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º 2, 123-###
Resumo
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Introdução
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gestão, informação relativa às transferências internas da organização, é um
fenómeno muito mais recente que surgiu em consequência da Revolução In-
dustrial (Johnson e Kaplan, 1987; IMACC - GV e Gago, 2000; Atkinson et al.,
2004). O aumento na dimensão e complexidade das empresas, verificado
neste período, conduziu a uma estrutura organizacional mais hierarquizada
e com maior necessidade de informação contabilística (Johnson e Kaplan,
1987; IMACC - GV e Gago, 2000). Associadas a esta nova procura surgiram
as primeiras medidas da Contabilidade de Gestão. Tratava-se de medidas
simples, centradas na determinação dos custos e na produção de informa-
ção de síntese como por exemplo, o custo por hora, por processo ou, ainda,
por trabalhador.
125
1998). Deste modo, a ênfase no fornecimento de informação que surgiu na se-
gunda fase, não desapareceu na terceira. Pelo contrário, este fornecimento de
informação foi reajustado às novas necessidades, de tal forma que a informação
passou nas fases 3 e 4 a ser vista como um recurso organizacional, e como tal
procura-se reduzir as perdas e os desperdícios deste recurso. O próprio papel da
contabilidade foi mudando neste processo. Com efeito, enquanto que na primeira
fase, a contabilidade era vista como uma actividade técnica necessária para o
prosseguimento dos objectivos organizacionais, na segunda fase ela passou a
ser vista como uma actividade de gestão, embora numa função de assessoria,
ou seja, fora da linha de comando. Nas fases 3 e 4 a contabilidade passa a fazer
parte integrante do processo de gestão, sendo vista como um interveniente indis-
pensável no processo de mudança organizacional (Ezzamel et al., 1994).
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Na resposta a estas perguntas procurar-se-á, ao longo de todo o trabalho,
distinguir as duas perspectivas do ciclo: a do produtor da informação con-
tabilística, contabilista ou gestor financeiro, e a de potenciais utilizadores,
gestores da produção, comerciais ou de marketing.
2. METODOLOGIA
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tempo e de recursos, permite evitar distorções provocadas pela intervenção
directa do investigador e facilita a análise e interpretação dos dados. Tam-
bém para o inquirido este instrumento apresenta vantagens pelo facto de
permitir manter o anonimato e, deste modo, possibilitar uma maior veracida-
de nas respostas.
• Foram ainda feitos dois apelos à participação, por correio postal, e forneci-
dos esclarecimentos sempre que foram detectadas situações irregulares.
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senvolvimento deste instrumento. Por essa razão, nem o questionário,
nem a carta de introdução revelaram mais informação do que a que
pareceu essencial para o preenchimento do mesmo. Na organização
das questões alternaram-se enunciados favoráveis e desfavoráveis de
modo a evitar os “enviesamentos de positividade” (Ghiglione e Matha-
lon, 1992).
• as correlações;
• as associações;
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3. RESULTADOS OBTIDOS
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3.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO
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século passado. Enquanto os contabilistas consideram que o seu trabalho
é importante para a tomada de decisões, os profissionais da área comercial
e produtiva crêem que se trata sobretudo do cumprimento de uma mera
formalidade fiscal.
Figura 1
Existência de contabilidade analítica
Sim
90%
Não
10%
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Quadro 3 – objectivos do sistema de contabilidade Analítica, por área funcional
Objectivos Desvio
Contabilidade 55 4,55 0,63
Comercial 33 4,58 0,71
Fornece informação para a determinação dos custoa
Produção 39 4,41 0,72
Total 127 4,51 0,68
Contabilidade 55 3,71 1,13
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Procurando contemplar, entre outros, os objectivos apresentados na definição
de Pereira e Franco (1987:25) “a contabilidade analítica tem por objectivo forne-
cer informação de natureza económica para planeamento e controlo de gestão,
tomada de decisões e, no caso de empresas produtoras, para avaliação das
existências finais com vista ao apuramento dos resultados no fim dos períodos
contabilísticos”, constata-se que os principais objectivos da contabilidade ana-
lítica, segundo os inquiridos, são a determinação dos custos, a elaboração de
orçamentos e a elaboração de instrumentos de controlo interno (quadro 03).
Por seu lado, as questões relacionadas com a avaliação do desempenho dos tra-
balhadores ou com a comparação com outras empresas são as menos valorizados,
provavelmente porque a incapacidade para medir o desempenho do trabalhador é
um dos pontos fracos dos sistemas de contabilidade analítica tradicionais (Kaplan,
1985). Contudo, é precisamente a este nível que o teste de Kruskall-Wallis detecta
diferenças estatisticamente significativas entre os três grupos de decisores, sendo
os dirigentes da área comercial os que maior contribuição vêem na contabilidade de
gestão para a avaliação do desempenho do trabalhador.
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Relativamente às afirmações apresentadas constata-se que a maioria dos
inquiridos as rejeitam. Se a contabilidade analítica tem limitações, segundo
os inquiridos, não são com certeza as que tradicionalmente lhe são apon-
tadas. Estes resultados sugerem a necessidade de reforçar a investigação
nesta área.
Chama-se, ainda, a atenção para o facto de quase um terço dos inquiri-
dos concordarem com o facto de a contabilidade não fornecer informação
suficiente para a avaliação do desempenho dos trabalhadores. Os valores
médios apresentados pelos inquiridos não apresentam diferenças significa-
tivas entre áreas funcionais (ver quadro 05).
Relativamente aos custos de obtenção da informação contabilística obti-
veram-se resultados compatíveis com os de outros estudos. Por exemplo,
no estudo desenvolvido por Johansson e Samuelson (1998) 72% dos in-
quiridos consideraram que a informação contabilística produzida justificava
plenamente os seus custos. No presente questionário 92% dos inquiridos
manifestaram o seu desacordo perante a afirmação de que “a contabilida-
de produz informações que não justificam os seus custos”. Contudo, esta
situação pode significar duas coisas diferentes, que existe satisfação com
a qualidade da informação produzida ou que os recursos despendidos são
muito baixos.
Quando se procede a uma análise por área funcional (quadro 05) cons-
tatam-se algumas diferenças de opinião. Contudo, essas diferenças só são
estatisticamente significativas ao nível do fornecimento de informação para
a tomada de decisão, onde os dirigentes da área produtiva não são tão ca-
tegóricos quanto os restantes, a manifestar o seu desacordo.
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Limitações Desvio
Contabilidade 54 2,59 1,21
Produz informações que não justificam os seus cus- Comercial 33 1,58 0,71
tos Produção 40 1,68 0,69
Total 127 1,54 0,66
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LIMITAÇÕES Proporção Proporção
(Escala:1 =Discordo totalmente, 2=Discordo, Média Desvio
3=Não concordo nem discordo, 4= Concordo, escalão escalão
(n=128) padrão
5=Concordo totalmente) 1/2 4/5
As informações financeira e não financeira origi-
2,45 0,82 62% 11%
nam frequentemente dados contraditórios
A informação da contabilidade geral é produzida
mais para satisfazer as necessidades dos credo-
1,96 0,94 82% 8%
res (externas) do que as necessidades da empre-
sa (internas)
Nota: Não são aqui apresentados os resultados por área funcional dado que não foram encontradas dife-
renças estatisticamente significativas na opinião dos dirigentes das várias áreas funcionais inquiridas.
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4. CONCLUSÕES
As conclusões que se retiram deste estudo devem sempre ser vistas com
algum cuidado já que as taxas de resposta aos questionários foram relativa-
mente baixas (19% e 13%), quando comparadas com as taxas normalmente
obtidas para este tipo de investigação (Marconi e Lakatos (1996) apontam
taxas na ordem dos 25 %).
Esta diferença de opinião indicia uma relação difícil entre produtor e utiliza-
dor da informação contabilística. Na perspectiva dos dirigentes da área finan-
ceira a visão apresentada, quanto ao papel da contabilidade na gestão empre-
sarial, é estratégica e pró-activa enquanto na perspectiva das restantes áreas
funcionais, abordadas neste estudo, a contabilidade é uma mera formalidade.
Produtor e utilizador da informação contabilística estão de “costas voltadas”.
Enquanto uns estão convencidos que estão a produzir uma informação impor-
tante para a tomada de decisão, os outros não lhe reconhecem esse valor.
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proximidade do decisor, capazes de verdadeiramente apoiarem o dirigente
na sua tomada de decisão. Actualmente, ao contabilista são exigidos novos
conhecimentos, nomeadamente a habilidade de saber comunicar e trabalhar
em equipa, de possuir sólidos conhecimentos analíticos de contabilidade e
um conhecimento profundo do funcionamento do negócio.
139
Refêrencias
140
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February (Http://www.ifac.org/StandardsandGuidance/FMAC/IMAP1.html).
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mericano Jurídico-Financeira CIJUF, Medellin, Colombia.
1
Esta listagem contém dados relativos ao ano de 1997 e foi adquirida em finais de 1999.
2
Publicada em 1999.
141
3
Caracterização da amostra inicial no quadro seguinte:
16 – Indústrias do tabaco 1 0 1 2
17 – Fabricação de têxteis 15 24 17 56
18 – Indústria do vestuário; tingimento e fabricação de artigos
4 9 4 17
de peles com pêlo
19 – Curtimenta e acabamento de peles sem pêlo; fabricação
2 3 2 7
de artigos de viagem etc.
20 – Indústrias da madeira e da cortiça e suas obras, excepto
7 3 3 13
mobiliário.
21 – Fabricação de pasta, de papel e de cartão e seus artigos 9 4 5 18
22 – Edição, impressão e reprodução de suportes de informa-
11 6 1 18
ção gravados
23 – Fabricação de coque , produtos petrolíferos refinados e
0 0 0 0
tratamento de comb. nuclear
24 – Fabricação de produtos químicos 18 9 3 30
4
Entende-se por amostra a totalidade das empresas que responderam a este questionário.
5
No estudo empírico foram utilizados os termos contabilidade financeira e contabilidade analítica por
se ter constatado, no pré-teste ao questionário, que se tratava de dois conceitos que não suscitavam
dúvidas de interpretação por parte dos inquiridos. Pelo contrário, o conceito de contabilidade de gestão
não era interpretado por todos de igual modo.
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