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A violência e a agressividade são um dos temas mais vistos na mídia nos dias de hoje.
Sempre se podem ver tais atitudes em estádios de futebol, em bares, em festas e no
ambiente familiar. E o que se torna ainda mais comum é a prática dessas atitudes no
ambiente escolar. Isso pode ser explicado como um reflexo da sociedade que cerca a
escola e seus alunos, tornando esse problema mais amplo do que se imagina. As
crianças de certa forma acabam sendo influenciadas, sejam pela mídia, pelos amigos ou
parentes a fazer o mesmo. Cria-se uma imagem positiva sobre essas práticas, sendo
interpretadas como “maneiras” e “legais”. E aqueles que não fazem o mesmo, são
tachados de bobos e covardes. Todas as escolas apresentam casos de agressividade entre
os alunos. Não importa se são colégios públicos ou colégios particulares, a violência
juvenil está sempre presente, seja por atos de danos ao patrimônio, ou por xingamentos
aos docentes, entre outros.
Em contra partida a essa realidade, estão as doutrinas e filosofias das artes marciais que,
ao contrário do que muitas pessoas pensam, pregam a não-violência e o auto-controle. A
prática das artes marciais é vista como uma oportunidade que o individuo tem de agredir
seu próximo. Isso pode ser atribuído à influência da mídia sobre as pessoas, divulgando
filmes e desenhos animados que trazem essa mensagem errônea. Porém, ao adentrar em
uma modalidade de arte marcial, o aluno praticante pode conhecer um mundo
completamente diferente, com normas rígidas de conduta e disciplina, que auxiliam na
formação moral do individuo. Assim como proposto nos PCN’s - Educação Física
(BRASIL, 1998), a prática de lutas é caracterizada por uma regulamentação específica,
a fim de punir atitudes de violência e deslealdade.
A agressividade na escola
De acordo com Monroe (NOVA ESCOLA, 2010), uma das causas da agressividade em
adolescentes está nas mudanças fisiológicas decorridas da passagem da infância para
adolescência. Essa passagem faz com que a serotonina (neurotransmissor responsável
pelo bem-estar) seja reduzida pela metade, causando irritabilidade e dificuldades dos
adolescentes em se sentir satisfeitos – marcas dessa fase.
Porém a agressividade em doses moderadas faz parte do ser humano, estando presente
em nossa vida e impulsionando-nos para o domínio do conhecimento sobre o mundo e
para crescimento pessoal. A agressividade possui certos benefícios, sendo essencial para
nossa sobrevivência, desenvolvimento, adaptação e defesa. (DE SOUZA, s/d; LUCON
& SCHWARTZ, 2003).
De acordo com Lima (1999), existe uma diferenciação entre agressividade e violência.
A autora ressalta que a agressividade significa certa determinação direcionada a realizar
uma tarefa, sendo assim, com o sentido diferente de sermos violentos para realizar a
mesma tarefa. Ao citar Morais (1995), Lima (1999) esclarece que a agressividade está
ligada ao instinto de sobrevivência que leva o animal à busca de alimento, água e
segurança. Esse instinto é biológico sendo propriamente de animais – animais
irracionais. No entanto a violência está relacionada a uma intencionalidade, exigindo
assim a inteligência. Sendo assim, os animais irracionais jamais serão violentos, porém
ferozes.
Atualmente, o termo arte marcial é sinônimo de luta, defesa pessoal e até agressão,
porém, no início dos tempos para as artes marciais, não era bem assim que se definia
essa prática. As artes marciais eram utilizadas pelos monges, primeiramente, para
manter o corpo saudável e a mente sã. A sua utilização para a defesa pessoal era
somente usada quando não se tinha outra opção. Hoje não é isso que se vê, pelo menos
na mídia que mostra jovens lutadores praticando atos de violência, sendo que estes
deveriam ser exemplos de boa conduta.
Os autores Trulson (1983, apud AMADERA, 2009) e Mesquita (s/d) fazem uma crítica
negativa aos clubes e academias onde se treinam artes marciais. As artes marciais nestes
espaços, na verdade, são lutas de caráter competitivo, que enaltecem o valor das
vitórias, denegrindo os valores morais da filosofia marcial. Trulson (1983) nos dá um
alerta: o problema da propagação de academias de artes marciais ditas modernas. Pois
as artes marciais modernas, que na verdade são lutas de caráter competitivo, possuem
um potencial de aumentar o comportamento agressivo em adolescentes e, ao mesmo
tempo, desenvolver traços negativos da personalidade, principalmente àqueles com
certa tendência à delinquência. De acordo com Mesquita (s/d), as lutas ministradas em
instituições de ensino deverão atender aos aspectos formativos e educativos
prioritariamente.
ADOLESCÊNCIA
METODOLOGIA
Esta pesquisa é caracterizada como Direta de Campo, onde se faz a busca de dados
diretamente da fonte (adolescentes praticantes de artes marciais) possibilitando
conhecer a realidade na prática. O método de abordagem utilizado será o método
indutivo, pois, através do apontamento de fatos e dados particulares ou singulares
podemos chegar a conclusões gerais, constatando teorias e leis universais. (MATTOS,
ROSSETTO JÚNIOR & BLECHER, 2008).
Para a obtenção de dados para este estudo foi utilizado um Formulário semi-estruturado
com 15 questões para os adolescentes que praticam artes marciais. As respostas do
Formulário foram catalogadas de acordo com o número de palavras-chaves utilizadas
pelos entrevistados e o número de ocorrência dessas palavras-chaves. Assim foi
possível atribuir mais objetividade ao estudo, além de atribuir de modo quantitativo
conceitos abstratos como violência e agressão.
Quando os adolescentes foram perguntados sobre o que é violência de acordo com suas
percepções, as respostas foram várias. Observando a Quadro 5.1, encontramos os
conceitos dados pelos adolescentes à violência. Apenas um adolescente não soube
responder a essa pergunta.
QUADRO 5.1
[...] Uma coisa muito ruim, não deveria existir no mundo [...]
QUADRO 5.2
QUADRO 5.3
QUADRO 5.4
Dois alunos disseram que não participam mais do futebol nas aulas de Educação Física,
pois ainda se consideram “estourados”, “pavio-curto”, preferindo apenas as atividades
físicas e jogos com menos confrontação, como o vôlei. Isso mostra que os mesmos já
possuem um conhecimento de si mesmos e de seus próprios limites.
Quando abordados sobre se já agrediram algum colega nas aulas de Educação Física
depois que entraram na arte marcial que pratica, 4 adolescentes (26,6%) disseram que
sim. Deste grupo, um adolescente disse que a atitude tomada por ele foi “sem querer” e
depois pediu desculpas; e um outro adolescente disse que agiu por impulso. As atitudes
dos outros dois adolescentes foram: um disse que chutou e brigou, e o outro disse que
deu uma cotovelada. Ambos também são praticantes de Jiu-jitsu e têm menos de um
mês de prática da arte marcial.
E quando abordados se já foram agredidos nas aulas de Educação Física depois que
entraram para a arte marcial que pratica, 7 adolescentes (46,6%) disseram que não. Um
adolescente (6,6%) respondeu sim e que reagiu negativamente. Este disse que fora
xingado e revidou o xingamento. Do restante que responderam “sim”, suas atitudes
estão na Quadro 5.5:
QUADRO 5.5
CONCLUSÃO
No que diz respeito aos resultados pôde se ver que o momento em que mais ocorre a
manifestação de comportamentos agressivos nas aulas de Educação Física é durante o
Jogo, assim como está na Revisão da Literatura deste estudo (LIPPELT, 2004). Durante
a composição deste estudo a concepção de agressividade portada pelo autor fora
alterada com o passar do tempo através da leitura e análise de artigos, dissertações e
teses. Visto que a agressividade é natural do ser humano e o auxilia na vida, a
agressividade adicionada a uma intencionalidade é que devemos nos preocupar em
nossa sociedade, pois a partir daí não é mais considerada agressividade, e sim violência.
(MORAIS, 1995 apud LIMA, 1999).
De acordo com os resultados obtidos conclui-se que as artes marciais podem auxiliar na
redução de comportamento agressivo em adolescentes nas aulas de Educação Física
escolar, principalmente na prática de jogos, onde se observou a grande incidência de tais
manifestações. Pois os adolescentes entrevistados se mostraram, em sua maioria,
capazes de se autocontrolar e de não agir/reagir agressivamente diante de uma situação
de conflito.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Janeiro. Shape. 1992.
LIMA, Luzia Mara Silva. Caminhando para uma nova (?) Consciência: Uma
Experiência de Introdução da Arte Marcial na Educação. 1999. 331f. Tese (Doutorado
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Disponível em:
http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000184229 - Acesso em:
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LIPPELT, Ricardo Tucci. Violência nas Aulas de Educação Física: Estudo Comparado
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em: http://www.bdtd.ucb.br/tede/tde_arquivos/11/TDE-2004-10-07T134258Z-
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LUCON, Priscila Nogueira & SCHWARTZ, Gisele Maria. Atividades Lúdicas como
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http://www.unesp.br/prograd/PDFNE2003/As%20atividades%20ludicas.pdf - Acesso
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MATTOS, Mauro Gomes de; ROSSETTO JÚNIOR, Adriano José; BLECHER, Shelly.
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MONROE, Camila. Pau, Pedra, É o fim? Revista Nova Escola. São Paulo. Ano XXV,
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VIANNA, José Antônio; DUINO, Silvana Rígido. Perfil Desportivo dos Praticantes de
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http://boletimef.org/biblioteca/2149/Perfil-desportivo-dos-praticantes-de-artes-
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