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Constituição da República de Cabo Verde

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS MUNICÍPIOS DE CABO VERDE

LEGISLAÇÃO
MUNICIPAL
CABO-VERDIANA

2 a EDIÇÃO

2010
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Constituição da República de Cabo Verde

NOTA INTRODUTÓRIA

A primeira edição da colectânea de legislação municipal foi publicada em 2003. Desde


então os novos diplomas foram aprovados, e muitos outros revistos, pelo que reconheceu
-se a necessidade da sua actualização, para melhor servir os Municípios, e todos aqueles
que lidam com a matéria, razão pela qual a Associação Nacional dos Municípios cabo-
verdianos, decidiu realizar a presente edição.
Esta colectânea apesar de não ser uma recolha exaustiva, contém mais de noventa
porcento da legislação municipal. Além disso, e tal como na edição anterior, foram intro-
duzidos diplomas de interesse, que são comuns à Administração central .
Para facilitar a consulta, sistematizou-se os diplomas por assunto, ligeiramente di-
ferente da edição precedente, mas foi mantida a maioria dos comentários que ainda são
actuais e pertinentes.
Endereça-se um agradecimento especial à União Europeia que financiou a actualiza-
ção e edição desta obra.
Espera-se que o presente trabalho, continue a satisfazer as necessidades de divulgação
legislativa junto de todos os interessados, contribuindo particularmente para um poder lo-
cal cada vez mais forte, munido de um dos seus principais instrumentos de actuação.

FRANCISCO TAVARES
Presidente do Conselho Directivo da ANMCV

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Constituição da República de Cabo Verde

I – CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE CABO VERDE

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Constituição da República de Cabo Verde

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Constituição da República de Cabo Verde

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE CABO VERDE


Lei nº 1/V/99, de 23 de Novembro
(…)
Artigo 2º
(Estado de Direito Democrático)
1. A República de Cabo Verde organiza-se em Estado de direito democrático assente
nos princípios da soberania popular, no pluralismo de expressão e de organização política
democrática e no respeito pelos direitos e liberdades fundamentais.
2. A República de Cabo Verde reconhece e respeita, na organização do poder político,
a natureza unitária do Estado, a forma republicana de governo, a democracia pluralista, a
separação e a interdependência dos poderes, a separação entre as Igrejas e o Estado, a in-
dependência dos Tribunais, a existência e a autonomia do poder local e a descentralização
democrática da Administração Pública.
Artigo 3º
(Soberania e constitucionalidade)
1. A soberania pertence ao povo, que a exerce pelas formas e nos termos previstos na
Constituição.
2. O Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade democrática, deven-
do respeitar e fazer respeitar as leis.
3. As leis e os demais actos do Estado, do poder local e dos entes públicos em geral só
serão válidos se forem conformes com a Constituição.
Artigo 16º
(Responsabilidade das entidades públicas)
1. O Estado e as demais entidades públicas são civilmente responsáveis por acções ou
omissões dos seus agentes praticadas no exercício de funções públicas ou por causa delas,
e que, por qualquer forma, violem os direitos, liberdades e garantias com prejuízo para o
titular destes ou de terceiros.
2. Os agentes do Estado e das demais entidades públicas são, nos termos da lei, cri-
minal e disciplinarmente responsáveis por acções ou omissões de que resulte violação dos
direitos, liberdades e garantias.
Artigo 24º
(Estrangeiros e apátridas)
1. Com excepção dos direitos políticos e dos direitos e deveres reservados constitu-
cional ou legalmente aos cidadãos nacionais, os estrangeiros e apátridas que residam ou se
encontrem no território nacional gozam dos mesmos direitos, liberdades e garantias e estão
sujeitos aos mesmos deveres que os cidadãos cabo-verdianos.

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Constituição da República de Cabo Verde

2. Os estrangeiros e apátridas podem exercer funções públicas de carácter predominan-


temente técnico, nos termos da lei.
3. Poderão ser atribuídos aos cidadãos dos países de língua oficial portuguesa direitos
não conferidos aos estrangeiros e apátridas, excepto o acesso à titularidade dos órgãos de
soberania, o serviço nas Forças Armadas e a carreira diplomática.
4. Aos estrangeiros e apátridas residentes no território nacional poderá ser atribuída,
por lei, capacidade eleitoral activa e passiva para eleições dos titulares dos órgãos das au-
tarquias locais.
Artigo 55º
(Participação na direcção dos assuntos públicos)
1. Todos os cidadãos têm o direito de aceder, em condições de igualdade e liberdade,
às funções públicas e aos cargos electivos, nos termos estabelecidos por lei.
2. Ninguém pode ser prejudicado na sua colocação, carreira, emprego ou actividade
pública ou privada, nem nos benefícios sociais a que tenha direito, por desempenhar cargos
públicos ou exercer os seus direitos políticos.
3. A lei garante a isenção e a independência do exercício dos cargos públicos só poden-
do, no acesso aos cargos electivos, estabelecer as inelegibilidades necessárias para garantir
a liberdade de escolha dos eleitores e a isenção e independência do seu exercício
DO REFERENDO
Artigo 102º
(Princípios gerais e comuns)
1. É reconhecido aos cidadãos eleitores recenseados no território nacional o direito
de se pronunciarem, através de referendo, sobre questões de relevante interesse nacional
ou local.
2. É proibida a convocação e a realização de referendo entre a data da convocação e a
de realização de eleições para os órgãos de soberania ou do poder local, durante a vigência
e até ao trigésimo dia seguinte à cessação do estado de sítio ou de emergência, e, neste úl-
timo caso, só na parte do território declarada em estado de emergência.
3. Cada referendo só pode ter por objecto uma única questão, não podendo, em qual-
quer caso, serem submetidas a consulta popular as seguintes questões:
a) Separação e a interdependência dos órgãos de soberania e as competências
destes;
b) Independência dos tribunais e as decisões destes;
c) Separação entre as confissões religiosas e o Estado;
d) Designação dos titulares efectivos dos órgãos de soberania e do poder local
por sufrágio universal, directo, secreto e periódico;

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Constituição da República de Cabo Verde

e) Pluralismo de expressão, existência de partidos e associações políticas e direi-


tos da oposição;
f) Direitos, liberdades e garantias constitucionalmente estabelecidos;
g) Actos de conteúdo orçamental, tributário ou financeiro nacional ou local;
h) Autonomia das autarquias locais, bem como a organização e a competência
dos seus órgãos.
4. As propostas de referendo estão sujeitas à fiscalização preventiva da constituciona-
lidade e da legalidade.
5. O resultado do referendo impõe-se a todos os órgãos do poder político e às entidades
públicas e privadas. O referendo local tem sempre eficácia deliberativa.
6. Cada pergunta a submeter aos eleitores deve ser formulada com objectividade, pre-
cisão e clareza, por forma a não sugerir, directa ou indirectamente, a resposta.
7. A lei regula o referendo nacional e local.
Artigo 122º
(Responsabilidade dos titulares de cargos políticos)
1. Os titulares de cargos políticos respondem política, civil e criminalmente pelos actos e
omissões que praticarem no exercício das suas funções e por causa delas, nos termos da lei.
2. Os crimes cometidos pelos titulares de cargos políticos no exercício das suas fun-
ções e por causa delas, denominam-se crimes de responsabilidade, cabendo à lei estabe-
lecer as sanções aplicáveis e os efeitos destas, que poderão incluir a perda do cargo ou do
mandato e a impossibilidade temporária de exercer cargos políticos.
3. Ficam, ainda, impossibilitados de exercer cargos políticos pelo período que a lei
estabelecer os titulares sancionados com a perda de cargo ou mandato pela prática de grave
ilegalidade.
TÍTULO VI
DO PODER LOCAL
Artigo 226º
(Autarquias locais)
1. A organização do Estado compreende a existência de autarquias locais.
2. As autarquias locais são pessoas colectivas públicas territoriais dotadas de órgãos
representativos das respectivas populações, que prosseguem os interesses próprios destas.
3. A criação e extinção das autarquias locais, bem como a alteração dos respectivos
territórios são feitas por lei, com prévia consulta aos órgãos das autarquias abrangidas.
4. A lei estabelece a divisão administrativa do território.

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Constituição da República de Cabo Verde

Artigo 227º
(Categorias de autarquias locais)
As autarquias locais são os municípios, podendo a lei estabelecer outras categorias
autárquicas de grau superior ou inferior ao município.
Artigo 228º
(Solidariedade)
1. O Estado promove a solidariedade entre as autarquias, de acordo com as particula-
ridades de cada uma e tendo em vista a redução das assimetrias regionais e o desenvolvi-
mento nacional.
2. A administração central, com respeito pela autonomia das autarquias, garante a es-
tas, nos termos da lei, apoio técnico, material e em recursos humanos.
Artigo 229º
(Património e finanças das autarquias)
1. As autarquias locais têm finanças e património próprios.
2. A lei define o património das autarquias locais e estabelece o regime das finanças
locais, tendo em vista a justa repartição de recursos públicos entre o Estado e as autarquias,
bem como os demais princípios referidos neste título.
3. As autarquias locais podem dispor de poderes tributários, nos casos e nos termos
previstos na lei.
4. A lei regula a participação dos municípios nas receitas fiscais.
Artigo 230º
(Organização das autarquias)
1. A organização das autarquias locais compreende uma assembleia eleita, com pode-
res deliberativos e um órgão colegial executivo responsável perante aquela .
2. A assembleia é eleita pelos cidadãos eleitores residentes na circunscrição territorial
da autarquia, segundo o sistema de representação proporcional.
Artigo 231º
(Poder regulamentar)
As autarquias locais gozam de poder regulamentar próprio, nos limites da Constitui-
ção, das leis e dos regulamentos emanados das autarquias de grau superior ou das autori-
dades com poder tutelar.
Artigo 232º
(Tutela)
1. A tutela administrativa sobre as autarquias locais consiste na verificação do cumpri-
mento da lei pelos órgãos autárquicos e é exercida nos casos e nos termos da lei.

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Constituição da República de Cabo Verde

2. As medidas tutelares restritivas da autonomia local são precedidas de parecer da


assembleia deliberativa da autarquia, nos termos da lei.
3. A dissolução de órgãos autárquicos resultantes de eleição directa só pode ter lugar
por causa de acções ou omissões graves, estabelecidas pela lei.
Artigo 233º
(Pessoal das autarquias locais)
1. As autarquias locais possuem quadros de pessoal próprio, nos termos da lei.
2. Aos funcionários e agentes das autarquias locais é aplicável o regime dos funcio-
nários e agentes da administração central, com as adaptações necessárias, nos termos da
lei.
Artigo 234º
(Atribuições e organização das autarquias locais)
1. As atribuições e organização das autarquias, bem como a competência dos seus
órgãos são reguladas por lei, com respeito pelo princípio da autonomia e da descentraliza-
ção.
2. Os órgãos das autarquias podem delegar nas organizações comunitárias, tarefas ad-
ministrativas, que não envolvam o exercício de poderes de autoridade.
Artigo 235º
(Associações de autarquias locais)
As autarquias locais podem constituir associações para a realização de interesses co-
muns.
TÍTULO VII
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 236º
(Princípios gerais)
1. A Administração Pública prossegue o interesse público, com respeito pela Consti-
tuição, pela lei, pelos princípios da justiça, da transparência, da imparcialidade e da boa fé
e pelos direitos e interesses legítimos dos cidadãos.
2. A Administração Pública é estruturada de modo a prestar aos cidadãos um serviço
eficiente e de qualidade, obedecendo, designadamente, aos princípios da subsidiariedade,
da desconcentração, da descentralização, da racionalização, da avaliação e controlo e da
participação dos interessados, sem prejuízo da necessária eficácia e unidade de acção da
Administração e dos poderes de direcção, superintendência e tutela dos órgãos competen-
tes, nos termos da lei.
3.A lei pode criar autoridades administrativas independentes.

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Constituição da República de Cabo Verde

4. As associações públicas só podem ser constituídas para a satisfação de necessidades


públicas específicas relevantes, não podem exercer funções de natureza sindical e têm or-
ganização interna baseada em princípios democráticos.
5. As entidades privadas que exerçam poderes públicos podem ser sujeitas, nos termos
da lei, a fiscalização administrativa.

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Constituição da República de Cabo Verde

II - ELEIÇÕES

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Constituição da República de Cabo Verde

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Lei n.º 92/V/99, de 8 de Fevreiro

CÓDIGO ELEITORAL
LEI N.º 92/V/99
de 8 de Fevereiro1
(…)
TÍTULO VI
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS APLICÁVEIS À ELEIÇÃO
DOS TITULARES DOS ÓRGÃOS MUNICIPAIS
CAPÍTULO I
CAPACIDADE ELEITORAL ACTIVA
Artigo 407º
(Capacidade eleitoral activa)
1. São eleitores dos titulares dos órgãos electivos dos municipios os cidadãos cabo-
verdianos de ambos os sexos, maiores de dezoito anos, recenseados no território nacional.
2. São ainda eleitores dos titulares dos órgãos electivos dos municípios os estrangeiros
e apátridas de ambos os sexos, maiores de dezoito anos, recenseados no território nacional
e com residência legal e habitual em Cabo Verde há mais de três anos.
3. São também eleitores dos titulares dos órgãos electivos dos municípios os cidadãos
lusófonos legalmente estabelecidos, nas mesmas condições que os cidadãos nacionais.
CAPÍTULO II
CAPACIDADE ELEITORAL PASSIVA
Artigo 408º
(Capacidade eleitoral passiva)
1. São também elegíveis para os órgãos dos municípios os eleitores estrangeiros e apá-
tridas com residência legal e habitual em Cabo Verde há mais de cinco anos.
2. São ainda elegíveis para os órgãos dos municípios os cidadão lusófonos legalmente
estabelecidos, nas mesmas condições que os cidadãos nacionais.
CAPÍTULO III
INELEGIBILIDADES
Artigo 409º
(Inelegibilidades)
Para além das inelegibilidades gerais previstas neste Código, são ainda inelegíveis
para os órgãos municipais:
a) Os devedores em mora do município e respectivos garantes;
b) Os que tenham contrato administrativo com o município ainda que irregular-
mente celebrado;
1 Esta lei contem alterações constantes da Lei nº 17/VII/2007, de 22 de Junho e Lei nº 118/V/2000,de 24 de Abril

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Lei n.º 92/V/99, de 8 de Fevreiro

c) Os concessionários ou peticionários de concessão de serviços do município


respectivo;
d) Os governadores civis, nos municípios cujos territórios estejam sob a sua ju-
risdição.
Artigo 410º
(Inelegibilidades temporais decorrentes da renúncia)
Os titulares dos órgãos municipais que renunciarem ao respectivo mandato ou o perde-
rem, não podem concorrer às eleições subsequentes que se destinam a completar o mandato
dos anteriores eleitos nem nas eleições que iniciem novo mandato.
Artigo 411°
(Inelegibilidade temporária decorrente de perda de mandato)
A inelegibilidade por perda de mandato a que se refere o artigo anterior é por sete anos
e tem por fundamento a prática de ilegalidades graves.
Artigo 412º
(Inelegibilidades temporais decorrentes da dissolução)
1. Os membros dos órgãos municipais objecto de dissolução, não podem ser candidatos
aos actos eleitorais destinados a completar o mandato interrompido, nem aos subsequentes
que venham a ter lugar no período de tempo correspondente a novo mandato completo, em
qualquer órgão municipal.
2. Exceptuam-se do disposto no número anterior os membros que demonstrarem não
terem cometido a ilegalidade que provocou a dissolução.
CAPÍTULO IV
MARCAÇÃO DA DATA DAS ELEIÇÕES
Artigo 413º
(Marcação da data das eleições)
1. A marcação da data das eleições faz-se por decreto regulamentar publicado com a
antecedência mínima de setenta dias, ouvidos os partidos políticos registados no Supremo
Tribunal de Justiça.
2. O decreto-regulamentar que marcar a data das eleições indica se se trata de eleições
gerais dos titulares dos órgãos municipais ou de eleições de titulares de órgãos municipais
relativas a um ou mais municípios.
CAPÍTULO V
APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS
Artigo 414º
(Apresentação de candidaturas por grupos de cidadãos)
Para além dos partidos políticos e das coligações de partidos políticos nos termos do
presente Código, as listas para as eleições dos titulares dos órgãos municipais podem ser

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Lei n.º 92/V/99, de 8 de Fevreiro

apresentadas por grupos de cidadãos recenseados na área do município e não filiados em


partidos políticos, correspondentes a 5% do número de cidadãos eleitores, não podendo ser
em caso algum superior a 500.
Artigo 415°
(Requisito formal da apresentação de candidaturas)
Da declaração de candidatura dos integrantes de listas propostas por grupos de cida-
dãos nos termos do artigo 414° deve constar ainda que o candidato não se encontra inscrito
em qualquer partido político.

CAPÍTULO VI
ESTATUTO DOS CANDIDATOS
Artigo 416º
(Suspensão de funções)
Os Presidentes das Câmaras Municipais que se candidatarem às eleições suspendem as
suas funções com trinta dias de antecedência em relação ao dia das eleições, sem prejuízo
dos direitos e regalias inerentes ao cargo.

CAPÍTULO VII
ORGANIZAÇÃO DO COLÉGIO ELEITORAL
Artigo 417º
(Círculos eleitorais)
1. Para efeitos de eleições dos titulares dos órgãos municipais, o círculo eleitoral cor-
responde ao território do município respectivo.
2. A cada círculo eleitoral corresponde um colégio eleitoral constituído pelo conjunto
dos eleitores nele inscritos.

CAPÍTULO VIII
REGIME DE ELEIÇÃO
Artigo 418º
(Modo de eleição)
1. As eleições dos membros dos órgãos municipais colegiais faz-se por lista plurinomi-
nal, dispondo o eleitor de um voto singular de lista.
2. As listas apresentadas por grupos de cidadãos, nos termos dos artigos 414º e 415°,
não podem conter eleitores filiados em partidos políticos, sob pena de inelegibilidade ou
perda de mandato.

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Lei n.º 92/V/99, de 8 de Fevreiro

Artigo 419º
(Organização das listas)
1. As listas propostas às eleições devem conter a indicação de candidatos efectivos em
número igual ao dos mandatos atribuídos ao respectivo colégio eleitoral, e de candidatos
suplentes em numero não inferior a três nem superior ao dos efectivos.
2. Os candidatos de cada lista consideram-se ordenados segundo a sequência constante
da respectiva declaração de candidatura e os mandatos são atribuídos pela referida ordem
de precedência.

Artigo 420º
(Representação de ambos os sexos)
1. As listas propostas às eleições devem conter uma representação equilibrada de am-
bos os sexos.
2. Por subvenção eleitoral do Estado serão premiados, nos termos da lei, os partidos
políticos ou coligações de partidos políticos e as candidaturas apresentadas por grupos de
cidadãos em cujas listas se façam eleger, a nível municipal, pelo menos, vinte e cinco por
cento de candidatos do sexo feminino.

Artigo 421º
(Listas apresentadas por grupo de cidadãos)
1. As listas apresentadas por grupos de cidadãos são identificadas por uma denomina-
ção, por uma sigla constituida por não mais de cinco letras e por um símbolo, que não se
confundam com os dos partidos políticos.
2. Cada denominação, sigla e simbolo de lista apresentada por grupo de cidadãos só
pode ser usada numa únicas eleições, não podendo ser repetida nas eleições subsequentes,
no mesmo ou noutro círculo eleitoral.

Artigo 422º
(Critério de eleição)
1. A conversão dos votos em mandatos para o órgão deliberativo municipal faz-se em
obediência ao método de representação proporcional correspondente à média mais alta de
Hondt, nos termos aplicáveis á eleição dos deputados.
2. A conversão dos votos em mandatos para o órgão executivo colegial municipal, faz-
se nos termos do nº1, salvo se uma das listas concorrentes obtiver a maioria absoluta dos
votos validamente expressos, caso em que lhe será conferida a totalidade dos mandatos.
3. A conversão dos votos em mandatos para o órgão executivo singular municipal faz-
se pelo sistema maioritário a uma volta.

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Lei n.º 92/V/99, de 8 de Fevreiro

CAPÍTULO IX
CAMPANHA ELEITORAL
SECÇÃO I
PRINCÍPIOS GERAIS
Artigo 423º
(Período de campanha)
O período de campanha eleitoral inícia-se no décimo sétimo dia anterior ao dia desig-
nado para as eleições e finda às vinte e quatro horas da antevéspera do dia marcado para
as eleições.
SECÇÃO II
PROPAGANDA ELEITORAL
Artigo 424º
(Tempo de antena)
O disposto neste Código relativamente aos tempos de antena não se aplica às eleições
municipais.
(…)

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Lei n.º36/V/97, de 25 de Agosto

ESTATUTO DO CIDADÃO LUSÓFONO


Lei n.º36/V/97
de 25-8
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do arti-
go 186º da Constituição, o seguinte:
Artigo 1º
(Objecto)
A presente lei define o estatuto do cidadão lusófono em Cabo Verde.
Artigo 2º
(Cidadão Lusófono)
Para efeitos do presente diploma, considera-se cidadão lusófono o nacional de qual-
quer dos Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Artigo 3º
(Capacidade Eleitoral)
1. Ao cidadão lusófono com domicílio em Cabo Verde é reconhecida a capacidade
eleitoral activa e passiva nas eleições autárquica.
2. O cidadão lusófono com domicílio em Cabo Verde tem direito a exercer actividade
política conexa com a sua capacidade eleitoral.
Artigo 4º
(Nacionalidade)
Têm direito à nacionalidade cabo-verdiana os filhos de pai e mãe lusófono, nascidos
no território da República de Cabo Verde.
Artigo 5º
(Dupla Nacionalidade)
O cidadão lusófono pode adquirir a nacionalidade cabo-verdiana sem exigência de
perda da sua anterior nacionalidade.
Artigo 6º
(Entrada em Cabo Verde)
1. O cidadão lusófono, ainda que não domiciliado em Cabo Verde, portador de passa-
porte diplomático ou de serviço é isento de visto de entrada.
2. O cidadão lusófono, ainda que não domiciliado em Cabo Verde, habilita-se a visto
de trânsito nos portos e aeroportos do país.
3. Os cidadãos lusófonos que sejam homens de negócio, profissionais liberais, cientis-
ta, investigadores e homens de cultura, ainda que não domiciliados em Cabo Verde, desde

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Lei n.º36/V/97, de 25 de Agosto

que credenciados ou recomendados por organismos públicos ou organizações não governa-


mentais idóneas de qualquer dos Estados membros da CPLP, são isentos de visto de entrada
para uma permanência não superior a trinta dias.
4. Fora dos casos previstos nos números anteriores, o cidadão lusófono, ainda que
não domiciliado em Cabo Verde, portador de passaporte ordinário, habilita-se a visto de
múltiplas entradas e de longa duração, podendo também ser isento de visto por decisão do
Governo.
Artigo 7º
(Reagrupamento familiar)
O cônjuge e os filhos menores de cidadão lusófono com domicílio em Cabo Verde,
habilitam-se a entrar no país, no quadro do Reagrupamento familiar definido por lei.
Artigo 8º
(Direitos, liberdades, garantias e deveres)
O cidadão lusófono goza, em cabo Verde, dos mesmos direitos, liberdades e garantias e
está sujeito aos mesmos deveres que os cidadãos nacionais, salvo no que se refere a direitos
e deveres constitucional ou legalmente reservados aos cidadãos nacionais.
Artigo 9º
(Exercício de funções públicas)
O cidadão lusófono com domicílio em Cabo Verde, tem acesso a funções públicas de
carácter predominantemente técnico e a cargos públicos electivos no âmbito das autarquias
locais, nos mesmos termos que o cidadão nacional.
Artigo 10º
(Direito de estabelecimento)
O cidadão lusófono com domicílio em Cabo Verde tem direito de estabelecimento e
acesso a qualquer actividade económica ou profissional privada, nos mesmos termos que o
cidadão nacional, nomeadamente:
a) Instalar e exercer qualquer actividade de carácter industrial, comercial, agrí-
cola ou artesanal;
b) Constituir e gerir empresa, nomeadamente sociedades;
c) Exercer qualquer profissão liberal;
d) Obter e gerir concessões administrativas.
Artigo 11º
(Investidor lusófono)
Sem prejuízo dos que decorram da sua condição de investidor externo, o investidor
lusófono goza em Cabo Verde dos mesmos direitos, garantias, vantagens e facilidades con-

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Lei n.º36/V/97, de 25 de Agosto

cedidos ao investidor nacional, estando também sujeito às mesmas obrigações que o inves-
tidor nacional.
Artigo 12º
(Isenção de taxas e impostos)
1. O cidadão lusófono é isento de taxas e impostos nos mesmos termos e condições em
que o cidadão nacional também o seja.
2. O cidadão lusófono é isento do pagamento de quaisquer garantias, à excepção das
correspondentes ao custo dos impressos, para legalização ou regularização da sua situação
junto dos serviços de emigração.
3. Fica o Governo autorizado a inserir nos locais próprios das leis tributárias a isenção
de impostos estabelecida no N.º 1.
Artigo 13º
(Acesso a serviços públicos)
1. O cidadão lusófono com domicílio em Cabo Verde e os familiares dependentes que
com ele coabitem, têm acesso aos serviços públicos designadamente de saúde, de formação
e de educação a todos os níveis e à justiça nos mesmos termos que os cidadãos nacionais.
2. O cidadão lusófono com domicílio em Cabo Verde tem acesso ao crédito e à habita-
ção económica e social nos mesmos termos que o cidadão nacional.
Artigo 14º
(Transferência de rendimentos)
1. O cidadão lusófono tem, nos termos da legislação cambial, o direito de receber em
Cabo Verde pensão, subvenção ou rendimentos constituídos em qualquer país, desde que
lhe sejam transferidos.
2. O cidadão lusófono tem, nos termos da legislação cambial, o direito de transferir,
para qualquer Estado membro da CPLP em que passe a residir habitualmente, qualquer
pensão, subvenção ou rendimentos constituídos em Cabo Verde.
Artigo 15º
(Cartão especial de Identificação)
O cidadão lusófono com domicílio legalmente reconhecido tem direito, mediante pa-
gamento da mesma quantia exigida para o bilhete de identidade de cidadão nacional, a
cartão especial de identificação, de modelo a definir pelo Governo, que o identificará para
todos os efeitos legais em Cabo Verde.
Artigo 16º
(Não limitação)
O disposto na presente lei não prejudica, nem limita ou restringe outros direitos e isen-
ções conferidos ao cidadão lusófono pelas leis aplicáveis aos cidadãos estrangeiros.

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Lei n.º36/V/97, de 25 de Agosto

Artigo 17º
(Desenvolvimento e regulamentação)
O Governo desenvolverá e regulamentará a presente lei.
Artigo 18º
(Entrada em vigor)
A presente lei entra em vigor a 1 de Novembro de 1997.
Aprovado em 10 de Julho de 1997.
O Presidente da Assembleia Nacional, António do Espírito Santo Fonseca.
Promulgada em 8 de Agosto de 1997.
Publique-se.
O Presidente da República, António Manuel Mascarenhas Monteiro.
Assinada em 12 de Agosto de 1997
O Presidente da Assembleia Nacional, António do Espírito Santo Fonseca.

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Lei n.º36/V/97, de 25 de Agosto

22
Lei n.º36/V/97, de 25 de Agosto

III- DIVISÃO ADMINISTRATIVA DO TERRITÓRIO

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Constituição da República de Cabo Verde

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Lei nº 63/VI/2005, de 9 de Maio

CRIA O MUNICÍPIO DA RIBEIRA GRANDE DE SANTIAGO


Lei nº 63/VI/2005
de 9 de Maio
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do arti-
go 174º da Constituição, o seguinte:
Artigo 1º
(Criação e sede)
1. É criado, na ilha Santiago, o Município da Ribeira Grande de Santiago.
2. O Município da Ribeira Grande de Santiago tem a sua sede na Cidade de Santiago
de Cabo Verde, antiga Cidade da Ribeira Grande.
Artigo 2º
(Limites do município)
1. O Município da Ribeira Grande de Santiago compreende as localidades das Fregue-
sias de Santíssimo Nome de Jesus e de São João Baptista.
2. Os limites do Município da Praia passam a compreender apenas as localidades da
freguesia de Nossa Senhora da Graça.
Artigo 3º
(Protecção da zona histórica)
É proibida a construção de qualquer equipamento social ou habitacional no perímetro
histórico da Cidade de Santiago de Cabo Verde, sem a competente autorização do departa-
mento governamental responsável pela área da cultura, através do serviço de salvaguarda
do património histórico.
Artigo 4º
(Regime de instalação)
1. O Município da Ribeira Grande de Santiago está sujeito ao regime de instalação des-
de a publicação do presente diploma até ao início de funções dos órgãos eleitos, gozando,
nesta qualidade, de autonomia administrativa e financeira com as limitações previstas no
presente diploma.
2. A legislação condicionante da actividade e da responsabilidade dos municípios, dos
seus órgãos e respectivos titulares é igualmente aplicável ao Município da Ribeira Grande
de Santiago, em regime de instalação, com as especificidades e adaptações necessárias.
3. Ao departamento governamental de tutela do poder local competirá assegurar as
instalações e os meios materiais e financeiros necessários à actividade da Comissão Insta-
ladora.

25
Lei nº 63/VI/2005, de 9 de Maio

Artigo 5 º
(Composição da comissão instaladora)
1. A gestão administrativa, financeira e patrimonial do Município da Ribeira Grande de
Santiago cabe a uma Comissão Instaladora até a data de instalação dos órgãos eleitos.
2. A Comissão Instaladora é composta por cinco membros, designados por resolução
do Conselho de Ministros, sob proposta do membro do Governo de tutela das autarquias lo-
cais, e escolhidos tendo em consideração os resultados eleitorais obtidos pelas forças políti-
cas nas últimas eleições para os titulares dos órgãos municipais no município de origem.
3. O Presidente da Comissão Instaladora é nomeado por resolução do Conselho de
Ministros de entre os membros da Comissão.
Artigo 6º
(Prazo da constituição)
A Comissão Instaladora será constituída no prazo de noventa dias, a contar da data da
entrada em vigor do presente diploma.
Artigo 7º
(Competência da Comissão Instaladora)
1. Compete à Comissão Instaladora:
a) Exercer as competências que, por lei, cabem à câmara municipal;
b) Aprovar o orçamento e o plano de actividades do novo Município;
c) Aprovar o relatório de actividades e a conta de gerência do novo Município;
d) Exercer os poderes tributários conferidos, por lei, ao Município;
e) Deliberar sobre a aplicação ou substituição dos regulamentos da ou das autar-
quias locais de origem e proceder à respectiva alteração;
f) Elaborar o relatório referido no nº 1 do artigo 16º;
g) Promover, junto do Serviço Nacional de Cartografia e Cadastro, a delimitação
territorial do Município da Ribeira Grande de Santiago e proceder à respectiva
demarcação;
h) Aprovar o mapa de pessoal previsto no artigo 19º;
i) Deliberar em matérias da competência das assembleias municipais, desde que
razões de relevante interesse público municipal o justifiquem.
2. A Comissão Instaladora pode delegar no seu presidente a prática dos actos da sua
competência, nos casos e nos termos em que a câmara municipal o pode fazer no presidente
respectivo.

26
Lei nº 63/VI/2005, de 9 de Maio

Artigo 8º
(Competência do Presidente da Comissão Instaladora)
1. Cabe, em especial, ao Presidente da Comissão Instaladora:
a) Coordenar a actividade da Comissão e cumprir e fazer cumprir as suas delib-
erações;
b) Proceder à instalação da primeira Assembleia Municipal eleita.
2. O Presidente da Comissão Instaladora detém também as competências do presidente
da Câmara Municipal.
3. O Presidente da Comissão Instaladora pode delegar ou subdelegar nos restantes
membros a prática de actos da sua competência própria ou delegada.
4. Das decisões dos membros da Comissão Instaladora, ao abrigo de poderes delegados
por esta, cabe recurso para o plenário da Comissão, sem prejuízo de recurso contencioso.
Artigo 9º
(Impugnação contenciosa)
Os actos praticados pela Comissão Instaladora e pelo seu Presidente no exercício de
competências próprias são passíveis de impugnação contenciosa, segundo os termos legais
em que são recorríveis os actos dos órgãos das autarquias locais.
Artigo 10º
(Cessação do mandato da Comissão Instaladora)
O mandato da Comissão Instaladora cessa na data da instalação dos órgãos eleitos do
Município da Ribeira Grande de Santiago.
Artigo 11º
(Estatuto dos membros da Comissão Instaladora)
1. O Presidente da Comissão Instaladora exerce as funções em regime de tempo intei-
ro.
2. Ao regime de funções dos restantes membros aplica-se o previsto na lei.
3. Os membros da Comissão Instaladora são equiparados aos membros das Câmaras
Municipais para todos os efeitos legais, incluindo direitos e deveres, responsabilidades,
impedimentos e incompatibilidades.
Artigo 12º
(Transferências financeiras)
Enquanto, por falta de elementos de informação oficial, não for possível calcular, com
rigor, a participação do Município da Ribeira Grande de Santiago na repartição dos recur-
sos públicos referidos na lei das finanças locais, a inscrever no Orçamento do Estado, as

27
Lei nº 63/VI/2005, de 9 de Maio

transferências financeiras a inscrever e a efectuar assentam-se na correcção dos indicadores


do Município da Praia e no cálculo dos indicadores do Município da Ribeira Grande de
Santiago, efectuados de acordo com critérios de proporcionalidade.
Artigo 13º
(Critérios orientadores na transmissão de bens, direitos e obrigações e serviços)
1. A partilha de patrimónios e a determinação de direitos e responsabilidades entre o
Município da Praia e o Município da Ribeira Grande de Santiago atenderá aos seguintes
critérios orientadores:
a) Transmissão para o Município da Ribeira Grande de Santiago, sem prejuízo
do disposto na alínea d), de uma parte da dívida e respectivos encargos do
Município da Praia, proporcional ao rendimento dos impostos ou taxas que
constituam, nos termos da lei, receita própria dos municípios;
b) Transferência para o Município da Ribeira Grande de Santiago dos direitos
sobre os edifícios e outros bens do Município da Praia situados na área das
Freguesias de Santíssimo Nome de Jesus e de São João Baptista, que passam
a integrar o Município da Ribeira Grande de Santiago.
c) Transferência para o Município da Ribeira Grande de Santiago das insta-
lações da rede geral dos serviços pertencentes ou explorados pelo Município
da Praia situados na área das freguesias de Santíssimo Nome de Jesus e de
São João Baptista, que passam a integrar o Município da Ribeira Grande de
Santiago, salvo tratando-se de serviços indivisíveis por natureza ou estrutura
e que aproveitem às populações de mais de um município, caso em que os
municípios interessados se associarão por qualquer das formas previstas na lei
para a sua detenção e exploração comum;
d) Transferência para o Município da Ribeira Grande de Santiago do produto,
e correspondentes encargos, de empréstimos contraídos para aquisição, con-
strução ou instalação dos bens e serviços transferidos nos termos das alíneas
b) e c);
e) Transferência para o Município da Ribeira Grande de Santiago do pessoal
adstrito a serviços em actividade na sua área e ainda daqueles que passam a
caber-lhe.
2. Em todas as demais situações em que hajam de determinar direitos ou obrigações
serão estes apurados proporcionalmente ao número de eleitores inscritos à data da criação
do novo município.
Artigo 14º
(Direcção de serviços)
Todos os serviços já existentes nas localidades referidas no nº 1 do artigo 2 º passam
de imediato, após a entrada em vigor da presente Lei, a ser dirigidos pela Comissão Instala-

28
Lei nº 63/VI/2005, de 9 de Maio

dora, sem prejuízo da manutenção do apoio em meios materiais e financeiros do Município


da Praia indispensáveis à continuidade do seu funcionamento e até que sejam formalmente
recebidos por aquela Comissão.
Artigo 15º
(Vigência de regulamentos municipais anteriores)
Consideram-se em vigor nas localidades referidas no nº 1 do artigo 2º todos os regula-
mentos municipais que aí vigoravam à data da criação do Município.
Artigo 16º
(Transmissão de bens, direitos e obrigações)
1. Para efeitos de transmissão de bens, direitos e obrigações para o Município da Ribei-
ra Grande de Santiago, a Câmara Municipal da Praia e a Comissão Instaladora elaborarão,
no prazo de noventa dias, relatório discriminando, por categoria, os bens, as universalida-
des, os direitos e as obrigações que, no seu entender, devam ser objecto de transmissão.
2. Os relatórios devem conter explicitação, suficientemente precisa, dos critérios de
imputação utilizados, relativamente a cada um dos grupos referidos.
3. Compete a uma comissão constituída por um representante do membro do Governo
de tutela das autarquias locais, que preside, pelo presidente da Câmara Municipal da Praia
e pelo Presidente da Comissão Instaladora do Município da Ribeira Grande de Santiago a
elaboração de proposta final sobre a matéria, com respeito pelo disposto nos artigos 13º,
14º e 15º.
4. A proposta final constante do número anterior deverá ser aprovada pela Câmara Mu-
nicipal da Praia e pela Comissão Instaladora do Município da Ribeira Grande de Santiago
no prazo máximo de trinta dias.
5. A não aprovação da proposta final por qualquer uma das partes envolvidas pode ser
suprida por despacho devidamente fundamentado do membro do Governo que tutela as
autarquias locais.
6. A transmissão dos bens, universalidades, direitos e obrigações para o Município da
Ribeira Grande de Santiago efectua-se por força da lei e o respectivo registo, quando a ele
houver lugar, depende de simples requerimento, com isenção de taxas e emolumentos.
Artigo 17º
(Prestação de serviços públicos)
1. O processo de criação e implantação dos serviços do Município da Ribeira Grande
de Santiago na fase de instalação não pode pôr em causa a prestação de serviços aos ci-
dadãos, devendo ser assegurados, pelo Município da Praia, os níveis existentes à data da
criação do novo Município.
2. Até à aprovação da proposta final a que se refere o artigo anterior, cabe à Câmara
Municipal da Praia a satisfação de todos os pagamentos relativos a bens e fornecimentos

29
Lei nº 63/VI/2005, de 9 de Maio

que venham a ser transmitidos para o Município da Ribeira Grande de Santiago, ficando
aquela entidade com o direito de regresso sobre este relativamente àqueles respeitantes a
dívidas vencidas posteriormente à data da criação deste Município.
3. Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se unicamente vencidas as
dívidas por trabalhos ou serviços efectivamente prestados após a data da criação do Mu-
nicípio da Ribeira Grande de Santiago, não sendo este responsável por mora imputável ao
Município da Praia ou atrasos imputáveis aos empreiteiros e fornecedores, que decorram,
nomeadamente, da falta de medição dos referidos trabalhos.
Artigo 18º
(Suspensão de prazos)
1. Até à entrada em funcionamento dos serviços do Município da Ribeira Grande de
Santiago, cabe à Câmara Municipal da Praia prestar o apoio técnico indispensável à apre-
ciação das pretensões dos particulares, devendo fazê-lo de molde que a Comissão Instala-
dora delibere sobre essas pretensões nos prazos legais.
2. Nos processos respeitantes a pretensões dos particulares, a contratos ou a paga-
mentos cujos documentos devam ser objecto de transferência do Município da Praia, con-
sideram-se suspensos todos os prazos legais ou regulamentares desde a data do início da
produção de efeitos do diploma de criação do Município da Ribeira Grande de Santiago,
até à recepção dos documentos pelos serviços deste Município.
3. A suspensão em causa vigora pelo período máximo de um ano, a contar da data do
início da produção de efeitos do diploma de criação do novo Município.
Artigo 19º
(Mapa de pessoal)
1. A dotação do pessoal que se prevê necessária para funcionamento dos serviços do
Município da Ribeira Grande de Santiago, consta de mapa de pessoal a elaborar e aprovar
pela Comissão Instaladora e a ratificar pelo membro do Governo de tutela das autarquias
locais.
2. A previsão de lugares de pessoal dirigente, de chefia ou outro, no mapa referido deve
ser devidamente justificada e corresponder, em nível e número, às reais necessidades de
funcionamento dos serviços.
3. O mapa de pessoal vigora até aprovação do quadro de pessoal pelos órgãos eleitos.
Artigo 20º
(Repartição de recursos humanos)
1. A integração do mapa de pessoal a que se refere o artigo anterior é feita prioritaria-
mente, com recurso aos funcionários e agentes do Município da Praia, em termos a acordar
entre os dois Municípios.

30
Lei nº 63/VI/2005, de 9 de Maio

2. A repartição efectua-se dando prioridade aos interessados na transferência para o


Município da Ribeira Grande de Santiago e rege-se, neste caso, pelo princípio da maior
antiguidade na função pública, na carreira e na categoria ou cargo, sucessivamente, dentro
de cada um dos grupos da seguinte ordem de preferência:
a) Interessados que residam na área territorial do Município da Ribeira Grande
de Santiago;
b) Outros interessados.
3. A transferência de outros funcionários ou agentes rege-se pelo princípio da menor
antiguidade na função pública, na carreira e na categoria ou cargo, sucessivamente.
4. A recusa de transferência, quando não fundamentada ou considerada como tal, cons-
titui grave desinteresse pelo cumprimento dos deveres profissionais, para efeitos disciplina-
res, a apreciar pelos órgãos competentes do Município de origem.
Artigo 21º
(Recrutamento de recursos humanos)
1. A Comissão Instaladora pode recrutar, nos termos da lei geral e dentro das dotações
fixadas no mapa a que se refere o artigo anterior, os recursos humanos necessários.
2. O pessoal não vinculado à função pública é sempre recrutado para categoria de
ingresso.
3. O pessoal a que se refere a presente disposição exerce as funções em regime de
contrato administrativo de provimento ou de contrato de trabalho a termo, precedido de
concurso ou, sendo funcionário, em regime de comissão ordinária de serviço, se a isso
se não opuserem as formas de provimento da categoria do interessado, ficando sujeito ao
regime de promoção e progressão estabelecido na lei geral ou no estatuto das respectivas
carreiras.
4. A comissão ordinária de serviço a que se refere o número anterior não carece de
autorização do serviço de origem do nomeado.
Artigo 22º
(Transição do pessoal para o quadro)
1. Sem prejuízo do regime de estágio, o pessoal integrado no mapa de pessoal transita
em regime de nomeação definitiva, se a isso se não opuserem as formas de provimento da
categoria do interessado, para o quadro a que se refere o n.º 3 do artigo 19.º, na mesma
carreira, categoria ou cargo e escalão.
2. Exceptua-se do disposto do número anterior, o pessoal que seja considerado dispen-
sável, caso em que o agente regressa ao lugar de origem ou vê cessada a comissão de ser-
viço ou denunciado ou rescindido o seu contrato, com pré-aviso de 60 dias, sem prejuízo,
nestes dois últimos casos, das compensações legais a que houver lugar.

31
Lei nº 63/VI/2005, de 9 de Maio

3. O desempenho de funções pelo tempo legalmente previsto dispensa a realização de


estágio, desde que este não se deva traduzir, nos termos da lei, na obtenção de uma qualifi-
cação ou habilitação profissional.
4. A integração no quadro implica a exoneração dos funcionários, no quadro de ori-
gem.
5. A promoção ou progressão dos funcionários integrados no mapa de pessoal produz
efeitos no quadro de pessoal aprovado, bem como no quadro de origem do interessado,
considerando-se, neste caso, criados os lugares indispensáveis, a extinguir quando vaga-
rem.
Artigo 23º
(Eleições)
A primeira eleição dos titulares dos órgãos do Município da Ribeira Grande de San-
tiago terá lugar com as primeiras eleições municipais gerais que ocorrerem após a sua
criação.
Artigo 24º
(Instalação da Assembleia Municipal)
Cabe ao Presidente da Comissão Instaladora ou, na sua falta e em sua substituição,
qualquer outro membro da Comissão Instaladora, proceder à instalação da Assembleia Mu-
nicipal do Município da Ribeira Grande de Santiago no prazo e termos previstos na lei,
após o apuramento definitivo dos resultados eleitorais.
Artigo 25º
(Gestão do sítio histórico)
A gestão do sitio histórico da Cidade de Santiago de Cabo Verde, delimitado pelo
Decreto nº101/90, de 8 de Dezembro, poderá ser confiada a uma administração especial,
nomeada nos precisos termos da Comissão Instaladora.
Aprovada em 25 de Fevereiro de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.
Promulgada em 19 de Abril de 2005.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Assinada em 20 de Abril de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.

32
Lei nº 63/VI/2005, de 9 de Maio

33
Lei nº 64/VI/2005, de 9 de Maio

CRIA O MUNICÍPIO DE SÃO LOURENÇO DOS ÓRGÃOS


NA ILHA DE SANTIAGO
Lei nº 64/VI/2005
de 9 de Maio
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do arti-
go 174º da Constituição, o seguinte:
Artigo 1º
(Criação e sede)
1. É criado, na ilha de Santiago, o Município de São Lourenço dos Órgãos, com a área,
população residente e número de eleitores da actual Freguesia de São Lourenço dos Órgãos
do Concelho de Santa Cruz.
2. O Município de São Lourenço dos Órgãos tem a sua sede na povoação de João Te-
ves que é elevada à categoria de vila, com a designação de Vila de João Teves.
Artigo 2º
(Limites do município)
1. Os limites do Município de São Lourenço dos Órgãos coincidem com os da actual
Freguesia com o mesmo nome, conforme o mapa constante do Anexo I.
2. Os limites do Município de Santa Cruz com sede na Vila de Pedra Badejo, passa a
ter como território as delimitações da freguesia de S. Tiago Maior.
Artigo 3º
(Regime de instalação)
1. O Município de São Lourenço dos Órgãos está sujeito ao regime de instalação des-
de a publicação do presente diploma até ao início de funções dos órgãos eleitos, gozando,
nesta qualidade, de autonomia administrativa e financeira com as limitações previstas no
presente diploma.
2. A legislação condicionante da actividade e da responsabilidade dos municípios, dos
seus órgãos e respectivos titulares é igualmente aplicável ao Município de São Lourenço
dos Órgãos, em regime de instalação, com as especificidades e adaptações necessárias.
3. Ao departamento governamental de tutela do poder local competirá assegurar as
instalações e os meios materiais e financeiros necessários à actividade da comissão insta-
ladora.
Artigo 4 º
(Composição da comissão instaladora)
1. A gestão administrativa, financeira e patrimonial do Município de S. Lourenço dos
Órgãos cabe a uma Comissão Instaladora até a data da instalação dos órgãos eleitos.

34
Lei nº 64/VI/2005, de 9 de Maio

2. A Comissão Instaladora é composta por cinco membros, designados por resolução


do Conselho de Ministros, sob proposta do membro do Governo de tutela das autarquias lo-
cais, e escolhidos tendo em consideração os resultados eleitorais obtidos pelas forças políti-
cas nas últimas eleições para os titulares dos órgãos municipais no Município de origem.
3. O Presidente da Comissão Instaladora é nomeado por resolução do Conselho de
Ministros de entre os membros da Comissão.
Artigo 5º
(Prazo da constituição)
A Comissão Instaladora será constituída no prazo de noventa dias a contar da data da
entrada em vigor do presente diploma.
Artigo 6º
(Competência da Comissão Instaladora)
1. Compete à Comissão Instaladora:
a) Exercer as competências que, por lei, cabem à câmara municipal;
b) Aprovar o orçamento e o plano de actividades do novo Município;
c) Aprovar o relatório de actividades e a conta de gerência do novo Município;
d) Exercer os poderes tributários conferidos, por lei, ao Município;
e) Deliberar sobre a aplicação ou substituição dos regulamentos da ou das autar-
quias locais de origem e proceder à respectiva alteração;
f) Elaborar o relatório referido no nº 1 do artigo 15º;
g) Promover, junto do Serviço Nacional de Cartografia e Cadastro, a delimitação
territorial do novo município e proceder à respectiva demarcação;
h) Aprovar o mapa de pessoal respectivo;
i) Deliberar em matérias da competência das assembleias municipais, desde que
razões de relevante interesse público municipal o justifiquem.
2. A Comissão Instaladora pode delegar no seu Presidente a prática dos actos da sua
competência, nos casos e nos termos em que a câmara municipal o pode fazer no presidente
respectivo.
Artigo 7º
(Competência do presidente da Comissão Instaladora)
1. Cabe, em especial, ao presidente da Comissão Instaladora:
a) Coordenar a actividade da Comissão e cumprir e fazer cumprir as suas delib-
erações;
b) Proceder à instalação da primeira Assembleia Municipal eleita.

35
Lei nº 64/VI/2005, de 9 de Maio

2. O presidente da Comissão Instaladora detém também as competências do presidente


da câmara municipal.
3. O presidente da Comissão Instaladora pode delegar ou subdelegar nos restantes
membros a prática de actos da sua competência própria ou delegada.
4. Das decisões dos membros da Comissão Instaladora ao abrigo de poderes delegados
por esta cabe recurso para o plenário da Comissão, sem prejuízo de recurso contencioso.
Artigo 8º
(Impugnação contenciosa)
Os actos praticados pela Comissão Instaladora e pelo seu presidente no exercício de
competências próprias são passíveis de impugnação contenciosa, segundo os termos legais
em que são recorríveis os actos dos órgãos das autarquias locais.
Artigo 9º
(Cessação do mandato da Comissão Instaladora)
O mandato da Comissão Instaladora cessa na data da instalação dos órgãos eleitos do
Município de São Lourenço dos Órgãos.
Artigo 10º
(Estatuto dos membros da Comissão Instaladora)
1. O Presidente da Comissão Instaladora exerce as funções em regime de tempo inteiro.
2. Ao regime de funções dos restantes membros aplica-se o previsto na lei.
3. Os membros da Comissão Instaladora são equiparados aos membros das câmaras
municipais para todos os efeitos legais, incluindo direitos e deveres, responsabilidades,
impedimentos e incompatibilidades.
Artigo 11º
(Transferências financeiras)
Enquanto, por falta de elementos de informação oficial, não for possível calcular, com
rigor, a participação do Município de S. Lourenço dos Órgãos na repartição dos recursos
públicos referidos na lei das finanças locais, a inscrever no Orçamento do Estado, as trans-
ferências financeiras a inscrever e a efectuar assentam na correcção dos indicadores do
Município de Santa Cruz e no cálculo dos indicadores do Município de S. Lourenço dos
Órgãos efectuados de acordo com critérios de proporcionalidade.
Artigo 12º
(Critérios orientadores na transmissão de bens, direitos e obrigações e serviços)
1. A partilha de patrimónios e a determinação de direitos e responsabilidades entre o
Município de Santa Cruz e o Município de S. Lourenço dos Órgãos atenderá aos seguintes
critérios orientadores:
a) Transmissão para o Município de S. Lourenço dos Órgãos, sem prejuízo do
disposto na alínea d), do presente artigo, de uma parte da dívida e respectivos

36
Lei nº 64/VI/2005, de 9 de Maio

encargos do Município de Santa Cruz, proporcional ao rendimento dos im-


postos ou taxas que constituam, nos termos da lei, receita própria dos municí-
pios;
b) Transferência para o Município de S. Lourenço dos Órgãos dos direitos sobre
os edifícios e outros bens do Município de Santa Cruz situados na área da
Freguesia de São Lourenço dos Órgãos, que passam a integrar o Município de
S. Lourenço dos Órgãos;
c) Transferência para o Município de S. Lourenço dos Órgãos das instalações da
rede geral dos serviços pertencentes ou explorados pelo Município de Santa
Cruz situados na área da Freguesia de São Lourenço dos Órgãos, que passam
a integrar o novo Município, salvo tratando-se de serviços indivisíveis por na-
tureza ou estrutura e que aproveitem às populações de mais de um município,
caso em que os municípios interessados se associarão por qualquer das formas
previstas na lei para a sua detenção e exploração comum;
d) Transferência para o Município de S. Lourenço dos Órgãos do produto, e cor-
respondentes encargos, de empréstimos contraídos para aquisição, construção
ou instalação dos bens e serviços transferidos nos termos das alíneas b) e c);
e) Transferência para o Município de S. Lourenço dos Órgãos do pessoal adstrito
a serviços em actividade na sua área e ainda daqueles que passam a caber-
lhe.
2. Em todas as demais situações em que hajam de determinar-se direitos ou obrigações
serão estes apurados proporcionalmente ao número de eleitores inscritos à data da criação
do novo Município.
Artigo 13º
(Direcção de serviços)
Todos os serviços já existentes na área do Município de S. Lourenço dos Órgãos pas-
sam de imediato, após a entrada em vigor da presente Lei, a ser dirigidos pela Comissão
Instaladora, sem prejuízo da manutenção do apoio em meios materiais e financeiros do
Município de Santa Cruz indispensáveis à continuidade do seu funcionamento e até que
sejam formalmente recebidos por aquela Comissão.
Artigo 14º
(Vigência de regulamentos municipais anteriores)
Consideram-se em vigor na área do Município de S. Lourenço dos Órgãos todos os
regulamentos municipais que aí vigoravam à data da criação do Município.
Artigo 15.º
(Transmissão de bens, direitos e obrigações)
1. Para efeitos de transmissão de bens, direitos e obrigações para o Município de S.
Lourenço dos Órgãos, a Câmara Municipal de Santa Cruz e a Comissão Instaladora elabo-

37
Lei nº 64/VI/2005, de 9 de Maio

rarão, no prazo de noventa dias, relatório discriminando, por categoria, os bens, as univer-
salidades, os direitos e as obrigações que devam ser objecto de transmissão.
2. Os relatórios devem conter explicitações, suficientemente precisas, dos critérios de
imputação utilizados, relativamente a cada um dos grupos referidos.
3. Compete a uma comissão constituída por um representante do membro do Governo
de tutela das autarquias locais, que preside, pelo Presidente da Câmara Municipal de Santa
Cruz e pelo Presidente da Comissão Instaladora a elaboração de proposta final sobre a ma-
téria, com respeito pelo disposto nos artigos 13º, 14º e 15º, do presente diploma.
4. A proposta final constante do número anterior deverá ser aprovada pela Câmara Mu-
nicipal de Santa Cruz e pela Comissão Instaladora no prazo máximo de trinta dias.
5. A não aprovação da proposta final por qualquer uma das partes envolvidas pode ser
suprida por despacho devidamente fundamentado do membro do Governo que tutela as
autarquias locais.
6. A transmissão dos bens, universalidades, direitos e obrigações para o Município
de S. Lourenço dos Órgãos efectua-se por força da lei e o respectivo registo, quando a ele
houver lugar, depende de simples requerimento, com isenção de taxas e emolumentos.
Artigo 16º
(Prestação de serviços públicos)
1. O processo de criação e implantação dos serviços do Município de S. Lourenço dos
Órgãos na fase de instalação não pode pôr em causa a prestação de serviços aos cidadãos,
devendo ser assegurados, pelo Município de Santa Cruz, os níveis existentes à data da
criação do novo Município.
2. Até à aprovação da proposta final a que se refere o artigo anterior, cabe à Câmara
Municipal de Santa Cruz a satisfação de todos os pagamentos relativos a bens e forne-
cimentos que venham a ser transmitidos para o Município de S. Lourenço dos Órgãos,
ficando aquela entidade com o direito de regresso sobre o Município de S. Lourenço dos
Órgãos, relativamente àqueles respeitantes a dívidas vencidas posteriormente à data da
criação deste município.
3. Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se unicamente vencidas as
dívidas por trabalhos ou serviços efectivamente prestados após a data da criação do Mu-
nicípio de S. Lourenço, não sendo este responsável por mora imputável ao Município de
Santa Cruz ou atrasos imputáveis aos empreiteiros e fornecedores, que decorram, nomea-
damente, da falta de medição dos referidos trabalhos.
Artigo 17º
(Suspensão de prazos)
1. Até à entrada em funcionamento dos serviços do Município de S. Lourenço, cabe
à Câmara Municipal de Santa Cruz prestar o apoio técnico indispensável à apreciação das

38
Lei nº 64/VI/2005, de 9 de Maio

pretensões dos particulares, devendo fazê-lo de molde que a Comissão Instaladora delibere
sobre essas pretensões nos prazos legais.
2. Nos processos respeitantes a pretensões dos particulares, a contratos ou a pagamen-
tos cujos documentos devam ser objecto de transferência do Município de Santa Cruz,
consideram-se suspensos todos os prazos legais ou regulamentares desde a data do início
da produção de efeitos do diploma de criação do Município de S. Lourenço dos Órgãos, até
à recepção dos documentos pelos serviços deste Município.
3. A suspensão em causa vigora pelo período máximo de um ano, a contar da data do
início da produção de efeitos do diploma de criação do novo Município.
Artigo 18º
(Mapa de pessoal)
1. A dotação do pessoal que se prevê necessária para funcionamento dos serviços do
Município de S. Lourenço dos Órgãos consta de mapa de pessoal a elaborar e aprovar
pela Comissão Instaladora e a ratificar pelo membro do Governo de tutela das autarquias
locais.
2. A previsão de lugares de pessoal dirigente, de chefia ou outro, no mapa referido deve
ser devidamente justificada e corresponder, em nível e número, às reais necessidades de
funcionamento dos serviços.
3. O mapa de pessoal vigora até aprovação do quadro de pessoal pelos órgãos eleitos.
Artigo 19º
(Repartição de recursos humanos)
1. A integração do mapa de pessoal a que se refere o artigo anterior é feita prioritaria-
mente, com recurso aos funcionários e agentes do Município de Santa Cruz., em termos a
acordar entres os dois Municípios.
2. A repartição efectua-se dando prioridade aos interessados na transferência para o
Município de S. Lourenço dos Órgãos e rege-se, neste caso, pelo princípio da maior anti-
guidade na função pública, na carreira e na categoria ou cargo, sucessivamente, dentro de
cada um dos grupos da seguinte ordem de preferência:
a) Interessados que residam na área territorial do Município de S. Lourenço dos
Órgãos;
b) Outros interessados.
3. A transferência de outros funcionários ou agentes rege-se pelo princípio da menor
antiguidade na função pública, na carreira e na categoria ou cargo, sucessivamente.
4. A recusa de transferência, quando não fundamentada ou considerada como tal, cons-
titui grave desinteresse pelo cumprimento dos deveres profissionais, para efeitos disciplina-
res, a apreciar pelos órgãos competentes do município de origem.

39
Lei nº 64/VI/2005, de 9 de Maio

Artigo 20º
(Recrutamento de recursos humanos)
1. A Comissão Instaladora pode recrutar, nos termos da lei geral e dentro das dotações
fixadas no mapa a que se refere o artigo anterior, os recursos humanos necessários.
2. O pessoal não vinculado à função pública é sempre recrutado para categoria de
ingresso.
3. O pessoal a que se refere a presente disposição exerce as funções em regime de
contrato administrativo de provimento ou de contrato de trabalho a termo, precedido de
concurso ou, sendo funcionário, em regime de comissão ordinária de serviço, se a isso
se não opuserem as formas de provimento da categoria do interessado, ficando sujeito ao
regime de promoção e progressão estabelecido na lei geral ou no estatuto das respectivas
carreiras.
4. A comissão ordinária de serviço a que se refere o número anterior não carece de
autorização do serviço de origem do nomeado.
Artigo 21º
(Transição do pessoal para o quadro)
1. Sem prejuízo do regime de estágio, o pessoal integrado no mapa de pessoal transita
em regime de nomeação definitiva, se a isso se não opuserem as formas de provimento da
categoria do interessado, para o quadro do pessoal a que se refere o n.º 3 do artigo 18º, na
mesma carreira, categoria ou cargo e escalão.
2. Exceptua-se do disposto do número anterior o pessoal que seja considerado dispen-
sável, caso em que o visado regressa ao lugar de origem ou vê cessada a comissão ordinária
de serviço ou denunciado ou rescindido o seu contrato, com pré-aviso de sessenta dias, sem
prejuízo, nestes dois últimos casos, das compensações legais a que houver lugar.
3. O desempenho de funções pelo tempo legalmente previsto dispensa a realização de
estágio, desde que este não se deva traduzir, nos termos da lei, na obtenção de uma qualifi-
cação ou habilitação profissional.
4. A integração no quadro implica a exoneração dos funcionários, no quadro de origem.
5. A promoção ou progressão dos funcionários integrados no mapa de pessoal produz
efeitos no quadro de pessoal aprovado, bem como no quadro de origem do interessado,
considerando-se, neste caso, criados os lugares indispensáveis, a extinguir quando vaga-
rem.
Artigo 22º
(Eleições)
A primeira eleição dos titulares dos órgãos do Município de S. Lourenço dos Órgãos
terá lugar com as primeiras eleições municipais gerais que ocorrerem após a sua criação.

40
Lei nº 64/VI/2005, de 9 de Maio

Artigo 23º
(Instalação da Assembleia Municipal Eleita)
Cabe ao Presidente da Comissão Instaladora ou, na sua falta e em sua substituição,
qualquer outro membro da Comissão Instaladora, proceder à instalação da Assembleia
Municipal de São Lourenço dos Órgãos eleita, no prazo e termos previstos na lei, após o
apuramento definitivo dos resultados eleitorais.
Artigo 24º
(Entrada em vigor)
A presente lei entra imediatamente em vigor.
Aprovada em 25 de Fevereiro de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.
Promulgada em 19 de Abril de 2005.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Assinada em 20 de Abril de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.

41
Lei nº 64/VI/2005, de 9 de Maio

42
Lei nº 65/VI/2005, de 9 de Maio

CRIA O MUNICÍPIO DE SÃO SALVADOR DO MUNDO,


NA ILHA DE SANTIAGO
Lei nº 65/VI/2005
de 9 de Maio
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do arti-
go 174º da Constituição, o seguinte:
Artigo 1º
(Criação e sede)
1. É criado, na ilha de Santiago, o Município de São Salvador do Mundo.
2. O Município de São Salvador do Mundo tem sua sede na povoação de Achada
Igreja que é elevada à categoria de vila, com a designação de Vila de Achada Igreja.
Artigo 2º
(Limites do município)
1. Os limites do Município de São Salvador do Mundo coincidem com os da actual
freguesia com o mesmo nome, conforme o mapa constante do Anexo I.
2. Os limites do Município de Santa Catarina, com sede na Cidade de Assomada, pas-
sam a ter como território as delimitações da freguesia de Santa Catarina.
Artigo 3º
(Regime de instalação)
1. O Município de São Salvador do Mundo está sujeito ao regime de instalação desde
a publicação do presente diploma até ao início de funções dos órgãos eleitos, gozando,
nesta qualidade, de autonomia administrativa e financeira com as limitações previstas no
presente diploma.
2. A legislação condicionante da actividade e da responsabilidade dos municípios, dos
seus órgãos e respectivos titulares é igualmente aplicável ao Município de São Salvador do
Mundo, em regime de instalação, com as especificidades e adaptações necessárias.
3. Ao departamento do Governo de tutela autarquias locais competirá assegurar as
instalações e os meios materiais e financeiros necessários à actividade da comissão insta-
ladora.
Artigo 4 º
(Composição da comissão instaladora)
1. A gestão administrativa, financeira e patrimonial do Município de S. Salvador do
Mundo cabe a uma Comissão Instaladora até a data de instalação dos órgãos eleitos.
2. A Comissão Instaladora é composta por cinco membros, designados por resolução
do Conselho de Ministros, sob proposta do membro do Governo de tutela das autarquias lo-

43
Lei nº 65/VI/2005, de 9 de Maio

cais, e escolhidos tendo em consideração os resultados eleitorais obtidos pelas forças políti-
cas nas últimas eleições para os titulares dos órgãos municipais do Município de origem.
3. O Presidente da Comissão Instaladora é nomeado por resolução do Conselho de
Ministros de entre os membros da Comissão.
Artigo 5º
(Prazo da constituição)
A Comissão Instaladora será constituída no prazo de noventa dias a contar da data da
entrada em vigor do presente diploma.
Artigo 6º
(Competência da Comissão Instaladora)
1. Compete à Comissão Instaladora:
a) Exercer as competências que, por lei, cabem à câmara municipal;
b) Aprovar o orçamento e o plano de actividades do novo Município;
c) Aprovar o relatório de actividades e a conta de gerência do novo Município;
d) Exercer os poderes tributários conferidos, por lei, ao Município;
e) Deliberar sobre a aplicação ou substituição dos regulamentos da ou das autar-
quias locais de origem e proceder à respectiva alteração;
f) Elaborar o relatório referido no nº 1 do artigo 15º;
g) Promover, junto do Serviço Nacional de Cartografia e Cadastro, a delimitação
territorial do Município de São Salvador do Mundo e proceder à respectiva
demarcação;
h) Aprovar o mapa de pessoal previsto no artigo18º;
i) Deliberar em matérias da competência das assembleias municipais, desde que
razões de relevante interesse público municipal o justifiquem.
2. A Comissão Instaladora pode delegar no seu presidente a prática dos actos da sua
competência, nos casos e nos termos em que a câmara municipal o pode fazer no presidente
respectivo.
Artigo 7º
(Competência do presidente da Comissão Instaladora)
1. Cabe, em especial, ao Presidente da Comissão Instaladora:
a) Coordenar a actividade da Comissão e cumprir e fazer cumprir as suas delib-
erações;
b) Proceder à instalação das primeiras assembleia e câmara municipais eleitas.
2. O Presidente da Comissão Instaladora detém também as competências do presidente
da câmara municipal.

44
Lei nº 65/VI/2005, de 9 de Maio

3. O Presidente da Comissão Instaladora pode delegar ou subdelegar nos restantes


membros a prática de actos da sua competência própria ou delegada.
4. Das decisões dos membros da Comissão Instaladora ao abrigo de poderes delegados
por esta cabe recurso para o plenário da Comissão, sem prejuízo de recurso contencioso.
Artigo 8º
(Impugnação contenciosa)
Os actos praticados pela Comissão Instaladora e pelo seu presidente no exercício de
competências próprias são passíveis de impugnação contenciosa, segundo os termos em
que são recorríveis os actos dos órgãos das autarquias locais.
Artigo 9º
(Cessação do mandato da Comissão Instaladora)
O mandato da Comissão Instaladora cessa na data da instalação dos órgãos eleitos do
Município de São Salvador do Mundo.
Artigo 10º
(Estatuto dos membros da Comissão Instaladora)
1. O Presidente da Comissão Instaladora exerce as funções em regime de tempo intei-
ro.
2. Ao regime de funções dos restantes membros aplica-se o previsto na lei.
3. Os membros da Comissão Instaladora são equiparados aos membros das câmaras
municipais para todos os efeitos legais, incluindo direitos e deveres, responsabilidades,
impedimentos e incompatibilidades.
Artigo 11º
(Transferências financeiras)
Enquanto, por falta de elementos de informação oficial, não for possível calcular, com
rigor, a participação do Município de São Salvador do Mundo na repartição dos recursos
públicos referidos na lei das finanças locais, a inscrever no Orçamento do Estado, as trans-
ferências financeiras a inscrever e a efectuar assentam na correcção dos indicadores do
Município de Santa Catarina e no cálculo dos indicadores do Município de São Salvador
do Mundo efectuados de acordo com critérios de proporcionalidade.
Artigo 12º
(Critérios orientadores na transmissão de bens, direitos e obrigações e serviços)
1. A partilha de patrimónios e a determinação de direitos e responsabilidades entre
o Município de Santa Catarina e o Município de Município de São Salvador do Mundo
atenderá aos seguintes critérios orientadores:
a) Transmissão para o Município de Município de São Salvador do Mundo, sem
prejuízo do disposto na alínea d), de uma parte da dívida e respectivos encar-

45
Lei nº 65/VI/2005, de 9 de Maio

gos do Município de Santa Catarina, proporcional ao rendimento dos impostos


ou taxas que constituam, nos termos da lei, receita própria dos municípios;
b) Transferência para o Município de São Salvador do Mundo do direito aos
edifícios e outros bens do Município de Santa Catarina situados na área da
freguesia de São Mundo, que passam a integrar o Município de são Salvador
do Mundo;
c) Transferência para o Município de São Salvador do Mundo das instalações da
rede geral dos serviços pertencentes ou explorados pelo Município de Santa
Catarina situados na área da freguesia de São Salvador do Mundo, que passam
a integrar o novo Município, salvo tratando-se de serviços indivisíveis por na-
tureza ou estrutura e que aproveitem às populações de mais de um município,
caso em que os municípios interessados se associarão por qualquer das formas
previstas na lei para a sua detenção e exploração comum;
d) Transferência para o Município de São Salvador do Mundo do produto, e cor-
respondentes encargos, de empréstimos contraídos para aquisição, construção
ou instalação dos bens e serviços transferidos nos termos das alíneas b) e c);
e) Transferência para o Município de São Salvador do Mundo do pessoal adstrito
a serviços em actividade na sua área e ainda daqueles que passam a caber-lhe.
2. Em todas as demais situações em que hajam de determinar-se direitos ou obriga-
ções serão estes apurados proporcionalmente ao número de eleitores inscritos à data da
criação do novo Município.
Artigo 13º
(Direcção de serviços)
Todos os serviços já existentes na área do Município de São Salvador do Mundo pas-
sam, de imediato, após a entrada em vigor da presente Lei, a ser dirigidos pela Comissão
Instaladora, sem prejuízo da manutenção do apoio em meios materiais e financeiros do
Município de Santa Catarina indispensáveis à continuidade do seu funcionamento e até que
sejam formalmente recebidos por aquela Comissão.
Artigo 14º
(Vigência de regulamentos municipais anteriores)
Consideram-se em vigor na área do Município de São Salvador do Mundo todos os
regulamentos municipais que aí vigoravam à data da criação do Município.

Artigo 15º
(Transmissão de bens, direitos e obrigações)
1. Para efeitos de transmissão de bens, direitos e obrigações para o Município de
São Salvador do Mundo, a Câmara Municipal de Santa Catarina e a Comissão Instaladora

46
Lei nº 65/VI/2005, de 9 de Maio

elaborarão, no prazo de noventa dias, relatório discriminando, por categoria, os bens, as


universalidades, os direitos e as obrigações que devam ser objecto de transmissão.
2. Os relatórios devem conter explicitação, suficientemente precisa, dos critérios de
imputação utilizados, relativamente a cada um dos grupos referidos.
3. Compete a uma comissão constituída por um representante do membro do Gover-
no de tutela dos municípios, que preside, pelo presidente da Câmara Municipal de Santa
Catarina e pelo Presidente da Comissão Instaladora a elaboração de proposta final sobre a
matéria, com respeito pelo disposto nos artigos 11, 12 e 13º, do presente diploma.
4. A proposta final constante do número anterior deverá ser aprovada pela a Câmara
Municipal de Santa Catarina e pela Comissão Instaladora no prazo máximo de trinta dias.
5. A não aprovação da proposta final por qualquer uma das partes envolvidas pode ser
suprida por despacho devidamente fundamentado do membro do Governo que tutela as
autarquias locais.
6. A transmissão dos bens, universalidades, direitos e obrigações para o Município
de São Salvador do Mundo efectua-se por força da lei e o respectivo registo, quando a ele
houver lugar, depende de simples requerimento, com isenção de taxas e emolumentos.
Artigo 16º
(Prestação de serviços públicos)
1. O processo de criação e implantação dos serviços do Município de São Salvador do
Mundo na fase de instalação não pode pôr em causa a prestação de serviços aos cidadãos,
devendo ser assegurados, pelo Município de Santa Catarina Município, os níveis existentes
à data da criação do novo Município.
2. Até à aprovação da proposta final a que se refere o artigo anterior, cabe à Câmara
Municipal de Santa Catarina a satisfação de todos os pagamentos relativos a bens e for-
necimentos que venham a ser transmitidos para o Município de São Salvador do Mundo,
ficando aquela entidade com o direito de regresso sobre o Município de São Salvador do
Mundo, relativamente àqueles respeitantes a dívidas vencidas posteriormente à data da
criação deste Município.
3. Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se unicamente vencidas
as dívidas por trabalhos ou serviços efectivamente prestados após a data da criação do
Município de São Salvador do Mundo, não sendo este responsável por mora imputável ao
Município de Santa Catarina ou atrasos imputáveis aos empreiteiros e fornecedores, que
decorram, nomeadamente, da falta de medição dos referidos trabalhos.
Artigo 17º
(Suspensão de prazos)
1. Até à entrada em funcionamento dos serviços do Município de São Salvador do
Mundo, cabe à Câmara Municipal de Santa Catarina prestar o apoio técnico indispensável

47
Lei nº 65/VI/2005, de 9 de Maio

à apreciação das pretensões dos particulares, devendo fazê-lo de molde que a Comissão
Instaladora delibere sobre essas pretensões nos prazos legais.
2. Nos processos respeitantes a pretensões dos particulares, a contratos ou a pagamen-
tos cujos documentos devam ser objecto de transferência do Município de Santa Catarina,
consideram-se suspensos todos os prazos legais ou regulamentares desde a data do início
da produção de efeitos do diploma de criação do Município de São Salvador do Mundo, até
à recepção dos documentos pelos serviços deste Município.
3. A suspensão em causa vigora pelo período máximo de um ano a contar da data do
início da produção de efeitos do diploma de criação do novo município.
Artigo 18º
(Mapa de pessoal)
1. A dotação do pessoal que se prevê necessária para o funcionamento dos serviços
do Município de São Salvador do Mundo consta de mapa de pessoal a elaborar e aprovar
pela Comissão Instaladora e a ratificar pelo membro do Governo de tutela das autarquias
locais.
2. A previsão de lugares de pessoal dirigente, de chefia ou outro, no mapa referido deve
ser devidamente justificada e corresponder, em nível e número, às reais necessidades de
funcionamento dos serviços.
3. O mapa de pessoal vigora até aprovação do quadro de pessoal pelos órgãos eleitos.
Artigo 19º
(Repartição de recursos humanos)
1. A integração do mapa de pessoal a que se refere o artigo anterior é feita prioritaria-
mente, com recurso aos funcionários e agentes do Município de Santa Catarina, em termos
a acordar entres os dois Municípios.
2. A repartição efectua-se dando prioridade aos interessados na transferência para o
Município de São Salvador do Mundo e rege-se, neste caso, pelo princípio da maior anti-
guidade na função pública, na carreira e na categoria ou cargo, sucessivamente, dentro de
cada um dos grupos da seguinte ordem de preferência:
a) Interessados que residam na área territorial do Município de São Salvador do
Mundo;
b) Outros interessados.
4. A transferência de outros funcionários ou agentes rege-se pelo princípio da menor
antiguidade na função pública, na carreira e na categoria ou cargo, sucessivamente.
5. A recusa de transferência, quando não fundamentada ou considerada como tal, cons-
titui grave desinteresse pelo cumprimento dos deveres profissionais, para efeitos disciplina-
res, a apreciar pelos órgãos competentes do Município de origem.

48
Lei nº 65/VI/2005, de 9 de Maio

Artigo 20º
(Recrutamento de recursos humanos)
1. A Comissão Instaladora pode recrutar, nos termos da lei geral e dentro das dotações
fixadas no mapa a que se refere o artigo anterior, os recursos humanos necessários.
2. O pessoal não vinculado à função pública é sempre recrutado para categoria de
ingresso.
3. O pessoal a que se refere a presente disposição exerce as funções em regime de
contrato administrativo de provimento ou de contrato de trabalho a termo, precedido de
concurso ou, sendo funcionário, em regime de comissão ordinária de serviço, se a isso
se não opuserem as formas de provimento da categoria do interessado, ficando sujeito ao
regime de promoção e progressão estabelecido na lei geral ou no estatuto das respectivas
carreiras.
4. A comissão ordinária de serviço a que se refere o número anterior não carece de
autorização do serviço de origem do nomeado.
Artigo 21º
(Transição do pessoal para o quadro)
1. Sem prejuízo do regime de estágio, o pessoal integrado no mapa de pessoal transita
em regime de nomeação definitiva, se a isso se não opuserem as formas de provimento da
categoria do interessado, para o quadro do pessoal a que se refere o n.º 3 do artigo 17.º, na
mesma carreira, categoria ou cargo e escalão.
2. Exceptua-se do disposto do número anterior o pessoal que seja considerado dis-
pensável, caso em que o mesmo regressa ao lugar de origem ou vê cessada a comissão de
serviço ou denunciado ou rescindido o seu contrato, com pré-aviso de sessenta dias, sem
prejuízo, nestes dois últimos casos, das compensações legais a que houver lugar.
3. O desempenho de funções pelo tempo legalmente previsto dispensa a realização de
estágio, desde que este não se deva traduzir, nos termos da lei, na obtenção de uma qualifi-
cação ou habilitação profissional.
4. A integração no quadro implica a exoneração dos funcionários, no quadro de ori-
gem.
5. A promoção ou progressão dos funcionários integrados no mapa de pessoal produz
efeitos no quadro de pessoal aprovado, bem como no quadro de origem do interessado,
considerando-se, neste caso, criados os lugares indispensáveis, a extinguir quando vaga-
rem.
Artigo 22º
(Eleições)
A primeira eleição dos titulares dos órgãos do Município de São Salvador do Mundo
terá lugar com as primeiras eleições municipais gerais que ocorrerem após a sua criação.

49
Lei nº 65/VI/2005, de 9 de Maio

Artigo 23º
(Instalação da Assembleia Municipal)
Cabe ao Presidente da Comissão Instaladora ou, na sua falta e em sua substituição,
qualquer outro membro da Comissão Instaladora, proceder à instalação da assembleia mu-
nicipal de São Salvador do Mundo eleita, no prazo e termos previstos na lei, após o apura-
mento definitivo dos resultados eleitorais.
Artigo 24º
(Entrada em vigor)
A presente lei entra imediatamente em vigor.
Aprovada em 28 de Fevereiro de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.
Promulgada em 19 de Abril de 2005.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Assinada em 20 de Abril de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.

50
Lei nº 65/VI/2005, de 9 de Maio

51
Lei nº 66/VI/2005, de 9 de Maio

CRIA O MUNICÍPIO DE SANTA CATARINA NA ILHA DO FOGO

Lei nº 66/VI/2005
de 9 de Maio
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do arti-
go 174º da Constituição, o seguinte:
Artigo 1º
(Criação e sede)
1. É criado, na ilha do Fogo, o Município de Santa Catarina do Fogo.
2. O Município de Santa Catarina do Fogo tem a sua sede na Vila de Cova da Figueira
Artigo 2º
(Limites do município)
1. O Município de Santa Catarina do Fogo compreende as localidades da Freguesia do
mesmo nome.
2. Os limites do Município de S. Filipe, com sede na Cidade de S. Filipe, passam a ter
como território as delimitações da freguesia de S. Lourenço e de Nossa Senhora da Con-
ceição.
Artigo 3º
(Regime de instalação)
1. O Município de Santa Catarina do Fogo está sujeito ao regime de instalação desde
a publicação do presente diploma até ao início de funções dos órgãos eleitos, gozando,
nesta qualidade, de autonomia administrativa e financeira com as limitações previstas no
presente diploma.
2. A legislação condicionante da actividade e da responsabilidade dos municípios, dos
seus órgãos e respectivos titulares é igualmente aplicável ao Município de Santa Catarina
do Fogo, em regime de instalação, com as especificidades e adaptações necessárias.
3. Ao departamento governamental de tutela do poder local competirá assegurar as
instalações e os meios materiais e financeiros necessários à actividade da Comissão Insta-
ladora.
Artigo 4 º
(Composição da comissão instaladora)
1. A gestão administrativa, financeira e patrimonial do Município de Santa Catarina do
Fogo cabe a uma Comissão Instaladora até a data de instalação dos órgãos eleitos.
2. A Comissão Instaladora é composta por cinco membros, designados por resolução
do Conselho de Ministros, sob proposta do membro do Governo de tutela das autarquias lo-

52
Lei nº 66/VI/2005, de 9 de Maio

cais, e escolhidos tendo em consideração os resultados eleitorais obtidos pelas forças políti-
cas nas últimas eleições para os titulares dos órgãos municipais no município de origem.
3. O Presidente da Comissão Instaladora é nomeado por resolução do Conselho de
Ministros de entre os membros da Comissão.
Artigo 5º
(Prazo da constituição)
A Comissão Instaladora será constituída no prazo de noventa dias, a contar da data da
entrada em vigor do presente diploma.
Artigo 6º
(Competência da Comissão Instaladora)
1. Compete à Comissão Instaladora:
a) Exercer as competências que, por lei, cabem à câmara municipal;
b) Aprovar o orçamento e o plano de actividades do novo Município;
c) Aprovar o relatório de actividades e a conta de gerência do novo Município
d) Exercer os poderes tributários conferidos, por lei, ao Município;
e) Deliberar sobre a aplicação ou substituição dos regulamentos da ou das autar-
quias locais de origem e proceder à respectiva alteração;
f) Elaborar o relatório referido no nº 1 do artigo 15º;
g) Promover, junto do Serviço Nacional de Cartografia e Cadastro, a delimitação
territorial do Município de Santa Catarina do Fogo e proceder à respectiva
demarcação;
h) Aprovar o mapa de pessoal previsto no artigo 18º;
i) Deliberar em matérias da competência das assembleias municipais, desde que
razões de relevante interesse público municipal o justifiquem.
2. A Comissão Instaladora pode delegar no seu Presidente a prática dos actos da sua
competência, nos casos e nos termos em que a câmara municipal o pode fazer no presidente
respectivo.
Artigo 7º
(Competência do Presidente da Comissão Instaladora)
1. Cabe, em especial, ao Presidente da Comissão Instaladora:
a) Coordenar a actividade da Comissão e cumprir e fazer cumprir as suas delib-
erações;
b) Proceder à instalação da primeira Assembleia Municipal eleita.
2. O Presidente da Comissão Instaladora detém também as competências do presidente
da câmara municipal.

53
Lei nº 66/VI/2005, de 9 de Maio

3. O Presidente da Comissão Instaladora pode delegar ou subdelegar nos restantes


membros a prática de actos da sua competência própria ou delegada.
4. Das decisões dos membros da Comissão Instaladora ao abrigo de poderes delegados
por esta cabe recurso para o plenário da Comissão, sem prejuízo de recurso contencioso.
Artigo 8º
(Impugnação contenciosa)
Os actos praticados pela Comissão Instaladora e pelo seu Presidente no exercício de
competências próprias são passíveis de impugnação contenciosa, nos mesmos termos em
que são recorríveis os actos dos órgãos das autarquias locais.
Artigo 9º
(Cessação do mandato da Comissão Instaladora)
O mandato da Comissão Instaladora cessa na data da instalação dos órgãos eleitos do
Município de Santa Catarina do Fogo.
Artigo 10º
(Estatuto dos membros da Comissão Instaladora)
1. O presidente da Comissão Instaladora exerce as funções em regime de tempo inteiro.
2. Ao regime de funções dos restantes membros aplica-se o previsto na lei.
3. Os membros da Comissão Instaladora são equiparados aos membros das Câmaras
Municipais para todos os efeitos legais, incluindo direitos e deveres, responsabilidades,
impedimentos e incompatibilidades.
Artigo 11º
(Transferências financeiras)
Enquanto, por falta de elementos de informação oficial, não for possível calcular, com
rigor, a participação do Município de Santa Catarina do Fogo na repartição dos recursos
públicos referidos na lei das finanças locais, a inscrever no Orçamento do Estado, as trans-
ferências financeiras a inscrever e a efectuar assentam-se na correcção dos indicadores do
Município de São Filipe e no cálculo dos indicadores do Município de Santa Catarina do
Fogo, efectuados de acordo com critérios de proporcionalidade.
Artigo 12º
(Critérios orientadores na transmissão de bens,
direitos e obrigações e serviços)
1. A partilha de patrimónios e a determinação de direitos e responsabilidades entre o
Município de São Filipe e o Município de Santa Catarina do Fogo atenderá aos seguintes
critérios orientadores:
a) Transmissão para o Município de Santa Catarina do Fogo, sem prejuízo do
disposto na alínea d), de uma parte da dívida e respectivos encargos do Mu-

54
Lei nº 66/VI/2005, de 9 de Maio

nicípio de São Filipe, proporcional ao rendimento dos impostos ou taxas que


constituam, nos termos da lei, receita própria dos municípios;
b) Transferência para o Município de Santa Catarina do Fogo dos direitos so-
bre os edifícios e outros bens do Município de S. Filipe situados na área da
freguesia de Santa Catarina, que passam a integrar o Município de Santa Cata-
rina do Fogo;
c) Transferência para o Município de Santa Catarina do Fogo das instalações da
rede geral dos serviços pertencentes ou explorados pelo Município de São Filipe
situados na área da freguesia de Santa Catarina, que passam a integrar o Mu-
nicípio de Santa Catarina do Fogo, salvo tratando-se de serviços indivisíveis por
natureza ou estrutura e que aproveitem às populações de mais de um município,
caso em que os municípios interessados se associarão por qualquer das formas
previstas na lei para a sua detenção e exploração comum;
d) Transferência para o Município de Santa Catarina do Fogo do produto, e cor-
respondentes encargos, de empréstimos contraídos para aquisição, construção
ou instalação dos bens e serviços transferidos nos termos das alíneas b) e c);
e) Transferência para o Município de Santa Catarina do Fogo do pessoal adstrito a
serviços em actividade na sua área e ainda daqueles que passam a caber-lhe.
2. Em todas as demais situações em que hajam de determinar direitos ou obrigações
serão estes apurados proporcionalmente ao número de eleitores inscritos à data da criação
do novo Município.
Artigo 13º
(Direcção de serviços)
Todos os serviços já existentes nas localidades referidas no nº 1 do artigo 2 º passam
de imediato, após a entrada em vigor da presente Lei, a ser dirigidos pela Comissão Instala-
dora, sem prejuízo da manutenção do apoio em meios materiais e financeiros do Município
de São Filipe indispensáveis à continuidade do seu funcionamento e até que sejam formal-
mente recebidos por aquela Comissão.
Artigo 14º
(Vigência de regulamentos municipais anteriores)
Consideram-se em vigor nas localidades referidas no nº 1 do artigo 2º todos os regula-
mentos municipais que aí vigoravam à data da criação do Município.
Artigo 15º
(Transmissão de bens, direitos e obrigações)
1. Para efeitos de transmissão de bens, direitos e obrigações para o Município de Santa
Catarina do Fogo, a Câmara Municipal de São Filipe e a Comissão Instaladora elaborarão,
no prazo de noventa dias, relatório discriminando, por categoria, os bens, as universalida-
des, os direitos e as obrigações que devam ser objecto de transmissão.

55
Lei nº 66/VI/2005, de 9 de Maio

2. Os relatórios devem conter explicitação, suficientemente precisa, dos critérios de


imputação utilizados, relativamente a cada um dos grupos referidos.
3. Compete a uma comissão constituída por um representante do membro do Governo
de tutela dos municípios, que preside, pelo presidente da Câmara Municipal de São Filipe
e pelo Presidente da Comissão Instaladora do Município de Santa Catarina do Fogo a ela-
boração de proposta final sobre a matéria, com respeito pelo disposto nos artigos 11º, 12º e
13º, do presente diploma.
4. A proposta final constante do número anterior deverá ser aprovada pela Câmara Mu-
nicipal da S. Filipe e pela Comissão Instaladora do Município de Santa Catarina do Fogo
no prazo máximo de trinta dias.
5. A não aprovação da proposta final por qualquer uma das partes envolvidas pode ser
suprida por despacho devidamente fundamentado do membro do Governo que tutela as
autarquias locais.
6. A transmissão dos bens, universalidades, direitos e obrigações para o Município de
Santa Catarina do Fogo efectua-se por força da lei e o respectivo registo, quando a ele hou-
ver lugar, depende de simples requerimento, com isenção de taxas e emolumentos.
Artigo 16º
(Prestação de serviços públicos)
1. O processo de criação e implantação dos serviços do Município de Santa Catarina
do Fogo na fase de instalação não pode pôr em causa a prestação de serviços aos cidadãos,
devendo ser assegurados, pelo Município de São Filipe, os níveis existentes à data da cria-
ção do novo Município.
2. Até à aprovação da proposta final a que se refere o artigo anterior, cabe à Câmara
Municipal de São Filipe a satisfação de todos os pagamentos relativos a bens e fornecimen-
tos que venham a ser transmitidos para o Município de Santa Catarina do Fogo, ficando
aquela entidade com o direito de regresso sobre este relativamente àqueles respeitantes a
dívidas vencidas posteriormente à data da criação deste Município.
3. Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se unicamente vencidas as
dívidas por trabalhos ou serviços efectivamente prestados após a data da criação do Muni-
cípio de Santa Catarina do Fogo, não sendo este responsável por mora imputável ao Muni-
cípio de São Filipe ou atrasos imputáveis aos empreiteiros e fornecedores, que decorram,
nomeadamente, da falta de medição dos referidos trabalhos.
Artigo 17º
(Suspensão de prazos)
1. Até à entrada em funcionamento dos serviços do Município de Santa Catarina do
Fogo, cabe à Câmara Municipal de São Filipe prestar o apoio técnico indispensável à apre-

56
Lei nº 66/VI/2005, de 9 de Maio

ciação das pretensões dos particulares, devendo fazê-lo de molde que a Comissão Instala-
dora delibere sobre essas pretensões nos prazos legais.
2. Nos processos respeitantes a pretensões dos particulares, a contratos ou a paga-
mentos cujos documentos devam ser objecto de transferência do Município de São Filipe,
consideram-se suspensos todos os prazos legais ou regulamentares desde a data do início
da produção de efeitos do diploma de criação do Município de Santa Catarina do Fogo, até
à recepção dos documentos pelos serviços deste Município.
3. A suspensão em causa vigora pelo período máximo de um ano, a contar da data do
início da produção de efeitos do diploma de criação do novo Município.
Artigo 18º
(Mapa de pessoal)
1. A dotação do pessoal que se prevê necessária para o funcionamento dos serviços do
Município de Santa Catarina do Fogo consta de mapa de pessoal a elaborar e aprovar pela
Comissão Instaladora e a ratificar pelo membro do Governo de tutela dos municípios.
2. A previsão de lugares de pessoal dirigente, de chefia ou outro, no mapa referido deve
ser devidamente justificado e corresponder, em nível e número, às reais necessidades de
funcionamento dos serviços.
3. O mapa de pessoal vigora até aprovação do quadro de pessoal pelos órgãos eleitos.
Artigo 19º
(Repartição de recursos humanos)
1. A integração do mapa de pessoal a que se refere o artigo anterior é feita prioritaria-
mente, com recurso aos funcionários e agentes do Município de São Filipe, em termos a
acordar entre os dois Municípios.
2. A repartição efectua-se dando prioridade aos interessados na transferência para o
Município de Santa Catarina do Fogo e rege-se, neste caso, pelo princípio da maior anti-
guidade na função pública, na carreira e na categoria ou cargo, sucessivamente, dentro de
cada um dos grupos da seguinte ordem de preferência:
a) Interessados que residam na área territorial do Município de Santa Catarina do
Fogo;
b) Outros interessados.
3. A transferência de outros funcionários ou agentes rege-se pelo princípio da menor
antiguidade na função pública, na carreira e na categoria ou cargo, sucessivamente.
4. A recusa de transferência, quando não fundamentada ou considerada como tal, con-
stitui grave desinteresse pelo cumprimento dos deveres profissionais, para efeitos disciplin-
ares, a apreciar pelos órgãos competentes do Município de origem.

57
Lei nº 66/VI/2005, de 9 de Maio

Artigo 20º
(Recrutamento de recursos humanos)
1. A Comissão Instaladora pode recrutar, nos termos da lei geral e dentro das dotações
fixadas no mapa a que se refere o artigo anterior, os recursos humanos necessários.
2. O pessoal não vinculado à função pública é sempre recrutado para categoria de
ingresso.
3. O pessoal a que se refere a presente disposição exerce as funções em regime de
contrato administrativo de provimento ou de contrato de trabalho a termo, precedido de
concurso ou, sendo funcionário, em regime de comissão ordinária de serviço, se a isso
se não opuserem as formas de provimento da categoria do interessado, ficando sujeito ao
regime de promoção e progressão estabelecido na lei geral ou no estatuto das respectivas
carreiras.
4. A comissão ordinária de serviço a que se refere o número anterior não carece de
autorização do serviço de origem do nomeado.
Artigo 21º
(Transição do pessoal para o quadro)
1. Sem prejuízo do regime de estágio, o pessoal integrado no mapa de pessoal transita
em regime de nomeação definitiva, se a isso se não opuserem as formas de provimento da
categoria do interessado, para o quadro do pessoal a que se refere o n.º 3 do artigo 19.º, na
mesma carreira, categoria ou cargo e escalão.
2. Exceptua-se do disposto do número anterior o pessoal que seja considerado dispen-
sável, caso em que o mesmo regressa ao lugar de origem ou vê cessada a comissão ordiná-
ria de serviço ou denunciado ou rescindido o seu contrato, com pré-aviso de sessenta dias,
sem prejuízo, nestes dois últimos casos, das compensações legais a que houver lugar.
3. O desempenho de funções pelo tempo legalmente previsto dispensa a realização de
estágio, desde que este não se deva traduzir, nos termos da lei, na obtenção de uma qualifi-
cação ou habilitação profissional.
4. A integração no quadro implica a exoneração dos funcionários, no quadro de ori-
gem.
5. A promoção ou progressão dos funcionários integrados no mapa de pessoal pro-
duz efeitos no quadro de pessoal aprovado, bem como no quadro de origem do interessado,
considerando-se, neste caso, criados os lugares indispensáveis, a extinguir quando vagarem.
Artigo 22º
(Eleições)
A primeira eleição dos titulares dos órgãos do Município de Santa Catarina do Fogo
terá lugar com as primeiras eleições municipais gerais que ocorrerem após a sua criação.

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Lei nº 66/VI/2005, de 9 de Maio

Artigo 23º
(Instalação da Assembleia Municipal)
Cabe ao presidente da Comissão Instaladora ou, na sua falta e em sua substituição,
qualquer outro membro da Comissão Instaladora, proceder à instalação da Assembleia Mu-
nicipal de Santa Catarina do Fogo no prazo e termos previstos na lei, após o apuramento
definitivo dos resultados eleitorais.
Artigo 24º
(Entrada em vigor)
A presente lei entra imediatamente em vigor.
Artigo 24º
(Entrada em vigor)
A presente lei entra imediatamente em vigor.
Aprovada em 28 de Fevereiro de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.
Promulgada em 19 de Abril de 2005.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Assinada em 20 de Abril de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.

59
Lei nº 66/VI/2005, de 9 de Maio

60
Lei nº 67/VI/2005, de 9 de Maio

CRIA O MUNICÍPIO DO TARRAFAL DE SÃO NICOLAU


Lei nº 67/VI/2005
de 9 de Maio
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do arti-
go 174º da Constituição, o seguinte:
Artigo 1º
(Criação e sede)
1. É criado, na ilha de São Nicolau, o Município do Tarrafal de São Nicolau.
2. O Município do Tarrafal de São Nicolau tem a sua sede na Vila do Tarrafal.
Artigo 2º
(Limites do Município)
O Município do Tarrafal de São Nicolau compreende as localidades da Ribeira da
Prata, Gerónimo, Fragata, Fragatona, Fragatinha, Cruzinha, Praia Branca, Ribeira dos Ca-
lhaus, Espigão, Hortelã, Palhal, Chamiço, Caldeira, Cabeçalinho, Fontaínhas e Tarrafal,
conforme o mapa constante do anexo I.
Artigo 3º
(Território da Ribeira Brava)
1. O Concelho de São Nicolau passa a designar-se Concelho de Ribeira Brava.
2. O território do Concelho da Ribeira Brava abrange a freguesia de Nossa Senhora da
Lapa e as localidades da freguesia da Nossa Senhora do Rosário não incluídas no Concelho
ora criado.
Artigo 4º
(Divisão Administrativa da ilha de São Nicolau)
A divisão administrativa da ilha de São Nicolau passa a compreender:
a) O Concelho da Ribeira Brava, com sede na Vila do mesmo nome, tendo como
território as freguesias de Nossa Senhora da Lapa e as localidades da freguesia
de Nossa Senhora do Rosário não incluídas no Concelho do Tarrafal de São
Nicolau;
b) O Concelho do Tarrafal de São Nicolau, com sede na vila do mesmo nome,
cujos limites partindo da Ponta Espechim a norte da ilha, sobe pela crista da
cumeada até ao de Cachacinho da Fajaneta, donde flecte para sul passando
por Cinta e Rocha Lisa. Continua pela linha de festo entre a Ribeira Prata e a
Ribeira de Covoada, passa por Degolada e vai sempre pela curneada até Tope
Ferreiro. Daqui, continuando pela linha da cumeada, flecte para SW passa jun-
to as casas em Altura, sobe à Assomada da Ribeira Prata na cota dos oitocen-

61
Lei nº 67/VI/2005, de 9 de Maio

tos e oitenta e seis metros e chega a Assomada de Mancebo. Sempre pela linha
da cumeada, sobe acima da cota dos mil metros em Monte Deserto, a mont-
ante da Ribeira dos Calhaus galga a Monte Gordo, na cota dos mil trezentos
e doze metros. Continuando pela crista, depois desce para leste pela cumeada
entre Caldeirinha e Pico Caldeirinha, segue pela cumeada, acima do Caminho
Novo, até Chã de Caldeira, e sobe ao Alto António Miguel. Daqui passa pelo
Morro Cone Rocha, a setecentos e nove metros e chega à linha de cumeada em
Cinta de Alberto, donde continuando na rota para SSE, sobe à Assomada de
Cachacinho, passa por Chã de Portela na cota dos seiscentos e um metros, seg-
uindo por Tope de Vermelinho na cota dos seiscentos e sessenta e nove metros,
vai pela cumeada da cordilheira, passando por Tope de Mesa nos 765 metros,
flecte para W para a Caldeirinha de Majolo Grande, nos 693 metros, sobe ao
Tope de Guincho, continua por Chã de Alecrim donde desde à cota dos 484
metros. Daqui o limite sobe ao Morro Alto, segue a Leste de Lombo Largo,
continua pela cumeada nas cotas dos 529 metros e 456 metros em Caldeirinha
do Ladrão, sobe ao Marcelada na cota dos 489 metros, continua pelo monte
com 518 metros, segue em direcção a Chão Bonito, onde passa pelo marco
geodésico com a cota de 539 metros e desce pela cumeada entre Covoadinha
e Rocha Alta na cota de 459 metros, passa em Portal nos 386 metros. Daqui
desce ao Fio de Rocha Alta, desvia para leste vai até Fonte, desce para Curral
Ponta de Água e passa pelo marco geodésico da Vermelharia indo terminar em
Portelo.
Artigo 5º
(Regime de instalação)
1. O Município do Tarrafal de São Nicolau está sujeito ao regime de instalação desde
a publicação do presente diploma até ao início de funções dos órgãos eleitos, gozando,
nesta qualidade, de autonomia administrativa e financeira com as limitações previstas no
presente diploma.
2. A legislação condicionante da actividade e da responsabilidade dos municípios, dos
seus órgãos e respectivos titulares é igualmente aplicável ao Município do Tarrafal de São
Nicolau, em regime de instalação, com as especificidades e adaptações necessárias.
3. Ao departamento governamental de tutela do poder local competirá assegurar as
instalações e os meios materiais e financeiros necessários à actividade da Comissão Insta-
ladora.
Artigo 6 º
(Composição da comissão instaladora)
1. A gestão administrativa, financeira e patrimonial do Município do Tarrafal de São
Nicolau cabe a uma Comissão Instaladora até a data de instalação dos órgãos eleitos.

62
Lei nº 67/VI/2005, de 9 de Maio

2. A Comissão Instaladora é composta por cinco membros, designados por resolução


do Conselho de Ministros, sob proposta do membro do Governo de tutela das autarquias lo-
cais, e escolhidos tendo em consideração os resultados eleitorais obtidos pelas forças políti-
cas nas últimas eleições para os titulares dos órgãos municipais no Município de origem.
3. O Presidente da Comissão Instaladora é nomeado por resolução do Conselho de
Ministros de entre os membros da Comissão.
Artigo 7º
(Prazo da constituição)
A Comissão Instaladora será constituída no prazo de noventa dias a contar da data da
entrada em vigor do presente diploma.
Artigo 8º
(Competência da Comissão Instaladora)
1. Compete à Comissão Instaladora:
a) Exercer as competências que, por lei, cabem à câmara municipal;
b) Aprovar o orçamento e o plano de actividades do novo Município;
c) Aprovar o relatório de actividades e a conta de gerência do novo Município;
d) Exercer os poderes tributários conferidos, por lei, ao Município;
e) Deliberar sobre a aplicação ou substituição dos regulamentos da ou das autar-
quias locais de origem e proceder à respectiva alteração;
f) Elaborar o relatório referido no nº 1 do artigo 17º;
g) Promover, junto do Serviço Nacional de Cartografia e Cadastro, a delimitação
territorial do Município do Tarrafal de São Nicolau e proceder à respectiva
demarcação;
h) Aprovar o mapa de pessoal previsto no artigo 20º;
i) Deliberar em matérias da competência das assembleias municipais, desde que
razões de relevante interesse público municipal o justifiquem.
2. A Comissão Instaladora pode delegar no seu Presidente a prática dos actos da sua
competência, nos casos e nos termos em que a câmara municipal o pode fazer no presidente
respectivo.
Artigo 9º
(Competência do Presidente da Comissão Instaladora)
1. Cabe, em especial, ao Presidente da Comissão Instaladora:
a) Coordenar a actividade da Comissão e cumprir e fazer cumprir as suas delib-
erações;
b) Proceder à instalação da primeira Assembleia Municipal eleita.

63
Lei nº 67/VI/2005, de 9 de Maio

2. O Presidente da Comissão Instaladora detém também as competências do Presiden-


te da Câmara Municipal.
3. O Presidente da Comissão Instaladora pode delegar ou subdelegar nos restantes
membros a prática de actos da sua competência própria ou delegada.
4. Das decisões dos membros da Comissão Instaladora ao abrigo de poderes delegados
por esta cabe recurso para o plenário da Comissão, sem prejuízo de recurso contencioso.
Artigo 10º
(Impugnação contenciosa)
Os actos praticados pela Comissão Instaladora e pelo seu Presidente no exercício de
competências próprias são passíveis de impugnação contenciosa, segundo os termos em
que são recorríveis os actos dos órgãos das autarquias locais.
Artigo 11º
(Cessação do mandato da Comissão Instaladora)
O mandato da Comissão Instaladora cessa na data da instalação dos órgãos eleitos do
Município do Tarrafal de São Nicolau.
Artigo 12º
(Estatuto dos membros da Comissão Instaladora)
1. O Presidente da Comissão Instaladora exerce as funções em regime de tempo inteiro.
2. Ao regime de funções dos restantes membros aplica-se o previsto na lei.
3. Os membros da Comissão Instaladora são equiparados aos membros das Câmaras
Municipais para todos os efeitos legais, incluindo direitos e deveres, responsabilidades,
impedimentos e incompatibilidades.
Artigo 13º
(Transferências financeiras)
Enquanto, por falta de elementos de informação oficiais, não for possível calcular, com
rigor, a participação do Município do Tarrafal de São Nicolau na repartição dos recursos
públicos referidos na lei das finanças locais, a inscrever no Orçamento do Estado, as trans-
ferências financeiras a inscrever e a efectuar assentam-se na correcção dos indicadores do
Município da Ribeira Brava e no cálculo dos indicadores do Município do Tarrafal de São
Nicolau, efectuados de acordo com critérios de proporcionalidade.
Artigo 14º
(Critérios orientadores na transmissão de bens, direitos e obrigações e serviços)
1. A partilha de patrimónios e a determinação de direitos e responsabilidades entre o
Município da Ribeira Brava e o Município do Tarrafal de São Nicolau atenderá aos seguin-
tes critérios orientadores:
a) Transmissão para o Município do Tarrafal de São Nicolau, sem prejuízo do
disposto na alínea d), de uma parte da dívida e respectivos encargos do Mu-

64
Lei nº 67/VI/2005, de 9 de Maio

nicípio da Ribeira Brava, proporcional ao rendimento dos impostos ou taxas


que constituam, nos termos da lei, receita própria dos municípios;
b) Transferência para o Município do Tarrafal de São Nicolau dos direitos sobre
os edifícios e outros bens do Município da Ribeira Brava situados na área da
freguesia de Nossa Senhora do Rosário, que passam a integrar o Município do
Tarrafal de São Nicolau.
c) Transferência para o Município do Tarrafal de São Nicolau das instalações da
rede geral dos serviços pertencentes ou explorados pelo Município da Ribeira
Brava situados na área da freguesia de Nossa Senhora do Rosário, que pas-
sam a integrar o Município do Tarrafal de São Nicolau, salvo tratando-se de
serviços indivisíveis por natureza ou estrutura e que aproveitem às populações
de mais de um município, caso em que os municípios interessados se associ-
arão por qualquer das formas previstas na lei para a sua detenção e exploração
comum;
d) Transferência para o Município do Tarrafal de São Nicolau do produto, e cor-
respondentes encargos, de empréstimos contraídos para aquisição, construção
ou instalação dos bens e serviços transferidos nos termos das alíneas b) e c);
e) Transferência para o Município do Tarrafal de São Nicolau do pessoal adstrito
a serviços em actividade na sua área e ainda daqueles que passam a caber-
lhe.
2. Em todas as demais situações em que hajam de determinar direitos ou obrigações
serão estes apurados proporcionalmente ao número de eleitores inscritos à data da criação
do novo Município.
Artigo 15º
(Direcção de serviços)
Todos os serviços já existentes nas localidades referidas no nº 1 do artigo 2 º passam
de imediato, após a entrada em vigor da presente Lei, a ser dirigidos pela Comissão Instala-
dora, sem prejuízo da manutenção do apoio em meios materiais e financeiros do Município
da Ribeira Brava indispensáveis à continuidade do seu funcionamento e até que sejam
formalmente recebidos por aquela Comissão.
Artigo 16º
(Vigência de regulamentos municipais anteriores)
Consideram-se em vigor nas localidades referidas no nº 1 do artigo 2º todos os regula-
mentos municipais que aí vigoravam à data da criação do Município.
Artigo 17º
(Transmissão de bens, direitos e obrigações)
1. Para efeitos de transmissão de bens, direitos e obrigações para o Município do Tar-
rafal de São Nicolau, a Câmara Municipal da Ribeira Brava e a Comissão Instaladora

65
Lei nº 67/VI/2005, de 9 de Maio

elaborarão, no prazo de noventa dias, relatório discriminando, por categoria, os bens, as


universalidades, os direitos e as obrigações que devam ser objecto de transmissão.
2. Os relatórios devem conter explicitação, suficientemente precisa, dos critérios de
imputação utilizados, relativamente a cada um dos grupos referidos.
3. Compete a uma comissão constituída por um representante do membro do Governo
de tutela dos municípios, que preside, pelo Presidente da Câmara Municipal da Ribeira
Brava e pelo Presidente da Comissão Instaladora do Município do Tarrafal de São Nicolau
a elaboração de proposta final sobre a matéria, com respeito pelo disposto nos artigos 13º,
14º e 15º, do presente diploma.
4. A proposta final constante do número anterior deverá ser aprovada pela Câmara Mu-
nicipal da Ribeira Brava e pela Comissão Instaladora no prazo máximo de trinta dias.
5. A não aprovação da proposta final por qualquer uma das partes envolvidas pode ser
suprida por despacho devidamente fundamentado do membro do Governo que tutela as
autarquias locais.
6. A transmissão dos bens, universalidades, direitos e obrigações para o Município do
Tarrafal de São Nicolau efectua-se por força da lei e o respectivo registo, quando a ele hou-
ver lugar, depende de simples requerimento, com isenção de taxas e emolumentos.
Artigo 18º
(Prestação de serviços públicos)
1. O processo de criação e implantação dos serviços do Município do Tarrafal de São
Nicolau na fase de instalação não pode pôr em causa a prestação de serviços aos cidadãos,
devendo ser assegurados, pelo Município da Ribeira Brava, os níveis existentes à data da
criação do novo Município.
2. Até à aprovação da proposta final a que se refere o artigo anterior, cabe à Câmara
Municipal da Ribeira Brava a satisfação de todos os pagamentos relativos a bens e forneci-
mentos que venham a ser transmitidos para o Município do Tarrafal de São Nicolau, fican-
do aquela entidade com o direito de regresso sobre este relativamente àqueles respeitantes
a dívidas vencidas posteriormente à data da sua criação.
3. Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se unicamente vencidas
as dívidas por trabalhos ou serviços efectivamente prestados após a data da criação do
Município do Tarrafal de São Nicolau, não sendo este responsável por mora imputável ao
Município da Ribeira Brava ou atrasos imputáveis aos empreiteiros e fornecedores, que
decorram, nomeadamente, da falta de medição dos referidos trabalhos.
Artigo 19º
(Suspensão de prazos)
1. Até à entrada em funcionamento dos serviços do Município do Tarrafal de São
Nicolau, cabe à Câmara Municipal da Ribeira Brava prestar o apoio técnico indispensável

66
Lei nº 67/VI/2005, de 9 de Maio

à apreciação das pretensões dos particulares, devendo fazê-lo de molde que a Comissão
Instaladora delibere sobre essas pretensões nos prazos legais.
2. Nos processos respeitantes a pretensões dos particulares, a contratos ou a pagamen-
tos cujos documentos devam ser objecto de transferência do Município da Ribeira Brava,
consideram-se suspensos todos os prazos legais ou regulamentares desde a data do início
da produção de efeitos do diploma de criação do Município do Tarrafal de São Nicolau, até
à recepção dos documentos pelos serviços deste Município.
3. A suspensão em causa vigora pelo período máximo de um ano, a contar da data do
início da produção de efeitos do diploma de criação do novo município.
Artigo 20º
(Mapa de pessoal)
1. A dotação do pessoal que se prevê necessária para o funcionamento dos serviços
do Município do Tarrafal de São Nicolau, consta de mapa de pessoal a elaborar e aprovar
pela Comissão Instaladora e a ratificar pelo membro do Governo de tutela das autarquias
locais.
2. A previsão de lugares de pessoal dirigente, de chefia ou outro, no mapa referido deve
ser devidamente justificada e corresponder, em nível e número, às reais necessidades de
funcionamento dos serviços.
3. O mapa de pessoal vigora até aprovação do quadro de pessoal pelos órgãos eleitos.
Artigo 21º
(Repartição de recursos humanos)
1. A integração do mapa de pessoal a que se refere o artigo anterior é feita prioritaria-
mente, com recurso aos funcionários e agentes do Município da Ribeira Brava, em termos
a acordar entre os dois Municípios.
2. A repartição efectua-se dando prioridade aos interessados na transferência para o
Município do Tarrafal de São Nicolau e rege-se, neste caso, pelo princípio da maior anti-
guidade na função pública, na carreira e na categoria ou cargo, sucessivamente, dentro de
cada um dos grupos da seguinte ordem de preferência:
a) Interessados que residam na área territorial do Município do Tarrafal de São
Nicolau;
b) Outros interessados.
3. A transferência de outros funcionários ou agentes rege-se pelo princípio da menor
antiguidade na função pública, na carreira e na categoria ou cargo, sucessivamente.
4. A recusa de transferência, quando não fundamentada ou considerada como tal,
constitui grave desinteresse pelo cumprimento dos deveres profissionais, para efeitos disci-
plinares, a apreciar pelos órgãos competentes do município de origem.

67
Lei nº 67/VI/2005, de 9 de Maio

Artigo 22º
(Recrutamento de recursos humanos)
1. A Comissão Instaladora pode recrutar, nos termos da lei geral e dentro das dotações
fixadas no mapa a que se refere o artigo anterior, os recursos humanos necessários.
2. O pessoal não vinculado à função pública é sempre recrutado para categoria de
ingresso.
3. O pessoal a que se refere a presente disposição exerce as funções em regime de
contrato administrativo de provimento ou de contrato de trabalho a termo, precedido de
concurso ou, sendo funcionário, em regime de comissão ordinária de serviço, se a isso
se não opuserem as formas de provimento da categoria do interessado, ficando sujeito ao
regime de promoção e progressão estabelecido na lei geral ou no estatuto das respectivas
carreiras.
4. A comissão ordinária de serviço a que se refere o número anterior não carece de
autorização do serviço de origem do nomeado.
Artigo 23º
(Transição do pessoal para o quadro)
1. Sem prejuízo do regime de estágio, o pessoal integrado no mapa de pessoal transita
em regime de nomeação definitiva, se a isso se não opuserem as formas de provimento da
categoria do interessado, para o quadro de pessoal a que se refere o n.º 3 do artigo 20.º, na
mesma carreira, categoria ou cargo e escalão.
2. Exceptua-se do disposto do número anterior, o pessoal que seja considerado dis-
pensável, caso em que o agente regressa ao lugar de origem ou vê cessada a comissão de
serviço ou denunciado ou rescindido o seu contrato, com pré-aviso de sessenta dias, sem
prejuízo, nestes dois últimos casos, das compensações legais a que houverem lugar.
3. O desempenho de funções pelo tempo legalmente previsto dispensa a realização de
estágio, desde que este não se deva traduzir, nos termos da lei, na obtenção de uma qualifi-
cação ou habilitação profissional.
4. A integração no quadro implica a exoneração dos funcionários, no quadro de ori-
gem.
5. A promoção ou progressão dos funcionários integrados no mapa de pessoal produz
efeitos no quadro de pessoal aprovado, bem como no quadro de origem do interessado,
considerando-se, neste caso, criados os lugares indispensáveis, a extinguir quando vaga-
rem.
Artigo 24º
(Eleições)
A primeira eleição dos titulares dos órgãos do Município do Tarrafal de São Nicolau
terá lugar com as primeiras eleições municipais gerais que ocorrerem após a sua criação.

68
Lei nº 67/VI/2005, de 9 de Maio

Artigo 25º
(Instalação da Assembleia Municipal)
Cabe ao presidente da Comissão Instaladora ou, na sua falta e em sua substituição,
qualquer outro membro da Comissão Instalador, proceder à instalação da Assembleia Mu-
nicipal do Município do Tarrafal de São Nicolau no prazo e termos previstos na lei, após o
apuramento definitivo dos resultados eleitorais.
Artigo 26º
(Entrada em vigor)
A presente lei entra imediatamente em vigor.
Aprovada em 28 de Fevereiro de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.
Promulgada em 19 de Abril de 2005.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Assinada em 20 de Abril de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.

69
Lei nº 67/VI/2005, de 9 de Maio

70
Lei nº 11/V/96, de 11 de Novembro

CRIA O CONCELHO DE SÃO MIGUEL NA ILHA DE SANTIAGO


Lei nº 11/V/96
de 11 de Novembro
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional, decreta nos termos da alínea b) do art.
186º da Constituição, o seguinte:
Artigo 1º
(criação)
É criado, na Ilha de Santiago, um novo Município, designado Município de São Mi-
guel , cujo território é o da actual Freguesia de São Miguel Arcanjo.
Artigo 2º
(Sede)
O Município de São Miguel , tem a sua sede na povoação de Calheta, que é elevada à
categoria de Vila, doravante designada Vila da Calheta.
Artigo 3º
(Comissão instaladora)
O Município de São Miguel será administrado, até à eleição dos titulares dos respec-
tivos órgãos, por uma Comissão Instaladora, composta por um Presidente e quatro vogais,
designados pelo Ministro da Coordenação Económica, ouvidos os Partidos políticos
Artigo 4º
(Posse )
A Comissão Instaladora toma posse no prazo de 30 dias a contar da entrada em vigor
da presente lei
Artigo 5º
(Competência )
1. Compete à Comissão Instaladora:
a) Propôr ao Governo medidas tendentes à instalação do Município de São
Miguel, e promover a respectiva execução.
b) Exercer os poderes que a lei atribui à Assembleia Municipal e à Câmara Mu-
nicipal
2. Compete ao Presidente da Comissão Instaladora exercer os poderes por lei conferi-
dos ao Presidente da Câmara Municipal e ao Presidente da Assembleia Municipal
Artigo 6º
(Recursos financeiros)
1. Pertencem ao Município de São Miguel as receitas municipais cobrados no seu ter-
ritório, a partir de 1 de Janeiro de 1997.

71
Lei nº 11/V/96, de 11 de Novembro

2. O Município de São Miguel será tido em conta no rateio da comparticipação dos


municípios no âmbito do Fundo de Apoio aos Municípios.
Artigo 7º
(Domínio )
1. Transitam para o domínio de São Miguel, na mesma condição jurídica em que se
encontram, à data da entrada em vigor da presente lei:
a) Os imóveis do domínio público ou privado municipais localizados na Freguesia
de São Miguel Arcanjo;
b) Os móveis e semoventes afectos à actividade municipal na Freguesia de São
Miguel Arcanjo;
2. Os bens abrangidos pelo disposto no n.º 1 serão entregues à Comissão Instaladora
mediante termo devidamente documentado e assinado pelo Presidente da Câmara Muni-
cipal do Tarrafal, por um representante do Ministro da Coordenação Económica, e pelo
Presidnte da Comissão Instaladora.
Artigo 8º
(Recursos humanos )
O Governo regulamentará a transição dos recursos humanos de um Município para
outro ouvida a Câmara Municipal do Tarrafal.
Artigo 9º
(Eleição )
A eleição dos titulares dos órgãos do Município de São Miguel terá lugar com as pri-
meiras eleições municipais gerais que ocorrem após a sua criação.
Artigo 10º
(Autorização de providências )
Fica o Governo autorizado a adoptar as providências normativas, administrativas e
financeiras indispensáveis à instalação do Município de São Miguel e à execução do que
na presente lei se estabelece
Artigo 11º
(Território do Tarrafal)
O Território do Município do Tarrafal passa a integrar apenas o da actual Freguesia de
Santo Amaro Abade.
Artigo 12º
(Entrada em vigor )
A presente lei entra em vigor no dia 1 de Janeiro de 1997.

72
Lei nº 11/V/96, de 11 de Novembro

Aprovada em 11 de Outubro de 1996.


O Presidente da Assembleia Nacional, António do Espírito Santo Fonseca .
Promulgada em 5 de Novembro de 2006.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO
Assinada em 5 de Novembro de 1996.
O Presidente da Assembleia Nacional, António do Espírito Santo Fonseca

73
Lei nº 96/IV/93, de 31 de Dezembro

CRIA O CONCELHO DE S.DOMINGOS NA ILHA DE SANTIAGO


Lei nº 96/IV/93
de 31 de Dezembro
Por mandato do Povo, A Assembleia Nacional, decreta nos termos da alínea b) do art.
186º da Constituição, o seguinte:
Artigo 1º
(criação)
1. É criado, na Ilha de Santiago, um novo Município, designado Município de São
Domingos, cujo território é o das Freguesias de S. Nicolau Tolentino e de Nossa Senhora
da Luz, com os actuais limites.
2. O actual Município da Praia, passa a integrar apenas as Freguesias de Nossa Senho-
ra da Graça, de Santíssimo Nome de Jesus e de S.João Baptista, com os actuais limites.
Artigo 2º
(Sede)
O Município de São Domingos, tem a sua sede na povoação do mesmo nome que é
elevada à categoria de Vila, doravante designada Vila de São Domingos
Artigo 3º
(Comissão instaladora)
É criada uma Comissão Instaladora do Municipio de São Domingos, composta por um
Presidente e quatro vogais, nomeados pelo Ministro da Administração Interna, ouvidos os
Partidos políticos
Artigo 4º
(Prazo da posse )
A Comissão Instaladora toma posse no prazo de 30 dias a contar da entrada em vigor
da presente lei
Artigo 5º
(Competência )
1. Compete à Comissão Instaladora propôr ao Governo medidas tendentes à instalação
do Município de de São Domingos, e promover a respectiva execução.
2. Compete ainda à Comissão Instaladora exercer os poderes que a lei atribui à Assem-
bleia Municipal e à Câmara Municipal
3. O Presidente da Comissão Instaladora tem os poderes e exerce as competências
que, por lei, são atribuídos ao Presidente da Câmara Municipal
Artigo 6º
(Recursos financeiros)
1. Pertencem ao Município de São Domingos os rendimentos Municipais cobrados no
seu território, a partir de 1 de Janeiro de 1994.

74
Lei nº 96/IV/93, de 31 de Dezembro

2. O Município de São Domingos será tido em conta no rateio da comparticipação dos


Municípios nos impostos directos e indirectos inscritos no Orçamento do Estado para 1994.
Artigo 7º
(transferência de bens )
1.Transitam para o Município de São Domingos:
Os imóveis do património municipal localizado nas Freguesias de S. Nicolau Tolenti-
no e de Nossa Senhora da Luz;
Os móveis e semoventes do património municipal à data afectos à actividade munici-
pal nas Freguesias de S. Nicolau Tolentino e de Nossa Senhora da Luz;
Os funcionários e agentes municpais à data residentes e afectos às actividades muni-
cipais dessas Freguesias salvo se optarem diferentemente até 30 dias após a entrada em
vigor da presente lei.
2. Os bens referidos nas alíneas a) e b) do n.º1 constarão de termo de entrega devi-
damente documentado, assinado pelo Presidente da Câmara da Praia, pelo Presidente da
Comissão Instaladora e por um representante do membro do Governo que exerce a tutela
sobre os Municípios
Artigo 8º
(Autorização de providências )
Fica o Governo autorizado a adoptar as providências normativas, administrativas e
financeiras indispensáveis à instalação do Município de São Domingos e à execução do que
presente diploma se estabelece
Artigo 9º
(Eleição )
A eleição dos titulares dos órgãos do Município terá lugar quando se realizarem elei-
ções municipais gerais
Artigo 10º
(Entrada em vigor )
A presente lei entra em vigor no dia 1 de Janeiro de 1994.
Aprovada em 9 de Dezembro de 1993.
O Presidente da Assembleia Nacional, António Espírito Santo Fonseca .
Promulgada em 31 de Dezembro de 1993.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO
Assinada em 31 de Dezembro de Abril de 1993.
Pel`O Presidente da Assembleia Nacional, António Espírito Santo Fonseca

75
Lei nº 23/IV/91, de 30 de Dezembro

CRIA O CONCELHO DOS MOSTEIROS NA ILHA DO FOGO


Lei nº 23/IV/91
de 30 de Dezembro2
Por mandato do Povo, A Assembleia Nacional Popular, decreta nos termos da alínea b)
do art. 58º da Constituição, o seguinte:
Artigo 1º
1.É criado, na Ilha do Fogo, um novo Concelho, designado Concelho dos Mosteiros,
cujo território é o da Freguesia de Nossa Senhora da Ajuda, com os actuais limites
2. O actual Concelho do Fogo, passa a designar-se Concelho de São Filipe e a integrar
apenas as Freguesias de Nossa Senhora da Conceição, de S.Lourenço e de Santa Catarina
, com os actuais limites.
Artigo 2º
O Concelho dos Mosteiros , tem a sua sede na povoação da Igreja que é elevada à
categoria de Vila.
Artigo 3º
É criado Concelho dos Mosteiros o Município dos Mosteiros
Artigo 4º
O Governo criará uma comissão instaladora do Municipio dos Mosteiros, composta
por um Presidente e quatro vogais, designados pelo Secretário de Estado da Administração
Interna
Artigo 5º
A Comissão Instaladora toma posse no prazo de 30 dias a contar da entrada em vigor
da presente lei
Artigo 6º
1.Compete à Comissão Instaladora propôr ao Governo medidas tendentes à instalação
do Município dos Mosteiros, e promover a respectiva execução.
2. Compete ainda à Comissão Instaladora exercer os poderes que a lei atribui à Assem-
bleia Municipal e à Câmara Municipal
3. O Presidente da Comissão Instaladora tem os poderes e exerce as competências
que, por lei, são atribuídos ao Presidente da Câmara Municipal.

2 Esta lei inclui a rectificação publicada no B.O. de 19 de Fevereiro de 1992.

76
Lei nº 23/IV/91, de 30 de Dezembro

Artigo 7º
1. Pertencem ao Município dos Mosteiros os rendimentos Municipais cobrados no seu
território ou com referência a bens actividades sediadas no seu território, a partir de 1 de
Janeiro de 1992.
2. O Município dos Mosteiros será tido em conta no rateio da comparticipação dos
Municípios nos impostos directos e indirectos inscritos no Orçamento Geral do Estado
para 1992.
Artigo 8º
1. Transitam para o Município dos Mosteiros :
Os imóveis do património municipal localizado na Freguesia de Nossa Senhora da
Ajuda;
Os móveis e semoventes do património municipal à data afectos à actividade munici-
pal na Freguesia de Nossa Senhora da Ajuda ;
Os funcionários e agentes municpais à data residentes e afectos às actividades mu-
nicipais de Nossa Senhora da Ajuda, salvo se optarem diferentemente até 30 dias após a
entrada em vigor da presente lei.
2. Os bens referidos nas alíneas a) e b) do n.º1 constarão de termo de entrega devida-
mente documentado.
Artigo 9º
Fica o Governo autorizado a adoptar as providências normativas, administrativas e
financeiras indispensáveis à instalação do Município dos Mosteiros e à execução do que no
presente diploma se estabelece
Artigo 10º
A presente lei entra em vigor no dia 2 de Janeiro de 1992.
Aprovada em 27 de Novembro de 1991.
O Presidente da Assembleia Nacional, Amílcar Fernandes Spencer Lopes .
Promulgada em 18 de Dezembro de 1991.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO

77
Decreto-Lei n° 93/82, de 6 de Novembro

DIVISÃO ADMINISTRATIVA DO PAÍS


Decreto-Lei n° 93/82
de 6 de Novembro
Ao abrigo da autorização legislativa concedida pelo n.º 3 do artigo 1º da Lei n.º 15/
II/82, de 26 de Março;
No uso da faculdade conferida pela alínea f) do n.º 1 do artigo 75º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
1. Para efeitos administrativos, o território da República de Cabo Verde divide-se em
concelhos que se subdividem-se em freguesias e estas em povoados ou bairros.
2. O número, os limites territoriais, as sedes e as denominações das unidades referidas
no número anterior serão fixados por decreto, ou quanto aos povoados ou bairros por deli-
beração do respectivo órgão colegial da Administração Municipal.
3. A deliberação a que se refere a parte final do número antecedente fica sujeita à ho-
mologação da tutela.
Artigo 2º
1. Os concelhos podem ser de 1ª, 2ª e 3ª classe3.
2. São de 1ª classe os concelhos da Praia e de S. Vicente.
3. São de 2ª classe os concelhos do Fogo, de Santa Catarina, de Santa Cruz, do Tarra-
fal, do Porto Novo, da Ribeira Grande, de S. Nicolau, da Brava e do Sal.
4. São de 3ª classe os concelhos da Boa Vista, do Maio e do Paul.
Artigo 3º
1. Compete ao Governo proceder à revisão da actual classificação nos termos previstos
nos números subsequentes.
2. O concelho de 3ª classe só poderá ascender à categoria de concelho de 2ª classe se
o montante dos impostos directos cobrados no mesmo pelo Estado for igual ou superior a
3% do total dos impostos directos arrecadados pelo Tesouro, segundo a conta geral do ano
anterior ao da classificação.
3. O concelho de 2ª classe só poderá ascender à categoria de concelho de 1ª classe se a
população da respectiva sede for superior a 25 000 habitantes.
Artigo 4º
1. As povoações que forem sedes de concelho têm a categoria de vila.

3 Durante a década de noventa, com o advento do Poder Local, o principio da classificação dos Municípios não só caiu em
desuso como, também, tem sido contrariado pelo legislador que coloca todos os Municípios em pé de igualdade.

78
Decreto-Lei n° 93/82, de 6 de Novembro

2. Terão ainda a categoria de vila as povoações que devido ao seu desenvolvimento


comercial ou industrial venham a ser classificadas como tal pelo Governo.
3. A categoria de cidade só poderá ser conferida às vilas com significativo desenvol-
vimento comercial ou industrial, servidas de vias de comunicação e dotadas de instalações
urbanas de água e electricidade.
Artigo 5º
As povoações que à data da publicação do presente diploma são vilas ou cidades man-
terão a mesma categoria.
Visto e aprovado em Conselhos de Ministros.
Pedro Pires – Osvaldo Lopes da Silva – Júlio César de Carvalho.
Promulgado em 28 de Outubro de 1982.
Publica-se.
O Presidente da Republica, ARISTIDES MARIA PEREIRA.
Para ser presente à Assembleia Nacional Popular.

79
Decreto-Lei n° 93/82, de 6 de Novembro

80
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

IV- ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO


DOS MUNICIPIOS

81
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

82
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

ESTATUTO DOS MUNICÍPIOS


Lei n.º 134/IV/95,
de 03 de Julho
Por mandato do Povo a Assembleia Nacional decreta nos termos da alínea b) do artigo
186º da Constituição o seguinte:
CAPITULO I
Princípios Gerais
Artigo 1º
(Criação e modificação)4
A criação, extinção e alteração da área dos Municípios é feita por lei da Assembleia
Nacional, com prévia consulta aos órgãos dos Municípios abrangidos.
Artigo 2º
(Autonomia administrativa)
O Município goza de autonomia administrativa que compreende o poder de praticar
actos administrativos.
Artigo 3º
(Autonomia financeira)5
O Município goza de autonomia financeira, possuindo finanças próprias que lhe per-
mitem elaborar, aprovar, alterar e executar plano de actividades e orçamento, podendo
ainda dispor de receitas próprias, ordenar e processar as despesas, arrecadar as receitas e
recorrer ao credito nos termos da lei.
Artigo 4º
(Autonomia patrimonial)
O Município goza de autonomia patrimonial que consiste em ter e gerir património
próprio que responde pelas dividas e encargos perante terceiros.
Artigo 5º
(Autonomia normativa)6
O Município goza de poder regulamentar próprio que lhe permite criar normas gerais
com caracter obrigatório na área da sua jurisdição, sobre matéria integrada no quadro das
suas atribuições, nos limites da Constituição e da lei.

4. O ímpeto verificado junto de algumas comunidades locais no sentido de se criarem novos Municípios explica por si só a
urgente necessidade de definir o regime jurídico da criação, modificação e extinção das Autarquias Locais. Caso contrário
a satisfação das reivindicações da população num ou noutro caso assentará sempre sobre critérios de mera oportunidade
política. De registar que, em boa hora, no passado mês de Março de 2003, durante o encontro Governo/Municípios, o primeiro
apresentou e discutiu com aos Autarcas uma proposta de lei neste sentido.
5. O regime de autonomia financeira consta essencialmente da Lei de Finanças Locais (Lei n.º 79/VI/2005, de 5 deSetembro).
6 No exercício do poder regulamentar próprio, alerta-se os Municípios para o disposto no Decreto-Lei n.º 52/99, de 16 de
Agosto, que aprova o processo de elaboração e identificação bem como o formulário das posturas e regulamentos policiais
dimanados dos órgãos municipais.

83
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

Artigo 6º
(Autonomia organizativa)
O Município goza de autonomia organizativa que lhe permite criar, organizar e fiscali-
zar serviços destinados a assegurar a prossecução das suas atribuições.
Artigo 7º
(Independência)
Os órgãos municipais são independentes no âmbito da sua competência e as delibera-
ções ou decisões só podem ser suspensas, modificadas, revogadas ou anuladas pela forma
prevista na lei.
Artigo 8º
(Especialidade)
Os órgãos municipais só podem deliberar ou decidir no âmbito da sua competência e
para a realização das atribuições dos respectivos Municípios.
Artigo 9º
(Descentralização)
O Município pode transferir para as fundações, associações de caracter económico,
social, cultural ou desportivo ou sociedades a prossecução de atribuições que lhe são pró-
prias, sempre que se mostrar necessário para melhorar a eficácia e eficiência dos serviços
públicos, salvo disposição legal expressa em contrario, reservando-se o direito de fiscali-
zação e controlo7.
Artigo 10º
(Desconcentração)
O Município deve aproximar a administração das populações, organizando os serviços
de maneira a que tenham capacidade de decisão a nível das freguesias, dos bairros, povo-
ados e zonas.
Artigo 11º
(Acção Popular)8
1. Qualquer cidadão recenseado e residente no Município, pode em matéria de inte-
resse municipal:
a) Intentar acção judicial no interesse do Município para manter, reivindicar e reaver
bens ou direitos desta que hajam sido usurpados ou de qualquer modo lesados;

6. O principio da subsidariedade deve também funcionar entre o Município e a sociedade civil organizada no seu território
municipal., desde que tenham capacidade técnica e material para assumir determinadas responsabilidades do âmbito das
atribuições municipais.
7. A acção popular é um direito de valor constitucional e permite a “todos os cidadãos, individual ou colectivamente,
apresentar, por escrito, aos órgãos de soberania ou do Poder Local e quaisquer autoridades, petições, queixas, reclamações
ou representações para defesa dos seus direitos, da Constituição, das leis ou do interesse geral e bem assim o direito de serem
informados em prazo razoável sobre os resultados da respectiva apreciação (art.º 58º CRCV)”. Apesar da importância deste
mecanismo de participação e exercício da cidadania a matéria não está regulamentada.

84
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

b) Recorrer das deliberações e decisões tomados por órgãos dos Municípios que
tenha por ilegais e lesivas do interesse colectivo.
2. A acção referida na alínea a) do numero anterior só pode ser intentada no caso de o
cidadão ter previamente notificado o órgãos executivo competente do direito que pretende
fazer valer e de esse órgão não ter proposto a acção adequada no prazo de um mês.
3. A acção popular será regulamentada por Decreto Regulamentar, tem caracter urgen-
te, o seu processamento deverá ser baseado no principio da sumariedade e está isento do
imposto de justiça, salvo ocorrência de má fé.
Artigo 12º
(Iniciativa Popular)9
Qualquer cidadão recenseado tem o direito de iniciativa popular em matéria de interes-
se municipal nos termos que forem regulamentados10.
Artigo 13º
(Responsabilidade civil)
O Município responde civilmente perante terceiros pelas ofensas dos direitos destes
ou pela violação das disposições legais destinadas a proteger os seus interesses, resultantes
das acções ou omissões ilícitas praticadas com dolo ou mera culpa pelos respectivos órgãos
e agentes administrativos, no exercício das suas funções e por causa desse exercício nos
termos e forma prescrita na lei.
Artigo 14º
(Participação dos particulares)
Os órgãos municipais devem assegurar a participação dos particulares na formação das
decisões que lhes disserem respeito, nos termos da Lei.
Artigo 15º
(Participação do Município)
1. O Município participa na definição das políticas públicas especificas respeitantes ao
seu território municipal e às respectivas populações.
2. O Município participa ainda nas negociações de acordo de cooperação internacio-
nal, que directamente lhe digam respeito.
Artigo 16º
(Transparência)
Os órgãos e serviços municipais devem actuar e organizar com transparência perante
a comunidade e os munícipes.

9. Tal como a acção popular, a iniciativa popular carece de regulamentação.


10. Trata-se de uma questão a desenvolver n o quadro da definição do regime jurídico da cooperação descentralizada.

85
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

Artigo 17º
(Celeridade)
Os órgãos municipais devem providenciar pelo rápido e eficaz andamento das solici-
tações dos munícipes, quer recusando e evitando tudo o que for impertinente ou dilatório,
quer ordenando e promovendo tudo o que for necessário a uma rápida decisão.
Artigo 18º
(Legalidade)
Os órgãos municipais devem actuar em obediência à Constituição, aos preceitos legais
e regulamentares e aos princípios gerais de direito, dentro dos limites dos poderes que lhes
estejam atribuídos e em conformidade com os fins para que os mesmos poderes lhes foram
conferidos.
Artigo 19º
(Fundamentação)
As decisões e deliberações dos órgãos municipais que afectam direitos ou interesses
legalmente protegidos ou imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções, são expres-
samente fundamentadas nos termos da lei geral.
Artigo 20º
(Audição prévia)11
Os órgãos municipais devem ser obrigatoriamente ouvidos sempre que se pretenda de-
cidir ou legislar sobre matéria que respeite exclusiva ou principalmente a um determinado
Município ou grupo de Municípios.
Artigo 21º
(Liberdade de Associação)
Os Municípios podem associar-se para a defesa e realização de interesses comuns e
integração das políticas publicas compreendidas nas suas atribuições numa base regional
ou nacional consoante as suas necessidades.
Artigo 22º
(Liberdade de geminação e cooperação)12
1. O Município pode estabelecer livremente relações de geminação e de cooperação
com Municípios de países estrangeiros com os quais Cabo Verde mantém relações diplo-
máticas e com organizações não governamentais reconhecidas em Cabo Verde.

11. A audição prévia é um dos corolários do princípio constitucional da participação democrática que impõe a consulta e
participação dos órgãos das Autarquias Locais nos assuntos que lhes afectam directamente ou, de alguma forma, lhes dizem
respeito.
12. Com o financiamento do Banco Mundial, o Governo promoveu a realização de um estudo e, em consequência, a elaboração
de uma proposta de lei de enquadramento jurídico da Cooperação Descentralizada, recentemente validada pelos Municípios
Lei n.º 106/IV/94, de 5 de Setembro, “isenta de direitos, de imposto de consumo e de emolumentos gerais, a importação de
mercadorias oferecidas ou financiadas, no quadro da cooperação internacional ou por entidades ou organizações de cabo-
verdianos no exterior, ao Estado ou a outras entidades públicas, no âmbito de projecto de desenvolvimento nacional, regional
ou municipal ou para fazer face às necessidades da população”.

86
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

2. Tratando-se de Municípios de países com os quais Cabo Verde não tem relações
diplomáticas é necessário parecer favorável do Governo.
Artigo 23º
(Publicidade)
1. As reuniões da Assembleia Municipal são publicas, podendo ser directamente trans-
mitidas pela rádio e pela Televisão e nelas haverá sempre um período de intervenção aberto
ao publico.
2. A Assembleia Municipal poderá, por maioria absoluta dos seus membros, deliberar
reunir-se á porta fechada, sempre que o interesse publico ou a defesa de direitos fundamen-
tais dos cidadãos estiverem em causa.
3. A nenhum cidadão é permitido, sob qualquer pretexto, intrometer-se nas discussões
ou manifestar-se nas sessões sobre os assuntos em discussão, quer aplaudindo quer repro-
vando as opiniões emitidas, as votações feitas ou as deliberações tomadas.
Artigo 24º
(Símbolos)13
1. O Município dispõe de bandeira, armas e selos que devem ser respeitados por todos
os munícipes.
2. Os símbolos municipais são utilizados conjuntamente com os correspondentes sím-
bolos nacionais e com a salvaguarda da procedência e do destaque que a estes são devi-
dos.
3. O disposto nos números anteriores será regulamentado tendo como base os símbolos
nacionais.
Artigo 25º
(Delegação de atribuições)
O Governo pode delegar atribuições do Estado a um ou mais Municípios, mediante
acordo que especificará, nomeadamente, o alcance, conteúdo, condições e duração dessa
delegação.
CAPITULO II
Das atribuições
Artigo 26º
(Atribuições)
1. Constitui atribuição do Município tudo o que respeita aos interesses próprios, co-
muns e específicos das populações respectivas, designadamente14 as matérias constantes
dos artigos seguintes.
13. O Decreto-Lei n.º 8/2000, de 28 de Agosto, regula o uso, ordenação e processo de constituição dos símbolos heráldicos
municipais. Este diploma veio revogar expressamente o Decreto-Regulamentar n.º 25/99, de 30 de Dezembro que padecia
de vários erros e imprecisões, embora o conteúdo seja basicamente o mesmo.
14. Trata-se de uma enumeração meramente exemplificativa das atribuições dos Municípios

87
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

2. São ainda confiadas aos Municípios as atribuições que em virtude da lei não perten-
cem à Administração Central.
3. A prossecução das atribuições dos Municípios concretiza-se no respeito pelo prin-
cipio da unidade do Estado, expressão do caracter uno e indivisível da soberania nacional
e pelo regime legalmente definido de delimitação e coordenação de actuações da Adminis-
tração Central e Local em matéria de investimentos públicos.15
Artigo 27º
(Administração de bens)
No domínio da administração de bens é, nomeadamente, atribuição do Município o
que respeite a:
1. Administração e gestão dos bens do domínio publico16 e privado municipal.
2. Gestão local de bens do domínio público ou privado do Estado situados no
território municipal, salvo nos casos expressamente excluídos por lei, deliber-
ação ou decisão dos órgãos competentes do Estado.
3. Participação em sociedades de capitais públicos ou em outras empresas cujo objecto
seja do interesse do Município e se enquadre no âmbito das suas atribuições, salvo dispo-
sição legal expressa em contrário.
Artigo 28º
(Planeamento)
No domínio do planeamento é, nomeadamente, atribuição do Município o que respeite a:
1. Participação dos seus órgãos na elaboração, execução e controlo do Plano Na-
cional de Desenvolvimento e de outros planos de caracter regional ou sectorial
que interessem a vida das respectivas populações.
2. Elaboração, aprovação e execução do Plano Municipal de Desenvolvimento e
dos respectivos planos anuais e plurianuais de investimentos.
Artigo 29º
(Saneamento básico)
No domínio do saneamento básico e salubridade é, nomeadamente, atribuição do Mu-
nicípio o que respeite a:
a) Estabelecimento e gestão do sistema municipal de abastecimento de água, nos
termos da lei;

15. Acerca da delimitação de atribuições e competências entre a Administração Central e Local em matéria de investimentos
públicos, ver anotações ao artigo 44º do Estatuto dos Municípios.
16. Sobre os bens do domínio público e privado das Autarquias locais ver nesta colectânea o D.Leg. n.º 2/2007, de 19 de
Julho.

88
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

b) Estabelecimento e gestão do sistema municipal de esgotos, descarga, evacu-


ação e reutilização de águas usadas ou residuais;
c) Estabelecimento e gestão do sistema municipal de recolha, tratamento,
aproveitamento ou destruição de lixos e de limpeza pública;
d) Estabelecimento e gestão de cemitérios;
e) Disciplina de enterramentos e actividade funerária;
f) Estabelecimento e gestão dos sistemas de drenagem pluvial;
g) Estabelecimento de uma rede de tratamento de controlo de qualidade da
água.
Artigo 30º
(Desenvolvimento rural)
No domínio do desenvolvimento rural é, nomeadamente, atribuição do Município o
que respeite a:
a) Promoção de medidas, acções e programas de extensão rural;
b) Incentivo a instalação e exploração de unidades de produção agro-pecuária
tais como aviários, pocilgas, granjas, para satisfação das necessidades colec-
tivas a nível municipal;
c) Incentivo a instalação e exploração de unidades de produção artesanal ou in-
dustrial tais como carpintarias, marcenarias, serralharias, oficinas mecânicas,
oficinas de reparações, de canalizações, de electricidade:
d) Licenciamento das unidades de produção referidas nas alíneas b) e c) do pre-
sente artigo;
e) Promoção e apoio a organizações cooperativas nos sectores da produção e da
prestação de serviços.
Artigo 31º
(Saúde)
No domínio da saúde é, nomeadamente, atribuição do Município o que respeite a:
a) Construção, equipamento, gestão e manutenção de unidades sanitárias de
base;
b) Promoção e controlo da aplicação de normas de saúde e higiene públicas di-
manadas das autoridades sanitária;
c) Promoção de acções, campanhas e programas de educação sanitárias;
d) Acompanhamento e apoio às actividades dos organismos do sistema nacional
de saúde pública no território municipal;
e) Gestão do desenvolvimento sanitário a nível local.

89
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

Artigo 32º
(Habitação)
1. No domínio da habitação é, nomeadamente, atribuição do Município o que respeite a:
a) Elaboração da política municipal de habitação;
b) Promoção de programas de construção de moradias sociais;
c) Promoção de programas de habitação parta funcionários públicos como incen-
tivo a fixação na periferia;
d) Promoção da habitação própria permanente, da habitação social e de progra-
mas de auto-construcão e bem assim promoção e apoio a cooperativas de hab-
itação;
e) Construção e gestão de equipamento urbano e de edifícios para a instalação de
serviços e empresas municipais;
f) Construção e gestão de edifícios para uso residencial;
g) Definição de cadastro habitacional;
h) Denominação de vias, praças e ruas e numeração das habitações.
2. A política municipal de habitação deverá ser articulada com a política de habitação
das entidades competentes da Administração Central.
Artigo 33º
(Transportes rodoviários) 17
No domínio dos transportes é, nomeadamente, atribuição do Município o que respeite
a:
a) Exercício de autoridade rodoviária nas estradas municipais;
b) Planeamento e implementação do sistema de transportes de passageiros, com-
preendendo a organização do transporte publico de passageiros, as vias de
circulação e sua sinalização, bem como o transporte de cargas;
c) Ordenamento e sinalização do transito e estacionamento de veículos au-
tomóveis nos aglomerados urbanos;
d) Concessão da exploração do serviço de transporte colectivos urbanos, prece-
dida de concurso aberto a todos os operadores que preencham os requisitos
exigidos;
e) Colaboração com outras entidades competentes na fixação de tarifas ou lim-
ites máximos de preço a cobrar nos transportes públicos, mediante emissão de
pareceres previstos na lei;
17. V. nesta colectânea o Decreto-Lei n.º 68/94, de 5 de Dezembro, sobre a descentralização das competências no domínio
do transporte colectivo rodoviário e respectivos comentários.

90
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

f) Estabelecimento, execução e conservação da rede viária municipal e dos ca-


minhos vicinais;
g) Organização do serviço de taxis e lotações, fixando a respectivas tarifa.
Artigo 34º
(Educação)
No domínio da educação é, nomeadamente, atribuição do Município o que respeite a:
a) Construção, equipamento, gestão e manutenção de infra-estruturas de edu-
cação pré-escolar e do ensino básico;
b) Organização dos transportes escolares;
c) Promoção de acções, campanhas e programas de alfabetização;
d) Acompanhamento das actividades de pós-alfabetizacão;
e) Incentivo ao ensino privado.
Artigo 35º
(Promoção Social)
No domínio da promoção social é, nomeadamente atribuição do Município o que res-
peite a:
a) Promoção de acções, campanhas e programas de protecção e apoio a grupos
vulneráveis;
b) Protecção dos direitos da criança, contribuindo para a criação das condições
necessárias ao exercício efectivo dos seus direitos;
c) Atendimento aos jovens;
d) Integração dos idosos na comunidade, defendendo a sua dignidade e o seu
bem estar;
e) Inserção dos portadores de deficiência na vida social e económica, através de
programas que visem o desenvolvimento das suas potencialidades;
f) Estimular e apoiar as associações que desenvolvam programas dedicadas as
crianças, aos adolescentes, aos idosos e aos portadores de deficiências;
g) Promoção de acções, programas e campanhas com vista à dignificação e el-
evação da condição feminina;
h) Construção, equipamento, gestão e manutenção de infra-estruturas sociais.
Artigo 36º
(Cultura)
No domínio da cultura é, nomeadamente atribuição do Município o que respeite a:
a) Defesa e preservação dos valores históricos e culturais da nação;
b) Construção, equipamento, gestão e manutenção de cine-teatros, bibliotecas,
museus, arquivos e outros centros de cultura;

91
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

c) Protecção e conservação do património histórico, cultural, natural e artístico


de interesse municipal;
d) Edição de obras de interesse para a historia do Município e incentivo a inves-
tigação nesse domínio;
e) Promoção e apoio ao artesanato tradicional e artístico;
f) Promoção e apoio na organização de festas populares e/ou religiosas bem
como outras manifestações populares tradicionais no Município;
g) Protecção dos profissionais que actuam na área da cultura, podendo atribuir-
se-lhes subsidio de sobrevivência em caso de carência;
h) Preservação dos bens imóveis, de valor histórico, sob a perspectiva de seu
conjunto;
i) Pesquisa, recolha e promoção de tradições orais;
j) Concessão de incentivos especiais para investimentos na área da cultura;
k) Promoção de intercâmbio cultural interlocalidades e inter-municipais.
Artigo 37º
(Desporto)
No domínio do desporto é, nomeadamente, atribuição do Município o que respeite a:
a) Promoção e organização de actividade desportivas;
b) Construção, equipamento, gestão e manutenção de campos de jogos e outros
recintos desportivos;
c) Subsidio a clubes e grupos desportivos;
d) Construção, equipamento, gestão e manutenção de piscinas municipais;
e) Promoção e apoio a organizações e actividades de carácter recreativo e de-
sportivo ligadas ao mar;
f) Promoção do aproveitamento de espaços devolutos ou sub-aproveitados que
possam servir para fins desportivos;
g) Promoção do aproveitamento e rentabilização dos espaços desportivos locali-
zados no Município;
h) Promoção e realização de ferias desportivas em colaboração com outros de-
partamentos estatais e privados;
i) Incentivar a formação desportiva ao maior numero possível de praticantes,
sobretudo nos escalões etários mais baixos;
j) Contribuir para o incremento do associativismo desportivo a nível do Município;
k) Elaboração do plano desportivo municipal, nos termos da Lei.

92
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

Artigo 38º
(Turismo) 18
No domínio do turismo é, nomeadamente, atribuição do Município o que respeite a:
a) Construção, equipamento e manutenção de parques de campismo;
b) Construção, equipamento, gestão e manutenção de centros de férias para tra-
balhadores e de infra-estruturas vocacionadas para o turismo interno;
Artigo 39º
(Ambiente) 19
No domínio do ambiente é, nomeadamente, atribuição do Município o que respeite a:
a) Promoção de medidas, acções e programas de protecção e conservação da
natureza; 20
b) Promoção de acções, campanhas e programas de arborização e reflorestacão e
de criação de espaços verdes; 21
c) Protecção e conservação do património paisagístico e urbanístico municipal;
d) Promoção e apoio de medidas de protecção dos recursos hídricos e de con-
servação do solo e da água;
e) Disciplina e controle de acções e actividades susceptíveis de emitir fumos,
gazes e cheiro, de produzir ruídos, ou de constituir factores de insalubridade;
f) Medidas tendentes á formação e educação para o ambiente.

Artigo 40º
(Comercio Interno)
No domínio do comercio interno é, nomeadamente, atribuição do Município o que
respeite a:
a) Construção, equipamento, gestão, e manutenção de feiras e mercados e de
postos de venda de produtos locais ou de primeira necessidade;
b) Construção, equipamento, gestão e manutenção de matadouros, talhos, lotas e
similares;

18. A propósito da gestão das zonas turísticas especiais, que muita celeuma tem levantado, tem-se concluído pela necessidade
de rever a legislação por formar a facultar um maior grau de intervenção dos Municípios no domínio do turismo.
19. V. a Lei n.º 86/IV/93, de 26 de Julho, que define as bases da política do ambiente. Este diploma foi desenvolvido através
do Decreto-Legislativo n.º 14/97, de 1 de Julho.
20. V. o Decreto-Lei n.º 69/97, de 31 de Novembro, que proíbe a extracção e exploração da areia nas dunas, nas praias e
aguas interiores.
21.A Lei n.º 48/V/98, de 6 de Abril, confere aos Municípios Algumas atribuições no domínio da actividade florestal.

93
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

c) Fixação de preços dos produtos locais ou de primeira necessidade, quando lhe


for expressamente cometida;
d) Licenciamento e regulamentação especifica da actividade comercial retalhista
e de vendedores ambulantes;22
e) Fixação do horário dos estabelecimentos comerciais, nos termos da lei.
Artigo 41º
( Protecção civil) 23
No domínio da protecção civil é, nomeadamente, atribuição do Município o que res-
peite a:
a) Organização e gestão do serviço municipal de protecção civil, em especial o
de prevenção e combate a incêndios;
b) Construção ou aquisição, equipamento, gestão e manutenção de instalações
e meios necessários ao serviço municipal de protecção civil;
c) Promoção e apoios a associações e outras estruturas participativas no sector da
protecção civil;
d) Arranjo, conservação, protecção e, em coordenação com as autoridades maríti-
mas, segurança das praias de banho, habitualmente usadas pelos cidadãos.
Artigo 42º
(Emprego e formação profissional)
No domínio do emprego e formação profissional é, nomeadamente, atribuição do Mu-
nicípio o que respeite a:
a) Organização do recenseamento da mão de obra disponível no Município;
b) Definição de critérios de selecção de mão de obra não qualificada para obras
públicas;
Artigo 43º
(Polícia)
1. No domínio da policia é, nomeadamente, atribuição do Município o que respeite à
emissão e fiscalização do comprimento de posturas e regulamentos policiais com vista,
designadamente a defesa e protecção da saúde pública e do meio ambiente, à segurança na
circulação de viaturas e peões nas vias públicas, ao respeito das normas de gestão urbanís-
tica, à garantia do abastecimento público e à defesa do consumidor.
2. As funções municipais de policia são exercidas em estreita articulação com os ser-
viços da Administração Central com intervenção em áreas afins, em especial os serviços

22. Ver Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro, que define o regime jurídico do sector do comércio (inclui comércio retalhista
e ambulante).
23. V. Lei n.º 100/V/99, de 19 de Abril, que estabelece as bases gerais da protecção civil.

94
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

da policia de ordem pública, cujas as forças os Municípios recorrerão, quando necessário,


para assegurar o comprimento das suas decisões.24
3. No domínio da ordem pública as atribuições municipais serão definidas por lei.25
Artigo 44º
(Investimentos municipais)26
É da exclusiva responsabilidade do Município a realização de investimentos munici-
pais respeitantes a matérias compreendidas no âmbito das suas atribuições, sem prejuízo da
validade de acordos em contrário celebrados com a Administração Central.
CAPÍTULO III
Dos órgãos
SECÇÃO I
Princípios Gerais
Artigo 45º
(Órgãos)27
Os órgãos representativos do Município são a Assembleia Municipal, a Câmara Muni-
cipal e o Presidente da Câmara Municipal, eleitos por um período de quatro anos.
Artigo 46º
(Ordem de trabalho)
1. Para cada reunião de um órgão municipal haverá uma ordem de trabalho proposta
pelo respectivo Presidente e remetida aos demais membros com a convocatória, no prazo
regimental.
2. Da ordem de trabalhos deverão constar, obrigatoriamente, todos os temas e assuntos
para o efeito apresentado por escrito ao Presidente, por qualquer membro, desde que se-
jam da competência do órgão respectivo, até cinco dias antes do termo do prazo regimental
de convocatória.

24. V. o Decreto n.º 112/90, de 8 de Dezembro, regula o destacamento de pessoal com funções policiais para prestar serviço(s)
aos Municípios, enquanto não for organizado o corpo da policia municipal.
25. Matéria por regulamentar.
26. Tem-se debatido repetidas vezes a urgência em se adoptar o país de uma lei de delimitação e coordenação de competências
em matéria de investimentos públicos entre a Administração Central e Administração Local . Aliás, para além de constar
expressamente da alínea d) do art. 156º do Estatuto dos Municípios, como carecendo de regulamentação, o n.º 3 do art.
26º do mesmo diploma estabelece claramente que “a prossecução das atribuições dos Municípios concretiza-se pelo
regime legalmente definido de delimitação e coordenação de actuações da Administração Central e Local em matéria de
investimentos publicas”.
27. Este artigo tem a redacção dada pelo artigo 1º da Lei n.º 147/IV/95, de 7 de Novembro. Discute-se na doutrina se este
artigo, ao prever três órgãos municipais, contraria ou não a Constituição da República de Cabo Verde que, no seu art. 230º n.º
1, dispõe o seguinte: “A organização das Autarquias Locais compreende uma assembleia eleita, com poderes deliberativos
e um órgão colegial executivo responsável perante aquela”. Ou seja, a dúvida está em se saber se a figura do Presidente da
Câmara Municipal, enquanto órgão executivo singular, tem ou não cobertura constitucional. Entendemos que sim. A CRCV
quis salvaguardar, como mínimo, a existência de um órgão executivo colegial e um órgão deliberativo.

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Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

Artigo 47º
(Quorum)
1. Os órgãos municipais só podem funcionar e deliberar em primeira convocação com
a presença da maioria do número legal dos seus membros.
2. Não comparecendo a maioria do número legal dos seus membros, será convocada
uma nova reunião, com o intervalo de , pelo menos 48 horas, com a presença de qualquer
número de membros, desde que superior a um terço.
3. Pode ainda a assembleia deliberar validamente se iniciada a reunião nos termos do
número 1 deste artigo deixar de existir quorum no decurso da mesma por abandono de uma
parte dos membros.
4. Para efeito de determinação do quorum não se contam os membros impedidos nos
termos da lei.
Artigo 48º
(Deliberação)
As deliberações dos órgãos municipais são tomadas por pluralidade de votos.
Artigo 49º
(Actas)
1. Será lavrada acta que registe o que de essencial se tiver passado nas reuniões , no-
meadamente as faltas verificadas, as deliberações tomadas, os resultados das votações, os
votos de vencido e qualquer outra matéria imposta pelo regimento.
2. Quando assim for deliberado pelo órgão, as deliberações mais importantes poderão
constar de simples minutas aprovadas no termo da reunião e assinadas pelos membros
presentes.
3. As actas das reuniões das Assembleias Municipais são públicas, podem ser con-
sultadas por qualquer cidadão no local em que funcionar a assembleia e uma certidão das
mesmas podem ser passadas a qualquer munícipe recenseado.
4. As actas das reuniões do Presidente da Câmara não são públicas, mas podem ser
passadas certidões a quem demonstrar ter interesse legitimo na sua obtenção.
Artigo 50º
(Auto de não - realização)28
Se não for possível efectuar uma reunião o Secretário lavrará auto de não realização na
qual consigna as razões determinantes desse facto, os membros que faltaram e o mais que
o regimento determinar.

28. Correntemente designada por acta negativa, o auto de não realização tem importantes efeitos na organização e
funcionamento dos órgãos municipais.

96
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

Artigo 51º
(Reunião fora da sede)
Os órgãos municipais podem reunir-se em qualquer ponto do território municipal,
mediante aviso prévio nos órgãos de comunicação social.
Artigo 52º
(Impedimento)
1. Os titulares dos órgãos municipais não podem intervir em assuntos que lhes digam
respeito ou ao seu cônjuge ou ainda aos seus parentes e afins em linha recta ou ate ao quarto
grau da linha colateral.
2. Verificando o caso previsto no número anterior os membros dos órgãos municipais
não podem estar presentes no momento da discussão nem no momento da votação.
Artigo 53º
(Continuidade do mandato)
1. Os titulares dos órgãos municipais servem pelo período do respectivo mandato e
mantém-se em actividade até a sua substituição, salvo disposição legal em contrário.
2. Os titulares cessantes dos órgãos municipais prestarão aos novos eleitos os esclare-
cimentos sobre os processos pendentes e sobre o estado geral da administração municipal.
Artigo 54º
(Renúncia do mandato)
1. Os titulares dos órgãos municipais gozam do direito de renúncia ao respectivo man-
dato.
2. A renúncia deverá ser comunicada, por escrito, ao Presidente do órgão respectivo
e torna-se efectiva com a entrada em funções do substituto ou dos membros da comissão
administrativa especial, nos termos do artigo 62º.
3. A comunicação ao membro substituto compete ao presidente do órgão e deverá ter
lugar imediatamente, sem prejuízo da ratificação pelo plenário do órgão na reunião seguinte.
Artigo 55º
(Renúncia do Presidente da Câmara Municipal)
A renúncia do Presidente da Câmara Municipal torna-se efectiva com a sua comunica-
ção ao Presidente da Assembleia Municipal.
Artigo 56º
(Renúncia do Presidente da Assembleia Municipal)
A renúncia do Presidente da Assembleia Municipal torna-se efectiva com a sua comu-
nicação ao plenário.

97
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

Artigo 57º
(Efeitos da renúncia)29
Os membros dos órgãos municipais que renunciarem ao mandato, não podem concor-
rer as eleições subsequentes que se destinam a completar o mandato dos anteriores eleitos
nem nas eleições que iniciem o novo mandato.
Artigo 58º
(Suspensão)
1. Os membros dos órgãos municipais poderão solicitar a suspensão do respectivo
mandato sempre que, por motivos relevantes, estejam impossibilitados de participar nos
trabalhos e de desempenhar cabalmente as suas funções por período superior a sessenta
dias.
2. O pedido de suspensão, devidamente fundamentado, deverá ser endereçado ao Pre-
sidente que decidirá, imediatamente, sem prejuízo da submissão a ratificação pelo plenário
do órgão respectivo na reunião seguinte.
3. O Presidente do órgão respectivo deverá sempre convocar o membro substituto para
a próxima sessão ou reunião
4. A suspensão não poderá ultrapassar 365 dias no decurso do mandato, sob pena de se
considerar como perda de mandato 30.
Artigo 59º
(Perda do mandato)31
1. Perdem o mandato os titulares de órgãos municipais que:
a) Após a eleição, sejam identificados como portadores de alguma incapacidade
eleitoral passiva;
b) Não tomem assento no respectivo órgão durante três sessões ou cinco reu-
niões diárias consecutivas ou quinze interpoladas, salvo motivo justificado
aceite pelo plenário do órgão;
c) Incorram por acção o omissão em ilegalidade grave ou numa continuada
pratica de actos ilícitos, verificados em inspecção, inquérito ou sindicância,
ou expressamente reconhecidas por sentença judicial definitiva;
d) Recusem três vezes seguidas ou cinco interpoladas, a desempenhar cargos
ou funções para que sejam designados pela Assembleia ou pela Câmara, des-
de que essa recusa seja considerada injustificada pelo órgão a que pertence;
29. É preciso salvaguardar, quanto aos efeitos, que a renúncia de mandato não prejudica a possibilidade de instauração ou
prossecução de eventuais processos de perda de mandato, por actos praticados no decurso do mandato electivo para evitar a
fuga à responsabilidade.
30. Quanto aos efeitos, v. art. 59º, n.º 1, alínea g), dos Estatutos dos Municípios.
31. O processo de perda de mandato consta do Decreto-Regulamentar n.º 2/98, de 2 de Março.

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Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

e) Forem condenados por crime punível com pena de prisão cujo limite máximo
seja superior a dois anos;
f) Após a eleição se integrem em formação diversa daquela pela qual tenham
sido apresentados ao sufrágio;
g) Suspenderem o mandato por mais de 365 dias.
2. Constitui ainda causa de perda de mandato a verificação, em momento posterior ao
da eleição de pratica por acção ou omissão, de ilegalidade grave ou de prática continuada
de irregularidade, em mandato imediatamente anterior exercido em qualquer órgão de
qualquer Município.
Artigo 60º
(Competência e processo)
1. Compete aos Tribunais declarar a perda de mandato precedida obrigatoriamente de
audiência do interessado.
2. A interposição de recurso em caso de declaração de perda de mandato implica a
suspensão do mandato do recorrente ate a decisão final.
3. O processo de perda de mandato será regulamentado por Decreto-Regulamentar,
tem caracter urgente, deve ser baseado no principio da sumariedade e está isento do impos-
to de justiça, salvo ocorrência de má-fé.
Artigo 61º
(Efeitos da perda do mandato)32
Os membros dos órgãos municipais que perderem o mandato nos termos da alínea e)
do artigo 59º ficam impossibilitados de exercer cargos políticos por um período de cinco
anos.
Artigo 62º
(Comissão administrativa especial)33
1. Se a alteração da composição de um órgão municipal for de molde a que não esteja
em efectividade de funções a maioria absoluta dos seus membros, o Governo nomeará uma
comissão administrativa especial composta de três a sete membros, ouvidas as formações
políticas representadas no órgão em causa, para exercer a respectiva competência, limitada
aos actos estritamente necessários à gestão corrente dos negócios públicos e à administra-
ção ordinária, incluindo o exercício de poderes funcionais de cumprimento impreterível.

32. Este preceito deve ser compatibilizado com os artigos 410º e 411º do Código Eleitoral, aprovado pela Lei n.º 92/V/99, de
8 de Fevereiro, onde estão previstas situações de incompatibilidade aplicáveis aos eleitos municipais.
33. Redacção dada pelo artigo 1º da Lei n.º 147/IV/95, de 7 de Novembro.

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Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

2. A comissão administrativa especial e ainda nomeada quando não seja possível


constituir os órgãos municipais por falta de apresentação de listas de candidatos, por rejei-
ção ou desistência das mesmas.
Artigo 63º
(Incompatibilidades)34
As incompatibilidades dos titulares dos órgãos municipais serão estabelecidas por lei,
sem prejuízo das estabelecidas neste estatuto.
Artigo 64º
(Omissão do Presidente)35
1. Quando o Presidente de um órgão não efectuar a convocação do mesmo, nos casos
em que seja obrigado a fazê-lo nos termos da lei, poderá qualquer dos membros do órgão
fazê-lo, com a invocação da omissão do Presidente, publicitando a convocatória pela sua
afixação nos locais habituais e pela sua difusão nos órgãos de comunicação social.
2. Quando o Presidente de um órgão não efectuar , no prazo legal, alguma comunica-
ção que lhe incumba nos termos da presente lei, poderá qualquer dos membros do órgão
fazê-lo, invocando a omissão do Presidente.
SECÇÃO II
Da Assembleia Municipal
Artigo 65º
(Definição)
A Assembleia Municipal é o órgão deliberativo do Município.
Artigo 66º
(Constituição e Composição)
1. A Assembleia Municipal é constituída por membros eleitos por sufrágio universal,
directo, livre, igual e secreto.
2. O número de membros da Assembleia Municipal é de 21 para os Municípios de
população superior a 30. 000 habitantes, de 17 para os de população compreendida entre
10. 000 e 30. 000 habitantes e de 13 para os de população inferior a 10. 000 habitantes.
Artigo 67º
( Instalação)
1. A mesa da Assembleia Municipal cessante procederá à instalação da nova Assem-
bleia, no prazo de 15 dias a contar da proclamação dos resultados eleitorais.

34. Ver o Estatuto dos Eleitos Locais, aprovado pela Lei n.º 14/III/91, de 30 de Dezembro (art. 4º), bem como o Código
Eleitoral aprovado pela Lei n.º 92/V/99, de 8 de Fevereiro, designadamente os seus artigos 407º a 412º).
35 Redacção dada pelo artigo 1º da Lei n.º 147/IV/95, de 7 de Novembro. Parece ser uma norma desconhecida de muitos
eleitos municipais, não havendo noticias da sua invocação em situações de crise no funcionamento dos órgãos autárquicos e
relacionamento entre os eleitos.

100
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

2. No acto de instalação verificar-se-à a legitimidade e a identidade dos eleitos, lavran-


do acta avulsa da ocorrência redigida por quem o Presidente da Assembleia Municipal ces-
sante designar e assinada por este, pelo representante do membro do governo com funções
tutelares sobre os Municípios e pelos eleitos.
3. Concluído o acto de instalação, constituir-se-à uma mesa provisória presidida pelo
primeiro nome da lista mais votada e secretariado pelos dois membros mais novos, que
dirigirá os trabalhos da primeira reunião da Assembleia Municipal, com vista à aprovação
do regimento e a eleição dos outros membros da mesa definitiva.
4. Na falta do cabeça da lista mais votada, presidirá à mesa provisória o segundo nome
dessa lista e assim sucessivamente.
5. Enquanto não for aprovado o novo regimento continuará em vigor o anteriormente
aprovado pela Assembleia cessante.
Artigo 68º
(Mesa)
1. A mesa é composta por um Presidente, um Vice-Presidente e um Secretário.
2. A mesa é eleita pelo período do mandato, por escrutínio secreto, e por maioria abso-
luta de votos dos membros da Assembleia Municipal em efectividade de funções.
Artigo 69º
(Competência da mesa)
Compete à mesa organizar os trabalhos da Assembleia Municipal de conformidade
com a lei e com o regimento e garantir as condições de legalidade, indispensáveis aos
mesmos.
Artigo 70º
(Presidente da Assembleia)
Compete ao Presidente da Assembleia:
a) Representar a Assembleia;
b) Convocar as sessões ordinárias e extraordinárias;
c) Dirigir os trabalhos da reunião e nelas manter a ordem e a disciplina;
d) Dinamizar e coordenar os trabalhos das comissões;
e) Promover a publicação de todas as deliberações e de todo o expediente rela-
tivo a assembleia que deva ser publicado;
f) Exercer os demais poderes que lhe sejam atribuídos por lei, pelo regimento ou
pela Assembleia.

101
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

Artigo 71º
(Substituição do Presidente)
O Presidente da Assembleia será substituído, nas suas faltas ou impedimentos, pelo
vice-presidente ou, na falta ou impossibilidade deste, pelo membro mais idoso presente.
Artigo 72º
(Secretário a tempo inteiro )
A Assembleia poderá deliberar o exercício de funções do Secretário, a tempo inteiro
ou a meio tempo, consoante as suas necessidades objectivas.
Artigo 73º
(Espaço físico)
A mesa e os grupos políticos constituídos no seio da Assembleia, tem direito a utiliza-
ção de um espaço, preferencialmente no edifício em que funcionar a Câmara, onde poderão
reunir-se e receber os Munícipes que queiram apresentar as suas queixas, reclamações,
protestos, propostas e sugestões ou, de uma maneira geral, opinar sobre a gestão de interes-
ses municipais, salvo no caso de a Assembleia Municipal possuir edifício próprio.
Artigo 74º
(Alteração da composição da Assembleia)
1. Em casos de morte, renúncia, suspensão ou perda de mandato de algum dos mem-
bros da Assembleia Municipal, este será substituído por um dos suplentes da lista respecti-
va, em conformidade com a ordenação constante da mesma lista .
2. Esgotada a possibilidade de substituição prevista no número anterior e desde que
não esteja em efectividade de funções a maioria absoluta dos membros que constituem a
assembleia, o Presidente comunicará o facto ao Governo no prazo de 48 horas, para que
este marque no prazo de trinta dias novas eleições.
3. As novas eleições realizar-se-ão no prazo máximo de 90 dias a contar da recepção
da comunicação referida no número anterior para renovação total dos titulares desse órgão
e destinam-se a completar o mandato dos eleitos.
Artigo 75º
(Sessão ordinária)
1. A Assembleia Municipal terá uma sessão ordinária por trimestre devendo ser con-
vocada obrigatoriamente nos meses abaixo indicados para apreciação das seguintes maté-
rias:
a) No mês de Fevereiro, para apreciação do relatório escrito das actividades dos
órgãos executivos municipais;
b) No mês de Abril, para apreciação das contas de gerência;
c) No mês de Novembro, para aprovação do Plano de actividades e do orçamento
para o ano seguinte;

102
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

2. A não realização das sessões nos termos das alíneas a) e b) do número anterior cons-
titui grave ilegalidade36.
3. Os assuntos que não forem incluídos na ordem do dia só podem ser objecto de apre-
ciação e deliberação se, pelo menos, a maioria absoluta dos membros reconhecem urgência
na sua apreciação e deliberação .
Artigo 76º
(Sessão extraordinária)
1. A Assembleia Municipal reúne-se extraordinariamente sempre que necessário não
podendo, porem, em caso algum, tratar de assuntos para os quais não tenha sido expressa-
mente convocada.
2. São nulas as deliberações sobre assuntos não compreendidos na convocatória.
Artigo 77º
(Convocação das sessões )
1. As sessões ordinárias são convocadas pelo Presidente por sua livre iniciativa.
2. As sessões extraordinárias são convocadas pelo presidente por sua livre iniciativa,
ou solicitação:
a) Da Câmara Municipal;
b) Da maioria absoluta dos membros da Assembleia;
c) Do membro de Governo responsável pelo departamento governamental que
exerce poderes de tutela sobre os Municípios;
d) De um número de cidadãos eleitores inscritos no recenseamento eleitoral
equivalente a quinze vezes o número de membros da Assembleia Municipal.
3. O membro de Governo referido na alínea c) do n.º 2 do artigo anterior pode fazer-se
representar na reunião por um alto funcionário da Administração Pública com direito ao
uso da palavra sobre matéria objecto da convocatória.
4. A Assembleia Municipal pode ser convocada, em caso de urgência com pelo menos
vinte e quatro horas de antecedência.
Artigo 78º
(Participação da Câmara)
1. Em todas as sessões da Assembleia Municipal a Câmara Municipal far-se-á repre-
sentar obrigatoriamente pelo Presidente, que poderá intervir nos debates, sem direito a
voto, devendo nas reuniões ordinárias, informar verbalmente a Assembleia das actividades
desenvolvidas desde a reunião anterior.
36. As consequências estão previstas no artigo 133º do presente diploma.

103
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

2. Os vereadores podem assistir às sessões da Assembleia Municipal e intervir nos


debates, sem direito a voto, não podendo eximir-se a responder, oralmente ou por escrito,
as questões postas pelos membros da Assembleia Municipal, devendo fazê-lo no decurso
da mesma reunião ou, havendo necessidade de investigações, por escrito dirigido a mesa
no prazo máximo de quinze dias.
Artigo 79º
(Grupos )
1. Os membros da Assembleia eleitos por uma lista poderão constituir-se em grupos .
2. Os grupos organizados nos termos do numero anterior tem direito a ser informados
sobre assuntos de interesse publico municipal.
Artigo 80º
(Comissões )
1. A Assembleia Municipal pode criar comissões permanentes que são grupos de tra-
balho especializados em razão da matéria e que terão por função preparar as questões a
submeter à apreciação da mesa e do plenário.
2. A Assembleia Municipal pode também criar comissões eventuais para a realização
de tarefas especificas e que se dissolverão automaticamente uma vez cumprida a missão.
Artigo 81º
(Competências)
1. Compete exclusivamente à Assembleia Municipal:
a) Eleger o Presidente, o Vice-presidente e o Secretário da mesa ;
b) Elaborar e aprovar o regimento ;
c) Acompanhar e fiscalizar a actividade da Câmara Municipal e dos serviços
municipalizados;
d) Aprovar posturas sobre matéria da sua competência ;
e) Aprovar o regulamento de medalhas, emblemas, condecorações ou outro dis-
tintivos honorificas, com o objectivo de premiar especiais merecimentos ou
serviços extraordinários assinados por cidadãos nacionais ou estrangeiros em
prol do Município;
f) Aprovar o regulamento de incentivos de fixação dos quadros nas diversas lo-
calidades e zonas do Município;
g) Aprovar a bandeira, o brasão e o selo do Município, nos termos da lei ;
h) Aprovar a convocação de referendo por maioria de dois terços dos membros
da assembleia municipal em efectividade de funções;

104
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

i) Fixar o feriado municipal nos termos da lei;


j) Tomar posição perante os órgãos da administração central sobre assunto de
interesses para o Município ;
k) Apreciar e revogar actos dos órgãos executivos municipais, a excepção dos
praticados por estes no uso de competência própria ;
l) Solicitar e receber através da mesa, informações sobre assuntos de interesse
para o Município e sobre a execução de deliberações anteriores, o que poderá
ser requerido por qualquer membro e a qualquer momento ;
m) Apreciar e deliberar sobre petições, sugestões, reclamações ou queixas dos
munícipes;
n) Deliberar sobre a organização da administração municipal desconcentrada a
nível de freguesia ou de outras circunscrições territoriais inframunicipais;
o) Fixar o montante máximo das multas que a Câmara, as Delegações Munici-
pais e os serviços municipais organizados a nível dos bairros, zonas e povoa-
dos podem aplicar, salvo disposição legal em contrario.
2. Compete ainda à Assembleia Municipal:
a) Aprovar o plano municipal de desenvolvimento e os respectivos planos anuais
e plurianuais de investimentos;
b) Aprovar o plano de actividade e o orçamento do Município;
c) Aprovar o plano director municipal e o plano de desenvolvimento urbano,
nos termos da lei;
d) Apreciar, anualmente, o relatório de actividades, o balanço e as contas de
gerência;
e) Aprovar o quadro de pessoal do Município;
f) Autorizar a contracção de empréstimos, nos termos da lei;
g) Aprovar o número de Vereadores a tempo inteiro e a meio tempo, bem como
a remuneração a que têm direito;
h) Autorizar a aquisição, onerarão e alienação de imóveis;37
i) Conceder autonomia a serviços e autorizar a criação de empresas municipais,
bem como a participar em sociedade de capitais publicas e em outras em-
presas;
j) Autorizar, nos termos da lei, o lançamento de impostos municipais;

37. Quanto à competência para alienar imóveis, ver o n.º 6 do art. 92º deste diploma.

105
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

k) Estabelecer, nos termos da lei, taxas municipais e aprovar os respectivos quan-


titativos;
l) Autorizar a outorga de exclusivos e a concessão de bens, serviços e obras por
prazo superior a três anos;
m) Autorizar a participação do Município em Associações de Município;
3. As competências referidas no número que antecede são exercidas sob proposta da
Câmara Municipal.
4. A Assembleia Municipal pode delegar na Câmara Municipal o exercício das com-
petências referidas nas alíneas e) e o) do n.º 1, determinando as condições do exercício
dessa competência de acordo com as circunstâncias.
5. Consideram-se tacitamente aprovados os actos praticados pela Câmara ao abrigo da
delegação de competências previsto nos números anteriores, se não forem revogados pela
Assembleia na sessão seguinte ao exercício dessa competência.
SECÇÃO III
Da Câmara Municipal
Artigo 82º
(Definição)
A Câmara Municipal é o órgão executivo colegial do Município.
Artigo 83º
(Constituição e composição)
1. A Câmara Municipal é constituída por um Presidente e por Vereadores eleitos por
sufrágio directo, universal, livre, igual e secreto.
2. O número de membros da Câmara Municipal, incluindo o Presidente, é de 9 para
os Municípios de população superior a 30. 000 habitantes, 7 para os de população compre-
endida entre 10. 000 e 30. 000 habitantes e de 5 para os de população inferior a 10. 000
habitantes.
Artigo 84º
(Incompatibilidade)38
É incompatível com a qualidade de Vereador a de funcionário ou agente ao serviço do
Município e o exercício de funções de pessoal dirigente ou equiparado em organismo que
integre o departamento ministerial de tutela dos Municípios.
Artigo 85º
(Suspensão de funções)
Os funcionários ou agentes ao serviço do Município, quando eleitos para órgãos exe-
cutivos municipais, suspenderão as suas funções.
38. Este artigo revoga tacitamente o artigo 4º da Lei nº 14/III/91, de 3 de Dezembro.

106
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

Artigo 86º
(Câmara cessante)39
1. A Câmara Municipal cessante assegura a gestão corrente dos assuntos municipais
até à substituição dos seus titulares.
2. A Câmara Municipal cessante limitar-se-á à prática de actos estritamente neces-
sários à gestão corrente dos negócios públicos e à administração ordinária, incluindo o
exercício de poderes funcionais de cumprimento impreterível.
Artigo 87º
(Informação aos vereadores)
Os Vereadores tem direito a obter directamente dos serviços municipais todas as infor-
mações necessárias para um bom desempenho das suas funções.
Artigo 88º
(Vereadores em regime de permanência)
Quando as necessidades da gestão municipal o justifiquem, poderá a Assembleia Mu-
nicipal, sob proposta da Câmara, fixar o número de Vereadores que exercem funções a
tempo inteiro ou a meio tempo e estabelecer a sua remuneração40, que não pode ser, em
caso algum, igual ou superior à do Presidente da Câmara.
Artigo 89º
(Alteração da composição da Câmara)
1. Em casos de morte, renúncia, suspensão ou perda de mandato de algum membro
da Câmara Municipal em efectividade de funções, este será substituído por um dos candi-
datos não eleitos ou suplentes da respectiva lista, pela ordem por que nela constam, o qual
completará o mandato do substituído.
2. Desde que não esteja em efectividade de funções mais de metade dos Vereadores,
o Presidente da Câmara comunicará o facto ao membro do governo que exerce poderes de
tutela sobre os Municípios, no prazo de 48 horas para que, no prazo máximo de 30 dias a
contar da comunicação, sejam marcadas novas eleições.
3. As novas eleições realizar-se-ão no prazo máximo de noventa dias a contar da re-
cepção da comunicação referida no número anterior para renovação total dos titulares desse
órgão e destinam-se a completar o mandato dos eleitos
Artigo 90º
(Instalações)
A instalação da Câmara Municipal compete ao Presidente da Assembleia Municipal,
far-se-á no prazo de quinze dias a contar da proclamação dos resultados das eleições e nos
termos do número 2 do artigo 67º.
Artigo 91º
39. Redacção dada pelo artigo 1º da Lei n.º 147/IV/95, de 7 de Novembro.
40. A remuneração dos titulares de cargos políticos, entre eles os Vereadores, foi fixado pela Lei n.º 28/V/97, de 23 de Junho.

107
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

(Reuniões)
1. A Câmara Municipal terá uma reunião ordinária quinzenal.
2. A Câmara Municipal poderá estabelecer dia e hora certos para as reuniões ordiná-
rias, devendo neste caso publicar editais que dispensarão outras formas de convocação.
3. Poderá a Câmara Municipal reunir-se extraordinariamente por iniciativa do Pre-
sidente ou a pedido da maioria dos Vereadores, não podendo, neste caso, ser recusada a
convocatória.
4. As reuniões serão convocadas e dirigidas pelo Presidente.
Artigo 92º
(Competência)
1. A Câmara Municipal executa o plano de actividades aprovado pela Assembleia Mu-
nicipal e vela pelo cumprimento das deliberações desse órgão deliberativo.
2. Compete à Câmara Municipal, no âmbito da organização e funcionamento dos seus
serviços, bem como no da gestão corrente:
a) Elaborar e aprovar posturas sobre matérias da sua competência própria ou
delegada;
b) Fixar o horário de funcionamento dos serviços municipais, nos termos da lei;
c) Fixar o horário de funcionamento dos serviços comerciais e dos locais de
diversão nocturna;
d) Nomear, contratar, assalariar, promover, transferir, aposentar e exonerar o
pessoal, salvo disposição legal em contrário;
e) Organizar os serviços municipais, fixar os respectivos quadros de pessoal e
estabelecer as normas necessárias ao seu bom funcionamento;
f) Designar o pessoal dirigente dos serviços autónomos e empresas municipais;
g) Fixar tarifas pela prestação de serviços ao público;
h) Aceitar doações, legados e heranças;
i) Adquirir bens semoventes e imóveis necessários ao funcionamento regular
dos serviços, onerá-los quando se justifique e dispor dos que se tornem dispen-
sáveis, quando for caso disso;
j) Autorizar o Presidente da Câmara a confessar, desistir ou transigir em juízo se
não houver ofensa de direitos de terceiros;
k) Negociar empréstimo e outorgar os respectivos contratos nos termos da lei;
l) Conceder a exploração de bens e serviços e resgatar a concessão, mediante
autorização da Assembleia, quando for caso disso;

108
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

m) Requerer a comparticipação financeira do Estado;


n) Negociar a participação do Município em associações ou empreendimentos;
o) Proceder à justificação das faltas dos seus membros;
p) Deliberar sobre a gestão local do domínio público ou privado do Estado no
território municipal, quando pertença ao Município;
q) Ratificar, modificar ou revogar, nos termos da lei, os actos praticados pelo
Presidente da Câmara Municipal ou por funcionários ou agentes municipais;
r) Aprovar o projecto de orçamento municipal;
s) Submeter as contas à apreciação da Assembleia e a julgamento do Tribunal de
Contas;
t) Alienar em hasta pública bens móveis.
3. Compete à Câmara Municipal, no âmbito do planeamento:
a) Assegurar a participação do Município na preparação, discussão, execução e
controlo do Plano Nacional de Desenvolvimento;
b) Apresentar e executar o Plano Municipal de Desenvolvimento, os Planos de
Investimentos Municipais, o orçamento e os programas de actividades;
4. Compete à Câmara Municipal, no âmbito do urbanismo e construção:
a) Preparar, elaborar e executar o Plano Director e o Plano de Desenvolvimento
Urbano do Município;
b) Aprovar os Planos Urbanístico Detalhados do Município;
c) Executar por administração directa, por empreitada ou por concessão, obras
do município;
d) Exercer as atribuições municipais em matéria de expropriação por utilidade
pública;
e) Conceder licenças para estabelecimentos insalubres, incómodos, perigosos
ou tóxicos, condicionalmente, se for caso disso, nos termos da lei.
5. Compete ainda à Câmara Municipal:
a) Elaborar e apresentar à Assembleia Municipal proposta e pedidos de autori-
zação relativas às matérias que carecem da aprovação da Assembleia;
b) Deliberar sobre tudo o que respeita à segurança, comodidade e circulação de
peões e de veículos nas ruas e demais lugares públicos e não esteja na com-
petência de outros órgãos e entidades;
c) Deliberar sobre o estacionamento de veículos nas ruas e demais lugares públicos;

109
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

d) Estabelecer a denominação das ruas e praças das povoações;


e) Fixar preços e honorários, quando incumba ao Município;
f) Conceder licença nos termos das leis, regulamentos e posturas;
g) Estabelecer a numeração dos edifícios;
h) Estabelecer e executar ou promover os programas e acções indispensáveis
à realização das atribuições municipais que não pertençam expressamente à
competência de outros órgãos municipais;
i) Promover a articulação entre o Município e os organismos locais da adminis-
tração directa e indirecta do Estado;
j) Propor fundamentalmente ao Governo inquéritos ou sindicâncias aos organ-
ismos locais do Estado;
k) Exercer os demais poderes conferidos por lei e pela Assembleia Municipal;
l) Preparar e manter actualizado o cadastro dos bens móveis e imóveis do Mu-
nicípio.
6. A alienação de imóveis carece de autorização da Assembleia Municipal.41
Artigo 93º
(Pelouros)
A Câmara Municipal organiza-se em pelouros, em função das necessidades objectivas
do Município.
SECÇÃO IV
Do Presidente da Câmara
Artigo 94º
(Definição)
O Presidente da Câmara Municipal é o órgão executivo singular do Município.
Artigo 95º
(Precedência)
O Presidente da Câmara Municipal goza, no Município, de precedência sobre todos os
funcionários públicos.
Artigo 96º
(Substituição)
1. O Presidente da Câmara Municipal é substituído, nas suas faltas e impedimentos,
por um dos Vereadores por ele designado.

41. No que concerne especificamente à autorização para alienar imóveis, com este dispositivo fica irremediavelmente
prejudicado o disposto na alínea h), n.º 2, do artigo 81º do presente diploma.

110
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

2. Havendo Vereadores em regime de permanência a designação deverá recair sobre


um deles que pertença à mesma lista de candidatura.
3. Na falta de designação a substituição caberá ao segundo membro da lista de candi-
datura do Presidente e assim sucessivamente.42
Artigo 97º
(Comunicação)
O Presidente da Câmara Municipal deve comunicar à mesa da Assembleia Municipal
as suas deslocações ao estrangeiro, bem como o seu substituto legal.
Artigo 98º
(Competência)
1. Compete ao Presidente da Câmara Municipal como órgão executivo:
a) Representar o Município em juízo e fora dele;
b) Executar as deliberações da Câmara Municipal;
c) Assegurar o normal funcionamento dos serviços e organismo da administra-
ção municipal, coordenando, dinamizando e superintendendo nas respectivas
actividades;
d) Superintender na gestão e direcção do pessoal ao serviço do Município;
e) Ordenar a demolição de quaisquer obras, construções e edificações realizadas
sem licença ou com inobservância das condições desta, dos regulamentos e
posturas e dos planos urbanísticos em vigor;
f) Ordenar, procedendo vistoria, a demolição total ou parcial ou a beneficiação
de construções que ameacem ruína ou constituem perigo para a saúde e a se-
gurança de pessoas e de bens;
g) Ordenar o despejo sumário dos prédios cuja expropriação por utilidade públi-
ca tenha sido declarada, ou cuja demolição ou beneficiação tenha sido delibe-
rada;
h) Elaborar e submeter à aprovação da Câmara o anteprojecto de orçamento;
i) Elaborar e submeter à aprovação da Câmara projecto das contas de gerência;
e) Autorizar o pagamento das despesas orçamentadas;43

42. Entendemos que, salvo nos casos de impossibilidade, a lei devia prever expressamente a obrigatoriedade do Presidente
da Câmara designar o seu substituto para evitar dúvidas e incertezas.
43. Em coerência com a solidariedade na responsabilidade financeira reintegratória e valorização do papel dos Vereadores,
parece-nos elementar que se fixe um montante limite até o qual o Presidente da Câmara Municipal poderá autorizar o
pagamento das despesas orçamentadas. No direito comparado, este mecanismo foi introduzido em Portugal ainda nos finais
dos anos setenta, através do Decreto-Lei n.º 211/79, de 12 de Julho.

111
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

f) Promover a publicação das decisões e deliberações, salvo o disposto para a


Assembleia Municipal;
g) Dirigir o serviço municipal de protecção civil;
h) Presidir a todos os actos públicos de caracter municipal , sem prejuízo do dis-
posto na lei sobre o protocolo;
i) Proceder à marcação das faltas dos Vereadores às reuniões da Câmara;
j) Apresentar à Assembleia municipal no mês de Dezembro de cada ano relató-
rio escrito sobre o estado da administração municipal;
k) Escolher os Vereadores a tempo inteiro ou a meio tempo e estabelecer as suas
competências;
l) Administrar o património municipal;
m) Gerir o equipamento e material ao serviço do Município;
n) Adquirir bens moveis;
o) Conceder licenças para construção, reedificação ou conservação de edifícios e
aprovar os respectivos projectos;
p) Embargar quaisquer obras, construções e edificações realizadas sem licença
ou com inobservância das condições desta, dos regulamentos e posturas e dos
planos urbanísticos em vigor;
q) Adquirir serviços de terceiros e, em geral outorgar os contratos necessários ao
funcionamento dos serviços e ao exercício das atribuições municipais;
r) Preparar e submeter à Câmara Municipal o relatório de actividades;
s) Assinar ou visar a correspondência oficial da Câmara Municipal;
2. Compete também ao Presidente da Câmara Municipal:
a) Convocar o referendo a nível local, nos termos da lei;
b) Promover, em coordenação com as entidades competentes, a adopção de me-
didas necessárias para o cumprimento das leis e dos regulamentos de policia
geral;
c) Colaborar com os órgãos do Estado encarregados da ordem e segurança públicas;
d) Conceder licenças policiais que não sejam da competência de outro órgão ou
entidades;
e) Requisitar a força policial do Estado no Concelho quando julgar conveniente;
3. Compete ainda ao Presidente da Câmara Municipal praticar actos da competência
da Câmara Municipal sempre que circunstancias excepcionais o exijam e não seja possível

112
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

reuni-la extraordinariamente, devendo ser invocada essa circunstância e ficando os actos


praticados sujeitos à ratificação expressa na primeira reunião ordinária seguinte da Câma-
ra Municipal.
Artigo 99º
(Dever de informar)
1. O Presidente da Câmara Municipal submeterá à Câmara Municipal, na primeira
reunião a seguir à sua recepção, todo o expediente respeitante à competência desse órgão,
nomeadamente os ofícios, as cartas, as petições e queixas, e de uma maneira geral todos os
documentos que concernem a esse órgão.
2. O Presidente informará ainda à Câmara Municipal do estado de execução das suas
deliberações.
Artigo 100º
(Distribuição de funções)
1. O Presidente da Câmara Municipal será coadjuvado no exercício das suas funções
pelos Vereadores, podendo incumbi-los de tarefas ou áreas especificas de actuação não
integradas em pelouros e, quando em regime de permanência, da supervisão e coordenação
directa de serviços municipais.
2. A incumbência de tarefas ou a supervisão de serviços poderá respeitar apenas ao
exercício de funções numa parcela do território municipal.
Artigo 101º
(Delegação e sub-delegação de poderes)
1. O Presidente da Câmara Municipal poderá delegar ou subdelegar nos Vereadores o
exercício da sua competência própria ou delegada.
2. O Presidente da Câmara Municipal poderá ainda delegar nos Vereadores ou nos di-
rigentes dos serviços municipais a assinatura da correspondência e de documentos e actos
de mero expediente.
3. Os Vereadores manterão o Presidente da Câmara Municipal informado das medidas
e dos actos praticados no exercício dos poderes delegados ou subdelegados.
Artigo 102º
(Responsabilidade)
Os Vereadores respondem perante o Presidente da Câmara Municipal, relativamente à
competência delegada ou subdelegada.
Artigo 103º
(Requisitos do acto de delegação)
1. No acto de delegação ou sub-delegação, deve o órgão delegante ou sub-delegante
especificar os poderes que são delegados ou subdelegados ou quais os actos que o delegado
pode praticar.

113
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

2. Os actos de delegação e sub-delegação de poderes estão sujeitos à publicação no


jornal oficial e a entidade delegada deve mencionar essa qualidade no uso da delegação ou
sub-delegação.

Artigo 104º
(Recursos)

1. Dos actos do Presidente da Câmara Municipal, no exercício de competência própria,


cabe recurso contencioso.

2. Dos actos do Presidente da Câmara Municipal e bem assim dos vereadores, no uso
de competência delegada ou subdelegada, cabe recurso necessário para a entidade delegan-
te, com efeito suspensivo.

Artigo 105º
(Coordenação dos serviços desconcentrados)44

(...)

CAPITULO IV
Da organização dos serviços municipais
Artigo 106º
(Princípios gerais)

A organização e a gestão dos serviços do Município devem ser feitas de acordo com
as necessidades das respectivas populações e as exigências do desenvolvimento local e
regional, obedecendo, nomeadamente, aos seguintes princípios:

a) Desburocratização, simplificação, racionalização e modernização;

b) Prioridade das actividades operativas sobre as instrumentais;

c) Utilização da gestão por projectos, designadamente para missões com finali-


dade económico-social ou caracter interdisciplinar;
Artigo 107º
(Quadros próprios dos Municípios)45
1. Os Municípios dispõem de quadros de pessoal próprios, os quais devem ser estrutu-
rados de acordo com as suas necessidades permanentes.
44. Este dispositivo legal foi expressamente revogado pelo artigo 16º da Lei n.º 82/V/98, de 21 de Dezembro, que cria e
regula a figura do Governador Civil.
45. Legitimamente os eleitos municipais têm reivindicado do Governo a aprovação de um Plano de Cargos, Carreiras e
Salários para os agentes e funcionários municipais, que contemple as especificidades da Administração Municipal e seja,
simultâneamente, algo atractivo, capaz de fixar os técnicos e outros trabalhadores com experiências.

114
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

2. Os quadros municipais são intercomunicáveis, devendo a regulamentação sobre as


regras de mobilidade entre os quadros privilegiar a colocação de pessoal nas zonas de me-
dia e extrema periferia legalmente definidas.46
Artigo 108º
(Gabinete do Presidente)
1. O Presidente da Câmara Municipal pode constituir um gabinete de apoio pessoal,
com o máximo de cinco unidades, incluindo o secretário pessoal.
2. Os membros do gabinete são livremente providos em comissão de serviços pelo
Presidente da Câmara, cessando automaticamente as suas funções com a cessação do man-
dato do Presidente47.
Artigo 109º
(Pessoal dos Municípios)
Os funcionários e agentes dos Municípios regem-se por estatuto próprio baseado no
regime geral da função pública. 48
Artigo 110º
(Ingresso do pessoal)
1. O recrutamento49 para ingresso nos quadros municipais efectua-se sempre através
de concurso público50, salvo cargos de direcção e chefia previstos no regulamento de orga-
nização e funcionamento dos serviços municipais. 512. A violação do disposto no número
1 constitui grave ilegalidade e faz incorrer os membros da Câmara em responsabilidade
política e financeira.
Artigo 111º
(Formação)
A Câmara Municipal deverá elaborar programas anuais de formação de pessoal para
os quais serão vistos no orçamento municipal recursos nas dotações orçamentais de pessoal
correspondente a pelo menos 2% do seu total.
46. O Decreto-Lei n.º 101-D/90, de 23 de Novembro, cria alguns incentivos para os funcionários dos quadros da Administração
Central do Estado que, em comissão ordinária de serviço, prestem serviços nos, impropriamente denominados, “Municípios de
periferia”. Com um âmbito de aplicação muito restrito, não abrange diversas situações em que os Municípios, principalmente
as rurais, precisam urgentemente mobilizar capacidades técnicas para o seu esforço de organização e, consequente, promoção
do desenvolvimento.
47. Entendo que, por analogia das situações, se deve aplicar ao pessoal do Gabinete do Presidente o regime previsto na lei
para o pessoal do quadro especial, com as necessárias adaptações.
48. Embora reclamado há já algum tempo, ainda não foi definido um estatuto especial para os funcionários e agentes
municipais.
49. O principio do congelamento de admissão na Administração Pública, apesar da posição contrária e argumentos invocados
pela ANMCV nos seus pareceres anuais ao Orçamento de Estado, continua a aplicar-se também aos Municípios
50. Raramente se realizam os concursos públicos, legalmente obrigatórios, na medida em que, sendo o quadro municipal
pouco atractivo, a concorrência é limitada.
51. “As despesas com o pessoal, incluindo os encargos provisionais com o pessoal, não podem exceder 50% das receitas
correntes previstas no Orçamento - n.º 3 do art.º 32º da Lei n.º 79/VI/2005, de 5 de Setembro.

115
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

Artigo 112º
( Secretario Municipal)52
1. Sob a orientação directa do Presidente da Câmara Municipal funcionará um Secre-
tário Municipal com funções definidas na lei e no regulamento de organização e funciona-
mento dos serviços municipais.
2. O Secretário Municipal é provido em comissão de serviço pela Câmara Municipal,
sob proposta do respectivo Presidente.
3. A remuneração e o perfil do Secretário Municipal serão definidos por Decreto-
Regulamentar.
Artigo 113º
(Horário de funcionamento)53
O horário de funcionamento dos serviços municipais será fixado por cada Município,
nos termos da lei, de acordo com as suas características próprias, visando uma melhor
prestação de serviço à comunidade.
Artigo 114º
(Serviços municipalizados)54
O Município poderá automatizar serviços ou criar empresas municipais para satisfação
de necessidades colectivas das populações respectivas, quando sejam de interesse relevan-
te para a colectividade municipal, a iniciativa privada os não preveja satisfatoriamente a
gestão autónoma se mostra mais eficiente.

Artigo 115º
(Proposta fundamentada)
A autonomização de serviços e a criação de empresas municipais55 far-se-ão mediante
proposta fundamentada da Câmara Municipal, demostrando, nomeadamente, a sua viabili-
dade nos aspectos económico, financeiro e técnico.
Artigo 116º
(Modo de gestão)
52. V. o Decreto-Lei n.º 5/98, de 9 de Março, que define o perfil e a remuneração do Secretário Municipal. Quis o legislador
que o Secretário Municipal fosse um “verdadeiro gestor, capaz de tomar decisões no âmbito das competências próprias,
delegadas ou subdelegadas”, com o objectivo de “liberar o executivo municipal das questões administrativas quotidianas,
criando as condições para o pleno exercício das suas funções política e de representação, sem prejuízo do funcionamento da
máquina administrativa local”. Por isso, exige-se um perfil eminentemente técnico e nomeação pela Câmara Municipal, sob
proposta do seu Presidente.
53. V. Portaria n.º 4/2000, de 6 de Março que fixa o horário de trabalho na Administração Municipal.
54. A Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março estabelece o regime jurídico dos Serviços Autónomos, Fundos Autónomos e Institutos
Públicos. Reveste-se também de algum interesse para os Municípios o regime especial das Empresas Públicas de serviço
publico, constante do Decreto-Lei n.º 16/2000, de 27 de Março.
55. Sobre a criação de empresas municipais ver a Lei n.º 104/V/99, de 12 de Julho e a Lei. 47/VII/2009, de 7 de Dezembro.

116
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

Os serviços municipais autónomos são geridos em termos empresariais, por conta e


risco do município, gozando de autonomia administrativa e financeira, dentro da adminis-
tração municipal.
CAPITULO V
Da Administração do Território Municipal
Artigo 117º
(Delegação municipais)56
Será criada em cada freguesia e noutras localidades do Município, onde houver ne-
cessidade, uma Delegação Municipal como unidade de desconcentração da administração
municipal.
Artigo 118º
(Delegado municipal)
Cada delegação municipal é chefiada por um delegado nomeado e exonerado livre-
mente pela Câmara sob proposta do seu Presidente.
Artigo 119º
(Remuneração do delegado)57
O Delegado Municipal aufere vencimentos compatíveis com a dignidade e responsa-
bilidade do cargo, nos termos que forem definidos por Decreto-Regulamentar.
Artigo 120º
(Competência)58
1. A Delegação Municipal tem a competência que lhe for delegada pelos órgãos exe-
cutivos municipais.
2. Os órgãos executivos municipais promoverão, junto da administração central e ins-
titucional e das suas representações concelhias, a delegação de competência na delegação
municipal, nomeadamente no que se refere a actos simples de registo civil e notariado, co-
brança de impostos e taxas, venda de valores selados, depósito, venda e preenchimento de
impressos oficiais, recepção e distribuição de correspondência, comunicações telefónicas.
Artigo 121º
(Encargos)
Os encargos com o funcionamento da delegação municipal serão suportados pelo or-
56. Como resulta do art. 153º da presente lei, em todas as Freguesias do País onde não funciona a sede do Município deve
existir uma Delegação Municipal.
57. “O Delegado Municipal aufere a remuneração base que for fixada pela Assembleia Municipal, sob proposta da Câmara
Municipal, não superior a 60% da remuneração base do Secretário Municipal” -– Decreto-Regulamentar n.º 3/98, de 2 de
Março. Porém, existem ainda Municípios onde não funciona qualquer Delegação Municipal.
58. O Decreto-Lei n.º 21/99, de 26 de Abril, define o perfil e competência do Delegado Municipal. Assim, tendo sido
largamente ultrapassado o período transitório que havia sido fixado em dois anos, durante o qual o perfil era menos exigente
(art. 4º), actualmente o Delegado Municipal é nomeado em comissão de serviço, de entre indivíduos que possuam o Curso do
CENFA ou o Curso de Técnicos Profissionais Municipais, reconhecidos por lei (art. 3º).

117
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

çamento municipal, que consagrará uma rubrica respeitante à administração municipal des-
concentrada.
Artigo 122º
(Investimentos Obrigatórios)
A Câmara Municipal inscreverá no orçamento municipal o mínimo de 5% da previsão
de cobrança de receitas para os investimentos a realizar por cada delegação municipal.
Artigo 123º
(Organização do poder nos bairros e povoados)
1. Em cada bairro ou povoado poderá ser organizado uma representação da Câmara
Municipal, singular ou colegial, que velará pela satisfação das necessidades dos munícipes
e cuidará da gestão dos interesses municipais.
2. A Câmara Municipal deve assegurar a participação das populações na selecção e
controlo da actuação dos seus representantes e o desenvolvimento activo e voluntário da
comunidade nas actividades públicas.
3. Os órgãos executivos municipais podem delegar tarefas administrativas nas organi-
zações comunitárias que não envolvam o exercício de poderes de autoridades.
4. A Assembleia Municipal poderá atribuir incentivos aos Munícipes que assumirem
as responsabilidades referidas no número um.
CAPITULO VI
Relações entre o Estado e o Município
Artigo 124º
(Tutela inspectiva)59
1. O Governo fiscaliza a gestão administrativa, patrimonial e financeira do Município,
com vista à verificação do cumprimento da lei.
2. No exercício da tutela inspectiva estabelecida no número antecedente cabe ao Go-
verno, designadamente:
a) Ordenar inspecções, inquéritos, sindicâncias e averiguações aos órgãos e
serviços municipais;
b) Solicitar e obter dos órgãos municipais informações, documentos e esclareci-
mentos que permitam o acompanhamento eficaz da gestão municipal.
Artigo 125º
(Competência do Governo)
59. Os actos geradores de despesas públicas estão sujeitos à fiscalização jurisdicional do Tribunal de Contas, podendo ser
exercida preventiva e/ou sucessivamente, sem prejuízo das competências da Inspecção Geral de Finanças que, regularmente
e mediante calendários previamente definidos, pode realizar as inspecções que entender adequadas.

118
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

Compete ao Governo determinar a realização dos actos referidos na alínea a) do nú-


mero 2 do artigo antecedente, por sua iniciativa ou a solicitação dos órgãos municipais,
entidades ou organismos oficiais ou em consequência de queixas fundamentadas de parti-
culares devidamente identificadas.
Artigo 126º
(Inspecção administrativa)60
Estão sujeitas à inspecção administrativa todas as deliberações, decisões e actuações
dos órgãos municipais que não caibam no âmbito da competência da Inspecção Geral de
Finanças.
Artigo 127º
(Impugnação de actos ilegais)
1. O Governo poderá promover, através do Ministério Público, a anulação ou a de-
claração de nulidade dos actos ilegais dos órgãos municipais, nos termos do contencioso
administrativo.
2. Os Municípios podem impugnar contenciosamente as ilegalidades cometidas pela
autoridade tutelar no exercício dos poderes tutelares.
Artigo 128º
(Dever de informar)61
Os órgãos municipais remeterão ao departamento governamental responsável pelo
poder local nos termos e prazos regulamentados por Decreto-Regulamentar, cópia dos se-
guintes documentos:
a) Conta de gerência;
b) Actas das reuniões dos órgãos municipais;
c) Orçamento municipal;
d) Plano de actividades;
e) Relatório de actividades municipais;
f) Acordo de geminação ou de cooperação;
g) Relatório escrito sobre o estado da Administração Municipal;
Artigo 129º
(Aprovação)

60. Com a extinção da Inspecção da Administração Local, afecta ao departamento governamental responsável pelas relações
com os Municípios, nos últimos 8 anos não se registaram quaisquer acções de inspecção administrativa. Contudo, é evidente
a necessidade da sua reactivação sobretudo quando encarada como um instrumento essencialmente pedagógico.
61. V. o Decreto-Regulamentar n.º 7/98, de 7 de Dezembro, que regula o dever de informar o Governo.

119
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

Carecem de aprovação do Governo, para serem eficazes, os actos dos órgãos munici-
pais que tenham por objectivo lançar impostos e adicionais municipais.
Artigo 130º
(Regime de aprovação tutelar)
1. Nos casos legalmente previstos para a aprovação tutelar, uma certidão ou cópia
certificada do acto sujeito à tutela será remetida pelo Presidente da Câmara Municipal à
entidade tutelar, no prazo máximo de 5 dias62.
2. A aprovação tutelar só pode ser recusada com fundamento em ilegalidades do acto
sujeito à aprovação ou na sua desconformidade com os planos e programas a que o Muni-
cípio esteja vinculado nos termos da lei.
3. A aprovação tutelar poderá ser parcial, quando se refira a uma parte autónoma de
um acto susceptível de decisão sem alteração do seu conteúdo.
4. A aprovação tutelar poderá ser concedida sob condição suspensiva ou resolutiva
tendente a garantir a conformidade do acto sujeito a tutela com a legalidade e o planea-
mento.
5. A aprovação tutelar considera-se tacitamente concedida se, no prazo de 60 dias a
contar da data da recepção da certidão ou cópia referida no número 1 do presente artigo
não for comunicada, por escrito, a sua denegação expressa, total ou parcial, pelo órgão
tutelado.
Artigo 131º
(Reclamação e recurso) 63
1. Da aprovação tutelar ou da sua recusa cabem reclamação graciosa ou recurso con-
tencioso com fundamento em ilegalidade, nos termos gerais de direito.
2. Têm legitimidade para a reclamação graciosa e o recurso contencioso previsto no
artigo anterior:
a) Os cidadãos que neles tenham interesse directo, pessoal e legítimo;
b) O órgão tutelado, nos casos de recusa de aprovação e de aprovação parcial ou
sob condição.
Artigo 132º
(Ano de eleições gerais)
Nos doze meses anteriores à data das eleições municipais gerais, não podem ser reali-
62] Se atendermos às características geográficas do país e à rede de transportes de ligação entre as ilhas temos que concluir
pela necessidade de alargar os prazos legais, como este em análise, no sentido adaptá-los à nossa realidade. Na verdade, 5
dias parece-nos manifestamente insuficiente para fazer chegar os documentos originais ou cópias certificadas à tutela.
63]V. Decreto-Legislativo n.º 16/97, de 10 de Novembro, que estabelece o regime geral das reclamações e recursos
administrativos não contenciosos.

120
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

zadas eleições intercalares, salvo ocorrência de dissolução.


Artigo 133º
(Dissolução dos órgãos municipais)
1. Os órgãos colegiais resultantes de eleição directa só podem ser dissolvidos por
razões de interesse público quando:
a) Através de inspecções, inquéritos ou sindicância, se verifique terem sido co-
metidas graves ilegalidades64 na gestão municipal por acção e por omissão;
b) A Administração Municipal obste à realização de inspecções, inquéritos ou
sindicância às suas actividades ou se recuse, reiteradamente, a dar cumpri-
mento às decisões definitivas dos tribunais;
c) Não apresente a julgamento, nos prazos legais, as respectivas contas, por facto
que lhe seja imputável.
2. A dissolução é impugnável contenciosamente.
Artigo 134º
(Ilegalidades graves)
1. Salvo ocorrência de causa justificativa, constitui grave ilegalidade, nomeadamente:
a) O não cumprimento reiterado das recomendações da inspecção administrativa
e financeira;
b) A não realização periódica das sessões da Assembleia, nos termos do artigo
75º e das reuniões das Câmaras, nos termos legais;
c) Estabelecimento de relações de geminação e de cooperação com Municípios
de países com os quais Cabo Verde não estabeleceu relações diplomáticas;
d) A não apresentação dentro do prazo legal do projecto do orçamento e do plano
de actividades.

Artigo 135º
(Competência)
A dissolução dos órgãos municipais é da competência do Governo, reunido em Conse-
lho de Ministros e assume a forma de resolução.
Artigo 136º
(Conteúdo da resolução)
Da resolução devem constar:

64] O art. 134º enumera as ilegalidades graves que dão lugar à dissolução.

121
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

a) Os fundamentos da dissolução;
b) A designação da comissão administrativa que substituirá os órgãos dissolvi-
dos até à posse dos titulares dos novos órgãos eleitos;
c) A data para a realização das novas eleições, que se realizarão nos cento e vinte
dias seguintes e pela lei eleitoral vigente ao tempo da dissolução, sob pena de
inexistência jurídica;
d) O mandato dos novos eleitos destina-se a completar o mandato dos anteriores.
Artigo 137º
(Composição da comissão administrativa)
A comissão administrativa terá de três a cinco membros, não podendo em caso algum
fazer parte dela os titulares dos órgãos dissolvidos.
Artigo 138º
(Efeitos da dissolução)
1. Os membros de órgãos municipais objecto de dissolução, não podem fazer parte da
comissão administrativa prevista no artigo anterior, nem ser candidatos nos actos eleitorais
destinados a completar o mandato interrompido, nem nos subsequentes que venham a ter
lugar no período de tempo correspondente a novo mandato completo, em qualquer órgão
municipal.
2. Exceptuam-se do disposto no número anterior os membros que demostrarem não
terem cometido ilegalidades que provocou a dissolução.
Artigo 139º
(Delegação de poderes pelo Governo)
Pode o Governo delegar poderes de representação a nível do Município no Presidente da
respectiva Câmara Municipal quando tais poderes não estejam cometidos por lei a outro órgão.
Artigo 140º
(Patrocínio judiciário)
O Município e a Associação de Municípios são patrocinados em Juízo pelo represen-
tante do Ministério Público na Comarca.
CAPÍTULO VII
Dos actos municipais
Artigo 141º
(Regulamentos municipais)
São regulamentos dos órgãos municipais a postura e o regulamento policial. 65

65] Ver o Capítulo I do Decreto-Legislativo n.º 15/97, de 10 de Novembro (regime geral dos regulamentos e actos
administrativos).

122
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

Artigo 142º
(Posturas)
Revestem a forma de posturas, salvo disposição especial da lei, os regulamentos dima-
nados dos órgãos municipais competentes e adoptados por sua iniciativa sobre matéria das
atribuições municipais.
Artigo 143º
(Regulamento policial)
Revestem a forma de regulamento policial, salvo disposição da lei, os regulamentos
dimanados dos órgãos municipais em consequência de competência especialmente confe-
rida por determinada lei ou regulamento do Governo para a execução das suas normas.
Artigo 144º
(Publicidade dos actos)
1. Os regulamentos municipais, as deliberações e decisões de interesse geral, sobretu-
do os destinados a ter eficácia externa, serão afixados em todas as circunscrições territoriais
nos lugares mais frequentados e publicados gratuitamente no Boletim Oficial, sob pena de
inexistência jurídica.
2. Os órgãos dos municípios promoverão a criação de um sistema adequado de infor-
mação sobre actividade pública municipal.
Artigo 145º
(Vigência)
1. Os regulamentos municipais, as deliberações e decisões começam a vigorar na data
por elas designada, nunca inferior a oito dias contados da afixação ou publicação.
2. As deliberações e decisões que tenham destinatário certo e determinado produzirão
efeitos a partir da notificação do interessado ou, na impossibilidade de o fazer, cinco dias
depois da sua afixação nos lugares mais frequentados.
3. Excepcionalmente, por motivo de urgente necessidade e interesse público devida-
mente fundamentada, poderá ser determinada a vigência ou eficácia imediata dos regula-
mentos, deliberações ou decisões.
4. Verificando-se o disposto no número anterior, os prazos de impugnação serão conta-
dos a partir da notificação ou afixação referidas nos números antecedentes.
Artigo146º
(Indeferimento tácito)66
1. Os serviços municipais são obrigados a pronunciar-se sobre os requerimentos e
petições que lhes sejam apresentados em matéria da respectiva competência, no prazo de
66] Obriga os órgãos municipais a pronunciarem-se sobre as solicitações e requerimentos que lhes são submetidos pelos
utentes ou munícipes, sob pena de sofrer as consequências legais.

123
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

trinta dias contados da data da entrada do requerimento ou petição, salvo se outro prazo
especial for estabelecido por lei.
2. A ausência de resposta no prazo estabelecido no número anterior equivale, para efei-
tos de recurso, a indeferimento tácito da pretensão, salvo disposição expressa em contrário,
e sem prejuízo de ulterior deferimento expresso do pedido.
Artigo 147º
(Executoriedade dos actos)
1. As deliberações dos órgãos municipais tornam-se executórias depois de aprovadas
as respectivas actas ou depois de assinadas as respectivas minutas quando assim tenha sido
deliberado , salvo nos casos sujeitos à tutela correctiva.
2. As actas ou minutas referidas no número antecedente são documentos autênticos,
fazendo prova plena nos termos da lei.
3. As certidões das actas devem ser passadas, independente de despacho, pelo secre-
tário do órgão, nos oito dias seguinte, à entrada do respectivo requerimento, podendo ser
substituídas por fotocópias certificadas.
Artigo 148º
(Revogação, reforma e conversão dos actos )
As deliberações e decisões dos órgãos municipais podem ser por eles revogados, re-
formadas ou convertidas nos seguintes termos:
Se não forem constitutivas de direitos, em todos os casos e a todo o tempo;
Se forem constitutivas de direitos, apenas quando ilegais e dentro do prazo fixado na
lei para o recurso contencioso deste.
Artigo 149º
(Nulidade dos actos)
1. São nulas as deliberações e decisões dos órgãos municipais:
a) Que forem estranhas às atribuições municipais;
b) Que tiverem sido tomadas sem quorum ou sem os votos da maioria legalmente
estabelecidas;
c) Que lancem impostos ou criem taxas não previstos na lei;
d) Que careçam em absoluto de forma legal;
e) Que sejam declarados como tal na lei geral.
2. As deliberações nulas são impugnáveis sem dependência de prazo, por via de recur-
so ou de defesa em qualquer processo administrativo ou judicial.
Artigo 150º

124
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

(Anulabilidade dos actos) 67


1. São anuláveis pelos Tribunais as deliberações e decisões dos órgãos municipais
feridas de incompetência, vício de forma, desvio de poder ou violação da lei, regulamento
ou contrato administrativo.
2. As deliberações e decisões anuláveis só podem ser impugnadas em recurso conten-
cioso, dentro do prazo legal.
Artigo 151º
(Sanções)
1. Os órgãos e serviços municipais poderão aplicar multas nos termos legalmente de-
finidos por esta lei, podendo ainda determinar a apreensão de instrumentos da infiltração,
que caucionarão a reparação dos danos causados.
2. O montante das sanções será fixado por Decreto-Regulamentar68.
3. O processamento das contravenções por infracção a regulamentos, deliberações e
decisões será regulamentado por Decreto-Regulamentar.
Artigo 152º
(Alvará)
Salvo se a lei exigir forma especial, o título que integre deliberação ou decisão dos
órgãos municipais que confira direitos aos particulares, investindo-os em situações activas
permanentes, será um alvará assinado pelo Presidente da Câmara Municipal.
CAPÍTULO VIII
Das disposições finais e transitórias
Artigo 153º
(Delegações Municipais obrigatórias)
Em todas as Freguesias do país onde não funciona a sede do Município serão insta-
ladas Delegações Municipais no prazo de seis meses a contar da data da entrada em vigor
da presente lei.
Artigo 154º
(Transferência das atribuições)
1. Deverão ser gradualmente transferidas para os Municípios as atribuições que o pre-
sente diploma lhes comete e que estejam a ser prosseguidas pela Administração Central.
2. A transferência referida no número antecedente processar-se-á, sempre que possí-
vel, mediante acordo prévio e à medida que os Municípios forem aumentando a capacidade
de gerir as correspondentes estruturas, equipamentos e meios de suporte.
67]V. Decreto-Legislativo n.º 15/97, de 10 de Novembro, que estabelece o regime geral dos regulamentos e actos
administrativos.
68] Por regulamentar.

125
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

3. É aplicável a transferência de atribuições da Administração Central para os Municí-


pios o disposto no número 2 do artigo anterior.
Artigo 155º
(Transferência de investimentos públicos municipais)
1. Os investimentos públicos municipais em curso serão concluídos pelas entidades
que os iniciaram, salvo acordo expresso em contrário entre o Governo e o Município inte-
ressado.
2. As transferências para os Municípios das competências em matéria de investimen-
tos públicos atribuídas pela presente lei à competência municipal será feita progressiva-
mente.
3. A titularidade dos contratos relativos aos investimentos públicos transferidos para
os Municípios transmite-se a estes sem dependência de quaisquer formalidades.
4. Os serviços e organismos de administração directa e indirecta do Estado responsá-
veis pela execução dos investimentos públicos fornecerão aos municípios todos os planos,
projectos e programas a eles relativos à medida que se for processando a transferência para
o âmbito municipal de tais investimentos.
5. Durante o período de transição dos investimentos, os serviços e organismos da
administração directa e indirecta do Estado prestarão aos Municípios o apoio técnico ne-
cessário.
6. A transferência de investimentos públicos para os Municípios será sempre acompa-
nhada da transferência dos correspondentes recursos humanos e financeiros em termos a
definir, para cada caso, por diploma específico.
Artigo 156º
(Regulamentação)
O Governo regulamentará as seguintes matérias por Decreto-Regulamentar:
a) Acção popular;
b) Símbolos municipais;
c) Processo de perda do mandato;
d) Delimitação de competência entre a Administração Central e a Administração
Municipal;
e) Remuneração e perfil do secretario municipal;
f) Organização e funcionamento dos serviços municipalizados e empresas mu-
nicipais;
g) Remuneração do delegado municipal;

126
Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho

h) Associação dos municípios;


i) Dever de informação;
j) Sanções aplicáveis pelos órgãos municipais;
k) Formulário das posturas e regulamentos municipais.
Artigo 157º
(Revogação)
São revogados a Lei n.º 47/III/89, de 31 de Julho e o Decreto-Lei n.º 52-A/90, de 4 de
Julho, bem como toda a legislação que disponha em contrário.
Artigo 158º
(Entrada em vigor)
A presente lei entra em vigor no dia 1 de Outubro de 1995.
Aprovada em 31 de Maio de 1995.
O Presidente da Assembleia Nacional, em exercício António do Espírito Santo Fon-
seca.
Promulgada em 20 de Junho de 1995.
Publica-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Assinada em 21 de Junho de 1995.
O Presidente da Assembleia Nacional, em exercício, António do Espírito Santo Fon-
seca.

127
Decreto Regulamentar n.º 7/98, de 7 de Dezembro

DEVER DE INFORMAR O GOVERNO


Decreto Regulamentar n.º 7/98,
de 7 de Dezembro
Nos termos dos artigos 128º e 156º, alínea i), do Estatuto dos Municípios, aprovado
pela Lein.º 134/IV/95, de 3
de Julho, e do artigo 65º do Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho;
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do artigo 217º da Constituição, o Gover-
no decreta o seguinte:
Artigo 1º
(Dever de informar) 69
Em cumprimento do dever legal de informar o Governo, os Municípios são obrigados,
nos termos do presente diploma,a remeter ao Membro do Governo que exerce tutela sobre
as Autarquias Locais, adiante designado tutela, duas cópias certificadas dos seguintes do-
cumentos:
a) Actas das reuniões dos órgãos municipais;
b) Orçamento municipal;
c) Plano anual de actividades;
d) Balancetes trimestrais;
e) Conta de gerência;
f) Relatório de actividades;
g) Relatório sobre o estado da administração municipal;
h) Acordos de geminação ou de cooperação.
2. O dever de informar compreende o direito de solicitar e obter dos órgãos municipais
documentos, informações e esclarecimentos que permitam à tutela acompanhar de forma
eficaz toda a gestão municipal.
Artigo 2º
(Actas das reuniões)
O Presidente da Assembleia Municipal e o Presidente da Câmara Municipal devem
remeter as cópias ou minutas das actas dos respectivos órgãos colegiais, no prazo de cinco
dias a contar da respectiva aprovação.
Artigo 3º
(Orçamento municipal e plano de actividades)
1. O Presidente da Assembleia Municipal deve enviar cópias do orçamento e do pla-
no de actividades doMunicípio,aprovados pela Assembleia Municipal, até dez dias depois
da sua aprovação.
69 V. artigos 128º e 156º, alínea i), bem como os artigos 124º e seguintes, todos do Estatuto dos Municípios, aprovado pela
Lei n.º 134/IV/95, de 3 de Julho.

128
Decreto Regulamentar n.º 7/98, de 7 de Dezembro

2. Nos casos de não aprovação do orçamento e do plano de actividades no mês de


Novembro do ano anterior àquele a que se referem, deve o Presidente das Assembleia Mu-
nicipal informar a tutela, até 5 de Dezembro, sobre os motivos da não aprovação.
Artigo 4º
(Balancetes trimestrais)
O Presidente da Câmara Municipal deve, até 5 do mês seguinte ao termo do trimestre
a que respeita, remeter as cópias do balancete a que se refere o artigo 65º do Decreto 47/80,
de 2 de Julho70.
Artigo 5º
(Conta de Gerência)
1. O Presidente da Câmara Municipal deve, até 5 de Abril de cada ano, remeter as co-
pias da conta de gerência relativa ao ano anterior.
2. O Presidente da Assembleia Municipal deve, ate 5 de Maio de cada ano, remeter as
cópias a apreciação da Assembleia quanto às contas de gerência relativas ao ano anterior.
3. Quando a Assembleia Municipal não tenha, em Abril, apreciado a conta de gerência
relativa ao ano anterior, deve o Presidente da Assembleia Municipal informar a tutela, até
5 de Maio, sobre os motivos da não apreciação.
Artigo 6º
(Relatório de Actividades)
O Presidente da Câmara Municipal deve remeter as cópias do relatório de actividades
até 31 de Janeiro do na seguinte àquele a que respeita.
Artigo 7º
(Relatório sobre o estado da administração municipal)
O Presidente da Câmara Municipal deve remeter as cópias do relatório escrito sobre o
estado da administração municipal ate 31 de Dezembro do ano a que respeita.
Artigo 8º
(Acordos de cooperação ou geminação)
1. O Presidente da Câmara Municipal deve remeter cópias dos acordos de cooperação
ou geminação assinados pelo Município, no prazo de 15 dias a contar da data da sua assi-
natura.
2. Quando se trate de acordos de cooperação assinados pela Assembleia Municipal
com instituições congéneres, a obrigação estabelecida no presente artigo incumbe ao Pre-
sidente da Assembleia Municipal.
3. Os autarcas deverão, ainda durante a fase preparatória dos acordos de geminação
e cooperação, manter o Governo informado do andamento de todo o processo de forma a
poder ajuizar da sua oportunidade compatibilidade com o quadro jurídico – institucional
estabelecido.
70 Regula a contabilidade municipal..

129
Decreto Regulamentar n.º 7/98, de 7 de Dezembro

Artigo 9º
(Outros pedidos de informação)
1. Qualquer outro pedido de informação deverá ser satisfeito no prazo máximo de 15
dias, a contar da data da recepção do pedido.
2. O prazo referido no número anterior poderá ser reduzido até 5 dias quando a tutela,
expressamente, o indique no pedido e invoque razões atendíveis.
Artigo 10º
(Certificação)
As cópias a remeter à tutela, nos termos do presente diploma, devem conter a menção
do número de páginas que as compõem autenticadas em conformidade com os originais
existentes nos arquivos do Município e da identificação do arquivo em que os mesmos se
encontram, subscritas pelo Secretário Municipal.
Artigo 11º
(Modo de remessa)
1. A remessa de documentos a que se refere o presente diploma deve ser feita por
correio registado com aviso de recepção ou mediante entrega a coberto de protocolo que
identifique bem o documento.
2. Sem prejuízo do disposto no n.º 1, a remessa poderá ser feita cumulativamente e pre-
viamente via fax ou por correio electrónico, quando o destinatário possua equipamento de
recepção adequado e em funcionamento, o que o remetente verificará antecipadamente.
Artigo 12º
(Documentos e informações confidenciais)
A tutela garante a confidencialidade dos documentos e outras informações recebidas
das Autarquias Locais, quando os órgãos municipais manifestem tal vontade.
Artigo 13º
(Entrada em vigor)
O presente diploma entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos veiga – António Gualberto do Rosário
Promulgado em 25 de Novembro de 1998.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTONIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO

130
Decreto-Regulamentar n.º 8/2000, de 28 de Agosto

SÍMBOLOS HERÁLDICOS MUNICIPAIS


Decreto-Regulamentar n.º 8/2000
de 28 de Agosto 71
As insígnias representando, nomeadamente, grupos humanos, territórios e instituições
remontam aos primeiros tempos da humanidade. A história ensina-nos que os povos anti-
gos adoptavam como símbolos massas metálicas ou pequenas peças de tecido presas no
alto de uma vara.
Através dos tempos, e também em Cabo Verde, as mais diversas pessoas colectivas
como os Municípios, os Sindicatos e as Associações recreativas, desportivas ou culturais
utilizaram insígnias próprias, as quais reflectiam obviamente as regras da heráldica portu-
guesa.
Após a Independência Nacional, os símbolos heráldicos municipais jamais foram uti-
lizados, com fundamento de que nas suas composições haviam elementos tradutores da
ideia de dominação colonial. A não utilização de tais símbolos não foi acompanhada, infe-
lizmente, de criação de outros compatíveis com os novos tempos, pelo que, até ao presente,
apenas o Município de São Vicente pôde, em 1979, e no âmbito das comemorações do Iº
Centenário da Fundação da Cidade do Mindelo, aprovar os seus símbolos municipais.
Tendo o artigo 24º da Lei n.º 134/IV/95, de 3 de Julho, reconhecido aos Municípios
o direito a símbolos heráldicos representativos da respectiva individualização, a saber, o
brasão de armas, a bandeira e o selo, foi pelo Decreto-Regulamentar n.º 25/99, de 30 de De-
zembro, estabelecido normas sobre a simbologia heráldica municipal a serem observadas
no uso, ordenação e processo de constituição dos mesmos símbolos.
Em virtude de não terem sido corrigidas atempadamente as incorrecções patenteadas
naquele diploma procede-se a sua nova publicação.
Nos termos da alínea b), do artigo 156º, da Lei n.º 134/IV/95, de 3 de Julho e ouvidos
todos os Municípios;
No uso da faculdade conferida pela alínea b), do artigo 204º da Constituição, o Gover-
no decreta o seguinte:
CAPÍTULO I
Princípios gerais
Artigo 1º
(Âmbito de aplicação)
O presente diploma regula o direito ao uso, ordenação e processo de constituição dos
símbolos heráldicos municipais.
71. O artigo 23º deste diploma revogou expressamente o Decreto-Regulamentar n.º 25/99, de 30 de Dezembro, que regulou
inicialmente o processo de aquisição e uso dos símbolos heráldicos municipais, mas que comportava muitas gralhas e
erros materiais. No entanto, as maquetes anexas àquele diploma, embora não tenham sido reproduzidas no regime actual,
continuam a ter valor de apoio à interpretação por traduzir, em certa medida, o pensamento legislativo.

131
Decreto-Regulamentar n.º 8/2000, de 28 de Agosto

Artigo 2º
(Símbolos heráldicos Municipais)
1. Os símbolos heráldicos municipais são, nos termos da lei, os brasões de arma, as
bandeiras e os selos.
2. O Município exerce sobre os seus símbolos heráldicos todos os direitos correspon-
dentes à propriedade intelectual.
3 - Os símbolos heráldicos municipais devem ser respeitados por todos no território
municipal.
Artigo 3º
(Direito ao uso dos símbolos)
1. Têm direito ao uso dos símbolos heráldicos municipais:
a) Os Municípios e outras Autarquias Municipais;
b) As Cidades;
c) As Vilas.
2. As armas da República de Cabo Verde não podem ser incluídas nos símbolos herál-
dicos municipais.
3. O disposto no número anterior não prejudica a inclusão nos símbolos heráldicos mu-
nicipais de elementos das armas nacionais, nas condições previstas no presente diploma.
Artigo 4º
(Processo de aquisição do direito)
1. O direito ao uso de símbolos heráldicos municipais com determinada ordenação é
adquirido pelo Município, por deliberação da Assembleia Municipal, por uma maioria de
2/3, depois do parecer obrigatório do Instituto da Promoção Cultural.72
2. É obrigatório o registo, no Ministério da Justiça, e publicação dos símbolos herál-
dicos municipais no Boletim Oficial, a pedido do titular do direito, sob pena de inoponibi-
lidade a terceiro.
3. Todas as ordenações publicadas no Boletim Oficial são oficiosamente registadas no
departamento governamental que tutela as Autarquias Locais e entidades competentes.
Artigo 5º
(Modificação)
Os símbolos heráldicos municipais podem ser modificados pelo aditamento às orde-
nações primitivas de peças honrosas, motes e condecorações, desde que concedidas pela
autoridade competente.

72. É, no essencial, o que vem previsto no n.º 3 do artigo 18º.

132
Decreto-Regulamentar n.º 8/2000, de 28 de Agosto

Artigo 6º
( Extinção)
A extinção do direito aos símbolos heráldicos municipais processa-se automaticamen-
te com a do seu titular.
Artigo 7º
(Descrição dos símbolos)
A descrição oficial do símbolo heráldicos municipais deve ser sintética, completa e
unívoca e feita de acordo com as regras gerais da heráldicos.
CAPÍTULO II
Ordenação dos símbolos heráldicos
Secção I
Regras gerais
Artigo 8º
(Regras de ordenação)
A ordenação dos símbolos heráldicos municipais deve obedecer à seguintes regras:
a) Simplicidade, excluindo os elementos supérfluos e utilizando apenas os
necessários;
b) Univocidade, não permitindo que os símbolos heráldicos, ordenados nos ter-
mos deste diploma, se confundam com outros já existentes, designadamente,
símbolos nacionais ou dos partidos políticos;
c) Genuinidade, respeitando na simbologia o carácter e a especificidade do seu
titular e muito especialmente a emblemática que já tenha usado;
d) Estilização, empregando os elementos usados na forma que melhor sirva à
intenção estética da heráldica e não na sua forma naturalista;
e) Proporção, relacionando as dimensões dos elementos utilizados com as do
campo do círculo, ou da bandeira, segundo as regras heráldicas;
f) Iluminura - juntando pele com pele, pele com metal, ou pele com cor, e não
metal com metal, ou cor com cor.
Artigo 9º
(Brasões de armas)
1. Os brasões de armas, previstos na presente lei, são constituídas por círculo ladeado
por dez estrelas, um listel sotoposto, com uma legenda ou mote e pequenos elos entrelaça-
dos, podendo eventualmente constar da sua ordenação a condecoração de grau mais eleva-
do com que o titular tenha sido agraciado.

133
Decreto-Regulamentar n.º 8/2000, de 28 de Agosto

2 . O brasão de armas pode ser usado, nomeadamente:


a) Como marca editorial;
b) Nos edifícios, construções e veículos;
c) Nos impressos.
Artigo 10º
(Círculo)
1. O círculo tem um diâmetro equivalente a dois terços da largura total do símbolo.
2. No campo interior do círculo, sob um fundo azul marinho, são ordenados os motivos
específicos e identificadores do titular.
3. Excepcionalmente e se tal for justificado por razões históricas, pode permitir-se o
uso de legendas ou motes dentro do campo do círculo.
Artigo 11º
(Estrelas)
As estrelas de cinco pontas, com o vértice superior na posição dos noventa graus, são
de cor amarela dispostas simetricamente em dois grupos de cinco e equidistantes umas das
outras definindo um semicírculo aparente que se situa no campo superior externo do círculo
da qual dista um centímetro.
Artigo 12º
(Elos)
1. Os elos situam-se na linha aparente do semicírculo definido pelas estrelas, dispostas
simetricamente em relação ao eixo que coincide com a linha vertical que passa pelo centro
do círculo.
2. Os elos de cor verde são entrelaçados em número de cinco, quatro, três ou dois,
conforme diga respeito a municípios com sede na Cidade-Capital do país, Cidade, Vila ou
de uma autarquia inframunicipal.
Artigo 13º
(Listel)
1. O listel, onde se inscreve a legenda ou mote é colocado sob o círculo e iluminado
nos metais e cores que melhor se harmonizem com o conjunto das armas.
2. A letra a utilizar é do tipo «Elzevir», estando o seu todo orientado no sentido do
rebordo superior do listel.
Artigo 14º
(Bandeiras)
1. As bandeiras podem ser ordenadas como estandarte ou como bandeira de hastear.

134
Decreto-Regulamentar n.º 8/2000, de 28 de Agosto

2. As bandeiras, quando assumem a forma de estandarte, são exclusivamente bandeiras


de desfile, mas as bandeiras de filele ou de pano semelhante, também podem ser hasteadas
ou utilizadas como revestimento decorativo.
3. O estandarte tem a forma de um quadrado e mede um metro de lado.
4. A bandeira da hastear tem a forma rectangular, de cumprimento igual a uma vez e
meia a dimensão da tralha.
5. Nos edifícios públicos municipais e em cerimónia de carácter municipal, a bandeira
deverá ser hasteada à esquerda da bandeira nacional.
Artigo 15º
(Estandarte)
1. O estandarte é de tecido de seda bordado, debruado por um cordão do metal e cor
dominantes, e as extremidades deste, rematadas por borlas dos mesmos metal e cor servem
dar laçadas na haste.
2. A haste e lança são de metal dourado.
3. O estandarte enfia na haste por uma bainha denticulada e na vareta horizontal, que o
mantém desfraldado, por uma bainha contínua.
4. Os estandartes das cidades são girondadas de oito peças e os das vilas e freguesias
esquartejados ou de uma só cor se a circunstâncias o aconselharem, e tem todos ao centro
o brasão de armas do seu titular.
5. Nos brasões de armas figurados nos estandartes não se representam as condecora-
ções, porque estas podem usar-se, nos termos da lei, no próprio estandarte.
Artigo 16º
(Bandeira de hastear)
A ordenação da bandeira a hastear é igual à do estandarte, mas quando não for de uma
só cor ou metal poderá deixar de nela figurar o brasão de armas do seu titular.
Artigo 17º
(Selos)
1. Os selos têm a forma de dois círculos concêntricos, tendo ao centro os elementos es-
senciais do brasão de armas, exceptuando o listel e sem indicação dos esmaltes, e em volta,
na parte superior, em forma de semicírculo, a denominação do seu titular, com a identifica-
ção da ilha nas bases da composição, quando nesta exista dois ou mais Municípios.
2. O diâmetro do círculo maior é uma vez e meia o diâmetro do círculo menor.
3. O selo será utilizado nos documentos do Municípios, nos termos previstos na lei.

135
Decreto-Regulamentar n.º 8/2000, de 28 de Agosto

Secção II
Processo de ordenação dos símbolos
Artigo 18º
(Elementos do processo)
1. A ordenação dos símbolos heráldicos municipais tem por base um processo do qual,
sempre que possível, devem constar:
a) A notícia histórica sobre o Município interessado;
b) A cópia da deliberação da Assembleia Municipal relativa à ordenação da sua
simbologia;
c) A reprodução da simbologia ou emblemática usada pelo interessado no pre-
sente e no passado.
2. O processo a que se refere o número anterior deve ser remetido, através do depar-
tamento governamental que tutela os Municípios, ao Instituto da Promoção Cultural que
deverá emitir um parecer e propor uma ordenação73, cuja observância, no que se refere à
matéria heráldica, é obrigatória.
3. Juntos o parecer e a proposta referidos no número anterior, o processo é devolvido,
pela mesma via, ao Município interessado, para que a Assembleia Municipal, por dois ter-
ços dos seus membros, delibere sobre a ordenação dos símbolos heráldicos municipais.
4. O teor da deliberação tomada pela Assembleia Municipal deve ser comunicada ao
departamento governamental que tutela as Autarquias Locais.
Artigo 19º
(Registo em armorial)
Fixada a ordenação dos símbolos heráldicos municipais nos termos do artigo 18º, deve
o seu registo ser oficiosamente feito em armorial próprio, periodicamente publicado pelo
departamento governamental que tutela as autarquias locais.
Artigo 20º
(Reprodução dos símbolos heráldicos)
A reprodução para fins comerciais ou outros, dos símbolos heráldicos municipais care-
ce de autorização da respectiva Câmara Municipal.
Artigo 21º
(Uso como elemento decorativo da bandeira e do brasão de armas)
1. A bandeira e o brasão de armas poderão ser utilizados como elemento decorativo
na via pública, recintos público, residências ou estabelecimentos privados, desde que tal

73. O parecer do Instituto da Promoção Cultural, em matéria de ordenação dos símbolos heráldicos, deve basear-se
fundamentalmente nos princípios vazados no artigo 8º.

136
Decreto-Regulamentar n.º 8/2000, de 28 de Agosto

utilização não seja susceptível de ilações desrespeitosas ou desprestigiantes e acautele o


valor estético.
2. Verificando-se o disposto no número anterior, não poderão ser utilizadas outras ban-
deiras nos mesmos locais
Artigo 22º
(Revogação)
Fica revogado o Decreto-Regulamentar n.º 25/99, de 30 de Dezembro.
Artigo 23º
(Entrada em vigor)
1. O presente diploma entra imediatamente em vigor.
2. Os Municípios ficam obrigados a, no prazo máximo de até finais de Dezembro de
2000, adequar e os seus símbolos às regras heráldicas estabelecidas neste diploma.
Visto aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga, António Jorge Delgado.
Promulgado em 12 de Agosto de 2000.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 12 de Agosto de 2000.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.

137
Decreto-Lei n.º 52/99, de 16 de Agosto

FORMULÁRIO DE POSTURAS E REGULAMENTOS MUNICIPAIS


Decreto-Lei n.º 52/99,
de 16 de Agosto
Estando já regulado legalmente os aspectos essenciais de regulamentos municipais,
tais como, as formas, a publicidade e vigência (artigos 141º a 145º da Lei n.º 134/IV/95, de
3 de Julho), e sendo aplicáveis aos mesmos o disposto no Capítulo I do Decreto-Legislativo
n.º 15/97, de 10 de Novembro, quanto ao conceito, espécies, limites, processo de elabo-
ração e revogação de regulamentos, importa, agora, regular a identificação, formulário e
rectificação dos mesmos, em termos quase idênticos aos previstos para os regulamentos
do Governo.
Doravante pretende-se que os regulamentos municipais, ou sejam as Posturas e os Re-
gulamentos Policiais, se identifiquem pelo número e pela data de aprovação, podendo ser
acrescentada uma designação que traduza sinteticamente o seu objecto. Além disso, cada
Município poderá identificar-se pelas suas letras iniciais.
Quanto à indicação da designação, uma espécie de epígrafe do próprio regulamento,
dá uma indicação sumária de qual é o seu objecto fundamental.
No que tange ao formulário, o seu objectivo principal é o de garantir uma certa “estan-
dardização” dos regulamentos municipais, ou seja, um mínimo de uniformização da técnica
legislativa, pelo menos no que aos seus elementos fundamentais diz respeito. Assim, no
início de cada regulamento municipal, indica-se o órgão municipal de onde ele emana e as
disposições da Constituição e da Lei, ao abrigo das quais é aprovado.
Nos regulamentos de polícia há ainda que indicar a lei que visam regulamentar ou que
definem a competência objectiva ou subjectiva para a sua emissão.
Após o texto, isto é, o frontispício, segue-se o articulado (artigos divididos em núme-
ros e alíneas). Ao texto articulado segue-se as menções: data da aprovação e a assinatura do
Presidente do órgão colegial respectivo.
Relativamente às rectificações, elas terão lugar quando existam divergências entre o
texto original e o texto impresso de qualquer diploma no Edital ou no Boletim oficial. O
instituto de rectificação só será admitido se for assinalado até 60 dias após a publicação do
texto.
Nestes termos,
Ouvidas todas as Câmaras Municipais; e
No uso da faculdade conferida pela alínea a), do n.º 2, do artigo 216º da Constituição,
o Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
(Objecto)
O presente diploma regula o processo de elaboração e identificação, bem como o for-
mulário das posturas e regulamentos policiais dimanados dos órgãos municipais.

138
Decreto-Lei n.º 52/99, de 16 de Agosto

Artigo 2º
(Identificação)
As posturas e os regulamentos policiais são identificados:
a) Pelo número e pela data de aprovação, podendo ser acrescentada designação
que traduza sinteticamente o seu objectivo; e
b) Pelas letras iniciais do respectivo Município a acrescentar à indicação do ano,
de acordo com o quadro anexo.
Artigo 3º
(Numeração)
Haverá uma numeração distinta para cada uma das categorias de regulamentos muni-
cipais.
Artigo 4º
(Formulário)
1. No início de cada postura indicar-se-á o órgão municipal e, além do artigo 257º
da Constituição, a correspondente disposição da lei geral ao abrigo da qual é aprovada,
dizendo-se:
“A Assembleia Municipal (ou a Câmara Municipal) delibera, nos termos do artigo 257º
da Constituição, conjugado com o 142º da Lei nº 134/IV/95, de 3 de Julho, o seguinte:”
2. No início de cada regulamento policial indicar-se-á o órgão Municipal e, além do
artigo 257º da Constituição, a correspondente disposição da lei específica que define a com-
petência subjectiva ou objectiva para a sua emissão, ou que visa regulamentar, dizendo-
se:
“A Assembleia Municipal (ou a Câmara Municipal) delibera, nos termos do artigo
257º da Constituição e do artigo 143º da Lei nº 134/IV/95, de 3 de Julho, conjugado com o
artigo... da... (lei que define a competência subjectiva ou objectiva para a sua emissão, ou
que visa regulamentar), o seguinte:”
Artigo 5º
(Menções após o texto)
Nas Posturas ou Regulamentos Policiais, após o texto, seguir-se-á a menção da data da
aprovação e a assinatura do Presidente do órgão responsável pela sua aprovação.
Artigo 6º
(Preâmbulo e articulados)
As Posturas e Regulamentos Policiais podem conter preâmbulo e devem ser articula-
dos, podendo os artigos serem divididos em números e alíneas.

139
Decreto-Lei n.º 52/99, de 16 de Agosto

Artigo 7º
(Rectificação)
1. As rectificações dos erros materiais provenientes de divergências entre o texto ori-
ginal e o texto impresso de qualquer regulamento municipal afixado em editais e publicado
no Boletim Oficial devem ser feitas nos mesmos termos, pelo próprio órgão que aprovou
o texto original.
2. As rectificações de regulamentos municipais só serão admitidas até 60 dias após a
publicação do texto original.
Artigo 8º
(Entrada em vigor)
Este diploma entra em vigor trinta dias após a sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros
Carlos Veiga – Simão Monteiro
Promulgado em 3 de agosto de 1999.
Publica-se.
O Presidente da Republica, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 5 de Agosto de 1999.
O Primeiro-Ministro, Carlos Veiga.
ANEXO
Município Letras iniciais
Porto Novo MPN
Ribeira Grande MRG
Paúl MPa
S.Vicente MSV
S.Nicolau MSN
Sal MSa
Boa Vista MBV
Maio MM
Praia MPr
S.Domingos MSD
Santa Catarina MSCa
Tarrafal MT
Santa Cruz MSCr
S.Miguel MSM
S.Filipe MSF
Mosteiros MMo
Brava MB

140
Decreto-Lei n.º 52/99, de 16 de Agosto

V- ESTATUTO DOS ELEITOS LOCAIS

141
Lei n.º 85/III/90, de 6 de Outubro

142
Lei n.º 85/III/90, de 6 de Outubro

ESTATUTO DOS TITULARES DOS CARGOS POLÍTICOS


Lei n.º 85/III/90
de 6 de Outubro
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional Popular decreta nos termos da alínea b)
do artigo 58º da constituição, o seguinte:
Artigo 1º
Âmbito
A presente lei define e regula as bases do estatuto dos titulares de cargos políticos.
Artigo 2º
Cargos políticos
São cargos políticos para efeitos da presente lei:
a) O de Presidente da Republica;
b) O de Presidente da Assembleia Nacional Popular;
c) O de Primeiro-Ministro;
d) O de Deputado à Assembleia Nacional Popular;
e) O de membro do governo;
f) O de Governador do Banco de Cabo Verde;
g) O de Embaixador;
h) O de membro ou titular de órgão electivo de autarquia local;
i) O que por lei, vier a ser equiparado a titular de cargo político.
Artigo 3º
Imunidades
Os titulares de cargos políticos gozam das imunidades que lhes são reconhecidas pela
Constituição e pela lei, como garantia da independência e da defesa da sua liberdade de
acção, no exercício das suas funções.
Artigo 4º
Incompatibilidades
Os titulares de cargos políticos estão sujeitos ao regime de incompatibilidade fixado
por lei.
Artigo 5º
Direitos e regalias
Os titulares de cargos políticos gozam dos seguintes direitos e regalias:
a) Cartão especial de identificação;
b) Livre-trânsito em locais públicos de acesso condicionado;

143
Lei n.º 85/III/90, de 6 de Outubro

c) Uso e porte de arma de defesa independentemente de licença;


d) Quaisquer outros especificamente prescritos na lei.
Artigo 6º
Estatuto remuneratório
Os titulares de cargos políticos têm direito às retribuições, abonos para despesas de re-
presentação, ajudas de custo e demais abonos complementares ou extraordinários, fixados
na lei.
Artigo 7º
Exercício da função
Os titulares de cargos políticos não podem ser prejudicados na sua colocação, nos seus
benefícios sociais ou no seu emprego permanente por virtude do desempenho das suas
funções.
Artigo 8º
Previdência social
Os titulares de cargos políticos beneficiam do regime de previdência social aplicável
aos funcionários públicos, sem prejuízo de optarem por outro sistema de previdência de
que sejam beneficiários.
Artigo 9º
Direitos e regalias do Presidente da Republica
O Presidente da Republica quando cesse as suas funções, goza dos direitos e regalias
fixados no seu estatuto.
Artigo 10º
Subsídios ao Presidente e aos Deputados
O Presidente da Assembleia Nacional Popular e os Deputados, quando cessem funções
tem direito a um subsídio nos termos e nas circunstâncias previsto na lei.
O disposto no número anterior é ainda aplicável àqueles que já tenham cessado fun-
ções à data da entrada em vigor da presente lei.
Artigo 11º
Subsídios ao Primeiro-Ministro e aos restantes membros do Governo
O Primeiro-Ministro, Ministros e Secretários do Estado cessantes, tem direito a perce-
ber do Estado um subsídio, nos termos da lei.
Artigo 12º
Deveres
São deveres dos titulares de cargos políticos entre outros:
a) Defender a Constituição da Republica e a legalidade democrática;

144
Lei n.º 85/III/90, de 6 de Outubro

b) Comportar-se na vida pública e privada de forma exemplar de acordo com os


princípios e valores que norteiam a sociedade cabo-verdiana.
Artigo 13º
Controlo público de bens
O controlo público de bens dos titulares de cargos políticos é feito nos termos da lei.
Artigo 14º
Crimes de responsabilidade
Serão fixados em lei especial, os crimes de responsabilidade que titulares de cargos po-
líticos cometem no exercício das suas funções bem como as sanções que lhes são aplicáveis
e os respectivos efeitos.
Os titulares de cargos políticos são civil e criminalmente responsáveis pelos actos que
praticarem ou legalizarem no exercício das suas funções.
Artigo 15º
Entrada em vigor
Esta lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
Aprovada em 28 de Setembro de 1990.
O Presidente da Assembleia Nacional Popular, Abílio Augusto Monteiro Duarte.
Promulgada em 5 de Outubro de 1990.
Publique-se.
O Presidente da Republica, ARISTIDES MARIA PEREIRA.

145
Lei nº 14/III/91, de 30 de Dezembro

ESTATUTO DOS ELEITOS MUNICIPAIS


Lei nº 14/III/91
de 30 de Dezembro
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional Popular decreta, nos termos da alínea b)
do artigo 58º da Constituição, o seguinte:
Artigo 1º
(Objecto)
1. O presente diploma define o Estatuto dos Eleitos Municipais.
2. Consideram-se eleitos municipais, para efeito da presente lei, os membros da As-
sembleia Municipal e da Câmara Municipal e o Presidente da Câmara Municipal.
Artigo 2º
(Regime do desempenho de funções)
1. O Presidente da Câmara Municipal desempenha as suas funções em regime de per-
manência, a tempo inteiro.
2. Os vereadores poderão desempenhar as suas funções em regime de permanência, a
tempo inteiro ou a meio tempo, nos termos e nas condições previstas na lei.
3. Os membros dos órgãos deliberativos executivos que não exerçam as respectivas
funções em regime de permanência serão dispensados das suas actividades profissionais,
mediante aviso antecipado à entidade empregadora, o exercício de actividade nos respecti-
vos órgãos e comissões ou para participarem em actos oficiais a que devem comparecer.
4. O regime de dispensa referido no número anterior será regulamentado por lei.
Artigo 3º
(Dever geral de cooperação)
As entidades públicas e privadas estão sujeitas ao dever geral de cooperação para com
os eleitos municipais no exercício das suas funções.
Artigo 4º74
(Incompatibilidades)
Sem prejuízo do disposto em legislação especial, as funções desempenhadas pelos
eleitos municipais em regime de permanência são incompatíveis com as actividades de
agente ou funcionário da Administração Central e Local ou com o exercício de actividade
de pessoa colectiva de direito ou de trabalhador de empresa pública.
Artigo 5º
(Deveres)
No exercício das suas funções, o eleito municipal está vinculado ao cumprimento dos
seguintes deveres:
a) Cumprir e fazer cumprir a Constituição, as leis, os regulamentos e as posturas
municipais;
74. Este artigo foi alterado pelo artigo 84º da Lei nº 134/IV/95, de 3 de Julho.
146
Lei nº 14/III/91, de 30 de Dezembro

b) Actuar com justiça e imparcialidade;


c) Salvaguardar e defender os interesses do Estado e da respectiva Autarquia;
d) Participar em reuniões ordinárias e extraordinárias do respectivo órgão ou
comissão, bem como nos actos oficiais em que deva estar presente;
e) Considerar-se impedido de intervir nos assuntos em que, directa ou indirecta-
mente, seja parte ou tenha interesse relevante, por si ou através de parente ou
afim em linha recta ou até ao 2º grau da linha colateral;
f) Não favorecer interesses particulares, próprios ou de terceiros, de qualquer
natureza, quer no exercício das funções, quer invocando a qualidade de mem-
bro de órgão municipal;
g) Não usar para fins de interesse próprio ou de terceiros informações a que tenha
acesso no exercício das suas funções.
Artigo 6º
(Direitos)
1. O eleito municipal tem os seguintes direitos:
a) A livre circulação em lugares públicos de acesso condicionado na área cor-
respondente ao território municipal;
b) A cartão especial de identificação de modelo a aprovar por portaria do mem-
bro do Governo responsável pela área do poder Local;
c) A ajudas de custo para despesas quando em serviço da Autarquia;
d) A protecção especial da sua pessoa, familiares e bens, sempre que ponderosas
razões de segurança o exijam;
e) A passaporte de serviço;
f) A senha de presença, em condições a fixar pela Assembleia Municipal;
g) A segurança social, quando em regime de permanência;
h) A 30 dias de férias, quando em regime de permanência;
i) A transporte ou subsídio de transporte, quando em serviço do Município, nos
termos a fixar pela Assembleia Municipal;
j) A protecção em caso de acidente, quando em serviço do Município;
k) A contagem do tempo de serviço, quando em regime de tempo inteiro;
l) A protecção conferida pela lei penal aos titulares de cargos políticos;
m) A apoio nos processos judiciais que tenham como causa o exercício das re-
spectivas funções.

147
Lei nº 14/III/91, de 30 de Dezembro

2. O cartão previsto na alínea b) do número anterior será emitido pelo Presidente da


Assembleia Municipal para os titulares dos órgãos deliberativos e pelo Presidente da Câ-
mara Municipal para os dos órgãos executivos.

Artigo 7º
(Direitos do Presidente da Câmara)
a) O Presidente da Câmara Municipal tem especialmente os seguintes direitos:
b) A uso e porte de arma de defesa independentemente de licença;
c) A abono para despesas de representação;
d) A uso pessoal de viatura oficial;
e) A residência oficial condignamente mobilada ou a um subsídio de renda de
casa e ao pagamento pelo Município das suas despesas de telefone, consumo
de água energia eléctrica.

Artigo 8º
(Remuneração)
1. O vencimento do Presidente da Câmara Municipal é fixado por lei.
2. Os vencimentos dos vereadores são fixados pela Assembleia Municipal, sob propos-
ta da Câmara Municipal.

Artigo 9º
(Subsídio de Reintegração)
O Presidente da Câmara Municipal e os Vereadores em regime de permanência a tem-
po inteiro têm direito a um subsídio de reintegração nos termos que vieram a ser regula-
mentados por decreto.

Artigo 10º
(Direito do Presidente da Assembleia Municipal)
O Presidente da Assembleia Municipal tem, além dos direitos gerais dos eleitos muni-
cipais, o direito a abono para despesas de representação.

Artigo 11º
(Pagamento das despesas de transporte)
Os membros da Assembleia Municipal que residem fora do Município para cujo órgão
foram eleitos têm direito ao pagamento das despesas realizadas em transporte com o objec-
tivo de participarem nas reuniões desse órgão.

148
Lei nº 14/III/91, de 30 de Dezembro

Artigo 12º
(Prisão preventiva)
O Presidente da Câmara Municipal, o Presidente da Assembleia Municipal e os Ve-
readores não podem ser detidos sem culpa formada, salvo em caso de flagrante delito e se
crime couber pena igual ou superior a dois anos de prisão.
Artigo 13º
(Responsabilidade civil e criminal)
Os membros dos órgãos autárquicos são civil e criminalmente responsáveis pelos ac-
tos que praticarem ou legalizarem.
Artigo 14º
(Apoio em processo judiciais)
As despesas provenientes de processos judiciais em que os eleitos municipais sejam
parte são suportadas pelos Municípios, desde que tais processos tenham tido como causa o
exercício das respectivas funções e não se prove dolo ou negligencia por parte dos eleitos.
Artigo 15º
(Garantia de direitos)
1. Os eleitos municipais não podem ser prejudicados na respectiva colocação ou em-
prego por virtude de desempenho dos seus mandatos.
2. Durante o exercício do respectivo mandato não podem os eleitos municipais ser
prejudicados no que respeita a promoções, concursos, regalias, gratificações, benefícios
sociais ou qualquer outro direito adquirido de carácter pecuniário.
3. Os funcionários e agentes do Estado ou de quaisquer pessoas colectivas de direito
público e de empresas públicas que desempenham as funções de Presidente da Câmara Mu-
nicipal ou de Vereador a tempo inteiro consideram-se em comissão ordinária de serviço.
Artigo 16º
(Encargos)
1. As remunerações, compensações e demais encargos previstos na presente lei são
suportados pelo orçamento do respectivo Município.
2. A suspensão do exercício dos mandatos dos eleitos municipais em regime de perma-
nência faz cessar o processamento das remunerações e compensações, salvo quando aquela
se fundamente em doença devidamente comprovada.
Artigo 17º
(Comissão administrativa)
As normas da presente lei aplicam-se aos membros das comissões administrativas no-
meadas na sequência de dissolução de órgãos autárquicos.

149
Lei nº 14/III/91, de 30 de Dezembro

Artigo 18º
(Entrada em vigor)
Esta lei entra em vigor na data da sua publicação no Boletim Oficial.
Aprovada em 20 de Novembro de 1991.
O Presidente da Assembleia Nacional Popular, Amílcar Fernandes Spencer Lopes.
Promulgada em 18 de Dezembro de 1991.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MASCARENHAS GOMES MONTEIRO.

150
Lei nº 28/V/97, de 23 de Junho

ESTATUTO REMUNERATÓRIO DOS TITULARES


DOS CARGOS POLÍTICOS
Lei nº 28/V/97
de 23 de Junho
Por mandato do povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do arti-
go 186º da Constituição, o seguinte.
CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 1º
(Objecto)
O presente diploma regula estatuto remuneratório dos titulares de cargos políticos.
Artigo 2º
(Titulares de cargos políticos)
São titulares de cargos políticos, para efeito do presente diploma:
a) O Presidente da República;
b) P Presidente da Assembleia Nacional;
c) O Primeiro-Ministro;
d) Os Deputados;
e) Os vice-primeiros Ministros, Ministros e Secretários de Estado;
f) Os Presidentes das Câmaras Municipais;
g) Os Presidentes das Assembleias Municipais;
h) Os Vereadores a tempo inteiro ou a meio tempo.
Artigo 3º
(Vencimento e remuneração dos titulares de cargos políticos)
Os titulares de Cargos políticos referidos nos artigos seguintes têm direito ao ven-
cimento mensal, abonos para despesas de representação, ajudas de custos e despesas de
comunicação.
Artigo 4º
(Ajudas de custos)
1. O Presidente da República, O Presidente da Assembleia Nacional e o Primeiro-
Ministro quando se deslocam em missão oficial têm direito ao pagamento pelo Estado de
todas as despesas necessárias à deslocação e ao cabal desempenho da missão.
2. Os demais titulares de cargos políticos têm direito às ajudas de custos previsto na lei
que devem ser actualizadas anualmente pelo Governo, por Decreto-Regulamentar.

151
Lei nº 28/V/97, de 23 de Junho

CAPÍTULO II
Presidente da Republica
Artigo 5º
(Remuneração do Presidente da República)
O vencimento mensal do Presidente da República é fixado por lei.
CAPÍTULO III
SECÇÃO I
Presidente da Assembleia Nacional
O presidente da Assembleia Nacional recebe mensalmente um vencimento corres-
pondente a 95% do vencimento do Presidente da República.
SECÇÃO II
Artigo 7º
(Remuneração dos Deputados)
1. Os deputados que exerçam a tempo inteiro as funções de Vice-Presidente da As-
sembleia Nacional e do Presidente dos Grupos Parlamentares recebem mensalmente um
vencimento correspondente a 85% do vencimento do Presidente da República.
2. Os Deputados que exerçam a tempo inteiro as funções de Secretário de Mesa da
Assembleia Nacional, de Presidente das Comissões Especializadas ou quaisquer outras
funções a tempo inteiro, recebem mensalmente um vencimento correspondente a 80% do
vencimento do Presidente da República.

CAPÍTULO IV
Membros do Governo
SECÇÃO I
Artigo 8º
(Remuneração do Primeiro Ministro)
O Primeiro-ministro recebe mensalmente um vencimento correspondente a 95% do
vencimento do Presidente da República.
SECÇÃO II
Artigo 9º
(Remuneração dos Vice-Primeiros Ministros)
Os Vice-Primeiros Ministros recebem mensalmente um vencimento correspondente a
90% do vencimento do Presidente da República.

152
Lei nº 28/V/97, de 23 de Junho

SECÇÃO III
Artigo 10º
(Remuneração dos Ministros)
Os Ministros recebem mensalmente um vencimento correspondente a 85% do venci-
mento do Presidente da República.
SECÇÃO IV
Artigo 11º
(Remuneração dos Secretários de Estado)
Os Secretários de Estado percebem mensalmente um vencimento correspondente a
80% do vencimento do Presidente da República
CAPÍTULO V
Presidente da Câmara Municipal e Vereadores
Artigo 12º
(Remuneração dos Presidentes das Câmaras e Vereadores)
1. Os Presidentes da Câmara recebem mensalmente um vencimento correspondente a
80% do vencimento do Presidente da República.
2. Os Vereadores que exerçam funções a tempo inteiro não podem receber mensalmen-
te vencimento superior a 90% do vencimento do Presidente da Câmara.
3. Os Vereadores que exerçam funções a meio tempo não podem receber mensalmente
vencimento superior a 60% do vencimento do Presidente da Câmara.
CAPÍTULO IV
Presidente da Assembleia Municipal
Artigo 13º
(Gratificação de função)
1. O presidente da Assembleia Municipal percebe mensalmente uma gratificação de
funções fixada pela Assembleia Municipal cujo montante máximo não pode ser superior a
20% do vencimento mensal do Presidente da Republica.
2. Exclui-se a aplicação do disposto no número anterior, se o Presidente da Assembleia
Municipal exercer qualquer cargo político remunerado.
CAPÍTULO VII
Artigo 14º
(Abono para despesas de representação)
Têm direito a um abono de despesas de representação:
a) O Presidente da República;
b) O Presidente da Assembleia Nacional;

153
Lei nº 28/V/97, de 23 de Junho

c) Os Vice-Presidentes da Assembleia Nacional;


d) O Primeiro-Ministro;
e) Os Vice-Primeiros Ministros, Ministros e Secretários de Estado;
f) Os Presidentes do Grupos Parlamentares;
g) Os Presidentes das Câmaras Municipais.
Artigo 15º
(Natureza, montante e processamento)
1. O abono para despesas de representação destina-se a cobrir gastos pessoais ordi-
nárias do titular necessários ao exercício condigno do cargo e com actos de cortesia em
benefício de individualidade nacional e estrangeiras.
2. O abono para despesas de representação do Presidente da República corresponde
a 30% do vencimento do cargo e do Presidente da Assembleia Nacional e do Primeiro-
Ministro a 20%.
3. O abono para despesas de representação dos demais titulares de cargo político refe-
rido no artigo anterior corresponde a 15% do vencimento do cargo.
4.O abono para despesas de representação é processado conjuntamente com o venci-
mento mensal.
Artigo 16º
(Despesas de comunicação)
1. Os titulares de cargo político referido no artigo 2º têm direito ao pagamento pelo
Estado ou pelos Municípios de instalação e utilização de telefone particular nas respectivas
residências ou como tais consideradas.
2. As despesas de utilização do telefone particular a suportar pelo Estado ou pelo Mu-
nicípios não poderão ultrapassar 10% do vencimento mensal líquido do titular do cargo.
3. Exceptuam-se do disposto no nº 2 o Presidente da República, o Presidente da As-
sembleia Nacional, o Primeiro Ministro, os Membros do Governo da área das finanças, dos
Negócios Estrangeiros e Comunidades, da Administração Interna e da Defesa.
4. O Presidente da República, o Presidente da Assembleia Nacional e o Primeiro-Mi-
nistro, bem como os demais membros do Governo têm ainda direito ao pagamento pelo Es-
tado da instalação e utilização nas referidas residência ou como tal consideradas de meios
de telecomunicações disponíveis no país.
Artigo 17º
(Disposições finais e transitórias)
1. È atribuído um subsidio aos cidadãos nacionais que tenham desempenhado o cargo
de Primeiro-Ministro durante pelo menos um mandato e não exerçam quaisquer activida-
des remuneradas, salvo cargos electivos.

154
Lei nº 28/V/97, de 23 de Junho

2. O subsídio referido no número anterior corresponde a 75% do vencimento do Pre-


sidente da República e não é acumulável com qualquer outra pensão atribuída pelo Estado
ou outra instituição pública.
Artigo 18º
(Entrada em vigor)
A presente lei, com excepção do artigo 15º e 16º entra em vigor com efeitos retroac-
tivos a 1 de Janeiro de 1997.
Aprovada em 27 de Maio de 1997
O Presidente da Assembleia Nacional, António do Espírito Santo Fonseca.
Promulgada em 16 de Junho de 1997.
Publique-se.
O Presidente da Republica, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES
MONTEIRO.
Assinada em 16 de Junho de 1997.
O Presidente da Assembleia Nacional, António do Espírito Santo Fonseca.

155
Decreto-Lei nº 36/99, de 27 de Maio

DESLOCAÇÕES EM MISSÃO DE SERVIÇO DOS TITULARES


DOS CARGOS POLÍTICOS EM FUNÇÕES NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Decreto-Lei nº 36/99
de 27 de Maio
Estando a regulamentação das deslocações dos titulares de cargos políticos claramen-
te desajustadas da realidade, recursos e condições do país e desactualizada em relação às
transformações ocorridas no mundo;
Convindo reformulá-la globalmente e actualizá-la em função de novas concepções;
Em desenvolvimento do disposto no artigo 4º da Lei nº 28/V/97, de 23 de Junho e do
artigo 10º da Lei nº 82/V/98, de 21 de Dezembro;
Abrangendo penas os titulares de cargos políticos que exerçam funções na Adminis-
tração Pública, Membros do Governo, Governador Civil e autarcas e reservando os demais
para instrumento normativo emanado da Assembleia Nacional;
No uso da faculdade conferida pela alínea c) do artigo nº 2 artigo 216º da Constituição,
o Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
(Objecto)
O presente diploma regula as deslocações em missão oficial dos titulares de cargos
políticos em funções na Administração Pública, adiante designados por agentes políticos.
Artigo 2º
(Âmbito de aplicação)
Para efeitos de aplicação do presente diploma consideram-se agentes políticos:
a) O membro do Governo;
b) O titular de órgão Municipal;
c) O governador civil.
Artigo 3º
(Conceito e tipos de deslocação)
1. Para efeitos do presente diploma, considera-se deslocação em serviço toda a missão
incluída no âmbito da função do agente político que implique a saída do local onde presta
normalmente serviço, por tempo superior a seis horas seguidas.
2. Conforme as características que revistam, as deslocações em serviço classificam-se
em diárias e por dias sucessivos.
3. Consideram-se deslocações diárias as que se realizam dentro do mesmo período de
vinte e quatro horas, e ainda, as que, embora ultrapassando esse período, não impliquem
novas despesas.

156
Decreto-Lei nº 36/99, de 27 de Maio

4. Consideram-se deslocações por dias sucessivos as que, durando mais de vinte e


quatro horas, não estejam abrangidos pelo número anterior.
Artigo 4º
(Direitos do agente político deslocado em missão oficial)
1. O Primeiro-Ministro tem, quando se desloca em missão oficial, direito ao pagamen-
to pelo Estado de todas as despesas necessárias à deslocação e ao cabal desempenho da
missão.
2. Aos demais agentes políticos que se desloquem em missão é assegurado o transpor-
te e o alojamento bem como o direito ao abono de ajudas de custo destinadas a cobrir os
encargos com alimentação, comunicação e outros inerentes á missão a desempenhar, no
local do destino e durante o trajecto de ida e regresso ao local onde normalmente presta
serviço.
3. Quando se justifique, por razões de segurança, de economia ou por outro motivo
relevante, poderá ser assegurado ao agente político a alimentação, em espécie, sendo em
tais casos reduzida a ajuda de custo a abonar, nos termos do presente diploma.
Artigo 5º
(Condições de transportes)
Ao agente que se desloque em missão oficial é assegurado o transporte pelo meio e
trajecto que permitam a sua chegada ao destino e regresso pela forma mais segura e rápida,
nos seguintes termos:
a) Ao Primeiro- Ministro e ao Vice Primeiro- Ministro é assegurado viajar em
lugar classificado de primeira categoria ou equiparada, quando exista;
b) Aos membros do Governo que acompanham o Presidente da República, o
Primeiro Ministro, o Vice-Primeiro Ministro, ou outra entidade com direito
a viajar em lugar classificado de primeira categoria, é assegurado viajar em
lugar dessa categoria;
c) Os Ministros e Secretários de Estado, fora dos casos da alínea antecedente, o
Governador Civil e os Presidentes de Assembleia e de Câmara Municipais é
assegurado viajar em lugar classificado de executivo ou equiparado, quando
exista, podendo, excepcionalmente, ser autorizados a viajar em lugar de clas-
sificação superior, pelo órgão a que pertençam, por razões ponderosas;
d) Aos Vereadores e demais eleitos locais é assegurado viajar em lugar classifi-
cado de económico, podendo, excepcionalmente, ser autorizados pelos Pre-
sidentes dos respectivos órgãos a viajar de classificação superior por razões
ponderosas.
Artigo 6º
(Condições de alojamento e alimentação)
1. O alojamento e, nos casos dos políticos deslocados em serviço, são assegurados em
estabelecimentos ou instalações condignas de nível médio.

157
Decreto-Lei nº 36/99, de 27 de Maio

2. Exceptuam-se do disposto no nº 1:
a) O Primeiro- Ministro e o Vice Primeiro Ministro aos quais o alojamento e a
alimentação são assegurados em estabelecimentos ou instalações de primeira
categoria;
b) Os demais membros do Governo que acompanhem o Presidente da República,
o Primeiro Ministro ou o vice Primeiro Ministro, aos quais o alojamento e a
alimentação são assegurados no mesmo estabelecimento ou instalações desti-
nadas às entidades que acompanhem;
c) Os Ministros e Secretários de Estado, fora dos casos da alínea antecedente, os
Governadores Civis e os Presidentes das Assembleias ou Câmaras Municipais,
aos quais o alojamento e a alimentação são assegurados em estabelecimentos
ou instalações de nível acima da média.
3. Excepcionalmente, por razões de segurança ou outras relevantes, poderão os demais
agentes políticos não referidos no nº 2 ser autorizados pelos Presidentes dos respectivos ór-
gãos a beneficiar de alojamento e alimentação em estabelecimento ou instalações de nível
acima da média.
Artigo 7º
(Abono de ajuda de custo)
1. O abono de ajudas de custo traduz-se no pagamento ao agente político de uma parte
da importância diária legalmente fixada ou da sua totalidade, conforme o disposto nos nú-
meros seguintes.
2. Nas deslocações diárias dentro da ilha em que o agente político exerce funções,
são-lhe garantidos a alimentação e o alojamento para dormida, este quando o agente seja
obrigado a pernoitar por não dispor de transporte seguro que lhe permita regressar ao seu
domicílio até às vinte e três horas.
3. Nas deslocações por dias sucessivos é abonada ajuda de custo diária completa por
cada dia que durar a deslocação, salvo o disposto nos números seguintes.
4. No dia de partida para deslocações por dias sucessivos, a ajuda de custo é reduzida:
a) De vinte e cinco por cento se a partida ocorrer depois das treze horas;
b) De cinquenta por cento se a partida ocorrer depois das vinte e quatro horas.
5. No dia do regresso das deslocações por dias sucessivos, a ajuda de custo é reduzida:
a) De setenta e cinco por cento se a chegada ocorrer até às vinte e duas horas;
a) De cinquenta por cento, se a chegada ocorrer depois das vinte e duas horas.
6. Quando ao agente político deslocado seja assegurado a alimentação nos termos do
artigo 6º, a ajuda de custo diário a abonar, fora dos dias de partida e regresso, é reduzida de
vinte e cinco por cento.

158
Decreto-Lei nº 36/99, de 27 de Maio

7. O abono de ajudas de custo não pode ultrapassar trinta dias sucessivos, salvo auto-
rização excepcional do Primeiro Ministro.
Artigo 8º
(Acompanhantes)
O Ministro, o Secretário de Estado, o Governador Civil e o Autarca deslocado em
missão oficial que dirija uma delegação poderá, para se assegurar o mínimo de acompanha-
mento, autorizar que um membro da delegação se instale no mesmo estabelecimento que
lhe seja destinado e, em consequência, receba ajudas de custo do montante adequado ao
aumento de encargos que por ventura disso decorra.
Artigo 9º
(Remissão para o regime geral dos agentes públicos)
Em tudo o que não estiver expressamente regulado no presente diploma, é aplicável às
deslocações dos agentes políticos em missão oficial o disposto no regime geral de desloca-
ções em serviço dos agentes públicos.
Artigo 10º
(Tabelas de ajudas de custo)
As tabelas de ajudas de custo diárias dos agentes políticos deslocados são fixadas e
anualmente actualizadas por Decreto Regulamentar.
Artigo 11º
(Entrada em vigor)
Este diploma entra em vigor a partir de 1 de Junho de 1999.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – Rui Figueiredo Soares – José Ulisses Correia e Silva.
Promulgado em 17 de Maio de 1999.
Publica-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 21 de Maio de 1999.
O Primeiro Ministro,
Carlos Alberto Veiga.
Secretaria-Geral de Governo, 4 de Junho de 1999. – O Secretário-Geral, Hélio San-
ches.

159
Decreto-Regulamentar nº 8/99, de 19 de Julho

TABELA DE AJUDAS DE CUSTO DOS TITULARES


DOS CARGOS POLÍTICOS
Decreto-Regulamentar nº 8/99
de 19 de Julho
Convindo ao abrigo do artigo 10º do Decreto-Lei nº 36/99 de 27 de Maio, fixar as
tabelas de ajudas de custos diárias dos agentes políticos nas deslocações em missão oficial;
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do artigo 217 da constituição, o Go-
verno decreta o seguinte:
Artigo 1º
(Tabela de ajudas de custo)
È aprovado a tabela de ajudas de custo, em anexo ao presente Decreto-Regulamentar
de que faz parte integrante, nos termos do artigo 10º do Decreto-Lei nº 36/99, de 27 de
Maio.
Artigo 2º
(Entrada em vigor)
O presente Decreto-Regulamentar entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – Rui A. de Figueiredo Soares – José Luís Jesus – José Ulisses Correia
e Silva.
Promulgado em 9 de Julho de 1999.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES
MONTEIRO.
Referendado em 9 de Julho de 1999.
O Primeiro-Ministro,
Carlos Veiga.

160
Decreto-Regulamentar nº 8/99, de 19 de Julho

Tabela de ajudas de custo a que se refere o artigo 1º do

Decreto-Regulamentar nº 8/99 – de 19 de Julho.

REFº CONTINENTE REGIÃO PAIS VALOR

EUROPA
Suiça
A1 Reino Unido 12 500.00
Áustria
França
Bélgica
Luxemburgo
Suécia
Holanda
A2 Restantes Países 10 000.00

ÁFRICA
Nigéria
B1 Angola 12 500.00
Moçambique
Etiópia
Chade
Egipto
Tanzânia
Rep. Dem. Do Congo
Congo Brazaville
Zâmbia
B2 Restantes Países 10 000.00

AMÉRICA
EUA
C1 Brasil 12 500.00
Argentina
Jamaica
Canada
Venezuela
C2 Restantes Países 10 000.00

161
Decreto-Regulamentar nº 8/99, de 19 de Julho

MÉDIO ORIENTE

Arábia Saudita
D1 Iraque 12 500.00
Koweit
Em. Árab. Unidos

D2 Restantes Países 10 000.00

ÁSIA OCEANIA

E1 Hong Kong 15 000.00


Japão
E2 Correia 12 500.00
Filipinas
Singapura

E3 Restantes Países 10 000.00

Concelhos Agentes Políticos

Praia, S. Vicente e Sal 6 000.00

Outros 4 000.00

162
Lei nº 68/V/98, de 17 de Agosto

SUBSÍDIO DE INSTALAÇÃO AOS MEMBROS


DO GOVERNO E ALGUNS ELEITOS
Lei nº 68/V/98
de 17 de Agosto
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do arti-
go 186º da Constituição, o seguinte:
Artigo 1º
O disposto no artigo 20º do Estatuto dos Deputados, aprovado pela Lei nº 35/V/97, de
25 de Agosto de 1997 aplica-se aos membros de Governo e aos eleitos municipais que têm
direito ao subsídio de reintegração.
Artigo 2º
Esta lei produz efeito à data de entrada em vigor do Estatuto dos Deputados.
Aprovada em 2 de Julho de 1998.
O Presidente da Assembleia Nacional, António do Espírito Santo Fonseca.
Promulgada em 3 de Agosto de 1998.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Assinada em 4 de Agosto de 1998.
O Presidente da Assembleia Nacional, António do Espírito Santo Fonseca.

163
Decreto-Lei n.º 2/96, de 5 de Fevereiro

SUBSIDIO DE REINTEGRAÇÃO
Decreto-Lei n.º 2/96
de 5 de Fevereiro
Em desenvolvimento do estatuto no artigo 9º da Lei 14/IV/91, de 30 de Dezembro;
Ouvidas as Câmaras Municipais e,
No uso da faculdade conferida pela alínea c) do nº 2 do artigo 216º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
1. O Presidente da Câmara Municipal e o vereador em regime de permanência a tempo
inteiro têm direito a um subsidio de reintegração quando cessem definitivamente exercício
dessas funções, desde que nelas tenham permanecido por tempo não inferior a um ano.
2. O direito ao subsidio de reintegração não se constitui quando a cessação do exer-
cício de funções ocorra por virtude de perda ou renuncia de mandato, salvo o disposto no
número 3.
3. A renuncia de mandato não obsta à constituição do direito ao subsidio de reintegra-
ção quando se fundamente em:
a) Doença impeditiva, devidamente comprovada;
b) Candidatura a outro cargo político electivo, incompatível com o exercício do
mandato;
c) Provimento em cargo político incompatível com o exercício do mandato.
Artigo 2º75
“Artigo 20º
(Subsídio de reintegração)
1. O Deputado, que haja cessado o mandato tem direito a um subsídio de reintegração.

2. O subsídio de reintegração é o equivalente a um mês de vencimento do deputado por cada semestre


completo ou fracção superior a três meses de exercício efectivo do mandato, com o limite máximo de doze
meses de vencimento.

3. O vencimento a considerar para o cálculo do subsídio de reintegração é o vigente à data da cessação


do mandato do Deputado.”

Artigo 3º
O presente decreto-lei tem efeito retroactivo à data da entrada em vigor da Lei nº 14/
IV/91, de 30 de Dezembro.
75. O subsídio de rientegração dos eleitos municipais é igual ao dos deputados nacionais, por força do artigo 1º da lei
68/V/98, de 17 de Agosto, transcrito em itálico.

164
Decreto-Lei n.º 2/96, de 5 de Fevereiro

Visto e aprovado em Conselho de Ministros.


Carlos Alberto Veiga — Mário Silva — António Gualberto do Rosário.,
Referendado em 1 de Fevereiro de 1996.
Publique-se.
O Presidente da República a. i., ANTÓNIO ESPÍRITO SANTO FONSECA.
Referendado em 1 de Fevereiro de 1996.
O Primeiro Ministro,
Carlos Veiga.

165
Lei nº 139/IV/95, de 31 de Outubro

CONTROLO PÚBLICO DA RIQUEZA


DOS TITULARES DE CARGOS POLÍTICOS
Lei nº 139/IV/95
de 31 de Outubro
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea l) do nº 1
do artigo 187º da Constituição, o seguinte:
Artigo 1º
A presente lei define o regime jurídico do controlo público da riqueza dos titulares de
cargos políticos e equiparados.
Artigo 2º
1. São titulares de cargo políticos:
a) O Presidente da República;
b) Os deputados à Assembleia Nacional;
c) Os membros do Governo;
d) Os membros da assembleia municipal, o presidente e vereadores de câmara
municipal.
2. São equiparados a titulares de cargos políticos, para efeitos do presente diploma:
a) Os embaixadores;
b) Os presidentes de institutos públicos;
c) Os secretários gerais e directores gerais de serviços públicos;
e) Os gestores públicos;
f) Os membros do Conselho de Administração de sociedades de capitais públi-
cos ou mistas, designados por entidade pública;
g) Os demais cargos previstos na lei.
Artigo 3º
1. Os titulares de cargos políticos devem apresentar, uma declaração de interesses,
património e rendimentos nos seguintes prazos:
Até 30 dias após a data da posse do cargo, uma declaração de interesses, património e
rendimentos no início de funções;
Até 30 de Janeiro de cada ano, uma actualização da declaração de interesses, patrimó-
nio e rendimentos, com referência a 31 de Dezembro do ano anterior;
Até 30 dias a contar do término de funções, uma actualização da declaração de interes-
ses, património e rendimentos, com referência à data desse término.

166
Lei nº 139/IV/95, de 31 de Outubro

2. Da declaração de interesses, património e rendimentos deve constar, relativamente


ao titular de cargo político e ao respectivo cônjuge ou pessoa com quem viva em união de
facto:
a) A descrição dos elementos do activo patrimonial, designadamente o património
imobiliário, quotas, acções ou outras partes sociais do capital de sociedade
civis ou comerciais, obrigações, títulos de divida pública, contas bancárias à
ordem ou a prazo, direitos sobre barcos, aeronaves ou veículos automóveis,
aplicações financeiras e direitos de crédito de valor superior a 500.000$00;
b) A descrição do respectivo passivo, designadamente em relação ao Estado e
outras entidades públicas, a particulares, a instituições de crédito ou outras de
natureza semelhante;
c) A indicação do rendimento colectável bruto para efeitos de tributação sobre
rendimentos, bem como outros rendimentos ainda que isentos dessa trib-
utação;
d) A indicação dos contratos com entidades públicas, seja qual for a sua natureza,
e respectivos objectos e valores;
e) A indicação das acumulações de funções públicas ou de funções públicas e
privadas e respectivas autorizações quando exigidas por lei;
f) A indicação das associações profissionais ou outras associações públicas pri-
vadas de que seja ou tenha, nos dois anos anteriores, sido membro;
g) A indicação dos cargos sociais ou estatutários de pessoas colectivas públicas
ou privadas que exerçam ou tenham exercido nos dois anos anteriores.
3. O modelo da declaração de interesses, património e rendimentos será regulamenta-
do pelo Governo.
Artigo 4º
Nos casos das alíneas b) e c) do nº 1 do artigo 3º, a declaração de interesses, patrimó-
nio e rendimentos pode, quando não haja lugar a qualquer actualização, ser substituída por
simples comunicação escrita desse facto.
Artigo 5º
As declarações de interesses, património e rendimentos ou o seu sucedâneo previsto
no artigo 4º são entregues contra recibo, ou enviados por correio registado com aviso de
recepção ao Supremo Tribunal de Justiça.
Artigo 6º
1. Durante um período de sessenta dias após o termo dos prazos previstos no nº 1 do
artigo 3º, qualquer cidadão pode requerer, por escrito, a consulta das declarações de inte-
resses, património e rendimentos previstas no presente diploma.

167
Lei nº 139/IV/95, de 31 de Outubro

2. Fora do período estabelecido no nº 1 do presente artigo, a consulta às declarações


de património e rendimentos pode ser facultada, a todo o tempo, a qualquer pessoa singular
ou colectiva nacional que o requeira por motivo que seja considerado de relevante interesse
público.
3. A consulta será feita na presença de um funcionário designado para o efeito pelo
Presidente do Supremo Tribunal de Justiça.
Artigo 7º
1. A recusa de apresentação das declarações de interesses, património e rendimentos
faz incorrer o titular de cargo político ou equiparado em crime punível com suspensão de
direitos políticos pelo período de 1 a 5 anos.
2. Considera-se que o titular se recusou a apresentar declarações de interesses, patri-
mónio e rendimentos, quando, não a tendo apresentado nos prazos estabelecidos no artigo
3º e notificado pelo Supremo Tribunal de Justiça para a sua apresentação no prazo de 30
dias consecutivos, o não fizer.
3. Quem, dolosamente, fizer declaração falsa de interesses, património e rendimentos
é punido pelo crime de falsas declarações, agravado, nos termos da lei.
4. Considera-se que o titular fez, dolosamente, falsas declarações quando, notificado
pelo Supremo tribunal de Justiça para, nos trinta dias consecutivos, corrigir as informações
prestadas que se mostrem erradas, não proceder, injustificadamente, às correcções devi-
das.
Artigo 8º
1. A divulgação pública do conteúdo das declarações de interesses, património e ren-
dimento só é permitida com base nas respectivas certidões numeradas e com requerente
individualizado, passadas pelo Supremo Tribunal de Justiça, a requerimento de quem tenha
provado interesse relevante na obtenção da certidão e depois de ouvido o titular da decla-
ração.
2. O instrumento de divulgação pública de declaração de interesses, património e ren-
dimentos deve referir expressamente o número da respectiva certidão e o nome do corres-
pondente requerente.
3. A divulgação pública ou a reprodução por quaisquer meios de declaração de interes-
ses, património e rendimentos fora do condicionalismo previsto nos nºs 1 e 2, bem como a
publicação de conteúdo de declaração de interesses, património e rendimentos que não seja
rigorosamente coincidente com a respectiva certidão constituem crime punível com a pena
de prisão de 6 meses a 2 anos e multa correspondente, sem prejuízo da indemnização ao
lesado que ao caso couber, não inferior a 500.000$00.
4. Se os crimes previstos no nº 3 forem cometidos através de meios de comunicação
social, a pena será agravada, consistindo a agravação em aumentar os limites inferior e

168
Lei nº 139/IV/95, de 31 de Outubro

superior da moldura penal de metade da sua duração máxima, sendo o limite mínimo da
indemnização correspondente ao triplo do montante previsto no número anterior.
5. Consideram-se criminalmente responsáveis pelos crimes previstos no presente ar-
tigo:
a) O autor da publicação;
b) O requerente da certidão salvo se provar qualquer causa de justificação do
facto ou de exclusão da culpa, nos termos da lei penal;
c) Outros criminalmente responsáveis nos termos da lei de imprensa.
Artigo 9º
Os titulares de cargos políticos a data da entrada em vigor do presente diploma apre-
sentarão a respectiva declaração de património e rendimentos dentro do prazo máximo de
60 dias a contar dessa data.
Artigo 10º
É revogado a Lei nº 55/II/83, de 2 de Abril.
Aprovada em 5 de Outubro de 1995.
O Presidente da Assembleia Nacional, Amílcar Fernandes Spencer Lopes.
Promulgada em 31 de Outubro de 1995.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Assinada em 31 de Outubro de 1995.
Pel’O Presidente da Assembleia Nacional, António do Espírito Santo Fonseca.

169
Lei nº 85/VI/2005, de 26 de Dezembro

CRIMES DE RESPONSABILIDADE
DOS TITULARES DE CARGOS POLÍTICOS
Lei nº 85/VI/2005
de 26 de Dezembro
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do arti-
go 174º da Constituição, o seguinte:
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Artigo 1º
(Objecto)
A presente lei define e estabelece os crimes de responsabilidades que titulares de car-
gos políticos cometam no exercício das suas funções e por causa delas, e, bem assim, as
sanções que lhes são aplicáveis e os seus efeitos.
Artigo 2º
(Cargos políticos)
São cargos políticos, para efeitos do disposto na presente lei:
a) O de Presidente da República;
b) O de Presidente da Assembleia Nacional;
c) O de Primeiro- Ministro;
d) O de deputado à Assembleia Nacional;
e) O de membro do Governo;
f) O de membro ou titular de órgão electivo de autarquia local;
g) O de embaixador ou de representante diplomático de Cabo Verde;
h) O que por lei vier a ser equiparado a titular de cargo político.
Artigo 3º
(Noção de crimes de responsabilidades e agravação especial da pena)
1. São crimes de responsabilidade os que se encontram especialmente tipificados na
presente lei e os previstos na lei penal geral, com expressa referência ao exercício de fun-
ções por parte de titulares de cargos políticos ou por funcionários ou pessoa equiparada a
funcionário para efeitos da aplicação daquela lei geral, e, ainda, os cometidos com grave e
flagrante desvio ou abuso da função.
2. A pena aplicável aos crimes previstos na lei geral e qualificados como crimes de
responsabilidade, nos termos e limites do número anterior, que tenham sido cometidos por
titulares de cargos políticos, será agravada de um terço nos seus limites mínimo e máximo,

170
Lei nº 85/VI/2005, de 26 de Dezembro

salvo se o tipo de crime exigir já a qualidade de funcionário, caso em que será aplicável a
pena prevista para este, agravada de um terço no seu limite mínimo.
3. Aplica-se, correspondentemente, o disposto na parte final do número anterior, quan-
do o tipo de crime prevê uma agravação da pena para o funcionário.
Artigo 4º
(Punibilidade da tentativa)
Nos crimes previstos na presente lei, a tentativa é punível independentemente da me-
dida legal da pena.
Artigo 5º
(Atenuação livre da pena em casos especiais)
A pena aplicável aos crimes de responsabilidade, nos termos da presente lei, poderá ser
livremente atenuada quando o titular do cargo político tenha agido para salvaguardar bens
ou valores constitucionalmente relevantes, ou quando for reduzido o grau de responsabili-
dade funcional do agente e não haja lugar à exclusão da ilicitude ou da culpa, nos termos
gerais.
Artigo 6º
(Aplicação subsidiária do Código Penal)
Em tudo quanto não estiver especialmente previsto no presente diploma, aplicam-se,
com as devidas adaptações, as disposições do Código Penal vigente.
CAPÍTULO II
Dos crimes em especial
Artigo 7º
(Atentado contra a Constituição)
O titular de cargo político que, no exercício das suas funções, atente contra a Consti-
tuição da República, visando alterá-la ou suspendê-la por forma violenta ou por recurso a
meios que não os democráticos nela previstos, será punido com prisão de 5 a 15 anos.
Artigo 8º
(Atentado contra o Estado de Direito)
1. O titular de cargo político que, com flagrante desvio ou abuso das suas funções, ou
com grave violação dos respectivos deveres, atentar contra o Estado de direito democrático
constitucionalmente estabelecido:
a) Proibindo, suspendendo ou limitando fora dos casos permitidos pela Constitu-
ição o pluralismo de expressão e de organização política democrática;
b) Proibindo, suspendendo ou impedindo o exercício de direitos fundamentais
do cidadão, sem recurso legítimo aos estados de sítio ou de emergência ou
com violação grave das regras de execução desses estados declarados;

171
Lei nº 85/VI/2005, de 26 de Dezembro

c) Usurpando poderes de outros órgãos de soberania;


d) Impedindo ou constrangendo o livre exercício das funções de outros órgãos de
soberania;
e) Violando a independência dos tribunais;
f) Violando a autonomia do poder local;
g) Impedindo ou constrangendo o livre exercício das funções dos órgãos do pod-
er local, será punido com pena de prisão de 2 a 8 anos, se ao facto não cor-
responder pena mais grave por força de outra disposição legal.
2. Se os factos descritos no nº 1, alíneas d) e g) forem cometidos, respectivamente,
contra membro individual de órgão de soberania ou do poder local a pena será de prisão
até três anos.
Artigo 9º
(Violação de princípios e regras de contrato público)
O titular de cargo político que, com grave violação dos princípios e regras estabeleci-
dos por lei, celebrar contrato de direito público, será punido com pena de prisão até 3 anos,
se ao caso não couber pena mais grave.
Artigo 10º
(Desrespeito aos símbolos nacionais)
O titular de cargo político que, em flagrante desvio ou abuso das suas funções, desres-
peitar os símbolos da República, constitucionalmente estabelecidos, será punido com pena
de prisão de um a quatro anos.
Artigo 11º
(Violação de norma de execução orçamental)
Será punido com prisão até um ano o titular de cargo político que, estando obrigado,
em virtude do seu estatuto próprio, a dar cumprimento a normas de execução orçamental,
as viole conscientemente:
a) Contraindo ou autorizando encargos proibidos por lei;
b) Autorizando pagamentos sem o visto prévio de Tribunal de Contas legalmente
exigido;
c) Autorizando ou promovendo operações de tesouraria ou alterações orçamen-
tais proibidas por lei.
Artigo 12º
(Peculato de uso)
O titular de cargo político que fizer uso ou permitir a outrem que faça uso, para fins
alheios àqueles a que se destinam, de veículos ou outras coisas móveis que lhe tenham sido

172
Lei nº 85/VI/2005, de 26 de Dezembro

entregues, estiverem na sua posse ou lhe forem acessíveis em razão das suas funções, será
punido com pena de prisão até 2 anos ou multa de 100 a 200 dias.
Artigo 13º
(Abuso de poder)
1. O titular de cargo político que violar os deveres inerentes às suas funções com a in-
tenção de obter, para si ou para terceiro, um benefício ilegítimo ou de causar um prejuízo a
outrem, será punido com prisão de seis meses a três anos ou multa de 50 a 200 dias, se não
lhe couber pena mais grave, por força de outro preceito legal.
2. Incorre nas penas previstas no número anterior o titular de cargo político que efec-
tuar, fraudulentamente, concessões ou celebrar contratos em benefício de terceiro e em
prejuízo do Estado.
Artigo 14º
(Violação de segredo)
1. O titular de cargo político que, não estando para tal autorizado, revelar segredo de
que tenha tido conhecimento ou lhe tenha sido confiado no exercício das suas funções, com
a intenção de obter, para si ou para outrem, um benefício ilegítimo ou de causar um prejuí-
zo do interesse público ou de terceiros, será punido com prisão de seis meses a três anos.
2. Ocorrendo a prática deste crime em situação de guerra ou de acção armada contra
Cabo Verde, aplica-se a pena prevista no número anterior, agravada de um terço.
3. A violação de segredo prevista neste artigo será também punida nos casos em que
tenha lugar após o infractor ter deixado de exercer as suas funções.
Artigo 15º
(Recusa da apresentação de declaração de interesses, património e rendimentos)
1. O titular de cargo político que se recusar a apresentar declaração de interesses, pa-
trimónio e rendimentos, prevista na lei, será punido com a pena de multa de 100 a 300 dias,
se ao facto não couber pena mais grave por força de outra disposição legal.
2. Considera-se recusa da apresentação da declaração prevista no número anterior
quando o titular de cargo político não a tiver apresentado nos prazos estabelecidos na lei e,
notificado pela entidade competente para a sua apresentação, não o tenha feito dentro do
prazo fixado.
Artigo 16º
(Omissão ou retardamento de publicação de actos legislativos,
resoluções ou regulamentos)
O titular de cargo político que ilegitimamente omitir ou retardar dolosamente a pu-
blicação de actos legislativos, resoluções ou regulamentos emanados de órgão de Poder
Político, será punido com a pena de prisão até 6 meses ou multa de 100 a 300 dias.

173
Lei nº 85/VI/2005, de 26 de Dezembro

CAPÍTULO III
Dos efeitos das penas
Artigo 17º
(Efeitos das penas aplicáveis ao Presidente da República)
A condenação definitiva do Presidente da República por crime de responsabilidade
cometido no exercício das suas funções implica imediata perda do mandato e destituição
do cargo e a impossibilidade de ser reeleito, independentemente de outra sanção que ao
caso couber, mediante verificação, nos termos da lei, dos correspondentes pressupostos
constitucionais e legais.
Artigo 18º
(Efeito das penas aplicáveis a outros titulares de cargos políticos de base electiva)
Implica a perda do respectivo mandato a condenação definitiva por crime de responsa-
bilidade cometido no exercício das funções de:
a) Presidente da Assembleia Nacional;
b) Deputado à Assembleia Nacional;
c) Membro ou titular de órgão electivo de autarquia local.
Artigo 19º
(Efeitos das penas aplicáveis aos membros do Governo)
A condenação definitiva do Primeiro-Ministro ou de qualquer outro membro do Go-
verno, por crime de responsabilidade, implica a respectiva demissão.
Artigo 20º
(Incapacidade temporária de exercício de cargo político)
1. Sem prejuízo do disposto nos artigos 17º, 18º e 19º da presente lei e das disposições
constantes da lei geral ou de outra lei especial sobre penas acessórias, o titular de cargo
político definitivamente condenado por crime de responsabilidade que implique perda do
mandato ou demissão do cargo fica impossibilitado de ser reeleito ou exercer qualquer ou-
tro cargo político num período de dois a cinco anos.
2. O tribunal competente decidirá tendo em conta a gravidade do facto punível, as
circunstâncias que acompanharam a prática do crime, a conduta anterior e a projecção do
facto na idoneidade cívica e política do agente e o seu grau de culpa.
CAPÍTULO IV
Normas especiais de processo
Artigo 21º
(Princípio geral)
À instrução e julgamento dos crimes de responsabilidade previstos na presente lei
aplicam-se as normas gerais de competência e de procedimento, com as especialidades
constantes dos artigos seguintes.

174
Lei nº 85/VI/2005, de 26 de Dezembro

Artigo 22º
(Normas especiais de processo aplicáveis ao Presidente da República)
1. Pelos crimes de responsabilidade praticados no exercício das suas funções, o Presi-
dente da República responde perante o Plenário do Supremo Tribunal de Justiça.
2. Cabe à Assembleia Nacional requerer ao Procurador-Geral da República o exercício
da acção penal contra o Presidente da República, por proposta de vinte e cinco deputados e
deliberação aprovada por maioria de dois terços dos Deputados em efectividade de funções.
Artigo 23º
(Normas especiais de processo aplicáveis a deputados à Assembleia Nacional)
1. Pelos crimes de responsabilidade praticados no exercício das suas funções o Depu-
tado responde perante o Supremo Tribunal de Justiça.
2. Nenhum Deputado pode ser detido ou preso sem autorização da Assembleia Nacio-
nal, salvo em caso de flagrante delito por crime a que corresponda pena de prisão cujo limi-
te máximo seja superior a dois anos e fora de flagrante delito, por crime a que corresponda
pena cujo limite máximo seja superior a oito anos de prisão.
3. Salvo o caso previsto na segunda parte do número anterior, movido procedimen-
to criminal contra qualquer Deputado e pronunciado este definitivamente, a Assembleia
Nacional decide se o mesmo deve ou não ser suspenso para efeitos de prosseguimento do
processo.
Artigo 24º
(Normas especiais de processo aplicáveis a membro do Governo)
1. Pelos crimes de responsabilidade praticados no exercício das suas funções. O mem-
bro do Governo responde perante o Supremo Tribunal de Justiça.
2. Tratando-se de crimes previstos nas alíneas a) e b) do número 1 do artigo 198º da
Constituição, cabe à Assembleia Nacional requerer ao Procurador-Geral da República o
exercício da acção penal contra o membro do Governo.
3. Pronunciado o membro do Governo definitivamente, nos termos da alínea b) do
número 1 do artigo 198º da Constituição, o Presidente da República suspendê-lo-á imedia-
tamente das suas funções, para efeito do disposto no número anterior.
Artigo 25º
(Normas especiais de processo aplicáveis a membro
ou titular de órgão de autarquia local)
1. Pelos crimes de responsabilidade praticados no exercício das suas funções, o mem-
bro ou titular de órgão de autarquia local responde perante o Supremo Tribunal de Justiça.

175
Lei nº 85/VI/2005, de 26 de Dezembro

2. Nenhum membro ou titular de órgão de autarquia local pode ser detido ou preso sem
culpa formada, salvo em caso de flagrante delito e se ao crime couber pena de prisão cujo
limite máximo seja igual ou superior a dois.
Artigo 26º
(Legitimidade activa)
Nos crimes a que se refere a presente lei, têm legitimidade para promover o processo
penal, sem prejuízo das regras especialmente previstas no presente capítulo, o Ministério
Público e, em subordinação a este:
a) O cidadão ou a entidade directamente ofendidos pelo acto considerado del-
ituoso;
b) Qualquer membro de assembleia deliberativa autárquica relativamente aos
eleitos autárquicos;
c) Entidades a quem incumba a tutela sobre as autarquias locais, relativamente
aos crimes imputados a membro ou titular de órgão de autarquia local.
Artigo 27º
(Processo em separado)
A instrução e o julgamento de processos relativos a crimes de responsabilidade de
titular de cargo político cometido no exercício de suas funções e por causa delas far-se-ão,
por razões de celeridade, em separado dos relativos a outros co-responsáveis que não sejam
também titulares de cargos político.
Artigo 28º
(Liberdade de alteração do rol de testemunhas)
Nos processos relativos a crimes de responsabilidade de titular de cargo político come-
tido no exercício das suas funções são lícitas a alteração do rol de testemunhas e a junção de
novos documentos até três dias antes do dia designado para o início do julgamento, sendo
irrelevante, para este efeito, o adiantamento desse início.
Artigo 29º
(Denúncia caluniosa)
1. Da decisão que absolver o acusado por crime de responsabilidade cometido por ti-
tular de cargo político no exercício das suas funções ou que o condene com base em factos
diversos dos constantes da denunciam será imediatamente dado conhecimento ao Ministé-
rio Público, para efeito de eventual procedimento por crime de denúncia caluniosa, se a ele
houver nos termos da lei penal geral.
2. As penas cominadas por efeito da denúncia caluniosa serão agravadas, nos termos
gerais, em razão do acréscimo da gravidade que empresta à natureza do crime a qualidade
doo ofendido.

176
Lei nº 85/VI/2005, de 26 de Dezembro

CAPÍTULO V
Da responsabilidade civil emergente de crime
responsabilidade de titular de cargo político
Artigo 30º
(Princípio geral)
1. São aplicáveis as disposições da lei civil à indemnização por perdas e danos emer-
gentes de crime responsabilidade cometido por titular de cargo político.
2. Pelas perdas e danos respondem solidariamente o Estado e o titular de cargo político
que tiver cometido a infracção.
3. Ao Estado assiste o direito de regresso contra o titular de cargo político de quem
resulte o dever de indemnização.
4. O Estado ficará sub-rogado no direito do lesado à indemnização, nos termos gerais,
até ao montante que tiver satisfeito.
Artigo 31º
(Direito de indemnização em caso de absolvição)
A absolvição pelo tribunal criminal não extingue o dever de indemnização não conexo
com a responsabilidade criminal, nos termos gerais de direito, podendo a correspondente
indemnização ser pedida através do tribunal de comarca.
Artigo 32º
(Arbitramento oficioso de reparação)
1. Não tendo sido deduzido pedido de indemnização civil no processo penal respectivo
ou em acção cível separada, nos termos da lei processual penal, o juiz arbitrará na sentença,
ainda que absolutória, uma quantia a título de reparação dos danos causados, quando:
a) Ela se imponha para uma protecção razoável dos interesses do lesado;
b) O lesado a ela se não oponha;
c) Do julgamento resulte prova suficiente dos pressupostos e do quantitativo da
reparação a arbitrar, segundo os critérios da lei civil.
2. No caso previsto no número antecedente o juiz assegurará, no que respeita à produ-
ção de prova, o respeito pelo contraditório.
Artigo 33º
(Regime de prescrição)
O direito à indemnização prescreve nos mesmos prazos do procedimento criminal.
Aprovada em 25 de Novembro de 2005.

177
Lei nº 85/VI/2005, de 26 de Dezembro

O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.


Promulgada em 8 de Dezembro de 2005.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Assinada em 9 de Dezembro de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional; Aristides Raimundo Lima.

178
Decreto Regulamentar n.º 2/98, de 2 de Março

PROCESSO DE PERDA DE MANDATO


DOS TITULARES DOS ÓRGÃOS MUNICIPAIS
Decreto Regulamentar n.º 2/98
de 2 de Março
Nos termos do n.º 3, do artigo 60º, e alínea c) da Lei n.º 134/IV/95, de 3 de Julho, que
aprova o Estatuto dos Municípios.
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do artigo 217º da Constituição, o Gover-
no decreta o seguinte:
Artigo 1º
(Objecto)
O presente diploma regula o processo de perda de mandato dos titulares dos órgãos
municipais.
Artigo 2º
(Casos de perda de mandato)
Constituem causas de perda de mandato as previstas na lei, designadamente no artigo
59º do Estatuto do Municípios, aprovado pela Lei n.º 134/IV/95, de 3 de Julho e adiante
designado Estatuto.
Artigo 3º
(Competência)
A perda de mandato é declarada em processo de contencioso administrativo pelo tri-
bunal competente para conhecer das acções sobre responsabilidade dos titulares dos órgãos
das Autarquias Locais.
Artigo 4º
(Legitimidade activa)
1. Têm legitimidade para promover a perda de mandato:
a) O Ministério Público;
b) O Membro do Governo que exerça a tutela sobre as Autarquias Locais;
c) Em coligação, pelo menos um terço dos membros do órgão a que pertence o
eleito contra quem o pedido é formulado;
d) Aquele que alegue ser vítima de lesão causada por ilegalidade grave ou reit-
erada do eleito municipal em que se fundamente a perda de mandato.
2. O Ministério Publico tem o dever funcional de promover a perda de mandato no
prazo máximo de 10 dias após o conhecimento dos respectivos fundamentos;
3. O Membro do Governo que exerça a tutela sobre as Autarquias Locais só tem legi-
timidade para, directamente, promover a perda de mandato se o Ministério Público o não
fizer no prazo estabelecido no n.º 2.

179
Decreto Regulamentar n.º 2/98, de 2 de Março

Artigo 5º
(Prazo)
A perda de mandato pode ser promovida a todo o tempo, no decurso do exercício do
mandato electivo municipal daquele contra quem o pedido é formulado.
Artigo 6º
(Processo)
1. O processo de perda de mandato tem carácter urgente.
2. O processo de perda de mandato assume a forma de acção administrativa e segue os
termos do processo civil sumário, independentemente do valor da causa, com as modifica-
ções constantes dos números seguintes.
3. O prazo supletivo previsto, respectivamente, nos artigos 159º e 166º do Código de
Processo Civil é de três dias para os actos do Juiz e vinte e quatro horas para o expediente
de Secretaria.
4. À petição inicial é aplicável o disposto no artigo 793º do Código do Processo Civil,
sendo o Réu citado para contestar dentro de oito dias sob pena de ser declarada a perda de
mandato.
5. Não haverá lugar a audiência preparatória, nem a despacho saneador, especificação
e questionário.
6. O prazo para o cumprimento das cartas que não sejam para citação ou notificação
não é superior a dez dias improrrogáveis.
7. A discussão será sempre escrita, aplicando-se-lhe, bem como à produção da prova,
o disposto para o processo de recurso contencioso.
8. A audiência de discussão e julgamento é marcada para dentro de oito dias e, no caso
de adiamento, deve efectuar-se num dos cinco dias imediatos, não sendo admitido segundo
adiamento, salvo se não for possível constituir o Tribunal.
9. A sentença é proferida dentro de cinco dias.
10. Os recursos tem efeito meramente devolutivo.
11. No Tribunal superior, os autos vão com vista ao Ministério Público, por três dias,
a cada um dos juízes adjuntos por cinco dias e ao relator por dez dias, sendo mandados
submeter a julgamento na sessão imediata.
12. O processo de perda de mandato está isento de imposto de justiça, salvo ocorrência
de má fé.
Artigo 7º
(Má fé e denúncia caluniosa)
Em caso de má fé ou denúncia caluniosa, o autor fica sujeito a responsabilidade pro-
cessual, civil, disciplinar e criminal, nos termos da lei.

180
Decreto Regulamentar n.º 2/98, de 2 de Março

Artigo 8º
(Entra imediatamente em vigor)
A presente lei entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – António Gualberto do Rosário – Simão Monteiro.
Promulgado em 16 de Fevereiro de 1998.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTONIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 18 de Fevereiro de 1998.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.

181
Decreto Regulamentar n.º 2/98, de 2 de Março

182
Decreto Regulamentar n.º 2/98, de 2 de Março

VI - FINANÇAS PÚBLICAS MUNICIPAIS

183
Constituição da República de Cabo Verde

184
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro

LEI DO ENQUADRAMENTO ORÇAMENTAL


Lei nº 78/V/98
de 7 de Dezembro
Por mandato do povo a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do artigo
186º da Constituição, o seguinte:
Artigo 1º
Objecto
A presente Lei define os princípios e as regras referentes ao Orçamento do Estado, os
procedimentos para a sua elaboração, discussão, aprovação, execução, alteração, e fisca-
lização e a responsabilidade orçamental, bem como as regras relativas à Conta Geral do
Estado.
CAPÍTULO I
Princípios e regras orçamentais
Artigo 2º
Anualidade
1. O orçamento do Estado é unitário e compreende todas as receitas e despesas da Ad-
ministração Central, independentemente da sua natureza, origem e fonte de financiamento,
bem como o orçamento da Segurança Social.
2. O ano económico coincide com o ano civil.
Artigo 3º
Unidade e universalidade
O Orçamento do Estado é unitário e compreende todas as receitas e despesas da Ad-
ministração Central, independentemente da sua natureza, origem e fonte de financiamento,
bem como o orçamento da Segurança Social.
Em decorrência do disposto no número anterior, o Orçamento do Estado engloba:
a) O orçamento dos serviços simples da Administração Pública e os encargos
gerais da nação;
b) O orçamento dos serviços e fundos autónomos;
c) O orçamento da Segurança Social.
d) Integram os encargos gerais da nação os orçamentos da Presidência da Repub-
lica, da Assembleia Nacional, da Chefia do Governo, do Supremo Tribunal da
Justiça, da Procuradoria-Geral da Republica e do Tribunal de Contas.
e) Para efeitos da presente Lei, integram o orçamento dos serviços e fundos au-
tónomos, os serviços e fundos com autonomia financeira, os institutos pú-
blicos e quaisquer outros organismos públicos com autonomia financeira e

185
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro

que não tenham natureza, forma e designação de empresa pública, excluindo


as entidades com autonomia financeira classificadas em “encargos gerais da
nação”;
f) Os orçamentos dos organismos previstos nas alíneas a) e b) do nº 2 do presente
artigo, compõem o orçamento da Administração Central.
g) Os orçamentos dos organismos e entidades previstos no nº2 do presente artigo
e das autárquicas locais, compõem o orçamento do Sector Público Adminis-
trativo.
h9 Sem prejuízo do disposto no artigo 5º, os orçamentos das autárquicas locais
e das empresas públicas são independentes na sua elaboração, aprovação e
execução do Orçamento do Estado.
Artigo 4º
Unicidade de caixa
Integram a tesouraria do Estado:
a) Todas as receitas tributárias e não tributárias geradas por quaisquer organis-
mos e entidades públicos que não tenham a natureza, forma e designação de
empresa pública;
b) Todas as receitas de origem externa (donativos, empréstimo e outras transfer-
ências) destinadas ao Estado de Cabo Verde para financiamento de programas
ou projectos de investimento de programas ou projectos de investimentos pú-
blicos e despesas decorrentes da aplicação desses recursos.
c) O Banco de Cabo Verde como Caixa do Tesouro centraliza a posição consoli-
dada da tesouraria do Estado, através de operações sobre a conta corrente do
Tesouro e contas especiais, abertas junto do Banco Central.
d) O Governo definirá através de legislação específica as normas e os procedi-
mentos relacionados com a gestão do sistema de pagamentos e recebimentos
dos organismos que gerem os recursos do Estado, sejam eles de origem in-
terna ou externa.
Artigo 5º
Consolidação Orçamental
Em obediência ao princípio da consolidação orçamental do Sector Público Adminis-
trativo, o Orçamento do Estado deverá integrar como elemento informativo, o orçamento
consolidado das autarquias locais.
Artigo 6º
Equilíbrio
O Orçamento do Estado deve prever os recursos necessários para cobrir todas as
despesas.

186
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro

O deficit do Orçamento do Estado financiado com recursos internos não poderá exce-
der 3% do Produto Interno Bruto (PIB).
Artigo 7º
Orçamento bruto
1, Todas as receitas são inscritas no Orçamento do Estado pela importância em que
foram avaliadas, sem dedução alguma para encargos de cobrança ou qualquer outra natu-
reza.
2. Todas as despesas são inscritas no Orçamento pela sua importância integral, sem
dedução de qualquer espécie.
3. Na elaboração do Orçamento do Estado deve obedecer – se rigorosamente os prin-
cípios da transparência e da integralidade na dotação das receitas e despesas.
Artigo 8º
Não consignação
1. No Orçamento do Estado não pode afectar-se o produto de quaisquer receitas à co-
bertura de despesas específicas.
2. Exceptuam-se do disposto no número anterior os casos em que, por virtude de auto-
nomia financeira ou de outra razão especial, a lei determine expressamente a afectação de
certas receitas a determinadas despesas.
3. As receitas consignadas só poderão ser utilizadas para liquidação e pagamento das
despesas na medida das disponibilidades existentes e proporcionadas pela cobrança efecti-
va das receitas, confirmada pela sua entrada na Caixa do Tesouro.
4. As receitas consignadas deverão constar de um mapa informativo, com a indicação
das respectivas contrapartidas em despesas, sejam elas de funcionamento ou de investi-
mentos.
5. As despesas resultantes da consignação de receitas deverão ser orçamentadas nos
respectivos mapas a que se refere o artigo 18º da presente lei, assim como as receitas que
as dão origem.
Artigo 9º
Especificação
1. O Orçamento do Estado deve especificar claramente as receitas nele previstas e as
despesas nele fixadas.
2. Será inscrita no orçamento do Ministério das Finanças uma dotação provisional
destinada a fazer face a despesas não previstas e inadiáveis.
3. O Governo regulamentará o regime de utilização da dotação provisional e sua forma
de contabilização.

187
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro

São nulos os créditos orçamentais que possibilitem a existência de dotações para utili-
zação confidencial ou para fundos secretos, sem prejuízo dos regimes especiais legalmente
previstos de utilização de verbas que excepcionalmente se justifiquem por razoes pondero-
sas de interesse público, designadamente segurança nacional, aprovadas pela Assembleia
Nacional, sob proposta de Governo.
Artigo 10º
Classificação das receitas e despesas
1. A especificação das receitas rege-se por um código de classificação económica, o
qual as agrupa em correntes, de capital, créditos internos e externos e donativos.
2. A especificação das despesas rege-se por códigos de classificação orgânica, funcio-
nal e económica mesmo no caso de o Orçamento ser estruturado, no todo ou em parte, por
programas.
3. A estrutura dos códigos de classificação referidos nos números anteriores é definida
por decreto-lei.
CAPITULO II
Elaboração, organização e estrutura do Orçamento do Estado
Secção I
Artigo 11º
Elaboração da proposta de orçamento
1. O Governo deve apresentar à Assembleia Nacional, uma proposta de Orçamento
para o ano económico seguinte, de acordo com a data fixada no Regimento da Assembleia
Nacional.
2. O Orçamento do Estado pode ser apresentado sob forma de Orçamento – Programa,
englobando as receitas e as despesas, o qual deverá reflectir as politicas, os objectivos, as
metas e as actividades a serem desenvolvidas de acordo com o plano Nacional de Desen-
volvimento.
3. Sem prejuízo do disposto no nº 1 do artigo 2º da presente Lei, o Orçamento-Pro-
grama pode ser apresentado sob a forma de orçamento plurianual, abrangendo o período
de execução do Plano, não devendo em caso algum ultrapassar o período da legislatura em
curso.
4. São definidas as seguintes etapas e calendários para a preparação do Orçamento do
Estado, a serem executados anualmente:
a) Elaboração pelo departamento governamental responsável pelo Planeamento
governamental responsável pelo Planeamento do documento preliminar de
análise da conjuntura económico a que refere o Orçamento do Estado, até ao
dia 31 de Março.

188
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro

b) Elaboração pelo departamento governamental responsável pelo Planeamento


do documento de orientações para a preparação do Programa Plurianual de
Investimentos do Governo para o ano económico a que se refere o Orçamento
do Estado, até ao dia 31 de Março;
c) Elaboração pelo departamento governamental responsável pela Administração
Pública do documento de política de gestão dos recursos humanos para o ano
económico a que se refere o Orçamento do Estado, até ao dia 31 de Março;
d) Elaboração pelo departamento governamental responsável pelas finanças do
documento de politicas de despesa pública, da dívida pública e fiscal, até ao
dia 31 de Março;
e) Elaboração e consolidação pelo órgão competente do Ministério das Finanças
responsável pela preparação do Orçamento do Estado, das previsões prelim-
inares das receitas, despesas e equilíbrio orçamental, até ao dia 30 de Junho;
f) Apreciação e debate pelo Conselho de Ministros do documento preliminar de
análise de conjuntura, das prioridades e metas para a politica de investimen-
tos, das politicas de despesa pública, dívida Pública e fiscal, política de gestão
dos recursos humanos, das previsões preliminares das receitas, despesas e
equilíbrio orçamental, até ao dia 30 de Junho;
g) Elaboração pelos departamentos governamentais responsáveis pelo Planea-
mento e pelas Finanças da nota de orientação metodológica e directrizes ge-
rais para a elaboração do Orçamento do Estado, até ao dia 15 de Junho;
h) Aprovação pelo Conselho de Ministros da nota de orientação metodológica e
directrizes gerais para a elaboração do Orçamento do Estado, até ao dia 31 de
Julho;
1) Aprovação pelo Conselho de Ministros do Orçamento do Estado e respectivos
anexos, até ao dia 15 de Setembro;
1. Os serviços e fundos autónomos e os serviços com orçamento privativo que inte-
gram os encargos gerais da nação, deverão remeter as suas propostas preliminares de or-
çamento (de receitas e despesas) ao departamento do Ministério das Finanças responsável
pela preparação do Orçamento do Estado, até ao dia 31 de Maio de cada ano.
2. O Instituto Nacional de Previdência Social deverá remeter aos departamentos go-
vernamentais responsáveis pelo Planeamento e pelas Finanças, o orçamento preliminar da
segurança social, até ao dia 31 de Maio.
Artigo 12º
Despesas obrigatórias
1. As despesas obrigatórias derivadas da satisfação de compromissos assumidos con-
tratualmente pelo Estado, impostos por lei ou por consignação de receitas, devem ser inte-
gralmente dotadas e ter primazia face a outras despesas.

189
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro

2. Consideram-se despesas obrigatórias, nomeadamente, os encargos fixos e perma-


nentes com o pessoal que mantém vínculo contratual com o Estado, bem como os refor-
mados e pensionistas, os contratos de empreitada e de fornecimento em curso, as despesas
permanentes objecto de contratos, como sejam, as rendas de casa, os prémios de seguros, a
segurança, vigilância e higiene e outras obrigações resultantes de contratos de prestação de
serviços, o reembolso de empréstimos contraídos, as transferências correntes e de capital
impostas por lei ou assumidas pelo Estado.
3. Na preparação do Orçamento do Estado as despesas obrigatórias deverão ser devi-
damente identificadas e quantificadas servindo como o primeiro elemento para a determi-
nação do equilíbrio orçamental e para a apuramento das necessidades de financiamento.
Artigo 13º
Despesas com o pessoal
1. Pelo seu peso relativo no Orçamento do Estado, as despesas com o pessoal deverão
ter uma relevância especial no processo de preparação e elaboração do Orçamento do Es-
tado, nomeadamente através da observância dos seguintes princípios:
2. A elaboração do orçamento de despesas com o pessoal (vencimentos, salários, pen-
sões e abonos fixos) deve ser feita partindo das listas nominais dos efectivos existentes,
incluindo os reformados e pensionistas, à data da produção da primeira estimativa do orça-
mento prevista na alínea c) do nº 2 do artigo 11º da presente lei, ajustados sistematicamente
até à produção final da proposta do Orçamento do Estado, de acordo com as alterações
registadas;
a) Os mapas de efectivos deverão indicar a situação funcional dos funcionários,
agentes e servidores do Estado, destacando-se de acordo com a classificação
económica, o pessoal do quadro especial, o pessoal dos quadros aprovados por
lei, o pessoal contratado, de acordo com a natureza dos contratos e o pessoal
reformado e pensionista, de acordo com a natureza das pensões;
b) Do orçamento de despesas com o pessoal deverão constar:
c) Os mapas de efectivos elaborados de acordo com o previsto nas alíneas a) e b)
do número anterior e com os modelos a serem aprovados por portaria conjunta
dos membros do governo responsáveis pelas finanças e pela Administração
Pública;
d) Os mapas das revisões de acréscimos de despesas com o pessoal, incluindo as
relativas à segurança social do regime contributivo e não contributivo, para o
exercício económico a que se refere o Orçamento do Estado;
e) A previsão de actualização salarial dos funcionários e das pensões para o ex-
ercício económico a que se refere o Orçamento do Estado.
3. A dotação orçamental para a cobertura de despesas resultantes das situações pre-
vistas nas alíneas b) e c) do número anterior, é inscrita no Orçamento do Estado, como
encargos provisionais com o pessoal.

190
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro

SECÇÃO II
Artigo 14º
Estrutura e organização do Programa Plurianual de Investimentos Públicos (PPIP)
1. O orçamento de investimentos é apresentado sob a forma de programas e sub-pro-
gramas, para o exercício económico a que se refere o Orçamento do Estado e para os anos
seguintes correspondentes ao período de execução do PND, não devendo ultrapassar em
caso algum o período da legislatura em curso.
2. O PPIP é elaborado de harmonia com as Grandes Opções do Plano e o Plano Nacio-
nal de Desenvolvimento (PND).
3. O orçamento deve apresentar fichas de programa e sub-programa que integram o
PPIP.
4. As fichas devem conter de forma resumida e clara os seguintes elementos:
a) Descrição sumária, objectivos, metas, principais políticas e medidas e a estru-
tura de gestão de cada programa e o respectivo orçamento plurianual;
b) Objectivos, metas, principais políticas e medidas, indicadores de resultados de
cada sub-programa e respectivo orçamento plurianual.
c) A Lei de Bases do Planeamento regulamentará o processo de preparação, ex-
ecução e avaliação do PPIP.
Artigo 15º
Projectos
1. A execução do PPIP é feita através da realização de projectos.
2. Os projectos deverão estar enquadrados nos programas e sub-programas do PND
e deverão conter todos os elementos que permitam a sua avaliação para financiamento e
avaliação da sua execução, nomeadamente a coerência com as politicas, objectivos e metas
dos programas e sub-programas em que se integram, os custos directos e recorrentes, a pro-
gramação física e financeira das actividades a desenvolver e os indicadores de resultados.
3. Cada projecto deverá indicar obrigatoriamente as fontes de financiamento e todas as
informações relevantes para um adequado enquadramento, classificação e execução orça-
mental e financeira da despesas, nos termos a regulamentar pelo Governo.
SECÇÃO III
Artigo 16º
Conteúdo da proposta de orçamento
A proposta do orçamento deve conter o articulado da respectiva proposta de lei e os
mapas orçamentais, incluindo as fichas de programa do PPIP e ser acompanhada de anexos
informativos.

191
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro

Artigo 17º
Conteúdo do articulado da proposta de lei
O articulado da proposta de lei deve conter:
1. As condições de aprovação dos mapas orçamentais e as normas necessárias
para orientar a execução orçamental.
2. A indicação das fontes de financiamento que acresçam as receitas efectivas,
bem como a indicação do destino a dar aos fundos resultantes de eventual
excedente.
3. O montante e as condições gerais de recurso ao crédito público, interno e ex-
terno.
4. A indicação do limite dos avales a conceder pelo Governo durante o exercício
orçamental.
5. O montante de empréstimos a conceder e de outras operações activas a re-
alizar pelo Estado e pela Segurança Social, incluindo os serviços e fundos
autónomos desde que não sejam de dívida flutuante.
6. Todas as outras medidas que se revelem indispensáveis à correcta gestão orça-
mental do Estado para o ano económico a que o Orçamento se destina.
Artigo 18º
Estrutura dos mapas orçamentais
Os mapas orçamentais a que se refere o artigo 16º da presente lei são os seguintes:
a) Mapa I – Receitas correntes e de capital do Estado, excluindo os impostos lo-
cais, segundo uma classificação económica, especificada por capítulos, grupos
e artigos;
b) Mapa II – Despesas de funcionamento do Estado, especificadas segundo uma
classificação económica e orgânica;
c) Mapa III – Despesas funcionamento e de investimentos do Estado, especifica-
das segundo uma classificação funcional;
d) Mapa IV – Receitas globais dos serviços e fundos autónomos, segundo uma
classificação orgânica e económica;
e) Mapa V – Despesas globais dos serviços e fundos autónomos, especificadas
segundo uma classificação económica e orgânica;
f) Mapa VI – Despesas globais dos serviços e fundos autónomos, especificadas
segundo uma classificação funcional;
g) Mapa VII – Orçamento consolidado das receitas correntes e de capital e das
despesas de funcionamento da Administração Central, segundo uma classifi-
cação económica;

192
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro

h) Mapa VIII – Orçamento consolidado das receitas correntes e de capital e das


despesas de funcionamento da Administração Central, segundo uma classifi-
cação económica;
i) Mapa IX – Orçamento consolidado das despesas da Administração Central,
segundo uma classificação funcional;
j) Mapa X – Programa Plurianual de Investimento Públicos, estruturado por pro-
gramas e sub-programas;
k) Mapa XI – Finanças Locais – Fundo de Equilíbrio Financeiro especificando
a sua distribuição pelos municípios, nos termos da Lei das Finanças Locais e
dos critérios de distribuição aprovados anualmente pela Lei do Orçamento do
Estado;
l) Mapa XII – Finanças Locais – Impostos Locais, especificando as receitas pre-
vistas da cobrança dos impostos locais, segundo uma classificação económi-
ca;
m) Mapa XIII – Finanças Locais – Transferências, especificando as transferên-
cias correntes e de capital a efectuar pelo Estado aos municípios no âmbito do
Orçamento do Estado;
n) Mapa XIV – Orçamento da Segurança Social;
o) Mapa XV – Despesas de funcionamento do Estado por unidade orgânica, es-
pecificadas segundo uma classificação económica;
p) Mapa XVI – Resumo das operações fiscais do Governo Central, especificando
os saldos e a natureza do seu financiamento.
Artigo 19º
Anexos informativos
1. O Governo apresentará à assembleia Nacional, com a proposta de orçamento, os
elementos necessários a justificação da política macro-economica para ao período vigente
do orçamento apresentado e designadamente, os seguintes relatórios e elementos:
a) Diagnóstico da conjuntura económica, especificação da politica macro-eco-
nomica a ser executada, bem como os efeitos sobre principais variáveis e in-
dicadores macro-económicos para o exercício económico a que se refere o
Orçamento do Estado;
b) Prioridades e metas principais da politica de investimentos;
c) Política de gestão dos recursos humanos;
d) Evolução dos últimos três anos, do stock da dívida pública, interna e externa,
e sua estrutura e composição, indicando a sua variação líquida e as previsões
para o exercício económico a que respeita o Orçamento do Estado;

193
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro

e) Operações de tesouraria e contas do Tesouro, com o apuramento dos respec-


tivos saldos;
f) A relação dos avales e garantias concedidas pelo Estado, nos termos da lei;
g) Mapas de evolução da execução das receitas e despesas do Estado dos últimos
três anos, e análise comparativa relativamente às previsões para o exercício
económico a que respeita o Orçamento do Estado;
h) Receitas consignadas, com a indicação das respectivas contrapartidas em
despesas de funcionamento e de investimentos;
i) Mapas dos efectivos, das previsões de acréscimos de despesas com o pessoal
e orçamento de encargos provisionais com o pessoal, previstos nas alíneas a)
e b) do nº 2 e no nº 3 do artigo 13º da presente Lei;
f) Situação financeira de todos os serviços e fundos autónomos;
g) Benefícios fiscais e estimativa da receita cessante.
2. Além disso, devem também ser remetidos os seguintes relatórios:
a) Formas de financiamento do eventual défice orçamental efectivo e das amor-
tizações;
b) Situação financeira da Segurança social;
c) Receitas e despesas das autárquicas locais;
d) Orçamento consolidado do Sector Público Administrativo;
e) Justificação económica e social dos benefícios fiscais;
f) Justificação das previsões das receitas fiscais com discriminação da situação
dos principais impostos.
SECÇÃO IV
Artigo 20º
Discussão e votação do orçamento
1. A Assembleia Nacional deve votar o Orçamento do Estado até 15 de Dezembro e
adoptar as medidas necessárias para a sua publicação até 20 de Dezembro.
2. O Orçamento do Estado é aprovado e publicado no Boletim Oficial com todos os
elementos previstos nos artigos 17º, 18º e 19º desta lei.
Artigo 21º
Atraso na votação ou aprovação da proposta de orçamento
1. Quando ocorrerem as situações previstas no nº 2 do artigo 98º da Constituição,
manter-se-á em vigor o orçamento do ano anterior, incluindo o articulado e os mapas or-
çamentais, com as alterações que nele tenham sido introduzidas ao logo da sua efectiva
execução.

194
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro

2. A manutenção da vigência orçamento do ano anterior abrange a autorização para a


cobrança de todas as receitas nele previstas, bem como a prorrogação da autorização referente
ao regime das receitas que se destinavam apenas a vigorar até ao final do referido ano.
3. Durante o período que se mantiver em vigor o orçamento do ano anterior, a execu-
ção do orçamento das despesas deve obedecer ao princípio da utilização dos duodécimos
das verbas fixadas nos mapas das despesas.
4. Durante o período transitório referido nos números anteriores serão aplicáveis os
princípios sobre alterações orçamentais estabelecidos no artigo 26º da presente lei.
5. Ocorrida a situação prevista na parte final do nº 2 do artigo 98º da Constituição, o
Governo deve apresentar à Assembleia Nacional uma nova proposta de orçamento para o
respectivo ano económico, no prazo de 60 dias sobre a data da rejeição, quando a não vo-
tação da proposta anterior tenha resultado da demissão do Governo proponente, ou sobre o
facto que tenha determinado, nos restantes casos, a não votação parlamentar.
6. O novo orçamento deve integrar a parte do orçamento anterior que tenha sido exe-
cutada até a cessação do regime transitório estabelecido nos números anteriores.
CAPITULO III
Execução do orçamento e alterações orçamentais
SECÇÃO V
Artigo 22º
Execução Orçamental
1. O Governo deve tomar as medidas necessárias para que o orçamento do Estado
possa começar a ser executado no inicio do ano económico a que se destina, devendo no
exercício do poder de execução orçamental, aprovar os decretos-leis contendo as dispo-
sições necessárias a tal execução sem prejuízo da imediata aplicação das normas da lei
do orçamento que sejam directamente exequíveis e tendo sempre em conta o principio da
mais racional utilização possível das dotações aprovadas e o principio da melhor gestão da
tesouraria.
2. O Governo deverá aprovar e publicar o decreto-lei de execução orçamental de cada
exercício económico, até ao dia 31 de Dezembro do ano anterior a que respeita a vigência
do Orçamento do Estado.
Artigo 23º
Efeitos do orçamento das receitas
1. Nenhuma receita pode ser liquidada ou cobrada, mesmo que seja legal, se não tiver
sido objecto de inscrição orçamental.
2. A cobrança pode, todavia, ser efectuada mesmo para além do montante inscrito no
orçamento.

195
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro

3. Os actos administrativos que directamente envolvam perda de receita fiscal, tributá-


ria ou não tributária, devem ser fundamentados e publicados.
Artigo 24º
Disciplina e controlo orçamental
1. As dotações orçamentais constituem o limite máximo a utilizar na realização das
despesas, sem prejuízo das alterações orçamentais que forem efectuadas ao abrigo dos
artigos 26º e 27º da presente Lei.
2. Exceptua-se do disposto no número anterior, as despesas realizadas com o pagamen-
to do serviço da dívida pública, interna e externa, relativamente aos empréstimos contrata-
dos e em vigor à data da aprovação do Orçamento do Estado e cujos atrasos nos pagamen-
tos resultante de eventual insuficiência de dotação orçamental possam conduzir a custos
suplementares a assumir pelo Estado.
3. O mecanismo previsto no número anterior, designado por critérios evolutivos, não
deve ser utilizado porém para uma sub-avaliação das dotações orçamentais inscritas na Lei
do Orçamento do Estado.
4. Nenhuma despesa pode ser efectuada sem que, além de ser legal, se encontre su-
ficientemente discriminada no Orçamento do Estado, tenha cabimento no correspondente
crédito orçamental.
5. Nenhum compromisso que implique aumento de despesas públicas ou redução de
receita fiscal será assumido sem o acordo prévio e expresso do Ministro responsável pelas
Finanças e devida cobertura orçamental.
6. Todos os projectos de diplomas legais ou despachos que impliquem aumento de
despesas ou redução de receitas deverão incluir uma estimativa rigorosa das implicações
orçamentais e financeiras, a curto e médio prazo e ser submetidas a parecer prévio do Mi-
nistro responsável pela Finanças.
7. Nenhum concurso ou contrato de empreitada relativo ao PPIP, será lançado ou cele-
brado sem o acordo prévio e expresso do Ministros responsáveis pelo planeamento e pelas
Finanças, sem o respectivo enquadramento orçamental e cobertura financeira e sem o cum-
primento das normas específicas prevsitas por lei quanto à execução das despesas.
8. Só serão executados projectos com financiamento garantido, não sendo permitido
ao Tesouro proceder a qualquer adiantamento por conta de eventuais atrasos casos de uti-
lização de descontos de haveres externos junto das instituições de crédito, devidamente
autorizadas pelo Ministro responsável pelas Finanças.
9. Não é permitida a cabimentação e a liquidação de despesas inscritas no orçamento
de funcionamento através da utilização de disponibilidades orçamentais previstas no orça-
mento de investimentos.

196
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro

Artigo 25º
Administração orçamental e contabilidade pública
1. A aplicação das dotações orçamentais e o funcionamento da administração orça-
mental obedecem às normas de contabilidade pública.
2. A vigência do Orçamento do Estado obedece ao regime do ano económico.
SECÇÃO VI
Artigo 26º
Alterações orçamentais
São da competência do Governo as seguintes alterações orçamentais:
a) As transferências de dotações inscritas a favor de serviços que, no decorrer do
ano transmitem de um ministério ou departamento para outro ainda que haja
alteração da designação de serviço ou do ministério;
b) As inscrições ou reforços de verbas, com contrapartida em dotação provi-
sional inscrita no orçamento do Ministério das finanças e para as finalidades
previstas no nº 4 do artigo 9º da presente Lei;
c) As inscrições ou reforços de verbas, com contrapartida em dotação provi-
sional com o pessoal previstos no nº 3 do artigo 13º da presente Lei;
d) A inscrição de dotações orçamentais relativos a donativos e empréstimos ex-
ternos que venham a ser disponibilizados ou utilizados durante o período de
execução orçamental para o financiamento de programas e projectos de in-
vestimentos e que à data da aprovação do Orçamento do Estado não estavam
efectivamente garantidos;
e) As alterações nos orçamentos dos serviços e fundos autónomos que não envolvam
recurso ao crédito para além dos limites fixados na lei anual do orçamento.
2. O Governo poderá suspender ou condicionar a execução das despesas orçamentais
da administração central, dos serviços e fundos autónomos, se a situação financeira do país
o justificar.
3. As alterações previstas na alínea d) do nº 1 do presente artigo, deverão ser comuni-
cadas à Assembleia Nacional no prazo de 60 dias a contar da sua ocorrência.
4. As alterações previstas nas alíneas a), b) e c) do nº 1 do presente artigo, deverão ser
publicadas por portaria do membro do Governo responsável pelas Finanças, no período
máximo de 90 dias.
5. As alterações previstas na alínea e) do nº 1 do presente artigo, deverão ser publi-
cadas por portaria conjunta dos membros do Governo responsáveis pelas finanças e pela
superintendência do serviço cujo orçamento foi alterado, no período máximo de 90 dias.

197
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro

Artigo 27º
Orçamento rectificativo
1. Salvo os casos previstos no artigo anterior, as alterações ao Orçamento do Estado só
poderão ser efectuadas através de orçamento rectificativo, proposto pelo Governo e apro-
vado pela Assembleia Nacional.
2. O orçamento rectificativo destina-se a modificar, em caso de necessidade de introdu-
ção de alterações que ultrapassam as competências do Governo previstas no artigo anterior,
o orçamento inicialmente aprovado.
3. O orçamento rectificativo deverá conter imperativamente, no que respeita às modifi-
cações introduzidas, a mesma estrutura de apresentação dos mapas orçamentais aprovados
pelo Orçamento.
CAPÍTULO IV
Fiscalização e responsabilidade orçamentais
SECÇÃO VII
Artigo 28º
Fiscalização orçamental
1. A fiscalização administrativa da execução orçamental compete, além da própria en-
tidade responsável pela gestão e execução, a entidades hierarquicamente superiores de tu-
tela e a órgãos de inspecção e de controlo administrativo, devendo ser efectuada nos termos
da legislação aplicável.
2. A Inspecção Geral das Finanças procederá trimestralmente À fiscalização admi-
nistrativa de execução orçamental das receitas e das despesas previstas no Orçamento do
Estado e sua adequação às normas e procedimentos legais, produzindo os respectivos re-
latórios.
3. A fiscalização jurisdicional da execução orçamental compete ao Tribunal de Contas
e é efectuada nos termos da legislação aplicável.
Artigo 29º
Responsabilidade pela execução orçamental
1. Os titulares de cargos políticos respondem politica, civil e criminalmente pelos actos
e omissões que pratiquem no âmbito do exercício das suas funções de execução orçamen-
tal, nos termos da legislação aplicável, que tipificará a natureza e efeitos das infracções,
conforme sejam ou não cometidas com dolo.
2. Os funcionários e agentes do Estado e das demais entidades públicas são responsá-
veis civil, criminal e disciplinarmente pelas suas acções e omissões de que resulte violação
das normas de execução orçamental, nos termos do artigo 265º da Constituição e da legis-
lação aplicável.

198
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro

Artigo 30º
Informações a prestar à Assembleia Nacional
1. O Governo deve informar trimestralmente a Assembleia Nacional acerca do mon-
tante, condições, entidades financiadoras e utilização de todos os empréstimos contraídos,
bem como acerca do montante, condições e entidades beneficiárias de empréstimos e ou-
tras operações activas concedidas pelo Governo.
2. O Governo deve enviar regularmente à Assembleia Nacional os balancetes trimes-
trais relativos à execução orçamental elaborados pelos serviços da Contabilidade Pública.
SECÇÃO VIII
Artigo 31º
Contas públicas
1. O resultado da execução orçamental consta das contas provisórias trimestrais e da
Conta do Estado.
2. O Governo deve publicar contas provisórias trimestrais, 45 dias após o termo do
mês a que se referem.
3. O Governo deve apresentar à Assembleia Nacional a Conta do Estado e a conta da
Segurança Social de acordo com a data fixada na Constituição da Republica.
4. Compete à Assembleia Nacional a remessa ao Tribunal de Contas da conta do Esta-
do e da Segurança Social para parecer.
5. A Assembleia Nacional aprecia e aprova a Conta do Estado, incluindo a da Seguran-
ça Social, precedendo parecer do Tribunal de Contas, até 180 dias a contar da data referida
no nº 3. No caso de não aprovação, determina, se a isso houver lugar, a efectivação da
correspondente responsabilidade.
6. O parecer do Tribunal de Contas será acompanhado das respostas dos serviços e
organismos às questões que esse órgão lhe formular.
Artigo 32º
Âmbito da conta do Estado
A Conta do Estado abrange as contas de todos os organismos da administração central
que não tenham natureza, forma e designação de empresa pública e a conta da Segurança
Social.
Artigo 33º
Princípios fundamentais
1. A conta do Estado deve ter uma estrtura idêntica a do Orçamento do Estado, sendo
elaborada com clareza, exactidão e simplicidade, de modo a possibilitar a sua análise eco-
nómica e financeira.
3. A conta poderá ser apresentada também sob a forma consolidada

199
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro

Artigo 34º
Princípios fundamentais
A Conta do Estado compreende:
I O relatório do Ministro das finanças sobre os resultados da execução orçamental;
II A conta da Assembleia Nacional;
III O mapa da conta geral dos fluxos financeiros do Estado;
IV Os mapas referentes à execução orçamental, de acordo com a organização e
estrutura prevista no artigo 18º da presente Lei;
V Os mapas relativos à Situação de Tesouraria:
1. Fundos saídos para pagamento das despesas públicas orçamentais
2. Reposições abatidas nos pagamentos por ministério
3. Conta Geral de operações de tesouraria e transferência de fundos
4. Conta Geral, por cofres, de todo o movimento de receita e despesa e res-
pectivos saldos existentes no início e final do ano.
VI Os mapas relativos a situação Patrimonial:
1. Aplicação do produto de empréstimo
2. Movimento da Dívida pública
3. Balanço da Segurança Social
Artigo 35º
Apresentação por programas
As contas referentes as despesas do Estado e dos serviços e fundos autónomos serão
apresentadas por programas quando se verificar a situação prevista no nº 2 do artigo 11º da
presente lei.
Artigo 36º
Anexos informativos
O Governo deve remeter à Assembleia Nacional com o relatório e os mapas a que se
refere o artigo 34º, todos os elementos necessários a justificação da conta apresentada e,
designadamente, os seguintes mapas:
a) Despesas com investimentos do PPIP;
b) Despesas excepcionais;
c) Relação nominal dos beneficiários dos avales do Estado.

200
Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro

CAPÍTULO V
Disposições finais e transitórias
Artigo 37º
Orçamento do Estado para 1999
1. A presente Lei aplica-se à elaboração e aprovação do Orçamento do Estado para 1999
e seguintes.
2. Exceptuam-se do disposto no número anterior quando ao Orçamento do Estado para
1999, os prazos previstos no nº 4 do artigo 11º da presente Lei.
3. Exceptua-se ainda do disposto no nº 1, quanto ao Orçamento do Estado para 1999,
o disposto no nº 3 do artigo 6º.
Artigo 38º
Revogação
É revogada a Lei nº 86/IV/93, de 29 de Novembro.
Artigo 39º
Entrada em vigor
A presente Lei entra em vigor imediatamente.
Aprovada em 30 de Outubro de 1998.
O Presidente da Assembleia Nacional, em exercício José Maria Pereira Neves.
Promulgada em 3 de Dezembro de 1998.
Publique-se.
O Presidente da Republica, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Assinada em 3 de Dezembro de 1998.
O Presidente da Assembleia Nacional, em exercício José Maria Pereira Neves.

201
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

REGIME FINANCEIRO DAS AUTARQUIAS LOCAIS


Lei nº 79/VI/2005
de 5 de Setembro
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do arti-
go 174º da Constituição, o seguinte:
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Artigo 1º
(Objecto)
A presente lei estabelece o regime financeiro das autarquias locais.
Artigo 2º
(Autonomia patrimonial e financeira)
1. Os Municípios têm finanças e património próprios, cuja gestão compete aos respec-
tivos órgãos autárquicos no âmbito da autonomia administrativa, financeira e patrimonial.
2. O regime da autonomia financeira e patrimonial das Autarquias Locais assenta, de-
signadamente, no exercício autónomo, nos termos da lei, dos poderes de:
a) Elaborar, aprovar, alterar e executar os respectivos plano de actividades e
orçamento próprios;
b) Elaborar e aprovar os respectivos balanços e contas de gerência;
c) Lançar, liquidar e cobrar as respectivas receitas próprias e arrecadar as demais
receitas, que por lei, para eles devam reverter;
d) Recorrer ao crédito, nos termos da lei;
e) Ordenar, processar e liquidar as suas despesas próprias orçamentadas;
f) Realizar investimentos públicos municipais;
g) Ter, gerir e dispor de património próprio.
3. São nulas as deliberações de qualquer órgão das Autarquias Locais que criem impos-
tos ou determinem o lançamento de taxas, derramas ou mais valias não previstas na lei.
4. São também nulas as deliberações de qualquer órgão das Autarquias Locais que
determinem ou autorizem a realização de despesas não permitidas por lei.
Artigo 3º
(Novas atribuições e competências)
1. Os projectos ou propostas de lei que confiram ou transfiram novas atribuições ou
competências aos Municípios não poderão ser discutidos sem consulta prévia, por escrito,
da Associação Nacional dos Municípios Cabo-Verdianos (ANMCV).

202
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

2. A lei que confira ou transfira novas atribuições ou competências aos Municípios


deve também dotá-los dos recursos necessários ao seu exercício e ao suporte das despesas
inerentes e recorrentes.
3. A entrada em vigor da lei que confira ou transfira novas atribuições ou competências
aos Municípios é sempre reportada ao início do ano económico seguinte e condicionada:
a) A um período de vacatio legis não inferior a seis meses;
b) À inscrição no Orçamento de Estado para o ano económico de entrada em
vigor da lei de verba necessária ao suporte das despesas inerentes e recor-
rentes, nos termos do nº 4;
c) Ao estabelecimento pelo Governo, ouvida a ANMCV, dos mecanismos de
transferência efectiva, regular e atempada dos recursos da verba prevista na
alínea b) para os Municípios;
d) À celebração entre o Governo e a ANMCV de um contrato-programa de for-
mação de pessoal dos Municípios necessário ao exercício das novas atribuições
e competências;
e) À celebração entre o Governo e a ANMCV de um contrato-programa de mo-
bilidade de pessoal qualificado do Estado para os Municípios, preliminar,
complementar ou alternativo do programa referido na alínea d);
f) À celebração entre o Governo e a ANMCV de um contrato-programa de apoio
técnico na organização, adaptação ou instalação dos serviços municipais
necessários ao exercício das novas atribuições e competências;
g) Ao estabelecimento pelo Governo, ouvida a ANMCV, de uma administração
de missão para o acompanhamento e a supervisão do processo de operacion-
alização do exercício das novas atribuições ou competências.
4. A dotação de recursos financeiros aos Municípios em virtude de novas atribuições e
competências inclui sempre a municipalização das taxas, tarifas e preços correspondentes
aos actos e actividades inerentes aos novos poderes funcionais e dos impostos consignados
por lei ao seu exercício e pode ainda consistir em:
a) Financiamento temporário, por período não excedente a cinco anos, da totali-
dade ou parte das despesas inerentes ou recorrentes;
b) Aumento das receitas fiscais dos Municípios.
Artigo 4º
(Contratos-programa)
1. O Governo poderá celebrar com os Municípios contratos-programa, designadamen-
te para a execução descentralizada do Programa Plurianual de Investimentos Públicos.
2. O Governo regulamentará as condições e critérios para a celebração dos contratos-
programa.

203
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

CAPÍTULO II
Receitas Municipais
Artigo 5º
(Receitas municipais)
Constituem receitas do Município:
a) O produto da cobrança do Imposto Único sobre o Património (IUP), liquidado
no respectivo território;
b) O produto da cobrança do Imposto Municipal sobre os Veículos Automóveis;
c) A comparticipação de 49% no produto da venda de terrenos estaduais incluí-
dos nas Zonas Turísticas Especiais (ZTE) que se situem no respectivo ter-
ritório, depois de deduzidas as percentagens estabelecidas na lei;
d) Uma comparticipação no produto da renda paga pela entidade concessionária
das Zonas de Desenvolvimento Industrial ou de Parques Industriais que se
situem no respectivo território;
e) O produto das derramas lançadas, nos termos do artigo 7º da presente lei;
f) A participação do Fundo de Financiamento dos Municípios, nos termos da
presente lei;
g) O produto da cobrança das taxas e das tarifas ou preços por serviços munici-
pais;
h) A participação no lucro das empresas municipais;
i) O rendimento dos serviços municipais administrados directamente e a renda
dos dados em concessão;
j) O rendimento dos bens do domínio público ou privado municipal;
k) O produto de heranças, legados, doações e outras liberalidades;
l) Os subsídios e as comparticipações do Estado e de outras entidades públicas,
e bem assim os obtidos no âmbito de programas e projectos da cooperação
internacional descentralizada;
m) O produto da alienação de bens do património municipal;
n) O produto de empréstimos contraídos, incluindo o lançamento de obrigações
municipais;
o) O produto da cobrança de encargos de mais-valias destinadas por lei aos mu-
nicípios;
p) O produto das coimas aplicadas pelos seus órgãos ou que por lei ou regula-
mento para ele revertam;

204
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

q) A uma participação, a determinar pelo Governo, na renda pela concessão da


exploração de recursos naturais do domínio público do Estado situados no ter-
ritório municipal;
r) A comparticipação de 50% na renda pela utilização de áreas aeroportuárias
paga ao Estado pela Empresa Nacional de Aeroportos e Segurança Aérea
(ASA) aos Municípios que possuam aeroportos ou aeródromos, nos termos a
regulamentar;
s) Quaisquer outras que, por lei, regulamento ou contrato, lhe sejam destinadas.
Secção I
Artigo 6º
(Taxas dos Municípios)
1. Os Municípios podem cobrar taxas por:
a) Concessão de licenças de loteamento, de execução de obras de particulares, da
utilização da via pública por motivo de obras e de utilização de edifícios;
b) Construção, manutenção ou reforço de infra-estruturas urbanísticas e de sa-
neamento;
c) Ocupação do domínio público e aproveitamento dos bens de utilização;
d) Ocupação e utilização de locais reservados nos mercados e feiras;
e) Aferição de pesos, medidas e aparelhos de medição;
f) Estacionamento de veículos em parques ou outros locais a esse fim destina-
do;
g) Licenciamento sanitários das instalações;
h) Extinção de incêndios;
i) Autorização para o emprego de meios publicitários com fim comercial;
j) Autorização de venda ambulante nas vias e recintos públicos;
k) Enterramento, concessão de terrenos e uso de jazigos, de ossários e de outras
instalações em cemitérios municipais;
l) Registos e licença de cães;
m) Utilização de matadouros e talhos municipais;
n) Utilização de quaisquer instalações destinadas ao conforto, comodidade ou
recreio público;
o) Comparticipação dos proprietários de solos urbanos nos custos da urbaniza-
ção, nos termos das leis de ordenamento do território e de planeamento ur-
banístico;

205
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

p) Comparticipação dos proprietários de imóveis situados em áreas urbanizadas


nos custos de conservação de espaços públicos, nos termos das leis de ordena-
mento do território e de planeamento urbanístico;
q) Extracção de materiais inertes, em explorações particulares autorizadas a céu
aberto;
r) Concessão de licenças de obras no solo e subsolo do domínio público munici-
pal;
s) Ocupação ou utilização do solo e subsolo do domínio público municipal e do
espaço aéreo do território municipal;
t) Aproveitamento dos bens de utilidade pública situados no solo e subsolo do
domínio público municipal e no espaço aéreo do território municipal, design-
adamente por empresas e entidades das comunicações e distribuição de água
e energia;
u) Instalação de antenas parabólicas;
v) Instalação de antenas de operadores de telecomunicações móveis;
w) Prestação de serviços ao público por unidades orgânicas, funcionários ou
agentes municipais, quando não realizadas no âmbito do artigo 14º;
x) Conservação e tratamento de esgotos, quando não realizadas no âmbito do
artigo 14º;
y) Emissão de qualquer outra licença não prevista nas alíneas precedentes, da
competência dos municípios;
z) Outros registos não previstos nas alíneas anteriores, da competência dos mu-
nicípios.
2. Compete à Assembleia Municipal, sob proposta da Câmara Municipal, estabelecer
as taxas e o regime de concessão de isenções ou reduções a entidades que apresentem
projectos de investimento de especial interesse para o desenvolvimento do Município e
aprovar os respectivos quantitativos.
3. Compete, também, à Assembleia Municipal, sob proposta da Câmara Municipal,
deliberar a concessão de isenção ou redução de taxas às entidades referidas no número
anterior.
4. A Câmara Municipal poderá acordar com serviços da administração central ou de
empresas concessionárias de serviços públicos instalados no território municipal a cobran-
ça das taxas a que tenha direito e a transferência do respectivo produto, deduzido da comis-
são contratada, até 15 dias do mês seguinte ao da cobrança.

206
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

Secção II
Artigo 7º
(Derrama)
1. Os Municípios podem lançar, anualmente, uma derrama até o máximo de 10% da
colecta do Imposto Único sobre os Rendimentos (IUR) das pessoas colectivas que propor-
cionalmente corresponda ao rendimento gerado no respectivo território por sujeitos passi-
vos que nele exerçam uma actividade de natureza comercial ou industrial.
2. A derrama só pode ser lançada para ocorrer ao financiamento de investimentos im-
portantes para o desenvolvimento do Município ou da recuperação ou reconstrução de
infra-estruturas sociais e económicas fundamentais danificados ou destruídos em situações
de calamidade pública ou, ainda, no quadro de contratos de reequilíbrio financeiro.
3. A deliberação sobre o lançamento de derrama é da competência da Assembleia Mu-
nicipal, aprovada por maioria de dois terços, sob proposta da Câmara Municipal, ouvidos
o Governo e as associações empresariais com actividade no território do Município ou
grupos de empresários locais, na ausência daquelas, e deve ser tomada até 15 de Setembro
do ano económico anterior ao da sua aplicação.
4. A deliberação de lançamento da derrama e o respectivo processo devem ser comuni-
cados, até 30 de Setembro, ao membro do Governo responsável pela área das Finanças.
5. A deliberação de lançamento da derrama deve ser comunicada pela Câmara Muni-
cipal ao serviço central de contribuições e impostos e ao serviço central de tutela sobre os
municípios, até 31 de Outubro do ano anterior ao da sua aplicação, para efeitos de divul-
gação, cobrança e transferência da respectiva receita por parte dos serviços competentes
da administração fiscal do Estado, sob pena de a derrama não poder ser liquidada nem
cobrada.
6. Para efeitos de aplicação do disposto no nº 1, considera-se que o rendimento é gera-
do no município onde se situa a sede ou a direcção efectiva do sujeito passivo ou, tratando-
se de sujeitos passivos considerados para fins fiscais como não residentes em território
nacional, no Município em que se situa o estabelecimento estável onde esteja centralizada
a respectiva contabilidade.
7. Nos casos não abrangidos pelo número anterior, sempre que os sujeitos passivos
tenham estabelecimentos estáveis ou representações em mais de um município, a colecta
do IUR relativa ao rendimento gerado no território de cada município é determinada pela
proporção da massa salarial correspondente ao estabelecimento ou representação que o
sujeito passivo nele possua na massa salarial global, correspondente à totalidade dos seus
estabelecimentos ou representações no território nacional.
8. Entende-se por massa salarial, para efeitos do presente artigo, o valor das despesas
efectuadas com o pessoal e escrituradas no exercício a título de remunerações, ordenados
ou salários.

207
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

9. O apuramento da derrama devida será efectuado pelo próprio contribuinte, se optar


pela autoliquidação nos termos das leis do IUR, ou pelos serviços competentes da adminis-
tração fiscal do Estado, nos demais casos, observando-se sempre os prazos e procedimentos
definidos na lei do IUR.
10. No caso de comunicação aos contribuintes dos valores postos à cobrança, por força
do presente artigo, a mesma deverá conter a menção de que se trata de derrama munici-
pal.
11. O produto das derramas é transferido aos municípios respectivos pelos serviços
competentes da administração fiscal do Estado, até ao fim do mês seguinte ao da respectiva
cobrança.
12. O serviço central de contribuições e impostos fornecerá aos municípios e ao servi-
ço central de tutela sobre os municípios informação periódica actualizada e discriminada da
derrama liquidada, cobrada e transferida pelos serviços da administração fiscal do Estado.
Secção III
Artigo 8º
(Recurso ao crédito)
1. Os Municípios podem contrair empréstimos, sob qualquer forma, junto de qualquer
instituição autorizada por lei a conceder crédito, bem como emitir obrigações e celebrar
contratos de locação financeira para financiar investimentos municipais, nos termos da lei.
2. Os Municípios podem contrair empréstimos no exterior nas seguintes condições
cumulativas:
a) Junto de instituições financeiras internacionais ou de instituições de cooper-
ação internacional descentralizada, vocacionadas para financiar o desenvolvi-
mento regional ou local;
b) Para financiar projectos de investimento de médio ou longo prazos;
c) As condições de juro e reembolso forem melhores do que as praticadas no
mercado interno;
d) Mediante autorização do Governo, por despacho do membro do Governo re-
sponsável pela área das Finanças.
3. Os empréstimos de curto prazo só podem ser contraídos para ocorrer a dificuldades
de tesouraria, não podendo o seu montante exceder, em momento algum, 10% das receitas
efectivamente cobradas no ano económico anterior, excluídas as contas de ordem.
4. Os empréstimos para saneamento financeiro destinam-se à consolidação de passivos
financeiros ou outros, designadamente nos casos de desequilíbrio financeiro grave, estão
sujeitos ao limite de endividamento e não podem ter um prazo de vencimento superior a
dez anos.

208
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

5. Os empréstimos para reequilibro financeiro destinam-se à resolução de situações de


desequilíbrio financeiro estrutural ou de ruptura financeira, desde que se mostre esgotada
a capacidade de endividamento e não podem ter um prazo de vencimento superior a dez
anos.
6. Os empréstimos contraídos para aplicação em investimentos não podem, em caso
algum, exceder a vida útil do respectivo investimento e o limite máximo de vinte anos.
7. Compete à Assembleia Municipal, sob proposta da Câmara Municipal, autorizar o
recurso pelo Município ao crédito.
8. A possibilidade de recurso ao crédito a curto prazo nos termos do n.º 3 carece apenas
de deliberação da Câmara Municipal e não pode exceder o final do ano económico em cur-
so, ficando esta na obrigação de informar a Assembleia Municipal na sessão seguinte.
9. A proposta da Câmara Municipal, quando se refira a crédito que não seja de curto
prazo, é obrigatoriamente acompanhada de informações que incluam, necessariamente:
a) A demonstração, de forma inequívoca e verificável por entidade externa, da
relevância do investimento e a capacidade de reembolso por parte do Município;
b) Um mapa demonstrativo da capacidade de endividamento do Município, no-
meadamente os encargos com juros e amortização do capital de cada um dos
empréstimos não reembolsados e sua incidência anual num horizonte de cinco
anos.
10. Os encargos anuais com amortizações e juros de crédito de médio e longo prazos,
incluindo os dos empréstimos obrigacionistas, não podem exceder o maior de um dos se-
guintes limites:
a) 15% do valor das receitas correntes, incluindo as transferências a que o mu-
nicípio tem direito nos termos dos artigos 10º a 13º da presente lei;
b) 25% do valor dos investimentos realizados pelo Município no ano anterior.
11.Dos limites estabelecido no nº10, ficam excluídos os juros e amortizações de em-
préstimos com o fim exclusivo de ocorrer a despesas extraordinárias resultantes de calami-
dades públicas ou para aquisição, construção ou recuperação de habitação social.
12.Os empréstimos municipais podem beneficiar de bonificação de juros, dentro dos
limites fixados no Orçamento de Estado e nos termos do decreto regulamentar a que se
refere o n.º 17 do presente artigo.
13.Apenas podem constituir garantias dos empréstimos contraídos pelo Município:
a) As respectivas receitas municipais, com excepção dos subsídios, compartici-
pações e receitas consignadas;
b) A hipoteca de imóveis do domínio privado disponível, quando os empréstimos
se destinem a habitação social;

209
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

c) A consignação de rendimentos esperados dos investimentos que possam auto-


financiar-se.
14. Os empréstimos municipais podem também ser garantidos por aval do Estado
quando seja demonstrada cabalmente a viabilidade dos projectos de investimento a que
se destinam e o Município requerente demonstre uma situação financeira e de tesouraria
saudáveis.
15. Para efeitos do disposto no número anterior, o Município requerente do aval deve
apresentar ao membro do Governo responsável pela área das Finanças um estudo técnico-
económico e financeiro do projecto de investimento e da sua situação financeira relativa-
mente aos três últimos exercícios, bem como um orçamento previsional para os três anos
subsequentes.
16. É proibido aos Municípios o aceite e saque de letras de câmbio, a concessão de
avales cambiários, bem como a subscrição de livranças e a concessão de garantias pesso-
ais.
17. O regime do crédito municipal é estabelecido por decreto regulamentar.
Secção IV
Artigo 9º
(Alienação de bens)
A alienação de bens patrimoniais do Município faz-se por concurso público ou em
hasta pública nos termos da lei.
Secção V
Artigo 10º
(Fundo de Financiamento dos Municípios)
1. Os Municípios participam, por direito próprio, nas receitas provenientes dos impos-
tos directos e indirectos do Estado, nomeadamente o Imposto Único sobre os Rendimentos
(IUR), o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), o Imposto sobre Consumos Especiais
(ICE), o Imposto de Selo e os Direitos Aduaneiros.
2. Para efeitos do disposto no número 1, é criado o Fundo de Financiamento dos Mu-
nicípios (FFM).
3. O FFM é anualmente dotado no Orçamento de Estado pela transferência não consig-
nada de 10% do valor dos impostos directos e indirectos efectivamente cobrados no penúl-
timo ano anterior àquele a que o Orçamento se refere, excluindo os impostos consignados
por lei, bem como as derramas e outros impostos municipais eventualmente cobrados pela
administração fiscal do Estado.
4. O FFM é repartido da seguinte forma:
a) 75% Para o Fundo Municipal Comum (FMC);
b) 25% Para o Fundo de Solidariedade Municipal (FSM).

210
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

Artigo 11º
(Fundo Municipal Comum)
O FMC é uma verba na qual todos os Municípios participam nos seguintes termos:
a) 20 % Repartidos igualmente por todos os Municípios;
b) 50 % Repartidos na razão directa da população residente de cada Município;
c) 15% Repartidos na razão directa da população infanto-juvenil residente, dos
zero aos dezassete anos, de cada Município;
d) 15% Repartidos na razão directa da superfície do território de cada Município.
Artigo 12º
(Fundo de Solidariedade Municipal)
1. O FSM visa reforçar a coesão municipal, promovendo a correcção de assimetrias em
benefício dos Municípios mais pobres.
2. No FSM só participam os Municípios que tenham um nível de capitação média dos
impostos municipais inferior à média nacional e que tenham uma proporção de população
de pobres distantes da linha de pobreza superior ou igual à média nacional, à luz dos crité-
rios estabelecidos pelo Instituto Nacional de Estatística.
3. A repartição do FSM faz-se com base nos índices de insuficiência fiscal e de pobreza
referidos no nº 2 e nas fórmulas indicadas nos números seguintes.
4. A distribuição da verba do FSM pelos Municípios com direito a nele participar
efectua-se de conformidade com a fórmula:
CF = Pm*(Cni-Cmi)
5. Na fórmula prevista no número anterior, CF é o valor da correcção fiscal do Muni-
cípio, Pm é a população residente no Município, Cni é a capitação nacional de impostos
municipais e Cmi é a capitação em impostos municipais do Município.
6. O montante do FSM remanescente depois da repartição referida no nº 4 é repartido
em conformidade com a fórmula:
vi
P = ---------
∑vi

7. Na fórmula prevista no número anterior, P é o índice, ou o peso atribuído a cada


município na distribuição do FSM ∑vi corresponde à soma dos de todos os Municípios
que têm direito a FSM.
8. Para efeitos do disposto no nº 6: vi = popi * p1 * Z
9. Na fórmula prevista no número anterior, popi é a população em cada Município com
direito a FSM, e z a Profundidade da Pobreza em cada Município que tem direito a FSM e
corresponde ao Limiar da Pobreza calculado pelo Instituto Nacional de Estatística.

211
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

Artigo 13º
(Garantia de crescimento mínimo e máximo
da transferência para os Municípios)
1. Quando da aplicação dos critérios estabelecidos nos artigos 11º e 12º resultar valor
do FFM inferior ao do ano anterior, este é corrigido para igual montante.
2. A diferença apurada entre o valor total obtido pela aplicação do número anterior e
o total do FFM previsto é deduzida proporcionalmente pelo FFM de cada Município que
tenha um aumento em relação ao ano anterior superior à média geral de crescimento.
3. O disposto nos números anteriores não é aplicável quando haja alteração significati-
va e cumulativa dos indicadores referidos nas alíneas b), c) e d) do artigo 11.º
Artigo 14º
(Tarifas e preços de serviços)

1. As tarifas e preços de serviços a que se refere a alínea g) do artigo 5º respeitam às


seguintes actividades realizadas directamente por serviços municipais ou em regime de
concessão:

a) Abastecimento de água e energia;

b) Recolha, depósito e tratamento de lixos e resíduos sólidos;

c) Ligação, conservação e tratamento de esgotos e outros sistemas de drenagem


de águas residuais;

d) Transportes urbanos colectivos de passageiros e transporte de mercadorias;

e) Transporte escolar;

f) Produção e distribuição de inertes em locais autorizados;

g) Quaisquer outros serviços prestados em regime de concessão;

h) Quaisquer outras actividades cuja prestação incumba a serviços autónomos


municipais ou a empresas municipais;

i) Outras actividades que, por deliberação da Assembleia Municipal, sob pro-


posta da Câmara Municipal, devam ser prestadas em regime empresarial por
serviços municipais.

2. Salvo tratando-se de serviços de interesse vital para as populações, a determinar pela


Assembleia Municipal, sob proposta da Câmara Municipal, as tarifas e preços a praticar
devem assegurar uma exploração equilibrada do serviço, permitindo cobrir os encargos da
exploração e administração e a reintegração dos equipamentos.

212
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

Artigo 15º
(Cooperação técnica e financeira)
1. O Governo e os Municípios poderão, mediante acordos específicos e dentro dos
limites e condições estabelecidos no presente artigo, cooperar técnica e financeiramente na
realização das respectivas atribuições, designadamente:
a) Na modernização administrativa dos Municípios;
b) No processo de transferência de novas atribuições e competências para os
Municípios;
c) Na execução descentralizada do Programa Plurianual de Investimentos Públi-
cos;
d) Na execução de projectos municipais relevantes para o desenvolvimento re-
gional ou local;
e) Na liquidação e cobrança de impostos, taxas e outras receitas municipais.
2. A cooperação técnica e financeira prevista na presente lei está sujeita, nomeadamen-
te, aos princípios da igualdade, da imparcialidade, da justiça e da transparência.
3. Não são permitidas quaisquer formas de subsídios ou comparticipações financeiras
aos Municípios por parte do Estado, dos serviços e fundos autónomos, das empresas pú-
blicas, das empresas mistas ou das empresas concessionárias de serviços públicos, salvo o
disposto na presente lei.
4. Poderão ser excepcionalmente inscritas no Orçamento do Estado verbas para o fi-
nanciamento de projectos dos Municípios de grande relevância para o desenvolvimento
regional ou local quando se verifique a sua urgência e a manifesta e comprovada incapaci-
dade financeira dos Municípios interessados em os realizar.
5. O Governo pode ainda tomar providências orçamentais para conceder auxílios fi-
nanceiros aos Municípios, nos seguintes casos:
a) Calamidade publica;
b) Instalação de novas autarquias locais;
c) Recuperação de áreas degradadas ou renovação urbana, quando o peso do
investimento ultrapasse a capacidade de financiamento municipal;
d) Desencravamento de povoações;
e) Resolução de bloqueamentos graves que afectem de modo relevante o fun-
cionamento dos serviços municipais, nomeadamente os de saneamento bási-
co, de protecção civil, de transporte colectivo de passageiros, de produção e
distribuição de energia eléctrica e de abastecimento de água;

213
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

f) Verificação de circunstâncias anormais que comprometam o equilíbrio das fi-


nanças municipais, não imputáveis aos órgãos municipais;
g) Construção, reconstrução, recuperação ou reparação de edifícios sede dos
Municípios negativamente afectados na respectiva funcionalidade;
h) Transferência de novas atribuições ou competências;
i) Bonificação de juros nos termos do decreto regulamentar a que se refere o nº
12 do artigo 8º da presente lei.
6. As providências orçamentais a que se referem os nºs 4 e 5 deverão ser discriminadas
por sectores, Municípios e programas.
7. A cooperação técnica e financeira deve ser formalizada através de instrumentos con-
tratuais entre o Estado e os Municípios, obrigatoriamente publicados no Boletim Oficial.
8. O Governo estabelece, por decreto regulamentar, a cooperação técnica e financeira
prevista no presente artigo.
Artigo 16º
(Coimas)
1. O Município pode estabelecer coimas por contra-ordenação municipal, nos termos
da lei.
2. Considera-se contra-ordenação municipal a violação às posturas ou regulamentos
policiais de natureza genérica e execução permanente.
3. Salvo disposição legal em contrário, o Município não pode estabelecer coimas de
montante inferior a 3.000$00 (três mil escudos) nem superior a 300.000$00 (trezentos mil
escudos) para pessoas singulares, ou 4.000.000$00 (quatro milhões de escudos) para pes-
soas colectivas.
4. Salvo disposição legal em contrário, as coimas são estabelecidas pela Assembleia
Municipal, sob proposta da Câmara Municipal.
5. A aplicação das coimas estabelecidas nas posturas e regulamentos policiais do Mu-
nicípio compete aos respectivos órgãos executivos, às suas delegações municipais e aos
seus serviços municipais organizados a nível dos bairros e povoados, dentro dos limites
máximos estabelecidos pela Assembleia Municipal para cada uma das entidades aplicado-
ras.
6. Às contra-ordenações municipais e ao seu processamento é aplicável o regime geral
das contra-ordenações estabelecido por lei.
7. Pertence também ao Município o produto da cobrança das coimas que, por lei ou
regulamento, para ele reverta, total ou parcialmente.

214
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

Artigo 17º
(Regime geral dos impostos municipais)
1. São impostos municipais:
a) O Imposto Único sobre o Património (IUP);
b) O Imposto Municipal sobre Veículos Automóveis;
c) Outros que venham a ser criados como tais.
2. Os impostos municipais são criados pela Assembleia Nacional nos termos previstos
na Constituição e na lei.
3. Na criação de impostos municipais são tidos em conta os princípios gerais do siste-
ma fiscal e do regime de finanças locais estabelecidos na Constituição e no Código Geral
Tributário (CGT).
4. As taxas dos impostos municipais podem ser alteradas pela lei do Orçamento do
Estado ou por lei específica.
5. Podem ser concedidas isenções, reduções de taxas ou outros benefícios fiscais rela-
tivamente aos impostos municipais em casos de reconhecido interesse económico, social
ou cultural, nos termos e formas previstas no Código Geral Tributário (CGT), com as ne-
cessárias adaptações quanto ao processo administrativo.
6. À reclamação graciosa ou impugnação judicial da liquidação de impostos munici-
pais, bem como das taxas, encargos de mais-valias e demais receitas municipais de nature-
za fiscal, e às infracções às respectivas normas reguladoras aplicam-se as normas do CGT e
do Código de Processo Tributário (CPT), salvo disposição expressa em contrário.
Artigo 18º
(Liquidação e cobrança dos impostos municipais)
1. A liquidação e cobrança dos impostos municipais incumbe aos serviços municipais,
salvo o disposto no presente artigo.
2. A Câmara Municipal pode, por acordo com o Estado, delegar nos serviços fiscais
da administração central a liquidação e cobrança dos respectivos impostos municipais, me-
diante uma comissão que não poderá exceder 5% dos montantes liquidados ou cobrados,
respectivamente.
3. Nos casos referidos no número anterior, a receita dos impostos municipais cobrados
é transferida para os respectivos municípios até ao fim do mês seguinte ao da cobrança,
deduzida da comissão.
Artigo 19º
(Compensação por benefícios fiscais)
Os Municípios têm direito a ser compensados, através de verba a inscrever no Orça-
mento de Estado, pelo montante de receita perdida em virtude de isenções ou reduções de
impostos municipais concedidas pelo Estado no ano anterior.

215
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

Artigo 20º
(Execução fiscal municipal)
1. A cobrança coerciva de créditos do Município é feita mediante processo de execu-
ção fiscal municipal e mediante reclamação de créditos em processo de execução que não
seja fiscal.
2. O processo de execução fiscal municipal destina-se à cobrança coerciva dos créditos
do Município por:
a) Impostos e taxas municipais e respectivos juros e demais encargos legais;
b) Encargos de mais valias;
c) Reembolsos e reposições;
d) Coimas fixadas em decisões, sentenças ou acórdãos relativos a contra-orde-
nações fiscais, salvo quando aplicadas pelos tribunais comuns;
e) Outras dívidas, que não provenham de contrato, cuja obrigação de pagamento
tenha sido reconhecida por deliberação da Câmara Municipal.
3. O processo de execução fiscal municipal segue os termos do processo de execução
fiscal regulado no CPT, com as seguintes adaptações:
a) A execução fiscal corre pela secretaria municipal, salvo o disposto no n.º 5;
b) Tem legitimidade para promover a execução fiscal o Presidente da Câmara
Municipal ou vereador em quem tenha delegado tal competência, salvo o dis-
posto no n.º 5;
c) As competências atribuídas ao membro do Governo responsável pela área das
finanças, à Direcção Geral das Contribuições e Impostos ou ao seu Director
Geral, são exercidas pelo Presidente da Câmara Municipal ou por Vereador
em quem tenha delegado;
d) As competências atribuídas ao chefe da repartição de finanças e à repartição
de finanças são exercidas pelo secretário municipal e pela secretaria munici-
pal, salvo o disposto no n.º 5;
e) As competências atribuídas ao representante da Fazenda Pública e à Fazenda
Pública são exercidas pelo tesoureiro municipal;
f) As funções de escrivão do processo e de oficial de diligências são exercidas
por funcionários ou agentes municipais designados como tais pela Câmara
Municipal, salvo o disposto no n.º 5.
4. Poderá o Município, em alternativa ao regime estabelecido no número anterior, criar
um serviço autónomo encarregado da cobrança coerciva dos créditos municipais.

216
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

5. Nos casos em que se tenha criado o serviço referido no número precedente:


a) Correrão por ele os processos de execução fiscal municipal;
b) Competirá ao respectivo chefe, habilitado com curso superior que confira o
grau de licenciatura, a legitimidade para promover a execução fiscal munici-
pal, bem como a representação do Município em processos executivos comuns
para cobrança de créditos municipais ou em negociações para cobrança extra-
judicial de tais créditos;
c) Competirá a um quadro do serviço com formação jurídica, designado pelo
respectivo chefe ou a um licenciado em direito exterior ao serviço, contratado
em regime de prestação de serviços, o exercício da competência atribuída pelo
Código do Processo Tributário ao chefe da repartição de finanças ou à repar-
tição de finanças;
d) As funções de escrivão do processo e de oficial de diligências serão exercidas
por funcionários ou agentes do serviço, designados como tais pelo respectivo
chefe.
6. O Município poderá, ainda, em alternativa aos regimes previstos nos nºs 3 e 4, optar
por, mediante contrato, delegar a execução fiscal municipal nos serviços desconcentrados
de execução fiscal do Estado no respectivo Concelho.
CAPÍTULO III
Princípios e Regras Orçamentais
Artigo 21º
(Autonomia orçamental)
O orçamento do Município é independente na sua elaboração, aprovação e execução,
sem prejuízo do disposto na presente lei e, quanto à consolidação orçamental do Sector
Publico Administrativo, na Lei de Enquadramento do Orçamento de Estado.
Artigo 22º
(Anualidade)
1. O orçamento do Município é anual, sem prejuízo de possibilidade de nele serem
integrados programas e projectos que implicam encargos plurianuais.
2. O ano económico coincide com o ano civil.
Artigo 23º
(Unidade e universalidade)
1. O orçamento é unitário e compreende todas as receitas e despesas do Município.
2. As receitas e despesas dos serviços autónomos municipais deverão ser indicadas, em
termos globais, no orçamento do Município, em contas de ordem.

217
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

3. Em anexo ao orçamento do Município devem constar os orçamentos discriminados


dos serviços autónomos e empresas municipais.
Artigo 24º
(Equilíbrio)
1. O orçamento deverá prever os recursos necessários para cobrir as despesas nele
inscritas.
2. As receitas correntes serão, pelo menos, iguais às despesas correntes.
Artigo 25º
(Especificação)
1. O orçamento especificará suficientemente as receitas e as despesas nele previstas.
2. São nulos os créditos que possibilitem a existência de dotações para utilização con-
fidencial ou para fundos secretos.
3. Na rubrica de exercícios findos só podem ser inscritas despesas que nos anos anterio-
res tenham sido realizadas em conformidade com os princípios e normas da presente lei.
4. Os recursos disponibilizados por outras entidades públicas ou privadas, nacionais,
estrangeiras ou internacionais, para suportar actividades realizadas pelo Município só po-
derão ser considerados como fundos extra-orçamentais quando respeitem a actividades
extraordinárias fora do âmbito normal das atribuições municipais, devendo, em todos os
demais casos, ser especificados como receita municipal, mesmo que consignada.
Artigo 26º
(Proibição da consignação)
1. No orçamento municipal não pode afectar-se o produto de quaisquer receitas à co-
bertura de determinadas despesas, salvo tratando-se de:
a) Recursos disponibilizados ao Município no âmbito da cooperação interna-
cional descentralizada ou da cooperação técnica e financeira com o Estado
ligados a actividades ou finalidades determinadas;
b) Recursos provenientes de crédito de médio ou longo prazos;
c) Recursos disponibilizados por outras entidades públicas ou privadas, nacionais,
estrangeiras ou internacionais, para suportar actividades ou finalidades determi-
nadas e que não devam ser considerados como fundos extra-orçamentais;
d) Outras receitas consignadas por lei.
2. As receitas consignadas só poderão ser utilizadas para liquidação e pagamento de
despesas, na medida das disponibilidades existentes e proporcionadas pela cobrança efec-
tiva das receitas, confirmada pela sua entrada nos cofres da tesouraria municipal.

218
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

3. As receitas consignadas deverão constar de um mapa informativo, anexo ao orça-


mento, com a indicação das respectivas contrapartidas em despesas, sejam elas de funcio-
namento ou de investimento.
Artigo 27º
(Não compensação)
1. Todas as receitas serão inscritas no orçamento pela importância integral em que
forem avaliadas, sem dedução alguma para encargos de cobrança ou de qualquer outra
natureza.
2. Todas as despesas serão inscritas no orçamento pela importância integral, sem de-
dução de qualquer espécie.
Artigo 28º
(Classificação das receitas e despesas)
1. A classificação das receitas e despesas orçamentais obedece ao Plano Nacional de
Contabilidade Pública.
2. Por decreto-lei, poderão ser feitos ajustamentos à classificação referida no número
anterior, tendo em vista a sua melhor adequação ao normal funcionamento dos Municí-
pios.
Artigo 29º
(Princípio geral)
1. O orçamento municipal é aprovado em prazo que permita respeitar a exigência de
consolidação orçamental requerida pela Constituição e pelo artigo 5º da Lei de Enquadra-
mento do Orçamento de Estado.
2. Para efeitos do disposto no número precedente, até 30 de Junho do ano anterior ao
que o orçamento respeita, o departamento governamental responsável pela área das Finan-
ças comunicará, por escrito, à ANMCV, a repartição, por cada Município, do montante
global das transferências previstas no artigo 10º, com base nos critérios estabelecidos nos
artigos 11º a 13º da presente lei.
CAPÍTULO IV
Procedimentos para a elaboração e organização do Orçamento do Município
SECÇÃO I
Artigo 30º
(Elaboração da proposta de orçamento)
1. A proposta de orçamento municipal para o ano económico seguinte é elaborada pelo
Presidente da Câmara Municipal e submetida à apreciação da Câmara Municipal até 31 de
Julho do ano em curso.

219
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

2. O orçamento pode ser apresentado sob a forma de orçamento programa, englobando


as receitas e as despesas, o qual deverá reflectir as políticas, os objectivos, as metas e as
actividades a serem desenvolvidas de acordo com o plano de actividades.
3. Sem prejuízo do disposto no nº 1 do artigo 22º da presente lei, o orçamento progra-
ma pode ser apresentado sob a forma de orçamento plurianual.
Artigo 31º
(Despesas obrigatórias)
1. As despesas obrigatórias derivadas da satisfação de compromissos assumidos con-
tratualmente pelo Município, impostas por lei ou por consignação de receitas, devem ser
integralmente dotadas e ter primazia face a outras despesas.
2. Consideram-se despesas obrigatórias, nomeadamente, os encargos fixos e perma-
nentes com o pessoal que mantém vínculo contratual com o Município, o subsídio de rein-
tegração dos eleitos locais que deixem de o ser, os encargos decorrentes de contratos de
empreitada ou de fornecimento em curso, o reembolso de empréstimos contraídos, as trans-
ferências correntes e de capital impostas por lei ou assumidas legalmente pelo Município e
as despesas permanentes objecto de contratos, como sejam as rendas de casa, os prémios de
seguros, a segurança e higiene de instalações e outras obrigações resultantes de contratos
de prestação de serviços.
3. Na preparação do orçamento as despesas obrigatórias deverão ser devidamente
identificadas e quantificadas, servindo como o primeiro elemento para a determinação do
equilíbrio orçamental e para o apuramento das necessidades de financiamento.
Artigo 32º
(Despesas com o pessoal)
1. As despesas com o pessoal deverão ter uma relevância especial no processo de ela-
boração do orçamento, nomeadamente através da observância dos seguintes princípios:
a) A elaboração do orçamento de despesas com o pessoal que representem re-
munerações certas e permanentes e encargos com a segurança social deve ser
feita partindo das listas nominais dos efectivos existentes, indicando a situ-
ação funcional e o tipo de vínculo dos funcionários e agentes do Município;
b) Do orçamento de despesas com o pessoal deverão constar mapas dos efec-
tivos existentes e mapas de previsão de acréscimos de despesas com o pessoal
resultantes de nomeações, recrutamentos, progressões, promoções, reclassifi-
cações, abonos, subsídios e quaisquer outras situações previsíveis que possam
ocorrer durante o exercício económico a que se refere o orçamento, suscep-
tíveis de alterar os montantes dos encargos resultantes da previsão inicial efec-
tuada com base no quadro dos efectivos existentes.
2. A dotação orçamental para a cobertura de despesas resultantes das previsões de
acréscimos de despesas com o pessoal nas situações previstas na alínea b) do número ante-

220
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

rior será inscrita no orçamento como encargos provisionais com o pessoal através de uma
rubrica própria.
3. As despesas com o pessoal, incluindo os encargos provisionais com o pessoal, não
podem exceder 50% das receitas correntes previstas no orçamento.
Artigo 33º
(Dotação provisional)
Poderá ser inscrita uma dotação provisional para servir exclusivamente de contrapar-
tida de reforços ou de inscrições de verbas determinadas pela necessidade de acorrer a
despesas inadiáveis insuficientemente dotadas ou não previstas.
Artigo 34º
(Estruturas e organização do orçamento de investimento)
1. O orçamento de investimentos é apresentado sob a forma de programas, sub-progra-
mas e projectos, podendo ser plurianual.
2. O orçamento de investimentos é elaborado de acordo com o plano de actividades
do Município.
3. O orçamento de investimentos deve apresentar fichas de programa, sub-programa e
projectos que deverão conter de forma resumida e clara os seguintes elementos:
a) Descrição sumária, objectivos, metas, principais políticas e medidas e a estru-
tura de gestão de cada programa e o respectivo orçamento;
b) Objectivos, metas, principais políticas e medidas de indicadores de resultados
de cada sub-programa e respectivo orçamento;
c) Projectos enquadrados nos programas e sub-programas contendo todos os
elementos que permitam a sua validação para financiamento e avaliação da
sua execução, nomeadamente a coerência com as políticas, objectivos e me-
tas dos programas e sub-programas em que se integram, os custos directos e
correntes, a programação física financeira das actividades a desenvolver e os
indicadores de resultados.
4. Cada projecto deve indicar, obrigatoriamente, as fontes de financiamento e todas
as informações relevantes para um adequado enquadramento, classificação e execução or-
çamental das despesas correspondentes.
SECÇÃO II
Artigo 35º
(Conteúdo da proposta de orçamento)
A proposta do orçamento a submeter à aprovação da Assembleia Municipal deve con-
ter o articulado da respectiva proposta de deliberação, os mapas orçamentais e ser acompa-
nhada de anexos informativos.

221
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

Artigo 36º
(Conteúdo do articulado da proposta de deliberação)
O articulado da proposta de deliberação deve conter:
a) As condições de aprovação dos mapas orçamentais e as normas necessárias
para orientar a execução orçamental;
b) A indicação das fontes de financiamento que acresçam as receitas efectivas
municipais, nomeadamente no que se refere a financiamentos previstos at-
ravés de acordos de geminação e outros, bem como a indicação do destino a
dar a esses fundos;
c) O montante, as condições gerais e a aplicação prevista de financiamentos a
obter junto de instituições de crédito, nos termos do artigo 8º da presente lei;
d) Todas as outras medidas que se revelem indispensáveis à correcta gestão orça-
mental do Município para o ano económico a que o orçamento se destina.
Artigo 37º
(Estrutura dos mapas orçamentais)
1. Os mapas orçamentais a que se refere o artigo 35º da presente lei são os seguintes:
a) Mapa I - Receitas correntes e de capital do Município, especificadas segundo
uma classificação económica e orgânica;
b) Mapa II - Despesas de funcionamento e de investimento do Município, espe-
cificadas segundo uma classificação económica e orgânica;
c) Mapa III- Despesas de funcionamento e de investimento do Município, espe-
cificadas segundo uma classificação funcional;
d) Mapa IV - Receitas dos serviços autónomos municipais, segundo uma clas-
sificação orgânica e económica;
e) Mapa V - Despesas dos serviços autónomos municipais, especificadas seg-
undo uma classificação económica e orgânica;
f) Mapa VI - Despesas dos serviços autónomos municipais, especificadas seg-
undo uma classificação funcional;
g) Mapa VII - Orçamento consolidado das receitas correntes e de capital e das
despesas de funcionamento do Município e dos serviços autónomos munici-
pais, segundo uma classificação económica;
h) Mapa VIII - Orçamento consolidado das receitas correntes e de capital e das
despesas de funcionamento do Município e dos serviços autónomos munici-
pais, segundo uma classificação orgânica;

222
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

i) Mapa IX - Orçamento consolidado das despesas do Município e dos serviços


autónomos municipais, segundo uma classificação funcional;
j) Mapa X - Programas de Investimentos Públicos Municipais, estruturado por
programas, sub-programas e projectos;
k) Mapa XI - Resumo das operações fiscais do Município especificando os sal-
dos e a natureza do seu financiamento.
2. A estrutura dos mapas a que se refere o número anterior é a dos correspondentes
mapas do Orçamento de Estado, salvo disposição em contrário.
3. Sem prejuízo da tendencial uniformização com os mapas orçamentais do Orçamento
de Estado, a estrutura dos mapas pode ser alterada por portaria dos membros do Governo
responsáveis pelas áreas das Finanças e dos Municípios, ouvida a ANMCV, tendo em vista
a sua melhor adequação possível ao normal funcionamento dos Municípios e à eficiência
do controlo da execução orçamental.
Artigo 38º
(Anexos informativos)
1. Com a proposta de orçamento, o Presidente da Câmara Municipal apresentará à
Assembleia Municipal os elementos necessários à justificação da política orçamental muni-
cipal para o período da vigência do orçamento apresentado e, designadamente, os seguintes
relatórios e elementos:
a) As prioridades e as metas para a política fiscal e para as políticas de despesas
e da dívida pública municipais;
b) Política de gestão dos recursos humanos, nomeadamente no que se refere à
formação e ao recrutamento de pessoal;
c) Evolução, nos últimos três anos, da situação da dívida pública municipal e a
sua estrutura e composição, indicando a sua variação líquida e as previsões
para o exercício económico a que respeita o Orçamento do Município;
d) Operações de tesouraria e contas bancárias do Município, com o apuramento
dos respectivos saldos;
e) Mapas de evolução da execução das receitas e despesas do Município nos últi-
mos três anos, de acordo com a estruturação prevista no n.º 1 do artigo 36º da
presente lei, e análise comparativa relativamente às previsões para o exercício
económico a que respeita o Orçamento do Município;
f) Receitas consignadas, com a indicação das respectivas contrapartidas em
despesas de funcionamento e de investimentos;

223
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

g) Mapas dos efectivos, das previsões de acréscimo de despesas com o pessoal e


orçamento de encargos provisionais com o pessoal, previstos na alínea b) do
n.º 1 do artigo 32º da presente lei;
h) Situação financeira de todos os serviços autónomos municipais.
2. Além disso, devem também ser remetidos os seguintes relatórios:
a) Formas de financiamento do eventual déficit orçamental efectivo e das
amortizações;
b) Justificação das previsões das receitas fiscais com discriminação da situ-
ação dos principais impostos e taxas.
Secção III
Artigo 39º
(Discussão e aprovação)
1. A Câmara Municipal, através do seu Presidente, apresenta à Assembleia Municipal,
até 25 de Agosto de cada ano, a proposta de orçamento municipal para o ano económico
seguinte.
2. A proposta de orçamento municipal é exposta nos Paços do Concelho, para consulta
pública, durante pelo menos dez dias, a contar da sua apresentação nos termos do número
anterior.
3. A Assembleia Municipal aprova o orçamento municipal para o ano económico se-
guinte até 20 de Setembro de cada ano.
4. Para efeitos informativos e de consolidação orçamental do Sector Público Adminis-
trativo, até 1 de Outubro de cada ano, o presidente da Assembleia Municipal deve enviar ao
membro do Governo responsável pela área das Finanças o orçamento municipal aprovado
para o ano económico seguinte ou comunicar-lhe a sua não aprovação, indicando as razões
justificativas.
5. O Presidente da Assembleia Municipal deve adoptar as medidas necessárias para
a publicação do orçamento municipal até 31 de Dezembro do ano anterior àquele a que
corresponde.
Artigo 40º
(Atraso na aprovação do projecto de orçamento)
1. Se, por qualquer razão, o orçamento municipal não for aprovado pela Assembleia
Municipal antes do início do ano económico a que se refere, mantém-se transitoriamente
em vigor o orçamento do ano anterior, incluindo o articulado e os mapas orçamentais, com
as alterações que nele hajam sido formalmente introduzidos ao longo da sua execução, até
aprovação do novo orçamento.

224
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

2. A manutenção transitória da vigência do orçamento do ano anterior abrange a auto-


rização para a cobrança de todas as receitas nele previstas, bem como a prorrogação da au-
torização de cobrança das que se destinavam a vigorar apenas até o final do referido ano.
3. Durante o período transitório referido no nº 1, só podem ser autorizadas, proces-
sadas e liquidadas, mensalmente, despesas até ao limite de um duodécimo das despesas
fixadas nos mapas do exercício precedente.
4. Durante o período transitório referido nos números anteriores são aplicáveis os prin-
cípios sobre alterações orçamentais estabelecidos no artigo 46º.
5. O orçamento municipal referente ao ano económico em curso deve ser obrigatoria-
mente aprovado até 31 de Janeiro desse ano, mesmo que a totalidade dos elementos neces-
sários, designadamente quanto a receitas, não esteja disponível.
6. No caso previsto na segunda parte do número anterior, a regularização e actualiza-
ção de tais elementos serão feitas por via de orçamento rectificativo a aprovar até 31 de
Março do ano em curso.
Artigo 41º
(Publicidade)
A deliberação da Assembleia Municipal que aprova o orçamento, bem como as suas
alterações e os respectivos mapas deverão ser publicados no Boletim Oficial.
CAPÍTULO V
Execução do Orçamento
Secção I
Artigo 42º
(Execução orçamental)
A Câmara Municipal deve tomar as providências necessárias para que o orçamento
municipal possa começar a ser executado no início do ano económico a que se destina, de-
vendo, no exercício do poder de execução orçamental, adoptar as deliberações necessárias
que garantam o princípio da mais racional utilização possível das dotações orçamentais e o
princípio da melhor gestão da tesouraria.
Artigo 43º
(Efeitos do orçamento das receitas)
1. Nenhuma receita pode ser liquidada ou cobrada, mesmo que seja legal, se não tiver
sido objecto de inscrição orçamental.
2. A cobrança pode, todavia, ser efectuada mesmo para além dos valores inicialmente
previstos no orçamento.
3. Os actos administrativos que directamente envolvem perda de receita fiscal devem
ser fundamentados e publicados.

225
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

4. As receitas liquidadas e não cobradas até 31 de Dezembro deverão ser contabiliza-


das pelas correspondentes rubricas do orçamento de ano em que a cobrança se efectuar.
Artigo 44º
(Realização de despesas)
1. Nenhuma despesa pode ser assumida, autorizada e paga sem que, para além de ser
legal, se encontre suficientemente discriminada no orçamento, tenha cabimento no corres-
pondente crédito orçamental e obedeça ao princípio da utilização por duodécimo, salvas,
nesta última matéria, as excepções previstas na lei.
2. Excluem-se do regime duodecimal as despesas de investimentos.
3. As dotações orçamentais constituem o limite máximo a utilizar na realização das
despesas, tendo em conta as alterações orçamentais que forem efectuadas ao abrigo do
artigo 46º.
4. As despesas a realizar com compensação em receitas legalmente consignadas pode-
rão ser autorizadas até à concorrência das importâncias cobradas.
5. A utilização da rubrica exercícios findos só pode ser feita para registar despesas que
nos anos anteriores tenham sido realizadas com respeito pelos princípios estabelecidos no
presente artigo.
Artigo 45º
(Administração orçamental e contabilidade pública)
1. A aplicação das dotações orçamentais e o funcionamento da administração orça-
mental obedecem às normas de contabilidade pública.
2. A vigência e a execução do orçamento obedecem ao regime do ano económico.
Secção II
Artigo 46º
(Alterações orçamentais)
1. No decurso da sua execução os órgãos municipais podem alterar o orçamento mu-
nicipal através da inscrição ou de transferências de verba, nos termos dos números seguin-
tes.
2. São da competência da Câmara Municipal as seguintes alterações orçamentais:
a) As transferências de dotações inscritas a favor de serviços que, no decorrer do
ano económico, transitem de um departamento para outro;
b) O reforço de verbas, por inscrição ou transferência, que tenham por contrapartida
as dotações provisionais previstas nos artigos 32º nº 2 e 33º da presente lei;
A inscrição de dotações orçamentais relativas a donativos, internos ou exter-
nos, não previstos no orçamento;

226
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

d) A inscrição ou reforço de dotações orçamentais por contrapartida de emprés-


timos que venham a ser disponibilizados ou utilizados durante o período de
execução orçamental e que à data da aprovação do orçamento não estavam
efectivamente concedidos, desde que não ultrapassem dos limites, condições
e aplicação estabelecidos pela Assembleia Municipal na deliberação de aprov-
ação do orçamento;
e) A inscrição ou reforço de dotações orçamentais por contrapartida em acrésci-
mos de transferências do Estado que, à data da aprovação do orçamento, não
estavam definitivamente fixadas;
f) As alterações nos orçamentos dos serviços e fundos autónomos municipais
que não envolvam recurso ao crédito para além dos limites, condições e apli-
cação estabelecidos pela Assembleia Municipal na deliberação de aprovação
do orçamento.
3. As alterações referidas no n.º 2 devem ser publicitadas e publicadas nos termos da
lei, no prazo máximo de sessenta dias a contar da sua aprovação.
4. As alterações referidas nas alíneas c), d) e e) do nº 2 são comunicadas à Assembleia
Municipal no prazo de quinze dias, a contar da data da sua aprovação.
5. Quaisquer outras alterações ao orçamento do Município não previstas no nº 2 só
podem ser efectuadas através de orçamento rectificativo proposto pela Câmara Municipal
e aprovado pela Assembleia Municipal.
6. O orçamento rectificativo deve, no que respeita às modificações introduzidas, con-
ter a mesma estrutura de apresentação dos mapas e anexos informativos aprovados com o
orçamento inicial.
CAPÍTULO VI
Fiscalização e responsabilidades orçamental
Secção I
Artigo 47º
(Fiscalização orçamental)
1. A fiscalização administrativa e financeira da execução orçamental compete, além da
própria Câmara Municipal, à Assembleia Municipal e aos órgãos de inspecção e de contro-
lo administrativo do Estado com competências na matéria, estabelecidas por lei, devendo
ser efectuada nos termos de legislação aplicável.
2. A Câmara Municipal deve estabelecer e executar dispositivos permanentes de acom-
panhamento, avaliação e fiscalização orçamental e financeira pelo menos trimestralmente.
3. Para efeitos do disposto no número anterior, poderá a Câmara Municipal recorrer a
serviços externos especializados através de contrato.

227
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

4. A Assembleia Municipal poderá deliberar o estabelecimento de dispositivos, pontu-


ais e permanentes de fiscalização, que permitam o exercício adequado da sua competência,
devendo a Câmara Municipal facultar os meios e informações necessários aos objectivos a
atingir, de acordo com o que for definido pela Assembleia Municipal.
5. A Assembleia Municipal e a Câmara Municipal deverão estabelecer dispositivos
pontuais ou permanentes de acompanhamento das actividades dos serviços municipais au-
tónomos.
6. A fiscalização jurisdicional da execução orçamental compete ao Tribunal de Contas
e é efectuada nos termos de legislação aplicável.
Artigo 48º
(Tutela inspectiva)
1. A tutela inspectiva do Governo sobre os Municípios, em tudo o que se refere à ges-
tão patrimonial e financeira, tem por objecto a verificação do cumprimento da lei no que se
refere às seguintes matérias:
a) Plano de actividades;
b) Orçamento e sua execução;
c) Contabilidade;
d) Criação, liquidação e cobrança de receitas;
e) Endividamento;
f) Gestão patrimonial;
g) Obrigações fiscais.
2. O Governo exercerá a tutela referida no número anterior através da Inspecção – Ge-
ral das Finanças e em articulação com os serviços competentes do departamento governa-
mental que tutela os Municípios.
3. A inspecção a que se refere o número precedente será realizada ordinariamente uma
vez por ano e extraordinariamente sempre que se justificar.
Secção II
Artigo 49º
(Responsabilidade dos titulares dos órgãos municipais
pela execução orçamental)
Os titulares dos órgãos municipais a quem, por dever do seu cargo, incumba dar cum-
primento às normas de execução orçamental e coincidentemente, dolosamente ou por ne-
gligência grosseira, as violem, designadamente contraindo encargos não permitidos por lei,
autorizando pagamentos sem visto do Tribunal de Contas legalmente exigido, autorizando

228
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

ou promovendo operações de tesouraria ou alterações orçamentais proibidas por lei ou


violando reiteradamente o dever de informar relativamente ao orçamento e plano de acti-
vidades, balancetes trimestrais, conta de gerência, relatório de actividades e relatório sobre
o estado da administração municipal, incorrem em ilegalidade grave para efeitos de perda
de mandato e podem ser responsabilizados civilmente pelos prejuízos sofridos pelo muni-
cípio, constituídos na obrigação de repor dinheiros públicos ou condenados por crime de
responsabilidade, nos termos da lei.
Artigo 50º
(Responsabilidade dos funcionários e agentes municipais pela execução orçamental)
Os funcionários e agentes municipais são responsáveis financeira, civil, criminal e dis-
ciplinarmente pelas suas acções e omissões de que resulte violação das normas de execução
orçamental nos termos do artigo 239º da Constituição e da legislação aplicável.
Artigo 51º
(Utilizações indevidas das dotações)
1. A utilização indevida das dotações, por parte dos titulares dos órgãos municipais,
quando não possa ser revelada em virtude das circunstâncias especiais em que tenha ocor-
rido, é punida com coima até 100.000$00 (cem mil escudos) graduada segundo a gravidade
da falta, podendo os responsáveis ser obrigados a restituição das importâncias indevida-
mente despendidas.
2. Os titulares referidos no número anterior são apenas responsáveis pela utilização in-
devida das dotações se tiverem excedido os limites das suas funções ou se, no desempenho
destas, tiverem procedido com dolo ou negligência grosseira.
3. A violação do disposto no nº 1 do artigo 44º não poderá ser relevada, salvo em cir-
cunstâncias excepcionais, que deverão ser invocadas pelos responsáveis e constar detalha-
damente do acórdão do Tribunal de Contas.
4. A efectivação das responsabilidades a que se refere o n.º 1 do presente artigo com-
pete ao Tribunal de Contas.
Artigo 52.º
(Reintegração coerciva)
O Ministério Público promoverá, pelas vias judiciais próprias, oficiosamente ou a pe-
dido do Município interessado ou do Tribunal de Contas, as necessárias diligências para fa-
zer entrar no cofre do Município as quantias pelas quais os titulares dos órgãos municipais
e seus funcionários ou agentes tenham sido julgados responsáveis.
Secção III
Artigo 53º
(Resultado da execução orçamental)
1. O resultado da execução orçamental consta de balancetes trimestrais e da conta de
gerência.

229
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

2. Se no decorrer do ano financeiro se verificar a substituição total da Câmara Mu-


nicipal, deverão ser organizadas separadamente contas de gerência relativas ao período
decorrido até a sua substituição sem prejuízo anual, e devendo o encerramento das contas
reportar-se nesta hipótese, à data em que se processa a substituição.
3. O Presidente da Câmara Municipal deve enviar regularmente à Assembleia Muni-
cipal os balancetes trimestrais relativos à execução orçamental elaborados pelos serviços
competentes.
Artigo 54º
(Âmbito da conta de gerência)
A conta de gerência abrange as contas de todos os serviços municipais que não tenham
natureza, forma e designação de empresa municipal.
Artigo 55º
(Princípios fundamentais)
1. A conta de gerência deve ter uma estrutura idêntica à do orçamento municipal, sendo
elaborado pela Câmara Municipal com clareza, exactidão e simplicidade, de modo a possi-
bilitar a sua análise económica e financeira.
2. A conta de gerência deve ser apresentada também sob forma consolidada.
Artigo 56º
(Estrutura da conta de gerência)
A conta de gerência compreende:
a) O relatório do Presidente da Câmara Municipal sobre os resultados da ex-
ecução orçamental;
b) Os mapas referentes à execução orçamental das receitas e despesas;
c) Os mapas relativos à situação de tesouraria;
d) Os mapas relativos à situação patrimonial;
e) A aplicação do produto de empréstimos;
f) A situação da dívida pública municipal;
g) Os mapas de origem e de aplicação de fundos originais das receitas consigna-
das por lei e o destino dado a eventuais saldos;
h) Os mapas de contabilização dos subsídios e comparticipações recebidos do
Estado para os fins previstos no artigo 15º da presente lei e as respectivas
aplicações de fundos.
Artigo 57º
(Anexos informativos)
A Câmara Municipal deve remeter à Assembleia Municipal, com o relatório e os ma-
pas a que se refere o artigo anterior, todos os elementos necessários à justificação da conta
apresentada.

230
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

Artigo 58º
(Elaboração, apresentação, apreciação e aprovação)
1. A conta de gerência é elaborada pelo competente serviço municipal sob a responsa-
bilidade do Presidente da Câmara, que a submeterá a Câmara Municipal para aprovação até
o dia 1 de Março do ano seguinte a que respeitar.
2. A Câmara Municipal aprovará e apresentará a conta de gerência até final do mês de
Março do ano seguinte àquele a se respeitar.
3. A Assembleia Municipal apreciará a conta de gerência na secção ordinária de
Abril.
4. A conta de gerência será submetida, independentemente da sua apreciação pela As-
sembleia Municipal, a julgamento do Tribunal de Contas até ao final de Junho do ano se-
guinte àquele a que respeitarem.
5. No caso previsto no nº 2 ao artigo 53º, a respectiva conta de gerência será enviada
ao Tribunal de Contas conjuntamente com a conta de gerência anual.
Artigo 59º
(Julgamento das contas)
O Tribunal de Contas julgará a conta de gerência dentro do prazo estipulado na lei e
remetê-la-á, com o seu acórdão, à Assembleia Municipal, bem como uma cópia ao depar-
tamento governamental que tutela os municípios.
CAPÍTULO VII
Operações de tesouraria
Artigo 60º
(Operações de tesouraria)
1. São operações de tesouraria os movimentos excepcionais de fundos efectuados nos
cofres de tesouraria municipal que não se encontrem sujeitos a disciplina do orçamento
municipal, bem como as restantes operações escriturais com eles relacionados.
2. As operações de tesouraria são passivas e activas, correspondendo as activas à en-
trada de fundos nos cofres da tesouraria municipal e as passivas à saída de fundos daquele
cofre.
Artigo 61º
(Finalidades)
As operações de tesouraria têm por finalidades:
a) Antecipar receitas orçamentais cuja cobrança está prevista para o ano económico;
b) Colocar junto de instituições, designadamente do sistema bancário ou afins,
eventuais disponibilidade de tesouraria;
c) Assegurar a gestão de fundos a cargo da tesouraria municipal.

231
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

Artigo 62º
(Proibição)
É proibido realizar despesas orçamentais por operações de tesouraria.
Artigo 63º
(Regularização orçamental)
1. As operações de tesouraria referidas na alínea a) do artigo 61º deverão ser regulari-
zadas no ano económico em que tiverem lugar, por via orçamental.
2. A regularização, no caso de operações activas, far-se-á por conta das dotações or-
çamentais.
3. Exceptuam-se do disposto no nº 1 do presente artigo:
a) O produto de empréstimo que não tenha sido utilizado para cobertura das ne-
cessidades de financiamento decorrentes da execução orçamental;
b) Outras situações devidamente justificadas que tenham consagração na lei.
4. Os saldos das contas de operações de tesouraria referidos nas alíneas b) e c) do arti-
go 61º podem transitar para os anos seguintes, não devendo ser ultrapassados, caso houver
saldos activos, o limite a fixar anualmente na deliberação que aprovar o orçamento pela
Assembleia Municipal.
Artigo 64º
(Competência)
Compete exclusivamente ao Presidente da Câmara Municipal autorizar e ordenar a
realização de operações de tesouraria nos termos do artigo 61º.
Artigo 65º
(Fiscalização)
As operações de tesouraria estão sujeitas à fiscalização do Tribunal de Contas, dos
órgãos de inspecção e de controlo administrativo do Estado.
CAPÍTULO XIII
Relações entre a Administração Central e os Municípios
Artigo 66º
(Transmissão mútua de informações)
1. A transmissão de informações entre a Administração Central e os Municípios e
vice-versa, nas áreas de finanças e conexas, deve fazer-se utilizando a rede informática do
Estado, salvo não havendo conexão entre as partes através dessa rede.
2. Para efeitos do disposto na primeira parte do número anterior, o Governo instalará
em todos os Municípios os equipamentos e software necessários e prestar-lhes-á assistência
técnica adequada à sua manutenção e operacionalização.

232
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

Artigo 67º
(Acompanhamento das finanças locais)

Para efeitos de uma adequada definição das políticas globais da natureza económica e
financeira, compete aos departamentos governamentais responsáveis pela tutela dos Mu-
nicípios e pelas Finanças acompanhar a evolução da situação económica e financeira dos
Municípios, em termos a definir por lei.
Artigo 68º
(Informações de natureza estatística,
orçamental e financeira)

1. Para efeitos do disposto no artigo 67º, o Presidente da Câmara Municipal tem o


dever de informar ao membro do Governo responsável pela área das Finanças, bem como
ao membro do Governo que exerce a tutela sobre as Autarquias Locais, sobre o orçamento
e o plano de actividades, balancetes trimestrais, conta de gerência, relatório de actividades
e relatório sobre o estado da administração municipal, nos termos e prazos do Decreto Re-
gulamentar nº 7/98, de 7 de Dezembro.

2. Para o mesmo efeito, deve o Presidente da Câmara Municipal remeter:

a) Ao serviço central das contribuições e impostos, os mapas de contabilização


das receitas fiscais liquidadas e cobradas pelo município em sede de IUP, até
ao dia 10 do mês seguinte ao da liquidação e cobrança, de conformidade com
modelo a indicar pelo referido serviço central;

b) Ao Instituto Nacional de Estatística, a conta de gerência e os respectivos mapas


e anexos informativos previstos nos artigos 56º e 57º da presente lei, até 31 de
Maio do ano seguinte àquele a que a conta respeita, independentemente da sua
aprovação pela Assembleia Municipal.
Artigo 69º
(Isenções)

1. O Estado e qualquer dos seus serviços e fundos autónomos, ainda que personaliza-
dos, estão isentos do pagamento de todos os impostos, taxas e encargos devidos aos Mu-
nicípios, nos termos da presente lei, com excepção do Imposto Único sobre o Património
incidente em imóveis do domínio privado do Estado não afectos a actividades de interesse
público e das tarifas e preços referidos no artigo 14º.

2. O Município e qualquer dos seus serviços e fundos autónomos, ainda que persona-
lizados, estão isentos de quaisquer impostos, taxas e encargos devidos ao Estado, excepto
quando exerçam actividades de natureza empresarial, designadamente comercial, indus-
trial, agrícola, piscatória ou de prestação de serviços.

233
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

Artigo 70º
(Dívidas dos Municípios)
Quando o Município tenha, para com o Estado, dívida certa e líquida, pode o respec-
tivo montante de capital e de juros moratórios ser deduzido nas transferências financeiras
não consignadas, que o Município tenha de receber do Estado, até ao limite de 15% do
montante global da transferência devida.
CAPÍTULO IX
Regime financeiro dos serviços
Artigo 71º
(Concessão de Autonomia Financeira)
1. Por deliberação da Assembleia Municipal poderá ser atribuída aos serviços munici-
pais autonomia financeira para actos de gestão corrente.
2. Os serviços dotados de autonomia financeira possuem orçamento e contabilidade
privativos, com afectação de receitas próprias às despesas próprias, quer os respectivos
movimentos se façam pelos seus cofres, quer se façam transitando pelos cofres municipais,
competindo aos seus dirigentes autorizar a realização de despesas e o seu pagamento, po-
dendo, nesse âmbito, realizar actos definitivos e executórios.
3. A competência da Câmara Municipal ou a do Presidente da Câmara Municipal inclui
sempre os necessários poderes de direcção, supervisão e inspecção, bem como a prática dos
actos que excedam a gestão corrente.
4. Para efeito deste diploma, actos de gestão corrente são todos aqueles que integra
a actividade que os serviços desenvolvem para a prossecução das suas atribuições, com
excepção dos que envolvam opções fundamentais de enquadramento da actividade dos ser-
viços e designadamente, que se traduzem na aprovação dos planos de actividade e respec-
tivos relatórios de execução ou na autorização para a realização de despesas cujo montante
ou natureza ultrapassem a normal execução dos planos aprovados.
Artigo 72º
(Conservação de autonomia financeira)
1. A autonomia financeira dos serviços municipais só poderá ser conservada se as suas
receitas próprias atingirem um mínimo de dois terços das suas despesas totais.
2. Para efeitos do número anterior, não são considerados como receitas próprias as
resultantes de transferências correntes e de capital do orçamento do município ou do orça-
mento do Estado ou de quaisquer pessoas colectivas públicas.
Artigo 73º
(Cessação de autonomia financeira)
1. A não verificação dos requisitos previstos no nº 1 do artigo anterior durante dois
anos consecutivos determinará a cessação do respectivo regime financeiro e a aplicação do
regime geral da autonomia administrativa.

234
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

2. A constatação da situação prevista no número anterior será feita com base no exer-
cício dos anos anteriores e a cessação do regime de autonomia administrativa e financeira
será efectivada mediante deliberação da Assembleia Municipal, produzindo os seus efeitos
a partir do início do ano económico seguinte ao da publicação.
Artigo 74º
(Controlo de gestão orçamental dos serviços dotados
de autonomia financeira)
1. Sobre os serviços municipais dotados de autonomia financeira, será efectuado um
controlo sistemático sucessivo da gestão orçamental, o qual incluirá a fiscalização da con-
formidade legal e regularidade financeira das despesas efectuadas, abrangendo ainda a aná-
lise da sua eficiência e eficácia.
2. O controlo referido no número anterior será feito com base nos mapas justificativos
e na documentação de despesas remetidos e poderá envolver uma verificação directa da
contabilidade dos próprios serviços.
3. Será ainda assegurado o julgamento das contas pelo Tribunal de Contas.
CAPÍTULO X
Contabilidade Municipal
Artigo 75º
(Contabilidade municipal)
1. A contabilidade municipal baseia-se no Plano Nacional de Contabilidade Pública e
rege-se pelos princípios e regras da contabilidade pública definidos por lei.
2. Tendo em conta a necessidade de assegurar a plena harmonização das regras e pro-
cedimentos contabilísticos, bem como a integração orçamental do Sector Público Adminis-
trativo, as Câmaras Municipais tomam as medidas necessárias para que a adaptação dos
planos de contas municipais e as regras e procedimentos contabilísticos se conformem ao
disposto no número anterior.
3. Para o efeito, o Governo e a Associação Nacional dos Municípios Cabo-Verdianos
criam uma equipa de acompanhamento, com a finalidade de implementar todas as fases
necessárias ao processo de adaptação da contabilidade municipal às exigências do Plano
Nacional de Contabilidade Pública.
4. Cabe ao Governo realizar os investimentos necessários em equipamentos e sistemas
informáticos necessários à integração dos Municípios na rede informática do Estado, bem
como assegurar a formação de pessoal dos municípios nas aplicações informáticas de ges-
tão contabilística e orçamental, por forma a assegurar que a transição para o sistema con-
tabilístico da Administração Pública se faça, nos Municípios, directamente por processos
informáticos.

235
Lei nº 79/VI/2005, de 5 de Setembro

5. Por decreto-lei podem ser feitos ajustamentos ao Plano Nacional de Contabilidade


Pública tendo em vista a sua melhor adaptação ao normal funcionamento dos Municípios
e à eficiência do controlo da execução orçamental. Poderá, também, ser estabelecido um
sistema simplificado de contabilidade para os Municípios com movimento de receita anual
inferior ao montante nele fixado.
CAPÍTULO XI
Disposições transitórias e finais
Artigo 76º
Revogações
São revogados a lei nº76/V/98, de 7 de Dezembro, e todas as disposições que contra-
riem a presente lei.
Artigo 77º
Disposições transitórias
As alíneas b), o), p), q), s), t), u), w), v), y) e z) do nº1 do artigo 6º e os artigos 10º, 11º,
12º e 13º produzem os seus efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2006.
Artigo 78º
Entrada em vigor
A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
Aprovada em 27 de Julho de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima
Promulgada em 18 de Agosto de 2005.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Assinada em 19 de Agosto de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima

236
Decreto-Lei nº 68/2009, de 28 de Dezembro

REGIME DE CONCESSÃO DE AUXÍLIOS FINANCEIROS


À ADMINISTRAÇÃO LOCAL , EM SITUAÇÃO DE DECLARAÇÃO
DE CALAMIDADE PÚBLICA
Decreto-Lei nº 68/2009
de 28 de Dezembro
A Lei n.º 79/VI/2005, de 5 de Setembro, que estabelece o regime financeiro das au-
tarquias locais, instituiu, no nº 3 do seu artigo 15º, um princípio de excepcionalidade
inerente à concessão de auxílios financeiros às autarquias locais, ao fixar uma regra geral
de proibição de concessão de quaisquer formas de subsídio ou comparticipação financeira
aos Municípios por parte do Estado, dos serviços e fundos autónomos, das empresas pú-
blicas ou das empresas concessionárias de serviços públicos, salvo as devidas excepções,
previstas no referido diploma.
No âmbito das referidas excepções, preceitua a citada Lei, na alínea a) do nº 5 do mes-
mo artigo, a possibilidade de concessão de auxílios financeiros às autarquias locais em
situação de calamidade pública, a qual se encontra actualmente definida pelo diploma que
regula a declaração de calamidade pública.
Nesta conformidade, cabe agora ao presente diploma a definição do regime de con-
cessão de auxílios financeiros acima referido, bem como o tratamento associado à criação
do Fundo Nacional de Emergência, designadamente no que respeita à composição do mes-
mo.
Foi ouvida a Associação Nacional de Municípios Cabo-verdianos;
No uso da faculdade conferida pela alínea a) do nº 2 do artigo 203º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte :
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Artigo 1º
Objecto
O presente diploma estabelece o regime de concessão de auxílios financeiros à admi-
nistração local, em situação de declaração de calamidade pública.
CAPÍTULO II
Concessão de auxílios financeiros
por calamidade pública
Artigo 2º
Concessão de Auxílios Financeiros
1. A concessão de auxílios financeiros regulada no presente diploma depende de decla-
ração de situação de calamidade pública.

237
Decreto-Lei nº 68/2009, de 28 de Dezembro

2. A declaração da situação de calamidade a que se refere o número anterior é da com-


petência do Governo e reveste a forma de Resolução do Conselho de Ministros, nos termos
da lei.
Artigo 3º
Finalidade
1. Os instrumentos de auxílio financeiro em situação de calamidade pública visam a
resolução de situações excepcionais de urgência fundamentada e comprovada.
2. A concessão de auxílios financeiros, nos termos do presente diploma, assume natu-
reza subsidiária face a qualquer outro sistema de seguro, público ou privado de que benefi-
ciem ou de que possam beneficiar os equipamentos ou infra -estruturas afectadas.
Artigo 4º
Beneficiários
A concessão de auxílio financeiro, no âmbito de declaração de situação de calamidade
pública, é feita aos Municípios e às associações de Municípios, mediante contrato de con-
cessão.
Artigo 5º
Forma e conteúdo dos contratos
1. O contrato de concessão de auxílio financeiro aos Municípios e às associações de
Municípios é celebrado nos termos da alínea a) do número 5 do artigo 15 da Lei nº 79/
VI/2005, de 5 de Setembro.
2. Os contratos de concessão de auxílio financeiro regulados no presente diploma são
celebrados por escrito e devem conter obrigatoriamente os seguintes elementos:
a) As partes contratantes;
b) Os direitos e obrigações das partes contratantes;
c) Os montantes a financiar pela administração central e pela administração lo-
cal;
d) Memória descritiva e justificativa da situação para a qual se requer auxílio
financeiro;
e) O objecto, contendo a descrição dos bens e, ou, equipamentos a serem abrangi-
dos pelo contrato de concessão de auxílio financeiro em questão;
f) A estrutura de acompanhamento e controlo da execução do contrato;
g) As penalizações resultantes do incumprimento por qualquer das partes contra-
tantes.
Artigo 6º
Apresentação das candidaturas
1. As candidaturas a contratos de concessão de auxílio financeiro são apresentadas
junto do departamento governamental responsável pela área da descentralização.

238
Decreto-Lei nº 68/2009, de 28 de Dezembro

2. A candidatura é apresentada em formulário próprio a aprovar através de portaria do


membro do Governo responsável pela área da descentralização.
Artigo 7º
Apreciação e selecção das candidaturas
1. Compete ao departamento governamental responsável pela área da descentralização
apreciar as candidaturas a contratos de auxílio financeiro, emitindo o respectivo parecer no
prazo máximo de 10 (dez) dias contados da data de apresentação das candidaturas.
2. Na sequência do disposto no número anterior, o departamento governamental res-
ponsável pela área da descentralização remete o respectivo parecer, para efeitos de autori-
zação, ao membro do Governo responsável pela área das finanças.
Artigo 8º
Acompanhamento da execução
O acompanhamento da execução dos contratos de auxílio financeiro concedido ao
abrigo do presente diploma é efectuado pelo departamento governamental responsável pela
área da descentralização, ficando as partes envolvidas obrigadas a prestar-lhe toda a infor-
mação necessária.
Artigo 9º
Publicidade
1. Os contratos celebrados ao abrigo do presente diploma, bem como as suas revisões,
são publicados na II Série do Boletim Oficial, nos termos do número 7 do artigo 15º Lei nº
79/VI/2005, de 5 de Setembro.
2. Os responsáveis pela execução dos projectos financiados ficam obrigados a afixar,
em local público bem visível, a designação do projecto, o montante do investimento, o pra-
zo de execução, as entidades financiadoras e as respectivas comparticipações financeiras.
3. O modelo de afixação é aprovado através de Portaria do membro do Governo res-
ponsável pela área da descentralização.
CAPÍTULO III
Fundo nacional de emergência
Artigo 10º
Criação e natureza
1. É criado o Fundo Nacional de Emergência, adiante abreviadamente designado por
Fundo.
2. O Fundo tem a natureza de património autónomo, sem personalidade jurídica.
Artigo 11º
Objectivos
O Fundo visa a concessão de auxílios financeiros às autarquias locais para a recupe-
ração de equipamentos públicos da sua responsabilidade, após declaração de calamidade
pública, nos termos do artigo 3.º.

239
Decreto-Lei nº 68/2009, de 28 de Dezembro

Artigo 12º
Financiamento do Fundo
1. O Fundo é financiado através de recursos provenientes do Orçamento de Estado,
consignados para o efeito, bem como de financiamentos externos mobilizados, no âmbito
de cooperação internacional.
2. A verba a que se refere o número anterior só pode ser utilizada para a finalidade pre-
vista, sem que haja a transferência de saldo para o ano seguinte, caso não seja utilizada.
Artigo 13º
Administração
1. A gestão do Fundo é da competência da Direcção Geral do Tesouro (DGT).
2. A execução financeira dos contratos a que se refere o artigo 5º é efectuada pelas
Direcção Geral Autarquias Locais (DGAL) e Direcção Geral do Património, Orçamento e
Gestão (DGPOG) do departamento governamental responsável pela descentralização.
3. A DGAL envia anualmente à Assembleia Nacional e à Associação Nacional de Mu-
nicípios Cabo-verdianos um relatório sobre a gestão do Fundo e respectiva aplicação.
CAPÍTULO IV
Disposições finais
Artigo 14º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
José Maria Pereira Neves - Manuel Inocêncio Sousa - Basílio Mosso Ramos - Cristina
Isabel Lopes da Silva Monteiro Duarte - Lívio Fernandes Lopes - Maria Madalena Brito
Neves - José Maria Fernandes da Veiga - Sara Maria Duarte Lopes
Promulgado em 23 de Dezembro de 2009
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Referendado em 23 de Dezembro de 2009.
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves

240
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho

CONTABILIDADE MUNICIPAL
Decreto-Lei n.º 47/80,
de 2 de Julho 76
1. A prática vem demonstrando que as disposições vigentes sobre o orçamento e conta-
bilidade municipal encontram-se manifestamente desactualizadas, sob todos os aspectos.
2. A reforma do orçamento e da contabilidade municipal que vinha sendo bastante
sentida pelos titulares dos órgãos e agentes da administração municipal tornou-se uma
exigência nos termos do artigo 12º do Decreto-Lei n.º 41/80, de 2 de Julho.
3. Assim, pelo presente diploma opera-se a reforma do orçamento e contabilidade mu-
nicipal, aperfeiçoando os instrumentos de gestão financeira municipal, reforçando os siste-
mas de fiscalização administrativa e responsabilizando os titulares dos órgãos e agentes da
administração municipal pelos actos que originem despesas.
4. No uso da faculdade conferida pelo n.º 3 do artigo 15º da Lei sobre a organização
política do Estado, de 5 de Julho de 1975, o Governo decreta e eu promulgo o seguinte:
CAPÍTULO I
Do orçamento municipal 77
…………………………………………………………………………………………
CAPÍTULO II
Da contabilidade Municipal 78
SECÇÃO I
Livros de Contabilidade
Artigo 45º
(Livros fundamentais) 79
1. Para a contabilidade das receitas haverá, nas secretarias os seguintes livros funda-
mentais:
a) Diário das receitas;
b) Livro das contas das receitas cobradas;

76 Alterado pelo Decreto n.º 17/84, de 18 de Fevereiro (artigos 30º, 36º e 72º).
77 Todo o capítulo I encontra-se revogado tacitamente pelo Regime Financeiro das Autarquias Locais aprovado pela Lei n.º
76/V/98, de 7 de Dezembro, e alterado pela Lei n.º 79/VI/2005, de 5 de Setembro. .
78 A utilização das novas tecnologias e ferramentas de gestão requerem, como aliás tem sido constantemente repisado em
várias frentes, a modernização do regime de contabilidade municipal em ordem a facilitar o processo de informatização da
execução orçamental e, consequentemente, a elaboração da conta de gerência, sendo certo que esta constitui uma prioridade
para os Municípios.
79 O Decreto-Lei n.º 22/99, de 26 de Abril, propositadamente aprovado para o efeito, face à constatação de situações
irregulares, veio dar cobertura legal à utilização de meios informáticos na contabilidade municipal.

241
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho

2. Para a contabilidade das despesas existirão ainda na secretaria os seguintes livros


fundamentais:
a) Diário das despesas;
b) Os livros das contas das despesas pagas
3. Nas tesourarias existirão apenas o livro “Caixa”.
Artigo 46º
(Livros obrigatórios)
Além dos livros referidos no artigo anterior, as secretarias deverão possuir obrigatoria-
mente mais os seguintes:
a) Livro de conta-corrente por deposito nos organismos de credito;
b) Livro de assentamento de funcionários;
c) Livro de termos de balanço;
d) Livro de termos de balanço.
Artigo 47º
(Livros auxiliares)
Poderão existir nas Secretarias e Tesouraria livros auxiliares que se mostrem necessá-
rios abrir.
Artigo 48º
(Livros índice dos livros de registo)
Os livros referidos nesta secção, incluindo os auxiliares que vierem a ser abertos se-
rão obrigatoriamente registados no livro índice de registos que devem existir em todas as
secretarias.
Artigo 49º
(Proibição de o tesoureiro ter em seu poder os livros existentes na secretaria)
1. É expressamente proibido ao tesoureiro ter em seu poder livros de contabilidade
existentes na secretaria.
2. Os Secretários Administrativos deverão esclarecer quaisquer dúvidas suscitadas pe-
los tesoureiros, bem como proceder à conferência dos documentos solicitados pelos mes-
mos.
Artigo 50º
(Termo de abertura e encerramento)
Os livros de contabilidade referidos nos artigos 45º e 46º serão, antes de escritos,
numerados e rubricados, com a chancela do Delegado do Governo e terão assinados pelo
mesmo os competentes termos de abertura e encerramento.

242
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho

Artigo 51º
(Forma de escrituração dos livros)
1. A escrituração dos livros far-se-á sem entrelinhas, rasuras ou transporte para as
margens.
2. Se se houver cometido erro ou omissão em qualquer registo, será ressalvado por
meio de estorno ou efectuado o lançamento omitido.
Artigo 52º
(Modelos de livros e sua escrituração)
Por portaria do Secretario de Estado da Administração Interna, Função Publica e Tra-
balho serão aprovados os modelos de livros e demais impressos a utilizar nos serviços de
contabilidade dos Municípios e as instruções sobre a escrituração dos livros e o preenchi-
mento dos impressos.
SECCÃO II
Da competência dos Secretários Administrativos e Tesoureiros Municipais
Artigo 53º
(Competência dos Secretários Administrativos)
Compete aos Secretários Administrativos:
a) Fiscalizar os actos e a escrita do Tesoureiro promovendo sempre que julgue
conveniente a verificação das operações de receita e despesa, a contagem de
fundos em cofre e a organização da escrita nos livros e impressos regulamen-
tares;
b) Escriturar ou mandar escriturar e orientar a arrumação dos livros de contabili-
dade;
c) Conservar sob a sua guarda os livros de termos de balanço e manter em boa
ordem o arquivo dos documentos e restantes livros de contabilidade da sua
secretaria;
d) Assinar, previamente, todos os documentos de receita a arrecadar e despesa a
efectuar e submeter à autorização do Delegado do Governo os documentos de
despesas a pagar;
e) Conferir e visar os balancetes trimestrais, a conta das cobranças e a dos paga-
mentos mensais;
f) Passar recibo na guia de transferência mensal da tesouraria para a secretaria
dos documentos de despesa pagos, das guias e dos conhecimentos de cobrança
de receitas virtuais, depois de verificar a sua exactidão e devolver o dupli-
cado ao Tesoureiro dentro de 24 horas seguintes. A guia original e documentos
serão convenientemente arquivados para efeitos subsequentes;

243
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho

g) Verificar a exactidão das adições, somas e liquidações do juro de mora;


h) Liquidar as despesas previamente autorizadas;
i) Verificar a efectiva transferência para os cofres respectivos, dentro do prazo
legal, das importâncias que o devem ser;
j) Processar as guias de receita eventual que forem solicitadas;
k) Informar sobre a legalidade e cabimento de todas as despesas para efeitos de
autorização;
l) Processar guias do produto das receitas virtuais cobradas dentro dos prazos
estabelecidos;
m) Verificar se os rendimentos cuja cobrança esteja a cargo dos cobradores deram
entrada na Tesouraria nos prazos legais;
n) Intervir na cobrança coerciva dos rendimentos municipais nos termos da lei;
o) Apresentar ao Conselho Deliberativo, na primeira reunião, o balanço a que se
refere a alínea a) do n 1 do artigo 66º.
2. Compete-lhes ainda:
a) Visar, pelo menos uma vez por mês e depois de verificar a exactidão dos lança-
mentos, todos os livros de contabilidade que sejam de escrituração continua;
b) Verificar a exactidão dos lançamentos feitos nos restantes livros, antes de assi-
nar os termos de encerramento;
c) Dar balanço mensal à conta de dinheiro e, no fim do ano económico, ou quan-
do ocorra qualquer transição, a todos os valores existentes em cofre sem pre-
juízo de o fazer sempre que o reputem necessário à regularidade do serviço;
d) Desempenhar as demais funções que a lei lhes impuser.
Artigo 54º
(Competência dos Tesoureiros)
Compete ao Tesoureiro Municipal:
a) Promover, logo que esteja na posse dos respectivos documentos, e dentro dos
prazos regulamentares, a arrecadação das receitas virtuais e eventuais e liqui-
dar os juros de mora que pelos contribuintes forem devidos;
b) Efectuar o pagamento dos documentos de despesa, depois de visados pelo
Secretário Administrativo e autorizados pelo Delegado do Governo;
c) Entregar ao Secretário Administrativo balancetes diários do “Caixa” e bem as-
sim, no primeiro dia de cada mês, os documentos de despesa pagos no decurso
do mês findo e a relação de cobrança com todos os documentos de receita e
títulos de anulação;

244
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho

d) Prestar ao Delegado do Governo e ao Secretário Administrativo todas as in-


formações pedidas por estes;
e) Colaborar na organização das contas de gerência;
f) Efectuar o depósito dos fundos municipais que não devam conservar-se na
Tesouraria, nos termos do artigo 55º;
g) Transferir para as Recebedorias de Finanças ou serviços autónomos do Esta-
do, e independentemente de ordem ou deliberação municipal, mas por meio de
guia passada pela secretaria, as importâncias que por lei pertençam ao Tesouro
ou aos serviços do Estado;
h) Preparar o livro “Caixa” da Tesouraria;
i) Escriturar o livro “Caixa” da Tesouraria;
j) Manter em boa ordem o arquivo dos livros e papeis que competem à Te-
souraria;
k) Conferir todos os documentos de receitas e despesas municipais, bem como os
selos das ordens de pagamento ou de quaisquer outros justificativos;
l) Reembolsar os depositantes dos depósitos caducos à viste ordem compe-
tente;
m) Cumprir as disposições legais e regulamentares sobre contabilidade mu-
nicipal;
n) Desempenhar as demais funções que as leis e regulamentos lhe impuserem.
Artigo 55º
(Existência de fundos na Tesouraria)
1. Os Conselhos Deliberativos indicarão qual a importância máxima de fundos que
deve existir em cofre na Tesouraria.
2. O excedente deverá ser imediatamente depositado no Banco de Cabo Verde, nos co-
fres de claviculários privativos do Município, ou em qualquer outro organismo de crédito.
3. O levantamento das importâncias depositadas deverá ser feito nos organismos de
crédito mediante a assinatura conjunta do Delegado do Governo, do Secretario Adminis-
trativo e do tesoureiro e nos cofres de claviculários, por autorização do Secretário Admi-
nistrativo e a requisição do Tesoureiro
Artigo 56º
(Expediente nas tesourarias)
1. O expediente nas Tesourarias encerrar-se-à no segundo período de serviço, uma
hora antes da marcada para o encerramento das repartições.

245
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho

2. Nos dias de balanço, o expediente das Tesourarias estará encerrado durante o tempo
necessário à sua preparação e execução.
Artigo 57º
(Movimento de Fundos na Tesouraria)
É expressamente proibida a entrada, nos cofres da tesouraria, de qualquer importância
que não seja acompanhada de guias ou de conhecimento, assim como a saída de dinheiros
sem as competentes ordens de pagamento ou levantamento elaborados nos termos regula-
mentares.
Artigo 58
(Caução)
1. Os Tesoureiros são considerados exactores e obrigados a prestar caução por meio
de depósito em dinheiro, letras, hipoteca, ou ainda, a requerimento dos interessados, por
descontos mensais sucessivos e ininterruptos nos seus vencimentos, de montante corres-
pondente a 10% desses vencimentos, até perfazerem a importância total da caução80.
2. A caução será prestada dentro de 60 dias contados da posse.
3. Os quantitativos das cauções são fixadas por Portaria do Secretario de Estado da
Administração Interna, Função Publica e Trabalho, tendo em atenção o movimento da Te-
souraria.
CAPÍTULO III
Das contas de gerência
Artigo 59º
(Prestação de contas) 81
…………………………………………………………………………………………
Artigo 60º
(Contas do Tesoureiro)
1. A conta do tesoureiro compreenderá o saldo da gerência anterior, a receita cobrada,
a despesa efectuada e o saldo, se o houver, durante o ano económico ou o período de tempo
correspondente à sua gerência, no caso de transição.
(…)
Artigo 61º
(Saldos orçamentais)
1. Os saldos apurados nas contas de anos económicos anteriores poderão ser utilizados
na realização de quaisquer despesas devendo inscrever-se nas receitas correntes como con-
trapartida as importâncias correspondentes a retirar da soma dos mesmos saldos.
80 A Portaria n.º 60/79, de 30 de Junho, fixa a caução que devem prestar os Tesoureiros municipais.
81 Este artigo ficou alterado pelos arts. 53º a 59º da Lei n.º 79/VI/2005, de 5 de Setembro.

246
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho

2. Os saldos não utilizados no orçamento serão depositados no Banco de Cabo Verde


ou em quaisquer organismos de crédito.
CAPÍTULO IV
Da fiscalização e responsabilidade 82
Artigo 62º
(Fiscalização administrativa)
1. (Este número foi alterada pelo art. 47º da Lei n.º 79/VI/2005, de 5 de Setembro)
2. A fiscalização a exercer pelas entidades referidas no numero anterior atenderá aos
princípios de que a execução orçamental deve obter a maior utilidade e rendimento sociais
com o mais baixo custo.
Artigo 63º
(Inspecção financeira)
A inspecção dos serviços de contabilidade, orçamento e tesouraria compete ao Gover-
no que a efectua através da Inspecção Administrativa 83.
Artigo 64º
(Fiscalização jurisdicinalizada)
1. A fiscalização jurisdicionalizada da execução orçamental e o julgamento das contas
de gerência competem ao Tribunal Administrativo e de Contas. 84
2. É aplicável à fiscalização jurisidicionalizada o disposto no n.º 2, do artigo 62º.
Artigo 65º
(Balancetes trimestrais)
1. Trimestralmente extrair-se-ão balancetes, resumindo por Capítulos as receitas e des-
pesas e mostrando o saldo existente.
2. Os balancetes serão enviados à Direcção Geral da Administração Interna. 85
Artigo 66º
(Balanço aos cofres da Tesouraria)
1. Os cofres da Tesouraria são balanceados:
a) Mensalmente, até ao dia 5 de cada mês;
b) No ultimo dia da gerência;
c) Sempre que haja transição do Delegado do Governo, Secretário Administra-
82 V. artigos 45º e seguintes da Lei de Finanças Locais.
83 Esta inspecção é exercida pela Inspecção Geral de Finanças no âmbito da tutela Inspectiva (art 48º. da Lei n.º 79/VI/2005,
de 5 de Setembro
84 V. fiscalização preventiva e sucessiva do Tribunal de Contas.
85 V. o disposto no Decreto-Regulamentar n.º 7/98, de 7 de Dezembro, quanto ao dever de informar o Governo.

247
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho

tivo ou Tesoureiro;
d) Em qualquer ocasião que for julgado conveniente a verificação das operações
e a contagem de fundos em cofre, pela administração municipal;
e) Nas visitas de inspecção;
2. Os balanços serão dados pelo Secretário Administrativo com a assistência do Dele-
gado do Governo ou de quem suas vezes fizer.
Artigo 67º
(Alcance)
1. Os Tesoureiros consideram-se em alcance:
a) Quando não tenham em cofre ou com a saída devidamente documentada,
qualquer quantia ou documento de despesa paga, que, pelo exame ou balanço
nele devia existir;
b) Quando nas condições da alínea anterior, lhes faltem ou não apresentem doc-
umentos de cobrança ou outros valores à sua guarda por que tenham sido
debitados e cuja falta não permita fazer o balanço e exame da escrita da sua
responsabilidade.
2. Pela importância dos alcances em que, por qualquer modo, forem encontrados os
Tesoureiros ou responsáveis por dinheiros pertencentes ao Município serão processados
contas correntes que demonstrem o saldo liquido a favor do Município, as quais serão ime-
diatamente enviadas ao Ministério Público, para os devidos efeitos.
3. Os Tesoureiros ou responsáveis alcançados poderão dar entrada, por deposito, no
cofre da Tesouraria, das quantias em dinheiro dos seus alcances, ficando dependentes da
entidade competente o exame e julgamento definitivo da responsabilidade.
4. Todos os funcionários a quem compete a fiscalização e inspecção dos serviços de
contabilidade, orçamento e tesouraria, ficarão solidariamente responsáveis para com o Mu-
nicípio se, tendo conhecimento do alcance, não comunicarem o facto ao Ministério Públi-
co.
5. A fim de assegurar os interesses do Município e evitar a fuga dos responsáveis, todo
o funcionário que encontrar alcance, caso o responsável não entrar, acto continuo, com a
importância do mesmo alcance, poderá requerer imediatamente a qualquer autoridade com-
petente à detenção do responsável até que esteja ultimado o processo referido no n.º 2.
Artigo 68º
(Co-responsabilidade do Secretário Administrativo)
Os Secretários Administrativos serão co-responsáveis com os Tesoureiros, no caso de
alcance, para todos os efeitos penais:
a) Quando por desleixo ou má fé, descurem a vigilância e fiscalização que lhes
incumbe;

248
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho

b) Quando deixem de proceder aos balanços nos termos do n.º 1 do artigo 66º;
c) Quando não tenham em condições regulares a escrita de Tesouraria.
Artigo 69º
(Falsidade de documentos de cobrança e pagamento)
Será imediatamente suspenso e processado disciplinarmente o Tesoureiro que tenha
em seu poder documentos de cobrança e de pagamento sem formalidades legais, sendo
aqueles documentos considerados falsos.
Artigo 70º
(Procedimento penal)
Se por virtude de balanço ou inspecção à Tesouraria ou por qualquer outro meio, forem
encontrados em poder do Tesoureiro documentos de cobrança ou de pagamento falsificados
ou viciados, ou descobrir qualquer outro acto criminoso o Secretário Administrativo ou o
visitador, sob sua responsabilidade, dará logo conta desse facto ao Delegado do Governo e
apreenderá os documentos que enviará ao Ministério Público acompanhados do respectivo
auto para procedimento criminal.
Artigo 71º
(Processo disciplinar)
1. Se nas visitas de inspecção forem apuradas infracções a este diploma por parte dos
funcionários, ser-lhes-à instaurado processo disciplinar com base em artigos de acusação
extraídos dos relatórios de inspecção.
2. O processo disciplinar será mandado instaurar pela Direcção Geral da Administra-
ção Interna.
Artigo 72º 86
(Responsabilidade do Delegado do Governo)
………………….………………………………………………………………………
CAPÍTULO V
Artigo 73º
(Dos fundos extra-municipais)87
…….……………………………………………………………………………………
Artigo 78º
(Dúvidas)
Quaisquer dúvidas suscitadas pela aplicação do presente diploma serão esclarecidas por
despacho do Secretario de Estado da Administração Interna, Função Publica e Trabalho.
Artigo 79º
86 O art. 11º da Lei n.º 85/VI/2005, de 26 de Dezembro, prevê a responsabilidade criminal para quem autorizar(titular do
órgão municipal para o caso) os encargos proibidos por lei e ou sem o visto do Tribunal de Contas quando legalmente exigido.
87 O art. 23º da Lei n.º 79/VI/2005, de 5 de Setembro, pretende acabar com fundo extra-municipal regulado nos arts. 73º a 76º.

249
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho

(Instruções)
A Direcção Geral da Administração Interna expedirá as instruções necessárias à boa
execução deste diploma.
Artigo 80º
(Revogação)
Ficam revogadas a Parte IV da reforma Administrativa Ultramarina e as Portarias nú-
meros 5/78, 24/78, 72/78, respectivamente, de 28 de Janeiro, 11 de Março e 21 de Outu-
bro.
Pedro Pires – José Luís Fernandes Lopes
Promulgado em 12 de Março de 1980.
Publique-se
O Presidente da República, ARISTIDES MARIA PEREIRA.
ANEXO
Mapa I
Classificação económica das receitas ordinárias e extraordinárias
Receitas correntes
1. Impostos directos.
2. Impostos indirectos- taxas, licenças e outros serviços gerais pagos por empresas.
3.Taxas, multas e outras penalidades.
4. Rendimentos de propriedades:
Juros;
Dividendos;
Participação nos lucros dos serviços municipalizados, associação dos municípios e
empresas municipais;
Rendas do terreno;
Outros;
5. Transferências correntes.
6. Vendas de bens duradouros.
7. venda de serviços e bens não duradouros.
8. Rendas de habitação:

250
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho

8.1 Rendas de bens duradouros.


8.2 Rendas de edifícios;
8.3 Diversos;
8.4 Outras receitas correntes;
Receitas de capital
9. Venda de bens de investimentos:
9.1 Terrenos;
9.2 Habitações;
9.3 Outros edifícios;
9.4 Construções diversas;
9.5 Maquinaria e equipamentos;
9.6 Material de transporte;
9.7 Animais;
10. Transferências de capital;
11. Activos financeiro;
12. Passivos financeiros;
13. Outras receitas de capital;
14. Reposições;
15. Contas de ordem.
Mapas II
Classificação económica-administrativa das despesas públicas
Despesas ordinárias
Despesas correntes:
1. Vencimentos e salários:
Vencimentos;
Salários do pessoal dos quadros;
Salários do pessoal eventual;
2. Gratificações.
3. Abonos para falhas.

251
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho

4. Representação.
5. Horas extraordinárias.
6. Senhas de presença.
7. Subsídios de residência.
8. Participações e prémios.
9. Deslocações.
10. Telefones individuais.
11. Alimentação e alojamento- em numerário
12. Alimentação e alojamento- em espécie
13. Alimentação e alojamento- compensação de encargos.
14. Vestuários e artigos pessoais- em numerário
15. Vestuários e artigos pessoais- em espécie .
16. Vestuários e artigos pessoais- compensação de encargos.
17. Remunerações por serviços auxiliares.
18. Remunerações diversas- em numerário.
19. Remunerações diversas- em espécie.
20. Remunerações diversas- previdência social.
21. Remunerações diversas- compensações de encargos .
22. Classes inactivas- pensões de aposentação e invalidez.
23. Classes inactivas- pensões de sobrevivência.
24. Classes inactivas- outras despesas.
25. Abono de família.
26. Bens duradouros:
Construções e grandes reparações;
Material de alojamento;
Material de educação, cultura e recreio;
Material fabril, oficinal e de laboratório;
Material honorifico e de representação;
Equipamento de secretária;
Outros bens duradouros;

252
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho

27. Bens não duradouros:


Matérias primas e subsidiários;
Combustíveis e lubrificantes;
Munições, explosivos e artifícios;
Alimentação, roupas e calçados;
Consumos de secretária;
Outros bens não duradouros,
28. Conservação e aproveitamento de bens.
29. Despesas gerais de funcionamento:
Encargos próprios das instalações ;
Encargos com a saúde;
Locação de bens;
Transportes e comunicações;
Representação;
Publicidade e propaganda;
Trabalhos especiais diversos;
Encargos não específicos;
30. Transferências correntes.
31. Outras despesas correntes.

Despesas de capital:
32. Investimentos:
Terrenos;
Habitações;
Edifícios;
Construções diversas;
Melhoramento fundiários;
Plantações;
Material de transporte;
Maquinaria e equipamento;

253
Decreto-Lei n.º 47/80, de 2 de Julho

Animais;
Estradas e pontes;
Portos;
33. Transferências de capital.
34. Activos financeiros.
35. Passivos financeiros.
36. Outras despesas de capital.
Despesas correntes:
1. Remuneração em numerário.
2. Remunerações em espécie.
3. Previdência social.
4. Compensação de encargos.
5. Bens duradouros.
6. Bens não duradouros.
7. Aquisição de serviços.
8. Transferências.
9. Outras despesas correntes.
Despesas de capital:
10 Investimentos.
11. Transferências.
12. Activos financeiros.
13. Passivos financeiros.
14. Outras despesas de capital.

254
Decreto-Lei nº 22/99, de 26 de Abril

UTILIZAÇÃO NOS MUNICÍPIOS DE MEIOS INFORMÁTICOS


NA CONTABILIDADE PÚBLICA
Decreto-Lei nº 22/99
de 26 de Abril
Convindo definir um quadro que permita o uso de meios informáticos na contabilidade
municipal.
No uso da faculdade conferida pela alínea a), do nº 1, do artigo 216º da Constituição,
o Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
(Utilização de meios informáticos na contabilidade)
1. É permitido aos Municípios, em alternativa aos livros de contabilidade previstos na
Secção I do Capítulo II do Decreto-Lei nº 47/80, de 26 de Junho, utilizar registos informá-
ticos na organização da contabilidade municipal.
2. Os dados informatizados devem constar obrigatoriamente de fichas cujos elementos
serão utilizados no final de cada exercício.
3. Os modelos das fichas a que se refere o número anterior serão estabelecidos por
Portaria do Ministro das Finanças.
Artigo 2º
(Código de acesso)
1. Os municípios que utilizarem meios informáticos na organização da contabilidade
ficam obrigados a definir um código de acesso aos registos.
2. O código, previsto no número anterior, é de utilização restrita, competindo ao Presi-
dente da Câmara Municipal, por despacho, fixar a lista dos utilizadores.
Artigo 3º
(Entrada em vigor)
O presidente diploma entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – Rui Figueiredo Soares.
Promulgado em 9 de Abril de 1999.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 13 de Abril de 1999.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.

255
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

REGIME DO CONTROLO FINANCEIRO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


Decreto-Lei nº 29/2001
de 19 de Novembro
A Contabilidade Pública constitui um dos instrumentos privilegiados das Finanças Pú-
blicas, traduzindo-se num conjunto de regras jurídicas e técnicas aplicáveis à descrição,
execução e controlo das operações financeiras e dos fenómenos económicos dos organis-
mos públicos.
A Contabilidade Pública ainda vigente caracteriza-se fundamentalmente pela existên-
cia de vários tipos de contabilidade no Sector Público Administrativo, pelas variações nas
classificações orçamentais dificultando a análise e a comparabilidade das despesas públicas,
pela execução das despesas baseada apenas na óptica da legalidade formal e não também
nos critérios de economicidade, oportunidade, eficiência, eficácia e disponibilidades de
tesouraria, pela existência de uma contabilidade unigráfica, manual e baseada unicamente
na execução orçamental utilizando o regime de caixa.
A alteração das condições, económicas e socioculturais e a expressão clara da vontade
política consagrada no programa do Governo, justificam a transição progressiva de uma
gestão fechada para uma gestão aberta, transparente, rigorosa, baseada na legalidade e
orientada para o cidadão.
É premente a necessidade de o Governo dispor uma estrutura sistémica de informação
na Administração Financeira e de indicadores de natureza financeira que lhe permitam
introduzir oportunamente correcções que as circunstâncias de carácter político-financeiro
nacional e internacional aconselhem.
Para tanto é indispensável que o sistema em que se apoia a contabilização, o processo
de execução de despesas e receitas, a organização e o controle dos serviços, se encontre
técnica e juridicamente bem estruturado de forma a poder responder com clareza e celeri-
dade às exigências requeridas.
Um Sector Público Administrativo moderno e uma Administração Financeira dotada
de recursos actualizados e com uma visão clara apoiada na utilização de novas tecnologias
têm viabilidade e apresentam um conjunto muito importante de vantagens em relação a
uma Administração Pública tradicional, assente numa contabilidade concentrada, unigráfi-
ca e baseada exclusivamente numa execução orçamental regendo-se por movimentos sob
o regime de caixa.
A criação de um sistema de Contabilidade Pública Moderna, inovadora, digráfica e
informatizada, que prime pela transparência e que se preocupe com a produção das infor-
mações indispensáveis à gestão e ao controlo não só na óptica de funcionamento como
também financeira, patrimonial e de contingências, torna-se uma necessidade imperativa
de qualquer Estado que queira renovar o processo orçamental, modernizar a gestão pública
numa procura incessante da economicidade, eficiência e eficácia e sobretudo do desenvol-
vimento sustentado.

256
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

Com o presente diploma visa-se a REFORMA da Contabilidade Pública que assenta


nos princípios básicos do rigor, transparência, boa gestão e disciplina financeira, eficácia do
sistema financeiro, visão global da situação financeira do Sector Público Administrativo,
modernização do Estado e da gestão pública, nomeadamente através da utilização das no-
vas tecnologias de informação, maior desconcentração e responsabilização dos dirigentes
da Administração Pública, melhor controlo e rigor na realização das despesas públicas,
celeridade e segurança nos pagamentos, melhor gestão da tesouraria, da dívida pública, do
património público e dos recursos humanos.
Lançam-se, assim, as bases para a criação de um Sistema de Informação para a Gestão
Financeira orientado pelas novas e modernas correntes da Administração Pública e sus-
tentado nomeadamente pelo manual das finanças públicas do Fundo Monetário Internacio-
nal (FMI) e pelas recomendações da International Federation of Accountants (IFAC), que
abrangerá todo o Sector Público Administrativo e cujo objectivo maior é a Melhor Gestão
dos Recursos Públicos, procurando-se sempre a transparência na Gestão Pública.
Com o Novo Sistema de Contabilidade Pública, a consolidação das Contas Públicas
será uma realidade, o controle será facilitado, a sua utilização pelos decisores públicos e
pelos observadores das Finanças Públicas será grandemente facilitada e as Contas Nacio-
nais serão mais fiáveis.
Assim,
No uso da faculdade conferida pela alínea a) do nº 2 do artigo 203º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
CAPÍTULO I
Disposições introdutórias
Artigo 1º
(Objecto e âmbito)
1. O presente diploma define os princípios e as normas relativos ao regime financei-
ro, à contabilidade e ao controlo da gestão financeira da Administração Central, aos seus
serviços dotados de autonomia administrativa, bem assim aos estabelecimentos públicos,
serviços personalizados e fundações públicas dotados de autonomia administrativa e finan-
ceira.
2. O controlo da gestão financeira compreende as normas, princípios e estruturas ne-
cessárias ao autocontrolo, ao controlo interno e ao controlo externo.
3. O disposto neste diploma é ainda subsidiariamente aplicável às empresas públicas
em tudo quanto não estiver especialmente previsto nos diplomas legais que lhes forem
aplicáveis.
4. Os princípios e disposições constantes deste diploma serão objecto de adaptação à
administração municipal.

257
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

Artigo 2º
(Princípios orientadores)
1. A actividade financeira pública rege-se nomeadamente pelos princípios da prossecu-
ção do interesse público, legalidade, transparência, responsabilização, controlo financeiro,
separação e segregação de funções e da boa gestão dos recursos públicos.
2. A gestão do património público orienta-se pelo princípio da economicidade tendo
por base um sistema de cadastro, inventariação e uma política de capitalização.
3. Todos os actos de gestão orçamental, financeira, patrimonial, contingencial bem
como as operações de regularização baseiam-se em documentos idóneos que comprovem
as operações e seus registos na contabilidade.
Artigo 3º
(Designações)
Para efeitos deste diploma, a referência a:
a) “serviços autónomos” visa os serviços públicos dotados apenas de autonomia
administrativa;
i) “serviço ordenador” visa o serviço responsável pelo início e autorização das
operações de execução de receitas quando da sua própria iniciativa bem como
de despesas, podendo haver um ordenador principal com a faculdade de del-
egar poderes em um ou mais ordenadores secundários;
c) “controlador financeiro” visa a pessoa encarregada de proceder ao controlo
prévio e concomitante da legalidade e regularidade financeira das operações
de receitas e despesas;
d) “administração financeira do Estado” visa tanto a parte administrativa do Di-
reito Orçamental e da Contabilidade Pública, constituída por normas, procedi-
mentos, operações e órgãos que possibilitam a obtenção de recursos públicos,
sua gestão e aplicação para a realização das finalidades públicas, como o Es-
tado em sentido estrito, compreendendo os seus serviços e fundos autónomos
e os institutos públicos, à excepção das empresas públicas;
e) “unidade orçamental” visa uma unidade funcional de serviços subordinados a
um mesmo órgão a que são consignadas dotações próprias.
Artigo 4º
(Objectivos)
O presente diploma visa no âmbito da Administração Central:
a) Garantir a aplicação dos princípios orientadores da actividade financeira pú-
blica indicados no art. 2º;

258
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

b) Sistematizar as operações de programação, gestão e avaliação dos recursos


públicos;
c) Desenvolver um sistema que proporcione informação fidedigna e actualizada
sobre o comportamento financeiro;
d) Impor à Administração a responsabilidade de implantar e manter um sistema
de contabilidade adequado às necessidades do registo, documentação e in-
formação de todos os actos de gestão orçamental, financeira, patrimonial e
contingencial;
e) Impor à Administração a responsabilidade de implantar um eficiente e eficaz
sistema de controlo interno e a adopção de procedimentos adequados que as-
segurem a condução económica das actividades, programas, planos e projec-
tos e a avaliação da gestão.
Artigo 5º
(Coordenação e execução)
1. Compete ao membro do Governo responsável pelas Finanças a coordenação da ad-
ministração financeira pública e a emissão dos regulamentos que se mostrarem necessários
à execuçãodeste diploma.
2. Compete conjuntamente aos membros do Governo responsáveis pelas Finanças e
pela tutela do poder local celebrar acordos ou protocolos com os municípios, com vista à
solução de problemas administrativos, técnicos e financeiros, com respeito pela sua auto-
nomia e sem prejuízo da legislação especial aplicável.
CAPÍTULO II
Regime Financeiro Geral da Administração Central
de Serviços Dotados de Autonomia Administrativa
SECÇÃO I
Disposições gerais
Artigo 6º
(Regime geral)
1. Neste capítulo definem-se as normas, órgãos e procedimentos respeitantes ao re-
gime jurídico e financeiro dos serviços da Administração Central dotados de autonomia
administrativa na gestão corrente.
2. O regime financeiro abrange as operações financeiras e contabilísticas resultantes
da execução orçamental relativas às receitas e às despesas, bem como das operações de
tesouraria e das operações diversas.
Artigo 7º
(Autonomia administrativa)
1.O regime jurídico e financeiro dos serviços da Administração Central é, em regra,
o da autonomia administrativa nos actos de gestão corrente, traduzida na competência dos

259
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

seus dirigentes para autorizar a realização de despesas e o seu pagamento e para praticar
nesse âmbito actos administrativos definitivos e executórios.
2.A gestão corrente integra a actividade desenvolvida pelos serviços para a normal
prossecução das suas atribuições, sem prejuízo dos poderes de direcção, supervisão e ins-
pecção do membro do Governo da área.
3.Excluem-se do âmbito da gestão corrente:
a) Os actos que envolvam opções fundamentais de enquadramento das activi-
dades dos serviços e organismos, nomeadamente os planos e programas de
actividades;
c) Os actos relativos a despesas de capital, sem prejuízo do que vier a ser regula-
mentado por Portaria do membro do Governo responsável pelas Finanças;
d) Os actos relativos a recrutamento, desenvolvimento profissional e mobilidade
do pessoal da Administração Pública.
e) Os actos relativos a transferência de verbas.
f) Os actos de montante e natureza excepcionais, os quais serão determinados no
decreto-lei de execução orçamental.
4. Os actos praticados no âmbito da autonomia administrativa na gestão corrente e
incidentes na autorização de despesas e autorização do respectivo pagamento são por si
susceptíveis de execução, não carecendo de confirmação, autorização, homologação, ratifi-
cação ou qualquer outra espécie de reforço hierárquico ou de superintendência.
5. A prática de actos que excedem a gestão corrente é da competência do Governo.
Artigo 8º
(Descrição e registo das operações)
As operações financeiras e contabilísticas resultantes da execução orçamental são des-
critas e registadas obedecendo às normas gerais do sistema contabilístico, em conformida-
de com o disposto no Capítulo VII, e são da responsabilidade dos serviços Ordenador, de
Contabilidade e do Tesouro Público.
Artigo 9º
(Controlador financeiro)
O controlador financeiro encarrega-se de proceder ao controlo prévio e concomitante
da legalidade e regularidade financeira das operações de receitas e despesas, podendo-se
ocupar de determinados departamentos governamentais em conformidade com portaria do
membro do Governo responsável pelas Finanças.
Artigo 10º
(Serviço ordenador)
O Serviço Ordenador é o responsável pelo início e autorização das operações de exe-
cução de receitas, quando da sua própria iniciativa, bem como de despesas, verificando
sempre a correcção jurídico-financeira das mesmas.

260
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

2. Fora da gestão corrente os ordenadores principais são o Conselho de Ministros,


o Primeiro Ministro, o Vice-Primeiro Ministro, os Ministros, os Secretários de Estado, o
Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, o Presidente do Tribunal Constitucional, o Pre-
sidente do Tribunal de Contas e o Procurador-Geral da República.
3. No âmbito da gestão corrente os ordenadores principais são em regra constituídos a
partir do pessoal dirigente da função pública.
4. Sem prejuízo do seu poder de direcção, os ordenadores principais poderão delegar
poderes a um ou mais ordenadores secundários.
5. O acto de delegação referida no número anterior é obrigatoriamente publicado no
Boletim Oficial.
Artigo 11º
(Competência dos serviços ordenadores)
Em matéria de receitas da sua iniciativa, os serviços ordenadores procedem à liquida-
ção destas e emitem as respectivas ordens de recebimento para o Tesouro Público.
2. Em matéria de despesas, os serviços ordenadores procedem ao cabimento, compro-
misso, liquidação e emissão das ordens de pagamento para o Tesouro Público.
Artigo 12º
(Regime duodecimal)
O decreto-lei de execução orçamental definirá em cada ano os casos de sujeição ao
regime duodecimal e fixará os respectivos critérios.
SECÇÃO II
As receitas
Artigo 13º
(Espécies)
As receitas públicas compreendem os impostos, as multas e outras penalidades, as
taxas, preços públicos e contribuições especiais, os rendimentos financeiros, as transferên-
cias e outras previstas na lei.
Artigo 14º
(Correcção jurídico-financeira)
A Administração Financeira está obrigada a proceder à cobrança das receitas depen-
dendo a sua correcção jurídico-financeira da verificação dos seguintes requisitos:
a) Conformidade legal;
b) Regularidade financeira.
2. Por conformidade legal entende-se a prévia existência de lei que autorize a sua
cobrança, dependendo a regularidade financeira da sua inscrição orçamental, podendo to-
davia o seu montante exceder a previsão inicial.

261
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

Artigo 15º
(Classificação das Receitas)
As receitas classificam-se por categorias económicas em receitas correntes e receitas
de capital e distribuem-se de acordo com o classificador económico das receitas.
a) As receitas correntes compreendem:
b) As receitas fiscais, constituídas pelas receitas coactivas, sem contrapartida
nem reembolso, arrecadadas e geridas pela administração financeira;
c) As receitas não fiscais, constituídas pelas receitas que têm como contrapartida
uma prestação de serviço bem assim as transferências obtidas e que resultem
de uma prestação unilateral para a administração financeira.
d) As receitas de capital compreendem:
e) As resultantes da alienação de bens de investimento;
f) As transferências de capital recebidas;
g) As provenientes da constituição da dívida fundada;
h) Os reembolsos relativos aos activos financeiros;
i) Outras previstas por lei.
Artigo 16º
(Cobrança das receitas)
A cobrança de todas as receitas por quaisquer serviços da Administração Central dota-
dos de autonomia administrativa, bem como as de origem externa destinadas ao Estado de
Cabo Verde compete, em regra, ao Tesouro Público.
2. Todos os serviços da Administração Central dotados de autonomia administrativa
e que forem legalmente autorizados a arrecadar receitas estão obrigados a proceder à sua
imediata transferência, sem deduções ou retenções, para o serviço do Tesouro Público,
salvo por força de lei especial.
3. Por portaria conjunta do membro do Governo responsável pelas Finanças e do mem-
bro do Governo da área poderão ser previstos casos especialmente justificados de consig-
nação de receitas.
Artigo 17º
(Processamento das receitas)
As receitas públicas processam-se através da liquidação e posterior cobrança.
Artigo 18º
(Liquidação)
1.bA liquidação é o acto pelo qual a administração financeira determina o montante
exacto do valor a ser arrecadado pelo Estado provenientes da dívida do contribuinte, do
utente ou de outro valor em benefício do Estado.

262
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

2. Todas as receitas públicas estão sujeitas a liquidação.


3. A cada receita liquidada é atribuído um número de código que servirá para a sua
identificação.
4. Os erros de liquidação dão lugar à emissão de uma ordem de anulação e a realização
de uma nova liquidação, à qual será atribuído novo código identificativo.
Artigo 19º
(Formas de Liquidação)
1. A liquidação pode ser efectuada originando um registo prévio da dívida do con-
tribuinte ou utente de que resultarão a emissão de uma ordem de recebimento e posterior
cobrança.
2. Cada ordem de recebimento deve indicar o respectivo número de código identifica-
tivo constante da liquidação.
3. Poderá ainda a liquidação ocorrer no momento em que se procede à cobrança ou em
momento posterior, para efeitos de regularização de operações de tesouraria, procedendo-
se então à elaboração do respectivo documento.
Artigo 20º
(Registo da liquidação)
Cada liquidação deve ser devidamente registada segundo normas gerais da contabi-
lidade definidas poreste diploma e complementadas por portaria do membro do Governo
responsável pelas Finanças.
Artigo 21º
(Cobrança)
1 As receitas são inscritas no orçamento e cobradas pela sua importância integral, sem
dedução de qualquer espécie.
2. A cobrança das receitas mencionadas nas ordens de recebimento é feita de forma
voluntária ou coerciva, em conformidade com a lei.
3. A cobrança forçada poderá ser precedida de negociação.
Artigo 22º
(Meios de pagamento)
O contribuinte ou utente pode pagar as suas dívidas em numerário, por cheque, trans-
ferência bancária ou por qualquer outro meio permitido por lei.
Artigo 23º
(Emissão de recibo)
Todo o recebimento dá lugar à emissão e entrega de um recibo ou outro documento
comprovativo.

263
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

A forma e as condições de emissão de recibo são fixadas por portaria do membro do


Governo responsável pelas Finanças.
Artigo 24º
(Reposições)
1. A reposição de dinheiros públicos nos cofres do Estado efectiva-se através de com-
pensação, dedução ou pagamento através de guia, devendo porém a escrituração contabi-
lística reflectir os créditos pelo seu valor bruto.
2. A reposição poderá ser efectuada por prestações mensais mediante requerimento
fundamentado do interessado e despacho favorável do dirigente do respectivo serviço ou
organismo.
3. As reposições não estão sujeitas a juro de mora desde que o pagamento de cada
prestação ocorra no prazo legal ou judicialmente fixado.
4. A obrigatoriedade de reposição das quantias recebidas indevidamente prescreve no
prazo de dez anos após o seu recebimento.
5. É aplicável o regime geral previsto na lei civil para a suspensão e interrupção da
prescrição.
6. O prazo para pagamento de guias é de trinta dias a contar da notificação do devedor
pelo serviço competente.
Artigo 25º
(Liberação de devedor)
O devedor do Estado estará liberto da sua dívida quando apresentar um recibo ou outro
documento comprovativo do pagamento da sua dívida e ainda nos casos de prescrição da
receita ou noutros previstos na lei.
SECÇÃO III
As despesas
Artigo 26º
(Espécies)
As despesas públicas compreendem todos os gastos efectuados pelas entidades públi-
cas no atendimento dos serviços e encargos assumidos na prossecução do interesse público,
por força da lei ou em consequência de contrato ou doutros instrumentos.
Artigo 27º
(Correcção jurídico-financeira)
A correcção jurídico-financeira das despesas públicas depende da verificação dos se-
guintes requisitos:
a) Conformidade legal;

264
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

b) Regularidade financeira;
c) Economia, eficiência e eficácia.
2. Por conformidade legal entende-se a prévia existência de lei que autorize a despesa
e por regularidade financeira a inscrição orçamental, o correspondente cabimento e a ade-
quada classificação da despesa.
3. Na realização de despesas ter-se-á em vista a obtenção dos melhores resultados com
o mínimo de custos,tendo em conta a utilidade e prioridade da despesa e o acréscimo de
produtividade daí decorrente.
Artigo 28º
(Classificação)
1. As despesas públicas classificam-se por categorias económicas, orgânicas e funcio-
nais.
2. Por categorias económicas as despesas subdividem-se em despesas correntes e des-
pesas de capital e distribuem-se de acordo com o classificador económico das despesas.
3. As despesas correntes compreendem:
a) Os gastos do funcionamento dos serviços públicos, constituídos nomeada-
mente pelos encargos com o pessoal, aquisição de materiais, produtos e peque-
nos equipamentos, fornecimentos e serviços externos;
b) Os juros da dívida pública;
c) As transferências correntes concedidas, constituídas pelos gastos sem qualquer
contrapartida directa em bens ou serviços com a finalidade de satisfazer neces-
sidades correntes da entidade que as recebe.
4.As despesas de capital compreendem:
a) A aquisição de bens de investimento;
b) As transferências de capital concedidas;
c) A amortização da dívida pública fundada;
d) Empréstimos de retrocessão concedidos;
e) Outras previstas por lei.
5. Por categorias orgânicas as despesas distribuem-se por unidades orçamentais em
conformidade com a lei do Orçamento do Estado.
6. Por categorias funcionais as despesas traduzem as grandes opções políticas secto-
riais, através das funções geral, social, económica e outras de acordo com o classificador
funcional.

265
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

Artigo 29º
(Processamento de despesas)
1. As despesas processam-se através das fases do cabimento, do compromisso, da li-
quidação e do pagamento.
2. O procedimento normal relativo à realização das despesas públicas é o seguinte:
a) O serviço ordenador procede à determinação do saldo orçamental disponível
na rúbrica orçamental apropriada, e, tendo em consideração o regime duodeci-
mal, se ao caso couber, e a programação da tesouraria, estabelece a data da sua
realização;
b) Estabelecida a referida data, o serviço ordenador assume determinado com-
promisso através do qual vincula o Estado a uma provável obrigação de paga-
mento;
c) Realizada a verificação da legalidade e do cabimento pelo controlador finan-
ceiro, o serviço ordenador procede à liquidação da despesa, isto é, à verifi-
cação da comprovação do direito do beneficiário e à determinação do seu
montante exacto após a constatação do serviço feito e a comprovação do di-
reito do beneficiário e emite uma ordem de pagamento;
d) Posteriormente o serviço do Tesouro Público faculta o meio de pagamento
adequado ao beneficiário.
3. Não há lugar ao disposto no número anterior quando:
a) As despesas parcelares provindas de uma mesma causa constituírem despesas
fixas mensais da Administração e tiverem já sido inicialmente objecto do pro-
cedimento normal na sua globalidade;
b) As despesas forem urgentes e inadiáveis, sem prejuízo do seu registo conta-
bilístico;
c) As despesas assumirem carácter confidencial, sem prejuízo do seu registo
contabilístico.
Artigo 30º
(Autorização da despesa e assunção de compromissos)
1. Os poderes dos ordenadores principais para assumir compromissos e autorizar des-
pesas no âmbito da gestão corrente variam em função do valor destas, nos termos que
vierem a ser definidos por lei.
2. A competência a que se referem os números anteriores pode ser delegada e subdele-
gada, nos termos do nº 5 do artº 10º.
Artigo 31º
(Autorização de despesas fora da gestão corrente)
A autorização de actos que excedam o âmbito da gestão corrente compete ao Governo,
em função dos valores que vierem a ser definidos por lei.

266
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

Artigo 32º
(Duplo cabimento)
Quando os serviços e organismos dispuserem de receitas consignadas, os pagamentos
a efectuar por conta destas ficam condicionados não só aos créditos orçamentais como ain-
da ao montante global da receita arrecadada.
Artigo 33º
(Prazos para a autorização)
A autorização de despesas por conta do orçamento do Estado deve ocorrer em data que
permita o compromisso, a liquidação e o pagamento nos prazos fixados no decreto-lei de
execução orçamental.
Artigo 34º
(Despesas urgentes e imprevistas)
As despesas urgentes, imprevistas e inadiáveis são autorizadas pelo membro do Go-
verno responsável pelas Finanças e suportadas pela verba provisional inscrita no orçamento
do Ministério das Finanças, devendo as mesmas serem comunicadas à Assembleia Nacio-
nal nos termos da lei.
Artigo 35º
(Despesas confidenciais)
1. São despesas de carácter confidencial as realizadas no interesse da segurança do
Estado e da manutenção da ordem política e social, que forem definidas por lei da Assem-
bleia Nacional.
2. As despesas confidenciais dependem de autorização da Assembleia Nacional e se-
guirão o regime que vier a ser definido por lei desta.
Artigo 36º
(Compromisso)
O compromisso é o acto pelo qual a administração financeira assume uma obrigação
de que resultará uma dívida provável.
Artigo 37º
(Encargos plurianuais)
1. Os compromissos contratuais que impliquem assunção de encargos com reflexo em
mais de um ano económico são parcialmente imputados aos anos em que se procederá ao
reembolso.
2. A assunção de encargos plurianuais é feita através de portaria conjunta do membro
do Governo responsável pelas Finanças e do ministro competente para o departamento a
que pertence o respectivo serviço ou organismo, salvo quando tais encargos resultarem da
execução de planos plurianuais já aprovados.

267
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

Artigo 38º
(Liquidação)
1. A liquidação é o acto pelo qual a administração financeira determina o montante
exacto da obrigação assumida após constatação do serviço feito e comprova o direito do
beneficiário, tendo por base um título por este apresentado.
2. A cada despesa liquidada é atribuído um número de código que servirá para a sua
identificação.
3. Cada liquidação deve ser devidamente registada segundo normas gerais da conta-
bilidade pública definidas por este diploma e complementadas por portaria do membro do
Governo responsável pelas Finanças.
Artigo 39º
(Competência do controlador financeiro)
1. O controlador financeiro procede à fiscalização da correcção jurídico-financeira, nos
termos do artigo 9º.
2. Salvo o disposto nos artigos 34º e 35º, nenhuma ordem de pagamento pode ser emi-
tida sem o visto prévio do controlador financeiro.
Artigo 40º
(Requisitos do beneficiário)
1. As pessoas jurídicas ou empresas beneficiárias dalgum pagamento por parte da ad-
ministração financeira pública terão de estar regularmente inscritas na administração tribu-
tária e ter o correspondente número de identificação fiscal.
2. As entidades privadas beneficiárias de transferências públicas, para além do dispos-
to no número anterior, devem estar minimamente organizadas e ter apresentado as suas
contas relativas a transferências anteriormente recebidas.
3. Compete ao membro do Governo responsável pelas Finanças regulamentar os ins-
trumentos de prestação de contas pelas entidades privadas que recebam transferências pú-
blicas.
Artigo 41º
(Meios de pagamento)
Os meios de pagamento a emitir pela administração financeira pública são o cheque do
Tesouro, a transferência bancária ou outros aprovados por portaria do membro do Governo
responsável pelas Finanças.
Artigo 42º
(Compensação de créditos)
No caso de o credor ter dívida perante o Estado certificada por decisão judicial defini-
tiva, poderá o serviço proceder à compensação dos créditos, devendo porém a escrituração
contabilística reflectir os créditos pelo seu valor bruto.

268
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

Artigo 43º
(Prazos de pagamento)
Por portaria do membro do Governo responsável pelas Finanças poderão ser fixados
prazos de pagamento a partir da assunção dos compromissos.
Artigo 44º
(Despesas militares)
As regras relativas ao compromisso, liquidação e ordem de pagamento de despesas
ligadas ao armamento militar do Estado, deverão ser estabelecidas por portaria conjunta
dos membros do Governo responsáveis pelas Finanças e pela Defesa, em obediência aos
princípios definidos neste diploma.
Artigo 45º
(Despesas de pequeno montante)
1. Para a realização de despesas de pequeno montante podem ser constituídos fundos de
maneio em nome dos serviços respectivos, nos termos que vierem a ser definidos por lei.
2. A competência para a realização e pagamento de despesas por conta de fundo de
maneio cabe ao responsável pelo mesmo.
Artigo 46º
(Despesas em moeda estrangeira)
A realização de despesas em moeda estrangeira está sujeita ao cumprimento das for-
malidades especiais constantes da legislação cambial.
Artigo 47º
(Despesas de anos anteriores)
1. As despesas dos anos anteriores devidamente registadas serão satisfeitas por conta
do orçamento em vigor na data do pagamento.
2. É aplicável o regime geral previsto na lei civil para a prescrição, sua suspensão e
interrupção, salvo se prazos mais curtos não resultarem da lei.
Artigo 48º
(Restituições)
1. Devem ser restituídas as importâncias que tiverem dado entrada nos cofres do Esta-
do sem direito a essa cobrança.
2. Se as receitas tiverem sido cobradas por meios coercivos, devem restituir-se também
as custas dos respectivos processos.
3. O direito à restituição prescreve no prazo de cinco anos a partir da entrada nos cofres
do Estado das respectivas quantias, salvo se for legalmente aplicável prazo mais curto.
4. É aplicável o regime geral previsto na lei civil para a suspensão e interrupção da
prescrição.

269
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

SECÇÃO IV
Operações da tesouraria
Artigo 49º
(Noção)
1. São operações de tesouraria os movimentos excepcionais de fundos nas contas fi-
nanceiras do Tesouro que não se encontrem sujeitos à disciplina orçamental bem como as
restantes operações escriturais com eles relacionados.
2. As operações de tesouraria são activas e passivas, correspondendo as activas à entra-
da de fundos e as passivas à saída de fundos nas contas financeiras do Tesouro
Artigo 50º
(Finalidades)
As operações de tesouraria têm por finalidade:
a) Antecipar receitas orçamentalmente previstas que se espera cobrar durante o
ano;
b) Colocar junto de instituições, designadamente do sistema bancário ou afins,
eventuais disponibilidades de tesouraria;
c) Assegurar a gestão de fundos a cargo do serviço do Tesouro.
Artigo 51º
(Proibição)
1. Salvo o disposto no número seguinte, é proibido o pagamento de quaisquer despesas
por operações de tesouraria.
2. Podem ser realizadas operações de tesouraria previstas na lei a título provisório e
por antecipação, garantindo-se no entanto a sua regularização e imputação às contas orça-
mentais.
Artigo 52º
(Competência)
1. Compete exclusivamente ao membro do Governo responsável pelas Finanças auto-
rizar e ordenar a realização de qualquer operação de tesouraria.
2. Compete ao serviço do Tesouro Público a execução das operações de tesouraria.
SECÇÃO V
Outras operações
Artigo 53º
(Operações diversas)
1. Além das indicadas nas secções anteriores, existem ainda as seguintes operações:
a) As operações de contingências;
b) As operações de regularização contabilística.

270
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

2. O conteúdo das operações e a forma do seu registo são objecto de regulamentação


por portaria do membro do Governo responsável pelas Finanças.
CAPÍTULO III
Regime Excepcional – Fundos Autónomos e Institutos Públicos do Estado de Autono-
mia Administrativa e Financeira
Artigo 54º
(Âmbito)
As normas do presente capítulo aplicam-se aos fundos autónomos, estabelecimentos
públicos, serviços personalizados, fundações públicas e a quaisquer outras entidades dota-
das de autonomia administrativa e financeira.
Artigo 55º
(Atribuição da autonomia administrativa e financeira)
1. Salvo o disposto nos dois números seguintes, as condições cumulativas para atri-
buição da autonomia administrativa e financeira aos serviços e entidades referidos no artigo
anterior são as seguintes:
a) Haja justificação para uma adequada gestão que permita uma melhor realiza-
ção das atribuições em vista;
b) As receitas correntes próprias alcancem um mínimo das suas despesas cor-
rentes que vier a ser definido por lei.
2. O disposto na alínea b) do número anterior poderá ser dispensado ou reduzido para
os estabelecimentos públicos, por resolução do Conselho de Ministros, fundamentada em
motivos de interesse público.
3. Poderá ainda ser atribuída autonomia administrativa e financeira quando existam ra-
zões ponderosas que o aconselhem, nomeadamente quando se tratar da gestão de projectos
integrados no Programa Plurianual de Investimentos Públicos .
4. A autonomia administrativa e financeira é conferida por lei.
5. Para efeitos do disposto na alínea b) do nº 1, não são consideradas receitas próprias
as provenientes de transferências do Orçamento do Estado ou de quaisquer serviços e orga-
nismos da Administração Central.
Artigo 56º
(Cessação do regime excepcional)
Quando a autonomia administrativa e financeira tenha sido concedida nos termos do
nº 1 do artigo anterior, a não verificação dos requisitos aí previstos durante dois anos con-
secutivos determinará a cessação do respectivo regime financeiro e a aplicação do regime
geral de autonomia administrativa.

271
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

2. A constatação da situação prevista no número anterior será feita com base em ins-
pecção ou auditoria realizada pela Inspecção Geral de Finanças e a cessação do regime de
autonomia administrativa e financeira será efectivada através de portaria conjunta do mem-
bro do Governo responsável pelas Finanças e do Ministro da tutela que produzirá efeitos a
partir de 01 de Janeiro do ano económico seguinte ao da sua publicação.
3. Poderá, no entanto, ser mantida a autonomia financeira por portaria conjunta a que
se refere o número anterior se o relatório da Inspecção Geral de Finanças constatar uma
evolução positiva da gestão do serviço ou organismo autónomo que aponte para uma pos-
sível realização do requisito previsto na alínea b) do numero 1 do artigo anterior.
Artigo 57º
(Autonomia patrimonial)
1. Os serviços e entidades referidos no artigo 54º, dispõem de autonomia patrimonial.
2. O património é constituído pelos bens, direitos e obrigações recebidos ou adquiridos
para o exercício da sua actividade.
3. A alienação de bens e a realização de despesas de capital serão objecto de regula-
mentação pelos respectivos estatutos.
4. Poderão ainda os serviços e entidades referidos no artigo 54º administrar bens do
domínio público ou privado do Estado que lhes forem afectos nos termos da lei.
Artigo 58º
(Receitas)
1. São receitas próprias dos serviços e entidades referidos no artigo 54º :
a) As receitas provenientes da sua actividade específica;
b) O rendimento de bens próprios e bem assim o produto da sua alienação;
c) As doações, heranças e legados que lhes sejam destinados;
d) Quaisquer outros rendimentos que por lei ou contrato lhes devam pertencer.
2. As receitas próprias são classificadas e distribuídas de acordo com o Classificador
Económico, nos termos do nº 1 do artigo 15º.
3. Para além das receitas próprias, os serviços e entidades referidos no artigo 54º be-
neficiam ainda, nos termos da lei, de comparticipações, transferências e subsídios prove-
nientes do Orçamento do Estado ou de outras entidades públicas ou privadas.
4. Compete aos dirigentes dos serviços e entidades referidos no artigo 54º autorizar o
lançamento, a liquidação e a cobrança das receitas.
5. Os serviços e entidades referidos no artigo 54º estão obrigados por lei a depositar o
produto proveniente das receitas próprias arrecadadas em contas especificamente abertas
no Tesouro Público.

272
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

Artigo 59º
(Despesas)
1. Constituem despesas próprias dos serviços e entidades referidos no artigo 54º os
encargos com o seu funcionamento e os inerentes à realização das suas atribuições, bem
como os custos de aquisição, manutenção e conservação dos bens, equipamento de serviço
de que careça para o efeito.
2. As despesas próprias são classificadas e distribuídas de acordo com os classificado-
res económico e funcional, nos termos dos nºs 2 e 6 do artigo 28º.
3. Compete aos dirigentes dos serviços e entidades referidos no artigo 54º autorizar
o cabimento, o compromisso, a liquidação das suas despesas e ordenar o respectivo paga-
mento.
Artigo 60º
(Separação e segregação de funções)
1. Os serviços e entidades referidos no artigo 54º devem observar o princípio da se-
paração e segregação de funções na realização das operações de execução do orçamento,
operações de tesouraria e respectiva contabilização.
2. A segregação de funções a que se refere o número anterior deve estabelecer-se entre
diferentes serviços ou entre diferentes pessoas do mesmo serviço.
Artigo 61º
(Organização, gestão e controlo)
1. Na óptica da procura de uma melhor gestão pública, serviços e entidades referidos
no artigo 54º deverão adequar as suas estruturas por forma a:
a) Assegurar o cabimento, o compromisso, a liquidação e o pagamento das suas
despesas e bem assim a liquidação e cobrança das suas receitas;
b) Implementar um sistema adequado de contabilidade, nos termos do Capítulo
VII, e assegurar a sua tempestividade e supervisão por técnico de contas;
c) Possibilitar um controlo eficaz da sua gestão, nos termos do Capítulo VIII;
d) Assegurar uma visão de conjunto da Administração Central.
2. A gestão económica e financeira dos serviços e entidades referidos no artigo 54º é
disciplinada nomeadamente pelos seguintes instrumentos de gestão previsional:
a) Plano de actividades;
b) Orçamentos de exploração, investimento e de tesouraria;
c) Demonstração de resultados previsionais;
d) Balanço previsional;
e) Anexos ao balanço e demonstração de resultados previsionais.

273
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

3. Devem ainda os fundos autónomos e institutos públicos elaborar:


a) As suas propostas de orçamento, com indicação dos objectivos a atingir e dos
programas a realizar, que deverão ser oportunamente apresentadas ao Min-
istério das Finanças por ocasião da elaboração da proposta do Orçamento do
Estado;
b) As suas contas de gerência, as quais, sem prejuízo do disposto em lei es-
pecial, discriminarão rigorosamente os objectivos alcançados, o grau de re-
alização dos programas aprovados e os constrangimentos encontrados, e que
fornecerão elementos à elaboração da Conta Geral do Estado.
4. Independentemente do autocontrolo e do controlo externo exercido pelo Tribunal
de Contas, nos termos da legislação própria, os serviços e entidades referidos no artigo 54º
estão sujeitos ao controlo sistemático sucessivo da gestão orçamental por parte dos serviços
do Ministério das Finanças encarregados da execução do Orçamento do Estado.
Artigo 62º
(Prestação de contas)
1. A prestação de contas opera-se, com as devidas adaptações, nos termos da Secção
IV do Capítulo VII.
2. O relatório de actividades do órgão de gestão deverá proporcionar uma visão clara
da situação económica e financeira relativa ao exercício, espelhando a eficiência na utiliza-
ção dos meios afectos à prossecução dos seus fins e a eficácia na realização dos objectivos
propostos.
3. Os documentos de prestação de contas serão remetidos ao serviço da Contabilidade
Pública, nos prazos legalmente previstos.
4. A não apresentação de contas poderá dar lugar à não liberação de fundos provenien-
tes do Orçamento do Estado.
Artigo 63º
(Aplicação de normas do regime geral)
São aplicáveis aos fundos autónomos, estabelecimentos públicos, serviços persona-
lizados, fundações públicas e quaisquer outras entidades dotadas de autonomia adminis-
trativa e financeira, com as devidas adaptações, as normas sobre os serviços autónomos,
dotados de autonomia administrativa, em tudo o que não esteja especialmente regulado
neste capítulo.
CAPÍTULO IV
Tesouro Público
Artigo 64º
(Conteúdo)
Constituem o Tesouro Público todos os recursos financeiros do Estado resultantes tan-
to das operações orçamentais como das operações de tesouraria.

274
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

Artigo 65º
(Serviço do Tesouro Público)
1. Sem prejuízo do disposto em lei ou regulamento, compete ao serviço do Tesouro
Público nomeadamente:
a) Administrar o sistema de caixa única da Administração Central, dando ao
BCV, sem prejuízo da autonomia deste, as orientações que se mostrarem per-
tinentes;
b) Executar e centralizar as operações de tesouraria;
c) Gerir a dívida pública e proceder ao reembolso dos respectivos títulos, en-
quanto não for criada a entidade referida no nº 2 do artigo 75º;
d) Guardar e conservar os títulos e valores da Administração Central a seu cargo;
e) Coordenar o funcionamento e exercer supervisão técnica sobre todas as uni-
dades ou serviços de tesouraria do sector público;
f) Programar a tesouraria, anual e periódica, e realizar o seguimento e sua av-
aliação, sem prejuízo do disposto no artigo seguinte;
g) Centralizar a cobrança das receitas da Administração Central, distribuí-las,
nos termos da lei e da programação financeira, e proceder ao pagamento de
todas as despesas resultantes da execução do Orçamento do Estado;
h) Elaborar e actualizar as reconciliações bancárias;
i) Elaborar os relatórios de gestão da tesouraria.
2. O Serviço do Tesouro Público é ainda responsável:
a) Pela cobrança das ordens de recebimento enviadas pelo serviço ordenador,
dos proveitos originados por contrato e dos demais proveitos dos organismos
públicos, previstos na lei;
b) Pelo pagamento de todas as despesas originadas por ordens de pagamento
emitidas pelo serviço ordenador, pelas operações de tesouraria e pela con-
servação do arquivo relativo às operações do fluxo de tesouraria.
Artigo 66º
(Programação anual da tesouraria)
A elaboração do programa anual da tesouraria é realizada conjuntamente pelos servi-
ços do Tesouro e do Planeamento e pelo Banco de Cabo Verde.
Artigo 67º
(Composição)
Funcionam como agentes do Tesouro Público todos os serviços e organismos que ar-
recadem receitas públicas ou procedam a pagamentos em conformidade com a lei e regu-

275
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

lamentos, designadamente as Alfândegas, as Contribuições e Impostos e as Embaixadas e


Consulados.
Artigo 68º
(Disposição de fundos)
O Tesouro Público pode dispor dos fundos à sua guarda até percentagem permitida em
cada ano por decreto-lei de execução orçamental, mantendo-se sempre a sua capacidade
de resposta às solicitações feitas pelas entidades referidas no artigo 54º titulares das contas
nele abertas.
Artigo 69º
(Títulos do tesouro)
Para fazer face a dificuldades de tesouraria, pode o Tesouro emitir títulos de tesouro,
nos limites previstos no nº 3 do artigo 80º.
CAPÍTULO V
Património Público
Artigo 70º
(Composição e gestão)
1. Constituem o domínio público do Estado os bens consagrados na Constituição da
República e o domínio privado os bens definidos por lei.
2. A gestão, coordenação e fiscalização dos bens dos domínios público e privado do
Estado regem-se pela legislação sobre a matéria.
Artigo 71º
(Serviço do Património Público)
Compete ao Serviço do Património Público gerir o módulo auxiliar de imobilizado e
em particular:
a) Organizar e actualizar o cadastro dos bens de investimento;
b) Registar e manter actualizados os movimentos dos imobilizados;
c) Elaborar os inventários em conformidade com a lei e regulamentos;
d) Calcular as quotas de amortizações, reintegrações do exercício e acumuladas;
e) Disponibilizar extractos individualizados da posição do património;
f) Elaborar relatórios de gestão dos imobilizados;
g) Manter o arquivo do imobilizado.
Artigo 72º
(Inventariação e avaliação)
1. As regras relativas à elaboração do inventário, classificação, avaliação dos bens
patrimoniais, definição das categorias e das taxas de amortização a serem aplicadas são
estabelecidas por regulamento.

276
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

2. Os bens figurarão pelos respectivos valores de incorporação primitiva sendo suces-


sivamente actualizados em função das avaliações efectuadas.

Artigo 73º
(Nulidade)
São nulos os actos de alienação do património público que lesem de forma objectiva
os superiores interesses do Estado, sem prejuízo da responsabilidade das pessoas que os
realizarem.
CAPÍTULO VI
Crédito Público

SECÇÃO I
Disposições Gerais

Artigo 74º
(Composição)
Constituem o crédito público a dívida pública activa e a dívida pública passiva.

Artigo 75º
(Serviço do Crédito Público)

Compete ao serviço do Crédito Público nomeadamente:

a) Registar e actualizar o stock do crédito público;

b) Calcular os encargos relativos aos títulos do tesouro, nomeadamente o princi-


pal, os juros e as comissões;

c) Gerir o módulo do crédito público;

d) Elaborar o relatório de gestão do crédito público;

e) Disponibilizar extractos individualizados da posição do stock da dívida pú-


blica activa e passiva;

f) Manter o arquivo do crédito público.

2. Poderá ser criado um organismo que se encarregue da gestão do crédito público,


cuja competência será definida por lei da sua criação.

Artigo 76º
(Obrigatoriedade de publicitação)

A situação do crédito público é objecto de publicitação semestral no Boletim Oficial e


em meios electrónicos.

277
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

SECÇÃO II
Dívida Pública Activa
Artigo 77º
(Composição)
1. Constituem dívida pública activa:
a) As receitas públicas, fiscais e não fiscais, liquidadas e não cobradas até fim de
cada exercício financeiro;
b) Os empréstimos de retrocessão concedidos pelo Estado aos sectores público e
privado, para a prossecução do interesse público e realização de projectos de
desenvolvimento nas condições definidas nos respectivos acordos subsidiários
de crédito.
2. Compete ao membro do Governo responsável pelas Finanças fixar por portaria as
condições e requisitos a observar pelos acordos subsidiários.
SECÇÃO III
Dívida Pública Passiva
Artigo 78º
(Objectivos)
1. O recurso ao crédito pelo Estado tem por objectivos a captação de meios para a reali-
zação de investimentos ou para o atendimento de casos de flagrante necessidade nacional.
2. O recurso ao crédito não poderá ser utilizado para custear despesas correntes, salvo
para socorrer a dificuldades de tesouraria.
Artigo 79º
(Formas de endividamento)
1. Para efeitos deste diploma a dívida pública classifica-se em dívida flutuante e dívida
fundada, directa e indirecta, interna e externa.
2.A dívida flutuante é constituída pelos encargos financeiros, traduzidos no principal e
nos juros, advenientes de empréstimos a curto prazo contraídos para resolver dificuldades
de tesouraria, antecipações de receitas e restos a pagar.
3. A dívida fundada é aquela que é constituída por encargos financeiros, traduzidos no
principal e nos juros, resultantes de empréstimos de médio e longo prazos.
4. Por dívida directa entende-se aquela assumida pelo Estado na posição de devedor
principal.
5. A dívida indirecta é aquela assumida pelo Estado na posição de devedor secundário
ou acessório em virtude de garantia prestada.

278
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

6. Considera-se dívida interna aquela contraída perante pessoas residentes ou domici-


liadas em Cabo Verde e cujo pagamento pode ser exigido no território nacional.
7. A dívida externa é aquela que é contraída perante outro Estado ou organização in-
ternacional ou qualquer outra pessoa sem residência ou domicílio em Cabo Verde e cujo
pagamento pode ser exigido fora do território nacional.
Artigo 80º
(Limites ao endividamento)
1. O recurso ao crédito gerador da dívida fundada está sujeito à observância das con-
dições gerais definidas por lei da Assembleia Nacional.
2. A dívida pública, interna e externa, de curto e médio prazo, não poderá exceder 60%
do PIB.
3. O recurso ao crédito gerador de dívida flutuante realiza-se tendo por critério a recei-
ta prevista no Orçamento do Estado até ao limite que for fixado por portaria do membro do
Governo responsável pelas Finanças.
4. A concessão de garantias geradoras da dívida indirecta está sujeita à observância do
disposto nas leis do Orçamento do Estado.
Artigo 81º
(Parecer do BCV)
Sempre que se trate de recurso ao crédito gerador de dívida externa é obrigatória a
audição do Banco de Cabo Verde (BCV).
Artigo 82º
(Reestruturação da dívida)
Com vista à reestruturação e melhoramento das condições da dívida pública quanto
aos montantes, dilação de prazos ou diminuição dos juros, o membro do Governo respon-
sável pelas Finanças poderá realizar as operações relativas à sua consolidação, conversão
ou negociação.
Artigo 83º
(Nulidade)
As operações efectuadas em desrespeito ao disposto neste capítulo são nulas, sem pre-
juízo da responsabilidade das pessoas que as realizarem.
Artigo 84º
(Operações especiais)
As operações do Banco Central com vista a garantir a estabilidade monetária e cambial
estão sujeitas a lei especial.

279
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

CAPITULO VII
Sistema de Contabilidade
SECÇÃO I
Disposições Gerais
Artigo 85º
(Objectivos e âmbito da contabilidade)
1.O Sistema da Contabilidade Pública integra um conjunto de princípios, órgãos, nor-
mas e procedimentos técnicos com a finalidade de:
a) Registar sistematicamente todas as operações que afectam ou podem afectar a
situação económico financeira e patrimonial dos organismos;
b) Processar e produzir informação financeira para a tomada de decisão dos res-
ponsáveis da condução das finanças públicas e para terceiros interessados;
c) Apresentar as informações contabilísticas e os respectivos documentos de
apoio ordenados de forma a facilitar as tarefas de controle e auditoria interna
ou externa.
2. A contabilidade abrange as áreas orçamental, financeira, patrimonial e contingen-
cial, podendo haver uma contabilidade analítica em função da natureza e especifidades
própria de cada organismo público.
3. A contabilidade pública, para cada organismo e de forma consolidada, organiza-se
de modo a permitir:
a) O conhecimento e o controle das operações de execução orçamental e da mo-
vimentação financeira;
b) O conhecimento da situação patrimonial;
c) O conhecimento das relações com terceiros e consequentemente do stock da
dívida pública activa e passiva;
d) O conhecimento das responsabilidades por avales e demais garantias presta-
das pelo Estado;
e) O conhecimento dos custos da prestação de serviços;
f) A determinação, análise e interpretação dos resultados anuais económicos e
financeiros;
g) A integração das operações nas contas nacionais;
h) O conhecimento e acompanhamento da situação perante as Finanças de todos os
serviços e entidades que arrecadam receitas, efectuam despesas e administram ou
guardam bens àquelas pertencentes ou que lhes tenham sido confiados;

280
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

i) A organização periódica de balancetes e quadros demonstrativos da gestão em


todas as vertentes orçamental, financeira, económica, patrimonial e contin-
gencial;
j) A organização anual dos balanços gerais consolidados e demonstrativos da gestão
que integram a prestação de contas à Assembleia Nacional pelo Governo.
Artigo 86º
(Características da contabilidade)
A contabilidade pública assume as seguintes características:
a) É única, uniforme e aplicável a todos os organismos, sem prejuízo de especi-
ficidades próprias de cada um;
b) O registo dos movimentos contabilísticos em contas patrimoniais e de resulta-
dos apropriadas é efectuado a partir de actos correspondentes de execução
do orçamento, de operações de tesouraria e de operações diversas, garantindo
desse modo o princípio do registo único e da automatização dos registos
c) Baseia-se em requisitos, princípios e normas contabilísticos geralmente acei-
tes aplicáveis ao sector publico.
Artigo 87º
(Método de escrituração)
1. As operações contabilísticas são escrituradas pelo método das partidas dobradas em
subordinação do Plano Nacional de Contabilidade Pública (PNCP).
2.O Plano Nacional de Contabilidade Pública terá em consideração o Plano Nacional
de Contabilidade para as empresas.
Artigo 88º
(Suporte informático)
O suporte informático que sustenta o sistema de contabilidade pública deverá ser uni-
formemente utilizado pelos serviços públicos e garantirá a coerência, exactidão e automa-
tismo nos registos das diversas operações contabilísticas, estabelecendo a concordância
entre os diferentes níveis de informação detalhados e consolidados.
Artigo 89º
(Publicitação das informações)
1. Os instrumentos demonstrativos de gestão financeira devem ser objecto de divulga-
ção periódica, nomeadamente através de meios electrónicos de acesso público.
2. A periodicidade da publicitação das informações financeiras é fixada por lei ou re-
gulamento.

281
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

Artigo 90º
(Arquivo)
1. Todos os actos de gestão orçamental, financeira ou patrimonial devem ser supor-
tadas por peças justificativas previstas na nomenclatura que comprove a operação e seu
registo na contabilidade.
2. As peças justificativas das operações servirão de justificação das receitas, despesas,
operações de tesouraria, operações financeiras e patrimoniais sobre que incidirá a Conta
Geral do Estado e o respectivo parecer do Tribunal de Contas.
3. A regulamentação do arquivo, nomeadamente das peças justificativas, formas de
conservação, nomenclatura e as condições em que se processa a sua substituição ou des-
truição, será efectuada através de portaria do membro do Governo responsável pelas Fi-
nanças.
4. Compete aos serviços ordenadores e de Contabilidade Pública organizar um adequa-
do sistema de arquivo e conservação de toda a documentação e informação contabilística
por forma a garantir a sua integridade física e a sua célere colocação à disposição dos ór-
gãos de controlo.
5. O prazo para a conservação das peças justificativas corresponde ao prazo de prescri-
ção da responsabilidade financeira.
6. Findo o prazo a que se refere o número anterior, os documentos com valor histórico
serão encaminhados à entidade responsável pelo Arquivo Histórico Nacional.
SECÇÃO II
Organização contabilística
Artigo 91º
(Organização)
A Contabilidade Pública compreende uma contabilidade orçamental, uma contabili-
dade geral e, conforme as necessidades e especificidades de cada organismo público, uma
contabilidade analítica e módulos auxiliares de contabilidade, nomeadamente, os módulos
das existências, de terceiros, do imobilizado, de recursos humanos e de contingências.
Artigo 92º
(Contabilidade orçamental)
1. A contabilidade orçamental é o sistema que tem por objecto a descrição, o conheci-
mento, o acompanhamento e o controlo:
a) Da previsão das receitas, suas alterações e modificações bem como da sua
liquidação e recebimento.
b) Da dotação inicial das despesas, suas alterações e modificações, seu cabimento,
compromisso, liquidação e pagamento.

282
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

2. A contabilidade orçamental permite a determinação do grau de execução do orça-


mento dos serviços públicos.
Artigo 93º
(Contabilidade geral)
1. A contabilidade geral é o sistema que produz as informações contabilísticas sobre
a situação económica, financeira, patrimonial e contingencial dos serviços públicos e suas
relações com o exterior e permite a determinação dos resultados do exercício.
2. A contabilidade geral compreende:
a) As operações de tesouraria;
b) As operações com existências;
c) As operações com terceiros;
d) Os movimentos do património;
e) Os valores de exploração;
f) Os movimentos de contingência.
Artigo 94º
(Contabilidade analítica)
1. A contabilidade analítica é o sistema que produz informação baseada nas operações
internas realizadas pelos serviços públicos e permite a formação e o controlo dos resultados
destes.
2. Tem por objecto a produção de elementos de cálculo dos custos dos serviços pres-
tados ou do preço de venda dos bens e produtos produzidos.
3. A contabilidade analítica é autónoma.
4. Dependendo da natureza dos organismos públicos, os objectivos da contabilidade
analítica e os modelos da sua organização, são fixados pelo membro do Governo respon-
sável pelas Finanças em coordenação com o ministro da área.
Artigo 95º
(Módulos auxiliares)
Os módulos auxiliares da contabilidade publica têm por objecto a descrição detalhada
e individualizada dos factos patrimoniais que lhes são específicos e compreendem os mó-
dulos de terceiros, de existências, de imobilizado, de recurso humanos e de contingências.
Artigo 96º
(Módulo de terceiros)
O módulo de terceiros regista de forma detalhada e individualizada todas as operações
derivadas de relações devedoras e credoras com terceiros e tem por objecto a produção de

283
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

informações que permitam o conhecimento, acompanhamento e controlo da situação dos


contribuintes utentes e clientes e a dívida pública activa e passiva.
Artigo 97º
(Módulo de existências)
O módulo de existências tem por objecto o registo, conhecimento, acompanhamento e
controlo de todo o movimento de existências adquiridas ou produzidas pelos serviços públi-
cos com o objectivo de venda ou utilização própria no curso normal de suas actividades.
Artigo 98º
(Módulo de imobilizado)
1. O módulo de imobilizado tem por objecto o registo, conhecimento, acompanha-
mento e controlo dos movimentos de bens de investimentos.
2. O módulo de imobilizado permite:
a) A organização do cadastro;
b) A elaboração do inventário;
c) O apuramento do valor dos bens de investimento;
d) A obtenção de informações sobre as alterações patrimoniais, nomeadamente
os acréscimos e as diminuições dos bens de investimento ocorridos durante o
exercício;
e) a obtenção de informação sobre as quotas de amortização do exercício e acu-
muladas.
3. A avaliação e a reavaliação dos bens de investimentos são realizadas segundo crité-
rios fixados pelo membro do Governo responsável pelas Finanças.
Artigo 99º
(Módulo de recursos humanos)
O módulo de recursos humanos permite o processamento e o cálculo de todas as rúbri-
cas de despesas com o pessoal ao serviço da Administração Pública.
Artigo 100º
(Módulo de contingências)
O módulo de contingências tem por objecto o conhecimento, acompanhamento e o
controlo das responsabilidades resultantes de avales e demais garantias prestadas pelo Es-
tado que possam afectar mediata ou indirectamente o seu património.
Artigo 101º
(Órgãos da Contabilidade Pública)
1. São órgãos da Contabilidade Pública a Comissão Nacional de Normalização Conta-
bilística e o Serviço de Contabilidade Pública.

284
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

2. Os órgãos da Contabilidade Pública são os principais órgãos responsáveis pelo nor-


mal funcionamento do Sistema da Contabilidade Pública e pela correcção técnica da Conta
Geral do Estado.
Artigo 102º
(Comissão Nacional de Normalização Contabilística)
1. Sem prejuizo do disposto em lei especial, compete à Comissão Nacional da Norma-
lização Contabilística:
a) Propor as normas de contabilidade pública e a metodologia contabilística
adequada para todo o sector publico nacional;
b) Propor a periodicidade, estrutura e característica dos sistemas de contabilísti-
cos e financeiros a produzir pelos organismos públicos;
c) Actualizar os sistemas contabilísticos em função da sua natureza, característi-
cas operativas e necessidades de informação dos organismos públicos;
d) Assessorar e assistir, tecnicamente a todas as entidades do sector público na-
cional na implementação das normas e metodologias que produzirem.
2. A composição, a designação dos membros e o funcionamento da Comissão Nacional
da Normalização Contabilística são definidos por lei.
Artigo 103º
(Serviço da Contabilidade Pública)
Compete ao Serviço da Contabilidade Pública zelar pela disciplina na execução orça-
mental e pela correcção formal dos registos contabilísticos, devendo nomeadamente:
a) Conferir, validar e alterar, com base em justificativos originais, os registos
contabilísticos, de natureza provisória, efectuados pelos serviços autónomos;
b) Coordenar o sistema de contabilidade vigente na administração, consolid-
ando dados de todas as entidades, realizando operações de ajuste e de fecho
necessárias e produzir anualmente os estados contabilísticos financeiros para
serem disponibilizados publicamente;
c) Elaborar as contas económicas do sector público, de acordo com o sistema de
contas nacional;
d) Remeter à Inspecção Geral de Finanças e ao Tribunal de Contas os casos de
violações constatadas de disposições legais;
e) Solicitar à Inspecção Geral de Finanças a realização da inspecção ou auditoria
a que se refere o n.º 2 do artigo 56º;
f) Propor aos órgãos competentes a substituição dos reiterados infractores;
g) Coordenar e gerir a parte técnico-informática referente à contabilidade pú-
blica que compõe o sistema integrado de gestão financeira.

285
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

SECÇÃO III
Exercício financeiro
Artigo 104º
(Exercício financeiro)
O exercício financeiro do sector público administrativo começa no primeiro dia de
Janeiro e termina no último dia de Dezembro de cada ano.
Artigo 105º
(Âmbito)
1. Pertencem ao exercício financeiro:
a) Todas as receitas públicas, fiscais e não fiscais, nele liquidadas;
b) Todas as despesas nele liquidadas;
c) Todas as operações de tesouraria feitas as longo do ano bem como as opera-
ções de regularização.
2. Consideram-se restos a pagar as despesas liquidadas mas não pagas até ao dia 31 de
Dezembro, distinguindo-se as operações orçamentais das operações de tesouraria.
3. A execução orçamental tem por base o regime puro de caixa, considerando no pe-
ríodo financeiro como receitas as entradas efectivas e como despesas as saídas efectivas,
de modo a que o resultado orçamental corresponda à diferença entre entradas e saídas de
caixa.
4. O resultado económico corresponde à diferença entre as receitas e as despesas liqui-
dadas, tendo por base o regime do exercício.
SECÇÃO IV
Prestação de contas
Artigo 106º
(Demonstrativos da Gestão)
1. Os resultados de gestão dos serviços com autonomia administrativa e fundos autó-
nomos e institutos públicos serão enviados ao Serviço de Contabilidade Pública mensal e
trimestralmente através de balancetes, e, anualmente, mediante balanços e demonstração
de resultados completados por anexos analíticos das operações.
2. Sem prejuízo do referido no número anterior, a gestão poderá ser acompanhada
mensalmente através de demonstrativos parciais organizados e consolidados pelo Serviço
da Contabilidade Pública.
3. As contas do exercício constituem-se fundamentalmente:
a) Do balanço orçamental em conformidade com a Lei de Enquadramento Orça-
mental;

286
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

b) Dos balanços financeiro, patrimonial e contingencial;


c) Da demonstração das variações patrimoniais;
d) Da demonstração de resultados.
4. Integram ainda as contas do exercício:
a) O relatório de gestão, incluindo o balanço social, de cada ordenador principal
acompanhado dos respectivos balancetes;
b) O relatório do Serviço da Contabilidade Pública;
c) Os balanços consolidados do Estado, reflectindo os aspectos orçamental, fi-
nanceiro, patrimonial e contingencial;
d) Os anexos ao balanço e a demonstração de resultados que serão previstos por
portaria do membro do Governo responsável pelas Finanças.
Artigo 107º
(Verificação e certificação das contas)
A verificação da legalidade e da regularidade financeira dos actos e causas dos factos
patrimoniais será previa, concomitante e subsequente e constituirão objecto do autocon-
trolo, do controle interno e do controlo externo, por forma a garantir sempre a produção
actualizada de uma informação contabililística fiável, oportuna, própria e adequada aos
agentes destinatários.
Artigo 108º
(Organização e aprovação das contas)
1. Nos termos do artigo 106º, compete ao Serviço de Contabilidade Pública organizar
o documento de prestação de contas em documento apropriado que o apresentará ao mem-
bro do Governo responsável pelas Finanças para efeito de aprovação.
2. A conta geral do Estado é encerrada, verificada, apresentada e aprovada em confor-
midade com a Lei do Enquadramento Orçamental.
CAPITULO VIII
Sistema do comtrolo da gestão financeira
SECÇÃO I
Disposições gerais
Artigo 109º
(Sistema de controlo)
As diversas formas do controlo financeiro no seio da Administração Pública e do Es-
tado na sua globalidade integram um sistema de controlo integrado, harmónico e comple-
mentar, sem prejuízo da autonomia dos diversos órgãos dele encarregados, que incide sobre
a execução orçamental e as operações de tesouraria.

287
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

Artigo 110º
(Objectivos gerais e formas de controlo)
1. O controlo financeiro tem por objectivos gerais a apreciação da conformidade legal
e da regularidade financeira bem como da economia, eficiência e eficácia da gestão numa
visão da melhoria da organização e actividade da Administração Pública.
2. A gestão orçamental de todos os serviços, fundos e institutos públicos abrangidos
pelo presente diploma está sujeita às seguintes formas de controlo:
a) Autocontrolo pelos órgãos competentes dos próprios serviços, fundos e insti-
tutos públicos e em particular pelo controlador financeiro;
b) Controlo interno, sucessivo e sistemático, designadamente através de audito-
rias, por órgãos especializados da Administração, para além do próprio Min-
istério das Finanças, nos termos dos artigos 114º a 118º;
c) Controlo externo, nos termos dos artigos 119º a 122º.
3. Cada departamento governamental elaborará anualmente um relatório anual de ac-
tividades e gestão que englobará todos os serviços e organismos que o integram, tanto os
com autonomia administrativa como os com autonomia administrativa e financeira e que
servirá de base à elaboração da Conta Geral do Estado.
Artigo 111º
(Exercício, instrumentos e divulgação)
1. O controlo financeiro deve ser actual, exercido com objectividade e isenção e incidir
preferencialmente sobre os actos com maior expressão financeira.
2. Os instrumentos do controlo financeiro são essencialmente a prestação de contas,
o acompanhamento da execução dos programas de trabalho e a realização de auditorias,
inquéritos e outras inspecções, nos termos regulados por lei.
3. Os resultados do controlo financeiro devem ser objecto de divulgação pública, sal-
vaguardando-se sempre a intimidade das pessoas envolvidas.
Artigo 112º
(Dever de colaboração)
Todos os serviços da Administração Pública estão sujeitos ao dever de colaboração para
com os órgãos de fiscalização encarregues tanto do controlo interno como do externo.
SECÇÃO II
Auto-controlo
Artigo 113º
(Competência)
O auto-controlo é exercido pelos ordenadores e pelos controladores financeiros.

288
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

SECÇÃO III
Controlo interno
Artigo 114º
(Âmbito do controlo interno)
1. O controlo interno é exercido sobre todas as unidades administrativas dos Poderes
Legislativo, Executivo e Judicial do Estado.
2. Os serviços especializados existentes ou que venham a existir nos departamentos
governamentais e que se encarreguem do controlo interno devem ser devidamente capaci-
tados.
3. Os órgãos do controlo interno devem ser tecnicamente independentes.
4. Estão sujeitos ao controlo interno:
a) Os serviços ordenadores e do Tesouro Público bem como agentes ou gestores
que arrecadem receitas resultantes da execução orçamental ou de operações
de tesouraria ou que tenham sob sua guarda ou administração bens, numerá-
rios ou outros valores públicos;
b) Os servidores do Estado, serviços e fundos autónomos e dos institutos públi-
cos que derem causa a perda, extravio, dano ou destruição de bens, numerários
ou outros valores pelos quais respondam;
c) As entidades privadas beneficiárias de transferências públicas.
Artigo 115º
(Objectivos específicos)
O controlo interno, sucessivo e sistemático da gestão, designadamente através de au-
ditorias, obedecerá de um modo geral aos seguintes objectivos:
a) Criar as condições indispensáveis para assegurar a eficácia ao controlo externo;
b) Verificar a regularidade na cobrança da receita bem como na realização das
despesas abarcando os aspectos económicos, financeiros, patrimoniais e con-
tingenciais;
c) Acompanhar a execução dos orçamentos e dos programas de trabalho;
d) Avaliar os resultados alcançados da execução de programas e projectos tendo
por base os critérios de economia, eficácia e eficiência;
e) Verificar a fidelidade dos agentes responsáveis por bens, numerários e valores.
Artigo 116º
(Órgãos de controlo interno)
1. São competentes para o desempenho do controlo interno:
a) A Inspecção-Geral de Finanças;

289
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

b) Os órgãos especializados existentes nos departamentos governamentais;


c) O serviço da Contabilidade Pública através dos controladores financeiros.
2. Os departamentos governamentais procurarão criar e pôr em funcionamento servi-
ços especializados encarregados do controlo interno.
3. Os demais órgãos de soberania instituirão os seus órgãos de controlo interno visando
a observância do disposto neste diploma.
4. Cabe à Inspecção-Geral de Finanças a coordenação técnica de todo o sistema de
controlo interno existente na Administração Pública.
Artigo 117º
(Dever de colaboração e poder de requisição)
1. Os serviços e organismos da Administração Pública têm o dever de prestar toda a
colaboração indispensável à realização do controlo interno.
2. Os órgãos competentes para efectuar o controlo interno poderão requisitar todos os
processos e documentos respeitantes à gestão financeira efectuada.
Artigo 118º
(Resultados do controlo)
Os relatórios que resultarem das auditorias e inspecções realizadas serão remetidos
ao membro do Governo responsável pelas Finanças e ao membro do Governo responsável
pelo respectivo departamento.
SECÇÃO IV
Controlo interno
Artigo 119º
(Controlo político)
1. O controlo político da actividade financeira do Estado compete à Assembleia Nacio-
nal e é exercido com o auxílio do Tribunal de Contas.
2. A Conta Geral do Estado é apreciada e julgada pela Assembleia Nacional após a
emissão do correspondente parecer pelo Tribunal de Contas.
3. O parecer do Tribunal sobre a Conta Geral do Estado é simultaneamente enviado ao
Presidente da Assembleia Nacional e ao Primeiro Ministro e é tornado público, nomeada-
mente através da sua publicação no Boletim Oficial.
Artigo 120º
(Controlo jurisdicional)
O controlo jurisdicional da actividade financeira do Estado compete ao Tribunal de
Contas.

290
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

Artigo 121º
(Dever de colaboração)
1. Os órgãos de fiscalização encarregues do controlo interno, nomeadamente as inspec-
ções-gerais, estão sujeitos a um dever especial de colaboração com o Tribunal de Contas.
2. O dever de colaboração referido no número anterior compreende:
a) A comunicação prévia ao Tribunal dos seus programas, anuais e plurianuais,
de actividades e respectivos relatórios de actividades;
b) O envio dos relatórios das suas acções sempre que tenham interesse para a
acção do Tribunal;
c) A realização de acções de fiscalização a solicitação do Tribunal.
Artigo 122º
(Auditoria externa)
1. O controlo externo pode ainda ser exercido através de auditorias realizadas por em-
presas especializadas que serão previamente seleccionadas mediante concurso público.
2. Compete ao Governo, através do membro do Governo responsável pelas Finanças,
solicitar a realização de auditorias externas.
CAPÍTULO IX
Responsabilidade
Artigo 123º
(Responsabilidade financeira)
1. O não cumprimento do disposto neste diploma pode determinar responsabilidade
financeira, nos termos da lei aplicável.
2. O não cumprimento reiterado do dever de colaboração a que se refere este diploma
faz o infractor incorrer em responsabilidade financeira sancionatória, nos termos do artº 35º
da Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho.
3. A responsabilidade financeira reintegratória prescreve no prazo de dez anos a contar
da ocorrência dos factos que lhe dão origem.
Artigo 124º
(Responsabilidade civil)
1. Determina a obrigação de indemnizar o Estado pelos prejuízos sofridos:
a) A falta de produção da documentação necessária à comprovação de qualquer
acto de gestão orçamental, financeira ou patrimonial;
b) A omissão do registo contabilístico de qualquer acto ou operação relativos à
gestão orçamental, financeira ou patrimonial;

291
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

c) A emissão de qualquer ordem, ainda que verbal, de que resulte prejuízo pú-
blico.
2. Incorre na responsabilidade civil referida no número anterior quem, independente-
mente da posição ou cargo assumido, se encontrava funcionalmente obrigado a produzir tal
documentação, a efectuar tal registo ou a emitir ordem em conformidade com a lei.
3. Incumbe ao devedor provar que o não cumprimento ou o cumprimento defeituoso
do disposto no número 1 não procede de culpa sua.
Artigo 125º
(Responsabilidade solidária)
1. Os membros dos órgãos colegiais são solidariamente responsáveis pelos prejuízos
ou danos causados ao Estado por deliberação tomada.
2. A responsabilidade solidária só é afastada quando se demonstrar que determinado
membro de órgão colegial não tomou parte na deliberação ou, tendo tomado parte, votou
contra a posição que fez vencimento.
Artigo 126º
(Responsabilidade penal)
A prossecução de interesse privado em detrimento do interesse público determina res-
ponsabilidade penal, nos termos de lei penal aplicável.
CAPITULO X
Normas finais e transitórias
Artigo 127º
(Criação de órgãos do controlo interno)
Enquanto não forem criados e não estiverem em funcionamento os órgãos a que se
refere o n.º 2 art.º 114º e o n.º 2 do art.º 116º, o controlo interno da Administração Pública
será exercido pela Inspecção Geral de Finanças.
Artigo 128º
(Informatização e formação)
1. A reforma da contabilidade pública baseia-se na informatização de um sistema
integrado de gestão da Administração Pública bem como na formação do pessoal nela en-
volvido.
2. Os serviços e organismos existentes deverão prosseguir e concluir em prazo razo-
ável a informatização do seu sistema de contabilidade e a formação do seu pessoal com o
apoio técnico de serviço especializado no âmbito da reforma da administração financeira
do Estado.

292
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19 de Novembro

Artigo 129º
(Revogação)
1. São revogados o Regulamento Geral da Fazenda de 1901 e todos os diplomas que
sucessivamente lhe introduziram alterações.
2. É revogado o disposto no artigo 90º do Diploma legislativo nº 74, de 25/02/1928.
Artigo 130º
(Período transitório)
A transição para o novo regime previsto no presente diploma far-se-á durante os anos
de 2002 e 2003.
Artigo 131º
(Entrada em vigor)
O presente diploma entra em vigor no dia 01 de Janeiro de 2002.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
José Maria Pereira Neves - Carlos Augusto Duarte de Burgo.
Promulgado em 14 de Novembro de 2001.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES.
Referendado em 15 de Novembro de 2001.
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves.

293
Lei n.º 79/V/98, de 7 de Dezembro

IMPOSTO ÚNICO SOBRE O PATRIMÓNIO


Lei n.º 79/V/98,
de 7 de Dezembro
Por mandato do Povo a Assembleia Nacional decreta nos termos da alínea a) do n.º 2
do artigo 187º da Constituição, o seguinte:
Artigo 1º
(Objecto)
A presente lei cria o Imposto Único sobre o Património (IUP) que se gere pelos princí-
pios e normas previstos nesta lei e pelo respectivo regulamento.
Artigo 2º
(IUP- Imposto Único sobre o Património)
O Governo, dentro dos limites consagrados constitucionalmente, procederá à aprova-
ção do Regulamento do IUP e legislação complementar de acordo com o preceituado nos
artigos seguintes.
Artigo 3º
(Princípios)
O IUP obedecerá aos princípios da eficiência, simplicidade e equidade, devendo con-
tribuir para o cumprimento das obrigações fiscais e da justiça tributária social.
Artigo 4º
(Sujeitos activos)
No IUP os sujeitos activos da relação jurídica tributária são os Municípios onde se
situam os bens sujeitos a tributação.88
Artigo 5º
(Substituição dos impostos parcelares)
Com a entrada em vigor do IUP ficam revogados os seguintes impostos:
a) A contribuição predial autárquica;
b) O imposto municipal de Sisa;
c) O imposto municipal sobre o património;
Artigo 6º
(Incidência objectiva)
1. O IUP incidirá sobre:
a) O valor patrimonial dos prédios situados no território de cada município, di-
vidindo-se em prédios rústicos, terrenos para construção e prédios urbanos;
88 O IUP é um imposto municipal. Os sujeitos activos são, pois, cada um dos Municípios onde se situam os bens sujeitos a
tributação.

294
Lei n.º 79/V/98, de 7 de Dezembro

b) O valor das transmissões gratuitas ou onerosas de imóveis sujeitos a registo;


c) O valor das operações de natureza societária sujeitos a escritura pública, tais
como a alteração de pactos sociais, cessão de quotas ou outros de igual natu-
reza;
d) O valor do uso ou fruição dos veículos automóveis, sujeitos a registo;
e) As mais valias originadas pela valorização dos terrenos para a construção,
transmissões de edifícios, bens móveis e imóveis.
2. Excluem-se desta incidência as mais valias realizadas pelas empresas que tenham
por objecto e se dediquem à venda de propriedade imobiliária, que serão tributadas em sede
de IUR – Imposto Único sobre os Rendimentos.
3. O valor patrimonial fiscal será determinada através das avaliações tributárias.
Artigo 7º
(Incidência subjectiva)
1. O IUP será devido pelos proprietários ou usufrutuários dos prédios em 31 de De-
zembro do ano em que a mesma respeitar, sejam ou não residentes em Cabo Verde.
2. Nas operações imobiliárias ou de móveis sujeitos a registos ou de constituição, al-
teração ou modificação de contratos de sociedade, o IUP será devido por quem adquira os
bens ou pactos sociais, sejam ou não residentes em Cabo Verde.
3. Na atribuição das mais valias referidas na alínea e) do n.º 1 do artigo 6º o IUP será
devido pelo vendedor.
Artigo 8º
(Bens para determinação de imposto)
1. O IUP será determinado anualmente a partir do ano em que os prédios sejam inscri-
tos na matriz predial, quer se trate de prédio novo, melhorado ou alterado, tendo em con-
sideração o aspecto estético exterior, a canalização da água e de esgotos e outros critérios
relevantes.
2. O IUP será devido no ano em que se proceder à alienação ou aquisição de imóveis
ou móveis sujeitos a registos ou de pactos sociais em empresas.
Artigo 9º
(Benefícios fiscais)
1. No âmbito do IUP, por se tratar de um imposto autárquico de características gerais,
os benefícios fiscais só revistarão a modalidade de redução de taxas.
2. Sempre que por elevado interesse nacional o Governo através do Orçamento de Es-
tado, atribuir benefícios fiscais no âmbito do IUP, deverão os Municípios ser compensados
pelas perdas de receitas daí resultantes.

295
Lei n.º 79/V/98, de 7 de Dezembro

3. Mantém-se em vigor os benefícios fiscais previstos em diplomas especiais, bem


como os resultantes de acordo entre o Estado e qualquer pessoa de direito público ou priva-
do ou convenção internacional, nos termos dos diplomas que os autorizaram, aplicando-se,
com as necessárias adaptações, às correspondentes categorias de rendimento.
Artigo 10º
(Determinação da matéria colectável)
1. O Governo, nos limites constitucionalmente consagrados, procederá à elaboração
do regulamento do IUP que entrará em vigor em 1 de Janeiro de 1999.
2. As normas de determinação da matéria colectável, de liquidação e cobrança estão
submetidas aos princípios de comodidade e facilidade quanto ao cumprimento das obriga-
ções fiscais pelos contribuintes.
3. Os Municípios ficam com a possibilidade de recorrer aos serviços externos para
fazerem as avaliações tributáveis ou de se organizarem internamente através de criação de
serviços especializados com autonomia administrativa e financeira ou não, nomeadamente
para os seguintes fins:
a) Proceder às avaliações técnicas quer de prédios urbanos ou rústicos;
b) Proceder à actualização das matrizes prediais, por área geográfica municipal;
c) Gerir o cadastro rústico ou urbano, através da inscrição, alteração, melho-
ramento ou demolição de prédios ou terrenos para construção, de acordo com
as declarações remetidas pelas Câmaras municipais;
d) Proceder à elaboração de verbetes de lançamento e conhecimentos para a co-
brança, após os processos de avaliação predial, a remeter às Câmaras Munici-
pais respectivas;
e) Proceder ao levantamento e inscrição matricial dos prédios das Autarquias,
das pessoas colectivas de direito público e outros que por via de disposições
legais não estiverem sujeitos ao regime da tributação em contribuição predial
autárquica.
4. O Governo procederá à regulamentação da actividade de avaliações tributárias a
exercer por serviços externos aos municípios ou internos 89.
Artigo 11º
(Avaliações prediais)
1. O Governo, nos limites constitucionalmente consagrados, procederá à publicação
de um Regulamento de Avaliações Tributárias onde ficarão definidos os princípios e os
procedimentos a que devem obedecer as avaliações prediais tributárias.

89 Por regulamentar.

296
Lei n.º 79/V/98, de 7 de Dezembro

2. Com a efectivação de transferência de competência de gestão dos impostos munici-


pais aos Municípios, as avaliações passam a ser competência exclusiva desses Municípios,
que poderão recorrer a serviços especializados nos termos referidos no n.º 3 do artigo
anterior.
3. Para os Municípios cujas competências não se encontrarem transferidas, mantém-se
em funcionamento as Comissões Permanentes de Avaliação.
Artigo 12º
(Taxas)
A taxa de tributação em sede de IUP é única e de 3%.
Artigo 13º
(Liquidação e cobrança)
1. A liquidação e cobrança do IUP será efectuada pelas Câmaras Municipais onde se
localizarem os bens patrimoniais sujeitos a impostos.
2. O disposto no número anterior, aplica-se a partir do momento em que forem trans-
feridas as competências para a gestão do IUP aos Municípios.
Artigo 14º
(Garantia dos contribuintes)
Os sujeitos passivos do IUP podem socorrer-se de todos os meios de garantia de lega-
lidade previstas no Código Geral Tributário e no Código do Processo tributário.
Artigo 15º
(Exigência prévia para a realização de certos actos)
1. As Conservatórias dos Registos e as Compaínhas Seguradoras, só deverão proceder
a qualquer acto de registo de escritura de empréstimo, de contratos de compra e venda de
imóveis, ou ainda de seguro de bens, consoante a actividade desenvolvida por cada uma das
entidades mencionadas, se o requerente fizer prova documental de ter efectuado pagamento
de IUP, quando devido.
2. As Conservatórias dos Registos deverão informar à Câmara Municipal da área onde
desenvolvem a sua actividade, dos registos e escrituras efectuados no prazo máximo de 15
dias.
3. O não cumprimento do disposto no número 1 e 2 do presente artigo, implica a sujei-
ção das entidades às multas fixadas nos artigos 121º e 126º do Código Geral Tributário.
Artigo 16º
(Adaptação do IUR)
O Governo, nos limites constitucionalmente consagrados, fica autorizado a adaptar o
regulamento do IUR (Imposto Único sobre os Rendimentos), aprovado pelo Decreto-Lei
n.º 1/96 de 15 de Janeiro, aos princípios definidos na presente Lei de Bases.

297
Lei n.º 79/V/98, de 7 de Dezembro

Artigo 17º
(Disposições transitórias)
1. O factor de actualização matricial e a taxa para despesas de conservação serão fixa-
dos no Orçamento do Estado de 1999.
2. Os factores de conversão do rendimento colectável da contribuição predial Autár-
quica em valor patrimonial fiscal serão publicadas no orçamento de Estado para 1999 de
acordo com o número anterior deste artigo.
3. Até à transferência de competência na gestão de impostos municipais em sede do
IUP aos Municípios a informação referida no n.º 2 do artigo 15º deverá ser remetida ao
Chefe de Repartição de Finanças da área fiscal onde as entidades desenvolvem a sua acti-
vidade.
Artigo 18º
(Entrada em vigor)
A presente Lei entra em vigor no dia 1 de Janeiro de 1999.
Aprovado em 30 de Outubro de 1998.
O Presidente da Assembleia Nacional, em exercício, José Maria Pereira neves.
Promulgado em 19 de Novembro de 1998.
Publica-se.
O Presidente da Republica, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Assinada em 30 de Novembro de 1998.
O Presidente da Assembleia Nacional, em exercício, José Maria Pereira Neves.

298
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril

REGULAMENTO DO IMPOSTO ÚNICO SOBRE O PATRIMÓNIO


Decreto-Lei n.º 18/99
de 26 de Abril
A Lei n.º 79/V/98, de 7 de Dezembro, institui o IUP (Imposto Único sobre o Patrimó-
nio) que vem substituir um conjunto de impostos parcelares autárquicos – a contribuição
predial, a sisa e o imposto municipal sobre o património individual ou das empresas.
Trata-se de uma forma que enquadrada no objectivo geral previsto no Programa do
Governo e no Plano Nacional de Desenvolvimento quanto à Reforma da Administração Fi-
nanceira do Estado foi, no entanto, precedida por diplomas complementares preparadores
das condições de funcionamento a nível autárquico quanto à cobrança dos impostos locais,
tais como o diploma que criou as comissões permanentes de avaliação, o diploma que pos-
sibilitou a transição para o Município da Praia quanto à administração tributária autárquica
e a proposta de alteração da Lei das Finanças locais.
Uma das matérias mais complexas do ponto de vista técnico e operacional tem sido a
tributação dos prédios.
O novo modelo de tributação dos prédios previstos no IUP, baseia-se no fundamento
teórico do estatuto do proprietário decorrente da função social desenvolvida pelo Estado,
passando a incidência tributária a estar relacionada não com a noção de rendimento, mas
com as características físicas e o uso do prédio.
A matéria colectável é o prédio em si na sua expressão física e não no seu rendimento,
com a vantagem de ser permitida uma actualização generalizada e imediata da contribuição
com base na informação já disponível e existente nas repartições de finanças relativamente
às áreas de terreno, às áreas de construção e aos usos a que estão afectos.
Assim a reforma da tributação sobre o património vai desenvolver um conceito de
valor patrimonial fiscal que se deseja mais estável e objectivo do que o valor de mercado
(subjectivo e variável) e do que a noção de rendimento actualmente vigente.
Ao mesmo tempo que trata de uma forma analítica os factos tributários, o IUP alarga
significativamente a base tributária ao enquadrar todos os actos de natureza patrimonial,
tais como os terrenos para construção, as aquisições gratuitas de imóveis, quer por via de
doações ou por heranças, as aquisições de quotas societárias, quer por actos de cessão,
como por fusões societárias, os encargos de mais valias obtidos por valorização de patri-
mónio em virtude de actos de aumento de valores imóveis.
O IUP pelo seu carácter geral e abstracto, onde os proprietários serão contribuintes vai
permitir um aumento significativo das receitas para os municípios, apesar da imposição de
taxas moderadas, três por cento, só possíveis com a limitação de isenções e o alargamento
significativo da base tributável.
Aliás a tendência para a diminuição das taxas e o alargamento da base tributável já
vinha sendo gradualmente a ser prosseguido, em especial a partir do Orçamento do Estado

299
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril

do ano de 1998, onde a taxa da contribuição predial autárquica passou de 15% para 3% e
o imposto municipal de sisa passou a tributar os factos sujeitos à aquele imposto de taxa
de 2%.
As funções de administração tributária local, previstas no IUP, serão transferidas para
os municípios como sujeitos activos da relação jurídica tributária municipal.
O imposto único sobre o património vai regular-se essencialmente pelos princípios da
simplicidade e equidade de forma a facilitarem o cumprimento das obrigações tributárias.
Por outro lado com a efectivação da transferência legal das atribuições de cobrança tributá-
ria para os municípios, permite-se uma maior aproximação do facto gerador do imposto ao
sujeito da relação tributária – as autarquias locais – com uma previsível melhoria no con-
trolo das situações de evasão e fraude fiscais, com especial reflexo no aumento das receitas
camarárias e, em consequência, do incremento do nível de vida do cidadão-contribuinte
através da melhor prestação de serviços da sua Câmara Municipal.
A nível das garantias dos contribuintes, os sujeitos passivos autárquicos podem utilizar
plenamente todos os regimes previstos no Código Geral Tributário e no Código de processo
Tributário, sejam graciosos ou judiciais com recurso ao Tribunal Fiscal e Aduaneiro.
Assim, o presente diploma vem regulamentar os princípios estatuídos na Lei de Bases
do IUP, definindo com clareza as regras de incidência, da determinação da matéria colec-
tável, liquidação e cobrança deste imposto, em especial nos aspectos relativos à tributação
dos prédios, face à desactualizarão e ao desuso do mecanismo das avaliações tributárias.
Nestes termos,
Ao abrigo do disposto no artigo 2º da Lei n.º 79/V/98, de 7 de Dezembro;
No uso da faculdade conferida pela alínea c) do n.º 2 do art. 216º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
(Aprovação)
É aprovado o Regulamento do Imposto Único sobre o Património (IUP), que baixa,
anexo ao presente decreto-lei, de que faz parte integrante, assinado pelo Ministro das Fi-
nanças.
Artigo 2º
(Entrada em vigor)
O presente decreto-lei entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselhos de Ministros.
Carlos Veiga – José Ulisses Correia e silva.

300
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril

Promulgado em 15 de Abril de 1999.


Publica-se.
O Presidente da Republica, ANTONIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 15 de Abril de 1999.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.
Regulamento do Imposto Único Sobre o Património (IUP)90
CAPÍTULO I
Incidência
Artigo 1º
(Incidência real)
O IUP é um imposto municipal que incide sobre:
a) O valor patrimonial dos prédios situados no território de cada Município,
dividindo-se, de harmonia com a classificação dos prédios, em rústica e ur-
bana;
b) O valor das transmissões gratuita ou onerosas de imóveis, determinado nos
termos deste Regulamento;
c) O valor das operações societárias sujeitas a escritura pública, tais como as
alterações de pactos sociais, cessão de quotas e outras de igual natureza, de-
terminado nos termos deste Regulamento;
d) O valor de uso ou fruição dos veículos automóveis sujeitos a registo;
e) As mais valias originadas pela valorização dos terrenos para construção, trans-
missões de edifícios ou outros bens imóveis, determinadas nos termos deste
Regulamentos.
Artigo 2º
(Conceito de prédio)
1. Para efeitos deste Regulamento, prédio é toda a fracção de território, abrangendo as
plantações, edifícios e construções de qualquer natureza nela incorporada ou assentes com
carácter de permanência, desde que faça parte do património de uma pessoa singular ou
colectiva e, em circunstâncias normais, tenha valor económico.
2. Entende-se ainda por prédio, as plantações, edifícios ou construções nas circunstân-
cias definidas no número anterior, dotados de autonomia económica em relação ao terreno
90 Embora tivesse nos seus intentos os melhores propósitos, o balanço normalmente feito desta lei é pouco satisfatório.
Sendo complexa, não foram efectivamente criadas as condições materiais, técnicas e humanas que permitissem a sua correcta
implementação.

301
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril

onde se encontrem implantados, embora situados numa fracção de território que constitua
parte integrante de um património diverso ou não tenha natureza patrimonial.
3. Os edifícios ou construções, ainda que imóveis por natureza, serão havidos como
tendo carácter de permanência quando afectos a fins não transitórios.
4. Presume-se tal carácter de permanência quando se acharem assentes no mesmo local
por um período superior a um ano.
5. Para efeitos do IUP, cada fracção autónoma, no regime de propriedade horizontal,
será havida como constituindo um prédio.
Artigo 3º
(Prédios rústicos)
1. São prédios rústicos os terrenos situados fora de um aglomerado urbano que não
sejam de classificar como terrenos para construção, desde que:
a) Estejam afectos ou, na falta de concreta afectação, tenham como destino nor-
mal uma utilização geradora de rendimentos agrícolas, tais como são consid-
erados para efeitos do Imposto Único sobre os Rendimentos (IUP);
b) Não tendo a afectação indicada na alínea a) não se encontrem constituídos ou
disponham apenas de edifícios ou de construções de carácter acessório sem
autonomia económica e traduzido valor.
2. São também prédios rústicos os terrenos situados dentro de um aglomerado urbano,
desde que, por força de disposição legalmente aprovada, não possam ter utilização gerado-
ra de quaisquer rendimentos ou só possam ter utilização geradora de rendimentos agrícolas
e estejam a ter, de facto. esta afectação.
3. São ainda prédios rústicos:
a) Os edifícios e construções directamente afectos à produção de rendimentos
agrícolas, quando situados nos terrenos referidos nos números anteriores;
c) As plantações nas situações a que se referem os números 1 e 2 do artigo 2º.
4. Para efeitos deste Regulamento, consideram-se aglomerados urbanos, além dos si-
tuados dentro de perímetros legalmente fixados, os núcleos com um mínimo de dez fogos
servidos por infra-estruturas de equipamento urbano.
Artigo 4º
(Prédios urbanos)
Prédios urbanos são todos aqueles que não devam ser classificados como rústicos, sem
prejuízo do disposto no artigo seguinte.
Artigo 5º
(Prédios mistos)
1. Sempre que um prédio tenha partes rústica e urbana será classificado, na íntegra, de
acordo com a parte principal.

302
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril

2. Se nenhuma das partes puder ser classificada como principal, o prédio será havido
como misto.
Artigo 6º
(Espécies de prédios urbanos)
1. Os prédios urbanos dividem-se em:
a) Habitacionais;
b) Comerciais, Industriais ou de serviços ou para o exercício de trabalho inde-
pendente ou profissão liberal.
c) Terrenos para construção;
d) Outros.
2. Entende-se por habitacionais, comerciais, industriais ou de serviços ou para o exer-
cício de trabalho independente ou profissão liberal, os edifícios ou construções para tal
licenciados ou, na falta de licença, que tenham como destino normal cada um destes fins.
3. Entende-se por terrenos para construção, os terrenos, situados dentro ou fora de um
aglomerado urbano para os quais tenha sido concedida licença de construção e ainda aque-
les que assim tenham sido declarados no título aquisitivo.
4. Enquadram-se na previsão de “outros” os terrenos situados dentro de um aglomera-
do urbano que não sejam terrenos de construção nem se encontrem abrangidos pelo dispos-
to no n.º 2 do artigo 3º e ainda os edifícios e construções licenciados ou, na falta da licença,
que tenham como destino normal outros fins que não os referidos no n.º 2 do presente
artigo.
CAPÍTULO II
Dos outros factos tributáveis
Artigo 7º
(Transmissões gratuitas)
As transmissões por morte, por partilhas ou por testamento e as doações gratuitas
desde que se verifique a transferência real de bens imóveis, são sujeitos a IUP, de acordo
com as regras do presente Regulamento e desde que os vens se situem no território cabo-
verdiano.
Artigo 8º
(Transmissões onerosas)
São sujeitas a IUP todas as transmissões onerosas de bens imóveis, nomeadamente:
a) As transmissões por compra e venda, troca, renda perpetua, renda vitalícia,
arrematação por acordo ou decisão judicial, constituição de usufruto, uso e
habitação, direito de superfície e servidão;

303
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril

b) Cedência de usufruto, uso ou habitação ou de servidão, a favor do proprietário


e a aquisição do direito de superfície pelo proprietário do solo;
c) As aquisições de benfeitorias e as de bens imobiliários por acessão;
d) A adjudicação de bens imobiliários separados para pagamento de dívidas em
partilhas ou em inventário judicial, quanto ao valor desses bens que excede a
quota do herdeiro;
e) A adjudicação de bens imobiliários aos credores, bem como a doação ou a
entrega feita directamente a eles ou a outrem, com a obrigação de lhes pagar;
f) As transmissões de propriedade imobiliária em acta de divisão ou de partilhas,
em tudo que exceder o valor de quota parte que ao adquirente pertencer, por
qualquer título, nos bens imobiliários;
g) Quaisquer outros actos que revistam a natureza de transmissão imobiliário su-
jeito a registo.
Artigo 9º
(Operação societárias)
1. São sujeitas a IUP:
a) As aquisições de partes sociais ou de quotas nas sociedades em nome colec-
tivo ou em comandita simples e nas sociedades por quotas, bem como a am-
ortização de quaisquer outros factos, quando tais sociedades possuam bens
imóveis e por aquelas aquisições ou estes factos algum dos sócios fique a
dispor de pelo menos 75% do capital social, ou o numero de sócios se reduza
a dois, sendo marido e mulher, casados em regime de comunhão geral de bens
ou de adquiridos;
b) As entradas dos sócios com bens imóveis para a realização do capital social
das sociedades comerciais ou das sociedades civis a que tenha sido legalmente
reconhecida personalidade jurídica e, bem assim, a adjudicação de bens im-
óveis dos sócios, na liquidação dessas sociedades;
c) As entradas dos sócios com bens imóveis para a realização do capital das
sociedades civis, na parte em que os outros sócios adquirem comunhão, ou
qualquer outros direitos, nesses imóveis, bem como, nos mesmos termos, as
cessões de partes sociais ou de quotas ou a admissão de novos sócios;
d) As transmissões de bens imóveis por fusão ou cisão das sociedades comer-
ciais, Assim como nas cessões de quotas desde que esteja em causa bens im-
óveis;
e) Quaisquer actos societários onde se verifique a transferência imobiliária de
bens da sociedade, desde que esses bens constem do activo imobilizado da
empresa há pelo menos dois anos.

304
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril

2. Os actos de transmissões societária referidos no número anterior têm de referir-se a


bens situados em território cabo-verdiano.
3. O valor sobre o qual incide o IUP nas operações societárias previstas na alínea a) do
n.º 1 do presente artigo, corresponde a 25% do valor dos bens da sociedade;
4. O valor sobre o qual incide o IUP nas operações societárias previstas nas alíneas b),
c), d) e e) do n.º 1 do presente artigo, corresponde ao valor da transmissão dos bens.
Artigo 10º
(Mais valias)
1. São sujeitos a IUP:
a) Os ganhos resultantes das transmissões onerosas de terrenos para construção,
desde que englobados em planos de urbanização aprovados pelo município
respectivo, desde que o valor de venda exceda o dobro do valor de compra;
b) Os ganhos resultantes da transmissão de bens imóveis, desde que o valor de
venda exceda em mais de 30% do valor de compra;
2. Para que as transmissões referidas no número anterior sejam sujeitas a IUP é neces-
sário que os bens objectos da transmissão estejam situados em território cabo-verdiano.
3. O IUP nas mais valias é devido pelo vendedor do bem sujeito a tributação.
CAPITULO III
Do valor tributável
Artigo 11º
(Valor tributáveis dos prédios)
1. O valor tributável dos prédios é o seu valor patrimonial determinado nos termos do
Regulamento das Avaliações Tributárias, deduzido das despesas de conservação.
2. O valor tributável dos prédios urbanos com partes enquadráveis em mais de uma das
classificações do n.º 1 do artigo anterior será determinado:
a) Caso uma das partes seja principal e a outra ou outras meramente acessórias,
por aplicação das regras de avaliação da parte principal, tendo em atenção a
valorização resultante da existência das partes acessórias;
b) Caso as diferentes partes sejam economicamente independentes, cada parte
será avaliada por aplicação das correspondentes, cada parte será avaliada por
aplicação das correspondentes regras, sendo o valor do prédio a soma dos
valores das suas partes.
3. O valor tributável dos prédios mistos e correspondentes à soma dos valores das suas
partes rústica e urbana, determinados por aplicação das correspondentes regras do Regula-
mento das Avaliações Tributárias.

305
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril

4. O valor patrimonial fiscal correspondente a 25% do valor atribuído aos prédios pela
Comissão Permanente de Avaliações ou pela entidade que vier a ser determinada pelo Re-
gulamento das Avaliações Tributárias.
Artigo 12º
(Valor tributável dos outros factos tributários)
1. O valor tributável nas transmissões gratuitas e nas transmissões onerosas previstas
nos artigos 7º e 8º é determinado segundo a declaração do adquirente dos bens, mediante
modelo a aprovar por despacho do membro do Governo responsável pela área das finan-
ças, a apresentar junto da identidade competente para a realização do acto notarial ou de
registo.
2. Nas transmissões gratuitas, o IUP incide sobre os valores dos bens declarados pelo
sujeito passivo, comprovados por documentos emitidos por entidades competentes.
3. Nas transmissões onerosas de bens imóveis, o IUP incide sobre o valor declarado
pelo sujeito passivo, constante dos respectivos contratos ou de avaliação efectuada pelo
serviço de administração fiscal municipal, quando haja indícios sérios e razoáveis de que o
valor declarado não corresponde ao real.
4. O serviço de administração fiscal municipal após a recepção da cópia do modelo
referido no número anterior, através da fiscalização local, poderá alterar os valores, funda-
mento a decisão, notificando os adquirentes para a autoliquidação do imposto a pagar.
5. No serviço de administração fiscal municipal não se poderá efectuar alterações às
matrizes sem previamente se mostrar pago o IUP devido por essas alterações.
6. Nos bens sujeitos a mais valias a declaração referida no número 1 é apresentada pelo
vendedor.
Artigo 13º
(Sujeitos passivos)
1. O IUP é devido pelo proprietário do prédio em 31 de Dezembro do ano a que a
mesma respeitar.
2. No caso de usufruto, o IUP será devido pelo usufrutuário.
3. N caso da propriedade resolúvel, o IUP será devida por quem tenha o uso e fruição
do prédio.
4. Presume-se proprietário ou usufrutuário, para efeitos fiscais, quem como tal figure
ou deva figurar na matriz na data referida no n.º 1 ou, na falta de inscrição, quem em tal
data tenha a posse do prédio.
5. Nas transmissões gratuitas ou onerosas o sujeito passivo é o adquirente dos bens
sujeitos a tributação.

306
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril

6. Nas mais valias o sujeito passivo é devido por quem transmite os bens.
7. Nas operações societárias previstas na alínea a) do n.º 1 do artigo 9º, o sujeito passi-
vo é o sócio que passa a deter pelo menos 75% do capital social ou os sócios que passem
a deter a totalidade do capital, sendo marido e mulher casados em regime de comunhão de
bens ou de adquiridos.
8. Nas operações societárias previstas nas alíneas b), c), d) e e) do n.º 1 do artigo 9º, o
sujeito passivo é a sociedade para a qual os bens se transmitem.
Artigo 14º
(Inicio da sujeição a imposto)
1. O IUP é devido a partir:
a) Do ano, inclusive, em que a fracção de território e demais elementos referidos
no artigo 2º devam ser classificados de prédios;
b) Do ano seguinte ao do termo da situação da isenção;
c) Do ano, inclusive, da conclusão das obras de edificação, de melhoramento
ou de outras alterações que hajam determinado a variação do valor tributável
de um prédio, ou da respectiva classificação, quando qualquer destes factos
tenham ocorrido até 30 de Junho;
d) Do ano seguinte, inclusive, à verificação dos factos descritos na alínea ante-
rior, quando estes se tenham verificado posteriormente a 30 de Junho;
e) Do quinto ano seguinte, inclusive, à aquele em que um terreno para construção
tenha passado a figurar no activo de uma empresa que tenha por objecto a con-
strução de edifício para venda;
f) Do terceiro ano seguinte, inclusive, à aquele em que um prédio tenha passado
a figurar nas existências de uma empresa que tenha por objecto a sua venda.
2. Nas situações previstas nas alíneas e) e f) do número anterior, caso ao prédio seja
dada diferente utilização, liquidar-se-á o IUP por todo o período decorrido desde a sua
aquisição.
3.Na situação prevista na alínea f) do número anterior, o imposto será ainda devido a
partir do ano, inclusive, em
que a venda do prédio tenha sido retardada por facto imputável ao respectivo sujeito
passivo.
4. Nas transmissões gratuitas ou onerosas e nos ganhos por mais valias, determinados
nos termos deste Regulamento, o IUP é devido no mês seguinte ao da transmissão real e
efectiva, sob pena de impedimento da realização do acto notarial ou de registo.
5. Nas situações previstas no n.º 1, do artigo 9º, o IUP é devido na data do registo.

307
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril

Artigo 15º
(Data da conclusão dos prédios urbanos)
1. Os prédios urbanos presumem-se concluídos ou modificados nas mais antigas das
seguintes datas:
a) Em que for concedido certificado de habitabilidade passado pela Câmara Mu-
nicipal;
b) Em que for apresentada a declaração para inscrição na matriz;
c) Em que se verificar uma qualquer utilização, desde que a título não precário;
d) Em que se tornar possível a sua normal utilização para os fins a que se des-
tina.
2. O Chefe do serviço de administração fiscal municipal da área da situação dos pré-
dios fixará, em despacho fundamentado, a data da conclusão ou modificação dos mesmos
nos casos não previstos no número anterior e naqueles em que as presunções nele enuncia-
das não devam relevar, com base em elementos de que disponha, designadamente os for-
necidos pelos serviços de fiscalização, pela Câmara Municipal ou resultante de reclamação
dos sujeitos passivos.
CAPITULO IV
Benefícios fiscais
Artigo 16º
(Isenções)
1. Estão isentos de IUP o Estado e as Autarquias Locais.
2. Estão ainda, isentos de IUP os prédios que hajam sido classificados monumentos
nacionais ou imóveis de interesse público, nos termos da legislação aplicável.
3. Os benefícios fiscais a que se refere o número anterior, iniciam-se no ano, inclusive,
em que os prédios sejam classificados como monumentos nacionais ou imóveis de interesse
público.
4. Mantêm-se em vigor os benefícios fiscais previstos em diplomas especiais, bem
como os resultantes de acordo entre o Estado e qualquer pessoa de direito público ou priva-
do ou convicção internacional, nos termos dos diplomas que as autorizaram.
CAPÍTULO V
Matrizes prediais
Artigo 17º
(Conceito de matrizes prediais)
1. As matrizes prediais são registos de que constam, designadamente, a caracterização
dos prédios e do seu valor tributável, a identidade dos proprietários e sendo caso disso, dos
usufrutuários.

308
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril

2. Cada andar ou parte do prédio susceptível de utilização independente será conside-


rado separadamente na inscrição matricial, a qual descriminará também o respectivo valor
tributável.
3. As matrizes serão actualizadas anualmente com referência a 31 de Dezembro 91.
Artigo 18º
(Inscrição nas matrizes)
1. A inscrição dos prédios na matriz e a actualização desta é feita com base em decla-
ração do contribuinte, a qual deve ser apresentada no prazo de 90 dias contados a partir da
ocorrência de qualquer das circunstâncias seguintes:
a) Uma dada realidade física deva passar a ser considerada como prédio;
b) Verificar-se um evento susceptível de determinar uma alteração da classifi-
cação de um prédio;
c) Modificarem os limites de um prédio;
d) Concluírem-se obras de edificação, de melhoramento ou outras alterações que
possam determinar alguma variação do valor tributável do prédio;
e) Verificarem-se alterações nas culturas praticadas num prédio rústico;
f) Ter-se conhecimento da não inscrição de um prédio na matriz;
g) Verificarem-se eventos determinantes na cessação de uma isenção;
h) Ser ordenada uma actualização geral das matrizes.
2.Presume-se que o adquirente de um prédio omisso tomou conhecimento da omissão
no momento da transmissão ou do inicio da posse, salvo prova em contrário.
3. O serviço de administração fiscal municipal procederá oficiosamente:
a) A inscrição de um prédio na matriz, bem como às necessárias actualizações,
quando não se mostre cumprido o disposto no n.º 1 deste artigo;
b) À actualização do valor tributável dos prédios em resultado de novas actuali-
zações ou quando tal for legalmente determinado;
c) À actualização da identidade dos proprietários, usufrutuários e possuidores,
sempre que tenha conhecimento de uma transmissão para efeitos de sisa ou de
imposto sobre as sucessões e doações.
4. É condição necessária para o procedimento oficioso da inscrição matricial, a prova
do pagamento do IUP relativo ao acto sujeito a tributação.

91 Actualização das matrizes, mais do que uma obrigação legal, é uma necessidade, pois, pode ser um dos mecanismos do
aumento das fontes de receitas municipais.

309
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril

Artigo 19º
(Organização das matrizes)
As normas relativas á organização e actualização das matrizes e as entidades para tal
competentes constarão de diploma especial.
CAPITULO VI
Taxas
Artigo 20º
(Taxas)
A taxa do IUP é de 3 %.
CAPÍTULO VII
Liquidação
Artigo 21º
(Competência para liquidação)
1. O IUP é liquidado anualmente, em relação a cada Município pelo serviço de ad-
ministração fiscal municipal, com base nos valores e aos sujeitos passivos constantes das
matrizes em 31 de Dezembro do ano a que a mesma respeita.
2. Nas transmissões gratuitas, onerosas ou nas mais valias o IUP é auto-liquidado por
declaração de contribuinte, no mês seguinte aos actos de transmissão, sem prejuízo da
revisão oficiosa pelo serviço de administração fiscal municipal nos termos deste Regula-
mento.
Artigo 22º
(Transmissão de prédios em processo judicial)
Quando um prédio possa vir a ser objecto de transmissão em processo judicial onde
deve haver a graduação de créditos, a entidade responsável pelo processo, notificará a di-
recção-geral das Contribuições e Impostos e o serviço de administração fiscal municipal,
para estes lhe certificarem os montantes totais em dívida e ainda o que deverá ser liquidado
com referência ao ano em curso, por aplicação das taxas em vigor, caso a transmissão pre-
sumivelmente venha a acontecer após o termo desse ano.
Artigo 23º
(Revisão oficiosa da liquidação)
1. As liquidações serão oficiosamente revistas:
a) Quando por atraso da actualização das matrizes, a contribuição tenha sido
liquidada por valor diverso do legalmente devido ou em nome de outrem que
não o sujeito passivo;
b) Em resultado de nova avaliação;

310
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril

c) Quando tenha havido erro de que tenha resultado colecta de montante difer-
ente do legalmente devido;
d) Em resultado das visitas da fiscalização local nas transmissões gratuitas, on-
erosas ou nas mais valias, quando exista alterações de valores.
2. Quando a avaliação de prédio, melhoramentos ou outras alterações omissos se tor-
nem definitivos, efectuar-se-á uma liquidação referente ao período da omissão, com obser-
vância do disposto no n.º 1 do artigo seguinte.
Artigo 24º
(Caducidade do direito a liquidação)
1. Só poderão ser efectuadas ou corrigidas liquidações, ainda que adicionais, nos cinco
anos seguintes àquele a que a contribuição respeita.
2. No caso previsto no n.º 2 do artigo 15º, o prazo de caducidade do direito à liquidação
conta-se a partir do ano em que a prédio seja dada diferente utilização.
3. Só poderá proceder-se a anulação oficiosa, ainda que parcial, de uma liquidação, se
ainda não tiverem decorrido cinco anos contados da data de pagamento da contribuição.
4. Não haverá lugar a qualquer liquidação ou anulação sempre que o montante da
contribuição a cobrar ou restituir for igualou inferior a 500$00.
CAPITULO VIII
Pagamento
Artigo 25º
(Nota de cobrança)
1.O serviço de administração fiscal municipal enviará a cada sujeito passivo, até ao fim
do mês anterior ao do pagamento, a competente nota de cobrança, com discriminação dos
prédios, suas partes susceptíveis de utilização independente, respectivo valor tributável e
colecta;
2. No mesmo período estarão disponíveis, no serviço de administração fiscal munici-
pal, listas contendo os elementos referidos no número anterior, que poderão ser aí consul-
tadas pelos interessados;
3. Caso o contribuinte não receba a nota mencionada no n.º 1, deverá solicitar à repar-
tição municipal de finanças da área da situação dos prédios, uma 2ª via.
Artigo 26º
(Prazo e forma de pagamento do IUP sobre os prédios)
1. O IUP será pago durante o mês de Abril, podendo o pagamento ser efectuado em
duas prestações iguais, com vencimento em Abril e em Setembro, quando o montante da
colecta for superior a 5.000$00.

311
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril

2. O pagamento pode ser realizado por qualquer das formas previstas no Código Geral
tributário e no Código de processo Tributário, com as necessárias adaptações.
3. Sempre que a liquidação deva ter lugar fora do prazo normal e nos casos de liqui-
dação adicional, o sujeito passivo será notificado para proceder ao pagamento, que deverá
ter lugar até ao fim do mês seguinte ao da notificação, findo o qual passarão a ser devidos
juros de mora.
4. Sempre que num mesmo ano, por motivos imputáveis ao serviço de administração
fiscal municipal, seja liquidado o IUP respeitante a dois ou mais anos e o montante total a
cobrar seja superior a 10.000$00, pode o sujeito passivo proceder ao pagamento da contri-
buição, relativa a cada um dos anos em atraso com intervalos de três meses, corresponden-
do cada pagamento à contribuição mais antiga.
5. No caso previsto no número anterior, o não pagamento de uma anuidade no prazo
estabelecido implica o imediato vencimento.
CAPITULO IX
Fiscalização
Artigo 27º
(Poderes de fiscalização)
1. O cumprimento das obrigações previstas neste diploma será assegurado, em ge-
ral, pela aplicação das normas correspondentes do Imposto Único sobre os Rendimentos
(IUR), com as necessárias adaptações.
2. Aos Municípios compete em geral a fiscalização do IUP, sem prejuízo da colabora-
ção técnica por parte da DGCI.
Artigo 28º
(Entidades públicas)
1. As entidades públicas ou que desempenhem funções públicas que intervenham em
actos relativos à constituição, transmissão, registo ou litígio de direitos sobre prédios exi-
girão a exibição de documentos comprovativos da inscrição do prédio na matriz ou, sendo
omisso, de que foi apresentada a declaração para inscrição.
2. Sempre que o cumprimento do disposto no n.º 1 deste artigo se mostre impossível,
far-se-á expressa menção do facto e das razoes dessa impossibilidade.
3. As entidades referidas no n.º 1 não poderão proceder aos actos ali indicados se não
for efectuada prova de pagamento do IUP devido nos termos deste Regulamento.
Artigo 29º
(Entidades fornecedores de água, energia e telecomunicações)
As entidades fornecedores de água, energia e telecomunicações devem comunicar ao
serviço de administração fiscal municipal das ligações domiciliárias efectuadas, através de
um documento no qual se identificará o prédio, fracção ou parte e o respectivo proprietário
ou usufrutuário.

312
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril

Artigo 30º
(Pagamento de indemnizações)
Não serão pagas quaisquer indemnizações por expropriação sem se mostrarem pagas
ou garantidas todas as anuidades vencidas do IUP.
CAPÍTULO X
Garantias dos contribuintes
Artigo 31º
(Garantias da legalidade)
Os sujeitos passivos do imposto, para além do disposto no tocante às avaliações, po-
dem socorrer-se de todos os meios de garantia da legalidade previstos no Código Geral
Tributário e no Código de processo Tributários.
Artigo 32º
(Reclamações das matrizes)
1. O sujeito passivo ou qualquer titular de um interesse directo, pessoal e legítimo
pode consultar ou obter documento comprovativo dos elementos constantes das inscrições
matriciais.
2. Os sujeitos referidos no número anterior poderão, a todo o tempo, reclamar de incor-
recções nas inscrições matriciais.
CAPÍTULO XI
Disposições diversas e transitórias
Artigo 33º
(Serviço competente)
Os actos tributários a que o presente regulamento se refere consideram-se praticados
no serviço de administração fiscal municipal da área da situação dos prédios.
Artigo 34º
(Regulamento das Avaliações Tributárias)
1. O Regulamento das Avaliações Tributárias será aprovado no prazo de 180 dias, con-
tados após a entrada em vigor deste diploma.
2. Até à entrada em vigor do Regulamento das Avaliações Tributárias mantêm-se em
vigor as normas sobre esta matéria estatuídos no Regulamento da Contribuição Predial
Autárquica.
Artigo 35º
(Declaração anual do património)
1. Os sujeitos passivos de IUP apresentarão durante o mês de Julho uma declaração de
património, segundo modelo a aprovar por despacho do membro do Governo responsável
pela área das finanças, no serviço de administração fiscal municipal da área de sua residên-

313
Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril

cia, onde será indicado o património do contribuinte sujeito a tributação;


2. A falta de apresentação da declaração referida no número anterior será punida nos
termos do Código Geral Tributário.
Artigo 36º
(Legislação subsidiária)
Aplicar-se-á subsidiariamente o disposto nas correspondentes disposições do Regu-
lamento do Imposto Único sobre o Rendimento (IUR), com as necessárias adaptações,
quanto a:
a) Liquidação e cobrança;
b) Juros compensatórios devidos por atraso ou por anulação total ou parcial da
liquidação;
c) Juros de mora por atraso no pagamento;
d) Outras situações não especialmente previstas neste Regulamento.
Artigo 37º
(Regime transitório)
Até à entrada em funcionamento nos municípios dos respectivos serviços de adminis-
tração fiscal municipal, incumbe à Direcção Geral das Contribuições e Impostos, através
das repartições de finanças, assegurar a liquidação e a cobrança do IUP.
O Ministro das Finanças, Ulisses Correia e Silva.

314
Decreto-Lei nº 84/79, de 13 de Outubro

REGULAMENTO DO IMPOSTO MUNICIPAL


SOBRE VEÍCULOS AUTOMÓVEIS92
Decreto-Lei nº 84/79
de 13 de Outubro
Manda Publicar um novo regulamento do imposto de Circulação de Veículos Auto-
móveis.
A experiência de dois anos de aplicação do regulamento do imposto de circulação de
veículos automóveis, aprovado pelo Decreto-Lei nº 115/76, mostrou a necessidade de pu-
blicar um novo regulamento com vista a eliminar as dúvidas e dificuldades que até agora
se têm levantado.
Na redacção do novo regulamento teve-se, portanto, como fundamental objectivo: a
definição correcta das regras de incidência, a clarificação dos formalismos adequados ao
pagamento do imposto e a criação dos mecanismos que permitam uma eficaz fiscalização
com o reforço de um esquema de penalidades susceptível de desestimular a fuga ao im-
posto.
Por outro lado, no regulamento actual, a prática das formalidades atinentes á cobrança
do imposto é da responsabilidade do serviço Nacional de Viação, entidade que não tem, ob-
viamente, vocação tributária. Dai que o novo regulamento transfira essa responsabilidade,
como é curial, para a esfera da competência dos serviços da Direcção-Geral de Finanças e,
mais especificamente, das repartições de Finanças e concelhias.
Aproveitou-se a oportunidade para estabelecer nova tabela, uma vez que as taxas ac-
tuais se afiguram excessivamente moderadas. Entendeu-se, porém, conveniente desagravar
a tributação dos veículos automóveis utilizados na actividade de aluguer para transportes
públicos de mercadorias ou passageiros, dada a utilidade social que esses veículos preen-
chem.
Assim,
No uso da faculdade conferida pelo nº 4 do artigo 15º da Lei sobre a Organização Po-
litica do Estado, de 5 de Julho de 1975, o Governo decreta e eu promulgo, para valer como
lei, o seguinte:
Artigo 1.º
(Veículos sujeitos a impostos)
1. O imposto de Circulação de Veículos automóveis criado pelo Decreto-Lei nº 115/76,
de 31 de Dezembro, incide sobre os veículos a seguir indicados que estejam matriculados
no território nacional e circulem pelos seus próprios meios nas vias e recintos públicos:
a) Automóveis de qualquer tipo;
b) Motociclos.
92 Esta designação foi dada pela Lei n.º 61/IV/92, de 30 de Dezembro

315
Decreto-Lei nº 84/79, de 13 de Outubro

2. Os veículos automóveis que não tenham de ser matriculados no serviço Nacional de


Viação, por se encontrarem em regime de importação temporária, ficam sujeitos a impostos
logo que decoram noventa dias a contar da sua entrada no Pais.
3. Os veículos automóveis adquiridos depois de 30 de Setembro só estão sujeitos a im-
posto a partir do ano seguinte ao da aquisição; semelhante regime é aplicável aos veículos
que, estando fora de circulação, sejam recuperados ou restaurados depois daquela data.
4. Para, efeitos do n.º 1, consideram-se sempre em circulação todos os veículos au-
tomóveis cuja matricula esteja em vigor, salvo se os respectivos proprietários provarem o
contrário.
Artigo 2.º
(Quem está sujeito ao imposto)
Estão sujeitos ao imposto os proprietários dos veículos, presumindo-se que o são, até
prova em contrário, as pessoas em nome de quem os veículos estão matriculados.
Artigo 3.º
(Pessoas ou entidades isentas do imposto)93
…………………………………………………….
Artigo 4.º
(Veículos isentos do impostos)
…………………………………………………….
Artigo 5.º
(Formalidades a observar para a efectivação das isenções)
……………………………………………………………………………..
Artigo 6.º
(Taxas do imposto)
1. As taxas do imposto, fixadas em razão da antiguidade dos veículos e da sua cilindra-
da, são as constantes da tabela anexa.
2. A antiguidade dos veículos é reportada a 1 de Janeiro do ano a que respeita o impos-
to e contada por anos civis, incluindo o ano da matrícula constante do respectivo livrete.
3. No caso de os veículos terem sido inicialmente matriculados no estrangeiro e só
posteriormente em Cabo Verde, a antiguidade é determinada pela data da matrícula inicial,
comprovada pelo respectivo livrete ou outro documento bastante; se a data da matrícula
inicial não puder ser comprovada, conta-se a antiguidade a partir da data da matrícula em
Cabo Verde.

93 Os arts. 3º, 4º e 5º foram revogados pelo n.º 4 do art. 11º da Lei n.º 61/IV/92, de 30 de Dezembro

316
Decreto-Lei nº 84/79, de 13 de Outubro

Artigo 7.º
(Como, quando e onde é pago o imposto)
1. O imposto de Circulação de veículos automóveis, devido por inteiro em cada ano
civil, é pago por meio de aquisição de dísticos modelo n.º 4 das taxas correspondentes,
durante os meses de Janeiro e Fevereiro, em qualquer recebedoria de Finanças94.
2. Nos casos em que o imposto se torne devido somente a partir do período referido no
numero anterior, o seu pagamento efectua-se nos seguintes prazos:
a) Tratando-se de veículos adquiridos novos ou usados, no prazo de oito dias a
contar da data da aquisição devidamente documentada, salvo o caso referido
no n.º 3 do artigo 1.º;
b) Tratando-se de veículos nas condições referidas no n.º 2 do artigo 1.º, no prazo
de oito dias a contar do termo do período de noventa dias,
c) Tratando-se de Veículos recuperados ou restaurados, antes de entrarem em
circulação ou estacionarem nas vias ou recintos públicos, salvo o caso referido
no n.º 3 do artigo 1.º;
3. No caso de o dístico adquirido ser de taxa inferior á devida, podem ser adquiridos
outros dísticos para completar a taxa do imposto correspondente ao veículo.
4. O imposto é pago por meio de guia quando, em consequência de auto de transgres-
são, o pagamento se efectue em ano posterior aquele a que o imposto respeita.
5. Os dísticos modelo n.º 4, depois de devidamente preenchidos pelos interessados,
são registados em qualquer repartição de finanças nos prazos fixados para o pagamento do
imposto, em face da declaração modelo n.º 5 apresentada pelo contribuinte, em triplicado.
Artigo 8.º
(Como se prova o pagamento ou isenção do imposto)
1. A prova do pagamento ou da isenção do imposto é feita por meio dos dísticos mode-
los nºs 2 e 4 que, depois de devidamente preenchidos e registados:
a) Tratando-se de automóveis – serão afixados no canto superior direito do pára-
brisas;
b) Tratando-se de motociclos – estarão sempre em poder do condutor juntamente
com o livrete.
2. A afixação ou exibição dos dísticos modelos n.ºs 2 e 4 não prejudica a obrigatorie-
dade de apresentação, pelos condutores dos veículos, do duplicado da declaração modelo
n.º 5 ou do duplicado da requisição modelo n.º 1.

94 Este imposto passou a ser pago na Câmara Municipal ao abrigo do art. 1º do Decreto-Lei n.º 68/94,de 5 de Dezembro

317
Decreto-Lei nº 84/79, de 13 de Outubro

3. A prova das isenções de que tratam os n.ºs 2 e 3 do artigo 4.º é feita por meio do do-
cumento a que se refere o n.º 4 do artigo 5.º, do qual os condutores dos respectivos veículos
serão sempre portadores.
4. No caso referido no n.º 3 do artigo 1.º, os condutores dos veículos devem ser sempre
portadores, no decurso do respectivo ano, do documento comprovativo da data da aquisi-
ção.
5. Em qualquer tribunal ou repartição pública só é admitida prova documental, que
pode ser feita por qualquer dos seguintes documentos:
a) Duplicado da declaração modelo n.º 5, devidamente autenticado pela repar-
tição de finanças;
b) Duplicado da requisição modelo n.º 1, devidamente averbado do despacho
nela proferido;
c) Documentos a que se referem os nºs 3 e 4 deste artigo;
d) Certidão comprovativa do registo da declaração modelo n.º 5.º ou da req-
uisição modelo n.º 1 e despacho nesta proferido.
Artigo 9.º
(A quem incumbe a fiscalização)
1. O cumprimento das obrigações impostas por este regulamento é fiscalizado, em
geral, por todas as autoridades, na esfera da sua competência, e, em especial, pelo pessoal
da Direcção-Geral de Finanças, do serviço Nacional de Viação, das Alfândegas, da Policia
de Ordem Pública, da Policia Económica Fiscal e da Policia de Fronteira.
Artigo 10.º
(Levantamento dos autos de transgressão e participação das infracções)
1. Os funcionários a quem, nos termos, do artigo anterior, compete especialmente a
fiscalização, sempre que verifiquem a existência de qualquer infracção ás disposições deste
regulamento, devem, se para tal tiverem competência, levantar o respectivo auto de trans-
gressão, remetendo-o imediatamente á repartição de finanças da área da residência ou sede
do transgressor.
2. Os funcionários não incumbidos especialmente da fiscalização ou que não tenham
competência para levantar o auto de transgressão, quando verificarem a existência de qual-
quer infracção, devem participa-la ao chefe da repartição de finanças referida no numero
anterior, para os efeitos do único do artigo 10.º do Regulamento do Contencioso das Con-
tribuições e Impostos.
3. A apresentação do auto de transgressão, bem como de quaisquer documentos que
devem acompanhá-lo, pode, se nisso houver conveniência, ser feita na repartição de finan-
ças da área do posto ou serviço a que o autuante pertença, ou noutra que lhe seja mais aces-

318
Decreto-Lei nº 84/79, de 13 de Outubro

sível, neste caso, a repartição de finanças onde forem apresentados os documentos referidos
remetê-los-á, findos oito dias a que se refere o artigo 21.º, á repartição de finanças da área
da residência ou sede do transgressor.
Artigo 11.º
(Reclamação contra o imposto pago; quem pode reclamar; prazos)
1. Os contribuintes e as pessoas solidária ou subsidiariamente responsáveis pelo paga-
mento do imposto podem reclamar por qualquer erro ou ilegalidade, nos termos do Regu-
lamento do Contencioso das Contribuições e Impostos.
2. As reclamações devem ser apresentadas na repartição das finanças onde os dísticos
tiverem sido registados, contando-se o prazo da data do registo do dístico, a qual consta da
declaração do modelo n.º 5.
Artigo 12.º
(Multa por falta do pagamento do imposto; responsabilidade)
1. A circulação ou estacionamento nas vias ou recintos públicos de qualquer veículo
compreendido no artigo 1.º, sem o pagamento do imposto, quando devido, são punidos com
multas iguais ao dobro do imposto.
2. O condutor do veículo é solidariamente responsável pelo pagamento da multa.
3. Presume-se, até prova em contrário, não estar pago o imposto, sempre que nos auto-
móveis não se encontrarem afixados os dísticos modelos nºs 2 e 4 ou sempre que estes não
estejam em poder dos condutores dos motociclos.
Artigo 13.º
(Multa por falta de afixação ou exibição dos dísticos)
1. A falta de afixação, no lugar indicado na alínea a) do n.º 1 do artigo 8.º, dos dísticos
comprovativos do pagamento do imposto ou da isenção é punida com multa igual a 25%
do imposto correspondente ao veiculo, não podendo ser inferior a 100$.
2. A multa estabelecida no número anterior é igualmente aplicável quando os conduto-
res dos motociclos não se façam acompanhar dos respectivos dísticos.
Artigo 14.º
(Multa por afixação ou exibição dos dísticos respeitantes a veiculo diferente)
1. A afixação dos dísticos modelos nºs 2 e 4, em veículo diferente daquele a que res-
peita, é punido com multa igual a cinco vezes o imposto correspondente ao veículo em que
tiver sido afixado ou colocado o dístico, no mínimo de 1000$.
2. A multa estabelecida no número anterior é também aplicável no caso de os conduto-
res de motociclos exibirem dísticos respeitantes a veículo diferente.

319
Decreto-Lei nº 84/79, de 13 de Outubro

Artigo 15.º
(Multa por apresentação da declaração e registo do dístico fora dos prazos legais)
1. A apresentação da declaração modelo n.º 5 e subsequente registo do dístico modelo
n.º 4, fora dos prazos estabelecidos no artigo n.º 7.º, é punida com multa igual a 25% do
imposto correspondente, no mínimo de 100$.
2. A multa a aplicar é igual ao imposto, caso a apresentação da declaração se verifique
depois de decorridos sessenta dias a contar do termo dos prazos referidos no número an-
terior.
Artigo 16.º
(Apresentação da requisição para isenção e levantamento
do dístico fora dos prazos legais)
A apresentação da requisição modelo n.º 1 e o subsequente levantamento na recebedo-
ria de finanças do dístico modelo n.º 2, fora dos prazos estabelecidos no artigo 7.º, é punido
nos termos do artigo anterior.
Artigo 17.º
(Multa por falta de exibição de documentos á fiscalização; responsabilidade)
1. A falta de apresentação dos documentos que devam ser exibidos no acto da fiscali-
zação, quando o condutor do veiculo declare estar a situação tributaria do mesmo devida-
mente regularizada, é punida com multa igual a 50% do imposto corresponde, no mínimo
de 500$.
2. se a apresentação dos documentos vier a fazer-se na repartição de finanças compe-
tente para a instauração do respectivo auto de transgressão no prazo concedido ao trans-
gressor, nunca superior a cinco dias, a multa será reduzida a metade, no mínimo de 250$.
3. O condutor do veiculo é o único responsável pelo pagamento da multa fixada neste
artigo, cuja aplicação não prejudica o procedimento penal contra os responsáveis por outras
transgressões.
Artigo 18.º
(Multa por falsificação de dísticos e dos documentos comprovativos da isenção)
1. A falsificação ou viciação de qualquer dístico, bem como de documento compro-
vativo da isenção ou da não sujeição a imposto é punida com multa igual a vinte vezes o
imposto correspondente ao veiculo para que foi feita a fiscalização ou viciação, no mínimo
de 5000$, sendo o condutor do veiculo solidariamente responsável pelo seu pagamento.
2. A aplicação da multa referida no número anterior não prejudica o procedimento
criminal contra o autor ou autores da fiscalização ou viciação.
Artigo 19.º
(Multa por qualquer infracção não prevista)
Qualquer infracção ás disposições deste regulamento, não especialmente referida nos
artigos anteriores, é punida com a multa de 100$, tratando-se de motociclos, e de 500$,
tratando-se de automóveis.

320
Decreto-Lei nº 84/79, de 13 de Outubro

Artigo 20.º
(Aplicação e pagamento das multas)
1. A aplicação das penalidades previstas neste regulamento é feita em processo de
transgressão, instaurado na repartição de finanças competente nos termos do Regulamento
do Contencioso das Contribuições e Impostos.
2. O pagamento das multas pode ser feita voluntariamente antes da instauração do
processo de transgressão, de harmonia com o disposto no artigo seguinte.
Artigo 21.º
(Pagamento do Imposto e multas antes de instaurado o processo de transgressão)
1. O transgressor, pode, querendo, antes de instaurado o processo de transgressão,
efectuar o pagamento do imposto em falta e da multa, seja no caso da verificação de trans-
gressão seja nos oitos dias seguintes, conforme nota a entregar pelo autuante; não havendo
falta de pagamento do imposto, o pagamento de qualquer multa só pode efectuar-se nos
oito dias seguintes ao da verificação da transgressão.
2. O pagamento no acto da verificação da transgressão é feito ao autuante, que passará
recebido provisório cujo duplicado, acompanhado da respectiva importância e do auto de
transgressão, será apresentado na repartição de finanças competente para a instauração do
processo ou, se nisso houver conveniência, em repartição que ao autuante for mais acessí-
vel; a repartição de finanças onde der entrada a importância paga promoverá a sua imediata
arrecadação nos termos estabelecidos no n.º 4 deste artigo.
3. O pagamento nos oito dias seguintes ao da verificação de transgressão é sempre
efectuado na repartição de finanças onde, de harmonia com os n.ºs 1 e 3 do artigo 10.º, o
auto de transgressão for apresentado pelo autuante, que disso fará referencia na nota a que
se refere o n.º 1 deste artigo.
4. No pagamento a efectuar nos termos dos números anteriores, observam-se as se-
guintes regras:
1.ª A repartição de finanças onde for entregue a importância ou solicitado o paga-
mento processará guias modelo B para arrecadação da respectiva importância
na recebedoria de finanças, convertendo-se a parte correspondente ao imposto
no dístico modelo n.º 4.
2.ª Se a repartição de finanças através da qual se efectuar o pagamento não for a
competente para a instauração do processo de transgressão, deve ser remetido
imediatamente a esta o auto de transgressão, juntando-se-lhe, no caso do n.º
2, o dístico modelo n.º 4 para ser entregue ao transgressor ou proprietário do
veiculo.
3.ª Os dísticos em que se converter a importância do imposto serão sempre regis-
tados na respectiva repartição de finanças em face da declaração modelo n.º 5
a apresentar pelo transgressor ou proprietário do veículo.

321
Decreto-Lei nº 84/79, de 13 de Outubro

5. O pagamento no acto da verificação da transgressão ou nos oito dias seguintes só


pode ter lugar quando o funcionário que verificar a falta tiver competência para levantar o
auto de transgressão.
Artigo 22.º
(Quando é instaurado o processo de transgressão)
1. Quando tenha havido levantamento de auto de transgressão no acto da verificação
da infracção, a instauração do processo de transgressão e a respectiva notificação do trans-
gressor só terão lugar não tendo havido pagamento e depois de findo o prazo de oito dias a
que se referem os n.ºs 1 e 3 do artigo anterior.
2. No caso de ter sido feita participação de infracção, ser-lhe-á dado o andamento
previsto no único do artigo 10.º do Regulamento do Contencioso das Contribuições e Im-
postos.
Artigo 23.º
(Apreensão de veiculo por falta de pagamento do imposto)
1. Sempre que se verifique falta de pagamento de imposto, deve proceder-se á apre-
ensão do veículo e respectiva documentação, sem prejuízo da aplicação das penalidades
estabelecidas neste regulamento.
2. A preensão será feita no acto da verificação da falta se o autuante pertencer á Policia
de Ordem Pública ou á Policia Económica e Fiscal.
3. Se o autuante não pertencer a qualquer das corporações referidas no numero ante-
rior ou se a falta de pagamento do imposto for objecto de participação por parte de algum
funcionário ou entidade, a apreensão será feita a pedido do chefe da respectiva repartição
de finanças que, imediatamente após a recepção do auto de transgressão ou da participação,
promoverá as diligências necessárias junto da P.O.P. para que esta efective a apreensão.
4. A documentação do veículo apreendido será entregue, na repartição de finanças
respectiva, juntamente com o auto de transgressão ou, posteriormente, no caso previsto no
número anterior, competindo á repartição de finanças dar conhecimento imediato da apre-
ensão ao Serviço Nacional de Viação.
5. A título de reembolso das despesas ocasionadas pela apreensão de veículo, será co-
brada a importância de 50$ por cada dia por que aquela se mantiver para além de oito dias
a contar da data da sua efectivação.
6. Se os veículos apreendidos ficarem estacionados fora das sedes, postos ou depen-
dências das entidades apreensoras ou de recinto próprio para recolha ou parqueamento,
não poderão ser exigidas ao Estado quaisquer indemnizações pelos riscos resultantes da
apreensão, ficando o transgressor responsável pelo desaparecimento ou danos que o veicu-
lo sofrer.

322
Decreto-Lei nº 84/79, de 13 de Outubro

Artigo 24º.
(Efeitos do Pagamento do imposto em falta)
O pagamento do imposto em falta susta a apreensão de veiculo ou, quando tenha ha-
vido, faz cessar todos os seus efeitos, competindo, neste caso, á repartição de finanças
competente restituir a documentação apreendida ao transgressor ou proprietário de veiculo
e comunicar o facto ao Serviço Nacional de Viação.
Artigo 25.º
(Responsabilidade pela multa no caso de o infractor ser pessoa colectiva)
1. Se o transgressor for uma pessoa colectiva, respondem pelo pagamento da multa,
solidariamente com ela, os directores, gerentes, membros do Conselho Fiscal, liquidatários
ou administradores da massa falida, quem tenham praticado ou sancionado os actos a que
respeita a transgressão.
2. Uma vez extinta a pessoa colectiva responsável pelo pagamento da multa, respon-
dem solidariamente entre si as restantes pessoas referidas no número anterior.
Artigo 26.º
(Responsabilidade pelas multas no caso de veículos a entidades isentas)
Quando os veículos pertençam a entidades que beneficiem de isenção de imposto, são
responsáveis pelo pagamento das multas ou do imposto eventualmente devido os directo-
res, chefes ou outros dirigentes dos serviços a que os veículos estão afectos.
Artigo 27.º
(Limitação ao levantamento de novo auto pela mesma infracção)
Verificada qualquer infracção aos preceitos deste regulamento e levando o respectivo
auto de transgressão, a mesma infracção não pode, nos quinze dias seguintes, ser objecto
de nova autuação, desde que o transgressor exiba a nota de levantamento de auto que obri-
gatoriamente lhe é entregue pelo autuante.
Artigo 28.º
(Consequência da falta de dísticos ou documentos de isenção)
Os veículos que beneficiam das isenções previstas nos artigos 3.º e 4.º, consideram-se
sujeitas a imposto enquanto os seus proprietários não estiverem munidos dos respectivos
dísticos ou documentos comprovativos da isenção.
Artigo 29.º
(Extravio ou utilização de documentos ou dísticos)
1. No caso de extravio ou inutilização por qualquer motivo de documentos ou dísticos
respeitantes ao pagamento ou á isenção do imposto, observa-se o seguinte:
a) Tratando-se do duplicado da declaração modelo n.º5 ou da requisição modelo
n.º 1, ou do documento comprovativo da isenção, podem os interessados re-

323
Decreto-Lei nº 84/79, de 13 de Outubro

quer que lhes seja passada certidão comprovativa do registo do dístico modelo
n.º 4 ou de despacho que autorizou quer o fornecimento do dístico n.º 2, quer
a passagem de documento comprovativo da isenção;
b) Tratando-se de dísticos modelos nºs 2 e 4 podem os interessado se requer
que lhes seja permitida a aquisição do dístico especial modelo n.º 6, que será
fornecido pela recebedoria de finanças mediante nota a passar pela respectiva
repartição de finanças.
2. A regra estabelecida na alínea b) do numero anterior é aplicável ao caso de se terem
praticado erros, emendas ou rasuras no preenchimentos do dístico modelo n.º 4, o qual
terá de ser junto ao pedido para ser inutilizado pela repartição de finanças com a nota de
“NULO”.
3. A certidão referida na alínea a) do n.º 1 deste artigo bem como o disto especial mode-
lo n.º 6 substituem, para todos efeitos, o documento ou o dístico extraviado ou inutilizado.
Artigo 30.º
(Veículos novos adquiridos a partir de 1 de Outubro)
Em relação aos veículos novos transaccionados, em cada ano, a partir de 1 de Outubro,
os vendedores entregarão ao adquirente, obrigatoriamente, factura ou documento compro-
vativo da aquisição, para os efeitos do disposto no n.º 3 do artigo 8.º.
Artigo 31.º
(Privilégio mobiliário especial sobre os veículos)
O Estado goza de privilégio mobiliário especial sobre os veículos automóveis pata o
pagamento do imposto de circulação e das multas aplicadas nos termos deste regulamento,
e, bem assim, para o pagamento da indemnização a que se refere o n.º 5 do artigo 23.º
Artigo 32.º
(Não revalidação de importação de importação temporária
sem pagamento de imposto)
Os serviços das Alfandegas não podem conceder a revalidação da importação tem-
porária dos veículos automóveis sem que os interessados façam prova do pagamento do
respectivo imposto.
Artigo 33.º
(Elementos a fornecer pelas Alfandegas e pelo serviço Nacional de Viação)
Os serviços das Alfandegas e, bem assim, o serviço Nacional de Viação devem enviar,
nos primeiros quinze dias de cada trimestre, á Direcção-Geral de Finanças, fichas de mode-
lo n.º 7 de todos os veículos automóveis que no trimestre anterior tenham sido objecto de
despacho ou matricula.

324
Decreto-Lei nº 84/79, de 13 de Outubro

Artigo 34.º
(Elementos a fornecer pelos serviços do Estado e outros entidades isentas)
1. Os departamentos administrativos do Estado e bem assim todos os serviços, orga-
nismos e entidades referidas nas alíneas a), b) e c) do n.º 1 do artigo 3 enviarão á Direcção-
Geral de Finanças, até 31 de Março de 1980, relação de todos os veículos automóveis ao
seu serviço e em circulação no dia 1 de Janeiro do mesmo ano, especificando-se os depar-
tamentos ou serviços a que os veículos se encontram afectos, com indicação do numero de
matricula, marca, tipo de combustível usado e cilindrada de cada veiculo.
2. Até 28 de Fevereiro de cada ano e com referência a 1 de Janeiro, serão comunicados
os abates e aditamentos ocorridos para actualização da relação inicial.
Artigo 35.º
(Elementos a enviar ao Serviço Nacional de Viação)
As repartições de finanças enviarão semestralmente ao Serviço Nacional de Viação os
duplicados da declaração modelo n.º 5 e os triplicados das requisições modelo n.º 1, que
tenham sido apresentados no semestre anterior.
Artigo 36.º
(Custo de impressos e dísticos modelo n.º 6)
O custo dos Impressos e do dístico especial modelo n.º 6 será fixado por portaria do
Secretário de Estado das Finanças.
Artigo 37º
(Fornecimento de dísticos ás repartições de finanças)
Os Dísticos serão fornecidos ás repartições de finanças nos mesmos termos em que é
feito o fornecimento de valores selados.
Artigo 38.º
Este diploma entra em vigor no dia 1 de Janeiro de 1980
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Pedro Pires – Abílio Duarte – Silvino da Luz – Carlos Reis – Herculano Vieira – João
Pereira Silva – Silvino Lima – David Almada.
Promulgado em 24 de Julho de 1979.
Publique-se.
O Presidente da República, ARISTIDES MARIA PEREIRA
Para ser presente a Assembleia Nacional Popular.

325
Portaria n.º 1/93, de 1 de Fevereiro

TABELA DO IMPOSTO MUNICIPAL SOBRE VEÍCULOS AUTOMÓVEIS


Portaria n.º 1/93
de 1 de Fevereiro
Sendo certo o n.º 4 do artigo 11º da Lei n.º 61/IV/92, de 30 de Dezembro, que apro-
vou o orçamento do Estado, o Imposto de Circulação de Veículos Automóveis passou a
designar-se Imposto Municipal sobre os Veículos Automóveis, deixando de beneficiar de
isenção todas as pessoas e entidades que antes gozavam de tal benefício.
Atendendo a que as taxas de incidência do referido imposto prevista no artigo 6.º do
Decreto-Lei n.º 84/79, de 13 de Outubro, na redacção dada pelo artigo 4.º do Decreto-Lei
37-A/88, de 9 de Maio, forma aumentadas em 20%.
Nestes termos:
Ao abrigo do disposto no artigo 11.ºn.º 4 da Lei n.º 61/IV/92, de 30 de Dezembro;
Manda o Governo de Cabo Verde, pelo Secretario de Estado das Finanças o seguinte:
Artigo Único – É aprovado a tabela do Imposto Municipal sobre Veículos Automóveis,
anexa á presente portaria.
Tabela do Imposto Municipal sobre os Veículos automóveis.

Taxas
Grupos por Cilindrada
1.º Escalão 2.º Escalão 3.º Escalão
Cilindrada – Centímetros
Natureza do Veiculo Até 5 anos Mais de 5 anos Mais de 10 anos
cúbicos
A Até 900$00 500$00 300$00

B 1000…………………….…. 1200$00 800$00 400$00

Automóveis C Mais de 1000 a 1300 …….. 1800$00 1100$00 500$00

D Mais de 1300 a 1750 …….. 3600$00 1800$00 900$00

E Mais de 1750 a 2600 …….. 5400$00 2700$00 1400$00

F Mais de 2600 a 3500 ….…. 8400$00 4200$00 2100$00

Mais de 3500

A Mais de 50 a 180 …………. 400$00 300$00 200$00

Motociclos B Mais de 180 a 350 ……..…. 600$00 400$00 200$00

C Mais de 350 a 750 …..……. 900$00 600$00 300$00

D Mais de 750 ………….….. 1800$00 900$00 500$00

Gabinete do Secretario de Estado das Finanças, 12 de Janeiro de 1993. – O secretario


de Estado das Finanças, Ulpio Napoleão Fernandes.

326
Decreto-Lei nº 22/2000, de 22 de Maio

REGULA A TRANSFERÊNCIA PARA AS CÂMARAS MUNICIPAIS AS


COMPETÊNCIAS PARA A ADMINISTRAÇÃO DOS IMPOSTOS MUNICIPAIS
Decreto-Lei nº 22/2000
de 22 de Maio
A Lei nº 37/IV/92, de 28 de Janeiro, que aprovou o Código Geral Tributário, dispõe no
seu artigo 4º que a liquidação e cobrança dos impostos locais seriam gradualmente trans-
feridos para os Municípios, logo que estivessem devidamente montados e organizados os
respectivos serviços de Administração Fiscal.
Convindo dar seguimento ao processo já iniciado na Câmara da Praia, de forma a
garantir aos Municípios um instrumento precioso para a correcta gestão das suas finanças
e aumentar a eficiência da Administração Fiscal, pretende-se com este diploma transferir
determinadas competências aos Municípios, dando tradução prática ao estabelecido na Lei
de Base e no Regulamento do Imposto Único sobre o Património (IUP).
Assim,
No uso da faculdade conferida pela alínea c) do nº 2 do artigo 203º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:

Artigo 1º
(Objecto)
O presente diploma regula a transferência para as Câmaras Municipais, à excepção da
Praia que já beneficia dessa medida e a vem implementando, as competências para a admi-
nistração (incluindo as de liquidação e cobrança) dos seguintes impostos municipais:
a) Imposto Único sobre o Património (IUP);
b) Imposto Único sobre os Rendimentos (IUR) do comércio informal;
c) Impostos sobre circulação de veículos automóveis.
Artigo 2º
(Comissão de transição)
1. Por despacho do membro do Governo responsável pelas Finanças será criada uma
comição de transição constituída por elementos da Direcção-Geral das Contribuições e
Impostos e de cada uma das Câmaras MUNicipais abrangidas, de forma a aseegurar toda a
segurança e fiabilidade técnica do processo de transferência de competências.
2. A comissão de transição deverá, entre outras actividades e tarefas que se mostrarem
necessárias ou forem definidas pelo membro do Governo responsável pelas finanças:
a) Arrolar os conhecimentos de cobrança de contribuição predial autárquica ex-
istentes no cofre da tesouraria de finanças, quer em fase de cobrança vol-
untária como em cobrança coerciva;

327
Decreto-Lei nº 22/2000, de 22 de Maio

b) Elaborar os termos de saída e de entrada dos conhecimentos de cobrança e


respectivos débitos ecréditos aos tesoureiros;
c) Relacionar os suportes documentais de administração dos impostos locais
transferidos, tais como: modelos de inscrição, verbete de lançamento, matriz-
es prediais, processos individuais, pedidos de isenção, garantindo a fiabilidade
e a integridade desses elementos;
d) Elaborar os termos de saída e de entrada, devidamente desenvolvidos dos
documentos referidos na alínea anterior;
e) Relacionar os processos de execução fiscal relativos aos impostos referidos
no artigo 1º deste diploma, ou em caso de falta de instauração, das respectivas
certidões de relaxe;
f) Elaborar os termos de entrega e de saída dos processos referidos na alínea
anterior;
Artigo 3º
(Competências)
1. As competências exercidas pelos chefes de repartições de finanças a nível do pro-
cesso de lançamento, das reclamações administrativas, no âmbito dos respectivos regula-
mentos tributários, no Código Geral Tributário ou Código de Processo Tributário serão, nos
impostos referidos no artigo 1º deste diploma, exercidas pelos Secretários Municipais.
2. Relativamente à cobrança eventual ou virtual dos conhecimentos transferidos ou dos
resultantes dos futuros processos de lançamento, a competência será exercida pelo Tesouro
Municipal.
Artigo 4º
(Apoio institucional)
1. De forma a garantir a transferência plena e com eficiência tributária, será destaca-
do um funcionário do quadro privativo da Direcção Geral das Contribuições e Impostos
(DGCI) para apoiar e desenvolver a funcionalidade da repartição de administração fiscal
municipal.
2. Findo o destacamento, o funcionário da DGCI referido no número anterior poderá
optar pelo regresso ao quadro de origem ou integrar o quadro da Câmara Municipal.
Artigo 5º
(Isenções)
1. As isenções dos impostos locais são criadas por lei.
2. No processo da sua concessão, nos termos dos regulamentos tributários, o reconhe-
cimento do direito compete ao Presidente da Câmara Municipal.

328
Decreto-Lei nº 22/2000, de 22 de Maio

Artigo 6º
(Contrato-Programa)
O Governo, através do Ministério das Finanças, celebrará um contrato-programa com
as Câmaras Municipais, no sentido de apoiar a instalação da repartição de administração
fiscal municipal, nas seguintes áreas:
a) Informatização das matrizes prediais;
b) Informatização do sistema de liquidação e cobrança do IUP, sobre o valor
patrimonial;
c) Informatização do sistema de liquidação e cobrança do imposto municipal de
veículos;
d) Informatização do serviço de avaliações;
e) Assessoria jurídico – tributária com especial relevância na elaboração dos
regulamentos necessários à implementação da Repartição de Administração
Fiscal municipal, nomeadamente, orgânica dos serviços, regulamentos inter-
nos, estatuto pessoal.
Artigo 7º
(Dever de informação)
As Câmaras Municipais enviarão à DGCI as informações consideradas necessárias ao
desencadear de acções de inspecção tributária, à elaboração de estatística, ao controlo das
isenções reconhecidas ou outras que venham a considerar pertinentes, nos termos a regula-
mentar pelo Ministro das Finanças.
Artigo 8º
(Entrada em vigor)
O presidente diploma entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – José Ulisses Correia e Silva.
Promulgado em 12 de Maio de 2000.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 15 de Maio de 2000.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.

329
Decreto n.º 163/85, de 30 de Dezembro

CONTRACÇÃO DE EMPRÉSTIMO PELOS MUNICÍPIOS


Decreto n.º 163/85
de 30 de Dezembro
O poder local, pela sua natureza intrínseca, constitui uma das formas privilegiadas de
participação de participação popular, em virtude do papel que lhe é atribuido de mobiliza-
ção das comunidades locais na solução dos seus problemas específicos.
Em face disso a consolidação e o aprofundamento da democracia nacional revolucio-
nária passam pela institucionalização de um poder local com larga autonomia e capacidade
de acção;
O Governo, ciente dessa necessidade de reforçar a capacidade de intervenção dos Mu-
nicípios, aprovou entre outros o Decreto-Lei n.º 41/80, mais vulgarmente conhecido como
lei das finanças locais que, entre outras medidas, consagra;
A particpação percentual dos Municípios nas cobranças dos impostos directos e indirectos
previstos no Orçamento Geral do Estado, não podendo essa percentagem ser inferior a 5%
A possibilidade dos Municípios contrairem empréstimos a curto, médio e longo prazo,
com entidades públicas de crédito;
Nestes termos:
Ao abrigo do disposto no art. 10º do Decreto-Lei n.º 41/80, de 14 de Junho;
No uso da faculdade conferida pelo art. 77º da Constituição, o Governo decreta o se-
guinte:
Artigo 1º
Contração de empréstimos
Os Municípios podem contrair empréstimos acurto, médio e longo prazo.(…)95
Artigo 2º
Quem concede empréstimos
1(…)96
2. Os Municípios podem ainda contrair empréstimos obrigacionais nos termos a regu-
lamentar97

95 A referência à autorização da Assembleia Municipal introduzida pelo Decreto-Lei n.º 13/93, de 15 de Março, foi alterada
pelos n.ºs 7 e 8 do art. 8º da lei n.º 79/VI/2005, de 5 de Setembro
96 O n.º 1 desta norma encontra-se revogado pelo art. 8º da lei n.º 79/VI/2005, de 5 de Setembro, que permite a contracção e
empréstimos perante quaisquer instituições de crédito, incluindo estrangeiras nas condições aí estabelecidas.
97 Redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 13/93, de 15 de Março.

330
Decreto n.º 163/85, de 30 de Dezembro

Artigo 3º
Empréstimo a curto prazo98
(…)
Artigo 4º
Finalidades a médio e longo prazos99
(…)
Artigo 8º
Aval do Estado
1.Os encargos resultantes de bonificação dos empréstimos pelo Estado.
2.Pelo aval, o Estado assume a obrigação de liquidar as prestações de capital e juros
e os demais encargos vencidos a que os Municípios mutuários se obrigarem nos contratos
de empréstimos.
(…)100
Artigo 11º
Contagem do prazo
O prazo dos empréstimos a contrair pelos Municípios conta-se a partir da data fixada
no respectivo contrato e termina na data estipulada para a liquidação final e integral das
operações de crédito
(…)101
Artigo 16º
Inscrição Orçamental dos Encargos
Os Municípios inscreverão obrigatóriamente nos seus orçamentos ordinários a verba
necessária para amortização do capital mutuado e pagamento dos juros e demais encargos.
Pedro Pites – Osvaldo Lopes da Silva – Júlio de Carvalho
Promulgado em 30 de Dezembro de 1985.
Publique-se
O Presidente da República, ARISTIDES MARIA PEREIRA.

98 Este artigo foi alterado pelo n.º 3 do art.8º da lei n.º 79/VI/2005, de 5 de Setembro.
99 Esta norma foi alterada tacitamente pelos n.ºs 4 e 5 do art. 8º da lei n.º 79/VI/2005, de 5 de Setembro.
100 Os arts. 9º e 10º foram tacitamente revogados pelo art. 8º da lei n.º 79/VI/2005, de 5 de Setembro.
101 Os arts. 12º e 16º foram tacitamente revogados entre outros pelos n.ºs 13, 14, do art. 8º e n.º 1 do art. 31º da lei n.º 79/
VI/2005, de 5 de Setembro.

331
Decreto n.º 163/85, de 30 de Dezembro

332
Decreto n.º 163/85, de 30 de Dezembro

VII - INSTITUTOS PÚBLICOS, SERVIÇOS E FUNDOS


AUTÓNOMOS E AGÊNCIAS REGULADORAS

333
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março

334
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março

REGIME JURÍDICO GERAL DOS SERVIÇOS AUTÓNOMOS,


DOS FUNDOS AUTÓNOMOS E DOS INSTITUTOS PÚBLICOS
Lei n.º 96/V/99
de 22 de Março
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do arti-
go 186º da Constituição, o seguinte:
Artigo 1º
(Objecto)
A presente Lei estabelece o regime jurídico geral dos serviços autónomos, dos fundos
autónomos e dos institutos públicos.
Artigo 2º
(Autonomia)
Para efeitos do presente diploma considera-se:
a) Autonomia administrativa - o poder atribuído a certos organismos públicos
de terem órgãos próprios de direcção e gestão com capacidade para praticar
actos administrativos definitivos e executórios, não estando na dependência
hierárquica directa do Governo;
b) Autonomia financeira - o poder atribuído a certos organismos públicos de
terem e cobrarem receitas próprias, aplicáveis, segundo o orçamento privativo
às despesas inerentes à prossecução do seu objecto especifico por exclusiva
autoridade dos respectivos órgãos próprios de direcção e gestão;
c) Autonomia patrimonial - a existência de património privativo constituído pela
universalidade dos bens, direitos e obrigações afectados a uma pessoa colec-
tiva pública por lei ou que a mesma adquira na e para a realização das suas
atribuições e que responde pelas dívidas juridicamente imputáveis a essa pes-
soa colectiva.
Artigo 3º
(Serviços autónomos)
1. Consideram-se serviços autónomos os serviços do Estado ou de outra pessoa colec-
tiva pública dotados, nos termos da lei de autonomia administrativa ou financeira, mas não
de personalidade jurídica própria.
2. A denominação dos serviços autónomos devem incluir a expressão «serviço autóno-
mo» ou ser seguida de uma sigla identificadora que exprima e publicite a sua natureza e a
pessoa colectiva em que se integre, nos termos que forem regulamentados pelo Governo.
Artigo 4º
(Fundos autónomos)
1. Consideram-se fundos autónomos os fundos do Estado ou de outra pessoa colectiva
pública, destinados a fins especiais, sujeitos a um regime legal específico de financiamento

335
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março

e dotados, nos termos da lei, de autonomia administrativa e financeira, mas não de perso-
nalidade jurídica própria;
2. A denominação dos fundos autónomos devem incluir a expressão «fundo autóno-
mo» ou ser
seguida de uma sigla identificadora que exprima e publicite a sua natureza e a pessoa
colectiva em que se integre, nos termos que forem regulamentados pelo Governo.
Artigo 5º
(Institutos públicos)
1. Consideram-se institutos públicos os organismos dotados de personalidade colectiva
pública e inerente autonomia administrativa financeira e patrimonial criadas para assegurar
o desempenho de funções administrativas não empresariais determinadas, pertencentes ao
Estado ou a outra pessoa colectiva pública.
2. Os institutos públicos classificam-se em serviços personalizados, fundações públi-
cas e estabelecimentos públicos.
3. São serviços personalizados os serviços administrativos a que seja atribuída, nos
termos da lei, personalidade colectiva pública.
4. São fundações públicas os patrimónios dotados, nos termos da lei, de personalidade
colectiva pública, afectados à prossecução de fins públicos especiais.
5. São estabelecimentos públicos as instituições dotadas de personalidade colectiva
pública, organizadas como serviços abertos ao público e destinadas a efectuar prestações
individuais de carácter formativo, cultural ou social à generalidade dos cidadãos que delas
careçam.
6. O diploma de criação de instituto público deve enquadrá-lo numa das espécies
indicadas no número 2.
7. A denominação dos institutos públicos deve incluir a expressão «instituto» ou con-
forme couber, «serviço personalizado», «fundação pública» ou «estabelecimento pública»
ou ainda ser seguida de uma sigla identificadora que exprime e publicite a sua natureza e
espécie, bem como a pessoa colectiva a que respeite, nos termos que forem regulamentados
pelo Governo.
8. A denominação dos institutos públicos que tenham por objecto a promoção do in-
vestimento, turismo ou exportações pode não incluir qualquer das expressões referidas no
número anterior, e pode ser objecto de tradução para língua estrangeira ou de adaptação
para fins de promoção no estrangeiro102.

102 Aditamento feito pelo Decreto-Lei nº 2/2005, de 10 de Janeiro que começou a produzir efeitos a 1 de Agosto
de 2004

336
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março

Artigo 6º
(Competência e pressupostos para criação de serviços
e fundos autónomos e de institutos públicos)
1. A competência para a criação, modificação ou extinção de serviços e fundos autóno-
mos e de institutos públicos do Estado, pertence ao Governo, por resolução do Conselho de
Ministros, sob proposta fundamentada do Membro do Governo responsável pela área em
que o organismo se integra. Os estatutos dos serviços e fundos autónomos e dos institutos
públicos do Estado são aprovados e alterados por decreto regulamentar.
2. A competência para a criação, modificação ou extinção de serviços e fundos autó-
nomos e de institutos públicos do município, bem como para a aprovação e alteração dos
respectivos estatutos, pertence à respectiva Assembleia Municipal, sob proposta funda-
mentada da correspondente Câmara Municipal e estão sujeitas a aprovação tutelar.
3. Um fundo autónomo só poderá ser criado quando sejam, simultaneamente criados
mecanismos que garantam o seu auto - financiamento.
4. Um instituto público ou um serviço autónomo só poderá ser criado quando estudos
de viabilidade financeira demonstrem que a actividade administrativa a desenvolver gerará
receitas correntes próprias equivalentes a pelo menos metade das suas despesas correntes
devendo tal circunstância ser obrigatoriamente referida no preâmbulo da resolução.
5. O requisito estabelecido no número 4 poderá ser dispensado ou reduzido para os
estabelecimentos públicos, por resolução do Conselho de Ministros, fundamentada em mo-
tivos de interesse público.
6. Por decreto-lei serão regulados os pressupostos, a competência e as condições para
a criação, modificação e extinção de serviços de fundos autónomos e de institutos públicos
de outras pessoas colectivas públicas, bem como para aprovação e alteração dos respecti-
vos estatutos.
Artigo 7º
(Órgãos próprios de direcção e gestão)
1. Os órgãos próprios de direcção e gestão dos serviços e fundos autónomos e dos
institutos públicos compreendem o órgão deliberativo colegial, que poderá incluir elemen-
tos exteriores aos quadros do pessoal do serviço, fundo ou instituto e um órgão executivo
singular, que pode ser o presidente do órgão deliberativo colegial.
2. Ao órgão deliberativo colegial incumbirá, nomeadamente, aprovar os projectos de
instrumentos de gestão previsional, de regulamentos internos e de documentos de prestação
de contas.
3. Ao órgão executivo singular incumbirá nomeadamente, propor e executar os instru-
mentos de gestão provisional e os regulamentos internos, assegurar a gestão do serviço,
fundo ou instituto e prestar contas.

337
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março

4. Os serviços e fundos autónomos e os institutos públicos poderão igualmente ter um


órgão consultivo, encarregado, designadamente, de funcionar como órgão de programação
e acompanhamento de actividades e de coordenação e de expressão dos diversos interesses
legítimos, públicos e privados que se manifestam e se interpenetram no âmbito das atribui-
ções do serviço ou fundo autónomo ou instituto público.
5. A determinação dos órgãos próprios de direcção e gestão dos serviços e fundos
autónomos e de institutos públicos, bem como as correspondentes competências são esta-
belecidas nos respectivos estatutos a que se refere o artigo 6º.
6. Os titulares dos órgãos próprios de direcção e gestão dos institutos públicos do Esta-
do ou dos municípios regem-se pelo estatuto de gestor público e são providos, em comissão
de serviço ou mediante contrato de gestão, conforme couber:
a) Por despacho do Primeiro Ministro sob proposta do membro do Governo que exer-
ça superintendência sobre o instituto e por ele referendado;
b) Por deliberação da Câmara Municipal do Município a que o instituto respeite, sob
proposta conjunta do respectivo presidente e do vereador do pelouro em cuja área a activi-
dade do instituto se desenrole.
7. Por decreto-lei será regulado o provimento dos titulares dos órgãos próprios da di-
recção e gestão dos institutos públicos de outras pessoas colectivas públicas.
Artigo 8º
(Responsabilidade civil)
1. O Estado e as demais pessoas colectivas públicas respondem civilmente perante
terceiros pelos actos ou omissões dos órgãos próprios de direcção e gestão dos respectivos
serviços e fundos autónomos.
2. Os institutos públicos respondem civilmente perante terceiros pelos actos e omis-
sões dos respectivos órgãos próprios de direcção e gestão.
Artigo 9º
(Serviços de apoio)
1. Os serviços autónomos e os institutos públicos disporão de estruturas privativas de
apoio, incluindo, quando se justifiquem, estruturas periféricas, nos termos estabelecidos
nos respectivos estatutos.
2. Os fundos autónomos não disporão, em regra, de serviços privativos de apoio, re-
correndo a outros departamentos da pessoa colectiva em que se integram ou adquirindo os
serviços de que careçam, nos termos estabelecidos nos respectivos estatutos.
3. Os serviços e fundos autónomos e os institutos públicos devem procurar realizar
por via indirecta as tarefas de execução que lhe incumbem, adquirindo bens e serviços no
mercado mediante contrato de direito privativo ou administrativo desde que na área haja

338
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março

entidades idóneas e com capacidade para realizar com qualidade e a custos aceitáveis às
tarefas e funções necessárias e alcançar os resultados desejados pela administração, salvo
se o interesse público justificar solução diversa.
4. Os serviços e fundos autónomos e os institutos públicos deverão, designadamente, pro-
mover, incentivar e privilegiar a aquisição de bens e serviços por contrato para a realização de
obras públicas, o fornecimento contínuo de bens e serviços, a prestação de serviços auxiliares,
de distribuição de correspondência, de reprografia e cópia de documentos bem como de segu-
rança de instalações e edifícios públicos e a prestação de assistência técnica.
Artigo 10º
(Regime de funcionamento e actividade)
1.O funcionamento e actividade dos serviços e fundos autónomos e dos institutos pú-
blicos regem-se pelo direito administrativo, salvo disposição legal em contrário.
2. A actividade dos serviços e fundos autónomos e dos institutos públicos respeita o
Programa do Governo e o Plano Nacional de Desenvolvimento, sendo enquadrada e orien-
tada pelos seguintes instrumentos de gestão previsional:
a) Programas de actividades anual e pluri-anual;
b) Orçamento - programa privativo anual;
c) Programa financeiro de desembolso.
3. Os projectos de instrumentos de gestão previsional referidos no número 2 e relativos
a cada ano aprovados pelo órgão deliberativo colegial devem ser submetidos a apreciação e
decisão final, conforme couber, do Governo ou da Assembleia Municipal, neste caso atra-
vés da Câmara Municipal, nos termos e prazos que forem regulamentados.
4. Os modelos de instrumentos de gestão previsional são estabelecidos por diploma
regulamentar do Governo.
Artigo 11º
(Regime de pessoal)
O pessoal dos serviços e fundos autónomos rege-se pelo estatuto da função pública e é
provido, nos termos da lei, conforme couber:
a) Pelo membro do Governo que dirija superiormente o departamento governa-
mental a que o serviço ou fundo autónomo respeite;
b) Pela câmara municipal do município a que o serviço ou fundo autónomo re-
speite, sob proposta dos órgãos próprios deste, competentes, nos termos dos
respectivos Estatutos.
2. O pessoal dos institutos públicos está sujeito ao regime jurídico geral das relações de
trabalho e é recrutado pelos órgãos próprios de direcção de gestão dos mesmos, nos termos
dos respectivos estatutos.

339
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março

«Artigo 11º-A103
Comissão de serviço e garantia de direitos
1. Os funcionários e agentes do Estado podem exercer funções nos órgãos próprios
de direcção e gestão dos institutos públicos, em regime de comissão de serviço, mantendo
todos os direitos inerentes ao seu quadro de origem, incluindo os benefícios de aposentação
ou reforma e sobrevivência, considerando-se todo o período da comissão como serviço
prestado nesse quadro.
2. Os trabalhadores dos institutos públicos podem exercer, em comissão de serviço,
funções dirigentes na Administração Pública, mantendo todos os direitos inerentes ao seu
estatuto profissional no seu quadro de origem, considerando-se todo o período da comissão
como serviço prestado na empresa de origem.
3. Os funcionários e agentes do Estado, e bem assim os trabalhadores em comissão de
serviço, nos termos dos números anteriores, podem optar pelo vencimento correspondente
ao seu quadro de origem ou pelo correspondente às funções que vão desempenhar.
4. O vencimento e demais encargos dos funcionários e agentes do Estado, bem como
dos trabalhadores em comissão de serviço são da responsabilidade da entidade onde se
encontrem a exercer funções.
Artigo 12º
(Regime financeiro)
1. A gestão financeira dos serviços e fundos autónomos e dos institutos públicos re-
gem-se pelas leis da contabilidade pública.
2. Os serviços autónomos dotados de autonomia financeira, os fundos autónomos e os
institutos públicos têm orçamento privativo e receitas próprias para a realização das suas
despesas próprias.
3. Constituem designadamente, receitas próprias dos serviços e fundos autónomos e
dos institutos públicos previstos no número 2:
a) O produto da venda dos bens e serviços que produzam;
b) Os rendimentos de bens próprios quando possuam património privativo;
c) Os donativos que lhes sejam atribuídos por quaisquer entidades públicas ou
privadas, nacionais, estrangeiras ou internacionais;
d) Quaisquer outras receitas provenientes da sua actividade ou que por lei, pelos
seus estatutos ou por contrato, lhe devam pertencer.

103 Aditamento introduzido pelo Decreto-Lei nº 2/2005, de 10 de Janeiro, que teve efeitos a 1 de Agosto
de 2004

340
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março

4. Os institutos públicos podem, mediante autorização superior contrair empréstimos a


curto, médio e a longo prazo para a realização das suas atribuições.
5. No âmbito das suas atribuições, podem os serviços autónomos e os institutos públi-
cos vender bens e serviços a outras entidades públicas ou privadas, precedendo autorização
quando couber.
6. Os serviços e fundos autónomos e os institutos públicos do Estado ou dos municí-
pios podem receber transferências, respectivamente, do Orçamento do Estado e dos orça-
mentos municipais.
7. As transferências do orçamento do Estado e dos orçamentos municipais para cada
instituto público, incluídas as destinadas a investimentos não poderão exceder metade das
despesas correntes no ano económico anterior. Consoante os casos, os estabelecimentos
públicos poderão ser exceptuados da limitação imposta pela primeira parte do presente
número por deliberação fundamentada:
a) Do Conselho de Ministros, sob proposta do membro do Governo responsável
pela área das Finanças e do membro do Governo que exerça superintendência
sobre o instituto;
b) Da Assembleia Municipal do município a que o instituto respeite sob proposta
da correspondente Câmara Municipal.
8. Constituem despesas próprias dos serviços com autonomia financeira, dos fundos
autónomos dos institutos públicos, os encargos com o seu funcionamento e os inerentes à
realização das suas atribuições, bem como os custos de aquisição, manutenção e conserva-
ção dos bens, equipamento de serviço de que careça para o efeito.
9. Os serviços e fundos autónomos e os institutos públicos estão sujeitos a fiscalização
dos Serviços de Inspecção de Finanças do Estado, podendo também ser submetidas a au-
ditoria externa por intervenção do Governo ou da Câmara Municipal do Município a que
o instituto respeite.
Artigo 13º
(Prestação de contas)
1. Os serviços e fundos autónomos e os institutos públicos devem apresentar os se-
guintes documentos de prestação de contas:
a) Relatório semestral e anual de actividades;
b) Conta anual de gerência;
c) Balancete trimestral.
2. Os documentos de prestação de contas relativos a cada ano, aprovados pelo órgão
deliberativo colegial devem ser submetidos à apreciação do Governo ou da Assembleia
Municipal, conforme couber, nos termos e prazos que forem regulamentados.

341
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março

3. Os modelos de documentos de prestação de contas são estabelecidos por diploma


regulamentar do Governo.
Artigo 14º
(Sujeição ao Tribunal de Contas)
Os serviços e fundos autónomos e os institutos públicos estão sujeitos à fiscalização
do Tribunal de Contas.
Artigo 15º
(Foro)
1. Os serviços e fundos autónomos e institutos públicos estão sujeitos, quando aos
seus actos de gestão pública, à jurisdição dos tribunais com competência em matéria de
contencioso administrativo.
2. Os institutos públicos estão sujeitos quando às relações de trabalho com o seu pes-
soal referido no número 2, do artigo 10º à jurisdição dos tribunais com competência em
matéria de trabalho.
Artigo 16º
(Direcção e superintendência)
1. Os serviços e fundos autónomos do Estado estão sujeitos à direcção superior do
Governo que pode transmitir ordens de cumprimento obrigatório aos respectivos órgãos
próprios de direcção e gestão.
2. Os institutos públicos do Estado estão sujeitos a superintendência do Governo.
3. No exercício dos poderes de intervenção abrangidos pelos números 1 e 2, compete
ao Governo relativamente aos serviços e fundos autónomos e aos institutos públicos do
Estado:
a) Prover os funcionários e agentes de serviços e fundos autónomos;
b) Designar os dirigentes dos institutos públicos;
c) Fiscalizar e inspeccionar o funcionamento dos serviços e fundos autónomos
e dos institutos públicos e a legalidade e mérito da actuação dos respectivos
órgãos de direcção e gestão;
d) Solicitar e obter as informações necessárias ou convenientes sobre a execução
dos programas e orçamentos dos serviços fundos e institutos e sobre a realiza-
ção das respectivas atribuições ou missões;
e) Orientar a actividade dos fundos e serviços autónomos e dos institutos públi-
cos, indicando-lhe metas, objectivos, estratégias e critérios de oportunidade
político- administrativa, enquadrando- os sectorial e globalmente na admin-
istração pública e no conjunto das actividades económicas sociais e culturais

342
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março

do país e podendo dirigir-lhe instruções sobre a forma de interpretar e aplicar


a lei, excluindo-se porém, a faculdade de lhe dar ordens quanto às decisões
concretas a tomar para a realização das respectivas atribuições ou missões;
f) Substitui-se aos órgãos próprios dos serviços e fundos autónomos e dos insti-
tutos públicos em nome e no interesse deste, para suprir a omissão ou inércia
dos referidos órgãos, nos casos em que os mesmos estivessem juridicamente
vinculados a agir;
g) Autorizar, aprovar ou homologar os instrumentos de gestão provisional, por
documentos de prestação de contas, os regulamentos e os actos de aquisição,
oneração e alienação de imóveis, de semoventes e de móveis sujeitos a regis-
to, elaborados ou praticados pelos órgãos próprios dos serviços e fundos au-
tónomos dos institutos públicos;
h) Autorizar a contracção de empréstimos quando permitidos por lei;
i) Autorizar a aceitação de doações, heranças e legados litigiosos ou sujeitos a
encargos;
j) Autorizar o estabelecimento de serviços periféricos;
k) Aprovar o quadro e o estatuto de pessoal, o plano de cargos e carreiras dos
funcionários ou agentes dos serviços, fundos e institutos, bem como a tabela
salarial daqueles que não estejam sujeitos ao regime da função pública;
l) Autorizar, aprovar ou homologar outros actos dos órgãos próprios dos serviços
e fundos autónomos e dos institutos públicos indicados nos respectivos estatu-
tos;
m) Suspender, revogar e anular, nos termos da lei os actos dos órgãos próprios
dos serviços e fundos autónomos e dos institutos públicos que violem a lei ou
sejam considerados inoportunos e inconvenientes para o interesse público;
n) O mais que lhe for cometido por lei ou pelos estatutos dos serviços, fundos ou
institutos.
4. Compete ainda ao Governo, como órgão superior da Administração Pública, relati-
vamente aos serviços e fundos autónomos e aos institutos públicos dos municípios:
a) Fiscalizar e inspeccionar o funcionamento dos serviços e fundos autónomos
e dos institutos públicos e a legalidade da actuação dos respectivos órgãos de
direcção e gestão;
b) Enquadrá-los sectorial e globalmente na administração Pública e no conjunto
das actividades económicas, sociais e culturais do país, podendo dirigir-lhe
instruções sobre a forma de interpretar e aplicar a lei, excluindo-se, porém ,
a faculdade de lhes dar ordens quanto às decisões concretas a tomar para a
realização das respectivas atribuições ou missões;

343
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março

c) Aprovar o estatuto de pessoal e o plano de cargos e carreiras dos funcionários


ou agentes, bem como a tabela salarial daqueles que não estejam sujeitos ao
regime da Função Pública;
d) Suspender, revogar e anular, nos termos da lei, os actos dos seus órgãos próp-
rios que violem a lei.
5. Relativamente aos serviços e fundos autónomos e institutos públicos dos municípios
as competências referidas no número 3 são exercidas com as necessárias adaptações, pela
câmara municipal do respectivo município.
6. Por Decreto- lei serão regulados os poderes de intervenção nos serviços e fundos
autónomos e nos institutos públicos de outras pessoas colectivas públicas.
Artigo 17º
(Regime subsidiário)
Em tudo o que não seja expressamente regulada no presente diploma e nos respectivos
estatutos, aplica-se aos serviços e fundos autónomos e aos institutos públicos o regime
legal de direito público aos serviços simples da administração pública.
Artigo 18º
(Avaliação e adaptação)
1. O Governo procederá, até final de 1999, à avaliação de todos os serviços e fundos
autónomos e de todos os institutos públicos existentes, com vista a decidir sobre o interesse
público e a viabilidade da sua continuação e adaptação ao quadro estabelecido no presente
diploma ou sobre a necessidade da sua transformação ou extinção.
2. Os serviços e fundos autónomos e institutos públicos que, no quadro do disposto
no número 1, devam continuar a existir, são obrigados a adaptar os respectivos estatutos
ao disposto no presente diploma, dentro do prazo de quinze meses a contar da sua entrada
em vigor.
Artigo 19º
(Transição de pessoal)
1. O pessoal em exercício nos serviços e fundos autónomos e nos institutos públicos,
cujo o regime jurídico de trabalho não deva mudar por força do presente diploma mantêm-
se em funções na mesma categoria e situação e sem perda dos direitos adquiridos.
2. O pessoal em exercício nos serviços e fundos autónomos e nos institutos públicos,
cujo o regime jurídico de trabalho deva mudar por força do presente diploma pode:
a) Optar, no prazo de 60 dias, pelo novo regime decorrente do presente diploma
com consequente cessação do vinculo anterior sem prejuízo de lhe ser contada
a totalidade do tempo de serviço até então prestado;

344
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março

b) Ser mandado regressar ao lugar de origem quando se encontre em comissão de


serviço ou tenha sido requisitado ou destacado;
c) Ser transferido para outro serviço ou organismo da Administração Central ou
para município em que se verifique a existência de vagas;
d) Ser colocado na situação de disponibilidade, nos termos da lei;
e) Ser despedido mediante indemnização nos termos da lei laboral, entendendo-
se que o despedimento é feito por facto príncipe.
3. O pessoal dos serviços e fundos autónomos que sejam extintos terá um dos destinos
referidos na alínea b) a d) do número 2.
4. O pessoal dos institutos públicos que sejam extintos terá um dos destinos previstos
nas alíneas b), c) e e) do número 2.
5. A extinção dos serviços e fundos autónomos e dos institutos públicos implica a
cessação de vigência no prazo de 60 dias, de todos os respectivos contratos de prestação
de serviços, contratos administrativos de provimento e contratos de trabalho a termo bem
como a cessação por despedimento devido a facto de príncipe, de todos os respectivos con-
tratos de trabalho por tempo indeterminado.
6. A competência para a prática dos actos a que se refere o número 2 a 5 pertence:
a) Nos serviços e fundos autónomos e nos institutos públicos do Estado: con-
juntamente, ao membro do Governo responsável pela coordenação do sistema
de gestão dos recursos humanos da administração pública e ao membro do
Governo que exerça poderes de direcção ou superintendência sobre o serviço,
fundos ou institutos;
b) Nos serviços e fundos autónomos e dos institutos públicos dos municípios:
à respectiva Câmara Municipal sobre proposta conjunta do seu presidente e
do vereador da área em que a actividade do serviço, fundo ou instituto se en-
quadre;
c) Nos serviços e fundos autónomos e nos institutos públicos de outras pessoas
colectivas públicas: a quem for determinado por Decreto- lei.
7. Em caso de transformação de serviços ou fundos autónomos ou de institutos públi-
cos, diploma regulamentar especial regulará o destino das respectivas relações de emprego
público ou laborais nos termos da lei.
Artigo 20º
(Denominação ilegítima)
1. Não podem ter denominação de instituto ou outra susceptível de com ela confundir-
se, os organismos públicos de utilidade pública ou organismos privados que não correspon-
dam à natureza e definição estabelecidas no artigo 5º.

345
Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março

2. Os organismos já existentes abrangidos pelo disposto no número 1, ficam obrigados


a promover a alteração das respectivas denominações no prazo de 90 dias a contar da pu-
blicação da presente lei sob pena de coima.
3. O disposto no número 2 aplica-se designadamente ao IFH, ao INPS, ao INERF e
ao ICS.
Artigo 21º
(Desenvolvimento)
O Governo desenvolverá e regulamentará a presente lei.
Artigo 22º
(Revogação)
É revogada toda a legislação que contrarie o disposto no presente diploma.
Artigo 23º
(Entrada em vigor)
Sem prejuízo do disposto no artigo 18º a presente lei entra em vigor no prazo de 90
dias a contar da sua publicação.
Aprovada em 26 de Fevereiro de 1999.
O Presidente da Assembleia Nacional, António do Espírito Santo Fonseca.
Promulgada em 12 de Março de 1999.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Assinada em 15 de Março de 1999.
O Presidente da Assembleia Nacional, António do Espírito Santo Fonseca.

346
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho

FUNDO AUTÓNOMO DE DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL


Decreto-Regulamentar nº 6/2005
de 18 de Julho
Pela Resolução n.º 22/2003, de 29 de Setembro, o Governo criou o Fundo Autónomo
de Desenvolvimento Municipal (FADM), com o intuito de reforçar a cooperação técnica e
financeira entre a Administração Central e as Autarquias Locais, tendo em vista a consoli-
dação do poder local.
O aspecto fundamental que norteou a criação do Fundo é a necessidade de mobiliza-
ção de recursos financeiros de forma sustentável para que os municípios possam dispor de
um instrumento de financiamento dos projectos de investimentos municipais, com reflexos
imediatos em termos económicos e na criação de postos de trabalho.
Circunstâncias várias, de entre as quais a sua não operacionalização, fizeram com que
não tivesse, até à presente data, qualquer aplicação prática.
O Governo, profundamente comprometido com a transparência da gestão, enquanto
condição de boa governação, pretende com a alteração dos estatutos do FADM responder
aos desafios que se colocam no futuro, no que tange à gestão da ajuda orçamental e dar um
passo importante no relacionamento financeiro entre a Administração Central e Adminis-
tração Local Autónoma capaz de estimular o desenvolvimento municipal.
A boa governação, na óptica da boa utilização dos fundos concedidos no quadro da
ajuda orçamental, requer um sistema de distribuição e justificação financeira que satisfaça
as exigências dos sistemas já adoptados pelos parceiros internacionais e pelo Governo.
Neste sentido, pretende-se igualmente adoptar um sistema harmonizado, transparente e
conciso de gestão financeira e administrativa com critérios, procedimentos e regras claras
de disponibilização e justificação dos fundos.
Tal sistema deve permitir premiar os beneficiários que demonstrem capacidade de ab-
sorção dos recursos postos à sua disposição e facilitar ao Governo a prestação de contas
junto dos seus parceiros internacionais.
Espera-se, com estes estatutos, que o FADM passe a ser um instrumento que permita
no futuro uma actuação cada vez mais célere e flexível, facilitando a relação financeira
entre o Governo e os municípios.
Assim:
Nos termos do número 1 do artigo 6º da Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março, que Es-
tabelece o regime jurídico geral dos serviços autónomos, Fundos autónomos e institutos
públicos;
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do artigo 204º da Constituição, o Gover-
no decreta o seguinte:

347
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho

Artigo 1º
Alteração dos estatutos
São alterados os estatutos do Fundo Autónomo de Desenvolvimento Municipal
(FADM), aprovados pelo Decreto-Regulamentar n.º 6/2003, de 6 de Outubro.
Artigo 2º
Atribuições
1. O FADM tem por finalidade captar recursos financeiros a serem canalizados para o
financiamento de projectos de desenvolvimento local.
2. As principais atribuições típicas do FADM são as seguintes:
a) Conceder crédito a uma taxa de juro não superior à taxa de redesconto do
Banco de Cabo Verde para a realização de projectos de desenvolvimento lo-
cal e regional promovidos pelos Municípios, suas Associações ou empresas,
incluindo as iniciativas promovidas em parceria com a iniciativa privada;
b) Conceder crédito a uma taxa zero, com um prazo máximo de amortização
nunca superior a dez anos, a fixar no contrato de concessão, atendendo ao
montante e natureza do projecto em causa;
c) Financiar, a título não reembolsável, os projectos dos Municípios, suas as-
sociações e organização da sociedade civil convencionadas nos termos da lei,
ao abrigo de acordos de créditos ou donativos, incluindo a ajudar alimentar,
disponibilizados ao país pela cooperação internacional, através do mecanismo
de ajuda orçamental.
3. O FADM pode ainda conceder crédito para financiar, nas condições a acordar com
o Governo e os beneficiários, acções e medidas credíveis que visem promover o restabele-
cimento do equilíbrio financeiro estrutural e a prevenção de situações de ruptura financeira
em que, eventualmente, se encontrem os municípios.
Artigo 3º
Cooperação técnica e harmonização
1. A Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde (ANMCV) promove o apoio
técnico na gestão e execução dos projectos, designadamente nos seguintes aspectos:
a) Traduzir os planos em programas e estes em projectos;
b) Prestar assessoria técnica na organização de concursos, na gestão financeira,
na elaboração e harmonização dos relatórios financeiros e de progresso, na
concepção de fichas de projectos e cronogramas de trabalho, entre outros;
c) Elaboração de fichas de projectos;
d) Monitorização dos projectos;
e) Facilitar a comunicação entre a Administração Central e Local.

348
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho

2. Os meios financeiros indispensáveis à realização das tarefas previstas no número


anterior são negociados entre a ANMCV e os seus associados que, querendo, podem desti-
nar uma percentagem dos financiamentos concedidos pelo FADM para o apoio técnico na
gestão e execução dos projectos.
Artigo 4º
Financiamento do Fundo
1. O FADM é constituído principalmente por recursos provenientes das seguintes do-
tações anuais do Orçamento de Estado:
a) Verbas a afectar exclusivamente à concessão de crédito para financiamento de
projectos, nos termos das alíneas a) e b) do artigo 2º do presente diploma;
b) Créditos ou donativos, incluindo a ajudar alimentar, disponibilizados ao país
pela cooperação internacional, através do mecanismo de ajuda orçamental, e
destinados ao financiamento de projectos dos municípios, suas associações ou
organização da sociedade civil convencionadas nos termos da lei;
2. O FADM pode ainda ser financiado por:
a) Donativos feitos por entidades públicas e privadas ou particulares, nacionais e
estrangeiras;
b) Outros recursos que por lei, regulamento ou contrato lhe vier a ser destinado.
Artigo 5º
Princípios de gestão
Sem prejuízo dos demais princípios estabelecidos na lei, a transferência, utilização e
justificação dos fundos concedidos pelo FADM aos beneficiários obedecem aos princípios
da transparência, do rigor e boa gestão dos recursos públicos.
Artigo 6º
Regime jurídico
O FADM rege-se pelas normas constantes da lei que estabelece o regime jurídico geral
dos serviços autónomos, fundos autónomos e institutos públicos, dos presentes estatutos,
e supletivamente, pelo regime legal de direito público aplicável aos serviços simples da
Administração Pública.
Artigo 7º
Republicação
São republicados, em anexo, que é parte integrante do presente Decreto-Regulamentar,
os estatutos do Fundo Autónomo de Desenvolvimento Municipal (FADM).
Artigo 8º
Revogação
Fica revogado o Decreto-Regulamentar n.º 6/2003, de 6 de Outubro, que aprova os
Estatutos do Fundo Autónomo de Desenvolvimento Municipal.

349
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho

Artigo 9º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
José Maria Pereira Neves - João Pinto Serra - Júlio Lopes Correia
Promulgado em 10 de Julho de 2005.
Publique-se.
O Presidente da Republica, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Referendo em 10 de Julho de 2005.
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves
ESTATUTOS DO FUNDO AUTÓNOMO
DE DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL
CAPÍTULO I
Denominação, natureza e objecto e atribuições
Artigo 1º
Denominação e Natureza
O Fundo Autónomo de Desenvolvimento Municipal (FADM), é um fundo do Estado,
dotado de autonomia administrativa e financeira, funcionando sob a direcção superior do
membro do Governo responsável pela área das Finanças e Planeamento.
Artigo 2º
Objecto
O FADM tem por objecto o reforço da cooperação técnica e financeira entre a Admi-
nistração Central e as Autarquias Locais, bem como favorecer o desenvolvimento regional
e local.
Artigo 3º
Atribuições
1. O FADM tem por finalidade captar recursos financeiros a serem canalizados para o
financiamento de projectos de desenvolvimento local.
2. As principais atribuições típicas do FADM são as seguintes:
a) Conceder crédito a uma taxa de juro não superior à taxa de redesconto do
Banco de Cabo Verde para a realização de projectos de desenvolvimento lo-
cal e regional promovidos pelos municípios, suas associações ou empresas,
incluindo as iniciativas promovidas em parceria com privados;
b) Conceder crédito a uma taxa zero;

350
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho

c) Financiar, a título não reembolsável, os projectos dos municípios, suas as-


sociações e organização da sociedade civil convencionadas nos termos da lei,
ao abrigo de acordos de créditos ou donativos, incluindo a ajuda alimentar,
disponibilizados ao país pela cooperação internacional, através do mecanismo
de ajuda orçamental.
3. O FADM pode ainda conceder crédito para financiar, nas condições a acordar com
o Governo e os beneficiários, acções e medidas credíveis que visem promover o restabele-
cimento do equilíbrio financeiro estrutural e a prevenção de situações de ruptura financeira
em que, eventualmente, se encontrem os Municípios.
CAPITULO II
Órgãos e Serviços
SECÇÃO I
Órgãos
Artigo 4º
Enumeração
São órgãos do FADM:
a) O Conselho de Administração;
b) O Director Executivo;
c) Conselho Consultivo.
Sub-Secção I
Conselho de Administração
Artigo 5º
Natureza e composição
1. O Conselho de Administração é o órgão deliberativo colegial do FADM, sendo
composto por um presidente e três vogais efectivos em representação do Governo e dos
municípios.
2. São membros do Conselho de Administração, em representação do Governo, os
seguintes indivíduos:
a) O Director-Geral do Planeamento, que preside;
b) O Director-Geral da Administração Local;
c) O Director-Geral do Tesouro.
3. Os municípios fazem representar-se no Conselho de Administração por um vogal.
4. Os membros efectivos a que se refere os números anteriores, e respectivos suplentes,
são designados pelos membros do Governo que superintendem as correspondentes áreas e
pelos órgãos competentes da Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde.

351
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho

5. Os membros suplentes substituem plenamente os efectivos nas suas ausências e


impedimentos.
6. O Director Executivo participa nas reuniões do Conselho de Administração prestan-
do todas as informações necessárias, mas sem direito a voto.
Artigo 6º
Substituição do Presidente
O Presidente é substituído nos seus impedimentos e ausências pelo representante da
Direcção-Geral da Administração Local ou por quem for designado pelo membro do Go-
verno responsável pela área das finanças.
Artigo 7º
Competências
1. Compete ao Conselho de Administração, no domínio de organização e funciona-
mento:
a) Aprovar os projectos de orçamento e do plano de actividades e submetê-los à
homologação do membro do Governo responsável pelas Finanças;
b) Aprovar os instrumentos de prestação de contas;
c) Aprovar os projectos de regulamento interno e submetê-los à homologação do
membro do Governo responsável pelas áreas das Finanças;
d) Exercer as demais competências por lei atribuídas aos fundos autónomos.
2. Compete ainda ao Conselho de Administração na prossecução das atribuições do
FADM:
a) Estabelecer prioridades de aplicação dos recursos do FADM, sem prejuízo dos
previstos na lei ou regulamentos;
b) Examinar a viabilidade técnica, económica e financeira dos projectos que lhe
são submetidos;
c) Apreciar e aprovar os pedidos de concessão de créditos ou financiamento de
projectos e autorizar a assinatura dos correspondentes contratos;
d) Acompanhar a execução dos projectos financiados e aplicação e amortização
dos créditos concedidos, garantindo a correcta utilização dos recursos;
e) Controlar a situação dos financiamentos, bem como providenciar a cobrança
dos inadimplentes.
Artigo 8º
Funcionamento e deliberações
1. O Conselho de Administração reúne-se ordinariamente uma vez por mês, podendo
o Presidente ou quem o substitua, por iniciativa própria ou por proposta de qualquer dos
membros, convocar as reuniões extraordinárias que julgar necessárias.

352
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho

2. As convocatórias são entregues aos membros com a antecedência mínima de três


dias úteis e indicam a ordem do dia, a data, hora e local da reunião e anexam, quando o haja,
cópia do expediente relevante para deliberação.
3. Para a validade das deliberações exige-se a presença da maioria do número legal dos
seus membros, desde que um dos membros seja o Presidente ou o seu substituto.
4. As deliberações são aprovadas por maioria relativa de votos dos presentes, tendo o
Presidente ou quem o substitua, em caso de empate, voto de qualidade.
5. As deliberações do Conselho de Administração devem constar de acta, devidamen-
te lavrada, aprovada e assinada pelos membros que estiverem presentes naquela reunião,
cuja cópia deve ser remetida sempre ao membro do Governo responsável pelas áreas das
finanças.
6. O Conselho de Administração é secretariado pelo Director Executivo do FADM.
7. O funcionamento das reuniões do Conselho de Administração é disciplinado pelo
Regimento Interno a ser aprovado pelos seus membros.
Artigo 9º
Duração de funções de membro do Conselho de Administração
1. As funções de membro do Conselho de Administração têm a duração de três anos,
renovável sucessivamente por igual período.
2. A cessação de funções de qualquer membro do Conselho de Administração no cargo
de origem determina a perda automática daquela qualidade e implica a sua imediata subs-
tituição.
Artigo 10º
Gratificação
Os Administradores têm direito a uma gratificação a ser estabelecida por despacho do
membro do Governo responsável pelas áreas das finanças.
Artigo 11º
Princípios de isenção e imparcialidade
Os membros do Conselho de Administração, independentemente do serviço ou insti-
tuição que representam, devem actuar com rigorosa isenção e imparcialidade na apreciação
e selecção dos projectos sujeitos a financiamento.
Sub-Secção II
Director Executivo
Artigo 12º
Natureza
O Director Executivo é o órgão executivo singular do FADM.

353
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho

Artigo 13º
Competências
1. Compete, nomeadamente, ao Director Executivo:
a) Executar as deliberações do Conselho de Administração;
b) Assegurar a gestão quotidiana do FADM;
c) Elaborar, propor e executar os instrumentos de gestão previsional;
d) Elaborar os instrumentos de prestação de contas e submetê-los ao Conselho de
Administração;
e) Elaborar as minutas dos contratos de mútuo ou concessão de financiamento
em observância das normas pertinentes;
f) Receber e analisar os pedidos de concessão de crédito ou financiamento do
ponto de vista da sua regularidade formal e material com as normas aplicáveis
e solicitar os elementos em falta, antes da sua submissão à decisão do Con-
selho de Administração;
g) Acompanhar a execução dos acordos de financiamento, qualquer que ele seja,
e diligenciar no sentido do seu integral cumprimento;
h) Efectuar as transferências bancárias decorrentes dos créditos ou financiamen-
tos concedidos, mediante prévia autorização do Conselho de Administração;
i) Receber e analisar os relatórios de progresso e prestação de contas, em articu-
lação com os sectores competentes e a ANMCV;
j) Manter actualizada a contabilidade do FADM, bem como um banco de dados
com todos os elementos sobre o desbloqueamento e justificação de verbas, o
tempo e a regularidade da amortização do crédito concedido;
k) Propor ao Presidente do Conselho de Administração a requisição da inter-
venção da fiscalização interna sempre que razões ponderosas o exijam;
l) Participar, prestar informação e secretariar as reuniões do Conselho de Ad-
ministração.
2. No exercício das competências previstas nas alíneas f) e i) do número anterior o
Director Executivo elabora ou providencia a elaboração do competente parecer fundamen-
tado e submete-o à apreciação e decisão do Conselho de Administração.
Artigo 14º
Nomeação
1. O Director Executivo é nomeado em comissão ordinária de serviço ou contratado
pelo membro do Governo responsável pelas áreas das finanças, de entre técnicos superio-
res vinculados à função pública central ou local, com grau de licenciatura e reconhecida

354
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho

capacidade e experiência profissional de pelo menos cinco anos, sob proposta do Conselho
de Administração.
2. O Director Executivo exerce funções em regime de tempo inteiro.
Artigo 15º
Duração de funções de Director Executivo
1.As funções de Director Executivo têm a duração de três anos, renovável expressa-
mente por igual período.
2. As funções de Director Executivo cessa automaticamente, sem direito a qualquer
indemnização, com a perda da qualidade de membro do Conselho de Administração, quais-
quer que sejam os motivos.
Artigo 16º
Incompatibilidades
O cargo de Director Executivo é incompatível com o de eleito municipal.
Sub-Secção III
Conselho Consultivo
Artigo 17º
Natureza e composição
1. O Conselho Consultivo é um órgão de consulta, coordenação e expressão dos di-
versos interesses legítimos, públicos e privados, que se manifestam e se interpenetram no
âmbito das atribuições do FADM.
2. O Conselho Consultivo integra um representante de cada um dos seguintes serviços
ou instituições:
a) Direcção-Geral do Orçamento;
b) Sectores governamentais competentes em razão da matéria relativamente a
projectos financiados através do mecanismo de ajuda orçamental;
c) Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde;
d) Município convidado de forma rotativa, sob proposta da Associação Nacional
dos Municípios de Cabo Verde;
e) Plataforma das Organizações não Governamentais (ONGs);
f) Parceiros de cooperação internacional, quando se preveja discutir matéria ati-
nente a projectos por eles financiados.
2. Os membros do Conselho Consultivo elegem entre si o Presidente cujo mandato é
de dois anos.
3. Nas reuniões do Conselho Consultivo participam, sem direito a votos, os membros
do Conselho de Administração e o Director Executivo que prestarão toda a informação que
entenderem ser pertinente e que for solicitada.

355
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho

Artigo 18º
Reuniões e funcionamento
1. O Conselho Consultivo tem uma reunião ordinária trimestralmente e, extraordinaria-
mente, sempre que necessário, por iniciativa do seu Presidente ou a pedido do Presidente do
Conselho de Administração ou da Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde.
2. As convocatórias são entregues aos membros com a antecedência mínima de sete
dias úteis e indicam os membros convocados, a ordem do dia, a data, hora e local da reu-
nião e anexam, quando o haja, cópia do expediente relevante para deliberação.
3. Para a validade das deliberações exige-se a presença da maioria do número legal dos
seus membros, desde que um dos membros seja o Presidente ou o seu substituto.
4. As deliberações são aprovadas por maioria absoluta de votos dos presentes, tendo o
Presidente ou quem o substitua, em caso de empate, voto de qualidade.
5. As deliberações do Conselho Consultivo devem constar de acta, devidamente la-
vrada, aprovada e assinada pelos membros que estiverem presentes naquela reunião, cuja
cópia deve ser remetida sempre ao Conselho de Administração e ao Membro do Governo
responsável pelas áreas das finanças.
6. No início de cada reunião é indicado um membro encarregue de lavrar a respectiva
acta.
7. O Conselho Consultivo aprova o seu Regimento Interno de funcionamento.
Artigo 19º
Competência
Compete, nomeadamente, ao Conselho Consultivo:
a) Salvaguardar a expressão dos legítimos interesses públicos e privados, bem
como a transparência e equidade na repartição dos fundos postos à disposição
do FADM;
b) Acompanhar as actividades do FADM e apresentar propostas concretas, com
vista à melhoria da qualidade e eficácia da sua actividade;
c) Debater e emitir pareceres fundamentados referentes aos assuntos que lhe se-
jam especialmente submetidos, bem assim a definição de prioridades quanto
aos projectos a financiar.
Secção II
Serviços de Apoio
Artigo 20º
Serviços técnicos e administrativos
1. O apoio técnico, administrativo e financeiro de que o FADM necessitar na prosse-
cução dos seus objectivos são assegurados pelo departamento governamental responsável

356
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho

pela área das Finanças e Planeamento, especialmente através da Direcção Geral do Plane-
amento e da Direcção-Geral do Tesouro.
2. Mediante prévia autorização do Conselho de Administração, o Director Executivo
pode adquirir no mercado bens e serviços de que necessite o FADM para a prossecução
das suas atribuições, mediante contrato de direito privado ou administrativo, desde que em
qualidade e custos aceitáveis.
3. Exceptua-se do número anterior, os serviços considerados urgentes e inadiáveis,
os quais podem ser contratados e adquiridos e submetidos posteriormente à ratificação do
Conselho de Administração na primeira reunião seguinte.
Artigo 21º
Secretário
1. O FADM dispõe de um Secretário a quem compete coadjuvar o Director Executivo
no exercício das suas funções.
2. O Secretário é escolhido por mecanismos de mobilidade interna ou nomeado nos
termos da lei, a quem cabe, nomeadamente, o seguinte:
a) Organizar e manter actualizado o arquivo do FADM:
b) Realizar a contabilização diária de todos os movimentos financeiros efectua-
dos;
c) Executar as actividades de recepção, triagem, controlo e expedição de corre-
spondências e documentos.
CAPÍTULO III
Gestão Económica e Financeira
Artigo 22º
Autonomia administrativa e financeira
O FADM goza de autonomia administrativa e financeira e, como tal, dispõe de orça-
mento privativo e em cuja execução arrecada as suas receitas e efectua as suas despesas.
Artigo 23º
Receitas
1. Constituem receitas do FADM as dotações para o efeito inscritas anualmente no
Orçamento de Estado, designadamente:
a) Os recursos afectos à concessão de crédito;
b) As verbas provenientes da cooperação internacional, através do mecanismo
de ajuda orçamental, e destinadas ao financiamento de projectos;
c) Os recursos indispensáveis à cobertura das despesas do seu próprio funciona-
mento.

357
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho

2. Constituem ainda receitas do FADM:


a) Os donativos feitos por entidades públicas ou privadas e particulares, nacion-
ais ou estrangeiras;
b) Empréstimos contraídos, nos termos da lei;
c) Os juros legais do crédito concedido ou depósitos constituídos a seu favor;
d) Juros de mora do crédito concedido;
e) Os rendimentos cobrados por serviços prestados;
f) Os saldos de gerência anteriores;
g) Quaisquer outras receitas que, por lei, regulamento ou determinação superior,
lhe sejam destinadas.
Artigo 24º
Despesas
Constituem despesas do FADM:
a) Os créditos a conceder aos Municípios e suas Associações e os respectivos
custos;
b) Os financiamentos de projectos a conceder nos termos do presente diploma;
c) A s despesas resultantes do seu próprio funcionamento, incluído a contratação
de serviços, aquisição, manutenção e conservação dos bens de que careça para
o efeito.
Artigo 25º
Conta bancária do fundo
1. O FADM dispõe de uma conta bancária a abrir junto do Tesouro sobre na qual se re-
gistam a crédito e a débito os movimentos necessários para a execução do seu orçamento.
2. A conta é movimentada a crédito e a débito nas condições estabelecidas anualmente
na Lei do Orçamento do Estado e de execução orçamental.
3. Os cheques e outros documentos para movimentação de depósitos bancários, levan-
tamentos e transferências, são assinados pelo presidente do Conselho de Administração ou,
na ausência e impedimentos deste, pelo seu substituto e pelo Director Executivo.
Artigo 26º
Créditos
1. Podem beneficiar do crédito concedido pelo FADM:
a) Os Municípios;
b) As Associações de Municípios, nacionais ou regionais, reconhecidas legal-
mente;

358
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho

c) As Empresas Públicas Municipais ou Intermunicipais;


d) Os Institutos Públicos Municipais;
e) Os Serviços e Fundos Autónomos Municipais ou Intermunicipais.
2. O crédito a conceder às instituições e serviços referidos nas alíneas c) a e) para
financiar projectos é feito, conforme couber, através dos respectivos municípios ou asso-
ciações de municípios.
Artigo 27º
Financiamentos de projectos
Os municípios, suas associações e as organizações da sociedade civil, estas conven-
cionadas nos termos da lei, podem beneficiar do financiamento de projectos, a título não
reembolsável, nas condições previstas no presente diploma e seus regulamentos.
Artigo 28º
Assinatura de contrato
1. A disponibilização do crédito ou financiamento tem lugar a partir da data da assina-
tura do correspondente contrato, nas condições e formas acordadas.
2. O contrato de empréstimo reviste obrigatoriamente a forma de escritura pública,
funcionando como notário privativo o funcionário da Direcção-Geral do Tesouro que for
indicado pelo Director-Geral.
3. Os contratos de concessão de crédito e financiamentos são assinados pelo Presiden-
te do Conselho de Administração ou, na sua ausência e impedimentos, pelo seu substituto.
Artigo 29º
Regime financeiro
1. A actividade financeira do FADM processa-se em conformidade com as normas da
Contabilidade Pública.
2. O FADM está sujeito ao controlo interno exercido pela Inspecção-Geral de Fi-
nanças e ao controlo financeiro externo exercido pelo Tribunal de Contas, nos termos da
legislação aplicável.
3. O FADM deve apresentar, designadamente, os seguintes documentos de prestação
de contas:
a) Relatório semestral e anual de actividades;
b) Conta anual de gerência;
c) Balancete mensal.

359
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18 de Julho

CAPÍTULO IV
Direcção do Governo
Artigo 30º
Poderes
1. No exercício dos poderes de direcção, compete especialmente ao Membro do Go-
verno responsável pela área das Finanças:
a) Definir a orientação das actividades a desenvolver pelo FADM;
b) Solicitar e obter as informações e documentos julgados necessários;
c) Ordenar inspecções e inquéritos ao funcionamento do FADM, sempre que tal
se mostrar necessário;
d) Exercer os demais poderes que lhe são atribuídos por lei.
2. Estão ainda sujeitos à homologação da entidade que exerce os poderes de di-
recção:
d) Os programas de actividades anual e plurianuais;
b) O orçamento anual;
e) Os regulamentos internos.
O Ministro da Administração Interna, Júlio Lopes Correia.

360
Decreto nº 113/90, de 8 de Dezembro

SERVIÇOS MUNCIPAIS AUTÓNOMOS


Decreto nº 113/90
de 8 de Dezembro
Convindo estabelecer a organização e o funcionamento dos serviços municipais autó-
nomos, nos termos do artigo 99º do Decreto-Lei nº 52-A/90, de 4 de Julho;
Tendo sido ouvidos todos os municípios, por força do artigo 21º de Lei nº 47/III/89,
de 13 de Julho.
No uso da faculdade conferida pelo artigo 77º da Constituição, o Governo decreta o
seguinte:
Artigo 1º
(Objecto)
1. O município poderá autonomizar serviços para satisfação de necessidades colecti-
vas das populações respectivas, quando sejam de interesse relevante para a colectividade
municipal ou a iniciativa privada os não proveja satisfatoriamente e a gestão autónoma se
mostra a mais eficiente.
2. Poderão ser estabelecidos serviços autónomos para a gestão das seguintes activi-
dades:
a) Abastecimento de água;
b) Produção e distribuição de energia eléctrica;
c) Exploração de equipamentos urbanos como cinemas, mercados, feiras, frigo-
ríficos, balneários, lavadouros e similares;
d) Transporte colectivo de pessoas e mercarias;
e) Turismo interno;
f) Abate, transporte e comercialização de carnes verdes;
g) Exploração agro-pecuária;
h) Aproveitamento e transformação de águas de esgotos e de lixos;
i) Construções, obras e reparações;
j) Oficinas.
Artigo 2º
(Proposta fundamentada)
A autorização de serviço far-se-á mediante proposta fundamentada do conselho muni-
cipal, demonstrando, nomeadamente, a sua viabilidade nos aspectos económico, financeiro
e técnico.

361
Decreto nº 113/90, de 8 de Dezembro

Artigo 3º
(Modo de gestão)
Os serviços municipais autónomos são geridos em termos empresariais, por conta e
risco do município, gozando de autonomia administrativa e financeira, dentro da adminis-
tração municipal.
Artigo 4º
(Órgãos de gestão)
1. A gestão de cada serviço municipal autónomo compete a um conselho de gestão
composto por um presidente e dois vogais designados pelo conselho municipal de entre
pessoas de reconhecida idoneidade e capacidade, por um ano, prorrogável.
2. Quando for julgado conveniente pelo conselho municipal, poderá um mesmo con-
selho de gestão gerir dois ou mais serviços autónomos do município. Nas hipóteses deste
número, poderá a constituição do conselho de gestão ser aumentada até cinco membros.
3. A orientação técnica e a direcção administrativa do serviço autónomo poderão ser
confiada pelo conselho municipal a um director-delegado, sob proposta fundamentada do
respectivo conselho de gestão e mediante contrato.
Artigo 5º
(Conselho de gestão)
1. Compete ao conselho de gestão:
a) Aprovar o respectivo regimento;
b) Submeter à apreciação do conselho municipal os projectos de programa de
actividades, de regulamentos do serviço autónomo, de orçamento, de tarifas,
de quadro de pessoal e regime remuneratório e bem assim o relatório da ex-
ploração e resultados, com o inventário, balanço e contas respectivas;
c) Propor ao conselho municipal as medidas tendente a melhorar a organização
e o funcionamento do serviço;
d) Fiscalizar e superintender na actuação do director-delegado.
2. Das deliberações do conselho de gestão cabe recurso para o conselho municipal.
Artigo 6º
(Director-delegado)
1. O director-delegado é responsável perante o conselho de gestão por tudo o que res-
peite ao regular funcionamento do serviço, competindo-lhe praticar todos os actos de ges-
tão administrativa, de pessoal, técnico e económico-financeiro necessários ou convenientes
a esse fim e nomeadamente:
a) Recrutar24, exercer acção disciplinar pessoal;
b) Elaborar os projectos, relatório, inventário, balanços e contas referidos no nº
1.b) do artigo 5º;

362
Decreto nº 113/90, de 8 de Dezembro

c) Executar as deliberações do conselho de gestão e do conselho municipal con-


cernentes ao serviço.
2. O director-delegado assiste às reuniões do conselho de gestão sem direito a voto,
para efeitos de consulta e informação.
3. Quando não tenha sido designado director-delegado, as respectivas funções incum-
bem ao presidente do conselho de gestão.
Artigo 7º
(Gestão financeira)
1. O serviço municipal autónomo tem orçamento privativo, o qual será anexado no
orçamento municipal, inscrevendo-se neste os totais das suas despesas e receitas.
2. O serviço municipal autónomo possui contabilidade própria de conformidade com
o Plano Nacional de Contabilidade.
3. As tarifas a fixar pelo serviço municipal autónomo não devem ser inferiores aos res-
pectivos encargos previsionais de exploração e de administração, acrescidos do montante
necessário à reintegração do equipamento.
4. O serviço municipal autónomo constituirá, obrigatoriamente, uma reserva geral para
investimentos, prejuízos eventuais, depreciações e amortizações extraordinárias, à qual
será consignada uma percentagem dos lucros de cada exercício a fixar pela Assembleia
Municipal.
5. Os lucros líquidos de exploração pertencem ao município, a quem cabe também co-
brir os prejuízos que porventura resultam de exploração, quando não possam ser cobertos
pela reserva no nº 4.
6. O relatório balanço e contas do serviço municipal autónomo serão anexados à conta
de gerência do município para efeitos de aprovação e julgamento desta, depois de aprova-
dos pelo conselho municipal.
7. A contracção de empréstimos para satisfação das necessidades de exploração ou
desenvolvimento dos serviços municipais autónomos compete exclusivamente aos órgãos
municipais, nos termos da lei.
Artigo 8º
(Vigência)
O presente diploma entra imediatamente em vigor.
Pedro Pires – João Pereira Silva – Arnaldo França – Eduardo Rodrigues – Eurico
Monteiro.
Promulgado em 27 de Novembro de 1990.
Publique-se.
O Presidente da República, ARISTIDES MARIA PEREIRA.

363
Decreto nº 113/90, de 8 de Dezembro

364
Decreto nº 113/90, de 8 de Dezembro

VIII - EMPRESAS PÚBLICAS

365
Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho

366
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro

REGIME DO SECTOR EMPRESARIAL DO ESTADO


Lei nº 47/VII/2009
de 7 de Dezembro
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do artigo
174º da Constituição o seguinte:
CAPÍTULO I
Disposições gerais
Secção I
Sector Empresarial do Estado e empresas públicas
Artigo 1º
Objecto
O presente diploma tem por objecto estabelecer o regime do Sector Empresarial do
Estado, incluindo as bases gerais do estatuto das empresas públicas do Estado.
Artigo 2º
Âmbito
O regime previsto no presente diploma aplica-se ainda às empresas detidas ou parti-
cipadas, total ou parcialmente, isolada ou conjuntamente, directa ou indirectamente, por
quaisquer entidades públicas empresariais.
Artigo 3º
Sector Empresarial do Estado
O Sector Empresarial do Estado integra as empresas públicas e as empresas participadas, nos
termos do artigo 4º.
Artigo 4º
Definições
1. Para efeitos do presente diploma, entende-se por:
a) Empresas públicas:
i) Sociedades constituídas nos termos da lei comercial, nas quais o Estado ou
outras entidades públicas estaduais possam exercer, isolada ou conjuntamente,
de forma directa ou indirecta, uma influência dominante em virtude de alguma
das seguintes circunstâncias: detenção da maioria do capital ou dos direitos
de voto; ou de direito de designar ou de destituir a maioria dos membros dos
órgãos de gestão ou de administração ou de fiscalização;
ii) As entidades públicas empresariais, enquanto pessoas colectivas de direito públi-
co, com natureza empresarial, criadas pelo Estado e reguladas no capítulo III;
b) Empresas participadas: Organizações empresariais que tenham uma participa-
ção permanente do Estado ou de quaisquer outras entidades públicas estadu-

367
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro

ais, de carácter administrativo ou empresarial, por forma directa ou indirecta,


desde que o conjunto das participações públicas não origine qualquer das situ-
ações previstas na alínea a);
c) Participações permanentes: as que não tenham objectivos exclusivamente fi-
nanceiros, sem qualquer intenção de influenciar a orientação ou a gestão da
empresa por parte das entidades participantes;
d) Empresas públicas encarregadas da gestão de serviços de interesse geral:
aquelas cujas actividades devam assegurar a universalidade e continuidade
dos serviços prestados, a coesão económica e social e a protecção dos consu-
midores, sem prejuízo da eficácia económica e do respeito dos princípios de
não discriminação e transparência.
2. Para efeitos da alínea c) do número 1, presume-se a natureza permanente das parti-
cipações sociais representativas de mais de 10% do capital social da entidade participada,
com excepção daquelas que sejam detidas por empresas do sector financeiro.
Artigo 5º
Criação de empresas públicas sob forma societária
1. As empresas públicas sob forma societária em que o Estado detém a totalidade ou
a maioria do capital social são criadas por acto legislativo, o qual aprovará os respectivos
estatutos.
2. O Estado pode ainda constituir uma empresa pública sob a forma de sociedade anó-
nima unipessoal, de cujas acções seja único titular, nos termos da lei comercial, devendo
observar todos os demais requisitos de constituição das sociedades anónimas.
Artigo 6º
Categorias de empresas públicas
1. As empresas públicas são classificadas em diferentes categorias, aferidas com base
em níveis de dimensão, que ponderam, designadamente:
a) O volume de negócios;
b) O número médio de trabalhadores;
c) O activo líquido;
d) O grau de concorrência na actividade em causa; e
e) O desenvolvimento tecnológico.
2. Nas empresas públicas constituídas em grupo, a empresa-mãe deve ser aferida com
base nos níveis de dimensão consolidados.
3. A graduação para a classificação a efectuar nos termos do número 1 é estabelecida
mediante resolução do Conselho de Ministros.

368
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro

4. A resolução prevista no número anterior explicita os critérios objectivos utilizados


e a respectiva ponderação, devendo a classificação ser actualizada sempre que se revele
necessário.
5. A classificação de acordo com a graduação resultante das alíneas d) e e) do número 1 é
estabelecida por despacho conjunto dos membros do governo responsáveis pela área das finan-
ças e pelo respectivo sector de actividade.
6. A classificação das empresas públicas releva, nos termos da lei, para efeitos de
determinação do Estatuto remuneratório dos gestores públicos, nos termos do respectivo
Estatuto.
Artigo 7º
Missão das empresas públicas e do Sector Empresarial
do Estado
A actividade das empresas do Sector Empresarial do Estado deve orientar-se no senti-
do da obtenção de níveis adequados de satisfação das necessidades da colectividade, bem
como desenvolver-se segundo parâmetros exigentes de qualidade, economia, eficiência e
eficácia, contribuindo igualmente para o equilíbrio económico e financeiro do conjunto do
sector público.
Artigo 8º
Sectores empresariais municipais
Além do Estado, apenas dispõem de sectores empresariais próprios os Municípios e as
suas associações, nos termos de legislação especial, relativamente à qual o presente diplo-
ma tem natureza supletiva.
Artigo 9º
Enquadramento das empresas participadas
1. Sem prejuízo das autonomias atribuídas às entidades públicas estaduais, de carácter
administrativo ou empresarial, detentoras de participações, ou reconhecidas aos municípios
e às suas associações, uma empresa participada por diversas entidades públicas integra-se
no sector empresarial da entidade que, no conjunto das participações do sector público, seja
titular da maior participação relativa.
2. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, a integração das empresas partici-
padas no Sector Empresarial do Estado aplica-se apenas à respectiva participação pública,
designadamente no que se refere ao seu registo e controlo, bem como ao exercício dos
direitos de accionista, cujo conteúdo deve levar em consideração os princípios decorrentes
do presente diploma e demais legislação aplicável.
3. Os membros dos órgãos de gestão ou de administração das empresas participadas de-
signados ou propostos pelo Estado, directamente ou através das sociedades a que se refere
o número 3 do artigo 13º, ficam sujeitos ao regime jurídico aplicável aos gestores públicos,
nos termos do respectivo Estatuto.

369
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro

4. Para efeitos de classificação das empresas participadas apenas relevam os critérios


definidos nas alíneas a), b) e c) do número 1 do artigo 6º.
Secção II
Direito aplicável
Artigo 10º
Regime jurídico geral
1. Sem prejuízo do disposto na legislação aplicável às empresas públicas intermunici-
pais e municipais, as empresas públicas regem-se pelo direito privado, salvo no que estiver
disposto no presente diploma e nos diplomas que tenham aprovado os respectivos estatutos.
2. As empresas públicas estão sujeitas a tributação directa e indirecta, nos termos ge-
rais.
3. É vedada às empresas do Sector Empresarial do Estado a realização de quaisquer
despesas confidenciais não documentadas.
4. As empresas participadas estão sujeitas ao regime jurídico comercial, laboral e fis-
cal, ou de outra natureza, aplicável às empresas cujo capital e controlo é exclusivamente
privado, sem prejuízo do previsto no presente diploma.
Artigo 11º
Sujeição às regras da concorrência
1. As empresas públicas estão sujeitas às regras gerais de concorrência vigentes em
Cabo Verde.
2. Das relações entre empresas públicas e o Estado ou outros entes públicos não po-
dem resultar situações que, sob qualquer forma, sejam susceptíveis de impedir, falsear ou
restringir a concorrência no todo ou em parte do território nacional.
3. As empresas públicas e as empresas participadas regem-se pelo princípio da trans-
parência financeira e a sua contabilidade deve ser organizada de modo a permitir a iden-
tificação de quaisquer fluxos financeiros entre elas e o Estado ou outros entes públicos,
bem como garantir o cumprimento das exigências nacionais em matéria de concorrência e
auxílios públicos.
Artigo 12º
Derrogações
O disposto nos números 1 e 2 do artigo anterior não prejudica regimes derrogatórios
especiais, devidamente justificados, sempre que a aplicação das normas gerais de concor-
rência seja susceptível de frustrar, de direito ou de facto, as missões confiadas às empresas
públicas incumbidas da gestão de serviços de interesse geral ou que apoiem a gestão do
património do Estado.

370
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro

Secção III
Outras disposições
Artigo 13º
Função accionista do Estado
1. Os direitos do Estado como accionista são exercidos através da Direcção-Geral do
Tesouro, sob a direcção do membro do Governo responsável pela área das Finanças, que
pode delegar, em conformidade com as orientações previstas no artigo seguinte e mediante
a prévia coordenação, por despacho conjunto, com o ministro responsável pelo sector.
2. Os direitos de outras entidades públicas estaduais como accionistas são exercidos
pelos órgãos de gestão ou de administração respectivos, com respeito pelas orientações
decorrentes da superintendência e pela tutela que sobre elas sejam exercidas.
3. Os direitos referidos nos números anteriores podem ser exercidos indirectamente,
através de sociedades de capitais exclusivamente públicos.
4. As entidades responsáveis pelo exercício da função accionista, nos termos do pre-
sente artigo, devem estar representadas no órgão de gestão ou de administração das em-
presas públicas, através de um membro não executivo, ou, caso a estrutura de gestão da
empresa não preveja a existência destes membros, no respectivo órgão de fiscalização.
Artigo 14º
Orientações de gestão
1. Com vista à definição do exercício da gestão das empresas públicas, são emitidas
orientações estratégicas de carácter plurianual destinadas à globalidade do Sector Empre-
sarial do Estado, através de Resolução do Conselho de Ministros.
2. Com a mesma finalidade, podem ainda ser emitidas as seguintes orientações:
a) Orientações gerais, definidas através de despacho conjunto do membro do
Governo responsável pela área das Finanças, e do ministro responsável pelo
sector de actividade e destinadas a um conjunto de empresas públicas no mes-
mo sector de actividade;
b) Orientações específicas, definidas através de despacho conjunto do membro
do Governo responsável pela área das Finanças e do ministro responsável
pelo sector de actividade ou de deliberação accionista, consoante se trate de
entidade pública empresarial ou de sociedade, respectivamente, e destinadas
individualmente a uma empresa pública.
3. As orientações previstas nos números anteriores reflectem-se nas deliberações a
tomar em assembleia geral pelos representantes públicos ou, tratando-se de entidades pú-
blicas empresariais, na preparação e aprovação dos respectivos planos de actividades e de
investimento, bem como nos contratos de gestão a celebrar com os gestores públicos, nos
termos da lei.

371
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro

4. As orientações gerais e específicas podem envolver metas quantificadas e contem-


plar a celebração de contratos entre o Estado e as empresas públicas, bem como fixar parâ-
metros ou linhas de orientação para a determinação da remuneração dos gestores públicos,
nos termos do respectivo Estatuto e tendo em conta a classificação prevista no artigo 6º.
5. Compete ao membro do Governo responsável pela área das Finanças e ao ministro
responsável pelo sector de actividade, que podem delegar, directamente ou através das so-
ciedades previstas no número 3 do artigo anterior, a verificação do cumprimento das orien-
tações previstas nos números 1 e 2, podendo emitir recomendações para a sua prossecução.
6. A verificação do cumprimento daquelas orientações é tida em conta na avaliação de
desempenho dos gestores públicos, nos termos da lei.
7. O disposto nos números anteriores não prejudica a especificação em cada diploma
constitutivo de empresa pública dos demais poderes de tutela e superintendência que ve-
nham a ser estabelecidos.
Artigo 15º
Controlo financeiro
1. As empresas públicas estão sujeitas a controlo financeiro que compreende, designa-
damente, a análise da sustentabilidade e a avaliação da legalidade, economia, eficiência e
eficácia da sua gestão.
2. Sem prejuízo das competências atribuídas pela lei ao Tribunal de Contas, o controlo
financeiro das empresas públicas compete à Inspecção-Geral das Finanças.
3. As empresas públicas adoptam procedimentos de controlo interno adequados a ga-
rantir a fiabilidade das contas e demais informação financeira, bem como a articulação com
as entidades referidas no número anterior.
Artigo 16º
Deveres especiais de informação e controlo
1. Sem prejuízo do disposto na lei comercial quanto à prestação de informações aos
accionistas, devem as empresas públicas facultar ao membro do Governo responsável pela
área das Finanças e ao membro do Governo responsável pelo respectivo sector de activida-
de, directamente ou através das sociedades previstas no número 3 do artigo 13º, os seguin-
tes elementos, visando o seu acompanhamento e controlo:
a) Projectos dos planos estratégicos plurianuais, sujeitos a aprovação em assem-
bleia geral ou por despacho conjunto, consoante se tratem de sociedades co-
merciais ou entidades públicas empresariais, respectivamente, bem como dos
planos de actividade anuais e plurianuais, devidamente quantificados, de que
são parte integrante;
b) Projectos dos orçamentos anuais, incluindo estimativa das operações financei-
ras com o Estado, também sujeitos a aprovação em assembleia geral ou por

372
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro

despacho conjunto, consoante o caso, os quais deverão concretizar os planos


anuais de actividades, devidamente quantificados, de que são parte integrante;
c) Planos de investimento anuais e plurianuais e respectivas fontes de financia-
mento;
d) Documentos de prestação anual de contas;
e) Relatórios trimestrais de execução orçamental, acompanhados dos relatórios
do órgão de fiscalização sempre que exigíveis;
f) Cópias das actas da assembleia geral e das deliberações sociais unânimes por
escrito;
g) Cópia das actas do organismo de gestão ou de administração;
h) Quaisquer outras informações e documentos solicitados para o acompanha-
mento da situação da empresa e da sua actividade, com vista, designadamente,
a assegurar a boa gestão dos fundos públicos e a evolução da sua situação
económico-financeira.
2. O endividamento ou assunção de responsabilidades de natureza similar fora do
balanço, a médio-longo prazo, ou a curto prazo, se excederem em termos acumulados 30 %
do capital e não estiverem previstos nos respectivos orçamento ou plano de investimentos,
estão sujeitos a autorização do Ministro das Finanças e do ministro responsável pelo sector
de actividade ou da assembleia geral, consoante se trate de entidade pública empresarial ou
de sociedade, respectivamente, tendo por base proposta do órgão de gestão ou de adminis-
tração da respectiva empresa pública.
3. As informações abrangidas pelo número 1 são prestadas pelas empresas públicas nas
condições que venham a ser estabelecidas por despacho do Ministro das Finanças.
4. As sociedades participadas pelas sociedades de capitais exclusivamente públicos a
que se refere o número 3 do artigo 13º remetem através destas as informações referidas no
número 1 do presente artigo.
Artigo 17º
Relatórios
Os relatórios anuais das empresas, além dos elementos que caracterizem as respectivas
situações económicas e financeiras, contêm:
a) As orientações de gestão fixadas ao abrigo do artigo 14º que sejam aplicadas
à empresa em causa;
b) A estrutura e composição dos órgãos sociais;
c) Os principais elementos curriculares e as funções exercidas por cada um dos
membros do órgão de gestão e administração;

373
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro

d) Quando for caso disso, as funções exercidas por qualquer membro dos órgãos
de gestão ou de administração noutra empresa;
e) Os processos de selecção dos gestores profissionais independentes, quando
existam;
f) Informação sobre o modo e as condições de cumprimento, em cada exercício,
de funções relacionadas com a gestão de serviços de interesse geral, sempre
que esta se encontre cometida a determinadas empresas, nos termos dos arti-
gos 32º a 34º;
g) Informação sobre o efectivo exercício de poderes de autoridade por parte de
empresas que sejam titulares desse tipo de poderes, nos termos previstos no
artigo 19º;
h) A indicação do número de reuniões do órgão de gestão ou de administração,
com referência sucinta às matérias versadas;
i) Os montantes das remunerações dos membros do órgão de gestão ou de admi-
nistração e o modo como são determinados, incluindo todos os complementos
remuneratórios de qualquer espécie, os regimes de previdência, bem como o
custo total para a empresa dos encargos respeitantes à função de administra-
ção e o peso de cada membro no custo total, em cada exercício;
j) Os relatórios de auditoria externa;
k) A indicação das pessoas e das entidades encarregues da auditoria externa;
l) A indicação dos administradores executivos e não executivos.
Artigo 18º
Obrigação de informação
1. O órgão de gestão ou de administração das empresas públicas dá a conhecer, anu-
almente, em aviso a publicar no Boletim Oficial, as seguintes informações, sem prejuízo de,
por despacho do membro do Governo responsável pela área das Finanças, se determinar as
condições da sua divulgação complementar:
a) A estrutura e a composição dos órgãos sociais da empresa;
b) Os principais elementos curriculares e as qualificações dos membros do órgão
de gestão ou de administração das empresas;
c) Quando seja o caso, os cargos ocupados pelos membros do órgão de gestão ou
de administração noutras empresas;
d) As remunerações totais, variáveis e fixas auferidas, seja qual for a sua nature-
za, atribuídas a cada membro do órgão de gestão ou de administração distin-

374
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro

guindo entre funções executivas e não executivas, bem como as remunerações


auferidas por cada membro do órgão de fiscalização;
e) Outros elementos que sejam fixados em Resolução do Conselho de Ministros.
2. As condições de publicação do aviso referido no número anterior são objecto de des-
pacho do membro do Governo responsável pela edição do Boletim Oficial e do membro do
Governo responsável pela área das Finanças.
Artigo 19º
Poderes de autoridade
1. Podem as empresas públicas exercer poderes e prerrogativas de autoridade de que
goza o Estado, designadamente quanto a:
a) Utilização, protecção e gestão das infra-estruturas afectas ao serviço público;
b) Licenciamento e concessão, nos termos da legislação aplicável à utilização do
domínio público, da ocupação ou do exercício de actividades que se enqua-
dram no seu objecto social, nos terrenos, edificações e outras infra-estruturas
que lhe estejam afectas.
2. Os poderes especiais são atribuídos por diploma legal, em situações excepcionais
e na medida do estritamente necessário à prossecução do interesse público, ou constam de
contrato de concessão.
Artigo 20º
Gestores públicos
Os membros dos órgãos de gestão ou de administração das empresas públicas, inde-
pendentemente da respectiva forma jurídica, ficam sujeitos ao Estatuto do Gestor Público
a aprovar por Decreto-Lei.
Artigo 21º
Estatuto do pessoal
1. O estatuto do pessoal das empresas públicas é o do regime do contrato individual
de trabalho.
2. A matéria relativa à contratação colectiva rege-se pela lei geral.
Artigo 22º
Comissões de serviço
1. Podem exercer funções de carácter específico nas empresas públicas, em comissão
de serviço, funcionários do Estado e dos institutos públicos, das autarquias locais, bem como
trabalhadores de quaisquer empresas públicas, os quais manterão todos os direitos inerentes ao
seu quadro de origem, incluindo os benefícios de aposentação ou reforma e pensão de sobre-
vivência, considerando-se todo o período da comissão como serviço prestado nesse quadro.

375
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro

2. Os trabalhadores das empresas públicas podem exercer, em comissão de serviço,


funções no Estado, institutos públicos, autarquias locais ou em outras empresas públicas,
mantendo todos os direitos inerentes ao seu estatuto profissional na empresa de origem,
considerando-se todo o período na comissão como serviço prestado na empresa de origem.
3. Os trabalhadores em comissão de serviço, nos termos dos números anteriores, po-
dem optar pelo vencimento correspondente ao seu quadro de origem ou pelo corresponden-
te às funções que vão desempenhar.
4. O vencimento e demais encargos dos trabalhadores em comissão de serviço são da
responsabilidade da entidade onde se encontrem a exercer funções.
Artigo 23º
Tribunais competentes
1. Para efeitos de determinação da competência para julgamento dos litígios, incluindo
recursos contenciosos, respeitantes a actos praticados e a contratos celebrados no exercício
dos poderes de autoridade a que se refere o artigo 19º, são as empresas públicas equipara-
das a entidades administrativas.
2. Nos demais litígios seguem-se as regras gerais de determinação da competência
material dos tribunais.
Secção IV
Estruturas de órgãos sociais
Artigo 24º
Estruturas de órgãos sociais das empresas públicas
Sem prejuízo do disposto no Código das Empresas Comerciais, pode ser determinada
pelo membro do Governo responsável pela área das Finanças e pelo ministro do respectivo
sector de actividade a adopção da estrutura de órgãos sociais para as empresas públicas,
atendendo à classificação efectuada ao abrigo do artigo 6º.
Artigo 25º
Titulares de órgãos de gestão executivos e não executivos
1. O órgão de gestão ou de administração pode compreender gestores executivos e não
executivos, sempre em número ímpar.
2. O órgão de gestão ou de administração pode constituir em comissão executiva os gesto-
res executivos, ou quando existir apenas um, constitui-lo como gestor executivo único.
3. Quando expressamente definido nas orientações estratégicas específicas, podem os
membros do órgão de gestão ou de administração contratar um gestor profissional indepen-
dente para as funções de gestor executivo, remetendo-se neste caso o referido órgão para
funções não executivas.
4. Compete aos gestores executivos constituídos ou não em comissão assegurar a ges-
tão quotidiana da empresa, bem como exercer as funções que o órgão de gestão e de admi-
nistração neles delegue.

376
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro

Artigo 26.º
Mesa da assembleia geral
1. A mesa da assembleia geral deve ser composta por um presidente e por um secre-
tário.
2. O secretário da mesa é um colaborador interno ou externo da empresa, individual ou
em representação de uma sociedade de advogados.
Artigo 27.º
Órgão de fiscalização
1. O órgão de fiscalização pode assumir a forma de conselho fiscal, composto por um
presidente e dois vogais efectivos, devendo um deles ser um contabilista ou auditor certi-
ficado.
2. Quando o órgão de fiscalização assumir a figura de fiscal único, deve observar os
termos previstos pelo Código das Empresas Comerciais.
Artigo 28º
Representante do Estado
1. Compete ao representante do Estado na assembleia geral zelar e assegurar que as
orientações estratégicas são executadas de forma racional.
2. O representante do Estado é o elo privilegiado de comunicação entre as empre-
sas públicas sob a forma societária e o Governo, sem prejuízo de o membro do Governo
responsável pelo sector de actividade onde a empresa se insere e o membro do Governo
responsável pela área das finanças poderem criar estruturas específicas de supervisão e
avaliação da actividade das empresas.
Artigo 29º
Dissolução do órgão de gestão e administração
das empresas públicas
1. Os órgãos de gestão ou de administração das empresas públicas podem ser dissol-
vidos em caso de:
a) Grave violação, por acção ou omissão, da lei ou dos estatutos da empresa;
b) Não observância, nos orçamentos de exploração e investimento, dos objecti-
vos fixados pelo accionista de controlo ou pela tutela;
c) Desvio substancial entre os orçamentos e a respectiva execução;
d) Grave deterioração dos resultados do exercício ou da situação patrimonial, quan-
do não provocada por razões alheias ao exercício das funções pelos gestores.
2. A dissolução compete aos órgãos de eleição ou de nomeação dos gestores, requer audi-
ência prévia, pelo menos, do presidente do órgão e é devidamente fundamentada.

377
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro

3. A dissolução nos termos previstos no número 1 implica a cessação do mandato de


todos os membros do órgão dissolvido, não havendo lugar a qualquer subvenção ou com-
pensação pela cessação de funções.
4. Os órgãos de gestão ou de administração podem, ainda, ser livremente dissolvidos inde-
pendentemente dos fundamentos constantes do número anterior, com direito a indemnização,
nos termos do Estatuto de Gestor Público.
Artigo 30º
Regimento
O órgão de gestão ou de administração elabora e aprova um regimento, do qual cons-
tam, designadamente:
a) As tarefas ou os pelouros atribuídos a cada administrador;
b) As comissões que entenda criar, e as respectivas funções;
c) A periodicidade e as regras relativas às reuniões;
d) A forma de dar publicidade às deliberações.
Artigo 31º
Auditoria externa
1. Sem prejuízo do disposto no Código das Empresa Comerciais, a contratação de au-
ditorias externas pode ser determinada pelo membro do Governo responsável pela área das
Finanças e pelo Ministro do respectivo sector de actividade.
2. Compete ao órgão de gestão ou de administração promover a contratação de audito-
res externos, submetendo-a à aprovação da assembleia geral ou aos membros do Governo
com tutela sobre a empresa, consoante se trate de sociedades ou de entidades públicas
empresariais, respectivamente.
CAPÍTULO II
Empresas públicas encarregadas da gestão
de serviços de interesse geral
Artigo 32º
Remissão
Salvo quando a lei dispuser diversamente, os termos em que a gestão de empresas
encarregadas da gestão de serviços de interesse geral é atribuída e exercida constam de
contrato de concessão.
Artigo 33º
Princípios orientadores
As empresas públicas encarregadas da gestão de serviços de interesse geral devem prosse-
guir as missões que lhe estejam confiadas no sentido, consoante os casos, de:
a) Prestar os serviços de interesse geral sem discriminação de zonas rurais e de
ilhas;

378
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro

b) Promover o acesso da generalidade dos cidadãos, em condições financeiras


equilibradas, a bens e serviços essenciais, procurando, que todos os utiliza-
dores tenham direito a tratamento idêntico e neutro, sem quaisquer discrimi-
nações, quer quanto ao funcionamento dos serviços, quer quanto a taxas ou
contraprestações devidas, a menos que o interesse geral o justifique;
c) Assegurar o cumprimento das exigências de prestação de serviços de carácter
universal relativamente a actividades económicas ou outras cujo acesso se en-
contre legalmente vedado a empresas privadas e a outras entidades da mesma
natureza;
d) Garantir o fornecimento de serviços ou a gestão de actividades cuja rendi-
bilidade não se encontra assegurada, em especial devido aos investimentos
necessários ao desenvolvimento de infra-estruturas ou redes de distribuição
ou, ainda, devido à necessidade de realizar actividades comprovadamente de-
ficitárias;
e) Zelar pela eficácia da gestão das redes de serviços públicos, procurando, de-
signadamente, que a produção, o transporte e distribuição, a construção de
infra-estruturas e a prestação do conjunto de tais serviços se procedam de
forma articulada, tendo em atenção as modificações organizacionais impostas
por inovações técnicas ou tecnológicas;
f) Cumprir obrigações específicas, relacionadas com a segurança, com a con-
tinuidade e qualidade dos serviços e com a protecção do ambiente, devendo
tais obrigações ser claramente definidas, transparentes, não discriminatórias e
susceptíveis de controlo.
Artigo 34º
Contratos com o Estado
1. Para a realização das finalidades previstas no artigo anterior pode o Estado recorrer
à celebração de contratos com as empresas públicas encarregadas da gestão de serviços de
interesse geral, contemplando, designadamente, a atribuição de indemnizações compensa-
tórias na medida do estritamente necessário à prossecução do interesse público.
2. Estes contratos visam assegurar a adaptação permanente à evolução das circuns-
tâncias, inclusive técnicas e tecnológicas, e à satisfação das necessidades colectivas, con-
ciliando a eficácia económica dos operadores com a manutenção da coesão social e a luta
contra a exclusão.
3. Os contratos a que se refere o presente artigo, que envolvam a assunção de obrigações
ou de compromissos financeiros por parte do Estado ou de outras entidades públicas, devem
prever a respectiva quantificação e validação, cabendo aos serviços competentes do membro do
Governo responsável pela área das Finanças a emissão de parecer prévio à sua celebração, bem
como o acompanhamento geral da execução das suas cláusulas financeiras.
4. O regime das indemnizações compensatórias consta de diploma especial.

379
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro

Artigo 35º
Participação dos utentes
1. O Estado promove o desenvolvimento de formas de concertação com os utentes ou
organizações representativas destes, bem como da sua participação na definição dos objec-
tivos das empresas públicas encarregadas da gestão de serviços de interesse geral.
2. O direito de participação dos utentes na definição dos objectivos das empresas pú-
blicas encarregadas da gestão de serviços de interesse económico geral é regulado por
decreto-lei.
CAPÍTULO III
Entidades públicas empresariais
Artigo 36º
Direito aplicável
Regem-se pelas disposições do presente capítulo e, subsidiariamente, pelas restantes
normas deste diploma as pessoas colectivas de direito público, com natureza empresarial,
criadas pelo Estado e doravante designadas “entidades públicas empresariais”.
Artigo 37º
Criação
1. As entidades públicas empresariais são criadas por decreto-lei, o qual aprova tam-
bém os respectivos estatutos.
2. A denominação das entidades públicas empresariais deve integrar a expressão «En-
tidade Pública Empresarial» ou as iniciais «E. P. E.».
3. As entidades empresariais podem iniciar o seu funcionamento em regime de insta-
lação, nos termos da lei geral.
4. A criação de uma entidade pública empresarial será sempre precedida de um estudo
sobre a sua necessidade e implicações financeiras e sobre os seus efeitos relativamente ao
sector em que vai exercer a sua actividade.
Artigo 38º
Autonomia e capacidade jurídica
1. As entidades públicas empresariais são dotadas de autonomia administrativa e finan-
ceira e têm património próprio, não estando sujeitas às normas da contabilidade pública.
2. A capacidade jurídica das entidades públicas empresariais abrange todos os direitos
e obrigações necessários ou convenientes à prossecução do seu objecto.
Artigo 39º
Capital
1. As entidades públicas empresariais têm um capital, designado «capital estatutário»,
detido pelo Estado e destinado a responder às respectivas necessidades permanentes.

380
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro

2. O capital estatutário pode ser aumentado ou reduzido nos termos previstos nos es-
tatutos.
3. A remuneração do capital estatutário é efectuada de acordo com o regime previsto
para a distribuição dos lucros do exercício nas sociedades anónimas.
Artigo 40º
Órgãos
1. A administração e a fiscalização das entidades públicas empresariais devem estru-
turar-se segundo as modalidades e com as designações previstas para as sociedades anóni-
mas.
2. Os órgãos de administração e fiscalização têm as competências genéricas previstas
na lei comercial, sem prejuízo do disposto no presente diploma.
3. Os estatutos podem prever a existência de outros órgãos, deliberativos ou consulti-
vos, definindo as respectivas competências.
4. Os estatutos regularão, com observância das normas legais aplicáveis, a competência
e o modo de designação dos membros dos órgãos a que se referem os números anteriores.
Artigo 41º
Registo comercial
As entidades públicas empresariais estão sujeitas ao registo comercial nos termos ge-
rais, com as adaptações que se revelem necessárias, com isenção de todas as taxas ou
emolumentos.
Artigo 42º
Tutela
1. A tutela económica e financeira das entidades públicas empresariais é exercida pelo
membro do Governo responsável pela área das Finanças e pelo ministro responsável pelo
respectivo sector de actividade de cada empresa, sem prejuízo do respectivo poder de su-
perintendência.
2. A tutela abrange:
a) A aprovação dos planos de actividades e de investimento, orçamentos e con-
tas, assim como de dotações para capital, subsídios e indemnizações compensa-
tórias;
b) A homologação de preços ou tarifas a praticar por empresas que explorem
serviços de interesse geral ou exerçam a respectiva actividade em regime de
exclusivo, salvo quando a sua definição competir a outras entidades indepen-
dentes;
c) Os demais poderes expressamente referidos nos estatutos.

381
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro

Artigo 43º
Regime especial de gestão
1. Em circunstâncias excepcionais devidamente justificadas, podem as entidades pú-
blicas empresariais ser sujeitas a um regime especial de gestão, por prazo determinado que
não exceda dois anos, em condições fixadas mediante Resolução do Conselho de Ministros.
2. A Resolução prevista no número anterior determina a cessação automática das fun-
ções dos titulares dos órgãos de administração em exercício.
Artigo 44º
Plano de actividades e orçamento anual
1. As entidades públicas empresariais preparam para cada ano económico o orçamento
anual, o qual deve ser completado com os desdobramentos necessários para permitir a des-
centralização de responsabilidades e o adequado controlo de gestão.
2. Os projectos do orçamento anual, do plano de actividades e dos planos de inves-
timento anuais e plurianuais e respectivas fontes de financiamento são elaborados com
respeito pelos pressupostos macroeconómicos, pelas orientações estratégicas previstas no
artigo 14º e pelas directrizes definidas pelo Governo, bem como, quando for caso disso, por
contratos de gestão ou contratos-programa celebrados com o Estado, e devem ser remeti-
dos para aprovação, até 30 de Novembro do ano anterior, ao membro do Governo respon-
sável pela área das Finanças e ao Ministro responsável pelo respectivo sector de actividade.
3. O orçamento anual deve ser objecto de aprovação expressa, através de despacho
conjunto dos membros do Governo responsáveis pela área das Finanças e pelo sector de
actividade de cada empresa, consagrando deste modo a autorização para a realização das
actividades e respectivos custos previstos.
4. Em casos especiais, pode o prazo referido no número 2 ser antecipado através de
despacho conjunto dos membros do Governo responsáveis pela área das Finanças e pelo
sector de actividade de cada empresa.
Artigo 45º
Prestação de contas
1. As entidades públicas empresariais devem elaborar, com referência a 31 de Dezem-
bro do ano anterior, os documentos de prestação de contas, remetendo-os à Inspecção-Geral
das Finanças e à Direcção-Geral do Tesouro, nos prazos em que nas sociedades anónimas
se deve proceder à disponibilização daqueles documentos aos accionistas.
2. Os documentos referidos no número anterior são aprovados pelos membros do Go-
verno responsáveis pela área das Finanças e pelo sector de actividade de cada empresa.
Artigo 46º
Transformação, fusão e cisão
A transformação das entidades públicas empresariais bem como a respectiva fusão ou cisão
operam-se, em cada caso, através de decreto-lei e nos termos especiais nele estabelecidos.

382
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro

Artigo 47º
Extinção
1. Pode ser determinada por decreto-lei a extinção de entidades públicas empresariais,
bem como o subsequente processo de liquidação.
2. Não são aplicáveis as regras gerais sobre dissolução e liquidação de sociedades, nem
as dos processos especiais de recuperação e falência, salvo na medida do expressamente
determinado pelo decreto-lei referido no número anterior.
CAPÍTULO IV
Disposições finais e transitórias
Artigo 48º
Alteração dos estatutos
1. Quando os estatutos das empresas públicas sejam aprovados ou alterados por acto
legislativo, devem os mesmos ser republicados em anexo ao referido acto legislativo.
2. A alteração de estatutos de empresas públicas sob forma societária pode ser efec-
tuada nos termos da lei comercial, carecendo de autorização prévia mediante despacho
conjunto dos membros do Governo responsáveis pela área das Finanças e pelo sector de
actividade de cada empresa.
Artigo 49º
Extensão a outras entidades
1. Os direitos de accionista do Estado ou de outras entidades públicas estaduais a que
se refere o presente diploma, nas sociedades em que, mesmo conjuntamente, não detenham
influência dominante, são exercidos, respectivamente, pela Direcção-Geral do Tesouro ou
pelos órgãos de gestão ou de administração das entidades titulares.
2. As sociedades em que o Estado exerça uma influência significativa, seja por deten-
ção de acções que representam mais de 10 % do capital social, seja por detenção de direi-
tos especiais de accionista, devem apresentar na Direcção-Geral do Tesouro a informação
destinada aos accionistas, nas datas em que a estes deva ser disponibilizada, nos termos da
legislação aplicável às sociedades comerciais.
3. Os direitos referidos nos números anteriores podem ser exercidos, indirectamente,
nos termos previstos no número 3 do artigo 13º.
4. Às empresas privadas encarregadas da gestão de serviços de interesse geral, por for-
ça de concessão ou da atribuição de direitos especiais ou exclusivos, é aplicável o disposto
nos artigos 12º, 15º e 16º e no capítulo II.
5. Podem ser sujeitas ao regime estabelecido no presente diploma, no todo ou em parte,
com excepção do constante do seu capítulo III, as empresas nas quais o Estado ou outras en-
tidades públicas disponham de direitos especiais, desde que os respectivos estatutos assim o
prevejam.

383
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro

Artigo 50º
Constituição de sociedades e aquisição ou alienação de partes de capital
1. Sem prejuízo do disposto em legislação especial, a participação do Estado ou de
outras entidades públicas estaduais, bem como das empresas públicas, na constituição de
sociedades e na aquisição ou alienação de partes de capital está sujeita a autorização me-
diante despacho conjunto dos membros do Governo responsáveis pela área das Finanças e
pelo sector de actividade de cada empresa, excepto nas aquisições que decorram de dação
em cumprimento, doação, renúncia ou abandono.
2. Para efeitos do disposto no número anterior, o pedido de autorização deve ser acompa-
nhado por um estudo demonstrativo do interesse e viabilidade da operação pretendida.
3. O incumprimento do disposto no número 1 determina a nulidade do negócio jurí-
dico em causa.
Artigo 51º
Orientações estratégicas de gestão e contratos de gestão
1. Por ocasião das assembleias gerais ordinárias realizadas até ao ano de 2011 são aprovadas as
primeiras orientações estratégicas de gestão a que se refere o artigo 14º.
2. Devem celebrar-se contratos de gestão envolvendo metas quantificadas, entre os ges-
tores públicos e o Estado, sempre que estes forem considerados necessários, expressamente
previstos no despacho conjunto emitido pelos membros do Governo responsáveis pela área das
Finanças e pelo sector de actividade de cada empresa, onde se define as orientações de gestão
especificas e os objectivos.
Artigo 52º
Desenvolvimento e regulamentação
1. O Governo desenvolve e regulamenta o presente diploma no prazo de um ano após a
sua entrada em vigor.
2. Compete ainda ao Governo aprovar o diploma referente ao Estatuto do Gestor Pú-
blico e a resolução relativa aos Princípios de Bom Governo aplicáveis às empresas públi-
cas, no prazo de 120 dias após a entrada em vigor do presente diploma.
Artigo 53º
Revisão e adaptação
1. Os estatutos de empresas públicas que contrariem o disposto no presente diploma
devem ser revistos e adaptados em conformidade com o mesmo, no prazo máximo de seis
meses após o início da sua vigência.
2. O disposto no presente diploma prevalece sobre os estatutos das entidades referi-
das no número anterior que, decorrido o prazo aí mencionado, não tenham sido revistos e
adaptados.

384
Lei nº 47/VII/2009, de 7 de Dezembro

Artigo 54º
Revogação
1. É revogada a Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho, sem prejuízo do disposto no número
3.
2. As remissões constantes de quaisquer diplomas, legais ou regulamentares, para o
regime da Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho, entendem-se feitas para as disposições do pre-
sente diploma.
3. Até à entrada em vigor do diploma que regula as empresas públicas municipais,
mantém-se transitoriamente em vigor a Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho, em relação às
mesmas.
Artigo 55º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor no prazo de 60 dias a contar da sua publicação.
Aprovada em 30 de Outubro de 2009.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima
Promulgada em 19 de Novembro de 2009
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Assinada em 23 de Novembro de 2009
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima

385
Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho

BASES GERAIS DAS EMPRESAS PÚBLICAS


Lei nº 104/V/99
de 12 de Julho
Por mandato do povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do
artigo 186º da Constituição o seguinte:
Artigo 1º
(Objecto)
A presente lei estabelece as bases gerais das empresas públicas.
Artigo 2º
(Definições de empresa pública)
1. É pública a empresa cujo capital seja detido, de forma directa, unicamente pelo
Estado ou por um município.
2. Quando pertença ao município e a empresa pública designa-se por empresa pública
municipal.
Artigo 3º
(Forma e registo)
1. A empresa pública assume uma das formas de sociedade comercial prevista na lei.
2. A empresa pública está sujeita a registo comercial nos mesmos termos que a socie-
dade comercial cuja forma assuma.
Artigo 4º
(Criação)
1. A empresa pública só pode ser criada quando, cumulativamente:
a) Se destina a explorar, em regime da concessão, serviço público ou de utilidade
pública ou a desenvolver actividades consideradas estratégicas;
b) A iniciativa privada não possa prover adequadamente em termos de qualidade
e custo, ao serviço referido na alínea a);
c) Esteja demonstrada, por estudo independente, a viabilidade económica e fi-
nanceira da empresa numa perspectiva de longo prazo.
2. A empresa pública é criada por Decreto-Regulamentar assinado pelo Primeiro-
Ministro, pelos ministros responsáveis pela área de Finanças e do Planeamento e pelos mi-
nistros responsáveis pelos sectores a que corresponde directamente o objecto da empresa
3. A empresa pública municipal é criada por deliberação da Assembleia Municipal,
tomada sobre proposta da Câmara Municipal e sujeita a aprovação tutelar por portaria con-
junta dos ministros referidos no nº 2 e do ministro que exerça a tutela sobre as autarquias
locais.

386
Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho

4. O Decreto-Regulamentar e a portaria previstos nos números 2 e 3 também aprovam


o estatuto da empresa, o qual só pela mesma forma pode ser alterado.
5. O estatuto deve conter as mesmas menções e especificações exigida por lei para o
pacto social da forma de sociedade comercial que a empresa assuma e outros impostos pela
presente lei.
Artigo 5º
(Lei aplicável)
A empresa pública rege-se pelas presentes bases gerais e, subsidiariamente, pelas nor-
mas legais e regulamentares aplicáveis à forma de sociedades comercial que assuma.
Artigo 6º
(Assembleia geral e conselho fiscal)
1. A intervenção do Estado ou do Município na respectiva empresa publica é feita atra-
vés da sua representação e actuação na assembleia-geral e no conselho fiscal respectivos.
2. O Estado é representado na assembleia-geral de empresa pública por um delega-
do do Governo especialmente credenciado pelo Primeiro-Ministro, ouvido os ministros
responsáveis pelas Finanças, pelo Planeamento e pelo sector ou sectores a que se refira o
objecto estatuário de empresa.
3. O Município é representado na assembleia-geral da empresa pública municipal por
um delegado especialmente credenciado para o efeito pela respectiva câmara municipal,
sob proposta do seu presidente, ouvido o vereador ou vereadores responsáveis pelo pelouro
a que respeita o objecto estatuária da empresa,
4. O Estado é representado no conselho fiscal da empresa pública por tês auditores
designados pelo ministro responsável pela área das Finanças de entre auditores ou conta-
bilistas certificados ou personalidades de reconhecida competência em auditoria ou conta-
bilidade.
5. O município é representado no conselho fiscal da empresa pública municipal por
três auditores designados pela assembleia municipal por maioria absoluta de votos dos seus
membros, de entre auditores ou contabilistas certificados ou personalidades de reconhecida
competência em auditoria ou contabilidade.
6. A assembleia-geral, a que pode assistir qualquer cidadão, é convocada e presidida
pelo delegado do Governo ou da câmara municipal, funciona desde que o mesmo esteja
presente e delibera pelo voto que emitir, o qual deve conformar-se com as orientações re-
cebidas. A assembleia-geral é secretariada por quem for indicado pelo delegado, cabendo
ao secretário elaborar e submeter a aprovação da assembleia-geral a acta da reunião, na
parte final da mesma. Para a assembleia-geral devem ser convocados a administração e o
conselho fiscal da empresa.
7. As orientações a que se refere o nº 6 competem ao Primeiro-ministro e ao Presiden-
te da Câmara municipal, os quais podem delegar, respectivamente, em outro membro do
Governo ou em vereador.

387
Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho

8. Em caso de urgência reconhecidos e fundamentados pelo Governo ou pela Câma-


ra Municipal, as deliberações são apenas exaradas pelo delegado no livro de actas, sem
reunião formal da assembleia-geral. É, porém, obrigatória a reunião formal da assembleia-
geral para deliberar sobre as matérias especificadas nos números 1 e 4 do artigo 7º
Artigo 7º
(Poderes da assembleia geral)
1. À assembleia-geral da empresa pública compete, para além do disposto na lei para a
assembleia-geral da forma de sociedade comercial que assuma, o seguinte:
2. Definir a estratégia, os objectos e as metas a prosseguir pela empresa, tendo em
vista a sua integração e enquadramento nas opções e estratégia de desenvolvimento e nas
políticas públicas sectoriais e regionais definidas, sem prejuízo da autonomia necessária a
uma gestão eficiente;
3. Ordenar inspecções ou auditoria à empresa;
4. Exigir e obter as informações de gestão de outras consideradas necessárias ou con-
venientes para acompanhar de modo eficaz e eficiente a actividade da empresa ou para
verificar actos específicos de gestão;
Aprovar:
a) Os planos de actividade e financeiros e os orçamentos, anuais e plurianuais, da
empresa.
b) A contracção de empréstimo a médio e longo prazo, a emissão de obrigações,
a aquisição, oneração e alienação de participação social ou de imóveis não
perspectiva nos planos de actividade e financeiros aprovados.
c) A politica de preso, quando a empresa explore serviço ou exerça actividades
em regime de exclusivo ou em oligopólio.
d) A politica salarial e o estatuto do pessoal.
e) O balanço e contas, a constituição de reservas e a aplicação de resultados;
f) O mais que for expressa e taxativamente indicado no estatuto da empresa.
Artigo 8º
(Património)
1. A empresa pública tem património próprio que administra livremente, sem sujeição
às normas relativa ao domínio público ou privado do Estado ou dos municípios, salvo dis-
posição expressa em contrário.
2. A empresa pública administra ainda os bens do domínio público ou privado do Es-
tado ou do município afectos ao serviço público o seu cargo, devendo manter actualizado o
respectivo cadastro e inventário e sujeitando-se ao respectivo regime jurídico especial.

388
Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho

Artigo 9º
(Capital estatutária)
O capital da empresa pública é fixado no respectivo estatuto.
Artigo 10º
(Estatuto e responsabilidades dos administradores)
O estatuto dos administradores de empresa pública é o dos administradores de socie-
dade comercial cuja forma aquela assuma.
Os administradores das empresas públicas respondem civilmente perante estas pelos
prejuízos que lhes causem em virtude de incumprimento dos deveres da função, sem preju-
ízo da responsabilidade criminal e disciplinar em que eventualmente incorram.
Artigo 11º
(Principio de gestão)
A gestão de empresa pública deve ser conduzida de forma a assegurar a sua viabilida-
de económica e o seu equilíbrio financeiro, com respeito pelo seguinte principio:
a) Adaptação da oferta à procura economicamente rentável, excepto quando se-
jam acordado com Estado ou município especiais obrigações de interesse pú-
blico.
b) Obtenção de custos que permitam o equilíbrio da gestão a médio prazo;
c) Obtenção de índices de produtividade compatíveis com as exigências de
desenvolvimento local, regional e nacional;
d) Evolução da massa salarial adequada aos ganhos de produtividade, ao equilí-
brio financeiro da empresa e à politica de rendimento e preços;
e) Subordinação dos investimentos a critérios de gestão empresarial, nomeada-
mente em termos da taxa de rendibilidade, período de recuperação do capital e
grau de risco, excepto quando tenham, excepcional e fundamentalmente, sido
acordado outros critérios com o Governo ou o município;
f) Adequação dos recursos financeiros à natureza dos activos a financiar;
g) Compatibilização da estrutura financeira com a rendibilidade da exploração e
com o grau de risco da actividade;
h) Adopção progressiva de uma gestão por objectivos, assente na desconcen-
tração e delegação de responsabilidade e adaptação à dimensão da empresa.
Artigo 12º
(Empréstimo)
As empresas públicas podem contrair empréstimos a curto, médio e longo prazo,
em moeda nacional e estrangeira, bem como emitir obrigações.

389
Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho

Artigo 13º
(Subsidio e empréstimo sem juros)
1. O Estado, o Município respectivo e outras entidades públicas podem conceder sub-
sídio ou empréstimo sem juros a empresas públicas, em contrapartida de imposições espe-
ciais de politica pública económica e sociais.
2. A concessão de subsídio e empréstimo sem juros nos termos do presente artigo é
precedida, obrigatoriamente, de rigorosa quantificação das imposições especiais.
Artigo 14º
(Contrato-programa)
Sempre que o Governo ou município determinar à empresa pública a prossecução de
objectivos sectoriais específicos, deve estabelecer com ela o respectivo contrato-programa,
no qual serão definidas as obrigações recíprocas e o plano de actividade de empresa para o
período a que respeita.
Artigo 15º
(Auditoria e fiscalização)
As empresas pública estão sujeitas a auditoria e fiscalização económico-financeira do
departamento governamental das Finanças, o qual poderá, para o efeito recorrer aos servi-
ços de auditoria extremos idóneos.
Artigo 16º
(Prestação de contas)
1. As empresas públicas devem elaborar, com referência ao último dia de cada ano
económico-fiscal, os documentos de prestação de contas.
2. Os documentos de prestação de contas devem ser enviadas ao ministro ou ministros
responsáveis pelo sector correspondente ao objecto da empresa e aos ministros responsá-
veis pelas áreas das finanças e do planeamento, até quarenta e cinco dias após do termo do
ano económico fiscal a que respeitam.
3. Tratando-se de empresas publicas municipais, os documentos de prestação de con-
tas são enviadas as respectivas câmara municipal e assembleia municipal bem como aos
ministros referidos no nº 2 e ao membro do Governo que exerce a tutela sobre os municí-
pios.
4. As empresas públicas devem, a expensas próprias, promover a auditoria externa
das suas contas e gestão, por sociedade revisora de contas idóneas. O relatório de auditoria
deve, obrigatoriamente, ser apenso aos documentos de prestação de contas.
5. As contas das empresas públicas são, depois de aprovadas, publicadas no Boletim
oficial e em um dos jornais mais lido do país, a expensas da empresa.
6. A não apresentação de documentos de prestação de contas no prazo e forma devidos
é sancionada disciplinarmente e, quando reiterada, implica a demissão da administração da
empresa.

390
Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho

Artigo 17º
(Agrupamento, fusão e cisão)
1. O Governo ou Município podem:
a) Agrupar duas ou mais empresas públicas ou estabelecer outras formas de co-
operação entre elas;
b) Fundir duas ou mais empresas públicas, quer por incorporação numa delas,
quer mediante a criação de uma nova empresa;
c) Extinguir uma empresa pública e dividir o respectivo património, passando
cada uma das partes resultantes a constituir uma nova empresa pública.
d) Destacar parte do património de uma empresa pública já existente, que se
mantém em funcionamento, e integrar a parte destacada em empresa já ex-
istente ou com ela criar uma nova empresa pública.
2. O agrupamento, a função a cisão-extinção e a cisão sem extinção prevista no nº 1
são determinados por decreto- regulamentar ou por deliberação da assembleia municipal
sujeita a aprovação tutelar nos mesmos termos do nº 3 do artigo 4º devendo tais instrumen-
tos, também, conforme o caso.
a) Definir os órgãos de coordenação de agrupamento, bem como o grau de inte-
gração funcional das empresas agrupadas.
b) Alterar os estatutos da empresa incorporante ou aprovar os estatutos da nova
empresa resultante da fusão.
c) Regular a repartição ou o destaque do activo e passivo da empresa cindida.
Artigo 18º
(Extinção – liquidação)
1. O Governo ou o município pode extinguir empresa pública que possua pondo termo
às suas actividades, com liquidação dos respectivos patrimónios.
2. A extinção e entrada em liquidação são determinadas por decreto regulamentar ou
por deliberação da assembleia municipal, sob proposta da câmara municipal.
3. A empresa extinta mantém a personalidade e capacidade jurídica para efeitos de
liquidação, até a aprovação final das contas pela comissão liquidatária.
4. O Governo regula por Decreto-Lei a composição e a competência da comissão liqui-
datária, bem como o processo de verificação do passivo, realização do activo e pagamento
dos credores das empresas públicas extintas com liquidação do respectivo património.
Artigo 19º
(Privatização)
As empresas públicas podem ser privatizadas, por alienação das participações so-
ciais do Estado ou do município ou por cessão da sua exploração a entidades privadas, nos
termos da lei de privatização.

391
Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho

Artigo 20º
(Não aplicação)
As formas de extinção de empresas públicas são unicamente as previstas nos artigos
17º a 19º do presente diploma, não se lhes aplicando as regras sobre dissolução e liquidação
de sociedades, nem os institutos da falência e da insolvência.
Artigo 21º
(Desenvolvimento e regulamentação)
O Governo desenvolve e regulamenta a presente lei, designadamente no que se
refere a elaboração e apresentação de instrumentos de gestão previsional, contabilidade,
provisões e reavaliações, reservas e documentos de prestação de contas.
Artigo 22º
(Adaptação de estatutos)
As empresas públicas já existentes devem, no prazo de noventa dias a contar da pu-
blicação da presente lei, apresentar ao Governo ou a respectiva Câmara Municipal proposta
de novos estatutos, adaptados às normas do presente lei.
Artigo 23º
(Revogação)
São revogados, a lei nº 63/III/89, de 30 de Dezembro, o Decreto nº 115/90, de 8 de
Dezembro, o Decreto-Lei nº 196/91, de 30 de Dezembro, Decreto-Lei nº 148/92, de 30 de
Dezembro, o Estatuto do Gestor Público aprovado pelo Decreto-Lei nº 15-B/90, de 30 de
Março, salvo quando ao disposto nos artigos 20º, 21º e 22º e toda a legislação que contraria
o disposto na presente Lei.
Artigo 24º
(Entrada em vigor)
A presente lei entra em vigor trinta dias pós a sua publicação.
Aprovada em 26 de Abril de 1999.
O Presidente da Assembleia Nacional, em exercício, José Maria Pereira Neves.
Promulgada em 15 de Junho de 1999.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES
MONTEIRO.
Assinada em 16 de Junho de 1999.
O Presidente da Assembleia Nacional, em exercício, José Maria Pereira Neves.

392
Decreto-Lei nº 16/2000, de 27 de Março

DESENVOLVE AS BASES DAS EMPRESAS PÚBLICAS


Decreto-Lei nº 16/2000
de 27 de Março
As novas bases gerais das Empresas Públicas estabelecidos pela Lei nº 104/V99, de
12 de Julho, aproximaram o regime jurídico geral aplicável às empresas públicas do direito
das sociedades comercias, submetendo-as, assim, a um regime de direito privado, ou seja,
de concorrência em mercado aberto.
Entre as empresas públicas destacam-se as de serviço público, tal gestão pode não se
compadecer, em todos os casos, com a aplicação pura e simples das regras da concorrência
e da economia de mercado.
Importa, por isso possibilidade de uma intervenção do poder público que previna si-
tuação em que a aplicação daquelas regras possa frustrar, de jure ou de facto, os objectivos
de serviço público a cargo da empresa, quer impondo-lhe certas obrigações, quer sujeitan-
do certos aspectos delimitados da sua actuação a regime administrativo, quer concedendo-
lhe prerrogativas e privilégios de autoridade.
É esse o objectivo do presente diploma, que cria a possibilidade de, no Decreto
Regulamentar de aprovação dos estatutos, (1) se impor à empresa obrigações de cobertura
nacional, de acesso universal, de prestação de serviço não rendáveis, de segurança, con-
tinuidade a qualidade dos serviços prestados, bem como de adaptação tecnológica ou, (2)
por outro lado conceder-lhe prerrogativas de autoridade limitadas, sem perder ou desca-
racterização da sua natureza empresarial, sujeitando à jurisdição administrativa os litígios
conexos com essas prerrogativas. Também abre caminho à consagração, nos estatutos das
empresas de serviço público, de mecanismos de concertação institucional ou com os uten-
tes na definição e realização dos objectivos das mesmas.
Assim,
Ao abrigo do artigo 21º da Lei nº 104/V/99, de 12 de Julho e em desenvolvimento
das Bases Gerais da
Empresas Públicas estabelecidos por essa Lei.
No uso da faculdade conferida pela alínea c) do número 2 do artigo 203º da Constitui-
ção, o Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
(Regime especial de empresas de serviço público)
1. Tratando-se de empresas pública que explore, em regime de concessão, serviço pú-
blico ou de utilidade pública, o Decreto Regulamentar que aprove os respectivos estatutos
pode dispor no sentido de:
a) Impor que a empresa tenha representação no conjunto do território nacional,
especialmente nas zonas rurais e no interior das ilhas;

393
Decreto-Lei nº 16/2000, de 27 de Março

b) Assegurar o acesso da generalidade dos utentes a bens e serviços básicos em


condições financeiras equilibradas e sem discriminações;
c) Garantir o fornecimento de serviços ou a gestão de actividades cuja rendibili-
dade não se encontre assegurada;
d) Impor a empresa obrigações específicas relacionadas quer com a segurança,
continuidade e qualidade dos serviços, quer com a protecção do ambiente,
desde que tais obrigações sejam claramente definidas, transparentes, não dis-
criminatórias e susceptíveis de controlo;
e) Atribuir à empresa prerrogativas de autoridade em área ou situações especial-
mente delimitadas, desde que tal se mostre compatível com a manutenção da
sua natureza empresarial e na medida do estritamente necessário à prossecução
do interesse público;
f) Sujeitar à jurisdição administrativa o julgamento de litígios que tenham por
objecto actos da empresa praticados no exercício das prerrogativas de autori-
dade;
g) Garantir a adaptação permanente à evolução das circunstâncias, designada-
mente às necessidades colectivas e as mudanças técnicas e tecnológicas, con-
ciliando eficácia económica com a manutenção da coesão social e a luta contra
a exclusão.
2. Os estatutos das empresas públicas referidas no nº 1 podem prever formas de con-
certação institucional ou com ou utentes ou suas associações representativas na definição e
realização dos objectivos das mesmas.
Artigo 2º
(Entrada em vigor)
O presente Decreto-Lei entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – António Gualberto do Rosário – José Ulisses Correia e Silva.
Promulgado em 14 de Março de 2000.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTONIO MANUEL MASCARENHAS GOMES
MONTEIRO.
Referendado em 14 de Março de 2000.
O Primeiro-Ministro, Carlos Veiga.

394
Decreto-Lei nº 16/2000, de 27 de Março

IX - DOMINIO PÚBLICO RODOVIÁRIO

395
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março

396
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março

CLASSIFICAÇÃO ADMINISTRATIVA DE VIAS RODOVIÁRIAS


DE CABO VERDE, BEM COMO A DEFINIÇÃO
DE NÍVEIS DE SERVIÇOS DAS MESMAS
Decreto-Lei nº 26/2006
de 6 de Março
O Decreto n.º 429/70, publicado no Boletim Oficial de Cabo Verde n.º 4, de 23 de Ja-
neiro de 1971, vigente até à data, é o diploma legal que estipula as normas por que rege o
Plano Rodoviário cabo-verdiano.
Tornando-se necessário adequar ao contexto actual do País as normas reguladoras para
a construção e conservação de estradas bem como actualizar a classificação das estradas e
definir os níveis de serviço das vias públicas rodoviárias;
Após consulta aos Municípios de Cabo Verde através da Associação Nacional dos
Municípios de Cabo Verde;
No uso da faculdade conferida pela alínea a) do n.º 2 do artigo 203 da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
Objecto
O presente diploma tem por objecto, fundamental, a classificação administrativa e ges-
tão das vias rodoviárias de Cabo Verde, bem como a definição dos níveis de serviço das
mesmas.
CAPÍTULO I
Classificação Administrativa das Estradas
Artigo 2º
Categorias
As vias de comunicação públicas rodoviárias distinguem-se em:
a) Estradas Nacionais;
b) Estradas Municipais.
Artigo 3º
Classificação das Estradas Nacionais
1. As estradas referidas na alínea a) do artigo 2º classificam-se em:
a) Estradas Nacionais de 1ª classe;
b) Estradas Nacionais de 2ª classe;
c) Estradas Nacionais de 3ª classe.

397
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março

2. A listagem das Estradas Nacionais consta do quadro 1 do anexo I do presente diploma.


Artigo 4º
Classificação das Estradas Municipais
1. Todas as estradas referidas na alínea b) do artigo 2º classificam-se simplesmente
em estradas Municipais, sem distinção de classes.
2. A listagem das Estradas Municipais constam do quadro 2 do anexo II do presente
diploma.
Artigo 5º
Estradas Nacionais de 1ª classe
Consideram-se nesta classe, todas as vias de comunicação que estabelecem a ligação:
a) Entre sedes de concelho;
b) Entre sedes de concelho e portos de tráfego internacional;
c) Entre sedes de concelho e aeroportos de tráfego internacional;
d) Entre portos e aeroportos, quando pelo menos uma destas infra-estruturas ap-
resente tráfego internacional;
e) Entre os pólos de grande interesse turístico e o aeroporto/aeródromo;
f) Entre os pólos de grande interesse turístico e o porto.
Artigo 6º
Estradas Nacionais de 2ª classe
Consideram-se nesta classe, todas as vias de comunicação que estabelecem a ligação:
a) Entre sedes de concelho e aglomerados com mais de mil e quinhentos habit-
antes;
b) Entre sedes de concelho e aeroportos/aeródromos sem tráfego internacional;
c) Entre portos comerciais e aeródromos que não apresentem tráfego internac-
ional;
d) Entre os locais de grande interesse turístico e o aeroporto/aeródromo, que não
sejam servidas por Estradas Nacionais de 1ª Classe;
e) Entre os locais de grande interesse turístico e o porto.
Artigo 7º
Estradas Nacionais de 3ª classe
Consideram-se nesta classe, todas as vias de comunicação que estabelecem a ligação:
1. Entre as sedes de concelho e as principais povoações e aglomerados popula-
cionais com mais de quinhentos habitantes;

398
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março

2. Aos portos de pesca ou de recreio e outros sem tráfego comercial, que não
sejam servidos por Estradas Nacionais de classe superior;
3. Aos locais estratégicos de interesse nacional, que não sejam servidos por Es-
tradas Nacionais de classe superior.
Artigo 8º
Estradas Municipais
Consideram-se nesta classe, todas as vias de comunicação que estabelecem a ligação
aos restantes aglomerados populacionais, aos sítios de interesse turístico que não sejam
servidas por outra estrada de classe superior e áreas de menor acessibilidade.
Artigo 9º
Aplicação e Definições
1. Entende-se por pólos de grande interesse turístico, as localidades turísticas que apre-
sentam uma elevada concentração turística, superior a mil camas.
2. Entende-se por locais de grande interesse turístico, as restantes localidades turísti-
cas, com uma capacidade consolidada entre quinhentas a mil camas.
3. Entende-se por sítios de interesse turístico, as localizações de elementos históricos,
patrimoniais, culturais e naturais/paisagísticos, a serem objecto de classificação por parte
das respectivas Câmaras Municipais.
4. Entende-se por portos de pesca ou de recreio os portos naturais ou artificiais que
servem de base a pelo menos vinte embarcações de pesca artesanal ou de recreio, ou que
possuem uma instalação industrial ligada à pesca.
5. Nos casos em que uma mesma estrada serve ligações classificadas em diferentes
níveis, prevalece a classe de nível superior.
6. Nos casos em que se apresentam várias alternativas de ligação, prevalece a ligação
que apresente melhores condições de circulação, mesmo que a distância seja maior.
Artigo 10º
Código
1. A classe de estradas é identificada por um código próprio constituído nos termos de
artigo 11º.
2. O código de identificação de uma estrada nacional é constituído pela abreviatura
da respectiva categoria e classe, EN1 para as estradas nacionais de 1ª classe, EN2 para as
estradas de 2ª classe, EN3 para as estradas de 3ª classe, seguido da abreviatura do nome da
ilha onde a mesma se situa, mais o respectivo número de ordem.
3. O código de identificação de estradas municipais é constituído pela abreviatura da
respectiva categoria EM, seguida da abreviatura do nome do concelho onde a mesma se
situa, mais o respectivo número de ordem.

399
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março

Artigo 11º
Abreviaturas
1. As abreviaturas correspondentes a cada ilha são as seguintes:
a) Santo Antão (SA);
b) São Vicente (SV);
c) São Nicolau (SN);
d) Sal: (SL);
e) Boavista (BV);
f) Maio (MA);
g) Santiago (ST);
h) Fogo (FG);
i) Brava (BR);
j) Santa Luzia (SZ).
2. As abreviaturas dos nomes dos concelhos ou localidades onde se situa a sede de
município são as seguintes:
a) Porto Novo (PN);
b) Ribeira Grande (RG);
c) Paul (PL);
d) São Vicente (SV);
e) Ribeira Brava (RB);
f) Tarrafal (SN);
g) Sal (SL);
h) Boavista (BV);
i) Maio (MA);
j) Praia (PR);
k) Ribeira Grande ST (RE);
l) Santa Catarina ST (SC);
m) S.Salvador do Mundo (SS);
n) Santa Cruz (SR);
o) S.Lourenço dos Orgãos (OR);
p) Tarrafal ST (TF);
q) São Miguel (SM);

400
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março

r) São Domingos (SD);


s) Mosteiros (MO);
t) São Filipe (SF);
u) Santa Catarina FG (CF);
v) Brava (BR).
Artigo 12º
Competências
1. O Instituto de Estradas, enquanto autoridade nacional de estradas, é a entidade res-
ponsável pela conservação, exploração e planeamento do desenvolvimento da rede de Es-
tradas Nacionais.
2. As câmaras municipais são responsáveis pela conservação, exploração e planea-
mento da rede de Estradas Municipais dos respectivos concelhos.
Artigo 13º
Designação
As categorias e as classes das estradas, bem como o respectivo código, são designadas
através de portaria do membro do Governo responsável pela área das infra-estruturas.
CAPÍTULO II
Definição dos Níveis de Serviço
Artigo 14º
Objectivo
A definição dos níveis de serviço tem como objectivo estabelecer os principais crité-
rios necessários para o planeamento e gestão da rede rodoviária do País.
Artigo 15º
Níveis de Serviço
Os níveis de serviço das vias de comunicação públicas rodoviárias dependem do tráfe-
go rodoviário que por elas transitam e estão escalonados da seguinte forma:

Nível de Tipo de Tráfego Tráfego médio


Serviço (veículo/dia)
A 6 < 50
B T5 50 < T5 < 200
C T4 200 < T4 < 400
D T3 400 < T3 < 1000
E T2 1000 < T2 < 4000
F T1 >4000

401
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março

Artigo 16º
Enquadramento técnico-normativo
As principais características técnicas, dinâmicas e ambientais das estradas dependem
dos níveis de serviço e constarão da portaria do membro do Governo responsável pela área
das infra-estruturas.
Artigo 17º
Revogação
É revogado o Decreto nº 429/70, de 23 de Janeiro de 1971.
Artigo 18º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
José Maria Pereira Neves - Manuel Inocêncio Sousa
Promulgado em 17 de Janeiro de 2005.
Publique-se.
O Presidente da República (Interino), ARISTIDES RAIMUNDO LIMA
Referendado em 17 de Janeiro de 2005.
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves.

402
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março

Ilha Município Código Estrada (1) Pontos Extremos e Intermédios

EM-SF-01 Vale dos Cavaleiros - Praia Ladrão Vale dos Cavaleiros - Praia Ladrão
EM-SF-02 Brandão -Cidreira Brandão -Cidreira
EM-SF-03 Vicente Dias - Miguel Gonçalves Vicente Dias-Miguel Gonçalves
EM-SF-04 Forno - Alfarrobeira Forno - Alfarrobeira
EM-SF-05 Forno - Monte Genebra Forno - Monte Genebra
EN1-FG-01 - Nossa Senhora do
EM-SF-06 Socorro EN1-FG-01-Nossa Senhora do Socorro
EM-SF-07 Patim - Monte Genebra Patim - Monte Genebra
EM-SF-08 Patim - Batente Patim - Batente
S. Filipe

EM-SF-09 Lagariça - Pico Lopes Lagariça - Coxo - Pico Lopes


EM-SF-10 Brandão - Tongon Brandão - Tongon
EM-SF-11 Almada - Covoada Almada -Covoada
Fogo

EM-SF-12 Cisterna - Achada Fora Cisterna - Achada Fora


EM-SF-13 Santo António - S. Lourenço Santo António - São Lourenço
EM-SF-14 Sto Antonio - Ás Hortas Sto. António - Alvito - Monte Tambor - Às Hortas
EM-SF-15 Inhuco Baixo - Inhuco Alto Inhuco Baixo - Inhuco Alto
EM-SF-16 Lugar Novo - As Hortas Lugar Novo - Sanha - As Hortas
EM-SF-17 Ponta Verde - Lomba Ponta Verde - Lomba
EM-SF-18 EN1-FG-01 - S. Domingos EN1-FG-01 - S. Domingos
EM-SF-19 EM-SF-19 - Tongon EM-SF-19 - Tongon
EM-CF-01 Fonte Aleixo - Achada Furna Fonte Aleixo - Achada Furna
Santa
Catarina EM-CF-02 EN1-FG-01 - Alcatraz EN1-FG-01-Alcatraz
EM-CF-03 Cova Figueira - Fajã Cova Figueira - Fajã
EM-MO-01 Igreja -Fajãzinha Igreja - Fajãzinha
Mosteiros
EM-MO-02 Igreja - Pai António Igreja - Pai António
EM-BR-01 Furna - Santa Bárbara Furna - Santa Bárbara
EM-BR-02 EN3-BR-01 - Vinagre EN3-BR-01-Vinagre
EM-BR-03 Vila Nova Sintra - Braga Vila Nova Sintra - Braga
EM-BR-04 Lém - Braga Lém - Braga
EM-BR-05 Cova Rodela - Mato Grande Cova Rodela - Mato Grande
EM-BR-06 Figueira Grande - Mato Grande Figueira Grande - Mato Grande
Brava

Brava

EM-BR-07 EN3-BR- 02 - Esperadinha EN3-BR-02-Esperadinha


EM-BR-08 Figueira Grande - Sorno Figueira Grande - Sorno
EM-BR-09 Nossa Senhora do Monte - Cachaço Nossa Senhora do Monte - Cachaço
EM-BR-10 Nossa Senhora do Monte - Lomba Nossa Senhora do Monte - Lomba
Nossa Senhora do Monte -
EM-BR-11 Laranjeiro Nossa Senhora do Monte - Laranjeiro
EM-BR-12 Tapume - Mato Tapume - Mato
EM-BR-13 EN3-BR-01 - Campo Baixo EN3-BR-01-Campo Baixo

403
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março

Ilha Classificação Código Estrada (1) Pontos extremos e intermédios

Rotunda de Ponta d´Agua (Praia) - S. Domingos -


EN1-ST-01 Praia – Tarrafal
Orgãos- Assomada - Tarrafal
EN1-ST-02 Variante – Tarrafal Variante - Pedra Badejo - Calheta - Tarrafal
EN1-ST-03 Órgãos – Pedra Badejo Órgãos – Pedra Badejo
EN 1ª classe
EN1-ST-04 Cruz Grande - Calhetona Cruz Grande - Calhetona
Rotunda de Palmarejo (Praia)- S. Martinho Grande-
EN1-ST-05 Praia – Cidade de Santiago
Cidade de Santiago
Rotunda de Caiada-Rotunda de Aeroporto-Porto da
EN1-ST-06 Circular da Praia
Praia
EN1-ST-01 (Volta Monte) -
EN 2ª classe EN2-ST-01 EN1-ST-01 (Volta Monte) - Ribeira da Barca
Ribeira da Barca
EN3-ST-01 Praia – São Francisco Ponte de Castelão (Praia) – São Francisco
Rotunda de Ponta d´Agua (Praia) – Hospital de
EN3-ST-02 Praia – Hospital de Trindade
Trindade
EN3-ST-03 EN3-ST-02 - EN3-ST-06 EN3-ST-02(Trindade) - Lapa Cachorro- EN3-ST-06

EN3-ST-04 EN1-ST-05 – EN3-ST-02 EN1-ST-05 – São Martinho Pequeno - EN3-ST-02


Cidade de Santiago – Porto
EN3-ST-05 Cidade de Santiago - Porto Gouveia – Porto Mosquito
Mosquito
EN3-ST-06 EN3-ST-05-Santana EN3-ST-05 Salineiro-Santana
EN3-ST-07 EN3-ST-06 – Rui Vaz EN3-ST-06 – Rui Vaz
EN3-ST-08 EN3-ST-05 - Pico Leão EN3-ST-05 -Belém -Pico Leão
Santiago

EN3-ST-09 São Domingos – Monte Tchota São Domingos – Rui Vaz - Monte Tchota

EN3-ST-10 EN1-ST-01 -EN3-ST-09 EN1-ST-01 - Lem Pereira- Agua de Gato-EN3-ST-09


EN1-ST-01(Godim)-Banana-Mato Afonso-S.Cristovão-
EN3-ST-11 EN1-ST-01-EN3-ST-03
Ribeira Seca-EN1-ST-03
EN3-ST-12 EN1-ST-01- Longeira EN1-ST-01- S. Jorge dos Órgãos - Longueira
EN 3ª classe EN1-ST-01 (J.T.Orgãos)-EN1-
EN3-ST-13 EN1-ST-01 (J.T.Orgãos)-Montanha-Librão-EN1-ST-03
ST-03
EN3-ST-14 Nazaré – Praia Baixo Nazaré – Praia Baixo
EN3-ST-15 EN1-ST-02 – Porto Madeira EN1-ST-02 – Porto Madeira
EN1-ST-01 – Milho Branco-Portal-Achada Baleia-
EN3-ST-16 EN1-ST-01 – Móia Móia
Igreja-Móia Móia
EN1-ST-01 – Achada Igreja - Achada Leitão –Faveta -
EN3-ST-17 EN1-ST-01 – Jalalo Ramos
Jalalo Ramos
EN3-ST-19 EN1-ST-01- Boa Entradinha EN1-ST-01- Boa Entradinha
EN1-ST-02-Saltos Abaixo - Saltos Acima - Pingo
EN3-ST-20 EN1-ST-02 -EN1-ST-03
Chuva -Arribada - EN1-ST-03
EN3-ST-21 EN1-ST-01- João Bernardo EN1-ST-01 - Fonte Lima - Mato Gêgê - João Bernardo
EN3-ST-22 Assomada – Porto Rincão Assomada – Chã de Tanque - Porto Rincão
EN3-ST-23 Cabeça Carreira – Tomba Touro Cabeça Carreira – Ribeirão Manuel - Tomba Touro
EN3-ST-24 EN1-ST-02 - Pilão Cão EN1-ST-02 - Pilão Cão
EN3-ST-25 EN1-ST-02 - Ribeira Principal EN1-ST-02 - Ribeira Principal
EN1-ST-01 - Figueira das Naus - EN1-ST-01 - Figueira das Naus-Ribeira da Prata- EN1-
EN3-ST-26
EN1-ST-01 ST-01
EN3-ST-27 EN1-ST-02 – Achada Moirão EN1-ST-02 – Achada Moirão
EN3-ST-28 EN1-ST-02 – Ponta Furna EN1-ST-02 – Ponta Furna
EN3-ST-29 EN1-ST- 02 - Biscaínhos EN1-ST- 02 - Biscaínhos

404
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março

Ilha Classificação Código Estrada (1) Pontos extremos e intermédios

São Filipe - Cova Figueira – Mosteiros - São Jorge - São


EN1-FG-01 Anel Principal do Fogo
Filipe
EN 1ª classe
São Filipe – Porto Vale de
EN1-FG-02 São Filipe - Porto Vale dos Cavaleiros
Cavaleiros
EN 2ª classe EN2-FG-01 São Filipe – Aeroporto São Filipe - Aeroporto
Figueira Pavão - Monte Largo - Inhuco - Mira-Mira -
EN3-FG-01 Anel Superior
Campanas de Cima
Fogo

EN3-FG-02 S.Filipe - Mira-Mira S.Filipe - Tongon -Curral Grande - Mira-Mira


EN3-FG-03 Patim – Monte Grande Patim - Monte Grande
EN3-FG-04 Salto – Monte Largo Salto - Monte Largo
EN 3ª classe
EN3-FG-05 Achada Furna – Monte Velha Achada Furna - Chã das Caldeiras - Monte Velha
EN3-FG-06 Cidreira – Tongon Cidreira - Cisterno -Coxo - Tongon
EN3-FG-07 Cova Figueira – Estância Roque Cova Figueira - Mãe Joana - Estância Roque
EN3-FG-08 EN1-FG-01 – Relva EN1-FG-01-Relva
EN3-FG-09 EN1-FG-01 – Pai António EN1-FG-01-Feijoal-Pai António
EN3-BR-01 Furna – Vila Nova Sintra Furna-Vila Nova Sintra
Brava

EN 3ª classe Vila Nova Sintra – Nossa


EN3-BR-02 Vila Nova Sintra - Cova Rodela - Nossa Senhora Monte
Senhora do Monte

405
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março

ANEXO II
Quadro 2. Estradas Municipais, a que se refere o artigo 4º

Ilha Município Código Estrada (1) Pontos Extremos e Intermédios

Povoação da Ribeira Grande -


EM-RG-01 Cemitério Povoação da Ribeira Grande-Cemitério
EM-RG-02 Povoação da Ribeira Grande - Pinhão Povoação da Ribeira Grande - Pinhão
EM-RG-03 Ponta do Sol - Fontaínhas Ponta do Sol-Fontaínhas
EM-RG-04 Sinagoga - Lombo Branco Sinagoga-Lombo Branco
EM-RG-05 Sinagoga - Chã das Furnas Sinagoga-Chã das Furnas
Ribeira Grande

EM-RG-06 Lagoa - Seladinha de Figueiras Esponjeiro-Seladinha de Figueiras


EM-RG-07 Chã de Igreja - Cruzinha Escabeçada-Cruzinha
Fajã de Matos-Ribeirão de Campo de
EM-RG-08 Cão Fajã de Matos-Ribeirão de Campo de Cão
Boca de Ribeira de Duque-Rib.de
EM-RG-09 Duque Boca de Ribeira de Duque-Ribeira de Duque
EM-RG-10 Lagoa - Don Gonçalo Lagoa- Don Gonçalo
Santo Antão

EM-RG-11 Cruzinha - Mocho Cruzinha-Mocho


Boca de Cabouco - Chã de Manuel
EM-RG-12 "Lulin" Boca De Cabouco-Chã de Manuel "Lulin"
EM-PN-01 Porto Novo - Mesa Porto Novo-Mesa
EM-PN-02 EN3-SA-12 - Manuel Lopes EN3-SA-12-Manuel Lopes
EM-PN-03 José Barranco - Ribeira Torta Ponte Sul-Ribeira Torta
Porto Novo

EM-PN-04 EM-PN-10 - Ribeira dos Bodes EM-PN-10-Ribeira dos Bodes


EM-PN-05 Lombo das Lanças - Monte Navio Lombo das Lanças-Monte Navio
EM-PN-06 Chã do Norte - Ribeira Cabouco Preto Chã do Norte-Morrinho d'Égua-R.Cabouco Preto
EM-PN-07 Ribeira da Cruz - Chã do Norte Martiene-Chã do Norte
EM-PN-08 Campo Redondo - Chã do Norte Campo Redondo-Chã do Norte
EM-PN-09 Ribeira da Cruz - Martienne Ribeira da Cruz-Martiene
EM-PN-10 EN3-SA-11 - Ribeira Fria EM-PN-06-Ribeira Fria
EM-PL-01 EM-PN-11 - Pêro Dias EN-SA-01-Pêro Dias
Paúl

EM-PL-02 EN1-SA-01 - Água dos Velhos EN-SA-01-Água dos Velhos


EM-PL-03 EN1-SA-02 - Pico da Cruz EN1-SA-01-Pico da Cruz
EM-SV-01 EN2-SV-02 - Praia de Flamengos EN1-SV-01-Ribeira de Vinha-Praia de Flamengos
EM-SV-02 Fazenda Real - Ribeira de Julião Fazenda Real-Ribeira de Julião
EM-SV-03 Portal de Baía - Praia do Norte Portal de Baía-Praia do Norte
São Vicente

EM-SV-04 EN2-SV-02 - Estação Costeira EN2-SV-02-Estação Costeira


S.Vicente

EM-SV-05 EN2-SV-02 - Madeiral EN2-SV-02-Madeiral


EM-SV-06 EN2-SV-02 - Topim EN2-SV-02-Topim
EM-SV-07 EN2-SV-02 - Palha Carga EN2-SV-02-Palha Carga
EM-SV-08 EN2-SV-02 - Norte de Baía EN2-SV-02-Norte de Baía
EM-SV-09 EN2-SV-01 - Selada de Baleia EN2-SV-01-Selada de Baleia
EM-SV-10 EN1-SV-01 - Santo André EN1-SV-01-Santo André
EM-RB-01 Ribeira Brava - Caleijão Ribeira Brava - Caleijão
EM-RB-02 Aeroporto - Caleijão Aeroporto - Caleijão
EM-RB-03 Ribeira Brava - Prainha Ribeira Brava - Prainha
Ribeira Brava

EM-RB-04 Ribeira Brava - Pombas Ribeira Brava - Pombas


EM-RB-05 EN3-SN- 02 - Figueira de Coxo EN3-SN- 02 - Figueira de Coxo
São Nicolau

EM-RB-06 Morro Alto - Praia Baixo Morro Alto - Praia Baixo


EM-RB-07 EM-RB-07 - Castelhano EM-RB-07 - Castelhano
EM-RB-08 EN1-SN-01 - Queimadas EN1-SN-01 - Queimadas
EM-RB-09 EN1-SN- 01 - Estância de Brás EN1-SN- 01 - Estância de Brás
Tarrafal

EM-TL-01 EN1-SN-01 - Hortelã EN1-SN-01 - Hortelã

EM-TL-02 EN1-SN-01 - Palhal EN1-SN-01 - Palhal

406
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março

Ilha Município Código Estrada (1) Pontos Extremos e Intermédios

Sal Sal EM-SL-01 Espargos - Pedra Lume Espargos - Pedra Lume


EM-BV-01 EN3-BV-01 - Estância de Baixo EN3-BV-01 - Estância de Baixo
EM-BV-02 Rabil - Chaves Rabil - Chaves
Boa Vista

Boa Vista

EM-BV-03 EN3-BV-01 - Povoação Velha EN3-BV-01 - Povoação Velha


EM-BV-04 EN3-BV-01 - Bofareira EN3-BV-01 - Bofareira
EM-BV-05 Fundo de Figueiras - Gatas Fundo de Figueiras - Gatas
EM-BV-06 Cabeça dos Tarrafes - Ervatão Cabeça dos Tarrafes - Ervatão
EM-MA-01 EN3- MA-01 - Barreiro EN3- MA-01 - Barreiro
Maio

Maio

EM-MA-02 Pedro Vaz - Praia Gonçalo Pedro Vaz - Praia Gonçalo


EM-MA-03 Praia Gonçalo - Santo António Praia Gonçalo - Santo António
EM-MA-04 Cascabulho-Pedro Vaz Cascabulho-Pedro Vaz
EM-PR-01 Praia - São Tomé Praia - São Tomé
EM-PR-02 São Pedro - EN3-ST-02 São Pedro - EN3-ST-02
Praia

EM-PR-03 EM-PR-02 - S. Jorginho EM-PR-02 - S. Jorginho


EN1-ST-05 - São Martinho Grande (Instituto
EM-PR-04 EN1-ST-05 - São Martinho Grande Amílcar Cabral)
EM-RE-03 EN3-ST-03 - João Varela EN3-ST-03 - João Varela
EM-RE-01 EN1-ST- 05 - Calabaceira EN1-ST- 05 - Calabaceira
Ribeira Grande

EM-RE-02 Calabaceira - Bota Rama Calabaceira - Bota Rama


EM-RE-04 EN3-ST-05 - Mosquito da Horta EN3-ST-05 - Mosquito da Horta
EM-RE-05 EN3-ST-08 - Chã Gonçalves EN3-ST-08 - Chã Gonçalves
EM-RE-06 EN3-ST-08 - Santana EN3-ST-08 - Santana
EM-RE-07 EN3-ST-08 - Tronco EN3-ST-08 - Tronco
EM-RE-08 EM-RE-03 - Mosquito Grande EM-RE-03 - Mosquito Grande
EM-SD-01 EN1-ST-01 - Veneza EN1-ST-01 - Veneza
EM-SD-02 EN1-ST-01 - Vale Cachopo EN1-ST-01 - Vale Cachopo
Santiago

EM-SD-03 EN1-ST-01 - Fontes EN1-ST-01 - Fontes


EM-SD-04 Fontes - Hospital de Trindade Fontes - Cambujana - Hospital de Trindade
EM-SD-05 Rui Vaz -Ribeirão Chiqueiro Rui Vaz - Ribeirão Chiqueiro
EM-SD-06 Rui Vaz - Dacabalaio Rui Vaz - Dacabalaio
EM-SD-07 Cambujana - João Bom Cambujana - João Bom
EM-SD-08 EN1-ST- 02 - Pau de Saco EN1-ST- 02 - Pau de Saco
São Domingos

EM-SD-09 EN1-ST-01 - Mendes Faleiro Cabral EM-SD-02 - Mendes Faleiro Cabral


EM-SD-10 EN3-ST-11 - Ribeirão de Cal EN3-ST-11 - Ribeirão de Cal
EM-SD-11 Praia Baixo - Castelo Grande Praia Baixo - Castelo Grande
EM-SD-12 EM-SD-16 - Vale da Custa EM-SD-16 - Vale da Custa
EM-SD-13 EN3-ST-14 - Dobe EN3-ST-14 - Dobe
EM-SD-14 EN1-ST-02 - Chãozinha EN1-ST-02 - Chãozinha
EM-SD-15 EM-SD-09 - Chaminé Várzea de Igreja - Chaminé
EM-SD-16 Várzea da Igreja - Lagoa Várzea da Igreja - Lagoa
EM-SD-17 Lagoa - Lagoa de Baixo Lagoa - Lagoa de Baixo
EM-SD-18 Achada Baleia - Praia Baixo Achada Baleia - Praia Baixo
EM-SD-19 EN3-ST-14 - EM-SD-15 EN3-ST-14 - EM-SD-15
EM-SD-20 EM-SD-06 - Monte Queimado EM-SD-06 - Monte Queimado

407
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março

Ilha Município Código Estrada (1) Pontos Extremos e Intermédios

EM-SO-01 EN1-ST - 01 - Funco Bandeira EN1-ST-01 - Funco Bandeira


EM-SO-02 EN1-ST -03 - Levada EN1-ST-03 - Levada
EM-SO-03 EN1-ST-04 - Ribeira Seca EN1-ST-04 - Poilão - Ribeira Seca
S. Lourenço dos Orgãos

EM-SO-04 Poilão - Levada Poilão - Levada


EM-SO-05 EN1-ST- 01 - Funco Marques EN1-ST- 01 - Funco Marques
EM-SO-06 São Jorge - Riberão Galinha São Jorge - Riberão Galinha
EM-SO-07 São Jorge - Covada São Jorge - Covada
EM-SO-08 EN1-ST - 01 - Pico d'Antónia EN1-ST - 01 - Pico d'Antónia
EM-SO-09 EN3-ST-13 - Fundura EN3-ST-13 -Boca Larga- Fundura
EM-SO-10 EM-S0-09 - Rasta EM-SO-09 - Montanhinha - Rasta
EM-SO-11 EN1-ST-01 - Chã-de-Vaca EN1-ST-01 - Chã-de-Vaca
EM-SO-12 EN1-ST-01 - Mato Raia EN1-ST-01 - Mato Raia
EM-SR-01 EN1-ST-02 - Bolanha EN1-ST-02 - Bolanha
EM-SR-02 Renque Purga - São Cristovão Renque Purga - São Cristovão
EM-SR-03 EN1-ST-02 - Caíumbra EN1-ST-02 - Caíumbra
EM-SR-04 EN1-ST - 02 - Praia de Mangue EN1-ST - 02 - Praia de Mangue
EM-SR-05 EN1-ST-02 - Ponta Achada EN1-ST-02 - Ponta Achada
EM-SR-06 EN1-ST-02 -Achada Ponta EN1-ST-02 -Achada Ponta
EM-SR-07 Jaracunda - Ribeirão Almasso Jaracunda - Ribeirão Almasso
EN1-ST-02 (Pedra Badejo) - Ribeira
Santa Cruz

EM-SR-08 dos Picos EN1-ST-02 (Pedra Badejo) - Ribeira dos Picos


Santiago

EN1-ST-02 (Pedra Badejo) - Porto


EM-SR-09 Fundo EN1-ST-02 (Pedra Badejo) - Porto Fundo
EM-SR-10 EN1-ST-02 - Saltos Abaixo EN1-ST-02 - Saltos Abaixo
EM-SR-11 EN1-ST- 02 - Achada Bél Bél EN1-ST- 02 - Achada Bél Bél
EM-SR-12 Achada Bél Bél - Boaventura Achada Bél Bél - Boaventura
EM-SR-13 EN1-ST-02 - Ribeirão Égua EN1-ST-02 - Ribeirão Égua
EM-SR-14 EN1-ST-02 - Serelho EN1-ST-02 - Ribeirão Boi - Serelho
EM-SR-15 EM-SR-14 - Jalalo Ramos EM-SR-14 - Rebelo - Jalalo Ramos
EM-SR-16 Jalalo Ramos - Boaventura Jalalo Ramos - Boaventura
EM-SR-17 Boaventura - Ribeirão Boi Boaventura - Ribeirão Boi
EM-SS-01 Babosa - Leitãozinho Babosa - Leitãozinho
EM-SS-02 Chão de Rodrigues - Picos Acima Chão de Rodrigues - Picos Acima
EM-SS-03 Junco - Picos Acima Junco - Picos Acima
EM-SS-04 EN1-ST-01 - Mantaba EN1-ST-01 - Junco - Mantaba
S. Salvador do Mundo

EM-SS-05 Faveta - Mato Fortes Faveta - Mato Fortes


EM-SS-06 Pico Freire - Manhanga Pico Freire - Manhanga

EM-SS-07 EN1-ST-01 - Jalalo Ramos EN1-ST-01 - Boa Entradinha - Jalalo Ramos

EM-SS-08 EM-SS-07 - Mato Limão EM-SS-07 - Mato Limão

EM-SS-09 EM-SS-01 - Achada Igreja (Cachéu) EM-SS-01 - Achada Igreja (Cachéu)

EM-SS-10 EN1-ST-01 - Degredo EN1-ST-01 - Pico Freire - Degredo

EM-SS-11 EM-SS-10 - Goiaba EM-SS-10 - Goiaba

408
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março

Ilha Município Código Estrada (1) Pontos Extremos e Intermédios

EM-SC-01 EN3-ST-17 - Entre Picos de Reda EN3-ST-05 - Palha Carga - Entre Picos de Reda
EM-SC-02 Chã-De-Tanque - Mato Sancho Chã-De-Tanque - Mato Sancho
EM-SC-03 Tomba Touro - Mato Sancho Tomba Touro - Mato Sancho
EM-SC-04 Ribeirão Isabel - Boa Entradinha Ribeirão Isabel - Boa Entradinha
EM-SC-05 EN1-ST-01 - Pau Verde EN1-ST-01 - Gil Bispo - Pau Verde
EM-SC-06 Ponta Boa Entrada - Simão Nunes Ponta Boa Entrada - Djulandji - Simão Nunes
EM-SC-07 Ribeira da Barca - Achada Leite Ribeira da Barca - Achada Leite
Santa Catarina

EM-SC-08 EN3-ST-21 - Librão EN3-ST-21 - Librão


EN3-ST-21 - Aguinho (Cutelo
EM-SC-09 Redondo) EN3-ST-21 - Aguinho (Cutelo Redondo)
EM-SC-10 EN3-ST-21 - Mosquito D´Horta EN3-ST-21 - Mosquito D´Horta
EM-SC-11 EN3-ST-21 - EN3-ST-22 EN3-ST-21 -Ribeira dos Engenhos EN3-ST-22
EM-SC-12 EN3-ST-21 - Polon EN3-ST-21 - Polon
EN3-ST-21 (Banana) - Pinha dos
EM-SC-13 Engenhos EM-SC-09 (Banana) - Chã-De-Sodji - Pinha dos Engenhos
EM-SC-14 EN3-ST-21 - Ribeirão Carriço EN3-ST-16 - Ribeirão Carriço
EM-SC-15 EM-SC-01 - Chã-De-Lagoa EM-SC-01 - Chã-De-Lagoa
EN1-ST-04 (Arribada) - Saltos EN1-ST-04 (Arribada) - Pingo Chuva - Saltos Acima -
EM-SC-16 Abaixo Saltos Abaixo
EM-SM-01 EN1-ST- 03 - Monte Bode EN1-ST- 03 - Monte Bode
EM-SM-02 Cutelo Gomes - Aguadinha Cutelo Gomes - Aguadinha
Santiago

EM-SM-03 EN1-ST-03 - Cutelo Gomes EN1-ST-03 - Cutelo Gomes


EM-SM-04 Cutelo Gomes - Ribeira Grande Cutelo Gomes - Ribeira Grande
EM-SM-05 Ponta do Talho - Igreja Ponta do Talho - Igreja
EM-SM-06 Igreja - Varanda Igreja - Varanda
EM-SM-07 Igreja - Pedra Larga Igreja - Pedra Larga
EM-SM-08 EN1-ST-02 - Ponta do Talho EN1-ST-02 - Ponta do Talho
S. Miguel

EM-SM-09 EN1-ST-02 - Mato Correia EN1-ST-02 - Mato Correia


EM-SM-10 EM-SM- 05- Casa Branca EM-SM- 05- Casa Branca
EM-SM-11 EN1-ST- 02 - Monte Pousada EN1-ST- 02 - Monte Pousada
EM-SM-12 EN1-ST-02 - Hortelã EN1-ST-02 - Hortelã
EM-SM-13 EN1-ST- 02 - Garçote EN1-ST- 02 - Garçote
EM-SM-14 EN3-ST-07 - Bacio EN3-ST-07 - Bacio
EM-SM-17 Pilão Cão - Espinho Branco Pilão Cão - Espinho Branco
EM-SM-18 EN1-ST-03 - Cutelo de Saltos EN1-ST-03 - Cutelo de Saltos
EM-SM-19 EN1-ST- 02 - Palha Carga EN1-ST- 02 - Palha Carga
EM-TF-01 EN3-ST-23 - Mato Brasil EN3-ST-22 - Mato Brasil
EM-TF-02 EN3-ST-24 - Fazenda EN3-ST-23 - Fazenda
Tarrafal

EM-TF-03 EN1-ST-01 - Mato Mendes EN1-ST-01 - Mato Mendes


EM-TF-04 EN1-ST-01 -Milho Branco EN1-ST-01 -Milho Branco
EM-TF-05 EN3-ST-22 - Achada Meio EN3-ST-22 - Achada Meio
EM-TF-06 EN1-ST-01 - Curral Velho EN1-ST-01 - Curral Velho

409
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março

Ilha Município Código Estrada (1) Pontos Extremos e Intermédios

EM-SF-01 Vale dos Cavaleiros - Praia Ladrão Vale dos Cavaleiros - Praia Ladrão
EM-SF-02 Brandão -Cidreira Brandão -Cidreira
EM-SF-03 Vicente Dias - Miguel Gonçalves Vicente Dias-Miguel Gonçalves
EM-SF-04 Forno - Alfarrobeira Forno - Alfarrobeira
EM-SF-05 Forno - Monte Genebra Forno - Monte Genebra
EN1-FG-01 - Nossa Senhora do
EM-SF-06 Socorro EN1-FG-01-Nossa Senhora do Socorro
EM-SF-07 Patim - Monte Genebra Patim - Monte Genebra
EM-SF-08 Patim - Batente Patim - Batente
S. Filipe

EM-SF-09 Lagariça - Pico Lopes Lagariça - Coxo - Pico Lopes


EM-SF-10 Brandão - Tongon Brandão - Tongon
EM-SF-11 Almada - Covoada Almada -Covoada
Fogo

EM-SF-12 Cisterna - Achada Fora Cisterna - Achada Fora


EM-SF-13 Santo António - S. Lourenço Santo António - São Lourenço
EM-SF-14 Sto Antonio - Ás Hortas Sto. António - Alvito - Monte Tambor - Às Hortas
EM-SF-15 Inhuco Baixo - Inhuco Alto Inhuco Baixo - Inhuco Alto
EM-SF-16 Lugar Novo - As Hortas Lugar Novo - Sanha - As Hortas
EM-SF-17 Ponta Verde - Lomba Ponta Verde - Lomba
EM-SF-18 EN1-FG-01 - S. Domingos EN1-FG-01 - S. Domingos
EM-SF-19 EM-SF-19 - Tongon EM-SF-19 - Tongon
EM-CF-01 Fonte Aleixo - Achada Furna Fonte Aleixo - Achada Furna
Santa
Catarina EM-CF-02 EN1-FG-01 - Alcatraz EN1-FG-01-Alcatraz
EM-CF-03 Cova Figueira - Fajã Cova Figueira - Fajã
EM-MO-01 Igreja -Fajãzinha Igreja - Fajãzinha
Mosteiros
EM-MO-02 Igreja - Pai António Igreja - Pai António
EM-BR-01 Furna - Santa Bárbara Furna - Santa Bárbara
EM-BR-02 EN3-BR-01 - Vinagre EN3-BR-01-Vinagre
EM-BR-03 Vila Nova Sintra - Braga Vila Nova Sintra - Braga
EM-BR-04 Lém - Braga Lém - Braga
EM-BR-05 Cova Rodela - Mato Grande Cova Rodela - Mato Grande
EM-BR-06 Figueira Grande - Mato Grande Figueira Grande - Mato Grande
Brava

Brava

EM-BR-07 EN3-BR- 02 - Esperadinha EN3-BR-02-Esperadinha


EM-BR-08 Figueira Grande - Sorno Figueira Grande - Sorno
EM-BR-09 Nossa Senhora do Monte - Cachaço Nossa Senhora do Monte - Cachaço
EM-BR-10 Nossa Senhora do Monte - Lomba Nossa Senhora do Monte - Lomba
Nossa Senhora do Monte -
EM-BR-11 Laranjeiro Nossa Senhora do Monte - Laranjeiro
EM-BR-12 Tapume - Mato Tapume - Mato
EM-BR-13 EN3-BR-01 - Campo Baixo EN3-BR-01-Campo Baixo

20LQLVWURGH(VWDGRHGDV,QIUDHVWUXWXUDVH7UDQVSRUWHV0DQXHO,QRFrQFLR6RXVD

410
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março

X - ASSOCIAÇÃO DE MUNICÍPIOS

411
Decreto-Lei nº 26/2006, de 6 de Março

412
Lei nº 50/VI/2004, de 13 de Setembro

ASSOCIAÇÃO DOS MUNICÍPIOS


Lei nº 50/VI/2004
de 13 de Setembro
Por mandato do povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do arti-
go 174º da Constituição, o seguinte:
Artigo 1º
Liberdade de associação
Os municípios podem associar-se para efeitos da sua representação institucional junto
dos orgãos de soberania e da Administração Central, cooperando com esta na participação
em organizações internacionais.
Artigo 2º
Constituição
As associações podem constituir-se como pessoas colectivas privadas, nos termos da lei.
Artigo 3º
Associações nacionais
São consideradas de carácter nacional as associações de municípios, com um número
de associados superior a dois terços dos municípios existentes.
Artigo 4º
Regalias
As associações de carácter nacional beneficiam das regalias previstas para as pessoas
colectivas de utilidade pública.
Artigo 5º
Estatuto de parceiro
1. As associações de carácter nacional adquirem, automaticamente, o estatuto de par-
ceiro, relativamente ao Estado, sendo-lhes sem prejuízo doutras disposições legais, confe-
ridos, para as questões que directamente lhes interessem, os seguintes direitos, nos termos
da lei:
a) Consulta prévia, pelos órgãos de soberania, em todas as iniciativas legislati-
vas, que tenham implicação na actividade autárquica;
b) Participação no Conselho Económico e Social;
c) Participação na gestão e direcção do Instituto Nacional de Administração e
Gestão e dos demais organismos especificamente vocacionados para matéria
respeitantes às autarquias locais.
2. O disposto no número anterior não prejudica quaisquer direitos conferidos por lei
aos municípios independentemente da sua associação.

413
Lei nº 50/VI/2004, de 13 de Setembro

3. O disposto na alínea a) do nº 1 abrange o direito das associações fazerem publicar,


nos termos da lei, na III Série do Boletim Oficial, uma síntese das tomadas de posição por
si formalmente expressas na consulta relativa aos respectivos actos legislativos com inci-
dência autárquica.
Artigo 6º
Direito de associação das associações nacionais
1. É reconhecido às associações nacionais o direito de aderir a associações internacio-
nais de municípios.
2. As associações nacionais podem estabelecer relações da operação com associações
congéneres de outros Estados com as quais Cabo Verde mantém relações.
Artigo 7º
Colaboração
Poderão ser estabelecidos acordos de colaboração entre o Governo e as associações
nacionais de municípios relativamente a acções de âmbito interno e de representação em
organismos internacionais.
Artigo 8º
Duração do mandato
O mandato dos titulares dos órgãos da associação terá a duração coincidente com a dos
titulares dos órgãos das autarquias locais.
Artigo 9º
Princípio da estabilidade
A renúncia de qualquer município que integre uma associação nacional representativa
de municípios só pode ter lugar por deliberação tomada por dois terços dos membros em
efectividade de funções da respectiva assembleia municipal.
Artigo 10º
Controlo do Tribunal de Contas
Estão sujeitas ao controlo do Tribunal de Contas as associações nacionais de muni-
cípios relativamente à aplicação de dinheiro ou outros valores públicos que recebam dos
municípios associados ou do Estado, na medida necessária à fiscalização da legalidade,
regularidade e correcção económica e financeira da aplicação dos mesmos.
Artigo 11º
Reconhecimento
Compete ao Governo verificar os requisitos legais e reconhecer o carácter nacional das
associações representativas de municípios.

414
Lei nº 50/VI/2004, de 13 de Setembro

Artigo 12º
Entrada em vigor
A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
Aprovada em 27 de Julho de 2004.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.
Promulgada em 17 de Agosto de 2004
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Assinada em 23 de Agosto de 2004.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.

415
Decreto-Lei n.º 106/90, de 8 de Dezembro

REGIME DAS ASSOCIAÇÕES DE MUNICÍPIOS


Decreto-Lei n.º 106/90
de 8 de Dezembro 104
A Associação de Municípios prevista no Capítulo IX (artigos 113º a 116º), do Decreto-
Lei n.º 52-A/90, de 4 de Julho, constitui um instrumento jurídico indispensável à prossecu-
ção das atribuições municipais que, na actualidade, exigem, cada vez mais, o concurso de
vastos meios financeiros, humanos e materiais que ultrapassam a real capacidade de muitos
Municípios.
Assim, há todo o interesse em estimular a criação de Associações de Municípios, de
vocação única ou múltipla, independentemente de as autarquias serem limítrofes ou não.
Tendo o referido Capítulo IX definido alguns princípios informadores de Associação
de Municípios, com o presente diploma estabelecem-se normas relativas a certos aspectos
de organização e funcionamento das mesmas, de forma a garantir-lhes dinamismo e eficá-
cia de acção.
Foram ouvidos todos os Municípios, por força do artigo 105º, do citado Decreto-Lei
n.º 52-A/90.
Nestes termos,
Ao abrigo do artigo 116º, do Decreto-Lei n.º 52-A/90, de 4 de Julho,
No uso da faculdade conferida pela parte final da alínea e), do n.º 1, do artigo 75º da
Constituição, o Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
(Natureza)
A Associação de Município é uma pessoa colectiva de direito público criada por acor-
do de dois ou mais Municípios para a realização de interesses comuns. 105
Artigo 2º
(Objecto)
1. A Associação de Municípios tem por objecto a defesa dos interesses comuns e a
integração das políticas a cargo dos respectivos membros compreendidas nas atribuições
destes.
2. A Associação de Municípios pode ainda ter por objecto a realização de quaisquer
interesses compreendidos nas atribuições dos mesmos, salvo os que pela sua natureza ou
disposição de lei devam ser realizados por aqueles.
104 Esta lei elaborada em 1990, numa altura em que o poder local era ainda muito incipiente, não tinha certamente em vista
dar cobertura legal à possível existência de uma Associação Nacional de Municípios, muito menos que ela viesse a integrar
todos os Municípios do país. Esta questão é suficientemente relevante e deve ser debatida porque, em nosso entender, como
de resto temos defendido noutros fóruns, seria de pensar seriamente em estabelecer um regime jurídico que permitisse
transformar a actual ANMCV na interlocutora privilegiada do Governo e do Parlamento em matéria de descentralização e do
Poder Local, sem prejuízo, obviamente da posição individual dos seus associados.
105 Actualmente existem em todo o país uma Associação Nacional (ANMCV), que abarca os 17 Municípios, e mais três
Associações Regionais, a saber: AMSA (Santo Antão), AMSM (Santiago e Maio), AMFB (Fogo e Brava).

416
Decreto-Lei n.º 106/90, de 8 de Dezembro

Artigo 3º
(Processo de constituição)
1. Compete aos Conselhos Municipais dos Municípios interessados promover diligên-
cias necessárias à constituição da associação, por iniciativa própria ou recomendação da
Assembleia Municipal.
2. Concluído o processo de negociação e acordado entre os Conselhos Municipais
um projecto de estatutos da associação, cada um submetê-lo-á à apreciação da respectiva
Assembleia Municipal.
3. Aprovado o projecto de estatutos por todas as Assembleias Municipais, a associação
constituir-se-á por escritura pública a lavrar pelo Notário do Município da sede da mesma,
sendo outorgantes os Presidentes dos Conselhos Municipais interessados.
4. A constituição da associação será comunicada ao Ministro de tutela pelo Município
em cujo território a associação tenha a sua sede, para efeitos de registo.
Artigo 4º
(Estatutos)
1. Os estatutos da associação devem designar a sua sede, objecto e composição, fixar
a sua duração, no caso de não ser constituída por tempo indeterminado, a contribuição de
cada Município para as despesas comuns, a competência dos seus órgãos e, bem assim,
estabelecer todas as demais disposições necessárias ao seu bom funcionamento.
2. Os estatutos devem ainda fixar as condições de ingresso de novos associados e tam-
bém as de abandono por parte dos Municípios que integrar a associação.
3. Os estatutos podem ser modificadas por acordo dos Municípios associados, obser-
vando-se, para o efeito, as disposições estabelecidas no presente diploma para a respectiva
aprovação.
4. Os estatutos da Associação e suas modificações serão publicados gratuitamente no
Boletim Oficial.
Artigo 5º
(Órgãos da Associação)
São órgãos da Associação:
a) A Assembleia Intermunicipal;
b) O Conselho de Administração 106:

106 A terminologia utilizada em todas as Associações de Municípios, incluindo a Nacional, é o Conselho Directivo.

417
Decreto-Lei n.º 106/90, de 8 de Dezembro

Artigo 6º
(Assembleia Intermunicipal)
1. A Assembleia Intermunicipal é o órgão deliberativo da associação e é constituída
pelos presidentes ou seus substitutos e por três conselheiros de cada um dos conselhos
associados.
2. Os Presidentes dos Conselhos dos Municípios associados são obrigatoriamente
membros da Assembleia Intermunicipal, podendo, no entanto, delegar a sua representação
em qualquer conselheiro municipal.
3. A duração do mandato dos membros da Assembleia Intermunicipal é igual à do
mandato para os órgãos do Município, salvo se, por qualquer motivo, o membro deixar de
pertencer ao órgão do Município que representa, caso em que é eleito novo membro que,
completará o mandato do anterior titular.
4. A Assembleia Municipal reunirá ordinariamente uma vez por trimestre, e extraordi-
nariamente sempre que necessário a pedido de qualquer dos Municípios associados.
5. Os trabalhos da Assembleia Intermunicipal são dirigidos por uma mesa constituída
por um Presidente e dois Secretários, a eleger de entre os seus membros.
6. A Assembleia Intermunicipal só pode deliberar estando presentes pelo menos 2/3
dos seus membros em efectividade de funções.
Artigo 7º
(Conselho de Administração)
1. O Conselho de Administração é o órgão executivo da associação e é composto por
três representantes dos Municípios associados, eleitos pela Assembleia Intermunicipal de
entre os seus membros.
2. Os membros do Conselho de Administração escolherão entre si o Presidente.
3. A duração do mandato do Conselho de Administração é de um ano, tacitamente re-
novável, se na primeira Assembleia Intermunicipal que se realizar depois do seu termo não
se proceder à eleição de novo Conselho Administrativo.
4. No caso de vacatura do cargo por parte de qualquer membro do Conselho de Admi-
nistração, deve o novo membro ser eleito na primeira reunião da Assembleia Intermunici-
pal que se realizar após a verificação da vaga e completar o mandato do anterior titular.
5. Os membros do Conselho de Administração cessam funções se, por qualquer moti-
vo, deixarem de pertencer ao órgão do Município que representam.
6. É obrigatoriamente eleito novo Conselho de Administração no início de cada man-
dato do Conselho Municipal.
7. O Conselho de Administração terá uma reunião mensal e as extraordinárias que o
Presidente entender convocar para o bom funcionamento da Associação.

418
Decreto-Lei n.º 106/90, de 8 de Dezembro

8. O exercício das funções de Presidente de mesa da Assembleia é incompatível com o


exercício das funções de Presidente do Conselho de Administração.
Artigo 8º
(Competência dos órgãos da Associação)
1. Para a realização do projecto da Associação, os seus órgãos exercem a competência
atribuída pela lei e pelos estatutos.
2. Os estatutos pode conferir aos órgãos da Associação os poderes municipais adequa-
dos à realização do respectivo objecto, com excepção dos que, pela sua própria natureza ou
disposição da lei, devam ser exercidos directamente pelos órgãos do Município.
3. O limite à liberdade do conteúdo dos estatutos, referido no número anterior, cessa
desde que os actos a praticar pelos órgãos da Associação no exercício de tais poderes fi-
quem estatutáriamente sujeitos ao controle prévio dos órgãos municipais competentes.
Artigo 9º
(Administrador-delegado)
1. O Conselho de Administração pode designar um administrador-delegado107 para a
gestão corrente dos assuntos da Associação, devendo, neste caso, ficar expressamente de-
terminado na acta quais os poderes que lhe são conferidos.
2. A Assembleia Intermunicipal pode, sob proposta do Conselho de Administração,
fixar a remuneração ou uma gratificação ao administrador-delegado, de acordo com as
funções exercidas.
3. Ao administrador-delegado compete apresentar trimestralmente um relatório sobre
o modo como decorreu a gestão dos assuntos a seu cargo.
Artigo 10º
(Património)
O património da Associação é constituído pelos bens e direitos para ela transferidos no
acto da constituição ou por ela posteriormente adquiridas a qualquer título.
Artigo 11º
(Receitas)
Constituirão receitas da Associação:
a) O produto das contribuições de cada Município;
b) As taxas de utilização de bens e os respeitantes à prestação de serviços;
c) O rendimento de bens próprios e o produto de sua alienação ou de constituição
dos direitos sobre bens;
d) As doações, subsídios ou comparticipações provenientes da Administração
Central;
e) O produto de empréstimo contraídos;
107 O Estatuto da ANMCV, associação de cariz nacional, criou a figura do Secretário Geral com poderes de gestão corrente
dos assuntos daquela entidade pública.

419
Decreto-Lei n.º 106/90, de 8 de Dezembro

f) Quaisquer outros rendimentos permitidos ou atribuídos por lei, acto ou con-


trato.
Artigo 12º
(Empréstimo )
1. As Associações de Municípios podem contrair empréstimos junto de instituições
bancárias públicas.
2. Aos empréstimos referidos no número anterior é aplicável, com as necessárias adap-
tações, o regime dos empréstimos municipais.
Artigo 13º
(Orçamento)
1. O orçamento da associação é elaborado pelo Conselho de Administração e aprovado
pela Assembleia Intermunicipal.
2. Do orçamento consta a contribuição de cada Município para as despesas da associa-
ção na parte não coberta pelas receitas de outra natureza.
3. A contribuição estabelecida para cada Município para constituição ou funcionamen-
to da associação deve ser entregue atempadamente, não havendo lugar à reversão de contri-
buição, mesmo quando o Município não utilize os serviços prestados pela associação.
4. Na elaboração do orçamento da associação devem respeitar-se, com as necessárias
adaptações, os princípios estabelecidos na lei para a contabilidade municipal.
Artigo14º
(Programa de actividade)
O programa de actividades de Associação é elaborado pelo Conselho de Administração e
aprovado pela Assembleia Intermunicipal conjuntamente com o Orçamento da Associação.
Artigo 15º
(Julgamento de contas )
1. É da competência do Tribunal de Contas o julgamento das contas da Associação.
2. Para efeitos do disposto no número anterior, devem ser enviadas pelo Conselho de
Administração ao Tribunal de Contas, após a aprovação pela Assembleia Intermunicipal,
contas respeitantes ao ano transacto.
Artigo 16º
(Pessoal) 108
1. O pessoal necessário ao funcionamento da Associação é requisitado preferencial-
mente dos Municípios associados.
108 Os órgãos das Associações de Municípios, tanto a nacional como as regionais, são apoiados por estruturas técnicas
e administrativas, suportadas por verbas provenientes anualmente do Orçamento de Estado. Os Gabinetes Técnicos
Intermunicipais (GTI) ou Gabinete de Desenvolvimento Regional (GDR), anteriormente designados por GATI, foram criados
pelo Decreto-Lei n.º 101-N/90, de 23 de Novembro, na dependência directa do Governo, tendo na altura como atribuições
“a assessoria técnica solicitada pelos Municípios que integram a respectiva área de actuação, designadamente no âmbito da
gestão e na definição e execução de serviço de natureza técnica”. Logo após a institucionalização do Poder Local e posterior
movimento associativo municipal foram integrados nas diversas Associações Regionais constituindo hoje, basicamente, os
serviços administrativos e técnicos destas.

420
Decreto-Lei n.º 106/90, de 8 de Dezembro

2. Sempre que as necessidades do serviço o exijam, pode ser criado um quadro de pes-
soal próprio da Associação, cabendo à Assembleia Intermunicipal a sua fixação.
3. O regime jurídico do pessoal da Associação é o mesmo que o previsto na lei para o
pessoal dos quadros municipais.
Artigo 17º
(Tutela)
As Associações de Municípios estão sujeitas à tutela legalmente prevista para os Mu-
nicípios.
Artigo 18º
(Continuidade do mandato)
A Assembleia Intermunicipal e o Conselho de Administração servem pelo período do
mandato e mantém-se em actividade até serem estatutáriamente substituídas.
Artigo 19º
(Extinção da Associação)
1. A Associação extingue-se pelo decurso do prazo, se não tiver sido constituída por
tempo indeterminado, pelo preenchimento do seu fim ou por deliberação de todos os Mu-
nicípios associados.
2. Se os estatutos não dispuserem diversamente, o património da Associação, no caso
de extinção, é repartido entre os Municípios, na proporção da respectiva contribuição para
as despesas da Associação, ressalvados os direitos de terceiros.
Artigo 20º
(Vigência)
Este Decreto entra em vigor no 30º dia a contar do dia seguinte ao da sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Pedro Pires- JoãoPereira Silva- Arnaldo França.
Promulgado em 27 de Novembro de 1990.
Publica-se.
O Presidente da Republica, ARISTIDES MARIA PEREIRA.

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Decreto-Lei n.º 106/90, de 8 de Dezembro

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Decreto-Lei n.º 106/90, de 8 de Dezembro

XI - CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

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Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

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Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

REGIME JURÍDICO DAS AQUISIÇÕES PÚBLICAS


Lei nº 17/VII/2007
de 10 de Setembro
Por mandato do povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do arti-
go 174º da Constituição, o seguinte:
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
SECÇÃO I
Objecto e Âmbito de Aplicação
Artigo 1.º
Objecto
1. O presente diploma estabelece o regime jurídico das aquisições públicas.
2. Entende-se por aquisições públicas, para efeitos do presente diploma, as que se
operam através dos contratos celebrados pelas entidades adjudicantes referidas no artigo
2º, para efeito de:
a) Empreitadas de obras públicas;
b) Aquisição de bens;
c) Aquisição de serviços;
d) Concessão de obras públicas;
e) Concessão de serviços públicos.
Artigo 2.º
Âmbito de aplicação
1. Para efeitos do presente diploma são entidades adjudicantes:
a) O Estado;
b) Os organismos públicos dotados de personalidade jurídica, com ou sem au-
tonomia financeira, que não revistam natureza, forma e designação de em-
presa pública;
c) Os serviços personalizados do Estado;
d) Os fundos autónomos;
e) As autarquias locais e entidades equiparadas sujeitas a tutela administrativa;
f) As associações exclusivamente formadas por autarquias locais ou por outras
pessoas colectivas de direito público mencionadas nas alíneas anteriores.

425
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

2. As aquisições públicas que sejam financiadas por governos estrangeiros, entidades


de governos estrangeiros ou instituições intergovernamentais, são reguladas pelo presente
diploma, excepto nos casos em que as disposições do presente diploma se mostrem contrá-
rias ou inconsistentes com as bases de tais acordos de financiamento.
Artigo 3.º
Contratos mistos
1. Apenas é permitida a celebração de contratos cujo objecto abranja, simultaneamen-
te, prestações típicas de vários dos contratos enumerados nas alíneas a) a e) do n.º 2 do
artigo 1.º, se tais prestações forem técnica ou funcionalmente incindíveis ou, embora o não
sejam, se demonstrar que a sua separação causaria graves inconvenientes para a entidade
adjudicante.
2. Na realização de despesas e na contratação pública que abranja, simultaneamente,
empreitadas de obras públicas, aquisição de bens ou serviços aplica-se o regime previsto
para a componente de maior expressão financeira.
SECÇÃO II
Princípios
Artigo 4.º
Princípio da legalidade
Na formação e execução dos contratos, as entidades públicas e privadas intervenientes
devem observar as regras e princípios constantes do presente diploma e dos seus regula-
mentos, não podendo, designadamente, ser adoptados outros procedimentos para além da-
queles que nestes diplomas se encontram fixados, excepto em situações tipificadas na lei.
Artigo 5.º
Princípio da liberdade de acesso aos procedimentos
de aquisição pública
Os procedimentos de aquisição pública devem ser de livre acesso de participação dos
interessados em contratar, nos limites do presente diploma e dos seus regulamentos.
Artigo 6º
(Princípio do interesse publico)
Na formação e execução dos contratos, as entidades adjudicantes devem priorizar a
satisfação das necessidades colectivas que a lei define como suas atribuições.
Artigo 7.º
Princípio da igualdade
1. Na formação dos contratos devem proporcionar-se iguais condições de acesso e de
participação dos interessados em contratar, segundo os critérios fixados nos documentos
de concurso.

426
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

2. Iniciado o procedimento, não pode ser feita discriminação de qualquer natureza


entre os interessados em contratar nem admitir-se qualquer interpretação das regras que
disciplinam a contratação que seja susceptível de determinar uma discriminação entre os
concorrentes e aqueles que não apresentaram candidaturas ou propostas.
Artigo 8.º
Princípio da proporcionalidade
Dentro dos limites fixados na presente lei e seus regulamentos, devem ser escolhidos
os procedimentos, praticados actos e efectuadas diligências que se mostrem mais adequa-
dos e indispensáveis à prossecução do interesse público, ponderando-se os custos e os
benefícios decorrentes da respectiva utilização.
Artigo 9.º
Princípio da transparência e da publicidade
Os procedimentos de aquisição, os critérios de adjudicação e as condições essenciais
dos contratos devem ser fixados previamente à abertura do concurso, através de uma ade-
quada publicidade, para que todos os interessados deles possam ter conhecimento.
Artigo 10.º
Princípio da economia e da eficiência
As aquisições devem ser realizadas de acordo com práticas que traduzam uma eco-
nomia de meios, um aproveitamento máximo das capacidades colocadas à disposição das
entidades públicas e privadas intervenientes no procedimento e a optimização da satisfação
das necessidades colectivas.
Artigo 11.º
Princípio do desenvolvimento da produção, contratação e indústria de serviços
Nos procedimentos de aquisição, na formação e execução dos contratos devem ser
ponderados todos os factores que permitam desenvolver os vectores da produção, contra-
tação e indústria de serviços em Cabo Verde, para que possam constituir-se num pólo de
desenvolvimento económico.
Artigo 12.º
Princípio da promoção de objectivos de natureza
nacional, social e ambiental
Nos procedimentos de aquisição, na formação e execução dos contratos devem estar
presente o prosseguimento do desenvolvimento económico, do respeito pelas políticas de
natureza social levadas a cabo pelas instituições públicas e privadas e do respeito pela qua-
lidade e preservação do ambiente.
Artigo 13.º
Princípio da imparcialidade
1. Nos procedimentos devem ser ponderados todos os interesses públicos e privados
relevantes, uns com os outros e entre si.

427
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

2. Os documentos de concurso não podem conter cláusulas que visem favorecer ou


prejudicar qualquer dos interessados em contratar, não sendo admitida qualquer interpreta-
ção que contrarie este propósito.
Artigo 14.º
Princípio da boa-fé
1. Na formação e execução dos contratos as entidades públicas e privadas devem agir
segundo as exigências da identidade, autenticidade e veracidade na comunicação.
2. Os documentos de concurso, bem como os contratos, devem conter disposições
claras e precisas.
Secção III
Realização de despesas
Artigo 15.º
Unidade da despesa
1. Para efeitos do presente diploma, a despesa a considerar é a do custo total da aqui-
sição.
2. É proibido o fraccionamento da despesa com a intenção de a subtrair ao regime
previsto no presente diploma.
CAPÍTULO II
Entidade reguladora e unidades de gestão
de aquisições
Artigo 16.º
Criação
1. É criada, nos termos da Lei nº20/VI/2003, de 21 de Abril, a autoridade reguladora
das aquisições públicas, designada entidade reguladora.
2. Para preparar e conduzir os procedimentos de aquisição pública são criadas pelas
entidades adjudicantes as Unidades de Gestão de Aquisições (UGA) integradas por ele-
mentos devidamente certificados pela entidade reguladora e de supervisão.
Artigo 17.º
Funcionamento
1. Cada entidade adquirente deve indicar à entidade reguladora uma UGA com compe-
tência para conduzir os procedimentos de aquisição.
2. As entidades adquirentes podem agrupar-se para indicar uma única UGA competen-
te para efectuar todas ou algumas das suas aquisições.
3. Todas as aquisições a efectuar nos termos do número anterior devem ser conduzidas
de acordo com a presente lei e nos seus regulamentos.

428
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

Artigo 18.º
Certificação
1. A UGA só pode iniciar as suas funções, após verificação, por parte da entidade regu-
ladora, de que possui a capacidade adequada.
2. No caso da entidade reguladora verificar que a UGA possui pessoal suficientemente
apto e experiente em aquisições para promover um concurso, emite, por escrito, um certi-
ficado, no qual especifica:
a) A entidade ou entidades adquirentes em relação às quais a UGA está qualifi-
cada para promover concursos;
b) O valor e complexidade das aquisições em relação às quais a UGA se mostra
qualificada para promover concursos, considerando a formação e experiência
em aquisições do seu pessoal.
3. Periodicamente, tendo por base as verificações efectuadas, a entidade reguladora
pode:
a) Certificar outras UGA perante outras entidades adquirentes, indicando as
aquisições para as quais se encontram habilitadas;
b) Promover ou desqualificar uma UGA, delimitando o âmbito dessa decisão.
Artigo 19.º
Pessoal
1. As UGAs devem ser integradas por técnicos com competência e experiência nos
domínios técnicos, económicos, jurídicos e de mercados públicos na área de aquisições,
e, quando necessário, pelo pessoal administrativo, e de suporte e dirigida por pessoa com
experiência em procedimentos de aquisição.
2. Conforme as circunstâncias a entidade adquirente em relação às quais a UGA se
encontra certificada para conduzir as aquisições, pode designar funcionários de entre o
seu pessoal com experiência em aquisições, sem prejuízo da sua certificação pela entidade
reguladora.
3. A UGA, mediante autorização da entidade reguladora, pode solicitar o acompanha-
mento da condução dos concursos por outros peritos de outras entidades adquirentes ou por
outros consultores.
Artigo 20.º
Funções
1. A UGA desenvolve todas as actividades conducentes à realização das aquisições
públicas, tal como definidas nos capítulos seguintes, em todas as suas fases, até à apresen-
tação de uma proposta de adjudicação junto da entidade adquirente.

429
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

2. O exercício das funções cometidas à UGA deve ser desenvolvido de acordo com
o presente diploma e as directivas da entidade reguladora, a quem devem ser fornecidos
todos os relatórios e informação sobre os concursos e aquisições.
CAPÍTULO iII
Tipos e escolha de procedimentos
SECÇÃO I
Tipos de procedimentos
Artigo 21.º
Tipos
1. A aquisição pública, a concessão de obras públicas e a concessão de serviços públi-
cos, devem ser precedidas de um dos seguintes procedimentos:
a) Concurso público;
b) Concurso limitado por prévia qualificação;
c) Aquisição competitiva;
d) Ajuste directo;
e) Administração Directa.
2. No concurso público qualquer interessado que reúna os requisitos exigidos no pre-
sente diploma e nos termos a regulamentar pode apresentar uma proposta.
3. No concurso limitado por prévia qualificação, apenas os seleccionados pela UGA,
na fase de candidatura, podem apresentar propostas.
4. A aquisição competitiva implica o convite a pelo menos três interessados, devendo
a adjudicação ser feita ao candidato que apresente o preço mais baixo para os bens, obras
ou serviços a adquirir.
5. O ajuste directo não implica a consulta a vários fornecedores de bens, serviços ou
obras.
6. Na administração directa, a entidade adquirente utiliza pessoal e equipamento pró-
prio, nos termos a regulamentar.
SECÇÃO II
Concurso público
Artigo 22.º
Concurso público
1. O concurso público deve ser o método privilegiado em todas as aquisições públicas.
2. Os outros métodos devem ser utilizados tendo em consideração a complexidade téc-
nica e os montantes mínimos e máximos estabelecidos nos termos regulamentar ou quando
a segurança pública interna ou externa o aconselhe.

430
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

Artigo 23.º
Concurso público numa fase
Os procedimentos de concurso público numa fase são executados de acordo com o dis-
posto no Capítulo IV deste diploma, sendo aplicáveis a todos os interessados que reúnam
os requisitos para apresentação de propostas.
Artigo 24.º
Concurso público em duas fases
1. O método do concurso público em duas fases é obrigatoriamente seguido, com a
tramitação constante do artigo 59.º, nos seguintes casos:
a) Aquisições “chave-na-mão” ou aquisições para grandes e complexos estabel-
ecimentos ou obras, incluindo complexa tecnologia de informática e comuni-
cação;
b) Outras aquisições em que, pela sua complexidade técnica, não seja aconsel-
hável ou razoável preparar, antecipadamente, a totalidade das especificações
técnicas;
c) Concessões de obras públicas e concessões de serviços públicos.
Artigo 25.º
Dispensa de concurso público
Independentemente do valor, o concurso público é dispensado quando, verificada a
conveniência para o interesse do Estado, ocorra um dos seguintes casos:
a) Quando a segurança pública interna ou externa o aconselhe;
b) Os procedimentos de concurso público e de concurso limitado por prévia
qualificação não tenham dado lugar à apresentação de qualquer proposta, em
condições de poder conduzir a uma adjudicação.
SECÇÃO III
Outros métodos para aquisição de bens, obras e serviços
Artigo 26.º
Concurso limitado por prévia qualificação
O concurso limitado por prévia qualificação pode ter lugar, sempre que:
a) Os bens, obras e serviços possam ser adquiridos junto de entidades pré-quali-
ficadas;
b) Os bens, obras e serviços possam ser objecto de uma identificação precisa e
clara, contendo todas as suas especificações;
c) O valor estimado não seja superior ao valor máximo de aplicação deste mé-
todo, nos termos a regulamentar.

431
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

Artigo 27.º
Aquisição competitiva
A aquisição competitiva pode ter lugar, sempre que:
a) Os bens, obras e serviços a serem adquiridos encontrem-se disponíveis no mer-
cado e correspondam a um padrão específico, não especialmente produzido ou
fornecido de acordo com indicações particulares da entidade adquirente;
b) Existam no mercado pelo menos, três interessados e em condições de for-
necerem os bens ou serviços ou executar as obras;
c) O valor estimado não seja superior ao valor máximo de aplicação deste mé-
todo, nos termos a regulamentar.
Artigo 28.º
Ajuste directo
1. O ajuste directo pode ter lugar, quando o valor estimado não seja superior ao valor
máximo de aplicação deste método, nos termos a regulamentar e sempre que:
a) Se trate de empreitada, bem, serviço, concessão de obras públicas ou con-
cessão de serviços públicos para a qual um único fornecedor possua as quali-
ficações exigidas e que tenha uma patente, uma licença, ou direitos exclusivos
e nenhuma alternativa exista para a sua substituição;
b) Se trate de serviços complementares não incluídos no contrato inicial, mas
que, na sequência de circunstâncias imprevisíveis, não possam ser técnica ou
economicamente separados sem graves inconvenientes para a entidade adju-
dicante;
c) Se trate de entregas complementares destinadas à substituição parcial de bens
fornecidos ou de instalações de uso corrente ou à ampliação de fornecimentos
ou de instalações existentes, desde que, cumulativamente:
(i) A mudança de fornecedor obrigue a entidade adjudicante a adquirir material
de técnica diferente que origine uma incompatibilidade ou dificuldades técni-
cas desproporcionadas de utilização e manutenção;
(ii) A adjudicação seja feita ao fornecedor inicial;
d) Se trate de novos serviços que consistam na repetição de serviços similares
confiados ao prestador de serviços a quem foi adjudicado o contrato anterior
pela mesma entidade adjudicante;
e) Os procedimentos de concurso público e de concurso limitado por prévia
qualificação não tenham dado lugar à apresentação de qualquer proposta, em
condições de poder conduzir a uma adjudicação;

432
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

f) Na medida do estritamente necessário, por motivos de urgência imperiosa,


quando:
(i) As circunstâncias invocadas não possam ser controladas pela UGA ou
pela entidade adquirente e não lhes sejam, em caso algum imputáveis;
(ii) O recurso ao ajuste directo não seja utilizado como modo de evitar o res-
peito pelos princípios da igualdade e transparência.
2. O disposto no nº1 do artigo anterior não se aplica às associações comunitárias, salvo
quando o valor da aquisição ultrapassar 3.000.000$ (três milhões de escudos) e o valor
global dos contratos programas ultrapassem 10% do montante total previsto no Orçamento
do Estado e dos Municípios para o emprego público.
Artigo 29.º
Administração directa
1. Pode adoptar-se a administração directa, quando, em obras públicas, a entidade ad-
quirente possa utilizar o seu próprio pessoal e equipamento.,
2. A administração directa só pode ser usada:
a) No que respeita a obras de pequena dimensão, ou em locais pouco
acessíveis;
b) Em trabalhos que tenham de ser efectuados sem causar a interrupção de oper-
ações correntes;
c) O pessoal e equipamento da entidade adquirente garanta um menor grau de
interrupções inevitáveis dos trabalhos;
d) Em situações de emergência, que justifiquem uma pronta actuação.
CAPÍTULO IV
Fase da formação do contrato
SECÇÃO I
Documentos de Concurso
Artigo 30.º
Tipos de documentos
1. Os documentos de concurso devem conter toda a informação em termos indepen-
dentes e objectivos de modo a que possa haver uma completa e leal competição entre todos
os concorrentes.
2. Em particular, os documentos de concurso devem incluir:
a) Um programa de concurso;
b) Um caderno de encargos.

433
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

3. Para resolução de conflitos emergentes do contrato, a minuta tipo de contrato, cons-


tante dos documentos de concurso, deve dispor que, após se ter esgotado o recurso às ga-
rantias administrativas previstas no presente diploma, as partes comprometem-se a recorrer
à arbitragem.
Artigo 31.º
Programa de concurso
O programa de concurso destina-se a definir os termos a que obedece o processo res-
pectivo, deve ser publicado nos termos previstos no artigo 64.º e deve especificar, desig-
nadamente:
a) Identificação do concurso;
b) O nome e endereço da UGA ou entidade adquirente, consoante o caso, in-
cluindo o seu endereço de e-mail e número de fax e data limite para solicitação
de esclarecimentos sobre os documentos do concurso;
c) Requisitos necessários à admissão dos concorrentes;
d) Modo de apresentação das propostas;
e) A moeda ou moedas em que os concorrentes devem indicar os seus preços,
o procedimento para conversão de preços expressos em diferentes moedas
numa única moeda, com o propósito de comparar propostas e a moeda na qual
o contrato deve ser pago;
f) Os critérios para avaliação das propostas e adjudicação do contrato;
g) Se as propostas com variantes são admitidas e, em caso afirmativo, as con-
dições para a sua aceitação e o método da sua avaliação;
h) Se é ou não admitida a apresentação de propostas com condições divergentes
das do caderno de encargos e quais as cláusulas deste que, na hipótese afirma-
tiva, não podem ser alteradas;
i) Prazo durante o qual o concorrente fica vinculado a manter a proposta;
j) Uma breve descrição da natureza e quantidade de bens, obras ou serviços que
são adquiridos, incluindo o prazo para entrega ou conclusão;
k) Elementos e documentos que acompanham as propostas;
l) Garantias que são prestadas no caso de adjudicação do contrato;
m) As fontes do financiamento para a aquisição;
n) Estipulação de que todas as reclamações no âmbito do concurso devem ser
resolvidas nos termos previstos no capitulo XII deste diploma;

434
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

o) Se é ou não concedida preferência a concorrentes nacionais, nos termos a


regulamentar a serem aplicados;
p) O modo, condições, custos se os houver, para obter os documentos de con-
curso, bem como o local e data a partir da qual os documentos de concurso
podem ser obtidos;
q) O local e o prazo limite para a apresentação das propostas;
r) Data, hora e local do acto público de abertura das propostas, o que ocorre im-
ediatamente a seguir ao fim do prazo para apresentação das propostas;
s) A determinação de que os representantes dos concorrentes e público em geral
podem assistir à abertura das propostas;
t) A língua, para além da oficial, que pode ser usada nas comunicações com a
UGA ou com a entidade adquirente.
Artigo 32.º
Convite para prévia qualificação
No concurso limitado por prévia qualificação, o convite deve ser publicado nos termos
previstos no artigo 64.º e deve especificar, designadamente:
a) O nome e endereço da entidade adquirente incluindo o seu endereço de e-mail
e número de fax;
b) Uma breve descrição da natureza e quantidade de bens, obras e serviços que
são adquiridos, incluindo o prazo final para entrega ou conclusão;
c) As fontes e posição do financiamento para a aquisição;
d) O método de aquisição a ser usado;
e) Se é ou não concedida preferência a concorrentes nacionais, nos termos a
regulamentar;
f) Os requisitos e critérios para a qualificação dos concorrentes;
g) O modo e condições, incluindo custos, se os houver, para obter os documentos
de pré-qualificação;
h) Data a partir da qual os documentos de pré-qualificação podem ser obtidos;
i) O local onde podem ser obtidos;
j) O local, data e hora limite para apresentação dos pedidos de pré-qualificação;
k) A língua, para além da oficial, que pode ser usada nas comunicações com a
UGA ou a entidade adquirente.

435
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

Artigo 33.º
Caderno de encargos
1. O caderno de encargos é o documento que contém, ordenados por artigos numera-
dos, as cláusulas jurídicas e técnicas, gerais e especiais, a incluir no contrato a celebrar.
2. Havendo caderno de encargos tipo, devidamente aprovado para a categoria de con-
trato posto a concurso, deve o caderno de encargos conformar-se com o tipo legal, apenas
com as cláusulas especiais indicadas para o caso e com as alterações nas cláusulas gerais
permitidas pela própria fórmula ou que sejam aprovadas pela autoridade que haja firmado
o acto ou referendado o acto pelo qual se tornou obrigatória a fórmula típica.
Artigo 34.º
Especificações técnicas
1. As especificações técnicas definem as características exigidas de um produto, tais
como os níveis de qualidade ou de propriedade de utilização, a segurança, as dimensões,
incluindo as prescrições aplicáveis ao produto, no que respeita ao sistema de garantia de
qualidade, à terminologia, aos símbolos, aos ensaios e métodos de ensaio, à embalagem,
à marcação e à rotulagem, e que permitem caracterizar objectivamente um material, um
produto ou um bem a fornecer, de maneira a que corresponda à utilização a que é destinado
pela entidade adquirente.
2. As especificações técnicas podem ser completadas por um protótipo do material ou
do elemento, devendo o mesmo ser expressamente identificado nos documentos que ser-
vem de base ao procedimento.
3. As especificações técnicas devem descrever, de forma clara, imparcial e precisa, o
trabalho a ser executado e o seu local, os bens a serem fornecidos, o local de entrega ou ins-
talação, os prazos de entrega ou conclusão, exigências mínimas para a execução, e quais-
quer termos e condições pertinentes, incluindo a definição de quaisquer testes, padrões e
métodos a serem utilizados para julgar a conformidade do equipamento a ser entregue ou
as obras a serem executadas.
4. Os desenhos têm de ser consistentes com o texto das especificações e estas têm de
definir a ordem de precedência entre os desenhos e textos, no caso de existirem divergên-
cias.
5. Não é permitido fixar especificações técnicas que mencionem produtos de uma dada
fabricação ou proveniência ou mencionar processos de fabrico particulares, cujo efeito seja
o de favorecer ou eliminar determinadas empresas ou produtos, sendo igualmente proibido
utilizar marcas, patentes ou tipos de marca ou indicar uma origem ou produção determi-
nada, salvo quando haja impossibilidade na descrição das especificações, caso em que é
permitido o uso daqueles, acompanhados da expressão “ou equivalente”.
6. O cumprimento por parte dos concorrentes de todas as especificações técnicas pre-
vistas no caderno de encargo não os inibe do dever de apresentação do bem ou serviço a
adquirir de forma que sirvam o fim a que se destina.

436
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

Artigo 35.º
Esclarecimentos e modificações dos documentos de concurso
1. Os esclarecimentos sobre os documentos de concurso devem ser submetidos, por
escrito, à UGA competente, para o endereço indicado no programa do concurso, até à data
limite fixada no programa de concurso.
2. A UGA deve responder por escrito, no prazo de 10 dias úteis, sem contudo identi-
ficar quem solicitou os esclarecimentos, sendo a resposta enviada a todos os concorrentes
que tenham recebido os documentos de concurso.
3. Se a resposta da UGA não puder ser recebida por todos os concorrentes antes do prazo
fixado para a apresentação das propostas para a pré-qualificação ou concurso, aquele prazo
deve ser prorrogado, de modo a que os concorrentes tenham tempo para considerar aquela
resposta na preparação das suas propostas para a pré-qualificação ou para o concurso.
4. Em qualquer momento, antes do prazo para apresentação das propostas para a pré-
qualificação ou para o concurso, a UGA competente pode, por sua própria iniciativa ou em
resposta a um pedido de esclarecimento, modificar os documentos de concurso, emitindo
uma adenda, que deve ficar a fazer parte integrante dos mesmos.
5. Qualquer adenda deve ser comunicada imediatamente a todos os concorrentes que
tenham solicitado os documentos de concurso.
6. Se uma adenda levar à necessidade da prorrogação do prazo para apresentação das
propostas, a UGA deve notificar desse facto todos os concorrentes que tenham solicitado
os documentos de concurso.
SECÇÃO II
Regras de participação
Artigo 36.º
Concorrente
É concorrente a entidade, pessoa singular ou colectiva, com personalidade jurídica,
que participa em qualquer concurso ou procedimento previsto no presente diploma.
Artigo 37.º
Requisitos gerais de elegibilidade
1. Os procedimentos para a admissão e exclusão de concorrentes devem ser especifi-
cados nos termos a regulamentar.
2. Não podem ser concorrentes as entidades que:
a) Se encontrem em estado de insolvência ou situação de falência, de liquidação,
de cessação de actividade, sujeitas a qualquer meio preventivo de liquidação
de patrimónios ou em qualquer situação análoga;

437
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

b) Tenham sido condenados, por sentença transitada em julgado, por um crime


ou ofensa relativa à sua conduta profissional;
c) Tenham apresentado ou falsificado a informação requerida para a participação
num concurso ou procedimento;
d) Tenham a sua situação irregular relativamente a contribuições para a seg-
urança social em Cabo Verde ou no Estado de que sejam nacionais ou no qual
se situe o seu estabelecimento principal;
e) Tenham a sua situação irregular relativamente a impostos devidos ao Estado
cabo-verdiano ou ao Estado de que sejam nacionais ou no qual se situe o seu
estabelecimento principal;
f) Tenham sido condenados por sentença transitada em julgado por algum dos
seguintes crimes: participação em actividades de uma organização criminosa,
corrupção, fraude ou branqueamento de capitais.
Artigo 38.º
Participação proibida de contratantes
1. São excluídas dos procedimentos de contratação para fornecimento de serviços de
consulta no âmbito de uma aquisição de bens, serviços ou obras, as pessoas singulares ou
colectivas, ou qualquer representante, funcionário ou agente dessa pessoa colectiva, que
tenham participado ou venham a participar, directa ou indirectamente, por qualquer meio,
como contratantes para o fornecimento desses bens, serviços, obras e concessão de obras
públicas ou concessão de serviços públicos.
2. São também excluídos dos procedimentos de contratação os consultores, ou qual-
quer seu representante, funcionário ou agente, que tenham participado ou venham a par-
ticipar, directa ou indirectamente, por qualquer meio, na preparação ou implementação
duma aquisição incluindo, mas não limitada, à preparação das especificações ou outros
documentos de concurso relativos a tal aquisição.
3. São ainda excluídos dos procedimentos de contratação:
a) Quando nele tenha interesse, por si, como representante ou como gestor de
negócios de outra pessoa;
b) Quando, por si ou como representante ou gestor de negócios de outra pessoa,
nele tenha interesse o seu cônjuge, algum parente ou afim em linha recta ou
até 2º grau da linha colateral;
c) Quando nele tenha interesse sociedade em cujo capital detenha, por si ou conjunta-
mente com as pessoas referidas na alínea b), uma participação superior a 25%;
d) Quando, por si ou como representante ou gestor de negócios de outra pessoa,
tenha interesse em questão semelhante à que deva ser decidida ou quando tal
situação se verifique em relação a pessoa referida na alínea b);

438
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

e) Quando tenha intervido no procedimento como perito ou mandatário ou haja


dado parecer sobre a questão a resolver, ou quando tal situação se verifique em
relação a pessoa referida na alínea l);
f) Quando contra ele, seu cônjuge ou parente em linha recta esteja intentada
acção judicial proposta por interessado ou pelo respectivo cônjuge;
g) Quando se trate de recurso de decisão proferida por si ou com sua inter-
venção;
h) Quando se trate de decisão proferida por qualquer das pessoas referidas na
alínea b) ou com a intervenção delas.
4. Qualquer pessoa ou entidade que tenha sido sancionada administrativamente por
violação deste artigo, nos termos a regulamentar, é:
a) Excluída da outorga do contrato ou, no caso de já ter ocorrido a sua celebração,
o mesmo é considerado nulo e de nenhum efeito, e tal pessoa ou entidade é
considerada responsável perante o Governo por qualquer perda resultante de
tal nulidade;
b) Excluída de quaisquer aquisições por período a ser definido nos termos a regu-
lamentar.
Artigo 39.º
Práticas proibidas a funcionários e agentes
da Administração Pública
1. Os funcionários e agentes da Administração Pública não devem:
a) Patrocinar ou participar em concursos;
b) Oferecer, directa ou indirectamente, a qualquer actual ou antigo funcionário ou
agente da administração pública, uma dádiva, por qualquer forma, emprego,
ou qualquer outra objecto ou serviço de valor, com o objectivo de influenciar
um acto ou uma decisão de um procedimento de aquisição ou execução dum
contrato;
c) Deturpar ou omitir factos ou situações de conluio que tenham por fim de in-
fluenciar um processo de aquisição ou a execução dum contrato, estabelecer a
apresentação de preços anormalmente elevados ou, por qualquer modo, limi-
tar o exercício de uma sã concorrência; ou
d) Prejudicar ou ameaçar prejudicar, directa ou indirectamente, pessoas ou os
seus bens, para influenciar o modo da sua participação num processo de
aquisição ou execução dum contrato.
2. Qualquer funcionário ou agente da administração pública que tenha violado qual-
quer disposição deste artigo, deve ser disciplinarmente responsabilizado, financeira, civil,
e criminal, de acordo com a legislação aplicável.

439
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

CAPÍTULO V
Procedimentos de aquisição
Artigo 40.º
Procedimentos do concurso
1. Os procedimentos especificados neste capítulo devem ser seguidos em todos os
concursos e têm o seu desenvolvimento nos termos a regulamentar.
2. No caso de se verificar divergência entre os procedimentos fixados neste Capítulo e
outros requisitos dos procedimentos de aquisição autorizado ou com os regulamentos, são
os primeiros que prevalecem.
Artigo 41.º
Planeamento das aquisições
1. Com seis meses de antecedência relativamente ao encerramento de cada ano, cada
entidade adquirente prepara e submete à entidade responsável pela aquisição de bens do
Estado e à UGA competente o seu plano de aquisições para o ano seguinte, o qual deve ser
objecto de publicação.
2. O plano de aquisições pode mediante fundamentada justificação, ser objecto de,
pelo menos, uma alteração.
3. O plano de aquisições deve identificar as aquisições necessárias, as UGA a serem
designadas para cada aquisição, e o procedimento de aquisição a ser utilizado.
4. O plano de aquisições deve ser elaborado de modo a evitar a subtracção à utilização
de um método apropriado, através do fraccionamento do valor das aquisições.
5. As autarquias locais podem escolher serem assessoradas pela entidade responsável
pela aquisição de bens comuns, caso em que têm que submeter o plano anual de aquisições
àquela entidade.
6. As UGA´s e a entidade responsável pelas aquisições dos bens do Estado, sob pro-
posta das entidades adquirentes, podem no decurso da execução do plano de aquisições,
propor, mediante justificação adequada, as alterações necessárias à prossecução dos objec-
tivos do plano anual previamente aprovado.
Artigo 42.º
Atribuição de meios de financiamento
A decisão de contratar não pode ser tomada sem que a respectiva despesa esteja orça-
mentada ou que, comprovadamente, exista uma expectativa razoável e justificada de que os
financiamentos necessários se encontram garantidos.
Artigo 43.º
Comunicações e língua do concurso
1. Salvo qualquer disposição em contrário na presente Lei, nos documentos de con-
curso ou no contrato, as comunicações entre concorrentes, fornecedores e contratantes e

440
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

as UGA’s, entidades adquirentes e entidade reguladora, devem ser efectuadas por escrito e
enviadas em mãos, correio, fax, correio electrónico, disco de computador ou disquete ou
outra forma de comunicação electrónica.
2. Os documentos de concurso podem ser enviados electronicamente desde que se
verifiquem os seguintes pressupostos:
a) Os convites para a pré-qualificação ou para participação no concurso previa-
mente, especifiquem que os documentos de concurso possam ser enviados aos
interessados por meios electrónicos;
b) Os interessados não tenham requerido o seu envio por correio normal;
c) Os documentos de concurso tenham sido enviados aos interessados que ten-
ham requerido o seu envio por correio normal;
d) O sistema electrónico apresente níveis de segurança adequados, capazes de
evitar modificações não autorizadas, sem restringir o acesso dos interessados
aos documentos de concurso.
3. Os documentos de concurso devem ser redigidos na língua oficial de Cabo Verde ou,
não o sendo, devem ser acompanhados de tradução devidamente legalizada e em relação à
qual o concorrente declara aceitar a prevalência, para todos os efeitos, sobre os respectivos
originais.
4. Excepcionalmente, outra língua pode ser utilizada com dispensa de tradução, desde
que no programa de concurso se especifique os documentos e os idiomas admitidos.
5. As comunicações que precisem e não incluam assinatura original têm de ser con-
firmadas por escrito, com assinatura, em data não posterior à do envio da comunicação
original.
Artigo 44.º
Indivisibilidade das aquisições
1. A aquisição de bens, obras, ou serviços só pode ser objecto de adjudicações separa-
das quando o objecto da contratação tiver natureza divisível, e desde que não haja prejuízo
para o conjunto a ser adquirido, nas condições definidas nos termos a regulamentar.
2. Nenhuma aquisição pode ser dividida em lotes com o fim de evitar a aplicação de
um determinado método de aquisição, sendo proibido o fraccionamento da despesa com
intenção de a subtrair ao regime previsto no presente diploma.
Artigo 45.º
Aquisições conjuntas de bens e serviços
1. Após a recepção dos planos de aquisições, a entidade responsável pelas aquisições
de bens do Estado pode agregar as aquisições de bens e serviços, tendo em atenção a sua
natureza e as necessidades das entidades adquirentes.

441
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

2. As aquisições conjuntas de bens e serviços, devem incluir, designadamente:


a) Veículos;
b) Fornecimentos e Serviços Externos;
c) Produtos e Pequenos Equipamentos;
d) Outros bens que sejam identificados pela entidade responsável pelas aquisições
de bens do Estado.
3. A entidade responsável pelas aquisições de bens do Estado deve preparar os seus
planos de aquisição de forma a obter economias de escala na aquisição de bens que se mos-
trem necessários de forma contínua ou repetida.
4. A entidade responsável pelas aquisições de bens do Estado deve preparar as espe-
cificações objecto do concurso, indicando as quantidades de bens que vão ser adquiridas
através de um ou mais conjuntos de contratos de aquisição.
5. A entidade responsável pelas aquisições de bens do Estado deve enviar a informação
referida no número anterior para a UGA responsável pelo concurso.
6. As aquisições conjuntas de bens devem ser conduzidas de acordo com a estrutura de
contratos aplicável, nos termos do presente diploma e dos regulamentos, excepto nos casos
previsto no número 7 deste artigo.
7. No caso das autarquias locais, estas podem optar entre:
a) Adquirir os bens de acordo com a estrutura de contratos prevista nos números
1 a 6 deste artigo, caso em que têm de submeter o plano anual de aquisições à
entidade responsável pela aquisição de bens do Estado;
b) Adquirir os bens sem obediência à estrutura prevista nos números 1 a 6 deste
artigo, desde que as aquisições sejam efectuadas de acordo com a presente Lei
e nos termos a regulamentar.
Artigo 46.º
Pedidos para aquisições
Após a preparação das especificações e definição dos trabalhos para uma aquisição e
a certificação pelo representante autorizado da entidade adquirente da conformidade dos
procedimentos, esta deve entregar toda a documentação à UGA competente, juntamente
com o pedido para efectuar a aquisição.
Artigo 47.º
Competência para aquisições
Após a recepção de um pedido de uma entidade adquirente, a UGA competente deve
efectuar a aquisição de acordo com o presente diploma e nos termos a regulamentar.

442
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

Artigo 48.º
Revisão das especificações
A UGA pode, precedendo consulta à entidade adquirente, solicitar revisões às especi-
ficações e definições dos trabalhos.
CAPÍTULO VI
Proposta
Artigo 49.º
Conceito de proposta
A proposta é a declaração pela qual o concorrente manifesta à entidade adjudicante a
sua inequívoca vontade de contratar.
Artigo 50.º
Documentos da proposta
1. A proposta é constituída pelos seguintes documentos:
a) Declaração do concorrente de aceitação dos termos e condições constantes do
caderno de encargos;
b) Documentos exigidos no programa de concurso que, em função do objecto
do contrato a celebrar e dos aspectos do caderno de encargos, contenham os
termos e condições em que o concorrente se dispõe a contratar.
2. Integram também a proposta quaisquer outros documentos que o concorrente apre-
sente por os considerar indispensáveis para o efeito da parte final da alínea b) do número
anterior.
3. A declaração referida na alínea a) do n.º 1 deve ser assinada pelo concorrente ou por
representante que tenha poderes para o obrigar.
Artigo 51.º
Propostas não admitidas e rescisão de contratos
1. A UGA ou a entidade adjudicante não deve admitir as propostas ou promover a
rescisão de contratos já celebrados se, após os procedimentos previstos nos termos a regu-
lamentar, se apurar que a decisão de adjudicação foi influenciada por um concorrente ou
um contratante que tiver:
a) Oferecido, directa ou indirectamente, a qualquer actual ou antigo funcionário
ou agente da Administração Pública uma gratuidade, por qualquer forma, em-
prego, ou qualquer outra coisa ou serviço de valor para influenciar um acto
ou decisão de um procedimento seguido pelas entidades interessadas, em con-
exão com os procedimentos de aquisição ou execução do contrato;
b) Deturpado ou omitido factos ou qualquer forma de conluio com outros con-
correntes, a fim de influenciar um processo de aquisição ou a execução dum
contrato, estabelecer preços artificiais ou falsear as regras da concorrência;

443
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

c) Prejudicado ou tentado prejudicar, directa ou indirectamente, pessoas ou bens


para influenciar a sua participação num procedimento de aquisição ou ex-
ecução dum contrato.
2. A não admissão de uma proposta ou a rescisão de um contrato e seus fundamentos,
deve ser prontamente comunicada ao concorrente ou contratante em questão e ao funcio-
nário ou agente da Administração Pública responsável nesta matéria, nos termos a regula-
mentar e deve ser transposto para o registo previsto no presente diploma.
3. A UGA pode decidir não admitir todas as propostas, por comprovados motivos eco-
nómicos.
4. Se a decisão de não admissão de todas as propostas for tomada antes do final do pra-
zo para a sua apresentação, todas as propostas recebidas devem ser devolvidas sem serem
abertas.
5. Na ausência de qualquer proposta responsável ou adequada, todas as propostas de-
vem ser consideradas não admitidas.
6. Para efeitos do número anterior, considera-se não existir uma proposta apropriada
quando não tenha sido respeitado o princípio da concorrência ou em que todos os preços
apresentados excedam o financiamento disponível.
7. O aviso da decisão de não admissão, nos termos dos números 3 e 5 do presente ar-
tigo, e os respectivos fundamentos devem ser dados a conhecer imediatamente a todos os
concorrentes.
Artigo 52.º
Apresentação e recepção das propostas
1. As propostas devem ser entregues em mãos ou enviadas por correio registado, só po-
dendo ser enviadas por fax, correio electrónico, disco de computador ou disquete, ou outra
forma de comunicação electrónica, se tal se encontrar expressamente previsto no programa
de concurso ou em regulamento adequado.
2. Assim que as propostas apresentadas nos termos previstos no número 1 deste artigo
sejam recebidas pela UGA, devem ser colocadas em local fechado, cuja chave ou combi-
nação deve ficar na posse do responsável da UGA ou de quem, em situações de ausência ou
impedimento, legalmente o substitua.
3. A UGA deve manter um registo das propostas apresentadas.
CAPÍTULO VII
Júri do concurso
Artigo 53.º
Júri
Salvo no caso de ajuste directo, os procedimentos são conduzidos por um júri, desig-
nado pela entidade adjudicante ou pela UGA, composto, em número ímpar por, pelo menos
três membros efectivos, um dos quais preside, e dois suplentes.

444
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

Artigo 54.º
Funcionamento
1. O júri do concurso inicia o exercício das suas funções no dia útil subsequente ao do
envio do anúncio para publicação.
2. O júri só pode funcionar quando o número de membros presentes na reunião corres-
ponda ao número de membros efectivos.
3. As deliberações do júri, que devem ser sempre fundamentadas, são tomadas por
maioria de votos, não sendo admitida a abstenção.
4. Nas deliberações em que haja voto de vencido de algum membro do júri, deve cons-
tar da acta as razões da sua discordância.
Artigo 55.º
Competência
Compete nomeadamente ao júri do concurso:
a) Presidir ao acto público;
b) Proceder à qualificação dos concorrentes admitidos;
c) Proceder à apreciação formal das propostas admitidas.
CAPÍTULO VIII
Apresentação, análise das propostas e adjudicação
Artigo 56.º
Acto público do concurso
1. As propostas apresentadas devem ser abertas, em acto público, no local, data e hora
designados no programa de concurso, nos termos definidos nos regulamentos, sendo, em
voz alta, identificados os concorrentes, lido o preço das propostas e das propostas com va-
riantes, se as houver e outra informação considerada relevante.
2. Nos concursos públicos em duas fases a leitura do preço das propostas tem lugar,
apenas, na segunda fase.
3. Após a abertura das propostas, a informação relativa ao exame, esclarecimentos,
avaliação e recomendação para adjudicação não pode ser divulgada, até ao anúncio da
adjudicação.

Artigo 57.º
Exame e avaliação das propostas
1. A avaliação das propostas deve ser efectuada pelo júri nomeado pela UGA compe-
tente, de acordo com os regulamentos.

445
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

2. O Júri pode ser assessorado por entidades externas às UGA’s, quando estas não dis-
puserem de pessoal com os conhecimentos e experiência suficiente ou quando possa existir
um conflito de interesses.
3. Os critérios de avaliação constantes dos documentos de concurso devem ser objec-
tivos e de modo a permitir a sua quantificação.
4. Nenhum critério não especificado nos documentos de concurso pode ser usado na
avaliação.
5. Após completar o exame, avaliação e comparação das propostas e das qualificações
dos concorrentes, de acordo com os procedimentos e critérios estabelecidos nos documen-
tos de concurso, o júri notificará a entidade adquirente:
a) Do relatório sobre o exame, comparação e avaliação das propostas e as quali-
ficações dos concorrentes;
b) Da recomendação quanto ao concorrente a quem deve ser adjudicado o con-
trato.
Artigo 58.º
Pós-qualificação
1. Quando se julgar apropriado um procedimento de pós-qualificação, este tem como
objectivo determinar se o concorrente que apresentou a proposta melhor classificada tem a
capacidade e os recursos necessários à execução do contrato.
2. Sempre que o concorrente não preencher os requisitos de qualificação:
a) A proposta deve ser rejeitada;
b) A pós-qualificação deve ser iniciada em relação à proposta classificada imedi-
atamente a seguir.
3. O júri e a UGA devem assegurar que a documentação relativa a todas as pós-quali-
ficações constituem parte dos procedimentos de aquisição e que foram submetidos à enti-
dade adquirente e a entidade reguladora.
4. Quando um concorrente tenha participado numa pré-qualificação, uma comple-
ta pós-qualificação pode ser considerada desnecessária, mas os documentos submetidos
aquando da pré-qualificação devem ser objecto de verificação.
5. A UGA deve considerar os seguintes factores:
a) Quaisquer alterações materiais ocorridas desde a submissão da informação no
procedimento de pré-qualificação;
b) Qualquer informação que tenha ficado disponível desde a pré-qualificação e
que, no critério da UGA, afecte materialmente a capacidade do concorrente
para executar o contrato.

446
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

6. A UGA pode limitar o número de adjudicações a um determinado concorrente, no


caso em que seja reconhecido que os seus recursos se mostrem insuficientes para os com-
promissos adicionais que resultem do contrato proposto.
7. Nos casos referidos no número 6 deste artigo, a UGA pode recomendar uma decisão
de não adjudicação a um concorrente que considere não possuir a capacidade ou recursos
para executar o contrato.
Artigo 59.º
Condições especiais do concurso público em duas fases
1. No concurso público em duas fases devem ser identificados fornecedores com ca-
pacidade e recursos para executar o contrato em questão, tomando em conta, cumulativa-
mente:
a) Experiência e desempenho em anteriores contratos similares;
b) Capacidade no que respeita a pessoal;
c) Equipamento e recursos de construção ou fabrico, se relevante para a
aquisição;
d) Situação financeira, se relevante para a aquisição.
2. Numa primeira fase devem ser observados os seguintes procedimentos:
a) Os fornecedores pré-qualificados devem ser convidados a submeter as suas
propostas técnicas e financeiras, encerradas em invólucros separados, opacos,
fechados e lacrados, que são guardadas até ao acto público de abertura das
propostas;
b) Mesmo nos casos em que a aquisição não tenha de ser publicada em anúncio,
porque só fornecedores pré-qualificados são convidados a participar na pri-
meira fase, o aviso da aquisição é publicado nos termos do disposto no artigo
64º, com a indicação de que o pedido para apresentação de propostas foi en-
viado apenas a fornecedores pré-qualificados;
c) Após a recepção das propostas estas devem ser abertas e avaliadas de acordo
com as regras aplicáveis ao concurso público, sendo, se for o caso, impostas
correcções à proposta técnica, caso em que deve haver lugar à realização de
uma segunda fase do concurso.
3. Na segunda fase devem ser observados os seguintes procedimentos:
a) Apresentação das propostas em conformidade com eventuais correcções im-
postas relativamente à proposta técnica apresentada na primeira fase;
b) Após a recepção das propostas técnicas corrigidas e das propostas financeiras
estas são abertas e avaliadas de acordo com os procedimentos para o concurso
público.

447
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

Artigo 60.º
Condições especiais no concurso limitado por prévia qualificação
1. No concurso limitado por prévia qualificação, a UGA avalia as qualificações dos
interessados de acordo com os critérios e procedimentos estabelecidos nos documentos de
pré-qualificação e de apresentação de proposta.
2. A qualificação depende do interessado reunir o nível mínimo de qualificação baseado
no critério aceite/não-aceite e na experiência, capacidades pessoais e de equipamento, recur-
sos financeiros e outras matérias relevantes especificadas nos documentos de concurso.
3. O relatório de avaliação, com a devida fundamentação, deve ser submetido à en-
tidade adquirente para confirmação, a fim de prosseguir com a aquisição, sendo também
remetido à entidade reguladora, a título informativo.
Artigo 61.º
Critério de adjudicação
1. O critério no qual se baseia a adjudicação é o da proposta economicamente mais van-
tajosa, devendo ter por base factores objectivos e quantificáveis em termos monetários.
2. O preço apresentado deve conter todos os custos relativos ao fornecimento de bens
ou serviços ou execução da obra, incluindo custos incidentais, tais como taxas, seguros e
transporte.
3. O critério de adjudicação não pode ter por base, unicamente, o preço.
4. Na fixação do critério de adjudicação a entidade adquirente deve ponderar outros
factores variáveis, para além do preço, designadamente:
a) Prazo de execução;
b) Custo de utilização;
c) Rendibilidade;
d) Valia técnica da proposta;
e) Serviço pós-venda e de assistência técnica;
f) Garantias prestadas.
CAPÍTULO IX
Celebração do contrato
Artigo 62.º
Aprovações necessárias antes da celebração do contrato
Os regulamentos devem prever as aprovações que têm de ser obtidas antes da celebra-
ção do contrato.

448
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

Artigo 63.º
Celebração do contrato
1. Após terem sido obtidas as aprovações necessárias nos termos do artigo anterior e
antes de terminar o prazo de validade do concurso, a entidade adquirente deve prontamente
notificar, por escrito:
a) A UGA, da homologação da sua decisão;
b) O concorrente escolhido, especificando:
i) A data em que qualquer procedimento que seja exigido para execução do con-
trato ou as garantias previstas no programa de concurso devam ser apresenta-
das;
ii) A data na qual a entidade adquirente se propõe a assinar o contrato;
c) Todos os outros concorrentes, indicando:
i) O nome do concorrente escolhido;
ii) A data na qual o contrato é assinado;
iii) Que qualquer concorrente que queira conhecer os motivos pelos quais a
sua proposta não foi escolhida pode solicitar um esclarecimento à UGA,
a qual deve ser prestada, no prazo de 5 dias úteis, por escrito ou em audi-
ência, de acordo com indicação da UGA;
iv) Que qualquer reclamação contra a decisão tomada deve ser apresentada
no prazo de cinco dias úteis a contar da publicação da notificação da pro-
posta de adjudicação, nos termos previstos do número 2 deste artigo ou
do esclarecimento prestado nos termos do parágrafo iii) da alínea b) deste
número, o que ocorrer mais tarde.
2. A notificação da proposta de adjudicação deve ser publicada nos termos previstos
no artigo 64.º.
3. A entidade adjudicante deve assinar o contrato com o concorrente escolhido após
recepção da garantia de execução requerida ou nos cinco dias úteis após a publicação pre-
vista no número 2 deste artigo ou da notificação da proposta de adjudicação, o que ocorrer
mais tarde.
4. O contrato entra em vigor na data da sua assinatura.
5. Se a entidade adjudicante decidir não assinar o contrato com o concorrente escolhi-
do, deve comunicar tal posição à UGA, a qual deve conter:
a) Uma detalhada e razoável explicação, por escrito, justificando a sua decisão;
b) Uma recomendação para subsequente acção na aquisição em questão.

449
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

6. A notificação efectuada nos termos do número anterior deve ser incluída no registo
de aquisições constante do presente diploma.
CAPÍTULO X
Transparência e publicidade
Artigo 64.º
Publicações
1. As UGA’s devem publicitar, de forma adequada, todos os documentos de concurso
e suas alterações, quaisquer outras recomendações relacionadas com aquisições futuras e
todos os contratos celebrados, através da sua colocação no website da entidade reguladora
na Internet e no Boletim Oficial nos casos em que a lei determine.
2. As UGA’s devem, ainda, colocar a informação prevista no número 1 deste artigo,
nos seus boletins informativos, bem como promover a sua divulgação nos boletins infor-
mativos das entidades adquirentes e num dos jornais de maior divulgação no país.
3. No caso de se tratar de um concurso internacional, a UGA deve, ainda, submeter a
informação para publicação em dois jornais técnicos de tiragem internacional.
4. A entidade reguladora também deve publicar e divulgar, através de subscrição ou
qualquer outro meio, incluindo publicação no seu website da internet:
a) Todos os documentos tipo a ser usados pelas UGA em conexão com as
aquisições;
b) Todas as alterações ao presente diploma, regulamentos e quaisquer matérias
que afectem as aquisições;
c) O seu relatório anual a Assembleia Nacional e ao Conselho de Ministros.
Artigo 65.º
Registos
1. As UGA’s e as entidades adquirentes devem manter um registo detalhado das suas
aquisições, de modo à entidade reguladora poder verificar o cumprimento das disposições
do presente diploma.
2. Para cada aquisição o registo deve conter, como especificações mínimas:
a) Informação acerca dos bens, obras ou serviços adquiridos;
b) Os nomes dos concorrentes;
c) As minutas da acta de abertura do concurso;
d) Nome do contratante ao qual o contrato foi outorgado;
e) O valor do contrato;
f) Cópias dos documentos de concurso;

450
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

g) Relatório da comissão do júri;


h) Recomendação para decisão sobre a adjudicação;
i) Contrato;
j) Outros documentos importantes relativos à aquisição em questão, incluindo a
fundamentação relativa a desvios dos procedimentos normais de aquisição.
Artigo 66.º
Acesso ao público
A entidade reguladora, a UGA e as entidades adquirente devem manter, as suas insta-
lações, espaços ou bibliotecas abertos ao público, tornando possível a todos os interessados
a consulta dos documentos relevantes dos concursos.
CAPÍTULO XI
Garantias administrativas
Artigo 67.º
Direito aplicável
As reclamações administrativas dos actos relativos à formação dos contratos, em todas
as suas fases, regem-se pelo disposto no presente capítulo e, subsidiariamente, pelas dispo-
sições aplicáveis da lei administrativa.
Artigo 68.º
Reclamações
1. As reclamações podem ser apresentadas contra quaisquer actos proferidos no pro-
cedimento.
2. As reclamações das deliberações do júri sobre a admissão de concorrentes ou sobre
a admissão de propostas são decididas pelo júri, no próprio acto público de abertura de
propostas.
3. Da decisão do júri cabe recurso para a Comissão de Resolução de Conflitos da
ARAP.
4. Compete à Comissão de Resolução de Conflitos deliberar sobre todas as reclama-
ções apresentadas fora do acto público de concurso.
Artigo 69.º
Prazos de reclamação
1. As reclamações das deliberações do júri sobre a admissão de concorrentes ou sobre
a admissão de propostas têm de obrigatoriamente ser apresentadas na respectiva fase do
acto público em que forem proferidas, podendo consistir em declaração ditada para a acta
ou em petição escrita ao júri.

451
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

2. As reclamações de quaisquer outros actos devem ser apresentadas no prazo de cinco


dias úteis.
Artigo 70.º
Apresentação da reclamação
O interessado deve expor, na reclamação, todos os fundamentos que entender pertinen-
tes, podendo juntar os documentos que considere convenientes.
Artigo 71.º
Efeitos da reclamação
As reclamações das deliberações do júri sobre a admissão dos concorrentes ou da ad-
missão das propostas, bem como as reclamações de quaisquer actos dos procedimentos ad-
missíveis nos termos do presente diploma e da lei administrativa, têm efeito suspensivo.
Artigo 72.º
Audiência de contra-interessados
1. Nas reclamações das deliberações do júri sobre a admissão de concorrentes ou sobre
a admissão de propostas, os concorrentes que possam ser prejudicados pela sua procedên-
cia podem alegar, no próprio acto, em declaração ditada para a acta ou por escrito.
2. Nas reclamações de outros actos do procedimento, o órgão competente para delas
conhecer deve notificar, de imediato, os concorrentes que possam ser prejudicados para
alegarem, por escrito, no prazo de cinco dias úteis, o que tiverem por conveniente sobre o
pedido e seus fundamentos.
Artigo 73.º
Decisão
1. As reclamações deduzidas no âmbito do acto público de concurso são decididas na
respectiva fase do acto público em que forem apresentadas.
2. As demais reclamações são decididas no prazo de cinco dias úteis, equivalendo o
silêncio a indeferimento tácito.
Artigo 74.º
Cópias das decisões
As decisões devem ser notificadas à reclamante e enviadas à entidade adquirente e à
UGA respectiva, sendo igualmente publicadas e registadas nos termos dos artigos 64.º e
65.ºdo presente diploma.
CAPÍTULO XII
Auditoria às aquisições
Artigo 75.º
Auditorias independentes
Sem prejuízo das auditorias levadas a cabo pelas entidades competentes do Estado
nas áreas das suas atribuições, a entidade reguladora deve conduzir auditorias periódicas à
aquisição pública.

452
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

Artigo 76.º
Publicação de relatórios
Os relatórios respeitantes às auditorias efectuadas devem ser publicados nos termos
previstos no artigo 64.º do presente diploma.
CAPÍTULO XIII
Disposições transitórias
Artigo 77º
Entidade responsável pelas aquisições dos bens do Estado
Para efeitos da condução dos processos previstos no artigo 45º do presente diploma, a
entidade responsável pelas aquisições dos bens do Estado é a Direcção Geral do Património
do Estado devidamente capacitada com recursos técnicos e humanos que para o efeito será
dotada.
Artigo 78.º
Comissão independente para as aquisições públicas
1. Enquanto não for criada a entidade reguladora, algumas das atribuições serão desem-
penhadas por uma comissão independente de aquisições públicas abreviadamente designa-
da CIAP, constituída por três a cinco membros designados por Conselho de Ministros.
2. São atribuições da CIAP:
a) Elaborar normas técnicas e directivas para boa execução das aquisições pú-
blicas;
b) Zelar para uma adequada formação dos funcionários e agentes;
c) Difundir informação;
d) Conduzir as auditorias previstas no artigo 75º da presente lei;
e) Preparar os cadernos sobre cláusulas administrativas gerais e coordenação da
redacção dos cadernos de cláusulas técnicas gerais;
f) Elaborar e apresentar os relatórios.
CAPÍTULO XIV
Disposições finais
Artigo 79.º
Regulamentos
1. O Governo aprova os regulamentos necessários à boa execução do presente diploma.
2. Os regulamentos devem ser aprovados no prazo de três meses.
Artigo 80.º
Aquisições electrónicas
1. As trocas de informações ocorridas na sequência da aplicação do presente diploma
podem ser objecto de uma transmissão pela via electrónica nas condições fixadas por via
regulamentar.

453
Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro

2. Os documentos de concurso ou de consulta devem ser colocados à disposição dos


candidatos por via electrónica nas condições fixadas pelos regulamentos com reserva de
que estes documentos são igualmente postos à disposição dos candidatos pela via postal ou
directamente mediante pedido.
3. A entidade reguladora deve coordenar o desenvolvimento e administração de um
sistema electrónico para a implementação de procedimentos de acordo com o presente
diploma.
4. O sistema electrónico deve ser devidamente protegido de forma a garantir a impos-
sibilidade de modificações não autorizadas, mas não deverá impedir o acesso de utilizado-
res aos documentos de concurso.
Artigo 81.º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor a 1 de Janeiro de 2008.
Aprovada em 27 de Julho de 2007.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.
Promulgada em 20 de Agosto de 2007.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES.
Assinada em 27 de Agosto de 2007.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.

454
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

REGULAMENTO DO REGIME JURÍDICO DAS AQUISIÇÕES PÚBLICAS


Decreto-Lei nº 1/2009
de 5 de Janeiro
O Programa do Governo reconhece que uma Administração Pública eficaz é um factor
essencial para um ambiente favorável ao crescimento económico e preconiza um processo
reformador feito de passos firmes, articulados e consequentes para alcançar uma adminis-
tração moderna e transparente, que sirva bem os cidadãos e as empresas.
As acções a desenvolver enquadram-se em diversas linhas de actuação: facilitar a vida
aos cidadãos e às empresas, melhorar a qualidade do serviço pela valorização dos recursos
humanos e das condições de trabalho e tornar a Administração “amiga” da economia, e
neste quadro a regulamentação legal das despesas com a aquisição de bens e serviços é uma
das pedras de toque da política administrativa, económica e financeira do Governo.
Com a Lei n.º 17/VII/2007, de 10 de Setembro, a lei das aquisições públicas, procedeu-
se a uma reforma do sistema de aquisições do Estado tendo em vista, entre outros, dois
objectivos fundamentais: assegurar a máxima transparência sem pôr em causa a necessária
flexibilidade, e permitir que as aquisições sejam efectuadas nas condições mais vantajosas
para o Estado.
A citada Lei das Aquisições Públicas prevê novas modalidades para a selecção dos
fornecedores, serviços e bens e procedimentos novos com vista à transparência e à eco-
nomia e simplificação dos procedimentos. O diploma pressupõe ainda a exigência de uma
sã concorrência entre os agentes económicos e incentiva a aquisição através de centrais de
compras constituídas num âmbito global ou para sectores específicos.
Desta maneira, impõe-se que a Administração Pública dê exemplo prático de boa ges-
tão dos seus recursos, reforçando-se, com os bons resultados económicos que será lícito es-
perar, a política de contenção das despesas públicas em que o Governo se tem empenhado.
Importa, agora, regular os procedimentos preconizados na Lei pois sem dúvida que é
condição de transparência a definição completa e exaustiva dos procedimentos que prece-
dem a realização das despesas, no uso de competências mais alargadas a que correspondem
maiores responsabilidades dos dirigentes.
Respeitando integralmente o quadro legal definido na Lei, procedeu-se a uma regula-
mentação ampla e exaustiva do sistema de aquisições do Estado, complementando lá onde
e sempre que necessário, ao abrigo das suas competências próprias, o disposto naquela.
O presente diploma, assim, é um passo fundamental para concretizar uma melhor ges-
tão da Administração Pública e para um melhor relacionamento com os agentes económi-
cos pois permite o necessário equilíbrio entre os objectivos de transparência e de rigoroso
controlo das despesas públicas e da eficácia e simplicidade dos procedimentos. Reforça
a garantia dos direitos dos administrados, promove a sã concorrência entre as empresas,

455
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

correspondendo plenamente, nesta medida, à política de redução do papel do Estado e de


incentivo à actividade económica privada.
Assim:
Ao abrigo do disposto na Lei n.º 17/VII/2007, de 10 de Setembro que aprovou o regi-
me das aquisições públicas; e
No uso da faculdade conferida pela alínea c) do nº 2 do artigo 203º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
Aprovação
É aprovado o regulamento da lei n.º 17/VII/2007, de 10 de Setembro, ou Lei das Aqui-
sições Públicas, aqui designado por Regulamento, que baixa anexo ao presente diploma, de
que faz parte integrante.
Artigo 2º
Âmbito
1. O regulamento é aplicável às aquisições realizadas pelas seguintes entidades:
a) O Estado;
b) Os organismos públicos dotados de personalidade jurídica, com ou sem au-
tonomia financeira, que não revistam natureza, forma e designação de em-
presa pública;
c) Os serviços personalizados do Estado;
d) Os fundos autónomos;
e) As autarquias locais e entidades equiparadas sujeitas à tutela administrativa; e
f) As associações exclusivamente formadas por autarquias locais ou por outras
pessoas colectivas de direito público mencionadas nas alíneas anteriores.
2. O regulamento aplica-se aos contratos seguintes, quando celebrados pelas entidades
referidas no número anterior deste preceito:
a) Empreitadas de obras públicas;
b) Aquisições de bens;
c) Aquisições de serviços;
d) Concessão de obras públicas; e
e) Concessão de serviços públicos.
3. O regulamento é subsidiariamente aplicável às contratações públicas que sejam fi-
nanciadas por Estados estrangeiros, entidades de Estados estrangeiros ou instituições inter-

456
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

governamentais sempre que as suas disposições se não mostrem contrárias ou inadequadas


às bases dos respectivos acordos de financiamento.
4. O trabalho rural e o trabalho nas Frentes de Alta Intensidade de Mão-de-obra regem-
se por legislação especial, sem prejuízo da aplicação subsidiária dos preceitos deste Código
em tudo o que não estiver regulado nessa legislação.
Artigo 3º
Exclusões
1. O Regulamento não é aplicável aos seguintes contratos, quando estejam sujeitos a
regras processuais específicas:
a) Sejam celebrados entre o Estado de Cabo Verde e países terceiros, ao abrigo
de um acordo internacional, e tenham por objecto a execução ou exploração
conjunta de um dado projecto; e
b) Sejam celebrados por força de regras específicas de uma organização interna-
cional a que Cabo Verde pertença.
2. O Regulamento não é aplicável aos seguintes contratos:
a) De aquisição de serviços de telefonia vocal, telex, radiotelefonia móvel, cha-
mada de pessoas e comunicações via satélite;
b) De aquisição de serviços de arbitragem e conciliação;
c) De aquisição de serviços financeiros relativos à emissão, compra, venda ou
transferência de títulos ou outros produtos financeiros, bem como serviços
prestados pelo Banco de Cabo Verde;
d) Celebrados com um fornecedor de bens ou de serviços que seja, ele próprio,
uma das entidades previstas no n.º 3 do artigo 2º, desde que tal entidade, sendo
obrigada a entregar bens, prestar serviços ou executar obras, o não fizer at-
ravés de um terceiro particular;
e) Cuja execução deva ser acompanhada de medidas especiais de segurança, ou
quando a protecção dos interesses essenciais de segurança do Estado Cabo-
verdiano o exigir;
f) Contratos-programa previstos em legislação especial; e
g) Destinados a satisfazer necessidades de serviços instalados no estrangeiro, desde
que a aquisição seja contratada com uma entidade sediada no estrangeiro.
3. A excepção prevista na alínea e) do número anterior deve ser reconhecida em despa-
cho fundamentado do respectivo ministro, após prévia comunicação à ARAP, que poderá
emitir, querendo, seu parecer com a urgência que se imponha.

457
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

4. Nas aquisições efectuadas ao abrigo do disposto na alínea g) do n.º 2 deve, sempre


que possível, observar-se um dos procedimentos previstos no Regulamento que melhor se
adeqúe à respectiva situação.
Artigo 4º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros
José Maria Pereira Neves - Cristina Duarte
Promulgado em 29 de Dezembro de 2008.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES.
Referendado em 29 de Dezembro de 2008.
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves
REGULAMENTO DA LEI DAS AQUISIÇÕES PÚBLICAS
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
SECÇÃO I
Definições e prazos
Artigo 1º
Definições
No âmbito do presente regulamento e de todo o sistema regulado de contratações pú-
blicas, entende-se por:
a) “Adjudicação”: É o acto pelo qual se comunica ao Concorrente a aceitação da
sua proposta, visando a futura celebração do contrato;
b) “Adjudicatário”: O Concorrente cuja proposta foi aceite por Adjudicação;
c) “Aquisições Chave-na-Mão”: Aquisições de obras públicas nos quais o Con-
tratado se obriga desde o desenho da obra, a construção, a provisão de ma-
teriais e equipamentos, a colocação em estado operacional e a garantia da
qualidade, até ao seu completo acabamento, incluindo a transferência de tec-
nologia, se couber;
d) “Aquisição de serviços”: Aquisição de serviços gerais, ou serviços relaciona-
dos com as obras públicas, como definido respectivamente nas alíneas y) e z)
e os serviços de Consultores;

458
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

e) “ARAP”: Designação abreviada da autoridade reguladora prevista no n.º 1 do


artigo 16º, tal como referido no n.º 3 do artigo 68, ambos da Lei das Aquisições
Públicas;
f) “Candidato”: O potencial Concorrente, pessoa física ou jurídica, que, através
de actos previstos no sistema regulado de contratações públicas, tenha mani-
festado o seu interesse em concorrer a uma contratação pública ou tenha sido
convidado a concorrer a qualquer processo de contratação pública;
g) “Concessão de obra pública”: O previsto na alínea a) do art. 2.º do Decreto-
Lei n.º 35/05, de 30 de Maio, isto é, a transferência para outrem do poder
de construir por sua conta e risco ou em parceria com o Estado, imóveis ou
instalações destinadas ao uso público, mediante o direito de as explorar em
exclusivo. Pode incluir a realização de todos ou alguns serviços relacionados
com a obra pública concedida, conforme definidos na alínea u);
h) “Concessão de serviço público”: é a concessão de exploração de bens públicos
prevista na alínea a) do artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 35/05, de 30 de Maio, isto
é, a transferência para entidades privadas do poder de, em exclusivo, explorar,
por sua conta e risco, os meios adequados à satisfação de uma necessidade
pública individualmente sentida;
i) “Concessionário”: A contraparte do Contratante num contrato de concessão
de obra pública, ou serviço público, dizendo-se, no primeiro caso, Conces-
sionário de obra pública e, no segundo, Concessionário de serviço público;
j) “Concorrente”: toda a pessoa física ou jurídica que tenha apresentado, dentro
do prazo para tal concedido, uma proposta num processo de contratação pú-
blica;
k) “Contratado”: A expressão que genericamente designa toda a pessoa física
ou jurídica que tenha assinado com uma Entidade Adjudicante um contrato
previsto na Lei, seja fornecedor, empreiteiro, Concessionário de obra, Conces-
sionário de serviço ou Consultor;
l) “Contratante”: A entidade do sistema subscritora de um dos contratos previs-
tos na Lei as Aquisições Públicas;
m) “Convocante”: A entidade do sistema que inicie ou realize algum dos procedi-
mentos previstos na Lei ou no presente diploma;
n) “Empreitada de obra pública”: É o contrato como tal previsto em diploma le-
gal, destinado à realização de uma obra pública, tal como definida na alínea u)
deste artigo, promovida, directa ou indirectamente, por qualquer das entidades
a que se aplica a Lei das Aquisições Públicas, podendo revestir as modalidades
previstas naquele diploma legal ou ser do tipo Chave-na-Mão, conforme defi-
nido na alínea c) do presente artigo

459
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

o) “Entidade Adquirente”: A Entidade Adjudicante, enquanto beneficiária directa


de um dos contratos previstos na Lei das Aquisições Públicas e realizado-
ra, com uma UGA e outras Entidades do Sistema, de um processo de con-
tratação;
p) “Entidades Adjudicantes”: as entidades referidas na alínea n);
q) “Entidades do Sistema”: A ARAP, o Primeiro-Ministro, as Entidades Adjudi-
cantes e Adquirentes, as UGA, a UGAC e os responsáveis directos do sistema
de informação das contratações públicas;
r) “Fornecedor”: A contraparte da Contratante num contrato de aquisição de
bens ou serviços gerais;
s) “Interessados em Contratar”: Todo o potencial Concorrente, incluindo o Can-
didatos, o Concorrente e o Adjudicatário;
t) “Lei”: Designação abreviada da Lei das Aquisições Públicas, que o presente
diploma regulamenta;
u) “Obra Pública”: Todos os trabalhos ligados à construção, reconstrução,
demolição, reparação, instalação, ampliação, reforma, adequação, restau-
ração, conservação, manutenção, modificação ou renovação de edifícios, es-
truturas ou instalações, como a preparação e limpeza do terreno, a escavação,
a fundação, a edificação, a instalação de equipamento ou material, a decoração
e o acabamento de obras; e outras prestações desde o desenho da obra, à con-
strução, à provisão de materiais e equipamentos, à colocação em operação e à
garantia da qualidade, até à sua total conclusão, incluindo a transferência de
tecnologia, nos contratos que pressuponham tais prestações; e bem assim os
serviços acessórios a esses trabalhos se o valor desses serviços não ultrapas-
sarem o dos próprios trabalhos;
v) “PDAA”: planos definitivos de aquisições agrupadas, elaborados pela UGAC,
previstos no artigo 37º;
w) “PPAA”: planos provisórios de aquisições agrupadas, elaborados pela UGAC,
previstos no artigo 35º;
x) “Processo de Contratação Pública”: O processo conducente à celebração e ex-
ecução de qualquer dos contratos previstos na Lei, desde a fase administrativa
de programação e planeamento, passando pelas fases do procedimento, da
Adjudicação provisória e da Adjudicação definitiva consubstanciada na cel-
ebração do contrato, até à completa execução deste;
y) “Serviços gerais”: Os serviços de qualquer natureza cuja prestação gere uma
obrigação de pagamento para as Entidades Adquirentes. A título de exemplo,
contratação de serviços profissionais, de limpeza e vigilância, de transporte

460
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

de bens móveis ou pessoas, de reparação ou conservação de bens móveis que


se encontrem incorporados ou apenas funcionalmente ligados a bens imóveis,
cujo valor não seja superior ao do próprio imóvel. Excluem-se os serviços
cujo respectivo procedimento de contratação se encontre regulamentado de
forma específica por outras disposições legais, como sejam os de advocacia
forense, ou os serviços pessoais regulados pela lei da função pública.
z) “Serviços relacionados com obras públicas”: Os trabalhos que tenham por
objecto conceber, desenhar e calcular os elementos que integram um projecto
de obra pública; as investigações, os estudos, assessorias e Consultorias que
se vinculem à execução das mesmas; a direcção ou fiscalização da execução
das obras e os estudos que tenham por objecto reabilitar, corrigir ou incre-
mentar a eficiência das instalações; os trabalhos que tenham por objecto con-
ceber, desenhar, projectar e calcular os elementos que integram um projecto
de engenharia básica, estrutural, de instalações, de infra-estrutura, industrial,
electromecânica e de qualquer outra especialidade da engenharia que se re-
queira para integrar um projecto executivo de obra pública; o planeamento e
o desenho, incluindo os trabalhos que tenham por objecto conceber, desenhar,
projectar e calcular os elementos que integram um projecto urbano, arqui-
tectónico, de desenho gráfico ou artístico e de qualquer outra especialidade de
desenho, de arquitectura e urbanismo, que se queira para integrar um projecto
executivo de obra pública; e todos os outros trabalhos de natureza análoga;
aa) “Sistema Regulado de Contratações Públicas”: todo o sistema legal e institu-
cional previsto na Lei, no presente regulamento, nos estatutos da ARAP e em
demais legislação aplicável ao processo de contratação pública, integrado pelo
Sistema de Informação Electrónica previsto no artigo 25º e pelas orientações,
normas ou directivas da ARAP;
bb) “UGA”: As Unidades de Gestão das Aquisições, previstas na Lei; e
cc) “Unidade de Gestão de Aquisições Centralizadas” (UGAC): A UGA definida
no artigo 7º do presente Regulamento.
Artigo 2º
Prazos
1. Com excepção do disposto no número seguinte, os prazos estabelecidos no presente
diploma contam-se em dias úteis.
2. Salvo expressa determinação em contrário, contam-se por dias seguidos os prazos
fixados no presente diploma para apresentação de propostas para pré-qualificação, de pro-
postas técnicas e financeiras, iniciais ou corrigidas em conformidade com o disposto nos
números 2 e 3 do artigo 59º da Lei, os prazos de prorrogação por força dos esclarecimentos
ou adendas previstos no artigo 35º, número 3 da Lei, bem como o prazo durante o qual o
Concorrente fica vinculado a manter a sua proposta.

461
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

3. Sem prejuízo do disposto nos números antecedentes, a entidade que deva fixar um
prazo de dias fá-lo-á através de marcação de data certa, desde que tal não possa trazer in-
certezas ou eventual prejuízo ao respectivo beneficiário.
SECÇÃO II
Proibições
Artigo 3º
Contratos mistos
1. Apenas é permitida a celebração de contratos cujo objecto abranja, simultaneamen-
te, prestações típicas de vários dos contratos a que se aplica o presente Regulamento, se
tais prestações forem técnica ou funcionalmente incindíveis ou, embora o não sejam, se
demonstrar que, pela complementaridade ou acessoriedade da prestação de menor valor, a
sua separação causaria graves inconvenientes para a Entidade Adjudicante.
2. Na realização de despesas e na contratação pública que abranja, simultaneamente,
empreitadas de obras públicas e aquisição de bens e serviços nos termos do número 1 ante-
cedente, aplica-se o regime previsto para a componente de maior expressão financeira.
Artigo 4º
Proibição de fraccionamento das aquisições
1. É estritamente proibido fraccionar ou subdividir o valor dos contratos ou a execução
de um projecto com a intenção de iludir os tipos de procedimentos estabelecidos na Lei das
Aquisições Públicas e no presente Regulamento.
2. Considera-se que há intenção de iludir os tipos de procedimentos estabelecidos nes-
ta lei quando:
a) Os bens, obras ou serviços objecto do contrato se adquiram ou executem sepa-
radamente em parcelas, etapas, partes ou lotes de menor valor, sendo suscep-
tíveis de entrega ou execução programada por um montante maior; ou
b) As prestações complementares à provisão de bens ou execução de obras que
representem em valor uma percentagem inferior ao objecto principal do con-
trato se efectuem em um ou mais contratos separados do contrato respeitante
ao objecto principal.
Artigo 5º
Casos em que não se considera existir fraccionamento
Não se considera que existe fraccionamento:
a) Quando, com o objectivo de aumentar o número de ofertantes, ou por razões
de complexidade ou financiamento da provisão do bem ou execução da obra,
devidamente ponderadas pela Convocante, um concurso público seja progra-
mado e executado por etapas, partes, pacotes ou lotes. Nestes casos, a proi-

462
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

bição do fraccionamento se aplica sobre o montante total da etapa, parte, pa-


cote ou lote a executar; e
b) Quando o objecto da contratação consista na aquisição de mercadorias que se
comercializam em mercados internacionais específicos, de formas diferencia-
das.
SECÇÃO III
UGA, UGAC e ARAP
Artigo 6º
Estatuto das UGA
1. As UGA são unidades administrativas de primordial importância no sistema de con-
tratações públicas enquanto responsáveis pela execução dos processos de contratação pú-
blica, sendo integradas, para o efeito, por pessoas de reconhecida competência no domínio,
dotadas de independência técnica.
2. Sem prejuízo da possibilidade de cada Entidade Adquirente ter a sua própria UGA,
em conformidade com os seus recursos humanos e suas necessidades próprias, as UGA
obrigam-se, dentro dos limites do razoável e precedendo acordos estabelecidos entre as
Entidades Adquirentes em que se enquadram e outras interessadas, a conduzir quaisquer
processos de contratação pública, independentemente de quem seja a Entidade Adquirente
beneficiária.
3. - As UGA desenvolvem todo o seu trabalho, desde a fase administrativa de forma-
ção dos contratos até à celebração dos mesmos, em estreita articulação com as Entidades
Adquirentes junto das quais funcionam.
Artigo 7º
Estatuto da UGAC
1. A UGAC é a UGA que, enquadrada na Direcção-Geral do Património do Estado,
coordena e superintende administrativamente todo o processo de aquisições agregadas de
bens e serviços realizadas pelas outras UGA, preparando o respectivo plano anual de aqui-
sições.
2. A UGAC poderá também desempenhar a função de UGA do ministério em que se
enquadra a Direcção-Geral do Património do Estado, ou departamento equivalente.
3. A UGAC será presidida pelo Director-Geral do Património do Estado, por outro
funcionário em comissão de serviço ou entidade que tenha sido contratada para o desempe-
nho da função. Sendo presidida pelo Director-Geral do Património do Estado este poderá
delegar, por escrito, competências em outro funcionário do departamento.
4. Para o cabal desempenho das suas funções, a UGAC terá uma constituição especial
e reforçada em relação às outras UGA.

463
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

Artigo 8º
Fins da ARAP
São fins da ARAP:
a) Assegurar, como última instância administrativa na matéria e dentro das suas
atribuições, a boa gestão dos dinheiros públicos empregues na aquisição de
bens e serviços, bem como na concessão de obras e serviços públicos e ainda
na contratação de empreitadas de obras públicas;
b) Assegurar para que os processos aquisitivos referidos na alínea a) se desen-
volvam de acordo com os princípios da legalidade, liberdade de acesso aos
procedimentos, economia e eficiência, interesse público, igualdade, propor-
cionalidade, transparência, publicidade e outros previstos na Lei;
c) Assegurar que nos procedimentos de aquisição pública e na formação e
execução dos subsequentes contratos, sejam tidos em conta os vectores de
produção, contratação e indústria de serviços em Cabo Verde, em conformi-
dade com a Lei;
d) Assegurar que nos procedimentos de aquisição pública, bem como na for-
mação e execução dos subsequentes contratos sejam tidos em conta o desen-
volvimento económico, o respeito pelas políticas de natureza social levadas a
cabo pelas instituições públicas e o respeito pela qualidade e preservação do
ambiente;
e) Contribuir, de forma pedagógica, para o incremento de uma cultura de boas
práticas de aquisições públicas entre os funcionários e agentes das entidades
Adjudicantes e das UGA, tal como definidas na Lei;
f) Zelar pela garantia da sã concorrência entre todas as pessoas, físicas ou ju-
rídicas, efectiva ou potencialmente Concorrentes aos processos de aquisições
públicas; e
g) Zelar, atenta e permanentemente, de forma preventiva e não só, no sentido de
detectar, esclarecer e combater quaisquer sinais de corrupção que ameacem
afectar, ainda que de modo circunstancial, o sistema de aquisições públicas.
Artigo 9º
Atribuições e competências da ARAP
São atribuições e competências da ARAP:
a) Elaborar e emitir normas técnicas e directivas destinadas a garantir o melhor
funcionamento das UGA e dos júris no cumprimento das funções que legal-
mente lhes cabem e todo o processo de aquisições públicas;
b) Acompanhar e supervisionar todo o processo de aquisições públicas, para que
as mesmas se processem em conformidade com as normas, procedimentos e

464
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

princípios previstos na Lei e sejam introduzidas as correcções que se impon-


ham oportunamente;
c) Conduzir auditorias ao processo das aquisições públicas, sem prejuízo de out-
ras levadas a cabo por outras entidades públicas competentes;
d) Prestar permanente, clara e relevante informação ao público sobre a procura
de bens e serviços pelas entidades Adjudicantes, bem como a oferta de con-
cessões de obras ou serviços, ou empreitadas de obras públicas projectadas, a
fim de manter, de forma transparente, a previsibilidade e a igualdade de opor-
tunidade aos potenciais interessados;
e) Dirimir, como única instância de recurso gracioso, os conflitos entre os Con-
correntes e as entidades Adjudicantes, nos termos do Regulamento;
f) Preparar os cadernos sobre cláusulas administrativas gerais;
g) Coordenar a preparação e aprovar a redacção dos cadernos de cláusulas técni-
cas gerais;
h) Receber todos os projectos de contrato de concessão de obras ou serviços
públicos e pronunciar-se sobre a eventual desconformidade dos mesmos aos
princípios da aquisição pública;
i) Fiscalizar a fase de execução dos contratos, especialmente os de empreitada e
as concessões de obras e serviços públicos, no sentido de garantir que durante
a execução não sejam desvirtuados os princípios e razões que levaram à Adju-
dicação ou outros previstos na Lei ou no Regulamento;
j) Fazer prospecções alargadas do mercado sobre os bens e serviços que inter-
essem ao consumo do Estado e manter as UGA informadas dos resultados de
tais prospecções;
k) Elaborar e aprovar o Código de Conduta dos integrantes das UGA e dos júris
e de todos quantos participem nos procedimentos de aquisição;
l) Efectuar e manter actualizados os registos que forem previstos na Lei e no
Regulamento;
m) Manter website seu na Internet onde sejam efectuadas as publicações previs-
tas na Lei ou no Regulamento, nomeadamente os documentos de concurso e
as suas alterações e quaisquer recomendações relacionadas com aquisições
futuras, bem como os contratos celebrados;
n) Exigir das Entidades Adquirentes e das UGA relatórios circunstanciados sobre
todos os processos de aquisição e os contratos celebrados;
o) Zelar para uma adequada formação dos integrantes das UGA;

465
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

p) Certificar os integrantes das UGA, seguindo para tal o processo previsto no


regulamento interno a ser aprovado e desqualificar as UGA ou seus integran-
tes sempre que o comportamento destes deva razoavelmente acarretar perda
de confiança na sua capacidade ou idoneidade para condução dos processos de
aquisição em conformidade com os princípios previstos na Lei, no Regulamento
ou nas normas e directivas emanadas no exercício da sua competência; e
q) Visar os planos anuais de contratações públicas.
Artigo 10º
Cooperação com a ARAP e publicações no website
1. Para a prossecução dos fins da ARAP e o cabal cumprimento das suas atribuições
e competências, as UGA, a UGAC e demais Entidades do Sistema, sem prejuízo do que
dispõe o número 2 do artigo 41º, dar-lhe-ão obrigatoriamente conhecimento integral e si-
multâneo de todas as correspondências e comunicações trocadas entre si, qualquer que seja
a via, concernentes ao processo de contratação pública, remetendo-lhe toda a correspon-
dência, documentações anexas e informações pertinentes.
2. A ARAP poderá, em qualquer altura, pedir esclarecimentos a quaisquer Entidades
do Sistema e emitir as instruções que julgar pertinentes. Às solicitações da ARAP concer-
nentes aos processos de contratação pública todas as Entidades do Sistema devem reagir
com empenho e urgência.
3. As publicações que devam ser efectuadas pela ARAP sê-lo-ão, pelo menos, na sua
página web.
CAPÍTULO II
Princípios, objectivos e sistema de informação electrónica
SECÇÃO I
Princípios
Artigo 11º
Princípio da legalidade
Na formação e execução dos contratos, as entidades públicas e privadas intervenientes
devem observar as regras e princípios constantes da Lei e do presente regulamento, não
podendo, designadamente, ser adoptados outros procedimentos para além dos que nestes
diplomas se encontram fixados, excepto se a lei os permitir.
Artigo 12º
Princípio do interesse público
1. Os processos de contratação pública destinam-se à realização, seja por aquisição ou
por concessão, dos bens ou serviços que melhor satisfaçam as necessidades das entidades

466
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

Adjudicantes ou da comunidade nacional ou local a que se destinem, dentro das limitações


económicas daquelas entidades e tendo sempre em conta as do país em geral.
2. Sem prejuízo para as adequadas dignidades relativas dos cargos públicos ligados à
soberania e representações, para os conceitos imateriais e não utilitários da sociedade como
a beleza e ornamentação da cidade, a festa, a cultura, a arte e os salutares espectáculos
públicos concernentes, o princípio do interesse público obriga à utilidade, à austeridade, à
proporcionalidade e objectividade nas despesas públicas, opondo-se à diversidade dispersi-
va de pormenores ou a aquisições de puro luxo e elevado custo, sem contrapartida propor-
cional no valor acrescentado das mesmas, nos planos social, cultural ou económico.
Artigo 13º
Princípio da igualdade
1. Todo e qualquer Potencial Concorrente tem o direito de aceder e participar sem
restrição e em igualdade de oportunidade com os demais nos procedimentos de contratação
pública, desde que preencha os requisitos previstos na lei e não se encontre em qualquer
situação de impedimento ou inabilitação.
2. Iniciado o procedimento, não pode ser feita discriminação de qualquer natureza
entre os Interessados em Contratar, nem admitir-se qualquer interpretação das regras que
disciplinam a contratação que seja susceptível de determinar uma discriminação entre os
Candidatos ou Concorrentes e os Potenciais Concorrentes que não concorreram.
Artigo 14º
Princípio da proporcionalidade
1. Respeitados os limites legais, deve ser escolhido o procedimento mais adequado
ao interesse público a prosseguir, ponderando-se os custos e os benefícios decorrentes da
respectiva utilização.
2. Na tramitação dos procedimentos apenas se devem efectuar as diligências e praticar
os actos que se revelem indispensáveis à prossecução dos fins que legitimamente se visam
alcançar
Artigo 15º
Princípio da transparência e publicidade
Sem prejuízo das reservas impostas pelas conveniências da segurança interna e ex-
terna do Estado, será assegurado à sociedade civil, aos potenciais Concorrentes, aos Con-
correntes e Contratados, o acesso a toda a informação relacionada com a actividade de
contratação pública, especialmente sobre os programas anuais de contratação, os trâmites
e requisitos que devem ser satisfeitos, os anúncios do concurso e actos convocatórios, as
diversas etapas de Adjudicação e assinatura de contratos, bem como estatísticas de preços
e listas de Contratados.

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Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

Artigo 16º
Simplificação e Modernização Administrativa
O acesso aos procedimentos e trâmites derivados de contratações públicas será sim-
ples e transparente, sob regras gerais, objectivas e claras, removendo-se toda a burocracia
que não se mostre necessária.
Artigo 17º
Princípio da imparcialidade
1. Nos procedimentos devem ser ponderados todos os interesses públicos e privados
relevantes, uns com os outros e entre si.
2. Os programas de concurso, cadernos de encargos e outros documentos que servem
de base ao procedimento não podem conter qualquer cláusula que vise favorecer ou preju-
dicar certo interessado ou categoria de Interessados em Contratar, nem tão pouco é permi-
tida, na sua aplicação, qualquer interpretação que contrarie esse princípio.
Artigo 18º
Princípio da protecção do ambiente
Na formação e execução dos contratos públicos as entidades públicas e privadas en-
volvidas devem, nos limites do possível e razoável, priorizar aquisições, obras, soluções
e actuações ecológicas, entendendo-se como tal as que melhor contribuam para a redução
dos impactos ambientais negativos e evitar as actuações contrárias.
Artigo 19º
Princípio do desenvolvimento da produção,
contratação e indústria de serviços
Nos procedimentos de aquisição, na formação e aquisição dos contratos, devem ser
ponderados todos os factores que permitam desenvolver os vectores da produção, contrata-
ção e indústria de serviços em Cabo Verde.
Artigo 20º
Princípio da boa fé
1. Na formação e execução dos contratos, as entidades públicas e privadas devem agir
segundo as exigências de identidade, autenticidade e veracidade na comunicação.
2. Os programas de concurso, cadernos de encargos e outros documentos que servem de
base ao procedimento, bem como os contratos, devem conter disposições claras e precisas
Artigo 21º
Princípio da concorrência
Na formação dos contratos deve garantir-se aos Interessados em Contratar o mais am-
plo acesso aos procedimentos e em cada procedimento deve ser consultado o maior número
de interessados, no respeito pelo número mínimo que a lei imponha.

468
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

Artigo 22º
Economia e eficiência
1. Na formação e execução dos contratos, as entidades Adjudicantes devem optimizar
a utilização dos recursos disponíveis e satisfação das necessidades colectivas que a lei de-
fine como suas atribuições
2. As entidades Adjudicantes obrigam-se a planear e programar suas contratações de
modo que as necessidades públicas se satisfaçam com a oportunidade, a qualidade e o custo
que assegurem ao Estado Cabo-verdiano as melhores condições, sujeitando-se a disposi-
ções de racionalidade, austeridade e disciplina orçamental.
Artigo 23º
Princípio da programação anual
1. Os processos de contratação devem ser programados e planificados através da ela-
boração de planos anuais de aquisições e de outros instrumentos e meios previstos no sis-
tema regulado de contratações públicas.
2. Deve ser evitada, quanto possível, a contratação avulsa pelas diversas entidades Ad-
judicantes, que possa facilitar procedimentos de contratação de menor visibilidade pública,
afastamento injustificado do método do concurso público através das aquisições urgentes
ou do fraccionamento das aquisições.
Artigo 24º
Princípio da estabilidade
1. Salvo nas circunstâncias específicas previstas neste regulamento, os programas de
concurso, cadernos de encargo e outros documentos que servem de base ao procedimento
devem permanecer inalterados durante a pendência dos respectivos procedimentos.
2. Nos procedimentos em que não esteja prevista qualquer negociação, as propostas
apresentadas pelos Concorrentes são inalteráveis até à Adjudicação.
3. Efectuada a Adjudicação, podem ser introduzidos, por acordo entre as partes, ajusta-
mentos à proposta escolhida, desde que as alterações digam respeito a condições acessórias
e sejam inequivocamente em benefício da Entidade Adquirente.
4. Quando já tenham sido apresentadas propostas, a Entidade Adjudicante não pode
desistir de contratar, Salvo nas circunstâncias específicas previstas neste regulamento.
SECÇÃO II
Objectivos do sistema; Sistema de Informação
Electrónica como meta a atingir
Artigo 25º
Objectivos do sistema
O Sistema Regulado de Contratações Públicas prossegue os seguintes objectivos ba-
silares:
a) Assegurar a boa gestão dos dinheiros públicos no processo de contratação
pública;

469
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

b) Garantir a sã concorrência no mercado das contratações públicas; e


c) Promover e assegurar a ética na gestão e nos procedimentos, reprimindo quan-
do necessário, e prevenindo permanentemente contra a infiltração de inter-
esses ilegítimos que ameacem perverter a contratação pública.
Artigo 26º
Finalidade, enquadramento institucional e relevância
do Sistema de Informação Electrónica como meta a atingir
1. Para a prossecução dos objectivos enunciados no artigo 25º, será instituído um sis-
tema eficaz de informação electrónica, colocado sob superintendência da ARAP, pelo qual
esta porá à disposição pública, através de meios de difusão electrónica de acesso massivo,
toda a informação sobre os actos convocatórios, anúncios públicos, processos de contra-
tação, adjudicações, cancelamentos, modificações, assim como qualquer outra informação
relacionada com os procedimentos de contratação pública, incluindo os registos pertinentes
e os contratos adjudicados.
2. O Sistema de Informação Electrónica é considerado meta do Sistema Regulado de
Contratações Públicas e seu uso será incrementado paulatinamente, substituindo os siste-
mas manuais.
3. O Sistema de Informação Electrónica só será utilizado na exacta medida em que
garanta absoluta segurança de confidencialidade dos dados.
Artigo 27º
Consulta e compra de anúncios públicos por via electrónica
Os Interessados em Contratar poderão consultar e adquirir os anúncios públicos pelos
meios de difusão electrónica que sejam estabelecidos pela ARAP.
Artigo 28º
Do envio dos documentos de concurso por via electrónica
1. Para que os documentos de concurso possam ser enviados electronicamente, nos
termos do número 2 do artigo 43.º da Lei, a ARAP promoverá que o Sistema de Informação
Electrónica tenha ou adquira níveis de segurança adequados, capazes de evitar modifica-
ções não autorizadas sem restringir o acesso dos interessados àqueles documentos.
2. A ARAP determinará se o Sistema de Informação Electrónica adquiriu os níveis de
segurança a que se refere o número 1 antecedente, seja para efeitos do envio dos documen-
tos de concurso ou de realização das comunicações entre os Interessados em Contratar,
Contratados e diversas Entidades do Sistema, por correio electrónico ou outra forma de
comunicação electrónica e emitirá orientações sobre o que a esse respeito deva constar dos
convites para pré-qualificação ou para participação nos concursos.

470
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

CAPÍTULO III
Fase administrativa da formação dos contratos
SECÇÃO I
Disposições gerais
Artigo 29º
Conformidade orçamental
As operações de contratação pública que as Entidades Adjudicantes realizem deverão
ajustar-se:
a) Às previsões e políticas para a aplicação de recursos contemplados no Orçamento
Geral do Estado vigente ou no Orçamento Municipal correspondente; e
b) Ao cronograma de recursos orçamentais, atendendo à sua efectiva disponibi-
lidade, de acordo com o plano de tesouraria respectivo.
Artigo 30º
Condições prévias ao início do procedimento
1. Como condição prévia para iniciar qualquer procedimento de contratação segundo
a natureza do projecto, as Entidades Adquirentes deverão contar com o estudo, desenhos,
incluídos planos e cálculos, especificações gerais e técnicas, devidamente concluídas, e em
todos os casos, com a programação, os orçamentos e demais documentos que se conside-
rem necessários, exceptuando-se apenas as aquisições Chave-na-Mão, em que o desenho é
responsabilidade do Contratado.
2. Só poderá comprometer-se ao pagamento que se encontre expressamente previsto
no Orçamento Geral do Estado ou no Orçamento Municipal respectivo ou determinado
em lei ou resolução posterior; e somente se poderá adjudicar ou contratar aquisições e
serviços quando se conte com saldo disponível na correspondente categoria orçamental,
salvo autorização prévia do Ministério que se ocupe da área das finanças públicas, ou da
Assembleia Municipal, conforme couber, devendo-se, nesses casos, assinalar nos anúncios
editais que a validade da contratação ficará sujeita à aprovação da categoria orçamental
correspondente.
3. No caso de o financiamento obtido deixar de estar disponível ou de ocorrerem cir-
cunstâncias excepcionais que possam resultar na impossibilidade de a Entidade Adquirente
contratar, esta informará, de forma expedita, a UGA, solicitando a interrupção dos proce-
dimentos de aquisição.
Artigo 31º
Estimativa de custo
1. Partindo da estimativa de custo de cada contrato as Entidades Adquirentes provi-
denciarão a atribuição específica das verbas orçamentais e, com as UGA, determinarão o
procedimento de contratação a seguir, em conformidade com as disposições da Lei e do
presente diploma.

471
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

2. Na estimativa de custo de cada operação, as entidades referidas no número 1 to-


marão em conta, desde o momento da convocação ao procedimento de Adjudicação cor-
respondente e durante todo o período de vigência, incluídas eventuais prorrogações ou
ampliações, todas as formas de gastos, incluindo o custo principal, a manutenção, os con-
sertos, as despesas operacionais, os fretes, os seguros, as comissões, os custos financeiros,
os impostos, os direitos e qualquer outra quantia que deva despender-se como consequên-
cia da contratação.
3. A estimativa de custos realizar-se-á sobre o valor de cada contrato e o cálculo do
valor global dos contratos relativos à aquisição de bens é feito com base no número de
unidades a adquirir.
4. No caso de contratos com duração fixa, atende-se ao valor total das prestações acres-
cido do valor residual, se o houver.
5. Nos contratos de aquisições de bens e contratação de serviços de prazo superior a
dois exercícios fiscais, a estimativa será realizada baseando-se no pagamento mensal pre-
visto, multiplicado por vinte e quatro.
6. No caso de contratos de fornecimento contínuo, o valor do contrato deve calcular-se
com base nos seguintes elementos:
a) O número de unidades que se prevê venham a ser adquiridas durante o prazo
de execução do contrato, ou durante os primeiros 12 meses, se aquele prazo
for superior a este; e
b) O número de unidades de bens semelhantes adquiridos durante os 12 meses ou
no ano económico anterior.
7. Quando se preveja expressamente o recurso a opções, deve ser tomado como base
para o cálculo do valor do contrato o total máximo possível, incluindo o recurso a opções.
Artigo 32º
Divisão em lotes
Nos casos em que a aquisição de bens ou serviços idênticos ou homogéneos puder oca-
sionar a celebração simultânea de contratos por lotes separados, o valor a atender para efei-
tos do regime aplicável a cada lote é o somatório dos valores estimados dos vários lotes.
SECÇÃO II
Preparação dos planos anuais de aquisições agrupadas
Artigo 33º
Centralização e agrupamento das contratações públicas
1. Visando a obtenção de economias de escala através da concentração das aquisições
em menor número de procedimentos e, por consequência, em procedimentos de valores
mais elevados, devem ser agrupadas, sempre que possível, as aquisições de:
a) Veículos;
b) Serviços externos;

472
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

c) Produtos e pequenos equipamentos;


d) Bens diversos de uso comum e consumo corrente, como sejam combustíveis,
computadores, mobiliários, fornecimentos diversos às repartições; e
e) Outros bens, serviços em geral e obras de carácter similar ou origem comum,
identificados pela UGAC, cuja entrega ou execução seja viável de programação
anual harmonizada.
2. As aquisições conjuntas a que se refere o número 1 antecedente são programadas e
planificadas conforme se dispõe nos artigos seguintes.
3. O período de execução de contratos para bens e serviços de uso comum não deverá
exceder um ano.
4. A ARAP deve criar, manter e publicar uma lista e especificações de bens de uso
comum, nos termos do artigo 64º da Lei.
5. A ARAP deve informar a qualquer UGA perante a qual se encontre a correr um pro-
cesso de aquisição de bem de uso comum, da existência de outra aquisição prevista para o
mesmo bem que ainda não tenha sido objecto de contrato, caso em que deve aconselhar as
UGA interessadas a consolidar as suas aquisições relativamente a esse bem e a alterar os
seus documentos de concurso, de modo a que futuras aquisições desse mesmo bem possam
ser efectuadas ao abrigo do contrato resultante daquelas aquisições.
Artigo 34º
Remessa à UGAC dos Planos Anuais de Aquisições
1. Para efeitos do disposto no artigo anterior e com seis meses de antecedência em re-
lação ao encerramento de cada ano, cada Entidade Adquirente prepara e submete à UGAC
o seu Plano Anual de Aquisições para o ano seguinte, com a identificação precisa de cada
aquisição em termos de quantidades e características que tenha sido possível definir, bem
como dos custos estimados, incluindo sua programação e carga, se possível mensal.
2. Juntamente com esta submissão, a Entidade Adquirente indicará à UGAC a UGA
que designa para a representar, identificando logo a pessoa coordenadora da mesma e os
respectivos contactos.
3. Anualmente, as autarquias locais poderão optar por efectuar parte ou a totalidade
das suas aquisições anuais através da UGAC, caso em que as mesmas obedecerão ao pro-
cesso aplicável às demais Entidades Adquirentes, referido nos números antecedentes e nos
artigos seguintes.
4. Ainda que as autarquias locais não optem pela aquisição centralizada na UGAC, nos
termos do número anterior, ser-lhes-ão sempre aplicáveis as demais normas e directivas do
sistema regulado de aquisições públicas

473
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

Artigo 35º
Planos Provisórios de Aquisições Agrupadas (PPAA)
1. Recebidos das Entidades Adquirentes os respectivos Planos Anuais de Aquisições,
a UGAC procede ao exame comparativo dos mesmos no sentido de formar uma convic-
ção provisória acerca das possibilidades de agrupamentos de aquisições e elabora logo
os competentes Planos Provisórios de Aquisições Agrupadas (abreviadamente, “PPAA”)
constituídos por mapas provisórios de aquisições agrupadas, no que couber e por docu-
mentos anexos àqueles contendo as características identificadoras de cada bem ou serviço
a adquirir no conjunto agrupado, de acordo com as identificações a que se refere o número
1 do artigo 34º.
2. Os PPAA são remetidos até 31 de Julho às UGA a que respeitam as respectivas
aquisições.
3. Se durante o exame a que se refere o número 1 a UGAC concluir que para o fim em
vista se mostra necessária ou conveniente alguma harmonização, ou uniformização, nas
características de certos bens ou serviços a adquirir, elaborará logo uma proposta de ajus-
tamentos, a apresentar às UGA juntamente com os PPAA.
4. Com a remessa dos PPAA às UGA, a UGAC informará a estas dos contactos refe-
ridos no n.º 2 do art. 34º e, para efeitos do disposto no número 4 do artigo 36º, designará
logo para cada agrupamento uma UGA a quem incumbe da coordenação dos processos de
harmonização aí previstos e da elaboração dos documentos consensuais que os reflictam,
podendo a própria UGAC coordenar o processo quanto às aquisições agrupadas em que
participe o Ministério da área das finanças.
Artigo 36º
Elaboração e harmonização dos documentos das aquisições
1. Recebido da respectiva Entidade Adquirente o Plano Anual de Aquisições a que
se refere o artigo 34º, n.º 1, cada UGA elabora documentos contendo as especificações
técnicas, os termos de referência ou cadernos de encargos concernentes aos diversos bens
ou serviços a adquirir, ou obras a realizar ou concessões a contratar, incluindo o programa
respeitante a cada aquisição em concreto, nomeadamente quantidades, faseamentos, datas
e o mais que se mostrar pertinente, em aprofundamento dos elementos fornecidos pela
Entidade Adquirente.
2. Recebidos os PPAA, cada UGA envia imediatamente à UGAC e às outras UGA do
mesmo agrupamento o trabalho efectuado em conformidade com o número 1, o qual deverá
estar completo, embora sujeito a posteriores ajustamentos.
3. Se, entretanto, a UGA entender que, por razões especiais e ponderosas, a aquisi-
ção agrupada do algum bem ou serviço traria inconvenientes à Entidade Adquirente, sem
maiores benefícios para o conjunto, assim informará logo à UGAC, apresentando as suas
razões.

474
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

4. Sem prejuízo do disposto no número 3 antecedente e tendo em consideração as


eventuais propostas de ajustamentos recebidas da UGAC e o teor dos trabalhos recebidos
das outras UGA do mesmo agrupamento, as UGA implicadas em cada aquisição agrupada
harmonizar-se-ão de imediato entre si, sob coordenação da UGA coordenadora designada
nos termos do número 4 do artigo 35º para a elaboração das rectificações ou ajustamentos
que se mostrarem aconselháveis aos trabalhos apresentados.
5. Sem prejuízo do trabalho das UGA coordenadoras, a UGAC supervisionará todo
o processo das harmonizações previsto no número 4 antecedente, mantendo-se informada
das diligências de harmonização levadas a cabo e podendo participar em quaisquer reuni-
ões convocadas pelas UGA coordenadoras ou mesmo convocá-las, se necessário.
6. As UGA coordenadoras elaborarão documentos consensuais, com as cedências pos-
síveis tendo em vista o disposto no número 1 do artigo 33º, que apresentarão à UGAC
até 31 de Agosto. Tais documentos mencionarão qual o procedimento proposto para cada
aquisição conjunta e com eles as UGA apresentarão tudo o que necessário se mostrar para
o início do procedimento.
Artigo 37º
Planos Definitivos de Aquisições Agrupadas (PDAA)
1. Recebida a informação referida no número 3 do artigo 36º a UGAC retira a aquisi-
ção do conjunto, dando disso conhecimento às UGA, ou, se discordar da opinião que lhe
foi remetida, submete-a à apreciação da ARAP em três dias úteis, juntando o seu próprio
ponto de vista. A ARAP decidirá sumariamente em três dias úteis.
2. Recebidos os documentos a que se refere o número 6 do artigo 36º antecedente, a
UGAC elabora o Plano Definitivo de Aquisições Agrupadas (abreviadamente designado
por PDAA), podendo, para o efeito, harmonizar-se com as UGA e Entidades Adquirentes
no sentido de uma maior uniformização das especificações técnicas ou de outros aspectos
de pormenor, desde que o faça antes de 30 de Setembro, data limite para a comunicação de
tais planos a todas as UGA interessadas.
Artigo 38º
Apoio da ARAP aos processos aquisitivos
1. As especificações do equipamento, incluindo veículos, maquinaria, ferramentas e
peças sobressalentes, devem ser obtidas por indicação da ARAP, ou por esta aprovada.
2. A ARAP deve munir-se de uma lista ampla e detalhada de requisitos, especificações
e modelos que serão disponibilizados às Entidades Adquirentes e UGA para planeamento
e aquisição destes bens.
3. Para efeitos do disposto no número 2 antecedente, as entidades Adjudicantes res-
ponsáveis pelos assuntos relacionados com bens e obras de sectores especiais devem prepa-
rar quadros detalhados de requisitos, especificações e padrões, que serão disponibilizados
à ARAP.

475
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

Secção III

Escolha das UGA que conduzirão os procedimentos agrupados


Artigo 39º
Escolha por acordo entre as próprias UGA ou Entidades Adquirentes
1. Recebidos os PDAA, as UGA envolvidas em cada lote de aquisições agrupadas,
escolherão consensualmente entre si aquela que se incumbirá de realizar o respectivo pro-
cedimento, preenchendo para o efeito um formulário - tipo elaborado pela ARAP, que todos
os seus representantes assinarão, o qual conterá nomeadamente:
a) A perfeita identificação do objecto da aquisição, na sua globalidade e nas
partes de que serão beneficiárias cada uma das Entidades Adquirentes;
b) Os poderes da UGA escolhida;
c) As clausulas contratuais, na sua generalidade, a serem vertidas no contrato
tipo que se assinará com o Adjudicatário, incluindo as linhas gerais do modo
de execução do contrato em relação a cada uma das Entidades Adquirentes;
d) A identificação da Entidade Adquirente que, em nome das outras, adjudicará
e, se não for a mesma, da que assinará o respectivo contrato; e
e) As garantias que, de acordo com a lei, hajam de ser exigidas do Adjudi-
catário.
2. Cada UGA obterá da Entidade Adquirente que representa homologação do docu-
mento referido no número anterior, o qual será remetido à UGAC até 30 de Novembro, com
a informação de ter ocorrido a homologação.
Artigo 40º
Escolha das UGA pela UGAC
Não tendo sido remetido à UGAC qualquer dos documentos referidos no número 2 do
artigo anterior e não tendo as UGA chegado a acordo sobre as que se encarregarão de cada
procedimento agrupado, a UGAC, estabelecidos os contactos que entender pertinentes com
as Entidades Adquirentes e as UGA, decidirá com urgência, baseando-se no critério da atri-
buição da missão à UGA da Entidade Adquirente que pretenda a aquisição de maior valor
entre as agregadas, se excepcionalmente outros factores relevantes não se sobrepuserem,
como sejam as quantidades relativas das aquisições ou as especiais competências de outra
UGA.
Artigo 41º
Pareceres da UGA às Entidades Adquirentes
1. Cada UGA fornecerá à respectiva Entidade Adquirente, para decisão, um parecer
acerca do procedimento a aplicar às aquisições não agrupadas, incluindo no que toca à

476
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

legalidade de eventuais ajustes directos ou aquisições competitivas que a Entidade Adqui-


rente projecte levar avante.
2. Tais pareceres revestem natureza confidencial, sem prejuízo da sua publicação nas
circunstâncias do artigo 46º, número 3.
Artigo 42º
Entidades a quem incumbe autorizar as despesas
1. São as seguintes as competências para autorizar a realização de despesas com a
contratação pública:
a) Directores-Gerais ou equiparados e dirigentes de serviços sem autonomia ad-
ministrativa ou financeira: até 3 000 000$00 (três milhões de escudos);
b) Órgãos dirigentes de serviços dotados de autonomia administrativa e finan-
ceira: até 3 000 000$00 (três milhões de escudos);
c) Ministros: até 25 000 000$00 (vinte e cinco milhões de escudos);
d) Primeiro-Ministro: até 55 000 000$00 (cinquenta e cinco milhões de escu-
dos); e
e) Conselho de Ministros: Superior a 55 000 000$00 (cinquenta e cinco milhões
de escudos)
2. Os órgãos de soberania diferentes do Governo, bem como as autarquias locais e
respectivas associações, regem-se por normas próprias na matéria.
SECÇÃO IV
Vetos e pareceres da ARAP contra certas aquisições
Artigo 43º
Veto de aquisições pela ARAP
1. Se, em qualquer altura antes da comunicação dos PDAA, a UGAC entender que
alguma das aquisições previstas viola, inequívoca e ostensivamente, no seu todo ou por
qualquer das suas especificidades, o princípio do Interesse Público previsto no artigo 12º,
ou trará seguramente graves impactos ambientais negativos, havendo soluções alternati-
vas possíveis, social, técnica e economicamente viáveis e oportunas, comunicará o facto
à UGA a que respeita a aquisição, com conhecimento simultâneo ou prévio à ARAP, fun-
damentando clara e exaustivamente o seu ponto de vista e aconselhando a introdução das
correcções que se imponham, ou a substituição da aquisição por outra mais consentânea
com aqueles princípios.
2. A UGA terá o dever de responder, fundamentadamente, em dez dias úteis, com co-
nhecimento simultâneo ou prévio à ARAP, não podendo, porém, sem autorização escrita do
responsável máximo da Entidade Adquirente, introduzir qualquer alteração substancial à

477
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

identificação e às características da aquisição apresentadas nos termos do número 1 do art.


33º, ou substituí-la por outra.
3. Se a UGA nada disser em dez dias úteis considera-se essa omissão uma negligência
grave, mas entende-se que a Entidade Adquirente mantém o propósito de aquisição nos
exactos termos propostos.
4. Caso a UGA não tenha reagido, ou reagindo não tenha substituído a aquisição nem
introduzido correcções nenhumas, ou tenha introduzido correcções que no entender da
ARAP não tornem a aquisição aceitável, a ARAP apreciará oficiosamente o caso e poderá,
com base nas fundamentações da UGAC e da UGA, decidir vetar a aquisição, comunican-
do, em qualquer circunstância, a sua decisão à UGAC e à UGA.
5. Com o veto, a ARAP poderá sugerir logo as alterações à aquisição que repute ade-
quadas para a revogação do mesmo.
Artigo 44º
Reacções possíveis contra o veto da ARAP
1. Perante o veto da ARAP a Entidade Adquirente pode tomar uma de duas posições:
a) Recorrer para o Primeiro-Ministro no prazo de dez dias úteis; ou
b) Aceitar expressa e inequivocamente a introdução das correcções sugeridas
pela ARAP, comunicando essa aceitação em dez dias úteis à ARAP e à UGAC,
caso em que caberá à UGAC introduzi-las.
2. Para efeitos do recurso a UGA remeterá as alegações trocadas entre ela e a UGAC
acerca da aquisição, bem como cópia da decisão da ARAP, acompanhadas de uma breve
exposição sobre as razões alegadas pela ARAP em relação às quais não se tenha pronuncia-
do, a menos que tenha sido omissa nos termos do n.º 3 do artigo 43º, caso em que nenhuma
alegação poderá apresentar, limitando-se a pedir a reapreciação da decisão.
3. O Primeiro-Ministro decidirá sumariamente. Tratando-se, porém, de questão am-
biental, deverá ouvir previamente o parecer da autoridade administrativa competente em
matéria de ambiente e a decisão que revogue o veto terá natureza de acto administrativo.
4. As decisões serão imediatamente publicadas juntamente com o convite da UGAC, as
razões da UGA, a decisão recorrida da ARAP e o eventual parecer da entidade ambiental.
Artigo 45º
Parecer contra as aquisições do Gabinete do Primeiro-Ministro,
das Câmaras Municipais e associações de autarquias locais
1. Nos casos previstos no n.º 4 do artigo 43º, em que a Entidade Adquirente seja o
Gabinete do Primeiro Ministro ou as Câmaras Municipais ou associações de autarquias lo-
cais, a ARAP apenas remete um parecer directamente ao Primeiro Ministro, ao Presidente
da Câmara Municipal ou da Associação no sentido contrário à aquisição pretendida ou no
sentido de introdução de alterações à mesma, que indique.

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Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

2. Quer o Gabinete do Primeiro-Ministro, quer os Presidentes das Câmaras Munici-


pais ou da associação em causa poderão apreciar em vinte dias úteis o parecer da ARAP,
acolhendo-o ou não, total ou parcialmente, e agindo em conformidade no primeiro caso.
3. Aplica-se às actuações referidas no número antecedente o disposto nos números 3 e
4 do artigo 44º, com as necessárias adaptações, sendo, entretanto, obrigatório o parecer da
entidade ambiental, se ao caso couber.
Artigo 46º
Afastamento do concurso público ou da aquisição competitiva
1. Com o mínimo de vinte dias úteis de antecedência em relação à data prevista para
o desencadeamento de qualquer procedimento por ajuste directo ou aquisição competitiva,
sendo, em qualquer dos casos, o respectivo valor superior ao máximo legal respeitante,
as Entidades Adquirentes remeterão à ARAP, com conhecimento à UGAC relevante, uma
descrição tão pormenorizada quanto possível da aquisição, empreitada ou concessão e uma
exposição clara e sumária das razões de afastamento do concurso público ou da aquisição
competitiva na circunstância.
2. A ARAP poderá, em cinco dias úteis após a recepção da comunicação, vetar a aqui-
sição com sumário fundamento em que, de acordo com a lei, deveria ser o concurso público
ou a aquisição competitiva o procedimento escolhido. Nos casos em que a Entidade Adqui-
rente seja o Gabinete do Primeiro-Ministro ou as Câmaras Municipais ou associações de
autarquias locais, a ARAP apenas emitirá sumário parecer.
3. Recebido o veto ou o parecer, aplica-se, com as necessárias adaptações, o disposto
nos artigos 44º ou 45º, publicando-se, nos termos do artigo 4.º do artigo 44º, as razões da
Entidade Adquirente e da ARAP, bem como o parecer da UGA.
4. O disposto nos números antecedentes não se aplica aos casos em que a urgência da
aquisição não permita tal procedimento.
CAPÍTULO V
Fase procedimental da formação dos contratos
SECÇÃO I
Disposições gerais e comuns
Artigo 47º
Documentos de concurso
1. Os documentos de concurso são preparados pelas UGA com a cooperação necessá-
ria da Entidade Adquirente.
2. A UGA poderá requerer o destacamento de peritos adequados provenientes de outras
Entidades Adquirentes ou de outras fontes de aconselhamento especializado para auxiliar
tal preparação.

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Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

Artigo 48º
Ética das Entidades do Sistema
1. As Entidades do Sistema e respectivos agentes envolvidos nos processos de contra-
tação pública devem agir com lisura e honestidade na sua relação com todos os intervenien-
tes nos procedimentos.
2. As Entidades Adquirentes e as UGA devem conduzir os processos de contratação
com absoluta integridade, de forma a merecerem a confiança e respeito dos Interessados
em Contratar, abstendo-se em cada momento de actos que possam causar equívoco sobre a
sua isenção e autonomia.
3. Todas as Entidades do Sistema envolvidos num certo procedimento de aquisição de-
vem mencionar, por escrito, qualquer interesse pessoal que possa ter derivado de ligações
especiais com algum Concorrente ou potencial Concorrente envolvido no mesmo, pedindo
escusa no caso de terem tal interesse.
4. Todas essas ocorrências devem constar no processo individual do funcionário e no
ficheiro do processo.
Artigo 49º
Sanções por actuação antiética
1. A violação as regras do artigo 48º é considerada falta grave e deve levar à desqua-
lificação, pela ARAP, de membros da UGA e da UGAC envolvidos e ao afastamento de
quaisquer processos de contratação pública futuros dos funcionários ou agentes das Enti-
dades Adjudicantes que por ela sejam responsáveis
2. As sanções e medidas previstas no número 1 podem se tomadas a título cautelar,
devendo então revestir carácter reservado, enquanto não decorrer processo com audiência
prévia do interessado, em que este possa produzir prova e não for proferida a decisão, em
conformidade com regulamento a estabelecer pela ARAP.
Artigo 50º
Exclusão de Concorrentes e rescisão de contratos por razão ética
1. A UGA deve excluir qualquer Adjudicatário se, na sequência de processo conforme
regulamentação a instituir pela ARAP, se apurar que tiver:
a) Oferecido, directa ou indirectamente, a qualquer Entidade do Sistema
ou agente relevante, uma gratuidade por qualquer forma, seja emprego ou
qualquer coisa ou serviço de valor, para influenciar, a seu favor ou a favor de
alguém a quem esteja ligado por interesses ou amizade, um acto ou decisão
num procedimento de contratação pública;
b) Deturpado ou omitido factos ou entrado em conluio com outros Concorrentes
a fim de influenciar negativamente um processo de contratação, nomeada-

480
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

mente estabelecendo preços artificias, ou falseando por outro meio as regras


da sã concorrência; ou
c) Prejudicado ou tentado prejudicar, directa ou indirectamente, pessoas ou bens
para influenciar a sua participação num procedimento de contratação pública.
2. Nos casos referidos nas alíneas precedentes a Contratante deve rescindir o respecti-
vo contrato se tal ainda for possível sem relevante prejuízo para os interesses públicos que
levaram à contratação.
Artigo 51º
Processo decisório e recursos nos casos de exclusão ou rescisão
1. As decisões da UGA, ou da Contratante, referidas no artigo 49º, devem ser prece-
didas de realização de audiência escrita do Concorrente que possa vir a ser objecto das
mesmas, promovida em ambos os casos pela UGA.
2. O Concorrente terá cinco dias úteis, após a notificação do projecto de decisão para
se pronunciar, podendo apresentar testemunhas, que serão ouvidas pela UGA.
3. Da decisão da UGA, tomada após prévio parecer da UGAC, cabe recurso para a
ARAP.
4. Da decisão da Entidade Adjudicante, tomada após prévio parecer da ARAP e na
sequência de processo a regulamentar pela esta autoridade, cabe recurso contencioso, sem
prejuízo de outros direitos que caibam ao Contratado, nos termos gerais de Direito.
Artigo 52º
Impedimentos
1. Não podem ser Concorrentes aos procedimentos de contratação pública os Interes-
sados em Contratar que:
a) Se encontrem em estado de insolvência ou situação de falência, de liquidação,
de cessação de actividade, sujeitas a qualquer meio preventivo de liquidação
de patrimónios ou em qualquer situação análoga;
b) Tenham sido condenadas, por sentença transitada em julgado, por um crime
ou ofensa relativa a sua conduta profissional, caso em que o impedimento
funciona pelo tempo dos efeitos da pena, mas não inferior a dois anos;
c) Estejam impedidos de concorrer por terem falsificado a informação requerida
para a participação num concurso ou procedimento ou, com dolo ou negligên-
cia, tenham apresentado informação de conteúdo falso;
d) Tenham a sua situação irregular relativamente a contribuições para a seg-
urança social em Cabo Verde ou no Estado de que sejam nacionais ou no qual
se situe o seu estabelecimento principal;

481
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

e) Tenham a sua situação irregular relativamente a impostos devidos ao Estado


Cabo-verdiano ou ao Estado de que sejam nacionais ou no qual se situe o seu
estabelecimento principal; ou
f) Tenham sido condenados por sentença transitada em julgado por crimes de:
participação em actividades de uma organização criminosa, corrupção, fraude
ou branqueamento de capitais.
2. Nos casos da alínea d), considera-se a situação regular desde que a entidade gestora
do sistema de Previdência Social em que o Concorrente se enquadre assim o declare, mes-
mo nas circunstâncias em que exista um acordo entre aquela entidade e o Concorrente para
liquidação de contribuições atrasadas em prestações.
3. No caso do número anterior bastará uma comunicação posterior da entidade gestora
do sistema de Previdência Social à Entidade Adquirente ou à ARAP de que o Concorrente
incumpriu qualquer prestação ou apenas de que a situação deste é irregular para que o Con-
corrente seja logo excluído do procedimento.
4. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, considera-se que tem a situação re-
gular relativamente a impostos devidos ao Estado Cabo-Verdiano a entidade que comprove
ter apresentado reclamação ou recurso que estejam pendentes.
5. Os Concorrentes a que se refere a segunda parte da alínea e), deverão comprovar a
situação aí prevista mediante declaração autenticada da autoridade competente do Estado
de que sejam nacionais ou no qual se situe o seu estabelecimento principal.
Artigo 53º
Prova de inexistência de impedimento e sanções por falsa declaração
1. Ao concorrer, cada Interessado em Contratar comprovará, pelos meios a instituir
pela ARAP e, sem prejuízo do disposto nos números 2 e 4 do artigo 52º, não se encontrar
em qualquer das situações referidas no número 1 daquele preceito, podendo, em todo o
caso, limitar-se a uma declaração em moldes a aprovar pela ARAP. A eventual comprova-
ção posterior da falsidade de tal declaração acarretará a exclusão do Concorrente do proce-
dimento, podendo mesmo o contrato assinado ser rescindido, sem direito a indemnização,
se tal não causar relevante prejuízo à Entidade Adjudicante.
2. A Entidade Convocante pode, a qualquer momento, conceder prazo de entre três
a dez dias úteis aos Concorrentes para comprovação da veracidade das declarações pres-
tadas, por documentos ou outros meios previstos em directivas da ARAP, sob pena das
sanções previstas no artigo 50º; e, sob pena das mesmas sanções, quaisquer Concorrentes
a quem vier a ser feita a Adjudicação terão de fazer tal comprovação no prazo máximo de
cinco dias úteis após a comunicação da Adjudicação.
3. Se, num determinado concurso, se comprovar que um Concorrente praticou nele o
acto referido na alínea c) do número 1 do artigo 52º, ficará, sem prejuízo do procedimento

482
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

criminal que ao caso couber, para o que será dado conhecimento ao Ministério Público,
impossibilitado de, durante dois anos, concorrer a procedimentos abertos pela Entidade
Adjudicante, para além da sanção referida no número 2 antecedente.
4. O processo para a comprovação a que se refere o número 3 é o do artigo 51º, com as
necessárias adaptações, conforme regulamento aprovado pela ARAP.
Artigo 54º
Lista de entidades não elegíveis
1. A ARAP deve manter uma lista de entidades impossibilitadas de concorrer nos ter-
mos do número 3 do artigo 53º e inelegíveis nos termos das alíneas do número 1 do artigo
52º, a qual será transmitida às UGA, para efeitos de controlo.
2. A lista referida no número 1 antecedente deve conter os motivos da inclusão de cada
entidade e o período de inelegibilidade, se for o caso, bem como qualquer outra informação
considerada pertinente, devendo ser actualizada pelo menos uma vez por mês e publicada.
Artigo 55º
Agrupamento de Concorrentes
1. É permitida a apresentação de propostas ou candidaturas por um agrupamento de
Concorrentes, o qual deve assumir a forma jurídica exigida, quando lhe for adjudicado o
contrato e aquela forma seja necessária à boa execução do mesmo.
2. Cada uma das entidades que compõe o agrupamento deve apresentar os documentos
que são exigidos para acompanhar as propostas ou candidaturas.
3. As entidades que constituem o agrupamento terão de designar um representante
comum com poder amplo e suficiente para tratar de tudo o que esteja relacionado com o
procedimento, constituem um domicílio único e assumem solidariamente as obrigações
emergentes da apresentação da oferta.
4. O agrupamento deve apresentar:
a) Nome e domicílio das pessoas integrantes, bem como os documentos que at-
estam a sua qualidade legal;
b) Nome dos representantes de cada um dos membros do agrupamento, bem
como os documentos que atestam os seus poderes de representação;
c) Descrição das partes objecto do contrato que a cada membro caberá cumprir;
d) Estipulação expressa de que cada um dos assinantes ficará obrigado de for-
ma conjunta e solidária com os demais integrantes, para comprometer-se por
qualquer responsabilidade derivada do contrato que se firme; e
e) O mais que a Convocante estime necessário, de acordo as particularidades do
concurso.

483
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

Secção II
Capacidades exigíveis dos Concorrentes
Artigo 56º
Habilitações profissionais
1. Quando legalmente exigido, os Concorrentes devem ser titulares de habilitações ou
autorizações profissionais específicas ou membros de determinadas organizações profissio-
nais para poderem prestar determinado serviço.
2. Pode ser exigida, a qualquer momento, prova das situações previstas no número 1
antecedente, devendo, para o efeito, ser fixado um prazo razoável.
Artigo 57º
Capacidade financeira
1. Para avaliação da capacidade financeira dos Concorrentes, pode ser exigida a apre-
sentação dos seguintes documentos:
a) Declarações bancárias adequadas ou prova da subscrição de um seguro de
riscos profissionais;
b) No caso de pessoas colectivas, documentos de prestação de contas dos três
últimos exercícios findos ou dos exercícios findos desde a constituição, caso
esta tenha ocorrido há menos de três anos;
c) No caso de pessoas singulares, declarações do IUR apresentadas nos três últi-
mos anos; e
d) Declaração do Concorrente na qual indique, em relação aos três últimos anos,
o volume global dos seus negócios e dos fornecimentos de bens ou serviços
objecto do procedimento.
2. Podem, excepcionalmente, ser exigidos ainda outros elementos probatórios, desde
que os mesmos interessem especialmente à finalidade do contrato.
3. Quando o Concorrente, justificadamente, não estiver em condições de apresentar os
documentos exigidos, pode provar a sua capacidade financeira através de outros documen-
tos, desde que estes sejam aceites pela entidade competente para a admissão das propostas
ou candidaturas.
4. Para efeitos do disposto no número anterior, pode o interessado solicitar informa-
ções à entidade competente para a admissão das propostas ou candidaturas, sendo aplicável
o regime previsto na Lei, relativo ao pedido e prestação de esclarecimentos.
Artigo 58º
Capacidade técnica
1. Para a avaliação da capacidade técnica dos Concorrentes, incluindo a conformidade
das soluções técnicas propostas com as características do fornecimento dos bens ou servi-

484
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

ços, pode ser exigida, de acordo com a natureza, quantidade e finalidade do fornecimento,
a apresentação dos seguintes documentos:
a) Lista dos principais bens ou serviços fornecidos nos últimos três anos, respec-
tivos montantes, datas e destinatários, a comprovar por declaração destes ou,
na sua falta e tratando-se de destinatários particulares, por simples declaração
do Concorrente;
b) Descrição do equipamento técnico utilizado pelo Concorrente;
c) Indicação dos técnicos ou dos órgãos técnicos integrados ou não na empresa e,
mais especificamente, daqueles que têm a seu cargo o controlo de qualidade,
bem como das habilitações literárias e profissionais desses técnicos, especial-
mente dos afectos ao fornecimento dos bens ou serviços;
d) Indicação do pessoal efectivo médio anual do Concorrente nos últimos três
anos;
e) Descrição dos métodos adoptados pelo Concorrente para garantia da quali-
dade e dos meios de estudo e investigação que utiliza;
f) Certificado emitido por instituto ou serviço oficial incumbido do controlo da
qualidade, com competência reconhecida e que ateste a conformidade dos
bens devidamente identificados, mediante referência a certas especificações
ou normas; e
g) Certificado emitido por organismos independentes para a certificação da con-
formidade do prestador de serviços com determinadas normas de garantia da
qualidade.
2. Se os bens ou serviços a fornecer forem complexos ou se, excepcionalmente, se
destinarem a um fim especial, pode a Entidade Adjudicante efectuar um controlo relativo
à capacidade de produção do fornecedor de bens ou à capacidade técnica do prestador de
serviços.
3. Se necessário, o controlo previsto no número anterior pode ainda abranger os meios
de estudo e de investigação que o fornecedor de bens ou serviços utilize, bem como as
medidas adoptadas para controlo da qualidade.
4. Para efeitos do disposto nos números 2 e 3, pode a Entidade Adjudicante recorrer a
um organismo oficial competente do país onde o fornecedor está estabelecido, sob reserva
do acordo desse organismo.
5. É aplicável à comprovação da capacidade técnica dos Concorrentes o disposto nos
números 2 a 4 do artigo anterior.

485
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

SECÇÃO III
Cauções e direitos com elas relacionados
Artigo 59º
Modos de prestação das cauções
1. As cauções exigidas no presente diploma podem ser prestadas por depósito em di-
nheiro ou em títulos emitidos ou garantidos pelo Estado, ou mediante garantia bancária ou
seguro-caução, conforme escolha do Concorrente, Adjudicatário ou Contratado.
2. O depósito de dinheiro ou títulos efectua-se numa instituição de crédito, à ordem
da entidade previamente indicada nos documentos que servem de base ao procedimento,
devendo ser especificado o fim a que se destina.
3. Se o Concorrente, o Adjudicatário ou o Contratado prestarem a caução mediante
garantia bancária, devem apresentar um documento pelo qual um estabelecimento bancário
legalmente autorizado assegure, até ao limite do valor da caução, o imediato pagamento
de quaisquer importâncias exigidas pela Entidade Adjudicante, por simples alegação de
incumprimento das obrigações.
4. Tratando-se de seguro-caução, o Concorrente, Adjudicatário ou Contratado devem
apresentar apólice pela qual uma entidade legalmente autorizada a realizar esse seguro
assuma, até ao limite do valor da caução, o encargo de satisfazer de imediato quaisquer
importâncias exigidas pela Entidade Adjudicante, por simples alegação de incumprimento
das obrigações.
5. Das condições da garantia bancária ou da apólice de seguro-caução não pode, em
caso algum, resultar uma diminuição das garantias da Entidade Adjudicante, nos moldes
em que são asseguradas pelas outras formas admitidas de prestação da caução, ainda que
não tenha sido pago o respectivo prémio.
6. Todas as despesas derivadas da prestação da caução são da responsabilidade do
Adjudicatário.
Artigo 60º
Garantia de manutenção da proposta
1. O anúncio público do concurso deve especificar a garantia a ser prestada para a ma-
nutenção da proposta, nos prazos referidos no artigo 88º.
2. A não apresentação da garantia implica a não aceitação da proposta.
3. A garantia será considerada perdida se o Concorrente, após a abertura das propostas,
retirar a sua proposta antes de terminar o período de manutenção das propostas, ou não
apresentar qualquer garantia solicitada para efeitos de outorga do contrato.
4. Não será exigida a prestação da garantia de manutenção da proposta para a aquisição
de serviços de Consultoria, nem para a aquisição de bens e serviços de uso comum, salvo,
neste caso, se a Entidade Adquirente, por fundamentadas razões, o entender conveniente e
fizer constar do anúncio de concurso.

486
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

5. As garantias relativas a Concorrentes não escolhidos serão libertas até 30 (trinta)


dias após o final do período de validade da proposta, incluindo qualquer extensão, ou nos
30 (trinta) dias a contar da outorga do contrato, conforme o que se verificar primeiro.
6. A garantia da proposta relativamente ao Concorrente escolhido deve ser liberta
quando este prestar a garantia da boa execução.
Artigo 61º
Garantia de boa execução
1. Em casos de concurso público ou aquisição competitiva, que não sejam para Con-
sultorias ou serviços profissionais, pode ser exigida ao Contratado, para garantir o exacto e
pontual cumprimento das suas obrigações, a prestação de caução no valor máximo de 5%
do valor total do fornecimento, com exclusão do IVA.
2. Os Adjudicatários deverão entregar a garantia de cumprimento no prazo estipulado
nos documentos do concurso.
3. Não será exigida essa caução se a entrega dos bens ou a prestação dos serviços se
realizar dentro de dez dias após celebração do contrato.
4. No caso de se verificar o incumprimento do contrato, a Entidade Adjudicante pode
considerar perdida a seu favor uma parte ou a totalidade da caução prestada, independen-
temente de decisão judicial, quando o Adjudicatário não forneça bens ou serviços de valor
igual ou superior ao montante em causa.
Artigo 62º
Levantamento da caução de garantia de boa execução
1. No prazo máximo de 30 dias contados do cumprimento de todas as obrigações con-
tratuais por parte do Adjudicatário, a Entidade Adjudicante promove a liberação da caução
prestada.
2. No caso de uma obra pública considera-se que o cumprimento de todas as obriga-
ções contratuais por parte do Adjudicatário se dá com a recepção definitiva da obra, nos
termos estipulados no contrato, em todo o caso em prazo não inferior a doze meses após a
recepção provisória da obra.
3. A demora na liberação da caução confere ao Adjudicatário o direito de exigir à Enti-
dade Adjudicante juros sobre a importância da caução, calculados sobre o tempo decorrido
desde o dia seguinte ao termo do prazo referido no número anterior, nas condições a esta-
belecer por portaria do Ministro das Finanças.
Artigo 63º
Reforço da garantia de boa execução
1. No caso de uma obra pública, deduz-se ao Contratado 5% (cinco por cento) do mon-
tante de cada factura como garantia de manutenção da obra, quantia que não produz juros e
que é devolvida dentro de dez dias úteis posteriores à recepção definitiva da obra.

487
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

2. O fundo formado nos termos do número antecedente pode ser substituído por uma
apólice de seguro a contento do dono da obra.
3. O prazo de reembolso estabelecido no número 1 pode ser ampliado em até no máxi-
mo trinta dias, segundo as características da obra executada.
Artigo 64º
Pagamentos parciais e adiantamentos caucionados
1. De acordo com as condições contratuais fixadas e sem prejuízo da existência de
adiantamentos, podem ser efectuados pagamentos parciais por conta do valor total do con-
trato, desde que os bens já entregues ou os serviços prestados sejam de valor igual ou
superior aos pagamentos.
2. Podem ser autorizados adiantamentos por conta de bens a entregar ou serviços a
prestar quando, cumulativamente:
a) O valor dos adiantamentos não seja superior a 30% do montante total do con-
trato, incluindo o IVA;
b) Seja prestada caução de valor igual ou superior aos adiantamentos efectuados; e
c) O contrato seja integralmente executado no ano económico em que a realiza-
ção da despesa foi autorizada, sem prejuízo da existência de eventuais garan-
tias.
3. Quando a despesa dê lugar a encargo orçamental em mais de um ano económico,
podem ser autorizados adiantamentos desde que, cumulativamente:
a) O valor dos adiantamentos não seja superior a 30% do montante fixado no
contrato, incluindo o IVA, relativamente a pagamentos a efectuar no ano
económico em que se procede aos adiantamentos;
b) Seja prestada caução de valor igual ou superior aos adiantamentos efectuados; e
c) No ano económico em que são efectivados os adiantamentos sejam entregues
bens ou prestados serviços de montante igual ou superior aos valores adiantados.
4. Os adiantamentos só podem ser autorizados em casos devidamente fundamentados
e efectivados desde que tenham sido previstos nas condições contratuais fixadas.
5. Em casos excepcionais e devidamente fundamentados podem ser autorizados adian-
tamentos maiores e sem que estejam reunidas todas as condições previstas nos números 2
e 3, desde que obtida a anuência do Ministro das Finanças.
6. A obtenção da anuência a que se refere o número antecedente cabe ao órgão compe-
tente para autorizar a respectiva despesa.
7. Nas Consultorias individuais só pode ser exigida caução para adiantamentos corres-
pondentes ao mínimo de 20% do valor total, incluindo o IVA.

488
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

Artigo 65º
Redução da caução por adiantamentos
1. O reembolso dos adiantamentos faz-se por dedução nos pagamentos, de acordo com
as condições contratuais fixadas.
2. A pedido do Contratado, a caução deve ser reduzida à medida que se procede à dedu-
ção nos pagamentos ou quando aquele forneça bens ou serviços de valor igual ou superior
ao montante da redução sem que se tenha procedido ao respectivo pagamento.
3. Ocorrendo a situação prevista no número anterior, a caução deve ser reduzida ou to-
talmente liberada nos 30 (trinta) dias subsequentes ao pedido apresentado, sendo aplicável
o disposto no n.º 3 do artigo 62º
Artigo 66º
Não celebração do contrato em trinta dias após prestação da caução
1. Sem prejuízo da fixação de um prazo diferente e excepcional, devidamente justifi-
cado nos documentos que servem de base ao procedimento, o contrato deve ser celebrado
no prazo máximo de 30 (trinta) dias a contar da prova da prestação da caução de boa exe-
cução.
2. O Adjudicatário não é obrigado a prover os bens, a prestar o serviço ou executar a
obra, se a Entidade Adquirente, por causas a si própria imputáveis, não subscrever o con-
trato dentro do prazo indicado no número precedente.
3. O atraso da Entidade Adquirente na formalização dos respectivos contratos, ou na
entrega de adiantamentos, prorroga em igual prazo a data de cumprimento das obrigações
assumidas por ambas as partes.
4. Não havendo lugar à prestação de caução, o prazo fixado no número 1 conta-se a
partir da aceitação da minuta ou, consoante o caso, do conhecimento da decisão sobre a
reclamação contra aquela.
5. A entidade pública Contratante deve comunicar ao Adjudicatário com a antecedên-
cia mínima de cinco dias a data, hora e local da celebração do contrato.
Artigo 67º
Liberação da caução e desvinculação da proposta pelo Adjudicatário
por atraso da Entidade Adquirente na assinatura do contrato
Se a Entidade Adquirente não celebrar o contrato no prazo fixado, nem apresentar
uma explicação credível para o atraso, pode o Adjudicatário desvincular-se da proposta,
libertando-se da caução que haja sido prestada, sendo reembolsado de todas as despesas
e demais encargos decorrentes da prestação da caução, sem prejuízo de direito a justa in-
demnização.

489
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

Artigo 68º
Execução da caução e Adjudicação do contrato a outro Concorrente
1. Se o Adjudicatário não assinar o contrato, por causas a si imputáveis, dentro do
prazo do número 1 do artigo 66º, a Convocante pode, sem necessidade de um novo proce-
dimento, adjudicar o contrato ao Concorrente que tenha apresentado a proposta classificada
em segundo lugar, em conformidade com o estabelecido na decisão de Adjudicação, e as-
sim sucessivamente, caso o segundo não aceite a Adjudicação, sempre que a diferença de
preço em relação à proposta que inicialmente tenha sido ganhadora não seja superior a dez
por cento ou o Concorrente aceite reduzir sua oferta até essa percentagem.
2. No caso referido no número antecedente a UGA promoverá a execução da garantia
de manutenção de oferta que o Adjudicatário ou Contratado houver apresentado e avisa do
facto à ARAP.
SECÇÃO IV
Tipos de procedimentos
Artigo 69º
Enumeração e caracterização geral
1. Salvo quando realizadas por administração directa, a aquisição pública de bens ou
serviços, a concessão de obras públicas e a concessão de serviços públicos, devem ser pre-
cedidas de um dos seguintes procedimentos:
a) Concurso público;
b) Aquisição competitiva; ou
c) Ajuste directo.
2. No concurso público qualquer interessado que reúna os requisitos previstos na Lei
e no presente diploma pode apresentar uma proposta, nos termos do anúncio público para
o efeito efectuado.
3. A aquisição competitiva implica o convite a pelo menos três interessados, devendo
a Adjudicação ser feita ao Candidato que apresente o preço mais baixo para os bens, obras
ou serviços a adquirir.
4. O ajuste directo não implica a consulta a vários fornecedores de bens, serviços ou
obras.
Artigo 70º
Limitação do concurso público por qualificação prévia
Nas circunstâncias do artigo 80º, o concurso público pode, entretanto, ser precedido
de duma prévia qualificação dos Candidatos, nos termos dos artigos 81º e 96º, limitando-se
então o direito de apresentação de propostas aos Candidatos pré-qualificados.

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Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

Artigo 71º
Concurso público restrito numa segunda fase
Nas circunstâncias do artigo 84º, o concurso público desenvolve-se obrigatoriamente
em duas fases, nos termos do artigo 97º, sendo a segunda fase limitada aos Candidatos
cujas propostas foram seleccionadas na primeira.
Artigo 72º
Determinação do procedimento em função do valor da contratação
Salvo nas circunstâncias previstas no presente regulamento em que se deva ou possa
aplicar um método específico, independentemente do valor, aplica-se:
a) O concurso público quando:
i) O custo estimado da contratação seja igual ou superior a 10.000 contos,
tratando-se de empreitada ou concessão de obras ou serviços públicos;
ou
ii) O custo estimado da aquisição seja igual ou superior a 5.000 contos, tratando-
se de contratação para aquisição ou fornecimento de bens ou serviços;
b) A aquisição competitiva quando custo estimado da contratação seja:
i) Igual ou superior a 3.500 contos e inferior a 10.000 contos, tratando-se de
empreitada ou concessão de obras ou serviços públicos; ou
ii) Igual ou superior a 2.000 contos e igual e inferior a 5.000 contos, tratan-
do-se de aquisição ou fornecimento de bens ou serviços; e
c) O ajuste directo quando o custo estimado seja inferior a qualquer dos valores
referidos nas alíneas antecedentes, respeitantes a empreitadas ou aquisição ou
fornecimento de bens ou serviços.
Artigo 73º
Concurso público em casos de valor inferior a 10.000 contos
Sendo o valor inferior a 10.000 contos, a entidade competente para autorizar a despesa
pode decidir-se pelo concurso púbico, desde que ao caso não caiba ajuste directo em virtu-
de de razão prevista neste regulamento que seja diferente do valor e que na circunstância
torne absolutamente inadequado o concurso público.
Artigo 74º
Dispensa do concurso público, independentemente do valor
1. Independentemente do valor, o concurso público deve ser dispensado, por despacho
da autoridade competente para autorizar a despesa e verificada a conveniência para o inte-
resse do Estado, nas seguintes circunstâncias:
a) Quando a segurança pública interna ou externa aconselhe a aquisição com-
petitiva ou o ajuste directo;

491
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

b) Quando houver sido rescindido o respectivo contrato por causas imputáveis


ao Contratado vencedor num concurso público, caso em que a Contratante
poderá adjudicar o saldo pendente por executar do contrato rescindido ao par-
ticipante que houver apresentado a proposta classificada em segundo lugar,
desde que a diferença de preço em relação à proposta inicialmente ganhadora
não seja superior a dez por cento;
c) Quando, com prévia determinação dos órgãos competentes, se aceite a
aquisição de bens, a execução de obras ou a prestação de serviços a título de
dação em pagamento, a favor do Estado Cabo-verdiano.
d) Quando o concurso tenha sido declarado deserto nos termos do artigo 103º.
2. Nas circunstâncias da alínea b) a Entidade Adquirente só adjudica o contrato ao ex-
Concorrente a quem possa fazê-lo se, examinadas as condições globais actuais do mesmo,
elas continuarem a dar as mesmas garantias.
Artigo 75º
Aquisição competitiva
A aquisição competitiva tem lugar, quando não se tenha optado pelo concurso público,
sempre que:
a) Os bens, obras e serviços a serem adquiridos encontrem-se disponíveis no mer-
cado e correspondam a um padrão específico, não especialmente produzido ou
fornecido de acordo com indicações particulares da Entidade Adquirente;
b) Existam no mercado pelo menos, três interessados e em condições de for-
necerem os bens ou serviços ou executar as obras; e
c) O valor estimado não seja superior ao valor máximo de aplicação deste mé-
todo.
Artigo 76º
Aquisição competitiva independentemente do valor
Independentemente do valor, haverá lugar à aquisição competitiva nos casos de dis-
pensa de concurso público prevista na alínea a) do número 1 do artigo 74º em que nem a
urgência, nem outra razão ponderosa, aconselhem logo o ajuste directo.
Artigo 77º
Ajuste directo independentemente do valor
1. O ajuste directo deve ter lugar independentemente do valor:
a) Nos casos de dispensa de concurso público prevista no número 1 da alínea a)
do artigo 74º, em que a urgência ou outra razão ponderosa aconselhem logo o
ajuste directo;

492
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

b) Nos casos da alínea b) do número 1 do artigo 74º, em que seja possível a Ad-
judicação a um ex-Concorrente;
c) Nos casos da alínea c) do número 1 artigo 74º;
d) Nos casos da alínea d) do número 1 do artigo 74º;
e) Nos casos em que ocorra, desde logo, uma situação em que o concurso públi-
co poderia ser cancelado, nos termos da alíneas b) e c) do número 3 do artigo
103º;
f) Quando se trate de empreitada, aquisição de bem ou serviço, concessão de
obras públicas ou concessão de serviços públicos para os quais um único
fornecedor possua as qualificações exigidas e que tenha uma patente, uma
licença, ou direitos exclusivos e nenhuma alternativa exista para a sua substi-
tuição;
g) Quando se trate de serviços complementares não incluídos no contrato inicial,
mas que, na sequência de circunstâncias imprevisíveis, não possam ser técni-
ca ou economicamente separados sem graves inconvenientes para a Entidade
Adjudicante;
h) Quando se trate de entregas complementares destinadas a substituição parcial
de bens fornecidos ou de instalações de uso corrente ou a ampliação de for-
necimentos ou de instalações existentes, desde que, cumulativamente:
(i) A mudança de fornecedor obrigue a Entidade Adjudicante a adquirir material
de técnica diferente que origine uma incompatibilidade ou dificuldades técni-
cas desproporcionadas de utilização e manutenção; e
(ii) A Adjudicação seja feita ao fornecedor inicial;
i) uando se trate de novos serviços que consistam na repetição de serviços simi-
lares confiados ao prestador de serviços a quem foi adjudicado o contrato
anterior pela mesma Entidade Adjudicante;
j) Quando o procedimento de concurso público não tenham dado lugar a apre-
sentação de qualquer proposta, em condições de poder conduzir a uma Ad-
judicação, ou quando, tendo sido declarado deserto um concurso público, a
Entidade Adquirente tenha optado logo pelo ajuste directo, nos termos da
alínea a) do presente artigo;
k) Quando se encontrar em vigor um contrato celebrado com uma Entidade Ad-
quirente relativamente a um bem de uso comum ao abrigo do qual aquisições
de outras Entidades Adquirentes possam ser adicionadas;
l) Na medida do estritamente necessário, por motivos de urgência imperiosa,
quando:

493
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

(i) As circunstancias invocadas não possam ser controladas pela UGA ou pela
Entidade Adquirente e não lhes sejam, em caso algum imputáveis; e
(ii) O recurso ao ajuste directo não seja utilizado como modo de evitar o respeito
pelos princípios da igualdade e transparência.
2. Nos casos a que se refere a alínea k) as Entidades Adquirentes deverão notificar a
ARAP, para que publicite o contrato existente nos termos do artigo 64º da Lei.
Artigo 78º
Administração directa
1. Pode adoptar-se a administração directa quando, em obras públicas, a Entidade Ad-
quirente possa utilizar o seu próprio pessoal e equipamento.
2. A administração directa só pode ser usada:
a) No que respeita a obras de pequena dimensão, ou em locais pouco
acessíveis;
b) Em trabalhos que tenham de ser efectuados sem causar a interrupção de oper-
ações correntes;
c) O pessoal e equipamento da Entidade Adquirente garantam um menor grau de
interrupções inevitáveis dos trabalhos; ou
d) Em situações de emergência, que justifiquem uma pronta actuação.
CAPÍTULO VI
Concurso público
SECÇÃO I
Nacional e internacional
Artigo 79º
Concursos públicos nacionais e internacionais
1. Os concursos públicos são nacionais quando neles somente possam participar pes-
soas físicas ou jurídicas domiciliadas no país e que reúnam os requisitos legais para as
práticas dos actos a que respeita o concurso;
2. Os concursos públicos são internacionais quando neles possam participar tanto pes-
soas físicas ou jurídicas domiciliadas no país, quanto aquelas que o não estejam.
3. Podem ser realizados concursos públicos internacionais, nos seguintes casos, se não
se impuserem razões legais para um ajuste directo:
a) Quando seja obrigatório, conforme o estabelecido em tratados internacionais
de que a República de Cabo Verde seja parte;
b) Quando assim se houver estipulado em acordos de empréstimo subscritos com
organismos internacionais multilaterais, ou acordos de cooperação bilateral;

494
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

c) Quando, segundo prévia investigação de mercado realizada pela UGA rel-


evante, não exista oferta de Interessados em Contratar nacionais em relação
aos bens, serviços ou obras, em quantidade ou qualidade requeridas, ou seja
conveniente em termos de preço; ou
d) Quando, realizando um concurso público nacional, não se apresente proposta
alguma ou nenhuma cumpra os requisitos estabelecidos.
Artigo 80º
Casos em que deve ser promovida uma pré-qualificação
1. A pré-qualificação deve ser usada, para a pré-avaliação das capacidades técnicas,
comerciais, financeiras e administrativas dos Concorrentes, quando os trabalhos a realizar,
os equipamentos e serviços a fornecer, revistam um carácter especialmente complexo ou
exijam uma técnica particular, ou quando seja muito elevado o montante envolvido.
2. Na pré-qualificação devem ser avaliadas de forma especial as habilitações profis-
sionais e as capacidades técnica, financeira e económica dos Candidatos de acordo com os
requisitos adequados e constantes dos documentos do concurso, nomeadamente, os seguin-
tes, a título exemplificativo:
a) Experiência e desempenho em anteriores contratos similares;
b) Capacidade no que respeita a pessoal;
c) Equipamento e recursos de construção e fabrico relevantes para a aquisição;
e
d) Situação financeira, se relevante para a aquisição.
Artigo 81º
Anúncio público para prévia qualificação
1. O anúncio público para prévia qualificação deve ser publicado nos termos previstos
no artigo 64.° da Lei e deve especificar, designadamente:
a) O nome e endereço da Entidade Adquirente, incluindo o seu endereço de e-
mail e numero de fax;
b) Uma breve descrição da natureza e quantidade de bens, obras e serviços que
são adquiridos, incluindo o prazo final para entrega ou conclusão;
c) As fontes e posição do financiamento para a aquisição;
d) O método de aquisição a ser usado;
e) Os requisitos e critérios para a qualificação dos Concorrentes;
f) O modo e condições, incluindo custos, se os houver, para obter os documentos
de pré-qualificação;

495
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

g) Data a partir da qual os documentos de pré-qualificação podem ser obtidos;


h) O local onde podem ser obtidos;
i) O local, data e hora limite para apresentação dos pedidos de pré-qualificação; e
j) A língua, para além da oficial, que pode ser usada nas comunicações com a
UGA ou a Entidade Adquirente.
2. A pré-qualificação de firmas Consultoras rege pelo disposto no Capítulo IX do pre-
sente Regulamento.
Artigo 82º
Pré-qualificações conjuntas
A Convocante poderá realizar uma só pré-qualificação para concursos da mesma na-
tureza. Os Interessados em Contratar que sejam pré-qualificados poderão participar em um
ou mais concursos previstos, sempre e quando os contratos que se adjudiquem não possam
vir a exceder a sua capacidade técnica e económica, enquanto eventuais Adjudicatários.
Artigo 83º
Intervalo entre a pré-qualificação e a apresentação de propostas
O lapso de tempo entre a data da pré-qualificação e a do termo para receber propostas
não pode exceder mais de 120 (cento e vinte) dias. Transcorrido este tempo sem que se
haja promovido o respectivo concurso, será necessário actualizar a lista de participantes
eventuais, mediante um novo procedimento de pré-qualificação.
Artigo 84º
Concurso público necessariamente em duas fases
O método do concurso público em duas fases é obrigatoriamente seguido, com a tra-
mitação constante do artigo 97º, nos seguintes casos:
a) Aquisições Chave-na-Mão ou aquisições para grandes e complexos estabel-
ecimentos ou obras, incluindo complexa tecnologia de informática e comuni-
cação;
b) Outras aquisições em que, pela sua complexidade técnica, não seja aconsel-
hável ou razoável preparar antecipadamente, a totalidade das especificações
técnicas; e
c) Concessões de Obras Públicas e Concessões de Serviços Públicos.
Artigo 85º
Anúncio público do concurso
1. O anúncio público para o concurso deve ser publicado nos termos do artigo 64.º da Lei e
especificar o conteúdo de todas ou algumas das alíneas que se seguem, conforme os casos:
a) Identificação do concurso;

496
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

b) O nome e endereço da UGA ou Entidade Adquirente, consoante o caso, in-


cluindo o seu endereço de e-mail e numero de fax e data limite para a solici-
tação de esclarecimentos sobre os documentos do concurso;
c) Local da prestação do serviço ou da entrega dos bens;
d) Data limite para a conclusão do fornecimento ou duração do contrato e, na
medida do possível, data limite para o respectivo início;
e) Requisitos necessários à admissão dos Concorrentes;
f) Modo de apresentação das propostas;
g) Indicação de profissões específicas a que esteja reservada a prestação de
serviços e respectiva fundamentação legal ou regulamentar;
h) Eventual exigência de indicação, pelos Concorrentes, dos nomes e habili-
tações profissionais dos responsáveis pela prestação de serviço;
i) Eventual admissibilidade de propostas relativas a parte dos serviços ou dos
bens objecto do concurso;
j) Se as propostas com variantes são admitidas e, em caso afirmativo, as con-
dições para a sua aceitação e o método da sua avaliação;
k) Descrição dos elementos e formalidades necessários à apreciação das con-
dições de carácter profissional, técnico e económico que os Concorrentes de-
vam preencher;
l) A indicação da forma jurídica que deve revestir o grupo de Concorrentes Ad-
judicatário, se for caso disso;
m) A moeda ou moedas em que os Concorrentes devem indicar os seus preços,
o procedimento para conversão de preços expressos em diferentes moedas
numa única moeda, com o propósito de comparar propostas e a moeda na qual
o contrato deve ser pago;
n) Os critérios para avaliação das propostas e Adjudicação do contrato;
o) Se é ou não admitida a apresentação de propostas com condições divergentes
das do caderno de encargos e quais as clausulas deste que, na hipótese afirma-
tiva, não podem ser alteradas;
p) Prazo durante o qual o Concorrente fica vinculado a manter a proposta;
q) Uma breve descrição da natureza e quantidade de bens, obras ou serviços que
são adquiridos, incluindo o prazo para entrega ou conclusão;
r) Eementos e documentos que acompanham as propostas;
s) Garantias que são prestadas no caso de Adjudicação do contrato;

497
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

t) As fontes do financiamento para a aquisição;


u) O modo, condições, custos se os houver, para obter os documentos de con-
curso, bem como o local e data a partir da qual os documentos de concurso
podem ser obtidos;
v) O local e o prazo limite para a apresentação das propostas;
w) Data, hora e local do acto público de abertura das propostas;
x) A determinação de que os representantes dos Concorrentes e público em geral
podem assistir a abertura das propostas; e
y) A língua, para alem da oficial, que pode ser usada nas comunicações com a
UGA ou com a Entidade Adquirente.
2. A data limite referida na alínea b) corresponde ao termo do prazo estipulado no
número 1 do artigo 93º.
3. Os critérios a que alude a alínea n) devem ser formulados tendo em conta o que se
dispõe no artigo 95º.
SECÇÃO II
Proposta
Artigo 86º
Constituição da proposta
1. A proposta é constituída pelos seguintes documentos:
a) Declaração do Concorrente de aceitação dos termos e condições constantes do
caderno de encargos; e
b) Documentos exigidos no programa de concurso que, em função do objecto
do contrato a celebrar e dos aspectos do caderno de encargos, contenham os
termos e condições em que o Concorrente se dispõe a contratar.
2. Integram também a proposta quaisquer outros documentos que o Concorrente apre-
sente por os considerar indispensáveis para o efeito da parte final da alínea b) do número
anterior.
3. A declaração referida na alínea a) do número 1 deve ser assinada pelo Concorrente
ou por representante que tenha poderes para o obrigar.
Artigo 87º
Apresentação e recepção das propostas
1. As propostas devem ser entregues em mãos ou enviadas por correio registado, só po-
dendo ser enviadas por fax, correio electrónico, disco de computador, unidades de memória
portáteis ou outra forma de comunicação electrónica, se tal se encontrar expressamente
previsto no programa de concurso ou em regulamento adequado.

498
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

2. Assim que as propostas apresentadas nos termos previstos no número 1 deste artigo
sejam recebidas pela UGA, devem ser colocadas em local fechado cuja chave ou combina-
ção deve ficar na posse do responsável da UGA ou de quem, em situações de ausência ou
impedimento, legalmente o substitua.
3. A UGA deve manter um registo das propostas apresentadas.
Artigo 88º
Prazo para apresentação de propostas
Os prazos mínimos para a apresentação de propostas nos concursos públicos são os
seguintes, contados a partir da data da última publicação do acto convocatório:
a) Concurso público nacional:
i) Vinte dias, no caso de empreitadas de valor estimado até cinco mil con-
tos; e
ii) Trinta e cinco dias no caso de empreitadas de valor estimado superior a
cinco mil contos.
b) Concurso público internacional: quarenta e cinco dias.
Artigo 89º
Prazo de manutenção das propostas
1. Sem prejuízo da fixação de um prazo superior nos documentos que servem de base
ao procedimento, nos concursos de grande complexidade como os destinados às conces-
sões de certas obras públicas, os Concorrentes ficam obrigados a manter as suas propostas
durante um período de 60 (sessenta) dias contados da data limite para a sua entrega, deven-
do essa obrigação ser garantida por caução.
2. O prazo de manutenção das propostas considera-se prorrogado por iguais períodos,
para os Concorrentes que nada requererem em contrário.
SECÇÃO III
Júri do concurso
Artigo 90º
Júri
1. Salvo no caso de ajuste directo, os procedimentos são conduzidos por um júri, de-
signado pela Entidade Adjudicante ou pela UGA, composto, em número impar, por pelo
menos três membros efectivos, um dos quais preside e dois suplentes.
2. O júri do concurso é nomeado pela UGA competente, podendo ser de entre os seus
membros, ou pessoal técnico capaz da Entidade Adjudicante.
Artigo 91º
Funcionamento
1. O júri só pode funcionar quando o número de membros presentes na reunião corres-
ponda ao número de membros efectivos.

499
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

2. As deliberações do júri, que devem ser sempre fundamentadas, são tomadas por
maioria de votos, não sendo admitida a abstenção.
3. Nas deliberações em que haja voto de vencido de algum membro do júri, deve cons-
tar da acta as razões da sua discordância.
Artigo 92º
Competência
Compete essencialmente ao júri do concurso:
a) Presidir ao acto público do concurso;
b) Proceder a qualificação dos Concorrentes admitidos; e
c) Proceder a apreciação formal das propostas admitidas.
Artigo 93º
Esclarecimentos
1. O júri, por iniciativa própria ou por solicitação dos interessados, desde que apresen-
tada até ao final do primeiro terço do prazo para apresentação das propostas, deve prestar os
esclarecimentos necessários à boa compreensão e interpretação dos elementos expostos.
2. Os esclarecimentos são prestados por escrito até ao fim do segundo terço do prazo
fixado para a entrega das propostas, sem identificação de quem os solicitou e deles juntar-
se-á cópia às peças patentes em concurso, devendo ser comunicados a todos os interessados
que procederam ou venham a proceder ao levantamento dos documentos que servem de
base ao concurso e publicitados pela UGA pelos meios julgados mais convenientes e pela
ARAP.
3. Em qualquer momento, dentro do prazo para prestar os esclarecimentos, a UGA
competente pode, por sua própria iniciativa ou em resposta a um pedido de esclarecimento,
modificar os documentos de concurso, emitindo uma adenda, que deve passar a fazer parte
integrante dos mesmos.
4. Se em função da resposta ou da adenda se mostrar adequado algum alargamento
do prazo para a apresentação das propostas, aquele prazo deve ser prorrogado, de modo a
que os Concorrentes tenham tempo para considerar aquela resposta na preparação das suas
propostas para a pré-qualificação ou para o concurso.
5. Qualquer adenda deve ser comunicada imediatamente a todos os Concorrentes que
tenham solicitado os documentos de concurso.
6. Se uma adenda levar à necessidade da prorrogação do prazo para apresentação das
propostas, a UGA deve notificar desse facto todos os Concorrentes que tenham solicitado
os documentos de concurso.

500
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

Artigo 94º
Acto público do concurso
1. As propostas apresentadas devem ser abertas, em acto público, no local, data e hora
designados no programa de concurso, nos termos definidos nos regulamentos sendo, em
voz alta, identificados os Concorrentes, lido o preço das propostas e das propostas com
variantes, se as houver, e outra informação considerada relevante.
2. Nos concursos públicos em duas fases a leitura do preço das propostas tem lugar
apenas na segunda fase.
3. Após a abertura das propostas, a informação relativa ao exame, esclarecimentos,
avaliação e recomendação para Adjudicação não pode ser divulgada, até ao anúncio da
Adjudicação.
Artigo 95º
Princípio orientador da formulação dos critérios de avaliação
Os critérios de avaliação e Adjudicação são estabelecidos de forma precisa, mas têm a
necessária maleabilidade para que, sem prejuízo para a segurança e previsibilidade na for-
mulação das propostas, não resulte nunca uma situação artificial em que fique desprezado
ou deficientemente valorado o contributo de qualquer aspecto para a especial qualidade de
uma proposta, seja um aspecto particular ou uma tónica geral resultante de vários factores
inter-cruzados.
Artigo 96º
Critério de avaliação na qualificação prévia
1. No concurso limitado por prévia qualificação, a UGA avalia as qualificações dos
interessados de acordo com os critérios e procedimentos estabelecidos nos documentos de
pré-qualificação e de apresentação de proposta.
2. A qualificação depende de o interessado reunir o nível mínimo de qualificação ba-
seado no critério de aceite ou não aceite e na experiência, capacidades pessoais e de equi-
pamento, recursos financeiros e outras matérias relevantes especificadas nos documentos
de concurso.
3. O relatório de avaliação, com a devida fundamentação, deve ser submetido a En-
tidade Adquirente para confirmação, a fim de prosseguir com a aquisição, sendo também
remetido entidade reguladora, a título informativo.
4. As Entidades Adquirentes devem, no prazo de 5 dias úteis, informar a UGA sobre
as circunstâncias e fundamentação para o caso de decidirem não avançar com os procedi-
mentos de Aquisição.
Artigo 97º
Condições especiais do concurso público em duas fases
1. O concurso público em duas fases previsto no artigo 84º, inclui, numa primeira eta-
pa, um anúncio, publicado nos termos do disposto no artigo 64º da Lei, para apresentação

501
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

de propostas técnicas sem preços, na base de princípios gerais de concepção, ou um dese-


nho conceptual, ou de normas de performance ou especificações de funcionamento, tudo
sujeito a esclarecimentos e ajustes técnicos e comerciais.
2. A primeira etapa pode ser utilizada, caso se considere apropriado, para pré-qualificar
os interessados na base de sua capacidade técnica e financeira.
3. Apreciadas as diversas propostas apresentadas na primeira fase e terminada esta
etapa com a determinação das correcções ou modificações que se justifiquem às propostas,
a UGA apresenta um relatório justificando os seus resultados e recomendações à Entidade
Adquirente e esta deve confirmar a sua intenção de continuar com os procedimentos de
aquisição.
4. Numa segunda etapa, observa-se o seguinte:
a) A UGA dirige um convite para apresentar propostas técnicas com preços, na
base das modificações introduzidas aos documentos de concurso e das ob-
servações ou correcções específicas que a Convocante tenha realizado ou
aprovado a cada uma das propostas recebidas;
b) O convite indica o prazo para apresentação das novas propostas e as ofertantes
devem cumprir com as exigências contidas nas observações, dando resposta
satisfatória a cada uma das mesmas; e
c) Das propostas que tenham corrigido as deficiências observadas e se mostrem
conformes às exigências dos documentos de concurso modificados, o júri se-
lecciona a melhor, nos termos da alínea b), do número 3 do artigo 59º da Lei.
5. As Entidades Adquirentes devem, no prazo de 5 dias úteis, informar a UGA sobre
as circunstâncias e fundamentação para o caso de decidirem não avançar com os procedi-
mentos de Aquisição.
Artigo 98º
Processo de avaliação das propostas
1. Na avaliação das propostas, o júri pode ser assessorado por entidades externas às
UGA e à Entidade Adquirente, quando estas não dispuserem de pessoal com os conheci-
mentos e experiência suficiente ou quando possa existir um conflito de interesses.
2. O Júri, antes de proceder à análise técnica das Propostas, realizará um exame preli-
minar, tendo em vista determinar se as mesmas cumprem os requisitos dos documentos de
concurso.
3. Caso se mostre necessário, o Júri pode solicitar aos Concorrentes a clarificação de
aspectos das propostas, mas a resposta, em caso algum, pode alterar matéria substancial da
proposta, nomeadamente alterações quanto ao preço.
4. Todos os pedidos de clarificação e as respectivas respostas devem constar dos regis-
tos da aquisição.

502
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

5. Não obstante o disposto no número 3 deste artigo, o Júri deve corrigir puros erros
aritméticos detectados durante o exame das Propostas, desde que tais correcções não alte-
rem a posição das propostas em relação às demais.
6. No caso de proceder às correcções previstas no número anterior, o Júri deve notifi-
car, imediatamente, todos os Concorrentes, devendo essas correcções constar dos registos
da aquisição.
7. As propostas dos concorrentes devem ser analisadas em função dos critérios esta-
belecidos nos documentos de concurso, tendo sempre em conta o disposto no artigo 95º
e devendo o Júri considerar propostas que, embora contendo pequenas incorrecções, não
afectem a sua validade nem constituam um desvio ao princípio da concorrência.
Artigo 99º
Critério de Adjudicação
1. O critério em que se baseia a Adjudicação é o da proposta técnica e economicamen-
te mais vantajosa, podendo também ser, em certas circunstâncias, o da melhor proposta
técnica economicamente aceitável. Em qualquer dos casos deverá ter por base factores
de ponderação quanto possível objectivos e quantificáveis, que tenham em conta as duas
variáveis.
2. O preço apresentado deve conter todos os custos relativos ao fornecimento de bens
ou serviços ou execução da obra, incluindo custos incidentais, tais como taxas, seguros e
transporte.
3. Na fixação do critério de Adjudicação a Entidade Adquirente deve ponderar outros
factores variáveis, para além do preço, designadamente:
a) Prazo de execução;
b) Custo de utilização;
c) Rendibilidade;
d) Valia técnica da proposta;
e) Serviço pós-venda e de assistência técnica; e
f) Garantias prestadas.
Artigo 100º
Relatório de avaliação e recomendações
1. Após completar o exame, avaliação e comparação das propostas e das qualificações
dos Concorrentes, o júri entregará à UGA:
a) O relatório sobre o exame, comparação e avaliação das propostas e as qualifi-
cações dos Concorrentes; e

503
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

b) A recomendação quanto ao Concorrente a quem a Entidade Adquirente deverá


adjudicar o contrato.
2. Quando o júri entender que se justifica um procedimento de pós-qualificação nos
termos do artigo 55º da Lei e 102º do presente diploma, a recomendação referida na alínea
b) será substituída por mera informação de qual o Concorrente que foi classificado em pri-
meiro lugar e em relação a quem se iniciará o processo de pós-qualificação.
3. O júri indicará ainda, mesmo que de forma genérica, os aspectos que eventualmente
devam merecer uma negociação, antes da Adjudicação.
Artigo 101º
Envio do Relatório pela UGA à Entidade Adquirente
Recebido o relatório do júri, a UGA envia o projecto de Adjudicação à Entidade Ad-
quirente, com conhecimento à ARAP e inicia-se o processo de pós-qualificação e de nego-
ciações, antes de ser comunicada a Adjudicação.
Artigo 102º
Pós-qualificação
1. O procedimento de pós-qualificação tem como objectivo determinar se o Concor-
rente que apresentou a proposta melhor classificada tem a capacidade e os recursos neces-
sários a execução do contrato.
2. Sempre que o Concorrente não preencher os requisites de qualificação procede-se
do modo seguinte:
a) A proposta é rejeitada; e
b) A pós-qualificação é iniciada em relação à proposta classificada imediata-
mente a seguir.
3. Quando um Concorrente tiver participado numa pré-qualificação, uma comple-
ta pós-qualificação pode ser considerada desnecessária, mas os documentos submetidos
aquando da pré-qualificação devem ser objecto de verificação.
4. A UGA deve considerar os seguintes factores para efeitos do processo uma pós-
qualificação:
a) Quaisquer alterações materiais ocorridas desde a submissão da informação no
procedimento de pré-qualificação; e
b) Qualquer informação que tenha ficado disponível desde a pré-qualificação e
que, no critério da UGA, afecte materialmente a capacidade do Concorrente
para executar o contrato.
5. A UGA pode limitar o número de adjudicações a um determinado Concorrente, no
caso em que seja reconhecido que os seus recursos se mostrem insuficientes para os com-
promissos adicionais que resultem do contrato proposto.

504
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

6. Nos casos referidos no número antecedente, a UGA pode recomendar uma decisão
de não Adjudicação a um Concorrente que considere não possuir a capacidade ou recursos
para executar o contrato.
SECÇÃO IV
Cancelamento do concurso
Artigo 103º
Declaração de deserção e cancelamento do concurso
1. As Entidades Adquirentes e as UGA podem decidir não admitir qualquer das pro-
postas e cancelar o concurso quando:
a) Não tenha sido apresentada oferta alguma;
b) Todos os preços apresentados excederem o financiamento disponível; ou
c) Nenhuma das ofertas reúna as condições exigidas no anúncio do concurso, ou
todas se tenham distanciado substancialmente delas;
2. Uma vez declarado deserto o concurso público, a UGA e a Entidade Adquirente
poderão rever as causas justificativas da deserção e ponderar se é, ou não, necessária a re-
visão das especificações ou modificação do projecto, antes de ser efectuado novo concurso
público.
3. Declarado deserto o concurso público, a UGA e a Entidade Adquirente podem, em
alternativa à actuação conforme o número antecedente, agir pelo processo seguinte:
a) Proceder a novo concurso público nacional, desde que haja razão objectiva,
que é logo explicitada, para se prever que a repetição possa trazer novos Con-
correntes e não se aproxime uma data limite que, em caso de falha da previsão,
torne urgente o ajuste directo;
b) Proceder logo a um concurso público, agora de carácter internacional, se for
previsível que o concurso internacional será frutífero e não se verificar o con-
dicionalismo da alínea a) antecedente para o concurso nacional; ou
c) Optar logo pelo ajuste directo, caso não se verifiquem os condicionalismos
para o concurso público.
4. Nos casos de concurso nacional previstos no número 2 e na alínea a) do número 3,
as propostas dos participantes do primeiro concurso ficam expostas à consulta pública dos
eventuais outros Concorrentes durante o decurso do prazo para apresentação das propostas,
a menos que todos os Concorrentes iniciais tenham declarado não desejar concorrer e a
partir do momento em que o façam.
Artigo 104º
Cancelamento do concurso por razão diferente da deserção
1. O concurso pode também ser cancelado quando:
a) Ocorrer caso fortuito ou força maior que a isso obrigue;

505
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

b) Existam circunstâncias, devidamente justificadas, que provoquem a extinção


da necessidade de adquirir os bens, de contratar a prestação dos serviços ou
de executar a obra, ou quando continuar com o procedimento de contratação,
poderia ocasionar dano ou prejuízo às entidades Adjudicantes; ou
c) Tenha sido desrespeitado o princípio da concorrência de modo ostensivo e não
se possa afastar a hipótese de que tal facto venha ter ou tenha tido influência
no resultado;
2. Se a decisão de não admissão de todas as propostas for tomada antes do final do pra-
zo para a sua apresentação, todas as propostas recebidas devem ser devolvidas sem serem
abertas.
SECÇÃO V
Fase de Adjudicação e contrato
Artigo 105º
Projecto de Adjudicação
1. Recebido o relatório do Júri, a UGA deve remeter com urgência o projecto de despa-
cho à Entidade Adquirente para homologação, com os comentários que entender, contendo
em anexo o relatório e a proposta de Adjudicação do júri.
2. Nas circunstâncias em que ocorrerem aquisições conjuntas de bens ou serviços de
uso comum, o projecto de Adjudicação é remetido à entidade que deva representar todos
os adquirentes, em conformidade com o documento referido na alínea d) do número 1 do
artigo 39º, com conhecimento simultâneo a todas as Entidades Adquirentes envolvidas e à
ARAP.
3. No caso referido no número antecedente, o representante que deva adjudicar ouve,
ainda que informalmente, a posição das restantes Entidades Adquirentes envolvidas.
Artigo 106º
Negociações
1. As Entidades Adquirentes ou as UGA podem levar a cabo negociações com o Con-
corrente que tenha apresentado a proposta economicamente mais vantajosa, antes da Adju-
dicação, nos aspectos e com os limites seguintes:
a) Pequenas alterações às especificações técnicas, ao objecto dos trabalhos ou
aos requisitos previstos;
b) Pequenas alterações aos termos e condições do contrato proposto;
c) Acordos quanto ao pagamento final;
d) Acordos para mobilização de pessoal;
e) Acordo quanto à data final do fornecimento dos bens, realização das obras ou
prestação dos serviços, por interesse da Entidade Adquirente;

506
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

f) O método de transferência de pessoal; e


g) Clarificação de aspectos que não puderam ser considerados no concurso.
2. A negociação prevista no número anterior não pode alterar a posição do Concorrente
escolhido em relação aos outros Concorrentes.
3. As modificações resultantes da negociação são introduzidas nos registos da aquisição.
Artigo 107º
Aprovação das minutas dos contratos
1. Nos casos em que haja lugar à celebração de contrato escrito, a respectiva minuta é
aprovada, após o acto de Adjudicação, ou em simultâneo com este, pela entidade compe-
tente para autorizar a despesa.
2. A aprovação da minuta do contrato tem por objectivo verificar o cumprimento das
disposições legais aplicáveis, designadamente:
a) Se a redacção corresponde ao que se determina na decisão ou deliberação que
autorizou a contratação e a despesa dela resultante;
b) Se o conteúdo do contrato está conforme aos objectivos a prosseguir; e
c) Se foram observadas as normas aplicáveis previstas no presente diploma.
Artigo 108º
Aceitação da minuta do contrato
1. Após a aprovação prevista no artigo anterior, a minuta do contrato é enviada, para
aceitação, ao Adjudicatário, determinando-se-lhe que, no prazo indicado, de entre cinco e
dez dias, comprove a prestação da caução devida, cujo valor expressamente se indicará.
2. A minuta considera-se aceite pelo Adjudicatário quando haja aceitação expressa ou
quando não haja reclamação nos cinco dias subsequentes à respectiva notificação.
Artigo 109º
Reclamações contra a minuta
1. São admissíveis reclamações contra a minuta quando dela constem obrigações não
contidas na proposta ou nos documentos que servem de base ao procedimento.
2. Em caso de reclamação a entidade que aprovou a minuta comunica ao Adjudicatá-
rio, no prazo de 10 (dez) dias úteis, o que houver decidido sobre a mesma, entendendo-se
que a defere se nada disser no referido prazo.
3. O prazo referido no número anterior é alargado para (trinta) 30 dias úteis no caso de
a entidade competente ser o Conselho de Ministros.
4. Nos casos em que haja reclamação contra a minuta, o prazo para comprovar a pres-
tação da caução interrompe-se a partir da data da apresentação da reclamação e até ao co-

507
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

nhecimento da decisão da reclamação ou ao termo do prazo fixado nos números anteriores


para o respectivo deferimento tácito.
Artigo 110º
Celebração de contrato escrito
1. O contrato deve ser celebrado no prazo de 30 (trinta) dias a contar da prova da pres-
tação da caução.
2. Não havendo lugar à prestação de caução, o prazo fixado no número anterior conta-
se a partir da aceitação da minuta ou, consoante o caso, do conhecimento da decisão sobre
a reclamação contra aquela ou do termo do prazo fixado para o respectivo deferimento
tácito.
3. A entidade pública Contratante comunica ao Adjudicatário, com a antecedência mí-
nima de cinco dias, a data, hora e local em que se celebra o contrato.
4. Se a Entidade Adjudicante não celebrar o contrato no prazo fixado, pode o Adjudi-
catário desvincular-se da proposta, liberando-se a caução que haja sido prestada e ficando
com direito ao reembolso de todas as despesas e demais encargos decorrentes da prestação
da caução, sem prejuízo de direito a justa indemnização.
Artigo 111º
Subcontratação
1. Sempre que o programa do concurso o preveja, ou o contrato ou a Contratante o
autorizem, os Contratados poderão subcontratar com terceiros parte de suas prestações,
desde que:
a) A Contratante o aprove por escrito antes da subcontratação;
b) As prestações parciais que o Contratado subcontrate com terceiros não excedam
60% (sessenta por cento) das prestações derivadas do contrato original; e
c) O Sub-Contratado não se encontre compreendido por alguma das causas de
impedimento de participar em procedimentos de contratação pública.
2. É proibida a subcontratação nos casos em que ela possa significar uma forma de
iludir ou de algum modo defraudar os princípios, objectivos ou legítimas expectativas que
levaram ao procedimento de contratação.
3. A aprovação referida na alínea a) será efectuada por funcionário que tenha recebido
poderes suficientes para isso.
CAPÍTULO VII
Aquisição competitiva
Artigo 112º
Regime
Aplicam-se à aquisição competitiva, com as necessárias adaptações, as regras próprias
do concurso público em tudo o que não contrariar o respectivo regime.

508
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

CAPÍTULO VIII
Concessões de obras e de serviços públicos
Artigo 113º
Regime dos contratos de concessão
Os contratos de concessão regem-se pela Lei, pelo presente diploma e pelo disposto no
Dedreto-Lei n.º 35/2005, de 30 de Maio.
Artigo 114º
Aprovação prévia do Ministro responsável pela área das Finanças
1. Em relação à outorga de Concessões de Serviços Públicos, a Entidade Adquirente
deve, previamente ao início dos procedimentos, obter a aprovação do Ministro responsável
pela área das Finanças sobre a viabilidade técnica e financeira do projecto e sobre a estrutu-
ra do projecto em simultâneo com o esboço dos termos contratuais subjacentes, bem como
as garantias a serem dadas pela Entidade Adquirente ou pelo Governo, ou o apoio finan-
ceiro directo ou o pagamento de qualquer natureza a ser feito pela Entidade Adquirente ou
pelo Governo.
2. A aprovação do Ministro responsável pela área das Finanças deve também ser so-
licitada para todas as aquisições que envolvam a transferência de fundos públicos para o
Contratado, na medida em que a gestão de tais fundos públicos seja da responsabilidade do
Contratante.
Artigo 115º
Especificidades do procedimento
1. Os procedimentos para as Concessões devem ser conduzidos de acordo com os
procedimentos do concurso público em duas fases, antecedidos de uma pré-qualificação
destinada a identificar interessados que possam oferecer adequadas garantias técnicas e
financeiras e demonstrem capacidade de assegurar o funcionamento contínuo do serviço
público que lhes será delegado e do bem do domínio público envolvido.
2. A selecção do Concessionário pode implicar, entretanto, várias fases para se chegar
a uma combinação óptima dos critérios de avaliação, tais como o custo e a importância do
financiamento oferecido, as especificações das instalações oferecidas, o valor cobrado ao
utilizador ou ao Estado, outras despesas a suportar pelo Estado pela instalação, bem como
o período da amortização da instalação.
CAPÍTULO IX
Contratação de serviços de Consultoria
SECÇÃO I
Disposições gerais
Artigo 116º
Tipos de Consultoria
Para efeitos do presente diploma, os serviços de Consultoria, que são os prestados por
Consultores individuais sem relação de trabalho subordinado com a entidade a quem são

509
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

prestados e por firmas credenciadas para o efeito, em qualquer caso sem poderes de repre-
sentação jurídica daquela entidade, podem consistir:
a) Na prestação pelo Consultor de um trabalho determinado, de carácter jurídico,
técnico, artístico, intelectual ou científico, a traduzir-se num resultado especí-
fico esperado, nomeadamente, os contratos que tenham por objecto:
i) Realizar estudos, planos, projectos de carácter técnico, organizativo, económi-
co, financeiro, ambiental ou social; assessoria em matéria de políticas; refor-
mas institucionais; identificação, preparação e execução de projectos e out-
ros;
ii) Serviços de direcção, supervisão e controle da execução e manutenção de
obras, instalações e implementação de projectos de informática;
iii) Recolha de dados, investigação e outros; e
iv) Quaisquer outros serviços directa ou indirectamente relacionados com
os referidos e nos quais também predominem as prestações de carácter
intelectual; ou
b) Na prestação pelo Consultor de serviços de natureza semelhante aos da alínea
a) precedente, em que também predominem as prestações de carácter intelec-
tual, mas traduzindo-se em trabalhos continuados no tempo, ainda que de pra-
zo determinado, da mesma ou semelhante natureza, nomeadamente de acom-
panhamento e aconselhamento, sem um resultado pré-determinado a cargo do
Consultor.
Artigo 117º
Recurso a firmas ou a Consultores individuais
A opção pelo recurso a firmas ou a Consultores individuais determina-se salvo casos
especiais, devidamente justificados que imponham outra actuação, pelo critério seguinte:
a) Firmas de Consultoria: quando o trabalho envolver a aplicação de conheci-
mentos multi-disciplinares ou, pelo seu volume ou complexidade, ou por out-
ros factores, exija o apoio de uma organização com pessoal dotado de for-
mação adequada; ou
b) Consultores individuais: nos casos em que a experiência e um conhecimento
individual qualificado em determinada área possam melhor corresponder ao
objecto da Consultoria.
SECÇÃO II
Pré-qualificação de firmas Consultoras
Artigo 118º
Necessidade e objectivos da pré-qualificação
1. O concurso público para a contratação de firmas Consultoras para valor estimado
superior a 4.000.000$00 é precedido de uma pré-qualificação em que se qualificarão não

510
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

menos de três e não mais de seis das melhores firmas com pontuação, sob um sistema de
pontuação que meça objectivamente os requisitos da pré-qualificação.
2. A pré-qualificação de firmas Consultoras deve basear-se unicamente na capacidade
dos possíveis ofertantes para executar satisfatoriamente o contrato de que se trate, tendo
em conta:
a) A experiência da firma e cumprimentos anteriores em relação a contratos simi-
lares; e
b) A capacidade do pessoal da firma.
Artigo 119º
Convite à pré-qualificação e envio de Documentos
do Convite às firmas interessadas
1. O procedimento de pré-qualificação inicia-se com a difusão do Convite no Sistema
de Informação Electrónica e a publicação de tal Convite num jornal de circulação nacional
durante 2 (dois) números consecutivos.
2. O Convite deve conter o seguinte:
a) A fixação do prazo para manifestar interesse em participar no procedimento de
pré-qualificação, não inferior a 5 (cinco) dias úteis desde a última publicação; e
b) Descrição sucinta do alcance da Consultoria.
3. Às firmas Consultoras que manifestem seu interesse em participar no processo de
pré-qualificação, são enviados os Documentos do Convite que contém uma descrição de-
talhada do alcance da Consultoria e dos produtos pretendidos, uma clara definição dos
requisitos necessários para pré-qualificar e da documentação necessária a apresentar, bem
como o prazo em que a mesma deve ser apresentada.
Artigo 120º
Prazo para a presentação da documentação pelas firmas interessadas
1. O prazo estipulado para a apresentação da documentação pelas firmas interessadas
não é inferior a 10 (dez) dias úteis.
2. Uma vez findo o prazo para a recepção das solicitações de pré-qualificação, passa-se
ao exame das que se tenha recebido até essa data, avaliadas em conformidade com regras
estabelecidas nos Documentos do Convite.
Artigo 121º
Comunicação e convite após pré-qualificação
1. A lista de firmas pré-qualificadas deve ser comunicada a todos os participantes da
pré-qualificação, com as pontuações correspondentes.
2. As firmas pré-qualificadas são convidadas a participar do procedimento de selecção
da firma que executará o contrato.

511
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

Artigo 122º
Métodos de selecção de firmas Consultoras
Para a selecção das ofertas utilizam-se os seguintes métodos:
a) Selecção baseada em qualidade e custo;
b) Selecção baseada em qualidade;
c) Selecção a orçamento fixo;
d) Selecção baseada em preço; e
e) Selecção baseada nos antecedentes da firma Consultora.
SECÇÃO III
Selecção de firmas Consultoras baseada em qualidade e custo
Artigo 123º
Em que consiste o método
1. Para a contratação de serviços de Consultoria utiliza-se preferencialmente o método
de selecção baseado na qualidade e custo.
2. A selecção baseada na qualidade e custo é um processo competitivo em que a pon-
deração que se atribua à qualidade e ao custo se detalha no Convite e se determina em cada
caso de acordo com a natureza do trabalho a realizar, sendo que, normalmente, a pondera-
ção a atribuir à qualidade e ao custo é de 70% (setenta) a 80% (oitenta) e de 30% (trinta) a
20% (vinte), respectivamente.
Artigo 124º
Convite
1. O Convite deve conter a seguinte informação:
a) Uma definição precisa dos objectivos, produtos e extensão dos trabalhos a en-
comendar, que deverá estar reflectido nos Termos de Referência correspond-
entes, que serão anexados; e
b) A informação básica que facilite aos Consultores a preparação de suas pro-
postas. Tal informação incluirá elementos tais como descrição do projecto,
se houver; organização da Contratante; contactos com a Contratante; apoio
logístico ao Consultor, como escritórios, computadores, entre outros.
2. Se um dos objectivos for o treino ou a transferência de conhecimentos, é preciso
descrevê-lo especificamente e dar detalhes sobre o número de funcionários que vão receber
treino e outros dados similares, a fim de permitir às firmas Consultoras estimar os recursos
que são necessários.

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Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

Artigo 125º
Recepção das propostas
1. As propostas técnicas e de preço devem ser apresentadas ao mesmo tempo, em en-
velopes fechados e separados, e devidamente identificados, não se aceitando emendas após
o prazo para sua apresentação.
2. As propostas de preço permanecem fechadas e ficam depositadas em poder da Con-
vocante até que se proceda à abertura em público.
Artigo 126º
Duas etapas na avaliação das propostas
1. A avaliação das propostas é efectuada em duas etapas: primeiro a qualidade e depois
o custo.
2. Os encarregados de avaliar as propostas técnicas não têm acesso às propostas de
preço até que a avaliação técnica tenha sido concluída.
Artigo 127º
Avaliação da Qualidade
1. O Júri avalia cada proposta técnica tendo em conta, entre outros, os seguintes cri-
térios:
a) A experiência específica da Consultora em relação à tarefa por atribuir;
b) A qualidade da metodologia proposta e/ou plano de trabalho proposto;
c) As qualificações profissionais do pessoal chave proposto; e
d) A transferência de conhecimentos, se for aplicável.
2. Cada critério é qualificado conforme uma escala de 1 a 100 e depois pondera-se cada
qualificação, o que dará uma pontuação. Para salvaguardar a qualidade técnica da proposta,
estabelece-se uma pontuação mínima necessária para que a proposta seja considerada na
comparação final, não inferior a 70 (setenta) pontos sobre cem.
Artigo 128º
Avaliação do custo
1. Uma vez terminada a avaliação da proposta técnica, a Convocante notifica as firmas
Consultoras do resultado de tal avaliação, indicando expressamente, para aquelas que não
tenham obtido a pontuação mínima, que suas ofertas de preço lhes vão ser devolvidas sem
abrir, depois de terminado o processo de selecção.
2. Na mesma comunicação, a Convocante informa a data e hora fixadas para abrir as
propostas de preço daquelas firmas que tenham sido qualificadas tecnicamente.
3. A data de abertura é entre 2 (dois) e 10 (dez) dias úteis após a data de notificação.

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Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

4. As propostas de preço são abertas em público na presença dos representantes das


firmas Consultoras que quiserem assistir. Abertas as propostas de preço, são lidos em voz
alta o nome da firma Consultora, a pontuação de qualidade obtida e os preços propostos.
Será logo redigida a acta da abertura correspondente.
5. Havendo erros aritméticos, são os mesmos corrigidos, a fim de comparar as propostas.
6. Para efeitos de avaliação, o custo inclui outros gastos reembolsáveis, como viagens,
traduções, impressão de informes e gastos de secretaria.
7. Pode atribuir-se uma pontuação de 100 à proposta de custo mais baixo, e pontuações
inversamente proporcionais a seus respectivos preços às demais ofertas, ou seguir outra
metodologia que reflicta adequadamente a proporção entre os preços, devendo-se, em qual-
quer caso, descrever no Convite a metodologia a utilizar e os factores de ponderação.
Artigo 129º
Avaliação combinada da qualidade e do custo
1. A pontuação total obtém-se somando as pontuações ponderadas relativas à qualida-
de e ao custo. O factor de ponderação do custo escolhe-se tendo em conta a complexidade
do trabalho e a importância relativa da qualidade.
2. É adjudicado o Concorrente cuja oferta obtenha a pontuação mais alta.
3. Só será permitido ao Concorrente seleccionado efectuar substituições de pessoal
chave se as partes convierem que o atraso indevido do processo de selecção torna tal substi-
tuição inevitável, ou em que tais mudanças sejam fundamentais para alcançar os objectivos
do trabalho.
4. Fora dos casos do número anterior, apurando-se que na proposta se ofereceram os
serviços do pessoal chave sem haver confirmado a disponibilidade deste, pode desqua-
lificar o Concorrente e continuar o processo com o Concorrente seguinte, em ordem de
graduação.
5. A desqualificação de um Concorrente pelo motivo referido no número antecedente
pode constituir objecto de sanções posteriores, de acordo com normas ou directivas da
ARAP.
6. O pessoal chave que se proponha como substituto deve ter qualificações profissio-
nais iguais ou melhores que as do pessoal chave proposto inicialmente.
SECÇÃO IV
Outros métodos de selecção de firmas Consultoras
Artigo 130º
Selecção baseada na qualidade
1. A selecção baseada na qualidade é utilizada para os seguintes tipos de trabalho:
a) Trabalhos complexos ou altamente especializados, nos quais seja difícil pre-
cisar os produtos pretendidos e em que a Convocante espera que as Consulto-

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Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

ras proponham soluções novas e criativas nas suas ofertas, tais como planos
maestros de urbanização, reformas do sector financeiro, estudos de viabilidade
multi-sectoriais, desenhos de plantas de despoluição e redução de resíduos
perigosos;
b) Quando a Convocante estima que a qualidade do trabalho e o produto da Con-
sultora possam ter importantes repercussões futuras;
c) Trabalhos em que seja indispensável contar com os melhores especialistas; e
d) Trabalhos que se podem executar de formas substancialmente distintas, de
maneira que as ofertas não sejam comparáveis.
2. Ao realizar a selecção na base da qualidade, pode-se pedir apenas a apresentação
de uma oferta técnica (sem uma oferta de preço), ou a apresentação simultânea de ofertas
técnicas e de preço, mas em envelopes separados.
3. No Convite pode ser fornecida uma estimativa do tempo de trabalho do pessoal cha-
ve, especificando, entretanto, que essa informação somente se dá a título indicativo e que
os Consultores podem propor suas próprias estimativas.
4. Caso somente se convide a apresentar propostas técnicas, depois de avaliar tais ofer-
tas utilizando a mesma metodologia que para o sistema de selecção baseada em qualidade e
custo, a Convocante pede à firma Consultora cuja proposta se classifique em primeiro lugar
que apresente uma oferta de preço detalhada, após o que a Convocante e a firma Consultora
acordam o preço e os termos do contrato.
5. Todos os demais aspectos do processo de selecção são idênticos aos da selecção
baseada na qualidade e no custo.
6. Caso se tenha pedido às firmas Consultoras que apresentem inicialmente ofertas de
preço juntamente com as ofertas técnicas, tomam-se medidas a fim de assegurar-se de que
somente se abre o envelope com os preços da oferta seleccionada e que os demais envelo-
pes são devolvidos sem abrir, depois de alcançado o acordo.
7. Caso não se consiga acordo com a firma classificada em primeiro lugar, passa-se a
procurar um acordo com a seguinte em graduação.
Artigo 131º
Selecção para casos de orçamento fixo
1. Utiliza-se este método quando o orçamento é fixo e se possa definir com precisão.
2. No Convite deve indicar-se o orçamento disponível e pedir às firmas Consultoras
que apresentem, em envelopes separados, suas melhores propostas técnicas e confirmar que
o trabalho é feito dentro dos limites do orçamento.
3. O Convite é preparado com especial cuidado a fim de garantir que o orçamento seja
suficiente para que as Consultoras realizem as tarefas previstas.

515
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

4. Todas as ofertas técnicas são avaliadas e a firma com maior pontuação que tenha
aceite o trabalho pelo valor estabelecido é seleccionada.
Artigo 132º
Selecção baseada em preço
1. Pode-se utilizar o método de selecção baseada no preço para seleccionar Consulto-
ras que devam realizar trabalhos de tipo estandardizado ou de rotina (auditorias, desenho
técnico de obras simples, serviços de supervisão e outros similares), para os quais existam
práticas e normas bem estabelecidas.
2. Nesse método estabelece-se um requisito de qualificação para a qualidade elevada,
preferentemente não inferior a 85 pontos sobre cem.
3. Convidam-se as Consultoras a apresentar propostas em dois envelopes separados.
Primeiro abrem-se os envelopes com as propostas técnicas, que se avaliam. Aquelas que
obtiverem menos que a pontuação mínima serão rejeitadas e os envelopes com as ofertas
financeiras das Consultoras restantes são abertas em público. De seguida selecciona-se a
firma Consultora que ofereça o preço mais baixo.
4. No método previsto neste artigo a qualificação mínima é estabelecida, tendo presen-
te que todas as propostas que excedam o mínimo competem somente em relação ao custo.
A qualificação mínima é indicada no Convite.
Artigo 133º
Selecção baseada nos antecedentes dos Consultores
1. O método de selecção baseada nos antecedentes dos Consultores pode utilizar-se
para contratações iguais ou inferiores a 4.000.000$00, para as quais não se justifica nem a
preparação nem a avaliação de ofertas competitivas.
2. Em tais casos, a Convocante prepara os termos de referência e elabora uma lista
curta de firmas, de não menos de três, sem necessidade de realizar uma pré-qualificação
pública.
3. São solicitadas às firmas que integram a lista manifestações de interesse e informa-
ção sobre a experiência e a competência dos seus Consultores em relação ao trabalho; e é
seleccionada a firma Consultora que tenha as qualificações e as referências mais apropria-
das.
4. A firma seleccionada apresenta uma oferta técnica conjuntamente com uma oferta de
preço e são negociados os termos do contrato.
SECÇÃO V
Contratação de Consultores individuais
Artigo 134º
Âmbito de aplicação
1. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, à contratação de Consultores indivi-
duais aplicam-se as regras da contratação de firmas, com as necessárias adaptações.

516
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

2. O disposto no presente capítulo não se aplica às Consultorias referidas na alínea b)


do 116º, mas na contratação respectiva devem ser respeitados os princípios da contratação
pública.
3. Os contratos de Consultoria referidos no número 2 antecedente não podem ser cele-
brados por períodos superiores a dois anos, renováveis.
CAPÍTULO X
Garantias administrativas
Artigo 135º
Âmbito
1. Qualquer interessado pode suscitar, seja por reclamação para o próprio orgão, seja
por recurso para a Comissão de Resolução de Conflitos da ARAP (“Comissão”), a revisão
de uma decisão, um acto ou uma omissão de uma UGA ou de uma Entidade Adquirente,
durante a fase da formação dos contratos.
2. As questões que se suscitem sobre a interpretação, validade ou execução de um
contrato devem serão resolvidas de acordo com a lei geral.
Artigo 136º
Prazos de reclamação e recurso
1. As reclamações contra as deliberações do júri sobre a admissão de Concorrentes ou
sobre a admissão de propostas têm de obrigatoriamente ser apresentadas no próprio acto
público em que forem proferidas, podendo consistir em declaração ditada para a acta ou
em petição escrita ao júri.
2. Os Concorrentes que possam ser prejudicados pela procedência da reclamação po-
dem alegar, no próprio acto, em declaração ditada para a acta ou por escrito.
3. O júri delibera sobre a reclamação no próprio acto público.
4. Da decisão do júri cabe recurso para a Comissão, a apresentar em cinco dias úteis.
Artigo 137º
Interposição do recurso
1. Os recursos, apresentados perante a Comissão, nos termos do n.º 4 do artigo 68.º da
Lei, devem ser assinadas pelo recorrente e conterem as seguintes especificações:
a) Nome, morada, número de telefone e fax e endereço electrónico, se o hou-
ver;
b) Identificação do assunto ou do número do contrato;
c) Exposição de todos os fundamentos que entender pertinentes, podendo juntar
os documentos que entenda convenientes;
d) Pedido que o recorrente formula; e
e) Indicação do procedimento julgado necessário para o deferimento do recurso;

517
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

2. Adicionalmente a recorrente pode solicitar:


a) Medidas especiais tendo em vista garantir o sigilo quanto as questões comer-
ciais e informação confidencial;
b) A produção de determinados documentos com relevância para sustentar os
fundamentos do recurso; e
c) Uma audiência, com a indicação das razões por que tal audiência se mostra
necessária para a decisão sobre o recurso;
3. O interessado deve expor, no recurso, todos os fundamentos que entender pertinen-
tes, podendo juntar os documentos que considere convenientes.
4. Para além do texto assinado da sua petição, o interessado deverá entregá-lo em su-
porte informático, ou remetê-lo por e-mail.
Artigo 138º
Informação confidencial
1. No caso do recorrente entender que a sua petição contém informação confidencial,
deve tal advertência ser feita na primeira e na última páginas.
2. O recorrente deve apresentar, no prazo de 2 (dois) dias após a apresentação do recur-
so, uma cópia dactilografada, da qual não conste a informação confidencial.
Artigo 139º
Despacho liminar de aperfeiçoamento e processo subsequente
1. Recebido o recurso, a Comissão deve logo examinar os respectivos termos e pode
determinar que a recorrente proceda a determinadas correcções no seu texto, que se mos-
trem necessárias para a determinação dos factos em questão ou para a compreensão das
razões da recorrente.
2. A recorrente, após ter recebido a notificação referida no número anterior, terá um
prazo de 3 (três) dias para apresentar novo recurso.
3. No caso de, ainda assim, a Comissão considerar que o recurso não cumpre os requi-
sitos constantes do artigo 137.º, ou não se mostra inteligível, profere despacho de indefe-
rimento.
Artigo 140º
Despacho liminar de seguimento do recurso
1. Estando o recurso, desde logo ou após aperfeiçoamento, em condições de ser re-
cebido, a Comissão deve notificar, de imediato, mediante remessa de cópia da petição,
a contraparte e todos os Concorrentes que possam ser prejudicados, para alegarem, por
escrito, no prazo de cinco dias úteis, o que tiverem por conveniente sobre o pedido e seus
fundamentos.

518
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

2. A cópia poderá ser remetida também pelo fax ou correio electrónico indicado pelos
interessados, nos termos a regular pela ARAP.
Artigo 141º
Audiência de partes
1. Após a apresentação do recurso, a Comissão pode notificar as partes, no prazo de 5
dias, para a realização de uma audiência, se entender que a questão não pode eventualmente
ser resolvida com segurança sem tal audiência, caso em que aguardará pelo pronunciamen-
to dos interessados antes de deliberar pela realização ou não da audiência.
2. Em qualquer procedimento perante a Comissão as partes podem intervir pessoal-
mente ou através de representante mandatado para o efeito, nos termos legais.
Artigo 142º
Desistência
1. O reclamante pode desistir do recurso, a todo o tempo até à decisão.
2. A desistência deve ser feita através de requerimento dirigido à Comissão de Reso-
lução de Conflitos.
3. Se a desistência ocorrer durante a audiência, esta pode ser feita por declaração di-
tada para a acta.
4. A desistência do recurso deve ser, imediatamente, comunicada à contraparte e outros
interessados, mediante envio de cópia do requerimento de desistência ou do extracto da
acta da audiência em que tenha sido apresentada a desistência.
Artigo 143º
Procedimentos na audiência
1. O quórum da Comissão obtém-se com a presença de três dos seus membros.
2. Na audiência, a Comissão deve designar um dos seus membros para assumir a fun-
ção de presidente.
3. As decisões da Comissão de Resolução de Conflitos são tomadas por maioria.
4. A decisão tomada em audiência deve ser registada em acta, mas se um membro não
concordar com a deliberação tomada pode emitir voto de vencido, através de declaração
escrita, que ficará a constar da acta.
Artigo 144º
Simplicidade e eficiência dos procedimentos em audiência
1. A Comissão pode conduzir a audiência do modo que entender mais adequado, com
respeito pelas disposições da Lei e dos seus regulamentos de execução.

519
Decreto-Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro

2. Na condução da audiência, a Comissão deve reduzir ao mínimo os formalismos,


procurando a Justiça e a eficiência.
3. Será elaborada uma acta da audiência pelo membro que o Presidente eleito designar,
ou por pessoa autorizada para esse fim pela ARAP.
Artigo 145º
Cópias das Decisões
Cópias de todas determinações e decisões serão enviadas ao recorrente, à Entidade
Adquirente e à UGA e após a sua emissão serão publicadas e registadas nos termos dos
artigos 64.º e 65.º da Lei.
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves

520
Decreto-Lei nº 4/2010, de 8 de Março

REGULAMENTO DA UNIDADE DE GESTÃO DAS AQUISIÇÕES


Decreto-Lei nº 4/2010
de 8 de Março
No âmbito do processo em curso de reforma do sistema de aquisições do Estado, vigo-
ra presentemente um enquadramento legal que preconiza um conjunto de desígnios funda-
mentais: assegurar a máxima transparência sem pôr em causa a necessária flexibilidade, e
permitir que as aquisições sejam efectuadas nas condições mais vantajosas para o Estado.
Neste sentido, a Lei n.º 17/VII/2007, de 10 de Setembro, a lei das aquisições públicas,
procedeu a uma reforma do sistema de aquisições do Estado, definindo nesse âmbito as
estruturas que integram o Sistema Regulado de Contratações Públicas.
Subsequentemente, o Decreto-Lei n.º 1/2009, de 5 de Janeiro, procedeu à regulamen-
tação ampla e exaustiva dos procedimentos preconizados na Lei, no âmbito do sistema de
aquisições do Estado.
Importa agora, no desenvolvimento daqueles diplomas, criar e determinar o regula-
mento das Unidades de Gestão de Aquisições (UGA), enquanto unidades responsáveis pela
execução dos processos de aquisição pública, desde a fase administrativa de formação dos
contratos até o final dos processos, praticando os actos que por lei lhe são cometidos, e de
modo específico a Unidade de Gestão das Aquisições Públicas Centralizadas (UGAC),
enquanto unidade de coordenação do processo de aquisições agregadas realizadas pelas
outras UGA.
Assim:
Ao abrigo do disposto no n.º 2 do artigo 16º da Lei n.º 17/VII/2007, de 10 de Setembro,
que aprova o regime jurídico das aquisições públicas e dos artigos 6º e 7º do Decreto-Lei
n.º 1/2009, de 5 de Janeiro, que aprova o regulamento da lei das aquisições públicas; e
No uso da faculdade conferida pela alínea a) do n.º 2 do artigo 203º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
Objecto
É aprovado o regulamento que estabelece o processo de criação, funcionamento e a
composição da Unidades de Gestão de Aquisições (UGA), incluindo da Unidade de Gestão
das Aquisições Centralizadas (UGAG), definindo as respectivas atribuições, a organização
interna, o perfil dos integrantes, bem como a certificação, promoção e desqualificação das
UGA ou dos seus integrantes, em anexo ao presente diploma e que dele faz parte integrante.
Artigo 2º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.

521
Decreto-Lei nº 4/2010, de 8 de Março

José Maria Pereira Neves - Cristina Isabel Lopes da Silva Monteiro Duarte
Promulgado em, 25 de Fevereiro de 2010.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Referendado em 25 de Fevereiro de 2010.
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves
REGULAMENTO DA UNIDADE DE GESTÃO DAS AQUISIÇÕES
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Artigo 1º
Objecto
O presente regulamento estabelece o processo de criação, o funcionamento e a com-
posição das Unidades de Gestão de Aquisições (UGA), incluindo da Unidade de Gestão
de Aquisições Centralizadas (UGAC), definindo as respectivas atribuições, a organização
interna, o perfil dos integrantes, bem como a certificação, promoção e desqualificação das
UGA ou dos seus integrantes.
Artigo 2º
Criação e proposta de certificação
1. Avaliadas as necessidades, quer em termos quantitativos, quer em termos de com-
plexidade de tarefas, e verificada a disponibilidade de pessoal, o responsável máximo da
entidade adquirente, define o número de integrantes da UGA a criar para o efeito, até o
máximo de 5 (cinco) elementos, e estabelece a logística adequada desta, bem como, se for
o caso, as funções auxiliares ao trabalho da UGA.
2. O responsável máximo pela entidade adquirente deve ainda definir, para efeitos de
criação da UGA:
a) Perfil profissional dos integrantes da UGA;
b) Identificação das categorias de bens ou serviços a abranger;
c) Identificação do volume de despesa relativa a cada categoria a integrar na compe-
tência da UGA.
3. Uma vez decidido em conformidade com o disposto nos números antecedentes, o
responsável máximo pela entidade adquirente selecciona criteriosamente uma lista de no-
mes a submeter à Autoridade Reguladora das Aquisições Pública (ARAP), para efeito de
certificação, devendo essa lista ser constituída pelo número de integrantes da UGA mais
um suplente.

522
Decreto-Lei nº 4/2010, de 8 de Março

Artigo 3º
Certificação da UGA
1. Recebida a proposta da entidade adquirente, com os elementos pertinentes do artigo
2º, nomeadamente os do n.º 2, a ARAP, em conformidade com os procedimentos internos
aprovados e publicados no seu website, procede aos necessários exames para efeitos de
verificação das competências e demais requisitos dos elementos propostos e comunica á
entidade adquirente a sua decisão.
2. A comunicação a que se refere o número anterior é feita à entidade proponente, no
prazo máximo de 15 (quinze) dias úteis, equivalendo o silêncio a deferimento tácito, a me-
nos que a ARAP tenha informado, à entidade adquirente, dentro do referido prazo, de que,
por qualquer razão ponderável, prorrogará a sua decisão por um período não superior a 15
(quinze) dias úteis, findo o qual se aplica a regra do deferimento tácito.
3. Sem prejuízo do simples deferimento habilitar a UGA a funcionar com os elementos
certificados, a ARAP emite um certificado individual a favor de cada elemento qualificado
num prazo máximo de 30 (trinta) dias após comunicação da decisão, ou deferimento tácito.
4. Caso a ARAP recuse a certificação aos elementos propostos ou a qualquer deles, deve
fundamentar a sua decisão em termos gerais, mas com suficiente precisão para que, se for o
caso, seja possível ao elemento recusado superar as insuficiências justificadoras da recusa.
5. Recusado algum elemento, é proposto com urgência outro elemento, a menos que
o elemento recusado dê prova de superação das razões da recusa, caso em que pode ser
proposto novamente.
Artigo 4º
Publicação
1. Certificados os integrantes da UGA, a entidade adquirente profere despacho em que,
atestando a prévia certificação por parte da ARAP, designa os integrantes da UGA e define
a competência desta conforme alíneas b) e c) do n.º 2 do artigo 2º, podendo ainda estabele-
cer determinações quanto a logística ou outras pertinentes.
2. O despacho referido no número antecedente é publicado no Boletim oficial.
3. ARAP não publica no seu website os nomes recusados.
Artigo 5º
Promoção
1. Cabe à ARAP promover qualquer UGA ou seus integrantes, certificando-os para
aquisições de nível superior ou diferente.
2. A promoção é requerida, no caso das UGA, pelo responsável máximo da entidade
adquirente, mediante proposta do responsável máximo do serviço em que a UGA se enqua-
dre e, no caso de qualquer integrante de uma UGA, pela pessoa interessada.

523
Decreto-Lei nº 4/2010, de 8 de Março

3. Aplica-se ao processo de promoção o disposto no artigo 3º, com as devidas adaptações,


devendo a ARAP socorrer-se dos elementos por ela mesma oficiosamente obtidos, seja pela
análise do comportamento habitual das UGA em causa ou seus integrantes, ou por outros meios.
4. A recusa da promoção é notificada às pessoas interessadas, cabendo dela recurso nos
termos legais.
Artigo 6º
Desqualificação
1. Por iniciativa própria, de qualquer entidade adquirente ou outro interessado legíti-
mo, a ARAP pode desencadear processo tendente a desqualificar qualquer UGA ou inte-
grante de UGA.
2. Por interessado legítimo, entende-se alguma entidade ou pessoa que se tenha consi-
derado prejudicada, de algum modo, por actuação ilegal da entidade visada e o demonstre
à ARAP, para efeitos do fim pretendido.
3. A ARAP estabelece normas internas para a desqualificação, a qual só ocorre em
circunstâncias que revelem de forma manifesta a incapacidade ou inadequação da entidade
visada para cumprir com os princípios e normas do Sistema Regulado de Aquisições Pú-
blicas.
4. A decisão de desqualificação é devidamente fundamentada e notificada à entidade inte-
ressada, podendo as pessoas físicas por ela afectadas recorrer nos termos legais.
Artigo 7º
Atribuições das UGA
1. Às UGA é cometida a responsabilidade da execução dos processos de aquisição
pública para as categorias transversais e sectoriais cuja competência técnica lhes seja co-
metida pela ARAP no âmbito do processo de certificação, desde a fase administrativa de
formação dos contratos até às fases finais dos processos, incluindo execução, praticando
ou promovendo os diversos actos, conforme competência específica atribuída por lei, em
estreita articulação com as Entidades Adquirentes junto das quais funcionam.
2. Cada UGA tem por missão executar as políticas de aquisições públicas, de forma a
assegurar melhores condições negociais aos serviços e organismos do respectivo ministé-
rio, racionalizar os processos e custos de aquisição.
3. Compete às UGA:
a) Efectuar a compilação da informação de compras, mantendo os registos pre-
vistos no artigo 65º da Lei n.º 17/VII/2007, de 10 de Setembro, ao nível das
Entidades Adquirentes que representam e proceder ao respectivo envio à
UGAC, nos moldes e periodicidades por esta definidos, nos termos do dispos-
to no artigo 33.º e seguintes do Decreto-Lei n.º 1/2009, de 5 de Janeiro.

524
Decreto-Lei nº 4/2010, de 8 de Março

b) Promover, para as categorias transversais ou sectoriais que lhes forem cometi-


das ao nível das Entidades Adquirentes, os processos aquisitivos, desde a fase
administrativa de formação dos contratos até final do processo, incluindo a
execução dos contratos;
c) Praticar os actos relacionados com os procedimentos administrativos pré-con-
tratuais da sua competência, designadamente elaborando os anúncios de aber-
tura, promovendo a sua publicação, preparando as peças dos procedimentos e
praticando todos os demais actos que resultem da legislação aplicável;
d) Conduzir os procedimentos centralizados de negociação e contratação das
aquisições da sua competência;
e) Praticar, nos limites da legislação aplicável, os actos de adjudicação relativos
aos procedimentos pré-contratuais que sejam da sua competência, se para tal
mandatadas pelas Entidades Adquirentes;
f) Funcionar como apoio de primeira linha da UGAC no auxílio às Entidades
Adquirentes que representa, relativamente a aquisições centralizadas ou ou-
tros contratos públicos por si celebrados, em nome daquelas entidades;
g) Monitorizar os consumos e supervisionar a aplicação das condições negocia-
das com os fornecedores de bens móveis e os prestadores de serviços, repor-
tando à UGAC e à ARAP;
h) Implementar o processo de simplificação, normalização e automatização dos pro-
cessos de compras nas Entidades Adquirentes, em articulação com a UGAC;
i) Zelar, em articulação com as Entidades Adquirentes, para que os orçamentos
de fornecimentos e serviços externos sejam efectuados por artigo de compra e
utilizando preços de referência adequados;
j) Propor às Entidades Adquirentes os elementos que devem integrar o júri dos
concursos, nos termos do disposto no artigo 53.º da Lei n.º 17/VII/2007, de 10
de Setembro;
k) Fornecer à ARAP todos os relatórios e informação sobre os concursos e aqui-
sições, nos termos do disposto no artigo 20.º da Lei n.º 17/VII/2007, de 10 de
Setembro; e
l) Assegurar as demais atribuições decorrentes da aplicação da Lei das Aquisi-
ções Públicas e respectivo regulamento.
Artigo 8º
Logística das UGA na Administração Central
1. Na Administração Central as UGA são unidades enquadradas nas Direcções-Gerais
de Planeamento, Orçamento e Gestão (DGPOG) do respectivo ministério, que lhes propor-
cionam o apoio burocrático indispensável ao exercício das suas funções.

525
Decreto-Lei nº 4/2010, de 8 de Março

2. Nas outras entidades diferentes da administração central as UGA têm a logística e o


apoio adequados ao cabal desempenho das suas funções, com a necessária independência
técnica.
Artigo 9º
Atribuições da UGAC
1. A UGAC tem por missão coordenar todo o processo de aquisições agregadas e elaborar
os Planos Provisórios e Definitivos de Aquisições Agrupadas, nos termos legais.
2. Compete à UGAC:
a) Acompanhar e apoiar as UGA e as Entidades Adquirentes na condução dos
procedimentos de negociação da sua competência;
b) Monitorizar a actividade das UGA, das Entidades Adquirentes e dos fornecedores
em todas as fases que antecedem, compreendem e decorrem dos processos de
contratação pública;
c) Apoiar a implementação e disseminação das melhores práticas de compras
pelas restantes entidades do Sistema Regulado de Aquisições Públicas, em
articulação com a ARAP;
d) Coordenar e apoiar as entidades públicas na adopção das normas e procedi-
mentos definidos para as aquisições públicas transversais;
e) Zelar pelo cumprimento das disposições regulamentares em matéria de siste-
mática comunicação à ARAP concernente ao andamento dos diversos proces-
sos e servir de veio de transmissão de directivas técnicas e outras da ARAP
junto das UGA ou de outras Entidades do Sistema;
f) Gerir as aplicações centralizadas de suporte às aquisições públicas; e
g) Assegurar as demais atribuições decorrentes da aplicação da Lei das Aquisi-
ções Públicas e respectivo regulamento.
3. Funcionando como UGA do Ministério das Finanças, estão cometidas à UGAC
todas as atribuições próprias das UGA.
Artigo 10º
Coordenação da UGAC e das UGA
1. A UGAC é coordenada por um elemento designado por “Coordenador da UGAC”,
com a responsabilidade de praticar, directamente ou por delegação, os actos que derivam
da lei e que à UGAC estão cometidos.
2. As UGA são coordenadas por um elemento designado “Coordenador da UGA”,
com a responsabilidade de praticar os actos que derivam da lei e que à UGA estão co-
metidos.

526
Decreto-Lei nº 4/2010, de 8 de Março

Artigo 11º
Organização interna das UGA
Para a prossecução e desenvolvimento das actividades inerentes às suas atribuições
e objectivos, as UGA, incluído a UGAC, podem organizar-se em centros de competên-
cias adequados ao cabal desempenho de tais funções, nomeadamente planeamento, gestão de
aquisições, monitorização e controlo.
Artigo 12º
Apoio técnico especializado às UGA e às Entidades Adquirentes
Nos casos em que a UGAC ou a UGA considerem necessário, pode ser colocada à
Entidade Adquirente ou seu agrupamento a opção de contratação de assessoria técnica para
apoio ao processo contratual, cabendo as diligências de contratação à UGAC ou UGA.
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves.

527
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio

CRIA A AUTORIDADE REGULADORA DAS AQUISIÇÕES PÚBLICAS,


E APROVA OS RESPECTIVOS ESTATUTOS,
Decreto-Lei nº 15/2008
de 8 de Maio
Encontra-se em curso um processo reformador da Administração Pública visando al-
cançar uma administração cada vez mais eficaz e transparente, que sirva bem os cidadãos
e as empresas, pelo que têm sido desenvolvidas acções com o objectivo de facilitar o re-
lacionamento entre a Administração e os cidadãos e as empresas, melhorar a qualidade do
serviço prestado pela Administração e bem assim de promover o seu contributo para um
ambiente favorável ao crescimento.
Neste quadro a lei das aquisições públicas – Lei n.º 17/VII/2007, de 10 de Setembro
– previu, no número 1 do seu artigo 16º, a criação da uma autoridade reguladora das aqui-
sições públicas.
O artigo 78.º da Lei estatui que “enquanto não for criada a entidade reguladora, algu-
mas das atribuições serão desempenhadas por uma comissão independente de aquisições
públicas abreviadamente designada CIAP, constituída por três a cinco membros, designa-
dos por Conselho de Ministros”
Ora, considerando que a CIAP sempre haveria de ser dotada de uma estrutura orgânica
mínima suficientemente consistente para cumprir bem a sua missão, ainda que transitória,
apercebeu-se, ao longo dos trabalhos para a sua criação de que para tal fim o seu figurino
haveria de se aproximar muito do da autoridade reguladora, com as especificidades ade-
quadas ao que se pretende.
Assim, e evitando a hipótese de ocorrência de distorções no processo de instalação do
novo sistema ligadas, directa ou indirectamente, a uma menor independência do organismo
implementador do mesmo, tendo em conta o seu carácter altamente inovador e atentas na-
turalmente razões de economia legislativa, entendeu o Governo avançar de imediato com
a solução legal definitiva.
É nesta conformidade que agora se cria efectivamente a Autoridade Reguladora das
Aquisições Públicas (ARAP) e se aprovam os seus estatutos.
Assim,
Nos termos do Artigo 16º da Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro que estabelece o
regime jurídico das aquisições públicas.
Ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 6º, e do nº 2 do artigo 7º, ambos da Lei n.º 20/
VI/2003, de 21 de Abril que define o Regime Jurídico das Agências Reguladoras Indepen-
dentes;
No uso da faculdade conferida pela alínea c) do nº 2 do artigo 203º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:

528
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio

CAPÍTULO I
Criação e disposições gerais
Artigo 1º
Criação e natureza jurídica
1. É criada a Autoridade Reguladora das Aquisições Públicas, abreviadamente desig-
nada por ARAP, prevista na Lei nº 17/VII/2007, de 10 de Setembro, e são aprovados os
respectivos estatutos, que se regem pelos artigos seguintes.
2. A ARAP é uma autoridade administrativa independente, de base institucional, dota-
da de personalidade jurídica, com autonomia administrativa, financeira e patrimonial.
Artigo 2º
Definições
Para efeitos do disposto no presente diploma entende-se por:
a) “Lei”: a lei das aquisições públicas – Lei n.º 17/VII/2007, de 10 de Setem-
bro;
b) “Regulamento”: o regulamento da lei das aquisições públicas;
c) “UGA”: As Unidades de Gestão das Aquisições, criadas pelas entidades adju-
dicantes, previstas na Lei com competência para preparar e conduzir os pro-
cedimentos de aquisição pública, desenvolvendo todas as actividades condu-
centes à aquisição;
d) “Entidades Adjudicantes”: As entidades públicas a quem se aplica a Lei e
que celebram necessariamente os contratos de aquisição pelos processos na
mesma previstos;
e) “Júri”: o júri do concurso, previsto na Lei, designado pela entidade adjudi-
cante ou pela UGA.
Artigo 3º
Sede e Âmbito territorial
1. A ARAP tem sede na cidade da Praia e exerce as suas competências em todo o ter-
ritório nacional.
2. A ARAP pode designar pontos focais ou agentes, em qualquer parte do território
nacional, devidamente credenciados, sempre que tal se mostre indispensável para o cum-
primento das suas atribuições.
Artigo 4º
Localização sectorial
O relacionamento do Governo com a ARAP é efectuado através do Primeiro-Ministro,
que pode delegar em outro membro do Governo.

529
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio

Artigo 5º

Regime
A ARAP rege-se pelo disposto na Lei nº 20/VI/2003, de 21 de Abril, que define o Re-
gime Jurídico das Agências Reguladoras Independentes, pela Lei nº 17/VII/2007 de 10 de
Setembro que aprova a Lei das Aquisições Públicas, pelos presentes estatutos, pelo Regula-
mento e, ainda, em tudo o que neles não esteja especialmente previsto, pelo regime jurídico
aplicável aos institutos públicos, ressalvadas as regras incompatíveis com a sua natureza.
Artigo 6º
Independência Funcional
A ARAP é independente no desempenho das suas funções e não se encontra submetida
à superintendência nem à tutela do Governo no que respeita às funções reguladoras, sem
prejuízo dos poderes atribuídos ao Governo em matéria de orientações políticas e de gestão
previstas na lei.
Artigo 7º
Princípio da especialidade
A capacidade jurídica da ARAP abrange exclusivamente a prática dos actos jurídicos,
o gozo dos direitos e a sujeição às obrigações necessários à prossecução das suas atribui-
ções.
Artigo 8º
Cooperação com Outras Entidades
A ARAP pode estabelecer relações de cooperação com outras entidades, públicas ou
privadas, nacionais ou estrangeiras, quando isso se mostre necessário ou conveniente para
a prossecução das suas atribuições.
CAPÍTULO II
Fins, atribuições e competências
Artigo 9º
Fins da ARAP
São fins da ARAP:
a) Assegurar, dentro das suas atribuições, a boa gestão dos dinheiros públicos
empregues na aquisição de bens e serviços, bem como na concessão de obras
e serviços públicos e ainda na contratação de empreitadas de obras públicas;
b) Assegurar que os processos aquisitivos referidos na alínea a) se desenvolvam
de acordo com os princípios da legalidade, liberdade de acesso aos procedi-
mentos, economia e eficiência, interesse público, igualdade, proporcionali-
dade, transparência, publicidade e outros previstos na Lei;

530
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio

c) Promover, de forma pedagógica, uma cultura de boas práticas de aquisições


públicas entre os funcionários e agentes das entidades adjudicantes e das
UGA, tal como definidas na Lei;
d) Zelar pela garantia da sã concorrência entre todas as pessoas, físicas ou ju-
rídicas, efectiva ou potencialmente concorrentes aos processos de aquisições
públicas;
e) Actuar preventivamente no sentido de detectar, esclarecer e combater quais-
quer sinais de corrupção que ameacem afectar, ainda que de modo circunstan-
cial, o sistema de aquisições públicas.
Artigo 10º
Atribuições e competências
São atribuições e competências da ARAP:
a) Elaborar e emitir normas técnicas e directivas destinadas a garantir o melhor
funcionamento das UGA e dos júris no cumprimento das funções que legal-
mente lhes cabem e todo o processo de aquisições públicas;
b) Acompanhar e supervisionar todo o processo de aquisições públicas, para que
as mesmas se processem em conformidade com as normas, procedimentos e
princípios previstos na Lei e sejam introduzidas as correcções que se impon-
ham oportunamente;
c) Conduzir auditorias ao processo das aquisições públicas, sem prejuízo de out-
ras levadas a cabo por outras entidades públicas competentes;
d) Prestar permanente, clara e relevante informação ao público sobre a procura
de bens e serviços pelas entidades adjudicantes, bem como a oferta de con-
cessões de obras ou serviços, ou empreitadas de obras públicas projectadas, a
fim de manter, de forma transparente, a previsibilidade e a igualdade de opor-
tunidade aos potenciais interessados;
e) Dirimir, como única instância de recurso gracioso, os conflitos entre os con-
correntes e as entidades adjudicantes, nos termos do Regulamento;
f) Preparar os cadernos sobre cláusulas administrativas gerais;
g) Coordenar a preparação e aprovar a redacção dos cadernos de cláusulas técni-
cas gerais;
h) Receber todos os projectos de contrato de concessão de obras ou serviços
públicos e pronunciar-se sobre a eventual desconformidade dos mesmos aos
princípios da aquisição pública;
i) Fiscalizar a fase de execução dos contratos, especialmente os de empreitada e

531
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio

as concessões de obras e serviços públicos, no sentido de garantir que durante


a execução não sejam desvirtuados os princípios e razões que levaram à adju-
dicação ou outros previstos na Lei ou no Regulamento;
j) Fazer prospecções alargadas do mercado sobre os bens e serviços que inter-
essem ao consumo do Estado e manter as UGA informadas dos resultados de
tais prospecções;
k) Elaborar e aprovar o Código de Conduta dos integrantes das UGA e dos júris
e de todos quantos participem nos procedimentos de aquisição;
l) Efectuar e manter actualizados os registos que forem previstos na Lei e no
Regulamento;
m) Manter website seu na Internet onde sejam efectuadas as publicações previs-
tas na Lei ou no Regulamento, nomeadamente os documentos de concurso e
as suas alterações e quaisquer recomendações relacionadas com aquisições
futuras, bem como os contratos celebrados;
n) Exigir das entidades adquirentes e das UGA relatórios circunstanciados sobre
todos os processos de aquisição e os contratos celebrados;
o) Zelar para uma adequada formação dos integrantes das UGA;
p) Certificar os integrantes das UGA, seguindo para tal o processo previsto no
regulamento interno a ser aprovado e desqualificar as UGA ou seus inte-
grantes sempre que o comportamento destes deva razoavelmente acarretar
perda de confiança na sua capacidade ou idoneidade para condução dos
processos de aquisição em conformidade com os princípios previstos na
Lei, no Regulamento ou nas normas e directivas emanadas no exercício da
sua competência.
CAPÍTULO III
Orgãos
SECÇÃO I
Disposição Geral
Artigo 11º
Enumeração
1. São órgãos da ARAP:
a) O Conselho de Administração;
b) O Conselho Fiscal ou Fiscal único;
c) O Conselho Consultivo;
d) A Comissão de Resolução de Conflitos

532
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio

2. A Comissão de Resolução de Conflitos é um órgão acessório, de natureza especial,


cujo regime é definido no Regulamento
SECÇÃO II
Conselho de Administração
Artigo 12º
Conselho de Administração
1. O Conselho de Administração é composto por três ou cinco membros, sendo um
Presidente.
2. Os membros do Conselho de Administração são nomeados por resolução do Conse-
lho de Ministros sob proposta conjunta do membro do Governo que tutela a área patrimo-
nial do Estado e a área das infra-estruturas e obras públicas, de entre pessoas de reconheci-
da idoneidade, independência e competência técnica e profissional, com mais de cinco anos
de experiência profissional e observado o condicionalismo previsto no artigo 37º da Lei nº
20/VI/2003, de 21 de Abril.
Artigo 13º
Competência
Compete ao Conselho de Administração, no âmbito da orientação da ARAP:
a) Representar a ARAP e dirigir a respectiva actividade;
b) Elaborar os planos de actividade anuais e assegurar a respectiva execução
c) Exercer os poderes de Direcção, gestão e disciplina do pessoal;
d) Aprovar as normas e directivas previstas no presente diploma;
e) Elaborar os pareceres, estudos e informações que lhe sejam solicitados pela
Assembleia Nacional ou pelo Governo;
f) Celebrar acordos de cooperação com outras entidades, públicas ou privadas,
nacionais ou estrangeiras.
Artigo 14º
Presidente do Conselho de Administração
Compete ao Presidente do Conselho de Administração:
a) Convocar e presidir às reuniões do Conselho de Administração e assegurar a
execução das suas deliberações;
b) Representar a ARAP em juízo e fora dele;
c) Assegurar as relações da ARAP com o Governo e as demais entidades públi-
cas;
d) Autorizar despesas dentro dos limites que forem fixados pelo Conselho de
Administração;

533
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio

e) Exercer as competências que lhe sejam delegadas pelo Conselho de Adminis-


tração, podendo entretanto praticar actos urgentes em matéria de competência
não delegada, os quais deverão ser ratificados na primeira reunião seguinte do
Conselho de Administração.
Artigo 15º
Substituição do Presidente o Conselho de Administração
O presidente do Conselho de Administração é substituído, nos seus impedimentos e
ausências, pelo administrador que designar ou, na falta de designação, pelo administrador
mais antigo.
Artigo 16º
Funcionamento
1. O Conselho de Administração reúne-se uma vez por mês e, extraordinariamente,
sempre que convocado pelo seu Presidente, por sua iniciativa ou a solicitação de dois dos
seus membros.
2. Nas votações não pode haver abstenções.
3. A acta das reuniões deve ser aprovada e assinada por todos os membros presentes.
Artigo 17º
Incompatibilidades e impedimentos dos membros
1. Os membros do Conselho de Administração não podem, durante o seu mandato,
exercer qualquer outra função pública ou actividade profissional, salvo a actividade docen-
te do ensino superior, a tempo parcial e desde que não cause prejuízo ao exercício das suas
funções.
2. Os Membros do Conselho de Administração não podem ter qualquer intervenção
que possa contribuir para a adjudicação ou não a quaisquer familiares na linha recta ou
até ao segundo grau da linha colateral, seu cônjuge ou afim de primeiro grau, ou qualquer
empresa em que tenham directa ou indirectamente, interesse ou participação, ou tenham
participação as pessoas referidas neste número.
3. Não pode ser nomeado membro do Conselho de Administração quem seja ou tenha
sido membro dos corpos gerentes de empresas ou entidades que se tenham apresentado a
concurso para fornecimento de mercadorias ou serviços, ou para execução de obras, nos
dois últimos anos, ou seja ou tenha sido trabalhador ou colaborador das mesmas, com fun-
ções de direcção ou chefia durante igual período de tempo.
4. Os membros do Conselho de Administração não podem ter qualquer interesse de
natureza financeira ou ser accionistas em empresa que se apresente a concurso;
5. Após o termo das suas funções, os membros do Conselho de Administração, ficam
impedidos, pelo período de dois anos, de desempenhar quaisquer funções ou prestar qual-

534
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio

quer serviço às empresas ou entidades que tenham participado ou venham a participar em


qualquer concurso.
Artigo 18º
Remuneração
A remuneração dos membros do Conselho de administração é fixada por resolução do
Conselho de Ministros, tendo em conta a dignidade própria do cargo.
Artigo 19º
Mandato
1. Sem prejuízo do disposto no número 2º, o mandato dos membros do conselho de
Administração é de cinco anos.
2. Na primeira nomeação dos membros do Conselho de Administração, ou após a sua
dissolução, o Presidente é nomeado por um período de cinco anos e os demais administra-
dores por três anos, renováveis, em ambos os casos, por uma só vez, por mais cinco anos.
3. Em caso de vacatura o novo membro é nomeado por um período de cinco anos.
Artigo 20º
Cessação de funções
1. Os membros do Conselho de Administração não podem ser exonerados do cargo
antes do término dos seus mandatos, salvo nos casos de:
a) Incapacidade permanente ou incompatibilidade superveniente do seu titular;
b) Renúncia;
c) Falta grave, comprovadamente cometida pelo titular no desempenho das suas
funções ou no cumprimento de qualquer obrigação inerente ao cargo;
d) Condenação pela prática de crime doloso.
2. O mandato dos membros do Conselho de Administração caduca caso esse órgão seja
dissolvido ou a ARAP seja extinta, fundida ou cindida com outra entidade.
3. Os membros do Conselho de Administração têm direito, durante um período de seis
meses a contar da data da cessação de funções, ao abono de dois terços da remuneração
mensal correspondente ao cargo, devendo nele ser descontado o valor da remuneração para
desempenho de qualquer função ou serviço público ou privado remunerado para que o
membro cessante tenha sido contratado durante esse período.
Artigo 21º
Declaração de rendimentos
Os membros do Conselho de Administração estão sujeitos à obrigação de declaração
de rendimentos, interesses e património previstos na Lei nº139/V/95, de 31 de Outubro e
respectiva regulamentação

535
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio

Artigo 22º
Responsabilidade dos membros
Os membros do Conselho de Administração são solidariamente responsáveis pelos
actos praticados no exercício das suas funções, ficando porém isentos de responsabilidade
aqueles que tiverem manifestado o seu desacordo de modo inequívoco e documentalmente
comprovado.
Artigo 23º
Dissolução
O Conselho de Administração só pode ser dissolvido por resolução do Conselho de
Ministros por causas graves de responsabilidade colectiva apurada em inquérito realizado
por entidade independente.
SECÇÃO III
Conselho Fiscal
Artigo 24º
Composição
O exercício das funções de fiscalização compete a um Conselho Fiscal composto por
um Presidente e dois vogais nomeados pelo Conselho de Ministros, devendo um dos vogais
ser auditor especializado em finanças, contabilidade ou revisor oficial de contas.
Artigo 25º
Competências e funcionamento
As competências e o funcionamento do Conselho Fiscal são as previstas no Regime
Jurídico das Agências Reguladoras Independentes.
Artigo 26º
Poderes
Para o exercício das suas funções o Conselho Fiscal tem direito a:
a) Obter do Conselho de Administração as informações e esclarecimentos que
repute necessários;
b) Ter livre acesso a todos os serviços e documentação da ARAP, podendo req-
uisitar a presença dos respectivos responsáveis e solicitar os devidos esclare-
cimentos;
c) Tomar ou propor as demais providencias que considere indispensáveis ao ca-
bal desempenho das suas funções.
Artigo 27º
Fiscal Único
1. O Conselho de Ministros pode determinar que o Conselho Fiscal seja substituído
por um Fiscal Único.

536
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio

2. São aplicáveis ao Fiscal Único, com as necessárias adaptações, as disposições rela-


tivas ao Conselho Fiscal.
3. O Fiscal Único é obrigatoriamente uma sociedade de auditoria ou um auditor cer-
tificado.
SECÇÃO IV
Conselho Consultivo
Artigo 28º
Função e composição
O Conselho Consultivo é o órgão de consulta e participação na definição das linhas gerais
de actuação da ARAP e tem a composição definida na Lei nº 20/VI/2003, de 21 de Abril.
Artigo 29º
Competências
1. Compete ao Conselho consultivo pronunciar-se, por sua própria iniciativa ou a pedi-
do do Conselho de Administração sobre todas as questões respeitantes à função reguladora
da ARAP.
2. O Conselho Consultivo pode apresentar ao Conselho de administração sugestões ou
propostas destinadas a fomentar ou aperfeiçoar as actividades da agência.
Artigo 30º
Funcionamento
1. O Conselho Consultivo reúne-se ordinariamente pelo menos duas vezes por ano
e, extraordinariamente, sempre que convocado pelo seu Presidente, por sua iniciativa, ou
solicitação do Conselho de administração, ou a pedido de um terço dos seus membros.
2. Podem participar nas reuniões, sem direito a voto, por convocação do respecti-
vo Presidente, mediante proposta do Presidente do Conselho de Administração, quaisquer
pessoas ou entidades cuja presença seja considerada necessária para esclarecimento do s
assuntos em questão.
SECÇÃO V
Comissão de Resolução de Conflitos
Artigo 31º
Composição e funções
1. A Comissão de Resolução de Conflitos tem a função de apreciar e decidir os re-
cursos e reclamações interpostos durante o processo de aquisições públicas, nos termos
previstos na Lei e no Regulamento.
2. A Comissão de Resolução de Conflitos é constituída por três membros designados
pelo Conselho de Administração, que indicará logo o respectivo presidente;

537
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio

3. Os membros da Comissão de Resolução de Conflitos devem ser pessoas com for-


mação superior e reconhecida competência na área das aquisições públicas, nos termos
previstos no Regulamento.
4. O período por que são designados os membros da Comissão de Resolução de Con-
flitos, bem como o seu estatuto e a forma de relacionamento dela com o Conselho de Ad-
ministração e com outras entidades e ainda os mecanismos específicos da sua intervenção
são definidos no Regulamento.
CAPÍTULO IV
Gestão financeira e patrimonial
Artigo 32º
Receitas
Constituem receitas da ARAP:
a) As dotações e transferências do orçamento do Estado e as comparticipações
e subsídios provenientes de quaisquer outras entidades públicas e privadas,
nacionais ou estrangeiras;
b) O produto de alienação de bens próprios e a constituição de direitos sobre
eles;
c) As custas dos processos de reclamação ou recurso que sejam previstas no
Regulamento;
d) Quaisquer outros proventos advenientes da sua actividade;
e) As heranças, legados ou doações que lhe sejam destinados.
Artigo 33º
Orçamento e plano de actividades
1. O orçamento e o plano de actividades são elaborados pelo Conselho de Adminis-
tração, com a antecedência mínima de quatro meses em relação ao início do ano civil e
submetidos à apreciação do Conselho Fiscal ou Fiscal Único, para efeitos de parecer.
2. O orçamento, acompanhado do parecer do Conselho Fiscal, é remetido ao membro
do Governo responsável pela área das Finanças para homologação e integração no orça-
mento do Estado.
Artigo 34º
Relatório de contas
1. O Conselho de Administração elabora e aprova o Relatório e Contas no final de cada
ano, os quais estão sujeitos ao parecer do conselho Fiscal ou Fiscal Único, até ao final do
mês de Março do ano seguinte àquele a que diz respeito.
2. Na elaboração das contas devem seguir-se as normas e os preceitos definidos no
Plano Nacional de Contabilidade, com as devidas adaptações.

538
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio

CAPÍTULO V
Regime de pessoal
Artigo 35º
Pessoal
1. A ARAP dispõe de pessoal técnico e administrativo que integra o seu quadro de
pessoal, com tabela remuneratória própria.
2. O pessoal da ARAP está sujeito ao Regime Geral do Contrato Individual de Traba-
lho, estando abrangido pelo regime de previdência social dos trabalhadores por conta de
outrem.
3. Os funcionários da Administração directa ou indirecta do Estado, das autarquias
locais, podem ser chamados a desempenhar funções na ARAP em regime de requisição ou
de comissão de serviço, com garantia do lugar de origem e dos direitos nele adquiridos,
considerando-se o período de requisição ou de comissão como tempo de serviço prestado
nos quadros de que provenham, suportando a ARAP as despesas inerentes.
Artigo 36º
Incompatibilidades
A adaptação do regime do contrato individual de trabalho não dispensa nos termos
da Constituição, a aplicação dos requisitos e limitações decorrentes da prossecução do
interesse público, nomeadamente os respeitantes a acumulações e incompatibilidades para
funcionários e agentes administrativos.
CAPÍTULO VI
Responsabilidade e controlo judicial
Artigo 37º
Relatório ao Governo e à Assembleia Nacional
e audições parlamentares
1. A ARAP deve enviar anualmente ao Governo e à Comissão Especializada compe-
tente da Assembleia Nacional, um relatório sobre as suas actividades de regulação, o qual
é igualmente publicado.
2. Sempre que tal lhe seja solicitado, o Presidente do Conselho de administração da
ARAP deve apresentar-se perante a Comissão Especializada competente da Assembleia
Nacional, para prestar informações ou esclarecimentos sobre as suas actividades.
Artigo 38º
Responsabilidade disciplinar, financeira, civil e penal
A ARAP, bem como os titulares dos seus órgãos e os seus trabalhadores respondem
civil, criminal, disciplinar e financeiramente pelos actos e omissões que pratiquem no exer-
cício das suas funções, nos termos da Constituição e demais legislação aplicável.

539
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8 de Maio

Artigo 39º
Controlo judicial
1. As actividades da ARAP de natureza administrativa ficam sujeitas à jurisdição ad-
ministrativa, nos termos da respectiva legislação.
2. Das decisões proferidas no âmbito da resolução de litígios cabe recurso para os tri-
bunais judiciais ou arbitrais, nos termos previstos na lei.
Artigo 40º
Fiscalização do tribunal de Contas
1. A ARAP está sujeita à jurisdição do Tribunal de Contas, nos termos da legislação
competente.
2. Os actos e contratos da ARAP não estão sujeitos a visto prévio do Tribunal de
Contas, sendo, no entanto, obrigatória a apresentação das contas anuais para efeitos de
julgamento.
CAPÍTULO VII
Dispodições transitórias e finais
Artigo 41º
Organização dos serviços
1. A ARAP funcionará pelo período de um ano em regime de instalação.
2. Durante o período de instalação o Conselho de Administração será constituído ne-
cessariamente por três membros, podendo um novo Presidente ser nomeado após o decurso
desse período.
3. Durante o período de instalação o Conselho de Administração poderá desempenhar
as funções próprias da Comissão de Resolução de Conflitos.
4. No período da instalação o Conselho de Administração elaborará e submeterá à
aprovação do Governo um regulamento interno que define a sua estrutura orgânica, as
funções e competências dos serviços que a integram, os respectivos quadros de pessoal, as
normas gerais a observar no desenvolvimento das actividades a seu cargo e tudo o mais que
se torne necessário para o adequado funcionamento da agência.
Artigo 42º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
Visto e aprovado pelo Conselho de Ministros.
José Maria Pereira Neves - Cristina Duarte
Promulgado em 7 de Maio de 2008.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Referendado em 8 de Maio de 2008.
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves.

540
Decreto-Legislativo n.º 17/97, de 10 de Novembro

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Decreto-Legislativo n.º 17/97
de 10 de Novembro
Pretende o Governo dar continuidade ao processo iniciado com o Decreto-Legislativo
2/95, gradualmente reunindo, modernizando e clarificando as normas e princípios hoje
dispersos sobre aspectos homogéneos da actividade, procedimento e organização da Admi-
nistração Pública, até que seja possível reunir num único Código Administrativo o funda-
mental do direito administrativo cabo-verdiano.
Assim, ao abrigo da autorização legislativa concedida pelo artigo 2º c) da Lei n.º
23/V/97, de 27 de Maio, e
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do n.º 2 do artigo 216º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte :
Artigo 1º
(Objecto)
O presente Decreto-Legislativo estabelece as bases do regime jurídico dos contratos
administrativos.
Artigo 2º
(Principio geral)
Na prossecução das atribuições da pessoa colectiva em que se integram, os órgãos
administrativos podem celebrar contratos administrativos, salvo se outra coisa resultar da
lei ou da natureza das relações a estabelecer.
Artigo 3º
(Conceito)
1. Contrato administrativo é o acordo de vontades pelo qual é constituída, modificada
ou extinta uma relação jurídica administrativa.
2. São administrativos, designadamente, os contratos de:
a) Empreitada de obras públicas, pelo qual uma pessoa se encarrega de execu-
tar uma obra publica de construção, reconstrução, restauro, reparação, con-
servação ou adaptação de bens imóveis que corram, total ou parcialmente, por
conta do Estado ou de outro ente publico, mediante retribuição;
b) Fornecimento de obras públicas, pelo qual uma pessoa se obriga à entrega de
materiais ou bens móveis que se destinem a ser incorporados ou a comple-
mentar uma obra publica, mediante retribuição ;
c) Concessão de obras públicas, pelo qual a Administração transfere para outra
pessoa o poder de, por conta própria e com os seus próprios recursos, executar
e explorar temporariamente uma obra pública, cobrando uma taxa de utiliza-
ção aos respectivos utentes;

541
Decreto-Legislativo n.º 17/97, de 10 de Novembro

d) Concessão de serviços públicos, pelo qual a Administração encarrega out-


ra pessoa de, por sua conta e risco, instalar e explorar temporariamente um
serviço, cobrando uma taxa de utilização aos respectivos utentes;
e) Concessão de exploração de domínio público, pelo qual a Administração trans-
fere temporariamente para outra pessoa o poder de gestão e aproveitamento de
uma parcela do domínio público, com todos os direitos inerentes;
f) Concessão de uso privativo de domínio público, pelo qual a Administração
temporariamente permite a outra pessoa a utilização económica exclusiva de
uma parcela do domínio público para fins de utilidade publica;
g) Concessão de exploração de jogos de fortuna ou azar, pelo qual a Adminis-
tração encarrega outra pessoa de, por sua conta e risco, instalar e explorar
temporariamente um estabelecimento de jogo de fortuna ou azar, sendo re-
tribuído pelas receitas do jogo;
h) Fornecimento contínuo, pelo qual uma pessoa se encarrega, mediante re-
tribuição, de fornecer à Administração, durante certo período de tempo e pelo
preço e nas demais condições acordadas, certos bens necessários ao funciona-
mento regular de um serviço público;
i) Provimento em cargo público, pelo qual um indivíduo ingressa em cargo da
Administração, obrigando-se a prestar-lhe a sua actividade profissional de
acordo com o estatuto dos funcionários públicos, em cargo publico;
j) Transporte, pelo qual uma pessoa se obriga a assegurar, mediante retribuição,
a deslocação de pessoas ou coisas a cargo da Administração entre lugares
determinados;
l) Prestação de outros serviços para fins de imediata utilidade publica, pelo qual
uma pessoa se obriga a prestar, mediante retribuição, um serviço ou um re-
sultado à Administração.
Artigo 4º
(Formação)
À formação dos contratos administrativos são aplicáveis subsidiariamente, com as ne-
cessárias adaptações, as disposições legais relativas ao procedimento administrativo.
Artigo 5º
(Escolha do co-contratante)
1. Salvo quando outra coisa resultar da lei, nos contratos que tenham em vista asso-
ciar outra pessoa ao desempenho regular de atribuições da Administração, o co-contratante
deve ser escolhido por uma das seguintes formas :
a) Concurso público, ao qual são admitidas todas as entidades que satisfaçam os
requisitos gerais estabelecidos por lei;

542
Decreto-Legislativo n.º 17/97, de 10 de Novembro

b) Concurso limitado por prévia qualificação, ao qual somente podem ser admiti-
das as entidades seleccionadas pelo órgão administrativo adjudicante;
d) Concurso limitado sem apresentação, ao qual apenas são admitidas as enti-
dades convidadas, sendo o convite feito de acordo com o conhecimento e a
experiência que o órgão administrativo adjudicante tenha daquelas entidades;
e) O ajuste directo, que deve ser precedido de consulta feita pelo menos a três
entidades.
2. Os contratos administrativos devem, em regra, ser precedidos de concurso público,
o qual só pode ser dispensado por proposta fundamentada do órgão competente que mereça
a concordância expressa, consoante os casos, do órgão superior da hierarquia ou do órgão
de tutela.
3. Sem prejuízo do número anterior, a realização ou dispensa de concurso público ou
limitado, bem como o ajuste directo dependem da observância das normas que regulam a
realização de despesas publicas.
Artigo 6º
(Forma)
Os contratos administrativos são sempre celebrados por escrito, salvo se a lei estabe-
lecer outra forma.
Artigo 7º
(Regime de invalidade)
1. Os contratos administrativos são nulos ou anuláveis, nos termos do presente diplo-
ma, quando forem nulos ou anuláveis os actos administrativos de que haja dependido a sua
celebração.
2. São aplicáveis a todos os contratos administrativos as disposições do Código Civil
relativas à falta e vícios da vontade.
3. Sem prejuízo do disposto no n.º 1, à invalidade dos contratos administrativos, apli-
cam-se os seguintes regimes :
a) Quanto aos contratos administrativos com objecto passível de acto adminis-
trativo, o regime de invalidade do acto administrativo;
b) Quanto aos contratos administrativos com objecto passível de contrato de di-
reito privado, o regime de invalidade do negócio jurídico previsto no Código
Civil.
Artigo 8º
(Actos opinativos)
1. Os actos administrativos que interpretem cláusulas contratuais ou que se pronun-
ciem sobre a respectiva validade não são definitivos e executórios.

543
Decreto-Legislativo n.º 17/97, de 10 de Novembro

2. Na falta de acordo entre os contratantes sobre as matérias referidas no n.º 1, a de-


cisão caberá ao tribunal administrativo competente em acção a propor por qualquer das
partes.
3. O disposto no presente artigo não prejudica a aplicação das disposições gerais da
lei civil relativas aos contratos bilaterais, salvo se tais preceitos tiverem sido afastados por
vontade expressa dos contratantes.
Artigo 9º
(Execução forçada de prestações)
1. Salvo disposição legal em contrário, a execução forçada das prestações contratuais
em falta só pode ser obtida através dos tribunais administrativos.
2. Se, em consequência do não cumprimento das prestações contratuais, o tribunal
condenar o co-contratante particular à prestação de um facto ou à entrega de coisa certa,
pode a Administração, mediante acto administrativo definitivo e executório, promover a
execução coerciva da sentença por via administrativa.
Artigo 10º
(Clausula compromissória)
É válida a cláusula pela qual se disponha deverem ser decididas por árbitros as ques-
tões que venham a suscitar-se entre as partes num contrato administrativo.
Artigo 11º
(Direito subsidiário)
Em tudo o que não esteja previsto neste diploma, recorrer-se-á às leis e regulamentos
administrativos que previnam casos análogos, e, quando a legislação administrativa seja
omissa, às disposições da lei civil.
Artigo 12º
(Revogação)
É revogada toda a legislação que contrarie o disposto no presente decreto legislativo.
Artigo 13º
(Entrada em vigor)
O presente decreto legislativo entra em vigor a 1 de Janeiro de 1998.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros
Carlos Veiga — José António dos Reis.
Promulgado em 10 de Novembro de 1997.
Publique-se.
O Presidente da Republica, ANTONIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 10 de Novembro de 1997.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.

544
Decreto-Legislativo n.º 17/97, de 10 de Novembro

REGIME JURÍDICO DAS EMPREITADAS DE OBRAS PÚBLICAS


Decreto-Lei nº 31/94
de 2 de Maio
O Regime Jurídico das Empreitadas de Obras Públicas, estabelecido no Decreto-Lei
nº 48.871 de 19 de Fevereiro de 1969, vigorando em Cabo Verde por força da Portaria
nº 555/71, encontra-se desactualizado face à nova realidade nacional surgida após a
independência.
A necessidade de consagrar princípios emergentes de um estado de direito como a
transparência das relações entre Administração e administrados, desburocratização, direitos
das partes intervenientes no processo de empreitada impõe revisão de tal diploma legal.
Por outro lado, as crescentes relações de comércio internacional justificam a aproximação
da legislação vigente a regras de mercado menos restritivas e mais abertas favorecendo
a concorrência, estando a maioria das correcções agora introduzidas geralmente aceites,
designadamente pelas instituições internacionais.
Nestes termos,
No uso da faculdade conferida pela alínea a) do nº 2 do artigo 216º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
CAPÍTULO I
Dos regimes de Empreitadas de Obras Públicas
Secção I
Disposições fundamentais
Artigo 1º
(Âmbito de aplicação da lei)
1. O presente diploma aplica-se às empreitadas destinadas a realização de trabalhos de
construção, reconstrução, restauro, reparação, conservação ou adaptação de bens imóveis
que, no território nacional, corram total ou parcialmente por conta do Estado, de instituto
público, de empresa pública ou outra entidade pública.
2. As normas do presente diploma aplicam-se às autarquias locais em tudo quanto não
constar de legislação especial.
Artigo 2º
(Tipos de empreitadas)
1. O modo de retribuição do empreiteiro, nas empreitadas de obras públicas, pode ser
estipulado:
a) Por preço global;
b) Por série de preço;
c) Por percentagem;

545
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

2. É lícito na mesma empreitada adoptar diversos modos de retribuição para distintas


partes da obra ou diferentes tipos de trabalho.
3. A empreitada pode ser total ou parcial e, salva convenção em contrário, implica a
subministração pelo empreiteiro dos materiais e empregar.
4. As empreitadas exclusivamente de mão de obra denominam-se tarefas e regem-se
por legislação especial.
Artigo 3º
(Partes do contrato)
1. As partes no contrato de empreitada de obras públicas são o dono da obra e o
empreiteiro.
2. O dono da obra é a pessoa colectiva que manda executá-la ou, no caso de obras
executadas em comparticipação, aquela a quem pertençam os bens ou que ficará a
administrá-los.
3. Sempre que no presente diploma se faça referência a decisões e deliberações do
dono da obra, entender-se-á que são tomadas pelo órgão que for competente segundo as
leis ou estatutos por que a pessoa colectiva se rege e, no caso do Estado, pelo Ministro das
Infraestrutura e transportes.
Artigo 4º
(Fiscalização)
1. O dono da obra designará, por si ou com o acordo das entidades comparticipantes,
um fiscal de obra para fiscalizar a execução dos trabalhos e resolver todas as questões que
lhe sejam postas pelo empreiteiro tendo em vista a normal prossecução dos trabalhos.
2. O empreiteiro que não possa residir no local da obra deverá designar um representante
que aí tenha residência permanente com os poderes necessários para responder perante o
fiscal da obra pela marcha dos trabalhos.
3. Das decisões do fiscal da obra proferidas sobre reclamações do empreiteiro ou seu
representante, caberá sempre recurso hierárquico para o órgão de que ele depender, mas
sem efeito suspensivo.
Secção II
Da empreitada por preço global
Artigo 5º
(Conceito)
Diz-se por preço global a empreitada cuja remuneração é fixada adiantadamente
numa soma certa, correspondente à realização de todos os trabalhadores necessários para a
execução da obra ou parte da obra objecto de contrato.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

Artigo 6º
(Obras que podem ser feitas por preço global)
Só poderão ser contratadas por preço global as obras relativamente às quais seja
possível calcular, sobre o projecto, com pequena probabilidade de erro, a natureza e as
quantidades dos trabalhos a executar e os custos dos materiais e da mão de obra a empregar.
Artigo 7º
(Definição do objecto da empreitada)
O dono da obra definirá, com a maior precisão, nos elementos escritos e desenhados
do projecto e no caderno de encargos, as características da obra e as condições técnicas da
sua execução, bem como a qualidade dos materiais a aplicar e as quantidades dos trabalhos
a executar.
Artigo 8º
(Apresentação do projecto base pelos concorrentes)
1. Quando se trata de obras de complexidade técnica e elevado grau de especialização, o
dono da obra posta a concurso deverá definir um programa base, com a necessária precisão,
os objectivos que deseja atingir, especificando os aspectos que considere vinculativos,
deixando aos concorrentes a apresentação do projecto base.
2. Escolhido no concurso um projecto base, servirá este de base a elaboração, pelo
empreiteiro, do projecto que, depois de aprovado, ficará a obrigar as duas partes.
3. O dono da obra poderá fixar, no programa do concurso, prémios a atribuir aos
autores dos projectos base melhores classificados, seguindo a ordem de classificação
estabelecida pelo júri podendo decidir não atribuir qualquer prémio, total ou parcialmente,
se os trabalhadores forem considerados não satisfatórios.
Artigo 9º
(Variantes do projecto)
1. O dono da obra pode prever, no programa, a apresentação, pelos concorrentes, de
variantes ao projecto ou a parte dele, sem prejuízo do dever de apresentação da proposta
para a execução da empreitada, tal como foi posta a concurso.
2. A variante aprovada substitui, para todos os efeitos, o projecto do dono da obra na
parte respectiva.
Artigo 10º
(Elementos e métodos de cálculo do projecto base e variantes)
Os projectos base e as variantes da autoria do empreiteiro deverão conter todos os
documentos necessários para a sua perfeita apreciação e para a justificação do método de
cálculo utilizado, podendo o dono da obra exigir quaisquer esclarecimentos, pormenores,
planos e desenhos explicativos.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

Artigo 11º
(Reclamações quanto a erros e omissões do projecto)
1. No prazo de 90 dias ou no que for para o efeito estabelecido no caderno de encargos,
não inferior a 30 dias, contados da data da consignação, o empreiteiro poderá reclamar:
a) Contra erros ou omissões do projecto, relativo à natureza ou volume dos
trabalhos, por se verificarem diferenças entre as condições locais existentes e
as previstas ou entre os dados em que o projecto se baseia e a realidade;
b) Contra erros de cálculos, erros materiais e outros erros ou omissões no mapa
de medições, por se verificarem divergências entre este e o que resulta das
restantes peças do projecto.
2. Depois de findo o prazo estabelecido no número anterior, admitir-se-ão ainda
reclamações com fundamento em erros ou omissões nos dez dias subsequentes ao da
verificação, o empreiteiro demonstre que lhe era impossível descobri-lo mais cedo.
3. Na reclamação prevista nos dois números anteriores, indicará o empreiteiro o
valor que atribui aos trabalhos a mais ou a menos resultantes da rectificação dos erros ou
omissões arguidos.
4. O dono da obra deverá pronunciar-se sobre as reclamações no prazo de trinta dias,
contando da data da sua apresentação.
5. Se o dono da obra verificar, em qualquer altura da execução dela, que houve erros ou
omissões no projecto devidos a causas cuja previsão ou descoberta fosse impossível mais
cedo, deverá notificar dos mesmos o empreiteiro, indicando o valor que lhes atribui.
6. Sobre a interpretação e valor dados pelo dono da obra aos erros ou omissões a que
alude o número anterior pode o empreiteiro reclamar no prazo de dez dias.
Artigo 12º
(Rectificação de erros ou omissões do projecto)
1. Rectificado qualquer erro ou emissão do projecto, o respectivo valor será acrescido
ou deduzido ao preço da adjudicação.
2. No caso de o projecto ou variante ter sido da sua autoria, o empreiteiro suportará
os danos resultantes de erros ou omissões do projecto ou dos mapas de medições, excepto
se os erros ou omissões resultarem de deficiências de dados fornecidos pelo dono da obra.
Artigo 13º
(Valor das alterações do projecto)
1. A importância dos trabalhos a mais ou a menos que resultar das alterações ao projecto
será respectivamente adicionada à importância primitiva da empreitada, ou dela diminuída.

548
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

2. Os trabalhos cuja espécie ou quantidade não houverem sido previstos no contrato


serão considerados trabalhos a mais.
Artigo 14º
(Pagamentos)
1. O pagamento do preço da empreitada poderá efectuar-se em prestações periódicas
fixas ou em prestações variáveis em função das quantidades de trabalho periodicamente
executadas.
2. Quando o pagamento haja de fazer-se em prestações fixas, o contrato fixará os seus
valores, datas dos seus vencimentos e a sua compatibilização com o plano de trabalhos
aprovado.
3. Nos casos previstos no número anterior, a correcção que o preço sofrer por virtude
das rectificações ou alterações ao projecto será diviramento1, salvo estipulação em contrário.
4. Se o pagamento houver de fazer-se de acordo com as quantidades de trabalho
periodicamente executadas, realizar-se-á por medições e com base nos preços unitários
contratuais, mas apenas até à concorrência do preço da empreitada.
5. Se, realizados todos os trabalhos, subsistir ainda um saldo a favor do empreiteiro,
ser-lhe-á pago com a última liquidação.
Secção III
Da empreitada por série de preços
Artigo 15º
(Conceito)
A empreitada por série de preços quando a remuneração do empreiteiro resulta da
aplicação dos preços unitários previstos no contrato para cada espécie de trabalho a realizar
às quantidades desses trabalhos realmente executadas.
Artigo 16º
(Objecto da empreitada)
1. O contrato terá sempre por base a previsão das espécies das quantidades dos trabalhos
necessários para a execução da obra, obrigando-se o empreiteiro a executar pelo respectivo
preço unitário do contrato todos os trabalhos de cada espécie.
2. Se nos elementos do projecto ou do caderno de encargos existirem omissões
quanto a qualidade dos materiais, o empreiteiro não poderá empregar materiais que não
correspondam as características da obra e que sejam de qualidade inferior às usualmente
empregadas em obras da mesma categoria.
Artigo 17º
(Trabalhos não previstos)
Os trabalhos cuja espécie de quantidade não houver sido incluída na previsão que
serve de base ao contrato serão executados pelo empreiteiro como trabalho a mais.

___________________
1 Nesta parte a redacção devia ser «será dividida pelas prestações que se vencerem posteriormente ao respectivo apuramento,
salvo estipulação em contrário», mas a publicação no B.O. saiu com gralha.

549
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

Artigo 18º
(Projecto ou variante do empreiteiro)
1. Havendo lugar a apresentação de projecto base pelos concorrestes, ao empreiteiro
adjudicatário competirá a elaboração do projecto de execução, tal como estabelecido para
a empreitada por preço global.
2. O empreiteiro poderá apresentar variantes ao projecto de execução, nos termos
estabelecidos para a empreitada por preço global, determinando aquelas a alteração do
projecto, quando aprovadas.
3. O concorrente apresentará com o projecto base ou variante a previsão das espécies e
quantidades dos trabalhos necessários para execução da obra e a respectiva lista de preços
unitários.
4. Os trabalhos correspondentes ao projecto ou variantes serão executados em regime
de preço global se o empreiteiro, em tal hipótese, um plano de pagamentos do preço global,
calculando-se este pela aplicação dos preços unitários às quantidades previstas.
Artigo 19º
(Cálculo de pagamentos)
Periodicamente proceder-se-á à medição dos trabalhos executados de cada espécie
para o efeito de pagamento das quantidades apuradas às quais serão aplicados os preços
unitários.
Secção IV
Disposições comuns às empreitadas por preço global e por série de preços
Artigo 20º
(Especificações técnicas)
1. Não é permitida a introdução no caderno de encargos de uma empreitada de
especificações técnicas que mencionem produtos de fabrico ou proveniência determinada
ou de processos especiais que tenham por efeito favorecer ou eliminar determinadas
empresas, salvo em casos excepcionais justificados pelo objecto da empreitada.
2. É designadamente proibida a indicação de marcas comerciais ou industriais, de
patentes ou modelos ou de uma origem ou produção determinadas, sendo, no entanto,
autorizadas tais indicações quando acompanhadas da menção “ou equivalente”, sempre
que não seja possível proceder à descrição do pretendido na execução da empreitada com
recurso a especificações suficientemente precisas e inteligíveis por todos os interessados.
Artigo 21º
(Lista de preço unitário)
Os concorrentes apresentarão com as suas propostas as listas de preços unitários que
lhes hajam servido de base.

550
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

Artigo 22º
(Encargos dos empreiteiros)
Constitui encargo do empreiteiro, salva estipulação em contrário, o fornecimento dos
aparelhos, instrumentos, ferramentas, utensílios e andaimes indispensáveis à boa execução
da obra.
Artigo 23º
(Trabalhos acessórios)
1. O Empreiteiro tem obrigação, salva estipulação em contrário, de realizar à sua
custa todos os trabalhos que, por natureza ou segundo o uso corrente, a execução da obra
implique como preparatórios ou acessórios.
2. Constitui, em especial, obrigação do empreiteiro, salvo estipulação em contrário, a
execução dos seguintes trabalhos:
a) A construção do estaleiro de obra;
b) Os necessários para garantir a segurança das pessoas empregadas na obra e
do público em geral, para evitar danos nos prédios vizinhos e para satisfazer
os regulamentos de segurança e de policia de vias públicas;
c) O restabelecimento, por meio de obras provisórias, de todas as servidões e
serventias que seja necessário alterar ou destruir para a execução dos trabalhos
e para evitar a estagnação de água que os mesmos trabalhos possam originar;
d) A construção dos acessos ao estaleiro e das serventias internas deste.
Artigo 24º
(Servidões e ocupação de prédios particulares)
Será de conta do empreiteiro, salvo estipulação em contrário, o pagamento das
indemnizações devidas pela constituição de servidões ou pela ocupação temporária de
prédios particulares, necessárias à execução dos trabalhos adjudicados.
Artigo 25º
(Execução de trabalhos a mais)
1. O empreiteiro é obrigado a executar a mais ou de espécie diversa dos previstos no
contrato desde que se destinem à realização da mesma empreitada, lhe sejam ordenados por
escrito pelo dono da obra e o fiscal da obra lhe forneça os planos, desenhos, perfis, mapa
da natureza e volume dos trabalhadores e demais elementos técnicos indispensáveis para a
sua perfeita execução e para a realização das medições.
2. A obrigação cessa quando o empreiteiro opte por exercer o direito de rescisão
ou quando, sendo os trabalhos a mais de espécie diferente dos previstos no contrato, o

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

empreiteiro alegue, dentro de 110 dias após a recepção da ordem, e a fiscalização verifique,
que não possui o equipamento indispensável para a sua execução.
3. O projecto de alteração deve ser entregue ao empreiteiro com a ordem escrita de
execução.
4. Do projecto de alteração não poderão constar, a não ser que outra coisa haja sido
anteriormente estipulada, preço diferente dos contratuais ou dos já acordados para trabalhos
da mesma espécie e a executar nas mesmas condições.
5. Quando, em virtude do reduzido valor da alteração ou por outro motivo justificado,
não exista ou se não faça projecto, deverá a ordem de execução conter, além da discriminação
dos trabalhos a executar e os preços unitários daqueles para que não existam ainda preços
contratuais ou acordados por escrito.
6. Havendo acordo entre as partes, poderão os trabalhos ser executados em regime de
percentagem.
7. A ordem de execução deverá ser averbada ao contrato como suplemento deste,
oficiosamente ou a requerimento do empreiteiro.
Artigo 26º
(Execução de obras complementares)
1. Sempre que nas empreitadas de valor superior a 100.000 contos haja lugar a
execução de obras complementares e o seu montante exceda 40% do valor da adjudicação,
o dono da obra procederá à abertura de novo concurso nas modalidades e regime previstos
no presente diploma.
2. São consideradas obras complementares todas aquelas que, na sequência de uma
circunstância imprevista, se tenham tornado necessárias à execução da obra:
a) Quando essas obras não possam ser técnica ou economicamente separadas
do contrato da empreitada principal, sem inconveniente grave para a entidade
adjudicante;
b) Quando essas obras, ainda que separáveis da execução do contrato inicial,
sejam estritamente necessárias ao seu acabamento.
3. O montante estabelecido no nº 1 poderá ser actualizado por despacho do Ministro
das Infraestruturas e Transportes, a publicar no Boletim Oficial.
Artigo 27º
(Supressão de trabalhos)
Fora dos casos previstos no artigo anterior, o empreiteiro só deixará de executar
quaisquer trabalhos incluídos no contrato desde que, para o efeito, o fiscal, da obra lhe dê
ordem por escrito e que da ordem constem especificamente os trabalhos suprimidos.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

Artigo 28º
(Inutilização de trabalhos já executados)
Se das alterações impostas resultar inutilização de trabalhos já feitos, de harmonia
com o contrato ou com as ordens recebidas, não serão eles deduzidos no montante da
empreitada e terá ainda o empreiteiro direito à importância despendida com as demolições
a que houver procedido.
Artigo 29º
(Fixação de novos preços)
1. O empreiteiro poderá reclamar contra os novos preços constantes do projecto de
alteração ou dos indicados na ordem de execução, apresentando simultaneamente a sua
lista de preços no prazo de 20 dias, a contar, respectivamente, da data da recepção do
projecto ou da data da ordem.
2. Quando a complexidade do projecto de alteração o justifique, poderá o empreiteiro
pedir a prorrogação do prazo referido no número anterior por período não superior a 20
dias.
3. O fiscal da obra decidirá a reclamação em 30 dias implicando a falta de decisão
tempestiva a aceitação dos preços da lista do empreiteiro, salvo se, dentro do referido prazo,
o fiscal da obra lhe comunicar, por escrito e fundamentadamente, que carece de maior lapso
de tempo para se pronunciar, dispondo então de mais 20 dias.
4. Enquanto não houver acordo sobre todos ou alguns preços, ou não estiverem estes
fixados por arbitragem ou judicialmente, os trabalhos respectivos liquidar-se-ão, logo que
medidos, com base nos preços unitários constantes do projecto de alteração ou da ordem
de execução.
5. Logo que, por acordo, por arbitragem ou judicialmente, ficarem determinados os
preços definitivos, serão pagas ao empreiteiro as diferenças existentes a seu favor relativas
aos trabalhos já realizados.
6. Se do projecto ou da ordem não constarem os preços unitários, apresentará o
empreiteiro a sua lista no prazo estabelecido no nº 1, e por ela se liquidarão os trabalhos
medidos até serem fixados os preços definitivos.
7. À decisão do dono da obra sobre a lista de preços do empreiteiro aplicar-se-á o
disposto no nº 3, devendo as diferenças que se apurarem, relativamente aos trabalhos
já medidos e pagos, entre os preços da lista e os que vierem a ser a final fixados, ser
compensadas, pagando ou recebendo o empreiteiro, consoante couber.
8. Quando não haja sido previsto preço unitário para algumas das espécies do trabalho
a mais, será esse afixado por acordo entre as partes ou, no caso de estas não chegarem a
acordo, por arbitragem entregue a três peritos, sendo um designado pelo dono da obra,
outro pelo empreiteiro e o terceiro pelo Conselho de Obras Públicas.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

Artigo 30º
(Alteração propostas pelo empreiteiro)
1. Em qualquer momento da realização dos trabalhos, poderá o empreiteiro propor ao
dono da obra variantes ou alterações ao projecto relativamente a parte ou partes por ele
ainda não executadas.
2. Tais variantes ou alterações obedecerão ao que ficou disposto sobre os projectos ou
variantes apresentadas pelo empreiteiro, mas o dono da obra poderá ordenar a sua execução
desde que aceite o preço global ou os preços unitários propostos pelo empreiteiro, ou com
este chegue a acordo sobre os mesmos.
3. Se da variante aprovada resultar economia sem decréscimo de utilidade, duração e
solidez da obra, o empreiteiro terá direito a metade do respectivo valor.
Artigo 31º
(Direito de rescisão por parte do empreiteiro)
1. Quando o valor acumulado dos trabalhos a mais ou a menos, resultantes de ordem
dada pelo dono da obra para execução de outros, da supressão parcial de alguns, da
rectificação de erros e omissões do projecto ou de alterações neste introduzidas, atingir o
quinto do preço da adjudicação, terá o empreiteiro o direito de rescindir o contrato.
2. O empreiteiro tem também o direito de rescisão sempre que da variante ou alteração
ao projecto provindas do dono da obra resulte substituição de trabalhos incluídos no
contrato por outros de espécie diferente, embora destinados ao mesmo fim, desde que o
valor dos trabalhos substituídos represente um quarto, pelo menos, do valor da empreitada.
3. O facto de o empreiteiro não exercer o direito de rescisão com base em qualquer
alteração, ordem ou rectificação não o impede de exercer tal direito a propósito de alterações,
ordens ou rectificações subsequentes.
4. Para efeitos do disposto no nº 1 consideram-se compensados os trabalhos a menos
com trabalhos a mais, salvo se estes últimos não se destinarem à realização da empreitada
que é objecto de contrato.
Artigo 32º
(Prazo do exercício do direito de rescisão)
O direito de rescisão deverá ser exercido no prazo improrrogável de 30 dias, que se
contará:
a) Da data em que o dono da obra notifique o empreiteiro da sua decisão sobre
a reclamação quanto a erros e omissões do projecto ou do 30º dia posterior
ao da apresentação dessa reclamação, no caso de o dono da obra não se haver
entretanto pronunciado sobre ela;

554
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

b) Da data da recepção da ordem escrita para a execução ou supressão de


trabalhos, desde que essa ordem seja acompanhada do projecto, se for caso
disso, ou da discriminação dos trabalhos a executar ou a suprimir;
c) Da data da recepção do projecto ou da discriminação dos trabalhos a executar
ou a suprimir, quando tal não coincidir com a da ordem;
d) Da data da recepção da comunicação escrita em que o dono da obra se
pronuncie sobre lista de preços apresentada pelo empreiteiro.
Artigo 33º
(Cálculo do valor dos trabalhos para efeitos de rescisão)
1. Para o cálculo do valor dos trabalhos a mais ou a menos considerar-se-ão os
preços fixados no contrato, os posteriormente acordados ou arbitrados e os resultantes das
comunicações estatuídas no artigo 29º, conforme os que forem aplicáveis.
2. Se, quanto a alguns preços ainda não fixados existir desacordo, aplicar-se-ão os
seguintes:
a) Nos casos dos nº 1 e 2 do artigo 11º, os indicados pelo empreiteiro, se o dono
da obra não se pronunciar sobre a reclamação no prazo de trinta dias, e os
indicados pelo dono da obra se, este os fixar;
b) Nos casos do nº 5 do artigo 11º, não havendo reclamação do empreiteiro, os
indicados pelo dono da obra;
c) Os do projecto de alteração, se este existir e os contiver;
d) Os da ordem, nos casos do nº 5 do artigo 25º, se igualmente contiver os preços
em causa;
e) Os da decisão do dono da obra prevista no nº 7 do artigo 29º, nas hipóteses
contempladas naquele número.
3. O empreiteiro poderá também, para cálculo do valor dos trabalhos, basear-se nos
preços que propôs quando sobre eles exista desacordo.
Artigo 34º
(Exercício do direito de rescisão)
1. Verificando-se todas as condições de que depende a existência do direito de rescisão,
esta exercer-se- á mediante requerimento do empreiteiro, acompanhado de estimativa do
valor dos trabalhos em causa, com exacta discriminação dos preços unitários que lhe
serviram de base.
2. Recebido o requerimento, o dono da obra procederá à imediata medição dos trabalhos
efectuados e tomará em seguida posse da obra.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

Artigo 35º
(Correcção de preços)
1. Quando a assinatura do contrato tenha lugar decorridos mais de 180 dias sobre
a data da apresentação da proposta por causa não imputável ao adjudicatário, poderá o
adjudicatário, antes de assinar o contrato, propor a correcção do preço ou dos preços de
acordo com a formula de revisão contratualmente prevista.
2. No caso de não ser admitida a correcção, o adjudicatário poderá desistir da
empreitada.
Artigo 36º
(Indemnização por redução do valor total de trabalhos)
1. Sempre que, em consequência de alteração ao projecto ou de rectificação de erros de
previsão, ou de supressão de trabalhos nos termos do artigo 27º, o empreiteiro execute um
volume total de trabalhos de valor inferior aos que foram objecto de contrato, terá direito à
indemnização correspondente a 10% do valor da diferença verificada.
2. A indemnização será liquidada na conta final.
Artigo 37 º
(Esgotos e demolições)
Quaisquer esgotos ou demolições de obras que houver necessidade de fazer e que não
tenham sido previstos no contrato serão sempre executados pelo empreiteiro em regime de
percentagem.
Artigo 38º
(Responsabilidades por erros de execução)
1. O empreiteiro é responsável por todas as deficiências e erros relativos à execução
dos trabalhos ou à qualidade, forma e dimensões dos materiais aplicados, quer quando o
projecto não fixe as normas a observar, quer quando sejam diferentes dos aprovados.
2. A responsabilidade do empreiteiro cessa quando os erros e vícios de execução hajam
resultado de obediência a ordens ou instruções escritas transmitidas pelo fiscal da obra ou
que tenham obtido a concordância expressa deste.
Artigo 39º
(Responsabilidade por erros de concepção da obra)
1. Pelas deficiências técnicas e erros de concepção dos projectos e dos restantes
elementos patenteados no concurso ou em que posteriormente se definam os trabalhos
a executar responderão o dono da obra ou o empreiteiro, conforme aquelas peças sejam
apresentadas pelo primeiro ou pelo segundo.
2.Quando o projecto ou variante for da autoria do empreiteiro, mas estiver baseado
em dados de campo, estudos ou previsões fornecidos, sem reservas, pelo dono da obra,

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

será este responsável pelas deficiências e erros do projecto ou variante que derivem da
inexactidão dos referidos dados, estudos ou previsões.
Artigo 40º
(Efeitos de responsabilidade)
A responsabilidade estabelecida nos dois artigos anteriores traduz-se em serem de
conta do responsável as obras, alterações e reparações necessárias à adequada supressão das
consequências da deficiência ou erro verificado, bem com a indemnização pelos prejuízos
sofridos pela outra parte ou por terceiros.
Secção V
Da empreitada por percentagem
Artigo 41º
(Conceito)
Diz-se empreitada por percentagem o contrato pelo qual o empreiteiro assume a
obrigação de executar a obra por preço correspondente ao seu custo, acrescido de uma
percentagem destinada a cobrir os encargos de administração e a remuneração normal da
empresa.
Artigo 42º
(Custo dos trabalhos)
1. O custo dos trabalhos será o que resultar da soma dos dispêndios correspondentes
a materiais, pessoal, direcção técnica, estaleiros, transportes, seguros, encargos inerentes
ao pessoal, depreciação e reparação de instalações, de utensílios e de máquinas, e a tudo o
mais necessário para a execução dos trabalhos desde que tais dispêndios sejam feitos com
o acordo do dono da obra, nos termos estabelecidos no caderno de encargos.
2. Não se inclui no custo qualquer encargo puramente administrativo.
Artigo 43º
(Encargos administrativos e lucros)
A percentagem para cobertura dos encargos administrativos e remuneração do
empreiteiro será a que, para caso, se fixar no caderno de encargos.
Artigo 44º
(Trabalhos a mais ou a menos)
Aplica-se a este contrato o disposto nos artigos 27º, 31º a 34º e 36º, mas nos casos do
nº 1 do artigo 31º o empreiteiro só terá direito a rescisão quando o valor acumulado dos
trabalhos a mais ou a menos atingir um quarto do valor dos que foram objecto de contrato.

557
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

Artigo 45º
(Pagamentos)
1. Salva estipulação em contrário, os pagamentos serão feitos mensalmente, com
base em facturas apresentadas pelo empreiteiro, correspondente ao custo dos trabalhos
executados durante o mês anterior, acrescido da percentagem para cobertura de encargos
administrativos e remuneração do empreiteiro a que se refere o artigo 43º.
2. A factura discriminará todas as parcelas que se incluem no custo dos trabalhos e será
acompanhada dos documentos justificativos necessários.
3. Os pagamentos sofrerão o desconto para garantia nos termos gerais.
Artigo 46º
(Regime subsidiário)
São aplicáveis subsidiariamente a este contrato, e em particular à responsabilidade
pela concepção e execução da obra, as disposições respeitantes às outras modalidades de
empreitada que não forem incompatíveis com a sua natureza.
CAPÍTULO II
Da formação do contrato
Secção I
Disposições gerais
Artigo 47º
(Formação e forma de contrato)109
1. A celebração do contrato de empreitada de obras públicas será precedida de concurso
público ou de concurso limitado, salvo nos casos em que a lei permita o ajuste directo, com
ou sem consultas, ou a dispensa de concurso e este seja decidida pela entidade competente.
2. A realização de concurso público ou limitado poderá ser dispensada, independente-
mente do seu valor, quando, verificada a conveniência para o interesse do Estado, ocorra
alguma das seguintes circunstâncias:
a) Quando a obra só possa ser feita por determinada entidade em consequência do
contrato anterior com o Estado ou aptidão especial comprovada em obras de que
as novas sejam complemento, salvo nos casos previstos no nº 1 do artigo 26º;
b) Quando a segurança pública interna ou externa o aconselhe;
c) Quando o último concurso aberto para o mesmo fim e pelo mesmo organismo,
tenha ficado deserto ou quando, através dele, só tenham sido recebidas
propostas consideradas inaceitáveis;
d) Quando anteriormente tenha sido efectuado concurso com apresentação de
projecto base pelos concorrentes, nos termos do artigo 8º do presente diploma.
3. Quando for dispensado o concurso público nos termos do nº 2 deverá ser realizado
concurso limitado.
109 Os procedimentos pré-contratuais previstos neste artigo e no art. 105º foram alterados pelos previstos no art. 21º da Lei
nº 17/VII/2007 de 10 de Setmbro e art. 69º do Decreto-Lei nº 1/2009 de 5 de Janeiro.

558
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

4. Se o concurso limitado também for dispensado, o ajuste directo será obrigatoriamente


precedido de consulta quando se trate de obras de valor a regulamentar, excepto nos casos
previstos nas alíneas a), b) e d) do nº 2.
5. A dispensa de concurso público e de contrato escrito só poderá ser concedida
mediante proposta fundamentada do organismo por onde a despensa for liquidada e uma
vez demonstrada a verificação de um ou mais requisitos constantes do nº 2 deste artigo.
6. São competentes para a dispensa de concursos públicos ou limitados e de contrato
escrito, os directores gerais ou equiparados e dirigentes de serviços sem autonomia
administrativa ou financeira, os órgãos dirigentes dotados de autonomia administrativa,
os órgãos dirigentes dotados de autonomia administrativa e financeiras e das empresa
públicas, os ministros, o Primeiro Ministro e o Concelho de Ministros, dentro dos valores
de contrato a estabelecer.
7. Serão definidos por Decreto Regulamentar:
a) Os valores a partir dos quais é obrigatória a realização de concurso público e
a celebração de contrato escrito;
b) O valor acima do qual são obrigatórias consultas no ajuste directo;
c) Os valores limite da competência das entidades referidas no nº 5 deste artigo.
Artigo 48º
(Reclamação por preterição de formalidades do concurso)
1. Qualquer interessado poderá reclamar, no prazo de 10 dias contados da data em
que do facto devesse ter conhecimento, contra preterição ou irregular cumprimento das
formalidades do concurso ou qualquer ilegalidade.
2. A reclamação será apresentada à autoridade a quem competiria praticar a formalidade
ou fazer observar a sua prática no processo.
3. Deferida a reclamação, que não tem efeito suspensivo, a autoridade sanará o vício
verificado, anulando as formalidades e os actos por ele afectados, e os subsequentes,
praticando novas formalidades e actos, expurgados do vício que tenha determinado a
anulação dos anteriores.
Artigo 49º
(Recurso hierárquico)
1. Se a reclamação a que o artigo anterior se refere for indeferida e a autoridade estiver
subordinada a superior hierárquico, caberá recurso hierárquico do indeferimento, no prazo
de 10 dias, a contar da notificação deste ao reclamante.
2. Presume-se indeferida a reclamação se o reclamante não for notificado da resolução
sobre ela tomada dentro dos 30 dias seguintes à sua apresentação.

559
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

3. O recurso hierárquico não produz efeito suspensivo.


Artigo 50º
(Recurso contencioso)
1. Do facto que se resolva a final o concurso cabe recurso contencioso para o tribunal
competente, nos termos gerais do direito.
2. No recurso contencioso poderão ser discutidos os vícios contra os quais se haja
reclamado e recorrido hierarquicamente, sem êxito, desde que a sua verificação fosse
susceptível de influir na decisão do concurso.
Artigo 51º
(Prova de entrega de requerimento)
1. Os requerimentos em que sejam formuladas reclamações ou interpostos recursos
hierárquicos são apresentados com uma cópia ou fotocópia.
2. A cópia ou a fotocópia será devolvida ao representante depois de nela exarado recibo
com a data de apresentação e a rubrica autenticada por carimbo ou selo branco da entidade
ou serviço a que haja sido apresentada.
3. Equivale à apresentação prevista nos números anteriores, o envio do requerimento
pelo correio, sob registo com aviso de recepção efectuado até ao último dia imediatamente
anterior ao termo do respectivo prazo.
Artigo 52º
(Notificações)
1. As notificações no processo de concurso serão sempre feitas pelo correio, sob registo
com aviso de recepção.
2. Da notificação constará com suficiente precisão o acto ou resolução a que respeite,
de modo a que o notificado fique ciente da respectiva natureza e conteúdo.
Artigo 53º
(Publicação dos actos)
1. Sempre que a lei exija a publicação de algum acto, entende-se que será feita na 2ª
série do Boletim Oficial.
2. Far-se-á também a publicação, pelo menos num jornal da região onde deva ser
executada a obra, quando haja e havendo mais de um, deverá a publicação fazer-se num
jornal de maior expansão habitualmente lidos para esse efeito.
3. Proceder-se-á ainda às publicações exigidas por acordos internacionais e às que, por
despacho do Ministro das Infra-estruturas e Transportes sejam julgadas convenientes para
garantir a conveniente publicidade dos actos.

560
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

Secção II
Do concurso público
Subsecção I
Conceito, projecto, caderno de encargos e programa do concurso
Artigo 54º
(Conceito)
O concurso diz-se público quando possam apresentar proposta todas as empresas que
se encontrem nas condições gerais estabelecidas por lei.
Artigo 55º
(Elementos que servem de base ao concurso)
1. O concurso terá por base um projecto, um caderno de encargos e um programa de
concurso, emanados do dono da obra.
2. O projecto, o caderno de encargos e o programa do concurso devem estar patentes
nos serviços respectivos, para consulta dos interessados, desde o dia da publicação do
anúncio até ao dia e hora do acto público do concurso.
3. Os interessados poderão solicitar que lhe sejam fornecidas pelo dono da obra cópias
devidamente autenticadas dos elementos patenteados.
4. Quando o projecto base deva ser elaborado pelo concorrente, o projecto e o caderno
de encargos serão substituídos, na fase inicial do concurso, pelos elementos escritos e
desenhados necessários para definir com exactidão o fim das características fundamentais
da obra posta a concurso.
Artigo 56º
(Peças do projecto)
1. As peças do projecto a patentear no concurso serão as suficientes para definir a obra,
incluindo a sua localização, o volume dos trabalhos, o valor para efeitos do concurso, a
natureza do terreno, o traçado geral e os pormenores construtivos.
2. Das peças escritas devem constar, além de outros elementos reputados necessários,
os seguintes:
a) Memória ou nota descritiva;
b) Mapa de medições, contendo a previsão da qualidade e quantidade dos
trabalhos necessários para a execução da obra;
c) Programa de trabalhos, quando tiver carácter vinculante.
3. Das peças desenhadas devem constar, além de outros elementos reputados
necessários, a planta de localização, as plantas, alçados, cortes e pormenores indispensáveis
para uma exacta e pormenorizada definição da obra e ainda, quando existirem, a planta de
sondagens e os perfis geológicos.

561
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

4. As peças do projecto patenteadas no concurso serão expressamente enumeradas no


caderno de encargos.
5. O valor para efeitos de concurso nas empreitadas por preço global é o preço base do
concurso; nos restantes tipos de contrato é o custo provável dos trabalhos, estimado sobre
as medições do projecto.
Artigo 57º
(Caderno de encargos)
1. O caderno de encargo é o documento que contém, ordenadas por artigos numerados,
as cláusulas jurídicas e técnicas, gerais e especiais, a incluir no contrato a celebrar.
2. Havendo caderno de encargos tipo, devidamente aprovado, para categoria do
contrato posto a concurso, deverá o caderno de encargos conformar-se com o tipo legal,
apenas com as cláusulas especiais indicadas para o caso e com alterações nas cláusulas
gerais permitidas pela própria fórmula ou que sejam aprovadas pela autoridade que haja
firmado ou referendado o acto pelo qual se tornou obrigatória a fórmula típica.
3. Em casos especiais poderá o caderno de encargos prever a concessão ao empreiteiro
de prémios pecuniários pela qualidade invulgar de execução da obra ou por antecipação
dos prazos estabelecidos para execução dos trabalhos, contanto que, em conjunto, não
excedam 10% do valor da obra.
Artigo 58º
(Programa do concurso)
O programa do concurso destina-se a definir os termos a que obedece o processo
respectivo e especificará:
a) As condições estabelecidas neste diploma para a admissão dos concorrentes
e apresentação das propostas;
b) Os requisitos a que eventualmente tenham de obedecer os projectos e variantes
apresentados pelos concorrentes e as peças de que devem ser acompanhados;
c) Se é ou não admitida a apresentação de proposta com condições divergentes
das do caderno de encargos e quais as cláusulas deste, que, na hipótese
afirmativa, não podem ser alteradas;
d) Se o concorrente deve ou não apresentar programa de trabalhos e as prescrições
a que o mesmo deve obedecer;
e) Os critérios de apreciação das propostas para adjudicação da empreitada, com
indicação, por ordem decrescente, da importância que se lhes atribui;
f) Quaisquer disposições especiais, não previstas neste diploma nem contrárias
ao que nele se preceitua, relativas ao acto público do concurso;

562
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

g) A entidade que preside ao concurso, a quem devem ser apresentadas


reclamações e seja competente para esclarecer qualquer dúvida surgida na
interpretação das peças patenteadas em concurso, nos termos do artigo 60º.
2. Na falta de qualquer das especificações a que se refere a alínea c) do número
anterior, não será admissível a apresentação de propostas com condições divergentes das
do caderno encargos.
Subsecção II
Do anúncio do concurso
Artigo 59º
(Anúncio do concurso)
1. A obra será posta a concurso mediante a publicação do anúncio.
2. O anúncio do concurso indicará:
a) A entidade que põe a obra a concurso e a designação e endereço do serviço
por onde corre o respectivo processo;
b) A designação da empreitada, o local da execução da obra, a natureza e
extensão dos trabalhos e as características gerais da obra; se a empreitada
estiver dividida em partes, a ordem da grandeza de cada uma e a possibilidade
de concorrer a uma a várias ou conjunto delas; no caso de, além da execução
da obra, o concurso incluir a apresentação de projectos pelos concorrentes, as
indicações que permitam a compreensão do projecto da empreitada com vista
à apresentação de propostas adequadas à sua realização;
c) O preço base do concurso, quando declarado;
d) O endereço do serviço e o local e horas em que poderão ser examinados
o projecto, o caderno de encargos o programa do concurso e documentos
complementares, ou os elementos patenteados para efeitos de apresentação
do projecto base e obtidas cópias autenticadas daquelas peças e respectivo
preço e modalidade de pagamento;
e) A natureza e classificação das autorizações constantes do alvará ou alvarás
indispensáveis para a admissão dos concorrentes;
f) Quando aplicável as condições jurídicas, económicas e técnicas requeridas
dos concorrentes dos concorrentes;
g) A referência a cauções ou outras garantias exigidas;
h) Quanto à apresentação das propostas, a data e hora limites da sua apresentação,
o endereço do serviço a quem devem ser dirigidas e a língua ou línguas em
que devem ser redigidas;

563
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

i) O prazo da validade das propostas;


j) A modalidade jurídica de associação que qualquer agrupamento de empresa
deva adoptar caso lhe venha a ser adjudicada a empreitada;
k) As modalidades de financiamento e entidades financiadoras, quando aplicável;
l) O local, o dia e hora em que terá lugar o acto público do concurso;
m) O tipo de empreitada;
n) O prazo de execução da obra, quando for determinado;
o) Os critérios de apreciação das propostas para adjudicação da empreitada;
p) A data de envio do anúncio para publicação, em cumprimento de acordos
internacionais;
q) A admissibilidade de concorrentes estrangeiros, quando for caso disso, e
condições de admissão.
Artigo 60º
(Esclarecimento de dúvidas surgidas nas interpretações de peças patenteadas)
1. Os esclarecimentos necessários à boa compreensão e interpretação dos elementos
patenteados serão solicitados pelos concorrentes por escrito, no primeiro terço do prazo
fixado para a apresentação das propostas e prestados, também por escrito, pela entidade
para o efeito indicada no programa do concurso, até o fim do terço imediato do mesmo
prazo.
2. Dos esclarecimentos prestados juntar-se-á cópia às peças patentes em concurso e
publicar-se-á imediatamente aviso advertindo os interessados da sua existência e dessa
junção.
Subsecção III
Dos prazos dos concursos
Artigo 61º
(Apresentação das propostas)
As propostas dos concorrentes devem ser apresentadas no prazo fixado no anúncio do
concurso, sob pena de não serem admitidas.
Artigo 62º
(Prazo de apresentação)
1. O dono da obra fixará no anúncio o prazo razoável para a apresentação das propostas,
de harmonia com o volume e a complexidade da obra.
2. Havendo preço base, o prazo do concurso não poderá ser inferior a 20 dias nas
empreitadas até 5 000 contos e a 30 dias nas que tenham valor superior, podendo ir até 90
dias.

564
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

3. Quando não existir preço base, o dono da obra atenderá ao valor provável dos
trabalhos a adjudicar para efeitos de observar os limites fixados no número anterior.
Artigo 63º
(Acto público do concurso)
1. O acto público do concurso deverá ser fixado. Em regra, para o primeiro dia útil que
se seguir ao termo do prazo indicado no anúncio para a apresentação das propostas.
2. Se, por motivo justificado, não for possível realizar o acto público do concurso na
data fixada no anúncio, o dono da obra publicará aviso a fixar a data da realização, mas
nunca depois de 30 dias decorridos sobre o termo do prazo do concurso.
Subsecção IV
Dos concorrentes
Artigo 64º
(Alvarás)
1. Sem prejuízo do disposto no artigo seguinte, só serão admitidos como concorrentes
as empresas titulares de alvará de empreiteiro de obras públicas contendo as autorizações
da natureza indicada no anúncio e no programa do concurso e da classe correspondente ao
valor da proposta.
2. A titularidade do alvará prova-se pela indicação na proposta do respectivo número,
natureza e classe e, no caso de ser exigida, pela exibição dele, no prazo de 48 horas, a
contar da correspondente notificação.
3. Serão admitidos concorrentes estrangeiros quando o aviso de abertura o preveja e os
concorrentes reúnem as condições do artigo 66º.
Artigo 65º
(Obras para que não seja exigido alvará)
1. Quando o valor da empreitada não imponha posse de alvará, poderá ser exigida no
programa do concurso declaração do concorrente da qual conste o equipamentos e pessoal
de que dispõe para a execução da obra.
2. Quando, apesar do valor, a natureza especializada da obra justifique, pode o dono
da obra exigir no anúncio e no programa do concurso, como condição de admissão, a
titularidade do alvará contendo a autorização correspondente, sem prejuízo do disposto no
nº 1 do artigo 67º quanto a concorrentes sedeados no estrangeiro.
Artigo 66º
(Concorrentes estrangeiros)
1. Poderão ser admitidas ao concurso, quando as características da obra o justificarem,
empresas estrangeiras, mediante despacho do Ministro das Infra-estruturas e Transportes.

565
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

2. São ainda admitidas ao concurso, empresas estrangeiras, quando a admissão decorra


de acordos ou compromissos internacionais.
3. Os concorrentes estrangeiros deverão apresentar no concurso os seguintes
documentos:
a) Declaração em que mencionem especificamente o equipamento que dispõem
para a execução da obra e o pessoal especializado que contam empregar;
b) Documento comprovativo da sua capacidade financeira para executar a obra;
c) Prova da sua inscrição na lista de empreiteiros aprovada no país de
estabelecimento e documentos comprovativos da sua idoneidade, experiência
e capacidade técnica e económica para a execução de trabalhos daquela
natureza;
d) Declaração, feita por forma autêntica no país onde residam ou tenham sede,
de que se submetem à legislação cabo-verdiana e ao foro dos tribunais de
Cabo Verde, com renúncia a qualquer outro.
4. Quando a caução for prestada através de garantia de instituição não sedeada em
Cabo Verde, aquela será avalizada por um banco de primeira.
5. A lista dos bancos da primeira será fornecida pelo Ministério das Finanças.
Subsecção V
Da proposta
Artigo 67º
(Conceito e redacção da proposta)
1. A proposta é o documento pelo qual o concorrente manifesta ao dono da obra a
vontade de contratar e indica as condições em que se dispõe e fazê-lo.
2. A proposta deve ser sempre redigida em língua portuguesa e ou noutras indicadas
no anúncio do concurso.
Artigo 68º
(Documento que instruem a proposta)
1. A proposta será instruída com os seguintes documentos:
a) Declaração, com assinatura reconhecida, na qual o concorrente indique o seu
nome, estado civil e domicilio, ou, no caso de ser uma sociedade, dominação
social, a sede, as filiais que interessam à execução do contrato, os nomes dos
titulares dos corpos gerentes e de outras pessoas com poderes para a obrigarem
do registo comercial da constituição e das alterações do pacto social e que não
está em dívida à Fazenda Nacional por contribuições e impostos liquidados
nos últimos três anos;

566
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

b) Programa de trabalhos e planos de pagamentos, elaborados de acordo com


as prescrições do programa de concursos e acompanhado de memória
justificativa e descritiva do modo da execução da obra.
c) Lista de preços unitários que servem de base à proposta;
d) Nota justificativa do preço proposto, tendo em vista o disposto no nº 13 do
artigo 89º;
e) Declaração de instituição bancária ou seguradora com o compromisso de
prestação de garantia bancária ou seguro caução nos termos exigidos para o
concurso, em cada caso de adjudicação ao concorrente;
f) Documento comprovativo do pagamento do imposto sobre o rendimento
do ano mais recente ou documento passado pela repartição de finanças
competente justificativo do não pagamento;
g) Documento comprovativo de se encontrar regularizada a sua situação
relativamente à segurança social;
h) Documentos que forem exigidos no programa do concurso, incluindo, para
os casos em que não seja exigível alvará ou, quando o concorrente seja
estrangeiro, os demais mencionados na lei.
2. A falsidade das declarações sujeita os responsáveis às sanções cominadas para o
crime de falsas declarações na lei penal e o concorrente será excluído do concurso, ou, se a
obra já lhe houver sido adjudicada, ficará a adjudicação sem efeito.
3. Na memória que acompanha o programa de trabalhos o concorrente especificará os
aspectos técnicos que considere essenciais na sua proposta e cuja rejeição implicaria, por
conseguinte, a ineficácia dela.
Artigo 69º
(Esclarecimento da proposta)
Os concorrentes poderão dentro do prazo do concurso, apresentar, em volume lacrado,
quaisquer elementos técnicos que julguem úteis para o esclarecimento das suas propostas
e não se destinem à publicidade, não devendo todavia, em caso algum, esses elementos
contrariar o que conste nos documentos entregues com a proposta, nem ser invocados para
o efeito de interpretação destes últimos.
Artigo 70º
(Proposta simples na empreitada por preço global)
Na empreitada por preço global a proposta será elaborada em conformidade com o
modelo nº 1 anexo a este diploma.
Artigo 71º
(Proposta simples na empreitada por série de preços)
1. Na proposta de empreitada por série de preços utilizarão os concorrentes o modelo
nº 2 anexo ao presente diploma.

567
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

2. O preço total da proposta será o que, atendendo à apresentação da lista de preços


unitários, resultar da soma dos produtos dos preços unitários pelas respectivas quantidades
de trabalho constantes do mapa de medições, e nesse sentido se considerará corrigido o
preço total apresentado pelo empreiteiro, quando diverso do que os referidos cálculos
produzam.
Artigo 72º
(Proposta condicionada)
1. Diz-se condicionada a proposta que envolva alterações de cláusulas de caderno de
encargos.
2. Sempre que, de acordo com o programa de concurso, o concorrente pretenda
apresentar proposta condicionada, adoptará o modelo nº 3 anexo a este diploma, devendo
indicar o valor que atribui a cada uma das condições especiais na mesma incluídas que
sejam diversas das previstas no caderno de encargos.
Artigo 73º
(Proposta com projecto ou variante)
1. As propostas relativas a projecto ou variante da autoria do concorrente serão
elaboradas de acordo com o modelo que for aplicável segundo o disposto nos artigos
anteriores e o que se estipular no programa do concurso e no caderno de encargos.
2. As propostas relativas a variante ao projecto posto a concurso deverão ser elaboradas
obedecendo a sistematização idêntica à da proposta base e em termos que permitam a
sua fácil comparação com esta, nomeadamente no que respeita à natureza e volume dos
trabalhos previstos, ao programa, meios e processos adoptados aos preços unitários e
totais oferecidos e às condições que divirjam das do caderno de encargos ou de outros
documentos do processo de concurso.
Artigo 74º
(Indicação do preço total)
O preço total da proposta deve sempre indicado por extenso, sendo a este que se atende
em caso de divergência com o expresso em algarismo.
Artigo 75º
(Modo de apresentação da proposta e dos demais documentos)
1. A proposta será encerrada, juntamente com os documentos referidos nas alíneas c) e
d) do nº 1 do artigo 68º e o plano de pagamentos, em sobrescrito opaco, fechado e lacrado,
acompanhado de um outro, nas mesmas condições, contendo os restantes documentos
exigidos no nº 1 do referido preceito e de outros quaisquer que no caso especial sejam
exigidos por lei.
2. O concorrente encerrará os dois sobrescritos num terceiro, também lacrado para
ser remetido sob registo e com aviso de recepção, ou entregue contra recibo, à entidade
competente, e que se denominará “sobrescrito exterior”.

568
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

3. No rosto do primeiro sobrescrito referido no nº 1 escrever-se-á a palavra “Proposta”


e no segundo “Documentos”, indicando-se em ambos o nome do concorrente, a designação
da empreitada e a entidade que a pôs a concurso.
4. No rosto do sobrescrito referido no nº 2 escrever-se-á, depois do endereço: “proposta
para o concurso que se realiza em ..., da empreita ...”
5. O disposto nos números anteriores é aplicável à proposta com projecto base do
concorrente, à proposta com variantes ao projecto e aos restantes documentos que a
acompanham, os quais têm de ser devidamente identificados.
Artigo 76º
(Não admissão das propostas)
A proposta não será considerada:
a) Se o concorrente não for titular do alvará contendo autorização ou autorizações
exigidas no programa do concurso ou aquelas se encontrarem suspensas;
b) Se não for redigida em língua portuguesa ou noutra que seja exigida no
anúncio do concurso, acompanhada dos documentos exigidos, também em
língua portuguesa, ou, no caso de o não serem, com tradução devidamente
legalizada ou em relação à qual o concorrente declare aceitar a respectiva
prevalência;
c) Se faltar algum elemento essencial dos incluídos no modelo aplicável;
d) Se, tratando-se de proposta condicionada, contiver alterações de cláusulas do
caderno de encargos em relação às quais o programa do concurso não admita
modificações;
e) Se a proposta tiver sido recebida pelo dono da obra depois do termo do prazo
fixado no anúncio do concurso;
f) Se faltar qualquer documento de apresentação obrigatória ou for recebido
depois do termo do prazo fixado no anúncio do concurso.
Subsecção VI
Do acto público do concurso
Artigo 77º
(Da comissão e da acta do concurso)
1. O acto público do concurso decorre perante uma comissão composta de, pelo menos,
três membros, designados pelo dono da obra e dos quais um servirá de presidente.
2. Os Ministérios da Justiça e das Infra-estruturas e Transportes fixarão por portaria
o valor das empreitadas acima do qual será necessário a assistência ao acto público do
concurso do Procurador-Geral da República ou de um seu representante.

569
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

3. De tudo o que ocorrer no acto do concurso será lavrada acta por um funcionário
designado para servir de secretário da comissão, a qual será subscrita por este e assinada
pelo presidente.
Artigo 78º
(Leitura do anúncio do concurso e dos esclarecimentos publicados
e lista dos concorrentes)
1. O acto inicia-se pela leitura do anúncio do concurso e bem assim dos esclarecimentos
prestados pelo dono da obra sobre interpretação do projecto e caderno de encargos,
declarando-se as datas em que foram publicados.
2. Em seguida elaborar-se á, pela ordem de entrada das propostas, a lista dos
concorrentes, fazendo-se a sua leitura em voz alta.
Artigo 79º
(Reclamação e interrupção do acto do concurso)
1. Finda a leitura, os concorrentes poderão reclamar sempre que:
a) Se verificarem divergências entre o programa do concurso, o anúncio ou os
esclarecimentos lidos e a cópia que dos respectivos documentos lhe haja sido
entregue, ou o constante das respectivas publicações;
b) Não haja sido publicado aviso sobre qualquer esclarecimento de que se tenha
feito leitura ou menção;
c) Não tenha sido tornado público e junto às peças patenteadas qualquer
esclarecimento por escrito a outro ou outros concorrentes;
d) Se haja cometido qualquer infracção dos preceitos imperativos deste diploma.
2. Se for formulada reclamação por não inclusão na lista dos concorrentes, proceder-
se-á, do seguinte:
a) O presidente de comissão interromperá a sessão para averiguar do destino que
teve o sobrescrito contendo a proposta e documentos do reclamante, podendo
se o julgar conveniente, adiar o acto do concurso para outro dia e hora a fixar
oportunamente;
b) Se apurar que o sobrescrito foi tempestivamente entregue no local indicado
no anúncio do concurso, mas não houver sido encontrado, a comissão fixará
ao reclamante, no próprio acto, um prazo para apresentar segunda via da sua
proposta e documentos exigidos, avisando todos os concorrentes da data e
hora a que deverá ter lugar a continuação do acto público do concurso;
c) Se antes da reabertura do concurso for encontrado o sobrescrito do reclamante,
juntar-se-á ao processo para ser aberto na sessão pública, dando-se imediato
conhecimento do facto ao interessado;

570
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

d) Se vier a apurar-se que o reclamante reclamou sem fundamento, com


mero propósito dilatório, ou que a segunda via da proposta não reproduz a
inicialmente entregue, o concorrente será excluído e será feita participação
à Comissão de Alvarás de Empresas de Obras Públicas e Particulares, para
efeitos de cassação dos alvarás de que for titular.
Artigo 80º
(Abertura dos sobrescritos)
1. Proceder-se-á em seguida à abertura dos sobrescritos exteriores pela ordem da sua
entrada nos serviço do dono da obra, extraindo de cada um os dois sobrescrito que devem
conter.
2. Pela mesma ordem se fará imediatamente a abertura dos sobrescritos que contenham
exteriormente a indicação “Documentos”.
Artigo 81º
(Deliberação sobre a habilitação dos concorrentes)
1. Cumprido o que se dispõe nos artigos anteriores, a comissão, em sessão secreta,
deliberará sobre a habilitação dos concorrentes em face dos documentos por eles
apresentados, após o que voltará a tornar-se pública a sessão para se indicarem os
concorrentes excluídos e as razões da sua exclusão.
2. Serão excluídos os concorrentes cujo os documentos estejam abrangidos nas alíneas
b) a e) do artigo 76º.
3. Anotar-se-á na lista dos concorrentes a exclusão daqueles que a comissão tenha
deliberado não admitir.
4. Se os documentos estiveram selados, mas com deficiências de selo, ou alguma
assinatura não estiver reconhecida, devendo-o estar, a comissão admitirá condicionalmente
os concorrentes a que os documentos respeitam e prosseguirá nas operações do concurso,
devendo, porém, tais irregularidade serem sanadas no prazo de dois dias úteis, sob pena de
ficar sem efeito a admissão e serem excluídos do concurso.
5. Se contra as decisões tomadas for deduzida qualquer reclamação, a comissão decidi-
la-á imediatamente.
6. Quando a grande importância ou complexidade da obra o justifique, o anúncio
do concurso poderá prescrever que, abertos os sobrescritos dos documentos, rubricados
pela comissão e relacionados na acta, seja suspenso o acto público por prazo razoável que
permita o estudo dos documentos.
7. Durante esse prazo os sobrescritos das propostas ficarão confiados à Procuradoria-
Geral da República e, decorrido o mesmo, prosseguirá o acto público, começando por
se indicar os concorrentes excluídos e as razões da sua exclusão e seguindo-se demais
trâmites legais.

571
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

Artigo 82º
(Abertura das propostas)
1. Procede-se em seguida à abertura dos sobrescritos que contêm as propostas dos
concorrentes admitidos e pela ordem por que estes se encontrem mencionados na respectiva
lista.
2. Lidas as propostas, a comissão proceder-se-á ao seu exame formal, que poderá
ocorrer em sessão secreta, e decidirá se as admite ou não, atento o disposto no artigo 76º.
3. Da decisão que admite uma proposta pode qualquer outro interessado reclamar.
4. As propostas, bem como os elementos juntos pelos concorrentes, serão rubricadas
por todos os membros da comissão.
5. A comissão fixará um prazo durante o qual os concorrentes ou seus legítimos
representantes podem examinar qualquer proposta e os respectivos documentos.
Artigo 83º
(Registo das exclusões e admissões)
Na lista dos concorrentes far-se-á menção da exclusão de qualquer proposta e das
razões que a fundamentaram, do preço total constante de cada uma das propostas admitidas
e de tudo o mais que a comissão julgue conveniente.
Artigo 84º
(Encerramento da sessão)
Cumprido o que se dispõe nos artigos anteriores, a comissão mandará proceder à
leitura da acta, decidirá quaisquer reclamações que sobre esta forem apresentadas e dará
em seguida por findo o acto público do concurso.
Artigo 85º
(Reclamações)
Todas as reclamações formuladas pelos concorrentes no acto público do concurso
serão exaradas na acta.
Artigo 86º
(Deliberações da comissão)
1. As deliberações da comissão serão tomadas por maioria de votos, prevalecendo, em
caso de empate, o voto do presidente.
2. A comissão poderá, quando considere necessário, reunir em sessão secreta, para
deliberar sobre qualquer reclamação deduzida, interrompendo para esse efeito o acto
público.
3. As deliberações que se tomem sobre reclamações serão fundamentadas e exaradas
na acta.

572
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

4. Se algum dos membros da comissão tiver sido vencido na deliberação, mencionar-


se-á essa circunstância e poderá o vencido ditar para a acta as razões da sua discordância.
Artigo 87º
(Recurso hierárquico)
1. Das deliberações da comissão sobre as reclamações deduzidas poderá qualquer
interessado recorrer para o dono da obra, no próprio acto do concurso, ditando para a acta
o requerimento do concurso.
2. No prazo de 10 dias o requerente apresentará no serviço onde correr o processo do
concurso, as alegações do recurso.
3. O recurso presume-se indeferido se não for decidido pela entidade competente no
prazo de 20 dias, a contar da data de entrega das alegações, não podendo antes da decisão
ou do decurso desse prazo proceder-se a adjudicação.
4. Se for atendido o recurso, praticar-se-ão os actos necessários para sanar os vícios
arguidos, anulando-se o concurso, se for caso disso, na medida do necessário para a
reposição da legalidade.
Subsecção VII
Da adjudicação
Artigo 88º
(Prazo de validade da proposta)
1. Decorrido o prazo de 90 dias, contado da data do acto público de concurso, cessa,
para os concorrentes que não hajam recebido comunicação de lhes haver sido adjudicada a
empreitada, a obrigação de manter as respectivas propostas.
2. Se as propostas deverem ser acompanhadas de projecto base, poderá o dono da obra
fixar, no programa e anúncio do concurso, maior prazo de validade das propostas
3. O prazo a que se referem os números anteriores considerar-se-á prorrogado, por
consentimento tácito dos concorrentes que nada requeiram em contrário, mas nunca por
mais de 60 dias.
4. Decorrido o prazo a que se referem os números anteriores, cessa, para os concorrentes
a quem não tenha sido adjudicada a empreitada, a obrigação de manter as respectivas
propostas.
Artigo 89º
(Critério de adjudicação)
1. A adjudicação será feita à proposta mais vantajosa, ponderando-se factores variáveis,
designadamente o preço de execução, custo de utilização, a rentabilidade, o valor técnico,
as garantias de boa e pontual execução e outros que assumam especial interesse público
geral ou local.

573
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

2. No programa e no anúncio do concurso deverão ser mencionados todos os factores


cuja ponderação está prevista.
3.A adjudicação só poderá ser feita a proposta de preço anormalmente baixo desde
que da nota referida na alínea d) do nº 1 do artigo 68º, resulte a justificação desse preço por
virtude da originalidade do projecto da autoria do concorrente, da economia do processo
da construção ou das soluções técnicas adoptadas ou de condições excepcionalmente
favoráveis de que o concorrente disponha para execução dos trabalhos.
4. A decisão de rejeitar propostas com base no seu valor anormalmente baixo será
sempre fundamentada.
5. Não são considerados para efeitos de adjudicação, salvo verificando-se o disposto
no nº 3, as propostas que ofereçam preço total inferior em mais de 15% à média aritmética
do valor das propostas admitidas no concurso, não entrando para o cálculo dessa média,
excepto se o número de propostas admitidas for inferior a cinco, a proposta mais elevado
e de mais baixo preço.
Artigo 90º
(Alteração da proposta, projecto ou variante)
Quando se trate de um concurso com propostas condicionantes ou projectos ou
variantes da autoria dos concorrentes, o dono da obra poderá acordar com o proponente
escolhido alterações na proposta, projecto ou variante, sem realização de novo concurso,
desde que daí não resulte apropriação de soluções contidas na proposta, projecto ou variante
apresentados por outro concorrente.
Artigo 91º
(Do direito de não adjudicação)
O dono da obra terá direito de não fazer adjudicação:
a) Quando resolva adiar a execução da obra pelo prazo mínimo de um ano;
b) Quando todas as propostas, ou as mais convenientes, ofereçam preço total
consideravelmente superior ao preço base do concurso;
c) Quando, tratando-se de propostas condicionadas, ou de projectos ou variantes
da autoria do empreiteiro, as condições oferecidas e os projectos e variantes
lhe não convenham;
d) Quando, por grave circunstância superveniente, tenha de proceder-se à
revisão e alteração do projecto posto a concurso;
e) Quando haja forte presunção de conluio entre os concorrentes;
f) Quando todas as propostas ofereçam preço total anormalmente baixo e as
respectivas notas justificativas não sejam tidas como esclarecedoras.
g) Relativamente às propostas abrangidas pelo disposto no nº 6 do artigo 89º.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

Artigo 92º
(Minuta do contrato)
1. A minuta do contrato será remetida antes da adjudicação ao concorrente cuja proposta
haja sido preferida, para sobre ela se pronunciar no prazo de 5 dias úteis.
2. Se no prazo referido não se pronunciar, considerar-se-á aprovada a minuta.
Artigo 93º
(Reclamações contra a minuta)
1. Só são admissíveis reclamações contra a minuta de contrato quando dela resultem
obrigações que se não contenham nas peças escritas e desenhadas patentes no concurso, na
proposta ou nos esclarecimentos que sobre esta o concorrente tenha prestado por escrito ao
dono da obra.
2. No prazo máximo de 10 dias a entidade que receber a reclamação comunicará
ao concorrente o que houver decidido sobre ela, entendendo-se que a defere se não se
pronunciar no referido prazo.
3. Da decisão proferida não haverá recurso, mas, se a reclamação não for aceite, total
ou parcialmente, o concorrente ficará desobrigado de contratar, desde que, no prazo de 3
dias, contados da data em que tome conhecimento da decisão do dono da obra, comunique
a este que desiste da empreitada.
Artigo 94º
(Conceito e notificação da adjudicação)
1 A adjudicação é a decisão pela qual o dono da obra aceita a proposta de concorrente
preferido.
2. A adjudicação será notificada ao concorrente preferido, determinando-lhe logo que
preste, no prazo de 8 dias, a caução, cujo valor expressamente se indicará.
3. A adjudicação, será também, comunicada aos restantes concorrentes, logo que se
comprove a prestação da caução.
4. A entidade adjudicante facultará, no prazo de 15 dias a contar da recepção do
respectivo pedido, aos concorrentes que o solicitarem, a acta do acto público do concurso e
o relatório da decisão tomada, sem prejuízo do carácter secreto dos trabalhados da comissão.
Subsecção VIII
Da caução
Artigo 95º
(Função da caução)
1. O adjudicatário garantirá, por caução, o exacto e pontual cumprimento das obrigações
que assume com a celebração do contrato de empreitada.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

2. O dono da obra poderá recorrer à caução, independentemente de decisão judicial,


nos casos em que o empreiteiro não pague nem conteste no prazo legal as multas contratuais
aplicadas ou não cumpra obrigações legais ou contratuais líquidas e certas.
Artigo 96º
(Valor)
A caução será de valor correspondente a 5% do preço total da adjudicação, no caso de
não ser de outro modo estipulado no caderno de encargos.
Artigo 97º
(Modo de prestação)
1. A caução será prestada por depósito de dinheiro ou em títulos emitidos ou garantidos
pelo Estado, ou mediante garantia bancária ou seguro caução.
2. O depósito de dinheiro ou títulos efectuar-se-á à qualquer instituição bancária, à
ordem da entidade indicada no anúncio do concurso, devendo ser especificado o fim a que
se destina.
3. Quando o depósito for efectuado em títulos, estes serão avaliados pelo respectivo
valor nominal, salvo se, nos últimos três meses, a média de cotação na Bolsa ficar abaixo
do par, caso em que a avaliação será feita em 90% dessa média.
4. Se o adjudicatário pretender prestar garantia apresentará documento pelo qual um
estabelecimento bancário legalmente autorizado assegure, até ao limite do valor da caução,
o imediato pagamento de quaisquer importâncias exigidas pelo dono da obra, em virtude
de incumprimento das obrigações a que a garantia respeita e independentemente de decisão
judicial.
5. Se optar pela modalidade de seguro caução o adjudicatário apresentará apólice pela
qual uma entidade legalmente autorizada a realizar este seguro assuma, até ao limite do
valor da caução, o imediato pagamento de quaisquer importância exigidas pelo dono da obra
por força do incumprimento das obrigações a que o seguro respeita, independentemente de
decisão judicial.
6. Todas as despesas derivadas da prestação da caução serão da conta do adjudicatário.
Artigo 98º
(Revalidação da caução)
1. Quando a garantia bancária ou o seguro caução sejam emitidos por prazo fixo, o
adjudicatário deverá apresentar nova caução, com 30 dias de antecedência relativamente
ao termo do prazo da anterior e com validade a partir desta data, de forma a cobrir todo o
prazo de garantia, quando a termo deste se venha a verificar em data posterior à prevista ao
tempo da prestação da garantia ou seguro.

576
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

2. A falta de apresentação de nova caução nos termos do número anterior constitui


fundamento bastante para a rescisão imediata do contrato pelo dono da obra.
Artigo 99º
(Ineficácia da adjudicação por falta de prestação da caução)
Se o adjudicatário não prestar em tempo a caução e não houver sido impedido de
o fazer por facto independente da sua vontade que seja reputado justificação bastante, a
adjudicação considerar-se-á desde logo sem efeito.
Subsecção IX
Do contrato
Artigo 100º
(Prazo para a celebração do contrato)
1. O contrato deverá ser celebrado no prazo de 30 dias, contados da data de prestação
da caução.
2. O dono da obra comunicará ao adjudicatário, por oficio e com a antecipação mínima
de 5 dias, a data, hora e local em que deve comparecer para outorgar o contrato, de acordo
com a minuta aprovada.
3. O adjudicatário perderá a favor do dono da obra a caução prestada, considerando-se
desde logo a adjudicação sem efeito, se não comparecer no dia, hora e local fixados para a
outorga do contrato e não houver sido impedido de o fazer por motivo independente da sua
vontade que seja reputado justificação bastante.
4. Sempre que, nos termos do número anterior, a falta do adjudicatário não for
devidamente justificada, o dono da obra comunicá-la-á à Comissão de Inscrição e
Classificação de Empreitadas de obras Públicas e Obras Particulares.
5. Se o dono da obra não promover a celebração do contrato dentro do prazo estabelecido
no nº 1, poderá o adjudicatário recusar-se a outorgá-lo posteriormente.
Artigo 101º
(Formalidades da celebração do concurso)
1. O contrato revestirá a forma escrita;
2. A celebração de contrato escrito não é exigida quando haja dispensa legal de
concurso ou se trate de despesas provenientes de revisão de preços.
3. O contrato será celebrado, por documento autêntico exarado ou registado em livro
próprio na sede dos serviços competentes, desde que o dono da obra seja o Estado, outra
entidade pública ou serviço dotado de autonomia administrativa e financeira, servindo de
oficial público o funcionário designado nas respectivas leis orgânicas ou estatutos ou, no
silêncio destas, por despacho ministerial.

577
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

4. Quando o dono da obra não seja nenhuma das entidades referidas no número anterior,
o contrato será celebrado por escritura pública.
5.Apôs a assinatura do contrato, o empreiteiro receberá duas cópias autênticas do
mesmo e de todos os elementos que dele façam parte integrante.
6. As despesas e encargos inerentes à celebração do contrato serão da conta do
empreiteiro.
7. No livro em que estiver registado ou exarado o contrato serão averbados os
suplementos e contratos adicionais que posteriormente venham a modificá-lo e que deverão
ser celebrados pela mesma forma.
Artigo 102º
(Representação do dono da obra)
1. A representação do Estado e outras entidades públicas na outorga dos contratos,
cabe ao Ministro das Infra-estruturas e Transportes, ou a funcionário por si designado.
2. Nos serviços dotados de autonomia administrativo e financeira cuja gestão esteja
confiada a um órgão colegial ou a um conselho, a representação pertencerá ao presidente
respectivo, seja qual for o valor da despesa é a entidade a competente para a autorizar.
3. A legitimidade dos poderes para a outorga em representação do Estado ou outra
entidade pública será conferida no despacho que aprovar a minuta.
Artigo 103º
(Conteúdo do contrato)
1. O contrato deverá conter:
a) A identificação dos outorgantes, com a menção do despacho que conferiu
poderes ao representante do dono da obra;
b) A especificação da obra que for objecto da empreitada;
c) Menção do despacho que autorizou a celebração do contrato e do que aprovou
a minuta;
d) A menção do despacho de adjudicação, bem como da despesa do concurso,
quando for caso;
e) O valor da adjudicação, a identificação da lista contratual dos preços unitários
e ainda o encargo total resultante do contrato e a classificação orçamental da
dotação por onde será satisfeito;
f) O teor das condições da proposta, sempre que se trate de proposta condicionada;
g) O prazo de execução da obra, com as datas previstas, de início e termo;

578
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

h) As condições vinculativas do programa de trabalhos;


i) O regime, a forma e os prazos de pagamentos e revisão dos preços;
j) As garantias oferecidas à execução do contrato.
2. Se faltarem no contrato as especificações exigidas nas alíneas f) e h) do número
anterior, considerar-se-ão para todos os efeitos integradas neles as condições da proposta do
adjudicatário e as condições vinculativas da memória descritiva e justificativa do programa
de trabalhos, salvo se o contrato expressamente as excluir ou alterar.
3. O contrato que não contiver as especificações referidas nas alíneas a), b) e e), bem
como as das alíneas g) e i), se estas não constarem dos cadernos de encargos, será nulo e
de nenhum efeito.
Artigo 104º
(Elementos integrados no contrato)
Para todos os efeitos deste diploma consideram-se integrados no contrato, em tudo
quanto por ele não for explicita ou imparcialmente contrariado, o projecto, o caderno de
encargos e os demais elementos patentes no concurso, e bem assim todas as outras peças
que no título contratual se refiram.
SECÇÃO III
Do concurso limitado
Artigo 105º
(Conceito)
Diz-se limitado o concurso em que só podem apresentar proposta as empresas para o
efeito convidadas pelo dono da obra.
Artigo 106º
(Modalidades de concurso limitado)
1. O concurso limitado pode ser realizado com ou sem apresentação de candidaturas.
2. No concurso limitado sem apresentação de candidaturas, as empresas a convidar
para a apresentação de proposta, em número não inferior a três, serão escolhidas pelo dono
da obra, de acordo com o conhecimento e experiência que delas tenha.
3. No concurso limitado com a apresentação de candidaturas, todas as empresas que
preencham as condições técnicas, económicas e outras definidas no anúncio que se refere
o nº 1 do artigo 108º podem solicitar a sua participação, convidando o dono da obra os
candidatos seleccionados com base nas informações obtidas nos termos da alínea c) do nº
1 do artigo 108º a apresentar proposta destinada à execução da obra.
4. A modalidade de concurso limitado sem apresentação de candidaturas só poderá
aplicar-se a obras cujo valor não exceda o limite até ao qual, em face da legislação respectiva,

579
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

é licito ao dono da obra optar pelo concurso limitado independentemente de autorização


especial, sendo obrigatória, em todos os demais casos, a modalidade referida no nº 3.
Artigo 107º
(Regime legal do concurso)
O concurso limitado reger-se-á pelas disposições que regulam o concurso público em
tudo que não seja incompatível com a sua natureza ou com as disposições dos artigos
seguintes.
Artigo 108º
(Abertura do concurso)
1. Os concursos limitados com apresentação de candidaturas serão abertos mediante
anúncio de que deverão constar:
a) Os elementos referidos nas alíneas a), b), c), e), j), l), n), o), p),q) do nº 2 do
artigo 59º;
b) As condições de carácter profissional, técnico, económico e outras que sejam
exigidas aos interessados para se candidatarem ao concurso;
c) Os documentos e declarações posteriormente confirmáveis, relativas à
situação dos candidatos, designadamente no que se refere ao preenchimento
das condições das referidas no número anterior e ao cumprimento do artigo
64º;
d) O prazo para a recepção dos pedidos de participação, o endereço para onde
devem ser remetidos e a língua ou línguas em que devam ser redigidos;
e) O prazo dentro do qual serão enviados os convites do dono da obra aos
candidatos seleccionados para a apresentação de propostas;
f) Se for caso disso, em virtude do volume ou especialidade da obra ou do nível
de qualificações exigidas para as candidaturas, a data, hora e local da sessão
pública que se resolva efectuar para abertura dos pedidos de participação.
2. Os convites para apresentação de propostas serão enviados simultaneamente a todos
os interessados convidados e deverão referir:
a) O anúncio do concurso;
b) As informações mencionadas nas alíneas d), g), h), i), m), do nº 2 do artigo
59º;
c) Os documentos e informações ajuntar pelos concorrentes às suas propostas,
seja comprovação das declarações previstas na alínea c) do nº 1, seja como
complemento ou esclarecimento das informações e documentos ali exigidos.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

Artigo 109º
(Prazos)
1. Nos concursos sem apresentação de candidaturas o prazo de apresentação das
propostas será livremente fixado pelo dono da obra.
2. Nos concursos com apresentação de candidaturas o prazo para a apresentação do
pedido de participação não poderá ser inferior a 20 dias, contados da publicação do anúncio.
3. O prazo de apresentação das propostas será fixado pelo dono da obra não podendo
ser inferior a 20 dias a contar da data de recepção do convite.
4. Os pedidos de participação e os convites para apresentação das propostas podem ser
efectuados por carta, telegrama, telex, telefax ou telefone, devendo o pedido de participação
ser confirmado por carta no prazo do nº 1 do presente artigo se o meio utilizado não tiver
sido este.
Artigo 110º
(Acto público de concurso)
No acto público do concurso será feita a leitura do anúncio e do convite ou circular
enviada aos concorrentes, consoante os casos.
Artigo 111º
(Critérios de adjudicação)
1. No concurso limitado sem apresentação de candidaturas, quando se trate de
propostas não condicionadas, a adjudicação será obrigatoriamente feita à proposta de mais
baixo preço.
2. No concurso limitado com apresentação de candidaturas e no concurso sem
apresentação de candidaturas quando se trate de propostas condicionadas, a adjudicação
far-se-á nos termos estabelecidos para o concurso público.
3. É aplicável ao concurso limitado o disposto nos números 3 e 6 do artigo 89º.
Secção IV
Do ajuste directo
Artigo 112º
(Conceito)
A empreitada diz-se celebrada por ajuste directo quando o empreiteiro é escolhido
independentemente de concurso.
Artigo 113º
(Modo de celebração)
Se não for dispensado contrato formal, este celebrar-se-á nos termos estabelecidos
para os contratos precedidos de concurso.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

Secção V
Disposições relativas à empreitada por percentagem
Artigo 114º
(Formação do contrato)
A formação do contrato de empreitada por percentagem rege-se pelo disposto nas
secções anteriores, em tudo quanto não contrarie a sua natureza e o estabelecido no artigo
seguinte
Artigo 115º
(Conteúdo do contrato)
1. O título contratual deverá conter:
a) A identificação dos outorgantes, com menção do despacho que conferiu
poderes ao representante do dono da obra no contrato;
b) A especificação dos trabalhos que constituem objecto do contrato, com
referencia ao respectivo projecto, quando exista;
c) A indicação do diploma ou do acto que haja autorizado a adjudicação, quando
tal autorização seja legalmente necessária;
d) O valor máximo dos trabalhos a realizar;
e) O prazo máximo dos trabalhos a realizar;
f) O prazo dentro do qual os trabalhos deverão ficar concluídos;
g) As percentagens para encargos de administração própria e lucro do
empreiteiro;
h) As percentagens para depreciação de utensílios e de máquinas e as quantias
destinadas a instalação de estaleiros;
i) As estipulações especiais sobre forma de pagamento, se a elas houver lugar.
2. O contrato será nulo quando não contiver as especificações indicadas nas alíneas a),
b), e), f), g) e h) do nº 1.
CAPÍTULO III
Da execução da empreitada
SECÇÃO I
Disposições gerais
Artigo 116º
(Notificações relativas à execução da empreitada)
1. As notificações das resoluções do dono da obra ou seu do seu fiscal serão sempre
feitas por escrito, assinadas pelo fiscal da obra, ao empreiteiro ou seu representante.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

2. A notificação será feita mediante entrega do texto da resolução notificada em


duplicado, devolvendo ao empreiteiro ou representante um dos exemplares como recebeu.
3. No caso de o notificado se recusar a receber a notificação ou a passar recibo, o
fiscal da obra lavrará auto do ocorrido, perante duas testemunhas que com ele assinem, e
considerará feita a notificação.
Artigo 117º
(Ausência do local da obra do empreiteiro ou seu representante)
O empreiteiro ou seu representante não poderá ausentar-se do local dos trabalhos sem
o comunicar ao fiscal da obra, deixando um substituto aceite pelo dono da obra.
Artigo 118º
(Polícia no local dos trabalhos)
1. O empreiteiro é obrigado a manter a polícia e boa ordem no local dos trabalhos, a
realizar e retirar destes, sempre que lhe seja ordenado, o pessoal que haja desrespeitado os
agentes do dono da obra, provoque indisciplina ou seja menos probo no desempenho dos
seus deveres.
2. A ordem deverá ser fundamentada por escrito quando o empreiteiro o exija, mas sem
prejuízo da imediata suspensão do pessoal.
Artigo 119º
(Actos para que seja exigida a presença do empreiteiro)
1. O empreiteiro ou o seu representante acompanhará os representantes do dono da
obra nas visitas de inspecção aos trabalhos, quando para tal seja convocado, e bem assim
em todos os actos em que a sua presença for exigida.
2. Sempre que, nos termos do presente diploma, ou no contrato, da diligência
efectuada deva lavrar-se auto, será ele assinado pelo fiscal da obra e pelo empreiteiro ou
seu representante, ficando um duplicado na posse deste.
3. Se o empreiteiro ou se representante se recusar a assinar o auto, nele se fará menção
disso e da razão do facto, o que será confirmado por duas testemunhas, que também o
assinarão.
4. A infracção do disposto neste artigo e no antecedente será punida com multa de
10.000$00, elevada ao dobro em caso de reincidência.
Artigo 120º
(Pagamento de salários)
1. O empreiteiro afixará, por forma bem visível, no local da obra e depois de autenticada
pela fiscalização, a tabela de salários mínimos pagos ao pessoal empregue na obra, de acordo
com a lei, e comunicará ao dono da obra a periodicidade em que efectuará os pagamentos.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

2. Em caso de atraso do empreiteiro no pagamento de ordenados e salários, o dono da


obra poderá satisfazer os que se encontrem comprovadamente em dívida, descontando nos
primeiros pagamentos a efectuar ao empreiteiro, as somas despendidas para esse fim.
Artigo 121º
(Seguro)
O empreiteiro deverá segurar contra acidentes no trabalho e doenças profissionais todo
o seu pessoal, apresentando a apólice respectiva antes do início dos trabalhos e sempre que
lhe for exigido pelo fiscal da obra.
Artigo 122º
(Publicidade)
O empreiteiro não poderá consentir ou fazer no local dos trabalhos qualquer espécie de
publicidade sem autorização do fiscal da obra.
Artigo 123º
(Morte, interdição ou falência do empreiteiro)
1. Se depois de assinado o contrato, o empreiteiro falecer ou, por sentença judicial for
interdito, inabilitado ou declarado em estado de falência, verificar-se-á a caducidade do
contrato.
2. O dono da obra poderá, se lhe convier, que os herdeiros do empreiteiro falecido
tomem sobre si o encargo do seu cumprimento, desde que se habilitem, para o efeito, nos
termos legais.
3. Quando o empreiteiro se apresente ao Tribunal para a declaração de falência e
houver acordo de credores, poderá o dono da obra consentir que o contrato continue com
a sociedade formada pelos credores quando o requeiram e as obras não tenham sofrido
entretanto interrupção.
4. Verificada a caducidade do contrato, proceder-se-á à medição dos trabalhos
efectuados e à sua liquidação pelos preços unitários respectivos, se existirem, ou, no caso
contrário, nos que forem fixados por acordo, por arbitragem ou judicialmente, observando-
se, na parte aplicável, as disposições relativas à recepção e liquidação da obra, precedendo-
se inquérito administrativo.
5. Por virtude da caducidade, os herdeiros ou credores terão direito à seguinte
indemnização:
a) 5 por cento do valor dos trabalhos não efectuados, se a morte ou falência
ocorrer durante a execução do contrato;
b) Se a morte ou falência ocorrer antes do início dos trabalhos, o valor
correspondente às despesas comprovadamente feitas para a execução do
contrato de que os futuros executantes possam tirar proveito e que não sejam

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

cobertas pela aquisição dos estaleiros, equipamentos e materiais a que se


refere o nº 7.
6. Não haverá lugar a qualquer indemnização:
a) Se a falência for julgada culposa ou fraudulenta;
b) Se provar que a impossibilidade de solver os compromissos exista já a data da
apresentação das propostas no concurso;
c) Se os herdeiros ou credores do empreiteiro se não habilitarem a tomar sobre
si o encargo do cumprimento do contrato.
7. O destino dos estaleiros, equipamentos e materiais existentes na obra ou a esta
destinados regular-se-á pelas normas aplicáveis no caso de rescisão do contrato pelo
empreiteiro.
8. As quantias que, nos termos dos números anteriores, a final se apurarem serem
devidas à herança ou à massa falida serão depositadas numa instituição bancária, para
serem pagas a quem se mostrar com direito.
Artigo 124º
(Trepasse de empreitada)
1. O empreiteiro não poderá trespassar a empreitada, no todo ou em parte, sem a prévia
autorização do dono da obra.
2. O dono da obra não poderá, sem a concordância do empreiteiro, retirar da empreitada
quaisquer trabalhos ou parte da obra para os fazer executar por outrem.
3. Se o empreiteiro trespassar a empreitada sem observância do disposto no nº 1,
poderá o dono da obra rescindir o contrato.
4. Se o dono da obra deixar de cumprir o disposto no nº 2, terá o empreiteiro direito a
rescindir o contrato.
SECÇÃO II
Da consignação da obra
Artigo 125º
(Conceito e efeitos da consignação da obra)
Chama-se consignação da obra ao acto pelo qual o representante do dono da obra
faculta ao empreiteiro os locais onde hajam de ser executados os trabalhos e as peças
escritas ou desenhadas complementares do projecto que sejam necessárias para que possa
proceder-se a essa execução.
Artigo 126º
(Prazo para a execução da obra e sua prorrogação)
1. O prazo fixado no contrato para a execução da obra começa a contar-se da data da
consignação.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

2. Sempre que por imposição do dono da obra ou em virtude de deferimento de


reclamação do empreiteiro haja lugar à execução de trabalhos a mais, o prazo contratual
para a conclusão da obra será prorrogado, a requerimento do empreiteiro, na proporção do
valor desses trabalhos relativamente ao valor da empreitada.
3. Nos casos a que se refere o artigo 29º, terá o empreiteiro direito a uma prorrogação
adicional do prazo da conclusão da obra, por período igual ao decorrido para a fixação ou
acordo sobre os novos preços.
Artigo 127º
(Prazo de consignação)
1. No prazo máximo de 30 dias, contados da data da assinatura do contrato, far-se-á
a consignação da obra, comunicando-se ao empreiteiro, por carta registada com aviso de
recepção, o dia, a hora e lugar em que deve apresentar-se.
2. Quando o empreiteiro não compareça no dia fixado e não haja justificado a falta, ser-
lhe-á marcado, pela entidade que deve proceder à consignação, um prazo improrrogável
para se apresentar, e, se no decurso dele não comparecer, caducará o contrato, respondendo
civilmente o empreiteiro pela diferença entre o valor da empreitada no contrato caduco
e aquele que a obra vier a ser de novo adjudicada, com perda da caução e consequente
comunicação, para os fins convenientes, à Comissão de Inscrição e Classificação de
Empreiteiros de Obras Públicas e Particulares.
3. Se dentro do prazo referido no nº 1 do artigo anterior não estiverem ainda na posse
do dono da obra todos os terrenos necessários para a execução dos trabalhos, far-se-á a
consignação logo que essa posse a seja adquirida
Artigo 128º
(Consignações parciais)
1. Poderá o dono da obra proceder a consignações parciais, começando pelos terrenos
onde os trabalhos devam iniciar-se, desde que esteja assegurada a posse dos restantes
em tempo que garanta a não interrupção da obra e o normal desenvolvimento do plano
de trabalho, nos casos em que, pela extensão e importância da obra, as operações de
consignação demandam muito tempo ou não possam efectuar-se logo na totalidade por
qualquer outra circunstancia.
2. Se se realizarem consignações parciais, a data do início da execução da obra é a da
primeira consignação parcial, desde que a falta de oportuna entrega de terrenos ou peças
escritas e desenhadas não determine qualquer interrupção da obra ou não prejudique o
normal desenvolvimento do plano de trabalhos.
3. Se, no caso do número anterior, a falta de oportuna entrega de terrenos determinar
qualquer interrupção da obra ou prejudicar o normal desenvolvimento do plano de trabalhos
considera-se iniciada a obra na data da última consignação parcial podendo, no entanto, o

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

prazo ser alterado, por acordo entre o dono da obra e o empreiteiro, em correspondência
com os volumes de trabalho a realizar a partir dessa data.
Artigo 129º
(Retardamento da consignação)
1. O empreiteiro pode rescindir o contrato:
a) Se não for feita consignação no prazo de seis meses, contados da data em que
deveria efectuar-se;
b) Se, havendo sido feitas uma ou mais consignações parciais, o retardamento
da consignação ou consignações subsequentes acarretar a interrupção dos
trabalhos por mais de seis meses seguidos ou interpolados.
2. Todo o retardamento das consignações de que resulte interrupção da obra ou
perturbação do normal desenvolvimento do plano de trabalhos e que não seja imputável ao
empreiteiro dá a este direito de ser indemnizado pelos danos sofridos como consequência
necessária desse facto.
3. Se, nos casos dos dois números anteriores, o retardamento da consignação for devido
a caso imprevisto ou de força maior, a indemnização a pagar ao empreiteiro limitar-se-á aos
danos emergentes.
Artigo 130º
(Auto de consignação)
1. Da consignação será lavrado auto, no qual se fará referência ao contrato e se
mencionarão:
a) As modificações que, em relação ao projecto, se tenham dado no local em que
os trabalhos hão de ser executados e que possam influir no seu custo;
b) As operações executadas, tais como restabelecimento de traçados,
implantações de obras e colocação de referencias;
c) Os terrenos e construções de que se dê posse ao empreiteiro;
d) Quaisquer peças escritas ou desenhadas, complementares do projecto, que no
momento foram entregues ao empreiteiro;
e) As reclamações ou reservas apresentadas pelo empreiteiro relativamente ao
acto de consignação e os esclarecimentos que forem prestados pelo delegado
do dono da obra.
2. O auto de consignação será lavrado em duplicado e assinado pelo delegado do dono
da obra que fizer a consignação e pelo empreiteiro ou representante deste.
3. Nos casos de consignação parcial lavrar-se-ão tantos autos quantas as
consignações.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

Artigo 131º
(Modificação das condições locais e suspensão da consignação)
1. Quando se verifiquem, entre as condições locais existentes e as previstas no projecto
ou os dados que serviram de base à sua elaboração, diferenças que possam determinar a
necessidade de um projecto de alteração, a consignação será suspensa, podendo, no entanto,
prosseguir quanto às zonas da obra que não sejam afectadas pelo projecto de alteração,
desde que se verifiquem as condições estabelecidas para a realização de consignações
parciais.
2. A consignação suspensa só poderá prosseguir depois de terem sido notificadas ao
empreiteiro as alterações introduzidas no projecto.
Artigo 132º
(Reclamação do empreiteiro)
1. O empreiteiro deverá fazer exarar as suas reclamações no próprio auto de consignação,
podendo, porém limitar-se a anunciar o seu objecto e reservar-se a apresentar por escrito
exposição fundamentada, dentro do prazo de 10 dias.
2. Se o empreiteiro não proceder como se dispõe no número anterior, tornar-se-ão
como definitivos os resultados do auto, sem prejuízo, todavia, da possibilidade de reclamar
contra erros ou emissões do projecto, se for caso disso.
3. A reclamação exarada ou anunciada no auto será decidida pelo dono da obra no
prazo de 20 dias, a contar da data do auto ou da entrega da exposição, conforme os casos,
e com essa decisão terá o empreiteiro de conformar-se para efeitos de prosseguimento dos
trabalhos, sem prejuízo do direito de impugnação pelos meios legais, a qual não terá efeito
suspensivo.
4. Atendida pelo dono da obra a reclamação, ou se a mesma não for decidida no prazo
fixado no número anterior, considerar-se-á como não efectuada a consignação na parte
abrangida pela reclamação.
Artigo 133º
(Indemnização)
1. Se, no caso de o empreiteiro querer usar o direito de rescisão por retardamento da
consignação, ou em seguimento de suspensão da consignação, esse direito lhe for negado
pelo dono da obra e posteriormente se verificar, pelos meios competentes, que tal negação
era ilegítima, deverá o dono da obra indemnizá-lo dos danos resultantes do acto de não
haver podido exercer o seu direito oportunamente.
2. A indemnização limitar-se-á às perdas e danos emergentes do cumprimento do
contrato que não derivem de originaria insuficiência dos preços unitários da proposta ou
dos erros desta, e só será devida quando o empreiteiro, na reclamação formulada no auto
da consignação, tenha manifestado expressamente a sua vontade de rescindir o contrato,
especificando o fundamento legal.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

SECÇÃO III
Do plano de trabalhos
Artigo 134º
(Objecto e aprovação do plano de trabalhos)
1. O plano de trabalhos destina-se à fixação da ordem, prazo, e ritmo de execução
de cada uma das espécies de trabalhos que constituem a empreitada e á especificação dos
meios com que o empreiteiro se propõe executá-los, sendo necessariamente acompanhado
do plano de pagamentos com a previsão do esclarecimento e periodicidade dos pagamentos
a efectuar durante o prazo contratual.
2. No prazo estabelecido no caderno de encargos ou no contrato e que não poderá
exceder 90 dias, contados da data da consignação, o empreiteiro apresentará ao fiscal da
obra, para aprovação, o seu plano definitivo de trabalhos.
3. O dono da obra pronunciar-se-á sobre o plano de trabalhos no prazo máximo de
30 dias, podendo introduzir-lhe modificações considerados convenientes, não lhe sendo,
contudo, permitido alterá-lo nos pontos que hajam constituído condição essencial da
validade da proposta do empreiteiro, salvo acordo prévio com o empreiteiro.
4. Aprovado o plano de trabalhos, com ele se deverá conformar a execução da obra.
Artigo 135º
(Modificação do plano de trabalhos)
1. O dono da obra poderá alterar, em qualquer momento, o plano de trabalhos em vigor,
ficando o empreiteiro com direito a ser indemnizado dos danos sofridos em consequência
dessa alteração.
2. O empreiteiro pode, em qualquer momento, propor modificações ao plano de
trabalhos ou apresentar outro para substituir o vigente, justificando a sua proposta, sendo
a modificação ou novo plano aceites desde que deles não resulte prejuízo para a obra ou
prorrogação dos prazos de execução.
Artigo 136º
(Atraso no cumprimento do plano de trabalhos)
1. Se o empreiteiro, injustificadamente, retardar a execução dos trabalhos previstos
no plano em vigor, de modo a pôr em risco a conclusão da obra dentro do prazo resultante
do contrato, o fiscal da obra, poderá notificá-lo para apresentar, nos quinze dias seguintes
o plano dos diversos trabalhos que em cada um dos meses seguintes conta executar, com
indicação dos meios de que se vai servir.
2. Se o empreiteiro não cumprir a notificação prevista no número anterior, ou se a
resposta for dada em termos pouco precisos ou insatisfatórios, o fiscal da obra, quando,
devidamente autorizado, elaborará novo plano dos trabalhos, acompanhado de uma
memória justificativa da sua validade, e notificá-lo-á ao empreiteiro.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

3. Nos casos previstos no número anterior, será concedido ao empreiteiro prazo


suficiente para proceder ao reajustamento ou à organização dos estaleiros necessários à
execução do plano notificado.
4. Se o empreiteiro não der cumprimento ao plano de trabalhos por si próprio
apresentado ou lhe haja sido notificado nos termos dos números antecedentes, poderá o
dono da obra tomar a posse administrativa das obras, bem como dos materiais, edificações,
estaleiros, ferramentas, maquinas e veículos nela existentes, encarregando pessoa idónea
da gerência e administração da empreitada por conta do empreiteiro e procedendo aos
inventários, medições e avaliações necessários.
5. Cumprindo o que se dispõe no número anterior, a empreitada continuará assim
administrada até a conclusão dos trabalhos, ou será posta de novo em praça em qualquer
altura da sua execução, conforme for mais conveniente aos interesses do dono da obra.
6. Em ambos os casos de que se trata o número antecedente, qualquer excesso de
despesa ou aumento de preços que se verifique, correrão por conta das somas que se devem
ao empreiteiro e pelas forças do depósito de garantias, sem prejuízo do direito que ao dono
da obra assiste de se fazer pagar por força de todos os bens daquele, se as referidas quantias
forem insuficientes.
7. Se da administração por terceiro ou da nova praça resultar qualquer economia,
pertencerá esta ao dono da obra e nunca ao empreiteiro, ao qual serão, todavia, neste caso,
restituídos o depósito de garantia e as quantias retidas, logo que, decorridos os prazos de
garantia, a obra se encontre em condições de ser definitivamente recebida, tendo ainda
o empreiteiro direito a ser pago, na medida em que a economia obtida o permita, das
importâncias correspondentes à amortização do seu equipamento durante o período em
que foi utilizado depois da posse administrativa ou do valor do aluguer estabelecido para a
utilização desse equipamento pelo novo empreiteiro.
8. No caso previsto no número 4 deste artigo poderá também o dono das obras, quando
o julgue preferível, optar para a rescisão pura e simples do contrato, com perda para o
empreiteiro do depósito de garantia das quantias retidas.
SECÇÃO IV
Da execução dos trabalhos
Artigo 137º
(Data do início dos trabalhos)
1. Os trabalhos serão iniciados na data fixada no respectivo plano.
2. O dono da obra poderá consentir que os trabalhos sejam iniciados em data posterior
quando o empreiteiro alegue e prove razões justificativas do atraso.
3. Caso o empreiteiro não inicie os trabalhos de acordo com plano, nem obtenha
adiamento, o dono da obra poderá rescindir o contrato, a não ser que opte pela aplicação da

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

multa por cada dia de atraso, correspondente ao período de adjudicação, se outro montante
não estiver estabelecido no caderno de encargos.
4. No caso de ser rescindido o contrato serão aplicáveis as normas prescritas para a não
comparência do empreiteiro ao acto de consignação.
Artigo 138º
(Elementos necessários para a execução e medição dos trabalhos)
1. Nenhum elemento da obra será começado sem que ao empreiteiro tenham sido
entregues, devidamente autenticados, os planos, perfis, alçados, cortes, cotas de referência
e demais indicações necessárias para perfeita identificação e execução da obra de acordo
com o projecto ou suas alterações e para a exacta medição dos trabalhos quando estes
devam ser pagos por medições.
2. Serão demolidos e reconstruídos pelo empreiteiro à sua custa, sempre que isso seja
ordenado por escrito, todos os trabalhos que tenham sido realizados com infracção do
disposto no nº 1 deste artigo ou executados em desconformidade com os elementos nele
referidos.
Artigo 139º
(Demora na entrega dos elementos necessários
para a execução e medição dos trabalhos)
Se a demora na entrega dos elementos técnicos mencionados no nº 1 do artigo anterior
implicar a suspensão ou interrupção dos trabalhos ou o abandono do ritmo da sua execução,
proceder-se-á segundo o disposto para os casos de suspensão dos trabalhos pelo dono da
obra.
Artigo 140º
(Objectos de arte e antiguidades)
1. Todos os objectos de arte, antiguidades, moedas e quaisquer substâncias minerais
ou de outra natureza, com valor histórico, arqueológico ou cientifico, encontrados nas
escavações ou demolições serão entregues pelo empreiteiro ao fiscal da obra, por auto
donde conste especificamente a natureza da entrega.
2. Quando a extracção ou desmontagem do objecto envolverem trabalhos,
conhecimentos ou processos especializados, o empreiteiro comunicará o achado ao fiscal
da obra e suspenderá a execução da obra até receber as instruções necessárias.
3. O descaminho ou destruição de objectos compreendidos entre os mencionados neste
artigo serão participados pelo fiscal ou pelo dono da obra ao agente do Ministério Público
da Comarca competente para procedimento criminal.
4. De todos os achados dará o dono da obra conhecimento ao departamento
governamental que integra os serviços de protecção do património.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

SECÇÃO V
Dos materiais
Artigo 141º
(Especificações)
1. Todos os materiais que se empreguem nas obras terão a qualidade, dimensões,
forma e demais características designadas no respectivo projecto, com as tolerâncias
regulamentares ou admitidas no caderno de encargos.
2. Sempre que o empreiteiro julgue que as características dos materiais fixadas no
projecto ou no caderno da encargos não são tecnicamente aconselháveis ou as mais
convenientes, comunicará o facto ao fiscal da obra e fará uma proposta fundamentada
de alteração a qual será acompanhada de todos os elementos técnicos necessários para a
aplicação dos novos materiais e execução dos trabalhos correspondentes, bem como da
alteração de preços a que a aplicação daqueles materiais possa dar lugar e do prazo em que
o dono da obra deve pronunciar-se.
3. Se o dono da obra não se pronunciar sobre a proposta no prazo nela indicado e
não ordenar por escrito a suspensão dos respectivos trabalhos, utilizará o empreiteiro os
materiais previstos no projecto ou no caderno de encargos.
4. Sempre que o projecto ou caderno de encargos ou o contrato não fixem as
características dos materiais, será o empreiteiro livre de decidir como melhor entender,
respeitando, no entanto, as respectivas normas oficiais em vigor e as características
habituais em obras análogas.
5. Qualquer especificação do projecto ou cláusula do caderno de encargos ou do
contrato em que se estabeleça que incumbirá ao dono da obra ou ao fiscal a fixação das
características técnicas dos materiais será nula.
6. O aumento ou diminuição de encargos resultante da alteração das características
técnicas materiais será, respectivamente, acrescido ou deduzido ao preço da empreitada.
Artigo 142º
(Exploração de pedreiras, saibreiras, areeiros e semelhantes)
1. Os materiais a aplicar na obra, provenientes da exploração de pedreiras, saibreiras,
areeiros ou semelhantes, serão em regra extraídos nos locais fixados no projecto no caderno
de encargos ou no contrato, e, quando tal exploração não for especificamente imposta,
noutros que mereçam a preferência do empreiteiro, sendo neste caso, a aplicação dos
materiais precedida de aprovação do fiscal da obra.
2. Se o empreiteiro aceitar a extracção dos materiais nos locais fixados no projecto,
caderno de encargos ou no contrato e se, durante a execução da obra e por exigências desta,
for necessário que passe a explorar todos ou alguns deles em lugares diferentes, proceder-

592
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

se-á rectificação dos custos dos trabalhos onde esses materiais são aplicados, aumentando-
se ou deduzindo-se o acréscimo ou a redução de encargos consequentes da transferência
dos locais de extracção.
3. Quando a extracção dos materiais for feita em locais escolhidos pelo empreiteiro,
a sua transferência não determinará qualquer alteração do custo dos trabalhos, salvo nos
casos previstos nos artigos seguintes ou se resultar da imposição pelo dono ou pelo fiscal
da obra da aplicação de materiais com características diferentes das fixadas no projecto ou
no caderno de encargos.
4. Para rectificação do custo dos trabalhos seguir-se-á o disposto relativamente às
alterações do projecto.
Artigo 143º
(Expropriação)
1. Quando no projecto, no caderno de encargos ou no contrato se não fixarem
pedreira, saibreiras, ou areeiros donde o empreiteiro possa extrair os materiais precisos
para a construção, terá direito a obter expropriação por utilidade pública urgente e a
utilizar os meios legais para as explorar à sua custa em prédios particulares, mediante justa
indemnização e reparando todos os prejuízos a que der causa pela extracção, transporte e
depósito dos materiais. Neste caso, deverá apresentar, quando lhe seja exigido pelo dono
da obra os seus agentes, os contratos ou ajustes que, para aquele efeito, tiver celebrado com
os proprietários.
2. Enquanto durarem os trabalhos da empreitada, os terrenos por onde haja de fazer-se
o conveniente acesso aos locais de exploração de pedreiras, saibreiras ou areeiros, ficam
sujeitos ao regime legal de servidão temporária.
Artigo 144º
(Novos locais de exploração)
Se, durante a execução dos trabalhos, o dono da obra, por motivos alheios a esta,
tiver necessidade ou conveniência de aplicar materiais provenientes de locais diversos
dos fixados no projecto, no caderno de encargos ou no contrato, ou dos escolhidos pelo
empreiteiro, poderá ordená-lo, desde que proceda à rectificação do custo dos trabalhos
onde esses materiais sejam aplicados.
Artigo 145º
(Materiais pertencentes ao dono da obra ou provenientes
de outras obras ou demolições)
1. Se o dono da obra julgar conveniente empregar nela materiais que lhe pertençam
ou provenientes de demolições ou de outras obras, será o empreiteiro obrigado a fazê-lo,
descontando-se se for caso disso, no preço da empreitada o respectivo custo ou rectificando-
se o preço dos trabalhos em que devam aplicar-se, seguindo-se, no que for aplicável, o
disposto no artigo 29º.

593
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

2. O disposto no número anterior não será aplicável se o empreiteiro demonstrar já


tiver adquirido os montantes necessários para a execução dos trabalhos, ou na medida em
que tiver feito.
Artigo 146º
(Aprovação de materiais)
1. Sempre que deva ser verificada a conformidade das características dos materiais
a aplicar com as estabelecidas no projecto, no caderno de encargo ou no contrato, o
empreiteiro submeterá os materiais à aprovação do fiscal da obra.
2. Em qualquer momento poderá o empreiteiro solicitar a aprovação referida, a qual
se considera concedida se o fiscal da obra se não pronunciar nos dez dias subsequentes, a
não ser que os ensaios exijam período mais largo, facto que, naquele prazo, se comunicará
ao empreiteiro.
3. O empreiteiro é obrigado a fornecer as amostras de materiais que forem solicitadas
pelo fiscal da obra.
4. A colheita e a remessa das amostras far-se-á de acordo com as normas oficiais em
vigore ou com outras que por ventura sejam impostas pelo contrato.
5. O caderno de encargos da empreitada deverá especificar os ensaios cujo custo de
realização deva ser suportado pelo empreiteiro, entendendo-se, em caso de omissão, que os
encargos com a realização dos ensaios são de conta do dono da obra.
Artigo 147º
(Reclamação quando à aprovação de materiais)
1. Se for negada a aprovação e o empreiteiro entender que deverá ter sido concedida,
por os materiais satisfazer as condições do contrato, poderá pedir a imediata colheita de
amostras e apresentar ao fiscal da obra a sua reclamação, fundamentada, no prazo de 5 dias.
2. Considerar-se-á deferida a reclamação se o fiscal da obra se não pronunciar sobre ela
nos 5 dias subsequentes, a não ser que exijam período mais largo quaisquer novos ensaios
a realizar, facto que, naquele prazo se comunicará os empreiteiros.
3. Em caso de indeferimento pelo fiscal da obra, cabe recurso hierárquico, para
instrução do qual se poderá proceder a novos ensaios.
4. Os novos ensaios a que a reclamação do empreiteiro dê origem serão custeados por
este, salvo estipulação em contrário.
Artigo 148º
(Efeitos de aprovação dos materiais)
1. Aprovados os materiais posto ao pé da obra, não podem os mesmos ser posteriormente
rejeitados, salvo se ocorrerem circunstâncias que modifiquem a sua qualidade.

594
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

2. No acto da aprovação dos materiais poderá o empreiteiro exigir que se colham


amostras de qualquer deles.
3. Se a modificação da qualidade dos materiais for devida a circunstâncias imputáveis
a culpa do empreiteiro, deverá esta substituí-los à sua custa. Mas se for devido a caso de
força maior, terá o empreiteiro direito a ser indemnizado pelo dono da obra dos prejuízos
sofridos com a substituição.
Artigo 149º
(Aplicação dos materiais)
Os materiais devem ser aplicados pelo empreiteiro em absoluta conformidade com as
especificações técnicas do contrato, seguindo-se, na falta de tais especificações, as normas
oficiais em vigor, ou, se estas não existirem, os processos propostos pelo empreiteiro e
aprovado pelo fiscal da obra.
Artigo 150º
(Substituição de materiais)
1. Serão rejeitados, removidos para fora da zona dos trabalhos e substituídos por outros
com os necessários requisitos, os materiais que:
a) Sejam diferentes dos aprovados;
b) Não hajam sido aplicados em conformidade com as especificações técnicas
do contrato ou, na falta destas, com as normas ou processos a observar, e que
não possam ser utilizados de novo.
Artigo 151º
(Depósito de materiais não destinados à obra)
O empreiteiro não poderá depositar nos estaleiros, sem autorização do fiscal da obra,
materiais ou equipamentos que não se destinem à execução dos trabalhos da empreitada.
Artigo 152º
(Remoção de materiais
1. Se o empreiteiro não retirar dos estaleiros, em prazo que o fiscal da obra fixará de
acordo com as circunstâncias, os materiais definitivamente reprovados ou rejeitados e os
materiais ou equipamento que não respeitem às obras, poderá o fiscal fazê-lo transportar
para onde mais lhe convenha, pagando o que necessário for, tudo à custa do empreiteiro.
2. Depois de terminar a obra, o empreiteiro é obrigado a remover do local, no prazo
fixado pelo caderno de encargos, os restos de materiais, entulhos, equipamento, andaimes e
tudo o mais que tenha servido para a execução dos trabalhos. Se o não fizer, o dono da obra
poderá proceder à remoção, à custa do empreiteiro.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

SECÇÃO VI
Da fiscalização
Artigo 153º
(Agentes da fiscalização)
1. A execução dos trabalhos será fiscalizada pelos representantes do dono da obra que
este para tal efeito designe.
2. Quando a fiscalização seja constituída por dois ou mais agentes, o dono da obra
designará um deles para chefiar, como fiscal da obra e, sendo um só, a este caberá as
funções de fiscal da obra.
3. A obra e o empreiteiro ficam também sujeitos à fiscalização que, nos termos de
legislação especial, incumbir a outras entidades devendo essa fiscalização ser porém,
exercer-se de modo que:
a) Seja dado prévio conhecimento ao fiscal da obra da efectivação de qualquer
diligência no local de trabalhos;
b) Sejam, imediatamente e por escrito, comunicadas ao fiscal da obra todas
as ordens dadas e notificações feitas ao empreiteiro que possam influir no
normal desenvolvimento dos trabalhos.
Artigo 154º
(Função da fiscalização)
À fiscalização incumbe vigiar e verificar o exacto cumprimento do projecto e suas
alterações, do contrato, cadernos de encargos e do plano de trabalhos e, designadamente.
a) Verificar a implantação da obra, de acordo com referências necessárias
fornecidas ao empreiteiro;
b) Verificar a exactidão ou o erro eventual das previsões do projecto, em especial,
e com a colaboração do empreiteiro, no que respeita às condições do terreno;
c) Aprovar os materiais a aplicar;
d) Vigiar os processos de execução;
e) Verificar as características dimensionais da obra;
f) Verificar em geral, o modo como são executados os trabalhos;
g) Verificar a observância dos prazos estabelecidos;
h) Proceder às medidas necessárias e verificar o estado de adiantamento dos
trabalhos;
i) Averiguar se foram infringidas quaisquer disposições do contrato e das leis e
regulamentos aplicáveis;

596
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

j) Verificar se os trabalhos são executados pela ordem e com os meios


estabelecidos no respectivo prazo;
l) Comunicar ao empreiteiro as alterações introduzidas no plano de trabalhos
pelodono da obra e a aprovação das propostas pelo empreiteiro;
m) Informar da necessidade ou conveniência do estabelecimento de novas
serventias ou da modificação das previstas e da realização de quaisquer
aquisições ou expropriações, pronunciar-se sobre as circunstâncias que, não
havendo sido previstas no projecto, confiram a terceiro direito a indemnização
e informar das consequências contratuais e legais desses factos;
n) Resolver, sempre que seja da sua competência, todas as questões que surjam
ou que lhe sejam postas pelo empreiteiro e providenciar no que seja necessário
para o bom andamento dos trabalhos, para a perfeita execução e segurança da
obra e facilidade das medições;
o) Transmitir ao empreiteiro as ordens do dono da obra e fazê-las cumprir;
p) Informar o dono da obra da constatação dos factos que, nos termos da lei,
conferem direitos de rescisão do contrato;
q) Praticar todos os demais actos previstos em outros parceiros deste diploma.
Artigo 155º
(Função da fiscalização nas empreitadas por percentagem)
Quando se trate de trabalhos realizados por percentagem, a fiscalização, além de
promover o necessário para a obra se execute com perfeição e dentro da maior economia
possível, deve:
a) Acompanhar todos os processos de aquisição dos materiais, surgindo ou
impondo, a consulta e a aquisição a empresa que possam oferecer melhores
condições de fornecimento, quer em qualidade, quer em preço;
b) Vigiar todos os processos de execução, sugerindo ou ordenando, com a
necessidade justificação, a adopção dos que conduzam a maior perfeição ou
economia;
c) Visar todos os documentos de despesas, quer de materiais, quer de jornais;
d) Velar pelo conveniente acondicionamento dos materiais e pela sua guarda e
aplicação;
e) Verificar toda a contabilidade da obra, impondo a efectivação dos registos que
considere necessários.

597
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

Artigo 156º
(Modo de actuação da fiscalização)
1. Para realizações das atribuições, a fiscalização dará ao empreiteiro ordens, far-lhe-á
avisos e notificações, procederá às verificações e medições e praticará todos os demais
actos necessários;
2. Os actos referidos no número anterior só poderão prover-se, contra ou a favor do
empreiteiro, mediante documento escrito.
3. A fiscalização deverá processar-se sempre de modo a não perturbar o andamento
normal dos trabalhos e sem anular a iniciativa e correlativa responsabilidade do empreiteiro.
Artigo 157º
(Reclamação contra ordens recebidas)
1. Se o empreiteiro reputar ilegal, contrária ao contrato ou perturbadora da ordem dos
trabalhos qualquer ordem recebida, deverá apresentar ao fiscal da obra, no prazo de 5 dias,
a sua reclamação, em cujo duplicado será passado recibo.
2. Se a ordem não tiver da autoria do fiscal da obra, encaminhará este imediatamente a
reclamação para entidade competente, pedindo as necessárias instruções.
3. O fiscal da obra notificará a decisão tomada ao empreiteiro no prazo de 30 dias,
equivalendo o seu silêncio ao deferimento da reclamação.
4. Em caso de urgência ou de perigo iminente, poderá o fiscal da obra confirmar por
escrito a ordem de que penda reclamação, exigindo o seu imediato cumprimento.
5. Nos casos do número anterior, e bem assim quando a reclamação for indeferida, será
o empreiteiro obrigado a cumprir prontamente a ordem, ficando, porém, liberto de toda a
responsabilidade civil ou criminal que desse cumprimento resultar e tendo direito a ser
indemnizado do prejuízo e do aumento de encargos que suporte, se vier a ser reconhecida
a procedência da sua reclamação
Artigo 158º
(Falta de cumprimento da ordem)
1. Se o empreiteiro não cumprir ordem legal, dimanada do fiscal da obra, dada por
escrito sobre matéria relativa à execução, nos termos contratuais da empreitada, e não
houver sido absolutamente impedindo de o fazer por caso de força maior, assistirá ao dono
da obra o direito de, se assim entender, rescindir o contrato por culpa do empreiteiro.
2. Se o dono da obra não rescindir o contrato, ficará o empreiteiro responsável pelos
danos emergentes da desobediência.

598
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

SECÇÃO VII
Da suspensão dos trabalhos
Artigo 159º
(Suspensão dos trabalhos pelo empreiteiro)
1. O empreiteiro só poderá suspender a execução dos trabalhos por mais de 10 dias, se
tal tiver sido previsto no plano de trabalhos em vigor ou resulte:
a) Da ordem ou autorização do dono da obra ou seus agentes ou de facto que
lhes seja imputável;
b) De caso de força maior;
c) Da falta de pagamento das prestações devidas por força do contrato, ou
dos trabalhos executados, quando hajam decorrido 3 meses sobre a data do
vencimento;
d) Da impossibilidade de prossecução dos trabalhos por falta de fornecimento
de elementos técnicos;
e) De disposição do presente diploma;
2. O exercício da faculdade de suspensão da execução dos trabalhos prevista no número
anterior, deverá ser antecedida de comunicação ao dono da obra, por notificação judicial ou
carta registada, com menção expressa dos aspectos fundamentais da decisão.
Artigo 160º
(Suspensão dos trabalhos pelo dono da obra)
1. Sempre que circunstâncias especiais impeçam que os trabalhos sejam executados
ou progridam em condições satisfatórias, e bem assim quando o imponham o estudo de
alterações e introduzir no projecto, o fiscal da obra poderá, obtida a necessária autorização,
suspendê-los temporariamente, no todo ou em parte.
2. No caso de qualquer demora na suspensão envolver perigo iminente ou prejuízos
graves para o interesse público, a fiscalização poderá ordenar, sob sua responsabilidade,
a suspensão imediata dos trabalhos, informando imediatamente do facto o dono da obra.
Artigo 161º
(Autos de suspensão)
1. Tanto nos casos previstos no artigo anterior com em qualquer outro em que o
dono da obra ordene a suspensão, a fiscalização, com a assistência do empreiteiro ou seu
representante, lavrará auto, em duplicado, que ambos assinarão, no qual fiquem exaradas
as causas que a determinam, a decisão superior que a autorização ou as razões de perigo
iminente ou prejuízo grave que conduziram a proceder sem autorização, os trabalhos que
abrange e o prazo de duração previsto.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

2. O empreiteiro ou seu representante, terá o direito de fazer exarar no auto qualquer


facto que repute conveniente à defesa dos seus interesses.
Artigo 162º
(Suspensão por tempo determinado)
Sempre por facto que não seja imputável ao empreiteiro este for notificado da suspensão
ou paralisação dos trabalhos, sem que da notificação ou do auto de suspensão conste o
prazo desta, presume-se que o contrato foi rescindido por conveniência do dono da obra.
Artigo 163º
(Rescisão em caso de suspensão)
1. O dono da obra tem o direito de rescindir o contrato se a suspensão pelo empreiteiro
não houver respeitado o disposto no artigo 159º.
2. O empreiteiro tem o direito de rescindir o contrato se a suspensão for determinado
ou se mantiver:
a) Por período superior a um quinto do prazo estabelecido para a execução da
empreitada, quando resulte de caso de força maior;
b) Por período superior a um décimo do mesmo prazo, quando resulte de facto
não imputável ao empreiteiro e que não constitua caso de força maior.
3. Verificando-se hipótese prevista na alínea a) no número anterior, a indemnização a
pagar ao empreiteiro limitar-se-á aos danos emergentes.
4. Quando não se opere a rescisão, quer por não se completarem os prazos estabelecidos
no número 1, quer por não a requerer o empreiteiro, terá este direito a ser indemnizado dos
danos emergentes, bem como, se a suspensão não resultar de caso de força maior, dos
lucros cessantes.
Artigo 164º
(Suspensão parcial)
Se, por facto não imputável ao empreiteiro, for ordenada qualquer suspensão parcial
de que resulte perturbação do normal desenvolvimento da execução da obra, de acordo
com o plano de trabalhos em vigor, terá o empreiteiro direito a ser indemnizado dos danos
emergentes.
Artigo 165º
(Suspensão por facto imputável ao empreiteiro)
1. Quando a suspensão ordenada pelo dono da obra resulte de facto por este imputado
ao empreiteiro, tal se mencionará ao auto, podendo o empreiteiro reclamar por escrito e no
prazo de 5 dias contra essa imputação.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

2. O dono da obra pronunciar-se-á sobre a reclamação nos 30 dias subsequentes.


3. Se a final se apurar que o facto imputado ao empreiteiro não é causa justificativa
da suspensão, proceder-se-á segundo o disposto para a suspensão por facto não imputável.
4. Apurando-se que a suspensão é imputável ao empreiteiro, continuará este obrigado
ao cumprimento dos prazos contratuais, qualquer que seja o período de suspensão
necessariamente derivado ao facto dele, assistindo ao dono da obra o direito de rescisão.
Porém, se o dono da obra mantiver a suspensão por mais tempo do que o que resultaria
necessariamente do dito facto, já o tempo excedente de suspensão será tratado como
provado por facto não imputável ao empreiteiro.
Artigo 166º
(Recomeço dos trabalhos)
Nos casos de suspensão temporária os trabalhos serão recomeçados logo que cessem
as causas que a determinarem, devendo para o efeito notificar-se por escrito o empreiteiro.
Artigo 167º
(Natureza dos trabalhos)
As disposições que ocorra suspensão não imputável ao empreiteiro, nem decorrente da
própria natureza dos trabalhos previstos, considerar-se-ão prorrogados, por período igual
ao da suspensão, os prazos do contrato e do programa de trabalhos.
Artigo 168º
(Prorrogação do prazo contratual)
Sempre que ocorra suspensão não imputável ao empreiteiro, nem decorrente da própria
natureza dos trabalhos previstos, considerar-se-ão prorrogados, por período igual ao da
suspensão, os prazos do contrato e do programa de trabalhos.
SECÇÃO VIII
Do não cumprimento e da revisão do contrato
Artigo 169º
(Caso de força maior)
1. Cessa a responsabilidade do empreiteiro por falta, deficiência ou atraso na execução
do contrato quando o incumprimento resulte de facto que lhe não seja imputável.
2. Os danos causados nos trabalhos de uma empreitada por caso de força maior ou
outro facto não imputável ao empreiteiro serão suportados pelo dono da obra quando não
correspondam a riscos que devam ser seguros pelo empreiteiro nos termos do contrato.
3. Considera-se, para efeitos deste diploma, caso de força maior unicamente o facto
de terceiro por que o empreiteiro não seja responsável e para o qual não haja contribuído,
bem como qualquer outro facto natural, imprevisível ou inevitável, cujos efeitos se

601
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

produzam independentemente da vontade ou das circunstâncias pessoais do empreiteiro,


nomeadamente actos de guerra ou subversão, epidemias, radiações, atómicas, fogo, raio,
graves inundações, ciclone, tremores de terra graves ou sectoriais e outros cataclismos
naturais que directamente afectam os trabalhos da empreitada.
Artigo 170º
(Maior onerosidade)
1. Se o dono da obra ou seus agentes praticarem ou derem causa a facto donde resulte
maior dificuldade na execução da empreitada, com agravamento dos encargos respectivos,
terá o empreiteiro direito ao ressarcimento dos danos sofridos.
2. No caso de os danos provados excederem um sexto do valor da empreitada, assiste
ao empreiteiro, além disso, o direito de rescindir o contrato.
Artigo 171º
(Verificação do facto impeditivo)
1. Ocorrendo facto que deva ser considerado caso de força maior, o empreiteiro deverá,
nos 5 dias seguinte àquele em que tome conhecimento da ocorrência, requerer ao dono da
obra que proceda ao apuramento dos factos e à determinação dos seus efeitos.
2. Logo que o empreiteiro apresente o seu requerimento, procederá a fiscalização, com
a assistência dele ou do seu representante, à verificação da ocorrência lavrando-se auto do
qual constem:
a) As causas do facto ou acidente;
b) O estado das coisas depois do facto ou acidente e no que difere do estado
anterior;
c) Se tinham sido observadas as regras da arte e as prescrições da fiscalização;
d) Se foi omitida alguma cautela para prevenir ou diminuir os efeitos da força
maior;
e) Se os trabalhos têm de ser suspensos no todo ou em parte, definitiva ou
temporariamente, especificando-se, no caso de interrupção parcial ou
temporária, a parte da obra e o tempo provável em que a interrupção se
verificará;
f) O valor provável do dano sofrido;
g) Qualquer outra menção que se julgue de interesse ou que o empreiteiro ou seu
representante peça que se consigne.
3. O empreiteiro ou o seu representante, poderá imediatamente ao auto ou nos 10 dias
subsequentes, formular requerimento fundamentado em que apresente as suas pretensões
conforme o que julgar seu direito, discriminando os danos a reparar e o montante destes, se
for possível determiná-los desde logo, e impugnando, se quiser, o conteúdo do auto.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

4. Recebido o requerimento do empreiteiro, será ele remetido com o auto e devidamente


informado pela fiscalização do dono da obra, que notificará a sua decisão ao empreiteiro
no prazo de 30 dias.
5. O mesmo procedimento, adaptado às circunstâncias, será seguido quando o
empreiteiro pretenda ser indemnizado com fundamento da prática de factos que dificultem
ou onerem a execução da empreitada.
6. Se o empreiteiro não apresentar tempestivamente os requerimentos previstos neste
artigo, não poderá mais invocar os seus direitos, salvo se o caso de força maior o houver
também impedindo de requerer oportunamente o apuramento dos factos.
7. Se a fiscalização não proceder à verificação da ocorrência, de acordo com disposto
no presente artigo, poderá o empreiteiro ou seu representante proceder a ela, lavrando o
auto em duplicado, com a presença de duas testemunhas, e remetendo o original desde logo
ao dono da obra.
Artigo 172º
(Revisão por alteração das circunstâncias)
1. Quando as circunstâncias em que as partes hajam fundado a decisão de contratar
sofram alteração anormal e imprevisível, segundo as regras da prudência e da boa fé, donde
resulte grave aumento de encargos na execução da obra que não caiba nos riscos normais,
o empreiteiro terá direito à revisão do contrato para efeito de, conforme a equidade ser
compensado do aumento dos encargos efectivamente sofridos ou se proceder à actualização
dos preços.
2. O contrato mencionará se há lugar a revisão de preços, obedecendo esta às cláusulas
contratuais e a lei especial que regule esta matéria.
Artigo 173º
(Defeitos da execução da obra)
1. Quando a fiscalização reconheça que na obra existem defeitos de execução ou que
nela não foram observadas as condições do contrato, lavrará auto a verificar o facto e
notificará o empreiteiro para, dentro do prazo razoável, que lhe será designado, eliminar os
defeitos da obra.
2. Se for presumir a existência dos referidos defeitos, mas não puderem ser comprovados
por simples observação, o dono da obra poderá, quer durante a execução dos trabalhos, quer
depois da conclusão dos mesmos, mas dentro do prazo de garantia, ordenar as demolições
necessárias, a fim de apurar se ocorreram ou não tais deficiências, lavrando-se em seguida
auto nos termos do número anterior.
3. Serão de conta do empreiteiro os encargos de demolição e de construção se se apurar
existirem os presumidos defeitos, serão de conta do dono da obra no caso contrário.

603
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

4. Dos autos e notificações referidos nos números 1 e 2 deste artigo pode o empreiteiro
reclamar, e, se os trabalhos de demolição e reconstrução forem de apreciável valor ou
puderem atrasar a execução do plano, poderá requerer que a presunção da existência dos
defeitos seja confirmada por uma vistoria feita por três peritos, um de sua nomeação,
outro indicado pelo dono da obra e o terceiro designado pelo director do Laboratório de
Engenharia de Cabo Verde.
Artigo 174º
(Multa por violação dos prazos contratuais)
1. Se o empreiteiro não concluir a obra no prazo contratualmente estabelecido,
acrescido de prorrogações graciosas ou legais, ser-lhes-á aplicada, até ao fim dos trabalhos
ou à rescisão do contrato, a seguinte multa diária, se outra não for fixada no caderno de
encargos:
a) 1 por mil do valor da adjudicação, no primeiro período correspondente a um
décimo do referido prazo;
b) Em cada período subsequente de igual duração a multa sofrerá um aumento
de 0,5 por mil até atingir um máximo de 5 por mil.
2. Se o empreiteiro não cumprir prazos parciais vinculativos, quando existam, ser-
lhe-á aplicável multa de percentagem igual à metade da estabelecida no número anterior e
calculada da mesma forma sobre o valor dos trabalhos em atraso.
3. A requerimento do empreiteiro ou por iniciativa do dono da obra, as multas contratuais
poderão ser reduzidas a montantes adequados, sempre que se mostrem desajustadas em
relação aos prejuízos reais sofridos pelo dono da obra foram bem executadas quando se
verifique que as obras foram bem executadas e que os atrasos no cumprimento de prazos
parciais foram recuperados, tendo a obra sido concluída dentro do prazo global do contrato.
4. Caso já tenha havido recepção provisória de parte da empreitada, as multas
contratuais a que se refere o nº 1 serão aplicadas na base do valor dos trabalhos ainda não
recebidos.
5. A aplicação de multas contratuais nos termos dos números anteriores será precedida
de auto lavrado pela fiscalização, do qual o dono da obra enviará uma cópia ao empreiteiro,
notificando-o para, no prazo de 10 dias deduzir a sua defesa ou impugnação.
CAPÍTULO IV
Dos pagamentos
SECÇÃO I
Do pagamento por medição
Artigo 175º
(Periodicidade e formalidades da medição)
1. Sempre que deva proceder-se à medição dos trabalhos efectuados, realizar-se-á esta
mensalmente, salvo estipulação em contrário.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

2. As medições devem ser feitas com a assistência do empreiteiro ou seu representante


e delas se lavrará auto, no qual os interessados poderão fazer exarar tudo o que reputarem
conveniente, bem como a colheita de amostras de quaisquer materiais ou produtos de
escavação.
3. O caderno de encargos fixará os métodos ou critérios a adoptar para realização das
medições.
4. Se o dono da obra não proceder tempestivamente à medição dos trabalhos efectuados,
aplicar-se-á o disposto no artigo 181º.
Artigo 176º
(Objecto da medição)
Far-se-á medição dos trabalhos executados, ainda quando não se considerem previstos
no projecto nem devidamente ordenados e independentemente da questão de saber se
devem ou não ser pagos ao empreiteiro.
Artigo 177º
(Erros de medição)
1. Se em qualquer altura da empreitada se reconhecer que houve erros ou faltas em
algum ou alguns dos auto de medição anteriormente lavrados, deverá fazer-se a devida
correcção ao auto de medição que se seguir a esse reconhecimento, caso ambas as partes
estejam de acordo quanto ao objecto e quantidades a corrigir.
2. Quando os erros ou faltas tiverem sido alegados, por escrito pelo empreiteiro, mas
não forem reconhecidos pela fiscalização poderá aquele apresentar reclamação.
3. Quando os erros ou faltas forem alegados pela fiscalização, mas não forem
reconhecidos pelo empreiteiro, far-se-á a correcção no auto de medição seguinte, podendo
o empreiteiro reclamar dela.
Artigo 178
(Da situação de trabalhos)
1. Feita a medição, elaborar-se-á a respectiva conta corrente, com especificação das
quantidades de trabalhos apuradas, dos preços unitários, do total creditado, dos descontos a
efectuar, dos aditamentos concedidos ao empreiteiro e do saldo a pagar a este.
2. A conta corrente e os demais documentos que constituem a situação de trabalhos
devem ser verificados e assinalados pelo empreiteiro.
3. Quando se verifiquem que em qualquer destes documentos existe algum vício ou
erro, o empreiteiro deverá formular a correspondente reserva os assinados.
Artigo 179º
(Reclamação do empreiteiro)
1. Sempre que o empreiteiro tenha formulado reservas no auto de medição ou que
lhe haja sido negado o reconhecimento dos erros ou faltas que invocou relativos aos autos

605
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

elaborados anteriormente ou que tenham sido considerados outros que ele não reconheça,
ou ainda haja formulado reservas nos documentos que instruírem as situações de trabalho,
deverá apresentar, nos 10 dias subsequentes, reclamação em que especifique a natureza dos
vícios, erros ou faltas e os correspondentes valores a que se acha com direito.
2. Se no prazo fixado, no número anterior o empreiteiro não apresentar reclamação,
entender-se-á que se conforma com as condições dos autos e os resultados dos documentos
que instruem a situação dos trabalhos.
3. Apresentada a reclamação, considerar-se-á a mesma deferida se o dono da obra não
se pronunciar sobre ela no prazo de 30 dias a não ser que haja de proceder-se a ensaios
laboratoriais, exames ou verificações que demandem maior lapso de tempo que, naquele
prazo se comunicará ao empreiteiro.
4. As despesas com a realização de medições especiais para julgamento de reclamações
do empreiteiro serão suportadas por este caso se reconheça que as medições impugnadas
estavam certas.
Artigo 180º
(Liquidação e pagamento)
1. Após a assinatura pelo empreiteiro dos documentos que constituem a situação
de trabalhos, promover-se-á a liquidação do valor correspondente a todos os trabalhos
medidos sobre os quais não haja divergências, depois de deduzidos os descontos a que
houver lugar nos termos contratuais, notificando-se o empreiteiro dessa liquidação para
efeitos de pagamento.
2. Quando não forem liquidados todos os trabalhos medidos, mencionar-se-á o facto,
mediante nota explicativa inserta na respectiva conta corrente.
3. Logo que sejam resolvidas as reclamações deduzidas, proceder-se-á a rectificação
da conta corrente, liquidando-se ao empreiteiro a importância apurada a seu favor.
4. se o julgamento das reclamações conduzir ao reconhecimento de que houve
pagamento de quantias não devidas, deduzir-se-á no primeiro pagamento a efectuar, ou no
depósito de garantia, se a reclamação respeitar ao último pagamento, a importância que se
reconheça ter sido paga a mais.
Artigo 181º
(Situações provisórias)
1. Quando a distância o difícil acesso ou a multiplicidade das frentes, a própria natureza
dos trabalhos ou outras circunstâncias impossibilitarem eventualmente a realização da
medição mensal e bem assim quando a fiscalização, por qualquer motivo, a deixe de fazer,

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

apresentará o empreiteiro, até ao fim do mês seguinte, o mapa dos trabalhos efectuados no
mês anterior, com os documentos respectivos.
2. Apresentado o mapa e visado pela fiscalização, no prazo de 5 dias úteis, só para o
efeito de comprovar a verificação de algumas das condições que nos termos do número
anterior justifiquem o procedimento, será considerado como situação provisória de
trabalhos e proceder-se-á como se de situação de trabalhos se tratasse.
3. A exactidão das quantidades inscritas nos mapas será verificada no primeiro auto de
medição que se efectuar, com base no qual se procederá às rectificações a que houver lugar.
4. Se o empreiteiro dolosamente inscrever no seu mapa trabalhos não efectuados,
sujeitar-se-á às penas de burla, aplicáveis em função do valor dos trabalhos dolosamente
inscritos, e o facto será comunicado à Comissão de Alvarás de Empresas de Obras Públicas
e Particulares.
Artigo 182º
(Situação final)
1. Ao assinar a conta corrente e demais documentos relativos à última situação de
trabalhos, deverá o empreiteiro declarar, por escrito, se mantém ou não as reclamações que
tenha apresentado no decurso da empreitada e que ainda não se encontrem definitivamente
resolvidas.
2. Entender-se-á que o empreiteiro desiste das reclamações que não declare
expressamente manter nos termos do número anterior.
SECÇÃO II
Do pagamento em prestações
Artigo 183º
(Pagamento em prestações fixas)
Quando o pagamento houver de ser feito em prestações fixas, o empreiteiro apresentará,
para obter um mapa que defina o estado de adiantamento, dos trabalhos em relação às
previsões do plano em vigor, o qual será verificado pela fiscalização, no prazo de 5 dias
úteis, lavrando-se auto da respectiva diligência.
Artigo 184º
(Pagamento em prestações variáveis)
Quando o pagamento houver de ser feito em prestações variáveis em função das
quantidades de trabalho executadas, observar-se-á em tudo quando for aplicável, o regime
da medição dos trabalhos nas empreitadas por série de preços.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

SECÇÃO III
Disposições gerais
Artigo 185º
(Desconto para garantia)
1. Das importâncias que o empreiteiro tiver a receber em cada um dos pagamentos
parciais serão deduzidas para garantia do contrato, em reforço da caução, 5 por cento, salvo
se outra percentagem se fixar no caderno de encargos, no qual também poderá estabelecer-
se um limite máximo para importância da garantia.
2. O disposto no número anterior aplica-se aos pagamentos respeitantes a trabalhos a
mais e a revisão de preços, sendo, no entanto, a percentagem a deduzir a que corresponder
à soma das fixadas para a caução e seus reforços.
3. As importâncias deduzidas serão imediatamente depositadas numa instituição
bancária.
4. O desconto pode ser substituído por depósito de títulos, por garantia bancária ou por
seguro caução, nos mesmos termos que a caução.
Artigo 186º
(Prazos de pagamentos)
1. Os contratos devem precisar os prazos em que o dono da obra deve proceder ao
pagamento dos trabalhos executados e das respectivas revisões e eventuais acertos, os
quais não poderão exceder 60 dias, contados, consoante os casos:
a) Das datas dos autos medição a que se refere o artigo 175º;
b) Das datas de apresentação dos mapas de trabalhos previstos no artigo 134º;
c) Das datas em que os acertos sejam decididos.
2. Nos casos em que os contratos não precisem de prazos a que se refere o número
anterior, entender-se-á que serão de 60 dias.
Artigo 187º
(Mora no pagamento)
1. O empreiteiro terá direito a juro pela demora no pagamento das contas aprovadas,
se essa demora exceder a data contratualmente fixada, caso em que se lhe abonará o juro
calculado a uma taxa igual à taxa básica de desconto do Banco de Cabo Verde, adicionada
de 1 por cento, contando desde a data da notificação ou do vencimento contratual da
prestação fixa.
2. Se o atraso na realização de qualquer pagamento se prolongar por mais três meses,
terá o empreiteiro direito a suspender os trabalhos, com os encargos por conta do dono da
obra, sendo o prazo contratual prorrogado por período igual ao da suspensão.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

3. Se o atraso na realização de qualquer pagamento se prolongar por mais de 6 meses,


terá o empreiteiro direito de rescindir o contrato.
Artigo 188º
(Adiantamento ao empreiteiro)
1. O dono da obra pode fazer ao empreiteiro adiantamento pelos materiais postos ao
pé da obra e aprovados.
2. Se no contrato se não estatuir outra coisa, o adiantamento não excederá dois terços
do valor dos materiais, no estado em que se encontrarem, valor que será determinado pela
série de preços simples do projecto, se nele existirem, ou, no caso, contrário, comprovado
pela fiscalização.
3. Nos mesmos termos poderá o dono da obra conceder ao empreiteiro adiantamentos
com base no equipamento posto na obra e cuja aplicação haja sido prevista no plano de
trabalhos.
4. Nos casos do nº 3, o valor do equipamento será o aprovado pela fiscalização e o
adiantamento não excederá os 50%.
5. Poderá, ainda, mediante pedido fundamentado e prestação de garantia idónea, ser
facultado ao empreiteiro o adiantamento da parte do custo da obra necessário para aquisição
de materiais sujeitos a flutuação de preço, bem como de equipamento cuja aplicação haja
sido prevista no plano de trabalhos aprovados.
6. O valor global dos adiantamentos feitos na base dos nºs 3 e 5 não poderá exceder
50% na parte do preço da obra ainda por receber.
Artigo 189º
(Reembolsos dos adiantamentos)
1. O reembolso dos adiantamentos previstos no nº 1 do artigo anterior far-se-á na medida
em que os materiais forem sendo aplicados e por dedução nos respectivos pagamentos
contratuais.
2. O reembolso dos adiantamentos previstos nos nºs 3 e 5 do número anterior
efectuar-se-á deduzindo no valor de cada um dos pagamentos contratuais posteriores uma
percentagem igual à que tais adiantamentos representam relativamente à parte do preço da
obra que, na data da sua concessão, ainda estiver por liquidar.
Artigo 190º
(Garantia dos adiantamentos)
1. O dono da obra gozará do privilégio mobiliário especial, graduado em primeiro
lugar, sobre os materiais e equipamentos a que respeitem os adiantamentos concedidos, não
podendo o empreiteiro aliená-los, onera-los ou retirá-los do local dos trabalhos sem prévio
consentimento escrito daquele.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

2. Nos casos previstos no nº 5 do artigo 188º, a garantia bancária prestada será extinta
na parte em que o adiantamento deva considerar-se suficientemente assegurado pelo
privilégio, logo que os materiais e equipamentos entrem na posse do empreiteiro.
3. Sem prejuízo do disposto no nº 2 e à medida que for reembolsado o adiantamento, o
dono da obra deverá libertar a parte correspondente da garantia prestada.
CAPÍTULO V
Da recepção e liquidação da obra
SECÇÃO I
Da recepção da obra
Artigo 191º
(Vistoria)
1. Logo que a obra esteja concluída, proceder-se-á, a pedido do empreiteiro ou por
iniciativa do dono da obra, à sua vistoria para efeitos de recepção provisória.
2. A vistoria será feita por representantes do dono da obra, com a assistência do
empreiteiro ou seus representantes, lavrando-se autos por todos assinados.
3. O fiscal da obra convocará, por escrito, o empreiteiro para a vistoria com a
antecedência mínima de 5 dias úteis, e, se este não comparecer nem justificar a falta,
realizar-se-á a diligência com a intervenção de duas testemunhas idóneas, notificando-se
de imediato ao empreiteiro o conteúdo do auto, para os efeitos dos números 3 e seguintes
do artigo seguinte.
4. Se o dono da obra não proceder à vistoria nos 30 dias subsequentes ao pedido do
empreiteiro e não for impedido de o fazer por caso de força maior ou em virtude da própria
natureza e extensão da obra, considerar-se-á esta, para todos os efeitos, recebida no termo
desse prazo.
Artigo 192º
(Deficiência de execução)
1. Se por virtude das deficiências encontradas, que hajam resultados de infracção às
obrigações contratuais e legais do empreiteiro, a obra não estiver, no todo ou em parte, em
condições de ser recebida, o representante do dono da obra especificará essas deficiências no
auto, exarando ainda neste a declaração de não recepção e a notificação ao empreiteiro para,
em prazo razoável que logo seja designado, proceder às modificações ou representações
necessárias.
2. Pode o dono da obra fazer a recepção provisória da parte dos trabalhos que estiver
em condições de ser recebida.
3. Contra o conteúdo do auto e a notificação feita pode o empreiteiro reclamar no
próprio auto ou nos 10 dias subsequentes, devendo o dono da obra pronunciar-se sobre a
reclamação no prazo de 30 dias.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

4. Quando o empreiteiro não reclame ou seja indeferida a sua reclamação e não faça
nos prazos marcados as modificações ou reparações ordenadas, assistirá ao dono da obra
o direito de as mandar efectuar por conta do empreiteiro, debitando a este as importâncias
despendidas.
5. Cumprida a notificação prevista no nº 1, proceder-se-á a nova vistoria para efeitos
de recepção provisória.
Artigo 193º
(Recepção provisória)
1. Verificando-se, pela vistoria realizada, que a obra está, no seu todo ou em parte, em
condições de ser recebida, isso mesmo será declarado no auto, considerando-se efectuada a
recepção provisória em toda a extensão da obra que não apresente deficiência apontada nos
termos do artigo anterior e contando-se desde então, para os trabalhos recebidos, o prazo
de garantia fixado no contrato.
2. O empreiteiro poderá deduzir reclamações relativamente a qualquer facto ou
circunstâncias consignados no auto, exarando-as nele ou apresentando as por escrito nos
10 dias subsequentes.
3. O dono da obra deverá pronunciar-se sobre a reclamação no prazo de 30 dias, salvo
se, tornando-se indispensável a realização de quaisquer ensaios, carece de maior lapso
de tempo para a decidir, caso em que, dentro daquele prazo, deverá comunicar o facto ao
empreiteiro fixando desde o período adicional de que necessita e que não será superior ao
requerido para a realização e apreciação de tais ensaios.
4. A falta de decisão de dono da obra, dentro dos prazos resultantes do número anterior,
implica o deferimento da reclamação.
SECÇÃO II
Da liquidação da empreitada
Artigo 194º
(Elaboração da conta)
1. Em seguida à recepção provisória proceder-se-á, no prazo de 60 dias, à elaboração
da conta da empreitada.
2. Os trabalhos e valores relativamente aos quais existam reclamações pendentes serão
liquidados à medida que aqueles forem definitivamente decididos.
Artigo 195º
(Elementos da conta)
A conta da empreitada constará dos seguintes elementos:
a) Uma conta corrente à qual serão levados, por verbas globais, os valores de
todas medições e revisões ou acertos, das reclamações já decididas e dos
prémios vencidos;

611
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

b) Um mapa de todos os trabalhos executados a mais ou a menos do que os


previstos no contrato, com a indicação dos preços unitários pelos quais se
procedeu à sua liquidação;
c) Um mapa de todos os trabalhos e valores sobre os quais haja reclamações,
ainda não decididas, do empreiteiro, com expressa referência ao mapa do
número anterior, sempre que daquele também constem.
Artigo 196º
(Notificação da conta do empreiteiro)
1. Elaborada a conta, será enviada uma cópia ao empreiteiro e este notificado, por
carta registada com aviso de recepção, para no prazo de 30 dias, a assinar ou deduzir a sua
reclamação fundamentada.
2. Ao empreiteiro será facultado o exame dos documentos necessários à apreciação da
conta.
3. Se o empreiteiro assinar a conta e não deduzir contra ela, no prazo fixado no número
1, qualquer reclamação, entender-se-á que a aceita sem prejuízo, todavia, das reclamações
pendentes, que haja declarado expressamente manter.
4. Se o empreiteiro, dentro do prazo fixado no número 1 não assinar a conta, nem
deduzir contra ela qualquer reclamação, e de tal não houver sido impedido por caso de
força maior, entender-se-á que a aceite, com os efeitos estabelecidos no número anterior.
5. Na sua reclamação o empreiteiro não poderá:
a) Fazer novas reclamações sobre medições;
b) Fazer novas reclamações sobre verbas que constituem mera e fiel reprodução
das contas das medições ou das reclamações já decididas;
c) Ocupar-se de reclamações pendentes e ainda não decididas.
6. Sobre as reclamações do empreiteiro deverá o dono da obra pronunciar-se no prazo
de 60 dias.
SECÇÃO III
Do inquérito administrativo
Artigo 197º
(Comunicações aos presidentes das câmaras)
No prazo de 60 dias contados na recepção provisória, o dono da obra oficiará aos
presidentes das câmaras municipais dos conselhos em que os trabalhos foram executados,
participando-lhe a sua conclusão e indicando o serviço, e respectiva sede, encarregado da
liquidação.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

Artigo 198º
(Publicidade dos éditos)
1. Os presidentes da câmaras, recebida aquela comunicação, mandarão afixar, nos
lugares do estilo, éditos de 20 dias, chamando todos os interessados para, até 10 dias
depois do termo do prazo dos éticos, apresentarem na secretaria municipal, por escrito
e devidamente fundamentadas e documentadas, quaisquer reclamações por falta de
pagamento de ordenados, salários e materiais, ou de indemnizações a que se julguem com
direito, e bem assim do preço de quaisquer trabalhos que o empreiteiro haja mandado
executar por terceiros.
2. A fixação pode ser substituída por duas publicações feitas, com uma semana de
intervalo, num jornal local com expansão no concelho, contando-se o prazo de dez dias
para a apresentação de reclamações, a partir da data da segunda publicação.
3. Não serão consideradas as reclamações apresentadas fora do prazo estabelecido nos
éditos.
Artigo 199º
(Processos de reclamações)
1. Findo o prazo para a respectiva apresentação, os presidentes das câmaras municipais
enviarão, dentro de 10 dias, ao serviço que estiver encarregado da liquidação as reclamações
recebidas.
2. O serviço liquidatário notificará, por carta registada com aviso de recepção, o
empreiteiro e as instituições de crédito que haja garantido as obrigações em causa para,
no prazo de 20 dias, contestarem as reclamações recebidas, com a cominação de, não o
fazendo, serem havidas por aceites e deferidas.
3. Havendo contestação, dela será dado conhecimento aos reclamantes dos créditos
contestados, avisando-os de que serão retiradas as quantias reclamadas caso no prazo de
30 dias seja proposta acção no tribunal competente para as exigir e ao serviço liquidatário
seja enviada, nos 15 dias seguintes à propositura da acção, certidão comprovativa do facto.
SECÇÃO IV
Do prazo de garantia
Artigo 200º
(Duração do prazo)
1. O prazo de garantia deverá ser estabelecido no caderno de encargos, tendo em
atenção a natureza dos trabalhos.
2. No silêncio do caderno de encargos, o prazo de garantia é de um ano.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

SECÇÃO V
Da recepção definitiva
Artigo 201º
(Vistorias)
1. Findo o prazo de garantia, e por iniciativa do dono da obra ou a pedido do empreiteiro,
proceder-se-á a nova vistoria das obras de toda a empreitada.
2. Se pela vistoria se verificar que as obras não apresentam deficiências, deteriorações,
indícios de ruínas ou falta de solidez pelos quais deva responsabilizar-se o empreiteiro,
proceder-se-á à recepção definitiva.
3. Serão aplicáveis à vistoria e ao auto de recepção os preceitos correspondentes da
recepção provisória.
Artigo 202º
(Deficiências de execução)
1. Se em consequência da vistoria se verificar que existem deficiências, deteriorações
indícios de ruína ou falta de solidez, de responsabilidade do empreiteiro, somente se
receberão os trabalhos que se encontrarem um bom estado e que sejam susceptíveis de
recepção parcial, procedendo o representante do dono da obra, em relação aos restantes,
nos termos previstos para ocaso análogo na recepção provisória.
2. A responsabilidade do empreiteiro só existe desde que as deficiências ou vícios
encontrados lhe sejam imputáveis e que, se resultarem do uso para que as obra haviam sido
destinadas, não constituam depreciação normal consequente desse uso.
SECÇÃO VI
Da restituição dos depósitos de garantia e quantias retidas,
da extinção da caução e das liquidações eventuais
Artigo 203º
(Restituição dos depósitos e quantias e extinção da caução)
1. Feita a recepção definitiva de toda a obra, serão restituídas ao empreiteiro as quantias
retidas como garantia ou a qualquer outro título a que tiver direito, e promover-se-á, pela
forma própria, a extinção da caução prestadas.
2. A demora superior a 30 dias na restituição das quantias referidas e na extinção
da caução, dá ao empreiteiro o direito de exigir do dono da obra juro das respectivas
importâncias calculado sobre o tempo decorrido desde dia seguinte ao da expiração do
referido prazo, nos termos seguintes:
a) A taxa básica de desconto do Banco de Cabo Verde adicionada de 1 por
cento tratando-se de quantias retidas, ou de caução prestada por depósito em
dinheiro;

614
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

b) As taxas máximas fixadas pelo Banco de Cabo Verde para as garantias


bancárias de prazo idêntico ao da demora que se verifique, acrescida de 1
por cento, tratando-se de caução prestada por depósito de títulos ou mediante
garantia bancária ou seguro caução.
3. No caso de recepção definitiva parcial, aplicar-se-á o disposto nos números anteriores
proporcionalmente ao valor dos trabalhos recebidos.
4. No caso de caução prestada por depósito em dinheiro e de reforço de garantia em
numerário nos termos do artigo 185º, a restituição compreenderá não só o capital como os
juros que o depósito tiver entretanto vencido.
Artigo 204º
(Dedução de quantias reclamadas no inquérito administrativo)
1. Quando o inquérito administrativo tiver havido reclamações, o montante a restituir
ao empreiteiro dos depósitos de garantia, das importâncias eventualmente ainda em dívida
e da caução será diminuído do valor das quantias reclamadas e que o empreiteiro não prove
haver, entretanto, satisfeito.
2. O valor deduzido nos termos do número anterior terá as seguintes aplicações:
a) As importâncias correspondentes a reclamações confessadas, expressa ou
tacitamente, pelo empreiteiro, e pelas instuições garantes serão directamente
pagas aos reclamantes;
b) As importâncias correspondentes a reclamações contestadas pelo empreiteiro
ou pelas instituições garantes serão depositados em instituição bancária
nacional, à ordem do juiz tribunal por onde esteja a correr o processo
respectivo, quando os reclamantes provem a que este foi proposto no prazo
de 30 dias, após a data em que receberam a comunicação da existência da
contestação.
3. Nos casos da alínea a) do nº 2, convocar-se-ão os interessados, por carta registada
com aviso de recepção, para no prazo de 30 dias, receberem as importâncias a que tiverem
direito.
4. O empreiteiro ou a instituição que a ele se haja substituído terá direito a ser
imediatamente reembolsado das quantias que não houverem sido tempestivamente
recebidas nos termos do nº 3. e, bem assim, a requerer o levantamento da parte do depósito
correspondente a quantias reclamadas, mas não exigidas judicialmente, no prazo de 30
dias, a contar da comunicação feita aos reclamantes, de ter havido contestação às suas
reclamações, salvo se estes provarem não o terem feito por impossibilidade legal.
Artigo 205º
(Pagamento dos trabalhos posteriores à recepção provisória)
Se, posteriormente à recepção provisória, o empreiteiro executar trabalhos que lhe
devam ser pagos, aplicar-se-á, para os pagamentos parciais, o disposto quando a pagamentos
por medição e para liquidação final deles, a fazer logo em seguida à recepção definitiva, o
estabelecido para a liquidação da empreitada.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

Artigo 206º
(Deduções a fazer)
Se por qualquer razão legal ou contratualmente prevista houver de fazer se alguma
dedução nos depósitos de garantia, ou de exigir-se responsabilidades a satisfazer por
aqueles ou pelos bens do empreiteiro, proceder-se-á à liquidação das quantias a deduzir ou
do montante de responsabilidade.
SECÇÃO VII
Da liquidação e pagamento das multas e prémios
Artigo 207º
(Da liquidação das multas e prémios)
1. As multas contratuais aplicadas ao empreiteiro e os prémios a que tiver direito no
decurso da execução da obra até à recepção provisória serão descontados ou acrescidos no
primeiro pagamento contratual que se lhe seguir.
2. As multas contratuais aplicadas e os prémios concedidos posteriormente è recepção
provisória serão liquidados e pagos nos termos estabelecidos para as deduções ou
pagamentos nesse período.
3. Nenhuma sanção se considerará definitivamente aplicada sem que o empreiteiro
tenha tido conhecimento dos motivos de aplicação e ensejo de deduzir a sua defesa.
4. O prémio relativo à conclusão antecipada só se pagará depois da recepção provisória.
CAPÍTULO VI
Da rescisão e da resolução convencional da empreitada
Artigo 208º
(Efeitos da rescisão)
1. No caso da rescisão por conveniência do dono da obra, ou do exercício do direito
pelo empreiteiro, terá este direito a ser indemnizado pelos danos emergentes e do lucros
cessantes.
2. Se o empreiteiro preferir, poderá, em vez de aguardar a liquidação das perdas e
danos sofridos, receber desde logo, como única indemnização, a quantia correspondente
a 10 por cento da diferença entre o valor dos trabalhos executados e o valor dos trabalhos
adjudicados.
3. Se a rescisão for decidida pelo dono da obra a título de sanção aplicável por lei ao
empreiteiro, este suportará inteiramente as respectivas consequências naturais e legais.
4. A rescisão não produz, em regra, efeito retroactivo.
5. A falta de pagamento da indemnização prevista no nº 2 dentro do prazo de 60 dias
contados da data em que o seu montante se encontre definitivamente apurados confere ao
empreiteiro o direito a juros de mora sobre a respectiva importância, nos termos do nº 1 do
artigo 187º.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

Artigo 209º
(Rescisão pelo dono da obra)
1. Pertencendo o direito de rescisão do dono da obra, será o empreiteiro notificado da
intenção do seu exercício, dando-se-lhe prazo não inferior a 5 dias para contestar as razões
apresentadas, salvo se houver abandonado a obra ou paralisado os trabalhos.
2. Esgotado que esteja o prazo para contestação ou, após a recepção desta, se as razões
nela invocadas forem julgadas improcedentes, o dono da obra procederá à rescisão do
contrato e tomará posse administrativa dos trabalhos nos termos do artigo seguinte.
Artigo 210º
(Posse administrativa)
1. O dono da obra tomará imediatamente posse administrativa dos trabalhos em
curso que se consumará através de auto lavrado no local da obra, pelo fiscal desta, com
assistência do empreiteiro ou seu representante, que será convocado para o efeito, sendo o
auto assinado por ambos.
2. Não comparecendo o empreiteiro ou seu representante, o auto será firmado pelo
fiscal da obra e por três testemunhas idóneas que, confirmarão o teor do mesmo.
3. Havendo trabalhos em curso da mesma obra em diversos locais o dono da obra
tomará as necessárias providências para que a posse seja conferida em dias sucessivos,
quando não possam, ter lugar no mesmo dia, fazendo guardar desde logo os locais para que
deles não possam ser indevidamente desviados quaisquer bens do empreiteiro.
4. No auto far-se-á inventariação das obras, incluindo terrenos consignados ou
ocupados, materiais, edificações próprias ou arrendadas, estaleiros, ferramentas, máquinas
e veículos afectos à obra.
5. Se algum dos presentes apresentar inventário recente, digno de crédito, será este
conferido e apenso ao auto, com os aditamentos e correcções convenientes, dispensando-se
nova inventariação.
6. Quando o inventário não possa ficar concluído num só dia, será logo tomada a posse,
prosseguindo a inventariação nos dias seguintes.
7. No acto poderá o empreiteiro, ou seu representante, formular reclamações, mas
unicamente quando considere indevidamente inventariada alguma coisa.
8. Nos 30 dias seguintes ao encerramento do auto o dono da obra decidirá as
reclamações, mandando ou não restituir as coisas inventariadas, presumindo-se, na falta de
decisão, o indeferimento.
Artigo 211º
(Prossecução da obra pelo dono)
1. O dono da obra poderá utilizar na execução dos trabalhos as máquinas, materiais,
ferramentas, utensílios, edificações, estaleiros e veículos de que tomou posse mediante

617
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

aluguer ou compra, por preço acordado ou fixado em arbitragem ou judicialmente o qual


será depositado como garantia adicional das responsabilidades do empreiteiro.
2. O empreiteiro poderá requerer que lhe sejam entregues as máquinas, materiais,
ferramentas, utensílios, edificações, estaleiros e veículos que o dono da obra não quiser
utilizar nos termos do número anterior, prestando caução de valor equivalente ao do
inventário por depósito de dinheiro, garantia bancária, seguro caução, hipoteca ou penhor.
3. Os materiais existentes na obra e sujeitos a deterioração terão o seguinte destino:
a) Se estiverem aprovados ou em condições de merecer aprovação, serão
obrigatoriamente adquiridas pelo dono da obra pelo preço unitário respectivo,
se existir, ou o de factura, no caso contrário, retendo-se, contudo, o seu valor
como garantia adicional da responsabilidade do empreiteiro;
b) Se não estiverem nas condições do número anterior, poderão ser levados pelo
empreiteiro, que os removerá do local da obra, podendo essa remoção ser
feita pelo dono da obra, mas debitando o custo do transporte ao empreiteiro.
Artigo 212º
(Processo de rescisão pelo empreiteiro)
1. Nos casos em que no presente diploma seja reconhecido ao empreiteiro o direito de
rescisão do contrato, o exercício desse direito terá lugar mediante requerimento, dirigido ao
dono da obra nos 30 dias subsequentes à verificação do facto justificativo do direito, e no
qual o pedido será fundamentado e instruído com os documentos que possam comprovar
as razões invocadas.
2. Em caso algum poderá o empreiteiro paralisar os trabalhos ou alterar o cumprimento
do plano da empreitada em curso, devendo aguardar, para a entrega da obra realizada, a
resolução do requerimento.
3. Se o requerimento for indeferido ou decorrerem 20 dias sem resolução, o empreiteiro
poderá recorrer ao tribunal administrativo competente que o dono da obra seja notificado a
tomar posse da obra e a aceitar a rescisão do contrato.
4. Recebido o requerimento instruído com a cópia do requerimento da rescisão da
empreitada e dos documentos que o acompanhavam, será imediatamente citado o dono da
obra para, o prazo de 10 dias, responder o que lhe oferecer e, se a resposta não for dada em
tempo ou contiver oposição ao pedido, o juiz poderá, tomando em consideração a natureza
dos prejuízos que da prossecução dos trabalhos possam resultar para o empreiteiro, bem
como os que da suspensão possam provir para o interesse público, autorizar a suspensão
dos trabalhos pelo empreiteiro.

618
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

5. Autorizada pelo juiz a suspensão dos trabalhos, o empreiteiro fica com direito a
retirar da obra as máquinas, veículos, utensílios e materiais não afectos a qualquer garantia,
devendo propor a competente acção de rescisão contra o dono da obra dentro do prazo de
3 meses.
Artigo 213º
(Rescisão pelo empreiteiro)
1. Quando a rescisão for resultante do exercício de direito do empreiteiro, o dono
da obra tomará posse desta e dos materiais, ferramentas, utensílios e edificações que lhe
pertencerem, mediante auto de inventário os bens, no qual figurarão as medições dos
trabalhos executados.
2. Nos casos previstos no número anterior o dono da obra é obrigado:
a) A comprar, pelos preços convencionados ou que resultarem da arbitragem ou
decisão judicial, as máquinas, ferramentas, utensílios, edificações e estaleiros
adquiridos e aprovados para a execução das obras e com os quais o empreiteiro
não quiser ficar;
b) A comprar pelos preços de factura, os materiais aprovados existentes na obra,
e bem assim os que, embora se não achem ao pé da obra, se aprove terem
sido para ela adquiridos pelo empreiteiro, desde que reúnem as qualidades
necessárias para poderem ser aceites e não excedam as quantidades precisas.
3. O empreiteiro poderá sempre, se o preferir, ficar com todos ou algum dos materiais
e equipamentos referidos no número anterior, devendo, nesse caso, removê-los do local
dos trabalhos no prazo razoável que lhe for marcado, sob pena de tal remoção ser feita pelo
dono da obra, mas debitando o custo do transporte ao empreiteiro.
Artigo 214º
(Resolução convencional do contrato)
1. O dono da obra e o empreiteiro podem, por acordo e em qualquer momento, resolver
o contrato.
2. Os efeitos da resolução do contrato serão fixados no acordo.
Artigo 215º
(Liquidação final)
1. Em todos os casos de rescisão, resolução convencional ou caducidade do contrato se
procederá à liquidação final, reportada à data em que se verifiquem.
2. Havendo danos a indemnizar que não possam determinar-se desde logo com
segurança, far-se-á a respectiva liquidação em separado, logo que o seu montante for
tornado certo por acordo ou por decisão judicial ou arbitral.
3. O saldo da liquidação será retido pelo dono da obra, como garantia, até se apurar a
responsabilidade do empreiteiro.

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Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

Artigo 216º
(Pagamento da indemnização devida ao dono da obra)
1. Sendo a rescisão imposta pelo dono da obra, logo que esteja fixada a responsabilidade
do empreiteiro será o montante respectivo deduzido dos depósitos, garantias e quantias
devidas, pagando-se-lhe o saldo, se existir.
2. Se os depósitos, garantias devidas não chegarem para integral cobertura das
responsabilidade do empreiteiro, poderá este ser executado nos bens e direitos que
constituírem o seu património.
CAPÍTULO VII
Do contencioso dos contratos
Artigo 217º
(Tribunais competentes)
1. As questões que se suscitem sobre interpretação, validade ou execução do contrato
de empreitada de obras públicas, que não sejam dirimidas por meios graciosos, poderão ser
submetidas aos tribunais.
2. Os tribunais competentes são os como tal considerados na legislação sobre a
organização judiciária.
3. Todavia, poderão as partes acordar em submeter o litígio a um tribunal arbitral.
Artigo 218º
(Formas do processo)
1. As decisões ou deliberações proferidas pelo dono da obra após a celebração do
contrato, sobre matéria deste, não são susceptíveis de recurso contencioso.
2. Revestirão a forma de acção as questões submetidas a julgamento dos tribunais
sobre interpretação, validade ou execução do contrato.
Artigo 219º
(Prazo de caducidade)
As acções deverão ser propostas, quando outro prazo não esteja fixado na lei, dentro
do prazo de 180 dias, contados desde a data da notificação ao empreiteiro da decisão ou
deliberação do órgão competente para praticar actos definidos, em virtude do qual seja
negado algum direito ou pretensão do empreiteiro ou o dono da obra se arrogue direito que
a outra parte não considere fundado.
Artigo 220º
(Aceitação do acto)
1. O cumprimento ou acatamento pelo empreiteiro de qualquer decisão tomada pelo
dono da obra ou pelos seus agentes não se considera aceitação tácita da decisão acatada.

620
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

2. Todavia, se dentro do prazo de 10 dias a contar do conhecimento da decisão o empreiteiro


não reclamar ou não formular reserva dos seus direitos, a decisão reputa-se aceite.
Artigo 221º
(Matéria discutível)
O indeferimento de reclamações formuladas oportunamente pelo empreiteiro ao dono
da obra não inibe o empreiteiro de discutir a matéria dessas reclamações, em acção para o
efeito proposta, observando se o disposto nos artigos 219º e 220º.
Artigo 222º
(Tribunal arbitral)
1. No caso de as partes optarem pelo recurso a tribunal arbitral, o respectivo
compromisso deverá ser assinado antes de expirado o prazo de caducidade do direito.
2. O tribunal arbitral será constituído e funcionará nos termos do Código de Processo
Civil, entendendo-se, porém, que os árbitros julgarão sempre segundo a equidade.
3. Quando o valor do litígio não seja superior 20 000 000$, poderá ser designado um
só árbitro.
Artigo 223º
(Processo arbitral)
1. O processo arbitral será certificado nos seguintes termos:
a) Haverá unicamente dois articulados: a petição e a contestação;
b) Só poderão ser indicadas duas testemunhas por cada facto contido no
questionário;
c) A discussão será escrita.
2. Proferida a decisão e notificada às partes, o processo será entregue na secretaria do
Conselho das Obras Públicas, onde ficará arquivado, competindo ao presidente do Conselho
decidir tudo quanto respeite aos termos da respectiva execução por parte das entidades
administrativas, sem prejuízo da competência dos tribunais judiciais para a execução das
obrigações do empreiteiro, devendo ser remetido ao juiz competente cópia da decisão do
tribunal arbitral para efeito do processo executivo.
CAPÍTULO VIII
Disposições finais e transitórias
Artigo 224º
(Direitos subsidiário)
Em tudo o que não esteja previsto neste diploma, recorrer-se-á às leis e regulamentos
administrativos que previnam casos análogos, e, quando a legislação administrativa seja
omissa, às disposições da lei civil.

621
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio

Artigo 225º
(Matéria regulamentar)
As disposições do presente diploma referentes ao processo do concurso, à selecção de
concorrentes em concurso limitado com apresentação de candidaturas, à consignação e ao
plano de trabalhos, podem ser regulamentadas por portaria do Ministro das Infra-estruturas
e Transportes.
Artigo 226º
(Fornecimentos de obras públicas e projectos de obra)
1. O regime deste diploma é aplicável, com as necessárias adaptações, aos fornecimentos
de obras públicas, entendendo-se como tal, os contratos em que uma das partes se obriga
perante a outra, à entrega de materiais ou bens móveis que se destinem a ser incorporados
ou a complementar uma obra pública, mediante um preço e em determinado prazo.
2. É igualmente aplicável, com as necessárias adaptações, aos projectos, ainda que não
integrados em qualquer processo de concurso para a execução de obras públicas.
Artigo 227º
(Revogação)
São revogados o Decreto-Lei nº 48.871 de 19 de Fevereiro de 1969, a Portaria nº 555/71
de 23 de Outubro, o Decreto-Lei 52/75 de 31 de Maio bem como todas as disposições
legais que contrariem o presente diploma.
Artigo 228º
(Vigência)
O presente diploma entra em vigor 60 dias após a sua publicação e será aplicável às
obras postas a concurso posteriormente a essa data, aplicando-se as disposições do capítulo
VII às empreitadas em curso.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – Teófilo de Figueiredo Silva
Promulgado em 20 de Abril de 1994.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES
MONTEIRO.
Referendado em 20 de Abril de 1994.
O Primeiro-Ministro, Carlos Veiga.

622
Decreto Regulamentar nº 6/94, de 2 de Maio

LIMITES DE COMPETÊNCIAS PARA DISPENSAR


CONCURSO OU CONTRATO ESCRITO
Decreto Regulamentar nº 6/94
de 2 de Maio
Nos termos do nº 6 do artigo 47º do Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio que aprovou
o regime jurídico das empreitadas de obras públicas;
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do nº 2 do artigo 217º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
O concurso será obrigatório quando o valor total dos trabalhos previstos for supe-
rior a 1.500.000$00 e será obrigatoriamente público sempre que o valor seja superior a
10.000.000$00.
Artigo 2º
O contrato revistará obrigatoriamente a forma escrita quando os trabalhos forem de
valor superior a 1.500.000$00.
Artigo 3º
As consultas são obrigatórias no ajuste directo sempre que os trabalhos previstos se-
jam de valor superior a 400.000$00.
Artigo 4º
Os valores limites da competência das entidades que podem dispensar a realização
de concurso público ou limitado e de contrato escrito, nos termos do nº 5 do artigo 47º do
Decreto-Lei nº 31/94, de 2 de Maio de 1994 são, respectivamente:
a) Directores Gerais ou equiparados e dirigentes de serviços sem autonomia ad-
ministrativa ou financeira – 2.000.000$00;
b) Órgãos dirigentes de serviços dotados de autonomia administrativa e finan-
ceira e da Empresas Públicas – 2.000.000$00;
c) Ministros – 20.000.000$00;
d) Primeiro- Ministro – 50.000.000$00;
e) Conselho de Ministros – Superior a 50.000.000$00.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – Úlpio Napoleão Fernandes – Teófilo Figueiredo Silva.
Promulgado em 20 de Abril de 1994.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MONTEIRO.
Referendado em 20 de Abril de 1994.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.

623
Decreto Regulamentar nº 6/94, de 2 de Maio

624
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

XII - GESTÃO TERRITORIAL E URBANÍSTICA

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Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

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Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

BASES DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO


Decreto-Legislativo nº 1/2006
de 13 de Fevereiro
O regime jurídico que disciplina a preservação, uso, transformação, ordenamento e
fiscalização destas actividades sobre a terra está a crescer e a consolidar. A pouco e pouco
Cabo Verde vai adquirindo um corpo legal que permite um verdadeiro controlo das situa-
ções jurídicas em torno da gestão da terra nas suas mais diversas vertentes. A Constituição
da República fixou as balizas fundamentais nesta matéria, atribuindo ao Estado as funções
de “proteger a paisagem, a natureza, os recursos naturais e o meio ambiente bem como o
património histórico-cultural e artístico nacional” e as de “criar as condições necessárias
para a transformação e modernização das estruturas económicas e sociais, por forma a
tornar efectivos os direitos económicos, sociais e culturais dos cidadãos”. O planeamento
foi igualmente erigido em estratégia de desenvolvimento e, no plano individual, foram re-
conhecidos os direitos à iniciativa privada, à propriedade privada, à habitação e urbanismo,
ao ambiente e à cultura.
O ordenamento do território surge, pois, no contexto da Constituição da República
como meio e fim de políticas económicas, sociais e culturais. O direito à habitação, en-
quanto direito fundamental de todo o cidadão, aparece associado ao direito do urbanismo
para pôr em relevo que a habitação condigna passa necessariamente por políticas correctas
de ordenamento do território e de planeamento urbanístico. Do mesmo passo fomenta-se
e garante-se a participação de todos os interessados na elaboração dos instrumentos do
planeamento urbanístico.
Também a realização do direito ao ambiente, que surge no quadro constitucional não
só como direito subjectivo ao ambiente, mas também como direito colectivo ao ambiente,
passa igualmente por políticas acertadas de ordenamento do território e do planeamento
urbanístico, e políticas de promoção do aproveitamento racional de todos os recursos natu-
rais, com vista à salvaguarda da sua capacidade de renovação e estabilidade ecológica.
Ambiente e ordenamento têm, portanto, no quadro constitucional uma interpenetração
recíproca.
A Lei das Bases de Ordenamento do Território não espelha nos seus parâmetros fun-
damentais toda a dimensão constitucional emprestada ao sector. Reclama-se, pois, o seu
aperfeiçoamento, objecto, aliás, de vários fora, como seja o Fórum sobre o Ordenamento
do Território e Planeamento Urbanístico e o Fórum sobre a Problemática das Terras, cujas
conclusões são sobejamente conhecidas.
Suscita-se, a respeito dessa lei, um conjunto de problemas, traduzidos em incorrecções
técnicas, dessintonias, conceitos errados ou desactualizados, excessiva regulamentação,
ausência de um quadro eficiente de sanções, para além de questões insuficientemente tra-
tadas como sejam os planos especiais, a problemática do loteamento, os planos turísticos e
industriais de iniciativa particular, numa palavra, reclamam a sua revisão.

627
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

Dos elementos recolhidos dos diversos Instrumentos de Política e das conclusões ex-
traídas dos já referidos fora resultam as seguintes opções de política legislativa consubs-
tanciadas no diploma:
- A LBOTPU deve espelhar uma Política Nacional de Ordenamento do Ter-
ritório, enformada por um conjunto de processos interdependentes entre si que
atenda aos solos, sua vocação e sustentabilidade; aos interesses económicos,
sociais, culturais; à solidariedade e compromisso inter-geracionais, ao desen-
volvimento equilibrado das regiões e à justa repartição da riqueza nacional;
- A LBOTPU deve permitir e facilitar Políticas Locais de Ordenamento do Ter-
ritório e Planeamento Urbanístico que promovam a requalificação urbana, a
beleza das cidades e outros aglomerados urbanos, facilite a circulação viária
e o saneamento básico e promova os demais interesses locais sem quaisquer
constrangimentos que não os ditados por superiores interesses nacionais;
- Como tal a LBOTPU deve espelhar o princípio da descentralização adminis-
trativa como factor do reforço do Poder Local;
- O ordenamento do território deve assentar-se num Sistema Integral de Gestão
do Território que atenda ao território nacional na sua totalidade, conserve a
sua unidade, respeite a diversidade territorial e a biodiversidade, mantenha
uma articulação constante e permanente com o interesses do Ambiente e out-
ros sectores de desenvolvimento;
- A LBOTPU deve espelhar uma cultura de participação activa das populações,
de articulação, concertação, coordenação e de complementaridade, por parte
de todos os agentes e sectores envolvidos, assim como implementar um sis-
tema de procedimentos que privilegie o nível decisório mais próximo dos ci-
dadãos (princípio da subsidiariedade);
- O ordenamento do Território deve constituir um importante instrumento de
luta contra a pobreza e a exclusão social, de facilitação do acesso das regiões
e populações às Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, do acesso
ao conhecimento e à cultura, de difusão de elementos culturais autóctones na
sua mais ampla diversidade, como factor de enriquecimento espiritual e de
valorização da caboverdianidade;
- A LBOTPU deve permitir a adopção de planos especiais que protejam a bio-
diversidade nacional, as zonas com especial vocação turística ou industrial,
a orla marítima, as bacias hidrográficas e outros espaços naturais de modo a
impedir a sua degradação e a promover a sua melhor utilização;
- Além dos planos referidos no item anterior, a LBOTPU deve permitir a ex-
istência de instrumentos adequados de gestão territorial que incluam uma es-
tratégia de organização do espaço territorial, organizem a ocupação humana e

628
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

a utilização dos solos, permitam a protecção dos ecossistemas e promovam o


desenvolvimento;
- A LBOTPU deve viabilizar as iniciativas particulares em matéria de planea-
mento urbanístico, regular as operações de loteamento e fixar os parâmetros
que permitam a absorção de planos especiais de desenvolvimento turístico,
industriais ou outros de iniciativa particular;
- A LBOTPU deve atribuir um carácter vinculativo aos instrumentos de gestão
territorial não só para as entidades públicas, mas também, dentro de certos
limites, para as entidades particulares, assim como adoptar medidas tanto pre-
ventivas como sancionatórias para fazer face à possibilidade de comprometi-
mento das medidas de ordenamento, seja a montante, seja a jusante;
- Nesta conformidade, a LBOTPU deve adoptar um quadro adequado de sanções
que reprimam os comportamentos sejam acções ou omissões susceptíveis de
comprometer os objectivos do ordenamento e do planeamento urbanístico;
- A LBOTPU deve assegurar a mais completa informação dos particulares, em
termos que vinculem tanto as entidades do poder central, como as do pod-
er local, de todas as fases do processo de elaboração dos instrumentos de
gestão territorial, assim como garantir-lhes o acesso aos documentos da ad-
ministração e bem assim a possibilidade de impugnarem, através da acção
popular, do recurso administrativo ou através de queixa às entidades compe-
tentes qualquer acção ou omissão da Administração lesiva dos interesses que
a mesma LBOTPU visa defender, independentemente de culpa dos agentes da
Administração ou da existência de um prejuízo efectivo para o território ou
para o ambiente;
- A LBOTPU deve salvaguardar os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos
que incidam ou tenham relação com o território, susceptíveis de serem com-
prometidos por medidas de racionalidade técnica e garantir mecanismos de
compensação quando a inevitabilidade da intervenção causar um prejuízo
efectivo ou comprometer a realização de interesses particulares, sem prejuízo
do estabelecido na legislação relativa à expropriação por utilidade pública;
- A LBOTPU deve preconizar medidas de monitoramento que permitam uma
avaliação permanente do ordenamento do território e do planeamento urbanís-
tico e a apresentação periódica do resultado desse monitoramento através de
Relatórios, seja do Governo perante a Assembleia Nacional, seja das Câmaras
Municipais, perante a respectiva Assembleia Municipal, sem prejuízo da tu-
tela inspectiva;
- A LBOTPU deve adoptar um sistema adequado de divulgação e publicidade
seja dos instrumentos de gestão territorial, de caracterização dos sítios, dos

629
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

solos e sua vocação, classificação e qualificação por forma a possibilitar o seu


mais amplo conhecimento por parte dos interessados.
Assim:
Ao abrigo da autorização legislativa conferida pelo nº 3, do artigo 2º, da Lei n.º 71/
VI/2005, de 27 de Junho;
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do nº 2, do artigo 203º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
BASE I
Território: património da Nação
1. O território nacional constitui património de todas as gerações de cabo-verdianos,
presentes e futuras. O seu ordenamento e planeamento constituem imperativo nacional.
2. O ordenamento do território e o planeamento integram o conjunto das acções polí-
ticas, técnicas e administrativas, entre si coordenadas, interdependentes e compartilhadas,
com incidência sobre:
a) As ilhas, ilhéus e ilhotas que historicamente fazem parte do território nacional;
b) As águas interiores, as águas arquipelágicas e o mar territorial definidos na lei,
assim como os respectivos leitos e subsolos;
c) O espaço aéreo suprajacente aos espaços geográficos referidos nas alíneas an-
teriores;
d) A zona contígua, a zona económica exclusiva e plataforma continental.
3. O ordenamento do território e o planeamento devem atender às características e
vocação dos solos e sua sustentabilidade; ao melhor aproveitamento dos recursos naturais
e ao seu carácter renovável ou não renovável; à protecção da biodiversidade; à solidarie-
dade e compromisso inter-geracionais, ao desenvolvimento equilibrado das regiões, à justa
repartição da riqueza nacional e aos demais interesses económicos, sociais e culturais do
país.
4. O ordenamento do território e o planeamento urbanístico não podem, em caso al-
gum, envolver a prática de acto jurídico, seja de fonte interna seja de fonte internacional,
que ponha em causa a integridade do território nacional ou os direitos de soberania que o
Estado exerce sobre o mesmo território.
5. Os actos referidos no número anterior são nulos e de nenhum efeitos.
BASE II
Dever de ordenar e planear
1. O Estado e os municípios, de acordo com as suas competências e no respeito mú-
tuo pela autonomia dos respectivos órgãos, têm o dever colaborar entre si na adopção de

630
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

um sistema nacional de gestão do território e de promover o seu correcto ordenamento e


planeamento, no respeito pelo interesse público e pelos direitos, liberdades e garantias,
constitucionalmente reconhecidos.
2. As políticas locais de ordenamento e planeamento do território devem promover a
requalificação urbana, a beleza das cidades e de outros aglomerados e bem assim facilitar a
circulação viária, o saneamento básico e outros interesses locais, sem quaisquer constran-
gimentos que não os ditados por superiores interesses nacionais.
3. O ordenamento e planeamento locais assentam no princípio superior de descentra-
lização administrativa.
BASE III
Princípios de política de ordenamento
e planeamento do território
As políticas de ordenamento do território e planeamento obedecem aos princípios ge-
rais que norteiam as relações entre a Administração Central e o Poder Local; entre a Admi-
nistração e os particulares; entre todos os agentes de desenvolvimento e o ambiente e ainda
por mais os seguintes princípios específicos:
a) Sustentabilidade e solidariedade intergeracional, que preconiza a conservação
do capital de território natural e impõe que a taxa de utilização da terra e o
consumo de recursos renováveis não exceda a respectiva taxa de reposição e
que o grau de consumo de recursos não renováveis não exceda a capacidade
de desenvolvimento de recursos renováveis sustentáveis;
b) Sustentabilidade ambiental que garante a preservação, a conservação e a val-
orização da natureza e da saúde humana, designadamente, da biodiversidade,
da qualidade do ar, da água e do solo, a níveis suficientes para manter a vida
humana, animal e vegetal;
c) \Coordenação, que preconiza a articulação e compatibilização do ordenamen-
to com as políticas de desenvolvimento económico e social, e bem assim com
políticas sectoriais com incidência na organização do território, no respeito
por uma adequada ponderação dos interesses públicos e privados;
d) Subsidiariedade, que impõe a coordenação dos procedimentos dos diversos
níveis da Administração Pública de forma a privilegiar o nível decisório mais
próximo do cidadão;
e) Equidade, que assegura a justa repartição dos encargos e benefícios decor-
rentes da aplicação dos instrumentos de gestão territorial;
f) Participação, que preconiza o reforço da consciência cívica dos cidadãos at-
ravés do acesso à informação e à intervenção nos procedimentos de elabo-
ração, execução, avaliação e revisão dos instrumentos de gestão territorial;

631
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

g) Liberdade de acesso à informação que propicie uma participação esclarecida e


lúcida do cidadão nas questões relativas ao ordenamento do território, desen-
volvimento e planeamento urbanístico;
h) Precaução que, mercê da grande mutabilidade do ambiente, previna externali-
dades imprevistas e desconhecidas;
i) Responsabilidade, que garante a prévia ponderação das intervenções com im-
pacto relevante no território e estabelece o dever de reposição ou compen-
sação dos danos que ponham em causa a qualidade ambiental;
j) Contratualização, que incentiva a adopção de modelos de actuação baseados
na concertação entre a iniciativa pública e a iniciativa privada na concretiza-
ção dos instrumentos de gestão territorial;
k) Segurança jurídica, que garante a estabilidade dos regimes legais e o respeito
pelas situações jurídicas validamente constituídas.
BASE IV
Participação dos cidadãos
1. Os cidadãos têm o direito e o dever de participar na definição, elaboração, execução
e fiscalização do cumprimento dos planos de ordenamento, através dos órgãos competentes
da Administração central, regional e local, de outras pessoas colectivas de direito público e
de pessoas e entidades privadas.
2. O Estado e os municípios devem viabilizar as iniciativas de ordenamento e plane-
amento de origem particular, desde que respeitem o interesse público e sejam conformes
com a lei vigente em matéria de ordenamento e planeamento.
3. A inobservância do disposto nos números anteriores pode envolver responsabilidade
criminal, civil e disciplinar, conforme ao caso couber, e pode fundar a acção de invalidade
dos instrumentos de política, actuações e medidas desconformes com o referido princípio.
4. São partes legítimas para as acções a que se refere o número anterior o Ministério
Público, em representação do Estado e das comunidades, as autarquias locais, as associa-
ções de interesse público ou privado, os proprietários, usufrutuários, arrendatários e bem
assim qualquer cidadão ou grupo de cidadãos no pleno gozo dos seus direitos civis, seja no
seu interesse, seja no interesse de terceiros.
5. As acções a que se refere o número anterior, bem como as providências que lhe es-
tiverem associadas estão isentas de preparos e custas e devem ser decididas em tempo útil
por forma a causar menores danos aos solos, à urbe e às comunidades atingidas.
BASE V
Transparência
1. As entidades responsáveis pela definição e execução das políticas de ordenamento
e planeamento encontram-se vinculadas a informar a todos os interessados, desde o Mi-

632
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

nistério Público, autarquias, associações e cidadãos em geral sobre as medidas de gestão


territorial os planos em vigor ou em curso de elaboração.
2. O dever a que se reporta o número anterior cumpre-se de harmonia com as prescri-
ções estabelecidas no presente diploma e seus regulamentos.
BASE VI
Fins
Constituem fins da política de ordenamento do território e do urbanismo:
a) Reforçar a coesão nacional, corrigindo as assimetrias regionais e assegurar a
igualdade de oportunidades dos cidadãos no acesso às infra-estruturas, equi-
pamentos, serviços e funções urbanas;
b) Promover a valorização integrada das diversidades do território nacional;
c) Assegurar o aproveitamento racional dos recursos naturais, a preservação do
equilíbrio ambiental, a humanização das cidades e a funcionalidade dos es-
paços edificados;
d) Assegurar a defesa e valorização do património histórico, cultural e natural;
e) Promover a qualidade de vida e assegurar condições favoráveis ao desenvolvi-
mento das actividades económicas, sociais e culturais;
f) Racionalizar, reabilitar e modernizar os centros urbanos e promover a coerên-
cia dos sistemas em que se inserem;
g) Salvaguardar e valorizar as potencialidades do espaço rural, lutar contra a
desertificação e incentivar a criação de actividades geradoras de rendimento;
h) Acautelar a protecção civil da população, prevenindo os efeitos decorrentes de
catástrofes naturais ou da acção humana.
i) Garantir o desenvolvimento harmonioso e equilibrado das regiões, dos nú-
cleos de povoamento;
j) Assegurar o dimensionamento e a localização das infra-estruturas e equipa-
mentos;
k) Garantir a disponibilização de terrenos para as actividades económicas, es-
paços públicos e edificação.
BASE VII
Sistema de gestão territorial
1. O ordenamento do território e o planeamento urbanístico assentam num sistema de
gestão territorial que atende ao território na sua totalidade, conserva a sua unidade, respeita
a diversidade e a descontinuidade territoriais e preserva a biodiversidade.

633
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

2. O sistema de gestão territorial funciona em constante e permanente interacção com


o sistema nacional de defesa do ambiente e outros sectores de desenvolvimento.
3. O sistema integral de gestão territorial tem âmbito nacional, regional, municipal e
especial, nos termos seguintes:
a) O âmbito nacional define o quadro estratégico para o ordenamento do espaço
nacional, estabelece as directrizes a considerar no ordenamento regional e mu-
nicipal e a compatibilização entre os diversos instrumentos de política secto-
rial com incidência territorial;
b) O âmbito regional define o quadro estratégico para o ordenamento do espaço
regional em estreita articulação com as políticas nacionais de desenvolvimento
económico e social, estabelecendo as directrizes orientadoras do ordenamento
municipal;
c) O âmbito municipal define, de acordo com as directrizes de âmbito nacional e
regional e com opções próprias de desenvolvimento estratégico, o regime de
uso do solo e a respectiva programação;
d) O âmbito especial particulariza os sectores de ordenamento e planeamento de
âmbito nacional, regional ou municipal, com vista à protecção da biodiver-
sidade nacional, das zonas históricas, das zonas com especial vocação turís-
tica ou industrial, da orla marítima, das bacias hidrográficas e outros espaços
naturais de valor cultural, histórico ou científico, de modo a impedir a sua
degradação e a promover a sua melhor utilização.
4. O sistema de gestão territorial concretiza-se na existência de instrumentos de gestão
territorial que adoptem uma estratégia de organização do espaço territorial, organizem a
ocupação humana e a utilização dos solos, permitam a protecção dos ecossistemas e pro-
movam o desenvolvimento.
5. O sistema de gestão territorial viabiliza e absorve as iniciativas particulares em
matéria de planeamento urbanístico, de loteamento e emparcelamento e fixa os parâmetros
fundamentais que permitam a absorção de planos especiais de desenvolvimento turístico,
industriais ou outros de iniciativa particular.
BASE VIII
Instrumentos de Gestão Territorial
1. Os instrumentos de gestão territorial, de acordo com as funções diferenciadas que
desempenham, integram:
a) Instrumentos de ordenamento e desenvolvimento territorial, de natureza es-
tratégica, que traduzem as grandes opções com relevância para a organiza-
ção do território, estabelecendo directrizes de carácter genérico sobre o modo
de uso do mesmo, consubstanciando o quadro de referência a considerar na
elaboração de instrumentos de planeamento territorial;

634
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

b) Instrumentos de planeamento territorial, de natureza regulamentar, que esta-


belecem o regime de uso do solo, definindo modelos de evolução da ocupação
humana e da organização de redes e sistemas urbanos e, na escala adequada,
parâmetros de aproveitamento do solo;
c) Instrumentos de política sectorial, que programam ou concretizam as políticas
de desenvolvimento económico e social com incidência espacial, determinan-
do o respectivo impacto territorial;
d) Instrumentos de natureza especial, que estabelecem meios específicos de in-
tervenção para a prossecução de objectivos particulares de interesse nacional,
regional ou local.
2. Os instrumentos de ordenamento e desenvolvimento territorial compreendem como
figuras de planos a Directiva Nacional de Ordenamento do Território e o Esquema Regional
de Ordenamento do Território.
3. Os instrumentos de planeamento territorial compreendem as seguintes figuras, seria-
das de acordo com o respectivo grau hierárquico:
a) Plano Director Municipal;
b) Plano de Desenvolvimento Urbano;
c) Plano Detalhado.
4. Os planos directores municipais, os planos de desenvolvimento urbano e os planos
detalhados são genericamente designados por «planos urbanísticos».
5. Os municípios podem elaborar planos intermunicipais de ordenamento do território
que visam a articulação estratégica entre áreas territoriais que, pela sua interdependência,
necessitam de uma gestão integrada.
6. São instrumentos de política sectorial os planos com incidência territorial da respon-
sabilidade dos diversos sectores da Administração Central.
7. São instrumentos de natureza especial os planos especiais de ordenamento do ter-
ritório.
BASE IX
Subordinação. Regulamentos110
1. As figuras de planos subordinam-se entre si, de acordo com o respectivo grau hie-
rárquico.
2. A aprovação de uma figura de plano de ordenamento de grau hierárquico inferior
pode preceder a aprovação de plano de grau superior.
3. As figuras de planos de ordenamento de grau hierárquico superior devem ter em
conta o ordenamento territorial e urbano adoptado nos planos de grau inferior.
110 Continuam em vigor o Decreto 87/90 de 13 de Outubro e Decreto 88/90 de 13 de Outubro.

635
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

4. As figuras de plano de ordenamento de grau hierárquico inferior desenvolvem as


previsões e as disposições dos planos de grau superior.
5. O conteúdo material e documental das figuras de planos de ordenamento são objecto
de desenvolvimento, por Decreto-Lei, no Regulamento Nacional do Ordenamento do Ter-
ritório e do Planeamento Urbanístico.
BASE X
Directiva Nacional de ordenamento do território
1. A Directiva Nacional de Ordenamento do Território é o instrumento de planeamento
que, a nível nacional, estabelece o quadro espacial das actuações com impacto na organiza-
ção do território. A Directiva Nacional de Ordenamento do Território define e calendariza
as grandes opções com relevância para a organização do território nacional e constitui um
quadro de referência a considerar na elaboração dos demais instrumentos de gestão terri-
torial.
2. A Directiva Nacional de Ordenamento do Território abrange a totalidade do territó-
rio cabo-verdiano.
3. A Directiva Nacional de Ordenamento do Território identifica os interesses públicos
de nível nacional por ele protegidos, articula as actuações tendentes a garantir o desenvol-
vimento sustentável e define os critérios de carácter básico de ordenamento e de gestão de
recursos naturais.
BASE XI
Esquema Regional de Ordenamento do Território
1. O Esquema Regional de Ordenamento do Território é o instrumento de planeamento
que, a nível regional, estabelece o quadro espacial das actuações com impacto na organi-
zação do território.
2. O Esquema Regional de Ordenamento do Território abrange um grupo de ilhas vizi-
nhas ou os concelhos de uma mesma ilha.
3. O Esquema Regional de Ordenamento do Território identifica os interesses públicos
de nível regional por ele protegidos.
BASE XII
Plano especial de ordenamento do território
1. Os planos especiais concretizam no território as políticas particulares adoptadas
para o ambiente, agricultura, a conservação da natureza, o desenvolvimento do turismo e
a orla costeira.
2. O plano especial de ordenamento do território é o instrumento de planeamento que
estabelece o quadro espacial de um conjunto coerente de actuações sectoriais com impacto
na organização do território.

636
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

3. O plano especial de ordenamento do território abrange a área que, fundamentada-


mente, se mostre adequada para estabelecer o quadro espacial das actuações sectoriais por
ele disciplinadas.
4. O plano especial de ordenamento do território, consoante as actuações a que se refe-
re, identifica os interesses públicos de nível sectorial por ele protegidos e, consoante o caso,
estabelece as previsões e restrições relativas à transformação das áreas abrangidas.
5. O plano especial de ordenamento do território não pode actuar como instrumento de
ordenamento global da área por ele abrangida.
BASE XIII
Plano director municipal
1. O plano director municipal é o instrumento de planeamento que rege a organização
espacial do território municipal.
2. O plano director municipal abrange a totalidade do território municipal.
3. O plano director municipal identifica os interesses públicos que se propõe proteger
e dispõe, em especial, sobre:
a) A delimitação das áreas urbanas e peri-urbanas;
b) A qualificação das áreas não urbanizáveis;
c) O traçado esquemático da rede viária e das redes de infra-estruturas urbanísticas;
d) A localização dos principais equipamentos públicos;
e) A delimitação das áreas a abranger por plano de desenvolvimento urbano e
por plano detalhado.
BASE XIV
Plano de desenvolvimento urbano
1. O plano de desenvolvimento urbano é o instrumento de planeamento que rege a
organização espacial dos núcleos de povoamento.
2. O plano de desenvolvimento urbano abrange, total ou parcialmente, as áreas urbanas
e peri-urbanas de um núcleo de povoamento ou de um conjunto de núcleos de povoamento
vizinhos, existentes ou a criar.
3. O plano de desenvolvimento urbano identifica os interesses públicos que se propõe
proteger e dispõe, em especial, sobre:
a) A delimitação das áreas urbanizadas e urbanizáveis e das áreas peri-urbanas;
b) A qualificação das áreas referidas na alínea anterior;
c) A hierarquia, o traçado e o dimensionamento dos principais arruamentos e
espaços públicos;

637
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

d) O traçado e o dimensionamento geral das redes de infra-estruturas urbanísticas;


e) A localização e o dimensionamento geral dos equipamentos colectivos;
f) A delimitação das áreas a abranger por plano detalhado.
BASE XV
Plano detalhado
1. O plano detalhado é o instrumento de planeamento que rege a inserção da edificação
no meio urbano e na paisagem.
2. O plano detalhado abrange:
a) As áreas urbanas e peri-urbanas dos núcleos de povoamento, existentes ou a
criar, sendo designado por «plano urbanístico detalhado»;
b) As áreas não urbanizáveis em que se justifique disciplinar a edificação rural;
c) O plano detalhado identifica os interesses públicos que se propõe proteger e
dispõe, em especial, sobre:
d) O traçado dos arruamentos e das vias pedonais e a implantação e arranjo dos
espaços públicos, incluindo a localização do mobiliário urbano e o ajardina-
mento dos espaços verdes;
e) O traçado, o dimensionamento e a implantação das infra-estruturas urbanísticas;
f) A localização e o dimensionamento dos equipamentos colectivos;
g) O parcelamento e a utilização dos terrenos, incluindo a delimitação de áreas
vedadas à edificação;
h) A implantação, a volumetria, a forma de agrupamento e a utilização dos edifí-
cios, incluindo o ordenamento das fachadas sobre a via pública;
i) O acesso aos lotes e às parcelas edificáveis;
j) O aproveitamento dos logradouros e a utilização das construções anexas;
k) A construção de muros e a colocação de vedações;
l) A colocação de anúncios e painéis publicitários;
m) A delimitação de unidades de execução do planeamento urbanístico.
4. O plano detalhado é constitutivo de direitos urbanísticos.
BASE XVI
Elaboração e aprovação dos instrumentos
de ordenamento e desenvolvimento territorial
1. A elaboração das figuras de plano de ordenamento do território é determinada me-
diante:
a) Resolução do Conselho de Ministros, no caso da Directiva Nacional de Orde-
namento do Território e do Esquema Regional de Ordenamento do Território;

638
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

b) Resolução conjunta dos membros do Governo responsáveis pela tutela dos in-
teresses a proteger ou das actividades a disciplinar, no caso de plano especial
de ordenamento do território;
c) Decisão do Departamento competente da Administração Central, no caso de
planos sectoriais.
2. A elaboração dos instrumentos de ordenamento e desenvolvimento é acompanhada
por uma comissão constituída por representantes das entidades públicas interessadas nesse
plano.
3. A comissão de acompanhamento dos instrumentos de ordenamento e desenvol-
vimento integra obrigatoriamente representantes das câmaras municipais dos concelhos
abrangidos por esse plano, ou organismo que as represente.
4. A aprovação prévia da proposta da Directiva Nacional de Ordenamento do Território
é da competência do Conselho de Ministros.
5. A aprovação prévia das demais figuras de planos de ordenamento do território é da
competência do membro do Governo responsável pelo sector do ordenamento territorial e
urbano.
6. Quando a proposta de figura de plano de ordenamento do território suscita objecções
das assembleias municipais fundamentadas no previsível prejuízo de interesses essenciais
do município, o membro do Governo responsáve1 pelo sector do ordenamento territorial e
urbano determina a abertura de um período de conciliação, destinado a permitir a remode-
lação dessa proposta.
7. A aprovação final das figuras de plano é da competência:
a) Do Parlamento, no caso da Directiva Nacional de Ordenamento do Ter-
ritório;
b) Do Conselho de Ministros, no caso do Esquema Regional de Ordenamento do
Território;
c) Dos membros do Governo responsáveis pela tutela dos interesses a proteger
ou das actividades a disciplinar, no caso de plano especial de ordenamento do
território e de planos sectoriais.
8. Com o acto de aprovação final da figura de plano de ordenamento do território são
publicados a carta de ordenamento e o regulamento desse plano.
BASE XVII
Elaboração e aprovação dos instrumentos
de planeamento territorial
1. A elaboração do plano urbanístico é determinada mediante:
a) Deliberação da assembleia municipal, no caso do plano director municipal e
dos planos de desenvolvimento urbano;

639
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

b) Deliberação da câmara municipal, no caso dos planos detalhados, salvo legis-


lação especial em contrário.
2. A publicação da deliberação que determina a elaboração do plano urbanístico con-
fere à câmara municipal o direito de ocupar temporariamente os terrenos e edifícios, a fim
de assegurar a realização dos trabalhos necessários ou impostos pela elaboração e execução
desse plano.
3. A aprovação prévia da proposta de plano urbanístico é da competência da câmara
municipal.
4. A proposta de plano urbanístico é remodelada sempre que as suas soluções fundamen-
tais suscitem profundas divergências entre os cidadãos e as entidades nele interessadas.
5. A aprovação final do plano urbanístico é da competência da assembleia municipal.
6. Os planos urbanísticos estão sujeitos à homologação do membro do Governo, res-
ponsável pelo ordenamento do território.
7. Com o acto de homologação do plano urbanístico são publicados a planta de orde-
namento e o regulamento desse plano.
BASE XVIII
Planos detalhados de iniciativa particular
1. O plano de desenvolvimento urbano, excepto os da sede do município, e o plano de-
talhado de iniciativa particular devem ser submetidos à apreciação da entidade oficial que
seria a legalmente competente para tomar a iniciativa de elaboração do plano que, antes de
o adoptar e fazer seguir, deve:
a) Averiguar se o plano obedece às prescrições legais;
b) Verificar a sua compatibilização com os demais planos em vigor ou em curso
de elaboração;
c) Julgar a sua adequação à prossecução dos interesses que a Administração
prosseguiria com um plano da mesma natureza.
2. O plano de desenvolvimento urbano e o plano detalhado de iniciativa particular que
não esteja conforme com qualquer das alíneas previstas no número anterior é rejeitado ou
mandado aperfeiçoar, sob pena de não ter seguimento. Do contrário, o plano é perfilhado e
segue os ulteriores termos como se tratasse de um plano de iniciativa oficial.
BASE XIX
Relações entre Instrumentos de Gestão Territorial
1. Os instrumentos de planeamento territorial devem prosseguir as orientações defini-
das pelos instrumentos de ordenamento e desenvolvimento territorial.

640
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

2. Os instrumentos de ordenamento e desenvolvimento territorial e os instrumentos de


política sectorial traduzem um compromisso recíproco de integração e compatibilização
das respectivas opções, determinando que:
a) Os planos sectoriais desenvolvam e concretizem, no respectivo domínio de
intervenção, as orientações definidas na Directiva Nacional de Ordenamento
do Território;
b) Os Esquemas Regionais de Ordenamento do Território integrem as regras
definidas na Directiva Nacional de ordenamento do Território e nos planos
sectoriais pré-existentes;
c) A elaboração dos planos sectoriais visa a necessária compatibilização com
os esquemas regionais de ordenamento do território, relativamente aos quais
tenham incidência espacial.
3. Os esquemas regionais de ordenamento do território e os planos sectoriais vinculam
as entidades públicas competentes para a elaboração e aprovação de planos municipais
relativamente aos quais tenham incidência espacial, devendo ser assegurada a compatibili-
dade entre os mesmos.
4. Os planos especiais de ordenamento do território traduzem um compromisso recí-
proco de compatibilização com a Directiva Nacional e os Esquema Regionais de Ordena-
mento do Território e prevalecem sobre os planos municipais.
5. Na elaboração de novos instrumentos de gestão territorial devem ser identificados
e ponderados os planos, programas e projectos com incidência na área a que respeitam, já
existentes ou em preparação, e asseguradas as necessárias compatibilizações.
BASE XX
Medidas Preventivas
1. O órgão competente para determinar a elaboração ou actualização de instrumentos
de gestão territorial pode estabelecer que uma área, ou parte dela, que se presuma vir a
ser abrangida por esse instrumento seja sujeita a medidas preventivas, destinadas a evitar
alteração das circunstâncias e condições existentes que possa comprometer a execução do
plano ou empreendimento ou torná-la mais difícil ou onerosa.
2. As normas regulamentares das medidas preventivas não podem estabelecer novos
fundamentos de indeferimento de loteamentos urbanos ou de aprovação de projectos de
obras.
3. O recurso às medidas preventivas deve ser limitado aos casos em que, fundadamen-
te, se receie que os prejuízos resultantes mais relevantes do que os inerentes à adopção das
medidas.

641
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

BASE XXI
Participação das entidades públicas e dos particulares
1. As entidades públicas e privadas podem dirigir ao órgão competente para a elabora-
ção de instrumentos de gestão territorial as sugestões, observações e objecções que enten-
derem formular sobre as previsões e disposições a adoptar nesse plano.
2. O órgão competente para a elaboração de um instrumentos de gestão territorial pode
promover a reunião das entidades que manifestem divergências sobre as principais solu-
ções a adoptar nesse plano.
3. A câmara municipal, as entidades públicas e os privados podem elaborar cenários
de desenvolvimento urbano destinados a servir de base à elaboração e execução de instru-
mentos de gestão territorial.
4. As entidades públicas e os privados, mediante protocolo de colaboração celebrado
com as autarquias locais, podem elaborar propostas de planos de desenvolvimento urbano,
excepto da sede do Município, e de planos detalhados.
BASE XXII
Efeitos dos planos
1. As figuras de planos de ordenamento aprovados nos termos da presente lei são pú-
blicos.
2. As figuras de planos de ordenamento são plenamente eficazes uma vez publicado:
a) O acto de aprovação final, no caso dos instrumentos de ordenamento e desen-
volvimento territorial;
b) O acto de homologação, no caso dos planos urbanísticos.
3. A Administração e os administrados ficam obrigados ao cumprimento das disposi-
ções das figuras de planos de ordenamento plenamente eficazes.
4. Os efeitos do plano de ordenamento cessam no termo do respectivo prazo de vigência.
BASE XXIII
Direito de preferência
1. A câmara municipal goza do direito de preferência nas transmissões por título one-
roso, entre particulares, de terrenos:
a) Reservados para infra-estruturas e equipamentos públicos por plano de desen-
volvimento urbano ou por plano detalhado eficaz;
b) Abrangidos por plano urbanístico detalhado eficaz.
2. O direito de preferência exerce-se tanto por tanto.

642
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

BASE XXIV
Suspensão das figuras de planos e apoio aos municípios
1. As disposições das figuras de planos de ordenamento podem ser total ou parcial-
mente suspensas pelo Governo, quando esteja em causa interesses nacionais, regionais ou
municipais.
2. As câmaras municipais, nos prazos fixados pelo Governo, devem promover a elabo-
ração, alteração ou revisão:
a) Dos planos urbanísticos considerados necessários por plano de ordenamento
do território;
b) Dos planos urbanísticos suspensos.
3. No caso de incumprimento dos prazos para elaboração, alteração ou revisão dos
planos referidos no número anterior, por insuficiência de meios materiais, humanos e finan-
ceiros o governo assumirá a responsabilidade pela elaboração.
BASE XXV
Actualização e interpretação das figuras de planos
1. Os órgãos competentes para a elaboração das figuras de planos de ordenamento
devem promover a reformulação, a alteração e a revisão dos planos em vigor, por forma a
assegurar a coerência das normas de ordenamento aplicáveis na mesma área e a atender às
novas condições e circunstâncias.
2. As resoluções interpretativas das figuras de planos de ordenamento são sempre fun-
damentadas e, quando tenham alcance geral, devem ser publicadas.
BASE XXVI
Vinculação dos Instrumentos de Gestão Territorial
1. Os instrumentos de gestão territorial vinculam as entidades públicas.
2. Os planos municipais e especiais de ordenamento do território são ainda vinculati-
vos para os particulares.
BASE XXVII
Garantias dos Particulares
1. Os particulares têm direito à informação tanto nos procedimentos de elaboração e
alteração como após a publicação dos instrumentos de gestão territorial, podendo consultar
o respectivo processo, adquirir cópias e obter certidões.
2. São reconhecidas aos titulares de direitos e interesses lesados por instrumentos de
gestão territorial vinculativos dos particulares as garantias gerais dos administrados nome-
adamente:
a) O direito de promover a respectiva impugnação;

643
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

b) O direito de acção popular;


c) O direito de apresentação de queixa ao Ministério Público e ao Provedor de
Justiça.
3. São ainda reconhecidos os direitos de acção popular e de apresentação de queixa ao
Provedor de Justiça relativamente a todos os instrumentos de gestão territorial cujos efeitos
não vinculem directamente os particulares.
BASE XXVIII
Expropriação do plano
1. Os proprietários de terrenos e edifícios localizados em áreas urbanas têm direito a
uma compensação quando as figuras de planos de ordenamento imponham, ao exercício
das faculdades do direito de propriedade, restrições equivalentes a uma expropriação.
2. As despesas com a compensação referida no número anterior são suportadas pelo
orçamento do órgão responsável pela elaboração do plano de ordenamento que impõe as
restrições.
BASE XXIX
Direito de reversão
1. O cedente de parcelas integradas em áreas dotacionais tem direito de reversão sem-
pre que haja desvio da finalidade da cedência ou de fim de utilidade pública em conformi-
dade com o planeamento urbanístico.
2. À reversão de parcelas aplica-se, com as necessárias adaptações, o disposto quanto
a reversão na lei de expropriações por utilidade pública.
3. As parcelas que, nos termos do artigo anterior, tenham revertido a favor do cedente
por sentença transitada em julgado ficam sujeitas às mesmas finalidades a que estavam
afectas quando integradas no domínio municipal, salvo existência de plano urbanístico
dispondo em contrário.
4. As construções erigidas na parcela revertida seguem o regime aplicável às benfei-
torias.
BASE XXX
Parcelamento de prédios rústicos e urbanos
1. O parcelamento dos prédios rústicos e urbanos é operado por forma:
a) A adequar a ocupação dos terrenos e o uso dos edifícios à qualificação do
solo;
b) A garantir a distribuição equitativa do aproveitamento urbanístico dos ter-
renos para edificação;
c) A permitir a adequada localização e implantação dos espaços públicos, das
infra-estruturas urbanísticas e dos equipamentos colectivos;

644
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

d) A evitar a constituição ou permanência de prédios e parcelas imperfeitas;


e) A respeitar as dimensões mínimas dos lotes e das parcelas edificáveis;
f) A respeitar os prazos para construção fixados pela câmara municipal.
2. As operações de parcelamento podem visar, exclusiva ou dominantemente, o lotea-
mento, o reparcelamento ou a regularização de estremas dos prédios.
BASE XXXI
Loteamento
1. A divisão dos terrenos urbanizáveis, em fracções ou unidades definidas em função
do seu destino de construção e autonomia de aproveitamento urbanístico pode ser de ini-
ciativa pública municipal ou a requerimento dos particulares, consoante os terrenos abran-
gidos pela operação do fraccionamento pertencerem ao domínio privado da autarquia ou
forem propriedade privada de pessoas de direito privado.
2. O loteamento a requerimento dos particulares deve ser aprovado por alvará emitido
pela autarquia local nos termos das suas competências e da legislação sobre de planeamen-
to e licenciamento urbanístico e respectivos regulamentos.
BASE XXXII
Programa municipal de actuação urbanística
1. O Programa Municipal de Actuação Urbanística sistematiza e calendariza as princi-
pais actuações urbanísticas a realizar no território municipal.
2. O programa municipal de actuação urbanística visa:
a) Definir as metas a alcançar em matéria de urbanização do solo e de construção
de equipamentos e casas de habitação;
b) Estabelecer as bases da negociação urbanística dos contratos-programa e acor-
dos a celebrar entre as câmaras municipais e as entidades actuantes;
c) Fasear os investimentos municipais nos domínios do urbanismo e da habit-
ação;
d) Disciplinar a distribuição do aproveitamento urbanístico dos terrenos para
edificação.
3. O programa municipal de actuação urbanística prossegue os objectivos estabeleci-
dos no planeamento urbanístico e dispõe sobre:
a) A delimitação de áreas de construção prioritária;
b) A delimitação de unidades de execução do planeamento urbanístico;
c) A fixação, para cada unidade de execução, da comparticipação dos propri-
etários nos custos de urbanização e nos custos de conservação dos espaços
públicos.

645
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

4. O programa municipal de actuação urbanística é anexado ao plano municipal de


desenvolvimento.
5. O programa municipal de actuação urbanística pode prever a alteração dos planos
detalhados e dos alvarás de licença de construção, sempre que tal se mostre necessário à
concertação e coordenação das actuações urbanísticas.
BASE XXXIII
Elaboração
1. Compete à câmara municipal promover a elaboração do programa municipal de
actuação urbanística.
2. As entidades públicas e os particulares interessados na execução do planeamento
urbanístico informam a câmara municipal das actuações que, pela sua natureza, devem ser
enquadradas no programa municipal ou justifiquem a sua revisão.
3. O programa municipal de actuação urbanística é submetido a inquérito público.
4. Compete à assembleia municipal aprovar o programa municipal de actuação urba-
nística, conjuntamente com o plano de desenvolvimento municipal.
BASE XXXIV
Contratos-programa
1. No caso de operações de parcelamento e de obras de urbanização se preveja a in-
tervenção de outras entidades além do interessado e da câmara municipal, as recíprocas
obrigações podem ser objecto de contrato-programa.
2. Os contratos-programa podem ter por objecto, designadamente:
a) O financiamento das obras de urbanização;
b) A cedência de terrenos dotacionais ou destinados à construção de equipamen-
tos públicos e de casas de habitação social;
c) A construção de equipamentos públicos e de casas de habitação social;
d) A transferência do aproveitamento urbanístico dos terrenos para edificação;
e) A remodelação de construções em desconformidade com o plano;
f) As garantias destinadas a assegurar os encargos decorrentes do impacto da
actuação nos espaços públicos, infra-estruturas urbanísticas, equipamentos
colectivos e serviços existentes.
3. Podem ser partes no contrato-programa de urbanização, além da câmara municipal
e da entidade actuante:
a) As empresas públicas e concessionárias de serviços públicos que devam servir
a área a transformar;
b) As entidades promotoras e financiadoras da actuação;

646
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

c) As empresas de construção civil e de obras públicas;


d) As cooperativas de habitação e de construção.
BASE XXXV
Uso do solo e das águas
1. A ocupação, a utilização e a transformação do solo estão subordinados aos fins,
princípios gerais e objectivos específicos estabelecidos neste diploma e conformam-se com
o regime de uso do solo definido nos instrumentos de planeamento territorial.
2. O regime de uso do solo é definido mediante a classificação e a qualificação do solo.
3. A classificação do solo determina o destino básico dos terrenos de harmonia com o
estabelecido na Lei dos Solos. 111
BASE XXXVI
Classificação e qualificação do solo
1. O regime do uso do solo é definido mediante a classificação e qualificação do solo.
2. A classificação do solo determina o destino básico dos terrenos e assenta na classifi-
cação fundamental entre solo rural e solo urbano.
3. A qualificação dos solos regula, com respeito pela sua classificação básica, o apro-
veitamento dos terrenos em função da sua actividade dominante que neles possa ser efec-
tuada ou desenvolvida.
BASE XXXVII
Execução
1. A Administração Pública tem o dever de proceder à execução coordenada e pro-
gramada dos instrumentos de planeamento territorial, recorrendo aos meios de política de
solos que vierem a ser estabelecidos na lei.
2. Para a execução coordenada e programada dos instrumentos de planeamento terri-
torial, os meios de política de solos a estabelecer na lei devem contemplar, nomeadamente,
modos de aquisição ou disponibilização de terrenos, mecanismos de transformação fundi-
ária e formas de parceria ou contratualização, que incentivem a concertação dos diversos
interesses.
3. A coordenação e programação dos instrumentos de planeamento territorial deter-
mina para os particulares o dever de concretizar e adequar as suas pretensões às metas e
prioridades neles estabelecidas.
BASE XXXVIII
Programas de Acção Territorial
1. A coordenação das actuações das entidades públicas e privadas interessadas na defi-
nição das políticas de ordenamento do território e de urbanismo e na execução dos instru-
mentos de planeamento territorial pode ser enquadrada por programas de acção territorial.
111 Ver Decreto-Legislativo nº 2/2007 de 19 de Junho.

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Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

2. Os programas de acção territorial têm por base um diagnóstico das tendências de


transformação das áreas a que se referem, definem os objectivos a atingir no período da sua
vigência, especificam as acções a realizar pelas entidades neles interessadas e estabelecem
o escalonamento temporal dos investimentos neles previstos.
3. A concretização dos programas de acção territorial é assegurada mediante conven-
ção celebrada entre as entidades neles interessadas.
BASE XXXIX
Compensação e Indemnização
1. Os instrumentos de gestão territorial vinculativos dos particulares devem prever meca-
nismos equitativos de perequação compensatória destinados a assegurar a redistribuição entre
os interessados dos encargos e benefícios deles resultantes, nos termos a estabelecer na lei.
2. Existe o dever de indemnizar, nos termos a estabelecer na lei, sempre que os instru-
mentos de gestão territorial vinculativos dos particulares determinem restrições significati-
vas de efeitos equivalentes a expropriação, a direitos de uso do solo pré-existentes e juridi-
camente consolidados que não possam ser compensados nos termos do número anterior.
3. O prazo e as condições de exercício do direito à indemnização previsto no número
anterior.
BASE XL
Regime Jurídico
O regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial é estabelecido através do Re-
gulamento Nacional de Ordenamento do Território e Planeamento Urbanístico.
BASE XLI
Participação e Concertação
1. Os instrumentos de gestão territorial são submetidos a prévia apreciação pública.
2. A elaboração e aprovação dos instrumentos de gestão territorial vinculativos dos
particulares são objecto de mecanismos reforçados de participação dos cidadãos nomeada-
mente através de formas de concertação de interesses.
BASE XLII
Ratificação pelo Governo
1. A ratificação pelo Governo dos planos municipais, destina-se a verificar a sua con-
formidade com as disposições legais e regulamentares vigentes bem como a compatibi-
lidade com instrumentos de ordenamento e desenvolvimento territorial, de planeamento
territorial, de política sectorial ou de natureza especial válidos e eficazes, sem prejuízo do
disposto no número seguinte.

648
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

2. Caso se verifique desconformidade ou ausência de plano director municipal, os pla-


nos de desenvolvimento urbano e os planos detalhados devem ser ratificados pelo Governo,
conferindo-lhes eficácia.
3. A ratificação dos planos pode ser parcial, aproveitando apenas à parte conforme com
as normas legais e regulamentares vigentes e compatível com os instrumentos de gestão
territorial eficazes.
BASE LXIII
Publicidade, registo e depósito
1. São publicados em Boletim Oficial todos os instrumentos de gestão territorial.
2. Podem ser estabelecidos ainda outros meios de publicidade que garantam uma ade-
quada divulgação.
3. Os actos referidos nos números anteriores estão sujeitos a registo nos serviços cen-
trais de ordenamento do território.
4. São igualmente depositados nos serviços centrais de ordenamento do território có-
pias autenticadas dos documentos que integram os actos sujeitos a publicidade e registo.
5. As cópias referidas no número anterior são públicas
BASE XLIV
Alteração
1. Os instrumentos de ordenamento e desenvolvimento territorial e os instrumentos de
política sectorial são alterados sempre que a evolução das perspectivas de desenvolvimento
económico e social o determine.
2. Os instrumentos de gestão territorial vinculativos dos particulares devem respeitar
um período de vigência mínima legalmente definido, durante o qual eventuais alterações
terão carácter excepcional, nos termos a definir por lei.
3. São directamente aplicáveis aos instrumentos de gestão territorial referidos no nú-
mero anterior as novas leis ou regulamentos que colidam com as suas disposições ou esta-
beleçam servidões administrativas ou restrições de utilidade pública que afectem as suas
prescrições.
BASE XLV
Suspensão
1. Os instrumentos de gestão territorial podem ser total ou parcialmente suspensos em ca-
sos excepcionais e quando esteja em causa a prossecução de relevante interesse público.
2. Os instrumentos de gestão territorial suspensos são obrigatoriamente revistos ou
alterados.

649
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

BASE XLVI
Revisão
Os instrumentos de gestão territorial vinculativos dos particulares são obrigatoriamen-
te revistos no prazo e condições legalmente previstos.
BASE XLVII
Avaliação do Estado do Ordenamento do Território
1. O Governo apresenta de dois em dois anos à Assembleia Nacional um Relatório
sobre o Estado do Ordenamento do Território, no qual é feito o balanço da execução da Di-
rectiva Nacional de Ordenamento do Território e são discutidos os princípios orientadores
e as formas de articulação das políticas sectoriais com incidência territorial.
2. A Câmara Municipal apresenta à Assembleia Municipal um Relatório bianual sobre
a execução dos planos urbanísticos de ordenamento do território e a sua articulação com a
estratégia de desenvolvimento municipal, sendo igualmente apreciada a eventual necessi-
dade de revisão ou alteração dos planos.
BASE XLVIII
Regulamentação
No prazo de seis meses a contar da aprovação deste diploma, o Governo desenvolve,
por Decreto - Lei, o Regulamento Nacional do Ordenamento do Território e Planeamento
Urbanístico.
BASE XLIX
Disposições transitórias
1. Nas áreas não abrangidas por plano urbanístico, a câmara municipal apenas pode
autorizar a realização:
a) De obras de benfeitoria, reabilitação e ampliação de construções existentes;
b) De edificações e instalações de carácter provisório;
c) De novos edifícios vinculados ao uso tradicional da área em que se inserem;
d) De edifícios e instalações necessários à realização de obras públicas, à ex-
ploração de serviços públicos e à gestão de redes de infra-estruturas;
I De edifícios e instalações que pelas suas características devam ser localizados
fora dos núcleos de povoamento.
2. Os planos de ordenamento do território podem delimitar ou identificar áreas em que
as actuações referidas no número anterior ficam sujeitas a prévia autorização dos serviços
do Estado, mediante pedido da câmara municipal fundamentado no interesse local.

650
Decreto-Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro

BASE L
Entrada em Vigor
O presente diploma entra em vigor no prazo de seis meses a contar da data da sua
publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
José Maria Pereira Neves - Manuel Inocêncio Sousa - Júlio Lopes Correia - Ilídio Ale-
xandre da Cruz - João Pinto Serra
Promulgado em 20 de Janeiro de 2006.
Publique-se.
O Presidente da República (Interino), ARISTIDES RAIMUNDO LIMA
Referendado em 20 de Janeiro de 2006.
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves.

651
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

REGULAMENTO GERAL DE CONSTRUÇÃO E HABITAÇÃO URBANA


Decreto n.º 130/88
de 31 de Dezembro
As disposições do Regulamento Geral das Edificações Urbanas, aprovado pelo diplo-
ma Legislativo n.º 1043, de 13 de Junho de 1950, revelam-se hoje absoletas.
Assim, com a aprovação do presente decreto, pretende o Governo criar um corpo ac-
tualizado de regras, que se adapte à realidade social, que lhe é subjacente, de um modo
efectivamente normativo e não meramente nominal.
Por outro lado, a dinâmica dos sectores da Habitação e Construção fortemente im-
pulsionada pela necessidade premente de ocorrer, rápida e correctamente, à satisfação das
carências de alojamento e serviços nos centros urbanos, - exige uma prática de gestão urba-
nística consequente de modo a conciliá-la, ao máximo, com as condições de implantação e
integração urbanas das novas construções.
Assim sendo, é reconhecida a urgência de se adoptar novos processos construtivos e de
reformular e adequar as condições técnicas e administrativas necessárias ao licenciamento
municipal das obras de construção de edifícios, com particular incidência nos destinados
à habitação.
Nestes termos:
No uso da faculdade conferida pelo artigo 77º da Constituição, o Governo decreta o
seguinte:
Artigo 1º
É aprovado o Regulamento Geral da Construção e Habitação Urbana, que faz parte
integrante do presente decreto e baixa assinado pelo Ministro da Administração Local e
Urbanismo.
Artigo 2º
Ficam revogados o Regulamento Geral das Edifícações Urbanas, aprovado pelo Di-
ploma Legislativo n.º 1043, de 13 de Junho de 1950, e toda a legislação contrária ao pre-
sente diploma.
Artigo 3º
O presente diploma entre em vigor, no dia 15 de Maio de 1989.
Pedro Pires - Tito Lívio Ramos - Adriano de Oliveira Lima - Arnaldo França
Promulgado em 30 de Dezembro de 1988
Publique-se.
O Presidente da República, ARISTIDES MARIA PEREIRA.

652
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

REGULAMENTO GERAL DE CONSTRUÇÃO


E HABITAÇÃO URBANA
TÍTULO I
Das disposições administrativas
CAPÍTULO ÚNICO
Disposições gerais
Artigo 1º
Âmbito de aplicação
1. A execução de novas edificações ou de quaisquer obras de construção civil, a recons-
trução, a ampliação, a reparação ou a demolição das edificações e obras existentes e, bem
assim, todos os trabalhos que impliquem alteração da topografia local, dentro de perímetro
urbano e das zonas sujeitas por lei a plano de urbanização e expansão, subordinar-se-ão às
disposições do presente regulamento.
2. O presente regulamento aplicar-se-á, também, nas povoações que não façam parte
das localidades referidas neste artigo, desde que a elas seja tornado extensivo por delibera-
ção municipal, homologada pelo Ministro da tutela e, em todos os casos, será aplicado às
edificações de carácter industrial e comercial ou de utilização colectiva.
3. Sem prejuízo da entrada em vigor do presente diploma, os órgãos municipais com-
petentes deverão elaborar os regulamentos necessários, sujeitos à aprovação do Ministro
da tutela, com vista à adaptação das disposições deste regulamento geral, às características
dos respectivos concelhos.
Artigo 2º
Definições
Para efeitos de aplicação do presente regulamento, entende-se por:
a) Reconstrução: a execução de novo de uma construção, no local ocupado por
outra e cingindo-se ao primitivo plano desta última;
b) Ampliação: a execução de obras que por qualquer forma modifiquem o plano
primitivo de uma construção já concluída;
c) Reparação: a execução de obras destinadas a substituir, por elementos novos
as partes arruinadas de uma construção;
d) Demolição: a execução de obras destinadas a destruir totalmente uma con-
strução existente.
Artigo 3º
Obrigatoriedade e requisitos da licença
1. A execução das obras e dos trabalhos referidos no artigo 1º não pode ser levada a
efeito, sem prévia licença do órgão municipal competente, ao qual incumbe, também, a
fiscalização do cumprimento das disposições deste regulamento.

653
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

2. O licenciamento de quaisquer obras proceder-se-á em função da importância e da


localização das mesmas, conforme os casos definidos no número seguinte, e de acordo com
uma das seguintes variantes:
a) Obtenção de um certificado de urbanismo, aprovação de projecto e licença de
construção;
b) Obtenção de um certificado de urbanismo e licença de construção;
c) Obtenção de um autorização municipal;
3. Para efeitos de aplicação do disposto no número anterior, dever-se-à considerar os
seguintes requisitos
a) Obtenção de um certificado de urbanismo, aprovação do projecto e licença de
construção, para os casos localizados nos centros de cidades zona de expansão
urbanizada ou por urbanizar, sedes de concelhos e outros aglomerados defini-
dos por deliberação municipal;
b) Obtenção de um certificado de urbanismo e licença de construção, para
os casos definidos em regulamentos específicos dos planos detalhados ou em
programas instituídos pelos Municípios;
c) Obtenção de uma autorização municipal, para os casos de construções ao
longo das estradas principais e dos aglomerados rurais, definidos por regu-
lamento, mediante simples representação de um esquisso de localização e de
formulário disponível para o efeito.
d) Compete ao órgão municipal competente fixar os limites espaciais preciso,
sobre os quais deverá incidir cada uma das variantes de procedimento a que
se refere o número 2 e, bem assim, os limites temporais de validade dos certi-
ficados de urbanismo e das licenças de construção.
Artigo 4º
Concessão de licença
1. O órgão municipal competente não poderá conceder licenças para a execução de
obras, sem que, previamente, verifique que não colidem com o plano urbanístico aprovado
para o local e que não prejudicam a estética urbana.
2. A concessão de licença para a execução de obras será sempre condicionada à obser-
vância das prescrições do presente regulamento, dos regulamentos municipais em vigor e,
bem assim, de outras disposições legais aplicáveis.
Artigo 5º
Responsabilidade do dono da obra
A concessão de licença para execução de obras, e o exercício da fiscalização municipal
não isentam o dono da obra, ou o seu representante, da responsabilidade pela condução dos

654
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

trabalhos, em estrita concordância com as prescrições regulamentares e outros preceitos ge-


rais ou especiais, a que essa obra, pela sua localização ou natureza, tenha de subordinar-se.
Artigo 6º
Pedido de licença
Os pedidos de licença para a execução de obras serão acompanhados dos elementos
necessários ao exacto esclarecimento das condições da sua realização, tendo em conta a
importância, a localização e a finalidade de cada tipo de obra.
Artigo 7º
Formalização dos projectos de arquitectura
Para a aprovação do projecto de arquitectura, o processo poderá ser apresentado aos
serviços competentes do Município, ainda em fase de anteprojecto, em dois exemplares de
formato A4, assinados pelo autor do projecto, compreendendo os seguintes elementos:
a) Memória descritiva e justificativa da solução arquitectural adoptada e da natu-
reza dos materiais de revestimento exterior;
b) Parte gráfica constituída, no mínimo, pelos seguintes elementos:
- Planta de localização na escala 1/500 ou 1/1.000, cotada com orientação
e limites do terreno;
- Plantas cotadas, na escala 1/100 ou 1/50;
- Cortes na escala 1/100 ou 1/50;
- Plantas de cobertura na escala 1/100 ou 1/50;
- Alçados na escala 1/100 ou 1/50.
Artigo 8º
Formalização do processo de licenciamento das obras
1. O processo de licenciamento das obras previstas, na alínea a) do número 2 do artigo
3º, deve ser constituído pelos seguintes elementos:
a) Anteprojecto ou projecto de arquitectura aprovado;
b) Projecto de estabilidade e cálculo das estruturas;
c) Projecto ou esquema hidrosanitário;
d) Projecto de electricidade ou mapa de distribuição dos pontos de luz.
2. Para o licenciamento das obras referidas, na alínea b) do número 2 do artigo 3º, o
processo deve ser constituído pelo projecto-tipo e pelo certificado de urbanismo a serem
fornecidos pelo município.
3. Para os casos previstos na alínea c) do número 2 do artigo 3º, o processo de licencia-
mento será constituído por formulário fornecido pelo município, contendo local para nome

655
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

e assinatura do proprietário do imóvel e local reservado, em quadriplicado, para que sejam


elaborados croquis ou esboços da construção ou da remodelação a ser efectuada.
4. Os croquis ou esboços devem conter:
a) Um esquisso de localização;
b) Uma planta de localização;
c) Uma elevação.
Artigo 9º
Licenciamento de obras não previstas em planos urbanísticas
Nas áreas em que não haja planos urbanísticos aprovados, os projectos de edifícios
públicos, de instalações de actividades industriais e comerciais, de recintos de espectáculos
ou de divertimentos públicos e, bem como, de instalações que possam ocasionar poluição,
serão previamente submetidos, na fase de estudo prévio ou de anteprojecto, ao parecer dos
serviços centrais de urbanismo.
Artigo 10º
Licença de utilização
1. A utilização de qualquer edificação nova, reconstruída ou ampliada, ficará sujeita a
licença municipal, quando dela resultem modificações substanciais na estrutura e caracte-
rísticas iniciais dos edifícios.
2. O órgão municipal competente só poderá conceder a licença, a que este artigo se re-
fere, depois de realizada a vistoria destinada a verificar se as obras obedeceram à condições
da respectiva licença, ao projecto aprovado e às disposições legais aplicáveis.
3. A licença de utilização só poderá ser concedida, depois de decorrido o prazo, fixado
nos regulamentos municipais, sobre a conclusão das obras, tendo em vista as condições da
salubridade relacionadas com a natureza da utilização.
4. O disposto neste artigo é aplicável à utilização das edificações existentes para fins
diversos, do anteriormente autorização, não podendo a licença, para este efeito, ser conce-
dida sem que se verifique a sua conformidade com as disposições legais aplicáveis.
Artigo 11º
Formulário padrão
1. Os pedidos de licença para execução de quaisquer obras, serão acompanhados de
um formulário padrão, fornecido pelo Município, o qual deverá prever espaços para o for-
necimento das seguintes informações:
a) Nome e assinatura do responsável do imóvel ou do seu representante;
b) Nome e assinatura do responsável pela execução da obra;
c) Endereço de obra;

656
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

d) Dados sobre a construção, nomeadamente sobre a reabilitação, a ampliação, o


índice de ocupação, o número de pavimento e a área a construir.
2. A subscrição dos termos de responsabilidade de execução de obras, cabe exclusi-
vamente aos engenheiros civis, aos arquitectos, aos técnicos de engenharia civil, de arqui-
tectura, de construção civil e aos engenheiros titulares de especialidades, de acordo com o
estipulado no artigo seguinte para estes últimos.
Artigo 12º
Elaboração de projectos
1. Os projectos de arquitectura e engenharia civil só podem ser elaborados e subscritos
por:
a) Arquitectos;
b) Engenheiros;
c) Técnicos de arquitectura e de engenharia civil.
2. A elaboração e a subscrição de projectos de arquitectura, são da exclusiva compe-
tência dos arquitectos e dos técnicos de arquitectura
3. A elaboração e subscrição de projectos de engenharia civil são de exclusiva compe-
tência dos engenheiros civis, dos engenheiros titulares de especialidades e dos técnicos de
engenharia.
4. Para efeitos de aplicação deste artigo entende-se por técnicos de arquitectura e de
engenharia civil os indivíduos que são titulares de diploma de cursos técnicos superiores
nas áreas de arquitectura e de engenharia civil, que não conferem grau de licenciatura.
5. Nos concelhos em que não haja arquitectos, engenheiros ou técnicos de arquitectura
e engenharia civil, competirá ao Ministro da Administração Local e Urbanismo, ouvidos
os órgãos municipais competentes e a associação representativa da classe, cometer as com-
petências referidas neste artigo, por um período determinado, a outras categorias profissio-
nais, para as seguintes áreas de actuação:
a) Edificações cujo número de pisos não seja superior a dois;
b) Edifícios de habitação unifamiliar, integrando eventualmente comércio
doméstico;
c) Edificações com área coberta não superior a 150m2.
6. É obrigação dos técnicos, a que se refere este artigo, cumprir e fazer cumprir as
disposições legais aplicáveis à elaboração de projectos e execução de obras que lhe sejam
cometidas, e os condicionamentos das respectivas licenças.

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

Artigo 13º
Pedido de autorização para demolir
Os pedidos de autorização para demolir deverão conter, pelo menos, os seguintes ele-
mentos:
a) Planta de localização à escala 1/500 ou 1/100, com orientação e limites do ter-
reno;
b) Alçado principal do edifício existente à escala 1/100 ou 1/50;
c) Nota justificativa da demolição, indicando o programa alternativo.
Artigo 14º
Alinhamento e cota de nível
As obras relativas a novas edificações, a reconstruções, a ampliação e a alterações,
não poderão ser iniciadas sem que pela respectiva Administração Municipal sejam fixados,
sempre que for necessário, os alinhamentos e a cota de nível.
Artigo 15º
Periodicidade das reparações
1. As edificações e suas construções complementares deverão ser reparadas e benefi-
ciadas, pelo menos uma vez, em cada período de oito anos, com o fim de reparar as dete-
riorações inerentes a uma prudente utilização, e de as manter em boas condições, sob todos
os aspectos de que trata o presente regulamento.
2. O órgão municipal competente poderá autorizar a prorrogação do prazo referido
no número anterior, ou impedir a execução da obra de reparação e beneficiação, nos casos
especiais definidos nos seus regulamentos.
Artigo 16º
Obras preventivas
1. O órgão municipal competente deverá, em qualquer altura e com vistoria prévia,
realizada nas condições estabelecidas nos seus regulamentos, determinar, nas edificações
existentes, a execução de obras necessárias para corrigir as más condições de habitabilida-
de, de salubridade, de solidez ou de segurança contra o risco de incêndio e outros sinistros,
independentemente das obras periódicas de conservação a que se refere o número 1 do
artigo anterior.
2. O órgão municipal competente ordenará, precedendo vistoria, a beneficiação ou a
demolição total ou parcial das construções que ameaçam ruína ou oferecem perigo para a
saúde pública.
3. As decisões tomadas, de acordo com o disposto neste artigo, serão notificadas ao
proprietário do prédio, pelo órgão municipal competente, no prazo de trinta dias, a contar
da data de aprovação ao auto de vistoria.

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

Artigo 17º
Obras de emergência
1. Será ordenada pelo órgão municipal competente, independentemente de vistoria, a exe-
cução de obras de reparação urgente, como as relativas a deficiências de cobertura ou a roturas,
obstrução e mau funcionamento das instalações de água, de esgoto, de gás e de electricidade e
ainda, as relativas ao funcionamento e garantia dos elevadores e montacargas.
2. Compete ao órgão municipal competente, de acordo com as disposições ao Titulo
VII, a definição das penas a aplicar no caso de incumprimento das determinações no nú-
mero 1 deste artigo.
Artigo 18º
Imposição de obras
Sempre que determinadas obras de reparação sejam impostas por determinado serviço pú-
blico, a notificação ao interessado deve ser realizada através do órgão municipal competente.
Artigo 19º
Regime das habitações evolutivas
1. Os casos de habitação evolutiva serão objecto de regulamentação municipal.
2. Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido nos regulamentos municipais, relativos à
habitação evolutiva, os projectos serão apresentados com indicações precisas e convencio-
nadas, a critério do profissional responsável, de modo a facilitar a identificação das diversas
fases da construção.
3. O processo de licenciamento das habitações evolutivas será faseado, com base no
estabelecido no número anterior, e de acordo com as disposições especiais do presente re-
gulamento relativas à habitação evolutiva.
Artigo 20º
Regime das casas degradadas, antigas ou espontâneas
1. Os casos de recuperação de casas degradadas e antigas serão objecto de regulamento
municipal.
2. Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido nos regulamentos municipais, relativos
à recuperação de bairros de natureza espontânea ou de centros históricos, deverão ser ob-
servada as disposições dos regulamentos municipais estabelecidas pelo Município ou pelo
Ministério da Administração Local e Urbanismo, que contenham padrões sub-regulamen-
tares sobre a matéria.
Artigo 21º
Destinos das edificações
Nos projectos de novas edificações, de reconstrução, de ampliação e de alteração das
existentes serão sempre indicados o seu destino e a utilização prevista para os diferentes
compartimentos.

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

TÍTULO I
Da Implantação e da Integração Urbana
CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 22º
Condições de implantação, da tipologia e do fim das edificações
1. O tipo de edificação, a actividade principal a que se destinar, bem como as suas
principais características dimensionais, de implantação e de acesso, devem ser determina-
dos por plano urbanístico ou por loteamento aprovado. Quando não existam, devem essas
características, ser baseadas em estudo urbanístico preliminar da responsabilidade dos ser-
viços municipais ou do Ministério da Administração Local e Urbanismo.
4. Quando não se verifiquem as situações previstas no número anterior, as edificações
devem respeitar as seguintes condições, sem prejuízo de outras apresentadas pelo órgão
competente:
a) Não serão permitidas construções, em locais insalubres ou inseguros, en-
quanto as condições propiciadoras de insalubridade ou de insegurança não
forem, comprovadamente, eliminadas, nem em locais onde não seja possível
o abastecimento de água por gravidade a partir de sistema construído, ou com
projecto aprovado;
b) Da edificação proposta não devem resultar prejuízos para o bem comum, devi-
damente comprovados pelos serviços competentes, designadamente pela de-
sadequação estética ou funcional das soluções gerais propostas às condições
físicas existentes ao lote da construção e sua envolvente;
c) As densidades de construção propostas não devem conduzir a situações ex-
tremas de rotura de escala, por brusco e isolado aumento dessa densificação
ou, invés, por injustificada redução, podendo implicar um mau aproveitamen-
to das infra-estruturas urbanísticas.
Artigo 23º
Das condições para implantação no lote de construção não planeadas
1. A implantação das construções no respectivo lote, quando não for definida em plano
urbanístico ou em loteamento aprovado, deve ser de molde a satisfazer as condições de
programa e a respeitar, ainda, as seguintes condições:
a) Facilitar, em segurança, as condições de acessibilidade de pessoas e veículos,
bem como, permitir o estacionamento determinado pelo município;
b) Minimizar a modificação da morfologia natural do terreno;
c) Facilitar as ligações às redes públicas e, particularmente, dar escoamento, por
gravidade, à evacuação de águas servidas e à drenagem de águas pluviais;

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

d) Dar bom escoamento à drenagem superficial de águas pluviais sem, no en-


tanto, agravar as condições existentes a jusante;
e) Permitir uma organização dos espaços exteriores que facilite a sua ma-
nutenção, nomeadamente, quando se trate de edifícios públicos, ou quando
esses espaços sejam concedidos à Administração Pública para posse plena ou
simples manutenção.
2. Quando essa implantação se verifique em terrenos acidentadas devem ser respeita-
das, ainda, as seguintes condições:
a) Os taludes e aterros, respectivamente, de altura e extensão superior a 3m,
quando não estejam previstos em plano urbanístico ou, em loteamento apro-
vado, serão objecto de autorização especial e, caso sejam aceites, terão pro-
jecto específico para a sua realização e preservação, a cargo do dono da obra,
quer se localizem dentro ou fora do lote e construção da edificação em causa;
b) As construções implantadas junto a atitudes naturais devem ficar suficien-
temente afastadas destes, seja no cume, seja no sopé, com distância propor-
cional à desagregação e à extensão do talude e à importância da construção,
com um mínimo de 3m.
Artigo 24º
Definição do âmbito do projecto do edifício
1. O projecto deve contemplar não apenas o edifício ou edifícios a construir no lote,
mas também as obras nos logradouros e espaços exteriores privados ou de utilização co-
mum.
2. No caso de edifícios de utilização pública, esses projectos devem atender à seguran-
ça, designadamente, através de fáceis acesso e evacuação de pessoas, tendo em atenção as
que são limitadas na mobilidade, e de acessibilidade de meios de combate a incêndio.
CAPITULO II
Terrenos para edificação
Artigo 25º
Saneamento do terreno
Nenhuma edificação poderá ser construída ou reconstruída em terreno que não seja
reconhecidamente salubre, ou sujeito previamente às necessárias obras de saneamento.
Artigo 26º
Terrenos alagadiços
Nenhuma edificação poderá ser construída ou reconstruída em terrenos alagadiço ou
húmido, salvo quando previsto em plano urbanístico detalhado e aprovado, sendo, nestas
situações, o respectivo licenciamento condicionado à prévia realização de obras de aterro,

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

enxugo ou desvio de águas pluviais, de modo a que a edificação venha a ficar preservada
da humidade.
Artigo 27º
Lixeiras
Em terrenos onde se tenham feito depósitos ou despejos de imundices, ou de águas
sujas provenientes de usos domésticos ou de industrias, nocivas à saúde, não se poderá
executar qualquer construção, sem que, previamente se proceda à limpeza e beneficiação
completas desses terrenos.
Artigo 28º
Zonas poluídas
Nas zonas urbanas não poderão executar-se quaisquer construções ou instalações,
onde possam depositar-se imundices, tais como, cavalariças, currais, vacarias, pocilgas,
lavadouros, fábricas de produtos corrosivos ou prejudiciais à saúde pública e estabeleci-
mentos semelhantes, sem que, os respectivos pavimentos fiquem perfeitamente impermeá-
veis, e se adoptem as demais medidas próprias para evitar a poluição do terreno e das águas
potáveis.
Artigo 29º
Construção próximas de cemitérios
Em terrenos próximos de cemitérios não se poderá construir qualquer edificação, sem
se realizarem as obras necessárias para os tornar inacessíveis às águas de infiltração prove-
nientes do cemitério.
CAPITULO III
Integração urbana
Artigo 30º
Estética em geral
1. Seja qual for a sua natureza e o fim a que se destinam, as novas construções exis-
tentes, deverão ser delineadas, executadas e mentidas de forma a que contribuam para a
dignificação e a valorização estética do conjunto em que venham a integrar-se.
2. Não poderão erigir-se quaisquer construções susceptíveis de comprometer, pela lo-
calização, pela aparência ou pelas proporções, o aspecto das povoações ou dos conjuntos
arquitectónicos, dos edifícios e locais de reconhecido interesse histórico ou artístico, ou de
prejudicar a beleza das paisagens.
Artigo 31º
Zonas de protecção de monumentos nacionais
1. Nas zonas de protecção dos monumentos nacionais e dos imóveis de interesse pú-
blico que venham a ser legalmente classificados não pode o órgão municipal competente

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

autorizar qualquer obra de construção ou de alteração de edificações existentes, sem prévia


aprovação do respectivo projecto pelo organismo de Estado responsável pela preservação
do património edificado.
2. Nas zonas de protecção legalmente estabelecidas para outros edifícios e constru-
ções, será obrigatória semelhante aprovação prévia pelo Ministério da Administração Lo-
cal e Urbanismo.
Artigo 32º
Alterações de valores concelhios
1. Não serão autorizadas qualquer alterações em construções ou elementos naturais,
que sejam legalmente classificados como valores concelhios, quando, delas, possam resul-
tar prejuízos para esses valores.
2. O órgão municipal competente poderá condicionar a licença para se executarem
trabalhos de reconstrução ou de transformação em construções de interesses históricos,
artístico ou arqueológico, que anteriormente tenham sofrido, obras parciais, em desacordo
com o estabelecido neste artigo, à simultânea execução dos trabalhos complementares de
correcção necessárias para reintegrar as construções nas suas características primitivas.
Este condicionamento só poderá ser imposto se a importância das obras requeridas ou o
valor histórico, arqueológico ou artístico da construção o justificar.
3. Das decisões tomadas nos termos do presente artigo caberá recurso para o organis-
mo responsável pela preservação do património edificado.
Artigo 33º
Condições para instalação de publicidade
1. O órgão municipal competente autorizará a construção ou a instalação de constru-
ções precárias, elementos salientes, saliências, montras de estabelecimentos, sacadas, orna-
tos, anúncios, toldos e tabuletas ou inscrições, desde que não prejudiquem o bom aspecto
dos arruamentos, das praças ou das edificações onde tais elementos se apliquem, e nem se
tornem perigosos ou incómodos para o trânsito de veículos e de peões.
Artigo 34º
Protecção de árvores e de vegetação
Ar árvores ou os maciços arbóreos que, embora situados em logradouros de edifica-
ção ou em outros terrenos particulares, constituem, pelo seu porte, pela sua beleza e pelas
condições de exposição, elementos de manifesto interesse público, e como tais oficialmente
classificados, não poderão ser suprimidos, salvo nos casos de perigo iminente ou nos casos de
reconhecido inconveniente para a salubridade ou para a segurança dos edifícios vizinhos.
Artigo 35º
Fundamentação das decisões municipais
1. As decisões tomadas, pelo órgão municipal competente, ao abrigo das disposições
do presente capítulo, serão sempre fundamentadas em parecer prévio.

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

2. Das decisões tomadas caberá recurso, nos termos gerais da lei.


CAPITULO IV
Edificações
Artigo 36º
Salubridade das edificações
1. A construção ou reconstrução de qualquer edifício deve ser executada de forma a
ficarem assegurados o arejamento e a iluminação naturais, e a insolação quando tal se jus-
tifique tanto em relação à própria obra como aos edifícios contíguos a ela que possam vir a
ser afectados pela sua realização.
Do mesmo modo, deverão ficar assegurados o abastecimento de água potável e a eva-
cuação inofensiva dos esgotos.
2. O órgão municipal competente deverá condicionar a licença para se executarem
obras importantes em edificações existentes, à execução simultânea dos trabalhos acessó-
rios indispensáveis para lhes assegurar as condições mínimas de salubridade.
Artigo 37º
Altura das edificações e distâncias mínimas entre fachadas
1. Sem prejuízo dos princípios expostos no artigo 36º, a altura de qualquer edificação a
construir ou a reconstruir será fixada em plano urbanístico aprovado. Na falta deste e, sem
prejuízo doutras limitações estabelecidas por considerações de salubridade, habitabilidade
e estética, a altura da fachada ou de qualquer elemento das edificações situados junto ou à
face de arruamentos, será fixada de forma a que, em qualquer plano vertical perpendicular
à fachada, não seja ultrapassado o limite definido pela linha recta a 63.º, traçada em cada
um desses planos e passando pelo ponto de integração da razante do arruamento com o
alinhamento das construções, fronteiras.
2. Nas edificações marginando arruamentos em declive, é permitida uma tolerância de
altura até ao máximo de 1.50m na parte descendente, a partir do seu plano médio.
3. Nos edifícios de gaveto formado por dois arruamentos de larguras ou de níveis dife-
rentes, desde que não se imponham soluções especiais, a fachada sobre o arruamento mais
estrito ou mais baixo poderá elevar-se até à altura permitida para o outro arruamento, na
extensão máxima de 15m.
4. Nas edificações que ocupem todo o intervalo entre dois arruamentos de largura ou
níveis diferentes, salvo nos casos que exijam soluções especiais, as alturas das fachadas
obedecerão ao disposto neste artigo.
5. Independentemente do disposto no n.º 1, a distância mínima entre fachadas frontei-
ras marginando um arruamentos não poderá ser inferior a 8m, salvo nos casos excepcionais
já ladeados, no todo ou na maior parte, por edificações, para os quais o órgão municipal
competente poderá estabelecer alinhamento com menor intervalo, não inferior, contudo, ao
definido para estas edificações.

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

6. Nas novas edificações a erigir no intervalo de uma fila de construções existentes o


órgão municipal competente poderá permitir que a sua altura atinja a média das alturas das
edificações confiantes.
Artigo 38º
Recuos em relação a arruamentos
1. Independentemente do disposto no artigo 37º e quando não exista plano urbanísti-
co aprovado, o órgão municipal competente poderá aprovar a construção de um edifício
público ou de uma edifício privado, mas este apenas em situações excepcionais, recuando
em relação ao alinhamento existente das fachadas, desde que a sua construção seja urgen-
te. Essa aprovação será sempre precedida de estudo urbanístico sumário do arruamento e
das áreas vizinhas. Tal estudo deve fixar a profundidade mínima deste recuo, o número de
pisos, a natureza do arranjo e o tipo de vedação dos terrenos livres entre o arruamento e as
fachadas.
2. Ficam abrangidas por este artigo as situações em que ao recuo da edificação corres-
ponde um avanço do espaço público.
Artigo 39º
Distância entre fachadas laterais com vãos
de compartimentos habitáveis e logradouros
1. A distância mínima ao limite do respectivo lote, das fachadas laterais de uma edifi-
cação, nas quais existem vãos de compartimentos sem prejuízo do disposto no artigo 58º.
2. Quando, entre fachadas laterais fronteiras, como as referidas no n.º 1, pertencentes a
dois edifícios, existir um logradouro comum, a distância mínima entre essas fachadas será
definida pele metade da média das alturas daquelas e nunca será inferior a 5m.
3. Em caso de simples interrupção de continuidade numa fila de construções, o inter-
valo entre duas edificações com ela confinantes não deve ser inferior a metade da média
das alturas dessas edificações, com o mínimo de 5m, sempre que as fachadas confrontantes
sejam como as referidas no n.º 1.
4. Sempre que nestas fachadas laterais existem corpos salientes ou varandas, as distân-
cias mínimas a que se refere este artigo serão medidas a partir dos limites desses corpos ou
da bordadura mais avançada dessas varandas.
Artigo 40º
Distância entre fachadas laterais com vãos que não sejam
de compartimentos habitáveis
Nos casos das fachadas laterais apenas com vãos que não sejam de compartimentos
habitáveis, ou sem vãos, e neste caso quando não se trate de edificações contíguas, as dis-
tâncias entre fachadas laterais fronteiras podem ser reduzidas a metade dos valores fixados
no artigo anterior, sem prejuízo de outras limitações estabelecidas por considerações de
salubridade e estética, com um mínimo de 1,5m.

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

Artigo 41º
Distância entre fachadas posteriores e logradouros
1. As edificações pata habitação multifamiliar ou colectiva deverão dispor-se nos res-
pectivos lotes de forma que o menor intervalo entre fachadas posteriores esteja de acordo
com o estabelecido no artigo 37º.
2. Para efeitos do disposto neste artigo, sempre que não tenha sido organizado logra-
douro público que assegure a condição nele estabelecida, toda a largura do lote e com fácil
acesso do exterior desde que seja comum, no todo ou em parte.
3. O logradouro, a que se refere o n.º anterior, deverá ter em todos os seus pontos pro-
fundidade não inferior a metade da altura correspondente da fachada adjacente, medida na
perpendicular a esta fachada no ponto mais desfavorável, com o mínimo de 6m e sem que
a área livre e descoberta seja inferior a 40m2.
4. Quando entre dois edifícios com fachadas posteriores fronteiras existir um logra-
douro pertencente a ambos, a sua profundidade mínima será definida pela média da altura
dessas fachadas e nunca inferior a 8m.
5. Nas edificações situadas junto a gaveto, poderá dispensar-se a condição de profundidade
mínima, desde que fiquem satisfatoriamente asseguradas a iluminação e a ventilação naturais, e
a insolação, nos locais em que tal se justifique, no próprio edifício e dos edifícios contíguos.
Artigo 42º
Casos excepcionais
1. O órgão municipal competente não poderá consentir qualquer tolerância quando ao
disposto nos artigos anteriores deste capítulo, a não ser que reconhecidamente se justifi-
quem por condições excepcionais e irremediáveis criadas antes da publicação deste regula-
mento, ou quando se trate de edificações cuja natureza, destino ou carácter arquitectónico
requeiram disposições especiais, e em qualquer caso, se ficarem garantidas em condições
suficientes, a ventilação e iluminação naturais do próprio edifício e dos edifícios vizinhos,
em todos os seus pisos habitáveis.
2. As excepções previstas neste artigo devem ser baseadas em parecer favorável do
órgão municipal competente.
3. Em qualquer dos casos, o parecer municipal deve conter um estudo urbanístico su-
mário que permita a verificação das condições previstas no n.º 1.
TITULO III
Dos edifícios
CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 43º
Adequação funcional e ambiental dos edifícios e dos espaços
1. O tipo de edifício e a organização dos seus espaços devem adequar-se aos principais
tipos de actividades dos futuros utilizadores e aos costumes locais de utilização do espaço.

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

2. Os espaços de utilização comum, como sejam espaços de circulação, instalações


sanitárias, entre outros devem ser, além do disposto no n.º 1, dimensionados e delineados
tendo em consideração a segurança, a salubridade e a intensidade de utilização.
Artigo 44º
Programas especiais de construção
Para contemplar programas oficiais de habitação de emergência ou condicionamentos ine-
rentes à construção em centros históricos, poderão ser consideradas outras disposições legais.
Artigo 45º
Adequação dos espaços dos edifícios
1. Os edifícios serão constituídos por espaços cujos volume e área em planta devem ser
consentâneos com as actividades dos utentes, designadamente pela capacidade desses espaços
em albergar o equipamento fixo e móvel corrente para a sua utilização com flexibilidade.
2. A disposições e a conformação dos espaços devem favorecer a acessibilidade e a
evacuação do edifício.
Artigo 46º
Obrigatoriedade de instalações sanitárias
Todas edificações serão providas de instalações sanitárias, adequadas ao destino e à
utilização efectiva da construção, e reconhecidamente salubres, tendo em atenção, além das
disposições deste regulamento, outras que regulam esta matéria.
Artigo 47º
Instalações sanitárias nas fracções autónomas
Em cada uma das fracções autónomas das edificações, nomeadamente, para habitação,
loja, escritório e oficina, existirão instalações sanitárias privativas, dimensionadas em fun-
ção do número estimado de utentes.
Artigo 48º
Adequação das características dos fogos aos tipos de edificação
Nos edifícios de habitação, as características dos fogos devem permitir a sua adequa-
ção ao tipo de edifício em que se integram, designadamente serem do tipo multifamiliar
ou do tipo unifamiliar, por forma a permitir, principalmente neste último, o exercício de
actividade no exterior, ao ar livre ou em dependência dos fogos.
Artigo 49º
Obrigatoriedade de indicação das áreas condicionadas AH, AB
Nos edifícios de habitação os projectos devem indicar as áreas habitáveis dos compar-
timentos que são objecto de condicionamento constantes neste regulamento e, ainda, a área
bruta de cada habitação.

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

Artigo 50º
Logradouros privados e comuns
1. Os espaços não ocupados com construção em cada lote, apenas podem constituir, ou
logradouros privados das habitações situadas ao nível do solo, ou logradouros comuns em
continuidade com os espaços exteriores públicos adjacentes.
2. O disposto no número anterior não se aplicará aos lotes situados em conjuntos de
habitações, quando exista conveniência em aplicar critérios anteriormente adoptados para
esses conjuntos.
CAPÍTULO II
Qualidade ambiental
Artigo 51º
Pé-direito mínimo
1. A altura mínima, piso a piso, em edificação destinada à habitação é de 2,70m (27m),
não podendo ser o pé-direito livre mínimo inferior a ,40m (24m).
2. Excepcionalmente, em vestíbulos, corredores, instalações sanitárias, despensas e
arrecadações será admissível que o pé-direito se reduza ao mínimo de 2,40 (24m).
3. O pé-direito livre mínimo dos pisos destinados a estabelecimentos comerciais é de
3m (30m).
4. Nos tectos com vigas, inclinados, abobadados ou, em geral, contendo superfícies
salientes, a altura, piso a piso, e o pé-direito mínimo definidos nos n.º 1 e 3, devem ser
mantidos, pelo menos, em 80% da superfície do tecto, admitindo-se na superfície restante
que o pé-direito possa descer até ao mínimo de 2,20m ou 2,70m, nos casos de edificações
destinadas a habitação e ao comércio, respectivamente.
Artigo 52º
Iluminação e ventilação das habitações
1. Os compartimentos das habitantes, referidas no n.º 1 do artigo 71º serão iluminados
e ventilados por um ou mais vãos praticados nas paredes, em comunicação directa com o
exterior e cuja área total será inferior a um décimo da área do compartimento.
2. Os vãos exteriores, designadamente os mais expostos a insolação directa, devem, em
regra, ser protegidos por dispositivos que assegurem privacidade no inferior e redução de
iluminação natural, mas que favoreçam a ventilação, nomeadamente quando se pratiquem
vãos que conduzam a áreas superiores ao mínimo definido no n.º 1 do presente artigo.
3. Os corredores e vestíbulo, quando não possam receber luz directa do exterior, deve-
rão ser suficientemente iluminados por meios de vãos envidraçados que comuniquem com
compartimentos que recebem luz directa abundante.
4. As instalações sanitárias terão a renovação de ar assegurada por sistema de ven-
tilação natural, contínua e eficiente, e a iluminação por vãos abertos directamente para o

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

exterior da edificação, os quais deverão ter uma área total nunca inferior a 0,30m2, com
uma parte de abrir de, pelo menos 0,15m2.
5. Só excepcionalmente, em casos de força maior devidamente justificados e com pa-
recer favorável do órgão municipal competente, se poderão dispensar vãos nas retretes e
nas casas de banho, nomeadamente, quando verifiquem em relação a estas, as seguintes
condições, cumulativamente:
a) Não utilização de combustíveis de qualquer natureza;
b) Existência de iluminação eléctrica de utilização permanente e;
c) Garantia da renovação, constante e suficiente, de ar, exclusivamente por ven-
tilação natureza natural;
6. Poderão ser dispensados os vãos de iluminação e a ventilação nas despensas, copas
ou arrecadações, desde que a área das mesmas não exceda 2m2, e sejam ventiladas através
de outros compartimentos.
7. As frestas praticadas em paredes confiantes com terrenos ou prédios contíguos não
são consideradas vãos de iluminação ou ventilação para os fins do disposto neste artigo.
Artigo 53º
Comunicação de retretes com outros compartimentos
As instalações sanitárias, onde existam bacias de retretes, não deverão, em regra, ter
qualquer comunicação directa com os compartimentos habitáveis.
Poderá, todavia, consentir-se tal comunicação, desde que se adoptem nas medidas ne-
cessárias para que esse facto não resulte difusão de maus cheiros nem prejuízo para a sa-
lubridade dos compartimentos comunicantes, nomeadamente a sala, a cozinha, a copa, ou
a despensa.
Artigo 54º
Instalações sanitárias exteriores à habitação
1. As instalações sanitárias das habitações serão normalmente incorporadas na perife-
ria da construção nas condições fixadas ao artigo 52º.
2. No casos da habitação unifamiliar, evolutivas e de reconstrução de edifícios, as
instalações sanitárias poderão dispor-se, em espaço contíguos à habitação, de acesso fácil
e abrigado, por forma a que não prejudique o aspecto exterior da edificação, desde que não
seja possível ou conveniente dispô-las conforme o preceituado no número anterior.
Artigo 55º
Proibição de aparelhos de combustão nas instalações sanitárias
Nas instalações sanitárias não poderão existir aparelhos de aquecimento por combus-
tão, designadamente esquentador a gás.

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

Artigo 56º
Ventilação transversal das habitações
Deverá ficar assegurada a ventilação natural cruzada do conjunto de cada habitação,
em regra por meio de janelas dispostas em duas fachadas opostas.
Artigo 57º
Pátios interiores
1. Nos edifícios de habitação que possuam pátios interiores, constituindo espaços para
a iluminação e ventilação, a sua dimensão será condicionada pela altura H, medida entre o
piso da habitação de nível mais baixo e a linha de coroamento, real ou convencionada, das
paredes que limitam esses pátios e pela sua largura mínima de tal modo que:
Nestes pátios se possa inscrever um cilindro recto de eixo vertical com um diâmetro
igual ou superior H/4, com um mínimo de 3m, sempre que da iluminação e da ventilação
propiciadas por esse pátio dependa a habitabilidade dos compartimentos constantes no ar-
tigo 71º, com excepção apenas de edifícios até 3 pisos e moradias de largura inferior a 4m
em que essa dimensão pode reduzir-se até 2m;
Nesses espaços se possa inscrever um cilindro recto de eixo vertical com um diâmetro
igual ou superior a H/8, com um mínimo de 2m, sempre que da iluminação e da ventilação
desse pátio dependam compartimentos não habitáveis comuns;
Quando as construções que ladeiam o pátio tiveram alturas diferentes, H será a altura
média desses corpos e medidas do mesmo modo. Não se contam para a altura as constru-
ções que estejam abaixo de uma linha recta que faça 45º com o plano horizontal, traçada a
partir de qualquer ponto da referida linha coroamento;
Quando H for maior que a menor largura do pátio, em edifícios multifamiliares, aque-
le deve ser provido de uma admissão de ar inferior com uma secção proporcional à dimen-
são do pátio, mas sempre igual ou superior a 0,050m2.
2. As dimensões da largura constantes do n.º 1 respeitam apenas a pátios cujos vãos
situados ao mesmo nível pertencem à mesma habitação, nas restantes situações essa largura
é determinada pelo n.º 2 do artigo 39º.
3. Sempre que nos pátios inferiores sejam construídas varandas ou quaisquer outras
construções salientes das paredes, as distâncias indicadas neste artigo serão contadas a
partir do limite mais avançado dessas construções.
Artigo 58º
Disposição de vãos em paredes exteriores
1. Os vãos de compartimentos habitáveis devem estar dispostos de modo a que o seu
afastamento de muros obstáculos fronteiros, medido perpendicularmente do plano do vão,
não seja inferior à metade de altura desses obstáculos acima do nível do piso do comparti-
mento, com o mínimo de 2,5m. Com o muro ou obstáculo fronteiros não poderá coexistir
qualquer obstáculo lateral, senão a um dos lados do vão, e nunca a menos de 2 metros do

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

seu eixo, devendo garantir-se esta distância mínima em toda a profundidade até ao obstá-
culo fronteiro.
2. Quando as situações descritas no n.º 1 correspondam a um pátio inferior ou quando
existam obstáculos fronteiriços e de ambos os lados dos vãos, em extensão superior a 1,0m,
será aplicado o disposto no artigo 57º.
3. O disposto no n.º 1 não é aplicável aos vãos de compartimentos cujas condições re-
gulamentares de iluminação e ventilação estejam já asseguradas por outro ou outros vãos.
4. Não é também aplicável o disposto na segunda parte do número 1 quando na área
do vão existente se puder inserir a área mínima do vão regulamentar, de modo que o eixo
deste fique à distância estipulada de, pelo menos 2m.
Artigo 59º
Ocupação de logradouros
A ocupação de logradouros, pátios ou recantos das edificações com qualquer construção,
designadamente telheiros e coberturas, e o pejamento dos mesmos locais com materiais ou
volumes de qualquer natureza só podem ser efectuados com expressa autorização do órgão
municipal competente e, quando se verifique não advir daí prejuízo para o bom aspecto e para
a salubridade e segurança de todas as edificações directa ou indirectamente afectadas.
Artigo 60º
Varandas e outras construções sobre logradouros
Sempre que nas fachadas sobre logradouros ou pátios haja varandas, alpendres ou
quaisquer outras construções salientes das paredes, susceptíveis de prejudicar as condições
de iluminação ou ventilação, a distâncias ou dimensões mínimas fixadas no artigo 58º para
um determinado vão serão contadas a partir do limites extremos dessas construções anexas
a esse vão designadamente quando contenham guardas ou palas opacas.
Artigo 61º
Condições de habitabilidade dos sótãos
1. Os sótãos, águas-furtadas e mansardas só poderão Ter acesso pela escada principal
da edificações quando satisfaçam às condições mínimas de habitabilidade fixadas neste
regulamento.
2. é interdita a construção de cozinhas ou retretes nesses locais quando neles não se
reuna as demais condições de habitabilidade.
CAPÍTULO III
Espaços comuns
Artigo 62º
Escadas e rampas
1. Nas edificações com uma mais de um piso existirão escadas ou rampas de acesso
aos andares, em número e largura proporcionados às necessidades de utilização e segurança
na evacuação.

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

2. As escadas e rampas deverão ser seguras suficientemente amplas, iluminadas e pro-


porcionarem cómoda utilização; as que têm acesso público devem ser necessariamente bem
ventiladas.
3. As rampas referidas no n.º 1 deste artigo terão uma inclinação máxima de 12%, e
serão obrigatória no acesso no anterior de edifícios que recebam público e disporão de um
patamar para onde abram portas de ascensor, quando exista, não devendo neste dois últi-
mos casos ultrapassar 10% de inclinação.
Artigo 63º
Dimensões de lanços, patins, patamares e degraus
1. A largura dos laços das escadas nas moradias unifamiliares será, no mínimo de
0,80m.
2. Nas edificações para a habitação colectiva até dois pisos ou quatro habitações, ser-
vidas pela mesma e cada, os laços desta terão a largura mínima de 0,90m.
3. Nas edificações para habitação colectiva, com mais de dois pisos ou com mais
de quatro habitações, servidas pela mesma escadas, os lanços terão largura mínima de
1,10m.
4. Nas edificações para habitação colectiva, quando os laços se situem entre paredes,
a sua largura mínima será nos casos referidos no nº2, de 1,10m e, nos casos do nº3, de
1,20m.
5. Os patins das escadas nas edificações destinadas a habitação não poderão ter largura
inferior à dos lanços.
6. As larguras mínimas dos patamares para onde se abrem as portas de acesso às habi-
tações, serão de 1,10m para os casos contemplados no nº2, de 1,40m para os casos referidos
no nº3, e de 1,50m para os casos do nº5. Sempre que existam ascensores, a largura mínima
dos patamares, para onde se abrem as suas portas deve ser de 1,50m.
7. Os degraus das escadas das edificações para habitação colectiva terão a largura, ou
cobertor, mínimo de 0,25m e a altura útil máxima de 0,195m. Nos edifícios até 5 pisos e
sempre que não seja instalado ascensor, aquelas dimensões terão respectivamente de 0,30
3 0,17m. As dimensões adoptadas manter-se-ão constantes nos laços entre pisos consecu-
tivos.
8. É admitida a existência de degraus de largura variável desde que, a 0,30m da ex-
tremidade de menos largura, esta seja igual ou superior a 0,25m. Dimensões menores são
aceites em locais que não recebam público, desde que q profundidade do cobertor, àquela
mesmas distância, seja, pelo menos, de 0,20mm. As escadas em caracol que apresentem
valores inferiores aos acima referidos, só poderão existir em situações excepcionais e justi-
ficadas como acesso a locais não habitáveis ou desde que constituam acesso alternativo.

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

Artigo 64º
Número e localização das escadas de acesso comum
1. Os edifícios podem ser servidos por uma única escada de acesso comum quando a
distância a percorrer entre a porta de qualquer habitação ou compartimento habitável e o
acesso à escada não exceder 15m, de contrário, o edifício terá de ser servido por mais de
uma escada, as quais devem ser interligadas por comunicações horizontais comuns.
2. Nos edifícios, que, por força do disposto no número anterior, tenham de ser servidos
por duas ou mais escadas de acesso comum o número de escadas a prever a e sua localiza-
ção devem satisfazer às condições seguintes:
A distância a percorrer entre o acesso à caixa de uma escada e o acesso à caixa da
escada mais próxima não deve exceder 45m, descontados os percursos no ar livre, nem ser
inferior a 10m.
A distância a percorrer entre a porta de qualquer habitação ou compartimentos habitá-
vel servidos por um prolongamento da comunicação horizontal comum entre escadas e o
acesso à caixa da escada mais próxima não deve ser superior a 15m.
A distância a percorrer entre a porta de qualquer habitação servida por um ramal deri-
vado da comunicação horizontal comum entre escadas e o ponto de derivação desse ramal
não deve ser exceder 10m.
Artigo 65º
Características das escadas de acesso comum
1. Nas escadas de acesso comum os lanços e patamares devem assegurar, em todo o
seu desenvolvimento, uma passagem mínima de 0,90m de largura totalmente desimpedida
de elementos salientes fixos e não comprometida por elementos móveis para o seu interior
até uma altura de 2m.
2. Estas escadas devem ser providas de corrimão, não interrompido nos patamares, e,
sempre, que possível ter lanços rectos; o número de degraus por lanços deve ser, no míni-
mo, de três, e os degraus devem ter espelho.
3. Estas escadas devem dar acesso directo à cobertura do edifício, quer pelo seu pro-
longamento até esse entre o patamar que serve o último piso habitado e a cobertura. Este
acesso deve ser condicionado de modo a limitar o risco de utilização em situações de
emergência.
Artigo 66º
Requisitos das escadas de acesso comum exteriores
ou interiores do edifício
1. As escadas de acesso comum exteriores aos edifícios ao ar livre ou dispondo de
amplas aberturas, devem satisfazer as condições seguintes:

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

a) A ventilação das escadas devem ser asseguradas, no mínimo, pela existência


de aberturas permanentes em todos os pisos, de largura não inferior ao dobro
da largura dos lanços e de altura não inferior a 2/3 do pé-direito, ou com área
equivalente;
b) As aberturas referidas na alínea anterior devem situar-se, relativamente a
eventuais vãos existentes nas paredes exteriores do edifício, de modo a que,
em caso de incêndio, quem circule nas escadas não fique de exposto a chamar
ou a radiação intensa proveniente desses vãos.
2. As escadas de acesso comum inferiores aos edifícios devem satisfazer as condições
seguintes:
a) A localização de eventuais vãos envidraçados existentes nas paredes das esca-
das, relativamente a vãos existentes nas paredes exteriores dos edifícios deve
satisfazer o disposto no nº1, alínea b);
b) Nos edifícios de altura superior a 9m não devem ser instalados, nas caixas de
escadas, elevadores nem canalizações de gás, electricidade, água e esgoto,
podendo porém ser instaladas canalizações eléctricas de iluminação das es-
cadas, tubos de queda de água pluviais, quando metálicos, e colunas secas de
instalação de extinção de incêndios;
c) A ventilação e a iluminação natural das escadas devem ser asseguradas através
de amplas aberturas na cobertura situadas no prolongamento da caixa de es-
cada;
d) As escadas que servem pisos enterrados não devem constituir o prolongamento
directo das escadas, que servem os restantes pisos, salvo se forem adoptadas
disposições construtivas que tornem independentes os dois troços de escada.
Artigo 67º
Revestimento das escadas e das suas
paredes limítrofes nas edificações
Nas edificações para habitação colectiva, as escadas, bem como as paredes que as limi-
tam, serão revestidas, até à altura mínima de 1,50m, com materiais resistentes ao desgaste
e de fácil limpeza.
Artigo 68º
Escadas e outros comunicação vertical em edifícios especiais
1. Nas edificações com características especiais, e particularmente naquela que sejam
ocupadas ou frequentadas por grande número de pessoas e nas de grande desenvolvimento
em planta, o número, a natureza e as dimensões das escadas e dos meios de comunicação
vertical, tais como ascensores, bem como a sua distribuição, serão fixados de modo que
seja fácil utilizá-los em todas as circunstâncias.

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

2. Para efeitos deste artigo são consideradas edificações com características especiais
as seguintes:

a) Edifícios habitacionais contendo grandes áreas destinadas a outros fins;

b) Instalações hospitalares;

c) Instalações hoteleiras e turísticas;

d) Instalações desportivas, culturais e recreativas;

e) Recinto de espectáculos;

f) Complexos escolares;

g) Grandes edifícios ou complexos administrativos ou de serviços.

Artigo 69º
Meios mecânicos de transporte vertical em edifícios não destinados à habitação

As edificações não destinadas a habitação deverão ser providas, além de escadas ou


rampas, de meios mecânicos de transporte vertical, tais como, ascensores, monta-cargas,
escadas ou tapetes rolantes, em número e com a capacidade que forem necessários, apenas
quando sejam justificados pela utilização prevista para essas edificações. Estes meios me-
cânicos servirão, obrigatoriamente, todos os pisos acima do terceiro.

Artigo 70º
Compartimentos de lixos

1. Em todas as edificações com mais de quatro pisos, incluindo-se cave e sótão, sempre
que habitáveis não se preveja outro sistema mais aperfeiçoado de evacuação de lixos, deve,
pelo menos, existir um espaço confinado ou compartimento facilmente acessível, destinado
a nele se depositarem contentores dos lixos dos diversos pisos.

2. Os compartimentos a que se refere o número 1 devem ser bem ventilados e possuir


estruturas apropriadas para a sua lavagem frequentes.

CAPÍTULO IV
Habitações
Artigo 71º
Número e áreas mínimas dos compartimentos habitáveis

1. Os compartimentos habitáveis não devem ser em número e área inferiores aos indi-
cadores no quadro seguinte:

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

Número de compartimentos e tipo de fogo

2 3 4 5 6 7 8 Mais de 8
TO T1 T2 T3 T4 T5 T6 T+6
Áreas em metros quadrados

Quarto casal 10,5 10,5 10,5 10,5 10,5 10,5 10,5


Quarto duplo 9 9 9 9 9 Restantes
Quarto duplo 9 9 9 9 Quartos de
Quarto duplo 9 9 9m2
Quarto simples 6,5 6,5 6,5 6,5
Quarto simples 6,5 6,5
Sala 10 10 12 12 12 16 16 16
Cozinha 6 6 6 6 6 6 6 6
Suple. de área 5 4 5 7 7 7 9 (x+3)m2
Obrigatório (x=nº. de quartos)

2. O tipo de fogo é definido pelo número de quarto de dormir e para a sua identificação
utiliza-se símbolo Tx, em que X representa o número de quarto de dormir.
3. No número de compartimentos referidos no n.º 1 não se incluem vestíbulos, instala-
ções sanitárias, arrumos e outros compartimentos de função similar.
4. O suplemento de área obrigatório referido no nº3 não pode dar origem a um espaço
autónomo e encerrado, devendo distribuir-se pela cozinha e sala, e Ter uma sua parcela
afectada ao tratamento de roupa, na proporção que estiver mais de acordo com os objecti-
vos da solução do projecto.
5. Quando o tratamento de roupa se fizer em espaços delimitado, a parcela do suple-
mento de área referido no n.º 4, destinada a essa função, não deve ser inferior a 2m.
Artigo 72º
Áreas brutas mínimas dos fogos
1. As áreas brutas dos fogos terão os seguintes valores mínimos:

Tipos Áreas brutas em metros quadrados


Tipos de
de paredes Tipos de fogos
edificios
Alvenaria de T0 T1 T2 T3 T4 T5 Tx5
Blocos de betão 36 50 68 88 105 116 1,5 x Ah
Multi-familiar
Pedra 38 52 72 92 110 122 1,6 x Ah
Blocos de betão 40 54 75 96 116 128 1,7 x Ah
Uni-familiar
Pedra 42 57 79 101 121 134 1,8 x Ah

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

2. Para os fins do disposto neste regulamento, considera-se a seguinte definição de área


bruta de um fogo (Ab).
Área bruta de um fogo, incluindo as suas dependências privativas exteriores, é a soma
da área desse fogo e de suas dependências com a quota parte, correspondente à área do fogo
e de suas dependência, da diferença entre a área do edifício no que se refere à habitação e
a soma das áreas de todos os fogos e suas dependência nele integrados. Neste contexto a
área de um edifício, a área de um fogo e a área bruta das suas dependências privativas são
definidos como se segue:
A área de um edifício no que se refere à habitação é, em cada piso ocupado por fogos,
dependências de fogos ou espaços comuns do edifícios, a área delimitada pelo contorno
externo das paredes exteriores do edifício, acrescida da área dos espaços privativos e dos
espaços comuns do edifício, de pé-direito não inferior a 1,80m, exteriores à envolvente do
edifício, delimitada pelo contorno externo desses espaços, quando cobertos e pavimentos,
ou de metade dessa área quando apenas cobertos ou apenas pavimentados, e deduzida da
área dos espaços ocupados por terceiros, determinada por critérios semelhante ao indicado
na alínea seguintes; logo, a área do edifício é a soma das áreas de todos os pisos com o tipo
de ocupação, a área do edifício deve ser acrescida em conformidade; além disso, no caso
de o edifício se situar num lote delimitado por rumos de altura não inferior a 1m, a área de
edifício deve ser acrescida de metade da área de implantação desses muros;
A área de um fogo, é, em cada piso ocupado pelo fogo, pela área delimitada pelo
contorno externo das paredes que separam o fogo dos espaços comuns do edifício, e pelo
contorno intermédio das paredes que separam o fogo do resto de edifício e pelo contorno
externo das paredes que exteriores do edifícios, logo, a área do fogo é soma das áreas assim
determinadas nos diferentes pisos ocupados pelo fogo;
A área de uma dependência que constitua um compartimento e, em cada piso, ocupada
por esse dependência, a área delimitada pelo contorno externo das paredes que separam a
dependência dos espaços comuns do edifício, pelo contorno intermédio das paredes que
separam dependência do exterior ou do resto do edifício, logo, a área de tais dependências
é a soma das áreas assim determinadas nos diferentes pisos ocupados pela dependência;
A área de uma dependência que não constitua um compartimento é, cada piso, ocupado
por essa dependência, pela área delimitada pelo contorno externo dessa dependência, quan-
do coberta e pavimentada, ou pela metade de dessa área quando apenas coberta ou apenas
pavimentada; logo, a área de tais dependências é a soma das áreas assim determinadas nos
diferentes pisos ocupados pelas dependências.
Artigo 73º
Áreas e equipamento mínimo das instalações sanitárias
1. Nas habitações T0, T1 e T2, deve existir, pelo menos, uma instalação sanitária com
área não inferior a 3,0m2 provida com lavatório, bacia de retrete e cuba chuveiro.

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

2. Nas habitações T3 e T4, deve existir, pelo menos, duas instalações sanitárias, uma,
satisfazendo às condições definidas no nº1,e outra, com área não inferior a 1,5m2 e provida
com bacia de retrete e lavatório.
3. Nas habitações T5 e T6, deve existir, pelo menos, duas instalações sanitárias, cada
uma quais satisfazendo às condições definidas no nº1.
4. Admite-se, nos termos do artigo 20º, a existência temporária de uma instalação sani-
tária com as características da segunda instalação definidas no nº2, ou, em situações espe-
ciais, designadamente por escassez de água, que serão definidas em regulamento municipal
, o recurso a solução especiais como latrinas secas.
Artigo 74º
Dimensões dos comportamentos habitáveis
1. As dimensões dos compartimentos habitáveis referidas no nº1 do artigo 71º obede-
cerão aos seguintes requisitos:
a) Quando a respectiva área for menor que 9,5m2, e menor que 2,10m;
b) Quando respectiva área for maior ou igual a 9,5m2 e menor que 12m2, deverá
inscrever-se neles um circuito de diâmetro não inferior a 2,40;
c) Quando a respectiva área for maior ou igual a 12m2 e menor que 15m2, de-
verá inscrever-se neles um circuito de diâmetro não inferior a 2,70m;
d) Quando a respectiva área for maior ou igual a 15m2 o comprimento não pod-
erá exceder o dobro da largura média, ressalvando-se as situações em que nas
duas paredes opostas mais afastadas se pratiquem vãos, sem prejuízo de que
possa inscrever-se nessa área um circuito de diâmetro não inferior a 2,80m.
2. Quando um compartimento se articular em dois espaços não autónomos, a dimensão
horizontal que define a sua comunicação nunca será inferior a dois terços da dimensão mí-
nima admitida será de 1,70m, sem prejuízo de que a distância livre entre bancadas situadas
em paredes opostas seja de 12,10m.
3. Exceptua-se ao preceituado no número anterior, o compartimento destinado a cozi-
nha, em que a dimensão mínima admitida será de 1,70m, sem prejuízo de que a distância
livre entre bancadas situadas em paredes opostas seja de 1.10m.
Artigo 75º
Dimensões dos espaços de entrada, vestíbulos e corredores
1. Os espaços de entrada ou os corredores a seguir à porta de entrada na habitação e na
extensão mínima de 2.00m terão a largura mínima de 1,10m.
2. Os restantes corredores terão a largura mínima de 0,90m.
3. Os vestíbulos de entrada, quando existam, devem Ter a dimensão horizontal mínima
de 1,50m.

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

Artigo 76º
Habitação em cave
1. Só é permitida a construção de caves destinadas à habitação em casos excepcionais,
em que a orientação e o desafogo do local permitam assegurar-lhes boas condições de ha-
bitabilidade, reconhecidas pelo órgão municipal competente, devendo, neste caso, todos os
compartimentos satisfazer as condições especificadas neste regulamento para os andares de
habitação e ainda os seguintes:
a) A cave deverá Ter, pelo menos, uma parede exterior completamente desafoga-
da a partir de 0,20m a 0,50m abaixo do nível do pavimento interior de acordo
com as condições do terrenos e drenagem superficial;
b) Todos os compartimentos habitáveis referidos no n.º 1 do artigo 71º, deverão
ser contíguos à fachada completamente desafogada;
c) Serão adoptada todas as disposições construtivas necessárias para garantir a
defesa da cave contra as infiltrações de águas superficiais subterrâneas pen-
etrem no seu interior;
d) O escoamento dos esgotos deverá ser conseguido por gravidade.
2. No caso de habitações unifamiliares isoladas que tenham uma fachada completa-
mente desafogada e, pelo menos, duas outras também desafogadas, só a partir de 1m de
altura acima do pavimento interior, poderão dispor-se compartimentos habitacionais contí-
guos a qualquer destas últimas fachadas. Para o caso de habitações unifamiliares gemina-
das, exigir-se-á, para este efeito, além de uma fachada completamente desafogada, apenas
uma outra desafogada, nos termos já referidos para a outra variante.
3. Se da construção da cave resultar a possibilidade de se abrirem janelas sobra as ruas
ou sobre os terrenos circundante, não poderão aquelas, em regra, ter os seus peitoris a me-
nos de 0,60m acima do nível exterior.
Artigo 77º
Caves para arrecadação
1. Poderá autorizar-se a construção de caves que sirvam exclusivamente de arrecada-
ção para uso dos ocupantes do prédio desde que sejam suficientemente arejadas e conve-
nientemente protegidos contra a humidade e que nelas não existem cozinhas nem instala-
ções sanitárias.
2. Nos prédios de utilização colectiva estas caves devem ter pé-direito mínimo de
2,20m e não possuir comunicação interior directa com pisos, de habitação.
3. Nas instalações unifamiliares, o pé-direito mínimo pode ser reduzido a 2m.
4. O órgão municipal competente poderá ainda fixar outras disposições especiais a que
devem obedecer as arrecadações nas caves, tendentes a impedir a sua utilização eventual
para fins de habitação.

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

Artigo 78º
Habitação em sótão
Os sótãos, águas-furtadas e mansardas só poderão ser utilizadas para fins de habitação
quando satisfaçam a todas as condições de salubridade e isolamento térmico previstas neste
regulamento. Poderá ser permitido que os respectivos compartimentos tenham o pé-direito
mínimo regulamentar só em metade da sua área.
CAPÍTULO V
Espaços não-habitacionais
Artigo 79º
Instalações comuns de serviço
Os edifícios não-habitacionais, e os espaços não-habitacionais, ainda que localizados
em edifícios de habitação, serão dotados de instalações comuns de serviço, tais como ins-
talações sanitárias, vestiários, refeitórios, adequados e proporcionados à natureza e ao nú-
mero previsível de utentes, sem prejuízo do disposto no artigo 81º.
Artigo 80º
Zonas de acesso ao público
1. Nos edifícios e espaços não habitacionais e nas zonas de acesso ao público, tais
como edifícios administrativos, saúde, escolas, bares, átrios, corredores, escadas, instala-
ções sanitárias e vestuários, devem ser localizados, conformados e dimensionados de forma
a terem fácil acesso a utilização, de acordo com o seu número previsível de ocupantes.
Artigo 81º
Habitação multifamiliar
Quando os edifícios de habitação multifamiliares integrarem nos pisos térreos, áreas
destinadas a actividades comercial ou industrial ou de serviços, tais espaços devem respei-
tar os seguintes requisitos:
a) As áreas destinadas a essas actividades, devem ser compartimentadas de for-
ma a constituírem fracções autónomas aptas para a sua exploração;
b) Estas fracções autónomas devem ter, em princípio, acesso directo para o ex-
terior, independente do acesso às habitações, quando este for constituído por
espaços encerrados. Em qualquer dos casos, o acesso do público e de viaturas
e estas áreas, não deve ser de molde a prejudicar o acesso dos moradores e a
utilização dos espaços exteriores junto do edifício;
c) Cada uma das fracções autónomas compreenderá, apenas, um espaço princi-
pal para subdivisão posterior, e uma das mais instalações sanitárias, que serão
dimensionadas em função da área da fracção e, relativamente a estas últimas,
da sua susceptibilidade de utilização pelo público;

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

d) Sempre que a inclinação do terreno o permitir, poderão existir fracções com


um piso em cave, ou poderão existir fracções autónomas sobrepostas;
e) Sempre que as fracções autónomas destinarem-se ao equipamento comercial
e, o espaço exterior confiante não permita uniformidade de tratamento das
frentes que para ele se abrem, poderão tais frentes, ser provisoriamente encer-
radas com material resistente e de reduzido custo, mas, este terá de ser sub-
stituído, oportunamente, por uma solução definitiva a cargo do adquirente ou
do possuidor desta fracção;
f) Não serão admitidas actividades de armazenamento e de manipulação de
produtos ou de resíduos insalubres ou perigosos, que ponham em perigo o
espaço habitacional.
Artigo 82º
Espaços de arrecadação, venda e confecção de bens alimentares
1. Os espaços destinados á arrecadação, à venda ou à confecção de bens alimentares
e os espaços por onde estes bens tenham de circular com frequência, devem ser arejados e
obedecer aos requisitos mínimos e salubridade.
2. Os espaços referidos no nº1 devem ser revestidos no piso e nas paredes, até à altura
mínima de 1,50m, com materiais resistentes e facilmente laváveis.
3. As instalações sanitárias não poderão ter acesso directo para os espaços referidos
no nº1.
Artigo 83º
Condições para concessão de licença
1. A concessão de licença de utilização dos espaços, referidos no artigo anterior, pelo
órgão municipal competente deve ser precedida de vistoria obrigatória sempre que não
exista regulamentação específica que defina as características desses espaços.
2. A vistoria, a que se refere o número anterior, deverá ser realizadas por três peritos,
nomeados pelo órgão municipal competente, sendo um deles, o Delegado de Saúde, nos
casos em que a vistoria tenha por motivo a salubridade pública.
Artigo 84º
Projecto de edifícios não-habitacionais não previstos
em Plano Urbanístico aprovado
1. A elaboração do projecto de edifício não-habitacional, que não esteja previsto em
plano urbanísticos aprovado,. Deve ser antecedida da aceitação, de um pedido preliminar
de viabilidade, dirigido ao órgão municipal competente.
2. O pedido referido no número anterior deverá conter o seguinte:
a) O tipo de edifício, o seu porte e o número provável dos seus utentes;

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b) As suas principais implicações urbanísticas;


c9 Outras características importantes, tais como, a ligação às redes de infra-estru-
turas e as condições necessárias para o acesso de viaturas.
CAPÍTULO VI
Instalações pecuárias
Artigo 85º
Instalações para animais nas áreas habitadas
1. As instalações para o alojamento de animais só poderão ser consentidas, nas áreas
habitadas ou nas sua imediações, se houver logradouros, privados para o efeito e, quando
estes forem construídos e explorados em condições que não originem, directa ou indirecta-
mente, qualquer prejuízo para a salubridade e o conforto das habitações.
2. O órgão municipal competente poderá proibir a construção ou utilização de anexos,
para instalação de animais nos logradouros ou terrenos vizinhos, dos prédios situados em
zonas urbanas, quando as condições locais de aglomeração de habitações não permitirem a
exploração desses anexos sem riscos para a saúde e comodidade dos habitantes.
3. Os anexos para alojamento de animais domésticos construídos nos logradouros dos
prédios, quando expressamente autorizados, não poderão ocupar mais 1/15 da área destes
logradouros.
Artigo 86º
Instalações para animais adstritos às habitações
As instalações para alojamento de animais constituirão, em regra, construções distintas
das de habitação e ficarão afastadas delas. Quando tal, porém, não seja possível, serão se-
paradas das habitações por paredes cheias ou pavimentos contínuos que dêem garantias de
isolamento perfeito. Qualquer comunicação directa com os compartimentos das habitações
será sempre proibida.
Artigo 87º
Ventilação e iluminação
As cavalariças, as vacarias, os currais e outras instalações semelhantes serão conve-
nientemente iluminados e providos de meios eficazes de ventilação permanente, devendo
na sua construção Ter-se em atenção, além das disposições do presente regulamento, as
constantes da legislação especial aplicável.
Artigo 88º
Revestimento interior drenagem e aproveitamento de líquidos
1. As paredes das pocilgas, das cavalariças, das vacarias, dos currais e de instalações
semelhantes serão revestidas interiormente, até à altura mínima de 1,5m acima do pavi-
mento, de material resistente, impermeável e com superfície lisa que permita frequentes la-

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

vagens. As paredes acima desta altura serão rebocadas e pintadas ou, pelo menos, caiadas,
desde que a caiação seja mantida em condições de eficácia. O revestimentos do solo será
sempre executado de forma a impedir a infiltração ou a estagnação de líquidos e a assegurar
a sua pronta drenagem para uma caldeira de escoamento, ligada por intermédio de um sifão
à tubagem de evacuação dos esgotos do prédio.
2. Quando haja em vista o ulterior aproveitamento dos líquidos acima referidos, o seu
escoamento poderá fazer-se para depósitos distantes das habitações, solidamente construídos e
perfeitamente estanques, cuja exploração só será permitida em condições de rigorosa garantia
da salubridade pública e quando não haja dano para os moradores dos prédios vizinhos.
Artigo 89º
Localização de estrumeiras ou nitreiras
1. Nas cavalariças, vacarias, currais e instalações semelhantes serão adoptadas medidas
para facilitar a retirada frequente dos estrumes, a fim de que estes possam ser prontamente
conduzidos para longe das áreas habitadas, dos arruamentos e logradouros públicos, e bem
assim das nascentes, poços, cisternas ou outras origens ou depósitos de águas potáveis e
das respectivas condutas.
2. Nas zonas rurais onde seja autorizado do depósito dos estrumes em estrumeiras ou
nitreiras, por não haver prejuízo para a salubridade pública, estas estrumeiras ou nitreiras
devem ficar afastadas das habitações ou locais públicos, e serão construídas de modo que
delas possam advir infiltrações prejudiciais ao terreno e fiquem asseguradas, em condições
inofensivas, a evacuação dos líquidos exsudados ou a recolha destes em fossas que satisfa-
çam às condições referidas no n.º 2 do artigo anterior.
Artigo 90º
Precauções contra insectos
Serão sempre tomadas precauções rigorosas para impedir que as instalações ocupadas
por animais e as estrumeiras ou nitreiras possam favorecer a propagação de moscas ou
mosquitos.
TITULO IV
Da construção
CAPITULO I
Disposições gerais
Artigo 91º
Qualidade da construção
1. As edificações, seja qual for a sua natureza, deverão ser construídas em concordân-
cia com as melhores normas de arte de construir, e com todos os requisitos necessários para
que lhes fiquem garantidas, de modo duradouro, as condições de segurança, de habitabili-
dade, de salubridade e de aspecto mais adequadas á sua utilização e à sua função urbana.

683
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

2. A qualidade, a natureza e o modo de aplicação dos materiais utilizados na constru-


ção das edificações deverão satisfazer ás condições estabelecidas no artigo anterior, e à
regulamentação específica aplicável.
Artigo 92º
Materiais não tradicionais
A aplicação de novos materiais ou processos de construções, para os quais não exista
regulamentação específica, nem suficiente prática de utilização, será condicionada ao pré-
vio parecer do laboratório competente, oficialmente designado para o efeito.
Artigo 93º
Adequação dos processos de construção
Os processos construtivos a adoptar na realização das edificações devem ser adequa-
dos, quer à dimensão do empreendimento, quer do tipo e ao porte dessas edificações. De-
vem, além disso, subordinar-se a critérios de racionalidade e economia, bem como de opti-
mização dos recursos nacionais e locais, procurando tirar o melhor proveito dos materiais
de mão-de-obra e das tecnologias de construção disponíveis.
Artigo 94º
Requisitos funcionais gerais
As edificações e os seus elementos constituintes devem cumprir genericamente os re-
quisitos funcionais de segurança estrutural, de segurança contra o risco de incêndio e de
habitabilidade, definidos, respectivamente, nos capítulos II, II e IV do presente Título.
Artigo 95º
Requisitos funcionais específicos
Além dos requisitos gerais aplicáveis, as edificações, em geral e os seus elementos
constituintes, devem satisfazer as disposições e os requisitos funcionais específicos apre-
sentados nos capítulos V, VI, VII VIII do presente Título, essas exigências serão acompa-
nhadas, sempre que oportuno, da indicação de soluções concretas consideradas aceitáveis.
Artigo 96º
Descrição e fundamentação das soluções construtivas
1. Os projectos das edificações devem permitir uma clara identificação das soluções
construtivas preconizadas. Para tal, devem incluir uma descrição sistemática da construção,
na qual estejam incluídos os seguintes requisitos:
a) As características gerais da construção;
b) Os elementos primários tais como, as fundações, as estruturas, as paredes ex-
teriores e interiores, os pavimentos, as escadas e as coberturas;
C) Os elementos secundários, tais como, as janelas, os elementos de encerra-

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

mento dos vãos e exteriores, as portas exteriores, as caixilharias interiores, as


portas interiores, as guardas, os tectos suspensos, os lanternis e outros elemen-
tos secundários da cobertura;
d) Os acabamentos das paredes, dos pisos e roda pés, das escadas e rampas, dos
tectos e das coberturas;
e) O equipamentos fixo da habitação;
f) As instalações definidas no Título V.
2. As soluções construtivas devem ser justificadas tecnicamente, através de itens da
memória descritiva do projecto que cubram, nomeadamente, os aspectos seguintes:
a) A concepção estrutural;
b) A segurança contra incêndio;
c) A estanquidade à água;
d) A ventilação e a evacuação de fumos;
e) O conforto térmico;
f) O conforto acústico; e
g) A durabilidade.
CAPÍTULO II
Requisitos de segurança estrutural
Artigo 97º
Solidez e segurança das construções em geral
As edificações serão concebidas, projectadas e construídas de forma a ficar sempre asse-
gurada a sua solidez, e serão permanentemente mantidas em estado de não poderem constituir
perigo para a segurança pública, para os seus ocupantes ou para os prédios vizinhos.
Artigo 98º
Âmbito de aplicação
1.As disposições do artigo anterior são aplicáveis às obras de construção ou transfor-
mação de edificações existentes.
2. Quando se trate de ampliação ou outra transformação de que resulte aumento das
cargas transmitidas aos elementos não transformados da edificação ou às fundações, não
poderão as obras ser iniciadas sem que se demonstre no projecto que a edificação suportará
com segurança o acréscimo de solicitação resultante da obra projectada.
Artigo 99º
Sobrecargas diferentes das previstas e coeficientes de segurança
1. A nenhuma edificação ou parte de edificação poderá ser dada, mesmo temporaria-
mente, aplicação diferente daquela para que foi projectada e construída, sem que se verifi-

685
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

que que os elementos da edificação e as respectivas fundações suportarão com segurança,


e se, agravamento das sobrecargas inicialmente previstas, o correspondente aumento de
solicitação, ou sem se efectuar as necessárias obras de reforço.
2. Quando as edificações, no todo ou em parte, se destinam a aplicações que envolvem
sobrecargas consideráveis, deverá ser fixada de forma bem visível em cada pavimento a
indicação da sobrecarga máxima de utilização admissível.
3. Todos os elementos das edificações e respectivas fundações deverão ser estabeleci-
dos de forma que possam suportar, com toda a segurança e sem deformações inconvenien-
tes, as máximas solicitações a que sejam submetidas.
Artigo 100º
Ensaios
Antes da execução das obras ou no seu decurso, especialmente quando se trate de edi-
ficação de grande importância ou destinada a suportar cargas elevadas, ou ainda quando se
utilizem materiais ou processos de construção não correntes, poderá ser exigida a execução
de ensaios para demonstração da qualidade dos terrenos ou dos materiais, ou para justifi-
cação dos valores de cálculos admitidos. Igualmente poderá exigir-se que tais edificações
sejam submetidas a provas, antes de utilizadas, com o fim de se verificar directamente a
sua solidez.
Artigo 101º
Condições especiais para zonas sísmica
No projecto e na construção da edificações deverão ser observadas as disposições de
índole estrutural em vigor, nomeadamente as que se referem à acção dos sismos.
CAPÍTULO III
Requisitos de segurança contra incêndios
Artigo 102º
Factores condicionante
As disposições de segurança contra incêndios nos edifícios urbanos, dependem do
tipo de ocupação dominante dos edifícios, nomeadamente, nas habitações, nos hotéis, nos
escritórios, nas escolas, nos hospitais, do seu porte e desenvolvimento em planta e, no caso
de edifícios com espaços abertos ao público, da lotação e da localização desses espaços.
Artigo 103º
Habitações unifamiliares
Nos edifícios de habitação unifamiliares, as disposições de segurança a observar são
as seguintes:
a) A compartimentação interna do edifício deve ser estabelecida de modo que,
em caso de incêndio principal, nomeadamente, das salas ou dos quartos, não
fiquem privados de saída para o exterior:

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

b) Os elementos de construção de edifício devem Ter resistência ao fogo suficiente


pata minimizar o risco de colapso do edifício durante a evacuação das pessoas;
c) A constituição de envolvente do edifício e a disposição dos vãos abertos para
o exterior devem ser realizadas de modo a limiar o risco de propagação entre
edifícios vizinhos;
d) Os edifícios vizinhos devem ser servidos por via que permitam o acesso das viat-
uras dos bombeiros à sua proximidade, e nas instalações dos edifícios deve-se
providenciar a existência de disponibilidade de água para extinção de incêndios.
Artigo 104º
Habitação multifamiliares
1. Nos edifícios de habitação multifamiliares de altura não superior a 25m, medida nos
termos do número 2, as disposições de segurança a observar são as seguintes:
a) O edifício poder ser servido por uma única escada quando a distância a per-
correr entre a porta de qualquer habitação e o acesso à caixa da escada, ou ao
espaço equivalente, quando não haja caixa bem definida, não exceder 15m, de
contrário, o edifício deve ser servido por mais de uma escada;
b) A compartimentação interna de cada habitação deve ser estabelecida tendo em
conta o disposto na alínea a) do artigo anterior;
c) As comunicações horizontais comuns e as escadas do edifício devem ser esta-
belecidas de modo a facilitar a sua utilização pelos residentes como caminhos
de evacuação rápida e segura das partes do edifício atingidas ou ameaçadas
por incêndios, devendo para efeito ser protegidas contra o fogo e a invasão
por fumos por meios de comunicações e escadas ao ar livre, ou dispondo de
amplas aberturas de arejamento, e comunicações e escadas interiores que ne-
cessitam de ventilação específicas;
d) Os elementos de construção do edifício devem ter suficiente resistência ao fogo
para minimizar os riscos de colapso, nomeadamente durante o período de tempo
necessário à evacuação das pessoas e às operações de combate ao incêndio;
e) A constituição e a configuração das paredes exteriores do edifício e a dis-
posição dos vãos nelas existentes devem ser condicionadas de modo a dificul-
tar a propagação do fogo, pelo exterior, entre pisos sucessivos e entre edifícios
vizinhos ou confinantes e a facilitar o acesso, às habitações pelo exterior, seja
através dos caminhos de evacuação;
f) Os edifícios devem ser servidos por vias que permitam o acesso directo das
viaturas dos bombeiros e que possam disponibilidades de água para as oper-
ações de extinção;

687
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

g) Os edifícios de altura superior a 20m devem dispor de meios próprios de com-


bate a incêndio, nomeadamente de colunas secas, com vista a facilitar aos
bombeiros o lançamento rápido das operações de extinção;
2. A altura de um edifício é definida pela diferença entre a cota do último piso suscep-
tível de ocupação permanente e a cota da via de acesso ao edifício no local donde seja pos-
sível aos bombeiros lançar eficazmente, para todo o edifício, as operações de salvamento
de pessoas e de combate de incêndio.
Artigo 105º
Edifícios de altura superior a 25m
Os edifícios de altura superior a 25m, medida no termos do n.º 2 do artigo anterior,
destinados a habitação e, de igual modo, os edifícios destinados a outros usos, independen-
temente do tipo de ocupação, do porte e do desenvolvimento em planta dos mesmos, devem
ser objecto de licenciamento especial, com base em estudo elaborado por técnico qualifi-
cado em matéria de segurança contra incêndios, no qual sejam definidas e justificadas as
prescrições a observar, traduzidas ao nível das disposições construtivas, dos equipamentos
electromecânicos, dos meios de alerta e alarme e dos meios de combate a incêndio, e sejam
explicitados, de modo inequívoco, as garantias da sua operacionalidade, em conjugação
com as capacidades de intervenção dos bombeiros locais.
Artigo 106º
Espaços não habitacionais reservadas a terceiros
A inclusão, em edifícios de habitação, de espaços não ocupados por habitações e re-
servados a terceiros para o exercício de actividade comercial, industrial ou de serviços,
pode ser consentida desde que tais espaços não tenham qualquer ligação com o interior
do edifício, não ocupem mais de que dois primeiros pisos e sejam separados do resto do
edifício por elementos de construção de resistência do fogo adequado ao eventual tipo de
ocupação desses espaços.
CAPÍTULO IV
Requisitos de habitabilidade
Artigo 107º
Requisitos de impermeabilidade à água do exterior
1. As envolvente das edificações devem ser concebidas, projectadas e construídas de
modo a ficar assegurada a sua estanquicidade relativamente à água proveniente do exte-
rior.
2. Para cumprimento do estipulado no n.º 1, 1819”@ervar-se-ão os seguintes requisitos:
a) O acesso da humidade ascendente do solo aos pavimento térreos e às paredes dos
edifícios deve ser impedido através de disposições construtivas adequadas;

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

b) Os dispositivos de estanquicidade e, em particular, os recobrimentos vedantes


das fachadas e das coberturas devem ser concebidos de modo a impedir a pas-
sagem de água para o interior, mesmo sob o efeito da acção do vento;
c) A água não deve poder atingir os materiais de construção sensíveis à sua
presença, nomeadamente, os materiais de isolamento térmico e acústico.
Artigo 108º
Protecção das paredes exteriores
1. Nos logradouros e outros espaços livres deverá haver ao longo da construção uma
faixa de, pelo menos, 1m de largura, revestida de material impermeável ou outra disposição
igualmente eficiente para proteger as paredes contra infiltrações. A área restante poderá ser
ajardinada ou Ter outro arranjo condigno.
2. Os pavimentos dos pátios e as faixas impermeáveis dos espaços livres deverão ser
construídos com a inclinação, que assegura o rápido e completo escoamento das águas plu-
viais ou de lavagem para uma abertura com ralo e vedação hidráulica, que poderá ser ligada
ao esgoto do prédio ou para local não pavimentado que permita a infiltração destas águas.
Artigo 109º
Locais húmidos
Nos locais húmidos das edificações e, dum modo geral, em todos aqueles onde a pre-
sença da água possa ter carácter permanente ou pelo menos prolongado, os elementos de
construção e as respectivas ligações devem ser estanque à água.
Artigo 110º
Requisitos de conforto térmico
As edificações devem ser concebidas, projectadas e construídas de forma a propor-
cionar aos seus utentes condições ambientais satisfatórias do ponto de vista do conforto
termo-hidrométrico.
Artigo 111º
Requisitos de ventilação
As edificações devem ser ventiladas para satisfazer as exigências de salubridade e de
conforto térmico dos utentes e para assegurar o funcionamento de aparelhos de aquecimen-
to por combustão, eventualmente existentes.
Artigo 112º
Requisitos de conforto acústico
1. As edificações devem ser concebidas, projectadas construídas de forma a proporcionar
aos seus utentes condições satisfatórias de conforto acústico, tendo em conta, designadamente a
localização dessas edificações e as respectivas condições de vizinhança, relativamente a zonas
exteriores e a outras construções onde haja produção significativa de ruído.

689
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

2. Para cumprimento do estipulado no n.º 1, no caso dos edifícios de habitação, obser-


var-se-ão os seguintes requisitos:
a) A implantação dos edifícios de habitação, particularmente no caso de se tratar
de novas residenciais, deve ser condicionada à prévia verificação de que o lo-
cal de implantação não é considerado local de muito ruído;
b) As plantas das habitações devem ser organizadas de modo a afastar as zonas
de repouso daquela onde se realizam actividades diurnas;
c) Entre habitações adjacentes, deve evitar-se que haja contiguidade entre zonas
de repouso e zonas onde se realizam actividades diurnas recomendando-se
que as paredes de separação entre habitações confinem compartimentos com
o mesmo tipo de ocupação em ambas;
d) Nos edifícios de habitações multifamiliares, os espaços de habitações sobre-
postas com idêntico tipo de ocupação devem dispor-se, sempre que possível,
na mesma prumada.
3. Para efeitos do disposto no nº 2 , alínea a), considera-se local de muito ruído o que
satisfaz às condições seguintes:
a) L50» 75 Db (A) entre as 07 h e as 22 h,
b) L50 » 65 Db (A) entre as 22 h e as 07 h,
c) Sendo L50 o nível sonoro médio excedido durante 50% do intervalo do tempo
considerado.
Artigo 113º
Requisitos de conforto visual
1.As edificações devem ser concebidas, projectadas e construídas de forma a propor-
cionar aos seus utentes condições satisfatórias de conforto visual.
2. Para cumprimento do estipulado no n.º 1. Observar-se-ão os seguintes requisitos:
a) Os locais das edificações onde possa verificar-se a permanência de pessoas
devem dispor de boa iluminação pessoal;
b) Os vãos de iluminação desses locais devem assegurar-se aos respectivos
utentes o contacto visual com ambiente exterior.
CAPÍTULO V
Fundação
Artigo 114º
Generalidades
As fundações dos edifícios serão estabelecidas sobre terreno estável e suficientemente
firme, por natureza ou por consolidação artificial, para suportar com segurança as cargas

690
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

que lhes são transmitidas pelos elementos da construção, nas condições de utilização mais
desfavoráveis.
Artigo 115º
Fundações contínuas
Quando as condições de terreno e as características da edificações permitam a funda-
ção contínua, observar-se-ão os seguintes requisitos:
a) Os caboucos penetrarão no terreno firma até à profundidade de, pelo menos,
0,50m, excepto quando se trate de rocha dura, onde esta poderá ser menor.
A profundidade deve, em todos os casos, ser suficiente para assegurar a dis-
tribuição, quando possível, regular das pressões na base do alicerce;
b) A espessura da base dos alicerces ou a largura das sapatas, quando requeridas,
serão fixadas por forma que a pressão no fundo dos caboucos não exceda a
tensão de segurança à rotura admissível para o terreno de fundação;
c) Os alicerces serão construídos de modo a que a humidade do terreno não se
comunique às paredes de edificação, devendo, sempre que necessário, interca-
lar-se entre eles e as paredes uma camada hidrófuga.
d) Os alicerces e as paredes, até uma altura entre 0,20m e 0,50m acima do terreno
exterior, a estabelecer conforme a humidade habitual deste, serão executados
com materiais rijos e não porosos e com aglomerados hidráulicos, de modo a
constituírem maciços resistentes e impermeáveis;
e) Nos alicerces construídos por camadas de diferentes larguras, a saliência de
cada degrau, desde que o contrário se não justifique por cálculos de resistên-
cia, não excederá a sua altura.
Artigo 116º
Fundações especiais
Quando as condições de terreno ou as características da edificação não aconselham a
fundação contínua, adoptar-se-ão processos especiais adequados de fundação com obser-
vância, além das disposições gerais aplicáveis do artigo anterior, de prescrições especial-
mente estabelecidas para garantir a segurança da construção.

Artigo 117º
Estudo geológicos e justificação da fundação adoptada
O órgão municipal competente deve definir as áreas onde se torne obrigatória a apre-
sentação de estudo suficientemente pormenorizado do terreno de fundação e das próprias
fundações, subscrito por técnico qualificado, para o licenciamento de obras que, pelas suas
naturezas, importância e demais condições particulares, assim justifiquem.

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

Artigo 118º
Afectação de construções por execução de fundações
A realização de importantes movimentos de terras ou de fundações profundas, bem
como a execução de fundações envolvendo meios de percussão, devem ser mencionadas
claramente nos projectos, devendo o órgão municipal competente condicioná-los ou mes-
mo não autorizá-los sempre que possam afectar construções vizinhas.
CAPÍTULO VI
Paredes
Artigo 119º
Generalidades
As paredes das edificações serão construídas tendo em vista as diversas funções destes
elementos de construção e atendendo, não só às exigências de segurança, como também às
de salubridade e habitabilidade, especialmente no que respeita à protecção contra a humi-
dade, às variações de temperatura e à propagação de ruídos e vibrações.
Artigo 120º
Materiais
Na construções das paredes de edificações de carácter permanente, utilizar-se-ão ma-
teriais adequados à natureza, à importância, ao carácter, ao destino e à localização dessas
edificações, os quais devem oferecer, em todos os casos, suficientes condições de seguran-
ça, habitabilidade e durabilidade.
Artigo 121º
Resistência
1. Quando às condições de resistência, as paredes das edificações correntes, quando
construídas de alvenaria de pedra irregular, do tijolo ou de blocos de betão, devem ser di-
mensionadas de modo que a tensão de compressão, consideradas uniformemente distribuí-
da na sessão mais carregada de alvenaria, não exceda os valores fixados no número 4.
2. No caso de paredes suportado cargas excêntricas, admite-se que a tensão máxima de
compressão no bordo mais carregada da sessão mais solicitada da alvenaria possa exceder
de 25% os valores da tensão de segurança indicados na tabela. Numa tal sessão sujeita à
compressão é, desprezada por si zona submetida a tracções, suficiente para segurar a re-
sistência da parede sem que seja excedida a tensão máxima de compressão admitida e, em
todo o caso, desde que a distância da resultante das cargas actuantes ao bordo comprido da
sessão seja sempre superior a 1/6 da largura da sessão.
3. Nas zonas das paredes de alvenaria onde se descarreguem cargas concentradas,
nomeadamente de vigamentos ou de pilares, poderá admitir-se que a tensão máxima de
compressão local exceda de 50% os valores da tensão definidos na tabela.
4. Os valores referidos no número 1, são os constantes da tabela seguintes;

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

Tensões de segurança (Mpa) para paredes de alvenaria

Tensão mínima de rotura Tipos e materiais das alvenarias


à compressão das alvenarias (MPa) esbelteza de paredes d/e
Elementos das Argamassa Pedra irregular Tijolo Blocos de betão
alvenarias /aos 28 dias) D/e = 10 d/e = 18 d/e = 14
3 2,5 2 2
7 2,5 4 4
10 5 5

10 2,5 6
10 7
20 2,5 6
10 8
30 2,5 8
10 10
50 2,5 10
10 15
80 10 20
120 10 25

Estes valores são estabelecidos em função das tensões de rotura à compressão dos
elementos de alvenaria e das argamassas empregadas, e da esbelteza da parede, definida
como a relação entre a menor dimensão livre da parede - espaçamento dos elementos de
travamento lateral, quer horizontais, como pavimentos rígidos ou cintas de betão armado,
quer verticais, como pilares ou paredes concorrentes e a sua espessura nominal, incluindo
rebocos.
Artigo 122º
Espessuras mínimas
1. No caso de edificação destinadas a habitação de tipo corrente e com o máximo de
três pisos, cujas paredes sejam construídas de alvenaria de pedra irregular, de tijolo de
0,22m x 0,70m ou de bloco de betão, podem adoptar-se para estas paredes, sem prejuízo de
outras disposições aplicáveis e com dispensa de justificações complementares, as espessu-
ras mínimas fixadas na tabela constante no número 10.
2. Quando se empreguem tijolos de dimensões diferentes das referidas na tabela admi-
tir-se-á tolerância até 10% nas espessuras correspondentes às indicações da tabela para as
paredes de tijolo.
3. A alvenaria de pedra irregular deve ser construída por pedra com uma tensão de
rotura à compressão de, pelo menos, 20Mpa.
4. O tijolo a usar na constituição das alvenarias deve ter, pelo menos, uma tensão de
rotura individual mínima à compressão de 10 Mpa para o tijolo maciço ou perfurado, e de
3 MP a para o tijolo furado.

693
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

5. Os blocos de betão a usar na constituição das alvenarias devem Ter, pelo menos,
uma de rotura individual mínima à compressão de 7 MP a para os blocos maciços e de PMa
para os blocos furados.
6. A argamassa a usar na construção das paredes deve ter resistência pelo menos equi-
valente à de traço 1:2.8, em volume, de cimento, cal e areia.
7. As paredes com a espessura mínima tabelada deverão ter travamento laterais, quer
verticais, por paredes ou pilares, quer horizontais, por pavimentos rígidos ou por cintas
armadas, que, num ou noutro sentido, não fiquem espaçadas de mais 3,50m.
8. As paredes com a espessura mínima tabelada não devem suportar pavimentos com
sobrecarga superior a 3KN/m2 ou submetidos a acções dinâmicas, nem receber o apoio de
mais de 4m2 de pavimento por metro linear de parede.
9. O órgão municipal competente poderá incluir nos seus regulamentos próprios tabela
organizadas como a presente e com o mesmo campo de aplicação para tradição e experiên-
cias locais especificado na alínea a) do artigo 115º
10. As espessuras mínimas referidas no número 1, são as que constam da tabela se-
guinte:

Ordem Paredes suportando cargas de pavimentos e coberturas Paredes sem carga além do peso próprio
dos
pisos a Fachada e empenas Paredes de separação entre Paredes
Paredes
contar habitações e de caixas de interiores Empenas
interiores
do piso escadas
superior Alvenaria de Alvenaria de Alvenaria de Alvenaria de Alvenaria de
Pedra Tijolo Blocos Pedra Tijolo Blo- Pedra Tijolo Blocos Pedra Tijolo Blocos Tijolo Blocos
irre- (vezes) de irre- (vezes) cos de irre- (vezes) de irre- (vezes) de (vezes) de betão
gular betão gular betão gular betão gular betão (m)
(m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m)

1 0,40 1 0,20 0,40 1 0,20 0,40 1/2 0,20 0,40 1 0,20 1/2 0,15
(b) (d) (b) (d) (a) © (b) (d) (b) (d)

Artigo 123º
Isolamento hidrotérmico
1. As paredes exteriores das edificações de carácter permanente, destinadas a habitação
semelhante, devem, no que respeita à sua função de protecção contra as variações térmicas
e contra a humidade, ser equivalentes, pelo menos, à parede de alvenaria de blocos furados
de betão com 0,20m de espessura, rebocada em ambos os parâmetros. Em qualquer caso
desde que se trate de paredes de alvenaria, de blocos de betão ou de tijolo, o seu coeficiente
de transmissão térmica não deve ser superior a 2,5 w/m 2.0C.
2. Admite-se, em alternativa, que as paredes exteriores sejam realizadas em alvenaria
de pedra com uma espessura mínima de 0,40m.

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

Artigo 124º
Isolamento acústico
As paredes de separação entre habitações ou de caixas de escadas, nas edificações de
carácter permanente, destinada à habitação ou com utilização semelhante, devem, no que
respeita à sua função de protecção contra a transmissão de ruídos e vibrações, ser equi-
valentes, pelo menos, à parede de alvenaria de blocos de betão com 0,20m de espessura,
rebocada em ambos os parâmetros, com uma massa unitária não inferior a 250kgm2, ou
correspondente, caracterizar-se por um índice de isolamento sonoro para os sons de condu-
ção aérea não inferior a 48Db.
Artigo 125º
Espessuras inferiores mínimos previstos
1. Em edificações de carácter permanente a construção de paredes com constituição dife-
rente das consideradas no artigo 122º só será autorizada, pelo órgão municipal competente, se
a equivalência das suas características resistentes e funcionais com as daquelas for demons-
trada por ensaios realizados em laboratórios competente oficialmente designado na resistên-
cia verificada do materiais empregues e pela demonstrações das características de protecção
contra a humidade, variações de temperatura e transmissão de ruídos e vibrações.
2. A mesma justificação é exigida também quando as paredes, embora com a consti-
tuição das consideradas no artigo 122º tenham espessura inferior ou esbelta superior aos
limites consignados na tabela referida nesse artigo
Artigo 126º
Paredes de caves
1. A construção das paredes das caves que ficarem em contacto com o terreno exterior
obedecerá ao especificado na alínea a) do artigo 115º.
2. Nas caves consideradas habitáveis, sempre que as condições do terreno o justifi-
quem, as paredes em contacto com o terreno exterior deverão ter condições do ponto de
vista da salubridade da habitação, pelo menos equivalentes às de uma parede de alvenaria
hidráulica de pedra rija e não porosa, com 0,60m de espessura, guarnecida exteriormente,
numa, altura entre 0,20m e 0,50m acima do nível do terreno, a estabelecer conforme a
humidade habitual destes, revestimentos impermeável resistentes sem prejuízo de outras
precauções e consideradas para evitar a humidade no interior das habitações.
Artigo 127º
Revestimento de paredes em elevação
1. Todas as paredes em elevação, quando não sejam construídas com material prepara-
do para ficar à vista, serão guarnecidas, tanto interior como exteriormente, com revestimen-
tos apropriados, de natureza, qualidade e espessura tais que, pela sua resistência à acção
do tempo, garantam a manutenção das condições iniciais de salubridade e o bom aspecto
da edificação.

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

2. Os revestimentos exteriores das paredes das edificações situadas em região de clima


húmido, bem como os das paredes expostas à acção frequente de ventos chuvosos, devem
ser impermeáveis.
3. O revestimentos exteriores das paredes das mansardas ou das janelas de trapeiras deve
ser, por si só ou por uma adequada disposição dos seus elementos constituintes, estanques à
água da chuva e, ainda, resistente à acção dos agentes atmosféricos e incombustível.
4. Admite-se que, nos termos do artigo 120º, seja temporariamente, dispensada a satis-
fação das exigências contidas nos números anteriores do presente artigo.
Artigo 128º
Instalações sanitárias e cozinhas
1. As paredes das instalações sanitárias, copas, cozinhas e locais de lavagem devem ser
providas de lambris impermeáveis, de superfície aparente lisa e facilmente lavável, com al-
tura adequada à importância e natureza da utilização dos locais mas não inferior a 1,50m.
2. Nos edifícios para habitação, a altura do lambris referido no n.º 1 poderá baixar para
1,30m.
3. Na zona do chuveiro das instalações sanitárias, a altura mínima do lambril referido
no n.º 1 será de 1,80m.
4. O lambril deve ser disposto pelo menos, em correspondência com os elementos
de equipamentos ligados às redes de água e de esgoto, numa extensão não inferior às res-
pectivas zonas de serviço. Fora dessas zonas, a extensão do lambril deve ser adequados à
importância e à natureza dos locais e dos equipamentos neles existentes.
Artigo 129
Soco inferior em fachada marginando vias públicas
A parte inferior dos parâmetros exteriores das fachadas que marginem as vias públicas
mais importantes, a serem definidas como tal, em regulamento municipal, será constituída
por pedra ou por outro material resistente ao desgaste e fácil de conservar limpo e em bom
estado, com altura mínima de 0,40m.
Artigo 130º
Guarnecimento de vão exteriores
Os peitoris e soleiras de vão abertos em pedras em paredes exteriores devem ser execu-
tados em cantaria ou em betão. Quando tal não seja viável, admite-se a sua execução com
pedra rija ou bloco de betão maciço, rebocados.
Artigo 131º
Ligação de guarnecimentos de vão às paredes
Todas as cantarias aplicadas em guarnecimento de vãos ou em revestimento de paredes
serão ligadas ao material das mesmas paredes por processo que dêem suficiente garantia de
solidez e duração.

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

CAPITULO VII
Pavimentos
Artigo 132º
Generalidades
Os pavimentos das edificações serão constituídos tendo em vista as diversas funções
destes elementos de construção e atendendo, não só às exigências de segurança, como tam-
bém às de salubridade e habitabilidade, especialmente no que respeita à protecção contra a
humidade e à propagação de ruídos de vibrações.
Artigo 133º
Estruturas
1. Na constituição dos pavimentos de edificações de carácter permanente, utilizar-se-
ão materiais adequados à natureza à importância, ao carácter, em todos os caos, suficientes
condições de segurança, habitabilidade e durabilidade.
2. As estruturas dos pavimentos serão construídas com betão armado, aço, madeira ou
outros materiais apropriados à satisfação das exigências enunciadas no n.º 1. As secções
dos respectivos elementos serão justificadas pelo cálculo ou por ensaios, devendo atender-
se, para este fim, à disposição daqueles elementos, à capacidade de resistência dos mate-
riais empregues e às acções inerentes à utilização da estrutura.
Artigo 134º
Isolamento acústico
Os pavimentos elevados das edificações de carácter permanente destinadas a habita-
ção, devem, no que respeita à sua função de protecção contra a transmissão de ruídos e
vibrações, ser equivalentes, pelo menos, ao pavimento constituído os revestimentos, não
inferior a 250Kg/m2, ou, correspondentemente, por um índice de isolamento sonoro para
2324«@ sons de condução aérea não inferior a 48 D.B.
Artigo 135º
Pavimento de madeira
1. Nas estruturas de pavimentos de madeira das edificações correntes, destinadas à
habitação, e cujo vão não exceda 4m, poderão empregar-se, sem outra justificação, peças
com as secções já experimentadas pelo uso para idênticos vãos e cargas.
2. Todas as peças de madeira a empregar nas estruturas dos pavimentos, devem ser
previamente tratadas para se obter a sua imunização eficaz ao ataque de fungos e insectos.
3. As entradas das vigas das estruturas dos pavimentos, nas paredes de alvenaria, serão
sempre preservadas da humidade, quer por disposição construtivas que permitem a sua
ventilação, quer por revestimento ou induto apropriado.

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

Artigo 136º
Apoios das estruturas
As estruturas dos pavimentos devem ser devidamente assentes nos elementos o terreno
de apoio e construídas de modo que estes não fiquem sujeitos a esforços horizontais exces-
sivos, salvo se para lhes resistirem e se se tomarem as disposições apropriadas.
Artigo 137º
Pavimentos térreos
1. O pavimento dos andares térreos, quando assente directamente sobre o terreno e
sempre que as condições deste o justifiquem, deve ser convenientemente protegido contra
a eventual ascensão da humildade do solo, mediante a interposição duma camada imperme-
ável ou que assegura a drenagem eficiente dessa humidade.
2. Quando o pavimento dos andares térreos, quando assente sobre a caixa de ar, esta
deverá ser, sempre que possível ventilada por circulação de ar perfeitamente assegurada
por aberturas praticadas nas paredes. As aberturas nas paredes exteriores terão dispositivos
destinadas a impedir a passagem de objectos ou animais. A caixa de ar deverá ser deixada
regularizada e limpa antes de concluído o pavimento que a ela se sobrepõe.
Artigo 138º
Locais húmidos
1. Os pavimentos das instalações sanitárias, copas, cozinhas e de outros locais suscep-
tíveis de infiltrações, serão construídas por estruturas imputrescíveis e com revestimentos
impermeáveis, apresentados, apresentando uma superfície plana, lisa e facilmente lavável.
2. Admite-se que, nos termos do artigo 19º, seja temporariamente no processo dispen-
sado o n.º 1 no que se refere às características do revestimento.
CAPÍTULO VIII
Cobertura
Artigo 139º
Generalidades
As coberturas das edificações serão construídas tendo em vista as diversas funções
destes elementos de construção e atendendo, não só às exigências de segurança, como
também às de habitabilidade, especialmente no que respeita à protecção contra a água da
chuva e contra a radiação solar.
Artigo 140º
Estruturas
As estruturas das coberturas das edificações devem cumprir, no que respeita aos mate-
riais de construção, os requisitos de segurança e durabilidade, os critérios gerais de dimen-
sionamento e as disposições constantes do artigo 133º, com as devidas adaptações.

698
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

Artigo 141º
Protecção térmica
1. As coberturas das edificações devem, por si só, ou conjuntamente com o tecto do an-
dar subjacente, garantir a protecção térmica adequada ao fim a que se destina a edificação.
2. As coberturas dos edifícios de habitação devem, no que respeita à sua função de
protecção térmica, em especial contra a radiação solar, ser equivalentes, pelo menos, a um
cobertura inclinada, revistada com telha de betão e com desvão ventilado na não utilização
sobre a laje de esteira maciça ou aligeirada com 0,10m de espessura.
3. Em qualquer caso, as coberturas devem apresentar um coeficiente de transmissão
térmica médio, em condições de fluxo descendente, não superior a 2,5W/m2.0c, e, pelo
menos, protecção solar média.
Artigo 142º
Requisitos dos materiais de revestimentos
As coberturas das edificações devem ser revestidas com materiais impermeáveis e
resistentes ao fogo e à acção dos agentes atmosféricos.
Artigo 143º
Armação de madeira
Nas armações de madeira para coberturas inclinadas, com inclinação compreendida
entre 20º e 45º, poderão empregar-se, sem outra justificação, peças com as secções míni-
mas seguintes ou suas equivalentes em resistência e rigidez, desde que não se excedam as
distâncias máximas indicadas:
Artigo 144º
Apoios, preservação e protecção contra a humidade
As estruturas das coberturas devem cumprir, no que respeita às condições de apoio, e à
protecção contra a humidade, as disposições constantes dos artigos 135º, nºs 2 e 3 e 136º.
Artigo 145
Terraços
1. Nas coberturas em terraços, utilizar-se-ão materiais e processos construtivos que
lhes assegurem a impermeabilidade adequada às condições pluviométricas e à protecção
contra as variações térmicas exteriores, particularmente as restantes da acção da radiação
solar termos do disposto do artigo 141º.
2. Tendo em conta o disposto no n.º 1, as coberturas, em terraço devem ser providas
dum revestimentos de protecção de cor clara ou, de referência, dum revestimento de som-
breamento superior, definido um espaço subjacente fortemente ventilado.

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Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

Artigo 146º
Algerozes
1. Os algerozes dos telhados serão realizados com materiais apropriados para impedir
infiltrações para o interior das edificações. As dimensões dos algerozes serão proporciona-
das à extensão da cobertura. O seu declive, no sentido longitudinal, será o suficiente para
assegurar o rápido escoamento das águas que receberem e nunca inferior a 3mm, por metro.
A área útil da secção transversal será , pelo menos, de 3cm2 por cada metro quadrado de
superfície coberta horizontal.
2. Tomar-se-ão as disposições necessárias para assegurar, nas condições menos noci-
vas possível, a extravasão das águas dos algerozes, no caso de entupimento acidental de
um tubo de queda.
TITULO V
Das instalações
CAPITULO I
Disposições gerais
Artigo 147º
Condições gerais
1. Em cada regra, os edifícios devem dispor de instalações adequadas às exigências
dos utentes que, em cada caso, importa satisfazer no quadro dos condicionalismo locais.
2. Aos edifícios destinados à habitação e, dado o seu grande número nos aglomera-
dos urbanos, aplicar-se-ão as disposições específicas constantes nos capítulos seguintes:
Artigo 148º
Definição genérica
1. As instalações, aludidas no antigo anterior, abrangem, nomeadamente:
a) A disponibilidade de água, de energia eléctrica e de gás combustível;
b) A evacuação de esgotos domésticos e pluviais;
c) A ventilação, salubridade e conforto térmico;
d) A evacuação de fumos;
e9 Transporte em elevadores eléctricos
3. Tais instalações devem ser estabelecidas, de acordo com as disposições das regu-
lamentação específicas e, na falta delas, de acordo com as recomendações das entidades
responsáveis pela sua exploração em condições de segurança, e das regras da arte.

700
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

CAPÍTULO II
Instalações de água
Artigo 149º
Abastecimento de água
1. As habitações devem normalmente ter assegurado o seu abastecimento em água
potável na qualidade bastante para a alimentação e a higiene dos seus ocupantes.
2. Salvo os casos de isenção legal, os prédios situados em locais servidos por rede
pública de abastecimento de água serão providos de sistemas de canalizações interiores de
distribuição, ligadas àquela rede por meio de ramais privativos, devendo dar-se, a uns e
outros, traçados e dimensões tais que permitem o abastecimento directo e contínuo.
Artigo 150º
Natureza e concepção das redes de água potável
1. As canalizações, os dispositivos de utilização e os acessórios de qualquer natureza
das instalações de água potável dos prédios serão estabelecidos e explorados tendo em
atenção as disposições do presente regulamento, de forma a que possam rigorosamente
assegurar a protecção da água contra a contaminação ou a simples alteração das suas qua-
lidades.
2. As instalações de distribuição de água potável serão inteiramente distintas de qual-
quer outra instalações de distribuição de água ou de drenagem. As canalizações de água
manter-se-ão isoladas das canalizações de esgoto em todo o seu traçado e sem possibilidade
de haver refluxo de águas servidas para aquelas canalizações de água.
3. É admissível a existência, em casos especiais devidamente justificados, e sob regime
de controlo sanitário assegurado, de rede privada de água não potável ligada a depósito pri-
vado e totalmente separada da rede privada de água potável, não devendo porém tomadas
de águas das duas redes servir o mesmo dispositivos de utilização. Além destas precauções,
as tomadas de água não potável devem estar assinaladas como tal e ser distintas, à vista,
das de água potável.
4. A alimentação, pela instalações de água potável, de bacias de retrete, urinóis ou
quaisquer outro recipientes ou canalizações insalubres só poderá ser feita mediante inter-
posição de um dispositivo isolador adequado.
5. Nas instalações de água potável devem ser empregues materiais adequados cuja
qualidade será regulada por disposições gerais.
Artigo 151º
Depósito interposto nas redes
1. Sem prejuízo do n.º 2 do artigo 149º, as instalações de distribuição de água potável
devem estabelecer-se de modo que ela siga directamente da origem da acção de água po-

701
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

tável devem estabelecer-se abastecimento do prédio até aos dispositivos de utilização, sem
retenção, sem retenção prolongada em quaisquer reservatórios.
2. Quando seja manifestamente indispensável o emprego de depósito de água potável,
terão estes disposições que facilitem os seus esvaziamento total e limpeza frequentes. De-
verão obedecer às disposições legais aplicáveis e ser instalados em locais salubres e are-
jados, distintas das embocaduras dos tubos de ventilação dos esgotos e protegidos contra
o calor. Quando necessário, serão ventilados, mas sempre protegidos eficazmente contra a
sua eventual poluição provocada pela entrada de mosquitos, de poeira ou de outras matérias
nocivas.
3. Desde que se trata de edifícios especiais ou de habitação multifamiliares, o acesso
aos depósitos só deve ser facultado que serviços públicos responsáveis ou entidades por
eles reconhecidas que se encarregarão da respectiva manutenção.
Artigo 152º
Poços e cisternas
1. É interdita abertura de poços e a construção de cisterna sem prévia autorização dos
serviços públicos competentes.
2. Os poços de cisternas deverão ficar afastados de origem de possíveis conspurcações
da água. Tomar-se-ão, além disso, as precauções necessárias para impedir a infiltração de
águas superficiais, assegurar conveniente ventilação e opor-se à entrada de mosquitos, po-
eiras ou de quaisquer outras matérias nocivas. Para extrair a água apenas se poderão utilizar
sistemas que não possam ocasionar a sua inquinação.
Artigo 153º
Paredes dos poços
1. As paredes dos poços serão guarnecidas de revestimentos impermeável nos primei-
ros metros abaixo da superfície do terreno e, em geral, ficarão elevadas de, pelo menos
0,50m acima desta superfície. Em qualquer caso, deverá evitar-se infiltração de água suja
protegendo com revestimento estanque o terreno adjacente à boca do poço, numa faixa de
largura nunca inferior a 1,50m com declive para a periferia.
2. Os poços terão sempre cobertura que será estanque e resistente. Qualquer aber-
tura de ventilação deve obedecer às exigências constantes na última parte do número
2 do artigo 151º.
Artigo 154º
Cisternas
Será proibida a utilização de poços ou cisternas para o abastecimento de água de ali-
mentação sempre que se verifiquem condições de deficiente segurança contra quaisquer
possibilidades de contaminação.

702
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

Artigo 155º
Requisitos das cisternas
1. As cisternas deverão ser providas de dispositivos eficazes que impeçam a recolha
das primeiras águas caídas nas coberturas do prédio e que retenham a todo momento quais-
quer matéria sólida arrastadas pela água.
2. Apenas poderá ser considerada como água potável a que seja recolhida de cober-
turas inclinadas e desde que cumpridas as regras técnicas aplicáveis, designadamente que
a cobertura da cisterna seja rigorosamente estanque e tenha qualquer abertura para os seu
arejamento, que deverá ser protegido contra a entrada de mosquitos, poeiras ou outras ma-
térias nocivas.
CAPÍTULO III
Instalações de esgotos
Artigo 156º
Equipamento sanitários mínimos
1. O equipamento mínimo das instalações sanitárias a prever em cada fracção autóno-
ma, a que se refere o artigo 47º, deve ser constituído por uma bacia de retrete, um lavatório,
uma tomada de água e um ralo de esgoto no piso provido de sifão, sem prejuízo no disposto
no artigo 73º, para as habitações, devendo esses aparelhos ser ligados a sistemas individu-
ais ou colectivos de abastecimento de água e de evacuação de esgoto.
2. Outros tipos de equipamentos mínimo serão aceites apenas nos casos especiais de-
finidos nos artigos 19º e 20º.
Artigo 157º
Bacias de sifão e autoclismo
Onde existe rede pública de distribuição de água será obrigatória a instalação de auto-
clismo de capacidade conveniente ou de outros dispositivo que assegure a rápida remoção
das matérias depositadas na bacia de retrete.
Artigo 158º
Urinóis
Serão aplicáveis aos urinóis as disposições deste regulamento relativas às condições
de salubridade das bacias de retrete, devendo ser obrigatoriamente providas de sifão indi-
vidual.
Artigo 159º
Canalização de esgotos
As canalizações de esgotos dos prédios serão delineadas e estabelecidas de maneira a
assegurar em todas as circunstâncias a boa evacuação de matérias recebidas. Deverão ser
acessíveis e facilmente inspeccionáveis, tanto quanto possível, em toda a sua extensão, sem

703
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

prejuízo do bom aspecto exterior da edificação. Nas canalizações dos prédios devem ser
empregues tubagens de matérias adequadas cuja qualidade seja contemplada por regula-
mentação aplicável.
Artigo 160º
Esgotos pluviais
1. Será assegurado o rápido e completo escoamento das águas pluviais caídas em qual-
quer local do prédio.
2. As redes de esgoto doméstico e pluvial dos edifícios devem ser sempre separadas,
ainda que a rede pública seja unitária.
3. A rede pluvial domiciliaria pode ser conduzida para cisternas possuindo paredes
resistentes e lisas e devidamente protegidas da contaminação e da entrada de sujidade, em-
bora com acesso para inspecção e limpeza. Estas cisternas poderão ser drenadas mas não
poderão ser ligadas a uma rede pública de água potável.
Artigo 161º
Sifonagem da rede de esgotos
Serão tomadas as disposições necessárias para a rigorosa defesa da habitação contra
emanações dos esgotos, susceptíveis de prejudicar a saúde ou a comodidade dos ocupantes.
Qualquer aparelho ou orifício de escoamento, sem excepção, desde que possa estabelecer
comunicação entre canalizações ou reservatórios de águas servidas ou de dejecto e a ha-
bitação, incluindo os escoadouros colocados nos logradouros ou outro qualquer local do
prédio, será ligado ao ramal da evacuação por intermédio de um sifão acessível e de fácil
limpeza e em condições que garantem a vedação hidráulica efectiva e permanente.
Artigo 162º
Ventilação
1. Serão adoptadas disposições tendentes a assegurar a ventilação das canalizações de
esgoto e a impedir o esvaziamento, mesmo que temporário, dos sifões e consequente des-
continuidade da vedação hidráulica.
2. Os tubos de queda de água residuais dos prédios serão sempre prolongadas além da
ramificação mais elevada, sem diminuição da secção, abrindo livremente na atmosfera a,
pelo menos, 0,30m acima do telhado ou, quando a cobertura formar terraço, a 2m acima do
seu nível a em acima de qualquer vão ou simples em comunicação com os locais de habita-
ção quando situados a uma distância horizontal inferior a 4m da desembocadura do tubo.
Artigo 163º
Ligação à rede pública
1. Os dejectos e águas servidas devem ser removidas das edificações prontamente e de
forma a não originar quaisquer condições de insalubridade.

704
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

2. Toda a edificação existentes ou a construir será obrigatoriamente ligada à rede pú-


blica de esgoto, Quando existia, por um ou mais ramais, em regra privativos da edificação,
que sirvam para a evacuação dos seus esgotos.
Artigo 164º
Locais sem rede pública de esgotos
1. Nos locais ainda não servidos por colector público acessível, os esgoto dos prédios
devem ser lançados e dispositivos de tratamentos adequados, tais como fossas sépticas,
ligados a jusante a dispositivos de infiltração do tipo poço absorvente, trincheira filtrante
ou filtro de areia. É interdito o lançamento directo de esgotos para poços perdidos ou outros
dispositivos susceptíveis de poluir o subsolo, ou estabelecidos em condições de causarem
quaisquer outros danos à salubridade pública. Nesses poços perdidos ou dispositivos ape-
nas podem ser lançados efluentes depurados.
2. As instalações referidas no n.º 1 não podem continuar a ser utilizadas logo que aos
prédios respectivos for assegurado esgoto para colector público e, ao cessar a sua utiliza-
ção, serão demolidas ou entulhadas depois de cuidadosamente limpas e desinfectadas.
Artigo 165º
Escoamento proibido
É proibido o escoamento, mesmo que temporário, para cursos de água, ou para o mar,
dos dejectos ou água servidas de qualquer natureza não sujeitos a tratamento prévio con-
veniente, quando daí possam advir condições de insalubridade ou prejuízo para a saúde
pública.
Artigo 166º
Esgotos prejudiciais
A introdução em colector públicos de produto residuais de fábrica, de garagem e de
outros estabelecimentos, susceptíveis de prejudicarem a exploração ou o financiamento das
canalização e instalações do sistema de esgoto públicos, só poderá ser autorizada depois de
verificação prévia das operações de depurações adequadas.
Artigo 167º
Ramais de ligação
1. Os ramais de ligação dos prédios aos colectores públicos ou a quaisquer outros re-
ceptores terão secções úteis adequadas ao número e à natureza dos aparelhos que servirem,
à área de drenagem a aos caudais previstos.
2. Terão de ser facilmente inspeccionáveis em toda a sua extensão os ramais referidos
no número anterior particularmente nos traços em que não for possível evitar a sua colec-
ção sob as edificações.
3. Não serão permitidas, em regra, inclinações inferiores a 2cm nem a 4cm por metro,
devendo em todos os casos, tomar-se as disposições complementares porventura neces-

705
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

sárias, que para garantir o perfeito escoamento e impedir acumulação de matérias sólidas
depositadas, quer para obstar ao retrocesso dos esgotos para as edificações, especialmente
em zonas inundáveis.
CAPÍTULO IV
Instalações de gás
Artigo 168º
Habitação unifamiliar
Cada habitação deve dispor de uma instalação de utilização de gás ligada a um posto
de garrafas privativo, localizado no exterior de edifício ou em local encerrado e altamente
ventilado.
Artigo 169º
Habitação multifamiliar
1. Os edifícios de habitação multifamiliares devam, sempre que possível, dispor de
instalações de gás constituídas de instalações de utilização das habitações, uma por habi-
tação, com contagens localizadas nos espaços comuns do edifício junto da entrada de cada
habitação, servidas por uma instalação colectiva ligada a um posto de garrafas privativo,
localizado no exterior de edifício.
2. No caso de ser possível a concretização do disposto no número anterior, a instalação de
gás do edifício reduzir-se-á ao conjunto das instalações de utilização de gás das habitações, as
quais serão servidas por postos de garrafas privativos de cada habitação, localizados do interior
das habitações, em espaço próprio e arejado através de abertura directa para o exterior.
Artigo 170º
Torneiras de serviço
A instalação de utilização de gás de cada habitação deve servir duas torneiras de serviço
localizadas na cozinha, uma para ligação de um esquentador, outra para a ligação de um fogão.
As referidas torneiras devem ficar localizadas de modo a garantir que entre o esquentador e o
fogão mede um espaço livre na vertical de largura igual a 0,40m, pelo menos.
Artigo 171º
Evacuação de produtos
A evacuação dos produtos da combustão de gás ficará assegurada por qualquer dos
dois processos de ventilação referidas no Capítulo V do presente Título.
CAPÍTULO V
Instalação de ventilação e de evacuação de fumos
Artigo 172º
Processo de ventilação das habitações
1. Para satisfação das exigências da salubridade dos utentes, a ventilação das habita-
ções deve realizar-se a um ritmo não inferior a uma renovação por hora.

706
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

2. Os processos de ventilação podem ser, separada por compartimento, ou conjunta


para todos os compartimentos.
Artigo 173º
Ventilação separada
A ventilação separada por compartimento realizar-se-á por simples arejamento mediante
a abertura das janelas, e a área de abertura a prever para o efeito não deve ser inferior a 10%
da área do pavimento, no caso da sala, dos quartos e da cozinha, e 5% da área do pavimento,
no caso das instalações sanitárias. O incremento do ritmo de ventilação na cozinha, durante
a preparação das refeições, ou nas instalações sanitárias quando em uso, pode ser realizado
recorrendo-se a um pequeno ventilador de extracção com rejeição para o exterior.
Artigo 174º
Ventilação conjunta
1. Na ventilação conjunta, a circulação do ar deve processar-se dos compartimentos
principais, nomeadamente da sala e dos quartos, para os compartimentos de serviços como
a cozinha e as instalações sanitárias.
2. As condições a verificar, para assegurar a ventilação conjunta de todos comparti-
mentos, são as seguintes:
Na sala e nos quartos, disponibilidade de aberturas de entrada de ar exterior, indepen-
dentes da abertura das janelas, convenientemente dimensionadas.
Na cozinha e nas instalações sanitárias, previsão de abertura de saída do ar viciado,
servidas por condutas convenientemente dimensionadas, ligadas a um ventilador estático
de extracção com rejeição acima da cobertura do edifício, funcionando em regime contí-
nuo: neste caso, a abertura da saída de ar viciado da cozinha deve ficar dento do espaço
delimitado pelo pano de apagar a chaminé.
Artigo 175º
Incremento de ritmo de ventilação
Para melhorar as condições de conforto térmico, o ritmo de ventilação pode ser incremen-
tado para seis renovações por hora, pelo menos, embora por períodos de tempo limitados; para
tanto, bastará prever a existência de janela em fachadas oposta e aproveitar a diferença de pres-
sões devido à acção do vento para promover a ventilação transversal das habitações.
Artigo 176º
Processo de evacuação dos produtos de combustão do gás
A evacuação dos produtos da combustão provenientes de aparelhos de aquecimento a
gás, nomeadamente, de fogões e de esquentadores, instalados na cozinha, deve realizar-se
como se determina a seguir:
a) Nas habitações com ventilação separada por compartimentos através de uma
abertura situada no espaço delimitado pelo pano de apagar da chaminé servida

707
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

por uma conduta de evacuação por tiragem térmica com rejeição acima da
cobertura do edifício;
b) Nas habitações com ventilação conjunta de todos os compartimentos, através
da abertura de saída do ar viciado da cozinha.
Artigo 177º
Processo de evacuação dos produtos de combustíveis fumígenos
1. A evacuação dos produtos da combustão, provenientes de aparelhos de aquecimento
que queimam combustíveis fumígenos, nomeadamente, carvão e lenha, instalados na cozi-
nha, deve, nas habitações com ventilação separadas por compartimentos, ser realizada nos
termos do artigo anterior.
2. Nas habitações com ventilação conjunta de todos os compartimentos não é permi-
tida a utilização de aparelhos de aquecimento deste tipo.
Artigo 178º
Condutas de evacuação de fumos
A conduta deve ser a cozinha das habitações, com ventilação separada por comparti-
mentos, pode ser individual ou colectiva sendo esta recomendada para edifícios de sete ou
mais piso.
Artigo 179º
Traçado das condutas individuais
As condutas individuais devem desenvolver-se na vertical, podendo no entanto inte-
grar um troço inclinado, mas só um, desde que o desvio de verticalidade desse troço não
exceda 20º, valor que pode ir até 45º se a altura da conduta não for superior a 5m.
Artigo 180º
Traçado das condutas colectivas
As condutas colectivas são constituídas por um colector com ramais de altura igual à
distância entre pisos, pelo menos, e devem desenvolver-se na vertical até à sua emergência
na cobertura e só a partir deste nível o colector pode integrar um troço inclinado desde que
o desvio verticalidade desse troço não exceda 20º.
Artigo 181º
Secção das condutas individuais e colectivas
As condutas individuais e o colector das condutas colectivas devem ter secção não in-
ferior a 0,040 m2, e a menor dimensão da secção não deve ser inferior a 0016m; os ramais
das condutas colectivas devem ter secção não inferior a 0,125m2, e a menor dimensão da
secção não deve ser inferior a 0,125m.

708
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

Artigo 182º
Cota das condutas individuais e colectivas
A abertura superior das condutas deve situar-se a 0,50m, pelo menos acima de qual-
quer parte da edificação ou edificações vizinhas situadas num raio de 10m centrado no
ponto de emergência das condutas; contudo, quando as coberturas são horizontais ou tem
pequena inclinação, a referida abertura pode situar-se 1,20m, pelo menos, acima do ponto
de emergência e 1,50m, pelo menos, acima da guarda da cobertura sempre que esta tenha
altura superior a 0,20m.
Artigo 183º
Ventilador estático
A abertura superior das condutas deve ser equipada com um ventilador estático capaz
de, por acção do vento, criar, no nível da abertura uma depressão que se oponha utilmente
a eventuais depressões existentes ao nível da janela da cozinha.
Artigo 184º
Contrato de conservação
A operacionalidade das instalações de ventilação mecânica conjunta, para todos os
compartimentos das habitações, ficará sujeita a contrato de conservação, a estabelecer entre
o proprietário do edifício e o serviço competente que realize actividades desta natureza. Na
ausência ou na cessão do contrato de conservação não será permitida a utilização dessas
instalações.
CAPITULO VI
Instalações eléctricas
Artigo 185º
Generalidades
Nas localidades servidas por rede de distribuição de energia eléctrica os edifícios de-
vem dispor de instalações eléctricas destinadas a satisfazer as necessidades dos utentes.
Artigo 186º
Habitações unifamiliares
Os edifícios de habitação unifamiliares devem dispor de uma instalação de utilização
de energia eléctrica ligada à rede de distribuição, com contagem localizada no exterior
junto da entrada do edifício.
Artigo 187º
Habitação multifamiliares
Os edifícios de habitação multifamiliares devem dispor de uma instalação colectiva,
de instalação de utilizações das habitações com contagem localizadas nos espaços de uso
comum junto da porta de cada habitação e de uma instalação de utilização dos servidos

709
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

comuns do edifício com contagem dentro de compartimento reservado com acesso directo
aos espaços de uso comum.
Artigo 188º
Pontos de utilização em aparelhos de iluminação servidos nos espaços comuns
A instalação de utilização de cada habitação de cada habitação deve servir os pontos
de utilização e os aparelhos de iluminação a seguir indicados:
a) Caixas para ligação de aparelhos de iluminação localizadas na sala, nos quar-
tos, na cozinha, nas instalações sanitárias, na despensa, nos corredores e nos
vestíbulos, à razão de uma caixa por cada um dos espaços referidos;
b) Tomadas de uso geral para ligação de aparelhos, electrodomésticos localiza-
dos na sala, nos quartos e na cozinha, à razão de duas tomadas por cada 8m
destes espaços, e nas instalações sanitárias, nos corredores e nos vestíbulos, à
razão de uma tomada por cada dos espaços referidos;
c) Tomadas para ligação de máquinas de lavar roupa e da máquina de lavar loiça
localizados nos espaços destinados a estas máquinas, à razão de uma tomada
por máquina;
d) Aparelhos de iluminação fixos localizados no exterior da habitação junto a
porta de entrada, à razão de um por habitação, e em varandas que venham a
ser utilizadas como zonas de estar ou de trabalho, à razão de um por varanda.
Artigo 189º
Pontos de utilização e aparelhos de iluminação servidos nos espaços comuns
A instalação de utilização dos serviços comuns de edifício deve servir os aparelhos de
iluminação e os pontos de utilização a seguir indicados:
a) Aparelhos de iluminação fixos localizados nos espaços comuns dos edifíci-
os, nomeadamente, nas comunidades horizontais e nas escadas; o número de
aparelhos a instalar deve ser, no mínimo, de um átrio da entrada do edifício, de
um por cada patamar de escada e por cada patamar de elevador, quando distin-
tos, e de um por cada 6m de compartimento da comunicação horizontal;
b) Caixas para ligação de instalação de telecomando, nomeadamente, para in-
stalações de chamada por compainha, instalação de inter-comunicação entre
o exterior do edifício e o interior das habitações e instalação de comando de
trinco da porta de entrada do edifício, eventualmente existentes, localizadas
junto do quadro dos serviços comuns do edifício;
c) Caixas para ligação de equipamentos electromecânicos, nomeadamente, de
transporte de pessoas, de ventilação mecânica, de sobrepressão de água e de
bombagem de esgotos, eventualmente existentes, localizadas junto das má-
quinas dos equipamentos referidos;

710
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

d) Aparelhos de iluminação fixos localizados nas casas das máquinas dos equi-
pamentos referidos na alínea anterior e em outros compartimentos de serviço,
nomeadamente, cubículo para utensílio de limpeza e local para recolha de
lixos, eventualmente existentes, à razão de um compartimentos;
e) Aparelho de iluminação fixos localizados em dependência dos fogos, nome-
adamente, arrecadações exteriores, eventualmente existentes, em número a
definir em função das dimensões e arranjo exterior desses espaços.
Artigo 190º
Iluminação de espaços exteriores privativos e instalação
de chamada por campainha nas instalações e unifamiliares
Nos edifícios de habitação unifamiliares, a instalação de cada habitação deve, em com-
plemento do referido artigo 188º, assegurar a iluminação de espaços exteriores privativos
do edifício e o fornecimento de energia eléctrica a uma instalação de chamada por campai-
nha accionada por botões localizados no exterior, um junto da porta de entrada no espaço
exterior privativo, caso exista, outro junto da porta de entrada da habitação.
Artigo 191º
Instalações de chamada por compainha nas habitações multifamiliares
Nos edifícios de habitação multifamiliares, quando o acesso ao edifício não é protegi-
do por porta, a instalação de cada habitação deve, em complemento do referido no artigo
188º, assegurar o fornecimento de energia a uma instalação de chamada por campainha
accionada por botão localizado no exterior junto da porta de entrada da habitação.
Artigo 192º
Instalação do comando do trinco da porta de entrada
Nos edifícios de habitação multifamiliares, Quando o acesso ao edifício é protegido
por porta, a instalação de utilização dos serviços comuns do edifício deve, conforme o
disposto do artigo 189º, alínea b), assegurar o fornecimento de energia a uma instalação de
chamada por campainha, accionada por botoneira localizada no exterior do edifício, junto
da porta de entrada, e por botões, um por habitação, localizados no exterior das habitações,
junto da porta de entrada respectiva; além disso, a instalação de utilização dos serviços
comuns do edifício deve, de acordo com a mesma referência, assegurar o fornecimento de
energia a uma instalação de intercomunicação entre o exterior do edifício, junto da porta de
entrada, e o interior de cada entrada do edifício, accionada por botões, um por habitação,
junto da porta de entrada respectiva.
CAPÍTULO VII
Instalação de elevadores eléctricos
Artigo 193º
Obrigatoriedade de instalação de elevadores eléctricos
Os edifícios devem ser dotados de elevadores eléctricos sempre que o número de pisos
susceptíveis de ocupação permanente, situados acima do piso de entrada do edifício, seja

711
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

superior a três, ou que a entrada do último piso seja superior a 9m, relativamente ao piso
de entrada do edifício.
Artigo 194º
Número e dimensão das cabines
O número de elevadores a prever em cada caso a as dimensões das cabines dependem
do tipo de ocupação, do porte, e do desenvolvimento em planta do edifício; contudo, nos
edifícios de habitação até seis pisos acima do piso de entrada no edifício e cuja lotação glo-
bal estimada não exceda 200 pessoas, bastará em regra um elevador de 4 pessoas (300kg).
Artigo 195º
Contrato de conservação
A operacionalidade das instalações de elevadores ficará sujeito a contrato de conser-
vação, a estabelecer entre o proprietário do edifício e o serviço competente que realize
actividades desta natureza. Na ausência ou na cessação do contrato de conservação não será
permitida a utilização dos elevadores.
TITULO VI
Das disposições técnicas
CAPÍTULO I
Segurança nas obras
Artigo 196º
Segurança do público e dos operários
1. Durante a execução de obras de qualquer natureza serão obrigatoriamente adop-
tadas as precauções e as disposições necessárias para garantir a segurança do público e
dos operários, para salvaguardar, quanto possível, as condições normais do trânsito na via
pública e, bem assim, para evitar danos materiais, mormente os que possam afectar os bens
do domínio público do Estado ou dos Municípios, as instalações de serviços públicos e os
imóveis de valor histórico ou artístico.
2. Serão proibidos quaisquer processos de trabalho susceptíveis de comprometer o
exacto comprimento do disposto no número anterior.
Artigo 197º
Vedação dos estaleiros das obras
1. Os estaleiros das obras de construção, demolição ou outras que interessem à segu-
rança dos transeuntes, deverão salvo casos especiais devidamente justificados, ser localiza-
dos, no interior do lote correspondente e fechados ao longo dos arruamentos ou logradou-
ros públicos por vedação do tipo fixado pelo órgão municipal competente, tendo em vista a
natureza da obra e as características do espaço público confinantes.
2. Nos casos especiais referidos no n.º 1 poderão ser impostas disposições adequadas
que garantem a segurança pública e o trânsito na via pública.

712
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

3. Não poderá ser permitida a instalação de estaleiros na via pública sem serem total-
mente isoladas por vedação eficazes.
Artigo 198º
Andaimes, escadas e outros dispositivos de trabalho
1. Os andaimes, escadas e pontes de serviço, passadiços, aparelhos de elevação de
materiais e, de um modo 303 oral, todas as construções auxiliares e dispositivos de trabalho
utilizados para a execução de obras, deverão ser construídos e conservados em condições
de perfeita segurança para os operários e para o público e de forma que constituam o menor
embaraço possível para o trânsito podendo o órgão municipal competente exigir a apresen-
tação do referido projecto devidamente justificado.
2. O órgão municipal competente poderá impor medidas especiais, no que se refere à
constituição e ao modo de utilização dos andaimes e outros dispositivos em instalações acessó-
rias das obras, tendo em vista a salvaguarda do trânsito nas artérias mais importantes.
Artigo 199º
Escoamentos
Na execução de terraplanagens, abertura de poços, galerias, valas o caboucos, ou ou-
tros trabalhos de natureza semelhante, os revestimentos e escoamentos deverão ser cuida-
dosamente construídos e conservados, adoptando-se as demais medidas necessárias para
impedir qualquer acidentes, tendo em atenção a natureza do terreno as condições do traba-
lho do pessoal e a localização da obra em relação aos prédios vizinhos.
Artigo 200º
Outras medidas de segurança nos estaleiros
1. Além das medidas de segurança referidas no presente capítulo, poderá o órgão mu-
nicipal competente, tendo em vista a comodidade e a higiene públicas e dos operários,
definir outros relativas à organização dos estaleiros.
2. Logo que a altura da elevação dos materiais desde o seu local de depósito até ao da
aplicação excede 4m, deverá, em regra, essa elevação fazer-se exclusivamente por meios
mecânicos.
TITULO VII
Das Sanções
CAPÍTULO ÚNICO
Artigo 201º
Competência dos órgãos municipais
1. Os órgãos municipais terão competência para definir as penalidades a serem aplica-
das aos infractores do presente regulamento de acordo com os limites impostos nos artigos
seguintes.

713
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

2. Poderão esses mesmos órgãos tomar as providências necessárias para dar execução
às suas posturas.
Artigo 202º
Multas
1. A execução de obras em violação às disposições deste regulamento, ou em desacor-
do com o projecto ou com as condições aprovadas, e a falta do cumprimento das intimações
ou notificações, serão punidas com a pena de multa de 30.000$00 a 1.200.000$00.
2. A não observância do disposto no artigo 21º, serão aplicadas multas por cada utili-
zação não licenciada das fracções autónomas da edificação.
Artigo 203º
Embargo
1. O órgão municipal competente poderá embargar, independentemente da cominação
de multas, as obras executadas em violação do disposto no artigo 1º a 13º.
2. Do auto de embargo constará, minuciosamente, o estado de adiantamento das obras
e, se possível, a determinação da notificação dos interessados.
3. A continuação da obra embargada será punida com pena de multa a fixar dentro dos
limites impostos no n.º 1 do artigo anterior, sem prejuízo da responsabilidades criminal que
ao caso couber.
Artigo 204º
Despejo sumário
1. O órgão municipal competente poderá ordenar o despejo sumário das edificações
utilizadas sem as respectivas licenças ou em desconformidade com elas.
2. Quando não se disponha de elementos suficientes para verificar a falta de ou sua
inobservância mas se reconheça objectivamente que o prédio não possui, no todo ou em
parte, as condições de habitabilidade, será o facto notificado ao proprietário e, este ficará
impedido, a partir das data da notificação, de renovar ou de celebrar contrato de arredamen-
to, ou de consentir a sublocação para habitação das independências condenadas, sob pena
de se ordenar o despejo.
A notificação será precedida de vistoria obrigatória, a realizar nos termos do artigo
83º, n.º 2.
3. Nos casos em que for ordenado o despejo, os inquilinos e os sublocatários terão di-
reito a uma indemnização correspondente a doze meses de renda mensal, a pagar, respecti-
vamente, pelo senhorio e pelo inquilino. Salvo se estes lhes facultarem casa correspondente
à que ocupavam.
4. O despejo sumário deverá ser ratificado judicialmente e, terá lugar no prazo de 60
dias após a ratificação

714
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

5. O despejo sumário será ordenado também, pelo órgão referido no n.º 1 nos seguintes
casos:
a) Dos prédios, ou partes deles, cuja demolição, reparação ou beneficiação tenha
sido ordenada;
b) Quando houver risco iminente de desmoronamento ou perigo para a saúde
pública;
&1.º - Nos casos de simples reparação ou de beneficiação, o despejo só poderá ser
ordenado se de acordo com o parecer dado pelos peritos, se revelar indispensável, para a
execução das respectivas obras, e para a própria segurança e comodidade dos ocupantes.
&2.º - Fica salvaguardado, aos inquilinos, o direito à reocupação dos prédios uma vez
realizadas as obras de reparação ou de beneficiação, mediante aumento de renda.
Artigo 205º
Demolição
O órgão municipal competente poderá ordenar a demolição das obras realizadas com
a violação a disposto nos artigos 1º a 13º.
Artigo 206º
Oposição à execução de obras intimadas
A oposição dos inquilinos e sublocatários à execução das obras intimadas, será punida
com apenas de multa de 40.000$00 a 600.000$00, sempre que tenham sido notificado pre-
viamente. Incorrem na mesma pena, os proprietários que tendo sido previamente notifica-
dos, se opuserem à realização das obras intimadas.
Artigo 207º
Substituição do proprietário
1. Quando o proprietário não iniciar as obras de reparação, de beneficiação ou de de-
molição, referidas nos artigos 15º, 16º e 205º ou não as incluir nos prazos fixados, poderá
o órgão municipal competente ocupar o prédio para o efeito de mandar proceder à sua
execução imediata, à custa do proprietário.
2. Na falta de pagamento voluntário das despesas, proceder-se-á à cobrança coerciva,
servindo de título executivo a certidão passada pelo órgão municipal competente da qual
conste o quantitativo global das despesas.
Artigo 208º
Infracção cometidas pelo técnicos
1. Independentemente de outras responsabilidades que ao caso couberem, as infrac-
ções cometidas pelo técnicos contra o disposto nos artigos 12º, serão punidos, pelo órgão
municipal competente, com pena de multa de 40.000$00 a 60.000$00, podendo os mesmos

715
Decreto n.º 130/88,de 31 de Dezembro

ser interditos pelo prazo mínimo de 2 anos, de realizar projectos ou de dirigir obras à apro-
vação do órgão municipal competente.
2. As sanções referidas no número anterior só poderão ser aplicadas, tendo em conside-
ração prévia a gravidade e a frequência das faltas, escalonadas e definidas nos regulamen-
tos municipais, de acordo com o preceituado no artigo 1º, n.º 3.
TITULO VIII
Disposição finais e transitórias
Artigo 209º
Programa de alojamento
Os serviços do Estado, do Município e outras que intervenham em programas de re-
alojamento devem comunicar ao órgão municipal competente, antes da efectivação do re-
alojamento, os nomes e as moradas dos respectivos beneficiários, para que se verifiquem,
em relação às casas por eles desocupadas, a conformidade das licenças concedidas e as
condições de habitabilidade, e deverão agir de harmonia com as disposições.
Artigo 210º
Dúvidas e casos omissos
As dúvidas e os casos omissos serão resolvidos por despacho conjunto do Ministro da
Administração Local e Urbanismo e do Ministro das Obras Públicas.
Ministério de Administração Local e Urbanismo,
O Ministro, Tito Ramos.

716
Decreto-Legislativo n.º 2/93,de 01 de Fevereiro

REGIME JURÍDICO DAS ZONAS TURÍSTICAS ESPECIAIS


(ZDTI, ZRPT)
Decreto-Legislativo n.º 2/93
de 01 de Fevereiro
Uma das preocupações fundamentais da política turística nacional é a de dotar o País
de infra-estruturas turísticas que integrem uma oferta de qualidade, o que pressupõe a de-
finição de uma política de solos que permita ao Estado, em tempo, dispor oportunamente
dos terrenos necessários á realização de planos de desenvolvimento turístico e preservar e
valorizar as condições naturais, v.g. as praias, as belezas naturais e o clima, que contribuem
em muito para que o nosso turismo seja um produto de alto nível.
Com o presente diploma, instituem-se zonas turísticas especiais que abrangem áreas
dotadas de especiais aptidões para o turismo existente nas diversas ilhas e estabelecem-se,
em linhas gerais, as formas de apropriação de solos das mesmas zonas e as modalidades da
sua cedência aos promotores turísticos.
Constituindo as zonas turísticas a base inicial do desenvolvimento turístico nacional e
um bem escasso e frágil, sob o ponto de vista do meio ambiente e paisagístico, atribui-se
a sua gestão à administração indirecta do Estado, que, para levar a cabo a sua missão, não
prescindirá da colaboração dos Municípios e de outras entidades públicas e privadas.
Nestes termos,
Ao abrigo da autorização legislativa concedida pela Lei n.º 51/IV/92, de 28 de Setembro;
No uso da faculdade conferida pela alínea b), do n.º 2, do artigo 216º da Constituição,
o Governo decreta o seguinte:
CAPÍTULO I
Zonas Turísticas especiais
SECÇÃO I
Disposições gerais
Artigo 1º
(Zonas turísticas especiais)
Com vista à valorização e protecção dos recursos naturais que constituirão a base do
desenvolvimento turístico do País, as áreas identificadas como possuidores de especial ap-
tidão para o turismo, serão declaradas como zonas turísticas especiais.
Artigo 2º
(Tipos de zonas turísticas especiais)
As zonas turísticas especiais classificam-se em:
a) Zona de Desenvolvimento Turístico Integral, abreviadamente designada
por ZDTI;

717
Decreto-Legislativo n.º 2/93,de 01 de Fevereiro

b) Zona de Reserva e Protecção Turística, abreviadamente designado por ZRPT;


Artigo 3º
(Gestão e administração)
A gestão e administração das zonas turísticas especiais compete ao Estado.
SECÇÃO II
Zonas de Desenvolvimento Turístico Integral
Artigo 4º
(Definição) 112
Constituem Zonas de Desenvolvimento Turístico Integral as áreas que, por possuírem
excelentes condições geográficas e valores paisagísticos, têm especial aptidão para o turis-
mo e sejam declarados como tais pelo Governo.
Artigo 5º
(Declaração)
As ZDTI serão declaradas por Decreto-Regulamentar 113, competindo ao ministério
responsável pelo turismo a organização dos processos de declaração e a sua apresentação
ao Governo depois de ouvidas as respectivas Câmaras Municipais.
Artigo 6º
(Efeitos)
A declaração de uma área como ZDTI determina:
a) A sujeição à declaração de utilidade pública da expropriação de todos os ter-
renos situados na dita zona, mesmo quando forem de titularidade municipal,
bem como dos edifícios aí existentes;
b) A proibição absoluta de qualquer actividade extractiva na totalidade dos ter-
renos, costas e praias da mesma, nomeadamente a extracção de areia, cascalho
e outros inertes;
c) A proibição de qualquer intervenção urbanística sem prévia autorização do
Instituto Nacional do Turismo.
Artigo 7º
(Uso e ocupação do solo)
1. O uso e ocupação do solo das ZDTI far-se-ão de acordo com os respectivos planos
de ordenamento turístico.

112 A sujeição das Associações de Municípios à tutela de legalidade implica a aplicação, com as necessárias adaptações, do
regime jurídico previsto na lei para os seus associados.
113 Tendo em conta a sua importância para o desenvolvimento do país, a criação das zonas turísticas especiais é admitida
pacificamente, mas a sua gestão e administração exclusiva pelo Estado, através da Agência Caboverdeana de Investimento,
tem sido alvo de profundas criticas, designadamente por parte dos Autarcas.

718
Decreto-Legislativo n.º 2/93,de 01 de Fevereiro

2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, poderão ser realizadas as obras infra-
estruturais e as construções necessárias para a promoção e desenvolvimento turístico do
País.

3. Poderão ainda realizar-se nas ZDTI as obras públicas das infra-estruturas de trans-
porte e comunicações ou outras exigidas pelo interesse geral ou necessárias para a pro-
moção e desenvolvimento turístico do País, mediante autorização expressa do Instituto
Nacional do Turismo.

4. Nas ZDTI não poderão ser erigidas construções de altura total superior a três pisos,
medida em cada ponto do terreno, salvo autorização do Governo.

5. O uso e ocupação do solo permitidos dentro das ZDTI terão sempre como limite a
obrigatoriedade de preservar a qualidade da paisagem em que as referidas infra-estruturas
e construções se vão situar, as quais deverão adaptar-se e integrar-se perfeitamente naquela
paisagem.

Artigo 8º
(Gestão e administração)114
1. A gestão e a administração das ZDTI pertencem exclusivamente ao Estado, sem
prejuízo da competência municipal no que diz respeito à prestação de serviços urbanos.
2. As competências referidas na alínea anterior serão concretizadas e exercidas através
do Instituto Nacional do Turismo que deverá compartilhá-las com outros organismos cen-
trais do Estado com responsabilidade especifica sobre o património natural.
3. Nas ZDTI, competem ao Instituto Nacional de Turismo115 a aquisição, gestão, ad-
ministração e alienação do solo, a elaboração e execução dos Planos de Ordenamento Tu-
rístico, a aprovação e execução dos projectos de ordenamento detalhado, a aprovação dos
projectos de obras e edificação e o acompanhamento e fiscalização dos mesmos, bem como
outras matérias constantes dos respectivos estatutos.
4. O Instituto Nacional de Turismo procurará a máxima colaboração das entidades
municipais, às quais deverão ser informados e ouvidos sobre as actuações relativas aos
terrenos situados nos concelhos respectivos.

114 Foram declaradas zonas turísticas especiais nas ilhas de Santiago, São Vicente, Sal, Boa Vista e Maio, através dos
seguintes diplomas legais: Decreto-Regulamentar n.º 7/94, de 23 de Maio; Decreto-Regulamentar n.º 18/97, de 30 de
Dezembro; Decreto-Regulamentar n.º 8/98, de 31 de Dezembro.
115 “É imperiosa a necessidade de rever o actual regime jurídico das zonas turísticas especiais, prevendo uma gestão
compartilhada entre a administração central e local, respeitando os princípios da autonomia municipal e da subsidariedade.
Em consequência devem ser liminarmente expurgadas da lei todas as normas que, em matéria de administração e gestão,
limitam a autonomia do Poder Local” “ in Declaração de São Nicolau do Conselho geral da ANMCV, Ribeira Brava, Março
de 2002.

719
Decreto-Legislativo n.º 2/93,de 01 de Fevereiro

SECÇÃO III
Zonas de Reserva e Protecção Turística
Artigo 9º
(Definição)
1. Constituem-se Zonas de Reserva e Protecção Turística:
a) As áreas contíguas às ZDTI e dotadas de alto valor natural e paisagístico e
cuja preservação seja necessária para assegurar a competitividade do produto
turístico de Cabo Verde, a curto e médio prazo;
b) As outras áreas que, possuindo também alto valor natural e paisagístico, de-
verão manter-se em reserva para serem posteriormente declaradas ZDTI.
2. A declaração de áreas como Zonas de Reserva e Protecção Turística compete ao
Governo.
Artigo 10º
(Declaração)
As ZRPT serão declaradas por Decreto-Regulamentar, competindo ao ministério res-
ponsável pelo turismo a organização dos processos de declaração e a sua apresentação ao
Governo, depois de ouvidas as respectivas Câmaras Municipais.
Artigo 11º
(Efeitos)
A declaração de uma área como Zona de Reserva e Protecção Turística determina
como efeito automático a proibição absoluta de qualquer actividade extractiva na totalida-
de dos terrenos, costas e praias da mesma, nomeadamente a extracção de areia, cascalho e
outros inertes.
Artigo 12º
(Uso e ocupação do solo)
1. O uso e ocupação do solo das ZRPT far-se-ão de acordo com os respectivos Planos
de Ordenamento Turístico.
2. Ficam, contudo, expressamente proibidos nas ZRPT todo o uso e ocupação, distintos
dos seus actuais uso e ocupação agro-pecuários, que alterem ou possam alterar fisicamente
a paisagem das mesmas, ou que causem dano, directa ou indirectamente ou que impliquem
ameaça para os valores naturais e ambientais das ditas zonas ou prejuízo dos mesmos.
3. Não poderão ser realizados em qualquer lugar das ZRPT movimentos de terras, ex-
tracções de areias, cascalho e outros inertes, instalações de qualquer tipo, nem edificações
ou alteração das mesmas de qualquer natureza, salvo autorização expressa do Governo.

720
Decreto-Legislativo n.º 2/93,de 01 de Fevereiro

4. Nas ZRPT poderão realizar-se as obras públicas das infra-estruturas de transportes


e comunicações requeridas pelo interesse geral ou necessárias para a promoção e desen-
volvimento turístico do País que tenham sido objecto de autorização expressa do Instituto
Nacional de Turismo.
5. Com caracter excepcional, poderão ser realizadas nos lugares das ZRPT actualmente
povoadas, e somente junto aos edifícios já existentes, as obras de construção, beneficiação
ou demolição para uso exclusivo agro-pecuário e de habitação rural que sejam necessárias
para a manutenção da dita comunidade rural, desde que tais obras não aumentam a altura
da edificação já existente e não ponham em causa a harmonia estética e ambiental e que as
coberturas e muros exteriores sejam feitos e acabados com materiais tradicionais.
Artigo 13º
(Gestão e administração) 116
1. A gestão e administração das ZRPT pertencem exclusivamente ao Estado.
2. As competências referidas no número anterior serão concretizadas e exercidas atra-
vés do Instituto Nacional de Turismo que poderá compartilhá-las com outros organismos
centrais do Estado com responsabilidade especifica sobre o património natural.
3. Nas ZRPT, compete ao Instituto Nacional de Turismo a vigilância da integridade
natural e paisagística destas zonas, sem prejuízo das actuações de outros organismos da
Administração Central e Local com responsabilidade especifica sobre o património natural.
CAPÍTULO II
Planeamento das ZDTI
Artigo 14º
(Plano de ordenamento turístico)
1. Cada ZDTI disporá de um Plano de Ordenamento Turístico elaborado pelo Instituto
Nacional de Turismo.
2. O Plano de Ordenamento Turístico de cada ZDTI deverá formular as seguintes de-
terminações:
a) Esquema viário;
b) Definição de área paisagística, de protecção e de implantação turística;
c) Definição das áreas de arborização e das espécies de árvores a plantar;
d) Esquemas de redes de serviços e de espaços livres;
e) Equipamentos sociais e de lazer previsíveis;
f) Programa geral da zona e critério gerais de desenvolvimento;
g) Normas gerais para a excussão e desenvolvimento da zona.

116 O INATUR corresponde actualmente a Agência Caboverdeana de Investimentos.

721
Decreto-Legislativo n.º 2/93,de 01 de Fevereiro

3. As determinações referidas no número anterior constarão obrigatoriamente de uma


memória de fins e objectivos, de planos à escala 1/2000, de esquemas e de outros documen-
tos que sejam necessários.
4. Os Planos de Ordenamento Turístico são aprovados pelo membro do Governo que
tutela o sector do turismo.
Artigo 15º
(Projectos de ordenamento detalhado)
1. As áreas de implantação de usos turísticos nas ZDTI, bem como os terrenos das
mesmas ocupados por equipamentos sociais e de lazer, poderão pormenorizar-se em Pro-
jectos de Ordenamento Detalhado, por meio dos quais, à escala 1/500, se poderá efectuar o
ordenamento dos volumes edificáveis, reajustar e completar os sistemas viários, zonas de
arborização e espaços livres, e completar as redes de serviços.
2. Os Projectos de Ordenamento Detalhado numa ZDTI serão elaborados pelo promo-
tor e aprovados pelo Instituto Nacional de Turismo, que, no acto de aprovação, assinalará os
prazos previstos para a execução das obras, das edificações e das plantações de árvores.
3. Os projectos referidos no número anterior poderão ser elaborados pelo Instituto
Nacional de Turismo quando assim for acordado.
Artigo 16º
(Projectos de obras e edificação)
1. As infra-estruturas viárias e redes de serviços da ZDTI deverão ser executadas de
harmonia com os respectivos projectos de obras.
2. Os edifícios hoteleiros, de alojamento, de equipamentos comerciais, sociais ou de
lazer, deverão ser executados de harmonia com os respectivos projectos arquitectónicos de
edificação.
3. Os projectos referidos nos números anteriores são aprovados pelo Instituto Nacional
de Turismo.
CAPÍTULO III
Apropriação, cedência, promoção e gestão do solo na ZDTI
SECÇÃO I
Apropriação dos terrenos
Artigo 17º
(Expropriação por utilidade pública)
1. O Instituto Nacional de Turismo poderá propor ao Governo a expropriação por utili-
dade pública dos edifícios, incluindo os dos Municípios, existentes numa ZDTI.
2. O Governo pode atribuir carácter muito urgente à expropriação a que se refere o
número anterior, independentemente da verificação dos requisitos contidos na lei geral.

722
Decreto-Legislativo n.º 2/93,de 01 de Fevereiro

Artigo 18º
(Avaliação dos terrenos)
A avaliação dos prédios objecto de expropriação será efectuada em função da natureza
rústica ou urbana dos mesmos, independentemente das expectativas criadas pela declara-
ção de ZDTI ou motivadas pela criação de infra-estruturas e serviços não custeados pelo
expropriado.
Artigo 19º
(Pagamento das indemnizações)
As indemnizações por expropriação por utilidade pública são pagas em dinheiro ou
pela entrega de terrenos urbanos para usos complementares da ZDTI, através da constitui-
ção a favor dos expropriados de direitos de superfície, ou ainda, pela cedência de outros
terrenos fora da zona.
SECÇÃO II
Cedência e promoção de terrenos
Artigo 20º
(Cedência)
1. Com o fim de fomentar a execução e edificação de ZDTI, o Instituto Nacional de Tu-
rismo poderá ceder terreno das mesmas em propriedade plena ou ceder direito à utilização
dos ditos terrenos mediante a constituição do direito de superfície ao promotor.
2. A alienação ou cessão nos termos do número anterior deverá efectuar-se após veri-
ficação prévia quer da experiência do promotor quer da sua capacidade técnica e suas ga-
rantias financeiras, bem com a aceitação do compromisso prévio de cumprir as obrigações
legais que lhe sejam impostas dentro dos prazos marcados.
Artigo 21º
(Aviso para a cedência de terrenos)
1. Do aviso que for expedido para alienação ou cessão das ZDTI constarão as caracte-
rísticas gerais da zona ou sector da mesma, e o seu aproveitamento, os compromissos gerais
da promoção e os incentivos fiscais financeiros.
2. O não cumprimento das obrigações da promoção determinará a reversão dos ter-
renos à titularidade do Instituto Nacional de Turismo e a perda por parte do promotor das
quantias entregues a título de pagamento e dos investimentos realizados.
Artigo 22º
(Cedência de lotes com fins especiais)
Os lotes destinados a habitação individual isolada, lojas, bares, oficinas de reparação
ou instalações análogas poderão ser cedidos pelos promotores sem qualquer formalidade

723
Decreto-Legislativo n.º 2/93,de 01 de Fevereiro

prévia, devendo, contudo, o cessionário assumir expressamente a obrigação de contribuir


proporcionalmente para as despesas de conservação da ZDTI em que os ditos lotes estive-
rem situados.
Artigo 23º
(Obrigações do promotor)

Constituem obrigações do promotor que vier a actuar numa ZDTI as seguintes:


a) Elaboração, se for o caso, do Projecto de Ordenamento Detalhado do sector
da ZDTI sobre o qual pretende actuar e apresentação do mesmo ao Instituto
Nacional de Turismo;
b) Elaboração dos projectos de obras e de edificação respectivos e apresentação
dos mesmos ao Instituto Nacional de Turismo para aprovação;
c) Execução das obras da rede viária e da rede de saneamento, fornecimento
de água potável e de electricidade, depuração das águas residuais e cedência
gratuita das mesmas para rega na agricultura, e iluminação pública do sector
da ZDTI sobre o qual actua;
d) Execução dos trabalhos de arborização do sector da ZDTI sobre o qual actua;
e) Estabelecimentos de previsões sobre o serviço de recolha de lixo no sector da
ZDTI sobre o qual, e, se for o caso, tratamento de lixo;
f) Construção das edificações de alojamentos turísticos e de equipamentos, e das
instalações de lazer e das zonas livres;
g) Adopção das medidas necessárias para garantir a conservação e reparação das
obras de urbanização e das edificações e instalações por parte da iniciativa
privada e, se for o caso, por parte dos terceiros adquirentes das mesmas.
SECÇÃO III
Gestão das ZDTI
Artigo 24º
(Formas de gestão)
1. A gestão das ZDTI pelo Instituto Nacional de Turismo poderá ser feita directamente,
quer através da sua associação com entidades privadas nacionais ou estrangeiras, ou, ainda,
através de adjudicação de concessão a entidades privadas nacionais ou estrangeiros.
2. Os particulares poderão colaborar na gestão das ZDTI sempre que forem proprietá-
rios de terrenos incluídos nas mesmas, ou titulares de um direito de superfície, e aceitam as
obrigações que o Instituto Nacional de Turismo lhes impuser através do respectivo acordo
de colaboração.

724
Decreto-Legislativo n.º 2/93,de 01 de Fevereiro

CAPÍTULO IV
Disposições diversas, transitórias e finais
Artigo 25º
(Embargo)
O Instituto Nacional de Turismo é competente para embargar as obras de urbanização
ou construção executadas com desrespeito das disposições deste diploma.
Artigo 26º
(Demolição)
1. O Instituto Nacional de Turismo ordena a demolição das obras referidas no artigo
anterior e a reposição do terreno nas condições em que se encontrava antes da infracção,
fixando, para efeito, o respectivo prazo.
2. Decorrido o prazo referido no número anterior sem que a ordem se mostre cumprida
o Instituto Nacional de Turismo procede à demolição da obra e á reposição do terreno por
conta do infractor.
3. A ordem de demolição ou de reposição é antecipada da audição do interessado, a
fim de este, no prazo de dez dias contados da notificação, se pronunciar sobre o conteúdo
da mesma.
Artigo 27º
(Outras penalidades)
1. Todo aquele que extrair ou mandar extrair areia, cascalho ou outros inertes nas zonas
turísticas especiais será punido com a multa de 5 a 100 contos.
2. O proprietário do veículo que transportar os materiais referidos no número anterior
será punido com multa de 100 a 500 contos, sendo apreendido o respectivo veículo até que
a multa se mostre paga.
3. As multas aplicadas nos termos dos números anteriores destinam-se ao Fundo de
Desenvolvimento Turístico.
4. As pessoas que derem parte das infracções referidas neste artigo têm direito a com-
participar nas multas, nos termos a definir em Decreto-Regulamentar.
Artigo 28º
(Competência para fiscalizar)
1. Compete ao Instituto Nacional de Turismo, com a colaboração das autoridades mu-
nicipais, policiais, florestais e marítimas, fiscalizar o cumprimento deste diploma.
2. O Instituto Nacional de Turismo poderá solicitar a colaboração ou auxílio de outros
organismos da Administração Central para a cabal fiscalização e vigilância das zonas tu-
rísticas especiais.

725
Decreto-Legislativo n.º 2/93,de 01 de Fevereiro

Artigo 29º
(Restrições)
1. A partir da entrada em vigor deste diploma ficam revogadas todas as licenças para
extracção de areia, cascalho e outros inertes em todos os terrenos, costas e praias das zonas
turísticas especiais.
2. A partir da entrada em vigor deste diploma fica indefinidamente suspensa a con-
cessão de licenças e autorizações municipais de obras nos terrenos das zonas turísticas
especiais, bem como qualquer operação municipal de aloteamento ou cedência, a qualquer
título, de terrenos nas mesmas zonas.
3. São nulos e de nenhum efeito os actos jurídicos concluídos com violação ao disposto
no número anterior.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – Manuel Chantre – António Gualberto do Rosário – Teófilo Figueiredo
Silva.
Promulgada em 25 de Janeiro de 1993.
Publica-se.
O Presidente da Republica, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 27 de Janeiro de 1993.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.

726
Decreto-Lei n.º 43/99, de 6 de Julho

DECLARAÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA DOS TERRENOS SITUADOS


NAS ZONAS TURÍSTICAS ESPECIAIS
Decreto-Lei n.º 43/99,
de 6 de Julho
Algumas áreas costeiras, por possuírem excelentes condições paisagístico e aptidão
para o turismo foram declaradas Zonas de Desenvolvimento Turístico Integral.
A declaração de uma área como ZDTI implica sujeição à declaração de utilidade pú-
blica da expropriação de todos os terrenos nela situados.
Com vista ao desenvolvimento de projectos turísticos das ZDTI, e em ordem a colocar
à disposição dos investidores, oportunamente e a preço não especulativos, solos necessá-
rios à realização dos seus empreendimentos turísticos no estreito respeito pelos respectivos
Planos de Ordenamento Turístico, impõe-se proceder à expropriação, com carácter urgente,
dos terrenos situados nas referidas zonas, conferindo-se aos expropriados o direito à justa
indemnização.
Nestes termos,
No uso da faculdade conferida pela alínea a), do n.º 2, do artigo 216º da Constituição,
o Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
(Declaração de utilidade pública)
1. É declarada a utilidade pública de expropriação, com carácter muito urgente, de
todos os terrenos situados nas ZDTI a que se referem o artigo 1º, do Decreto-Regulamentar
n.º 7/94, de 23 de Maio, do Decreto-Regulamentar n.º 18/97, de 30 de Dezembro e do
Decreto-Regulamentar n.º 8/98, de 31 de Dezembro.
2. Compete à Direcção Geral do Património do Estado promover e desenvolver as dili-
gências inerentes ao procedimento das expropriações em conformidade com a lei.
Artigo 2º
(Garantia de indemnização)
1. O Estado garante aos expropriados e demais interessados o pagamento das indem-
nizações que vierem a ser determinados.
2. A expropriação prevista neste diploma confere aos expropriados o direito de rece-
ber o pagamento contemporâneo de uma justa indemnização, de acordo com os critérios
previstos na lei.
3. O valor da indemnização é determinada de comum acordo ou, na falta deste, por
arbitragem, nos termos da lei.
4. Na determinação do valor das indemnizações não podem ser tomadas em conside-
ração as expectativas criadas pela declaração das referidas áreas costeiras como ZDTI ou
motivadas pela criação de infra-estruturas e serviços não custeados pelos expropriados.

727
Decreto-Lei n.º 43/99, de 6 de Julho

Artigo 3º
(Regularização da situação dos bens)
Todos os actos necessários à regularização da situação dos bens ou direitos dos expro-
priados, nomeadamente em termos registrais ou matriciais, são praticadas oficiosamente
pelas autoridades e serviços competentes mediante simples comunicação efectuada pela
Direcção Geral do Património do Estado, donde constem os elementos legalmente necessá-
rios para o efeito, ficando os mesmos isentos de quaisquer taxas ou emolumentos.
Artigo 4º
(Integração do domínio privado do Estado)
Os bens imóveis expropriados nos termos deste diploma considerar-se-ão imediata-
mente integrados no domínio privado do Estado, ficando afectados ao desenvolvimento
turístico e cabendo ao PROMEX o exercício dos direitos da sua utilização, gestão e admi-
nistração.
Artigo 5º
(Entrada em vigor)
Este diploma entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – Simão Monteiro – José Ulisses Correia Silva – Maria Helena Semedo.
Promulgado em 21 de Junho de 1999.
Publica-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 21 de Junho de 1999.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.

728
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

PRINCÍPIOS E NORMAS DE UTILIZAÇÃO DE SOLOS,


TANTO PELAS ENTIDADES ENTIDADES PÚBLICAS
COMO PELAS ENTIDADES PRIVADAS
Decreto-Legislativo nº 2/2007
de 19 de Julho
O regime jurídico dos solos é daqueles sectores em que não se registou alteração sig-
nificativa, depois da Independência Nacional. Foram feitas intervenções legislativas em
domínios como o ordenamento do território, o planeamento urbanístico, o ambiente, em
geral, mas, quanto ao regime jurídico dos solos, continuam a vigorar as leis coloniais.
Sobre a terra incidem vários regimes jurídicos muitas vezes de forma sobreposta, todos
eles desenvolvendo, todavia, uma finalidade específica. As normas sobre o ordenamento do
território e o planeamento urbanístico promovem e disciplinam intervenções no espaço em
atenção à sua racionalidade técnica; as leis sobre o ambiente têm como preocupação espe-
cífica medidas conservatórias e protectivas; as leis de expropriação por utilidade pública
promovem medidas ablativas, em nome do interesse geral.
A preocupação principal da lei dos solos é a do estabelecimento de domínios: ela
regula a terra do ponto de vista do controlo, fazendo concorrer o domínio alienável e ina-
lienável do Estado e das autarquias locais com o domínio privado dos administrados. Neste
particular, a lei dos solos estabelece a ponte com o regime jurídico da propriedade privada
e a disciplina jurídica de outras formas de ocupação e utilização da terra.
A Lei dos Solos constitui, assim, o pano de fundo sobre o qual assentam os demais re-
gimes jurídicos com incidência sobre a terra. Nenhuma medida atinente ao ordenamento do
território, ao planeamento urbanístico, à expropriação por utilidade pública ou ao ambiente
pode deixar de a tomar em consideração. Este carácter basilar não lhe confere, todavia, ne-
nhuma precedência lógica ou cronológica no processo legislativo. As leis que prosseguem
as demais finalidades podem preceder, com sucesso, à sua feitura e as alterações que sofrer
não promovem alterações subsequentes nos regimes referidos.
Nas vésperas da Independência Nacional foi publicado o Decreto-Lei 576/70, de 24 de
Novembro a que se deu precisamente o nome de Lei dos Solos, tornado extensivo a Cabo
Verde pela Portaria nº. 421/72; de 1 de Agosto, mas a lei que verdadeiramente disciplina o
solo em atenção à definição e fixação de domínios é o Regulamento de Ocupação e Con-
cessão de Terrenos nas Províncias Ultramarinas, aprovado pelo Decreto nº. 43 894, de 6 de
Setembro de 1961, tornado extensivo a Cabo Verde pela Portaria nº. 24 229, de 9 de Agosto
de 1969.
A vetustez deste diploma justifica medidas de alteração. Mostra-se desadequado nos
planos terminológico, institucional e regulamentar. Com efeito, o diploma utiliza termi-

729
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

nologia desadequada reportada a institutos, serviços e instituições caídos em desuso ou


que simplesmente desapareceram da ordem jurídica cabo-verdiana. No plano institucional,
não se adequa com a organização administrativa vigente, registando mesmo situações de
incongruência. No domínio regulamentar, atente-se que desde a sua origem o Regulamento
de Ocupação e Concessão de Terrenos do Ultramar não foi pensado para territórios como
o nosso, tendo sido inicialmente aplicado nos territórios de Angola, Moçambique e Guiné
e só posteriormente tornado extensivo a Cabo Verde, pela Portaria 24 229, de 9 de Agosto
de 1969.
Assim, as principais alterações trazidas por este projecto de diploma legal em matéria
de solos são as seguintes:
- Definição clara dos princípios fundamentais que orientam a disciplina da
problemática dos solos e que envolve o reconhecimento da propriedade pri-
vada, o fim social da propriedade, o dever de aproveitamento, a proibição
de abandono e a configuração dos interesses relativos a solos como interesse
público e, consequentemente, o envolvimento das populações na protecção de
interesses difusos;
- Definição clara do domínio público do Estado e autarquias locais, clarificando
situações ambíguas e abrangendo situações até agora inexistentes tais como as
crateras dos vulcões e seus terrenos limítrofes;
- A regulação da possibilidade de transferência dominial de terrenos do Estado
para o domínio das autarquias locais;
- A definição clara dos domínios privado, tanto do Estado como autarquias lo-
cais e dos particulares, clarificação do seu regime jurídico;
- Adopção de uma classificação clara dos solos;
- Adopção de um regime geral das reservas;
- A possibilidade de o Estado estabelecer áreas cativas;
- Regula-se o regime de troca de terrenos;
- Regula-se a licença de ocupação a título precário;
- Define-se um poder regulamentar autarquias locais relativamente aos terrenos
sobre a sua jurisdição.
Nestes termos, ao abrigo da autorização legislativa concedida pela alínea a) do nº 1 da
Lei nº 5/VII/2007, de 22 de Janeiro e, no uso da faculdade conferida pela alínea b) do nº 2
do artigo 203º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

730
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

TÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO I
Princípios Fundamentais
Artigo 1º
Objecto
O presente diploma estabelece os princípios e normas de utilização dos solos, tanto
pelas entidades públicas como pelas entidades privadas.
Artigo 2º
Política de solos
1. O Estado e os Autarquias locais devem prosseguir uma política de uso dos solos, em
conformidade com os objectivos e princípios constitucionalmente consagrados e de harmo-
nia com as normas internacionais recebidas na ordem jurídica cabo-verdiana.
2. A lei sanciona as acções ou omissões que comprometam a utilização sustentada dos
solos e reorienta os comportamentos humanos em atenção ao fim a que se destinam.
Artigo3º
Função dos solos
1. Os solos, factor constitutivo da identidade cabo-verdiana, têm uma função sócio-
económica e ecológica, sendo um recurso e espaço vital para pessoas, animais, plantas e
micro-organismos e para o desenvolvimento socio-económico e cultural.
2. Os solos devem ser utilizados de forma sustentada em todas as suas componentes de
uso e ocupação, designadamente nos domínios do ordenamento do território, do urbanismo
e dos transportes, da energia, da agricultura, da exploração das matérias-primas, da indús-
tria, do turismo, da protecção da natureza e da preservação da paisagem, da gestão da água
e dos resíduos e da qualidade do ar.
3. O Governo desenvolve planos ou programas com vista a uma utilização moderada
e prudente dos solos.
Artigo 4º
Protecção dos solos
Em caso de risco de dano grave e persistente à capacidade e vocação dos solos, as
medidas de protecção prevalecem sobre as de utilização.
Artigo 5º
Propriedade privada
1. O direito à propriedade privada sobre o solo confere ao seu proprietário os poderes
de usar, fruir e dispor dos terrenos de que é titular, com exclusão dos demais e bem assim o
direito de recorrer a todos os meios legais para promover a sua defesa.

731
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

2. A privação, no todo ou em parte, do direito de propriedade sobre o solo dá lugar à


justa indemnização, nos termos da lei.
Artigo 6º
Capacidade de uso e vocação do solo
1. O direito de propriedade privada não dispensa o seu titular da observância das nor-
mas que disciplinam a capacidade de uso e vocação dos terrenos, nem de evitar actuações
que possam comprometer o uso normal dos terrenos vizinhos.
2. O titular do direito de propriedade sobre o solo e todas as pessoas ou entidades que
em nome dele actuarem e bem assim o arrendatário, usufrutuário, comodatário, adquirente,
superficiário ou outra pessoa ou entidade que tenha o direito de uso do solo estão vincula-
dos à observância estrita do estabelecido na Lei do Ambiente e demais legislação destinada
a proteger o ambiente e a concorrer para um desenvolvimento sustentável.
3. As providências legislativas e administrativas que permitam ou impliquem alteração
do uso do solo para fins urbanísticos observam, além dos princípios constantes da Lei das
Bases de Ordenamento do Território e Planeamento Urbanístico e seus regulamentos, os
princípios constantes do presente diploma e demais diplomas complementares.
Artigo 7º
Abandono
O abandono de terrenos constitui violação grave dos princípios e regras de utilização
dos solos e dá lugar às consequências previstas na lei
Artigo 8º
Titularidade do solo
Todas as entidades públicas e privadas, singulares ou colectivas podem ser titulares
dos solos de Cabo Verde e estão vinculadas a pré-ordenarem a respectiva utilização de har-
monia com os fins estabelecidos no presente diploma e demais legislação aplicável.
Artigo 9º
Participação dos cidadãos
1. Todo o cidadão tem o direito e o dever de participar na definição de políticas relati-
vas ao uso dos solos, de forma a garantir o seu bom e melhor ordenamento, planeamento,
gestão e conservação.
2. A Administração criará as condições que viabilizem o exercício dos direitos e
deveres referidos no número anterior, nomeadamente, através do ensino, informação
e divulgação com vista à formação de uma consciência nacional sobre a problemática
dos solos.

732
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

TÍTULO II
BENS PÚBLICOS DOMINIAIS
E PATROMONIAIS
CAPÍTULO II
Domínio Publico do Estado
Artigo 10º
Terrenos pertencentes ao domínio público
1. Sem prejuízo do estabelecido noutra legislação e na medida em que não contrarie o
presente diploma, pertencem ao domínio público do Estado:
a) Os leitos e subsolos das águas interiores, das águas arquipelágicas, do mar
territorial, bem como a plataforma continental e a zona económica exclusiva;
b) Os espaços aéreos sobrejacentes às áreas de soberania nacional acima do lim-
ite reconhecido ao proprietário;
c) Os jazigos e jazidas minerais, as águas subterrâneas, bem como as cavidades
naturais, existentes no subsolo;
d) Os montes, as crateras de vulcões, extintos ou em actividade, e os seus ter-
renos circundantes até ao limite de 50 metros em torno do respectivo diâmetro,
quando declarados por lei;
e) As praias, estradas e caminhos públicos;
f) Os terrenos situados numa zona considerada continuamente e no contorno da
orla marítima, designadamente de quaisquer baías, estuários e esteiros, até
80 metros medidos no plano horizontal, a partir da linha das máximas preia-
mares;
g) Os terrenos situados numa faixa circundante dos planaltos integrados em so-
los urbanos até uma profundidade de 30 metros medidos continuamente a
partir das cristas de coroamento;
h) As zonas territoriais reservadas para a defesa militar.
2. Pertencem ainda ao domínio público do Estado:
a) Os terrenos dos ilhéus, ilhotas ou mouchões existentes ou que venham a for-
mar-se junto à costa marítima;
b) Os terrenos ocupados por aeroportos, aeródromos e cais acostáveis.
3. No caso de existência de cais, molhes, muros ou suporte de aterros ou de a costa
ter conformação que impeça a determinação da linha das máximas preia-mares, os 80m a
que se refere a alínea f) do nº 1 serão contados a partir das cristas de coroamento ou da orla
acessível do terreno litoral, conforme os casos.

733
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

4. No caso de se manterem claramente as características de praia a faixa marítima dos


oitenta metros poderá ser alargada até 120 metros por Decreto-Lei, mediante proposta da
entidade municipal competente para a aprovação do Plano Director Municipal.
Artigo 11º
Domínio público autarquias locais
Pertencem ao domínio público autarquias locais:
a) As ruas, praças e jardins;
b) Os monumentos municipais;
c) As estradas municipais, os caminhos vicinais e os atravessadouros tradicional-
mente usados pelo público;
d) Os terrenos situados em duas faixas iguais e paralelas adjacentes às estradas
municipais, caminhos vicinais e atravessadouros até ao limite de 25 metros
em cada faixa;
e) Os cemitérios.
Artigo 12º
Transferência dominial
1. Os leitos e subterrenos das águas interiores e ainda os terrenos referidos nas alíneas
d), e) e f) do nº 1º do artigo 11º podem ser desintegrados do domínio público do Estado e
incluídos no domínio público autarquias locais.
2. A transferência dominial opera-se por resolução do Conselho de Ministros, ouvida
autarquias locais envolvidas.
Artigo 13º
Regime dos terrenos do domínio público
1. Salvo disposição legal em contrário, os terrenos pertencentes ao domínio público
são a todos acessíveis, independentemente de autorização ou licença.
2. Os terrenos pertencentes ao domínio público, seja do Estado, seja autarquias locais
são inalienáveis, impenhoráveis e imprescritíveis.
3. Os terrenos pertencentes ao domínio público, seja do Estado, seja autarquias locais
só podem ser ocupados a título precário, mas são susceptíveis de atribuição a particulares
em regime de uso privativo, mediante licença ou contrato administrativo de concessão.
4. O Estado poderá declarar a utilidade pública do uso privativo de parcelas dominiais,
aplicando-se, com as necessárias adaptações o disposto na lei de expropriação por utilidade
pública.
Artigo 14º
Domínio público marítimo
O regime de utilização do domínio público marítimo é fixado em diploma especial.

734
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

CAPÍTULO III
Do domínio privado
Artigo 15º
Domínio privado do Estado

1. Pertencem ao domínio privado do Estado os terrenos que não tenham entrado defi-
nitivamente no regime do domínio público ou no regime de propriedade privada dos parti-
culares ou autarquias locais.

2. O domínio público a que se refere este artigo abrange tanto o domínio público do
Estado como o domínio público autarquias locais.

Artigo 16º
Domínio privado autarquias locais

Considera-se propriedade privada autarquias locais os terrenos, que, por qualquer títu-
lo legítimo, pertençam às mesmas e não estejam integradas no domínio público ou afectos
a um fim de utilidade pública.

Artigo 17º
Domínio privado dos particulares

Considera-se propriedade privada dos particulares os terrenos que tenham entrado


definitivamente no regime de propriedade privada, por um modo legítimo de adquirir.

Artigo 18º
Utilidade pública

1.A afectação de um solo privado, quer pertença a particulares, quer pertença às autar-
quias locais, a um fim de utilidade pública não tem como consequência necessária a auto-
mática declaração de utilidade pública desse solo para efeitos de expropriação.

2. Compete ao Governo avaliar, caso a caso, da necessidade de emitir essa declaração,


tendo em conta os condicionalismos inerentes ao referido solo.

3. O disposto no número anterior não desobriga o proprietário da observância das


disposições legais que estabeleçam condicionamentos à utilização do referido solo, inde-
pendentemente de notificação pela Administração.
Artigo 19º
Transferência de terrenos para autarquias locais

O Governo pode gratuitamente transferir para o património da autarquia local os ter-


renos do Estado delimitados para fins específicos das autarquias locais.

735
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

TÍTULO II
DA CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS
CAPÍTULO I
Classificação dos solos
Artigo 20º
Solos urbanos e rústicos
1. Os solos classificam-se, para efeitos de utilização, em dois grupos:
a) Solo urbano
b) Solo rústico
2. Os solos urbanos são os afectos às povoações ou destinados à sua expansão.
3. São solos rústicos os não incluídos na definição anterior.
4. A qualificação dos solos em atenção ao seu uso dominante rege-se pela Lei de Bases
do Ordenamento do Território e seus regulamentos.
Artigo 21º
Condições de ocupação dos solos urbanos
As condições de ocupação dos solos urbanos são as fixadas nos planos de Ordenamen-
to do Território e Plano Urbanístico de harmonia com a Lei das Bases do Ordenamento do
Território e Planeamento Urbanístico e seus regulamentos.
Artigo 22º
Condições de ocupação dos solos rústicos
1.Os solos rústicos devem ser destinados a utilização adequada às suas capacidades de
uso e aptidão.
2. A utilização dos solos para fim agrícola, silvícola, pecuário, ou de turismo rural é
objecto de legislação especial.
CAPÍTULO II
Das reservas
Artigo 23º
Classificação
1. Denominam-se reservas as terrenas excluídas do regime geral de uso ou ocupação,
tendo em vista fins especiais.
2. Consideram-se integrais as reservas em que não é permitido qualquer uso ou ocu-
pação por entidades públicas ou particulares, salvos os necessários à conservação das re-
servas ou à sua exploração para efeitos científicos ou outros fins de interesse público, nos
termos da lei.

736
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

3. Consideram-se parciais as reservas em que só é permitido, nos termos da lei, o uso


ou ocupação para os fins visados ao constituí-las.
4. As reservas poderão ser limitadas no tempo, sendo neste caso denominadas como
reservas temporais.
Artigo 24º
Reservas parciais
1. Podem ser constituídas as seguintes reservas parciais destinadas a:
a) Captação, condução e distribuição de águas destinadas às populações e pro-
tecção das respectivas instalações;
b) Instalação de estabelecimentos oficiais ou particulares de saúde e outros fins
de saúde pública;
c) Instalação de serviços públicos;
d) Aproveitamento hidroeléctrico ou hidro-agrícola, incluindo as áreas adja-
centes, contínuas ou não, afectas economicamente à respectiva exploração;
e) Criação ou conservação de espaços naturais que mereçam protecção espe-
cial;
f) Portos, aeródromos e estradas, incluindo as respectivas zonas de protecção e
expansão;
g) Fins turísticos ou industriais;
h) Defesa do ambiente e da biodiversidade.
2. A constituição das reservas referidas no número anterior não exclui quaisquer outras
justificadas pelo interesse público.
Artigo 25º
Coexistência de reservas
As reservas podem coexistir quando os seus fins forem compatíveis e segundo as for-
mas de conjugação indicadas nos diplomas que as constituírem.
Artigo 26º
Objecto
1. As reservas recaem, em regra, sobre o domínio privado do Estado.
2.As reservas só poderão abranger solos do domínio público, seja do Estado, seja autarquias
locais se a sua natureza for compatível com o regime especial a que estes terrenos estão sujeitos,
mas o estabelecimento da reserva não implica desafectação ou alteração da destinação.
3. Excepcionalmente, podem as reservas abranger solos pertencentes à propriedade
privada dos particulares.

737
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

Artigo 27º
Inclusão de propriedade privada nas reservas
1. A inclusão total ou parcial de qualquer propriedade privada nas reservas não impli-
ca, como consequência necessária, a sua automática declaração de utilidade pública, nem
a constituição de servidões administrativas, mas o diploma que constituir a reserva poderá
fixar as restrições que se justificarem para que a reserva cumpra o seu fim social.
2. Os particulares cujas propriedades tenham sido abrangidas pela reserva têm a fa-
culdade de optar pela venda, arrendamento, constituição do direito de superfície ou pela
participação, como accionistas, nas sociedades que vierem constituir-se para a exploração
de actividades relacionadas com a respectiva reserva.
3. A participação de cada proprietário ou grupo de proprietários nas sociedades de
economia mista será função do valor das respectivas propriedades, fixadas em harmonia
com os critérios do mercado para os terrenos daquela localização e natureza no momento
da realização do investimento.
4. O proprietário pode optar pela participação parcial, recebendo o remanescente em
numerário, de acordo com o valor acordado.
Artigo 28º
Regime
1. As reservas são declaradas e constituídas por Decreto-Lei.
2. Cada reserva será delimitada geográfica, orográfica e topograficamente, conforme
os casos e a respectiva área.
3. O diploma que cria a reserva deve ainda:
a) Nomear a entidade administradora da Reserva;
b) Enunciar a finalidade da reserva e modo de uso;
c) Enunciar as actividades proibidas no interior da reserva, definir as que ficam sujei-
tas a autorização e bem assim a entidade competente para dar a autorização;
d) Definir as actividades que constituam contra-ordenação, as sujeitas a coima e
outras sanções quando contrárias aos interesse da reserva;
e) Definir os actos sujeitos ao regime de invalidade, seja nulidade, seja anulabi-
lidade;
f) A entidade competente para exercer as funções de polícia e fiscalização da
reserva.
4. A constituição de uma reserva não prejudica os direitos constituídos anteriormente,
mas pode implicar a caducidade das autorizações para uso ou ocupação a título precário e
cessar as situações jurídicas precárias, na medida em que não sejam conformes com os fins
da reserva.

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Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

Artigo 29º
Orgânica e funcionamento da reserva
O diploma que constituir a reserva determina a sua orgânica e funcionamento.
Artigo 30º
Áreas cativas
1. Além das reservas a que se reporta o presente capítulo, o Governo poderá declarar
cativa uma determinada área de terrenos, para efeitos de exploração de matérias primas,
rochas para fins ornamentais ou outras de idêntico valor, com expressa ressalva dos direitos
adquiridos.
2. As áreas declaradas cativas poderão ser licenciadas para exploração, observando-se
o seguinte condicionalismo:
a) Apresentação de um plano de exploração e programa detalhados de trabal-
hos que mostrem claramente o máximo aproveitamento do recurso, nomeada-
mente, a utilização dos resíduos da exploração;
b) Um estudo técnico-económico do empreendimento;
c) Estudo de impacte ambiental de harmonia com as regras estabelecidas pela
Lei do Ambiente e seus regulamentos ou pela Lei das Bases do Ordenamento
do Estado e Planeamento Urbanístico e respectivos regulamentos;
c) A indicação do director técnico, responsável pela condução dos trabalhos, o
qual deverá ser ter titular do grau de licenciatura, equivalente ou superior no
domínio a que o empreendimento respeita;
d) Prova de capacidade financeira ou da garantia de obtenção de financiamento
para levar a bom termo os trabalhos de exploração.
Artigo 31º
Levantamento das reservas
As reservas podem ser levantadas pela entidade que as constituiu quando não se justi-
fique a sua manutenção.
TÍTULO III
DISPOSIÇÃO DOS SOLOS PELO ESTADO
E PELAUTARQUIAS LOCAIS
CAPÍTULO I
Formas de disposição
Artigo 32º
Modalidades
Os solos do Estado e autarquias locais podem ser objecto de:
a) Atribuição do direito de superfície;
b) Aforamento;

739
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

c) Venda;
d) Arrendamento;
e) Autorização de uso ou ocupação a título precário.
Artigo 33º
Ocupação a título precário
Podem ser usados ou ocupados a título precário, mediante licença especial:
a) Os solos do domínio público, cuja natureza o permita;
b) Os solos destinados à exploração de pedreiras;
c) Os solos adjacentes a jazigos minerais necessários à sua pesquisa ou ex-
ploração;
d) Quaisquer outros solos necessários para fins específicos, não enquadrados nas
disposições desta lei ou sempre que a duração da ocupação prevista não justi-
fique outra forma de disposição.
Artigo 34º
Ocupação para fins de interesse público
1. Os solos ocupados ou a ocupar para fins de interesse público serão entregues aos
serviços públicos interessados, incluindo os dotados de personalidade jurídica, para que
estes os possam utilizar de acordo com a sua destinação especial.
2. A ocupação por terceiros, a título gratuito ou oneroso, dos solos referidos no número
anterior é sempre precária e depende de autorização especial.
Artigo 35º
Limite das áreas a conceder
O limite máximo das áreas de solos urbanos ou de interesse urbano que qualquer pes-
soa singular ou colectiva pode adquirir e bem assim o limite máximo das áreas concedíveis
por arrendamento a uma pessoa singular ou colectiva será fixado por portaria do ministro
responsável pelo ordenamento do território, ouvidas autarquias locais interessadas.
Artigo 36º
Legitimidade para adquirir direitos sobre terrenos
1. Podem adquirir direitos sobre terrenos ou obter licença especial para a sua ocupação
ou aproveitamento do direito de superfície:
a) As pessoas singulares de qualquer nacionalidade, salvas as limitações legais;
b) As pessoas colectivas cabo-verdianas com capacidade de gozo do direito de
propriedade sobre imóveis;

740
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

c) As pessoas colectivas e outras entidades estrangeiras de direito público que


possuam capacidade de gozo de direitos, tanto pela sua lei pessoal como pela
lei cabo-verdiana.
2. Além das condições ou restrições estabelecidas por legislação especial, as entidades
que não possuam a nacionalidade cabo-verdiana devem declarar expressamente que se
submetem às leis, autoridades e tribunais cabo-verdianos e que renunciam, em eventuais
litígios relacionados com a concessão, a qualquer foro ou processo judicial estrangeiro.
3. O disposto no número anterior é inaplicável em presença de convenção internacio-
nal que disponha em sentido contrário, desde que regularmente assinado e regularmente
ratificado pelo Estado cabo-verdiano.
CAPÍTULO II
Competência para dispor dos solos
Artigo 37º
Competência geral
1. A disposição de solos do domínio privado do Estado ou autarquias locais inclui as
faculdades reconhecidas a qualquer particular, devendo orientar-se por critérios de impar-
cialidade, precedência temporal, garantias de justiça social e desenvolvimento económico
e social do país.
2. A disposição gratuita de solos só beneficia as entidades referidas neste diploma.
3. A competência referida no número um abrange ainda as seguintes faculdades:
a) Autorizar mediante resolução do Conselho de Ministros o ingresso de terrenos
afectos ao domínio público do Estado no domínio privado do Estado;
b) Autorizar, mediante resolução do Conselho de Ministros, que os terrenos afec-
tos às reservas transitem autarquias locais para o domínio privado do Estado;
c) Autorizar, mediante despacho do membro do governo responsável pelo Orde-
namento do Território a afectação de terrenos do domínio público para expan-
são das áreas urbanas e suburbanas.
CAPÍTULO III
Direito de superfície, aforamento, venda,
arrendamento, concessão gratuita e licença
SECÇÃO I
Atribuição do direito de superfície
Artigo 38º
Princípios gerais
1. O Estado e autarquias locais podem ceder solos adquiridos nos termos do disposto
na presente lei, a fim de serem edificados de acordo com os planos urbanísticos ou destina-
dos aos usos neles previstos.

741
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

2. Os solos referidos no número anterior não devem ser alienados devendo antes ser
cedido o direito à sua utilização, mediante a constituição do direito de superfície.
3. Exceptua-se do disposto no número anterior a alienação de terrenos destinados:
a) À realização de empreendimentos de entidade públicas;
b) À construção de habitação integrada em operações e programas de promoção
social.
c) À instalação de equipamentos comerciais e actividades produtivas;
d) À regularização de estremas;
f) Ao pagamento, em espécie, de indemnizações devidas em transacções pelo
Estado ou pelautarquias locais.
Artigo 39º
Prazo
1. O direito de superfície é constituído por prazo não inferior a cinquenta anos, tendo
em conta as características do edifício a erigir ou da actividade a instalar, do período neces-
sário para a amortização do capital a investir e da sua adequada remuneração.
2. O superficiário pode alienar ou onerar o seu direito por acto inter-vivos gozando o
proprietário do direito de preferência na alienação.
3. O direito de superfície extingue-se:
a) Por decurso do prazo, salvo prorrogação consentida por lei;
b) Por denúncia do contrato, quando a câmara municipal necessite do terreno para
realização de obras privadas em programa municipal de atenção urbanística;
c) Por ocorrência de alguma causa de caducidade.
SECÇÃO II
Aforamento
Artigo 40º
Regime jurídico
O aforamento rege-se pelos preceitos do regime de enfiteuse previsto no Código Civil
e legislação complementar.
SECÇÃO III
Venda
Artigo 41º
Regime jurídico
1. A venda de solos do Estado e autarquias locais é feita, em regra, mediante hasta
pública.

742
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

2. A venda é resolúvel se, no prazo fixado no respectivo contrato ou, na falta deste,
decorridos um prazo razoável sobre a data da adjudicação, o comprador, a tanto obrigado,
não fizer prova de aproveitamento do terreno adquirido.
3. Em caso algum o prazo fixado no número anterior pode ultrapassar cinco anos.
4. Resolvida a venda o interessado é notificado para proceder ao levantamento das
benfeitorias que tiver realizado no terreno, fixando-se-lhe um prazo razoável, findo o qual
se consideram perdidas a favor do Estado ou da autarquia local, conforme couber.
5. A resolução da venda não dá direito a qualquer indemnização, mas a mesma pode
ser impugnada nos termos gerais de Direito.
6. O disposto no número 1 deste artigo não é aplicável aos terrenos destinados a casas
de habitação, devendo, neste caso, o Estado ou a autarquia local, conforme couber, fixar
um preço justo e acessível às camadas mais desfavorecidas, por ajuste directo e, nos demais
casos, abrir licitação entre quem:
a) Oferecer melhor preço;
b) Garantir melhor volume de investimentos;
c) Assegurar maiores benefícios para as populações locais envolvidas;
Artigo 42º
Poder regulamentar autarquias locais
1. Autarquias locais poderão estabelecer, por regulamentos próprios, os critérios e con-
dições de disposição dos terrenos de que sejam proprietárias, observando-se os princípios
estabelecidos no presente diploma.
2. No exercício da faculdade conferida no número anterior, a autarquia local deve ob-
servar as seguintes regras:
a) Todos os interessados devem ser tratados com igualdade, não podendo nen-
hum ser atendido na sua pretensão em detrimento do outro, salvo razões de
interesse público devidamente fundamentadas e comprovadas.
b) Para a observância do disposto no número anterior, todos os pedidos de ter-
renos deverão numerados por ordem de entrada nos serviços municipais com-
petentes, valendo a numeração de entrada como ordem obrigatória de prefer-
ência no atendimento;
c) Todos os pedidos de terrenos devem ser objecto de registo informático, com a
indicação, entre outros elementos, do nome do interessado, da localidade em
que pretende adquirir terreno, da dimensão do lote solicitado e do fim a que o
lote se destina;
d) A autarquia local pode estabelecer modelos para utilização on line pelos po-
tenciais interessados, devendo a página Web do serviço ser organizada de

743
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

modo a garantir a igualdade entre todos os interessados, nomeadamente, no


que respeita à ordem de preferência no atendimento;
e) A página Web a que se refere a alínea anterior deve permitir, entre outros el-
ementos julgados de interesse, conhecer a lista dos interessados e a ordem dos
respectivos pedidos; a data e hora de entrada do pedido; o número de preferên-
cia no atendimento atribuído a cada interessado; a localidade em que solicitam
a concessão de terreno; o fim a que o pedido se destina e a data provável em
que o pedido será atendido.
3. A todos os interessados é reconhecido o direito de oposição contra qualquer parti-
cular, entidade pública ou privada, quando tenha sido preterido, na ordem de preferência
no atendimento ou tenham sido inobservadas pela autarquia local as normas estabelecidas
nas alíneas anteriores.
SECÇÃO IV
Do arrendamento
Artigo 43º
Normas aplicáveis
1. O arrendamento rege-se pelas disposições desta lei e demais diplomas complemen-
tares, pelas cláusulas dos respectivos contratos e, subsidiariamente, pela lei civil.
2. O subarrendamento é permitido e não depende de autorização, salvo estipulação em
contrário, mas o subarrendatário deverá comunicar ao senhorio a sua sucessão na posição
do anterior arrendatário, no prazo de 5 dias, sob pena de esta não lhe ser reconhecida.
Artigo 44º
Renda
O valor da renda é determinado em atenção aos mesmos critérios fixados para a venda
de terrenos e o seu pagamento poderá ser mensal, semestral, anual ou noutra modalidade
convencionada entre as partes.
Artigo 45º
Actualização da renda
1. A renda pode ser actualizada em qualquer dos casos seguintes:
a) Quando termine cada um dos períodos fixados no contrato;
b) Quando se proceda a subarrendamento total ou parcial;
c) Quando se modifique o anterior índice de ocupação do terreno.
2. Na falta de acordo sobre o valor da actualização este será fixado pelo cúmulo das
taxas de inflação verificadas entre o momento da fixação da renda ou da última actualização
e a data actual de actualização.

744
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

Artigo 46º
Prazo
1. O prazo de concessão por arrendamento deve ser fixado no respectivo contrato, não
podendo exceder vinte e cinco anos.
2. O prazo das renovações sucessivas não deve exceder, para cada uma, dez anos.
Artigo 47º
Solo rústico
O arrendamento de solos rústicos rege-se pelas disposições aplicáveis ao arrendamento
de terrenos urbanos ou de interesse urbano, com ressalva do disposto no artigo seguinte.
Artigo 48º
Renda e prazo
1. A renda pode ser paga de uma só vez ou em prestações anuais, de harmonia com o
que estiver estabelecido no respectivo contrato.
2. A renda deve ser actualizada no termo de cada um dos períodos fixados no contrato
ou quando for autorizado outro tipo de exploração.
3. O prazo do arrendamento deve ser fixado no respectivo contrato, não podendo ex-
ceder cinquenta anos.
4. O prazo das renovações não deve exceder, para cada uma, quinze anos.
5. Para o efeito da actualização da renda, os prazos de arrendamento podem ser divi-
didos em períodos.
SECÇÃO V
Concessões gratuitas
Artigo 49º
Beneficiários
1. Só podem receber concessões gratuitas de solos:
a) Autarquias locais;
b) As pessoas colectivas de utilidade pública.
2. A extinção, por qualquer causa, das pessoas referidas no número anterior implica a re-
versão dos terrenos concedidos gratuitamente para o património da entidade concedente, sem
prejuízo do levantamento ou indemnização das benfeitorias eventualmente realizadas.
Artigo 50º
Regime jurídico
1. As concessões gratuitas regem-se pelos preceitos especiais que lhes respeitem, pelas
cláusulas dos respectivos contratos e, subsidiariamente, pelas disposições aplicáveis ao
arrendamento com fins idênticos.
2. Os direitos dos adquirentes não podem ser onerados ou alienados sem autorização
da entidade concedente.

745
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

Artigo 51º
Limite de área
As áreas dos solos a conceder gratuitamente devem circunscrever-se ao estritamente
indispensável para a realização dos fins em vista, não podendo exceder os limites estabe-
lecidos nesta lei.
Artigo 52º
Caducidade
As concessões gratuitas caducam:
a) Quando a utilização dos terrenos se afaste dos fins para que foram concedidos
ou estes não estejam, em qualquer momento, a ser prosseguidos;
b) Quando o aproveitamento não se concretize no prazo fixado, salvo se o for por
motivo não imputável ao adquirente e que o Governo considere justificativo.
Artigo 53º
Conversão
1. As concessões gratuitas podem ser convertidas em concessões onerosas, passando
o adquirente a pagar, a partir da conversão, o preço do domínio útil ou a renda que resultar
do acordo das partes.
2. Na falta de acordo aplica-se o estabelecido para as situações de venda ou arrenda-
mento de terrenos para fins idênticos.
3. O disposto neste artigo não é aplicável às autarquias locais.
SECÇÃO VI
Licença de ocupação
Artigo 54º
Finalidade
A licença destina-se a permitir a ocupação temporária de terrenos nas situações em se
revele inconveniente a utilização de outras formas de disposição.
Artigo 55º
Prazo
1. Salvo decisão em contrário, a licença de ocupação é outorgada pelo período de um
ano e renova-se automaticamente, sem dependência de outras formalidades, mas a entidade
concedente poderá por termo à concessão notificando o beneficiário com 60 dias de ante-
cedência antes do termo do prazo.
2. A renovação da licença pode ser condicionada à actualização da taxa e à revisão das
condições de ocupação.

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Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

Artigo 56º
Taxa
1. A taxa é fixada em atenção aos interesses do empreendimento e aos rendimentos que
produzir.
2. A taxa de ocupação é paga, mediante guia, transferência bancária ou outro modo de
pagamento, no local e pelas formas e prazo indicados no título de ocupação.
3. O não pagamento da taxa no prazo fixado no título de ocupação determina a co-
brança de um acréscimo dos juros de mora no valor de desconto fixado pelo Banco de
Cabo Verde, mas poderá igualmente determinar o cancelamento da licença se a situação de
incumprimento subsistir por um período igual ou superior a metade do período de licença
de ocupação.
4. O título de ocupação vale, para efeitos de execução, como título executivo.
Artigo 57º
Natureza das construções
1. Nos solos ocupados mediante licença só podem ser realizadas construções ou insta-
lações de carácter precário.
2. Nesses solos não é permitido, sem expressa autorização, depositar matérias insalu-
bres, tóxicas, incómodas ou perigosas.
Artigo 58º
Cancelamento
A licença poder ser cancelada antes do seu termo normal por acto unilateral da entida-
de concedente, com fundamento em inobservância do estabelecido nas suas cláusulas.
Artigo 59º
Benfeitorias
1. Findo o período da licença ou tendo esta sido cancelada, o ocupante tem direito de
levantar as benfeitorias introduzidas no terreno ou a ser indemnizado por elas, qualquer que
seja o motivo do termo da ocupação, podendo ser ainda reembolsado da importância da
taxa correspondente ao tempo por que ainda teria direito a ocupar o terreno.
2. A entidade concedente poderá ainda proceder à compensação do valor das benfei-
torias com as taxas devidas, e gozará sobre aquelas do direito de retenção enquanto estas
não forem pagas.
CAPITULO IV
Direitos e deveres do adquirente
Artigo 60º
Aceitação de plano ou programa
O adquirente de solos está sujeito às prescrições de qualquer plano ou programa que
vigore na zona onde o solo concedido se encontre situado e a observar as demais condi-

747
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

ções que lhe forem impostas para a racional utilização dos recursos naturais do terreno
concedido.
Artigo 61º
Servidões
O adquirente é obrigado a conservar as servidões que existam no terreno e constem da
respectiva planta ou processo e a dar passagem aos vizinhos para qualquer centro popula-
cional ou vias de comunicação próximas, quando não disponham de acesso mais fácil ou
cómodo.
Artigo 62º
Conservação de marcos
O adquirente deve manter de forma bem visível o contorno dos terrenos adquiridos e
conservar em bom estado os marcos perimetrais e respectiva numeração e ainda os marcos
de triangulação ou nivelamento que nele porventura nele se encontrem.
Artigo 63º
Dever de aproveitamento
O adquirente deve cumprir as prescrições legais e contratuais respeitantes ao aprovei-
tamento do solo nomeadamente, a execução do plano de exploração aprovado ou, na falta
deste, a utilização exigida pela natureza do terreno em causa, pelo contrato ou pela legisla-
ção aplicável aos terrenos da sua natureza.
Artigo 64º
Condições de aproveitamento
1. As condições de aproveitamento dos solos adquiridos para construção de prédios
urbanos serão fixadas no respectivo título de aquisição.
2. Se o título de aquisição for omisso, devem ser observados os seguintes prazos má-
ximos:
a) Para a apresentação do projecto de arquitectura, 6 meses contados da data da
celebração do contrato;
b) Para a apresentação do projecto de estruturas, dois meses contados da notifi-
cação da aprovação do projecto de arquitectura;
c) Para o início das obras, noventa dias após a notificação da aprovação do pro-
jecto definitivo;
d) Para a conclusão das obras, o prazo estabelecido na licença da construção.
3. A inobservância dos prazos previstos no número anterior sujeita o adquirente às
penalidades estabelecidas no respectivo contrato.
4. A rejeição do projecto de arquitectura ou de estruturas interrompe a contagem do
prazo para os efeitos do disposto no número anterior.

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Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

5. Quando o incumprimento for devido a negligência dos técnicos responsáveis pela


elaboração dos projectos referidos neste artigo, estes tornam-se solidariamente responsá-
veis com o adquirente pelo pagamento da coima aplicada.
6. O disposto nos números 3 e 4 deste artigo não se aplicará se a justificação apresen-
tada pelo adquirente merecer a aceitação da entidade competente.
Artigo 65º
Conclusão do aproveitamento
1. Os solos concedidos para edificação de prédios destinados a fins habitacionais, co-
merciais ou industriais só se consideram aproveitados com o completo acabamento exterior
e interior das construções constantes do projecto aprovado e do cumprimento dos encargos
especiais a que o beneficiário estiver sujeito pelo título de aquisição.
2. Os solos concedidos para fins rústicos só se consideram aproveitados quando nele
estiver implantado o empreendimento para que o terreno foi concedido ou estiver cultivada
a totalidade da área concedida.
Artigo 66º
Alteração de destinação
1. A alteração da finalidade para a qual os terrenos foram concedidos, assim como a
modificação do seu aproveitamento, depende de autorização da entidade concedente.
2. O pedido de alteração ou de modificação será apreciado, tomando em consideração:
a) Se a alteração da finalidade é consentida por lei, nomeadamente, no que respeita à
observância dos planos e programas aprovados para o terreno em causa;
b) Se a alteração da finalidade requerida integra ou não o mesmo ramo de activi-
dade ou similar;
c) Se a finalidade requerida contribui ou não para o desenvolvimento da região;
c) Os encargos já satisfeitos pelo adquirente requerente;
d) A eventual existência de intuitos especulativos no pedido de alteração da fina-
lidade da concessão.
3. Em caso de deferimento, proceder-se-á à substituição do título de alienação, com
revisão obrigatória da renda ou do preço do imóvel, em atenção à nova destinação.
Artigo 67º
Reserva de direitos
Em todas as modalidades de disposição de terrenos feitas pelo Estado ou pelas autar-
quias locais, consideram-se sempre reservados para o alienante os direitos relativos ao pa-
trimónio histórico ou de valor arqueológico, a minas, pedreiras, nascentes de água e outros
recursos naturais existentes no subsolo, salvo se outro tanto estiver estabelecido no título
de alienação.

749
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

TÍTULO IV
AQUISIÇÃO DE SOLOS PELO ESTADO
E PELAUTARQUIAS LOCAIS
CAPÍTULO I
Modos de aquisição
Artigo 68º
Modalidades
O Estado e as autarquias locais podem adquirir solos, designadamente, pelas seguintes
vias:
a) Contrato de compra e venda;
b) Permuta de solos;
c) Associação com proprietário;
d) Posse de áreas dotacionais;
e) Exercício do direito de preferência;
f) Expropriação por utilidade publica;
g) Declaração legislativa da dominialidade;
h) Reversão de concessões dominiais ou patrimoniais.
Artigo 69º
Terrenos vagos
1.Os terrenos vagos e sem dono conhecido pertencem ao Estado, sendo a respectiva
posse adquirida por via administrativa, nos termos da lei.
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, as autarquias locais e bem assim os
particulares podem invocar a todo o tempo, mediante justificação notarial ou judicial, nos
termos da lei, a titularidade da propriedade dos solos que julgam pertencer-lhes.
3. Nas justificações referidas no número 2 são permitidas todas as provas admitidas
em direito.
Artigo 70º
Proibição de usucapião e prescrição
Fica proibida a aquisição de terrenos e direitos patrimoniais do Estado por usucapião
ou prescrição.
Artigo 71º
Remissão
A lei estabelece o regime das aquisições previstas no artigo 69º, não reguladas no
presente diploma.

750
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

CAPÍTULO II
Permuta de solos
Artigo 72º
Admissibilidade de troca
É permitida a permuta de solos entre entidades públicas e, reciprocamente, entre enti-
dades públicas e particulares.
Artigo 73º
Regime
1. A permuta de solos entre entidades públicas e particulares orientar-se-á pela preva-
lência do interesse público e será precedida de avaliação dos terrenos em causa, aplicando-
se em tal caso, com as devidas adaptações, o regime da arbitragem previsto na Lei de
expropriação por utilidade pública.
2. Quando em resultado da avaliação se verificar que os bens trocados apresentam di-
ferença de valor, as partes poderão acordar ou na entrega de outros terrenos que equilibrem
as prestações ou no pagamento do valor correspondente à diferença.
Artigo 74º
Prova de direitos
As entidades particulares ou públicas devem juntar ao processo documento comprova-
tivo dos seus direitos sobre os terrenos que se propõem dar em troca, e bem assim certidão
dos encargos ou responsabilidades que recaíam sobre os mesmos.
CAPÍTULO III
Direito de preferência
Artigo 75º
Exercício da preferência
È reconhecido as autarquias locais o direito de preferência nas transmissões a título
oneroso, entre particulares, dos solos situados em áreas compreendidas num plano deta-
lhado devidamente aprovado ou em área delimitada pelo programa municipal de actuação
urbanística.
TÍTULO V
CADASTRO E REGISTO PREDIAL E MATRICIAL
Artigo 76º
Remissão
1. A delimitação dos terrenos realiza-se através do cadastro, que se rege por legislação
especial.
2. O registo predial rege-se igualmente por legislação especial.

751
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

TITULO V
SANÇÕES
Artigo 77 º
Utilização indevida dos solos do domínio público do Estado
1. Sem prejuízo da aplicação de outra sanções, nomeadamente, no que respeita ao
financiamento da actividade municipal, à suspensão da execução de planos urbanísticos,
e à invalidação de actos administrativos, a autarquia local ou qualquer outra pessoa ou
entidade de direito público ou privado que autorizar ou executar sem licença quaisquer
construções ou alterações ao uso dos solos pertencentes ao domínio público a utilização de
solos pertencentes ao domínio público do Estado ou qualquer outra forma da sua utilização
sem que para tanto se acha legalmente habilitado, fica sujeita à coima nunca inferior ao
dobro do benefício obtido com a utilização indevida dos referidos bens.
2. A tentativa e a reincidência são igualmente puníveis, neste último caso, multipli-
cando-se pelo número de reincidências a coima aplicada em consequência da primeira
infracção.
3. Provando-se má-fé do beneficiário da obra ou construção, este será solidariamente
responsável com a autarquia local no pagamento da coima aplicada, nos termos deste arti-
go, além da sanção acessória de interdição de obtenção de licenças e autorizações para rea-
lização de outras obras e outras implantações imobiliárias por um período de 3 a 5 anos.
4. A aplicação das sanções previstas no presente artigo é da competência do membro
do Governo responsável pelo ordenamento do território e poderá ser desencadeada por
denúncia de qualquer cidadão ou grupo de cidadãos, residentes ou não na localidade onde
se verificou a infracção.
5. A denúncia a que se reporta o número anterior serve de auto de notícias.
Artigo 78º
Restituição e responsabilidade criminal
1 Além da sanção prevista no artigo anterior, a pessoa ou entidade pública ou privada
que praticar ou autorizar a prática dos actos descritos nesse artigo, fica obrigada a promo-
ver, a expensas próprias, a restituição dos solos integrados no domínio público na situação
em que se encontravam antes da prática da infracção.
2. O membro do Governo responsável pelo ordenamento do território fixa um prazo dentro
do qual se deve proceder à reconstituição referida no número 1, findo o qual, sem que esta seja
concluída, o responsável pela inexecução incorrerá em crime de desobediência.
3. É correspondentemente aplicável o disposto nos números 4 e 5 do artigo anterior.
Artigo 79º
Utilização indevida do domínio público da autarquia local
São aplicáveis, com as devidas adaptações, o disposto nos dois artigos anteriores às situa-
ções de utilização indevida dos bens pertencentes ao domínio público autarquias locais.

752
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

Artigo 80º
Alienação de solos dos particulares
1. Sem prejuízo da declaração de nulidade da venda, a entidade pública que alienar
solos de particulares apresentando-se como proprietária, quando não dispõe de nenhum
titulo de aquisição, fica sujeita à coima igual ao dobro do valor recebido pela venda de
terreno alheio.
2. Presume-se que o vendedor e o comprador actuaram de má fé, para efeitos de apli-
cação das normas de direito civil sobre venda de bens alheios, quando o terreno vendido
esteja inscrito na matriz ou no registo predial em nome de outra pessoa ou quando no terre-
no existam benfeitorias, construções ou nele estejam a ser praticados outros actos materiais
que permitam supor que o terreno vendido pertence a outra pessoa.
3. É correspondentemente aplicável o disposto nos números 4 e 5 do artigo 77º.
Artigo 81º
Falsos proprietários
Aquele que se fizer passar por proprietário e vender terreno alheio, para além dos
efeitos civis e criminais que o caso der lugar, fica sujeito à coima equivalente ao dobro do
benefício auferido com a venda.
Artigo 82º
Comunicação de actos notariais
1. Sem prejuízo das demais formalidades previstas na lei, os notários devem comu-
nicar ao Ministério Público, antes da realização do respectivo acto, todas as justificações
notariais sobre terrenos omissos na matriz predial de modo a permitir-lhe a defesa dos
interesses do Estado e autarquias locais.
2. Os notários são obrigados a comunicar ao Ministério Público e a Direcção Geral do
Património do Estado, informando-os, no prazo de cinco dias, de todos os actos notariais
relativos a solos do Estado ou autarquias locais, para que deles conheçam no domínio das
respectivas competências.
3. A inobservância do disposto nos números anteriores constitui infracção disciplinar
muito grave.
TÍTULO VII
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Artigo 83º
Aplicação a situações já iniciadas
A aplicação da presente lei a situações iniciadas antes da sua entrada em vigor subor-
dinar-se-á ao disposto nos artigos seguintes.

753
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

Artigo 84º
Caducidade da concessão
1. Todas as concessões de terrenos, sejam provisórias, sejam definitivas, feitas ao abri-
go do Regulamento de Concessão e Ocupação de Terrenos, aprovado pelo Decreto nº.
43894 de 6 de Setembro de 1961 e demais diplomas complementares caducam com a en-
trada em vigor deste diploma.
2. Os actuais concessionários deverão, no prazo de um ano, a contar da entrada em vi-
gor deste diploma, promover junto dos serviços competentes a obtenção de um novo título
de ocupação dos terrenos concedidos, sob pena da sua reversão para o Estado ou para a
autarquia local, conforme o caso.
3. A reversão de terrenos nos termos do número anterior não dá direito a qualquer in-
demnização, mas o interessado poderá proceder ao levantamento das benfeitorias que tiver
introduzido no terreno.
Artigo 85º
Ocupações por licença
As ocupações por licença, autorizadas antes da entrada em vigor desta lei, passam a
reger-se pelas suas disposições, sem dependência de substituição do título.
Artigo 86º
Transferência de competências
1. Toda a competência atribuída ao Governo nos termos do presente diploma conside-
ra-se transferida para a autarquia local quando tenha sido operada a transferência de solos
do Estado, seja qual for o seu regime, para o domínio privado daquela.
2. Na situação prevista no número anterior, compete à autarquia local fixar em cada caso
qual o serviço competente para exercer as atribuições a que se reporta o presente diploma.
Artigo 87º
Reservas
1. São mantidas as actuais reservas delimitadas sobre terrenos do domínio privado,
seja do Estado, dos particulares ou autarquias locais, denominadas Zonas de Desenvolvi-
mento Turístico Integral, criadas pelo Decreto Legislativo nº. 2/93, de 1 de Fevereiro.
2. A Direcção-Geral do Património do Estado em colaboração com os serviços compe-
tentes da Agricultura e do Cadastro promoverão novas representações gráficas e definição
de coordenadas hectométricas de acordo com os preceitos deste diploma.
Artigo 88º
Poder regulamentar autarquias locais
1. No prazo de 90 dias a contar da data de aprovação deste diploma, todas as au-
tarquias locais deverão adoptar regulamentos específicos relativos à disposição dos

754
Decreto-Legislativo nº 2/2007, de 19 de Julho

terrenos de que sejam proprietárias, observando-se os princípios constantes do presen-


te diploma.
2. Além da publicação do regulamento em Boletim Oficial, a autarquia local deverá
providenciar a sua mais ampla difusão em página Web, própria e/ou alojada por forma a
permitir o mais amplo conhecimento pelos interessados.
Artigo 89º
Pedidos pendentes
1. No prazo de 30 dias a contar da entrada em vigor deste diploma, todas autarquias
locais deverão elaborar uma listagem dos pedidos pendentes de terrenos que lhes tenham
sido submetidos, especificando o nome do interessado, o objecto do pedido, as dimensões
do lote solicitado, o fim a que o lote se destina, a data de entrada do pedido e bem assim os
despachos que sobre eles recaíram.
2. A listagem referida no número anterior vincula a autarquia local perante todos os
interessados nela referenciados para efeitos do disposto no artigo 42º e seguintes do pre-
sente diploma.
3. A listagem referida no número 1 deste artigo deverá ser publicitada de modo a per-
mitir a sua ampla difusão e ainda ser colocada on line em página Web própria ou alojada, à
disposição de todos os interessados, de modo a permitir-lhes, em cada momento, conhecer
a situação jurídica do seu pedido.
Artigo 90º
Regulamentação
O Governo deve publicar em tempo útil, os diplomas necessários à regulamentação do
presente Decreto Legislativo, sem prejuízo da sua aplicação imediata.
Artigo 91º
Revogação
Fica revogado o Regulamento de Ocupação e Concessão de Terrenos, aprovado pelo
Decreto nº 43 894, de 6 de Setembro de 1961, e a denominada «lei de solos» aprovada
pelo Decreto-Lei n.º 576/70, de 24 de Novembro, mandado vigorar em Cabo Verde pela
Portaria nº 421/72, de 1 de Agosto e tornado extensivo a Cabo Verde pela Portaria nº 24
229, de 9 de Agosto de 1969, os respectivos diplomas complementares e demais legislação
em contrário.
Artigo 92º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor noventa dias após a sua publicação.

755
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

Visto e aprovado em Conselho de Ministros.


José Maria Pereira Neves - Manuel Inocêncio Sousa - Cristina Duarte - José Manuel
Andrade - Ramiro Andrade Alves Azevedo - Madalena Brito Neves
Promulgado em 16 de Julho de 2007
Publique-se
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Referendado em 17 de Julho de 2007
O Primeiro-Ministro, José Maria pereira Neves.

756
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

XIII-ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS
ESPECIFICAMENTE DESCENTRALIZADAS

757
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

758
Decreto–Lei n.º 68/94, de 5 de Dezembro

TRANSFERÊNCIA DE COMPETÊNCIA EM MATÉRIA


DO TRANSPORTE COLECTIVO RODOVIÁRIO
Decreto–Lei n.º 68/94,
de 5 de Dezembro
Considerando a orientação do Governo no sentido da descentralização do processo de
tomada de decisões, tendo em vista o reforço do Poder Local;
Considerando a preocupação do Governo em encontrar soluções para o problema ao
nível local e em criar as bases que viabilizem a transferência de competências da Adminis-
tração Central para as Autarquias, considerada como um processo de melhoria da eficácia
da actividade administrativa;
Considerando que os órgãos autárquicos estão em condições mais favoráveis para a
análise dos pressupostos relativos ao exercício efectivo da profissão que condiciona a atri-
buição de licenças para a exploração da indústria de transportes de aluguer em veículos de
passageiros, de carga ou mistos;
No âmbito do processo de reforço da autonomia e capacidade técnica dos Municípios
nos domínios da viação e transportes rodoviários;
Visto o disposto no artigo 18º, alínea c), e 123º, do Decreto-Lei n.º 52-A/90, de 4 de
Julho e,
No uso da faculdade conferida pela alínea a) do artigo 216º da Constituição, o Governo
decreta o seguinte:
Artigo 1º
É transferida para os Municípios, dentro das respectivas áreas territoriais:
A fixação dos contingentes de automóveis de aluguer de passageiros, de carga, ou
mistos;
A concessão e revogação de licenças para a exploração de automóveis de aluguer de passa-
geiros, de carga ou mistos e a fixação, cobrança e arrecadação das respectivas taxas; 117
A fiscalização da exploração de automóveis de aluguer de passageiros, de carga ou
mistos, a instrução dos processos administrativos e a aplicação de sanção disciplinares por
violação das normas que regem essa exploração, cobrando e arrecadando as que tiverem
natureza pecuniária;
A fixação das tarifas a praticar na exploração de automóveis de aluguer de passageiros,
de carga ou mistos.

117 A Portaria nº 25/93 de 26 de Abril, regula o concurso para concessão da exploração do serviço de transportes colectivos
urbanos. Ver nº 2 do art. 18º do Decreto-Lei 9/2006 de 30 de Janeiro, sobre a competência da Câmara Municipal na concessão
de licenças de exploração de automóveis.

759
Decreto–Lei n.º 68/94, de 5 de Dezembro

Artigo 2º
É transferido para a titularidade dos Municípios, passando a constituir receitas muni-
cipais, o produto das taxas e multas cobradas nos termos do artigo 1º.
Artigo 3º
1. A transferência estabelecida no artigo 1º será formalizada mediante Protocolo entre
um representante do departamento governamental responsável pelo sector dos transportes
rodoviários e um representante do Município.
2. O exercício da competência transferida nos termos do artigo 1º obedecerá a um Ma-
nual de Procedimentos aprovado pelo departamento governamental encarregado do sector
de transportes rodoviários e fornecido gratuitamente aos Municípios.
3. As Câmaras Municipais fornecerão, mensalmente, ao departamento governamental
encarregado dos transportes rodoviários uma informação sobre licenças de aluguer, nos
termos estabelecido no Protocolo.
Artigo 4º
O presente Decreto-Lei entra em vigor 30 dias após a sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – Mário Silva – Teofilo Figueiredo Silva – Ulpio Napoleão Fernandes.
Promulgado em 28 de Novembro de 1994.
Publique-se:
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 28 de Novembro de 1994.
O Primeiro-Ministro, Carlos Veiga.

760
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

REGIME JURÍDICO DO SECTOR DO COMÉRCIO


(Comercio Retalhista e Ambulante)
Decreto-Lei n.º 5/99,
de 1 de Fevereiro
A consagração constitucional da iniciativa económica privada e da opção descentrali-
zadora e desconcentradora no quadro geral da organização da Administração Pública im-
põe seja dada a devida relevância no acesso à actividade comercial.
A reformulação das bases gerais do regime jurídico do sector do comércio contidas no
Decreto-Lei n.º 135/85, de 6 de Dezembro, é um imperativo de execução da nova política
económica e vem sendo reclamada pelos operadores comerciais em ordem a introdução de
princípios mais consentâneos com o papel reservado quer ao sector privado quer ao Estado
na actividade comercial e à consagração de alguns ajustamentos de natureza jurídica com
os quais se pretende melhorar a actuação não só dos vários operadores comerciais in-
tervenientes no processo num quadro disciplinador e de salutar e clara concorrência como
também da Administração Pública cuja actuação deverá reger-se pelos princípios e regras
contidos no Decreto-Legislativo n.º 18/97, de 10 de Novembro.
O objectivo do presente diploma é precisamente a reforma do Decreto-Lei n.º 135/85,
de 6 de Dezembro e legislação complementar.
Nestes termos,
Ouvidas as associações representativas do sector de comércio, bem como a Associação
Nacional de Municípios;
No uso da faculdade conferida pela alínea a) do n.º 2 do artigo 217º da Constituição,
o Governo decreta o seguinte:
CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 1º
(Objecto)
O presente diploma tem por objecto a definição do regime jurídico do sector do comér-
cio quer quanto ao exercício da actividade comercial, quer quanto ao papel dos poderes
públicos.
Artigo 2º
(Âmbito)
1. O presente diploma aplica-se às pessoas singulares, às sociedades comerciais, aos
agrupamentos complementares de empresas, às empresas públicas que exerçam alguma ou
algumas das actividades referidas no artigo 11º.

761
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

2. Os produtores estão sujeitos ao presente diploma desde que sejam exportadores,


possuam estabelecimento ou loja de venda ao público ou associem à venda dos seus pró-
prios produtos o comércio de outras proveniências.
3. O presente diploma aplica-se igualmente aos gestores das entidades referidas no
n.º 1, aos mandatários das empresas e a todos os que legalmente os representam nessas
funções e aos sócios das sociedades de responsabilidade ilimitada.
4. Consideram-se gestores, para efeitos do disposto no número anterior, os gerentes,
sócios gerentes, directores ou administradores das sociedades comerciais, bem como mem-
bros dos órgãos de gestão das empresa públicas.
CAPÍTULO II
Princípios fundamentais
Artigo 3º
(Princípios fundamentais)
O sector do comércio rege-se pelos seguintes princípios:
a) Livre exercício das actividades comerciais, nos termos da lei;
b) Concorrência sã dos operadores comerciais ;
c) Prevenção e repressão da especulação e das práticas comerciais restritivas;
d) Coexistência de operadores comerciais públicos e privados;
e) Promoção e defesa dos consumidores;
f) Salvaguarda e protecção do ambiente;
g) Controle da qualidade e protecção da saúde pública;
h) Respeito pelos compromissos internacionais.
Artigo 4º
(Livre exercício de actividades comerciais)
1. É reconhecido a todas as pessoas, singulares ou colectivas, o direito ao livre exercício de
actividades comerciais, nos termos e condições e com os limites estabelecidos na lei.
2. O Governo poderá reservar para empresas do sector público ou privado, a explo-
ração, a título transitório, de certas actividades comerciais sempre que razões ponderosas
de interesse público e fundamental para a economia nacional, designadamente a garantia
do abastecimento em bens essenciais ou de saúde pública, assim o exijam, e que por outro
modo não possam ser asseguradas.
Artigo 5º
(Livre concorrência)
1. A actividade comercial será exercida em regime de livre e leal concorrência de
mercado, nos termos e dentro dos limites da lei da concorrência e preço.
2. A definição dos delitos e infracções antieconómicas e contra a saúde pública será
objecto de lei especial.

762
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

Artigo 6º
(Coexistência)
No exercício da actividade comercial coexistirão o sector privado e, supletivamente,
o sector público.
Artigo 7º
(Defesa do consumidor)
1. O Governo, na definição da sua política comercial geral, tem como parâmetro a
promoção e a defesa dos interesses dos consumidores , em especial no que respeita à se-
gurança no abastecimento de bens essenciais, à formação e à fiscalização dos preços e à
prevenção e ao combate às infracções antieconómicas e contra a saúde pública.
2. Para efeitos do disposto no número anterior, o Governo apoia a criação e o desen-
volvimento de associações de consumidores.
Artigo 8º
(Controle de qualidade)
1. A política comercial do Governo tem como preocupação fundamental assegurar um
rigoroso controle de qualidade dos produtos comercializados, seja de produção nacional ou
importados, e quer destinem a consumo interno ou à exportação.
2. As medidas de inspecção e de controle de qualidade e de protecção da saúde públi-
ca, e as formas de obtenção dos respectivos certificados serão reguladas em decreto-lei.
Artigo 9º
(Protecção do ambiente)
Na definição da sua política comercial geral, o Governo terá particular atenção às
suas consequências a nível do ambiente, de acordo com os princípios da Lei de Bases do
Ambiente e legislação complementar, e em particular no que respeita à protecção do patri-
mónio nacional, da fauna e da flora.
Artigo 10º
(Compromissos internacionais)
A política comercial do Governo pauta-se pelo respeito integral pelos tratados e acor-
dos internacionais recebidos na ordem jurídica cabo-verdiana.
CAPÍTULO III
Actividade comerciais
SECÇÃO I
Tipos de actividades comerciais
Artigo 11º
(Actividades comerciais)
1. Para efeitos de aplicação das disposições legais relativas ao exercício de actividade co-
mercial, são consideradas as actividades de comércio por grosso e de comércio a retalho.

763
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

2. Entende-se que exerce:


a) A actividade de comércio por grosso toda a pessoa física ou colectiva que, a
título habitual e profissional, compra mercadorias em seu próprio nome e
por sua própria conta e as revende, quer a outros comerciantes, grossistas ou
retalhistas, quer a transformadores, quer ainda a utilizadores profissionais ou
grandes utilizadores;
b) A actividade de comércio a retalho toda a pessoa física ou colectiva que, a
título habitual e profissional, compra mercadorias em seu próprio nome e por
sua própria conta e as revende directamente ao consumidor final.
3. Não são consideradas comerciais as actividades de compra e venda de bens pelas
entidades públicas, militares, forças de segurança pública, de assistência social e de ensino
e saúde pública quando destinados ao consumo inerente ao respectivo funcionamento ou
para distribuição gratuita a pessoas carenciadas ou associações de fins não lucrativos.
Artigo 12º
(Actividade de comércio por grosso)
1. A actividade do comércio por grosso pode ser exercida pelos seguintes agentes:
Exportador, o que vende directamente para os mercados externos, produtos de origem
nacional ou nacionalizados;
a) Importador, o que adquire directamente nos mercados externos produtos des-
tinados a serem comercializados em território nacional ou para ulterior reex-
portação;
b) Grossista ou armazenista, o que adquire no mercado interno os produtos de
origem nacional, ou estrangeira e os comercializa por grosso ou atacado aos
retalhistas, não efectuando, em caso algum, vendas ao público.
2. Não estão abrangidos na alínea a) do n.º 1 o que, importando directamente produ-
tos, matérias primas ou equipamentos, os destina à laboração das suas fábricas, oficinas ou
estabelecimentos, bem como à incorporação nos produtos da sua própria produção, trans-
formação ou fabrico.
3. A actividade de comércio por grosso pode ser exercida, mediante autorização e nos
termos de diploma especial.
4. Para efeitos do número anterior, entende-se por comércio não sedentário aquele em que
a presença do comerciante nos locais de venda não reveste um carácter fixo e permanente.
Artigo 13º
(Comércio a retalho)
1. A actividade do comércio a retalho pode ser exercida pelos seguintes agentes:
a) Retalhista, o que exerce o comércio a retalho de forma sedentária, em estabe-
lecimento, lojas ou instalações fixas ao solo, de maneira estável, em mercados
cobertos;

764
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

b) Vendedor ambulantes, o que exerce comercio a retalho de forma não sed-


entária, pelos lugares do seu trânsito ou em zonas que lhe sejam especialmente
destinadas;
c) Feirante, o que exerce comércio a retalho de forma não sedentária em merca-
dos descobertos ou em instalações não fixas ao solo de maneira estável em
mercados cobertos habitualmente designados feiras e mercados.
d) Negociante, o que vende a retalho os produtos do seu comércio de forma reg-
ular ou irregular, sem que possuam estrutura orgânica, nem estabelecimento
comercial adequado e não se achem compreendidos em nenhum dos tipos de
actividades anteriores.
2. Considera-se incluída na modalidade de comércio retalhista a exploração de venda
automática e de venda ao consumidor final através de catálogo, por correspondência ou ao
domicílio, sendo obrigatória a existência de estrutura ou orgânica adequada à natureza da
actividade respectiva.
Artigo 14º
(Agente comercial)
Entende-se que exerce a actividade de agente comercial toda a pessoa física ou colecti-
va que, não se integrando em qualquer das categorias anteriormente definidas mas possuin-
do organização comercial, pratica a título habitual e profissional actos de comércio, não
efectuando vendas ao público.
Artigo 15º
(Classificação de produtos)
A classificação dos produtos a comercializar pelas entidades que exerçam qualquer das
actividades indicadas nos artigos 12º, 13º e 14º deverá ser feita segundo a Nomenclatura
do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias constante da Tabela
I anexa a este diploma do qual faz parte integrante.
Artigo 16º
(Operações de comércio externo)
O regime das operações de importação e de exportação é regulado por decreto regu-
lamentar, incluindo a sua liquidação e os aspectos aduaneiros inerentes, de acordo com os
princípios do presente diploma e das leis cambiais vigentes.
SECÇÃO II
Acumulações e vedações
Artigo 17º
(Acumulação dos tipos de actividades e de classes)
1. É permitido o exercício conjunto de mais do que uma das actividades comerciais
compreendidas nos tipos legais referidos nos artigos 12º, 13º e 14º , desde que não vedadas
nos termos dos artigos seguintes.

765
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

2. As actividades comerciais compreendidas nos tipos definidos nos artigo 12º, 13º
e 14º poderão abranger uma ou mais capítulos de produtos, desde que não vedados nos
termos dos artigos seguintes.
Artigo 18º
(Vedações e acumulações para o importador)
1. É vedado ao importador acumular com a sua actividade e de feirante, de vendedor
ambulante ou de negociante.
2. O importador acumula com a sua actividade própria a de grossista, por inerência,
sem necessidade de autorização específica.
3. A acumulação das actividades de importador e retalhista só é permitida havendo uma
nítida separação das duas actividades nos aspectos contabilísticos e de estabelecimento.
Artigo 19º
(Vedações para o exportador)
É vedado ao exportador acumular com a sua actividade própria a de feirante, de ven-
dedor ambulante ou de negociante.
Artigo 20º
(Vedações e acumulações para o grossista)
1. É vedado ao grossista ou armazenista acumular com a sua actividade própria a de
feirante, de vendedor ambulante ou de negociante.
2. Ao grossista ou armazenista aplica-se, com as necessárias adaptações, o disposto no
n.º 3 do artigo 18º.
Artigo 21º
(Vedações e acumulações para o vendedor ambulante)
1. É vedado ao vendedor ambulante acumular com a sua actividade própria a de im-
portador, de exportador, de grossista, de retalhista ou de agente comercial.
2. A acumulação das actividades de vendedor ambulante e feirante é regulada, em
cada concelho, pela respectiva câmara municipal.
Artigo 22º
(Vedações e acumulações para o feirante)
1. É vedado ao feirante acumular com a sua actividade própria a de importador, de
exportador, de grossista, de retalhista ou de agente comercial.
2. A acumulação das actividades de feirante é regulada, em cada concelho, pela respec-
tiva câmara municipal.
Artigo 23º
(Vedações e acumulações para o negociante)
1. É vedado ao negociante acumular com a sua actividade própria a de importador, de
exportador, de grossista, de retalhista ou de agente comercial.

766
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

2. É vedado ao negociante o comércio dos produtos constantes de listas especificas


estabelecidas por portaria do membro do Governo responsável pela área do comércio.
Artigo 24º
(Vedações e acumulações para o agente comercial)
É vedado ao agente comercial acumular com a sua actividade própria a de retalhista
dos produtos de que seja representante, de feirante, de vendedor ambulante ou de nego-
ciante.
SECÇÃO III
Locais do exercício do comércio
Artigo 25º
(Locais do exercício do comércio)
1. Os locais para o exercício do comércio classificam-se em:
a) Estabelecimentos comerciais;
c) Mercados;
d) Vendas na via pública;
e) Grandes superfícies comerciais.
2. Para efeitos do presente diploma, consideram-se estabelecimentos comerciais, des-
de que preencham os requisitos legais e regulamentares, os seguintes:
a) Lojas: o conjunto da estrutura organizada para o exercício do comércio a re-
talho ou equiparado, qualquer que seja a classe ou classes de produtos e ainda
que integrem armazéns simples;
b) Armazéns gerais: o conjunto da estrutura orgânica destinada exclusivamente
ao comércio grossista, qualquer que seja a classe ou classe de produtos;
c) Centros comerciais: os complexos de estabelecimentos que conglomeram
numa mesma estrutura física e orgânica unidades de lojas independentes que
praticam o comércio retalhista por diferentes classes de produtos.
3. Consideram-se mercados desde que preenchem os requisitos legais e regulamenta-
res os seguintes:
Mercados municipais, as infra-estruturas destinadas pelas autoridades autárquicas à
reunião de produtores ou simples intermediários destes com o fim de comercializarem pro-
dutos tradicionalmente destinados ao abastecimento do público consumidor, nomeadamen-
te em frescos ou outros alimentos;
Feiras, os locais que, nos termos regulamentares, se destinam à reunião periódica ou
sazonal ou só de comerciantes ou só de agricultores ou industriais ou de uns e outros con-
juntamente com o fim de exporem a oferta dos bens do seu comércio ou produção.

767
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

4. Consideram-se vendas na via pública os locais infra-estruturados ou não pelas au-


toridades autárquicas e destinados ou indicados por elas para o exercício do comércio pelos
vendedores ambulantes.
5. São equiparadas a lojas os restaurantes, hotéis, pastelarias, bares, botequins e simila-
res para efeitos de comércio a retalho dos seus produtos, se o contrário não resultar da auto-
rização prévia, e salvo o disposto em legislação especial específica do sector do turismo.
6. São grandes superfícies comerciais, as infra-estruturas de comércio a retalho ou
grossista com uma superfície comercial útil não inferior a 1500 m2, considerando-se
superfície comercial útil a que é destinada à venda e acessível ao público ou aos compra-
dores.
CAPÍTULO IV
Papel dos poderes públicos na actividade comercial
SECÇÃO I
Disposições gerais
Artigo 26º
(Âmbito da intervenção)
1. Os poderes públicos limitarão a sua intervenção, no âmbito da actividade comercial,
à regulação dos mecanismos de mercado tendentes a assegurar a livre e leal concorrência
dos agentes económicos e a salvaguarda os interesses difusos de pessoas singulares e co-
lectivas.
2. Quando os interesses da economia o exijam, os poderes públicos podem, excep-
cionalmente, intervir directa ou indirectamente na actividade comercial, nomeadamente
para garantir o abastecimento público, a formação de certos preços de bens essenciais e a
actuação das empresas do sector público no âmbito do comércio, de acordo com o presente
diploma e seus regulamentos.
Artigo 27º
(Entidades de intervenção)
1. A intervenção dos poderes públicos no sector do comércio far-se-á designadamente,
através:
a) Do Governo e, em particular, do departamento governamental responsável
pelo sector do comércio;
b) Das autarquias locais;
c) Outras entidades públicas com responsabilidade directa ou indirecta no sec-
tor de acordo com a competência própria de cada um, definida pelo presente
diploma e seus regulamentos, em leis próprias ou nos respectivos estatutos
orgânicos.

768
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

2. A intervenção das associações empresarias regionais ou sectoriais no sector do


comércio será definido em protocolo aprovado pelo membro do Governo responsável pela
área do comércio.
SECÇÃO II
Autorização prévia da actividade comercial
Artigo 28º
(Autorização prévia)
O exercício de qualquer das actividades indicadas nos artigos 11º, 12º, 13º e 14º carece
de autorização prévia da competente autoridade a que se referem as alíneas a) e b) do n.º
1 do artigo 29º, a qual emitirá o respectivo certificado, uma vez verificados os requisitos
previstos nos artigos 32º e seguintes.
Artigo 29º
(Competência para autorização prévia)
1. Têm competência para conceder, denegar, suspender ou revogar a autorização prévia:
a) Na actividade de comércio por grosso, o dirigente máximo do serviço do de-
partamento governamental responsável pela área do comércio;
b) Na actividade de comércio a retalho: o presidente da câmara municipal, no
concelho onde é exercida a actividade.
2. Aos serviços dirigidos pelas entidades referidas no número anterior, doravante de-
signados serviços competentes, cabe a coordenação e planeamento de todo o processo
respeitante à autorização prévia .
3. O dirigente máximo do serviço do departamento governamental responsável pelo
sector do comércio pode delegar a competência prevista na alínea a) do n.º 1 no dirigente
máximo dos serviços regionais de comércio.
4. O dirigente máximo do serviço do departamento governamental responsável pelo
sector do comércio poderá delegar a competência prevista na alínea a) do n.º 1 nas asso-
ciações empresarias, através de um protocolo homologado pelo respectivo membro de
Governo e publicado no Boletim Oficial.
Artigo 30º
(Requerimento para o exercício das actividades)
1. O requerimento para o exercício das actividades será apresentado no serviço com-
petente ou na associação empresarial nacional, regional ou sectorial com competência na
área da sede, tratando-se de pessoas colectivas e comerciantes em nome individual, ou na
área da residência, no caso de vendedores ambulantes e feirantes.
2. Quando a organização do processo seja efectuada através da associação empresa-
rial, deverá este remetê-lo ao serviço competente, dentro de 7 dias úteis imediatos à sua
conclusão.

769
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

3. O requerimento para o exercício da actividade comercial das cooperativas deverá


ser apresentado no serviço competente ou na respectiva união ou federação, aplicando-se,
com as necessárias adaptações, o disposto nos números anteriores e no artigo 33º.
Artigo 31º
(Tipos de autorização prévia)
1. A autorização prévia será efectuada para cada uma das actividades a que se referem
os artigos 12º, 13º e 14º, para cada estabelecimento/loja, armazém ou escritório, quando os
houver, especificando os capítulos.
2. Será emitido pelo serviço competente o cartão correspondente a cada uma daquelas
inscrições, bem como para as entidades referidas no n.º 4 do artigo 2º.
Artigo 32º
(Requisitos gerais para autorização prévia)
1. São requisitos gerais para a concessão da autorização prévia a que se refere o
artigo 28º:
a) Ter capacidade comercial, nos termos da legislação comercial;
b) Não estar inibido de exercer o comércio por ter sido decretada a falência ou
insolvência, enquanto não for levantada a inibição ou não sobrevier a reabili-
tação;
c) Não ter sido condenado, nos últimos 5 anos, por sentença com trânsito em ju-
lgado em pena de prisão efectiva por crime fraudulento contra a propriedade,
por crime doloso contra a saúde pública ou economia nacional, e pela prática
de concorrência ilícita ou desleal, salvo havendo reabilitação;
d) Ter como habilitação mínima a escolaridade obrigatória de acordo com a idade
do requerente;
e) Quando se trate de pessoa colectiva, a sua matrícula definitiva ou prova de
esta se encontrar em condições de poder ser efectuada nos organismos compe-
tentes.
f) Ter cumprido as obrigações fiscais.
2. O requisito a que se refere a alínea f) do número anterior é dispensado:
Quando o pedido de autorização prévia tiver por objecto o exercício das actividades de
vendedor ambulante ou feirante;
Nos casos em que ocorra sucessão por morte relativamente ao cônjuge sobrevivo,
quando o pedido de autorização prévia tiver por objecto a actividade ou actividades que o
falecido exercia validamente.
Nos casos de trespasse, cessão de usufruto, cessão de exploração de qualquer outra
forma de transmissão, gratuita ou onerosa, do estabelecimento ou armazém a favor dos

770
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

trabalhadores, quando pedido de autorização tiver por objecto a actividade ou actividades


que o transmitente estava autorizado a exercer.
Artigo 33º
(Urbanismo comercial e interesse social e económico)
1. Nos casos em que o exercício da actividade pressuponha a existência de estabe-
lecimento/loja, de armazém ou escritório, deverão estes obedecer aos condicionamentos
de urbanismo comercial existentes nos respectivos planos urbanísticos aprovados para a
localidade em que se situem, ou apenas nos planos urbanísticos, na falta daqueles condi-
cionamentos.
2. A idêntica obrigatoriedade se encontrará sujeita a implantação daquelas unidades
quando em diploma autónomo forem estabelecidos princípios de urbanismo comercial.
3. Na falta de regras de urbanismo comercial e de planos urbanísticos e enquanto não
for publicado o diploma a que se refere o número anterior, a implantação de novas unida-
des comerciais, bem como a alteração ou o alargamento dos existentes , será decidida face
a pareceres fundamentados quanto ao seu enquadramento urbanístico e interesse social e
económico pela câmara municipal em articulação com as associações empresarias respec-
tivas.
4. A falta de emissão dos pareceres a que se referem os números
anteriores no prazo de 30 dias considera-se tacitamente favorável à pretensão do re-
querente.
5. Os pareceres poderão ser substituídos nos casos de transmissão gratuita ou onerosa
dos estabelecimento/loja ou de armazém pela referência à autorização prévia do anterior
titular, desde que no local de implantação seja prosseguida a mesma actividade, sem alte-
ração ou alargamento.
Artigo 34º
(Processos de comerciantes em nome individual)
1. Os requerimentos para o exercício de actividades por parte de comerciante em nome
individual será dirigido ao dirigente máximo do serviço competente e conterá os seguintes
elementos:
a) Identificação do requerente pelo nome, data de nascimento, residência e
número, data e local de emissão do documento de identidade;
b) Actividade ou actividades comerciais para as quais é requerida a autorização
prévia;
c) Produtos ou grupos de produtos abrangidos pelo pedido de autorização
prévia;
d) Lugar onde vai ser exercida a actividade;

771
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

e) Localização e característica dos estabelecimentos/lojas, dos armazéns ou es-


critório, nos casos em que o exercício da actividade pressuponha a sua ex-
istência.
2. O requerimento será instruído com os seguintes elementos:
a) Declaração do requerente, com assinatura reconhecida, da qual conste que é
civilmente capaz e que não está inibido de exercer o comércio;
b) Documento comprovativo de que possui no mínimo a escolaridade obrigatória,
de acordo com a idade do requerente;
c) Documento comprovativo do cumprimento de obrigações fiscais;
d) Certificado do registo criminal;
e) Duas fotografias formato passe por cada actividade a exercer;
f) Pareceres referidos no artigo 33º ou prova de que estão reunidas as condições
previstas nos nºs 4 e 5 do mesmo artigo.
3. Quando o pedido de autorização prévia tiver por objecto o exercício das actividades
de vendedor ambulante e de feirante, o documento referido na alínea b) do número anterior
será dispensado.
4. Em todos os casos de compropriedade, quer resultantes de substituição nas inscri-
ções por morte dos titulares quer derivados da vontade dos interessados, terão estes, além
dos elementos comuns, de fazer prova individualmente dos elementos referidos no n.º 1 e
juntar documentos constantes dos n.º 2.
Artigo 35º
(Processos de pessoas colectivas)
1. O requerimento para o exercício de actividades por parte de pessoas colectivas será
dirigido ao dirigente máximo do serviço competente e conterá os seguintes elementos:
a) Identificação do requerente pela firma ou denominação particular, sede e data
de constituição;
b) Actividade ou actividades comerciais para as quais é requerida a autorização
prévia;
c) Produtos ou grupos de produtos abrangidos pelo pedido de autorização
prévia;
d) Localização e característica dos estabelecimentos/lojas, dos armazéns ou es-
critório, nos casos em que o exercício da actividade pressuponha a sua ex-
istência.
2. O requerimento das sociedades comerciais, empresas públicas, cooperativas e seus
agrupamentos deverá ser acompanhado dos seguintes documentos:
a) Nota de registo ou certidão do registo comercial ou cooperativo de matrícula
definitiva;

772
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

b) Documento comprovativo do cumprimento das obrigações fiscais;


c) Pareceres referidos no artigo 33º ou prova de que estão reunidas as condições
previstas nos números 4 e 5 do mesmo artigo.
2. Os requerimentos dos gestores referidos no n.º 4 do artigo 2º e aos sócios de respon-
sabilidade limitada será acompanhado dos seguintes documentos:
a) Identificação pelo nome, estado, profissão, residência, número do bilhete de
identidade;
b) Certidões de registo comercial ou, no caso de estas serem negativas, também
de declaração do requerente da qual conste que é civilmente capaz e que não
está inibido de exercer o comércio;
c) Documentos comprovativos de que possuem no mínimo a escolaridade
obrigatória, de acordo com a idade do requerente;
d) Certificado do registo criminal;
e) Documento comprovativo da respectiva qualidade;
f) Duas fotografias formato passe.
Artigo 36º
(Alterações supervenientes)
1. O requerimento para o alargamento a outras actividades de uma autorização prévia
válida apenas carece de ser acompanhada da referência ao número de autorização prévia
preexistente e dos documentos que se mostrem necessários em função do novo pedido.
2. O requerimento para o averbamento de autorização prévia para comercialização e
novos produtos, com ou sem alteração dos já concedidos, carece de ser acompanhada do
número de autorização prévia preexistente e dos documentos que se mostrem necessários
em função do novo pedido.
Artigo 37º
(Prazo para decisão)
1. O serviço competente deverá, no prazo de 30 dias, contados da recepção do reque-
rimento, tomar uma decisão, concedendo ou denegando a autorização prévia, ou notificar o
requerente para suprir eventuais deficiências do requerimento ou da instrução.
2. O prazo fixado no número anterior é interrompido pelo uso da faculdade a que se
refere a parte final do mesmo número, começando a contar novo prazo a partir da data da
recepção dos elementos pedidos.
3. As notificações serão feitas por carta registada para o endereço constante do requeri-
mento ou para as competentes entidades que tenham organizado o processo de autorização
prévia e consideram-se feitas a partir do terceiro dia a contar da expedição.

773
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

4. Decorridos que sejam 180 dias sem que estejam supridas as deficiências a que se
refere a parte final do n.º 1 serão os processos considerados nulos.
Artigo 38º
(Certificado de autorização)
1. No caso de deferimento do requerimento, a autoridade competente entregará ao
requerente o certificado a que se refere o artigo 28º.
2. Se a decisão de conceder ou denegar a autorização prévia não for tomada dentro do
prazo referido nos nºs 1 e 2 do artigo anterior, entende-se que o interessado está autorizado
a exercer a actividade, funcionando como certificado, para todos os efeitos, o duplicado do
requerimento devidamente rubricado pelo serviço onde foi entregue.
Artigo 39º
(Causas de revogação)
1. A autorização para o exercício da actividade comercial será revogada e apreendido
o certificado:
Quando o exercício da actividade se não inicie no prazo de um ano a contar da autori-
zação prévia, salvo impedimento devidamente comprovado;
a) Pela morte ou interdição que envolva a impossibilidade de exercício do comér-
cio, decorridos os prazos a que se refere o artigo 43º;
b) Pela dissolução da pessoa colectiva;
c9 Às entidades a que se refere o n.º 4 do artigo 2º quando percam essa quali-
dade;
d) Pelo exercício de actividade comercial, quando se verifique uma situação de
inibição por ter sido decretada a falência;
e) Pelo encerramento voluntário do estabelecimento/ loja ou do armazém du-
rante um ano, salvo impedimento comprovado e consideradas as característi-
cas locais de exercício do comércio;
f) Pelo trespasse ou qualquer outra forma de transmissão definitiva, gratuita
ou onerosa, da propriedade ou do usufruto do estabelecimento/loja ou do ar-
mazém;
g) Pelo efectivo exercício da actividade comercial por entidade diversa do titular
da respectiva autorização prévia;
h) Pela perda de requisitos gerais referidos no nº1 do artigo 32.

774
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

Artigo 40º
(Causas de suspensão)
A autorização para o exercício da actividade comercial será suspensa até um ano e
apreendido o certificado, quando se verifique uma das seguintes situações:
a) Condenação em medida de segurança de interdição do exercício de qualquer das
actividades indicadas no artigo 2º pelo período de aplicação daquela medida;
b) Cessão temporária do usufruto ou de exploração do estabelecimento/loja ou
do armazém pelo período de cessão;
c) Pela falta de cumprimento das obrigações fiscais inerentes ao exercício da
actividade;
d) Exercício de actividade diversa daquela por que se encontra inscrito enquanto
a situação se não mostrar regularizada;
e) Pelo não pagamento das taxas devidas nos termos do artigo 45º;
f) Quando deixam de preencher os requisitos do artigo 32º.
Artigo 41º
(Comunicação nos casos de revogação ou suspensão de autorização prévia)
1. Sempre que os agentes de fiscalização tenham conhecimento de qualquer situação
que seja causa de revogação ou de suspensão da autorização prévia para o exercício da
actividade, comunicará o facto ao serviço competente no prazo de 10 dias.
2. De todas as decisões do serviço competente que determinem a revogação ou sus-
pensão da autorização prévia será dado conhecimento à Inspecção-Geral das Actividades
Económicas no prazo de 10 dias e ainda às entidades competentes que tenham organizado
o processo de autorização prévia.
3. Logo que cesse a suspensão, o serviço competente devolverá o cartão aprendido ao
seu titular, comunicando tal devolução à Inspecção-Geral das Actividades Económicas no
prazo de 10 dias e ainda às entidades competentes que tenham organizado o processo de
autorização prévia.
Artigo 42º
(Apreensão de cartões)
Nos casos previstos nos artigos 39º e 40º compete à Inspecção-Geral das Actividades
Económicas, a solicitação do serviço competente, apreender os cartões e remetê-los ao
mesmo serviço.
Artigo 43º
(Prazos para apresentação de novos requerimentos)
1. Quando ocorram factos inerentes às entidades referidas no artigo 2º que impliquem
quaisquer substituições nas autorizações prévias em vigor, é concedido o prazo de 90 dias,
contados a partir da data da ocorrência dos mesmos, para a respectiva regularização.

775
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

2. No caso de falecimento do comerciante em nome individual, a autorização prévia


poderá subsistir.
a) Dias, a contar da morte comprovada por certidão de óbito, quando não haja
partilha judicial;
b) Dias, a contar da decisão de homologação da partilha judicial com trânsito em
julgado nos restantes casos.
3. Terminada as situações previstas nos números anteriores, compete aos substitutos a
remessa ao serviço competente do cartão que titulava a autorização prévia juntamente com
o novo requerimento.
Artigo 44º
(Publicidade das autorizações concedidas)
O serviço competente dará publicidade mensal às autorizações concedidas para co-
nhecimento dos órgãos competentes da administração central e municipal e das entidades
representativas do sector comercial.
Artigo 45º
(Taxas)
1. As taxas a cobrar pelos diversos serviços executados a requerimento dos interessa-
dos serão estabelecidas em portaria conjunta dos membros do Governo responsáveis pelas
áreas do comércio e das finanças.
2. As taxas referidas no número anterior constituem receitas do Estado ou do municí-
pio, e serão pagas mediante impresso apropriado.
Artigo 46º
(Comunicações oficiosas)
Os tribunais e os demais serviços da Administração Pública onde sejam praticados
actos de que resulte ficar o titular da autorização prévia para o exercício da actividade em
qualquer das situações previstas nos artigos 39º e 40º comunicarão oficiosamente ao servi-
ço competente a verificação de tais situações.
Artigo 47º
(Recursos)
Das decisões que neguem a autorização para o exercício da actividade comercial e,
bem assim, das que revoguem ou suspendam essa autorização prévia haverá lugar a recurso
nos termos gerais.
Artigo 48º
(Renovação)
A autorização prévia referida no artigo 28º deverá ser renovada no quinquénio seguinte
à data de emissão, a requerimento do interessado, de acordo com as normas que vierem a
ser definidas em portaria do membro do Governo responsável pela área do comércio.

776
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

SECÇÃO III
Requisitos especiais para autorização prévia
SUBSECÇÃO I
Importador
Artigo 49º
(Indicação dos requisitos)
1. Só podem exercer a actividade de importador os sujeitos que, além dos requisitos
gerais referidos no artigo 32º, preencham os seguintes requisitos especiais:
a) Ter um capital mínimo afectado à actividade comercial cujo montante será
definido em portaria do membro do Governo responsável pela área do comér-
cio;
b) Possuir armazém adaptado ao ramo do comércio e volume de negócio e com
os demais requisitos legais;
c) Ter contabilidade organizado de acordo com as exigências do Plano Nacional
de Contabilidade, sob responsabilidade de um técnico de contas nos termos da
lei;
2. O membro do Governo responsável pela sector do comércio poderá, por despacho
fundamentado, autorizar o exercício da actividade de importador com capital mínimo fi-
xado nos termos do ponto 3.
Artigo 50º
(Prova dos requisitos)
1. A prova dos requisitos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo anterior faz-se me-
diante a apresentação de certidão de matrícula no registo comercial de que conste o capital
do comerciante em nome individual ou da sociedade comercial ou de informação sobre a
sua capacidade financeira prestada por uma instituição de crédito, parabancária ou outra
idónea que indique poder o requerente dispor do mínimo do capital exigido.
2. A prova dos requisitos referidos na alínea b) do n.º 1 do artigo anterior faz-se me-
diante a apresentação de título de propriedade ou de outro direito que confira ao requerente
o uso e fruição de armazém por período não inferior a dois anos, sem prejuízo do disposto
no artigo 33º.
3. A prova dos requisitos referidos na alínea c) do n.º 1 do artigo anterior faz-se pela
apresentação de :
a) Plano de contas a adoptar pelo interessado;
b) Termo de responsabilidade pela montagem do citado plano de contas assumi-
do por um técnico de contas ou empresa especializada que dele se vai encar-
regar;

777
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

c) Certificado de habilitações literárias e currículo profissional do técnico de


contas nos termos da lei, demonstrativos de conhecimentos ou experiência
suficientes para se encarregar da montagem ou boa execução da contabilidade
do requerente.
SUBSECÇÃO II
Exportador
Artigo 51º
(Indicação e prova dos requisitos)
1. Só podem exercer a actividade de exportador os sujeitos que, além dos requisitos
gerais referidos no artigo 32º, preencham os requisitos especiais previstos nas alíneas b) e
c) do n.º 1 do artigo 49º.
2 À prova dos requisitos estabelecidos no número anterior aplica-se com as necessá-
rias adaptações o disposto nos nºs 2 e 3 do artigo 50º.
SUBSECÇÃO III
Grossista ou armazenista
Artigo 52º
(Indicação e prova dos requisitos)
1. Só podem exercer a actividade de grossista ou armazenista os sujeitos que, além
dos requisitos gerais referidos no artigo 32º, preencham os requisitos especiais previsto no
n.º 1 do artigo anterior.
2. À prova dos requisitos estabelecidos no número anterior aplica-se com as necessá-
rias adaptações o disposto nos números 1 a 3 do artigo 50º.
SUBSECÇÃO IV
Retalhista
Artigo 53º
(Indicação e prova dos requisitos)
1. Só podem exercer a actividade de retalhista os sujeitos que, além dos requisitos
gerais referidos no artigo 32º, preencham os requisitos especiais:
a) Ter um capital mínimo afectado à actividade comercial cujo montante será
definido em portaria do membro do Governo responsável pela área do comér-
cio;
b) Possuir loja ou estabelecimento equiparado adaptado ao ramo do comércio e
volume de negócio e com os demais requisitos legais;
2. À prova dos requisitos estabelecidos no número anterior aplica-se com as necessá-
rias adaptações o disposto nos n.º 1 a 3 do artigo 50º.

778
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

SUBSECÇÃO V
Venda ambulante
Artigo 54º
(Vendedores ambulantes)
Consideram-se vendedores ambulantes todos os que:
a) Transportando as mercadorias do seu comércio, por si ou por qualquer meio
adequado, as vendam ao público consumidor pelos lugares do seu trânsito;
b) Fora dos mercados municipais em locais fixos, demarcados pelas câmaras mu-
nicipais, vendam a mercadorias que transportam, utilizando na venda os seus
meios próprios ou outros, que à sua disposição sejam postos pelas referidas
Câmaras;
c) Transportando a sua mercadoria em veículos, neles efectuem a respectiva ven-
da, quer pelos lugares do seu trânsito, quer em locais fixos, demarcados pelas
câmaras municipais competentes fora do mercado;
d) Utilizando veículos automóveis ou reboques, neles confeccionem na via pú-
blica ou em locais fixos, determinados pelas câmaras municipais, refeições
ligeiras ou outros produtos comestíveis preparados de forma tradicional.
Artigo 55º
(Exercício de venda ambulante)
1. O exercício da venda ambulante é vedado às sociedades comerciais, aos mandatá-
rios e aos que exerçam actividade comercial por conta de outrém, não podendo ainda ser
praticado por interposta pessoa.
2. Exceptuam-se do âmbito de venda ambulante:
a) A distribuição domiciliária efectuada por conta de comerciante com estabel-
ecimento/loja fixo;
b) A venda de lotarias, jornais e outras publicações periódicas;
c) A venda directa ao consumidor transeunte de produtos agrícolas feito pelo
respectivo agricultor em locais à beira das estradas ou caminhos públicos
Artigo 56º
(Produtos proibidos ao comércio ambulante)
1. Fica proibido o comércio ambulante dos produtos constantes de lista a ser aprovada
por portaria do membro do Governo responsável pela área do comércio.
2. A proibição a que se refere o número anterior não se aplica aos comerciantes de car-
nes que tenham instalações fixas e estejam devidamente inscritas no registo prévio, desde
que o comércio ambulante seja feito em veículo próprio e com condições sanitárias e seja
extensão do comércio já autorizado.

779
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

Artigo 57º
(Interdição aos vendedores ambulantes)
É interdito aos vendedores ambulantes:
a) Impedir ou dificultar por qualquer forma o trânsito nos locais destinados à
circulação de veículos e peões;
b) Impedir ou dificultar o acesso aos meios de transporte público e às paragens
dos respectivos veículos;
c) Impedir ou dificultar o acesso a monumentos e a edifícios públicos ou priva-
dos, bem como o acesso ou exposição dos estabelecimentos comerciais ou
lojas de venda ao público;
d) Lançar no solo quaisquer desperdício, restos, lixo ou outros materiais suscep-
tíveis de pejarem ou conspurcarem a via pública;
e) Vender a menos de 50 metros de estabelecimentos que comercializem idênti-
cos produtos.
Artigo 58º
(Boletim de sanidade)
1. Os intervenientes no acondicionamento, transporte ou venda de produtos alimen-
tares serão obrigatoriamente portadores de boletim de sanidade, nos termos da legislação
em vigor.
2. Sempre que se suscitem dúvidas sobre o estado de sanidade do vendedor ou qual-
quer dos indivíduos referidos no número anterior, serão estes intimados a apresentar-se à
autoridade sanitária competente, para inspecção.
Artigo 59º
(Medidas higieno-sanitárias)
1. No transporte, arrumação, exposição e arrecadação dos produtos é obrigatório se-
parar os alimentos consoante a sua natureza, bem como, de entre cada um deles, os que de
algum modo possam ser afectados pela proximidade dos outros.
2. Quando não estejam expostos para venda, os produtos alimentares devem ser guar-
dados em lugares adequados à preservação do seu estado, e, bem assim, em condições
higieno-sanitárias que os protejam de poeiras, contaminações ou contactos que, de qual-
quer modo, possam afectar a saúde dos consumidores.
3. O vendedor, sempre que lhe seja exigido, terá de indicar às entidades competentes
para a fiscalização o lugar onde guarda a sua mercadoria, facultando o acesso ao mesmo.
4. Na embalagem ou acondicionamento de produtos alimentares só pode ser usado
papel ou outro material que ainda não tenha sido utilizado e que não contenha desenhos,
pinturas ou dizeres impressos ou escritos na parte interior.

780
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

Artigo 60º
(Competência especificas das Câmaras Municipais)
Compete especificamente às Câmaras Municipais:
a) Restringir, condicionar ou proibir a venda de produtos, tendo em atenção os
aspectos higieno-sanitárias, estéticos e de comodidade para o público;
b) Interditar zonas ao exercício do comércio ambulante, atendendo às necessi-
dades de segurança e de trânsito de peões e veículos, ouvidas as competentes
autoridades policiais;
c) Estabelecer zonas e locais fixos para neles ser exercida, com meios próprios ou
fornecidos pelas câmaras municipais, a actividade de vendedor ambulante;
d) Delimitar locais ou zonas a que terão acesso os veículos ou reboques utiliza-
dos na venda ambulante;
e) Estabelecer zonas e locais especialmente destinados ao comércio ambulante
de certas categorias específicas;
f) Emitir e renovar o cartão para o exercício da venda ambulante;
g) Fixar os casos de apreensão dos instrumentos da infracção, móveis ou im-
óveis, os quais caucionarão a responsabilidade do infractor;
Artigo 61º
Localização das actividades de vendedor ambulante
1. Nas localidades dotadas de mercados com instalações próprias só será permitido o
exercício da actividade de vendedor ambulante de produtos que se vendem nesses merca-
dos quando neles não existirem lugares vagos para a venda fixa desses produtos.
2. Havendo lugares nos mercados referidos no número anterior, mas verificando-se em
determinadas áreas insuficiente abastecimento do público, poderão as câmaras municipais
fixar lugares ou zonas, dentro das mesmas áreas, para o exercício do comércio ambulante
limitado no número anterior.
Artigo 62º
Cartão de vendedor ambulante
O vendedor ambulante deverá fazer-se acompanhar, para a apresentação imediata às
entidades competentes para fiscalização, do cartão de vendedor a
Artigo 63º
(Registo camarário)
As Câmaras Municipais deverão organizar um registo dos vendedores ambulantes que
se encontrem autorizados a exercer a sua actividade na área do respectivo concelho, do qual
enviarão copia à Inspecção Geral das Actividades económicas, e, bem assim, das respec-
tivas actualizações.

781
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

Artigo 64º
(Produção própria)
A venda de artigos de artesanato, frutas, produtos hortícolas ou quaisquer outros e
fabrico ou produção próprios fica sujeita às disposições desta subsecção.
SUBSECÇÃO VI
Feirante
Artigo 65º
(Autorização)
1. No uso das respectivas atribuições, compete às câmaras municipais autorizar a re-
alização de feiras e mercados, quando os interesses das populações o aconselhem e tendo
em conta os equipamentos comerciais existentes, ouvidos os sindicatos e as associações e
as associações e as associações patronais e as associações de consumidores.
2. Quando as circunstâncias o justifiquem, poderá ainda ser ouvido o departamento
governamental responsável pelo sector comercial.
Artigo 66º
(Proibição)
Nas feiras e mercados apenas poderão exercer actividade comercial os titulares de
cartão de feirante.
Artigo 67º
(Competência específica das Câmaras Municipais)
Compete especificamente às câmaras municipais:
a) Emitir e renovar o cartão para exercício da venda em feira;
b) Fixar a periodicidade e horário das feiras e mercados, o respectivo local e
realização;
c) Fixar as condições de concessão e ocupação de lugares de venda, o número
máximo destes e as taxas a pagar.
Artigo 68º
(Cartão de feirante)
1. O feirante deverá fazer-se acompanhar, para a apresentação imediata às entidades
competentes para fiscalização, do cartão de feirante devidamente actualizado.
2. O cartão de feirante é válido apenas para a área do respectivo concelho e para o
período de um ano, a contar da data da emissão ou renovação.
3. O cartão de feirante será pessoal e intransmissível.
4. O modelo do cartão de feirante será aprovado por portaria do membro do Governo
responsável pela área do comércio.

782
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

Artigo 69ºº
(Registo camarário)
As Câmaras Municipais deverão organizar um registo dos feirantes que se encontrem
autorizados a exercer a sua actividade na área do respectivo concelho, do qual enviarão
cópia à Inspecção Geral das Actividades Económicas, e, bem assim, das respectivas actu-
alizações.
Artigo 70º
(Medidas higieno-sanitárias)
1. No transporte, arrumação, exposição e arrecadação dos produtos é obrigatório se-
parar os alimentos consoante a sua natureza, bem como, de entre cada um deles, os que de
algum modo possam ser afectados pela proximidade dos outros.
2. Quando não estejam expostos para venda, os produtos alimentares devem ser guar-
dados em lugares adequados à preservação do seu estado, e, bem assim, em condições hi-
gieno-sanitárias que os protejam de poeiras, contaminações ou contactos que, de qualquer
modo, possam afectar a saúde do consumidor.
3. O vendedor, sempre que lhe seja exigido, terá de indicar às entidades competentes
para a fiscalização o lugar onde guarda a sua mercadoria, facultando o acesso ao mesmo.
4. Na embalagem ou acondicionamento de produtos alimentares só pode ser usado
papel ou outro material que ainda não tenha sido utilizado e que não contenha desenhos,
pinturas ou dizeres impressos ou escritos na parte interior.
Artigo 71º
(Boletim de sanidade)
1. Os intervenientes no acondicionamento, transporte ou venda de produtos alimenta-
res serão obrigatoriamente portadores de boletim de sanidade, nos termos da legislação em
vigor.
2. Sempre que se suscitem dúvidas sobre o estado de sanidade do vendedor ou qual-
quer dos indivíduos referidos no número anterior, serão estes intimados a apresentar-se à
autoridade sanitária competente, para inspecção.
Artigo 72º
(Venda proibida)
É proibida a venda em feiras e mercados de todos os produtos cuja legislação especi-
fica assim o determine.
Artigo 73º
(Produção própria)
A venda em feiras e mercados de artigos de artesanato, frutas, produtos hortícolas ou quais-
quer outros de fabrico ou produção próprias fica sujeita ás disposições desta subsecção.

783
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

SUBSECÇÃO VII
Agente comercial
Artigo 74º
(Indicação dos requisitos)
1. A actividade de agente comercial é exercida mediante contrato de agência ou repre-
sentação e, quando for em nome de entidade estrangeira, só pode sê-lo junto dos importa-
dores.
2. Só podem exercer a actividade de agente comercial para produtos importados os
sujeitos que, além dos requisitos gerais previstos no artigo 32º, preencham os seguintes
requisitos:
a) Ser empresa singular ou colectiva de nacionalidade cabo-verdiana;
b) Ter domicílio em Cabo Verde;
c) Possuir escritório adequado para atendimento de clientes;
d) Ter contabilidade organizado de acordo com as exigências do Plano Nacional
de Contabilidade, sob responsabilidade de um técnico de contas nos termos da
lei.
3. As empresas estrangeiras poderão exercer a actividade de agente comercial em
Cabo Verde desde que o façam através de sucursal, delegação ou outra forma de represen-
tação que preencha os seguintes requisitos:
a) Estar matriculada no registo comercial cabo-verdiano;
b) Possuir escritório adequado para atendimento de clientes;
c) Ter contabilidade organizado de acordo com as exigências do Plano Nacional
de Contabilidade, sob responsabilidade de um técnico de contas idóneo.
Artigo 75º
(Prova de requisitos)
1. Á prova dos requisitos referidos nas alíneas a) e b) do n.º 2 e na alínea a) do n.º 3 do
artigo anterior faz-se por certificados das entidades oficiais competentes.
2. Á prova dos requisitos referidos nas alíneas c) e d) do n.º 2 e nas alíneas b) e c), do
n.º 3 do artigo anterior aplica-se, com as necessárias adaptações, o disposto nos n.º 2 e 3
do artigo 50º.
Artigo 76º
(Outras condições)
1. A localização do escritório de agente comercial e as representações de que seja titu-
lar devem, a requerimento do interessado, ser averbados no alvará ou licença.

784
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

2. Na falta de averbamento o requerente incorrerá nas sanções por exercício de tipo de


actividade comercial.
SECÇÃO IV
Cadastro dos estabelecimentos comerciais
Artigo 77º
(Cadastro dos estabelecimento comerciais)
1. É criado o cadastro dos estabelecimentos comerciais com o objectivo de assegurar
o conhecimento do sector de comércio, através da identificação e caracterização dos esta-
belecimentos comerciais e das formas do comércio neles exercida.
2. O cadastro comercial é organizado pelo serviço competente do departamento gover-
namental responsável pela área do comércio.
Artigo 78º
(Factos sujeitos a inscrição)
Estão sujeitos a inscrição no cadastro dos estabelecimentos os seguintes factos:
a) Abertura do estabelecimento comercial;
b) Encerramento do estabelecimento comercial;
c) Alteração de qualquer das actividades exercidas no estabelecimento comercial;
d) Mudança do titular do estabelecimento comercial;
e) Alteração da localização do estabelecimento comercial ou da sede.
Artigo 79º
(Conteúdo da informação de cadastro)
O conteúdo do cadastro dos estabelecimento comerciais deverá incluir, nomeadamente, os
seguintes elementos:
a) Os titulares dos estabelecimentos comerciais são identificados pelo nome ou
firma, local da sede ou domicílio, forma jurídica e, sempre possível, pelo mon-
tante do capital social e volume de vendas;
b) Os estabelecimentos comerciais são identificados, nomeadamente, pela locali-
zação, tipo de actividade exercida de entre as previstas nos artigos 12º e 13º,
superfície ocupada e método de venda.
Artigo 80º
(Procedimento de autorização prévia no cadastro)
1. A inscrição no cadastro dos estabelecimento comerciais é feita oficiosamente pelo
serviço competente do departamento governamental responsável pelo sector de comércio,
em estreita articulação com as associações empresariais e municípios.

785
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

2. No caso de comércio a retalho, os elementos necessários serão prestados pelos mu-


nicípios.
Artigo 81º
(Número de identificação)
1. Para efeitos de organização do cadastro dos estabelecimentos comerciais, é atribuí-
do um número de identificação a cada estabelecimento inscrito.
2. O número de identificação é sequencial e será precedido do código do tipo de acti-
vidade exercida e seguida do código do concelho de localização da sede.
Artigo 82º
(Acesso a informação)
1. Os titulares dos estabelecimentos têm direito de acesso às informações constantes
do cadastro dos estabelecimentos comerciais e a eles referentes;
2. Os titulares dos estabelecimentos têm direito de exigir a correcção ou o completa-
mente das informações constantes da autorização prévia, devendo em qualquer dos casos
demonstrar a razão da rectificação.
3. Os serviços públicos têm acesso à informação individualizada disponível no cadas-
tro dos estabelecimentos comerciais.
4. As outras entidades, mediante autorização do serviço competente do departamento
governamental responsável pelo sector do comércio, poderão ter acesso, em condições a
acordar, aos dados do cadastro dos estabelecimentos comerciais que não envolvam dados
pessoais ou outros legalmente protegidos.
5. As entidades a quem forem fornecidas informações, noa termos dos números an-
teriores, não as poderão fornecer ou divulgar a terceiros, salvo autorização expressa do
serviço referido no número anterior.
6. O serviço responsável pelo cadastro deverá organizar e publicar o anuário das em-
presas comerciais.
Artigo 83º
(Validação do cadastro)
O serviço competente do departamento governamental responsável pelo sector do co-
mércio pode estabelecer com outros serviços públicos os protocolos necessários à prova
e verificação da fiabilidade da informação recolhida para o cadastro dos estabelecimentos
comerciais, desde que não envolvam dados legalmente protegidos.
CAPÍTULO V
Infracções e fiscalização
Artigo 84º
(Contra-ordenações)
1. Constituem contra-ordenações as infracções ao disposto no presente diploma.

786
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

2. O exercício de qualquer das actividades referidas no artigo 28º por parte de enti-
dades que não se encontrem devidamente autorizadas é punido com coima de 5 000$00
a 1 000 000$00.
3. O não cumprimento do disposto no n.º 1 do artigo 43º é punido com coima de
5 000$00.
Artigo 85º
(Competência para fiscalização)
A prevenção e acção correctiva sobre as infracções às normas previstas neste diplo-
ma, bem como da respectiva regulamentação e legislação conexa, são da competência da
Inspecção Geral das Actividades Económicas, da Inspecção Geral do Trabalho, da Policia
de Ordem Pública, da Guarda Fiscal, da Policia judiciaria e das autoridades sanitárias, ad-
ministrativas e fiscais.
Artigo 86º
(Competência para aplicação das coimas)
São competentes para a aplicação de coimas:
a) Na actividade de comércio grossista, o dirigente máximo do serviço do depar-
tamento governamental responsável pelo sector do comércio;
b) Na actividade de comércio a retalho, o presidente da Câmara Municipal no
concelho onde é exercida a actividade.
Artigo 87º
(Receitas)
A receita de coimas aplicadas nos termos do presente diploma tem a seguinte distri-
buição:
a) Para o participante;
b) Para o Orçamento do Estado ou Orçamento do Município, conforme os casos.
CAPÍTULO VI
Disposição finais transitórias
Artigo 88º
(Cartão de identificação profissional)
É obrigatória para todas as pessoas que exerçam actividade comercial a posse de um
cartão de identificação profissional, bem com a exibição quando solicitada pelos agentes
de fiscalização, sob as penas da lei.
Artigo 89º
(Grandes superfícies comerciais)
O procedimento de instalação das grandes superfícies comerciais será objecto de di-
ploma especial.

787
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

Artigo 90º
(Autorização emitida ao abrigo da legislação anterior)
As autorizações emitidas ao abrigo do Decreto-Lei n.º 135/85, de 6 de Dezembro man-
têm-se válidas com as adaptações devidas decorrentes da vigência do presente diploma, até
serem substituídas nos termos do artigo seguinte.
Artigo 91º
(Substituição do alvará ou licença)
1. O alvará ou licença emitidos ao abrigo do Decreto-Lei n.º 135/85, de 6 de Dezem-
bro serão substituídos por cartões comprovativos da autorização prévia a requerimento
dos interessados, remetido directamente ao serviço competente ou através de associação
empresarial, acompanhado dos seguintes documentos:
a) Alvará ou licença anterior;
b) Fotocópia do documento comprovativo do pagamento do Imposto Único so-
bre os Rendimentos ou da não atribuição de colecta no ano em causa.
2. O serviço competente fixará e divulgará o calendário das substituições a que se re-
fere o número anterior, o qual não deverá exceder, na totalidade, o prazo de dois anos após
a entrada em vigor deste diploma.
3. Decorridos os prazos fixados no calendário a que se refere o número anterior sem
que tenham sido apresentados os requerimentos, considerar-se-ão como sem efeito o alvará
ou licença, salvo se, dentro de 4 meses, a contar do decurso daqueles prazos, for devida-
mente justificado o motivo da não apresentação atempada do requerimento.
4. Efectuada a substituição, serão os respectivos cartões remetidos ao interessado ou á
associação empresarial nos casos em que o pedido de substituição tenha sido enviado por
estas.
5. Por substituição do alvará ou licença emitidas ao abrigo do Decreto-Lei n.º 135/85,
de 6 de Dezembro, não serão devidas quaisquer taxas.
Artigo 92º
(Processos pendentes)
Os pedidos de alvará ou licença ao abrigo do Decreto-Lei n.º 135/85, de 6 de Dezem-
bro cujos processos estejam pendentes por falta de apresentação de documentos solicitados
oportunamente serão considerados nulos se não forem supridas no prazo de noventa dias a
contar da entrada em vigor do presente diploma.
Artigo 93º
(Regulamentação)
1. O membro do Governo responsável pelo sector do comércio regulamentará este
diploma por portaria.

788
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

2. A regulamentação do presente diploma relativamente às actividades de venda ambu-


lante e venda em feira é da competência do respectivo município.
Artigo 94º
(Revogação)
São revogados as disposições dos diplomas legais sobre o exercício das actividades
comerciais relativas às matérias abrangidas pelo presente diploma, nomeadamente:
a) O Decreto-Lei n.º 135/85, de 6 de Dezembro;
b) O Decreto-Lei n.º 58/86, de 23 de Agosto, exceptuando o artigo 20º;
c) O Decreto-Lei n.º 60/86, de 23 de Agosto;
d) O Decreto-Lei n.º 31/92, de 4 de Abril..
Artigo 95º
(Adaptação das posturas)
As Câmaras Municipais tomarão as devidas providências no sentido de adaptação de
posturas municipais sobre o exercício da actividade comercial ao estatuído no presente
diploma e seus regulamentos.
Artigo 96º
(Entrada em vigor)
Este diploma entra em vigor 60 dias após a sua publicação.
Carlos Veiga – Alexandre Dias Monteiro.
Promulgado em 15 de Janeiro de 1999.
Publica-se.
O Presidente da Republica, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 15 de Janeiro de 1999.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.
ANEXO I
Tabela de secção de produto segundo a nomenclatura da CEDEAO (Sistema Harmo-
nizado) a que se refere ao Artigo 15º do Decreto-Lei n.º 5/99.
Secção I – Animais vivos e produtos do reino animal
Secção II – Produtos do reino vegetal
Secção III – Gorduras e óleos animais e vegetais; Produtos da sua dissociação; Gordu-
ras alimentares e elaboradas; Cera de origem animal ou vegetal

789
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1 de Fevereiro

Secção IV – Produtos das indústrias alimentares; Bebidas, líquidos alcoólicas e vina-


gres; Tabaco e seus sucedâneos manufacturados
Secção V – Produtos minerais
Secção VI – Produtos das industrias químicas ou das industrias conexas
Secção VII – Plástico e suas obras; Borracha e suas obras
Secção VIII – Peles, couros, pelos com pêlo e obras desta matérias; Artigos de correio
ou de seleiro; Artigos de viagem; Bolsas e artefactos semelhantes; obras de tripa
Secção IX – madeira, carvão vegetal e obras de madeira; cortiça e suas obras; obras de
exportaria ou de cestaria
Secção X – Pastas de madeiras ou de matérias fibrosas celulósicas; papeis ou cartão a
Reciclar (desperdícios e aparas); papel e suas obras
Secção XI – Matérias testeis e suas obras
Secção XII – Calçado, chapéus e artefactos de uso semelhante, guarda-chuvas, guar-
da- Sóis, bengalas chicotes e sua partes; penas preparadas e sua obras; Flores Artificiais;
Obras de cabelo
Secção XIII – Obras de pedra, gesso, cimento, amianto, mica ou de matérias semelhan-
tes; Produtos cerâmicos; vidro e suas obras
Secção XIV – Pérolas naturais ou cultivadas, pedras preciosas e semipreciosas seme-
lhantes, metais preciosos, metais folheados ou chapeados de metais preciosos, e suas obras;
Bijutaria; Moedas
Secção XV – Metais comuns e suas obras
Secção XVI – Máquinas e aparelhos, material eléctrico, e sua partes; Aparelhos de
Gravação ou reprodução de som, aparelhos de gravação ou de reprodução de imagens e de
som em televisão, e suas partes e acessórios
Secção XVII – Material de transporte
Secção XVIII – Instrumentos e aparelhos de óptica, fotografia ou cinematografia, me-
dida, controlo ou de precisão; Instrumentos e aparelhos médico-cirúrgicos; artigos de relo-
joaria; Instrumentos musicais; suas partes e acessórios
Secção XIX – Armas e munições; Suas partes e acessórios
Secção XX – Mercadorias e produtos diversos
Secção XXI – Objectos de arte, de colecção ou de antiguidades

790
Decreto-Lei nº 30/2009, de 17 de Agosto

XIV - PESSOAL DA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL


1.PESSOAL DIRIGENTE E DE CHEFIA

791
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

792
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho

PESSOAL DIRIGENTE
Decreto-Legislativo nº 13/97
De 1 de Julho
Ao abrigo da autorização legislativo conferida pelo artigo 6º da lei nº 4/V/96, de 2 de
Julho e
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do artigo 216º da Constituição, o Gover-
no decreta o seguinte.
CAPITULO I
Disposições gerais
Artigo 1º
(Âmbito)
1. O presente diploma estabelece o estatuto do pessoal dirigente da Função Pública e
equiparado.
2. O presente diploma aplica-se ao pessoal dirigente dos serviços civis simples da Ad-
ministração Central, dos Serviços personalizados do Estado e de outras pessoas colectivas
públicas cujo pessoal esteja sujeito ao regime da Função Pública.
3. O presente diploma é ainda aplicável, com as necessárias adaptações, ao pessoal
dirigente da Administração Autárquica em tudo quanto não esteja especialmente regulado
na legislação respectiva.
Artigo 2º
(Pessoal dirigente)
1. São considerados cargos de pessoal dirigente os de118:
a) Secretário Geral do Governo (nível VI);
b) Secretário Geral (nível V);
c) Director-Geral (nível IV);
d) Inspector-Geral (nível IV);
e) Director de serviço (nível III).
2. São ainda considerados cargos de pessoal dirigente os de titular de órgão singular de
cúpula ou de presidente de órgão colegial de cúpula dos serviços personalizados do Estado
e de outras pessoas colectivas públicas cujo pessoal esteja sujeito ao regime da Função
Pública.
3. São equiparados a pessoa dirigente os que como tal sejam considerados pelos res-
pectivos estatutos privativos.
118 Redação dada pelo Decreto-Legislativo n.º 4/98, de 19 de Outubro

793
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho

Artigo 3º
(Recrutamento)119
1. O recrutamento do pessoal dirigente dos níveis IV, V, VI, é feito nos termos do artigo
39º do Decreto-Lei n.º 86/92, de 16 de Julho.
2. O recrutamento do pessoal dirigente de nível III, é feito por escolha do membro
do Governo que superintende ou exerça tutela sobre o serviço ou pessoa colectiva a que o
cargo pertença sob a proposta do dirigente de nível IV, V ou VI de que aquele dependa di-
rectamente, de entre os melhores classificados em concurso de provas práticas específicas,
a regular por Decreto–Regulamentar que ainda não tenham sido recrutados.
3. Na falta de candidatos classificados em concurso, o recrutamento de pessoal diri-
gente de nível III poderá ser feito nos termos referidos no nº 1 do presente artigo.
Artigo 4º
(Provimento)
1. O pessoal dirigente é provido por contrato de gestão ou em comissão ordinária de
serviço, salvo disposição legal expressa em contrário.
2. Nos casos do nº 3 do artigo 3º o provimento far-se-á, obrigatoriamente por contrato
de gestão.
Artigo 5º
(Contrato de gestão)
1. Contrato de gestão, para efeito do presente diploma é o acordo pelo qual uma pessoa
se obriga, mediante retribuição, a exercer cargo de pessoal dirigente.
2. O dirigente contratado fica sujeito ao estatuto legal de gestor público em tudo quanto
não seja regulado no presente diploma.
3. O contrato é escrito, sendo a Administração representada pelo membro do Gover-
no da área do serviço interessado, está sujeito a parecer prévio dos membros do Governo
responsável pela área das Finanças e da Administração Pública e a visto de concordância
do Primeiro-Ministro, bem como as formalidades de provimento em cargo público, salvo o
visto prévio do Tribunal de Contas, incluindo a publicação em Boletim Oficial.
4. Do contrato devem, obrigatoriamente, constar a identificação das partes, a referên-
cia às disposições legais que o permitem e ao preenchimento pelo contratado dos requisitos
legais de recrutamento, o objecto, a retribuição e a duração bem como em anexo o progra-
ma de trabalho a cumprir pelo contratado120.
5. O contrato de gestão tem a duração máxima de três anos, prorrogáveis. Exceptuam-
se os casos previstos no nº 3 do artigo3º em que o contrato terá a duração máxima de um
ano, prorrogável, se mantiver a situação que justificou, até o total de três anos.
119 A redacção dos n.ºs 1 e 2 foi dada pelo Decreto-Legislativo n.º 4/98, de 19 de Outubro.
120 Redacção dada pela Lei n.º 37/VII/2009, de 2 de Março

794
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho

6. O contrato pode ser rescindido por qualquer das partes a todo o tempo com pré-aviso
mínimo de noventa dias ou com fundamento em justa causa que inviabilize a continuação
da relação laboral.
7. Constituem nomeadamente, justa causa de rescisão por parte da Administração:
a) Reiterada falta de interesse na promoção do correcto atendimento dos utentes
do serviço;
b) Não comprovação superveniente da capacidade de executar e garantir a ex-
ecução das orientações superiormente traçadas;
c) Não realização dos objectivos fixados;
d) Necessidade de imprimir nova orientação à gestão do serviço, de modificar as
politicas a prosseguir por este ou de tornar mais eficaz a sua actuação;
e) Não prestação de informação ou não prestação das mesmas quando considera-
das essenciais para o cumprimento da politica global do Governo.
f) Aplicação da sanção disciplinar.
8. O contrato cessa automaticamente:
a) Pela tomada de posse do contratado noutro cargo ou função, salvo nos
casos em que for permitida a acumulação de funções;
b) Por extinção ou reorganização da respectiva unidade orgânica;
c) Nos casos da mudança do membro do Governo de que o contratado de-
pende. Se no prazo máximo de 60 dias a contar da tomada de posse o
novo titular o não reconduzir no cargo.
9. Nos casos da rescisão pela Administração sem fundamento em violação grave de de-
veres, poderá ela prescindir do pré-aviso, desde que pague ao contratado importância cor-
respondente à remuneração pelo tempo que faltar para ao termo de contrato, em qualquer
caso nunca superior a três meses de retribuição ilíquida, sobre o qual serão descontados os
impostos devidos.
10. Se o contratado, findo o contrato, regressa ao seu quadro de origem em organismo
publico ou estabelecer relação de emprego com qualquer serviço, organismo ou empresa
públicos ou de capitais públicos ou maioritariamente públicos, a importância a pagar pela
Administração nos casos previstos no nº 8 corresponderá ao diferencial de retribuição entre
o cargo dirigente e o cargo para que o contratado regressa ou em que ingressa.
11. O disposto no nº 9 e 10 aplica-se nos casos de cessação do contrato previsto no nº 8.
12. Por Decreto-Lei será desenvolvido o regime jurídico de contrato de gestão de pes-
soal dirigente.

795
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho

Artigo 6º
(Comissão ordinária de serviço)121
1. O provimento de cargos de pessoal dirigente de nível IV, V e VI em comissão ordi-
nária de serviço faz-se por Resolução do Conselho de Ministros, sob proposta do membro
do Governo que superintenda ou exerça tutela no serviço ou pessoa colectiva a que o cargo
pertence.
2. O provimento de cargos do pessoal dirigente de nível III em comissão ordinária de
serviço faz-se por despacho do membro do governo que superintenda ou exerça tutela no
serviço ou pessoa colectiva a que o cargo pertence, sob proposta do dirigente de nível IV,
V ou VI de que o provendo irá depender directamente .
3. A comissão ordinária em cargo de pessoal dirigente tem a duração de três anos e é
renovável por iguais períodos
4. A comissão de serviço pode ser dada por finda pela Administração a todo o tempo,
com pré-aviso mínimo de quarenta e cinco dias ou com fundamento em justa causa que
inviabiliza a continuação da relação laboral.
5. Constituem nomeadamente, justa causa de cessação da comissão de serviço de pes-
soal dirigente os factos referidos no artigo 29º do Estatuto Disciplinar dos Agentes da Ad-
ministração Pública e no nº 7 do artigo 5º do presente diploma.
6. A comissão de serviço cessa automaticamente:
Pela tomada de posse do dirigente noutro cargo ou função, salvo nos casos em que for
permitida a acumulação de funções;
Por extinção ou reorganização da respectiva unidade orgânica;
Nos casos de mudança do membro do Governo de que o dirigente depende, se no prazo
máximo de 60 dias a contar da tomada de posse o novo titular o não reconduzir no cargo;
7. Nos casos em que a comissão seja dada por finda sem fundamento em justa causa,
deverá pagar ao comissionado uma importância correspondente a remuneração pelo tempo
que faltar para ao termo da comissão, em qualquer caso nunca superior a três meses de
retribuição ilíquida, sobre qual serão descontados os impostos devidos.
8. Se o comissionado, finda a comissão, regressa ao seu quadro de origem em organis-
mo público ou estabelecer relação de emprego com qualquer serviço, organismo ou em-
presa públicos ou de capitais públicos ou maioritariamente públicos, a importância a pagar
pela Administração nos casos previstos no nº 7 corresponderá ao diferencial de retribuição
entra o cargo dirigente e o cargo para que o comissionado regressa ou em que ingressa.
9. O disposto no nº 7 e 8 aplica-se nos casos de cessação da comissão de serviço pre-
visto no nº 6.
121 A redacção dos n.ºs 1 e 2 foi dada pelo Decreto-Legislativo n.º 4/98, de 19 de Outubro.

796
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho

10. Quando a comissão seja dada por finda a pedido do comissionado, poderá a Admi-
nistração prescindir do pré-aviso previsto no nº 4 e não ficará obrigada a pagar as impor-
tâncias previstas nos números 7 e 8.
Artigo 7º
(Substituição)
1. Salvo disposição legal expressa em contrário, os cargos dirigentes podem ser exer-
cidos em regime de substituição, por funcionário ou agente que preencha os requisitos a
que se refere o artigo 3º, enquanto durar a vacatura do lugar, por não provimento inicial ou
subsequente, bem como em caso de ausência ou impedimento do respectivo titular.
2. A substituição só é autorizada nos casos em que se preveja a duração dos condicio-
nalismos referidos no número anterior por período superior a sessenta dias, sem prejuízo
de, em todos os casos, deverem ser asseguradas as funções atribuídas ao cargo vago ou aos
dirigentes ausentes ou impedidos.
3. O prazo máximo de validade da substituição é de seis meses, podendo, porém, em
casos excepcionais ser prorrogado, mediante despacho conjunto do Primeiro-Ministro e do
Ministro que superintende ou exerce a tutela no serviço ou pessoa colectiva a que o cargo
pertence, até ao limite máximo de um ano.
4. A substituição cessa na data em que o cargo for provido por titular efectivo ou em
que o titular do cargo reinicie as suas funções ou, a qualquer momento, por decisão do Mi-
nistro referido no número anterior, ou ainda a pedido do substituto.
5. A substituição confere ao substituto os mesmos direitos e regalias atribuídos pelo
exercício do cargo ao substituído, incluindo a totalidade dos vencimentos e demais abonos
e impõe o cumprimento dos mesmos deveres enquanto durar a substituição.
6. A cessação da substituição não confere ao substituto o direito ao pagamento das
importâncias previstas nos artigos 5º e 6º por rescisão ou cessação de contrato ou comissão
de serviço.
Artigo 8º
(Comissão eventual de serviço)
A comissão eventual de serviço do dirigente por período superior a sessenta dias impli-
ca a caducidade do contrato de gestão ou da comissão ordinária de serviço.
Artigo 9º
(Garantia da imparcialidade)
O pessoal dirigente exerce funções em regime de exclusividade, aplicando-se-lhe o re-
gime de impedimento, suspeições, incompatibilidade e demais garantias de imparcialidade
em outras situações de conflito de interesse previsto no Decreto-Legislativo nº 2/95, de 20
de Junho, para os titulares de altos cargos públicos na Administração pública.

797
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho

Artigo 10º
(Estabilidade do emprego)
O pessoal dirigente não pode ser prejudicado no seu emprego público ou privado,
sendo-lhe assegurado o direito a:
a) Contagem do tempo de serviço como dirigente, para todos os efeitos, no quad-
ro de origem;
b) Progressão e promoção na carreira de origem, independentemente de con-
curso, enquanto durar o contrato de gestão ou a comissão de serviço;
Regressar ao lugar de origem ou aquele para que tiver progredido ou sido promovido
nos termos da alínea b), findo o contrato de gestão ou a comissão de serviço.
Artigo 11º
(Isenção do horário)
1. O pessoal dirigente é isento de horário de trabalho, não lhe sendo por isso devida
qualquer remuneração por trabalho prestado fora do horário normal.
2. A isenção prevista no número anterior implica a obrigatoriedade de, a qualquer
momento, comparecer ao serviço quando chamado e não dispensa a observância do dever
geral de assiduidade e pontualidade, nem o cumprimento da duração normal de trabalho.
Artigo 12º
(Retribuição)
O vencimento do pessoal dirigente deve atender às particulares exigências e responsa-
bilidades do cargo e os seus diferentes níveis.
Artigo 13º
(Secretário)
O pessoal dirigente de nível IV e V tem direito a um secretário escolhido de entre os
funcionários ou agentes da Administração pública, ao qual será abonada uma gratificação
mensal de quinze por cento sobre o respectivo vencimento.
Artigo 14º
(outros direitos e regalias)122
1. O pessoal dirigente de nível III, em efectividade de funções, tem direito a:
a) Ajudas de custos de deslocação compatíveis com a especial dignidade e re-
sponsabilidade do cargo;
b) Cartão especial de identificação;
c) Passaporte de serviço nas deslocações em missão oficial de serviço ao es-
trangeiro;
122 A redacção dos n.ºs 1, 2 e 3 foi dada pelo Decreto-Legislativo n.º 4/98, de 19 de Outubro.

798
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho

d) Preferência na aquisição de habitação própria no âmbito dos programas hab-


itacionais do Instituto de Fomento de Habitação;
e) Licença gratuita de uso e porte de arma de defesa quando o respectivo estatuto
privativo o conferir.
2. O pessoal dirigente de nível IV, V, em efectividade de funções, além dos direitos e
regalias referidos no número anterior, beneficia ainda de:
a) Acesso a crédito bonificado para aquisição de viatura própria, nos termos a
regulamentar;
b) Subsídio de compensação pelo uso da viatura própria em serviço, nos termos
a regulamentar;
c) Lugar destacado nas cerimónias oficiais, correspondentes ao cargo.
3. O pessoal dirigente de nível VI, em efectividade de funções, além dos direitos e
regalias referidos nas alíneas b), d) e e) do n.º 1 e no n.º 2, beneficia ainda de:
a) Ajudas de custos de deslocação de montante igual ao atribuído aos membros
do Governo;
b) Passaporte diplomático nas deslocações em missão oficial de serviço;
c) Uso pessoal de veículo do Estado;
d) Direito a habitar gratuitamente moradias do Estado;
e) Direito a escolher livremente um secretário.
Artigo 15º
(Formação)
Com vista ao aperfeiçoamento profissional dos dirigentes deve a Administração Públi-
ca assegurar a permanente actualização dos mesmos nos domínios das técnicas de gestão e
outros que influenciem mais directamente a rentabilidade e produtividade dos serviços e o
aperfeiçoamento progressivo da capacidade de desempenho da função dirigente.
Artigo 16º
(Deveres especiais)
Para além dos deveres gerais da sua condição de agente da Administração Pública, o
pessoal dirigente está especialmente sujeito aos seguintes deveres:
a) Executar de acordo com as orientações governamentais, o Programa do Gov-
erno, a Grandes Opções do Plano e os Planos de desenvolvimento;
b) Cumprir e fazer cumprir, rigorosamente a Constituição, as leis e os regula-
mentos em vigor;

799
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho

c) Respeitar, garantir e promover o respeito e a garantia do livre exercício dos


direitos e liberdades e o cumprimento dos deveres constitucionais e legais dos
cidadãos;
d) Assegurar e promover a eficácia, a eficiência, o prestígios e a dignidade da
unidade orgânica que dirige e da Administração Pública
e) Assumir plena e efectivamente os poderes inerentes ao cargo e não se abster
de agir em situações em que a sua acção se imponha;
f) Exercer o cargo com criatividade, iniciativa e espírito de participação activa
na realização dos objectivos da Administração Pública e na defesa dos direitos
e interessas do Estado e com lealdade institucional;
g) Promover e defender o prestígio e a autoridade do Estado e das suas institu-
ições;
h) Concorrer aos actos e solenidades oficiais em que deva estar presente por de-
ver da função;
i) Guardar segredo do Estado;
j) Guardar sigilo relativamente a factos de que tenha conhecimento no exercício
do cargo ou por causa dele, salvo autorização do titular de cargo político de
que depende;
k) Agir com isenção, imparcialidade e rigoroso apartidarismo político, no exer-
cício de funções;
l) Declarar as situações de incompatibilidade, de impedimento ou de conflito de
interesse em que se encontre e outras que possam comprometer a sua isenção
no exercício do cargo, abstendo-se de intervir nessas situações;
m) Agir disciplinarmente, nos termos da lei, relativamente às infracções dos seus
subordinados e participar às entidades competentes os crimes de que tenham
conhecimento no exercício de funções;
n) Não usar do cargo, nem informações a que tenha acesso no ou pelo exercício
do cargo, e não invocar a sua titularidade para favorecer interesses particulares
ilegítimos, próprios ou de terceiros;
o) Estar permanentemente disponível para as tarefas que lhe sejam cometidas,
ainda que fora do horário normal;
p) Assegurar e promover a urbanidade, respeito e correcção, a prestabilidade,
e o interesse a legalidade e a imparcialidade, a economia e a rapidez no at-
endimento às solicitações legítimas dos utentes, por parte dos serviços dele
dependentes;

800
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho

q) Elaborar os projectos de orçamento e de programa anual de actividade da uni-


dade orgânica que dirige, de conformidade com as directivas superiores;
r) Contactar as populações para auscultação das suas necessidades e opiniões e
para apreciação do impacto e da imagem dos serviços que dirige na sociedade;
s) Manter informado o seu superior hierárquico sobre todas as questões relevan-
tes relativas ao serviço;
t) Assegurar a circulação horizontal de informações dentro da unidade orgânica
que dirige e com as demais unidades integrantes do mesmo departamento gov-
ernamental;
u) Prestar conta nos termos da lei;
v) Apresentar, com a prioridade determinada pelo respectivo superior hierárqui-
co, e ao menos uma vez por semestre, um relatório de execução das activi-
dades programadas relevando os resultados alcançados com particular ênfase
sobre o funcionamento, organização e eficiência dos serviços e aos objectivos
e metas fixados no Programa de Governo e no Plano Nacional de Desenvolvi-
mento que lhes incumbam, formulando, em consequência, proposta para a
racionalização de estruturas, procedimentos e efectivos e redução dos custos;
x) Proceder na vida pública e privada de modo a dignificar o cargo e a prestigiar
o Estado de Cabo Verde e o exercício da função pública e política.
Artigo 17º
(Regime disciplinar)
1. Ao pessoal dirigente em regime de comissão ordinária de serviço ou de substituição
é aplicável o Estatuto Disciplinar dos agentes da Administração Pública.
2. Ao pessoal dirigente em regime de contrato de gestão é aplicável o disposto no es-
tatuto do gestor público, com as necessárias adaptações.
Artigo 18º
(Avaliação de desempenho)
1. O pessoal dirigente está sujeito a avaliação anual de desempenho pelo respectivo
superior hierárquico, de acordo com indicadores e nos termos e estabelecer por decreto-
regulamentar.
2. Na falta de avaliação específica e enquanto não for dado por terminado o contrato
ou a comissão, considera-se, para efeito de desenvolvimento na carreira que o desempenho
do dirigente é satisfatório.
Artigo 19º
(Responsabilidade)
1. O pessoal dirigente é responsável civil, criminal e disciplinarmente, nos termos
da lei.

801
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho

2. O pessoal dirigente responde pelo bom funcionamento dos serviços que dirige e pela
imparcialidade e legalidade dos actos que praticar.
3. O pessoal dirigente de nível IV, V, VI é ainda responsável pela execução das direc-
tivas da acção administrativa emanadas do Conselho de Ministros e do respectivo Minis-
tro123.
CAPÍTULO II
Competências
Artigo 20º
(Competência genérica)
1. Ao pessoal dirigente compete, genericamente o planeamento, a organização, a di-
recção e o controle de todos os recursos, designadamente humanos, financeiros e materiais
da unidade orgânica e seu cargo.
2. No exercício da sua competência de planeamento, incumbe ao pessoal dirigente,
nomeadamente:
Contribuir para a elaboração do plano e dos programas anuais do departamento gover-
namental em que se insere;
a) Elaborar e submeter a aprovação do respectivo superior hierárquico os progra-
mas anuais ou pluri-anuais de actividades da sua unidade orgânica, bem como
os respectivos relatórios de execução, nos termos do artigo 16º v) do presente
diploma;
b) Elaborar e apresentar a proposta do orçamento da sua unidade orgânica, bem
como participar na elaboração do orçamento anual do departamento governa-
mental em que se insere, de acordo com as directivas recebidas do respectivo
membro do Governo;
c) Elaborar os relatórios de execução do plano relativo ao sector respectivo.
3. No exercício das suas competências de organização, incumbe ao pessoal dirigente,
nomeadamente:
Assegurar uma divisão equilibrada do trabalho e responsabilidade entre membros da
sua unidade orgânica;
Promover una coordenação efectiva entre os membros da sua unidade orgânica e com
os responsáveis das outras unidades orgânicas do mesmo departamento governamental e de
outros serviços públicos, tendo em vista o funcionamento integrado da organização;
Estudar e propor regulamentos para o bom funcionamento dos serviços.

123 Redacção dada pelo Decreto-Legislativo n.º 4/98, de 19 de Outubro.

802
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho

4. No exercício das suas competências de direcção o pessoal dirigente decide sobre


tudo quanto respeita às atribuições de unidade orgânica a seu cargo e não seja legalmente
cometido e outras entidades, incumbindo-lhe nomeadamente:
a) Representar o serviço;
b) Assinar toda a correspondência da unidade orgânica;
c) Transmitir as ordens e directivas necessárias ao cumprimento das determi-
nações legais e superiores;
Assegurar a execução do programa de trabalho e sectorial e do orçamento
a) Emitir as ordens do serviço e instruções necessárias à consecução dos objec-
tivos do seu serviço;
b) Submeter a despacho os assuntos que dele careçam;
c) Fazer observar pelos serviços e pelos particulares a legislação aplicável;
d) Gerir os recursos humanos afectos à sua unidade orgânica de conformidade
com a lei aplicável, em coordenação com o serviço responsável pela gestão e
administração dos recursos humanos do sector;
e) Propor ao órgão responsável pela administração e gestão dos recursos hu-
manos o provimento e afectação de funcionários públicos da unidade orgânica
a seu cargo;
f) Autorizar a realização de despesas inscritas no orçamento e sobre verbas a ser
serviço e até ao montante de cinco vezes o vencimento do respectivo cargo;
g) Proceder, a avaliação de desempenho dos funcionários sob a sua depend-
ência;
h) Empossar o pessoal sob a sua dependência;
i) Justificar as faltas, nos casos em que a gestão de assiduidade não é centrali-
zada, comunicando o facto ao órgão responsável pela administração e gestão
dos recursos humanos;
j) Autorizar, em estreita articulação com o responsável pela administração e
gestão dos recursos humanos, o gozo de ferias;
k) Autorizar a participação dos funcionários ou agente sob a sua dependência
em estágios, seminários, cursos de formação de curta duração ou em outras
iniciativas semelhantes que decorram em território nacional;
l) Gerir de forma eficiente e eficaz o património e recursos materiais e financei-
ros afectos ao seu serviço.

803
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho

5. No exercício da sua competência de controlo, incumbe ao pessoal dirigente, nome-


adamente:
a) Adoptar medidas correctivas que entender adequadas para a melhoria do at-
endimento público, da produtividade e qualidade do trabalho prestado e da
eficácia e eficiência do serviço;
b) Exercer a acção disciplinar nos termos da lei;
c) Verificar o cabal cumprimento da lei pelos serviços e pelos particulares em
matéria da sua competência;
d) Verificar o cumprimento dos planos, programa e orçamento do seu serviço;
e) Proceder a avaliação regular das críticas, sugestões e reclamações feitas ao
serviço;
6. As competências constante das alíneas a), i), j), n), e o) do n.º 4 só podem ser exer-
cidas pelo pessoal dirigente de nível IV, V e VI.124
Artigo 21º
(Competência especifica do pessoal dirigente responsável pela administração)
Compete, nomeadamente, ao pessoal dirigente com função de administração:
1. Em matéria de gestão de recursos humanos e em articulação com órgão central do
sistema nacional de gestão de recursos humanos da Administração Pública.
a) Conceber, propor e executar o plano de gestão previsional de pessoal afecto
aos diversos serviços em função dos objectivos e prioridades fixados nos re-
spectivos programas de actividade;
b) Emitir parecer sobre os actos relativos à situação jurídico-funcional dos fun-
cionários e agentes, designadamente a nomeação, progressão, promoção,
transferência e exoneração:
c) Assegurar o expediente de publicação oficial de todos os actos administrativos
praticados no departamento governamental que o exijam;
d) Autorizar, nos termos da lei, a abertura de concursos, propor todos os actos
subsequentes, designadamente, a nomeação do júri, a homologação da lista
de classificação final e a promoção, emitir parecer nos recursos que eventual-
mente que eventualmente ocorram e assegurar o rigoroso cumprimento dos
prazos legais
e) Emitir parecer prévio à autorização de destacamentos, requisições, transferên-
cias permutas, reclassificação ou reconversão e outras formas de mobilidade
profissional e territorial, em estreita articulação com os dirigentes da unidade
orgânica a que pertence o funcionário interessado;
124 Redacção dada pelo Decreto-Legislativo n.º 4/98, de 19 de Outubro

804
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho

f) Celebrar, prorrogar e rescindir contratos de pessoal sob a sua dependência


e bem assim os relativos ao pessoal integrado em outras unidades orgâni-
cas após manifestação do interesse pelo respectivo dirigente e autorização do
membro do Governo de que dependa;
g) Autorizar a acumulação de férias;
h) Autorizar a apresentação dos funcionários e agentes à Junta de Saúde;
i) Conceder licença sem vencimento por período até noventa dias a pessoal
sob sua directa dependência e a pessoal de outras unidades orgânicas do
departamento governamental com acordo do respectivo dirigente de nível
IV, V e VI125.
j) Propor a aposentação dos funcionários e agentes do departamento governa-
mental ao membro do Governo de que dependa e praticar os actos subse-
quentes ao respectivo despacho, salvo no caso de aposentação compulsiva
k) Autorizar a reintegração no quadro após a licença de longa duração;
l) Autorizara a passagem de certidões de documentos arquivados na respecti-
va unidade orgânica, excepto quando contenham matéria confidencial, bem
como a restituição de documentos aos interessados;
m) Acompanhar o processo de avaliação de desempenho dos funcionários e
agentes do departamento governamental em que se insere
2. No domínios organizacional e em articulação com o órgão central do sistema nacio-
nal de gestão de recursos humanos de Administração Pública:
a) Conceber e propor os instrumentos de gestão necessários ao bom funciona-
mento dos serviços;
b) Estudar e propor a organização da administração, a simplicidade e a racionali-
zação dos procedimentos
3. Em matéria de gestão dos recursos materiais e patrimoniais e em articulação com o
órgão central do sistema nacional de gestão do património do Estado:
a) Gerir de forma eficaz e eficiente a utilização, manutenção e conservação dos
bens afectos ao departamento governamental em que se insere;
b) Elaborar e executar programas anuais e plurianuais de reequipamento de de-
partamento governamental em função das necessidades prevista e da evolução
tecnológica;
c) Superintender na utilização racional das instalações afectas ao departamento
governamental, bem como assegurar a sua manutenção e conservação;
125 Redacção dada pelo Decreto-Legislativo n.º 4/98, de 19 de Outubro

805
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho

d) Propor ao membro do Governo de que depende as medidas de correcção


necessárias à boa instalação dos serviços sempre que se verifiquem situações
de deterioração, insuficiência de espaço ou sua distribuição inadequada;
e) Assegurar uma gestão racional dos bens de consumo indispensáveis ao fun-
cionamento dos serviços do departamento governamental;
f) Providenciar pela elaboração de programa anual e aquisição de bens de con-
sumo correntes.
4. Em matéria de gestão orçamental e realização de despesas e em articulação com
órgão central do sistema nacional de gestão orçamental:
a) Assegurar uma gestão racional e eficiente do orçamento do departamento gov-
ernamental em que se insere a manter os restantes dirigentes informados sobre
as disponibilidades orçamentais relativas às despesas variáveis;
b) Elaborar e apresentar a proposta de orçamento do departamento governamen-
tal em que se insere, a partir das propostas de cada unidade orgânica;
c) Participar no processo de discussão do orçamento do departamento governa-
mental;
d) Elaborar o relatório de execução do orçamento do departamento governamental;
e) Assegurar o expediente necessário ao processamento de vencimento dos fun-
cionários e agentes do respectivo departamento governamental com base nos
mapas de assiduidade de cada unidade orgânica;
f) Praticar todos os actos subsequentes a autorização de despesas emergentes dos
actos a que se referem as alíneas i), j) e o) do nº 4 do artigo 20º do presente
diploma;
Artigo 22º
(Competência especifica do dirigente responsável por funções de inspecção)
Compete, nomeadamente, ao pessoal dirigente com funções de inspecção:
a) Verificar e acompanhar a correcta aplicação pelo departamento governamental
das normas de organização e funcionamento da Administração;
b) Verificar a racionalidade da organização administrativa, a utilização adequada
do pessoal e o funcionamento global dos serviços, tendo em conta as rec-
lamações e sugestões eventualmente apresentadas pelos utentes;
c) Informar ao membro do Governo de que depende e a entidade inspeccionada
dos resultados da inspecção ou inquérito, indicando todas as irregularidades
encontradas e fazendo proposta sobre procedimento a adoptar;
d) Comunicar ao dirigente responsável pela administração e, quando necessário,
ao departamento competente na matéria, cópia do relatório de inspecção na

806
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho

parte relativa às disfunções e procedimentos ineficientes do serviço eventual-


mente encontradas;
e) Comunicar, directamente, ao dirigente responsável pela gestão dos recursos
humanos todos os factos que poderão dar lugar a procedimento disciplinar;
f) Comunicar ao Ministério Público todos os factos de que tenha tomado con-
hecimento no exercício das funções ou por causa delas e que indiciem in-
fracção criminal;
g) Promover a remessa do relatório de inspecção aos membros do governo com-
petente sempre que, no decurso da inspecção, forem apurados factos que lhes
possam interessar ou que impliquem responsabilidades de funcionários deles
dependentes.
Artigo 23º
(Competência do dirigente afecto às funções de estudos e planeamento)
Compete, nomeadamente, ao dirigente responsável pelo serviço central de estudos e
planeamento:
a) Estudar e propor as orientações básicas sobre a estratégia de desenvolvimento
dos sectores abrangidos no âmbito de acção do departamento governamental
em que se insere, de harmonia com a estratégia global do desenvolvimento e
os objectivos definidos pelo Governo;
b) Coadjuvar os diversos serviços do departamento governamental na formação
das respectivas propostas de programação;
c) Colaborar com os órgãos centrais, sectoriais e regionais do sistema nacional
de planeamento;
d) Elaborar a proposta de relatório-sintese da execução do Plano Nacional de
Desenvolvimento relativos aos sectores abrangidos no âmbito de acção do
departamento governamental em que se insere.
Artigo 24º
(Avocação)
As competências próprias do pessoal dirigente poderão ser avocadas pelo membro do
Governo de que dependa, quando este o entender conveniente.
Artigo 25º
(Recurso)
Dos actos praticados pelo pessoal dirigente cabe recurso hierárquico necessário nos
termos legais.
Artigo 26º
(Competência delegada)
1. Os membros do Governo podem delegar competências administrativas próprias no
pessoal dirigente deles directamente dependentes.

807
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1 de Julho

2. O pessoal dirigente pode delegar ou subdelegar em todos os níveis de dirigentes dele


dependentes as competências próprias ou delegadas.
3. A subdelegação pressupõe a autorização expressa da entidade delegante no acto de
delegação.
4. Os despachos de delegação e subdelegação são publicados no Boletim oficial.
5. As delegações e subdelegações de competências são revogáveis a todo o tempo e
caducam com a mudança do delegante ou subdelegante ou com o termo da comissão ou do
contrato do delegado.
6. Às delegações e subdelegações previstas no presente diploma é aplicável, subsidia-
riamente o disposto no Decreto-Legislativo nº 2/95, de 20 de Junho.
CAPITULO III
Disposições diversas e finais
Artigo 27º
(Pessoal de quadro especial equiparado)
O pessoal de quadro especial dos níveis IV, V e IV é equiparado a pessoal dirigente
para efeito do disposto nos artigos 10º, 11º e 14º do presente diploma.
Artigo 28º
(Revogação)
Ficam revogados o Decreto-Lei nº 31/89, de 3 de Junho e toda a legislação que con-
traria o presente diploma.
Artigo 29º
(Entrada em vigor)
O presente diploma entra em vigor a 1 de Outubro de 1997.
Visto e aprovado em Conselho de ministros.
Carlos Veiga – António Gualberto do Rosário – José António Mendes dos Reis.
Promulgado em 27 de Junho de 1997.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
REFERENDADO EM 27 DE Junho de 1997.
O Primeiro-Ministro, Carlos Veiga.

808
Decreto-Lei nº 15-B/90 de 30 de Março

GESTOR PÚBLICO
Decreto-Lei nº 15-B/90
de 30 de Março
Ao abrigo da autorização legislativa concedida pelo artigo 6º da Lei nº 63/III/89, de
30 de Dezembro;
No uso da faculdade conferida pela alínea f) do nº 1 do artigo 75º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
(Aprovação)
É aprovado o Estatuto do Gestor Público que faz parte integrante deste diploma.
Artigo 2º
(Entrada em vigor)
O presente diploma entra em vigor no dia 1 de Julho de 1990.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Pedro Pires – João Pereira Silva – Osvaldo Lopes da Silva – Adão Rocha – Arnaldo
França.
Promulgado em 26 de Março de 1990.
Publique-se.
O Presidente da República, ARISTIDES MARIA PEREIRA.
Para ser presente à Assembleia Nacional Popular:
Estatuto do Gestor Público
CAPÍTULO I
Disposições gerais
…...…………………………………………………………………………………..126
Artigo 20º
(Proibição de exercício de actividades)
Os gestores públicos não podem por si ou interposta pessoa:
a) Exercer qualquer actividade privada remunerada ainda que em regime lib-
eral;
b) Ser director, gerente ou administrador de empresas comerciais, industriais ou
de serviços;

126 Os artigos que não constam deste diploma foram revogados pela Lei 104/V/99 de 12 de Julho.

809
Decreto-Lei nº 15-B/90 de 30 de Março

c) Ter interesses em empresas que possam comprometer a sua isenção no exercí-


cio de cargo.
A proibição a que se refere o número antecedente não abrange a produção de obras
científicas, literárias e artísticas.
Artigo 21º
(Declaração de interesses patrimoniais)
Antes do início das funções, os gestores públicos devem declarar os elementos do seu
activo e passivo patrimonial nos termos do Decreto nº 100/87, de 19 de Setembro.
A não apresentação culposa ou a inexactidão indesculpável das declarações determina,
alem do mais a exoneração do gestor público.
Artigo 22º
(Impedimento do gestor público)
O gestor público deverá declarar-se impedido de tomar posições no órgão a que se
pertence sempre que sejam adoptadas deliberações que afectem directa ou indirectamente
os seus interesses pessoais.
(....)
O Ministro-Adjunto do Ministro das finanças, Arnaldo França.
Referendado em 10 de Junho de 1996.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.

810
Decreto-Lei nº 21/99, de 26 de Abril

PERFIL DO DELEGADO MUNICIPAL


Decreto-Lei nº 21/99
de 26 de Abril
A criação de um Poder Local autêntico passa também por uma maior aproximação da
administração camarária às populações. Se é certo que a descentralização de atribuições e
competências para as Delegações Municipais, o que pressupõe uma certa capacidade téc-
nica da parte das mesmas
O Estatuto dos Municípios consagrou a figura do Delegado Municipal como unidade
de desconcentração da Administração Municipal, chefiada por um Delegado Municipal,
nomeado e exonerado pela Câmara Municipal, sob proposta do Presidente
Contudo, o artigo 156º do Estatuto dos Municípios remeteu para regulamentação pos-
terior a fixação da remuneração do Delegado Municipal, sem contudo fazer qualquer refe-
rência à definição do seu perfil.
Na perspectiva de primar pela qualidade do desenvolvimento daquelas funções, achou-
se conveniente definir um perfil adequado à importância do cargo e ao estatuto remunera-
tório.
Pretende-se, pois, que esta figura tenha experiência e habilitações académicas que o
permitam levar a bom termo as atribuições desconcentradas pela Câmara, pela Administra-
ção Central e Institucional, e isto, pressupõe que ao mesmo seja atribuído uma remunera-
ção compatível com o seu perfil e responsabilidades.
Assim, nos termos da alínea a), do nº 1, do artigo 216º da Constituição, o Governo
decreta o seguinte:
Artigo 1º
(Âmbito)
O presente diploma define o perfil e a competência do Delegado Municipal.
Artigo 2º
(Competência)
1. O Delegado Municipal dirige e coordena todas as actividades da Delegação Muni-
cipal, competindo-lhe exercer as competências delegadas pelos órgãos executivos munici-
pais.
2. Compete também ao Delegado Municipal exercer, nos termos da lei, as competên-
cias delegadas pela Administração do Estado, pelos Institutos Públicos e suas representa-
ções concelhias, nomeadamente:
a) Actos simples de registo civil e notariado;
b) Cobrança de impostos e taxas;

811
Decreto-Lei nº 21/99, de 26 de Abril

c) Venda de valores selados;


d) Depósito;
e) Venda e preenchimento de impressos oficiais;
f) Recepção e distribuição de correspondências;
g) Comunicações telefónicas;
h) Convocatórias e notificações.
3. Compete ainda ao Delegado Municipal colaborar com os serviços competentes nos
seguintes domínios:
a) Ordem Pública;
b) Ambiente, salubridade pública e protecção civil;
c) Abastecimento de água;
d) Urbanismo e habitação;
e) Acção social;
f) Educação, cultura, juventude e desporto;
g) Comércio;
h) Identificação e apresentação de propostas de projectos susceptíveis de serem
financiados pelo investimento obrigatório a realizar na área da Delegação Mu-
nicipal;
i) Zelar pelo cumprimento do código de posturas municipais.
Artigo 3º
(Perfil)
1. O Delegado Municipal é nomeado, nos termos da lei, em comissão de serviço, de
entre indivíduos que possuam o Curso do CENFA ou o Curso de Técnicos Profissionais
Municipais, reconhecidos por lei.
2. Do processo individual do nomeado deverá constar os documentos comprovativos
dos requisitos exigidos no número anterior, sob pena da nomeação não produzir efeitos.
Artigo 4º
(Disposições transitórias)
1. Salvo decisão em contrário das Câmaras Municipais os actuais Delegados Munici-
pais que não preencham os requisitos estabelecidos neste diploma manter-se-ão em funções
pelo período máximo de um ano a contar da data da publicação do presente Decreto-Lei.
2. Excepcionalmente e durante os próximos dois anos, o Delegado Municipal poderá
ser escolhido de entre os seguintes funcionários:

812
Decreto-Lei nº 21/99, de 26 de Abril

Da Administração Local Autárquica, com a categoria de técnicos adjuntos e que pos-


suam mais de 5 anos de experiência profissional;
Da Administração Central, habilitados com o 11º Ano dos Liceus mais 3 anos de ex-
periência profissional.
Artigo 5º
(Entrada em vigor)
Este diploma entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – Rui Figueiredo Soares.
Promulgado em 9 de Abril de 1999.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 13 de Abril de 1999.
O Primeiro- Ministro, Carlos Veiga.

813
Decreto-Regulamentar nº 3/98, de 2 de Março

REMUNERAÇÃO DO DELEGADO MUNICIPAL


Decreto-Regulamentar nº 3/98
de 2 de Março
Nos termos dos artigos 119º e 156º g) do estatuto dos Municípios aprovado pela Lei
nº 134/IV/95, de 3 Julho.
No uso da faculdade conferida pela alínea a) do nº 2 do Artigo 217 da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
(Remuneração do Delegado Municipal)
O delegado municipal a que se refere o artigo 118º do Estatuto do Municípios apro-
vado pela Lei nº 134/IV/95, de 3 de Julho aufere a remuneração base que for fixada pela
Assembleia Municipal, sob proposta da Câmara Municipal, não superior a 60% da remu-
neração base do Secretário Municipal.
Artigo 2º
(Entra em vigor)
O presente diploma entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – António Gualberto do Rosário – José António Mendes dos Reis.
Promulgado em 16 de Fevereiro de 1998.
Publica-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Promulgado em 18 de Fevereiro de 1998.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.

814
Decreto-Lei nº 5/98, de 9 de Março

PERFIL E REMUNERAÇÃO DO SECRETÁRIO MUNICIPAL


Decreto-Lei nº 5/98
de 9 de Março
Como o processo de descentralização em curso no país, os Municípios precisam, cada
vez mais, de estrutura administrativa dinâmicas, capazes de agir com eficiência e eficácia
na resolução dos problemas que se colocam diariamente aos seus órgãos.
Esta nova fase da vida dos Municípios exige do Secretário Municipal, qualidades téc-
nicas reconhecida as e uma actuação rigorosa de verdadeiro gestor, capaz de tomar decisões
no âmbito das competências próprias, delegadas ou subdelegadas.
O objecto é liberar o executivo municipal das questões administrativas quotidiana,
criando as condições para o pleno exercício das suas funções política e de representação,
sem prejuízo do funcionamento da máquina administrativa local.
Assim, nos termos do artigo 156º e) da Lei nº 134/IV/95, de 3 de Julho.
No uso da faculdade conferida pela alínea a) do nº 2 do artigo 216 da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
(Objecto)
O presente diploma define o perfil e a remuneração do Secretário Municipal.
Artigo 2º
(Funções)
1. O Secretário Municipal exerce funções sob orientação directa do Presidente da Câ-
mara Municipal, competindo-lhe:
a) Dirigir a gestão administrativa, financeira e patrimonial do Município e os
respectivos serviços;
b) Assegurar as funções de notário municipal;
c) Assegurar o secretariado da Câmara Municipal;
d) Exercer as funções, em matéria de gestão administrativa, financeira e pat-
rimonial, que lhe forem delegadas ou subdelegadas, nos termos da lei, pelo
Presidente da Câmara Municipal;
e) Exercer as demais funções definidas na lei e no regulamento de organização e
funcionamento dos serviços municipais.
2. Nos Municípios para os quais tenha sido transferida a liquidação e cobrança de
impostos locais, incumbe ainda ao secretário municipal exercer, relativamente à adminis-
tração fiscal municipal, as funções que a lei comete ao Secretário de Finanças na adminis-
tração fiscal do Estado.

815
Decreto-Lei nº 5/98, de 9 de Março

Artigo 3º
(Provimento)
1. O Secretário Municipal é nomeado por deliberação da Câmara Municipal, em co-
missão de serviço por três anos, sob proposta do Presidente da Câmara Municipal, de entre
os indivíduos que preencham cumulativamente os seguintes requisitos:
a) Ser habilitado com curso superior, que confira ou não grau de licenciatura;
b) Possuir idoneidade moral e experiência profissional documentalmente com-
provada em gestão administrativa, financeira e patrimonial.
2. Excepcionalmente, o Secretário Municipal pode ser recrutado de entre os funcioná-
rios ou agentes da Administração do Estado ou da Administração Municipal:
a) Com categoria não inferior a oficial principal ou equiparado e, pelo menos,
sete anos de exercício de funções de gestão administrativa, financeira ou patri-
monial com avaliação de desempenho não inferior a Bom em todos os anos;
b) Com formação técnico-profissional específica e não menos de quatro anos de
experiência em Administração Municipal, com avaliação de desempenho não
inferior a Bom em todos os anos.
3. A nomeação do Secretário Municipal está sujeita a visto do Tribunal de Contas.
4. Do processo de nomeação deverão constar documentos comprovativos dos requisi-
tos referidos nos números 1 ou 2, sob pena de não poder ser concedido o visto.
5. A comissão de serviço do Secretário Municipal é livremente renovável, cessando
automaticamente com o fim do mandato, com a dissolução da Câmara Municipal e com a
perda de mandato do Presidente da Câmara municipal.
6. Nos casos de cessação automática de funções prevista no número anterior, o Secre-
tário Municipal cessante manter-se-á em funções até à nomeação do seu substituto.
Artigo 4
(Remuneração
1. A remuneração base do Secretário Municipal é fixada pela Assembleia Municipal,
sob proposta da Câmara Municipal, não podendo ser superior à de pessoal de quadro espe-
cial de nível IV.
2. A remuneração base do Secretário Municipal é automaticamente actualizada sempre
que o seja a do pessoal de quadro especial nível IV e em idêntica percentagem.
Artigo 5º
(Disposição transitória)
Os actuais Secretários Municipais que não preencham os requisitos estabelecidos no
artigo 3º poderão manter-se em funções pelo período máximo de um ano a contar da entra-
da em vigor do presente diploma, sem prejuízo do disposto no nº 5 do referido artigo 3º.

816
Decreto-Lei nº 5/98, de 9 de Março

Artigo 6º
(Entrada em vigor)
O presente diploma entra em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – António Gualberto do Rosário – José António Mendes dos Reis.
Promulgado em 27 de Fevereiro de 1998.
Publica-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Promulgado em 4 de Março de 1998.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.

817
Decreto-Lei nº 5/98, de 9 de Março

818
Decreto-Lei nº 5/98, de 9 de Março

2. PESSOAL DO QUADRO ESPECIAL

819
Decreto-Lei nº 5/98, de 9 de Março

820
Decreto-Legislativo n.º 3/95, de 20 de Junho

PESSOAL DO QUADRO ESPECIAL


Decreto-Legislativo n.º 3/95
de 20 de Junho
Ao abrigo da autorização legislativa concedida pela Lei nº123/IV/95, de 20 de Março e;
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do n.º 2 do artigo 216º da Constituição,
o Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
O presente diploma define o estatuto do pessoal do quadro especial.
Artigo 2º
Fazem parte do pessoal de quadro especial os cargos constantes do mapa anexo I, do
qual constam os correspondentes níveis e que baixa assinado pelo Primeiro Ministro.
Artigo 3º
1. O pessoal do quadro especial é nomeado por livre escolha do titular de cargo políti-
co de que depende, em comissão de serviço.
2. Para tarefas especiais de elevada responsabilidade política ou que exijam especial
qualificação técnica, poderão o Presidente da República e o Primeiro Ministro recrutar
conselheiros especiais para os respectivos gabinetes, mediante contrato.
3. O despacho de nomeação e o contrato previstos no presente artigo estão isentos do
visto do Tribunal de Contas e produzem efeitos a partir da data da sua assinatura se outro
termo inicial não for expressamente indicado.
Artigo 4º
1. A comissão de serviço do pessoal de quadro especial:
a) Pode ser dada por finda a todo o tempo;
b) Cessa automaticamente com o fim do mandato ou a cessação de funções do
titular de cargo político correspondente.
2. O contrato a que se refere o n.º 2 do artigo 3º:
a) Considera-se estabelecido, se outro inferior não for expressamente fixado,
pelo prazo que faltar para o fim do mandato do titular do cargo político a que
corresponde;
b) Caduca, automaticamente, com o fim do mandato ou a cessação de funções do
titular de cargo político correspondente;
c) Pode ser livremente denunciado por qualquer das partes, independentemente
de justa causa e sem direito a qualquer indemnização ou compensação.

821
Decreto-Legislativo n.º 3/95, de 20 de Junho

3. A requisição para cargo de quadro especial não está sujeita aos prazos estabelecidos
na lei geral.
Artigo 5º
1. O pessoal de quadro especial exerce funções no gabinete do titular de cargo político
de que depende, assistindo-o, directa e pessoalmente no desempenho das suas funções, nos
termos livremente estabelecidos pelo mesmo.
2. Ao pessoal de quadro especial de nível IV ou superior poderão ser delegadas fun-
ções de representação, de acompanhamento, articulação ou coordenação de serviços e
funções de gestão administrativa corrente.
Artigo 6º
O pessoal do quadro especial está sujeito aos deveres gerais dos funcionários e agentes
do Estado, incumbindo-lhe, em especial:
a) Cumprir e fazer cumprir a Constituição, as leis e os regulamentos em vigor;
b) Exercer o cargo com zelo, dedicação, criatividade, iniciativa e lealdade;
c) Promover e defender o prestigio e a autoridade do Estado e das suas institu-
ições;
d) Concorrer aos actos e solenidade oficiais em que deva estar presente por dever
da função;
e) Guardar segredo de Estado;
f) Guardar sigilo relativamente a factos de que tenha conhecimento no exercício
do cargo ou por causa dele, salvo autorização expressa do titular de cargo
político de que depende;
g) Declarar as situações legais de incompatibilidade, de impedimento ou de con-
flito de interesses em que se encontre e outras que possam comprometer a sua
isenção no exercício do cargo, abstendo-se de intervir nessas situações.
h) Não usar o cargo, nem informações a que tenha acesso no ou pelo exercício
do cargo, nem invocar a sua titularidade para favorecer interesses particulares
ilegítimos, próprios ou de terceiros;
i) Estar permanentemente disponível para as tarefas que lhe sejam cometidas,
ainda que fora do horário normal;
j) Proceder na vida pública e privada de modo a dignificar o cargo e a prestigiar
o Estado de Cabo Verde e o exercício da função política e pública.
Artigo 7º
1. O pessoal de quadro especial exerce funções em regime de exclusividade, não po-
dendo desempenhar quaisquer outras funções públicas ou privadas, a título remunerado,
nem funções de representação profissional.

822
Decreto-Legislativo n.º 3/95, de 20 de Junho

2. Exceptua-se do disposto no nº1 o exercício de funções docentes ou de investigação


cientifica e técnica, mediante prévia autorização do titular de cargo político competente.
Artigo 8º
O pessoal de quadro especial de nível IV ou superior está ainda sujeito ao regime de
incompatibilidades e impedimentos aplicável aos titulares de altos cargos públicos.
Artigo 9º
O pessoal de quadro especial é responsável civil, criminal e disciplinarmente, nos
termos da lei geral.
Artigo 10º
1. O pessoal do quadro especial não pode ser prejudicado por virtude do exercício do
cargo nesse quadro, continuando a beneficiar de direitos adquiridos na colocação ou empre-
go de origem, no que respeita a concursos, promoções, e benefícios sociais.
2. O tempo de serviço prestado em cargo de quadro especial conta-se, para todos os
efeitos, como se tivesse sido prestado na colocação ou emprego de origem do titular.
3. Ao pessoal de quadro especial é assegurado o direito de regressar ao lugar de origem
ou àquele em que, na pendência do exercício do cargo de quadro especial, tenha sido pro-
vido ou integrado no quadro de origem, em entidade pública ou privada.
Artigo 11º
1. O pessoal de quadro especial é isento de horário de trabalho.
2. Ao pessoal de quadro especial de nível III ou superior não é devida qualquer retri-
buição por trabalho prestado fora do horário normal.
3. Ao pessoal do quadro especial de nível I e II, atribuir-se-á um subsídio de horário de
trabalho correspondente a 20% do vencimento base, à excepção dos condutores – auto127.
Artigo 12º
1. O vencimento do pessoal de quadro especial é estabelecido por decreto-lei e deve
atender às particulares exigências e responsabilidades do cargo e os seus diferentes níveis.
2. Nos casos previstos no n.º 2 do artigo 3º, o vencimento será estabelecido por acordo en-
tre o titular de cargo político e o contratado, não podendo, porém, ser superior ao de nível VI.
3. O pessoal de quadro especial poderá optar pelo vencimento do lugar de origem.

127 Redacção dada pelo Decreto-Legislativo nº 1/98, de 8 de Junho.

823
Decreto-Legislativo n.º 3/95, de 20 de Junho

Artigo 13º
O pessoal de quadro especial tem ainda direito a:
a) Ajudas de custo compatíveis com a especial dignidade do cargo, fixados por
decreto regulamentar, nas deslocações em missão oficial;
b) Cartão de identificação profissional;
c) Transporte entre a residência e o local de trabalho;
d) Passaporte de serviço quando em missão oficial no estrangeiro;
e) Ao mais favorável regime de previdência social da função pública, salvo opção
expressa pelo regime de que o agente beneficiava no seu quadro de origem.
Artigo 14º
1. O pessoal de quadro especial, cuja comissão ou contrato cesse por iniciativa da Ad-
ministração ou por cessação de mandato ou funções do respectivo titular de cargo político,
tem direito a:
a) Remuneração mensal completa do cargo, no mês em que ocorrer o fim da
comissão ou do contrato;
b) Compensação de valor correspondente à última remuneração mensal com-
pleta percebida.
2. A compensação prevista na alínea b) do n.º 1 será excluída se o agente for, até ao
termo do mês subsequente àquele em que tiver sido dada por finda a comissão ou contrato,
provido em cargo público cuja remuneração mensal seja igual ou superior ao montante da
referida compensação.
3. Se, até ao termo do mês subsequente àquele em que tiver sido dada por finda a co-
missão ou contrato, o agente for provido em cargo público cuja remuneração mensal seja
inferior à referida compensação, o montante desta será reduzida proporcionalmente.
Artigo 15º
1. Os militares investidos em cargos militares de quadro especial consideram-se, para
todos os efeitos, em comissão normal de serviço e em funções de Estado-Maior e são li-
vremente escolhidos pelo titular de cargo político respectivo de entre os militares com a
patente mínima estabelecida no quadro anexo I.
2. Para efeitos do disposto no presente diploma os cargos para que exigem as patentes
de major, capitão e tenente são equiparados aos níveis IV, III e II, respectivamente.
Artigo 16º
O disposto no presente diploma não prejudica outros direitos ou regalias do pessoal de
quadro especial estabelecidos por lei especial.

824
Decreto-Legislativo n.º 3/95, de 20 de Junho

Artigo 17º
É revogado o artigo 41º do Decreto-Lei 86/92, de 16 de Julho.
Artigo 18º
O presente diploma entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga — Mário Silva — António Gualberto do Rosário.
Promulgado em 20 de Junho de 1995.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 20 de Junho de 1995.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.
ANEXO I128
Cargos de quadro especial
CARGOS CIVIS

Cargo Nível

Chefe da Casa Civil do Presidente da República VII

Conselheiro do Presidente da República, do Presidente da Assembleia VI


Nacional e do Conselheiro do Primeiro Ministro
Directores de Gabinete do Presidente da República, do Presidente da VI
Assembleia Nacional e do Primeiro Ministro
Assessores especiais do Pesidente da República do Presidente da V
Assembleia Nacional e do Primeiro Ministro
Directores de Gabinete dos Ministros e Secretários de Estado IV
Assessores dos Ministros e Secretários de Estado IV
Secretário do Conselho de Ministros IV
Director de Protocolo do Presidente da República, do Presidente da IV
Assembleia Nacional e do Primeiro Ministro
Secretários executivos do Presidente da República do Presidente da IV
Assembleia Nacional e do Primeiro Ministro

Adjuntos de Gabinete do Presidente da República do Presidente da


III
Assembleia Nacional e do Primeiro Ministro

Secretários do Presidente da República, do Presidente da Assembleia III


Nacional e do Primeiro Ministro

128 Redacção dada pela Lei nº 6/VII/2007 de 22 de Janeiro.

825
Decreto-Legislativo n.º 3/95, de 20 de Junho

Comandante da Guarda Presidencial e comandantes da guarda pessoal do III


Presidente da Assembleia Nacional e do Primeiro Ministro
Secretários dos Ministros, dos Secretarios de Estado e dos membros da II
mesa da Assembleia Nacional

Condutor auto do Presidente da República do Presidente da Assembleia


I
Nacional, do
Primeiro Ministro, dos Ministros e Secretários de Estado e dos membros da
mesa da Assembleia Nacional

CARGOS MILITARES

Cargo Posto mínimo

Chefe do Serviço de Apoio Militar da Presidência da República Tenentecoronel


Ajudante de Campo do Presidente da República Capitão
Ajudante de Campo do Primeiro Ministro Capitão
Ajudante de Campo do Ministro da Defesa Tenente

826
Decreto-Lei nº 39/95, de 17 de Julho

TABELA SALARIAL DO PESSOAL DO QUADRO ESPECIAL


Decreto-Lei nº 39/95
de 17 de Julho
Ao abrigo do artigo 12º do Decreto-Legislativo nº 3/95, de 20 de Junho e
No uso da faculdade conferida pela alínea a) do nº 2 do artigo 216º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
A remuneração do pessoal de quadro especial é a constante da tabela anexa que baixa
assinada pelo Primeiro Ministro e faz parte integrante do presente Decreto-Lei.
Artigo 2º
O presente Decreto-Lei tem efeito retroactivo à data da entrada em vigor do Decreto-
Legislativo nº 3/95, de 20 de Junho.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – Mário Silva – p.s. Teófilo Figuiredo.
Promulgado em 12 de Julho de 1995.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 12 de Julho de 1995
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.
TABELA DE REMUNERAÇÃO DO PESSOAL DE QUADRO ESPECIAL
(Anexo )129
Nível Valor
VII 155.000$00
VI 149.018$00
V 121.422$00
IV 107.747$00
III 99.345$00
II 60.760$00
I 43.400$00

O Primeiro Ministro, Carlos Veiga

129 Redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 4/2008, de 21 de Janeiro.

827
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

828
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

3. INGRESSO E EVOLUÇÃO NA CARREIRA

829
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

830
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

LEI DE BASES DA FUNÇÃO PÚBLICA


Lei nº 42/VII/2009
de 27 de Julho
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta nos termos da alínea b) do artigo
174º da Constituição o seguinte:
CAPÍTULO I
Objecto e âmbito
Artigo 1°
Objecto
1. A presente Lei define as bases em que assenta o regime da Função Pública, estabe-
lecendo os seus princípios gerais.
2. A presente Lei define ainda, direitos, deveres, proibições éticas, responsabilidades e
garantias dos funcionários.
Artigo 2°
Âmbito objectivo
1. A presente Lei aplica-se à:
a) Administração Directa do Estado;
b) Administração Indirecta do Estado, cujo pessoal se reja pelo direito público;
c) Administração Local Autárquica;
2. A presente lei aplica-se ainda aos serviços e organismos que estejam na dependência
orgânica e funcional da Presidência da República, da Assembleia Nacional e das Institui-
ções Judiciarias.
Artigo 3°
Âmbito subjectivo
1. Fica abrangido pela presente Lei o pessoal que, exercendo funções nos serviços e
organismos do Estado ou das autarquias locais, se encontre sujeito ao regime de direito
público.
2. As disposições do presente diploma são também aplicáveis ao pessoal civil com
vinculação de direito público nas forças armadas e, bem assim, às forças de segurança, com
as adaptações decorrentes dos seus respectivos estatutos.
3. O presente diploma aplica-se ainda aos Magistrados Judiciais e do Ministério Públi-
co, nos termos estabelecidos nos respectivos Estatutos.

831
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

CAPÍTULO II
Princípios estruturantes da Função Pública
Artigo 4º
Missão da função pública
1. É missão da função pública:
a) A prestação de serviço à Nação, em conformidade com o disposto na lei;
b) A obtenção de maiores níveis de eficiência e eficácia da Administração Pú-
blica, dando uma maior atenção à cidadania e optimizando os recursos dis-
poníveis;
i A consideração do utente do serviço público como colaborador directo dos
funcionários no desempenho das tarefas comunitárias.
2. A função pública é desempenhada por um corpo de profissionais que, com subordi-
nação à hierarquia e disciplina, mediante retribuição, exercem funções próprias do serviço
de natureza permanente, sujeitos ao regime de direito público, ou transitórias, sujeitos ao
regime do contrato individual de trabalho.
Artigo 5º
Princípios de ordenação da função pública
A ordenação da função pública rege-se pelos seguintes princípios:
a) Actuação da Administração e dos seus órgãos e agentes ao serviço da cidada-
nia e do interesse público;
b) Submissão plena à lei e ao Direito;
c) Igualdade, mérito e capacidade no ingresso à função pública e no desenvolvi-
mento profissional;
d) Eficácia no planeamento e gestão dos recursos humanos;
e) Desenvolvimento e qualificação profissional permanente dos funcionários;
f) Avaliação e responsabilidade na gestão;
g) Ética profissional no desempenho do serviço público;
h) Continuidade e responsabilidade na prestação de serviços;
i) Eficácia e eficiência no serviço;
j) Gestão por objectivos;
k) Racionalização na utilização dos recursos;
l) Hierarquia na atribuição, ordenação e desempenho de funções e tarefas;

832
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

m) Coordenação, cooperação e informação entre os serviços e organismos da Ad-


ministração Pública em matéria de função pública;
n) Proibição da discriminação em razão de nascimento, origem racial ou étni-
ca, género, orientação sexual, religião ou convicções, opinião, incapacidade,
idade ou qualquer outra condição ou circunstância pessoal ou social;
o) Respeito pela vida privada dos servidores da Função Pública e ampla possibi-
lidade de defesa;
p) Participação dos funcionários na gestão dos assuntos que lhes digam respeito;
q) Negociação na fixação ou alteração das condições de trabalho na Função
Pública.
Artigo 6º
Objectivos da Administração Pública
Constituem objectivos da Função Pública:
a) Cultura do serviço público, orientada para os cidadãos e para uma eficaz gestão
pública que se paute pela eficácia, eficiência e qualidade da Administração Pú-
blica;
b) Prestigiar a Administração Pública;
c) Modernização e melhoria da qualidade dos serviços públicos;
d) Pleno aproveitamento e valorização dos recursos humanos;
e) Concepção e execução de políticas que visem o bem-estar social dos fun-
cionários e, bem assim, dos respectivos agregados familiares;
f) Assegurar a mobilidade profissional e territorial dos funcionários, visando op-
timizar o aproveitamento dos seus efectivos e o apoio à política de descentrali-
zação e regionalização.
Artigo 7º
Valores éticos da função pública
1. São valores éticos da função pública:
a) A legalidade;
b) A finalidade;
c) A motivação;
d) A probidade e a moralidade;
e) A imparcialidade;
f) A transparência;

833
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

g) A racionalidade;
h) A proporcionalidade;
i) A não discriminação;
j) A segurança jurídica;
k) A responsabilidade profissional;
l) O respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos e a garantia da
ampla defesa dos particulares.
2. A Administração Pública fomenta modelos de conduta dos funcionários que inte-
grem os valores éticos referidos no número anterior e, bem assim, o profissionalismo e
a urbanidade no desempenho do serviço público, em particular nas suas relações com os
cidadãos.
Artigo 8°
Deontologia do funcionário
1. No exercício das suas funções, os funcionários estão exclusivamente ao serviço do
interesse público, definido pelos órgãos competentes e subordinados à Constituição e à lei,
devendo agir com especial respeito pelos princípios de justiça, imparcialidade e proporcio-
nalidade, na observância pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos particulares
e igualdade de tratamento de todos os utentes, bem como ter uma conduta responsável e
actuar com observância dos valores éticos referidos no artigo anterior, de forma a assegurar
o respeito e confiança da sociedade.
2. A vinculação exclusiva ao interesse público não afecta ou limita a vida privada do fun-
cionário ou o exercício dos seus direitos quando fora do exercício das respectivas funções.
3. O funcionário, porque integrado numa estrutura administrativa, deve ter sempre
presente que isso o vincula à função pública e o obriga a prestigiá-la e a defendê-la, desig-
nadamente na preservação dos seus valores éticos e da sua coesão, unidade e disciplina.

CAPÍTULO III
Princípios sobre garantias de imparcialidade
Artigo 9º
Finalidade e modalidade
1. As garantias de imparcialidade visam salvaguardar o exercício independente de uma
função pública, evitando que do seu exercício possam decorrer suspeições de favorecimen-
to na actuação do funcionário.
2. Os funcionários, bem como o pessoal dirigente e do quadro especial, estão sujeitos ao
regime de incompatibilidades, impedimentos e suspeições previstos nas disposições regulado-
ras de conflitos de interesses resultantes do exercício de funções públicas definidas em lei.

834
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

Artigo 10º
Regime de exclusividade e da não acumulação de funções públicas
1. As funções públicas são, em regra, exercidas em regime de exclusividade.
2. O exercício de funções apenas pode ser acumulado com o de outras funções públicas
quando haja na acumulação manifesto interesse público, não exista incompatibilidade entre
elas e, em regra, não sejam remuneradas.
3. As acumulações remuneradas dependem de despacho do Primeiro-Ministro, me-
diante proposta conjunta dos dirigentes máximos dos órgãos responsáveis pelos respecti-
vos serviços em acumulação.
Artigo 11º
Acumulação com funções privadas
A título remunerado ou não, o exercício de funções públicas, não pode ser acumulado
com funções ou actividades privadas concorrentes com aquelas ou que com elas sejam
conflituantes, ainda que por interposta pessoa, mesmo quando estas últimas sejam não re-
muneradas.
Artigo 12º
Interesse no procedimento
1. Os funcionários não podem prestar a terceiros, por si ou por interposta pessoa, em
regime de trabalho autónomo ou subordinado, serviços no âmbito do estudo, preparação
ou financiamento de projectos, candidaturas ou requerimentos que devam ser submetidos à
sua apreciação ou decisão ou à de órgãos ou unidades orgânicas colocados sob sua directa
influência.
2. Os funcionários não podem beneficiar, pessoal e indevidamente, de actos ou tomar
parte em contratos em cujo processo de formação intervenham órgãos ou unidades orgâni-
cas colocados sob sua directa influência.
CAPÍTULO IV
Princípios de direcção, gestão e coordenação
da função pública
Artigo 13º
Direcção da função pública
O Governo exerce a direcção superior da função pública, cabendo-lhe, nessa qualida-
de, nomeadamente:
a) Definir políticas gerais de recursos humanos para a Administração Pública;
b) Definir políticas de remuneração para os funcionários;
c) Estabelecer os critérios técnicos e financeiros, no âmbito das negociações
colectivas.

835
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

Artigo 14º
Gestão da função pública
1. No exercício da função pública, o Governo pratica todos os actos administrativos
respeitantes aos funcionários da Administração Directa do Estado, sem prejuízo da compe-
tência conferida por lei aos demais Órgãos de Soberania.
2. Compete aos titulares dos cargos de direcção superior da Administrações Pública,
independentemente do exercício dos poderes que neles forem delegados, gerir os recursos
humanos da função pública nos termos estabelecidos por lei ou acto normativo do Governo
e, nomeadamente, praticar:
a) Actos que constituem mera disciplina do exercício de direitos conferidos le-
galmente;
b) Actos que postulam o contacto directo com o funcionário;
c) Actos que, ainda, surgem como mera consequência de outros actos jurídicos
cuja competência própria pertence ao Governo.
Artigo 15º
Coordenação das administrações
Em ordem a garantir o exercício harmónico de suas atribuições em matéria de função pú-
blica, o Estado e as Autarquias Locais devem actuar de acordo com os seguintes princípios:
a) Respeito pelo exercício de respectivas atribuições;
b) Coordenação;
c) Cooperação, assistência e reciprocidade;
d) Intercâmbio de informação.
Artigo 16º
Comissões paritárias consultivas
Devem ser instituídas Comissões Paritárias, de natureza consultiva, para a gestão de
assuntos que digam respeito, nomeadamente, ao acesso, mobilidade e à disciplina dos fun-
cionários, em ordem à efectiva promoção da participação destes nas tomadas de decisão
sobre assuntos que respeitem ao seu vínculo na relação de emprego público.
CAPÍTULO V
Responsabilidades e garantias
Artigo 17º
Princípios gerais de amovibilidade e responsabilidade
1. Os funcionários são, em regra, livremente amovíveis, em função do interesse públi-
co, nos termos da lei.

836
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

2. Os funcionários são responsáveis civil, criminal e disciplinarmente, pelas suas ac-


ções e omissões de que resulte a violação de direitos ou interesses legalmente protegidos,
bem como pelas informações que prestarem e pela demora na prestação delas.
3. A responsabilidade disciplinar é independente da responsabilidade criminal, salvo
se respeitar a factos que sejam simultaneamente infracção disciplinar e crime.
4. A responsabilidade civil e criminal é apreciada nos termos da lei geral.
Artigo 18º
Garantias fundamentais dos funcionários face à Administração
1. No exercício das suas funções os funcionários têm, face à Administração, as seguin-
tes garantias fundamentais:
a) Os meios graciosos de impugnação;
b) O recurso contencioso e demais vias jurisdicionais;
c) O exercício individual ou colectivo do direito de petição;
d) Quaisquer outras resultantes dos preceitos constitucionais, bem como de out-
ras normas, gerais ou especiais, aplicáveis.
2. Os funcionários não podem ser beneficiados ou prejudicados em virtude das suas
opções politico-partidárias ou do exercício dos seus direitos estabelecidos na Constituição
ou na lei.
3. Os funcionários não podem beneficiar ou prejudicar outrem, em virtude das suas
opções politico-partidárias ou do exercício dos seus direitos estabelecidos na Constituição
ou na lei;
4. Nenhum funcionário pode ser prejudicado, beneficiado, isento de um dever ou pri-
vado de qualquer direito em virtude dos direitos de associação sindical ou pelo exercício
da actividade sindical.
5. Os membros dos corpos gerentes e os delegados sindicais, na situação de candida-
tos, já eleitos e até dois anos após o fim do respectivo mandato, não podem ser transferidos
do local de trabalho sem o seu acordo expresso e sem audição da associação sindical res-
pectiva.
6. O disposto no número anterior não é aplicável quando a transferência resultar de
extinção do serviço, for uma implicação inerente ao desenvolvimento da respectiva carreira
ou decorrer de normas legais, de carácter geral e abstracto, aplicáveis a todo o pessoal.
Artigo 19º
Responsabilidade e garantias disciplinares
1. Os funcionários são disciplinarmente responsáveis perante a Administração Pública,
representada para o efeito pela respectiva hierarquia, pelas acções ou omissões que lhes

837
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

sejam imputáveis e que hajam praticado com infracção dos deveres gerais ou especiais
estabelecidos nas leis e disposições aplicáveis.
2. O funcionário condenado por facto criminal, sem relação com as respectivas fun-
ções públicas que exerce, não deve ser igualmente passível de sanções disciplinares por
esse mesmo facto, a menos que tal ponha em causa a sua idoneidade para o exercício das
respectivas funções, enquanto funcionário.
3. O poder disciplinar deve ser exercido de acordo com os seguintes princípios:
a) Princípio de legalidade e tipicidade das sanções, através da pré-determinação
normativa;
b) Princípio de atipicidade das faltas;
c) Princípio de irretroactividade das disposições sancionadoras não favoráveis e
de retroactividade das favoráveis ao presumível infractor;
d) Princípio de proporcionalidade, aplicável tanto à classificação das infracções
e sanções como à sua aplicação;
e) Princípio de culpabilidade;
f) Princípio de presunção da inocência.
2. O processo disciplinar estrutura-se atendendo aos princípios de eficácia, celeridade
e economia processual, com pleno respeito aos direitos e garantias de defesa do presumível
responsável, bem como pelo princípio de separação entre a fase instrutora e a fase sancio-
nadora, a cargo de órgãos distintos.
3. As penas são sempre aplicadas precedendo apuramento dos factos em processo dis-
ciplinar, salvo nos casos de aplicação de penas leves, neste caso preservado o princípio do
contraditório.
4. O alcance de cada pena estabelece-se tendo em conta o grau de intencionalidade,
a negligência que se revele na conduta, o dano ao interesse público, a reincidência, assim
como o grau de participação.
5. O regime de infracções disciplinares, as penas e os seus efeitos, a competência
disciplinar, a prescrição das faltas e sanções e os processos disciplinares, de inquérito, de
sindicância e de meras averiguações são estabelecidas na lei.
CAPÍTULO VI
Princípios sobre negociação colectiva
e a participação
Artigo 20º
Direitos de negociação colectiva e de participação
1. São reconhecidos aos funcionários os direitos de negociação colectiva e de partici-
pação, através das suas associações sindicais, na fixação ou alteração do seu estatuto, bem
como no acompanhamento da sua execução.

838
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

2. Considera-se negociação colectiva a negociação efectuada entre as associações sin-


dicais e a Administração Pública das matérias relativas àquele estatuto, com vista à obten-
ção de um acordo.
3. A estrutura, atribuições e competências da Administração Pública, bem como as
condições de emprego do pessoal dirigente e do pessoal do quadro especial não podem ser
objecto de negociação colectiva ou de participação.
4. O acordo, total ou parcial, que for obtido consta de documento autónomo subscrito
pelas partes e obriga o Governo a adoptar as medidas legislativas ou administrativas ade-
quadas ao seu integral e exacto cumprimento, no prazo máximo fixado na lei, sem prejuízo
de outros prazos que sejam acordados.
Artigo 21º
Legitimidade das organizações sindicais
Os direitos de negociação colectiva e de participação, no que diz respeito às organiza-
ções sindicais, apenas podem ser exercidos através daquelas que, nos termos da lei, repre-
sentam interesses dos funcionários.
Artigo 22º
Cláusula de salvaguarda
A Administração Pública e as associações sindicais devem assegurar a apreciação,
discussão e resolução das questões colocadas numa perspectiva global e comum a todos os
serviços e organismos da Administração Pública no seu conjunto, respeitando o princípio
da prossecução do interesse público e visando a dignificação da função pública e a melhoria
das condições socio-económicas dos funcionários.
Artigo 23º
Interlocutor
1. O interlocutor pelo Estado nos procedimentos de negociação colectiva e de partici-
pação é o Governo, representado por um ou mais dos seus membros.
2. Na Administração Local Autárquica o interlocutor é o Presidente da Câmara Muni-
cipal, o qual intervém por si ou através de representantes.
CAPÍTULO VII
Princípios gerais de emprego na função pública
Artigo 24°
Carreira e emprego
1. As funções públicas que correspondam a necessidades próprias dos serviços devem
ser asseguradas com carácter de subordinação e hierarquia, em regime de carreira ou em
regime de emprego.

839
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

2. Deve ser assegurado, em regime de carreira, o desempenho de funções públicas que


exijam um elevado nível de formação técnica ou académica e correspondam a necessidades
permanentes.
3. O desempenho de funções públicas que não exijam um elevado nível de formação
técnica ou académica, ou não correspondam a necessidades permanentes dos serviços, deve
ser sempre assegurado em regime de emprego.
Artigo 25º
Modos de vinculação à Função Pública
1. As relações jurídicas de vinculação à Função Pública constituem-se por nomeação,
no regime de carreira e por contrato de trabalho em funções públicas, no regime de empre-
go, doravante designado contrato.
2. A nomeação é um acto unilateral da Administração, cuja eficácia está condiciona-
da à aceitação por parte do nomeado e pelo qual se visa o preenchimento de um lugar do
quadro.
3. O contrato é um acto bilateral, nos termos do qual se constitui uma relação transitó-
ria de emprego público, a termo certo, submetido ao regime jurídico de trabalho por conta
de outrem, com as devidas adaptações decorrentes da presente lei.
4. Quando se trate do exercício de cargos permanentes, não inseridos em carreiras, de-
signadamente dos dirigentes, bem como da frequência de curso de formação específico ou
da aquisição de certo grau académico ou de certo título profissional antes do período expe-
rimental com que se inicia a nomeação, a relação jurídica de emprego público constitui-se
ou modifica-se em regime de comissão de serviço.
Artigo 26º
Condições gerais
1. São requisitos para o ingresso na Administração Pública:
a) Nacionalidade Cabo-verdiana, quando não dispensada pela Constituição, con-
venção internacional ou lei especial;
b) Idade não inferior a 18 anos;
c) Robustez física e perfil psíquico indispensáveis ao específico exercício da re-
spectiva função;
d) Não estar inibido do exercício de funções públicas ou não estar interditado
para o exercício daquelas que se propõe desempenhar;
e) Habilitações literárias legalmente exigidas.
2. Para o exercício de determinadas funções podem exigir-se requisitos especiais, de-
signadamente, de idade.

840
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

3. Quando previsto em lei especial, nos termos nela estabelecidos, a não reunião super-
veniente de qualquer dos requisitos previstos nos números anteriores faz cessar a relação
jurídica de emprego na Função Pública.
Artigo 27º
Exercício de funções públicas por cidadãos estrangeiros e apátridas
1. As funções públicas de carácter predominantemente técnico podem ser exercidas
por cidadãos estrangeiros e apátridas, nas condições definidas na lei.
2. Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se funções de carácter
predominantemente técnico aquelas que exigem habilitação profissional ou académica
especializada, desde que não existam, na ocasião do recrutamento para o seu exercício,
nacionais com semelhantes aptidões e não se destinem ao desempenho de funções de au-
toridade.
Artigo 28º
Idade máxima de ingresso e permanência
na função pública
1. Os indivíduos que tenham completado 35 anos de idade não podem ingressar na
função pública para serem providos em lugares correspondentes a categoria inferior ao de
pessoal da carreira técnica ou equiparada, salvo se à data da constituição da relação jurídica
de emprego já desempenhavam outras funções no Estado ou noutras pessoas colectivas de
direito público com direito à aposentação, com idade inferior àquela e desde que a transição
se faça sem interrupção de serviço.
2. Não podem continuar a exercer funções públicas os funcionários que completem 65
anos de idade.
Artigo 29º
Modificação e suspensão da relação jurídica
de emprego público
A relação jurídica de emprego pode, a todo o tempo e sem prejuízo das situações fun-
cionais de origem, ser modificada ou suspensa, nos termos da lei.
Artigo 30º
Extinção da relação jurídica de emprego público
A relação jurídica de emprego público dos funcionários cessa nos termos da lei.
Artigo 31º
Conservação de direitos à contagem de tempo de serviço
A cessação definitiva de funções, mesmo que imposta com fundamento em infracção
disciplinar, não determina a perda de direitos à contagem do tempo de serviço anterior para
efeitos de aposentação.

841
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

CAPÍTULO VIII
Situações administrativas decorrentes
da relação de emprego na função pública
Artigo 32º
Situações administrativas
1. Os funcionários podem encontrar-se, relativamente à função pública que exercem,
nas seguintes situações:
a) Actividade no quadro;
b) Actividade fora do quadro;
c) Inactividade no quadro;
d) Inactividade fora do quadro;
e) Disponibilidade;
f) Pré-aposentação;
g) Aposentação.
2. O funcionário na situação de disponibilidade transita para o quadro de supranumerá-
rio, a criar no departamento governamental responsável pela Administração Pública.
3. O funcionário afecto ao quadro supranumerário pode ter um dos seguintes destinos:
a) Passagem à actividade;
b) Reconversão ou reclassificação;
c) Opção por medidas excepcionais de descongestionamento da função pública:
i) Aposentação voluntária;
ii) Pré-aposentação;
iii) Desvinculação da função pública mediante indemnização;
iv) Desvinculação da função pública mediante integração em programa de
qualificação profissional para o desenvolvimento do sector público;
v) Licença especial.
CAPÍTULO IX
Contrato de prestação de serviço
Artigo 33º
Prestação de serviço
1. Podem ser celebrados contratos de prestação de serviço, sujeitos ao regime previsto
no Código Civil para o exercício de actividades da competência de órgãos e serviços da
Administração.

842
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

2. A celebração de contratos de prestação de serviço apenas pode ter lugar quando,


cumulativamente:
a) Se trate da execução de trabalho não subordinado, para a qual se revele in-
conveniente o recurso a qualquer modalidade da relação jurídica de emprego
público;
b) O trabalho seja realizado, em regra, por uma pessoa colectiva, ou se trate de
desempenho de actividades específicas das profissões liberais;
c) Se comprove estarem regularizadas as suas obrigações fiscais e para com a
Segurança Social.
3. A pessoa colectiva referida na alínea b) do número anterior responde pelos danos
que os seus trabalhadores causarem à Administração e a terceiros, nos termos da lei.
CAPÍTULO X
Direitos, princípios, deveres e proibições éticas dos funcionários
Artigo 34º
Atribuição de direitos, liberdades e garantias constitucionais
dos trabalhadores aos funcionários
1. Os funcionários gozam dos direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores previs-
tos na Constituição, sem prejuízo do disposto nos números seguintes.
2. São admissíveis regimes legais especiais quanto ao exercício de alguns direitos
fundamentais por parte dos funcionários, nos casos e na medida em que tal seja exigido
pela peculiar natureza de certos serviços públicos e desde que não traduzam em qualquer
compressão essencial da esfera de protecção constitucional do respectivo direito.
3. A ausência, por exercício de direito à greve, rege-se por lei especial, considerando-
se justificada a ausência ao serviço.
4. A ausência a que se refere o número anterior implica, sempre, a perda de remune-
ração correspondente, não se descontando porém, a respectiva falta, para efeitos de anti-
guidade nem no cômputo do período de férias, que também não afecta economicamente o
respectivo regime de prestação social.
Artigo 35º
Direitos individuais
1. Os funcionários têm os seguintes direitos de carácter individual:
a) Ao desempenho efectivo das funções ou tarefas próprias da sua categoria e de
acordo com a evolução alcançada na sua carreira profissional;
b) A evolução na carreira profissional segundo princípios de igualdade, mérito e
capacidade, mediante a implantação de sistemas objectivos e transparentes de
avaliação;

843
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

c) A percepção de justa remuneração pelo serviço prestado;


d) A reparação e indemnização por danos sofridos por motivo de serviço;
e) A participação na prossecução dos objectivos atribuídos à unidade organiza-
cional onde prestam seus serviços, bem como à informação pelos seus imedia-
tos superiores hierárquicos de tarefas e trabalhos a desempenhar;
f) Ao estabelecimento de medidas que favoreçam a conciliação da prestação do
serviço público com a vida pessoal e familiar;
g) A receber por parte da Administração Pública protecção eficaz em matéria de
segurança, higiene e saúde no trabalho;
h) Ao patrocínio judiciário e assistência jurídica, na modalidade do pagamento
de custas, por conta da Administração Pública, sempre que, cumulativamente,
no exercício e por causa do exercício das suas funções;
i) A justificação de faltas;
j) Ao gozo de férias e licenças;
k) A um regime de segurança social que lhes garanta, a si e aos seus familiares,
com efectividade, a assistência e previdências sociais;
l) A aposentação por limite de idade ou por virtude de invalidez decorrente de
acidente ou doença adquirida no serviço;
m) Ao respeito de sua intimidade, própria imagem e dignidade no trabalho;
n) A não ser discriminado;
o) A ser tratado com respeito e consideração pelo superior hierárquico;
p) A consultar o seu processo individual;
q) A queixar-se contra o seu superior hierárquico;
r) Não ser disciplinarmente punido sem ser previamente ouvido em processo
disciplinar, nos termos do número 5 do artigo 19º;
s) A livre associação profissional;
t) Aos demais direitos reconhecidos pela lei.
2. O pessoal dirigente e o pessoal do quadro especial gozam, independentemente do
seu vínculo de origem, dos direitos reconhecidos aos funcionários do serviço ou organismo
em que exerça funções que sejam compatíveis com o seu estatuto.
3. Os funcionários, quando aposentados, têm os direitos individuais estabelecidos na
respectiva lei.

844
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

Artigo 36º
Direitos individuais exercidos colectivamente
1. Os funcionários têm os seguintes direitos individuais exercidos colectivamente:
a) A liberdade sindical;
b) A actividade sindical;
c) A negociação colectiva e à participação na fixação ou alteração do seu es-
tatuto;
d) De reunião e manifestação;
e) Ao exercício do direito à greve, com a garantia de manutenção dos serviços
mínimos à comunidade;
f) Participação na composição dos órgãos de direcção das instituições de seg-
urança social e da acção social complementar;
g) Aos demais, expressamente reconhecidos pela lei.
2. É reconhecida às associações sindicais dos funcionários, legitimidade processual
para defesa dos direitos e interesses colectivos e para a defesa colectiva dos direitos e inte-
resses individuais legalmente protegidos dos funcionários que representem;
3. A defesa colectiva dos direitos e interesses individuais legalmente protegidos pre-
vista no número anterior não pode implicar limitação da autonomia individual dos funcio-
nários.
Artigo 37º
Princípios de actuação
Sem prejuízo do disposto em outras leis, os funcionários actuam de acordo com os
seguintes princípios:
a) Legalidade, consubstanciada na adequação da sua conduta para o respeito à
Constituição e pelas leis, agindo no cumprimento dos procedimentos admin-
istrativos no estrito respeito às disposições legais e regulamentares;
b) Probidade, consistente na actuação com rectidão, honradez e honestidade,
procurando satisfazer o interesse geral e prescindindo-se de todo o ilegítimo
proveito ou vantagem pessoal, obtido por si ou por interposta pessoa;
c) Eficiência, consistente em imprimir qualidade em cada uma das funções a seu
cargo, procurando obter uma capacitação sólida e permanente;
d) Idoneidade, consistente na aptidão técnica, legal e moral para o exercício da
função pública, e na permanente capacitação para o adequado cumprimento
de suas funções;

845
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

e) Veracidade, consistente em expressar com autenticidade nas relações funcion-


ais com os seus superiores hierárquicos, colegas e subordinados e, em geral,
com os cidadãos e contribuir para o esclarecimento dos factos;
f) Lealdade, consistente na actuação com fidelidade para com os seus superiores
hierárquicos, colegas e subordinados, acatando e cumprindo as ordens dos
seus legítimos superiores hierárquicos, dadas em objecto de serviço e sob a
forma legal;
g) Justiça e equidade, consistente em ter permanentemente disposição para o ca-
bal cumprimento das suas funções, atribuindo a cada um o que lhe é devido,
actuando com equidade nas suas relações com o Estado, com superiores hi-
erárquicos, colegas e subordinados e, em geral, com os cidadãos;
h) Iniciativa, consistente em levar ao conhecimento de seus superiores hierárqui-
cos ou de órgãos competentes as propostas que considerem adequadas para
melhorar o desenvolvimento das funções da sua unidade organizacional;
i) Interesse da cidadania, consistente no tratamento do utente da administração
com zelo, respeito e urbanidade, vendo naquele um efectivo colaborador na
prossecução do interesse público;
Artigo 38º
Deveres gerais
1. Os funcionários têm, no quadro dos princípios de actuação previstos no artigo ante-
rior, sem prejuízo do disposto em outras leis, nomeadamente, os seguintes deveres gerais:
a) De obediência, consistente em acatar e cumprir as ordens dos seus legítimos
superiores hierárquicos, dadas em objecto de serviço e com a forma legal, sem
prejuízo do disposto número 2;
b) De lealdade, consistente em desempenhar as suas funções em subordinação
aos objectivos do serviço e na perspectiva da prossecução do interesse público
e de aplicar as decisões tomadas pelo Governo;
c) De neutralidade, consistente na actuação com imparcialidade política,
económica ou de qualquer outra índole no desempenho de suas funções e
absoluta independência face aos partidos políticos e seus representantes;
d) De transparência, consistente na execução dos actos de serviço de forma para
que tenham, sempre que couber, carácter público e sejam acessíveis ao con-
hecimento de todos, bem como no oferecimento e facilitação de informação
fidedigna, completa e oportuna ao utente e ao público em geral;
e) De discrição, consistente em observar sigilo relativamente aos factos de que
tenha conhecimento em virtude do exercício das suas funções e que não se

846
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

destinem a ser do domínio público, sem prejuízo das normas que regulam a
administração aberta e a guardar segredo profissional nos termos estabeleci-
dos na lei;
f) Da justiça, consistente em não adoptar represálias de qualquer tipo, nem ex-
ercer coacção alguma contra os outros funcionários ou contra os utentes da
Administração e os cidadãos em geral, no exercício das suas funções;
g) Do uso adequado de bens públicos, consistente em proteger e conservar os
bens do Estado, devendo utilizar de maneira racional os que lhe forem confia-
dos para o desempenho das suas funções, evitando o seu abuso, esbanjamento
ou desperdício, não empregar ou permitir que outros empreguem tais bens
para fins particulares ou outros que não sejam aqueles para os quais tiverem
sido especificamente destinados;
h) Dever de responsabilidade, consistente em desenvolver suas funções de forma
rigorosa e integral, assumindo com pleno respeito a sua função pública;
i) Dever de assiduidade, consistente em comparecer regular e continuamente ao
serviço;
j) Dever de pontualidade, consistente em comparecer ao serviço dentro das ho-
ras que lhes forem designadas;
k) Dever de facilitação da comunicação, consistente em atender o utente na lín-
gua oficial ou na língua materna, conforme lhe for solicitado;
l) Dever de urbanidade, consistente em tratar com respeito quer os utentes dos
serviços públicos, quer os próprios colegas e, quer ainda, os superiores hierár-
quicos e subordinados;
m) Dever de zelo, consistente em conhecer as normas legais e regulamentares e as
instruções dos seus superiores hierárquicos, bem como possuir e aperfeiçoar
os seus conhecimentos técnicos e métodos de trabalho de modo a exercer as
suas funções com eficiência e correcção.
2. O dever de obediência cessa sempre que o cumprimento das ordens ou instruções
implique a prática de qualquer crime ou contra-ordenação.
3. O dever de discrição cessa quando estiver em causa a defesa dos funcionários e em
processo disciplinar ou judicial e em matéria relacionada com o próprio processo.
4. Em situações extraordinárias ou excepcionais, os funcionários podem realizar tare-
fas que, por sua natureza ou modalidades, não sejam as estritamente inerentes ao seu cargo,
sempre que elas forem necessárias para mitigar, neutralizar ou superar as dificuldades que
se enfrentem no serviço.
5. Os funcionários têm domicílio na localidade que for fixada para exercerem per-
manentemente as funções dos seus cargos, podendo, contudo, os superiores hierárquicos

847
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

autorizar que residam noutro lugar, quando a facilidade de comunicações permita a rápida
deslocação entre a residência e a sede dos serviços.
Artigo 39º
Proibições éticas
1. Os funcionários estão proibidos de:
a) Manter interesses em conflito, consistente em manter relações ou aceitar sit-
uações em cujo contexto os seus interesses pessoais, laborais, económicos
ou financeiros possam entrar em conflito com o cumprimento dos deveres e
funções a seu cargo;
b) Obter vantagens indevidas, consistente em obter ou procurar benefícios, para
si ou para outrem, mediante o uso de seu cargo, autoridade, influência ou
aparência de influência;
c) Realizar actividades de proselitismo político, consistente em realizar activi-
dades políticas através da utilização de suas funções ou por intermédio da
utilização de infraestruturas, bens, ou recursos públicos, a favor ou contra
partidos, organizações políticas ou candidatos;
d) Fazer mau uso de informação privilegiada, consistente em participar em
transacções e operações financeiras, utilizando informação privilegiada da
entidade a cujo serviço se encontram ou que poderiam ter acesso por causa do
ou no exercício das suas funções, bem como permitir o uso impróprio de tal
informação para beneficiar algum interessado;
e) Pressionar, ameaçar e ou assediar, consistente em exercer pressões, fazer ameaças
ou assédio sexual contra outros funcionários ou subordinados, que possam afectar
a dignidade da pessoa ou induzir à realização de acções dolosas.
2. Aos funcionários é, ainda, proibido referirem-se de modo depreciativo, em informa-
ção, parecer e despacho, às autoridades e actos da Administração Pública, ou censurá-los
perante os órgãos de comunicação social, sem prejuízo, porém, do direito de criticá-los do
ponto de vista doutrinário ou da organização do serviço em trabalho assinado.

CAPÍTULO XI
Princípios gerais sobre gestão
SECÇÃO I
Disposições gerais
Artigo 40º
Política de emprego
1. As políticas de emprego devem ser formuladas e prosseguidas global e sectorial-
mente.

848
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

2. Os planos de actividade, elaborados nos termos da lei, devem conter obrigatoria-


mente um programa plurianual sobre gestão de efectivos que enquadre a respectiva política
sectorial, tendo como objectivos:
a) Cumprir as missões dos serviços;
b) Elevar a qualificação da Administração Pública;
c) Proceder ao rejuvenescimento de efectivos;
d) Desenvolver os recursos humanos da Administração Pública, numa perspec-
tiva de direito à carreira e à intercomunicabilidade;
e) Prosseguir a plena ocupação dos efectivos e incentivar a motivação;
f) Evitar situações que tenham carácter excedentário.
3. A racionalização de efectivos faz-se, designadamente, através de medidas de des-
congelamento de admissões e de descongestionamento de efectivos, de natureza global e
sectorial, bem como pela aplicação dos instrumentos de mobilidade.
4. Os relatórios de actividades devem conter uma avaliação sobre o programa de ges-
tão de efectivos e publicitar dados e indicadores sobre o pessoal existente, independente-
mente da natureza do vínculo.
5. Deve ser estabelecida e mantida em permanência na Administração uma Bolsa de
Emprego Público destinada a dinamizar os processos de divulgação e publicitação das
oportunidades de recrutamento e de mobilidade geográfica, interdepartamental e profissio-
nal dos recursos humanos da Administração Pública, constituída em base de informação e
de previsão na gestão dos recursos humanos.
Artigo 41º
Princípios de gestão
A gestão dos recursos humanos deve pautar-se, no estabelecimento dos respectivos
quadros de pessoal, entre outros princípios, pela mobilidade, produtividade e adequação
dos cargos e carreiras às atribuições dos serviços e pelo correcto enquadramento do respec-
tivo pessoal numa perspectiva de avaliação global das funções exercidas.
Artigo 42º
Mobilidade
1. A mobilidade dos recursos humanos visa o aproveitamento racional dos efectivos e
o descongestionamento sectorial ou global da Administração Pública e o apoio à política de
descentralização e regionalização.
2. A mobilidade opera-se mediante instrumentos de mobilidade geral e de mobilidade
especial.
3. É permitida a mobilidade entre os funcionários da Administração Directa e Indirecta
do Estado e das Autarquias Locais.

849
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

4. É lícita a cedência ocasional de funcionários para o exercício de funções temporá-


rias noutra pessoa colectiva pública, com o acordo do funcionário expresso por escrito.
5. Mediante acordo de cedência especial entre as respectivas administrações, os fun-
cionários da Função Pública podem exercer funções noutras pessoas colectivas públicas,
em regime de contrato de trabalho.
6. Em casos excepcionais, fundamentados em razões de interesse público, os instru-
mentos de mobilidade devem facultar o intercâmbio de quadros do pessoal vinculado à Ad-
ministração Pública com o sector empresarial público, com o sector privado e, bem assim,
com as organizações internacionais.
7. No âmbito da transferência, requisição e destacamento, dentro da mesma Adminis-
tração podem ser previstas na lei situações em que não é necessária obtenção de autoriza-
ção do serviço de origem ou anuência do trabalhador, neste caso em situações de manifesta
razoabilidade ou que já obtiveram concordância no âmbito da concertação social.
8. Um serviço que liberte pessoal para outros serviços poderá ser compensado com
aumento de dotação para outras aplicações, podendo ao mesmo tempo ser congeladas as
verbas de pessoal libertadas pelas saídas de funcionários.
9. A mobilidade territorial para zonas, concelhos ou ilhas classificados de custo de vida
elevado pode ser acompanhada de incentivos pecuniários ou de outra natureza.
Artigo 43º
Produtividade
1. Os serviços públicos devem desenvolver programas de incentivos à produtividade
de âmbito individual ou colectivo, criando, para o efeito, instrumentos que permitam uma
avaliação por resultados.
2. Os incentivos à produtividade de âmbito individual materializam-se nos mecanis-
mos de evolução na carreira previstos e em outras medidas de reconhecimento individual,
designadamente frequência de estágios ou concessão de bolsas de estudo e concessão de
abono pecuniário.
3. Os incentivos à produtividade de âmbito colectivo podem traduzir-se em melhoria
dos equipamentos sociais e iniciativas de natureza cultural.
SECÇÃO II
Carreiras da função pública
Artigo 44º
Estruturação de carreiras
1. A estruturação de carreiras faz-se de acordo com os princípios e o desenvolvimento
geral de carreiras previstos na presente lei e no Decreto-lei que o desenvolve.

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Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

2. A estruturação de carreiras só pode seguir uma ordenação própria quando, prece-


dendo as adequadas acções de análise, descrição e qualificação de conteúdos funcionais, se
conclua inexoravelmente pela necessidade de um regime especial.
3. No âmbito das carreiras de regime especial integra-se tão só o pessoal ao qual compe-
te assegurar funções que, atenta a sua natureza e especificidade, devam ser prosseguidas por
um agrupamento de pessoal especializado e inserido numa carreira criada para o efeito.
Artigo 45º
Análise de funções
1. A racionalização funcional e de carreiras da função pública faz-se através da utiliza-
ção adequada da análise de funções, a qual é obrigatória em todos os casos previstos na lei
e ainda por ocasião da atribuição de suplementos remuneratórios decorrentes de situações
de risco, penosidade ou insalubridade.
2. A descrição do conteúdo funcional não pode prejudicar a atribuição aos funcionários
de tarefas de complexidade e responsabilidade equiparáveis, naquele não expressamente
mencionadas.
Artigo 46º
Enriquecimento funcional dos cargos
A Administração deve promover a agregação de funções essencialmente repetitivas
em cargos com conteúdos funcionais diversificados, que exijam aptidões idênticas ou se-
melhantes, com o objectivo de simplificar o sistema de carreiras e quadros, facilitar a ges-
tão dos recursos humanos e desenvolver as capacidades e motivação dos funcionários.
Artigo 47º
Criação ou reestruturação de carreiras
A criação ou reestruturação de carreiras devem ser sempre acompanhadas da descrição
dos respectivos conteúdos funcionais e dos requisitos exigíveis.
SECÇÃO III
Quadro de pessoal
Artigo 48º
Princípios de fixação de quadros de pessoal
1. A fixação de quadros de pessoal obedece aos seguintes princípios:
a) A legislação específica de cada serviço ou organismo contém a identificação das
carreiras e categorias necessárias e adequadas à prossecução das respectivas
atribuições, bem como o regime de provimento das carreiras e categorias não
previstas na lei geral ou especial;
b) As dotações de efectivos por categoria são feitas anualmente, através dos re-
spectivos orçamentos, considerando a prossecução eficaz do plano anual de
actividades e o desenvolvimento de carreira dos funcionários.

851
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

2. O quadro de pessoal não pode conter categorias ou carreiras não previstas na lei
geral ou na legislação específica do próprio serviço ou organismo.
SECÇÃO IV
Ingresso e acesso
Artigo 49º
Obrigatoriedade de concurso para ingresso e acesso
1. É obrigatório o concurso para ingresso e acesso na função pública.
2. O ingresso na função pública pode ser condicionado à frequência com aproveita-
mento de estágio probatório, em termos a regulamentar, devendo nestes casos o concurso
preceder o estágio.
Artigo 50º
Ingresso de funcionários nacionais
de Organismos Internacionais
Pode ser permitido o ingresso ou o acesso directo na função pública de funcionários
provenientes de Organismos Internacionais, de nacionalidade Cabo-verdiana, de reconhe-
cida idoneidade, experiência, habilitações académicas e capacidades profissionais, com
isenção da realização de processo selectivo exigível para o desempenho do cargo.
Artigo 51º
Recrutamento excepcional
Excepcionalmente, em casos devidamente fundamentados, podem ser recrutados, me-
diante concurso externo, directamente, para o ingresso em lugares de acesso vagos, indi-
víduos que possuam qualificação e experiência profissionais superiores à que em regra é
exigida para a sua ocupação por funcionários da carreira respectiva.
Artigo 52º
Concurso de pessoal em regime de carreira
1. O concurso de pessoal em regime de carreira obedece aos princípios de liberdade de
candidatura, de igualdade de condições e de oportunidade para todos os candidatos.
2. Para respeito dos princípios referidos no número anterior são garantidos:
a) A simplicidade e celeridade de procedimento;
b) A publicidade do aviso de abertura de concurso;
c) A adequação entre o conteúdo do concurso e as funções ou as tarefas a desen-
volver;
d) A divulgação atempada dos métodos de selecção a utilizar, do programa das
provas de conhecimento e do sistema de classificação final;
e) Transparência;

852
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

f) A neutralidade da composição do júri;


g) Imparcialidade e profissionalidade dos membros do júri;
h) Independência e discricionariedade técnica na actuação dos membros do júri;
i) A aplicação de métodos e critérios objectivos de avaliação;
j) Agilidade, sem prejuízo da objectividade, no concurso;
k) O direito de recurso.
3. Em todos os concursos externos é obrigatoriamente fixada uma quota do total do
número de lugares, com arredondamento para a unidade, a preencher por pessoas portado-
ras de deficiência que não inabilite em absoluto o exercício das tarefas inerentes à função
ou cargo a desempenhar.
Artigo 53º
Concurso de pessoal em regime de emprego
O concurso de pessoal em regime de emprego obedece aos seguintes princípios:
a) Publicidade da oferta de emprego;
b) Selecção dos candidatos;
c) Fundamentação da decisão;
d) Publicação no Boletim Oficial, por extracto, dos dados fundamentais da con-
tratação efectuada.
Artigo 54º
Mérito excepcional
1. Os órgãos e dirigentes máximos da Administração podem atribuir menções de mé-
rito excepcional em situações de relevante desempenho de funções:
a) A título individual;
b) Prémio de desempenho.
2. A atribuição da menção de mérito excepcional deve especificar os seus efeitos, per-
mitindo, designadamente:
a) Redução do tempo de serviço para efeitos de evolução na carreira;
b) Evolução na respectiva carreira, quer haja ou não abertura de concurso.
Artigo 55º
Intercomunicabilidade
As regras relativas ao ingresso e acesso na Função Pública não prejudicam os regimes
de intercomunicabilidade horizontal e vertical, previstos na lei.

853
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

Artigo 56º
Reclassificação e reconversão
1. Podem dar lugar à reclassificação ou reconversão profissionais, uma das seguintes
situações:
a) A alteração das atribuições e competências dos organismos e serviços da Ad-
ministração Pública;
b) A alteração de funções ou a extinção de postos de trabalho, originadas, desig-
nadamente, pela introdução de novas tecnologias e métodos ou processos de
trabalho;
c) A desadaptação ou a inaptidão profissional para o exercício das funções iner-
entes à carreira e categoria que detém;
d) A aquisição de novas habilitações académicas e ou profissionais, desde que
relevantes para as áreas de especialidade enquadráveis nas atribuições e com-
petências dos organismos e serviços da Administração Pública;
e) O desajustamento funcional, caracterizado pela não coincidência entre o con-
teúdo funcional da carreira de que o funcionário é titular e as funções efecti-
vamente exercidas;
f) Incapacidades permanentes para o exercício das funções, decorrentes de
doença ou acidente mas que o não inabilite para o desempenho de outras
funções;
g) Outras situações legalmente previstas.
2. A reclassificação e a reconversão dependem da existência de vagas e disponibilidade
orçamental.
SECÇÃO V
Formação e estágio profissionais
Artigo 57º
Formação profissional
1. A formação profissional na Administração Pública desenvolve-se num quadro inte-
grado de gestão e de racionalização dos meios formativos existentes.
2. A Administração Pública fomenta e apoia iniciativas e desenvolve programas de
formação profissional com carácter sistemático, articulando as prioridades de desenvolvi-
mento dos serviços com os planos individuais de carreira.
3. A formação profissional da função pública pode enquadrar iniciativas com universi-
dades, institutos superiores de formação, politécnicos, agentes sociais, associações públi-
cas e sindicais, de forma a promover o diálogo social e optimizar os meios e os recursos
afectos.

854
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

4. Na prossecução de uma política global de formação a lei deve especificar as situa-


ções para cujo ingresso e acesso seja obrigatória a titularidade de formação adequada.
5. Na elaboração dos planos de actividades e face aos objectivos anuais a prosseguir,
devem os serviços e organismos prever e orçamentar programas de formação profissional.
6. O Orçamento do Estado, os orçamentos dos Municípios, dos institutos e das empre-
sas públicas devem contribuir para o financiamento da formação inicial e contínua dos seus
funcionários e trabalhadores.
Artigo 58º
Estágios profissionais
1. Os estágios profissionais na Administração Pública visam contribuir para a inserção
dos jovens na vida activa, complementando uma formação pré-existente através de uma
formação prática a decorrer no âmbito dos próprios serviços.
2. Os estágios profissionais destinam-se a jovens possuidores de cursos superiores que
confiram ou não licenciatura ou habilitados com curso de qualificação profissional, recém-
saídos dos sistemas de educação e formação à procura do primeiro emprego ou desempre-
gados à procura de novo emprego, em condições a regulamentar.
3. Os estágios devem ser, em regra, remunerados.
CAPÍTULO XII
Princípios sobre a avaliação de desempenho
Artigo 59º
Avaliação de desempenho
1. A avaliação de desempenho é o conjunto de procedimentos tendentes a apreciar e
qualificar o grau de capacitação dos funcionários no decorrer do exercício das suas funções.
2. No processo de avaliação de desempenho, o funcionário deve conhecer os indicado-
res de resultados respeitantes à apreciação e qualificação do seu trabalho.
3. Os indicadores de resultados devem ser objectivos e conformes com as funções
inerentes ao cargo que ocupa o funcionário a avaliar.
Artigo 60º
Princípios e objectivos
1. A avaliação de desempenho rege-se pelos seguintes princípios:
a) Excelência e qualidade do serviço;
b) Universalidade, assumindo-se como um sistema transversal a todos os
serviços, organismos e grupos de pessoal da Administração Directa e Indirecta
do Estado e da Administração Local Autárquica;

855
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

c) Responsabilização e desenvolvimento, dos dirigentes e funcionários no


desempenho das suas funções;
d) Reconhecimento, motivação, e valorização das competências e do mérito;
e) Transparência, assentando em critérios objectivos, regras claras e amplamente
divulgadas;
f) Coerência e integração, suportando uma gestão integrada de recursos hu-
manos, em articulação com as políticas de recrutamento e selecção, formação
profissional e desenvolvimento de carreira.
2. A avaliação de desempenho tem como objectivos:
a) Promover a excelência e a melhoria contínua dos serviços prestados aos ci-
dadãos e à comunidade;
b) Responsabilizar e reconhecer o mérito dos dirigentes e dos funcionários em
função da produtividade e resultados obtidos, ao nível da concretização de
objectivos, da aplicação de competências e da atitude pessoal demonstrada;
c) Diferenciar níveis de desempenho, fomentando uma cultura de exigência, mo-
tivação e reconhecimento do mérito;
d) Potenciar o trabalho em equipa, promovendo a comunicação e cooperação
entre serviços, dirigentes e trabalhadores;
e) Identificar as necessidades de formação e desenvolvimento profissional ade-
quadas à melhoria do desempenho dos organismos, dirigentes e funcionários;
f) Fomentar oportunidades de mobilidade e evolução profissional de acordo com
a competência e o mérito demonstrado;
g) Promover a comunicação entre as direcções ou chefias e os respectivos co-
laboradores;
h) Fortalecer as competências de liderança e de gestão, com vista a potenciar os
níveis de eficiência e qualidade dos serviços.
Artigo 61º
Consideração da avaliação de desempenho
1. A avaliação do desempenho é obrigatoriamente considerada para efeitos de:
a) Evolução na carreira;
b) Celebração de novos contratos ou renovação dos contratos.
2. A renovação da comissão de serviço dos titulares de cargos de direcção intermédia
depende do resultado da avaliação de desempenho e do grau de cumprimento dos objecti-
vos fixados.

856
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

3. A insuficiência de desempenho, revelada na atribuição de avaliações negativas em


dois anos consecutivos, consubstancia violação grave e reiterada de deveres profissionais,
podendo constituir causa de cessação da relação de emprego público.
Artigo 62º
Comissão Nacional de Avaliação de Desempenho
1. É criada, sob a dependência do membro do Governo que responde pelo sector da Ad-
ministração Pública, a Comissão Nacional de Avaliação de Desempenho (CNAVD) como
instância final de avaliação de desempenho dos funcionários, com vista ao reforço da ob-
jectividade e à erradicação de toda a subjectividade decorrente na avaliação de desempenho
devido à proximidade entre os avaliadores e os avaliados nas estruturas administrativas e a
zelar pelo cabal cumprimento das disposições legais, regulamentares e procedimentais.
2. A organização, competência e modo do funcionamento da CNAVD consta de diplo-
ma próprio do Governo.
CAPÍTULO XIII
Princípios gerais sobre remunerações e descontos
SECÇÃO I
Princípios gerais sobre remunerações
Artigo 63º
Componentes da retribuição do trabalho
1. A remuneração dos funcionários que exerçam funções ao abrigo de relações jurídi-
cas de emprego público é composta por:
a) Remuneração base;
b) Suplementos remuneratórios;
c) Prémios de desempenho.
2. Os funcionários têm ainda direito, nos termos da lei, a prestações sociais.
3. Não é permitida a atribuição de qualquer tipo de abono que não se enquadre nas
componentes referidas nos números anteriores.
4. A fixação ou alteração das componentes do sistema retributivo podem ser objecto de
negociação colectiva anual nos termos da lei e constarão de regulamento.
Artigo 64º
Remuneração base
1. A remuneração base mensal é o montante pecuniário correspondente ao nível remu-
neratório, conforme os casos, da posição remuneratória em que o funcionário se encontra
na categoria de que é titular ou do cargo exercido em comissão de serviço.

857
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

2. A remuneração base é referenciada à titularidade, respectivamente, de uma categoria


e ao respectivo posicionamento remuneratório do funcionário ou à de um cargo exercido
em comissão de serviço.
Artigo 65º
Suplementos
1. Os suplementos são retribuições concedidas em função de particularidades específi-
cas da prestação de trabalho e só podem ser considerados os que se fundamentem expres-
samente em lei.
2. Na fixação das condições de atribuição dos suplementos é proibida a sua indexação
à remuneração base, sem prejuízo da sua actualização periódica.
Artigo 66º
Prémios de desempenho
1. Aos funcionários que obtenham classificações mais elevadas na avaliação de de-
sempenho, pode ser atribuído um prémio pecuniário, de prestação única, no quadro das
disponibilidades orçamentais destinadas a esse fim.
2. Podem existir outros sistemas específicos de recompensas pelo desempenho os quais
poderão ter também em consideração os resultados de equipas.
Artigo 67º
Prestações sociais e subsídio por morte
1. As prestações sociais são constituídas pelo abono de família e prestações comple-
mentares previstas na lei, bem como outras de apoio social, incluindo um subsídio de refei-
ção, este atribuído no âmbito da acção social complementar.
2. Os familiares a cargo dos funcionários, que a lei determinar, têm direito a receber,
por morte destes, um subsídio pecuniário, de prestação única.
Artigo 68º
Momento em que tem lugar o direito à remuneração
O direito à remuneração constitui-se com a aceitação formal da nomeação ou acto equi-
parado, ou, não devendo estes ter lugar, com o inicio do exercício efectivo de funções.
SECÇÃO II
Princípios gerais sobre descontos
Artigo 69º
Descontos
1. Sobre a remuneração base e os suplementos devidos pelo exercício de funções pú-
blicas incidem descontos obrigatórios.
2. Sobre a remuneração base podem incidir descontos facultativos.

858
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

3. São descontos obrigatórios os que resultam de imposição legal.


4. São descontos facultativos os que, sendo permitidos por lei, carecem de autorização
expressa do titular do direito à remuneração.
5. Na falta de lei especial em contrário, os descontos são efectuados através de reten-
ção na fonte.
CAPÍTULO XIV
Princípios sobre o regime de prestação
de trabalho
Artigo 70º
Regimes de prestação de trabalho
1. O trabalho pode, de acordo com as atribuições do serviço ou organismo e com a
natureza da actividade desenvolvida, ser prestado nos seguintes regimes:
a) Sujeito ao cumprimento do horário diário;
b) Sujeito ao cumprimento de objectivos definidos.
2. Os regimes de prestação de trabalho, a duração de semana de trabalho, o descanso
semanal e os trabalhos extraordinários, nocturno, por turno, em dias de descanso e em fe-
riados, são regulados por diploma próprio.
3. Em função da natureza das suas actividades, podem os serviços adoptar uma ou,
simultaneamente, mais do que uma das modalidades de horário de trabalho.
4. Para além dos horários adoptados nos termos do número anterior, podem ser fixados
horários específicos, para determinados funcionários, quando circunstâncias relevantes o
aconselham.
CAPÍTULO XV
Princípios sobre férias, faltas e licenças
Artigo 71º
Férias
1. Os funcionários têm direito, em cada ano civil, a um período de férias remuneradas,
nos termos a regulamentar por diploma do Governo.
2. O direito a férias deve efectivar-se de modo a possibilitar a recuperação física e
psíquica dos funcionários e assegurar-lhes condições mínimas de disponibilidade pessoal,
de integração na vida familiar e de participação social e cultural.
3. O direito a férias é irrenunciável e o seu gozo efectivo não pode, em regra, ser subs-
tituído por qualquer compensação económica, ainda que com o acordo do interessado.

859
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

Artigo 72º
Faltas
1. Em cada ano civil os funcionários têm direito a faltar ao serviço por motivos justi-
ficados constantes da lei.
2. As faltas contam-se, em regra, por dias inteiros nos termos estabelecidos por diplo-
ma a regulamentar.
Artigo 73º
Licenças
1. Os funcionários consideram-se na situação de licença, quando, mediante autoriza-
ção, deixem de exercer, regularmente, as suas funções, de acordo com os pressupostos,
requisitos, efeitos e duração estabelecidos na lei.
2. No âmbito do incentivo à formação profissional e à superação de conhecimentos
académicos dos funcionários, a lei deve prever licenças para estudo de curta e média dura-
ção, tanto no País como no estrangeiro.
CAPÍTULO XVI
Princípios de segurança social
SECÇÂO I
Disposições gerais
Artigo 74º
Princípio geral
1. Em todas as situações decorrentes das relações de emprego público, os funcionários
e respectivas famílias têm efectivo direito à segurança social, nos termos da lei.
2. A segurança social é de carácter contributivo e visa a protecção de situações decor-
rentes de doença, invalidez, velhice, orfandade, viuvez e de outras vicissitudes da vida dos
funcionários ou dos seus familiares, nos termos da lei.
3. O regime de aposentação dos funcionários, tendo em conta o tempo de serviço pres-
tado e o limite de idade para o exercício das funções públicas, é estabelecido por Decreto-
lei de desenvolvimento.
SECCÃO II
Aposentação antecipada
Artigo 75º
Aposentação antecipada requerida pelo funcionário
Os funcionários integrados em carreiras ou categorias que vierem a constar anualmen-
te de Decreto-lei de execução do Orçamento do Estado que contem, pelo menos, 34 anos
de serviço podem, independentemente da idade ou de submissão à competente Comissão
de Verificação de Incapacidade, requerer a aposentação antecipada.

860
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

Artigo 76º
Aposentação antecipada no interesse da Administração
1. A Administração Pública, por despacho do Primeiro Ministro, precedendo proposta
fundamentada dos membros de Governo responsáveis pelas áreas das finanças e da admi-
nistração pública e audição do membro de Governo de que depende o interessado, pode,
por sua iniciativa e mediante acordo, aposentar funcionários integrados em carreiras ou
categorias que vierem a constar anualmente de Decreto-lei de execução do Orçamento do
Estado.
2. Na aposentação antecipada, pode ser concedida aos funcionários referidos no núme-
ro anterior uma bonificação da respectiva pensão.
Artigo 77.º
Extinção de lugares
Os lugares vagos deixados pelos funcionários beneficiários de aposentação antecipada
consideram-se extintos.
Artigo 78.º
Outros condicionalismos da aposentação antecipada
Os demais requisitos e condições para o benefício da aposentação antecipada referida
nos artigos 75.º e 76.º são estabelecidos por Decreto-lei de desenvolvimento.
Artigo 79.º
Aposentação antecipada de quadro supranumerário
Os funcionários afectos ao quadro supranumerário e integrados em carreiras ou cate-
gorias constantes anualmente de Decreto-lei de execução do Orçamento do Estado, com
o número de anos de serviço que vier a ser estabelecido em diploma de desenvolvimento,
podem requerer aposentação, independentemente da idade e da submissão à Comissão de
Verificação de Incapacidade, tendo direito a uma bonificação a determinar no mesmo diplo-
ma de desenvolvimento, sem prejuízo, porém, do limite máximo da mesma corresponder a
34 anos de serviço e da aplicação do regime da pensão unificada.
Artigo 80º
Pré-aposentação
1. Os funcionários afectos ao quadro supranumerário, bem como os funcionários in-
tegrados em carreiras que vierem a constar anualmente de Decreto-lei de execução do
Orçamento do Estado que contem um mínimo de idade e de tempo de serviço que vier a ser
determinado em diploma de desenvolvimento, podem requerer a pré-aposentação.
2. A situação de pré-aposentação, nos termos do número anterior, traduz-se na sus-
pensão do respectivo vínculo à função pública, com direito a uma pensão de aposentação
proporcional, imediata, e à pensão de aposentação por inteiro, após completar o limite de
idade para o exercício da função pública.

861
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

3. É aplicável à pré-aposentação a disposição contida no artigo 79.º


SECCÃO III
Pensão unificada
Artigo 81º
Pensão unificada
1. As pensões de invalidez, velhice e sobrevivência do regime geral de previdência so-
cial e as pensões de aposentação e reforma ou sobrevivência do regime da Função Pública,
a receber ou legar por quem tenha sido abrangido pelos dois regimes de protecção social
em vigor, podem ser atribuídas de forma unificada.
2. O regime de pensão unificada baseia-se na totalidade dos períodos de pagamento
de contribuições e quotizações para o regime geral de segurança social e para o regime de
segurança social da Função Pública, sendo os períodos de sobreposição contributiva con-
tados uma só vez.
3. A titularidade do direito, as condições de atribuição e a avaliação das situações de
incapacidade permanente são determinadas de acordo com as normas próprias do último
regime a que o trabalhador se encontre vinculado.
4. A pensão unificada é considerada, para todos os efeitos legais, como a pensão do
último regime.
5. O valor da pensão unificada obtém-se por aplicação das regras de cálculo do último
regime, ressalvado o que vier a dispor o diploma de desenvolvimento da presente Lei.
6. O valor da pensão unificada, aquando da sua atribuição, não pode ser inferior ao da
soma das parcelas correspondentes aos valores a que o interessado teria direito por aplica-
ção separada de cada um dos regimes, tendo em atenção as disposições sobre acumulação
de pensões.
7. A instituição que atribuir a pensão unificada recebe, da outra para a qual o interes-
sado tenha descontado, o montante da respectiva parcela de pensão, calculada nos termos
do número anterior.
8. A pensão unificada é actualizada de acordo com as regras aplicáveis às pensões do
último regime, devendo o encargo da actualização da mesma ser repartido em função das
percentagens fixadas por ocasião da atribuição do montante inicial da pensão.
SECÇÃO IV
Pensão de sobrevivência
Artigo 82º
Direito à pensão de sobrevivência
Têm direito à pensão de sobrevivência os herdeiros hábeis do funcionário falecido
com direito à aposentação, quando este, à data da sua morte, tiver o mínimo de cinco anos
completos de inscrição e verificados os demais requisitos legais.

862
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

Artigo 83º
Herdeiros hábeis
São herdeiros hábeis dos subscritores:
a) Os cônjuges e os conviventes de uniões de facto reconhecíveis, sobrevivos;
b) Os filhos menores, incluindo os nascituros e os adoptados;
c) Os netos menores que se encontrarem sob a exclusiva dependência económica
do subscritor à data da morte deste;
d) Os pais e os avós que se encontrarem sob a exclusiva dependência económica
do subscritor à data da morte deste.
SECÇÃO V
Assistência médica, hospitalar e medicamentosa,
compensação dos encargos familiares
e outras prestações complementares
Artigo 84º
Regime dos benefícios
1. Os funcionários e os aposentados, bem como os respectivos familiares, têm direito
à assistência médica, hospitalar e medicamentosa, à compensação dos encargos familiares
e a outras prestações complementares previstas na lei.
2. Os direitos referidos no número anterior coincidem em cada momento com os da
mesma natureza que vigora para os trabalhadores por conta de outrem.
CAPÍTULO XVII
Princípios sobre o regime de acção social
complementar
Artigo 85º
Finalidade
1. A acção social complementar integra o conjunto de prestações complementares de
protecção social dos funcionários que se destinem à prevenção, redução ou resolução de
problemas decorrentes da sua situação laboral, pessoal ou familiar que não sejam atendí-
veis através dos regimes gerais de protecção social.
2. A acção social complementar obedece aos seguintes princípios:
a) Adequação, que se concretiza em respostas oportunas e eficazes, de forma
personalizada, às carências detectadas, de acordo com as disponibilidades fi-
nanceiras;
b) Não cumulação, que assegure não serem as prestações da acção social com-
plementar cumulável com outras de idêntica natureza e finalidade, desde que
plenamente garantidas pelos regimes de protecção social;

863
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

c) Responsabilidade do Estado ou das Autarquias, conforme couber, que se con-


substancia na assunção do financiamento da acção social complementar, sem
prejuízo do recurso a quotizações obrigatórias.
CAPÍTULO XVIII
Princípios sobre o regime de acidente
em serviço e doenças profissionais
Artigo 86º
Reparação
1. Os funcionários têm direito, independentemente do respectivo tempo de serviço, à
reparação, em espécie e em dinheiro, dos danos resultantes de acidentes em serviço e de
doenças profissionais ocorridos ao serviço da Administração Pública.
2. Confere ainda direito à reparação a lesão ou doença que se manifeste durante o tra-
tamento de lesão ou doença resultante de um acidente em serviço ou doença profissional e
que seja consequência de tal doença.
3. O Estado é responsável pela aplicação do regime dos acidentes em serviço e doenças
profissionais.
Artigo 87º
Direito à remuneração
No período de falta ao serviço, em resultado de acidente de serviço ou doença profis-
sional o funcionário mantém o direito à remuneração, incluindo os suplementos de carácter
permanente.
Artigo 88º
Falta ao serviço
As faltas ao serviço, resultantes de incapacidade temporária absoluta motivada por
acidente em serviço ou por doença profissional são consideradas como exercício efectivo
de funções não implicando, em caso algum, a perda de quaisquer direitos ou regalias, no-
meadamente o desconto de tempo de serviço para qualquer efeito.
Artigo 89º
Seguro de acidentes em serviço
Os serviços e organismos da Administração Central podem transferir a responsabilida-
de pela reparação dos acidentes em serviço para entidades seguradoras que forem seleccio-
nadas em concurso público.
CAPÍTULO XIX
Princípios sobre o estatuto do pessoal dirigente
Artigo 90º
Cargos dirigentes
São cargos dirigentes os cargos de direcção, gestão, coordenação e controlo dos servi-
ços e organismos públicos do Estado.

864
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

Artigo 91º
Missão e carta de missão
1. É missão do pessoal dirigente garantir a prossecução das atribuições cometidas ao
respectivo serviço, assegurando o seu bom desempenho através da optimização dos re-
cursos humanos, financeiros e materiais e promovendo a satisfação dos destinatários da
sua actividade, de acordo com a lei, as orientações contidas no Programa do Governo e as
determinações recebidas do respectivo membro do Governo.
2. No momento de provimento, o membro do Governo competente e o pessoal de
direcção superior assinam uma carta de missão que constitui um compromisso de gestão
onde, de forma explícita, são definidos os objectivos devidamente quantificados e calen-
darizados, a atingir no decurso de exercício de funções, bem como a previsão, nos termos
a definir em Decreto-lei, de atribuição de prémios de gestão para o serviço ou organismo e
para o titular do cargo, em função do progressivo cumprimento dos objectivos definidos.
3. A não realização dos objectivos constantes da carta de missão determina a não reno-
vação da comissão de serviço ou a respectiva cessação antecipada, nos termos da lei.
4. O pessoal dirigente fica sujeito à avaliação de desempenho segundo os critérios de
eficácia e eficiência, responsabilidade por sua gestão e controlo de resultados em relação
aos objectivos constantes da carta de missão.
Artigo 92º
Princípios de gestão
1. Os titulares dos cargos dirigentes devem promover uma gestão orientada para re-
sultados, de acordo com os objectivos anuais a atingir, definindo os recursos a utilizar e
os programas a desenvolver, aplicando de forma sistemática mecanismos de controlo e
avaliação dos resultados.
2. A actuação dos titulares de cargos dirigentes deve ser orientada por critérios de
qualidade, eficácia e eficiência, simplificação de procedimentos, cooperação, comunicação
eficaz e aproximação ao cidadão.
3. Na sua actuação, o pessoal dirigente deve liderar, motivar e empenhar os seus fun-
cionários para o esforço conjunto de melhorar e assegurar o bom desempenho e imagem
do serviço.
4. Os titulares dos cargos dirigentes devem adoptar uma política de formação que
contribua para a valorização profissional dos funcionários e para o reforço da eficiência no
exercício das competências dos serviços no quadro das suas atribuições.
Artigo 93º
Recrutamento para os cargos de direcção
1. Os titulares dos cargos de direcção superior são recrutados, por escolha, de entre
indivíduos habilitados com curso superior, vinculados ou não à Administração Pública, que

865
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

possuam competência técnica, aptidão, experiência profissional e formação adequadas ao


exercício das respectivas funções.
2. Os titulares dos cargos de direcção intermédia são recrutados, mediante concurso,
de entre indivíduos habilitados com curso superior, vinculados ou não à Administração
Pública, que possuam competência técnica, aptidão, experiência profissional e formação
adequadas ao exercício das respectivas funções.
3. Diplomas orgânicos ou estatutários dos serviços e organismos cujas atribuições te-
nham natureza predominantemente técnica podem adoptar particular exigência na defini-
ção da área de recrutamento dos respectivos dirigentes.
Artigo 94º
Provimento
1. É proibido o provimento dos titulares dos cargos de direcção superior depois da
demissão do Governo ou da convocação de eleições para a Assembleia Nacional nem antes
da confirmação parlamentar do Governo recém-nomeado.
2. Os titulares dos cargos de direcção superior são providos em comissão de serviço
ou por contrato de gestão.
3. Os titulares dos cargos de direcção intermédia são providos nos termos do número
2, mediante concurso.
Artigo 95º
Indemnização
Os titulares dos cargos de direcção providos em comissão de serviço ou por contrato
de gestão podem, nos termos a estabelecer no Decreto-lei de desenvolvimento deste diplo-
ma, ter direito a uma indemnização quando a cessação da comissão de serviço decorra da
extinção ou reorganização da unidade orgânica ou mudança de governo de que dependa, se
não for reconduzido.
CAPÍTULO XX
Princípios sobre o estatuto do pessoal
do quadro especial
Artigo 96º
Pessoal do quadro especial
O pessoal do quadro especial integra cargos cuja nomeação, assente no princípio da li-
vre designação, se fundamenta por lei em razão de especial confiança e ao exercício de fun-
ções de maior responsabilidade no gabinete do titular do cargo político de que depende.
Artigo 97º
Recrutamento do pessoal do quadro especial
O pessoal do quadro especial é recrutado, por livre escolha do titular de cargo político
de que depende, em comissão de serviço ou por contrato de gestão de entre indivíduos

866
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

habilitados com curso superior que confira ou não licenciatura, vinculados ou não à Ad-
ministração Pública, que possuam competência técnica, aptidão, experiência profissional e
formação adequadas ao exercício das respectivas funções.
Artigo 98º
Indemnização
O pessoal do quadro especial cuja comissão de serviço ou contrato cesse por iniciativa
da Administração Pública ou por cessação de mandato ou funções do titular de cargo polí-
tico de que depende tem direito a uma indemnização.
CAPÍTULO XXI
Disposições finais e transitórias
Artigo 99°
Funcionário em exercício de cargo electivo ou no Governo
É garantido ao funcionário em exercício de mandato electivo por sufrágio directo, se-
creto e universal ou de cargos no Governo o direito de, por iniciativa própria ou dos servi-
ços, evoluir na carreira no seu quadro de origem, durante o exercício de mandato em cargo
electivo ou de funções no Governo, independentemente de abertura de concurso, desde que
exista vaga e, bem assim, regressar ao quadro de origem, terminado ou cessado o mandato
ou o exercício de funções governamentais.
Artigo 100º
Salvaguarda de direitos e de regimes especiais
1. As medidas que, em execução da presente Lei, vierem a ser tomadas em matéria
da relação jurídica de emprego público não prejudicam a situação que os funcionários ou
agentes já detêm, sem prejuízo do disposto nos artigos 101º e 102º.
2. Em caso algum pode resultar da introdução do novo sistema retributivo redução
da remuneração que o funcionário ou agentes já aufere ou diminuição das expectativas de
evolução decorrentes da carreira em que se insere.
3. As disposições da presente Lei sobre relação jurídica de emprego não prejudicam
regimes que prevejam a eleição como forma de provimento.
Artigo 101º
Conversão das actuais nomeações e contratos
administrativos de provimento
1. Os funcionários em regime de nomeação que não possuam habilitações académicas
e profissionais adequadas para transitarem para o novo regime de carreira, previsto no pre-
sente diploma, devem ser submetidos a um programa especial de formação a ser criado pelo
Governo, mantendo-se, entretanto, o seu actual estatuto de cargos, carreiras e salários.
2. Os funcionários que vierem a ser declarados inaptos, na formação a que se refere o
número anterior, passam à situação de supranumerários prevista no presente diploma.

867
Lei nº 42/VII/2009 de 27 de Julho

3. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, é admitida a cessação da nome-


ação, por mútuo acordo entre a entidade empregadora pública e o funcionário ou agentes,
mediante compensação em quantia nunca superior ao que percebe o trabalhador despedido
por facto de príncipe.
4. Os agentes, actualmente em regime de contrato administrativo de provimento transitam
para o novo regime de contrato previsto no presente diploma, por igual período de duração nele
estabelecido mas computável nele o tempo decorrido desde o seu momento inicial.
Artigo 102º
Dívidas dos municípios
As dívidas dos municípios à entidade gestora das pensões de aposentação e de sobrevi-
vência da Função Pública, quando não sejam satisfeitas voluntariamente, serão cobradas, a
requisição da mesma entidade, através dos serviços competentes do Ministério responsável
pelas finanças, por meio de desconto nas transferências financeiras não consignadas que
eles tenham de receber do Estado.
Artigo 103º
Desenvolvimento e regulamentação
1. A presente Lei deve ser objecto de desenvolvimento e regulamentação.
2. No âmbito do desenvolvimento do presente diploma, pode o Governo decretar nor-
mas específicas adaptadas às peculiaridades do pessoal da Administração Local Autárquica
e da Administração Indirecta do Estado e da carreira de regime especial.
Artigo 104º
Prevalência da Lei de Bases
Excepto nos casos em que das disposições dela resultem expressamente o contrário,
a presente lei de Bases do Regime da Função Pública prevalece sobre quaisquer leis espe-
ciais vigentes à data da sua entrada em vigor.
Artigo 105º
Entrada em vigor
A presente Lei entra em vigor sessenta dias após a sua publicação no Boletim Oficial.
Aprovada em 1 de Julho de 2009.
O Presidente da Assembleia Nacional, em exercício, Júlio Lopes Correia
Promulgada em 17 de Julho de 2009.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Assinada em 20 de Julho de 2009.
O Presidente da Assembleia Nacional, em exercício, Júlio Lopes Correia.

868
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro

CONSTITUIÇÃO, MODIFICAÇÃO E EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA


DE EMPREGO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Lei nº 102/IV/93
de 31 de Dezembro
Por mandato de povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do artigo
186º da Constituição, o seguinte:
CAPÍTULO I
Objecto e âmbito
Artigo l.º
(Objecto)
O presente diploma define o regime jurídico de constituição, modificação e extinção da
relação jurídica de emprego na Administração Pública.
Artigo 2º
(Âmbito)
1. O presente diploma aplica-se aos funcionários e agentes da Administração Central
e Local Autárquica, bem como aos institutos públicos que revistam a natureza de serviços
personalizados do Estado, salvo disposição expressa da lei.
2.O presente diploma aplica-se ainda aos serviços de dependência orgânica e funcional
da Presidência da Republica, da Assembleia Nacional e das Instituições Judiciárias, bem
assim aos pessoal civil da Policia Judiciária e das Forças Armadas, sem prejuízos da legis-
lação especial aplicável.
CAPÍTULO II
Constituição da relação jurídica de emprego
SECÇÃO I
Modalidades
Artigo 3º
( Constituição)
1. A relação jurídica de emprego na Administração Pública constitui-se em regime de
carreira, por nomeação e, em regime de emprego, (...)130 por contrato de trabalho a termo.
2. O provimento de cargos dirigentes e de chefia operacional de pessoal do quadro
especial é feito em regime de comissão de serviço.

130 O contrato administrativo de provimento foi revogado pelo nº 1 do art. 25º, arts. 101º e 104º da Lei nº 42/VII/2009 de
27 de Julho.

869
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro

SECÇÂO II
Condições gerais para a constituição da relação jurídica de emprego.
Artigo 4º
( Condições Gerais )
Pode adquirir a qualidade de funcionário ou agente administrativo, o cidadão nacional
ou estrangeiro e apátrida, nos termos a que se refere o artigo 23º da Constituição da Repú-
blica, que reuna as seguintes condições:
a) Maioridade;
b) Habilitações literárias ou qualificações profissionais legalmente exigidas para
desempenho do cargo;
c) Idoneidade civil;
d) Capacidade profissional;
e) Aptidão física:
2. As habilitações referidas na alínea b) do nº 1 do presente artigo são exigidas ainda
que os agentes sejam remunerados por verbas globais.
Artigo 5º
(Ingresso na Administração Pública)
1. Os indivíduos que tenham completado 35 anos de idade não podem ser providos
em lugares de acesso de categoria inferior ao de pessoal da carreira técnica ou equiparado,
salvo se a data de constituição da relação jurídica de emprego já desempenhavam outras
funções no Estado ou nos municípios, com direito a aposentação, com idade inferior aquela
e desde que a transição se faça sem interrupção de serviço.
2. Para efeitos do numero anterior considera-se lugar de acesso todo aquele que, fazen-
do parte de uma hierarquia, dá ao seu titular a possibilidade de promoção ou progressão.
Artigo 6º
(Idoneidade civil)
A idoneidade civil prova-se por certificado do registo criminal que mostre não ter o
indivíduo sido condenado pelos crimes de furto, roubo, burla, abuso de confiança, provo-
cação público ao crime, peculato, suborno, corrupção, inconfidência, incitamento a indisci-
plina, bem como outros crimes considerados desonrosos.
Artigo 7º
( Capacidade profissional)
Não têm capacidade profissional, os funcionários na situação de licença de longa du-
ração, os aposentados ou reformados e os demitidos durante os cinco anos a contra da data
da publicação da pena.

870
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro

Artigo 8º
(Aptidão física)
A aptidão física prova-se por atestado passado por autoridade sanitária local, em que se
declare que o indivíduo interessado tem robustez necessária para o desempenho do cargo.
Artigo 9º
(Sanção pela preterição das condições gerais)
A constituição da relação jurídica de emprego efectuada com preterição das condições
legais considera-se nula.
SECÇÃO III
Nomeação
SUB-SECÇÃO I
Artigo 10º
( Noção)
1. A nomeação é um acto unilateral da Administração pelo qual se preenche um lugar
do quadro e se visa assegurar, de modo profissionalizado, o exercício de funções próprias
do serviço público que revistam carácter de permanência.
2. Para efeitos de número anterior, considera-se funções próprias do serviço público
aquelas cujo exercício corresponda a necessidades permanentes e próprias dos serviços e
que exija a qualificação técnica, técnico-profissional ou formação especifica
3. É obrigatória a nomeação dos candidatos aprovados em concurso para as quais
existam vagas que tenham sido postas á concurso, salvo ocorrência de factos impeditivos
supervenientes.
Artigo 11º
( Efeitos)
A nomeação produz efeitos com a tomada de posse do nomeado e confere ao interes-
sado a qualidade de funcionário.
Artigo 12º
( Modalidade)
1. A constituição da relação judicial de emprego por nomeação reveste as modalidades de:
a) Nomeação por tempo indeterminado, adiante designada por nomeação;
b) Nomeação em comissão de serviço.
Artigo 13º
( Nomeação)
1.A nomeação é provisória durante o período probatório e, no seu termo, converte-se
automaticamente em definitiva, independentemente de quaisquer formalidades.

871
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro

2. Exceptua-se do disposto no número anterior:


a) A nomeação do funcionário já nomeado definitivamente em lugar de outra
carreira;
b) A nomeação após frequência de estágio de duração igual ou superior a um
ano.
3. O período probatório em lugar de ingresso tem a duração de um ano, salvo o dis-
posto no n.º 5.
4. Se o funcionário a nomear em lugar de ingresso já estiver nomeado definitivamente
em lugar de outra carreira, a nomeação é feita durante o período probatório em comissão
de serviço.
5. Nos casos em que a nomeação é precedida de estágio da duração igual ou superior
a um ano, a nomeação em lugar de ingresso é definitiva. Ser a nomeação for precedida de
frequência de estágio de duração inferior a um ano, nomeação em lugar de ingresso é pro-
visório e é feita pelo tempo que faltar para que se complete aquele período.
6. A nomeação em lugar de acesso é definitivo, salvo no caso de recrutamento excep-
cional previsto no artigo 16º n.º 2 do decreto Lei n.º 86/92, de 16 de Julho.
7. No caso de nomeação ocorrer na sequência de recrutamento excepcional, a nomea-
ção é provisória e converte-se em definitiva, independentemente de quaisquer formalidades
após o decurso de um período probatório com a duração de 6 meses.
8. O funcionário que durante o período probatório não revelar aptidão comprovada
pela avaliação pode ser exonerado a todo o tempo por despacho de entidade que o tiver
nomeado.
9. A avaliação de desempenho considerada negativa durante o período probatório im-
plica a exoneração do cargo.
Artigo 14º
( Nomeação em comissão de serviço)
a) A nomeação em comissão de serviço é aplicável:
b) A nomeação de pessoal Dirigente e de Chefia Operacional;
c) A nomeação para cargos de livre escolha;
d) Aos casos expressamente previstos na lei.
Artigo 15º
(Forma de nomeação)
1. A nomeação reveste a forma de despacho podendo consistir em mera declaração de con-
cordância com proposta ou informação anterior que neste caso, faz parte integrante do acto.

872
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro

2. Do despacho de nomeação deve constar a referencia ás normas legais que permitem


a nomeação e, em assim, informação sobre a existência de cabimento orçamental.
3. Nos casos em que a nomeação está sujeita a fiscalização do Tribunal de Contas deve
o original do despacho ser remetido àquele Tribunal.
4. Salvo os casos de provimento considerado de urgência de conveniência de serviço,
a nomeação em lugar de ingresso produz efeitos a partir da data de publicação no acto no
Boletim Oficial.
SUB-SECÇÃO II
Posse
Artigo 16º
(Noção)
A posse é um acto publico, pessoal e solene pelo qual o nomeado manifesta a vontade
de aceitar a nomeação.
2. O acto de posse o nomeado presta o seguinte compromisso:
“Juro solenemente desempenhar com lealdade e zelo as funções que me são confia-
das no respeito pela constituição e pelas demais leis da república”.
3. A posse é titulada pelo respectivo termo, de modelo a aprovar por portaria do mem-
bro do Governo responsável pela Administração Pública.
4. É obrigatória a posse nos casos de:
a) Nomeação em lugar de ingresso;
b) Nomeação em cargo dirigente e de chefia operacional ou equiparados;
c) Nomeação em lugar de acesso quando ocorra na sequência de recrutamento
excepcional previsto no n.º 2 do artigo 16º do Decreto Lei n.º 86/92, de 16 de
Julho.
5. É dispensada a posse nos casos de nomeação definitiva, substituição, a cumulação e
mobilidade profissional do pessoal.
Artigo 17º
( Competência)
A competência para conferir a posse pertence ao Superior hierárquico com categoria
igual ou superior á chefia operacional.
Artigo 18º
( Efeitos)
A posse determina o início de funções para todos os efeitos legais, designadamente
abono e remunerações e contagem de tempo de serviço.

873
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro

Artigo 19º
(Recusa ilegítima)
1. A entidade competente para conferir a posse não pode recusar-se a fazê-lo, sob pena
de incorrer em responsabilidade civil e disciplinar.
2. A recusa de aceitação por parte do nomeado implica a renúncia ao direito de ocupa-
ção do lugar, sem prejuízo dos efeitos previstos em legislação especial.
SECÇÂO IV
Contrato Administrativo de Provimento131
Artigo 20º
( Noção)
(…)
SECÇÂO V
(Contrato de trabalho a termo)
Artigo 24º
(Noção e efeitos)
1. O contrato de trabalho a termo é acordo bilateral pelo qual uma pessoa não integrada
nos quadros assegura, com carácter de subordinação, a satisfação de necessidade transitó-
rias dos serviços de duração determinada.
A relação jurídica do emprego para os cargos com referência igual ou inferior a 5
constitui-se sempre por contrato de trabalho.
a) O contrato de trabalho, pode ainda ser celebrado nos seguintes casos:
b) Substituição temporária de funcionário ou agente;
c) Actividades sazonais;
d) Desenvolvimento de projectos não inseridos nas actividades dos serviços.
e) Aumento excepcional e temporário de actividade do serviço.
4. Para efeitos da alínea b) no número anterior entende-se por actividade sazonal aque-
la que, por ciclo da natureza sé se justifica em determinadas épocas de cada ano.
5. O contrato de trabalho a termo não confere a qualidade de agente administrativo e
rege-se pela lei geral sobre contratos individuais de trabalho.
Artigo 25º
(Recrutamento de candidatos)
A oferta de emprego deve ser comunicado aos Centros de Emprego e publicitada por
meio adequado, designadamente em jornal de expansão nacional, incluindo obrigatoria-
131 O contrato administrativo de provimento foi revogado pelo nº 1 do art. 25º, arts. 101º e 104º da Lei nº 42/VII/2009 de
27 de Julho..

874
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro

mente, para além de outros aspectos considerados relevantes, a referência ao tipo de con-
trato a celebrar, o serviço a que se destina, a função a desempenhar, o prazo de duração e a
proposta de remuneração a atribuir.
Artigo 26º
(Limite à celebração)
A celebração de contratos de trabalho é obrigatoriamente comunicada aos departamen-
tos responsáveis pela Administração Pública e pelas Finanças, sob pena de ineficácia.
CAPÌTULO III
Modificação da relação jurídica de emprego
Artigo 27º
(Modificação da relação)
1.A relação jurídica de emprego pode, a todo o tempo e sem prejuízo das situações
funcionais de origem, ser modificada através de:
a) Nomeação em substituição;
b) Nomeação em comissão de serviço;
c) Requisição, destacamento, transferência ou permuta.
2. As formas de modificação da relação jurídica de emprego público são reguladas por
diploma especial.
CAPÌTULO IV
Extinção da relação de emprego
Artigo 28º
(Causas de extinção aplicáveis aos funcionários)
1. A relação jurídica de emprego dos funcionários cessa por:
a) Aplicação de pena disciplinar expulsiva;
b) Desligação de serviço para efeitos de aposentação;
c) Mútuo acordo entre o interessado e a Administração;
d) Exoneração;
e) Perda das condições gerais prevista nas alíneas c) e d) do artigo 4º.
2. A exoneração denomina-se voluntária quando a vacatura do lugar é determinada
por pedido do funcionário e obrigatório quando resultar de imposição da Administração,
durante o período probatório.
3. A exoneração voluntária está sujeita a um pré-aviso de 30 dias e poderá ser indefe-
rida por virtude de sério inconveniente de serviço, devendo ser concedida logo que cesse a
causa impeditiva ou decorrido o prazo de 60 dias, a contar da data do pré-aviso.

875
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro

4. A exoneração voluntária poderá ser condicionada nos seguintes casos:


a) Haver inquérito ou sindicância aos serviços de que o interessado faça parte ou
estar em curso processo disciplinar em que seja arguido;
b) Não satisfação dos prazos de garantia ou das indemnizações legais resultantes
da frequência de curso, estagiário ou outras formas de valorização profission-
al, facultadas pela administração.
Artigo 29º
(Causas extinção aplicáveis contratados)
(Revogado pela Lei nº 42/VII/2009,de 27 de Julho)
Artigo 30º
(Autorização para cessação de função)
Salvo o caso de denúncia do contrato operada nos termos estipulados, o funcionário
ou agente só pode cessar o serviço depois de autorizado pela autoridade competente
Artigo 31º
( Idade para a cessação de funções)
Não podem continuar a exercer funções públicas os funcionários ou agentes que com-
pletarem 65 anos de idadde
CAPÍTULO
( Prestação de serviço)
Artigo 32º
( Contrato de prestação de serviço)
Para a execução de determinados trabalhos pode a Administração celebrar contratos de
prestação de serviços sujeitos aos regimes previstos na lei geral.
Artigo 33º
( Modalidades)
1. Os contratos de prestação de serviços revestem-se das seguintes modalidades:
a) Contrato de tarefa;
b) Contrato de avença.
2. O contrato de tarefa caracteriza-se por ter como objecto a execução de trabalhos
específicos sem subordinação hierárquica, apenas podendo a Administração recorrer a esse
tipo de contrato quando no próprio serviço não existam funcionários ou agentes, em núme-
ro suficiente, com as qualificações adequadas ao exercício das funções objecto de tarefa.
3. O contrato de avença caracteriza-se por ter como objecto prestações sucessivas no
exercício de profissão liberal, apenas podendo a Administração recorrer a esse tipo de con-

876
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro

trato quando no próprio serviço não existam funcionário ou agentes, em número suficiente,
com as qualificações adequadas ao exercício das funções de avença.
Artigo 34º
(Aspecto específicos do contrato de avença)
1. O contrato de avença pode ser feito cessar a todo o tempo, por qualquer das partes,
com aviso prévio de 60 dias e sem obrigação de indemnizar.
2. Os serviços prestados em regime de contrato de avença serão objectos de remune-
ração certa mensal a qual não poderá, em caso algum ultrapassar a remuneração do técnico
superior da referência 15-A.
CAPÍTULO VI
Acumulação de funções
Artigo 35º
(Princípio de exclusividade de funções públicas)
1 Não é permitida a acumulação de funções ou cargos público remunerados, salvo
quando devidamente fundamentada em motivo de interesse público ou no disposto no nú-
mero seguinte.
2. Há lugar a acumulação de funções ou cargos públicos nos seguintes casos:
a) Inerência de funções;
b) Actividade de representação de departamentos governamentais ou de serviço
públicos;
c) Actividades de carácter ocasional e temporário que possam ser consideradas
como complemento do cargo ou função;
d) Actividades docentes ou equiparadas.
3. O disposto no n.º 1 não é aplicável ás remunerações provenientes de:
a) Criação artística e literária, realização de conferência, palestras, acções de
formação de curta duração e outras de idêntica natureza;
b) Participação em comissões ou grupos de trabalho, quando criados por resolução
do Concelho de Ministro ou determinação do Primeiro Ministro;
c) Participação em Conselho Consultivos Comissões de Fiscalização ou outros
órgãos, quando previstos na lei e no exercício de fiscalização ou controlo de
dinheiros públicos.
4. A acumulação prevista nas alíneas b) e c) do n.º 2 é autorizada por despacho do
membro do Governo competente.
5. No caso previsto na alínea d) do n.º 2, a acumulação depende de requerimento do
interessado e só pode ser autorizada se o horário a praticar como docente for compatível
com o que competir ao cargo ou função principal.

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Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro

6. A acumulação de cargos públicos só é permitida quando fundamenta em motivo de inte-


resse público, quando o interessado direito a um vencimento completar nos termos a fixar.
7. Falsas declarações prestadas no pedido de autorização para a acumulação de luga-
res ou cargos públicos, são punidas nos termos da lei penal, sem prejuízo e procedimento
disciplinar.
Artigo 36º
( Acumulação de funções privadas)
1. O exercício em acumulação de actividades privadas carece sempre de autorização
prévia de membro do Governo competente, o qual pode ser delegada no dirigente máximo
do serviço.
2.O disposto no n.º 1 não abrange a criação artística e literária e a realização de con-
ferências, palestras, acções de formação de curta duração e outras actividades de idêntica
natureza.
3. A autorização referida no n.º 1 só pode ser concedida se verificarem as seguintes
condições:
a) Se a actividade a acumular não for legalmente considerada incompatível;
b) Se os horários a praticar não forem total ou parcialmente coincidentes com o
do exercício da função pública.
c) Se não ficarem comprometidas a isenção e a imparcialidade do funcionário ou
agente no desempenho de funções;
d) Se não houver prejuízo para o interesse público e para os direitos e interesses
legalmente protegidos dos cidadãos.
Artigo 37º
(Inerência de função)
1. Para efeitos da alínea a) do n.º 2 do artigo 35º verifica-se inerência sempre que o
exercício de um cargo público implique, por força da lei, o desempenho de outro cargo.
2. O exercício do cargo inerente considera-se obrigação proveniente do cargo principal.
3. Salvo disposição legal em contraria, a remuneração de função exercida por inerência
considera-se compreendida na remuneração atribuída ao cargo principal.
CAPÍTULO VII
Disposições finais e transitórias.
Artigo 38º
( Salvaguarda de regimes especiais)
As disposições do presente diploma sobre a relação jurídica de emprego não prejudi-
cam regimes especiais que prevejam a eleição como forma de provimento.

878
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro

Artigo 39º
(Conversão da nomeação provisória)
O pessoal nomeado provisoriamente há mais de um ano transita automaticamente para
a situação de nomeação definitiva.
Artigo 40º
( Conversão de nomeação interina)
As nomeações interinas em vigor são convertidas em contratos individuais de trabalho
a termo.
Artigo 41º
( Transição do pessoal assalariado)
1. O pessoal que à data de entrada em vigor do presente esteja provido por contrato de
assalariamento permanente transita, independentemente de quaisquer formalidades, para a
situação de contratados em regime de contrato administrativo de provimento.
2. O pessoal que à data de entrada em vigor do presente diploma esteja provido por
contrato de assalariamento eventual transita, independentemente de quaisquer formalida-
des, para a situação de contratado em regime de contrato individual de trabalho a termo.
Artigo 42º
O pessoal provido em regime de contrato administrativo de provimento mantém-se na
mesma situação.
Artigo 43º
(Transição do pessoal em situação irregular)
1. É contratado em regime de contrato administrativo de provimento o pessoal sem
titulo jurídico válido que à data de entrada em vigor do presente diploma conte mais de três
anos de exercício de funções nos serviços e organismos a que se refere o artigo 2º, com
sujeição á disciplina e hierarquia e com horário de trabalho completo.
2. O pessoal que à data de entrada em vigor do presente diploma esteja a prestar servi-
ço nos termos do número anterior e possua menos de três anos de serviço ou não desempe-
nhe funções em regime de tempo completo é contratado em regime de contrato de trabalho
a termo certo.
3. O contrato administrativo de provimento previsto no n.º 1º faz-se na categoria de
ingresso da carreira correspondente ás funções desempenhadas, sem prejuízo das habilita-
ções literárias e profissionais legalmente exigidas.
4. Ao pessoal referido no n.º 1 que não possua as habilitações literárias e profissionais
legalmente exigidas é concedido prazo de três anos, a contar da data de entrada em vigor
do presente diploma, para adquirir essas habilitações.

879
Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro

5. Adquiridas as referidas habilitações procede-se à celebração do contrato administra-


tivo de provimento, nos termos do n.º 1
6. O pessoal que não adquira as habilitações no termo do prazo fixado no n.º 4 será
contratatdo em categoria para que possua as habilitações lieterárias e profissionais exigidas
para o ingresso, ou na cetegoria de ajudante de serviços gerais, no caso de não possuir a
escolaridade obrigatória.
Artigo 44º
1.A partir da data da entrada em vigor do presente diploma é vedada aos serviços e
organismos referidos no artigo 2º a constituição devrelações de emprego com carácter su-
bordinado por forma diferente das previstas neste diploma.
2. Os funcionários e agentes que contrariamente ao disposto neste diploma autorizem
a admissão de pessoal na Administração Pública são responsáveis pela reposição das quan-
tias pagas, para além da responsabilidade civil e disciplinar que ao caso couber.
Artigo 45º
É abolido o diploma de provimento
Artigo 46º
São revogados os artigos 12º a 89º do Estatuto do Funcionalismo
Aprovada em 15 de Dezembro de 1993
O Presidente da Assembleia Nacional, Amílcar Fernandes Spencer Lopes
Promulgada em 31 de Dezembro de 1993
Publique-se
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO
Assinada em , 31 de Dezembro de 1993
O Presidente da Assembleia Nacional em exercício, António Espírito Santo Fonseca

880
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

PLANO DE CARGO CARREIRAS E SALARIOS


DO PESSOAL DO QUADRO COMUM
Decreto-Lei nº 86/92
de 16 de Julho
O presente diploma reestrutura-se o sistema de cargos, carreiras e salários da função
pública, introduzindo um conjunto de princípios e regras mais consentâneos com os desa-
fios que hoje se colocam à nova Administração.
Assim apesar da natureza do sistema da nossa função pública continuar a ser, essen-
cialmente, de carreira, caracterizando-se desse modo pela estabilidade ou semi-estabilidade
são introduzidas no sistema princípios e critérios que conduzirão à selectividade e ao de-
senvolvimento profissional fundamentado mérito do desempenho individual.
Desse modo, a reformulação do sistema de cargos. Carreiras e salários da nossa fun-
ção pública aproximem o nosso ordenamento do sistema moderno de gestão de recursos
humanos.
Propor-se neste termo, o presente diploma atingir, entre outros, os seguintes objectivos:
a) Dotar a Administração de instrumentos de gestão dos recursos humanos mais
adequados às exigências do desenvolvimento;
b) Incentivar a politica de formação como medida de investimento;
c) Proporcionar aos órgãos da Administração maiores oportunidades de valoriza-
ção e progressão profissional;
d) Atrair e fixar o pessoal qualificado e competente;
e) Aumentar as amplitudes ou diferenciais entre posições remuneratórias;
f) Estruturar os cargos em função dos níveis de habilitação e qualificação profis-
sional.
Assim. Ao abrigo da Autorização legislativa concedida pelo nº1 da Lei nº 26/IV/91,
de 30 de Dezembro, o Governo decreta o seguinte.
CAPITULO I
Disposições gerais
Artigo 1º
Objecto
1. O presente diploma estabelece os princípios, regras e critérios de organização e es-
truturação do Plano de Cargos, carreiras e salários aplicável aos agentes da Administração
Pública.
2. A estrutura dos cargos e carreiras é feita com base na qualificação profissional sendo
o respectivo desenvolvimento fundamentado no mérito do desempenho.

881
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

Artigo 2º
Âmbito
1.O presente diploma aplica-se ao pessoal dos serviços da Administração Pública Cen-
tral e Local, podendo, ainda aplicar-se ao pessoal dos institutos públicos que revistam a
natureza de serviços personalizados do Estado.
2.Excluem-se do âmbito deste diploma os magistrados.
Artigo 3º
Conceito
Para efeito deste diploma, considera-se:
a) Cargo – conjunto de funções e responsabilidades cometidas a determinado
funcionário;
b) Promoção – mudança do funcionário de um cargo para o imediatamente supe-
rior daquele que detêm dentro de uma carreira;
c) Progressão – mudança do funcionário de um escalão para o imediatamente
superior dentro da mesma referência;
d) Referência – constitui agrupamento de cargos submetidos a um mesmo
salário.
e) Escalão - representa cada uma das posições remuneratório criadas no âmbito
de cada referência;
f) Tabela Salarial – conjunto dos valores salariais das referências e respectivos
escalões;
g) Concurso interno condicionado – é o concurso aberto os funcionários do or-
ganismo promotor do concurso;
h) Concurso interno – é o concurso aberto aos funcionários e agentes da Admin-
istração Pública;
i) Concurso externo - é o concurso aberto a todos os cidadãos, estejam ou não
vinculados aos serviços ou organismo da Administração Pública;
j) Qualificação profissional – é conjunto de requisitos exigíveis para o ingresso
de desenvolvimento na carreira;
k) Quadro especial – elenco de lugares distribuídos por cargos de assessoria pes-
soal ou apoio pessoal e directo a titular de cargos políticos;
CAPITULO II
Dos princípios gereis
Artigo 4º
Carreira e emprego
1.Os cargos públicos podem ser assegurados em regime de carreira ou em regime de
emprego.

882
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

2.Sem prejuízo do disposto para os cargos em comissão, o desempenho de funções


públicas que correspondam a necessidades permanentes e próprias dos serviços e que exija
qualificação técnica, técnico-profissional ou formação específica deve ser assegurado por
pessoal em regime de carreira.
3.O desempenho de funções públicas que não correspondam a necessidades perma-
nentes e próprias dos serviços deve ser assegurado em regime de emprego por pessoal
admitido por contrato administrativo de provimento ou por contrato de trabalho.
4.Os postos de trabalho a preencher em regime de emprego são remunerados com
vencimento idêntico ao de cargo correspondente na carreira.
Artigo 5º
Provimento por contrato
Podem os serviços públicos recorrer ao provimento mediante contrato administrativo
sempre que a natureza das funções ou as necessidades dos serviços justifique, designada-
mente quando não exista um corpo de funcionários susceptíveis de assegurar determinadas
funções ou tratando-se de funções novas assumidas pela Administração ou que necessitam
de conhecimento técnico altamente especializados.
Artigo 6º
Contratação de serviços com empresas
A Administração pode contratar com empresas a prestação de serviços com o objec-
tivo de simplificar a gestão dos serviços e racionalizar os recursos humanos e financeiros
para funções que não se destinem à satisfação directa do interesse público ou ao exercício
de poder de autoridade.
Artigo 7º
Carreira
Os cargos efectivos serão organizados em carreira vertical deste que as funções que
lhes são cometidas sejam susceptíveis de hierarquização de acordo com a sua crescente
complexidade, responsabilidade e exigência e exista um universo de profissionais que tal
justifique.
Artigo 8º
Conteúdo funcional dos cargos
1.O conteúdo funcional dos cargos do quadro de pessoal comum integrantes do pre-
sente plano será objecto de portaria do membro do Governo que superintende na Adminis-
tração Pública.
2.O conteúdo funcional dos cargos do quadro de pessoal privativo será publicado por
portaria conjunta do membro do Governo proponente e do membro do Governo que supe-
rintende na Administração Pública.

883
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

Artigo 9º
Estruturação de carreiras
A organização e o desenvolvimento dos cargos que integram as carreiras da função
pública far-se-ão de acordo com os princípios e regras definidos no presente diploma. Só
podendo essa estruturação seguir uma ordenação própria quando, atenta a natureza e espe-
cificidade de funções, confirmadas pela análise de conteúdos funcionais, se conclua pela
necessidade de um regime especial.
Artigo 10º
Análise de funções
1.A criação de carreiras não previstas no presente plano, bem como a reestruturação
das já existentes deverão ser acompanhadas pelas descrições, nos correspondentes diplo-
mas do respectivo conteúdo funcional feita através da enumeração das tarefas e responsa-
bilidades que lhes são cometidas e dos requisitos exigível para o seu exercício.
2.A discrição de funções não pode, em caso algum prejudicar a atribuição aos funcio-
nários de tarefas complexidade e responsabilidade equiparáveis, não expressamente men-
cionadas.
Artigo 11º
Tipos de quadros
Os efectivos de pessoal da função pública podem ser organizados em:
a) Quadros comuns, quando as funções exijam, na generalidade, a mesma formação
e ou especialização, qualquer que seja o departamento governamental;
b) Quadro privativo, quando haja exigência de especialização que apenas inter-
esse a um determinado departamento governamental.
Artigo 12º
Intercomunicabilidade
Qualquer funcionário que possua qualificação profissional legalmente exigida pode
ser opositor a concurso para lugar de acesso da carreira diversa em eu se encontra provido,
desde que:
a) Ao cargo a que se candidata corresponda, na estrutura dessa carreira, referên-
cia igual ou imediatamente superior a que se encontra provido;
b) Se trata de carreira inserida na mesma área funcional.
Artigo 13º
Enriquecimento funcional
As funções que exigem aptidões idênticas ou semelhantes deverão ser agregadas, aglu-
tinando-as numa única denominação, com vista à permanente actualização da estrutura

884
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

de cargos, às mudanças organizacionais e de serviços à simplificação e racionalização do


sistema de gestão dos recursos humanos.
Artigo 14º
Organização dos quadros de pessoal
1.Os quadros de pessoal devem ser estruturados e organizados de acordo com as ne-
cessidades próprias dos serviços, não podendo em regra, o número de lugares de cada cargo
exceder o do cargo imediatamente inferior.
2.Tratando-se de organização de quadros de pessoal para responder a necessidades de
serviços de natureza, essencialmente, técnica ou cientifica a estruturação dos respectivos
quadros pode obedecer a critérios diferentes do disposto no número anterior.
Artigo 15º
Ingresso
1.O recrutamento para ingresso na função pública mediante provimento provisório,
efectua-se sempre através de concurso externo.
2.Exceptua-se do disposto no número anterior o recrutamento para cargos de direcção
ou de chefia ou ainda para cargos do quadro especial o qual se procede por escolha, nos
termos definidos por lei.
3.O ingresso em qualquer cargo da função pública efectua-se em regra, no escalão A
da referência correspondente ao cargo.
Artigo 16º
Acesso
1.É obrigatório o concurso interno para acesso nas carreiras da função pública.
2.Excepicionalmente, em casos devidamente fundamentados, podem ser recrutados,
mediante concurso externo para lugares de acesso, indivíduos que possuam formação ade-
quada, qualificação e experiência de duração não inferior à normalmente exigida para aces-
so ao cargo, bem como indivíduos habilitados com grau de mestrado, especialização ou
doutoramento.
Artigo 17º
Reserva de quotas
1.Com vista a favorecer a promoção interna, os regulamentos de concurso deverão,
sempre, reservar uma proporção de vagas susceptíveis de serem providas por candidatos
do organismo promotor do concurso.
2.No preenchimento de qualquer cargo da função pública cinquenta por cento dos
lugares serão providos mediante concurso interno condicionado e os restantes mediante
concurso externo.

885
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

3.No caso de não haver funcionários ou agentes para prover todas as vagas por concur-
so interno condicionado serão revertidas para provimento mediante concurso externo.
Artigo 18º
Remuneração
Aos cargos do pessoal do quadro comum corresponderá a mesma remuneração qual-
quer que seja o departamento governamental em que se encontra provido.
CAPITULO III
Do desenvolvimento profissional
Artigo 19º
Instrumentos
A evolução e o desenvolvimento profissional dos funcionários e agentes da Adminis-
tração Pública efectuam-se através da:
a) Promoção;
b) Progressão.
Artigo 20º
Promoção
1.A promoção depende da verificação cumulativa dos seguintes requisitos:
a) Existência de vagas;
b) Tempo mínimo de serviço efectivo e ininterrupto no cargo imediatamente in-
ferior, de acordo com regime legalmente estabelecido;
c) Avaliação de desempenho, nos termos a regulamentar;
d) Aprovação em concurso;
Formação, quando a lei o exija.
2.Sempre que a promoção corresponda a ascensão do funcionário para referência não
imediatamente superior a integração na referência de acesso far-se-á no escalão a que cor-
responde índice imediatamente superior ao detido no cargo de origem.
3.Quando a promoção corresponde a ascensão do funcionário para referência imedia-
tamente superior a integração far-se-á no mesmo escalão do cargo anteriormente ocupado.
Artigo 21º
Progressão
1.O acesso aos diferentes escalões da mesma referência nas carreiras horizontais da
função pública efectua-se verificado que sejam os seguintes requisitos:
a) Quatro anos de serviço efectivo e ininterrupto no escalão imediatamente anterior;
b) Avaliação de desempenho de satisfatório, nos termos a regulamentar.

886
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

2.Para além do disposto na alínea b) do número anterior, o acesso aos diferentes esca-
lões da mesma referência nas carreiras verticais está condicionada a permanência de três
anos de serviço no escalão imediatamente anterior.
3.A contagem de tempo de serviço para efeitos de progressão é suspensa quando o
desempenho for considerado deficiente, nos termos regulamentar.
Artigo 22º
Quotas de Progressão
Anualmente, só poderão evoluir, mediante progressão, até um terço do total dos fun-
cionários de cada escalão da referência correspondente ao cargo, que preencham os requi-
sitos a que se refere o artigo 21º.
Artigo 23º
Formação
1. Com vista a capacitação e à melhoria do desempenho funcional dos funcionários e
agentes a Administração deverá desenvolver acções de formação profissional, bem assim
acções de aperfeiçoamento e reciclagem permanentes.
2. A formação deve adequar-se ao regime de carreira, visando aumentar a eficácia e
eficiência dos serviços, através da articulação das prioridades de desenvolvimento dos ser-
viços com os planos individuais de carreira.
3. Ao funcionário que obtenha uma formação complementar especializada de duração
mínima de dois anos lectivos, oficialmente reconhecida, é reduzido de um ano o tempo de
serviço para efeito de promoção ou progressão, consoante se trate de cargos integrados em
carreira verticais ou de cargos, exclusivamente estruturados em carreira horizontais.
Artigo 24º
Financiamento da formação
Para a concretização do disposto no número anterior, deve o órgão central de gestão
dos recursos humanos, em colaboração com os respectivos órgãos sectoriais, elaborar pro-
gramas anuais de formação para os quais serão previstos recursos nas dotações orçamentais
do pessoal correspondente a pelo menos 2% do seu total.
CAPITULO IV
Da estrutura dos órgãos
Artigo 25º
Estrutura de cargos
Os cargos efectivos da função pública estruturam-se em:
a) Pessoal do quadro comum;
b) Pessoal do quadro privativo.

887
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

Artigo 26º
Pessoal do quadro comum
O pessoal do quadro comum agrupa-se em:
a) Pessoal técnico;
b) Pessoal técnico auxiliar;
c) Pessoal administrativo;
d) Pessoal operário;
e) Pessoal auxiliar;
f) Pessoal de prevenção, fiscalização e inspecção.
Artigo 27º
Pessoal do quadro privativo
1.Sem prejuízo da criação de novos cargos estruturados em quadro de pessoal privati-
vo, integram o pessoal do quadro privativo:
a) Pessoal de arte gráficas;
b) Pessoal diplomático
c) Pessoal docente;
d) Pessoal judiciário;
e) Pessoal marítimo e de farolagem;
f) Pessoal dos registos e do notariado;
g) Pessoal técnico-aduaneiro.
2.Integra ainda o quadro privativo o pessoal a que se refere o artigo 55º do Decreto-Lei
nº 64/92 de 5 de Junho, com as adaptações constantes do presente diploma.
CAPITULO V
Da estrutura de carreira do quadro comum
Artigo 28º
Carreira técnica
1. A carreira do pessoal técnico integra os seguintes cargos:
a) Técnico-adjunto;
b) Técnico-adjunto principal;
c) Técnico superior;
d) Técnico superior de primeira;
e) Técnico superior principal.

888
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

2. O recrutamento para os cargos que integram a carreira do pessoal técnico obedece


às seguintes regras:
a) Técnico-adjunto de entre indivíduos habilitados com curso superior que não
confira grau de licenciatura;
b) Técnico-adjunto principal, de entra técnicos-adjuntos com, pelo menos, três
anos de efectivo exercício de funções e avaliação desempenho mínimo de
Bom;
c) Técnico superior, de entre indivíduos habilitados com curso superior que con-
fira grau de licenciatura ou técnico adjuntos principal com quatro anos de
efectivo exercício de funções no cargo e avaliação de desempenho mínimo de
Bom;
d) Técnico superior de primeira, de entre técnicos superiores com pelo menos,
quatro anos de efectivo exercício de funções no cargo avaliação de desem-
penho mínima de Bom;
e) Técnico superior principal, de entre técnicos superiores de primeira com, pelo
menos, cinco anos de efectivo exercício de funções e avaliação de desem-
penho mínima de Muito Bom.
3. Os actuais diplomados com cursos de formação de técnico-profissional de duração
não inferior a dois anos, para além de onze anos de escolaridade ou formação equivalente
transitam para o cargo de técnico-adjunto.
4. Os actuais funcionários e agentes habilitados com curso técnico de duração de qua-
tro anos e que exija com base mínima nove de escolaridade ou formação equivalente, são
integrados no cargo técnico-adjunto.
Artigo 29º
Carreira do oficial administrativo
1. A carreira do pessoal administrativo integra os seguintes cargos:
a) Assistente administrativo;
b) Oficial administrativo;
c) Oficial principal.
2. O recrutamento para o cargo que integram a carreira do pessoal administrativo obe-
dece às seguintes regras:
Assistente administrativo, de entre indivíduos com habilitação correspondente a nove
anos de escolaridade ou formação equivalente e conhecimento prático de dactilografia ou
escriturários-dactilógrafos principais com um mínimo de três anos de exercício efectivo de
funções e que tenham frequentado, um curso de administração de duração não inferior a
seis meses;

889
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

Oficial administrativo, de entre assistentes administrativos com pelo menos, quatro


anos de exercício efectivo de funções e avaliação de desempenho mínimo de Bom ou indi-
víduos com habilitação correspondente a nove anos de escolaridade ou formação equiva-
lente e que tenham frequentado, com aproveitamento, o curso do CENFA.
Oficial principal, de entre oficiais administrativos com pelo menos cinco anos de exer-
cício efectivo de funções e avaliação de desempenho mínima de Bom.
3. As provas de selecção dos concursos a efectuar para provimento de lugares de assis-
tente administrativo devem integrar uma pratica de dactilografia.
Artigo 30º
Tesoureiro
O recrutamento para o cargo de tesoureiro faz-se de entre indivíduos com habilitação
correspondente a nove anos de escolaridade e experiência relevante para a função ou for-
mação profissional adequada.
Artigo 31º
Fiel
O recrutamento para o cargo de fiel faz-se de entra os indivíduos com habilitação cor-
respondente a seis anos de escolaridade.
Artigo 32º
Do pessoal técnico auxiliar
O recrutamento para o cargo de técnico auxiliar faz-se de entre indivíduos com habili-
tação correspondente a nove anos de escolaridade e possuam curso ou estágio de formação
profissional de duração não inferior a seis meses, oficialmente reconhecido.
Artigo 33º
Do pessoal Técnico Profissional de 1º nível
O recrutamento para o cargo de técnico profissional de 1º nível faz-se de entre indi-
víduos com habilitação correspondente a nove anos de escolaridade e possuam curso ou es-
tágio de formação profissional de duração mínima de dois anos, oficialmente reconhecido.
Artigo 34º
Do pessoal Técnico Profissional de 2º nível
1.O recrutamento para o cargo de técnico profissional de 2º nível faz-se de entre in-
divíduos com habilitação correspondente a nove anos de escolaridade e possuam curso ou
estágio de formação profissional reconhecido pelo departamento governamental que supe-
rintende na Educação de duração compreendida entra seis meses a um ano.
2.A área de recrutamento para o cargo a que se refere o número anterior é alargada aos
indivíduos com habilitação correspondente a seis anos de escolaridade ou equivalente e

890
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

curso ou estágio de formação profissional reconhecido pelo departamento governamental


que superintende na Educação.
Artigo 35º
Do Pessoal Operário
1. O Pessoal operário integra os cargos a que se refere o mapa II em anexo.
2. Os requisitos de ingresso a acesso na carreira do pessoal operário serão definidos
por diploma específico.
Artigo 36º
Do Pessoal Auxiliar
1. O pessoal auxiliar distribui-se pelos cargos a que se refere o mapa I em anexo.
2. O desenvolvimento profissional dos cargos que integram o pessoal auxiliar obedece
as regras constantes do artigo 21º.
3. O recrutamento para os cargos que integram o pessoal auxiliar obedece às seguintes
regras:
a) Ajudante de serviços gerais, de entre indivíduos com habilitação correspond-
ente a quatro anos de escolaridade;
b) Condutor-Auto de ligeiro. De entre os indivíduos habilitados com carta profis-
sional de condução de ligeiros;
c) Condutor-Auto de pesados, de entre indivíduos com carta profissional de con-
dução de pesados;
d9 Pagador, auxiliar administrativo, recepcionista e telefonista, de entre indivídu-
os habilitados com seis anos de escolaridade.
Artigo 37º
Pessoal de Prevenção, Fiscalização e Inspecção
1.................................................................................................................................132.
2. As condições de ingresso e aceso na carreira do pessoal de fiscalização e inspecção
aplica-se, com os devidos adaptações, o disposto no artigo 28º
CAPITULO VI
Do pessoal dirigente e do quadro especial
Artigo 38º
Pessoal dirigente ou de chefia operacional
1.São cargos dirigentes do quadro comum os de:
a) Director-Geral;
132 Revogado pelo Estatuto do pessoal da inspecção de Finanças

891
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

b) Secretário-Geral;
c) Inspector-Geral;
d) Presidentes de Instituto Público;
e) Director de Serviço.
2.São cargos de chefia operacional do quadro comum os de:
a) Chefe de Divisão;
b) Chefe de Secção.
Artigo 39º
Recrutamento dos cargos dirigentes
1. O recrutamento para os cargos dirigentes é feito por escolha, de entre indivíduos
habilitados com curso superior que confira o grau de licenciatura, vinculados ou não a Ad-
ministração Pública, e que possuam aptidão adequada ao exercício das respectivas funções.
2. A área de recrutamento para os cargos referidos no número anterior pode ser alarga-
da aos indivíduos habilitados com curso superior que não confira grau de licenciatura e que
tenham, pelo menos, quatro anos de experiência profissional ou, ainda funcionário público
que na estrutura de carreira, exerçam cargos de nível equiparados ao exercido pelos fun-
cionários ou agentes referidos no número 1 ou na primeira parte do nº2 do presente artigo.
3. Nos casos em que as leis orgânicas expressamente o prevejam, o recrutamento para
os cargos de pessoal dirigente poderá também ser feito de entre funcionários integrados em
carreira de regime especial dos respectivos serviços ou organismos, ainda que não possui-
dores de curso superior.
Artigo 40º
Recrutamentos dos cargos de chefia operacional
1.O recrutamento para o cargo de chefe de divisão faz-se de entre indivíduos a que se
referem os números 1 e 2 do artigo anterior.
2.O recrutamento para o cargo de chefe de secção é feito, preferencialmente, de entre
o pessoal pertencente à carreira do pessoal administrativo ou categoria de tesoureiro com
conhecimentos técnicos específicos das atribuições da respectiva unidade orgânica.
Artigo 41º
Quadro especial
.……...............……………………………………………………………………….133

133 O art. 41º foi revogado pelo Decreto-Legislativo n.º 3/95, de 20-6

892
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

Artigo 42º
Direito à carreira
1. Salvo disposição legal expressa em contrário, o tempo de serviço prestado no exer-
cício de cargos em comissão conta para todos os feitos legais, designadamente para evolu-
ção nas careiras em que cada funcionário se encontra integrado.
2. Os funcionários nomeados para cargos em comissão têm direito, finda a comissão
de serviço de regressarem ao cargo de origem devendo ser enquadrados em escalão corres-
pondente ao número de anos de exercício continuado do cargo, independente da avaliação
de desempenho e do disposto no artigo 22º
3. O disposto no número anterior não prejudica o direito de os funcionários que exer-
çam cargos em comissão se candidatarem aos concursos de promoção que ocorrem na
pendência da respectiva comissão.
Artigo 43º
Remuneração
A remuneração do pessoal dirigente, bem como dos cargos a estes equiparados, con-
forme os mapas XVI e XVII, é o constante da tabela a que se refere o anexo III e que faz
parte integrante do presente diploma.
CAPITULO VII
Do Pessoal do Quadro Privativo
Artigo 44º
Pessoal de Arte Gráficas
1. O pessoal de artes gráficas integra os cargos a que se refere o mapa VI em anexo ao
presente diploma.
2. As condições de ingresso e acesso do pessoal de arte gráficas serão reguladas por
diploma especial.
Artigo 45º
Pessoal diplomático
.....................................................................................................................................134
2. As condições de ingresso e acesso do pessoal diplomático e consular serão reguladas
por diploma especial.
Artigo 46º
Pessoal Docente
...............................................................................................................................135
2. As condições de ingresso e acesso do pessoal docente serão reguladas por diploma
especial.
134 Revogado pelo Estatuto do pessoal diplomático
135 Revogado pelo Estatuto do pessoal docente

893
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

Artigo 47º
Pessoal judiciário
.....................................................................................................................................136
2. As condições de ingresso e acesso do pessoal judiciário são regulados por diploma
especial.
Artigo 48º
Pessoal marítimo e de farolagem
....................................................................................................................................137.
2. As condições de ingresso e acesso do pessoal marítimo e farolagem são reguladas
por diploma especial.
Artigo 49º
Pessoal técnico aduaneiro
.....................................................................................................................................138
2. As condições de ingresso e acesso do pessoal técnico aduaneiro são reguladas por
diploma especial.
Artigo 50º
Pessoal do registo e do notariado
.....................................................................................................................................139
2. As condições de ingresso e acesso do pessoal dos registos e do notariado são regu-
lados por diploma especial.
Artigo 51º
Do pessoal de inspecção-geral de finanças
.....................................................................................................................................140
2. As condições de ingresso e acesso do pessoal de inspecção-geral de finanças são
regulados por diploma especial.
CAPITULO VIII
Das remunerações
Artigo 52º
O sistema retributivo da função pública é composto pela:
a) Remuneração base;
b) Suplemento.
136 Revogado pelo Estatuto do pessoal oficial de justiça
137 Revogado pelo quadro privativo do pessoal da marinha e portos
138 Revogado pelo quadro privativo de finanças
139 Revogado pelo Estatuto do pessoal dos Registos e Notariado
140 Revogado pelo Estatuto do pessoal da inspecção de finanças

894
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

Artigo 53º
Estrutura da remuneração base
1. A estrutura da remuneração base da função pública integra:
a) Tabela salarial para cargos efectivos;
b) Tabela salarial para cargos em comissão.
2. As tabelas a que se refere o número anterior constam dos anexos II e II do presente
diploma e fazem parte integrante do mesmo.
Artigo 54º
Remuneração base
1. A remuneração base passa a corresponder um índice para qual se obtém a expressão
monetária através da sua multiplicação pelo montante atribuído ao respectivo índice 100.
2. O valor do índice 100 é fixado por Decreto do Governo.
3. A remuneração base integra a remuneração do cargo e a remuneração de exercício.
4. A remuneração do cargo é igual a cinco sextos da remuneração base.
5. A remuneração de exercício é igual a um sexto da remuneração base.
Artigo 55º
Suplementos
1. Os suplementos são atribuídos em função das particularidades especificas da presta-
ção de trabalho e só podem ser considerados os que se fundamentem em:
a) Trabalho extraordinário;
b) Trabalho nocturno;
c) Abono para falha;
d) Trabalho em dia de descanso semanal ou feriado;
e) Trabalho prestado em condições de risco. Penosidade ou insalubridade;
f) Subsidio de dedicação exclusiva;
g) Subsidio de deslocação;
g) Incentivo à fixação em zonas de periferia;
i) Trabalho em regime de turno;
j) Participação em comissão ou grupo de trabalho;
k) Participação em custas ou multas.
2. O subsídio de dedicação exclusiva deverá ser objecto de incorporação, nos termos
a definir, nas futuras reestruturações das carreiras de regime especial que auferem gratifi-
cação de exclusividade.

895
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

3. Podem ser atribuídos suplementos por compensação de despesas por motivo de


serviço que se fundamentem, designadamente, em:
a) Trabalho prestado fora do local normal de serviço que dê direito a atribuição
de ajudas de custo ou outros abonos devidos a deslocação em serviço.
b) Transferência para localidade diversa que confira direitos a subsidio de insta-
lação.
4. O regime, as condições e os valores de cada suplemento serão objecto de regula-
mentação própria
CAPITULO IX
Disposições transitórias e finais
Artigo 56º
Sem prejuízo dos processos pendentes à data da publicação do presente diploma,
são extintas as diuturnidades de regime geral.
Artigo 57º
Remunerações acessórias
São extintas as remunerações acessórias não previstas ou enquadráveis neste diploma.
Artigo 58º
Remuneração para transição
1. A remuneração a considerar, para efeito de transição, resulta do somatório dos montantes
correspondentes à remuneração base, às diuturnidades e as remunerações acessórias.
2. Para efeito do disposto no número anterior, são congelados os montantes correspon-
dentes às remunerações acessórias, não podendo o respectivo valor ser determinado a partir
da nova remuneração base atribuída ao cargo.
Artigo 59º
Incorporação das remunerações acessórias
1. Nos casos de funcionários com remunerações acessórias de valor fixo, a remune-
ração a considerar, para efeito de enquadramento, é igual ao somatório da remuneração
base, com montante da remuneração acessória abonado até a data da entrada em vigor do
presente diploma.
2. Nos casos de funcionários com remunerações acessórias de montante variável, de-
ver-se-á seguir, para efeito de enquadramento, o disposto no número anterior, devendo
considerar-se o valor médio das remunerações acessórias recebidas nos doze meses ime-
diatamente anteriores à data de entrada em vigor do presente diploma.
3. Sempre que o montante apurado, nos termos dos números anteriores ultrapassa o
valor máximo do respectivo cargo é criado um diferencial de integração de valor corres-
pondente a diferença entre o que resulta do enquadramento e o montante percebido à data
da entrada em vigor do presente diploma.

896
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

4. O diferencial de integração nos cargos do quadro de pessoal comum será absorvido


nos futuros aumentos salariais em percentagem a determinar.
Artigo 60º
Salvaguarda de direitos
Da implantação do presente plano não pode resultar redução de remuneração, legal-
mente estabelecida que o funcionário aufira.
Artigo 61º
Relevância do tempo de serviço
O tempo de serviço anteriormente prestado nas categorias granizadas em carreira,
objecto de reestruturação releva para todos os efeitos legais, com excepção dos remunera-
tórios, designadamente a promoção e progressão, como se fosse prestado nos cargos para
que se processa a transição.
Artigo 62º
Enquadramento
Sem prejuízo dos enquadramentos efectuados no anexo IV, os funcionários e agentes
titulares de cargos efectivos serão enquadrados no escalão inicial A da referencia em que
o cargo se encontra integrado ou se a este corresponder salário inferior ao percebido no
momento do enquadramento, no escalão de valor imediatamente superior ao do salário.
Artigo 63º
Pessoal docente
.....................................................................................................................................141
Artigo 64º
Reclassificação dos educadores de infância
1. Os educadores de infância habilitados com curso de duração mínima de dois anos e
que exija condição de admissão habilitação correspondente a onze anos de escolaridade ou
formação equivalente, bem assim os habilitados com curso de duração mínima de quatro
anos, incluindo o ano preparatório ou de três anos, sem referido ano preparatório, e que
exijam como condição de admissão habilitação correspondente a nove ano de escolaridade
ou formação equivalente, serrão enquadrados como professores de terceiro nível.
2. Os educadores de infância habilitados com curso superior que confira grau de licen-
ciatura serão enquadrados como professores de quarto nível.
Artigo 65º
Mestre de oficina
O quadro de mestre de oficina é integrado por docente especificamente preparados para
o ensino oficial nas escolas do ensino técnico-profissional em qualquer especialidade.
141 Revogado pelo Estatuto do Pessoal Docente (Dec.Leg. nº 2/2004 de 29 de Março)

897
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

Artigo 66º
Escriturários-dactilógrafos
1. A partir da data de entrada em vigor do presente diploma, não poderão prever-se nos
novos quadros de pessoal, lugares de Escriturários-dactilógrafos.
2. O preenchimento de lugares vagos de Escriturários-dactilógrafos que se mostrar
necessário far-se-á de entre funcionário com habilitação correspondente a quatro anos de
escolaridade e conhecimentos comprovados de dactilografia, mediante recurso aos instru-
mentos de mobilidade interna.
Artigo 67º
Extinção de categorias
1. São extintas as seguintes categorias:
a) Continuo, porteiro, zelador, seladeira, servente e vigilante;
b) Impressor, compositor, encadernador, compositor linotipista, desenhador
montador, gravador transportador, fotografo retocador, chefe de serviços téc-
nicos, chefe de impressão tipográfica, chefe de oficina de impressão tipográ-
fico, chefe de oficina de litografia, chefe de oficina de composição tipográfica,
chefe de armazém e depósitos e chefe de secção de contabilidade.
2. O pessoal titular das categorias extintas transita de acordo com as seguintes regras:
a) Para o cargo de ajudante de serviços gerais, os titulares das categorias referi-
das na alínea a) do número anterior;
c) Para o cargo de oficial de arte gráfica, os actuais impressores, encadernadores,
compositores, linotipistas, desenhadores, montadores, gravadores transporta-
dores e fotógrafos retocadores.
d) Para o cargo de oficial de arte gráfica principal, os actuais chefes de serviços
técnicos, chefes de oficina de impressão tipográfica, chefes de oficina de lito-
grafia e chefes de oficina de composição tipográfica;
e) Para o cargo de oficial administrativo principal os actuais chefes de armazém
e depósitos e chefes de secção de contabilidade.
Artigo 68º
Extinção de categorias mediante vacatura
1. São extintas à medida que os respectivos lugares forem vagando, as seguintes cate-
gorias:
a) Directores da carreira administrativa, da carreira de finanças e da carreira das
alfandegas;
b) Sub-inspector, amanuense, governanta, ajudante de carcereiro, ajudante e auxiliar
do pessoal operário não qualificado, cozinheiro, cozinheiro chefe e costureira.
2. Os actuais directores da carreira administrativa, da carreira de finanças e da carreira das
alfândegas que possuem licenciatura poderão transitar para a carreira de pessoal técnico.

898
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

Artigo 69º
Regulamentação
Os requisitos de ingresso e acesso dos cargos que integram as carreiras de regime
especial poderão, nos termos dos artigos 9º e 10º do presente diploma era definidos por
diploma específico.
Artigo 70º
Reconversão do pessoal técnico-profissional
1. Os actuais técnicos profissionais de primeiro nível, com habilitação correspondente
a nove anos de escolaridade ou formação equivalente e curso do CENFA, que estejam a
exercer funções de conteúdos equiparável às descritas para o cargo que integram a carreira
administrativa transitarão para a administrativa no cargo de oficial administrativo.
2. Em execução do número anterior, os serviços em futuras reestruturações dos seus
quadros de pessoal deverão extinguir os lugares de carreira e criar, na carreira administra-
tiva, os lugares necessários à reconversão.
Artigo 71º
Reclassificação dos assistentes sociais licenciados
1. Os actuais assistentes sociais habilitados com curso superior de serviço social de
nível de licenciatura transitam para a carreira técnica a que se refere o artigo 27º, de acordo
com as seguintes regras:
a) Técnico de 3ª e 2ª classe na referencia 13, escalão A do cargo de técnico superior;
b) Técnico de 1ª classe na referencia 13, escalão B do cargo de técnico superior;
c) Técnico principal na referencia 13, escalão C do cargo de técnico superior;
2. Para efeito de acesso na carreira técnica releva, no cargo para que se opera a transi-
ção, todo o tempo prestado na categoria de origem.
Artigo 72º
Formalidade de transição
1. As transições determinadas pelo presente diploma efectuar-se-ão automatica-
mente, mediante lista nominativa a publicar pela Direcção-Geral da Administração
Pública, não carecendo, para o efeito, do Visto do Tribunal de Contas, de posse ou
demais formalidades.
2. Para efeito do número anterior, cada departamento governamental deverá submeter
à Direcção Geral da Administração Pública as respectivas listas nominativas do pessoal
com as transições a que se refere o presente diploma.
Artigo 73º
Adaptação do quadro de pessoal
Os serviços e organismos públicos a que se refere o artigo 1º devem adaptar o res-
pectivo quadro de pessoal ao disposto no presente diploma.

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Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

Artigo 74º
Concursos pendentes
Os concursos cujos avisos de abertura se encontrem publicados à data da entrada
em vigor do presente diploma mantêm em vigor, sendo os respectivos candidatos seleccio-
nados, providos na referência e ou escalão a que lhes corresponderiam, caso detivessem o
cargo a que ascendem por força da promoção à data da aprovação do presente diploma.
Artigo 75º
Congelamento de escalão
Fica congelado até 31 de Julho de 1993 o desenvolvimento mediante progressão dos
cargos que envolvem na vertical e na horizontal.
Artigo76º
Classificação de serviço
1. Enquanto não for aprovado o novo instrumento de avaliação de desempenho aplica-
se o regime legal da classificação de serviço.
2. A determinação dos efectivos a evoluir, nos termos do artigo 22º do presente diplo-
ma, far-se-á mediante a graduação da classificação de serviço atribuída aos candidatos.
3. Em caso de empate procede-se à selecção dos que detém a maior antiguidade.
Artigo 77º
Revogação
São revogados os Decreto-Lei nº 152/79 de 31 de Dezembro, o Decreto-Lei nº 154/81
de 31 de Dezembro, o Decreto-Lei nº 28/83 de 23 de Abril, o Decreto-Lei nº 74/86 de 25 de
Outubro, o artigo 3º, o nº 2 do artigo 6º do Decreto-Lei nº 31/89 e Decreto-Lei nº 11/90 de 4 de
Março.
Artigo 78º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor a 1 de Agosto de 1992.
Carlos Veiga – Jorge Carlos Fonseca – Eurico Correia Monteiro -José Tomás Veiga –
António Gualberto do Rosário – Manuel de Jesus Chantre – Teófilo Figueiredo -Manuel
Faustino – Rui Figueiredo Soares – Leão Lopes -Alfredo Teixeira.
Promulgado em 13 de Junho de 1992.
Publique-se.
O Presidente da República, interino, AMILCAR FERNANDES SPENCER LOPES.

900
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

ANEXO Nº I
MAPAI
PESSOAL AUXILIAR
Pagador
Auxiliar Administrativo
Condutor-Auto de Ligeiro
Condutor-Auto de Pesados
Ajudante de Serviços Gerais
Recepcionista
Telefonista
Agente Sanitário
MAPA II
Pessoal operário
1. De controle
Chefe de Trabalho
Supervisor de Oficinas
1.1.Qualificado
Inclui nomeadamente:
Bate-Chapas
Electricistas
Mecânicos
Soldador e Electrotécnico
1.2. Semi-qualificado
Inclui nomeadamente:
Canalizador
Carpinteiro
Maquinista
Operador de Maquinas Pesadas
Pintor-Auto
Serralheiro Civil
Serralheiro Mecânico
Tractorista

901
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

1.3. Não Qualificado


Inclui nomeadamente:
Operário não qualificado
Ajudante
Operário não qualificado auxiliar
MAPA III
Pessoal administrativo
Oficial Principal
Oficial Administrativo
Assistente Administrativo
Tesoureiro
Fiel
MAPA IV
Pessoal técnico
Técnico-adjunto
Técnico-adjunto Principal
Técnico Superior
Técnico Superior de Primeira
Técnico Superior Principal
Técnico Profissional de Primeiro Novel
Técnico Profissional de Segundo Nível
Técnico Auxiliar
MAPA VI
Pessoal de artes gráficas
Aprendiz
Ajudante de Artes Gráficas
Fundidor Linotipista
Oficial de Artes Gráficas
Oficial de Artes Gráficas Principal
Revisor Tipográfico
Oficial de administração principal

902
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

MAPA XIV
Pessoal dirigente de chefia operacional
Director-Geral
Secretário-Geral
Inspector-Geral
Presidente de Instituto Público
Director de Serviços
Chefe de Divisão
Chefe de Secção
ANEXO II
Tabela de cargos efectivos

Índice
Referencia Escalão
A B C D E F G H I
17 640 730 820 900
16 570 610 650 700 750
15 510 540 570 600 630
14 460 490 520 550 580
13 420 400 480 510 520 540
12 390 410 430 450 470 490
11 340 360 380 400 420 440
10 250 270 300 320 340 360 390
9 225 245 260 275 300 320 340 355
8 200 220 240 250 265 280 300 320
7 185 195 205 215 230 250 260 270
6 160 175 185 200 215 225 240 255
5 150 160 175 190 205 220 235 245
4 145 155 170 185 195 205 215 225 235
3 140 145 155 165 175 185 195 210 225
2 125 135 145 155 165 175 180 185 195
1 100 110 120 130 140 150 160 170 180

Índice 100= 8800

903
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

ANEXO III

Tabela dos cargos dirigentes – comissão de serviço

Nível Cargos Índice


V Embaixador 260
Secretário-Geral 260
IV Director-Geral 240
Inspector-Geral 240
III Director de serviço 210
II Chefe de Divisão 165
I Chefe de Secção 100

Índice 100 = 26,100

ANEXO Nº V

Anexo de enquadramento comissão de serviço


(Pessoal equiparado)
.....................................................................................................................................................................13.

ANEXO Nº IV
Anexo de enquadramento – Cargos efectivos

Descrição Letras Descrição Referencia Grau


Agente Administrativo Q Agente administrativo 3 B
Agente 1ª Classe N Agente policia marítimo 5 D
Agente 2ª Classe O Agente policia marítimo 5 C
Agente Policial Económica Fiscal 1ª Classe O Agente Policial Económica Fiscal 5 C
Agente Policial Económica Fiscal 2ª Classe P Agente Policial Económica Fiscal 5 B
Agente Policia Judiciaria 1ª classe L Agente Policia Judiciaria 7 D
Agente Policia Judiciaria 2ª classe N Agente Policia Judiciaria 7 A
Agente Sanitário U Agente Sanitário 1 B
Ajudante 1 I Ajudante notariado 7 G
Ajudante 2 L Ajudante notariado 6 E
Ajudante 3 N Ajudante notariado 6 C
Ajudante 4 Q Ajudante notariado 6 A
Ajudante carcereiro 1ª classe M Ajudante carcereiro 4 E
Ajudante carcereiro 2ª classe N Ajudante carcereiro 4 D
Ajudante escrivão 1ª classe K Ajudante escrivão 7 E
Ajudante escrivão 2º classe L Ajudante escrivão 7 D
Ajudante de imprensa R Ajudante de artes gráficas 2 B
Ajudante de motorista P Ajudantes de motorista 3 D
Adjunto de faroleiro chefe O Adjunto de faroleiro chefe 4 C
Amanuense U Amanuense 1 A
Aprendizes U Aprendizes 1 A
Artesão 1ª classe L Artesão 6 E
Artesão 2ª classe N Artesão 5 D
Artesão de 3ª classe Q Artesão 5 A
Artesão auxiliar principal N Artesão auxiliar 3 H
Artesão auxiliar 1ª classe Q Artesão auxiliar 3 C

13
Este anexo foi revogado pelos diplomas sobre : quadro privativo de marinha e portos; organização e gestão do
Estabelecimentos do Ensino Secundário; Estatuto do pessoal oficial de Justiça; quadro privativo de finanças
Estatuto do pessoal da Inspecção de Finanças; Estatuto do pessoal diplomático

904
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

Artesão auxiliar 2ª classe R Artesão auxiliar 3 B


Artesão auxiliar 3ª classe S Artesão auxiliar 3 A
Auxiliar principal P Auxiliar administrativo 2 E
Auxiliar 1ª classe R Auxiliar administrativo 2 C
Auxiliar 2ª classe S Auxiliar administrativo 2 B
Auxiliar 3ª classe T Auxiliar administrativo 2 A
Auxiliar Administrativo R Auxiliar administrativo 2 C
Carcereiro 1ª classe J Carcereiro 7 F
Carcereiro 2ª classe L Carcereiro 7 D
Chefe de secção I Oficial principal 9 C
Chefe de policia marítima J Chefe de policia marítima 9 B
Chefe de trabalho principal I Chefe de trabalho 8 E
Chefe de trabalho 1ª classe K Chefe de trabalho 8 C
Chefe de trabalho 2º classe L Chefe de trabalho 8 B
Chefe de trabalho 3ª classe M Chefe de trabalho 8 A
Chefe de armazém e depósito I Oficial de administração principal 9 C
Chefe de oficina de litografia I Oficial de artes gráficas principal 9 C
Chefe de oficina de impressão tipográfica I Oficial de artes gráficas principal 9 C
Chefe de oficina de composição tipográfica I Oficial de artes gráficas principal 9 C
Chefe de secção de contabilidade I Oficial de administração principal 9 C
Chefe de serviços técnicos H Oficial de artes gráficas principal 9 D
Compositor principal J Oficial artes gráficas 6 G
Compositor 1ª classe K Oficial artes gráficas 6 F
Compositor 2ª classe N Oficial artes gráficas 6 C
Compositor 3ª classe P Oficial artes gráficas 6 A
Compositor linotipista principal J Oficial artes gráficas 6 G
Compositor linotipista 1ª classe K Oficial artes gráficas 6 F
Compositor linotipista 2ª classe N Oficial artes gráficas 6 C
Compositor linotipista 3ª classe P Oficial artes gráficas 6 A
Condutor-Auto ligeiro 1ª classe Q Condutor-Auto ligeiro 2 C
Condutor-Auto ligeiro 2ª classe R Condutor-Auto ligeiro 2 B
Condutor-Auto ligeiro 3ª classe S Condutor-Auto ligeiro 2 A
Condutor-Auto pesado 1ª classe N Condutor-Auto pesado 4 D
Condutor-Auto pesado 2ª classe P Condutor-Auto pesado 4 C
Condutor-Auto pesado 3ª classe R Condutor-Auto pesado 4 A
Conselheiro de Embaixada B Conselheiro de embaixada 16 A
Conservador de registos principal B Conservador de registo 13 D
Conservador de registo 1ª classe C Conservador de registo 13 C
Conservador de registo 2ª classe D Conservador de registo 13 B
Conservador de registo 3ª classe E Conservador de registo 13 A
Continuo T Ajudante serviços gerais 1 C
Costureira Q Costureira 2 C
Cozinheiro chefe S Cozinheiro chefe 2 A
Cozinheiro 1ª classe T Cozinheiro 1 C
Cozinheiro 2ª classe U Cozinheiro 1 A
Desenhador montador principal J Oficial artes gráficas 6 G
Desenhador montador 1ª classe K Oficial artes gráficas 6 F
Desenhador montador 2ª classe N Oficial artes gráficas 6 C
Desenhador montador 3ª classe R Oficial artes gráficas 6 A
Despachante oficial H Despachante oficial 9 D
Director principal B Director Administrativo 13 D
Director 1ª classe C Director Administrativo 13 C
Director 2ª classe D Director Administrativo 13 B
Director 3ª classe E Director Administrativo 13 A
Director de alfandega principal B Director de Alfandega 13 D
Director de alfandega 1ª classe C Director de Alfandega 13 C
Director de alfandega 2ª classe D Director de Alfandega 13 B
Director de finanças principal B Director de Finanças 13 D

905
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

Director de finanças 1ª classe C Director de Finanças 13 C


Director de finanças 2ª classe D Director de Finanças 13 B
Director de finanças 3ª classe E Director de Finanças 13 A
Educador de infância 1ª classe J Educador de Infância 8 C
Educador de Infância 2ª classe L Educador de Infância 8 B
Educador de Infância 3ª classe M Educador de Infância 8 A
Encadernador 1ª classe K Oficial artes gráficas 6 F
Encadernador 2ª classe L Oficial artes gráficas 6 E
Encadernador 3ª classe P Oficial artes gráficas 6 A
Escriturário dactilografo principal P Escriturário dactilografa 2 E
Escriturário dactilografa 1ª classe R Escriturário dactilografa 2 B
Escriturário dactilografa 2ª classe S Escriturário dactilografa 2 A
Escrivão de direito principal F Escrivão 9 G
Escrivão de direito 1ª classe G Escrivão 9 E
Escrivão de direito 2ª classe H Escrivão 9 D
Escrivão de direito 3ª classe I Escrivão 9 C
Faroleiro 1ª classe Q Faroleiro 2 C
Faroleiro 2ª classe S Faroleiro 2 A
Faroleiro Chefe M Faroleiro chefe 7 C
Fiel 1ª classe N Fiel 4 D
Fiel 2ª classe Q Fiel 4 B
Fiel 3ª classe S Fiel 4 A
Fiscal 1ª classe L Fiscal 6 E
Fiscal 2ª classe N Fiscal 5 D
Fiscal 3ª classe Q Fiscal 5 A
Fotografo retocador principal J Oficial artes gráficas 6 G
Fotografo retocador 1ª classe K Oficial artes gráficas 6 F
Fotografo retocador 2ª classe N Oficial artes gráficas 6 C
Fotografo retocador 3ª classe P Oficial artes gráficas 6 A
Fundidor Linotipista Q Fundidor Linotipista 2 C
Governanta O Governanta 3 E
Gravador Transportador principal J Oficial artes gráficas 6 G
Gravador Transportador 1ª classe K Oficial artes gráficas 6 F
Gravador Transportador 2ª classe N Oficial artes gráficas 6 C
Gravador Transportador 3ª classe P Oficial artes gráficas 6 A
Guarda motorista 1ª classe L Guarda motorista 5 F
Guarda motorista 2ª classe M Guarda motorista 5 E
Guarda motorista 3ª classe N Guarda motorista 5 D
Guarda prisional 1ª classe N Guarda prisional 5 D
Guarda prisional 2ª classe O Guarda prisional 5 C
Guarda prisional 3ª classe P Guarda prisional 5 B
Guarda 1ª classe S Guarda 1 D
Guarda 2ª classe T Guarda 1 C
Guarda 3ª classe U Guarda 1 A
Impressor principal J Oficial artes gráficas 6 G
Impressor 1ª classe K Oficial artes gráficas 6 F
Impressor 2ª classe N Oficial artes gráficas 6 C
Impressor 3ª classe P Oficial artes gráficas 6 A
Inspector-adjunto H Inspector-adjunto 10 C
Inspector-adjunto principal D Inspector-adjunto principal 12 B
Inspector-adjunto 1ª classe E Inspector-adjunto principal 12 A
Inspector-adjunto 2ª classe F Inspector-adjunto 11 B
Inspector-adjunto 3ª classe G Inspector-adjunto 11 A
Inspector-adjunto finanças principal D Inspector-adj. finanças principal 12 B
Inspector-adjunto finanças 1º classe E Inspector-adj. finanças principal 12 A
Inspector-adjunto finanças 2ª classe F Inspector-adjunto finanças 11 B
Inspector-adjunto finanças 3ª classe G Inspector-adjunto finanças 11 A
Inspector principal B Inspector principal 15 A

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Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

Inspector 1ª classe C Inspector superior 14 B


Inspector 2ª classe D Inspector 13 B
Inspector 3ª classe E Inspector 13 A
Inspector finanças principal B Inspector principal finanças 16 A
Inspector finanças 1ª classe C Inspector superior finanças 15 A
Inspector finanças 2ª classe D Inspector finanças 14 B
Inspector finanças 3ª classe E Inspector finanças 14 A
Lavadeira 1ª classe T Lavadeira 1 C
Lavadeira 2ª classe U Lavadeira 1 A
Marinheiro R Marinheiro 2 B
Mestre de oficina principal E Mestre de oficina 10 F
Mestre de oficina 1ª classe F Mestre de oficina 10 E
Mestre de oficina 2ª classe G Mestre de oficina 10 D
Mestre de oficina 3ª classe H Mestre de oficina 10 C
Ministro plenipotenciário A Ministro plenipotenciário 17 A
Monitor artesão principal G Monitor artesão 9 E
Monitor artesão 1ª classe I Monitor artesão 9 C
Monitor artesão 2ª classe J Monitor artesão 9 B
Monitor artesão 3ª classe L Monitor artesão 9 A
Monitor de infância 1ª classe L Monitor de infância 6 E
Monitor de infância 2ª classe N Monitor de infância 6 C
Monitor de infância 3ª classe Q Monitor de infância 6 A
Monitor especial principal G Monitor especial 9 E
Monitor especial 1ª classe I Monitor especial 9 C
Monitor especial 2ª classe J Monitor especial 9 B
Monitor especial 3ª classe L Monitor especial 9 A
Motorista da embarcação N Motorista da embarcação 6 C
Notário principal B Notário 13 D
Notário 1ª classe C Notário 13 C
Notário 2ª classe D Notário 13 B
Notário 3ª classe E Notário 13 A
Oficial de diligência 1ª classe M Oficial de diligência 6 D
Oficial de diligência 2ª classe N Oficial de diligência 6 C
Oficial de diligência 3ª classe P Oficial de diligência 6 A
Oficial 1 L Oficial administrativo 8 B
Oficial 2 N Assistente administrativo 6 C
Oficial 3 Q Assistente administrativo 6 A
Operário não qualif. Ajudante principal Q Operário não qualificado 1 F
Operário não qualif. Ajudante 1ª classe R Operário não qualificado 1 E
Operário não qualif. Ajudante 2ª classe S Operário não qualificado 1 D
Operário não qualif. Ajudante 3ª classe T Operário não qualificado 1 C
Operário não qualif. Auxiliar 1ª classe T Operário não qualif. Auxiliar 1 C
Operário não qualif. Auxiliar 2ª classe U Operário não qualif. Auxiliar 1 A
Operário qualificado principal I Operário qualificado 8 E
Operário qualificado 1ª classe K Operário qualificado 7 E
Operário qualificado 2ª classe M Operário qualificado 7 C
Operário qualificado 3ª classe N Operário qualificado 7 A
Operário semi-qualificado principal J Operário semi-qualificado 7 F
Operário semi-qualificado 1ª classe L Operário semi-qualificado 5 F
Operário semi-qualificado 2ª classe N Operário semi-qualificado 5 D
Operário semi-qualificado 3ª classe Q Operário semi-qualificado 5 A
Operário semi-qualificado especializado K Operário semi-qualificado 5 G
Orçamentista I Orçamentista 9 C
Pagador O Pagador 5 C
Patrão de Embarque M Patrão de Embarcação 7 B
Piloto pratico 1ª classe G Piloto pratico 9 E
Piloto pratica 2ª classe H Piloto pratico 9 D
Porteiro T Ajudante de serviços gerais 1 C

907
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

Primeiro secretário de Embaixada C Primeiro secretário de Embaixada 15 A


Primeiro verificador J Verificador 8 C
Professor artesão 1ª nível Principal B Professor artesão 1ª nível 13 D
Professor artesão 1ª nível 1ª classe C Professor artesão 1ª nível 13 C
Professor artesão 1ª nível 2ª classe D Professor artesão 1ª nível 13 B
Professor artesão 1ª nível 3ª classe E Professor artesão 1ª nível 13 A
Professor artesão 2ª nível principal D Professor artesão 2ª nível 11 D
Professor artesão 2ª nível 1ª classe E Professor artesão 2ª nível 11 C
Professor artesão 2ª nível 2ª classe F Professor artesão 2ª nível 11 B
Professor artesão 2ª nível 3ª classe G Professor artesão 2ª nível 11 A
Professor 3ª nível principal D Professor 3ª nível 11 D
Professor 3ª nível 1ª classe E Professor 3ª nível 11 C
Professor 3ª nível 2ª classe F Professor 3ª nível 11 B
Professor 3ª nível 3ª classe G Professor 3ª nível 11 A
Professor 4ª nível principal B Professor 4ª nível 13 D
Professor 4ª nível 1ª classe C Professor 4ª nível 13 C
Professor 4ª nível 2ª classe D Professor 4ª nível 13 B
Professor 4ª nível 3ª classe E Professor 4ª nível 13 A
Professor 5ª nível 1ª classe B Professor 5ª nível 14 B
Professor 5ª nível 2ª classe C Professor 5ª nível 14 A
Professor posto escolar principal O Professor posto escolar 5 D
Professor posto escolar 1ª classe Q Professor posto escolar 5 C
Professor posto escolar 2ª classe R Professor posto escolar 5 B
Professor posto escolar 3ª classe S Professor posto escolar 5 A
Professor posto profissional principal L Professor posto profissional 7 D
Professor posto profissional 1ª classe M Professor posto profissional 7 C
Professor posto profissional 2ª classe N Professor posto profissional 7 B
Professor posto profissional 3ª classe O Professor posto profissional 7 A
Professor primário principal G Professor primário 9 E
Professor primário 1ª classe I Professor primário 9 C
Professor primário 2ª classe J Professor primário 9 B
Professor primário 3ª classe L Professor primário 9 A
Recepcionista S Recepcionista 2 A
Reverificador H Reverificador 9 D
Reverificador chefe E Reverificador chefe 13 A
Revisor tipografo 1ª classe L Revisor tipografo 6 E
Revisor tipografo 2ª classe N Revisor tipografo 6 C
Secretário finanças 1ª classe H Secretário finanças 8 F
Secretário finanças 2ª classe J Secretário finanças 8 C
Secretário finanças 3ª classe L Secretário finanças 8 B
Secretário finanças estagiário P Secretário finanças estagiário 6 A
Secretário judicial J Secretário judicial 8 C
Segundo secretário de Embaixada D Segundo secretário de Embaixada 14 A
Segundo verificador L Verificador 8 B
Seladeira U Ajudante serviços gerais 1 A
Servente U Ajudante serviços gerais 1 A
Sub-chefe policia marítima L Sub-chefe policia marítima 7 D
Sub-inspector principal G Sub-inspector 9 E
Sub-inspector 1ª classe I Sub-inspector 9 C
Sub-inspector 2ª classe J Sub-inspector 9 B
Sub-inspector 3ª classe L Sub-inspector 9 A
Técnico auxiliar principal L Técnico auxiliar 5 F
Técnico auxiliar 1ª classe M Técnico auxiliar 5 E
Técnico auxiliar 2ª classe N Técnico auxiliar 5 A
Técnico auxiliar 3ª classe Q Técnico auxiliar 5 A
Técnico principal D Técnico 12 B
Técnico 1ª classe E Técnico 12 A
Técnico 2ª classe F Técnico-adjunto 11 B

908
Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho

Técnico 3ª classe G Técnico-adjunto 11 A


Técnico profissional 1ª nível principal G Técnico profissional 1ª nível 8 G
Técnico profissional 1ª nível 1ª classe I Técnico profissional 1ª nível 8 E
Técnico profissional 1ª nível 2ª classe J Técnico profissional 1ª nível 8 C
Técnico profissional 1ª nível 3ª classe L Técnico profissional 1ª nível 8 B
Técnico profissional 2ª nível principal J Técnico profissional 2ª nível 7 F
Técnico profissional 2ª nível 1ª classe K Técnico profissional 2ª nível 7 E
Técnico profissional 2ª nível 2ª classe L Técnico profissional 2ª nível 7 D
Técnico profissional 2ª nível 3ª classe N Técnico profissional 2ª nível 7 A
Técnico superior principal B Técnico superior principal 15 A
Técnico superior 1ª classe C Técnico superior de primeira 14 B
Técnico superior 2ª classe D Técnico superior 13 B
Técnico superior 3ª classe E Técnico superior 13 A
Telefonista S Telefonista 2 A
Terceiro secretário de Embaixada E Terceiro secretário de Embaixada 13 A
Tesoureiro principal H Tesoureiro 7 H
Tesoureiro 1ª classe J Tesoureiro 7 F
Tesoureiro 2ª classe L Tesoureiro 7 D
Tesoureiro 3ª classe O Tesoureiro 7 A
Verificador estagiário P Verificador estagiário 6 A
Vigilante 1ª classe T Ajudante serviços gerais 1 C
Vigilante 2ª classe U Ajudante serviços gerais 1 A
Zelador T Ajudante serviços gerais 1 C

909
Decreto-Legislativo nº 4/95, de 20 de Junho

INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICA DO PCCS


Decreto-Legislativo nº 4/95
de 20 de Junho
Convindo fixar legalmente, por via de interpretação autêntica, o sentido de alguns
preceitos do PCCS relativas remunerações acessórias, com reflexos importantíssimos em
matéria de direitos dos funcionários e cuja aplicação vem suscitando dúvidas e soluções
díspares;
Ao abrigo da autoridade legislativa concedida pela lei nº 123/IV/95, de 20 Março e
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do nº 2 do artigo 216º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
Os funcionários públicos, titulares do direito à percepção de remunerações acessórias,
que sejam nomeados para cargos em comissão de serviço, não perdem direito a essas re-
munerações, nos termos estabelecidos nos artigos 58º e 59º do Decreto-Lei nº 86/92, de 16
de Julho.
Artigo 2º
O presente decreto-lei é interpretação autêntica do disposto nos artigos 58º e 59º do
Decreto-Lei nº 86/92, tendo efeito retroactivo a 1 de Agosto de 1992.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – Mário Silva.
Promulgado em 19 de Junho de 1995.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 19 de Junho de 1995.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.

910
Decreto-Regulamentar nº 13/93, de 30 de Agosto

REGULAMENTO DE PROGRESSÃO NA CARREIRA


Decreto-Regulamentar nº 13/93
de 30 de Agosto
Nos termos do artigo 22º do Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho, anualmente só po-
derão evoluir, mediante progressão, até um terço do total dos funcionários de cada escalão
da referência correspondente ao cargo que preencham os requisitos a que se refere o artigo
21º do mesmo diploma.
Consagra, assim, o diploma o princípio da escolha forçada, impondo que de entre um
conjunto de funcionários que reúne os requisitos de tempo de serviço e avaliação de desem-
penho satisfatório progrida penas um terço.
A implementação da escolha forçada visa introduzir maior rigor no processo de avalia-
ção, de tal sorte que a distribuição das menções qualitativas reflicta os diferentes graus de
desempenho na nossa Administração.
Pretende-se, com efeito, diferenciar o mérito de modo a estimular a competição entre
os agentes da Administração Pública.
Procura-se com o presente sistema reduzir e não eliminar o subjectivismo do processo
de avaliação, pois que os preconceitos e padrões diferentes do avaliador influenciarão, por
vezes, o processo.
Nos termos do artigo 22º do Decreto-Lei nº 86/92 de 16 de Julho;
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do nº 2 do artigo 217º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
O presente diploma aplica-se aos funcionários e agentes da Administração Pública
Central, Administração Local autárquica, aos agentes dos institutos públicos e outras co-
lectividades cujo estatuto de pessoal esteja, expressamente, sujeito ao regime de direito
público.
Artigo 2º
1. A partir da data de entrada em vigor do presente diploma, os funcionários e agentes,
integrados no quadro pessoal dos organismos a que se refere o artigo anterior, poderão
evoluir mediante progressão.
2. Em cada momento os funcionários ou agentes poderão evoluir apenas um escalão.
Artigo 3º
1. Só poderão progredir de acordo com o disposto no artigo 2º os funcionários ou agen-
tes que preencham, cumulativamente, os seguintes requisitos:
a) Quatro ou três anos de serviço efectivo e ininterrupto no escalão imediatamente
anterior consoante estejam integrados em carreiras horizontais ou verticais;

911
Decreto-Regulamentar nº 13/93, de 30 de Agosto

b) Desempenho mínimo qualificado de satisfatório no cargo;


c) Estejam entre um terço do total dos funcionários do escalão da referência cor-
respondente ao cargo com melhor desempenho.
2. A contagem do tempo de serviço referido na alínea a) do número anterior integra o
tempo de serviço prestado na classe correspondente ao escalão de enquadramento do fun-
cionário, nos termos do Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho.
3. Para determinação da quota de progressão, a percentagem dos funcionários a que se
refere o artigo 22º do Decreto-Lei nº 86/92 de 16 de Julho reporta-se ao número global dos
funcionários de cada escalão da referência correspondente ao cargo do Ministério ou Secre-
taria de Estado ou de outros organismos a que se refere o artigo 1º promotor da progressão.
4. Para efeitos do número anterior a determinação da quota de progressão far-se- á de
acordo com os seguintes critérios:
a) Quando o número de efectivos que reúnem os requisitos de progressão for
inferior a três só progride um funcionário;
b) Quando o número de efectivo for igual ou superior a três aplica-se a regra de 1/3;
c) Quando da aplicação da alínea anterior resultar um número decimal, este será
arredondado para a unidade imediatamente superior.
Artigo 4º
1. Cada unidade orgânica de nível de Direcção-Geral ou Direcção de Serviço ou equi-
parada deverá seleccionar, com base na avaliação de desempenho, 1/3 dos funcionários de
cada escalão da referencia correspondente ao cargo, que poderá beneficiar da progressão.
2. Com base na selecção dos candidatos efectuada nos termos do número anterior o
responsável pela gestão dos recursos humanos deverá fixar, por despacho, a lista dos fun-
cionários ou agentes do respectivo Ministério ou da Secretaria de Estado ou outro organis-
mo a que se refere o artigo 1º que deverão progredir.
3. Nos casos em que a soma de um terço dos efectivos de cada unidade orgânica for
superior a quota de progressão a que se refere o número 3 do artigo 3º, o apuramento final
dos funcionários que integram 1/3 do total dos efectivos de cada escalão da referência cor-
respondente ao cargo far-se-á tendo em conta sucessivamente os seguintes critérios:
a) Mais antigos no escalão;
b) Mais antigos no cargo;
c) Mais antigos na carreira;
d) Mais antigos na Função Pública.

912
Decreto-Regulamentar nº 13/93, de 30 de Agosto

Artigo 5º
O direito à remuneração pelo novo escalão verifica-se no mês seguinte à selecção do
avaliado de acordo com o disposto no artigo 3º, dependendo o processamento de vencimen-
to da publicação do acto no Boletim Oficial.
Artigo 6º
A progressão ocorre no mês de Março de cada ano, reportando-se à média da avaliação
de desempenho relativo aos anos de serviço relevantes para a progressão.
Artigo 7º
As progressões que se vierem a verificar no corrente ano produzem efeitos a 1 de
Agosto.
Artigo 8º
Para efeitos do disposto no nº 3 do artigo 3º, os técnicos profissionais de primeiro nível
a que se refere o artigo 70º do Decreto-Lei nº 86/92 de 16 de Julho que ainda não tenham
transitado para a carreira administrativa serão avaliados conjuntamente com os oficiais
administrativos.
Artigo 9º
Para assegurar a execução do presente diploma, o Ministro da Administração Pública
e dos Assuntos Parlamentares poderá emitir as orientações e directivas que julgar conve-
nientes.
Artigo 10º
Este diploma entra em vigor a 1 de Agosto de 1993.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Eurico Monteiro – Alfredo Teixeira.
Promulgado em 5 de Agosto de 1993.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 13 de Agosto de 1993.
O Primeiro Ministro interino,
Eurico Correia Monteiro.

913
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março

CONCURSO DE ACESSO
Decreto-Lei nº 10/93
de 8 de Março
Com a aprovação do Decreto Lei nº 86/92 de 16 de Julho, torna-se necessário rever o
Decreto nº 98/87, de 14 de Setembro, que regula os concursos de acesso.
Aliás, a extensão das mudanças introduzidas com o Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de
Julho, obriga a que se faça um novo diploma legislativo sobre os concursos de acesso, e se
revogue, por inteiro, o Decreto nº 98/87.
Ainda que se mantenham os métodos de selecção estabelecidos no Decreto 98/87,
outros são os institutos de desenvolvimento profissional dos funcionários e, na perspectiva
de simplificação, outros devem ser os procedimentos para a organização dos concursos,
designadamente com a eliminação dos circuitos supérfluos e a redução de vários dos prazos
estabelecidos.
Assim, este diploma introduz significativas alterações nos processos de concurso, das
quais cabe realçar:
- A transferência para os dirigentes dos serviços de administração geral da com-
petência para a abertura de concursos;
- A introdução do princípio da liberdade de candidatura;
- A simplificação dos procedimentos administrativos, o que permitirá reduzir de
três a quatro meses o prazo médio para a organização e realização dos concur-
sos;
- A eliminação da exigência da publicação das listas provisórias e, nos casos em
que o número de candidatos é inferior a 10, das listas definitivas;
- A maior co-responsabilização dos serviços administrativos dos Ministérios na
organização e realização dos concursos;
- A adequação do sistema de ponderação.
No uso da faculdade conferida pela alínea a) do nº 2 do artigo 218º da constituição, o
Governo decreta o seguinte:
CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 1º
(Objecto)
O presente diploma define os princípios gerais de organização e realização dos concur-
sos de acesso dos agentes da administração pública.

914
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março

Artigo 2º
(Âmbito)
O presente diploma aplica-se ao pessoal dos serviços civis da Administração Pública
Central e Local, devendo, ainda, aplicar-se ao pessoal dos institutos públicos que revistam
a natureza de serviços personalizados do Estado.
Artigo 3º
(Princípios do Concurso)
A realização dos concursos obedece aos seguintes princípios:
a) Igualdade de condições e de oportunidades;
b) Divulgação antecipada dos métodos de selecção, dos programas das provas,
dos elementos curriculares, do sistema de ponderação;
c) Aplicação de métodos e critérios objectivos na avaliação;
d) Liberdade de candidatura;
e) Neutralidade e imparcialidade;
f) Direito de recurso.
Artigo 4º
(Requisitos de promoção)
1. A promoção depende da verificação cumulativa dos seguintes requisitos:
a) Existência de vagas;
b) Tempo mínimo de serviço efectivo e ininterrupto no cargo imediatamente in-
ferior, de acordo com o regime legalmente estabelecido;
c) Enquadramento, no mínimo, no escalão B da referência do cargo que ocupa;
d) Avaliação de desempenho, nos termos a regulamentar;
e) Aprovação em concurso;
f) Formação, quando a lei o exija.
2. Os requisitos para a admissão ao concurso poderão verificar-se até à data do encer-
ramento deste.
Artigo 5º
(Concurso)
O concurso é feito mediante aplicação de métodos de selecção.

915
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março

Artigo 6º
(Intercomunicabilidade horizontal)
1. Qualquer funcionário que possua qualificação profissional legalmente exigida po-
derá ser opositor a concurso para lugar de acesso de carreiras integradas no mesmo grupo
de pessoal, desde que:
Ao cargo a que se candidata corresponda, na estrutura dessa carreira, referência igual
ou imediatamente superior a que se encontra provido;
Exista identidade ou afinidade de funções definidas para uma e outra carreira.
2. A identidade ou afinidade de funções referidas na alínea b) do número anterior são
determinadas pelo júri com base na declaração passada pelo serviço a que pertence o can-
didato, donde conste a descrição do conjunto de funções inerentes ao cargo em que o can-
didato se encontre provido.
3. A verificação de inexistência ou afinidade de funções pelo júri dos concursos cons-
titui fundamento de exclusão dos candidatos.
4. Os funcionários públicos pertencentes aos grupos de pessoal do quadro comum po-
derão ainda ser opositores a concurso para lugar vagos no cargo imediatamente superior da
mesma carreira, seja qual for o departamento governamental promotor do concurso, desde
que preencham os requisitos exigidos para o cargo a prover.
Artigo 7º
(Intercomunicabilidade vertical)
Qualquer funcionário que possua qualificação profissional legalmente exigida poderá
ser opositor a concurso para lugar de acesso de carreiras de um grupo de pessoal diferente,
desde que:
Ao cargo a que se candidata corresponda, na estrutura dessa carreira, referência igual
ou imediatamente superior a que se encontra provido;
Se trate de carreiras inseridas na mesma área funcional.
CAPÍTULO II
Dos métodos de selecção
Artigo 8º
(Métodos)
1. Os métodos da selecção referidos no artigo 5º do presente diploma correspondem:
a) A avaliação curricular;
b) As provas de conhecimento.
2. Sempre que a complexidade, a responsabilidade e as exigências do cargo o reque-
riam, poderão ser utilizadas entrevistas, a título complementar.

916
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março

Artigo 9º
(Avaliação curricular)
1. A avaliação curricular consiste na análise de um conjunto de elementos que permi-
tem apreciar o desempenho funcional, bem como a preparação técnico-científica para o
exercício das funções do cargo a que o funcionário se candidata.
2. Caberá ao candidato a preparação de todos os elementos que constituem o currículo
individual.
Artigo 10º
(Elementos curriculares)
1. Os currículos devem conter, entre outros, os seguintes elementos:
a) Descrição das actividades desenvolvidas no exercício do cargo em que candi-
dato se encontra provido;
b) Indicação de seminários, estágios ou cursos de aperfeiçoamento em que o
candidato tenha tomado parte;
c) Projectos, pareceres, informações e outros trabalhos realizados no serviço ou
fora dele desde que, neste último caso, revelem, de algum modo, identidade
funcional com o cargo em que o candidato se encontra provido;
d) Trabalhos técnico-científicos publicados, relacionados com as funções do car-
go em que o candidato se encontra provido.
2. A média aritmética das notas obtidas na avaliação de desempenho durante aos anos
do exercício do cargo em que o candidato se encontra provido será obrigatoriamente pon-
derado no âmbito da avaliação curricular.
Artigo 11º
(Determinação de elementos curriculares)
De conformidade com a complexidade, o grau de responsabilidade e as exigências dos
cargos que integram as diferentes carreiras, os serviços interessados determinarão sistemas
de ponderação.
Artigo 12º
(Provas de conhecimentos)
1. As provas de conhecimentos consistem no conjunto de operações destinado a ava-
liar, relativamente a cada candidato, o grau de capacitação e de qualificação profissionais
considerados fundamentais para o desempenho do cargo a prover.
2. As provas poderão ser gerais ou específicas, orais ou escritas consoante as exigên-
cias e requisitos do cargo a prover.
Artigo 13º
(Entrevistas)
A entrevista é um método de selecção complementar que consiste na avaliação par-
ticular de elementos comportamentais e outros, insusceptíveis de serem abrangidos pelas
provas de conhecimento e avaliação curricular.

917
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março

Artigo 14º
(Aplicação dos métodos de selecção)
Aos cargos que correspondam a níveis inferiores à referência 11 da estrutura do Plano
de Cargos, Carreiras e Salários deverão ser aplicadas, em regra, como método essencial de
selecção, as provas de conhecimento.
CAPÍTULO III
Da ponderação e classificação
Artigo 15º
(Sistema de ponderação)
1. A cada um dos métodos de selecção aplicados deverá ser atribuído um peso de acor-
do com o grau de complexidade, responsabilidade e exigências considerados necessários
para o exercício do cargo e nos limites estabelecidos no presente diploma.
2. As provas de conhecimento deverão diminuir gradualmente o seu peso à medida que
se progride na carreira considerada.
3. A avaliação curricular deverá aumentar gradualmente o seu peso à medida que se
progride na carreira considerada.
4. A entrevista, quando utilizada, deverá ser atribuído um peso de 10% no sistema de
ponderação estabelecido, salvo disposição especial em contrário.
5. A nota final do processo de selecção é expressa de acordo com uma escala gradativa
de 0 a 20 valores e é o resultado da média ponderada das notas parciais atribuídas a cada
um dos métodos de selecção aplicados, sem prejuízo do disposto na alínea a) do nº 1 do
artigo 17º.
Artigo 16º
(Classificação parcial)
A classificação obtida em cada um dos métodos de selecção deverá ser o resultado na
média aritmética das notas atribuídas por cada membro do júri.
Artigo 17º
(Classificação final)
1. A classificação final do candidato, no quadro do sistema de ponderação estabelecido,
será determinada de forma seguinte:
a) Nos concursos de acesso aos cargos de nível inferior ou igual a referência 11
de estrutura do Plano de Cargos, Carreiras e Salários, será o resultado da soma
de 70% da classificação obtida nas provas de conhecimento com 30% da mé-
dia aritmética das notas obtidas na avaliação de desempenho durante os anos
de exercício do cargo imediatamente inferior;

918
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março

b) Nos concursos de acesso aos cargos de nível correspondente às referências 12


e 13 de estrutura do Plano de Cargos, Carreira e Salários, será o resultado da
soma de 60% da classificação obtida nas provas de conhecimento com 40% da
classificação da avaliação curricular;
c) Nos concursos de acesso aos cargos de nível correspondente à referência 14
da estrutura do Plano de Cargos, Carreiras e Salários será o resultado da soma
de 30% da classificação obtida nas provas de conhecimento com 70% da clas-
sificação da avaliação curricular;
d) Nos concursos de acesso aos cargos de nível igual ou superior a referência 15
da estrutura do Plano de Cargos, Carreira e Salários será o resultado obtido na
avaliação curricular.
2. Salvo disposição especial em contrário, sempre que se utiliza a entrevista como mé-
todo de selecção suplementar, o seu peso será determinado de forma seguinte:
a) Se a entrevista acompanhar um único método de selecção, o seu peso será
deduzido no único método;
b9 Se a entrevista acompanhar as provas de conhecimento e a avaliação curricu-
lar o peso será deduzido desse dois métodos.
3. Na classificação seguir-se-á a escala académica sem arredondamento.
CAPÍTULO IV
Do concurso
Artigo 18º
Abertura
O processo de concurso inicia-se com a publicação no Boletim Oficial do respectivo
aviso de abertura que deverá ser efectuada com a antecedência mínima de 48 dias da data
da realização do concurso.
Artigo 19º
(Competência)
Compete aos dirigentes dos serviços gerais de administração autorizar a abertura dos
concursos.
Artigo 20º
(Conteúdo do aviso)
O aviso de abertura deverá conter obrigatoriamente os seguintes elementos:
a) Menção expressa do presente diploma, bem como da regulamentação prevista
no artigo 37º deste diploma;
b) Serviço ou serviços a que se refere e a especificação das vagas, carreiras e
cargos a prover;

919
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março

c) Prazo de validade do concurso;


d) Os métodos de selecção e o sistema de ponderação;
e) O programa e tipo de provas;
f) A forma e prazo para apresentação das candidaturas, enumeração dos docu-
mentos necessários para a apreciação do mérito dos candidatos ou para a re-
spectiva classificação ou graduação e, bem assim, aqueles cuja apresentação
inicial seja indispensável;
g) A entidade a qual a candidatura deverá ser apresentada;
h9 A constituição do júri, sem prejuízo de a sua composição poder ser alterada
até a data do início das provas quando circunstâncias supervenientes o acon-
selhem.
Artigo 21º
(Prazos)
1. Os concursos realizar-se-ão, em regra, de dois em dois anos.
2. Salvo disposição legal expressa em contrário o prazo máximo de validade dos con-
cursos é de dois anos, a contar da data da publicação da lista definitiva dos candidatos
aprovados.
3. Pode, porém, o prazo previsto no nº 1 deste artigo ser encurtado quando, tendo sido
colocados todos os concorrentes aprovados, existirem ainda vagas.
Artigo 22º
(Abertura de novo concurso)
Não pode ser aberto um novo concurso para o mesmo cargo enquanto não tiverem sido
nomeados todos os candidatos aprovados em concurso que ainda seja válido.
CAPÍTULO V
Do júri
Artigo 23º
(Composição)
1. O júri é composto por 3 ou 5 individualidades de reconhecida competência sendo
uma delas presidente e os restantes vogais.
2. O despacho constitutivo do júri deverá designar o presidente, o vogal que o substi-
tuirá nas suas ausências e impedimentos, bem com dois vogais suplementares.
3. Os membros do júri deverão ter cargo de nível igual ou superior àqueles para que é
aberto o concurso.
4. Poderão designados como membro de júri individualidades estranhas ao quadro do
pessoal do departamento governamental promotor do concurso, sejam ou não funcionários
públicos.

920
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março

Artigo 24º
(Competência)
1. Compete ao júri decidir sobre a selecção dos concorrentes, sua classificação final e
ordenação.
2. O júri poderá solicitar aos serviços a que pertençam os requerentes os elementos
constantes dos respectivos processos individuais que se mostrarem necessários ao cabal
cumprimento das suas funções.
Artigo 25º
(Funcionamento)
1. O júri poderá funcionar se estiverem presentes todos os seus membros, devendo as
suas deliberações serem tomadas por maioria.
2. Das reuniões do júri serão lavradas actas das quais constarão os fundamentos das
deliberações adoptadas.
3. O secretariado do júri poderá ser assegurado por um funcionário a designar para o
efeito.
CAPÍTULO VI
Da tramitação processual
SECÇÃO
Do requerimento, admissão e prazos
Artigo 26º
(Requerimento)
1. Os requerimentos de admissão ao concurso, bem como toda a documentação neces-
sária para efeito deverão dar entrada no departamento governamental promotor do concur-
so no prazo de 15 dias a contar da data da publicação do aviso de abertura.
2. Os documentos poderão ser enviados pelo correio, via fax ou, ainda, através de
procurador.
3. No acto de entrega, o funcionário responsável pela recepção dos documentos de-
verá conferir os mesmos e, caso não detecte nenhuma irregularidade, passar de imediato o
recibo.
4. Quando os documentos referidos no nº 1 deste artigo forem enviados via correio ou
fax, os serviços administrativos deverão utilizar a mesma via para enviar o recibo.
5. Quando os elementos referidos no nº 1 forem remetidos pelo correio, consideram-se
entregues dentro do prazo se tiverem sido expedidos com o aviso de recepção até ao termo
do prazo fixado.

921
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março

Artigo 27º
(Requisitos)
São requisitos de admissão ao concurso:
a) Tempo de serviço no cargo em que os candidatos se encontram providos
necessários para a promoção, nos termos da lei;
b) A formação, quando a lei exige;
c) Avaliação de desempenho, em termos a regulamentar.
Artigo 28º
(Admissão)
1. O dirigente dos serviços de administração geral do departamento governamental
promotor do concurso, no prazo de 5 dias a contar do termo do prazo referido no nº 1 do
artigo 26º deste diploma, com base na apreciação dos requisitos legais para a admissão ao
concurso, decidirá sobre a admissão ou exclusão dos candidatos devendo sempre funda-
mentar a sua decisão.
2. Quando houver lugar a apreciação da identidade funcional, os respectivos processos
deverão ser enviados ao júri, que deverá comunicar a sua decisão no prazo de três dias a
contar da data da recepção dos processos.
3. Em caso de exclusão de algum candidato, os serviços administrativos do departa-
mento governamental promotor do concurso deverão comunicar o facto ao respectivo can-
didato, pela via mais expedita, no prazo máximo de 5 dias, a contar da data da decisão.
4. No prazo de 10 dias a contar do termo do prazo referido no número anterior, os
candidatos poderão recorrer para o Membro do Governo responsável pelo sector promotor
do concurso.
5. Decorridos os prazos referidos nos nºs 4 e 5 do presente artigo os serviços adminis-
trativos, no prazo máximo de 5 dias, introduzirão as correcções que se vierem a mostrar
necessárias, elaborarão a lista definitiva dos candidatos admitidos a concurso, e remeterão
todos os processos ao júri.
Artigo 29º
(Avaliação curricular)
Se o concurso consistir apenas na avaliação curricular, decorridos que estejam todos os pra-
zos legais previstos no presente diploma, o júri reunir-se-á no prazo máximo de 10 dias a contar
da data da recepção da lista definitiva, para apreciação dos elementos curriculares.
Artigo 30º
(Entrevista)
No caso do concurso implicar a utilização de entrevista como um dos métodos de se-
lecção, os serviços administrativos deverão enviar ao júri, no prazo máximo de 48 horas a
contar da data da sua realização, a classificação atribuída ao candidato.

922
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março

Artigo 31º
(Conclusão)
1. Os concursos deverão estar concluídos no prazo de 20 dias a contar da elaboração
da lista definitiva.
2. Após o aviso de abertura do concurso, se houver atrasos na realização dos concursos
por razões imputáveis à administração, os candidatos seleccionados para as vagas exis-
tentes no momento da abertura do concurso consideram-se promovidos na data em que o
concurso devia estar concluído.
SECÇÃO II
Da ordenação dos candidatos
Artigo 32º
(Classificação parcial)
Aos resultados de cada um dos métodos de selecção corresponderá uma classificação
expressa em valores quantitativos, numa escala gradativa de zero a vinte.
Artigo 33º
(Classificação final)
1. Obtidos os resultados parciais o júri deliberará sobre a classificação final a atribuir
a cada candidato nos termos do artigo 16º do presente diploma
2. Consideram-se excluídos os candidatos que tiverem obtido classificação final infe-
rior a 10 valores.
Artigo 34º
(Preferências)
1. Tendo em atenção a classificação obtida por cada candidato, o júri procederá à orde-
nação dos candidatos na lista de classificação final.
2. Em igualdade de classificação preferem, sucessivamente, os candidatos:
a) Com melhor desempenho;
b) Do departamento governamental promotor de concurso;
c) Mais antigos no cargo;
d) Mais antigo na carreira;
e9 Mais antigos na Função Pública.
3. A classificação final, bem como a sua fundamentação, deverão ser elaborados no
prazo máximo de 5 dias a contar do termo de selecção e ser submetida a homologação do
dirigente dos serviços de administração geral do departamento governamental promotor do
concurso, que, por sua vez, decidirá no mesmo prazo.

923
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março

Artigo 35º
(Publicação na lista de classificação final)
1. Quando o número de candidatos for superior a 10, a lista homologada deverá ser
publicada no Boletim Oficial no prazo máximo de 8 dias.
2. Nos casos em que o número de candidatos for inferior a 10 é dispensada a publica-
ção, devendo os serviços administrativos comunicar individualmente a cada candidato o
seu posicionamento na lista bem como a respectiva fundamentação.
3. Da homologação cabe reclamação no prazo de 15 dias a contar da data de publica-
ção da lista ou da notificação a que se refere o nº 2 sem prejuízo do recurso contencioso nos
termos da lei vigente.
Artigo 36º
(Ordem de provimento)
Os candidatos aprovados em concurso serão providos nos lugares vagos em conformi-
dade com a lista de ordenação dos candidatos.
CAPÍTULO VII
Das disposições finais e transitória
Artigo 37º
(Da regulamentação)
1. O conteúdo e o tipo de provas, os elementos que integram a avaliação curricular,
o método e o conteúdo das entrevistas, bem como o sistema de ponderação deverão ser
objecto de regulamentação por parte dos departamentos governamentais promotores do
concurso, em conformidade com o conteúdo funcional, exigências e requisitos do cargo a
prover.
2. A regulamentação prevista no presente artigo deve ser publicado sob a forma de
portaria, precedendo parecer do departamento governamental que superintende na Admi-
nistração Pública.
Artigo 38º
(Membros do Governo)
São providos independentemente do concurso os funcionários que, à data da realização
do mesmo, estiverem exercendo funções como membro do Governo e tiverem preenchido
os requisitos legais.
Artigo 39º
(Quadros dirigentes)
As provas de conhecimento dos funcionários exercendo funções de quadro dirigente e
equiparados, em qualquer sector da administração pública, poderão consistir, sempre que

924
Decreto-Lei nº 10/93, de 8 de Março

o requeiram, em trabalho individual de tema de sua livre escolha desde que integrado no
ramo técnico a que pertençam e obedeça a requisitos de qualidade e dimensão fixados pelo
Membros do Governo competente.
Artigo 40º
(Especialidades médicas e doutoramento)
1.Enquanto não forem reunidas as condições para a constituição de júri ao nível técni-
co referido, os diplomas devidamente reconhecidos dispensam os seus titulares das provas
de conhecimento.
2. O disposto no número antecedente não se aplica quando o método de selecção se
referir a cargos cujo provimento o seu estatuto específico exija concurso público.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – Alfredo Teixeira.
Promulgado em 18 de Fevereiro de 1993.
O Presidente da República, António Manuel Mascarenhas Gomes Monteiro.
Referendado em 18 de Fevereiro de 1993.
O Primeiro- Ministro.
Carlos Veiga,

925
Portaria nº 34/93, de 31 de Maio

DESCRIÇÃO DOS CONTEÚDOS FUNCIONAIS DOS CARGOS


DO QUADRO DE PESSOAL COMUM
Portaria nº 34/93
de 31 de Maio
Nos termos do nº 1 do artigo 8º do Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho o conteúdo
funcional dos cargos do quadro de pessoal comum será objecto de portaria do membro do
Governo que superintende na Administração Pública.
Assim,
Manda o Governo da Républica de Cabo Verde pelo Ministro da Administração Públi-
ca e dos Assuntos Parlamentares ,o seguinte:
Artigo único
É aprovada a descrição dos conteúdos funcionais dos cargos comuns a que se refere o
nº 1 do artigo 8º do Decreto-Lei nº 86/92, de 16 de Julho, conforme o mapa em anexo.
Ministério da Administração Pública e Assuntos Parlamentares, 25 de Maio de 1993.
– O Ministro, Alfredo Teixeira.
CONTEÚDO FUNCIONAL DOS CARGOS DO QUADRO COMUM
Cargo: Ajudante de serviço gerais
Conteúdo funcional:
Receber, registar e distribuir documentos e correspondências. Assegurar o contacto en-
tre os serviços através da recepção e entrega de expediente e encomendas oficiais. Efectuar
recados e tarefas elementares indispensáveis ao funcionamento dos serviços. Acompanhar
os visitantes aos locais autorizados e assegurar a vigilância das instalações. Realizar ser-
viços de higiene e leimpeza das dependências e instalações do serviço público. Executar
tarefas de portaria especificamente no controlo de entrada e saída de visitantes. Prestar
informações, orientar e encaminhar o público. Zelar pela segurança patrimonial do edifício.
Abrir e fechar as entradas de acesso ao prédio antes do início e após o encerramento do
expediente.
Cargo: Assistente administrativo
Conteúdo funcional:
Classificar e equivar documentos e correspondências. Proceder à armazenagem de
materiais, expedição de documentos internos, distribuição, duplicação ou reprodução de
cópias. Dactilografar relatórios, mapas e quadros formulários, guias, requisições, fichas
etec. Escriturar livros e impressos, podendo também executar trabalhos simples de arquivo,
registos e outros de natureza administrativa.

926
Portaria nº 34/93, de 31 de Maio

Cargo: Auxiliar administrativo


Conteúdo funcional:
Executar serviços administrativos auxiliares mediante orientação superior. Dactilogra-
far relatórios, informações, mapas e demais impressos. Escriturar livros d registos. Clas-
sificar e arquivar documentos em geral. Efectuar a remessa de expedientes e processos
conforme indicação. Reproduzir documentos em fotocopiadoreas. Armazenar e distribuir,
mediante requisição, materiais em stock. Receber e transmitir mensagens.
Cargo: Chefe de trabalho
Conteúdo funcional:
Supervisionar e orientar os trabalhos executados por equipes de operários na manuten-
ção correctiva e preventiva de veículos leves e pesados, de máquinas, de equipamentos e
de edifícios e instalações em geral, mas obras das frentes de trabalho e nas actividades de
agricultura. Responder pelos prazos de execução das tarefas e pela qualidade das mesmas.
Requisitar os materiais necessários a execução dos trabalhos.
Cargo: Condutor auto-ligeiro
Conteúdo funcional:
Conduzir veículos leves específicos para o transporte de funcionários. Inspeccionar
o funcionamento do veículo, observando carga de bateria, pressão pneumática, níveis de
óleo, combustível e água. Zelar pela higiene e conservação do veículo e submetê-lo à ma-
nutenção quando necessário. Cuidar da documentação do veículo e do conforto e segurança
dos passageiros. Receber e entregar expedientes e encomendas oficiais bem como efectuar
recados. Auxiliar nos trabalhos de carga e descarga. Realizar tarefas elementares ao funcio-
namento dos serviços.
Cargo: Condutor auto-pesado
Conteúdo funcional:
Conduzir veiículo pesado, específico para transporte de carga. Inspeccinar o funciona-
mento do veículo observando carga de bateria, pressão pneumática, níveis de óleo, com-
bustível, freios. Zelar pela conservação e higiene do veículo e submetê-lo à manutenção
quando necessário. Zelar pela documentação do vículo, e inspeccionar o arranjo e a segu-
rança da carga transportada.
Cargo: Guarda
Conteúdo funcional:
Manter a segurança patrimonial da área sob sua responsabilidade. Vigiar os edifícios,
máquinas e equipamentos existentes, para garantir a inviolabilidade dos mesmos. Impedir
a entrada de pessoas estranhas ao recinto e prestar as informações solicitadas. Informar as
anomalias constatadas durante seu turno de trabalho.

927
Portaria nº 34/93, de 31 de Maio

Cargo: Oficial administrativo


Conteúdo funcional:
Redigir ofícios, cartas, despachos, informações e preparar gráficos estatísticos. Efec-
tuar o protocolo e classificar processos e expedientes administrativos. Realizar e conerir
cálculos numéricos. Preparar certidões, ordens de serviço, atestados. Prestar informações
atender reclamações e orientar o público sobre o andamento de processos.
Cargo: Oficial principal
Conteúdo funcional:
Executar a partir de orientação e instrução, todo o processamento administrativo rela-
tivo a uma ou mais áreas de actividade funcional de índole administrativa, nomeadamente
pessoal, contbilidade, expediente, arquivo, economato e património, elaborando informa-
ções e redigindo ofícios. Organizar processos e ficheiros relativos ao pessoal. Assessoriar
o chefe da unidade, nos assuntos de natureza administrativa. Informar processos para a
decisão superior. Prestar assistência ao dirigente da unidade de execução das actividades
administrativas.
Cargo: Operário não qualificado
Conteúdo funcional:
Executar serviços de transporte de peças e equipamentos de limpeza de peças e pátios
e oficinas. Efectuar a arrumação de equipamentos e materiais nos pátios e oficinas. Auxiliar
nos serviços de mecânica, eléctrica, bate-chapas, pinturas, estofos, carpintaria, canalização,
seeealharia e outros que se refiram a manutenção correctiva e preventiva de acordo com
solicitação superior. Executar a lavagem e lubrificação de veículos leves e pesados e de
maquinas conforme programação pré-estabelecida.
Cargo: Operátorio qualificado
Conteúdo funcional:
Executar serviços especializados de mecânica, eléctrica, tornearia, bate-chapas, pintu-
ras, estofos, carpintaria, ferraria, ferraria, canalização e serrslharia, alvenaria e outros que
se refiram a manutenção correctiva e preventiva de veículos ligeiros e pesados, de máqui-
nas, de eqipamentos e de edifícios e instalações em geral. Requisitar as peças e utensílios
necessários. Zelar pela conservação das ferramentas e equipamentos utilizados.
Cargo: Operário semi-qualificado
Conteúdo funcional:
Executar serviços pouco complexos de mecânica, electricidade, tornearia, bate-chapa,
pinturas, estofos, carpintaria, forraria, canalização, serralharia, alvenaria, e outros que se
refiram a manutenção correctiva e preventiva de veículos ligeiros e pesados, de máquinas,

928
Portaria nº 34/93, de 31 de Maio

de equipamentos e de edifícios e instalações em geral. Solicitar a requisição de peças e


utensilios necessários. Zelar pela conservação de ferramentas e equipamentos utilizados.
Cargo: Pagador
Conteúdo funcional:
Realizar pagamentos de salários, mediante controle do documento de entrada e saída
do caixa. Conferir folhas de pagamento e realizar levantamento de moeda em Bancos para
pagamento dos salários aos trabalhadores das FAIMO. Manter registos e controles do mo-
vimento de caixa e prestar contas dos pagamentos realizados.
Cargo: Recepcionista
Conteúdo funcional:
Recepcionar e encaminhar visitas. Anotar e transmitir recados. Prestar informações e
encaminhar os utentes para os lugares pretendidos. Realizar ligações telefónicas, qaundo
necessário. Encaminhar o público que se dirige ao respectivo organismo, prestando-lhe
todas as informações necessárias em ordem a estabelecer um elo de ligação adequado entre
o público e os seus serviços.
Cargo: Técnico auxiliar
Conteúdo funcional:
Executar a partir de orientações e instruções precisas trabalho de apoio técnico, tais
como efectuar cálculos diversos, elaborar mapas, gráficos ou quadros, recolher e proceder
ao tratamente de informações.
Cargo: Técnico adjunto
Conteúdo funcional:
Realizar pesquisas e estudos relacionados a projectos e/ou programas específicas de
trabalho. Organizar gráficos, mapas e tabelas de acordo com metodologias e técnicas defi-
nidas. Compilar, sistematizar, confrontar, classificar e avaliar dados. Participar na formu-
lação de propostas.
Cargo: Técnico adjunto principal
Conteúdo funcional:
Executar as actividades técnicas do seu campo de actuação.
Efectuar trabalhos de estudo, analizando e sistematizando dados, tendo em conta a
preparação de estudos e pareceres ou a simples execução de estudos elaborados a nível
superior e, bem assim, emitir pareceres sobre quetões pontuais. Participar em reuniões e
grupos de trabalho de carácter departamental, tendo em vista preparar a tomada de decisão
superior sobre medidas de política na sua área de actuação.

929
Portaria nº 34/93, de 31 de Maio

Cargo: Técnico profissional de 1º nível


Conteúdo funcional:
Exercer, a partir de orientações e instruções precisas, trabalhos de apoio técnico. Ela-
borar mapas, gráficos, recolher e proceder ao tratamento de informações destinadas ao
computador.
Cargo: Técnico superior
Conteúdo funcional:
Realizar actividades de natureza técnica especializada. Elaborar relatórios de nature-
za técnica pertinentes a vários assuntos. Analizar e equacionar problemas decorrentes da
dinâmica administrativa. Propor medidas visando a solução de probemas detectados nos
diversos sectores da administração pública. Elaborar pareceres e participar em estudos,
projectos e pesquisas na área de sua competência.
Cargo: Técnico superior de primeira
Conteúdo funcional:
Emitir pareceres sobre matérias concernentes às actividades de planeamento, organi-
zação e controle. Colaborar no estudo e definição e implementação de medidas de política
aplicáveis ao sector. Acompanhar o tratamento das questões relativas à matéria que lhe
forconfiada, nomeadamente através de estudos, informações, pareceres e propostas a serem
submetidos à apreciação superior. Participar em grupos de trabalhos pluridisciplinares.
Cargo: Técnico superior principal
Conteúdo funcional:
Realizar actividades de natureza técnica de elevado grau de qualificação e responsabi-
lidade nas áreas de actividades do respectivo organismo, elaborando pareceres e conceben-
do projectos, orientando a concepção e desenvolvimento de medidas de política de gestão,
representando o respectivo departamento em reunões de trabalho e comissões e grupos de
trabalhos que exijam conhecimentos altamente especializados ou uma visão global da ad-
ministração, capaz de integrar vários quadrantes e domínios de actividade.
Cargo: Telefonista
Conteúdo funcional:
Operar central telefónica PBX realizando ligações nacionais e internacionais. A ten-
der e realizar chamadas telefónicas mediante operação de recepção e/ou transferência de
ligação. Receber e transmitir recados e mensagens. Registar o movimento de chamadas e
anotar sempre que necessário as mensagens que respeitam a assuntos de serviço.

930
Portaria nº 34/93, de 31 de Maio

Cargo: Tesoureiro
Conteúdo funcional:
Coordenar os trabalhos de uma tesouraria, tendo a responsabilidade dos valores da
caixa que lhe estão confiados, efectuando todo o movimento de liquidação de despesas, de
vencimentos e outros valores, para o que procede a levantamentos, conferências, registos
e pagamentos.
Cargo: Fiel de armazem
Conteúdo funcional:
Coordenar as entradas e saídas de material, alertar e providenciar pela manutenção de
stocks mínimos. Organizando e mantendo actualizado um ficheiro de artigos e zelar pela
arrumação e conservação dos materiais existentes.

931
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro

REGULAMENTO DA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO


DO PESSOAL DO QUADRO COMUM
Decreto-Regulamentar nº 19/93
de 27 de Setembro
Com a aprovação do Decreto-Lei nº 86/92 de 16 de Julho, torna-se necessário rever o
Decreto nº 38/79 de 21 de Maio que regulamenta a informação anual de serviço dos funcio-
nários ou agentes, instituindo-se um sistema de avaliação de desempenho com o objectivo
fundamental de apreciar a qualidade do trabalho e o mérito dos agentes em função dos
objectivos previamente fixados.
Assim,
Nos termos dos artigos 20º e 21º do Decreto-Lei nº 86/92 de 16 de Julho;
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do nº 2 do artigo 217º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 1º
Objecto e âmbito
1. O presente diploma define os princípios as normas a que o bedece a avaliação de
desempenho do pessoal do quadro comum da função pública, qualquer que seja a sua forma
de provimento.
2. O presente diploma aplica-se ao pessoal dos serviços civis da Administração Cen-
tral e Administração Local Autárquica, podendo, ainda aplicar-se ao pessoal dos institutos
públicos que revistam a natureza de serviço personalizado do Estado.
Artigo 2º
Objectivo
A avaliação do desempenho inside sobre a actividade desenvolvida pelo avaliado na
unidade organica em que esteja prestando serviço e tem por objectivo apreciar os resultados
dos trabalhos dos funcionários e agentes em função dos objectivos previamente fixados
pela organização, designadamente:
a) Apreciar o potêncial do funcionário ou agente e os meios de os desenvolver;
b) Reconhecer informações objectivas sobre o rendimento do funcionário ou
agente necessárias à tomada de decisão sobre o enquadramento funcional,
afectação e mobilidade profissional;
c) Contribuir para a valorização funcional e melhoria da eficiência profission-
al do avaliado, permitindo a cada funcionário e agente conhecer o juizo que
os seus superiores hierárquicos formulam quanto ao desempenho das suas
funções;

932
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro

d) Dar a conhcwer ao avaliado as suas potêncialidades e necessidades, permitin-


do-lhe corrigir as suas deficiências funcionais;
e) Contribuir para o diagnóstico da situação do trabalho e detectar a eventual
necessidade de acções de formação e aperfeiçoamentp profissional;
f9 Proporcionar informações aos derigentes sobre a necessidade de mobilidade
profissional.
Artigo 3º
Aplicação da avaliação
A avaliação do desempenho é obrigatoriamente considerada para efeitos da promoção,
progressão na carreira e para a converção da nomeação provisória em definitiva.
CAPÍTULO II
Processo de avaliação
Artigo 4º
Modo de aplicação
1. Os factores de ponderação a ter em conta na avaliação do desempenho e os coefi-
centes que sobre eles insidem são as constantes dos modelos I, II, III e IV, em anexo ao
presente diploma, e que dele fazem parte integrante.
2. A avaliação do desempenho é feita até 31 de Janeiro do ano seguinte àquele a que
se refere a avaliação.
3. Os responsáveis pela gestão dos recursos humanos de cada organismo a que se refe-
re o artigo 1º enviarão à Direcção Geral da Administração Pùblica, até a primeira quinzena
de Março, a lista da avaliação dos respectivos agentes, contendo as menções quantitativas
e qualitativas.
4. Sempre que um su+perior hierárquico imediato deixe de ter relações funcionais com
os seus subalternos a que está obrigado a avaliar deverá proceder a avaliação extraordiná-
rias dos mesmos.
Artigo 5º
Mensuração da avaliação
A avaliação do desempenho resulta da mensuração quantitativa e qualitativa obtida
através de um sistema de avaliação baseado na apreciação dos factores definidos na ficha
de avaliação.
Artigo 6º
Graduação dos factores
1. Cada factor a que se refere os modelos em anexo ao presente diploma é susceptível
de graduação em quatro posições, ponderadas em 5, 10, 15 e 20.
A cada factor é atribuído um coeficiente de ponderação.

933
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro

3. A determinação do valor de cada factor é obtida atrvés da multiplicação do coefi-


ciente de ponderação pela graduação atribuída.
4. A avaliação final de cada funcionário ou agente será obtida pela soma dos valores
atribuídos aos factores, devidido por dez.
5. Para efeitos do número anterior a escala gradativa é de 0 a 20.
6. Em igualdade de classificação perferem, sucessivamente, os candidatos:
a) Mais antigos no cargo;
b) Mais antigo na carreira;
c) Mais antigo na função pública.
Artigo 7º
Resultado de avaliação
Para efeitos de evolução profissional, a classificação de Bom e Muito bom a que se
refere o Decreto-Lei nº 86/92 de 16 de Julho, correspondem nas seguintes ponderações:
a) Maior que 10 a menor ou igual a 15 – Bom
b) Maior que 15 – Muito Bom.
Artigo 8º
Conhecimento
1. Os resultados da avaliação de desempenho serão dados a conhecer ao funcionário
em entrvista individual com o respectivo superior hierárquico imediato e devem fazer parte
do respectivo processo individual.
2. A avaliação será submetida à homologação no prazo de 48 horas a contar da data da
tomada de conhecimento pelo avaliado.
3. A homologação deve ser feita no prazo de três dias úteis.
Artigo 9º
Competência
1. A avaliação é de competência conjunta do superior hierárquico imediato do avaliado
e do homologante.
2. Para efeitos do presente diploma, considera-se:
Superior hirárquico imediato, o funcionáruio com o qual o avaliado tenha relação fun-
cional há pelo menos seis meses;
Homologante, a entidade de quem depende o superior hierárquico imediato do avaliado.
3. Nas unidades orgânicas onde não existe entidade homologante, de nível inferior a
membro do Governo, as avaliações não carecem de homologação.

934
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro

4. A avaliação do desempenho dos funcionários que prestam serviços em depertamen-


tos desconcentrados do Estado será feita pelas respectivas chefias.
CAPÍTULO III
Comissão técnica de avaliação
Artigo 10º
Natureza
A comissão técnica de avaliação é um órgão consultivo em matéria de avaliação do
desempenho.
Artigo 11º
Competência
A comissão técnica de avaliação tem por competência emitir parecer sobre recurso
de avaliação de desempenho atribuída ao funcionário ou agente pelo superior hierárquico
imediato.
Artigo 12º
Constituição
1. A nível de cada Ministério ou Secretaria de Estado será constituída uma comissão
técnica de avaliação, integralmente constituída por agentes do respectivo departamento
governamental.
2. A comissão técnica de avaliação é constituída pelo responsável pela gestão dos re-
cursos humanos do respectivo departamento governamental, que preside, e por dois vogais,
sendo um designado pelo membro do Governo de entre dirigentes ou chefia e um represen-
tante dos avaliados.
3. O representante dos avaliados será escolhido, anualmente, pelos agentes do res-
pectivo departamento governamental, preferencialmente, de entre aqueles não sujeitos a
promossão ou progressão no período a que se reporta a avaliação.
Artigo 13º
Reclamação
1. O funcionário ou agente que não se conforme coma sua avaliação deverá, no prazo
de cinco dias após o conhecimento oficial, solicitar a respectiva rectificação.
2. A entidade para a qual a reclamação tenha sido feita proferirá decisão fundamenta-
da, a qual dará a conhecer ao avaliado, no prazo de dez dias contados do recebimento do
pedido de rectificação.
Artigo 14º
Parecer da comissão
1. O funcinário após tomar conhecimento da decisão do superior hirárquico imediato
proferida sobre a reclamação, poderá requerer, no prazo de cinco dias, a entidade de quem

935
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro

este depende que o seu processo seja submetido a comissão técnica de avaliação, para
efeitos de parecer.
2 O parecer da comissão técnica de avaliação deve ser submetido no prazo máximo de
cinco dias úteis.
Artigo 15º
Elementos de apreciação
1. A comissão técnica de avaliação poderá solicitar ao avaliador ou avaliado os ele-
mentos que julgar importantes para a apreciação do pedido.
2. A comissão técnica de avaliação poderá, ainda, solicitar a presença de outros funcio-
nários da unidade orgânica para esclarecimentos.
Artigo 16º
Decisão definitiva
Ao órgão competente para homologar caberá a decição definitiva.
CAPÍTULO IV
Disposições transitórias e finais
Artigo 17º
Aplicação supletiva
Enquanto não for aprovado o instrumento de avaliação de desempenho do pessoal
integrado em carreiras de regime especial, é aplicável o presente diploma, com as devidas
adaptações.
Artigo 18º
Revogação
É revogado o Decreto nº 38/79, de 21 de Maio.
Artigo 19º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor a 1 de Agosto de 1993.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Eurico Correia Monteiro – Alfredo Teixeira.
Promulgado em 19 de Agosto de 1993.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 25 de Agosto de 1993.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.

936
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro

MODELO I

Ficha de avaliação de desempenho


do pessoal técnico

Ministério ________________________________________________________
Secretário de Estado _______________________________________________
Direcção-Geral ____________________________________________________
Nome do Funcionário ______________________________________________
Cargo ____________________________ Referência _______ Escalão _______
Período a que se refere a avaliação ___/____/_____

937
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro

Pontuação dos factores:

Qualidade do trabalho __________________________________________________


Competência técnica ___________________________________________________
Experiência prática ____________________________________________________
Planificação e organização do trabalho _____________________________________
Respeito dos prazos e cumprimento das tarefas ______________________________
Responsabilidade _____________________________________________________
Espírito de equipe _____________________________________________________
Pontuação total ____________________
Avaliação de Desempenho de _______________

AVALIADOR
Nome _______________________________________________________________
Função ______________________________________________________________
Data ____/____/_____
Assinatura ______________________
Data da entrevista _____/____/_____
Assinatura do avaliado _________________________________________________

HOMOLOGANTE
Nome _______________________________________________________________
Função ______________________________________________________________
Data ____/____/_____

Assinatura __________________________

938
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro

Apreciação Geral

COMENTÁRIOS DO AVALIADOR:
A. Aspectos sobre os quais o funcionário deve receber uma atenção particular no
próximo ano.

Habilidades a melhorar Conhecimentos a adquirir

B. Programa de formação que o funcionário deve fazer no próximo ano.

C. Estágio de trabalho para o aperfeiçoamento do funcionário.

COMENTÁRIOS DO HOMOLOGANTE:

939
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro

FACTORES COEF. 1ª GRADUAÇÃO 2ª GRADUAÇÃO 3ª GRADUAÇÃO 4ª GRADUAÇÃO


1. Qualidade do trabalho: É descuidado em tudo Precisa que se lhe Executa correctamente Pode-se estar tranquilo quanto
Caracterizada pelo 2,0 o que faz. Não executa exija constantemente a maior parte das tarefas à maneira como desenvolve e
cuidado com qual o as tarefas que lhe são quanto à boa qualidade que lhe são confiadas. Os termina as actividades que lhe
avaliado desenvolve as confiadas. Seu trabalho é e andamento das resultados são produzidos são afectas. Seus trabalhos são
suas actividades tendo em de fraca qualidade e por actividades que deve com uma utilização de excelente qualidade. Sempre
vista a obtenção de níveis razão qualquer desiste de desenvolver. Omite racional dos recursos termina bem tudo aquilo a que se
de perfeição desejáveis. melhorá-lo. detalhes por julgá-los postos à disposição. propõe fazer, utilizando os recursos
5 x ... = sem importância. 15 x ... = postos à sua disposição para obter
10 x ... = os resultados fixados.
20 x ... =

2. Competência técnica: Não possui conhecimentos Ainda tem muito que Tem conhecimentos Tem um alto nível de
Leva em conta o nível de 1,5 técnicos suficientes para aprender para ser teóricos suficientes para conhecimentos técnicos e teóricos.
conhecimentos técnicos resolução de problemas considerado um elemento atender às dificuldades do Consegue, com extrema facilidade
teóricos bem como o relativos às tarefas que lhe com conhecimentos dia-a-dia no exercício do obter pleno êxito na resolução
seu aproveitamento na são confiadas. básicos suficientes para cargo. Com mais algum de qualquer problema de ordem
resolução de situações 5 x ... = o bom andamento do tempo, terá uma excelente prática que surja no seu trabalho.
práticas de trabalho. trabalho do dia-a-dia. preparação profissional. Sabe resolver sozinho graças às
Revela certas lacunas na Consegue resolver suas aptidões profissionais as
sua aptidão profissional. sozinho os problemas com dificuldades técnicas da sua tarefa
10 x ... = uma explicação mínima. sem explicação prévia.
15 x ... = 20 x ... =
3. Experiência prática: Falta-lhe a mínima Tem uma experiência Tem uma prática anterior A grande segurança que evidencia
Diz respeito ao nível de 1, 0 vivência dos problemas prática necessária, mas adequada e suficiente na actuação profissional é
vivência profissional e que deve resolver. Parece insuficiente para o bom para o bom desempenho resultante e prática anterior na sua
traduz a capacidade de mesmo que nunca desempenho das suas das suas funções. Já especialidade, Sua função não tem
aquisição de experiências trabalhou na função em funções. Precisa conviver acumula uma vivência segredos para ele.
do trabalho. que está. A sua experiência mais com o seu trabalho de trabalho significativa 20 x ... =
anterior em nada o ajuda para adquirir maior e indispensável às
no desempenho de suas tarimba profissional. exigências do cargo que
funções. 10 x ... = ocupa.
5 x ... = 15 x ... =
4. Planificação e É incapaz de organizar Ainda não está totalmente Procura melhorar os É um verdadeiro organizador,
organização do trabalho: 1,5 sozinho o seu trabalho capacitado para organizar métodos de execução do capaz de fazer face às situações
Avalia o modo como o quotidiano. Não distingue sozinho o seu próprio seu trabalho. Organiza o difíceis mesmas imprevistas.
avaliado está preparado a importância relativa trabalho, mas com um seu próprio trabalho de Pode-se lhe confiar os trabalhos
para conduzir o seu dos trabalhos. Precisa ser pouco de empenho é maneira que consegue não correntes que serão sempre
trabalho, empregando constantemente guiado. possível superar esta absorver a maior parte dos correctamente executados, sem
métodos adequados. 5 x ... = deficiência. trabalhos não correntes. que isso perturbe a execução de
10 x ... = 15 x ... = suas responsabilidades.
20 x ... =
5. Respeito dos prazos e O avaliado nunca executa Pode-se confiar na O avaliado está às vezes O avaliado está muitas vezes
cumprimento das tarefas: 2,0 o trabalho exigido no prazo execução do trabalho adiantado na execução avançado na execução do seu
Avalia o grau de respeito estabelecido. Requer muito exigido. Porém, às do seu trabalho. Organiza trabalho. Termina as suas tarefas
que o avaliado apresenta tempo suplementar para vezes é necessário uma eficazmente o emprego do ou as operações mais importantes
no cumprimento das suas terminar seu trabalho. chamada de atenção em seu tempo de trabalho. no tempo ou antes da expiração
tarefas. 5 x ... = relação aos prazos. 15 x ... = dos prazos.
10 x ... = 20 x ... =
6.Responsabilidade: Atribui a outras pessoas Evita tanto quanto Responde bem ao nível Tem notável coragem ao assumir
Maneira como assume 1,0 responsabilidades que, possível situações nas de responsabilidade toda e qualquer consequência das
o cargo, respondendo pela natureza do cargo quais lhe é solicitado solicitado pelo cargo que medidas que toma. Assume de
pelas consequências das que ocupa, deveriam ser responder por alguma ocupa. Consegue assumir forma clara as responsabilidades,
atitudes que toma. somente suas. Não sabe até coisa. Sente-se avaliado as consequências de suas despertando nas pessoas que com
que ponto é responsável quando outros assumem acções. É reconhecido ele trabalha absoluta confiança.
por aquilo que faz. por ele consequências de como pessoa responsável. 20 x ... =
5 x ...= suas próprias atitudes. 15 x ... =
10 x ... =
7. Espírito de equipa: Vive criando situações Tem limitações Manifesta espírito de Possui um espírito de equipe tão
Leva em conta o nível em 1,0 difíceis quando precisa pessoais ao desenvolver equipa. Sabe como bem desenvolvido que evidencia
que o avaliado consegue trabalhar em grupo actividades de trabalho conduzir-se quando as uma diplomacia a toda prova
desenvolver atitudes de com colegas e demais em equipe. Faz esforços solicitações de trabalho para evitar atritos e contornar
trabalho em grupo e em pessoas. Revela grandes evidentes para superar exigem actuação em situações quando trabalha com
que medida isso está dificuldades em colocar as suas deficiências, mas grupo. Procura entender pessoas. Sua forma de actuação
contribuindo para sua suas opiniões. Não ouve nem sempre o consegue. as razões de seus facilita uma melhor integração dos
adaptação à equipe de nem acede as opiniões 10 x ...= companheiros quando companheiros.
trabalho. alheias. Sua adaptação trabalha em conjunto. 20 x ... =
ao grupo é severamente 15 x ...=
comprometida.
5 x ... =

940
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro

MODELO II

Ficha de avaliação de desempenho


do pessoal Administrativo

Ministério ________________________________________________________
Secretário de Estado _______________________________________________
Direcção-Geral ____________________________________________________
Nome do Funcionário ______________________________________________
Cargo ____________________________ Referência _______ Escalão _______
Período a que se refere a avaliação ___/____/_____

941
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro

Pontuação dos factores:

Quantidade do trabalho _________________________________________________


Conhecimentos profissionais _____________________________________________
Iniciativa ____________________________________________________________
Responsabilidade ______________________________________________________
Relações humanas no trabalho ___________________________________________
Pontuação total ____________________
Avaliação de Desempenho de _______________

AVALIADOR
Nome _______________________________________________________________
Função ______________________________________________________________
Data ____/____/_____
Assinatura ______________________
Data da entrevista _____/____/_____
Assinatura do avaliado _________________________________________________

HOMOLOGANTE
Nome _______________________________________________________________
Função ______________________________________________________________
Data ____/____/_____

Assinatura __________________________

942
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro

Apreciação Geral

COMENTÁRIOS DO AVALIADOR:
A. Aspectos sobre os quais o funcionário deve receber uma atenção particular no
próximo ano.
Habilidades a melhorar Conhecimentos a adquirir

B. Programa de formação que o funcionário deve fazer no próximo ano.

C. Estágio de trabalho para o aperfeiçoamento do funcionário.

COMENTÁRIOS DO HOMOLOGANTE:

943
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro

FACTORES Coeficiente 1ª GRADUAÇÃO 2ª GRADUAÇÃO 3ª GRADUAÇÃO 4ª GRADUAÇÃO


1. Qualidade do trabalho: É descuidado e seu Precisa tomar mais Os padrões de qualidade É perfeito no que diz
Analisa o nível de atenção 2,5 trabalho é de má cuidado e melhorar a nos trabalhos que respeito à qualidade dos
dispemsado aos trabalhos qualidade. Nunca se pode qualidade do trabalho apresenta são geralmente trabalhos que apresenta.
que faz, levando em conta ter confiança na exactidão que faz. Frequentemente bons. Empenha-se em Sempre que haja algo
o cuidado da apresentação dos dados que fornece. O o seu trabalho deixa aperfeiçoar o mais que a ser feito e que exija
final. nível de apresentação muito a desejar quando à pode em tudo que faz. esmero ele é o elemento
. do seu trabalho é apresentação final. Seu trabalho é de boa mais indicado para o
inaceitável. 10 x ... = qualidade. fazer.
5 x ... = 15 x ... = 20 x ... =

2. Quantidade do trabalho: Seu nível de produtividade Trata-se de um indivíduo Possui um ritmo de Utiliza todos os recursos
Responde ao nível de 2,0 é inadequado para as cuja quantidade de actividade que permite pessoais para produzir
produção que consegue actividades que deve trabalho é imprevível. apresentar um nível de o máximo possível.
atingir tendo em vista as desenvolver. Sua Deixa dúvidas quanto produtividade adequado Pode-se estar tranquilo
expectativas para o cargo. morosidade no trabalho ao tempo que demorará em relação ao montante quando se se lhe atribui
faz com que não consiga para executar as de trabalho. Não perde um trabalho com
desenvenciliar-se nem tarefas que lhe são tempo com detalhes urgência. Revela grande
das suas tarefas diárias. entregues. Conhece suas desnecessários. Tem habilidade na execução
5 x ... = deficiências e esforça-se condições pessoais para das tarefas.
por superá-las. apresentar índices mais 20 x ... =
10 x ... = elevados de produção.
15 x ... =
3. Conhecimentos Tem conhecimentos Ainda tem muito que Tem conhecimentos Tem um alto nível de
profissionais: Considera- 2, 0 fortemente limitados aprender para ser práticos e teóricos conhecimentos teóricos
se o conhecimento e a na teoria e na prática. considerado um elemento suficientes para atender e práticos. Consegue
compreensão dos princípios As lacunas dos com conhecimento às dificuldades do con extrema facilidade
básicos, teóricos e práticos seus conhecimentos básico suficente para dia a dia no exercício atingir pleno êxito na
do trabalho. constituem uma grande o bom andamento da do cargo. Com mais resolução de qualquer
limitação para a resolução prática do dia-a-dia. algum tempo, terá uma problema de ordem
dos problemas correntes 10 x ... = excelente preparação prática.
das suas tarefas. profissional. 20 x ... =
5 x ... = 15 x ... =
4. Iniciativa: Desembaraço Falta-lhe iniciativa para Demonstra empenho Consegue reagir Destaca-se pela
para resolver problemas 1,5 solucionar as dificuldades em solucionar as acertadamente face às capacidade de tomar
que surjam no seu seio. que ocorrem. Interrompe dificuldades que surgem dificuldades encontradas. as melhores resoluções
os companheiros para no seu trabalho. Por Suas decisões não em face de problemas
pedir ajuda mesmo em não possuir traquejo comprometem o bom que ocorrem. Sua
situações habituais. suficiente inspira ainda andamento do serviço. facilidade em decidir
5 x ... = cuidados em relação às 15 x ... = acertadamente serve
iniciativas que toma. de base aos demais,
10 x ... = quando requer iniciativa
especializada.
20 x ... =
5. Responsabilidade: Falta-lhe habilidade para Inspira cuidados em Mostra-se responsável. Destaca-se pela discrição
Seriedade com que o 1,0 discriminar os assuntos relação à seriedade É discreto e mantém o com que trata assuntos
funcinário encara seu confidencias, não lhe como encara o seu necessário sigilo sobre sigilosos e pelo sentido
trabalho, sabendo agir podendo ser confiado trabalho. Não é pessoa os serviços confidencias de responsabilidade que
de maneira discreta com documentos ou materias a quem se possa confiar que estão sob sua norteia sua conduta no
relação a assuntos que sobre os quais se exija documentos sigilosos ou responsabilidade. trabalho. É elemento de
esijem confidencialidade. sigilo. confidenciais. É arriscado 15 x ... = toda confiança.
5 x ... = indicá-lo para tarefas que 20 x ... =
exijam responsabilidade.
10 x ... =
6.Relações humanas no Revela grandes Desinteressa-se pelos Quer em situações de Utiliza a sua
trabalho: Trata-se da maior 1,0 dificuldades em objectivos fixados pelo trabalho, quer fora delas, grande facilidade
ou menor facilidade em relacionar compessoas e seu superior hierárquico tem-se saído bem quanto de relacionamento
estabelacer relacinamento vive criando problemas e pelos resultados dos ao relacionamento com interpessoal como
interpessoal adequado e com os outros. A sua problemas dos outros. pessoas. Pode-se estar instrumento necessário à
produtivo. falta de sociabilidade Não sabe desenvolver tranquilo que não criará resolução de dificuldades
chega a prejudicar o bom relacionamento humano nenhuma dificuldade funcionais. É estimado
andamento do trabalho. adequado quando se séria neste sentido. por todos e goza de
5 x ...= trata de resolver uma 15 x ... = excelente estima entre
dificuldade funcional. os colegas.
10 x ... = 20 x ... =

944
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro

MODELO III

Ficha de avaliação de desempenho


do pessoal auxiliar

Ministério ________________________________________________________
Secretário de Estado _______________________________________________
Direcção-Geral ____________________________________________________
Nome do Funcionário ______________________________________________
Cargo ____________________________ Referência _______ Escalão _______
Período a que se refere a avaliação ___/____/_____

945
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro

Pontuação dos factores:

Atenção e qualidade do trabalho __________________________________________


Quantidade do trabalho _________________________________________________
Responsabilidade e dedicação ____________________________________________
Relações humanas no trabalho ___________________________________________
Pontuação total ____________________
Avaliação de Desempenho de _______________

AVALIADOR
Nome _______________________________________________________________
Função ______________________________________________________________
Data ____/____/_____
Assinatura ______________________
Data da entrevista _____/____/_____
Assinatura do avaliado _________________________________________________

HOMOLOGANTE
Nome _______________________________________________________________
Função ______________________________________________________________
Data ____/____/_____

Assinatura __________________________

946
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro

Apreciação Geral
COMENTÁRIOS DO AVALIADOR:
A. Aspectos sobre os quais o funcionário deve receber uma atenção particular no
próximo ano.
Habilidades a melhorar Conhecimentos a adquirir

B. Programa de formação que o funcionário deve fazer no próximo ano.

C. Estágio de trabalho para o aperfeiçoamento do funcionário.

COMENTÁRIOS DO HOMOLOGANTE:

947
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro

FACTORES COEFI- 1ª GRADUAÇÃO 2ª GRADUAÇÃO 3ª GRADUAÇÃO 4ª GRADUAÇÃO


CIENTE

1. Atenção e qualidade 3,5 Seu trabalho é de Precisa sentir que está É cuidadoso no A qualidade do trabalho
do trabalho: Considera qualidade inaceitável sendo controlado para desempenho das que apresenta é perfeita.
o cuidado com o qual o por falta absoluta de apresentar melhor actividades que Revela uma habilidade
avaliado desempenha suas atenção. Falta-lhe qualidade de trabalho. executa. A qualidade do fora do comum para
tarefas. Leva em conta o qualidades pessoais Deve exercitar-se muito trabalho que apresenta executar actividades
resultado final. para que possa melhorar para aproximar seu nível é boa tendo em vista os que exijam cuidado e
. futuramente a qualidade de atenção na realização padrões estabelecidos atenção.
do seu trabalho. de suas tarefas. para o desempenho do 20 x ... =
5 x ... = 10 x ... = cargo.
15 x ... =

2. Quantidade do trabalho: 2,5 É excessivamente lento, Ritmo de trabalho Mantém um ritmo de Seu ritmo de trabalho
Montante de trabalho não atingindo os limites relativamente lento, em trabalho que atende às é bastante rápido,
executado co relação ao mínimos exigidos para o comparação ao que se expectativas do dia-a-dia sendo capaz de
tempo gasto. desempenho do cargo. poderia esperar. de trabalho. Faz o que dar conta mesmo
5 x ... = 10 x ... = pode para produzir mais. quando o volume
15 x ... = de serviço aumenta
inesperadamente.
20 x ... =

3. Responsabilidade e 2, 0 Esquece-se com Revela falta de rigor no Sente-se responsável Assume integralmente
dedicação: Procura avaliar facilidade das suas seu trabalho. Falta-lhe pelo que faz. Dá valor suas responsabilidades
a dedicação, o cuidado e o obrigações de trabalho. maturidade exigida para e desenvolve com de trabalho. É
valor que seu subordinado É omisso ao dedicar- cumprir as obrigações dedicação e cuidado as extremamente
atribui às actividades pelas se às suas actividades. sob sua responsabilidade. actividades que tem a cuidadoso naquilo
quais é responsável Não atende às Evita comprometer- seu encargo. Tem boa que faz. Valoriza tanto
responsabilidades de se e assumir vontade em sanar suas suas atribuições que
trabalho. responsabilidades. eventuais falhas e não seu entusiasmo chega
5 x ... = 10 x ... = repetir os mesmos erros. a motivar os demais
15 x ... = colegas.
20 x ... =

4. Relações humanas no 2,0 Cria sérios problemas de Tem limitações pessoais Faz o possível para Tem grande facilidade
trabalho: Leva-se em conta relacionamento humano. no tratamento com ser agradável na de relacionamento com
todo tipo de contacto pessoal É inoportuno e tem colegas e superiores. É convivência com chefes supervisores e colegas,
com supervisor e colegas no dificuldades em conviver necessário recomendar- e colegas. Reconhece sendo simpático e
trabalho. com as pessoas. lhe mais cuidado nesse que é importante ter bom querido por todos.
5 x ... = assunto. relacionamento. 20 x ... =
10 x ... = 15 x ... =

948
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro

MODELO IV

Ficha de avaliação de desempenho


do pessoal operário

Ministério ________________________________________________________
Secretário de Estado _______________________________________________
Direcção-Geral ____________________________________________________
Nome do Funcionário ______________________________________________
Cargo ____________________________ Referência _______ Escalão _______
Período a que se refere a avaliação ___/____/_____

949
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro

Pontuação dos factores:

Produção e rendimento ______________________________________________


Atenção e qualidade do trabalho________________________________________
Conhecimento do trabalho_____________________________________________
Agilidade física e mental ______________________________________________
Normas de segurança no trabalho ________________________________________
Relacionamento interpessoal____________________________________________
Pontuação total ____________________
Avaliação de Desempenho de _______________

AVALIADOR
Nome ___________________________________________________________
Função __________________________________________________________
Data ____/____/_____
Assinatura ______________________
Data da entrevista _____/____/_____
Assinatura do avaliado ______________________________________________

HOMOLOGANTE
Nome ___________________________________________________________
Função __________________________________________________________
Data ____/____/_____

Assinatura __________________________

950
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro

Apreciação Geral
COMENTÁRIOS DO AVALIADOR:

A. Aspectos sobre os quais o funcionário deve receber uma atenção particular no


próximo ano.

Habilidades a melhorar Conhecimentos a adquirir

B. Programa de formação que o funcionário deve fazer no próximo ano.

C. Estágio de trabalho para o aperfeiçoamento do funcionário.

COMENTÁRIOS DO HOMOLOGANTE:

951
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27 de Setembro

COEFI-
FACTORES 1ª GRADUAÇÃO 2ª GRADUAÇÃO 3ª GRADUAÇÃO 4ª GRADUAÇÃO
CIENTE

2,0 É muito vagaroso para Tem um ritmo de É rápido e activo no Demonstra um ritmo
1. Produção e a função exercida. Não trabalho relativamente desempenho de suas de trabalho rápido
rendimento: consegue produzir mais lento em comparação tarefas. e produtivo. Revela
depressa ao esperado para a 15 x ... = grande eficiência e
Compra a quantidade 5 x ... = função. Precisa que se dispõe sempre de
de trabalho apresentada lhe lembre e estimulado recursos para a execução
com aquela que é para que produza mais do trabalho mesmo que
esperada para a função. depressa. haja aumento inesperado
10 x ... = de serviço.
20 x ... =

2. Atenção e qualidade 2,0 Executa seu trabalho sem A qualidade do seu Realiza seu trabalho Todo o trabalho que
do trabalho: Considera atenção. É descuidado trabalho é irregular com atenção. Procura, executa prima pela boa
o cuidado com o qual com máquinas, . precisa que se lhe ser cuidadoso ao qualidade e atenção com
o operário desempenha ferramentas e matérias- lembre do cuidado com a desempenhar as duas que é feito. Conserva a
sua tarefas, levando em primas. O trabalho final é maquinaria, ferramentas tarefas. A qualidade do maquinaria, ferramentas
conta o resultado final. cheio de imperfeição e matérias-primas. Seu seu trabalho satisfaz. e material em perfeitas
5 x ... = trabalho é passível de 15 x ... = condições.
imperfeições.
10 x ... = 20 x ... =

3. Conhecimento do 1,5 Ainda não sabe Precisa ser acompanhado Domina o seu trabalho O conhecimento que
Trabalho: Verifica trabalhar. Precisa de perto quando surgem de modo a não tem das suas tarefas é
o grau de domínio ser constantemente dificuldades fora da preocupar o supervisor. tal que já lhe podem ser
dos serviços sob sua controlado. rotina de trabalho. O Quando sente alguma confiadas outras tarefas
responsabilidade. 5 x ... = pouco domínio do seu dificuldade solicita, mais complexas e fora
trabalho não lhe permite espontaneamente, a da rotina. Chega mesmo
ter iniciativas próprias. orientação necessária. a ajudar os colegas a
10 x ... = 15 x ... = superar dúvidas.
20 x ... =

4. Agilidade física e 1,5 A sua falta de agilidade Tem dificuldades de Tem agilidade de Seu bom estado
mental: Considerar a não só prejudica o locomover-se agilmente. movimentos suficientes físico e agilidade de
rapidez e a coordenação trabalho, mas também Falta lhe coordenação para o bom desempenho movimentos aceleram
de movimentos no poderá algum dia de movimentos. Num de suas tarefas. Sente sua produtividade e
desenvolvimento do precipitar algum acidente trabalho manual sente facilidade em executar o colocam a salvo de
trabalho. . grande dificuldade de tarefas que exigem qualquer acidente.
5 x ... = executá-lo. destreza manual . Tendo enorme agilidade
10 x ... = 15 x ... = manual
20 x ... =

5. Normas de segurança 2,0 Não conhece as normas Expõe-se a situações Conhece e observa Conhece e domina as
no trabalho: Confirma de segurança. É perigosas, necessitando atentamente as normas regras para preveni
até que ponto o operário descuidado no trabalho, ser lembrado delas. de segurança. acidente. Está
conhece e pratica as colocando em risco a A qualquer momento 15 x ... = constantemente atento
regras de prevenção de sua vida e/ou dos demais poderá sofrer um consigo, com o material
acidente. operários. Já sofreu e/ou acidente. e o equipamento. Nunca
provocou acidentes. 10 x ... = sofreu acidente por
5 x ... = causa disto.
20 x ... =

6. Relacionamento 1,0 Tem dificuldades Indivíduo que procura Nunca chegou a criar Tem um modo tão
interpessoal: Caracteriza de relacionamento evitar contactos sociais problemas por causa adequado de se
o tipo de relacionamento com pessoas. Sua com outras pessoas. Não do seu relacionamento relacionar com as
que mantém com as sociabilidade com é capaz de se adaptar interpessoal. É visto pessoas que todos o vêem
pessoas com as quais relação a outras pessoas aos outros e espera que com simpatia e a maioria com grande simpatia. É
trabalha. é tão inadequada que os outros se adaptem a das pessoas que o cercam do tipo de pessoa que
chega a criar problemas. ele. Precisa aprender a lhe querem bem. enfrenta com facilidade
5 x ...= viver em grupo. 15 x ... = qualquer situação de
10 x ... = relacionamento humano.
20 x ... =

952
Decreto-Lei nº 108 – E/92, de 24 de Setembro

FORMULA DOS EXTRACTOS PARA PUBLICAÇÃO


Decreto-Lei nº 108 – E/92
De 24 de Setembro
Nos últimos anos tem-se verificado um crescimento acentuado da Administração
Pública, com reflexo na criação de multiplicidade de estrutura e no aumento de efectivos,
conduzindo a publicação no Boletim Oficial, de um número acrescido de actos adminis-
trativos à situação e mobilidade dos agentes da Administração, sem que, no entanto, essa
expansão tenha sido acompanhada das necessárias medidas simplificadoras da publicação
dos respectivos actos.
Sem prejuízo dos interesses dos que exercem cargo público, é necessário adoptar
medidas tendentes ao descongestionamento e uma melhor gestão do jornal oficial.
Desde logo, entende-se que a simplificação dos actos administrativos relativo à situ-
ação e mobilidade dos agentes da Administração Pública pode ser feita, por extracto, com
recurso a fórmulas sucintas.
Relativamente, à exoneração de determinados cargos, em consequência do provi-
mento efectuado noutro, por motivo de transferência, concurso, requisição, reclassificação
ou reconversão profissional, modifica-se o sistema actual consagrando que provimento em
novo cargo a titulo definitivo acarreta automaticamente a exoneração do cargo de que o
interessado é titular.
De igual modo, estatui-se que o provimento em qualquer cargo público implica sem-
pre a assumpção das incompatibilidades legais. Em face disso, a aceitação do cargo passa
a produzir os efeitos das declarações a que se referem os artigos 12º. 5º e 8º do Estatuto do
Funcionalismo.
Acaba-se, assim, com a prática, exigida legalmente, de os funcionários terem de
apresentar a declaração relativa a incompatibilidade e acumulações, como condição para o
provimento em cargo público, bem como a mesma pessoa sempre que se nomeia em comis-
são ordenaria de serviço alguém que seja ocupante de outro cargo da mesma natureza.
Para o primeiro caso a posse a funcionar como acto declarativo da exoneração,
enquanto no segundo caso, a nomeação em novo cargo implica a desvinculação do cargo
anterior.
Deixam de estar sujeitos a anotação do Tribunal de contas, assim mais liberto para
cumprimento das suas tarefas fundamentais, os despachos de demissão, exoneração, passa-
gem à situação de licença ilimitada e licença registada rescisão de contratos ou de assala-
riamento e, de modo geral, todos os actos que modifiquem a situação de funcionários, sem
aumento de vencimento, nem mudança de verba por onde se efectue o pagamento.
Neste termos,
Ao abrigo da autorização legislativa pela Lei nº 48/IV/92, de 6 de Julho.

953
Decreto-Lei nº 108 – E/92, de 24 de Setembro

O Governo decreta o seguinte:


Artigo 1º
(Principio)
A publicação, no Boletim Oficial dos actos relativos à situação e mobilidade dos fun-
cionários e agentes administrativos é feita por extracto, com recurso a fórmulas sucintas.
Artigo 2º
(Conteúdo)
A fórmula referida no artigo anterior deve conter obrigatoriamente e apenas as se-
guintes menções:
a) Data do despacho e designação da entidade que pratica o acto, bem assim, a
qualidade em que fez;
b) Nome do funcionário ou agente e respectivo cargo;
c) Identificação do acto praticado;
d) Data a partir do qual o acto produz efeito;
e) Declaração de que processo foi visado pelo Tribunal de Contas, quando ex-
igido por lei.
Artigo 3º
(Efeito do provimento)
1.O provimento em qualquer cargo público implica sempre a assumpção das incom-
patibilidades legais.
2. A aceitação do cargo produz os mesmos efeitos que a declaração da aceitação das
incompatibilidades legais ou contratuais, bem assim a declaração de honra do interessado
fazendo a prova da capacidade profissional.
Artigo 4º
(Publicação de aviso de abertura de concurso)
Sempre que possível, nos casos de abertura simultânea de dois ou mais concursos, os
serviços deverão providenciar a sua publicação através de um único aviso de abertura.
Artigo 5º
(Normalização)
A normalização aprovada, nos termos dos artigos anteriores, é de utilização obriga-
tória para todos os serviços públicos, podendo a Imprensa Nacional devolver as fórmulas
de extracto que não preencham os requisitos a que se refere o artigo 2º.
Artigo 6º
(Efeito do provimento em novo cargo)
1.Os funcionários ou agentes, quando providos a títulos definitivo, em cargo diverso
de que são titulares, em consequência de concurso, transferência, reclassificação ou recon-

954
Decreto-Lei nº 108 – E/92, de 24 de Setembro

versão profissional, consideram-se exonerados dos lugares que vem ocupando, com efeito
reportados à data de posse no novo cargo.
2.A posse do novo cargo constitui acto declarativo da exoneração, devendo o respec-
tivo termo ser enviado, no prazo de cinco dias, ao Tribunal de Contas para junção ao pro-
cesso individual do funcionário.
3.Sempre que o titular de cargo dirigente ou de chefia for nomeado para exercer em co-
missão outro cargo da mesma natureza considera-se automaticamente exonerado do cargo
de que era anteriormente ocupante.
4.O provimento em determinado cargo em comissão ordinária de serviço faz cessar a
comissão anterior relativa ao mesmo cargo.
Artigo 7º
(Dispensa de anotação)
Os despachos de demissão, exoneração, passagem à situação de licença limitada,
licença registada, rescisão de contratos ou assalariamentos e, de um modo geral todos os
actos que aumento de vencimento, nem mudança de verba por onde se efectua o pagamen-
to, não estão sujeitos a anotação do Tribunal de Contas.
Artigo 8º
(Revogação)
São revogados os artigos 13º, alínea d) do Decreto-Lei nº 96/86, de 3 de Dezembro,
12º, §5º e 8º de Estatuto do Funcionalismo.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – Jorge Carlos Fonseca – Eurico Correia Monteiro -José Tomás Veiga
– António Gualberto do Rosário – Manuel de Jesus Chantre – Teófilo Figueiredo -Manuel
Faustino – Rui Figueiredo Soares – Leão Lopes -Alfredo Teixeira.
Promulgado em 23 de Setembro de 1992.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTONIO MANUEL MASCARENHAD GOMES MON-
TEIRO.

955
Decreto n.º 14/77, de 5 de Março

REGRAS DE NOMEAÇÃO E DEMISSÃO


Decreto n.º 14/77
de 5 de Março
Tornando-se necessário disciplinar e controlar a mobilidade dos efectivos de pessoal
da Administração Pública e simultaneamente estabelecer algumas regras a serem observa-
das, principalmente no que respeita a nomeações e exonerações
No uso da faculdade conferida pelo n.º 3 do artigo 5º da Organização Política do Esta-
do de 5 de Junho de 1975, o Governo decreta e eu promulgo o seguinte:
.....................................................................................................................................142
17
Art. 9º Todo aquele que for nomeado por um cargo de que não tome posse no prazo
legal, será demitido da função pública, sem quaisquer formalidades, ficando inibido de
concorrer ou de ser provido em qualquer lugar do Estado ou de outra pessoa colectiva de
direito público, durante o período de três anos, salvo se a autoridade competente aceitar
justificação baseada em factos atendíveis, e devendo indemnizar o Estado pelas despesas e
abonos efectuados
Art.10º- .......................................................................................................................1
143
8
Art. 11º Nenhum funcionário poderá ser exonerado a fim de ir ocupar outro cargo fora
do Ministério a que pertence sem prévio parecer da Secretaria de Estado da Administração
Interna, Função Pública e Trabalho.
Art. 12º. Fica revogado tudo o que contraria o presente diploma.
Art. 13º Este decreto entra imediatamente em vigor
Pedro Pires
Promulgado em 23 de Fevereiro de 1977
Publique-se
O Presidente da República, ARISTIDES MARIA PEREIRA.

142 Os arts, 1º a 8º foram revogados pelo Decreto-Lei n.º 87/92, de 16 de Julho.


143 Revogado pelo n.º 3 do art. 28º da Lei n.º 102/IV/93, de 31 de Dezembro.

956
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

4. DISCIPLINA

957
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

958
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

ESTATUTO DISCIPLINAR DOS AGENTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


Decreto-Legislativo nº 8/97
de 8 de Maio
Ao abrigo da autorização legislativa concedida pela Lei nº 10/V/96, de 11 de Novembro.
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do nº 2 do artigo 216º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
Os artigos 1º,3º,6º,22º,25º a 29º, 41º, 43º, 44º, 48º, 51º, 57º, 60º 70º a 74º, 80º a 86º,
92º, 97º, 99º e 101º do Estatuto disciplinar dos agentes da Administração Pública, aprovado
pela Lei n.º 31/III/87, de 31 Dezembro, passam a ter a seguinte redacção:
Artigo 1º
(Âmbito)
1. O Estatuto Disciplinar dos Agentes da Administração Pública aplica-se aos agentes
da Administração Central e das autarquias locais.
2. O presente Estatuto é ainda aplicável aos agentes dos serviços personalizados do
Estado e de outras pessoas colectivas de direito público em tudo quanto não venha regulado
nos respectivos diplomas orgânicos.
3. Ficam excluídos do âmbito da aplicação deste Estatuto os agentes que possuam
estatuto disciplinar especial.
Artigo 3º
(Deveres gerais)
Constituem deveres gerais dos agentes no exercício das suas funções:
a) Respeitar a Constituição, os símbolos nacionais, as instituições da República
e respectivos titulares;
b) Respeitar e garantir o livre exercício dos direitos e liberdades e o cumprimen-
to dos deveres constitucionais e legais dos cidadãos;
c) Estar ao serviço do interesse geral definido pelos órgãos competentes da Ad-
ministração Pública, nos termos da lei e de harmonia com ordens e instruções
legítimas dimanadas dos superiores hierárquicos;
d) Observar e fazer observar, rigorosamente, as leis e regulamentos;
e) Assegurar a eficácia, o prestígio e a dignidade da Administração Pública, par-
ticipar activamente na realização dos seus objectivos e defender os direitos e
legítimos interesses do Estado;
f9 Agir com isenção, imparcialidade e rigoroso apartidarismo político, em ordem
a criar no público confiança na acção da Administração Pública;

959
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

g) Cultivar a lealdade institucional, a pontualidade, a assiduidade, o rigor e o es-


crúpulo, desenvolver o espírito de iniciativa, a produtividade, a competência
e o zelo profissional e contribuir para a prestação de um serviço público de
qualidade;
h) Cumprir exacta, imediata e lealmente as ordens ou instruções, escritas ou ver-
bais, dos superiores hierárquicos em objecto de serviço, salvo se a ordem ou
instrução implicar a prática de crime e sem prejuízo do direito de respeitosa
representação;
i) Tratar com urbanidade e respeito os utentes dos serviços públicos e ser-lhes
prestável, designadamente, dando satisfação célere às suas solicitações legi-
timas, adoptando o procedimento legal que lhes seja mais favorável, não lhes
exigindo formalidades ou pagamento não impostos expressamente por lei ou
regulamento e não lhes provocando incómodos, perdas de tempo ou gastos
desnecessários;
j) Dar prioridade, no atendimento, às pessoas idosas, doentes ou com deficiência, às
grávidas, aos menores e a outras pessoas em situação de vulnerabilidade;
k) Agir com correcção e consideração para com os superiores hierárquicos, cole-
gas e subordinados;
l) Guardar segredo profissional relativamente aos assuntos de que tenham co-
nhecimento em virtude do exercício das suas funções e sobre os quais não
tenham autorização do respectivo superior hierárquico para a sua revelação
ao público, sem prejuízo do direito dos cidadãos a serem informados sobre o
andamento dos processos em que sejam directamente interessados e do direito
de acesso dos cidadãos a arquivos e registos administrativos, nos termos das
leis e regulamentos;
m) Proceder disciplinarmente nos termos da lei, relativamente às infracções pra-
ticadas pelos seus subordinados e participar superiormente as que exijam in-
tervenção de outras autoridades;
n) Avaliar o desempenho dos seus subordinados e informar a respeito dos mes-
mos, com rigor, isenção e justiça;
o) Aperfeiçoar a sua formação profissional, nomeadamente, no que respeita às
matérias que interessam às funções que exerçam;
p) Não solicitar, nem retirar vantagens de qualquer natureza das funções que
desempenham e agir com independência e isenção em relação aos interesses e
pressões particulares;
k) Agir, na sua vida pública e privada, com probidade de modo a não despresti-
giar a função que exerce.

960
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

Artigo 6º
(Prescrição da responsabilidade disciplinar)
1. ...
2. Aplicam-se aos procedimentos disciplinares os prazos de prescrição na lei penal
superiores aos fixados nos números antecedentes quando a infracção disciplinar do agente
for também criminalmente punível.
3. Suspendem o prazo de prescrição, a instauração do processo de sindicância e do
mero processo de averiguações e a dos processos de inquérito e disciplinar mesmo que não
tenham sido dirigidos contra o agente a quem a prescrição interessa mas nos quais venham
a apurar-se faltas de que seja responsável. A prescrição recomeçará a correr passados os
prazos estabelecidos neste Estatuto para a decisão dos processos referidos na primeira parte
deste número.
4. Se no decurso dos prazos referidos no nº 1 alguns actos de instrução com efectiva
incidência no apuramento dos factos forem praticados, a prescrição conta-se desde o dia em
que tiver sido praticado o último acto.
Artigo 22º
(Competência disciplinar sobre os agentes da administração local)
1. A competência disciplinar sobre os agentes dos quadros privativos das autarquias
locais e sobre os agentes da Aministração-Central afectados ao serviço das autarquias lo-
cais pertence aos respectivos órgãos executivos colegiais, salvo o disposto nos números
seguintes.
2. É da competência do membro do Governo que exerce a tutela sobre as autarquias
locais a aplicação das penas das alíneas d) a f) do artigo 14º aos agentes da Administração
Central, quando afectados nas autarquias locais.
3. O presidente do órgão executivo da autarquia local tem competência para aplicação das
penas de censura escrita, multa e de suspensão a todos os agentes ao serviço da autarquia.
Artigo 25º
(Negligência e má compreensão dos deveres funcionais)
1. Aos agentes que revelarem negligência ou má compreensão dos deveres funcionais
será aplicada a pena de multa.
2. A pena referida no número anterior, será nomeadamente, aplicada aos agentes que:
a) Não observarem as normas ou instruções na arrumação dos livros, documen-
tos, e outros objectos a seu cargo desde que disso não resultem prejuízos para
o serviço ou para terceiros;
b) Cometerem erros por negligência na escrituração dos livros e documentos desde
que da falta não tenha resultado prejuízo para o serviço ou para terceiros;

961
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

c) Deixarem de participar atempadamente às autoridades competentes as in-


fracções disciplinares ou contra-ordenações de que tiverem conhecimento no
exercício das suas funções;
d) Violarem, pela primeira vez e sem gravidade relevante, o dever de correcção
e consideração para com os superiores hierárquicos, colegas ou subordinados,
ou o dever de urbanidade, respeito e prestabilidade para com os utentes dos
serviços públicos;
e) Violarem, pela primeira vez e sem gravidade relevante, o dever de atendimen-
to prioritário a pessoas em situação de vulnerabilidade;
f) Demonstrarem falta de zelo, pelo defeituoso cumprimento ou desconhecimen-
to das disposições legais e regulamentares ou das ordens superiores legíti-
mas;
g) Deixarem atrasar, sem motivo justificado, os serviços de modo que não este-
jam concluídos nos prazos que forem estabelecidos;
h) Manifestarem falta de cuidado no tratamento e conservação dos materiais a
seu cargo;
i) Se ausentarem do local de trabalho sem licença da autoridade competente.
Artigo 26º
(Negligência grave ou grave desinteresse pelo cumprimento
dos deveres profissionais)
1. Aos agentes que revelarem negligência grave e bem assim aos que demonstrarem
grave desinteresse pelo cumprimento dos deveres será aplicada a pena de suspensão.
2. A pena referida no número anterior será, nomeadamente, aplicada aos agentes que:
a) Derem informação errada em matéria de serviço a superior hierárquico por
falta de cuidado;
b) Desobedecerem, pela primeira vez e sem consequências graves, às ordens e
instruções dos superiores hierárquicos;
c) Violarem, com gravidade, o dever de correcção e consideração para com os
superiores hierárquicos, colegas ou subordinados, ou o dever de urbanidade,
respeito e prestabilidade para com os utentes dos serviços públicos;
d) Violarem, com gravidade, o dever de atendimento prioritário a pessoas em
situação de vulnerabilidade;
e) Minutarem, sem a competente autorização, requerimento ou petição de tercei-
ro que tenha de ser informado, expedido ou resolvido pelos próprios agentes
ou por superior hierárquico;

962
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

f) Adquirirem serviços, bens e equipamentos para o serviço público sem obser-


vância das disposições legais aplicáveis;
g) Deixarem de pensar dentro dos prazos legais, sem justificação bastante, certi-
dões que lhes sejam requeridas;
h) Realizarem despesas sem a existência de receitas que garantam o seu paga-
mento ou não previstas nos orçamentos ou excedendo as dotações orçamen-
tais;
i) Assumirem compromissos financeiros ou contraírem dívidas em nome da Ad-
ministração, sem a devida autorização orçamental para execução de despe-
sas;
j) Manifestarem incompetência profissional de que não tenha resultado prejuízo
grave para a Administração ou para terceiros;
j) Prejudicarem gravemente o interesse da Administração e de terceiros, por
falta de cuidado, nomeadamente bloqueando sem justificação e por qualquer
forma, o tratamento de processos a seu cargo;
k) Derem cinco faltas seguidas ou oito interpoladas, sem justificação atendível,
no mesmo ano civil;
l) Prestarem falsas declarações relativas à justificação das faltas;
m) Comparecerem ao serviço com indícios evidentes de ingestão de bebidas alco-
ólicas;
n) Reiterarem na prática de infracções previstas no artigo 25º.
Artigo 27º
(Incompetência e procedimento que atente gravemente
contra a dignidade e o prestígio da função)
1. Aos agentes que revelarem incompetência profissional ou tiverem procedimento
que atente gravemente contra a dignidade e prestígio da função, será aplicada a pena de
inactividade.
2. A pena referida no número anterior será, nomeadamente, aplicada aos agentes que:
a) Reiterarem nas infracções previstas no artigo 26º;
b) Provocarem distúrbios ou escândalos, no serviço ou fora dele, e neste último
caso, com grave prejuízo para o prestígio e dignidade da função que exer-
cem;
c) Comparecerem ao serviço em estado de embriaguez ou sob o efeito do consu-
mo de estupefaciente ou substância psicotrópica;

963
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

Utilizarem para fins particulares, das prerrogativas e facilidades concedidas por


motivo de serviço público e dos documentos, equipamentos e outros objectos
destinados ao serviço;
d) f) Exercerem, por si ou por interposta pessoa, actividades privadas sem prévia
participação e autorização do superior hierárquico, quando necessárias;
e) Demonstrarem falta de conhecimento de normas essenciais reguladoras do ser-
viço, da qual haja resultado prejuízo relevante para a Administração ou para
terceiros;
f) Revelarem factos sujeitos a sigilo profissional, quando não resultem prejuízos
para a Administração ou para terceiros;
g) Dispensarem tratamento de favor a determinada pessoa, empresa ou organi-
zação;
h) Não punirem ou não participarem infracções disciplinares ou contra-ordena-
ções sociais de que tenham conhecimento no exercício das suas funções, por
motivo de promessa ou dádiva;
i) Agredirem, injuriarem ou desrespeitarem gravemente o subordinado fora do
serviço;
j) Comparticiparem em oferta ou negociações de emprego público;
k) Prestarem falsas declarações em processo disciplinar relativamente a matérias
em que não sejam arguidos ou fizerem, com má fé, participações ou decla-
rações com o intuito de beneficiarem ou prejudicarem superior hierárquico,
colega ou subordinado;
l) Derem oito faltas seguidas ou doze interpoladas, sem justificação atendível,
no mesmo ano civil.
Artigo 28º
(Inviabilização da manutenção da relação funcional)
1. Aos agentes que cometerem infracções que inviabilizem a relação funcional aplicar-
se-ão as penas de aposentação compulsiva ou de demissão.
2. As penas referidas no número anterior serão, nomeadamente, aplicadas aos agentes
que:
a) Desobedecerem, com escândalo ou em público, às ordens superiores;
b) Agredirem, injuriarem ou desrespeitarem grave ou reiteradamente o superior
hierárquico, o colega ou o subordinado em serviço ou por causa dele;
c) Receberem fundos, cobrarem receitas ou recolherem verbas de que, sem jus-
tificação, não prestem contas nos prazos legais;

964
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

d) Violarem, com culpa grave ou dolo, o dever de imparcialidade e de apartida-


rismo no exercício das suas funções;
e) Exercerem, salvo nos casos permitidos por lei, por si ou por interposta pessoa,
actividades privadas, depois de ter sido reconhecida, em despacho fundamen-
tado do dirigente do serviço a incompatibilidade entre essa actividade e os
deveres funcionais, legalmente estabelecidos;
f) Reiteradamente usarem ou permitirem o uso por outrem, para fins diferentes
daquele a que se destinem, de quaisquer serviços, bens ou equipamentos per-
tencentes à Administração, cuja posse ou utilização lhes esteja confiada;
g) Solicitarem ou aceitarem, directa ou indirectamente, gratificação ou participa-
ção em lucros, por virtude de actos da função ou do posto que ocupam, ainda
que sem o fim de acelerar ou retardar qualquer serviço, decisão ou expedien-
te;
h) Apropriarem-se indevidamente do património do serviço;
i) Praticarem actos de grave insubordinação ou indisciplina, ou incitarem à sua
prática;
j) Praticarem qualquer acto gravemente ofensivo da Constituição, dos símbo-
los nacionais, das instituições da República e dos seus legítimos titulares, ou
que viole os superiores interesses do Estado em matéria de relações interna-
cionais;
k) Derem, sem justificação, doze faltas seguidas ou quinze interpoladas, sem
justificação atendível, no mesmo ano civil;
l) Demonstrarem intolerável falta de assiduidade ao serviço público, provada
com o facto de haverem dado, sem justificação atendível, um total de vinte e
cinco faltas interpoladas em vinte e quatro meses de serviço;
m) Violarem segredo profissional ou cometerem inconfidências de que resultem
graves prejuízos materiais ou morais para a Administração ou para terceiros;
n) Forem encontrados em alcance ou desvios de dinheiro público;
o) Manifestarem, reiteradamente, incompetência profissional susceptível de cau-
sar graves prejuízos ao serviço;
p) Com intenção de obterem para si ou para terceiro benefício económico ilícito,
lesarem, em negócio jurídico ou por mero acto material, designadamente pela des-
truição, adulteração ou extravio de documentos, os interesses patrimoniais que, no
todo ou parte, lhes cumpre administrar, fiscalizar, defender ou realizar;
k) Reiterarem na prática de infracções previstas no artigo 27º.

965
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

3. A pena de aposentação compulsiva só será aplicada verificados os requisitos exigi-


dos pela legislação sobre a aposentação, com dispensa do requisito da incapacidade física,
fora desse casos aplicando-se pena de demissão.
Artigo 29º
(Cessação da comissão de serviço)
1. A pena de cessação da comissão de serviço será aplicada ao pessoal dirigente ou
equiparado e aos demais titulares de altos cargos públicos que:
a) Com violação grave dos deveres da função, se abstenham de agir em situação
em que a sua acção se imponha;
b) Não procedam disciplinarmente contra os agentes seus subordinados pelas
infracções de que tenham conhecimento;
c) Não participem criminalmente infracção disciplinar que revista carácter penal
de que tenham conhecimento no exercício das suas funções;
d) Com violação grave do dever de imparcialidade e isenção, façam discrimi-
nação na atribuição de emprego público, ou na atribuição de bens, serviços ou
prestações públicos;
e) Violem gravemente as incompatibilidades e vedações de actividade estabel-
ecidas por lei;
f) Violem, gravemente, os deveres de lealdade institucional, de rigoroso apartid-
arismo político no exercício de funções e de sigilo profissional;
g) Pratiquem actos que indiciem o peculato de uso, a infidelidade administrativa,
a gestão ruinosa ou outras ilegalidades ou irregularidades graves;
h) Desrespeitem os símbolos nacionais, as instituições da República e as autori-
dades representativas do Estado;
i) Autorizem, informem favoravelmente ou emitam informação relativamente à
admissão ou permanência de pessoal em contravenção das normas regulado-
ras da admissão na função pública.
2. .....
Artigo 41º
(Competência para instaurar processo disciplinar)
São competentes para instaurar processo disciplinar contra os respectivos subordina-
dos:
a) Os membros do Governo;
b) Os órgãos executivos das autarquias locais;
c) Os funcionários ou agentes de referência não inferior a 9 ou equiparada.

966
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

Artigo 43º
(Nulidades)
1. É insuprível a nulidade resultante da falta de acusação escrita, deduzida nos termos
prescritos no artigo 61º.
2. ......
3. ........
Artigo 44º
(Recursos hierárquicos de decisão que recuse a realização de diligências)
1. Do despacho que indefira o pedido de quaisquer diligências probatórias cabe recurso
hierárquico para o dirigente do serviço por onde corre o processo, a interpor no prazo de
três dias úteis.
2. .....
3. .......
Artigo 48º
(Início e termo de instrução)
1. A instrução do processo disciplinar deve iniciar-se no prazo máximo de três dias
úteis, contados da data da notificação ao instrutor do despacho que o nomeou, e ultimar-se
no prazo de trinta dias, prorrogável uma única vez, por um período, não superior a trinta
dias, a fixar por despacho da entidade que o mandou instaurar, sob proposta fundamentada
do instrutor, nos casos de grande complexidade.
2. Na falta de fixação expressa, o prazo de prorrogação considera-se de quinze dias.
3. .....
4. ......
5. ......
Artigo 51º
(Nomeação do instrutor)
1. A entidade que instaurar processo disciplinar deve nomear um instrutor, o qual po-
derá ser escolhido:
a) de entre os agentes do mesmo serviço, de referência igual ou superior à do
arguido; ou
b) De entre agentes pertencentes a serviços diferentes do arguido, de referência igual
ou superior à dele, requisitado, destacado ou deslocado para o efeito; ou
c) De fora de Administração Pública, mediante contrato de prestação de
serviço.

967
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

2. Na falta ou impossibilidade de nomeação de instrutor pela entidade que instaurar o


processo, poderão fazê-lo, supletivamente, o dirigente do serviço do arguido e o membro
do Governo ou órgão executivo autárquico que sobre ele superintenda.
3. A escolha de instrutor nos termos das alíneas b) e c) do nº 1 compete ao membro do
Governo ou órgão executivo autárquico que superintende no serviço do arguido, podendo
delegar no dirigente desse serviço.
4. O instrutor pode escolher secretário da sua confiança, cuja designação compete à
entidade que instaurou o processo, e bem assim requisitar a colaboração de técnicos.
Artigo 57º
(Instrução do processo)
1. O processo terá como peças instrutórias obrigatórias:
a) O despacho que mandou instaurar o processo, se não tiver sido proferido di-
rectamente sobre qualquer das peças referidas em b);
b) A participação, queixa, auto, oficio, documento ou processo com base no qual
foi proferido o despacho referido em a);
c) O certificado do registo biográfico e disciplinar do arguido.
2. O instrutor procederá à investigação dos factos e circunstâncias do caso, podendo,
sempre que o julgue conveniente, ouvir em declarações o participante, o arguido, teste-
munhas e declarantes, acareá-los e promover exames e quaisquer diligências que possam
esclarecer a verdade.
3. Durante a fase de investigação, poderão o participante e o arguido solicitar ao ins-
trutor que realiza o promova diligências que considerem essenciais para o apuramento da
verdade.
4. .....
5. .......
6. Os depoimentos e declarações na fase de investigação não carecem de ser reduzidas
a escrito, podendo ser prestados oralmente e gravados em suporte magnético áudio ou ví-
deo. Poderão também ser prestados através da entrega pelo respectivo autor de documento
escrito legível donde constem, assinado pelo mesmo.
Artigo 60º
(Conclusão da instrução)
1. Concluídas as investigações, se o instrutor entender que os factos constantes dos
autos não constituem infracção, ou que não é de exigir responsabilidade disciplinar por
virtude de prescrição ou outro motivo, elaborará, no prazo de cinco dias úteis, o seu rela-
tório e remetê-lo-á, com o respectivo processo, à entidade que o tiver mandato instaurar,
propondo, fundamentadamente, o arquivamento do mesmo.

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Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

2. No caso contrário, deduzirá, no prazo de cinco dias úteis, a acusação, discriminando


as infracções que reputar provadas, com referência aos correspondentes preceitos legais e
às penas aplicáveis, e arrolando as testemunhas e declarantes de acusação.
Artigo 70º
(Produção da prova oferecida pelo arguido)
1. O instrutor deverá, no prazo de dez dias úteis, inquirir as testemunhas e declarantes
e reunir os demais elementos de prova oferecidos pelo arguido, podendo o prazo ser pror-
rogado, por despacho fundamentado da entidade que tiver instaurado o processo, até vinte
dias úteis, desde que razões ponderosas o justificarem.
2. Finda a produção de prova produzida pelo arguido, pode ainda o instrutor ordenar,
em despacho fundamentado, novas diligências que se mostrem indispensáveis para o com-
pleto esclarecimento da verdade, designadamente a redução a escrito dos depoimentos e
declarações das testemunhas e declarantes de acusação, se o não tiverem sido na fase de
investigação.
3. ....
Artigo 71º
(Relatório final instrutor)
1. Terminada a instrução, com a realização das diligências referidas no nº 2 do artigo
70º, o instrutor elaborará, no prazo de dez dias, um relatório síntese conciso, contendo as
acções ou omissões praticadas pelo arguido, os deveres violados, os preceitos que prevêem
as correspondentes infracções disciplinares e bem assim a pena que, fundamentadamente,
entender justa para elas ou a proposta, devidamente fundamentada, para que os autos se
arquivem por ser insubsistente a acusação.
2. ....
3. ......
4. Tanto a autoridade que mandou instaurar o processo como a competente para punir
poderão, no prazo máximo de quinze dias contados da data de recepção do processo, orde-
nar novas diligências.
5. As novas diligências que forem ordenadas nos termos do número anterior deverão
estar concluídas no prazo máximo de quinze dias.
Artigo 72º
(Decisão)
1. ...
2......
A decisão do processo será proferida no prazo máximo de quinze dias úteis, contados
das seguintes datas:
.....

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Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

Artigo 73º
(Parecer)
Antes da tomada de decisão e sem prejuízo do prazo estabelecido no artigo anterior,
poderá a entidade com competência para julgar o processo solicitar os pareceres que enten-
der convenientes.
Artigo 74º
(Fundamentação)
A decisão será sempre fundamentada quando não concordante com as conclusões for-
muladas no relatório do instrutor.
Artigo 80º
(Falta de assiduidade)
Será levantado pelo superior hierárquico auto por falta de assiduidade ao agente que,
sem justificação, tenha faltado ao serviço durante:
a) Cinco dias úteis seguidos ou oito interpolados, no mesmo ano civil;
b) Oito dias úteis seguidos ou doze interpolados, no mesmo ano civil.
Artigo 81º
(Abandono de lugar)
1. Sempre que o agente faltar ao serviço durante doze dias úteis seguidos, sem dar
notícia ao respectivo superior hierárquico, presume-se que tenha abandonado o lugar, sem
necessidade de qualquer processo disciplinar.
2. A presunção referida no número anterior pode ser ilidida se o agente demonstrar que
esteve temporariamente impedido de comunicar-se com o serviço e que o fez logo que tal
se tornou possível.
3. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, sempre que o agente, sem justi-
ficação atendível, tiver faltado ao serviço, durante doze dias úteis seguidos ou quinze dias
interpolados, no mesmo ano civil, ou vinte e cinco dias interpolados em vinte e quatro me-
ses, o respectivo superior hierárquico levantar-lhe-á auto por abandono de lugar.
Artigo 82º
(Tramitação)
1. Sem prejuízo dos disposto no artigo 81º, os autos por falta de assiduidade ou por
abandono de lugar servirão de base a processo disciplinar, que seguirá os trâmites do pro-
cesso por infracção disciplinar directamente constatada estabelecido nos artigos 78º e 79º,
com as especificidades previstas nos números seguintes.
2. ....
3......

970
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

Artigo 83º
(Espécie de recurso)
1. Da decisão proferida em processo disciplinar pode caber recurso hierárquico e re-
curso contencioso.
2. cabe recurso hierárquico necessário das decisões em processo disciplinar que não
tenham sido proferidas por membro do Governo ou pelos órgãos executivos superiores das
autarquias locais, dos serviços personalizados do Estado ou de outras pessoas colectivas de
direito público.
3. Cabe recurso contencioso nos termos gerais das decisões proferidas em processo
disciplinar por membro do Governo ou pelos órgãos executivos superiores das autarquias
locais, dos serviços personalizados do Estado ou de outras pessoas colectivas de direito
público.
Artigo 84º
(Recurso hierárquico)
1. Sem prejuízo dos prazos especiais referidos neste diploma, o recurso hierárquico
interpõe-se directamente para o membro do Governo competente, no prazo de quinze dias,
a contar da data em que o recorrente tiver sido notificado da decisão ou da publicação do
aviso referido no artigo 77º.
2. Na administração autárquica, nos serviços personalizados do Estado ou outras pes-
soas colectivas de direito público, o recurso hierárquico referido no número anterior será
interposto para o respectivo órgão executivo máximo.
3. ....
4. .....
Artigo 85º
(Recurso de despacho interlocutórios)
Dos despachos proferidos em processo disciplinar que não sejam de mero expidiente cabe
recurso hierárquico, a interpor no prazo de três dias úteis a partir do seu conhecimento.
Artigo 86º
(Outros meios de prova no recurso hierárquico)
1. ....
2. As diligências referidas no número anterior serão realizadas no prazo máximo de
quinze dias.
Artigo 92º
(Decisão sobre o requerimento)
1. Recebido o requerimento, juntar-se-á ao processo cuja revisão se pede e será subme-
tido à entidade competente para proferir decisão.

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Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

2. Do despacho ou da deliberação que não conceder a revisão cabe recurso contencioso


nos termos gerais.
Artigo 97º
(Competência)
1. Os membros do Governo podem ordenar inquéritos ou sindicâncias aos serviços
sob sua dependência e bem assim aos serviços personalizados do Estado e outras pessoas
colectivas de direito público sob sua tutela.
2. O Primeiro- Ministro pode ordenar inquéritos ou sindicâncias sobre quaisquer ser-
viços da Administração-Central, bem como sobre quaisquer organismos ou pessoas colec-
tivas de direito público sujeitos a poderes tutelares do Governo.
3. A competência referida no número 1 é também reconhecida aos órgãos executivos
colegiais das autarquias locais relativamente aos respectivos serviços.
4. O despacho que ordene o inquérito ou a sindicância fixará o prazo para a conclusão
dos respectivos trabalhos. Na falta de fixação o prazo será de sessenta dias.
5. O prazo de conclusão dos trabalhos poderá ser prorrogado, uma única vez, mediante
despacho fundamentado da entidade que tiver ordenado o inquérito ou a sindicância, por
prazo não superior ao inicialmente fixado.
Artigo 99º
(Suspensão do agente)
Se, durante a instrução dos processos de inquérito ou de sindicância, houver neces-
sidade de ser afastado temporariamente dos seus serviços qualquer agente, o membro do
Governo ou o órgão executivo competente poderá ordenar a suspensão do agente, por prazo
nunca superior a 90 dias, mas com direito aos respectivos vencimentos ou determinará que,
por tempo certo, desempenhe funções noutro serviço da mesma natureza.
Artigo 101º
(Relatório e trâmites ulteriores)
1. À instrução dos processos de inquérito ou sindicância são aplicáveis, com as neces-
sárias adaptações, as normas de instrução do processo disciplinar comum.
2. Concluída a instrução do processo deverá o sindicante ou o inquiridor elaborar no
prazo de dez dias, um relatório completo e conciso, que remeterá imediatamente à autori-
dade que tiver ordenado o inquérito ou a sindicância, a qual, em despacho fundamentado,
mandará arquivar os autos ou ordenará a instauração dos respectivos processos, no caso de
se terem apurado infracções disciplinares.
3. O prazo fixado no número anterior pode ser prorrogado, até ao limite total de 20
dias, pela autoridade que tiver ordenado o inquérito ou a sindicância, quando a complexi-
dade do processo o exigir.

972
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

4. O processo de inquérito ou de sindicância poderá constituir a fase instrutória dos


processos disciplinares mediante decisão da autoridade que tiver ordenado o inquérito ou a
sindicância, deduzindo-se a acusação do arguido ou arguidos nos termos e prazos previstos
para os processos disciplinares comuns.
Artigo 2º
A epígrafe da subsecção I da Secção III do capítulo V do Estatuto disciplinar dos
agentes da Administração Pública referido no artigo 1º passa a ser processo por infracção
directamente constatada
Artigo 3º
É publicada em anexo que faz parte integrante do presente diploma e baixa assinado
pelo Ministro Adjunto do Primeiro Ministro, a nova versão completa do Estatuto discipli-
nar dos agentes da Administração Pública, integrando nos lugares próprios as alterações
estabelecidas pelo presente Decreto- Legislativo.
Artigo 4º
O Presente Decreto-Legislativo entra em vigor no prazo de 30 dias a contar da sua
publicação
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – José António dos Reis .
Promulgado em 8 de Maio de 1997.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 8 de Maio de 1997.
O Primeiro- Ministro, Carlos Veiga.
ESTATUTO DISCIPLINAR DOS AGENTE
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAPÍTULO I
Disposições Fundamentais
Artigo 1º
(Âmbito)
1. O Estatuto Disciplinar dos Agentes da Administração Pública aplica-se aos agentes
da Administração Central e das autarquias locais.
2. O presente Estatuto é ainda aplicável aos agentes dos serviços personalizados do
Estado e de outras pessoas colectivas de direito público em tudo quanto não venha regulado
nos respectivos diplomas orgânicos.

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Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

3. Ficam excluídos do âmbito da aplicação deste Estatuto os agentes que possuam


estatuto disciplinar especial.
Artigo 2º
(Responsabilidade disciplinar)
1. Os agentes referidos no artigo anterior e adiante designados agentes, são disciplinar-
mente responsáveis perante os seus superiores hierárquicos pelas infracções que cometam,
qualquer que seja a sua situação.
2. Os titulares dos órgãos dirigentes dos serviços personalizados do Estado e de outras
pessoas colectivas de direito público são disciplinarmente responsáveis perante a entidade
de tutela.
Artigo 3º
(Deveres gerais)
Constituem deveres gerais dos agentes no exercício das suas funções:
a) Respeitar a Constituição, os símbolos nacionais, as instituições da República
e respectivos titulares;
b) Respeitar e garantir o livre exercício dos direitos e liberdades e o cumpri-
mento dos deveres constitucionais e legais dos cidadãos;
c) Estar ao serviço do interesse geral definido pelos órgãos competentes da Ad-
ministração Pública, nos termos da lei e de harmonia com ordens e instruções
legítimas dimanadas dos superiores hierárquicos;
d) Observar e fazer observar, rigorosamente, as leis e regulamentos;
e) Assegurar a eficácia, o prestígio e a dignidade da Administração Pública, par-
ticipar activamente na realização dos seus objectivos e defender os direitos e
legítimos interesses do Estado;
f) Agir com isenção, imparcialidade e rigoroso apartidarismo político, em ordem
a criar no público confiança na acção da Administração Pública;
g) Cultivar a lealdade institucional, a pontualidade, a assiduidade, o rigor e o es-
crúpulo, desenvolver o espírito de iniciativa, a produtividade, a competência
e o zelo profissional e contribuir para a prestação de um serviço público de
qualidade;
h) Cumprir exacta, imediata e lealmente as ordens ou instruções, escritas ou ver-
bais, dos superiores hierárquicos em objecto de serviço, salvo se a ordem ou
instrução implicar a prática de crime e sem prejuízo do direito de respeitosa
representação;
i) Tratar com urbanidade e respeito os utentes dos serviços públicos e ser-lhes
prestável, designadamente, dando satisfação célere às suas solicitações legiti-

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Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

mas, adoptando o procedimento legal que lhes seja mais favorável, não lhes
exigindo formalidades ou pagamento não impostos expressamente por lei ou
regulamento e não lhes provocando incómodos, perdas de tempo ou gastos
desnecessários;
j) Dar prioridade, no atendimento, às pessoas idosas, doentes ou com deficiência,
às grávidas, aos menores e a outras pessoas em situação de vulnerabilidade;
k) Agir com correcção e consideração para com os superiores hierárquicos, cole-
gas e subordinados;
l) Guardar segredo profissional relativamente aos assuntos de que tenham con-
hecimento em virtude do exercício das suas funções e sobre os quais não ten-
ham autorização do respectivo superior hierárquico para a sua revelação ao
público, sem prejuízo do direito dos cidadãos a serem informados sobre o
andamento dos processos em que sejam directamente interessados e do direito
de acesso dos cidadãos a arquivos e registos administrativos, nos termos das
leis e regulamentos;
m) Proceder disciplinarmente nos termos da lei, relativamente às infracções prati-
cadas pelos seus subordinados e participar superiormente as que exijam inter-
venção de outras autoridades;
n) Avaliar o desempenho dos seus subordinados e informar a respeito dos mes-
mos, com rigor, isenção e justiça;
o) Aperfeiçoar a sua formação profissional, nomeadamente, no que respeita às
matérias que interessam às funções que exerçam;
p) Não solicitar, nem retirar vantagens de qualquer natureza das funções que
desempenham e agir com independência e isenção em relação aos interesses e
pressões particulares;
q) Agir, na sua vida pública e privada, com probidade de modo a não desprestig-
iar a função que exerce.
Artigo 4º
(Infracção disciplinar)
Constitui infracção disciplinar a conduta do agente, ainda que meramente culposa,
quer consista em acção, quer em omissão, com violação de quaisquer dos deveres gerais ou
especiais decorrentes da função que exerce, independentemente da produção de resultado
danoso para o serviço.
Artigo 5º
(Sujeição ao poder disciplinar)
1. Os agentes ficam sujeitos ao poder disciplinar desde a data de posse, ou se esta não
for exigida, desde a data do início de funções.

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Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

2. A mudança de situação ou de serviço, bem como a extinção por qualquer forma de


vínculo funcional, não impede que os agentes sejam punidos por faltas cometidas no exer-
cício das funções.
3. A instrução do processo e a decisão punitiva, no caso do número anterior, cabem ao
serviço a que o agente estava vinculado no momento da prática da infracção, sendo a pena
imposta executada pelo serviço a que pertencer o agente no momento da sua aplicação.
4. Se a pena aplicada for incompatível com a situação no serviço, e o agente tiver dei-
xado a função, cumpri-la-á quando voltar à actividade do serviço. Se a pena imposta for a
de aposentação compulsiva ou demissão, será imediatamente executada.
Artigo 6º
(Prescrição da responsabilidade disciplinar)
1. O direito de exigir responsabilidade disciplinar, prescreve nos seguintes prazos a
partir da data da prática de infracção:
a) Seis meses se à infracção corresponder pena de censura escrita;
b) Dois anos, se à infracção corresponder pena de multa, suspensão ou inactivi-
dade;
c) Três anos, se à falta disciplinar corresponder pena de aposentação ou de-
missão.
2. Aplicam-se aos procedimentos disciplinares os prazos de prescrição na lei penal
superiores aos fixados nos números antecedentes quando a infracção disciplinar do agente
for também criminalmente punível.
3. Suspendem o prazo de prescrição, a instauração do processo de sindicância e do
mero processo de averiguações e a dos processos de inquérito e disciplinar mesmo que não
tenham sido dirigidos contra o agente a quem a prescrição interessa mas nos quais venham
a apurar-se faltas de que seja responsável. A prescrição recomeçará a correr passados os
prazos estabelecidos neste Estatuto para a decisão dos processos referidos na primeira parte
deste número.
4. Se no decurso dos prazos referidos no nº 1 alguns actos de instrução com efectiva
incidência no apuramento dos factos forem praticados, a prescrição conta-se desde o dia em
que tiver sido praticado o último acto.
Artigo 7º
(Circunstâncias dirimentes)
São circunstâncias dirimentes da responsabilidade disciplinar, nomeadamente:
a) A coacção física;
b) A privação acidental e involuntária do exercício das faculdades intelectuais no
momento da prática do ilícito;

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Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

c) A legítima defesa, própria ou alheia;


d) A não exigibilidade de conduta diversa;
e) O exercício de um direito ou o cumprimento de um dever;
f) O cumprimento de ordem ou instrução ilegais com prévia observância das
formalidades previstas na lei.
Artigo 8º
(Efeitos da pronúncia em processo penal)
1. O procedimento disciplinar é independente do procedimento criminal no que respei-
ta à aplicação das penas disciplinares.
2. Quando em sentença condenatória transitada em julgado e proferida em processo
penal for aplicada a pena de demissão arquivar-se-á o processo disciplinar instaurado con-
tra o arguido.
Artigo 9º
(Efeitos da pronúncia em processo penal)
1. Determinam a suspensão de funções e do vencimento de exercício do agente:
a) A prisão preventiva em processo penal;
b) O despacho de pronúncia ou equivalente com trânsito em julgado, relativo a
crime especial de empregado público ou praticado com flagrante e grave abuso
da função, ou a crime que determine incapacidade ou indignidade para exercer
o cargo ou perda de confiança geral necessária ao exercício da função.
2. A suspensão menter-se-á:
a) No caso da alínea a) do nº 1 até à restituição do agente à liberdade;
b) No caso da alínea b) do nº 1 até à decisão absolutória ou o trânsito de decisão
condenatória.
3. Dentro de 48 horas após a prisão preventiva ou o trânsito em julgado do despacho
de pronúncia ou equivalente, deve o agente do Ministério Público do Tribunal por onde
tiver corrido o processo remeter cópia do mesmo despacho aos serviços a que pertence o
arguido.
4. A perda de vencimento de exercício será imediatamente reparada em caso de absol-
vição ou de amnistia concedida antes da condenação.
Artigo 10º
(Efeitos da condenação e da absolvição em acções penais)
1. A condenação definitiva proferida na acção penal constitui caso julgado quanto à exis-
tência e qualificação de facto punível disciplinarmente e quanto à determinação do seu agente.

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Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

2. A absolvição definitiva proferida em processo penal constitui caso julgado em pro-


cesso disciplinar unicamente quanto à inexistência material dos factos ou à não imputação
da sua autoria ao arguido.
3. Não constitui caso julgado em processo disciplinar a sentença penal que absolva o
arguido por falta ou insuficiência de provas ou com base no princípio in dubio pro réu.
Artigo 11º
(Outros efeitos da condenação em processo penal)
1. Sendo o agente autor de crime será sempre observado o disposto no número 2 do
artigo 9º quando haja decisão condenatória com trânsito em julgado.
2. A autoridade competente ordenará a imediata execução das decisões penais que
imponham ou produzam efeitos disciplinares, sem prejuízo de ser aplicada a pena que no
caso couber em processo disciplinar.
Artigo 12º
(Conduta disciplinar susceptível de ser qualificada como infracção penal)
Sempre que em processo disciplinar se apure a existência de infracção que seja tam-
bém punível nos termos da lei penal, far-se-á obrigatoriamente comunicação ao agente do
Ministério Público competente para a instauração do respectivo processo penal.
Artigo 13º
(Aplicação supletiva dos princípios penais)
Nos casos omissos observar-se-ão as regras do direito e processo penais que se harmo-
nizem com o processo disciplinar.
CAPÍTULO II
Elenco das penas disciplinares e seus efeitos
Artigo 14º
(Escala das despesas)
1. As penas aplicáveis aos agentes abrangidos no âmbito do presente Estatuto pelas
infracções disciplinares que cometerem são as seguintes:
a) Censura escrita;
b) Multa;
c) Suspensão;
d) Inactividade;
e) Aposentação compulsiva;
f) Demissão.
2. Ao pessoal dirigente equiparado poderá ainda ser aplicada a pena de cessação da
comissão de serviço.

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Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

Artigo 15º
(Registo e publicidade)
1. As penas disciplinares são sempre registadas no processo individual dos agentes.
2. Serão objecto de publicação no Boletim Oficial as penas de aposentação compulsiva
e de demissão.
Artigo 16º
(Caracterização das penas)
1. A pena de censura escrita consiste em mera advertência pela falta praticada.
2. A pena de multa consiste na fixação de uma quantia certa que não poderá exceder
o montante correspondente a vinte dias de totalidade das remunerações mensais certas e
permanentes à data da notificação da decisão condenatória, excluído o abono de família.
3. As penas de suspensão e de inactividade consistem no afastamento completo do
agente do serviço durante o período da pena.
4. A pena de suspensão pode ser, de acordo com a gravidade do caso:
a) De vinte e um a noventa dias;
b) De noventa e um dias a cento e vinte e um dias.
5. A pena de inactividade não pode ser inferior a seis meses nem superior a dezoito
meses.
6. A pena de suspensão compulsiva consiste na imposição da passagem do agente à
situação de aposentado.
7. A pena de demissão consiste no afastamento definitivo do agente do serviço, cessan-
do o vínculo funcional.
8. A pena de cessação de comissão de serviço consiste na cessação compulsiva de
cargos dirigentes ou equiparados.
Artigo 17º
(Efeitos das penas)
1. As penas disciplinares produzem unicamente os efeitos declarados na lei.
2. A pena de suspensão determina:
a) A perda, para efeitos de remuneração, antiguidade e aposentação, de tantos
dias quantos tenha durado a suspensão;
b) A impossibilidade de gozo de férias pelo período de um ano, contando desde o
termo do cumprimento da pena, ressalvando o direito ao gozo de dez dias para
os agentes punidos com suspensão igual ou inferior a noventa dias;

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Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

c9 A impossibilidade de promoção ou admissão a concurso durante o tempo que


durar a aplicação da pena.
3. A pena de inactividade implica, para além dos efeitos consignados nas alíneas a)
e b) do número 2, a impossibilidade de promoção durante um ano contado do termo do
cumprimento da pena.
4. As penas de suspensão e inactividade implicam para os agentes contratados a sus-
pensão do vínculo funcional durante o período do cumprimento da pena.
5. A aplicação das penas de suspensão e de inactividade não prejudica o direito dos
agentes à assistência médica e medicamentosa de que beneficiem, nem à percepção do
abono de família.
6. A pena de aposentação compulsiva implica para o agente a perda de três anos para
efeitos de aposentação e a imediata desligação do serviço, mantendo-se em todo o caso o
tempo mínimo necessário já adquirido para efeitos de aposentação.
7. A pena de demissão importa a perda de todos os direitos do agente, salvo quando à
aposentação nos termos e condições referidas na respectiva legislação, não impossibilitan-
do, porém, o agente de ser provido, decorrido que seja um prazo não inferior a cinco anos,
para lugar diferente que possa ser exercido sem que o titular reúna as particulares condições
de dignidade e de competência que o cargo de que foi demitido exigia.
8. A pena de cessação de comissão do serviço implica o regresso do dirigente ou equi-
parado ao lugar a que tenha direito e a impossibilidade de nova nomeação para qualquer
cargo dirigente ou equiparado pelo período de dois anos, contados da data da notificação
da decisão.
Artigo 18º
(Unidade e acumulação de infracções)
1. Não pode aplicar-se ao mesmo agente mais de uma pena disciplinar por cada infrac-
ção ou pelas infracções acumuladas, sem prejuízo do disposto no nº 2 do artigo 29º.
2. A acumulação dá-se quando duas ou mais infracções são cometidas na mesma oca-
sião ou quando uma é cometida antes de ter sido punida a anterior.
Artigo 19º
(Penas aplicáveis a aposentados)
1. Para os agentes aposentados a pena de multa não poderá exceder o quantitativo cor-
respondente a dez dias de pensão de aposentação e as penas de suspensão ou inactividade
serão substituídas pela perda de pensão por igual tempo mas nunca superior a seis meses.
2. A pena de aposentação compulsiva será substituída pela perda do direito à pensão
pelo período de um ano.
3. À pena de demissão aplica-se o disposto no nº 7 do artigo 17º.

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Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

CAPÍTULO III
Competência disciplinar
Artigo 20º
(Princípio geral)
A competência disciplinar dos superiores hierárquicos envolve sempre a dos inferiores
hierárquicos dentro do serviço.
Artigo 21º
(Competência disciplinar sobre os agentes)
1. A pena de censura escrita é da competência de todos os agentes em relação aos que
lhes sejam subordinados.
2. A aplicação das penas de multa e de suspensão é da competência do pessoal dirigen-
te ou equiparado.
3. A competência referida no número anterior é atribuída aos dirigentes dos serviços
personalizados do Estado e de outras pessoas colectivas de direito público.
4. A aplicação das penas de inactividade, aposentação compulsiva e demissão é da
competência exclusiva dos membros do Governo.
Artigo 22º
(Competência disciplinar sobre os agentes da administração local)
1. A competência disciplinar sobre os agentes dos quadros privativos das autarquias
locais e sobre os agentes da Aministração-Central afectados ao serviço das autarquias lo-
cais pertence aos respectivos órgãos executivos colegiais, salvo o disposto nos números
seguintes.
2. É da competência do membro do Governo que exerce a tutela sobre as autarquias
locais a aplicação das penas das alíneas d) a f) do artigo 14º aos agentes da Administração
Central, quando afectados nas autarquias locais.
3. O presidente do órgão executivo da autarquia local tem competência para aplicação
das penas de censura escrita, multa e de suspensão a todos os agentes ao serviço da autar-
quia.
Artigo 23º
(Dever de aplicação das penas)
As autoridades com competência disciplinar fixadas por este diploma devem sempre
pronunciar-se sobre os processos que lhes forem submetidos, para aplicarem as penas que
estiverem dentro da sua competência ou para a declinarem, se as penas propostas ou que
entenderem propor, estiverem fora dela.

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Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

CAPÍTULO IV
Da aplicação e extinção das penas
Artigo 24º
(Faltas leves)
Por faltas leves que não tragam prejuízos para os serviços ou para terceiros será apli-
cável a pena de censura escrita e sempre com o objectivo do aperfeiçoamento profissional
do agente.
Artigo 25º
(Negligência e má compreensão dos deveres funcionais)
1. Aos agentes que revelarem negligência ou má compreensão dos deveres funcionais
será aplicada a pena de multa.
2. A pena referida no número anterior, será nomeadamente, aplicada aos agentes que:
a) Não observarem as normas ou instruções na arrumação dos livros, documen-
tos, e outros objectos a seu cargo desde que disso não resultem prejuízos para
o serviço ou para terceiros;
b) Cometerem erros por negligência na escrituração dos livros e documentos
desde que da falta não tenha resultado prejuízo para o serviço ou para tercei-
ros;
c) Deixarem de participar atempadamente às autoridades competentes as in-
fracções disciplinares ou contra-ordenações de que tiverem conhecimento no
exercício das suas funções;
d) Violarem, pela primeira vez e sem gravidade relevante, o dever de correcção
e consideração para com os superiores hierárquicos, colegas ou subordinados,
ou o dever de urbanidade, respeito e prestabilidade para com os utentes dos
serviços públicos;
e) Violarem, pela primeira vez e sem gravidade relevante, o dever de atendi-
mento prioritário a pessoas em situação de vulnerabilidade;
f) Demonstrarem falta de zelo, pelo defeituoso cumprimento ou desconhecimen-
to das disposições legais e regulamentares ou das ordens superiores legíti-
mas;
g) Deixarem atrasar, sem motivo justificado, os serviços de modo que não este-
jam concluídos nos prazos que forem estabelecidos;
h) Manifestarem falta de cuidado no tratamento e conservação dos materiais a
seu cargo;
i9 Se ausentarem do local de trabalho sem licença da autoridade competente.

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Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

Artigo 26º
(Negligência grave ou grave desinteresse pelo cumprimento
dos deveres profissionais)
1. Aos agentes que revelarem negligência grave e bem assim aos que demonstrarem
grave desinteresse pelo cumprimento dos deveres será aplicada a pena de suspensão.
2. A pena referida no número anterior será, nomeadamente, aplicada aos agentes que:
a) Derem informação errada em matéria de serviço a superior hierárquico por
falta de cuidado;
b) Desobedecerem, pela primeira vez e sem consequências graves, às ordens e
instruções dos superiores hierárquicos;
c) Violarem, com gravidade, o dever de correcção e consideração para com os
superiores hierárquicos, colegas ou subordinados, ou o dever de urbanidade,
respeito e prestabilidade para com os utentes dos serviços públicos;
d) Violarem, com gravidade, o dever de atendimento prioritário a pessoas em
situação de vulnerabilidade;
e) Minutarem, sem a competente autorização, requerimento ou petição de tercei-
ro que tenha de ser informado, expedido ou resolvido pelos próprios agentes
ou por superior hierárquico;
f) Adquirirem serviços, bens e equipamentos para o serviço público sem ob-
servância das disposições legais aplicáveis;
g) Deixarem de pensar dentro dos prazos legais, sem justificação bastante, cer-
tidões que lhes sejam requeridas;
h) Realizarem despesas sem a existência de receitas que garantam o seu paga-
mento ou não previstas nos orçamentos ou excedendo as dotações orçamen-
tais;
i) Assumirem compromissos financeiros ou contraírem dívidas em nome da Ad-
ministração, sem a devida autorização orçamental para execução de despe-
sas;
j9 Manifestarem incompetência profissional de que não tenha resultado prejuízo
grave para a Administração ou para terceiros;
k) Prejudicarem gravemente o interesse da Administração e de terceiros, por
falta de cuidado, nomeadamente bloqueando sem justificação e por qualquer
forma, o tratamento de processos a seu cargo;
l) Derem cinco faltas seguidas ou oito interpoladas, sem justificação atendível,
no mesmo ano civil;

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Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

m) Prestarem falsas declarações relativas à justificação das faltas;


n) Comparecerem ao serviço com indícios evidentes de ingestão de bebidas al-
coólicas;
o) Reiterarem na prática de infracções previstas no artigo 25º.
Artigo 27º
(Incompetência e procedimento que atente gravemente
contra a dignidade e o prestígio da função)
1. Aos agentes que revelarem incompetência profissional ou tiverem procedimento
que atente gravemente contra a dignidade e prestígio da função, será aplicada a pena de
inactividade.
2. A pena referida no número anterior será, nomeadamente, aplicada aos agentes que:
a) Reiterarem nas infracções previstas no artigo 26º;
b) Provocarem distúrbios ou escândalos, no serviço ou fora dele, e neste último
caso, com grave prejuízo para o prestígio e dignidade da função que exer-
cem;
c) Comparecerem ao serviço em estado de embriaguez ou sob o efeito do con-
sumo de estupefaciente ou substância psicotrópica;
d) Utilizarem para fins particulares, das prerrogativas e facilidades concedidas
por motivo de serviço público e dos documentos, equipamentos e outros ob-
jectos destinados ao serviço;
e) Exercerem, por si ou por interposta pessoa, actividades privadas sem prévia
participação e autorização do superior hierárquico, quando necessárias;
f) Demonstrarem falta de conhecimento de normas essenciais reguladoras do
serviço, da qual haja resultado prejuízo relevante para a Administração ou
para terceiros;
g) Revelarem factos sujeitos a sigilo profissional, quando não resultem prejuízos
para a Administração ou para terceiros;
h) Dispensarem tratamento de favor a determinada pessoa, empresa ou organiza-
ção;
i) Não punirem ou não participarem infracções disciplinares ou contra-orde-
nações sociais de que tenham conhecimento no exercício das suas funções,
por motivo de promessa ou dádiva;
j) Agredirem, injuriarem ou desrespeitarem gravemente o subordinado fora do
serviço;
k) Comparticiparem em oferta ou negociações de emprego público;

984
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

l) Prestarem falsas declarações em processo disciplinar relativamente a matéri-


as em que não sejam arguidos ou fizerem, com má fé, participações ou de-
clarações com o intuito de beneficiarem ou prejudicarem superior hierárquico,
colega ou subordinado;
m) Derem oito faltas seguidas ou doze interpoladas, sem justificação atendível,
no mesmo ano civil.
Artigo 28º
(Inviabilização da manutenção da relação funcional)
1. Aos agentes que cometerem infracções que inviabilizem a relação funcional aplicar-
se-ão as penas de aposentação compulsiva ou de demissão.
2. As penas referidas no número anterior serão, nomeadamente, aplicadas aos agentes
que:
a) Desobedecerem, com escândalo ou em público, às ordens superiores;
b) Agredirem, injuriarem ou desrespeitarem grave ou reiteradamente o superior
hierárquico, o colega ou o subordinado em serviço ou por causa dele;
c) Receberem fundos, cobrarem receitas ou recolherem verbas de que, sem jus-
tificação, não prestem contas nos prazos legais;
d) Violarem, com culpa grave ou dolo, o dever de imparcialidade e de apartidar-
ismo no exercício das suas funções;
e) Exercerem, salvo nos casos permitidos por lei, por si ou por interposta pessoa,
actividades privadas, depois de ter sido reconhecida, em despacho fundamen-
tado do dirigente do serviço a incompatibilidade entre essa actividade e os
deveres funcionais, legalmente estabelecidos;
f) Reiteradamente usarem ou permitirem o uso por outrem, para fins diferentes
daquele a que se destinem, de quaisquer serviços, bens ou equipamentos pert-
encentes à Administração, cuja posse ou utilização lhes esteja confiada;
g) Solicitarem ou aceitarem, directa ou indirectamente, gratificação ou partici-
pação em lucros, por virtude de actos da função ou do posto que ocupam,
ainda que sem o fim de acelerar ou retardar qualquer serviço, decisão ou expe-
diente;
h) Apropriarem-se indevidamente do património do serviço;
i) Praticarem actos de grave insubordinação ou indisciplina, ou incitarem à sua
prática;
j) Praticarem qualquer acto gravemente ofensivo da Constituição, dos símbolos na-
cionais, das instituições da República e dos seus legítimos titulares, ou que viole
os superiores interesses do Estado em matéria de relações internacionais;

985
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

k) Derem, sem justificação, doze faltas seguidas ou quinze interpoladas, sem jus-
tificação atendível, no mesmo ano civil;
l) Demonstrarem intolerável falta de assiduidade ao serviço público, provada
com o facto de haverem dado, sem justificação atendível, um total de vinte e
cinco faltas interpoladas em vinte e quatro meses de serviço;
m) Violarem segredo profissional ou cometerem inconfidências de que resultem
graves prejuízos materiais ou morais para a Administração ou para terceiros;
n) Forem encontrados em alcance ou desvios de dinheiro público;
n) Manifestarem, reiteradamente, incompetência profissional susceptível de
causar graves prejuízos ao serviço;
o) Com intenção de obterem para si ou para terceiro benefício económico ilícito,
lesarem, em negócio jurídico ou por mero acto material, designadamente pela
destruição, adulteração ou extravio de documentos, os interesses patrimoniais
que, no todo ou parte, lhes cumpre administrar, fiscalizar, defender ou reali-
zar;
p) Reiterarem na prática de infracções previstas no artigo 27º.
3. A pena de aposentação compulsiva só será aplicada verificados os requisitos exigi-
dos pela legislação sobre a aposentação, com dispensa do requisito da incapacidade física,
fora desse casos aplicando-se pena de demissão.
Artigo 29º
(Cessação da comissão de serviço)
1. A pena de cessação da comissão de serviço será aplicada ao pessoal dirigente ou
equiparado e aos demais titulares de altos cargos públicos que:
a) Com violação grave dos deveres da função, se abstenham de agir em situação
em que a sua acção se imponha;
b) Não procedam disciplinarmente contra os agentes seus subordinados pelas
infracções de que tenham conhecimento;
c) Não participem criminalmente infracção disciplinar que revista carácter penal
de que tenham conhecimento no exercício das suas funções;
d) Com violação grave do dever de imparcialidade e isenção, façam discrimi-
nação na atribuição de emprego público, ou na atribuição de bens, serviços ou
prestações públicos;
e) Violem gravemente as incompatibilidades e vedações de actividade estabel-
ecidas por lei;
f) Violem, gravemente, os deveres de lealdade institucional, de rigoroso apartid-
arismo político no exercício de funções e de sigilo profissional;

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Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

g) Pratiquem actos que indiciem o peculato de uso, a infidelidade administrativa,


a gestão ruinosa ou outras ilegalidades ou irregularidades graves;
h) Desrespeitem os símbolos nacionais, as instituições da República e as autori-
dades representativas do Estado;
i) Autorizem, informem favoravelmente ou emitam informação relativamente à
admissão ou permanência de pessoal em contravenção das normas regulado-
ras da admissão na função pública.
2. A pena de cessação da comissão de serviço será sempre aplicada acessoriamente por
qualquer infracção punida com pena igual ou superior à multa cometida por dirigente ou
equiparado.
Artigo 30º
(Medida e graduação das penas)
Para efeito de graduação das penas atender-se-á à natureza do serviço, à categoria do
agente, ao grau de culpa, à sua personalidade e a todas as circunstâncias em que a infracção
tiver sido cometida que militem contra ou a favor do arguido.
Artigo 31º
(Circunstâncias atenuantes)
Atenuam a responsabilidade disciplinar do agente, designadamente:
1. A prestação de serviços relevantes ao Povo e ao Estado de Cabo Verde;
2. A prestação de mais de dez anos de serviço com exemplar comportamento e
zelo;
3. A confissão espontânea de infracção;
4. A provocação;
5. A intenção de evitar um sinal ou de produzir um mal menor;
6. O medo vencível;
7. O acatamento de boa fé de ordem de superior hierárquico nos casos em que
não fosse devida obediência;
8. A concordância de autoridade superior;
9. A reduzida responsabilidade do cargo e a inexperiência do agente;
10. O bom comportamento anterior;
11. Os diminutos efeitos que a falta tenha produzido em relação à Administração
ou terceiros.

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Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

Artigo 32º
(Circunstâncias agravantes)
1. São circunstâncias agravantes da infracção disciplinar:
a) A vontade determinada de, pela conduta seguida, produzir resultados prejudi-
ciais ao serviço, ao interesse geral ou a terceiros, independentemente de estes
se verificarem;
b) A produção efectiva de resultados prejudiciais ao serviço público, ao inter-
esses geral ou a terceiros, nos casos em que o agente pudesse prever essa
consequência como efeito necessário da sua conduta;
c) A premeditação;
d) O conluio com outros indivíduos para a prática da infracção;
e) O facto de ser cometida durante o cumprimento de pena disciplinar ou en-
quanto decorrer o período de suspensão da pena;
f) A reincidência;
g) A acumulação de infracções;
h) A responsabilidade do cargo e o nível intelectual do infractor;
i) A advertência por outro agente de que o acto constitui infracção;
j) A intenção dolosa.
2. A premeditação consiste no desígnio formado 24 horas antes, pelo menos, da prática
da infracção.
3. A reincidência dá-se quando a infracção é cometida antes de decorrido um ano
sobre o dia em que tiver findado o cumprimento da pena imposta por virtude de infracção
anterior.
Artigo 34º
(Suspensão das penas disciplinares)
1. As penas disciplinares de multa e de suspensão podem ser suspensas, ponderados
o grau de culpabilidade e o comportamento do arguido, bem como as circunstâncias da
infracção.
2. O tempo de suspensão não será inferior a um ano nem superior a três, contando-se
estes prazos desde a data da notificação ao arguido da respectiva decisão.
3. Relativamente à censura por escrito, poder-se-á, atendendo os elementos referidos
ao nº 1, suspender o registo respectivo.
4. A suspensão caducará se o agente vier a ser, no seu decurso, punido novamente em
virtude de processo disciplinar.

988
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

Artigo 35º
(Extinção das penas disciplinares)
1. As penas disciplinares extinguem-se:
a) Pelo cumprimento;
b) Pela caducidade da punição condicional;
c) Pela revogação da decisão punitiva;
d) Pela revisão do processo disciplinar;
e) Pela amnistia;
f) Pelo indulto ou comutação da pena;
g) Pela reabilitação;
h) Pela prescrição;
i) Pela morte do infractor.
2. As penas disciplinares prescrevem nos prazos seguintes, contados da data em que a
decisão se tornou irrecorrível:
a) Seis meses para as penas de censura escrita e multa;
b) Três anos para as penas de suspensão e de inactividade,
c) Cinco anos para as penas de aposentação compulsiva e demissão.
3. A amnistia não destrói os efeitos já produzidos pela aplicação da pena, devendo ser
averbada no respectivo processo individual.
CAPÍTULO V
Processo disciplinar
SECÇÃO I
Disposições gerais
Artigo 36º
(Características do processo disciplinar)
O processo disciplinar é sumário, não depende de formalidades especiais e deve ser
conduzido de modo a levar rapidamente ao apuramento da verdade, dispensando-se tudo o
que for inútil, impertinente ou dilatório.
Artigo 37º
(Formas de processo disciplinar)
1. O processo disciplinar pode ser comum ou especial.
2. O processo especial aplica-se aos casos expressamente designados na lei e o proces-
so comum a todos os casos a que não corresponda processo especial.

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Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

3. Os processos especiais regulam-se pelas disposições que lhes são próprias e, na


parte nelas não previstas, pelas disposições respeitantes ao processo comum.
Artigo 38º
(Natureza secreta do processo disciplinar)
1. O processo disciplinar é de natureza secreta até à acusação, podendo, contudo, ser
facultado o seu exame ao arguido, sob condição de não divulgar o seu conteúdo.
2. O indeferimento do pedido de exame do processo deve ser fundamento e comunica-
do ao arguido no prazo de cinco dias.
3. Só será permitida a passagem de certidões de peças do processo disciplinar quando
destinadas à defesa de legítimos interesses e em face de requerimento, especificando o fim
a que se destinam, podendo ser proibida a sua publicação.
4. As certidões a que se refere o número anterior somente podem ser autorizadas pela
entidade que dirigir a investigação, até à sua conclusão.
5. Ao arguido que divulgar matéria processual em infracção ao disposto neste artigo
será instaurado, por esse facto novo disciplinar.
Artigo 40º
(Obrigatoriedade do processo disciplinar)
1. A aplicação das penas de multa ou superior é sempre precedida do apuramento dos
factos em processo disciplinar.
2. A pena de censura escrita é aplicada sem dependência de processo, mas com audi-
ência e defesa do arguido.
Artigo 41º
(Competência para instaurar processo disciplinar)
São competentes para instaurar processo disciplinar contra os respectivos subordinados:
a) Os membros do Governo;
b) Os órgãos executivos das autarquias locais;
c) Os funcionários ou agentes de referência não inferior a 9 ou equiparada.
Artigo 42º
(Processo disciplinar contra agente que desempenhe
cargos por acumulação ou inerência)
1. Quando um agente desempenhe funções em vários ministérios, serviços públicos ou
municípios, por acumulação ou inerência, e em qualquer deles lhe for instaurado processo
disciplinar, será o facto imediatamente comunicado aos outros, de igual modo se proceden-
do em relação à decisão proferida.
2. Se antes do julgamento do processo forem instaurados novos processos discipli-
nares ao mesmo agente noutros ministérios, serviços ou municípios, serão todos apensos

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Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

ao primeiro, ficando a sua instrução e relatório final a cargo do instrutor do processo mais
antigo.
Artigo 43º
(Nulidades)
1. É insuprível a nulidade resultante da falta de acusação escrita, deduzida nos termos
prescritos no artigo 61º.
2. A nulidade resultante da falta de competência para aplicação da pena é sanada por
despacho da autoridade competente para impô-la.
3. As restantes nulidades consideram-se supridas se não forem reclamadas pelo argui-
do até à decisão final.
Artigo 44º
(Recursos hierárquicos de decisão que recuse a realização de diligências)
1. Do despacho que indefira o pedido de quaisquer diligências probatórias cabe recurso
hierárquico para o dirigente do serviço por onde corre o processo, a interpor no prazo de
três dias úteis.
2. O recurso a que se refere o número anterior subirá imediatamente nos próprios au-
tos, considerando-se procedente se, no prazo de dez dias, não for proferida decisão.
3. A decisão que negue provimento ao recurso previsto no presente artigo só pode ser
impugnada no recurso interposto da decisão final.
Artigo 45º
(Admissão a concurso e mudança de situação do arguido)
Será admitido às provas dos concursos, o agente arguido em processo disciplinar que
a elas tenha direito de concorrer, ainda que preventivamente suspenso, mas as provas serão
anuladas se vier ser imposta pena que tenha o efeito de fazer perder ao candidato a antigui-
dade necessária para admissão ao concurso.
Artigo 46º
(Isenção de custas e selos)
Nos processos disciplinares bem como nos de meras averiguações, de inquérito, de
sindicância e de revisão, não são devidos selos e custas.
SECÇÃO II
Processo disciplinar comum
Subsecção I
Instrução do processo
Artigo 47º
(Participação de infracção disciplinar)
1. Todos os que tiverem conhecimento de que um agente praticou infracção disciplinar
poderão participá-la a qualquer superior hierárquico do infractor.

991
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

2. Os agentes devem participar a infracção disciplinar de que tenham conhecimento


no exercício das suas funções, ou instaurar o respectivo procedimento disciplinar, quando
para tal tenham competência.
3. As participações ou queixas serão imediatamente remetidas à entidade competente
para instaurar o processo disciplinar, se a entidade que as tiver recebido não possuir tal
competência.
4. As participações ou queixas verbais serão sempre reduzidas a auto pelo agente que
as receber.
5. Quaisquer participações ou queixas referirão a infracção com todas as circunstân-
cias conhecidas, mencionando, sempre que isso for possível, os nomes dos presumíveis
culpados.
Artigo 48º
(Início e termo de instrução)
1. A instrução do processo disciplinar deve iniciar-se no prazo máximo de três dias
úteis, contados da data da notificação ao instrutor do despacho que o nomeou, e ultimar-se
no prazo de trinta dias, prorrogável uma única vez, por um período, não superior a trinta
dias, a fixar por despacho da entidade que o mandou instaurar, sob proposta fundamentada
do instrutor, nos casos de grande complexidade.
2. Na falta de fixação expressa, o prazo de prorrogação considera-se de quinze dias.
3. Os prazos de prorrogações referido nos números antecedentes só poderão ser exce-
didos a requerimento do arguido.
4. O instrutor deve informar a entidade que o tiver nomeado bem como o arguido e o
participante da data em que der início à instrução do processo.
5. O prazo, dentro do qual o processo deverá ultimar-se, conta-se da data do início da
instrução, determinada nos termos do número anterior.
Artigo 49º
(Apensação do processo)
1. Para todas as infracções cometidas por um agente será organizado um só processo.
2. Sempre que haja vários processos disciplinares pendentes contra o mesmo agente
deverá fazer-se a apensação de todos ao da infracção mais grave e, no caso de a gravidade
ser a mesma, ao mais antigo, para apreciação conjunta.
Artigo 50º
(Despacho liminar)
1. Logo que recebido auto, participação ou queixa, deve a autoridade competente para
instaurar processo disciplinar decidir se há ou não lugar à sua instauração.

992
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

2. Se a autoridade referida no número anterior entender que não há lugar a procedi-


mento disciplinar, mandará arquivar o auto, participação ou queixa. Se entender que há
lugar a procedimento disciplinar instaurará ou mandará instaurar processo disciplinar.
3. No caso de não ter competência para a aplicação da pena e entender a entidade
referida nos números anteriores que não há lugar a procedimento disciplinar, submeterá o
assunto, com essa informação, à entidade competente.
4. O despacho que manda arquivar o processo será notificado ao arguido e ao queixoso
que o requeira.
Artigo 51º
(Nomeação do instrutor)
1. A entidade que instaurar processo disciplinar deve nomear um instrutor, o qual po-
derá ser escolhido:
a) De entre os agentes do mesmo serviço, de referência igual ou superior à do
arguido; ou
b) De entre agentes pertencentes a serviços diferentes do arguido, de referência igual
ou superior à dele, requisitado, destacado ou deslocado para o efeito; ou
c) De fora de Administração Pública, mediante contrato de prestação de
serviço.
2. Na falta ou impossibilidade de nomeação de instrutor pela entidade que instaurar o
processo, poderão fazê-lo, supletivamente, o dirigente do serviço do arguido e o membro
do Governo ou órgão executivo autárquico que sobre ele superintenda.
3. A escolha de instrutor nos termos das alíneas b) e c) do nº 1 compete ao membro do
Governo ou órgão executivo autárquico que superintende no serviço do arguido, podendo
delegar no dirigente desse serviço.
4. O instrutor pode escolher secretário da sua confiança, cuja designação compete à
entidade que instaurou o processo, e bem assim requisitar a colaboração de técnicos.
Artigo 52º
(Prevalência das funções de instrutor)
As funções de instrutor preferem a quaisquer outras que o agente tenha a seu cargo,
podendo determinar-se, quando tal seja exigido pela natureza e complexidade do processo,
que fique exclusivamente adstrito à função de instrutor.
Artigo 53º
(Providências cautelares)
O instrutor do processo disciplinar tomará todas as providências adequadas para que
não possa alterar-se o estado dos factos e dos documentos ou livros em que tiver sido des-
coberta qualquer irregularidade, nem subtrair-se as provas destas.

993
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

Artigo 54º
(Impedimentos do instrutor)
1. Nenhum agente poderá funcionar como instrutor no processo disciplinar:
Quando tiver sido directamente ofendido pela infracção;
Quando tiver tido intervenção no processo como perito ou defensor;
Quando tiver deposto ou tiver de depor no processo como testemunha.
2. Os impedimentos devem ser declarados oficiosamente pelo instrutor ou deduzidos
pelo arguido, em qualquer altura do processo e até decisão final.
3. Declarado ou deduzido o impedimento disciplinar o processo subirá à entidade que
tiver mandado instaurar o qual decidirá em despacho fundamentado no prazo de cinco
dias.
Artigo 55º
(Suspeição do instrutor)
1. O arguido e o participante poderão deduzir a suspeição do instrutor do processo,
com qualquer dos seguintes fundamentos:
a) Se o instrutor tiver sido indirectamente ofendido pela infracção;
b) Se o instrutor for parente na linha recta ou até o terceiro grau da linha colateral
ou cônjuge do arguido ou do participante, ou de qualquer agente ou particular
ofendido ou de alguém que com o referido indivíduo viva em economia co-
mum;
c) Se houver inimizade grave ou grande intimidade entre o arguido e o instrutor,
ou entre este e o participante ofendido;
d) Quando estiver pendente em Tribunal, processo criminal ou civil em que o
instrutor e o arguido ou participante sejam partes;
e9 Se o instrutor for credor ou devedor do arguido do participante.
2. A suspensão deverá ser deduzida no prazo de cinco dias a contar da data em que o
arguido ou o participante tiverem conhecimento do fundamento da suspeição.
3. Aplica-se à suspeição o disposto no nº 3 do artigo anterior.
Artigo 56º
(Suspensão preventiva do agente)
1. O agente arguido em processo disciplinar pode, sob proposta devidamente funda-
mentada da entidade que instaurar o processo ou do instrutor, ser preventivamente suspen-
so do serviço pelo membro do Governo ou órgão executivo autárquico competente, sem
perda de vencimento, ou com perda de vencimento de exercício, enquanto durar a instrução

994
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

e até decisão final, mas nunca por prazo superior a noventa dias, sempre que a sua presença
se revele inconveniente para o serviço e para o apuramento da verdade.
2. A suspensão preventiva só poderá ter lugar em caso de infracção punível com a pena
de suspensão ou superior.
3. A perda do vencimento do exercício será reparada ou levada em conta na decisão
final do processo.
4. A suspensão preventiva com violação do disposto no número 1 é susceptível de
impugnação contenciosa pelo arguido.
Artigo 57º
(Instrução do processo)
1. O processo terá como peças instrutórias obrigatórias:
a) O despacho que mandou instaurar o processo, se não tiver sido proferido di-
rectamente sobre qualquer das peças referidas em b);
b) A participação, queixa, auto, oficio, documento ou processo com base no qual
foi proferido o despacho referido em a);
c9 O certificado do registo biográfico e disciplinar do arguido.
2. O instrutor procederá à investigação dos factos e circunstâncias do caso, podendo,
sempre que o julgue conveniente, ouvir em declarações o participante, o arguido, teste-
munhas e declarantes, acareá-los e promover exames e quaisquer diligências que possam
esclarecer a verdade.
3. Durante a fase de investigação, poderão o participante e o arguido solicitar ao ins-
trutor que realiza o promova diligências que considerem essenciais para o apuramento da
verdade.
4. O instrutor apenas dará seguimento ao pedido referido no número anterior quando
julgue insuficiente a prova produzida, devendo, contudo, juntar aos autos todos os papéis
recebidos do participante ou do arguido que respeitem ao processo.
5. As diligências que tiverem que ser feitas fora da localidade onde correr o processo
disciplinar, podem ser requisitadas à respectiva autoridade administrativa, sem prejuízo do
instrutor e o respectivo secretário poderem deslocar-se quando isso se torne absolutamente
necessário para a boa instrução do processo.
6. Os depoimentos e declarações na fase de investigação não carecem de ser reduzidas
a escrito, podendo ser prestados oralmente e gravados em suporte magnético áudio ou ví-
deo. Poderão também ser prestados através da entrega pelo respectivo autor de documento
escrito legível donde constem, assinado pelo mesmo.

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Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

Artigo 58º
(Acusação de incompetência profissional)
1. Quando ao agente seja imputada a incompetência profissional, poderá o instrutor
convidá-lo a executar quaisquer trabalhos de harmonia com o programa traçado por dois
peritos, que darão depois os seus laudos sobre as provas prestadas e a competência do ar-
guido.
2. Os peritos a que se refere o número anterior serão pela entidade que tiver mandado
instaurar o processo disciplinar e os trabalhos a fazer pelo arguido serão da natureza dos
que habitualmente competem a agentes com as mesmas funções e categorias.
Artigo 59º
(Testemunhas na fase de instrução)
1. Na fase da instrução do processo o número de testemunhas é ilimitado.
2. O instrutor pode, porém, indeferir o pedido de inquirição de novas testemunhas
quando julgar suficiente a prova produzida, ou quando entender que o assunto sobre o qual
o arguido deseja que sejam ouvidas é impertinente.
Artigo 60º
(Conclusão da instrução)
1. Concluídas as investigações, se o instrutor entender que os factos constantes dos
autos não constituem infracção, ou que não é de exigir responsabilidade disciplinar por
virtude de prescrição ou outro motivo, elaborará, no prazo de cinco dias úteis, o seu rela-
tório e remetê-lo-á, com o respectivo processo, à entidade que o tiver mandato instaurar,
propondo, fundamentadamente, o arquivamento do mesmo.
2. No caso contrário, deduzirá, no prazo de cinco dias úteis, a acusação, discriminando
as infracções que reputar provadas, com referência aos correspondentes preceitos legais e
às penas aplicáveis, e arrolando as testemunhas e declarantes de acusação.
Artigo 61º
(Conteúdo da acusação)
1. A acusação deverá conter a indicação dos factos constitutivos de cada infracção,
bem como as circunstâncias de tempo, modo e lugar da infracção e as atenuantes e agravan-
tes, mencionando sempre os preceitos legais respectivos e as penas aplicáveis.
2. A não inclusão na acusação das circunstâncias agravantes, exceptuando as previstas nas
alíneas e), f) e g) do artigo 32º, impede que sejam consideradas no despacho punitivo.
Subsecção II
Da defesa do arguido
Artigo 62º
(Notificação de acusação ao arguido)
1. Da acusação extrair-se-á cópia, no prazo de quarenta e oito horas, a qual será entre-
gue ao arguido mediante a sua notificação pessoal, ou, não sendo esta possível, remetida

996
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

pelo correio com aviso de recepção, marcando-se-lhe um prazo entre dez a vinte dias para
apresentar a sua defesa escrita.
2. Quando o processo seja complexo, pelo número e natureza das infracções ou por
abranger vários arguidos, poderá o instrutor conceder prazo superior ao do número antece-
dente, até ao limite de 45 dias.
3. A notificação referida no nº 1 será remetida para o serviço a que o arguido, ou para
a sua residência no caso de não estar ao serviço, devendo, em qualquer caso, ser respeitada
a escolha do domicílio feita pelo arguido para receber notificações.
Artigo 63º
(Notificação a arguidos ausentes em parte incerta)
Se não for possível a notificação pessoal, nem a remessa pelo correio, nomeadamente,
por o arguido se encontrar ausente em parte incerta, será publicado aviso no Boletim Oficial
e num dos jornais de maior circulação, citando-o para apresentar a sua defesa em prazo não
inferior a trinta dias nem superior a quarenta e cinco dias, contados do oitavo dia posterior
à data de publicação.
Artigo 64º
(Defesa do arguido impossibilitado por doença)
1. Se o arguido estiver impossibilitado de organizar a sua defesa por motivo de doença
ou incapacidade física, devidamente comprovada, poderá nomear um representante espe-
cialmente mandatado para esse efeito.
2. No caso de o arguido não poder exercer o direito referido no número anterior, o
instrutor imediatamente nomeará um curador, preferindo a pessoa a quem competir a tutela
no caso de interdição, nos termos da lei civil.
3. A nomeação referida no número antecedente é restrita ao processo disciplinar e aos
recursos e revisão, podendo o representante ou curador usar de todos os meios de defesa
facultados ao arguido.
Artigo 65º
(Defesa do arguido impossibilitado por anomalia mental)
1. Se o agente estiver impossibilitado de organizar a sua defesa por motivo de anoma-
lia mental, devidamente comprovada, aplicar-se-ão as normas relevantes da lei processual
penal, com as devidas adaptações e com efeitos restritos ao processo disciplinar.
2. O incidente de alienação mental poderá ser suscitado pelo instrutor do processo,
pelo próprio arguido ou por qualquer familiar seu.
Artigo 66º
(Exame do processo)
Durante o prazo para apresentação de defesa pode o arguido, seu representante ou
curador nos termos dos artigos 64º e 65º ou defensor constituído por qualquer deles, exa-
minar o processo dentro das horas do expediente.

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Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

Artigo 67º
(Apresentação de defesa)
1. A resposta à acusação será sempre assinada pelo arguido, por qualquer dos seus
representantes ou defensor constituído e apresentada no lugar onde o processo tiver sido
instaurado.
2. Com a resposta, pode o arguido apresentar o rol de testemunhas, juntar documentos
e requerer quaisquer diligências que considere úteis para a sua defesa, as quais podem ser
recusadas, em despacho fundamentado, quando manifestamente impertinentes ou desne-
cessárias.
3. Não podem ser ouvidas, por cada facto, mais de três testemunhas devidamente iden-
tificadas pelo arguido, com a indicação dos pontos precisos sobre os quais cada uma deve
ser ouvida.
4. O instrutor poderá recusar a inquirição das testemunhas, quando considere suficien-
temente provados os factos alegados pelo arguido.
Artigo 68º
(Resposta do arguido)
1. Na resposta deve o arguido expor com clareza e concisão os factos e as razões da
sua defesa.
2. Se a resposta contiver expressões desrespeitosas tirar-se-á dela cópia e instaurar-
se-á novo processo disciplinar, que correrá por apenso ao primeiro, sem prejuízo da sanção
penal que ao caso couber.
Artigo 69º
(Falta de resposta à acusação)
A falta de resposta, no prazo marcado, vale como efectiva audiência do arguido, para
todos os efeitos legais.
Artigo 70º
(Produção da prova oferecida pelo arguido)
1. O instrutor deverá, no prazo de dez dias úteis, inquirir as testemunhas e declarantes
e reunir os demais elementos de prova oferecidos pelo arguido, podendo o prazo ser pror-
rogado, por despacho fundamentado da entidade que tiver instaurado o processo, até vinte
dias úteis, desde que razões ponderosas o justificarem.
2. Finda a produção de prova produzida pelo arguido, pode ainda o instrutor ordenar,
em despacho fundamentado, novas diligências que se mostrem indispensáveis para o com-
pleto esclarecimento da verdade, designadamente a redução a escrito dos depoimentos e
declarações das testemunhas e declarantes de acusação, se o não tiverem sido na fase de
investigação.

998
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

3. Se as diligências referidas no número anterior revelarem novas infracções discipli-


nares praticadas pelo arguido, este deverá ser novamente ouvido sobre elas em acusação.
Subsecção III
Decisão disciplinar e sua execução
Artigo 71º
(Relatório final instrutor)
1. Terminada a instrução, com a realização das diligências referidas no nº 2 do artigo
70º, o instrutor elaborará, no prazo de dez dias, um relatório síntese conciso, contendo as
acções ou omissões praticadas pelo arguido, os deveres violados, os preceitos que prevêem
as correspondentes infracções disciplinares e bem assim a pena que, fundamentadamente,
entender justa para elas ou a proposta, devidamente fundamentada, para que os autos se
arquivem por ser insubsistente a acusação.
2. A entidade que tiver mandado instaurar o processo poderá, quando a complexidade
deste o exigir, prorrogar o prazo fixado no número anterior, até vinte dias.
3. O processo, depois de relatado, será remetido, no prazo de quarenta e oito horas, à
entidade que o tiver mandado instaurar, a qual, se não for competente para decidir, o envia-
rá de imediato à entidade que deve proferir a decisão.
4. Tanto a autoridade que mandou instaurar o processo como a competente para punir
poderão, no prazo máximo de quinze dias contados da data de recepção do processo, orde-
nar novas diligências.
5. As novas diligências que forem ordenadas nos termos do número anterior deverão
estar concluídas no prazo máximo de quinze dias.
Artigo 72º
(Decisão)
1. A entidade que julgar o processo procederá à sua análise, concordando ou não com
as conclusões do relatório.
2. Se a decisão for punitiva, será aplicada a pena correspondente à gravidade dos factos
que se considere provados, desde que descritos na acusação, ainda que nesta o instrutor
tenha indicado pena de menor gravidade.
3. A decisão do processo será proferida no prazo máximo de quinze dias úteis, conta-
dos das seguintes datas:
a) Da data de recepção do processo, quando a entidade competente para punir
concorde com as conclusões do relatório;
b9 Do termo do prazo que marcar, quando utilizar a faculdade prevista no número
4 do artigo anterior.

999
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

Artigo 73º
(Parecer)
Antes da tomada de decisão e sem prejuízo do prazo estabelecido no artigo anterior,
poderá a entidade com competência para julgar o processo solicitar os pareceres que enten-
der convenientes.
Artigo 74º
(Fundamentação)
A decisão será sempre fundamentada quando não concordante com as conclusões for-
muladas no relatório do instrutor.
Artigo 75º
(Pluralidade de arguidos)
1. Quando vários agentes, embora de diversos quadros mas pertencentes ao mesmo
serviço, forem arguidos da prática do mesmo facto ou de factos entre si conexos, a entida-
de que tiver competência para punir o agente de maior categoria, decidirá relativamente a
todos os arguidos.
2. Se os arguidos pertencerem a serviços diferentes, a decisão pertencerá aos respecti-
vos membros do Governo ou órgãos executivos competentes, consoantes os casos.
Artigo 76º
(Notificação da decisão)
1. A decisão será notificada ao arguido, observando-se o disposto nos artigos 61º e 62º
com as devidas adaptações.
2. Tratando-se de decisão que se traduza na mera concordância com a solução pro-
posta, o arguido deverá ser notificado não só da decisão, mas também dos fundamentos da
mesma.
3. A decisão será comunicada ao instrutor e ainda notificada ao participante que o
requeira.
4. A entidade que tiver decidido o processo poderá autorizar que a notificação do argui-
do seja adiada pelo prazo máximo de trinta dias, verificadas cumulativamente as condições
seguintes:
Implicar a pena suspensão ou cessação do exercício de funções por parte do infractor;
Resultarem da execução da decisão disciplinar inconvenientes mais graves para o ser-
viço do que os decorrentes da permanência do arguido punido no desempenho do cargo.
Artigo 77º
(Início de produção de efeitos das penas)
As decisões que apliquem penas disciplinares começam a produzir os seus efeitos no
dia seguinte ao da notificação do arguido ou, não podendo este ser notificado, quinze dias
após a publicação no Boletim Oficial do aviso sobre a resolução final do processo, não
devendo no aviso ser feita a menção do teor da punição.

1000
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

SECÇÃO III
Dos processos especiais
Subsecção I
Processo por infracção directamente constatada
Artigo 78º
(Acusação e defesa)
1. O superior hierárquico que presenciar infracção disciplinar cometida por subordina-
do seu, articulará no prazo máximo de quarenta e oito horas, acusação escrita contra ele.
2. A acusação mencionará os factos que constituírem a infracção disciplinar, o dia,
hora e local, as circunstâncias em que foi cometida, o nome e demais elementos de identifi-
cação do funcionário ou agente visado, da entidade que a presenciou e, se for possível, pelo
menos duas testemunhas que possam depor sobre esses factos e, havendo-os, documentos
ou suas cópias autênticas que possam demonstrá-los.
3. O prazo para defesa não poderá ser superior a cinco dias e, deduzida ela, imediata-
mente o superior hierárquico, em despacho fundamentado, imporá a pena se estiver dentro
da sua competência.
4. Se o superior hierárquico for incompetente para a aplicação da pena, relatará o pro-
cesso, enviando-o pela via hierárquica à entidade competente para a sua aplicação.
5. No caso de à infracção corresponderem as penas das alíneas e) e f) do artigo 14º
haverá sempre lugar à instauração do processo disciplinar comum.
Artigo 79
(Diligências de prova solicitadas pelo arguido
1. Se o infractor apresentar rol de testemunhas, serão estas ouvidas imediatamente, no
caso de residirem na localidade. Se residirem fora dela, aplicar-se-á o disposto no nº 5 do
artigo 57º.
2. Se o infractor pedir o exame de documentos ou a junção de certidões, o superior
hierárquico, se o entender necessário, requisitará estas e ordenará o exame daqueles por
agentes competentes ou procederá directamente a ele, lavrando-se do exame auto que será
assinado por quem o houver feito.
Subsecção II
Processo por falta de assiduidade e abandono do lugar
Artigo 80º
(Falta de assiduidade)
Será levantado pelo superior hierárquico auto por falta de assiduidade ao agente que,
sem justificação, tenha faltado ao serviço durante:
a) Cinco dias úteis seguidos ou oito interpolados, no mesmo ano civil;
b) Oito dias úteis seguidos ou doze interpolados, no mesmo ano civil.

1001
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

Artigo 81º
(Abandono de lugar)
1. Sempre que o agente faltar ao serviço durante doze dias úteis seguidos, sem dar
notícia ao respectivo superior hierárquico, presume-se que tenha abandonado o lugar, sem
necessidade de qualquer processo disciplinar.
2. A presunção referida no número anterior pode ser ilidida se o agente demonstrar que
esteve temporariamente impedido de comunicar-se com o serviço e que o fez logo que tal
se tornou possível.
3. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, sempre que o agente, sem justi-
ficação atendível, tiver faltado ao serviço, durante doze dias úteis seguidos ou quinze dias
interpolados, no mesmo ano civil, ou vinte e cinco dias interpolados em vinte e quatro me-
ses, o respectivo superior hierárquico levantar-lhe-á auto por abandono de lugar.
Artigo 82º
(Tramitação)
1. Sem prejuízo dos disposto no artigo 81º, os autos por falta de assiduidade ou por
abandono de lugar servirão de base a processo disciplinar, que seguirá os trâmites do pro-
cesso por infracção disciplinar directamente constatada estabelecido nos artigos 78º e 79º,
com as especificidades previstas nos números seguintes.
2. Desconhecendo-se o paradeiro do arguido e cumprido o disposto no nº 1 do artigo
63º, será logo remetido o processo à entidade competente para decidir, sendo proferida a
decisão sem mais trâmites.
3. A pena de demissão será notificada ao arguido por aviso, se continuar a ser des-
conhecido o seu paradeiro, podendo ele, no prazo máximo de 60 dias após a publicação,
impugná-la ou requerer a reabertura do processo.
SECÇÃO IV
Recursos
Artigo 83º
(Espécie de recurso)
1. Da decisão proferida em processo disciplinar pode caber recurso hierárquico e re-
curso contencioso.
2. cabe recurso hierárquico necessário das decisões em processo disciplinar que não
tenham sido proferidas por membro do Governo ou pelos órgãos executivos superiores das
autarquias locais, dos serviços personalizados do Estado ou de outras pessoas colectivas de
direito público.
3. Cabe recurso contencioso nos termos gerais das decisões proferidas em processo
disciplinar por membro do Governo ou pelos órgãos executivos superiores das autarquias

1002
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

locais, dos serviços personalizados do Estado ou de outras pessoas colectivas de direito


público.
Artigo 84º
(Recurso hierárquico)
1. Sem prejuízo dos prazos especiais referidos neste diploma, o recurso hierárquico
interpõe-se directamente para o membro do Governo competente, no prazo de quinze dias,
a contar da data em que o recorrente tiver sido notificado da decisão ou da publicação do
aviso referido no artigo 77º.
2. Na administração autárquica, nos serviços personalizados do Estado ou outras pes-
soas colectivas de direito público, o recurso hierárquico referido no número anterior será
interposto para o respectivo órgão executivo máximo.
3. Se o arguido não tiver sido notificado ou se a pena não tiver sido anunciada em aviso
nos termos do número um do presente artigo, o prazo conta-se a partir da data em que o
arguido tiver conhecimento do despacho.
4. A interposição do recurso hierárquico suspende a execução da decisão condenatória
e devolve ao membro do Governo ou ao órgão executivo máximo da administração mu-
nicipal, nos serviços personalizados do Estado ou de outras pessoas colectivas de direito
público, a competência para decidir definitivamente, podendo, estes mandar proceder a
novas diligências, manter, diminuir ou anular a pena.
Artigo 85º
(Recurso de despacho interlocutórios)
Dos despachos proferidos em processo disciplinar que não sejam de mero expediente cabe
recurso hierárquico, a interpor no prazo de três dias úteis a partir do seu conhecimento.
Artigo 86º
(Outros meios de prova no recurso hierárquico)
1. Com o requerimento em que interponha o recurso hierárquico, pode o recorrente
apresentar novos meios de prova ou juntar os documentos que entenda convenientes, desde
que não pudessem ter sido apresentado ou utilizados antes, podendo a autoridade compe-
tente ordenar no prazo de 5 dias, o início da realização das diligências adequadas.
2. As diligências referidas no número anterior serão realizadas no prazo máximo de
quinze dias.
Artigo 87º
(Alargamento de defesa)
Tendo o agente falecido à data em que o recurso deva ser interposto, poderão recorrer
os representantes do arguido nomeados nos termos dos artigos 64º e 65º, o cônjuge ou qual-
quer dos herdeiros do agente falecido, quando legalmente habilitados.

1003
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

Artigo 88º
(Regime de subida dos recursos)
1. Os recursos das decisões que não ponham termo ao processo só subirão com a deci-
são final, se dela se recorrer, salvo o disposto nos números seguintes.
2. Sobem imediatamente e nos próprios autos, os recursos hierárquicos que, ficando
retidos, percam, por esse facto, o efeito útil.
3. Sobem imediatamente e nos próprios autos, os recursos hierárquicos interpostos
do despacho que não admita a dedução de impedimentos ou suspeição do instrutor ou não
aceite ou fundamentos invocados para a mesma.
Artigo 89º
(Efeitos da amnistia no andamento do recurso)
A publicação de amnistia abrangendo a pena imposta a um agente não impedirá o nor-
mal andamento dos recursos interpostos por ele nos termos do presente Estatuto.
SECÇÃO V
Revisão dos processos disciplinares
Artigo 90º
(Requisitos de revisão)
1. É admitida a revisão dos processos disciplinares, a todo o tempo, quando se veri-
fiquem circunstâncias ou meios de prova susceptíveis de demonstrar a inexistência dos
factos que influíram decisivamente na punição e que não pudessem ter sido utilizados pelo
arguido no processo.
2. A simples alegação de ilegalidade, de forma ou de fundo do processo e da decisão,
de amnistia ou de prescrição não constituem fundamento para a revisão.
3. Na decisão final do processo de revisão pode anular-se ou reformular-se a pena pri-
mitivamente imposta, não podendo esta, em caso algum, ser agravada.
Artigo 91º
(Legitimidade)
1. O interessado na revisão de um processo disciplinar ou, na situação prevista nos ar-
tigos 63º e 64º, o seu representante ou curador, apresentarão requerimento nesse sentido ao
membro do Governo ou órgão executivo máximo da administração municipal, dos serviços
personalizados do Estado ou de outras pessoas colectivas de direito público.
2. O requerimento referido no número anterior conterá a indicação das circunstâncias
ou dos meios de prova não considerados no processo disciplinar que ao requerente pareçam
justificar a revisão e será instruído com os documentos indispensáveis.

1004
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

Artigo 92º
(Decisão sobre o requerimento)
1. Recebido o requerimento, juntar-se-á ao processo cuja revisão se pede e será subme-
tido à entidade competente para proferir decisão.
2. Do despacho ou da deliberação que não conceder a revisão cabe recurso contencioso
nos termos gerais.
Artigo 93º
(Tramitação)
1. Se for concedida a revisão a entidade competente nomeará um instrutor diferente
do primeiro, que marcará ao interessado prazo não inferior a dez dias nem superior a vinte
dias para responder por escrito aos artigos de acusação constantes do processo a rever,
seguindo-se os ulteriores termos.
2. Instruído e relatado, o processo será decidido pela entidade a quem o pedido foi
endereçado, no prazo máximo de trinta dias.
Artigo 94º
(Efeitos de procedência da revisão)
1. Julgada procedente a revisão, será revogada ou alterada a decisão proferida no pro-
cesso revisto.
2. A revogação produzirá os seguintes efeitos:
a) Cancelamento do registo da pena no processo individual do agente;
Ib9 Anulação dos efeitos da pena.
3. Serão respeitadas as situações criadas a outros agentes pelo provimento das vagas
abertas em consequência da pena imposta, mas sempre sem prejuízo da antiguidade do
agente punido à data de aplicação da pena.
4. Em caso de revogação ou alteração de pena expulsiva, o agente terá direito a ser
provido em lugar de categoria igual ou equivalente, ou não sendo possível, à primeira vaga
que ocorrer na categoria correspondente, exercendo transitoriamente na situação de dispo-
nibilidade, nos termos da lei.
5. O disposto no número anterior é aplicável aos agentes da função pública em regime
de emprego com as devidas adaptações.
6. O agente tem direito, em caso de revisão procedente, à reconstrução da carreira,
devendo ser consideradas as expectativas legítimas de promoção que não se efectivarem
por efeitos de punição, sem prejuízo de indemnização a que ele tenha direito, nos termos
gerais, pelos danos morais e materiais sofridos.

1005
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

7. O despacho que decidir pela procedência da revisão da aplicação das penas de apo-
sentação compulsiva ou demissão será publicado no Boletim Oficial.
SECÇÃO VI
Reabilitação
Artigo 95º
(Regime aplicável)
1. Os agentes condenados em penas de aposentação compulsiva ou de demissão pode-
rão ser reabilitados independentemente da revisão do processo disciplinar, sendo compe-
tente para esse efeito a entidade que aplicou a respectiva pena.
2. A reabilitação será concedida a quem a tenha merecido pela boa conduta, podendo
para esse fim o interessado utilizar todos os meios de prova admitidos em direito.
3. A reabilitação pode ser requerida pelo interessado ou seu representante, decorridos
cinco anos sobre a aplicação ou o cumprimento da pena.
4. A reabilitação faz cessar as incapacidade e demais efeitos ainda subsistentes, deven-
do ser registada.
5. A concessão da reabilitação não atribui ao agente a quem tenha sido aplicada pena
expulsiva o direito de reocupar, por esse facto, um lugar ou cargo na Administração, sendo
para todos os efeitos legais considerados como não vinculado à função pública.
6. Só é admissível o recurso contencioso do acto administrativo que indefira o pedido
de reabilitação com fundamento em desvio de poder.
7. O despacho que conceder a reabilitação será publicado no Boletim Oficial.
CAPÍTULO VI
Dos processos de inquérito e da sindicância
Artigo 96º
(Finalidade)
O inquérito tem por fim apurar factos determinados e os respectivos agentes responsáveis,
a sindicância destina-se a uma averiguação geral acerca do funcionamento dos serviços.
Artigo 97º
(Competência)
1. Os membros do Governo podem ordenar inquéritos ou sindicâncias aos serviços
sob sua dependência e bem assim aos serviços personalizados do Estado e outras pessoas
colectivas de direito público sob sua tutela.
2. O Primeiro Ministro pode ordenar inquéritos ou sindicâncias sobre quaisquer servi-
ços da Administração-Central, bem como sobre quaisquer organismos ou pessoas colecti-
vas de direito público sujeitos a poderes tutelares do Governo.

1006
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

3. A competência referida no número 1 é também reconhecida aos órgãos executivos


colegiais das autarquias locais relativamente aos respectivos serviços.
4. O despacho que ordene o inquérito ou a sindicância fixará o prazo para a conclusão
dos respectivos trabalhos. Na falta de fixação o prazo será de sessenta dias.
5. O prazo de conclusão dos trabalhos poderá ser prorrogado, uma única vez, mediante
despacho fundamentado da entidade que tiver ordenado o inquérito ou a sindicância, por
prazo não superior ao inicialmente fixado.
Artigo 98º
(Escolha e nomeação dos inquiridores ou sindicantes e dos secretários)
A escolha e nomeação dos inquiridores ou sindicantes e dos seus secretários e a instru-
ção dos processos de inquérito ou de sindicância ordenados nos termos do artigo anterior,
regem-se, na parte aplicável, pelas disposições relativas ao processo disciplinar comum.
Artigo 99º
(Suspensão do agente)
Se, durante a instrução dos processos de inquérito ou de sindicância, houver neces-
sidade de ser afastado temporariamente dos seus serviços qualquer agente, o membro do
Governo ou o órgão executivo competente poderá ordenar a suspensão do agente, por prazo
nunca superior a 90 dias, mas com direito aos respectivos vencimentos ou determinará que,
por tempo certo, desempenhe funções noutro serviço da mesma natureza.
Artigo 100º
(Anúncios)
1. Se o processo for de sindicância, deve o sindicante, logo que a ele dê início, fazê-
lo constar por anúncios públicos em um ou dois jornais da localidade, havendo-os, ou por
meio de editais, cuja afixação requisitará às autoridades administrativas ou policiais.
2. Nos anúncios e editais declarar-se-á que toda a pessoa que tenha razão de queixa ou
de agravo contra o regular funcionamento dos serviços sindicados se pode apresentar a ele,
sindicante, ou a ele apresentar queixa por escrito e pelo correio, no prazo designado.
3. A queixa por escrito deve conter os elementos de identificação do queixoso.
4. A publicação dos anúncios pela imprensa é obrigatória para os periódicos a que
forem remetidos, sob pena de desobediência qualificada e a despesa a que der causa será
documentada pelo sindicante, para efeitos de pagamento.
Artigo 101º
(Relatório e trâmites ulteriores)
1. À instrução dos processos de inquérito ou sindicância são aplicáveis, com as neces-
sárias adaptações, as normas de instrução do processo disciplinar comum.

1007
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8 de Maio

2. Concluída a instrução do processo deverá o sindicante ou o inquiridor elaborar no


prazo de dez dias, um relatório completo e conciso, que remeterá imediatamente à autori-
dade que tiver ordenado o inquérito ou a sindicância, a qual, em despacho fundamentado,
mandará arquivar os autos ou ordenará a instauração dos respectivos processos, no caso de
se terem apurado infracções disciplinares.
3. O prazo fixado no número anterior pode ser prorrogado, até ao limite total de 20
dias, pela autoridade que tiver ordenado o inquérito ou a sindicância, quando a complexi-
dade do processo o exigir.
4. O processo de inquérito ou de sindicância poderá constituir a fase instrutória dos
processos disciplinares mediante decisão da autoridade que tiver ordenado o inquérito ou a
sindicância, deduzindo-se a acusação do arguido ou arguidos nos termos e prazos previstos
para os processos disciplinares comuns.
CAPÍTULO VII
Disposições finais
Artigo 102º
(Destino das multas)
As multas aplicadas nos termos do presente diploma constituem receita do Estado, das
autarquias locais, dos serviços personalizados do Estado ou de outras pessoas colectivas de
direito público ao serviço dos quais se encontrava o agente punido no momento da prática
da infracção.
Artigo 103º
(Não pagamento voluntário)
1. Se o agente condenado em multa ou na reposição de qualquer quantia não pagar o
que for devido, no prazo de 30 dias, se outro mais longo não lhe for marcado, a contar da
notificação, ser-lhe-á a importância descontada nos vencimentos, emolumentos ou pensões
que haja de receber.
2. O desconto previsto no número anterior será feito em prestações mensais não exce-
dentes à quinta parte dos referidos vencimentos, emolumentos ou pensões, segundo deci-
são da entidade que julga o processo, a qual fixará o montante de cada prestação.
3. O disposto nos números antecedentes não prejudica a execução, quando seja neces-
sária, a qual seguirá os termos de execução fiscal.
4. Servirá de base à execução a certidão do despacho condenatório.
O Ministro Adjunto do Primeiro Ministro, José António Mendes dos Reis.

1008
Estatuto do Funcionalismo Ultramarino

ESTATUTO DO FUNCIONALISMO ULTRAMARISMO


(....)
SECÇÃO IV
Do cumprimento das ordens
Artigo 472º
(Do cumprimento de ordens dadas em objecto de serviço e na forma legal)
As ordens e instruções dadas pelos superiores hierárquicos em objecto de serviço e
forma legal devem ser cumpridas exacta, imediata e legalmente.
§ 1º Se uma ordem de carácter excepcional for dada verbalmente, pode o funcionário,
usando de linguagem respeitosa, solicitar que, para salvaguarda da sua responsabilidade,
lhe seja transmitida por escrito, nos casos seguintes:
1º Quando haja motivo plausível para se duvidar da sua autenticidade;
2º Quando seja ilegal;
3º Quando, com evidência, se mostre que foi dada em virtude de qualquer pro-
cedimento doloso ou errada informação;
4º Quando da sua execução se devam recear graves males que o superior não
houvesse podido prever;
§ 2º Se o pedido da transmissão da ordem por escrito não for satisfeito dentro do
tempo em que, sem prejuízo, o cumprimento desta possa ser demorado, o in-
ferior comunicará, também por escrito ao seu imediato superior hierárquico,
os termos exactos da ordem recebida e do pedido formulado, bem como a não
satisfação deste, executando a ordem seguidamente.
§ 3º Se a nenhuma demora a ordem verbal puder estar sujeita e se for ordenado
o seu imediato cumprimento, o inferior fará a comunicação referida no pará-
grafo precedente logo depois de executada a ordem.
§ 4º Considerando ilegal a ordem recebida, o inferior fará expressa menção deste
facto ao pedir a sua transmissão por escrito, ou na declaração que se seguir ao
cumprimento.
§ 5º Se a ordem tiver sido, inicialmente, transmitida por escrito, pode também o
funcionário suscitar, igualmente por escrito, as dúvidas que tenha quanto à sua
legalidade, nos termos do parágrafo anterior, ou quanto aos inconvenientes
que possam resultar da sua observância. Se a ordem não for revogada ou sus-
pensa dentro do prazo de vinte e quatro horas ou dentro daquele em que, sem
prejuízo, ela deve ser executada o funcionário cumpri-la-á imediatamente.
(...)

1009
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

1010
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

5. MOBILIDADE PESSOAL

1011
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

1012
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

ESTABELECE O REGIME DE MOBILIDADE DOS FUNCIONÁRIOS


DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Decreto-Lei nº 54/2009
de 7 de Dezembro
As Bases do Regime da Função Pública, enquanto diploma que regula as opções po-
litico-legislativas fundamentais, directivas e limites do regime jurídico do pessoal que tra-
balha na Administração Pública, encontram-se consagradas na Lei n.º 42/VII/2009, de 27
de Julho.
Em conformidade com as directivas nesse diploma e a própria dinâmica da Adminis-
tração Pública, especialmente em matéria de recursos humanos existentes, na sua configu-
ração e extensão, a revisão do regime jurídico da mobilidade (Decreto-Lei n.º 87/92, de 16
de Julho) impõe-se como uma necessidade urgente.
Pretende-se com o presente diploma dotar a Administração Pública de um instrumento
de gestão mais flexível que permita ajustar, com rapidez e eficácia, os recursos humanos
disponíveis às constantes evoluções das necessidades dos serviços públicos, determinadas,
em larga medida, pelas demandas dos cidadãos e das empresas. Na busca dessa relação
de adequação dinâmica e permanente entre os efectivos e as necessidades, são revistas
as soluções normativas que impunham rigidez nos procedimentos e nas decisões e que
deixavam a Administração Pública sem margem suficiente de ponderação dos interesses
em presença. O que era erigido como instrumento de defesa do interesse público, algumas
vezes, por ausência de soluções alternativas que permitisse à administração um maior leque
de escolhas, acabava por conduzir a resultados prejudiciais para o interesse público e para
o próprio funcionário.
Também o presente diploma procura uma solução equilibrada entre o interesse públi-
co, que sempre deve ter um peso preponderante no processo de decisão, e o interesse do
funcionário, instituindo dispositivos que impeçam o eventual uso abusivo dos instrumentos
de mobilidade, procurando salvaguardar, na medida do possível, o interesse legítimo do
funcionário e do seu agregado familiar.
Esclareça-se ainda que na decorrência do que vem disposto nas Bases Gerais do Regi-
me da Função Pública, o termo funcionário abrange não só o funcionário em sentido estrito
(ou seja aquele que é provido em regime permanente na Função Pública, por nomeação),
mas também o próprio agente administrativo (vinculado por contrato de natureza transi-
tória), ficando, desse modo englobado no conceito todos os servidores do Estado, natural-
mente com as excepções que especialmente forem previstas na lei.
Nestes termos,
Ao abrigo dos artigos 29º, 30º, 42º e 56º da Lei n.º 42/VII/2009, de 27 de Julho, e em
desenvolvimento das Bases do Regime da Função Pública estabelecidas por esta lei;

1013
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

No uso da faculdade conferida pela alínea c) do n.º 2 do artigo 203º da Constituição, o


Governo decreta o seguinte:
CAPÍTULO I
Objecto, âmbito e instrumentos de mobilidade
Artigo 1°
Objecto
1. O presente diploma estabelece o regime de mobilidade dos funcionários da Admi-
nistração Pública, com vista ao seu aproveitamento racional.
2. O disposto no número anterior não prejudica a aplicação de instrumentos e norma-
tivos específicos de mobilidade às carreiras cujo regime de pessoal o justifique, em função
da sua natureza e particularidades.
Artigo 2°
Âmbito de aplicação
1. O presente diploma aplica-se a todos os serviços da administração directa e indirecta
do Estado.
2. O presente diploma aplica-se ainda à administração autárquica, incluindo institutos
públicos e empresas públicas municipais.
3. O disposto nos números anteriores não prejudica a aplicação de soluções especiais
de mobilidade, previstas no presente diploma, entre, por um lado, os serviços da Admi-
nistração Pública e, por outro lado, os organismos internacionais, o sector empresarial do
Estado e o sector privado.
4. Salvo disposição expressa em contrário, apenas estão sujeitos aos instrumentos de
mobilidade os funcionários em regime de carreira.
Artigo 3º
Mobilidade geral e especial
1. A mobilidade dos recursos humanos tem por finalidade assegurar o aproveitamento
racional dos efectivos e o descongestionamento sectorial ou global da Administração Pú-
blica e o apoio à política de descentralização e regionalização.
2. A mobilidade geral consiste na variação de um lugar ocupado pelo funcionário para
outro lugar vago do quadro de outro serviço, ou de outra pessoa colectiva pública ou priva-
da, ou de organismo internacional de direito público, ou ainda na variação de lugar para um
outro a que corresponde uma categoria ou carreira diferentes daquelas de que o funcionário
é titular, variação que pode ser transitória ou duradoura, a tempo inteiro ou em regime de
acumulação, nos termos do presente diploma e demais legislação aplicável.
3. A mobilidade especial consiste na variação de lugar ocupado pelo funcionário co-
locado na disponibilidade, ou em procedimentos geradores de situação de disponibilidade,

1014
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

para outro lugar vago do quadro de outro serviço, ou de outra pessoa colectiva pública,
variação transitória ou duradoura, nos termos do presente diploma e demais legislação
aplicável.
Artigo 4º
Instrumentos de mobilidade
1. A mobilidade de funcionários da administração pública opera-se mediante instru-
mentos de mobilidade geral e de mobilidade especial relativa ao pessoal em situação de
disponibilidade.
2. São instrumentos de mobilidade geral:
a) A transferência;
b) A permuta;
c) A requisição;
d) O destacamento;
e) A reclassificação e reconversão profissional;
f) A afectação específica;
g) A cedência para entidade pública e organismo internacional; e
h) Cedência especial para o sector privado.
3. São instrumentos de mobilidade especial:
a) A reafectação; e
b) O reinício de funções.
CAPITULO II
Mobilidade geral
Artigo 5º
Transferência
1. A transferência consiste na mudança do funcionário, sem prévia aprovação em con-
curso, para lugar vago do quadro de outro serviço:
a) Da mesma categoria e carreira;
b) De carreira diferente desde que os requisitos habilitacionais exigíveis sejam
idênticos e haja identidade ou afinidade de conteúdo funcional entre as car-
reiras.
2. Da transferência não pode resultar o preenchimento de vagas postas a concurso à
data da emissão do despacho que a defere ou determina.

1015
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

3. A transferência faz-se por iniciativa da Administração, com o acordo do funcionário,


ou a requerimento deste, desde que, em qualquer dos casos, haja interesse e conveniência
de serviço.
4. O acordo do funcionário é dispensado no caso de a transferência ocorrer para servi-
ço situado no Concelho do seu serviço de origem ou da sua residência.
5. O acordo do funcionário é igualmente dispensado se a transferência ocorrer para
outro concelho, desde que as deslocações entre a residência e o local de trabalho, em ambos
os sentidos, não ultrapassem as despesas para deslocações entre a residência e o serviço de
origem ou seja garantido pelo serviço o transporte diário.
6. O disposto no número anterior não é aplicável quando o funcionário invoque e com-
prove que da transferência lhe acarreta prejuízo sério para a sua vida pessoal e familiar.
7. É ainda dispensado o acordo do funcionário quando a transferência assentar em
razões ponderosas de interesse público, de natureza excepcional, claramente perceptíveis,
e explicitadas em despacho prévio comunicado ao funcionário.
8. A transferência não depende de autorização do serviço de origem quando ocorra:
a) Para os serviços locais do Estado e para as autarquias locais;
b) Por iniciativa do funcionário, desde que se verifique fundado interesse do
serviço de destino, reconhecido por despacho do respectivo membro do Gov-
erno.
9. No caso previsto no número antecedente o despacho de transferência é sempre pre-
cedido de audição prévia do serviço de origem do funcionário.
10. A transferência é determinada por despacho do membro ou membros do Governo
competentes, consoante se efectue para serviços dependentes do mesmo ou de diferente
departamento governamental ou de instituto público deles dependente.
11. Se se tratar de transferência de funcionários do Estado para as autarquias locais, a
transferência é ordenada por despacho do membro do Governo competente, mediante pro-
posta do órgão executivo municipal interessado; no caso de transferência de funcionários
das autarquias locais para os serviços do Estado, a transferência é ordenada por despacho
do órgão executivo municipal competente, mediante proposta do serviço interessado.
Artigo 6º
Identidade e afinidade de conteúdos funcionais
1. Há identidade de conteúdo funcional quando a natureza e complexidade das tarefas
e responsabilidades inerentes às carreiras forem idênticas.
2. Há afinidade de conteúdo funcional quando a natureza e complexidade das tarefas
e responsabilidades inerentes às carreiras não sendo idênticas, sejam, no entanto, similares
por pertencerem a uma área comum.

1016
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

3. A identidade ou afinidade do conteúdo funcional referida na alínea b) do n.º1 do ar-


tigo 5º determina-se com base na declaração passada pelo serviço de origem que especifica
detalhadamente o conjunto de tarefas e responsabilidades inerentes à respectiva carreira.
Artigo 7°
Permuta
1. A permuta é a mudança recíproca, simultânea e definitiva de funcionários perten-
centes a quadros de pessoal de serviços distintos, ainda que integrados numa outra pessoa
colectiva de direito público:
a) Da mesma categoria e carreira;
b) De carreira diferente desde que os requisitos habilitacionais exigíveis sejam
idênticos e haja identidade ou afinidade de conteúdo funcional entre as car-
reiras;
c) Com correspondência entre as remunerações dos cargos.
2. A permuta pode efectuar-se por iniciativa da Administração ou a requerimento dos
permutandos.
3. À permuta é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto no artigo 5º do
presente diploma.
Artigo 8°
Requisição
l. Entende-se por requisição o exercício de funções a título transitório, em serviço
diferente daquele a que pertence o funcionário, sem ocupação de lugar do quadro, sendo os
encargos suportados pelo serviço de destino.
2. A requisição faz-se para a categoria e carreira que o funcionário já detém.
3. A requisição pode ainda fazer-se para a categoria imediatamente superior da mesma
carreira ou para categoria de carreira diferente desde que o funcionário preencha, em am-
bos os casos, os requisitos legais para o respectivo provimento.
4. A requisição é válida por um período máximo de 1 (um) ano, prorrogáveis até ao
limite máximo de 2 (dois) anos, não tendo limite de duração, porém, nos casos em que, de
acordo com a lei, as funções só possam ser exercidas naqueles regime.
5. O serviço de origem pode condicionar a sua autorização ao compromisso de, findo o
período de 1 (um) ano, se proceder à transferência para o serviço de destino ou ao regresso
ao serviço de origem.
6. Decorrido o prazo previsto no n.º 4:
a) O funcionário regressa obrigatoriamente ao serviço de origem, não podendo
ser requisitado para o mesmo serviço durante o prazo de 1 (um) ano; ou
b) O funcionário é transferido para o serviço onde se encontra requisitado, para
lugar vago do respectivo quadro.

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Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

7. À requisição é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto no artigo 5º.


8. Em casos excepcionais, justificados por razões concretas de relevante interesse pú-
blico, pode a administração proceder a requisição de efectivo do sector privado, para de-
sempenhar, a título transitório e por prazo não superior ao previsto no n.º 4, funções num
determinado serviço do Estado, sem ocupação de lugar do quadro, sendo os encargos su-
portados pelo serviço de destino.
9. A requisição prevista no número antecedente é ordenada por despacho do membro
do governo responsável pelo serviço interessado, precedido do acordo do requisitado e,
no caso de se tratar de um trabalhador subordinado, da entidade empregadora a que ele se
encontra vinculado.
Artigo 9º
Destacamento
1. Entende-se por destacamento o exercício de funções a título transitório em serviço
diferente daquele a que pertence o funcionário, mas dependente do mesmo departamento
governamental, sem ocupação de lugar do quadro, sendo os encargos suportados pelo ser-
viço de origem.
2. O destacamento faz-se para a categoria e carreira que o funcionário já detém.
3. O destacamento é ordenado por despacho do membro do governo responsável pelo
serviço a que o destacado pertence.
4 O destacamento para outro serviço carece sempre de autorização do serviço de origem.
5. Ao destacamento é aplicável o disposto no artigo antecedente.
Artigo 10º
Recusa de transferência ou requisição
1. Nos casos em que careçam de autorização do serviço de origem, a transferência e a
requisição de funcionários só podem ser recusadas quando fundamentadas em motivos de
imprescindibilidade para o serviço.
2. A recusa a que se refere o número anterior depende do despacho do membro do Go-
verno de que depende o serviço, devendo ser comunicada ao serviço e ao funcionário inte-
ressados no prazo de 30 dias contados da data da entrada do pedido no serviço de origem.
3. A falta de comunicação da recusa no prazo legal é equiparada, para todos os efeitos
legais, ao deferimento do pedido de autorização.
Artigo 11º
Reclassificação e reconversão profissional
1. A reclassificação profissional consiste na atribuição de categoria e carreira diferen-
tes daquelas de que o funcionário é titular, reunidos que estejam os requisitos legalmente
exigidos para a nova categoria.

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Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

2. A reconversão profissional consiste na atribuição de categoria e carreira diferentes da-


quelas de que o funcionário é titular, sendo a falta de habilitações literárias ou qualificação pro-
fissional supridas pela aprovação em concurso ou curso para formação profissional.
3. Podem dar lugar à reclassificação ou reconversão profissional as seguintes situações:
a) A alteração com carácter permanente das atribuições dos organismos e serviços
da Administração Pública;
b) A alteração de funções ou a extinção de postos de trabalho originadas, desig-
nadamente, pela introdução de novas tecnologias e métodos ou processos de
trabalho;
c) A desadaptação ou a inaptidão profissional do funcionário para o exercício das
funções inerentes à categoria que detém;
d) A aquisição de novas habilitações académicas e ou profissionais, desde que
relevantes para as áreas de especialidade enquadráveis nas atribuições dos
organismos e serviços em que se encontra o funcionário;
e) O desajustamento funcional, caracterizado pela falta de coincidência entre o
conteúdo funcional da carreira do funcionário e as funções efectivamente ex-
ercidas;
f) Incapacidades permanentes decorrentes de doença natural, doença profission-
al ou acidente que inviabilizem ou criem graus acentuados de dificuldades no
exercício das funções, mas que não importam a inaptidão para o desempenho
de outras funções;
g) Outras situações previstas na lei.
4. A reclassificação e a reconversão profissional não podem dar origem à atribuição
de cargos em quadros privativos e corpos especiais caso existam, ou em carreiras em cujo
ingresso seja exigido curso superior que confira o grau de licenciatura, salvo quando cumu-
lativamente:
a) Ocorra no âmbito do mesmo organismo ou serviço;
b) Se verifique desajustamento funcional nos termos da alínea e) do número anterior; e
c) Exista clara necessidade de desenvolver actividades correspondentes às
funções para que o funcionário está qualificado.
5. A reclassificação e a reconversão profissional só devem dar lugar ao enquadramento
num lugar a que corresponda um vencimento base igual, ou, quando não haja vencimento
igual na nova categoria, num outro a que corresponda um vencimento imediatamente supe-
rior ao detido no lugar de origem.
6. No caso previsto na alínea f) do n.º 3, havendo acordo do funcionário, este pode ser
reconvertido para uma categoria a que corresponda um vencimento inferior, mantendo, em
todo o caso, o vencimento da categoria de origem.

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Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

7. Para além das condições previstas neste artigo, a reclassificação e a reconversão


dependem ainda existência de vagas.
8. A reclassificação ou reconversão profissional nos termos da alínea b) do n.º 4 são
promovidas a requerimento do funcionário.
9. Os procedimentos relativos à reclassificação e reconversão profissional são regula-
mentados por diploma legal do Governo.
Artigo 12º
Afectação específica
1. Entende-se por afectação específica de funcionário o exercício de funções próprias
da sua categoria e carreira noutro serviço ou pessoa colectiva publica, para satisfação de
necessidades específicas e transitórias, e em acumulação com as do serviço de origem.
2. A afectação específica é determinada por despacho conjunto dos dirigentes máximos
dos serviços ou pessoa colectiva pública envolvidos, por sua iniciativa ou a requerimento
do funcionário.
3. O despacho referido no número anterior fixa o regime de prestação de trabalho do
funcionário a afectar, designadamente em matéria de horário e sem prejuízo do regime de
duração semanal de trabalho.
4. A afectação específica faz-se por períodos até 6 (seis) meses, prorrogáveis até ao
limite de 1 (um) ano.
5. Salvo acordo em contrário, constitui encargo de serviço de origem a remuneração
das funções exercidas no outro serviço ou pessoa colectiva pública.
6. A afectação específica determina o pagamento de um suplemento remuneratório a
fixar por despacho conjunto dos membros do Governo responsáveis pelas Finanças e Ad-
ministração Pública.
7. À afectação específica é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto no
artigo 5º.
Artigo 13º
Cedência para entidade pública e organismo internacional
1. Mediante acordo de cedência especial entre serviços interessados, o funcionário que
tenha dado o seu consentimento expresso por escrito, pode exercer funções numa pessoa
colectiva pública ou num organismo internacional de direito público, em regime de contra-
to de trabalho, com suspensão de seu estatuto de funcionário.
2. A cedência especial sujeita o funcionário às ordens e instruções da entidade cessio-
nária onde vai prestar funções, sendo ainda as remunerações e as prestações de segurança
social serem também suportadas por ela.

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Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

3. O exercício do poder disciplinar compete à entidade cessionária excepto quando


esteja em causa a aplicação de penas disciplinares expulsivas.
4. No caso de se tratar de funcionário em regime de carreira, é aplicável ao procedimento
disciplinar o disposto no Estatuto Disciplinar dos Agentes da Administração Pública.
5. O funcionário cedido tem direito:
a) A contagem, na categoria de origem, do tempo de serviço prestado, para todos
os efeitos legais;
b) A ser opositor aos concursos de pessoal de funcionalismo público para os
quais preencha os requisitos legais.
6. No caso do disposto na aliena b) do número anterior, e sem prejuízo de um novo
acordo de cedência, o acordo especial extingue-se pelo provimento na sequência do con-
curso.
7. O regime previsto nos números 1, 4, 5 e 6 é aplicável, com as necessárias adapta-
ções, aos casos em que o funcionário passa a exercer funções no serviço a que pertence em
regime de contrato de trabalho.
8. A cedência não determina abertura de vaga e autoriza o serviço a afectar funcionário
em regime de contrato de trabalho pelo tempo da sua duração.
9. Ao regresso do funcionário ao serviço aplica-se o regime previsto para requisição.
Artigo 14º
Cedência especial para o sector privado
1. É ainda autorizado o acordo de cedência especial, nos termos do nº.1 do artigo 13º,
entre serviços da administração pública e pessoas colectivas de direito privado que prestam
serviços socialmente relevantes.
2. Tal acordo é precedido sempre, mediante requerimento do serviço cessionário, do
despacho do membro do governo responsável pelo sector da administração pública no qual
reconhece a especial relevância social dos serviços prestados pela pessoa colectiva de di-
reito privado cessionária.
3. A duração da cedência não pode ser superior a 5 (cinco) anos.
4. O tempo de serviço prestado em regime de contrato de trabalho na pessoa colectiva
cessionária não é contado na categoria de origem, sem prejuízo da reclassificação do fun-
cionário, ao regressar ao serviço, para enquadramento numa categoria superior, aplicando
com as necessárias adaptações a alínea b) do nº. 4 do artigo 11º do presente diploma.
5. É ainda aplicável à cedência especial para o sector privado, o disposto nos nºs 2, 3,
4, al. b) do nº. 5, 6 e 8, todos do artigo 13º.

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Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

CAPITULO III
Mobilidade Especial
SECÇÃO I
Procedimentos
Artigo 15º
Enumeração
1. Os funcionários dos serviços que sejam objecto de extinção, fusão e reestruturação
ou de racionalização de efectivos, podem ser sujeitos a instrumentos de mobilidade geral
ou de mobilidade especial, em conformidade com os procedimentos previstos nos artigos
16º a 22º do presente diploma.
2. O disposto no número anterior é igualmente aplicável quando o objecto das mo-
dalidades de reorganização de serviços sejam subunidades orgânicas que se integrem em
serviço ou dele dependam, e no caso de racionalização de efectivos, os recursos humanos
integrados no mesmo grupo de pessoal, na mesma carreira ou na mesma área funcional.
3. Para efeitos do presente capitulo, considera-se serviço integrador aquele que integre
atribuições ou competências transferidas de outro serviço ou pessoal que, por mobilidade
especial, lhe é reafecto.
4. Nos casos previstos nos n.ºs 1 e 2, e durante o decurso dos respectivos processos,
o regime da colocação em situação de mobilidade especial constante da presente Secção
não impede a opção voluntária por essa situação, desde que obtida anuência do dirigente
máximo do serviço.
Artigo 16.º
Procedimentos em caso extinção
1. O procedimento regulado no presente artigo aplica-se aos casos de extinção de ser-
viços.
2. O pessoal do serviço extinto que exerça funções noutro serviço em regime de co-
missão de serviço ou de instrumento de mobilidade geral, a título transitório, mantém-se
no exercício dessas funções, excepto se também este serviço tiver sido extinto ou nele tiver
sido sujeito a instrumento de mobilidade ou colocado em situação de disponibilidade.
3. O pessoal do serviço extinto que se encontre em qualquer situação de licença sem
vencimento mantém-se nessa situação, aplicando-se-lhe o respectivo regime e sendo colo-
cado em situação de mobilidade especial quando cessar a licença.
4. Concluído o processo de extinção, o membro do Governo responsável pela área em
que estava integrado serviço extinto aprova, por despacho publicado no Boletim Oficial,
a lista nominativa do pessoal que, não tendo obtido colocação por aplicação dos instru-
mentos de mobilidade geral e nem se encontrando em regime comissão de serviço ou de
instrumento de mobilidade geral, a título transitório, no serviço extinto ou noutro serviço, é

1022
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

colocado em situação de disponibilidade, que produz efeitos, sem prejuízo do disposto no


número anterior, na data daquela conclusão.
5. O exercício de funções a título transitório por parte do pessoal referido no nº. 2, pelo
prazo de 1 (um) ano após a extinção do serviço de origem, determina o provimento automá-
tico, caso não haja manifestação em contrário do interessado, em lugar vago no quadro de
pessoal do serviço onde exerce funções, com a natureza do vínculo e na carreira e categoria
que o funcionário tinha no serviço extinto, excepto quando, entretanto, tenha sido integrado
por tempo indeterminado em outro serviço.
6. Se não se mostrar possível proceder ao provimento em lugar do quadro de pesso-
al do serviço onde exerce funções, pode optar pelo provimento, em idênticas condições
previstas no número antecedente, no quadro de pessoal do serviço de gestão dos recursos
humanos do ministério em que o serviço extinto se integrava.
7. O disposto nos n.ºs 5 e 6 é apenas aplicável quando no serviço no qual o funcionário
vai ser provido, estejam previstas a sua categoria e carreira do serviço extinto.
8. Em caso contrário, por opção do interessado, o provimento automático opera-se
em lugar vago de carreira prevista no quadro de pessoal do serviço compatível com as
habilitações literárias e profissionais do funcionário, sendo este posicionado na categoria
determinada nos termos da lei geral.
9. Quando não seja exercida qualquer das opções previstas nos números anteriores,
bem como quando cesse o exercício de funções a título transitório, antes de decorrido 1
(um) ano após a extinção do serviço de origem, o funcionário é colocado, no termo do
exercício transitório de funções, em situação de disponibilidade.
Artigo 17º
Mobilidade geral em processo de extinção
1. No decurso do processo de extinção pode o funcionário do serviço em extinção pro-
mover a aplicação dos instrumentos de mobilidade geral previstos no presente diploma.
2. No decurso do processo de extinção não podem ser recusados os pedidos de mobi-
lidade geral formulados por outros serviços.
3. A mobilidade voluntária relativamente ao pessoal para execução das actividades do
serviço extinto que devam ser asseguradas até à extinção, produz efeitos na data em que se
conclua o respectivo processo.
4. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, o pessoal que exerça funções no
serviço extinto em regime de comissão de serviço ou de instrumento de mobilidade geral, a
título transitório, regressa ao serviço de origem ou cessa funções, conforme o caso, na data
da conclusão do processo.
Artigo 18°
Procedimento em caso de fusão
1. O procedimento regulado no presente artigo aplica-se aos casos de fusão de serviços.

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Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

2. O diploma que determina ou concretiza a fusão fixa os critérios gerais e abstractos


de selecção do pessoal necessário à prossecução das atribuições ou ao exercício das com-
petências transferidas e que deve ser reafecto ao serviço integrador.
3. Com a entrada em vigor do diploma orgânico do serviço integrador inicia-se o pro-
cedimento de reafectação de pessoal, devendo o dirigente máximo do serviço integrador
elaborar, ouvido o dirigente máximo do serviço extinto:
a) Lista de actividades e procedimentos que devem ser assegurados para a
prossecução e o exercício das atribuições e competências a transferir e para a
realização de objectivos, em conformidade com as disponibilidades orçamen-
tais existentes;
b) Lista dos postos de trabalho necessários para assegurar as actividades e pro-
cedimentos referidos na alínea anterior, por serviço, quando se justifique,
identificando a carreira e as áreas funcional, habilitacional e geográfica, quan-
do necessária com a respectiva fundamentação e em conformidade com as
disponibilidades orçamentais existentes;
c) Mapa comparativo entre o número de efectivos existentes no serviço extinto,
o número dos efectivos anteriormente afectos à prossecução das atribuições
ou ao exercício das competências transferidas e o número de postos de tra-
balho referido na alínea anterior.
4. As listas e o mapa referidos no número anterior são apresentados, para aprovação,
ao membro do Governo de que dependa o serviço integrador, bem como aos membros do
Governo responsáveis pelas Finanças e pela Administração Pública.
5. As listas referidas nos números anteriores, após aprovação, são publicitadas em
locais próprios do serviço que se extingue, após o que se iniciam as operações de selecção
de pessoal a reafectar quando o número de postos de trabalho seja inferior ao número dos
efectivos anteriormente afectos a prossecução das atribuições ou ao exercício das compe-
tências transferidas.
6. Para selecção do pessoal a reafectar aplica-se o método referido no artigo 23º.
Artigo 19.º
Situação do pessoal a reafectar em caso de fusão
1. Nos casos previstos no artigo anterior, o pessoal a reafectar seleccionado, quando
necessário, é reafecto ao serviço integrador, com efeitos à data que seja fixada no despacho
do dirigente máximo desse serviço que procede à reafectação.
2. É aplicável ao pessoal que exerça funções no serviço extinto o disposto nos nºs 2 e
3 do artigo 16º e no nº 4 do artigo 17º.
3. O pessoal do serviço extinto que, cumulativamente, não seja reafecto nos termos do
n.º 1 e não se encontre na situação prevista nos nºs 2 e 3 do artigo 16º e no nº 4 do artigo 17º,

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Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

é colocado em situação de disponibilidade, por lista nominativa aprovada pelo membro do


Governo responsável pela Administração Pública, a publicar no Boletim oficial, que pro-
duz efeitos, sem prejuízo do disposto no número anterior na data da reafectação do restante
pessoal ao servido integrador.
4. Após a reafectação referida no n.º 1, o procedimento referido no artigo 23º pode ser
aplicado ao restante pessoal do serviço integrador.
5. É correspondentemente aplicável o disposto nos n.º 5 a 9 do artigo 16º.
Artigo 20.º
Procedimento na reestruturação sem transferência
de atribuições e competências
1. Com a entrada em vigor do acto que procede à reestruturação do serviço, sem trasn-
ferência de atribuições e competências para outros serviços, o dirigente máximo do serviço
elabora as listas previstas nas alíneas a) e b) do nº 3 do artigo 18º e o mapa comparativo
entre o número de efectivos existentes no serviço e o número de postos de trabalho referido
nessa mesma alínea b).
2. As listas e o mapa referidos no número anterior são apresentados, para aprovação,
ao membro do Governo de que dependa o serviço, bem como aos membros do Governo
responsáveis pelas Finanças e pela Administração Pública.
3. Quando o número de postos de trabalho seja inferior ao número de efectivos exis-
tentes no serviço, o pessoal é colocado em situação de disponibilidade.
4. Para efeitos do número anterior, inclui-se nos efectivos existentes no serviço o pes-
soal que ali exerça funções, a qualquer dos títulos referidos no n.º 2 do artigo 16º, deles se
excluindo o pessoal mencionado no nº 3 do mesmo artigo 16º e no nº 4 do artigo 17º.
5. Para selecção do pessoal a colocar em situação de disponibilidade aplica-se o méto-
do referido no artigo 23º.
Artigo 21º
Procedimento na reestruturação com transferência
de atribuições e competências
1. O diploma que determina ou concretiza a reestruturação de serviços com transferên-
cia de atribuições ou competências para serviços diferentes deve fixar os critérios gerais e
abstractos de selecção do pessoal necessário à prossecução das atribuições ou ao exercício
das competências transferidas e que deve ser reafecto ao serviço integrador.
2. Com a entrada em vigor do diploma orgânico do serviço integrador inicia-se o pro-
cedimento de reafectação de pessoal, devendo o dirigente máximo do serviço integrador,
ouvido o dirigente máximo do serviço reestruturado, dar cumprimento ao disposto na pri-
meira parte do n.º 1 e ainda elaborar o mapa comparativo entre o número de efectivos exis-

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Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

tentes no serviço reestruturado, o número de efectivos anteriormente afectos a prossecução


das atribuições ou ao exercício das competências transferidas e o número de postos de
trabalho referido na alínea anterior.
3. As listas e o mapa referidos no número anterior são apresentados, para aprovação,
ao membro do Governo de que depende o serviço integrador, bem como aos membros do
Governo responsáveis pelas Finanças e pela Administração Pública.
4. As listas referidas nos números anteriores, após aprovação, são publicitadas em
locais próprios do serviço reestruturado, e, de seguida, iniciam-se as operações de selecção
do pessoal a reafectar quando o número de postos de trabalho seja inferior ao número dos
efectivos anteriormente afectos à prossecução das atribuições ou ao exercício das compe-
tências transferidas.
5. Para selecção do pessoal a reafectar aplica-se o método referido no artigo 23º.
6. O pessoal a reafectar, seleccionado, quando necessário, pelas operações e método
referidos nos números anteriores, é reafecto ao serviço integrador com efeitos à data que
seja fixada no despacho conjunto dos dirigentes máximos dos serviços integrador e reestru-
turado que proceda à reafectação.
7. Após a reafectação, o procedimento referido no artigo seguinte pode ser aplicado ao
restante pessoal do serviço reestruturado, bem como ao do serviço integrador.
Artigo 22º
Procedimento em caso de racionalização de efectivos
1. O procedimento regulado no presente artigo aplica-se aos casos de racionalização
de efectivos.
2. Com a entrada em vigor da decisão que determina a racionalização de efectivos, o
dirigente máximo do serviço elabora as listas e o mapa previstos no n.º 2 do artigo anterior.
3. As listas e o mapa referidos no número anterior são apresentados, para aprovação,
ao membro do Governo de que dependa o serviço, bem como aos membros do Governo
responsáveis pelas Finanças e pela Administração Pública.
4. Quando o número de postos de trabalho seja inferior ao número de efectivos existen-
tes no serviço, há lugar à colocação de pessoal em situação de disponibilidade.
5. É correspondemente aplicável o disposto no nº 4 do artigo do artigo 20º.
6. No caso referido no n.º 4, a aprovação dos membros do Governo referida no n.º 3
equivale ao acto de reconhecimento do desajustamento do pessoal afecto ao serviço às suas
necessidades permanentes ou à prossecução dos seus objectivos.
7. Para selecção do pessoal a colocar em situação de mobilidade especial aplica-se o
critério referido no artigo 23º.

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Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

Artigo 23º
Métodos de selecção
1. Para selecção do pessoal a reafectar ou a colocar em situação de disponibilidade,
aplica-se o seguinte critério:
a) Avaliação do desempenho dos últimos dois anos;
b) Habilitação adequada às funções a desempenhar;
c) Formação e qualificação profissional adequada às funções a desempenhar.
2. O procedimento de selecção é aberto por despacho do dirigente responsável pelo
processo de reorganização, o qual fixa o universo de pessoal a ser abrangido e o seu âmbito
de aplicação, bem como os prazos para a sua condução e conclusão e a fórmula de pondera-
ção, sendo publicitadas em locais próprios previamente anunciados, as listas nominativas,
por ordem decrescente de resultados.
3. Em caso de empate, o pessoal é ordenado em função de antiguidade, sucessivamen-
te, na categoria, na carreira e na função pública, da maior para a menor antiguidade.
4. A identificação e ordenação de pessoal são feitas em função do âmbito fixado nos
termos do n.º 2, distinguindo as situações de funcionário em regime de carreira do funcio-
nário em regime de emprego.
5. O resultado final de cada funcionário e o seu posicionamento na respectiva lista são
lhes dados a conhecer por documento escrito.
6. A reafectação do pessoal segue a ordem constante das listas, começando-se pelas
que dizem respeito aos funcionários em regime de carreira e, esgotadas estas, recorrendo-se
aos outros funcionários de forma que o número de efectivos que sejam reafectos correspon-
da ao número de postos de trabalho identificados.
7. A colocação de pessoal em situação de disponibilidade segue a ordem inversa da
constante das listas, começando-se pelas que dizem respeito aos funcionários em regime
de emprego e, esgotadas estas, recorrendo-se à respeitantes aos funcionários em regime de
carreira, de forma que o número de efectivos que se mantenham em exercício de funções
corresponda ao número de postos de trabalho identificados.
8. Na falta de avaliação do desempenho ou insuficiência das demais informações
previstas no n.º 1, nomeia-se um júri para efeitos de selecção, que integra sempre os
dirigentes dos serviços objecto de extinção, fusão, reestruturação e do pessoal objecto
de racionalização.
9. Para efeitos do disposto no número anterior os dirigentes que integram o júri devem
fornecer informações detalhadas e por escrito sobre as funções de cada funcionário e o grau
de desempenho, na base das quais o júri delibera.

1027
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

SECÇÃO II
Reafectação
Artigo 24º
Regime
1. A reafectação consiste na integração de funcionário em outro serviço, a título tran-
sitório ou por tempo indeterminado, neste caso em lugar vago nos termos previstos nos
artigos 17.º e 18.º
2. A reafectação é feita sem alteração de vínculo e, sendo o caso, de instrumento de
mobilidade ao abrigo do qual o funcionário exercia transitoriamente funções, operando-se
para a mesma carreira e categoria.
SECÇÃO III
Colocação em situação de disponibilidade
Artigo 25º
Forma de colocação em situação de disponibilidade
1. Sem prejuízo do disposto nos n.ºs 1 e 2 do artigo 15º, n.ºs 4 e 5 do artigo 16º e nos
nºs 2, 3 e 5 do artigo 19º, a colocação em situação de disponibilidade, faz-se por lista nomi-
nativa que indique o vinculo, carreira e categoria dos funcionários, aprovada por despacho
do dirigente responsável pelo processo de reorganização, e publicada no Boletim Oficial.
2. Sem prejuízo das disposições legais ressalvadas no número anterior, a lista nomina-
tiva produz efeitos no dia seguinte ao da sua publicação.
Artigo 26°
Processo
O pessoal colocado em situação de disponibilidade é enquadrado num processo que
compreende as seguintes fases:
a) Fase de transição;
b) Fase de requalificação;
c) Fase de compensação.
Artigo 27 º
Fase de transição
1. A primeira fase, que corresponde à fase de transição, decorre num período de 6
(seis) meses, seguidos ou interpolados, após a colocação do funcionário em situação de
disponibilidade.
2. A fase de transição destina-se a permitir que o funcionário reinicie funções ou que
a Direcção Geral da Administração Pública proceda às diligências necessárias para efeitos
da sua reafectação.

1028
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

3. Durante a fase de transição o funcionário mantém a remuneração base mensal cor-


respondente à categoria detida no serviço de origem.
Artigo 28º
Fase de requalificação
1. A fase de requalificação decorre durante o prazo de vinte e quatro meses, seguidos
ou interpolados, após a fase de transição.
2. A fase referida no número anterior destina-se a reforçar as capacidades profissionais
do funcionário criando melhores condições de empregabilidade e de reinício de funções
podendo envolver a orientação profissional e o apoio ao reinício de funções.
3. Durante a fase de requalificação o funcionário aufere remuneração no valor de cinco
sextos da remuneração base mensal correspondente à categoria detida no serviço de ori-
gem.
Artigo 29º
Fase de compensação
1. A fase de compensação decorre por tempo indeterminado, após a fase de requalifi-
cação.
2. A fase de compensação visa apoiar o funcionário cujo reinício de funções não tenha
ocorrido em fases anteriores, podendo envolver frequência de acções de formação profis-
sional.
3. Durante a fase de compensação o funcionário aufere remuneração no valor de qua-
tro sextos da remuneração base mensal correspondente à categoria detida no serviço de
origem.
Artigo 30º
Formação profissional
1. Na situação de disponibilidade o funcionário pode beneficiar de formação profis-
sional por iniciativa da Administração Pública com vista à sua capacitação para o reinício
de funções.
2. O processo de formação profissional envolve sempre a audição do interessado, a
identificação das suas capacidades, motivações e vocações, a orientação profissional, e a
elaboração e execução de um plano de requalificação.
Artigo 31º
Cessação e suspensão do vínculo
1. Cessa o regime de disponibilidade e o consequente procedimento, em relação a cada
funcionário, quando:
a) Reinicie o exercício de funções em qualquer serviço por tempo indetermi-
nado;

1029
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

b) Se aposente;
c) Se desvincule voluntariamente mediante compensação, ou mediante uma
compensação articulada com um programa de inserção no mercado de tra-
balho privado;
d) Beneficie de aposentação antecipada ou pré-aposentação; ou
e) Seja punido com pena disciplinar expulsiva da Administração Publica.
2. O regime e o consequente procedimento previsto no número anterior suspendem-se,
em relação a cada funcionário, quando:
a) Reinicie o exercício de funções a título transitório;
b) Passe à situação de licença extraordinária.
3. Quando cessar qualquer das situações previstas no número anterior, o funcionário é
recolocado na fase e no momento em que se encontrava quando a iniciou, salvo se durante
aquele período tenha sido integrado em serviço.
SECÇÃO III
Situação de disponibilidade
Artigo 32º
Princípios
1. O pessoal em situação de disponibilidade mantém, sem prejuízo de ulteriores alte-
rações, a natureza do vínculo, carreira e categoria detidas, no serviço de origem, à data da
colocação naquela situação.
2. Para efeitos do disposto no número anterior, não são considerados os cargos, catego-
rias ou funções exercidos a título transitório, designadamente em regimes de comissão de
serviço, de requisição, de afectação específica ou de estágio de ingresso em carreira, bem
como em comissão de serviço para ingresso no quadro.
3. O pessoal em situação de disponibilidade não perde essa qualidade quando exerça
funções a título transitório, designadamente através dos instrumentos aplicáveis de mobi-
lidade geral, ou em cargo ou função que, legalmente, só possam ser exercidos transitoria-
mente.
Artigo 33º
Direitos
1. O pessoal em situação de disponibilidade que não se encontre no exercício de fun-
ções tem direito:
a) À remuneração mensal fixada nos termos da Secção anterior e do artigo 36º;
b) Às prestações sociais, nos termos legais aplicáveis;
c) Às licenças, nos termos legais aplicáveis;

1030
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

d) À protecção social, nos termos legais aplicáveis;


e) De apresentação a concurso para provimento em cargo, categoria ou carreira
para que reúna os requisitos legalmente fixados;
f) À frequência de cursos de formação profissional;
g) A orientação para o reinício funções no mercado de trabalho.
2. O tempo de permanência em situação de disponibilidade, para além de considerado
para efeitos de aposentação, é-o também para efeitos de antiguidade na função pública, na
carreira e na categoria.
3. Para efeitos de cálculo da pensão de aposentação ou de sobrevivência, considera-se
a remuneração auferida pelo funcionário nos termos da alínea a) do n.º 1, excepto se optar
pelo desconto e cálculo relativos a remuneração, relevante para aqueles efeitos, que auferi-
ria se se encontrasse no exercício de funções.
4. O pessoal em situação de disponibilidade que se encontre a exercer funções a titulo
transitório goza dos direitos conferidos ao pessoal com idênticas funções da entidade para
a qual presta serviço, bem como, sendo o caso, dos previstos nas alíneas f) e g) do n.º 1 e
no n.º 2 .
5. O pessoal em situação de disponibilidade que não se encontre no exercício das suas
funções sempre que se ausentar do concelho da sua residência habitual por um período
superior a 10 (dez) dias deve comunicar previamente e por escrito à entidade gestora da
mobilidade.
Artigo 34°
Deveres do pessoal em situação de disponibilidade
1. O pessoal em situação de disponibilidade que não se encontre no exercício de fun-
ções mantém os deveres inerentes ao funcionalismo público com excepção dos que se
relacionem directamente com o exercício de funções.
2. Ao referido pessoal é vedado o exercício de qualquer actividade profissional remu-
nerada, excepto nas modalidades e condições previstas na Secção VI ou quando tenha sido
previamente autorizado, nos termos legais aplicáveis.
3. A violação do disposto no número anterior constitui infracção disciplinar grave,
punível com a pena de demissão, a aplicar mediante procedimento disciplinar.
4. O pessoal referido no n.º 1, tem o dever de ser opositor ao procedimento de selec-
ção referido no artigo 33.º e dele não desistir injustificadamente, desde que se verifiquem
cumulativamente as seguintes condições:
a) Seja aberto para categoria não inferior a que detenha no momento da candi-
datura;

1031
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

b) Tratar-se de serviço situado no concelho do seu anterior local de trabalho ou


da sua residência ou em concelho relativamente ao qual se observem as con-
dições previstas no n.º 5 do artigo 5.º sem prejuízo do disposto no seu n.º 6.
5. O pessoal em situação de disponibilidade tem ainda o dever de comparecer aos ac-
tos e diligências para aplicação dos métodos de selecção para reinício de funções para que
for convocado, bem como o de frequentar as acções de formação profissional para que for
indicado.
6. Aquele pessoal tem ainda o dever de aceitar o reinício de funções, a qualquer título
e em qualquer das modalidades previstas na Secção VI, verificadas as condições referidas
no n.º 4.
7. A desistência injustificada do procedimento de selecção ao qual aquele pessoal é
opositor obrigatório e a recusa não fundamentada de reinício de funções em serviço deter-
minam, precedendo audiência do interessado:
a) A redução em 25 (vinte e cinco) pontos percentuais da percentagem aplicada
para determinação da remuneração auferida, à data da primeira desistência ou
recusa;
b) A passagem a situação de licença sem vencimento de longa duração, à data da
segunda desistência ou recusa.
8. As faltas aos actos e diligências para aplicação de métodos de selecção para rei-
nício de funções nos termos do artigo 39º, quando o funcionário tenha sido regularmente
convocado, e que não sejam justificadas com base no regime geral de faltas, as recusas in-
justificadas de reinício de funções em organismos diferentes dos serviços ou de frequência
de acções de formação profissional, bem como a desistência sem justa causa no decurso
destas, determinam, precedendo procedimento simplificado:
a) A redução em 10% (dez por cento) da remuneração auferida, à data da pri-
meira falta, recusa ou desistência;
b) A redução em 20% (vinte por cento) da remuneração auferida, à data da seg-
unda falta, recusa ou desistência;
c) A redução em 30% (trinta por cento) da remuneração auferida, à data da ter-
ceira falta, recusa ou desistência;
d) A passagem a situação de licença sem vencimento de longa duração, nos ter-
mos gerais da lei, à data da quarta falta, recusa ou desistência.
9. As reduções referidas nos números anteriores produzem efeitos a partir do 1.º dia do
mês seguinte àquele em que foram determinadas.
10. O referido pessoal tem o dever de comunicar ao serviço a que se encontra afecto
qualquer alteração relevante da sua situação, designadamente no que se refere a obtenção
de novas habilitações académicas ou qualificações profissionais ou a alteração do seu local
de residência permanente.

1032
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

11. O pessoal em situação de disponibilidade que se encontre a exercer funções a título


transitório está sujeito aos deveres do pessoal com idênticas funções em organismos para
os quais presta serviço, bem como aos previstos nos n.º 4 e seguintes, quando sejam sus-
ceptíveis de fazer cessar a situação de disponibilidade.
Artigo 35º
Alteração e garantia da remuneração
1. A remuneração base mensal considerada para efeitos do cálculo da remuneração
prevista nos artigos 27º, 28º e 29º está sujeita a actualização nos termos do pessoal em
efectividade de serviço.
2. A remuneração prevista nos artigos 27º, 28º e 29º, reduzida por aplicação do dispos-
to nos n.ºs 7 e 8 do artigo 34º, substitui, para efeitos de cálculo da remuneração nas fases
seguintes do processo, a remuneração base mensal correspondente à categoria detida no
serviço de origem.
3. Em qualquer caso, a remuneração não pode ser inferior ao salário mínimo praticado
na Administração Pública.
SECÇÃO V
Licença extraordinária
Artigo 36º
Regime
1. O pessoal em situação de disponibilidade pode requerer licença extraordinária nos
termos dos números seguintes.
2. A duração da licença extraordinária é fixada caso a caso, em conformidade com o
requerido, não podendo ser inferior a 1 (um) ano.
3. Independentemente da sua duração, o funcionário pode fazer cessar a situação de
licença passado o primeiro ano, sendo, nesse caso, colocado na fase de compensação, inde-
pendentemente do tempo tido em situação de disponibilidade.
4. Sem prejuízo do disposto nos números seguintes, na situação de licença o pessoal
não goza dos direitos e não está sujeito aos deveres previstos, respectivamente, nos artigos
33º e 34°.
5. No decurso da licença, o funcionário tem direito a uma subvenção mensal, abonada
12 (doze) vezes por ano, de valor correspondente às seguintes percentagens da remunera-
ção ilíquida que auferiria durante o processo em situação de disponibilidade se não tivesse
requerido a licença:
a) 70% (setenta por cento) durante os primeiros 5 (cinco) anos;
b) 60% (sessenta por cento) do 6.º (sexto) ao 7.° (sétimo) ano;
c) 50% (cinquenta por cento) a partir do 8º (oitavo) ano.

1033
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

6. Para efeitos de contagem dos períodos de tempo referidos no número anterior adi-
ciona-se a duração de todas as licenças extraordinárias que o funcionário tenha gozado.
7. Se, no momento em que requerer a licença, a remuneração estiver reduzida por apli-
cação do disposto nos n.ºs 7 a 9 do artigo 34º, é tomada em conta apenas durante o período
de 1 (um) ano, para base de cálculo da subvenção mensal.
8. Na situação de licença, o funcionário apenas pode exercer actividade profissional
remunerada fora das modalidades previstas nos artigos 37º e 39º.
9. O exercício de qualquer actividade profissional remunerada fora das modalidades
previstas nos artigos 37º a 39º constitui infracção disciplinar grave, punível com pena de
demissão, a aplicar mediante procedimento disciplinar.
10. O exercício de actividade a que se refere o número anterior faz incorrer quem o
autorizou em responsabilidade civil e, sendo o caso, disciplinar, constituindo infracção
disciplinar grave, punível com pena de demissão ou de cessação da comissão de serviço,
ou equiparadas, a aplicar mediante procedimento disciplinar.
11. Ao pessoal em situação de licença extraordinária é aplicável, para efeitos de pro-
tecção social designadamente de aposentação e assistência médica e medicamentosa o re-
gime do pessoal em situação de licença sem vencimento de longa duração podendo, porém,
fazer a opção a que se refere a excepção prevista no n.º 3 do artigo 33º.
12. A concessão da licença extraordinária compete aos membros do Governo respon-
sáveis pelas Finanças e pela Administração Pública.
SECÇÃO VI
Destino do pessoal em situação de disponibilidade
Artigo 37º
Reinício de funções em serviço
1. O pessoal em situação de disponibilidade pode reiniciar funções em qualquer ser-
viço, a título transitório ou por tempo indeterminado, desde que reúna os requisitos legal-
mente fixados para o efeito.
2. Quando não se trate de cargo ou função que legalmente, só possam ser exercidos
transitoriamente, o exercício de funções a título transitório pelo prazo de 1 (um) ano de-
termina, por opção do interessado, a sua conversão automática em exercício por tempo
indeterminado, em lugar vago, ou a criar e a extinguir quando vagar, do quadro de pessoal
do serviço onde exerce funções com a natureza do vínculo e na carreira e categoria que o
funcionário detinha na origem.
Artigo 38º
Selecção para reinício de funções em serviço
1. A selecção de pessoal em situação de disponibilidade para reinício de funções em
serviço, a título transitório ou por tempo indeterminado, é efectuada através de adequado
procedimento.

1034
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

2. O procedimento inicia-se com a publicitação da abertura de concurso por despacho


do dirigente máximo do serviço que fixa:
a) O número de efectivos de pessoal a recrutar por carreira, ou por categoria
quando necessário, e por áreas funcional, habilitacional e geográfica, quando
exigíveis, e outros requisitos de candidatura, neles sempre incluindo a possi-
bilidade de reclassificação e reconversão profissional, observando o disposto
no artigo 41º;
b) Os métodos e critérios de selecção;
c) A composição dos júris de selecção;
d) Os prazos do procedimento.
Artigo 39º
Reinício de funções em empresas
1. O pessoal em situação de disponibilidade pode reiniciar funções em empresas pú-
blicas, empresas de utilidade pública ou em empresas privadas que prestam serviços so-
cialmente relevantes.
2. Nas situações previstas no número anterior, o funcionário tem direito à remuneração
correspondente à categoria detida no serviço de origem, à data da colocação em situação
de disponibilidade, competindo ao serviço a que esteja afecto assegurar 70% (setenta por
cento) dessa remuneração e à empresa o montante remanescente.
3. Naquelas situações, compete à empresa assegurar o pagamento da diferença, caso
a haja, entre a remuneração a que o funcionário tem direito e a remuneração auferida pelo
respectivo pessoal com idênticas funções.
4. A retenção na fonte para efeitos de imposto único sobre o rendimento e os descontos
da taxa social única, são efectuados pelo serviço a que esteja afecto com base na remune-
ração total auferida pelo funcionário.
5. O exercício de funções nos termos do n.º l tem a duração não superior a 2 (dois)
anos.
6. O reinício de funções nos termos do n.º 1 tem lugar por iniciativa do funcionário, da
pessoa colectiva interessada, do serviço a que aquele esteja afecto ou da entidade gestora
da mobilidade.
7. Ao pessoal em situação de disponibilidade em exercício de funções em empresas
públicas ou privadas é aplicável o disposto no n.º 3 do artigo 31º.
Artigo 40º
Decisão de reinício de funções
Compete à entidade gestora da mobilidade, ouvido o funcionário, tomar a decisão final
de reinício de funções em qualquer das modalidades previstas no artigo 39º.

1035
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

Artigo 41º
Reclassificação e reconversão
O pessoal em situação de disponibilidade pode reiniciar funções, ao abrigo do artigo
11º, desde que haja autorização dos membros do Governo responsáveis pela Administração
Pública e do serviço integrador que dispense a selecção prevista no artigo 38º.
Artigo 42º
Aposentação antecipada e pré-aposentação
O funcionário em situação de disponibilidade pode optar pela aposentação antecipada
ou pré-aposentação reunidos os requisitos legais previstos nos artigos 80º a 83º da Lei n.º
42/VII/2009, de 27 de Julho, que estabelece as bases da Função Pública, sem prejuízo do
disposto em lei especial.
Artigo 43º
Desvinculação voluntária
O funcionário em situação de disponibilidade pode optar pela desvinculação da Ad-
ministração Pública, por mútuo acordo, mediante compensação ou mediante compensação
articulada com um programa de inserção no mercado de trabalho privado, a definir em
diploma próprio.
SECÇÃO VII
Gestão do pessoal em situação de disponibilidade
Artigo 44º
Afectação
1. O pessoal em situação de disponibilidade é afecto ao serviço de gestão dos recursos
humanos do ministério em que se integrava o último serviço no qual exerceu funções.
2. Compete ao serviço da gestão dos recursos humanos referido no número anterior:
a) Proceder ao pagamento das remunerações e eventuais suplementos; e
b) Praticar os demais actos de administração relativos àquele pessoal.
Artigo 45º
Entidade gestora de mobilidade
1. A entidade gestora da mobilidade é a Direcção Geral da Administração Pública.
2. À entidade gestora da mobilidade especial compete, designadamente:
a) Promover ou acompanhar estudos de avaliação das necessidades de recursos
humanos da Administração Publica;
b) Acompanhar e dinamizar o processo relativo ao pessoal em situação de mo-
bilidade especial, seguir e zelar pela aplicação de critérios de isenção e trans-

1036
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

parência e procurar assegurar que o reinício de funções tenha lugar nas fases
mais precoces daquele processo, e designadamente:
i) Transmitir informações aos interessados quanto aos procedimentos de se-
lecção abertos;
ii) Promover oficiosamente a candidatura dos interessados aos procedimen-
tos de selecção referidos no artigo 38º quando se verifiquem as condições
previstas no n.º 4 do artigo 34º, independentemente do cumprimento do
correspondente dever que sobre ele recai;
iii) Promover a sua capacitação dos interessados para o reinício de funções
nos termos do artigo 30º.
c) Fiscalizar o cumprimento do disposto no artigo 46º;
d) Fiscalizar a aplicação dos critérios de legalidade, isenção e transparência na
execução dos procedimentos de selecção referidos no artigo 38º designada-
mente efectuando as necessárias acções de auditoria aos serviços;
e) Praticar, quando necessário nos termos da presente lei, os actos relativos ao
reinício de funções e à cessação de funções exercidas a título transitório;
f) Informar os serviços dos recursos humanos da prática dos actos referidos na
alínea anterior relativamente ao pessoal que lhes esteja afecto.
CAPÍTULO VI
Disposições finais e transitórias
Artigo 46 °
Procedimento prévio de recrutamentos
1. Nenhum serviço da administração directa e indirecta do Estado e da administração
autárquica incluindo a sua administração indirecta, pode recrutar pessoal por tempo inde-
terminado que não se encontre integrado no quadro e na carreira para os quais se opera o
recrutamento, antes de executado o procedimento referido no artigo 38º.
2. Não é aplicável o disposto no número anterior quando não exista pessoal em situa-
ção de disponibilidade:
a) Na carreira ou categoria em causa, conforme os casos;
b) Em carreira ou categoria diferentes, que permita a satisfação da necessidade
de efectivos através do recurso à reclassificação ou reconversão profissional.
3. O recrutamento de pessoal que segue o previsto no n.º 1 faz referência à data em que
ocorreu a publicação da lista do pessoal em situação de disponibilidade.
4. O recrutamento de pessoal não antecedido do previsto no n.º l faz referência à data
em que se verificou a inexistência referida no n.º 2.

1037
Decreto-Lei nº 54/2009, de 7 de Dezembro

Artigo 47º
Sucessão nas atribuições
1. Os contratos de trabalho celebrados por entidades públicas transmitem-se aos sujei-
tos que venham a prosseguir as respectivas atribuições nos termos previstos para a trans-
missão de empresa ou de estabelecimento.
2. O disposto no número anterior aplica-se, nomeadamente, nos casos em que haja
transferência de responsabilidade pela gestão do serviço público para entidades privadas
sob qualquer forma.
3. No caso de transferência ou delegação de parte e atribuições da pessoa colectiva
para outras entidades, apenas se transmitem os contratos de trabalho afectos às actividades
respectivas.
Artigo 48º
Extinção da pessoa colectiva pública
A extinção da pessoa colectiva pública a que o trabalhador se encontra vinculado de-
termina a caducidade dos contratos de trabalho nos termos da lei.
Artigo 49°
Revogação
É revogado o Decreto-Lei n.º 87/92, de 16 de Julho.
Artigo 50°
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros
José Maria Pereira Neves - Maria Cristina Lopes Almeida Fontes Lima - Cristina Isa-
bel Lopes da Silva Monteiro Duarte
Promulgado em 12 de Novembro de 2009
Publique-se
O Presidente da República, PEDRO DE VERONA RODRIGUES PIRES
Referendado em 16 de Novembro de 2009
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves

1038
Decreto nº 149/79, de 31 de Dezembro

DIREITOS DOS FUNCIONÁRIOS TRANSFERIDOS


Decreto nº 149/79
de 31 de Dezembro
Considerando que os funcionários públicos quando transferidos de uma localidade
para outra dentro do país, se vêm obrigados a efectuar despesas com o transporte das suas
bagagens.
Considerando o desequilíbrio financeiro e os variados problemas relacionados com a
instalação e adaptação ao novo meio, que o funcionário terá de enfrentar.
No uso da faculdade conferida pelo nº 3 do artigo 15º da Lei sobre a Organização Polí-
tica do Estado, de 5 de Julho de 1975, o Governo decreta e eu promulgo o seguinte:
Artigo 1º
1. Têm direito ao transporte e ao seguro das suas bagagens por conta do Estado, os
funcionários transferidos por motivo de serviço público.
2. Para efeitos deste diploma considera-se como bagagens o conjunto de bens móveis
que guarnecem a habitação do funcionário, assim como qualquer veículo automóvel de uso
pessoal.
Artigo 2º
O transporte das bagagens far-se-á utilizando a via «superfície», podendo em casos
especiais, devidamente justificados por despacho do secretário de Estado das Finanças, ser
autorizada a utilização de transporte aéreo.
Artigo 3º
1. Os funcionários transferidos de um concelho para outro, terão direito a um subsídio
único, para efeitos de reinstalação, no montante de:
a) Funcionários das categorias de A a E .... 6.000$00
b) Funcionários das categorias de F a I ...... 5.000$00
c) Funcionários das categorias de J a Z ..... 4.000$00
2. Por cada familiar, com direito ao abono de família, que acompanhe o funcionário,
acrescerá ao subsídio a quantia de 500$.
Artigo 4º
Quando a transferência abranja cônjuges funcionários, o subsídio será atribuído so-
mente a um deles.
Artigo 5º
Não têm direito a nenhuma das regalias previstas neste diploma, as transferências mo-
tivadas por:
a) Permuta de cargos a pedido próprio;
b) Pedido do interessado.

1039
Decreto nº 149/79, de 31 de Dezembro

Artigo 6º
As dúvidas ou casos omissos, serão resolvidos por despacho conjunto dos Secretários
de Estado da Administração Interna, Função Pública e Trabalho e das Finanças, ouvidos os
serviços competentes.
Artigo 7º
Este diploma entra imediatamente em vigor.
Pedro Pires – Abílio Duarte – Silvino da Luz – Carlos Reis – Herculano Vieira – João
Pereira Silva – Silvino Lima – David Almada.
Promulgado em 3 de Dezembro de 1979.
Publique-se.
O Presidente da República, ARISTIDES MARIA PEREIRA.

1040
Decreto-Lei nº 101-D/90, de 23 de Novembro

INCENTIVO PARA FIXAÇÃO NA PERIFERIA


Decreto-Lei nº 101-D/90
de 23 de Novembro
São conhecidas as carências com que se debatem, a matéria de recursos humanos, os
municípios e, de modo especial, aqueles que estão fora dos grandes centros populacionais
que representam as cidades da Praia e do Mindelo.
Essas carências tornam-se mais preocupantes e prementemente sentidas, agora, numa fase
em que se vão dando passos decisivos, com vista ao reforço e à autonomia do poder local e ao
alargamento do elenco de competências e responsabilidades cometidas aos municípios.
Urge, por isso, tomar medidas que incentivem a mobilidade dos funcionários dos qua-
dros da Administração Central para os municípios da periferia, nos termos do nº 3 do artigo
12 da Lei nº 47/III/89, de 13 de Julho, o que constitui objecto fulcral do presente diploma.
Nele se prevê um conjunto de incentivos de natureza pecuniária e não pecuniária, que
se pretende sejam motivadores da deslocação ou fixação nas zonas de periferia, e, simulta-
neamente, sejam exequíveis na perspectiva do seu suporte principal através dos respectivos
orçamentos municipais.
E opta-se também por prever a atribuição de tais incentivos de forma graduada, de molde a
tomar na devida consideração as reconhecidas diferenças de níveis de isolamento e qualidades
de vida e o poder atractivo que se verificam entre os vários municípios do País.
Nestes termos:
Ao abrigo da autorização legislativa concedida pelo nº 5 do artigo 1º da Lei nº 100/
III/90, de 27 de Outubro, o Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
(Âmbito de aplicação)
O presente diploma define os princípios gerais informadores de atribuição, cumulativa
ou isolada, de incentivos para a fixação na periferia aos funcionários dos quadros da Admi-
nistração Central do Estado que, em comissão ordinária de serviço, prestem serviços nos
municípios da periferia.
Artigo 2º
(Natureza de incentivos)
Os incentivos para a fixação na periferia podem ter a natureza pecuniária ou não pe-
cuniária.
Artigo 3º
(Incentivos de natureza pecuniária)
São incentivos de natureza pecuniária:
a) O subsídio de deslocação;

1041
Decreto-Lei nº 101-D/90, de 23 de Novembro

b) O subsídio para a fixação na periferia;


c) O subsídio de residência.
Artigo 4º
(Subsídio de deslocação)
1. O subsídio de deslocação visa compensar o pessoal deslocado das despesas emer-
gentes da mudança de residência para periferia e consiste em abono pecuniário para:
A cobertura das despesas de viagem do próprio e do respectivo agregado familiar;
Transporte por via superfície e seguro de móveis e bagagens.
2. O direito dos abonos para despesas de viagem do agregado familiar, bem como para
o transporte de móveis e bagagens cessa decorrido um ano após o início de funções de
funcionário na periferia.
3. O funcionário que se desloque para a periferia terá direito a faltar até cinco dias no
período imediatamente anterior ou posterior à viagem, correspondendo essa ausência a
prestação efectiva de serviço.
Artigo 5º
(Subsídio para a fixação na periferia)
O subsídio para a fixação na periferia corresponde a um suplemento remuneratório que
acresce ao vencimento mensal do lugar de origem do funcionário deslocado em função da
classificação de zona, nos termos deste diploma.
Artigo 6º
(Subsídio de residência)
1. O subsídio de residência será atribuído, em termos a regulamentar, ao funcionário
deslocado quando:
a) Não seja possível facultar-lhe casa do município;
b) Opte pela aquisição de habitação própria, ainda que seja possível dispor de
casa do município;
c) Habitando casa do município, venha a optar pela aquisição de casa própria.
2. O subsídio de residência não será atribuído quando o cônjuge do funcionário deslo-
cado beneficie de subsídio idêntico e dele não prescinda.
3. O direito à percepção do subsídio de residência cessa ao fim de seis anos de perma-
nência na periferia.
4. O montante do subsídio de residência será revisto anualmente.

1042
Decreto-Lei nº 101-D/90, de 23 de Novembro

Artigo 7º
(Graduação dos incentivos de natureza pecuniária)
A graduação dos incentivos de natureza pecuniária a atribuir pode variar em função do
município em que o serviço é prestado.
Artigo 8º
(Incentivos de natureza não pecuniária)
Os incentivos de natureza não pecuniária abrangem:
a) A garantia de transferência escolar dos filhos de qualquer dos cônjuges;
b) A preferência de colocação do cônjuge funcionário ou agente em serviço no
organismo sito na localidade do trabalho do funcionário deslocado, ou no con-
celho em que se integra aquela localidade;
c) A preferência a atribuir ao cônjuge não funcionário, em caso de igualdade de
classificação obtida em concurso face aos demais candidatos não vinculados
no sector público, no ingresso para serviço ou organismo sito na localidade de
trabalho do funcionário deslocado ou no concelho em que se integra aquela
localidade;
d) A concessão de facilidades para efeitos de frequência, de acções de formação
e aperfeiçoamento profissional.
Artigo 9º
(Definições das zonas)
Para efeitos do disposto no presente diploma são consideradas três zonas, A,B e C com
diferentes níveis de isolamento e qualidade de vida, poder atractivo e custo de vida.
Artigo 10º
(Período de garantia)
A atribuição dos incentivos referidos nos artigos 5º e 6º obriga ao exercício de funções
no respectivo município por períodos mínimos a fixar nos termos da regulamentação a este
diploma.
Artigo 11º
(Sanções)
A inobservância dos períodos de garantia a fixar nos termos do número anterior ou das
condições previstas no artigo 10º implica a reposição dos montantes recebidos a título de
subsídios para a fixação na periferia.
Artigo 12º
(Encargos)
A satisfação dos encargos decorrentes dos incentivos previstos nos artigos 5º e 6º é da
responsabilidade dos respectivos municípios.

1043
Decreto-Lei nº 101-D/90, de 23 de Novembro

Artigo 13º
(Regulamentação)
Por portaria conjunta do Primeiro- Ministro e dos Ministros da Administração Interna
e das Finanças serão estabelecidos:
a) Os municípios a integrar cada uma das zonas;
b) O regime e as condições de atribuição dos incentivos;
c) O valor ou valores de cada subsídio, quando for caso disso;
d) Os períodos mínimos a que se refere o artigo 10º.
Artigo 14º
(Vigência)
O presente diploma entra em vigor no dia 1 de Janeiro de 1991.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Pedro Pires – João Pereira Silva – Arnaldo França.
Promulgado em 23 de Novembro de 1990.
Publique-se.
O Presidente da República, ARISTIDES MARIA PEREIRA

1044
Decreto nº 112/90, de 8 de Dezembro

DESTACAMENTO DE POLICIAIS PARA PRESTAR


SERVIÇO AOS MUNICÍPIOS
Decreto nº 112/90
de 8 de Dezembro
O Decreto-Lei nº 52-A/90, de 4 de Julho, estabelece, no artigo 26º, atribuições aos
municípios no domínios da política, designadamente nas áreas de defesa e protecção da
saúde pública e do meio ambiente, de segurança na circulação de viaturas e peões nas vias
públicas, do respeito das normas de gestão urbanística e da garantia do abastecimento pú-
blico e defesa do consumidor.
Para a prossecução de tais atribuições, o referido diploma prevê a existência de corpos
de polícia municipal, cuja criação será da competência da assembleia municipal.
Até os municípios se encontrarem organizacionalmente aptos para, por si próprios,
assumirem plenamente tais atribuições, através de polícia municipal especializada na fis-
calização do cumprimento das posturas e regulamentos municipais, importa definir formas
adequadas de cooperação entre o Estado e os municípios no domínio da segurança interna,
de que o destacamento do pessoal com funções policiais para a prestação de serviços aos
municípios, a requisição destes, constitui uma simples emanação.
Com o presente diploma regula-se, assim, esse destacamento.
Procedeu-se à audição de todos os municípios de acordo com o artigo 21º da Lei nº 47/
III/89, de 13 de Julho.
Nestes termos,
No uso da faculdade conferida pelo artigo 77º da Constituição, o Governo decreta o
seguinte:
Artigo 1º
(Destacamento de pessoal com funções policiais)
1. Enquanto não for organizado o corpo de polícia municial, as Forças de Segurança
e Ordem Pública poderão destacar pessoal com funções policiais para prestar serviços aos
municípios, a pedido destes, no âmbito das atribuiçoes municipais de polícia.
2. O pessoal destacado nos termos do número anterior exercerá as suas funções em
regime de comissão ordinária de serviço e mantém todos os direitos inerentes à sua situa-
ção no quadro a que pertence, sendo da responsabilidade dos municípios o pagamento dos
vencimentos e outros encargos com o referido pessoal.
Artigo 2º
(Pedido de prestação de serviços)
1. Os municípios que pretendam a prestação dos serviços referidos no número um do
artigo antecedente deverão solicitá-lo ao Ministro da Administração Interna, através de

1045
Decreto nº 112/90, de 8 de Dezembro

exposição fundamentada, de que devem constar, além de outros elementos necessários à


apreciação do pedido, e descrição do circunstancialismo justificativo do mesmo, a defini-
ção de funções a cometer ao pessoal com funções policiais e o tempo durante o qual essas
funções serão exercidas.
2. A selecção do pessoal a destacar deverá ser feita de comum acordo entre o Comando
Geral da Forças de Segurança e Ordem Público e o respectivo município.
Artigo 3º
(Competência)
1. O destacamento de pessoal com funções policiais é da competência do Ministro da
Administração Interna, sob parecer favorável do Comando Geral das Forças de Segurança
e Ordem Pública.
2. O despacho que ordenar o destacamento será publicado no Boletim Oficial, devendo
dele constar o local de prestação de serviço e o termo da comissão.
3. A competência referida no número um poderá ser delegada no Comandante Geral
das Forças de Segurança e Ordem Pública.
Artigo 4º
(Duração do destacamento)
1. A duração do destacamento não poderá exceder quatro anos.
2. Os municípios poderão a todo o tempo prescindir do serviço requisitado, desde que
o cumuniquem com a antecedência mínima de 45 dias ao Comando-Geral das Forças de
Segurança e Ordem Pública.
3. Por convenência de serviço, o Comando-Geral das Forças de Segurança e Ordem
Pública poderá propôr a substituição, em qualquer altura, do pessoal destacado.
Artigo 5º
(Proibição de desempenho de funções diferentes)
1. O pessoal com funções policiais mantido nos municípios não pode, em caso algum,
desempenhar funções diferentes daquelas cujo exercício motivou o destacamento.
2. A inobservância do disposto no número anterior determina a cessação imediata da
comissão ordinária de serviço.
3. Afiscalização do disposto no número um compete ao Comando-Geral das Forças de
Segurança e Ordem Pública.
Artigo 6º
(Sujeição às leis da Polícia de Ordem Pública)
O pessoal destacado está sujeito ao Estatuto e aos regulamentos das Forças de Segu-
rança e Ordem Pública.

1046
Decreto nº 112/90, de 8 de Dezembro

Em situações de catástrofe, calamidade ou emergência o pessoal referido no número


anterior passa de imediato à dependência integral do comando com jurisdição na respectiva
área.
Artigo 7º
(Regulamentação)
O Ministro da Administração Interna regulamentará, por portaria, este diploma.
Artigo 8º
(Vigência)
Este diploma entra imediatamente em vigor.
Pedro Pires – João Pereira Silva – Arnaldo França – Eduardo Rodrigues – Eurico
Monteiro.
Promulgado em 27 de Novembro de 1990.
Publique-se.
O Presidente da República, ARISTIDES MARIA PEREIRA.

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Decreto nº 112/90, de 8 de Dezembro

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Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

6. FÉRIAS, FALTAS E LICENÇAS

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Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

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Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

FÉRIAS, FALTAS E LICENÇAS

Decreto-Lei nº 3/2010
de 8 de Março

O presente diploma legal sobre férias, faltas e licenças decorre, em primeira linha,
da Lei n.º 42/VII/2009, de 27 de Junho que define as bases em que assenta o regime da
Função Pública, que introduziu novas opções de políticas públicas para a Administração
Pública que necessitam, naturalmente, de serem desenvolvidas e concretizadas através de
novos instrumentos legislativos, mas também de outras alterações legislativas com impacto
directo no sistema de gestão dos recursos humanos do Estado, designadamente a Lei n.º
131/V/2001, de 22 de Janeiro, o Decreto-Lei n.º 21/2006, de 27 de Fevereiro, alterado pelo
Decreto-Lei n.º 40/2006, de 17 de Julho, o Decreto-Lei n.º 5/2004, de 16 de Fevereiro, alte-
rado pelo Decreto-Lei n.º 51/2005, de 25 de Julho, diplomas que regulam o novo modelo de
protecção social dos trabalhadores por conta de outrem, sejam eles do Estado ou do sector
privado, com soluções inovadoras nos pressupostos das prestações sociais, na gestão dos
recursos e nos circuitos e procedimentos.

Este diploma enquadra-se neste ambiente geral, não ignorando a possibilidade da


existência de um «número excessivo de funcionários, condicionar em grande medida as
acções de gestão racional, por falta de espaços condignos, de equipamentos, de materiais
e de recursos financeiros». Ciente desse facto, o Governo tem adoptado uma política de
congelamento para a generalidade das categorias da função pública. Ora, torna-se ainda
necessário evitar o empolamento dos efectivos por vias indirectas, através de processos
rígidos que impossibilitam ou agravam sobremaneira as opções de funcionários e agentes
em experimentarem outras soluções profissionais, ainda que não definitivas, naturalmente
que mediante regras e critérios que salvaguardem os interesses gerais do Estado.

A rigidificação de soluções, tanto em matéria de mobilidade em sentido estrito, como


em matéria de licenças, muitas vezes acarreta prejuízos para o próprio Estado, impondo aos
funcionários e agentes um leque demasiado restrito de opções profissionais.

No quadro da necessidade da criação de um ambiente de maior motivação e incentivo


para os funcionários, procedeu-se a significativas alterações no regime de faltas, adequando
as soluções às novas leis sobre essa matéria, especialmente a legislação sobre a segurança
social, mas também à própria realidade da Função Pública e do país.

Assim, nos termos dos artigos 71º a 73º da Lei nº 42/VII/2009, de 27 de Julho que
define as bases em que assenta o regime da Função pública;

No uso da faculdade conferida pela alínea c) do nº 2 do artigo 203º da Constituição, o


Governo decreta o seguinte:

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Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

CAPÍTULO I
Objecto e âmbito
Artigo 1º
Objecto e âmbito de aplicação
1. O presente diploma estabelece o regime de férias, faltas e licença dos funcionários da
Administração Pública.
2. O presente diploma aplica-se aos funcionários dos serviços civis da administração
central, da administração local autárquica e ainda aos funcionários dos institutos públicos
e de outras pessoas colectivas cujo estatuto de pessoal esteja expressamente sujeito ao re-
gime de direito público.
CAPÍTULO II
Férias
Artigo 2º
Direito a férias
1. O Direito a férias adquire-se com a constituição da relação jurídica de emprego
público.
2. O direito a férias deve efectivar-se de modo a possibilitar a recuperação física e psí-
quica dos funcionários e assegurar-lhes as condições mínimas de disponibilidade pessoal,
de integração na vida familiar e de participação social e cultural.
3. O pessoal abrangido pelo presente diploma tem direito em cada ano civil a um perí-
odo de 22 (vinte e dois) dias úteis de férias.
4. O direito a férias vence no dia 1 de Janeiro de cada ano e reporta-se, em regra, ao
serviço prestado no ano civil anterior.
5. O direito a férias é irrenunciável e imprescritível e o seu gozo efectivo não pode ser
substituído por qualquer compensação económica, ainda que com o acordo do interessado,
salvo nos casos expressamente previstos nos nº 7 e 8 do artigo 8º e n.º 3 do artigo 49º.
6. As férias podem ser gozadas em meios-dias, no máximo de 5 (cinco) meios-dias,
seguidos ou interpolados, por exclusiva iniciativa do funcionário ou por conveniência da
Administração Pública.
7. Durante as férias não pode ser exercida qualquer actividade remunerada, na Admi-
nistração Pública, salvo se a mesma já vinha sendo legalmente exercida.
Artigo 3º
Antecipação do gozo de férias referentes ao primeiro ano de serviço
No ano civil de ingresso, a partir dos 90 (noventa) dias de prestação efectiva de servi-
ço, o funcionário pode gozar antecipadamente 6 (seis) ou 5 (cinco) dias úteis de férias, por
cada 3 (três) meses completos de serviço até 31 de Dezembro desse ano.

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Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

Artigo 4º
Vencimento durante as férias
Durante o período de férias, o funcionário tem direito aos seus vencimentos certos,
como se encontrasse em serviço efectivo, mas não as gratificações, abonos por inerência
ou por acumulação.
Artigo 5º
Marcação das férias
1. As férias podem ser gozadas seguidas ou interpoladamente, não podendo ser goza-
das, seguidamente, mais dias úteis do que o previsto no n.º 3 do artigo 2º, sem prejuízo dos
direitos já adquiridos, pelo pessoal abrangido pelo presente diploma, nem, no caso de gozo
interpolado, um dos períodos ser inferior a 11 (onze) dias, salvo o disposto no artigo 3º.
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior e salvo os casos de conveniência de
serviço devidamente fundamentada, não pode ser imposto ao funcionário o gozo interpola-
do das férias a que tem direito.
3. As férias devem ser marcadas de acordo com os interesses das partes, sem prejuízo
de se assegurar, em todos os casos, o regular funcionamento dos serviços.
4. Até 31 de Janeiro de cada ano, devem os funcionários ou agentes indicar o período
do ano em que preferem gozar as férias.
5. Na falta de acordo, as férias são fixadas pelo dirigente competente para o período
entre 1 de Maio e 31 de Outubro.
6. Sem prejuízo do disposto no n.º 3, aos cônjuges e unidos de facto que trabalhem no
mesmo serviço ou organismo, é dada preferência na marcação de férias em período coin-
cidente.
Artigo 6º
Mapa de férias
1. Até 31 de Março de cada ano, os serviços devem elaborar o mapa de férias e dele dar
conhecimento aos respectivos funcionários.
2. Salvos os casos resultantes de conveniência de serviço, devidamente fundamentada,
o mapa de férias só pode ser alterado posteriormente a 31 de Março por acordo entre os
serviços e os interessados.
Artigo 7º
Gozo de férias
1. As férias devem ser gozadas no decurso do ano civil em que se vencem, salvo se, por
motivo de serviço, não puderem ser gozadas nesse ano, caso em que pode haver acumula-
ção de férias para o ano seguinte.
2. Por ocasião do gozo de férias, o funcionário deve indicar, sempre que possível, ao
respectivo serviço a forma como pode eventualmente ser contactado.

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Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

Artigo 8º
Suspensão e alteração de férias
1. As férias são suspensas por motivo de maternidade, paternidade ou adopção, poden-
do o seu gozo ter lugar em momento a acordar com o serviço.
2. As férias são igualmente, suspensas por doença, e para a assistência inadiável e
imprescindível a familiares doentes, situações em que se aplica, com as necessárias adap-
tações, o regime das faltas por doença.
3. Ultrapassado o prazo de 5 (cinco) dias úteis previsto no nº 2 do artigo 22º, as férias
são suspensas a partir da data da entrada no serviço do documento comprovativo da doença.
4. Os restantes dias de férias são gozados em momento a acordar com o dirigente do
serviço, até ao termo do ano civil imediato ao do regresso ao serviço.
5. Por razões imperiosas e imprevistas decorrentes do funcionamento do serviço, pode
ainda ser determinada a suspensão das férias por despacho fundamentado do dirigente que
autorizou o seu gozo, podendo o período correspondente à suspensão ser gozado, nos ter-
mos do número anterior.
6. A suspensão das férias dos dirigentes máximos dos serviços, nas condições previstas
no número anterior é determinada por despacho fundamentado do respectivo membro do
Governo.
7. Nos casos previstos nos nºs 5 e 6, o funcionário tem direito a ser compensado pro-
porcionalmente pelos dias de férias não gozados, sem prejuízo de outra compensação mais
elevada que, em face das circunstâncias, se impuser, desde que tal fique demonstrado de
forma inequívoca.
8. O disposto nos nºs 5 e 6 é aplicável às situações de adiamento de férias, por conve-
niência de serviço, para além de um ano.
Artigo 9º
Impossibilidade do gozo de férias
1. O disposto no n.º 4 do artigo anterior é aplicável aos casos em que o funcionário não
possa gozar, no respectivo ano civil, a totalidade ou parte de férias já vencidas nomeada-
mente por motivo de maternidade, paternidade, adopção ou doença.
2. O período de suspensão de férias, por motivo de maternidade, paternidade, adopção
ou doença, dá direito aos subsídios previstos na lei e ao vencimento parcial que corres-
ponde à diferença entre o vencimento líquido a que teria direito e o subsídio pago pela
previdência social.
3. Cabe ao serviço de administração dos recursos humanos da entidade onde está afec-
to o funcionário remeter oficiosamente as provas referentes à interrupção de férias ao Ins-
tituto Nacional da Previdência Social para efeitos de subsídio.

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Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

Artigo 10º
Férias em caso de cumprimento de serviço militar
Se o funcionário estiver a cumprir serviço militar obrigatório sem que tenha gozado
as férias vencidas, tem direito a gozar as respectivas férias no próprio ano de regresso ao
serviço, após a prestação do serviço militar.
Artigo 11º
Férias em caso de cedência especial para o sector privado
1. Se a cedência especial do funcionário, nos termos da mobilidade, ocorrer antes do
gozo de férias já vencidas, o gozo das mesmas resultam de acordo celebrado.
2. Na ausência de acordo, o funcionário tem direito a receber a remuneração corres-
pondente ao período de férias, bem como ao correspondente subsídio, caso houver.
Artigo 12º
Férias em caso de cessação definitiva de funções
1. Se a cessação definitiva de funções ocorrer antes do gozo de férias já vencidas, o
funcionário tem direito a receber a remuneração correspondente ao período de férias, bem
como ao correspondente subsídio, caso houver.
2. Se a cessação ocorrer antes de gozado, total ou parcialmente, o período de férias
vencido em 1 de Janeiro desse ano, o funcionário tem ainda direito à remuneração cor-
respondente ao período de férias relativo ao tempo de serviço prestado no ano em que se
verificar a cessação de funções.
3. O período de férias a que se referem os números anteriores, ainda que não gozado,
conta para efeitos de antiguidade, salvo disposição legal em contrário.
CAPÍTULO III
Faltas
Secção I
Disposições gerais
Artigo 13º
Conceito de falta
1. Considera-se falta a ausência do funcionário durante a totalidade ou parte do período
diário de presença obrigatória no serviço, bem como a não comparência no local a que o mesmo
deva apresentar-se por motivo de serviço.
2. No caso de horários flexíveis, considera-se ainda como falta o período de tempo em
débito apurado no final de cada período de aferição.
3. As faltas contam-se por dias inteiros, salvo quando a lei estabelecer regime
diferente.

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Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

4. A ausência por períodos inferiores ao período normal de trabalho é adicionada para de-
terminação dos períodos normais de trabalho diário em falta, nas seguintes condições:
a) São equiparados a meio período diário os tempos de ausência a ele inferiores;
b) São equiparados a um período diário os tempos de ausência superiores a meio
período diário.
Artigo 14º
Tipos de faltas
As faltas podem ser justificadas ou injustificadas.
Secção II
Faltas justificadas
Artigo 15º
Faltas justificadas
1. Consideram-se justificadas as seguintes faltas:
a) Até 6 (seis), por ocasião do casamento devendo o facto ser comunicado ao
superior hierárquico imediato do funcionário com uma antecedência mínima
de 15 (quinze) dias;
b) Até 8 (oito), por motivo de falecimento do cônjuge, unidos de facto ou de
parente ou afim no 1º grau da linha recta;
c) Até 3 (três), por falecimento de parente ou afim em qualquer outro grau da
linha recta e no 2º e 3º graus da linha colateral;
d) Até 3 (três) consecutivas, por motivo de doença comprovada por declaração
médica, ou de técnicos das instituições destinadas a reabilitar a toxicodepen-
dência ou alcoolismo, certificada pelo serviço respectivo;
e) Mais de 3 (três) e até 30 (trinta) consecutivas, por motivo de doença compro-
vada por atestado médico;
f) Duas por cada prova ou exame que o funcionário tenha que prestar, sendo
uma no dia da realização da prova e outra no dia imediatamente anterior, bem
assim as dadas na estrita medida das necessidades impostas pelas deslocações
para prestar provas de exame ou de avaliação de conhecimento;
g) As dadas para prestação de provas de concurso público no âmbito dos serviços
abrangidos pelo artigo 1º do presente diploma;
h) Duas por ocasião do nascimento de um filho, devendo o facto ser comunicado
ao serviço no próprio dia em que ocorrer o nascimento ou, excepcionalmente,
no dia seguinte, e justificada por escrito logo que o funcionário se apresente
ao serviço;

1056
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

i) As ocorridas durante o período de incapacidade de trabalho de funcionários ou


agentes vítimas de acidentes considerados de serviço;
j) Até 15 (quinze) por ano, para prestar assistência inadiável e imprescindível,
em caso de doença ou acidente, a membro do agregado familiar do funcioná-
rio;
k) As motivadas pelo tempo necessário para a doação de sangue;
l) As dadas pelos funcionários que pertençam a associações humanitárias, durante
os períodos necessários para ocorrer a incêndios ou a quaisquer outros acidentes
em que a sua presença seja exigida pelos regulamentos aplicáveis, devendo a jus-
tificação ser feita mediante apresentação da declaração da respectiva associação
no prazo de 48 (quarenta e oito) horas em que o funcionário esteve ocupado e bem
assim a indicação dos factos;
m) As motivadas pelo cumprimento de obrigações legais ou por imposição de
autoridade judicial, policial ou militar;
n) As dadas por motivo de prisão preventiva;
o) Um por mês por conta do período de férias, do próprio ano ou do seguinte, se
tiver já gozado as férias no ano em que ocorrerem as faltas;
p) As dadas no exercício do direito à greve;
q) As que forem prévia ou posteriormente autorizadas pelo dirigente, não poden-
do em caso algum ultrapassar 6 (seis) dias em cada ano civil e um dia por mês;
r) As que resultam do crédito de horas concedido aos representantes sindicais
dos funcionários nos mesmos termos da legislação laboral;
s) As não imputáveis ao funcionário, determinadas por facto qualificado como
calamidade pública pelo Conselho de Ministros, ou por motivos não previstos
no presente diploma que impossibilitem o cumprimento do dever de assidui-
dade ou o dificultem em termos que afastem a sua exigibilidade;
t) As dadas por maternidade ou paternidade e adopção;
u) As dadas para consultas pré-natais, podendo ser exigida a apresentação de
documento comprovativo da realização de consulta;
v) As dadas pelo praticante desportivo em regime de alta competição ao abrigo
do Decreto-Lei n.º 86/97, de 31 de Dezembro;
w) As dadas para participação em seminários, estudos e pesquisas.
2. No caso a que se referem as alíneas f) e g), pode o dirigente do serviço de que o
funcionário dependa, exigir a todo o tempo, prova da necessidade das referidas deslocações
e do horário das provas de exame ou de avaliação de conhecimentos.

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Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

3. Nos casos a que se refere a alínea e), quando a ausência exceder o período de 30
(trinta) dias, é superiormente determinada a apresentação a Comissão de Verificação de
Incapacidades.
4. O funcionário que ao abrigo da alínea o) pretenda faltar ao serviço deve participar
essa intenção ao respectivo dirigente, por escrito, na véspera ou, se não for possível, no
próprio dia, oralmente, podendo este recusar a autorização por conveniência de serviço.
5. A participação oral a que se refere na alínea anterior deve ser reduzida a escrito no
dia em que o funcionário regressar ao serviço.
Artigo 16º
Efeitos das faltas justificadas
1. As faltas justificadas não interrompem a efectividade do serviço, nem determinam a
perda de remunerações ou de quaisquer direitos ou regalias salvo o disposto nos números
seguintes.
2. As faltas previstas nas alíneas d), e), i), j), e t) do n.º 1 do artigo anterior implicam
sempre a perda parcial das remunerações correspondentes aos dias de ausência, com direito
a subsídios previstos no sistema de previdência social.
3. A remuneração parcial prevista no número anterior é igual à diferença entre a remu-
neração líquida a que o funcionário teria direito e o subsídio pago pela previdência social.
4. As faltas dadas no exercício de direito da greve implicam sempre a perda de remu-
nerações correspondentes aos dias de ausência, mas não descontam para efeitos de antigui-
dade.
5. As faltas por motivo de prisão preventiva implicam a perda do vencimento de exer-
cício.
6. A perda do vencimento de exercício decorrente prisão preventiva é reparada em caso
de revogação, de absolvição ou de condenação em pena diversa da pena de prisão efectiva.
7. O cumprimento da pena de prisão por funcionário implica a perda total do venci-
mento e da contagem do tempo de serviço para qualquer efeito.
Artigo 17º
Maternidade
1. A funcionária tem direito a uma dispensa por maternidade de 60 (sessenta) dias a
serem gozadas consecutivamente a seguir ao parto, salvo o disposto no n.º 3.
2. No caso de nascimentos múltiplos, o período de licença previsto no número anterior
é acrescido de 10 (dez) dias por cada gemelar além do primeiro.
3. Em caso de situação de risco clínico que importa o internamento hospitalar, à dis-
pensa por maternidade acresce um período anterior ao parto, pelo período indicado no
documento médico adequado.

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Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

4. Em caso de internamento hospitalar da mãe ou da criança durante o período da dis-


pensa após o parto, este período é interrompido, a pedido daquela pelo tempo de duração
do internamento.
5. Em caso de interrupção da gravidez, a mulher tem direito à dispensa com a duração
prescrita pelos serviços médicos.
Artigo 18º
Paternidade
O funcionário tem direito à dispensa por paternidade, de duração igual ao estabeleci-
do no n.º 1 do artigo 17º, em caso de morte ou incapacidade física ou psíquica da mãe da
criança, e enquanto a incapacidade se mantiver.
Artigo 19º
Adopção
1. Em caso de adopção de menor de 10 (dez) anos, o candidato adoptante tem direito a
licença para acompanhamento do menor, com início a partir da confiança judicial.
2. Quando a confiança consistir na confirmação da permanência do menor a cargo do
adoptante, este tem direito a licença, desde que à data em que o menor ficou de facto a seu
cargo tenha ocorrido há menos de 30 (trinta) dias, e até à data em que se completem 60
(sessenta) dias.
3. Se ambos os cônjuges forem trabalhadores, o direito referido nos números anterio-
res só pode ser exercido por um dos membros do casal candidato a adoptante.
4. O disposto nos nºs 1 e 2 não se aplica se o menor for filho do cônjuge do candidato
a adoptante ou se já encontrar a seu cargo há mais de 60 (sessenta) dias.
5. A licença de adopção é igual à da maternidade.
Artigo 20º
Dispensa para amamentação
1. Para efeitos de amamentação, a funcionária tem direito, durante os primeiros 6 (seis)
meses seguir ao parto, a 45 (quarenta e cinco) minutos de dispensa em cada período de
trabalho.
2. Tem ainda direito a um subsídio de aleitamento nos termos estabelecidos pelo siste-
ma de protecção dos trabalhadores por conta de outrem.
Artigo 21º
Dispensa para participação em seminários, estudos
e pesquisas
1. O funcionário tem direito à dispensa para participar em palestras e seminários rela-
cionados com a sua formação ou de interesse para o serviço.
2. A dispensa referida no número anterior não pode ser superior a 5 (cinco) dias con-
secutivos.

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Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

Artigo 22º
Justificação da doença
1. A doença deve ser comprovada, nos termos da alínea d) e e) do artigo 15º, mediante apre-
sentação de atestado médico ou declaração médica passada por estabelecimento hospitalar
ou centro de saúde ou ainda por técnico das instituições destinadas a reabilitar a toxicode-
pendência ou alcoolismo.
2. O funcionário impedido de comparecer por motivo de doença deve, por si ou por
interposta pessoa, comunicar o facto ao serviço, indicando o local onde se encontra e apre-
sentar o documento comprovativo no prazo de 5 (cinco) dias úteis.
3. A não comunicação do facto nos termos da primeira parte do número anterior implica,
se não for devidamente fundamentada, a injustificação das faltas dadas até à data da entrada do
documento comprovativo nos serviços.
4. Os documentos comprovativos da doença podem ser entregues directamente nos
serviços ou enviados aos mesmos através do correio, devidamente registados, relevando,
neste último caso, a data da respectiva expedição, caso a sua entrada nos serviços for pos-
terior ao limite dos referidos prazos.
Artigo 23º
Meios de prova
1. O atestado médico deve ser passado sob compromisso de honra, indicando o local
de trabalho do médico, o número da sua inscrição na Ordem dos Médicos de Cabo Verde, o
número do bilhete de identidade ou passaporte do funcionário ou agente e a menção expres-
sa da impossibilidade de comparência deste ao serviço e da duração previsível da doença.
2. A declaração de doença deve ser devidamente autenticada e assinada pelo médico,
devendo dela constar, além dos elementos referidos no número anterior, o facto de ter ou
não havido lugar a internamento.
3. Quando tiver havido lugar a internamento e este cessar, o funcionário deve apresen-
tar-se ao serviço, com o respectivo documento de alta ou, no caso de ainda não estar apto
a regressar, proceder à comunicação e apresentar documento comprovativo da doença nos
termos do disposto no artigo anterior, contando-se os prazos respectivos a partir do dia em
que tiver alta.
4. Cada atestado médico ou declaração de doença é válido pelo período que o médico indi-
car como duração previsível da doença, o qual não pode exceder 30 (trinta) dias.

Artigo 24º
Doença ocorrida no estrangeiro
1. O funcionário que adoeça no estrangeiro deve, por si ou por interposta pessoa, co-
municar o facto ao serviço no prazo de 7 (sete) dias úteis.

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Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

2. Salvo a ocorrência de motivos que o impossibilitem ou dificulte em termos que afas-


tem a sua exigibilidade, os documentos comprovativos de doença ocorrida no estrangeiro
devem ser visados pela autoridade competente da missão diplomática ou consular do país
onde o interessado se encontra doente e entregues ou enviados ao respectivo serviço no
prazo de 20 (vinte) dias úteis.
3. Se a comunicação e o documento comprovativo de doença forem enviados através
do correio sob registo, tomar-se-á em conta a data da respectiva expedição, para efeitos de
cumprimento dos prazos referidos nos números anteriores, caso a data da sua entrada nos
serviços for posterior ao limite daqueles prazos.
Artigo 25º
Verificação domiciliária da doença
1. Salvo nos casos de internamento e de doença ocorrida no estrangeiro, pode o diri-
gente competente proceder a diligências de verificação no domicílio ou no local em que o
funcionário se encontre doente.
2. Se o funcionário não for encontrado no seu domicílio ou no local onde tiver indicado
estar doente, ou se a verificação domiciliária não tiver tido lugar por obstrução de cônjuge
ou familiares que vivam em regime de economia doméstica com o funcionário ou agente,
as faltas dadas são consideradas injustificadas, salvo se o interessado demonstrar por meios
de provas adequados, no prazo de 2 (dois) dias, que a sua ausência se deve a motivo aten-
dível ou que a obstrução se processou à sua completa revelia.
Artigo 26º
Intervenção da Comissão de Verificação de Incapacidades
1. Salvo nos casos de internamento e a doença ocorrida no estrangeiro, atingido o limite
de 30 (trinta) dias consecutivos de ausência ao serviço por motivo de doença justificada
nos termos dos artigos anteriores, se o funcionário não estiver em condições de regressar ao
serviço é submetido à Comissão de Verificação de Incapacidades adiante designada CVI.
2. O disposto no n.º 1 é aplicável independentemente do número de faltas dadas nas
situações em que a actuação do funcionário indicie comportamento fraudulento.
3. Para efeitos do disposto neste artigo consideram-se apenas as faltas motivadas por
doença do próprio funcionário.
4. Para efeitos do disposto neste artigo, o serviço de que dependa o funcionário deve,
nos 5 (cinco) dias imediatamente posteriores à data em que se completarem os 30 (trinta)
dias consecutivos de doença, mandá-lo apresentar-se à CVI.
5. Se a CVI considerar o interessado apto para regressar ao serviço, as faltas dadas no
período, de tempo que mediar entre o termo do período de 30 (trinta) dias e o parecer da
CVI são consideradas justificadas por doença.

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Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

6. Para efeitos do disposto neste artigo, o período de 30 (trinta) dias consecutivos de


faltas conta-se seguidamente, mesmo nos casos em que haja transição de um ano civil para
o outro.
Artigo 27º
Limite de faltas justificadas pela CVI
1. A CVI pode justificar as faltas por doença dos funcionários por sucessivos períodos
de 30 (trinta) dias até ao limite máximo de 1095 (mil e noventa e cinco) dias.
2. Excepcionalmente e para determinadas doenças, a definir por despacho do Ministro
da Saúde, o limite máximo pode ser prorrogado por período superior ao previsto no número
anterior.
Artigo 28º
Submissão à CVI independentemente da ocorrência
de faltas por doença
1. Quando o comportamento do funcionário indiciar perturbação psíquica que compro-
meta o normal desempenho das suas funções, o dirigente máximo do serviço pode mandar
submeter o funcionário à CVI.
2. A submissão à CVI considera-se, neste caso, de manifesta urgência.
Artigo 29º
Obrigatoriedade de submissão à CVI
1. O funcionário que, nos termos dos artigos anteriores, deva ser submetido à CVI não
pode apresentar-se ao serviço antes que tal se tenha verificado.
2. Salvo impedimento justificado, a não comparência à CVI para que o funcionário
tenha sido convocado, implica a injustificação das faltas dadas desde o termo do período de
faltas anteriormente concedido.
Artigo 30º
Parecer da CVI
1. O parecer da CVI deve ser comunicado ao funcionário no próprio dia e enviado ao
respectivo serviço, no prazo máximo de 1 (um) dia.
2. A CVI deve pronunciar-se se o funcionário se encontra apto a regressar ao serviço,
e nos casos em que considere que aquele não se encontra em condições de regressar deve
indicar a duração previsível da doença, com observância dos limites previstos no artigo 27º,
e marcar a data para a nova verificação.
Artigo 31º
Interrupção das faltas por doença
1. O funcionário que se encontre na situação de faltas por doença autorizadas pela
CVI só pode regressar ao serviço antes do termo do período previsto mediante parecer da

1062
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

mesma entidade que o considere apto a retomar a actividade, parecer que pode ser obtido a
requerimento do interessado, apresentado, para esse efeito, no respectivo serviço.
2. Para efeitos do número anterior a intervenção da CVI considera-se de manifesta
urgência.
Artigo 32°
Cômputo do prazo de faltas por doença
Para efeitos do limite máximo do número de faltas por doença previsto no nº1 do artigo
27º contam-se sempre, ainda que relativos a anos civis diferentes:
a) Todas as faltas por doença, seguidas ou interpoladas, quando entre elas não mediar
um intervalo superior a 30 (trinta) dias no qual não se inclui o período de férias;
b) As faltas justificadas por doença correspondentes aos dias que medeiam entre o ter-
mo do período de 30 (trinta) dias consecutivos de faltas por doença e o parecer da CVI que
considere o funcionário capaz para o serviço.
Artigo 33º
Fim do prazo de faltas por doença
1. Findo o período máximo de faltas por doença, o funcionário, pode, sem prejuízo do
disposto no artigo 37º:
a) Requerer, no prazo de 30 (trinta) dias, e através do respectivo serviço, a sua
apresentação à CVI, reunidas que sejam as condições mínimas para a aposen-
tação;
b) Requerer a passagem à situação de licença sem vencimento por um ano ou de
longa duração, independentemente do tempo de serviço prestado.
2. No caso previsto na alínea a) do número anterior e até à data da decisão da CVI, o
funcionário é considerado na situação de faltas por doença, com todos os direitos e deveres
à mesma inerentes.
3. O funcionário que não requerer, no prazo previsto, a sua apresentação à CVI passa
automaticamente à situação de licença sem vencimento de longa duração.
4. O funcionário que não reunir os requisitos para apresentação à CVI para efeitos de
aposentação, deve ser notificado pelo respectivo serviço para, no dia imediato ao da noti-
ficação, retomar o exercício de funções, sob pena de ficar abrangido pelo disposto na parte
final do número anterior.
5. Passa igualmente à situação de licença sem vencimento de longa duração o funcio-
nário que, tendo sido considerado apto pela CVI, volte a adoecer sem que tenha prestado
mais de 30 (trinta) dias de serviço consecutivos, nos quais não se incluem as férias.
6. O funcionário está obrigado a submeter-se aos exames clínicos que a CVI determinar,
implicando a recusa da sua realização a injustificação das faltas dadas desde que a data para a
respectiva apresentação lhe tenha sido comunicada com antecedência mínima de 5 (cinco) dias.

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Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

7. O regresso ao serviço do funcionário que tenha passado à situação de licença sem


vencimento de longa duração não está sujeito ao decurso de qualquer prazo.
8. Os procedimentos de aposentação previstos neste artigo têm prioridade absoluta
sobre quaisquer outros, devendo tal prioridade ser invocada pelos serviços aquando da
remessa dos respectivos processos à entidade competente.
Artigo 34º
Submissão à CVI no decurso da doença
O funcionário pode, no decurso da doença, requerer a sua apresentação à CVI, aplican-
do-se, com as devidas adaptações, o disposto no artigo 33º.
Artigo 35º
Recursos do parecer da CVI e reapreciação do funcionário
Ao recurso do parecer da CVI e à reapreciação do funcionário que não for conside-
rado inválido é aplicável o disposto na lei sobre a doença no sistema de protecção social
obrigatória, designadamente no Decreto-Lei n.º 5/2004, de 16 de Fevereiro, alterado pelos
Decreto-Lei n.º 51/2005, de 27 de Julho e Decreto-Lei 50/2009, de 30 de Novembro.
Subsecção I
Faltas para Reabilitação Profissional
Artigo 36º
Regime aplicável
1. O funcionário que for considerado, pela CVI, incapaz para o exercício das suas fun-
ções, mas apto para o desempenho de outras, pode requerer a sua reconversão ou reclassi-
ficação profissional ao abrigo da lei sobre a mobilidade de pessoal.
2. O processo de reclassificação e reconversão profissional é decidido caso a caso,
atendendo ao parecer da CVI e às funções que o funcionário se encontre apto a desempe-
nhar, sem prejuízo das habilitações literárias exigíveis para o efeito.
3. Enquanto decorrer o processo de reconversão ou reclassificação profissional, o fun-
cionário encontra-se em regime de faltas para reabilitação profissional.
4. Às situações previstas nos números anteriores são aplicáveis, com as necessárias
adaptações, o regime de faltas por acidente em serviço ou doença profissional.
Secção II
Faltas para tratamento ambulatório
Artigo 37º
Tratamento ambulatório
1. O funcionário que, encontrando-se ao serviço, careça, em virtude de doença, defici-
ência ou acidente em serviço, de tratamento ambulatório que não possa efectuar-se fora do
período normal de trabalho, pode faltar durante o tempo necessário para o efeito.

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Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

2. Para poder beneficiar do regime de faltas previsto no número anterior, o funcionário


tem de apresentar declaração passada por uma das entidades referidas no n.º 1 do artigo 22º,
a qual deve indicar a necessidade de ausência ao serviço para tratamento ambulatório e os
termos em que o faz.
3. O funcionário deve apresentar um plano clínico de tratamento, no serviço de que
depende ou, na sua falta, para cada ausência para tratamento, apresentar documento com-
provativo da sua presença no local da realização do mesmo.
Artigo 38º
Tratamento ambulatório do cônjuge, ascendentes, descendentes e equiparados
1. O disposto no n.º 1 do artigo anterior é extensivo à assistência ao cônjuge ou equi-
parado, ascendentes, descendentes, adoptados, menores ou deficientes, em regime de trata-
mento ambulatório, quando comprovadamente o funcionário ou agente seja a pessoa mais
adequada para o fazer.
2. As horas utilizadas são justificadas e convertidas em faltas nos termos do artigo
anterior e produzem os efeitos das faltas para assistência a familiares.
Artigo 39º
Justificação e controle das faltas para assistência a membros do agregado familiar
1. A justificação e o controle das faltas para assistência a membros do agregado fami-
liar do funcionário devem ser feitos em termos idênticos aos previstos na lei para as faltas
por doença do próprio trabalhador.
2. O atestado médico justificativo da doença do familiar deve mencionar expressa-
mente que o doente necessita de acompanhamento ou assistência permanente.
3. O atestado médico referido no número anterior deve ser entregue com uma declara-
ção do trabalhador da qual conste que é ele o familiar em melhores condições para a presta-
ção do acompanhamento ou assistência e a indicação da sua ligação familiar com o doente.
Subsecção III
Faltas por isolamento profiláctico
Artigo 40º
Processo de justificação
1. As faltas dadas por funcionário que, embora não atingido por doença infecto-conta-
giosa ou já restabelecido da mesma, estiver impedido de comparecer ao serviço em cumpri-
mento de determinação emitida pela autoridade sanitária da respectiva área, são justificadas
mediante declaração passada por aquela autoridade.
2. A declaração referida no número anterior deve conter obrigatoriamente a menção do
período de isolamento e ser enviada aos serviços no prazo de 8 (oito) dias úteis contados
desde a primeira falta dada por aquele motivo.

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Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

Artigo 41º
Impossibilidade de determinação do termo do período
de isolamento
1. Se o médico do organismo gestor da segurança ou a autoridade sanitária não puder
determinar data certa para o termo do período de isolamento por entender ser necessária a
realização de exames laboratoriais ou de outra natureza, deve estabelecer, na própria decla-
ração, prazo para apresentação, pelo interessado, dos resultados desses exames.
2. A mesma autoridade ou médico deve comunicar ao funcionário ou agente e ao ser-
viço de que este dependa a data certa para termo do período de isolamento logo que sejam
apresentados os resu1tados dos exames.
3. O prazo a que se refere o n.º 1 pode ser prorrogado tendo em consideração a marca-
ção e obtenção dos exames necessários.
Artigo 42º
Não justificação de faltas
1. A não apresentação da declaração da autoridade sanitária ou médico do organismo
da segurança social no prazo e nos termos estabelecidos determina a injustificação de todas
as faltas dadas ao serviço até à data da apresentação da mesma, salvo nos casos imputáveis
àquela entidade.
2. São igualmente consideradas injustificadas as faltas dadas entre o termo do prazo
determinado pela autoridade sanitária para apresentação dos resultados dos exames referi-
dos no artigo 41º e a data de apresentação dos mesmos, quando o atraso for da responsabi-
lidade do funcionário.
Secção III
Faltas injustificadas
Artigo 43º
Faltas injustificadas e respectivos efeitos
1. Consideram-se injustificadas:
a) Todas as faltas dadas por motivos não previstos no n.º 1 do artigo 15º;
b) As faltas dadas ao abrigo do artigo 15º não justificadas nos termos do presente
capítulo, designadamente, quando não seja apresentada prova ou quando o
motivo invocado seja comprovadamente falso.
2. As faltas injustificadas, para além das consequências disciplinares a que possam dar
lugar, não contam para efeitos de antiguidade e implicam a opção entre a perda das remu-
nerações correspondentes aos dias de ausência, ou o seu desconto nas férias.

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Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

CAPÍTULO IV
Licenças
Secção I
Licença
Artigo 44º
Conceito de licença
1. Considera-se licença a ausência prolongada do serviço, mediante autorização.
2. A concessão de licença depende do pedido do interessado e do despacho da autori-
dade competente, sem prejuízo do disposto na lei sobre o deferimento tácito.
Artigo 45º
Tipos de licenças
1. As licenças podem revestir as seguintes modalidades:
a) Licença sem vencimento até 90 (noventa) dias;
b) Licença sem vencimento até 3 (três) anos;
c) Licença sem vencimento de longa duração;
d) Licença sem vencimento para acompanhamento do cônjuge colocado no es-
trangeiro;
e) Licença sem vencimento para exercício de funções em organismos internacio-
nais;
f) Licença extraordinária;
g) Licença para formação.
2. A concessão de licenças depende sempre de prévia ponderação da conveniência de
serviço.
3. O tempo de serviço como contratado é computado para perfazer o necessário à
concessão de licenças desde que tenha sido imediatamente seguido de situação que permita
gozar a espécie de licença considerada.
Subsecção I
Licença sem vencimento até noventa dias
Artigo 46º
Regime
1. O funcionário com mais de um ano de serviço efectivo pode requerer licença sem
vencimento com a duração mínima de 30 (trinta) dias e máxima de 90 (noventa) dias a
gozar seguida ou interpoladamente.

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Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

2. O funcionário a quem tenha sido concedida licença sem vencimento, nos termos do
número anterior, não pode, nos 2 (dois) anos seguintes, requerer a mesma licença.
3. O lugar desocupado pelo funcionário a quem tenha sido concedida licença sem ven-
cimento, pode ser preenchido mediante contrato a prazo, e caduca automaticamente com o
regresso do respectivo titular.
4. O funcionário a quem tenha sido concedida licença, pode requerer o regresso ante-
cipado ao serviço.
Artigo 47º
Efeitos da licença
1. A licença sem vencimento implica a perda total das remunerações e o desconto na
antiguidade para todos os efeitos legais.
2. Quando o início e o fim da licença ocorram no mesmo ano civil, o funcionário tem
direito, no ano seguinte, a um período de férias proporcional ao tempo de serviço prestado
no ano da licença.
3. Quando a licença abranja dois anos civis, o funcionário tem direito, no ano de re-
gresso e no seguinte a um período de férias proporcional ao tempo de serviço prestado,
respectivamente, no ano de suspensão de funções e no ano de regresso à actividade.
Subsecção II
Licença sem vencimento até três anos
Artigo 48º
Regime
1. O funcionário com mais de 3 (três) anos de serviço efectivo pode requerer licença
sem vencimento pelo período de 1 (um) ano, renovável até ao limite de 3 (três) anos.
2. A licença é concedida pelo membro do Governo de que dependa o funcionário, a
requerimento deste devidamente fundamentado.
3. Ao preenchimento do lugar desocupado e ao regresso de licença aplica-se o disposto nos
n.ºs 3 e 4 do artigo 46º.
Artigo 49º
Efeitos da licença
1. A licença prevista nesta subsecção não conta para efeitos de antiguidade e implica a
perda total das remunerações.
2. O funcionário deve gozar as férias a que tem direito, no ano civil de passagem à
situação de licença sem vencimento, antes do início da mesma, sob pena da sua acumulação
ou de receber, no prazo de 60 (sessenta) dias a contar do início de licença, a remuneração
correspondente ao período de férias não gozado.

1068
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

3. No ano seguinte ao do regresso o funcionário tem direito a um período de férias


proporcional ao tempo de serviço prestado no ano do regresso mais as férias não gozadas
do ano da licença caso haja acumulação.
Subsecção III
Licença sem vencimento de longa duração
Artigo 50º
Regime
1. Sem prejuízo do disposto na alínea b) do nº1 do artigo 33º, os funcionários com pro-
vimento definitivo e, pelo menos, 5 (cinco) anos de serviço efectivo prestado à Administra-
ção Pública, qualquer que seja o título, e ainda que de forma interpolada, podem requerer
licença sem vencimento de longa duração.
2. A licença é concedida mediante despacho do membro do Governo de que depende
o funcionário.
3. Os funcionários em gozo de licença sem vencimento de longa duração não podem
ser providos em lugares dos quadros dos serviços e organismos, abrangidos pelo âmbito de
aplicação do presente diploma enquanto se mantiverem naquela situação.
Artigo 51º
Duração da licença
A licença prevista no artigo anterior não pode ter duração inferior a 2 (dois) anos.
Artigo 52º
Efeitos da licença
1. A concessão da presente licença determina abertura de vaga e a suspensão do vín-
culo com a Administração Pública, a partir da data do despacho referido no n.º 2 do artigo
50º, salvo se for fixada outra data.
2. A licença sem vencimento de longa duração implica a perda total da remuneração e
o desconto na antiguidade para todos os efeitos legais.
3. Ao gozo de férias dos funcionários previstos nesta subsecção aplicam-se os n.ºs 2 e
3 do artigo 49º.
Artigo 53º
Regresso da situação de licença sem vencimento
de longa duração
1. O funcionário em gozo de licença sem vencimento de longa duração só pode reque-
rer o regresso ao serviço ao fim de 2 (dois) anos nesta situação, cabendo-lhe uma das vagas
existentes ou a primeira do seu cargo que venha a ocorrer no serviço de origem.

1069
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

2. O disposto no número anterior não prejudica o preenchimento das vagas já postas


a concurso à data da apresentação do requerimento nem prevalece sobre o preenchimento
das vagas por recurso a outras figuras de mobi1idade se, na data da apresentação do reque-
rimento, já tiverem sido proferidos os despachos necessários para o efeito.
3. O funcionário no gozo de licença sem vencimento de longa duração cujo cargo foi,
entretanto, revalorizado ou extinto, tem direito, ao regressar, a ser integrado, respectiva-
mente, no cargo resultante da revalorização ou noutro cargo equivalente ao que possuía à
data do início da licença.
4. Se no decurso da licença sem vencimento de longa duração se verificar a extinção,
fusão, reestruturação ou racionalização de efectivos do serviço de origem do funcionário,
este pode regressar nos termos do n.º 3, ou ser sujeito a instrumentos de mobilidade nos
termos da lei.
5. O regresso do funcionário da situação de licença sem vencimento de longa duração
faz-se mediante despacho do respectivo membro do Governo, sendo visado pelo Tribunal
de Contas e publicado no Boletim Oficial.
Artigo 54º
Inspecção médica
O regresso ao serviço do funcionário que tenha estado na situação de licença sem
vencimento de longa duração só pode ocorrer após inspecção médica pela Comissão de Ve-
rificação de incapacidade ou pela autoridade sanitária da área de residência do funcionário.
Subsecção III
Licença sem vencimento para acompanhamento do cônjuge colocado no estrangeiro
Artigo 55º
Regime
O funcionário tem direito à concessão de licença sem vencimento para acompanha-
mento do cônjuge, quando este tenha ou não a qualidade de funcionário, for colocado no
estrangeiro por período de tempo superior a 90 (noventa) dias ou tempo indeterminado, em
missões de representação do país, ou em organizações internacionais de que Cabo Verde
seja membro.
Artigo 56º
Concessão e efeitos da licença
1. A licença é concedida pelo membro do Governo, a requerimento do interessado devida-
mente fundamentado.
2. A concessão da licença por período superior a um ano a titular de um lugar do qua-
dro determina a abertura de vaga.
3. O período de licença não conta para quaisquer efeitos, salvo legislação especial.

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Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

Artigo 57º
Duração da licença
1. A licença tem a duração do tempo de serviço do cônjuge no estrangeiro, sem preju-
ízo do disposto nos números seguintes.
2. A licença pode iniciar-se em data posterior à do início das funções do cônjuge no
estrangeiro e pode terminar em data anterior ao término das funções do cônjuge no estran-
geiro, desde que o interessado alegue conveniência nesse sentido.
Artigo 58º
Requerimento para regressar ao serviço
Finda a licença, o funcionário deve requerer ao dirigente máximo do respectivo servi-
ço o regresso à actividade, no prazo máximo de 90 (noventa) dias, sob pena de exoneração.
Artigo 59º
Situação após o termo da licença
Ao regresso da situação de licença para acompanhamento do cônjuge colocado no es-
trangeiro é aplicável o disposto nos nºs 3 a 5 do artigo 53º, com as necessárias adaptações.
Subsecção IV
Licença sem vencimento para exercício de funções
em organismos internacionais
Artigo 60º
Princípios gerais
Quando razões de interesse público o aconselharem, pode ser concedida a funcionários
de nomeação definitiva, licença sem vencimento para o exercício de funções em organis-
mos internacionais, revestindo, conforme os casos, uma das seguintes modalidades:
a) Licença para o exercício de funções com carácter precário ou experimental com
vista a uma integração futura no respectivo organismo;
b) Licença para o exercício de funções na qualidade de funcionário ou agente do
quadro de um organismo internacional.
Artigo 61º
Licença para exercício de funções com carácter precário ou experimental em orga-
nismo internacional
1. A licença prevista na alínea a) do artigo anterior tem a duração máxima de 2 (dois)
anos e não determina a abertura de vagas, mas implica a cessação da requisição e comissão
de serviço.
2. A licença implica a perda total da remuneração contando, porém, o tempo de serviço
respectivo para todos os efeitos legais, sem prejuízo do disposto no n.º 3.

1071
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

3. O funcionário continua a efectuar os descontos para a aposentação, pensão de so-


brevivência e assistência médica, caso a Administração Pública concordar em pagar as
prestações estabelecidas na lei.
Artigo 62°
Licença para exercício de funções como funcionário
ou agente de organismo internacional
1. A licença prevista na alínea b) do artigo 60º é concedida pelo período de exercício
de funções e determina a abertura de vaga.
2. O funcionário tem, aquando do seu regresso, direito a ser provido em vaga do seu
cargo, podendo ficar na situação de disponibilidade no ano do seu regresso.
3. É aplicável à licença prevista neste artigo o disposto no n.º 2 do artigo 52º e no artigo
53º, com as necessárias adaptações.
Artigo 63º
Concessão de licenças
1. O despacho de concessão de licenças previstas nesta subsecção é da competência
conjunta do Ministro dos Negócios Estrangeiros e do membro do Governo responsável
pelo serviço a que pertence o funcionário.
2 . O exercício de funções nos termos do artigo 60º implica que o interessado faça
prova, no requerimento a apresentar para concessão da licença ou para o regresso, da sua
situação face à organização internacional, mediante documento comprovativo a emitir pela
mesma.
Subsecção V
Licença extraordinária
Artigo 64º
Regime
O funcionário na situação de disponibilidade pode requer licença extraordinária nos
termos do diploma que estabelece o regime de mobilidade dos funcionários na Adminis-
tração Pública.
Subsecção VI
Licença para formação
Artigo 65º
Regime
1. Sem prejuízo do disposto do que vier especialmente regulado na lei em matéria
de formação profissional para os funcionários públicos, o funcionário, com pelo menos 2
(dois) anos de serviço efectivo, tem direito à licença sem vencimento para formação profis-
sional ou formação que lhe confira um título académico.

1072
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

2. A licença referida no número anterior é concedida ao funcionário que, por iniciativa


própria, se inscreva numa acção de formação com interesse para o serviço, mas que não
tenha beneficiado de regime mais favorável previsto em lei especial.
3. A licença prevista neste artigo aplica-se ainda aos contratados por tempo indeterminado.
Artigo 66º
Prioridade
1. O funcionário em licença nos termos dos n.ºs 2 e 3 do artigo anterior tem prioridade
na colocação em comissão eventual de serviço para formação, em relação aos demais fun-
cionários do mesmo serviço ou organismo, independentemente da sua selecção, nos termos
da lei especial aplicável, designadamente o Decreto-Lei n.º 1/87, de 10 de Janeiro.
2. O funcionário de licença ao abrigo desta secção que beneficiar da colocação em
comissão eventual de serviço, a sua licença converte-se automaticamente na referida co-
missão.
3. À colocação em comissão eventual de serviço, aplica-se a lei geral.
Artigo 67º
Concessão e efeitos da licença
1. A licença é concedida pelo membro do Governo responsável pelo serviço a que o
funcionário pertença.
2. O despacho de concessão de licença deve declarar, ouvida a direcção dos recursos
humanos, se a formação é ou não de interesse para o serviço.
3. A concessão da licença por período superior a 6 (seis) meses determina a abertura
de vaga.
4. O tempo de licença para formação que for declarada de interesse para o serviço,
conta para efeitos de aposentação e pensão de sobrevivência, em metade da sua duração,
devendo o funcionário e o serviço a que pertença suportar os devidos encargos pelas pres-
tações, na segunda metade da duração licença.
Artigo 68º
Duração e regresso da licença
1. A licença para formação tem a duração máxima de 5 (cinco) anos.
2. Ao regresso da licença para formação de interesse para o serviço é aplicável o dis-
posto no artigo 62º.
CAPÍTULO V
Lista de antiguidade
Artigo 69º
Organização das listas de antiguidade
1. Os serviços devem organizar em cada ano listas de antiguidade dos seus funcioná-
rios com referência a 31 de Dezembro do ano anterior.

1073
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

2. As listas de antiguidade devem ordenar os funcionários pelos diversos cargos e, den-


tro deles, segundo respectiva antiguidade, devendo conter ainda as seguintes, indicações:
a) Data da posse ou do início do exercício de funções no cargo;
b) Número de dias descontados nos termos da lei;
c) Tempo contado para antiguidade no cargo referido a anos meses e, dias e in-
dependentemente do serviço ou organismo onde as funções foram exercidas.
3. As listas são acompanhadas das observações que se mostrem necessárias a boa
compreensão do seu conteúdo, ou ao esclarecimento da situação dos funcionários por elas
abrangidos.
Artigo 70º
Cálculo de antiguidade
1. Para efeitos do disposto na alínea c) do n.º 2 do artigo anterior, a antiguidade dos
funcionários é ca1culada em dias, devendo o tempo apurado ser depois convertido em
anos, meses e dias e considerar-se o ano e o mês como períodos de, respectivamente, 365
e 30 dias.
2. Os dias de descanso semanal, complementar e feriados contam para efeitos de anti-
guidade, excepto se intercalados em licenças ou sucessão de faltas da mesma natureza que,
nos temos da lei, não sejam, considerados como serviço efectivo.
Artigo 71º
Aprovação e publicação das listas de antiguidade
1. As listas de antiguidade, depois de aprovadas pelos dirigentes dos serviços, devem
ser afixadas em local previamente anunciado de forma a possibilitar a consulta pelos inte-
ressados.
2. Depois de reclamações e recursos, a lista deve ser publicada no Boletim oficial, até
30 de Abril de cada ano.
Artigo 72º
Reclamação das listas
1. Da organização das listas cabe reclamação, a deduzir no prazo de 30 (trinta) dias
consecutivos a contar da data da afixação a que se refere o artigo anterior.
2. A reclamação pode ter por fundamento omissão, indevida graduação ou situação na
lista ou erro na contagem de tempo de serviço.
3. A reclamação não pode fundamentar-se em contagem do tempo de serviço ou em
outras circunstâncias que tenham sido consideradas em listas anteriores.
4. As reclamações são decididas pelo dirigente dos serviços depois de obtidos os ne-
cessários esclarecimentos e prestadas as convenientes informações.

1074
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

5. As decisões são notificadas ao reclamante no prazo de 30 (trinta) dias por ofício


entregue por protocolo ou remetido pelo correio, com aviso de recepção.
Artigo 73º
Recurso da decisão sobre a reclamação
1. Das decisões sobre as reclamações cabe recurso para o membro do Governo com-
petente, a interpor no prazo de 20 (vinte) dias a contar da data da recepção da notificação.
2. A decisão do recurso é notificada ao recorrente, aplicando-se o disposto no n.º 5 do
artigo anterior.
Artigo 74º
Prazos de reclamação e recursos dos funcionários
que se encontrem a prestar serviço no estrangeiro
Os prazos estabelecidos no n.º l do artigo 72º e no nº 1 do artigo anterior são fixados
em 60 (sessenta) dias para os funcionários que prestem serviço no estrangeiro.
Artigo 75º
Instrumento de gestão da assiduidade
1. Cada serviço deve elaborar em duplicado, no fim de cada mês, uma relação das
faltas e licenças de cada funcionário e sua natureza, servindo o duplicado de base ao pro-
cessamento de vencimento no mês seguinte.
2. Por despacho do membro do Governo que tenha a seu cargo a função pública são
estabelecidas as orientações genéricas necessárias à elaboração, por parte de cada depar-
tamento ministerial, das relações a que se refere o número anterior, para efeitos de apura-
mento estatísticos.
3. O cômputo dos dias de férias a que o funcionário tem direito em cada ano civil é
realizado com base nas relações mensais de assiduidade relativas ao ano anterior.
CAPÍTULO VI
Disposições finais e transitórias
Artigo 76º
Relevância dos dias de descanso semanal e feriados
Os dias de descanso semanal ou complementar e os feriados, quando intercalados no
decurso de uma licença ou de uma sucessão de faltas da mesma natureza, integram-se no
cômputo dos respectivos períodos de duração, salvo se a lei se referir expressamente a dias
úteis.
Artigo 77º
Férias, dispensa e licença para trabalhadores-estudantes
1. O trabalhador-estudante, fica com direito a marcar as férias de acordo com as suas
necessidades escolares, salvo se resultar comprovada incompatibilidade do plano de férias
com o serviço a que pertença.

1075
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

2. O funcionário referido no número anterior tem direito em cada ano civil a gozar
seguida ou interpoladamente 10 (dez) dias úteis de licença, com desconto no vencimento,
mas sem perda de qualquer outra regalia, desde que o requeiram nos seguintes termos:
a) Com 2 (dois) dias de antecedência no caso de pretenderem um dia de licença;
b) Com 5 (cinco) dias de antecedência no caso de pretenderem 2 (dois) a 5 (cinco)
dias de licença;
c) Com 30 (trinta) dias de antecedência caso de pretenderem mais de 5 (cinco) dias
de licença.
3. O funcionário referido no n.º 1 tem direito à dispensa, sem perda de vencimento e antigui-
dade, de 6 (seis) dias úteis para pesquisas, com vista à apresentação de trabalhos académi-
cos ou outros devidamente fundamentados.
4. O disposto no n.º 3 aplica-se aos funcionários docentes a tempo inteiro ou por acu-
mulação que precisam de fazer pesquisas no estrangeiro ou no país desde que não cause
inconveniência para o serviço.
Artigo 78º
Situação de licença sem vencimento de longa duração
1. Os funcionários actualmente em regime de licença sem vencimento de longa du-
ração, nos termos do Decreto-legislativo n.º 3/93, de 5 de Abril, e que ainda não tenham
completado dois anos nesta situação, podem no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da
entrada em vigor do presente diploma, requerer ao membro do Governo de que dependem
o imediato regresso ao cargo de origem, caso em que não havendo vaga se mantém em
situação de licença até completarem aquele mencionado tempo.
2. Decorridos 2 (dois) anos na situação de licença de longa duração aplica-se integral-
mente aos funcionários referidos no número anterior o novo regime estabelecido para o
efeito, no presente diploma.
3. Fica sem efeito a pena de extinção do vínculo com a Função Pública prevista no nº
2, do artigo 48º, do Decreto-Legislativo n.º 3/93, de 5 de Abril, aplicando-se integralmente
ao pessoal abrangido o regime de licença sem vencimento de longa duração estabelecido
no presente diploma.
Artigo 79º
Situações de licença ilimitada
As situações de licença ilimitada existentes à data da entrada em vigor do Decreto-
Legislativo n.º 3/93, de 5 de Abril, passam doravante a reger-se pela legislação ao abrigo
da qual foram concedidas, ficando sem efeito a pena de extinção do vínculo com a Função
Pública prevista no artigo 69º daquele diploma.

1076
Decreto-Lei nº 3/2010, de 8 de Março

Artigo 80º
Entidades competentes na administração autárquica
Sem prejuízo do disposto no Estatuto dos Municípios, as competências que no presen-
te diploma são cometidas ao membro ou membros do Governo, enquanto responsáveis pelo
serviço a que o funcionário pertença, devem ser entendidas, na Administração autárquica,
como referidas ao Presidente da Câmara Municipal.
Artigo 81º
Agentes administrativos
Aos actuais agentes administrativos é aplicável o presente diploma com as necessárias
adaptações.
Artigo 82º
Junta de Saúde
Onde se faz a referência à Comissão de verificação de incapacidade deve entender-se
por Junta de Saúde relativamente aos funcionários e agentes da Administração Pública
providos até 31 de Dezembro de 2005.
Artigo 83º
Revogação
É revogado o Decreto-Legislativo n.º 3/93, de 5 de Abril.
Artigo 84º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor 30 (trinta) dias após sua publicação no Boletim
Oficial.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
José Maria Pereira Neves - Manuel Inocêncio Sousa - Basílio Mosso Ramos - Maria
Cristina Lopes de Almeida Fontes Lima - José Brito - Cristina Duarte - Lívio Fernandes
Lopes - Marisa Helena do Nascimento Morais - Fátima Maria Carvalho Fialho - Maria
Madalena Brito Neves - Sidónio Fontes Lima Monteiro - José Maria Veiga - Sara Maria
Duarte Lopes - Manuel Veiga - Vera Valentina Benrós de Melo Duarte Lobo de Pina - Ja-
nira Fonseca Hopffer Almada
Promulgado em, 25 de Fevereiro de 2010.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Referendado em 25 de Fevereiro de 2010.
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves

1077
Despacho

Despacho
Orientações Genéricas para a Elaboração de Instrumentos de Gestão da Assiduidades.
1. Dispõe o artigo 67º do diploma legislativo nº 3/93 de 5 de Abril que, para efeitos
de gestão da assiduidade e apuramento de dados estatísticos, cada serviço público deverá
elaborar no fim de cada mês e em cada ano uma relação das faltas e licenças dos seus
funcionários ou agentes.
2. Essas relações serão elaboradas através de mapas individuais de dimensão A4
e segundo os modelos constantes dos anexos I e II que fazem parte integrante destas
orientações.
3. Os mapas serão preenchidos nos fins de cada mês e ano pelas unidades administrativas
que superintendem a área dos recursos humanos.
4. O mapa mensal de assiduidade será elaborado em duplicado servindo um deles de
base á elaboração das folhas de vencimento sendo o outro arquivado no processo individual
dos funcionários ou agente.
5. O mapa anual de assiduidade será elaborado em duplicado servindo de apoio ao
cálculo dos dias de férias a que o funcionário ou agente tem direito no ano seguinte e a
elaboração das listas de antiguidade.
6.Na impossibilidade de explicitar a natureza de cada falta ou licença legalmente
previstas e tendo em conta também a necessidade de agrupar algumas delas de natureza e
regime semelhantes numa mesma designação, criou-se código constante do anexo III que
servirá de referência ao preenchimento dos mapas mensais e anuais de assiduidade.
Gabinete do Ministro da Administração Pública e Assuntos Parlamentares na Praia, 14
de Fevereiro de 1994. – A Ministra, Ondina Ferreira.
ANEXO III
Código de faltas e licenças
F1 – Faltas por doença
F2 - » por nojo
F3 - » autorizadas pelo dirigente
F4 - » por incapacidade de trabalho devido a acidente de trabalho ou por
reabilitação profissional
F5 - » para assistência a membros do agregado familiar e tratamento
Ambulatório de cônjuge, descendentes, etc.
F6 - » por conta do período de férias

1078
Despacho

F7 - » por prova ou exame a prestar, incluindo provas a concurso público


F8 - » por cumprimento de obrigações legais ou imposição de autoridade
F9 - » por exercício sindical
F10 - » por casamento
F11 - » por nascimento de um filho
F12 - » por doação de sangue
F13 - » por actividades em associações humanitárias
F14 - » por prisão preventiva
F15 - » por isolamento profilático
F16 - » por exercício do direito à greve
FI - Faltas injustificadas
FII - Faltas justificadas
L1 - Licenças por maternidade
L2 - » sem vencimento até 90 dias
L3 - » sem vencimento de longa duração
L4 - » sem vencimento para acompanhamento do cônjuge colocado no
estrangeiro.
L5 - » sem vencimento para exercício de funções em organismos
internacionais.
L2 - » sem vencimento até 90 dias
L3 - » sem vencimento de longa duração
L4 - » sem vencimento para acompanhamento do cônjuge colocado no
estrangeiro.
L5 - » sem vencimento para exercício de funções em organismos
internacionais.

1079
MINISTÉRIO: ________________________________________________________________
SECRETARIA DE ESTADO:_____________________________________________________
SERVIÇO:____________________________________________________________________
NEXO I
MAPA ANUAL DE ASSIDUIDADE

NOME:____________________________________________
CARGO: ___________________________________________

ANO: ___________

FALTAS LICENÇAS
MESES F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 F10 F11 F12 F13 14 F15 F16 FI FII TOTAL L1 L2 L3 L4 L5 TOTAL
JAN
FEV

1080
MAR
Despacho

ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
TOTAL

MINISTÉRIO: ___________________________________________________________________________
SECRETARIA DE ESTADO:________________________________________________________________
SERVIÇO:___________________________________________________________________
ANEXO II
MAPA MENSAL DE ASSIDUIDADE
NOME:_________________________________________________________________________________ ANO: ______________
CARGO: ___________________________________
MÊS: __________
FALTAS LICENÇAS
MESES F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 F10 F11 F12 F13 14 F15 F16 FI FII TOTAL L1 L2 L3 L4 L5 TOTAL
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13

1081
Despacho

14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
TOTAL
Despacho

1082
Despacho

7 - FERIADOS

1083
Despacho

1084
Lei nº 16/IV/91, de 30 de Dezembro

REGIME DE FERIADOS NACIONAIS E MUNICIPAIS


Lei nº 16/IV/91
de 30 de Dezembro
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional Popular decreta, nos termos da alínea b)
do artigo 58º da Constituição o seguinte:
Artigo 1º
São feriados nacionais com total cessação de todas as actividades não permitidas por
lei aos Domingos, os seguintes dias:
1 de Janeiro – Ano Novo
20 de Janeiro - Dia da Nacionalidade e dos Heróis Nacionais.
1 de Maio – Dia do Trabalhador
5 de Julho – Dia de Independência Nacional
15 de Agosto – Dia da Assunção
1 de Novembro – Dia de Todos os Santos
25 de Dezembro – dia do Natal
É também considerado feriado nacional a Sexta Feira Santa.
Artigo 2º
Ficam as Assembleias Municipais autorizadas a considerar feriado municipal, com os
efeitos consignados no artigo 1º, um máximo de duas datas anuais tradicionalmente feste-
jadas pelas populações das respectivas circunscrições territoriais.
Artigo 3º
Os estabelecimentos de ensino ficam autorizados a cessar a sua actividade normal no
dia 1 de Junho «Dia da Criança» para a prática de actos de natureza cultural ou desportiva
ou outros alusivos à data.
Artigo 4º
A presente lei entra imediatamente em vigor.
Aprovada em 21 de Novembro de 1991.
O Presidente da Assembleia Nacional Popular, Amílcar Fernandes Spencer Lopes.
Promulgada em 18 de Dezembro de 1991.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.

1085
Lei nº 95/V/99, de 22 de Março

FERIADO NACIONAL O DIA 13 DE JANEIRO


Lei nº 95/V/99
de 22 de Março
Por mandato do Povo a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do artigo
186º da Constituição o seguinte:
Artigo 1º
É declarado feriado nacional o dia 13 de Janeiro, dia da «Liberdade e da Democra-
cia».
Artigo 2º
A presente lei entra imediatamente em vigor.
Aprovada em 25 de Fevereiro de 1999.
O Presidente da Assembleia Nacional Popular, António do Espírito Santo Fonseca.
Promulgada em 12 de Março de 1999.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Assinada em 15 de Março de 1999
O Presidente da Assembleia Nacional Popular, António do Espírito Santo Fonseca.

1086
Lei nº 69/VI/2005, de 31 de Maio

FERIADO NACIONAL O DIA 1 DE JUNHO


Lei nº 69/VI/2005
de 31 de Maio
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do arti-
go 174º da Constituição, o seguinte:
Artigo 1º
É declarado feriado nacional o dia 1 de Junho, Dia da Criança.
Artigo 2º
A presente lei entra imediatamente em vigor.
Aprovada em 25 de Maio de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.
Promulgada em 30 de Maio de 2005.
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Assinada em 31 de Maio de 2005.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.

1087
Lei nº 69/VI/2005, de 31 de Maio

1088
Lei nº 69/VI/2005, de 31 de Maio

8. COMISSÃO EVENTUAL DE SERVIÇO

1089
Lei nº 69/VI/2005, de 31 de Maio

1090
Decreto-Lei nº 1/87, de 10 de Janeiro

COMISSÃO EVENTUAL DE SERVIÇO


Decreto-Lei nº 1/87
de 10 de Janeiro
Do ponto de vista da gestão dos recursos humanos da Administração Pública, o Estado
reconhece a necessidade de estimular e promover a formação dos quadros quer do ensino
clássico, quer através de acções de formação e especialização profissional realizadas no
país ou no estrangeiro, aos mais diversos níveis.
A ausência, todavia, de normas claras que definem os direitos e obrigações das partes
envolvidas, tem criado situações de disparidade na atribuição dos incentivos e facilidades
concedidas pelo Estado, bem como de indefinições assumidas pelos beneficiários.
Convindo definir as norma reguladoras desta matéria;
Ao abrigo da autorização legislativa concedida pelo nº 1 do artigo 1º da Lei nº 4/
III/86,
No uso da faculdade conferida pela alínea f) do nº 1 do artigo 75º da Constituição.
O Governo decreta o seguinte:
CAPÍTULO I
Princípios gerais
Artigo 1º
1. Visando a satisfação das exigências profissionais indispensáveis ao cumprimento
das suas atribuições, os serviços públicos podem seleccionar funcionários para a frequência
no estrangeiro de cursos e estágios de formação e aperfeiçoamento profissional, bem como
de especialização e de pós-graduação, nos termos deste diploma
2. O presente diploma aplica-se ao pessoal civil de todos os serviços da Administração
Central e Local, bem como aos Institutos Públicos e Empresas Públicas, em tudo o que não
seja incompatível com os respectivos estatutos.
3. Ficam excluídos do âmbito do presente diploma os agentes sem vínculo de carácter
permanente com a Administração Pública.
Artigo 2º
Para efeitos do artigo 1º consideram-se:
1. Acções de formação profissional as que, não se traduzindo num título académico,
constituem um meio necessário à prossecução dos objectivos específicos dos serviços e
visam, nomeadamente:
a) A melhoria do exercício das funções actuais;
b) A qualificação para o exercício de funções de maiores exigências profissionais
da mesma área funcional e integradas no âmbito das atribuições do organ-
ismo.

1091
Decreto-Lei nº 1/87, de 10 de Janeiro

2. Cursos de pós-graduação e de especialização os que, conferindo título universitário


ou equivalente, pressuponham um grau académico de nível superior e tenham currículo e
dignidade reconhecidos como tal pela instituição formadora e pela entidade nacional com-
petente.
Artigo 3º
A formação universitária que confira grau igual ou inferior à licenciatura não se encon-
tra abrangida pelos artigos 1º e 2º do presente diploma.
CAPÍTULO II
Direitos e regalias
Artigo 4º
1. Os funcionários seleccionados ao abrigo do artigo 1º serão colocados em regime de
comissão eventual de serviço a partir da data do embarque e ser-lhes-ão assegurados todos
os direitos, incluindo o da percepção das remunerações do cargo pelo tempo que durar a
frequência dos cursos ou estágios, nos termos seguintes:
a) A duração dos estágios e cursos não deverá exceder doze meses, salvo para
curso de pós-graduação e de especialização, casos em que aquele período será
ampliado até ao máximo de 24 meses;
b) Ultrapassados esses limites, e havendo motivos justificados, o funcionário
será colocado em regime de licença especial sem vencimento;
c) Em casos especiais, e sob proposta do serviço interessado, fundamentados
pela natureza da formação, o interesse da mesma para o país e tendo em conta
o montante da bolsa atribuída, a situação económica e social do bolseiro e
seu agregado familiar, podem os prazos referidos na alínea a) deste artigo
ser prorrogados por período nunca superior a 6 meses, mediante despacho do
Secretário de Estado da Administração Pública.
2. Excluem-se do disposto no nº 1 deste artigo as remunerações acessórias e de carác-
ter variável e outros direitos que, pelo seu estatuto, pressuponham o efectivo exercício do
cargo.
Artigo 5º
É ainda garantido aos seleccionados o pagamento das passagens para a frequência do
curso e de regresso definitivo a Cabo Verde.
Artigo 6º
1. Nas acções de formação de duração inferior a 6 meses, em caso de comprovada in-
suficiência de bolsa de estudos perante o custo de vida na localidade em que se realiza essa
formação, poderá ser assegurado ao funcionário o complemento da bolsa de estudos.

1092
Decreto-Lei nº 1/87, de 10 de Janeiro

2. O complemento da bolsa de estudos, não poderá ultrapassar o equivalente a uma


semana se ajudas de custo por cada mês de formação.
Artigo 7º
Nas acções de formação de duração igual a 6 meses poderá ser atribuída ao funcionário
um subsídio de instalação que não poderá ultrapassar o equivalente a 15 dias de ajudas de
custo que teria direito, quando em missão de serviço.
Artigo 8º
1. Sendo necessário enviar funcionários para acções de formação profissional para as
quais não seja possível conseguir bolsa de estudo ou facilidade de estadia ser-lhes-á atribu-
ída uma bolsa de estudo.
2. O montante da bolsa de estudo não poderá ultrapassar o equivalente a 15 dias de
ajudas de custo por cada mês de formação.
Artigo 9º
As normas referidas nos artigos antecedentes não se aplicam a acções de formação de
duração igual ou inferior a 15 dias, as quais se regem pelas normas gerais reguladoras da
deslocação ao estrangeiro de funcionários públicos.
CAPÍTULO III
Deveres
Artigo 10º
Os benefícios concedidos ao abrigo deste diploma pressupõem a obtenção pelo funcio-
nário do bom aproveitamento na formação que frequentar, aferido pelos critérios normais
de avaliação adoptados pela instituição em que a formação se realiza.
Artigo 11º
1. A comissão eventual de serviço é estabelecida pelo prazo máximo de um ano, prorro-
gável nos termos desta lei, após prova de aproveitamento referido no artigo antecedente.
2. A prorrogação do prazo estabelecido na alínea a) do artigo 4º não se fará quando o
prolongamento da estadia no exterior se dever a mau aproveitamento do funcionário.
Artigo 12º
Os funcionários que beneficiem dos direitos e regalias previstos no presente diploma
devem informar de imediato o serviço de que dependem de qualquer interrupção nos seus
estudos ou da cessação dos mesmos.
Artigo 13º
1. Terminada a formação, o funcionário que dela beneficiou fica obrigado a prestar
serviço ao Estado, por período equivalente ao dobro do tempo que tenha durado o curso ou

1093
Decreto-Lei nº 1/87, de 10 de Janeiro

estágio não podendo nunca ser inferior a 1 ano sob pena de indemnizar o Estado de todas
as despesas que tenha ocasionado com essa valorização profissional.
2. Consideram-se meses completos, para efeitos deste artigo, as fracções de meses
superiores a quinze dias.
3. Se o beneficiário de qualquer das situações a que se refere o nº 1 deste artigo não
perfizer completamente o tempo que se comprometeu a servir por sua iniciativa ou culpa,
mas apenas uma parte dele, indemnizará o Estado proporcionalmente, da parte restante.
4. Determinado o montante de reembolso, por despacho do Ministério das Finanças
sob proposta da Secretaria de Estado da Administração Pública, será o beneficiário notifica-
do para, dentro do prazo que lhe for assinado, e pela forma especificada no despacho, pro-
ceder voluntariamente à entrega. Se não efectuar voluntariamente o reembolso proceder-
se-á contra ele, nos termos legais, por dívidas ao Estado, servindo da base à execução, com
força do título exequível, a certidão passada pelos serviços de contabilidade do organismo
que patrocinou a formação donde consta a importância da dívida a cobrar.
5. A simples aceitação do benefício da formação vincula o beneficiário ao disposto
neste artigo.
Artigo 14º
1. O funcionário apresentará ao serviço a que pertence dentro de trinta dias subsequen-
tes ao seu regresso um relatório escrito contendo uma avaliação técnica da formação de que
beneficiou, elaborado de molde a que contenha os seguintes elementos:
Informação técnica sobre a formação recebida;
Observações sobre a adequação da formação às necessidades do serviço;
Observações e sugestões dela decorrentes que possam contribuir para a melhoria dos
serviços
CAPÍTULO IV
Do processo
Artigo 15º
Compete ao membro do Governo de que depende o organismo público que promove
a formação proceder à selecção dos candidatos, devendo comunicar a decisão à Secretaria
de Estado da Administração Pública no prazo mínimo de trinta dias antes da data prevista
para o embarque.
Artigo 16º
1. A selecção para acções de especialização e de pós-graduação far-se-á mediante con-
curso promovido pelo organismo que oferece a bolsa em que informará sobre os direitos e
regalias concedidos e outros elementos necessários à sua apreciação pelos interessados.

1094
Decreto-Lei nº 1/87, de 10 de Janeiro

2. Não podem candidatar-se à bolsa de especialização e de pós graduação nos termos


deste diploma os funcionários que não tenham prestado ao Estado pelo menos dois anos de
serviço efectivo.
Artigo 17º
Na selecção dos candidatos aos cursos de pós-graduação e de especialização levar-se-á
em consideração o número de anos de serviço prestado ao Estado, a qualificação do servi-
ço, o nível de responsabilidade das funções que exerce ou venha a exercer.
Artigo 18º
Na selecção dos candidatos às demais acções de formação aplicar-se-á sempre que
possível o disposto nos artigos 16º e 17º.
Artigo 19º
1. A colocação de funcionário em regime de comissão eventual de serviço bem como
a atribuição dos direitos e regalias reguladas no presente diploma, far-se-á mediante despa-
cho do Secretário de Estado da Administração Pública.
2. Os serviços que seleccionarem o funcionário remeterão à Direcção-Geral da Função
Pública para os efeitos do nº 1 deste artigo, o processo dos seleccionados até 15 dias antes
da data prevista para o embarque.
3. Dos processos respeitantes às deslocações referidas neste diploma deverão constar
os seguintes elementos:
Identificação do candidato seleccionado com indicação da categoria, funções desem-
penhadas e forma de provimento;
Tipo e natureza de acções de formação, sua duração, objectivos e local de deslo-
cação;
Justificação inequívoca de interesse público de conformidade com os artigos 1º e 2º
deste diploma;
a) Prova do cumprimento do disposto nos artigos 17º e 18º, conforme couber;
b) Período e data de deslocação;
c) Condições da deslocação, nomeadamente as referidas nos artigos 6º, 7º e 8º,
d9 Declaração prestada pelo funcionário em que se compromete a cumprir as
obrigações previstas neste diploma.
Artigo 20º
Para efeitos do disposto na alínea c) do artigo 4º o funcionário deverá comunicar ao
serviço a necessidade de prorrogação com a antecedência mínima de 30 dias.

1095
Decreto-Lei nº 1/87, de 10 de Janeiro

Artigo 21º
…………………………………………………………………………………………
(Revogado pelo D.Legislativo n.º 3/93, de 5 de Abril)
Artigo 22º
À licença para formação de duração superior a 12 meses aplica-se o regime da licença
ilimitada.
Artigo 23º
Este diploma aplica-se aos processos pendentes.
Artigo 24º
Aplica-se o presente diploma, com as necessária adaptações a todos os casos em que
as acções de formação se realizarem no próprio país.
Artigo 25º
É revogada toda a legislação em contrário, designadamente a Portaria nº 46/76 e o
artigo 44º do Estatuto do Funcionalismo.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Pedro Pires – Arnaldo França.

1096
Resolução n.º 10/III/87 de 22 de Agosto

PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DA COMISSÃO EVENTUAL DE SERFVIÇO


Resolução n.º 10/III/87,
de 22 de Agosto
Considerando que a actual fase de formação dos quadros médicos do sector da Saúde,
caracteriza-se por um défice preocupante de especialistas, já reconhecido pelo Governo, no
seu programa, o que actualmente nos coloca na dependência da cooperação internacional
Considerando que o Decreto – Lei n.º 1/87, de 10 de Janeiro, ao se preservar rigida-
mente, prazos para estágios de especialização, o legislador não terá pensado no caso da
maioria das especialidades cirúrgicas e algumas médicas ao estabelecer uma duração má-
xima de trinta meses, para toda e qualquer especialidade.
A Assembleia Nacional Popular vota, nos termos da alínea b) do art. 58º da Constitui-
ção a seguinte Resolução:
Artigo único. É ratificado o Decreto – Lei n.º 1/87, de 10 de Janeiro, publicado no
Boletim Oficial n.º 2/87 com emenda à alínea c) do seu artigo 4.º, cuja redacção passa a ser
a seguinte:
“ Em casos especiais e sob proposta do serviço interessado, fundamentados pela natu-
reza da formação, o interesse da mesma para o país e tendo em conta o montante da bolsa
atribuída, a situação económica e social do bolseiro, e o seu agregado familiar, podem os
prazos referidos na alínea a) deste artigo ser prorrogado por um período nunca superior a 24
meses, mediante o despacho do Secretário de Estado da Administração Pública”.
Aprovada em 27 de Maio de 1987.
Publique-se.
O Presidente da Assembleia Nacional Popular, Abílio Augusto Monteiro Duarte.

1097
Resolução n.º 10/III/87 de 22 de Agosto

1098
Resolução n.º 10/III/87 de 22 de Agosto

9. AJUDAS DE CUSTO

1099
Decreto nº 204/91, de 30 de Dezembro

1100
Decreto nº 204/91, de 30 de Dezembro

AJUDAS DE CUSTO
Decreto nº 204/91
de 30 de Dezembro
As ajudas de custo pelas deslocações em serviço público no território nacional e ao
estrangeiro encontram-se desajustadas face ao aumento do custo de vida verificado nos
últimos anos no país e no estrangeiro. Deste modo, convindo proceder a actualização das
ajudas de custo e bem assim, a reformulação geral de legislação em vigor.
No uso da faculdade conferida pelo artigo 77º da Constituição, o Governo decreta o
seguinte:
Artigo 1º
1. Tem direito ao abono de ajudas de custo diárias os funcionários ou agentes da admi-
nistração, quando deslocados do seu domicílio profissional por motivo de serviço público.
2. O pessoal a que se refere o artigo 2º do Decreto-Lei nº 154/81 de 31 de Dezembro,
será abonado de ajudas de custo diárias de quantitativo igual ao previsto para os funcioná-
rios incluídos nas categorias correspondentes as letras «A» e «E» da tabela.
3. Aos funcionários que se desloquem ao exterior em missão de nível ministerial, che-
fiando delegações em substituição de um membro de Governo, serão abonados de ajudas de
custo diárias de quantitativo igual ao previsto para os membros do Governo.
Artigo 2º
(Autorização para deslocações que tem direito a ajudas de custos)
1. Toda deslocação ao exterior que dê direito a ajudas de custo deverá efectuar-se,
mediante despacho de autorização do membro do Governo competente.
2. Para o efeito referido no número anterior devem os serviços interessados apresentar
ao Ministério das Finanças e do Plano a proposta relativa a cada missão, devidamente,
fundamentada referindo, designadamente, o objecto, duração, encargos financeiros e res-
pectiva cobertura orçamental.
Artigo 3º
(Condições de atribuições)
1. As ajudas de custo diárias são concedidas por cada dia de afastamento nos termos
do artigo 1º.
2.Nos dias em que o funcionário não pernoitar fora do seu domicílio profissional é-lhe
devido apenas metade das ajudas de custo diárias.
Artigo 4º
Quando uma missão integre funcionários de diversas categorias e que deverão se ins-
talar no mesmo estabelecimento hoteleiro, o valor das respectivas ajudas de custo será
idêntico ao auferido pelo funcionário de mais elevada categoria.

1101
Decreto nº 204/91, de 30 de Dezembro

Artigo 5º
(Reposição)
1. Aquele que receber ajudas de custo diárias e que por qualquer motivo, não realizar a
missão, fica obrigado a reposição integral do montante recebido no prazo máximo de cinco
dias.
2. O funcionário que, por motivo qualquer, regressar ao seu domicílio profissional
antes do prazo previsto para o termo da missão restituirá a quantia recebida em excesso, no
prazo a que se refere o número anterior.
3. O funcionário que tenha recebido indevidamente quaisquer abonos de ajudas de
custo fica obrigado a sua reposição, independentemente da responsabilidade disciplinar
que ao caso couber.
Artigo 6º
(Redução das ajudas de custo)
1. Nas deslocações em que sejam garantidos, oficialmente o alojamento e a alimenta-
ção, o funcionário terá direito a um terço da totalidade das ajudas de custo.
2. No caso de lhe ser garantida somente uma das prestações a que se refere o número
anterior o funcionário terá direito a dois terços da totalidade das ajudas de custo.
Artigo 7º
(Tabelas)
As tabelas de ajudas de custo diárias por deslocações em missão oficial de serviço
dentro do país e ao exterior passam a ser as constantes dos mapas anexos.
Artigo 8º
(Revogação)
São revogados os Decretos-Leis números 44/85 de 27 de Abril e 13/90 de 4 de Março.
Artigo 9º
As tabelas de ajudas de custo diárias deverão ser actualizadas anualmente por portaria
conjunta dos responsáveis pela área da Administração Pública e das Finanças.
Artigo 10º
(Disposição final e transitória)
Enquanto não houver diploma especial que regula a atribuição das ajudas de custo
aos membros do Governo, bem como aos elementos dos respectivos gabinetes o presente
decreto será aplicado aos mesmos.
Artigo 11º
Este diploma entra em vigor a partir de 2 de Janeiro de 1992.
Carlos Veiga – Eurico Monteiro – José Tomás Veiga – Alfredo Teixeira.

1102
Decreto nº 204/91, de 30 de Dezembro

Promulgado em 20 de Dezembro de 1991


Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Tabela de ajudas de custo diárias a nível interno

Membros do Categorias funcionais


Conselho Governos Pessoal dirigente A–E F–I J–U
Embaixadores
Praia,
São Vicente 6.000$00 4.000$00 3.600$00 3.200$00 2.800$00
Sal
Outros 4.000$00 3.200$00 2.500$00 2.250$00 2.000$00

Tabela de ajudas de custo diárias por missões ao estrangeiro


Membros do Categorias funcionais
Países Governo
G1 G2 G3
Embaixadores F–I J–U
AaE
ZONA A – Europa:
A1 Itália, Inglaterra, Finlândia, 19.500$00 15.500$00 14.000$00 12.000$00
Suécia, Bélgica, Suiça, França
Demais países Europeus 14.000$00 11.000$00 10.000$00 9.000$00
ZONA B – ÁFRICA:
B1 Nigéria 16.000$00 14.000$00 12.500$00 12.000$00

B3 Angola, Argelina, Etiópia,


Egipto, Guiné Conakry 14.000$00 11.000$00 10.000$00 9.000$00

B3 Demais países africanos


12.000$00 9.500$00 8.000$00 7.500$00

ZONA C – América (N e S)
C1 EUA, Canadá 15.000$00 12.000$00 10.500$00 9.500$00

C2 Demais países da América


12.000$00 9.500$00 8.500$00 7.500$00
ZONA D – Médio Oriente
D1 Arábia Saudita, Iraque 19.500$00 15.500$00 14.000$00 12.500$00
D2 Demais países do Médio
Oriente 17.000$00 13.500$00 12.000$00 10.500$00

ZONA E – Ásia e Oceânia


E1 União Soviética (URSS) 10.000$00 9.500$00 7.000$00 6.500$00

E2 Outros países da Ásia e


Oceânia 12.000$00 9.500$00 8.500$00 7.500$00

1103
Decreto nº 204/91, de 30 de Dezembro

1104
Decreto nº 204/91, de 30 de Dezembro

10. REGIME JURÍDICO DO TRABALHO


NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

1105
Lei nº 44/V/98, de 9 de Março

1106
Lei nº 44/V/98, de 9 de Março

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO REGIME JURÍDICO


DO TRABALHO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
Lei nº 44/V/98
de 9 de Março
Por mandato do povo, a Assembleia Nacional vota nos termos da alínea b) do artigo
186º da Constituição, o seguinte:
CAPITULO I
Disposições gerais
Artigo 1º
(Objecto)
A presente lei estabelece os princípios fundamentais do regime jurídico do trabalho na
Administração Pública.
Artigo 2º
(Âmbito)
1. A presente lei aplica-se aos serviços, simples ou autónomo, bem como aos serviços
personalizados e aos demais Institutos Públicos do Estado e dos Municípios, em todo o
Pais.
2. Exceptuam-se do disposto na presente lei os serviços da representações diplomáti-
cas e consulares de Cabo Verde, os serviços de Polícia e os das Forças armadas, os quais se
regerão, na matéria, pelo regime especiais estabelecidos pelo Governo.
CAPÍTULO II
Princípios gerais
Artigo 3º
(Duração semanal do trabalho)
1. É de quarenta horas o limite máximo de duração semanal do trabalho nos serviços
abrangidos pela presente lei:
2. A semana de trabalho é, em regra, de cinco dias.
3. Podem ser fixados pelo Governo regime de duração semanal inferior ao previsto no
nº 1, quando a penosidade, perigosidade ou outra características específicas da actividade
exercida o justifiquem.
4. Podem também ser fixados pelo Governo regime de duração semanal inferior ao
previsto no nº 1, relativamente aos funcionários e agentes portadores de deficiência
5. Podem ainda ser fixados pelo Governo regimes de duração semanal superiores ao
previsto no nº 1, relativamente a trabalhadores cuja actividade seja acentuadamente inter-
mitente ou de simples presença, não devendo ultrapassar o limite de 45 horas.

1107
Lei nº 44/V/98, de 9 de Março

Artigo 4º
(Duração diária do trabalho)
1. É de oito horas o limite máximo de duração diária do trabalho nos serviços abran-
gidos pela presente lei.
2. Podem ser fixado pelo Governo regime de duração diária inferior ao previsto no nº
1, quando a penosidade, perigosidade ou outras características específicas da actividade
exercida o justifiquem.
3. Podem ser fixados pelo Governo regime de duração diária superior ao previsto no
nº 1, relativamente a trabalhadores cuja actividade seja acentuadamente intermitente ou de
simples presença, não devendo ultrapassar o limite máximo de 12 horas diárias.
Artigo 5º
(Descanso)
1.Os funcionários e os agentes da Administração Pública têm direito a um dia de des-
canso semanal, que deve, em princípio, coincidir com o domingo.
2.Poderá também ser concedido pelo Governo, facultativamente, um dia de descanso
complementar que em princípio, deve coincidir com o sábado.
3.Nos casos do nº 5 do artigo 3º e do nº 3 do artigo 4º, o período normal de trabalho
estabelecido deve respeitar um período de repouso de doze horas consecutivas.
Artigo 6º
(Controlo da assiduidade e pontualidade)
1. Os funcionários e os agentes da Administração Pública devem comparecer regularmente
ao serviço e ai permanecer continuamente, trabalhando, dentro do horário estabelecido, não
podendo ausentar-se salvo motivo justificado e de licença do superior hierárquico competente.
2. Não é admitida, com carácter generalizado e de habitualidade, a tolerância na hora
de inicio do trabalho, devendo ser disciplinarmente punido os superiores hierárquicos que
a pratiquem.
3. Os cumprimentos dos deveres de assiduidade e pontualidade e do período de traba-
lho devido é verificado e controlado por um sistema de registo estabelecido pelo Governo.
3. Fora do caso previsto no nº 1, considera-se falta injustificada toda a ausência do
funcionário ou agente, depois de feito o registo de entrada.
CAPÍTULO III
Horário de trabalho
Artigo 7º
(Disposição Geral)
O horário de trabalho deve estabelecer as horas de início e termo do período normal
de funcionamento de serviço, quando couber, o intervalo para descanso dos funcionários
e agentes.

1108
Lei nº 44/V/98, de 9 de Março

Artigo 8º
(Período normal de funcionamento)
1. Entende-se por período normal de funcionamento o período diário durante o qual os
serviços exercem a sua actividade.
2. O período normal de funcionamento pode ser estabelecido entre as sete horas e
trinta minutos e as dezoito horas e trinta minutos.
3. Quando o interesse público, nomeadamente a comunidade dos utentes, o justificar, pode-
rá o Governo, fundamentando, fixar períodos diferentes do funcionamento dos serviços.
Artigo 9º
(Modalidade)
1.Em função da natureza das suas actividades, aos serviços pode ser estabelecida uma
ou, simultaneamente, mais do que uma das seguintes modalidades de horário de trabalho.
a) Horário normal;
b) Trabalho por turnos;
c) Horário especial.
2. Salvo determinação em contrário da autoridade competente, mediante autorização
prévia nos termos da presente lei, os funcionários e agentes da Administração Pública estão
sujeitos ao horário normal.
3. O horário de trabalho deve respeitar os limites de duração semanal e diário do tra-
balho e do período normalmente de funcionamento.
Artigo 10º
(Horário normal)
O horário normal reparte-se por dois períodos diários separados por um intervalo para
descanso e com horas fixas de início e fim.
Compete ao Governo estabelecer, por Resolução do conselho de Ministros, o horário
normal dos serviços do Estado em todo o País.
Compete às Câmaras Municipais estabelecer, por Regulamento policial, o horário
normal dos serviços municipais em todo o respectivo território municipal, em articulação
com os serviços desconcentrados do Estado no correspondente Concelho, tendo em vista a
comodidade dos utentes e a eficiência e eficácia do serviço público.
Artigo 11º
(Trabalho por turno)
1.A prestação de trabalho por turnos obedece aos seguintes parâmetros:
a) A duração do trabalho de cada turno não excederá o limite estabelecido no nº
1 do artigo 4º da presente lei;

1109
Lei nº 44/V/98, de 9 de Março

b) As suspensões de trabalho destinadas a refeição ou satisfação de necessidades


fisiológicas, quando não superiores, globalmente a trinta minutos, consider-
am-se incluídos no período de trabalho;
c) Os turnos são rotativos, estando o respectivo pessoal sujeito a variação regu-
lar da escala;
d) Salvo casos excepcionais, como tal reconhecido pelo dirigente do serviço e
aceite pelos interessados, a mudança de turno só pode ocorrer após o dia de
descanso;
e) Mesmo nos serviços de funcionamento permanente, os funcionários e agentes
não podem prestar mais de seis dias consecutivas de trabalho;
f) O dia de descanso semanal deve coincidir, com o domingo, pelo menos uma
vez em cada período de quatro semanas;
g) O trabalho por turno em regime de horário rotativo concede o direito a um
subsídio de valor a ser fixado pelo Governo.
2. O regime de trabalho por turnos só pode ser autorizado quando se justifique pela
necessidade de funcionamento contínuo do serviço ou de disponibilidade habitual ou fre-
quente regular de funcionários e agentes.
3. A autorização para trabalho por turnos é dada por portaria conjunta dos membros de
Governo responsáveis pelo sector em que o serviço se integra, pela Administração pública
e pelas Finanças.
Artigo l2º
(Horário especial)
1.Horário especial só pode ser autorizado quando se justifique pelas condições par-
ticulares do trabalho em certas actividades ou pelo interesse público, designadamente a
comodidade dos utentes.
2. A autorização para o estabelecimento de horário especial é dada por portaria con-
junta dos membros do Governo responsáveis pelo sector em que o serviço se integra, pela
Administração Pública e palas Finanças.
Artigo 13º
(Isenção de horário de trabalho)
1.Têm isenção de horário de trabalho:
a) Os titulares de alto cargo Públicos:
b) O pessoal equivalente ou equiparado;
c) O pessoal do quadro especial.

1110
Lei nº 44/V/98, de 9 de Março

2. Poderá ainda por despacho conjunto dos membros de Governo responsáveis pelo
sector em que o serviço se intrega, pela Administração Pública e pela Finanças e desde
que haja disponibilidade orçamental para o efeito ser estabelecida isenção de horário de
trabalho temporário ou permanente, total ou parcial, para funcionários e agentes que exer-
çam funções de fiscalização, de protocolo, de apoio a reuniões de órgãos colegiais ou que
exijam, permanente ou regularmente, disponibilidade mais frequente que a normal.
3.Os titulares de isenção de trabalho não estão sujeitos aos limites máximos de duração
diária e semanal do trabalho e não têm direito a remuneração por trabalho extraordinário
ou nocturno.
4.A isenção de horário de trabalho não despensa o funcionário ou agente da obser-
vância do dever geral da assiduidade e do cumprimento da duração semanal de trabalho
legalmente estabelecida.
5.A isenção de horário de trabalho confere aos titulares referidos no nº2 o direito a uma
retribuição adicional a estabelecer pelo Governo, não superior a um terço da remuneração
de base.
CAPÍTULO IV
Trabalho extraordinário, nocturno, em feriado ou em dia de descanso
SECÇÃO I
Trabalho extraordinário
Artigo 14º
(Regime geral)
1.Considera extraordinário o trabalho que, por determinação superior, for prestado fora
do período de trabalho diário e não estiver abrangido por isenção de horário de trabalho.
2.O trabalho extraordinário só é admitido quando as necessidades do serviço exigirem,
em virtude de acumulação anormal de trabalho ou da urgência na realização de tarefas
determinadas.
3. A prestação de trabalho extraordinário é determinada por despacho escrito e funda-
mentado do dirigente superior do serviço ou equiparado e é condicionada à existência de
verba disponível para a respectiva remuneração adicional.
4. A prestação de trabalho extraordinário determinada nos termos do nº 3 é obrigatória
para os funcionários ou agentes designados no despacho, salvo o disposto no nº 5.
5. O funcionário ou agente pode ser dispensado de prestar trabalho extraordinário
quando invoque motivo atendível, designadamente os relacionados com as condições par-
ticulares de deficiência de que sejam portadores, a gravidez avançada e a guarda de filhos
com idade inferior a um ano.
6. O trabalho extraordinário não pode exceder duas horas por dia, nem determinar um
período de trabalho diário superior a dez horas e nem, ultrapassar cento e vinte horas por
ano, salvo em caso especial expressamente estabelecido por diploma próprio.

1111
Lei nº 44/V/98, de 9 de Março

7. Os serviços preencherão e enviarão ao serviço central do sistema nacional de conta-


bilidade pública, até cinco de cada mês, um impresso próprio de modelo aprovado por des-
pacho dos membros do Governo responsáveis pelas áreas de Finanças e de Administração
Pública, com indicação, por cada funcionário ou agente de:
a) Número de hora de trabalho extraordinário;
b) Fundamento da prestação de trabalho extraordinário;
c) Remuneração correspondente ao trabalho extraordinário prestado;
d) Verba orçamental de cabimentação da correspondente despesas;
e) Lei permissiva e despacho determinante da prestação de trabalho ex-
traordinário.
8.A prestação de trabalho extraordinário é compensada conforme a opção do funcio-
nário ou agente comunicada por escrito ao serviço nos oito dias seguintes ou por dedução
posterior no período de trabalho.
9. Na falta de opção expressa do funcionário ou agente nos termos do nº 8, presume-se
que optou pela remuneração suplementar.
Artigo 15º
(Remuneração suplementar por trabalho extraordinário)
1. O trabalho extraordinário é remunerado com um acréscimo de 50% sobre a remune-
ração normal, salvo o disposto no presente artigo.
2. Na remuneração por trabalho extraordinário apenas são considerados, em cada
dia, período mínimo de maia hora, se o tempo total diário de trabalho extraordinário tiver
ultrapassado esse limite.
3. A meia hora de trabalho extraordinário que decorrer parte em período diurno, parte
em período nocturno, só será remunerado como trabalho nocturno se houver efectiva pres-
tação de trabalho para além dessa meia hora.
4. O funcionário ou agente não pode em cada mês perceber, por trabalho extraordiná-
rio mais de um terço do vencimento fixado na tabela salarial para a respectiva categoria.
Artigo 16º
(Dedução no período de trabalho)
1. A dedução no período de trabalho prevista no nº 8 do artigo 14º deve ocorrer dentro
do ano civil em que o trabalho extraordinário foi prestado e pode consistir em:
a) Dispensa, até ao limite de cada dia de trabalho por semana;
b) Acréscimo do período de ferias a gozar no mesmo ano, até ao limite de cinco
dias úteis seguidos.

1112
Lei nº 44/V/98, de 9 de Março

2. No caso de alínea b) do nº1, o acréscimo pode ser feito nas férias do ano seguinte,
se razões de serviço impedirem o gozo de férias no ano de prestação de trabalho extraor-
dinário.
SECÇÃO II
Trabalho nocturno e em dia de descanso semanal ou feriado
Artigo 17º
(Trabalho nocturno)
1. Considera-se nocturno o trabalho prestado no período que decorre entra as vinte e
duas horas de um dia e seis horas do dia seguinte.
2. A prestação de trabalho nocturno é aplicável, com as necessárias adaptações, o dis-
posto nos nºs 2 a 7 do artigo 14º.
3. O trabalho nocturno pode ser normal ou extraordinário.
4. O trabalho nocturno é retribuído como acréscimo de 50% sobre a remuneração do
trabalho prestado por período diurno.
Artigo 18º
(Trabalho em dia descanso semanal ou feriado)
A prestação de trabalho em dia de descanso semanal ou feriado é aplicável, com as
necessárias adaptações, o disposto nos números 2 a 7 de artigo 14º.
Exceptua-se do disposto nº3 do artigo 14º a prestação de trabalho em dia feriado em
organismo que por virtude da actividade exercida, laborem normalmente nesse dia.
O trabalho em dia de descanso semanal ou feriado é retribuído com um acréscimo de
100% sobre a remuneração do trabalho em outro dia normal da semana.
SECÇÃO III
Disposições comuns
Artigo 19º
(Cumulação de acréscimo)
Os acréscimos de retribuição estabelecidos na presente lei por trabalho extraordinário,
trabalho nocturno e trabalho em dia de descanso semanal ou feriado cumulam-se quando os
respectivos pressupostos se verifiquem simultaneamente numa mesma situação.
Artigo 20º
(Responsabilização)
1. O pessoal dirigente deve limitar ao estritamente indispensável a determinação da
prestação das modalidades de trabalho previstas no presente capítulo.
2. O pessoal dirigente é responsável pela reposição de quaisquer abonos recebidos
indevidamente pelos funcionários ou agente, por virtude, da prestação de trabalho que por

1113
Lei nº 44/V/98, de 9 de Março

má fé ou negligência grosseira tenha determinado, em qualquer modalidade prevista no


presente capítulo.
CAPÍTULO V
Disposição final
Artigo 21º
(Revogação)
São revogados os artigos 160º a 162º, 457º e 458 do Estatuto do funcionalismo, bem
como Ordem nº3/90 de 14 de Julho.
Aprovado em 27 de Janeiro de 1998.
O presidente da Assembleia Nacional, António Espírito Santo Fonseca.
Promulgada em 16 de Fevereiro de 1998.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Assinala em 18 de Fevereiro de 1998.
O Presidente da Assembleia Nacional, António Espírito Santo Fonseca.

1114
Decreto-Lei nº 70/97, de 10 de Novembro

DEFINE PERÍODO DE TRABALHO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


Decreto-Lei nº 70/97
de 10 de Novembro
Convindo uniformizar, para todo o país, a duração do trabalho diário e semanal e o
horário normal de funcionamento na Administração Pública e determinar os procedimentos
para estabelecer de regime especiais;
No uso da faculdade conferida pela alínea a) do nº do artigo 216º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
(Âmbito)
1. O presente diploma aplica-se aos serviços, simples ou autónomos, bem como aos
serviços personalizados e aos demais institutos públicos do Estado e dos municípios, em
todo o país.
2. Exceptuam-se do disposto no presente diploma os serviços externos do Ministério
dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades, os serviços de polícia e as Forças Armadas,
os quais se regerão, na matéria, pelos regimes especiais estabelecidos por resolução do
Conselho de Ministros, sob proposta dos respectivos ministros.
Artigo 2º
(Período normal de trabalho)
1. O período normal de trabalho nos serviços abrangidos pelo presente diploma é de oito
horas diárias e quarenta horas semanais, distribuídas, em regra de segunda a sexta-feira.
2. O período normal de trabalho poderá, num quadro de modernização e racionali-
zação administrativa, ser reduzido até trinta e sete horas e meia semanais e sete horas e
meia diárias, por Resolução do Conselho de Ministros, sob proposta conjunta dos ministros
responsáveis pelas áreas da Administração Pública e da Coordenação Económica, ouvido
o Conselho de Concertação Social, desde que tal redução não afecte o equilíbrio macroeco-
nómico nem a eficiência e eficácia da acção administrativas.
Artigo 3º
(Horário normal)
1. O horário normal de trabalho nos serviços abrangidos pelo presente diploma repar-
te-se por dois períodos diários, separados por um intervalo não superior a duas horas para
descanso e com horas de entrada e de saída fixas.
2. O horário normal de trabalho nos serviços do Estado abrangidos pelo presente diplo-
ma é fixado por Resolução do Concelho de Ministros.
3. O horário normal de trabalho é aplicável sempre que, nos termos legais, não tenha
sido estabelecido para o serviço o regime de turnos ou horário especial.

1115
Decreto-Lei nº 70/97, de 10 de Novembro

Artigo 4º
(Regimes especiais)
1. Por Resolução do Conselho de Ministros, sob proposta do ministro responsável pela
área da Administração Pública, poderão ser fixados períodos especiais de trabalho diário
e semanal inferior ao normal, se a penosidade, perigosidade ou outras características da
actividade exercida o justificarem.
2. O regime de turno é estabelecido por portaria conjunta dos ministros responsável
pela área da Administração Pública e do ministro responsável pela área em que se integra
o serviço interessado.
3. O estabelecimento do horário especial em qualquer parte do país depende de auto-
rização do Governo dada por Resolução, sob proposta conjunta do Ministro responsável
pela área da Administração Pública e do Ministro responsável pela área em que se integra o
serviço municipal, sob proposta o Ministro que exerce a tutela sobre os municípios.
4. O disposto no presente diploma não prejudica os regimes especiais de trabalho le-
galmente estabelecidos para o pessoal docente, o pessoal dos serviços de saúde e o pessoal
civil dos serviços das Forças Armadas e da Policia.
Artigo 5º
(Verificação)
1. O cumprimento, com assiduidade e pontualidade, do período e horário deve ser
verificado, em todos os serviços abrangidos pelo presente diploma, através de sistema de
registo automático, mecânicos ou informáticos, ou por portaria do membro do governo res-
ponsável pela área da Administração Pública, numerado e autenticado, no qual os agentes
assinarão à entrada e à saída, no início e fim cada período de trabalho.
2. Os suportes de registo de entrada e saída e o livro de ponto serão encerrados pelo
agente mais categorizado do serviço a que o registo ou livro se refere e entregues ao diri-
gente directo do mesmo, na posse de quem se conservarão até à hora da saída.
3. Nenhum agente pode, salvo motivo justificado e licença do respectivo chefe, inter-
romper o seu trabalho depois de feito o registo ou assinado o livro de ponta à entrada.
Artigo 6º
(Entrada em vigor)
O presente diploma entra em vigor a 1 de Janeiro de 1998.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – António Gualberto do rosário – José Luís Livramento Monteiro de Bri-
to – José António Mendes dos Reis – Úlpio Napoleão Fernandes – Simão Monteiro – João
Medina.

1116
Decreto-Lei nº 70/97, de 10 de Novembro

Promulgado em 30 de Outubro de 1997.


Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 31 de Outubro de 1997.
O Primeiro-Ministro, Carlos Veiga

1117
Resolução nº 56/97, de 22 de Dezembro

FIXA O HORÁRIO NORMAL DE TRABALHO


Resolução nº 56/97
de 22 de Dezembro
Ao abrigo do disposto no artigo 3º do Decreto-Lei nº 70/97, de 10 de Novembro:
No uso da faculdade conferida pelo artigo 289º da Constituição, o Governo aprova a
seguinte Resolução:
Artigo 1º
O horário normal de trabalho nos institutos públicos e serviços do Estado, sejam servi-
ços simples, autónomos ou personalizados, em todo o país, passa a ser o seguinte:
a) Período de manhã – Das 08H00 (oito horas) às 12H00 (doze horas)
b9 Período da tarde – Das 14H00 (catorze horas) às 18H00 (dezoito horas)
Artigo 2º
A presente Resolução entra em vigor a 1 de Janeiro de 1998.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga.
Publique-se.

1118
Portaria nº 4/2000, de 6 de Março

HORÁRIO CONTINUO NOS SERVIÇOS DESCONCENTRADOS


DO ESTADO E NOS SERVIÇOS MUNICIPAIS
Portaria nº 4/2000
de 6 de Março
A maioria dos Municípios cabo-verdianos são Municípios rurais. Assim o grosso da
população desloca-se das localidades distantes dos centros urbanos, via de regra de manhã,
para tratar os seus assuntos nos serviços públicos.
É nesta óptica que temos recebido insistentes solicitações das populações de diversos
concelhos do país no sentido de se instituir um horário continuo nos serviços desconcentra-
dos do Estado e nos serviços municipais dos concelhos de Tarrafal, Santa Catarina, São Mi-
guel, Santa Cruz, São Domingos, Maio, Mosteiros, São Filipe, São Nicolau, Porto Novo,
Paúl, Ribeira Grande, Boa Vista e nas Freguesias de São João Baptista e Santíssimo Nome
de Jesus do Concelho da Praia.
Assim,
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do artigo 204º da constituição e nos ter-
mos do artigo 12º da Lei nº 44/V/98, de 9 de Março.
Artigo 1º
(Âmbito)
O presente diploma aplica-se a todos os serviços desconcentrados do Estado e dos
Municípios dos Concelhos de Tarrafal, Santa Catarina, São Miguel, Santa Cruz, São Do-
mingos, Maio, Mosteiros, São Filipe, São Nicolau, Porto Novo, Paúl, Ribeira Grande, Boa
Vista e nas Freguesias de São João Baptista e Santíssimo Nome de Jesus do Concelho da
Praia.
Artigo 2º
(Fixação de horário)
1. É fixada nos serviços referidos no artigo anterior um horário especial em regime
de período único e ininterrupto que funcionará das sete horas e trinta minutos (7H30) ou
oito horas (8H00) às quinze horas e trinta minutos (15H30) ou dezasseis horas (16H00)
respectivamente.
2. Sem prejuízo do seu normal funcionamento os serviços abrangidos por este diplo-
ma, podem internamente organizar-se concedendo um intervalo de trinta minutos aos seus
agentes para refeição.
Artigo 3º
(Entrada em vigor)
O presente diploma entra em vigor a 9 de Março de 2000.
Gabinete da Secretária de Estado da Administração Pública e do Ministério das Finanças,
na Praia, 22 de Fevereiro de 2000. – Ana Paula Almeida – José Ulisses Correia e Silva.

1119
Decreto-Lei nº 46/89, de 26 de Junho

1120
Decreto-Lei nº 46/89, de 26 de Junho

XV. FISCALIZAÇÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS

1121
Decreto-Lei n.º 26/96, de 12 de Agosto

1122
Decreto-Lei n.º 26/96, de 12 de Agosto

FISCALIZAÇÃO PREVENTIVA
MONTANTE A PARTIR DO QUAL OS CONTRATOS
DE FORNECIMENTOS DE BENS E SERVIÇOS ESTÃO SUJEITOS
A VISTO DO TRIBUNAL DE CONTAS
Decreto-Lei n.º 26/96
de 12 de Agosto
A Lei n.º 84/IV/93, de 12 de Julho, dispõe no seu artigo 13º n.º 1 alínea b), a necessida-
de de fixação por Decreto-Lei do montante das minutas de contratos sujeitos à fiscalização
preventiva do Tribunal de Contas
Assim,
Considerando a faculdade permitida pela lei acima referida e a necessidade de agilizar
procedimentos administrativos que se prendem com os fornecimentos de bens e prestação
de serviço à Administração Pública até determinado montante
Ao abrigo da alínea a) do n.º 2 do art. 216º da Constituição, o Governo decreta o se-
guinte,
Artigo 1º
É fixado em 7.500 contos o montante a partir do qual as minutas de contratos de for-
necimento de bens e serviços à Administração Pública são remetidos ao Tribunal de Contas
para fiscalização preventiva.
Artigo 2º
Entrada em vigor
O presente diploma entra imeditamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros, em 8 de Julho de 1996.
Carlos Veiga – António Gulaberto do Rosário – Simão Gomes Monteiro
Promulgado em 9 de Agosto de 1996
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO
Referendado em 12 de Agosto de 1996
O Primeiro-Ministro, Carlos Veiga .

1123
Decreto-Lei nº 46/89, de 26 de Junho

FISCALIZAÇÃO PREVENTIVA DOS ACTOS DA ADMINISTRAÇÃO


Decreto-Lei nº 46/89
de 26 de Junho
Nos termos previstos pelo artigo 10º nº 1 da Lei nº 25/III/87, de 31 de Dezembro, com-
pete ao Tribunal de Contas verificar a legalidade dos actos administrativos ou financeiros e
dos contratos em que sejam parte o Estado, através dos serviços simples ou de organismos
autónomos, e as autarquias locais.
No âmbito dessa competência de fiscalização preventiva das despesas públicas, a Di-
recção de Serviços do Tribunal de Contas, através da Repartição de Fiscalização Preventi-
va, exerce importante papel de apoio técnico e administrativo.
Nestes termos,
Ao abrigo da autorização legislativa concedida pelo artigo 1º nº 8 da Lei nº 44/III/88,
de 27 de Dezembro;
No uso da faculdade conferida pela alínea f) do nº 1 do artigo 75º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
(Fiscalização preventiva)
No âmbito da competência para a fiscalização preventiva das despesas públicas, o
Tribunal de Contas exerce o controlo da legalidade administrativa e financeira dos actos do
Estado e de outros entes públicos, expresso na aposição ou recusa do visto.
Artigo 2º
(Objectivos da fiscalização preventiva)
A fiscalização preventiva tem por objectivos:
a) Aferir a conformidade dos actos com as leis em vigor;
b) Verificar se os consequentes encargos têm cabimento em verba orçamental
legalmente aplicável;
c) Verificar se, relativamente aos contratos, foram observadas as condições mais
vantajosas para o Estado.
Artigo 3º
(Âmbito da fiscalização preventiva)
1. Estão sujeitos à fiscalização preventiva ou visto do Tribunal de Contas:
a) Os actos administrativos de provimento do pessoal, civil ou militar, de que
decorram abonos de qualquer espécie ou, de um modo geral, mudança da situ-
ação jurídico funcional que implica aumento de vencimento ou mudança de
verba por onde se efectue o pagamento;

1124
Decreto-Lei nº 46/89, de 26 de Junho

b) Os contratos de qualquer natureza ou montante celebrados pelo Estado, autar-


quias locais, institutos públicos ou outros serviços autónomos;
c) As minutas de contrato de valor igual ou superior a cinquenta mil escudos
ou as de montante inferior quando, sendo mais de um e dentro de um prazo
de 180 dias, tenham o mesmo objecto e no seu conjunto atinjam ou excedam
aquele montante;
d) As minutas de contratos de qualquer valor que venham a celebrar-se por es-
critura pública e cujos encargos tenham de ser satisfeito no acto da sua cel-
ebração;
e) Outros actos que a lei determinar, nomeadamente as operações de tesouraria e
dívida pública, quando aprovado o respectivo regime.
2. Os notários e demais entidades com funções notariais não poderão lavrar qualquer escri-
tura sem verificar e ateste a conformidade do contrato com a minuta previamente visada.
3. Nos casos referidos no número precedente, os traslados ou certidões serão remetidos
ao Tribunal de Contas nos 30 dias seguintes à celebração de escritura, acompanhados da
respectiva minuta.
4. O Tribunal de Contas poderá, anualmente, determinar que certos actos e contratos
não relativos a pessoal apenas sejam objecto de fiscalização sucessiva, com o prejuízo do
disposto no nº 1 do artigo 5º, do presente diploma.
5. Todos os contratos de valor inferior a cinquenta mil escudos referidos na alínea c) do
nº 1 podem começar a produzir os seus efeitos logo depois de celebrados e aprovados pelas
autoridades competentes não ficando por esse facto isento do visto do Tribunal de Contas.
Artigo 4º
(Excepções)
1. Não estão sujeitos à fiscalização preventiva:
Os actos administrativos de provimento dos membros do Governo e do pessoal inte-
grante dos respectivos gabinetes;
Os actos administrativos de provimento dos funcionários de categoria correspondente
aos Grupos I e II144;
a) Os contratos de cooperação;
b) Os actos administrativos sobre a concessão de vencimentos certos ou even-
tuais resultantes do exercício de cargo por inerência legal expressa, com ex-
cepção dos que concederem gratificação;

144 1 Grupo I – Secretários Gerais, funcionários do quadro comum e dos quadros privativos incluídos actualmente na letra A
e os que sejam expressamente equiparados a Secretário Geral. Grupo II – Directores Gerais, funcionários do quadro comum
ou dos quadros privativos incluídos actualmente na letra B com excepção do Ministro Plenipotenciário, e os que sejam
expressamente equiparados a Director Geral (ver mapa anexo ao Decreto-Lei n.º 154/81, de 31 de Dezembro)

1125
Decreto-Lei nº 46/89, de 26 de Junho

c) Os actos sobre abonos a pagar por verbas globais e referentes a salários do


pessoal operário;
d) Os despachos revalidando os contratos de prestação eventual de serviço do-
cente previstos na alínea c) do nº 1 do artigo 67º, do Decreto-Lei nº 152/79, de
31 de Dezembro;
e) Os títulos definitivos de contratos cujas minutas hajam sido objecto de visto;
f) Os contratos de arrendamento celebrados no estrangeiro para instalação de
postos diplomáticos ou consulares ou outros serviços de representação inter-
nacional, quando a urgência da sua realização impeça a sujeição daqueles ao
visto prévio do Tribunal de Contas;
g) As alterações da situação jurídico funcional dos funcionários ou agentes sujei-
tos a anotações;
h) Outros actos ou contratos especialmente previstos por lei.
2. Os serviços em geral deverão, no prazo de 30 dias após a celebração dos contratos
a que se referem as alíneas c) e h) do número anterior remeter ao Tribunal de Contas duas
cópias dos mesmos.
Artigo 5º
(Natureza de visto)
1.O visto constitui requisito de eficácia dos actos e contratos a ele sujeitos, salvo o
disposto nos nºs 4 e 5 do artigo 3º.145
1. O visto constitui requisito de eficácia dos actos e contratos a ele sujeitos, salvo nos
casos em que o pedido de confirmação a que se refere o nº 2 do artigo 6º tenha merecido
provimento.
2. A recusa do visto determina a cessação de quaisquer abonos, a partir da data em que
do respectivo acórdão for dado conhecimento aos serviços.
3. É aplicável à anulação do visto o regime prescrito no número anterior.
Artigo 6º
(Reapreciação de acto por recusa do visto)
1.No caso de recusa de visto, pode a Administração, pelo competente membro do
Governo ou presidente do órgão executivo municipal, solicitar ao Tribunal de Contas, me-
diante recurso a interpor no prazo e termos regimentais, a reapreciação do acto146.
2. No caso da alínea c) do artigo 2º, se o Tribunal mantiver a recusa do visto, o membro
do Governo ou o presidente do órgão executivo municipal compete, com fundamentações
145 Redacção dada pela Lei nº 77/III/90, de 29 de Junho.
146 A redacção dos n.ºs 1 e 2 foi dada pela Lei nº 77/III/90, de 29 de Junho

1126
Decreto-Lei nº 46/89, de 26 de Junho

necessárias, submeterá o respectivo processo ao Conselho de Ministros que decidirá, com


fundamento em elevado interesse público
Artigo 7º
(Princípio da publicidade)
Nenhum acto ou contrato sujeito à fiscalização preventiva poderá produzir efeitos ou
ser executado previamente à publicação do extracto respectivo no Boletim Oficial, com
expressa declaração de que foi objecto de visto em data certa, sendo responsáveis, solida-
riamente, todas as autoridades ou funcionários que lhes derem execução.
Artigo 8º
(Urgente conveniência de serviço)
1. Excepcionalmente, a eficácia dos actos e contratos sujeitos a fiscalização preventiva
do Tribunal poderá reportar-se-á à data anterior ao visto e publicação, desde que declarada
por escrito pelo membro do Governo competente a urgente conveniência de serviço e res-
peitem:
a) A nomeação de Magistrados Judiciais e do Ministério Público, das autoridades
civis, médicos, enfermeiros, professores, recebedores, tesoureiros, escrivães
de direito, ajudantes de escrivães, oficiais de diligências, carcereiros e pessoal
militarizado das Forças de segurança e Ordem Pública;
b) A contratos que prorrogam outros anteriores permitidos por lei, desde que as
condições sejam as mesmas;
c) A contratos não relativos a pessoal de que tenha sido prestada caução não
inferior a 5% do seu valor global.
2. Os funcionários referidos no número anterior poderão tomar posse, entrar em exer-
cício e ser pagos os vencimentos antes do visto e publicação do diploma.
3. Os processos em que tenha sido declarada a urgente conveniência de serviço de-
verão ser enviados ao Tribunal de Contas nos 30 dias subsequentes à data do despacho
autorizador, sob pena de cessação dos respectivos efeitos, salvo motivos ponderosos que o
Tribunal avaliará.
4. O disposto no presente artigo é aplicável à nomeação de pessoal dirigente, de pes-
soal de chefia operacional, de pessoal técnico e de recebedores ou tesoureiros dos quadros
privativos dos municípios, devendo a declaração de urgente conveniência de serviço ser
feita pelo presidente do respectivo órgão executivo147.

Artigo 9º
147 Redacção dada pela Lei nº 77/III/90, de 29 de Junho

1127
Decreto-Lei nº 46/89, de 26 de Junho

(Visto tácito)
Decorrido o prazo de 30 dias sobre a data de entrada no Tribunal de Contas dos con-
tratos de empreitada de obras públicas, empréstimos, concessão, fornecimento ou outros de
natureza administrativa não relativos a pessoal, ou de respostas a pedido de elementos ou
esclarecimentos solicitados pelo Tribunal, presume-se a concessão do visto.
Artigo 10º
(Responsabilidade)
1. Sem prejuízo de eventual responsabilidade disciplinar, criminal ou civil, o desres-
peito das normas previstas no presente diploma acarreta responsabilidade financeira das
entidades ou funcionários cuja actuação seja lesiva dos interesses financeiros do Estado.
2. A instrução deficiente e repetida dos actos sujeitos a fiscalização preventiva, por
parte dos serviços, poderá ser objecto de multa a arbitrar pelo Tribunal.
3. A multa a arbitrar, conforme as circunstâncias a ponderar pelo Tribunal, não deverá
ser inferior a 1/6, nem superior a 1/3 do vencimento do responsável pelo seu pagamento
que é o dirigente do serviço, a identificar no respectivo processo.
Artigo 11º
(Prova)
O Tribunal de Contas pode requisitar aos serviços remetentes de processos de visto
quaisquer documentos que entenda indispensáveis.
Artigo 12º
(Anotação)
.....................................................................................................................................148
Artigo 13º
(Instrução de processos de provimento)
1. O provimento dos lugares do quadro dos serviços é feito através de diploma indivi-
dual de provimento.
2.Os processos de visto na âmbito do primeiro provimento ou da admissão de pessoal
devem ser instruídos e enviados ao Tribunal de Contas com os seguintes documentos:
a) Os diplomas de provimento149 completa e correctamente preenchidos, design-
adamente com indicação da legalidade geral e da legislação especial que funda-
mentam o provimento;
b) Declaração do director-geral de administração ou, na sua falta, do responsável
máximo do serviço, de que foram cumpridas as formalidades legalmente ex-
igidas para o provimento;
c) Certidão de idade;
148 o art. for revogado pelo art. 7º do Dec. Lei nº 108-E/92, de 24 de Setembro
149 O Diploma de Provimento foi revogado pelo art. 45º da Lei nº 102/IV/93, de 31 de Dezembro

1128
Decreto-Lei nº 46/89, de 26 de Junho

d) Certificado de habilitações literárias, e, ou, das qualificações profissionais le-


galmente exigidas;
e) Certificado passado pela Comissão Nacional de Equivalências quando
necessário;
f) Certificado de registo criminal;
g) Certificado médico comprovativo de possuir robustez necessária para o exer-
cício do cargo na função pública;
h) Informação de cabimento pelos departamentos ou serviços competentes;
i) Documento militar comprovativo do cumprimento das obrigações militares,
quando legalmente sujeito a elas;
j) Declarações referidas no parágrafo 5ºdo artigo 12º e no artigo 80º do Estatuto
do Funcionalismo150.
3. Os provimentos relativos a funcionários deverão apenas ser instruídos com os do-
cumentos especialmente exigidos para o efeito, face à natureza do acto, sempre supríveis
mediante certidão dos documentos juntos ao processo individual, a emitir pelos serviços.
4. No caso de falsificação de documento ou de declarações, o Tribunal de Contas
anulará o visto do diploma por meio de acórdão, importando a publicação deste a imediata
suspensão do pagamento de quaisquer abonos e a vacatura do cargo, sem prejuízo das res-
ponsabilidades disciplinar ou criminal que no caso se verifiquem.
Artigo 14º
(Instrução de processos não relativos a pessoal)
1. Os contratos não relativos a pessoal deverão ser instruídos com os documentos
seguintes:
a) Aviso de abertura do concurso público, ou autorização de dispensa do mesmo;
b) Caderno de encargos, sendo caso disso;
c) Acta da abertura das propostas;
d) Selo branco em uso em todas as peças integrantes do processo;
e) Prova do pagamento do imposto de selo de lei;
f9 Despacho de adjudicação e outros, devidamente autenticados pelos serviços
remetentes,
2. Os contratos definitivos serão ainda acompanhados de uma ficha de modelo aprova-
do pelo Tribunal, donde conste:
150 As remissões feitas correspondem aos arts. 7º e 35º da Lei 102/IV/93 de 31 de Dezembro

1129
Decreto-Lei nº 46/89, de 26 de Junho

a) O Ministério onde se insere o serviço ou organismo;


b) A data da celebração;
c) A identificação dos outorgantes;
d) O prazo de validade;
e) O objecto e valor do contrato;
f) Informação de cabimento.
Artigo 15º
(Informação de cabimento)
1 A informação de cabimento é exarada nos documentos sujeitos a visto e consiste na
declaração de que os encargos decorrentes do acto ou contrato têm cobertura orçamental
em verba legalmente aplicável.
2. não estão sujeitos a informação de cabimento os despachos de que decorra a percep-
ção de vencimento de exercício descontado a outro funcionário.
Artigo 16º
(Aferição de requisitos)
Os requisitos de provimento ou outros legalmente exigidos devem ser aferidos com
referência ao último dia do prazo para a apresentação de candidaturas.
Artigo 17º
(Documentos em língua estrangeira)
Os documentos passados em língua estrangeira, para serem válidos perante o Tribunal
de Contas, deverão ser traduzidos para a língua oficial do país e autenticado por autoridade
nacional competente.
Artigo 18º
(Autenticação de documentos)
Os documentos sujeitos a vistos ou anotações do Tribunal de Contas deverão ser au-
tenticados com o selo branco do respectivo serviço.
Artigo 19º
(Vigência e revogação)
1. O presente diploma entra imediatamente em vigor.
2. Ficam expressamente revogados:
a) Decreto-Lei nº 52/79, de 9 de Junho;
b) Decreto-Lei nº 31/80, de 10 de Maio;

1130
Decreto-Lei nº 46/89, de 26 de Junho

c) Decreto-Lei nº 72/80, de 16 de Agosto.


Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Pedro Pires – Arnaldo França
Promulgado em 24 de Junho de 1989.
Publique-se.
O Presidente da República, ARISTIDES MARIA PEREIRA.
Para ser presente à Assembleia Nacional Popular.

1131
Decreto-Legislativo nº 11/93, de 26 de Julho

PROVIMENTO DE DOCENTES POR URGENTE


CONVENIÊNCIA DE SERVIÇO
Decreto-Legislativo nº 11/93
de 26 de Julho
Atenta a descontinuidade geográfica do território nacional e a dispersão do pessoal
docente, aliadas ao atraso com que decisões emanadas do centro chegam a grande parte dos
estabelecimentos de ensino, devido ao seu isolamento.
Considerando ainda que a decisão económica de muitos docentes não lhes permite
custear, de pronto, as despesas com certidões e outros documentos exigidos visando a pon-
tual legalização, da sua situação no cargo e carreira, para o que se torna exíguo o prezo
estabelecido no nº 3 do artigo 8º do Decreto-Lei nº 46/89, de 26 de Junho;
Assim,
Ao abrigo da autorização legislativa concedida pelo artigo 1º da Lei nº 65/IV/92, de
30 de Dezembro.
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do nº 2 do artigo 216º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
Os processos relativos ao pessoal docente em que tenha sido declarada a urgente con-
veniência de serviço deverão ser enviados ao Tribunal de Contas nos 120 dias subsequentes
à data do despacho autorizador, sob pena de cessação dos respectivos efeitos, salvo motivos
ponderosos que o Tribunal avaliará.
Artigo 2º
O presente diploma entra em vigor no dia imediato ao da sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Eurico Monteiro – Alfredo Teixeira –Manuel Faustino.
Promulgado em 25 de Junho de 1993.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MAUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.
Referendado em 20 de Julho de 1993.
O Primeiro- Ministro, Carlos Veiga.

1132
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho

COMPETÊNCIA, ORGANIZAÇÃO E O FUNCIONAMENTO


DO TRIBUNAL DE CONTAS E O ESTATUTO DOS RESPECTIVOS JUÍZES
Lei nº 84/IV/93
de 12 de Julho
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do
artigo 186º da Constituição, o seguinte:
CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 1º
(Objecto)
A presente lei estabelece a competência, a organização e o funcionamento do Tribunal
de Contas e o estatuto dos respectivos juízes.
Artigo 2º
(Natureza)
O Tribunal de Contas é o órgão supremo de fiscalização da legalidade das despesas
públicas e de julgamento das contas que a lei mandar submeter-lhe.
Artigo 3º
(Jurisdição)
1. O Tribunal de Contas tem jurisdição e poderes de controlo financeiro no âmbito de
toda a ordem jurídica cabo-verdiana, tanto em território nacional como no estrangeiro, nes-
te caso, em relação a serviços, organismos ou representações do Estado no exterior.
2. Estão sujeitos a jurisdição do Tribunal de Contas:
a) O Estado e seus serviços, autónomos ou não;
b) Os institutos públicos;
c) As autarquias locais e suas associações.
3. Estão igualmente sujeitos à fiscalização do Tribunal de Contas outros entes públicos
sempre que a lei o determine.
Artigo 4º
(Sede)
O Tribunal de Contas tem a sua sede na Praia.
Artigo 5º
(Independência)
1. O tribunal de Contas é independente.

1133
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho

2. São garantias de independência do Tribunal de Contas a exclusiva obediência dos


seus juízes à lei, o autogoverno, a inamovibilidade e a irresponsabilidade dos seus juízes.
3. O autogoverno é assegurado nos termos da presente lei.
4. Só nos casos especialmente previstos na lei os juízes podem ser sujeitos, em razão
do exercício das suas funções, a responsabilidade civil, criminal ou disciplinar.
5. Fora dos casos em que o facto constitua crime, a responsabilidade só pode ser efec-
tivada mediante acção de regresso do Estado contra o respectivo juiz.
Artigo 6º
(Obediência a Lei)
Os juízes do Tribunal de Contas decidem apenas segundo a Constituição e a lei e não
estão sujeitos a ordens ou instruções de outros órgãos de soberania.
Artigo 7º
(Força obrigatória das decisões)
As decisões do Tribuna de Contas em matérias sujeitas à sua jurisdição são obrigató-
rias para todas as entidades públicas e privadas e prevalecem sobre as de quaisquer auto-
ridades.
Artigo 8º
(Composição)
1. O Tribunal de Contas é composto por um mínimo de três juízes, um dos quais o
Presidente e os restantes vogais.
2. O Tribunal dispõe de serviços de apoio indispensáveis ao desempenho das suas
funções.
CAPÍTULO II
Competência do Tribunal de Contas
Artigo 9º
(Competência)
Compete ao Tribuna de Contas:
a) Dar parecer sobre a Conta Geral do Estado;
b) Fiscalizar previamente a legalidade e a cobertura orçamental dos contratos
administrativos, dos documentos geradores de despesa ou representativos de
responsabilidades financeiras para as entidades referidas nas alíneas a), b) e c)
do nº 2 artigo 3º;
c) Julgar as contas dos organismos, serviços e entidades sujeitos à jurisdição do
Tribunal;

1134
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho

d) Fiscalizar a legalidade das despesas dos organismos, serviços e demais enti-


dades em regime de instalação.
Artigo 10º
(Competência complementar)
1. Para correcta execução da sua actividade, compete ainda ao Tribuna de Contas:
a) Aprovar os regulamentos internos necessários ao seu funcionamento;
b) Emitir as instruções indispensáveis ao exercício da sua competência, nome-
adamente no que respeita ao modo como as contas e os processos devem ser
submetidos à sua apreciação;
c) Ordenar reposições de verbas e aplicar multas;
d) Relevar a responsabilidade em que os infractores incorram ou reduzi-la, nos
termos da lei;
e) Propor as medidas legislativas e administrativas que julgue necessárias ao
exercício correcto das suas competências.
Artigo 11º
(Conta Geral do Estado)
1. No parecer sobre a Conta geral do Estado o Tribunal de Contas aprecia, designada-
mente, os seguintes aspectos:
a) A actividade financeira do Estado no ano a que a conta se reporta, designada-
mente nos domínios do património, das receitas, das despesas, da tesouraria e
do crédito público;
b) O cumprimento da Lei de Enquadramento do Orçamento do Estado e legis-
lação complementar;
c) O inventário do património do Estado;
d) A movimentação de fundos por operações de tesouraria, discriminados por
tipos de operações;
e) As responsabilidades, directas ou indirectas, do Estado, incluindo a concessão
de avales;
f) As subvenções, subsídios, benefícios fiscais, créditos e outras formas de apoio
concedidas pelo Estado, directa ou indirectamente.
2. Para a emissão do parecer sobre a Conta Geral do Estado pode o Tribunal de Contas
obter do Ministério das Finanças ou de qualquer outro departamento governamental docu-
mentos e informações que julgar pertinentes.

1135
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho

Artigo 12º
(Conteúdo da fiscalização preventiva)
1. A fiscalização preventiva tem por fim verificar se os diplomas, despachos, contratos
e outros documentos a ela sujeitos estão conformes às leis em vigor e se os encargos têm
cabimento em verba orçamental própria.
2. A fiscalização preventiva é exercida através do visto e da declaração de conformi-
dade.
Artigo 13º
(Âmbito da fiscalização preventiva)
1. Devem ser remetidos ao tribunal de Contas, para efeitos de fiscalização preventiva:
a) Os contratos, de qualquer natureza quando celebrados pelas entidades sujeitas
à jurisdição do Tribunal;
b) As minutas dos contratos de valor igual ou superior a um montante a fixar por
decreto-lei;
c) A minutas de contratos de qualquer valor que venham a celebrar-se por es-
critura pública e cujos encargos tenham de ser satisfeitos no acto da sua cel-
ebração;
d) Os diplomas e despachos relativos às admissões de pessoal não vinculado à
função pública, bem como todas as admissões em categorias de ingresso na
administração central e local.
2. Só devem ser remetidos ao Tribunal de Contas, para efeito de fiscalização preventi-
va, os contratos celebrados pelas autarquias locais e associações de municípios que exce-
dam um valor superior a um montante a definir por lei.
Artigo 14º
(Fiscalização preventiva: isenções)
1. Excluem-se do disposto no artigo anterior:
a) Os actos administrativos de provimento dos membros do Governo e do pes-
soal dos respectivos gabinetes;
b) Os contratos de cooperação;
c) Os contratos celebrados no âmbito de programas financiados por organizações
financeiras internacionais;
d) Os actos administrativos sobre a concessão de vencimentos certos ou even-
tuais resultantes do exercício de cargo por inerência legal expressa, com ex-
cepção dos que concederem gratificação;
e) Os actos sobre abonos a pagar por verbas globais e referentes a salários do
pessoal operário;

1136
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho

f) Os diplomas de nomeação emanados do Presidente da República;


g) Os títulos definitivos de contratos cujas minutas hajam sido objecto de visto;
h) Os contratos de arrendamento, bem como os de fornecimento de água, gás,
electricidade ou celebrados com empresas de limpeza, de segurança de insta-
lações e de assistência técnica;
i) Os contratos de arrendamento celebrados no estrangeiro para instalação de
postos diplomáticos ou consulares ou outros serviços de representação inter-
nacional, quando a urgência da sua realização impeça a sujeição daqueles ao
visto prévio do Tribunal de Contas;
j) As alterações da situação jurídico funcional dos funcionários ou agentes que
não determinem aumento de vencimento nem mudança de verba por onde se
efectuem os pagamentos;
k) Os diplomas relativos a cargos electivos;
l) Os contratos destinados a estabelecer condições de recuperação de créditos do
Estado;
m) Os actos e contratos praticados ou celebrados por Institutos Públicos com na-
tureza empresarial e contabilidade organizada segundo o Plano Nacional de
Contabilidade, quando a sua gestão se reja por princípios de direito privado;
n) Os actos e despachos relativos a promoções, progressões, reclassificações,
bem como os actos administrativos decorrentes da aplicação das disposições
legais relativas a reestruturação dos serviços da administração central e local;
o) Os despachos revalidando os contratos de prestação eventual de serviço do-
cente e os do pessoal técnico de saúde realizados nos termos da lei;
p) Outros actos ou contratos especialmente previstos por lei.
2. Os serviços deverão, no prazo de 30 dias após a celebração dos contratos a que se
referem as alíneas b) e i) do número anterior, remeter ao Tribunal de Contas duas cópias
dos mesmos.
3. Os diplomas, despachos, contratos e outros documentos sujeitos a fiscalização pre-
ventiva consideram-se visados ou declarados conformes, consoante os casos, trinta dias
após a sua entrada no Tribunal de Contas.
Artigo 15º
(Fiscalização Sucessiva)
1. O Tribunal de Contas julga as contas que lhe são submetidas pelas entidades sob a
sua jurisdição, com o fim de apreciar a legalidade de arrecadação das receitas, bem como
das despesas assumidas, autorizadas e pagas, e, tratando-se de contratos, se as suas condi-
ções foram as mais vantajosas à data da respectiva celebração.

1137
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho

2. Com vista ao julgamento das contas e à emissão dos pareceres sobre a Conta Geral
do Estado, e sobre documentos de despesas dos serviços simples, pode o Tribunal proceder,
em qualquer momento, à fiscalização sucessiva da legalidade da arrecadação das receitas e
da realização das despesas dos serviços e organismos sujeitos à sua jurisdição.
3. Compete ainda ao Tribunal de Contas julgar:
a) Os processos para aplicação de multas e outras penas decorrentes de respon-
sabilidade por actos financeiros;
b) Os processos de fixação de débito dos responsáveis quando haja omissão de
contas;
c) Os processos de impossibilidade de julgamento de contas;
d) Os embargos à execução dos seus acórdãos ou decisões;
e) Os processos de anulação das suas decisões ou acórdãos já transitados em
julgado, proferidas em matéria de contas;
f) As contas cujo julgamento, em 1ª instância, não pertença, por lei, a qualquer
outra entidade;
4. Para efeitos de julgamento de contas, pode o Tribunal investigar tudo o que se rela-
cione com as finanças e o património das entidades sujeitas à sua jurisdição, podendo requi-
sitar à Inspecção Geral das Finanças ou a algum outro órgão de controlo financeiro interno
a realização de quaisquer averiguações, inquéritos e sindicâncias que julgar necessários.
5. As contas de valor inferior a certo montante a fixar por Decreto-Lei, uma vez ana-
lisados pela Direcção de Serviços, quando sejam consideradas em termos, podem ser sim-
plesmente devolvidas e posteriormente avocadas, salvo prescrição.
Artigo 16º
(Entidades Sujeitas a Prestação de Contas)
Ficam sujeitas à prestação de contas as seguintes entidades:
a) Presidência da República;
b) Assembleia Nacional;
c) Serviços do Estado, personalizados ou não, dotados de autonomia administra-
tiva e financeira, incluindo os fundos autónomos;
d) Os exactores da Fazenda Pública;
e) Os conselhos administrativos de todas as unidades militares, bem como os
órgãos de gestão financeira das Forças Armadas;
f) Os Municípios;
g) Os organismos e serviços em regime de instalação no término do período de
instalação ou término do período de cada ano económico;

1138
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho

h) Os serviços públicos cabo-verdianos no estrangeiro;


i) As comissões liquidatárias de entidades em extinção sujeitas à jurisdição do
Tribunal de Contas.
Artigo 17º
(Relatório anual)
O relatório anual é elaborado pelo Presidente do Tribunal de Contas e apresentado ao
Presidente da República, ao Presidente da Assembleia Nacional e ao Governo, até ao dia
15 de Janeiro subsequente ao ano a que diz respeito.
CAPÍTULO III
Do funcionamento do Tribunal da Contas
Artigo 18º
(Sessões)
1. O Tribunal de Contas reúne-se em plenário, com todos os seus juízes, pelo menos
uma vez por semana, salvo no que respeita ao visto, em que a sua competência pode ser
exercida apenas por um juiz de turno.
2.Extraordinariamente pode o Tribunal reunir-se em plenário mediante convocação do
presidente, ou a pedido restantes juízes.
Artigo 19º
(Competência do Plenário)
Compete ao plenário do Tribunal:
a) Emitir parecer sobre a Conta Geral do Estado;
b) Apreciar o relatório anual do Tribunal;
c) Aprovar o plano anual de actividade;
d) Aprovar os regulamentos internos do Tribunal;
e) Exercer o poder disciplinar sobre os juízes;
f) Aprovar instruções que entender pertinentes;
g) Apreciar quaisquer outros assuntos que, pela sua importância ou generalidade,
o justifiquem.
Artigo 20º
(Competência do Presidente do Tribunal de Contas)
1. Compete ao Presidente do Tribunal de Contas:
a) Representar o Tribunal e assegurar as suas relações com os demais órgãos de
soberania e autoridades públicas;

1139
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho

b) Presidir aos plenários do Tribunal, dirigindo e orientando os trabalhos;


c) Marcar as sessões ordinárias e convocar as sessões extraordinárias;
d) Distribuir as férias dos juízes após a sua audição;
e) Mandar organizar a agenda de cada sessão, tendo em consideração as indi-
cações fornecidas pelos juízes;
f) Votar o parecer sobre a Conta Geral do Estado, os regulamentos internos do
Tribunal e dos serviços de apoio e ainda sempre que se verifique situações de
empate entre os juízes;
g) Proceder à nomeação do pessoal dirigente, técnico, administrativo e auxiliar
do Tribunal de Contas.
2. O Presidente é substituído nas suas faltas e impedimentos pelo juiz mais antigo.
Artigo 21º
(Princípio do Contraditório)
1. Nos casos sujeitos à sua apreciação, o Tribunal de Contas ouve os responsáveis.
2. A audição referida nº 1 faz-se antes de o Tribunal formular juízos públicos.
3. As alegações, respostas ou observações dos responsáveis devem ser referidas nos
documentos em que sejam comentadas ou nos actos que as julguem ou sancionem.
Artigo 22º
(Coadjuvação)
1. No exercício das suas funções, o Tribunal de Contas tem direito à coadjuvação de
todas as entidades públicas e privadas.
2. As entidades públicas devem prestar ao Tribunal informações sobre as irregula-
ridades que este deva apreciar e das quais tomem conhecimento no exercício das suas
funções.
3. Os relatórios dos diversos serviços de inspecção devem ser sempre remetidos no
Tribunal quando contenham matéria de interesse para a sua acção, concretizando as situa-
ções de facto e de direito integradoras de eventuais infracções financeiras.
Artigo 23º
(Recurso a Empresas de Auditoria)
1. Sempre que necessário, o Tribunal de Contas pode recorrer a empresas de auditoria
para a realização de tarefas indispensáveis ao exercício das suas funções quando estas não
possam ser desempenhadas pelos serviços de apoio permanente do Tribunal.
2. As empresas referidas no número anterior, devidamente credenciadas, gozam das
mesmas prerrogativas dos funcionários do Tribunal de Contas no desempenho das suas
missões.

1140
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho

CAPÍTULO IV
Dos Juízes do Tribunal de Contas
Artigo 24º
(Nomeação e exoneração do Presidente)
O Presidente do Tribunal de Contas é nomeado pelo Presidente da República, sob
proposta do Governo.
Artigo 25º
(Nomeação dos Juízes)
1. Os juízes do Tribunal de Contas são nomeados pelo Presidente da República, em
comissão especial de serviço, pelo período de cinco anos renovável, sob proposta do Go-
verno de entre pessoas licenciadas em Direito, Economia, Administração Pública, Finanças
ou Organização e Gestão, de reconhecida idoneidade e com competência.
2. O tempo de serviço dos juízes que na altura do provimento tenham vínculo à função
pública considera-se, para todos os efeitos, como prestado nos lugares de origem.
Artigo 26º
(Posse)
O Presidente e os juízes do Tribunal de Contas tomam posse e prestam juramento pe-
rante o Presidente da República.
Artigo 27º
(Prerrogativas)
1. Os juízes do Tribunal de Contas têm honras, direitos categorias, tratamento, remu-
neração, deveres, regalias, e demais prerrogativas iguais aos juízes conselheiros do Supre-
mo Tribunal de Justiça.
2. O Presidente do Tribunal de Contas tem as honras e regalias atribuídas ao Procura-
dor-Geral da república.
3. As férias dos juízos são fixados de modo a garantir que o visto, nos processos de
fiscalização preventiva, seja permanentemente assegurado.
Artigo 28º
(Regime Disciplinar)
1. Compete exclusivamente ao Tribunal de Contas em plenário, o exercício do poder
disciplinar sobre os seus juízes, ainda que a acção disciplinar respeite a actos praticados no
exercício de outras funções cabendo-lhe, designadamente, instaurar o processo disciplinar,
nomear o respectivo instrutor de entre os seus membros, deliberar sobre a eventual suspen-
são preventiva e julgar definitivamente.
2. Salvo o disposto no número anterior, aplica-se aos juízes do Tribunal de Contas o
regime disciplinar estabelecido na lei para os magistrados judiciais.

1141
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho

Artigo 29º
(Responsabilidade Civil e Criminal)
São aplicáveis aos juízes do Tribunal de Contas, com as necessárias adaptações, as
normas relativas à efectivação das responsabilidades civil e criminal dos Juízes Conselhei-
ros do Supremo Tribunal de Justiça.
Artigo 30º
(Incompatibilidade)
1. As funções de juiz do Tribunal de Contas são incompatíveis com o exercício de
quaisquer outras funções públicas ou privadas.
2. Exceptuam-se do número anterior, as funções de docência, a actividade literária,
artística e científica e bem assim actividades públicas ou privadas não remuneradas que não
afectem a sua isenção e independência.
Artigo 31º
(Inamovibilidade)
Os juízes do Tribunal de Contas são inamovíveis, não podendo ser dada por finda a
respectiva comissão de serviço antes do termo desta, salvo a seu pedido ou por imposição
legal decorrente de pena disciplinar.
Artigo 32º
(Proibição de actividade política)
Os juízes em efectividade de funções não podem estar filiados em partidos ou associa-
ções políticas, nem de qualquer modo dedicar-se a qualquer actividade politico-partidária.
Artigo 33º
(Impedimentos e suspeições)
1. É aplicável aos juízes do Tribunal de Contas o regime de impedimentos e suspeições
dos magistrados judiciais.
2. A verificação do impedimento e a apreciação da suspeição competem ao Tribunal.
CAPÍTULO V
Do Ministério Público
Artigo 34º
(Intervenção do Ministério Público)
1. O Ministério Público é representado junto do Tribunal de Contas pelo Procurador-
Geral da República, que pode delegar suas funções num procurador regional colocado na
Região Judicial da Praia.
2. O Ministério Público actua oficiosamente e goza de poderes e faculdades estabele-
cidos nas leis de processo.

1142
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho

3. O Ministério Público intentará perante os Tribunais comuns as competentes acções


criminal e civil, por responsabilidade criminal ou civil, respectivamente, relativas a actos
financeiros.
CAPÍTULO VI
Das Infracções
Artigo 35
(Multas)
1. O tribunal de Contas pode aplicar multas nos casos seguintes:
a) Pela não liquidação, cobrança ou entrega nos cofres do Estado das receitas
devidas;
b) Pela violação das normas sobre a elaboração e execução dos orçamentos, bem
como da assumpção, autorização ou pagamento de despesas públicas;
c) Pela falta de efectivação ou pela retenção indevida dos descontos legalmente
obrigatórios a efectuar ao pessoal;
d) Pela falta de apresentação de contas nos prazos legal ou judicialmente fixa-
dos;
e) Pela falta de prestação de informações pedidas, de remessa de documentos
solicitados ou de comparência para a prestação de declarações;
f) Pela introdução nos processos ou nas contas de elementos com o intuito de
induzirem em erro o Tribunal;
g) Pela falta de apresentação tempestiva de documentos que a lei obrigue a rem-
eter;
h) Pela falta de colaboração nos termos do artigo 22º, de que resultem dificul-
dades ao exercício das suas funções;
i) Pela publicação no Boletim Oficial de acto sujeito à sua fiscalização sem ter
sido previamente visado;
j) Pela execução de acto ou contrato que deveria ter sido previamente submetido
a visto do Tribunal.
2. As multas têm como limite máximo 1/3 do vencimento líquido anual dos responsá-
veis, incluindo as remunerações acessórias, auferido à data da prática do acto.
3. As multas são da responsabilidade individual do responsável e são graduadas de
acordo com a gravidade da falta e a categoria do responsável.
Artigo 36º
(Responsabilidade financeira)
1. No caso de alcance ou desvio de dinheiro ou outros valores, ou de pagamentos in-
devidos, pode o Tribunal de Contas condenar os responsáveis a repor nos cofres do Estado

1143
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho

as importâncias abrangidas pela infracção, sem prejuízo de efectivação da responsabilidade


criminal e disciplinar a que eventualmente houver lugar.
2. As autoridades ou funcionários de qualquer grau hierárquico que, pelos seus ac-
tos, seja qual for o pretexto ou fundamento, contraírem, por conta do Estado, encargos
não permitidos por lei anterior e para os quais não haja dotação orçamental à data desses
compromissos, ficam pessoalmente responsáveis pelo pagamento das importâncias desses
encargos, sem prejuízo de qualquer outra responsabilidade em que possam incorrer.
3. A aplicação de multas não impede que se efectivem, em simultaneidade, as reposi-
ções devidas.
Artigo 37º
(Relevação de responsabilidade)
O Tribunal de Contas pode revelar ou reduzir a responsabilidade financeira em que
houver incorrido o infractor, quando se verifique a existência da mera culpa, devendo fazer
constar do acórdão as razões justificativas da relevação ou redução.
Artigo 38º
(alcances e desvios)
1. Em caso de alcance ou desvio de dinheiros ou valores do Estado ou de outras entida-
des sujeitas à fiscalização do Tribunal de Contas, a responsabilidade financeira recai sobre
o agente ou agentes de facto.
2. Essa responsabilidade recai também sobre os gerentes ou membros do conselhos
administrativos ou equiparados, estranhos ao facto, quando:
a) Por ordem sua, a guarda e arrecadação dos valores ou dinheiros tiverem sido
entregues à pessoa que se alcançou ou praticou o desvio, sem ter ocorrido a
falta ou impedimento daqueles a que, por lei pertenciam tais atribuições;
b) Por indicação ou nomeação sua, pessoa já desprovida de idoneidade moral,
e como tal reconhecida, haja sido designada para o cargo em cujo exercício
praticou o facto;
c) No desempenho das funções de fiscalização que lhe estiverem cometidas,
houverem procedido com culpa grave, nomeadamente quando não tenham
acatado as recomendações do Tribunal em ordem à existência de controlo in-
terno.
3. O Tribunal de Contas avalia o grau de culpa, de harmonia com as circunstâncias do
caso, e tendo em consideração a índole das principais funções dos gerentes ou membros
dos conselhos administrativos, o volume dos valores e fundos movimentados e os meios
humanos e materiais existentes no serviço.
4. Não integram infracção financeira sancionável as deficiências de organização da
conta que, por não serem graves, não obstam ao julgamento final e à organização e julga-
mento do processo.

1144
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho

Artigo 39º
(Execução e vinculação)
1. As decisões ou acórdãos condenatórios do Tribunal de Contas constituem título
executivo, nos termos do Código do Processo Tributário.
2. As decisões e acórdãos definitivos do Tribunal de Contas devem ser prontamente
cumpridos por todos os serviços e agentes administrativos e por todas as autoridades pú-
blicas.
3. A execução das decisões e acórdãos condenatórios do Tribunal de Contas e a co-
brança coerciva dos seus emolumentos são da competência do Tribunal Fiscal e Aduaneiro
sedeado no Concelho da Praia.
CAPÍTULO VII
Da Administração e Gestão do Tribunal de Contas
Artigo 40º
(Autonomia administrativa)
1. O Tribunal de Contas é dotado de autonomia administrativa.
2. O Tribunal elabora um projecto do seu orçamento apresentando-o nos prazos deter-
minados para a elaboração da proposta da lei do Orçamento do Estado.
Artigo 41º
(Poderes Administrativos do Tribunal)
Compete ao Tribunal:
a) Aprovar o projecto do seu orçamento anual;
b) Apresentar sugestões de providências legislativas necessárias ao funciona-
mento do Tribunal e dos seus serviços de apoio;
c) Definir as linhas gerais de organização e funcionamento dos seus serviços de
apoio.
Artigo 42º
(Poderes administrativos do presidente)
Compete ao Presidente do Tribunal, com a faculdade de delegação no Director-Geral:
a) Superintender e orientar os serviços de apoio e gestão financeira do Tribunal
exercendo em tais domínios, incluindo a gestão do pessoal, poderes idênticos
aos que integram a competência ministerial;
b) Orientar a elaboração do projecto de orçamento e das propostas de alteração
orçamental;
c) Dar aos serviços de apoio as ordens e instruções que, para melhorar execução
das orientações definidas pelo Tribunal e seu eficaz funcionamento, se rev-
elem necessárias.

1145
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho

CAPÍTULO VIII
Dos serviços de apoio ao Tribunal de Contas
Artigo 43º
(Princípios orientadores)
1. O Tribunal de Contas dispõe de serviços de apoio Técnico e Administrativo integra-
dos no gabinete do presidente, nos gabinetes dos juízes e nas Direcções de Serviços e que
compõe o seu quadro privativo de pessoal definido por lei.
2. São princípios orientadores da estrutura, atribuições e regime do pessoal dos servi-
ços de apoio:
a) A estrutura desses serviços deve permitir o eficaz exercício das competências
cometidas ao Tribunal;
b) O provimento do pessoal dirigente, Técnico Superior e Técnico com funções
inspectivas terá sempre em conta as qualidades e mérito profissionais destes;
c) O seu estatuto remuneratório deve ser compatível com as funções dos
serviços da Administração Pública incumbidos de inspecção no quadro do
sistema retributivo da Função Pública.
Artigo 44º
(Direcções e serviços)
1. O Tribunal de Contas é apoiado técnica e administrativamente por duas Direcções
de Serviços às quais incumbem designadamente:
a) O registo e exame preparatório e instrução dos processos relativos ás contas
sujeitas a julgamento do Tribunal;
b) O exame, preparação, ordenação e instrução dos processos relativos às contas
sujeitas a julgamento do Tribunal;
c) Realizar os trabalhos preparatórios destinados ao relatório e parecer sobre a
Conta Geral do Estado;
d) Preparar e instruir quaisquer processos ou deliberações da competência do
Tribunal;
e) Exercer as funções normalmente atribuídas por lei aos serviços centrais de
administração geral;
f) Executar ou promover a execução das decisões e deliberações do Tribunal de
Contas;
g) O mais que lhe for cometido por lei, regulamento ou pelo Presidente do Tribu-
nal de Contas.

1146
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho

2. Os serviços de apoio do Tribunal de Contas dependem hierárquica e funcionalmente


do Tribunal e do seu Presidente.
CAPÍTULO IX
Disposições finais e transitórias
Artigo 45º
(Cofre do Tribunal de Contas)
Mantém-se em vigor o regulamento do Cofre do Tribunal de Contas em tudo aquilo
que não contrariar o presente diploma.
Artigo 46º
(Emolumentos)
Pelos serviços do Tribunal de Contas e das suas Direcções de Serviços são devidos
emolumentos aprovados por lei.
Artigo 47º
(Processo)
1. A tramitação processual e os prazos dos correspondentes actos do Tribunal são re-
gulados por Lei.
2. Os serviços de apoio do Tribunal, em tudo quanto não venha a ser regulado pelo
diploma a que se refere o número anterior, regem-se pelas normas aplicáveis ao processo
gracioso, excepto nos casos em que dêm execução a actos judiciais.
Artigo 48º
(Publicações de decisões e deliberações)
1. São publicadas no Boletim Oficial as seguintes decisões:
a) Parecer sobre a Conta Geral do Estado;
b) Relatório anual de actividades;
c) Instruções relativas à prestação de contas bem como recomendações genéricas;
2. Podem ainda ser publicadas outras decisões ou acórdãos sempre que o Tribunal
considere conveniente.
Artigo 49º
(Das contas em atraso)
1. Das contas de gerência actualmente pendentes no Tribunal de Contas e ainda não en-
tradas na fase jurisdicional, são submetidas a julgamento apenas aquelas nas quais tenham
sido detectadas irregularidades graves ou fortes suspeitas de alcance.
2. As contas não abrangidas pelo número 1 são devolvidas aos serviços responsáveis
podendo, no entanto, ser chamadas a julgamento no prazo de dez anos quando tal seja or-
denado pelo Tribunal, por iniciativa própria ou a requerimento do Ministério Público.

1147
Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho

3. Ficam isentos de prestação de contas de gerência relativamente aos anos anteriores a


1991, os Municípios que não as apresentaram a julgamento do Tribunal de Contas.
4. Podem, no entanto, ser chamadas à responsabilidade criminal, disciplinar ou finan-
ceira as entidades responsáveis pela apresentação das contas referidas no número anterior,
se houver indícios suficientes para tanto.
Artigo 50º
(Os contratos em vigor)
Os contratos, de qualquer natureza, vigentes à data da publicação do presente diplo-
ma, não carecem do visto do Tribunal de Contas para que a sua validade se mantenha em
pleno.
Artigo 51º
(Revogação)
São revogados a Lei nº 25/III/87, de 31 de Dezembro e todas as disposições que con-
trariem o presente diploma.
Artigo 52º
(Entrada em vigor)
A presente lei entra em vigor 30 dias após a sua publicação no Boletim Oficial.
Aprovada em 31 de Maio de 1993.
O Presidente da Assembleia Nacional, Amílcar Fernandes Spencer Lopes.
Promulgada em 24 de Junho de 1993.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MON-
TEIRO.

1148
Decreto-Lei nº 33/89, de 3 de Junho

FISCALIZAÇÃO SUCESSIVA
Decreto-Lei nº 33/89
de 3 de Junho
O presente diploma pretende acolher a resposta ao disposto no nº 8 do artigo 1º da Lei
nº 44/III/88 que autoriza o Governo a emitir, sob a forma de decreto-lei, as normas regula-
doras da apresentação de contas sujeitas a julgamento do Tribunal de Contas.
Como se vê do articulado, aqui se incluem, apenas, os princípios gerais em matéria de
prestação de contas. No que diz respeito a instruções propriamente ditas, fica a sua emissão
a cargo do Tribunal, em resultado de conhecimento concreto da Administração Pública
respectivas peculiaridades que necessariamente resultam da sua actividade.
Por outro lado, constituindo a prestação de contas o elemento fulcral para a aprecia-
ção da responsabilidade financeira, aqui se incluem alguns princípios fundamentais nesta
matéria.
Assim, ao abrigo da autorização legislativa concedida pelo nº 8 do artigo 1º da Lei nº
44/III/88, de 27 de Dezembro.
No uso da faculdade conferida pela alínea f) do nº 1 do artigo 75º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
(Âmbito)
1. Estão sujeitas a julgamento as contas dos municípios, dos institutos públicos e dos
serviços autónomos em geral, qualquer que seja o grau da sua autonomia, ainda que as suas
despesas sejam parcial ou totalmente cobertas por receitas próprias ou que, umas e outras,
não constem do Orçamento Geral do Estado.
2. Estão ainda sujeitas a julgamento do Tribunal de Contas:
a) As contas de todos os exactores da Fazenda Pública;
b) As contas de responsabilidade, por material, mobília e os outros equipamentos
de repartições e outros estabelecimentos e residências do Estado;
c) As contas dos serviços e organismos do Estado no estrangeiro;
d) As contas dos organismos cujo julgamento em primeira instância não esteja
atribuída, por diploma legal, a outra entidade.
3. O julgamento das contas compreende também a fiscalização de modo como quais-
quer entidades dos sectores cooperativo e privado aplicam os montantes obtidos do sector
público ou com a intervenção deste através de doações, subsídios, empréstimos ou avales.
4. O Julgamento das contas consiste na apreciação da legalidade, incluindo a da gestão
económico-financeira e patrimonial das entidades sujeitas a prestação de contas.

1149
Decreto-Lei nº 33/89, de 3 de Junho

Artigo 2º
(Isenção)
Estão isentos de prestação de contas os organismos e serviços cuja despesa anual não
exceda cem mil escudos.
Artigo 3º
(Período a que se refere as contas)
Salvo disposição legal em contrário ou substituição total dos responsáveis, as contas
são prestadas por anos económicos.
Artigo 4º
(Prazos)
1. O Prazo para apresentação das contas é de seis meses contados do último dia do
período a que dizem respeito.
2. O requerimento dos interessados que invoquem motivo justificado, o Tribunal po-
derá fixar prazo diferente.
3. O Tribunal poderá, excepcionalmente, relevar a falta de cumprimento dos prazos
referidos nos números anteriores.
Artigo 5º
(Instruções)
O Tribunal emitirá instruções de execução obrigatória, sobre a forma como devem ser
prestadas as contas e os documentos que devem acompanhá-las.
Artigo 6º
(Documentos, informações e diligências complementares)
A prestação de contas pela forma que estiver determinada não prejudica a faculdade
de o Tribunal exigir de quaisquer entidades documentos e informações necessários, bem
como de requisitar à Inspecção Geral de Finanças ou à Inspecção Geral do Ministério da
Administração Local e Urbanismo, as diligências que julgar convenientes.
Artigo 7º
(Responsabilidade financeira)
1. Os responsáveis dos serviços e organismos obrigados a prestação de contas respon-
dem, pessoal e solidariamente, pela reintegração dos fundos desviados da sua afectação
legal ou cuja utilização tenha sido realização irregularmente, salvo se o Tribunal considerar
que lhes não pode ser imputada a falta.
2. Os responsáveis de facto referidos no número anterior estão também obrigados a
prestação de contas e assumem a responsabilidade da sua gestão.
3. Fica isento de responsabilidade o dirigente que houver manifestado, por forma ine-
quívoca, oposição aos actos que a originaram.

1150
Decreto-Lei nº 33/89, de 3 de Junho

4. Implica responsabilidade a violação com culpa grave das regras de gestão racional
dos bens e fundos públicos.
5. O acórdão definirá expressamente, quando for caso disso, a responsabilidade previs-
ta nos números anteriores, podendo ainda conter juízos de censura.
6. A responsabilidade inclui os juros de mora legais sobre as respectivas importâncias,
contadas desde o tempo do período a que se refere a prestação de contas.
7. O disposto nos números anteriores não prejudica o apuramento de outras responsa-
bilidades perante os tribunais ou entidades competentes para o efeito.
Artigo 8º
(Não prestação de contas ou prestação irregular)
Sempre que a falta de prestação de contas ou a sua prestação de forma irregular invia-
bilizem o conhecimento do modo como foram utilizados os fundos ou o seu destino, o Tri-
bunal decretará a responsabilidade individual ou colegial, conforme os casos, nos termos
do artigo anterior.
Artigo 9º
(Sanções)
1. A falta de apresentação das contas no prazo legal, a sua apresentação de forma ir-
regular e o não fornecimento de informações ou documentos solicitados são punidos com
multa a aplicar pelo Tribunal mediante processo próprio.
2. A aplicação da sanção cominada no número anterior não prejudica o apuramento de
outras responsabilidades perante as entidades ou tribunais competentes para o efeito.
3. A multa a arbitrar, conforme circunstâncias a ponderar pelo Tribunal, não deverá ser
inferior a 1/6 nem superior a 1/3 do vencimento.
4. O pagamento da multa arbitrada é da responsabilidade pessoal das entidades referi-
das no artigo 7º.
5. Quando a responsabilidade pelo pagamento da multa recaia sobre entidades sem
direito a vencimento, o quantitativo a arbitrar, conforme as circunstâncias a ponderar pelo
Tribunal, não deverá ser inferior a dois mil e quinhentos escudos, nem superior a vinte mil
escudos.
Artigo 10º
(Prazo do julgamento das contas)
1. O prazo para o julgamento das contas é de um ano.
2. O prazo suspende-se pelo tempo que for necessário para obter informações ou do-
cumentos ou para efectuar investigações complementares.

1151
Decreto-Lei nº 33/89, de 3 de Junho

Artigo 11º
(Vigência)
O presente diploma entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Pedro Pires – David Hopffer Almada – Arnaldo França.
Promulgado em 20 de Maio de 1989.
Publique-se.
O Presidente da República, ARISTIDES MARIA PEREIRA.

1152
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho

REGIMENTO DO TRIBUNAL DE CONTAS


Decreto-Lei nº 47/89
de 26 de Junho
Decorre da alínea a) do artigo 18º da Lei nº 25/III/87, de 31 de Dezembro a necessida-
de de dotar o Tribunal de Contas de um Regimento.
O diploma agora aprovado visa acorrer a essa necessidade, estabelecendo os traços
fundamentais da organização e funcionamento do Tribunal bem como as normas do pro-
cesso a observar nos feitos que lhe são mas do processo a observar nos feitos que lhe são
submetidos a julgamento, observando-se a que apenas se estabelecem as regras específicas
que a natureza da actividade do Tribunal exige, deixando à lei de processo civil um vasto
campo da aplicação como direito supletivo.
Assim,
Ao abrigo da autorização legislativa concedida pelo nº 2 do artigo 1º da Lei 44/III/88,
de 27 de Dezembro;
No uso da faculdade conferida pela alínea f) do nº 1 do artigo 75º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
É aprovado o Regimento do Tribunal de Contas, o qual vem anexo ao presente diplo-
ma, de que faz parte integrante, e baixa assinada pelo Ministro Adjunto do Ministro das
Finanças.
Artigo 2º
É revogada toda a legislação em contrário.
Artigo 3º

Este diploma entra em imediatamente em vigor.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros.

Pedro Pires – Arnaldo França.

Promulgado em 24 de Junho de 1989.

Publique-se.

O Presidente da República, ARISTIDES MARIA PEREIRA.

Para ser presente à Assembleia Nacional Popular.

1153
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho

Regimento do Tribunal de Contas


CAPÍTULO I
Organização e funcionamento
Artigo 1º
(Competência interna)
Compete ao Tribunal:
a) Aprovar os regulamentos internos necessários ao seu funcionamento;
b) Elaborar o relatório anual das suas actividades;
c) Aprovar o plano de actividades para o ano seguinte.
Artigo 2º
(Competência e substituição do presidente)
1. Compete ao Presidente do Tribunal de Contas:
a) Representar o Tribunal e assegurar as suas relações com os demais órgãos e
entidades;
b) Presidir às sessões do Tribunal e dirigir os respectivos trabalhos;
c) Exercer as outras competências referidas na lei.
2. O Presidente é substituído na suas faltas, ausências e impedimentos pelo vogal que
há mais tempo desempenhe funções no Tribunal ou, em igualdade de circunstâncias, pelo
mais idoso.
Artigo 3º
(Competência do relator)
1. Compete ao relator dirigir a instrução do processo e a sua preparação para julga-
mento.
2. Das decisões do relator cabe sempre reclamação para a conferência a qual não tem
efeito suspensivo.
Artigo 4º
(Atribuições da Direcção de Serviços)
1. Sem prejuízo da competência do juíz em processo de visto ou do relator nos res-
tantes processos, cabe à Direcção de Serviços organizar e informar oficiosamente todos os
processos que dêem entrada no Tribunal.
2. Para os efeitos do número anterior, poderá a Direcção de Serviço solicitar os ele-
mentos indispensáveis.

1154
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho

Artigo 5º
(Sessões)
1. O Tribunal de Contas funciona em conferência, com intervenção de pelo menos dois
juízes, salvo no que respeita ao visto, em que a sua competência pode ser exercida apenas
por um juíz.
2. O Tribunal de Contas reúne, em conferência, pelo menos uma vez por semana, em
sessão ordinária.
3. Extraordinariamente, o Tribunal de Contas reúne-se, mediante convocação do Pre-
sidente, por iniciativa própria ou a requerimento dos vogais.
Artigo 6º
( «Quórum» e deliberações)
1. O Tribunal de Contas, quando no exercício de competência que deva ser exercida
em conferência, só pode funcionar estando presente pelo menos dois dos seus membros.
2. As deliberações são tomadas à pluralidade de votos dos membros presentes.
3. Cada juíz dispõe de um voto e o presidente, ou o vogal que o substitua, dispõe de
voto de qualidade.
4. Os juízes têm o direito de fazer declarações de voto.
Artigo 7º
(Participação do Ministério Público)
O Ministério Público participa em todas as reuniões, podendo usar da palavra e reque-
rer o que achar conveniente.
Artigo 8º
(Férias)
1. O Tribunal de Contas funciona ininterruptamente, sem prejuízo do direito a férias
dos juízes.
2. Compete ao presidente organizar a escala de férias dos juízes por forma a garantir o
funcionamento do Tribunal.
3. Os juízes do Tribunal de Contas têm direito a um período de férias igual ao atribuído
aos juízes conselheiros do Supremo Tribunal da Justiça.
Artigo 9º
(Secretário do Tribunal)
1. Além das demais funções previstas na lei, o director de Serviços é o Secretário do
Tribunal.
2. Nas sessões do Tribunal, o Secretário poderá intervir para prestar quaisquer in-
formações que lhe sejam solicitadas pelo presidente, por iniciativa deste ou a pedido dos
vogais.

1155
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho

3. Nas ausências ou impedimento do director de serviços ou de quem estiver a substi-


tui-lo, as funções de Secretário serão desempenhadas pelo chefe de Repartição escolhido
pelo Presidente do Tribunal.
Artigo 10º
(Acta)
De tudo o que ocorrer nas sessões será lavrada acta, cuja redacção compete ao secre-
tário, o qual será submetida à aprovação na reunião seguinte se o não tiver sido na própria
reunião a que se refere.
CAPÍTULO II
Processo
SECÇÃO I
Disposições comuns
Artigo 11º
(Lei reguladora do processo)
O processo no Tribunal de Contas rege-se pelo disposto no presente diploma e, suple-
tivamente, pela lei do processo civil, com as necessárias adaptações.
Artigo 12º
(Constituição de advogados)
É permitida a constituição de advogado salvo, em primeira instância, nos processos de
visto e de contas.
Artigo 13º
(Função da distribuição
1. Com excepção dos processos de visto, a distribuição é o meio utilizado para desig-
nar o relator.
2. Nos processos de vistos, estes caberão ao juíz de turno, tendo em conta a data de
entrada.
Artigo 14º
(Espécies)
Para efeitos de distribuição, há as seguintes espécies de processos:
- Conta Geral do Estado;
- Julgamento de contas;
- Multa;
- Recursos;
- Outros processos.

1156
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho

Artigo 15º
(Relatores)
1. Para efeitos de distribuição e substituição de relatores, a ordem dos juízes é sorteada
na primeira sessão anual.
2. Ao Presidente, em regra, apenas são distribuídos processos de visto.
Artigo 16º
(Audiência dos responsáveis)
O Tribunal pode proceder sempre à audição dos responsáveis, mesmo nos casos em
que não é obrigatória, salvo no processo de elaboração do parecer sobre a conta Geral do
Estado.
Artigo 17º
(Citação e notificação)
A citação e a notificação são feitas nos termos da lei de processo civil, podendo o Tri-
bunal ou o relator determinar que sejam efectuadas por agente da autoridade administrativa
ou policial.
Artigo 18º
(Falta de remessa de elementos)
1. Verificando-se a falta injustificada de remessa de elementos com relevância para a
decisão de processo, o Tribunal aprecia livremente essa conduta, para efeitos probatórios,
sem prejuízo de eventual instauração de processo de multa e da comunicação às entidades
competentes para o apuramento de responsabilidade.
2. A multa a arbitrar, pela falta referida anteriormente, conforme as circunstâncias a
ponderar pelo Tribunal, não deverá ser inferior a 1/6 nem superior a 1/5 do vencimento
do responsável pelo seu pagamento, que é o dirigente do serviço em falta, a identificar no
respectivo processo.
Artigo 19º
(Discussão)
1. Os julgamentos em sessão iniciam-se com a leitura do projecto de acórdão, após o
que se procederá à respectiva discussão.
2. Na discussão participarão o representante do Ministério Público e os juízes até à
respectiva aprovação.
3. Quando o relator se declarar vencido, será o processo distribuído ao juíz seguinte.
Artigo 20º
(Execução dos acórdãos condenatórios)
Os acórdãos condenatórios devem ser executados, quando for caso disso, no prazo de
30 dias após a notificação.

1157
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho

Artigo 21º
(Provas)
Nos processos de competência do Tribunal de Contas só serão admitidas a prova por ins-
pecção, a prova documental e, quando o Tribunal o considere necessário, a prova pericial.
Artigo 22º
(Audiência de Técnicos)
1. Quando num processo se devam resolver questões que pressuponham conhecimen-
tos especializados, pode o Tribunal determinar a intervenção de técnico, que poderá ser
ouvido na discussão.
2. Nas condições do número anterior, o representante do Ministério Público pode tam-
bém ser assistido por técnico, que será ouvido na discussão quando o Tribunal o considerar
conveniente.
SECÇÃO II
Processo de visto
Artigo 23º
(Distribuição dos processos de visto)
1. A distribuição dos processos de visto faz-se atribuindo a um juíz todos os processos
de visto que deram entrada no decurso da quinzena.
2. As quinzenas contam-se a partir de 1 a 16 de cada mês.
Artigo 24º
(Sequência da instauração dos processos)
1. A instauração dos processos faz-se pela ordem de registo de entrada, salvo nos casos
de urgência.
2. Por iniciativa própria ou a requerimento de qualquer entidade, o Presidente do Tri-
bunal ou o juíz que o substitua podem em despacho fundamentado, declarar a urgência de
qualquer processo.
Artigo 25º
(Recurso do Ministério Público)
Todas as decisões do juíz singular em matéria de visto serão notificadas ao represen-
tante do Ministério Público no prazo de 24 horas.
Artigo 26º
(Prazos)
1. A concessão do visto deverá ter lugar no prazo de oito dias, salvo se forem soli-
citados elementos ou informações complementares ou se o processo for remetido para a
conferência.

1158
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho

2. Os pedidos de elementos ou informações ou a remessa para a conferência devem


efectuar-se no mesmo prazo.
Artigo 27º
(Processo de visto em conferência)
Sempre que o juíz entenda que deve ser recusado o visto, será o processo deferido à
conferência acompanhado de projecto de acórdão.
Artigo 28º
(Notificação de acórdão em processos de visto)
1. Os acórdãos que recusem o visto em actos e contratos relativos a pessoal, são envia-
dos, com os respectivos processos, aos serviços que os tiverem remetido ao Tribunal.
2. Nos casos referidos no número anterior, os acórdãos serão também notificados aos
respectivos interessados.
SECÇÃO III
Processo de contas
Artigo 29º
(Decisão em responsabilidade financeira ou juízo de censura)
1. Sempre que da instrução resultem factos que envolvem responsabilidade financeira
ou qualquer juízo de censura, o relator ordenará a citação dos responsáveis para, no prazo
de 30 dias, contestarem e apresentarem os documentos que entendem necessários.
2. Se se tratar de infracções puníveis apenas com multa, será instaurado o respectivo
processo.
Artigo 30º
(Conteúdo das decisões)
As decisões desfavoráveis, ainda que por um mero juízo de censura, deverão mencio-
nar expressamente a posição adoptada pelos visados a propósito dos actos ou omissões que
lhe sejam imputados.
SECÇÃO IV
Processo de multa
Artigo 31º
(Âmbito de aplicação)
As normas da presente secção são aplicáveis ao julgamento de todas as infracções pu-
níveis com multa, cujo conhecimento seja da competência do Tribunal de Contas.
Artigo 32º
(Instauração do processo)
1. O processo de multa é instaurado com base em despacho proferido em qualquer
processo, informação da Direcção de Serviços ou denúncia.

1159
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho

2. A denúncia é obrigatória para os funcionários e agentes das entidades sujeitas ao


controlo do Tribunal quanto aos factos de que tomarem conhecimento no exercício das suas
funções ou por causa delas.
Artigo 33º
(Intervenção do Ministério Público)
Distribuído e autuado o processo, é dada vista oficiosamente ao Ministério Público que
pode requerer o que tiver por conveniente.
Artigo 34º
(Citação)
Logo que o processo contenha elementos para permitir apurar da existência da infrac-
ção, qual o seu autor e em que qualidade, o relator mandá-lo-á citar para contestar os factos
que se lhe imputam, juntar documentos requerer o que tiver por conveniente no prazo de
trinta dias.
Artigo 35º
(Vista ao Ministério Público)
Apresentada a contestação ou decorrido o respectivo prazo sem ter sido apresentada,
vai o processo com vista ao Ministério Público para emitir parecer.
Artigo 36º
(Outros infractores)
Quando da sua instrução resulte que a infracção é susceptível de ser imputada a outras
pessoas, serão estas também citadas, seguindo-se os demais termos dos artigos anteriores.
Artigo 37º
(Extinção por pagamento voluntário)
1. O responsável pode pôr termo ao processo pagando voluntariamente o montante
mínimo da multa legalmente fixado dentro do prazo da contestação.
2. O relator julgará extinto o procedimento logo que seja junta aos autos a guia com-
provativa do pagamento.
Artigo 38º
(Suprimento da falta)
1. O pagamento da multa não isenta o infractor da obrigação de suprir a falta que ori-
ginou a infracção, se tal for possível.
2. Para o efeito o acórdão fixará prazo razoável.
Artigo 39º
(Prescrição)
1. O procedimento judicial prescreve no prazo de cinco anos a contar do termo da ge-
rência em que os factos ocorreram.

1160
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho

2. A multa prescreve no prazo de dez anos a contar do trânsito em julgado do acórdão.


Artigo 40º
(Cumulação com à responsabilidade financeira)
A condenação em processo de multa não isenta o infractor da responsabilidade finan-
ceira eventualmente decorrente dos mesmos factos.
SECÇÃO V
Outros processos
Subsecção I
Disposições comuns
Artigo 41º
(Regime aplicável)
Aos restantes processos são aplicáveis, com as necessárias adaptações, as disposições
relativas ao processo de contas ou de multa, conforme os casos.
SECÇÃO VI
Recursos
Subsecção I
Disposições comuns
Artigo 42º
(Admissibilidade de recursos ordinários)
As decisões do Tribunal de Contas podem ser objecto de recurso ordinário, salvo quan-
do tenham sido proferidas em recurso ou se trate de despacho de mero expediente.
Artigo 43º
(Recurso extraordinário)
Os acórdãos podem ser objecto de recurso de revisão.
Artigo 44º
(Constituição de advogado)
Nos recursos não é obrigatória a constituição de advogado
Artigo 45º
(Prazo)
1. O prazo para a interposição dos recursos das decisões finais é de 30 dias, com as
dilações previstas na lei de processo civil.
2. Os recursos de outras decisões são interpostos no prazo de cinco dias, com as mes-
mas dilações.

1161
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho

Artigo 46º
(Legitimidade)
1. Têm legitimidade para recorrer:
a) O Ministério Público;
b) O membro do Governo de que depende o funcionário ou serviço;
c) O serviço interessado através do seu dirigente máximo;
d) Os responsáveis dirigentes condenados ou objecto de juízo de censura;
e) Os que forem condenados em processo de multa;
f) As entidades competentes para praticar o acto ou outorgar no contrato objecto
de visto.
2. O funcionário ou agente interessado em acto a que tenha sido recusado o visto pode
requerer, no prazo de dez dias à entidade com competência para a prática do acto a inter-
posição de recurso.
3. O funcionário ou agente interessado em acto a que tenha sido recusado o visto, não
fica impedido de interposição directa do recurso se a entidade referida no número anterior
não o fizer no prazo de dez dias a contar da data da entrega do seu pedido para o fazer.
Artigo 47º
(Forma)
Os recursos são interpostos mediante requerimento que conterá as alegações.
Artigo 48º
(Emolumentos)
1. Nos recursos não há lugar a preparos, sendo os emolumentos contados a final.
2. Nos recursos em que o Tribunal considere ter havido má fé os emolumentos podem
ser agravados até ao dobro.
Artigo 49
(Efeitos de recursos)
1. Os recursos ordinários das decisões finais têm sempre efeito suspensivo, salvo em
matérias de visto.
2. Os recursos de outras decisões só podem ser apreciados no acórdão final.
Artigo 50º
(Tramitação)
1. Distribuído e autuado o processo, o relator mandará informar o pedido à Direcção de
Serviços, se o julgar necessário, e proferirá despacho liminar de admissão do recurso.

1162
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho

2. Se pelo exame do requerimento e dos documentos anexos, o relator verificar que o


recurso é extemporâneo ou manifestamente ilegal ou que o Tribunal é incompetente inde-
ferirá liminarmente o recurso.
3. Do despacho de indeferimento cabe reclamação, no prazo de cinco dias, para a con-
ferência que, na primeira sessão, deverá proferir decisão que admita o recurso ou mantenha
o despacho reclamado.
4. Admitido o recurso, serão citados os interessados ou o Ministério Público para con-
tra-alegarem o que tiverem por conveniente e juntarem documentos no prazo de 30 dias.
5. Juntas as contra-alegações ou decorrido o respectivo prazo, os autos irão com vista
a cada um dos juízes, após o que o relator elaborará o projecto de acórdão.
Artigo 51º
(Preparação para julgamento)
Elaborado o projecto de acórdão deve o relator ordenar que seja remetido à Direcção
de Serviços juntamente com o processo até três dias antes da sessão em que haja de ser
apreciado, declarando o processo preparado para o julgamento.
Artigo 52º
(Notificação de acórdão final)
O acórdão final é notificado ao recorrente e a todos os que tenham sido notificados para
os termos do processo.
SUBSECÇÃO II
Recurso de revisão
Artigo 53º
(Fundamentos da revisão)
Os acórdãos transitados em julgado podem ser objecto de revisão pelos fundamentos
admitidos na lei do processo civil e ainda quando supervenientemente se revelem factos
susceptíveis de originar responsabilidade financeira que não tenham sido apreciados por o
processo não fornecer os elementos necessários para o efeito.
Artigo 54º
(Prazo de interposição do recurso de revisão)
1. A interposição do recurso de revisão da decisão que concedeu o visto apenas é
possível durante o prazo em que o acto ou contrato pode ser impugnado no contencioso
administrativo.
2. A interposição do mesmo recurso para apuramento de responsabilidade financeira
apenas é possível se não tiver decorrido ainda o prazo de prescrição.

1163
Decreto-Lei nº 47/89, de 26 de Junho

CAPÍTULO III
Disposições finais
Artigo 55º
(Coadjuvação de outras autoridades)
No exercício das suas funções o Tribunal de Contas tem direito à coadjuvação de todas
as autoridades públicas.
Artigo 56º
(Documentos e informações)
No exercício da sua competência, o Tribunal de Contas tem o direito de exigir de
quaisquer entidades os documentos e informações necessários, bem como o direito de aces-
so às bases de dados informatizadas das entidades sob a sua jurisdição.
Artigo 57º
(Publicação das decisões)
1. São publicadas no Boletim Oficial as seguintes decisões:
- Parecer sobre a Conta Geral do Estado
- Acórdãos de julgamento de contas quando condenatórios;
- Acórdãos que dêem provimento ao recurso extraordinário de revisão.
2. Podem ainda ser publicadas outras decisões sempre que o Tribunal o considere
conveniente.
O Ministro Adjunto do Ministro das Finanças, Arnaldo França.

1164
Resolução nº 01/94,

INSTRUÇÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS RELATIVAS À FISCALIZAÇÃO


PREVENTIVA DAS DESPESAS PÚBLICAS
Resolução nº 01/94
Com vista a facilitar a Administração Pública na organização e instrução dos proces-
sos relativos à constituição da relação jurídica de emprego público através de contratos de
provimento, trabalho a termo, tarefa e de avença, o Tribunal de Contas resolveu emitir as
seguintes instruções obrigatórias relativas à fiscalização preventiva das despesas públicas,
ao abrigo do artigo 10º, nº1, alínea b) da Lei nº 84/IV/93, de 12 de Julho.
Assim, deve a Administração Pública (Directa ou Indirecta, bem como a Administra-
ção Local), ao submeter os contratos supra referidos a visto deste Tribunal, fazer juntar “ab
initio” os seguintes documentos ou levar em consideração os seguintes aspectos:
1. Formar um processo individual por cada contratado, devidamente instruído e de que
faça parte o original do contrato outorgado pelas partes que é o documento a sujeitar a visto
do Tribunal de Contas (TC);
2. Remeter um duplicado do contrato;
3. Indicar a lei permissiva do contrato gerador de despesas públicas;
4. Juntar cópia da deliberação ou despacho que autorizou a contratação, bem como de
todas as proposta ou informações que a antecederam, donde possam verificar-se as razões
que a determinaram;
5. Juntar cópia do despacho do Membro do Governo competente que delegou poderes
em pessoal dirigente para outorgar tal contrato em nome do Estado de Cabo Verde ( art. 29º
do Estatuto do Pessoal Dirigente, aprovado pelo Decreto-Lei nº 31/89), fazendo-se prova
da publicação;
6. Enviar documento comprovativo das habilitações literárias e/ou qualificações pro-
fissionais do interessado legalmente exigidas ou fotocópia autenticada ( artº 4º, nº 1, al. b)
da Lei nº 102/IV/93 e artº 13º, nº2, al. d), do Decreto-Lei nº 46/89);
7. Juntar Certificado de Equivalência (artº 13, nº 2, al. e) do Decreto-Lei nº 46/89);
8. Demonstrar documentalmente a maioridade, a idoneidade civil, a capacidade profis-
sional e a aptidão física do interessado, nos termos do art. 4º, nº 1, als. a), c) a e), da Lei nº
102/IV/93 e artigo 13º, nº 2, als. c), f) e g) do D.L. nº 46/89;
9. Demonstrar ter sido dado cumprimento, tratando-se de contrato de provimento, ao
artº 23º da Lei nº 102/IV/93 (selecção de pessoal);
10. Demonstrar, tratando-se de contrato de provimento, que se verifica alguma das
situações previstas no artº 21º da Lei nº 102/IV/93;
11. Demonstrar, tratando-se de contrato no quadro, como é o caso do contrato de pro-
vimento, a existência do quadro do pessoal do serviço contratante bem como do lugar vago

1165
Resolução nº 01/94,

que vai ser ocupado pelo contrato (condição necessária para todo e qualquer provimento
no quadro);
12. Demonstrar ter sido dado cumprimento, tratando-se de contrato de trabalho a ter-
mo, ao disposto no artº 25º da Lei nº 102/IV/93;
13. Demonstrar, tratando-se de contrato de trabalho a termo, que se verifica alguma das
situações previstas nos nºs 2 e 3 do artº 24 da Lei nº 102/IV/93;
14. Demonstrar, tratando-se de contrato de tarefa, que se verificam os seus requisitos
(cumulativos) – artº 33º, nº 2, da Lei nº 102/IV/93, a saber:
Tratar-se de trabalhos de natureza excepcional, que não se enquadrem nas atribuições
e funções correntes e normais dos respectivos serviços;
Prestação de trabalho com autonomia, isto é, inexistência de subordinação hierárquica
entre o contratado e os dirigentes do serviço contratante;
Execução de trabalhos específicos, de natureza especial que exigem habilitações pró-
prias e que por isso não podem ser realizados pela generalidade das pessoas;
Inexistência no serviço contratante de funcionários ou agentes com as qualificações e
em número suficiente para satisfação de necessidades transitórias acrescidas e capazes de
exercer as funções objecto da tarefa.
15. Demonstrar, tratando-se do contrato de avença, que se verificam os requisitos in-
dicados no ponto 14, bem assim que o contratado irá prestar os trabalhos específicos e
especializados objecto do contrato no exercício de determinada profissão liberal e que a
remuneração acordada não ultrapassa a do técnico superior da referência 15,A (artºs. 33º,
nº 3 e 34º, nº 2 da Lei nº 102/IV93);
16. Prestar informação sobre a inscrição orçamental (rubrica) em que a despesa possa
ser classificada ou compreendida e cabimento na respectiva dotação no próprio documento
(contrato) a submeter a visto, com indicação do saldo disponível antes da assumpção de
cargo e da identificação da entidade competente que subscreve a informação devidamente
datada (artºs. 16º, nº 2, al. h) e 15º, nº 1, do D.L. nº 46/89;
17. Declarar por escrito a urgente conveniência de serviço pela entidade competente,
por forma a que o contrato possa excepcionalmente produzir efeitos à data da sua celebra-
ção e antes do visto do TC e da respectiva publicação oficial ( artº 8º, nºs. 1 e 4, do D.L. nº
46/89);
18. Demonstrar que, tratando-se de primeira admissão na Administração Pública (seja
na Directa ou Indirecta, bem assim na Administração Local), se verifica alguma das situa-
ções previstas no artigo 2º da Lei nº 95/IV/93, de 31 de Dezembro (Lei do Orçamento do
Estado para 1994).
Publique-se no Boletim Oficial, ao abrigo do disposto no artº 48º, nº 2 da Lei nº 84/
IV/93.
Tribunal de Contas, na Praia, 24 de Fevereiro de 1994. – Os Juízes Conselheiros do
Tribunal de Contas, - Anildo Martins, (Presidente) e Daniel Pereira Barros.

1166
Resolução nº 01/94,

XVI – DIVERSOS

1167
Resolução nº 01/94,

1168
Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio

REGIME JURÍDICO GERAL DOS ARQUIVOS


Lei nº 42/VI/2004
de 10 de Maio
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea b) do arti-
go 174º da Constituição, o seguinte:
CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 1º
Objecto
O presente diploma estabelece o Regime Jurídico Geral dos Arquivos.
Artigo 2.º
Princípios gerais
1. É direito e dever de todos os cidadãos, do Estado e das demais entidades públicas e
privadas preservar, defender e valorizar os arquivos.
2. Compete ao Estado apoiar a organização dos arquivos, qualquer que seja a sua
natureza, bem como garantir, facilitar e promover o acesso à documentação detida por
entidades públicas.
Artigo 3.º
Atribuições do Estado
Nos termos do princípio geral enunciado no artigo anterior, cabe, especialmente, ao
Estado:
a) Garantir a qualidade das instalações destinadas aos arquivos;
b) Garantir a conservação, o restauro e a valorização da documentação;
c) Programar e regulamentar a avaliação, a selecção e a eliminação da documen-
tação;
d) Promover uma correcta aplicação das normas de organização documental, no-
meadamente quanto à classificação e à ordenação;
e) Garantir, facilitar e promover o acesso à documentação, nomeadamente at-
ravés de instrumentos de descrição normalizados;
f) Definir as condições gerais e especiais da comunicação dos documentos;
g) Promover a coordenação entre os arquivos;
h) Promover a cooperação internacional no domínio dos arquivos;
i) Promover a formação profissional de técnicos de arquivo;
j) Fomentar a investigação em arquivística.

1169
Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio

CAPÍTULO II
Arquivos
SECÇÃO I
Conceito e classificação de arquivos
Artigo 4º
Arquivos
1. Os arquivos são constituídos pelo conjunto de documentos, quaisquer que sejam a
sua natureza, a data, a forma e o suporte material, produzidos ou recebidos, por uma pessoa
singular ou colectiva, pública ou privada, no quadro de suas actividades e destinados para
fins utilitários.
2. Os documentos a que se refere o n.º 1 têm a qualidade de arquivos a contar da data
da sua criação.
Artigo 5º
Classificação dos arquivos
Os arquivos, quanto à sua finalidade, classificam-se em:
a) Arquivos correntes ou administrativos, aqueles que se consideram de uso fre-
quente para a entidade que os produziu ou recebeu;
b) Arquivos intermédios, aqueles que perderam interesse corrente para a enti-
dade que os produziu ou recebeu mas que conservam um interesse potencial
para a gestão;
c) Arquivos definitivos ou históricos, aqueles que já não têm interesse para a
gestão mas que respeitam a factos cuja memória deve ser preservada, design-
adamente pelo seu valor histórico.
SECÇÃO II
Prazos de Conservação de Documentos de Arquivos
Artigo 6º
Conceito de prazo
Prazo de conservação de documentos de arquivos é o período de tempo durante o qual
esses documentos devem ser conservados nos serviços ou instituições a que pertençam
antes da sua transferência para os serviços de pré-arquivagem, para o Instituto do Arquivo
Histórico Nacional ou para os arquivos concelhios.
Artigo 7º
Prazos de conservação
1. Os arquivos correntes ou administrativos podem ser conservados, até o máximo de
cinco anos, junto da entidade que os produziu ou recebeu antes da sua transferência para os
serviços de pré-arquivagem.

1170
Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio

2. Os arquivos intermédios são conservados, durante um período máximo de dez anos,


nos serviços de pré-arquivagem antes da sua transferência para o Instituto do Arquivo His-
tórico Nacional ou para os arquivos concelhios.
3. Os arquivos definitivos ou históricos são conservados, em permanência, no Instituto
do Arquivo Histórico Nacional ou nos arquivos concelhios.
SECÇÃO III
Incorporação de documentos de arquivos
Artigo 8º
Conceito
A incorporação consiste na transferência de documentos de arquivos, quer a título de-
finitivo, quer a título de depósito, dos serviços ou instituições de origem para o Instituto do
Arquivo Histórico Nacional ou para outros arquivos concelhios.
Artigo 9º
Incorporação obrigatória no Instituto do Arquivo Histórico Nacional
É obrigatória a incorporação no Instituto do Arquivo Histórico Nacional dos documen-
tos de todos os serviços públicos, salvo nos casos em que, por força de disposição legal,
devam os mesmos ser obrigatoriamente mantidos e conservados nas instituições e serviços
a que pertençam.
Artigo 10º
Documentos de antes da Independência Nacional
Os documentos de arquivos produzidos ou recebidos antes da Independência Nacional
e que se encontram disseminados por diversos serviços dos concelhos são transferidos e
conservados no Instituto do Arquivo Histórico Nacional.
Artigo 11º
Documentos de pós Independência Nacional
Os documentos de arquivos produzidos ou recebidos após a Independência Nacional
pelos serviços sedeados nos concelhos são transferidos para os respectivos arquivos conce-
lhios de acordo com os prazos de conservação referidos nos números 2 e 3 do artigo 7º.
Artigo 12º
Documentos a serem transferidos para o Instituto do Arquivo Histórico Nacional
1. São transferidos para o Instituto do Arquivo Histórico Nacional os seguintes docu-
mentos:
a) O original do processo da Independência de Cabo Verde;
b) Os originais da Constituição da República de Cabo Verde;

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Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio

c) Os originais dos textos dos actos normativos publicados no Boletim Oficial;


d) Os documentos de arquivos dos departamentos governamentais, das autar-
quias locais e das pessoas colectivas de direito público, relativos a assuntos
fechados há mais de quinze anos;
e) Os documentos dos serviços e organismos da Administração Colonial Portu-
guesa em Cabo Verde;
f) Um exemplar de todas as publicações oficiais, periódicas e não periódicas,
editadas pelos serviços do Estado, autarquias locais e pessoas colectivas de
direito público.
2. O Instituto do Arquivo Histórico Nacional pode, nas condições previstas em re-
gulamentos, aceitar a transferência de documentos de arquivos indicados na alínea d) do
número anterior mesmo que sejam mais recentes:
a) Em razão do seu carácter particularmente secreto ou de referências que eles
contenham sobre pessoas ainda em vida;
b) Quando existe um perigo fundamentado de dispersão ou de deterioração.
Artigo 13º
Transferências de documentos
As transferências podem ser efectuadas somente:
a) Quando os documentos de arquivos a transferir estão classificados conforme
o princípio do respeito dos fundos e das competências do serviço que os trans-
fere;
b) Quando os documentos de arquivos estão convenientemente acondicionados
e acompanhados de uma relação recapitulativa em forma de processo verbal
indicando o nome do serviço, o intitulado do fundo ou da série, o número de
artigos, maços, pastas e suas datas extremas;
c) Quando os documentos de arquivos indicados na alínea d) do artigo 12º forem
julgados pelo Instituto do Arquivo Histórico Nacional de um grande interesse
histórico;
d) Quando os documentos de arquivos estão descritos num inventário em dois
exemplares, redigido sob a direcção e assessoria dos serviços competentes do
Instituto do Arquivo Histórico Nacional;
e) Quando os custos das operações de transferência são a cargo dos serviços que
processam essas remessas.
Artigo 14º
Domínio público
Os documentos de arquivos conservados no Instituto do Arquivo Histórico Nacional
integram o domínio público.

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Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio

SECÇÃO IV
Serviços de pré-arquivagem
Artigo 15º
Serviços de pré-arquivagem
1. Integrados nos serviços do Estado, das autarquias locais e das demais pessoas co-
lectivas de direito público existirão serviços de pré-arquivagem para a conservação dos
arquivos intermédios.
2. Os serviços de pré-arquivagem asseguram a guarda dos documentos de arquivos
que aí são depositados, assim como a conservação e a salvaguarda desses acervos que
constituem uma documentação administrativa importante a qual convém conservar durante
dez anos antes de ser transferida para o Instituto do Arquivo Histórico Nacional ou para os
arquivos concelhios.
Artigo 16º
Organização e apoio
1. A organização e funcionamento dos serviços de pré-arquivagem serão objecto de
diploma especial.
2. Incumbe ao Instituto do Arquivo Histórico Nacional apoiar a criação e a organiza-
ção dos serviços de pré-arquivagem, através de visitas periódicas e da verificação do cum-
primento dos prazos de conservação intermédia e dos prazos de transferência.
Artigo 17º
Elo de ligação
Os serviços de pré-arquivagem da Presidência da República, da Assembleia Nacional,
dos Ministérios e do Município da Praia e das pessoas colectivas de direito público, sedea-
das no Concelho da Praia, são o elo de ligação entre esses serviços e o Instituto do Arquivo
Histórico Nacional.
CAPÍTULO III
Arquivos concelhios
Artigo 18º
Arquivos concelhios
1. Em cada sede de concelho deverá existir um arquivo concelhio para a conservação
de arquivos definitivos criados após a Independência Nacional.
2. O arquivo concelhio da Praia é assegurado pelo Instituto do Arquivo Histórico
Nacional.
Artigo 19º
Função
Os arquivos concelhios asseguram a guarda dos documentos de arquivos que aí foram
transferidos, assim como a conservação e salvaguarda desse acervo que constitui uma do-
cumentação cultural importante referente a esses concelhos.

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Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio

Artigo 20º
Organização e apoio
1. A organização e o funcionamento dos Serviços de Arquivos Concelhios são confia-
dos aos funcionários das administrações das autarquias locais, caso ainda não disponham
de um arquivista na área.
2. Incumbe ao Arquivo Histórico Nacional apoiar, na medida do possível, a criação
e a organização dos serviços de Arquivos Concelhios, através de visitas periódicas e da
verificação do respeito dos prazos de transferência e de conservação.
CAPÍTULO IV
Documentos de arquivos do Estado, das autarquias locais
e das demais pessoas colectivas públicas
Artigo 21º
Subtracção de documentos à sua destinação e salvaguarda
1. Os documentos de arquivos pertencentes aos serviços do Estado, das autarquias
locais e das demais pessoas colectivas de direito público só podem ser subtraídos á sua
destinação nas modalidades definidas pelas leis que lhes digam respeito.
2. Em situações ponderosas, o Instituto do Arquivo Histórico Nacional pode tomar
medidas administrativas justificadas para a salvaguarda dos documentos de arquivos per-
tencentes aos serviços referidos no número anterior.
3. Toda a acção de salvaguarda é objecto de um relatório detalhado do Instituto do
Arquivo Histórico Nacional, o qual deverá ser enviado ao membro do Governo de quem
depende.
Artigo 22º
Recurso
Das decisões e deliberações do Instituto do Arquivo Histórico Nacional cabe recurso,
nos termos legais.
Artigo 23º
Documentos na posse de terceiros
1. Quando o Instituto do Arquivo Histórico Nacional sabe ou constata que documentos
pertencentes aos serviços do Estado, das autarquias locais e das demais pessoas colectivas
de direito público se encontram na posse de terceiros, informará o serviço interessado para
que tome medidas necessárias à defesa dos seus direitos e notificará simultaneamente o
detentor que fica na obrigação de restituir esses documentos ao serviço interessado.
2. Os documentos recuperados são submetidos à análise conjunta dos serviços a que
pertencem os documentos e do Instituto do Arquivo Histórico Nacional

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Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio

CAPÍTULO V
Documentos de arquivos de pessoas colectivas de utilidade pública
Artigo 24º
Documentos na posse de terceiros
Os serviços competentes do Instituto do Arquivo Histórico Nacional quando consta-
tam que documentos de arquivos pertencentes a pessoas colectivas de utilidade pública se
encontram na posse de terceiros devem informar os serviços interessados para que tomem
medidas necessárias à salvaguarda dos seus direitos e notificam simultaneamente o deten-
tor que fica na obrigação de restituir os documentos de arquivos aos seus donos.
Artigo 25º
Depósito
1. As pessoas colectivas de utilidade pública são obrigadas a depositar no Instituto do
Arquivo Histórico Nacional cópia dos seus documentos de arquivos anteriores à Indepen-
dência Nacional.
2. São também obrigadas a enviar ao Instituto do Arquivo Histórico Nacional um
exemplar de suas publicações periódicas e não periódicas oficiais.
Artigo 26º
Recolha
Os documentos de arquivos das pessoas colectivas de utilidade pública relativos a
assuntos fechados, com mais de vinte e cinco anos de idade e considerados de um grande
interesse histórico, são recolhidos no Instituto do Arquivo Histórico Nacional
Artigo 27º
Inventário
1. Os documentos de arquivos reunidos nos serviços de pré-arquivagem das pessoas
colectivas de utilidade pública devem ser classificados e inventariados.
2. Duas cópias do inventário são enviadas ao Instituto do Arquivo Histórico Nacional.
Artigo 28º
Direito de consultar e de fotocopiar documentos
As pessoas colectivas de utilidade pública têm o direito de consultar e tirar fotocópias dos
documentos de arquivos por elas depositados no Instituto do Arquivo Histórico Nacional.
Artigo 29º
Depósito no Instituto do Arquivo Histórico Nacional
Em casos de extinção de pessoas colectivas de utilidade pública, os seus documentos de
arquivos são depositados no Instituto do Arquivo Histórico Nacional a não ser que a transferên-
cia, de todo ou uma parte desses arquivos, a outros serviços públicos seja necessária.

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Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio

CAPÍTULO VI
Documentos de arquivos de pessoas privadas
Artigo 30º
Vigilância do Estado
O Estado exerce vigilância sobre os documentos de arquivos julgados de interesse
histórico cujos proprietários, detentores ou possuidores, a qualquer título, são pessoas pri-
vadas.
Artigo 31º
Comunicação obrigatória
1. As pessoas privadas, proprietárias, detentoras ou possuidoras, a qualquer título, de
documentos de arquivos com mais de setenta anos de idade são obrigadas a comunicar a
sua existência ao Instituto do Arquivo Histórico Nacional.
2. Nos sessenta dias seguintes à comunicação o Instituto do Arquivo Histórico Nacional
analisa os documentos de arquivos e pronuncia sobre o interesse histórico dos mesmos.
3. Na hipótese afirmativa, o Instituto do Arquivo Histórico Nacional comunicará
o facto ao interessado que adoptará as disposições referidas no n.º 1 do artigo 32º e no
artigo 33º.
Artigo 32º
Declaração de grande interesse histórico
1. O Governo ouvido o Instituto do Arquivo Histórico Nacional pode declarar de gran-
de interesse histórico os documentos de arquivos, de datas mais recentes, de que são pro-
prietários, detentores ou possuidores, a qualquer título, as pessoas privadas.
2. Na hipótese do número anterior, o Instituto do Arquivo Histórico Nacional adoptará
as disposições referidas no n.º 1 do artigo 32º e no artigo 33º.
3. Um exemplar da declaração de grande interesse histórico e a lista descritiva dos
documentos de arquivos é enviado ao ficheiro do Património Arquivístico Nacional.
4. A declaração referida no n.º 1 não afecta o direito de propriedade, mas a destruição sujei-
ta o proprietário, o detentor ou o possuidor às obrigações previstas no artigo 34º desta lei.
Artigo 33º
Documentos secretos
O Instituto do Arquivo Histórico Nacional, ouvido o proprietário, detentor ou possui-
dor, deve fazer com que a comunicação dos documentos de arquivos julgados secretos seja
reservada até à altura em que eles atinjam setenta anos de idade, sob condição de confi-
dencialidade de documentos relativos à vida privada e aos interesses económicos dessas
pessoas.

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Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio

Artigo 34º
Obrigação de pessoas detentoras ou possuidoras de documentos de arquivos
As pessoas privadas, proprietárias, detentoras ou possuidoras, a qualquer título, de
documentos de arquivos são obrigadas a:
a) Conservar os seus documentos de arquivos convenientemente e com todos os
cuidados devidos;
b) Proceder à sua classificação e ao inventário, ajudados em caso de necessidade
pelos serviços competentes do Instituto do Arquivo Histórico Nacional;
c) Autorizar a comunicação, no local, de seus documentos de arquivos aos
pesquisadores que fazem o pedido, a não ser que o carácter secreto tenha sido
reconhecido pelos serviços competentes do Instituto do Arquivo Histórico Na-
cional e conforme as disposições do artigo 33º;
d) Comunicar ao Instituto do Arquivo Histórico Nacional a perda, a destruição
total ou parcial de seus documentos de arquivos, assim como a sua transferên-
cia para outro lugar, nos trinta dias subsequentes;
e) Proceder ao restauro dos seus documentos de arquivos que estão deteriorados
ou permiti-lo aos seus serviços competentes do Instituto do Arquivo Histórico
Nacional;
f) Não transferir, a título oneroso ou gratuito, a propriedade, a detenção ou a pos-
sessão de seus documentos de arquivos sem informar previamente o Instituto
do Arquivo Histórico Nacional;
g) Não exportar do território nacional os seus documentos de arquivos sem au-
torização dos serviços competentes;
h) Manter a classificação de seus documentos de arquivos que devem ser conser-
vados no respeito do seu carácter orgânico;
i) Permitir aos funcionários do Instituto do Arquivo Histórico Nacional proceder
a visitas para verificar o cumprimento das obrigações definidas pelo presente
diploma.
Artigo 35º
Solicitação de depósito
As pessoas privadas, proprietárias, detentoras ou possuidoras, a qualquer título, de do-
cumentos de arquivos podem solicitar o seu depósito nos armazéns do Instituto do Arquivo
Histórico Nacional.
Artigo 36º
Facilitação dos depósitos voluntários
O Instituto do Arquivo Histórico Nacional facilita, por todos os meios, depósitos vo-
luntários e, caso haja lugar, deve:
a) Atribuir ao depositante um certificado honorífico;

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Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio

b) Favorecer a publicação de monografias e exposições dos documentos de ar-


quivos depositados.
Artigo 37º
Direito de consultar e de fotocopiar documentos de arquivos
Os proprietários detentores ou possuidores, a qualquer título, de documentos de arqui-
vos depositados nos armazéns do Instituto do Arquivo Histórico Nacional têm direito de os
consultar e de tirar fotocópias.
CAPITULO VII
Eliminação de documentos de arquivos
Artigo 38º
Eliminação de documentos
A eliminação de documentos de arquivos consiste na sua destruição, uma vez decorri-
dos os prazos de conservação ou após a transferência das informações neles contidos para
suportes de cópia legalmente previstos.
Artigo 39º
Prazos
Nos casos de transferência das informações para suportes de cópia, serão aplicados a
estes os prazos de conservação previstos para os originais.
Artigo 40º
Proibição
1. É proibida a destruição de documentos de arquivos classificados de interesse histó-
rico.
2. Em caso algum serão eliminados documentos de arquivos anteriores à Independên-
cia Nacional.
Artigo 41º
Casos excepcionais de eliminação
1. O Instituto do Arquivo Histórico Nacional pode, excepcionalmente, decidir pela
eliminação de documentos de arquivos transferidos pelos serviços de pré-arquivagem:
a) Quando esses documentos forem totalmente irrecuperáveis por causas natu-
rais ou fortuitas;
b) Quando a sua reprodução for efectuada a título de substituição.
2. A eliminação de documentos de arquivos deve ser justificada e acompanhada de
uma lista, em dois exemplares, dos documentos em apreço.
3. Na hipótese dos números anteriores, uma lista com indicação de eliminação é trans-
mitida ao ficheiro do Património Arquivístico Nacional.

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Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio

CAPÍTULO VIII
Comunicação e publicidade de documentos de arquivos
Artigo 42º
Prazo geral de comunicação
Os documentos de arquivos conservados no Instituto do Arquivo Histórico Nacional
são livremente comunicáveis a toda a pessoa, vinte e cinco anos após o encerramento do
assunto aos quais eles se referem.
Artigo 43º
Prazos especiais
Sem prejuízo do disposto em legislação especial, o acesso aos documentos a seguir
indicados, faz-se nos seguintes prazos:
a) Os documentos de carácter militar e os relacionados com a política externa,
cinquenta anos a partir da data da sua criação;
b) Os documentos das pessoas privadas, setenta anos a partir da data da sua cri-
ação;
c) Os documentos que contenham informações de foro médico, setenta e cinco
anos a partir da data da sua criação;
d) Os processos individuais, os processos judiciais, os documentos de registo
civil e os que contenham informações recolhidas através de inquérito ou re-
censeamento, cem anos a partir da data do seu termo.
Artigo 44º
Prorrogação de prazos
No caso de alguns documentos de arquivos julgados particularmente secretos, os pra-
zos referidos nos artigos anteriores podem ser, excepcionalmente, prorrogados pelo Insti-
tuto do Arquivo Histórico Nacional, no interesse da política interna, externa, da defesa do
Estado e da vida privada dos cidadãos.
Artigo 45º
Comunicação para fins utilitários
O Instituto do Arquivo Histórico Nacional pode autorizar a comunicação para fins uti-
litários de séries de documentos de arquivos, mesmo antes da expiração dos prazos legais
de comunicação indicados no artigo 42º, sob condição de confidencialidade.
CAPITULO IX
Reprodução de documentos de arquivos
Artigo 46º
Reprodução de documentos
É livre, em regra, a reprodução dos documentos de arquivos conservados no Instituto
do Arquivo Histórico Nacional, desde que para fins de investigação, excepto nas situações
previstas na lei.

1179
Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio

Artigo 47º
Proibição de reprodução
1. Não é permitida a reprodução integral de unidades arquivísticas, tais como: caixa,
pasta, maço, dossier, códice, livro de registo, etc.
2. As espécies arquivísticas só poderão ser reproduzidas com recurso à microfilmagem,
ficando o negativo na posse do Instituto do Arquivo Histórico Nacional ou dos arquivos
definitivos públicos municipais.
Artigo 48º
Reprodução com fins comerciais
1. A reprodução com objectivos comerciais será objecto de contrato prévio.
2. Os emolumentos a cobrar pelas certidões e cópias são os constantes das tabelas
oficiais a aprovar por portaria dos membros do Governo responsáveis pelas finanças e pelo
património arquivístico.
3. Os preços a pagar pelas fotocópias ou microfilmes de documentos existentes no Ins-
tituto do Arquivo Histórico Nacional constarão da tabela a fixar pelo regulamento interno
do mesmo.
CAPÍTULO X
Transferência de informação
Artigo 49º
(Transferência de informação)
A transferência de informação contida em documentos produzidos e ou recebidos por
serviços públicos e privados sob a forma de suporte tradicional (papel) para novos suportes
tais como microfilme e disco óptico faz-se nos termos dos artigos seguintes.
Artigo 50º
(Âmbito)
O disposto no presente capítulo aplica-se a:
a) Serviços da administração directa e indirecta do Estado;
b) Serviços de administração autónoma;
c) Outras entidades públicas ou privadas detentoras de arquivos que forem de-
clarados de relevante interesse histórico-arquivístico por despacho do mem-
bro do Governo responsável pela área da Cultura.
Artigo 51º
(Utilização do microfilme e do disco óptico)
1. Os organismos e serviços da administração directa e indirecta do Estado e dos muni-
cípios são autorizados a utilizarem microfilmagem e disco óptico para todos os documentos
que, nos termos da lei, acordo, tratado ou convenção, devam manter-se em arquivo.

1180
Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio

2. A transferência de informação contida em arquivos de conservação permanente


deverá obedecer aos pressupostos técnicos definidos pelo Instituto do Arquivo Histórico
Nacional.
3. A transferência da informação referida nos pontos anteriores não implica a eliminação.
Artigo 52º
(Critérios de segurança)
As operações de transferência de informação prevista no artigo anterior obedecerão
aos seguintes requisitos:
a) Impossibilitar a alteração do registo original;
b) Garantir que o novo suporte contenha toda a informação que estava registada
no original;
c) Manter um registo mecânico ou informatizado de todos os dados contidos nos
novos suportes, com a data de produção destes;
d) Permitir a reprodução, com grande fiabilidade, dos registos originais.
Artigo 53º
(Força probatória das cópias)
As cópias obtidas a partir dos novos suportes como microfilme e ou disco óptico refe-
ridos no nº1 do artigo 4º têm a força probatória dos originais, desde que autenticadas com
selo branco e assinatura do responsável à guarda da qual se encontram os novos suportes.
CAPÍTULO XI
Aquisição de documentos de arquivos e obrigações particulares
Artigo 54º
Heranças, legados e doações
O Instituto do Arquivo Histórico Nacional pode aceitar directamente heranças, legados
e doações de documentos de arquivos, sob reserva que eles sejam julgados de um grande
interesse histórico.
Artigo 55º
(Utilização do microfone e do disco óptico)
Aquisição
1. O Instituto do Arquivo Histórico Nacional pode comprar directamente com os fun-
dos de que dispõe, os documentos de arquivos julgados de um grande interesse histórico.
2. Se a despesa excede o montante de créditos ordinários inscritos no seu orçamento
anual, ou tratar-se de compras no estrangeiro, a autorização de compra deve ser concedida
pelo membro do Governo de quem depende o Instituto do Arquivo Histórico Nacional.

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Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio

Artigo 56º
(Critérios de segurança)
Prerrogativas
1. Aos depositantes, aos doadores e às pessoas que deixarem herança ou legado ou
venderem documentos de arquivos ao Instituto do Arquivo Histórico Nacional reserva-se
a possibilidade de obterem reproduções e de interditar a comunicação de todo ou de parte
dos documentos de arquivos, que julgarem secretos, enquanto não tiverem setenta anos de
idade.
2. A não comunicabilidade não se aplica aos herdeiros das pessoas referidas no número
anterior quando esses documentos de arquivos dizem respeito aos bens patrimoniais adqui-
ridos pelos herdeiros.
CAPÍTULO XII
Requisição de documentos de arquivos por utilidade pública
Artigo 57º
Requisição por utilidade pública
1. Quando as pessoas privadas, proprietárias, detentoras ou possuidoras de documen-
tos de arquivos declarados de um grande interesse histórico não respeitam as obrigações
referidas no artigo 34º, o Instituto do Arquivo Histórico Nacional concede-lhes o prazo de
um ano para se conformarem àquelas disposições.
2. Passado esse prazo, se as obrigações não forem cumpridas, os documentos de arqui-
vos podem ser objecto de requisição por utilidade pública, nos termos da lei, mediante o
pagamento da justa indemnização.
3. Nos casos em que o Instituto do Arquivo Histórico Nacional estima que há perigo
imediato, fundado e real de dispersão ou de deterioração, o prazo referido no n.º 1 é redu-
zido a quinze dias.
CAPÍTULO XIII
Disposições finais
Artigo 58º
Revogação
Fica revogada toda a legislação em contrário designadamente os artigos 495º e 496º do
Estatuto do Funcionalismo Ultramarino.
Artigo 59º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor no prazo de sessenta dias sobre a data da sua pu-
blicação.

1182
Lei nº 42/VI/2004, de 10 de Maio

Aprovada em 31 de Março de 2004.


O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima
Promulgada em 21 de Abril de 2004.
Publique-se.
O Presidente da República, Pedro Verona Rodrigues Pires
Assinada em 28 de Abril de 2004.
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Raimundo Lima.

1183
Decreto-Lei n.º 25/99, de 10 de Maio

REGULA O DIREITO Á REMIÇÃO DO FORO


Decreto-Lei n.º 25/99
de 10 de Maio
A enfiteuse, também chamada de aforamento ou emprazamento, consiste no desmem-
bramento do direito de propriedade em dois domínios, o domínio directo (de que o titular se
designa por senhorio) e o domínio útil (de que o titular se designa por foreiro ou enfiteuta).
Está regulada no título IV do livro III do Código Civil (artigos 1474.º e seguintes).
Em relação a terrenos a matéria está especialmente tratada no Regulamento de Ocupa-
ção e Concessão de Terrenos (ROCT), aprovado pelo Decreto n.º 43339, de 10 de Setembro
de 1961, tornado aplicável a Cabo Verde pela Portaria n.º 24 229, de 9 de Agosto de 1969
(artigos 185.º e seguintes).
Trata-se de uma figura jurídica herdada do direito português, onde o debate sobre ela
foi vivo. Enquanto uns a defendiam, acentuando as possibilidades de desproletarização que
trazia, outras condenavam-na, por considerarem anómalo o gravame que o foro trazia ao
explorador dos bens e por entenderem que seu carácter tendencialmente perpétuo era de
molde a provocar o desinteresse de quem explorava os bens na sua conservação e valori-
zação. Por outro lado, punha-se em relevo que, «na enfiteuse encontramos um direito – o
do senhorio directo – que está dissociado, em princípio perpetuamente, de qualquer válida
função social, …» modernos da função social da propriedade. Alem disso, criticava-se o
facto de a lei continuar «até a admitir situações com tão pouco significado como a enfiteuse
de prédios urbanos» afirmando-se que ela «só poderá ter fundamento como figura do Direi-
to Agrário ou, pelo menos, como figura ligada á vida agrária».
Em relação a terrenos, a inclusão da figura no ROCT teve em vista facilitar o assenta-
mento de «colonos» em Angola e Moçambique, possibilitando a aquisição e o aproveita-
mento agrícola, industrial ou outro de grandes extensões de terrenos, mediante um regime
que, garantindo o uso e a fruição do prédio como coisa sua a título perpétuo, não implicava
o pagamento á partida do respectivo preço, apenas obrigando a um foro ou renda anual. O
facto de o foro poder ser remido se o aproveitamento previsto se realizasse justificava o
interesse da Administração na figura, funcionando como incentivo para que o privado rea-
lizasse a expensas suas infra-estruturas e o aproveitamento e ocupação efectivos de grandes
extensões do território, alcançando-se, desse modo os objectos de ocupação e «coloniza-
ção» que o Estado prosseguia.
No direito Português, a figura da enfiteuse ou aforamento foi extinta ou suprimida em
1976. Quanto aos prédios rústicos, por se considerar que os encargos e obrigações que im-
punha aos pequenos agricultores correspondiam a «puras sequelas institucionais do modo
de produção feudal» e que a sua liquidação radical não podia deixar de acontecer no quadro
de uma «politica agrária orientada para o apoio e a libertação dos pequenos agricultores»;
quanto aos prédios urbanos, porque, relativamente a eles «a enfiteuse … não desempenha,
nos tempos actuais, qualquer função social útil».

1184
Decreto-Lei n.º 25/99, de 10 de Maio

Paradoxalmente, em Cabo Verde, foi a partir de 1975 que o aforamento ganhou ex-
pressão significativa, passando a ser o regime regra da atribuição de lotes de terrenos para
construção urbana por parte dos municípios. Razões de ordem ideológica e também de
democratização e facilitação do acesso a esses terrenos e a habitação e da urbanização de
aglomerados populacionais estão na base de tal preferência.
Todavia, se ainda hoje a figura pode facilitar o acesso a terrenos parta edificações, não
parece que, construído edifício, ela continue a desempenhar qualquer função social útil.
Pois, por um lado, não se justifica, em termos filosóficos e até ética social, que tendo
os beneficiários realizado o aproveitamento para que os terrenos lhes foram concedidos –
no caso, a construção do prédio urbano – continuem a estar sujeitos aos ónus inerentes ao
desmembramento do seu direito de propriedade, pagando um tributo a quem nada fez para
esse aproveitamento só pelo facto de ser, formal, passiva e parasitariamente, o titular de um
domínio virtual sobre o terreno. Especialmente não parece razoável manter-se na titularida-
de de entidades públicas terrenos sobre os quais tenham sido regularmente erguidas cons-
truções privadas estáveis e duradouras, tendencialmente perpétuas, albergando actividades
privadas de relevante e relevado interesse geral. Mesmo do ponto de vista de gestão dessas
entidades públicas é duvidoso que tal situação se justifique, na medida em que, amiúde, o
custo administrativo da cobrança do foro ultrapassada as receitas deles provenientes.
Por outro lado, em muitas ilhas do Pais, os terrenos transformaram-se em bens muito
escasso que condicionam, de maneira particularmente forte, projectos de investimentos
estruturantes de que Cabo Verde precisa.
Acresce que regime da enfiteuse ou aforamento, (i) por impor fortes restrições nos
direitos sobre o prédio, (ii) por obrigar ao ónus de um tributo por longos anos e cujo valor
é em regra fixada unilateralmente pelo senhorio, (iii) por implicar, em termos formais, dois
titulares sobre o mesmo prédio (o senhorio e o foreiro) e, ainda, (iv) por ser, nos tempos
modernos, praticamente desconhecido em outras ordens jurídicas, contribui para criar um
ambiente que não favorece a imagem de facilidades e incentivos de atracção do investi-
mentos para Cabo Verde.
A agravar a situação, alguns senhorios começam, ilegitimamente, a inserir nos contac-
tos de aforamento cláusulas de caducidade em caso de alienação das edificações implanta-
das nos terrenos, obrigando os adquirentes a efectuar a compra do terreno, por preços fre-
quentemente especulativos, dificultando sem motivo forte a liberdade do comercio privado
imobiliário e até programas públicas.
Pretende-se ultrapassar este estado de coisas, em que uma visão imediatista ou de curto
prazo e uma excessiva lógica de tesouraria estão a constituir obstáculo ao investimento útil
ou mesmo necessário ao desenvolvimento do pais no ritmo desejável, dificultando a dispo-
nibilização oportuna e a justo preço de terrenos para a implantação de infra-estruturas e a
realização de actividades económicas e sociais de interesse geral.

1185
Decreto-Lei n.º 25/99, de 10 de Maio

Não estando criadas todas as condições para a extinção pura e simples da figura de
aforamento, a solução passa pela facilitação da remição do foro, propiciando a unificação
na mesma pessoa – o foreiro ou enfiteuta – dos dois domínios, directo e útil, antes desmem-
brados, fazendo dela o único e pleno proprietário do prédio e ultrapassando o facto de dois
direitos incidindo sobre o mesmo bem serem fonte de potenciais conflitos e de insegurança
jurídica.
Na verdade, a lei permite que o foreiro, pagando de uma só vez, um certo número de
foros (20), reúna, na sua titularidade, os dois domínios em que o aforamento faz desdo-
brar o direito de propriedade. Nisto consiste a remição do foro, prevista nos artigos 1484º
c), 1494º e 1495º do Código Civil. Prevista também, quanto aos terrenos, no artigo do
ROCT.
Trata-se de um direito potestativo, ou seja de um direito cuja efectivação depende da
vontade unilateral do foreiro, não podendo a outra parte ( o senhorio) opor-se ou impedir
que produza os efeitos legalmente estabelecidos (no caso, a reunificação dos dois domínios
na titularidade do foreiro).
Simplesmente, a lei, em todos os casos, condiciona o exercício do direito de remição
do foro a alguns pressupostos. Exige-se que o aforamento tenha durado mais de 40 anos,
susceptíveis de ser elevados para 60 anos (artigo 1494º do Código Civil). Relativamente a
terrenos exige-se, além disso, que estejam verificadas as condições respeitantes ao comple-
to aproveitamento do terreno e á existência nele das construções indispensáveis ao perfeito
funcionamento da exploração (artigo 110º do ROCT).
O presente diploma – considerando desejável a tendência para reunificar e clarificar as
situações de desmembramento dos direitos e poderes inerentes a direitos reais, designada-
mente o da propriedade – dispensa, para efeito de remição do foro, o requisito de duração
do aforamento, quando incida sobre prédio urbano ou sobre chão para edificar no qual
tenha sido construído prédio urbano, permitindo que ela se concretize a todo o tempo, se o
registo estiver feito, os foros vencidos pagos e a desafectação do prédio do domínio público
considerada de interesse relevante.
Nestes termos e,
No uso da faculdade conferida pela alínea a) do nº 2 do artigo 216º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
(objecto)
O presente Decreto-Lei regula o direito á remição do foro de que goza foreiro ou titular
de domínio útil sobre prédio urbano ou sobre chão para edificar no qual tenha sido cons-
truído prédio urbano.

1186
Decreto-Lei n.º 25/99, de 10 de Maio

Artigo 2º
(Direito à remição)
1. O foreiro de prédio urbano ou de chão para edificar no qual tenha sido construído
prédio urbano tem direito à remição do foro a todo o tempo, quer o respectivo senhorio seja
pessoa pública ou privada, desde que:
a) O domínio útil esteja inscrito e o prédio urbano descrito no registo predial;
b) Os foros vencidos tenham sido integralmente pagos ou depositados em juízo
à ordem do senhorio que se tenha recusado a recebê-los;
2. A prova dos requisitos referidos no nº 1 faz-se, respectivamente, por certidão do
registo, por recibo comprovativo do pagamento do último foro vencido ou por documento
comprovativo do depósito em juízo.
Artigo 3º
(Exercício do direito á remição)
1. O direito à remição do foro exerce-se mediante declaração escrita da intenção de
remir feita pelo foreiro ao senhorio com a solicitação de indicação do lugar e modalidade
de pagamento do preço da remição.
2. A declaração a que se refere o nº 1 deve ser acompanhada dos documentos que fa-
çam prova bastante dos requisitos do artigo 2º deste diploma.
3. Se, no prazo de quinze dias a contar da recepção da declaração, o senhorio não co-
municar, por escrito, o lugar e a modalidade de pagamento do preço da remição ao foreiro,
tem este direito a proceder ao deposito da totalidade ou da primeira e subsequentes presta-
ções do preço à ordem do tribunal da comarca onde se situa o prédio urbano e requerer a
notificação judicial do deposito da totalidade ou do da primeira prestação ao senhorio.
4. Quando o senhorio seja pessoa colectiva, o prazo estabelecido no nº 3 conta-se da
data de entrada da declaração nos respectivos serviços.
Artigo 4º
(Preço da remição)
1. O preço da remição é pago em dinheiro e corresponde a vinte vezes o ultimo foro
anual vencido.
2. O foreiro pode optar por efectuar o pagamento do preço da remição no máximo de
vinte prestações anuais, declarando-o por escrito ao senhorio.
3. A mora no pagamento de qualquer das prestações implica o pagamento da mesma
em dobro mas não o vencimento da totalidade do preço da remição.

1187
Decreto-Lei n.º 25/99, de 10 de Maio

Artigo 5º
(Recibo de pagamento)
1. O recibo de pagamento ou documento equivalente deve conter as seguintes menções
expressas:
a) Identificação precisa do prédio, incluindo, designadamente a sua localização,
descrição física, numero de inscrição matricial e de descrição predial;
b) A identificação do titulo de constituição da enfiteuse e a indicação do numero
de inscrição do direito no registo predial;
c) A identificação do senhorio e do foreiro;
d) O preço da remição do foro e a data do seu pagamento;
e) O numero e valor das prestações do preço e as datas dos respectivos venci-
mentos, quando o foreiro tiver optado pelo pagamento em prestações.
2. A guia de depósito do preço ou da prestação da remição do foro, bem como o re-
querimento para a sua notificação judicial ao senhorio devem também conter as menções
referidas no nº 1 do presente artigo.
Artigo 6º
(Efeitos)
1. A remição do foro tem por efeitos a atribuição ao foreiro do direito de propriedade e
a extinção da enfiteuse sobre o prédio nos termos do artigo 1496º a) do Código Civil.
2. Os efeitos da remição do foro produzem-se com o pagamento ou com a notificação
judicial do depósito do respectivo preço.
Artigo 7º
(Registo)
A remição do foro está sujeita registo predial.
Artigo 8º
(Casos omissos)
Nos casos omissos é aplicável o regime geral da enfiteuse estabelecido no Código
Civil, bem como, com as necessárias adaptações e o disposto no regulamento de Ocupação
e Concessão de Terrenos aprovado pelo Decreto nº 43 894. de 6 de Setembro de 1961, apli-
cável por força da portaria nº 24 229, de 9 de Agosto de 1969.
Artigo 9º
(Domínio público)
1. Goza do direito de remição, nos termos do no presente diploma, com as necessárias
adaptações, o foreiro ou detentor, mediante qualquer forma de renda, de terreno do domínio

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Decreto-Lei n.º 25/99, de 10 de Maio

publico onde tenha sido construído prédio urbano, desde que além dos requisitos previstos
no artigo 2º, a construção do prédio e a remição tenham sido declaradas de relevante inte-
resse público económico, social ou cultural.
2. A declaração a que se refere o nº 1 compete ao Governo, por resolução, e determina
a automática desafectação do prédio do dominó público e sua transferência para o domínio
privado disponível da pessoa colectiva a cuja titularidade o prédio pertence.
3. Presume-se o relevante interesse público a que se refere o nº 1, quando o prédio
urbano:
a) Tenha sido incluído em programa de privatização ou em zona de desenvolvi-
mento turístico, industrial ou outro;
b) Seja objecto de acto ou contrato de privatização ou de qualquer forma de al-
ienação a entidade privada;
c) Se encontre na posse ou fruição de empresa pública ou de pessoa de direito
privado, há mais de cinco anos, por virtude de contrato administrativo, ou
ainda de contrato civil de locação, de comodato ou outro que proporcione o
gozo temporário do prédio para fins turísticos ou culturais.
d) Seja objecto de promessa tendo em vista os efeitos referidos em c).
Artigo 10º
(Entrada em vigor)
O presente decreto-lei entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Promulgado em 15 de Abril de 1999.

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Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

REGIME JURÍDICO GERAL DE CONTRA-ORDENAÇÕES


Decreto-Legislativo nº 9/95
de 27 de Outubro
Convindo dotar o país de um adequado direito de mera ordenação social,
Traduzindo, assim, a urgência que se vinha sentindo, tanto no plano da reflexão teórica
como no da aplicação prática do direito, de dispor de um ordenamento sancionatório alter-
nativo e diferente do direito criminal;
Considerando que os próprios órgãos legislativos e executivo têm, não raras vezes,
sentido a carência de um tal ordenamento, impedindo, frequentemente, esses órgãos de
lançar mão de uma gama diferenciação de sanções ajustada à natureza e gravidade dos
ilícitos a reprimir ou prevenir;
Tendo em conta que nenhum Estado que promova a justiça social e que, portanto,
desenvolve nesse sentido uma larga intervenção da Administração, designadamente, nos
domínios da economia, saúde, habitação, cultura e ambiente, pode atingir os fins que se
propõe sem uma aparelhagem de ordenação social a que corresponde um ilícito e sanções
próprias que não se confundem com o ilícito e sanções penais, por não violarem aquele
mínimo ético social com relevância criminal;
Considerando, ainda, que é necessário libertar o direito penal do número inflacionário
e incontrolável de infracções destinadas a assegurar a eficácia dos comandos normativos
da Administração, cuja desobediência não se reveste da ressonância moral característica do
direito penal, como, aliás, tem vindo a acontecer em várias experiências comparadas;
Dando, assim, cumprimento ao Programa do Governo;
Ao abrigo da autorização Legislativa concedida pela Lei nº 131/IV/95, de 27 de Junho.
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do nº 2, do artigo 216º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
PARTE I
Da contra-ordenação e da coima em geral
CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 1º
(Contra-ordenação)
1. Constitui contra-ordenação todo o facto ilícito e censurável que preencha um tipo
legal no qual se comine uma coima.
2. A lei determinará os casos em que uma contra-ordenação pode ser imputada inde-
pendentemente do carácter censurável do facto.

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Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

Artigo 2º
(Princípio da legalidade)
Só será punido como contra-ordenação o facto descrito e declarado passível de coima
por lei anterior ao momento da sua prática.
Artigo 3º
(Aplicação no tempo)
1. A coima aplicável é a estabelecida pela lei vigente no momento da prática do facto
ou do preenchimento dos pressupostos de que depende.
2. Se a lei vigente ao tempo da prática do facto for posteriormente modificada, aplicar-
se-á a lei mais favorável ao arguido, salvo se já tiver transitado em julgado a decisão da
autoridade administrativa ou do tribunal.
3. Não se aplica o disposto na parte final do número anterior, se a lei posterior mais
favorável ao arguido se traduzir na eliminação do facto do número de infracções cominadas
com uma coima.
4. O disposto no número 2 deste artigo não se aplica às leis temporárias, salvo se estas
determinarem o contrário.
5. O regime previsto nos números anteriores aplica-se, com as devidas adaptações, aos
efeitos das contra-ordenações.
Artigo 4º
(Aplicação no espaço)
A presente lei é aplicável:
a) A factos praticados em território nacional, independentemente da nacionali-
dade do agente;
b) A factos praticados a bordo de navios ou aeronaves nacionais, salvo tratado ou
convenção em contrário.
Artigo 5º
(Momento da prática do facto)
O facto considera-se praticado no momento em que o agente actuou ou, no caso de
omissão, deveria ter actuado, independentemente do momento em que o resultado típico se
tenha produzido.
Artigo 5º
(Lugar da prática do facto)
O facto considera-se praticado no lugar em que, total ou parcialmente e sob qualquer
forma de comparticipação, o agente actuou ou, no caso de omissão, devia ter actuado, bem
como naquele em que o resultado típico se tenha produzido.

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Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

CAPÍTULO II
Contra-ordenação
Artigo 7º
(Comissão por acção e por omissão)
1. Quando, num tipo legal no qual se comine uma coima, se preveja um certo resulta-
do, o facto abrange não só a acção adequada a produzi-lo, como a omissão da acção ade-
quada a evitá-lo, salvo se outra for a intenção da lei.
2. A comissão de um resultado por omissão só é punível quando sobre o omitente re-
cáia um dever jurídico que pessoalmente o obrigue a evitar esse resultado.
3. No caso do número anterior, atendendo as circunstâncias concretas do caso, a coima
poderá ser livremente atenuada.
Artigo 8º
(Responsabilidade das pessoas colectivas ou equiparadas)
1. As coimas podem aplicar-se tanto às pessoas singulares como às pessoas colectivas,
bem como às associações ou outros organismos sem personalidade jurídica.
2. As pessoas colectivas ou equiparadas serão responsáveis pelas contra-ordenações
praticadas pelos seus órgãos no exercício das suas funções.
Artigo 9º
(Dolo e negligência)
Só é punível o facto praticado com dolo ou, nos casos especialmente previstos na lei,
com negligência.
Artigo 10º
(Erro sobre as circunstâncias de facto)
O erro sobre elementos descritivos ou normativos do tipo, ou sobre um estado de coi-
sas que, a existir, afastaria a ilicitude do facto, exclui o dolo.
Artigo 11º
(Erro sobre a ilicitude)
1. Age sem culpa quem actua sem consciência da ilicitude do facto, se o erro não lhe
for censurável.
2. Se o erro for censurável, a coima poderá ser livremente atenuada.
3. O regime previsto no número 1 é aplicável em caso de erro sobre um estado de coi-
sas que, a existir afastaria a culpa do agente.
Artigo 12º
(Inimputabilidade em razão da idade)
Para efeitos do presente diploma, consideram-se inimputáveis os menores de 16 anos.

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Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

Artigo 13º
(Inimputabilidade em razão de anomalia psíquica)
1. É inimputável quem, por força de uma anomalia psíquica, é incapaz, no momento da
prática do facto, de avaliar a ilicitude ou de se determinar de acordo com essa avaliação.
2. Pode ser declarado inimputável quem, por força de uma anomalia psíquica grave
não acidental e cujos efeitos não domina, sem que por isso possa ser censurado, tem no mo-
mento da prática do facto a capacidade para avaliar a ilicitude deste ou para se determinar
de acordo com essa avaliação sensivelmente diminuída.
3. A imputabilidade não é excluída quando a anomalia psíquica tiver sido provocada
pelo próprio agente com intenção de cometer o facto.
Artigo 14º
(Actos preparatórios)
Os actos preparatórios não são puníveis, salvo disposição da lei em contrário.
Artigo 15º
(Tentativa)
1. Há tentativa quando o agente pratica actos de execução de uma contra-ordenação
que decidiu cometer sem que esta chegue a consumar-se.
2. São actos de execução:
a) Os que preenchem um elemento constitutivo de um tipo de contra-orde-
nação;
b) Os que são idóneos a produzir o resultado típico;
c) Os que, segundo a experiência comum e salvo circunstâncias imprevisíveis,
são de natureza a fazer esperar que se lhes sigam actos das espécies indicadas
nas alíneas anteriores.
Artigo 16º
(Punibilidade da tentativa)
1. A tentativa só é punível quando a lei expressamente o determinar.
2. Em caso de tentativa punível, a coima será, salvo disposição da lei em contrário,
livremente atenuada.
Artigo 17º
(Desistência em caso de tentativa)
1. A tentativa não é punível quando o agente voluntariamente desiste de prosseguir na
execução da contra-ordenação ou impede a consumação ou, não obstante a consumação,
impede a verificação do resultado não compreendido no tipo da contra-ordenação.

1193
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

2. Quando a consumação ou a verificação do resultado são impedidas por facto inde-


pendente da conduta do desistente, a tentativa não é punível se este se esforçar por evitar
uma ou outra.
Artigo 18º
(Autoria)
É autor quem executa o facto por si mesmo ou por intermédio de outrem, ou toma par-
te directa na sua execução, por acordo com outro ou outros, e ainda, quem, dolosamente,
determina outrem à prática do facto, desde que haja começo de execução.
Artigo 19º
(Cumplicidade)
1. É cúmplice quem, dolosamente, fornece auxílio material ou moral à prática, por
outrem, de um facto doloso.
2. Em caso de cumplicidade a coima é livremente atenuada.
Artigo 20º
(Comparticipação)
1. Se vários agentes comparticipam no facto, qualquer deles incorre em responsabili-
dade por contra-ordenação mesmo que a ilicitude ou o grau de ilicitude do facto dependam
de certas qualidades ou relações especiais do agente e estas só existam num dos comparti-
cipantes, salvo se outra for a intenção da norma.
2. Se a lei determinar que um facto em princípio qualificado como contra-ordenação
deve ser considerado como crime devido a certas qualidades ou relações especiais do agen-
te, só se aplicará a lei penal ao comparticipante ou comparticipantes que detenham essas
qualidades ou relações especiais.
Artigo 21º
(Desistência em caso de comparticipação)
Em caso de comparticipação, não é punível a tentativa daquele que voluntariamente
impede a consumação ou a verificação do resultado, nem daquele que se esforça seriamente
por impedir uma ou outra, ainda que os comparticipantes prossigam na execução da contra
ordenação ou a consumam.
Artigo 22º
(Culpa na comparticipação)
Cada comparticipante é punido segundo a sua culpa, independentemente da punição
ou do grau de culpa dos outros comparticipantes.
Artigo 23º
(Concurso de contra-ordenação)
Se o mesmo facto violar várias leis pelas quais deve ser punido como contra-ordena-
ção, ou uma daquelas leis várias vezes, aplicar-se-á a lei que comine a coima mais elevada,
podendo, todavia, ser aplicadas as sanções acessórias previstas na outra lei.

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Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

Artigo 24º
(Concurso de infracções)
Se o mesmo facto constituir simultaneamente crime e contra-ordenação, será o agente
punido a título de crime, sem prejuízo da aplicação das sanções acessórias previstas para a
contra-ordenação.
CAPÍTULO III
Coima e sanções acessórias
Artigo 25º
(Montante da coima)
1. Se o contrário não resultar da lei, o montante mínimo da coima aplicável às pessoas
singulares será de 3.000$00 e o máximo de 300.000$00.
2. Se a lei, relativamente ao montante máximo, não distinguir o comportamento doloso
do negligente, este só poderá ser sancionado até metade do montante máximo da coima
prevista.
3. Se o contrário não resultar da lei, as coimas aplicadas às pessoas colectivas ou equi-
paradas poderão elevar-se até aos montantes máximos de:
a) 4.000.000$00, em caso de dolo;
b) 2.000.000$00, em caso de negligência.
Artigo 26º
(Determinação da medida da coima)
1. A determinação da medida concreta da coima far-se-á em função da gravidade da
ilicitude, da culpa e da situação económica do agente.
2. Sem prejuízo dos limites máximos fixados no artigo anterior, a coima deverá, sem-
pre que possível, exceder o benefício económico que o agente retirou da prática da contra-
ordenação.
Artigo 27º
(Sanções acessórias)
1. A lei pode, simultaneamente com a coima, determinar as seguintes sanções acessó-
rias:
a) Apreensão de objectos;
b) Privação do direito a subsídio ou benefício outorgado por entidades ou serviços
públicos;
c) Privação do direito de participar em feiras, mercados competições desporti-
vas, ou de entrada em recintos ou áreas de acesso reservados;

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Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

d) Privação do direito de participação em arrematações e concursos promovidos


por entidades ou serviços públicos, de obras públicas, de fornecimento de
bens e serviços ou concessão de serviços, licenças ou alvarás;
e) Encerramento do estabelecimento ou cancelamento de licenças e alvarás.
2. As sanções referidas nas alíneas b) e seguintes do número anterior terão a duração
máxima de dois anos, contados a partir da decisão condenatória definitiva, se o contrário
não resultar da lei.
3. A lei pode ainda determinar os casos em que deva dar-se publicidade aos casos pu-
nidos por contra-ordenação.
Artigo 28º
(Princípios da subsidiariedade da apreensão)
1. A apreensão só é permitida quando:
a) Ao tempo de decisão os objectos pertençam ao agente;
b) Representem um perigo para a comunidade ou favoreçam prática de um crime
ou de outra contra-ordenação;
c) Tendo sido alienados ou onerados a terceiro, este conhecesse, ou devesse ra-
zoavelmente conhecer, as circunstâncias determinantes da possibilidade da
sua apreensão.
2. Não há lugar à apreensão, excepto nos casos previstos na alínea b) do número ante-
rior, quando ela seja manifestamente desproporcionada a gravidade da ilicitude e da culpa
do agente ou do terceiro.
3. A apreensão será suspensa sempre que as suas finalidades possam ser devidamente
prosseguidas através de medidas menos gravosas para as pessoas atingidas.
4. Quando for possível, a apreensão será limitada a parte dos objectos.
Artigo 29º
(Efeitos de apreensão)
1. O trânsito em julgado da decisão de apreensão determina a transferência da proprie-
dade para o Estado ou para a entidade pública que a lei determina.
2. Serão nulos os negócios jurídicos de alienação dos objectos posteriores ao trânsito
em julgado da decisão de apreensão.
Artigo 30º
(Apreensão independente de coima)
1. Se por qualquer motivo, não puder haver procedimento contra uma pessoa ou contra
ela não puder ser aplicada uma coima, poderá a apreensão dos objectos ser ordenada desde
que se verifiquem os pressupostos da apreensão total ou parcial.

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Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

2. O disposto no número anterior aplicar-se-á também nos casos em que a autoridade


competente para o procedimento dele desista ou o juiz mande arquivar o processo.
Artigo 31º
(Indemnização)
1. Quando a apreensão referida na alínea b) do número 1 do artigo 28º recair sobre
objectos pertencentes a terceiro, este terá direito a indemnização segundo as normas da lei
civil, salvo se os tiver adquirido de má fé.
2. A obrigação de indemnização compete ao Estado ou à entidade pública para a qual
tenha sido transferida a propriedade dos objectos apreendidos.
CAPÍTULO IV
Prescrição
Artigo 32º
(Prescrição do procedimento)
Salvo disposição legal em contrário, o procedimento por contra-ordenação extingue-se
por efeito da prescrição logo que sobre a prática da contra-ordenação hajam decorrido os
seguintes prazos:
a) Dois anos, quando se trate de contra-ordenações a que seja aplicável uma
coima superior a 100.000$00;
b) Um ano, nos restantes casos.
Artigo 33º
(Interrupção da prescrição)
1. A prescrição do procedimento por contra-ordenação interrompe-se:
a) Com a comunicação ao arguido dos despachos, decisões ou medidas contra
ele tomados ou com qualquer notificação;
b) Com a realização de qualquer diligência de prova, designadamente exames
e buscas, ou com o pedido de auxílio às autoridades policiais ou a qualquer
autoridade administrativa;
c) Com quaisquer declarações que o arguido tenha proferido no exercício do
direito de audição.
2. Nos casos de concurso de infracções, a interrupção da prescrição do procedimento
criminal determina a interrupção da prescrição do procedimento por contra-ordenação.
Artigo 34º
(Prescrição da coima)
1. As coimas prescrevem nos prazos seguintes:

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Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

a) 4 anos, no caso de uma coima superior a 100.000$00;


b) 3 anos, nos restantes casos..
2. O prazo conta-se a partir do trânsito em julgado da decisão condenatória.
Artigo 35º
(Suspensão da prescrição da coima)
A prescrição da coima suspende-se durante o tempo em que:
a) Por força da lei a execução não pode começar ou não pode continuar a ter
lugar;
b) A execução foi interrompida;
c) Foram concedidas facilidades de pagamento.
Artigo 36º
(Prescrição das sanções acessórias)
Aplica-se às sanções acessórias o regime previsto nos artigos anteriores para a pres-
crição da coima.
CAPÍTULO V
Direito subsidiário
Artigo 37º
(Do direito subsidiário)
Aplicam-se subsidiariamente, no que respeita à fixação do regime substantivo das
contra-ordenações, as normas constantes da legislação penal desde que não contrariem o
presente diploma.
PARTE II
Do processo de contra-ordenações
CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 38º
(Princípio da legalidade)
O processo das contra-ordenações obedecerá ao princípio da legalidade.
Artigo 39º
(Meios de coacção)
1. No processo das contra-ordenações não é permitida a prisão preventiva, a intromis-
são na correspondência ou nos meios de telecomunicação, nem a utilização de provas que
impliquem a violação do segredo profissional.

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Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

2. As provas que colidam com a reserva da vida privada, bem como os exames corporais e
a prova de sangue, só serão admissíveis mediante o consentimento de quem de direito.
Artigo 40º
(Testemunhas)
As testemunhas não serão ajuramentadas.
Artigo 41º
(Exame dos autos e dos objectos apreendidos)
1. Se o processo couber às autoridades competentes para a instrução criminal, poderão
as autoridades administrativas normalmente competentes examinar os autos, bem como os
objectos apreendidos.
2. Os autos e os objectos serão examinados no serviço onde se encontrarem, salvo se
razões ponderosas justificarem o seu envio às autoridades administrativas.
Artigo 42º
(Comunicação de decisões)
1. Todas as decisões, despachos e demais medidas proferidas e tomadas pelas autori-
dades administrativas no processo das contra-ordenações serão comunicados às pessoas a
quem se dirigem.
2. Tratando-se de decisões, despachos ou medidas que admitam impugnação sujeita a pra-
zo, a comunicação revestirá a forma de notificação, a qual deverá conter os esclarecimentos
necessários sobre a admissibilidade, prazo e forma de impugnação, sob pena de nulidade.
Artigo 43º
(Notificações)
1. As notificações serão dirigidas ao arguido ou ao seu representante legal, quando este
exista, bem como ao defensor escolhido e cuja procuração conste dos autos ou ao defensor
nomeado.
2. Se uma notificação tiver de ser feita a várias pessoas, o prazo da impugnação só
começa a correr depois de notificada a última pessoa.
Artigo 44º
(Direitos e deveres das autoridades administrativas)
No processo de aplicação da coima, as autoridades administrativas competentes go-
zam dos mesmos direitos e estão sujeitas aos mesmos deveres das entidades competentes
para instrução criminal, sempre que contrário não resulte do presente diploma.
Artigo 45º
(Direito subsidiário)
Ao processo das contra-ordenações aplica-se subsidiariamente o disposto no Código
de Processo Penal, com as devidas adaptações.

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Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

CAPÍTULO II
Acção e competência
Artigo 46º
(Legalidade da acção)
A toda contra-ordenação corresponde uma acção, que será exercida nos termos das
disposições da Parte II deste diploma e demais legislação aplicável.
Artigo 47º
(Competência das autoridades administrativas)
O processamento das contra-ordenações e a aplicação das coimas competem às autori-
dades administrativas, ressalvadas as particularidades previstas no presente diploma.
Artigo 48º
(Competência do Ministério Público e das entidades competentes
para a instrução criminal)
1. Quando se verifique concurso de crime e contra-ordenação, o processamento da
contra-ordenação caberá à autoridade competente para a instrução criminal.
2. Quando, pelo mesmo facto, uma pessoa deva responder a título de crime e outra a
título de contra-ordenação e razões de economia processual ou relativas à prova assim o
justificarem, poderá a autoridade competente para a instrução criminal chamar a si o pro-
cesso da contra-ordenação, desde que ainda não tenha havido lugar à aplicação da coima.
3. Quando, nos casos previstos nos números anteriores, o Ministério Público arquivar
o processo criminal, mas entender que subsiste a responsabilidade pela contra-ordenação,
remeterá o processo à autoridade administrativa competente.
4. A decisão do Ministério Público sobre se um facto deve ou não ser processado como
crime vincula as autoridades administrativas.
Artigo 49º
(Competência do tribunal)
Nos casos referidos nos nºs 1 e 2 do artigo anterior a aplicação da coima caberá ao juiz
competente para o julgamento do crime.
Artigo 50º
(Competência em razão da matéria)
1. A competência em razão da matéria pertencerá às autoridades determinadas pela lei
que prevê e sanciona as contra-ordenações.
2. No silêncio da lei serão competentes os serviços designados pelo membro do Go-
verno responsável pela tutela dos interesses que a contra-ordenação visa defender ou pro-
mover.

1200
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

3. Os dirigentes dos serviços aos quais tenha sido atribuída a competência a que se
refere o número anterior podem delegá-la, nos termos gerais, nos dirigentes de grau hierar-
quicamente inferior, salvo disposição expressa em contrário.
Artigo 51º
(Competência territorial)
1. A competência territorial cabe à autoridade administrativa em cuja área de actuação:
a) A infracção foi praticada ou descoberta;
b) O arguido tem a sua residência ao tempo do início ou durante qualquer fase do
processo.
2. Se a infracção for cometida a bordo do navio ou aeronave nacional, fora do âmbito de
eficácia espacial deste diploma, será competente a autoridade nacional em cuja circunscrição se
situe o porto ou aeroporto que primeiro for escalado depois do cometimento da infracção.
Artigo 52º
(Competência por conexão)
1. Em caso de concurso de contra-ordenações será competente a autoridade a quem,
segundo as disposições anteriores, incumba processar qualquer das contra-ordenações.
2. O disposto no número anterior aplica-se, igualmente, aos casos em que um mesmo
facto torna várias pessoas passíveis de uma coima.
Artigo 53º
(Conflitos de competência)
1. Se das disposições anteriores resultar a competência cumulativa de várias autorida-
des, o conflito será resolvido a favor da autoridade que, por ordem de prioridades:
a) Tiver primeiro ouvido o arguido ou em caso de comparticipação, um dos ar-
guidos pela prática da contra-ordenação;
b) Tiver primeiro requerido a sua audição pelas autoridades policiais;
c) Tiver primeiro recebido das autoridades policiais os autos de que conste a
audição do arguido.
2. As autoridades competentes poderão, todavia, por razões de economia, celeridade
ou eficácia processuais, acordar em atribuir a competência a autoridade diversa da que re-
sultaria da aplicação do disposto no número anterior.
CAPÍTULO III
Fase de instrução
Artigo 54º
(Iniciativa do processo)
O processo da contra-ordenação iniciar-se-á oficiosamente, desde que as autoridades
administrativas competentes tenham conhecimento do facto constitutivo da contra-ordena-

1201
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

ção ou mediante participação das autoridades policiais ou fiscalizadoras e ainda mediante


denúncia particular.
Artigo 55º
(Fiscalização)
1. As autoridades policiais e fiscalizadoras deverão tomar conhecimento de todos os
eventos ou circunstâncias susceptíveis de implicar responsabilidade por contra-ordenação
e providenciar as medidas necessárias para impedir o desaparecimento de provas.
2. Na medida em que o contrário não resulte das disposições deste diploma, as autori-
dades policiais têm direitos e deveres equivalentes aos que têm em matéria criminal.
3. As autoridades policiais e agentes de fiscalização remeterão imediatamente às auto-
ridades administrativas a participação e as provas recolhidas.
Artigo 56º
(Instrução)
1. A autoridade administrativa procederá à investigação dos factos constitutivos da
contra-ordenação e das circunstâncias que precederam, acompanharam ou seguiram a sua
prática.
2. A instrução deverá ser concluída no prazo máximo de 30 dias, prorrogável por igual
período, sob pena de caducidade do procedimento.
3. Só é admissível a prorrogação do prazo da instrução nos casos de comprovada com-
plexidade processual.
4. As autoridades administrativas poderão confiar a instrução, no todo ou em parte,
às autoridades policiais, bem como solicitar o auxílio de outras autoridades ou serviços
públicos.
5. Sem prejuízo do disposto na parte final do número seguinte, a instrução poderá ser
dispensada, em despacho fundamentado, quando todos os indícios relativos aos elementos
constitutivos da contra-ordenação se encontrem comprovados em face de documentos ou
constem de auto de notícia que faça fé em juízo, nos termos estabelecidos no Código de
Processo Penal.
6. No caso previsto no número anterior, o arguido será ouvido nos próprios documen-
tos, podendo, no entanto, juntar ou requerer qualquer meio de prova destinado a abalar os
indícios da contra-ordenação.
Artigo 57º
(Envio do processo ao Ministério Público)
1. A autoridade administrativa competente remeterá o processo ao Ministério Público
sempre que considere que a infracção constitui crime.

1202
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

2. Se o Ministério Público considerar que não há lugar para a responsabilidade crimi-


nal, devolverá o processo à mesma autoridade.
Artigo 58º
(Instrução pelas autoridades competentes para a instrução criminal)
1. Quando o processo é instruído pelas autoridades competentes para a instrução cri-
minal, as autoridades administrativas são obrigadas a dar-lhes toda a colaboração, assistin-
do-lhes, em geral, os direitos e deveres das autoridades policiais em relação ao processo
criminal.
2. Quando, nos casos previstos no artigo anterior, o Ministério Público deduzir acusa-
ção por crime deverá, de igual modo, fazê-lo em relação à contra-ordenação.
3. Quando o Ministério Público acusar o arguido também por contra-ordenação, deve-
rá comunicar às autoridades administrativas, enviando-lhes uma cópia da acusação.
Artigo 59º
(Deveres das testemunhas e peritos)
1. As testemunhas e os peritos são obrigados a obedecer às autoridades administrativas
quando forem solicitados a comparecer e a pronunciar-se sobre a matéria do processo.
2. Em caso de recusa injustificada, poderão as autoridades administrativas aplicar-se san-
ções pecuniárias até 10.000$00 e exigir a reparação dos danos causados com a sua recusa.
Artigo 60º
(Identificação pelas autoridades administrativas, policiais e agentes de fiscalização)
1. As autoridades administrativas competentes, as autoridades policiais e os agentes de
fiscalização podem exigir ao agente de uma contra-ordenação a respectiva identificação.
2. Se esta não for imediatamente possível, em caso de flagrante delito, podem as auto-
ridades policiais deter o presumível agente pelo tempo necessário à sua identificação, não
podendo, em caso algum, esse tempo exceder 12 horas.
Artigo 61º
(Obrigatoriedade de audição de arguido)
1. É obrigatória a audição do arguido durante a instrução do processo.
2. O arguido, durante a fase de instrução, poderá apresentar ou requerer qualquer meio
de prova.
Artigo 62º
(Defensor)
1. O arguido da prática de uma contra-ordenação tem direito de se fazer representar no
processo e acompanhar de advogado escolhido em qualquer fase do processo.

1203
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

2. As autoridades administrativas nomearão um defensor oficioso ao arguido sempre


que qualquer deficiência deste ou a gravidade da infracção e da sanção o justifique.
CAPÍTULO IV
Fase de decisão
Artigo 63º
(Decisão)
1. Concluída a instrução, se não resultar provada a contra-ordenação, a autoridade
administrativa arquivará o processo.
2. Se a contra-ordenação resultar provada a autoridade administrativa imporá, com a
devida fundamentação, a coima e as sanções acessórias que ao caso couberem.
3. A decisão que aplica a coima deve conter:
a) A identificação do arguido e dos eventuais comparticipantes;
b) A descrição concreta e precisa dos factos constitutivos da contra-ordenação
que se imputa ao arguido e das provas obtidas, bem como a indicação das
normas segundo as quais se pune;
c) A coima e as sanções acessórias.
4. Da decisão deve ainda constar a informação de que:
A condenação transita em julgado se torna exequível se não for judicialmente impug-
nada nos termos previstos no presente diploma;
a) Em caso de impugnação judicial, o tribunal pode decidir mediante audiência
ou, caso o arguido e o Ministério Público não se oponham, mediante simples
despacho;
b) Não vigora a proibição da reformatio in pejus.
5. A decisão conterá ainda:
a) A ordem de pagamento voluntário da coima no prazo máximo de duas sema-
nas após o trânsito em julgado;
b) A indicação de que, em caso de impossibilidade de pagamento tempestivo,
deve comunicar o facto, por escrito, à autoridade que aplicou a coima.
Artigo 64º
(Pagamento voluntário)
É admissível o pagamento voluntário da coima em qualquer altura do processo, mas
sempre antes da decisão, devendo, neste caso, a coima ser liquidada pelo mínimo, sem
prejuízo das custas que forem devidas.

1204
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

Artigo 65º
(Processo de advertência)
1. Em caso de contra-ordenação ligeira poderão as autoridades administrativas compe-
tentes decidir por uma mera advertência, acompanhada da exigência do pagamento de uma
soma pecuniária nunca superior a 5000$00.
2. Este processo só terá lugar quando o arguido, informado do direito de o recusar,
com ele se conformar e dispuser a pagar a respectiva soma pecuniária imediatamente ou no
prazo máximo de cinco dias.
3. Nos casos referidos nos números 1 e 2 não pode o facto voltar a ser apreciado e
sancionado como contra-ordenação.

CAPÍTULO V
Fase de recurso
Artigo 66º
(Forma e prazo)
1. A decisão da autoridade administrativa que aplica uma coima, com ou sem sanção
acessória, é susceptível de impugnação judicial.
2. A impugnação judicial poderá ser interposta pelo arguido ou pelo seu defensor com
poderes bastantes e tem efeito suspensivo.
3. O recurso será formulado em requerimento dirigido ao juiz do tribunal competente
e apresentado na secretaria da autoridade administrativa que aplicou a coima, no prazo de
oito dias.
4. O prazo referido no número anterior conta-se a partir do conhecimento pelo arguido
da decisão que aplicou a coima.
5. O requerimento de impugnação judicial deverá conter as alegações sumárias de
facto e de direito, as respectivas conclusões, bem como a indicação ou junção de todos
os meios de prova disponíveis que, comprovadamente, não lhe foi possível apresentar em
instância administrativa.
Artigo 67º
(Tribunal competente)
Salvo disposição da lei em contrário, é competente para conhecer do recurso o tribunal de
comarca com jurisdição em matéria crime na área territorial onde se tiver aplicado a coima.
Artigo 68º
(Envio dos autos ao tribunal)
1. Recebido o recurso, deve a autoridade administrativa remeter os autos ao tribunal
competente, no prazo de quarenta e oito horas.

1205
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

2. Até à remessa dos autos ao tribunal competente para conhecer do recurso, pode a
autoridade administrativa revogar a decisão de aplicação da sanção acessória.
Artigo 69º
(Rejeição do recurso)
O juiz rejeitará, por meio de despacho fundamentado, o recurso interposto fora do
prazo ou sem observância dos requisitos de forma.
Artigo 70º
(Remessa dos autos ao Ministério Público)
1. Admitido o recurso, o Juiz ordenará a remessa dos autos ao Ministério Público para
realizar as diligências requeridas pelo arguido, nos termos do número 5 do artigo 66º ou,
não as havendo, para simples parecer.
2. As diligências referidas no número anterior serão realizadas no prazo máximo de 8
dias.
Artigo 71º
(Parecer do Ministério Público)
Recebido o processo ou concluídas as diligências a que se refere o artigo anterior,
havendo-as, o Ministério Público elaborará o seu parecer no prazo de cinco dias e ordenará
a remessa dos autos ao Juiz.
Artigo 72º
(Desistência do recurso)
O recorrente poderá desistir do recurso até à decisão final.
Artigo 73º
(Âmbito de prova)
Compete ao Juiz determinar o âmbito da prova a produzir, recusando a aceitação de
meios de prova que julgue desnecessários à formação da sua convicção.
Artigo 74º
(Decisão do recurso)
1. A decisão do Juiz será proferida no prazo de 8 dias.
2. A decisão poderá ordenar o arquivamento do processo, absolver o arguido, manter
ou alterar a decisão proferida na instância administrativa.
3. O Juiz deverá fundamentar sumariamente a sua decisão, tanto no que concerne aos
factos como ao direito aplicado e às circunstâncias que determinam a medida da sanção.

1206
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

CAPÍTULO VI
Processo de contra ordenação e Processo Criminal
Artigo 75º
(Conversão em processo criminal)
1. O tribunal não está vinculado à apreciação do facto como contra-ordenação, po-
dendo, oficiosamente ou a requerimento do Ministério Público, converter o processo em
processo criminal.
2. A conversão do processo determinará a interrupção da instância e a remessa dos
autos ao Ministério Público, para efeitos de instauração de corpo delito, aproveitando-se na
medida do possível, as provas já produzidas.
3. A decisão de conversão do processo deve ser comunicada á autoridade administrati-
va que seria competente para promover a instauração do processo de contra-ordenação.
Artigo 76º
(Conhecimento da contra-ordenação no processo criminal)
1. O tribunal poderá apreciar como contra-ordenação uma infracção que foi acusada
como crime.
2. No caso referido no número anterior o juiz julgará a contra-ordenação, aplicando-se
as disposições do presente diploma.
3. A decisão a que se refere o número anterior deve ser comunicada à autoridade ad-
ministrativa que seria competente para promover a instauração do processo de contra-or-
denação.
Artigo 77º
(Processo relativo a crimes e contra-ordenações)
1. Se o mesmo processo versar sobre crimes e contra-ordenações, havendo infracções
que devam apenas considerar-se como contra-ordenações, aplicar-se-ão, quanto a elas, as
disposições dos artigos 38º a 41º e 61º do presente diploma.
2. Quando, nos casos previstos no número anterior, se interpuser simultaneamente re-
curso em relação a contra-ordenação e a crime, os recursos subirão em simultâneo.
3. O recurso subirá nos termos do Código de Processo Penal, não se aplicando o dis-
posto nos artigos 66º a 74º do presente diploma.
CAPÍTULO VII
Caso julgado e revisão
Artigo 78º
(Alcance do caso julgado)
1. O trânsito em julgado da decisão da autoridade administrativa ou da decisão judicial
sobre o facto julgado como contra-ordenação ou como crime preclude a possibilidade de
novo conhecimento de tal facto como contra-ordenação.

1207
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

2. O trânsito em julgado de decisão judicial sobre o facto julgado como contra-ordena-


ção preclude igualmente o seu novo conhecimento como crime.
Artigo 79º
(Admissibilidade da revisão)
1. A revisão das decisões proferidas em matéria contra-ordenacional e transitadas em
julgado obedecerá ao disposto nos artigos 673º e seguintes do Código de Processo Penal,
sempre que o contrário não resulte do presente diploma.
2. A revisão do processo a favor do arguido com base em novos factos ou em novos
meios de prova não será admissível quando:
O arguido apenas foi condenado em coima igual ou inferior a 50.000$ ou, tendo havido
lugar à aplicação da sanção acessória, esta seja de natureza patrimonial e não excedente
àquele limite;
Tenha decorrido dois anos após o trânsito em julgado da decisão revidenda.
3. A revisão contra o arguido só será admissível quando vise a sua condenação pela
prática de um crime.
Artigo 80º
(Regime do processo de revisão)
1. A revisão da decisão da autoridade administrativa é da competência do tribunal de
comarca competente para conhecer da impugnação judicial.
2. A revisão da decisão proferida pelo tribunal é da competência do Supremo Tribunal
de Justiça.
Artigo 81º
(Caducidade da decisão de aplicação da coima por efeito
da decisão proferida em processo criminal)
1. A decisão da autoridade administrativa que aplicou uma coima caduca quando o
arguido venha a ser condenado em processo criminal pelo mesmo facto.
2. O mesmo efeito terá a decisão final proferida em processo criminal que, não consis-
tindo numa condenação, seja incompatível com a aplicação da coima.
3. As importâncias pecuniárias que tiverem sido pagas a título de coima e custas serão,
por ordem de prioridades, levadas à conta da multa, dos efeitos das penas que impliquem
um pagamento em dinheiro e das custas processuais.
4. Da decisão ou dos demais despachos proferidos em processo criminal e referidos
nos números 1 e 2 deste artigo deverá constar a referência expressa aos efeitos previstos
nos seus números 1, 2 e 3.

1208
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

CAPÍTULO VIII
Execução
Artigo 82º
(Pagamento voluntária das quantias fixadas na decisão)
1. É exequível toda a decisão que haja trânsito em julgado há, pelo menos, duas sema-
nas.
2. O pagamento voluntário da coima e das custas do processo, quando estas forem
devidas, deverá ser efectuado no prazo referido no número anterior, contra recibo, cujo
duplicado será entregue à autoridade administrativa ou ao tribunal que tiver proferido a
decisão.
3. Sempre que a situação económica do arguido o justifique e a requerimento deste, a
autoridade administrativa ou o tribunal poderá autorizar que o pagamento da coima e das
custas se efectue dentro de um prazo não superior a um ano ou em prestações não exceden-
tes a vinte e quatro meses, sem prejuízo do disposto no número seguinte.
4. A autoridade administrativa ou o tribunal poderá, também, condicionar o pagamen-
to da coima no prazo e condições previstos no número anterior à liquidação imediata das
custas.
5. O pagamento autorizado nos termos do número 3 deste artigo será, por ordem de
prioridades, levado à conta da coima e, por último, das custas.
6. No caso de pagamento a prestações, a falta de pagamento de uma delas implica o
vencimento de todas as outras e sua exigibilidade imediata.
7. Dentro dos limites referidos no número 3 deste artigo, quando motivos superve-
nientes o justifiquem, os prazos e os planos de pagamento inicialmente fundamentado do
arguido.
Artigo 83º
(Execução)
1. O não pagamento voluntário de coima e das custas, em conformidade com o dispos-
to no artigo anterior, dará lugar à execução, a qual será promovida pelo Ministério Público
perante o tribunal competente previsto no artigo 67º.
2. A execução terá por base a decisão que aplicou a coima, que constitui título execu-
tivo.
3. Quando a execução deverá ter por base uma decisão da autoridade administrativa,
esta remeterá ao Ministério Público junto do Tribunal competente uma cópia autenticada
dessa decisão, para efeitos da sua promoção.
4. A execução abrange todas as quantias pecuniárias constantes da decisão exequenda.

1209
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

Artigo 84º
(Tramitação)
1. A execução obedecerá aos termos da execução por custas, aplicando-se, com as ne-
cessárias adaptações, o disposto no artigo 640º do Código de Processo Penal.
2. Para efeitos de execução é dispensável a petição inicial, bastando a simples promo-
ção do Ministério público, a qual será sempre acompanhada do título executivo.
Artigo 85º
(Suspensão e extinção da execução)
1. Suspender-se-á a execução quando, após o trânsito em julgado da decisão da auto-
ridade administrativa que aplicou a coima, foi dada acusação em processo criminal pelo
mesmo facto.
2. A execução extingue-se com a morte do arguido.
3. O tribunal da execução deverá, oficiosamente ou a requerimento do Ministério Pú-
blico ou do arguido, pronunciar-se expressamente sobre todas as questões a que se refere o
artigo 81º, quando elas não tiverem sido conhecidas no processo criminal, de acordo com
o número 4 daquele artigo.
Artigo 86º
(Incidentes)
O tribunal perante o qual se promove a execução será o competente para decidir sobre
os incidentes e questões suscitados na pendência da execução, nomeadamente:
a) A admissibilidade da execução;
b) As decisões tomadas pelas autoridades administrativas em matéria de facili-
dades de pagamento;
c) A suspensão e a extinção da execução.
CAPÍTULO IX
Custas
Artigo 87º
(Princípios gerais)
1. Em processo das contra-ordenações as custas regular-se-ão, com as necessárias
adaptações, pelo disposto nos artigos 159º a 197º, 205º 229º do Código das Custas Judi-
ciais e pelo disposto na Portaria nº 53-A/85, de 20 de Setembro, sem prejuízo da aplicação
de disposição legal em contrário.
2. As decisões da autoridade administrativa proferidas sobre a matéria do processo
das contra-ordenações deverão fixar o montante das custas e determinar quem as deve
suportar.

1210
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

3. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, as custas serão suportadas pelo argui-
do em caso de aplicação da coima pela autoridade administrativa ou pelo tribunal e, ainda,
em casos de desistência ou de rejeição da impugnação judicial.
4. Em caso da não aplicação da coima, a autoridade administrativa deverá reembolsar
ao arguido, pelos seus cofres, as despesas que, comprovadamente, tenha realizado com o
processo, designadamente os honorários ao seu defensor.
Artigo 88º
(Âmbito das custas)
1. As custas abrangem o imposto de justiça, o imposto de selo e os encargos.
2. Para efeitos do presente diploma, consideram-se encargos:
Os reembolsos ao cofre da autoridade administrativa ou do tribunal, por gastos com
papel, franquias postais, expediente e outras despesas realizadas;
Os pagamentos devidos aos serviços ou quaisquer entidades pelo custo de certidões,
salvo as extraídas oficiosamente pela autoridade administrativa ou pelo tribunal, documen-
tos, pareceres, plantas, outros elementos de informação ou de prova e serviços que a auto-
ridade administrativa ou o tribunal tenha requisitado;
Retribuição, custo de transporte ou indemnização às pessoas com intervenção aciden-
tal no processo ou que colaboram com a autoridade administrativa ou o tribunal, designa-
damente as testemunhas e os peritos;
O custo da publicação de anúncios, de comunicações telefónicas, telegráficas e postais
e de transporte de bens apreendidos;
As despesas que o arguido tiver despendido com o processo, em caso da não aplicação
da coima;
Os caminhos devidos pelas diligências realizadas na área territorial sob jurisdição da
autoridade administrativa ou do tribunal;
Outras despesas relacionadas com o processo.
Artigo 89º
(Isenções)
O Estado, as autoridades administrativas e o Ministério Público são isentos de custas.
Artigo 90º
(Impostos de justiça e preparo inicial)
1. O processo das contra-ordenações que corre perante as autoridades administrativas
não está sujeito ao pagamento do imposto de justiça e do preparo inicial.
2. Não é, igualmente, devido o imposto de justiça na impugnação judicial de qualquer
decisão das autoridades administrativas.

1211
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27 de Outubro

3. Porém, é devido o pagamento do imposto de justiça em todos os processos em que


tenha havido decisões judiciais desfavoráveis ao arguido.
4. O imposto de justiça não será inferior a 1000$00 e nem superior a 50.000$00, de-
vendo o seu montante ser fixado em razão da situação económica do infractor, da comple-
xidade do processo e da natureza da infracção.
Artigo 91º
(Impugnação das custas)
1. As decisões das autoridades administrativas relativas às custas proferidas em pro-
cesso das contra-ordenações são impugnáveis, nos termos estabelecidos no Código das
Custas Judiciais.
2. Da decisão das autoridades administrativas proferidas sobre a reclamação em maté-
ria de custas cabe recurso para o tribunal da comarca com jurisdição em matéria criminal
na circunscrição das referidas autoridades, que decidirá em última instância.
3. No processo da impugnação judicial, da decisão do tribunal proferida sobre a recla-
mação em matéria de custas cabe recurso para o Supremo Tribunal de Justiça, nos termos
gerais.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
Carlos Veiga – Úlpio Napoleão Fernandes – Teófilo Figueiredo Silva – Pedro Freire
de Andrade
Promulgado em 25 de Outubro de 1995.
Publique-se.
O Presidente da República, em exercício, Amílcar Fernandes Spencer Lopes.
Referendado em 25 de Outubro de 1995.
O Primeiro-Ministro, Carlos Veiga.

1212
Decreto-Lei nº 67/2009, de 28 de Dezembro

REGULA A DECLARAÇÃO DE CALAMIDADE PÚBLICA


Decreto-Lei nº 67/2009
de 28 de Dezembro
Os fenómenos de origem climatérica ou telúrica com carácter anormal e imprevisível
podem verificar em quaisquer das nossas ilhas, tendo como consequência a destruição,
total ou parcial, quer de um conjunto de equipamentos indispensáveis ao desenvolvimento
económico da ilha quer do parque habitacional, originando uma variedade de problemas
complexos do ponto de vista social e humano.
A ausência, no ordenamento jurídico nacional, de um instrumento que possa atalhar a
excepcionalidade que a situação impõe à população em geral, aos serviços locais do Estado
e aos serviços municipais pode originar um prejudicial arrastar no solucionamento, não só
do ponto de vista financeiro como mesmo administrativo, das situações verificadas.
A resolução destas situações não poderá passar por processos morosos de esclareci-
mento e consensualização inelutavelmente externos ao Governo enquanto entidade dotada
de capacidade técnica e financeira para prosseguir esta tarefa.
As ilhas em situação de calamidade pública necessitam deste instrumento próprio de
coordenação e controlo que, fazendo face aos prejuízos inventariados, consiga gerir as
sinergias a que houver lugar.
Verifica-se assim a necessidade de especificar, no âmbito destes processos excepcio-
nais, os possíveis apoios a conceder pelo Governo, suas características, quantificação e
respectiva cobertura financeira de maneira a enquadrar os critérios de atribuição de apoios
e a tramitação dos respectivos pedidos.
Estabelece-se, ainda, o princípio da coordenação dos apoios de proveniências diversas,
a fim de evitar situações de sobreposição ou duplicação indevida em relação a um mesmo
sinistrado.
Entende-se que os apoios financeiros a conceder por parte do Estado não deverão, em
princípio, cobrir a totalidade dos prejuízos, havendo que ter em conta a capacidade dos si-
nistrados para, pelos seus próprios meios, contribuir para a recuperação dos danos sofridos.
A aplicação do presente diploma será feita sem prejuízo do disposto no diploma que
estabelece o regime de concessão de auxílios financeiros, à administração local, em situa-
ção de declaração de calamidade pública.
Nestes termos;
No uso da faculdade conferida pela alínea a) do nº 2 do artigo 203º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
Objecto
O presente diploma regula a declaração de calamidade pública.

1213
Decreto-Lei nº 67/2009, de 28 de Dezembro

Artigo 2º
Situação de calamidade pública
A situação de calamidade pública pode ser declarada, no território nacional, sempre
que ocorrer um acontecimento ou uma série de acontecimentos graves, de origem natural
ou tecnológica, com efeitos prolongados no tempo e no espaço, em regra previsíveis, sus-
ceptíveis de provocarem elevados prejuízos materiais e, eventualmente, vítimas, afectando
intensamente as condições de vida e o tecido socio-económico em áreas extensas do terri-
tório nacional.
Artigo 3º
Competência
1. A declaração da situação de calamidade pública é da competência do Governo e
reveste a forma de Resolução do Conselho de Ministros.
2. Tem iniciativa para a propor:
a) O Conselho de Ministros;
b) O membro do Governo responsável pela área da protecção civil, ouvido o
Serviço Nacional de Protecção Civil; e
c) O membro do Governo responsável pela área da descentralização, ouvidos os
autarcas, quando esteja em causa a área da respectiva autarquia.
Artigo 4º
Âmbito da Resolução
1. Devem, expressamente, constar da resolução que declarar a situação de calamidade
pública os seguintes elementos:
a) O acontecimento que originou a situação declarada;
b) O âmbito temporal e territorial;
c) A estrutura de coordenação e controlo que, face aos prejuízos inventariados,
faz a gestão global dos apoios a que houver lugar, de acordo com os critérios
a estabelecer; e
d) A especificação dos possíveis apoios a conceder pelo Governo, suas cara-
cterísticas, quantificação e respectiva cobertura financeira.
2. Os critérios de atribuição de apoios, a tramitação dos respectivos pedidos e a indica-
ção dos departamentos governamentais, e respectivos serviços, intervenientes na instrução
dos processos, com vista à qualificação dos sinistrados e à determinação da sua capacidade
de resposta, são regulamentados por despacho conjunto do membro do Governo responsá-
vel pela área das Finanças e a estrutura referida na alínea c) do número anterior, no prazo
máximo de 30 (trinta) dias consecutivos, contados a partir da data da declaração de cala-
midade pública.

1214
Decreto-Lei nº 67/2009, de 28 de Dezembro

Artigo 5º
Gestão dos apoios
Todos os apoios a conceder por organismos ou departamentos do Estado são integrados
no âmbito das acções geridas pela estrutura referida na alínea c) do nº1 do artigo anterior.
Artigo 6º
Fixação dos montantes
1. O Governo fixa, para cada caso, o montante dos apoios a conceder, tendo em conta a
avaliação dos danos verificados, conjugada com a capacidade efectiva dos sinistrados para,
pelos seus próprios meios, superarem a situação.
2. Não são objecto de auxílio financeiro por parte do Estado os prejuízos resultantes
da ocorrência de riscos que, pela sua natureza, sejam susceptíveis de cobertura através de
contrato de seguro e desde que os montantes do respectivo prémio não sejam considerados
excessivos pela estrutura de coordenação e controlo a ser criado pelo Governo, ouvido o
Banco de Cabo Verde.
Artigo 7º
Declaração de calamidade pública nacional
A declaração de situação de calamidade pública que afecta uma ou mais ilhas não pre-
judica o pedido ou a declaração da situação de calamidade pública nacional.
Artigo 8º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
José Maria Pereira Neves - Manuel Inocêncio Sousa - Basílio Mosso Ramos - Cristina
Isabel Lopes da Silva Monteiro Duarte - Lívio Fernandes Lopes - Maria Madalena Brito
Neves - José Maria Fernandes da Veiga - Sara Maria Duarte Lopes
Promulgado em 23 de Dezembro de 2009
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Referendado em 23 de Dezembro de 2009
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves

1215
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto

REGIME JURÍDICO DO CADASTRO PREDIAL


Decreto-Lei nº 29/2009
de 17 de Agosto
O cadastro constitui uma infra-estrutura indispensável ao desenvolvimento do país
e, hoje em dia, a consciência desta realidade é cada vez maior. Isso mesmo foi reconhe-
cido pelo I Fórum Nacional do Ordenamento do Território, ao recomendar a elaboração e
aprovação de uma lei de cadastro, que estabeleça a metodologia de base e a elaboração do
cadastro rústico e urbano. No entanto, esta constatação é antiga, e pode dizer-se que surgiu
desde a independência, não obstante a tendência para o agravamento da situação nos últi-
mos anos.
As preocupações actuais dos serviços centrais do Estado são decorrentes da insegu-
rança jurídica actualmente existente no respeitante à correcta identificação dos prédios,
incluindo a sua localização, com reflexos directos e imediatos no avolumar dos conflitos
relativos à propriedade, na incerteza sobre os negócios jurídicas celebrados, na falta de ac-
tualização e cobrança do imposto sobre o património e no desincentivo aos investimentos
de nacionais e estrangeiros.
Esta situação é agravada pelo facto de não haver uma adequada articulação entre os di-
versos serviços públicos, seja no que tange à troca de informações que permite a obtenção
de dados actualizados e seguros sobre os direitos, ónus e encargos que incidem sobre um
dado prédio, seja no tocante às reformas institucionais.
O presente diploma do cadastro tem como objectivo equacionar e resolver o principal
problema actualmente existente nesse domínio: inexistência de um quadro normativo claro
e completo que permita dar início aos trabalhos de execução do cadastro e pôr fim, gradu-
almente, a todos os citados inconvenientes.
Os trabalhos de execução, renovação e conservação do cadastro são considerados de
natureza permanente e de elevado interesse público e este princípio acarreta especiais res-
ponsabilidades para as entidades públicas, pois é a partir da qualidade dos trabalhos reali-
zados que se obtém segurança e confiança no comércio jurídico e se garante que as políticas
públicas são concebidas com base em informações correctas sobre o território, devendo o
Estado criar e manter actualizado um registo informatizado do qual constam todos os pré-
dios cadastrados no território nacional.
Assim, a caracterização de um prédio é dada através da sua localização administrativa
e geográfica, configuração geométrica e área, acrescida da exigência de cada prédio ser
identificado através de um código numérico unívoco, designado por número de identifica-
ção de prédio (NIP), cuja utilização é obrigatória em todos os documentos públicos.
Por cada prédio cadastrado é emitida uma cédula cadastral, que deve conter o respec-
tivo NIP, a identificação do titular cadastral, a sua representação gráfica e os elementos
físicos e económicos; a cédula cadastral é de apresentação obrigatória em todos os actos

1216
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto

notariais e demais actos praticados perante a Administração Pública relativos a prédios


localizados em área cadastrada, não podendo nenhum acto ser praticado sem a exibição
desse documento. Com esta medida, pretende-se resolver definitivamente a insegurança
que reina na Administração relativamente à exacta configuração física dos prédios. Note-
se que esta exigência diz respeito apenas aos prédios cadastrados ou localizados em áreas
cadastradas.
Ao Estado foi atribuída toda a responsabilidade no domínio cadastral, partindo da con-
sideração de que o cadastro é uma questão de relevante interesse nacional, imprescindível
para a obtenção de informações fidedignas sobre o território e a elaboração de políticas
públicas alicerçadas em dados sólidos; para além disso, pode constituir a única maneira de
se obter uniformidade e qualidade na elaboração dos trabalhos cadastrais.
Porém, para evitar o inconveniente de eternizar os trabalhos cadastrais, o diploma
estabelece a possibilidade do Estado firmar acordos de execução do cadastro predial com
os Municípios e com outras pessoas singulares e colectivas, com reconhecida competência
técnica e profissional, desde que possuam autorização e respectivo alvará emitido pelo
serviço central do cadastro.
Para garantir a qualidade do cadastro e o cumprimento das normas legais, o presente
diploma estatui que as actividades no domínio do cadastro exercidas pelos Municípios ou
outras entidades públicas ou privadas devidamente autorizadas podem ser inspeccionadas,
a qualquer momento, pelo serviço central do cadastro ou outra entidade pública designada
pelo Governo.
Assim,
No uso da faculdade conferida pela alínea a), do n.º 2, do artigo 203º da Constituição,
o Governo decreta o seguinte:
CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 1.º
Objecto
O presente diploma estabelece o regime jurídico do cadastro predial.
Artigo 2.º
Conceitos
1. Para efeitos da presente lei entende-se por:
a) Cadastro predial, adiante designado abreviadamente por cadastro: registo ad-
ministrativo e o conjunto dos dados que caracterizam e identificam os prédios
existentes no território nacional;
b) Prédio: parte delimitada do solo juridicamente autónoma, abrangendo as águas,

1217
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto

plantações, edifícios, e construções de qualquer natureza nela existentes ou


assentes com carácter de permanência, e, bem assim, cada fracção autónoma
no regime de propriedade horizontal;
c) Área social: toda a área existente no interior de um prédio destinada a utiliza-
ção pelo público e que dele não faz parte;
d) Execução do cadastro: processo de recolha e tratamento dos dados que carac-
terizam e identificam cada um dos prédios existentes numa determinada área
geográfica;
e) Renovação do cadastro: processo de actualização do conjunto dos dados que
caracterizam e identificam os prédios existentes numa determinada área ge-
ográfica;
f) Conservação do cadastro: processo de actualização individual dos dados que
caracterizam e identificam cada um dos prédios existentes numa determinada
área geográfica;
g) Área cadastrada: área geográfica abrangida por uma operação de execução ou
renovação do cadastro já concluída;
h) Prédio cadastrado: prédio caracterizado e identificado na sequência de uma
operação de execução ou renovação do cadastro já concluída ou resultante de
processo de conservação de cadastro;
i) Cédula cadastral: documento público que certifica os dados físicos, económi-
cos e jurídicos existentes no registo informatizado dos prédios cadastrados;
j) Planta cadastral: documento público que certifica a localização geográfica de
um prédio, as suas confrontações e obrigatoriamente as coordenadas das ex-
tremas que delimitam o prédio;
k) Equipa de apoio técnico: o grupo composto por técnicos de diversos serviços
e entidades, ao qual cabe promover, agilizar e apoiar tecnicamente a operação
de execução do cadastro;
l) Cadastro diferido: a situação em que se encontram os prédios abrangidos por
uma operação de execução do cadastro, para os quais não foi possível obter a
respectiva caracterização e identificação.
2. Para efeitos da presente lei, os conceitos de prédio rústico e urbano são os previstos
no regulamento do imposto único sobre o património.
Artigo 3.º
Conteúdo
1. A descrição dos prédios compreende as suas características físicas, económicas e
jurídicas, designadamente a sua localização e identificação cadastral, a superfície, o uso ou
destino, a qualidade das construções, a representação gráfica e os titulares cadastrais.

1218
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto

2. Para efeitos cadastrais presumem-se correctos todos os dados constantes do cadas-


tro, salvo prova ou disposição legal em contrário, sem prejuízo do que dispuser a lei em
matéria de registo.
Artigo 4.º
Natureza permanente e interesse público
Os trabalhos de execução, renovação e conservação do cadastro são de natureza per-
manente e de elevado interesse público, garantindo o Estado a sua qualidade e o acesso de
todos os cidadãos à sua consulta.
Artigo 5.º
Informações cadastrais
1. As informações constantes do cadastro são de uso público, estão ao serviço das
políticas públicas e dos cidadãos que requeiram informação sobre dados cadastrais, sem
prejuízo do disposto no regime geral de protecção de dados pessoais.
2. Todos os cidadãos têm o direito de acesso à informação sobre dados cadastrais que
lhes digam respeito, nas condições previstas na lei e salvo o disposto para fins militares.
3. O Estado elabora, nos termos a estabelecer por Decreto-Regulamentar, um registo
informatizado do qual constam todos os prédios cadastrados no território nacional.
4. As condições de recolha, tratamento e acesso à informação cadastral constam de
diploma próprio.
Artigo 6.º
Titulares cadastrais
1.São titulares cadastrais as pessoas singulares e colectivas que se encontrem em rela-
ção com o prédio cadastrado numa das seguintes situações:
a) Concessão administrativa sobre o prédio ou serviços públicos a que o prédio
se encontra afecto;
b) Aforamento;
c) Direito real de superfície;
d) Direito real de usufruto;
e) Direito de propriedade.
2. Os titulares cadastrais têm o dever de colaborar com o cadastro predial fornecendo
todas as informações necessárias à sua permanente actualidade.
3. A presunção estabelecida no n.º 2 do artigo 3º não beneficia o titular cadastral que
viole o disposto no número anterior.

1219
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto

Artigo 7.º
Obrigatoriedade da inscrição cadastral
1. A inscrição dos prédios no cadastro é obrigatória e condição indispensável para a
prática de qualquer acto jurídico relativo aos prédios rústicos e urbanos, podendo ser feita
oficiosamente ou a pedido dos particulares.
2. Nenhum prédio rústico ou urbano pode ser inscrito no cadastro sem a apresentação
da respectiva planta cadastral.
3. Os modelos de requerimentos de inscrição e alteração de dados dos prédios no
cadastro são definidos por Portaria do membro do Governo responsável pela área do ca-
dastro.
CAPÍTULO II
Caracterização e identificação dos prédios
Artigo 8.º
Caracterização dos prédios
Para efeitos do cadastro, a caracterização de um prédio é dada através da sua localiza-
ção administrativa e geográfica, configuração geométrica e área.
Artigo 9.º
Localização administrativa
1. A localização administrativa de um prédio é determinada:
a) Pelo Município em que se encontra a totalidade ou a maior parte da sua área
ou, em zonas urbanas, onde se situa a sua serventia principal;
b) Pela localidade e rua em que se situa a sua entrada principal, número de polí-
cia atribuído e especificações que permitam distingui-lo de outros, quando
estes elementos existirem.
2. Acessoriamente, pode a localização referir o local em que o prédio se situa ou a
designação pela qual é conhecido.
Artigo 10.º
Localização geográfica
A localização geográfica de um prédio é determinada pelo posicionamento das suas
estremas no sistema de coordenadas adoptado.
Artigo 11.º
Configuração geométrica
1. A configuração geométrica de um prédio é estabelecida pela representação geográfi-
ca das suas estremas, unidas através de uma linha poligonal fechada, e dos limites das áreas
sociais, quando existam, unidos da mesma forma.

1220
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto

2. A configuração geométrica de um prédio pode ser completada com outras represen-


tações topográfico-cadastrais e áreas, incluindo as relativas a construções existentes.
Artigo 12.º
Área
A área de um prédio é determinada pela diferença entre as áreas das figuras geométri-
cas resultantes da aplicação do disposto no número 1 do artigo anterior.
Artigo 13.º
Identificação
1. Cada prédio cadastrado é identificado através de um código numérico unívoco, de-
signado por número de identificação de prédio (NIP).
2. A configuração do NIP é fixada por Portaria conjunta dos Ministros responsáveis
pelo Cadastro, Finanças e Justiça.
3. A utilização do NIP é obrigatória em todos os documentos públicos como forma de
identificação de prédios cadastrados.
Artigo 14.º
Valor cadastral
1. O valor cadastral dos prédios é determinado de forma objectiva a partir das informa-
ções constantes da base de dados do cadastro integrando o valor cadastral do solo e o valor
cadastral das construções.
2. São critérios de determinação do valor cadastral dos prédios, designadamente, os
seguintes:
a) A localização do prédio e as circunstâncias urbanísticas que afectem o solo e
a sua aptidão para a produção;
b) O custo da execução material das edificações;
c) O uso, qualidade e antiguidade das construções, bem como o carácter artís-
tico, histórico ou outras que caracterizam o prédio;
d) O valor do mercado.
3. O valor cadastral de um prédio não pode em caso algum ultrapassar o seu valor de
mercado.
4. Os princípios e os procedimentos a que devem obedecer as avaliações prediais com
vista a determinação do valor cadastral são estabelecidos em diploma próprio e respectivos
regulamentos.
5. Os prédios situados nas zonas não cadastradas ficam sujeitas ao regime de avaliação
tributária nos termos da lei geral, designadamente, as bases do Imposto Único sobre o Pa-

1221
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto

trimónio, aprovado pela Lei n.º 79/V/98, de 7 de Dezembro, e o respectivo Regulamento


aprovado pelo Decreto-Lei n.º 18/99, de 26 de Abril.
Artigo 15.º
(Cédula cadastral)
1. Por cada prédio cadastrado é emitida uma cédula cadastral da qual consta o respec-
tivo NIP, a identificação dos titulares cadastrais, a representação gráfica e os elementos
físicos e económicos.
2. O modelo de cédula cadastral é aprovado pela Portaria a que se refere o n.º 2 do
artigo 13º.
3. A apresentação da cédula cadastral é obrigatória em todos os actos notariais e de-
mais actos praticados perante a Administração Pública relativos a prédios localizados em
área cadastrada, não podendo nenhum acto ser praticado sem a exibição da respectiva cé-
dula cadastral.
4. Compete ao serviço central responsável do cadastro, salvo delegação nos Municí-
pios ou outras entidades públicas, emitir a cédula cadastral, nos termos do presente diplo-
ma e respectiva regulamentação.
CAPÍTULO III
Das atribuições e da organização das pessoas colectivas de população e território
Artigo 16.º
Atribuições
1. Constitui atribuição do Estado, a exercer através do serviço central do cadastro, a
execução, renovação e conservação do cadastro predial em toda e qualquer área do territó-
rio nacional.
2. O Estado pode celebrar acordos de execução, renovação e conservação do cadastro
predial com os Municípios ou entidades privadas, nacionais ou estrangeiras, legalmente
habilitadas a efectuar trabalhos cadastrais.
3. O incumprimento das normas legais e regulamentares por parte dos Municípios ou
entidades privadas determina a suspensão dos trabalhos cadastrais até à normalização da
situação, adoptando o serviço central do cadastro as medidas de correcção necessárias à
sua observância.
4. Para o efeito do disposto no número anterior, pode o serviço central do cadastro ou outra
entidade pública determinada pelo Governo, efectuar directamente os trabalhos cadastrais.
Artigo 17.º
Incumbências do serviço central do cadastro
1. Para efeitos da presente lei, o serviço central do cadastro é o departamento gover-
namental que, nos termos da orgânica do Governo, é responsável pelo cadastro ou outra

1222
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto

entidade pública dotada de autonomia que vier a ser especialmente criada pelo Governo
para assumir aquelas atribuições.
2. Incumbe ao serviço central do cadastro, designadamente:
a) Estabelecer as directrizes técnicas que garantem a qualidade e homogeneidade
da informação contida no cadastro predial;
b) Realizar os processos de fiscalização necessários para garantir o cumprimento
adequado das leis e dos regulamentos, bem como as directrizes referidas na
alínea anterior;
c) Assumir, directamente ou através de contratos celebrados com entidades pri-
vadas, a realização dos trabalhos cadastrais, nos termos da presente lei e re-
spectiva regulamentação;
d) Emitir a cédula cadastral, nos termos do número 4 do artigo 15º.
e) Garantir o bom funcionamento, a qualidade e a permanente actualização do
Registo Informatizado contendo informações sobre todos os prédios cadastra-
dos no território nacional.
3. As directrizes técnicas a que se refere a alínea a) do número anterior são aprovadas
por Portaria do membro do Governo responsável pela área de cadastro.
Artigo 18.º
Registo, Notariado e Identificação Civil
Compete ao serviço central responsável pelo Registo, Notariado e Identificação Civil:
a) Assegurar o acesso à informação constante do registo predial, em especial no
decurso da operação de execução do cadastro, fornecendo informação sobre
o carácter omisso ou a descrição dos prédios abrangidos pela operação de ex-
ecução do cadastro e a identificação dos titulares de direitos de propriedade e
de outros direitos reais;
b) Apoiar no âmbito das suas competências a operação de execução cadastral;
c) Comunicar à equipa de apoio técnico ou entidade executora a apresentação
de pedidos de registo relativamente a prédios incluídos na área de execução
do cadastro, a partir do momento em que esta operação se inicia e até à sua
conclusão;
d) Desencadear a rectificação dos elementos e dados cadastrais, caso assim se
justifique em caso de alteração da situação jurídica dos prédios constante do
registo predial.
Artigo 19.º
Equipa de apoio técnico
1. Por cada área geográfica, objecto da operação de execução do cadastro, deve ser
criada uma equipa de apoio técnico.

1223
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto

2. A equipa de apoio técnico é composta por representantes do serviço central res-


ponsável pelo cadastro, das conservatórias do registo predial, das repartições de finanças
e das Câmaras Municipais da área abrangida pela operação de execução do cadastro, sem
prejuízo da inclusão de representantes de outras entidades ou serviços em função das espe-
cificidades da área abrangida pela operação de execução do cadastro.
3. Os técnicos que integram a equipa de apoio técnico são designados pelas entidades
e serviços que representam no prazo de 15 (quinze) dias a contar da data de publicitação da
operação de execução do cadastro, sem prejuízo de posterior alteração da composição da
equipa, nos termos do número anterior.
4. A composição e o local de funcionamento da equipa de apoio técnico são divulga-
dos através de editais afixados nos locais de estilo, designadamente nas instalações dos
serviços referidos no número 2, localizados na área abrangida pela operação de execução
do cadastro, bem como no sítio da Internet do Governo e do serviço central responsável
pelo cadastro.
5. A coordenação da equipa de apoio técnico compete a um dos representantes do ser-
viço central responsável pelo cadastro ou quem for indicado por este, a quem cabe requerer
a intervenção dos restantes elementos da equipa em função das necessidades de cada uma
das fases de desenvolvimento da operação de execução cadastral.
6. O regulamento de organização e funcionamento da equipa de apoio técnico é apro-
vado por despacho do membro do governo responsável pela área de cadastro.
7. As despesas inerentes ao exercício das funções de cada um dos membros da equipa
de apoio técnico são suportadas pela entidade ou serviço que representam.
8. Compete à equipa de apoio técnico promover, agilizar e apoiar tecnicamente a ope-
ração de execução do cadastro, designadamente:
a) Propor ao serviço central do cadastro a alteração dos prazos para as várias
fases da operação de execução do cadastro, caso tal se revele necessário à
prossecução dos trabalhos;
b) Coordenar as acções desenvolvidas na respectiva área de intervenção e o in-
tercâmbio da informação necessária entre as entidades envolvidas;
c) Acompanhar a actividade da entidade executante;
d) Apoiar a fiscalização da operação de execução cadastral, em especial o cumpri-
mento das normas e especificações técnicas para a execução do cadastro;
e) Comunicar à entidade executante quaisquer alterações à estrutura predial;
f) Proceder à credenciação dos trabalhadores ou colaboradores da entidade ex-
ecutante;
g) Definir os locais e condições de entrega das declarações da titularidade;

1224
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto

h) Prestar informações aos particulares;


i) Solicitar às entidades e serviços públicos as informações e os esclarecimentos
que se mostrem necessários ao exercício das suas competências.
9. Cada um dos elementos da equipa de apoio técnico intervém no âmbito das compe-
tências cometidas à entidade ou ao serviço que representa.
Artigo 20.º
Dever de colaboração dos Municípios
1. Os Municípios devem, no âmbito do respectivo território, colaborar com o Governo,
através do serviço central do cadastro, na execução, renovação e conservação do cadastro,
nos termos da presente lei e respectiva regulamentação.
2. Compete em especial aos Municípios:
a) Assegurar o acesso à informação constante da matriz predial, em especial no
decurso da operação de execução do cadastro, facilitando a consulta dos livros
e fornecendo informação sobre os números e descrição do teor das matrizes
prediais;
b) Apoiar no âmbito das suas competências a operação de execução do cadastro;
c) Comunicar à equipa de apoio técnico as alterações aos elementos constantes
das matrizes prediais relativamente a prédios incluídos na área de execução
do cadastro, a partir do momento em que esta operação se inicia e até à sua
conclusão;
d) Desencadear a rectificação dos elementos e dados cadastrais, caso assim se
justifique em caso de alteração dos elementos constantes da matriz predial;
e) Colaborar na identificação de instalações para funcionamento de equipas de
apoio técnico criadas pelo serviço central responsável pelo cadastro;
f) Facultar o acesso à informação considerada relevante no âmbito da execução
e conservação do cadastro, em especial em matéria de alterações toponímicas,
números de polícia e correspondência entre as antigas e as novas denomi-
nações e numerações;
g) Desencadear a rectificação dos elementos e dados cadastrais, caso assim se
justifique em função de procedimentos e actos administrativos de gestão ur-
banística.
Artigo 21.º
Inspecção
1. As actividades no domínio do cadastro exercidas pelos Municípios ou outras enti-
dades públicas ou privadas devidamente autorizadas podem ser inspeccionadas, a qualquer

1225
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto

momento, pelo serviço central do cadastro ou outra entidade pública designada pelo Gover-
no, que tem o direito à obtenção das informações necessárias ao cabal cumprimento da sua
missão, bem como à consulta da documentação relativa aos trabalhos realizados.
2. Na sequência de uma inspecção, pode o serviço central do cadastro, sem prejuízo
das consequências legais que ao caso couber, determinar as instruções que julgar necessá-
rias para a rigorosa observância das normas legais.
3. As instruções emitidas nos termos previstos no número anterior são de cumprimento
obrigatório.
CAPÍTULO IV
Exercício de actividades cadastrais
por entidades privadas
Artigo 22.º
Âmbito
1. As pessoas singulares e colectivas, com reconhecida competência técnica e profis-
sional, podem realizar trabalhos no domínio do cadastro predial, desde que possuam auto-
rização e respectivo alvará emitido pelo serviço central do cadastro.
2. Os contratos celebrados entre as entidades públicas e as pessoas singulares ou co-
lectivas privadas incluem uma cláusula de rescisão em caso de incumprimento das normas
relativas ao cadastro, sob pena de nulidade do respectivo contrato.
3. Os pressupostos e o procedimento de concessão da autorização são regulados por
Decreto-Regulamentar.
Artigo 23.º
Dever de sigilo
As entidades detentoras de autorização e os técnicos acreditados estão obrigados a
guardar sigilo sobre a informação que obtenham no decurso da sua actividade no domínio
do cadastro.
Artigo 24.º
Homologação
Os trabalhos de execução e renovação do cadastro são homologados pelos serviços
centrais do cadastro.
CAPÍITULO V
Execução, renovação e conservação do cadastro
SECÇÃO I
Execução do Cadastro
Artigo 25.º
Publicitação
O início dos trabalhos de execução do cadastro é anunciado pelo serviço competente,
com pelo menos 2 (dois) meses de antecedência, por meio de editais a afixar nos locais de

1226
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto

estilo, nas sedes dos Municípios e das Freguesias abrangidos e contíguos, e de anúncios
a publicar em dois dos jornais mais lidos, sem prejuízo da utilização de outros meios de
informação.
Artigo 26.º
Demarcação dos prédios
Os proprietários ou usufrutuários de prédios localizados em zonas abrangidas por uma
operação de execução do cadastro devem proceder, no prazo indicado nos editais mencio-
nados no artigo anterior, à sua demarcação, bem como participar no período de exposição
e consulta pública a fim de validar a informação recolhida.
Artigo 27.º
Trabalhos de campo
1. O pessoal responsável pela elaboração dos trabalhos cadastrais, quando no exercício
das suas actividades, tem direito a:
a) Recorrer ao auxílio de qualquer entidade pública ou privada, incluindo as au-
toridades policiais;
b) Aceder às áreas não edificadas de prédios e de serventia das edificações e
instalar os seus equipamentos e demais instrumentos de trabalho, pelo tempo
estritamente necessário ao desempenho da sua missão;
c) Solicitar e recolher de quaisquer entidades, públicas ou privadas, as infor-
mações de que careça;
d) Consultar e extrair cópias de livros e documentos públicos que contenham
informações necessárias, sem prejuízo das disposições especiais previstas no
Código do Registo Predial;
e) Cartão de identificação, cujo modelo será aprovado por Portaria do membro
de governo responsável pela área do cadastro.
2. Se as actividades desenvolvidas nos termos da alínea b) do número anterior causa-
rem danos na propriedade, o proprietário será indemnizado pela entidade pública compe-
tente, nos termos gerais.
3. Sempre que os proprietários ou usufrutuários dos prédios se oponham ao exercício
do disposto na alínea b) do n.º 1 do presente preceito, aplica-se ao respectivo prédio o dis-
posto no artigo seguinte.
Artigo 28.º
Áreas de cadastro diferido
1. Mostrando-se infrutíferas, no todo ou em parte, as diligências relativas à execução
do cadastro numa determinada zona é considerada como área de cadastro diferido.

1227
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto

2. Consideram-se igualmente áreas de cadastro diferido os casos em que há desacordo


entre proprietários de prédios contíguos quanto às respectivas estremas.
Artigo 29.º
Responsabilidade por erros na demarcação
1. Todas as consequências de erros introduzidos no cadastro como resultado da de-
marcação incorrecta de prédios são da responsabilidade dos respectivos proprietários e
usufrutuários.
2. Os responsáveis pelos erros referidos no número anterior suportam os custos das
rectificações a que o serviço competente tenha de proceder por tal motivo.
Artigo 30.º
Caracterização dos prédios e emissão da cédula cadastral
1. Com base nos elementos recolhidos em trabalhos de campo procede-se à caracteri-
zação provisória dos prédios, que antecede a fase de consulta pública e reclamação seguida
da caracterização definitiva e a emissão da respectiva cédula cadastral.
2. A fase de exposição, consulta pública e reclamação referente à caracterização provi-
sória dos prédios, com base nos dados recolhidos no âmbito de uma operação de execução
do cadastro, é regulada por Decreto-Regulamentar.
SECÇÃO II
Renovação do Cadastro
Artigo 31.º
Oportunidade
Quando, em termos de cadastro, se conclua ter havido alterações significativas nas
características de uma determinada área cadastrada ou quando os padrões de precisão dos
dados do cadastro se revelem insuficientes, o serviço competente determina a realização de
uma operação de renovação do cadastro abrangendo essa área.
SECÇÃO III
Conservação do Cadastro
Artigo 32.º
Actos notariais envolvendo alterações
Qualquer acto notarial relativo a prédios cadastrados que implique alteração do posi-
cionamento das respectivas estremas exige a apresentação simultânea, em relação quer a
esses prédios quer aos que resultem da alteração, de documentos técnicos comprovativos
desse facto.
Artigo 33.º
Substituição do NIP
1. Nos casos de correcções ou precisões introduzidas nas características de prédios
cadastrados, cabe ao serviço competente decidir se há lugar ou não à substituição do NIP.

1228
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto

2. Não há lugar à substituição do NIP quando as alterações que modifiquem o posi-


cionamento da estremas de prédios cadastrados correspondem exclusivamente a acerto ou
rectificação de estremas ou a alteração da área social do prédio.
3. No caso de quaisquer outras alterações que modifiquem o posicionamento de estre-
mas, incluindo a divisão ou a reunião de prédios ou de partes de prédios, consideram-se os
primitivos prédios como extintos, havendo lugar à atribuição, aos prédios deles resultantes,
de números de identificação predial e à consequente emissão de cartões de identificação
predial.
4. As cédulas cadastrais dos prédios extintos nos termos do número anterior são entre-
gues no serviço competente pelos respectivos proprietários, no momento de recebimento
dos cartões correspondentes aos novos prédios, para destruição.
CAPÍTULO VI
Cartografia cadastral
Artigo 34.º
Conceito
1. A representação gráfica dos prédios compreende a sua descrição cartográfica, nos
termos estabelecidos nos artigos seguintes.
2. A base geométrica do cadastro predial é constituída pela cartografia básica elaborada
pelo serviço central de cartografia.
3. Aplica-se à cartografia cadastral o disposto na lei relativa à produção cartográfica.
Artigo 35.º
Conteúdo da cartografia cadastral
1. A cartografia cadastral define, entre outras características relevantes, a forma, a di-
mensão e a situação dos diferentes prédios susceptíveis de inscrição no cadastro predial,
qualquer que seja o uso ou actividade a que estejam afectos, constituindo no seu conjunto
o suporte gráfico destes.
2. A cartografia cadastral contém, designadamente:
a) Os polígonos cadastrais, determinados pelas linhas permanentes de terrenos e
seus acidentes mais importantes, designadamente, vales, ribeiras, montanhas,
vias de comunicação, limites do território municipal e classe de solos;
b) As parcelas do solo que delimitam os prédios, assim como as construções
nelas implantadas.
Artigo 36.º
Carácter temático da cartografia cadastral
1. A cartografia cadastral tem carácter temático por incorporar informação adicional
específica e por ser elaborada a partir da cartografia básica realizada de acordo com as

1229
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto

normas legais aplicáveis e mediante processos de medição e observação da superfície ter-


restre.
2. Para efeitos do disposto no número anterior, os trabalhos topográfico-cadastrais uti-
lizam as técnicas adequadas para assegurar o enlace das redes topográficas cadastrais com
a rede geodésica nacional.
3. A cartografia básica elaborada pelo serviço central de cartografia para a obtenção da
cartografia temática é objecto de inscrição obrigatória no registo central de cartografia.
Artigo 37.º
Meios auxiliares da cartografia cadastral
A cartografia cadastral inclui, como meios auxiliares, designadamente, os seguintes
elementos:
a) Ortofotomapas e fotografias aéreas;
b) Os planos urbanísticos de cada território municipal com as linhas dos seus
limites;
c) Os polígonos existentes assim como quaisquer outros aspectos susceptíveis de
representação gráfica que sejam necessários para efeitos da presente lei.
CAPÍTULO VII
Disposições finais e transitórias
Artigo 38.º
Experiências-piloto
O Governo pode realizar experiências-piloto de execução do cadastro num ou mais
Municípios, visando adequar a melhor metodologia a ser adoptada em todo o país.
Artigo 39.º
Desenvolvimento e regulamentação
O Governo desenvolve e regulamenta o presente diploma por Decreto-Regulamentar.
Artigo 40.º
Revogação
Fica revogado o Decreto-Legislativo n.º 3/2008, de 13 de Outubro, e toda a disposição
legal ou regulamentar que disponha em contrário da presente lei.
Artigo 41.º
Entrada em vigor
A presente lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após a sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros.

1230
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto

José Maria Pereira Neves - Manuel Inocêncio Sousa - Maria Cristina Lopes Almeida
Fontes Lima - Cristina Isabel Lopes da Silva Monteiro Duarte - Lívio Fernandes Lopes -
Marisa Helena do Nascimento Morais - José Maria Fernandes da Veiga - Sara Maria Duarte
Lopes
Promulgado em 12 de Agosto de 2009
Publique-se.
O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES
Referendado em 13 de Agosto de 2009
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves

1231
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26 de Setembro

NORMAS DE POLÍCIA SANITÁRIA


Decreto-Lei n.º 52/95
de 26 de Setembro
Convindo actualizar algumas normas de polícia sanitária e generalizá-las a todo o
país;
No uso da faculdade conferida pela alínea a) do n.º 2 do artigo 216º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1º
É punido com multa de 2 000$ a 15 000$ aquele que:
a) Vazar águas sujas, urina ou dejectos na via pública;
b) Urinar ou defecar na via pública;
c) Lançar animais mortos na via pública
d) Fizer depósito de águas sujas, lixos e outros produtos prejudiciais à saúde em
quintais, pátios, saguões, logradouros ou similares.
Artigo 2º
1. É punido com multa de 1 000$ a 7 500$ aquele que não conservar limpos os pátios,
saguões, logradouros ou quintais da sua moradia.
2. É igualmente punido com multa de 1 000$ a 7 500$ aquele que se opuser a que agen-
te de autoridade competente verifique o estado de asseio dos locais referidos no número 1.
Artigo 3º
1. É punido com multa de 2 000$ a 15 000$ por cada cabeça de gado abatido, aquele
que matar gado bovino, suíno, lanígero ou caprino fora dos lugares destinados para esse fim
pelas autoridades municipais competentes.
2. Nas freguesias em que exista matadouro municipal, a matança de gado de qualquer
espécie somente poderá ser realizada nas instalações próprias do mesmo.
3. Exceptuam-se do disposto no presente artigo a matança de cabrito e leitão para
consumo particular.
Artigo 4º
1. Toda a carne encontrada à venda e que não seja de animais abatidos nos lugares para
tal fim destinados ou que não tenha sido especionada, será preendida, impondo-se ao dono
da carne, ao dono local em que a matança tiver tido lugar ou ao dono do lugar em que a
carne for encontrada a venda solidariamente, a multa prevista no artigo 3º
2. A carne apreendida nos termos do número 1 será inspeccionada pela autoridade
sanitária e, se estiver em bom estado, será entregue a quem pertencer, depois de pagos os

1232
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26 de Setembro

encargos com a apreensão, inspecção e eventual guarda e conservação. Se não estiver em


bom estado será imediata e completamente inutilizada.
Artigo 5º
1. É punido com multa de 2 000$ a 15 000$ aquele que proceder à venda de carne,
fresca, seca ou salgada, fora dos lugares para tal fim destinados pelas autoridades munici-
pais competentes.
2. Toda a carne encontrada à venda fora dos lugares para esse fim destinados será apre-
endida e inspeccionada, aplicando-se o disposto no nº 2 do artigo 4º.
Artigo 6º
1. É proibida nos perímetros urbanos das cidades e vilas:
a) A divagação de gado;
b) A criação de porcos no domicilio;
c) A existência de estábulos e pocilga.
2. Os porcos domésticos, bem como os estábulos e pocilgas existentes nos perímetros
urbanos das cidades e vilas, à data da entrada em vigor do presente diploma, deverão deles
ser retirados no prazo máximo de seis meses.
3. Os animais encontrados a divagar nos perímetros urbanos das cidades ou vilas e bem
assim os encontrados em estábulos ou pocilgas dentro dos mesmos perímetros, passado o
prazo estabelecido no n.º 2, serão apreendidos e vendidos em hasta publica, revertendo o
respectivo produto para o município.
Artigo 7º
1. É punido com multa de 5 000$ a 50 000$ a matança de tartaruga.
2. São solidariamente responsáveis pelo pagamento da multa previsto no n.º 1:
a) O autor da matança;
b) Aquele que for encontrado a distribuir, fornecer, oferecer, vender ou consumir
carne de tartaruga.
Artigo 8º
1. A exposição, manipulação e o fornecimento ao público de géneros de consumo
imediato, de água para beber ou de gelados, em mercados, na via publica ou, em geral, fora
dos estabelecimentos autorizados para o efeito, só são permitidos a portadores de cartão de
sanidade e licença municipal válidos e nas condições de protecção e sanidade estabelecidas
pela autoridade sanitária do concelho, ouvida a respectiva câmara municipal.
2. A exposição e o fornecimento ao público de géneros de consumo imediato, de água
para beber ou de gelados, em mercados, na via publica ou, em geral, fora dos estabeleci-

1233
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26 de Setembro

mentos autorizados para o efeito, poderão ser proibidos pela autoridade sanitária do conce-
lho, ouvida a respectiva câmara municipal, em caso de epidemia ou de emergência sanitária
declarada pelo Conselho de Ministros.
3. A exposição, manipulação e fornecimento ao público de géneros de consumo ime-
diato, de água para beber ou de gelados em contravenção ao disposto nos números ante-
cedentes são punidos com multa de 1 000$ a 15 000$ e apreensão do produto, que será
destruído.
4. Os manipuladores de géneros de consumo imediato para consumo publico, mesmo
que confeccionados em casa por encomenda, devem ser portadores de cartão de sanidade
válido, sob pena de multa de 1 000$ a 7 500$.
Artigo 9º
1. São proibidos, nos mercados:
a) A permanência de crianças na companhia de vendedores nos locais de venda;
b) A exposição no chão de produtos alimentares para venda;
c) O uso dos locais de venda para armazenagem de produtos fora das horas de
funcionamento do mercado.
2. A violação ao disposto no n.º 1 antecedente é punido com multa de 1 000$ a 7 500$,
podendo, em caso de reincidência, ser cancelada a licença de venda do infractor.
Artigo 10º
1. A moldura das multas previstas nos artigos antecedentes passa a ser de 25 000$ a
250 000$, quando a infracção tenha sido praticada em estabelecimentos comerciais, indus-
triais, hoteleiros e similares ou em instalações de serviços públicos.
2. Nos casos do n.º 1 é pessoalmente responsável pela infracção e pelo pagamento da
multa o gerente, chefe ou dirigente do estabelecimento ou serviço legal ou especificamente
encarregado da sua limpeza, higiene e fiscalização sanitária ou, quando não exista, o chefe
ou dirigente máximo do estabelecimento ou serviço.
Artigo 11º
1. Os estabelecimentos comerciais, industriais, hoteleiros e similares e os serviços
públicos que não se encontrem em estado de devido asseio ou não obedeçam às condições
higiénico-sanitárias estabelecidas pela autoridade sanitária do concelho, ouvida a respec-
tiva câmara municipal, estão sujeitos a multa de 25 000$ a 100 000$ e ficam obrigados a
providenciar pelo suprimento das falhas, no prazo fixado pela autoridade competente que
as tiver detectado, sob pena de encerramento do estabelecimento ou serviço, até que as
mesmas tenham sido supridas.
2. Quando a falta de asseio ou das condições higiénico-sanitárias for de molde a colo-
car em grave perigo a saúde publica, poderá a autoridade sanitária do concelho determinar

1234
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26 de Setembro

o encerramento imediato do estabelecimento ou serviço, independentemente da verificação


do pressuposto da parte final do n.º 1, até que sejam preenchidos requisitos de asseio e as
condições higiénico-sanitárias devidamente estabelecidas.
3. Ao disposto no presente artigo é aplicável o n.º 2 do artigo 10º.
Artigo 12º
1. O dono de pardeeiro ou outra construção inacabada é obrigado a limpá-los e vedá-
los, de modo a impedir o acesso aos mesmo para vazamento de lixos, detritos e água sujas,
designadamente em caso de interrupção das obras.
2. A violação ao disposto no n.º 1 antecedente é punida com multa de 5 000$ a 50
000$.
3. Sem prejuízo da aplicação da multa prevista no n.º 2 antecedente, o dono do parde-
eiro ou construção em contravenção ao estabelecido no n.º 1 será notificado para os limpar
e vedar no prazo que lhe for fixado pela câmara municipal, nunca inferior a 15 dias, sob
pena de poder ser ordenada a sua demolição ou a adopção de outras providências julgadas
adequadas, a expensas do dono.
4. Se o dono do pardeeiro ou construção não for conhecido ou se encontrar em parte
incerta, será notificado por aviso publicado em três números seguidos dos três jornais na-
cionais de maior circulação.
Artigo 13º
Sem prejuízo de outras sanções mais graves previstas na lei, os limites mínimos e
máximos das multas estabelecidos no presente diploma são elevados de um terço por cada
reindência.
Artigo 14º
1. A fiscalização do cumprimento do disposto no presente diploma incumbe, indistin-
tamente:
a) Aos delegados de saúde e agentes das delegacias de saúde por aqueles creden-
ciados;
b) As autoridades municipais e agentes de polícias sanitárias dos municípios;
c) As autoridades policiais e agentes de polícia de ordem pública;
d) As autoridades veterinárias e agentes credenciados dos serviços de veterinári-
as, em matéria de polícia sanitária relativa a animais e a carnes;
e) As autoridades aduaneiras, marítimas, portuárias e aeroportuárias e seus
agentes credenciados, nas áreas sob sua jurisdição.
2. Todas as autoridades e agentes referidos no n.º 1 tem o direito e a obrigação de to-
mar conhecimento das infracções ao disposto no presente diploma, autuar os infractores,

1235
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26 de Setembro

remetendo os autos às entidades competentes quando lhes não incumba a aplicação das
correspondentes sanções, efectuar as apreensões e adoptar outras medidas cautelares ou
urgentes que se imponham.
3. A aplicação das sanções previstas no presente diploma compete ao Presidente da
Câmara Municipal e ao Delegado de Saúde no concelho onde a infracção tiver ocorrido.
4. A competência referida no nº 3 pode ser delegada, respectivamente, em vereadores
ou em pessoal técnico da delegacia de saúde.
Artigo 15º
O presente diploma entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Concelho de Ministros
Carlos Veiga — Mário Silva — António Gualberto do Rosário — Helena Semedo —
Teófilo Figueiredo Silva — José António Pinto Monteiro — João Medina.
Promulgado em 20 de Setembro de 1995.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO MASCARENHAS GOMES MONTEIRO.
Referendado em 20 de Setembro de 1995.
O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.

1236
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26 de Setembro

ÍNDICE

I –CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE CABO VERDE


(arts. 2º, 3º, 16º, 24º 55º, 102º,122º, 226º - 236º). .......................................................................... 5
II - ELEIÇÕES
Lei n.º 92/V/99, Código eleitoral (Capacidade eleitoral activa e passiva dos cidadãos lusófonos,
dos Estrangeiros e apátridas) .......................................................................................................... 13
Lei nº 36/V/97, de 25-8, Define o estatuto do cidadão lusófono em Cabo Verde .......................... 18
III- DIVISÃO ADMINISTRATIVA DO TERRITÓRIO
Lei n.º 63/VI/2005, de 9-5 – Cria o Município da Ribeira Grande de Santiago ............................ 25
Lei n.º 64/VI/2005, de 9-5 – Cria o Município de S. Lourenço dos Órgãos na Ilha de Santiago .......... 34
Lei n.º 65/VI/2005, de 9-5 – Cria o Município de. São Savador do Mundo na Ilha de Santiago .......... 43
Lei n.º 66/VI/2005, de 9-5 – Cria o Município de Sta. Catarina na Ilha do Fogo ......................... 52
Lei n.º 67/VI/2005, de 9-5 – Cria o Município do Tarrafal de S.Nicolau ...................................... 61
Lei nº 11/V/96, de 11-11 – Cria o Município de de São Miguel, na Ilha de santiago .................... 71
Lei nº 96/IV/93, de 31-12 – Cria o Concelho de São Domingos, na Ilha de Santiago.................. 74
Lei nº 23/IV/91, de 30-12 – Cria o Concelho dos Mosteiros, na Ilha do Fogo ............................ 76
Decreto-Lei nº 93/82, de 6-11- Divisão admimnistrativa do Território de Cabo Verde ................. 78
IV- ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS MUNICIPIOS
Lei nº 134/IV/95, de 3-7-Estatuto dos Municípios ......................................................................... 83
Decreto-Regulamentar nº 7/98, de 7-12- Dever de informar que recai sobre os Municípios ........ 128
Decreto-lei n.º 8/2000, de 28-8 – Simbologia heraldica municipal .............................................. 131
Decreto-Lei n.º 52/99, de 16-8- Posturas e regulamentos policiais ................................................ 138
V- ESTATUTO DOS ELEITOS LOCAIS
Lei n.º 85/III/90, de 6-10 – Define e regula as bases do estatuto dos titulares de cargos políticos 143
Lei nº 14/III/91, de 30-12- Estatuto dos eleitos municipais ........................................................... 146
Lei nº 28/V/97, de 23-6 - Regula estatuto remuneratório dos titulares de cargos políticos ........... 151
Decreto-Lei nº 36/99, de 27-5 - Regula as deslocações em missão oficial dos titulares de cargos
políticos em funções na Administração Pública ............................................................................ 156
Decreto-Regulamentar nº 8/99, de 19-7- tabela de ajudas de custo dos agentes políticos ...................... 160
Lei nº 68/V/98 de 17-8 - Subsídio de instalação dos membros do Governo e alguns eleitos ........ 163
Decreto-Lei n.º 2/96, de 5- 2- Subsidio de reintegração................................................................ 164
Lei nº 139/IV/95, de 31-10 - Define o regime jurídico do controlo público da riqueza dos titulares
de cargos políticos e equiparados .................................................................................................. 166

1237
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26 de Setembro

Lei n.º 85/VI/2005, de 26-12 - Crimes de responsabilidade........................................................... 170


Regulamentar n.º 2/98, de 2-3 - Processo de perda de mandato dos eleitos MunicipaiS ............... 179
VI -FINANÇAS PÚBLICAS MUNICIPAIS
Lei n.º 78/V/98, de 7-12 - Lei do enquadramento orçamental ....................................................... 185
Lei nº 79/VI/2005, de 5-9 - Regime financeiro das autarquias locais ........................................... 202
Decreto-Lei nº 68/2009, de 28-12- Regime de concessão de auxilios financeiros à Administração
em situação de calamidade pública ................................................................................................ 237
Decreto n.º 47/80, de 26-6 - Regras sobre o Orçamento e contabilidade municipal ...................... 241
Decreto-Lei n.º 22/99, de 26-4 - Utilização de meios informáticos na Contabilidade ................... 255
Decreto-Lei nº 29/2001, de 19-11- Regime do controlo financeiro da administração pública ...... 256
Lei nº 79/V/98, de 7-12- Imposto único sobre o Património.......................................................... 294
Decreto-lei n.º 18/99, de 26-4 –Regulamento do imposto único sobre o Património .................... 299
Decreto-Lei nº 84/79, de 13-10 - aprova o novo Regulamento Imposto municipal sobre veículos
automóveis ...................................................................................................................................... 315
Portaria 1/93, de 1-2 – actualização do Imposto municipal sobre veículos automóveis ................ 326
Decreto-Lei nº 22/2000, de 22-5 - que regula a transferência para as Câmaras Municipais as com-
petências para a administração dos impostos municipais” ............................................................. 327
Decreto n.º 163/85, de 30-12 - Contracção de empréstimos pelos municípios ............................. 330
VII - INSTITUTOS PÚBLICOS, SERVIÇOS E FUNDOS AUTÓNOMOS
Lei n.º 96/V/99, de 22- 3- Regime jurídico geral dos serviços autónomos fundos autónomos e
dos institutos públicos. ................................................................................................................... 335
Decreto-Regulamentar nº 6/2005, de 18-7- Fundo autónomo do desenvolvimento municipal .... 347
Decreto nº 113/90, de 8-12- Serviços municipais autónomos ........................................................ 361
VIII- EMPRESAS PÚBLICAS
Lei nº 47/VII/09, de 7-12 - Regime do Sector Empresarial do Estado e Bases gerais das empresas
públicas ........................................................................................................................................... 367
Lei nº 104/V/99, de 12-7 - Bases gerais das empresas públicas..................................................... 386
Decreto-Lei nº 16/2000, de 27-3 – Desenvolve as Bases das empresas públicas .......................... 393
IX-DOMINIO PÚBLICO RODOVIÁRIO
Decreto-Lei n.º 26/2006, de 6-3 - Classificação administrativas de vias rodoviárias de Cabo
Verde, bem como a definição de níveis de serviços das mesmas .................................................. 397
X- ASSOCIAÇÃO DE MUNICÍPIOS
Lei nº 50/VI/2004, de 13-9- Regime jurídico da associação dos municípios................................. 413
Decreto – Lei nº 106/90, de 8-12- Criação e extinção da associação de municípios ..................... 416
XI-CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Lei 17/VII/2007, de 10-9 – Aquisições publicas ............................................................................ 425

1238
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26 de Setembro

Decreto-Lei nº 1/2009, de 5-1 – Regulamento da lei de aquisições públicas................................. 455


Decreto-Lei nº 4/2010, de 8-3 – Regulamento da Unidade de Gestão das Aquisições Públicas ... 521
Decreto-Lei nº 15/2008, de 8-5 – Autoridade Reguladora das aquisições públicas ....................... 528
Decreto-Legislativo n.º 17/97, de 10-11- Bases do regime dos contratos administrativos ............ 541
Decreto-Lei n.º 31/94, de 2 -5- Regime jurídico das empreitadas das obras públicas ................... 545
D.Regulamentar n.º 6/94, de 2 -5 – Define os valores que determinam a obrigatoriedade de reali-
zação de concurso público e de consultas no ajuste directo, bem como os valores das entidades
referidas no art.47º do D.L.n.º 31/94 .............................................................................................. 623
XII- GESTÃO TERRITORIAL E URBANÍSTICA
Decreto-Legislativo n.º 1/2006, de 13 de Fevereiro – Aprova as bases do ordenamento do
Território e Planeamento urbanístico ........................................................................................... 627
Decreto nº 130/88,de 31-12- Regulamento Geral da Construção e Habitação Urbana .................. 652
Decreto Leg nº 2/93,de 1-2- Regime jurídico de zonas territorias especiais .................................. 717
Decreto Lei nº 43/99,de 6-7- Declaração de utilidade pública os terrenos situados nas zonas
turísticas especiais e garantia de indemnização .............................................................................. 727
Decreto- Legislativo n.º 2/2007, de 19-7 - Estabelece os princípios e normas de utilização de solos,
tanto pelas entidades públicas como pelas entidades privadas ....................................................... 729
XIII-ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS ESPECIFICAMENTE DESCENTRALIZADAS
Decreto-Lei nº 68/94, de 5-12- Transferência de competências em matéria do transporte colectivo
rodoviário .............................................................................................................................................. 759
Decreto-Lei n.º 5/99, de 1-2- Definição do regime jurídico do sector do comércio ...................... 761
XIV-PESSOAL DA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL
1.PESSOAL DIRIGENTE
Decreto-Legislativo nº 13/97, de 1-7- Estatuto do pessoal dirigente da função pública ............... 793
Decreto-Lei nº 15-B/90, de 30-3 – Estatuto do gestor público....................................................... 809
Decreto-Lei nº 21/99, de 26-4 –Perfil e competência do delegado municipal .............................. 811
Decreto-Regulamentar nº 3/98, de 2-3 – Fixa o salário do Delegado Municipal ........................... 814
Decreto-Lei nº 5/98, de 9-3 – Perfil e remuneração do Secretário Municipal ............................... 815
2.PESSOAL DO QUADRO ESPECIAL
Decreto-Legislativo n.º 3/95, de 20-6 - Pessoal do quadro especial ............................................ 821
Decreto-Lei nº 39/95, de 17-6 - Tabela salarial do pessoal do quadro especial ............................. 827
3.INGRESSO E EVOLUÇÃO NA CARREIRA
Lei n.º 42/VII/2009, de 27-7 - Lei de bases da Função Pública .................................................... 831
Lei nº 102/IV/93, de 31-12- Regime jurídico de constituição, modificação e extinção da relação-
jurídica de emprego na Administração Pública .............................................................................. 869
Decreto-Lei nº 86/92, de 16-7- Plano de cargo carreiras e salários................................................ 881
Decreto-Legislativo nº 4/95, de 20-6- Interpretação autêntica dos arts. 58º e 59º do Decreto-lei
n.º 86/92, de 16 de Julho................................................................................................................. 910

1239
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26 de Setembro

Decreto-Regulamentar nº 13/93, de 30-8- Regulamento da progressão na carreira ...................... 911


Decreto-Lei nº 10/93, de 8-3 - Regulamento de concursos de acesso dos agentes da administração
pública ................................................................................................................................................... 914
Portaria nº 34/93, de 31- 5- Descrição dos conteúdos funcionais dos cargos do quadro de pessoal
comum ............................................................................................................................................ 926
Decreto-Regulamentar nº 19/93, de 27-9- Regulamento da avaliação do desempenho do pessoal
do quadro comum ........................................................................................................................... 932
Decreto-Lei nº 108 – E/92, 24-9- Formula dos extractos para publicação ..................................... 953
Decreto n.º 14/77 de 5-3- Regras sobre nomeações e demissão................................................... 956
4.DISCIPLINA
Decreto-Legislativo nº 8/97, de 8- 5 - Estatuto Disciplinar dos Agentes da Administração Pública 959
Decreto n.º 46 982, de 1 – 8 - 1966 – Estatuto do Funcionalismo Ultramarino (EFU).................. 1009
5. MOBILIDADE PESSOAL
Decreto- Lei nº 54/2009, de 7-12- Mobilidade Profissional e territorial dos funcionários ............ 1013
Decreto nº 149/79, de 31-12 - Direitos dos funcionários transferidos ........................................... 1039
Decreto-Lei nº 101-D/90, de 23-11- Incentivo para fixação na periferia aos funcionários dos quadros
da administração central do Estado, que em comissão ordinária de serviço prestem serviços nos
Municípios de periferia ................................................................................................................... 1041
Decreto n.º 112/90, de 8-12 – Destacamento de policiais para prestar serviços aos municipios .. 1045
6. FÉRIAS, FALTAS E LICENÇAS
Decreto Lei n.º 3/2010, de 8-3 – Lei de férias, faltas e licenças .................................................... 1051
Despacho, de 14-2-94 - Mapa de assiduidade ................................................................................ 1078
7. FERIADOS
Lei nº 16/IV/91, de 30-12- Regime de feriados nacionais e municipais ........................................ 1085
Lei nº 95/V/99, de 22-3- Feriado nacional o dia 13 de Janeiro ...................................................... 1086
Lei nº 69/VI/2005, de 31-5 - Feriado nacional o dia 1 de Junho. ................................................... 1087
8. COMISSÃO EVENTUAL DE SERVIÇO
Decreto-Lei nº 1/87, de 10-1- Comissão eventual de serviço para estudos.................................... 1091
Resolução n.º 10/III/87, de 22-8 – Prorrogação dos prazos da comissão eventual de serviço ............... 1097
9. AJUDAS DE CUSTO
Decreto nº 204/91, de 30- 12 - Ajudas de custo dos funcionários e agentes da Administração Pública 1101
10. REGIME JURÍDICO DO TRABALHO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
Lei nº 44/V/98, de 9-3- Princípios fundamentais do regime jurídico do trabalho na administração
pública ............................................................................................................................................ 1107
Decreto-Lei nº 70/97,de 10-11 -Define período de trabalho na administração pública.................. 1115
Resolução nº 56/97,de 22-12- Período normal de trabalho ............................................................ 1118
Portaria nº 4/2000, de 6-3- Institui o horário único nos serviços desconcentrados do Estado do
Estado e nos serviços municipais ................................................................................................... 1119

1240
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26 de Setembro

XV-FISCALIZAÇÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS


Decreto- Lei 26/96, de 12-8 – Regula o montante a partir do qual os contratos de forne- ...........
cimento e serviços estão sujeitos a visto do Tribunal de Contas .................................................... 1123
Decreto- Lei n.º 46/89, de 26-6 – Fiscalização preventivas das despesas públicas pelo Tribunal
de Contas ........................................................................................................................................ 1124
Decreto- Legislativo n.º 11/93, de 26-6 – Provimento de docentes por urgente conveniência de
serviço............................................................................................................................................. 1132
Lei 84/IV/93, de 12-7 – Competência, organização e funcionamento do Tribunal de Contas ....... 1133
Decreto-Lei nº 33/89, de 3-6 – Fiscalização sucessiva................................................................... 1149
Decreto- Lei 47/89, de 26 -6 – Regimento do Tribunal de Contas ................................................. 1153
Resolução nº 01/94, - Instruções do Tribunal de Contas relativas à fiscalização preventiva das
despesas públicas ............................................................................................................................ 1165
XVI-DIVERSOS
Lei n.º 42/VI/2004, de 10 -5 – Estabelece o Regime Jurídico Geral dos Arquivos........................ 1169
Decreto-Lei nº 25/99, de 10-5- Regula o direito de remissão do foro ............................................ 1184
Decreto-Legislativo nº 9/95, de 27-10 - Regime jurídico geral das contra-ordenações ............... 1190
Decreto-Lei nº 67/2009, de 28-12, Regula a declaração de calamidade pública .......................... 1213
Decreto-Lei nº 29/2009, de 17-8- Regime jurídico do cadastro predial ......................................... 1216
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26-9- Normas sobre a polícia sanitária ................................................. 1232

1241
Decreto-Lei n.º 52/95, de 26 de Setembro

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