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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS


FACULDADE DE DIREITO DO RECIFE

Pedro Henrik Tavares de Melo Brito


MEDICINA LEGAL 2
Prof. Francisco Atanasio de Moraes Neto

1. Crimes contra a liberdade sexual


1.1. Estupro
Código Penal (Decreto-Lei nº 2848/1940)

Estupro

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter


conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro
ato libidinoso.

Pena – reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.

Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é


menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:

Pena – reclusão de 8 (oito) a 12 (anos).

Se da conduta resulta morte:

Pena – reclusão de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

Tanto o homem quanto a mulher podem ser sujeitos ativo ou passivo do crime.
Entende-se por ato libidinoso toda prática que tem por fim satisfazer o apetite sexual
sendo de forma obscena e lesiva ao pudor mínimo. E por conjunção carnal entende-se
como a introdução completa ou incompleta do pênis no canal vaginal, não sendo
considerado para tal a cópula vulvar e nem o sexo oral ou anal. Assim, o ato libidinoso é
gênero do qual a conjunção carnal é espécie.
A violência nesse crime pode ser presumida ou efetiva: é efetiva a violência quando
existe concurso da força física ou o emprego de meios impossibilitando (drogas,
anestésicos etc.) a vítima de reagir; a violência presumida trata-se de uma determinação
legislativa correspondente ao crime de estupro de vulnerável (art. 217).
1.1.2. Perícia
A metodologia do exame de conjunção carnal a fim de averiguar se houve coito
vagínico deve ser feita levando em conta aspectos históricos (circunstâncias do crimes
informadas pela vítima) e exames subjetivos (condições psíquicas da vítima) e objetivos
(aspectos gerais da vítima, como peso, altura, lesões e alterações corporais sugestivas e
violência e exame de sua região genital).
No caso do exame de ato libidinoso diverso da conjunção carnal deve ser feito um
exame histórico e subjetivo, aos molde dos modelos anteriores, e um exame objetivo
(exame da ânus, na cavidade bucal, sobre a introdução de objetos etc.).

1.2. Violação sexual mediante fraude


Código Penal (Decreto-Lei nº 2848/1940)

Violação sexual mediante fraude

Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém,
mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação
da vítima:

Pena – reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se


também multa.

Em vez do agente valer-se da coação física ou moral este usa de meios fraudulentos,
induzindo alguém ao erro, fazendo-o aceitar com o fato ilícito numa espécie de “estelionato
sexual”.
É um delito de rara ocorrência.
Um exemplo de fraude sexual seria a de um curandeiro que induz as suas vítimas a
manterem relações sexuais com ele como forma de curar uma enfermidade.
Nessa forma de delito a perícia resume-se em comprovar a conjunção carnal ou o
ato libidinoso.

1.3. Assédio sexual


Código Penal (Decreto-Lei nº 2848/1940)

Assédio sexual

Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou


favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de
superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego,
cargo ou função:

Pena – detenção, de 1 (um) ano a 2 (dois) anos.

A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito)


anos.
O constrangimento a que se refere o tipo deve ocorrer por meio de coação moral.
Nesse tipo de delito não há quase nenhuma contribuição da perícia médico-legal.
2. Aborto legal e criminoso
O aborto criminoso é a morte intencional do ovo, entendido como o produto da
concepção até o momento do parto.
2.1. Aborto terapêutico
Aborto realizado pelo médico para salvar a vida da gestante.
2.2. Aborto em caso de anencefalia
A anencefalia é caracterizada pelo fechamento do tubo neural impedindo a formação
da maior parte do cérebro. O seu diagnóstico é possível a partir da 12ª semana e a
possibilidade de aborto tem amparo jurisprudencial a partir do julgamento da ADPF 54 pelo
STF, que ponderou que não há sentido em obrigar uma mulher a manter a gravidez que um
feto que não tem chance de se manter vivo por mais do que alguns dias.
2.3. Aborto sentimental
Permitido em caso de estupro.
2.4. Aborto eugênico
Possibilidade não permitida em lei que pretende o aborto de fetos “defeituosos” ou
com chance de o serem.
2.5. Aborto social
Interrupção da gravidez, não amparada legalmente, motivada por questões de ordem
econômica ou social.
2.6. Meios abortivos
Podem ser tóxicos (intoxicação do organismo materno e consequente abortamento)
ou mecânicos (introdução de instrumentos na cavidade vaginal, no colo uterino ou na
cavidade uterina ou meios indiretos extragenital como os traumatismos abdominais).
2.7. Complicações do aborto criminoso
Desde simples infecções e lesões leves até lesões mais graves e a morte.
2.8. Perícia
Deve ser feito o exame da vítima (lesões genitais ou extragenitais, diagnóstico da
gravidez etc.), distinção com os abortos patológico e traumático (saber se ocorreu aborto
criminoso ou não), comprovação da prática abortiva, identificação do meio causador e
exame dos restos fetais.

3. Infanticídio
Código Penal (Decreto-Lei nº 2848/1940)
Infanticídio

Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante
o parto ou logo após:

Pena – detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

3.1. Perícia
O exame pericial será orientado na busca dos estados de natimorto, o de feto
nascente, o de infante nascido ou de recém-nascido (diagnóstico do tempo e vida), a vida
extrauterina (diagnóstico do nascimento com vida), a causa jurídica de morte do infante
(diagnóstico do mecanismo de morte), o estado psíquico da mulher (estado puerperal) e a
comprovação do parto pregresso.
O Natimorto é definido como o feto morto durante o período perinatal. O feto
nascente apresenta todas as características do infante nascido, menos a faculdade de ter
respirado. O infante nascido é aquele que acabou de nascer, respirou, mas não recebeu
nenhum tratamento especial. E o recém-nascido compreende um estágio que vai desde os
primeiros cuidados pós-parto até o sétimo dia de nascimento.
A principal prova de vida extrauterina é a respiração autônoma, aferida por meio da
docimásia. Existem dois grupos de docimásias, as pulmonares e as extrapulmonares.
Dentro dos grupos das docimásias pulmonares se inserem a docimácia hidrostática
pulmonar de Galeno (baseis-se na densidade do pulmão que respirou o do que não
respirou), diafragmática de Ploquet (observa-se a horizontalidade diafragmática), óptica ou
visual de Bouchut (simples inspeção do pulmão), táctil de Nerio Rojas (observa-se a textura
do pulmão), histológica de Balthazard (observação microscópica do pulmão) entre outras.
Entre as docimásias extrapulmonares destacam-se a docimásia gastrintestinal de
Breslau (observar a presença de ar no tubo digestivo), auricular de Vreden (presença de ar
ou não na cavidade timpânica), pneumo-hepática de Puccinotti (valor da quantida
sanguínea no fígado e no pulmão), ponderal de Pulcquet (relação do peso do pulmão com
o restante do corpo), bacteriana de Malvoz (observa-se a presença de certas bactérias no
sistema gastrintestinal) entre outras.
Além das docimásias ainda existem as provas ocasionais que englobam a presença
de lesões, de substâncias alimentares no tubo digestivo, idícios de recém-nascimento e a
presença de corpos estranhos nas vias respiratórias.
As únicas causas de morte que interessam ao infanticídio são as causas criminosas
(decorrentes da ação das mais diversas energias), sendo irrelevantes as causas naturais
ou acidentais.
Ainda deve ser considerado o estado psíquico da parturiente, que deve ser de grave
perturbação psicológica em decorrência do estado puerperal para configurar crime de
infanticídio.
Por fim, resta a perícia também a avaliar o tempo decorrido desde o parto. Exames
do aspecto dos órgãos genitais externos, das mamas, das paredes abdominais e o estado
geral da mulher.

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