninguém *ue reprimaY (r0s ou *uatro
gatunos insolentes e unidos podem dominar v3rias de>enas de assustados e a6atidos
pseudopol-ticos) ?om a aprova+ão dos che2es, na 6ase da teoria da vanguarda) Fas se
não resistem com os punhos, por*ue é *ue as v-timas não se *ueixamY &s ru-dos
ouvem1se do corredor e o soldado da escolta passeia lentamente atr3s das grades)
%im, eis a *uestão) & m-nimo som e o m-nimo *ueixume são aud-veis e o soldado da
escolta passeia1se no corredor durante todo esse tempo T por*ue não intervém entãoY
A um metro de distLncia, na penum6ra de uma caverna, sa*ueiam um homem 1 por*ue é
*ue o soldado da seguran+a do Estado não vem em sua a/udaY .elas mesmas ra>9es)
(am6ém a ele lhe inculcaram tal procedimento) Fais aindaJ depois de muitos anos de
2avores, a pr:pria escolta incli1na1se para os ladr9es) & homem da escolta ?&"VE$
(EU1%E E E FE%F& "UF A#$\&) A partir de meados dos anos @C e até meados dos anos
4C, nessa década de actividade desen2reada da gatunagem e da mais covarde opressão
dos pol-ticos, ninguém se recorda de um caso em *ue a escolta pusesse termo ao
sa*ue dos pol-ticos nas celas, nos vag9es ou nas 7carrinhas8) Fas relatam1fse
in<meros casos de como a escolta rece6ia o6/ectos rou6ados dos lap9es,
levando1lhes, em troca disso, vodca, comida Rmelhor do *ue a do racionamentoS e
ta6aco) Estes exemplos tornaram1se /3 antol:gicos) $e2er0ncia ,s 7expropria+9es8 em
*ue %taline se tinha nota6ili>ado na luta clandestina antes da $evolu+ão) R") dos
()S Iandeiras so6re as (orres) na, 1 1C 44; A$DU'.E AB& #E BU AB E *ue o sargento
da escolta *uase nada tem de seuJ as armas, a manta enrolada, a marmita e a ra+ão
de soldado) %eria cruel exigir1lhe *ue escoltasse inimigos do povo vestidos com um
so6retudo de peles caro, com 6otas de 6ox1cal2, ou com trouxas de o6/ectos
citadinos, e *ue se con2ormasse com essa desigualdade) .riv31los dessa ri*ue>a
acaso não é tam6ém uma 2orma de luta de classesY E *ue outras normas h3 aindaY "os
anos de 194514;, *uando a2lu-am presos de toda a Europa, vestidos com roupa
europeia nunca vista, ou tra>endo1a nos seus sacos, os o2iciais da escolta
tão1pouco se continham) & mesmo tipo de servi+o *ue evitara *ue 2ossem para a
2rente de luta, impedia1os agora de recolher tro2éus de guerra) Acaso era isso
/ustoY Assim, não era casualmente, nem por 2alta de tempo, nem por car0ncia de
espa+o, mas sim para seu pr:prio proveito, *ue a escolta misturava, em cada
stolipine, os pol-ticos com os gatunos) E estes entravam no /ogoJ os o6/ectos eram
tirados aos castores11 e passavam para as malas da escolta) Fas *ue 2a>er, se esses
castores /3 2oram carregados nos vag9es e o com6oio deve partir, sem *ue os ladr9es
apare+amY ^o/e eles 2a>em 2alta e não h3 ladr9es a em6arcar em nenhuma esta+ão)
.assaram1se v3rios casos desses) Em 1945 levavam de Foscovo para a cadeia central
de Vladimir um grupo de estrangeiros *ue possu-am o6/ectos de valor) 'sto tinha
sido detectado através da primeira revista de malas) Então, a escolta,
sistematicamente, come+ou ela mesma a recolher o6/ectos) .ara não deixar passar
nada, despia1se completamente o preso, 2a>ia1 se sentar no solo do vagão, perto da
latrina, e, ao mesmo tempo, passava1se revista e
con2iscavam1se os o6/ectos) Fas a escolta não teve em conta *ue eles não eram
condu>idos a um campo e sim a uma prisão séria) Duando l3 chegaram, ') A) =orneiev
2e> uma *ueixa por escrito explicando tudo) A escolta 2oi encontrada e
revistada) .arte dos o6/ectos ainda 2oram recuperados e devolvidos aos seus donos,
e o *ue não 2oi devolvido 2oi reem6olsado) #i>1se *ue os elementos da escolta 2oram
condenados de de> a *uin>e anos) & caso não se pode comprovar, mas por rou6o não
deviam estar presos muito tempo) Entretanto, trata1se de um caso excepcional, e se
o che2e da escolta moderasse a tempo a sua co6i+a, teria compreendido *ue era
melhor não enredar1se nele) Fas eis um caso simples, *ue tudo leva a crer não ter
sido o <nico) "o stolipine de Foscovo1 "ovossi6irsA, em Agosto de 1945 Rnuma leva
de *ue 2e> parte A) %u>iS, não havia, tam6ém, ladr9es) & caminho era longo, os
stolipine, na*uela época, arrastavam1se lentamente) %em pressas, no momento
oportuno, o che2e da escolta anunciou uma 6usca) &s presos deviam apresentar1se um
por um no corredor com os o6/ectos) &s *ue 2oram chamados eram despidos, segundo as
regras prisionais, mas não 11 ?astoresJ eram os >eAs ricos) A$DU'.E AB& #bt BU AB
445 era esse o6/ectivo oculto na 6usca, pois os revistados regressavam aos
compartimentos superlotados, e *ual*uer canivete ou coisa proi6ida podia 2a>er1se
passar de mão em mão) & o6/ectivo da 6usca era examinar todos os o6/ectos pessoais,
6em como os *ue havia nos sacos) Junto dos sacos, sem se a6orrecer durante a
prolongada 6usca, estava, com um aspecto altivo e ina6ord3vel, o che2e da escolta,
acompanhado por um o2icial, e o seu a/udante, um sargento) A pecaminosa co6i+a
podia exteriori>ar1se, mas o o2icial enco6ria1a com uma 2ingida indi2eren+a) Era a
situa+ão do velho li6idinoso *ue deita olho so6re as mocinhas, mas se envergonha
dos estranhos, não sa6endo como dirigir1se1 lhes) Due 2alta lhe 2a>iam uns *uantos
ladr9esX Fas na leva não iam ladr9es) "ão havia ladr9es, havia porém homens *ue
tinham estado em contacto com o respectivo am6iente carcer3rio e se deixaram
contagiar, pois o exemplo dos ladr9es é instrutivo e provoca a imita+ãoJ ele indica
um caminho 23cil para viver na prisão) "um dos compartimentos seguiam dois o2iciais
recentemente degredadosJ %anin Rda marinhaS e Fere/Aov) Am6os seguiam em
con2ormidade com o artigo 5Q, mas estavam /3 a organi>ar a vida) %anin, apoiado por
Fere/Aov, armou1se em respons3vel do compartimento, e através de um soldado pediu
para ser rece6ido pelo che2e da escolta do com6oio Rele tinha compreendido essa
atitude altiva e adivinhado a sua necessidade de um intermedi3rioS) Era um caso sem
precedentes, mas %anin 2oi chamado e a conversa+ão e2ectuou1se algures) %eguindo o
exemplo de %anin, alguém de outro compartimento pediu tam6ém para ser rece6ido) E
tam6ém esse o 2oi) .ela manhã não deram as *uinhentas e cin*uenta gramas de pão
ha6ituais do racionamento nas trans2er0ncias, mas sim du>entos e cin*uenta)
#istri6uiu1se o racionamento e come+ou um murm<rio secreto de descontentamento)
Furm<rio, nada maisJ temendo 7as ac+9es colectivas8 os pol-ticos não actuaram)
^ouve s: um *ue perguntou em vo> alta ao distri6uidorJ 1 ?idadão1che2eX Duanto pesa
esta ra+ãoY 1 & *ue compete 1 2oi1lhe respondido) 1 Exi/o o *ue lhe 2alta, de
contr3rio não aceitoX 1 anunciou em vo> alta o temer3rio) (odo o vagão 2icou
calado) Fuitos não tinham come+ado a comer a braVão, esperando *ue lhes pesassem
tam6ém a deles) "isto chegou, aureolado de inoc0ncia, o o2icial) (odos se calaram,
e *uanto mais silenciosos mais ressaltavam, inevitavelmente, as suas palavrasJ
1 Duem se pronunciou contra o poder soviéticoY os cora+9es deixaram de palpitar)
R#ir1se13 *ue se trata de um método %eral, e *ue 2ora da prisão tam6ém *ual*uer
che2e se identi2ica com o poder soviético) Atreva1se *uem *uiser a discutir com
ele) Fas para os *ue es1 aterrori>ados, para os *ue aca6am de ser condenados por
actividades anti1soviéticas, isso e muito terr-vel)S 44Q A$DU'.E AB& #E BU AB J^ 1
Duem iniciou o F&('F pela ra+ãoY 1 insistia o o2icial) 1 ?idadão tenente, eu s:
*ueria))) 1 /usti2icava1se /3 o recalcitrante, culpado de tudo) 1 AhX, és tu,
canalhaY Es tu *ue não gostas do poder soviéticoY R.ara *u0 protestarY .ara *u0
discutirY Acaso não é mais 23cil comer esta pe*uena ra+ão e aguentar, calar1seY)))
Fas agora tudo se complicou)))S 1 ))) Animal 2edorentoX ?ontra1revolucion3rioX
#evia pendurar1te, e tu ainda *ueres *ue te pese a ra+ãoYX A ti, pati2e, o poder
soviético d31te de comer e de 6e6er, e ainda não est3s satis2eitoY %a6es o *ue vais
apanhar por issoY))) &rdem , escoltaJ 7 evem1noX8 %oa o cadeado) 7%ai, mãos atr3s
das costasX8 E levam o desgra+ado) 1 Duem est3 ainda descontenteY Duem *uer *ue lhe
pesem ainda a ra+ãoY R?omo se 2osse poss-vel provar 2osse o *ue 2osseX ?omo se
2osse poss-vel apresentar *ueixa em algum s-tio de *ue havia du>entos e cin*uenta
gramas e te acreditassem, pondo em causa a a2irma+ão do tenente de *ue havia
exactamente *uinhentos e cin*uenta)S Ao cão espancado 6asta mostrar1lhe o chicote)
(odos os demais se mostraram satis2eitos, e desta 2orma 2oi sancionado o
racionamento de castigo (&#&% &% #'A%, durante o longo percurso) .assaram tam6ém a
não dar a+<carJ a escolta 2icava com ele) R.assava1se isto no Verão das duas
grandes vit:rias, so6re a Alemanha e so6re o Japão, vit:rias *ue a hist:ria da
nossa p3tria cele6rar3, e *ue os nossos netos e 6isnetos estudarão)S .assaram 2ome
um dia, passaram 2ome dois dias, e depois alguns tornaram1se mais ra>o3veis) %anin
disse no seu compartimentoJ 7Ve/am, rapa>es, assim estamos perdidos) %e alguém tem
o6/ectos de valor, eu 2arei a troca e trarei algo para comer)8 ?om enorme seguran+a
ele escolheu umas coisas e re/eitou outras Rnem todos estavam de acordo em entregar
as coisas, mas ninguém tão1pouco os o6rigavaXS) #epois, pediu para sair /untamente
com Fere/Aov) Estranhamente, a escolta deixou1os sair) Goram com os o6/ectos para o
lado do compartimento da escolta e regressaram com pães /3 partidos e com ta6aco)
Eram os mesmos pães, de sete *uilos, *ue no dia anterior não tinham distri6u-do no
compartimento) %omente *ue agora não eram destinados a todos por igual, mas
unicamente ,*ueles *ue haviam dado o6/ectos) E isto era mais *ue /ustoJ pois todos
haviam declarado *ue estavam satis2eitos com a ra+ão diminu-da) E /ustamente por*ue
todas as coisas t0m valor, h3 *ue pagar por elas) &lhando , distLncia, a /usti+a
con2irmava1seJ esses o6/ectos eram demasiado valiosos para o campo e estavam
condenados, de *ual*uer maneira, a serem recolhidos ou rou6ados) Duanto ao ta6aco,
era o da escolta) &s soldados repartiam o seu pr:1 A$DU'.E AB& #E BU AB 449 orio
ta6aco com os presos, mas isto tam6ém era /usto, por*ue eles comiam igualmente o
pão dos presos e o seu a+<car, *ue era demasiado 6om para o% inimigos) E,
2inalmente, era per2eitamente /usto *ue %anin e Fere/Aov, nue não tinham dado
*uais*uer o6/ectos,
rece6essem mais do *ue os donos dos mesmos, por*ue sem eles nada disto se teria
podido organi>ar) E assim permaneceram apertados na penum6ra, uns mastigando a
c_dea do pão *ue correspondia ao seu vi>inho, e os outros olhando para eles) A
escolta não deixava 2umar os presos individualmente, mas apenas cada duas horas e
colectivamente, e todo o vagão se enchia de 2umo, como se estivesse a arder)
A*ueles *ue de in-cio sentiram pena de perder os o6/ectos, agora arrependiam1se de
os terem recusado a %anin, e pediram1 lhe *ue levasse tam6ém os deles, mas %anin
respondeuJ 7#epois)8 Esta opera+ão não decorreria tão 6em até ao 2im, se não
tivesse sido a lentidão dos transportes e dos com6oios stolipinianos nos anos do
p:s11guerra, em *ue os desengatavam e os retinham nas esta+9es) #e resto, é verdade
*ue se não 2osse no p:s1 guerra tão1pouco se haveriam encontrado o6/ectos e se
teria corrido atr3s deles) A viagem até =ui6ichiev durou uma semana e durante ela
deram du>entos e cin*uenta gramas de pão diariamente Rali3s uma ra+ão dupla da do
6lo*ueioS, peixe seco e 3gua) & pão restante devia ser resgatado através dos
o6/ectos) Iem depressa a o2erta superou a procura e a escolta /3 rece6ia coisas com
pouca vontade, escolhendo) Em =ui6ichiev, levaram1nos ao campo de trLnsito, tomaram
6anho e cada grupo 2oi de novo condu>ido ao mesmo vagão) Goram rece6idos por uma
nova escolta, mas, pelos vistos, tinham1lhe explicado como arre6anhar os o6/ectos,
e recome+ou essa mesma hist:ria de cada um comprar o seu pr:prio racionamento até
"ovossi6irsA) RE 23cil imaginar *ue esta experi0ncia contagiosa 2osse assimilada,
di2undindo1se entre as v3rias escoltas)S Em "ovossi6irsA, *uando desem6arcaram,
chegou um novo o2icial e perguntouJ 7^3 *ueixas so6re a escoltaY8 (odos 2icaram
con2usos e ninguém respondeu) & primeiro che2e da escolta tinha calculado 6em) E
isso, a $<ssiaX))) &s passageiros dos stolipine distinguem1se ainda dos restantes
passageiros pelo 2acto de não sa6erem o destino do com6oio nem em *ue esta+ão devem
desem6arcarJ eles não1 t0m 6ilhete e nos vag9es não est3 2ixado o itener3rio) As
ve>es, em Foscovo, em6arcam tão longe da gare *ue nem se*uer os moscovitas sa6em em
*ual das oito esta+9es se encontram) #urante gumas horas, os presos permanecem
amontoados entre o mau cheiro, perando a locomotiva de mano6ras) Ei1la *ue chega e
condu> o vagão de usos até uma composi+ão /3 2ormada) %e é Verão os alti2alantes da
esta1 4@C A$DU'.E AB& #E BU AB +ão anunciamJ 7Foscovo1U2aJ partida na terceira
linha))) "a primeira plata2orma continua o em6ar*ue para o com6oio
Foscovo1(ach*uent)))8 'sso signi2ica *ue se trata da esta+ão de =a>an, e os
conhecedores de geogra2ia do Ar*uipélago e dos seus caminhos explicam aos seus
camaradasJ VorAut e .etchora 2icam postos de lado, senão ter-amos partido pela
linha de KaroslavlW não vamos para os campos de =irov e de BorAi)14 .ara a
Iie1lorr<ssia, UcrLnia ou o ?3ucaso nunca se parte de FoscovoJ /3 não t0m l3 lugar
para os deles) Fas escutemos) .artiu o com6oio de U2a e o nossa não se mexeu) %aiu
o de (ach*uent e continuamos parados) 7.ara a partida do com6oio
Foscovo1"ovossi6irsA 2altam))) .ede1se ,s pessoas *ue acompanhem os passageiros)))
&s 6ilhetes dos via/antes)))8 ))) .artimos) E o nossoX Due *uer isto di>erY .or
en*uanto, nada) .ode ser o curso médio do Volga ou o %ul da região do Ural) .ode
ser o ?asa*uestão, com as suas minas de co6re de #/e>a>gan) .ode ser tam6ém o
(aichet, com a 236rica de impregna+ão de travessas Rdi>1se *ue o creosote penetra
na pele, nos ossos e *ue os seus vapores saturam os pulm9es, e isso é morte certaS)
(oda a %i6éria nos pode ca6er em sorte, até %ovietsAaia Bavan) &u =olima) &u ainda
"orilsA) %e é no 'nverno, o vagão est3 hermeticamente 2echado e não se ouvem os
alti2alantes) %e a
escolta é 2iel ao regulamento, não se ouvirão conversas dela so6re o itiner3rio,
nem por lapso) Assim, pomo1nos em marcha) #ormimos com os corpos entrela+ados, so6
o trepidar das rodas, não sa6endo *ue 6os*ues ou estepes se verão amanhã através da
/anela) #a /anela *ue h3 no corredor) #o 6eliche do meio, olhando, por entre as
grades, o corredor, os vidros e ainda outras grades, podem ainda distinguir1se
vagamente as esta+9es do caminho e um pedacinho do espa+o *ue corre /unto ao
com6oio em marcha) %e as vidra+as das /anelas não estão reco6ertas pelo gelo, ,s
ve>es pode ler1se o nome da esta+ão 1 uma *ual*uer Avciunino ou Un1dol) &nde 2icam
essas esta+9esY))) "inguém no compartimento sa6e) ]s ve>es, pelo %ol, pode
desco6rir1se se nos levam para o "orte ou para o &riente) .ode acontecer *ue numa
certa esta+ão (u2anovo nos metam no compartimento um preso comum aca6ado de
agarrar, *ue nos di> estar a ser condu>ido a #anilov, ao tri6unal, temendo *ue lhe
d0em dois anitos) Assim se 2ica in2ormado de *ue durante a noite se vai passar por
Karoslavl, ou se/a, *ue o primeiro lugar de trLnsito no caminho é Vologda) ^3
sempre o6rigatoriamente, no compartimento, entendidos *ue se deleitam maca6ramente
com o céle6re estri6ilhoJ 7A escolta de Vologda não gosta de 6rincadeiras)8 14
Assim o /oio mistura1se com o trigo na colheita da gl:ria) Fas ser3, por acaso,
/oioY %e não h3 campos de concentra+ão .uschAine, Bogol, (olstoi, h3, em
compensa+ão, campos BorAi, e *ue ninhadaX .or outro lado h3 as minas de ouro
7F3ximo BorAi8, com tra6alhadores presidi3rios Ra *uarenta *uil:metros de ElguenSX
%im, AleAsei Faximitch recorda1seJ 7Vosso camarada em palavra e cora+ão)))8W 7%e o
inimigo não se entrega)))8 Iasta uma palavra in2eli> e eis1te pro/ectado 2ora da
literatura))) A$DU'.E AB& #E BU AB 4@1 Fas, conhecendo a direc+ão, é ainda como se
não se sou6esse nadaJ campos e campos de trLnsito estão ainda por diante, 2ormando
n:s no vosso 2io>inho, e *ual*uer deles pode 2a>er1vos 6i2urcar) "ão vos atraem de
modo algum, nem UAhta, nem 'ntanem, nem VorAut, mas imaginais *ue a constru+ão
*uintésima primeira é mais suave, *uando se trata da linha 2érrea através da
tundra, pelo "orte da %i6ériaY %: ela vale por todas as outras) , ?inco anos depois
da guerra, *uando as torrentes de presos tinham entrado de *ual*uer maneira nos
seus leitos Rou 2oi talve> a %eguran+a do Estado *ue ampliou os seus e2ectivosYS,
no Finistério puseram em ordem milh9es de pilhas de processos R/udiciaisS e cada
condenado passou a ser acompanhado por um so6rescrito selado, contendo o seu
processo penitenci3rio, numa ranhura do *ual estava escrito para a escolta o
itiner3rio Rnão é <til *ue eles conhe+am mais *ue o itiner3rio, pois o conte<do do
processo pode incitar , corrup+ãoS) Então, se estiver deitado no 6eliche do meio,
se o sargento se detiver precisamente perto de si, e se sou6er ler de pernas para o
ar, pode ser *ue consiga desco6rir *ue levam alguém para =nia/1.ogost e *ue o levam
a si para =argopolh1 ag) Iem, isso não 2a> senão aumentar as in*uieta+9esX Due é
isso de =argopolh1 agY Duem ouviu 2alar desse campoY))) Duais são os tra6alhos
gerais1@k R^3 tra6alhos gerais mortais, e h31os mais leves)S %er3 um da*ueles
campos de *ue s: se sai para morrerY E como 2oi, como 2oi *ue, com a pressa de
partir, não p_de entrar em contacto com a 2am-lia e ela ainda considera *ue se
encontra no campo de %tolinogorAA, perto de (uiaY %e 2or muito nervoso e tiver
engenho, talve> consiga resolver esse pro6lemaJ encontrar3 alguém com uma ponta de
l3pis 1 um cent-metro 6asta 1 e outra pessoa com um papel amarrotado) (omando
cuidado para não ser notado pela escolta Ré proi6ido deitar1se com os pés para o
corredor, devendo virar1se a ca6e+a para a portaS, contorcen1do1se e dando voltas,
entre os 6alan+os do com6oio, é poss-vel escrever aos 2amiliares, in2ormando1os de
*ue, inesperadamente, o trans2eriram do antigo lugar, e de *ue agora,
do novo destino, seria poss-vel *ue s: pudesse ter uma carta por ano, devendo
preparar1 se para isso) A carta, do6rada em 2orma de triLngulo, é preciso lev31la
para a retrete e lan+31la , venturaJ .ode ser *ue o levem l3 /ustamente ao
aproximar1se de uma esta+ão ou ao arastarem1se dela) %e a escolta se distrai na
plata2orma, então cal*ue rapidamente o pedal para *ue se a6ra o ori2-cio e,
enco6rindo1a com o corpo, lance a missiva) Folhar1se13, su/ar1se13, mas talve>
desli>e e caia entre os carris) &u talve> o ar de6aixo das rodas a 2a+a dar voltas,
a envolva no torvelinho e passe so6 as rodas, por entre elas, descendo pela
pendente da via 2érrea)) .ode ser *ue este/a assim , chuva e , neve, até *ue
desapare+a) Fas iamam1se 7tra6alhos gerais8 os tra6alhos compulsivos de um campo)
R") dos ()S 4@4 A$DU'.E AB& #E BU AB pode tam6ém ser *ue a mão de uma pessoa a
levante) %e essa pessoa não 2or 2iel , ideologia, arran/ar3 a direc+ão, reescrever3
as letras, ou meter3 o papel noutro so6rescrito, e *uem sa6e se chegar3 ao destinoY
%im, por ve>es essas cartas chegam, pagas pelo destinat3rio, su/as, deslavadas,
amarrotadas, com uma leg-vel 63tega de amargura))) `` Fas melhor seria *ue
deixassem de ser o mais depressa poss-vel um 2raier, um rid-culo novato, preso e v-
tima) ^3 noventa e cinco por cento de possi6ilidades de a sua carta não chegar ao
destino) Fas, chegando, não levar3 alegria a casa) E um alento demasiado curto, de
horas e dias, *uando aca6a de dar entrada no pa-s da epopela) A chegada e o
regresso estão a*ui separados por décadas por um *uarto de século) JAFA'% V& (A$Z
ao mundo anteriorX Duanto mais depressa se desacostumar da sua 2am-lia, e a sua
2am-lia de voc0, tanto melhor) E tanto mais 23cil) ^3 *ue possuir o m-nimo de
o6/ectos para não so2rer por causa delesX E melhor não ter mala, para *ue a escolta
não a destroce , entrada do vagão R*uando no compartimento h3 vinte e cinco
pessoas, *ue outra solu+ão para resolver o pro6lema do espa+oYS) E não traga 6otas
novas, sapatos , moda, nem 2ato de lãJ no stolipine, na carrinha ou no campo de
trLnsito, de todas as maneiras, rou6am1lhos, tiram1lhos, con2iscam1nos ou trocam1
nos) Entregue tudo sem com6ate T a humilha+ão empe+onhar1lhe13 a alma) %e o
es6ulham e luta pelo *ue é seu, 2icar3 com a 6oca a sangrar) $epugnam1lhe esses
rostos insolentes, esses modos >om6eteiros, essa esc:ria 6-pede, mas se tiver algo
de pr:prio, e temer por isso, não perder3 assim a rara possi6ilidade de o6servar e
de compreenderY Voc0 pensa *ue os 2li6usteiros, os piratas, os grandes capitães
pintados por =ipling e Bumiliov não eram gatunos do mesmo géneroY .ois eram
exactamente deste *uilate)))) .or*ue é *ue os atraentes *uadros romLnticos se nos
tornam repulsivos a*uiY ?ompreenda1os tam6ém a eles) A prisão é a sua casa paterna)
.or muito *ue o .oder os acarinhe, lhes suavi>e a pena, os amnistie, a 2atalidade
intr-nseca condu1los de novo e inevitavelmente a*ui)))) "ão são acaso eles *ue dão
o tom , legisla+ão do Ar*uipélagoY R^ouve tempo, entre n:s, em *ue mesmo em
li6erdade o direito , propriedade era posto em causaW mais tarde, os mesmos *ue o
proscreviam ganharam o gosto de possuir)S .or*ue é *ue se deve suportar então isso
na prisãoY Em6as6acaste1te, não comeste a tempo o teu toucinho, não repartiste com
os amigos o a+<car e o ta6aco, e agora os gatunos remexerão o teu saco, para
corrigir o teu erro moral) #ando1te, a ti, em troca das tuas elegantes 6otas, uns
velh-ssimos sapatos, e uma pe+a de roupa toda manchada, em troca da tua camisola de
lã) Eles não guardam essas coisas para si por longo tempoJ as tuas 6otas serão um
pretexto para ganh31las e perd01las uma série de ve>es, ,s cartas, e a tua A$DU'.E
AB& #E BU AB 4@@
camisola de lã vão troc31la no dia seguinte por um litro de vodca e um peda+o de
lingui+a) Ao ca6o de um dia, eles /3 não terão nada como tu) o segundo princ-pio da
termodinLmicaJ os n-veis devem igualar1se, igualar1se))) "ão possuamX "ão possuam
nadaX 1 2oi o *ue nos ensinaram Iuda e ?risto, os est:icos e os c-nicos) .or*ue é
*ue n:s, avarentos, não escutamos esta simples prédicaY .or*ue é *ue não
compreendemos *ue, com os 6ens, perdemos a nossa almaY #eixa, eventualmente, *ue o
aren*ue a*ue+a no teu 6olso até ao campo de trLnsito, para não teres de pedir 3gua)
Fas se te derem a+<car e pão de s: uma ve>, para dois dias, come tudo de uma
assentada) Então ninguém to rou6ar3) E /3 não tens preocupa+9es) J3 est3s livre
como um p3ssaro do céuX .ossui s: o *ue possas levar sempre contigoJ conhecimento
de l-nguas, pa-ses e gentes) Due a tua mem:ria se/a a tua mochila) $ecordaX
$ecordaX %: estas sementes amargas podem, talve> um dia, come+ar a crescer) &lha,
h3 pessoas a tua volta) (alve> *ue venhas a recordar uma delas durante a tua vida,
e mordas os cotovelos por não a ter ouvido) Gala menos, escuta mais) #e uma a outra
ilha do Ar*uipélago estendem1se os delicados 2ios de vidas humanas) Eles
entrela+am1 se, a2loram1se e cru>am1se por uma noite, na penum6ra de um destes
trepidantes vag9es, e depois de novo se separam eternamente 1 mas inclina o ouvido
para o seu murm<rio 6aixinho e tam6ém para o monoc:rdico trepidar do vagão) (udo
isto é ru-do do 2uso da vida *ue gira) Due estranhas hist:rias não ouvir3s a*ui, de
*ue tanto h3s1de rirX $eparemos neste in*uieto 2ranc0s perto das grades) .or*ue é
*ue ele se move todo o tempoY #e *ue é *ue se surpreendeY & *ue é *ue até agora não
compreendeuY (em de explicar1se1lheX E, ao mesmo tempo, *ue perguntar1se1lheJ como
veio parar a*uiY Encmntrou1se uma pessoa *ue 2ala 2ranc0s, e pass3mos a sa6er *ue
Fax %anter é soldado) 'n*uieto e curioso, go>ava a li6erdade na sua douce Grance)
#i>iam1lhe com 6ons modos *ue nao desse voltas, mas ele andava sempre a vaguear
pelos arredores do centro de trLnsito para os russos repatriados) Então, os russos
convidaram1no .ara 6e6er e, a partir de certo momento, /3 não se recorda de mais
nada) $eco6rou os sentidos no avião, ao p_r os pés no soalho) Viu1se com um 6lusão
e umas cal+as de soldado vermelho, calcado pelas 6otas da escolta) Agora,
tinham1lhe anunciado de> anos de campo de concentra+ão, mas, naturalmente,
tratava1se de uma 6rincadeira de mau gosto, tudo se esclarecera))) &h, sim,
esclarecer1se13, meu caro, espera por issoX14 RIom, casos estes, nos anos de
194514;, não surpreendem)S ) esperava1o ainda outra condena+ão a vinte be cinco
anos no campo, em &>er1 ae) ` se li6ertado em 1955) 4@4 A$DU'.E AB& #E BU AB A
personagem desta hist:ria era 2ranco1russo, mas o desta outra é russo12ranc0s) &u
antes, talve> puramente russo, por*ue *uem haver3, a não ,)a ser um russo, *ue
cometa tantos erros no caminho da vidaY "a $<ssia, em todos os tempos, apareceram
pessoas *ue, como o FenchicAov do *uadro de %uriAov, não ca6iam na is6a de
Ierio>ovo15) Eis 'van =overtchenAo) E 2raco e de estatura mediana, mas de *ual*uer
maneira não ca6e no *uadro) .or*ue o valentão tinha sangue na guelra) Fas o
dia6o /untou1lhe um pouco de aguardente) Ele relata, entre risos e com gosto, o seu
caso) $elatos destes são um tesouro, t0m de ser ouvidos) E verdade *ue leva
6astante tempo a adivinhar por*ue é *ue o prenderam, por*ue é *ue é um preso pol-
tico) Fas não é necess3rio 2a>er de 7pol-tico8 um em6lema de 2estival) .ouco
importa o rastilho com *ue o apanharam)
?omo todos sa6em, eram os alemães *ue se preparavam 2urtivamente para a guerra *u-
mica, e não n:s) Goi por isso *ue, ao retroceder no =u6an, 2oi muito agrad3vel *ue,
por culpa de certos desa/eitados, tivéssemos deixado num aer:dromo pilhas de 6om6as
*u-micas, e *ue, 6aseando1se nisso, os alemães tivessem podido organi>ar um
escLndalo internacional) Então, deram ao primeiro1tenente =overtchenAo, natural de
=rasnodar, vinte p3ra*uedistas e lan+aram1nos na retaguarda dos alemães para
enterrarem todas essas 6om6as altamente pre/udiciais) &s leitores /3 adivinharam,
come+am a 6oce/arJ posteriormente, ele 2oi preso e agora é traidor , .3tria) .ois
6em, nada dissoX =overtchenAo cumpriu magni2icamente a missão) ?om os seus vinte
homens, sem perdas, cru>ou de regresso a 2ronteira e 2oi proposto para o t-tulo de
7her:i8 da União %oviética) A proposta come+a a correr pelos canais respectivos,
demora um m0s ou dois) E se tu não ca6es dentro da pele desse her:iY & t-tulo de
7her:i8 é con2erido aos 6ons rapa>es, *ue se nota6ili>am na prepara+ão militar e
pol-tica) Fas se a sede te a6ra+a, se dese/as 6e6er e não h3 *u0Y %im, se és um
her:i de toda a União, por*ue é *ue eles, vis e sovinas, se recusam a dar1te um
litro mais de vodcaY E 'van =overtchenAo montou a cavalo e, sem sa6er nada acerca
de ?al-gula, su6iu até ao segundo andar do comando militar de certa cidade e disse
ao comandanteJ 7Ga>1me um pedido de vodcaX8 REle pensou *ue assim teria um aspecto
mais imponente, mais apar0ncia de her:i, e *ue seria mais di2-cil uma recusa)S
.renderam1no por istoY "ão, 2oi simplesmente trans2ormado de 7her:i8 em 76andeira
vermelha8) =overtchenAo tinha grande necessidade de 6e6er, e nem sempre existia
vodca, pelo *ue se via o6rigado a agu+ar a imagina+ão) "a .ol:nia havia impedido os
alemães de dinamitarem uma ponte e 2icara com o sentimento de *ue essa ponte era
sua) Assim, até , chegada do nosso comando militar, imp_s aos polacos o pagamento
da portagemJ sem mim, eles /3 não a teriam 15 FenchicAov 2oi lugar1tenente de .edro
') #epois da morte deste, 2oi deportado para Ierio>ovo, na %i6éria) ^3 um *uadro do
pintor %uriAov, alusivo a essa personagem) A$DU'.E AB& #E BU AB 4@5 in2ectosX
$ece6eu essa taxa durante todo o dia Rpara o vodcaS, e depois a6orreceu1se) "ão
podendo estar todo o tempo ali, o capitão =overt1chenAo prop_s aos polacos dos
arredores uma solu+ão e*uitativaJ *ue lhe comprassem a ponte) RGoi por isso *ue 2oi
presoY "ão)S Ele não pedia muito mas os polacos opunham resist0ncia, não se reuniam
para se *uoti>arem) & capitão a6andonou então a ponteJ ao dia6o com voc0s, passem
de gra+aX Em 1949, ele estava em .olotsA como che2e do estado1maior de um regimento
de p3ra1 *uedistas) & ma/or =overtchenAo não gostava nada da sec+ão pol-tica da
divisão, por*ue insistia demasiado na educa+ão pol-tica) Uma ve> solicitou um
atestado com o curriculum para ingressar na Academia Filitar, mas, *uando lho
entregaram, olhou para o papel e colocou1o so6re a mesaJ 7?om este curriculum não
devo ir para a Academia, mas para as guerrilhas de IenderX8 R(er3 sido então por
issoY .or isso ter1lhe11iam podido muito 6em aplicar uns de> anos, mas escapou)S A
isto veio /untar1se o 2acto de ter dado licen+a ilegalmente a um soldado) E ele
pr:prio, em estado de em6riague>, tinha condu>ido um camião e dado ca6o dele) E 2oi
castigado com de>))) dias de ?A AI&UV&) "ão o6stante, 2oi guardado pelos seus
pr:prios soldados, *ue o estimavam sem reservas e o deixavam ir passear , aldeia) E
teria aguentado muito 6em esses dias, mas a sec+ão pol-tica come+ou a amea+31lo com
o tri6unal militarX Esta amea+a chocou e o2endeu =overtchenAo) .ois *u0Y Duando h3
*ue enterrar as 6om6as, anda, voa, 'vanX E por uma porcaria de um camião de
tonelada e meia destru-do
mandavam1no para a prisãoY #urante a noite 2ugiu pela /anela e dirigiu1se para o
rio #vina, onde sa6ia *ue havia uma lancha a motor de um conhecido, e partiu nela)
%ucede *ue não era um 6orrachola de mem:ria curtaJ agora *ueria vingar1se por tudo
o *ue lhe tinha 2eito a sec+ão pol-tica) A6andonou a lancha na ituLnia e dirigiu1se
aos ha6itantes, pedindoJ 7Feus irmãos, levem1me aos guerrilheirosX Aceitem1me *ue
não terão de se lamentar, vamos1lhes a/ustar as contasX8 Fas os lituanos pensaram
*ue era um agente secreto) 'van tinha escondido umaaletra de crédito) (irou uma
passagem para o =u6an, mas entretanto em6riagou1se 2ortemente no vagão1restaurante
e 2oi .arar a FoscovoJ ao sair da esta+ão, olhou de esguelha para a cidade e
ordenou ao motorista de um t3xiJ 7 eva1 me , em6aixadaX8 1 7A *ualY8 17Vai para o
dia6o, a *ual*uer)8 E o motorista levou1o) 7Esta *ual éY8 1 7E a 2rancesa)8 1 7#e
acordo)8 ' pode ser *ue os pensamentos se lhe em6rulhassem e *ue as inten+9es so6re
a em6aixada 2ossem inicialmente umas e depois passassem a ser outras, mas a sua
destre>a e a sua 2or+a não se tinham de6ilitado) "ão so6restou o miliciano *ue
estava , entrada) ?almamente, deu a volta , ruela e vou por cima de um muro liso da
altura de dois homens) "o p3tio da em6aixada as coisas 2oram /3 mais 23ceisJ
ninguém o desco6riu, nem o reteve 4@; A$DU'.E AB& #E BU AB e ele penetrou no
interior, passou de um compartimento a outro e viu uma mesa posta) ^avia imensas
coisas so6re a mesa, mas o *ue mais o surpreendeu 2oram umas peras, de *ue tinha
muitas saudades) Encheu as algi6eiras do casaco e das cal+as) "isto entrou gente
para cear) 7Eh, 2rancesesX8, 2oi =overtchenAo o primeiro a insistir) Veio1lhe ,
ca6e+a *ue, nos <ltimos cem anos, a Gran+a nada tinha 2eito de 6om) 7.or*ue é *ue
não 2a>em a revolu+ãoY .or*ue é *ue guardam h3 tanto tempo #e Baulle no .oderY E
somos n:s *ue temos de 2ornecer1vos trigo do =u6anX 'sso não est3 6emX8 T 7Duem é o
senhorY #e onde vemY8 &s 2ranceses surpreenderam1se) 'mediatamente, adoptando o tom
ade*uado, =overtchenAo encontrou a respostaJ 7Fa/or da %eguran+a do Estado)8 &s
2ranceses alarmaram1seJ 7Fas, de *ual*uer maneira, o senhor não pode entrar
violentamente, *ue vem 2a>erY8 1 7A6orrec01los)))8, respondeu =overtchenAo, sem
rodeios, espontaneamente) E 2an2arreou ainda um pouco diante deles, mas o6servou
*ue da divisão cont-gua /3 in2ormavam alguém pelo tele2one da sua presen+a ali) E
teve a sensate> de iniciar a retirada, en*uanto as peras lhe ca-am das algi6eirasX
E um riso ultra/ante perseguiu1o))) Entretanto, encontrou 2or+as não s: para sair
da em6aixada, mas para seguir mais além) "a manhã seguinte acordou na esta+ão de
=iev Rnão se dispunha a partir para a UcrLnia &cidentalYS e 6em depressa a- 2oi
preso) #urante o interrogat:rio 2oi espancado pelo pr:prio A6aAumov) As cicatri>es
nas costas incharam1lhe até , espessura de uma mão) & ministro torturou1o, como se
compreende, não pelas peras, nem tão1pouco pela /usta censura 2eita aos 2ranceses,
mas por*ue *ueria sa6er *uando e por *uem 2ora ele recrutado) E, como se
compreende, condenaram1no a vinte e cinco anos) ^avia muitas hist:rias destas a
contar, mas, como *ual*uer outro vagão, o stolipine, de noite, 2icava mergulhado em
sil0ncio) #e noite não haveria peixe, nem 3gua, nem licen+a para ir , latrina) %:
se ouvia, como em *ual*uer outro vagão, o ru-do das rodas, *ue em nada pertur6ava o
sil0ncio) E se, então, a escolta se ausentava do corredor do terceiro compartimento
dos homens, era poss-vel 2alar em vo> 6aixa com o *uarto compartimento das
mulheres)
A conversa com as mulheres, na prisão, era algo de muito especial) ^avia nela uma
grande no6re>a, mesmo discutindo1se acerca dos artigos e das senten+as) Uma das
conversas durou toda a noite, e eis em *ue circunstLncias) Est3vamos em Julho de
195C) "o compartimento 2eminino não havia outras mulheres, mas apenas uma rapariga,
2ilha de um médico de Foscovo, condenada pelo artigo 5Q11C) "os compartimentos
masculinos come+ou a sentir1se 6arulhoJ a escolta estava a meter todos os >eAs dos
tr0s compartimentos em dois Ro n<mero dos *ue se amontoavam em cada um nem é
necess3rio A$DU'.E AB& #E BU AB 4@5 calcul31loS) E introdu>iram ali um certo
delin*uente *ue não se parecia nada com um preso) Antes de mais, não lhe tinham
rapado a ca6e+a e a sua ca6eleira era loura e ondulada) Aut0nticos carac:is
guarneciam provocadoramente a sua grande ca6e+a de 6oa casta) Era /ovem, de 6oa
apar0ncia e vestia uma 2arda do exército ingl0s) ?ondu>iram1no pelo corredor com ar
de respeito Ra pr:pria escolta 2icou intimidada com as instru+9es escritas no
so6rescrito so6re o seu casoS) &ra a mo+a conseguiu o6servar tudo isso) Ele não a
viu Rcomo se lamentou depoisXS) .elo 6arulho e o remexer dos o6/ectos, ela
compreendeu *ue tinham deixado a*uele compartimento especialmente livre para ele 1
ao lado do dela) Estava claro *ue não devia contactar com ninguém) Faior ra>ão
ainda para ela dese/ar 2alar1lhe) #e um compartimento a outro, nos stolipine, não é
poss-vel as pessoas verem1se, mas *uando h3 sil0ncio podem ouvir1se) #e noite, /3
tarde, *uando tudo come+ou a acalmar1se, a rapariga sentou1se na ponta do seu
6anco, mesmo diante da grade, e chamou1o 6aixinho Rtalve> tenha primeiro
cantarolado em surdina) .or tudo isso arriscava1se a *ue a escolta a castigasse,
mas /3 tinham todos ido deitar1se e não havia ninguém no corredorS) & desconhecido
ouviu e, instru-do por ela, sentou11se tam6ém) Estavam agora de costas um para o
outro, apoiados na mesma t36ua de tr0s cent-metros, e 2alavam através da1 grade, em
vo> 6aixa, como se contornassem a divis:ria *ue os separava) As suas ca6e+as e os
seus l36ios 2icavam tão perto *ue era como se se 6ei/assem, mas não podiam tocar um
no outro, nem se*uer ver1se) EriA Arvid Andersen /3 2alava um russo ra>o3vel,
em6ora com muitos erros, mas no 2im de contas conseguia transmitir o pensamento)
Ele relatou , mo+a a sua admir3vel hist:ria Rn:s ainda a havemos de ouvir no campo
de trLnsitoS, e ela contou1lhe a sua hist:ria singela de estudante moscovita,
condenada pelo 5Q11C) Arvid sentiu1se cativado) E p_s1se a 2a>er1lhe perguntas
so6re a /uventude soviética, so6re a vida soviética, 2icando a conhecer assim
coisas completamente di2erentes das *ue sa6ia antes através da leitura dos /ornais
ocidentais das es*uerdas e da sua vida o2icial a*ui) Galaram toda a noite 1 e nesta
noite tudo coincidiu para ArvidJ esse estranho vagão de presos num pa-s estranhoW o
ritmo nocturno da trepida+ão do com6oio, *ue sempre encontra eco no nosso cora+ão,
e a vo> melodiosa, o sussurro e a respira+ão da rapariga /unto ao seu ouvido 1
mesmo /unto ao seu ouvido, dele, *ue não a podia se*uer verX RE /3 h3 ano e meio
*ue não escutava uma vo> 2eminina)S Ao lado desta /ovem invis-vel Re decerto, por
coincid0ncia, naturalmente 6elaS come+ou pela primeira ve> a ver a $<ssia com olhos
de ver, en*uanto a vo> da $<ssia toda a noite lhe contava a verdade) E essa a
melhor 2orma de conhecer um pa-s pela primeira ve>))) R.ela manhã deveria ainda
aperce6er, através da /anela, os seus escuros telhados de palha, so6 o triste
sussurro do oculto cicerone)S %im, tudo isto é a $<ssiaJ os presos so6re os carris
*ue se a6st0m de 4@Q A$DU'.E AB& #E BU AB
2a>er *ueixasW a rapariga por detr3s da t36ua do compartimento do stolipineW a
escolta *ue 2oi dormirW as peras caindo das algi6eirasW as 6om6as enterradasW e o
cavalo *ue so6e até ao primeiro andar) 7BuardasX BuardasX8, gritavam /u6ilosamente
os presos) Eles alegravam1se por serem, da- em diante, condu>idos por guardas, e
não pela escolta) Es*ueci1me de novo de p_r aspas) 'sto é relatado pelo pr:prio
=orolen1Ao1;) ":s, na realidade, não temos *ual*uer predilec+ão pelos 6onés1a>uis)
%e algo nos d3 satis2a+ão é ver aparecer alguém di2erente no meio do ritmo pendular
do stolipine) .ara um passageiro ha6itual é di2-cil %UI'$ para o com6oio numa
pe*uena esta+ão intermédia) Fas descer /3 não) Iasta arremessar a 6agagem e saltar)
& mesmo não sucede com os presos) %e a guarda da prisão local, ou a mil-cia, não
vai 6usc31los, ou se se atrasam dois minutos, o com6oio parteX E o pecador detido é
levado até ao campo de trLnsito seguinte) E ser3 uma sorte se l3 te derem de comerX
%enão, até ao 2im de percurso do stolipine ser3s metido num vagão va>io durante
de>oito horas e depois tra>ido de volta com um novo carregamento) E talve> *ue
ainda desta ve> não vão 6uscar1te, 2icando de novo num 6eco sem sa-da, sem *ue
durante todo esse tempo (E #nEF "A#A #E ?&FE$X "a verdade, a tua ra+ão 2oi inscrita
até *ue te 2ossem 6uscar, e a sec+ão de conta6ilidade não é culpada de *ue a prisão
se descuidasse, pois /3 eras considerado como 2a>endo parte de (ulun) A escolta não
é o6rigada a manter1te com o seu racionamento) E pode acontecer *ue te passeiem
%E'% VEUE%J de 'rAutsA a =rasnoiarsA, de =rasnoiarsA a 'rAutsA e de 'rAutsA a
=rasnoiarsA, de tal modo *ue *uando desco6res na gare de (ulun um 6oné1a>ul te
apetece lan+ares1te nos seus 6ra+osJ 7&6rigado amigo, *ue me tiraste de
di2iculdadesX8 Em dois dias de stolipine cansas1te, perdes o alento e molestas1te
tanto *ue diante de uma grande cidade tu mesmo não sa6es *ue pre2erirJ se so2reres
de uma ve> por todas e pores1te em marcha *uanto antes, ou deixarem11te
desentorpecer um pouco no campo de trLnsito) Fas eis *ue a escolta se alvoro+a)
%aem com os capotes 2a>endo ressoar as culatras) 'sso signi2ica *ue vão descarregar
todo o vagão) A princ-pio, a escolta 2orma um c-rculo /unto aos degraus dos vagãos
e, mal tu desces, trope+ando, precipitando1te, os da escolta, em coro e
ensurdecedoramente, gritam1te de todos os lados Restão amestrados para issoSJ
7%entadoX %entadoX %entadoX8 'sto produ> muito e2eito, *uando são v3nas gargantas e
não te deixam levantar os olhos) E como se estivesses so6 a explosão 1; ^ist:ria do
Feu ?ontemporLneo, Foscovo, 1955, tomo V'', p3g) 1;;) A$DU'.E AB& #E BU AB 4@9 de
pro/écteis, e involuntariamente encolhes1te, apressas1te Rpara ondeYS, apertas1te
contra a terra e sentas1te /unto de todos a*ueles *ue sa-ram antes do vagão)
7%entadoX8, é uma ordem de comando muito clara) Fas se és um preso novato não a
podes ainda compreender) Goi em 'vanovo, nas vias de resguardo, *ue rece6i pela
primeira ve> essa ordem de comando, a6ra+ado a uma mala Rse esta não 2oi 2eita no
campo, no exterior, parte1se1lhe sempre a asa no momento cr-ticoS) Eu corri,
colo*uei1a no solo longitudinalmente, e, sem me aperce6er de como estavam os *ue me
precediam, sentei1me nela) ?om um d:lman de o2icial *ue ainda não estava muito
su/o, de pontas compridas, eu não podia sentar1me directamente so6re as travessas,
so6re a areia cheia de ma>uteX & che2e da escolta, um tipo muito corado, um 6ondoso
rosto russo, veio correndo Reu não tive tempo de compreender por*u0 nem para *u0YS
e pelos vistos *ueria por 2or+a pontapear1me com a sua santa 6ota nas maldAas
costas) Fas algo o conteve e Rnão tenho pena da sua lustrosa 6i*ueiraS deu um
pontapé na mala partindo a tampa) 7%enta11teX8, explicou) E s: então me aperce6i de
*ue me elevava como uma
torre entre os >eAs *ue me circundavam, e sem se*uer ter tempo de perguntarJ 7E
como sentar1meY8 compreendi logo tudo) %acri2icando o meu d:lman, sentei1me ao lado
dos restantes, como se sentam os cães, /unto do portão, ou os gatos, /unto da
porta) REsta mala eu conservei1a, e ho/e, *uando a ve/o, passo os dedos pelo ori2-
cio a6erto) Ela não pode cicatri>ar, como cicatri>a o corpo, o cora+ão) As coisas
t0m mais mem:ria *ue n:s)S Essa 2orma de sentar é tam6ém premeditada) %e a gente
2ica com o traseiro apoiado so6re o solo, de modo *ue os /oelhos se elevem diante
de n:s, o centro de gravidade desloca1se para tr3s, e é mais di2-cil erguer1se,
sendo imposs-vel saltar su6itamente) Além disso, 2a>em1nos sentar apertados uns
contra os outros para *ue nos estorvemos mais) %e todos , uma *uiséssemos
lan+ar1nos so6re a escolta, *uando nos come+3ssemos a mexer espin%ardear1nos1iam a
todos) "essa posi+ão esperamos as carrinhas Restas levam1nos em grupos, pois bao e
poss-vel transportar1nos de uma s: ve>S, ou então 2a>em1nos ir a pé) rocuram
amontoar1nos em lugares ocultos, para *ue as pessoas livres nos ve/am o menos poss-
vel, mas, ,s ve>es, os >eAs são expostos, por 2alta de cuidado, numa gare ou numa
plata2orma Rassim aconteceu em =ui6ichievS) a uma maneira de pormos , prova os *ue
estão em li6erdade) ":s olh3mos .ara eles de pleno direito, com olhos honrados) Fas
eles, como olhavam eles para n:sY ?om :dioY A consci0ncia não lhes permitia Rs: os
Ermilov acredtavam *ue se as pessoas estão presas é por*ue h3 7um moti1 dCs lom
simpatiaY ?om compaixãoY 'sso levaria a *ue tomassem nota eus nomes, e aplicar1lhes
uma condena+ão seria coisa simples) E os Cs cidadãos livres e altivos R7 eiam,
inve/em1me, eu sou um cidadão da 44C A$DU'.E AB& #E BU AB União %oviética8S15
6aixam as suas ca6e+as culpadas e procuram não nos ver, como se se tratasse de um
lugar va>io) As velhas são mais cora/osasJ /3 não podem ser corrompidas, acreditam
em #eus, e partem um peda+o do seu escasso pão, atirando1no1 lo) &s *ue /3
estiveram num campo, os comuns, naturalmente tam6ém não t0m medo) Eles sa6em *ue
7*uem l3 não esteve, um dia estar3, e o *ue /3 l3 esteve não o es*uecer38) .or isso
nos olham e nos lan+am um ma+o de cigarros, para *ue numa condena+ão 2utura lhos
lancem tam6ém a eles) & pão das velhinhas de mãos dé6eis não costuma alcan+ar1nos,
caindo no chão, e o ma+o de cigarros d3 voltas no ar, aterrando ao pé da multidão)
Então a escolta 2a> ressoar as culatras das espingardas, contra as velhas, contra a
6ondade, contra o pãoJ 7Eh l3X .9e1te a andar, velhotaX8 E o pão sagrado, partido,
l3 2ica entre a poeira, até nos levarem) Em geral, esses minutos sentados no solo
da esta+ão são os nossos melhores instantes) $ecordo1me de *ue em &msA nos sentaram
so6re as travessas, entre duas longas composi+9es de mercadorias) "ão vinha nada
por esta via Revidentemente tinham enviado um soldado por cada lado, a prevenirJ
7.or a*ui não se pode passarX8 E a nossa gente em li6erdade est3 educada para
su6ordinar1se ao homem do d:lmanS) Anoitecia) Era em Agosto) &s gravetos oleosos da
esta+ão, ainda não arre2ecidos depois do sol diurno, a*ueciam1nos os assentos) "ão
v-amos a esta+ão, mas ela 2icava muito perto, atr3s dos com6oios) #e l3 chegava o
som de uma radiola, a m<sica de discos *ue se misturava ao >um6ido da multidão) E,
não se sa6e por*u0, não nos parecia humilhante estarmos ali sentados e amontoados
so6re a terra su/a, num rincão *ual*uerW não t-nhamos a sensa+ão de sermos o6/ecto
de esc3rnio ao ouvirmos as dan+as de uma /uventude estranha, *ue n:s nunca dan+ar-
amosW não nos custava imaginar *ue alguém esperasse outra pessoa na gare ou se
despedisse dela com 2lores) Goram vinte minutos
de *uase li6erdadeJ a noite escurecia e apareciam as primeiras estrelas, os
primeiros sem32oros vermelhos e verdes nas vias, en*uanto a m<sica ressoava) A vida
prosseguia sem n:s, e não rece6-amos isso como uma o2ensa) Ama esses minutos, e
ser1te13 mais 23cil a prisão) %enão, re6entar3s de raiva) %e é perigoso 2a>er
marchar os >eAs até , carrinha, *uando se passa por entre caminhos e homens
estranhos, h3 tam6ém uma 6oa ordem de comando, prevista no regulamento da escoltaJ
7#0em as mãosX8 "ão h3 nisso nada de humilhanteJ d0em as mãosX Velhos e rapa>es,
mo+as e velhas, sãos e en2ermos) %e uma das tuas mãos est3 ocupada com *uais*uer
o6/ectos, agarram1te nessa mão e tu tens de dar a outra) Agora voc0s apertam1 se
uns contra os outros duas ve>es mais do *ue numa 2orma+ão ha6itual, e de repente
todos come+am a sentir1se mais pesados, a 2icar coxos, dese*uili6rados, devido ao
carregamento inc:modo das coisas, 6alan+ando1se com in1 15 FaiaAovsAiJ Versos so6re
o .assaporte %oviético) A$DU'.E AB& #E BU AB 441 seguran+a) .o6res seres su/os,
cin>entos, entorpecidos, trope+ando como cegos, com uma aparente ternura uns pelos
outrosX Uma caricatura da humanidadeX E talve> não ha/a se*uer nenhuma carrinha,
talve> o che2e da escolta se/a um co6arde) %e ele não tem medo de conseguir
condu>ir1vos, tereis de arrastar1vos assim por toda a cidade, até , prisão,
carregando, oscilando , deriva, 2erindo1vos nas trouxas) ^3 tam6ém outra ordem de
comando, *ue é /3 uma caricatura dos gansosJ 7Agarrem1se pelos calcanharesX8 'sto
signi2ica *ue a*ueles *ue t0m as mãos livres devem agarrar com cada uma delas as
suas pr:prias pernas, pelos torno>elos) E agora 7em marchaX8 RExperimente, leitor,
deixe o livro e tente andar assim pela casa) EntãoY Dual é a velocidadeY Due é *ue
v0 , sua voltaY E com respeito a uma 2ugaY 'maginando o espect3culo de 2ora, 2a>
uma ideia do *ue serão tr0s ou *uatro de>enas desses gansosYS R=iev, 194C)S "a rua,
talve> não se/a necessariamente o m0s de Agosto 1 pode ser #e>em6ro de 194; 1, e
condu>em1vos sem carrinha de6aixo de *uarenta graus negativos para o campo de
trLnsito de .etropavlovsA) como se compreender3 2acilmente, nas <ltimas horas antes
de chegar , cidade, a escolta do stolipine não se1deu ao tra6alho de vos levar a
2a>er as vossas necessidades, para não se su/ar) #e6ilitados pelos interrogat:rios,
tolhidos pelo 2rio rigoroso, *uase não podeis conter1vos, especialmente as
mulheres) .ois *u0Y Até os cavalos é necess3rio det01los para se desincharem, até
os cães precisam de apartar1se para levantar a perna /unto de um taipal) Fas v:s,
pessoas humanas, podeis 2a>er isso mesmo a andar, de *uem haveis de sentir vergonha
na vossa p3triaY "o campo de trLnsito secais1vos))) Vera =or1neieva agachou1se para
atar as 6otas, atrasou1se um passo 1 e um dos da escolta a+ulou1lhe logo um
cão1lo6o alemão, *ue a mordeu nas n3degas através de toda a sua roupa de 'nverno)
"ão se atrasemX Um us6e*ue caiu e espancaram1no com as coronhas e a pontapé) "ão h3
nenhuma desgra+a nisto e a cena não ser3 2otogra2ada pelo #ailN Express) & che2e da
escolta, até ao <ltimo dia da sua velhice, nunca ser3 /ulgado por *uem *uer *ue
se/a) ``` As carrinhas são uma heran+a da hist:ria) A carruagem prisional, descrita
por Ial>ac, em *ue é *ue se di2erencia de uma carrinhaY %: por se arrastar mais
lentamente e não ser tão superlotada)
E verdade *ue nos anos 4C levavam ainda os presos a pé, em colunas, .ela cidade,
inclusive através de eninegrado, de tal modo *ue nos cru>a1 444 A$DU'.E AB& #E BU
AB mentos 2a>iam paralisar o trLnsito) R7J3 vos 2art3steis de rou6arY8,
censuravam1nos dos passeios) Ainda ninguém conhecia o grande pro/ecto das
canali>a+9es)))S i`` Fas, sens-vel aos mais pe*uenos progressos técnicos, o
Ar*uipélago não demorou em adoptar a gralha negra, ou mais carinhosamente 1 a
gra'hinha) Fesmo *uando as nossas ruas ainda eram empedradas apareceram /3 as
primeiras gralhas, /untamente com os primeiros cami9es) .ossu-am, por en*uanto,
molas grosseiras e trepidavam 2ortemente, mas os presos não eram de cristal) Em
troca, a em6alagem era 6oa, /3 então, em 1945J nem uma greta, nem uma lLmpada
eléctrica no interior, não havia uma 2alha se*uer por onde respirar, nem olhar) E
enchiam /3 como caixas as carrinhas, com presos de pé, até não ca6erem mais) "ão
*ue o 2i>essem assim de prop:sito, mas é *ue as viaturas não chegavam) #urante
muitos anos esses 2urg9es cin>entos de a+o tinham 2rancamente um ar de carros
2uner3rios) Fas, depois da guerra, nas nossas capitais aperce6eram1se, e passaram a
pintar o exterior com tons alegres, escrevendo por cimaJ 7.ão8 Ros presos eram o
pão das constru+9esS, 7?arne8 Rseria mais exacto escreverJ 7&ssos8S ou mesmo 7Ie6am
champanhe soviéticoX8 "o interior, as gralhas podem ser simplesmente compostas de
uma caixa 6lindada para viagens sem importLncia) .odem ter tam6ém um 6anco circular
ao longo das paredes) Em geral, isto não constitui nenhuma comodidade, antes é pior
aindaJ metem tanta gente l3 dentro *uanta ca6e de pé, mas vão uns so6re outros como
malas, como 2ardos) As gralhas podem ter na parte detr3s uma 6ox 1 um estreito
arm3rio de a+o para uma pessoa s:) Fas podem ser inteiramente compostas de 6oxesJ
do lado direito e es*uerdo h3 armario>inhos para cada preso, *ue são 2echados como
celas, 2icando o corredor para o guarda) Esta complexa instala+ão de 2avos de
a6elha é imposs-vel de imaginar, *uando se olha para a rapariga pintada na
carrossaria, a sorrir com o c3liceJ 7Ie6a champanhe soviéticoX8 Empurram1no sempre
para as gralhas com os gritos da escolta, irrompendo de todos os ladosJ 7.ara a
2renteX .ara a 2renteX Fais depressaX8 .ara *ue não se tenha nunca tempo de olhar e
de pensar numa 2uga, acossam1nos para a entrada no meio de trope+9es, 2a>endo1nos
empancar com o saco na ponta estreita e 6ater com a ca6e+a no marco da porta) E
ala, marchaX "aturalmente, é raro passar1se muito tempo na gralha 1 apenas uns
vinte a trinta minutos) Fas durante esse tempo é1se sacudido de tal modo *ue os
ossos 2icam *ue6rados e os costados comprimidos, tendo de do16rar1se a ca6e+a se se
é alto, o *ue 2a> recordar, talve>, com saudade, o acolhedor stolipine) E as
gralhinhas representam tam6ém uma nova 2eira, *ue proporciona encontros, dos *uais
os mais vivos são, evidentemente, os dos gatunos) .ode acontecer *ue não se tenha
estado com eles num compartimento, A$DU'.E AB& #E BU AB 44@ pode suceder *ue no
campo de trLnsito não os metessem na mesma cela, mas a*ui 2ica1 se entregue a eles)
]s ve>es, o aperto é tal *ue nem os pr:prios 6andidos t0m ocasião de meter as
gadanhas no saco) As suas mãos e as suas pernas 2icam em6ara+adas entre os corpos
dos seus vi>inhos e entre as 6agagens, como se estivessem de6aixo de uma canga, e
s: os saltos
nas covas, ao sacudi1los a todos, ao arrancar1lhes as entranhas, permitem mudar a
posi+ão das mãos e das pernas) &utras ve>es, *uando se vai um pouco mais , larga,
os ladr9es, em meia hora, conseguem arran/ar maneira de veri2icar o conte<do de
todos os sacos, guardando para si as melhores 6ugigangas) A simples sensate> e a
co6ardia impedem1nos de medir 2or+as com eles Re come+amos a perder pouco a pouco
as part-culas da nossa alma imortal, supondo sempre *ue os inimigos e di2iculdades
principais estão ainda por diante e *ue é necess3rio poupar1se para elesS) Fas
tam6ém pode suceder *ue, se levantardes a mão, vos metam uma 2aca entre as
costelas) R"ão haver3 investiga+ão, e se esta chegar a reali>ar1se em nada amea+a
os gatunosJ apenas serão retidos no campo de trLnsito, não irão para um campo long-
n*uo) ?oncorde1se *ue, numa luta entre os socialmente pr:ximos e os socialmente
alheios, o Estado não pode estar do lado destes <ltimos)S & coronel re2ormado unin,
alto 2uncion3rio da Associa+ão contra Ata*ues Aéreos e Du-micos Rde2esa civilS
relatava numa cela da cadeia de IutirAi, em 194;, como, em Q de Far+o, numa
carrinha moscovita, na sua presen+a e no espa+o de tempo decorrido desde o tri6unal
da cidade , prisão de (aganAa, os gatunos violaram uma rapariga, um ap:s outro
Rperante a passividade silenciosa dos outros ocupantes da viaturaS) Essa rapariga,
na manhã desse mesmo dia, vestindo a sua melhor roupa, tinha ido livremente ao
tri6unal comum Rera /ulgada por haver a6andonado o tra6alho sem licen+a, acusa+ão
in2ame do seu che2e, como vingan+a por ela se recusar a viver com eleS) Feia hora
antes a rapariga 2ora condenada a cinco anos, segundo o ucasse) Feteram1na nessa
carrinha, e eis *ue em pleno dia, algures durante o tra/ecto da %adovoiAoltso
R7Ie6am champanhe soviéticoX8S, a converteram numa prostituta dos campos de
concentra+ão) Duem r:i o verdadeiro respons3velY &s gatunosY &s carcereirosY &u o
che2e delaY A delicade>a da gatunagemX $ou6aram ali mesmo a po6re raparigaJ
tiraram1lhe os seus melhores sapatos, com os *uais ela pensava causar o assom6ro do
tri6unal, e a 6lusa, *ue 2oi entregue , escolta, tendo esta mandado parar a
carrinha para ir comprar vodca, *ue 2oi por eles distri6u-dos E assim os gatunos
6e6eram , custa da mo+a) Duando chegaram , prisão de (aganAa, a mo+a desatou a
chorar, 2a>endo *ueixa) & o2icial escutou1a, 6oce/ou e disseJ !i) & Estado não pode
conceder a cada preso um transporte , parte) "ao temos meios para isso) @ as
carrinhas são um 7lugar estreito8 do Ar*uipélago) %e nos stolipine 444 A$DU'.E AB&
#E BU AB não h3 possi6ilidade de separar os pol-ticos dos comuns, nelas não h3
possi6ilidades de separar os homens das mulheres) ?omo é *ue os gatunos não haviam
de go>ar 7plenamente a vida8, entre duas cadeiasY %e não 2ossem os gatunos, haveria
*ue agradecer ,s carrinhas estes 6reves encontros com as mulheresX &nde v01las na
vida prisional, onde ouvi11las e ro+ar1se por elas, senão a*uiY ?erta ve>, em 195C,
levavam1nos de IutirAi , esta+ão) -amos muito 2olgadosJ éramos cator>e pessoas numa
carrinha com 6ancos) %ent3mo1nos todos e, su6itamente, em6arcou por <ltimo, uma
mulher) Ela sentou1se mesmo /unto da porta traseira, timidamenteJ com *uator>e
homens numa caixa escura, não havia *ual*uer de2esa) Fas em poucas palavras 2icou
claro *ue est3vamos em 2am-liaJ éramos todos do artigo 5Q) Ela apresentou1seJ
$epina, esposa de um coronel) Gora presa depois da deten+ão do marido) E, de
repente, um militar silencioso, tão /ovem e magro *ue s: podia ser tomado por um
tenente, perguntou1lheJ 7#iga1meJ voc0 não esteve presa com Antonina
')Y8 1 7?omoY Voc0 é o seu maridoY &liegY8 1 7%im8 1 7& tenente1coronel ')Y, da
Academia Grun>eY8 T 7%imX8 Este 7sim8 parecia sair de um peito oprimido, como se o
medo de %AIE$ 2osse maior do *ue a alegria) Ele sentou1se /unto dela) Através das
duas pe*uenas grades das portas detr3s, as 2oscas manchas crepusculares desse dia
de Verão perpassavam pelo rosto da mulher e do tenente1coronel) 7Eu estive com ela
*uatro meses na mesma cela, durante a investiga+ão)8 17&nde est3 ela agoraY8 1
7#urante todo este tempo ela s: vivia com a sua recorda+ão) %o2ria de temor não por
ela, mas por si) .rimeiro, com receio de *ue o prendessem) #epois, tentando *ue a
sua condena+ão 2osse o mais leve poss-vel)8 1 7Fas *ue é 2eito dela agoraY8 1 7Ela
considerava1se culpada da sua deten+ão) E so2ria tantoX8 1 7&nde est3 ela agoraYX8
1 7"ão se assuste)8 $epina p_s1lhe a mão so6re o peito como se 2osse alguém da 2am-
lia) 7Ela não suportou essa tensão) Vieram 6usc31la) Ela transtornou11se))) Um
pouco))) Voc0 compreendeY)))8 E a carrinha, envolta em chapas de a+o, l3 ia
paci2icamente, por entre as seis 2ilas de carros, detendo1se diante dos sem32oros,
2a>endo sinal ao dar a volta) Eu aca6ava de travar conhecimento com este &lieg '),
em IutirAi) Enviaram1nos , 6ox da esta+ão e trouxeram1nos as coisas da consigna) ?
hamaram1nos ao mesmo tempo, a ele e a mim) Atr3s da porta a6erta do corredor, a
vigilante, de 6ata cin>enta, remexia na sua mala, atirando para o chão com os
gal9es dourados de tenente1coronel, *ue se tinham conservado não se sa6e como, e
inadvertidamente p_s o pé so6re as suas grandes estrelas) E pisava1as com as 6otas
como se se tratasse da cena de um 2ilme) Eu 2i> sinal para eleJ 7&lhe para a*uilo,
camarada tenente1coronelX8 E agora a not-cia so6re a esposa) Ele teve de so2rer
tudo isso no espa+o de uma hora) '' &% .&$(&% #& A$DU'.E AB& E%(E"#A so6re uma mesa
de grandes1 dimens9es um amplo mapa da nossa p3tria) (race uns grossos pontos
negros so6re todas as cidades de prov-ncia, so6re todos os entroncamentos
2errovi3rios, so6re todos os locais onde as linhas terminam e onde come+am os rios,
onde os rios desviam o seu curso e come+am os carreiros a pé) Due se passaY & mapa
2ica repleto de moscas contagiosasY "ãoJ est31se precisamente perante o mapa
grandioso dos portos do Ar*uipélago) E verdade *ue não são a*ueles portos
2ant3sticos para onde nos atra-a AleAsandr Brin, onde se 6e6e rum nas ta6ernas e se
corte/am 6elas mulheres) E não haver3 tão1pouco a*ui um tépido mar a>ul Ra 3gua
para o 6anho limita1se a um litro por pessoa e para *ue a lavagem se/a mais c:moda
dei1tam1se *uatro litros para *uatro pessoas num alguidar, e vamos a andar
depressaXS Fas tudo o resto *ue 2a> o romantismo dos portos 1 a su/idade, as
in/<rias, os insectos, a 6al6<rdia, o am6iente poliglota e as 6rigas, tudo isso
existe a*ui em a6undLncia) $aro é o >eA *ue não esteve em tr0s a cinco campos de
trLnsito) Fuitos podem guardar mem:ria de uma de>ena, mas os 2ilhos do BU AB
contam1nos sem di2iculdade até meia centena) E s: se con2unde nessa sua mem:ria
a*uilo em *ue todos se parecemJ a escolta anal2a6etaW o inutilmente chamado segundo
processoW a longa espera , torreira do %ol, ou so6 a gélida chuva de &utonoW a
revista prolongada de corpo despidoW o corte de ca6elo, com um aparelho su/oW as
salas de 6anho, 2rias e escorregadi+asW as 2edorentas latrinasW o 6a2io d:s
corredores estreitos, sem arW as celas *uase sempre escuras e h<midasW o calor da
carne humana ao vosso lado, no chão ou nos 6elichesW as mesas1de1ca6eceira 2eitas
de pontas de t36uas pregadasW O .ao molhado, *uase l-*uidoW a sopa *ue parece
co>inhada com 2orragem) , Duem tem uma mem:ria exacta e é capa>
de mati>ar as recorda+9es, iterenciando1as umas das outras, não necessita agora de
via/ar ao longo .a-sJ toda a geogra2ia se resume para ele nas viagens pelos campos
de ansito) "ovossi6irsAY ?onhe+o 6em) Estive l3J umas 6arracas muito s:li1 44;
A$DU'.E AB& #E BU AB das, 2eitas de toros grossos) 'rAutsAY Goi a- *ue taparam
v3rias ve>es as /anelas com ti/olos) V01se ainda como elas eram no tempo do c>ar,
distinguindo1se cada tipo de constru+ão e os 6uracos *ue deixaram para entrar a
aragem) VologdaY %im, é um edi2-cio antigo, com torres) As retretes 2icam uma por
cima da outra, os tectos de madeira estão podres, pingando dos superiores para os
in2eriores) UsmanY .ois simX Um c3rcere 2edorento e piolhoso, uma constru+ão antiga
com a6:6adas) E /unta1se a- tanta gente *ue *uando as pessoas come+am a sair para
se reintegrarem nas levas não se acredita *ue todos ali cou6essem) A 6icha ocupa
meia cidade) "ão o2enda os conhecedores, não lhes diga *ue esteve em cidades sem
pris9es de trLnsito) Eles demonstram1lhe com rigor *ue essas cidades nãob existem,
e terão ra>ão) %alsAY &s *ue estão de passagem são a- guardados nas celas de prisão
preventiva, /unto ,*ueles *ue estão su6metidos a uma investiga+ão) E em cada
capital de distrito h3 uma prisão de trLnsitoY Em %ol1'lietsA, l3 temos uma) E em
$i6insAY Due outros nomes dar , cadeia dois, no velho mosteiroY &hX Um mosteiro
tran*uilo, com os p3tios empedrados, desertos, com as antigas la/es co6ertas de
musgo e com selhas de madeira limpinhas na sala de 6anho) Em (chitaY E a cadeia um)
Em "auchAiY 3 não h3 uma prisão, mas sim um campo de trLnsito, o *ue é a mesma
coisa) Em (or/oAY "a montanha h3 tam6ém uma, noutro mosteiro) (em de compreender,
amigo, *ue não pode haver uma cidade sem uma prisão de trLnsito) "a verdade, os
tri6unais tra6alham em toda a parte) E como condu>ir os prisioneiros ao campoY .elo
arY "aturalmente, nenhuma prisão de trLnsito é igual a outra) Fas *ual é melhor, e
*ual pior 1 é imposs-vel di>01lo) Duando se /untam tr0s ou *uatro >eAs, cada um
o6rigatoriamente elogia a 7sua8) Ve/amos, 'vanovo não é uma prisão de trLnsito
assim tão céle6re) Fas pergunte1se a *uem l3 esteve no 'nverno de 19@51@Q) A prisão
"\& E$A ADUE?'#A e não se gelava l3, ao contr3rioJ nos 6eliches superiores os
presos deitavam1se despidos) (inham1 se *ue6rado as vidra+as das /anelas para não
se as2ixiar) "a cela vinte e um em ve> das vinte pessoas previstas meteram1se
($EUE"(A% E V'"(E E ($n%X .or so6 as tarim6as in2eriores havia 3gua e puseram1se
t36uas por cima, deitando1se os presos nas t36uas) #as vidra+as partidas soprava
para a- um ar gélido) "uma palavra, de6aixo das tarim6as era noite polarJ não havia
lu> e toda a claridade era o2uscada pelos *ue /a>iam nos 6eliches e pelos *ue se
mantinham de pé entre essess 6eliches) "ão havia passagem para ir ao 6alde da
latrina, sendo necess3rio 2a>er uma escalada pela 6orda dos 6eliches) A comida não
era distri6u-da segundo o n<mero de presos, individualmente, mas sim por de>enasW
se um dos *ue 2a>ia parte dessa de>ena morria, os outros colocavam1no de6aixo das
tarim6as e l3 o mantinham até *ue cheirasse mal) Entrementes rece6iam a sua ra+ão
de comida) E tudo isto seria ainda poss-vel de suportar, mas os guardas
excitavam1se como se tivessem sido regados com aguarr3s, trans2erindo os presos sem
cessar) Fal uma pessoa tinha A$DU'.E AB& #E BU AB 445 aca6ado de instalar1se /3 lhe
gritavamJ 7#e péX Fudar para outra celaX8 E novamente era preciso conseguir
lugar) .or*u0 essa superlota+ãoY #urante tr0s meses não haviam levado a gente ao
6anho)
&s piolhos proli2eraram e, devido a isso, apareceram chagas nas pernas, tendo1se
declarado o ti2o) .or causa do ti2o 2oi imposta uma *uarentena e por espa+o de
meses não houve trans2er0ncias) 1 Goi assim, rapa>esX E não por*ue se tratasse de
'vanovo, mas sim por ser na*uele ano) Em 19@51@Q não eram s: os >eAs, mas tam6ém as
pedras das pris9es de trLnsito *ue gemiam) A prisão de 'rAutsA não era se*uer uma
prisão de trLnsito especial, mas, em 19@Q, nem os médicos se atreviam a deitar uma
olhadela ,s celas) imitavam1se a passar pelos corredores e o guarda gritava ,
portaJ 7A*ueles *ue estão sem sentidos *ue saiamX8 1 Em 19@5, rapa>es, toda essa
gente se arrastava através da %i6éria em direc+ão de =olima e trope+ava no mar de
&Ahota e em Vladivosto*ue) &s navios s: conseguiam transportar até =olima trinta
mil presos por m0s, e de Foscovo continuavam a envi31 los, sem levar isso em
considera+ão) Iom, /untaram1se cem mil, compreendemY 1 E *uem os contouY 1 A*ueles
*ue acharam necess3rio cont31los) 1 %e se trata da prisão de trLnsito de
Vladivosto*ue, l3, em Gevereiro de 19@5, havia nada menos de *uarenta mil) 1 %im,
durante meses eles atolaram1se ali) &s perceve/os corriam pelos 6eliches como uma
praga de ga2anhotosX Duanto , 3gua, davam1nos meio copo por diaJ ela 2altava e não
havia *uem a 2osse 6uscarX ^avia uma >ona inteira de coreanosJ todos pereceram de
disenteria, todosX #a nossa >ona cada manhã retiravam cem homens) .ara construir
uma morgue, engatavam >eAs aos carros e assim acarretavam pedra) ^o/e carregas tu,
amanhã levar1te1ão a ti para l3) E no &utono declarou1se tam6ém o ti2o) Gi>emos
como noutros s-tiosJ não entreg3vamos os mortos en*uanto não cheiravam mal) $ece6-
amos a ra+ão deles) "ão havia medicamentos) .enetr3vamos na >onaJ d0em1nos
remédiosX E das torres de atalaia atiraram uma descarga) Fais tarde reuniram todos
os *ue estavam a2ectados pelo ti2o numa 6arraca isolada) "ão conseguiram lev31los
para l3 a tempo, mas uma ve> l3 eram poucos os *ue sa-am) Em cada 6arraca os
6eliches eram de dois andares) Duando, no segundo andar, os doentes atacados pela
2e6re não podiam descer para satis2a>er as suas necessidades, 2a>iam1nas so6re os
de 6aixo) ^avia ali mil e *uinhentos doentes e os en2ermeiros eram verdadeiros
gatunos) Aos mortos, eles arrancavam os dentes de ouro) Fas não se nsaiavam para
2a>er o mesmo aos vivos) .or*ue é *ue insistem voc0s tanto no ano @5, sempre no @5Y
"o ano a na 6a-a de Vanin, na *uinta >ona, gostariam de estar l3Y (rinta e cinco
t ,b A durante v3rios mesesX Ainda dessa ve> não conseguiam envi31los aos para
=olima) E todas as noites, não se sa6e para *u0, 2a>iam1nos ar De 6arraca para
6arraca, de >ona para >ona) ?omo os 2ascistasJ com 44Q A$DU'.E AB& #E BU AB apitos
e gritariaX 7%aiam, , excep+ão do <ltimoX8 E todos se lan+avam correrX .ara 6uscar
o pão mandavam uma centena T a correrX .ara 6uscar sopa 1 de novo a correrX "ão
havia lou+aX A sopa tinha de ser apanhada como se se *uisesse, com as a6as do
casaco, na palma da mãoX A 3gua tra>iam1nas em cisternas, e não havia onde
despe/31la) Assim *ue a6riam torneira *uem punha a 6oca é *ue 6e6ia) ?ome+aram a
6rigar /unto da cisterna, e das torres de atalaia a6riram 2ogoX Exactamente como os
2ascistas #epois, chegou o ma/or1general #erev-anAo, che2e do Usvite1) .erante a
multidão, um aviador dirigiu1se ao general e rasgou o casaco *ue vestiaJ 7(enho
sete condecora+9es, ganhas em com6ateX Duem lhe deu o direito de a6rir 2ogo so6re a
>onaY8 #erevianAo
respondeuJ 7#ispar3mos e continuaremos a disparar, en*uanto voc0s não aprenderem a
comportar1se)84 1 "ão, rapa>es, não são esses os verdadeiros campos de trLnsito))Um
campo de trLnsito é o de =irovX (omemos um ano an:dino, por exemplo o de 45) Em
=irov, dois guardas metiam a gente nas celas, empurrando1a com as 6otas, e s: assim
conseguiam 2echar a porta) "o terceiro piso dos 6eliches, em %etem6ro Re ViatAa não
2ica situada no mar "egroS, todos se punham completamente nus devido ao calor 1 e
permaneciam sentados, por não haver lugar para se deitarem) Uma 2ileira do lado da
ca6eceira, a outra do lado dos pés) E no corredor sentavam1se por terra duas
2ileiras) Entre elas, outros mantinham1se de pé e depois reve>avam1se) As trouxas
seguravam1nas nos 6ra+os ou so6re os /oelhosJ não havia outro lugar onde p_1las)
Apenas os gatunos estavam nos seus lugares leg-timos, nos 6eliches do segundo piso,
/unto da /anela, deitados desa2ogadamente) ^avia tantos perceve/os *ue mordiam
mesmo de dia, descendo directamente em voo picado do tecto) E havia *ue suportar
tudo durante uma semana e até um m0s) Bostaria tam6ém de intervir e de 2alar so6re
a =rasnaia .ressnia, em Agosto de 1945@, no Verão da Vit:ria, mas sinto pudorJ
a*ui, pela noite, pod-amos de algum modo estender as pernas e os perceve/os
actuavam de 2orma mais moderada) Fas toda a noite, de6aixo da lu> intensa das
lLmpadas, nus e suados pelo calor, as moscas nos picavam) 'sto não entra em conta e
tem1se vergonha de /actanciar1se) A cada movimento *ue 2a>-amos derret-amo1nos em
suor e depois de comer /orr3vamos simplesmente 3gua) "uma cela algo maior do *ue um
*uarto médio de ha6ita+ão estavam metidos 1 Administra+ão dps ?ampos ?orreccionais
de (ra6alho do "ordeste, ou se/a, dos ue =olima) 4 (ri6unal dos ?rimes de Buerra,
de Iertrand $usselX Due 2a>em voc0sY "ão recolhem provasYX &u não são ade*uadasY 1
Este ponto de trLnsito, com um glorioso nome revolucion3rio, poucos moscovitas o
conhecem, não existindo excurs9es para l3) Duais excurs9es, se ainda GU"?'&"AX Fas
es pertinho, é 23cil de visitar, não é preciso via/arX (omando em "ovoAhorochevo a
linha 2érria de circunvala+ão, é um passo) A$DU'.E AB& #E BU AB 449 Aos cem homens,
prensados, não havendo lugar no chão onde p_r os pés) E as duas pe*uenas /anelas,
estavam tapadas com morda+as, reco6ertas de chapas de metal isto nolado sul, pelo
*ue não s: impediam o movimento do ar, como tam6ém a*ueciam com o sol e espalhavam
o calor na cela) #ado *ue todos os centros de trLnsito são um verdadeiro caos,
tam6ém nual*uer re2er0ncia a seu respeito o tem de ser) E é certamente tam6ém o aue
se passa neste cap-tuloJ não se sa6e por onde come+ar a 2alar deles) Duanto mais
gente l3 se acumula, tanto mais ca:tica a situa+ão é) Ela torna1se insuport3vel
para os homens, desvanta/osa para o BU AB e, no entanto, as pessoas para ali 2icam
durante meses) Assim, os centros de trLnsito convertem1se numa verdadeira 236ricaJ
as ra+9es de pão são transportadas aos montes, em grandes padiolas, do género das
*ue são utili>adas para carregar ti/olo) E a sopa 2umegante é levada em 6arricas,
com capacidade para seis 6aldes, suspensas aos om6ros por meio de uma 6arra) Fais
tenso e menos dissimulado era o centro de trLnsito de =otlas) Fais tenso por*ue era
o ponto de partida para todo o "ordeste russo europeu) Fenos dissimulado por*ue
2icava na pro2undidade do Ar*uipélago, não tendo motivo para esconder os vest-gios)
(ratava1se simplesmente de um sector de terra dividido por taipais em /aulas
2echadas) Em6ora tivesse 2icado cheio de mu/i*ues, *uando os desterraram nos anos
@C Rcomo se
calcula, não tinham tecto, mas agora /3 não h3 ninguém *ue o possa contarS, no ano
@Q eles estavam muito longe de l3 ca6er todos, na*uelas 2r3geis 6arracas de um
andar, 2eitas de restos de troncos e co6ertas de))) lona impermea6ili>ada) %o6 a
neve h<mida do &utono, e na época dos nev9es, as pessoas viviam simplesmente
deitadas por terra e de6aixo do céu) E verdade *ue não as deixavam entorpecer na
imo6ilidade, contando1as todo o tempo e animando1as com controles Rpor ve>es de
vinte mil pessoas aso mesmo tempoS ou com inesperadas 6uscas nocturnas)
.osteriormente, nessas /aulas, instalaram1 se tendas de campanha e noutras
ergueram1se 6arracas de madeira com a altura de dois andares) Entretanto, para
em6aratecer a constru+ão, não se p_s *ual*uer co6ertura entre os andares,
2a>endo1se volumosos 6eliches da altura de seis andares, com escadas verticais dos
lados, pelas *uais era preciso su6ir como os marinheiros Rconstru+ão, como se ve,
mais apropriada para um navio do *ue para um portoS) "o 'nverno de 1944145, *uando
todos possu-am um tecto, havia apenas sete mil e *uinhentas pessoas, das *uais
morriam diariamente cin*uenta) As macas *ue as transportavam , morgue não tinham
mãos a medir) .ode o6/ectar1se *ue esta situa+ão é completamente suport3vel,
pressupondo uma mortalidade superior a um por cento di3ria, e *ue, em tal situa+ão,
uma pessoa pode viver até cinco meses) %im, mas a cei2a principal, constitu-da pelo
tra6alho no arripo, não havia ainda come+ado) REsta perda de dois ter+os de um por
cento ao dia constitui uma perda de peso *ue não seria admiss-vel em *ual*uer
arma>ém de hortali+as)S *uanto mais se penetra no Ar*uipélago, mais se 2ica
impressionado 45C A$DU'.E AB& #E BU AB pela passagem dos portos de 6etão aos cais
de estacaria) =ara6as, centro de trLnsito perto de =araganda, tornou1se um nome
comum) "uns *uantos anos, passaram por l3 meio milhão de pessoas RKuri =ar6e, *ue
a- esteve em 1944, 2oi /3 registado com o n<mero *uatrocentos e trinta e tr0s milS)
& centro compunha1se de 6arracas 6aixas de 6arro e de terra 6atida) A distrac+ão
di3ria consistia em os presos tra>erem para o exterior os seus o6/ectos, en*uanto
os artistas caiavam o chão e até desenhavam nele tapetes) Fas, pela noite, os >eAs,
deitavam1se e, com os seus corpos, estragavam e a cal e os tapetes4) =nia/1.ogost,
centro de trLnsito situado a sessenta e tr0s graus de latitude norte, era 2ormado
de cho+as instaladas so6re um pLntanoX A arma+ão de estacas era envolvida por uma
tenda de campanha rasgada, de lona imperme3vel, *ue não chegava ao chão) "o
interior da cho+a havia duas tarim6as, tam6ém de estacas Rcom os n:s mal cortadosS,
separadas por uma passagem de madeira, *ue durante o dia deixava 2iltrar um 6arro
l-*uido escorregadio e *ue de noite gelava) Em diversos lugares da >ona, as
passagens 2a>iam1se so6re 2r3geis varas movedi+as, e as pessoas, com movimentos
cam6aleantes, devido , sua de6ilidade, ca-am ali e a*ui na 3gua e na lama) "o ano
de 19@Q, em =nia/1 .ogost, 2oi servida sempre comida igualJ espessas papas de
cereal esmagado, com espinhas de peixel 'sto era c:modo, por*ue não havia no campo
tigelas, nem copos ou colheres, e muito menos para os presos) Ga>iam1nos aproximar,
aos grupos de de>, do caldeirão e com um colherão deitavam1lhes as papas nas a6as
da roupa ou no 6oné) Fas no centro de trLnsito de Vogvo>dino, situado a alguns
*uil:metros de Ust1Vima, onde se concentravam simultaneamente cinco mil pessoas
R*uem conhecia Vogvo>dino até ler estas linhasY Duantos centros de trLnsito
desconhecidos haver3 aindaY %er3 preciso multiplic31los por cinco milXS, no centro
de Vogvo>dino, di>-amos, 2a>iam as papas muito l-*uidas e não havia tão1pouco
tigelas) "o entanto, sa-ram1se de di2iculdades Ro *ue é *ue a nossa imagina+ão não
poder3 vencerXS deitando a sopa em
lava6os, para de> pessoas, deixando a cada um a li6erdade de sorv01la o mais
rapidamente *ue podia5) E certo *ue em Vogvo>dino não havia pessoa alguma *ue l3 se
demorasse mais de um ano) RUm ano era su2iciente, *uando todos os campos se
recusavam a aceit31la)S 4 #entro todos os centros de trLnsito, =ara6as era o mais
digno de 2icar como museu, mas, in2eli>mente, /3 não existeJ no seu lugar h3 uma
236rica de elementos de cimento armado) l Balina %ere6riaAovaX Ioris #iaAovX Aldan
%emionovX "unca sorvestes /untos com de> outros a comida num lava6oY ?ompreende1se
*ue em tais momentos v:s não vos re6aix3sseis a 2a>er as vossas 7necessidades
animais8 como 'van #enissovitchX Aos empurr9es diante do lava6o com a sopa,
pensareis apenas no vosso .artido 6em1amadoY A$DU'.E AB& #E BU AB 451 A 2antasia
dos literatos é po6re perante a vida ind-gena do Ar*uipélago) Duando *uerem
escrever so6re as pris9es, as coisas mais degradantes *ue criticam é sempre o 6alde
*ue serve de latrina nas celas) & 6alde11latrinaX Ele tornou1se, na literatura, o
s-m6olo da prisão, o s-m6olo da humilha+ão, do 2edor) Due leviandadeX Acaso o 6alde
da latrina constitui um mal para o presoY .elo contr3rio, é a mais caritativa das
inven+9es dos carcereiros) (odo o horror come+a no preciso momento em *ue esse
6alde da cela deixa de existir) "o ano @5, em algumas cadeias da %i6éria "\& ^AV'A
IA #E%11 A($'"A%) Eles eram em n<mero insu2icienteX "ão tinham 2a6ricado com
antecipa+ão 6aldes *ue chegassem) A ind<stria si6eriana não satis2a>ia a ampla
procura) E aconteceu *ue nos arma>éns não havia 6aldes para as novas celas) "as
celas antigas, 75 6aldes *ue existiam eram tão pe*uenos e primitivos *ue agora,
sensatamente, 2oi preciso retir31los) #adas as novas vagas de presos, eles /3 não
prestavam para nada) Assim, se a prisão de FinussinsA tinha sido constru-da h3
muito para *uinhentas pessoas RVladi1mir 'litch não a chegou a conhecer, pois achou
o caminho de ex-lio em li6erdadeS, agora metiam l3 de> mil, o *ue signi2ica *ue
cada 6alde da latrina deveria ter aumentado vinte ve>es de tamanhoX Fas não
tinha))) As nossas canetas russas escrevem a tra+os largos) (emos so2rido
enormemente e disso *uase nada 2oi escrito) Fas para os autores ocidentais, com a
sua preocupa+ão de examinar , lupa as células do organismo, agitando a ampola
2armac0utica so6 a lu> dos pro/ectores, isto é uma verdadeira epopela, *ue
permitir3 acrescentar de> tomos , .rocura do (empo .erdido, descrevendo o pLnico do
esp-rito humano *uando numa cela h3 uma superlota+ão vinte ve>es superior ,
prevista, e não h3 6aldes, s: sendo permitido ir , latrina uma ve> por diaX
"aturalmente *ue muitas 2ormas de solu+ão são deles desconhecidas) Eles não
encontrariam sa-da urinando num capu> de lona imperme3vel) E não compreenderiam
se*uer o conselho do vi>inho para urinar dentro da 6otaX E, nolentanto, trata1se de
um conselho cheio de sa6edoria e de grande experi0ncia, *ue não implica, de modo
algum, *ue se estrague a 6ota, nem se re6aixe esta ao n-vel de um 6alde) 'sso exige
simplesmente *ue se descalce a 6ota, *ue se ponha a parte de cima para 6aixo, *ue
se volte do avesso o cano e *ue se do6re este para 2ora) Assim se 2orma a dese/ada
cavidade, 2ormando canal arredondadoX Fas, em compensa+ão, com *uantas sinuosidades
psicol:gicas enri*ueceriam os autores ocidentais a sua literatura Rsem risco algum
de repetir as 6analidades dos céle6res mestresS, se conhecessem, mais *ue não
2osse, o regulamento da prisão de FinussinsAJ para rece6er a comida entregava1se
uma tigela para *uatro, tendo1se direito a uma caneca de 3gua pot3vel por dia e por
pessoa Rhavia canecasS) Fas eis *ue um dos *uatro aca6ava de utili>ar a tigela
comum para aliviar a pressão da 6exiga e antes da comida se negava a entregar a sua
reserva de 3gua
para lavar essa tigela) Due con2litoX Due cho*ue entre *uatro caracteresX Due
nuancesX R"ão grace/o) E 454 A$DU'.E AB& #E BU AB assim mesmo *ue se p9e a
desco6erto o 2undo de uma pessoa) %: *ue as canetas russas não t0m tempo de
escrever isto e os olhos russos nunca t0m ocasião de l01lo) "ão grace/o, por*ue s:
os médicos poderão di>er como os meses passados numa cela dessas arru-nam um homem
para toda a vida, mesmo *ue não o tenham 2u>ilado no tempo de 'e/ov e o ha/am
rea6ilitado no tempo de =ruchtchev)S E n:s *ue pens3vamos descansar e desentorpecer
as pernas ao chegar ao portoX .rensados e contorcidos durante alguns dias, no
compartimento do stolipine, como sonh3vamos com o centro de trLnsitoX 3 nos
estender-amos e poder-amos p_r1nos de pé) 3 6e6er-amos 3gua , vontade e mesmo 3gua
2ervida *uente) 3 não nos o6rigariam a comprar , escolta o nosso racionamento,
pagando com o6/ectos nossos) 3 nos alimentariam com re2ei+9es *uentes) E,
2inalmente, l3 nos levariam ao 6anho, tomar-amos um duche de 3gua tépida e
deixar1nos1iam co+ar o corpo) Duando na carrinha nos 2a>iam 6am6olear, atirando1nos
de um lado para outro, e *uando nos gritavamJ 7#0em as mãosX Agarrem1se pelos
torno>elosX8, n:s animava1mo1nosJ não importa, não importaX, depressa chegaremos ao
centro de trLnsito, e uma ve> l3))) Fas se alguns desses nossos sonhos se
concreti>arem, de *ual*uer maneira aca6arão por ser ensom6rados por algo) Due nos
espera no 6anhoY "unca o sa6emos) #e repente, p9em1se a cortar o ca6elo , escovinha
,s mulheres R=rasnaia .ressnia, "ovem6ro de 195CS) &u p9em1nos a n:s numa coluna de
homens nus, mandando1nos rapar a ca6e+a s: por mulheres) "o 6anho de vapor de
Vologda, a corpulenta tia Fotia gritaJ 7.onham1se em 2ila, meninosX8 E a6re o vapor
dos tu6os a toda a coluna) Fas o centro de trLnsito de 'rAutsA tem outra doutrinaJ
est3 mais de acordo com a nature>a *ue todo o pessoal de servi+o no 6anho se/a
masculino e *ue as mulheres se/am desin2ectadas nas pernas por um homem) &u, então,
no centro de trLnsito de "ovossi6irsA, no 'nverno, durante o 6anho, das torneiras
sai apenas 3gua 2riaW os presos decidem1se a protestar /unto da administra+ãoW vem
um capitão, *ue se digna p_r as mãos de6aixo da torneiraJ 7Eu a2irmo *ue esta 3gua
est3 *uente, entendidoY8 A gente cansa1se de di>er *ue h3 6anhos completamente sem
3guaW *ue, expostos ao vapor, os o6/ectos se *ueimamW *ue depois do 6anho nos
o6rigam a andar descal+os e despidos pela neve com as nossas coisas Rprisão de
contra1 espionagem da %egunda Grente da Iielorr<ssia, em Irodnit1sa, 1945S) #esde
os primeiros passos no centro de trLnsito poder3s o6servar *ue não são os
vigilantes, nem os graduados *ue t0m poder so6re ti, pois se at0m a uma certa lei
escrita) A*ui est3s so6 o dom-nio dos 7em6oscados8 do centro de trLnsito) E o
pr:prio 6anheiro, de cenho carregado, *ue vem esperar1vos , esta+ãoJ 7Iom, podem ir
6anhar1 se, senhores 2ascistasX8 E o che2e de e*uipa de tra6alho, com uma pe*uena
chapa de madeira, *ue A$DU'.E AB& #E BU AB 45@ perscruta com os olhos a nossa
coluna e exige pressa) E a*uele de ca6elo rapado, com um ar de educador, *ue 6ate
com um /ornal do6rado na perna e ao mesmo tempo olha de soslaio para os nossos
sacos) E ainda outros 7em6oscados8 do campo de trLnsito, desconhecidos para n:s,
cu/os olhos incidem como raios x so6re as nossas malas) ?omo são todos parecidos
entre siX &nde é *ue /3 os v-steis a todos, durante o curto caminho das levasY "ão
tão limpinhos, mas com essas mesmas 2u+as de animais, com sorrisos implac3veisY
Ia1a1ahX Ainda e sempre, C5 gatunosX &s nossos BA(U"&% $EBE"E$A#&%, cantados por
Utiossov;) &s JenAa Jogol, %erioga Uvier e #in1Aa =ichAenia, /3 não atr3s das
grades, mas lavados e vestidos como pessoas de con2ian+a do Estado) ?om ares muito
importantes Rmas 2alsosS, eles cuidam da disciplina T da nossa) %e o6servarmos
atentamente esses rostos, 2a>endo apelo , imagina+ão, podemos ter ideia de *ue eles
descendem da nossa rai> russa, *ue noutros tempos 2oram mo+os de aldeia, e *ue os
seus pais se chamaram =lima, .roAhor, Buri, sendo a sua con2orma+ão id0ntica ,
nossaJ t0m duas narinas, um c-rculo irisado em cada olho, uma l-ngua rosada para
tragar os alimentos e pronunciar certos sons russos, em6ora 2a>endo com6ina+9es
completamente novas de palavras) Dual*uer che2e de um centro de trLnsito se
aperce6e imediatamente distoJ se arran/ar, entre os presos, *uem 2a+a todos os
tra6alhos, é poss-vel incluir nas listas de pessoal do campo os nomes de 2amiliares
seus, *ue estão longe, em casa, e 2icar com os respectivos sal3rios, ou, então,
dividi1los por todos os o2iciais da prisão) &s socialmente pr:ximos l3 estão para
executar tudoJ 6asta asso6iar, e t0m1se *uantos volunt3rios se *uiser para reali>ar
este tra6alho) Eles 2icam no campo de trLnsito, não são enviados para as minas,
para a taiga) ?apata>es, escreventes, conta6ilistas, educadores, 6anheiros,
6ar6eiros, che2es de arma>ém, co>inheiros, lava1pratos, lavadores, remend9es de
roupa, todos eles estão perpetuamente no centro de trLnsito, rece6em o racionamento
prisional e 2igurama como ocupantes das celas) .ara melhorar as suas ra+9es, eles
não t0m necessidade de che2es, tiram1nas do caldeiro comum ou aos >eAs ricos em
trLnsito) (odos estes 7em6oscados8 dos centros de trLnsito consideram, não sem
ra>ão, *ue em nenhum outro campo estarão melhor) ":s chegamos até eles ainda não de
todo espoliados e eles a6usam de n:s com satis2a+ão) %ão eles *ue nos revistam em
ve> dos vigilantes e *ue, antes disso, prop9em *ue lhes entreguemos o dinheiro para
o guardarem, registando1o com ar sério numa certa lista 1 não vendo n:s mais essa
lista nem o dinheiroX 7":s entreg3mos dinheiroX8 1 7A *uemY8, pergunta com espanto
o o2icial *ue chega) 7.ois, a eonid Utiossov, antigo gatuno do porto de &dessa, *ue
se tornou o cantor mais .opular de m<sica ligeira, a partir dos anos @C) ?
ondecorado pelo Boverno soviético) R") dos ()S 454 A$DU'.E AB& #E BU AB um dos
da*uiX8 1 7Fas a *uem, exactamenteY8 &s 7em6oscados8, esses, nada viram))) 7.ara
*ue lho deram a elesY8 1 7":s pens3vamos)))8 1 7o peru tam6ém pensavaX ^3 *ue
pensar menosX8 E é tudo) Eles prop9em *ue deixemos as nossas coisas na ante1sala de
6anhoJ 7"inguém as levar3X Duem necessita delasY8 ":s l3 as deixamos, pois não as
podemos levar para o 6anho) Duando voltamos, as camisolas /3 l3 não estão, nem as
luvas 2orradas de pele) 7E como era a camisolaY8 T 7?in>enta)))8 1 7E natural *ue a
tenham mandado lavarX8 Eles tam6ém nos tiram as coisas por meios honradosJ em troca
de nos guardarem a mala no dep:sitoW de nos porém numa cela sem gatunosW de nos
expedirem numa pr:xima leva ou de nos enviarem o mais tarde poss-vel) Em suma, s:
não nos sa*ueiam a6ertamente) 7"ão são propriamente gatunosX8, explicam1nos os
entendidos *ue h3 entre n:s) 7%ão ra2eiros *ue vieram prestar servi+o) %ão os
inimigos dos ladr9es honrados)8 Estes estão presos nas celas, mas nos nossos
cére6ros de patinhos isso penetra com di2iculdade) (odos t0m os mesmos modos, as
mesmas tatuagens) (alve> uns se/am inimigos dos outros, mas de n:s é *ue eles não
são amigos))) Entretanto, /3 nos instalaram no p3tio, de6aixo das /anelas das
celas) ^3 morda+as nas /anelas, a gente não os pode ver, mas de l3, com vo> rouca e
com 6oas inten+9es eles aconselham1nosJ 7(io>inhosX A*ui h3 a regra seguinteJ na
6usca é costume con2iscar
tudo o *ue se pode derramar, tal como o ch3 e o ta6aco) Duem tiver coisas dessas
*ue as atire para a*ui, para as nossas /anelas, depois n:s as devolveremos)8 Due
sa6emos n:s acerca dissoY %omos patos) (alve> se/a verdade, tirarem1nos o ch3 e o
ta6aco) emos na grande literatura muitas p3ginas acerca da solidariedade universal
entre os presos) Um preso não enganar outro presoX E eles dirigem1se a n:s de 2orma
simp3ticaJ 7(io>inhosX8 ":s lan+amos1lhes os sa*uinhos com o ta6aco) ?omo ladr9es
de gema, l3 pescam os sa*uinhos e riem1se de n:s) 7EhX, 2ascistas simpl:riosX8 Eis
as palavras de ordem *ue nos aguardam nos centros de trLnsito, em6ora não este/am
penduradas nas paredesJ 7A*ui não 6us*ues a verdadeX (udo o *ue possuis tens de
entreg31loX8 7(ens de entreg31loX8, é o *ue repetem o guarda, a escolta e os
gatunos) Est3s esmagado, a6atido com a tua intranspon-vel condena+ão, e pensas como
tomar alento, mas , tua volta todos pensam no melhor modo de te sa*uear) (udo est3
preparado para criar vexames ao /3 desanimado e a6andonado preso pol-tico) 7(udo
tem de ser entregue)))8 & guarda do campo de trLnsito BorAi a6ana a ca6e+a com ar
de 2atalismo e ^ans Iernestein entrega1lhe, com al-vio, o seu d:lman de o2icial)
"ão de gra+a, mas por duas ca6e+as de ce6ola) .ara *u0 *ueixar1se dos gatunos se se
veri2ica *ue todos os vigilantes de =rasnaia .ressnia cal+am 6otas de pele de
6e>erro *ue ninguém lhes 2orneceuY (udo isso 2oi limpo pelos gatunos nas celas e
depois trocado com os guardas) A$DU'.E AB& #E BU AB 455 .ara *ue *ueixar1se dos
gatunos, se o monitor da sec+ão cultural educacional da administra+ão do campo é um
gatuno e escreve o curriculum dos pol-ticos do campo de trLnsito de =emerovoY
$eclamar /usti+a contra os gatunos no centro de trLnsito de $ostov, se desde h3
muito é esse o seu 2eudoY #i>1se *ue em 1944, no centro de trLnsito de BorAi, os
o2iciais presos RBavrilov, o técnico militar ?he6etin e outrosS se insurgiram,
espancaram os ladr9es e os o6rigaram a 6aixar ca6e+a) Fas isto é algo de lend3rio)
Fet01los na ordem dentro de uma celaY %eria por muito tempoY E para onde estavam a
olhar os 6onés1a>uis, *uando os estranhos espancavam os socialmente pr:ximosY
Duando se ouve contar *ue no centro de trLnsito de =o1tlas, nos anos 4C, os
delin*uentes comuns arrancaram o dinheiro das mãos dos pol-ticos, *ue 2a>iam 6icha
na cantina, e estes come+aram a espanc311los, de tal maneira *ue a guarda teve de
intervir em de2esa dos gatunos, com metralhadoras, então /3 não h3 d<vida alguma de
*ue a verdade vem , tonaX &h, 2am-lias insensatasX A correrem de um lado para o
outro a pedir dinheiro emprestado Rpor*ue em casa não h3 dinheiroS para mandar1te
alguns o6/ectos e alimentos Ro <ltimo :6olo da vi<vaS, mas é uma d3diva
empe+onhada, por*ue de um ser 2aminto mas livre trans2ormaram1te num ser in*uieto e
co6arde, privando1te da incipiente lucide> e dessa 2irme>a ponderada *ue são as
duas coisas mais preciosas antes da *ueda no precip-cio) &h, s36ia par36ola do
camelo e do 6uraco da agulhaX Ao reino celestial do esp-rito li6erto não te deixam
ascender com esses 6ens) E outros *ue vieram contigo na carrinha tra>iam esses
mesmos sacos) 7Iando de canalhas8, voci2eravam /3, durante o transporte, os
gatunos) Eles eram dois e n:s meia centena, e por en*uanto não nos tocavam) Fas
agora estamos retidos /3 h3 dois dias na esta+ão da =rasnaia .ressnia, no chão
su/o, com as pernas encolhidas pelo aperto e, não o6stante, nenhum de n:s o6serva o
*ue se passa , sua volta, todos procuram entregar as malas no dep:sito) Em6ora se/a
um direito nosso, os che2es de e*uipa cedem apenas por*ue a prisão é moscovita, e
n:s não perdemos ainda o ar de moscovitas) Due al-vioX As coisas 2oram entregues)
R'sso signi2ica *ue seremos o6rigados a d31las não neste centro de trLnsito, mas
noutro mais adiante)S %: as trouxas com os nossos
po6res alimentos se 6alanceiam ainda nas nossas mãos) .useram demasiados
castores /untos) ?ome+am a 6aralhar1nos, distri6uindo1nos por diversas celas) .
9e1me com o Valentim, o mesmo *ue comigo assinou h3 dias a condena+ão pela &) %) &)
e *ue enternecidamente se propunha come+ar uma nova vida no campo) Empurram1nos
para uma determinada cela) "ão se encontra ainda cheia até ao tectoJ o corredor
est3 livre e de6aixo das tarim6as h3 muito espa+o) %egundo a disposi+ão cl3ssica,
os 6eliches do segundo andar são ocupados por gatunosJ os mais antigos 2icam /unto
das /anelasW os mais novos, mais distanciados) "os do meio, est3 a massa cin>enta e
neutra) "inguém nos ataca) 'nexperientes, 45; A$DU'.E AB& #E BU AB sem olhar em
torno, sem calcular, arrastamo1nos pelo solo as2altado, de6aixo das tarim6as, pois
ali estaremos mais c:modos) As tarim6as são 6aixas e os homens ro6ustos, para
entrar l3, t0m de deitar1se no chão, raste/ando) ?onseguiram1no) A*ui estaremos
estendidos e, calmamente, conversaremos) Fas nãoX "a 6aixa penum6ra, com um
sussurro silencioso, de gatas, como grandes rata>anas, arrastam1se de todos os
lados, com cautela, os menoresJ são ainda garotos, alguns mesmo de do>e anos, mas o
c:digo admite1os tam6ém, eles /3 passaram pelo tri6unal, por rou6o, e continuam
agora a*ui a aprendi>agem, /untos com ladr9es) an+aram1nos contra n:sX Eles
raste/am, pela calada, de todos os lados, em direc+ão a n:s, e uma de>ena de mãos
vão1nos tirando e arrancando o *ue temos de6aixo dos nossos corpos) E tudo isto em
sil0ncio, apenas com guinchinhos de maldade) Estamos metidos numa armadilhaJ não
podemos nem levantar1nos, nem mexer1nos) Um minuto depois de nos terem arrancado a
saca com toucinho, a+<car e pão, haviam1se /3 sumido, e n:s sempre deitados)
A6andon3mos sem com6ate os alimentos e agora pod-amos ao menos permanecer na cama,
mas é /3 imposs-vel) Fexendo comicamente as pernas, pomo1nos de gatas, com o
traseiro contra as tarim6as) %ou, por acaso, co6ardeY .arece1me *ue não) Eu meti1me
directamente de6aixo do 6om6ardeio, na estepe a6erta) #ecidi ir por uma vereda,
sa6endo *ue estava minada com 6om6as antitan*ues) Gi*uei completamente
impertur63vel ao retirar a 6ateria do cerco, e ainda regressei para retirar um
carro avariado) .or*ue não agarro agora num destes homens1rata>anas e lhe es2rego o
2ocinho rosado no as2alto negroY E pe*uenoY Iem, não h3 senão *ue atirar1se aos
adultos) "ão))) %er3 *ue na 2rente nos 2ortalece uma certa consci0ncia suplementar
Rtalve> completamente 2alsaS da unidade do nosso exércitoY #o nosso servi+oY #o
nosso deverY A*ui nada disso nos é dado, não h3 regulamento, e tem de se desco6rir
tudo tacteando) .onho1me de pé, e volto1me para o mais velho, para o 7alcaide8) "os
6eliches do segundo andar, ao lado da /anela, todos os alimentos 2urtados l3 estão
diante deleJ os garotos1rata>anas não levaram nada , 6oca, pois são disciplinados)
Essa parte da ca6e+a *ue nos seres 6-pedes se chama ha6itualmente cara, neste
7alcaide8 2oi esculpida pela nature>a com repulsão e desamor, ou talve> *ue a sua
vida de rapina a tornasse assimJ uma trom6a desca-da, uma 2rente estreita, uma
cicatri> antiga e coroas recentes de a+o nos dentes da 2rente) &s seus olhos
pe*uenos, da medida /usta para verem sempre os o6/ectos conhecidos, sem se
surpreenderem com as 6ele>as do mundo, olham para mim como o /avali 2ixa o veado,
sa6endo *ue me pode atirar sempre ao chão) Ele espera) E *ue 2a+o euY #ou um salto
para alcan+ar esse 2ocinho com o punho, ainda *ue se/a uma s: ve>, caindo
torpemente no chão no corredorY Ah, não))) %erei acaso um miser3velY Até ao
presente, parece1me *ue não) Fas aA$DU'.E AB& #E BU AB
455 Est3 parece1me ultra/ante, depois de rou6ado e humilhado, raste/ar outra ve>
para de6aixo da tarim6a) E, indignado, digo ao 7alcaide8 *ue, uma ve> *ue me 2urtou
os alimentos, podia ao menos dar1nos lugar nos 6eliches) Iem, para alguém da
cidade, para um o2icial, não ser3 isso uma reivindica+ão naturalYS , .ois *u0Y &
7alcaide8 concorda) E *ue dessa 2orma eu reconhe+o ter dado o toucinho, reconhe+o o
seu poder supremoW e revelo uma identidade com os seus pontos de vista) Ele tam6ém
teria desalo/ado os mais dé6eis) E ordena aos dois indiv-duos de cor neutra *ue
saiam dos 6eliches de6aixo, ao lado da /anela, e nos cedam o lugar) Eles,
su6missamente, saem) #eitamo1nos nos melhores s-tios) #urante algum tempo so2remos
ainda pelas nossas perdas Ros gatunos não se sentem muito atra-dos pelas minhas
cal+as de montar, não é 2arda *ue lhes convenha, mas um dos ladr9es /3 come+a a
apalpar as cal+as de lã de Valentim, gosta delasS) E s: pela noite chega até n:s o
sussurro de reprova+ão dos vi>inhosJ como podemos pedir protec+ão aos gatunos e
desalo/ar dois dos nossos para de6aixo dos 6elichesY E s: nesse instante a no+ão da
minha 6aixe>a me penetra e me invade o ru6or Rdurante muitos anos corarei de
vergonha ao record311loS) &s presos cin>entos de de6aixo dos 6eliches, esses são
irmãos meus, segundo o,artigo 5Q1116, são prisioneiros) "ão h3 muito /3 *ue eu
/urava interessar1me pelo destino delesY E agora empurro1os para de6aixo dos
6elichesX E verdade *ue eles não nos de2enderam contra os gatunos, mas por*ue é *ue
eles devem 6ater1se pelo nosso toucinho, se n:s pr:prios não nos 6atemosY &s cruéis
com6ates durante o cativeiro dissuadiram1nos 2re*uentemente de agir com no6re>a) #e
todas as 2ormas, eles não me 2i>eram mal a mim, e eu 2i>1lho a eles) Assim temos de
6ater, de 6ater com os costados e com os 2ocinhos, para nos tornarmos pessoas, com
os anos))) .ara nos tornarmos pessoas))) Fas se o centro de trLnsito de6ulha e
descasca o novato, é1lhe, apesar de tudo, necess3rio, necess3rioX ?onstitui uma
passagem gradual para o campo) & cora+ão humano não poderia resistir a uma passagem
6rusca) A sua consci0ncia não poderia rapidamente orientar1se no meio dessas
trevas, b3 *ue ha6ituar1se pouco a pouco) Além disso, o centro de trLnsito d3 a
impressão ainda de se estar em bliga+ão com a 2am-lia) E da*ui *ue se escreve a
primeira carta legalJ ,s ve>es, comunicando *ue não se 2oi 2u>iladoW outras ve>es,
in2ormando a direc+ao da leva) %ão estas as primeiras palavras, sempre raras, *ue
pode enviar aos seus um homem *ue 2oi tra6alhado pelo interrogat:rio) Em casa,
ainda se lem6ram dele, como era dantes, mas ele é *ue /3 não voltar3 a ser o mesmo)
E isso revela1se 6ruscamente, como um relLmpagoS, ao ra6iscar Uma)linha irregular)
'rregular por*ue, ainda *ue a carta do centro de trLnsito seSé permitida, e no
p3tio este/a suspensa uma caixa do correio, não se 45Q A$DU'.E AB& #E BU AB pode
conseguir papel, nem l3pis e muito menos com *ue o aparar) Entretanto, sempre se
encontra o inv:lucro de um ma+o de cigarros ou de um pacote de a+<car, e com umas
indeci2r3veis garatu/as consegue1se escrever umas linhas, so6re *ue assentam depois
a harmonia ou a desarmonia da 2am-lia) As mulheres imprudentes, ,s ve>es, devido a
uma dessas cartas, vão a toda a pressa tentar ver o marido, *ue ainda est3 no
centro de trLnsito, em6ora nunca lhes concedam uma visita, e s: podem chegar a
tempo de carreg31lo com mais coisas) Uma dessas mulheres, a meu ver, poderia servir
de s-m6olo, por um momento, a todas as esposas, a *uem ela mesma indicaria o lugar)
'sto sucedeu no centro)de trLnsito de =ui6ichiev, em 195C) & centro estava situado
numa depressão Rdonde, no entanto, se divisava a entrada de Jiguli, no VolgaS, e
logo a seguir a ela, 2echando1lhe o hori>onte, estendia11se, a oriente, uma alta e
prolongada colina verde/ante) Esta colina 2icava do outro lado da >ona, a maior
altura, e n:s, de 6aixo, não v-amos como, no exterior, se podia chegar até l3)
$aramente aparecia por ali alguém, ,s ve>es pastavam umas ca6ras, corriam umas
crian+as) E eis *ue num dia de Verão nevoento, no ponto mais alto, apareceu uma
mulher com ar citadino) .ondo a mão como viseira, ela come+ou a examinar a nossa
>ona, desde cima) "esse momento passeavam em di2erentes p3tios presos de tr0s celas
muito povoadas, e entre essas tr0s densas centenas de 2ormigas an:nimas ela *ueria
distinguir o seu marido, perdido nesse a6ismoX (eria ela a esperan+a de *ue o seu
cora+ão lho designasseY .or certo *ue lhe tinham recusado a entrevista e *ue ela
su6ira até esse monte) "otaram1na em todos os p3tios, todos a viram) "a depressão
não 2a>ia vento, mas l3 em cima soprava 6astante) & vento agitava e revolteava o
seu longo vestido, o casaco e os ca6elos, mostrando todo o amor e in*uieta+ão *ue
nela havia) Eu penso *ue a est3tua de uma mulher assim, precisamente ali, na colina
so6re o centro de trLnsito, 2ace , entrada de Jiguli, tal como ela, poderia, mais
*ue não 2osse, explicar algo aos nossos netos)))5 "ão se sa6e por*u0, durante longo
tempo não a expulsaram dali) (alve> a guarda tenha tido pregui+a de su6ir) Fais
tarde su6iu um soldado até l3, p_s1se a gritar e a es6race/ar, e expulsou1a) 5 Fais
tarde ou mais cedo h31de re2lectir1se nos monumentos esta hist:ria secreta, *uase
perdida, do nosso Ar*uipélagoX .or exemplo, perante mim descortina1se esteJ
algures, em =olima, nas alturas, um gigantesco %taline, de tamanho igual ,*uele com
*ue sonhava ver1se a si mesmo, com uns 6igodes de v3rios metros, com um sorriso de
comandante de campo de concentra+ão, com uma mão a puxar as rédeas e a outra a
agitar um chicote, a+oitando a atrelagem, e, nesta, centenas de pessoas, de cinco
em cinco, a puxar a carga) "a região de (chuAotia, perto do estreito de Iéringue
tam6ém 2icaria 6em) RDuando isto /3 estava escrito, li o livro Alto $elevo na
$ocha) 'sso signi2ica *ue h3 algo a tirar desta ideiaX))) #i>1se tam6ém *ue na
montanha Fogutova, em Jiguli, so6re o Volga, a um *uil:metro do campo de
concentra+ão, havia um enorme %taline, pintado a :leo na rocha, para *ue se visse
dos 6arcos)S A$DU'.E AB& #E BU AB 459 & centro de trLnsito d3 ainda aos presos
vastos hori>ontes e amplitude A visão) ?omo é costume di>er1se, mesmo com a 6arriga
va>ia vive1se na alegria1 "o meio do movimento tur6ulento *ue a*ui reina, a mudan+a
de de>enas e centenas de pessoas, no meio da sinceridade dos relatos e das
conversas Rno campo não se 2ala assim, pois se teme, por toda a parte, cair nos
tent3culos dos in2ormadoresS, tu instruis1te, ad*uires ideias l<cidas e come+as a
compreender melhor o *ue se passa contigo, com o povo e até com o mundo) Dual*uer
tipo exc0ntrico, na cela, te revela coisas *ue tu nunca lerias) #e repente, metem
na cela algo de prodigiosoJ um militar /ovem, alto, com per2il romano, não rapado,
de ca6elos louros 2risados, envergando uma 2arda inglesa) #ir1se1ia um o2icial
aca6ado de desem6arcar, vindo directamente das costas da "ormandia) Entra todo
altivo, como se esperasse *ue diante dele todos se per2ilassem) Acontece,
simplesmente, *ue não esperava ir encontrar1se entre amigosJ h3 dois anos *ue 2ora
preso, mas ainda não estivera em nenhuma cela, e até para a*ui, para este centro de
trLnsito, tinha sido tra>ido secretamente, num compartimento separado de um
stolipine) Fas eis *ue, imprevistamente, por neglig0ncia ou de prop:sito, o metem
na nossa cavalari+a comum) Ele percorre a cela, v0 um alemão com a 2arda de o2icial
da
Mehrmacht, mete1se com ele em alemão e /3 discutem os dois encarni+adamente,
dispostos, segundo parece, a usar armas, se as tivessem) #epois da guerra, haviam /
3 decorrido cinco anos, e a n:s tinham1nos explicado *ue no &cidente a guerra se
2a>ia s: para guardar as apar0ncias) Assim, parecia1nos estranho veri2icar esta
raiva m<tua entre elesJ durante todo o tempo em *ue o alemão esteve entre n:s,
russos, não chocamos com ele, mas antes nos dava vontade de rir) "inguém teria
acreditado no relato de EriA Arvid Andersen, se não 2osse a sua ca6e+a poupada ,
escovinha, *ue 7ra o prod-gio de todo o BU ABW se ele não tivesse porte estranhoW
se não 2osse a sua 2lu0ncia a 2alar ingl0s, alemão e sueco) %egundo di>ia, era
2ilho de um sueco não milion3rio, mas multimilion3rio R6om, vamos admitir *ue
exageravaS, e pela linha materna so6rinho do general ingl0s $o6ertson, comandante
da >ona de ocupa+ão inglesa na Alemanha) ?idadão sueco, durante a guerra servira
como volunt3rio no exército ingl0s, tendo desem6arcado na "ormandia) #epois da
guerra passou a ser um o2icial sueco) "o entanto, as in*uieta+9es sociais e o
dese/o de socialismo eram mais 2ortes nele do *ue o apego @C capital do pai) %eguia
com pro2unda simpatia o socialismo soviético e tinha1se convencido in loco do seu
2lorescimento, *uando chegou a Foscovo, 2a>endo parte da delega+ão militar sueca, e
a*ui lhes o2ereceram 6an*uetes, os levaram a casas de campo particulares, não lhes
tendo di2icultado em nada o contacto com simples cidadãos soviéticos, comunistas,
artistas, *ue não pareciam exercer *ual*uer tra6alho e *ue gostosamente passavam o
tempo com eles, mesmo em privado) E, convencido de2initivamente 4;C A$DU'.E AB& #E
BU AB do triun2o do nosso regime, EriA, ao regressar ao &cidente, 2e> declara+9es ,
imprensa, de2endendo e elogiando o socialismo soviético) #essa 2orma excedeu as
medidas e perdeu1se) .recisamente na*ueles anos R194514QS, procurava1se por toda a
parte encontrar /ovens ocidentais avan+ados, dispostos a renegar pu6licamente o
&cidente Rparecia *ue 6astava aliciar dois deles para *ue o &cidente estremecesse e
se desmoronasseS) #evido a um ) artigo pu6licado nos /ornais, EriA 2oi considerado
um dos *ue convinha *ue 2i>essem parte desse n<mero) Estando então de servi+o em
Ierlim &cidental, ele deixara a mulher na %uécia) EriA, por uma 2ra*ue>a masculina
perdo3vel, visitava uma alemã>inha solteira em Ierlim &riental) Uma noite,
deitaram1lhe o la+o Rnão ser3 6aseado nisso o ditadoJ 7Goi ver a comadre, e
meteu1se entre as grades8Y Fas isto é /3 antigo, e ele não é o primeiroS) ?
ondu>iram1no a Foscovo, onde BromiAo, *ue noutros tempos tinha comido em casa de
seus pai, em Estocolmo, e conhecia o 2ilho, agora em hospitalidade rec-proca,
prop_s ao /ovem *ue renegasse pu6licamente o capitalismo, todo o capitalismo, e o
pr:prio pai, prometendo1lhe uma con2ort3vel vida de capitalista entre n:s, até ao
2im dos seus dias) Fas, ainda *ue EriA materialmente não perdesse nada, com
surpresa de BromiAo, ele indignou1se e dirigiu1lhe palavras o2ensivas) "ão
acreditando na sua 2irme>a, 2echaram1no numa casa de campo perto de Foscovo,
alimentando1o como um pr-ncipe de contos de 2adas Rpor ve>es, ele era v-tima de uma
7terr-vel repressão8J não tomavam conta da ementa para o dia seguinte e, em lugar
do dese/ado 2rango, inesperadamente levavam1lhe uma costeletaS) Gorncceranvlhe as
o6ras de Farx, Engels, enine e %taline e esperaram um ano para *ue ele se
reeducasse) %urpreendentemente, tal não aconteceu) Então puseram1no na companhia de
um ex1tenente1general, *ue /3 tinha passado dois anos em "orilsA) & c3lculo era,
provavelmente, *ue o ex11tenente1general 2aria do6rar a ca6e+a de EriA, perante os
horrores dos campos) Fas ele cumpriu mal essa tare2a ou não a *uis cumprir) &s de>
meses de perman0ncia con/unta s: serviram para EriA aprender um russo estropiado,
guardando toda a sua repugnLncia em 2ace dos 6onés1a>uis) "o Verão de
195C convidaram EriA, uma ve> mais, para uma entrevista com VichinsAi, e ele de
novo se negou Ro *ue estava a6solutamente 2ora da regra, segundo a *ual a
exist0ncia determina a consci0nciaXS) Então, o pr:prio A6aAumov leu a EriA a
condena+ão a vinte anos de reclusão prisional Rpor*u0YS) Eles pr:prios /3
lamentavam ter1se metido com esse 2ilho de uma 2am-lia rica, mas não era poss-vel
deix31lo voltar para o &cidente) E 2oi assim *ue o condu>iram num compartimento ,
parte, onde escutou através da parede o relato da estudante moscovita, vendo, ao
amanhecer, através da /anela, a $<ssia de $ia>an, com tectos de palha apodrecida)
Esses dois anos convenceram1no da ra>ão do &cidente) Ele acreditava cegamente nos
pa-ses ocidentais, não *ueria reconhecer as suas 2ra*ue>as, considerava indestrut-
veis os seus exércitos e impec3veis os seus pol-ticos) "ão acreditava no nosso
relato de *ue durante o tempo da sua reclusão A$DU'.E AB& #E BU AB 4;1 %taline se
atrevera a decidir o cerco de Ierlim e *ue se tinha sa-do completamente 6em) &
pesco+o de leitosa 6rancura e as 2aces algo tostadas de EriA acendiam1se de
indigna+ão *uando n:s ridiculari>3vamos ?hurchill1 ou $oosevelt) Ele estava
igualmente certo de *ue o &cidente não consentiria na sua deten+ãoW *ue agora,
através de in2orma+9es emanadas do centro de trLnsito de =ui6ichiev, a
contra1espionagem viria a sa6er *ue EriA não se a2ogara no rio %pree, mas estava
preso na União %oviética, e seria resgatado ou trocado) R?om esta 2é na
particularidade do seu destino, entre os destinos dos outros presos, ele 2a>ia
recordar os nossos 6em1intencionados ortodoxos) Apesar das nossas 2ogosas
discuss9es, ele convidou1me a mim e ao meu amigo para o visitarmos em Estocolmo,
*uando a ocasião se proporcionasse 7A n:s, todos nos conhecem8, di>ia ele, com riso
2atigado) 7E o meu pai *ue mantém praticamente o pal3cio do rei da %uécia8)S Fas
en*uanto o 2ilho do multimilion3rio não tinha com *ue limpar1se, eu o2ereci11lhe
uma toalha rota *ue tinha) E depressa 2oi incorporado numa leva)Q E o vaivém
continuaX (ra>em1nos, levam1nos, um por um e aos molhos, enviam1nos sa6e1se l3 para
onde, em levas) (udo tem um ar tão sério e tão inteligentemente planeado *ue não se
pode acreditar *ue nisso existia tanto a6surdo) Em 1949, são criados os campos
especiais e, por uma decisão superior, uma massa de mulheres é trans2erida dos
campos do "orte europeu e da região do Volga, passando pelo centro de trLnsito de
%verdlovsA, para a %i6éria, para (ach*uent e &>iorlag) Fas desde 195C *ue alguém
considerou conveniente voltar a concentrar as mulheres não em &>iorlag, mas em
#u6rovlag e em (emniA, na $ep<6lica da Ford:via) E eis *ue essas mesmas mulheres,
experimentando todas as comodidades das viagens de BU AB, se arrastam, através do
mesmo centro de trLnsito de %verdlovsA, para o &cidente) Em 1951, são criados novos
campos especiais na região Q Até ho/e, tenho perguntado a suecos *ue ocasionalmente
tenho conhecido ou a pessoas *ue visitam a %uéciaJ como encontrar essa 2am-liaY
&uviram 2alar dessa pessoa desaparecidaY ?omo resposta, s: tive sorrisosJ Andersen,
na %uécia, é o mesmo *ue 'vanov na $<ssia, esse multimilion3rio não existe) E s:
agora, ao ca6o de vinte e dois anos, relendo este livro .ela <ltima ve>, me
aperce6iJ é claro *ue o .$&'I'$AF de di>er o seu verdadeiro nome e apelidoX Ele
tinha sido prevenido, naturalmente por A6aAumov, de *ue nesse caso o A"'DU' AVAX G)
l3 2oi através dos centros de trLnsito como um 'vanov sueco) E s: ia deixando os
.ormenores acess:rios da sua 6iogra2ia, *ue não lhe haviam sido proi6idos, na
mem:ria das .essoas *ue casualmente encontrava, como vest-gios da sua vida destru-
da) Fais exactamentev ele ainda tinha esperan+as de salv31la humanamente, como
milh9es de patos *ue 2iguram neste livroJ
de momento estava preso, mas mais tarde o &cidente indignado li6ert31lo1ia) Ele bao
compreendia a 2ortale>a do &riente) E não compreendia *ue uma testemunha *ue tinha
Dado provas de (A 2irme>a 1 inconce6-vel para o 2r3gil &cidente 1 não seria /amais
li6crta1ba1 E, no entanto, talve> ainda ho/e este/a vivo) R"ota de 1954)S 4;4
A$DU'.E AB& #E BU AB de =emerovo R=amichlagS) E l3 *ue se necessita de tra6alho
2emininoX { as in2eli>es mulheres vão dar agora aos campos de =emerovo, passando
por este maldito centro de trLnsito de %verdlovsA) ?hegar3 o tempo da li6erta+ão)
Fas não para todas) E as mulheres *ue continuam a cumprir a pena, no meio do
a6randamento geral do per-odo de =ruchtchev, são levadas de novo da %i6éria,
através do centro de trLnsito de %verdlovsA, para a For1d:viaJ é mais seguro
reuni1las a todas) Iom, a nossa economia é 2echada, as ilhas do Ar*uipélago
pertencem11nos e as distLncias para o homem russo não são assim tão extensas)
%ucedia o mesmo com alguns >eAs, os po6re>inhos) ?hendriA, rapa> alegre e
grandalhão, de rosto simples, era como soe di>er1se um tra6alhador honesto de um
dos campos de concentra+ão de =ui6ichiev e não pressentia *ue a desgra+a ia
a6ater1se so6re si) Fas ela so6reveio) ?hegou ao campo uma ordem urgente, e não de
um *ual*uer, mas do pr:prio ministro do 'nteriorX R#onde é *ue o ministro podia
conhecer a exist0ncia de ?hendriAYS) ^avia *ue 2a>er chegar imediatamente ?hendriA
a Foscovo, , prisão de>oito) Apanharam1no, levaram1no ao centro de trLnsito de
=ui6ichiev, e da*ui, sem o reter, condu>iram1no a Foscovo, não para uma *ual*uer
prisão de>oito, mas sim para a muito conhecida =rasnaia .ressnia) R& pr:prio ?
hendriA nada sa6ia acerca da exist0ncia de uma *ual*uer prisão de>oito, e nada lhe
haviam comunicado)S Fas a sua in2elicidade não dormiaJ não tinham ainda decorrido
dois dias, *uando o arrancaram de novo para as levas, condu>indo1o desta ve> ao
campo de .etchora) A nature>a passava a ser cada ve> mais po6re e som6ria através
da /anela) & rapa> atemori>ou1seJ ele sa6ia *ue era uma disposi+ão do ministro e
*ue, se o condu>iam assim rapidamente para o "orte, isso signi2icava *ue o ministro
tinha documentos terr-veis so6re ?hendriA) Além de todas as canseiras do caminho,
ainda rou6aram a ?hendriA o racionamento de pão de tr0s dias para o caminho,
chegando a .etchora a cam6alear) .etchora rece6eu1o sem 6randuraJ 2aminto, com a
roupa em desordem, mandaram1no tra6alhar para a neve) Em dois dias não tivera tempo
nem de enxaguar a camisa, nem de encher o colchão de ramos de a6etos, *uando o
mandaram entregar tudo *uanto pertencia ao campo, e de novo pegaram nele e o
condu>iram mais para além, até VorAut) (udo isso indicava *ue o ministro decidira
apodrecer ?hendriA, mas a verdade é *ue não era s: ele, mas toda uma leva) Em
VorAut esteve mais um m0s sem lhe tocarem) .articipava nos tra6alhos gerais, não se
tendo resta6elecido ainda das trans2er0ncias, mas come+ava a resignar1se com o seu
destino, *ue era viver no c-rculo polar) Um dia chamaram1no su6itamente da mina,
o6rigaram1no a ir ao campo entregar tudo *uanto tinha, e uma hora depois levavam1no
para o %ul) 'sto cheira1va1lhe /3 a um a/uste de contas pessoalX ?ondu>iram1no a
Foscovo, , cadeia de>oito) Fantiveram1no numa cela durante um m0s) #epois, 2oi
chamado por um certo coronel, *ue lhe perguntouJ 7Fas onde é *ue voc0 se tinha
perdidoY Voc0 é realmente técnico de constru+ão de ma*uinariaY8 A$DU'.E AB& #E BU
AB 4;@ ?hendriA disse *ue sim) Então levaram1no))) para as ilhas do .ara-soX R%im,
tam6ém h3 ilhas desse género, no Ar*uipélagoXS Este ir e vir de pessoas, estes
destinos e estes relatos em6ele>am os centros de trLnsito) E os velhos reclusos dos
campos advertemJ deita1te e deixa1te 2icar *uietoX A*ui 2icas com o racionamento
garantido9, assim não cansas a corcunda) E *uando não estiveres
muito apertado podes dormir o tempo *ue *uiseres) Estende1te e deixa1te 2icar
*uieto desde uma ra+ão de sopa a outra) "ão est3s recolhido, mas est3s tran*uilo)
%: *uem /3 viu os campos comuns compreende *ue o centro de trLnsito é uma casa de
repouso, uma 2elicidade no meio do nosso caminho) E isso tem ainda outra vantagemJ
*uando se dorme de dia, a condena+ão corre mais depressa) E o dia *ue é preciso
passar, pois a noite não se v0) E certo *ue é o tra6alho *ue 2a> o homem e *ue s: o
tra6alho corrige o delin*uente, acontecendo por ve>es *ue h3 tra6alhos auxiliares a
executar ou *ue os che2es das pris9es de trLnsito, enga/ando oper3rios para
aumentar as 2inan+as por outros meios, enviam tam6ém a sua mão1de1o6ra tra6alhar
para o centro de trLnsito) "o mesmo centro de trLnsito de =otlas, antes da guerra,
esse tra6alho não era nada mais ligeiro do *ue o do campo) #urante um dia de
'nverno, seis a sete presos de6ilitados, atados com correias a tren:s *ue
normalmente são puxados por tractores, deviam arrast31los durante #&UE *uil:metros
pelo rio #vina, até ao delta do Vitchegda) Enterravam1se na neve, ca-am e os tren:s
atolavam1se) .arece não ser poss-vel imaginar tare2a mais es2al2anteX "o entanto,
não era ainda um tra6alho, mas sim um desentorpecimento) 3, no delta do Vitchegda,
era preciso carregar nos tren:s #EU metros c<6icos de lenha, com a mesma gente e a
mesma atrelagem R/3 morreu $epin e, para os novos pintores, isto /3 não é um
*uadro, mas uma reprodu+ão grosseira da nature>aS,1C e arrastar os tren:s até ao
seu centro de trLnsitoX Assim, podes 2alar , vontade no teu campoX ":s morreremos
antesX R& che2e de 6rigada destes tra6alhos era =opupaeiev, e os cavalos eram o
engenheiro electricista #mitriev, o tenente1coronel da 'ntend0ncia Ieliaiev, e o
nosso /3 conhecido Vassili Vlassov, sendo, no entanto, agora imposs-vel reuni1los
todos)S & centro de trLnsito de Ar>amas, no tempo de guerra, alimentava os seus
reclusos com 2olhas de 6eterra6a) Em troca, o tra6alho era exigido em princ-pio de
6ase) ^avia o2icinas de costura e de 2a6rica+ão de cal+ado de couro e de 2eltro Ros
3cidos de prepara+ão da lã, para o 2eltro, eram ela6orados em 3gua escaldanteS) 9
$acionamento garantido pelo BU AB, *uando não havia tra6alho) 1C $epin, pintor
russo, autor do 2amoso *uadro &s Iar*ueiros do Volga) R"J dos ()S 4;4 A$DU'.E AB&
#E BU AB "o Verão de 1945, na cadeia de =rasnaia .ressnia, a 2im de sairmos das
celas as2ixiantes, sem ventila+ão, -amos para o tra6alho voluntariamenteJ isso
dava1nos o direito de estarmos todo o dia a respirar ar livreW dava11nos o direito
de nos podermos sentar sem pressas e sem impedimento numa retrete silenciosa, de
madeira Rmeios de est-mulo *ue são 2re*uentemente negligenciadosXS, so6 o
escaldante sol de Agosto Rdecorriam os dias de .otsdam e de ^iroximaS, no meio do
pac-2ico >um6ido de uma a6elha solit3riaW e, 2inalmente, o direito de rece6ermos, ,
noite, mais cem gramas de pão) ?ondu>iam1nos ao cais do rio Fosc:via, onde
descarreg3vamos toros) #ev-amos 2a>01los rolar de uma das pilhas e amonto31los
noutras) #espend-amos muito mais 2or+a do *ue a recompensa *ue rece6-amos, contudo
l3 -amos satis2eitos) (enho 2re*uentemente de corar de vergonha ao recordar os meus
anos de /uventude Re 2oi nos campos *ue eles decorreramXS) Fas a*uilo *ue mais
amarga é o *ue mais nos ensina) %ucedeu *ue os gal9es de o2icial, dois anos ao
todo, estremeceram e 6aloi+aram so6re os meus om6ros, sacudindo o venenoso p:
dourado *ue se acumula no va>io, entre as costelas) "esse mesmo cais 2luvial havia
tam6ém um pe*ueno campo de tra6alho, cercado de)uma >ona com torres de vigia) ":s
éramos de 2ora, tra6alhadores tempor3rios, e não havia conversas nem rumores *ue
nos pudessem indicar *ue nos deixariam na*uele campo a cumprir a pena) Fas *uando
nos 2ormaram pela primeira
ve> e o respons3vel pelo tra6alho passou por diante de n:s, ao longo da 2ormatura,
para escolher, pelo aspecto, os che2es de 6rigada tempor3rios, o meu insigni2icante
cora+ão, so6 a camisola de lã, ardia de dese/oJ a mimX, a mimX, nomeia1me a mimX
"ão me nomearam) .ara *ue é *ue eu dese/ava issoY %: teria cometido erros mais
vergonhosos) &hX, como é di2-cil perder o gosto do poderX))) E preciso compreender
isto) ^ouve um tempo em *ue =rasnaia .ressnia *uase se tornou a capital do BU AB,
no sentido em *ue não era poss-vel evit31la, *ual*uer *ue 2osse o lugar para onde
se tivesse de ir, tal como sucede com Foscovo) #o mesmo modo *ue, na nossa União, é
mais c:modo ir de (ach*uent a %otchi e de (chernigov a FinsA através de Foscovo,
assim tam6ém os presos, 2osse *ual 2osse o lugar donde vinham, eram condu>idos
através da .ressnia) Goi nessa época *ue a- 2ui parar) .ressnAi não podia suportar
mais essa superlota+ão) ?onstru-ram um pavilhão suplementar) %: as composi+9es
2errovi3rias para gado com os condenados por contra1espionagem passavam ao longo de
Foscovo pela linha circular, ao lado da .ressnia, saudando1a, talve>, com os seus
apitos) Fas ao chegar a Foscovo, para 2a>er a trans2er0ncia, dão1nos, de algum
modo, um 6ilhete, com a esperan+a de cedo ou tarde seguirmos o nosso rumo) Em
.ressnia, no 2im da guerra e depois dela, não s: os novatos, A$DU'.E AB& #E BU AB
4;5 mas tam6ém as mais altas instLncias e mesmo os che2es de BU AB, ninguém podia
prever para onde iria cada um) As regras prisionais ainda não tinham cristali>ado,
como nos anos cin*uenta) "ão havia *ual*uer indica+ão escrita *uanto aos
itiner3rios, nem *uanto ao ponto de destino, e apenas talve> notas de servi+oJ
7VigilLncia rigorosaX8, 7Utili>31los s: nos tra6alhos geraisX8 As pastas dos A%
%U"(&% prisionais estavam todas rasgadas, atadas a*ui e ali com um 6ar6ante
des2iado ou com um sucedLneo de papel, sendo entregues pelos sargentos da escolta
num ga6inete da prisão, uma 6arraca de madeira isolada, e lan+adas para prateleiras
de t36uas, so6re mesas, de6aixo das mesas e de cadeiras ou simplesmente no chão do
corredor R, semelhan+a dos seus 7prot:tipos8, *ue estavam deitados nas celas,
/a>endo desatadas, espalhadas e misturadas) Uma, duas, tr0s depend0ncias 2icavam
o6stru-das com esses casos misturados) As secret3rias da administra+ão prisional,
mulheres livres, gordas e pregui+osas, com vestidos sarapintados, transpiravam de
calor, a6anavam1se e namoriscavam com os o2iciais da prisão e da escolta) "enhuma
delas *ueria nem tinha 2or+as para remexer na*uele caos) Fas era necess3rio dar sa-
da ,s composi+9es vermelhas, , ra>ão de uma paor semana) E todos os dias, em
cami9es, se expediam centenas de pessoas para campos pr:ximos) Juntamente com cada
>cA, era necess3rio a sua pasta) Duem se ocupava deste tra6alho o6scuroY Duem
seleccionava os casos e escolhia as levasY Essa tare2a era con2iada a v3rios che2es
de e*uipa, ora gatunos, ora 2<rtacoresb, escolhidos entre os 7em6oscados8 do centro
de trLnsito) Eles andavam , vontade pelos corredores da prisão, entravam livremente
no edi2-cio da administra+ão e deles dependia pegar na tua pasta e p_r1te numa leva
FZ ou 2echar os olhos por muito tempo e procurar meter1te numa I&A) RDuanto ao
2acto de haver campos inteiramente 2unestos, nisso os novatos não se enganavam, mas
*uanto a existirem alguns 6ons, isso era puro engano) 7Ions8 poderiam ser não os
campos, mas certos destinos nesses campos) 'sso, porém, arran/a1se chegando l3)S
Due todo o 2uturo dos presos dependesse de outro preso, com o *ual era necess3rio
aproveitar uma ocasião para arran/ar1se Rmesmo *ue 2osse através do 6anheiroS, a
*uem era necess3rio talve> untar as mãos Rmesmo *ue 2osse através do che2e do
arma>émS, isso era pior do *ue se a vida se /ogasse aos dados)
Esta sorte secreta e eventualmente 2alhada 1 em troca de um casaco de couro ir
parar a "altchiA em ve> de "orilsAW em troca de um *uilo de toucinho ir para
%ere6riani1Ior em ve> de (aichet Re podia tam6ém suceder *ue se perdesse em vão o
casaco de couro ou o *uilo de toucinhoS 1 era coisa *ue s: b Gurta1cores eram os
*ue con2inavam, pelo seu esp-rito, com o mundo do rou6o, procurando adopt31lo, mas
*ue ainda não tinham sido integrados na lei dos ladr9es) 4;; A$DU'.E AB& #E BU AB
remordia e agitava as almas 2atigadas) (alve> *ue desse modo alguém conseguisse
0xitos, talve> *ue desse modo alguém se arran/asse, mais os mais 2eli>es eram
a*ueles *ue nada tinham para dar ou *ue se mantinham , margem dessa 6al6<rdia) A
resigna+ão em 2ace do destino, a ren<ncia a toda a veleidade de organi>a+ão da sua
vida, o reconhecimento de *ue não se podia prever nem o melhor nem o pior, de *ue o
mais 23cil era dar um passo em 2also de *ue ele mesmo se havia de arrepender 1 tudo
isso li6ertava o preso de uma parte das suas algemas, tornando1o mais tran*uilo e
até mais su6lime) Assim, os presos /a>iam encostados uns aos outros nas celas, e os
seus destinos empilhavam1se em irremov-veis mont9es nas depend0ncias da
administra+ão da prisão, en*uanto &s che2es de e*uipa tiravam as pastas donde era
mais 23cil chegarem1lhes) Assim alguns >eAs tinham de passar dois e tr0s meses
nesta maldita .ressniaW em compensa+ão, outros sa-am de l3 com uma velocidade de
meteoritos) #evido a essa precipita+ão, pressa e desordem das pastas, acontecia
haver ,s ve>es em .ressnia Re noutros centros de trLnsitoS troca de senten+as) .ara
os do cin*uenta e oito não havia *ual*uer risco, dado *ue o seu tempo de
condena+ão, para usar a expressão de BorAi, era (empo com letra mai<scula, pois as
suas penas, de tão severas, pareciam *ue nunca chegavam ao 2im) Fas para os
ladr9es, para os criminosos, tinha sentido trocar o seu 7tempo8 com o de *ual*uer
simpl:rio) E eles pr:prios ou os seus cola6oradores escolhiam um desses tansos,
saudando1o discretamente, e ele, desconhecendo *ue *uem tem uma pena curta nada
deve revelar a seu respeito no centro de trLnsito, di>ia, com ingenuidade, *ue se
chamava, digamos, Vassili .ar2ienitch Evrachin, *ue nascera no ano de 191@, em
%emidu6, onde vivia, sendo a sua pena de um ano, segundo o artigo 1C9, por
neglig0ncia) .osteriormente, Evrachin dormia, ou talve> não dormisse, mas havia
dentro da cela um tal rumor, e diante do postigo entrea6erto um tal aperto, *ue não
era poss-vel chegar até l3 e escutar, *uando no estreito corredor, por detr3s dele,
liam a toda a pressa a lista dos apelidos *ue 2a>iam parte da leva) #epois gritavam
alguns nomes das portas para as celas, mas não o de Evrachin, por*ue Jogo *ue
haviam mencionado o respectivo apelido no corredor, o o6se*uioso gatuno Reles sa6em
ser o6se*uiosos *uando é necess3rioS tinha adiantado o 2ocinho respectivo, e logo,
em vo> 6aixaJ 7Vassili .ar2ienitch, do ano de 191@, da aldeia de %emidu6, artigo
1C9, um ano8, apressando1se a ir 6uscar as suas coisas) & aut0ntico Evrachin,
*uanto a ele, 6oce/ava, estendia1se na tarim6a e esperava pacientemente *ue o
chamassem, amanhã, ou dentro de uma semana, ou dentro de um m0s, e depois l3 se
atrevia a ir incomodar o che2e do pavilhão, perguntando por*ue não o inclu-am numa
leva) REntretanto um tal Uviaga era chamado todos os dias por todas as celas)S E
*uando, ao ca6o de um m0s ou de meio ano, encontravam tempo de os su6meter todos,
um por um, a uma convoca+ão ?A%& .&$ ?A%&, aparece uma pasta a maisJ a de Uviaga,
reincidente, por duplo crime e pilhagem de uma A$DU'.E AB& #E BU AB 4;5
lo/a, condenado a de> anos, en*uanto um t-mido preso se apresenta como Evrachin,
mas na 2otogra2ia não se distingue nada 1 o *ue %igni2ica *ue é Uviaga, sendo
necess3rio met01lo num acampamento militar de 'vdel1 ag, pois de outra maneira deve
reconhecer1 se *ue houve engano no centro de trLnsito) RE o outro Evrachin, o *ue
enviaram na leva, não se pode sa6er agora onde est3, pois não se 2e> *ual*uer
lista) Fas ele, condenado a um ano, 2oi enviado numa missão de tra6alho para a
agricultura, sem escolta, contando tr0s dias por um, tendo 2ugido 1 pelo menos, h3
muito *ue /3 est3 em casa, ou, o *ue é mais certo, outra ve> na cadeia com uma nova
condena+ão)S ^avia tam6ém alguns exc0ntricos *ue VE"#'AF a sua pe*uena senten+a por
um ou dois *uilos de toucinho) ?onsideravam *ue, depois, se havia de aclarar tudo e
se resta6eleceria a sua identidade) & *ue em parte era exacto)14 "os anos em *ue as
pastas dos presos não tinham indica+ão do destino, os centros de trLnsito
converteram1se em mercados de escravos) &s compradores passaram a ser h:spedes
6em1vindos, e esta palavra ouvia1se com crescente 2re*u0ncia nos corredores e nas
celas, sem *ual*uer ironia) ?omo em *ual*uer ind<stria, no BU AB não se podia
esperar *ue a administra+ão 2i>esse dota+9es, sendo necess3rio mandar 6u2os e puxa1
l-nguasJ os ind-genas morriam em massa nas ilhasW ainda *ue não valessem um ru6lo,
entravam na conta e havia *ue preocupar1se em lev31los, para cumprir o plano) &s
compradores deviam ser pessoas saga>es, com 6ons olhos, para ver 6em o *ue levavam
e não deixar *ue inclu-ssem na mercadoria arrivistas e inv3lidos) Eram maus
compradores os *ue escolhiam uma leva em 2un+ão das pastas) &s mais escrupulosos
exigiam *ue soltassem diante deles a mercadoria viva e nua) %im, eles di>iam sem um
sorrisoJ a mercadoria) 8 Due género de mercadoria trouxeramY8, perguntava o
comprador na esta+ão de IutirAi, vendo e examinando, segundo todas as regras, 'ra
=ali1na, rapariga de de>assete anos) %e a nature>a humana evolui, não é com muito
mais rapide> do *ue o aspecto geol:gico da (erra) E esse sentimento de curiosidade,
deleite e pra>er *ue h3 vinte e cinco séculos dominava os esclavagistas no mercado
de escravos, dominava tam6ém, naturalmente, os 2uncion3rios do BU AB, na prisão de
Usman, em 1945, *uando duas de>enas de homens com a 2arda do Finistério de
%eguran+a do Estado se sentaram por detr3s de algumas mesas, co6ertas com len+:is
Risso para dar ao acto maior dignidade, de outra 2orma seria inc:modoS, e todas as
mulheres presas tiveram de despir1se na 6ox vi>inha, e passar nuas e descal+as
diante deles, dar a volta, 14 Além do mais, como escreve .) KaAu6ovitch, o tr32ico
dos 7mendrugos8 existia /3 no século passado) E um velho tru*ue prisional) 4;Q
A$DU'.E AB& #E BU AB parar e responder ,s perguntas) 7Iaixe os 6ra+osX8, indicavam
eles ,*uelas *ue adoptavam as atitudes de protec+ão das est3tuas antigas Rpois os
o2iciais deviam escolher conscienciosamente as suas concu6inas, para si e para os
*ue os cercavamS) Eram assim, nestas suas v3rias mani2esta+9es, *ue a som6ra penosa
da luta 2utura no campo vinha o2uscar no preso novato as ingénuas alegrias
espirituais da prisão de trLnsito) Um dia, meteram na nossa cela de .ressnia um
che2e de e*uipa especial, e ele dormiu ao meu lado durante duas noites) & ser
o6/ecto de trata5 mento especial signi2icava *ue na Administra+ão ?entral tinham
escrito uma nota *ue o seguia de campo em campo, e onde se di>ia *ue ele era
técnico de constru+ão e s: nessas condi+9es podia ser utili>ado em cada novo lugar)
& che2e de e*uipa especial via/a num stolipine normal, instala1se em celas comuns
na prisão de trLnsito, mas a sua alma não estremeceJ ele est3 de2endido pela nota e
não o mandam cortar 3rvores num 6os*ue)
Uma expressão cruel e decidida, tal era a marca mais vis-vel no rosto deste
recluso, *ue /3 tinha cumprido grande parte da pena a *ue 2ora condenado) REu não
sa6ia ainda *ue esta expressão era o estigma nacional dos ilhéus do BU AB) As
pessoas com expressão suave e condescendente morrem rapidamente nas ilhas)S Ele
o6servava as nossas primeiras discuss9es com um sorriso igual ao *ue se tem para os
cachorros de duas )semanas) & *ue é *ue nos esperava no campoY ?ompadeccndo1se de
n:s, ele ensinavaJ 1 #esde os primeiros passos no campo cada um procurar3
enganar11vos e rou6ar1vos) "ão se 2iem em ninguém, excep+ão para v:s mesmosX &lhem
em volta e ve/am se alguém se disp9e a morder1vos) ^3 oito anos atr3s, *uando
cheguei ao =argopo1 ag, era tão ingénuo como voc0s) #escarregaram1nos da composi+ão
e a escolta preparava1se para condu>ir1nosJ eram de> *uil:metros até ao campo, por
um caminho co6erto de neve pro2unda e movedi+a) ?hegaram tr0s tren:s) Um homem
corpulento, *ue não )2oi impedido pela escolta, comunicouJ 7'rmãos, ponham a- as
coisas, n:s lev31las1 emosX8 E n:s lem6r3mo1nosJ t-nhamos lido algures *ue as
coisas dos presos eram levadas em carro+as) "ão era assim tão inumano, o campo)
Eles eram sol-citos) 3 coloc3mos as coisas) &s tren:s partiram) Goi tudo) "unca
mais os vimos) "em se*uer as em6alagens va>ias) 1 Fas como pode ser issoY "ão h3
uma leiY 1 "ão 2a+am perguntas idiotas) ^3 uma lei) A lei da selva) Fas /usti+a
nunca houve no BU AB, nem haver3) Este caso de =argopo1 ag é simplesmente um s-
m6olo de BU AB) #epois acostumar1vos1eisJ no campo ninguém 2a> nada em vão, ninguém
2a> nada por 6ondade) E necess3rio pagar por tudo) %e alguém prop9e alguma coisa
desinteressadamente, é preciso sa6er se se trata de alguma partida, de alguma
provoca+ão) Fas o mais importante é evitar os tra6alhos geraisX Evitai1os desde o
primeiro diaX %e no primeiro dia cairdes nos tra6alhos gerais, estais perdidos para
sempre) A$DU'.E AB& #E BU AB 4;9 T (ra6alhos geraisY 1 &s tra6alhos gerais são os
tra6alhos essenciais, os *ue estão na 6ase da vida num campo) "eles participam
oitenta por cento dos presos) E todos eles perecem) (odos) E tra>em outros em sua
su6stitui+ão, ainda para os tra6alhos gerais) A- despendeis as <ltimas 2or+as) E
estareis sempre 2amintos) E sempre molhados) E sem 6otas) E rou6ados no peso) E
rou6ados na medida) E nas piores 6arracas) %em *ual*uer tratamento) "o campo, os
<nicos *ue V'VEF são a*ueles *ue "\& participam nos tra6alhos gerais) Es2or+ai1vos,
custe o *ue custar, por não participar nos tra6alhos geraisX #esde o primeiro dia)
A *ual*uer pre+oX A *ual*uer pre+oY Em =rasnaia .ressnia eu assimilei e aceitei
estes conselhos, em nada exagerados, do impiedoso che2e de e*uipa especial,
es*uecendo1me apenas de lhe perguntarJ 7E *ual a medida desse pre+oY &nde est3 o
limite desse pre+oY8 'll ?A$AVA"A% #E E%?$AV&% E esgotante andar num stolipineW é
insuport3vel via/ar numa carri1zs/ nhaW depressa atormenta, igualmente, o centro de
trLnsito) & melhor seria evitar tudo isso e seguir rapidamente para o campo, nos
vag9es vermelhos)
&s interesses do Estado e os interesses do indiv-duo coincidem, como sempre, tam6ém
a*ui) E tam6ém vanta/oso para o Estado enviar os presos para o campo por um
itiner3rio directo, sem so6recarregar as ruas da cidade, os transportes rodovi3rios
e o pessoal dos centros de trLnsito) ^3 muito *ue isto 2oi compreendido e
assimilado per2eitamente no BU ABJ caravanas de sarampelos Rvag9es vermelhos para
gadoS, caravanas de 6atel9es e, l3 onde não h3 carris nem 3gua, caravanas de pe9es
Rnão se permite *ue os reclusos utili>em cavalos nem camelosS) As composi+9es
2errovi3rias vermelhas` são sempre vanta/osas onde os tri6unais 2uncionam
rapidamente ou onde os campos de trLnsito estão a6arrotados) .ode enviar1 se,
con/untamente, uma grande massa de presos) Assim 2oram expedidos milh9es de
camponeses nos anos 19491@1) Assim 2oi deportado eninegrado para 2ora de
eninegrado) Assim se povoou, nos anos trinta, =olimaJ todos os dias, Foscovo,
capital da nossa p3tria, vomitava uma dessas composi+9es em direc+ão ,
%ovietsAaia1Bavan ou ao porto de Vani) E cada capital regional enviava tam6ém
composi+9es vermelhas, em6ora não diariamente) #esse modo, em 1941, a $ep<6lica dos
Alemães do Volga 2oi expulsa para o ?asa*uestão e, desde então, todas as restantes
nacionalidades tiveram igual sorte) Em 1945, 2oi em composi+9es semelhantes *ue
condu>iram as 2ilhas e os 2ilhos pr:digos da $<ssia, a partir da Alemanha, da ?
hecoslov3*uia, da Zustria, en2im, todos os *ue, desde as 2ronteiras ocidentais,
2oram, por si s:s, para l3) Em 1949, 2oi assim *ue reagruparam em campos especiais
os a6rangidos pelo artigo 5Q) &s stolipine circulam em con2ormidade com um vulgar
*uadro de tr31 454 A$DU'.E AB& #E BU AB 2ego 2errovi3rio, as composi+9es vermelhas
em con2ormidade com uma ordem especial assinada por um importante general do BU AB)
&s stolipi1nc não podem desem6ocar num lugar va>io, no seu término h3 sempre uma
esta+ão, uma localidade, ainda *ue se/a insigni2icante, e uma cela de prisão
preventiva, so6 um tecto) Fas a composi+ão vermelha pode ir parar a um s-tio
desertoJ l3 onde chega, /unto a ela, eleva1se, do mar, da estepe, ou da taiga, uma
nova ilha do Ar*uipélago) "ão ,é *ual*uer vagão vermelho *ue pode transportar
imediatamente reclusos) .rimeiro, deve ser preparado para isso) "ão no sentido *ue
o leitor possa pensarJ *ue seria necess3rio varr01lo ou limp31lo do carvão ou da
cal *ue nele tenham sido transportados antes das pessoas, o *ue nem sempre é 2eito)
E tão1pouco no sentido de *ue, se estamos no 'nverno é preciso cala2et31 lo e
dot31lo de uma estu2a) RDuando 2oi assente o tro+o da via 2érrea de =nia/1.ogost a
$optchi, ainda não ligado , rede geral, come+aram rapidamente a transportar
reclusos através deles, em vag9es onde não havia estu2as nem tarim6as) "o 'nverno,
os >eAs /a>iam so6re terra gelada e tão1pouco rece6iam comida *uente, por*ue o
com6oio conseguia percorrer o tro+o sempre em menos de um dia) Duem poder3 admitir
*ue se/a poss-vel alguém estar ali estendido e so6reviver essas de>oito1vinte
horasY Fas so6reviveXS A prepara+ão é estaJ devem ser veri2icadas a integridade e a
solide> do chão, das paredes e do tecto dos vag9esW devem ser postas redes seguras
nos seus pe*uenos postigosJ deve a6rir1se no pavimento um 6uraco para despe/os e
re2or+31lo especialmente, em volta, com um 2orro de latão 6em pregadoW devem
distri6uir1se pela composi+ão, de modo regular e em *uantidade su2iciente,
plata2ormas Rnelas colocam1se os postos da escolta, com metralhadorasS e, havendo
poucas plata2ormas, devem construir1se e montar1se escadinhas para su6ir ao tectoW
devem escolher1se os lugares para instalar os pro/ectores e deve assegurar1se o
a6astecimento de electricidade sem 2alhasW devem preparar1se martelinhos de madeira
de ca6o compridoW deve engatar1se um vagão do estado1maior e, se não houver,
arran/ar 6em um vagão de mercadorias com
a*uecimento para o che2e da guarda, para os delegados da pol-cia e os da escoltaW
devem instalar1se co>inhas para a escolta e para os reclusos) %: depois se pode
escrever nos vag9es, com gi>, o6li*uamenteJ 7ma*uinaria especial8 ou 7género
deterior3vel8X R"o %étimo Vagão, E) Bui>6urg descreveu muito 6em o transporte nos
vag9es vermelhos, dispensando1nos agora, em grande parte, de mais pormenores)S Uma
ve> terminada a prepara+ão da composi+ão, vem a complexa e aut0ntica opera+ão
marcial de em6ar*ue dos presos nos vag9es) "ela h3 duas preocupa+9es importantes e
o6rigat:riasJ 1 $eali>ar o em6ar*ue a ocultas do povoW 1 Aterrori>ar os presos)
&cultar o em6a*ue aos ha6itantes é necess3rio por*ue na composi+ão en2iam de uma s:
ve> cerca de mil pessoas Rvinte e cinco vag9es, pelo me1 A$DU'.E AB& #E BU AB 45@
nosW não é como um pe*ueno grupo *ue se mete num stolipine, caso *ue se pode passar
, vista de toda a genteS) "aturalmente as pessoas sa6em *ue todos os dias e a todas
as horas são e2ectuadas deten+9es, mas ninguém deve horrori>ar1se com a sua visão
no ?&"JU"(&) Em &riol, em 19@Q, era imposs-vel ocultar *ue na cidade não havia
nenhuma casa *ue não tivesse alguém preso, além de *ue as carro+as dos camponeses,
com mulheres chorosas, engarra2avam a pra+a diante da prisão de &riol, como no
*uadro de %uriAov *ue mostra a execu+ão dos strieltsi1) R"ão haver3 ninguém *ue nos
desenhe isso alguma ve>X "ão o esperemosJ não est3 na moda, não est3 na moda)))S
Fas o *ue é necess3rio é evitar mostrar ao nosso povo soviético *ue, num dia,
enchem uma composi+ão 2errovi3ria Rem &riol, nesse ano, enchiamS) E a /uventude não
deve ver issoJ a /uventude é o nosso 2uturo) .or isso, s: de noite, todas as
noites, cada noite, e, assim, durante v3rios meses, se condu>ia, a pé, da prisão ,
esta+ão, uma l<gu6re coluna de homens Ras 7ram:has8 andavam ocupadas em novas
deten+9esS) E certo *ue as mulheres t0m pressentimentos, aca6ando, de alguma
maneira, por sa6er, e pelas noites convergiam de toda a cidade para a esta+ão, onde
espreitavam a composi+ão na via de recolha e corriam ao longo dos vag9es,
trope+ando nas traves3as ou nos carris e gritando diante de cada vagãoJ 7Gulano de
tal e Gulano de tal não estão a*uiY8, e passavam ao seguinte e deste novamente a
outroJ 7Gulano de tal não est3 a*uiY8 %u6itamente, do vagão selado ressoava uma
resposta) 7EuX Estou a*uiX8 &u entãoJ 7.rocureX Ele est3 noutro vagãoX8 &uJ
7FulheresX EscutemX A minha mulher vive a*ui ao lado, perto da esta+ão, corram l31e
digam1lheX8 Estas cenas, indignas dos nossos dias, s: revelam uma in36il
organi>a+ão do em6ar*ue no com6oio) Veri2icados os erros, certa noite, a composi+ão
é rodeada por uma matilha de cães1pastores *ue ladram e uivam) Em Foscovo, tanto da
antiga prisão transit:ria da %retinAa Rho/e /3 nem os presos se recordam delaS como
da =rasnaia .ressnia, s: se 2a>em em6ar*ues, nos vag9es vermelhos, de noite T isto
é uma regra e*uivalente a lei) Entretanto, sem necessitar do 6rilho do astro
diurno, a escolta utili>a os s:is nocturnos, os pro/ectores) %ão c:modos, pois
podem concentrar1se no ponto em *ue são precisosJ no lugar onde os presos,
atarantados, sentados no chão a monte, esperam a vo> de comandoJ 7&s cinco
seguintes, de péX .ara o vagão, a correr)8 R%empre a correrX .ara *ue não possam
voltar11se, re2lectir, para *ue se apressem como se 2ossem acossados pelos cães e
s: tenham cuidado em não cairJ no caminho irregular por onde corremW na escada por
onde so6em)S &s 2eixes luminosos hostis dos 2ant3sticos pro/ectores iluminam o
chãoJ eles são parte importante da cena teatral de intimida+ão
a ?orpo permanente de soldados dos c>ares, nos séculos !V'1!V'', *ue 2oi dissolvido
por .edro ', o Brande, ap:s uma insurrei+ão) 454 A$DU'.E AB& #E BU AB dos presos,
paralelamente ,s amea+as violentas, ,s coronhadas aos *ue se atrasam, ,s vo>es de
comando deJ 7%enta1te no chãoX8 R.or ve>es, como nessa mesma pra+a da esta+ão de
&riol) 7A/oelha1teX8, e, como novos peregrinos, o milhar p9e1se de /oelhosS) Em
simultLneo com essa corrida para o vagão, completamente desnecess3ria mas muito
importante para atemori>ar, e com o 2urioso ladrar dos cães, são apontados os canos
Rdas espingardas ou metralhadoras, con2orme a épocaS) &6/ectivo essencialJ deve ser
des2eita, ani*uilada, a 2or+a de vontade do preso, para *ue os seus pensamentos não
o levem a pensar numa 2uga, para *ue durante muito tempo não compreenda a
7vantagem8 da sua nova situa+ãoJ passagem de uma cadeia de pedra para um vagão de
t36uas delgadas) Fas para em6arcar de noite, com tanto rigor, mil homens em vag9es
é necess3rio come+ar desde a véspera, e até de manhã, a retir31los das celas e a
prepar31los para a trans2er0ncia, escolt31los durante todo o dia, rece6011los
vagarosa e severamente na prisão e mant01los depois, muitas horas, /3 não nas celas
mas no p3tio, no chão, para *ue não se misturem com os outros da cadeia) Assim, a
trans2er0ncia nocturna para o vagão é para os presos apenas o termo 7consolador8 de
todo um longo e extenuante dia) Além das ha6ituais chamadas por lista, das
veri2ica+9es, do corte do ca6elo, da desin2ec+ão e do 6anho, a parte 2undamental da
prepara+ão é a revista pessoal geral) A revista não é 2eita na cadeia, mas pela
escolta *ue toma conta dos presos) ?ompete a esta, segundo as instru+9es so6re os
transportes em vag9es vermelhos e as suas pr:prias considera+9es em matéria de
opera+9es de com6ate, proceder a essa revista de modo a não deixar aos presos nada
*ue possa auxili31los numa evasãoJ apreender tudo *ue se/a contundente ou cortante,
*ual*uer tipo de p: Rdent-2ricos, a+<car, sal, ta6aco, ch3S com *ue possam cegar a
escolta, *ual*uer espécie de corda, 2io de em6alagem, cinto, etc, por*ue tudo isso
pode ser utili>ado numa 2uga Rportanto, tam6ém as correias, o *ue leva a cortar
todas as *ue seguram a pr:tese de um coxo, o6rigando o mutilado a p_r a sua perna
so6re o om6ro e a saltar apoiado nos companheirosS) (odas as demais coisas 1
o6/ectos de valor e malas 1 devem, de acordo com as instru+9es, ser recolhidas num
vagão1dep:sito especial, para ser devolvidas aos donos no 2inal do transporte) Fas
é dé6il e pouco impressivo o poder dumas instru+9es moscovitas so6re uma escolta de
Vologda ou de =ui6ichiev, e not:rio, ao invés, o poder da escolta so6re os presos)
E por isso *ue se tem tam6ém em vista, na opera+ão de em6ar*ue, con2iscar 7com toda
a /usti+a8 os o6/ectos de valor aos inimigos do povo para 6ene2-cio dos seus
2ilhos) 7%ent31los no chãoX8, 7a/oelharX8, 7despir tudoX8 1 nestas ordens
prescritas no regulamento da escolta contém1se um poder radical, impossi6ilitando
*ual*uer discussão) #e 2acto, uma pessoa despida perde toda a vontade, não pode
en2rentar com naturalidade e 2alar de igual para igual a uma pessoa vestida) ?ome+a
a revista R=ui6ichiev, Verão de 1949S) &s A$DU'.E AB& #E BU AB 455 homens,
despidos, avan+am, levando nas mãos o6/ectos e roupaW , sua volta, numerosos
soldados armados e vigilantes) & am6iente é tal *ue, em ve> de uma trans2er0ncia,
mais parece irem ser 2u>ilados na pra+a p<6lica ou metidos na cLmara de g3sW nessas
condi+9es, uma pessoa deixa de preocupar1se com os seus o6/ectos) A escolta em tudo
2a> gala de uma propositada 6rutalidade, 6rus*uidão e grosseria, não pronunciando
uma s: palavra com vo> simplesmente humana, pois o <nico o6/ectivo é aterrori>ar e
amachucar) As malas, a6ertas e despe/adas Ros o6/ectos caem no chãoS, são atiradas
para um monte) As cigarreiras, carteiras e outros insigni2icantes 7o6/ectos de
valor8 do preso são apreendidos e /ogados, sem anota+ão do dono, para uma 6arrica
Re o simples 2acto de se tratar não de um co2re, um 6a<, um caixote, mas
exactamente de uma 6arrica, #eus sa6e por*u0, aca6runha particularmente os homens
despidos, *ue v0em ser in<til protestarS) &s presos, nus, s: t0m tempo de apanhar
do chão os seus trapos revistados e 2a>er uma trouxa com a sua manta) 7E as minhas
6otas de 2eltroY8 17.odes entreg31las, deita1as para a*ui, assina a rela+ãoX8 Rnão
te dão *ual*uer reci6o, tu assinas o *ue lan+aste no montãoXS E *uando, /3 ao
anoitecer sai do p3tio da cadeia o <ltimo camião de presos, estes v0em os elementos
da escolta lan+arem1se a pilhar do montão as melhores malas de couro e a escolher
na 6arrica as melhores cigarreiras) #e seguida, é a ve> de os vigilantes sa*uearem
o esp:lio e depois a dos 7em6oscados8 do campo de trLnsito) Eis o *ue 2oram
o6rigados a suportar durante todo o dia até entrarem no vagão de gadoX A*ui, ao
menos, tiveram a 7consola+ão8 de entrar e se poderem deixar cair nas t36uas não
aplainadas das tarim6as) Fas *ue al-vio *ue é este vagão 7a*uecido8X & preso é
novamente apertado pelas tena>es do 2rio e da 2ome, da sede e do terror, dos
gatunos e da escolta) %e no vagão h3 gatunos Re com certe>a, n3o são colocados em
vag9es separados nas composi+9es vermelhasS, eles ocupam tradicionalmente os
melhores lugares nos 6eliches de cima, ao pé da /anela) 'sso no Verão) Fas,
adivinhemos, *uais são os seus melhores lugares no 'nvernoY .ois, em volta do
2ogão, est3 claro, em c-rculo cerrado , volta dele) ?omo recorda o ex11ladrão
Finaiev4, para todo o percurso, com 2rio atro>, de Voronie/ a =o1tlas Rsão v3rios
diasS, 2orneceram ao seu vagão, em 1949, apenas tr0s 6aldes de carvãoX #e um golpe,
os gatunos não s: ocuparam os lugares em volta do 2ogão, não apenas tiraram aos
pol-ticos todos os artigos de agasalho, vestindo1se com eles, como ainda se
atreveram a extor*uir1lhes de dentro das 6otas os trapos *ue lhes serviam de
pe<gas, para os enrolarem nos seus pés) Forre tu ho/e, eu amanhãX ?om a comida
ainda era pior 1 as ra+9es 4 #a carta *ue me dirigiu) iteraturnaia Ba>eta, de 49 de
"ovem6ro de 19;4) 45; A$DU'.E AB& #E BU AB para todo o vagão eram rece6idas pelos
gatunos, *ue 2icavam com o melhor para si ou a*uilo de *ue tinham necessidade)
ochilin recorda os tr0s dias *ue demorou a sua trans2er0ncia de Foscovo para
.erie6or, em 19@5) #urante tr0s dias consideraram *ue não valia a pena 2a>er comida
*uente e deram apenas ra+9es 2rias) &s ladr9es 2icavam com o a+<car todo para si,
consentindo em repartir o pão e o aren*ue salgadoJ o *ue *uer di>er *ue não tinham
2ome) Duando a ra+ão inclui alguma coisa *uente e os ladr9es estão na suc+ão, eles
dividem a sopa Rno transporte de tr0s semanas, de =icheniov para .etchora, em
1945S) Além do mais, os gatunos não se co-6em do vulgar rou6o durante o percursoJ
tendo visto *ue um estoniano tinha dentes de ouro, deitaram1no ao chão e
arrancaram1lhe os dentes com a tena> do lume) &s >eAs consideram como vantagem das
composi+9es vermelhas a comida *uenteJ nas esta+9es ermas Rmais uma ve> o povo não
v0S, as composi+9es param e distri6uem nos vag9es a sopa e as papas de cereal) Fas
tam6ém esta comida *uente é dada de maneira chocante) ]s ve>es Rcomo na*uela
composi+ão de =icheniovS deitam a sopa no mesmo 6alde em *ue entregaram o carvão) E
não h3 com *ue lav31loX T por*ue a 3gua pot3vel é racionada na composi+ão,
inclusivamente é maior a 2alta dela *ue de sopa) Assim, ao tomar1se a sopa,
engolem1se tam6ém res-duos de carvão) &utras ve>es, ao tra>erem a sopa e as papas
de cereal ao vagão, dão um n<mero insu2iciente de tigelas, não *uarenta
mas vinte e cinco, e ordenamJ 7Fais depressa, mais depressaX (emos ainda de dar de
comer aos outros vag9es e não apenas a voc0sX8 Assim, como comerY ?omo dividirY
#istri6uir igualmente pelas tigelas não é poss-vel, tendo de se 2a>er a reparti+ão
a olho e por 6aixo para não se correr o risco de deitar de mais) R&s primeiros
gritamJ 7(u, mexe, mexeX8, os <ltimos mant0m1se caladosJ assim pode ser *ue no
2undo 2i*ue a pasta mais espessa)S &s primeiros comem, os <ltimos esperam 1 *ue
aca6em depressa, estão 2amintos, a sopa arre2ece no 6alde e do exterior reclamam
pressaJ 7Então, /3 aca6aramY #epressaY8 #epois, relativamente aos <ltimos, *ue não
se/a de mais, *ue não se/a de menos, *ue não se/a mais espesso, nem mais l-*uido
*ue o dado aos primeiros) Agora trata1se de avaliar o resto e de o deitar, mesmo
*ue não d0 para dois, numa <nica tigela) #urante todo este tempo, não é tanto o *ue
*uarenta pessoas comem, *uanto o *ue vigiam e so2rem com a divisão) "enhum
a*uecimento, nenhuma de2esa contra os gatunos, nada para h comer, nada para 6e6er e
nem se*uer deixam dormir) #e dia, os elementos da escolta v0em 6em toda a
composi+ão e o caminho percorrido) "inguém se pode atirar do com6oio nem deitar nos
carris e, de noite, a vigilLncia não permite veleidades) ?om os pe*uenos martelos
de madeira de ca6o comprido Rmodelo universal em BU ABS, durante a noite, em cada
paragem, 6atem surdamente em cada t36ua do vagãoJ acaso não se prepararam /3 para a
serrarY E nalgumas paragens a6rem completamente a porta do vagão) u> das lanternas
ou 2acho dos pro/ectoresJ 7Veri2ica+ãoX8 'sto *uer di>erJ A$DU'.E AB& #G BU AB 455
salta, p9e1te em pé e prepara1te para correr, /untamente com os outros para onde
indicarem, para a es*uerda ou para a direita) Aca6aram de saltar para dentro alguns
soldados da escolta com os martelinhos Routros, com armas autom3ticas e mostrando
os dentes, 2ormam um semic-rculo no exteriorS e indicaramJ es*uerdaX 'sto signi2ica
*ue os da es*uerda 2icam no seu lugar, os da direita correm rapidamente para l3,
como pedrinhas de um /ogo in2antil, 2icando uns por cima dos outros, onde ca-ram)
Aos *ue não são r3pidos, ,*ueles *ue se descuidam, dão1lhes com os martelos nas
costas e no dorso, para os espevitarX Eis *ue as 6otas dos soldados da escolta /3
pisam o vosso m-sero leito, remexem os vossos trapos, alumiam e 6atem com os
martelos para ver se alguma t36ua est3 2endida) "ão) Então a escolta coloca1se no
meio e come+a a contagem, mandando os detidos passar da es*uerda para a direitaJ
7.rimeiroX))) %egundoX))) (erceiroX)))8 Iastaria, para contar os presos, mover
apenas o dedo, mas não haveria intimida+ão e é mais ostensivo, mais in2al-vel, mais
not:rio e mais r3pido acompanhar a contagem com esse martelo, 6atendo nas costas,
om6ros, ca6e+as, onde calhar) ?ontaram *uarenta, agora h3 *ue remexer de novo,
alumiar e 6ater no lado es*uerdo) Aca6ou, 2oram1se, o vagão 2oi 2echado) .odem
dormir até , paragem seguinte) R"ão se pode di>er *ue os cuidados da escolta se/am
completamente in<teis, pois dos vag9es vermelhos podem 2ugir os 3geis) Eis *ue
6ateram numa t36ua *ue /3 tinham come+ado a 2ender) &u então, su6itamente, pela
manhã, durante a distri6ui+ão da sopa, aparecemJ entre as caras sem 6ar6ear,
algumas estão 6ar6eadas) E com armas autom3ticas cercam o vagãoJ 7Entreguem as
navalhasX8 Estas são as pe*uenas 2rivolidades dos gatunos e seus a2insJ
7a6orreceram1se8 de não estar 6ar6eados e agora t0m de entregar as navalhas)S &
com6oio vermelho di2erencia1se dos de longo curso sem trans6ordo pelo 2acto de *ue
*uem nele em6arca não sa6e se desem6arcar3) 1Duando em %oliAams descarregaram o
com6oio das cadeias de eninegrado Rem 1944S todo o chão 2icou co6erto de cad3veres,
s: alguns poucos chegaram vivos) "os invernos de 1944145 e de 45l4;, ao 6airro de
Jelie>odoro/ni R=nia/1.ogostS, como em todos os outros importantes entroncamentos
do
"orte, os com6oios de presos dos territ:rios, ora das regi9es do I3ltico, ora da
.ol:nia, ora da Alemanha, chegavam com um ou dois vagãos de cad3veres) & *ue *uer
di>er *ue no tra/ecto tinham o cuidado de trans2erir os cad3veres dos vag9es de
vivos para os vagmes1morgues) "em sempre assim sucedia) "a esta+ão de
%uAho6esvodnaia RUn/1 agS, muitas ve>es s: ao a6rir a porta do vagão, , chegada, se
sa6ia *uem estava vivo e *uem estava mortoJ não saiu, signi2ica *ue morreu) E terr-
vel e h3 risco de morte na viagem de 'nverno, /3 *ue a escolta, com as preocupa+9es
da vigilLncia, não tem possi6ilidade de acarretar carvão para vinte e cinco
estu2as) Fas 2a>er a viagem em tempo de can-cula, não é melhorJ dos *uatro
postigos, dois estão hermeticamente 2echados, o tecto do vagão escalda e, por
regra, a escolta não est3 disposta a esta2ar1se 45Q A$DU'.E AB& #E BU AB a levar
3gua para duas mil pessoas para não deixar um stolipine sem 3gua) .or isso, os
presos consideram os meses de A6ril a %etem6ro os melhores para as trans2er0ncias)
Fas se a viagem demorar tr0s meses R eninegrado11Vladivosto*ue, em 19@5S,
ultrapassar3 o per-odo da melhor esta+ão) E se se prev0 *ue demore tanto tempo,
então pensa1se na educa+ão pol-tica dos soldados da escolta e na assist0ncia
espiritual ,s almas dos presosJ nesses com6oios, em vagão privado, via/a o
compadre, isto é, o che2e policial) Ele preparou1se antecipadamente para a
viagem, /3 na prisão, e a distri6ui+ão das pessoas pelos vag9es não é 2eita de
*ual*uer maneira, mas segundo uma lista por ele visada) Ele con2irma os
respons3veis designados para cada um dos vag9es, onde é inclu-do um 6u2o por si
preparado) "as paragens prolongadas ele arran/a um pretexto para os chamar ao seu
vagão, e pergunta1lhes de *ue 2alam no vagão *ue lhe 2oi atri6u-do) .ara ele ser3
vergonhoso terminar o tra/ecto sem resultados, e no caminho inventa e ordena uma
nova investiga+ão, pelo *ue, até ao lugar de destino, urde uma nova senten+a para
alguns presos) Faldito se/a esse com6oio vermelho para gado com o seu percurso
directo e sem trans6ordoX Duem via/ou nele /amais o es*uecer3) Due cheguemos ao
campo *uanto antesX Due cheguemos *uanto antesX & homem é esperan+a e
impaci0ncia) ?omo se no campo de concentra+ão houvesse um che2e policial mais
humano ou os 6u2os não 2ossem tão desa2orados, o *ue é 6em o contr3rioX ?omo se ,
nossa chegada não nos rece6essem com as mesmas amea+as e não nos deitassem ao chão
com os mesmos cãesJ 7%entem1seX8 Rse /3 no vagão se introdu> a neve, na terra a sua
camada é ainda mais grossaS) ?omo se, ao mandarem1nos descer, /3 tivéssemos chegado
ao nosso destino e não nos condu>issem em vag9es de plata2ormas desco6ertas, por
uma linha de via redu>ida) E como transportar pessoas em plata2ormas desco6ertasY ?
omo via/arY Duantos pro6lemas para a escoltaX Eis comoJ ordenam *ue nos encolhamos,
*ue nos deitemos uns so6re os outros, e tapam1nos com uma lona imperme3vel, como
aos marinheiros do .otemAine para o 2u>ilamento) E ainda temos de agradecer a
impermea6ili>ada lonaX &lieniov e os seus camaradas tiveram de estar, no m0s de
&utu6ro, no "orte, um dia inteiro, em plata2ormas desco6ertas R/3 os tinham
em6arcado sem haverem enviado a locomotiva) ?ome+ou a chover, depois a nevar e os
trapos gelavam no corpo dos >eAsS) & min<sculo com6oio, durante a sua marcha, ir3
deit31los 2ora, pois as extremidades da plata2orma come+am a ranger e a *ue6rar1se,
e com os solavancos alguns cairão e 2icarão de6aixo das rodas) Agora uma adivinhaJ
numa viagem por via redu>ida de cem *uil:metros, a partir de #udinAa, so6 um 2rio
polar e em plata2ormas desco6ertas 1 onde se instalaram os gatunosY $espostaJ no
meio de cada plata2orma, para o gado os a*uecer por todos os lados e não ca-rem ,
linha) Justamente) Ainda uma perguntaJ o *ue é *ue v0em os >eAs no término desta
via
redu>ida R19@9SY ^aver3 l3 edi2-ciosY "ão, nem um s:) E grutasY %im, mas /3 estão
ocupadas, não são para eles) A$DU'.E AB& #E BU AB 459 .ortanto, é preciso cav31lasY
"ão, como hão1de cav31las no 'nverno polar, com a terra geladaY Em ve> disso, eles
vão extrair metal) E viverY Due viverY))) AhX, viver))) Viver 1 em tendas) Fas
ter1se13 sempre de continuar a viagem numa linha redu>idaY))) "ão, naturalmente)
Eis um desem6ar*ue no posto de destinoJ a esta+ão de Ertsovo, em Gevereiro de 19@Q)
&s vag9es 2oram a6ertos de noite) Ao longo do com6oio 2oram acesas 2ogueiras, , lu>
das *uais se 2a> o desem6ar*ue so6 a neve, a contagem, a 2orma+ão e a recontagem)
(rinta e dois graus negativos) E a trans2er0ncia a partir do #on6ass, 2oram presos
todos no Verão, e por isso andam com sapatos e sand3lias) (entam a*uecer1se na
2ogueira, mas escorra+am1nosJ as 2ogueiras não são para isso, são para alumiar) ogo
ao 2im dos primeiros minutos, 2icam sem ac+ão nos dedos) A neve entrou1lhes no
cal+ado de Verão e nem se derrete) "ão se condoemW é dada a ordemJ 7%entidoX
2ormarX))) direita))) es*uerda))) FarcharX8 Ao ouvirem essa ha6itual vo> de
comando, vivendo esse momento emocionante, os cães, presos por correntes, p9em1se a
uivar) &s soldados da escolta iniciam a marcha com os seus casacos de peles e os
condenados com as suas vestes de Verão, seguem por caminho sem trilho e com neve
pro2unda, rumo a um lugar algures na l<gu6re taiga) ] sua 2rente, nem se*uer uma
2a-sca de lu>) $esplandecia a aurora 6oreal 1 a nossa primeira e certamente a nossa
<ltima))) &s a6etos rangem com o gelo) &s homens descal+os seguem pela sua senda de
neve com os torno>elos insens-veis) Eis tam6ém a chegada a .etchora, em Janeiro de
1945) R7As nossas tropas con*uistaram Vars:viaX))) &s nossos com6atentes isolaram a
.r<ssia &rientalX8S Um campo nevado deserto) Atirados para 2ora dos vag9es,
o6rigaram1nos a sentar1se na neve em grupos de seis, contaram1nos devagar,
enganaram1se e voltaram a contar) Gi>eram1nos levantar e condu>iram1nos seis
*uil:metros por terras virgens nevadas) (rans2eridos tam6ém do %ul RFold3viaS,
todos tinham tam6ém cal+ado de couro) &s cães1lo6os seguiam muito perto deles e com
as patas empurravam pelas costas os >eAs da <ltima 2ila, *ue rece6iam o 6a2o dos
cães na nuca Rnesta 2ila iam dois sacerdotes, um velho, de ca6e+a grisalha, o padre
Giodor Glorida, outro /ovem em *ue este se apoiava, o padre Victor ?hipovalniAovS)
Admirem a utili>a+ão dos cãesX "ão, admirem antes o autodom-nio dos cãesX 1 pois
*ue vontade sentem de morderX Ginalmente chegaram) & 6anho de recep+ão do campoJ
despiram1se numa casinha e, nus, atravessaram a correr o p3tio deserto, para se
lavarem noutra casinha) Fas agora /3 se pode suportar tudoJ /3 pass3mos o tormento
principal) Agora, JZ ?^EBAF&%X Escureceu) E, de repente, sa6e1seJ a no campo não h3
lugar e o campo não est3 preparado para nos rece6er) #epois do 6anho 2ormam os
homens novamente, procedem , recontagem com os cães a toda a volta, e, arrastando
de novo as suas coisas, eles voltam a andar os mesmos seis *uil:metros, mas agora /
3 em plena noite, caminhando so6re a neve, em sentido inverso, para o com6oio) ?om
as portas 4QC A$DU'.E AB& #E BU AB dos vag9es a6ertas durante todo este tempo, as
estu2as arre2eceram e neles não 2icou nenhum do anterior m-sero calor, tendo1se
*ueimado no 2inal da viagem todo o carvão sem haver onde ir 6uscar mais) Assim
passaram a noite, tolhidos de 2rioW pela manhã deram1lhes peixe seco Rse h3 *uem
*ueira 6e6er, *ue mastigue neveS e condu>iram1nos novamente pelo mesmo caminho)
E este ainda 2oi um caso GE 'UX 1 pois o campo existe e, se não rece6e ho/e,
rece6er3 amanhã) Fas, em geral, é uma particularidade dos com6oios vermelhos
chegarem a um deserto e o 2im da sua viagem converte1se, não raramente, no dia da
inaugura+ão de um novo campo, se 6em *ue, , lu> da aurora 6oreal, eles podem pura e
simplesmente deixar os homens na taiga e pendurar num a6eto uma ta6uletaJ 7.rimeiro
&) ) .)8)@ #urante uma semana, eles mastigam ali peixe seco e misturam 2arinha com
neve) Fas se o campo 2oi criado duas semanas antes *ue se/a, é /3 um con2orto, pois
t0m comida *uente, mas, não havendo tigelas, a sopa e as papas de cereal são
deitadas em lava6os, seis sentam1se em c-rculo Rtão1pouco h3 mesas e cadeirasS,
dois apoiam com a mão es*uerda o lava6o e comem com a direita, alternadamente) Uma
repeti+ãoY "ão, isso 2oi em .erie6or, em 19@5, relato de ochilin) "ão sou eu *ue me
repito, é o BU AB) ))) #e seguida, dão che2es de 6rigada Rvelhos reclusosS aos
novatos, os *uais rapidamente ensinam a viver, a sair de di2iculdades, a enganar) A
partir da manhã do dia seguinte vão para o tra6alho, por*ue o rel:gio da Epoca anda
e não espera) "ão con2undir com a prisão c>arista de tra6alhos 2or+ados de AAutai,
onde havia tr0s dias de descanso para os recém11chegados)4 Gloresce gradualmente a
economia do Ar*uipélago, estendem1se novos ramais 2errovi3rios e /3 se chega de
com6oio a muitos lugares onde ainda recentemente o acesso s: era poss-vel por via
2luvial) Fas os ind-genas ainda vivos relatam como navegavam pelo rio '/ma em
verdadeiras 6arca+as do tempo dos antigos russos, cem pessoas numa s:, e *ue eles
pr:prios remavam) ?omo pelos rios UAhta, Ussa e .etchora chegavam ao seu campo em
6atéis) E condu>iam os >eAs a VorAut em 6arca+asJ numa grande até Ad>v3, onde se
situava o ponto de passagem VorAut1 ag, e dali divaguemos até ao delta do rio e
est3 a dois passos, durante de> dias, numa de pe*ueno calado, toda ela mexendo de
tanto piolho, permitindo a escolta *ue 2osse um de cada ve> , co6erta sacudir os
parasitas para a agua) As trans2er0ncias em 6arca tão1pouco eram 2eitas numa <nica
etapa, tinham a Bente de ?ampo 'ndependente) 4 .) KaAu6ovitch, *ue tam6ém l3
esteve) A$DU'.E AB& #E BU AB 4Q1 interrup+9es, ora para rece6er novas cargas, ora
para descargas, envolvendo tam6ém percursos a pé) Estes lugares tinham centros de
trLnsito pr:prios, 2eitos de estacas compridas, de 6arracas de campanha 1 Ust1Ussa,
.omo>dino, ?helia1Kur) 3 vigoravam os regulamentos especiais de ?helia1Kur, as
regras especiais da escolta e, naturalmente, as penas especiais dos >eAs) Fas não
conseguiremos descrever este exotismo, pelo *ue o melhor é não come+ar) "o #vena
setentrional, no &6i e no Jenissei, sa6em *uando come+aram a transportar presos em
6arca+as no per-odo do esmagamento dos AulaAs) Estes rios 2lu-am directamente para
o "orte e as 6arca+as eram 6arrigudas, de muita capacidade 1 e s: assim 2oi poss-
vel reali>ar a tare2a de lan+ar toda essa massa cin>enta e viva da $<ssia no "orte
sem vida) Atiravam as pessoas para o 2undo das 6arca+as, onde 2icavam deitadas umas
por cima das outras, mexendo1se como carangue/os num cesto) 3,em cima, nos 6ordos
das 6arca+as, de pé como so6re rochas, estavam as sentinelas) Umas ve>es essa massa
seguia destapada, noutras era co6erta com uma enorme lona imperme3vel, para *ue não
a vissem ou para melhor a guardarem, não da chuva, naturalmente) & transporte em
tal 6arca não era verdadeiramente uma trans2er0ncia, mas
a morte a 6reve pra>o) Além disso, *uase não os alimentavam e, uma ve> a6andonados
na tundra, deixavam mesmo de os alimentar) #eixavam1nos a s:s com a nature>a) As
trans2er0ncias em 6arca+as pelo #vina do "orte Re pelo VitchegdaS não terminaram em
194C, e 2oi assim *ue A) K) &lieniov 2oi transportado) &s presos permaneceram
apertados, uns contra os outros, #E .é 1 e não apenas um dia s:) Urinavam em
2rascos de vidro, *ue passavam de uns para os outros, e despe/avam1nos pela vigiaW
para todas as demais necessidades, 2uncionavam as cal+as) &s transportes de presos
em 6arca+as pelo Jenissei organi>aram1se metodicamente e 2oram praticados durante
décadas) "as suas margens, em =rasnoiarsA, nos anos @C, 2oram constru-dos telheiros
so6 os *uais, nas 2rias primaveras da %i6éria, tiritavam de 2rio os presos *ue
esperavam um ou dois dias pelo transporte5) As 6arca+as de transporte do Jenissei
t0m um porão escuro, permanentemente preparado, de tr0s pisos) Apenas uma lu>
di2usa penetra através do vão da escotilha de sa-da) A escolta vive numa casita da
co6erta) %entinelas vigiam as sa-das dos por9es e a super2-cie da 3gua, não v3
alguém atirar1se da 6arca+a ao rio) A guarda nunca desce ao porão, por maiores *ue
se/am os gemidos e gritos de socorro *ue de l3 venham) E nunca deixa sair os presos
para um passeio) "as trans2er0ncias dos anos @51@Q e 44145 Re supomos *ue nos anos
intermédiosS não era prestada *ual*uer assist0ncia médica aos dos por9es) &s presos
estão estendidos nos 7pisos8, uns ao lado dos outros em duas 2ilasJ numa, com a 5
V) ') enine, em 1Q95, em6arcou no %) "iAohi, no porto de passagem como homem livre)
4Q4 A$DU'.E AB& #E BU AB ca6e+a contra o casco e, na outra, aos pés da primeira
2ila) "os pisos, a passagem para os 6aldes da latrina s: era poss-vel por cima das
pessoas) "em sempre permitem tirar os 6aldes a tempo Rimagine1se o transporte do
recipiente com as imund-cies por uma -ngreme escada acimaXS, e se 2icam demasiado
cheios o l-*uido derrama1se pelo solo da galeria e escorre para as galerias
in2eriores) E as pessoas estão deitadas) #ão de comer e 2a>em a distri6ui+ão da
sopa em 6aldes levados por auxiliares, tam6ém presos, e ali, em trevas eternas
Rtalve> ho/e ha/a lu> eléctricaS, , 7lu> de morcegos8, repartem a comida) Uma etapa
assim, até #udinAa, dura ,s ve>es um m0s completo) R^o/e, certamente, podem 2a>01la
numa semanaS) .or causa dos 6ancos de areia e outros escolhos 2luviais, a viagem
muitas ve>es prolongava1se, os alimentos eram insu2icientes, e então, durante
v3rios dias, não davam alimento algum Re ninguém, naturalmente, compensava depois a
2ome dos transportadosS) & leitor perspica> /3 pode agora, sem a/uda do autor,
acrescentarJ contudo, os gatunos ocupam os 6eliches superiores e o mais pr:ximo
poss-vel da a6ertura do ar, da) lu>) (0m acesso , distri6ui+ão do pão todas as
ve>es *ue dele necessitam, e se a etapa decorre com di2iculdades não sentem pe/o em
utili>ar uma santa muleta Rpara se apropriarem do pão dos por9esS) &s ladr9es matam
o tempo, durante a longa viagem, /ogando ,s cartasJ eles pr:prios as 2a>em;, e para
as apostas do /ogo espoliam os não ladr9es, revistando literalmente todos a*ueles
*ue se encontram num ou noutro sector da 6arca+a) &s o6/ectos 2urtados eram postos
em /ogo, perdidos, re/ogados e de novo perdidos, até irem parar , posse da escolta)
%im, o leitor /3 adivinhou tudoJ a escolta é o an>ol dos gatunos, os o6/ectos
rou6ados são para ela, *ue os vende no cais, levando1lhes, em troca, comida) E a
resist0nciaY ^3, mas muito raramente) Eis um caso de *ue guardo mem:ria) Em 195C,
numa 6arca+a semelhante e analogamente preparada, *ue apenas era maior e de
navega+ão mar-tima, na etapa de Vladivosto1*ue1%acalina, sete rapa>es desarmados,
a6rangidos pelo artigo 5Q, o2ereceram resist0ncia aos gatunos Rdos *ue prestavam
servi+os auxiliares , administra+ão das pris9esS, os *uais eram cerca de oitenta Re
como
sempre com navalhasS) Esses gatunos /3 tinham revistado todos os presos, ainda
mesmo no campo de trLnsito de Vladivosto*ue, e, conhecendo todos os esconderi/os,
2i>eram1 no meticulosamente, não pior *ue os carcereirosW mas, /3 se sa6e, nunca em
6usca alguma se encontra (U#&) %a6endo isto, uma ve> no porão, anunciaram
ardilosamenteJ 7Duem tiver dinheiro pode comprar ta6aco)8 Ficha Bratchov tirou tr0s
ru6los *ue tra>ia escondidos no /a*uetão de a6a2o) & gatuno VolodAa (atarin
gritou1lheJ 7(u, porco imundo, como é isso, *ue não pagas tri6utosk8 E atirou1se a
ele para lhe tirar o dinheiro ; 'sto é pormenori>adamente narrado por V) ?halamov
em ?r:nicas so6re o Fundo do ?rime) A$DU'.E AB& #E BU AB 4Q@ Fas o sargento do
exército .avel))) Rnão nos lem6ramos do nomeS empurrou VolodAa (atarin e este
tentou espetar1lhe os dedos nos olhosW .avel atirou1o ao chão) %altaram
imediatamente vinte ou trinta gatunos, e ao lado de Bratchov e de .avel
colocaram1se Volodia ?hpaAov, ex1capitão do exército, %erio/a .otapo, Volodia
$eunov, Volodia (retiuAhin, tam6ém ex1sargento do exército, e Vacia =ravtsov) E
entãoY (udo aca6ou com uns *uantos murros de parte a parte) Fani2estou1se a velha e
conhecida co6ardia dos gatunos Rsempre dis2ar+ada pela sua aparente energia e
desenvolturaS, ou 2oi por causa da proximidade do sentinela Risto passou1se perto
de uma vigiaSY &u tinham de reservar energias para a viagem, a 2im de cumprirem
outra tare2a social mais importanteY 1 pretendia1se, nessa viagem, chegar a tempo
de arre6atar a prisão de trLnsito de AleAsandrovsA Rexactamente a *ue nos 2oi
descrita por (cheAhovS, antes da chegada dos 7ladr9es honrados8, pois os centros de
constru+ão de %acalina, como se compreender3, não eram para construir) #e 2acto
eles recuaram, limitando1se a amea+arJ 7Em terra 2aremos lixo de voc0sX8 RA amea+a
não se consumou e não 2i>eram lixo dos rapa>es) "a prisão de trLnsito de
AleAsandrovsA, uma desilusão especava os gatunosJ ela /3 havia sido arre6atada
pelos 7ladr9es honrados8)S "os vapores *ue vão a =olima tudo é organi>ado ,
semelhan+a do *ue se 2a> em rela+ão ,s 6arca+as, mas em maiores propor+9es) E ainda
agora, por estranho *ue pare+a, estão vivos alguns dos presos *ue 2oram para l3
trans2eridos a*uando da céle6re missão do *ue6ra1gelos =rassin, na .rimavera de
19@Q, em 6arcos 2r3geis e antigos 1 o #/urma, o =ulu, o "ievos1troi, e o
#nieprostroi, aos *uais o =rassin a6ria caminho por entre os gelos primaveris)
(am6ém estavam e*uipados com tr0s andares nos seus su/os e 2rios por9es, e tinham
ainda, em cada andar, 6eliches de dois pisos 2eitos com varas) "ão estavam todos ,s
escurasJ em alguns s-tios havia lamparinas e lanternas) .odia1se ir passear ,
co6erta por compartimentos) ?ada vapor levava tr0s a *uatro mil pessoas) A viagem
demorava mais de uma semana e, entretanto, o pão ad*uirido em Vladivosto*ue
enchia1se de 6olor, ao mesmo tempo *ue a ra+ão da etapa diminu-a de seiscentos para
*uatrocentos gramas) Alimentavam os presos com peixe, e *uanto , 3gua pot3vel 1
6em, 6em, de nada serve alegrar1se com as desditas alheias T havia di2iculdades
tempor3rias com a 3gua) Em compara+ão com os transportes 2luviais, assinalam1se
ainda as tempestades, os en/oos, as pessoas *ue, extenuadas, vomitavam, 2icando sem
2or+as para se porem de pé, en*uanto todo o soalho se co6ria de uma camada
nausea6unda) #urante a viagem desenrolou1se um epis:dio pol-tico) &s 6arcos deviam
passar pelo estreito de a .érouse 1 perto das ilhas /aponesas) Eis *ue
desapareceram as metralhadoras das torres dos 6arcos, os soldados da escolta
vestiram1se , paisana, as a6erturas dos por9es 2oram 2echadas e 2oi proi6ido
su6ir , co6erta) %egundo os documentos dos 6arcos, emitidos , partida de
Vladivosto*ue, estes levavam, meu #eus, não presos, mas mão1 4Q4
A$DU'.E AB& #E BU AB 1de1o6ra enga/ada para tra6alhar em =olima) Uma multidão de
pe*uenos 6arcos e lanchas /aponesas dava voltas em redor dos vapores, sem nada
suspeitar) R#outra ve>, em 19@9, com o #/urma, sucedeu o seguinte casoJ os gatunos,
2ugidos dos por9es, lograram entrar na despensa, sa*uearam11na e depois
deitaram1lhe 2ogo) 'sto passou1se precisamente /unto , costa do Japão) %a-a 2umo do
#/urma, os /aponeses o2ereceram a sua a/uda, mas o capitão recusou e "EF %EDUE$
AI$'U A% V'B'A%X Uma ve> longe dos /aponeses, lan+aram pela 6orda 2ora os cad3veres
dos *ue haviam morrido as2ixiados com o 2umo, e os alimentos *ueimados, meio
deteriorados, 2oram entregues nos campos para as ra+9es dos presos)S5 #e2ronte de
Fagadan, a caravana encalhou no gelo e de nada valeu a a/uda do =rassin Rera
demasiado cedo para a navega+ão, mas havia pressa em levar mão1de1o6ra)S Em dois de
Faio, descarregaram os presos no gelo, sem acostar) &s recém1chegados tiveram uma
visão pouco alegre do Fagadan de entãoJ algumas eleva+9es de origem vulcLnica
desertas, sem 3rvores, sem ar6ustos, sem p3ssaros, apenas com algumas casinhas de
madeira e o edi2-cio de um piso de #al1%troi R?onstru+ão do Extremo &rienteS) ?
ontinuando a 6rincar , reeduca+ão, ou se/a, 2a>endo crer *ue não haviam tra>ido
ossos para pavimentar as /a>idas de =olima, mas sim cidadãos soviéticos
temporariamente deslocados, mas *ue regressariam um dia , vida activa, os homens da
?onstru+ão do Extremo &riente rece6eram1nos com uma or*uestra) Esta tocava marchas
e valsas, en*uanto os homens, esgotados e meio1mortos, se arrastavam pelo gelo em
2ila som6ria, carregando os seus o6/ectos moscovitas Reste transporte, *uase apenas
de pol-ticos, não tinha encontrado gatunosS e levando aos om6ros outros meio1 vivos
1 atacados de reumatismo ou coxos Ra estes tam6ém haviam aplicado senten+as no
campoS) Fas eu veri2ico *ue /3 me come+o a repetir, *ue é a6orrecido escrever e
ser3 a6orrecido ler, pois o leitor /3 sa6e antecipadamente tudo o *ue se vai
passarJ agora levam1nos em cami9es para locais *ue 2icam a centenas de *uil:metros,
e depois ainda os o6rigarão a andar a pé de>enas de *uil:metros) A- vão a6rir novos
campos e entregar1se imediatamente ao tra6alho, apenas comendo peixe seco e
2arinha, acompanhados com neve e dormindo em 6arracas de campanha) E assim)
Entretanto, nos primeiros dias, serão instalados a*ui, em Fagadan, em 6arracas de
campanha polaresW a comissão ir3 v01los, isto é, examin31los nus e determinar,
segundo o estado do seu traseiro, a sua aptidão 5 #esde então, passaram décadas,
mas em todos os mares do glo6o, *uantos casos houve em *ue não se transportavam
>eAs, mas cidadãos soviéticos, v-timas de cat3stro2es, relativamente aos *uais se
recusou uma a/uda exterior, sempre por causa do segredo e do orgulho nacionalX E
pre2er-vel *ue as 6aleias nos comam do *ue aceitar uma mão estendidaX & %EB$E#& é
6em o nosso cancro) A$DU'.E AB& #E BU AB 4Q5 para o tra6alho Re todos eles serão
dados como aptosS) "aturalmente tam6ém os mandarão ao 6anho e na sala, antes deste,
o6rig31los1ão a deixar a capa de couro, os /a*uet9es , $omanov, as camisolas de lã,
os 2atos de casimira, as 6otas de 2eltro, as 6otas de couro Rpois não tinham
chegado mu/i*ues ignorantes, mas dirigentes do .artido, redactores de /ornais,
directores de trusts e de 236ricas, 2uncion3rios de comités regionais do .artido e
pro2essores de economia pol-tica, *ue /3 nos anos trinta se distinguiam pelas
coisas 6oas *ue usavamS) 7E *uem vai guardar istoY8, p9em em d<vida os novatos)
7Duem é *ue necessita das vossas coisasY8, respondem, em tom o2endido, os
2uncion3rios) 7Entrem, 6anhem1se tran*uilamente)8 E eles entram) Fas a
sa-da é por outra porta, onde rece6em cal+as pretas de algodão, 6lus9es, casacos
acolchoados de campo, sem algi6eiras, 6otas de pele de porco) R&hX, isto não é
pormenor insigni2icanteX 'sto é o adeus a toda a sua vida anterior, aos t-tulos,
aos postos e , honraXS 7Fas onde estão as nossas coisasYX8, exclamam eles) 7As
vossas coisas 2icam a*uiX8, replica um che2e *ual*uer) 7"o campo não haver3 nada
vossoX "o nosso campo, temos o comunismoX Farcha, adianteX8 Fas se h3 7comunismo8,
*ue podem eles o6/ectarY %e a ele dedicaram as suas vidas))) ^3 tam6ém
trans2er0ncias em carro+as camponesas, ou pura e simplesmente a pé) $ecorde1se *ue
na $essurrei+ão, de (olstoi, num dia de sol, a escolta condu>iu os detidos da
prisão , esta+ão) Em FinussinsA, tam6ém no ano de 194))))), durante um ano inteiro,
não lhes 2oi se*uer permitido passear, pelo *ue chegaram a perder o h36ito de
andar, de respirar o ar da rua, de olhar para a lu> e para as coisasW e 2i>eram1nos
seguir, a pé, em 2ileiras, V'"(E E V'"?& *uil:metros, até A6aAan) Uns de> presos
morreram pelo caminho) "enhum grande romance, nem se*uer um cap-tulol se escrever3
so6re istoJ 2oram tantos os *ue aca6aram no cemitério *ue não é poss-vel chorar uma
l3grima por todos) A condu+ão dos presos a pé, é av: do seu transporte por caminho
de 2erro, nos stolipine e nos sarampelos) "os tempos *ue correm, veri2ica1se cada
ve> menos, e tão1somente onde ainda não é poss-vel o transporte mecLnico) Era desse
modo *ue, da cidade cercada de eninegrado, levavam os condenados para determinado
sector do lago adoga, até aos sarampelos Ras mulheres seguiam com os prisioneiros
alemães e os nossos homens eram separados delas , 2or+a das 6aionetas para não lhes
tirarem o pão) ]*ueles *ue ca-am, imediatamente os descal+avam e lan+avam para um
camião 1estivessem vivos ou mortosS) (am6ém do mesmo modo, nos anos @C, enviavam,
da prisão de trLnsito de =otlas, diariamente, cem homens, a pé até UstVima Rcerca
de tre>entos *uil:metrosS e ,s ve>es até (chi6io Rmais de *uinhentosS) Em 19@Q,
2i>eram tam6ém seguir desse modo um contingente de mulheres) "essas etapas
percorriam vinte e cinco *uil:metros por dia) A 4Q; A$DU'.E AB& #E BU AB escolta
levava um ou dois cães, e as mulheres *ue se atrasavam eram o6rigadas a apressar1se
, coronhada) Duanto aos o6/ectos das presas, como o ordeiro e as provis9es, iam
atr3s, em carretas, o *ue 2a>ia recordar as etapas cl3ssicas do século passado)
%erviam de al6ergue para os presos, ao longo das etapas, casas devastadas a*uando
da luta contra os AulaAs, com as /anelas re6entadas e as portas arrancadas) &s
servi+os da cadeia de trLnsito de =otlas 2orneciam as provis9es para a etapa,
considerando um tempo calculado teoricamente, como se todo o tra/ecto decorresse
sem pro6lemas e nunca demorasse um dia mais do *ue o tempo previsto Ré o princ-pio
geral de todos os servi+os de conta6ilidadeS) Duando havia atrasos no caminho, as
provis9es ou eram racionadas R2orneciam, mais espa+adamente, uma aguadilha de
2arinha de centeio sem salS, ou não davam a6solutamente nada) "este caso até havia
recuo em rela+ão , regra cl3ssica) Em 194C, na etapa de &lieniov, depois do
desem6ar*ue do 6atel, 2i>eram ir os presos a pé pela taiga Rde =nia/1.ogost a
(chi6ioS, sem darem *ual*uer alimento) Ie6iam 3gua dos pLntanos e depressa 2oram
atacados por disenteria) ?a-am sem 2or+as 1 e os cães arrancavam a roupa aos
des2alecidos) Em '/ma pescavam, servindo1se das cal+as, e comiam o peixe cru) RE,
chegados a determinada clareira do 6os*ue, comunicavam1lhesJ a*ui ides construir a
linha 2érrea =otlas1VorAutXS
"outros lugares do nosso "orte europeu, contingentes de presos 2oram levados a pé
por novos itiner3rios, e os caminhos a6ertos por essas primeiras vagas de presos
2oram 7alegremente8 percorridos por vag9es vermelhos, transportando vagas
posteriores) As etapas a pé t0m a sua técnica, tendo sido adoptadas onde era
necess3rio transportar presos com 2re*u0ncia e em elevado n<mero) Duando, por um
trilho da taiga, seguia um contingente de =nia/1.ogost para Veslia1na e su6itamente
ca-a algum preso e não podia continuar o caminho 1 *ue lhe 2a>iamY .ense
sensatamente 1 o *u0Y "ão se mandava esperar todaa caravana) E /unto de cada um *ue
ca-a ou se atrasava, não se ia deixar um guarda 1 guardas h3 poucos, presos h3
muitos) Em conse*u0ncia))) & guarda, depois de 2icar um pouco com ele, /untava1se
de novo , caravana, mas so>inho) #urante muito tempo, 2oram constantes as etapas a
pé de =ara6ass para %passA) %ão ao todo trinta e cinco1*uarenta *uil:metros, mas
t0m de ser percorridos num s: dia e por mil pessoas de uma ve>, muitas delas
de6ilitadas) .or isso prev01se *ue muitas irão cair e atrasar1seW dada a 2alta de
2or+as e a sua indi2eren+a perante a morte, nem com a amea+a de um tiro andarão
mais) A morte /3 hão lhes mete medo 1 mas o pau, o in2atig3vel varapau, *ue lhes
cai constantemente em cimaY Iem, temem o pau e andamX 'sto est3 con2irmado, isto é
assim) Eis, pois, a coluna de presos rodeada não apenas pelo ha6itual anel de armas
autom3ticas, *ue seguem a cin*uenta metros de distLncia, mas tam6ém por um anel
interior de soldados desarmados, mas munidos de paus) &s *ue 2icam para tr3s são
espancados A$DU'.E AB& #E BU AB 4Q5 Rcomo, de resto, 2ora esta6elecido pelo
camarada %talineSW 6atem1lhes, 6a1tem1lhes, e os presos sem 2or+as, mas continuam a
andarX E muitos deles 1 milagreX 1 chegam ao destino) Eles não sa6em *ue se trata
da prova do nau e *ue a*ueles *ue, mesmo com o pau a malhar1lhe as costas, se
deixam cair e não andam, esses são apanhados pelas carro+as *ue seguem atr3s)
Experi0ncia de organi>a+ãoX R.odem perguntarJ e por*ue não os metem todos de uma
ve> nas carro+asY))) Fas como consegui1lasY E os cavalosY .ois n:s temos é
tractores) E *uanto custa agora a cevadaY)))S Estas desloca+9es de presos eram
muito 2re*uentes nos anos de 194Q15C) "os anos 4C, as caminhadas a pé eram uma das
2ormas principais de desloca+ão dos presos) Eu era ainda garoto, mas recordo1me
per2eitamente como passavam pelas ruas de $ostov do #on, ,s claras) A este
respeito, a 2amosa ordem 7 ))) a6re 2ogo sem avisoX8, soava então de outra maneira
e, tam6ém, devido a outra técnicaJ com e2eito, a escolta, em regra, levava apenas
sa6res) A vo> de comando eraJ 7Um passo para o lado 1 a escolta puxa e acutilaX8
'sto soa 2orte T 7puxa e acutilaX8 Assim, *uem vem atr3s pode /3 imaginar como lhe
cortam a ca6e+a) Fesmo em Gevereiro de 19@;, na cidade de "i/ni1"ovgorod, nas
trans2er0ncias levavam a pé os velhos da região do Volga, de longas 6ar6as e
/a*uet9es de pano de 2a6rico caseiro, de laptis Rsapatos de cascas de 3rvoreS e
grevas 7A $<ssia *ue desaparece8 ))) E, de repente, cru>ando1se no caminho, surgem
tr0s autom:veis com o presidente do ?omité Executivo da União %oviética, =alinin)
Fandaram parar a caravana) =alinin passou, sem mostrar o menor interesse) Geche os
olhos, leitor) &uve o ru-do das rodasY %ão os stolipine em andamento) %ão os
sarampelos em andamento) Em *ual*uer minuto do dia ou da noite) Em *ual*uer dia do
ano) E o marulhar da 3guaY %ão as 6arca+as de presos *ue se deslocam) E os motores
das 7ramonas8 *ue roncam) ?onstantemente apelam, recolhem ou trans2erem alguém) E
este rumorY %ão as células a a6arrotar de presos dos centros de trLnsito) E estes
gritosY 1 são 6rados d:s espoliados, dos violentados, dos espancados)
.ass3mos em revista todos os meios de transporte e v01se *ue todos eles são .'&$E%)
&6servamos as mais diversas pris9es transit3rias e não vimos nenhuma 6oa) E até a
humana esperan+a de *ue a*uilo *ue vir3 ser3 melhor, de *ue no campo ser3 melhor,
mesmo essa esperan+a é ilus:ria) "o campo, ser3 pior) ' s 'V #E ' ^A EF ' ^A (AFIEF
se transportaram >eAs em 6arcas solit3rias, de uma ilha para a outra do
Ar*uipélago) A isto chama1se caravana especial, E o meio de transporte menos
constrangente, *uase não se di2erenciando da viagem em li6erdade) Via/ar assim é
para poucos) "a minha vida de preso, tive essa sorte tr0s ve>es) A caravana
especial é determinada por altas personalidades) "ão a con2undir com mandato
especial, *ue tam6ém é prescrito por alguém das altas es2eras) & 6ene2ici3rio do
mandato especial 2a>, geralmente, a viagem nas condi+9es dos demais presos, em6ora
consiga trechos de caminhos maravilhosos Ro *ue é tanto mais impressionanteS) ^ans
Iernestein, por exemplo, incum6ido de tare2as especiais de car3cter econ:mico1agr-
cola, dirige1se do "orte para o Iaixo Volga) evam1no, nas condi+9es vexantes e
humilhantes *ue /3 descrevemos, os cães ladram1lhe, cercam1no com 6aionetas e
6erram1lheJ 7Um passo , direita, um passo , es*uerda)))8W inesperadamente,
mandam1no descer na pe*uena esta+ão de Uan>evatAa, onde é rece6ido por um tran*uilo
e solit3rio vigilante, sem *ual*uer arma) Este 6al6ucia as seguintes palavrasJ
7Iom, pernoitar3s em minha casa, passeia entretanto, e amanhã levo1te ao campo)8 E
^ans passeia) ?ompreendem, porém, o *ue signi2ica .A%%EA$ para um homem *ue tem uma
senten+a de de> anos a cumprir, *ue /3 v3rias ve>es se despediu da vida e *ue ainda
ho/e de manhã estava num stolipine para amanhã estar no campo 1 agora ele caminha e
o6serva como as galinhas esgaravatam no pe*ueno /ardim da esta+ão, como as mulheres
*ue não venderam a manteiga e os mel9es se preparam para a6alar) Ele caminha ao
lado delas, tr0s, *uatro, cinco passos e ninguém lhe grita 7altoX8, com os seus
dedos incrédulos mexe nas 2olhinhas das ac3cias e *uase lhe v0m as l3grimas aos
olhos) .ois a escolta especial é uma tal maravilha do come+o ao 2im) #esta ve>
escapas ,s trans2er0ncias comuns, não tens de p_r as mãos atr3s das costas, nao te
despem completamente, não te o6rigam a sentar no chão e nem se*uer te revistarão) &
guarda comporta1se amigavelmente e até te trata por 7voc08) .or regra previne1te de
*ue, se tentares 2ugir, disparar3 como é 49C A$DU'.E AB& #E BU AB ha6itual) As
nossas pistolas estão carregadas, temo1las na algi6eira) "o entanto, via/emos com
naturalidade, mantenha1se com aspecto normal, não d0 a compreender *ue é um preso)
R&6servem, pe+o1vos encarecidamente, *ue a*ui, tam6ém, como sempre, os interesses
do indiv-duo e os do Estado coincidem plenamenteXS A minha vida no campo mudou
radicalmente no dia em *ue, com os dedos tolhidos R2icarão sem ac+ão de agarrar na
2erramentaS, me apresentei na 6rigada de carpintaria e o che2e dos tra6alhos me
chamou , parte e, com inesperado respeito, disse1meJ 7%a6es, por disposi+ão do
ministro do 'nterior)))8 Gi*uei at:nito) A sec+ão partiu e os 7em6oscados8 do campo
rodearam1me) Uns di>iam1 meJ 7Vão -mpor1te uma nova pena8, outrosJ 7Vão p_r1te em
li6erdade)8 Fas todos estavam de acordo em *ue havia inter2er0ncia do ministro
=ruglov) Eu tam6ém vacilava entre uma nova senten+a e a li6erta+ão) Eu es*uecera
completamente *ue tinha vindo h3
meio ano, ao nosso campo, um tipo *ue mandou preencher uns *uestion3rios de BU AB
Rdepois da guerra tinham iniciado esse tra6alho nos campos mais pr:ximos, mas é
pouco prov3vel *ue o ha/am conclu-doS) Um par3gra2o importante do *uestion3rio
di>ia respeito , 7especialidade8) .ara se valori>arem, os >eAs indicaram as
especialidades mais cotadas em BU AB, tais comoJ 76ar6eiro8, 7al2aiate8, 7che2e de
arma>ém8, 7padeiro8) Fas eu 2echei os olhos e escreviJ 7G-sico nuclear)8 Eu nunca
2ui 2-sico nuclear) Antes da guerra ouvira algo so6re o assunto na universidade,
conhecia as denomina+9es das part-culas at:micas e os seus parLmetros, e decidi
escrever isso) Est3vamos em 194;, a 6om6a at:mica era necess3ria a todo o custo)
Fas eu pr:prio não dera *ual*uer importLncia a esse *uestion3rio, e tinha1o
es*uecido) E lenda não con2irmada, e da *ual ,s ve>es se ouve 2alar nos campos,
*ue, algures neste mesmo Ar*uipélago, existem pe*uenas ilhas paradis-acas) "inguém
as viu, ninguém l3 esteve, ou, se esteve, cala1se a esse respeito) "essas ilhas,
a2irmam, correm rios de leite numa terra de promissão e o pior *ue dão de comer é
creme de leite e ovosW l3 1 di>em 1 anda1se muito limpinho, sempre *uentinho, o
tra6alho é intelectual e ultra1secreto) E eis *ue, *uando /3 cumprira metade da
minha senten+a, 2ui a essas ilhas paradis-acas Rna sua g-ria os presos chamam1lhes
c6arachAiS) A eles devo o estar vivo, pois nos campos não teria podido so6reviver a
todo o per-odo de condena+ão) A essas ilhas devo tam6ém ter podido escrever este
ensaio, ainda *ue não previsse neste livro um lugar para elas R/3 existe um romance
a prop:sitoS1) Fas na*uelas ilhas, de uma para a outra, da segunda para a terceira,
eu 2ui condu>ido por uma escolta especialJ dois vigilantes e eu) 1 & .rimeiro ?-
rculo) A$DU'.E AB& #E BU AB 491 %e é verdade *ue as almas dos mortos voam ,s ve>es
so6re n:s, nos v0em e l0em em n:s os nossos mais pe*uenos impulsos, e n:s não as
vemos nem adivinhamos a sua presen+a, uma viagem destas, com escolta especial, é
isso mesmo) Fergulhas na vida livre e vais de encontro a outras pessoas na sala da
esta+ão) an+as distraidamente a vista para avisos *ue, certamente, não podem, de
maneira alguma, re2erir1se a ti) %entas1te no velho divã de passageiros, e ouves
conversas estranhas e mes*uinhasJ so6re certo marido *ue espanca ou a6andona a
mulherW *ue a sogra não se d3 com a nora, não se sa6e por*u0W *ue os vi>inhos da
resid0ncia colectiva consomem electricidade no corredor e não limpam os sapatosW
*ue alguém cria a outro di2iculdades no tra6alhoW *ue alguém lhe prop_s um 6om
emprego, mas não se decide a ir 1 pois acaso é 23cil mudar de casaY Escutas tudo
isto e um arrepio de ren<ncia percorre todo o teu corpo, da espinha , ca6e+aJ
depara1se ante ti, claramente, a aut0ntica medida das coisas no universo, a medida
de todas as 2ra*ue>as e paix9esX Fas a estes pecadores não lhes é poss-vel
aperce6erem1se) "a realidade, vivo, autenticamente vivo, est3s s: tu, desencarnado,
pois todos estes, s: por isso, a si pr:prios se consideram vivos) Due enorme a6ismo
entre n:sX #e nada vale gritar1lhes nem chorar por eles, nem dar1 lhes um a6anãoJ
pois tu és um esp-rito, um 2antasma, e eles são corpos materiais) Fas como
2a>er1lhes compreender claramenteY Em vis9esY 'rmãosX ^omensX .ara *ue vos 2oi dada
a vidaYX "o sil0ncio e na escuridão da meia1noite, a6rem1se as portas das celas da
morte e pessoas com uma alma grande são condu>idas para o 2u>ilamento) Em todas as
linhas 2érreas do pa-s, neste momento, agora mesmo, h3 pessoas *ue, depois de
comerem aren*ue seco, lam6em com a l-ngua amarga os l36ios resse*uidosW elas sonham
com a 2elicidade de poder estender as pernas com tran*uilidade, ap:s terem 2eito as
suas necessidades) Em &rotuAan, apenas no Verão, e s: até , pro2undidade de um
metro, a terra deixa de estar gelada, então se enterrando os ossos da*ueles *ue
morreram no 'nverno) E voc0s, so6 o a>ul céu, so6 um sol *uente, podiam dispor do
vosso destino, ir 6e6er 3gua, erguerem1se, ir onde *ueiram sem escolta 1 *ue
importLncia tem a*ui não limpar os sapatos, *ue interessa a*ui ver a sograY & mais
importante na vida, todos os enigmas dela, se *uiserem, exponho1os /3 a voc0s)))
"ão corram atr3s de 2antasmas, atr3s de alucina+9es, de 6ens e de t-tulosJ isto
consegue1se , 2or+a dos nervos ao longo de décadas e é con2iscado numa noite) Vivei
com supremacia so6re a vida, não vos assusteis com as desgra+as e nao vos canseis
da 2elicidade, pois, como *uer *ue se/a, nem o amargo dura um século, nem a do+ura
é plena) J3 não ser3 pouco se não 2icardes gelados e se as garras da sede e da 2ome
não vos rasgarem as v-sceras) %e não tendes a coluna verte6ral 2racturada, se as
duas pernas se movem, se os dois 6ra+os se endireitarem, se am6os os olhos v0em, e
os ouvidos ouvem, a *uem tendes de inve/arY .ara *u0Y A inve/a dos outros é o *ue
mais nos corr:i) 494 A$DU'.E AB& #E BU AB Es2reguem os olhos, lavem o cora+ão, e
d0em valor, antes de mais nada, aos *ue vos amam e estão convosco) "ão os molestem,
não os insultem e não se separem de *ual*uer deles por uma >angaJ pois nunca
ninguém sa6e se essa pode ser a <ltima atitude perante eles, e assim 2icar1se
lamentavelmente na sua mem:riaX))) Fas os guardas a2agam nas suas algi6eiras a
negra culatra das pistolas) E n:s os tr0s, amigos tran*uilos e s:6rios, estamos
sentados /untos) .asso a mão pela testa, 2echo os olhos, a6ro1os 1 outra ve> este
sonhoJ uma multidão *ue ninguém vigia) (enho 6em presente *ue ainda ho/e passei a
noite na cela e, por certo, amanhã estarei l3 outra ve>) E a*ui, certos revisores,
com o 2urador, dirãoJ 7& teu 6ilheteX8 1 7(em1no a*uele camarada)8 &s vag9es estão
repletos Rmas repletos para os livres, de6aixo dos assentos não h3 ninguém, e no
chão e nos corredores não se v0 ninguém sentadoS) Goi1me dito *ue me comportasse
com naturalidade e eu comporto11me da maneira mais naturalJ vi no assento ao lado
um lugar va>io, ao lado da /anela, ali me sentei) &s guardas não estavam nesse
assento mas no interior, donde me o6servam com 6ons olhos) "a esta+ão de .erie6or
2ica livre um lugar em 2rente de mim, mas antes *ue um da minha escolta possa
ocup31lo, senta1se nele um rapa> 6ochechudo, com uma curta peli+a, um gorro de
peles e uma mala de madeira simples mas 2orte) $econheci esta malaJ é 2a6ricada no
campo, made in Ar*uipélago) 7Gu1u1u28, sopra o rapa>) ^3 pouca lu>, mas ve/o *ue
todo ele est3 vermelho do es2or+o 2eito ao su6ir para o com6oio) (ira o cantilJ
7Ie6es cerve/a, camaradaY8 Eu sei *ue a minha escolta se in*uieta no assento
vi>inhoJ eu não devo 6e6er nada alco:lico, não se podeX Fas é necess3rio
comportar1me de maneira natural) E digo despreocupadamenteJ 7%im, deita, por
2avor)8 R?erve/aY ?erve/aX ^3 tr0s anos *ue não 6e6ia uma gota se*uerX Amanhã, na
cela, vou ga6ar1meJ 6e6i cerve/aXS & rapa> deita e eu 6e6o com todo o pra>er) J3
est3 escuro) "o vagão não h3 lu> eléctrica, é a desorgani>a+ão do p:s1guerra) "uma
velha lanterna, 2ixada no 6iom6o, arde um coto de vela *ue alumia os *uatro
assentos ao mesmo tempoJ os dois da 2rente e dois de tr3s) Eu e o rapa> conversamos
amistosamente, *uase sem nos vermos) .or muito *ue se incline, o meu guarda nada
consegue ouvir devido ao 6arulho das rodas do vagão) (enho um postal na algi6eira
para mandar para casa) Explico ao meu 6om interlocutor *uem sou e pe+o1lhe *ue ele
o deite ao correio) A /ulgar pela mala, tam6ém ele esteve preso) Fas ele
antecipa1seJ 7%a6es, com di2iculdade o6tenho 2érias, h3 dois anos consecutivos *ue
não me as dão, é um servi+o de cães)8 1 7Due servi+oX8 1 7"ão sa6esY Eu sou dos
vigilantes a>uis, chui, nunca viste nenhumY8 (2uX, *ue pesteX ?omo não o adivinhei
logoY .erie6or é o centro do Volgo1 ag, e a mala o6rigou )ele os presos a 2a>01la
de gra+a) ?omo se entreteceu a
nossa vidaJ em dois assentos dois de6runs1a>uis /3 eram poucosX T em6arcou um
terceiro) "ão estar3 algures escondido um *uartoY A$DU'.E AB& #E BU AB 49@ "ão
haver3 em todos os assentosY ^aver3 algum de n:s *ue não siga tam6ém so6 escolta
especialY))) & rapa> *ue vai comigo não deixa de *ueixar1se e de lamentar1se da sua
sorte) Então, enigm3tico, indagoJ 7E a *uem tu guardas, a *uem deram de> anos por
nada, a esse a vida é mais 23cilY8 Ele calou1se imediatamente e assim esteve até de
manhãJ na semiescuridão, ele havia podido ver senão vagamente *ue o meu 2ato era
meio militar 1 capote e casaco) Ele pensou simplesmente *ue eu era apenas um
soldado, mas agora, s: #eus sa6e, não serei um agente da %eguran+a do Estado, ,
ca+a de 2ugitivosY Due 2a+o eu neste vagãoY E ele, diante de mim, criticou os
campos) & coto de vela derrete1se na lanterna, mas ainda arde) "o terceiro 6eliche
da 6agagem um /ovem com vo> agrad3vel 2ala so6re a guerra, a verdadeira, a*uela *ue
não se conta em livrosW era separador, conta casos sucedidos, 2iel , verdade) Due
agrad3vel ouvir, apesar de tudo, a verdade) (am6ém eu muito poderia contar))) Até
gostaria de contarX))) Fas não, não *uero) &s meus *uatro anos de guerra é como se
tivessem sido rou6ados) "ão *uero acreditar *ue tenha sido poss-vel, não *uero
recordar) #ois anos ADU', dois anos no Ar*uipélago, apagaram para mim os caminhos
do 2uturo, a camaradagem do 2uturo, eclipsaram tudo) Uma cunha desalo/a a outra)
Eis como, depois de passar apenas algumas horas entre ^&FE"% 'V$E%, sinto *ue os
meus l36ios estão mudosJ nada tenho a 2a>er entre eles, sinto1me ligado a isto)
Duero uma palavra livreX Duero voltar , minha p3tria, a casa, ao meu
Ar*uipélagoX .ela manhã E%DUEV& o postal na prateleira superior do vagãoJ a
condutora vir3 limpar o p: e lev31lo13 , caixa do correio, se 2or gente))) %a-mos
na esta+ão %evernaia) Fais uma ve> tenho guardas novatos, *ue não conhecem Foscovo)
Vamos no eléctrico 7I8, decido eu por eles) "o meio da pra+a, /unto , paragem do
eléctrico, h3 grande aglomera+ão, é hora de ir para o tra6alho) & vigilante so6e e
mostra ao condutor o cartão do Finistério do 'nterior) "a plata2orma dianteira,
como os vereadores do %oviete de Foscovo, vamos com ar importante todo o caminho e
não tiramos 6ilhetes) "ão deixam su6ir por ali os velhos, nem os inv3lidos, *ue
entram pelas traseirasX ?hegados a "evoslo6odsAaia, descemos 1 e pela primeira ve>
ve/o do exterior a cadeia de IutirAi, em6ora se/a a *uarta ve> *ue me levam ali e
possa, sem di2iculdade, indicar o seu plano interior) Due muro tão alto e tao negro
ao longo de dois *uarteir9esX & cora+ão dos moscovitas gela , vista das 2auces de
a+o desses port9es corredi+os) Fas deixo sem pena os pavimentos moscovitas e, como
se 2osse para casa, vou por entre as torres a6o6adadas, sorrio no primeiro p3tio,
reparo nas conhecidas portas principais de madeira talhada e não me importaria nada
*ue me mandassem agora 2icar virado para a parede e me perguntassemJ 7ApelidoY
"omeY Ano de nascimentoY)))8 494 A$DU'.E AB& #E BU AB & meu apelidoX))) %ou o
.eregrino 'nterplanet3rioX & meu corpo est3 dentro de uma camisa, mas a minha alma
não est3 su6metida a eles) Eu seiJ dentro de algumas horas su6meterão o meu corpo a
v3rias opera+9es inevit3veis 1 a 6ox, a revista, a entrega de reci6os, o
preenchimento do *uestion3rio de entrada, a desin2ec+ão, o 6anho 1 serei metido na
cela com duas c<pulas, com um arco suspenso ao meio Rtodas as celas são iguaisS,
com duas enormes /anelas, uma longa mesa1arm3rio, e
encontrarei pessoas desconhecidas, mas necessariamente inteligentes, interessantes
e amigas, *ue contarão coisas e com *uem 2alarei toda a noite sem ter vontade de
dormir) E nas tigelas estar3 marcado Rpara *ue não as levem nas trans2er0nciasSJ
7Iutiur8 Rsigla da prisão de IutirAiS) & sanat:rio de Iutiur, como di>-amos a*ui, a
rir outra ve>) E um sanat:rio pouco conhecido dos dignit3rios gordos *ue dese/am
emagrecer) Eles arrastam as suas 6arrigas até =islovodsA, vão andando pelas
sendas1itiner3rios, sentando1se, transpirando durante todo o m0s para perder dois,
tr0s *uilos) "o sanat:rio de Iutiur, *ue est3 ao lado, *ual*uer deles emagreceria
meia arro6a numa semana, sem *uais*uer exerc-cios) 'sto est3 provado) "ão h3
excep+9es) %e h3 uma verdade de *ue nos convencemos na prisão, é a de *ue o mundo é
pe*ueno, verdadeiramente pe*ueno) E certo *ue o Ar*uipélago de BU AB se estende por
todo o espa+o da União %oviética, mas o n<mero dos seus ha6itantes é muito menor)
Duantos ha6itantes, exactamente, tem o Ar*uipélago, não nos é poss-vel chegar a
sa601lo) E poss-vel *ue nos campos, simultaneamente, nunca tenham chegado a estar
mais de do>e milh9es4 Runs para de6aixo da terra, a F3*uina tra>ia outrosS) E não
mais de metade eram pol-ticos) %eis milh9es é um pe*ueno pa-s, como a %uécia ou a
Brécia, onde muitos se conhecem pessoalmente) "ada de extraordin3rio, pois, *ue ao
cair1se em *ual*uer cela de *ual*uer prisão de trLnsito, ao escutar, ao 2alar,
encontremos necessariamente, em alguns companheiros conhecidos, amigos comuns) RDue
h3 de especial se #), *ue esteve isolado numa cela, durante um ano, na prisão de
%uAhanovAa, depois dos espancamentos aplicados no hospital de $iumin, entra numa
cela de u6ianAa, di> o seu nome e vai imediatamente ao seu encontroJ 7AhX eu
conhe+o1oX8 17#ondeY8, pergunta timidamente #) 7Engana1se8) 1 7#e modo algum, voc0
é a*uele americano, Alexandre #), so6re *uem a imprensa 6urguesa mentia, di>endo
ter sido raptado, o *ue a (ass desmentiu) Eu estava em li6erdade e li)8S 4 %egundo
indica+9es dos sociais1democratas "iAolaievsAi e #alin, chegaram a estar nos campos
entre *uin>e e vinte milh9es de presos) A$DU'.E AB& #E BU AB 495 Bosto do momento
em *ue entra na cela um preso novo Rnão um novato 1 esse entra a6atido, con2uso,
mas sim um >eA *ue /3 est3 presoS) Eu mesmo gosto de entrar numa nova cela Rali3s,
#eus *uisesse *ue não entrasse maisS 1 um)sorriso despreocupado, um gesto amploJ
7%a<de, irmãosX8, saco para cima da tarim6a) 7Due novidades h3 desde o <ltimo ano
em IutirAiY8 'nici3mos as apresenta+9es) Eis a*ui %uvorov, um rapa> condenado pelo
artigo 5Q) ] primeira vista nada de especial, mas repare1se, repare1seJ na prisão
de trLnsito de =rasnoiarsA esteve na cela /untamente com FaAhotAin))) 1 #esculpe,
não é o aviador polarY 1 %im, sim, o seu nome))) 1 ))) 2oi dado a uma ilha do gol2o
de (aimir) Fas ele pr:prio est3 preso nos termos do artigo 5Q11C) Fas diga1me,
deixam1no ir a #udinAaY 1 ?omo sa6e issoY %im) Fagn-2ico) E mais um elo da
6iogra2ia de FaAhotAin, *ue me era completamente desconhecido) "unca o encontrei e
talve> nunca o encontre, mas a minha mem:ria activa 2oi registando tudo o *ue so6re
ele conhe+oJ FaAhotAin 2oi condenado a um decénio, mas não pode ser mudado o nome ,
ilha por estar anotada nos mapas do mundo inteiro Resta não é uma ilha de BU ABS)
Goi levado para uma charachAa aeron3utica em Iolchino, onde um aviador estiola
entre engenheiros, pois não o deixam voar) #ividiram a charachAa em duas metadesW
FaAhotAin 2icou na metade de (agan1
rog, e parece *ue todas as rela+9es entre ele e %uvorov estavam cortadas) "a outra
metade, a de $i6insA, disseram1me *ue o rapa> se tinha proposto voar até ao extremo
norte) Agora sei *ue o autori>aram) 'sto não ter3 muito interesse, mas eu recordo
tudo) #e> dias depois encontro1me com um tal $) numa das ca6inas de 6anhos da
prisão de IutirAi Ressas lind-ssimas ca6inas existem em IutirAi, com torneiras e
6alde, para não ocupar a casa de 6anho grandeS) (ão1pouco conhe+o este $), mas
acontece *ue ele esteve meio ano no hospital de IutirAi e agora vai para a
charachAa de $i6insA) #entro de tr0s dias estar3 l3, num aut0ntico caixote 2echado
onde os >eAs não t0m *ual*uer liga+ão com o mundo exterior, e sa6er1se13 *ue
FaAhotAin se encontra em #udinAa, para onde me levaram a mim) Este é o tele2one do
presoJ aten+ão, mem:ria e encontros) E *uem é este homem simp3tico de :culosY
.asseia pela cela e, com vo> agrad3vel de 6ar-tono, trauteia %chu6ertJ A mocidade
de novo me oprime, E longo é o caminho para a sepultura))) 49; A$DU'.E AB& #E BU AB
1 (sarapAin, %erguei $omanovitch) 1 #esculpe, mas eu conhe+o1o 6em) Ii:logoY #os
*ue não se repatriaramY #e IerlimY 1 ?omo sa6eY 1 Fas como o mundo é pe*uenoX Em
*uarenta e seis, estive com "i1Aolai Vladimirovitch (imo2eiev1$essovsAi))) ))) Ah,
*ue cela 2oi a*uelaX A mais 6rilhante, talve>, de toda a minha vida prisionalX)))
Est3vamos em Julho) evaram1me do campo para IutirAi por enigm3tica 7disposi+ão do
ministro do 'nterior8) ?heguei depois do almo+o, mas era tal o a6arrotamento na
prisão *ue os trLmites para a recep+ão duraram on>e horas, e s: ,s tr0s da
madrugada, cansado de estar nas ca6inas, me deixaram entrar na cela setenta e
cinco) 'luminada por duas lLmpadas eléctricas intensas so6 duas c<pulas, toda a
cela dormia, uns /unto aos outros, de6aixo de calor su2ocanteJ o ar *uente de Julho
não se 2iltrava pelas /anelas, tapadas com morda+as) Uuniam as moscas sem sono e
pousavam nos *ue dormiam, 2a>endo1os contrair) Alguns haviam co6erto os olhos com
len+os de assoar, para se protegerem da viol0ncia da lu>) & 6alde da latrina
exalava um cheiro intenso, pois a decomposi+ão acelerava1se com a*uele calor) "a
cela, calculada para vinte e cinco pessoas, tinham metido não menos de oitenta)
Estavam estendidos uns /unto aos outros, ao longo das tarim6as da es*uerda e da
direita, em t36uas suplementares colocadas através das coxias, e por todos os lados
se viam pés, tendo a tradicional mesa1arm3rio de IutirAi sido empurrada para /unto
do 6alde da latrina) A*ui mesmo encontrei um pedacinho de chão livre e deitei1me)
&s *ue se levantavam de noite para ir ao 6alde passavam por cima de mim) A ordem de
7em péX8, gritada através do postigo da porta, todos se mexeramJ come+aram a
recolher as t36uas transversais, a empurrar a mesa para a /anela) Aproximaram1se de
mim para me interrogarem se eu era dos novatos ou se era antigo no campo) %ucede
*ue nas celas se encontravam duas torrentesJ a ha6itual, dos recém1 condenados *ue
eram enviados para os campos, e a torrente inversa, vinda dos campos, composta
apenas por especialistasJ 2-sicos, *u-micos, matem3ticos, engenheiros,
construtores, torrente esta *ue era enviada para lugar desconhecido, talve> para
certos institutos de pes*uisas cient-2icas) RA*ui tran*uili>ei1me, o ministro não
ia aumentar1me a pena)S Aproximou1se de mim um homem idoso, espada<do Rmas muito
magroS, com o nari> um pouco adunco, estilo a6utreJ
1 .ro2essor (imo2eiev1$essovsAi, presidente da associa+ão técnico11cient-2ica da
cela setenta e cinco) A nossa associa+ão re<ne1se todos os dias, depois da
distri6ui+ão matinal da ra+ão, perto da /anela, do lado es*uerdo) .oderia 2a>er1nos
alguma comunica+ão cient-2icaY E *ualY ?olhido de surpresa, eu estava de pé diante
dele com o meu capote comprido e co+ado e o gorro de 'nverno Ros *ue eram presos no
'nverno A$DU'.E AB& #E BU AB 495 estavam condenados a andar tam6ém no Verão com
roupa de 'nvernoS) &s meus dedos ainda não se tinham endireitado desde manhã e
estavam todos es2olados) Due comunica+ão cient-2ica podia eu 2a>erY Então recordei
*ue, não h3 muito, no campo, tivera nas minhas mãos, durante duas noites, um livro
*ue me haviam tra>ido da rua 1 o relat:rio o2icial do ministro da Buerra dos
Estados Unidos so6re a primeira 6om6a at:mica) & livro 2ora lan+ado na*uela
.rimavera) "inguém o teria visto ainda na celaY Era uma pergunta in<til, por certo
não) Assim, a sorte sorria1me, o6rigando1me a meter1 me na 2-sica at:mica, para a
*ual me inscrevera em BU AB) #epois da distri6ui+ão da ra+ão, reuniu1se /unto da
/anela es*uerda a associa+ão de pes*uisas cient-2icas, uns de> homens, a *uem 2i> a
minha comunica+ão, tendo sido admitido nela) Umas coisas es*uecera1as, outras não
as conseguira compreender) "iAolai Vladimirovitch, como eu /3 estava h3 um ano na
prisão e nada podia sa6er so6re a 6om6a at:mica, completava de ve> em *uando as
lacunas da minha exposi+ão) Uma caixa de 2:s2oros va>ia era a sua ard:sia, nos
dedos tinha ilegalmente um 6ocadinho de ponta de lapiseira) Em tudo isto pegava
"iAolai Vladimirovitch, *ue, com seguran+a, desenhava e me interrompia com as suas
ideias, como se 2osse um 2-sico do 2amoso grupo de os Alamos) Ele tra6alhava,
e2ectivamente, num dos primeiros ciclotr9es europeus, mas para a irradia+ão das
moscas dros:2ilas) Era 6i:logo, um dos maiores geneticistas contemporLneos) Ele /3
estava preso *uando Je6raA, sem o sa6er Rou talve>, sa6endo1oS, teve a aud3cia de
escrever para uma revista canadianaJ 7A 6iologia russa não se responsa6ili>a por
icenAo, a 6iologia russa é (imo2eiev1$essovsAi Rdurante a desorgani>a+ão da
6iologia, em 194Q, recordaram isto a Je6raAS) %chriodinguer, no 2olheto & Due E a
Vida, teve ocasião de citar duas ve>es (imo2eiev$essovsAi, *ue estava preso h3
muito tempo) Eis *ue ele estava agora diante de n:s, 6rilhando pelos seus
conhecimentos so6re todas as ci0ncias poss-veis) Ele possu-a a*uela envergadura *ue
os cientistas das gera+9es posteriores não são capa>es de ter Rou mudaram as
possi6ilidades de ad*uirirYS) Estava com tão poucas 2or+as, em conse*u0ncia da
2ome, *ue estes exerc-cios se lhe tornavam penosos) .ela linha materna ele
descendia de no6res arruinados de =aluga, das margens do rio $essa, e pela linha
paterna era descendente colateral de %tepan $a>in, assim evidenciando todo o vigor
pr:prio de cossaco, ampla ossatura, 2or+a na de2esa 2irme contra o interrogat:rio e
tam6ém contra a 2ome *ue o atormentava) A sua hist:ria era a seguinteJ em 1944, o
cientista alemão Vogt, *ue criou em Foscovo o 'nstituto do ?ére6ro, solicitou o
envio, para tra6alho permanente, de dois estudantes dos mais competentes *ue haviam
conclu-do os estudos) Goi assim *ue (imo2eiev1 $essovsAi e o seu amigo (sarapAin
2oram enviados em missão especial, por tempo ilimitado) %endo certo *ue eles não
tinham orienta+ão ideol:gica, 2a>iam grandes progressos 49Q A$DU'.E AB& #E BU AB
no campo da ci0ncia, e *uando, em 19@5 RXS, lhes ordenaram o regresso , p3tria,
isto tornou1se para eles, por inércia, imposs-velJ eles não podiam a6andonar os
seus tra6alhos, nem a aparelhagem, nem os alunos) { talve> ainda não pudessem,
por*ue agora, na p3tria, era preciso pu6licamente co6rir de lodo todo o seu
tra6alho de *uin>e anos na Alemanha, e s: isso lhes con2eriria o direito de existir
Re acaso lhes dariaYS) Assim tornaram1se re2ract3rios, continuando, não o6stante,
patriotas) Em 1945, as tropas soviéticas entraram em Iuch Rsu6<r6io nordeste de
IerlimSW (imo2eiev1$essovsAi rece6eu1os /u6ilosamente, com todo o 'nstitutoJ tudo
havia sido resolvido pelo melhor, agora não era preciso separar1se do 'nstitutoX ?
hegaram os representantes, andaram por ali e disseramJ 7Fetam tudo em caixotes,
levamo1los para Foscovo)8 1 7'sso não é poss-velX8, replicou (imo2eiev1$essovsAi,
dando um passo a tr3s) 7(udo se perder3X &s aparelhos levaram anos a montarX8 1
7^um, hum8, admiraram1se os che2es) .ouco depois (imo2eiev1$essovsAi e (sarapAin
eram presos e condu>idos a Foscovo) 'ngénuos, eles pensaram *ue sem eles não
2uncionaria o 'nstituto) Due não 2uncione, mas *ue triun2e a linha geralX "a Brande
u6ianAa demonstraram 2acilmente aos dois presos *ue eles eram traidores , p3tria
RehXS e aplicaram de> anos de cadeia a cada um, e agora o presidente da associa+ão
técnico1 cient-2ica da cela setenta e cinco sentia1se satis2eito por nunca ter
cometido erros) "as celas de IutirAi, os arcos *ue apoiam os 6eliches são muito
6aixosJ a administra+ão prisional nem se*uer pensou *ue so6re eles dormiriam os
presos) .or isso come+as por lan+ar o capote ao vi>inho, para *ue o estenda, e
depois, no lugar da passagem, deitas1te no chão e arrastas1te até l3) .or ali se
anda, o chão de6aixo dos 6eliches é varrido talve> uma ve> por m0s, lavam1se as
mãos somente , noite depois de ir , latrina e, mesmo assim, sem sa6ão 1 não se pode
di>er *ue sintamos o corpo como um vaso de #eus) Fas eu era 2eli>X "esse chão
as2altado, de6aixo dos 6eliches, raste/ando como os cachorros, com o p: e as
migalhas a cair nos olhos, eu era a6solutamente 2eli>, sem *uais*uer restri+9es)
#i>ia Epicuro, com /uste>aJ 7A aus0ncia de diversidade pode sentir1se com pra>er
*uando se sucede a amarguras diversas)8 Ap:s a estada no campo, *ue /3 parecia
intermin3vel ao 2im de um dia de tra6alho de de> horas, depois do 2rio e da chuva,
com dores nas costas 1 ohX, *ue 2elicidade estar deitado dias inteiros e poder
dormir, mesmo rece6endo apenas seiscentos e cin*uenta gramas de pão e comida *uente
duas ve>es por dia, alimentos concentrados e carne de del2im) "uma palavra T o
sanat:rio de IutirAi) #ormirX 1 isso é muito importante) #eita1te de 6arriga para
6aixo, tapa as costas e vamos dormir *ue se 2a> tardeX #urante o sono não despendes
energias nem atormentas o cora+ão T e a pena vai passando, vai passandoX Duando a
vida crepita e 2a-sca, maldi>emos a necessidade de dormir oito horas como in<til)
Fas, *uando nos encontramos desesperados, na desdita, é uma 60n+ão podermos ter
cator>e horas de sonoX A$DU'.E AB& #E BU AB 499 "essa cela mantiveram1me dois
meses, mas dormi o sono do ano anterior e o do ano seguinteW durante esse tempo
gatinhei por de6aixo dos 6eliches até , /anela e, da mesma 2orma, voltei até perto
do 6alde da latrina, su6i aos 6eliches, 2ui destes até , arcada central da cela) Eu
/3 então dormia pouco, sorvia o elixir da vida e deliciava1me) .ela manhã a
associa+ão técnico1cient-2ica, o /ogo de xadre> depois, livros Ritinerantes, tr0s
ou *uatro para oitenta pessoas, 2a>ia1se 6icha para os apanharS, vinte minutos de
passeio, era a coisa mais deliciosaX "ão renunci3vamos ao passeio mesmo *ue
chovesse torrencialmente) Fas o principal eram as pessoas, as pessoas, as pessoasX
"iAolai Andreievitch %emionov, um dos criadores do #niepro1guess Rcentral
hidroeléctrica do rio #nieperSW o seu amigo de cativeiro, G) G) =arpov, engenheiroW
o morda> e engenhoso
Victor =ogan, 2-sicoW o laureado do ?onservat:rio, compositor Volodia =elmpnerW um
lenhador e ca+ador dos 6os*ues de ViatAa, pro2undo como um lago da 2lorestaW o
pregador ortodoxo Evgueni 'vanovitch #ivnitch, vindo da Europa) REle não se
con2inava , teologia, invectivava o marxismo, declarando *ue h3 muito na Europa
ninguém levava a sério essa doutrina 1 e eu intercedia na de2esa do marxismo, pois
não é verdade *ue sou marxistaY ^3 um ano eu seguramente o 6ateria com cita+9es e
pe/orativamente me teria rido deleX Fas este primeiro ano de deten+ão
estrati2icou1se em mim 1 *uando ocorreu istoY "ão o notei T tantos acontecimentos,
aspectos e signi2icados novos *ue /3 não posso di>erJ 7Eles não existemX 'sso é uma
mentira da 6urguesiaX8 Agora devo reconhecerJ 7%im, eles existem)8 E, num 3pice,
de6ilita1se a cadeia dos meus argumentos e 6rincam autenticamente comigo,
arrasando1me)S #e novo des2ilam prisioneiros, prisioneiros, prisioneiros 1 a
torrente da Europa não p3ra h3 um ano) E novamente os emigrados russos da Europa e
da Fanch<ria) Iuscamos novos conhecimentos /unto dos emigrados, perguntando1lhesJ
7#e *ue pa-s é voc0Y ?onhece um assim assim, não conheceY "aturalmente conhece)8
R#essa 2orma vim a sa6er do 2u>ilamento do coronel Kassevitch)S E o velho alemão,
a*uele alemão corpulento, agora magro e doente, ao *ual, na .r<ssia &riental Rh3
du>entos anosYS, o6riguei a levar a minha mala) &hX, como o mundo é pe*uenoX)))
Estava escrito *ue nos voltar-amos a encontrarX & velho sorriu1se para mim) Ele
tam6ém me reconheceu e até parece estar contente com o encontro) .erdoou1me) ?
ondenaram1no a de> anos, mas resta1lhe muito menos de vida))) E ainda outro alemão,
muito alto, /ovem, mas *ue, talve> por não conhecer o russo, nem uma s: palavra, é
t-mido) "ão reconheces nele, de imediato, um alemãoJ os gatunos tudo lhe
arrancaram, em troca deram1lhe um casaco militar soviético des6otado) Ele é um 3s
2amoso da avia+ão alemã) A sua primeira campanha 2oi a da guerra do .araguai com a
Iol-via, a segunda a da Espanha, a terceira a polaca, a *uarta a da 'nglaterra, a
*uinta a de ?hipre, a sexta a da União %oviética) En*uanto era um 3s, não podia
deixar de a6rir 2ogo contra mulheres 5CC A$DU'.E AB& #E BU AB e crian+asX E
criminoso de guerra, de> anos e cinco de morda+a))) E, naturalmente, h3 na cela um
6em1intencionado R, maneira do procurador =retovSJ 7.renderam1nos com /usti+a a
todos, canalhas, contra1revolucion3riosX A hist:ria triturar3 os vossos ossos,
servireis de adu6oX817E tu, cachorro, tam6ém servir3s para adu6oX8, gritam1lhe)
7"ão, o meu processo ser3 revisto, 2ui condenado sem culpaX8 A cela ruge, 2erve) Um
pro2essor de russo, grisalho, levanta1se do 6eliche, descal+o e, como uma nova
apari+ão de ?risto, estende os 6ra+osJ 7Gilhos meus, re1conciliemo1nosX))) Gilhos
meusX8 E gritam1lhe a eleJ 7"o 6os*ue de IriansA estão os teus 2ilhosX J3 não somos
2ilhos de ninguémX %omos apenas 2ilhos de BU AB)))8 #epois da ceia e da ida ,
latrina, chegou a noite ,s morda+as das /anelas, acenderam1se as esta2antes
lLmpadas do tecto) & dia divide os presos, a noite aproxima1os) .ela noite não
havia discuss9es, organi>avam1se palestras ou concertos) E a*ui 6rilhava, de novo,
(imo2eiev1$essovsAiJ ele dedicou noites inteiras , 't3lia, #inamarca, "oruega,
%uécia) &s emigrantes 2a>iam relatos so6re os Ialcãs e a Gran+a) Alguém pronunciou
uma palestra so6re ?or6usier, outro so6re os h36itos das a6elhas, ainda outro so6re
Bogol) Então 2umavam sem cessarX & 2umo enchia a cela, 6ailava como ne6lina e não
sa-a pela /anela devido , morda+a) =ostia =iula, da minha idade, de rosto redondo,
olhos a>uis, mal con2ormado, mesmo c:mico, encostava1se , mesa e lia os seus versos
escritos na prisão) A sua vo> estava em6argada pela emo+ão) As poesias eram 7&
.rimeiro .acote8 RencomendaS, 7A Esposa8, 7Ao Gilho8) Duando na cela ouves declamar
versos escritos
na pr:pria cadeia, não pensas se o autor se desviou do sistema t:nico11sil36ico e
se as linhas terminam com assonLncias ou se rimam) Estes versos são sangue do (EU
cora+ão, são l3grimas da (UA esposa) "a cela, choravam)@ A partir dessa cela,
senti1me tam6ém atra-do a escrever versos so6re a prisão) E ali declamei versos de
Ecenin, *uase proi6ido até , guerra) & /ovem Iu6nov, um dos prisioneiros, ao *ue
parece estudante *ue não terminou o curso, olhava religiosamente para os
declamadores e o seu rosto resplandecia) Ele não era especialista, ele não vinha do
campo 1 ia para o campo) E o mais prov3vel, dada a sua pure>a e rectidão de
car3cter, para ali morrer 1 pessoas assim, ali, não vivem) E esses ser9es na cela
setenta e cinco 2oram, para ele e para outros, um travão na *ueda para a morte, a
imagem inesperada da*uele mundo 6elo *ue existe e existir3, mas no *ue o seu
destino in2eli> não lhes permitiu viver um ano se*uer, nem um ano /ovem) #epois de
comermos, o vigilante leva1nosJ 7$ecolherX8 (endo estudado @ "ão responde, =ostia
=iula) (emo *ue /3 não se encontre entre os vivos) A$DU'.E AB& #E BU AB 5C1 antes
da guerra, simultaneamente em duas 2aculdades, vivendo do dinheiro ganho como
explicador e tentando escrever, parece *ue nem então vivi dias tão intensos, tão
explosivos e tão ocupados como na cela setenta e cinco na*uele Verão))) 1 #esculpe
1 disse eu a (sarapAin 1, mas *uanto a um certo #eul, um garoto de de>asseis anos,
condenado a cinco anos de prisão por 7agita+ão anti1soviética8))) 1 ?omo, tam6ém
conhece issoY))) Ele 2oi comigo numa etapa, para =araganda))) 1 ))) Eu sou6e *ue
voc0 2oi colocado como a/udante de la6orat:rio de an3lises médicas, mas *ue "iAolai
Vladimirovitch esteve todo o tempo nos tra6alhos gerais))) 1 Ele 2icou muito
de6ilitado) evaram1no, meio morto, num stolipine, para a prisão de IutirAi) Agora
encontra1se no hospital, e na Duarta %ec+ão Especial4 dão1lhe manteiga e tam6ém
vinho, mas é di2-cil di>er se conseguir3 p_r1se de pé) 1 A si chamaram1no da Duarta
%ec+ão EspecialY 1 %im) .erguntaram se não consideramos poss-vel, ap:s seis meses
em =araganda, p_r em ordem o nosso 'nstituto na terra p3tria) 1 E voc0 concordou
imediatamenteY 1 ?omo nãoX .ois agora compreendemos os nossos erros) Além do mais,
toda a aparelhagem, arrancada dos lugares e metida em caixotes, chegou sem n:s) 1
Due devo+ão , ci0ncia por parte do Finistério do 'nteriorX .e+o1lhe *ue continue
ainda um pouco com %chu6ertX E (sarapAin cantaroleia com triste>a, olhando para
a /anela Rnos seus :culos re2lectem1 se as morda+as escuras e a parte superior
das /anelasSJ Vom A6endrot >um Forgenlic6t fa Mar mancher =op2 >um Breise Mer
Blau6t esY meiner jard es nicht Au2dieser gan>en $eise) & sonho de (olstoi
tornou1se realidadeJ os presos não são o6rigados a assistirem ao viciado servi+o
religioso) As capelas das pris9es estão 2echadas) E verdade *ue 2oram conservados
os seus edi2-cios, mas ampliados para servirem de pris9es) "a capela de IutirAi
ca6em, desse modo, mais duas mil pessoas, e por ela passam mais de cin*uenta mil
por ano, no caso de cada leva permanecer ali duas semanas) Ao entrar em IutirAi
pela *uarta ou *uinta ve>, *uando me dirigia a 4 A Duarta %ec+ão Especial do
Finistério da %eguran+a do Estado ocupava1se da an3lise de pro6lemas cient-2icos,
utili>ando os presos) 5C4 A$DU'.E AB& #E BU AB
toda a pressa e com seguran+a através do p3tio, rodeado de1pavilh9es prisionais,
para a cela *ue me era destinada, adiantando1me mesmo ao vigilante Rcomo o cavalo
*ue, sem chicote e sem rédeas, vai trotando de regresso a casa, onde o espera a
aveiaS, es*uecia1 me por ve>es de deitar uma olhadela para a igre/a *uadrada
convertida em octaedro) Ela eleva1se singularmente no meio do p3tio *uadrado) As
suas morda+as não são nada 2uncionais, não sendo compostas de armadura com cristal,
como na prisão principal, mas de t36uas cin>entas apodrecidas, *ue indicavam o
aspecto secund3rio do edi2-cio) E uma espécie de cadeia interior do centro de
trLnsito de IutirAi, para os recém1 condenados) "outros tempos, em 1945, eu vivi
essa experi0ncia como um passo de grande importLncia) #epois da senten+a pro2erida
pela %ec+ão Especial de #eli6era+9es, condu>iram1nos , igre/aX REra o momento
precisoX "ão teria sido mau re>arXS evaram1 nos a seguir ao segundo andar Ronde
tinham constru-do tam6ém um terceiro pisoS, e do vest-6ulo octogonal meteram11nos
em diversas celas) A mim colocaram1me na parte sudeste) Era uma ampla cela
*uadrada, onde estavam, na*uela altura, du>entas pessoas) #ormiam, como em todas as
outras celas, por cima dos 6eliches R*ue a*ui eram de um pisoS, por de6aixo deles,
ou simplesmente nas coxias so6re as la/es) "ão s: as morda+as eram de segunda
categoria, como tudo parecia 2eito não para os 2ilhos mas sim para os enteados de
IutirAiJ nesse 2ormigueiro não emprestavam livros, nem xadre> nem /ogos de damas, e
as tigelas de alum-nio, 6em como as colheres de madeira gretadas pelas pancadas,
eram tam6ém recolhidas no intervalo entre as re2ei+9es, pois temiam *ue as
rou6assem no meio da 6al6<rdia *ue precedia a 2orma+ão das levas) (inham receio de
dar canecas aos enteados, pelo *ue se lavavam as tigelas depois da sopa e se sorvia
nelas a 6e6eragem *ue dava pelo nome de ch3) A aus0ncia de lou+a na cela era um
golpe para os *ue tinham a sorte ou a desgra+a de rece6er pacotes da 2am-lia Re nos
<ltimos dias, antes da grande leva, os 2amiliares, com os seus escassos meios,
procuravam sempre enviar1lhes alguma coisa)S &ra, eles não tinham conhecimento do
*ue eram as pris9es e na recep+ão nunca podiam rece6er um 6om conselho) .or isso,
não enviavam recipientes de pl3stico, os <nicos *ue eram permitidos aos presos, mas
sim de vidro ou de metal) "a man/edoira da cela, todos os doces, o mel, o leite
condensado eram despe/ados e raspados impiedosamente do recipiente em *ue os presos
os guardavam, mas na cela da igre/a os presos não tinham outra coisa *ue não 2osse
as palmas das mãos, a 6oca, o len+o de assoar, ou as a6as do vestu3rio) .ara o BU
AB isso era completamente normal) Fas para o centro de FoscovoY E no meio de tudo
isso 7r3pido, r3pidoX8 1 o vigilante acicatava, como se estivesse atrasado para o
com6oio Rincitando os presos , pressa, por*ue ele mesmo pensava ainda lam6er os
recipientes recolhidosS) "as celas da igre/a tudo era provis:rio, não dando se*uer
a ilusão de esta6ilidade *ue havia nas celas dos *ue estavam su/eitos a
interrogat:rios, e esperavam o /ulgamento) ?omo carne picada A$DU'.E AB& #E BU AB
5C@ , semi2a6ricados para BU AB, mantinham a*ui os prisioneiros os dias necess3rios
para *ue na cadeia de =rasnaia .ressnia li6ertassem ainda um pouco de espa+o para
eles) & <nico privilégio *ue os presos tinham era o de irem eles mesmos 6uscar sopa
tr0s ve>es por dia, não havia papas de cereal,)mas sopa tr0s ve>es por dia, o *ue
era 6om, pois era mais 2re*uente e pesava mais no est_mago) ?oncederam este
privilégio por*ue na igre/a não havia elevadores, como no resto da prisão, e os
guardas não *ueriam cansar1se) Era preciso acarretar de longe pesados caldeiros,
através do p3tio, e depois por uma -ngreme
escada, o *ue era muito di2-cil) ^avia poucas 2or+as e era com gosto *ue os presos
sa-am uma ve> mais por dia para o p3tio verde/ante, a ouvir o gor/eio dos p3ssaros)
As celas da igre/a tinham o seu ar pr:prioJ este agitava1se /3 um pouco com as
correntes de ar dos 2uturos centros de trLnsito, com os ventos dos campos polares)
"as celas da igre/a existia o ritual de acostumar1se , ideia de *ue a senten+a
havia sido ditada, e não a 6rincar, e *ue por cruel *ue 2osse este novo per-odo da
vida era preciso compreend01lo e aceit31lo) & *ue se conseguia di2icilmente) E a*ui
não havia a*uela estrutura est3vel *ue existe nas celas de investiga+ão e *ue lhes
d3 uma espécie de ar 2amiliar) A*ui, de dia e de noite, continuamente, tra>iam e
levavam pessoas isoladas ,s de>enas, o *ue 2a>ia com *ue a todo o tempo se mudasse
de lugar, no chão e nos 6eliches, raramente se podendo estar mais de dois dias
deitado /unto ao mesmo vi>inho) Ao encontrar uma pessoa interessante era necess3rio
2a>er1lhe perguntas sem tardar, pois de outra maneira perdia1se a ocasião para toda
a vida) Goi assim *ue deixei passar o serralheiro de autom:veis Fedvediev) (endo
come+ado a 2alar com ele, lem6rei1me de *ue o seu apelido tinha sido pronunciado
pelo 7imperador8 FiAhail) %im, ele era seu companheiro de processo, um dos
primeiros a ler o seu 7Fani2esto ao .ovo $usso8 e não o denunciara) #eram a
Fedvediev, vergonhosamente, imperdoavel1mente, uma pena leve Rapenas tr0s anosXS,
aplicando1lhe o artigo 5Q, segundo o *ual cinco anos se podiam considerar uma
senten+a in2antil) .elos vistos, consideraram o imperador louco e perdoaram aos
restantes, tendo em conta considera+9es de classe) Duando eu me disponha a sa6er
como é *ue Fedvediev explicava tudo isso, levaram1no 7com as coisas8) .or certas
circunstLncias, podia imaginar1se *ue o levaram para o li6ertarem) Assim se
con2irmariam os primeiros 6oatos so6re a amnistia staliniana, *ue tinham chegado
na*uele Verão até n:s, isto é, so6re a amnistia para ninguém, so6re a amnistia
depois da *ual, inclusive, nem se*uer de6aixo dos 6eliches so6rava agora irrais
espa+o) Atiraram com o meu vi>inho para as levasJ era um velho do schuts6und Ra
todos os sc6uts6und, *ue as2ixiavam na conservadora Zustria, mimosearam1nos a*ui,
na p3tria do proletariado mundial, em 19@5, com de> anos nas ilhas do Ar*uipélago,
onde encontraram o seu 2imS) E aproximou1se de mim um homen>inho moreno, de ca6elos
pretos 5C4 A$DU'.E AB& #E BU AB com graxa e olhos de mulher, negros como cere/as,
mas com um enorme nari> *ue lhe des2eava todo o rosto, até , caricatura) Estivemos
dois dias deitados um ao lado do outro, calados, e no segundo ele encontrou um
motivo para me perguntarJ 7Duem imagina *ue souY8 Galava num russo 2luente e
correcto, mas com sota*ue) Eu vacileiJ parecia haver nele algo de caucasiano e de
arménio) Ele sorriu1seJ 7Eu 2a>ia1me passar 2acilmente por georgiano) A mim
chamavam1me Jacha) (odos se riam de mim) Era eu *ue rece6ia as *uotas dos
sindicatos)8 &lhei para ele) Era e2ectivamente uma 2igura c:micaJ atarracado, de
rosto desproporcionado, com um sorriso sem maldade) Fas, de repente, 2icou tenso,
os seus tra+os agu+aram1se, os seus olhos reconcentraram1se e era como se me
anavalhasse com os movimentos de um sa6re negroJ 1 Fas eu sou um espião do
*uartel1general romenoX & tenente Vladi1mirescuX Estremeci) A*uilo soava1me a
dinamite) #epois de ter conhecido duas centenas de pseudoespi_es, estava longe de
supor vir a encontrar um verdadeiro e pensava até *ue nem existissem) %egundo o *ue
contava, procedia de uma 2am-lia aristocr3tica) #esde a idade dos tr0s anos *ue
estava destinado ao *uartel1general, e depois dos seis 2oi entregue a uma sec+ão de
in2orma+ão, para ser educado) Ao atingir a maioridade escolheu a União
%oviética como campo da sua actividade, considerando *ue era a*ui *ue existia a
mais inexor3vel contra11espionagem do mundo, sendo especialmente di2-cil tra6alhar,
dado *ue todos suspeitam uns dos outros) Agora chegava , conclusão de *ue não
tra6alhara mal a*ui) (inha estado uns *uantos anos antes da guerra em "iAolaiev e
parecia ter assegurado aos com6atentes romenos a con*uista dos estaleiros intactos)
#epois esteve na 236rica de tractores de Estalinegra1do e, posteriormente, nã
empresa de constru+ão de ma*uinaria de Uralmach) Um dia entrou no ga6inete do che2e
de uma grande sec+ão, para rece6er o dinheiro da *uoti>a+ão sindical, 2echando a
porta atr3s de si) Então, o che2e disse1lhe Re ao contar isto o sorriso de idiota
desapareceu do seu rosto, assumindo de novo a*uela expressão cortante de sa6reSJ
7.onomariovX R& seu nome era di2erente na Uralmach)S (emos estado a segui1lo desde
Estalinegrado) Voc0 a6andonou l3 o seu posto R*ue era algo importante na 236rica de
tractores, e colocou1se a*ui so6 nome suposto) EscolhaJ ou ser 2u>ilado pelos seus,
ou tra6alhar connosco)8 .onomariov escolheu a segunda hip:tese, o *ue parece muito
pr:prio de um carrasco em progresso) & tenente 2oi *uem os dirigiu en*uanto não 2oi
posto so6 o comando de um residente alemão em Foscovo, *ue o mandou tra6alhar
para .odolsA, %EBU"#& A %UA E%.E?'A '#A#E) ?omo Vladimirescu explicava, os espi9es
sa6otadores rece6em uma prepara+ão diversi2icada, mas cada um tem a sua
especialidade E%($'(A) "o caso de Vladimirescu, ela era o corte interior da amarra
principal do p3ra1*uedas) Em .odolsA, diante do dep:sito dos p3ra1*uedas, o tenente
2oi rece6ido pelo che2e da guarda R*uem era A$DU'.E AB& #E BU AB 5C5 eleY #e *ue
espécie de pessoa se tratavaYS, *ue o mandou passar oito horas durante a noite no
dep:sito) ?olocando uma escadinha /unto , pilha de p31ra1*uedas, sem alterar a
posi+ão destes, Vladimirescu, separando o tra+ado do ca6o principal, cortava com
uma tesoura especial *uatro *uintos da sua grossura, deixando *ue um *uinto se
*ue6rasse no espa+o) Vladimirescu estudara e preparara1se durante muitos anos para
essa noite apenas) Agora, tra6alhando 2e6rilmente, em oito horas tinha estragado,
ao *ue parecia, dois mil p3ra1*uedas Ra uma média de *uin>e segundos por
p3ra1*uedasXS) 7Eu destrui uma divisão soviética de p3ra1*uedistasX8, e os seus
olhos 2ulguravam maldosamente como cere/as) .reso durante oito meses, negou1se a
prestar declara+9es, permanecendo na 6ox incomunic3vel de IutirAi sem pro2erir uma
palavra) 7"ão o torturaramY8 1 7"ão8, respondeu com um gesto perempt:rio, como se
não admitisse tal possi6ilidade para um s<6dito não soviético) RIate nos teus para
*ue os estranhos não tenham medoX))) Fas um espião é uma reserva de ouro, ele
talve> tenha de ser trocado um dia)S Um dia mostraram1lhe um /ornalJ a $oménia
capitulou, preste1nos declara+9es) Ele continuou caladoJ os /ornais podiam ter sido
2alsi2icados) #eram1lhe a ler a ordem do *uartel1 general romenoJ segundo as
condi+9es do armist-cio, o *uartel1general ordenava a todos os seus espi9es *ue se
entregassem) Ele continuou calado Ra ordem podia ser 2alsaS) Ginalmente 2oi
acareado com o seu che2e imediato do *uartel1general, e este ordenou1 lhe *ue
con2essasse tudo e se considerasse desmo6ili>ado) Então, Vladimirescu,
impertur63vel, 2e> declara+9es, e agora, no lento decorrer do dia, na cela,
contou1me alguma coisa tam6ém a mim))) "em se*uer o /ulgaramX "ão lhe aplicaram
senten+a algumaX REle não era de casaX 7.erten+o aos *uadros, até , morte, e serei
preservado)8S 1 Fas voc0 a6re1se diante de mim 1 disse1lhe eu) 1 &lhando para o seu
rosto, posso record31lo) 'magine *ue algum dia nos encontramos na rua))) 1 %e
estiver certo de *ue voc0 não me reconhece, 2icar3 com vida) %e me reconhecer,
mato1o ou o6rigo1o a tra6alhar para n:s)
Ele não *ueria, de modo algum, estragar as suas rela+9es com o vi>inho do 6eliche)
#isse isto em tom simples, plenamente convicto) Gi*uei ciente de *ue não lhe
custaria nada matar alguém a tiro ou , punhalada) Em todos estes longos anos de
reclusão nunca mais encontrei um her:i deste tipo) Em on>e anos de pris9es, campos
e centros de trLnsito, 2oi o <nico encontro dessa espécie, e outros nem casos
desses conheceram) As nossas hist:rias aos *uadradinhos, com grandes tiragens,
6urlam a nossa /uventude, *uando lhe di>em *ue os :rgãos s: ca+am homens assim)
Iastava passar os olhos por esta cela da igre/a para se compreender *ue era essa
mesma /uventude *ue era apanhada em primeiro lugar) A guerra chegara ao 2im e era
poss-vel darem1se ao luxo de prender todos *uantos tinham sido marcadosJ /3 não
seria preciso servirem1se deles como soldados) #i>iam *ue nos anos 44145 pela
.e*uena u6ianAa RregiãoS se haviam passado para o 7.artido #emocr3tico8) %egundo os
rumores *ue corriam, 5C; A$DU'.E AB& #E BU AB este compunha1se de meia centena de
rapa>es, tinha estatutos e cart9es de identidade) & mais velho, estudante do <ltimo
ano do ensino secund3rio de uma escola moscovita, era o 7secret3rio1geral8)
Apareciam tam6ém estudantes nas pris9es de Foscovo, no 2im da guerra) Encontrei l3
alguns) Ao *ue parece, eu não era velho, mas eles eram mais novos))) ?omo tudo isso
aconteceu, inadvertida, 2urtivamenteX En*uanto n:s, eu e o meu companheiro de
processo, a minha gera+ão, com6at-amos *uatro anos na 2rente, cresceu a*ui uma
gera+ão novaX ^3 acaso muito tempo *ue n:s pis3vamos os oleados corredores
universit3rios, considerando1nos os mais /ovens e mais inteligentes do pa-s e do
mundoYX E, de repente, pelas la/es da celas prisionais, aproximam1se de n:s,
p3lidos e altivos, estes mo+os, e n:s aprendemos surpreendentemente *ue os mais
/ovens e os mais inteligentes, /3 não somos n:s, mas elesX "ão me senti o2endido
por isso, tinha mesmo gosto em ceder1lhes o lugar) Eu conhecia a sua paixão de
discutir com todos, de tudo conhecer) Era para mim compreens-vel o seu orgulho de
terem escolhido o lugar devido e de não se arrependerem) "os 2ormigueiros pode
ver1se o movimento de uma auréola prisional em torno dos simp3ticos rostos,
en2atuados e inteligentes) Um m0s antes disto, noutra cela de IutirAi, *ue, era
meio hospital, mal eu aca6ava de entrar, não tinha ainda uma ideia da minha
situa+ão, veio ao meu encontro com ar de *uerer conversa e mesmo discutir,
parecendo até solicit31lo, um /ovem p3lido e macilento, com um rosto 2ino de /udeu,
agasalhado, apesar de estarmos no Verão, com um capote de soldado usado e 2urado
por 6alasJ ele tinha cala2rios) ?hamavam1lhe Ioris Bammerov) ?ome+ou a 2a>er1me
perguntas e a conversa recaiu so6re as nossas 6iogra2ias, por um lado, e so6re pol-
tica, por outro) "ão sei por*u0 ele citou umas das ora+9es do então /3 2alecido
presidente $oosevelt, *ue 2ora pu6licada nos nossos /ornais, e eu comentei1a como
se 2osse para mim mesmo, evidentementeJ 1 Iom, isso naturalmente é uma 2alsa
6eatice) E, de repente, as so6rancelhas aloiradas do /ovem estremeceram, os seus
p3lidos l36ios pareceram p_r1se em guarda, e como se 2osse erguer1se perguntouJ
1 .or*u0Y .or*ue é *ue não admite *ue um estadista possa crer sinceramente em #eusY
Goi apenas isto o *ue pro2eriuX Fas de *ue lado vinha o ata*ueY &uvir estas
palavras da 6oca de alguém *ue tinha nascido em 194@Y))) Eu podia responder1lhe com
2rases muito con2iantes, mas na prisão a minha seguran+a /3 tinha vacilado,
so6retudo por*ue vive em n:s, independentemente das nossas convic+9es, um certo
sentimento puro, e ele
tornou claro para mim *ue eu não 2alara segundo as minhas convic+9es, antes mas
tinham inculcado do exterior) "ão sei o *ue lhe respondi) Apenas lhe pergunteiJ 1
Fas voc0 cr0 em #eusY 1 "aturalmente 1 respondeu, com tran*uilidade) A$DU'.E AB& #E
BU AB 5C5 "aturalmenteY "aturalmente))) %im, sim) A /uventude Aomsomoli>ada come+a
a desintegrar1se por toda a parte) E o ?omissariado do .ovo para a %eguran+a do
Estado 2oi dos primeiros a notar isso) Apesar da sua /uventude, Ioris Bammerov não
s: lutara como sargento antitan*uista e participara no 7adeus , .3triaX8, nos anos
45, como tam6ém so2reu um 2erimento nos pulm9es, *ue até então não havia
cicatri>ado, e devido a isso declarou1se1lhe um processo de tu6erculose) (endo tido
6aixa do exército por invalide> ingressou na Gaculdade de Iiologia da Universidade
de Foscovo e ali se entrela+aram dois 2ios da sua tramaJ um da tropa e outro da
vida estudantil de antes da guerra, não completamente est<pida, nem morta) .assou a
2a>er parte de um c-rculo de pensamento e re2lexão so6re o 2uturo Rem6ora ninguém
os tivesse incum6ido dissoS, mas o olho atento dos :rgãos 2ilou tr0s deles,
deitando1lhes a mão) & pai de Bammerov, ou morreu em conse*u0ncia dos espancamentos
na prisão ou 2oi 2u>ilado em 19@5, e o 2ilho enveredava pelo mesmo caminho) "os
interrogat:rios ele leu com 0n2ase ao /ui> de instru+ão algumas das suas poesias
Rsinto muita pena de não me recordar de nenhuma delas, e de não poder encontr31las,
pois t01las1ia inserido a*uiS) #urante alguns meses o meu caminho cru>ou1se com os
tr0s do mesmo processoJ numa das celas de IutirAi encontrei Viatcheslav #) ^3
sempre desses *uando prendem /ovensJ ele era o 7duro8 do seu c-rculo, mas
des1moronou1se rapidamente nos interrogat:rios) A senten+a *ue lhe aplicaram 2oi
menor do *ue a de todos os outros Rcinco anosS e parece *ue imaginava em segredo
*ue o seu pap3 in2luente acorreria em sua a/uda) #epois, na igre/a de IutirAi, ca-
so6re Buorgui 'ngal, o mais velho dentre eles) Apesar da sua /uventude, era /3
candidato a s:cio da União dos Escritores) .ossuidor de uma 3gil caneta, escrevia
por 2ragmentos, todos em contrastes, e se se su6metesse politicamente ter1se1iam
a6erto diante dele os caminhos realistas e va>ios da literatura) Estava *uase a
concluir um romance so6re #e6ussN) Fas os primeiros 0xitos não o castraram, e nos
2unerais do seu mestre, Kuri (inianov, pronunciou um discurso em *ue disse *ue o
haviam perseguido e dessa maneira garantiu uma senten+a de oito anos de prisão)
(am6ém a- conheci Bammerov) Esperando ser trans2erido para a cadeia de =rasnaia
.ressnia, tive ocasião de me entrechocar com as suas opini9es comuns) Este cho*ue
2oi duro para mim) "a*uele tempo eu atinha1me muito ,*uela compreensão do mundo *ue
não é capa> de reconhecer um novo 2acto, nem de avaliar uma nova opinião, antes de
lhe ter encontrado uma eti*ueta da reserva /3 preparadaJ isto é, *ue se tratava de
uma duplicidade pe*ueno16urguesa, ou de um niilismo 6elicoso de intelectualidade
decadente) "ão me lem6ro de *ue Bammerov ou 'ngal tenham atacado Farx diante de
mim, mas recordo1me de *ue atacaram eon (olstoi) E de *ue ponto de vistaX (olstoi
repudiava o ensino 6-6licoY Fas, para as ci0ncias mais modernas, não h3
contradi+9es na I-6lia, nem se*uer nas suas primeiras 5CQ A$DU'.E AB& #E BU AB
linhas, so6re a cria+ão do mundo) Ele repudiava o EstadoY Fas sem ele seria o caosX
Ele preconi>ava a união do tra6alho intelectual e 2-sico no homemY Fas isto é uma
nivela+ão insensata das capacidadesX E 2inalmente, como poderemos ver através das
ar6itrariedades de %taline, a personalidade na hist:ria pode ser omnipotente, mas
(olstoi 2a>ia pilhéria so6re isso. &s rapa>es levaram1me os seus) poemas e exigiram
em troca os meus, mas eu não escrevia versos) Eles liam muito, so6retudo .asternaA,
a *uem enalteciam) Eu lera em certa ocasião Finha 'rmã, Vida e não gostei, achei
tudo amaneirado, muito distante dos simples caminhos humanos) Fas eles deram1me a
conhecer o <ltimo discurso de %chmidt no tri6unal, e isso a2ectou1me, tão ade*uado
era para n:sJ #urante trinta anos teci Feu amor a terra amada, E a vossa
indulg0ncia "ão a espero nem a dese/oX Bammerov e 'ngal estavam animados da mesma
2or+a, luminosamenteJ não necessitamos da vossa indulg0nciaX "ão nos incomodamos
com a deten+ão, antes nos orgulhamos delaX RFas *uem é capa> verdadeiramente de não
se incomodarYS A /ovem esposa de 'ngal renegou1o poucos meses depois,
a6andonando1o) Bammerov, devido ,s suas experi0ncias revolucion3rias, não tinha
ainda nenhuma mo+a -ntima) "ão é a*ui, acaso, nas celas da prisão, *ue se encontra
a grande verdadeY A cela é estreita, mas não é acaso mais estreita ainda a
li6erdadek "ão é acaso o nosso povo, atormentado, enganado, *uem est3 deitado /unto
de n:s, so6 os 6eliches, e nas coxiasY "ão me levantar com toda a p3tria .ara mim
teria sido mais di2-cil, E ho/e não deploro & caminho percorrido) A /uventude
encerrada nas celas prisionais, devido aos processos pol-ticos, não é nunca a
/uventude média do pa-s, mas sempre a *ue se lhe adianta) "a*ueles anos, toda a
massa da /uventude ainda estava apenas perante a imin0ncia de 7corromper1se8, de
decepcionar1se, de tornar1se indi2erente, b "os anos anteriores , minha reclusão
prisional, e durante ela, considerei tam6ém *ue %taline tinha imprimido uma
orienta+ão 2atal ao desenvolvimento do estado soviético) Fas eis *ue %taline morreu
docemente, e ter3 mudado muito o curso do navioY & selo pr:prio, pessoal, *ue
imprimiu aos acontecimentos é uma triste torpe>a, 6em como o despotismo e a
cactLnia) Fas no resto ele seguia exactamente, passo a passo, pelo caminho /3
assinalado) A$DU'.E AB& #E BU AB 5C9 de amar a dolce vita, e depois talve> de
recome+ar uma amarga ascensão dessa con2ort3vel 2undura até um novo cume, dentro de
vinte anos) Fas os mo+os presos em 1945 pelo artigo 5Q11C transpuseram esse 2uturo
a6ismo de indi2eren+a de um s: passo, e a sua ca6e+a erguida tom6ou so6 o machado)
"a igre/a de IutirAi, /3 condenados, truncados e eliminados, os estudantes
moscovitas compuseram uma can+ão *ue entoavam antes do crep<sculo, com as suas
vo>es ainda dé6eisJ (r0s ve>es por dia vamos 6uscar sopa, Encurtamos as noites com
can+9es, E com uma agulha prisional de contra6ando, ?osemos uma trouxa para o
caminho) Agora /3 não nos preocupamosJ Assin3mos para partir *uanto antesX Fas
*uandoY Ainda a*ui regressaremos #os long-n*uos campos si6erianosY))) Feu #eus,
ser3 poss-vel *ue tenhamos deixado passar tudo istoY En*uanto and3vamos pela lama
das 6ases de opera+9es, en*uanto nos agach3vamos nas covas dos o6uses e apont3vamos
os 6in:culos por entre os ar6ustos, outra /uventude crescia e punha1se a caminhoX E
não 2oi para l3 *ue se dirigiuY "ão é verdade *ue n:s nunca dever-amos ter ido para
l3Y "ão 2omos educados nesse esp-rito) A nossa gera+ão, depostas as armas,
regressar3 da 2rente, 2a>endo tilintar as medalhas e relatando com orgulho os
2eitos de com6ate, mas os nossos irmãos mais novos não deixarão de di>er,
murmurandoJ 7AhX %ão voc0s, seus patetasX)))8
u"#'?E .rimeira .arte 1 A 'nd<stria ?
arcer3ria)))))))))))))))))))))))))))))))))))))) 15 ' 1 A
#eten+ão)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))) 15
'' 1 ^ist:ria da "ossa ?anali>a+ão)))))))))))))))))))))))))))))))))))))) @5 ''' 1 A
'nstru+ão)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))) 9@
'V 1 &s #e6runs1A>uis)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
1@@ V T .rimeira ?ela T .rimeiro Amor))))))))))))))))))))))))))))))))))))) 1;1 V' 1
Essa .rimavera)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))) 4C5
Vil 1 "a %ec+ão de F3*uinas))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))) 441
V'U 1 A ei ?rian+a)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
459 '! 1 A ei Atinge a 'dade Viril))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))) 4Q9
! 1 A ei (ornou1se Adulta))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))) @19 !' 1
] Fedida F3xima))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))) @;9 !'' 1
(iur>aA, a $eclusão .residi3ria)))))))))))))))))))))))))))))))))))))) @Q9
%egunda .arte 1 & Fovimento .erpétuo)))))))))))))))))))))))))))))))))))) 411 ' 1 &s
"avios do Ar*uipélago))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))) 41@ '' 1 &s
.ortos do Ar*uipélago)))))))))))))J)))))))))))))))))))))))))))))))) 445 ''' 1 ?
aravanas de Escravos))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))) 451 'V 1 #e
'lha em 'lha)))))))))))))))))))1))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))) 4Q9

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