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PORTUGUÊS, 11º ANO

Prof. António Alves

O contexto político, religioso, social e cultural


em que viveu e escreveu o Padre António Vieira:

1. A situação política vivida em Portugal no século XVII


Ao longo dos três anos do domínio filipino após a morte de D. Sebastião em Marrocos, sem deixar sucessor
para o trono português, a política castelhana foi desrespeitando os compromissos assumidos com Portugal
(agora província castelhana). Esta situação criou instabilidade a todos os níveis, contribuindo para aumentar
o número de sebastianistas.
Os focos de rebelião contra Castela terminaram a 1 de Dezembro de 1640, com a morte dos representantes
do governo castelhano em Lisboa, seguida da aclamação de D. João IV como rei legítimo de Portugal.
O reinado de D. João IV não foi nada fácil: a riqueza nacional derivada das colónias ultramarinas estava em
decadência assim como o prestígio de que Portugal tinha gozado na restante Europa com as Descobertas.
Para este enfraquecimento das finanças nacionais contribuíram os ataques permanentes dos ingleses e
holandeses às colónias portuguesas nos diversos continentes, cuja riqueza cobiçavam.
Foi o reconhecimento da debilitada economia nacional que levou o Pe António Vieira a defender o regresso
dos judeus expulsos..

2. O contexto religioso:
No século XVII, Portugal foi dominado pelo espírito de um movimento religioso designado por Contra-
Reforma. Como o nome sugere, a Igreja Católica quis reformar uma reforma imposta pelo padre alemão
Lutero (1483-1546) e pelo monge holandês Erasmo de Roterdão (1466-1536). Estes pensadores,
verdadeiros gigantes intelectuais europeus e humanistas, estiveram ligados à fé católica numa fase inicial,
acabando por pô-la em causa, não porque tivessem perdido a fé, mas porque viam com maus olhos os
vícios, a hipocrisia e vida excessivamente dedicada aos prazeres mundanos do Papa e da grande maioria
dos membros do clero da época. Manifestam-se, então, contra a Igreja de Roma argumentando que esta
não respeitava o Evangelho porque apenas lhe interessava o luxo, a ociosidade e uma vida pecaminosa.
Como é de prever, tiveram a oposição do Papa, do clero obediente à Igreja de
Roma e de muitos católicos que, influenciados pelas mensagens deturpadas
acerca do que pensavam Lutero e Erasmo, viam neles inimigos da fé que era
urgente combater.
A Europa dividiu-se entre os apoiantes de Lutero e Erasmo e os apoiantes do
Papa romano. Este mal-estar dá origem a lutas terríveis e muito sangrentas
entre as duas fações, um pouco por toda a Europa, ainda que com maior
incidência nos países da Europa Central.

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Assustado com os argumentos dos apoiantes da Reforma
da Igreja Católica, o clero peninsular desenvolve um
movimento de Contra-Reforma; foi este apego do clero
que não queria perder os privilégios que tinha há séculos à
tradição católica apostólica romana que originou os
excessos cometidos pela Inquisição e as tragédias que
muitos inocentes viveram, apoiantes ou não de Lutero.
Bastava que tivessem uma maneira de viver e de pensar
auto-de-fé pouco ou muito diferente daquela que era considerada
como a “correta”, para pagarem essa diferença com a morte nos autos-de-fé do Santo Ofício, cujo poder se
manifestava no país inteiro e sobre todos os cidadãos, fossem nobres ou populares.
O Tribunal do Santo Ofício espalhou o terror em Portugal e, devido à intolerância do clero inquisidor, o país
ficou isolado da Europa civilizada e culta, facto que está na origem do considerável atraso registado em
Portugal no domínio das ciências e das letras.

3. O contexto social: alguns traços marcantes da sociedade seiscentista:


3.1 Aumenta o número de sebastianistas ou adeptos do mito sebastianista devido à época de crise social
que se vivia em Portugal. Os portugueses, populares e nobres, agarravam-se à esperança de que o país
mudasse; as trovas do Bandarra que prediziam o regresso de um rei encoberto que viria restaurar o
prestígio nacional foram lidas, decoradas e recitadas frequentemente às escondidas do clero que as
considerava perigosas para a fé cristã já que o rei encoberto seria um messias terreno e não de origem
divina.
3.2 O milagrismo, ou crença em milagres, aumenta em Portugal, país atrasado culturalmente e com grande
percentagem de analfabetos.
3.3 O patriotismo: para além de sebastianistas, os portugueses que detinham mais cultura elegiam Os
Lusíadas como livro preferido para compensar o desânimo que sentiam com as recordações da passada
grandeza nacional cantada por Camões.
3.4 Medo: todos poderiam vir a ser vítimas da Inquisição, bastando para tal uma denúncia de um vizinho
mal disposto. A Inquisição não poupava nem as mulheres nem as
crianças; no que respeita aos encarcerados e mortos, confiscava-lhes
os bens.
Para além do terror que as práticas da Inquisição espalhavam entre as
populações, estas manifestaram a consciência dolorosa da
efemeridade da vida, facto que levou à existência de modos de vida
que oscilavam entre a tristeza depressiva e a tendência para uma vida
desregrada.
3.5 Ignorância generalizada. Galileu Galilei, Pascal, Newton,
Descartes eram praticamente desconhecidos em Portugal.
3.6 O poder real tornou-se absoluto e a corte um centro de vaidade e
de luxo, onde a nobreza ociosa se divertia em serões palacianos em
que se recitava poesia ao som do cravo. Galileu Galilei

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4. O contexto cultural: a corrente estética designada por Barroco:
No século XVII surge uma nova corrente estética – o Barroco –
que vai dominar a literatura, a pintura e a escultura. O movimento
artístico do Barroco nasceu em Itália e propagou-se nos restantes
países europeus, atingindo o apogeu em Espanha.
A palavra “barroco” vem de “barrueco” que significa pérola
imperfeita. “Barroco” foi, durante muito tempo, uma designação
pejorativa para caracterizar modos de escrever, pintar e esculpir
considerados, pelos amantes da simplicidade como de mau gosto,
demasiado excêntricos, extravagantes e teatrais. A arte barroca é
espetacular e faustosa, estando, por isso, longe a simplicidade da
época do Renascimento.
moda barroca
As manifestações da arte barroca caracterizaram-se, em muitos
casos, pela tentativa de fuga, por parte dos artistas, a um ambiente pesado e excessivamente vigiado pelo
Santo Ofício. Esta falta de liberdade conduziu ao gosto pela evasão e esta manifestou-se de diversas
formas, na arte.

A pintura barroca
O século XVII teve pintores brilhantes, como Caravaggio, Rubens,
Rembrandt, Vermeer, Velasquez, Murillo, Zurbaran. O mais influente
entre todos foi certamente o italiano Caravaggio, famoso pelas pinturas
religiosas. Em Espanha, a pintura atingiu um grande nível artístico com
Velasquez, Murillo e Zurbaran. Distinguiram-se ainda o pintor holandês
Rembrandt e o flamengo Vermeer. Trata-se de uma pintura caracterizada
pelo contraste claro-escuro, luz-sombra, mistura de tons quentes, formas
cheias de sensualidade, valorização da emocionalidade sobre a
racionalidade, tentativa de impressionar os sentidos do espectador através
das cores (vermelho, dourado, amarelo) e formas arredondadas que
sugerem a ligação à terra. Sendo
profundamente católica e produto do pintura de Rembrandt
espírito da Contra-Reforma, a arte
barroca exprime, frequentemente, mensagens religiosas (cenas
bíblicas, retratos de santos, passagens das suas vidas, etc.)
O tema central da pintura barroca reside na antítese vida/morte e os
artistas manifestam por um lado o prazer de viver e, por outro, a dor
face à efemeridade da vida e ao tempo que tudo destrói. A expressão
latina «carpe diem» (aproveita o momento presente) é um dos temas
frequentes na arte deste século.

pintura de Velasquez

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A escultura barroca:

Foi na estatuária e na talha dourada que o Barroco teve uma das manifestações mais
ricas. A talha dourada (madeira talhada e dourada de modo a parecer ouro) é
abundante em muitas igrejas portuguesas. Esta manifestação artística exprime o
gosto pelo luxo e opulência da Igreja que queria, assim, impressionar os fiéis. São
vulgares, nas igrejas barrocas, colunas e altares ornamentados com anjinhos, cachos
de uvas, conchas, tudo pintado em dourada. Para além da talha dourada, Portugal
distinguiu-se, ainda, na azulejaria.

A Literatura barroca:
A produção literária do século XVII está a cargo de uma elite social e
cultural que, impedida de ser livre devido ao Tribunal do Santo Ofício,
se refugia numa escrita recheada por vezes de frases ou versos difíceis
de compreender devido ao recurso excessivo a figuras de estilo
(metáforas, hipérboles, antíteses, alegorias.
Em termos gerais, é uma escrita muito imaginativa, extravagante e fútil
nos temas, nomeadamente na poesia, arte vista como divertimento de e
para nobres, marcada por complicados e imaginativos jogos de
linguagem. Por este motivo, poucos são os poetas portugueses desta
época que passaram à posteridade.
Na prosa, o nome de vulto é o Pe António Vieira, cujo prestígio chegou

aos nossos dias. Foi a ele que Fernando Pessoa chamou « Imperador da Pª António Vieira
Língua Portuguesa».

Música barroca:
A música está intimamente associada com a vida religiosa.
Entre os grandes compositores barrocos, incluem-se Bach,
Haendel, Scarlatti e Monteverdi.

músicos barrocos

J. S. Bach

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