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Jesus Cristo é o fundamento sobre o qual repousa o cristianismo. Existindo antes como
Deus, ele veio ao mundo (se encarnou) e pregou a fé, o arrependimento, a salvação e o
amor de Deus. Deu-se ainda, enquanto Deus encarnado, como sacrifício para morrer
pela salvação da humanidade. Assim, ele se tornou não só Senhor da Igreja, mas
também o Salvador do mundo.
Leia Marcos 1:15 e Gálatas 4:4. Estes textos revelam que Jesus Cristo não nasceu numa
época qualquer, mas ao chegar a "plenitude dos tempos". Como as profecias
messiânicas não apontam para uma data da vinda do Messias, não se podem interpretar
esses textos como fazendo alusão ao cumprimento de uma profecia específica. De
acordo com os estudiosos, a interpretação adequada de "plenitude dos tempos" é:
"tempo certo", "momento ideal", "ocasião propícia" designada por Deus, mas não
revelada nas profecias escritas.
Assim, temos a seguinte definição técnica para a expressão "plenitude dos tempos":
época ou contexto histórico cuja realidade (acontecimentos) foi tremendamente
favorável ao objetivo da vinda de Cristo ao mundo, que é a anunciação e propagação
universal do Evangelho do Reino de Deus. A natureza dessa realidade é a uniformização
cultural e política propiciada pelo sistema administrativo do império romano, somadas
as outras contribuições religiosas (dos judeus) e culturais (dos gregos) que já faziam
parte desse ambiente mundial.
Não foram todas contribuições positivas, mas em muito contribuíram para levar o
mundo uma a situação ideal na qual Cristo exerceria um impacto maior que não teria
sido possível até então. Vejamos que realidade e contribuições foram essas.
Jesus Cristo nasceu dentro do mundo romano. O mundo composto pelas nações mais
conhecidas da época tinha caído sob o controle absoluto dos romanos. A Palestina, terra
natal de Cristo, foi submetido pelos romanos no ano 63 a.C. O vasto território que
reunia nações da Ásia, África e Europa caíra nas mãos de um mesmo domínio político,
jurídico e econômico, o império romano. Chama-se império ao poder político-
econômico e jurídico exercido sobre duas ou mais nações autônomas, mas que perderam
a sua soberania em favor de uma outra (que as governa) por livre decisão ou à força.
De acordo com o calendário romano, que coloca a data da morte do rei Herodes no ano
4 aC, o ano provável do nascimento de Cristo fica entre 7 e 3 a.C. Além de contada em
documentos e obras de historiadores antigos, muitos deles contemporâneos de Jesus, a
existência histórica do filho de Deus é totalmente afirmada e historiada pelos
evangelhos no Novo Testamento. O cristianismo é também, por isso, um assunto da
história da humanidade e a disciplina que estuda tudo aquilo que acontece e aconteceu
com ele é a História do Cristianismo (ainda História Eclesiástica ou História da Igreja).
A partir do ano 146 a.C. os romanos haviam unificado e dominado, com a força das
armas, o vasto território que ia desde a área toda que se estendia desde as Colinas de
Hércules, o atual Gibraltar, até os rios Tigres e Eufrates, da Bretanha até o Reno, o
Norte da África, tudo isso e mais a região do Danúbio estavam sob o domínio do
Império Romano, o palco em que inicia a história da Igreja de Cristo. Nascia o império
romano.
A política de unificação do mundo adotada pelos romanos era tal que facilitou muito o
rápido crescimento da igreja primitiva na época dos apóstolos. Antes disso, por obra de
outros impérios que também dominaram o mesmo mundo, dois outros fatores já haviam
sido introduzidos nele e faziam parte da sua civilização. São a cultura grega e a religião
judaica. Juntas, isto é, dominação política dos romanos, cultura grega e religião judaica,
constituíram a realidade entendida pelos estudiosos como um "tempo altamente
favorável" (=plenitude dos tempos) para a difusão do evangelho e sua rápida expansão.
(a) Contribuição dos romanos. A Paz Romana (Pax Romana), a ordem e as estradas. O
governo romano se preocupou em estabelecer paz e ordem social em todos as nações
sob o seu domínio, planejou e construiu um excelente sistema viário (caminhos e rotas
de navegação na terra, mar e rios) que interligava as várias regiões e nações. Além
disso, concedeu cidadania a todos os cidadãos livres em todo o império e estendeu a
obrigação do serviço militar a todos os cidadãos do sexo masculino.
O que existia, sob o governo dos romanos era um mundo semi-globalizado, unificado
debaixo das mesmas leis válidas para todos os cidadãos, do mesmo sistema econômico
e das mesmas determinações políticas. É verdade que no meio dessa unidade havia
também problemas e maus costumes mundanos. Lutas internas pelo poder, responsável
pelos comportamentos sanguinários das suas cortes e governantes, brutalidade humana
exemplificada pelas suas diversões sanguinárias, escravidão, machismo, além de certa
intolerância religiosa e devassidão dos costumes, levariam o império à decadência
moral.
Veja a descrição que Paulo faz da imoralidade típica desse mundo em Romanos 1:18-
32. Leia também atos 17:16-31. Qual é o problema fundamental para o homem? Existe,
para Paulo, relação entre idolatria e imoralidade? Em que sentido?
(b) Contribuição dos gregos. A cultura grega é o segundo fator que mais contribuiu para
a unidade do mundo romano. Por isso costuma se designar a civilização dessa época de
greco-romana. Ela foi espalhada por toda a parte (na verdade imposta sistematicamente)
entre os anos 338 e 146 a.C. pelas conquistas de Alexandre, o Grande. Desta cultura dos
gregos o mundo da época herdou a língua (grega) e a filosofia (prática de refletir sobre a
realidade do mundo e sobre as questões fundamentais da vida humana).
Língua. Do leste ao oeste do império romano falava-se a língua grega. Uma versão mais
popular (vulgar), decorrente da mistura do grego com as línguas nativas, se tornou
comum entre as populações. É o chamado grego koiné, falado também na Palestina e na
grande maioria das regiões ao redor do mar Mediterrâneo. Todo o Novo Testamento foi
escrito nessa língua e poderia ser lido em qualquer parte, e os apóstolos e os primeiros
missionários pregaram em qualquer canto daquele mundo falando a língua grega.
Filosofia. Séculos antes de Cristo, a filosofia grega levara ao descrédito a existência dos
deuses adorados pelos seus antepassados. Por causa dela, e também da derrota das
nações por Roma (e outros impérios antes deles), além do aumento do sofrimento no
dia-a-dia (os nativos passaram a desconfiar da proteção dos deuses), em todo o império
os velhos deuses perderam a sua autoridade e as pessoas começaram a enfrentar
algumas questões básicas da vida: "quem sou eu?", "de onde venho?", "que destino nos
espera?", "em que posso esperar?". De fato, o vácuo deixado pela queda dos deuses
levou a difusão de dois elementos de compensação moral e espiritual: as filosofias da
vida e as religiões de mistério (ocultismo, esoterismo, etc.), oriundas do leste (oriente).
Tudo isso contribuiu para aprofundar a sede espiritual e a necessidade por um Deus
verdadeiramente salvador.
(c) Religiões e filosofias orientais de mistério. Essas religiões ensinavam que o mundo
material é transitório e, para salvar-se, o homem precisa libertar-se dele e desenvolver a
vida do espírito. A salvação está no alcance dos segredos da vida espiritual. A religião
(qualquer que seja), graças a sua dedicação aos mistérios do espírito, leva qualquer
homem à salvação. Isto exige iniciação no conhecimento dos mistérios ou da sabedoria
oculta (=gnose) e desprezo pelos prazeres do corpo (=asceticismo). Em resumo, as
religiões orientais promoveram no império a divulgação de uma nova moralidade
(asceticismo), nova segurança para a vida (conhecimento) e nova esperança (salvação),
e novo modelo de religiosidade para o qual todas as religiões ajudam (sincretismo). Até
certo ponto, muito disso favoreceu o melhor entendimento da mensagem da salvação
pela fé pregada pelos primeiros cristãos.
(d) Culto civil imperial. Com base na motivação religiosa comum do homem do mundo
antigo, e também no pensamento e religiosidade do oriente (no Egito os faraós eram
deuses), o senado romano estabeleceu, a partir do ano 27 a.C, o culto ao imperador.
Considerando o imperador como pertence ao mundo divino (Augusto), estabeleceu
como dever obrigatório de cada cidadão cultua-lo e dedicar-lhe sacrifícios como um
deus. Depois ficou evidente que este culto servia melhor a finalidade de unificar os
diversos povos do império romano através da lealdade política e cívica. Mais tarde
muitos imperadores utilizarão a obrigatoriedade do culto do estado (civil) para perseguir
os cristãos, a quem eles consideraram "inimigos" do bem do império. Como veremos,
milagrosamente a perseguição se tornaram num fator de grande crescimento da igreja
antiga.
Contribuição dos Judeus. A presença dos judeus no império foi vital para a expansão do
Cristianismo no mundo daquela época. Basta notarmos que Jesus Cristo nasceu como
judeu e que a igreja começou entre os judeus. No âmbito dos fatores catalogados como
essenciais à idéia de "plenitude dos tempos", três foram as contribuições dos judeus: o
livro sagrado (Antigo Testamento) e as sinagogas (lugares de culto a Javé).
(a) A Sinagoga e a diáspora. Com a invasão e derrota, pelos persas, dos dois reinos que
compunham Israel no século sexto antes de Cristo, teve início um processo de dispersão
do povo judeu pelo mundo que dura até hoje. É a chamada diáspora ou dispersão. Desde
então, em todas as cidades importantes do mundo antigo existia uma colônia de judeus.
E onde existiam judeus havia também uma ou várias sinagogas, onde os mestres e os
escribas ensinavam as escrituras (Torá) e promoviam as cerimônias do culto judaico.
NOTA: Antes do nascimento de Cristo surgiram no mundo antigo várias seitas judaicas
que pregavam o ideal de pureza religiosa. As mais destacadas são os Fariseus
(insistiram na pureza baseada na absoluta observância da lei mosaica, elaborando leis
para a vida diária; tornou-se a mais popular), os Escribas (se notabilizaram por
resguardar a pureza das escrituras e prática devida aos seus ensinamentos), os Saduceus
(menos radicais, consideraram necessário contextualizar a religião judaica com os
valores do mundo; adeptos da filosofia e cultura gregas, chegam a negar a imortalidade
da alma e a ressurreição dos mortos) os Zelotes (baseavam suas motivações religiosas
no cuidado e zelo espiritual em todos os detalhes da vida prática), os essênios
(movimento espiritual radical que pregou a separação total do mundo e suas influências
diabólicas; passaram a viver em cavernas ao longo do mar mediterrâneo - sendo Quram
o local da comunidade mais destacada - onde aguardavam a vinda imediata do Messias)
e os Sicários (para-militares que combatiam com táticas de guerrilha a presença dos
opressores políticos na palestina).
Apesar de estarem sob o domínio romano, Herodes o Grande negociou com os romanos
e conseguiu garantir legalmente a liberdade de culto para os judeus da Palestina, bem
como isenção da obrigação de sacrificar ao imperador. Governados pelo conselho de
Jerusalém (=Sinédrio), a vida religiosa dos judeus girava em torno do templo de
Jerusalém. Fora de Jerusalém, de mais importância para a vida prática tornou-se a
sinagoga. Nelas os escribas ocupavam a liderança que os sacerdotes tinham no Templo
em Jerusalém.
Muitos gentios foram atraídos para o judaísmo já desde antes do nascimento de Cristo.
Eram referidos como "os que temem a Deus" (sem deixar de ser gentios) ou
"prosélitos", (aqueles que se convertiam completamente ao judaísmo). O livro de Atos
informa que este grupo foi, muitas vezes, a ponte da igreja para o mundo pagão.
Cristo nasceu numa época muito favorável ("plenitude dos tempos") ao evangelho da
salvação e à sua divulgação. Dominado pelos romanos, o mundo estava unificado em
torno das mesmas leis, pacificado e cheio de facilidades para viajar de um ponto para
outro por terra e mar. Os primeiros evangelistas e missionários que se levantaram na
igreja primitiva viajavam através dessas estradas e rotas para alcançar o mundo distante,
como cidadãos livres e protegidos pelas mesmas leis do mundo a alcançar. Falavam a
língua comum aos demais povos submetidos por Roma (grego koiné) e pregavam às
populações inteiras desiludidas pelos seus deuses e submetidos ao engano de filosofias
vãs e da falsa religiosidade, que não saciavam a sede espiritual e a esperança por uma
sorte melhor para o futuro. Além disso, ao viajarem de país em país, aldeia em aldeia,
cidade em cidade, muitos missionários itinerantes na época antiga, como o apóstolo
Paulo e Barnabé, procuravam primeiro as sinagogas judaicas onde liam e interpretavam
as profecias messiânicas no Antigo Testamento, dando em seguida seu testemunho de
salvação pela fé em Cristo Jesus. A providência divina utilizou todas as condições do
mundo greco-romano em favor da expansão do reino de Deus ao nascer nele o salvador
de todo o mundo.
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Neste dia os discípulos receberam o poder do Espírito Santo, que os capacitou com
virtude e poder extraordinário para testemunhar ao mundo a salvação de Deus em Cristo
Jesus. Foi assim que nasceu a primeira comunidade (igreja) cristã na cidade de
Jerusalém, que a história considera de Igreja Primitiva.
2. Igreja Primitiva
No início a Igreja Primtiva parecia uma seita judaica, vez que seus membros obedeciam
ainda a lei mosaica, freqüentava fielmente o Templo e as sinagogas. Tanto assim que
seus membros não eram chamados de cristãos. Isto só ocorreu alguns anos depois em
Antioquia. A maioria era de judeus que acreditavam que o Messias era Jesus Cristo e
que o seu reino já estava presente em Jesus. Parte desses judeus seguidores de Jesus
provinha das comunidades judaicas da dispersão, que foram à Jerusalém nas
festividades da Páscoa e se converteram no Pentecoste ou depois dele.
O Pentecoste foi muito importante, porque cumpriu uma importante profecia para a
igreja de Cristo (Atos 1:8,9). Os crentes em Jesus receberam o poder e a virtude do
Espírito Santo para testemunharem do Evangelho de Jesus até os confins da Terra.
Apesar disso, infelizmente Atos nos informa que inicialmente eles ficaram em
Jerusalém até que o desencadear de uma onda de perseguição os obrigou a fugir (Atos
8:1).
3. A perseguição dos cristãos pelos judeus
Passados os anos, a diferença entre os que acreditavam que Jesus era o Messias e os
demais judeus em Jerusalém se tornou nítida. A separação absoluta entre a religião
judaica e os crentes em Cristo como o Messias tornou-se inevitável.
Por isso, deram início a uma perseguição dos seus seguidores com vistas a impedir a
propagação do seu evangelho. O primeiro incidente mais notável dessa perseguição foi
a condenação de Estevão à morte, por apedrejamento, estabelecida pelo sumo sacerdote
em Jerusalém. Assim como os demais cristãos, Estevão ensinava que Jesus é o Messias,
crucificado e ressuscitado dentre os mortos pelo poder de Deus, para dar testemunho de
Javé e para salvar os crentes.
Essa perseguição foi, até certo ponto, benéfica para a igreja. Deus aproveitou a oposição
dos judeus ao crescimento da Igreja para espalhar os discípulos de Jesus pelo mundo
fora de Jerusalém.
(Datas aproximadas)