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Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Goiás.
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Professora Doutora da Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal de Goiás e
orientadora do trabalho.
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Trata-se do Trabalho de Conclusão de Curso de Gabriela Alves Campos, apresentado em 2017 à Faculdade
de Informação e Comunicação da Universidade Federal de Goiás, que teve por título “Fotografia
Documental: um olhar sobre a produção fotográfica no Brasil do século XIX”.
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expostas sem expressividade do caráter cultural que carregam. À exemplo temos a obra do
fotógrafo alemão, Albert Frisch, que realizou uma série de fotografias nos arredores de
Manaus por volta de 1865, são imagens ao ar livre, as primeiras que retratam o habitat
indígenas (TACCA, 2011).
As fotografias de Frisch participaram da Exposição Internacional de Paris em
1867 com encomenda de George Leuzinger. Foi a primeira vez que imagens do Amazonas,
com índios e seus costumes, fauna e flora da região foram expostas internacionalmente, como
amostragem da construção de faces de um Brasil desenvolvido, civilizado, recheado de
belezas naturais e povos exóticos.
No século XIX é essa imagem, a exemplo da produção de Frisch, que chega ao
olhar do outro, o que demonstra que a natureza da fotografia não se vincula a uma construção
neutra da realidade, mas passa por questões ideológicas. O discurso fotográfico é, portanto,
produtor de um modo de ver o Brasil oitocentista. Nesse sentido, compreender o discurso
fotográfico significa acentuar as relações entre o mundo e o referencial fotográfico, e ainda,
explorar o caráter transformador do seu poder comunicativo (CAMARGO, 1999). É dessa
forma que se pretende investigar a produção da ação comunicativa no contexto da fotografia
documental.
Por isso propõe-se os seguintes questionamentos: Como a fotografia do século
XIX chega na contemporaneidade? Quais são os percursos conscientes e inconscientes de
reflexão que as fotografias produzidas nesse período percorrem para promover algum
conhecimento e/ou reflexão sobre a produção fotográfica brasileira?
Essa afirmação de Coelho pode ser discutível no que tange às ações culturais
museais como é o caso da montagem de exposições e mostras, que além de serem uma
estrutura física de alojamento de objetos de cultura/arte, podem suscitar novos interesses ou
aprofundar nossos conhecimentos acerca de nós mesmos e do mundo que vivemos (LORD;
PIACENTE, 2014), temas que muito se assemelham à produção de ação comunicativa. Nesse
sentido, a fotografia do século XIX, abre-se aos segundo e terceiro momentos, criando
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estruturas físicas e virtuais pela disponibilização das fotografias em espaços expositivos e no
site do instituto, além de programas de ação cultural, possibilitando que o público tenha
contato com a fotografia do século XIX.
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O projeto de exposição “Fotografia no Brasil Império: Nascimento da foto de Imprensa” surgiu no interior da
disciplina “Jornalismo Especializado: Nascimento da fotografia de Imprensa no Brasil”, oferecida ao Curso
de Jornalismo da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC/UFG) no ano de 2016. A exposição foi
estruturada em uma das salas do prédio da FIC e aberta ao público universitário e à comunidade vizinha ao
Campus II da UFG durante o mês de outubro do mesmo ano.
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Na fase de Desenvolvimento foram realizadas a impressão das fotografias;
construção da moldura e legendas; estruturação da ambientação, arte e apresentação. Para a
estrutura foi escolhido um tecido artesanal, nomeado de Juta, que combinava com o tom sépia
das fotografias. O tecido foi usado para cobrir as paredes, sendo pano de fundo para as
fotografias e legendas. Para compor a ambientação foram espalhados galhos e folhas secas,
remetendo à vegetação muitas vezes colocadas nos primeiros ateliês fotográficos para
exaltação da natureza (KOSSOY, 2002). Também um design de moda foi convidado pela
equipe para trabalhar a ambientação com exposição de indumentárias e adereços que
remetiam à época, Brasil-Império.
Outra intervenção do Desenvolvimento foi a gravação de uma peça audiovisual,
com imagens de outras fotografias do IMS, que combinavam imagem a músicas que remetiam
às temáticas. Para abertura da exposição ao público foram servidas comidas típicas da
culinária brasileira, tendo como base o fubá de milho e a mandioca, e ainda máscaras e
vestimentas foram disponibilizadas para que o público pudesse vestir como personagens da
época.
Na fase de Implementação foram colocados em prática todos os passos definidos
no Desenvolvimento, com o auxílio de todos os curadores e colaboradores convidados. A
exposição foi aberta ao público com o intuito de produzir, no conjunto de acessos – paladar,
auditivo, visual e tátil – uma possibilidade de ponte, para conduzir o visitante a outro tempo,
outra história, a que se dava no Brasil-Império.
As considerações sobre a exposição “Fotografia no Brasil Império: Nascimento da
foto de Imprensa” caminham ao lado das limitações encontradas, pois, segundo Oliveira
(2016) “realizar uma exposição de época requer atenção e cuidados especiais, investigação,
dedicação e tempo de pesquisa”, assim como todas as exposições que se destinam ao
acionamento de diversos sentidos para um coletivo de visitantes que antes de coletivo são
indivíduos, singulares, que passam pela visitação-experimentação de formas diferentes, um
desafio enquanto ação comunicativa.
A exposição, no entanto, enquanto ação cultural foi realizada de forma
satisfatória, é o que se tem demonstrado na pesquisa quantitativa5 implementada através de
questionários que teve como base a Escala Somada e que pretende contribuir não só com a
pesquisa do instrumento Exposições para a área de comunicação, mas com o uso de
fotografias documentais enquanto objeto de Ação Comunicativa.
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Os dados coletados pelos questionários implementados na exposição “Fotografia no Brasil Império:
Nascimento da foto de Imprensa” fazem parte de uma pesquisa em curso pela Faculdade de Informação e
Comunicação.
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3 CONCLUSÃO
A compreensão do discurso fotográfico, dentro do exercício de comparação entre
as produções fotográficas, mais intimamente do grupo de fotografias documentais, é um
exercício possível de diferenciação, ao possibilitar a reflexão e a descoberta de expressões
culturais passadas, que podem se revelar como muito atuais, ao passo que as fotografias
reconstroem olhares, sentimentos, cultura de seus tempos, também refletem e narram a
história.
A exposição relatada é apenas uma das possibilidades de ação cultural e
comunicativa que se vincula a instituições como IMS e que possibilitam, ao passo que, como
na situação-exemplo, podem ser usadas como ponto de partida para intervenções e acessos. É
possível, através desse exemplo, compreender como as exposições tem o poder de suscitar o
imaginário e criar novas significações e compreensões, que nada mais é do que servir como
ponte, uma ação comunicativa de facilitação para ação cultural de criação.
Também o trabalho com a imagem traz seus desafios. Por ser objeto polissêmico
e, por essência, passível de inúmeras interpretações, serve ao exercício de interpretação das
realidades, como fontes de uma época e espaço determinados, retratos de sociedades e
culturas plurais. Nesse sentido, ler e refletir sobre discursos fotográficos é uma forma de
assistir o passado através de seus registros e interpretar a história pelos seus significados
simbólicos. Uma atitude que pode significar abertura dos horizontes do estudo documental,
múltipla e liberta de especificidades dos saberes que, para tanto, é dependente da promoção de
condições e estruturação de acessos para, como ação cultural, promover ação comunicativa
eficiente, que promova o acesso à cultura para descortinar o mundo através das construções
ideológicas presentes nas imagens.
REFERÊNCIAS
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da
cultura. São Paulo: Brasiliense, 1987.
COELHO, Teixeira. O que é ação cultural. São Paulo: Brasiliense, 1989. (Coleção Primeiros
Passos).
COELHO, Teixeira. Dicionário crítico de política cultural. São Paulo: Iluminuras. 1997.
LORD, Barry; PIACENTE, Maria. The manual of museum exhibitions. [S.l.]: Altamira
Press, 2014.
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TACCA, Fernando de. O índio na fotografia brasileira: incursões sobre a imagem e o meio.
Imagens, v. 18, n. 1, jan./mar. p. 191-223, 2011.