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Advogado, inscrito na OAB Seccional Maranhão. Pós-doutor pelo Programa de Pós-Graduação em
Ciências Criminais da Escola de Direito da Pontifícia Universidade Católica (PUC/RS) do Rio Grande do
Sul. Professor na Universidade CEUMA.
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Graduanda do 6º período do curso de Direito da Universidade CEUMA.
ameaças sistêmicas globais incontroláveis?”. Segundo essa teoria, o contexto
da sociedade de risco mundial direciona ao necessário reconhecimento das
múltiplas dimensões do bem-estar como direito humano fundamental.
A incapacidade reflexiva faz com que a humanidade seja indiferente a
efetivação do bem-estar e da sustentabilidade multidimensional, norteando as
práticas pela ilusão e pela possibilidade de crescimento, a qualquer custo, menor
tempo e com os melhores resultados. A produção social de riquezas na
contemporaneidade é diretamente proporcional à produção social de riscos e
vulnerabilidades, sobretudo ao ambiente e ao bem-estar, tornando-se uma nítida
expressão da questão social.
O capitalismo com sua lógica de produção, fomentou o fenômeno das
sociedades de massa e gerou o florescimento de novas necessidade que se
tornaram incontroláveis, uma vez que não são supridas. Isso trouxe resultados
desastrosos para a pluralidade das formas de vida. Não há dúvida que a
violência nos faz sentir/perceber/refletir os caminhos tomados e a pensar o
contexto presente, nosso chão, nossa gente, à luz da atual situação
sociohistórica. A violência estrutural é uma histórica marca da sociedade
brasileira, em seus contínuos processos de exclusão, aniquilamento e
destituição de subjetividades, de diversas dimensões.
Na contemporaneidade brasileira, vários riscos e incertezas concorrem
para sua configuração como consequência de uma modernização desigual e não
refletida, na qual manifestam-se, perenemente, as contradições fundamentais do
sistema econômico e de produção capitalista, configurando aqui uma
permanente máquina de moer gente. O rompimento da barragem de
Brumadinho, por exemplo, em 25 de janeiro de 2019, demarca a história de
desastres brasileiros, fruto de uma lógica desenvolvimentista irracional,
descomprometida com valores de proteção às diversas formas de vida. Quem
são aquelas pessoas? O que fazem? O que serão?
O número de mortos foi de 186; restaram 122 pessoas desaparecidas; e
138 pessoas desabrigadas, vivas e com relatos de desigualdades sociais.
Destituídos de subjetividades, sonhos e liberdades, os sujeitos desse complexo
e intenso processo de violação de direitos situam-se em um contexto de
inúmeras contradições e determinações. Há ainda quem defenda a lógica do
capital, a responsabilidade social e a credibilidade empresarial, mesmo diante
da tragédia, o fatídico e as visíveis falhas nas instâncias de controle e regulação
no gerenciamento de crises. Diante desse cenário de incertezas, torna-se
necessário a atuação dos poderes públicos com atribuições para atuar e as
reflexões sobre o desenvolvimentismo contumaz, irracional e pautado na
violação de preceitos éticos e políticos fundamentais para a efetivação do bem
estar em suas múltiplas dimensões. Novas categorias de sujeitos emergem a
partir daquilo que não foi alvo de regulação. Foi nesse contexto que situou-se a
discussão feita: percebendo as novas necessidades oriundas de uma
modernização reflexiva, de riscos e desigualdades intrínsecas, que fecunda uma
gama de excluídos, maltratados e provados, ante circunstâncias complexas, de
crises e tragédias, como foi o fatídico de Brumadinho, outrora Mariana e tantos
outros.
O Estado ainda se mostra frágil para lidar com situações de risco, que
colocam em xeque a legitimidade estatal, mas também desafia a ciência e a
pesquisa a voltar o olhar para a reflexão apurada, sensível e comprometida com
novas práticas, mentalidades e resgate da função de uma sociedade pautada no
pluralismo, na biodiversidade e na afirmação de direitos humanos, de todos os
níveis, para todos e em todos os lugares. O professor conclui que há uma
instabilidade e que atualmente as questões complexas estão sendo tratadas de
forma imprecisas.