Sie sind auf Seite 1von 5

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

NÚCLEO DE CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
Prova de Introdução à Filosofia
Acadêmico:

- Depois disso – prossegui eu – imagina a nossa natureza, relativamente à educação ou à sua


falta, de acordo com a seguinte experiência. Suponhamos uns homens em uma habitação
subterrânea em forma de caverna, com uma estrada aberta para a luz, que se estende a todo o
comprimento dessa gruta. Estão lá dentro desde a infância, algemados de pernas e pescoços,
de tal maneira que só lhes é dado permanecer no mesmo lugar e olhar em frente; são
incapazes de voltar a cabeça, por causa dos grilhões; serve-lhes de iluminação um fogo que se
queima ao longe, em uma eminência, por detrás deles; entre a fogueira e os prisioneiros há um
caminho ascendente, ao longo do qual se construiu um pequeno muro, no género dos tapumes
que os homens dos ‘robertos’ colocam diante do público, para mostrarem as suas habilidades
por cima deles.
- Estou a ver – disse ele.
- Visiona também, ao longo deste muro, homens que transportam toda a espécie de objetos,
que o ultrapassam: estatuetas de homens e de animais, de pedra e de madeira, de toda a
espécie de lavor; como é natural, dos que os transportam, uns falam, outros seguem calados.
- Estranho quadro e estranhos prisioneiros são esses de que tu falas – observou ele.
- Semelhantes a nós – continuei -. Em primeiro lugar, pensas que, nestas condições, eles
tenham visto, de si mesmos e dos outros, algo mais que as sombras projetadas pelo fogo na
parede oposta da caverna?
- Como não – respondeu ele -, se são forçados a manter a cabeça imóvel toda a vida?
- E os objetos transportados? Não se passa o mesmo com eles?
- Sem dúvida.
- Então, se eles fossem capazes de conversar uns com os outros, não te parece que eles
julgariam estar a nomear objetos reais, quando designavam o que viam?
- É forçoso.
- E se a prisão tivesse também um eco na parede do fundo? Quando algum dos transeuntes
falasse, não te parece que eles não julgariam outra coisa, senão que era a voz da sombra que
passava?
- Por Zeus, que sim!
- De qualquer modo – afirmei – pessoas nessas condições não pensavam que a realidade fosse
senão a sombra dos objetos.
- É absolutamente forçoso – disse ele (PLATÃO. A República, 514a-c, 515a-c, p. 315-316).

Responda, a partir dessa passagem, às seguintes questões:

1. O ponto de partida de Platão, de que a natureza humana é uma caverna se não tiver
uma noção justificada de educação, implica:
( ) Na defesa de um paradigma epistemológico-moral objetivo que permite a crítica e o
enquadramento de situações particulares.
( ) Na afirmação de que o pluralismo chegou para ficar e de que ele dá a última palavra em
termos de fundamentação epistemológico-moral.
( )Na afirmação de que nossa realidade humana se reduz toda à física, sendo impossível
qualquer investigação metafísica, que não pode ser provada.

1
2. A noção de natureza humana representa:
( ) Um paradigma epistemológico-moral objetivo.
( ) Uma violação da pluralidade humana.
( ) Uma noção insustentável tendo em vista o empirismo.

3. Vivendo sempre na caverna, os indivíduos tomam a sombra pela verdade. Por quê?
( )A verdade está na caverna.
( ) Acreditam que há um mundo superior ao senso comum.
( ) Vivem sempre o senso comum.

4. Qual princípio permite a Platão afirmar que a objetividade epistemológico-moral é


possível:
( ) Senso comum.
( ) Alma.
( ) Empirismo.

5. Em Platão, o Mito da Caverna, ao estabelecer uma crítica ao senso comum e a


centralidade da filosofia em termos de crítica e de orientação social, trabalha com duas
formas de atitude filosófica, a saber, um movimento ascendente e um movimento
descendente. Explique-os, relacionando-os.

6. Em Platão, o relativismo é condição da objetividade, ou a objetividade é condição do


relativismo? O pluralismo e o individualismo apenas possuem sentido a partir da
objetividade epistemológico-moral ou, ao contrário, a objetividade epistemológico-
moral é quem dá sentido ao pluralismo e ao individualismo? Explique.

- Teremos então – continuei eu – de pensar o seguinte sobre esta matéria, se é verdade o que
dissemos: a educação não é o que alguns apregoam que ela é. Dizem eles que introduzem a
ciência em uma alma em que ela não existe, como se introduzissem a vista em olhos cegos.
- Dizem, realmente.
- A presente discussão indica a existência dessa faculdade na alma e de um órgão pelo qual
aprende; como um olho que não fosse possível voltar das trevas para a luz, senão juntamente
com todo o corpo, do mesmo modo esse órgão deve ser desviado, juntamente com a alma
toda, das coisas que se alteram até ser capaz de suportar a contemplação do Ser e da parte
mais brilhante do Ser. A isso chamamos o bem. Ou não?
- Chamamos.
- A educação seria, por conseguinte, a arte desse desejo, a maneira mais fácil e mais eficaz de
fazer dar a volta a esse órgão, não a de o fazer obter a visão, pois já a tem, mas, uma vez que
ele não está na posição correta e não olha para onde deve, dar-lhe os meios para isso.
- Acho que sim.
- Por conseguinte, as outras qualidades chamadas da alma podem muito bem aproximar-se das
do corpo; com efeito, se não existiram previamente, podem criar-se depois pelo hábito e pela
prática. Mas a faculdade de pensar é, ao que parece, de um caráter mais divino do que tudo o
mais; nunca perde a força e, conforme a volta que lhe derem, pode tornar-se vantajosa e útil,
ou inútil e prejudicial. Ou ainda não te apercebeste como a deplorável alma dos chamados
perversos, mas que na verdade são espertos, tem um olhar penetrante e distingue claramente
os objetos para os quais se volta, uma vez que não tem uma vista mais fraca, mas é forçado a
estar ao serviço do mal, de maneira que, quanto mais aguda for a sua visão, maior é o mal que
pratica?
2
- Absolutamente (PLATÃO. A República, 518b-e, 519a, p. 320-321).

7. A partir dessa passagem, responda às seguintes questões:


A educação filosófica incidiria sobre a alma no sentido de:
( ) Fazê-la acomodar-se ao senso comum em vista de um saber do cotidiano.
( ) Fazê-la superar o senso comum em vista de um saber científico.
( ) Fazê-la adestrar-se ao corpo humano no qual está presa.

8. Por que a educação filosófica consiste em uma reorientação do olhar, e não na


introdução da ciência na alma humana?
( ) Porque a alma humana não está pronta, não precisa de formação ou de orientação.
( ) Porque a alma humana depende do corpo no qual ela está vinculada, e é o corpo que
precisa ser adestrado.
( )Porque a alma humana necessita ser orientada em termos de superação do senso comum
para atingir o domínio do ser, da ciência.

9. Relacione educação, alma e superação do senso comum em Platão. O que significa a


afirmação platônica de que a educação significa a reorientação da alma em termos de
superação do senso comum e de conquista de uma visão científica de mundo? Por que
essa reorientação é importante na política?

“O que se objeta, porém, à obscuridade da filosofia profunda e abstrata não é simplesmente


que seja penosa e fatigante, mas que seja fonte inevitável de erro e de incerteza. Aqui, de fato,
repousa a objeção mais justa e plausível a uma parte considerável dos estudos metafísicos:
que eles não são propriamente uma ciência, mas provêm ou dos esforços frustrados da
vaidade humana, que desejaria penetrar em assuntos completamente inacessíveis ao
entendimento, ou da astúcia das superstições populares que, incapazes de se defender em
campo aberto, cultivam essas sarças espinhosas impenetráveis para dar cobertura e proteção a
suas fraquezas” (HUME, David. Uma investigação sobre o entendimento humano, p. 26).

A partir dessa passagem, responda às seguintes perguntas:


10. Segundo Hume, a obscuridade da metafísica tem a ver com:
( ) Sua crença de que Deus e alma existem.
( ) Com sua tentativa de negar a física em prol do mundo inteligível.
( ) Com sua tentativa de negar o mundo inteligível em prol da física.

11. Quais características abaixo definem o conceito de metafísica:


Inteligível, alma e materialidade, objetividade.
Ser, alma, pluralidade, relativismo.
Inteligível, ser, alma e objetividade.

12. Por que a metafísica não é ciência:


Por atribuir existência ao mundo sensível.
Por atribuir existência ao mundo inteligível.
Por atribuir existência à empiria.
13. Em que sentido a metafísica é obscura e supersticiosa? Como a ciência consegue
superar a metafísica?

3
Mas, embora nosso pensamento pareça possuir essa liberdade ilimitada, um exame mais
cuidadoso nos mostrará que ele está, na verdade, confinado a limites bastante estreitos, e que
todo esse poder criador da mente consiste meramente na capacidade de compor, transpor,
aumentar ou diminuir os materiais que os sentidos e a experiência nos fornecem. Quando
pensamos em uma montanha de ouro, estamos apenas juntando duas ideias consistentes, ouro
e montanha, com as quais estávamos anteriormente familiarizados. Podemos conceber um
cavalo virtuoso, pois podemos conceber a virtude a partir de nossos próprios sentimentos, e
podemos uni-la à forma e figura de um cavalo, animal que nos é familiar. Em suma, todos os
materiais do pensamento são derivados da sensação externa ou interna, e à mente e à vontade
compete apenas misturar e compor esses materiais (HUME, David. Uma investigação sobre o
entendimento humano, p. 35).

14. A partir dessa passagem, responda: qual é a base e o limite do pensamento humano?
De onde se originam nossas ideias? A física ou materialidade é a nossa única
realidade? Como ficam as perguntas metafísicas diante disso?

Portanto, sempre que alimentarmos alguma suspeita de que um termo filosófico esteja sendo
empregado sem nenhum significado ou ideia associada (como frequentemente ocorre),
precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível
atribuir-lhe qualquer impressão, isso servirá para confirmar nossa suspeita (HUME, David.
Uma investigação sobre o entendimento humano, p. 39).

15. Qual é o critério da objetividade, da cientificidade em Hume? Em que medida esse


critério valida a física e a pesquisa empírica como respectivamente o âmbito e o
método basilares da ciência? Em que medida esse critério de objetividade e de
cientificidade se diferencia da metafísica?

[...] todas as inferências a partir da experiência supõem, como seu fundamento, que o futuro
irá assemelhar-se ao passado, e que poderes semelhantes estarão associados a qualidades
sensíveis semelhantes. Se houver qualquer suspeita de que o curso da natureza possa vir a
modificar-se, e que o passado possa não ser uma regra para o futuro, toda a experiência se
tornará inútil e incapaz de dar origem a qualquer inferência ou conclusão. É, portanto,
impossível que algum argumento a partir da experiência possa provar essa semelhança do
passado com o futuro, dado que todos esses argumentos estão fundados na pressuposição
dessa semelhança (HUME, David. Investigação sobre o entendimento humano, p. 68).

16. Tendo em vista que o ponto de partida da ciência é a pressuposição de que


acontecimento passados repetir-se-ão no futuro, o que permite a formação conceitual e
os prognósticos científicos, pode-se dizer que o conhecimento da física não possui
objetividade rigorosa? Por quê? Em que o conhecimento da física, conforme o entende
Hume, se diferencia do conhecimento metafísico de Platão?

[...] e essa é a filosofia acadêmica ou cética. Os acadêmicos estão constantemente falando


sobre dúvida e suspensão de juízo, sobre o perigo das decisões apressadas, sobre confinar
nossas indagações do entendimento a limites bem estreitos e renunciar a todas as especulações
que caem fora dos limites da vida e da prática cotidianas. Consequentemente, uma filosofia
como essa é o que há de mais contrário à indolência acomodada da mente, sua arrogância
irrefletida, suas grandiosas pretensões e sua credulidade supersticiosa.

4
A partir dessa passagem, responda às seguintes perguntas:
17. O ceticismo significa:
( ) Afirmação de uma objetividade forte.
( ) Recusa de uma objetividade forte.
( ) Afirmação da objetividade metafísica.

18. O ceticismo de Hume se baseia:


( ) Na sua compreensão de que é possível provar a existência de Deus e da alma.
( ) Na afirmação de que a experiência é a base e o limite do conhecimento, nunca nos
possibilitando respostas definitivas para os fenômenos estudados.
( ) Na sua afirmação de que a objetividade metafísica, fundada na separação entre sensível e
inteligível, existe e pode ser provada.

19. Qual a relação entre empirismo (toda a realidade se reduz à física, à materialidade),
ciência natural (que estuda a realidade física, que está reduzida à realidade física,
tendo por método a pesquisa empírica quantitativa) e o ceticismo (crença de que não
existe objetividade forte) em Hume?

Dada a existência de um regime constitucional razoavelmente bem-ordenado, dois pontos são


centrais para o liberalismo político. Primeiro: as questões sobre os fundamentos
constitucionais e as questões de justiça básica devem, tanto quanto possível, ser resolvidas
unicamente por meio do apelo a valores políticos. Segundo: outra vez com respeito àquelas
mesmas questões fundamentais, os valores políticos expressos pelos princípios e ideais desse
regime normalmente têm peso suficiente para superar todos os outros valores que podem
entrar em conflito com eles (RAWLS, John. O liberalismo político, p. 183).

20. O que significa a afirmação de que, quando se tratar de questões constitucionais em


uma sociedade democrática, os valores políticos são superiores aos valores morais das
concepções de mundo particulares? Há uma diferença entre política e moral, para John
Rawls? A política é uma questão de esfera pública e a moral uma questão de esfera
privada? Por que os valores políticos são superiores aos valores morais particulares
quando se trata da organização das instituições de uma democracia?

21. O pluralismo religioso-cultural, na medida em que está consolidado nas sociedades


democráticas contemporâneas, instala a superioridade dos valores políticos em relação
aos valores institucionais, no que se refere à organização das instituições
democráticas? Pode-se dizer, portanto, que o pluralismo pôs por terra a ideia platônica
de uma objetividade forte, substituindo-a pela noção de acordo ou de consenso como o
ponto de partida da fundamentação dos valores nas sociedades contemporâneas?

Das könnte Ihnen auch gefallen