Sie sind auf Seite 1von 7

 

37,92 +0,26% VALE3 R$ 48,17 +1,18% ITUB4 R$ 35,13 -1,10% ABEV3 R$ 17,67 +0,63% CIEL3 R$ 7,65 0,00% BTOW3 R$ 53,96 +0,52

Cesar Gra etti

Flamengo e River disputam Libertadores.


No balanço financeiro, o campeão é claro
Vencedor da partida decisiva recebe 15% do que paga a Champions League:
uma distância abissal

Por Cesar Gra etti


19 nov 2019 17h22

  

(Shutterstock) Flamengo e River Plate


Final de Copa Libertadores chegando e o assunto da coluna desta semana
não poderia deixar de ser a partida entre Flamengo e River Plate, a ser
disputado em jogo único em Lima, no Peru. Mas obviamente não falarei do
jogo em campo e nem me atrevo a dar palpite sobre o campeão. Vamos
traduzir a final em números e falar das diferenças financeiras entre os
finalistas, além de comparar números da Libertadores da América com a
Champions League.

Trataremos primeiro dos finalistas da Libertadores da América. Flamengo e


River Plate fazem parte dos clubes de maior faturamento de Brasil e
Argentina. Enquanto o Flamengo vem disputando o posto de maior receita
brasileira com o Palmeiras, o River Plate está lado a lado com o Boca Juniors.
Mas as semelhanças entre o brasileiro e o argentino param aí. Veja os números
mais recentes e já falo mais sobre isso.

River Plate Flamengo River Plate Flamengo

Ago18 Dez18 Ago19 Set19

12 meses 12 meses 12 meses 9 meses

Sócios 21,2 12,5 21,1 6,4

Bilheteria / Sócio Torcedor 20,9 22,4 23,4

Publicidade 14,6 21,7 74,9 11,6

Venda de Atletas 11,3 13,7 41,3

TV 4,6 53,5 35,8

Outros 9,0 5,3 9,5 2,8

Receita Total 81,6 129,2 105,5 121,4

Receita Recorrente 70,3 115,4   85,5

Custos (68,1) (85,8) (95,1) (84,3)

Custos / Receitas
97% 74% – 99%
Recorrentes

EBITDA 13,5 43,4 10,5 37,1

EBITDA Recorrente 2,2 29,6 – 1,2

Superávit / Dé cit (16,3) 11,1 (18,3) 16,6

Dívidas Curto Prazo 51,3 31,1 49,2 47,6

Dívidas de Longo Prazo 5,6 69,6 2,3 78,8

Dívidas Totais 56,9 100,7 51,5 126,4

Em Milhões de Euros

Fonte: Balanços dos Clubes / Câmbio: Banco Central do Brasil / oanda.com

A primeira diferença está na qualidade da informação divulgada. Enquanto no


Brasil os clubes são obrigados a divulgar seus demonstrativos financeiros
anualmente – e o Flamengo ainda divulga os parciais trimestrais – na
Argentina, os clubes não são obrigados, e obter os balanços é um trabalho de
garimpo em sites de torcedores locais, pois acabam sendo “vazados” de
alguma forma.

PUBLICIDADE

Os números de Ago/18 e Dez/18 são finais, enquanto o dado de Ago/19 do


River Plate foram informações oficiais mas limitadas dos resultados. No caso
do Flamengo, temos os dados de nove meses referentes a Set/19. Os números
foram convertidos para Euros, que é a moeda funcional do futebol.

Em condições recorrentes, a receita do Flamengo é 64% maior que a do River


Plate, e o destaque é a diferença de valor recebido da TV. As demais receitas
são parelhas, mesmo em publicidade, que deve subir com a entrada da
Turkish Airlines na camisa do River Plate a partir de Set/19, por € 4,5 milhões
anuais. No final, a receita com Sócios recompõe a diferença de Publicidade.

O que chama a atenção no clube argentino foi o crescimento considerável de


custos e receitas nos demonstrativos encerrados em Ago/19. Os custos ficaram
€ 27 milhões acima do número do ano anterior e as receitas cresceram quase
na mesma proporção (+€ 23,9 milhões, fruto de premiações pela conquista da
Libertadores e participação no Mundial de Clubes), de forma que o EBITDA
(geração de caixa) ficou pouco abaixo do resultado do ano anterior.
A estratégia do River Plate foi clara e é bem conhecida de muitos clubes
brasileiros: gasta o que não tem para conquistar títulos. Depois vê o que faz.
Quando dá certo, parece ótimo, pois o torcedor fica feliz, mesmo que atletas,
clubes e o governo fiquem sem receber por algum momento. Quando não
vencem, além do dinheiro das premiações não chegar, fica o gosto amargo de
ter que lidar com uma série de pendências financeiras.

A lógica do atual presidente do River Plate, Rodolfo D’Onofrio, é a mesma que


motivou dirigentes brasileiros há até pouco tempo: conquistas primeiro,
finanças depois. No comando do clube argentino desde 2013, conquistou em
seus mandatos a mesma quantidade de Libertadores que o clube tinha antes
de sua chegada (2) e pode encerrar seu período como o maior vencedor do
clube, com 3 Libertadores.

PUBLICIDADE

Essa política do River Plate causa problemas até para pares brasileiros, pois o
clube deve R$ 18 milhões ao São Paulo pela contratação de Pratto, atrasado há
quase 1 ano. A estratégia para lidar com o elevado endividamento é a eterna
venda de atletas: i) se vencer a Libertadores 2019, usa a premiação para
resolver problemas imediatos e vende dois atletas para equacionar a situação,
ou; ii) vende 3 atletas em caso de não conquistar o título. Os flamenguistas
claramente esperam que o River Plate tenha que vender 3 atletas ano que
vem.

É uma gestão de quem vive na corda bamba, pois depende de sucesso


esportivo – e só um pode ser campeão – e da venda de atletas, que nem
sempre ocorre ou nem sempre pelo valor ideal. Visão ultrapassada do que é a
gestão no futebol.

Enquanto no Brasil já está claro que o caminho é o da gestão eficiente,


equilibrada, como vemos com Flamengo, Palmeiras, Grêmio (os 3
participaram das últimas duas semifinais de Libertadores), no River Plate
ainda vale a mentalidade do dirigente “gastão”, uma vez que o Boca Juniors
possui números melhores, equilíbrio, mas seus torcedores assistem ao
adversário levantar troféus.
Se não mudar o perfil, quando faltar o resultado em campo haverá impacto no
financeiro, vide o que vemos passar hoje Cruzeiro, Vasco, Fluminense,
Internacional. O resultado é sempre um aumento expressivo das dívidas,
acima do que o clube pode pagar.

Sobre o Flamengo, pouco a acrescentar ao que já é falado o tempo todo. O


clube continua naquele círculo virtuoso, onde o equilíbrio de uma boa gestão
financeira chegou aos campos, com um time de ótima qualidade técnica,
recebendo em dia, e com as receitas ainda crescendo. Sem venda de atletas
ainda será um clube da ordem dos R$ 550/R$ 600 milhões de receitas, o que é
um baita número. Alavancagem controlada – confortável no curto prazo e a
maior parte alongada no Profut – transparência, e um exemplo a ser seguido.
Começou o processo de busca pelo equilíbrio antes da maioria, colhe os frutos
antes da maioria.

Libertadores da América x Champions League: Comparações

Vou pular a parte em que falamos sobre a diferença financeira entre os clubes
europeus e sulamericanos. Vamos direto a alguns números.
No caso da Champions League a premiação da fase de grupos é variável. Os
clubes ganham um valor fixo – € 18,5 milhões – e uma parte variável de acordo
com os valores de direitos de transmissão de cada clube em seu país. Para
este exercício utilizamos os valores do Liverpool campeão em 18/19. A partir
das fases eliminatórias os valores são fixos. Na Libertadores os valores são fixos
em todas as etapas.

No total, a Champions League distribuiu € 2,04 bi em 18/19, enquanto a


Libertadores pagará € 148 milhões, o que já representa aumento de 58% em
relação a 2018.

Com isso, a diferença realmente é gritante. O campeão da Libertadores


receberá 15% do Campeão da Champions League, enquanto o vice receberá
11%.  Coisas de um futebol que precisa de tornar relevante, e a Conmebol está
trabalhando para isso ao elevar consistentemente a premiação. Mas para isso
a qualidade da competição precisa evoluir, com melhores jogos, horários que
gerem interesse em mercados mais ricos. Isso só acontecerá quando houver
mais equipes interessantes a serem acompanhadas ao longo da competição.
Mais dinheiro, melhores equipes, círculo virtuoso.

Na Europa os clubes mudam a estratégia de montagem de elenco caso se


classifiquem para a Champions League, tal a importância financeira da
competição. Só por participar da fase de grupos um clube recebe cerca de €
30 milhões. Para clubes menores, que faturam abaixo de € 100 milhões, é
relevante. Na América do Sul este é um comportamento visto, mas menos
pela parte financeira e mais pela própria conquista esportiva. No gráfico
abaixo vemos alguns números em relação a isso:

Note que a premiação para os europeus é mais importante que para os


sulamericanos, o que mostra o tamanho da nossa desigualdade, que vem
sendo diminuída paulatinamente pela Conmebol. Obviamente que o dinheiro
é importante, e especialmente para o River Plate compõe parte relevante da
estratégia financeira. Vencer significa aliviar a pressão de caixa no curto prazo.
Mas só de chegar à final já é um bom desempenho. É que ser campeão ainda
trará outros € 4,5 milhões pela participação no Mundial de Clubes, mais
eventuais bônus de desempenho.

Enfim, termina a partida! Ao vencedor, o título e alguns milhões na conta!


Espero um grande jogo, a primeira final em jogo único da Libertadores. E que
ela continue a crescer e transformar a relevância esportiva em relevância
financeira.

Das könnte Ihnen auch gefallen