Sie sind auf Seite 1von 41

1.

TEORIA GERAL DOS RECURSOS

1.1. Conceito
O recurso é o meio voluntário destinado à impugnação das decisões, afigurando-se
como remédio de combate a determinado provimento, dentro da mesma relação jurídica
processual, propiciando a sua reanálise.

Trata-se de exercício de direito potestativo, consubstanciado em um ônus


processual1, que pode ser “utilizado antes da preclusão e na mesma relação processual,
apto a propiciar a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da
decisão”2.

Do conceito, já podemos estratificar os seguintes aspectos:

1) recurso é providência voluntária, razão pela qual não tem natureza recursal as
hipóteses de reexame necessário de determinadas decisões pelo tribunal (art. 574, CPP);

2) o recurso é admitido dentro da mesma relação jurídica processual, o que retira


da condição de recurso as ações autônomas de impugnação, como o habeas corpus, o
mandado de segurança e a revisão criminal;

3) o recurso é “aspecto, elemento ou modalidade do próprio direito de ação e de


defesa”3, sendo um desdobramento ou continuidade da relação iniciada em primeiro
grau, revelando a sua natureza, como veremos a seguir; e

4) a finalidade recursal é a invalidação, a integração, o esclarecimento ou a


reforma da decisão impugnada, sendo o recurso providência de índole potestativa 4.

1.2. Natureza jurídica


Discorrer sobre a natureza de um instituto jurídico é revelar seu conteúdo, sua
diferença ontológica5. Assim, para se discorrer sobre a natureza jurídica de determinado
instituto, tal como o recurso, é preciso conhecer sua essência6. Desse modo, é possível
delimitar bem o conteúdo da expressão “recurso”, para dela afastar institutos que melhor
se adequam à categoria das “ações autônomas de impugnação”.

Com essa ideia, importa saber a essência do recurso, mormente sob as vertentes
doutrinárias que procuram explicá-lo a partir de enfoques distintos:

1) seja como uma decorrência do direito de ação;

2) seja como o exercício de um novo direito de ação, incidentalmente em um


mesmo processo;

3) seja como um meio adequado para que se consiga o reexame de uma decisão
judicial.

A primeira corrente doutrinária (1), que tem se sagrado majoritária, entende a


natureza jurídica do recurso como um desdobramento do direito de ação ou de defesa. O
recurso seria uma continuidade da relação jurídica processual que subsiste pelo
inconformismo de uma das partes, ou de ambas, com o provimento jurisdicional obtido
em primeiro grau.

As críticas a essa posição são as mais amplas, ao argumento de que ela incorre em
mais de um desvio de perspectiva:

a) o primeiro seria o de confundir o direito de obter tutela jurisdicional com o


exercício da ação penal, que, por sua vez, não seria assimilado pelo conceito de direito
subjetivo7. Isso porque a ação penal em si não seria um direito, mas simplesmente um
agir, não obstante exista o direito subjacente de obtenção de pronunciamento judicial
válido;

b) o segundo desvio de perspectiva é que esse “desdobramento do direito de ação”


não é bem ajustado quando o recurso é manejado pelo acusado que restou vencido na
ação penal condenatória, ainda que se utilize do artifício de que ele, ao prolongar a
“reação” à ação penal, está a prosseguir com o seu “direito” de ação com sinal negativo.

Sem embargo, a trajetória do recurso perpetua no tempo e no espaço o direito que


foi deflagrado com a apresentação da inicial acusatória ou, de outro lado, manifesta o
exercício defensivo, em segundo grau de jurisdição, através da resistência oposta pelo
sucumbente contra o conteúdo da decisão guerreada.

Já a segunda posição (2) defende ser o recurso “uma nova ação dentro do mesmo
processo”, sob o argumento de que “as pretensões são diversas: na ação, o direito com
base num fato; no recurso, com fundamento numa sentença que se ataca” 8.

No entanto, afirmar que se trata de ação um ato processual que se interpõe em ação
já em curso, encobre a essência do recurso em si, que é o desdobramento de relação
preexistente, e não a deflagração de uma nova ação.

A terceira corrente (3) vê o recurso como qualquer providência destinada à


obtenção da reforma de uma decisão. No entanto, pode haver recurso que não pretenda a
reforma nem a substituição da decisão, porém, sim, a sua invalidação, com a
desconstituição do processo ou da decisão de modo a exigir que seja renovado o ato na
instância contra a qual se recorreu9.

Paulo Rangel coloca outra objeção a essa posição, notadamente por reputar que
“todo e qualquer meio capaz de propiciar a reforma de uma decisão é um recurso”.
Haveria assim o inconveniente de considerar com tal “a própria revisão criminal e o
habeas corpus”, quando estes são “ações autônomas de impugnação, pois podem ser
utilizados mesmo depois de transitar em julgado a sentença penal condenatória” 10.

1.3. Fundamentos e o duplo grau de jurisdição


A doutrina processual aduz, quase que de maneira unânime, que os recursos têm por
fundamentos “a necessidade psicológica do vencido, a falibilidade humana do julgador
e as razões históricas do próprio direito”, salientando que “a existência dos recursos
tem sua base jurídica no próprio texto constitucional, quando este organiza o Poder
Judiciário em duplo grau de jurisdição com a atribuição primordialmente recursal dos
tribunais”. Na senda racionalista e iluminista, o “princípio do duplo grau dá maior
certeza à aplicação do direito, com a proteção ou restauração do direito porventura
violado e é por isso que se encontra assente nas legislações”11.

Uma correção de rumo se faz preciso: o duplo grau de jurisdição não é princípio
sufragado na Constituição de 1988. Há processos penais onde esse duplo grau inexiste,
tais como aqueles de competência originária do Supremo Tribunal Federal.

A garantia do devido processo legal (art. 5º, LIV, CF/1988) e a enunciação que
preconiza que “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes” (art. 5º, LV, CF/1998), não induzem a existência do princípio do duplo grau
de jurisdição a nível constitucional.

Por tal razão, a afirmação desse princípio é de ser compreendida como de cunho
histórico, tradição de uma política legislativa que encontra sua raiz nos ideais da
Revolução Francesa e que se espraiaram na cultura forense brasileira.

É o reconhecimento de que a revolução francesa efetivamente estabeleceu que uma


decisão só transita em julgado quando possível o seu exame em dois juízos sucessivos.
Como no Brasil temos a possibilidade de julgamento de recurso extraordinário pelo
STF, bem como a apreciação de embargos infringentes de alguns julgados, pode-se
entender pela multiplicidade ou pluralidade de graus de jurisdição, não apenas
duplicidade12

Parte da doutrina, contudo, entende que o duplo grau de jurisdição é princípio


constitucional implícito, levando em consideração o sistema como um todo, a partir de
sua previsão na Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da
Costa Rica), ratificada pelo Brasil em 1992.

Nesse sentido, Grinover, Scarance e Gomes Filho – embora reconhecendo que o


princípio do duplo grau, previsto explicitamente na Constituição do Império (art. 158,
da Carta de 1824), não vem mais expresso na Constituição vigente –, sustentam que se
cuida “de regra imanente na Lei Maior, que, como as anteriores, prevê não apenas a
dualidade de graus de jurisdição, mas até um sistema de pluralidade deles”. Desse
modo, concluem os autores, é possível afirmar “que a garantia do duplo grau, embora só
implicitamente assegurada pela Constituição brasileira, é princípio constitucional
autônomo, decorrente da própria Lei Maior, que estrutura os órgãos da chamada
jurisdição superior”13.

1.4. Princípios recursais e as remissões ao Novo Código de Processo Civil


Alguns princípios dos recursos são tratados como características pela doutrina. A
divergência decorre da não unanimidade do que se entende por princípio. Para o
presente tópico, princípio é vetor interpretativo das regras que disciplinam os recursos.
Em outras palavras, princípios são normas que inspiram a aplicação das regras que
estão adstritas a eles. Daí a existência de regras específicas que caracterizam os
recursos: do conjunto de regras é possível se constatar características recursais que
conformam sua base principiológica.

Esse alicerce normativo é visto como um rol de princípios ou características dos


recursos, enquanto entendidos como manifestação volitiva da parte sucumbente, com o
objetivo de ver reexaminada uma decisão. Vejamos um a um.

1) Princípio da voluntariedade: o recurso é um ato processual decorrente da


manifestação de vontade da parte que queira ver reformada ou anulada uma decisão.

O art. 574, CPP, dispõe que “os recursos serão voluntários”. Está aqui presente a
característica (princípio) da voluntariedade. O recurso deve ser um ato processual
volitivo. Daí ser o recurso um ônus processual: não há obrigatoriedade de recorrer,
porém, se não exercida essa faculdade, a parte sucumbente pode sofrer consequências a
ela desfavoráveis.

De todo modo, o ônus de recorrer encontra mitigações, em favor do acusado, em


face da possibilidade de manejo, a qualquer tempo, de ações autônomas de impugnação,
tal como a revisão criminal e o habeas corpus14.

Sob outra vertente, o art. 574, CPP, menciona a figura do impropriamente


denominado “recurso de ofício”, também denominado de “remessa necessária”, “duplo
grau de jurisdição obrigatório” ou “reexame necessário”. Ao invés de recurso, o
reexame obrigatório é condição estabelecida legalmente para o trânsito em julgado da
sentença ou decisão.

O reexame necessário tem cabimento nos seguintes casos:

a) da sentença que conceder habeas corpus, vale dizer, da decisão do juiz singular
ao acatar a ordem. Não há que se falar, portanto, de recurso de ofício contra deliberação
do tribunal acerca desse remédio heroico; e,

b) da sentença que desde logo absolver o acusado com fundamento na existência de


circunstância que exclua o crime ou isente de pena o acusado, evitando sua submissão a
júri popular (absolvição sumária). Todavia, para a doutrina majoritária, esta hipótese
encontra-se revogada, por ausência de previsão no art. 415 do CPP.
Ainda caberá reexame necessário nas seguintes hipóteses:

c) da sentença de absolvição ou a deliberação que arquiva os autos do inquérito


policial nos crimes contra a economia popular e saúde pública (art. 7º, Lei nº 1.521/51);

d) da decisão que concede a reabilitação criminal (art. 746, CPP);

e) do indeferimento liminar pelo relator, no tribunal, da ação de revisão criminal,


quando o pedido não estiver suficientemente instruído (art. 625, § 3º, CPP).

Na realidade, o CPP denomina de recurso o que, em sua essência, não o é: o


chamado “recurso de ofício” é melhor explicado como um “reexame necessário” ou
“remessa obrigatória”, não sendo adequada a expressão “recurso não voluntário”.

De fato, o que se tem apelidado equivocadamente de recurso de ofício nada mais é


do que uma condição sem a qual a decisão não transita em julgado, ou seja, o
magistrado, ao proferir a decisão, tem que submetê-la obrigatoriamente a uma
reapreciação do tribunal, mesmo que as partes não recorram. Se não o fizer, o
julgamento fica em aberto, sem que se opere a coisa julgada, por falta do implemento da
condição legal (reexame necessário).

É o que pontifica o enunciado da súmula nº 423 do STF, ao dizer que a sentença


não transita em julgado quando houver omitido o reexame ex officio, que se entende
interposto ex lege.

Dessa maneira, o magistrado não precisa fundamentar o ato, remetendo


imediatamente a decisão ao tribunal assim que ultrapassado o prazo para os recursos
voluntários. Da mesma forma, não é necessário intimar as partes para contrarrazões.

2) Princípio da taxatividade: para que seja possível o manejo de um recurso, é


preciso que o ordenamento jurídico o preveja expressamente: o rol não é
exemplificativo, porém numerus clausus;

No processo penal, não se admite recurso inominado ou recurso de improviso. A


previsão legal é condição necessária para que a decisão seja recorrível, e para que o
recurso exista.
Como adverte Mougenot, o princípio da taxatividade recursal não é óbice à
aplicação analógica nem à interpretação extensiva das normas processuais penais, na
esteira do que dispõe o art. 3º, do Código. Daí ser admissível a interposição de recurso
em sentido estrito contra decisão que rejeita o pedido de aditamento da denúncia,
malgrado a hipótese não esteja incluída expressamente no rol do art. 581, CPP, mas é
depreendida a partir do enunciado que prevê o manejo desse meio recursal contra a
decisão que rejeita a denúncia15.

Também, com base em interpretação sistemática extensiva, é que se admite a


interposição de embargos infringentes e/ou de nulidade pela defesa contra decisões não
unânimes proferidas por órgão colegiado de tribunal em sede de agravo em execução.
Para tanto, leva-se em conta que o agravo em execução (art. 197, LEP) foi instituído em
substituição a várias hipóteses de interposição de recurso em sentido estrito (art. 581,
CPP), razão pela qual são cabíveis os embargos infringentes e/ou de nulidade que,
conforme o texto original do CPP, só poderiam ser opostos pela defesa contra decisões
não unânimes prolatadas pelo tribunal quando de julgamento de apelação ou de recurso
em sentido estrito (parágrafo único, do art. 609, CPP).

3) Princípio da unirrecorribilidade (também denominado de princípio da


singularidade ou princípio da unicidade): cada espécie de decisão judicial, em regra,
comporta um único recurso, sendo ônus da parte escolher o recurso adequado para que
haja seu reexame.

O princípio da unirrecorribilidade ou da singularidade recursal expressa que a


parte não pode manejar mais de um recurso para vergastar a mesma decisão16. A
concomitância de recurso pode ser possível quando a sentença aprecie ao mesmo tempo
questões distintas17.

Com efeito, excepcionalmente uma mesma decisão pode comportar mais de um


recurso. É o que ocorre, por exemplo, com a possibilidade do manejo simultâneo do
recurso especial ao STJ e do extraordinário ao STF, quando uma mesma decisão ofenda
a Constituição Federal e a legislação infraconstitucional.

É citado por Tourinho Filho, como exemplo de exceção à unirrecorribilidade, a


hipótese de acórdão ser formado de uma parte unânime e de outra não unânime,
permitindo a interposição simultânea de recurso extraordinário (ou especial) e de
embargos infringentes (art. 609, parágrafo único, CPP) 18. Com a promulgação da Lei nº
10.352/2001, essa possibilidade de interposição simultânea daqueles recursos com os
infringentes desapareceu, pois o art. 498, caput, do CPC, passou a dispor que “quando o
dispositivo do acórdão contiver julgamento por maioria de votos e julgamento unânime,
e forem interpostos embargos infringentes, o prazo para recurso extraordinário ou
recurso especial, relativamente ao julgamento unânime, ficará sobrestado até a
intimação da decisão nos embargos”.

O Novo CPC não prevê o recurso de embargos infringentes, suprimindo-o do


sistema processual civil. Tal extinção do recurso no âmbito processual civil, no entanto,
não reflete no direito processual penal, eis que o art. 610, do CPP, prevê o recurso de
embargos infringentes e de nulidade contra a decisão não unânime de segunda instância,
no prazo legal de dez dias. Embora revogado o texto do CPC/1973 sobre a matéria,
entendemos que devem ser aplicadas as normas que foram fruto do amadurecimento do
referido recurso, notadamente aquela que fixou que, com a oposição dos embargos
infringentes restritos à matéria divergente, fica sobrestado o prazo recursal para a
interposição de recursos especial e extraordinário, para que seja objeto de única
impugnação, tal como passou a dispor o art. 498, caput, CPC/1973. Obviamente,
permaneceremos com esse posicionamento não com base no artigo revogado, mas sim
com esteio nos precedentes que se firmaram nesse sentido19, em virtude da lacuna
legislativa que existia antes da Lei nº 10.352/2001. Daí que a revogação do CPC/1973
pelo Novo CPC não altera o rito de processamento e julgamento dos embargos
infringentes e de nulidade em matéria penal.

No nosso entender, a exceção ao princípio da unirrecorribilidade referida por


Tourinho Filho era meramente aparente, especialmente se for considerado que cada um
dos recursos simultâneos tem objeto distinto da decisão judicial, ou seja, cada recurso é
interposto contra capítulo diverso da decisão judicial penal.

Cuida-se, portanto, de uma hipótese em que não há impugnação integral e


simultânea da decisão, porém recursos parciais que aludem somente a um, ou a alguns
capítulos do acórdão, pela conjugação de dois fatores (a) por vontade do recorrente; e
(b) por força de lei20.
No mesmo sentido, Grinover, Scarance e Gomes Filho aduzem que “nesses casos,
cada capítulo da sentença é objeto de recurso distinto, de modo que a hipótese não
configura exceção ao princípio da unirrecorribilidade”21.

A título de registro histórico, temos o exemplo da possibilidade que havia de


interposição de protesto por novo júri (revogado pela Lei nº 11.689/2008) e de
apelação para combater uma mesma sentença que condenasse o réu a mais de um crime,
sendo apenado por um deles, isoladamente, a vinte anos ou mais de reclusão.

No entanto, manejado o protesto por novo júri, a apelação que tivesse por objeto a
porção abrangida pelo protesto restaria prejudicada, pelo que também aqui a exceção a
unirrecorribilidade é aparente, eis que a concomitância recursal requer impugnações de
capítulos diversos da mesma decisão.

4) Princípio da fungibilidade recursal (também denominado de “teoria do recurso


indiferente”, “teoria do ‘tanto vale”, princípio da permutabilidade dos recursos ou
princípio da conversibilidade dos recursos): não havendo erro grosseiro ou má-fé na
interposição de um recurso equivocado, e atendido o prazo limite do recurso que seria
cabível, a parte não será prejudicada pela interposição de um recuso por outro. Nesse
caso, o juiz, tomando ciência da impropriedade de uma impugnação recursal por motivo
plausível, deve mandar processá-la em conformidade com o rito do recurso que seria
cabível, tal como prevê o parágrafo único, do art. 579, CPP.

Para a aplicação do princípio da fungibilidade é necessário que o prazo para o


recurso correto não tenha sido extrapolado quando da interposição da impugnação
equivocada. Em acréscimo, deve existir dúvida objetiva plausível para que haja o
acatamento de um recurso por outro, que indique a existência de boa-fé do recorrente,
não se aceitando o recurso que consubstancie equívoco grosseiro. Pensamos que devem
ser exigidos simultaneamente ambos os requisitos, ficando evidenciada a má-fé com o
ingresso de recurso de prazo maior no lugar de recurso com previsão de interposição em
menor lapso. Essa a posição da doutrina e jurisprudência majoritária.

Em sentido contrário, Denílson Feitoza se alinha à posição de Nelson Nery Júnior,


para entender que o princípio da fungibilidade seria exceção ao princípio da preclusão,
que não deve incidir quando inexistente erro grosseiro ou má-fé, razão pela qual “o
recurso impróprio pode ser conhecido, mesmo sendo interposto fora do prazo do
recurso próprio, desde que haja dúvida objetiva quanto ao recurso correto; o contrário
significaria negar a própria existência do princípio da fungibilidade” 22.

5) Princípio da convolação: consiste na possibilidade de que um recurso manejado


corretamente seja convolado em outro em virtude de se revelar mais útil ao recorrente,
com viabilidade de maiores vantagens.

A convolação se diferencia da fungibilidade porque para a aplicação deste


princípio é necessário que o recurso tenha sido interposto erroneamente, enquanto a
incidência da convolação pressupõe acerto na oferta da impugnação.

Norberto Avena exemplifica esse princípio com o caso em que uma revisão
criminal manejada corretamente contra uma decisão condenatória transitada em julgado
é recebida como habeas corpus, por ser este mais célere e dispensar formalidades
relativamente à primeira23.

Embora se trate de ações autônomas de impugnação, a argumentação do exemplo é


válida se levarmos em consideração que essas demandas funcionam, em sentido amplo,
como sucedâneos recursais.

6) Princípio da vedação da reformatio in pejus: proibição de mudança para pior


da situação jurídica do recorrente, em virtude de decisão superveniente que reforme o
julgado recorrido. Este princípio tem sido também conhecido por “efeito prodrômico da
sentença”, expressão abordada de maneira mais detida no Capítulo XII – Sentença (item
4.1.2)

Se só a defesa recorre, tendo a acusação se conformado com o provimento


jurisdicional, a situação do réu não poderá ser piorada. É o que se chama de proibição
da reformatio in pejus direta, ou seja, na relação recursal, a situação do réu permanecerá
como está, se o recurso foi exclusivo da defesa.

Decerto, não pode haver modificação para pior da situação do acusado em recurso
seu, mesmo no caso de correção de erro material que incremente a pena 24.

No que toca a mudança de critérios para a fixação do quantitativo da pena quando


da utilização do procedimento trifásico, o STF reputou, por maioria, que não há que se
falar em reformatio in pejus, quando ao final da fundamentação para a definição de
pena-base e de aplicação de causa de diminuição de modo divergente na instância ad
quem, a pena total aplicada tenha sido mantida inalterada 25.

No mesmo raciocínio, caso a acusação tenha recorrido, não poderá o tribunal


reconhecer nulidade contra o réu que não tiver sido suscitada, salvo nas hipóteses em
que haja recurso de ofício (súmula nº 160, STF).

Caso o tribunal anule a decisão anterior, em recurso promovido pela defesa, o


órgão a quo, recebendo os autos para proferir nova decisão, não poderá piorar a
situação do demandado, pois se pudesse fazê-lo, indiretamente estaria exasperando a
situação do réu, quando só a defesa tivesse recorrido.

Dessa forma, também está vedada a reformatio in pejus indireta.

Se a anulação do primeiro julgado se deu em face da incompetência absoluta do


juízo, mesmo que por recurso exclusivo da defesa, havendo a remessa ao órgão
competente, este não estaria adstrito aos limites da primeira decisão, podendo piorar a
situação do réu, aplicando-lhe inclusive pena maior, como vinha se manifestando o
STJ26, em respeito à lógica do juiz natural. Todavia, o art. 617 do CPP não põe ressalva
quanto às hipóteses de nulificação do processo anterior, e mesmo que por motivo de
incompetência absoluta, deve prevalecer a restrição. O próprio STJ, em decisão mais
recente, admitiu o vínculo do juiz competente ao quantitativo de pena fixado por seu
antecessor27.

Já se o tribunal está apreciando recurso exclusivo da acusação, poderá melhorar a


situação do réu, mesmo que tenha que julgar extra petita, admitindo-se portanto a
reformatio in melius, ou seja, a reforma para melhor, mesmo em recurso específico da
acusação, pedindo justamente o oposto.

No âmbito do tribunal do júri, a vedação à reformatio in pejus indireta ganha


dimensão especial. Isto porque, havendo recurso exclusivo da defesa que resulte na
anulação do primeiro júri, com a submissão do réu a novo julgamento duas situações
podem ocorrer: (a) os jurados integrantes do segundo júri reconhecem as mesmas
circunstâncias verificadas no primeiro julgamento ou (b) os jurados reconhecem nova
circunstância prejudicial ao acusado (nova qualificadora, por exemplo).

Na primeira hipótese (mesmas circunstâncias no primeiro e segundo julgamento), a


aplicação do princípio da reformatio in pejus indireta vincula o magistrado sentenciante,
que, na dosimetria da pena, não poderá extrapolar a reprimenda imposta na primeira
condenação.

A segunda hipótese (reconhecimento de nova circunstância prejudicial) gerou


controvérsia por algum tempo em sede jurisprudencial. Ocorre que, diante da soberania
dos vereditos (art. 5º, XXXVIII, “c”, CF/88), havia entendimento de que a decisão
tomada pelos jurados no segundo julgamento deveria ser respeitada28. A título de
exemplo, se o réu fosse condenado a 6 (seis) anos por homicídio simples e somente a
defesa recorresse, admitia-se a possibilidade de, no segundo júri, ser reconhecida uma
das qualificadoras do art. 121, § 2º, CP, e, com isso, exasperar-se a pena, passando a 12
(doze) anos, por exemplo.

Atualmente, STF e STJ estão alinhados e têm decidido ser compatível o princípio
da vedação à reformatio in pejus indireta e a soberania dos vereditos, preservando o
“justo processo da lei (due process of law), nas cláusulas do contraditório e da ampla
defesa”29-30. Deste modo, ainda que seja reconhecida nova circunstância no segundo
julgamento, realizado após recurso exclusivo da defesa, a pena aplicada não poderá ser
superior àquela determinada no primeiro julgamento anulado.

Noutra quadra, nos casos em que o tribunal esteja apreciando recurso exclusivo da
acusação, poderá melhorar a situação do réu, mesmo que tenha que julgar extra petita,
admitindo-se portanto a reformatio in melius, ou seja, a reforma para melhor, mesmo em
recurso específico da acusação, pedindo justamente o oposto.
VEDAÇÃO À REFORMATIO IN PEJUS INDIRETA E ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL

TRIBUNAL DO JÚRI – PRIMEIRO JULGAMENTO

Jurados não reconhecem qualificadoras. Crime de homicídio Pena aplicada pelo magistrado – 6 anos.
simples.

RECURSO EXCLUSIVO DA DEFESA

Acusação não recorre. Tribunal anula o primeiro julgamento.

TRIBUNAL DO JÚRI – SEGUNDO JULGAMENTO

Jurados reconhecem uma qualificadora. Crime de homicídio Magistrado está limitado à pena de 6 anos imposta no primeiro
qualificado. julgamento.

7) Princípio da conversão: se a parte interpuser um recurso para órgão


jurisdicional incompetente para conhecê-lo, este deverá remeter o processo ao que
detenha competência recursal 31.

A parte não será prejudicada pelo endereçamento errado do recurso, cabendo ao


tribunal incompetente para o qual o recurso foi endereçado remeter os autos ao órgão
competente para apreciá-lo.

8) Princípio da complementariedade dos recursos: é possível que haja integração


do recurso já interposto toda vez que a decisão recorrida for modificada
supervenientemente, tanto em razão de correção de erro material, como de provimento
de outro recurso, em virtude do exercício de retratação pelo juiz.

Nas hipóteses em que o juiz alterar a decisão (juízo de retratação ou retificação de


erro material) que repercuta nos fundamentos do recurso que já tinha sido interposto,
deve haver “a renovação do prazo recursal para a apresentação de novo recurso,
adequado às modificações operadas na nova decisão”. A nova impugnação é autorizada
se a matéria recorrida tiver sido objeto de alteração do julgado32.

Imaginemos que as partes tenham sido intimadas da sentença e a defesa apresentou,


de pronto, apelação, ao passo em que o MP apresentou embargos declaratórios, para que
a omissão do julgado fosse suprida. Ocorrendo a alteração da sentença em face do
julgamento dos embargos declaratórios, deve a defesa ser admitida a complementar o
recurso que já tinha sido apresentado, adaptando-o à nova realidade, após a apreciação
dos embargos;

9) Princípio da suplementariedade ou da suplementação dos recursos: existe a


possibilidade de ser renovada a iniciativa recursal já manifestada, quando contra a
decisão for cabível mais de um recurso.

A aplicação do princípio em tela é uma exceção, seja diante do princípio da


unirrecorribilidade, seja diante do fenômeno preclusivo que se opera. Isso porque
depois de ofertado recurso por uma das partes contra uma decisão desfavorável a ela,
haverá a preclusão consumativa tendente a impedir o novo exercício da faculdade
processual recursal validamente exercida antes.

O princípio da suplementariedade incidirá excepcionalmente “quando, para a


aludida decisão, for cabível mais de uma modalidade recursal”, tal como ocorria, no
júri, com o cabimento de “apelação, em relação a um crime” e do revogado “protesto
por novo júri”, relativamente a outro delito33.

10) Princípio da variabilidade dos recursos: sustentado por corrente minoritária,


consiste na possibilidade do interessado, enquanto estiver em andamento o prazo
recursal, interpor mais de um recurso contra a mesma decisão. A variabilidade dos
recursos tem o propósito de autorizar que o recorrente amplie os limites de seu primeiro
recurso, com a interposição de outra impugnação para, por exemplo, abranger outros
pontos da decisão recorrida. Entendemos, todavia, que tal princípio não deve ser
aplicado no âmbito do processo penal. Isso porque pensamos que, uma vez interposto o
recurso pela parte sucumbente, especialmente quando delimitada a sua abrangência pela
petição recursal, ocorrerá preclusão consumativa, constitutiva de óbice à
admissibilidade de recurso ulterior daquele sujeito processual interessado.

No sentido por nós sustentado, Elmir Duclerc obtempera que a regra da


variabilidade é “de aplicação duvidosa no âmbito do nosso sistema recursal” e que
“teria amparo, segundo alguns autores, na norma do antigo art. 809 do CPC de 1939,
que, todavia não foi repetida no texto atual e tampouco no CPP”34.

Em direção diversa, Grinover, Scarance e Gomes Filho explicam que o princípio


da variabilidade significa que a interposição de um recurso não liga o recorrente ao
fundamento da petição de impugnação. Isso significa dizer que, segundo essa concepção,
é possível a interposição sucessiva do mesmo recurso, quando respeitado o prazo legal.
Nesses termos, defendem que não se aplica a regra da preclusão consumativa, ainda que
o recorrente tenha avivado na petição de interposição do recurso a sua respectiva
abrangência para a apresentação de razões. Como exemplo, apontam o caso de uma
mesma decisão ser impugnada por mais de um fundamento, através de recurso de mesma
espécie:

Imagine-se que o recorrente interponha apelação, visando ao


reexame da sentença do juiz-presidente do Júri – isso não
obsta a que, ainda no prazo, se interponha outra apelação
contra o veredicto dos jurados. O mesmo ocorre quando a
primeira apelação impugne apenas um capítulo da sentença
(por exemplo, a questão da dosagem da pena) e a segunda, a
própria condenação35.

Veja-se que se distinguem os princípios da variabialidade (mesmo recurso,


manejado pelo mesmo recorrente, contra uma mesma decisão, dentro do mesmo prazo),
da complementariedade (manejo do mesmo recurso em razão da devolução do prazo
recursal, diante de alteração superveniente da decisão) e da suplementariedade
(possibilidade de interposição de recurso diverso contra a mesma decisão já impugnada
anteriormente pelo mesmo recorrente).

Note-se, ainda, que não é hipótese de aplicação do princípio da variabilidade dos


recursos quando as interposições sucessivas de um mesmo recurso ocorrem dentro do
prazo recursal, embora feitas por legitimados recursais diversos, ainda que em favor do
mesmo réu. A título de exemplo temos a possibilidade de interposição autônoma de
apelação por um motivo pelo advogado do acusado e por outro fundamento pelo próprio
acusado, nos casos de conflito de interesse recursal entre defesa técnica e autodefesa.

11) Princípio da dialeticidade dos recursos: o recorrente deve expor os


fundamentos de sua irresignação, evidenciando os motivos pelos quais pretende ver
reexaminada a decisão, viabilizando o contraditório recursal (razões e contrarrazões).

A motivação dos recursos nem sempre é obrigatória no processo penal para que o
recurso seja conhecido, especialmente quando a impugnação se dirige à decisão de juiz
singular. Desse modo, o Código prevê, por exemplo, a subida de apelação sem as razões
recursais, quando permite a sua apresentação na instância ad quem (tribunal), nos termos
do § 4º, do art. 600, do CPP36. Já no que se refere ao recurso em sentido estrito, o
mesmo Código admite que ele suba com ou sem resposta, isto é, com ou sem
contrarrazões (não sem razões!), a teor do caput, do seu art. 58937.

Embora tolerada pela jurisprudência e sufragada pela legislação a apreciação de


recursos sem razões, quando para tanto tenha sido intimado o recorrente, e o tribunal
haja apreciado adequadamente o recurso, entendemos, com Frederico Marques, que “a
motivação deve ser requisito essencial do recurso, por tratar-se de pressuposto
indispensável para a sua admissibilidade”38.

De tal maneira, apresentado o recurso de forma leiga pelo acusado, é indispensável


a intimação de seu advogado constituído ou defensor para arrazoá-lo. Caso haja conflito
entre autodefesa e defesa técnica, deve o magistrado oportunizar a constituição de novo
advogado pelo réu, assinando prazo, após o que deve nomear defensor dativo, se não for
o caso de assistência pela Defensoria Pública.39

Observação: a disponibilidade não é característica ou princípio recursal porquanto não tem aplicação em toda e qualquer
hipótese, já que ao Ministério Público não é permitido desistir do recurso já interposto, como decorrência da regra da
obrigatoriedade de sua atuação (art. 576, CPP). Assim, só tem aplicação a disponibilidade nos recursos manejados pelo querelante
em sede de ação penal privada. No que concerne à defesa, Grinover, Scarance e Gomes Filho averbam que deve ser verificada,
caso a caso, ofensa à ampla defesa, pois pode haver invalidade de desistência de recurso pelo defensor quando o acusado ficar
em situação de indefeso ou haverá ineficácia da desistência se o réu se opuser à conduta do defensor.

12) Princípio da intranscendência dos recursos: é princípio de exclusiva


aplicação ao recurso manejado pela parte acusadora. Em certa medida, é deduzido de
ideia análoga ao princípio da intranscendência da ação penal, que dita que a demanda
promovida contra um réu não deve ultrapassar a sua pessoa para incidir efeitos em
sujeito diverso. No recurso que estende a pretensão punitiva estatal, a parte acusadora
deve especificar o que pretende e contra quem pretende a providência exasperadora.
Tratando-se de mais de um acusado, o pleito recursal deve identificar cada um deles, em
relação aos quais deseja a reforma da decisão ou da sentença. Se o pedido recursal se
restringir a um único agente, ainda que relativamente a fato cometido em coautoria, resta
vedado ao tribunal ampliar seu objeto para fazer alcançar o pedido recursal em desfavor
do réu/recorrido contra quem a parte autor/recorrente não se insurgiu expressamente. O
órgão ad quem só pode apreciar a matéria não impugnada nas hipóteses de reexame de
ofício.

13) Princípio da colegialidade recursal: é outorgada ao recorrente para que a


matéria recorrida seja objeto de apreciação por órgão colegiado, integrado por mais de
um julgador. Esse princípio não é ofendido pela possibilidade de julgamento de um
recurso de forma monocrática, por membro de tribunal, relator, haja vista que das
decisões monocráticas pode a parte sucumbente pleitear, por simples agravo, o
julgamento pelo órgão fracionário, colegiado, que competir o exame do assunto. O
afastamento da colegialidade pela possibilidade de julgamento monocrático é tão
somente aparente. Tal fica mais evidente quando se vê que as matérias julgadas por um
só membro do tribunal, em regra, já foram objeto de julgamento colegiado anterior. Sem
embargo, esse princípio não é absoluto, pois alguns recursos não ensejam a
possibilidade de exame colegiado, a exemplo dos embargos de declaração. Ademais, a
colegialidade decorre do princípio do duplo grau de jurisdição, eis que possibilita a
reavaliação do caso por um corpo de juízes. O Pacto de São José da Costa Rica,
ratificado pelo Decreto nº 678/1992, ampara sua existência em seu art. 8, item “2”,
alínea “h”.

Vale destacar que o princípio da colegialidade recursal não é encontrado no


julgamento de primeira instância dos crimes dolosos contra a vida, de competência do
tribunal do júri. O júri não examina recurso, porém julga os fatos concernentes a sua
competência para apreciar os crimes dolosos contra a vida. De tal modo, a
colegialidade do júri, restrita aos sete jurados (leigos) que formam a composição do
conselho de sentença, e que não se estende ao juiz-presidente (togado), não se confunde
com a colegialidade dos recursos.
1.5. Impedimentos
Alguns fatores podem obstar o recebimento ou a tramitação regular do recurso. São
obstáculos à admissibilidade ou ao processamento, traduzindo-se em verdadeiros
impedimentos. Esses impedimentos consistem em fatos alheios aos pressupostos de
admissibilidade que obstam que o recurso seja processado ou conhecido.

Temos os seguintes impedimentos, na senda de Guilherme Nucci:

1) a desistência: ocorre quando o acusado, assistido regularmente por seu


advogado/defensor, manifesta o desejo de não persistir com seu inconformismo
relativamente à decisão, requerendo que a tramitação do recurso seja interrompida.

A desistência não pode ser exercida pelo Ministério Público, a teor do art. 576,
CPP, como corolário da impossibilidade de também desistir da ação penal pública
ajuizada por ele (art. 42, CPP);

2) a renúncia: caracterizada pela manifestação da parte no sentido de que não


deseja recorrer da decisão, antes mesmo de interpor a impugnação cabível.

Sob enfoque que distinga fato impeditivo de fato extintivo, a renúncia é mais
propriamente um fato extintivo do direito de recorrer, só admissível depois de proferida
a decisão e antes de ser ofertado o recurso. Não depende de aceitação da parte
contrária, consistindo “em ato unilateral pelo qual o legitimado manifesta a sua vontade
de não interpor recurso cabível contra a decisão”40.

Como decorrência da indesistibilidade da ação penal e do recurso, também ao


Parquet é vedada a renúncia ao direito de recorrer, podendo, no entanto, deixar escoar o
prazo sem oferecer o recurso, em face de sua independência funcional.

Importante pontuar que, havendo divergência entre o réu e seu defensor quanto ao
interesse de interpor o recurso, entendemos que deve prevalecer a vontade de
recorrer41. Desta maneira, caso manifeste a renúncia sem assistência de advogado, o
defensor constituído poderá apresentar o recurso e este deverá ser conhecido (vide
súmula nº 705 do STF).

3) a deserção: no processo penal é termo que designa situações em que (a) o


acusado que deveria estar recolhido à prisão para recorrer foge (art. 595, CPP,
revogado pela Lei nº 12.403/2011), (b) o recorrente deixa de pagar as custas devidas
(art. 806, § 2º, parte final, CPP) ou (c) o recorrente não providencia o traslado de peças
dos autos (art. 601, § 1º, CPP, embora não expressamente prevista a deserção neste
dispositivo legal)”42.

Mesmo antes da revogação expressa do art. 595, CPP, pela Lei nº 12.403/2011, o
seu texto já estava sem eficácia. A propósito, o STF já havia assentado a inexistência da
deserção pela fuga, entendendo que nestas hipóteses o recurso deveria ser processado
regularmente, mantendo-se intocado o mandado prisional 43. De tal sorte, capturado o
acusado com prisão preventiva decretada (art. 312, CPP), será ele regularmente
recolhido ao cárcere, mas a fuga não impede a tramitação do recurso, e com muito mais
razão, o seu recebimento.

1.6. Pressupostos de admissibilidade recursal


Os pressupostos recursais de admissibilidade, também denominados de condições
ou requisitos para a prelibação do recurso, isto é, para a aferição da viabilidade para,
em uma segunda etapa, se examinar o mérito recursal, podem ser classificados em
pressupostos objetivos e subjetivos.

Antes de enfrentá-los, é preciso consignar que o juízo recursal é dividido em juízo


de admissibilidade e juízo de mérito:

1) o juízo de admissibilidade (ou de prelibação) consiste na aferição, pelo juízo


competente, das condições de admissibilidade da espécie de impugnação recursal
apresentada pela parte (recorrente) contra a decisão a ela desfavorável (sucumbência).
Quando ausente requisito de admissibilidade, órgão judicante não conhece do mérito do
recurso, pelo que se estabiliza a decisão recorrida (preclusão ou trânsito em julgado da
decisão recorrida, conforme o caso); e

2) o juízo de mérito (ou de delibação) é o fundamento que se alega para fins de


reforma ou anulação da decisão e que quase sempre (embora nem sempre) coincide com
o mérito da ação penal 44. O mérito do recurso só é conhecido se positivo o juízo de
admissibilidade recursal, quando se diz que o órgão ad quem dá provimento ou nega
provimento ao recurso. Nesse caso, a decisão recorrida não transita em julgado, pois a
decisão proferida em grau de recurso tem o efeito de substituí-la, passando em julgado
no lugar daquela.

Saber se o tribunal conheceu ou não conheceu do recurso é providência


indispensável para se definir o juízo competente para a propositura de revisão criminal.
Desse modo, deve o tribunal ser preciso na terminologia adotada, evitando a menção à
“manutenção da decisão recorrida”, por ser dotada de ambiguidade.

Para se recorrer de uma decisão ou de uma sentença é necessário que se tenha


interesse e legitimidade (pressupostos subjetivos). Mas, antes, é mister que estejam
presentes os pressupostos recursais objetivos, inerentes a todos os recursos: (1) a
previsão legal; (2) a forma prescrita em lei; (3) a tempestividade 45 e (4) a adequação46.

Além desses pressupostos, existe um pressuposto fundamental de todo e qualquer


recurso: a sucumbência que, nas palavras de Tourinho Filho, “traduz a existência de um
prejuízo que a parte entenda ter-lhe produzido a decisão contra a qual recorre” 47.

A sucumbência é estudada a partir de várias formas classificatórias, podendo ser:

a) única ou múltipla. Vale dizer, “se o gravame atinge apenas uma das partes, fala-
se em sucumbência única”. Já se afeta interesses diversos, a sucumbência é múltipla;

b) paralela ou recíproca. Quando a lesão provocada pela decisão afeta interesses


idênticos, a sucumbência é paralela. Será recíproca quando atinge interesses
antagônicos/opostos;

c) direta ou reflexa. Quando fere o direito de uma das partes da relação processual,
a sucumbência é dita direta. Será reflexa na hipótese de repercutir em pessoas situadas
fora da relação jurídica processual;

d) total ou parcial. Se o pedido é rejeitado integralmente, a sucumbência é total.


Diferentemente, será parcial se só parte do pleito não for acolhido48.

Destacado o pressuposto fundamental, vejamos agora o sentido e o alcance dos


pressupostos recursais, estudando primeiramente os objetivos para, em seguida,
examinarmos os subjetivos.
1.6.1. Pressupostos objetivos de admissibilidade recursal e os reflexos do Novo
Código de Processo Civil
Os pressupostos processuais objetivos são enumerados de forma mais ou menos
extensa pelos diversos autores que abordam o tema. Para melhor detalhamento da
matéria que forma o juízo de prelibação ou de admissibilidade recursal, estudaremos os
aspectos objetivos a seguir, que precedem o exame do mérito dos recursos em processo
penal.

1) Previsão legal. O cabimento é pressuposto atrelado à característica dos


recursos conhecida por taxatividade. É necessária a autorização pelas leis de processo
para se ter como cabível algum recurso. As possibilidades de interposição de recursos
são informadas pelo princípio da unirrecorribilidade das decisões judiciais. Daí que “a
parte necessita respeitar o recurso exato indicado na lei para cada tipo de decisão
impugnada, não lhe sendo cabível eleger o recurso que bem entenda”49.

Em outras palavras, os recursos são aqueles expressamente gizados na lei


processual penal, não havendo possibilidade de criação de impugnação recursal pela
parte ou pelo juiz. Isso não impede que a parte se valha do manejo de sucedâneos
recursais, a exemplo das ações autônomas de impugnação de mandado de segurança e de
habeas corpus, quando da decisão não couber recurso algum.

Tourinho Filho explica que “o ‘remédio deve estar previsto em lei e, além disso, o
recurso interposto deve ser o adequado”. Se a parte sucumbente desejar interpor recurso
contra a decisão, “cumpre-lhe, pelo princípio da correspondência, atentar para o recurso
próprio, adequado”. Por exemplo, contra o não recebimento da peça acusatória é
cabível o recurso em sentido estrito (art. 581, I, CPP) e não outro. No entanto, “dês que
não haja má-fé, o Juiz pode receber um recurso por outro, nos termos do art. 579 do
CPP”50.

É de ver que existem atos judiciais irrecorríveis no processo penal. Tal como
aponta Denílson Feitoza, as decisões não elencadas pelo art. 581 do CPP ou sem força
de definitivas e os meros despachos de expediente. Daí que se a interlocutória for
irrecorrível, mas for oportunamente impugnada (art. 572 do CPP), “ela poderá,
eventualmente, ser reexaminada por ocasião do recurso cabível da decisão seguinte, por
exemplo, na apelação cabível da sentença condenatória” 51. De todo modo, existente
constrangimento ilegal que ameace de lesão o direito de liberdade do réu, será admitido
habeas corpus como sucedâneo recursal, que poderá ter o objetivo, inclusive, de
determinar o trancamento da ação penal.

2) Observância das formalidades legais. É o segundo pressuposto processual, que


deve ser compreendido através da regularidade formal da interposição (sem rigorismos
formais excessivos, em compasso com a ideia de instrumentalidade das formas) e pela
correta formulação do pedido recursal. Decerto, para que seja recebido e conhecido
pela instância ad quem, a forma do recurso deve ser aquela prescrita em lei. A
impugnação, por exemplo, que não obedece a forma de interposição exigida legalmente
está sujeita a não ser recebida, a ter seu seguimento negado ou não ser conhecida.

Alguns recursos devem ser interpostos exclusivamente por petição, seguida de


razões. Outros podem ser apresentados não só por petição, como também por termo nos
autos (art. 578, CPP): a interposição mediante termo nos autos é admitida no recurso em
sentido estrito (art. 587, CPP) e na apelação (art. 600, CPP) 52, que pode ser assinado
pelo acusado ou subscrito por duas testemunhas a rogo.

Na prática forense, a forma aceita para a interposição válida do recurso é a


seguinte: (1) para os recursos interpostos perante o juízo singular (em processo de
conhecimento ou de execução), a regra é que sejam por petição ou por termo nos autos;
(2) para os recursos interpostos perante os órgãos colegiados, os recursos devem ser
interpostos sempre por petição, que deve estar sempre acompanhada de razões
recursais.

O entendimento que prevalece para os recursos manejados em primeiro grau de


jurisdição é o de que a interposição ocorra sem apego a formalidades rígidas, ou seja,
sem forma sacramental fechada. Daí se tem admitido como válida a interposição de
recurso por cota nos autos quando inequívoca a intenção de recorrer do julgado53.
Entendemos também viável a interposição por meios eletrônicos (Lei nº 11.419/2006)
ou pelas formas tradicionais (fax, telegrama etc.).

Sobre a terminologia a ser usada quando se vê a falta de pressuposto ou de


requisito para que o recurso seja apreciado em seu mérito, impende dizer que eles são
usados a depender da qualidade do órgão jurisdicional que impeça, liminarmente, o
processamento da impugnação:

a) quando é o juiz de primeiro grau que verifica a ausência de pressuposto


recursal, diz-se que ele “não recebe” o recurso;

b) quando se trata de membro de tribunal que decide, monocraticamente, sem


apreciar o mérito do recurso, fala-se que ele “nega seguimento” ao recurso interposto;

c) já quando a decisão é proferida pelo órgão colegiado (tribunal, turma, câmara


etc.), o termo técnico a ser usado é o de que o órgão, por unanimidade ou por maioria,
decidiu por “não conhecer” do recurso.

3) Tempestividade. É verificada com base na disposição que estabelece o prazo


para a apresentação do recurso a partir da intimação da parte. A regra é que o recurso
intempestivo tenha seu seguimento obstado pelo órgão recebedor da petição recursal
(juízo negativo de admissibilidade proferido no âmbito do juiz singular). Porém, quando
a impugnação tiver o fito de destrancar outro recurso não admitido na origem, o órgão
recebedor da petição não poderá negar-lhe seguimento (é o que ocorre, por exemplo,
com a interposição de carta testemunhável ou com a de recurso em sentido estrito que,
pelos seus objetivos, não podem ter seguimento negado com arrimo na intempestividade,
eis que extrapola a competência do juiz de primeiro grau, a quo, aferir juízo de
admissibilidade desses recursos, cabendo, exclusivamente, ao órgão ad quem).

Entendemos a tempestividade como pressuposto objetivo de admissibilidade


recursal, na esteira da maioria da doutrina. Diversamente, Grinover, Scarance e Gomes
Filho sustentam que a tempestividade é instituto ligado à preclusão, devendo ser
entendido como requisito inerente à regularidade da interposição. De todo modo, a
tempestividade é informada pelos princípios da inteireza dos prazos (que preconiza a
necessidade de se conhecer de seu termo a quo efetivamente) e da interpretação em
benefício do recorrente (visando preservar o duplo grau ou a pluralidade de graus de
jurisdição, bem como o controle das decisões), razão pela qual, na dúvida quanto à
expiração do prazo recursal, deve se entender favoravelmente à admissibilidade do
recurso, notadamente quando apresentado pela defesa do acusado54.

O prazo recursal é contado a partir da data em que se considera intimada a parte


interessada da decisão, sentença ou acórdão publicado (dies a quo). Isso significa dizer
que o recurso, em regra, é interposto após a publicação do decisum a ser vergastado.

Até então, fundando-se em questão lógica, diante da necessidade de se conhecer as


razões do acórdão para fundamentar o recurso, não se admitia a apresentação de
recursos antes da publicação e conferência do respectivo acórdão. Era o acórdão que
servia de base para sustentar a impugnação recursal. Nesse sentido, o entendimento
sumulado do STJ, no verbete nº 418, que dispõe que “é inadmissível o recurso especial
interposto antes da publicação do acórdão dos embargos de declaração, sem posterior
ratificação”.

No entanto, a evolução jurisprudencial, considerando o conhecimento prévio dos


argumentos que possivelmente serão consignados no acórdão e o acesso ao julgamento,
inclusive pela publicidade digital (sistemas de consulta processual), inverteu tal
cenário.

Deveras, o Pleno do Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento de embargos


de declaração (convertidos em agravo regimental) no agravo de instrumento nº 703269,
mudou a direção dos recursos que eram considerados intempestivos por conta da
interposição anterior à publicação do acórdão. Alterou, dessa forma, a jurisprudência da
Corte para afastar o conceito de intempestividade para os recursos apresentados antes
da publicação do acórdão, data esta que era, até então, considerada marco temporal do
início do prazo para a interposição de embargos declaratórios ou de agravos.
Considerou-se, na linha sustentada pelo Relator, Ministro Luiz Fux, que não pode ser
considerado intempestivo um recurso apresentado dentro do prazo, ainda que antes da
publicação do acórdão55.

A interposição do recurso no curso do prazo, porém antes de sua expiração (a


exemplo da parte recorrer no segundo dia de um prazo de cinco dias), implica, de regra,
preclusão consumativa, isto é, a parte que já exerceu o ato não pode tornar a praticá-lo
com o fito de, por exemplo, completar as razões já oferecidas (ressalvados os
princípios da complementariedade e suplementariedade recursal).

Outrossim, decorrido o prazo para recurso contra sentença (dies ad quem), sem que
tenha sido exercido pela parte, ocorre o trânsito em julgado (preclusão máxima) para
quem não recorreu, em virtude da incidência de preclusão temporal.
Os prazos recursais são contínuos e peremptórios, correndo de maneira fatal, sem
possibilidade de suspensão ou interrupção, não se interrompendo em férias, domingos
ou feriados, ressalvada situação prevista no § 4º, do art. 798, do Código, cabe dizer, por
motivo de impedimento do juiz, força maior ou obstáculo oposto pela parte contrária.
Prevalece o entendimento, notadamente em face da supressão das férias forenses para os
órgãos de 1ª e 2ª instância do Poder Judiciário pela Emenda Constitucional nº 45/2004,
que as férias forenses não suspendem, nem interrompem o prazo recursal.

No que tange ao início do prazo para o recurso, temos como termos a quo os
seguintes: (a) a data da intimação; (b) a data da audiência em que proferida decisão e
presente a parte; e (c) o dia da ciência inequívoca manifestada nos autos 56. No que tange
à intimação pessoal do Ministério Público, o STF firmou entendimento que o termo
inicial é o da entrada dos autos da repartição (quando se considera intimado o membro
do Parquet) e não a data da ciência aposta nos autos57.

A contagem, por sua vez, é realizada com a exclusão do dia do início (dies a quo) e
inclusão do dia final (dies ad quem), por se tratar de prazo de natureza processual.
Tratando-se, pois, de intimação por mandado ou por carta precatória, os prazos contam-
se da intimação, computando-o a partir do dia útil seguinte a esta e incluindo o termo
final, não tendo relevância, em matéria penal, a data da juntada aos autos (Súmula nº
710, STF).
EXEMPLO DE CONTAGEM DE PRAZO PROCESSUAL PENAL
APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 710/STF

INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE APELAÇÃO – PRAZO DE 5 DIAS

05 06 07 08 09 10

Quarta-feira dies a Quinta-feira Sexta-feira S D Segunda-feira dies


quo ad quem

Intimação pessoal Início do cômputo Juntada do – – Fim do prazo


da sentença mandado de Inclui-se o dia do
condenatória intimação aos vencimento
através de oficial autos.
de justiça Dia irrelevante para
Exclui-se o dia a contagem do
início prazo.

Quando a intimação se der pela imprensa, o critério para aferir a intimação é a da


efetiva circulação do diário oficial em dia de expediente forense para ser tido como
data a quo do prazo recursal, com arrimo no princípio da inteireza do prazo recursal.

O termo inicial, a partir da intimação, deve ser contado a partir do primeiro dia útil
seguinte. Assim, caso seja realizada a intimação na sexta-feira, a contagem se inicia na
segunda-feira (se dia útil), a teor da Súmula nº 310, do STF. Como se cuida de prazo
processual, a regra é que se prorrogue para o primeiro dia útil seguinte ao seu termo
final, quando cair em dia que não haja expediente forense58.

EXEMPLO DE CONTAGEM DE PRAZO PROCESSUAL PENAL APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 310/STF

INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PRAZO DE 2 DIAS.

05 06 07 08 09

Sexta-feira dies a quo Sábado D Segunda-feira Terça-feira dies ad


quem

Publicação oficial da Não se inicia o cômputo – Início do cômputo. Fim do prazo;


sentença omissa, – não é dia útil. Inclui-se o dia do
obscura, ambígua ou vencimento.
contraditória;
Exclui-se o dia início.
A Lei nº 9.800/99 faculta às partes a utilização de sistema de transmissão de dados
para a interposição do recurso cabível. Nessas situações, o recorrente poderá apresentar
sua pretensão recursal por fac-símile ou similar e, no prazo de 5 (cinco) dias, entregar
em juízo os originais. A jurisprudência sedimentou o entendimento de que o prazo para a
juntada dos originais se inicia no dia imediatamente subsequente ao fim do prazo
recursal, independentemente de ser dia útil ou não. O encerramento do prazo, por sua
vez, admite prorrogação caso se encerre em dia sem expediente forense 59.

No âmbito do STJ, a sua súmula nº 216 preconiza que a tempestividade de recurso


interposto naquele tribunal “é aferida pelo registro no protocolo da secretaria e não pela
data da entrega na agência do correio”. Vale dizer, o Superior Tribunal de Justiça
somente reconhecia a aptidão do registro de recebimento pelo seu setor de protocolo
aposto nas petições recursais para fins de aferição de tempestividade, não aceitando
como possível, para tal objetivo, a apresentação de documento emitido pelos Correios,
nem o registro de recebimento da petição no Tribunal de origem60.

O protocolo de recurso mediante registro postal continua sendo inadmitido pelo


STJ61.

Diferentemente, quanto ao protocolo descentralizado (unificado) para o fim de


interposição de recurso, a tendência é de ser admitido amplamente, notadamente diante:
(a) da implementação do processo judicial eletrônico, que permitirá a transmissão de
dados e de petições através de conexão de internet; (b) da norma contida no parágrafo
único, do art. 547, do CPC/1973, com redação da Lei nº 10.352/2001 (com aplicação
analógica ao processo penal), que dispõe que “os serviços de protocolo poderão, a
critério do tribunal, ser descentralizados, mediante delegação a ofícios de justiça de
primeiro grau”; e (c) de se verificar, na jurisprudência mais recente do STJ (afastando-
se da orientação vincada na Súmula nº 256, agora cancelada) 62 e do STF63, a aceitação
do protocolo unificado (descentralizado ou integrado), mediante a aplicação do art. 547,
do CPC/1973. O Novo CPC reproduz o teor do artigo 547, do CPC/1973, continuando a
admitir a descentralização de protocolos, mediante delegação a ofícios de justiça de
primeiro grau, a critério dos tribunais.

4) Adequação64. É aferida pelo acerto da via recursal escolhida e repercute no


requisito subjetivo denominado interesse recursal. Dentre os recursos previstos na lei
processual penal, a parte deve manejar o recurso apropriado.

Todavia, a adequação não é um pressuposto/condição inafastável, haja vista que o


art. 579 do CPP sufraga o princípio da fungibilidade recursal: o recurso interposto
equivocadamente pode ser recebido e processado se não houve erro grosseiro (que é
aferido quando não existe dúvida razoável em sua escolha), bem como se tiver sido
atendido o prazo do recurso correto65.

Ao lado dos já referidos aqui, Eugênio Pacelli de Oliveira acresce como requisitos
objetivos, mais dois:

5) Inexistência de fatos impeditivos. Aludindo, como fatos obstativos, à renúncia


manifestada antes da interposição do recurso e à desistência (que tem que ser expressa)
manifestada após sua apresentação; e

6) Motivação. A fundamentação do recurso é a regra. É, entrementes, excepcionada


pelos artigos 577 (o réu pode interpor recurso sem estar representado por defensor),
578 (possibilidade de interposição por petição ou termo nos autos apresentada pelo
próprio réu) e 601 (prevê a subida de apelação sem as razões) 66. Comentamos este
pressuposto objetivo, quando estudamos o princípio da dialeticidade dos recursos no
item 1.4, para onde remetemos o leitor.

1.6.2. Pressupostos subjetivos de admissibilidade recursal


Além dos pressupostos objetivos estudados acima, o exame do mérito recursal fica
condicionado à presença de pressupostos de ordem subjetiva, especialmente o interesse
recursal e a legitimidade para a interposição da impugnação.

1) Interesse recursal. É inferido pela necessidade que a parte tem na modificação


da decisão que lhe foi desfavorável, ainda que parcialmente.

O interesse é medido pela vantagem prática que a parte pode ter com o eventual
provimento do recurso (interesse-utilidade, representado pela possibilidade de obtenção
de situação mais vantajosa), bem como pela indispensabilidade de intervenção estatal
(estado-juiz) para modificar o julgado recorrido (interesse-necessidade).
Como exemplo de falta de interesse-utilidade, é o recurso movido contra a
motivação da sentença, haja vista que não se admite requerer tutela jurisdicional para
obtenção de declaração doutrinária, devendo a impugnação ser dirigida à parte
dispositiva da decisão. Como exceção a essa regra, é aceito o recurso contra motivação
de sentença que absolve por insuficiência de provas, porquanto não obsta que a parte
interessada intente ação civil indenizatória contra o acusado67.

Nesse sentido, Tourinho observa que, a depender da situação, o acusado pode ter
interesse em recorrer de sentença que o absolveu, malgrado aqui não se apresente com
nitidez o pressuposto fundamental da sucumbência. O recurso do réu contra sentença
absolutória terá lugar quando ele desejar a modificação do fundamento, considerando
que às vezes “uma sentença absolutória não impossibilita o ofendido de mover em
relação ao réu ação civil para satisfação do dano”68.

Daí o interesse recursal do acusado relativamente à sentença que o absolveu por


insuficiência de provas, quando deseja que o fundamento se modifique para negativa de
autoria ou inexistência do fato, eis que assim fica imunizado contra futura ação civil ex
delicto.

Também, nos termos do enunciado nº 283, do STF, pode-se inferir que não há
utilidade que caracterize o interesse recursal nos casos em que a decisão impugnada se
arrima em fundamento diverso do objeto do recurso.

Exemplo de falta de interesse-necessidade é o recurso interposto contra sentença


sem parte dispositiva (exemplo clássico de sentença inexistente), haja vista que para
casos de inexistência jurídica é suficiente simples petição69.

O interesse recursal (equivalente ao interesse de agir, processual) pode ainda ser


constatado pelo trinômio necessidade-utilidade-adequação. A adequação recursal,
todavia, é pressuposto objetivo que, por sua vez, pode resvalar na falta de interesse
recursal (pressuposto subjetivo).

Para que haja interesse recursal, deve existir o pressuposto fundamental


(sucumbência). Se, ao contrário, a parte lograr ser “vencedora em todos os pontos
sustentados, não havendo tipo de sucumbência, inexiste motivo para provocar outra
instância a reavaliar a matéria” 70.

Essa regra deve ser vista com reservas no processo penal, especialmente quando se
analisa a postura do Ministério Público na ação penal, que pode recorrer sem ser
sucumbente, em favor do acusado. Com efeito, ele pode atuar não só como parte, mas
também como fiscal da lei (ordem jurídica, art. 127, CF/1988). Daí que se entende que o
Parquet tem interesse recursal amplo, constatando-se a vantagem que o autoriza recorrer
pela sua atribuição de velar pela correta aplicação da lei (custos legis), sendo seu
interesse a constituição de título válido, pelo que pode recorrer em favor do réu de
maneira a evitar nulidade futura de sentença condenatória.

No entanto, caso o Ministério Público apresente recurso em favor do acusado e


este também tenha recorrido contra a mesma porção da decisão (identidade de objeto
recursal), deve o recurso ministerial ser julgado prejudicado71.

2) Legitimidade para recorrer. É pressuposto recursal que decorre da


legitimidade ad causam ou ad processum (sobre essa distinção, remetemos o leitor aos
Capítulos I, sobre linhas introdutórias, e XV, sobre nulidades).

A legitimidade recursal é a pertinência subjetiva que exige a sucumbência (pois


“somente a parte que sofreu gravame é que poderá recorrer”72) e a qualidade de parte
da relação processual ou autorizativo legal para sujeito que não integre essa relação
jurídica recorrer (como acontece com as previsões de interposição de recursos pelo
assistente do Ministério Público).

Em outras palavras, “o recurso precisa ser oferecido por quem é parte na relação
processual, estando capacitado a fazê-lo, ou quando a lei expressamente autorize a
interposição por terceiros”73. No processo penal, também têm capacidade de ser parte:
as pessoas jurídicas (a exemplo de entidades de defesa do consumidor, que podem
propor ação penal subsidiária da pública em defesa dos direitos do consumidor, a teor
do art. 80, CDC); entidades e órgãos da administração pública direta e indireta, ainda
que sem personalidade jurídica (art. 82, III, CDC); massa falida, herança vacante ou
jacente e espólio (pessoas formais); a família, como assistente do MP (art. 268, CPP) 74.

Os legitimados recursais podem ser gerais ou especiais 75:


I) gerais: (a) o acusado pessoalmente (em postulação leiga); (b) o
defensor/advogado do acusado (em seu próprio nome, ainda que conflite sua vontade de
recorrer com a do réu de não interpor recurso) ou representando o acusado em sua
defesa); e (c) o Ministério Público ou o querelante (acusação), a depender da natureza
da ação penal;

II) especiais: o assistente da acusação (legitimado em caso de inércia do Parquet –


legitimidade subsidiária ou supletiva, subsistente com o advento da CF/1988, na senda
do STJ e do STF76 – e de forma restrita aos casos previstos no CPP) ou o assistente da
defesa (sobre esta figura, remetemos o leitor ao Capítulo 8, que cuida dos sujeitos
processuais).

Naturalmente, a existência de uma decisão é pressuposto lógico do recurso


(Mirabete). O direito ao recurso “está subordinado à existência de um interesse direto
na reforma ou modificação do despacho ou sentença. Tem interesse apenas aquele que
teve seu direito lesado pela decisão” (sucumbência) 77.

Todavia, a regra da sucumbência não tem aplicação integral ao Ministério Público,


porquanto se entende que ele pode recorrer em favor do acusado com base no perfil
constitucional conferido à instituição pelo art. 127 da CF (garantidor dos ditames da
ordem jurídica e dos direitos individuais indisponíveis). Assim, mesmo diante de
sentença que tenha julgado procedente ação penal por ele proposta, pode o Ministério
Público recorrer, sem que tenha sucumbido.

A propósito, Pacelli considera o Ministério Público “órgão absolutamente


imparcial, a quem incumbe a tutela da ordem jurídica e a fiscalização da observância
das leis penais. E, por isso, em relação a ele, não há qualquer restrição quanto ao
manejo de recurso em favor do acusado, seja para diminuição de pena, seja para a
absolvição, seja, enfim, para a melhoria da situação do acusado” 78.

Decerto, a sucumbência, da qual nasce o interesse recursal, é mitigada quando o


recorrente é o Parquet, pois esse pode recorrer em favor do acusado. Nesse sentido,
Mirabete aduz que quando é evidente a “desconformidade entre o que foi pedido na
denúncia e o que ficou decidido na sentença”, o Ministério Público tem legítimo
interesse em recorrer, embora se cuide de decisão penal condenatória 79.
Quanto ao ofendido, tem ele legitimidade para recorrer: (1) como assistente
habilitado, hipótese em que já é considerado parte; (2) como terceiro (assistente não
habilitado), quando intervém só no momento de recorrer (art. 598, CPP), ou seja, trata-
se do assistente que não interveio no processo e interpõe recurso supletivo
(possibilidade que se abre quando não existir recurso, inclusive contra capítulo da
sentença)80.

Os poderes do assistente vêm se ampliando legislativamente, especialmente agora


que, de acordo com o art. 311, do CPP, com redação dada pela Lei nº 12.403/2011,
poderá requerer a prisão preventiva do acusado. Desse modo, poderá o ofendido tanto
interpor, quanto arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público nos casos de
absolvição, impronúncia, extinção da punibilidade, revogação de prisão preventiva,
bem como contra sentença condenatória quando visar majorar a pena do réu (atuação
cooperativa ou coadjuvandum). Não tem legitimidade o assistente para recorrer de
decisões proferidas no processo de execução penal (tal como para a revogação de
benefícios penais)81.

1.6.3. Juízo de admissibilidade e competência recursal


A “competência para julgar o recurso” não se trata de condição de admissibilidade
recursal82, podendo, lato sensu, ser entendida como requisito de validade da decisão.

Por sua vez, o juízo de admissibilidade consiste na aferição dos requisitos prévios
indispensáveis ao exame do conteúdo do recurso e é exercido, consoante a impugnação
adequada ao caso, tanto pelo órgão a quo (o juiz prolator da decisão, por exemplo),
como pelo órgão jurisdicional ad quem (o tribunal com competência para julgar o
recurso).

Vale dizer, a admissibilidade ou a inadmissibilidade do recurso pelo juiz recorrido


não vincula o tribunal. Deveras, “o juízo de admissibilidade do recurso, no qual se
examina o preenchimento ou satisfação dos requisitos legais de seu conhecimento, é
feito no e pelo próprio órgão recorrido, e, também, na e pela instância recursal” 83.

O juízo de admissibilidade é logicamente anterior ao exame do mérito do recurso.


Os órgãos colegiados atuam de maneira bem peculiar quando da apreciação do recurso
criminal: (1) primeiramente são tomados os votos no que toca aos
requisitos/condições/pressupostos de admissibilidade (preliminares recursais); (2) em
seguida são votadas as questões alusivas ao mérito do recurso.

Contudo, não é incomum ver casos onde o mérito do recurso é confundido com
preliminar recursal. Havendo preliminar referente à admissibilidade do recurso, são
imprescindíveis, pelo menos, duas votações pelos membros do órgão colegiado.

A primeira tomada de votos é referente ao conhecimento do recurso, quando é


aferida a presença dos pressupostos, dos requisitos ou das condições de
admissibilidade do recurso. O tribunal, câmara ou turma decidirá então se conhece ou
não conhece do recurso.

A segunda etapa só é iniciada se conhecido o recurso (ainda que por maioria de


votos), quando o tribunal passa a examinar o seu conteúdo. A conclusão, quanto ao
mérito recursal, é pelo provimento (integral ou parcial) ou improvimento do recurso,
para anular (por vício de procedimento no curso da ação penal, isto é, por error in
procedendo) ou para reformar a decisão recorrida (por erro de julgamento, ou seja,
error in judicando).

As noções de provimento/improvimento, reforma e anulação não se confundem


(Pacelli):

1) o provimento “significa o reconhecimento da procedência da impugnação, com a


reforma ou a anulação do julgado anterior”;

2) a reforma implica substituição integral da anterior decisão pela nova. No


entanto, “a confirmação de parte do julgado não significa substituição parcial: a decisão
do tribunal configura nova solução da matéria, em substituição àquela objeto do
recurso”; e

3) a anulação equivale à “desconstituição da decisão anterior, renovando-se a


competência do juiz para novo julgamento”.

No que tange à distinção entre preliminar e mérito do recurso, um exemplo se faz


necessário.

O cabimento/previsão legal do recurso para uma dada situação processual (que, em


regra, é condição de admissibilidade do recurso) pode se apresentar como mérito
recursal, tal como pode ocorrer no caso de interposição de recurso em sentido estrito
contra decisão do juiz de primeiro grau que não recebeu apelação sob o fundamento de
ter sido o apelo cabível contra uma decisão/sentença anterior.

Nesse caso (recurso em sentido estrito contra decisão de não recebimento do apelo
por entender não ser cabível na hipótese), o mérito recursal versará sobre o cabimento
da apelação que não fora recebida.

Primeiramente então, o tribunal irá votar pelo conhecimento ou não conhecimento


do recurso em sentido estrito e, neste âmbito, pode ser suscitada a intempestividade ou
mesmo o cabimento desta última impugnação. A alegação de
intempestividade/cabimento desse recurso em sentido estrito é votada como preliminar.

Sendo conhecido o recurso em sentido estrito, por ter sido reconhecida sua
tempestividade/cabimento, passará o tribunal a votar o seu mérito, que, por sua vez, é a
alegação de cabimento do recurso de apelação. Se o recurso em sentido estrito for
provido, a apelação será processada, sendo submetida, no momento próprio, ao juízo de
admissibilidade pelo tribunal com competência para julgá-la.

Outra questão de relevo é saber o que transita em julgado: a sentença recorrida ou


o acórdão que julga o recurso e que contra ele não é interposto recurso?

Interposto recurso contra sentença, caso o seu juízo de admissibilidade seja


positivo pelo órgão ad quem (que tem competência para o seu julgamento), a sentença
recorrida nunca transitará em julgado, pois a coisa julgada se formará sobre o que
decidido pelo órgão de instância superior, caso contra o acórdão por esta proferido não
seja manejado novo recurso. Trata-se da substitutividade que se opera pelo julgamento
do recurso que teve seu mérito conhecido (provido ou não provido o recurso, pelo
relator ou pelo órgão colegiado do tribunal, ainda que para confirmar a sentença do juiz
singular, o acórdão é que transitará em julgado, eis que substitui a sentença recorrida).

Na hipótese de não ter sido o recurso recebido (em primeira instância), de ter sido
negado seguimento (pelo relator) ou de ter sido não conhecido (pelo órgão julgador
colegiado), não há o efeito substitutivo referido acima, pelo que o trânsito em julgado se
constrói sobre a sentença recorrida (proferida pelo juízo a quo) e não sobre a decisão
ou o acórdão que não adentrou no mérito recursal. Em outras palavras, o juízo negativo
de admissibilidade da impugnação não permite que o acórdão de seu julgamento
substitua o julgamento de primeiro grau.
01 02 03 04 05 06

E C E A C C

07 08 09 10 11 12

E E E D E D

1 (Voltar). ARANHA, Adalberto José Q. T. de Camargo. Dos recursos no processo penal. São Paulo: Saraiva, 2010. p.32.

2 (Voltar). GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. Recursos no processo
penal. 6. ed. São Paulo: RT, 2011. p.27.

3 (Voltar). GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. Recursos no processo
penal. 6. ed. São Paulo: RT, 2011. p.28.

4 (Voltar). DIDIER JUNIOR, Fredie; CUNHA, Leonardo José Carneiro da. Curso de direito processual civil: meios de impugnação às
decisões judiciais e processo nos tribunais. 5. ed. Salvador: JusPodivm, 2008. v 5. p. 20.

5 (Voltar). STRECK, Lenio Luiz. Jurisdição constitucional e hermenêutica: uma nova crítica do direito. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2004. p.848.

6 (Voltar). FIUZA, César. Direito civil: curso completo. 5. ed. Del Rey: Belo Horizonte, 2002. p.146.

7 (Voltar). SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Direito subjetivo, pretensão de direito material e ação. In: Polêmica sobre a ação: a tutela
jurisdicional na perspectiva das relações entre direito e processo. Fábio Cardoso Machado; Guilherme Rizzo Amaral (orgs.). Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2006. p.31.

8 (Voltar). RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 4. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2001. p.491.

9 (Voltar). OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 2. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2003. p.767.

10 (Voltar). RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 4. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2001. p.491.

11 (Voltar). MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo penal. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2003. p.605.

12 (Voltar). ARANHA, Adalberto José Q. T. de Camargo. Dos recursos no processo penal. São Paulo: Saraiva, 2010. p.33-34.

13 (Voltar). GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. Recursos no processo
penal. 6. ed. São Paulo: RT, 2011. p.20-21.

14 (Voltar). GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. Recursos no processo
penal. 6. ed. São Paulo: RT, 2011. p.28.

15 (Voltar). BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de processo penal. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p.619.

16 (Voltar). TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p.712.
17 (Voltar). MARQUES, José Frederico. Elementos de direito processual penal: volume IV. 2. ed. Campinas: Millennium, 2003. p.230.

18 (Voltar). TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p.713.

19 (Voltar). STJ – Quinta Turma – RESP 785679 – Rel. Min. Félix Fischer – DJ 11/6/2006 – p.340.

20 (Voltar). DINAMARCO, Cândido Rangel. Capítulos de sentença. 4. Ed. São Paulo: Malheiros, 2009. p.98-99.

21 (Voltar). GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. Recursos no processo
penal. 6. ed. São Paulo: RT, 2011. p.33.

22 (Voltar). FEITOZA, Denilson. Direito processual penal: teoria, crítica e práxis. Impetus: Niterói, 2009. p.1047-1048.

23 (Voltar). AVENA, Norberto. Processo penal esquematizado. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2009. p.976.

24 (Voltar). STJ – Sexta Turma – HC 103.460 – Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura – DJe 08/09/2011

25 (Voltar). STF – Primeira Turma – HC 101917 – Rel. Min. Cármen Lúcia – DJ: 31/08/2010 – Informativo 598.

26 (Voltar). STJ – 6ª T. – HC 37.101/PR – Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa – DJ 27.06.2005. p. 452.

27 (Voltar). STJ – Quinta Turma – HC 114.729 – Rel. Min. Jorge Mussi – DJ 21/10/2010 – Informativo 452.

28 (Voltar). STJ – Sexta Turma – HC 37.101/PR – Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa – DJ 27/06/2005. No mesmo sentido: “O tribunal do júri é
soberano; a “reformatio in pejus” indireta não pode alcançar essa soberania”. (STJ – Quinta Turma – REsp 47.696/SP – Rel. Min. Edson
Vidigal – DJ 08/09/1998)

29 (Voltar). STF – Segunda Turma – HC 89544 – Rel. Min. Cezar Peluso – DJe 15/05/2009.

30 (Voltar). STJ – Sexta Turma – HC 178.850/RS – Rel. Min. Assusete Magalhães – DJe 13/09/2013.

31 (Voltar). RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 4. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2001. p. 499.

32 (Voltar). OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 2. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2003. p.780.

33 (Voltar). OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 2. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2003. p.780-781.

34 (Voltar). DUCLERC, Elmir. Direito processual penal. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. p.582.

35 (Voltar). GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. Recursos no processo
penal. 6. ed. São Paulo: RT, 2011. p.33-34.

36 (Voltar). Nos termos do citado parágrafo, “se o apelante declarar, na petição ou no termo, ao interpor a apelação, que deseja arrazoar na
superior instância serão os autos remetidos ao tribunal ad quem onde será aberta vista às partes, observados os prazos legais, notificadas as
partes pela publicação oficial”.

37 (Voltar). Assim dispõe o caput, do art. 589, do CPP: “com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro
de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os traslados que Ihe parecerem necessários”.

38 (Voltar). MARQUES, José Frederico. Elementos de direito processual penal: volume IV. 2. ed. Campinas: Millennium, 2003. p.232.

39 (Voltar). GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. Recursos no processo
penal. 6. ed. São Paulo: RT, 2011. p.38

40 (Voltar). SOUZA, Daniel Barbosa Lima Faria Corrêa de; SOUZA, Letícia Barbosa Lima de. Recurso extraordinário e especial: reflexos
da emenda constitucional nº 45/2004. Porto Alegre: Núria Fabris, 2008. p.38
41 (Voltar). Tratamos do tema de forma mais detalhada no Capítulo XV – Nulidades.

42 (Voltar). NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e de execução penal. 3. ed. São Paulo: RT, 2007. p. 807.

43 (Voltar). STF – Pleno – HC 90279/DF – Rel. Min. Marco Aurélio – DJ 21/2/2008 (noticiado no Informativo-STF nº 494, de 1º a 15 de
fevereiro de 2008).

44 (Voltar). WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de processo civil:
volume 1: teoria do processo e processo de conhecimento. São Paulo: RT, 2005. p.579-581.

45 (Voltar). MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo penal. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 606.

46 (Voltar). NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e de execução penal. 3. ed. São Paulo: RT, 2007. p.806.

47 (Voltar). TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 706.

48 (Voltar). TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 706.

49 (Voltar). NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e de execução penal. 3. ed. São Paulo: RT, 2007. p.806.

50 (Voltar). TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p.706-707.
51 (Voltar). FEITOZA, Denilson. Direito processual penal: teoria, crítica e práxis. Impetus: Niterói, 2009. p.1047-1035.

52 (Voltar). TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p.708.

53 (Voltar). STJ – Quinta Turma – HC 200701717709 – Rel Min. felix Fischer – 10/03/2008.

54 (Voltar). GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. Recursos no processo
penal. 6. ed. São Paulo: RT, 2011. p.81-82.

55 (Voltar). STF – Pleno – AI 703269 – Rel. Min. Luiz Fux. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?
idConteudo=286657. Acesso em: 10 mar. 2015.

56 (Voltar). Nesse sentido: “A intimação ficta, ocorrida via publicidade do ato formalizado, e a pessoal, realizada mediante mandado, podem ser
suplantadas ante a inequívoca ciência, pelo interessado, da decisão proferida, como acontece quando, independentemente dos fenômenos
referidos, interpõe, já existente o pronunciamento judicial no processo, o recurso cabível” (STF – Primeira Turma – AI 514112 AgR – Rel.
Min. Carlos Britto, Rel. p/ Acórdão: Min. Marco Aurélio – DJ 20/10/2006.

57 (Voltar). São os termos do seguinte aresto: “Na linha do julgamento do HC 83.255 (rel. min. Marco Aurélio), a intimação pessoal do
Ministério Público se dá com a carga dos autos na secretaria do Parquet. 2. Se houver divergência entre a data de entrada dos autos no
Ministério Público e a do ‘ciente’ aposto nos autos, prevalece, para fins de recurso, aquela primeira” (STF – Primeira Turma – HC 83821 –
Rel. Min. Joaquim Barbosa – DJ 06/08/2004). No mesmo sentido: STF – Primeira Turma – HC 84166 – Rel. Min. Cezar Peluso – DJ
05/08/2005.

58 (Voltar). Esta é a regra insculpida na Lei nº 1.408/51: “Art. 3º Os prazos judiciais que se iniciarem ou vencerem aos sábados serão
prorrogados por um dia útil. (Redação dada pela Lei nº 4.674, de 1965)”. No mesmo sentido dispõe o art. 184 do CPC.

59 (Voltar). STJ – Corte Especial – AgRg nos EAg 528.063 – Rel. Min. Eliana Calmon – DJe 22/02/2010.

60 (Voltar). STJ – Quarta Turma – AgRg nos EDcl no Ag 1311864/GO – Rel. Min. Aldir Passarinho Junior – DJ 16/12/2010.

61 (Voltar). “PROCESSUAL CIVIL. RECUSO DIRIGIDO AO STJ. PROTOCOLO POSTAL. DESCABIMENTO. 1. Esta Corte tem
decidido que o convênio firmado entre os Tribunais de origem e a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos não se aplica às petições
endereçadas ao STJ. Súmula 216/STJ. 2. Agravo regimental desprovido”. (STJ – Terceira Turma – AGA 201000089157 – Rel. Min. Paulo de
Tarso Sanseverino – DJ de 01/10/2010).

62 (Voltar). STJ – Corte Especial – EAG 200901028808 – Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 19/08/2010.

63 (Voltar). STF – 2ª Turma – AI-AgR-ED 709942 – Rel. Min. Eros Grau – j. 25/11/2008.

64 (Voltar). NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e de execução penal. 3. ed. São Paulo: RT, 2007. p.806.

65 (Voltar). AVENA, Norberto. Processo penal esquematizado. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2009. p.973.

66 (Voltar). OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 2. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2003. p.793-795.

67 (Voltar). GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. Recursos no processo
penal. 6. ed. São Paulo: RT, 2011. p.71-72.

68 (Voltar). TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p.709.

69 (Voltar). GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. Recursos no processo
penal. 6. ed. São Paulo: RT, 2011. p.70.

70 (Voltar). NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e de execução penal. 3. ed. São Paulo: RT, 2007. p.806.
71 (Voltar). GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. Recursos no processo
penal. 6. ed. São Paulo: RT, 2011. p.73.

72 (Voltar). TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p.708.

73 (Voltar). NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e de execução penal. 3. ed. São Paulo: RT, 2007. p.806.

74 (Voltar). GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. Recursos no processo
penal. 6. ed. São Paulo: RT, 2011. p.76-77.

75 (Voltar). AVENA, Norberto. Processo penal esquematizado. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2009. p.990.

76 (Voltar). STF – Pleno – HC 102085 – Rel. Min. Cármen Lúcia – DJ 10/06/2010 – Informativo 590.

77 (Voltar). MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo penal. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 610-611.

78 (Voltar). OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 2. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2003. p.798.

79 (Voltar). MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo penal. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 610-611.

80 (Voltar). GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. Recursos no processo
penal. 6. ed. São Paulo: RT, 2011. p.74.

81 (Voltar). GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. Recursos no processo
penal. 6. ed. São Paulo: RT, 2011. p.74.

82 (Voltar). NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e de execução penal. 3. ed. São Paulo: RT, 2007. p. 806.

83 (Voltar). OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 2. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2003. p.789.

84 (Voltar). MARQUES, José Frederico. Elementos de direito processual penal: volume IV. 2. ed. Campinas: Millennium, 2003. p.240-241.

85 (Voltar). ARANHA, Adalberto José Q. T. de Camargo. Dos recursos no processo penal. São Paulo: Saraiva, 2010.p.66.

86 (Voltar). TÁVORA, Nestor. Questões comentadas: processo penal para a OAB. Salvador: JusPODIVM, 2005. p. 87.

87 (Voltar). AVENA, Norberto. Processo penal esquematizado. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2009. p.1006.

88 (Voltar). ARANHA, Adalberto José Q. T. de Camargo. Dos recursos no processo penal. São Paulo: Saraiva, 2010. p.51.

89 (Voltar). TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 710.

90 (Voltar). MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo penal. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2003. p.618.

91 (Voltar). SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Curso de processo civil. 5. ed. São Paulo: RT, 2000. v.1. p.424.

92 (Voltar). LOPES FILHO, Mario Rocha. O tribunal do júri e algumas variáveis potenciais de influência. Porto Alegre: Núria Fabris,
2008. p.22-23.

93 (Voltar). MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo penal. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2003. p.632-633.

94 (Voltar). “O Código de Processo Penal, ao dispor sobre a devolutividade das apelações criminais, preceitua que estas poderão ser
interpostas quer em relação a todo o julgado, quer em relação a parte dele (art. 599). A extensão temática do efeito devolutivo dos recursos
interpostos pelo Ministério Público deriva da maior ou menor amplitude dos limites por ele próprio estabelecidos em sua petição recursal, que
poderá restringi-los a tópicos determinados da sentença ou estende-los a todas as questões que foram – ou poderiam ter sido – examinadas
pelo ato decisório recorrido. Interposto recurso amplo pelo Ministério Público, não pode ele, ao depois, limitar-lhe a extensão temática nas

Das könnte Ihnen auch gefallen