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"A Grécia de outrora conquistara os seus vencedores. A Itália do século XVI, pisada a pés
pelos «Bárbaros», impôs-lhes um gosto que era o gosto da Antiguidade, mas revisto,
corrigido, transformado, pois vinha enriquecido com toda a experiencia medieval. O
Renascimento reencontrou, sem dúvida, de certo modo, os valores do mundo greco-romano.
Mas, ao mesmo tempo, tomou consciência do intransponível fosso que o separava desses
valores. Interpondo os espessos «tempos obscuros entre a Antiguidade e a nova Idade de
Ouro, relegou definitivamente para o passado. como coisa já esgotada, uma civilização em
que desejava inspirar-se, mas que não podia ressuscitar. O Renascimento, portanto, teve
consciência histórica. Essa consciência era uma novidade e era sinal de uma mentalidade
nova. Como o cristianismo tinha impregnado quinze séculos de história europeia, a mitologia
já não podia ser senão um álbum de imagens, de resto singularmente rico, e um repertório de
alegorias. Os deuses tinham abandonado os templos. Quando as ruinas antigas aparecem, e
isso é frequente numa Natividade, estão lá para significar que Jesus, ao nascer, pôs fim à
época pagã." (pp 119)