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RESENHA
cos em Moscou, de 23 a 26 de agosto, segundo a nialistas russos da década de 1920, em plena moda Crítica e Poética reúne cinco ensaios: O Conceito;
Tcheco-Eslováquia: Agência Tass, e o emocionado (e emocionante)
discurso pronunciado por Alexandre Dubcék ao
nos dias atuais. ''À crítica literária — insiste Afrà-
nio Coutinho — compete antes dirigir a mirada para
aristotélico da Literatura e da Crítica; A Poética:;
Conceito e Evolução; A.Critica; Evolução da Crítica]
a obra em si e analisá-la em seus elementos intrín- Shakespeariana, e A Crítica Literária no Brasil, prej
regressar de Moscou. secos, precisamente os que lhe comunicam especifi- duzidos no período de 1949 a 1964, em que se alinham
cidade artística" (p. 140),. isto é, a análise da es- conceitos e ensinamentos importantes, que podem evfy
Para encerrar, a. RCB publica o pronuncia- pecificidade da literatura, da Uteraridade de que fa- tar aos nossos jovens a corrida aos nomes em1 moda'
a crise mento de Roger Garaudy (o bem conhecido autor
de Perspectivas do Homem, Marxismo do Século
XX, Do Anátama ao Diálogo, O Problema Chinês,
lava Roman Jakobson no ensaio sobre a poesia russa
moderna (1921): "O objeto da ciência literária não
é a literatura, mas a Uteraridade (literaturnost'),
na França, que oferecem, em boa parte, material
considerado aqui superado já nos idos de 50. ;
Karl Marx, etc), o manifesto firmado por Sartre isto é, o que faz de determinada obra uma obra li-
terária" (apud Boris Eikhenbaum, "La Théorie de
e outros intelectuais franceses, e um manifesto Ia Méthode Formelle", in T. Todorov, Théorie de Ia * Crítica e Poética. Afrânio Coutinho. Livraria
de intelectuais brasileiros, todos condenando a Littérature, Paris, 1965, p. 37). Acadêmica, Rio de Janeiro, 1968, 157 p.
de agosto invasão da Tcheco-Eslováquia. Neste último ma-
nifesto — lançado logo após o evento — um gru-
po de intelectuais brasileiros, no próprio mo-
mento em que exprime sua indignação e sofri-
mehto ante a invasão, reafirma sua convicção de
que o socialismo é um regime intrlnsecamente
Carlos Nelson Coutinho e Leandro Konder humanista e democrático, o caminho oue deve-
mos'seguir para alcançarmos uma existência so-
ciai digna de verdadeiros seres humanos. Aclian-
do-se, naquela ocasião, ausentes do país, os sig-
natários da presente resenha não firmaram o alu-
dido manifesto. Se, no entanto, estivessem aqui,
Ao longo de quase quatrocentas páginas, tê-lo-iam assinado.
este número especial da RCB põe ao alcance
do público brasileiro rica documentação, de
consulta indispensável àqueles que desejam de-
senvolver uma compreensão efetiva do que se ^m^mm H.^fl Bà. Bl
passou e passa na Tcheco-Eslováquia. Tcheco-Eslováquia. Análise dos Aspectos
Políticos, Econômicos e Culturais da Crise
A direção da revista não é neutra em face de Agosto. Revista Civilização Brasileira, A^Êu ^^^ABJ |H x^t^ I A^^^Ètv vaYJ BBRra-iw.^>lÍ>Bkl Bflk ^Bfll
dos eventos tchecos. Logo no editorial, ela nos Caderno Especial n.° 3, 1968-
adverte que sua posição é de censura à invasão,
insistindo na idéia de que os métodos postos em fl i^fiÉiTi Hffififi¦¦'¦¦¦ y U .flfl*** flfl fl BJ
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prática pela União Soviética ao enfrentar o
so" tcheco manifestam a disparidade existente
entre o desenvolvimento econômico e o relativo ^fl^^MraNg^MRii^H Hbll^ ''^¦¦¦'¦ZMmm BflW'. a ^mÀT ~ Amu flflT/ 1^"^iiiIsÉÍIM BB
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ser lida. E são, também, as matérias assinadas a contemporaneidade dos trabalhos e pesquisas aqui
alemão Robert Haveman e pelos tchecos realizados com o que faziam na Europa os nomes
íri Hermach, Frantisek e Samálik e Karel Ko-
Íelo que estão sendo hoje descobertos, e o conhecimento
sik. Karel Kosik é o autor de um livro interes- em profundidade do que faziam. Exemplos? Pierre
Giraud, Albert Henry, Wilhelm Fuchs, Helimit Hatz-
santíssimo — A Dialética do Concreto — que íeld, Leo Spitzer (considerado agora um dos pais do
brevemente estará sendo lançado entre nós. Seu
artigo publicado na RCB chama a atenção dos
leitores para um traço comum do capitalismo e
estruturalismo na crítica). O ensaio de AfrAnio Cou-
tinho, de onde tiramos a citação inicial deste artigo,
"A Crítica Literária no Brasil",
publicado na Revista
De Hunter Davies
do socialismo burocrático stalinista, que é o fato Interamericaná de Bibliografia, Washington, .abril-
de ambos conceberem os seres humanos, as junho de 1964, é uma tentativa importante no sentido
de uma história de nossa crítica, particularmente na- é|l EDITORA EXPRESSÃO E CULTURA ,
idéias, os sentimentos, a realidade do passado e quela década: "É o momento — afirma êle — em \
do presente, como objeto de uma ilimitada ma- que se adquire a consciência exata do papel relevante | ^Blr Rua Pre>* Carloa da Campot, 332 l
nipulação, de caráter intrlnsecamente oportunis- Em iodas as livrarias ou pelo Reembolso Postal.
ta e degradante. Por vezes, a analogia observada
da críüca em meio à criação literária e aos gêneros
de literatura imaginativa, função de disciplina do cs- ^^^ f \
por Kosik exige desenvolvimentos e clarifica- pírito literário. Semn ser um gênero literário, mas ^^ ^^» I ^mé^^m^^^m^^^^^ àf 1
uma espécie de atividade reflexiva de análise e jul-
ções. Mesmo assim entretanto, trata-se de um gamento da literatura, a crítica se aparenta com a .bb^J -^^ I ^M i
artigo que deve ser lido e difundido, como anti- BBBbI ^m^^ I ^mW 1
doto contra certas versões "tecnicistas" do mar-
filosofia e a ciência, embora não seja qualquer delas. J/m Bfll Bfll .^r I MmmW
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É uma atividade autônoma, obediente a normas e
xismo. critérios próprios de funcionamento, e detentora de
uma posição especifica no quadro da literatura. O
O número especial da RCB divulga, além reconhecimento de tudo isso pode-se afirmar que se
disso, boa documentação relativa ao período que fixou naquela década, sob forma tão aguda e pro-
se seguiu à invasão: os textos em que o PC ita- funda, que justifica para ela, a denominação de a
liano, o PC francês e a Liga dos Comunistas década da crítica, pela descoberta da sua autonomia
e cunho técnico" (p. 117).
Iugoslavos exprimiram sua posição de discor-
dáncia em face da medida tomada pelas cinco Afrânio Coutinho expõe, nesse ensaio, dentro
nações do Pacto de Varsóvia, referências de im- dos limites disponíveis, as várias fasej- do pensamen-
prensa às posições igualmente discordantes (por to crítico brasileiro, desde 1870. É um trabalho que
motivos nem sempre idênticos) do PC espanhol, merece ser lido com atenção porque relaciona nomes,
do PC inglês, do PC chinês e de outros. esforços e obras, sem omissões subjetivai, objetiva-
mente informativo, representando um roteiro se*
Está igualmente transcrito na RCB o pro- guro para o conhecimento dos caminhos da crítica
literária brasileira; para o conhecimento também das
nunciamento do PC brasileiro, favorável à inva- coordenadas do pensamento crítico de Afrânio Cou- /' i
são. A revista contém, ainda, o resumo das con- tinho, em que vamos encontrar uma abordagem dos
versações realizadas entre os soviéticos e os tche- problemas em muitos aspectos idêntica a dos íor-
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