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América

Latina e Caribe

Fuga de traficante do Comando Vermelho gera crise no Paraguai


Ernesto relativiza tratado e diz que 'ninguém está falando em ação armada' na
Venezuela
FMI confirma que negociará novo pacote de ajuda à Argentina em meio à crise
Tiar, o tratado tirado do baú para pressionar Maduro na Venezuela
Qual o papel da Colômbia na tese de intervenção na Venezuela

ONU

Chanceler discute com Bannon discurso de Bolsonaro na ONU


Indicado de Bolsonaro para ONU diz que crítica internacional a queimadas tem viés
econômico

China

Trump manifesta intenção de firmar acordo provisório com a China

Oriente Médio

Minoria árabe de Israel se mobiliza em candidatura única contra Netanyahu

Línguas Estrangeiras

Biden clashes with Warren and Sanders in lively Democratic debate


Felipe Muñoz, asesor presidencial colombiano para la frontera: "Colombia seguirá
teniendo una política generosa de recepción de venezolanos"
L’or, relique civilisée « d’une économie devenue barbare »

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Fuga de traficante do Comando Vermelho gera crise no
Paraguai
Mundialíssimo ,

A fuga de um traficante de drogas ligado à facção brasileira Comando Vermelho na cidade


de Assunção, capital do Paraguai, gerou o caos na política do país, revelando a
vulnerabilidade da nação vizinha à crise na segurança pública no Brasil.

Na tarde de quarta-feira (11), um grupo de homens armados vestidos com uniformes falsos
da polícia paraguaia abriu fogo contra um comboio em que estava o traficante Jorge Teófilo
Samudio, conhecido como “Samura”, que conseguiu fugir de carro com o bando.

A operação ocorreu na avenida Costanera Norte, enquanto Samura era transferido de uma
audiência no tribunal, cancelada de última hora, de volta para a prisão. O ataque, que
durou menos de três minutos, deixou um policial morto e três pessoas feridas, informou o
jornal ABC Color.

Samura, 47, é cidadão paraguaio, e foi preso em outubro de 2018 próximo à fronteira com
o Mato Grosso do Sul. Ele vinha sendo procurado há pelo menos cinco anos –estima-se
que contrabandeava até US$ 20 milhões (R$ 81 milhões) em drogas para o Brasil a cada
mês.

O incidente levou à renúncia do ministro da Justiça, Julio Javier Ríos, e a uma troca no
comando da polícia. O presidente Mario Abdo Benítez afirmou que pretende emendar a
Constituição para autorizar o emprego das Forças Armadas no combate ao crime
organizado.

“Não podermos esperar mais, temos uma capacidade ociosa e temos que utilizá-la para
fortalecer nossa política de segurança”, declarou Benítez na quinta-feira (12).

O anúncio de Benítez foi alvo de críticas de grupos de defesa de direitos humanos, que
temem o retorno das violações praticadas pelas Forças Armadas durante a ditadura de
Alfredo Stroessner, encerrada em 1989.

Vidal Acevedo, da ONG Serviço para a Paz e Justiça, declarou ao jornal britânico The
Guardian que o uso das Forças Armadas no combate a grupos guerrilheiros no Paraguai

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produziu “violações de direitos humanos em larga escala”, e que a militarização no
combate ao crime organizado em outros países latino-americanos, como México e Brasil,
havia gerado “ainda mais violência”.

DEPENDÊNCIA PARAGUAIA

Os eventos desta semana revelam a dependência do Paraguai em relação ao Brasil, e sua


vulnerabilidade a eventos ocorridos do lado de cá da fronteira.

O país vizinho, origem de grande parte da maconha e de outros produtos contrabandeados


para cidades brasileiras, tem sofrido com disputas entre facções brasileiras, como o
Comando Vermelho e o PCC (Primeiro Comando da Capital).

Além disso, no mês passado, o presidente Benítez quase sofreu impeachment após a
revelação de um acordo que favoreceria o Brasil na contratação de energia da usina
hidrelétrica de Itaipu, que é administrada em conjunto pelos dois países. O acordo acabou
cancelado, e Benítez conseguiu se manter no poder.

Com 6,8 milhões de habitantes, o Paraguai é um dos países mais pobres da América do
Sul, e tem no Brasil seu maior parceiro comercial.

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Ernesto relativiza tratado e diz que 'ninguém está falando
em ação armada' na Venezuela
Folha de S.Paulo , Marina Dias

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, relativizou nesta quinta-feira (12) os
termos do TIAR (Tratado Interamericano de Assistência Recíproca), que prevê defesa
mútua dos países-membros em caso de ataques externos, e disse que sua possível
ativação não significa uma intervenção militar na Venezuela.

"Cada vez está mais claro que a situação da Venezuela é uma ameaça à segurança da
região e que, portanto, o TIAR tem vocação de tratar desse tipo de desafio [...] Não
significa ação militar, de forma nenhuma, não é isso que nós queremos", afirmou o
chanceler em Washington.

"O TIAR não é simplesmente um acordo de ação militar, é um acordo para ação coletiva
diante de ameaças à segurança."

O chanceler relativizou os termos do pacto assinado em 1947 —que trata de ameaça


externa para que seja ativado— e disse que o governo brasileiro vislumbra apenas ações
diplomáticas contra o regime do ditador Nicolás Maduro.

A ala militar do governo brasileiro sempre advogou contra qualquer ação intervencionista
no país vizinho, mas as posições públicas do presidente Jair Bolsonaro são dúbias sobre o
assunto.

"Isso [ameaça externa] é redação do tratado, mas, enfim, a própria existência hoje de um
regime como a Venezuela, seja interno seja externo, representa ameaça, e acho que o
tratado existe para isso. Independentemente do que está ali na letra, é uma ameaça
externa no sentido de que nós estamos diante de uma situação que tem presença
terrorista, presença de forças violentas aí", completou Ernesto.

O chanceler endossou ainda o discurso do governo colombiano de que a presença de


integrantes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) na Venezuela
agravou a crise na região e exige uma tomada de posição coletiva dos países do
continente.

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Nesta quarta-feira (11), o Brasil apoiou o presidente interino na Venezuela, Juan Guiadó,
na OEA (Organização dos Estados Americanos), para aprovar a convocação de uma
reunião que pode ativar o TIAR.

A resolução —chancelada por 12 dos 19 países que participaram do acordo, incluindo


Brasil e EUA— prevê que os ministros de Relações Exteriores das nações participantes se
reúnam na segunda quinzena de setembro para tratar do tema e decidir se o pacto de
defesa mútua será ou não acionado.

O encontro está previsto para a semana do dia 23 de setembro, às vésperas da abertura


da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York.

Ainda que a moção fale em "defesa mútua dos países-membros", não está claro se a
convocação do TIAR implicaria em uma intervenção militar.

Alguns diplomatas entendem que o pacto trataria apenas de ataques externos, ou seja,
não se aplicaria à atual crise e, em última instância, não haveria apoio suficiente entre as
nações participantes para uma ação desse tipo.

Aliados de Guaidó, porém, afirmam que esse é caso, sim, para a invocação do tratado,
inclusive prevendo uma intervenção militar no país para depor Maduro.

Na sessão da OEA, nesta quarta, o Brasil chegou a rechaçar uma emenda proposta pela
Costa Rica que apoiava o chamado da reunião de consulta para ativação do TIAR, mas
falava em "restauração pacífica da democracia na Venezuela", excluindo expressamente
medidas "que impliquem o emprego de força armada".

Questionado sobre a postura da delegação brasileira, Ernesto mais uma vez minimizou o
cenário, disse que, "na verdade, não é que a gente seja a favor". "Ninguém está falando de
ação armada", repetiu.

O Brasil, porém, poderia ter se colocado como favorável à emenda proposta pela Costa
Rica —excluindo a opção militar— ou até mesmo se abstido de votar na ocasião. Mas
votou contra.

O chanceler não soube detalhar nenhuma medida ou proposta que será levada pelo Brasil
à reunião dos ministros dos países-membro do TIAR, em duas semanas.

Disse apenas que é preciso "fazer uso do tratado para que ele seja um mecanismo de
ajuda, para que façamos uma mudança na Venezuela".

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FMI confirma que negociará novo pacote de ajuda à
Argentina em meio à crise
Estadão ,

O Fundo Monetário Internacional (FMI) informou nesta quinta-feira, 12, que receberá o
ministro da Fazenda da Argentina, Hernán Lacunza, este mês em Washington para
negociar um novo pacote de ajuda financeira.

A economia argentina sente os efeitos da recessão e da incerteza eleitoral. “A situação


continua muito difícil”, disse o porta-voz do FMI, Gerry Rice, destacando o crescimento da
inflação e da pobreza no país.

“A complexidade das condições do mercado e a persistente incerteza política tornam a


situação ainda mais difícil. Isso deverá estar no centro das discussões, quando o ministro
vier este mês”, disse o porta-voz, sem dar uma data precisa. Rice lembrou que, desde
meados de agosto, a Argentina sofre uma nova crise de confiança “que afeta gravemente a
estabilidade macroeconômica” do país.

Peronismo

Os mercados entraram em crise em agosto depois que o candidato presidencial peronista


de centro-esquerda, Alberto Fernández, surgiu como o favorito absoluto para vencer as
eleições de 27 de outubro, nas quais o atual presidente, o liberal Mauricio Macri, tentará
renovar seu mandato.

“Nosso compromisso com a Argentina continua sendo forte”, disse Rice. “O objetivo do FMI
é tentar ajudar as autoridades argentinas a estabilizar a difícil situação e fazer com que a
confiança volte para que o país retome o caminho do crescimento”, afirmou.

Após as eleições primárias de 11 de agosto, que apontaram Fernández como favorito para
a votação de outubro, a moeda, a bolsa e a dívida sofreram duros golpes. Logo em
seguida, o governo da Argentina pediu ao FMI que reestruture o crédito de US$ 57 bilhões
concedido no ano passado em troca de um plano de austeridade.

Os primeiros pagamentos estão programados para 2021 e os mercados e os economistas


apostam em um default. Nesta quinta, porém, Rice saiu em defesa do FMI, que vem sendo

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criticado por ter concedido o maior crédito da história da entidade a um país cuja
capacidade de honrar suas dívidas está seriamente comprometida. “Quando nos
esforçamos para ajudar um país, jamais o fazemos sem riscos”, afirmou o porta-voz do
FMI. “E os riscos são grandes quando a situação já é frágil.”

O porta-voz lembrou que, em 2018, a Argentina pediu ajuda ao FMI quando a crise já
estava instalada no país. “Em termos de avaliação de riscos, nos esforçamos para ser
transparentes, documentar os riscos”, disse Rice, convidando os jornalistas para ver os
alertas do órgão sobre numerosos problemas que afetam a economia da Argentina.

Nos relatórios mais recentes, “os riscos, incluindo fatores internos e externos, foram
destacados como suscetíveis de serem agravados por reações negativas dos mercados e
por incertezas políticas”, segundo os alertas do FMI.

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Tiar, o tratado tirado do baú para pressionar Maduro na
Venezuela
Estadão ,

Depois de permanecer anos esquecido, o Tratado Interamericano de Assistência


Recíproca (Tiar), que prevê a defesa mútua entre os países signatários contra ataques
armados, foi tirado do fundo do baú e surge como uma opção para pressionar o presidente
da Venezuela, Nicolás Maduro, a deixar o poder. Saiba mais sobre o tratado:

Quando, onde e para quê ele foi assinado?

O Tiar foi assinado em 2 de setembro de 1947, no Rio de Janeiro, durante a Conferência


Interamericana para a Manutenção da Paz e da Segurança do Continente, convocada
depois do fim da 2ª Guerra (1939-1945) e no início da Guerra Fria entre Estados Unidos e
União Soviética.

O objetivo era garantir a defesa coletiva diante de um eventual ataque de uma potência de
outra região - leia-se União Soviética, já que os EUA fazem parte do tratado - e decidir
conjuntamente ações a serem tomadas em caso de um conflito entre dois países
signatários do Tiar. O mecanismo, que entrou em vigor um ano depois, é mais antigo que a
Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), criada em 1949.

Argentina, Brasil, Bahamas, Chile, Colômbia, Costa Rica, Estados Unidos, El Salvador,
Guatemala, Haiti, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Trinidad e
Tobago, Uruguai, México, Cuba, Equador, Bolívia, Nicarágua e Venezuela.

Venezuela, México, Equador, Bolívia e Nicarágua. O caso de Cuba é anormal. O país


continua sendo signatário do Tiar, mas na prática não participa do tratado porque não é um
Estado ativo na Organização de Países Americanos (OEA).

Como é o caso da Venezuela?

Ainda sob a presidência de Hugo Chávez, a Venezuela anunciou que deixaria o Tiar em
2012, junto com outros integrantes da Aliança Bolivariana para os Povos da América (Alba)
- Bolívia, Equador e Nicarágua. A saída foi efetivada no ano seguinte.

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Os quatro países argumentaram que consideravam o Tiar estava "morto" desde os anos
80, quando os EUA se negaram a cumpri-lo ao permitir a agressão de uma potência
estrangeira a um país signatário: a Guerra das Malvinas em 1982 entre Reino Unido e
Argentina.

No último dia 6 de agosto, a delegação que representa na OEA o líder da oposição na


Venezuela, Juan Guaidó, pediu à organização a volta do país ao Tiar.

Antes, em julho, o Parlamento do país, controlado por opositores ao chavismo, tinha


decidido pela reincorporação venezuelana ao tratado. Três dias depois da sessão, o
Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), integrado por aliados de Maduro, declarou a decisão
dos parlamentares nula.

Em um continente muito influenciado pelo contexto da Guerra Fria e acostumado a altos e


baixos em sua política externa, o Tiar já foi motivo de polêmicas. Na sequência, algumas
das ocasiões em que ele foi aplicado, apesar de ter caído no esquecimento nos últimos
anos:

1964: Em reunião realizada em Punta del Este, no Uruguai, os países signatários


decidiram que a adesão de Cuba ao marxismo-leninismo é "incompatível" com os
princípios do Sistema Interamericano, o que exclui a participação do país de suas
principais organizações. Além disso, os integrantes do Tiar fazem uma declaração contra o
comunismo.

Dois anos mais tarde, a pedido da Venezuela, que rompeu relações diplomáticas com
Cuba em 1961, o órgão consultivo do Tiar decidiu que os países do continente não
deveriam se relacionar com Cuba. Os países também recomendaram na ocasião que o
comércio e o transporte marítimo para a ilha fosse interrompido, salvo por razões
humanitárias.

1982: A Guerra das Malvinas foi um dos momentos mais críticos para o Tiar, já que a
Argentina invocou o tratado para se defender do Reino Unido. A convocação não foi
atendida pelos EUA, que decidiu manter seu compromisso com a Otan e apoiar os
britânicos. Colômbia e Chile também não apoiaram os argentinos no conflito.

2001: Os EUA recorreram ao tratado após os ataques de 11 de setembro de 2001. A


solicitação da Casa Branca não foi apoiada pelo México. O presidente do país à época,
Vicente Fox, tinha anunciado quatro dias antes dos atentados que seu governo sairia do
tratado, chamado por ele de "obsoleto". O México oficializou a saída em 2002.

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Qual o papel da Colômbia na tese de intervenção na
Venezuela
Nexo Jornal , João Paulo Charleaux

Um grupo de 12 países do continente americano decidiu nesta quarta-feira (11), em


reunião em Washington, acionar um tratado internacional que prevê a adoção de medidas
de força contra o governo de Nicolás Maduro na Venezuela.

A decisão tomada nesta reunião é um primeiro passo dentro de uma escalada de


providências formais que precisam ser adotadas caso esses países decidam promover
mais sanções, embargos, bloqueios, cercos e até uma intervenção militar armada na
Venezuela dentro do que determinam os parâmetros do direito internacional.

O documento escolhido para esse fim é o Tiar (Tratado Interamericano de Assistência


Recíproca), também conhecido como Tratado do Rio. Este documento, lançado em 1947,
no auge da Guerra Fria, determina que os Estados-partes do tratado reajam coletivamente
em caso de agressão a um de seus membros.

A evocação do Tiar neste encontro, ocorrido na sede da OEA (Organização dos Estados
Americanos), em Washington, tem como pano de fundo a tese de que o atual governo da
Venezuela representa uma ameaça regional que justificaria o uso da força coletiva.

De onde surgiu a ideia de usar a força

A hipótese de uma intervenção militar estrangeira para retirar Maduro do poder à força foi
mencionada pela primeira vez em maio de 2016 pelo ex-presidente da Colômbia, Álvaro
Uribe (2002-2010). “O Exército e as Forças Armadas [da Venezuela] têm que proteger a
oposição, ou [temos de] pensar em qual país democrático é capaz de colocar suas Forças
Armadas democráticas a serviço da proteção da oposição venezuelana. Essa tirania [em
referência a Maduro] precisa ser enfrentada”, disse ele à época.

Um ano depois, em agosto de 2017, o presidente dos EUA, Donald Trump, foi ainda mais
direto. “As pessoas estão sofrendo e estão morrendo. Temos muitas opções para a
Venezuela, incluindo uma possível opção militar se for necessário”, disse Trump. “Estamos
em todo o mundo, e temos tropas em todo o mundo, em lugares que são muito longe. A
Venezuela não está tão longe”

A intervenção americana, no entanto, já pareceu mais factível no passado recente. Nesta


terça-feira (10), Trump demitiu John Bolton, conselheiro de segurança da presidência
americana que defendia a tomada de medidas mais duras no país sul-americano.

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Desde então, a tese da intervenção militar estrangeira na Venezuela surgiu e ressurgiu
várias vezes e em vários tons na boca de vários líderes da região, por vezes corroborando
a tese, por vezes recuando. Esse movimento errático pode ser visto, por exemplo, nas
diferentes manifestações de autoridades brasileiras, que emitem sinais trocados a esse
respeito.

Em fevereiro, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse o seguinte: “Para


nós, a opção militar nunca foi uma opção. O Brasil sempre defende as soluções pacíficas
de qualquer problema que ocorra nos países vizinhos. Defendemos a não intervenção”.

Um mês depois, em março, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que é filho
do presidente da República e cotado para assumir a Embaixada do Brasil em Washington,
disse, por outro lado: “Guerra é ruim. Vidas são perdidas e existe todo um problema de
efeitos colaterais, mas Maduro não deixará o poder de forma pacífica e, em algum
momento, o uso da força será necessário”. O Brasil é uma potência regional e, como tal,
figura como ator chave a ser considerado em qualquer cenário militar na América do Sul.

Ação acelerada nos bastidores

Em paralelo ao movimento pendular das declarações políticas, o fato concreto é que


diplomatas fizeram ao longo dos últimos seis meses um esforço para ressuscitar o Tiar,
deixando à disposição dos líderes do continente americano essa via legal para o uso da
força.

O passo mais recente foi dado nesta quarta (11), quando 12 Estados-partes do tratado
decidiram - contra um voto contrário e cinco abstenções - adotar uma “uma resolução para
constituir o órgão de consulta do Tratado [Tiar] e convocar na segunda quinzena de
setembro a Reunião de Ministros de Relações Exteriores a que se refere o artigo 11 do
Tiar”, além de “informar ao Conselho de Segurança das Nações Unidas todas as atividades
relacionadas a esse assunto”.

O artigo 11 do Tiar simplesmente determina a reunião dos chanceleres dos Estados-partes


para dar prosseguimento à análise da aplicação ou não do Tratado a um caso específico -
neste caso, à Venezuela. Já o Conselho de Segurança, mencionado, é o único órgão
internacional que tem a prerrogativa de autorizar o uso legal da força nas relações entre os
Estados.

Tensão militar com a Colômbia

Todas essas declarações políticas e movimentações diplomáticas são acompanhadas pela


realização de exercícios militares de grande envergadura, numa coreografia de exibição de
força.

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Na terça (10), Maduro enviou milhares de militares e deslocou baterias antiaéreas para a
fronteira com a Colômbia, num grande exercício militar que foi percebido como provocação
pelo país vizinho. O líder venezuelano também anunciou que distribuirá 500 mil armas para
as forças paramilitares que o apoiam, as chamadas milícias bolivarianas.

“Vimos as informações sobre exercícios militares. Esperamos que por meio do diálogo os
dois países possam encontrar uma forma de baixar as tensões existentes”, disse o
secretário-geral da ONU, António Guterres.

Venezuela e Colômbia estão com relações diplomáticas rompidas desde fevereiro. A


ruptura ocorreu depois que o governo colombiano - junto com mais de outros 50 países do
mundo - declarou Maduro presidente ilegítimo e proclamou apoio ao opositor Juan Guaidó.

Em maio, o presidente da Colômbia, Iván Duque, acusou Maduro de ser “promotor,


financiador e patrocinador” da guerrilha colombiana ELN (Exército de Libertação Nacional),
e falou em atacar focos da guerrilha em solo venezuelano.

A denúncia foi reforçada a oficializada pelo chanceler colombiano Carlos Holmes Trujillo,
que apresentou nesta quarta (11) à OEA um relatório que, segundo ele, prova as conexões
entre Maduro e as guerrilhas colombianas, incluindo uma dissidência das Farc (antigas
Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, hoje um partido político chamado Força
Alternativa Revolucionária do Comum). Em setembro, rebeldes anunciaram a ruptura de
um acordo de paz de 2016 e a volta às armas.

“O regime da Venezuela alberga e promove organizações terroristas, serve de refúgio a


esses delinquentes que, a partir desse território [Venezuela] planejam ações criminosas
que são executadas na Colômbia”, disse Trujillo explicitando resumidamente a tese que
torna possível evocar o Tiar: de que a Venezuela representa uma ameaça real à Colômbia
e que, portanto, é justificável uma ação de defesa regional coletiva contra Maduro.

“O chanceler colombiano fez papel de ridículo. Nós, sim, temos provas e vamos apresentá-
las diante do Conselho de Segurança. São provas com vídeos, fotos, com testemunhas e
depoimentos sobre como o governo da Colômbia prepara terroristas para fazer ataques
com objetivos militares, civis e institucionais e para tratar de assassinar o presidente
Maduro”, reagiu o presidente venezuelano em pronunciamento na TV nesta quarta (11).

“Na Colômbia estão fazendo dez planos para me matar”, disse Maduro em cadeia nacional
nesta quinta (11). “Duque, olhe para mim, não trema. Em nome do povo da Venezuela, te
digo: deixa quieto quem quieto está. Não se meta com o povo da Venezuela.”

Toda essa coreografia se desenrola tendo como eixo uma Venezuela dividida. A crise no
país tem mais de 30 anos, mas o que interessa no capítulo atual é a luta entre Maduro e

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Guaidó.

Maduro tomou posse como presidente em janeiro, mas seu mandato é contestado por uma
oposição que o acusa de ter fraudado as eleições. Com base nessa acusação, Guaidó,
que é presidente da Assembleia Nacional (órgão unicameral do Legislativo venezuelano,
de maioria opositora), declarou que a cadeira de presidente havia sido ocupada de maneira
ilegítima e foi proclamado por seus pares mandatário interino da Venezuela, condição
reconhecida por mais de 50 países.

Maduro não reconhece a legalidade da atual Assembleia Nacional. Logo, não reconhece a
legitimidade de Guaidó, que, por sua vez, tenta absorver as funções presidenciais, com
apoio de um número cada vez maior de países do mundo. Guaidó, entretanto, não controla
orçamento nem Forças Armadas. Seu papel é sobretudo de mobilização política e
campanha internacional.

A confusão gera problemas em relação aos compromissos internacionais assumidos pelo


país. Guaidó e a Assembleia Nacional, por exemplo, decidiram reinserir a Venezuela no
Tiar em julho. O país havia se retirado do tratado em 2012.

Para os que creem que Maduro é presidente, a decisão de voltar ao Tiar não tem validade.
Para os que veem legitimidade em Guaidó, o país é um Estado-parte do tratado e,
portanto, está autorizado a evocá-lo em caso de embasar uma intervenção militar
estrangeira e coletiva contra Maduro e as guerrilhas colombianas.

Por fim, há um segundo elemento de desestabilização regional. Maduro recebe apoio da


Rússia, que chegou a enviar aviões bombardeiros com capacidade nuclear para Caracas.

Essa cooperação é vista na OEA como um fator de ameaça regional. Maduro, por sua vez,
responde dizendo que a única vítima de uma ameaça é ele, dado que diversos governos
da região - especialmente o governo dos EUA - falam abertamente em usar a força para
tirá-lo do poder.

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Chanceler discute com Bannon discurso de Bolsonaro na
ONU
Estadão ,

Fora da agenda oficial, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, se reuniu nos
Estados Unidos com o ex-estrategista de Donald Trump e agitador de uma onda
nacionalista de direita, Steve Bannon. O encontro aconteceu na noite de quarta-feira, 11,
na residência da embaixada brasileira em Washington, onde o chanceler está hospedado
em viagem oficial de trabalho.

Bannon foi convidado para um jantar, no qual também estava presente o atual encarregado
de Negócios da Embaixada do Brasil em Washington, o diplomata Nestor Forster. A
reunião não constou na previsão de agenda de Araújo disponibilizada previamente pelo
Itamaraty. Questionada pela reportagem do Estado, a assessoria do ministro informou que
Araújo tivera um “jantar privado”.

Uma das pautas da conversa dos diplomatas brasileiros com o americano foi o discurso do
presidente Jair Bolsonaro no próximo dia 24, em Nova York, na abertura da Assembleia-
Geral da ONU. A estreia de Bolsonaro na reunião dos 193 países-membros que integram a
organização acontecerá em meio aos questionamentos internacionais sobre a política
ambiental brasileira e da repercussão no exterior do aumento das queimadas na Amazônia
neste ano.

O Palácio do Planalto teme protestos no momento do discurso de Bolsonaro e assessores


têm orientado o presidente a moderar suas falas para evitar novos problemas diplomáticos.
Até agora, a previsão é que o foco principal do discurso seja a questão ambiental – com
defesa da soberania brasileira sobre a Amazônia.

A proximidade de integrantes do governo Bolsonaro com Bannon começou desde a


campanha eleitoral, quando o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, se reuniu
com o controverso ex-estrategista de Trump. Bannon foi demitido da Casa Branca em 2017
e escanteado pela equipe do presidente americano. Desde então, tenta fomentar pelo
mundo uma onda nacionalista e populista de direita.

Em fevereiro, em outra visita de trabalho a Washington, Ernesto esteve com Bannon na


casa onde ele mora e trabalha – e que o americano autointitulou como Embaixada

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Breitbart, em referência ao nome do principal site de notícias da chamada alt-right
americana, o qual presidiu. Os dois se reencontraram em março, quando Bolsonaro foi a
Washington para o encontro com Trump e reuniu, também em jantar na embaixada, com
representantes da direita americana.

Bannon esteve por trás da eleição de Trump e do site Breibart, de plataforma de extrema
direta, anti-imigração e de supremacia branca. Também foi conselheiro da Cambridge
Analytica, consultoria acusada de fornecer dados de milhões de usuários do Facebook
para prejudicar Hillary Clinton em 2016.

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Indicado de Bolsonaro para ONU diz que crítica
internacional a queimadas tem viés econômico
Folha de S.Paulo , Daniel Carvalho

O diplomata Ronaldo Costa Filho, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) para
comandar a missão do Brasil na ONU, disse nesta quinta-feira (12) que as críticas de
países europeus às queimadas na Amazônia foram motivadas por interesses econômicos.

Em sabatina na CRE (Comissão de Relações Exteriores) do Senado, Costa Filho afirmou


que as queimadas não estão fora do padrão, acontecem também na África e na Sibéria, e
que, por sua experiência como negociador-chefe do acordo entre Mercosul e União
Europeia, as manifestações de países como a França são por causa da concorrência
econômica com o Brasil.

"Ao longo desses anos todos, não foi uma vez, não foram duas, foram inúmeras vezes que,
em qualquer sinal de progresso da negociação, de que a coisa parecia que ia avançar,
surgia uma crise ou uma denúncia de desmatamento da Amazônia, de que a soja, de que
o gado, está derrubando a floresta amazônica por agricultores inescrupulosos no Brasil",
afirmou o diplomata.

"Isso é uma reação natural, ninguém gosta de concorrência. A agricultura europeia teme
com grande vigor o potencial da agricultura brasileira. Este é um dado. O temor é grande",
insistiu Costa Filho.

O diplomata disse que as denúncias na área ambiental por parte dos europeus sempre
existiram, mas que agora, por ter se transformado numa discussão entre dos presidentes
—o do Brasil, Jair Bolsonaro, e o da França, Emmanuel Macron—, o debate tomou outra
proporção.

"A qualquer momento, esta denúncia ia surgir. Foram 'n' vezes. Nós sempre reagimos
ignorando. Desta vez, a coisa foi um pouco mais intensa porque surgiu em nível de chefe
de Estado, e aí não é algo que se possa varrer para debaixo do tapete", afirmou.

Costa Filho disse que o papel da diplomacia agora é contribuir para serenar os ânimos.

"Não entendo que seja uma crise intransponível na relação do Brasil com outros países.
Temos que, e as Nações Unidas são foro para isso, levar a informação, levar os
documentos, comprovação de que é um fato, estimular a cooperação para ajudar, como
está sendo feito agora."

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Sobre a oferta de ajuda financeira internacional para coibir as queimadas, o diplomata
afirmou que já existem fundos nas Nações Unidas para este fim e que "não há
necessidade de grandes novidades".

"Pode ser politicamente útil, criar algo novo dá mais manchete do que contribuir para um
fundo já existente", afirmou.

Costa Filho foi aprovado em votação secreta pelos integrantes da CRE, mas seu nome
ainda precisa passar pelo plenário do Senado. Ele não é considerado claramente vinculado
a Bolsonaro, e sua chegada não deve causar mal-estar entre diplomatas que representam
o Brasil na ONU.

A Folha mostrou no sábado (7) que o governo Jair Bolsonaro queria tirar o diplomata
Mauro Vieira do comando da missão do Brasil na ONU antes da viagem que fará para
participar da Assembleia Geral do órgão.

Vieira foi ministro das Relações Exteriores no segundo mandato de Dilma Rousseff (PT), e
sua presença durante a passagem do presidente brasileiro por Nova York —prevista para
ocorrer entre 22 e 25 de setembro— é considerada incômoda por integrantes do Planalto.

O chefe da missão em Nova York trata de assuntos ligados principalmente a paz,


segurança, desenvolvimento sustentável e direitos humanos.

Para a abertura da Assembleia Geral, a expectativa é de que Bolsonaro faça um discurso


que se descole desses temas e reforce a marca ideológica de seu governo.

O presidente deve usar parte da fala para ecoar a ideia de que a Amazônia é um território
brasileiro e que nenhuma intervenção será tolerada.

No início do ano, o Itamaraty já havia decidido transferir Mauro Vieira para a embaixada na
Croácia, mas a indicação não fora oficializada.

Com a proximidade da viagem, o governo acelerou o processo, e o relatório favorável à


transferência já foi lido na CRE. A sabatina do atual chefe da missão na ONU está prevista
para a próxima semana.

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Trump manifesta intenção de firmar acordo provisório com
a China
Agência Brasil ,

Há sinais de que os Estados Unidos (EUA) e a China poderão amenizar suas posições em
relação a uma disputa comercial.

O presidente americano, Donald Trump, disse nessa quinta-feira (12) que consideraria um
acordo comercial preliminar com a China. Acrescentou que preferiria chegar a um acordo
abrangente, mas vai considerar um de caráter provisório.

Como outro sinal de que a tensão está diminuindo, a China sugeriu anteriormente que
estaria se preparando para reiniciar as importações de produtos agrícolas dos Estados
Unidos.

O Ministério do Comércio disse que as companhias chinesas estão interpelando sobre os


preços de soja e de carne suína dos EUA. A divulgação ocorreu logo depois de os Estados
Unidos terem anunciado que adiarão a implementação do aumento de tarifa adicional
sobre artigos chineses.

Coreia do Norte

Em entrevista, Trump declarou que quer se encontrar com o líder norte-coreano, Kim Jong
Un, "em um determinado momento" neste ano.

Ele acredita que Kim também deseja o encontro. Contudo, não deu qualquer informação
específica sobre o local ou quando outro encontro de cúpula poderá acontecer.

As observações de Trump são feitas no momento em que uma funcionária de alto escalão
da Coreia do Norte declarou que o governo norte-coreano está pronto para reiniciar as
negociações com Washington sobre desnuclearização.

Nesta semana, Trump demitiu o conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, que
defendia atitude mais severa em relação à Coreia do Norte, que aquela com enfoque no
diálogo.

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Minoria árabe de Israel se mobiliza em candidatura única
contra Netanyahu
EL PAÍS , Juan Carlos Sanz

A oposição israelense voltou a derrotar Benjamin Netanyahu nesta quarta-feira no Knesset


(Parlamento), às vésperas de uma eleição. O projeto de lei apresentado pelo primeiro-
ministro que autorizava a gravação com câmeras nas seções eleitorais foi definitivamente
revogado pelo plenário por causa da ausência de toda a bancada da oposição, privando o
Governo da maioria absoluta. Em um gesto desafiador, Ayman Odeh, líder da Lista
Conjunta de partidos árabes, aproximou-se de Netanyahu antes da votação para gravá-lo
de perto com seu celular. “De repente ele tem um problema com as câmeras”, ironizou
Odeh no Twitter depois de ser expulso do plenário.

A chamada Lei das Câmeras tinha como objetivo reduzir a participação eleitoral nos
povoados de maioria árabe, segundo dirigentes políticos dessa comunidade. O gesto de
desafio expôs a advertência que os líderes políticos árabes lançaram ao primeiro-ministro.
Assim como fizeram em 1992 para permitir a posse do trabalhista Isaac Rabin como
primeiro-ministro, os membros da minoria étnica estão dispostos a bloquear Netanyahu
para impedir sua reeleição, caso consigam somar assentos suficientes.

Merkel defende solução de dois Estados para o conflito entre Israel e palestinos

Israel fará novas eleições depois do fracasso de Netanyahu em formar Governo

Israel e Hamas beiram a guerra em Gaza na maior escalada da violência em cinco anos

Foi o que contou Odeh pouco depois do incidente no Knesset, em encontro com a
imprensa estrangeira no hotel King David, em Jerusalém. “Para apoiar um Governo
alternativo exigiremos a revogação da lei do Estado-nação, que nos confirmou como
cidadãos de segunda classe”. A polêmica normativa do ano passado, de caráter
constitucional, estabeleceu o caráter judaico do Estado do Israel, ao mesmo tempo em que
declarou o hebraico como única língua oficial, deixando o árabe de lado.

A maior parte da oposição a considera a lei uma consagração da discriminação contra os


árabes de origem palestina (20% dos quase nove milhões de israelenses), assim como
contra os drusos (2%) e cristãos (2%). O reconhecimento da igualdade entre todos os
cidadãos, proclamado na declaração de independência de Israel, não figura na nova lei
fundamental do Estado.

Os cidadãos árabes consideram-se privados de sua identidade, como palestinos que

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permaneceram dentro de Israel após sua criação, em 1948, assim como seus
descendentes. Metade dos lares árabes israelenses está abaixo da linha da pobreza, em
comparação a apenas 20% das famílias judias. O índice de desemprego masculino é o
dobro da média nacional, inferior a 5%, ao passo que entre as mulheres é o triplo.

Odeh, que representa o setor laico e progressista das quatro forças que compõem a Lista
Conjunta, chegou a se mostrar a favor de uma coalizão de Governo alternativa a
Netanyahu. Ahmed Tibi, líder da ala nacionalista da candidatura árabe, rejeita essa
hipótese. “Nosso propósito é melhorar a situação da comunidade árabe, mas como minoria
nacional não podemos participar de um Governo que tome decisões como atacar a Faixa
de Gaza, cuja responsabilidade não compartilhamos”, advertiu numa recente entrevista
coletiva. “Poderíamos, no entanto, oferecer apoio externo sem entrar no Gabinete.”

A Lei das Câmeras previa uma autorização genérica aos fiscais de partidos para poderem
gravar imagens e conversas dos membros das mesas eleitorais, dos outros representantes
partidários e dos eleitores dentro e nos arredores das seções eleitorais. Depois da
suspensão da lei, surgiu um anúncio entre posts na conta do Facebook da campanha do
Likud, o partido liderado por Netanyahu, no qual lia-se: “Os árabes querem destruir todos
nós [judeus israelenses], nossas mulheres, homens e crianças”.

O Facebook suspendeu nesta quinta-feira as mensagens por violação da política da


companhia sobre incitação ao ódio. Odeh disse, pelo Twitter, que a Lista Conjunta tinha
denunciado esta campanha do partido de Netanyahu. Uma porta-voz da formação direitista
citada pela agência Efe atribuiu a mensagem a “um erro de um funcionário” que não
contava com autorização da direção.

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Biden clashes with Warren and Sanders in lively
Democratic debate
the Guardian , Lauren Gambino

Confrontation erupted on the debate stage as energized frontrunner Joe Biden verbally
sparred with progressives Elizabeth Warren and Bernie Sanders, revealing deep divisions
over healthcare, immigration, foreign policy and how far left the party should move.

But the debate also took a more conciliatory tone than previous ones as rival candidates
praised each other and concentrated much of their fire in the direction of Donald Trump.

Round three of the presidential debates, held on Thursday at Texas Southern University, a
historically black college in Houston, featured all of the top contenders for the party’s
nomination on a single stage for the first time. The sprawling metropolis, one of the most
diverse cities in America, reflected the diversity of the Democratic field, which featured
women, people of color and a gay man.

Over the course of three hours, Democrats debated a central question animating the
primary contest: do they want to return to an era of politics that existed before the Trump
presidency or do they favor policies that go far beyond the last administration?

“I stand with Barack Obama, all eight years, the good, bad and indifferent,” Biden said,
defending himself against an attack on his record.

The ABC News debate opened with a clash over healthcare, one of the sharpest
differences among the candidates and a top priority for Democratic voters.

Wrapping himself in Obama’s legacy, the former vice-president confronted his progressive
challengers over the cost of Medicare for All, which would cover every American under a
government health plan and essentially eliminate private insurance, accusing Warren of not
being forthcoming about whether the plan would raise taxes on the middle class.

“I know the senator says she’s for Bernie,” he said of Warren’s support for Sanders’
Medicare for All healthcare plan. “Well, I’m for Barack. I think the Obamacare worked.”

Biden, sandwiched between Sanders and Warren on the stage, suggested that her plan to
raise taxes on the wealthiest Americans by 2% falls short of the estimated $30tn it would
cost to implement a Medicare for All system. Warren shot back: “I’ve never actually met
anybody who likes their health insurance company.”

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The former vice-president also challenged Sanders’ proposal to force employers to
effectively pay out union members for any savings from a shift to a single-payer health
system. “For a socialist, you’ve got a lot more confidence in corporate America than I do,”
he said.

A highly anticipated showdown between Biden and Warren, who is steadily gaining on him
in the polls, never fully materialized into open warfare. By contrast, Sanders came prepared
to draw sharp contrasts with Biden on trade and foreign policy. The Vermont Senator
slammed Biden for his vote in favor of the Iraq war. “The truth is, the big mistake, the huge
mistake, and one of the big differences between you and me, I never believed what Cheney
and Bush said about Iraq,” said Sanders, who opposed it.

But overall the conversation broadened away from the dynamic of the top three, leading to
one of the sharpest skirmishes of the evening between Biden and former housing and
urban development secretary Julián Castro.

In a testy back-and-forth, Castro, 44, alluded to voter concerns about Biden’s age when he
continued to press the former vice-president about whether he had forgotten a piece of his
healthcare plan. If elected, Biden would be the oldest first-term president at 78.

“Are you forgetting what you said two minutes ago?” Castro asked, eliciting gasps from the
audience. Castro, who also served the Obama administration, boasted: “I’m fulfilling the
legacy of Barack Obama and you’re not.”

As they sparred, Pete Buttigieg, the 37-year-old mayor of South Bend, Indiana, appealed
for unity.

“This is why the presidential debates are becoming unwatchable,” he said. “This reminds
everybody of what they cannot stand about Washington.”

“That’s called an election,” Castro snapped back. “This is what we’re here for.”

Questions about gun violence, immigration and trade with China also revealed a difference
of opinion and a hefty dose of criticism of Trump. The California senator Kamala Harris
accused the president of using “hate, intimidation, fear”, to divide the country. The New
Jersey senator Cory Booker called Trump “racist”.

Former Texas representative Beto O’Rourke and Castro, the two Texans in the race, spoke
emotionally about the mass shootings that rocked the state last month. In El Paso, 22
people, many of them Latino, were killed at a Walmart by a gunman who invoked Trump’s
language in describing the motivation for his attack. Weeks later, a gunman killed seven
people during a shooting spree between the Texas cities of Odessa and Midland.

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“A few weeks ago, a shooter drove 10 hours, inspired by this president, to kill people who
look like me,” Castro said. He called white supremacy a “growing threat to this country”.

O’Rourke did not shy away from saying he would require citizens to turn in their military-
style weapons, despite Republicans’ frequent accusations that Democrats are coming to
take Americans’ guns.

“Hell yes, we’re going to take your AK-47,” O’Rourke said in one of the biggest lines of the
night. O’Rourke was also the recipient of praise from other candidates on the stage –
including Biden and Castro – for his actions in dealing with the tragedy in his native El
Paso.

Both Warren and Biden are leading contenders for the Democratic nomination, but they
represent dueling visions for the party. Biden is a relative moderate with plans that would
build on the work of the Obama administration and Warren is a progressive who has called
for “big, structural change” through an expanding portfolio of detailed policy plans.

There were also moments of levity in Houston. Harris erupted in laughter after drawing a
comparison between Trump and the “really small dude” behind the curtain in the Wizard of
Oz.

Entrepreneur Andrew Yang, the only non-politician on stage, surprised his rivals – and
viewers – when he announced a plan to give away $1,000 a month to 10 families over the
next year, a gambit aimed at promoting his universal basic income signature campaign
proposal.

“That was original,” Buttigieg said. “I’ll give you that,” he told Yang.

Later in the evening, in a moment that would have been unlikely even just a decade ago,
Buttigieg spoke movingly about his decision to come out publicly as gay in 2015.

“I came back from the deployment and realized that you only get to live one life and I was
not interested in not knowing what it was like to be in love any longer. So I just came out,”
he said.

“What happened was that when I trusted voters to judge me based on the job that I did for
them, they decided to trust me and they re-elected me with 80% of the vote.”

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Felipe Muñoz, asesor presidencial colombiano para la
frontera: "Colombia seguirá teniendo una política generosa
de recepción de venezolanos"
ELMUNDO , Cibex

Su país soporta la mayor carga del éxodo provocado por la crisis política de Venezuela, de
ahí que reclame "más ayuda internacional"

Colombia y Venezuela comparten más de 2.000 kilómetros de frontera, la cual es testigo de


la huida de venezolanos ante la falta de salidas a los problemas del país petrolero y,
también, de las tensiones entre ambas naciones. La gobernada por Iván Duque ya ha
recibido 1,4 millones de migrantes, soportando así el mayor peso de un éxodo que ya
supera los cuatro millones.

"Necesitamos más ayuda internacional porque es una crisis de dimensiones globales que
puede empezar a afectar a la estabilidad de la región", solicitó Felipe Muñoz, asesor
presidencial para la frontera entre Colombia y Venezuela del Ejecutivo de Duque, ayer, en
una entrevista en Madrid. Muñoz, que ocupa este cargo desde febrero de 2018, analiza la
situación actual.

¿Los últimos acontecimientos en la frontera (Nicolás Maduro ordenó un despliegue militar)


generarán un mayor conflicto entre ambos países?

Yo sobre eso le puedo repetir lo que ha dicho el presidente [Iván Duque]: Colombia ni
provoca, ni se deja provocar. Nosotros estamos concentrados en los esfuerzos
diplomáticos y en la ayuda humanitaria. Esto, como en muchas ocasiones, es un factor de
distracción al verdadero problema que es la crisis migratoria.

¿Cuáles son los principales problemas de los migrantes venezolanos que entran a
Colombia?

Hay un proceso de desarraigo muy duro y muy difícil, hay que entender y ponerse en los
zapatos del otro, que es salir de su casa, dejando tal vez a sus padres o a las personas
mayores para que cuiden la casa y si no se las quitan. Y salir con una maleta, partir a su
familia... Lo primero que hay que tener aquí es una empatía emocional, que lo que le está
pasando al pueblo venezolano es una tragedia, que va a tardar muchos años en curarse.

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Además de eso, enfrentan riesgos de salud, de seguridad en el paso de la frontera. Porque
hay un control de muchos grupos permitidos por el régimen de Venezuela. Se enfrentan a
riesgos de seguridad y, obviamente, cuando llegan, a los riesgos propios de que no
tenemos la capacidad para atenderlos.

Cada vez es mayor la presión que soporta Colombia, ¿se ha planteado acabar con su
política de puertas abiertas?

No. Eso no es un planteamiento que tengamos en consideración. El presidente lo ha


reiterado de manera clara, lo ha reiterado el ministro de Exteriores, la vicepresidenta...
Colombia seguirá actuando de manera diplomática con todas las herramientas para que
haya un cambio en el régimen y elecciones libres. Pero, en lo que tiene que ver con la
migración, seguirá teniendo una política generosa y humanitaria de recepción de
venezolanos.

Ante la llegada masiva, ¿cómo están recibiendo los colombianos a la población


venezolana?

La sociedad colombiana ha hecho de esto una oportunidad de empatía muy positiva, eso
hay que reconocerlo. No obstante, es normal que en estos procesos y más cuando
empieza a haber estos volúmenes, empiece a haber una disminución del apoyo popular,
sobre todo, en ciertas regiones. Algunas encuestas nos muestran, con preocupación, que
empieza a disminuir un poco la voluntad de recibirlos. Por ello, tenemos que seguir
actuando y trabajando para tener más recursos y poder atender mejor a los venezolanos y
a las comunidades de acogida.

Algunos países impusieron visados a los venezolanos, ¿qué ha supuesto esto para
Colombia?

Esto lo que supone es una mayor presión, pero también para los otros países es un riesgo
porque la gente va a seguir cruzando, ya no por vías legales sino irregulares, lo cual
genera riesgos para todos. Por eso, tenemos que seguir trabajando para buscar
mecanismos coordinados de carácter regional.

Aunque la crisis venezolana acabe, ¿cómo va a afectar a la población que ya ha migrado?

Aunque mañana hubiera un cambio en el régimen, mucha de la gente que está hoy en
Colombia no va a volver al día siguiente. Porque está la destrucción en Venezuela de su
estructura educativa, de sus hospitales.... Mientras eso se recupera vamos a tener que
pensar en que parte importante de esta migración se va a quedar en Colombia. Por ello,
estamos pensando no sólo en responder a la emergencia humanitaria, sino en hacer una
estrategia de inclusión económica, que permita que integremos a esos migrantes.

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¿Qué está haciendo Colombia para lograr esa integración?

Seguir fortaleciendo la respuesta humanitaria, sobre todo en lo que tiene que ver con
salud, ampliando la posibilidad de acceso a servicios y de cobertura en el seguro público
de salud de Colombia. En educación, no hay barreras de acceso hoy para los niños, hay
190.000 niños en el sistema educativo, pero hay que seguir avanzando para que puedan
tener todas las garantías adicionales. En el tema de inclusión económica, seguir
regularizando; mejorar nuestra capacidad para convalidar títulos; cómo podemos facilitar
que tengan acceso a fondos para emprendimiento... La Cámara de Comercio de Bogotá
registra un incremento de más del 20% en el último año de creación de empresas por
venezolanos. Eso quiere decir que si uno les da las condiciones, los emprendedores por
naturaleza tienen un mayor apetito de riesgo, eso hace que haya crecido el número de
empresas creadas por venezolanos. Es decir, que las condiciones están y los ejemplos en
el mundo nos lo certifican.

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L’or, relique civilisée « d’une économie devenue barbare »
Le Monde.fr , Didier Julienne

Tribune. Commerce mondial, réserves bancaires, dette mondiale, justice extraterritoriale…


Le dollar dirige la planète financière. La monnaie de Washington offre un marché profond,
une valeur stable, une liquidité et une certaine sécurité liée à l’indépendance de la Banque
centrale américaine. Mais cette neutralité du dollar est menacée par la politique de guerre
commerciale du président Trump, et la guerre des monnaies qui s’ensuit provoque des
dévaluations.

Les privilèges attachés au dollar ne sont plus durables. L’expansion de l’économie


réclamant cependant une monnaie globale, un nouvel ordre monétaire surgira de cette
crise et trois candidats à la succession illustrent cette renaissance : un panier de devises,
des monnaies virtuelles et l’or. La qualité principale de l’or est celle que le dollar perd :
l’indépendance. Si certaines banques centrales remplacent le dollar par l’or dans leurs
réserves, c’est parce que l’or n’est la dette de personne et que son taux d’intérêt, qui existe
bien, est déterminé non par un pays, mais par la différence des prix entre le marché
comptant et le marché à terme.

Libre de dettes, certes, mais face aux marchés financiers dollarisés, la profondeur du
marché de l’or et sa liquidité sont aujourd’hui insuffisantes. Ils réclameraient que le prix de
l’or ou sa production, voire les deux, soient multipliés. De combien ? En divisant les valeurs
de la monnaie papier et des produits financiers mondiaux par les quantités d’or
thésaurisées, certains calculent une valeur de l’once d’or oscillant entre 10 000 et 25 000
dollars, soit de 7 à 17 fois plus qu’aujourd’hui.

L’or et l’enjeu de la transition environnementale

Le spectre est large, mais il reste étroit face à la réalité d’autres éléments plus spéculatifs
liés à un tel bouleversement. Un prix plus élevé, pour mieux assurer la profondeur de
marché, la stabilité, la liquidité et la sécurité financière, réserverait l’or aux banques
centrales et détruirait la demande d’or de l’industrie bijoutière et de l’investissement privé.
Par ailleurs, la question environnementale musèle de plus en plus l’accroissement de la
production minière. Pour l’or aussi la transition environnementale a un effet inflationniste !

La fin du dollar, l’apparition d’un nouvel ordre financier mondial métallique sont, comme
chaque grand chambardement, projetés par chacun, mais sans le désirer vraiment de peur
de perdre le confort du dollar. Si l’or peut jouer le rôle temporaire de relais entre un ordre
mondial dollarisé et une future monnaie à imaginer, ce monde futur est encore flou. Panier
monétaire régi et garanti par des banques centrales, mais quelle indépendance auraient

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ces monnaies ? Monnaies virtuelles sans règles écrites de fonctionnement ni de cautions
garantissant la stabilité de leurs valeurs ? Le graphique du prix du bitcoin convainc du
danger de l’outil ?

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