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05/12/2019 Paradigma – Wikipédia, a enciclopédia livre

Paradigma
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Paradigma (do latim tardio paradigma, do grego παράδειγμα, derivado de παραδείκνυμι «mostrar, apresentar,
confrontar») é um conceito das ciências e da epistemologia (a teoria do conhecimento) que define um exemplo típico
ou modelo de algo. É a representação de um padrão a ser seguido. É um pressuposto filosófico, matriz, ou seja, uma
teoria, um conhecimento que origina o estudo de um campo científico; uma realização científica com métodos e
valores que são concebidos como modelo; uma referência inicial como base de modelo para estudos e pesquisas.

O conceito originalmente era específico da gramática, em 1900 o Merriam-Webster definia o seu uso apenas nesse
contexto, ou da retórica, para se referir a uma parábola ou uma fábula. Em lingüística, Ferdinand de Saussure (1857 -
1913), utiliza o termo paradigma para se referir a um tipo específico de relação estrutural entre elementos da
linguagem.

Thomas Kuhn (1922-1996) , físico célebre por suas contribuições à história e filosofia da ciência, em especial do
processo que leva à evolução do desenvolvimento científico, designou como paradigmáticas as realizações científicas
que geram modelos que, por períodos mais ou menos longos e de modo mais ou menos explícito, orientam o
desenvolvimento posterior das pesquisas exclusivamente na busca da solução para os problemas por elas suscitados[1].

Em seu livro a Estrutura das Revoluções Científicas (1962)[2] apresenta a concepção de que "um paradigma, é aquilo
que os membros de uma comunidade partilham e, inversamente, uma comunidade científica consiste em pessoas que
partilham um paradigma" e define "o estudo dos paradigmas como o que prepara basicamente o estudante para ser
membro da comunidade científica na qual atuará mais tarde".

A linguista inglesa Margaret Masterman (1910-1986), no artigo 'The Nature of a Paradigm'[3], fez célebre crítica ao
livro de Kuhn, onde aponta no mínimo 21 acepções ao termo 'paradigma'.

Hoisel (1998)[4], autor de um ensaio ficcional que aborda como a ciência haveria de se encontrar em 2008, chama
atenção para o aspecto relativo da definição de paradigma, observando que enquanto o termo é relacionado a uma
constelação de pressupostos e crenças, escalas de valores, técnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma
determinada comunidade científica num determinado momento histórico, é também simultaneamente um conjunto
dos procedimentos consagrados, capazes de condenar e excluir indivíduos de suas comunidades de pares. Nos mostra
como este pode ser compreendido como um conjunto de "vícios" de pensamento e bloqueios lógico-metafísicos que
obrigam os cientistas de uma determinada época a permanecer confinados ao âmbito do que definiram como seu
universo de estudo e seu respectivo espectro de conclusões ardentemente admitidas como plausíveis.

Em seu livro Anais de um simpósio imaginário, Hoisel destaca ainda que uma outra conseqüência da adoção irrestrita
de um paradigma é o estabelecimento de formas específicas de questionar a natureza, limitando e condicionando
previamente as respostas que esta nos fornecerá, um alerta que já nos foi dado pelo físico Heisenberg quando mostrou
que, nos experimentos científicos o que vemos não é a natureza em si, mas a natureza submetida ao nosso modo
peculiar de interrogá-la.

O ajuste ou limitação da visão do objeto a um método de pesquisa, pré estabelecido através de tradições universitárias,
arquitetura de texto, adequação bibliográfica, etc., é o que está em questão. Tanto Foucault[5][6] quanto Kuhn
assinalam a presença de padrões de descontinuidades na produção de conhecimento de uma área do saber: as
revoluções e rupturas epistemológicas.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Paradigma 1/5
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Índice
A comunidade científica
Ciências Humanas
Filosofia
Linguística
Referências
Ver também

A comunidade científica
Segundo Kuhn (1978, p. 60), uma comunidade científica consiste em
homens que partilham um paradigma e esta "[...] ao adquirir um
paradigma, adquire igualmente um critério para a escolha de problemas
que, enquanto o paradigma for aceito, poderemos considerar como Giordano Bruno (1548 — 1600)
condenado à morte na fogueira pela
dotados de uma solução possível".
Inquisição romana por heresia.
Uma investigação atinente à comunidade científica "de uma determinada
especialidade, num determinado momento, revela um conjunto de ilustrações recorrentes e quase padronizadas de
diferentes teorias nas suas aplicações conceituais, instrumentais e na observação". Tais ilustrações são "os paradigmas
da comunidade, revelados nos seus manuais, conferências e exercícios de laboratórios". [7] [8]

Ao longo da história pesquisas e observações são realizadas e muitas vezes como se observa, não se adequam,
produzem contradições, ao paradigma vigente e dão origem a um novo. O novo paradigma se forma quando a
comunidade científica renuncia simultaneamente à maioria dos livros e artigos que corporificam o antigo, deixando de
considerá-los como objeto adequado ao escrutínio científico. A estrutura das revoluções científicas foi descrita por
Kuhn em ciclos com os seguintes momentos: ciência normal, anomalias, crise e revolução científica.

Denomina-se interacionismo simbólico a metodologia com que se estuda as distintas comunidades científicas e suas
relações sociais ou sócio-históricas. Autores como Thomas Szasz e Erving Goffman por exemplo pesquisaram como o
saber psiquiátrico constituiu-se como as relações interpessoais vivenciadas em instituições [9] [10]. A materialidade e o
capital investido nas hierarquias das instituições científicas possuem um poder não menos superior à lógica que
orienta as pesquisas científicas e referendam os aspectos ideológicos referidos por Karl Marx nas relações desta (a
superestrutura) com a infraestrutura econômica que organiza as sociedades [11].

Essa metodologia das ciências sociais instalou um modo de ser quase paranóico em relação às comunidades de
políticos e intelectuais mas não se pode ignorar a fogueira que queimou Giordano Bruno nem os milhões de dólares
que se pode adquirir através dos poderosos meios de comunicação de massa difusores das fantasias, feitas pelo
comércio e propaganda, que orientam o consumo de bens industriais envolvendo desde o consumo de supérfluos até
os produtos e serviços médicos. Constantes denúncias tem sido feitas quanto a manifestações de interesse do capital
distorcendo a lógica da produção de medicamentos e oferta de serviços de saúde. [12] [13] [14]

A pergunta que se faz em nossos dias, especialmente no campo da saúde coletiva onde não se lida apenas com a
concepção biológica da saúde é, se é possível romper com o positivismo, reducionismo mecanicismo que formaram a
medicina cosmopolita sem limitar-se à crenças cientificistas e abrir mão das conquistas tecnológicas dessa ciência ?
[15] [16] [17]

Ciências Humanas

https://pt.wikipedia.org/wiki/Paradigma 2/5
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Nas Ciências Humanas, para considerar as formulações propostas por Kuhn em torno do conceito de Paradigma, tal
como este autor as desenvolveu em seus trabalhos sobre A Estrutura das Revoluções Científicas, é preciso adaptar
estas propostas a campos de conhecimento que, em geral, são multiparadigmáticos. Em campos de saber como a
História, dificilmente se pode falar em paradigmas dominantes que se sucedem e que substituem o anterior através de
uma ruptura, pois o que ocorre é a convivência de vários paradigmas igualmente legítimos ao mesmo tempo. Podemos
dar o exemplo, na História, dos paradigmas Positivista, Historicista e Materialista Histórico, entre outros (BARROS,
2010. p.426-444 [18]). Autores como o historiador Jörn Rüsen, neste sentido, tem utilizado o conceito de paradigma
também para os estudos de historiografia, mas cuidando de observar as devidas adaptações, já que, em geral, a maior
parte dos historiadores reconhece a História como um campo de saber multiparadigmático.

Filosofia
Na Filosofia grega, paradigma era considerado a fluência (fluxo) de um pensamento, pois através de vários
pensamentos do mesmo assunto é que se concluía a ideia, seja ela intelectual ou material. Após a realização dessa ideia
surgiam outras ideias, até que se chegasse a uma conclusão final ou o seu caminho desde a intuição, à representação
sensível até a representação intelectual. Pensar que a ideia inicial, é tanto intelectual como factual, pois não conta com
a inspiração e os diversos fluxos de pensamento.

O pensamento por sua vez é um componente da alma. Para Aristóteles as faculdades da alma são: a faculdade
nutritiva, a faculdade sensitiva e a faculdade intelectiva.

Alma intelectiva (intelecto). Dessa faculdade intelectiva, somente o homem é dotado, pois somente ele tem a
capacidade de conhecer. Aristóteles, quanto a isso, escreve na sua obra Metafísica: "Todos os homens, por natureza,
desejam conhecer". Para Aristóteles "há na sensação algo de conhecimento de tal modo que se pode dizer que a
apreensão sensível tem algo de intelectual".

Na tradição aristotélico-tomista, distingue-se o "Intelecto ativo" a faculdade cognitiva pela qual as impressões
recebidas pelos sentidos se tornam inteligíveis, capazes de ser apropriadas ao intelecto passivo do "intelecto passivo"
onde são plenamente conhecidas. Resumindo, paradigma são referências a serem seguidas, em Platão, é clara a ideia
de modelo.

Linguística
Em Linguística, como visto, Ferdinand de Saussure define como paradigma (associações paradigmáticas) o conjunto
de elementos similares que se associam na memória e que assim formam conjuntos relacionados ao significado
(semântico). Distinguindo-se do encadeamento sintagmático de elementos, ou seja, relacionados com o sintagma
enquanto rede de significantes (sintático).

Exemplificando, Müller [19] coloca que a dicotomia que levou o nome de Sintagma [versus] Paradigma é facilmente
entendida com exemplos, Segundo ela, toda frase, palavras e até signos extralingüísticos -, possuem dois eixos: um de
seleção e outro de combinação. Na frase "Eu comprei um carro novo", há possibilidades combinatórias claras, tais
como "Um carro novo eu comprei" (mudança de ordem das palavras) ou outras, como ao acrescentarmos novos
termos à oração. Também há quase inumeráveis possibilidades seletivas, tais como: "eu / ele / tu / João / Dina -
comprou / vendeu / roubou / explodiu - um / dois / três / muitos - carros / foguetes / caminhões - novos / velhos /
antigos / raros". O eixo de seleção proposto pela relação paradigmática, corresponde às palavras que podem ocupar
determinado ponto em uma sentença.

Referências
1. Laskowski., Tozzini, Daniel (2000). Filosofia da ciência de Thomas Kuhn : conceitos de racionalidade científica. (h
ttp://worldcat.org/oclc/923761021) [S.l.]: Editora Atlas S.A. ISBN 9788522488995. OCLC 923761021 (https://www.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Paradigma 3/5
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worldcat.org/oclc/923761021)
2. Kuhn, Thomas. Estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1978. - Google Books (http://books.
google.com.br/books?id=xnjS401VuFMC&printsec=frontcover&dq=thomas+kuhn&hl=pt-BR&ei=-ZQ4TujRNqnZ0Q
G9zNzYAw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCkQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false) Aug. 2011
3. science, International colloquium in the philosophy of (2 de setembro de 1970). Criticism and the Growth of
Knowledge: Volume 4: Proceedings of the International Colloquium in the Philosophy of Science, London, 1965 (h
ttps://books.google.com.br/books?id=Vutfm5n6LKYC&printsec=frontcover&redir_esc=y#v=onepage&q=masterma
n&f=false) (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 9780521096232
4. Hoisel B. Anais de um Simpósio Imaginário SP, Editora Palas Athena, 1998 ISBN 85-7242-022-3
5. Alvarenga, Lídia. Bibliometria e arqueologia do saber de Michel Foucault – traços de identidade teórico-
metodológica. Ciência da Informação, V. 27, n. 3 (1998)PDF (http://www.scielo.br/pdf/ci/v27n3/27n3a02.pdf) Ag.
2011
6. Foucault, M. Arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997. e-Book (http://www.livrosgratis.ne
t/download/578/a-arqueologia-do-saber-michel-foucault.html) Ag. 2011
7. Malufe, José Roberto. A retórica da ciência, uma leitura de Goffman. São Paulo: Educ, 1992.
8. Latour, Bruno; Woolgar, Steve. A vida de laboratório, a produção dos fatos científicos. Rio de Janeiro: Relume-
Dumará, 1997.
9. Goffman, Erving. Prisões manicômios e conventos. São Paulo: Perspectiva, 1999.
10. Szaz, Thomas S. A Fabricação da Loucura: um estudo Comparativo entre a Inquisição e o Movimento de Saúde
Mental. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
11. Marx, Karl; Engels, Friedrich. A ideologia alemã. e-Book (http://ateus.net/ebooks/geral/marx_a_ideologia_alema.p
df) Arquivado em (https://web.archive.org/web/20080708182650/http://ateus.net/ebooks/geral/marx_a_ideologia_
alema.pdf) 8 de julho de 2008, no Wayback Machine. Acesso em: 10 dez. 2009.
12. Angell, Márcia. A verdade sobre os laboratórios farmacêuticos - como somos enganados e o que podemos fazer
a respeito. São Paulo: Record, 2007. Google Books (http://books.google.com.br/books?id=snVR0YW2yQYC&dq=
Angell,+M%C3%A1rcia.&hl=pt-BR&ei=34U6TsKvNILy0gHyndXiAw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=2&v
ed=0CDEQ6AEwAQ) Aug. 2011
13. Petersen, Melody. Our Daily Meds: How the Pharmaceutical Companies Transformed Themselves Into Slick
Marketing Machines and Hooked the Nation on Prescription Drugs. New York : Picador USA, 2009,
©2008.Resenha Jornal da Associação Médica Ag/Set. 2008 (http://www.ammg.org.br/jornal/edicao_112/page03.p
df) Arquivado em (https://web.archive.org/web/20101126045756/http://www.ammg.org.br/jornal/edicao_112/page0
3.pdf) 26 de novembro de 2010, no Wayback Machine. Google Livros (71 Resenhas) (http://books.google.com.br/
books?id=v9mXzA0oigMC&dq=Melody+Petersen,&sitesec=reviews) Ag. 2011
14. Landmann, Jayme. A ética médica sem mascara. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1985.
15. Sayd, Jane Dutra. Novos paradigmas e saúde, Notas de leitura. Physis vol.9 no.1 Rio de Janeiro Jan./June 1999
PDF (http://www.scielo.br/pdf/physis/v9n1/05.pdf) Ag. 2011
16. SANTOS, Jair Lício Ferreira and WESTPHAL, Marcia Faria. Práticas emergentes de um novo paradigma de
saúde: o papel da universidade. Estud. av. [online]. 1999, vol.13, n.35, pp. 71-88. PDF (http://www.scielo.br/pdf/e
a/v13n35/v13n35a07.pdf) Ag. 2011
17. Martins, André. Novos paradigmas e saúde. Physis vol.9 no.1 Rio de Janeiro Jan./June 1999 PDF (http://www.sci
elo.br/pdf/physis/v9n1/04.pdf) Ag. 2011
18. Barros, José D'Assunção. Sobre a noção de Paradigma e seu uso nas Ciências Humanas. Cadernos de
Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas. vol.11, n°98, UFSC, 2010. 426-444. Periódicos UFSC (http://ww
w.periodicos.ufsc.br/index.php/cadernosdepesquisa/article/view/12516/12858)
19. Müller, Josiane. Paradigma e Sintagma. Brasil Escola. (http://meuartigo.brasilescola.com/gramatica/paradigma-si
ntagma.htm) Ag. 2011

Ver também
Ciência
Método científico
Paradoxo
Revolução científica
História da ciência
História da lógica
Filosofia greco-romana
Renascimento
Colonização
Civilização
Etnocentrismo

https://pt.wikipedia.org/wiki/Paradigma 4/5
05/12/2019 Paradigma – Wikipédia, a enciclopédia livre

Evolucionismo social
Ludwik Fleck
Bruno Latour
Karl Popper
Imre Lakatos
Paul Feyerabend

Galileu Galilei (1564 —1642) diante


das autoridades do Santo Ofício.

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