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PADRE Jean Viollet. Educação do pudor e do sentimento.

Edições paulinas:
São Paulo. Éducation dela Pureté et du sentimento. Editions Familiades: Paris.
1961. Disponível em: <http://alexandriacatolica.blogspot.com>

É precisamente porque a conservação da raça humana e seu desenvolvimento


moral estão intimamente ligados à vida sexual, que a religião tem reservado
sempre a maior importância aos princípios que devem presidir as relações
sexuais. E abandonar essas últimas à liberdade abusiva das paixões individuais
é condenar a sociedade à decadência. A vida social exige que o homem domine
seus instintos pessoais pessoais para submetê-los às exigências da vida coletiva.
Do domínio do homem sobre suas potencias orgânicas e instintivas depende o
bom funcionamento da vida em comum; eis por que uma sociedade que pretende
erigir em principio a liberdade individual e o gozo pessoal é praticamente
contrária à verdadeira civilização. Sob pretexto de liberar o individuo dos
entraves que lhe foram impostos pela religião, os defensores da autonomia
individual não recearam afirmar que o homem só era responsável pelos seus atos
perante a própria consciência. Daí resultou uma diminuição progressiva das
exigências e dos escrúpulos de consciência e um esquecimento quase total dos
deveres impostos a todos pelas leis morais, que regem o desenvolvimento da
sociedade humana. A fé naquele que declarou que os homens devem ser
solidários uns com os outros perdia então a sua significação. A satisfação
individual substituiu as exigências da lei moral, e , sob pretexto de facilitar ao
individuo seu desenvolvimento integral, suprimiu-se de um só golpe as regras da
moral sexual e as leis da sociedade familiar.

A FAMÍLIA
É na família que a criança encontra o ambiente mais propício à sua pureza. O pai
e a mãe preocupam-se, naturalmente, em evitar sobretudo os espetáculos e as
conversas que poderiam prejudicar ou perturbar a sua imaginação. Convém, pois
vigiar os filhos, habituando-os, ao mesmo tempo, a uma inteira confiança, de
forma que o culpado ou a vitima não hesite em relatar aos pais o que viu ou ouviu
para que estes possam retificar ou corrigir o que, insensivelmente, degeneraria
em maus hábitos. É preciso, principalmente, que os pais tenham certa perspicácia
psicológica para perceberem no olhar e na atitude da criança algo de fugido e
inquietador que, ordinariamente, é o prenuncio do pecado.

(...) Contra tão graves tentações, apresentam-se diversos remédios. O primeiro é


fazer compreender ao adolescente que abandonar-se às suas paixões não significa
ser homem. Longe de admirar os que lhe são escravos, deve-se considera-los
como fracos e lastimá-los sem jamais se deixa embair pelas suas instigações.
Deve-se incutir no coração do jovem puro o sentimento de seu valor moral, torna-
lo ufano de sua própria moralidade, e fazê-lo convencer-se de que o verdadeiro
homem é aquele que domina seus instintos, e não os que por eles deixam-se
dominar. Em seguida, convém afastá-lo das conversas indecentes, ocupando seus
momentos de lazer com distrações sadias; finalmente, ajuda-lo por uma forte e
sólida formação espiritual.

Aquele que incapaz de impor-se ou de aceitar o menor sofrimento não poderá


vencer-se a si mesmo e por conseguinte, dominar os instintos da paixão e os
desejos egoístas. Isto significa que para conservar a castidade torna-se necessária
a mortificação, e que é preciso, outrossim, habituar as crianças a dominar os
apetites sensuais e a procura das próprias comodidades.

Sensibilidade

(...) Além disso, a sensibilidade, mais do que qualquer outra das nossas
faculdades, está sujeita à fadiga e instabilidade. Um estado doentio,
circunstancias externas ou inquietadoras, um capricho da imaginação e muitas
outras causas difíceis de descobrir, podem, momentaneamente, enlanguescer e
paralisar a sensibilidade, ou, inversamente, excitá-la e exaltá-la. Há mais:
entregue a si mesma, pode expandir-se em ímpetos apaixonados, em cujos
excessos consome-se. Isto levava um psicólogo a afirmar que o que caracteriza a
paixão, é o seu “caráter passageiro”. Trata-se, apenas, de um dito espirituoso, mas
que traduz, entretanto, um verdade real, isto é, que a sensibilidade, quando
descontrolada e entregue a seus arrebatamentos, gasta-se e destrói-se a si mesma.
Assim sendo, a sensibilidade é desigual, instável, passando frequentemente do
entusiasmo à indiferença. Nossos sentimentos mais arraigados e conscientes
conhecem essas alternativas de ardor e de frieza; se, nas primeiras, todo o esforço
é simples e fácil, pelo contrário, durante o período oposto que pode alcançar a
aridez e o desânimo, somos tentados a abandonar até mesmo as nossas mais caras
afeições, se não fossem a consciência do dever e a vontade de lhe permanecermos
fiéis. Cega e instável, a sensibilidade aparece-nos, pois, como uma força poderosa,
incapaz, porém, de orientar-se por si mesma. Por conseguinte, nada de mais
perigoso do que deixa-la dirigir a alma e pautar a vida. Cabe à razão e à
consciência desempenharem esse papel.

A mente imaginária do jovem e a fuga de ocasiões de pecado

Não basta, pois, incitar os jovens a guardarem a pureza do corpo. É preciso


convencê-los da necessidade absoluta de vigiar a pureza da imaginação e dos
pensamentos. É do cérebro que provém o mal que acabará excitando e
perturbando os sentidos. A melhor tática na luta pela pureza é a fuga, e seria uma
presunção perigosa julgar-se capaz de resistir às tentações dos sentidos,
atacando-as de face. O adolescente que, sob pretexto de se habituar à luta,
aceitasse entrar em conversa com uma dessas mulheres aventureiras, ou
acompanhá-la para bem provar a si mesmo sua capacidade de resistência,
guardaria desse contato impressões que o levariam a uma futura queda, embora
tendo vencido as primeiras tentações. Não se deve permitir que as forças do
subconsciente alimentem impressões sensuais, sob pretexto que as outras, as
conscientes, estão decididas a reagir. O subconsciente acumula reservas de
desejos que acabarão um dia por explodir bruscamente, como um inflamável em
contato com uma faísca.

Para prevenir a imaginação contra as sugestões do mal, é mister que o jovem


alimente no seu coração um forte ideal de vida cristã e jamais se afaste da sua
vocação. O seu coração e pensamentos devem estar ocupados com algum objeto
que signifique para ele uma razão de luta, de esforço e de dedicação. Eis porque
uma ambição legítima, o interesse pelas obras sociais, a estreita união com
amigos escolhidos, o pensamento antecipado daquela que um dia será a sua
eleita, constituem remédios eficazes para as sugestões de imoralidade. É óbvio
que o jovem deverá aprender a vigiar, ele próprio, as suas leituras. Nem sempre
podendo pedir conselho, compete-lhe evitar qualquer livro que desperte
sensações inferiores e excite os desejos impudicos que, em estado latente, vivem
em todo coração humano.

Convêm falar?

Ao contrário do que julgamos, o silêncio é o maior dano que se pode fazer à


juventude, na medida em que se recusa as explicações que devem guia-la e
esclarecê-la, quando surgem as primeiras curiosidades do espirito e os primeiros
sintomas da puberdade. O principal efeito do silencio seria de faze com que o
adolescente julgue que, nesses assuntos delicados, pode prescindir de guia, e
seguir tranquilamente os desejos e movimentos da natureza. Talvez, por esse
porta aberta chegue a esse comodismo e complacência modernos e à conclusão
de que as regras da moral sobre os outros domínios não têm mais consistência
que sobre o da vida sexual; não tardaria, então, a abandonar o conjunto das
disciplinas que forma aplicadas na formação de sua consciência infantil. Os
esclarecimentos provocam a confiança e conduzem, naturalmente, o jovem
relatar aos pais o que vê e o que ouve e as inquietações que podem surgir em seu
espírito. O silêncio, porém, incita-a a procurar na rua ou junto de colegas impuros
a respostas às perguntas que a atormentam. Os pais receosos devem recordar-se
de suas próprias experiências de criança. O fato de terem sido abandonados, sem
direção, às sugestões da imaginação ou de colegas não teve, muitas vezes, por
consequência, lança-los sem defesa a dolorosas e perigosas tentações?
Como e quando se deve falar?

A educação do sentimento far-se-á, na maioria das vezes, progressivamente e,


por etapas, à medida em que as perguntas se apresentarem ao seu espírito. Não é
necessário que as respostas sejam rigorosamente científicas. Ela contentar-se-á,
perfeitamente, em saber que Deus a colocou no seio da mamãe, pertinho do seu
coração. E é o suficiente. Deixaremos ao tempo e às circunstâncias o cuidado de
fornecer esclarecimentos complementares. Basta que a resposta seja verdadeira
e que nenhuma descoberta ulterior venha contradizer-lhe os termos. De modo
geral, o melhor método não é o de provocar conversas “ex professo”, mas, sim, de
preferência a utilizar fatos comuns da vida, para trazer pouco a pouco a criança
ao grau de conhecimento necessário. Por exemplo: o nascimento do irmãozinho,
a necessidade de corrigir um egoísmo nascente, uma lição de botânica ou de
historia natural e assim mil eventualidades.

Portanto, ao aprender que sua mãe a alimentou com seu sangue e arriscou sua
vida na dor para dar-lhe a luz, a criança verá crescer o carinho e a afeição que lhe
dedicava, e se sentirá disposta a fazer todos os esforços para jamais entristece-la.
Seu egoísmo natural cederá diante do sentimento de gratidão e, deixando de se
considerar como o centro do mundo, compreenderá perfeitamente quanto deve
às gerações que a precederam. Consciente da intimidade dos elos que a unem à
mãe, o amor que lhe devotava será dez vezes maior. Mais tarde, nos albores da
puberdade, quando lhe serão reveladas as potencias criadoras que se escondem
em seu próprio corpo, terá noção de suas responsabilidades pessoais e, por
conseguinte, estará naturalmente disposta à pureza e ao domínio de si mesma.
Finalmente, quando vier a saber que sua própria existência originou-se no amor
recíproco de seu pai e sua mãe, compreenderá por que deve afastar de seu coração
qualquer afeição falsa, reservando seu amor para, mais tarde, realizar sua própria
vocação.

Certos erros a evitar

A procriação, no homem, deve ser um ato livre, fruto do amor, e acompanhado


das mais altas responsabilidades morais, enquanto que, nos animais, é apenas
um impulso do instinto. Os irracionais deixam-se conduzir pelas forças cegas da
natureza, ao passo que o homem é obrigado a dominar a natureza e a permitir-
lhe agir somente em determinadas condições de moralidade e responsabilidade.
Enquanto que os animais e as plantas espalham em profusão os germes
reprodutores, sem preocupação de suas consequências, o homem é constrangido
a prever os resultados de seus atos sexuais e, por conseguinte, a dirigir e, muitas
vezes, vencer a natureza. Não tem o direito de semear, indiferentemente, os
germes fecundantes ou empregar meios fraudulentos para impedi-los de se
desenvolver normalmente. Sua vocação de homem livre e responsável obriga-o a
submeter a natureza às regras da moral.
O homem deve prever as consequências morais de seus atos sexuais, aceitar de
antemão, e por um ato de consentimento próprio, os encargos e as dedicações
implicados na procriação. Deve pensar nas dores e nos perigos que acompanham
a gravidez na mulher que ama, e só aceitar a procriação em função de deveres e
sentimentos superiores. A moralidade, para o homem, consiste, precisamente,
em fazer triunfar o espírito sobre a matéria.

O diálogo entre mãe e filho

(...) Sim, é o coração das mães, ou melhor, pertinho do seu coração, que o bom
Deus coloca as criancinhas, às quais quer dar vida. É lá que, durante nove meses,
elas guardam preciosamente, alimentando-as de seu amor e de seu próprio
sangue, até o dia em que, bastante fortes, possam ver a luz do dia. Foi assim que
Deus te confiou a mim. Enquanto te trazia em meu seio, causaste-me muitos mal-
estares e fadigas. Suportei tudo com alegria porque já amava muito o bebezinho
que Deus me confiava. Para que nascesses em boas condições e que desde cedo te
inclinasses a fazer o bem, apliquei-me a não ter para ti senão desejos de perfeição
durante o tempo que tu e eu éramos um só. Sabia que o dia em que te separarias
de mim, meu corpo passaria grandes dores e riscos a ponto de colocar minha vida
em perigo. Mas, de antemão, aceitaria todos os sofrimentos, pronta a tudo
suportar pelo filho que eu já amava mais do que a mim mesma. Quando vieste ao
mundo, sofri tanto que pensei morrer. Fiquei doente durante quarenta dias. Mas
tudo me parecia leve, comparado à alegria de ter um filho, certa de que um dia
ele seria um homem bom e perfeito. Este filho, és tu, hoje eu o possuo, ele é o
fruto de meu ventre. Compreendes agora porque meu amor por ti é mais forte
que todo outro amor, e que a própria morte não pode mais separar-nos? Só tenho
um desejo, é que meu filho nunca pratique o mal”

Diálogo entre mãe e filha

(...) “Sabe, igualmente, que tua beleza feminina não está destinada a excitar a
admiração de um transeunte qualquer, suscetível de nele despertar pensamentos
que te fariam corar, se os conhecesses. A jovem honesta deve revestir-se de pudor.
Ela se “guarda” inteirinha, de corpo e alma para aquele que um dia Deus lhe der
por esposo. Aliás, é uma falta contra a pureza excitar os olhares masculinos, e é
igualmente outra alimentar a imaginação com um amor ilícito. Vigiai, pois, teu
coração e tua sensibilidade, de maneira a conservar integral a capacidade de amar
com que Deus te prodigalizou. Talvez venhas a fundar um lar; então te darás para
sempre àquele que Deus tiver escolhido para teu marido e serás capaz de elevar a
alma de teus filhos às sublimes realidades da vida espiritual, porque soubeste
conservar-te pura.”

Conselho aos rapazes


(...) Se tens vocação para o casamento, prepara-te desde já, aprendendo a
respeitar a mulher, todas as mulheres. Em vez de te deixares seduzir pelas moças
fúteis, dirige tua admiração para as mais dedicadas e puras. Todas, no
pensamento de Deus, estavam destinadas a um sublime ideal; porém, muitas,
infelizmente, pecaram e perderam o pudor de seu sexo e a beleza de sua alma. Se
te aproveitaste de tua baixeza para justificar tua impureza e teu egoísmo, estarias
cometendo uma falta imperdoável contra o amor, e contra a lei divina. Portanto,
por mais dura e penosa que seja a luta, permanece puro para mereceres aquela
que desposarás e que se prepara no recolhimento, a te dar seu coração, a fim de
que te tornes, por seu intermédio, pai de numerosos filhos. Um dia, serás o esposo
que protege, aconselha e guia. É preciso preparares teu coração e tua inteligência
para essa difícil missão. A obra é delicada e, se não tiveres sabido orientar-te bem,
farás tua própria infelicidade, e a infelicidade daquela que Deus te confiar.

(...) É aprendendo a governar a ti mesmo, dominando teus apetites inferiores, que


farás a aprendizagem da autoridade que um dia terás de exercer. Foge daqueles
que prostituem o amor com ligações ou orgias sem futuro. Ofendem a Deus e
prejudicam o verdadeiro amor. Destroem as forças criadoras de seu corpo e de
sua alma. No amor são pobres, trapaceiros, ou criminosos. Riem-se e divertem-
se para enganar a si próprios. No íntimo estão tristes, tristes até a morte,
porquanto mataram neles a alegria de criar e de obedecer a Deus. Inventam
teorias que chamam de cientificas. Este, declarando que o amor reduz-se ao
instinto, nivela o homem ao animal. Este outro, exaltando o prazer, esquece que
ele nasceu no meio das dores de sua mãe. Um terceiro, que pretende justificar a
prostituição e a sociedade bárbara que a regulamenta, degrada a mulher ao
máximo, enquanto deveria protege-la contra as ignomínias e brutalidades do sexo
masculino. Todos se perdem nos caminhos do falso amor.

(...) Os homens que se entregam aos instintos, tornam-se incapazes de julgar o


valor espiritual do amor. Portanto, não é a estes que se deve perguntar se a
natureza do homem pode, ou não, resistir aos impulsos da carne. São uns
desviados e intoxicados, assim como o beberrão e o toxicômano. Proclamam-se
apóstolos da doutrina que declara ter a natureza humana suas exigências sexuais
incoercíveis e ser a castidade impossível de ser respeitada, unicamente para
libertar sua responsabilidade e justificar seu mau comportamento. Tendo
praticamente desagregado seu ser moral e espiritual, falam do que ignoram. Para
sabermos se a castidade é possível, convém dirigir-nos aos castos, aqueles que se
esforçam por dominar a violência do instinto e, pela força de vontade, vencer as
tentações.

(...) A vocação da mulher não é provocar os desejos dos homens, mas sim de se
guardar para aquele ao qual se unirá para sempre. Para que o sentimento adquira
toda sua nobreza e toda sua eficácia é preciso, pois, começar por respeitar a
mulher, todas as mulheres, e não se deixar dominar pelo desejo de as possuir.
Foram feitas para se dedicarem, serem fieis no amor e consagrarem-se à obra da
maternidade. A mulher ideal não é outra senão a nossa mãe, e é através do papel
que esta tiver representado em nossa própria existência, que devemos encarar as
outras mulheres, quer elas tenham ou não compreendido a sublimidade de sua
vocação.
(...) É o que fazem os jovens que se divertem. Considerar as mulheres--- e as
modas femininas concorrem para isso--- como instrumento de prazer. Aliás, o
hábito que adquirem de fazer de seus desejos a lei soberana da vida, leva-os a
falsear definitivamente os mais elementares princípios da moral. Justificam em
sua vida pessoal o mal que condenam na mulher, esquecendo que a lei moral é
idêntica para ambos os sexos. O fato de o homem ser mais tentado do que a
mulher, não é justificativa para suas fraquezas. Se tem mais combates a enfrentar,
é para fortificar sua vontade diante das graves responsabilidades que lhe são
pessoalmente atribuídas na direção da sociedade familiar. A luta contra as
tentações deve prepara-lo a adquirir esse domínio que lhe valera mais tarde ser,
para a companheira, guia seguro e conselheiro forte e esclarecido. Se
considerarmos que igualmente responsável pela obra de fecundação no
casamento e que terá de guardar a continência cada vez que as circunstancias o
exigirem, concebe-se que a aprendizagem da luta seja para ele a condição de sua
moralidade.
O ato sexual fora do casamento
(...) O jovem deve encarar lealmente todas as consequências do ato sexual, tanto
para si como para aquela que com ele compartilha das responsabilidades desse
ato. Assim esclarecido, logo se certificará de que todo e qualquer ato sexual
realizado fora do casamento é praticamente um ato contra a natureza. Se daí
resultasse uma concepção antes que as obrigações do casamento tenham sido
deliberadas e definitivamente aceitas, o filho seria necessariamente a vítima
inocente, ao mesmo tempo que a mulher arriscar-se-ia a ficar abandonada com
seu peso sagrado. E ainda, se em vista de evitar uma concepção, ele burla a
natureza, comete uma falta imperdoável rompendo as regras da moral mais
elementar. Essas considerações devem ser suficientes para esclarecer a
consciência do jovem e preservá-lo contra qualquer arrebatamento dos sentidos.
O que é o amor?

(...) É preciso, igualmente, que o jovem compreenda bem o valor da palavra


“amor”. Dizer a uma moça que a ama, é praticamente comprometer-se de
maneira absoluta. É querer protege-la contra as dificuldades da vida, sustentá-la
com sua força e seus conselhos, ajuda-la no esforço para bem, ser-lhe fiel em
todas as coisas e com ela dedicar-se para sempre à obra da família. Pronunciar
essa palavra sem ter tais disposições, é cometer um crime e uma mentira. Um
crime, porquanto a jovem se abandonará com toda confiança a um indivíduo que,
na realidade, não quer tomar as responsabilidades do amor que pretende
experimenta; uma mentira, porquanto engana aquela na qual se esforça por
despertar um sentimento de reciprocidade. A falta é tanto mais grave que, a
mulher tendo sido feita para o dom de si, basta que ouça a palavra “amora” e nele
acredite, para sentir como que uma franqueza da vontade que a leva a se confiar
e a se entregar, sem maiores reflexões. Responsável pelo elo conjugal, o homem
fica, portanto, obrigado a jamais dizer uma palavra que não seja conforme às
exigências morais desse mesmo elo.

A mulher que os libertinos conhecem

A mulher que os libertinos aprendem a conhecer é uma mulher imoral, sem


pudor, sem respeito por si mesma, volúvel, e que pratica o amor com uns e outros,
sem amar verdadeiramente e profundamente a nenhum; uma mulher que tem
hábitos do prazer e não possui as virtudes do lar; uma mulher sem filhos e que
não deseja tê-los; em suma, a mulher que seria necessário ignorar para se pode
adaptar à verdadeira mentalidade feminina.
Os olhares do homem que procura o prazer sexual dirigem-se para o corpo
feminino. Encara as mulheres exclusivamente com intenção de suputar as
satisfações egoístas que dela poderia, eventualmente, usufruir. Quando chegar a
ocasião da escolha, o libertino deixar-se-á enganar pelos seus hábitos anteriores,
tomará por esposa aquela que julga que lhe trará prazer, e deixará a outra, da qual
não soube reconhecer as qualidades morais; enquanto que o rapaz puro, guiado
pelas suas observações desinteressadas, elegerá, naturalmente, a jovem capaz de
dedicação e de bondade.

As moças e a vaidade

Em todo ser humano há duas tendências contraditórias: uma puramente animal,


e a outra, espiritual. A tendência animal da jovem manifesta-se, de modo
particular, pelos pequenos manejos da vaidade. Inconscientemente procura,
pelas suas maneiras, atrair os olhares e as atenções masculinas. Esse instinto
pode revelar-se muito cedo e provocar atitudes tanto mais perigosas quanto
maior for a sua ignorância. É preciso que ela saiba que sua beleza é, por assim
dize, uma beleza reservada, e constitui um começo de infidelidade para com o seu
futuro esposo, excitar e provocar os homens pelo único prazer de se fazer admirar.
A esse desejo de valoriza seu corpo, juntam-se logo as preocupações sentimentais.
É preciso, pois, que a jovem saiba que o amor, como todos os sentimentos
humanos, tem necessidade de uma severa disciplina moral para não se deturpar
ou perder.

O sonho

O sonho é uma atitude perigosa, cujas consequências são incalculáveis. Se


determinada jovem recusa casar-se sob pretexto de que nenhum pretendente é
capaz de corresponder à profundidade de seu amor, outra já se atira cegamente
ao primeiro que aparecer, pronta a concretizar seus sonhos amorosos, sem antes
se informar se ele é merecedor, e uma terceira repele um casamento que, aliás
parece dever trazer-lhe a felicidade, porque umas e outras vivem fora da
realidade. Essas jovens temperamentais são praticamente incapazes de apoiar
sua escolha em razões sólidas e reais. Quantos declaram “a priori” que o seu eleito
é perfeito, pelo único motivo de que o escolheram! Uma vez casadas, um duplo
escolho ameaça certamente essas jovens sonhadoras. Procurarão manter seu
sonho contra ventos e marés. Se o conseguirem, será ao preço de mil concessões
de consciência e transformando em pretensas qualidades os mais evidentes
defeitos do marido. Tornar-se-ão, pela força das coisas, cúmplices do mal que
deveriam combater. Mas, na maioria das vezes, o sonho não sobreviverá às
resistências e contradições da realidade. Daí advirão decepções e desgosto pela
vida. Essas pretensas vítimas deveriam compreender que, se a vida lhes mentiu,
é porque começaram mentindo a si mesmas. Para livrar-se do domínio da
imaginação, o sentimento precisa ser educado, e essa educação só poderá ser feita
com o auxílio de esforços positivos e por uma constantes aplicação da vontade às
duras realidades da existência.

É preciso ajudar a distinguir as fontes de seus sentimentos. Essas são muito


variadas e podem ser tanto de ordem sensível como espiritual. O sentimento
inferior tem por origem a atração de um corpo para outro. Alimenta-se do aspecto
exterior das criaturas e só procura a satisfação dos sentidos. Desejamos ver a
pessoa que desperta nossa emoção, estar junto dela, obter provas sensíveis de
simpatia. Outros sentimentos nascem do cérebr0, que, nesse caso, suscita a
admiração pelas simpatias reais ou supostas da pessoa amada; não sendo, porém,
a inteligência a sede da dedicação, esse sentimento arrisca-se a acarretar
decepções. Somente quando nasce das forças do coração, e a mulher desprende-
se de si mesma para se dedicar ao bem do ser amado é que produz todos seus
frutos.

(...) É assim que no curso dessas horas de abatimento ou de expansão, bastará


que alguém venha oferece-lhe consolações ou pronuncie diante dela alguma
palavra de simpatia, para que sua imaginação logo tome vulto e predisponha a
uma confiança que as circunstâncias, absolutamente, não justificam. O gosto que
a jovem sente para esses movimentos internos pode leva-la a procura-los
inconscientemente. Encontra aí um sabor estranho, e, para os entreter, entrega-
se a devaneios sem fim, a leituras romanescas, até mesmo a sentimentos
religiosos puramente imaginativos e sem consistência. Sua vontade não tendo
parte ativam, ela fica à mercê das circunstancias.

A mulher enganada

A mulher que foi enganada uma primeira vez, jamais conhecerá o pleno equilíbrio
moral. Sente-se como desorientada, tem raiva de si mesma, e queixa-se dos
homens. Seu ímpeto é julgá-los todos através daquele que abusou de seus
sentimentos. Ou então, descerá às fraquezas de sua natureza e perderá pouco a
pouco o senso da própria dignidade. Entrega-se aos prazeres da vida,
assemelhando-se, assim, àquelas infelizes que, por uma estranha ironia, são
chamadas de “filhas do prazer”, quando seu verdadeiro nome deveria ser “filhas
do sofrimento”. Se a mulher não for dominada por um sentimento único e estável,
perde seu equilíbrio. Ora, de todos os amores, só existe um que pode plenamente
satisfazer sua natureza: depois do amor a Deus e do próximo, é a afeição que
dedicará, um dia, a um companheiro digno, para juntos constituírem família.
Importa, pois, desenvolver na jovem o desejo de dar a seus sentimentos uma
orientação positiva. Ela o fará mediante esforços diários de dedicação, cujo
resultado será o de alimentar seu coração, seja qual for o estado para o qual Deus
a predestinou.

Relações entre rapazes e moças

A menina é naturalmente levada a valorizar diante dos companheiros seus dotes


físicos, dos quais começa a ter consciência. Ela é vaidosa, gosta de implicar e toma
facilmente posses circunstanciais. Seu acanhamento e reserva nem sempre são
convenientes e escolhe muitas vezes uma imaginação errante. Espera e deseja
mais ou menos conscientemente as investidas do outro sexo. É preciso tirá-la
dessas tentações sutis, fazendo-lhe compreender que, embora sendo amável e
graciosa com todos, não deve jamais procurar atrair os olhares, implicar ou
tornar-se provocante, Convém ensiná-la a dominar sua sensibilidade, a não se
deixar perturbar por olhares ou demonstrações audaciosas e jamais permitir que
os rapazes tenha com ela a menor familiaridade. Nos divertimentos em comum,
as atitudes de uns e outros devem sempre ser simples e leais. O respeito mútuo
deve prevenir as camaradagens vulgares e equívocas.

Moral e higiene
(...) De todos os excessos propícios a diminuir a vida, diz o Dr. Hufeland, não
conheço nenhum, cuja ação seja mais destruidora e reúna num mais alto grau as
propriedades antivitais como os abusos venéreos; podemos considera-los a
quinta-essência de tudo o que pode abreviar a vida

(...) Há uma ideia singularmente falsa e que urge combater, declara o Dr. E.
Périer, porquanto introduz-se, muitas vezes, não somente na mentalidade dos
filhos, mas, também, na dos pais, parecendo autorizar-lhes a justificar o mau
procedimento do jovem: é a ideia dos perigos imaginários de uma continência
absoluta. A virgindade dos rapazes é uma salvaguarda física, moral e intelectual;
torna-se necessário procurar conservá-la, incitendo-os à prática dos antigos
costumes dos gauleses, de que nos fala Montaigne.

Eulenbourg, professor de terapêutica dos nervos em Berlim


“Desafio que algum homem levando vida normal tenha caído doente unicamente
pela abstinência sexual. Mantenho qualquer afirmação contrária, com palavras
inteiramente falsas e sem sentido... Lutar contra esse preconceito constitui para
o médico um dever muito mais nobre do que ajudar aos tramites da
regulamentação do estado e da proteção à prostituição. A opinião, tão espalhada
entre o público leigo e, infelizmente, tantas vezes adotado por alguns médicos, da
nocividade certa da abstinência sexual, atua da maneira mais prejudicial possível
sobre a juventude em vias de crescimento, incitando-a às relações sexuais
ilegítimas e principalmente à prostituição, particularmente no exército.

(...) O homem que deseja o triunfo pelas forças morais em se mesmo, conhece
lutas difíceis. Porém, a vitória que obtém contra seus instintos é a única conforme
à sua natureza, porquanto exige o domínio das forças espirituais sobre as
inferiores. Eis por que, finalmente, o homem que luta para realizar a mais alta
moralidade possível, muito longe de prejudicar o seu organismo físico, alcança,
progressivamente, um equilíbrio capaz de resistir aos mais violentos embates.
Por conseguinte, é um erro e um crime afirma aos jovens que a satisfação das
necessidades sexuais é uma condição indispensável ao bom funcionamento
fisiológico. Este não poderá ser plenamente atingido senão pelo desabrochar
interno das faculdades morais. A alegria interior é um elemento de saúde tão
poderoso quanto a satisfação dos desejos sexuais. É uma observação corrente que
os vícios contra a natureza e as excitações sexuais desenvolvem-se numa
proporção inversa das alegrias da consciência. Menos uma alma sente essas
alegrias, e mais o corpo é tentado a supri-las pelos prazeres sensuais; pelo
contrário, quanto mais a alma desfruta a paz de uma boa consciência, menos ela
conhece as perturbações e excitações sexuais. Aliás, está comprovado que um
vício, ao provocar a tristeza e o desencanto, abre caminho a outros vícios,
enquanto que as alegrias oriundas do esforço entusiasmam a alma e ajudam-na a
elevar-se sempre mais. É, pois, uma verdadeira provocação à libertinagem
pretender substituir a educação moral por simples noções de higiene.
Embora útil, a higiene por si mesma não é suficiente. Causa-se praticamente
maior prejuízo do que benefício aos jovens soldados, por exemplo, quando sob
pretexto de profilaxia venérea, indicam-lhes os meios de evitar as doenças
contagiosas, deixando-lhes crer que as relações sexuais são naturais e
necessárias. A mais elementar educação moral deveria fazer apelo à sua
consciência e mostrar-lhes como a liberdade sexual contribui para aumentar,
cada vez mais, o número de graves perturbações individuais e sociais. Isto não
quer dizer que se deva recusar os cuidados e os conselhos necessários àqueles que
caem nessas fraquezas. Mas deixa-los acreditar que têm o direito de satisfazer
seus instintos à condição de tomar as necessárias precauções de higiene, é
praticamente incitá-los a rebaixar a lei moral do homem ao nível do instinto, nos
animais.
O homem e a mulher

O homem, menos sensível, acredita, facilmente, que lhe basta cumprir o dever de
proteção e ser fiel à mulher para lhe testemunhar seu amor. Esquece muito
depressa que a sensibilidade feminina é uma flor delicada que é preciso cultivar
sempre. A boa compreensão entre o homem e a mulher é um compromisso
perpétuo. Se a esposa pretende acompanhar o marido sob pretexto de que tem
necessidade de sua presença constante, logo o cansará. Por pouco que exerça
sobre ele seu domínio, sua tirânica afeição privará o marido de toda inciativa e
atividade pessoal. Se o marido for dotado de uma personalidade vigorosa,
abandonará facilmente a mulher e dela se desapegará. Se, por outro lado, se
mostrar indiferente e distraído, não se dando ao trabalho de dedicar-lhe uma
parte de seu tempo, se não souber entendê-la para compreendê-la, provocará
insensivelmente no coração da esposa um sentimento de solidão que pode, então,
mudar-se em tristeza e em tristes separações. Assim a diversidade das naturezas
explica-se pela diversidade dos encargos. Seria vão e odioso procurar definir a
superioridade do homem e da mulher. Com efeito, não é possível decidir qual das
duas funções, a de proteger ou a de manter a união dos corações, é a mais sublime.
O casamento

É preciso não esquecer o tríplice fim do matrimônio: a procriação dos filhos, o


bom entendimento conjugal e a satisfação da concupiscência. Mas seria falsear os
valores morais, pretender satisfazer às duas últimas a despeito da primeira. Há
falta, por conseguinte, quando os esposos, sob pretexto de boa união ou de paz no
lar, satisfazem seus desejos, evitando o filho. A continência entre esposos não os
obriga, aliás, absolutamente, a se privarem das demonstrações mútuas de afeição
sensível, mesmo muito íntimas, embora tenham de acautelar-se para que essas
provas de afeição não provoquem excitações que os fariam cair no pecado. A
fraqueza em face das exigências da moral conjugal provém, na maioria das vezes,
de que eles viveram durante os anos da juventude sem cogitar que, uma vez
casados, teriam frequentemente que se sujeitar a sacrifícios.
(...) Dá-se justamente o contrário com aquele que, tendo conhecido a tentação,
soube vencê-la pelos esforços pessoais. Voluntariamente obedeceu à lei moral e
amou previamente a mulher que um dia deveria desposar. Essa preparação moral
enrijeceu a vontade, permitindo-lhe amar com o coração mais do que com os
sentidos, resistir às tentações que o poderiam separar daquela que escolheu, ou
conduzi-lo a prazeres sexuais contrários à lei conjugal.

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