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2. O contexto religioso:
No século XVII, Portugal foi dominado pelo espírito de um movimento religioso designado por Contra-
Reforma. Como o nome sugere, a Igreja Católica quis reformar uma reforma imposta pelo padre alemão
Lutero (1483-1546) e pelo monge holandês Erasmo de Roterdão (1466-1536). Estes pensadores,
verdadeiros gigantes intelectuais europeus e humanistas, estiveram ligados à fé católica numa fase inicial,
acabando por pô-la em causa, não porque tivessem perdido a fé, mas porque viam com maus olhos os
vícios, a hipocrisia e vida excessivamente dedicada aos prazeres mundanos do Papa e da grande maioria
dos membros do clero da época. Manifestam-se, então, contra a Igreja de Roma argumentando que esta
não respeitava o Evangelho porque apenas lhe interessava o luxo, a ociosidade e uma vida pecaminosa.
Como é de prever, tiveram a oposição do Papa, do clero obediente à Igreja de
Roma e de muitos católicos que, influenciados pelas mensagens deturpadas
acerca do que pensavam Lutero e Erasmo, viam neles inimigos da fé que era
urgente combater.
A Europa dividiu-se entre os apoiantes de Lutero e Erasmo e os apoiantes do
Papa romano. Este mal-estar dá origem a lutas terríveis e muito sangrentas
entre as duas fações, um pouco por toda a Europa, ainda que com maior
incidência nos países da Europa Central.
A pintura barroca
O século XVII teve pintores brilhantes, como Caravaggio, Rubens,
Rembrandt, Vermeer, Velasquez, Murillo, Zurbaran. O mais influente
entre todos foi certamente o italiano Caravaggio, famoso pelas pinturas
religiosas. Em Espanha, a pintura atingiu um grande nível artístico com
Velasquez, Murillo e Zurbaran. Distinguiram-se ainda o pintor holandês
Rembrandt e o flamengo Vermeer. Trata-se de uma pintura caracterizada
pelo contraste claro-escuro, luz-sombra, mistura de tons quentes, formas
cheias de sensualidade, valorização da emocionalidade sobre a
racionalidade, tentativa de impressionar os sentidos do espectador através
das cores (vermelho, dourado, amarelo) e formas arredondadas que
sugerem a ligação à terra. Sendo
profundamente católica e produto do pintura de Rembrandt
espírito da Contra-Reforma, a arte
barroca exprime, frequentemente, mensagens religiosas (cenas
bíblicas, retratos de santos, passagens das suas vidas, etc.)
O tema central da pintura barroca reside na antítese vida/morte e os
artistas manifestam por um lado o prazer de viver e, por outro, a dor
face à efemeridade da vida e ao tempo que tudo destrói. A expressão
latina «carpe diem» (aproveita o momento presente) é um dos temas
frequentes na arte deste século.
pintura de Velasquez
Foi na estatuária e na talha dourada que o Barroco teve uma das manifestações mais
ricas. A talha dourada (madeira talhada e dourada de modo a parecer ouro) é
abundante em muitas igrejas portuguesas. Esta manifestação artística exprime o
gosto pelo luxo e opulência da Igreja que queria, assim, impressionar os fiéis. São
vulgares, nas igrejas barrocas, colunas e altares ornamentados com anjinhos, cachos
de uvas, conchas, tudo pintado em dourada. Para além da talha dourada, Portugal
distinguiu-se, ainda, na azulejaria.
A Literatura barroca:
A produção literária do século XVII está a cargo de uma elite social e
cultural que, impedida de ser livre devido ao Tribunal do Santo Ofício,
se refugia numa escrita recheada por vezes de frases ou versos difíceis
de compreender devido ao recurso excessivo a figuras de estilo
(metáforas, hipérboles, antíteses, alegorias.
Em termos gerais, é uma escrita muito imaginativa, extravagante e fútil
nos temas, nomeadamente na poesia, arte vista como divertimento de e
para nobres, marcada por complicados e imaginativos jogos de
linguagem. Por este motivo, poucos são os poetas portugueses desta
época que passaram à posteridade.
Na prosa, o nome de vulto é o Pe António Vieira, cujo prestígio chegou
aos nossos dias. Foi a ele que Fernando Pessoa chamou « Imperador da Pª António Vieira
Língua Portuguesa».
Música barroca:
A música está intimamente associada com a vida religiosa.
Entre os grandes compositores barrocos, incluem-se Bach,
Haendel, Scarlatti e Monteverdi.
músicos barrocos
J. S. Bach