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A dimensão discursiva do trabalho filosófico

Um discurso é a manifestação da língua. Qualquer discurso, enquanto acto de


comunicação oral, ou escrita, comporta os elementos:

. Emissor

. Receptor

. Código

. Canal

. Mensagem

. Contexto

Existem vários tipos de discurso:

. Científico

. Político

. Religioso

. Literário

. Etc.

Regras do discurso filosófico

Para elaborar um discurso correcto…

Obedecer a três princípios

1º Princípio da identidade – diz que A é A, (uma coisa é o que é)

2º Princípio de não contradição – uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo
tempo, segundo uma mesma condição.

3º Princípio do 3º excluído – uma coisa ou é ou não é. Não pode haver outra


hipótese.

A obediência a estes princípios permite a estruturação lógica dos pensamentos e


dos discursos, tornando-os claros, coerentes e rigorosos.

Elementos Lógicos do pensamento – para que haja um discurso organizado e


devidamente estruturado.

1º - conceito – permite-nos identificar

De um ponto de vista lógico, é um instrumento mental que nos permite pensar


nas mais diversas realidades. Ex: mesa e flor.
2º - juízo – permite-nos relacionar conceitos

Operação mental que permite relacionar conceitos de uma forma afirmativa ou


negativa. Quer dizer então que podem ser classificados como verdadeiros ou
falsos.

3º - raciocínio

Operação mental mais complexa. Permite relacionar juízos entre si e dessa


relação extrair conclusões. Pode ser avaliado como válido ou não válido.

Ex: se A é B , e B é C, então A é C.

Do discurso comum ao discurso filosófico

Discurso Comum Discurso Filosófico

É mais livre É mais objectivo

É mais descritivo Não há preocupação com a estética

Preocupa-se com a estética Não há o uso de recursos estilísticos

Usa recursos estilísticos Baseiam-se em factos ou teorias

O autor recorre à imaginação Apresentam-se argumentos de forma


rigorosa

Texto argumentativo

Tese – afirmação do ponto de vista do autor, sobre algo.

Argumentação – justificação da tese

Objecções – apresentação de uma ideia contrária à da tese

Contra-argumentação – justificação das objecções

Conclusão – repetição da tese

Indicadores de permissa

Porque

Pois

Dado que

Visto que

A razão é que
Admito que

Sabendo-se que

Supondo que

Indicadores de conclusão

Logo

Então

Portanto

Por isso

Por conseguinte

Implica que

Daí que

A acção Humana – análise e compreensão do agir

O que é uma acção humana?

Apenas de pode compreender tendo a noção distinguindo e reconhecendo a


diferença entre alguns conceitos

. Distinguir o que fazemos do que nos acontece (actividade e


passividade)

Ex: eu abanei uma árvore e caiu-me uma maça na cabeça

. Distinguir o que fazemos conscientemente e inconscientemente

Ex: consciente – andar a pé / inconsciente – dormir, sonhar.

. Distinguir o que fazemos voluntariamente do que fazemos


involuntariamente

Ex: voluntariamente – beber água / involuntariamente – transpirar

. Reconhecer a diferença entre intenções, desejos, crenças, e fins

Intenções – curso de acção que alguém pretende seguir, como um objectivo

Desejo – acções intencionais realizadas por uma pessoa que acredita alcançar
um fim.

. Diferenciar os conceitos de motivo, razão e projecto.

Ex: Vou comprar uma casa maior, para ter mais espaço porque sempre vivi
numa casa pequena.
Projecto – comprar casa.

Razão – ter mais espaço.

Motivo – sempre vivi numa casa pequena.

. Deliberação e decisão

É um processo de reflexão das hipóteses de acção e os motivos que nos levam a


actuar desta ou daquela maneira ou mesmo a não actuar. Analisa também as
consequências das diferentes acções a tomar. A seguir a esta deliberação é
determinada a acção a realizar, tendo em conta o que nos é mais conveniente.

. Agente: liberdade e responsável

Agente é o que pratica uma acção de forma voluntária, consciente, e deliberou


sobre todas as hipóteses.

Liberdade. Ele teve liberdade de escolher fazer ou não fazer porque não foi
constrangido.

Responsável. Já que fez a acção de livre vontade terá de ser responsável e arcar
com as consequências posteriores.

O problema do livre arbítrio

O que é a liberdade? Corresponde à possibilidade de escolha e de


autodeterminação, ou acto voluntário, autónomo e independente de qualquer
constrangimento e coacção externa ou interna.

Porém, é possível evidenciar experiências que parecem revelar a inexistência do


livre arbítrio. Conclui-se então que, de facto, não podemos fazer aquilo que
queremos. Por exemplo, não podemos evitar a força da gravidade. Por mais que
nós queiramos saltar de um prédio e voar, não podemos evitar que caíamos no
chão. Também é possível observar alguns dos nossos instintos, que são
também, incontornáveis, como por exemplo sentir fome ou frio.

Posto isto, considerando as acções do homem como inevitáveis está-se a negar


o livre arbítrio, e ao mesmo tempo, a desculpabilizar todas as acções do homem.
Isto porque apenas se pode ser responsabilizado por algo, pressupondo que se
tenha tido a vontade de o fazer.

Por outro lado, se considerarmos que o sujeito decide todas as suas acções,
deliberando-as portanto, este terá se enfrentar as consequências inerentes a
essa acção, assumindo-se então, responsável.

Face as estas duas vertentes, a negação, e a afirmação da liberdade, existem


várias perspectivas filosóficas.
Negação da liberdade – determinismo, indeterminismo

Afirmação da liberdade – compatibilismo, libertismo

Determinismo

É a vertente filosófica que defende que todos os acontecimentos estão


relacionados em “causa-efeito”.

Por ex:

Causa – força da gravidade; efeito – queda dos corpos.

Uma causa, é assim, o que faz o efeito ser, o que por si só não seria.

Pode-se dizer então que, segundo o determinismo todos os acontecimentos


imagináveis estão associados numa relação causa-efeito, submetidas às leis
naturais de carácter causal.

Segundo esta vertente, considerando todas as acções do homem inevitáveis,


não pode haver a culpabilização do sujeito, visto que este pode desculpar-se
com a inevitabilidade da sua acção.

Concluindo; um determinado sujeito, face a uma situação, apenas tem uma


alternativa de acção, segundo as leis naturais, e não pode então, tomar a
liberdade de escolher não o fazer, ou fazê-lo de maneira diferente.

Indeterminismo

Corrente filosófica que defende a impossibilidade de prever os fenómenos a


partir de causa determinantes.

Dando um exemplo concreto, temos a situação do euromilhões. Apesar de


sabermos que são sempre as mesmas bolas de um determinado conjunto de
números que determinam o resultado vencedor, antes de se dar o sorteio, é
impossível prever o resultado vencedor. Nessa hipótese, o jogo perderia o
sentido. Dita-se então, que, quando se ganha, foi apenas por mero acaso, e, as
probabilidades de ganhar de novo na semana seguinte são exactamente iguais,
no entanto, as pessoas encontram-se satisfeitas, logo não o fazem.

Segundo esta vertente, tal como no determinismo, não se pode responsabilizar o


agente, já que não se pode prever a acção do homem.

Desta maneira, o indeterminismo trata-se, tal como o determinismo, de uma


vertente que anula o livre arbítrio.

Compatibilismo ou determinismo moderado


Na perspectiva do compatibilismo, mesmo que as nossas acções sejam
causadas, podemos sempre agir de outro modo, se assim o escolhermos. Assim,
as nossas acções terão de ser responsabilizadas.

Ex: uma pessoa decide levantar o braço para acenar a alguém conhecido. Esse
levantar do braço é totalmente determinado por causa neurofisiológicas; ou
seja, existem causas e mecanismos nervosos que determinam o levantar do
braço. Todavia, o indivíduo não foi forçado a levantá-lo, isto é, era também
possível não levantar o braço.

Este vertente é denominada como compatibilismo, porque, como o nome sugere,


compatibiliza. Compatibiliza a vontade livre e o determinismo, no sentido em
que, apesar de, todas as acções no mundo estarem determinadas, algumas
acções humanas, face a esses acontecimentos, são livres.

Ex: se um homem é forçado a fazer alguma coisa porque lhe apontam uma
arma, então a sua conduta é genuinamente não livre. Mas, se por outro lado, ele
age livremente, e se decide não o fazer, ou fazer de outra maneira, terá as suas
consequências, já que se tratou de uma acção livre.

Libertismo

Esta corrente defende, de um modo mais radical, o livre arbítrio e a


responsabilidade do ser humano.

Assim, esta vertente, ao afirmar que o humano possui a capacidade de escolha,


está a considerar que, uma determinada acção não é causalmente determinada
(determinismo), nem é aleatória (indeterminismo).

Desta maneira, sugere-se que o agente pode interferir no curso normal das
coisas pela sua capacidade racional e deliberativa.

Pode-se concluir então, que o corpo do sujeito pode até ser determinado por
causa naturais, como não conseguir voar, mas a mente não está determinada,
ela autodetermina-se.

Segundo esta perspectiva dita-se ainda, que o sujeito é sempre responsabilizado


pelas suas acções, sendo estas, tomadas sobre livre vontade.

A crença na liberdade e as condicionantes da acção humana

As condicionantes da acção humana, ao mesmo tempo que a limitam, também


lhe abrem um horizonte de possibilidades, assumindo-se, deste modo, como
condições do próprio agir. Consideram-se as seguintes:
Condicionantes físico-biológicas: todas as nossas acções estão dependentes
da nossa morfologia e fisiologia, no sentido em que, a maneira como nos
envolvemos com o ambiente e com a sociedade depende das características do
nosso corpo, algumas das quais, são herdadas geneticamente. Estas condições
limitam determinadas acções, mas possibilitam outras.

Condicionantes psicológicas: quando se abordam as condicionantes


psicológicas, estas estão inerentes à personalidade, temperamento, carácter, ou
estados psicológicos temporários. Estas condicionantes, por exemplo, limitam-
nos de estar feliz depois da morte de um familiar próximo, mas por outro lado,
permitem-nos estar felizes no nosso dia de anos, ou depois de receber uma boa
nota num teste.

Condicionantes histórico-culturais: a acção humana, está também


dependente do ambiente social em que se situa. O conjunto de regras, hábitos,
costumes e padrões influenciam a acção humana. Logo, podemos tomar uma
dada decisão num determinado lugar, e, na mesma situação, mas noutro local,
tomar uma decisão diferente.

Análise e Compreensão da experiência valorativa

Experiência valorativa, ou valorar, é a atribuição de um determinado valor, ou


importância face a um objecto, pessoa, situação, etc. Apenas é possível que se
dê o acto de valorar aquando a passagem do homem pelo mundo, isto que dizer
que, não se pode valorar uma determinada coisa se ainda não a vimos, ouvimos
nem sentimos. É imprescindível então, o contacto, para que o sujeito possa
valorar.

Os valores, pode-se dizer que é o significado/importância que se dá a um dado


objecto, pessoa ou situação, sendo esta, diferente de pessoa para pessoa,
atendendo à sua personalidade, costumes e religião.

Ex. Dá-se a escolher um bolo e um telemóvel a um rapaz em África e a um


europeu. Lógico que não se trata de um dilema, face às carências e preferências
de cada um.

Existem vários tipos de valores, podendo uns, ser mais valiosos que os outros,
dependendo do sujeito. Podemos evidenciar valores:

a) De bens de subsistência ou materiais (água, pão, vestuário, etc.)

b) De valor sentimental que atribuímos a um dado objecto (anel de noivado)

c) Em termo de beleza (pessoa, pintura, paisagem)

d) Das relações que mantemos (amizade, respeito)


e) O valor da vida humana

A importância dos valores

A principal importância dos valores, que está inerente à experiência valorativa, é


que o homem não consegue viver, sem valorar. Ou seja, a existência dos valores
impossibilita a indiferença face a objectos, pessoas, ou situações.

Juízos de facto ≠ Juízos de valor

Juízos de facto Juízos de valor

. Afirmações/proposições que . Expressões que pretendem avaliar


pretendem descrever a a realidade
realidade . São subjectivos, ou seja, da
. São claros e objectivos, isto é, apreciação e valoração do sujeito
não dependem da preferência . Não são empiricamente verificáveis
ou apreciação do sujeito
. Não são falsos nem verdadeiros
. São empiricamente verificáveis
. Muitas vezes não são consensuais;
e/ou comprovados
visto que pode haver a diferença de
. Podem ser verdadeiros ou opiniões, face à situação de cada um
falsos (ambiente, religião).

Vejamos um exemplo:

Dizer que uma chuva de estrelas é um fenómeno natural é um juízo de facto,


visto que se trata de um acontecimento que está empiricamente comprovado
que é provocado apenas pela natureza. No entanto, ao dizer que uma chuva de
estrelas é um espectáculo lindíssimo já é um juízo de valor porque não pode ser
classificado como verdadeiro ou falso nem se pode realizar nenhuma experiência
que o comprove.

Tipos de valores

Os valores encontram-se colocados segundo uma ordem, proposta por Max


Scheler, desde o mais valioso, até ao menos valioso. Este feito não se entra em
concordância universal, porque o filósofo teve em conta os seus próprios
valores.

A tábua de valores de Max Scheler

1) Valores religiosos: santo/profano; divino/demoníaco;


2) Valores éticos ou morais: bom/mau; justo/injusto;

3) Valores estéticos: belo/feio; elegante/deselegante;

4) Valores lógicos: verdade/falsidade; evidente/provável;

5) Valores vitais: forte/fraco; são/enfermo;

6) Valores úteis: caro/barato; capaz/incapaz; adequado/inadequado.

Características dos valores

Polaridade – isto porque os valores apresentam-se em pólos opostos, como por


exemplo, belo/feio, justo/injusto, belo/mau.

Diversidade – a diversidade é uma das características dos valores porque é


possível evidenciar a sua pluralidade nos diferentes tipos de valores.

Hierarquização – os valores podem ser reconhecidos como mais importantes


ou menos importantes, atendendo às carências e experiências de vida de cada
um. Podem então ser escalonados por cada pessoa.

Subjectividade – pode-se dizer que os valores são subjectivos porque cada


pessoa sente a necessidade de reajustar a sua escala de valores em função das
suas experiências e necessidades. Dita-se então que os valores dependem de
pessoa para pessoa.

Relatividade – os valores dizem-se relativos, no sentido de relativos ao


homem, e às circunstâncias que nele actuam. Ou seja, um mesmo sujeito,
estando num deserto sem quaisquer recursos ou em casa com acesso a água
potável, o valor que ele daria à agua iria ser completamente diferente, isto
porque actuou nele uma circunstância, neste caso espacial. Podemos evidenciar
ainda, circunstâncias pessoais, sociais e culturais.

Acerca dos valores, pode-se dizer ainda que não podem ser adquiridos
racionalmente, mas sim, afectiva e emocionalmente, e não são propriedades dos
objectos, ou seja, não estão contidos neles.

Definição de valor

Apesar de várias tentativas, por parte de filósofos, de definir valor, nenhuma


delas é universalmente aceite, isto porque surgem perguntas às quais sobrevêm
distintas respostas. Dentro das perguntas mais colocadas, destaca-se a que
questiona se os valores serão objectivos ou subjectivos.

É a propósito dessa questão que Johannes Hessen publicou a obra, Filosofia dos
Valores, que apresentou uma síntese de três perspectivas distintas de encarar o
valor: valor como uma vivência, como qualidade ou como ideia. A cada
perspectiva encontra-se associada uma vertente filosófica diferente,
apresentando cada uma delas, a sua definição de valor.

O Psicologismo é a vertente filosófica que encara o valor como uma vivência


pessoal. De acordo com esta posição, os valores são subjectivos, isto significa
que estes estão totalmente dependentes do sujeito. Assim, esta posição
filosófica defende que os objectos não são desejados pelo seu valor ou por
alguma qualidade específica, mas sim pelo significado que cada pessoa lhe
atribui.

Outra perspectiva filosófica que se aproxima do Psicologismo, é o Emotivismo.


Esta teoria, desenvolvida por Charles Leslie Stevenson defende que os juízos de
valor são, nem mais nem menos, que a exteriorização dos nossos sentimentos
ou emoções, e que assim, não podem ser avaliados segundo a verdade ou a
falsidade, distinguindo-os assim, dos juízos de facto, sobre os quais se pode
reflectir criticamente.

Ao defender a subjectividade dos valores, estas perspectivas defrontam algumas


dificuldades: a primeira baseia-se na impossibilidade de aclarar a permanência
dos valores na vida dos homens; uma segunda, que está relacionada com a
primeira, é pelo facto de assim se inviabilizar a possibilidade de os diferentes
indivíduos se entenderem acerca dos valores que aprovam. Assim, poderá
colocar-se a seguinte questão, “Se os valores são totalmente subjectivos, como
posso, por exemplo, provar a um defensor da pena de morte que ela
corresponde a uma prática injusta?”

A perspectiva filosófica que encara o valor como uma qualidade é o Naturalismo.


Esta posição, defende a existência dos valores como qualidades das coisas, ou
seja, que estes são objectivos. Assim, segundo esta vertente filosófica, dita-se
que, por exemplo, a beleza de uma pessoa encontra-se nela mesmo, e que cabe
ao homem descobri-la.

Segundo esta teoria, não é possível fazer a distinção entre um juízo de facto e
um juízo de valor. Um exemplo, um sujeito afirma que uma determinada pintura
é bela; adoptando a vertente filosófica do naturalismo, que diz que os valores
encontram-se nos objectos, seria possível classificar a afirmação do sujeito como
verdadeira ou falsa, dependendo dos valores que a pintura contivesse. Desta
maneira erradicavam-se os juízos de valor, passando estes, a juízos de facto,
podendo estes, serem sempre classificados como verdadeiros ou falsos.

Esta perspectiva filosófica, tal como a anterior, depara-se com algumas


dificuldades. Partindo do pressuposto que os valores são objectivos, esta
vertente vê-se impossibilitada de explicar o contraste das opiniões dos
indivíduos a propósito dos valores. Por exemplo, “se os valores são objectivos,
por que será que nem todos encontramos a beleza numa mesma obra de arte?”

A vertente filosófica que encara o valor como uma ideia é o Ontologismo. Desta
perspectiva, os valores existem em si mesmo, e são assim, independentes dos
objectos reais, do espaço e do tempo em que nos encontramos. Pode-se dizer
então, que os objectos estão dependentes dos valores para se tornarem valiosos
ou não. Deste ponto de vista, os valores são imateriais, intemporais e imutáveis.

Considerando Platão o representante mais antigo desta vertente filosófica, pode-


se dizer que, para perceber o bem de uma acção, é necessário procurar as
verdadeiras essências do bem, que se mantêm inalteráveis ao longo dos anos.
Assim, esta perspectiva, dita que os valores não dependem do sujeito, nem
existem em função dele. No entanto, também não é necessária qualquer relação
com os objectos, já que os valores existem como um mundo à parte.

Ao se considerar os valores como essências absolutas, independentes do sujeito,


do espaço e do tempo em que se situam, surge um obstáculo na fundamentação
da perspectiva. Será possível a existência de um mundo dos valores separado do
mundo real e humano?

Conclusão:

Como se constatou, as diferentes vertentes filosóficas, encontram-se a favor ou


da subjectividade ou da objectividade dos valores. Qualquer uma delas se
depara com obstáculos, porque todas são, como afirmou Johannes Hessen,
exclusivistas e unilaterais.

Na tentativa de garantir uma saída para o problema, capaz de ultrapassar a


oposição entre subjectivismo e objectivismo, Adolfo Sánchez Vázquez aponta
uma série de características ou, como lhe chama, traços essenciais dos valores:

Os valores não são entidades ideais ou irreais.

Uma vez que os valores não constituem um mundo à parte, estes são apenas
propriedades dos objectos.
Esses valores apenas se podem exteriorizar através das propriedades reais
(naturais ou físicas) que constituem o objecto. Ex: Aquele caderno cor-de-
laranja é mesmo giro. Teve de se basear no facto do caderno ser cor-de-laranja.

As propriedades reais que sustentam o valor só são valiosas potencialmente.


Para estas se converterem em propriedades valiosas efectivas, é indispensável
que o objecto se encontre em relação com o homem, com os seus interesses e
necessidades.

O problema da natureza dos valores

“Os valores são coisas ou ideias?”

Objectividade: Subjectividade:
Os valores são objectivos; encontram- Os valores são subjectivos;
se nos objectos; podem, ser dependem do sujeito
reconhecidos como qualquer outro
facto.

“Os valores existem em si mesmo ou só existem no sujeito?”

Absolutividade: Relatividade:
Os valores são absolutos, isto é, não Os valores são relativos porque
dependem de nada, nem do sujeito, dependem da valoração do sujeito.
nem do objecto, valem por si
mesmos.

“Os valores são imutáveis ou evoluem com o tempo?”

Perenidade: Historicidade:
Os valores são intemporais, não Os valores acompanham o tempo;
sofrem alterações nem acompanham sofrem alterações em função da
a história antropológica. história da humanidade.

Vejamos agora a relação existente entre estes conceitos:

Se uma pessoa, defensora da objectividade dos valores, que considera uma


mulher bela, está, indirectamente, a apoiar a absolutividade pois, se se aceita
que a beleza se encontra na mulher, todos a acharão bela. Deste modo,
possuindo a mulher o valor da beleza, esta permanecerá bela ao longo tempo,
(perenidade).

Por outro lado, um indivíduo que considere uma acção injusta, e sendo defensor
da subjectividade dos valores, está a admitir que os valores estão dependentes
do sujeito, variando então, consoante o mesmo, (relatividade). Isso significa,
indirectamente que estes vão sofrer alterações ao longo do tempo,
acompanhando a evolução do homem, (historicidade).

Pode-se concluir então, que ao apoiar qualquer um dos conceitos mencionados,


estar-se-á também a apoiar, indirectamente outros dois conceitos que lhes estão
associados.

Diferentes critérios valorativos

Quando um determinado sujeito hierarquiza os seus valores, ele baseia-se


sempre em algo, relacionado com vivências pessoais, necessidades ou contexto
social e cultural. As nossas valorações, não são, portanto, aleatórias, fazem-se
mediante critérios. Pode-se entender por critério valorativo, uma condição que
serve de base à valoração e que permite distinguir as coisas valiosas das não
valiosas e discernir, de entre as valiosas, as que são mais importantes das que
são menos.

Podem-se considerar diferentes tipos de critérios. Estes exercem-se ao nível:

a)Pessoal – inerentes à esfera íntima de cada sujeito. Ex: gostar mais do verão
do que o inverno

b)Social – se consideramos o sujeito como um ser que habita uma sociedade,


este é influenciado pelos seus costumes, tradições e padrões. Ex: apesar de
eu não gostar de andar de chapéu, ando só porque está na moda.

c)Universal – se reconhecermos o sujeito como um cidadão do planeta, este é


influenciado por acções que uma pessoa responsável deve fazer, como,
proteger o ambiente, e ter em conta a sustentabilidade da Terra. Ex: Apesar
de ser mais rápido andar de carro, vou a pé para não poluir o ambiente.

Critérios transubjectivos

São critérios que ultrapassam as barreiras do individual e colectivo. São eles:

. A Humanidade – este critério está inerente ao respeito pela dignidade


humana, e pode ainda ser entendido como um conjunto de direitos
fundamentais, sendo, a sua efectivação, a declaração dos Direitos Humanos.

. O Diálogo – o diálogo entre culturas, indivíduos, ou comunidades, é


considerado como um meio de humanização por excelência. Através do
diálogo, evitam-se guerras e revoluções, discutindo aquilo que é desejável e
indesejável para cada uma das vertentes
. A Vida no Planeta – este critério está relacionado com questões ambientais,
ao respeito pela vida de todos os seres, e também da sustentabilidade da
Terra. Este critério valoriza, portanto, o que fazemos para preservar a
natureza, e reprova aquilo que fazemos para a destruir.

A dimensão social e cultural dos valores

Socialização:

Processo de integração de um indivíduo num grupo social a que pertence pela


aprendizagem de regras, costumes, hábitos, etc. Este processo inicia-se com o
nascimento e prolonga-se com a vida de cada indivíduo. Numa primeira fase,
neste processo predomina a imitação e imposição, (ex1: se não lavares as
mãos, não comes; ex2: imitar o irmão a saltar. – acções passíveis de ser
observáveis em crianças). De seguida, procede-se o relacionamento entre
crianças; são exemplos: aprendizagem da partilha e da divisão de objectos
pessoais, nomeadamente, brinquedos. Numa outra fase, predomina a instrução
de novas práticas e o seu aprofundamento, que se inicia com a entrada na
escola primária. Quando o indivíduo entra na escola secundária, tem agora
tendência para tentar fazer o que é suposto que se faça segundo a sociedade em
que estão inseridos. Nessa fase fortalecem-se as relações interpessoais, (ex:
melhor amigo e melhor amiga). De seguida advém a última fase, que se inicia
por volta dos 18 anos e que se prolonga até ao fim da vida do sujeito. É a fase
de cristalização, que é quando as pessoas se começam a tornar retrógradas,
tendo os seus conceitos adquiridos e consolidados, não aceitando normas
diferentes.

Socialização → Cultura (valores)

Cultura

. Conjunto de bens imateriais/espirituais (ex: arte, literatura, leis.)

. Conjunto de bens materiais (ex: objectos criados pelo ser humano, como
livros, máquinas, etc. formas de vestir, forma de trabalho, maneira como se
ocupa os tempos livres, etc.)

Mas porque é que o Homem começou a produzir cultura?

O Homem começou a produzir cultura por necessidade de adaptação que lhe


veio permitir ultrapassar as suas deficiências físico-biológicas.
Ex: protegermo-nos com pelos para combater o frio

As necessidades também podem ser de conforto e facilidade.

Ex: máquinas de lavar; casas inteligentes.

Poderá a evolução das culturas ser responsável por uma


possível aniquilação da humanidade?

Aniquilação não. Apenas iremos sofrer algumas alterações nas nossas


capacidades face às necessidades que sentimos, segundo a nossa sociedade. Por
exemplo, antigamente era privilegiada a capacidade física para a mão-de-obra,
enquanto hoje em dia se valoriza mais a capacidade mental.

Função da cultura

. Identificação social

. Adaptação social

. Homogeneidade de comportamentos/ coesão social

Herança cultural

A herança cultural define-nos a partir do grupo ou sociedade a que pertencemos.


Do ponto de vista do filósofo Taylor, o conceito de identidade é inseparável do
de cultura porque cada sujeito é identificável através da sua cultura. Isso
significa então, que aquilo que nós somos não pode conceber-se sem termos em
conta a nossa vida inserida num determinado contexto cultural.

Características da cultura

. É aprendida – processo de transmissão de geração em geração

. É simbólica – forma de comunicação dos indivíduos

. Domina a natureza – cada necessidade biológica é expressa de forma


diferente conforme a cultura

. É geral e específica – todos os homens a têm, mas vivem-na de modo


próprio

. Abarca o todo – língua, normas, regras, padrões de comportamento,


sabedorias, conhecimentos, etc.

. É partilhada – não se pode separar sociedade e cultura; é própria dos


indivíduos organizados em grupo
. É adaptante e desadaptante – o homem adapta-se à natureza graças à
cultura, mas também por efeito dessa mesma cultura pode correr riscos. Ex:
invenção dos carros – mais poluição.

As sociedades actuais e os valores

Multiculturalidade ou diversidade cultural – pluralidade de grupos sociais,


consoante a época e espaço geográfico em que se inserem.

Estas diferenças tiveram origem nas condições ambientais, nos recursos naturais
à disposição e ao modo como as pessoas se ligam umas com as outras.

A sua existência é um dado inquestionável. Ninguém pode afirmar que somos


todos iguais, obviamente. Como já foi referido, a nossa cultura está dependente
do contexto espacial e temporal em que estamos inseridos.

Esta realidade é passível de ser observável/evidenciada por exemplo em grandes


cidades, onde se podem ver indivíduos de diferentes culturas, no mesmo seio de
uma sociedade.

O que pode acontecer quando duas culturas se juntam?

. Fenómenos de miscigenação

1º - Destruição de uma cultura (genocídio)

Dominação de uma cultura sobre outra. Ex: Segunda Guerra Mundial

2º - Mistura de culturas (fenómeno mais comum)

Dá-se a mistura de costumes. Ex: comida chinesa em Portugal

3º - Mistura de culturas por proximidade geográfica (fronteiras)

Ex: Homogeneidade de costumes desses locais em relação à sua cultura do resto


do país, nomeadamente a fronteira do norte de Portugal com o sul de Espanha.

Face a esta diversidade cultural, surgem três perspectivas filosóficas distintas,


são elas:
a) O Etnocentrismo

b) O Relativismo Cultura

c) A Interculturalidade

Etnocentrismo

Entendido como a tendência para superiorizarmos os nossos valores, princípios e


padrões de comportamento em relação à maneira de como as coisas devem ser
feitas. Está inerente a esta vertente, então, a imposição. Esta perspectiva
promove a assimilação de culturas.

Analogia: sopa de legumes bem triturada

Consequências: Racismo, xenofobia, patriotismo e homogeneidade de


comportamentos.

Exemplo: Nazismo

Relativismo Cultural

Perspectiva filosófica que defende que, face à diversidade cultural, devemos


assumir este dado como inquestionável, defendendo a necessidade de se
respeitarem as diferenças entre as diversas culturas. Esta teoria baseia-se numa
ideia principal; é ela, evitar toda a postura etnocentrista que possa levar à
afirmação da supremacia de uma só cultura, não admitindo então a existência
de valores absolutos.

Esta vertente apela à coesão social e à tolerância. Tolerância que, neste


contexto, significa conviver pacificamente com os outros, respeitando as suas
diferenças. Esta tolerância pode ser considerada com passividade ou mera
simpatia face ao outro.

Analogia: Salada russa

Consequências: Promove a separação de culturas, (formação de guetos, etc.)

Limites do Relativismo: Esta vertente depara-se com algumas objecções, são


elas:

a) Pode conduzir ao conformismo

- Atitude de aceitação. Perdemos os nossos gostos e preferências, ou seja,


perdemos os nossos próprios valores.

b) A maioria nem sempre tem razão (ex: Segunda Guerra Mundial)


- Baseada na ideia de que, segundo o relativismo, a maioria é que decide o que
está correcto e não.

c) O relativismo cultural pode conduzir à intolerância

- Podemos aceitar uma coisa que para nós era, ou já foi, inaceitável, porque a
maioria o faz.

d) O relativismo cultural radical (exagerado), impede o progresso das culturas,


e por sua vez, da Humanidade. Isto porque esta vertente não promove o
entendimento e contacto entre culturas, mas sim a sua separação.

Interculturalidade

Esta vertente tem como ideias base, a promoção do diálogo intercultural, a


cooperação solidária e a defesa da dignidade humana, sendo estes princípios
universais.

Esta perspectiva, tal como o relativismo, assume a diversidade cultural como um


dado inquestionável. Face a esta diferença, esta teoria acredita haver a
existência de uma ligação entre todas as diferentes culturas. Esse vínculo entre
elas, terá como origem, o conjunto de valores assumidos como universais e
inquestionáveis. Esse conjunto de valores é baseado nos direitos humanos.
Deste modo, esta vertente promove o contacto entre as diferentes culturas
porque parte do pressuposto que é possível a compreensão entre si, prevenindo
então, conflitos entre elas. Promove ainda a integração e interacção entre
culturas através do diálogo, na medida em que estas se enriqueçam
mutuamente. Esta teoria aposta na educação de valores universais

Analogia: prato com elementos equilibrados e bem conjugados

Esta perspectiva apela ao diálogo autêntico entre culturas.

Diálogo – deve ter em vista a verdade, promovendo a humanização. Segundo


Tischner, o diálogo nasceu de uma premissa, “…nem tu nem eu podemos
conhecer a verdade sobre nós se permanecermos distanciados, fechados entre
as paredes dos nossos medos; …”. O filósofo admite a existência do diálogo
autêntico como indispensável para o conhecimento da verdade.

Atitude da Filósofa Monique face à diversidade cultural

A filósofa é contra o relativismo. Mais propriamente, contra a ideia que cada


cultura tenha os seus próprios valores, normas e padrões de comportamento.
Por outro lado, também defende que não se pode considerar uma única
concepção moral válida para toda a Terra.
A posposta da filósofa relativamente à diversidade cultural, é que deve existir
um conjunto de valores universais aceites por todos, sendo estes passíveis de
serem expressos de diferentes maneiras, dependendo de cada cultura. Apoia
então, como lhe chamou, a universalidade posta em contexto.

A dimensão da acção humana e dos valores

O que são seres sociais?

Um ser social apenas existe com a experiência social, ou seja, se estiver


integrado numa sociedade. Para que exista esta integração deve haver uma
adequação dos seus comportamentos individuais em relação aos
comportamentos de todos.

Para tal, o ser social deve agir segundo normas e leis. Averiguemos diferenças
entre estes dois conceitos:

-NORMAS -LEIS

. Propostas pelo grupo; . Impostas institucionalmente;

. Não são de cumprimento obrigatório, ou . São de cumprimento


seja, temos a liberdade de opção; obrigatório;

. Não há punição. . Implicação de sanção física e/ou


material;

. Exemplo: Não mentir . Ex: Não matar

Dentro das normas, podemos evidenciar dois tipos, as normas sociais e normas
morais.

Normas sociais: são aquelas que têm como função orientar as nossas acções
com a finalidade da sua integração numa sociedade. Ex: Andar vestido com
roupa de marca e num bom carro.

Normas morais: são regras de comportamento adoptadas em sociedade que


visam perseguir os valores do bem, justiça, dignidade, liberdade, etc. Permitindo
aos indivíduos distinguir uma boa acção de uma má acção. Ex: Não roubar

Se repararmos, a norma “Não roubar”, é simultaneamente uma norma moral e


uma norma jurídica, isto porque a lei assume o roubo como um crime. Não
obstante, a moralidade não tem de corresponder à legalidade.

Analisemos um exemplo: Pena de morte


Em alguns países a pena de morte é legal. Assim, o acto de a aceitar e defender
pode equivaler a uma norma jurídica, mas não corresponde necessariamente a
uma norma moral.

Agir moral

. Conjunto dos nossos comportamento que resultam do cumprimento das


normas morais e que se prendem com valores como o de justiça, liberdade,
bem, etc.

. Cumprimento da norma, tendo o agente a intenção de a realizar.

Distinção entre ética e moral

Moral corresponde aos códigos e juízos estabelecidos pela cultura, que


influenciam as acções humanas, no sentido em que estas sejam orientadas por
normas que se debrucem sobre a questão «que devo, como Homem, fazer?»

A moral nasceu com a humanidade visto que está relacionada com a cultura.

Por outro lado, a ética nasceu com a filosofia, já que é como um segundo nível
reflectivo acerca de juízos, códigos e acções morais já existentes. Deste modo, é
de domínio teórico porque não é praticável.

Caracterização da moral e da ética

Moral:

. Carácter normativo – impõe normas

.Carácter prescritivo – porque nos indica o que fazer em situações concretas

. Carácter prático – porque está inerente ao nosso dia a dia e pode então, ser
praticável.

Ética:

. A grande função da ética é compreender a acção moral, reflectindo sobre a


mesma.

Pode-se concluir então que a moral é de domínio prático, enquanto a ética é de


domínio teórico.

Dimensão pessoal e social da ética


“O si mesmo e o outro – pessoa como sujeito moral”

Comecemos por definir o que é um ser moral…

Pessoa moral – ser uma pessoa moral, implica possuir consciência moral, que
é o que nos permite distinguir o bem do mal e agir em conformidade pelo código
moral instituído da sua sociedade.

A consciência moral pode ser considerada uma propriedade que se desenvolve


ao longo da vida humana, resultado da interacção com o outros (família, escola,
amigos, trabalho…).

Porém, o ser moral, como agente livre que é, tem a capacidade de optar por
obedecer ou não à consciência moral, tal como enfrentar as respectivas
consequências, já que também se trata de um sujeito responsável. Eis as
consequências:

Obediência à consciência moral – consciência tranquila; / Não obediência à


consciência moral – consciência pesada.

Consideremos o exemplo: gritar numa igreja.

Tal acção é justificável a uma criança ou a um “tolinho”, porém, se


evidenciarmos uma pessoa adulta perfeitamente saudável a fazê-lo, iremos
considerar essa acção como incorrecta.

Mas porque?

A razão pela qual justificamos essa acção à criança e ao “tolinho” é pelo facto de
ambos não possuírem consciência moral.

O adulto saudável, já possuí consciência moral, logo tem a capacidade de


distinguir o bem do mal, o que torna a sua acção incorrecta.

Daqui podemos concluir que, apesar de todos sermos humanos (mesma


espécie), nem todos somos pessoas morais.

Características da pessoa moral

. Como já foi dito, tem que possuir consciência moral, logo, tem de ser capaz de
distinguir o

bem do mal;

. O agente tem de ser livre;

. O agente tem de ser digno;


. O agente tem de ser responsável pelas suas acções (responsabilizar-se pelas
consequências);

. O agente tem de ser singular (individualidade);

. O agente tem de ser autónomo (está relacionado com a liberdade);

. O agente tem que estar aberto ao outro (disponibilidade de aceitação das


acções dos outros – igualdade).

Acto moral

Deste modo, já estamos aptos a definir acto moral

. Acção realizada por uma pessoa moral

É tão simples quanto isto. Mas não podemos esquecer tudo o que está para trás
(definição de consciência moral e pessoa moral)

O si mesmo e o outro: o egoísmo psicológico e egoísmo ético

Face à questão «Porque é que somos seres morais?» emergem duas


perspectivas filosóficas explicativas distintas, o egoísmo psicológico e o egoísmo
ético. Estas vertentes não se suportam uma à outra, nem se complementam,
por isso, não é inconsistente apoiar ambas as teorias ou apenas uma.

Atentemos então, no Egoísmo Psicológico:

Definição

O egoísmo psicológico é uma perspectiva descritiva, segundo a qual agimos


sempre unicamente em função daquilo que julgamos ser do nosso interesse.

São exemplos desse tipo de acções, por perfume (neste caso com o intuito de
cheirar bem), e usar roupa que esteja na moda (agora com a finalidade de
socializar).

Como já foi dito, este teoria diz-se descritiva; isso deve-se ao facto desta
procurar caracterizar o que realmente motiva os seres humanos, não avaliando
essas motivações como certas ou erradas.

Argumentos

Dois argumentos a favor do egoísmo psicológico:

1-Quando agimos voluntariamente, fazemos sempre aquilo que mais


desejamos. Por isso, somos todos egoístas.
2-Sempre que fazemos bem aos outros, isso dá-nos prazer. Por isso, só
fazemos bem aos outros para sentirmos prazer. Ora, isso é o mesmo que
dizer que somos todos egoístas.

Deste modo, aos olhos de um defensor do egoísmo psicológico, qualquer acto


aparentemente altruísta esconde um motivo egoísta.

Consideremos um exemplo:

Caso uma pessoa salve heroicamente uma criança de se afogar no mar,


arriscando a sua própria vida, segundo o egoísmo psicológico, essa acção foi
resultado de uma motivação egoísta, que neste caso era parecer corajoso aos
olhos dos outros

Críticas

Porém, em ambos os argumentos, a premissa não sustenta a conclusão. O que


nos vai remeter para as críticas.

Face ao primeiro argumento, podemos levantar a seguinte questão, “Então e nas


situações em que fazemos coisas que não queremos porque são um meio
necessário para um fim que queremos atingir?” É exemplo destas situações
tomar xarope; alguns deles têm um sabor desagradável, mas apesar disso, as
pessoas tomam-no à mesma porque sabem que lhes vai fazer bem.

Relativamente ao segundo argumento, emergem perguntas como, “Então e


quando alguém faz alguma coisa contra a sua vontade?” Este tipo de situações
são comuns, e portanto, passíveis de serem observadas no nosso quotidiano.
Um exemplo possível é apostar dinheiro. Em caso de derrota, o perdedor sente-
se obrigado em cumprir a aposta, apesar de isso ir contra a sua vontade.

Atentemos então, no Egoísmo Ético:

Definição

O egoísmo ético diz como devemos comportar-nos; nesse sentido, é uma teoria
normativa. Para esta vertente, o nosso único dever primitivo é fazer o melhor
para nós mesmos. Assim, esta perspectiva considera o interesse próprio como
um princípio moral fundamental.

Deste modo, aos olhos de um egoísta ético, uma pessoa que ajuda os outros ou
renuncia fazer o que realmente quer, é no fundo a promoção do seu interesse
próprio que o move.
Argumentos

O argumento mais forte a favor do egoísmo ético é que este aceita a moralidade
de senso comum e retira a partir daí a conclusão surpreendente de que essa é a
melhor maneira de satisfazer o nosso interesse próprio.

Formulação do argumento:

1.Se não fizermos mal aos outros, as pessoas não vão querer prejudicar-nos e
poderão até fazermos favores quando precisarmos. Logo, não fazer mal aos
outros serve para nosso interesse próprio.

2.Se dissermos a verdade aos outros, teremos uma boa reputação e as pessoas
confiarão em nós quando precisarmos que elas sejam sinceras connosco.
Logo, dizer a verdade aos outros serve o nosso interesse próprio.

3.Se cumprirmos as promessas que fazemos aos outros, podemos esperar que
os outros cumpram as promessas que nos fazem em acordos que nos
beneficiam. Logo, cumprir as promessas que fazemos aos outros, serve o
nosso interesse próprio.

Regra de Ouro

Este argumento remete-nos para a regra de ouro. Esta diz-nos o seguinte: “Faz
aos outros aquilo que gostarias que eles te fizessem a ti.”

Agora, a versão da mesma regra, à maneira do egoísta ético: “Ajuda os outros


para que eles te ajudem a prosseguir o teu interesse próprio.”

Críticas

Segundo o egoísmo ético, o princípio fundamental é o interesse próprio. Isto


pressupõe que o egoísta ético encontra diferenças relevantes entre ele próprio e
todos os outros.

Deste modo, surgem perguntas como:

a)Qual é afinal a diferença entre mim e todos os outros que justifica colocar-me
a mim mesmo numa categoria especial?

b)Serei mais inteligente?

c)Em resumo, o que me torna especial?

Algumas diferenças, como as raciais, culturais ou sociais, são inquestionáveis.


Porém, a pergunta é, serão essas diferenças relevantes ao ponto de justificarem,
as diferentes formas de tratamento?
Se tentarmos dar uma resposta, ela terá de ser negativa porque não há
diferenças factuais relevantes entre os seres humanos que justifiquem uma
diferença de tratamento.

É esta tomada de consciência, de que estamos em plano de igualdade uns com


os outros, que constitui a razão mais profunda pela qual a nossa moralidade
deve incluir algum reconhecimento das necessidades dos outros, e a razão pela
qual, portanto, o egoísmo ético fracassa enquanto teoria moral

O outro e as instituições

O ser humano é um ser social. Como já foi referido anteriormente, a socialização


começa com o nascimento e apenas acaba com a morte. É através da
socialização que o ser humano se desenvolve psicossocioculturalmente; A teia
de relações que é proporcionada a cada indivíduo pela sua sociedade é que lhe
garante um conjunto de meios que permitem não apenas sobreviver como ser
biológico, mas também, fundamentalmente, construir-se como ser integralmente
humano.

São variadíssimas as situações do quotidiano em que é evidenciada a


necessidade que o ser humano tem dos outros.

Ex1: ao longo das nossas vidas, temos sempre o suporte da nossa família
(sendo indispensável à nascença, e tornando-se cada vez mais dispensável ao
longo da vida do indivíduo).

Ex2: quando estamos doente, vamos ao hospital

Ex3: quando precisamos de falar com alguém sobre algo que nos está a
incomodar falamos com um amigo

Ex4: quando somos confrontados com situações de perigo, devemos contactar a


polícia

Existem inúmeros exemplos de situações em que necessitamos dos outros. No


entanto, as relações com os outros nem sempre são pacíficas. Vejamos com
alguns dos exemplos anteriores; na nossa relação com a família, pode haver
conflitos por diferentes motivos, tal como com amigos e médicos. Isto
demonstra que apesar de precisarmos dessas pessoas, eles, como nós, têm os
seus próprios pontos de vista e os seus próprios interesses, os quais podem
colidir com os nossos.

Nestas situações, devido à existência de regras e/ou da autoridade de um do


sujeito, os conflitos são resolvidos. Considerando o exemplo da relação aluno-
professor; decerto já aconteceu um aluno discutir com um professor por achar
que foi avaliado injustamente ou por outro motivo qualquer; no entanto, aqui
prevalece a autoridade que o professor tem sobre o aluno, sendo este obrigado
a obedecer ao professor.

Deste modo, a existência de regras, normas e leis, têm a função de garantir o


bem de todos!

As instituições

Existem pela necessidade colectiva de nos organizarmos em sociedade. Uma


instituição é, assim, uma organização ou mecanismo social que controla o
funcionamento da sociedade e dos indivíduos. Estas instituições têm sempre
objectos sociais, ou seja, satisfazer as necessidades da sociedade.

Exemplos: Escolas, universidades, partidos políticos, museus, empresas, etc.

Para viver numa sociedade organizada, o ser humana tem a necessidade de


desenvolver a consciência cívica, isto é, ter noção de que as suas acções
individuais interferem com a vida dos outros, pelo que deve orientá-las em
função da melhoria da qualidade de vida da sociedade em geral.

Deste modo, são considerados actos não cívicos como:

Ligar para o 112 por brincadeira;

. Deitar lixo para o chão;

. Maltratar os jardins públicos;

. Sujar as praias;

. Riscar as mesas da escola;

. etc.

Trata-se de actos não cívicos porque, para além de desrespeitarem normas


sociais, perturbam os outros.

Por outro lado, acções que revelam consciência cívica, quando movidas por
razões altruístas, são, por exemplo:

. Fazer donativos para instituições de apoio aos mais desfavorecidos;

. Participar em acções de voluntariado em instituições como lares de terceira


idade, orfanatos, etc.

. etc.

Comportamentos humanos (em sociedade)


. Correctos (cívicos) – correspondem às acções permitidas, que se subdividem
em obrigatórias e livres.

É a responsabilidade legal (heteronomia da vontade) que nos leva ao


cumprimento ou não das acções correctas, permitidas e obrigatórias. Ex: não
fazer barulho à noite;

É a responsabilidade moral (autonomia da vontade) que nos leva à realização


das acções correctas, permitidas e livres. Ex: reciclagem;

. Incorrectos (não cívicos) – são proibidos (pela lei, pela sociedade ou pela
consciência).

A necessidade de fundamentação da moral

Pode-se considerar o seguinte ponto de partida:

. O que é que faz com que uma acção seja boa?

. Ela é boa porque, uma fez realizada, promove o bem de alguém?

. Ou será que é boa em si mesma, independentemente do bem que posso


promover?

Face a estas questões, coexistem duas vertentes filosóficas explicativas. A


primeira é de Stuart Mill, intitula-se Utilitarismo e corresponde a uma ética
teleológica ou consequencialista. A segunda foi desenvolvida por Immanuel Kant
e está inerente a uma ética deontológica.

Antes de partirmos para a definição e caracterização detalhada de cada uma das


teorias, é pertinente distingui-las etimologicamente.

Ética teleológica ou consequencialista (Utilitarismo) – telos: fim; / Ética


deontológica (Kant) – deon: dever.

Comecemos por analisar a Filosofia moral utilitarista de Stuart Mill

É a doutrina filosófica que avalia a moralidade das acções pelas vantagens ou


desvantagens que provocam nos outros. Deste modo, o que permite definir se
uma acção é boa ou má, são as suas consequências.

Esta definição vai então ao encontro com a definição etimológica, que nos
remete para o “fim”. Ou seja, é o “fim das acções” – consequências – que nos
permite avaliar a moralidade das nossas acções.

Neste sentido, e considerando o exemplo da mentira, para uma Utilitarista,


mentir pode, no limite, justificar-se em função das consequências (caso estas
sejam positivas e provoquem felicidade aos outros)
Felicidade entende-se por estado de prazer e ausência de dor ou
sofrimento

No mesmo modo, todas as acções que originem sofrimento ou privação de


prazer ao outro são consideradas imorais, segundo um utilitarista.

Isto vai encontro com o nome da própria teoria (Utilitarismo), que é derivado da
palavra «útil». Esta teoria é útil na medida em que promove felicidade e renega
infelicidade, o que é favorável a todos.

Será esta teoria capaz de resolver conflitos? Então e se


estivermos obrigados a escolher entre duas acções que
provoquem ambas felicidade aos outros? Por qual devemos
optar?

Jeremy Bentham disse que era possível calcular-se o grau de felicidade entre
diferentes acções, e determinar assim, qual da acção é a mais útil.

Este grau de felicidade baseia-se em dois critérios, a intensidade, e a duração da


felicidade. Quanto mais intenso e duradouro forem os prazeres associados a
uma dada acção, tanto mais útil ela será.

Distinção fundamental: prazeres inferiores e prazeres


superiores

Os prazeres inferiores são aqueles associados ao corpo – provenientes das


sensações. Ex: satisfação corporal; conforto corporal

Os prazeres superiores são aqueles inerentes ao espírito – provenientes da


nossa mente. Ex: inteligência, dignidade, honradez, nobreza, etc.

Tendo em conta a sua qualidade, segundo um utilitarista, os segundos são


preferíveis aos primeiros porque são aqueles que promovem a verdadeira
realização do ser humano.

Daqui se pode dizer, «Mais vale ser um ser humano insatisfeito do que um porco
insatisfeito».

Depois disto, podemos concluir acerca de duas ideias bases desta


corrente filosófica:

. As boas acções não são aquelas que promovem consequências positivas para
o agente, mas sim aquelas que promovem para todos;

. Aquele que usufrui dos mais alto prazeres espirituais não poderá senão
desejar o bem-estar comum, onde se inclui a felicidade do outro.
Atentemos agora numa crítica ao Utilitarismo, e a respectiva resposta
do utilitarista Stuart Mill

Coloca-se a seguinte questão

«Como se pode explicar que o indivíduo escolha agir de acordo com o princípio
da máxima felicidade para o maior número de pessoas?»

Resposta de Stuart Mill

. Existe em todo o ser humano um sentido social. Isto é, um sentimento natural


em ajudar os outros. Este sentimento pode estar envolvido de forma e
intensidades diferentes, consoante o grau de desenvolvimento espiritual em
que o indivíduo de encontra. Este sentimento também pode ser designado
com sentimento moral de humanidade ou de simpatia social.

. O cumprimento deste sentimento não está inerente a qualquer tipo de lei ou


obrigação. Trata-se então de um sentimento espontâneo que se adquire
naturalmente.

Outras críticas (estas são sem resposta)

A mais forte crítica ao Utilitarismo é que, segundo esta teoria, as consequências


é que determinam a moralidade das acções. Deste modo, podemos vir a
justificar acções que habitualmente são imorais. Pode servir como exemplo a
mentira; segundo esta vertente, mentir, que é um acto considerado
habitualmente incorrecto, pode ser justificável pelas suas consequências.

Outra crítica apontada a esta teoria é que nem sempre é possível calcular a
felicidade. Temos como exemplo a segunda guerra mundial. Era bastante
complicado calcular a intensidade e duração da felicidade dos nazis e não-nazis e
assim determinar a melhor solução.

A última crítica ao Utilitarismo é que há uma incompatibilidade dos seus


princípios com a ideia de justiça. Ex: Um criminoso, que assaltou imensas lojas,
estava a provocar medo numa dada cidade. Os habitantes pediam inquietamente
que ele fosse parado pelas autoridades. Dias depois, o criminoso foi apanhado. O
mais correcto e justo a fazer era levá-lo a tribunal. Porém, se ele fosse
condenado à pena de morte, segundo um utilitarista, resultaria num maior grau
de felicidade tendo em conta perspectivas futuras, na medida em que outros
criminosos ficariam assustados com o que tinha acontecido ao assaltante, e
deixassem eles de cometer o crime, provocando assim, um maior número de
felicidade. Assim, segundo o utilitarismo, considera-se moralmente correcto
sacrificar uma vida humana.
A Filosofia Moral Kantiana

Ao contrário das éticas consequencialista, que atribuem um peso determinante


às consequências das acções na avaliação moral das mesmas, a ética
deontológica de Kant pensa que o cumprimento das regras e normas sociais,
segundo o que julgamos ser do nosso dever, é o ponto-chave para a justificação
da moralidade.

Tal como na doutrina anteriormente analisada, a definição etimológica vai ao


encontro com a definição apresentada. (deon: dever).

Kant considera que a vontade do ser humano está dependente de dois critérios;
são eles, a razão e a sensibilidade.

A sensibilidade está relacionada com os prazeres imediatos, sensações, etc. A


razão está inerente à boa vontade, que implica a intenção pura, que por sua vez,
nos remete para o puro respeito ao dever. (Acções com intenção pura, são
aquelas que são desinteressadas e livres de inclinações sensíveis).

Dentro destes critérios (sensibilidade e razão), Kant desvaloriza a sensibilidade


porque vai ao encontro com a vontade instantânea e não com a intenção pura.
Logo, acções orientadas segundo a sensibilidade, não podem ser consideradas
moralmente correctas. Por outro lado, acções realizadas segundo a razão, são
consideradas moralmente correctas.

Deste modo, segundo Kant, uma acção apenas é considerada válida se o agente
a realizou unicamente por puro respeito ao dever, mediante uma intenção pura.

Assim, consideremos alguns exemplos:

. Ajudei aquela idosa a transportar o caixote porque queria parecer simpático à


frente da minha namorada.

Segundo Kant, esta acção é considerada imoral. Isto devido ao facto de não ter
sido realizada por puro respeito ao dever e de ter sido interessada.

. Ajudei aquela idosa a transportar o caixote porque achei que o devia fazer.

Segundo Kant, a acção é moral. Isto porque o agente a realizou por puro
respeito ao dever, livre de inclinações sensíveis.

Diferentes tipos de acções segundo Kant

Acções:

. Contrárias ao dever – (ex: mentir, roubar, etc.) – estas acções são imorais
e/ou ilegais e surgem sempre por inclinações sensíveis.

. Conforme o dever:
- Obedecem à lei mas são movidas por inclinações sensíveis. (ex: ficar com a
mousse na fila de uma cantina, quando temos uma criança com tanta fome
como nós e com igual vontade de comer a mousse como nós. (simplesmente
ficamos com ela porque nos apetece comê-la) – estas acções são legais.

- Obedecem à lei mas são desinteressadas e imparciais. Resultam do puro


respeito ao dever. (ex: usando o mesmo exemplo, o da mousse; caso o agente
deixasse a mousse para a criança que estás atrás de si, apenas por achar que é
o que deve fazer, então seria uma acção moral.)

Imperativo

Um imperativo é um princípio ou mandamento que ordena determinada acção.

Kant distingue dois tipos de imperativos:

. Imperativo hipotético

. Imperativo categórico

O imperativo hipotético ordena que se cumpra determinada acção com um único


objectivo; atingir um fim. Deste modo, as nossas intenções são movidas pela
finalidade.

Ex: se queres ter boas notas, estuda mais.

O imperativo categórico é um mandamento que nos indica universalmente a


forma como proceder/agir.

Deste modo:

. Não indica quais aos meios a utilizar;

. Não diz respeito às consequências ou fins da acção;

. Diz-nos para agir em função dos princípios de que derivam as nossas próprias
acções.

O imperativo categórico não nos diz o que fazer em situações concretas, mas
sim o que fazer em todas as nossas acções, de modo absoluto e incondicionado.

Formulações do imperativo categórico

1ª Formulação

«Age unicamente de acordo com a máxima que te faça simultaneamente desejar


a sua transformação em lei universal»

Assim define-se a primeira exigência da lei moral: para saber se estamos a agir
bem ou não, em primeiro lugar, devemos perguntar-nos se a máxima que nos
levou a agir de determinada forma poderá ou não converter-se numa lei
universal, podendo qualquer ser humano, em circunstâncias semelhantes,
adoptá-la.

2ª Formulação

«Age de tal forma que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na de
qualquer outro, sempre simultaneamente como um fim, e nunca como um
meio»

Deste modo, o ser humano deve ser reconhecido, enquanto pessoa, como um
fim em si mesmo, e nunca como um meio. Assim, é respeitada a dignidade
humana.

Deste modo, Kant considera o ser humano livre e autónomo. É autónomo porque
as suas acções não dependem em nada do exterior, mas sim do interior. É livre
quando a sua vontade se submete às leis da razão.

Críticas à moral Kantiana

Na moral de Kant, é criticado o seu rigor formal e o seu carácter absoluto,


afirmando que isso nos afasta do contexto real e diverso em que as acções se
desenvolvem, já que a validade das nossas acções, segundo Kant, devem ser
princípios universais, e não específicos.

Outra crítica apontada à moral kantiana, e que está relacionada com o facto de
esta possuir um rigor formal e um carácter absoluto, é que por vezes é muito
difícil saber como aplicar a forma do dever em determinadas circunstâncias.

Exemplo: Segunda Guerra Mundial

Pescadores a transportar judeus; Precisam de mentir acerca de quem estão a


transportar para obterem passagem. Se disserem a verdade, são todos
executados (não há mais alternativas).

Assumindo os imperativos categóricos:

«É errado mentir» e «É errado permitir o homicídio de pessoas inocentes»,

Os pescadores terão obrigatoriamente de violar um dos imperativos. Como a


moral kantiana proíbe ambos, então dita-se que é incoerente.

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