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· Ora muito bem. Presume-se que esta é a época de férias, por excelência, da
maioria dos portugueses. Por força da lei, e salvo alguns casos excepcionais, o
cidadão trabalhador por conta de outrem não pode renunciar aquele santo direito.
Se as goza, como seria normal que o fizesse depois de um ano de trabalho, isso
são outros quinhentos.
· Mas não é a questão legal que hoje aqui nos traz. É a questão económica. Ou
seja, a questão do pilim. O orçamento familiar aguentará as despesas
extraordinárias de umas férias mais ou menos gozadas, para já não dizer “à
grande e à francesa” ?
· Se assim não for, o leitor deve habituar-se à ideia que o orçamento familiar tem
regras semelhantes às do orçamento de estado, embora com algumas nuances
perigosas que deve ter presentes antes de se atirar a gastar e para as quais
chamarei a atenção mais à frente.
· Em primeiro lugar, preste atenção ao défice orçamental. Não gaste mais do que
aquilo que espera receber, senão há buraco pela certa. E o buraco só pode ser
tapado se tiver quem se disponibilize a emprestar-lhe cacau que mais tarde vai
ter que ser devolvido e com juros. A menos que tenha uma tia com um coração
d’ouro que o abone das lecas necessárias, tenha alguns bens de que se possa
desfazer ou não tenha vergonha de pôr as gerações futuras - filhos ou netos - a
pagar a factura. Neste aspecto, só o Estado goza do supremo privilégio de gastar
hoje por conta do amanhã.
· Se o leitor tiver crédito na praça, avance. Vá em frente, homem. Não espere pela
reforma para gozar umas merecidas férias. Mesmo sendo honesto, se lhe
torcerem o nariz para lhe emprestarem umas míseras quinhentas mocas, então
adie e não se meta em alhadas. Espere por dias melhores, pela reforma dos 68
ou, então, pela convergência real.