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O objetivo deste documento é sistematizar algumas reflexões realizadas durante o ano de
2000, através do Curso que versou sobre a temática “Educação Física na Educação Infantil”, e
também, do grupo especial de discussão da mesma temática que se organizou após o referido
curso.
Para a elaboração do texto tomamos, como ponto de partida, em primeiro lugar, os
Subsídios para a Reorganização Didática da Educação Básica Municipal, através do texto “A
elaboração de currículos para a educação infantil, o ensino fundamental e a educação de jovens e
adultos: princípios gerais” de autoria de Gilberto Alves – consultor da Rede.
Em segundo lugar, foi considerado o texto “Princípios Pedagógicos para a Educação
Infantil Municipal” de autoria da Profa. Eloísa Rocha, também consultora da Rede. Além destes
dois documentos, consideramos a produção acumulada pela Rede Municipal de Ensino de
Florianópolis (RME), principalmente, aquela expressa nas “Diretrizes Curriculares para a Educação
Física no Ensino Fundamental e na Educação Infantil da Rede Municipal de Florianópolis”,
publicado em 1996. Outras propostas da Rede, redigidas em gestões anteriores, também foram
consideradas.
Cabe destacar que a recuperação dos textos elaborados pela Rede em momentos
anteriores a este, foi uma tentativa de garantir a historicidade das propostas, atualizando-as à
legislação e às inovações pedagógicas decorrentes da produção teórica ocorrida nos últimos anos.
No decorrer do Curso, tomamos como princípio geral e ponto de partida a construção da
Pedagogia da educação Infantil, conforme consta no documento elaborado pela Profa. Eloísa
Rocha. Neste texto, a Pedagogia da educação Infantil “não se coloca numa uniformização das
práticas escolares tradicionalmente centradas no domínio de conteúdos escolares, e nem
tampouco na articulação institucional orientada pela antecipação destes conteúdos para a
educação infantil”. (P. 29)
Nesta perspectiva, a discussão acerca da especificidade da educação física no âmbito da
educação de zero a seis anos – proposta do curso em questão - , precisa incorporar a produção
decorrente das discussões acerca da Pedagogia da Infância e iniciar um processo de
formulação/reformulação das práticas pedagógicas, pensando-as a luz dos espaços de vivência
das crianças nas instituições de educação infantil e da reflexão/sistematização/produção destes
processos.
A revisão da bibliografia específica da educação física aponta-nos que, até o presente
momento, a produção teórica desta área esteve, prioritariamente, voltada para a prática desta
disciplina na escola, especialmente, a partir da 5ª série do ensino fundamental e também para a
prática dos esportes nos espaços extra-escolares como clubes, academias, entre outros.
Ainda relacionado à busca da produção teórica da educação física para a faixa etária dos
zero a seis anos e suas intersecções com os espaços educativos como creches e pré-escolas, fica
evidenciada a carência de pesquisas e estudos específicos para meninos e meninas de pouca
idade que incluam as interfaces da área específica com a Antropologia, a Sociologia, a História,
entre outras, ampliando o olhar da Psicologia e da Medicina que são hegemônicos neste momento.
Entretanto, apesar da parca produção teórica e, apesar da educação física, historicamente,
estar voltada para a prática dos esportes de rendimento e, mais recentemente, para a escola,
muitas experiências vêm sendo realizadas no Brasil circunscritas ao espaço da educação infantil,
assim como acontece desde 1982, na Rede Municipal de Florianópolis (RME).
Esta experiência da Rede, tem servido de campo de estudo para alguns/as profissionais
que pesquisam a educação física na educação infantil, levando-os/as, neste momento, a
aprofundarem este debate com aqueles/as que estão diretamente envolvidos com o trabalho
pedagógico nas creches e NEIs (Núcleos de Educação Infantil).
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A redação deste documento só foi possível pela concretização do intenso debate que foi travado ao longo do
ano de 2000 com professores/as e coordenadoras da Rede aos/as quais agradeço suas valiosas contribuições
no momento de sistematização das idéias.
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A lei 9394/96 atrela a educação física ao Projeto Político Pedagógico (PPP) de cada escola
e, neste caso, à proposta político-pedagógica das creches ou NEIs. O PPP é o elemento definidor
das propostas pedagógicas e dos pressupostos teórico-metodológicos que estão implicados no
trabalho do/a professor/a. Nesta perspectiva, cada projeto político pedagógico de creche ou NEI
precisa contemplar, entre outras questões: Qual o papel da educação física naquela unidade? Qual
a concepção de infância que a instituição assume e que será incorporada pelas ações na
educação física? Qual o papel do professor de educação física? Como a unidade irá organizar o
trabalho pedagógico entre os/as diferentes profissionais? A regularidade e a periodicidade da
educação física derivam do projeto da unidade e não, da intenção individual de cada professor ou
professora ou da sua condição administrativa de carga horária.
O planejamento
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Acerca desta temática, é interessante consultar as Diretrizes curriculares para educação física no ensino
fundamental e na educação infantil da Rede Municipal de Ensino de Florianópolis e também SAYÃO, D. A
disciplinarização do corpo na infância: educação física, psicomotricidade e o trabalho pedagógico. In
SAYÃO, D.; MOTA, Maria R. E MIRANDA, O. Educação infantil em debate: idéias, invenções a achados.
Rio Grande: FURG, 1999.
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Numa perspectiva de educação infantil que considera a criança como sujeito social que
possui múltiplas dimensões e que estas, precisam ser evidenciadas nos espaços educativos
voltados para a infância, as atividades ou os objetos de trabalho não deveriam ser
compartimentados em funções e/ou profissionais. A questão não está no fato de vários
profissionais atuarem no currículo da educação infantil. O problema está nas concepções de
trabalho pedagógico destes/as profissionais que, geralmente, fragmentam as funções de uns e
outros, isolando-se em seus próprios campos..
Como os grupos de discussão em educação de zero a seis anos expuseram nos
“Princípios Pedagógicos para a Educação Infantil Municipal”, “a interação, a brincadeira e as
diferentes linguagens da criança são os pontos fundamentais num processo educativo onde a
criança é vista como um todo indissociável”.(2000: 32) Portanto, não se trata de atribuir “funções
específicas” para um/a outro/a profissional e designar “hora para a brincadeira”; “hora para a
interação” e “hora para as linguagens”.
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A formação permanente
Algumas considerações
Os apontamentos levantados neste texto não se esgotam nele mesmo. É preciso retoma-
los sistematicamente e articula-los às práticas daqueles que atuam com as crianças de zero a seis
anos nas instituições educativas para a infância. Nesta perspectiva,aquilo que aqui pontuamos,
são apenas algumas diretrizes que objetivam dar continuidade ao debate que encontra-se em
curso.
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Difel, 1997.
EDWARDS, C; GANDINI, L; FORMAN, G. As Cem Linguages da Criança. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1999.
FLEURY, Maria. Há uma criança dentro da professora? In OLIVEIRA, Z.(org) Educação Infantil:
muitos olhares. São Paulo: Cortez, 1994.
FREITAS, L.C. Crítica da organização do trabalho pedagógico e da didática. Campinas, SP:
Papirus, 1995.
Grupo de Estudos Ampliados de Educação Física. Diretrizes para a Educação Física no Ensino
Fundamental e na Educação Infantil da Rede Municipal de Florianópolis/SC.
Florianópolis: NEPEF/UFSC-SME. Florianóplis,1996.
PERRENOUD, P. Práticas Pedagógicas, profissão docente e formação: perspectivas
sociológicas, Lisboa: Dom Quixote, 1993.
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