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PROJUDI - Processo: 0005182-80.2018.8.16.0109 - Ref. mov. 65.

1 - Assinado digitalmente por Alysson Tosin


25/02/2019: JUNTADA DE PETIÇÃO DE CONTESTAÇÃO. Arq: Contestação

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
EXMO. (A) SR. (A) DR. (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE
MANDAGUARI – PR.

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJSD3 LM7UD MRE2D 4YXHR


Autos nº.: 0005182-80.2018.8.16.0109
Requerente: CLAUDIA APARECIDA DE ALMEIDA.
1ª Requerida: RECON ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIOS LTDA.
2ª Requerida: A.A DE LIMA EIRELI (DE LIMA REPRESENTAÇÕES).

RECON ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIOS LTDA., parte já


devidamente qualificada nos autos do processo acima especificado, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, por seus procuradores que esta subscrevem, apresentar CONTESTAÇÃO, a presente ação, o
fazendo pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:

SÍNTESE DO PEDIDO

Em resumo, alega a requerente que aderiu ao contrato de adesão nº. 238538,


junto à 1ª requerida Recon, visando aquisição de uma carta de crédito de imóvel no valor atual de
R$170.000,00.
Relata a requerente que efetuou os pagamentos das parcelas, totalizando
R$30.041,03.
Afirma a requerente que além das parcelas do consórcio, efetuou ainda o
pagamento de lance no valor de R$38.000,53, diretamente na conta da 2ª requerida A.A DE LIMA
REPRESENTAÇÕES, pois este afirmou que este lance seria suficiente para sua contemplação.
Aduz a requerente que após dar o lance foi informada pela 1ª requerida
Recon de que não seria contemplada pois efetuou um lance de R$27.000,00, quando na realidade foi de
R$38.000,53 depositados diretamente na conta da 2ª requerida A.A DE LIMA REPRESENTAÇÕES.
Diante do exposto, pleiteia a requerente pela restituição integral e imediata
dos valores pagos, R$30.041,03, bem como do valor depositado diretamente na conta da 2ª requerida A.A DE
LIMA REPRESENTAÇÕES, R$38.000,53, além da condenação das requeridas ao pagamento de R$15.000,00
a título de danos morais.

DO MÉRITO

No mérito, a ação e seus respectivos pedidos deverão ser julgada totalmente


improcedente, uma vez que o pedido não encontra respaldo nos normativos pertinentes e aplicáveis ao sistema
de consórcio, conforme demonstraremos.
PROJUDI - Processo: 0005182-80.2018.8.16.0109 - Ref. mov. 65.1 - Assinado digitalmente por Alysson Tosin
25/02/2019: JUNTADA DE PETIÇÃO DE CONTESTAÇÃO. Arq: Contestação

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
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DA VERDADE DOS FATOS

Primeiramente, cumpre ressaltar que a empresa Recon Administradora de


Consórcios Ltda., ora requerida, conforme o próprio nome sugere, é empresa regularmente autorizada pelo
Banco Central do Brasil a formar e administrar grupos de consórcios para a aquisição de bens móveis, imóveis
e serviços, sendo responsável pela administração dos grupos de consórcios, estando expressas suas funções
e responsabilidades junto ao regulamento geral de consórcios, o qual seguiu anexo ao contrato de adesão para
plena ciência da requerente, sendo empresa de índole ilibada, há mais de 29 anos no mercado, e possuindo uma
enorme gleba de consorciados, seguindo fielmente as normas e diretrizes do Banco Central do Brasil, órgão
fiscalizador e norteador das administradoras de consórcios no país, bem como seguindo a determinação de
Legislação Federal 11.795/2008, motivo pelo qual os argumentos utilizados pela autora não encontra respaldo
no ordenamento jurídico, haja vista que está devidamente descrito no contrato entabulado entre as partes,
bem como na própria legislação específica de consórcio, as formas de contemplações existentes (sorteio
realizados pela loteria federal ou lance secretos onde o de maior valor é o contemplado), bem como do
momento da restituição, devida somente quando da contemplação dos consorciados
desistentes/excluídos, ou no encerramento do grupo, e com os descontos da taxa de administração e a
cláusula penal, devidos e lícitos, não podendo o valor pago ser restituído integralmente e de forma imediata.
É fato incontroverso que a requerente deu plena e irrevogável anuência aos
termos do contrato firmado quando proferiu sua assinatura por sua livre e idônea liberalidade, não sendo a
mesma coagida a nada, agindo por sua própria vontade.
Neste sentido, destaca-se o consabido princípio de força obrigatória pacta
sunt servanda (os pactos devem ser cumpridos), uma vez que há previsão contratual, onde a requerente possui
plena ciência no ato da celebração do pacto e não se revelam desarrazoadas, ainda que sob a ótica do Código
de Defesa do Consumidor, ressaltando-se que existe uma norma específica que rege sobre o sistema de
consórcio, qual seja, a Lei 11.795/08, utilizada para elaboração do contrato.
Portanto, é precipitada a intenção formulada pela requerente de restituição
imediata e integral das parcelas pagas, pois além do contrato firmado, há dispositivos legais específicos que
rege o sistema de consórcio, além de jurisprudência com entendimento pacificado que demonstram a falta de
fundamentação para punir a requerida.
Por se tratar de contrato de adesão a grupo de consórcio, a Lei 11.795/08
deve ser aplicada, pois esta rege especificamente sobre o sistema de consórcio em geral, ou seja, além do
contrato firmado, onde a requerente possui plena ciência dos termos (sendo juntado pela própria aos
autos), bem como da jurisprudência pacificada dos nossos Tribunais, ainda existe uma norma específica
vigente que regula os direitos e obrigações das partes dentro do sistema de consórcio.
Na realidade, a administradora requerida apenas está agindo em estrito
cumprimento do dever legal, não podendo ser penalizada, moral ou materialmente, por cumprir a lei.
In casu, ressaltamos que a autora é titular de 02 cotas de consórcio, motivo
pelo qual serão expostos os fatos pormenorizadamente, desde a aquisição do consórcio até a respectiva
impetração da ação, pois a parte autora alega ter sido prejudicada pela inobservância de alguns atos, descritos
de forma infundada e inequívoca na exordial.

DO CONTRATO 38034 – GRUPO 2004 E COTA 1144

Esclarece a requerida Recon que a consorciada, ora requerente, aderiu a uma


cota de consórcio em andamento de titularidade do Sr. Gustavo Roberto Vieira Bittencourt, referente ao
contrato nº. 38034, em Janeiro/2016, fazendo parte do grupo e cota de consórcio nº. 2004/1144 (antigo 2008-
144), pertencendo ao grupo de 250 assembleias, aderindo a um plano de 80 parcelas, administrado pela
empresa RECON, ficando ciente que as atividades do grupo no qual faz parte, encerrará em JANEIRO de
2033.
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Desta forma Excelência, cumpre ressaltar que o grupo no qual a autora
é participante encontra-se em pleno andamento, sendo a próxima assembleia a ser realizada em
23/02/2019, a de nº. 83, no total de 250 assembleias, conforme relatório de assembleias do ano de 2019,
documento anexo, ou seja, está em atividade até JANEIRO/2033.
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Ao aderir ao contrato de consórcio, a requerente tinha plena ciência de que,
por meio do sistema de consórcio, tratava-se da aquisição de uma carta de crédito estipulada no valor atual de

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R$ 151.662,18 (cento e cinquenta e um mil, seiscentos e sessenta e dois reais e dezoito centavos), devendo
incluir sobre este valor a quantia inerente a taxa de administração e seguros contratados.
Ressalta-se que o antigo titular Srº Gustavo, havia pago a 01ª parcela no
valor de R$ 1.901,25 (mil, novecentos e um reais e vinte e cinco centavos), sendo que até o momento da
transferência da cota para requerente (Janeiro/2016), havia efetuado o pagamento de 11 parcelas, totalizando
R$20.913,75 (vinte mil, novecentos e treze reais e setenta e cinco centavos).
Assim, com a adesão da cota de consórcio, a requerente tomou ciência de
todos os termos de seu contrato, realizando o pagamento de apenas mais 03 três parcelas que perfaz a quantia
de R$ 6.731,18 (seis mil, setecentos e trinta e um reais e dezoito centavos), sendo que após não efetuou mais
nenhum pagamento, tornando-se inadimplente.
Tal inadimplência não fora justificada pela requerente que simplesmente
optou por não mais adimplir com as parcelas, prejudicando não só a administradora mais todos os demais
integrantes do grupo 2004, no qual era participante, prejudicando demasiadamente os demais consorciados,
sendo a demandante excluída do grupo devido ao número de parcelas em atraso, causando défice para as
contemplações, nos termos do regulamento geral de consórcios, anexo ao contrato de participação para plena
ciência do autor, bem como segue anexo à presente peça contestatória, vejamos:
REGULAMENTO GERAL DE CONSÓRCIOS
Art. 36 - O CONSORCIADO, não CONTEMPLADO, que deixar de
cumprir suas obrigações financeiras correspondentes a 2 (duas) prestações
mensais, consecutivas ou não, ou de montante equivalente, será excluído
do grupo, independentemente de notificação/interpelação judicial ou
extrajudicial.

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Art. 44 - A contemplação está condicionada à existência de recursos


suficientes no grupo para a aquisição do bem, ou serviços em que o
contrato esteja referenciado e para a restituição aos CONSORCIADOS
EXCLUÍDOS.

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Conclui-se que no contrato em questão fora efetuado pagamento de


R$27.644,93 (vinte e sete mil, seiscentos e quarenta e quatro reais e noventa e três centavos).
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É possível verificar também às fls. 33

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Ressalta-se que a quantia inerente à taxa de transferência (TXTRANS) e o
valor da multa (MULTA) não fazem parte do fundo comum, motivo pelo qual não deverão ser contabilizados,
devendo, portanto serem subtraídas dos valores pagos.
Ressalta-se que a administradora de consórcios somente anuiu com a
transferência de titularidade, o que é plenamente possível dentro da legislação específica que rege o
sistema de consórcio, sendo que NÃO TEM CONHECIMENTO SOBRE AS TRATATIVAS
REALIZADAS ENTRE CEDENTE E CESSIONÁRIO, ou seja, todo e qualquer valor disponibilizados
entre ambos são de suas inteiras responsabilidades.
Neste sentido, Excelência, fica caracterizada que a quebra contratual, se
deu por culpa única e exclusiva do requerente, nada tendo feito a requerida Recon para ocorrência
desta.

DO CONTRATO 238538 – GRUPO 2004 E COTA 1555

Ressaltamos que o consorciado, ora requerente, aderiu ao contrato nº.


238538 em Outubro/2015, fazendo parte do grupo e cota de consórcio nº. 2004-1555, pertencendo ao grupo de
250 assembleias, aderindo a um plano de 80 parcelas, administrado pela empresa RECON.
No momento da adesão ficou ciente que seu contrato, por meio do sistema de
consórcio, tratava-se da aquisição de uma carta de crédito no valor atual de R$ 198.327,46 (cento e noventa e
oito mil, trezentos e vinte e sete reais e quarenta e seis centavos), estando incluso a quantia inerente a taxa de
administração, ficando ciente que as atividades do grupo no qual faz parte, se encerrará em Janeiro de 2033,
conforme relatório de assembleias supra destacado e que segue anexo.
Desta forma Excelência, cumpre ressaltar que o grupo encontra-se em
pleno andamento, sendo a próxima assembleia a ser realizada, no dia 23/02/2019, a de nº. 83, no total de
250 assembleias, ou seja, está em atividade até Janeiro/2033, conforme relatório de assembleias do
corrente ano, documento anexo.
Ressalta-se que a consorciada, ora reclamante, somente efetuou o pagamento
de 02 parcelas totalizando o valor de R$ 3.919,11 (Três mil, novecentos e dezenove reais onze centavos) nos
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moldes do extrato da cota anexo, sendo que após esta data não efetuou mais nenhum pagamento, tornando-se
inadimplente.

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Observa-se que em ambos os contratos a parte autora ficou inadimplente,
sendo que tal inadimplência não fora justificada pela requerente que simplesmente optou por não mais
adimplir com as parcelas, prejudicando não só a administradora mais também os demais integrantes do grupo
2004, no qual era participante, prejudicando demasiadamente os demais consorciados, causando défice para as
contemplações, nos termos do Regulamento Geral de Consórcios, anexo ao contrato de participação para plena
ciência da autora, bem como segue anexo à presente peça contestatória, vejamos:

REGULAMENTO GERAL DE CONSÓRCIOS


Art. 36 - O CONSORCIADO, não CONTEMPLADO, que deixar de
cumprir suas obrigações financeiras correspondentes a 2 (duas) prestações
mensais, consecutivas ou não, ou de montante equivalente, será excluído
do grupo, independentemente de notificação/interpelação judicial ou
extrajudicial.

Página 22/23

Art. 44 - A contemplação está condicionada à existência de recursos


suficientes no grupo para a aquisição do bem, ou serviços em que o
contrato esteja referenciado e para a restituição aos CONSORCIADOS
EXCLUÍDOS.

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Neste sentido, Excelência, fica caracterizada que a quebra contratual, se
deu por culpa única e exclusiva da requerente, nada tendo feito a requerida Recon para ocorrência

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desta.

DO PAGAMENTO REALIZADO EM CONTA DE TITULARIDADE DA 2ª REQUERIDA A.A. DE


LIMA

Outro ponto que merece destaque é o fato de que a requerente afirma,


trazendo aos autos comprovante de depósito realizado ao favorecido A. A. de Lima Representação
Comercial, ter efetuado o pagamento de R$38.000,53 (trinta e oito mil e cinquenta e três centavos),
pleiteando a restituição de tal quantia.
Sobre este fato, ressalta-se que a requerida Recon, não recebeu essas quantias
da autora, sendo que recebeu somente os valores pagos referente ao pagamento das parcelas do consórcio
contratado.
Diante deste cenário é fato incontroverso que a quantia disponibilizada à
empresa A.A. de Lima, é de responsabilidade dos mesmos, não devendo se estender à administradora que
sequer tomou posse destes valores, portanto, impossível de efetuar a restituição.
Nota-se que a própria autora afirma e comprova aos autos que efetivamente o
depósito se deu em conta de titularidade de empresa diversa e não autorizada a receber em nome da
administradora de consórcios, senão vejamos:
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Somente é possível a realização de restituição de valores de quem
efetivamente detém a posse da quantia, ou seja, se foi depositada em conta de titularidade de A. A. de Lima,

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esta é a responsável pela devolução e jamais a reclamada Recon, que sequer recebeu qualquer valor destes.
Por qualquer ângulo que se examine os autos, todos os fatos demonstram
claramente que não houve qualquer ato ilícito cometido pela reclamada Recon, haja vista que as quantias
lançadas aos extratos financeiros serão restituídas, com os descontos previstos, no momento em que a
legislação determina (Lei 11.795/08). Já os valores despendidos à A.A. de Lima, estes são de sua inteira
responsabilidade, não devendo confundir com a administradora que sequer tomou conhecimento, tampouco se
apoderou de tais quantias.

DA RESTITUIÇÃO NO SISTEMA DE CONSÓRCIO

Ante ao exposto, de forma clara e objetiva, no tópico acima, a requerida


Recon demonstrará que não houve falha na prestação de serviço, já que a Lei 11.795/08, que rege
especificamente sobre o sistema de consórcio, determina o momento exato da restituição, bem como sua
forma.
No que tange a devolução dos valores pagos no contrato de consórcio,
esclarece a contestante que a demandante tem plena ciência de que a devolução dos valores pagos aos
consorciados desistentes está condicionada aos sorteios realizados nas assembleias ordinárias, e que quando
não sorteados, tal devolução se dá no encerramento do grupo o qual faz parte, conforme preleciona a cláusula
38ª do Regulamento Geral de Consórcios, o qual segue anexo ao contrato de participação firmado entre as
partes, bem como a legislação vigente. Vejamos:
REGULAMENTO GERAL DE CONSÓRCIOS
“Art. 38 - O CONSORCIADO EXCLUÍDO terá restituída a importância que
tiver pago ao fundo comum, tão logo seja contemplado por sorteio em
Assembleia Geral Ordinária ou no encerramento do grupo, caso não seja
contemplado por sorteio, respeitadas as disponibilidades de caixa e na
forma do disposto nos subitens 38.1 e 38.2.”.

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Não se trata de uma simples cláusula contratual que poderia ser anulada
caso verificado qualquer irregularidade, mas sim de dispositivo legal específico para o sistema de
consórcio, não podendo simplesmente ser ignorado.
LEI Nº 11.795, DE 08 DE OUTUBRO DE 2008
“Art. 22. A contemplação é a atribuição ao consorciado do crédito para a
aquisição de bem ou serviço, bem como para a restituição das parcelas
pagas, no caso dos consorciados excluídos, nos termos do art. 30.
(…)
§ 2º Somente concorrerá à contemplação o consorciado ativo, de que trata o
art. 21, e os excluídos, para efeito de restituição dos valores pagos, na
forma do art. 30.
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Assim, a autora, por ser uma consorciada desistente, está participando
normalmente das assembleias destinadas aos excluídos/desistentes, a fim de restituição, podendo ser

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contemplado a qualquer tempo e ter a quantia inerente ao fundo comum devidamente restituído.
Desta forma, Nobre Magistrado, a empresa Recon, ora contestante, ressalta
que a requerente tem plena ciência de que o grupo no qual era participante, com 02 cotas, somente se
encerrará em Janeiro/2033, estando o grupo em plena atividade, encontrando-se atualmente na assembleia de
nº 83, no total de 250 assembleias, conforme o já mencionado relatório de assembleias, em anexo.
Ressalta-se que, na realidade, a autora não necessariamente deverá
aguardar o encerramento do grupo para ter os valores inerentes ao fundo comum restituídos, mas
certamente, por força de Lei Federal específica que rege o sistema de consórcio, deve-se aguardar sua
contemplação, sendo indevida a restituição imediata e integral.
ORA EXCELÊNCIA, O CONSÓRCIO NÃO PODE SER ENCARADO
COMO UMA ESPÉCIE DE CADERNETA DE POUPANÇA, UMA VEZ QUE NÃO ABRE A
POSSIBILIDADE AO CONSORCIADO DE DEPOSITAR VALORES E, DEPOIS DE
DETERMINADO TEMPO, SIMPLESMENTE RESGATÁ-LOS DE FORMA IMEDIATA E
INTEGRAL, POIS CARACTERIZARIA A SOBREPOSIÇÃO DO INDIVÍDUO SOBRE O GRUPO.
É evidente que a requerente tenta se esquivar do cumprimento dos contratos
firmados entre as partes, uma vez que ao desistir dos contratos, prejudicou demasiadamente todos os demais
participantes do grupo 2004, no qual era participante, bem como tenta ainda receber os valores de forma
imediata e integral, com alegações infundadas e inverídicas, conforme devidamente demonstrado.
Neste sentido, data vênia, segue julgado recente onde foi determinada a
restituição das parcelas pagas, porém não de forma imediata, e sim após o encerramento do grupo, bem
como a devida incidência dos descontos previstos na legislação em vigência, vejamos:
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO
REVISIONAL. CONSÓRCIO.
DESISTÊNCIA. DEVOLUÇÃO DAS PARCELAS PAGAS PELO
CONSORCIADO. PRAZO. TRINTA DIAS APÓS O ENCERRAMENTO
DO GRUPO. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO.
1. É devida a restituição de valores vertidos por consorciado desistente ao
grupo de consórcio, mas não de imediato, e sim em até trinta dias a contar
do prazo previsto contratualmente para o encerramento do plano,
consoante REsp 1.119.300/RS, julgado nos moldes da Lei de Recurso
Repetitivos.
2. Os juros de mora incidem a partir do final do prazo de 30 (trinta) dias, se
não houver pagamento.
3. O recurso interposto contra decisão que está em harmonia com o
entendimento firmando em sede de julgamento de recurso representativo de
controvérsia repetitiva (art. 543-C do CPC) mostra-se manifestamente
infundado, a ensejar a aplicação da multa prevista no art. 557, § 2º, do CPC.

Neste mesmo ínterim, a empresa contestante, data máxima vênia, traz ainda
outro recente julgado, Turma Recursal da 2ª região – Arapiraca/AL, em caso semelhante, no qual reconheceu
que somente é justo a restituição dos valores pagos em contrato de consórcios, após o encerramento do
grupo, senão vejamos:
Recurso Inominado n. 0000494-07.2012.8.02.0358 (2.2012.017.679-3/0)
Origem: Juizado Especial de Arapiraca / AL
Recorrente: Recon Administradora de Consórcio LTDA
Recorrido (a): Orlando Alexandre Correia
EMENTA
CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. FALHA NO SERVIÇO. DEVOLUÇÃO
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DE VALORES PAGOS A CONSÓRCIO. PAGAR NO TÉRMINO DO
CONTRATO. AUSÊNCIA DE ENTREGA DE FATURAS. NÃO CABE

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INDENIZAÇÃO. HÁ OUTROS MEIOS PARA EFETUAR
PAGAMENTO. PEDIDO INICIAL IMPOCEDENTE. SENTENÇA
REFORMADA. RECURSO PROVIDO.
Assim, no explicitado julgamento, restou decidido, por maioria de votos, que
embora seja reconhecida a relação de consumo existente entre empresa
administradora de consórcio e consorciado, na condição de consumidor,
não é indevido, nem ilegítimo aguardar o encerramento do grupo de
consórcio para só então receber o que pagou até a desistência do mesmo.
Além disso, deve-se aguardar 30 dias após o encerramento do plano. Isso
ocorre porque onera a administradora, bem como os demais consorciados,
devolver o valor até então pago de imediato.
Assim, VOTO no sentido do conhecimento do presente recurso, para, no
mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, reformando a sentença, julgando
improcedente os pedidos constantes na inicial, a fim de excluir a
condenação por danos morais e materiais, assegurando ao recorrido,
todavia, o ressarcimento pelos valores que foram pagos, após o prazo de 30
dias do encerramento do grupo.

Ora Nobre Julgador, não pode a consorciada, ora requerente, simplesmente


retirar-se do consórcio e vir reclamar a devolução dos valores que pagou de forma imediata, uma vez que,
quando age dessa maneira é o grupo o qual faz parte que acaba desfalcado de seu numerário e de sua
participação no fundo comum, sendo o ônus então todo transferido para o consórcio.
Neste sentido, Excelência, caso a requerida Recon venha a restituir imediata
e integralmente o valor pago ao consorciado desistente, ora demandante, estará privilegiando este em
detrimento dos demais participantes do grupo onde este é participante, ou seja, afrontando o princípio que
norteia o sistema de consórcios, qual seja, que o individual jamais deve se sobrepor ao coletivo.
“10 - (….)
10.1 - O interesse coletivo do grupo prevalece sobre os interesses
individuais do CONSORCIADO.”.

Assim sendo, nos termos elencados pela empresa contestante, percebe-se que
o pleito vertido na exordial não merece prosperar, tendo em vista não conter fundamentos jurídicos e fáticos
capazes de constituir e justificar a procedência do pedido.

Da Devolução dos Valores Pagos Somente Após o Encerramento do


Grupo

Estabelece o item 53.2 da portaria 190/89 Do Banco Central do Brasil (órgão


competente para normatizar o sistema de consórcio, conforme lei n. º 8.177 de 1/3/91) que:
“Os participantes que desistirem do consórcio ou que deles forem excluídos,
inclusive seus herdeiros e sucessores, receberão de volta as quantias já
pagas dentro de sessenta dias do encerramento das operações do grupo,
deduzidas as taxas de administração recebidas.” (grifo nosso).

Neste mesmo sentido estabelece a cláusula 38ª do Contrato de Participação


firmado entre as partes:
“Art. 38 - O CONSORCIADO EXCLUÍDO terá restituída a importância que
tiver pago ao fundo comum, tão logo seja contemplado por sorteio em
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Assembleia Geral Ordinária ou no encerramento do grupo, caso não seja
contemplado por sorteio, respeitadas as disponibilidades de caixa e na

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forma do disposto nos subitens 38.1 e 38.2.”.
Isso se deve ao fato da administradora, mensalmente, ter que zerar o caixa do
grupo, contemplando quantos consorciados for suficiente o saldo arrecadado. Assim, a saída abrupta de um
consorciado ocasiona sempre prejuízo ao grupo, visto que este se verá desprovido da contribuição ideal
assumida pelo desistente, gerando um desfalque no saldo e impossibilitando, desta forma, a realização das
contemplações programadas.
Em razão disso, nossos tribunais, inclusive o intérprete maior da legislação
infraconstitucional, são unânimes ao determinarem que a devolução de parcelas pagas por consorciados
desistentes ou excluídos do grupo consorcial, deve ser realizada somente após o encerramento deste.

Neste sentido pedimos vênia para mencionarmos alguns julgados:

“RECURSO ESPECIAL No 1.119.300 - RS (2009/0013327-2)


RELATOR :MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO
RECORRENTE:RODOBENS ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIOS
LTDA
ADVOGADO: ROBERTO LOPES DA SILVA E OUTRO(S)
RECORRIDO:LUIZ CARLOS CASSIANO RODRIGUES (ASSISTÊNCIA
JUDICIÁRIA)
ADVOGADO : PAULA CAMUNELLO SOARES

EMENTA

RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. JULGAMENTO NOS MOLDES DO


ART. 543-C DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. CONSÓRCIO.
DESISTÊNCIA. DEVOLUÇÃO DAS PARCELAS PAGAS PELO
CONSORCIADO. PRAZO. TRINTA DIAS APÓS O ENCERRAMENTO DO
GRUPO.

1. Para efeitos do art. 543-C do Código de Processo Civil: é devida a


restituição de valores vertidos por consorciado desistente ao grupo de
consórcio, mas não de imediato, e sim em até trinta dias a contar do
prazo previsto contratualmente para o encerramento do plano.

2. Recurso especial conhecido e parcialmente provido.”


“AGRAVO DE INSTRUMENTO. AGRAVO REGIMENTAL. CONSÓRCIO.
DESISTÊNCIA. DEVOLUÇÃO DE PARCELAS PAGAS.
PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULAS 282/STF e 211/STJ.
- O consorciado excluído ou desistente tem direito a receber as prestações
pagas, devidamente corrigidas, mas não imediatamente, e sim até 30
dias depois do encerramento do plano, como tal considerada a data
prevista no contrato para a entrega do último bem.

- O prequestionamento, entendido como a necessidade de debate do tema


pela decisão recorrida, é requisito indispensável para o conhecimento do
recurso especial. (Min. Humberto Gomes de Barros - AgRg no Ag.
502021(2003/0001350-0 – 18/12/2006)”
“AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CONSÓRCIO DE BENS
IMÓVEIS. DEVOLUÇÃO DAS PARCELAS PAGAS.
1. A devolução das parcelas pagas deve obedecer ao que assentado na
jurisprudência para o consórcio de automóveis, ou seja, far-se-á até trinta
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dias após o encerramento do plano, considerando-se como tal, no caso, a
data prevista no contrato para a entrega do último bem. (Min. Carlos

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Alberto Menezes Direito - AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 735.948 - DF
(2005/0047439-9 – 05/02/2007)).”

Sabemos que em todos os ramos do direito, por princípio representativo da


verdadeira justiça, o coletivo deve sobrepor-se ao individual. No caso em apreço não deve ser diferente, afinal,
todos os outros consorciados, também consumidores integrantes do grupo e que estão pagando suas parcelas
em dia, serão prejudicados caso a decisão pugne pela procedência do pedido de restituição imediata das
parcelas pagas pelo autor.

Dos Valores a Serem Devolvidos

Outro ponto que merece ser destacado é que, do valor a ser restituído ao final
do plano, deverão ser descontados os relativos à Taxa de Administração (14%) em cada cota e Seguro de
Vida (0,059) no grupo-cota 2004-1555, pois estes valores não integram as contribuições do fundo comum do
grupo (conforme art. 1º do contrato de Participação).
Os seguros são repassados à seguradora, desfrutando o consorciado da
cobertura enquanto participa do grupo.
A taxa de administração, conforme o próprio nome já diz, pertence à
administradora. É sua remuneração pelos serviços inerentes a sua atividade, nos termos do art. 5ª, § 3ª da já
mencionada Lei 11.795/2008, vejamos:

Art. 5º (...)
§ 3º A administradora de consórcio tem direito à taxa de administração, a
título de remuneração pela formação, organização e administração do
grupo de consórcio até o encerramento deste, conforme o art. 32, bem
como o recebimento de outros valores, expressamente previstos no contrato
de participação em grupo de consórcio, por adesão, observados ainda os
arts. 28 e 35.

Além disso, a Súmula 538 é clara ao expor que a administradora tem


liberdade para estabelecer a taxa de administração, vejamos:
Súmula 538
“As administradoras de consórcio têm liberdade para estabelecer a
respectiva taxa de administração, ainda que fixada em percentual superior
a dez por cento.”

O princípio da função social dos contratos, à luz de Humberto Theodoro


Junior, diz que: “a função social que se atribui ao contrato não pode ignorar sua função primária e natural,
que é a econômica. Não pode esta ser anulada, a pretexto de cumprir-se, por exemplo, uma atividade
assistencial ou caritativa. Ao contrato cabe uma função social, mas não uma função de ‘assistência social’.
Um contrato oneroso e comutativo não pode, por exemplo, ser transformado por revisão judicial em negócio
gratuito e benéfico. Por mais que o indivíduo mereça assistência social, não será no contrato que se
encontrará remédio para tal carência. O instituto é econômico e tem fins econômicos a realizar, que não
podem ser ignorados pela lei e muito menos pelo aplicador da lei”.
Desta maneira, não há que se falar em restituição de tais importâncias, já que
não fazem parte do fundo comum do grupo.
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Da Clausula Penal
Estabelece ainda a cláusula 39ª do já referido Contrato de Participação à

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previsão de um percentual redutor fixado a título de cláusula penal, no importe de 10% do valor pago revertido
ao grupo de consórcio, mais 10% revertido à administradora.
39 - A falta de pagamento, na forma prevista no item 36, e a desistência
declarada, na forma prevista no item 37, caracterizam infração contratual
pelo descumprimento da obrigação de contribuir para o integral atingimento
dos objetivos do grupo, sujeitando o CONSORCIADO excluído, a título de
cláusula penal, a pagar ao grupo a importância equivalente a 10 % (Dez por
cento) do valor do crédito a que fizer jus, apurado na forma indicada nos
itens seguintes.
39.1 - O CONSORCIADO EXCLUÍDO pagará à ADMINISTRADORA, em
face de infração contratual pelo descumprimento da obrigação de contribuir
para o integral atingimento dos objetivos do grupo importância equivalente
a 10% (Dez por cento), do valor do crédito que lhe for restituído, a título de
cláusula penal.

Tais percentuais são plenamente lícitos, pois visam repor parte dos prejuízos
causados ao grupo pelo desistente, estando amparado no próprio C.D.C. (art. 53, § 2º) e na corrente
absolutamente majoritária de nossa doutrina e jurisprudência. Neste sentido pedimos permissão para
mencionarmos alguns julgados:
“Lei 8078/90 – art. 53, §2º: “Nos contratos do sistema de consórcio de
produtos duráveis, compensação ou a restituição das parcelas quitadas, na
forma deste artigo, terá descontada, além da vantagem econômica auferida
com a fruição, os prejuízos que o desistente ou inadimplente causar ao
grupo.”
Ementa – Consórcio – Cláusula Penal – Prefixação dos prejuízos –
Possibilidade.
Prevendo o regulamento do grupo consortil a retenção de percentual dos
valores a serem devolvidos ao desistente ou inadimplente, é lícito à
administradora assim proceder, por ser uma pena compensatória dos
prejuízos causados pela saída abrupta de um dos integrantes do grupo. Em
uma reunião de pessoas com a finalidade de aquisição de bens duráveis,
como são os grupos de consórcio, todos são consumidores e para o natural
equilíbrio contratual os que permanecem pagando suas mensalidades
merecem ser protegidos pela lei. Recurso provido. (Apelação Cível n. º
195.182.753 - 2ª Câmara Cível).

Ementa: Consórcio – Participante desistente – Devolução de parcelas pagas


– Ação Procedente – Apelação provida em parte para determinar a
aplicação de redutor inversamente proporcional à porcentagem de
pagamento do consorciados, considerando cláusula penal válida, além dos
valores referentes ao prêmio de seguro, igualmente abatidos.” (Apelação
Cível n. º 652.847-8, 1ª Câmara Cível da Comarca de São Paulo).
Assim sendo, deverão ser descontados, do valor a ser restituído os
percentuais estipulados a título de cláusula penal, que será revertido na seguinte proporção: 10% para o grupo
e 10% para a Administradora.

Do índice de correção dos valores:


Outro ponto a ser combatido diz respeito ao índice de correção dos valores a
restituir. Há de se prevalecer a tabela de preço do bem objeto do contrato, que foi o índice contratado para
reajuste do crédito do consorciado.
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Sabemos que no sistema de consórcio a moeda é o preço do bem objeto do
plano. É a variação do preço do bem que vai indexar o contrato, já que as prestações e a carta de crédito são

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reajustadas conforme a variação do preço do bem por parte do fabricante.
Assim, ao se estipular outro índice como parâmetro para correção, está se
quebrando o equilíbrio contratual, julgando os pedidos vertidos na inicial, totalmente improcedentes.

DO ÔNUS DA PROVA - INTELIGÊNCIA DO ART. 373, I, DO CPC.

Não há que se permitir a inversão do ônus da prova, conforme adiante se


esclarece. Provar, na conceituação tradicional de Carlos Lessona (Marco Antônio Borges, in "Teoria General
de la Puebla em Direito Civil" - vol.I, p.3 - Enciclopédia Saraiva, vol.62, pp.355/356), significa fazer
conhecidos para o juiz os fatos controvertidos e duvidosos e dar-lhes a certeza do modo de ser. Nas lições de
Carnelutti,
“o critério para distinguir a qual das partes incumbe o ônus da prova de
uma afirmação é o interesse da própria afirmação. Cabe provar a quem tem
interesse de afirmar; portanto, quem apresenta uma pretensão cumpre
provar-lhe os fatos constitutivos e quem fornece a exceção cumpre provar os
fatos extintivos ou as condições impeditivas ou modificativas”;
já Chiovenda lembra que:
“o ônus de afirmar e provar se reparte entre as partes, no sentido de que é
deixado à iniciativa de cada uma delas provar os fatos que deseja sejam
considerados pelo juiz, isto é, os fatos que tenha interesse sejam por estes
tidos como verdadeiros”. (ut, "Primeiras Linhas de Processo Civil", Saraiva,
v.2.o, Moacyr Amaral Santos)

Destarte, na trilha dos mestres, ao autor cabe a prova dos fatos constitutivos
da relação jurídica litigiosa. O réu, por seu lado, deve prover a prova de suas afirmações, se alega fatos
impeditivos, extintivos ou modificativos. Assim, em conclusão - trazendo à luz os sempre oportunos
ensinamentos de Levenhagen -, o fato ou os fatos que fundamentam o pedido da autora, constantes da petição
inicial, não podem limitar-se a simples alegações, mas, ao contrário, devem ser comprovados, para que
possam ser levados em conta pelo juiz na sua decisão.
O dever de produzir as provas necessárias à comprovação da existência e da
veracidade desses fatos é que vem a ser o ônus da prova (do latim onus probandi, dever de provar) que, na Lei
Processual brasileira, vem expressa no artigo 373, quando atribui ao autor o dever de produzir as provas
quanto aos fatos que fundamentam o seu pedido. À autora, portanto, atribui-se o ônus da prova quanto aos
fatos constitutivos da ação. (in "Com. ao Código de Processo Civil", p.110 e ss., Atlas).
Nessa trilha de raciocínio, percebe-se que a autora não obteve êxito em
provar suas alegações, especialmente aquela em que faria nascer o seu direito de ter o valor restituído de forma
imediata e integral. Igualmente não provou as condições autorizadoras da inversão do ônus da prova, insertas
no art. 6, VIII, do CDC.
Nesse sentido é jurisprudência:
APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER. FORNECIMENTO DE IMAGENS
GRAVADAS PELAS CÂMERAS DE SEGURANÇA DO BANCO RÉU.
SAQUES REALIZADOS POR TERCEIRO NÃO TITULAR DA CONTA-
CORRENTE. ÔNUS DA PROVA DA PARTE RÉ. Uma vez comprovado
o fato constitutivo do seu direito pela parte autora, cabia ao réu o ônus
de provar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor,
nos termos do que disciplina o artigo 333 do CPC. (…) RECURSO
DESPROVIDO. (Apelação Cível Nº 70043805712, Décima Sexta Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Catarina Rita Krieger Martins,
Julgado em 25/10/2012).
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JUIZADO ESPECIAL CÍVEL. RECURSO INOMINADO.
CONSUMIDOR. TELEFONIA. COBRANÇA INDEVIDA.

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LEGITIMIDADE DA COBRANÇA NÃO COMPROVADA. ÔNUS DA
PROVA. ART. 333, II DO CPC. RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO.
1. A relação jurídica estabelecida entre as partes é de natureza consumerista,
devendo a controvérsia ser solucionada sob o prisma do sistema jurídico
autônomo instituído pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei n.
8.078/1990) (…) A ré/recorrente afirma ser correta a cobrança, contudo
nenhuma prova traz aos autos neste sentido. Independentemente de
inversão do ônus probatório, nos termos do art. 333, II, do CPC,
compete ao réu fazer prova de fato impeditivo, modificativo ou extintivo
do direito do autor, ônus de que não se desincumbiu a ora recorrente. (?)
(Acórdão n. 625309, 20120111177062ACJ, Relator DEMETRIUS GOMES
CAVALCANTI, 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito
Federal, julgado em 02/10/2012, DJ 11/10/2012 p. 193)

Do coeso relato da realidade fática, não consta a existência de falhas ou


danos efetivos, passíveis de jurisdição. Não há nos autos qualquer elemento que aponte para hipossuficiência
do autor, tampouco acuse a verossimilhança das alegações. Pelo contrário, simples alegações ao vento, sem
qualquer sustentáculo plausível.
Da mesma forma, chega-se à conclusão de que não houve qualquer ato por
parte da empresa ré, ora contestante, que ocasionasse prejuízo ao consumidor. Diante de todo o exposto, não se
desincumbindo ao autor de provar a sua hipossuficiência, tampouco a verossimilhança das alegações, não há se
permitir a inversão do ônus da prova, ainda mais quando tal situação provoca o cerceamento de defesa da
requerida contestante.

DO VALOR DA AÇÃO - DA AUSÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR

Ultrapassadas as alegações anteriores, o que realmente não se espera, mas


admite-se apenas em respeito ao princípio da eventualidade, melhor sorte não socorre a autora no que tange ao
pedido de perdas e danos. Aqui, mais uma vez, mostra-se totalmente improcedente a sua pretensão, já que não
se encontram nos autos os elementos caracterizadores do dever de indenizar, sejam no campo material ou
moral.
O simples argumento equivocado da autora de que foi lhe negado a
restituição de forma integral e imediata, não possui, por si só, o condão de caracterizar prejuízos de ordem
material ou moral. A autora não trouxe na inicial nenhuma prova material que caracterizasse o referido dano,
pois como acima comprovado, o contrato firmado está devidamente em ordem, onde a requerente tem plena
ciência da forma de restituição, em caso de desistência do consórcio, qual seja, através de sorteios
destinados aos excluídos/desistentes, ou no encerramento do grupo, conforme também devidamente
exposto no Regulamento Geral de Consórcio, bem como de acordo com a Lei Federal 11.795/08, sendo,
portanto, incabível a indenização por danos.
Ora, a autora afirma que simplesmente desistiu do contrato firmado,
prejudicando demasiadamente os demais integrantes do grupo no qual era participante, ocasionando desfalque
numerário no fundo comum e sendo o ônus todo transferido para as contemplações e ainda pleiteia indenização
por danos morais, sem qualquer fundamentação legal. É incontroverso que sua desistência foi prejudicial ao
bom andamento do consórcio, não havendo que se falar em danos morais.
É dever ressaltar que os valores depositados em conta de titularidade da A.A.
de Lima é de sua inteira responsabilidade, não havendo que se questionar os contratos firmados com a
requerida Recon, que estão em perfeitas condições e nos exatos termos da Lei 11.795/08, inclusive sendo
lançado todo e qualquer valor referente aos pagamentos de boletos.
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Neste sentido:
“A indenização do dano moral somente se justifica em razão da violação de

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um direito e para evitar que o lesado fique sem uma satisfação, sendo,
assim, excepcional.” (RT 602/227).(grifo nosso)

Nesta mesma linha de raciocínio pedimos vênia para transcrevermos


interessante trecho de um julgado do Juizado Especial do Rio de Janeiro:
“Atualmente, em razão das inúmeras atividades realizadas na sociedade, o
homem esta sujeito a toda sorte de acontecimentos que poderiam enfadá-lo,
todavia, essas situações, em regra, não geram qualquer verossimilhança de
uma indenização, ou seja, não configura-se o dano moral ou material.
Considera-se dano moral a dor subjetiva, dor interior que fugindo à
normalidade do dia-a-dia do homem médio venha a lhe causar ruptura em
seu equilíbrio emocional interferindo intensamente em seu bem estar.
Além de motivos fúteis que fundamentam as exordiais de ação por danos
morais, existem aqueles que baseiam-se na concupiscência de alguns
desafortunados que utilizam-se do instituto com o fito de locupletar-se às
custas, máxime de pessoas jurídicas de direito público e privado.”
*(Recurso n.º 853-1 – 7.ª Turma Recursal – Unânime – Relator Juiz Carlos
Santos de Oliveira – j. 05.08.98 – JEC-RJ)x(grifo nosso)

Logo, a pretensão da autora em requerer eventual condenação da requerida


Recon a título de danos morais e materiais não merece respaldo, tendo em vista não ter embasamento jurídico,
nem tampouco provas materiais contundentes capazes de constituir o alegado dano.
Neste sentido, ensina Venosa (“Direito civil: parte geral”, 3. ed., São Paulo:
Editora Atlas, 2003, p. 601), “Quem exerce um direito não provoca o dano”. A fim de corroborar a alegação, o
inciso I do art. 188 do CC, vem elucidar a questão da seguinte forma:
“Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito
reconhecido;”
Caio Mário, apagando da ressarcibilidade do dano moral a influência da
indenização, na acepção tradicional, entende que há de preponderar:
"um jogo duplo de noções: a- de um lado, a idéia de punição ao infrator, que
não pode ofender em vão a esfera jurídica alheia (...); b- de outro lado,
proporcionar à vítima uma compensação pelo dano suportado, pondo-lhe o
ofensor nas mãos uma soma que não é o pretium doloris, porém uma
ensancha de reparação da afronta..." (in Instituições de Direito Civil, vol II,
7ª ed. Forense, Rio de Janeiro, pág. 235).
E acrescenta:
"na ausência de um padrão ou de uma contraprestação que dê o
correspectivo da mágoa, o que prevalece é o critério de atribuir ao juiz o
arbitramento da indenização..." (Caio Mário, ob. cit., pág. 316).
Os pressupostos da obrigação de indenizar são, no dizer de Antônio
Lindembergh C. Montenegro:
"a- o dano, também denominado prejuízo;
b- o ato ilícito ou o risco, segundo a lei exija ou não a culpa do agente;
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c- um nexo de causalidade entre tais elementos. Comprovada a existência
desses requisitos em um dado caso, surge um vínculo de direito por força do

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qual o prejudicado assume a posição de credor e o ofensor a de devedor, em
outras palavras, a responsabilidade civil" (aut. menc., "Ressarcimento de
Dano", Âmbito Cultural Edições, 1992, nº 2, pág. 13).(grifo nosso)

Na tormentosa questão de saber o que configura o dano moral, cumpre ao


juiz seguir a trilha da lógica do razoável, em busca da sensibilidade ético social normal. Deve tomar por
paradigma o cidadão que se coloca a igual distância do homem frio, insensível e o homem de extremada
sensibilidade.
Nessa linha de princípio, só devem ser reputados como dano moral a dor,
vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento
psicológico do indivíduo, causando-lhe aflição, angústia e desequilíbrio em seu bem estar, não bastando mero
dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada.
In casu, não há o que se falar em danos morais, por absoluta falta de provas
do prejuízo sofrido. Não logrou a autora provar houvesse sofrido qualquer "dor moral", como lhe incumbia
(Actori incumbit ônus probandi), por ser fato constitutivo de seu direito (art. 373, inc. I, do CPC), e até
mesmo, deixou de demonstrar a repercussão desfavorável do processo que se diz vítima, que mesmo dado o
seu subjetivismo, não seria impossível demonstrá-lo.
Seguindo esta linha de raciocínio temos que o dano moral não pode ser
fonte de enriquecimento ilícito. A propósito, em recentíssimo acórdão do Eg. Tribunal de Alçada do Rio de
Janeiro, no AC nº 7.179-96, tendo como Relator o E. Juiz Sidney Hartung Buarque, bem definiu o tema, in
verbis:
"A verba correspondente ao dano moral deve ser fixada em valor compatível
e razoável para atingir sua finalidade" e "razoável para a autora e não tão
dispendiosa para a empresa ré".

Trazemos à presente lide, o julgado recente, com caso semelhante ao que nos
encontramos, onde o pedido de danos foi negado em virtude de falta de provas, sob pena de estar-se abrindo
caminho a um enriquecimento sem causa, vejamos:
PODER JUDICIARIO
ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE 2º Juizado Especial Cível de
Parnamirim
Processo nº: 0012745-79.2012.820.0124
Promovente: RAIMUNDA DUARTE DE OLIVEIRA
Promovido(a): RECON ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIO LTDA
No que pertine aos danos morais, não há a mínima prova de que a parte
Autora tenha sofrido eventual angústia, humilhação ou que fosse submetida
à situação capaz de violar de forma aguda sua higidez psíquica, sua honra,
imagem ou qualquer dos direitos personalíssimos tutelados
constitucionalmente, de modo que não deve ser reconhecido um dano moral
inexistente, sob pena de estar-se abrindo caminho a um enriquecimento sem
causa. Ausente, portanto, o dever de a parte ré indenizar a parte autora por
eventual dano moral.

Em caso improvável de condenação em danos, vale enfatizar que na fixação


do dano moral deve levar em conta a natureza de real reparação a dor e seu caráter indenizatório, não se
prestando promover o enriquecimento sem causa. Na fixação da indenização a esse título, é prudente e
recomendável que o arbitramento seja feito com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa ou ao nível
socioeconômico da Contestante, ao prejuízo causado, e, ainda, ao seu porte econômico, orientando-se o Juiz
pelos critérios já sugeridos pela doutrina e pela jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua
experiência e do bom senso, atento à realidade da vida e às peculiaridades do caso concreto.
PROJUDI - Processo: 0005182-80.2018.8.16.0109 - Ref. mov. 65.1 - Assinado digitalmente por Alysson Tosin
25/02/2019: JUNTADA DE PETIÇÃO DE CONTESTAÇÃO. Arq: Contestação

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Desta forma, é cristalino que o entendimento jurisprudencial e doutrinário
para o arbitramento do quantum indenizatório impõe uma reflexão prévia sobre o que entendemos por dano,

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cujo elemento central é a existência de um prejuízo, da perda ou desfalque de algo que ao sujeito é passível de
ser integrado, quer em termos de patrimônio, quer por inerente ao seu corpo, não sendo suficiente a mera
alegação de dano, desacompanhada das provas.
O ressarcimento dos danos morais não escapa dessa exigência, sendo mera
falácia pretender-se argumentar, em termos de valores absolutos, eternos, supra históricos e universais. Assim
como os danos materiais têm que ser cumpridamente provados, são os danos morais, essa misteriosa "dor"
que se oculta no íntimo das pessoas, deve vir à luz com um mínimo de força de convencimento.
A possibilidade, inclusive, de retirar-se proveitos financeiros dessa nossa dor
oculta, faz surgir atores excepcionais e meliantes extremamente hábeis como supostas vítimas. Para se
ressarcir esses danos, deve-se ter ao menos a cautela de exigir a prova da efetiva dor do beneficiário,
desocultando-a.
No mundo de hoje o relativismo, o pluralismo, o cinismo, o ceticismo, a
permissividade e o imediatismo têm mostrado papel decisivo, quando o assunto é o ressarcimento por danos
morais. Deste modo, não pode o ético deixar de ser algo intersubjetivamente estruturado e institucionalizado,
descaracterizando-se como reparação de natureza moral para se traduzir em ressarcimento material, vale dizer,
o dano moral é significativo não para reparar a ofensa à honra e a outros valores éticos, sim para acrescer
alguns trocados ao patrimônio do felizardo que foi moralmente enxovalhado.
Hodiernamente, tem-se evidenciado que o ofendido precisa lucrar com a
ofensa e o ofensor estimar que o preço pago convida-o a sair do mercado, porque não compensador o negócio.
Não parece justo, entretanto, que o ganho do ofendido seja tão estimulante que ele se sinta tentado a explorar
esse rendoso negócio.
Cabe ao Judiciário como guardião precípuo da Constituição evitar que,
dentro em breve, empresas especializadas no treinamento de pessoas para habilitá-las a criar situações que
levem alguém a ofendê-lo moralmente, eliminando o risco de sermos achacados pelos excessivamente
ambiciosos que postulam cifras milionárias e desproporcional com o valor que deu causa ao "erro humano",
desprovido de qualquer intenção de atingir a moral de alguém.
Ressalta-se que o regulamento geral de consórcio disponível a autora
encontra-se devidamente nos termos da Lei 11.795/08 e da Circular 3432 do BACEN, que rege
especificamente sobre o sistema de consórcio no país, não podendo simplesmente alegar que foi iludida, pois
devidamente demonstrado seus direitos e obrigações dentro do sistema de consórcio.
No caso em tela, se não demonstrado à saciedade, o nexo de causalidade
entre o dano alegado e a ação ou omissão geradora da suposta responsabilidade, a pretensão há de ser julgada
improcedente pelo órgão jurisdicional. In casu, tem-se que o autor, além de não haver comprovado que a
ocorrência dos fatos se deu por culpa exclusiva da empresa Contestante, ou sequer, o sofrimento ou
constrangimento que alega ter sofrido.
Neste diapasão, o pedido constante na inicial deve ser julgado totalmente
improcedente pelos motivos de fatos e de direitos supramencionados, nos moldes da legislação em vigência.

DO PEDIDO

Ante o exposto requer se digne Vossa Excelência a:

a) Julgar antecipadamente a lide, por tratar-se de matéria meramente de


direito, nos moldes esculpidos no art. 355, inciso I do CPC;
b) Julgar improcedentes os pedidos da Autora, visto que a restituição
pleiteada, inerente ao fundo comum do grupo, devem ocorrer nos termos da Lei 11.795/2008 e jamais de forma
integral e imediata.
c) Em caso de condenação, o que se admite apenas a título de
argumentação, que seja descontado do montante a restituir os valores referentes aos prejuízos causados pela
PROJUDI - Processo: 0005182-80.2018.8.16.0109 - Ref. mov. 65.1 - Assinado digitalmente por Alysson Tosin
25/02/2019: JUNTADA DE PETIÇÃO DE CONTESTAÇÃO. Arq: Contestação

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
parte autora ao grupo e à administradora em razão da quebra do contrato, além dos valores referentes à Taxa de
Administração, Seguro de Vida, e a Cláusula Penal.

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d) Julgar improcedente o pedido de restituição dos valores pagos pela
A.A. Representações, tendo em vista que foram depositados diretamente em conta de sua titularidade, sendo de
sua inteira responsabilidade;
e) Julgar improcedente o pedido de indenização por danos morais e
materiais, tendo em vista a inexistência para com a requerida, dos requisitos indispensáveis a sua
caracterização, dentre eles, dano, culpa ou dolo, ação ilícita e nexo causal.
f) Requer a aplicabilidade da Lei Federal 11.795/08, por se tratar de
ordenamento específico para o sistema de consórcio, objeto da presente lide;
g) Julgar improcedente o pedido de inversão do ônus da prova,
conforme o exposto no artigo 373, I, do Código de Processo Civil;
h) Solicitamos que as intimações dos atos processuais, inerentes aos
autos em epígrafe, sejam efetivadas por meio dos correios, diretamente na sede da empresa ora contestante, em
nome do Dr. Alysson Tosin, OAB/MG 86.925, sob pena de nulidade.

Protesta provar o alegado por todos os meios admitidos em direito,


mormente o depoimento da parte autora, sob pena de confissão, e, em especial a prova documental.

Nestes termos, pede deferimento.


São Sebastião do Paraíso – MG, 22 de Fevereiro de 2019.

ALYSSON TOSIN FERNANDA REIS DOS SANTOS SEMENZI


OAB/MG 86.925 OAB/MG 147.850
OAB/SP 363.926 OAB/RN 1090-A

GLEISON DONIZETE DE MIRANDA CESAR MATHEUS DA SILVA


OAB/MG 171.640 OAB/MG 159.995

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