Sie sind auf Seite 1von 140

UNIVERSIDADE ABERTA

DEMOGRAFIA

Caderno de apoio
Bárbara Bäckström

DEMOGRAFIA

Caderno de apoio

Universidade Aberta

2007

1
INDICE

APRESENTAÇÃO DO CADERNO DE APOIO

Livro Adoptado

Pressupostos e finalidades do Caderno de Apoio/ Objectivos do Curso

Programa da disciplina/ Plano do curso e capítulos correspondentes no livro


recomendado

Organização das Unidades de aprendizagem/ Estrutura das unidades de formação

Contexto e Justificação

Plano de avaliação

I. A CIÊNCIA DA POPULAÇÃO: A PROGRESSIVA MATURAÇÃO DA


COMPLEXIDADE DO SEU OBJECTO DE ESTUDO

OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM

Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos

Actividades propostas e questões para revisão

Indicações bibliográficas

II. A EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA: UM VELHO PROBLEMA COM NOVAS


DIMENSÕES
Introdução

Objectivos de aprendizagem

Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos

Actividades propostas e questões para revisão

Indicações bibliográficas

III. ASPECTOS INICIAIS DE UMA INVESTIGAÇÃO EM ANÁLISE


DEMOGRÁFICA: OS RITMOS DE CRESCIMENTO E A ANÁLISE DAS
ESTRUTURAS DEMOGRÁFICAS

Objectivos de aprendizagem

2
Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos

Actividades propostas e questões para revisão

Indicações bibliográficas

IV. OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO DEMOGRÁFICA E A ANÁLISE DA


QUALIDADE DOS DADOS

Objectivos de aprendizagem

Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos

Actividades propostas e questões para revisão

Indicações bibliográficas

V. OS PRINCÍPIOS DE ANÁLISE DEMOGRÁFICA E O DIAGRAMA DE


LEXIS

Objectivos de aprendizagem

Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos

Actividades propostas e questões para revisão

Indicações bibliográficas

VI. ANÁLISE DA MORTALIDADE

Objectivos de aprendizagem

Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos

Actividades propostas e questões para revisão

Indicações bibliográficas

VII. ANÁLISE DA NATALIDADE, FECUNDIDADE E NUPCIALIDADE

Objectivos de aprendizagem

Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos

Actividades propostas e questões para revisão

Indicações bibliográficas

3
VIII. ANÁLISE DOS MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS

Objectivos de aprendizagem

Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos

Actividades propostas e questões para revisão

Indicações bibliográficas

GLOSSÁRIO

BIBLIOGRAFIA GERAL – OBRAS DE REFERÊNCIA

ANEXOS

4
Apresentação do Caderno de Apoio

5
Livro adoptado

O presente caderno de apoio à disciplina Demografia tem como objectivo orientar e


facilitar o trabalho do estudante na leitura e no estudo do livro adoptado para esta
disciplina:

Joaquim Manuel Nazareth, Demografia – A Ciência da População, Editorial Presença,


Colecção Fundamentos, Lisboa, 2004.

Pressupostos e finalidades do programa


O livro adoptado é já por si um precioso instrumento didáctico, no entanto, a sua
organização não foi adaptada às condições específicas de ensino a distância.
Uma vez que os destinatários preferenciais são justamente, estudantes em regime de
auto - aprendizagem, serão os seguintes os objectivos prioritários deste caderno de
apoio:
a) Facultar ao estudante um acompanhamento na leitura do livro adoptado, por meio de
síntese e esquematização de conteúdos, conceitos e problemáticas que nele são
abordados;
a) agregar às informações disponíveis no livro adoptado, informações complementares
que contribuam para a continuidade lógica e epistemológica da sequência de
aprendizagem proposta no programa da disciplina;
b) oferecer ao estudante pistas e instrumentos que lhe permitam o exercício, a
consolidação e o aprofundamento da aprendizagem.

No final do curso, o estudante de Demografia deve ser capaz de:

 Enquadrar o papel da Demografia no contexto específico das ciências sociais e


sua importância numa articulação teórica com a Sociologia. A emergência de
uma Sociologia da População para o entendimento dos fenómenos, tendências e
práticas sociais;

 Utilizar de forma sistemática os principais instrumentos de recolha e tratamento


de dados estatísticos respeitantes à população, assim como proceder ao
enquadramento desses dados através das principais variáveis;

6
 Interpretar os dados referidos, recorrendo à conciliação das abordagens
qualitativas e quantitativas, através da intersecção com as estruturas e práticas
sociais mais alargadas.

 Compreender e enquadrar a situação demográfica mundial e europeia,


possibilitando discernir vectores fundamentais de análise para a compreensão de
novos cenários de desenvolvimento (com relevo especial para o Terceiro
Mundo), das relações internacionais e das migrações, das estruturas familiares,
dos fenómenos de exclusão social, dos mundos rurais e urbanos e do Ambiente,
articulando-os com o futuro e o funcionamento dos ecossistemas.

 Analisar as estruturas demográficas e as estruturas sociais do cenário português,


explorando as potencialidades da Demografia enquanto ciência social para
enquadrar os principais problemas e desafios da sociedade portuguesa do
presente século, em especial das últimas três décadas.

 Compreender os principais fenómenos sócio-demográficos da realidade


portuguesa das últimas décadas, nomeadamente a emigração, as disparidades
regionais, a fragmentação territorial, o crescimento natural e o desenvolvimento.

 Articular a situação demográfica mundial e europeia com as questões sociais


essenciais do mundo contemporâneo, como a urbanização, educação, saúde,
trabalho, feminização, ecologia e ambiente.

 Descrever a evolução demográfica recente da população;

 Aplicar técnicas adequadas de análise das variáveis do sistema demográfico:


volumes populacionais, estruturas etárias, natalidade/ fecundidade, mortalidade e
mobilidade populacional;
 Explicar a ligação entre os comportamentos demográficos e a evolução do estado da
população;
 Identificar alguns efeitos da dinâmica do sistema demográfico sobre a organização e
estruturação das sociedades contemporâneas.

Programa da disciplina/ Plano do curso e capítulos no livro adoptado

7
Para o desenvolvimento deste programa considera-se de consulta obrigatória todos os
capítulos do livro adoptado Demografia- A ciência da população de J. Manuel
Nazareth.
O programa da disciplina Demografia corresponde à sequência de conteúdos
apresentada no índice do Livro adoptado. Nem todos os conteúdos do livro serão alvo
da matéria e do programa desta disciplina de Demografia da Universidade Aberta.
Assim aconselha-se a seguir os tópicos deste programa organizado desenvolvido com a
seguinte estrutura, para cada capítulo do manual adoptado:
a) Identificação do Capítulo;
b) Enumeração dos pontos do capitulo abrangidos pelo programa da disciplina de
demografia e respectiva numeração desses pontos no manual adoptado;
c) Objectivos pretendidos em cada capítulo;
d) Tabela em que se faz corresponder os pontos / conteúdos do programa às respectivas
páginas do livro e aos objectivos anteriormente anunciados.

I. A Ciência da população: a progressiva maturação da complexidade do seu


objecto de estudo
Introdução
1. (1.1.) As primeiras reflexões sobre a população
2. (1.2.) A questão da população no século XVIII e a emergência da Demografia como
ciência
3. (1.3.) A importância do pensamento de Malthus na emergência da ciência da
população
4. (1.4.) Malthusianismo, neomalthusianismo e as reacções ao pensamento malthusiano
5. (1.5.) A Transição Demográfica
6. (1.6.) O objecto de estudo da Demografia
7. (1.7.) Unidade e diversidade da Demografia
A Demografia histórica
Os Estudos de População ou demografia Social
As políticas demográficas
A Ecologia Humana
8. (1.8.) A metodologia da Demografia

8
II. A Explosão demográfica: um velho problema com novas dimensões
Introdução
Introdução
1. (2.1.) A população antes do aparecimento da escrita
2. (2.2.) Os primeiros dados numéricos de interesse demográfico
3. (2.3.) A Antiguidade: do crescimento ao primeiro «mundo cheio»
4. (2.4.) O Nascimento do Ocidente Medieval e o declínio da população
5. (2.5.) A recuperação demográfica do Ocidente Medieval e o aparecimento de um
segundo «mundo cheio»
6. (2.6.) A peste negra
7. (2.7) O Modelo Demográfico do Antigo Regime
8. (2.8.) O crescimento da população na Europa Ocidental e o terceiro “mundo cheio”
9. (2.9.) A evolução da População nas restantes partes do mundo
10.(2.10.) A explosão demográfica: um fenómeno novo ou um velho problema com
novas características ?

III. Aspectos Iniciais de uma investigação em análise demográfica: os ritmos de


crescimento e a análise das estruturas demográficas
Introdução
1. (3.1.) Volumes, ritmos de crescimento de uma população e densidades
1º Trabalho Prático Resolvido
2. (3.2.) As estruturas demográficas
As pirâmides de idades
As relações de masculinidade
Os grupos funcionais e os índices-resumo
O envelhecimento demográfico
2º Trabalho prático resolvido

9
IV. Os sistemas de informação demográfica e a análise da qualidade dos dados
Introdução
1. (4.1.) Os sistemas de Informação demográfica
Os Recenseamentos da população
As Estatísticas demográficas de Estado Civil
Outros sistemas de informação demográfica
2. (4.2.) A análise da qualidade da informação
A Relação de Masculinidade dos nascimentos
O Índice de Whipple
O Índice de Irregularidade
O Índice Combinado das Nações Unidas (ICNU)
A equação de Concordância
3º Trabalho prático resolvido

V. Os Princípios de Análise Demográfica e o Diagrama de Lexis


Introdução
1. (5.1.) O Diagrama de Lexis
2. (5.2.) Princípios Gerais de Análise Demográfica
3. (5.3.) Princípios de Análise Longitudinal
4. (5.4.) Princípios de Análise em Transversal
4º Trabalho prático resolvido

VI. Análise da Mortalidade


Introdução
1. (6.1.) As Taxas Brutas de Mortalidade enquanto medidas da mortalidade geral
2. (6.3.) A medida de mortalidade em grupos específicos
As medidas de mortalidade infantil
A mortalidade por meses
A mortalidade por causas de morte
3. (6.4.) O princípio da translação: a construção das tábuas de mortalidade
5º Trabalho prático resolvido

10
VII. Análise da Natalidade, Fecundidade e Nupcialidade
Introdução
1. (7.1.) As Taxas Brutas enquanto medidas elementares de análise da natalidade e da
fecundidade
2. (7.2.) Tipos particulares de natalidade e fecundidade
A fecundidade por idades e por grupos de idades
A fecundidade dentro do casamento
A fecundidade fora do casamento
A natalidade por meses
3. (7.4.) O princípio da translação
4. (7.5.) Análise da nupcialidade e do divórcio: as taxas brutas enquanto medidas
elementares de análise
6º Trabalho prático resolvido

VIII. Análise dos Movimentos Migratórios


Introdução
1. (8.1.) Os métodos directos de análise dos movimentos migratórios
2. (8.2.) Os métodos indirectos de análise dos movimentos migratórios
A equação de concordância
7º Trabalho prático resolvido

Organização das Unidades de aprendizagem/ Estrutura das unidades de formação

O presente caderno de apoio organiza-se numa sequência de 8 unidades de


aprendizagem, cada uma delas desenvolvendo-se de acordo com a seguinte estrutura:

a) Apresentação dos objectivos da aprendizagem, cuja consecução se estabelece com


critério de aferição da aprendizagem e da respectiva avaliação;
b) Desenvolvimento sequencial dos Conteúdos programáticos e clarificação de
tópicos mais complexos da unidade;
c) Actividades propostas e questões para revisão com vista ao exercício, consolidação
e aferição da aprendizagem. Estas actividades servem ainda de exercício de revisão
da matéria;

11
d) Indicações bibliográficas complementares. Propostas de leitura e consulta para a
consolidação ou para o desenvolvimento de informação que é também citada no
livro adoptado.

Dentro de cada uma das unidades é feita referência a quadros e figuras que remetem
para o livro adoptado. Nota: É aconselhável saber manusear as funções da máquina
de calcular.

Contexto e Justificação
O estudo da Demografia insere-se num contexto mais vasto - o das ciências sociais –
considerando-se uma ciência autónoma, diferente da sociologia ou da economia e exige
que à partida haja uma clarificação dos principais conceitos. No entanto, sabemos que
não é possível traçar fronteiras entre as diversas ciências sociais, tendo todas o homem
como objecto de estudo. Nesta óptica, a Demografia não difere das outras ciências
sociais. O seu objecto de estudo também é o comportamento do homem em sociedade e
também necessita das informações das outras ciências sociais.
Numa primeira análise, a Demografia aparece-nos como uma resposta científica a um
conjunto de questões relacionadas com a descrição da população humana. Para além
disso, a Demografia estuda aspectos relacionados com o ordenamento espacial da
população, a alteração de estruturas familiares, as consequências do envelhecimento
demográfico no futuro da segurança social, a composição da população activa, as
necessidades e a localização de equipamentos sociais. A Demografia contribui também
para a resolução de algumas questões importantes noutras áreas científicas. Temos, por
exemplo, o planeamento dos recursos humanos, a questão ambiental, a saúde pública e
as projecções demográficas.

A procura de um grande rigor na medição dos fenómenos demográficos desenvolveu


um vasto número de métodos e técnicas de análise, próprios da ciência demográfica, o
que veio reforçar ainda mais a construção do objecto de estudo da Demografia.
A Demografia enquanto estudo de população está associada a um conjunto de aspectos
relacionados com a população humana e, naturalmente, nos aspectos que dizem respeito
à sua saúde. Como qualquer fenómeno social, o estudo da Demografia é de grande
complexidade estando associado com múltiplos fenómenos que vão desde a saúde, à
política, à cultura, aos aspectos económicos, educação, etc.

12
A Demografia, enquanto ciência que tem por objecto de estudo a população humana,
assume assim, naturalmente, um papel fundamental nas ciências sociais.

O fenómeno demográfico pode ser ilustrado da seguinte forma :

Variáveis “comportamentais” Variáveis de “estado”

Evolução dos
Evolução dos
Mortalidade  Dinâmica Volumes populacionais
Volumes
(óbitos)
Natural
 populacionais
Natalidade/ fecundidade
(nados- vivos)  

Dinâmica Evolução da

Mobilidade Populacional  Migratória Estrutura
(migrações) Etária

Destas cinco variáveis demográficas, duas tratam do estado (volumes e estrutura etária)
e as outras três referem-se aos comportamentos que influem directamente sobre as
alterações observadas no “estado” da população (mortalidade, natalidade/ fecundidade,
mobilidade populacional).

Plano de avaliação

A disciplina inclui actividades de aprendizagem e questões para revisão e testes


formativos os quais são devolvidos à Universidade Aberta para uma análise de que
resultará informação transmitida, depois, aos formandos.

O objectivo das questões para revisão é clarificar pontos de dúvidas e de dificuldade que
o formando possa encontrar no texto-base que não está adaptado ao sistema de ensino à
distância. Tais questões não têm qualquer propósito de classificação.

No final do curso, terá lugar uma prova de avaliação somativa presencial de que
resultará a classificação do formando.

13
I. A Ciência da população: a progressiva maturação da complexidade do seu
objecto de estudo

14
Objectivos do capítulo

1. Identificar as principais fases da constituição da Demografia como ciência;


2. Conhecer o pensamento dos primeiros demógrafos;
3. Conhecer as principais características do pensamento malthusiano;
4. Identificar as principais fases e a importância da teoria da transição demográfica;
5. Identificar os aspectos fundamentais do objecto de estudo da Demografia;
6. Compreender a razão pela qual a Demografia actual é simultaneamente una e diversa.
7. Identificar as principais etapas da metodologia da Demografia

Objectivos de aprendizagem

Depois de estudar esta unidade o aluno deve ser capaz de:


 Identificar as diferentes fases de evolução da ciência demográfica
 Conhecer as principais características das teorias demográficas de Malthus
 Descrever as fases da teoria da transição demográfica
 Distinguir e definir as Demografias (histórica, social)
 Definir o objecto de estudo da Demografia

Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos

Leia o capítulo do livro recomendado. Capítulo I, páginas 15-69

Conteúdos Páginas Objectivos


1.1. As primeiras reflexões sobre a 16-22 Conhecer o pensamento dos
demografia primeiros demógrafos
1.2. A questão da população no século 22-26 Identificar as principais fases da
XVIII e a emergência da Demografia constituição da Demografia
como ciência como
ciência
1.3. A importância do pensamento de 26-34
Malthus na emergência da ciência da Conhecer as principais

15
População características do pensamento
1.4. Malthusianismo, neomalthusianismo 34-40 malthusiano
e as reacções ao pensamento malthusiano
1.5. A transição demográfica 40-43 Identificar as principais fases e a
importância da teoria da
transição demográfica
1.6. O objecto de estudo da Demografia 43-47 Identificar os aspectos
fundamentais do objecto de
estudo da Demografia
1.7. Unidade e Diversidade da 47-66 Compreender a razão pela qual a
Demografia Demografia actual é
simultaneamente una e diversa

1.8. A metodologia da Demografia 66-69 Identificar as principais etapas


da metodologia da Demografia

Introdução

Nesta unidade, tentaremos explicar como foi evoluindo a Demografia relativamente aos
seus aspectos quantitativos da dinâmica populacional. Para além disso tentaremos
perceber como se foi constituindo lentamente a Demografia como ciência. Durante os
séculos XVII e XVIII a Demografia emerge como ciência.
Nesta unidade iremos ver quem foram e o que disseram os homens que transformaram
em ciência a Demografia, qual é realmente o objecto de estudo da Demografia, quais
são as grandes teorias e os grandes problemas da Demografia contemporânea e porque é
que a Demografia é simultaneamente una e diversa e quais as grandes divisões da
Demografia actual.

A lenta constituição da ciência demográfica

O ideal de Platão (428-348 a.C.) é o de uma população estacionária onde o número de


fogos, por razões políticas e sociais, seria de 5040. Platão acredita que é possível
intervir no sentido de manter constante o volume da população da sua cidade ideal,
através da fixação de uma idade mínima para o casamento (30 anos para os homens e 18
para as mulheres) e da limitação da idade da procriação (apenas os 10 ou 14 anos de

16
casamento); o risco de a população diminuir resolver-se-ia através de uma punição para
os que não queriam ter filhos, os celibatários e os casais estéreis.

Aristóteles (384-322 a.C.) é mais realista do que o seu mestre Platão, ao pensar
sobretudo num número estável de habitantes. Esta procura de estabilidade não implica
um número fixo de habitantes. Pelo contrário, ao aperceber-se que a natalidade e a
mortalidade fazem variar o volume populacional, propõe uma “justa dimensão” da
população.

Na idade Média, Santo Agostinho (345-430) e São Gregório (540-604) defendem que
o casamento une marido e mulher para gerar filhos. Esta linha de pensamento é
dominada pelo pensamento cristão, numa perspectiva teológica e moral, enquanto que
as duas anteriores formas (pertencentes à Antiguidade) foram analisadas numa
perspectiva política e social.

Com o início dos tempos modernos, as ideias respeitantes à população separam-se das
questões morais e passam progressivamente a depender de preocupações políticas e
económicas. É nesta linha de ideias e de acontecimentos que se deve interpretar o culto
pelo ideal mercantilista da riqueza, associado à valorização do Estado. Neste contexto,
as doutrinas mercantilistas são consideradas, no seu conjunto, explicitamente
populacionistas. Este populacionismo permitiu acelerar o processo que irá conduzir ao
aparecimento da Demografia como ciência.

No mercantilismo italiano dois pensadores merecem referência especial: Maquiavel


(1467-1527) e Botero (1540-1617). Maquiavel não defende todas as ideias
mercantilistas, nomeadamente no que diz respeito ao princípio que o Estado só é forte
quando favorece o enriquecimento dos cidadãos mas, ao defender que uma população
numerosa reforça o poder do Príncipe, adopta uma atitude populacionista. Para Botero,
uma população numerosa deve ser a primeira preocupação do Estado.

No mercantilismo francês existem duas correntes diferenciadas: a que defende um


populacionismo intransigente (Bodin e Montchrestien) e a que defende um
populacionismo mais racional (Vauban). Jean Bodin (1530-1596) afirma que uma
população numerosa permite a valorização de um país. Ficou conhecido com a frase

17
“Não existe maior riqueza nem maior força do que os homens”. Montchrestien (1575-
1621) também defende o ponto de vista de que a grande riqueza da França é a
inesgotável abundância dos seus homens.
Vauban (1633-1707) é populacionista ao defender que a falta de população é a maior
desgraça que pode acontecer ao reino. Ficou conhecido na história do pensamento
demográfico pelas estimativas que faz e por chamar a atenção para a utilidade dos
recenseamentos da população.

Na Inglaterra, o mercantilismo é menos homogéneo do que em Itália e em França e


evolui ao longo do tempo. Consequentemente, a atitude face à problemática da
população também evolui.
Nesta evolução aparecem duas correntes de pensamento distintas: no princípio, a
população é considerada uma variável entre tantas outras do sistema social; depois, a
população aparece como interessante em si própria… são os primórdios da
Demografia científica.

Na primeira corrente encontramos autores que procuram reflectir sobre o melhor


equilíbrio entre a população e os recursos. Thomas More (1478-1535) ao estudar as
causas da miséria do seu país, pensa que esta deve-se a três factores: o luxo da nobreza,
a existência de muitos domésticos improdutivos e a extensão da criação de carneiros. Se
existem autores preocupados com esta questão do equilíbrio população-recursos, no
século XVII , em Inglaterra, a Demografia começa a dar os seus primeiros passos como
ciência e pensadores como William Petty, John Graunt, Edmund Halley começam a
considerar que os problemas populacionais devem ser analisados e medidos
independentemente das relações que possam ter com quaisquer outros problemas
económicos, políticos e sociais.

Teorias Demográficas

As teorias demográficas ou teorias da população são correntes de opinião que tentam


explicar ou prever a evolução dos fenómenos demográficos, as interacções entre estes e
os fenómenos económicos, sociais, psicológicos, do ambiente e outros, tentando prever
as consequências que possam levar à elaboração de uma política demográfica.

18
O Malthusianismo

Thomas Malthus, padre inglês que viveu no século XVIII (1766-1834), professor de
História Moderna e Economia Política em Inglaterra, grande observador de fenómenos
populacionais, estabeleceu o célebre paralelo entre a multiplicação do homem e a sua
subsistência.
Em 1798, Malthus publica o Ensaio sobre o Princípio da População. O livro faz
escândalo devido a uma das suas teses: “a assistência aos pobres é inútil porque não
serve senão para os multiplicar sem os consolar”. Também faz escândalo devido a um
parágrafo: “um homem que nasce num mundo ocupado, se não lhe é possível obter dos
seus pais os meios de subsistência… e se a sociedade não tem necessidade do seu
trabalho, não tem direito a reclamar a mínima parte da alimentação e está a mais…”. A
sua teoria baseia-se no facto de uma população ter um aumento constante e esse
aumento ser mais rápido do que os meios de subsistência, sendo o equilíbrio entre o
tamanho da população e o nível de subsistência mantido através do controle do
crescimento da população.

O pensamento demográfico de Malthus pode ser sistematizado em torno de três temas


fundamentais: População e subsistências, obstáculos e remédios. Quanto ao primeiro
tema população e subsistências - o autor distingue duas leis antagónicas: a lei da
população que cresce em progressão geométrica (1,2,4,8,16…) e a das subsistências,
que cresce em progressão aritmética (1,2,3,4,5,6,…). Para Malthus, quando uma
população não é controlada, duplica todos os 25 anos.
Quanto ao segundo tema, os obstáculos ao crescimento da população, para Malthus,
existem dois tipos de obstáculos: os positivos (ou Regressivos), que serão todos os
obstáculos que podem de algum modo diminuir a vida humana (Ex: pobreza, epidemias,
fomes, etc...) e os preventivos, que serão os acontecimentos que levam à diminuição da
fecundidade, isto é, casamentos adiados (criando condições para que os cônjuges casem
mais tarde), abstinência antes do casamento (limitações morais), casamentos tardios dos
pobres ou até apelo ao celibato “A miséria deriva do crescimento excessivamente rápido
da população”.

19
Quanto ao terceiro eixo – os remédios, Malthus não hesita em afirmar que o único
obstáculo que não prejudica nem a felicidade moral, nem a felicidade material é a
obrigação moral.

Duas correntes alternativas surgem em paralelo - o neomalthusianismo e


antimalthusianismo.
A primeira corrente aposta na limitação dos nascimentos, enquanto que a segunda
relaciona o numero de habitantes com os “meios de existência” (produtos alimentares,
vestuário, habitação, entre outros). O pensamento liberal de tendência antimalthusiana é
representada fundamentalmente por A.Dumont (1849-1902) e Durkheim (1858-1902).
Dumont constata a existência de uma oposição entre o crescimento demográfico e o
desenvolvimento do indivíduo. Para Durkheim, um dos pilares da sociologia, a
expansão demográfica é acompanhada de uma mudança qualitativa da sociedade.
O pensamento demográfico do século XX é particularmente enriquecido com as
contribuições de A. Sauvy. Também é considerado um antimalthusiano e um natalista,
mas a riqueza do seu pensamento merece alguma atenção. Em primeiro lugar, devemos
a Sauvy a elaboração da teoria do “óptimo da população”, ou seja, qual deve ser o
número de habitantes de um dado território para que o nível de vida de cada um seja o
mais elevado possível ?
Se, para os neomalthusianos o único problema é o excesso da população, Sauvy
considera que, se existem países que têm “gente a mais”, outros têm gente a menos.
Mas, o nome deste autor está sobretudo ligado à explicação do dilema com que todos os
países do mundo são confrontados – crescer ou envelhecer ?

20
A Teoria de Transição Demográfica

A chamada teoria de transição demográfica foi descrita pela primeira vez nos anos 40.
Desde então tem sido modificada, acrescentada e rescrita. A definição clássica desta
teoria foi descrita por Notestein (1945), Blacker (1947) e outros autores e define-se do
seguinte modo: Existem uma série de estadios durante os quais a população se move de
uma situação onde tanto a mortalidade como a natalidade são altas, para uma posição
onde tanto a mortalidade como a natalidade são baixas. O crescimento de ambos os
indicadores antes e depois da transição demográfica é muito baixo. Durante a transição,
o crescimento da população é muito rápido devido essencialmente ao declínio da
mortalidade ocorrer antes do declínio da fecundidade.
Segundo a teoria da transição demográfica todos os países já passaram ou terão de
passar por quatro fases de evolução:

 Fase do “quase-equilíbrio” antigo (ou de pré-transição) entre uma mortalidade


elevada e uma fecundidade igualmente elevada o que implica um crescimento
natural da população reduzido;
 fase do declínio da mortalidade e da consequente aceleração do crescimento natural
da população;
 fase do declínio da fecundidade; a mortalidade continua a declinar embora a um
ritmo mais moderado e o crescimento natural da população diminui de intensidade;
 fase do “quase-equilíbrio” moderno entre uma mortalidade com baixos níveis e uma
fecundidade igualmente baixa; o crescimento natural da população tende para zero.

Quase todos os países do mundo já passaram pela segunda fase (declínio da


mortalidade) e quase todos já chegaram à terceira fase (declínio da fecundidade). A
transição demográfica começou nos países mais avançados da Europa no século XVIII
quando a mortalidade começou a declinar numa forma consistente e continuada.
Chegando ao século XX, o declínio da mortalidade expande-se a todos os países
europeus e aos outros continentes. O aumento da população acelera. A tendência
pesada da evolução da população mundial aponta, actualmente para uma situação em
que, a partir de meados deste século, se admite o início de um processo que conduzirá a
um declínio progressivo da população mundial, através da diminuição do número total
de nascimentos.

21
A ideia central da teoria da transição demográfica, que é a de provar a existência dos
efeitos da modernização nos comportamentos demográficos, parece estar mais do que
demonstrada pelos factos. A revolução sanitária fez que no mundo, nos anos 90, não
existissem países com uma esperança de vida À nascença inferior a 50 anos. Os raros
países que se encontravam nessa situação pertencem todos à África subsariana. A
revolução contraceptiva fez também generalizar a ideia que um baixo nível de
fecundidade é um símbolo de modernidade, seja à escala de um país seja à microescala
dos indivíduos e dos casais.

Aspectos fundamentais e objectivos da Demografia

Definir Demografia parece ser a primeira questão que se põe quando abordamos esta
área.

Em sentido geral, uma população pode ser encarada como um conjunto de indivíduos
ou de unidades que podem ser de natureza muito diversa. Numa perspectiva
demográfica, as populações humanas são consideradas com características específicas,
num espaço limitado e com um certo significado social.

No que respeita às características da população humana, as unidades de observação que


compõem a população de referência (ou de observação) devem ser naturalmente, de
seres humanos no seu sentido lato (homens ou mulheres). Neste contexto, o termo
genérico “população” será utilizado designando uma “população humana”.

Relativamente à delimitação espacial, esta característica diz respeito ao território


claramente identificável, isto é, o conjunto de indivíduos que vivem sobre um
determinado espaço delimitado e constituem a população considerada.

No que diz respeito ao significado social, a população considerada deverá ter um certo
significado de coerência social.

Apesar da preocupação com os problemas da população remontar à Antiguidade, a


Demografia como ciência apenas aparece na segunda metade do século XVIII.

22
Os primeiros demógrafos

Foi Achille Guillard em 1855 (in Guillard, A. Élements de statistique humaine ou


demographie comparé, 1855) que inventou o nome de “Demografia Comparada”. Este
autor dá a seguinte definição de Demografia “Em sentido amplo, abrange a história
natural e social da espécie humana; em sentido restrito, abrange o conhecimento
matemático das populações, dos seus movimentos gerais, do seu estado físico,
intelectual e moral”

Mas o desenvolvimento da Demografia, como ciência, fez com que nas últimas décadas
se multiplicasse o número de investigadores e de obras publicadas. Mas o que é afinal a
Demografia? É o estudo das populações humanas, claramente delimitadas no tempo e
no espaço.

Vejamos algumas definições de Demografia que encontramos nos principais manuais e


dicionários especializados:

Segundo Henry, “Demografia é a ciência que tem por objecto o estudo científico das
populações humanas no que diz respeito à sua dimensão, estrutura, evolução e
características gerais analisadas principalmente do ponto de vista quantitativo” (Henry,
L. Dictionaire demographique multilingue, 1981).

No dicionário de Demografia de W. Petersen “ A Demografia pode ser definida em


sentido restrito e em sentido lato. A Demografia formal consiste na colheita da análise
estatística e na apresentação técnica dos dados da população; baseia-se no ponto de vista
de que o crescimento da população é um processo autoestruturado, com uma
interligação mais ou menos fixa entre fecundidade, mortalidade e estrutura por idades”.
(Petersen, W. Dictionary of demography, 1986).

Para Ross “A Demografia é o estudo quantitativo das populações humanas e das


mudanças nelas ocorridas devido à existência de nascimentos, óbitos e migrações.
Quando se consideram as determinantes biológicas, sociais, económicas ou legais, esta
disciplina toma o nome de estudos de população”. (Ross, J. International encyclopedia
of population, 1982).

23
Landry, em 1945, no seu Tratado de Demografia (), é dos primeiros a tomar
consciência da questão da necessidade de um rigor quantitativo, o que tenha feito com
que a Demografia rapidamente se afirmasse como ciência.
Existe uma Demografia Quantitativa cujo objecto essencial é o estudo dos
movimentos que se produzem numa população, acompanhado dos resultados desses
movimentos; mas também existe uma Demografia qualitativa que se ocupa das
qualidades dos seres humanos e que diz respeito aos aspectos qualitativos do fenómeno
social das populações e ainda à genética demográfica ou biologia das populações, à
biometria (estatística aplicada à investigação biológica).

Para G. Wunsch e M. Termote (1978) “Demografia é o estudo da população, do seu


aumento através dos nascimentos e imigrantes, da sua diminuição através dos óbitos e
dos emigrantes”.

Em Shryock e J. Siegel (1976) encontramos a seguinte definição: “como na maior parte


das ciências, a Demografia pode ser definida em sentido restrito e em sentido lato; o
sentido restrito é a Demografia Formal, que se preocupa com questões como a
dimensão, a distribuição, a estrutura e a mudança das populações; em sentido amplo,
inclui outras características tais como as étnicas, as sociais e as económicas”.

Em Sauvy (1976) existem igualmente duas definições de Demografia: a Demografia


pura ou análise demográfica, que é uma contabilidade de homens… e a Demografia
alargada, que estuda os homens nas suas atitudes, comportamentos e que se preocupa
com as causas e as consequências dos fenómenos.

Em Poulalion (1984) encontramos a definição: “a ciência da população estuda as


colectividades humanas enquanto tal; não considera apenas o aspecto estático e
mensurável (Demografia quantitativa) mas também o aspecto causal e relacional
(Demografia qualitativa)”.

Com base em inúmeras definições, observamos que a Demografia tem por objecto o
estudo científico da população. Mas o que é exactamente “o estudo científico da
população” ?

24
Uma definição aprofundada de Demografia comporta cinco elementos
fundamentais:

Em primeiro lugar, é a análise de conjuntos de pessoas delimitadas espacialmente e


com um certo significado social. Esta análise é feita observando, medindo e
descrevendo a dimensão, a estrutura e a distribuição desse conjunto de pessoas. A
dimensão significa o volume da população (x milhões de habitantes); a estrutura
significa a sua repartição por subconjuntos específicos (x solteiros, y casados, z viúvos e
divorciados); a distribuição diz respeito à sua repartição no espaço. Ao conjunto destes
três elementos chama-se o estado da população.
Em segundo lugar, este estudo científico preocupa-se em descrever o estado da
população num determinado momento no tempo (aspecto estático), mas também em
saber quais as mudanças ocorridas e qual será a intensidade e a direcção dessas
mudanças.
Em terceiro lugar, analisa os factores, ou as variáveis demográficas que são
responsáveis pelas variações ocorridas no estado da população: natalidade,
mortalidade e migrações. Esta última variável microdemográfica abrange três
situações distintas – emigração, imigração e migrações internas. A nupcialidade não é
uma variável microdemográfica autêntica porque a sua variação não contribui
directamente para a modificação do estado da população, mas actua através da
natalidade. Assim, o estado da população tem uma determinada dimensão,
estrutura e distribuição espacial porque nesse conjunto de pessoas acontecem
nascimentos, óbitos e migrações.
Em quarto lugar, a Demografia também se ocupa dos efeitos que cada uma das
variáveis microdemográficas tem nos aspectos globais e estruturais da população, bem
como o inverso (por exemplo, até que ponto um aumento da natalidade modifica
estruturalmente a população ou em que medida uma mudança estrutural da população se
reflecte na modificação da evolução da natalidade).
Finalmente, a Demografia também se preocupa com questões relacionadas com as
determinantes dos comportamentos demográficos e com as consequências da evolução
do estado da população.

Unidade e diversidade da Demografia

25
Embora a Demografia seja, classicamente, encarada como o estudo quantitativo da
população humana esta ciência tem desenvolvido, ao longo do tempo, os seus métodos
de trabalho e de análise que actualmente ultrapassa o aspecto puramente descritivo.

Existe uma Demografia Formal ou Análise demográfica, onde se analisam apenas as


variáveis demográficas dependentes (macrodemográficas) e independentes
(microdemográficas).
A Análise demográfica estuda os fenómenos demográficos observados em populações
concretas.

Um ramo da Demografia que rapidamente ganhou autonomia a partir do fim da


Segunda Guerra Mundial foi a Demografia histórica: é o estudo retrospectivo das
populações numa determinada época pertencente ao passado e, particularmente daquela
em que não existem estatísticas do tipo moderno (estatísticas demográficas ou
recenseamentos), ou seja, cujos dados disponíveis não foram produzidos com fins
demográficos. Neste contexto, utilizam-se normalmente registos paroquiais, listas
nominativas, genealógicas, etc.
Landry publica em 1945, o seu Tratado de Demografia; A. Sauvy, em 1946, lança a
revista Population. Mas o que verdadeiramente se passou de novo foi o aparecimento
do método científico baseado na reconstituição das famílias, inventado quase
simultaneamente por P. Goubert e L. Henry.
A Demografia histórica, mais do que qualquer outra ciência social, tornou-se
particularmente atenta à qualidade dos dados. A Demografia histórica deixou de ser
uma ciência auxiliar, para passar a uma ciência autónoma com métodos e técnicas
próprias, diferentes das outras ciências, inclusivé da própria Demografia.

Quando se consideram as relações entre as variáveis demográficas e as outras variáveis


económicas, sociais, culturais, biológicas, num determinado momento do tempo surge a
Demografia social: é o estudo das relações entre o estado das populações ou
movimento da população e a vivência das sociedades. A Demografia social faz uma
interpenetração disciplinar preocupando-se com as questões da população enquanto
causas ou consequências dos fenómenos da sociedade. Trata assim do sistema

26
demográfico de uma forma abrangente encarando as relações com os outros sistemas
(economia, política, saúde, educação, religião, etc...).
Assim, sem pretendermos ser exaustivos, podemos dizer que as grandes preocupações
da Demografia Social nos dias de hoje são as seguintes:
 as causas e as consequências do declínio da natalidade
 os efeitos das migrações no sistema demográfico e social
 as consequências demográficas e sociais da luta contra a morte
 a desigualdade sexual e social face à morte
 progressos científicos, bioéticos e equilíbrios demográficos
 defesa, segurança e estratégia face às mutações demográficas
 desigualdades regionais e ordenamento do território
 as consequências do envelhecimento demográfico
 as consequências sociais da mutação das estruturas familiares
 a Demografia escolar
 a Demografia face ao processo de urbanização

Para além destes dois principais ramos da Demografia (histórica e social) existem
outros dois domínios importantes nos quais a Demografia tem um papel fundamental: as
políticas demográficas e a ecologia humana.
O objectivo teórico das políticas demográficas consiste em actuar sobre os modelos
(ou sobre os efectivos) tendo em conta determinados objectivos económicos e sociais. A
ideia de actuar sobre o movimento demográfico a fim de que este se adapte a
imperativos económicos e sociais é uma preocupação de muitos países. Mas até que
ponto esta preocupação se traduziu na existência de autênticas políticas demográficas ?
A ecologia humana parte do princípio que existem dois sistemas em interacção
constante: o sistema-homem (que recebe e descodifica a informação) e o sistema
ambiente que elabora uma acção de resposta. A população, na perspectiva da ecologia
humana, é um conjunto de indivíduos num sistema interdependente de actividades.
Cada actividade produz um output e os ingredientes utilizados na produção desses
outputs são os inputs de outra actividade. Esta rede complexa que assim se estabelece é
um processo específico da Ecologia em geral e da Ecologia Humana em particular: o
ecossistema.

27
A Demografia caminhou de uma unidade inicial, onde a sua problemática era formulada
em termos simples, para uma crescente diversidade e complexidade.
Também a sua ligação com as outras ciências alargaram a sua problemática. A
Demografia tem a vantagem de ser simultaneamente uma das ciências sociais mais
exactas e de ser o ponto de encontro das ciências sociais e humanas com a biologia, o
direito, a economia e as ciências políticas.

A Demografia utiliza métodos e técnicas de tratamento demográfico dos dados, com o


objectivo de descrever e analisar de uma forma rigorosa o estado das populações, ou
seja, os seus efectivos e a sua composição segundo vários critérios (idade, sexo,
localização geográfica); os diversos fenómenos que influem directamente sobre essa
composição e evolução da população (natalidade, fecundidade, mortalidade,
migrações); as relações recíprocas que existem entre estado/evolução da população e os
fenómenos demográficos.

Actividades propostas e questões para revisão

1. Faça corresponder o autor da coluna da esquerda com o pensamento dominante


correspondente, na coluna da direita:

Aristóteles (384-322 é possível intervir no sentido de manter constante o


a.C.) volume da população da sua cidade ideal, através da
fixação de uma idade mínima para o casamento e da
limitação da idade da procriação.
Botero (1540-1617) Procura sobretudo um número estável de habitantes.
Esta procura de estabilidade não implica um número
fixo de habitantes. Pelo contrário, ao aperceber-se que a
natalidade e a mortalidade fazem variar o volume
populacional, propõe uma “justa dimensão” da
população.
Jean Bodin (1530- uma população numerosa deve ser a primeira
1596) preocupação do Estado.
Maquiavel (1467- afirma que uma população numerosa permite a

28
1527) valorização de um país. Ficou conhecido com a frase
“Não existe maior riqueza nem maior força do que os
homens”.
Montchrestien (1575- Defende que uma população numerosa reforça o poder
1621) do Príncipe, adopta uma atitude populacionista.
Platão (428-348 a.C.) defende o ponto de vista de que a grande riqueza da
França é a inesgotável abundância dos seus homens.

2. Uma definição aprofundada de Demografia comporta cinco elementos fundamentais.


Quais são ?

1. ______________________________________________________________
_______________________________________________________________
__________________________________________________________________
_____________________________________________________________
2. ______________________________________________________________
___________________________________________________________________
______________________________________________________________
_____________________________________________________________
3. ______________________________________________________________
___________________________________________________________________
______________________________________________________________
_____________________________________________________________
4. ______________________________________________________________
_______________________________________________________________
______________________________________________________________
_____________________________________________________________
5. ______________________________________________________________
_______________________________________________________________
____________________________________________________________
_____________________________________________________________

3. Distinga os diferentes ramos da Demografia :

29
 A Análise demográfica ______________________________________________
 A Demografia histórica ______________________________________________
 A Demografia social ______________________________________________
__________________________________________________________________
 A ecologia humana __________________________________________________

30
Indicações bibliográficas

AAVV, Portugal Hoje, Lisboa, Instituto Nacional da Administração, 1995.

Almeida, João Ferreira de, et. al., Exclusão Social - Factores e Tipos de Pobreza em
Portugal, Lisboa, Celta Ed., 1994.

Arroteia, Jorge Carvalho, A Evolução Demográfica Portuguesa, Lisboa, Ministério


da Educação, Biblioteca Breve, 1987.

Bandeira Mário Leston, Demografia Portuguesa, Lisboa, Cadernos do Público, n.º 6,


1996.

Barata, Oscar Soares. Introdução à Demografia. Instituto Superior de Ciências Sociais e


Políticas, Lisboa, 1968.

Barreto, António (org.), A Situação Social em Portugal, 1960-1995, Lisboa, ICS,


1996.

Ferrão , João, A Demografia Portuguesa, Lisboa, Cadernos do Público, n.º 6, 1996.

Nazareth, J. Manuel - Portugal. Os próximos 20 anos. Unidade e diversidade da


demografia portuguesa no final do século XX , Lisboa , Fundação Calouste Gulbenkian,
1988.

31
II. A população através dos tempos: factos e teorias

Objectivos do capítulo

32
1. Conhecer os principais dados quantificados da evolução da população mundial;
2. Conhecer as principais características da evolução demográfica da Europa;
3. Compreender o modo de funcionamento do modelo demográfico do Antigo Regime
e as razões do seu desaparecimento;
4. Conhecer os grandes modelos de evolução da população;
5. Identificar as razões que fazem da “Explosão Demográfica” um problema antigo com
novas dimensões.

Objectivos de aprendizagem

Depois de estudar esta unidade o aluno deve ser capaz de:


 Descrever os traços gerais de evolução da população
 Descrever os traços essenciais que caracterizam a evolução global da população do
continente europeu durante o Antigo Regime
 Identificar quais as etapas do arranque demográfico da Europa Ocidental segundo o
modelo de Dupâquier
 Fazer o ponto da situação demográfica contemporânea a nível mundial e distinguir
os países em desenvolvimento dos desenvolvidos

Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos


Leia o capítulo do livro recomendado. Capítulo II, páginas 70- 100

Conteúdos Pág. Objectivos


2.1. A população antes do aparecimento 71-73 Conhecer os principais dados
da escrita quantificados da evolução da
2.2. Os primeiros dados numéricos de 73-75 população mundial
interesse demográfico
2.3. A Antiguidade: do crescimento 75-78 Conhecer as principais características
ao primeiro «mundo cheio» da evolução demográfica da Europa
2.4. O Nascimento do Ocidente 78-79
Medieval e o declínio da

33
população
2.5. A recuperação demográfica do 80-84
Ocidente Medieval e o
aparecimento de um segundo
«mundo cheio»
2.6. A peste negra 85-86
2.7. O Modelo Demográfico do Antigo 86-90 Compreender o modo de
Regime funcionamento do modelo
2.8. O crescimento da população na 90-96 demográfico do Antigo Regime e as
Europa Ocidental e o terceiro “mundo razões do seu desaparecimento
cheio”
2.9. A evolução da População nas 96-98 Conhecer os grandes modelos de
restantes partes do mundo 96-98 evolução da população
Conhecer os grandes modelos de
evolução da população
2.10. A explosão demográfica: um 98-100 Identificar as razões que fazem da
fenómeno novo ou um velho problema “Explosão Demográfica” um
com novas características ? problema antigo com novas
dimensões.

A população mundial: traços gerais de evolução

Os primeiros dados numéricos de interesse demográfico

As primeiras civilizações de que dispomos algumas informações escritas respeitantes à


população, revelam-nos a existência de uma dinâmica populacional pouco conhecida,
complexa e diversificada. Muito há a esperar ainda das investigações em curso. Porém,
apesar da sua diversidade, existem alguns elementos comuns: guerra, crises de
mortalidade motivada pela fome, conhecimentos de contracepção, a existência de
grandes migrações. È uma Demografia de povos migrantes cuja errância ritma a
história, misturando populações, costumes e civilizações.

34
O Modelo Demográfico do Antigo Regime

Três traços essenciais caracterizam a evolução global da população do continente


europeu durante o Antigo Regime: o crescimento moderado da população de 70 milhões
no início do século XIV para 111 milhões em meados do século XVIII, as quebras de
crescimento populacional ocasionado pelas crises de mortalidade e as crises de
subsistência.
As crises de mortalidade têm duas fases: a fase da peste e a fase das epidemias sociais
que se estende até ao início da época contemporânea. A mortalidade era um factor
regulador e um factor destruidor das populações desta época. Alguns historiadores da
população têm uma visão mecanicista das sociedades humanas nesta época ao pensarem
que o verdadeiro elemento regulador é a morte. Esta visão mecanicista não resistiu à
vaga de investigações sobre o sistema demográfico do Antigo Regime que caracteriza
os nossos dias com o desenvolvimento da Demografia Histórica. Dupâquier é o grande
pioneiro no final dos anos 70 ao levantar a seguinte questão: Como é que 18 milhões de
súbditos de Luís XIV mal alimentados, aumentaram num século para 27 milhões
vivendo numa relativa abundância e reagindo à oscilação de preços ? (Dupâquier,
1979).

O crescimento da população na Europa Ocidental e o terceiro “mundo cheio”

O crescimento da população na segunda metade do século XVIII é um fenómeno


europeu que ultrapassa o quadro das regiões industrializadas e que não pode ser
explicado por uma revolução agrícola.
Dupâquier esquematiza o arranque demográfico da Europa Ocidental da seguinte forma:

1ª etapa (1650-1750): as populações submetidas a crises periódicas de mortalidade


põem a funcionar em pleno o mecanismo auto-regulador; este mecanismo, ao fazer
aumentar de intensidade a nupcialidade, proporciona a existência de estruturas de idades
muito jovens;

35
2ª etapa (segunda metade do século XVIII): os acidentes sendo menos frequentes,
diminuem a mortalidade e a população aumenta; mas, o mecanismo regulador, que tinha
funcionado bem numa direcção, revelou-se ineficaz na direcção inversa; mais ainda,
este mecanismo tem um peso desagradável nos destinos individuais – os quocientes de
nupcialidade diminuem, a idade média do casamento aumenta, os jovens têm cada vez
mais dificuldades em estabelecer-se; a indústria nascente passa a dispor de uma reserva
de mão-de-obra abundante e a baixo preço; as tensões sociais aumentam e aparecem
conflitos de gerações;

3ª etapa (primeira metade do século XIX): a industrialização, ao permitir fazer baixar a


idade no casamento, relança o crescimento demográfico; a emigração para o outro lado
do Atlântico vai-se tornando cada vez mais importante;

4ª etapa (segunda metade do século XIX): o recuo da mortalidade, associado a um


grande progresso da medicina e das condições de higiene e saúde, acaba de vez com o
mecanismo auto-regulador; com o aumento da duração de vida dos pais, as jovens
gerações camponesas perdem a esperança de se estabelecerem com uma idade razoável;
não lhes resta mais do que escolher entre o celibato definitivo ou o êxodo para sítios
mais ou menos longínquos (como operários, como funcionários, como militares ou
como colonos).

A grande mutação não resultou de um modelo simplista que apenas considera os efeitos
directos e indirectos das condições de saúde (modelo simplificado), mas de um modelo
mais complexo que integra diversas componentes (modelo Dupâquier):

36
A destruição do modelo demográfico do Antigo regime e a Explosão demográfica

Modelo de Dupâquier

ALGUM PROGRESSO TÉCNICO

ESTRUTURAS DE
OUTROS FACTORES POPULAÇÃO CADA VEZ
MAIS JOVENS

ARRANQUE INDUSTRIAL

DECLÍNIO DA IDADE PROGRESSO TÉCNICO E SOCIAL


MÉDIA DO CASAMENTO MELHORIA DAS CONDIÇÕES DE
HIGIENE E SAÚDE

AUMENTO DOS DIMINUIÇÃO DOS


NASCIMENTOS ÓBITOS

EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA

A evolução da População nas restantes partes do mundo - Situação Demográfica


Contemporânea

O crescimento e a variação da população (variação dos efectivos) constituem o aspecto


central da Demografia. Em 1987 a população mundial atinge um valor de 5 milhares de
milhão de pessoas quando em 1950 existiam apenas 2,5 milhares de milhão de seres
humanos. Isto significa que, em pouco mais de uma geração, a população mundial
duplicou. Nos países mais desenvolvidos a população passou de 830 para 1.190

37
milhões, aumentando 40% e a dos países menos desenvolvidos passou de 1,7 para 3,8
biliões de habitantes aumentando assim cerca de 120%.

O crescimento do conjunto dos países menos desenvolvidos ultrapassou, durante os


anos sessenta, o ritmo de 2,5% por ano, e, ao mesmo tempo, o do conjunto dos países
mais desenvolvidos decaiu abaixo de 1% sendo o crescimento anual da população
mundial mantido abaixo dos 2% durante as décadas de sessenta e setenta (5).

Evolução da População Mundial (DC)

População Período de duplicação da


Datas Mundial População Mundial
(Milhões) (Anos)
Ano 0 250 ----
1650 500 650
1830 1000 180
1930 2000 100
1960 3000 75
1980 4000 50
2000 6000 40
Fonte: Adaptado de Chesnais, J.C., La population du monde - De
l’antiquité à 2050, Ed. Bordais, 1991, Paris.

As fontes e a qualidade dos dados da população mundial são diferentes de região para
região e de país para país.
Em muitos países, nomeadamente em alguns países de África, o primeiro
recenseamento da população ocorreu nos anos 70, graças aos esforços nesse domínio
por parte das Nações Unidas. Nestes países o recenseamento depara-se com enormes
problemas: sub-administração, dificuldades de comunicação, analfabetismo das
populações, ausência quase total de tradição na recolha e tratamento dos dados da
população. Contudo se os recenseamentos, muito recentes em África, estão ainda longe

38
de serem perfeitos, o demógrafo não está por isso completamente desprovido de
informação sobre a população dessas zonas. Existem alguns meios para apreciar os
erros, e em alguns casos, corrigi-los. Assim o que se passará com a população mundial?
Uma forma de a conhecer será fazendo o somatório das populações recenseadas ou
estimadas para cada país. A estimativa global da população do mundo dependerá,
naturalmente, dos dados disponíveis e do seu valor ou rigor, ou em estimativas
nacionais e/ou das correcções efectuadas. Contudo a informação disponível relativa à
população mundial estará longe de constituir um todo homogéneo, tanto em números
absolutos como em rigor da informação.

A desigualdade de distribuição da população mundial é impressionante. A China e a


Índia agrupam só por si 37% da população mundial, e se juntarmos a população dos
Estados Unidos da América, da Indonésia, do Brasil e da Rússia, estes seis países
reúnem 51% do total da população mundial. Os vinte países mais populosos reúnem
72% do total da população do planeta.

População por Continentes (em milhões)

Anos 1700 1800 1900 1950 1990


Região
Europa 95 146 295 392 498
URSS 30 49 127 180 289
América do Norte 2 5 90 166 276
América Latina 10 19 75 166 448
Ásia 433 631 903 1377 3113
África 107 102 138 222 642
Oceânia 3 2 6 13 26
TOTAL 680 954 1634 2516 5292
Fonte: Adaptado de Chesnais, J.C., La population du monde - De l’antiquité à 2050, Ed.
Bordais, 1991, Paris.

Duas características interessam particularmente para compreender a dinâmica


demográfica: são elas o sexo e a idade das populações. Na Ásia Meridional, na América
Latina e sobretudo na África temos uma população jovem em que a pirâmide etária
aparece com uma silhueta piramidal bastante acentuada, larga na base e estreita no topo.

39
Por outro lado na Europa, na América do Norte, na União Soviética e na Oceânia
podemos observar outro perfil diferente de pirâmide etária de população mais idosa,
estando neste caso a base diminuída em relação à parte central. As razões desta situação
serão analisadas mais adiante.

Em África, actualmente, mais de 45% da população tem menos de 15 anos e somente


52% tem entre 15 e 65 anos.

Países mais populosos em 1990 e projecções para 2025 (em milhões) considerando
o território existente em 1990
PAÍSES 1900 PAÍSES 2025
China 1140 China 1650
Índia 853 Índia 1420
URSS 290 URSS 367
Estados 251 Nigéria 338
Unidos 189 Estados 313
Indonésia 150 Unidos 255
Brasil 124 Indonésia 246
Japão 119 Brasil 219
Nigéria 115 Bangladesh 213
Bangladesh 115 Paquistão 154
Paquistão 89 México 128
México 79 Japão 112
Alemanha Etiópia
Fonte: Adaptado de Chesnais, J.C., La population du monde - De l’antiquité à 2050, Ed.
Bordais, 1991, Paris.

Fazer o ponto da situação demográfica em África, sobretudo, a SubSaariana, seria difícil


até há somente quinze anos atrás. As informações disponíveis então eram raras e de
qualidade duvidosa, mas no conjunto a situação actual melhorou. Com a excepção do
Chade, todos os países têm um ou dois recenseamentos já efectuados e um bom número
de países já programa o recenseamento seguinte. Entre 1975-1982, cerca de uma dezena
dos países da região Africana realizou “inquéritos nacionais de fecundidade” no quadro
do inquérito mundial de fecundidade. Por outro lado, cerca de quinze países efectuou,
desde 1984, um inquérito “Demografia-saúde” e foram realizados mais outros cinco
inquéritos de mortalidade, de migrações e outros. Considerando que, embora a situação
tenha melhorado, não é ainda uma situação confortável em termos de informação sobre

40
a população. Assim, não se dispõe de praticamente nenhuma série cronológica e a
qualidade dos dados é por vezes duvidosa, a análise das informações e a difusão dos
resultados é também insuficiente.

Contudo, estes problemas não são só próprios de África, mas são aqui, particularmente
graves. Apesar dos progressos reais, a África, na sua região subsaariana, permanece
estatisticamente como a região mais mal conhecida do mundo.

Dentro dos países em desenvolvimento, a maioria dos países Latino Americanos já


passou ou está a passar pela etapa transaccional de fecundidade (ver teoria da transição
Demográfica, mais à frente) .

Os países africanos na sua maioria, ainda mantém níveis de fecundidade altos, assim
como alguns países asiáticos.
A taxa bruta de natalidade revela o impacto dos nascimentos no crescimento de uma
população, mas não se refere ao número de filhos das mulheres. Para isto necessitamos
de analisar o índice sintético de fecundidade.

O índice sintético de fecundidade indica que as mulheres dos países menos


desenvolvidos quando completam o seu período reprodutivo (quando atingem a
menopausa, ao redor dos 50 anos) têm em média mais dois filhos e as africanas mais
quatro filhos do que as dos países mais desenvolvidos. A incidência do
desenvolvimento económico sobre a fecundidade e a natalidade é muito complexa.

Se desenharmos o panorama das forças que animam o movimento natural da população,


fecundidade e mortalidade, encontramos uma grande diversidade. Durante a período
1990-95, a fecundidade do conjunto da população mundial, dava uma média de 3.2
filhos por mulher. Esta média cobre realidades bem diferentes. Constatámos que nos
países desenvolvidos esta média baixa para 1.8 enquanto nos países em
desenvolvimento aumenta para 3.6.

Fazendo o contraste com a homogeneidade dos países industrializados, os países em


desenvolvimento oferecem situações extremamente variadas. À escala das grandes
regiões, a heterogeneidade é também importante.

41
Enquanto na Ásia Oriental o número médio de filhos por mulher (1.9) não é mais
elevado do que na Europa, em África, este é três vezes maior (5.8), enquanto ocupa uma
posição intermediária na Ásia Meridional (3.9) e na América Latina (3.1).

Certos países, como Cuba, Singapura e Hong Kong, têm uma fecundidade comparável
com a da Europa Ocidental (o número de filhos por mulher é inferior a 2). Na outra
extremidade da escala, certos países árabes ou africanos ultrapassam os sete filhos por
mulher: Yémen, Oman, por um lado, Etiópia, Somália, Uganda, Mali, Nigéria, Benin,
Angola, Malawi, por outro. Certos países vivem ainda hoje, uma situação de
fecundidade natural, com sete ou oito filhos por mulher. Neste contexto, só o celibato
ou a esterilidade natural, . o aleitamento materno ou os tabus contradizem a expressão
de fecundidade máxima.

Os países em desenvolvimento são caracterizados por elevadas taxas de fecundidade,


observando em simultâneo um crescimento demográfico extremamente rápido,
conduzindo, se nada mudar, a uma duplicação da sua população em 25 anos. O
crescimento natural, entendido como a balança entre a natalidade e a mortalidade, vai
ainda aumentar durante uma dezena de anos. O equilíbrio tradicional que resultava de
uma natalidade e de uma mortalidade elevadas provocando crescimento lento rompeu-
se: a mortalidade baixou sensivelmente desde os anos 1950, mas, contrariamente ao que
se passou nos países desenvolvidos, a natalidade não se alterou. O resultado aritmético é
o aparecimento de um ritmo de crescimento populacional acelerado.
Existem contudo diferenças profundas entre países, entre regiões dentro dos países ou
entre grupos sociais. Por outras palavras, a transição demográfica (declínio da
mortalidade seguido do da fecundidade) está mais ou menos avançada consoante as
zonas ou os grupos de países considerados.

Centrando-nos apenas no contexto africano, verificamos que as desigualdades, em


termos de mortalidade, são significativamente importantes, entre meios de habitat
(urbano e rural), entre grupos sociais ou consoante o nível de instrução. As diferenças
são claramente menos fortes em matéria de fecundidade.

42
Deste rápido crescimento demográfico, resultam duas grandes consequências imediatas:
a extrema juventude das populações africanas e as grandes densidades populacionais em
certas regiões.
Quatro grandes componentes conduzem à dinâmica de todo o sistema demográfico: a
mortalidade, as migrações, a nupcialidade e a fecundidade.

Em África, como em todo o mundo, a mortalidade baixou sensivelmente durante os


últimos trinta anos: a esperança de vida média dos africanos (ao sul do Saara) passou de
36 anos em 1950, para 50 nos dias de hoje.

As grandes causas de morte não se alteraram substancialmente e podemos encontrar


ainda hoje no topo da lista, as doenças infecciosas nomeadamente, as doenças
diarreicas, o sarampo, as infecções respiratórias agudas, o tétano, o paludismo, etc. A
esta situação associa-se uma má nutrição crescente, com inúmeras consequências, e o
aparecimento de novas doenças como é o caso da SIDA. Contudo a disponibilidade
terapêutica e os meios de luta contra estas doenças poderiam reduzir substancialmente o
número de óbitos por estas causas, sem contudo termos uma situação controlada pois
existem em associação as questões sócio económicas e outras de âmbito complexo.

Outro aspecto são as migrações que ocupam desde há muito tempo um lugar central na
vida das comunidades africanas. Estas migrações, constituem, talvez, a primeira
componente das estratégias de sobrevivência comunitárias ou familiares. As migrações
internas, que são essencialmente movimentos do meio rural para o meio urbano e a
capital, conduzem a uma aceleração do ritmo de urbanização de África, para além de
trazerem problemas complexos no que respeita à saúde das populações.

Em África o casamento é considerado como um fenómeno social importante, tendo uma


ocorrência bastante precoce sendo quase universal, sendo como consequência
fundamental a fecundidade: em geral as mulheres casadas muito novas, permanecem
casadas até ao fim do período fecundo, desempenhando assim um papel fundamental na
natalidade. O divórcio e a viuvez são, em geral, frequentes, mas enquanto a mulher
estiver em idade fecunda, são seguidos rapidamente de um novo casamento. Neste
contexto a força reprodutora é usada na sua função quase-máxima. Apesar destas

43
características em África podem encontrar-se ainda variadas formas de casamento e de
constituição de família.

Contudo é da evolução da natalidade/fecundidade que depende o futuro demográfico na


região. A nível mundial, a África distingue-se por uma fecundidade extremamente
elevada. Praticamente em toda a região, tem-se ainda mais de seis filhos por mulher.
Três factores explicam este nível ainda elevado das fecundidades africanas do sul do
Saara: A precocidade e universalidade do casamento, uma fraca prática da contracepção
moderna e uma diminuição quase geral das durações de aleitamento materno e de
abstinência sexual pós-parto. Com a ausência de uma compensação pela contracepção,
isto poderá mesmo conduzir a uma subida da fecundidade.
Hoje em dia, no caso particular dos países com elevados níveis de fecundidade e de
mortalidade, a evolução do crescimento populacional, e a sua estrutura por sexos e
idades, são comandados pela fecundidade.

A fecundidade é a variável responsável por uma parte do processo de evolução das


populações. A fecundidade varia no tempo, no espaço, de uma forma ainda não
suficientemente esclarecida em função de variáveis ainda não completamente
identificadas.
Nos últimos 30 anos, os países em desenvolvimento colheram benefícios significativos
do facto de terem dispensado melhores e mais amplos cuidados de saúde de base, dos
quais resultou uma descida das taxas de natalidade e mortalidade, um aumento da
esperança de vida e uma redução da mortalidade infantil. Todavia, continuam a existir
grandes diferenças entre os países e as regiões do mundo. Para muitos demógrafos, a
taxa de crescimento rápido da população dos países em desenvolvimento é um facto
preocupante e limitativo do desenvolvimento desses países.

É certo que as forças “negativas” que tradicionalmente determinaram a dimensão


elevada das famílias nas sociedades como as africanas, mantêm-se muito influentes: as
mulheres têm muitos filhos devido à taxa elevada de mortalidade infantil (quanto mais
filhos têm, maior é o número de filhos sobreviventes), os filhos são uma fonte de
riqueza (constituem uma mão-de-obra para trabalhar no campo, enriquecendo assim a
sua família), os filhos são vistos como uma segurança para a velhice dos pais; são
também um símbolo de “status”; as mulheres são condicionadas pelo marido ou pelo clã

44
familiar para terem muitos filhos e desejam filhos do sexo masculino, porque a
sociedade ou o marido o exigem, e por vezes têm de ter muitos filhos até conseguirem
ter um rapaz. Não é, portanto, unicamente a mulher que decide a dimensão da sua
família, mas igualmente o sistema de valores ou a cultura das sociedades em que elas
vivem.

Relativamente aos países mais desenvolvidos a situação da mulher no casamento e


consequentemente a sua relação com o número de filhos é diferente. Desde a década de
60/70 que se tem observado uma redução acentuada no número de filhos por casal;
devido à opção da entrada sistemática da mulher no mercado de trabalho, da
necessidade da sua projecção profissional e ainda devido aos avanços da ciência no que
diz respeito aos meios contraceptivos e acessibilidade dos serviços de saúde. Tudo isto
levou a mulher a ter outras expectativas relativas ao número de filhos e
consequentemente ao desempenho do seu papel no seio da família.
Actualmente, em grande parte dos países europeus assiste-se a uma situação em que o
crescimento da população é quase zero não havendo a substituição das gerações. Esta
situação levou a que alguns governos adoptassem uma política de incentivo à
natalidade.

Alguns dados sobre a População Mundial

Os dados sobre a população mundial são publicados com alguma regularidade através
das diversas organizações, nomeadamente: Divisão da População das Nações Unidas,
Banco Mundial, União Europeia, Conselho da Europa, Serviços Nacionais de Estatística
entre outros.

Os dados são traduzidos por onze indicadores: a superfície, população 1995, taxa de
natalidade, taxa de mortalidade, projecção para 2025, taxa de mortalidade infantil,
índice sintético de fecundidade, proporção de indivíduos com menos de 15 anos e mais
de 65 anos, esperança de vida dos homens e das mulheres, produto nacional bruto por
habitante e o produto interno bruto por habitante.

45
País ou
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Região
130
MUNDO 5 702 24 9 8 312 62 3,1 32/6 64/68 4 500 6 050
300
29
África 720 41 13 1 510 90 5,8 45/3 53/56 660 1 867
629
África
8 378 162 32 8 279 63 4,4 41/3 63/65 1 040 3 535
Setentrional
África
6 056 199 45 14 467 86 6,4 46/3 52/55 370 1 412
Ocidental
África Oriental 6 051 226 46 15 491 106 6,4 47/3 48/52 210 890
África Central 6 487 83 46 16 191 107 6,3 46/3 47/51 — 1 022
África Austral 2 657 50 31 8 83 49 4,2 38/4 62/67 2 720 4 165
38
América 774 22 7 1 081 34 2,7 29/8 69/74 7 040 —
446
América 18
293 15 9 375 8 2,0 22/13 72/79 24 340 25 087
Setentrional 380
América
2 417 126 29 5 196 37 3,5 37/4 68/74 3 090 6 839
Central
América do 17
319 25 7 460 47 3,0 33/5 65/71 3 020 6 141
Sul 421
Caraíbas 228 36 23 8 50 39 2,9 31/7 67/72 — 4 043
Ásia (s/ 30
3 451 24 8 4 939 62 2,9 33/5 64/67 1980 (3 926)
Rússia) 987
Ásia Ocidental 4 707 168 31 7 329 51 4,3 39/4 65/69 — 6 381
10
Ásia CentroSul 1 355 31 10 2 138 79 3,8 38/4 60/61 420 1 547
401
Ásia Sudoeste 4 358 485 24 8 704 53 3,2 37/4 62/64 1 070 4 071
11
Ásia Oriental 1 442 17 6 1 768 40 1,8 26/7 68/72 3 570 5 829
521
Rússia 17
147 9 16 153 19 1,4 2/11 59/72 2 350 5 000
(Federação) 068
Europa (14
5 712 581 11 11 590 10 1,5 19/14 70/77 13 881
(s/Rússia) 900)
Europa 1 650 94 13 11 99 7 1,8 20/15 73/79 18020 18 356
Setentrional
Dinamarca 42 5,2 13 12 5,3 6 1,8 17/55 73/78 26 510 21 215
Estónia 45 1,5 9 14 1,4 16 1,3 21/13 64/75 3 040 —
Filândia 304 5,1 13 10 5,2 4 1,8 19/14 72/79 18 970 16 452
Irlanda 69 3,6 14 9 3,5 6 2,0 26/11 73/78 12 580 14 421
Islândia 100 0,3 17 7 0,3 5 2,2 25/11 77/81 23 620 19 222
Letónia 64 2,5 10 15 2,4 16 1,5 21/13 62/74 2 030 —
Lituânia 65 3,7 13 12 3,9 16 1,7 22/12 65/76 1 310 —
Noruega 307 4,3 14 11 5,0 6 1,9 19/16 74/80 26 340 20 613
Reino Unido 241 58,6 13 11 62,1 7 1,8 19/16 74/79 17 970 18 294
Suécia 411 8,9 13 12 9,6 5 1,9 19/18 76/81 24 830 18 639
Europa

46
Ocidental 1 049 181 11 10 184 6 1,5 18/15 73/80 23 310 19 468
Alemanha 349 81,7 10 11 76,1 6 1,3 10/15 73/79 23 560 18 979
Áustria 83 8,1 12 10 8,3 6 1,4 18/15 73/80 23 120 19 350
Bélgica 30 10,2 12 11 10,5 8 1,6 18/16 73/80 21 210 19 242
França 550 58,1 12 9 63,6 6 1,7 20/15 74/82 22 360 19 867
Lichstein 0,1 0,03 12 6 0,04 11 1,4 19/10 — — —
Luxemburgo 3 0,4 13 10 0,4 6 1,7 18/14 73/79 35 850 26 864
Países Baixos 34 15,5 13 9 17,6 6 1,6 18/13 74 20 710 18 959
Suíça 40 7,0 12 9 7,5 6 1,5 16/15 — 36 410 22 972
Europa
Oriental 1 713 162 11 12 167 15 1,6 22/12 65/73 — 5 267
Bielorússia 208 10,3 11 13 11,3 13 1,5 22/12 64/74 2 840 4 800
Bulgária 111 8,5 10 13 7,5 16 1,4 19/14 68/74 1 160 3 747
Hungria 92 10,2 12 14 9,3 12 1,7 19/14 65/74 3 330 6 238
Moldávia 37 4,3 15 12 5,1 22 2,1 28/9 64/72 1 180 3 400
Polónia 304 38,6 12 10 41,7 14 1,8 24/11 67/76 2 270 5 768
República 79 10,4 12 11 10,7 9 1,7 21/10 69/77 2 730 (7 500)
Checa 230 22,7 11 12 21,6 23 1,4 22/11 66/73 1 120 3 004
Roménia 49 5,4 14 10 6,0 16 1,9 25/11 67/75 1 900 (7 500)
Eslovénia 603 52,0 11 14 54,0 15 1,6 21/13 64/74 1 910 3 700
Ucrânia

1 - Superfície/Milhares km2.
2 - 1995 - População no meio do ano.
3 - Taxa de natalidade/1000 habitantes.
4 - Taxa de mortalidade/1000 habitantes.
5 - Projecção da população para o ano 2025/1000 habitantes.
6 - Taxa de mortalidade infantil/1000 nados vivos.
7 - Índice sintético de fecundidade (crianças/mulheres).
8 - População < 15 anos e > 65 anos/1000 habitantes.
9 - Esperança de vida Homens/Mulheres em anos.
10 - Produto Nacional Bruto/habitante em 1993 US$
11 - Produto Interno Bruto/habitante em 1994 US$

47
A explosão demográfica: um fenómeno novo ou um velho problema com novas
características ?

A preocupação com o “excessivo número de habitantes” não é um fenómeno exclusivo


da época contemporânea, nem tão pouco a explosão demográfica observada nos dias de
hoje é um fenómeno inteiramente novo.

Em dois momentos anteriores à época contemporânea, acreditou-se que o “mundo


estava cheio” e que não havia lugar para tanta gente à superfície da terra. Quais são as
características diferentes que este fenómeno apresenta nos dias de hoje ?

A primeira grande diferença reside no facto de, globalmente, a humanidade nos aparecer
no século XX dividida em dois blocos: o dos países em desenvolvimento onde se
concentra 80 % da população mundial, com um crescimento anual médio que chega
quase aos 2 %, uma mortalidade infantil elevada, elevadas percentagens de jovens,
baixas percentagens de idosos, e um PNB per capita que raramente ultrapassa os 1000
dólares.
No bloco dos países desenvolvidos temos 20 % da população mundial, um crescimento
natural praticamente igual a zero, uma mortalidade infantil reduzida, baixas
percentagens de jovens, elevadas percentagens de idosos e um PNB per capita que é
quase vinte vezes superior.

Se a primeira grande característica deste novo “mundo cheio” é a divisão do mundo em


dois grandes blocos, a segunda é a unidade de contagem: no primeiro “mundo cheio”
era o milhão, no segundo as dezenas de milhão, no terceiro a unidade de contagem
passou a ser o milhar de milhão.

A terceira característica consiste nas unidades de tempo utilizadas na contagem: no


início da nossa era, a população mundial é estimada em 252 milhões de habitantes e em
1600 é de 578 milhões, ou seja, foi preciso esperar dezassete séculos para que a
população mundial duplicasse; nos dias de hoje a população mundial duplica cada 40 a
50 anos.

48
Finalmente, a quarta e última dimensão é a capacidade de previsão. A ciência
Demográfica, ao ter desenvolvidos as técnicas de projecção, consegue extrapolar
tendências.

Actividades propostas e questões para revisão

1. Observe as figuras nº 2, 3, 6, e 10 e quadro n1 e nº 2 do livro adoptado. Faça uma


descrição sumária dos quatro gráficos em termos comparativos quer por regiões,
quer por evolução dos números ao longo dos anos.

2. Reflicta acerca das quatro grandes dimensões que caracterizam as diferença entre a
“antiga” e a “nova” explosão demográfica. Quais poderão ser as consequências da
situação actual num futuro próximo ?

49
Indicações bibliográficas

A situação da população mundial. 1993 , Nova Iorque , FNUAP , 1993.

A situação da população mundial. 1994 , Nova Iorque , FNUAP , 1994.

Barreto, António; Preto, Clara Valadas - Indicadores da evolução social, in "A situação
social em Portugal, 1960-1995" , Lisboa , Instituto de Ciencias Sociais da U. L. , 1996.

Barreto, António - Três décadas de mudança social, in "A situação social em Portugal,
1960-1995" , Lisboa , Instituto de Ciencias Sociais da U. L. , 1996.

Barreto, António (org. de) - A situação social em Portugal, 1960-1999. Indicadores


sociais em Portugal e na União Europeia , Lisboa , Imprensa de Ciências Sociais/ICS,
2000 , v. 2 , 643p.

Ferreira, Eduardo de Sousa; RATO, Helena (coord. de) - Portugal hoje , Lisboa) ,
Instituto Nacional de Administração , 1995 , 393, 4p.

Ferrão, João - Três décadas de consolidação do Portugal demográfico "Moderno", in "A


situação social em Portugal, 1960-1995" , Lisboa , Instituto de Ciencias Sociais da UL,
1996, (p.165-190)

Gaspar, Jorge, Portugal - Os próximos 20 anos. Ocupação e organização do espaço,


Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1987.

50
III. A dinâmica global da população

A repartição geográfica e a repartição por sexo e idades

51
Objectivos do capítulo

1. Conhecer as diversas formas de calcular o ritmo de crescimento de uma população;


2. Elaborar análises regressivas e prospectivas com dados agregados;
3. Conhecer as diversas técnicas de análise das estruturas demográficas;
4. Saber o que se entende por envelhecimento demográfico;
5. Aplicar os conhecimentos adquiridos à resolução de problemas concretos.

Objectivos de aprendizagem

Depois de estudar esta unidade o aluno deve ser capaz de:

 Saber definir os seguintes conceitos: Volume populacional, tipos de crescimento ,


tempo de duplicação em anos
 Distinguir e definir os diferentes tipos de população
 Definir os conceitos de crescimento populacional, distinguindo as seguintes
situações: crescimento positivo/ negativo, ritmos de crescimento
 Distinguir os três tipos de crescimento da população
 Descrever a evolução dos volumes populacionais de uma população, com base no
cálculo de medidas de variação desses volumes: taxas de variação, taxas de
crescimento anual médio e tempo de duplicação em anos
 Saber definir os seguintes conceitos: estrutura etária, envelhecimento na “base”, no
“topo”
 Descrever a evolução da estrutura etária portuguesa
 Determinar a composição da população, segundo a idade e o sexo
 Construir e interpretar uma Pirâmide etária e distinguir os Tipos de Pirâmide de
idades
 Perceber a importância das Relações de masculinidade para explicar as Pirâmides de
Idades
 Definir grupos funcionais e calcular Índices Resumo

Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos

52
Leia o capítulo do livro recomendado. Capítulo III, páginas 101-125

Conteúdos Pág. Objectivos


3.1. Volumes, ritmos de crescimento de 102-105 Conhecer as diversas formas de
uma população e densidades calcular o ritmo de crescimento de
1º Trabalho prático resolvido 105-108 uma população;
Elaborar análises regressivas e
prospectivas com dados agregados;
Aplicar os conhecimentos
adquiridos à resolução de problemas
concretos.
3.2. As estruturas demográficas 108-118 Conhecer as diversas técnicas de
118-121 análise das estruturas demográficas;
Saber o que se entende por
envelhecimento demográfico;
2º Trabalho prático resolvido 121-125 Aplicar os conhecimentos
adquiridos à resolução de problemas
concretos.

Os dados em Demografia são principalmente gerados pelas actividades dos governos


centrais e suas agências ou por organizações internacionais. A quantidade e a qualidade
dos dados que se obtêm dependem, em parte, da existência de boas organizações e ainda
dos seus objectivos, embora também dependam das atitudes sociais em relação à
recolha desses mesmos dados.

As estatísticas usadas para manusear os dados são em geral taxas, razões e proporções.
Elas constituem os maiores instrumentos básicos da Demografia formal. Elas permitem
fundamentalmente comparações eliminando diferenças devido a tamanhos diferentes de
população.

53
As taxas são o instrumento de medida mais usado em análise demográfica. Por
definição, uma taxa mede a frequência de um fenómeno numa população durante um
período de tempo determinado. Qualquer que seja a duração do período, uma taxa tem
sempre uma dimensão anual.

Uma taxa é simplesmente qualquer número dividido por qualquer outro número.

Exemplo: a taxa de mulheres é a relação da população total de mulheres (numa dada


população) a dividir pelo total da população. Geralmente a fórmula é
mulheres/população total x 100. Outro exemplo: a taxa de mulheres em relação aos
homens será o número de mulheres a dividir pelo número de homens numa dada
população. Geralmente a fórmula é mulheres/homens x 100.

Na perspectiva do estabelecimento do balanço demográfico anual, o instrumento de


medida utilizado é a taxa bruta. A taxa bruta de mortalidade, por exemplo, mede a
frequência anual da mortalidade, a qual exprime também o risco médio anual de morte
para cada mil habitantes. Qualquer taxa bruta resulta do quociente entre o número de
acontecimentos (nascimentos, óbitos, migrações, casamentos) produzidos durante um
determinado período e a população média desse mesmo período. Como todas as taxas, a
taxa bruta tem uma dimensão anual, o que significa que os acontecimentos, mesmo
quando relativos a períodos inferiores ou superiores a um ano – devem sempre ser
reduzidos a essa unidade temporal.

Uma razão é usada livremente em Demografia, como em outras situações similares, e


pode causar alguma confusão. Em sentido estrito o numerador da razão é o número de
acontecimentos, tais como nascimentos ou óbitos, que ocorrem num determinado
período de tempo. Aqui o denominador é o número de “pessoas ano expostas ao
fenómeno considerado” durante o período em causa. O aspecto mais importante a
considerar é que o período de tempo tem que ser aqui especificado. As razões em
Demografia são usadas a maior parte das vezes por períodos de um ano. Isto significa
que o número de pessoas/ano expostas ao fenómeno pode geralmente ser aproximado à
população existente no meio do ano. Por exemplo, considerando a razão anual de
mortalidade, cada pessoa que sobrevive num ano completo, contribuirá um ano para o
número total de anos expostos ao fenómeno, enquanto que aquelas pessoas que morrem

54
durante o ano, só contribuirão para uma fracção desse mesmo ano. Esta fracção será, em
média, metade do ano se as pessoas morrerem ao longo do tempo. O número total de
anos expostos ao fenómeno será o somatório destas fracções que são o contributo
daqueles que sobrevivem, ou seja, a média da população total durante um ano que
contribui para o total da exposição ao fenómeno durante um ano.

Assim a média da população será normalmente aproximada à população total no meio


do ano. Isto explica porque é que as estatísticas que os serviços produzem anualmente
são calculadas em relação ao meio do ano em vez do início do ano.

Devemos ainda chamar à atenção que muitas medidas que são comumente designadas
de fracções em Demografia são estritamente taxas, proporções ou outros índices. Ex:
“fracção de literação” será a proporção da população que é literata enquanto que a “taxa
bruta de nascimento” é realmente uma taxa porque inclui no seu denominador os idosos,
as crianças e homens, nenhum deles em risco de dar à luz uma criança.

Uma proporção será um tipo especial de taxa na qual o numerador está incluído no
denominador isto é : Proporção = (x/x+y). Por exemplo a proporção da população do
sexo feminino será o número de mulheres dividido pelo total de homens e mulheres em
conjunto. A proporção pode variar entre 0,0 e 1,0. Esta medida é, em geral, expressa em
percentagem que se obtém multiplicando o valor obtido por cem.

Tipos de População

Tipo Progressivo - que apresenta um número crescente de nascimentos ano a ano.


Tipo Regressivo - que apresenta um número decrescente de nascimentos ano a ano.
Tipo Estável - que apresenta leis invariáveis de mortalidade e fecundidade, segundo a
idade, o que traduz uma taxa de nascimento constante e uma estrutura por idades
invariável.
Tipo Estacionário - que apresenta uma taxa de crescimento nulo.

População Fechada - quando a estrutura é mantida ou alterada apenas pelos nascimentos


e óbitos, isto é, não afectada por migrações exteriores. Neste caso as modificações são

55
de três tipos: aumento através dos nascimentos, diminuição através dos óbitos, e
envelhecimento de todos os sobreviventes.
A estas modificações, acrescem, no caso de uma População Aberta (quando está sujeita
a fenómenos migratórios): as entradas de indivíduos de diferentes idades, as saídas de
indivíduos de diferentes idades.

Os ritmos de crescimento

Ao longo do tempo o número de habitantes de um determinado espaço modifica-se.


O número de pessoas que estão presentes num determinado espaço territorial define-se
como volume populacional. Uma população não tem sempre o mesmo número de
habitantes, evoluí a um determinado ritmo (que pode ser diferente consoante os
períodos):
 Se o crescimento for positivo (crescimento positivo): a população está a aumentar
 Se o crescimento for negativo (crescimento negativo): a população está a diminuir
 Se o crescimento for nulo (crescimento zero): a população está na mesma.

A dinâmica da população está dependente de três acontecimentos relevantes:


nascimentos, óbitos e mobilização da população. A alteração do volume populacional é
resultado do efeito combinado de dois factores: saldo natural (diferença entre
nascimentos e mortes) e o saldo migratório (diferença entre o número de pessoas que
entraram e saíram do espaço territorial em análise)
A taxa de crescimento anual médio (TCAM) e o tempo de duplicação em anos da
população estão dependentes destes fenómenos e principalmente dos dois primeiros.

Suponhamos uma população que num momento 0 é P0, num momento 1 é P1, num
momento 2 é P2… num momento n é Pn e que cresce a uma taxa a. Para se medir o
ritmo de crescimento de uma população existem fundamentalmente três processos: o
contínuo, o aritmético e o geométrico.

Se o crescimento for contínuo temos:


Pn=P0 e an (e = 2,718282)
Ln (Pn/P0)= an ou a= (ln (Pn/P0))/ n

56
Se o crescimento for aritmético temos:
a= (Pn - P0) / (P0 x n)

Se o crescimento for constante ou geométrico temos:


Pn=P0(1+a)n onde a = ritmo de crescimento que é o que quero conhecer:
Log(1+a) n
nLog(1+a)
Pn=P0(1+a) n
Pn/P0=(1+a) n
Log Pn/P0 = Log (1+a) n
Log Pn/P0 = nLog (1+a)

Nota: O Log pode ser facilmente calculado na máquina de calcular, bastando accionar a
função Log.
O resultado a lê-se “Em média por ano cresceu x”. Se multiplicarmos a por 100, a*100,
lê-se “Por ano, por cada 100 indivíduos aumentou (ou diminuiu ou manteve-se) x, em
média anual entre P0 e P1”.

Tempo de duplicação em anos

Com base na lógica do cálculo da taxa de crescimento geométrica podemos calcular o


tempo de duplicação em anos. Se a taxa a é uma taxa de crescimento constante, ao fim
de quantos anos n duplicará a população ? Assim temos
n=log 2/log (1+a)

Análise das Estruturas Demográficas

Uma população é composta por um conjunto de pessoas, as quais não se distribuem de


forma idêntica pelas várias características. Isto significa que, o número de homens não é
igual ao número de mulheres, que o número de pessoas com estado civil de casados,

57
solteiros, viúvos ou divorciados é diferente, que o número de pessoas nas idades jovens,
activas ou idosas não é semelhante, etc.

Em termos demográficos existe um traço particularmente importante desse perfil, que é


a composição da população segundo a idade ou também designado por estrutura
etária.

Os efectivos de uma população são o número de indivíduos que compõem essa


população. Esses efectivos são identificados nos recenseamentos.

A Densidade populacional

A distribuição geográfica pode ser avaliada pelo conhecimento de densidade de


população, isto é, o número de habitantes por Km2 (Hab/Km2). Este valor, porém,
tomado em relação ao total da área estudada, pode não traduzir a verdadeira distribuição
da população, pois esta encontra-se mais aglomerada em certas zonas e mais dispersa
noutras. Esta situação é traduzida pelo coeficiente de localização.

Para estudar a densidade populacional é conveniente dividir o território em zonas mais


pequenas - no caso de um país, podem adaptar-se as divisões administrativas, no caso
de uma cidade, podem considerar-se os bairros, etc.

A população pode ainda distribuir-se por aglomerados rurais e urbanos. A primeira


reside isolada no campo ou em pequenos núcleos. A segunda vive nas cidades ou em
povoações de certa importância. Geralmente estes dois grupos comportam hábitos,
profissões, exigências e atitudes diferentes.

Sob o ponto de vista estatístico é necessário distinguir os aglomerados urbanos e rurais.


Centro urbano - é designada uma localidade, qualquer que seja a categoria legal (cidade,
vila, etc.) que, na sua área urbana demarcada pela Câmara Municipal respectiva conta
com 10 000 ou mais habitantes.

58
A Densidade é a População por quilómetros quadrados (KM 2). Calcula-se: nº de
habitantes / Km2.

A repartição por sexo e idades (Pirâmide de idades, Relações de Masculinidade,


Grupos Funcionais e Medidas Resumo)

Os recenseamentos dão a conhecer o estado de uma população num determinado


momento do tempo. Conhecer o estado da população remete para a sua caracterização,
segundo diferentes critérios, como sejam o estado civil, a actividade económica, o grau
de instrução, o lugar de residência, etc. A consideração e qualquer um desses critérios
conduz à definição de diferentes sub-populações da população: população casada,
população activa, população analfabeta, população urbana, etc.
Mas as categorias primordiais de qualquer população são rigorosamente duas: a idade e
o sexo. A bi – polarização entre população masculina e população feminina traduz
diferenças de género essenciais do ponto de vista demográfico, que decorrem de
clivagens incontornáveis não apenas biológicas – em particular, no que concerne à
procriação – mas também sociais e culturais.

Quanto à importância da idade, ela decorre essencialmente de dois aspectos:


1) a acção permanente do tempo provoca mudanças das características dos indivíduos e
da população, que condicionam as suas aptidões e capacidades (efeito de idade).
2) Os comportamentos e o significado sócio-demográfico de cada classe etária variam
consoante as épocas (efeito de geração).

As Pirâmides de idades

Trata-se de um duplo histograma, formado por uma ordenada comum (vertical)- que
representa as idades (aniversários) – e duas abcissas, que representam os efectivos,
respectivamente do sexo masculino (à esquerda) e do sexo feminino (à direita).
Existem três grandes tipos de pirâmides de idade:

59
1. Em Acento Circunflexo - populações jovens

Esta Pirâmide tem uma base larga, que diminui rapidamente conforme se avança para
idades mais avançadas. É uma pirâmide típica de países com uma forte natalidade e
mortalidade- descreve, sobretudo, populações de países em vias de desenvolvimento.

2. Em Urna - muita população a meio da pirâmide

Neste caso tratam-se de populações onde se assiste a uma progressiva quebra da


fecundidade. Nestes casos, a base da pirâmide mantém-se como a parte mais reduzida
do gráfico, embora apresente um retraimento em relação a evoluções anteriores. Nestes
casos, a pirâmide toma o formato de uma urna e é típica dos países desenvolvidos
durante os primeiros anos de uma baixa pouco significativa da fecundidade.

60
3. Em Ás de Espadas - população envelhecida

Este gráfico assume a forma de um às de espadas ou maçã, pois a parte mais larga da
pirâmide corresponde às idades intermédias. Face À diminuição da fecundidade, a
natalidade acaba por cair para valores muito baixos e a base da pirâmide diminui – a
representatividade dos idosos na população torna-se superior À dos jovens. Nestes
casos, os níveis de natalidade já estão muito baixos e, por isso, a base da pirâmide é
alimentada com menos indivíduos, o que provoca o seu estreitamento – trata-se do
envelhecimento na base da pirâmide.
Por outro lado, a mortalidade também é baixa o que causa o alongamento das classes
correspondentes aos idosos – trata-se do envelhecimento no topo da pirâmide.

61
Estrutura Etária da população

A distribuição da população por sexo e idade é registada na altura dos recenseamentos


da população. Os efectivos da população masculina e feminina, são dados por cada ano
de idade, constituindo uma informação exaustiva de base.

Como não é prático trabalhar a informação assim apresentada, convencionou-se agrupar


as idades em classes, para facilitar a leitura e a análise dos dados.

A OMS recomenda os seguintes agrupamentos para fins gerais:

 1 ano, de ano a ano até aos 4 anos inclusivé, por grupos de cinco anos, desde os 5
anos aos 84 anos, de 85 e mais.

O efectivo de cada grupo de idades (absoluto ou relativo) é representado por um


rectângulo cuja área é proporcional ao efectivo respectivo. Quando a distribuição por
idades é dada por classes de igual intervalo, a construção do gráfico não oferece dúvida,
pois as bases do rectângulo correspondem à amplitude das classes e o comprimento aos
efectivos correspondentes.

Sempre que a distribuição por idades é feita em grupos etários de diferentes amplitudes,
torna-se necessário reduzir os efectivos a uma unidade comum.

Exemplo:
Idades Efectivos masculinos Efectivos femininos
0 X Y
1-4 X+1 Y +1

62
5-9 X+2 Y+2
10 - 14 X+3 Y+3

Assim temos:
A altura ou base do rectângulo que corresponde ao número de anos ou do grupo de
idade considerado.

O comprimento do rectângulo que corresponde ao efectivo E do grupo de idade


considerado dividido pelo intervalo de classe, isto é, E/N. A área do rectângulo é igual
ao produto do comprimento pela altura.

Deve-se sempre complementar uma pirâmide de idades com o cálculo das relações de
masculinidade por grupos de idade.

Para se comparar 2 pirâmides de idades ou 2 populações deve-se:


 comparar no tempo
 comparar no espaço

A construção das pirâmides de idades tem como base os grupos de idades consideradas
e os sexos correspondendo aos rectângulos referidos. Convencionou-se que os efectivos
do sexo masculino figuram à esquerda do eixo e os efectivos do sexo feminino à direita
do eixo do gráfico.

PIRÂMIDES DE IDADE (estruturas relativas e grupos de idades quinquenal)

1º -Calcula-se a estrutura etária relativa - sexos separados:


Divide-se a população (sexos separados) de cada grupo de idades pelo total da
população (sexos reunidos) e multiplica-se cada resultado por 100.
Grupos de Homen Mulhere Homens Mulheres
Idade s s (%) (%)
0–4 30 25 2,0 1,7
5–9 25 22 1,7 1,5
..
..

63
75 – 79 10 14 0,7 0,9
80 + 15 25 1,0 1,7
Total 1500 100 100

No caso do último grupo de idade (aberto), se os seus valores forem superiores aos do
grupo fechado anterior dividem-se esses valores por 2 até se obterem valores
dificilmente representáveis.
Objectivo: não deformar o topo da pirâmide.

Grupos de idades Homens Mulheres


(Anos) (%) (%)
80 -84 0,5 0,9
85 - 89 0,3 0,4
90+ 0,2 0,4

2º -Conta-se o número de G.I que se vão considerar


(no caso: do GI de 0 - 4 ao GI de 90 e mais anos existem 19 GI )

3º -Verifica-se qual a percentagem (%) máxima obtida


(por hipótese 6%)

4º -O eixo das abcissas (horizontal) é constituído por dois sub-eixos:


à esquerda (sexo masculino), à direita (sexo feminino)
(cada sub-eixo vai variar de 0% a 6%)
e fixa-se uma medida a atribuir a cada variação de 1% (por exemplo 1 cm)

5º -Traça-se a base, deixando um espaço para o corredor central (onde se irão


colocar os Grupos de Idade).

6º - A altura da pirâmide deve ser encontrada após a aplicação do seguinte


princípio: altura = 2/3 da base. (altura = 2/3 *12cm ou seja = 8cm)

7º - Determina-se a escala a atribuir a cada grupo de idades dividindo-se a altura


total pelo número de grupos de idade considerados.

64
(8cm/19 GI = 0,4cm - Se se considerar 0,5 cm para cada GI a altura total da pirâmide
(9,5 cm) continuará menor que a largura da base).

8º - Por fim, traça-se o eixo vertical e representa-se, para cada GI (sexos


separados), as % correspondentes, sendo o comprimento de cada rectângulo
proporcional a essas percentagens.

Pirâmides Etárias

Os Gráficos seguintes mostram as pirâmides de etárias do Algarve e do Continente, nos


Recenseamentos de 1981 e 1991.

Como se pode observar através da largura da base das pirâmides, o Continente apresenta
uma população mais jovem do que o Algarve. As pirâmides do Algarve, apresentam
uma forma mais quadrada, denotando uma população em envelhecimento. Pelo
contrário, a forma de acento circunflexo, indicia uma população em crescimento.

Em ambos os casos, a diminuição das taxas de natalidade é evidente no afunilamento


das pirâmides, em 1991, nas classes dos 0 aos 15 anos.

65
FONTE: INE - Recenseamento Geral da População

Os Gráficos seguintes mostram as pirâmides etárias de Portugal Continental para 1981 e


1991.

FONTE:INE – Recenseamento geral da população

66
Em análise demográfica, quando se quer ter uma visão rápida da evolução ou da
diversidade das estruturas, opta-se por compactar a informação segundo determinados
critérios. O mais importante é o da idade, ou seja, concentra-se num reduzido número de
grupos a totalidade da informação, tornando mais funcional a análise: são os grupos
funcionais.

A população passa a estar dividida em três grandes grupos etários, sexos separados ou
reunidos:

Jovens - J 0 -19 ou 0 - 14
Activos - A 20 - 59 ou 15 - 64
Idosos - I 60+ ou 65+

No grupo de menos de 15 anos, existe um escasso potencial produtivo, e grande


consumo de bens.

No grupo dos 15 aos 64 anos, grupo considerado economicamente activo em que


geralmente a sua produção excede o consumo.

O grupo dos 65 e mais anos, com uma produtividade reduzida, mas ainda com um
menos índice de consumo comparado com o 1º grupo.

A importância relativa do primeiro grupo, mede o grau de envelhecimento da


população.

Uma vez decomposta uma estrutura demográfica em grupos funcionais, torna-se


necessário proceder à sua manipulação no sentido de os transformar em indicadores que
resumam a informação existente numa repartição por sexos e idades: são os índices-
resumo.

Índices Resumo

67
 Percentagem de jovens: (pop. 0-14 anos/ população total) x 100
 Percentagem de “potencialmente activos”: (pop. 15-64 anos/ população total) x 100
 Percentagem de idosos: (pop. 65 e + anos/ população total) x 100
 Índice de Juventude: (pop. 0-14 anos/ população 65 e + anos) x 100
 Índice de Envelhecimento: (pop. 65 e + anos/ pop. 0-14 anos) x 100
 Índice de Dependência de Jovens : (pop. 0-14 anos/ população 15-64 anos) x 100
 Índice de Dependência de “Idosos” : (pop. 65 e + anos/ população 15-64 anos) x
100
 Índice de Dependência Total: (pop. 0-14 anos e 65 e + anos/população 15-64 anos)
x 100

Na análise da estrutura etária das populações devem calcular-se certas relações entre
efectivos, não só para observar a sua evolução ao longo dos anos, mas também para
avaliar certas implicações sócio-económicas.

Actividades propostas e questões para revisão

1. Diga o que entende por “crescimento” da população.


2. No final do ano de 1981 a população portuguesa cifrou-se em 9 833 000 indivíduos
e, dez anos depois, em 1991, esse valor foi de 9 862540 indivíduos. Com base nestes
dados, calcule:
a) A taxa de crescimento anual média, para a década de oitenta. Interprete o
resultado obtido.
b) O tempo de duplicação em anos. Interprete o resultado obtido.

1. Com base nos dados apresentados no quadro seguinte (população portuguesa,


distribuída por grupos etários quinquenais, para 1991 – sexos separados e reunidos):

Grupos
Homens Mulheres HM
etários
0-4 278679 544309
5-9 331337 646161

68
10-14 398620 781933
15-19 428240 845588
20-24 386651 765248
25-29 359556 726628
30-34 340986 694606
35-39 321775 661076
40-44 307655 634519
45-49 271665 569623
50-54 265623 559346
55-59 263265 562041
60-64 245150 533325
65-69 211990 470049
70-74 149226 344747
75-79 109813 271089
80 + 86544 256859
4 756
Total 9 867 147
775

a) Preencha a coluna do efectivo de mulheres.


b) Calcule a percentagem de jovens, de pessoas em idade activa e idosos (sexos
reunidos)
c) Calcule, para os sexos reunidos, o índice de envelhecimento, a relação de
dependência total, a relação de jovens. Interprete cada um dos resultados obtidos.
d) Construa a pirâmide de idades e o gráfico das relações de masculinidade. Comente
as figuras obtidas.

2. Observe o seguinte quadro :


Índices 1981 1991
% de Jovens 25,5 20,0
% pop. Idosa Activa 63,0 66,4
% de Idosos 11,4 13,6
Índice de Envelhecimento- IE (%) 44,9 68,1
Relação de Dependência dos Jovens –
40,5 30,1
RDJ (%)
Relação de Dependência dos Idosos – 18,2 20,5

69
RDI (%)
Relação de Dependência Total – RDT
58,6 50,6
(%)

a) Comente a evolução destes índices na década de oitenta.

Indicações bibliográficas

Nazareth, J. Manuel, A demografia portuguesa no século XX: principais linhas de


evolução e transformação. Análise Social, 21 (87-88-89), 1985.

Nazareth, J. Manuel, Princípios e Métodos de Análise da Demografia Portuguesa,


Lisboa, Editorial Presença, 1988.

Pressat R. Pratique de la demographie. Dunod, Paris, 1967.

Torres A. Demografia e desenvolvimento: elementos básicos. Colecção Trajectos


Portugueses, Editora gradiva, Lisboa, 1996.

INE. Recenseamento Geral da População, 1981.

INE. Recenseamento Geral da População, 1991.

Nazareth, J. Manuel, A demografia portuguesa no século XX: principais linhas de


evolução e transformação. Análise Social, 21 (87-88-89), 1985.

Nazareth, J. Manuel, Princípios e Métodos de Análise da Demografia Portuguesa,


Lisboa, Editorial Presença, 1988.

70
Nunes AB. A evolução da estrutura por sexos, da população activa em Portugal-
um indicador do crescimento económico. Análise Social, vol. XXVI (112-113),
1991.

Torres A. Demografia e desenvolvimento: elementos básicos. Colecção Trajectos


Portugueses, Editora gradiva, Lisboa, 1996.

71
IV. Fontes e testes à qualidade dos dados

72
Objectivos do capítulo

1. Conhecer as características fundamentais e o conteúdo dos principais sistemas de


informação existentes em Portugal, na Europa e no mundo;
2. Identificar as vantagens e os inconvenientes de cada um dos sistemas de informação
demográfica, tendo em consideração as necessidades de dados de uma investigação
em análise demográfica;
3. Conhecer as principais técnicas de análise da qualidade dos dados demográficos, e
aprender a escolher essas técnicas em função dos sistemas de informação utilizados;
4. Aplicar os conhecimentos adquiridos à resolução de alguns problemas concretos.

Objectivos de aprendizagem

Depois de estudar esta unidade o aluno deve ser capaz de:


 Enumerar as várias fontes de dados em Demografia
 Distinguir os recenseamentos das Estatísticas demográficas
 Testar a qualidade dos dados

Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos

Leia o capítulo do livro recomendado. Capítulo 4: páginas 126 – 159

Conteúdos Pág. Objectivos


4.1. Os sistemas de Informação 128-138 Conhecer as características
demográfica fundamentais e o conteúdo dos
principais sistemas de informação
existentes em Portugal, na Europa e
no mundo;
Identificar as vantagens e os
inconvenientes de cada um dos
sistemas de informação
demográfica, tendo em consideração
as necessidades de dados de uma

73
investigação em análise
demográfica;
4.2. A análise da qualidade da 138-145 Conhecer as principais técnicas de
informação análise da qualidade dos dados
demográficos, e aprender a escolher
essas técnicas em função dos
sistemas de informação utilizados;
149-159 Aplicar os conhecimentos
3º Trabalho prático resolvido adquiridos À resolução de alguns
problemas concretos.

Fontes – Tipos de dados em Demografia

Os elementos brutos da Demografia são os dados recolhidos nos censos, em estudos,


nos registos dos vários sistemas, etc.
Estes dados podem ser apresentados de muita maneira, mas sobretudo, em duas formas
fundamentais.

Em primeiro lugar temos os dados recolhidos dos censos da população ou inquéritos


semelhantes ao censo. O censo produz o registo das pessoas num dado momento, ou
seja, produz uma informação “fotográfica” transversal da população existente, o seu
tamanho, a sua estrutura, como ela é observada no momento do censo. As comparações
dentro de um censo, ou entre censos, envolvem em geral, quer números absolutos quer o
cálculo de proporções.

Segundo, existem dados normalmente recolhidos pelos registos dos diferentes sistemas.
Os dados produzidos são o registo dos acontecimentos durante um determinado
intervalo de tempo, em geral um ano. Os dados são essencialmente dinâmicos na sua
natureza, porque fornecem informação no decorrer do tempo.
Devido a que o número de nascimentos, óbitos, movimentos da população, ou outros
acontecimentos, ocorrem durante um período, são afectados pelo número de pessoas
“em risco”, de ser “um nascimento”, um “óbito”, uma “migração”, etc. Sendo comum,
nesse contexto, serem calculadas taxas de ocorrências, permitindo comparações de

74
níveis de mortalidade, fertilidade, mobilidade, etc. em vez de somente o número de
nascimentos, de óbitos ou de migrações.

Tendo em conta que alguns desses dados podem conduzir a enviezamentos, a recolha de
dados demográficos têm que ser hierarquizados e explicitados pois eles influenciarão os
modos de análise restringindo as possibilidades de algumas análises.

Introdução

Poucos são os dados que são recolhidos principalmente com fins demográficos. A maior
parte deles são produzidos para, ou como, produto de actividades administrativas
levadas a cabo ou controladas pelos governos ou agências internacionais e onde os
demógrafos têm pouco controle do modo preciso como eles são recolhidos, agregados
ou apresentados. Contudo estes dados são utilizados pois geralmente são os que estão
disponíveis.

A origem dos dados para análise demográfica são os registos vitais, os censos, os
controles de migração, as campanhas de saúde pública, os programas de controle da
população, os inquéritos especiais, entre outros.

Os Recenseamentos

O recenseamento é um conjunto de operações baseadas em registos individuais, que


permitem conhecer todo (universalidade) o efectivo populacional de um território numa
data precisa (simultaneidade), com detalhes sobre a repartição dessa população por
unidades administrativas e segundo um número mais ou menos vasto de características
(sexo, idade, residência, profissão).
Devem respeitar uma determinada periodicidade (de 10 em 10 anos no caso de
Portugal).
Os censos existem fundamentalmente para ajudar o planeamento, especialmente o
aprovisionamento e regulamentação dos serviços básicos (água, vias de comunicação e
outros serviços, por exemplo). Na maior parte dos países democráticos a distribuição da
população, dada pelo censo, também determina o nível de representação eleitoral e a
possibilidade do padrão de recursos do governo central. Muitas das intervenções do

75
governo, no campo da saúde e da segurança social, produzem dados demográficos, que
em geral resultam de dados do programa de avaliação dessas intervenções.
Determinados inquéritos muitas vezes orientados com um objectivo bem determinado,
também são fonte de dados demográficos que são, mais ou menos, independentes do
sistema convencional.

As principais características de um censo, e que o diferencia de um inquérito, é que em


primeiro lugar ele é um registo global do total da população dentro de uma determinada
área geográfica definida. Em segundo lugar, como não envolve amostragem, cada
pessoa é enumerada separadamente. Em terceiro lugar, ele não é um exercício
voluntário e tem que ter uma base legal para o tornar compulsório e ser incluída e
providenciada a informação pretendida. Finalmente, é obrigatório ser relacionado com
um dado momento no tempo e não num período.
Um censo é uma recolha de dados sobre a população levada a cabo de uma só vez num
dado país e envolve: formulação de um questionário, planeamento e organização de
uma equipa, processamento e análise dos dados e divulgação dos resultados.
As Nações Unidas recomendam que os censos se realizem de 10 em 10 anos, de
preferência nos anos terminados em 0 e 1. O objectivo é, em primeiro lugar, obter
informação em intervalos regulares a fim de facilitar comparações ao longo do tempo e,
em segundo lugar, tentar sincronizar os censos de modo a poder comparar a informação
obtida para diferentes países. Nesse contexto, os dados devem ser publicados no período
mais curto possível após a recolha, em geral no máximo 2 anos.
A informação recolhida pelos censos pode ser variada. Deve ser suficiente para atingir
os seus objectivos de recolha de informação sobre a população e não ser muito
exaustivo para ser exequível. Contudo, o mínimo geralmente exigido é: o nome, idade,
sexo, relação com o chefe de família, estado civil, raça, religião, grupo étnico, educação,
ocupação, situação no trabalho, migração, habitação. A qualidade da informação está
geralmente relacionada com a extensão dos questionários e com a clareza das perguntas,
embora os censos envolvam uma grande complexidade logística e técnica. A maior
preocupação logística dos censos deverá ser a minimização dos erros na recolha de
informação.
Os principais erros dos censos são: cobertura incompleta da população (os sem abrigo,
nómadas, estudantes, crianças), a falta de qualidade em vez de quantidade.
(ver anexo 1- recenseamento 1991)

76
As Estatísticas demográficas de Estado Civil

São o conjunto de informações sobre os nascimentos, óbitos, casamentos, divórcios e


separações judiciais, saídas ou entradas, ocorridas num território durante um
determinado período (normalmente um ano), baseadas nos boletins de registo civil
desses acontecimentos, com detalhes sobre a sua repartição por unidade administrativa e
segundo um número mais ou menos vasto de características (sexo, idade, etc.).
O sistema de registos vitais e os controles de migração existem acima de tudo por
questões legais: a produção de certificados de nascimento e de óbito, passaportes,
cartões de identidade, certificados de autorização de trabalho, autorização de residência
e de cidadania, etc.
Na maioria dos países desenvolvidos o sistema de registo dos acontecimentos vitais
fornece a maior parte da informação dos nascimentos, casamentos, óbitos e por vezes
os dados de migração. Nos países em desenvolvimento, estes sistemas de recolha de
informação são na maior parte das vezes incompletos e por vezes nem existem, nem são
explorados com fins demográficos. Isto explica que os objectivos do registo desta
informação são essencialmente administrativos e legais e não demográficos.
(ver anexo 2- estatísticas demográfica 1990 e 1991)

Outras Fontes Demográficas

Os Inquéritos demográficos são inquéritos por amostragem baseando-se na recolha de


informações, com base numa amostra representativa do universo da população em
análise, visando aprofundar o estudo sobre uma questão demográfica particular (ex:
Inquérito português à fecundidade, que inclui variáveis como “o uso de métodos
contraceptivos, o número de filhos desejado, local de residência na infância, etc.).
Os inquéritos por amostragens usados em Demografia podem ter uma variedade de
aspectos, mas o aspecto essencial é que ele envolve uma amostra da população. A
vantagem da amostra é que ela reduz o esforço referido e por consequência o custo,
quando comparado com um censo tipo completo. No entanto, podem surgir erros de
medição. Se a amostra tiver uma base adequada, este erro pode ser medido e assim
minimizado.

77
Os inquéritos por amostras são contudo fontes importantes de dados demográficos
frente aos problemas acima mencionados do censo e do registo da informação - por ex:
a impossibilidade de fazer muitas perguntas ou perguntas complexas e, especialmente
nos países em desenvolvimento a pobre qualidade dos dados que produzem. As
vantagens dos inquéritos por amostras, para além de serem mais económicos, é que
podem ser organizados e executados de forma relativamente rápida e podem recolher
muito mais detalhes que um censo, incluindo informação de comportamentos para os
quais os entrevistadores podem ser treinados.
A sua principal desvantagem é a introdução de erros de amostragem. Isto significa que
são necessários grandes números para produzir resultados fiáveis. Do ponto de vista dos
inquéritos demográficos, a unidade de observação é o domicílio, não o indivíduo, e esta
ajuda a reduzir custos e especialmente complexidade administrativa.

Existem vários tipos de inquéritos por amostragem em Demografia:

Primeiro existem informações dos censos tipo, o que talvez substitua um censo
completo ou simplesmente o existente, fazendo uma ampla distribuição de questões
numa amostra da população envolvida. Os inquéritos designados para investigar alguns
tópicos particulares, como o uso de contraceptivos, emprego das mulheres, ou causas e
consequências da migração também caiem nesta categoria de exemplos.

Segundo, existem inquéritos retrospectivos, assim designados pois fazem perguntas


acerca de acontecimentos que aconteceram no passado. Nos países em desenvolvimento
inicialmente utilizados para reunir informação que os sistemas normalmente fornecem.
O nível das perguntas retrospectivas, grosseiramente usadas pelos demógrafos, são por
ordem de importância: número total de crianças que nasceram vivas, número de
crianças que vivem em casa, nº de crianças que saíram e morreram (usado para conferir
o número e para fazer uma estimativa da mortalidade infantil), tempo decorrido desde o
último nascimento (usado principalmente para determinar os nascimentos no último
ano), se a mãe é viva, se o pai é vivo, se o primeiro marido é vivo.
Existem ainda uma larga gama de técnicas indirectas sofisticadas, que podem servir
para a recolha de dados sobre questões específicas que deverão ser formuladas e
utilizadas de acordo com o objectivo e o grau de precisão que se pretende obter.
Outras fontes a salientar são as estatísticas de saúde e os anuários estatísticos.

78
Em conclusão, poderemos dizer que existem três grandes fontes para a recolha de dados
em Demografia (informação dos censos tipo, inquéritos por amostragem, técnicas
indirectas de perguntas por questões específicas) que não são alternativas umas das
outras, embora uma possa, eventualmente, ser usada na ausência ou deficiência da outra.

Um censo é mais ou menos essencial para fornecer uma base de dados sem o qual o
sistema de registo ou um inquérito por amostra é menos útil. Nos países em
desenvolvimento, os inquéritos por amostragem podem investigar determinados
aspectos deficientes nos censos e dar mais fiabilidade à informação disponibilizada pela
má qualidade fornecida por esses censos.
Os censos, ou inquéritos dos censos tipo, geralmente produzem informação da
população existente num determinado momento no tempo; enquanto que os sistemas de
registos vitais produzem informação em fluxos, números ou acontecimentos que
ocorrem ao longo do tempo. Estes últimos podem também ser obtidos indirectamente
através de perguntas retrospectivas em inquéritos e censos ou por inquéritos
prospectivos. Ambos os tipos de dados são largamente usados, frequentemente em
combinação e em análise demográfica.

Qualidade dos dados - testes elementares à qualidade dos dados

A Relação de Masculinidade dos nascimentos

Depois de termos analisado as principais fontes demográficas vejamos agora a questão


da qualidade dos dados.

A relação de masculinidade dos nascimentos permite testar a qualidade das estatísticas


de estado civil. Inicialmente concebido para avaliar a qualidade de registo dos
nascimentos, este teste revelou-se um bom indicador da qualidade global dos dados
estatísticos demográficos.

Este indicador relaciona o número de nascimentos masculinos por cada 100


nascimentos femininos, ou seja

79
(nascimentos masculinos/ nascimentos femininos) x 100

É a relação dos nascidos vivos masculinos com os nascidos vivos femininos realizados
num determinado período. Permite ver se existem ou não erros ao nível dos registos dos
nascimentos (desequilíbrios ao nível dos registos dos sexos).

Como funciona este teste? Sabemos que nos países com boa qualidade de estatísticas
demográficas a relação de masculinidade dos nascimentos anda à volta de 105 (ou seja,
por cada 100 raparigas nascem 105 rapazes).
A existência de desvios acentuados, em relação a este valor, não pode ser senão a
consequência directa das flutuações aleatórias, mesmo no caso de estarmos em presença
de uma observação perfeita. Não podemos concluir logo que a qualidade dos dados é
má. Existem as flutuações que têm a ver com o número de ocorrência.
É necessário ver se deve à dimensão da população ou à má qualidade dos dados.
Em função do número de nascimentos observados é, no entanto, possível precisar o
intervalo de variação deste erro, que é devido à existência de populações pouco
numerosas. Para tal existe uma fórmula, para se encontrar o intervalo de confiança
dentro do qual os nascimentos masculinos podem variar:
Para um total de 1000 nascimentos temos, em teoria, 512 nascimentos masculinos e 488
nascimentos femininos, ou seja, uma proporção de 0,512.

Os limites do intervalo de confiança a 95% são determinados pela fórmula

0,512 + - 1,96  (0,512 x 0,488) / n , onde n é o número total de nascimentos

depois calcula-se x / (1- x)  100 e y / (1- y)  100, para encontrar os limites do


intervalo de confiança. Se o valor encontrado no cálculo das relações de masculinidade
dos nascimentos estiver incluído no intervalo de confiança, podemos afirmar que a
qualidade de registo de nascimentos é boa. Se o valor encontrado no cálculo das
relações de masculinidade dos nascimentos não estiver incluído no intervalo de
confiança pode dever-se a:

80
 má qualidade dos dados
 sobreregisto de nascimentos masculinos
 subregisto de nascimentos femininos

A preocupação de rigor, que caracteriza a Demografia e o uso frequente de estatísticas


de qualidade muito duvidosa, faz com que o demógrafo sinta a obrigação constante,
antes de iniciar qualquer análise demográfica, de testar a qualidade dos dados que vai
trabalhar e se possível, corrigi-los.
Os métodos para testar dados incompletos e incorrectos são inúmeros, sendo os mais
importantes, divididos em duas categorias:

Índice de Irregularidade das idades

Se o método anterior se destina a analisar a qualidade dos dados das estatísticas de


estado civil, este tem por fim analisar a qualidade dos dados dos recenseamentos.
Este teste serve para provar se existe ou não concentração em determinadas idades.

Trabalha-se com sexos separados

A sua elaboração é bastante simples:

 Colocam-se os efectivos das idades cuja atracção se pretende medir em numerador


(por exemplo, se pretendemos medir a atracção pelo 6 os numeradores serão
efectivos com 6, 16, 26, 36, 46, 56, 66, 76,…anos);
 No denominador, colocam-se as médias aritméticas dos efectivos dos 5 anos que
enquadram essas idades. (por exemplo, no caso dos 6 anos, soma-se a população
com 4,5,6,7,8 anos e divide-se por cinco, no caso dos 16 anos, soma-se a população
com 14,15,16,17,18 e divide-se por cinco, e assim sucessivamente);
 Partindo do princípio que as idades centrais correspondem à média dos efectivos de
5 anos que enquadram essas idades, divide-se o numerador pelo denominador em
cada caso e multiplica-se o resultado por 100;
 Obtêm-se assim diversos índices (no exemplo dado I6, I16, …) que são
representados graficamente; quando os índices obtidos têm um valor superior a 100

81
existe atracção; quando os índices obtidos têm um valor inferior a 100 existe
repulsão.

A relação entre o efectivo real e o efectivo teórico fornece-nos um índice, que à medida
que se afasta da unidade (ou de 100 se multiplicarmos por este número) demonstra a
força do arredondamento.

Exemplo: seleccionar todas as idades terminadas em 6 e aplicar a fórmula:

 Numerador- todos os indivíduos que declararam ter idades terminadas em 6 e de um


dos sexos.

 Denominador para a idade 36 = vou buscar 2 idades antes (34, 35) e 2 depois (37,
38), vou adicionar todas e dividir por 5.

Resultados possíveis:
Atracção máxima - se todos dizem que têm 36 (total de 500).
Repulsa máxima - se ninguém tem 36 (dá-nos um total de 0).
Se os valores andarem à volta de 100 podemos assumir que a qualidade é boa.

Existe ainda o Índice de Whipple que também pode ser utilizado para testar a
qualidade dos recenseamentos (para mais detalhes veja as páginas 108-109 do livro
adoptado) .

O Índice Combinado das Nações Unidas (ICNU)

Este indicador, em vez de medir a atracção por determinadas idades, mede a qualidade
global de um recenseamento. Trata-se de um instrumento muito cómodo de calcular e
que possibilita a realização de comparações interessantes no tempo e no espaço.

Em termos práticos, o ICNU calcula-se da seguinte forma:

82
 Preparam-se os dados de modo a termos uma distribuição da população por sexos e
grupos de idades quinquenais (não convém ultrapassar os 80 anos de idade);
 Calculam-se as relações de masculinidade em cada grupo de idades dividindo os
efectivos masculinos pelos efectivos femininos e multiplicando o resultado por 100;
fazem-se as diferenças sucessivas entre as diversas relações de masculinidade
obtidas, somam-se em módulo e calcula- se a diferença média para se obter o índice
de regularidade dos sexos;
 Para cada sexo calcula-se um índice de regularidade das idades; este índice
constrói-se calculando, em primeiro lugar, as relações de regularidade dividindo
cada grupo de idades pela média aritmética dos dois grupos que o enquadram;
posteriormente fazem-se as diferenças a 100 e faz-se a média das diferenças
absolutas;
 O ICNU obtém-se dando um coeficiente 3 ao obter o índice de regularidade dos
sexos e um coeficiente 1 aos dois índices de regularidade das idades.

De forma a facilitar a interpretação as Nações Unidas, sugerem uma grelha


classificativa:
< 20- Bom
20-40- Mau
> 40 – Muito Mau

A Equação de Concordância

A Equação de Concordância irá ser vista em detalhe na análise dos movimentos


migratórios. (Páginas 111-112 do livro adoptado)

83
Actividades propostas e questões para revisão

1. Veja, em anexo (anexo 2), os dados das estatísticas demográficas para 1990/91 e do
recenseamento de 1991 (anexo1).

a) Aprecie a qualidade dos dados das estatísticas demográficas.


b) Calcule o Índice Combinado das Nações Unidas no ano de 1991. Como
considera estes dados ?

84
Indicações bibliográficas

Leston Bandeira M. Demografia e modernidade. Família e transição demográfica em


Portugal, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, col. Análise Social, Lisboa, 1996

Nazareth, J. Manuel, A demografia portuguesa no século XX: principais linhas de


evolução e transformação. Análise Social, 21 (87-88-89), 1985.

Nazareth, J. Manuel, Princípios e Métodos de Análise da Demografia Portuguesa,


Lisboa, Editorial Presença, 1988.

Serrão J. Fontes da demografia portuguesa, Livros Horizonte, Lisboa, 1973.

Torres A. Demografia e desenvolvimento: elementos básicos. Colecção Trajectos


Portugueses, Editora gradiva, Lisboa, 1996.

85
V. Os Princípios de Análise Demográfica e o Diagrama de Lexis

86
Objectivos do capítulo

1. Compreender o funcionamento do diagrama de Léxis;


2. Identificar os Princípios Gerais de Análise Demográfica;
3. Aplicar os Princípios Fundamentais de Análise Longitudinal;
4. Aplicar os Princípios Fundamentais de Análise Transversal;
5. Aplicar os conhecimentos adquiridos à resolução de alguns problemas concretos.

Objectivos de aprendizagem

Depois de estudar esta unidade o aluno deve ser capaz de:


 Distinguir as noções de acontecimento e de fenómeno
 Conhecer e descrever os princípios gerais da análise demográfica
 Compreender a utilidade e as funções de um diagrama de lexis
 Representar os efectivos no diagrama de lexis

Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos

Leia o capítulo do livro recomendado. Capítulo V, páginas 160- 187

Conteúdos Pág. Objectivos


5.1. O diagrama de Lexis 161-163 Compreender o funcionamento do
diagrama de Lexis
5.2. Princípios Gerais de Análise 163-165 Identificar os Princípios Gerais de
Demográfica Análise Demográfica
5.3. Princípios de análise longitudinal 165-171 Aplicar os Princípios Fundamentais
de Análise Longitudinal
5.4. Princípios de análise em transversal 171-178 Aplicar os Princípios Fundamentais
de Análise Transversal
4º Trabalho prático resolvido 179-187 Aplicar os conhecimentos
adquiridos à resolução de alguns
problemas concretos

87
Princípios Gerais de Análise Demográfica

Vamos ver quais são os princípios de análise demográfica: os princípios gerais da


análise demográfica são seis (análise longitudinal, análise transversal, “estado puro”,
“estado perturbado”, acontecimentos renováveis e acontecimentos não renováveis).
A Demografia, ao analisar fenómenos e ao recolher acontecimentos pode ser definida
como a ciência que estuda determinados fenómenos a partir dos acontecimentos.

O “estado puro” e o “estado perturbado“

Em termos de observação temos 2 tipos:


1. Observação em estado puro: Só o acontecimento aliado do resto. Por exemplo, só a
mortalidade, isolada dos outros fenómenos.
2. Observação em estado perturbado: Combina as variáveis, mortalidade,
migrações.

Definição de alguns termos


Acontecimentos Fenómenos
Nascimentos Natalidade
Óbitos Mortalidade
Migrações/ Movimentos
Migrantes Migratórios
Casamentos Nupcialidade

Acontecimentos renováveis e acontecimentos não renováveis

Acontecimentos renováveis: podem transformar-se em não renováveis.


Exemplos: casamento - 1º casamento, nascimentos - 1º filho

Acontecimentos não renováveis. Exemplo: morte

Efectivos : Número de indivíduos que fazem parte de um mesmo acontecimento.

88
Coortes : Conjunto de indivíduos submetidos ao mesmo acontecimento de origem
durante um mesmo período de tempo.
Uma geração é uma coorte de nascimentos, conjunto de pessoas que nasceram no
mesmo período. Uma coorte de casamentos é uma “promoção”.

Análise transversal e análise longitudinal

Análise Longitudinal ou por coortes: Se tivermos uma coorte, acompanha-se durante


um longo período, apanhando vários momentos do tempo.
Significa observar os acontecimentos ao longo da vida dos indivíduos, o que envolve
necessariamente vários anos de calendário.

Análise Transversal ou análise do momento: Um período/momento do tempo


(normalmente um ano civil). Caracteriza-se um momento do tempo que contém
múltiplas coortes.
A análise transversal permite transformar a informação de acontecimentos em
fenómenos. Por exemplo: taxa “x” = acontecimentos/população média
(pop.1+pop.2/2)*100

Idade exacta e anos completos: Unidades de tempo e em fracções. Por exemplo: 26


anos, 1 mês e 3 dias.
Uma criança que tem 3 anos e 6 meses tem 3 anos completos, o que significa estar entre
3 e 4 anos exactos.

O Diagrama de Lexis

Este diagrama, inventado pelo estatístico alemão Lexis, é um instrumento de trabalho


imprescindível em análise demográfica. A sua descrição permitir-nos-á exemplificar os
conceitos atrás expostos, isto é, as definições de idade, de ano de observação, de coorte,
de análise transversal e de análise longitudinal.

89
O diagrama de Lexis é um precioso instrumento de análise demográfica, na medida em
que permite repartir os acontecimentos demográficos por anos de observação e
geração. Permite visualizar os acontecimentos e os efectivos.

Este diagrama constitui-se do seguinte modo:


1. eixo das idades: em ordenada;
2. eixo do tempo (anos de observação): em abcissa;
3. eixo das gerações (linhas de vida): em diagonal;
4. superfícies (quadrados e triângulos): onde devem ser inscritos os acontecimentos;
5. linhas: onde devem ser inscritos os efectivos observados num dado momento;
6. momentos de observação (instantânea, continua, retrospectiva) no cruzamento dos
três.

Conforme se pode observar na figura (figura nº 11, página 115 do livro adoptado),
trata-se de um diagrama onde no eixo OX (abcissas) se marcam os anos civis (1940,
1941, 1942, ...) e no eixo OY (ordenadas), se marcam as idades dos indivíduos.
Em seguida, no eixo OX, levantam-se linhas verticais nos pontos que marcam
simultaneamente o terminus de um ano civil e o início do próximo - são as rectas do 31
de Dezembro ou do 1º de Janeiro; depois no eixo OY, a partir dos pontos que marcam
as idades 0 (o momento do nascimento), 1 (1º aniversário), etc... traçam-se paralelas ao
eixo OX, que são as rectas das idades exactas.

Obtém-se assim uma figura com uma espécie de quadrados iguais onde as linhas
horizontais são as rectas das idades exactas e as verticais são os 31 de Dezembro ou os
1º de Janeiro.

90

Como podemos verificar, temos dois tipos de leituras, em anos exactos e anos
completos:

 Se estamos a observar os acontecimentos numa geração, durante um ano civil, temos


sempre 2 anos completos.
 Se estamos a observar os acontecimentos durante um ano completo e durante um ano
civil, tal implica a existência de duas gerações.
 Se estamos a observar os acontecimentos numa geração, durante um ano completo,
implica ser necessário a observação durante 2 anos civis.

91
Actividades propostas e questões para revisão

1. Coloque no diagrama de Lexis que está disponível em anexo 3, a seguinte


informação:
 Pessoas nascidas em 1960: 4 000
 Pessoas nascidas em 1960, falecidas em 1960, aos 0 anos completos: 200
 Pessoas nascidas em 1960, falecidas em 1961, aos 0 anos completos: 100
 Pessoas nascidas em 1960, falecidas em 1961, aos 1 anos completos: 40
 Pessoas nascidas em 1959, falecidas em 1961, aos 1 anos completos: 30
 Pessoas nascidas em 1960, falecidas em 1962, aos 1 anos completos: 25
 Pessoas nascidas em 1961, falecidas em 1962, aos 1 anos completos: 20
 Pessoas nascidas em 1960, falecidas em 1962, aos 2 anos completos: 28
 Pessoas nascidas em 1960, falecidas em 1963, aos 2 anos completos: 25
 Pessoas nascidas em 1960, falecidas em 1963, aos 3 anos completos: 17
 Pessoas nascidas em 1960, falecidas em 1964, aos 3 anos completos: 16
 Pessoas nascidas em 1961, falecidas em 1961, aos 0 anos completos: 210
 Pessoas nascidas em 1961: 4200
 Pessoas nascidas em 1961, falecidas em 1962, aos 0 anos completos: 105

E responda às seguintes questões:


a) Qual será a população com 0 anos completos, na geração de 1960, em 31 de
Dezembro de 1960 ?
b) Qual será a população com 1 anos completo, na geração de 1960, em 31 de
Dezembro de 1961 ?
c) Quantos são os sobreviventes da geração de 1960 no 1º ano exacto?
d) A que gerações pertencem as pessoas falecidas aos 1 anos completos em 1961 ?
e) A que gerações pertencem as pessoas falecidas aos 45 anos completos em 1962 ?
f) A que gerações pertencem as pessoas falecidas em 1965 no grupo 0-4 anos
completos ? E no grupo 5-9 anos completos ?
g) A que gerações pertencem as pessoas falecidas em 1962, 1963, 1964 e 1965
pertencentes ao grupo 0-1 anos completos ?
h) A que gerações pertencem as pessoas falecidas em 1962, 1963 e 1964 pertencentes
ao grupo 50-54 anos completos ?

92
Indicações bibliográficas

Nazareth, J. Manuel, A demografia portuguesa no século XX: principais linhas de


evolução e transformação. Análise Social, 21 (87-88-89), 1985.

Nazareth, J. Manuel, Princípios e Métodos de Análise da Demografia Portuguesa,


Lisboa, Editorial Presença, 1988.

Torres A. Demografia e desenvolvimento: elementos básicos. Colecção Trajectos


Portugueses, Editora gradiva, Lisboa, 1996.

93
VI. Instrumentos de análise da mortalidade

94
Objectivos do capítulo

1. Conhecer a lógica e o processo de cálculo das taxas Brutas de Mortalidade enquanto


medida elementar da mortalidade geral e compreender as razões das suas limitações
enquanto instrumento de análise;
2. Conhecer as precauções a ter em conta na utilização dos sistemas de informação
demográfica disponíveis em Portugal e na Europa;
3. Conhecer e saber calcular as medidas de mortalidade infantil, mortalidade por meses
e por causas;
4. Saber construir as tábuas de mortalidade e analisar o significado das diversas funções
que integram este instrumento de medida da mortalidade geral;
5. Aplicar os conhecimentos adquiridos à resolução de alguns problemas concretos.

Objectivos de aprendizagem

Depois de estudar esta unidade o aluno deve ser capaz de:


 Analisar a evolução global no número de óbitos e do contributo das várias causas
para esse valor total
 Distinguir modelos e estruturas
 Relatar a evolução recente da mortalidade em Portugal
 Calcular adequadamente medidas de determinação dos níveis de mortalidade (geral,
infantil)
 Interpretar as relações entre os níveis de mortalidade e as idades
 Construir uma tábua de mortalidade e interpretar os valores obtidos para cada uma
das funções da tábua.

Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos

Leia o capítulo do livro recomendado. Análise da mortalidade – cap. VI pp 188- 221

Conteúdos Pág. Objectivos

95
6.1. As Taxas Brutas de Mortalidade 190-194 Conhecer a lógica e o processo de
enquanto medidas da mortalidade geral cálculo das taxas Brutas de
Mortalidade enquanto medida
elementar da mortalidade geral e
compreender as razões das suas
limitações enquanto instrumento de
análise;
Conhecer as precauções a ter em
conta na utilização dos sistemas de
informação demográfica disponíveis
em Portugal e na Europa
6.3. A medida de mortalidade em grupos 197-203 Conhecer e saber calcular as
específicos medidas de mortalidade infantil,
mortalidade por meses e por causas
6.4. O princípio da translação: a 203-210 Saber construir as tábuas de
construção das tábuas de mortalidade mortalidade e analisar o significado
das diversas funções que integram
este instrumento de medida da
mortalidade geral;
5º Trabalho prático resolvido 214-221 Aplicar os conhecimentos
adquiridos à resolução de alguns
problemas concretos

A Mortalidade

A sua característica principal durante o século XX foi o seu declínio. Mas esse declínio
não se fez observar em todos os países ao mesmo tempo, e nos países em que isso
aconteceu não declinou com a mesma velocidade nos diversos tipos de grupos que
integram as estruturas sócio - demográficas.
Na realidade podemos afirmar que anteriormente à época contemporânea, a mortalidade
era bastante elevada por seis razões principais: fomes, subnutrição, guerras, epidemias,
pestes e ausência de condições sanitárias.

96
A identificação destes factores permitiu uma imediata explicitação das principais causas
do declínio da mortalidade:
 Factores educacionais
 Factores sanitários
 Factores médicos
 Factores económicos
 Factores sociais

Estes factores contribuíram para que a mortalidade declinasse de tal forma que a
esperança de vida mais do que duplicou. Mas esse declínio não foi igual em todo o
mundo. Daí a diversidade de situações que encontramos. A razão dessa divergência
deriva do facto de nos países desenvolvidos todos os factores enunciados anteriormente
terem concorrido para o declínio da mortalidade, ao passo que na maior parte dos países
não desenvolvidos o declínio observado tem sido devido a factores médicos e sanitários.
A mortalidade não é democrática. Existe uma enorme desigualdade perante a morte.
Mas a evolução tem sido muito positiva, sobretudo ao nível do declínio da mortalidade
infantil.

As Taxas Brutas de Mortalidade enquanto medidas elementares da mortalidade


geral

São medidas muito elementares: consiste em dividir o total de óbitos num determinado
período (um ano) pela população média existente nesse mesmo período.

Exemplo : País não desenvolvido País desenvolvido


óbitos 9 076 730670
População média/ habitantes 1 428 082 61 283 600
T.B.M. 9076/1 428 082 * 1000 = 6,36 %0
T.B.M. 730670/61 283 600*1000= 11,92 %0

A Taxa Bruta de Mortalidade é um instrumento grosseiro que isola muito


rudimentarmente os efeitos de estrutura, ou seja, não tem em conta a estrutura etária da

97
população. Apesar de ser rudimentar devemos ter em conta algumas precauções: fazer
coincidir a população média com a população de um recenseamento.
Os dois factores intervenientes nas taxas brutas são o modelo e as estruturas. A taxa
bruta é a soma de produtos das estruturas relativas de cada idade pelas taxas nessas
mesmas idades. Como ao conjunto das taxas por idade se chama o modelo do
fenómeno, a taxa bruta pode ser redefinida como uma resultante da interacção entre o
modelo e a estrutura. Em linguagem de análise demográfica temos: TBM (1990)=
Px(1990) * tx (1990)
As diferenças em Portugal no período 1950-90 tanto pode provir dos tx (modelos) como
dos Px (estruturas). Variações entre modelos significa a existência de diferentes riscos
de mortalidade; diferenças entre estruturas (maior ou menos envelhecimento
demográfico) são alheias à análise da mortalidade.

Actividade : Temos duas taxas brutas de mortalidade


TBM (1950) = 102 915/8 441 315*1000= 12,19 por mil
TBM (1990) = 103 115/9 883 400 *1000= 10,43 por mil

Segundo estes dois resultados, tivemos em 40 anos, um declínio de apenas 14 %.


Comente este resultado e explique porque o resultado foi este.

Agora observe, os quadros nº 4 e 5 (página 134) e comente as diferenças observadas.


Observe a figura nº 16 (página 135) e comente a forma em “U”.

A mortalidade por idades e por grupos de idades

Dividem-se os acontecimentos observados entre as idades exactas pela população média


existente entre essas mesmas idades.

A Taxa de Mortalidade Infantil Clássica

A taxa de mortalidade infantil está relacionada com os óbitos com menos de 1 ano de
vida. Esta taxa é um bom indicador de saúde das populações, conseguindo transmitir
qual o nível de desenvolvimento global de uma população.

98
A taxa de mortalidade infantil clássica são os

óbitos médios com menos de 1 ano (1990+1991/2) * 1000=T.M.I.C 90/91


nascimentos médios (1990+1991/2)

Exemplo:
Portugal – 1972 e 1973
Nascimentos para 1972 - 174 685
Nascimentos para 1973 – 172 324
Óbitos com menos de 1 ano para 1973 – 7726
População a ½ do ano de 1973 com menos de 1 ano – 165 300

Taxa / quociente : 7726/165 300 X 1000 = 46, 74 0/00


Taxa de Mortalidade Infantil Clássica : 7726/172 324 X 1000 = 44, 83 0/00

Podemos classificar as causas que originaram a mortalidade infantil em duas grandes


categorias: endógenas e exógenas.
De factores exógenos, que são os meios exteriores e as condições gerais da população
(doenças infecciosas, alimentação insuficiente, cuidados hospitalares insuficientes,
acidentes diversos, etc) e de factores endógenos, que têm a ver com as características
dos próprios indivíduos (deformações congénitas, traumatismos causados pelo parto,
etc). Por vezes é difícil distinguir se foi por um factor ou por outro. Existem métodos
indirectos para saber se se deveu mais a factores exógenos ou endógenos:

Mortalidade no 1º mês - factores endógenos


Mortalidade após o 1º mês - os factores exógenos têm também uma importância
decisiva.

Taxa de Mortalidade Infantil Néo-Natal- (com menos de 28 dias) e Taxa de


Mortalidade Infantil Pós Néo-Natal (de 28 a 365 dias)

99
Em populações com níveis de mortalidade infantil baixas a mortalidade infantil néo-
natal tem maior peso do que a mortalidade infantil pós néo-natal. Nessas populações, a
mortalidade infantil néo-natal explica a quase totalidade da mortalidade infantil (do 1º
ano de vida). A mortalidade pós néo-natal está intimamente associada às condições de
vida.

Exemplo:
Portugal – 1972 e 1973
Nascimentos para 1972 - 174 685
Nascimentos para 1973 – 172 324
Óbitos com menos de 1 ano para 1973 – 7726
Óbitos com menos de 28 dias para 1973 – 3647
Óbitos com 28-365 dias para 1973 - 4079
População a ½ do ano de 1973 com menos de 1 ano – 165 300

Taxa de Mortalidade Infantil Néo-natal : 3647/172324 X 1000 = 21, 16 0/00


Taxa de Mortalidade Infantil Pós Néo-natal : 4079/172 324 X 1000 = 23, 67 0/00

Tábua de Mortalidade A Esperança de Vida

A esperança de vida à nascença (idade 0) é um indicador importantíssimo de


mortalidade.

Exemplo: Esperança de vida à nascença de 70 anos é o número médio de anos que um


indivíduo nascido num determinado momento do tempo pode viver se as condições de
saúde observadas nesse momento não se alterarem ao longo do tempo.
Se as condições se alterarem, a esperança de vida não coincide com a esperança de vida
numa determinada idade ou mortalidade média.
Diz respeito a um determinado momento do tempo, mas em relação a um futuro.
É um indicador de mortalidade global - Índice de síntese. É a partir de uma tábua de
mortalidade que se encontra a esperança de vida.

100
A tábua vai transformar a informação na transversal para uma informação na
longitudinal, ou seja a transformação do que se observa num determinado momento do
tempo para uma coorte fictícia.

O Princípio da Translação: a construção das tábuas de mortalidade

Se acompanharmos a tábua de mortalidade de Portugal, sexos reunidos, no período


1980/81, as funções de uma tábua de mortalidade são as seguintes (quadro nº 7, página
144 do livro adoptado e anexo 4.a, 4.b e 4.c):

1. A primeira coluna é a das idades: as idades são apresentadas não sob a forma de
grupos etários mas nos terminais das idades exactas (0, 1,5,10, 20,25,…);
2. a segunda coluna é a função nmx; são as taxas de mortalidade entre a idade x e x+ n
3. Na terceira coluna temos a função nqx; são os quocientes de mortalidade, isto é, a
probabilidade de morte (nqx), entre a idade exacta x e a idade exacta x+n, onde n é a
amplitude dos grupos de idade.
4. Na quarta coluna temos a função nPx: Probabilidade de sobrevivência entre as
idades exactas x e x+n e que é igual a nPx=1-nqx
5. Na quinta coluna temos lx: os sobreviventes em cada idade exacta x. Para tornar
possível as comparações temporais e espaciais, aplica-se a um mesmo efectivo
(normalmente a raiz da tábua l0 =100000) a lei da mortalidade definida pelos nqx ou de
sobrevivência definida pelos nPx. Obtém-se assim os sobreviventes em cada idade
exacta x através da seguinte relação:
6. Na sexta coluna temos ndx: é a distribuição dos óbitos (tendo em conta o efectivo
inicial de 100000) por idades ou grupos de idades, entre um grupo etário e outro, por
idades exactas: ndx=lx-lx+n
7. Na sétima coluna temos nLx: é o número de anos vividos pelos sobreviventes lx entre
as idades exactas x e x+n, ou seja entre duas idades ou sobreviventes em anos
completos. Obtém-se multiplicando os efectivos médios entre idades exactas pelo
número de anos.

101
8. Na oitava coluna temos Px: é a probabilidade de sobrevivência entre dois anos
completos ou entre dois grupos de anos completos.
9. Na coluna nove temos Tx: É uma função anos de vida intermédia. Começa-se pelo
fim da tábua, soma-se de baixo para cima. È o total de anos vividos pela coorte (fictícia)
depois da idade x. Como nLx é o número de anos vividos entre as idades exactas x e
x+n, para obter o total de anos vividos basta somar os nLx.
10. A coluna dez é a esperança de vida ex : É a esperança de vida na idade x, ou seja o
número médio de anos que resta viver às pessoas que atingiram a idade x. Quando x=0,
temos a esperança de vida à nascença, ou seja, o número total de anos vividos desde o
nascimento, dividido pelo efectivo inicial

e0= T0, ou seja, ex = Tx


l0 lx

Vamos agora construir uma tábua de mortalidade:


O ponto de partida de uma tábua de mortalidade é o cálculo das taxas de mortalidade
por grupos etários e sexos separados.
É necessária a informação sobre óbitos por grupos etários, efectivos por sexos
separados.

1º : Calcula-se as taxas de mortalidade por grupos de idade (nTx) mantendo 5 casas


decimais - é o ponto de partida da tábua de mortalidade.

2º: nqx. Quocientes de mortalidade, isto é, a probabilidade de morte (nqx), entre a


idade exacta x e a idade exacta x+n; no seu cálculo utiliza-se a seguinte fórmula:
nqx=2n * nTx
2+n*nTx

onde n é a amplitude dos grupos de idade.

Exemplos:
1q0= T.M.I.C.= óbitos - 1 ano 90/91
nascimentos 90/91

102
O 1q0 é a verdadeira Taxa de Mortalidade Infantil.

4q1= 2*4*0.00092
2+4*0.00092

Isto, se a taxa de mortalidade do grupo etário 1- 4 for 206(204+208/2)/223244


(população do censo de 91) = 0.00092.

5q5=2*5*0.00048 = 0.0048 = 0.0024


2+5*0.00048 2.0024

Isto, se a taxa de mortalidade do grupo etário 5 - 10 (5T5) for 0.00048

No caso do último grupo de idades, nqx é igual à unidade, uma vez que todas as pessoas
terão necessariamente que desaparecer.

3º nPx
Probabilidade de sobrevivência entre as idades exactas x e x+n e que é igual a
nPx=1-nqx
No caso do último grupo de idades, nPx é igual a 0, visto que ninguém irá sobreviver.

4º lx
Sobreviventes em cada idade exacta x. Para tornar possível as comparações temporais e
espaciais, aplica-se a um mesmo efectivo (normalmente a raiz da tábua l0 =100000) a
lei da mortalidade definida pelos nqx ou de sobrevivência definida pelos nPx.
Obtém-se assim os sobreviventes em cada idade exacta x através da seguinte relação:

lx+n=1x*nPx
l0=100000
4l1= lx+n= lx*nPx

5º ndx
É a distribuição dos óbitos (tendo em conta o efectivo inicial de 100000) por idades ou
grupos de idades, entre um grupo etário e outro, por idades exactas: ndx=lx-lx+n

103
6º nLx
É o número de anos vividos pelos sobreviventes lx entre as idades exactas x e x+n, ou
seja entre duas idades ou sobreviventes em anos completos. Obtém-se multiplicando os
efectivos médios entre idades exactas pelo número de anos.

Exemplo:
Se tivermos 20 alunos no inicio do ano lectivo e no final do ano, os mesmos 20 alunos,
viveram-
se 20 anos: (20 (partida) + 20 (chegada)) *1=20
2
Se forem 5 anos, foram vividos 100 anos.
Se partirem 20 e chegarem 10, ao fim de um ano = 20+10/2=15*1=15

Ao nível dos primeiros anos de vida não se verifica a linearidade da função de


sobrevivência, obtendo-se uma aproximação mais exacta através das seguintes
expressões:

1L0=K’’ l0 + K’ l1
4L1=K’’ l1 + K’ l5 , onde K’’= 0.05 e K’= 0.95
Para as restantes idades, exceptuando a 1ª e a 2ª (0-1 e 1-4), se eu tenho L5 e L10 e se
quero saber o nº médio de anos vividos calculo
nLx = (lx+lx+n) * n (amplitude)
2

Os diversos nLx ao serem considerados como o número de anos vividos pelos


sobreviventes entre as idades x e x+n, podem também ser considerados como os
sobreviventes em anos completos.
Quanto ao último nLx (l80+9 obtém-se através da seguinte expressão:

Lk+ = Tk, L80+ = l80/T80+

104
7º Px
É a probabilidade de sobrevivência entre dois anos completos ou entre dois grupos de
anos completos:

Px = nLx + n
nLx

No primeiro grupo de idade teremos

Pb = 5L0____ = 1L0 + 4L1


5* l0 5*100000

5P5 = 5L5____
1L0 + 4L1

O último não se calcula e o penúltimo (75-79) = T80+/T75

8º Tx
É uma função anos de vida intermédia. Começa-se pelo fim da tábua, soma-se de baixo
para cima.
È o total de anos vividos pela coorte (fictícia) depois da idade x. Como nLx é o número
de anos vividos entre as idades exactas x e x+n, para obter o total de anos vividos basta
somar os nLx.

Assim temos

w
Tx   nLx O último Tx (ou Tk), que é igual a Lk+, obtém-se através da seguinte
x

expressão:
lk
Tk  onde mk+ é a taxa de mortalidade do último grupo de idades.
mk 

105
9º ex
É a esperança de vida na idade x, ou seja o número médio de anos que resta viver às
pessoas que atingiram a idade x. Quando x=0, temos a esperança de vida à nascença, ou
seja, o número total de anos vividos desde o nascimento, dividido pelo efectivo inicial

e0= T0, ou seja, ex = Tx


l0 lx

Obtém-se assim o número médio de anos vividos desde o nascimento.

106
Actividades propostas e questões para revisão

1. Observe os seguintes dados para Portugal:


Grupos Grupos Populaçã Populaç
Óbitos Óbitos
de de o ão
1949/52 1959/62
idades idades 1950 1960
1 19277 18106 1 174855 187739
1-4 9426 5956 1-4 714859 713671
5-9 1528 1012 5-9 798678 851145
10-14 928 599 10-14 799693 839400
15-19 1551 691 15-19 810964 747225
20-24 2279 920 20-24 761703 705209
25-29 2256 1102 25-29 681256 673194
30-34 1905 1324 30-34 541099 637452
35-39 2301 1593 35-39 567333 591184
40-44 2721 1734 40-44 524737 499411
45-49 3148 2585 45-49 460041 510724
50-54 3628 3584 50-54 390566 481429
55-59 4412 4649 55-59 331777 409026
60-64 5985 5984 60-64 294239 334019
65-69 7408 7949 65-69 229976 264150
70 + 34162 40056 70 + 359539 444419
8 889
Total 102915 97844 Total 8 441 315
397

Nota: 1949/52: Nascimentos 1949 =208712, Nascimentos 1952= 205163


1959/62: Nascimentos 1959 =213062, Nascimentos 1962= 213895

a) Aprecie a evolução da mortalidade através das TBM no período 1950-60.


b) Calcule a taxa de mortalidade infantil em 1950 e 1960.

2. Observe o quadro nº 7 (página 144).


a) Interprete a tábua de mortalidade
b) Descreve as seguintes colunas: nqx, lx, nPx
c) Comente a esperança de vida ex

3. Observe as figuras nº 18, 19, 20 e 21 (páginas 145 e 146).

107
a) Compare nqx para 80 e 92. Interprete o resultado.
b) Compare nlxx para 80 e 92. Interprete o resultado.
c) Compare nPx para 80 e 92. Interprete o resultado.
d) Compare ex para 80 e 92. Interprete o resultado.

108
Indicações bibliográficas

O progresso das nações. 1994 , New York , UNICEF , 1994 , 54p.

Carrilho, Maria José - Tábuas abreviadas de mortalidade, 1941-1975 , Lisboa , Instituto


Nacional de Estatística , 1980 , 124p. , (Estudos; 56)

Michalowski, Margaret - Mortality patterns of immigrants. Can they measure the


adaptation , Ottawa (Canada) , Ed. A. , 1990 , 22, 9p.

Pinto, Maria Luís Rocha - Crises de mortalidade e dinâmica populacional nos séculos
XVIII e XIX na Região de Castelo Branco. Anexos , Lisboa , s.n. , 1993 , v. 1 e v2.

Rodrigues, Teresa Maria Ferreira - Lisboa no século XIX. Dinâmica populacional e


crises de mortalidade. Anexos , Lisboa , Faculdade Ciencias S. Humanas da U.N.L. ,
1993.

109
VII. Instrumentos de análise da Natalidade, Fecundidade e

da Nupcialidade

110
Objectivos do capítulo

1. Conhecer a lógica do cálculo das taxas Brutas de Natalidade, enquanto medidas


elementares de análise;
2. Conhecer as precauções a ter em conta no cálculo das taxas brutas de natalidade,
bem como as limitações deste instrumento de medida;
3. Aplicar o conceito de taxa às Taxas de Fecundidade Geral;
4. Conhecer alguns tipos particulares de fecundidade;
5. Saber aplicar as principais técnicas de análise da fecundidade: a Descendência
Média, a Taxa Bruta de Reprodução, a Idade Média de Fecundidade e a variância;
6. Saber aplicar as técnicas de análise da nupcialidade;
7. Aplicar os conhecimentos adquiridos à resolução de alguns problemas concretos.

Objectivos de aprendizagem

Depois de estudar esta unidade o aluno deve ser capaz de:

 Definir os conceitos de Natalidade, Fecundidade, Fertilidade


 Relatar a recente evolução dos nados-vivos e dos níveis globais de natalidade e de
fecundidade em Portugal e calcular os respectivos indicadores
 Determinar os níveis de procriação através do cálculo do Índice Sintético de
Fecundidade e da Taxa Bruta de Reprodução
 Interpretar as relações entre níveis de fecundidade e idades

Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos

Leia o capítulo do livro recomendado. Capítulo VII, páginas 222- 252

Conteúdos Pág. Objectivos


7.1. As Taxas Brutas enquanto medidas 223-229 Conhecer a lógica do cálculo das
elementares de análise da natalidade e da taxas Brutas de Natalidade,
fecundidade enquanto medidas elementares de
análise;

111
Conhecer as precauções a ter em
conta no cálculo das taxas brutas de
natalidade, bem como as limitações
deste instrumento de medida;
Aplicar o conceito de taxa às Taxas
de Fecundidade Geral
7.2. Tipos particulares de natalidade e 229-231 Conhecer alguns tipos particulares
fecundidade de fecundidade
7.4. O princípio da translação 237-238 Saber aplicar as principais técnicas
de análise da fecundidade: a
Descendência Média, a Taxa Bruta
de Reprodução, a Idade Média de
Fecundidade e a variância
7.5. Análise da nupcialidade e do 238-241 Saber aplicar as técnicas de análise
divórcio: as taxas brutas enquanto da nupcialidade;
medidas elementares de análise

6º Trabalho prático resolvido 246-252 Aplicar os conhecimentos


adquiridos à resolução de alguns
problemas concretos.

A Natalidade/ fecundidade

Tal como acontece com a mortalidade, a característica principal da natalidade no século


XX é o seu declínio, declínio esse que é em geral posterior ao da mortalidade. Em
muitos países não desenvolvidos esse declínio ainda não ocorreu ou está ainda no início
do processo.
Nos países não desenvolvidos, o declínio, quando já ocorreu, é relativamente recente. A
África, no conjunto do continente, tem os níveis mais elevados o que nos indica que na
maior parte dos países africanos o declínio da natalidade ainda não ocorreu.
Ao observarmos as diferenças entre as regiões, facilmente nos damos conta de que
existe uma grande diversidade de situações; nos restantes continentes, além de valores
globais bastante mais baixos, as diferenças deixam de ser tão acentuadas.

112
Como consequência, desenvolveram-se estudos para procurar as causas do declínio da
natalidade. Mas a procura dessas causas não é tão simples como no caso da mortalidade.
Se nesta última podemos encontrar uma variável global - as condições gerais de saúde -
com diferentes variáveis específicas, o mesmo não acontece com a natalidade, onde
existem vários factores bastante diferenciados responsáveis pela sua evolução: factores
biológicos, relações sexuais, leis e costumes, divórcio, viuvez e abstinência,
contracepção e aborto, factores económicos, factores sociais, factores culturais,
urbanismo e escolaridade.
A fecundidade não é alheia ao meio. Existem determinantes directos e indirectos que
influem na fecundidade. A educação/escolaridade é um determinante indirecto da
fecundidade enquanto que os métodos contraceptivos são determinantes directos.

Taxa bruta de natalidade

Exemplo:
Nascimentos População total : 9 862 540
1990 1991
116 383 116 415
T.B.N. = (116 383 + 116 415) /2 * 1000 = 11.8 %0 em 1990/91
9 862 540
T.B.N. = nascimentos * 1000
população total (média)

Actividade: Temos duas taxas brutas de natalidade


TBN (País A- desenvolvido) = 778 526/61 283 600 *1000= 12,70 por mil
TBM (País B- não desenvolvido) = 54 043/1 428 082 *1000= 37,84 por mil

Segundo estes dois resultados, poderíamos dizer que a diferença de nível entre os dois
países seria de 198 %. Comente este resultado e explique porque o resultado foi este.

Taxa de fecundidade geral


Relaciona-se com a parcela da população de mulheres dos 15 aos 49 anos:
Exemplo:

113
Nascimentos População feminina dos 15-49: 2 479 494
1990 1991
116 383 116 415

T.F.G. = (116 383 + 116 415) /2 * 1000 = 46.9 %0 em 1990/91


2 479 494
ou seja, T.F.G. = nascimentos * 1000
mulheres 15-49

Apesar da Taxa Bruta de Natalidade e a Taxa de Fecundidade Geral serem ambas


índices rudimentares, devemos ter sempre em conta as mesmas precauções que tivemos
no cálculo da Taxa Bruta de Natalidade: sempre que possível fazer coincidir a
população média com o recenseamento e calcular as taxas em números pares de anos.

Actividade:
TFG (País A- desenvolvido) = 778 526/ 14 309 800 *1000= 54,41 por mil
TFG (País B- não desenvolvido) = 54 043/ 319 084 *1000= 169,37 por mil

Segundo estes dois resultados, poderíamos dizer que a diferença de nível entre os dois
países seria de 211 % em vez de 198 %. Compare as diferenças de nível entre os dois
países e entre os dois tipos de taxas.

Se utilizarmos a TBN estamos a subestimar a diferença em 13 %. A que se deve esta


diferença ?

Agora observe, os quadros nº 12 e 13 (páginas 165 e 166 do livro adoptado) e comente


as diferenças observadas.

Observe as figuras nº 25 e 26 (página 167 do livro adoptado) e comente a forma dos


gráficos em “chapéu”.

A taxa de fecundidade geral como resultante da interacção entre o modelo do


fenómeno e a estrutura por idades

114
Podemos decompor a T.F.G. nos seus elementos constitutivos. Podemos redefini-la
como sendo uma soma dos produtos das estruturas relativas, em cada idade (ou grupos
de idades), do período fértil das mulheres, pelas taxas nessas mesmas idades (ou grupos
de idades). A T.F.G. pode ser assim redefinida como resultante da interacção entre
estrutura e modelo:

Exemplo:
Grupos de
tx * 1000 Px Px * tx
idade
15-19 140.3 0.1387 19.46
20-24 277.6 0.1694 47.03
25-29 253.2 0.1490 37.73
30-34 182.8 0.1372 25.08
35-39 119.8 0.1371 16.42
40-44 45.6 0.1358 6.19
45-49 8.7 0.1329 1.16
153.07 =
Total - 1.0001
T.F.G.

Nota: Px é o modo como as mulheres estão distribuídas por grupos de idades. tx são os
modelos e Px as estruturas.

Quer calculando a T.F.G. pelo processo mais simples, quer por esta forma mais
complexa, o resultado é o mesmo.

Índice sintético de fecundidade

Taxa de Fecundidade Geral * 5 anos = Índice Sintético de Fecundidade ou seja,


T.F.G. *5 =I.S.F.
1º Calcula-se a média dos nascimentos (t0+t1/2), em cada um dos grupos etários
2º dividem-se pela população feminina em cada um dos grupos etários
3º multiplica-se o somatório das T.F.G. por grupos de idades por 5 que corresponde à
amplitude de cada grupo etário
Se o I.S.F. for 3 significa que, se as mulheres que entrarem no período fértil adoptarem
os comportamentos que existiam em t0/t1 terão 3 filhos.

115
Taxa bruta de reprodução e Taxa líquida de reprodução
A Taxa Bruta de reprodução é o número médio de filhas:

Taxa Bruta de Reprodução (TBR) = I.S.F. * 0.488

A Taxa líquida de reprodução entra em conta com a mortalidade, ou seja se


multiplicarmos as taxas de fecundidade geral pelas probabilidades de sobrevivência e
procedermos da mesma forma que procedemos para calcular a T.B.R., obtemos a Taxa
Líquida de Reprodução:
T.L.R. =  (T.F.G * npx)* 5*0.488

Idade média de fecundidade

Grupos de idade: 15-19 15+19/2=17.5 * Taxa


…. ….
45-49 45+49/2=47.5 * Taxa
 = IMF
IMF= (Pontos médios * ntx)/ ntx

Actividade:
Observe os quadros nº 19 e 20 (página 176 do livro adoptado). Comente e compare as
Taxas obtidas no país A e país B.

Nupcialidade e Divórcio: medidas elementares de análise

A nupcialidade não é uma variável microdemográfica autêntica na medida em que o seu


aumento ou a sua diminuição não afectam directamente a dinâmica populacional. Esta

116
variável intervém na dinâmica populacional indirectamente através da fecundidade, se
bem que, neste princípio de milénio, é cada vez mais forte a tendência para a separação
entre os comportamentos da nupcialidade e da fecundidade. O processo mais simples
que existe para medirmos o nível da nupcialidade consiste em dividir o total de
casamentos observados pela população média.

Taxa bruta de nupcialidade

Exemplo:
Casamentos: 72330 População total média: 9 675 573
T.B.Nup. = 72330/9675573 * 1000 = 7,48 %0

Outras Taxas de Nupcialidade:

 Taxa de Nupcialidade geral: casamentos/pop. com + 15 anos * 1000


 Taxa de Nupcialidade geral dos solteiros: casamentos/pop. Solteira com + 15
anos * 1000
 Taxa de Nupcialidade por idades ou grupos de idades e sexos: exemplo:
casamentos H (25-29 anos) / população H (25-29 anos)* 1000
 Taxa de Nupcialidade por ordem: casamento de ordem 1/ solteiros com + 15 anos
* 1000 ou, casamentos solteiros com 20-24 anos/ solteiros com 20-24 anos * 1000
 Taxa de segundos casamentos: casamentos de ordem 2/ viúvos divorciados * 1000
 Taxa Bruta de Divórcio: Divórcios/ população * 1000
 Taxa Bruta de Viuvez: Viúvos / população * 1000

Actividades propostas e questões para revisão

1. Defina os conceitos de Natalidade e de Fecundidade

117
2. Com base nos dados quadro seguinte relativos à população a meio do ano de 1991 e
aos nados vivos de 1991, calcule:

População
Idade das mães Nascimentos
Feminina
15-19 12888 102
20-24 19392 1099
25-29 22465 2695
30-34 22367 2047
35-39 16802 654
40-44 10904 61
45-49 5954 3
Total 110772 6662

a) A Taxa de Fecundidade Geral. Interprete.


b) As taxas de fecundidade por grupos de idade. Interprete os dados.
c) O Índice Sintético de Fecundidade e a Taxa Bruta de Reprodução. Interprete
cada um dos resultados

3. Observe os dados respeitantes à População Francesa em 1960:


Idade das População Nascimento
npx
mães Feminina s
15-19 1 700 913 37 366 0,92015
20-24 1 339 837 225 183 0,91715
25-29 1 492 444 268 780 0,91291
30-34 1 633 472 175 269 0,90786
35-39 1 636 435 87 394 0,90190
40-44 1 421 557 26 719 0,89470
45-49 1 132 994 1 344 0,88487
Total 10 357 652 822 055
População total média: 46 997 703

a) Calcule a Taxa Bruta de Natalidade


b) Calcule a Taxa de Fecundidade Geral
c) Calcule as Taxas de Fecundidade Geral por Grupos de Idades

118
d) Calcule o Índice Sintético de Fecundidade e a Taxa Bruta de Reprodução.
Interprete os resultados obtidos.
e) Calcule a Idade Média de Fecundidade.

119
Indicações bibliográficas

INE. Inquérito Português à Fecundidade. Relatório principal, vol. I e sumário dos


resultados, INE, Centro de Estudos Demográficos, Lisboa, Julho de 1980.

Mendes, Maria Filomena Ferreira Mendes. Análise Demográfica do declínio da


fecundidade da população portuguesa na década de 80. Dissertação de doutoramento,
vol. I, Universidade de Évora, Évora, 1992.

Nazareth, J Manuel. Análise regional do declínio da fecundidade da população


portuguesa (1930-70), Análise Social, volume XXIII (52), 4º, Lisboa, 1977.

120
VIII. Instrumentos de análise dos Movimentos Migratórios

121
Objectivos do capítulo

1. Identificar a especificidade dos movimentos migratórios enquanto elemento


fundamental da dinâmica de crescimento das sociedades contemporâneas;
2. Conhecer e aplicar os métodos directos de análise dos movimentos migratórios;
3. Conhecer e aplicar os métodos indirectos de análise dos movimentos migratórios;
4. Aplicar os conhecimentos adquiridos à resolução de alguns problemas concretos.

Objectivos de aprendizagem

Depois de estudar esta unidade o aluno deve ser capaz de:

 Definir migrantes e migrações


 Distinguir emigrantes de imigrantes e os diferentes tipos de migrações
 Calcular e interpretar algumas medidas frequentes sobre fluxos populacionais
 Determinar a composição da população migrante segundo vários atributos

Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos

Leia o capítulo do livro recomendado. Capítulo VIII, páginas 253-267

Conteúdos Pág. Objectivos


8.1. Os métodos directos de análise dos 255-257 Identificar a especificidade dos
movimentos migratórios movimentos migratórios enquanto
elemento fundamental da dinâmica
de crescimento das sociedades
contemporâneas;
Conhecer e aplicar os métodos
directos de análise dos movimentos
migratórios
8.2. Os métodos indirectos de análise dos 257-260 Conhecer e aplicar os métodos
movimentos migratórios indirectos de análise dos
7º Trabalho prático resolvido 262-267 movimentos migratórios;

122
Aplicar os conhecimentos
adquiridos à resolução de alguns
problemas concretos.

Os Movimentos Migratórios

Até ao presente analisámos as duas variáveis micro demográficas responsáveis pelo


movimento natural da população. Os movimentos migratórios são de natureza diferente.
Em primeiro lugar, abrangem três situações distintas: a emigração, a imigração e as
migrações internas.
Em segundo lugar, as suas variações no tempo e no espaço dependem de factores sócio-
-económicos complexos internos e externos.

Os movimentos migratórios não respeitam tendências, é difícil de controlar.

Se a população só evoluísse com os que nascem e os que morrem, a evolução seria mais
lenta. O saldo natural ou dinâmica natural, é um indicador da taxa de crescimento que
só entra em consideração com estas duas variáveis.

A Dinâmica populacional

Considerando também os movimentos migratórios, temos a dinâmica total (dinâmica


natural + dinâmica migratória), e a taxa de crescimento anual médio total/global.

As taxas de crescimento

Taxa de Crescimento Anual Média = Taxa de crescimento Anual Médio Natural (saldo
natural) + Taxa de crescimento Anual Médio Migratória (saldo migratório)

123
O saldo migratório é a diferença entre as entradas – imigração e as saídas - emigração.
Se a diferença for de 0, pode significar que saiu muita gente, mas também entrou muita
gente.

Taxa de crescimento anual médio total = log Pn = n log (1+a)


P0
Taxa de crescimento anual médio natural = log P0 + N - O = n log (1+a)
P0
Se for 1 década n = 10.

Multiplicamos a por 100 e lê-se “ Por ano a população se apenas tivesse sido fruto nessa
década desta situação, teria aumentado ou diminuído x.”

 Taxa de crescimento migratório (Imigração - Emigração):


log P0 + I - E = n log (1+a)
P0
 Taxa de crescimento anual médio total = Taxa de crescimento anual médio natural
+ Taxa de crescimento migratório

 Taxa de crescimento anual médio total - Taxa de crescimento anual médio natural =
Taxa de crescimento migratório

Os Métodos directos de análise dos movimentos migratórios

São os que utilizam directamente os dados disponíveis. São as taxas brutas.

Taxa Bruta de Emigração = Emigrantes/ população * 1000


Taxa Bruta de Imigração = Imigrantes/ população * 1000
Taxa Bruta Migração Total= (Emigrantes + Imigrantes)/ população * 1000

O problema do estudo dos movimentos migratórios são os dados estatísticos que são
muito incompletos. A informação que existe ao nível das migrações internas são muito
pobres e há falta de registos oficiais. Por vezes recorre-se a métodos indirectos (por
exemplo através dos recenseamentos eleitorais). Ao nível interno, existem muitas

124
assimetrias num mesmo espaço, e dicotomias entre os meios (rural/urbano). As pessoas
não se deslocam ao acaso: procuram trabalho num espaço específico.
O nível das migrações externas, por exemplo na década de 80, 50 % dos emigrantes
eram clandestinos. Há falta de um maior controlo legal e muita gente escapa a esse
controlo. Por vezes existe um choque de povos e culturas. Na década de 90 o governo
português restringiu a imigração.

Os métodos indirectos de análise dos movimentos migratórios

Os métodos indirectos, servem para estimar a intensidade e a direcção dos movimentos


migratórios que não são possíveis medir directamente. O mais conhecido trata-se do
método da equação de concordância.

A equação de concordância

Vejamos a lógica deste instrumento de análise:


Px + n= Px+ N- O + I –E
Px+n = Px + Crescimento Natural + Crescimento Migratório
Px+n- Px=N-O+I-E

Exemplo:
Px = 276 895
Px+n =205 197
Px+n- Px=71698
N 60/70= 41 053
O 60/70= 25 760
N 60/70 – O 60/70 = + 15 293
Saldos Migratórios = - 86 991
Emigrantes Oficiais = 9 009
Imigrantes Oficiais = 18
I-E Oficiais = - 8 991

125
P1 = P0 + (N-O) + (I-E), onde (N-O) é o saldo natural e (I-E) o saldo migratório.
(P1 - P0) - (N-O) = (I-E) = Saldo migratório total
Se (P1 - P0) - (N-O) = (I-E) = - 300, significa que nesta década saíram a mais do que
entraram 300 indivíduos.

Para ver qual é o saldo migratório anual, põe-se no denominador a população a meio de
P0 e P1.

A Taxa Bruta de Migração Total liquida aplica-se a uma região: 5/(500+600/2)*1000=9


Em termos nacionais, de um país inteiro temos a Taxa Bruta de Migração Externa
Líquida.

Actividades propostas e questões para revisão

1. Num determinado país desenvolvido a população no período 60 /70 passou de 56


180 000 para 60 650 599 habitantes. Houve no período 1961-70, 8 936 332
nascimentos, 6 226 565 óbitos, 316 950 emigrantes e 2 043 882 imigrantes. Calcule
a Equação de Concordância.

Indicações bibliográficas

Actas do Colóquio Internacional sobre emigração e imigração em Portugal, séculos XIX


e XX. Emigração, Imigração em Portugal. Editorial Fragmentos, Lisboa, 1993.

Arroteia, Jorge Carvalho, A Emigração Portuguesa - suas origens e distribuição,


Lisboa, Ministério da Educação, Biblioteca Breve, 1983.

Bastos J. e Bastos S. Portugal Multicultural . Edições Antropológica , Fim de Século,


Lisboa, 1999.

126
Lee E. A theory of migration. Demography, nº3, pp 47-67, Cambridge, 1966.

Rocha Trindade, MB. Sociologia das Migrações, Universidade Aberta, Lisboa, 1995.

SERRÃO, Joel, A Emigração Portuguesa, Lisboa, Livros Horizonte, 1982.

127
GLOSSÁRIO

Acontecimento: Facto que se refere a um indivíduo e afectando directamente a


estrutura das populações e a sua evolução. Os nascimentos, casamentos, divórcios,
óbitos e migrações são reconhecidos claramente como acontecimentos demográficos.

Acontecimentos não renováveis: Acontecimento que não é vivido mais do que uma
vez pelo mesmo indivíduo da coorte, como por exemplo, a morte, um primeiro
casamento.

Acontecimentos renováveis: Acontecimento susceptível de ser vivido mais do que


uma vez pelo mesmo indivíduo de uma coorte, como um nascimento para uma mulher,
uma migração para um membro de uma determinada geração.

Análise Longitudinal: Se tivermos uma coorte, acompanha-se durante um longo


período, apanhando vários momentos do tempo. Significa observar os acontecimentos
ao longo da vida dos indivíduos, o que envolve necessariamente vários anos de
calendário.

Análise Transversal: Análise aplicada a manifestações de um fenómeno durante um


dado período, geralmente o ano civil. Caracteriza-se um momento do tempo que contém
múltiplas coortes. A análise transversal permite transformar a informação de
acontecimentos em fenómenos. Por exemplo: taxa “x” = acontecimentos/população
média (pop.1+pop.2/2)*100

Anos completos: Uma criança que tem 3 anos e 6 meses tem 3 anos completos, o que
significa estar entre 3 e 4 anos exactos.

Categorias Endógenas e exógenas: podemos classificar as causas que originaram a


mortalidade infantil em duas grandes categorias: Endógenas e Exógenas. De factores
exógenos, que são os meios exteriores e as condições gerais da população (doenças
infecciosas, alimentação insuficiente, cuidados hospitalares insuficientes, acidentes
diversos, etc) e de factores endógenos, que têm a ver com as características dos próprios

128
indivíduos (deformações congénitas, traumatismos causados pelo parto, etc). Por vezes
é difícil distinguir se foi por um factor ou por outro. Existem métodos indirectos para
saber se se deveu mais a factores exógenos ou endógenos: Mortalidade no 1º mês -
factores endógenos; Mortalidade após o 1º mês - os factores exógenos têm também uma
importância decisiva.

Coortes : Conjunto de indivíduos submetidos ao mesmo acontecimento de origem


durante um mesmo período de tempo. Uma geração é uma coorte de nascimentos,
conjunto de pessoas que nasceram no mesmo período. Uma coorte de casamentos é uma
“promoção”.

Densidade populacional: A distribuição geográfica pode ser avaliada pelo


conhecimento de densidade de população, isto é, o número de habitantes por Km2
(Hab/Km2). Este valor, porém, tomado em relação ao total da área estudada, pode não
traduzir a verdadeira distribuição da população, pois esta encontra-se mais aglomerada
em certas zonas e mais dispersa noutras. Esta situação é traduzida pelo coeficiente de
localização. A Densidade é a População por quilómetros quadrados (KM 2). Calcula-se:
nº de habitantes / Km2.

Diagrama de Lexis: É um suporte gráfico que permite estabelecer uma


correspondência entre datas de observação e as antiguidades das coortes nessas datas.
Permite repartir os acontecimentos demográficos por anos de observação e geração e
permite visualizar os acontecimentos e os efectivos. Este diagrama constitui-se do
seguinte modo: eixo das idades: em ordenada; eixo do tempo (anos de observação): em
abcissa; eixo das gerações (linhas de vida): em diagonal; superfícies (quadrados e
triângulos): onde devem ser inscritos os acontecimentos; linhas: onde devem ser
inscritos os efectivos observados num dado momento; momentos de observação
(instantânea, contínua, retrospectiva) no cruzamento dos três.

Dinâmica populacional: Considerando também os movimentos migratórios, temos a


dinâmica total (dinâmica natural + dinâmica migratória), e a taxa de crescimento anual
médio total/global.

129
Efectivos : Número de indivíduos que fazem parte de um mesmo acontecimento. Os
efectivos de uma população são o número de indivíduos que compõem essa população.
Esses efectivos são identificados nos recenseamentos.

Emigração: Significa a saída de uma pessoa de um território para o seu exterior.

Esperança de vida à nascença: A esperança de vida à nascença (idade 0) é um


indicador importantíssimo de mortalidade. Exemplo: Esperança de vida à nascença de
70 anos é o número médio de anos que um indivíduo nascido num determinado
momento do tempo pode viver se as condições de saúde observadas nesse momento não
se alterarem ao longo do tempo. Se as condições se alterarem, a esperança de vida não
coincide com a esperança de vida numa determinada idade ou mortalidade média. Diz
respeito a um determinado momento do tempo, mas em relação a um futuro. É um
indicador de mortalidade global - Índice de síntese. É a partir de uma tábua de
mortalidade que se encontra a esperança de vida.

Esperança de vida na idade x: Segundo a tábua de mortalidade é o número médio de


anos restantes de vida para uma pessoa que atinge a idade x.

Estado perturbado: Fenómeno que interfere nas manifestações de um outro fenómeno,


objecto principal de estudo. Combina as variáveis, mortalidade, migrações.

Estado puro: Só o acontecimento aliado do resto. Por exemplo, só a mortalidade,


isolada dos outros fenómenos.

Estatísticas demográficas de Estado Civil : São o conjunto de informações sobre os


nascimentos, óbitos, casamentos, divórcios e separações judiciais, saídas ou entradas,
ocorridas num território durante um determinado período (normalmente um ano),
baseadas nos boletins de registo civil desses acontecimentos, com detalhes sobre a sua
repartição por unidade administrativa e segundo um número mais ou menos vasto de
características (sexo, idade, etc.). O sistema de registos vitais e os controles de migração
existem acima de tudo por questões legais: a produção de certificados de nascimento e
de óbito, passaportes, cartões de identidade, certificados de autorização de trabalho,
autorização de residência e de cidadania, etc.

130
Estruturas: Os dois factores intervenientes nas taxas brutas são o modelo e as
estruturas. A taxa bruta é a soma de produtos das estruturas relativas de cada idade pelas
taxas nessas mesmas idades. Como ao conjunto das taxas por idade se chama o modelo
do fenómeno, a taxa bruta pode ser redefinida como uma resultante da interacção entre
o modelo e a estrutura. Em linguagem de análise demográfica temos: TBM (1990)=
Px(1990) * tx (1990). As diferenças em Portugal no período 1950-90 tanto pode provir
dos tx (modelos) como dos Px (estruturas). Variações entre modelos significa a
existência de diferentes riscos de mortalidade; diferenças entre estruturas (maior ou
menos envelhecimento demográfico) são alheias à análise da mortalidade.

Explosão demográfica: preocupação com o “excessivo número de habitantes”. Em


dois momentos anteriores à época contemporânea, acreditou-se que o “mundo estava
cheio” e que não havia lugar para tanta gente à superfície da terra. Quais são as
características diferentes que este fenómeno apresenta nos dias de hoje ? A primeira
grande diferença reside no facto de, globalmente, a humanidade nos aparecer no século
XX dividida em dois blocos: o dos países em desenvolvimento onde se concentra 80 %
da população mundial, com um crescimento anual médio que chega quase aos 2 %, uma
mortalidade infantil elevada, elevadas percentagens de jovens, baixas percentagens de
idosos, e um PNB per capita que raramente ultrapassa os 1000 dólares. No bloco dos
países desenvolvidos temos 20 % da população mundial, um crescimento natural
praticamente igual a zero, uma mortalidade infantil reduzida, baixas percentagens de
jovens, elevadas percentagens de idosos e um PNB per capita que é quase vinte vezes
superior.

Fecundidade: fenómeno relacionado com os nascimentos vivos considerados do ponto


de vista da mulher ou do casal.

Fecundidade natural: manifestação da fecundidade no casamento na ausência de


contracepção e de aborto provocado.

Fenómenos: Aparecimento de acontecimentos de uma dada categoria. Assim, ao


acontecimento óbitos, corresponde o fenómeno mortalidade, aos casamentos a
nupcialidade, aos nascimentos a natalidade e a fecundidade, às mudanças de residência
a migração.

131
Fertilidade: aptidão para procriar. O seu contrário é a esterilidade.

Geração: coorte particular constituída pelo conjunto das pessoas nascidas durante um
dado período, geralmente um ano civil.

Idade exacta : Idade determinada calculando a diferença entre a data onde é calculada e
a data de nascimento do indivíduo. Um indivíduo nascido no dia 1 de Junho de 1923,
terá no dia 1 de Novembro de 1978, 55 anos e 5 meses.

Idade média de fecundidade: Idade média das mães aquando dos nascimentos vivos
segundo uma tábua de fecundidade geral, o que significa, na ausência de mortalidade.
IMF= (Pontos médios * ntx)/ ntx

Índice sintético de fecundidade: Soma das taxas de fecundidade geral por idade
durante um período. Índice sintético de fecundidade: T.F.G. *5 =I.S.F.
1º Calcula-se a média dos nascimentos (t0+t1/2), em cada um dos grupos etários, 2º
dividem-se pela população feminina em cada um dos grupos etários, 3º multiplica-se o
somatório das T.F.G. por grupos de idades por 5 que corresponde à amplitude de cada
grupo etário. Se o I.S.F. for 3 significa que, se as mulheres que entrarem no período
fértil adoptarem os comportamentos que existiam em t0/t1 terão 3 filhos.

Migrações: significa a deslocação de pessoas e de mobilidade de indivíduos.


Modelo de Dupâquier

Modelos: construção que pretende representar os fenómenos demográficos. As tábuas


tipo de mortalidade e de fecundidade são modelos. Por exemplo, os modelos
migratórios, procuram explicar a migração de uma zona para uma outra fazendo intervir
nomeadamente os poderes de repulsão e de atracção exercidos respectivamente pelas
zonas de partida e de chegada do migrante e a distância que separa estas duas zonas.
O objectivo teórico das políticas demográficas consiste em actuar sobre os modelos (ou
sobre os efectivos) tendo em conta determinados objectivos económicos e sociais.

Mortalidade infantil: mortalidade das crianças de menos de um ano.

132
Mortalidade no 1º mês - factores endógenos: mortalidade que se deve a circunstâncias
do parto, defeitos de constituição interna e envelhecimento do organismo. No caso da
mortalidade exógena, esta deve-se sobretudo a factores do meio exterior.

Mortalidade: fenómeno relacionado com os óbitos (acontecimento).


n=log 2/log (1+a)

Nascimento: Acontecimento relacionado com a natalidade.

Natalidade: fenómeno relacionado com os nascimentos.

Nupcialidade : fenómeno relacionado com os casamentos. A nupcialidade não é uma


variável microdemográfica autêntica na medida em que o seu aumento ou a sua
diminuição não afectam directamente a dinâmica populacional. Esta variável intervém
na dinâmica populacional indirectamente através da fecundidade, se bem que, neste
princípio de milénio, é cada vez mais forte a tendência para a separação entre os
comportamentos da nupcialidade e da fecundidade. O processo mais simples que existe
para medirmos o nível da nupcialidade consiste em dividir o total de casamentos
observados pela população média.

Pirâmide de idades: Duplo histograma que dá uma representação da população pelo


sexo e as idades.

População estacionária : população estável com taxa de crescimento nulo

Princípio da Translação: a construção das tábuas de mortalidade. Este princípio serve


para designar os modelos e fórmulas permitindo estabelecer as relações entre medidas
longitudinais e medidas transversais dos fenómenos.

Projecção demográfica: perspectiva demográfica onde a ideia de previsão está


geralmente ausente.

Recenseamento: Conjunto das operações que permitem conhecer o efectivo da


população de um território num determinado momento, com os detalhes sobre a

133
repartição dessa população por unidade administrativa e segundo uma gama mais ou
menos extensa de características.

Relações de Masculinidade: relação, numa população, entre o efectivo masculino e o


efectivo feminino. Numa geração, sem trocas migratórias, devido à sobremortalidade
masculina, esta relação é sempre decrescente passando de 1,05 à nascença para um
valor na ordem de 0,30 aos 100 anos.

Relação de Masculinidade dos nascimentos: relação entre os nascidos vivos


masculinos e os nascidos vivos femininos durante um período. Esta relação, o mais
frequentemente vizinha de 1,05 apresenta ligeiras variações consoante os grupos raciais.
A sua estabilidade no tempo e no espaço é no entanto suficiente para que as diferenças
importantes face aos valores normais possam ser atribuídas a falhas de registo dos
nascimentos e sugerir meios de correcção.

Tábua de Mortalidade: Tábua que descreve, segundo uma escala de idades, o


surgimento dos óbitos numa geração.

Taxa Bruta de Mortalidade: relação dos óbitos de um ano com a população média
desse ano e mais frequentemente, a relação entre os óbitos de um período e o número
correspondente de pessoas-ano durante o período.

Taxa Bruta de Natalidade: relação dos nascidos vivos de um ano com a população
média desse ano e mais frequentemente, a relação entre os nascimentos de um período e
o número correspondente de pessoas-ano durante o período.

Taxa Bruta de Reprodução: Descendência final, reduzida às raparigas, numa geração


feminina denotada R. É a relação entre os efectivos à nascença do sexo feminino saídas
de uma geração feminina. Taxa Bruta de reprodução : é o número médio de filhas:
T.B.R. = I.S.F. * 0.488

Taxa de Crescimento Anual Média: Taxa de crescimento Anual Médio Natural


(saldo natural) + Taxa de crescimento Anual Médio Migratória (saldo migratório). O
saldo migratório é a diferença entre as saídas - emigração e as entradas - imigração. Se a

134
diferença for de 0, pode significar que saiu muita gente, mas também entrou muita
gente.

Taxa de fecundidade geral: Relação entre os nascidos vivos durante um período e o


efectivo conveniente de mulheres ou de casamentos. Relaciona-se com a parcela da
população de mulheres dos 15 aos 49 anos: ou seja, T.F.G. = nascimentos / mulheres
15-49 * 1000. Podemos decompor a Taxa de fecundidade geral nos seus elementos
constitutivos. Podemos redefini-la como sendo uma soma dos produtos das estruturas
relativas, em cada idade (ou grupos de idades), do período fértil das mulheres, pelas
taxas nessas mesmas idades (ou grupos de idades). A T.F.G. pode ser assim redefinida
como resultante da interacção entre estrutura e modelo.

Taxa de fecundidade por idade ou grupos de idade: Relação entre os nascidos vivos
de mulheres de uma certa idade durante um ano e o efectivo médio da população
feminina com essa idade ou grupo de idade.

Taxa de Migração Total: Relação entre a migração total de um ano e a população


média desse ano e mais frequentemente, a relação entre a migração total de um período
e o número correspondente de pessoas-ano durante esse período.

Taxa de Mortalidade Infantil Néo-Natal- (com menos de 28 dias): relação entre os


óbitos néo-natais (durante o primeiro mês ou as primeiras quatro semanas) durante um
ano civil e os nascidos vivos durante esse ano.

Taxa de Mortalidade Infantil Pós Néo-Natal (de 28 a 365 dias): relação entre os
óbitos pós néo-natais (durante o primeiro ano de vida, excepto o primeiro mês ou as
primeiras quatro semanas) durante um ano civil e os nascidos vivos durante esse ano.

Taxa de mortalidade infantil: relação entre os óbitos de crianças de menos de um ano


durante um ano civil e os nascidos vivos desse mesmo ano civil.

Taxa de mortalidade por idade ou grupos de idade: Relação entre os óbitos de uma
certa idade ou grupo de idades durante um ano e o efectivo médio da população com
essa idade ou grupo de idade.

135
Taxa de mortalidade: Quando não existem factores perturbadores, é sinónimo de taxa
bruta de mortalidade

Taxa de natalidade: sinónimo de taxa bruta de natalidade

Taxa líquida de reprodução: entra em conta com a mortalidade, ou seja se


multiplicarmos as taxas de fecundidade geral pelas probabilidades de sobrevivência e
procedermos da mesma forma que procedemos para calcular a T.B.R., obtemos a Taxa
Líquida de Reprodução: T.L.R. =  (T.F.G * npx)* 5*0.488

Taxa: Relação dos acontecimentos que surgem numa população durante um período,
com a população média durante esse período.

Taxas de crescimento: Relação entre o crescimento de uma população durante um ano


e a população média desse ano e mais frequentemente, a relação entre o crescimento
durante um período e o número correspondente de pessoas ano durante esse período.

Tempo de duplicação em anos: Com base na lógica do cálculo da taxa de crescimento


geométrica podemos calcular o tempo de duplicação em anos. Se a taxa a é uma taxa de
crescimento constante, ao fim de quantos anos n duplicará a população ? Assim temos

Teoria da Transição demográfica: diz-se da situação de uma população em que a


natalidade e a mortalidade, ou pelo menos um desses dois fenómenos, abandonaram nos
seus níveis tradicionais para se encaminharem para baixos níveis associados a uma
fecundidade mais controlada e à utilização de meios modernos de luta contra a
mortalidade.

Teorias Demográficas : são correntes de opinião que tentam explicar ou prever a


evolução dos fenómenos demográficos, as interacções entre estes e os fenómenos
económicos, sociais, psicológicos, do ambiente e outros, tentando prever as
consequências que possam levar à elaboração de uma política demográfica.

136
Bibliografia Geral – Obras de referência
AAVV, Portugal Hoje, Lisboa, Instituto Nacional da Administração, 1995.
Actas do Colóquio Internacional sobre emigração e imigração em Portugal, séculos XIX
e XX. Emigração, Imigração em Portugal. Editorial Fragmentos, Lisboa, 1993.
Almeida, João Ferreira de, et. al., Exclusão Social - Factores e Tipos de Pobreza em
Portugal, Lisboa, Celta Ed., 1994.
Arroteia, Jorge Carvalho, A Evolução Demográfica Portuguesa, Lisboa, Ministério da
Educação, Biblioteca Breve, 1987.
A situação da população mundial. 1993, Nova Iorque, FNUAP, 1993.
A situação da população mundial. 1994, Nova Iorque, FNUAP, 1994.
Bandeira Mário Leston, Demografia- Objecto, teorias e métodos, Escolar Editora,
Lisboa, 2004
Bandeira Mário Leston, Demografia Portuguesa, Lisboa, Cadernos do Público, n.º 6,
1996.
Bandeira Mário Leston, Demografia e modernidade. Família e transição demográfica
em Portugal, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, col. Análise Social, Lisboa, 1996
Barata, Oscar Soares. Introdução à Demografia. Instituto Superior de Ciências Sociais e
Políticas, Lisboa, 1968.
Barreto, António; Preto, Clara Valadas - Indicadores da evolução social, in "A situação
social em Portugal, 1960-1995" , Lisboa , Instituto de Ciências Sociais da U. L. , 1996.
Barreto, António - Três décadas de mudança social, in "A situação social em Portugal,
1960-1995" , Lisboa , Instituto de Ciências Sociais da U. L. , 1996.
Barreto, António (org.), A Situação Social em Portugal, 1960-1995, Lisboa, ICS, 1996.
Bastos J. e Bastos S. Portugal Multicultural . Edições Antropológica , Fim de Século,
Lisboa, 1999.
Carrilho, Maria José - Tábuas abreviadas de mortalidade, 1941-1975 , Lisboa , Instituto
Nacional de Estatística , 1980 , 124p. , (Estudos; 56)
Ferreira, Eduardo de Sousa; RATO, Helena (coord. de) - Portugal hoje , Lisboa) ,
Instituto Nacional de Administração , 1995 , 393, 4p.
Ferrão, João - Três décadas de consolidação do Portugal demográfico "Moderno", in "A
situação social em Portugal, 1960-1995" , Lisboa , Instituto de Ciências Sociais da UL,

137
1996, (p.165-190)
Ferrão , João, A Demografia Portuguesa, Lisboa, Cadernos do Público, n.º 6, 1996.
Gaspar, Jorge, Portugal - Os próximos 20 anos. Ocupação e organização do espaço,
Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1987.
INE. Inquérito Português à Fecundidade. Relatório principal, vol. I e sumário dos
resultados, INE, Centro de Estudos Demográficos, Lisboa, Julho de 1980.
INE. Recenseamento Geral da População, 1981.
INE. Recenseamento Geral da População, 1991.
INE. Recenseamento Geral da População, 2001.
Mendes, Maria Filomena Ferreira Mendes. Análise Demográfica do declínio da
fecundidade da população portuguesa na década de 80. Dissertação de doutoramento,
vol. I, Universidade de Évora, Évora, 1992.
Michalowski, Margaret - Mortality patterns of immigrants. Can they measure the
adaptation , Ottawa (Canada), Ed. A. , 1990 , 22, 9p.
Nazareth, J. Manuel - Portugal. Os próximos 20 anos. Unidade e diversidade da
demografia portuguesa no final do século XX , Lisboa , Fundação Calouste Gulbenkian,
1988.
Nazareth, J. Manuel. Unidade e diversidade da Demografia Portuguesa no final do
século XX, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1988.
Nazareth, J. Manuel. Princípios e Métodos de Análise da Demografia Portuguesa,
Lisboa, Presença, 1988.
Nazareth, J. Manuel, A demografia portuguesa no século XX: principais linhas de
evolução e transformação. Análise Social, 21 (87-88-89), 1985.
Nunes AB. A evolução da estrutura por sexos, da população activa em Portugal- um
indicador do crescimento económico. Análise Social, vol. XXVI (112-113), 1991.
O progresso das nações. 1994, New York , UNICEF , 1994 , 54p.
Pinto, Maria Luís Rocha - Crises de mortalidade e dinâmica populacional nos séculos
XVIII e XIX na Região de Castelo Branco. Anexos , Lisboa , s.n. , 1993 , v. 1 e v2.
Pressat, R. Analyse démographique, Paris, PUF, 1961.
Pressat, R. Démographie Statistique, Paris, PUF, 1972.
Pressat, R. Pratique de la démographie, Paris, Dunod, 1967.
Pressat, R. Dictionnaire de démographie, Paris, PUF, 1979.
Rocha Trindade, MB. Sociologia das Migrações, Universidade Aberta, Lisboa, 1995.
Rodrigues, Teresa Maria Ferreira - Lisboa no século XIX. Dinâmica populacional e

138
crises de mortalidade. Anexos , Lisboa , Faculdade Ciências S. Humanas da U.N.L. ,
1993.
Sauvy, A. Population, Paris, PUF, 1966.
Sauvy, A. théorie générale de la population, Paris, PUF, 1966.
Serrão, Joel, A Emigração Portuguesa, Lisboa, Livros Horizonte, 1982.
Serrão J. Fontes da demografia portuguesa, Livros Horizonte, Lisboa, 1973.
Tapinos, G. Eléments de démographie, Paris, Collin, 1991.
Torres A. Demografia e desenvolvimento: elementos básicos. Colecção Trajectos
Portugueses, Editora gradiva, Lisboa, 1996.

139

Das könnte Ihnen auch gefallen