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DROGAS
11
Rio de Janeiro
2008
12
Rio de Janeiro
2008
drogas
Autor:
Orientador:
Examinadores:
13
Prof. Dr. Rogério Lustosa Bastos
14
Joelma Santos da Costa
15
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por tornar possível esta conquista em minha vida que
sem dúvida possibilitou meu crescimento pessoal e sempre me amparou nos
momentos difíceis que não foram poucos.
16
Agradeço a todos pela contribuição!
Eu sei,
Que os sonhos são pra sempre.
Eu sei,
Aqui no coração...
Eu vou ser mais do que eu sou
Pra cumprir as promessas que eu fiz
Porque eu sei que é assim
Que os meus sonhos dependem de mim
Eu vou tentar, sempre
E acreditar que sou capaz
De levantar uma vez mais.
Eu vou seguir, sempre
Saber que ao menos eu tentei
E vou tentar mais uma vez
Eu vou seguir...
Não sei,
Se os dias são pra sempre.
Guardei,
Você no coração...
Eu vou correndo atrás,
Aprendi que nunca é demais
Vale a pena insistir
Minha guerra é encontrar minha paz...
Eu vou tentar, sempre
E acreditar que sou capaz
De levantar uma vez mais.
Eu vou seguir, sempre
Saber que ao menos eu tentei
E vou tentar mais uma vez
Eu vou seguir...
17
RESUMO
18
ABREVIATURAS
19
ONU – Organização das Nações Unidas
LISTA DE TABELAS
20
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................
21
Tratamento da Dependência Química.........................38
22
4.7 Análise do discurso dos demais profissionais.................................................5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................6
ANEXOS....................................................................................................................7
23
INTRODUÇÃO
O uso de drogas1 vem tomando proporções muito expressivas em todo o
mundo.
De acordo com a ONU, em todo o planeta, 162 milhões de pessoas,
entre 15 e 64 anos de idade, seriam usuárias de maconha, ou seja,
4% da população mundial. O Brasil é o quinto país da América do Sul
no consumo de maconha entre estudantes de ensino médio, de
acordo com estudo realizado pelas Nações Unidas e pela
Organização dos Estados Americanos (OEA) (Revista, Mundo em
Foco, 2007. p. 47).
1 Droga é toda substância que introduzida no organismo, pode modificar uma ou mais de suas
funções (Organização Mundial de Saúde).
2 As substâncias psicoativas atuam no cérebro alterando o psiquismo.
24
será entendido ao levar em consideração tal característica (IAMAMOTO e
CARVALHO, 2003).
Os diversos serviços sociais previstos em políticas sociais específicas
são uma expressão da classe trabalhadora em sua luta por melhores
condições de trabalho e de vida, que são consubstanciadas e
ratificadas na legislação trabalhista (IAMAMOTO e CARVALHO,
2003, p. 2).
3 O termo mais utilizado em grupos de auto-ajuda para designar o indivíduo que tem dependência química de
determinadas substâncias.
25
também o adoecimento vivenciado pelos familiares e a necessidade de apoio e
atendimento profissional.
Os relatos dos que trabalham com o uso de drogas e dependência
química tem mostrado que é imprescindível incluir a família no processo de
reabilitação do dependente. Esta discussão será iniciada no capítulo I
ilustrando as constantes mudanças vivenciadas pela família e aprofundada no
capítulo II.
Muitos estudos, de diferentes referenciais teóricos, ressaltam a
importância da família tanto na prevenção quanto no tratamento dos
dependentes químicos, o que reforça a visão da dependência química como
um fenômeno que atinge não apenas o individuo, mas toda a família.
Tanto os jovens quanto os adultos fazem uso de drogas porque a
realidade social não está atendendo as necessidades humanas. Inserir a
discussão do uso de drogas na perspectiva de qualidade de vida evitando a
criminalização do indivíduo amplia o debate em estudo.
O objetivo geral desta pesquisa é analisar as repercussões do uso
abusivo de álcool e outras drogas na família de usuários em tratamento. Assim
pretendemos traçar um perfil das famílias, o tipo de auxílio prestado pela
família no tratamento de usuários de drogas, também analisar as diferenciadas
modalidades de atendimento disponibilizadas a estes usuários e abordaremos
os encaminhamentos do Serviço Social no tratamento.
O problema das drogas interroga a natureza e o sentido da existência. A
ciência pode contribuir muito significativamente para a clareza do debate,
operacionalizando conceitos e elucidando aspectos psicológicos, socioculturais
e biológicos das toxicodependências4 (BAPTISTA e INEM, 1997,p.195 ).
4 Toxicodependência é um fenômeno gerado pelo uso contínuo de drogas que leva o corpo a produzir outro equilíbrio.
26
favorecer o tratamento, mas em algumas situações o resultado pode ser
contrário. Não basta apenas o paciente querer deixar de ser dependente
químico é preciso ter o apoio da família para que se efetive a superação desta
doença. A família através das articulações constantes no dia-a-dia pode
favorecer ou atrapalhar o andamento do tratamento por isso o trabalho a ser
desenvolvido com as famílias é fundamental para obtenção de resultados
satisfatórios.
É conferida relevância à reflexão sobre a questão da importância da
família no tratamento, nas instituições que desenvolvem trabalhos na
perspectiva de prevenção e recuperação de adictos, a fim de buscar o apoio da
família durante o processo de acompanhamento dos atendimentos, mas
também trabalharem fatores externos que determinaram ou levaram o usuário
à dependência5.
O impacto que a família sofre com o uso de drogas por um dos seus
integrantes abala as estruturas de todos os seus membros embora a origem do
uso de drogas possa estar na própria família.
A perspectiva da saúde pública considera todas as drogas em pé de
igualdade e analisa as suas implicações globalmente em termos de riscos para
a população formulando os problemas (BAPTISTA e INEM, 1997, p.198).
O presente estudo faz-se necessário devido à intervenção do Serviço
Social, que pode esclarecer aspectos da questão junto à família no que se
refere ao uso de drogas, tendo em vista que esta temática está cada vez mais
presente na sociedade como mediadora das relações sociais (HYGINO e
GARCIA, 2003, p.220). O Assistente Social, em seu exercício profissional se
depara cotidianamente com esta demanda e suas decorrências vivenciando
impasses e limites devido à escassez de recursos disponibilizados na rede
pública de atendimento ao usuário de drogas.
27
CAPÍTULO I
FAMÍLIA EM CONSTANTE MUDANÇA
28
Somente no século XV as crianças (especificamente os meninos)
passam gradativamente, a ser educadas em escolas e a família
começa a se concentrar em torno delas, garantindo-se, entre outras
coisas, a transmissão de conhecimentos de uma geração a outra por
meio da participação das crianças na vida dos adultos (GUEIROS,
2002, p. 105).
29
dias que surgem e se modificam ou desaparecem idéias, atos e relações. A
origem de pressupostos ideológicos se encontra na casa, nos hábitos das
pessoas ou de um grupo. Para reproduzir a sociedade é preciso que os
homens particulares se reproduzam como tal. A vida cotidiana é um conjunto
de atividades que caracteriza a reprodução dos homens particulares criando,
por sua vez a possibilidade de reprodução social. A construção de uma vida
pautada na felicidade é, portanto um compromisso de cada ser humano e,
mais especialmente, da família enquanto grupo voltado para tal fim ( HELLER,
1987, p. 7).
Não dá para pensar no átomo do parentesco a partir da unidade
biológica, o que o leva a introduzir na análise a dimensão cultural: para se
formar a família precisa de dois grupos que se casam fora do seu próprio
grupo. O casamento nas sociedades primitivas, contudo não se originava dos
indivíduos, mas de grupos interessados. A união entre os sexos não era um
assunto privado (Lévi-Strauss, 1980).
Foi Lévi- Strauss, com as estruturas elementares do parentesco quem
deu o passo decisivo para a desnaturalização da família biológica o
foco principal [...] A família passou a ser vista como a atualização de
um sistema mais amplo [...] Para ele o fundamento da família não
está na natureza biológica do homem, mas na natureza social
(SARTI, 1995, p. 41).
Freud mostrou que a mente não é algo previamente dado, mas sim uma
estrutura construída na infância através de um longo processo de formação da
personalidade e de estabelecimento de vínculos afetivos e emocionais que
ocorre dentro da estrutura familiar (BRUSCHINI, 1990, p.62).
O fato de a vida familiar fazer parte do mundo simbólico de todas as
pessoas e estar fortemente influenciada por valores morais, religiosos e
ideológicos tem feito com que muitas vezes se tenha a ilusão de que as
discussões sobre família estão assentadas sobre bases comuns. Ao estudar o
discurso dos Assistentes Sociais sobre família, Silva (1984) assinalou a
tendência de conceituarem a família a partir de suas próprias famílias e de
enfatizarem as relações parentais a partir da consangüinidade. Ainda hoje no
contexto das discussões dos profissionais que trabalham com famílias estão
presentes esta visão de família. A família pode ser entendida como um fato
30
cultural, historicamente condicionada que não se constitui, a priori, como um
“lugar de felicidade”. O ocultamento do caráter histórico determina socialmente
a família como um espaço de felicidades (MIOTO, 1997).
Por meio do estudo das estruturas elementares do parentesco, Lévi-
Strauss (1976) chegou à tese de que a família surgiu no imbricamento entre a
natureza e a cultura. Essa tese permitiu afirmar a supremacia da regra cultural
da afinidade sobre a regra natural da consangüinidade.
A pesquisa histórica de Ariès (1981) sobre a sociedade européia mostra
claramente as diferenças na organização familiar ao longo da história, de modo
que, foi na modernidade que se estabelecem os limites entre o familiar e o
social. Nesta época se desenvolveu a idéia de privacidade, o “sentimento da
casa”, e assim o sentimento familiar (originário da aristocracia e da burguesia)
estendeu-se praticamente a toda sociedade, persistindo até nossos dias.
Dentro dessa nova ordem as crianças foram retiradas da vida comum bem
como de grande parte do tempo e das preocupações dos adultos.
A família no contexto das fronteiras entre o público e o privado com base
na sociedade francesa do pós-guerra até os nossos dias, aponta para
historicidade da construção desses espaços. As mudanças no mundo do
trabalho, com a dissociação família e empresa, foram fundamentais na
constituição da família atual, cujas relações se alteraram significativamente.
Dentro dessa nova ordem os indivíduos conquistaram na família o direito à
autonomia, reconhecimento de uma vida privada individual até então
desconhecida. Ressaltamos que esta alteração significa que a família pode
estar deixando de ser uma instituição para se tornar um ponto de encontro de
vidas privadas, e assim estaria se encaminhando para as famílias informais.
31
1.2 - O que é Família.
No mundo externo ninguém tem piedade do outro e é dentro da família
que cada um deseja receber atenção, respeito e reconhecimento. A casa não
significa mais apenas o local de moradia agora é mais do que isso. Assim a
família torna-se a esfera íntima de existência, o local exclusivo onde se pode
exprimir a própria emoção e agregar-se aos outros. Representa ainda o lugar
onde se pode refazer-se das humilhações sofridas no mundo externo, expandir
a agressividade reprimida, exercitar o próprio autocontrole, repreender e vencer
o outro. Diante de vários conflitos vivenciados pelos sujeitos na atual
conjuntura, a família pode ainda ser um lugar onde se pode contar para
extravasar suas angústias e ansiedades frente a tantos problemas
(desemprego, desentendimentos com amigos, transportes, trabalho precário,
baixos salários e outros) (HELLER, 1987).
Na família são reproduzidos os padrões, os valores e os sistemas de
relações sociais que são particularizados, vividos interiorizados ao
nível da família e de cada membro, na forma de continuidade e
descontinuidade ( VITALE, 1987, p. 35).
As trocas afetivas na família imprimem marcas que as pessoas carregam a
vida toda, definindo direções no modo de ser com os outros afetivamente e no
modo de agir com as pessoas. Esse ser com os outros, aprendido com as
pessoas significativas, prolonga-se por muitos anos e freqüentemente projeta-
se nas famílias posteriormente (SZYMANSKI,2002, p.12).
Nas últimas décadas do século XX, novas mudanças ocorrem e são
incorporadas pela Carta Constitucional: famílias monoparentais, por exemplo,
e a condição do homem ou da mulher como chefe de família. Essas mudanças
se processam entre conflitos e tensões e que certas características dos
diferentes “modelos” de família convivem numa mesma família, acentuando,
assim seu grau de complexidade (GUEIROS, 2002, p. 110).
32
1.3. A mulher no âmbito familiar
Ao examinar a história da civilização até a separação entre sociedade
civil e Estado, ocorrida em fases sucessivas, do final do século XVIII em
diante, seremos forçados a considerar meramente tautológica 7 a expressão
“as mulheres na família”. Na idade média, inclusive, as mulheres eram
excluídas das reuniões do Estado. Tudo aquilo que se verificava fora do
âmbito familiar, discussões políticas, comércio e guerra, era atividade
reservada aos homens. As mulheres casadas, por outro lado, eram até mesmo
excluídas das práticas religiosas. Durante todo processo histórico as mulheres
envolvidas em questões relacionadas ao âmbito familiar, mesmo que de certa
forma excluídas ou sem a sua devida importância (HELLER, 1987, p.8-9).
A mulher tem um papel inquestionável no núcleo familiar e são
destacadas como propulsoras de mudanças por meio de lutas no
reconhecimento de seus direitos. Tidas sempre como a responsável pela
socialização dos filhos e pelas tarefas domésticas.
A mudança na ordem econômica mundial, a partir da década de 1970
concorreu para a opção governamental no Brasil de adoção de um
modelo de desenvolvimento econômico que trouxe como
conseqüência o empobrecimento acelerado das famílias na década
de 1980. Acrescido a esse fato, houve a intensa migração do campo
para a cidade e a ampliação dos padrões de exploração de mulheres
e crianças no mercado de trabalho, além da deterioração do setor
público na prestação de serviços, contribuindo para a queda das
condições de vida (COELHO, 2002, p. 76).
33
produtivas. (HELLER, 1987, p.12).
A família emerge, portanto como esfera prioritária de identificação
feminina, isto é, o lócus no qual sua identidade é gerada, construída e
referida. Tal fenômeno se expressa, inclusive, no fato de a mulher só
conseguir se definir na ou através da família, esposa ou mãe
(SALEM, 1981, p. 60 ).
34
mulher também nos espaços públicos, anteriormente ocupados
predominantemente pelo homem (GUEIROS, 2002, p. 109).
35
tradicional a nova mulher “moderna” deveria ser educada para desempenhar o
papel de mãe (também uma educadora dos filhos) e de suporte do homem
para que ele pudesse trabalhar (NEDER, 2002, p. 31).
Como exemplo das mudanças que ocorreram na estrutura familiar há
que se ressaltar que duas famílias com a mesma composição podem
apresentar modos de relacionamento completamente diferentes. O relevante,
nesse caso são suas histórias, a classe social de pertencimento, a cultura
familiar e sua organização significativa no mundo (SZYMANSKI, 2002, p. 17).
Na família pobre as relações entre seus membros seguem um padrão
tradicional de autoridade e é uma questão de ordem moral a subordinação dos
projetos individuais aos familiares e a insistência na hierarquia. É nesse
contexto que se estabelece a tarefa socializadora da família (SARTI, 1996).
Numa cultura que valoriza o homem como o poderoso provedor da
família, é desconcertante a situação em que a mulher, ou mesmo
filhos adolescentes, consigam trabalho e remuneração mais
facilmente do que o “chefe da família” (SZYMANSKI, 2002, p. 18).
Na sociedade moderna não existe um modelo padrão de organização
familiar, devido às transformações no mundo do trabalho, nas relações sociais,
culturais e políticas. Os diversos problemas vivenciados no âmbito familiar são
decorrentes das mudanças mais amplas que estão ocorrendo. A dependência
química é uma dessas conseqüências.
Na história da civilização há presença de drogas em vários contextos:
religioso, cultural, social, econômico, medicinal e cultural. A relação entre o
homem e a droga é de longa data e está atualmente massivamente presente
nos meios de comunicação estimulando o seu uso e propiciando em
decorrência deste uso uma série de problemas dentre os quais darei enfoque
aos que ocorrem no âmbito familiar.
Nos séculos XIX e XX, o advento da economia capitalista provocou
grandes transformações sociais que repercutiram nos padrões de
comportamento e conseqüentemente levaram a mudanças na
estrutura familiar. Embora algumas dessas mudanças tenham sido
grandemente reparadoras, outras provocaram o progressivo
isolamento familiar, fatos que aliados a uma ideologia de consumo e
condutora de uma busca de prazer instantâneo e imediato
contribuíram para o surgimento de conflitos e desastres dentre os
quais apontamos o uso abusivo de drogas (BUCHER, 1988, p.52).
36
No Brasil as mudanças desencadeadas na década de 1990 com as
políticas neoliberais através da reestruturação produtiva, o avanço tecnológico
e a fragmentação e precariedade do trabalho ocasionou impactos na
reprodução social. O crescente desemprego, a violência, a pobreza, o
desmonte dos direitos sociais conquistados na década de 1980 e a
vulnerabilidade dos grupos que cada vez mais tornam-se excluídos à margem
da sociedade. Martins mostra que a pobreza, muito mais que falta de comida, e
de habitação é “carência de direitos, de possibilidades, de esperança”
(MARTINS, 1991, p. 11-15).
Historicamente o homem e a droga são companheiros de muitos séculos
conforme mencionado anteriormente, no entanto um fato se destaca nos dias
de hoje em todo o mundo há uma expansão rápida. Podendo se assinalar à
metade do século XX como ponto referencial.
As mudanças que ocorrem no mundo afetam a dinâmica familiar como
um todo e, de forma particular, cada família conforme sua composição historia
e pertencimento social. (SZYMANSKI, 2002, p. 17).
Jovens e adultos tem feito uso abusivo de drogas em nossa sociedade
questões como a violência doméstica, por exemplo, não pode ser vista
separada do alcoolismo e consumo de outras drogas, que tem efeitos
devastadores nas famílias e que não podem ser analisados fora de um quadro
de referência da sociedade mais ampla (SZYMANSKI, 2002, p.20).
É indispensável examinarmos aspectos que são compatíveis com o
aumento do consumo de drogas numa sociedade cada vez mais competitiva,
individualista e consumista. Há um favorecimento quanto ao uso de drogas
onde não há restrição à classe social ou a determinada faixa de idade.
Nesta perspectiva,
Segundo estatísticas da Organização Mundial de Saúde, um em
quatro habitantes do mundo recorre a drogas. Outro dado que se
destaca diz respeito à indústria farmacêutica que é, atualmente, uma
das mais rendosas do mundo. Esses dados nos remete a existência
de regras tóxicas de sobrevivência. É um problema que envolve
aspectos psicológicos, sanitários, educativos, políticos e sociais,
exigindo, portanto integração entre ações preventivas, repressivas e
de tratamento. (BUCHER, 1988, p. 48-49).
Para entendermos as implicações do Neoliberalismo nas políticas
37
públicas sociais mais atuais, é significativo resgatar a conformação da política
social no capitalismo do século XIX, construída a partir das mobilizações
operárias sucedidas ao longo das primeiras revoluções industriais (VIEIRA,
2004, p.140) e presente nas principais reivindicações trabalhistas, como fruto
de contradições históricas do próprio capitalismo.
A redução considerável dos gastos sociais indica uma redução dos
serviços sociais públicos e dos subsídios ao consumo popular,
contribuindo para deteriorar as condições de vida da maioria absoluta
da população, incluindo amplos setores das camadas médias
(LAURELL, 1995, p. 151).
Neste contexto a viabilização das políticas públicas de saúde deve ser
reafirmada e o Assistente Social no seu exercício profissional deverá estar
envolvido neste processo.
Inúmeros são os desafios que permeiam a vida da família
contemporânea. Várias temáticas estão envolvidas como violência intra e extra-
familiar, desemprego, pobreza, drogas e tantas outras situações que atingem a
família e desafiam sua capacidade para resistir e encontrar saídas. O impacto
desses desafios e dessas mudanças sobre o cotidiano das relações familiares
é absorvido pelo profissional que trabalha com famílias (VITALE, 2002, p. 45).
Quando se lida com famílias, portanto depara-se com uma primeira
dificuldade, a de estranhar-se relação a si mesmo. Como reação
defensiva, há uma tendência a projetar a família com a qual nos
identificamos – como idealização ou como realidade vivida – no que é
ou deve ser a família, o que impede de olhar e ver o que se passa a
partir de outros pontos de vista (SARTI, 1999, p.100).
38
crônicos de saúde – a família tem sido chamada a preencher esta lacuna, sem
receber dos poderes públicos a devida assistência para tanto (GUEIROS,
2002, p.102). Diante do exposto coloca-se a reflexão da importância no que
refere-se a família frente os desafios impostos aos profissionais e em particular
ao Assistente Social que tem deparado com esta demanda cotidianamente.
39
CAPÍTULO II
DROGA E FAMÍLIA
40
TABELA II – CLASSIFICAÇÃO DAS DROGAS QUANTO A AÇÃO NO
SISTEMA NERVOSO CENTRAL
TIPO DE DROGAS EFEITO SOBRE O ORGANISMO HUMANO
ESTIMULANTES Aceleram a atividade cerebral. Há uma aceleração do
pensamento e euforia. Seus usuários tornam-se mais ativos.
“ligados”. Exemplos: anfetaminas ( remédio para emagrecer),
cafeína, cocaína, ecstasy e nicotina.
DEPRESSORAS Pessoas sob o efeito dessas substâncias tornam-se
sonolentas, lerdas, desatentas e desconcentradas. Exemplos:
álcool, opiáceos (heroína e morfina), tranqüilizantes, inalantes
ou solventes (cola) e indutores do sono.
PERTUBADORAS Modificam o sentido da realidade, provocando alterações na
percepção, emoções e pensamento. O consumo pode
desencadear também quadros psicóticos permanentes em
pessoas predispostas a essas doenças ou novas crises em
indivíduos portadores de doenças psiquiátricas (transtorno
bipolar, esquizofrenia). Exemplos: anticolinérgicos, LSD
(ácido), maconha, chá de cogumelo, trombeta e lírios.
Fonte:“ Drogas,: Conceitos Básicos”, Folder da Secretaria Especial de Prevenção à
Dependência Química, Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, s/data.
41
O álcool e as demais drogas são substâncias químicas que causam
alterações na percepção e no comportamento das pessoas e cujo uso
continuado pode levar a dependência.
Em termos de consumo de drogas o país campeão de uso de drogas é
os Estados Unidos, seguido do Canadá e de vários países europeus. Os dados
norte americanos apontam que mais de um terço dos habitantes daquele país
já usaram maconha (34,2%)8.
2.1.1 - Dependência.
A dependência encontra-se classificada mundialmente entre os
transtornos psiquiátricos, o sujeito não se torna dependente de drogas de uma
hora para outra; trata-se de um processo lento e gradual (SCHENKER, 2003, p.
211).
Muitas pessoas que consomem bebidas alcoólicas, por exemplo, não se
tornam dependentes do álcool, porém é bom lembrar que o uso de drogas
ainda que experimental pode vir a causar danos à saúde.
O uso de algumas medicações podem ocasionar dependência também.
É de suma importância a investigação das expectativas do paciente
quanto ao tratamento. expectativas irreais, exageradas, acarretam
frustração e denotam, às vezes, pouca disponibilidade individual para
mudança do estilo de vida, fator essencial para a manutenção dos
resultados do processo terapêutico (LEITE, 2001, p. 8).
8 Disponível na série por dentro do assunto. Drogas: Cartilha sobre maconha, cocaína e
inalantes
42
danos irreversíveis no cérebro, fígado e outros órgãos.
43
Para aqueles que injetam cocaína, o risco de contrair hepatites, AIDS e
outras infecções, pelo uso de seringas contaminadas é também alto.10 Esta
situação torna-se cada vez mais preocupante em nossa sociedade
principalmente entre os jovens.
Um estudo conduzido no Instituto Médico Legal de São Paulo, em 1994,
analisou os laudos de todas as pessoas que morreram por acidentes ou
violência na Região Metropolitana de São Paulo e constatou que:
52% das vítimas morreram de homicídios,
64% daqueles que morreram afogados e
51% dos que faleceram em acidentes de trânsito apresentaram álcool na
corrente sanguínea em níveis mais elevados do que o que permitido por lei
para dirigir veículos (0,6 gramas de álcool por litro de sangue).
É um equívoco pensar a questão das drogas de forma limitada e restrita
a análise do produto. Aspectos fundamentais e importantes relativos ao
indivíduo e ao contexto social e cultural devem ser considerados. Através do
diálogo é possível fazer uma avaliação, qual é o lugar da droga na vida do
usuário ou dependente. Às vezes criamos problemas onde não existe e
atribuímos ao uso de drogas qualquer conduta ou comportamento fora dos
padrões normais.
De acordo com a OMS, no ano 2000 o álcool foi responsável por 4%
da incidência de doenças, em países emergentes como a China
tendo nessa substância o maior fator de risco à saúde. O uso
moderado de álcool, contudo, apresenta efeitos controversos sobre a
saúde. Está tanto associado com a diminuição na mortalidade em
decorrência de doenças coronárias entre indivíduos de mais de 40
anos de idade quanto com o aumento no risco de manifestação de
câncer. Ademais, seu uso está associado com problemas sociais, em
especial a violência11.
10 Disponível na série por dentro do assunto. Drogas: Cartilha sobre maconha, cocaína e inalantes.
44
preventivas.
45
amigos, mas o suporte maior deve vir da família. Não se trata de fiscalizar,
mas de chamá-lo à reflexão. Nesta perspectiva há uma desmistificação da
culpabilidade do usuário de drogas para o campo da responsabilidade.
É preciso entender que o uso abusivo de drogas é uma doença. Em
primeiro lugar é preciso a motivação do dependente para iniciar o tratamento e
em seguida o apoio da família para mantê-lo motivado.
A família por estar desprovida de informações sobre a questão das
drogas, principalmente as ilícitas, pode ter sua participação no tratamento
comprometida por distorções presentes na sociedade. Afinal as drogas são
apresentadas como algo demoníaco.
O tratamento da dependência deve passar pela avaliação da família.
Estudos mostram que vítimas de maus tratos, a presença de consumo
problemático de drogas entre os mais velhos, violência, ausência de rotina
familiar e a dificuldade dos pais em colocar limites nos filhos aumenta o risco
do surgimento de dependência entre os seus membros.
No espaço familiar são construídos valores, regras, papéis que
solidificam a história de cada família que esta inserida numa realidade social e
quando ocorre algo que provoca distorções nos comportamentos surgem
conflitos. Em casa somos classificados pela idade, sexo e papel que
desempenhamos e nossa conduta é regida por valores como honra, vergonha
e respeito (GARCIA E MENANDRO, 2000, p. 344).
É importante destacar aspectos do contexto familiar em que estão
inseridos os dependentes químicos: desemprego, violência, insegurança. Um
conjunto de ações que configuram expressões da questão social, por isso é
fundamental trabalhar o papel da família que dada à realidade da sociedade
ocupa posição difícil e conflitante.
A família pode levar muito tempo para se dar conta que há um membro
na família que é dependente químico, seja por desconhecimento das reações
do uso da droga ou pelo fato de não considerar a droga uma doença.
46
crises. A idéia que temos de família como um grupo relativamente bem
estruturado envolvendo o pai, a mãe e os filhos muitas vezes não corresponde
à diversidade dos modelos de família existentes e das realidades em que
vivem. Criamos em nossa cultura a idéia de uma família-modelo, porém vale
ressaltar que nenhum relacionamento está livre de conflitos. Por isso nem
sempre podemos ter a resposta ideal de nossas famílias.
47
ambas as partes, a fim de promover a recuperação dos envolvidos. É preciso
orientar o dependente e a família quanto aos prejuízos físicos e sociais
causado pela droga, ou seja, envolver a família no tratamento. A abordagem
familiar deve ser considerada como parte integrante do tratamento.
A maioria dos usuários que chega às unidades para tratamento é
trazida por parentes. O discurso utilizado pelas famílias responsabiliza o
usuário assim, como a sociedade que criminaliza e estigmatiza o dependente
sem considerar fatores externos que determinam sua condição. Nesta
dinâmica é importante incluir a família que necessita participar ativamente do
tratamento e do processo de recuperação do dependente, como núcleo de
suporte fundamental do indivíduo (LEITE, 2001, p. 23). No capítulo IV
demonstraremos através da pesquisa que, no entanto, esta tarefa não é fácil
devidos os prejuízos sofridos em decorrência do uso da droga.
É comum o dependente ou a família se autodenominarem vítimas e se
contrapor uns aos outros, sem perceber que ambos estão no processo de
saúde-doença. Neste contexto vale ressaltar a co-dependência, onde co-
dependente é uma pessoa que deixou o comportamento de outra afetar a si
própria e tem obsessão em controlar o comportamento de outras pessoas.
(BEATTIE, 1997, p. 28).
Uma condição emocional, psicológica e comportamental que se
desenvolve como resultado da exposição prolongada de um individuo
a – e a prática de – um conjunto de regras opressivas que evitam a
manifestação aberta de sentimentos e a discussão direta de
problemas pessoais e interpessoais (BEATTIE, 1997p. 45).
A co-dependência não ocorre apenas no que refere-se ao uso de
substâncias químicas, no entanto é muito comum lidarmos com esta demanda
quando o assunto em questão é drogas.
48
alcoólicos não consideram o álcool uma droga, porque seu uso é legalizado.
No entanto o álcool é classificado conforme tabela II como uma droga
depressora12 que produz através do consumo indevido, diversas
conseqüências ao usuário: perda da auto-estima, conflitos na família, acidentes
de trânsito, absenteísmo no trabalho, além de distúrbios físicos e psicológicos
que podem levá-lo a dependência, interferindo de forma negativa no seu
convívio social. Durante a vida, o ser humano cria relações de dependência.
Algumas dessas relações são importantes para o bem-estar, outras causam
prejuízo. A dependência química reflete no âmbito familiar de diversas formas,
especialmente nos conflitos originados não apenas do usuário.
É importante demarcarmos que neste contexto as pessoas que se
encontram no estágio de co-dependência estão tão envolvidas pelo “outro” que
esquecem de si mesmas. O Assistente Social precisa no seu exercício
profissional estar atento a este usuário que dificilmente chegará ao
atendimento com uma demanda sua e sim sempre do “outro”.
[...] e não se pode negar o peso simbólico que a mídia, principalmente
a televisiva, desempenha em nossa sociedade (FREITAS, 2002,
p.86).
A visão proibicionista tem o foco na droga e não no sujeito, a questão
do uso deixa de ser vista como algo inerente à individualidade de cada ser
humano, e passa a ser uma questão de segurança pública. Nesta perspectiva o
inimigo passa a ser o usuário que assume características de pessoa ruim e
violenta, sem valores éticos ou morais. “O termo drogado começa a ser
utilizado no Brasil ao lado da categoria subversivo como uma categoria de
acusação” (VELHO, 1997).
A lógica de somente publicar o que se encaixa no imaginário social
acaba potencializando o problema do estigma no qual está inserido o usuário
de drogas. Uma pessoa usuária, por exemplo, não necessariamente será um
dependente. No entanto a sociedade vê todo usuário como um dependente. O
profissional deve observar em que estágio se encontra o usuário que esta
sendo atendido para que seja viabilizada uma intervenção eficaz e objetivar um
12 grifo nosso
49
encaminhamento adequado.
Um dos caminhos para se alcançar o objetivo de diminuir os riscos
associados ao uso de drogas começa na capacidade de discernimento do
cidadão bem informado.
50
CAPÍTULO III
51
aceito doações com valores muito expressivos. Todas as aquisições de objetos
para os grupos são definidas em assembléia.
Não há distinção nos grupos. Os freqüentadores de um determinado
grupo podem participar de outros grupos, inclusive freqüentemente há
intercâmbio entre os mesmos. Não há controle de freqüência e a permanência
depende exclusivamente do membro do grupo. As reuniões são realizadas
geralmente às 19h30min e conduzidas por um coordenador que inicialmente
expõe aspectos formais e em seguida indica os que irão se pronunciar ao
grupo.
52
pessoas que tiveram problemas similares e encontraram uma solução.
Narcóticos Anônimos não tem nenhum tipo de acompanhamento profissional.
O principal serviço oferecido por Narcóticos Anônimos é a reunião em
um grupo de NA. Cada grupo administra a si próprio, tendo como base
princípios comuns a toda a organização.
Narcóticos Anônimos é inteiramente auto-sustentado e não aceita
contribuições financeiras de pessoas de fora do grupo. É recolhido em cada
reunião um valor que não é estipulado a fim de colaborar com a manutenção
do lanche, água e demais utensílios.
As reuniões do NA são realizadas reuniões diárias em alguns grupos e
em alguns espaços com 3 reuniões por dia (manhã, tarde e noite). Ocorrem
reuniões fechadas e abertas. Geralmente as reuniões abertas são realizadas
na 1ª e 2ª quarta-feira do mês. Não há limite de participantes, distinção de
classe, gênero, droga de uso ou etnia. As reuniões são conduzidas sempre por
membros mais antigos os quais fazem o acompanhamento da freqüência e
direcionam os relatos. Cada integrante do grupo dirige-se à frente de todos e
inicia seu relato.
Dos 5000 membros de NA que responderam a uma pesquisa informal feita
em 1989, 64% eram homens e 36% eram mulheres. Entre estes mesmos
5.000 membros, 11% tinham menos de 20 anos de idade, 37% tinham entre
20 e 30, 48% tinham entre 30 e 45, e 4% tinham mais de 45.16
53
Após a inserção no grupo os integrantes destacam o que recuperaram e
destacam como sendo a maior conquista, a família19. Em vários discursos
ressaltam “agora sou pai, marido, amante, filho, irmão e amigo. Antes não eram
nada nem pelo nome eram chamados. As pessoas se dirigiam a mim como
psiu, viciado e ai! Neguinho! Malandro!”20. Através deste discurso é possível
perceber o quanto à questão da família é valorizada pelos adictos e a
importância de trabalhar também no grupo os aspectos que norteiam esta
dinâmica.
19 Gripo nosso.
20 Informação obtida na pesquisa de campo observação em 02 de Janeiro de 2008.
21 Disponível :www.al-anon.org.br acesso: em 15 de novembro de 2007.
54
3.1.5 - O Trabalho do NEPAD.
O trabalho no NEPAD – Núcleo de Estudos e Pesquisa em Atenção ao
Uso de Drogas teve início na década de 80. O atendimento é oferecido a
qualquer familiar que venha sozinho à instituição ou se outro profissional do
setor atendendo ao dependente de drogas considerar que a abordagem
familiar pode favorecer o tratamento.
Em entrevista com o Assistente Social confirmei que a maioria dos
usuários atendidos na referida instituição são do sexo masculino, e revela
uma semelhança entre os usuários do HESFA que, na sua maioria também são
do sexo masculino, e quanto aos familiares ocorre o inverso são geralmente
mulheres e especificamente em relação aos atendimentos do NEPAD são
geralmente mães.
Não há exigência em relação à quantidade de drogas consumida pelo
adicto, idade, classe social, raça ou localidade que resida, no entanto, o
atendimento oferecido pela referida instituição se dá àqueles usuários de
drogas lícitas e/ou ilícitas (menos álcool, quando seu uso é exclusivo) e é
extensivo a seus familiares ou pessoas próximas. O atendimento também é
extensivo às pessoas que tem algum familiar dependente ou usuário de
drogas, mesmo que o usuário não seja paciente do NEPAD. O paciente ao
chegar à instituição é atendido pelo plantonista da equipe (psicólogo ou
médico). Não é exigido que o sujeito esteja abstinente.
A equipe interdisciplinar é composta de médicos, psicólogos,
assistentes sociais, pedagogos, terapeutas ocupacionais e pessoal
administrativo.
Atualmente a estrutura do NEPAD é formada pela Direção
Coordenadora Administrativa e coordenadoria de Estudos e Assistência.
Nestas se inserem três setores: atenção primária, epidemiologia e pesquisa
médica e o de assistência terapêutica.
No setor de atenção primária está inserido o Programa de Redução de
Danos, que surgiu em convênio com a Coordenadoria Nacional de DVST /
AIDS / MS, em 1996, neste setor são elaborados programas dos cursos
55
oferecidos para professores de escolas públicas.
O setor de epidemiologia desenvolve estudos sobre a temática da
toxicomania, organiza banco de dados sobre os pacientes e elabora o perfil da
clientela.
O setor de Assistência terapêutica oferece atendimento ambulatorial aos
usuários de drogas, adultos ou adolescentes e seus familiares. A modalidade
básica de atendimento aos usuários é a psicoterapia de base psicanalítica.
Quando necessária internação os pacientes são encaminhados para
enfermaria do serviço de Psiquiatria e Psicologia Médica do Hospital
Universitário Pedro Ernesto (HUPE – UERJ).
Os atendimentos aos familiares ocorrem em duas modalidades Terapia
Familiar (abordagem sistêmica) e atendimento a familiares, que é oferecido aos
familiares, individualmente ou em grupo. Este atendimento surgiu quando os
profissionais perceberam que os familiares que vinham acompanhando os
usuários, na grande maioria mães que queriam conversar com os terapeutas.
A instituição não considera a causa da dependência como sendo
unicamente do produto e considera fatores psicológicos, sociais e políticos,
entre outros.22
56
psicoativas em ambientes laborais. No entanto, não ficam excluídas as
possibilidades de pesquisas em relação ao tratamento médico/ psicológico e
outras abordagens psicossociais, desde que atreladas à linha de pesquisa do
UNIPRAD ou projetos específicos acima mencionadas e que implicam na
permanente perspectiva da avaliação e implantação de serviços, face a novos
paradigmas nesta área.
Dentre as propostas da UNIPRAD destacam-se:
Propor uma atuação transdisciplinar no campo de álcool, drogas e
outros transtornos dos impulsos que contemplem de forma integrada o ensino,
a pesquisa e a assistência, articulando a prevenção ao tratamento. É
importante ressaltar os atendimentos em grupo (recepção, família e de
usuários) que tem obtido resultados satisfatórios para os usuários dos serviços
prestados pela unidade e também aos profissionais.
Formação e capacitação prática e teórica para alunos de graduação e
pós-graduação nas diversas disciplinas: enfermagem, medicina, psicologia,
serviço social entre outras. São realizados anualmente cursos de extensão só
para os profissionais da equipe.
Propõe-se o aprofundamento das parcerias interinstitucionais para a
formação e treinamento de recursos humanos para a atuação na promoção da
saúde mental, prevenção primária, junto a locais do trabalho, escolas,
Programa de Saúde da Família e Programa de Agentes Comunitários de
Saúde.23
57
CAPÍTULO IV
Análise de dados obtidos na pesquisa
4.1 - Universo pesquisado.
24 A importância dessa técnica reside no fato de podermos captar uma variedade de situações
ou fenômenos que não são obtidos por meio de perguntas, uma vez que, observados
diretamente, na própria realidade (MINAYO, 2004, p. 60).
58
se quer conhecer (MNAYO, 2004, p. 64).
Quanto as demais instituições pesquisadas o interesse se deu a partir de
indicações no campo de estágio e análise de referencial teórico sobre
dependência química. As instituições de apoio ou de ajuda mútua não se
constituíram em foco para entrevistas, uma vez que não há equipe de
profissionais e sim grupo de usuários em processo de “auto-ajuda25 para
recuperação”. A pesquisa de campo ocorreu no período de Janeiro a
Dezembro de 2007 e a observação participante junto às famílias nos meses de
Outubro de 2007 a Janeiro de 2008.
Foram realizadas entrevistas, no Hospital São Francisco de Assis,
envolvendo as famílias com os Assistentes Sociais e demais integrantes da
equipe que trabalham com as famílias dos adictos. Houve a necessidade de
aplicar um roteiro de entrevista diferenciado ao profissional de Serviço Social a
fim de possibilitar uma análise específica da prática interventiva do Assistente
Social na dinâmica pesquisada.
As entrevistas foram realizadas entre os meses de outubro e dezembro
de 2007. Para preservar a identidade dos entrevistados os assistentes sociais
serão identificados por AS e quanto aos familiares utilizaremos as designações
família 1, família 2 e assim sucessivamente.
59
Janeiro de 2008. Os familiares serão identificados conforme esquema abaixo a
fim de assegurar que sua identidade seja preservada.
Esquema de Entrevista Utilizada nesta pesquisa no HESFA
Família 1 Mãe
Família 2 Irmão
Família 3 Esposa
Família 4 Irmã
60
4.3 Quanto à percepção do que é família
Na tentativa de entender qual a percepção dos familiares acerca do
conceito, perguntamos: O que é família? Qual o papel da família no
tratamento?
A primeira percepção é a de ajuda mútua:
“Família é estar reunido é compreensão é ajuda. Família não é apenas
cobrança é preciso muita conversa, mostrar o que é certo o que é errado e
entender o por quê. A família não deve apenas cobrar” ( Família 1, dezembro
de 2007).
Outra maneira de abordar é pela vida da educação:
“A família é o início de tudo, uma educação ruim a pessoa vai aprender
coisas ruins. É preciso acreditar em Deus não basta criticar tem que procurar
entender. Se não fosse vício seria fácil lidar. O diálogo é importante, a
agressão gera agressão por isso é preciso não reprimir” (Família 2, dezembro
de 2007).
O que se percebe nos dois discursos acima é que embora partam de
pontos diferenciados em ambos percebemos o discurso do diálogo e da
compreensão como forma de abordagem do assunto.
Na verdade, não existe uma única via de abordagem e mesmo a
instituição família, cujo conceito discutimos no capítulo I é mutável. “A
variabilidade histórica da instituição família desafia qualquer conceito geral de
família”. (BILAC, 1995, p. 31).
Embora, para o senso comum a representação da família seja sempre
compreensível ela não é idêntica e ocorrem mudanças que podem alterar esta
representação. As variações possíveis exigem a qualificação, ou seja, de que
família estamos falando e de que país, de que estrato social, de que momento.
Estes aspectos irão influenciar em como a família será vista na sociedade. Os
instrumentos de análise devem ser criados a partir da pesquisa (MELLO,
1995).
Mesmo nos discursos mais exaltados sobre a importância da família,
61
essa abordagem se torna abstrata, sem conseguir ligar esta fala a uma ação
possível, como por exemplo: “A família é a base de tudo se não houver a força
da família, quem ajudará. Tudo parte da família” (Família 3, dezembro de
2007).
A família não é uma totalidade homogênea, mas um universo de
relações diferenciadas, e as mudanças atingem de modo diverso cada uma
destas relações e cada uma das partes da relação (SARTI, 1995, p. 39).
Nas entrevistas que realizamos identificamos que os familiares atribuem
um significado muito importante ao conceito de família considerando-a
fundamental na vida do ser humano. Esta afirmação é evidenciada em várias
falas quando afirmam que a família é a base e o início de tudo. No entanto, ao
admitirem que a família é essencial para que haja um desenvolvimento sadio
dos indivíduos reconhecem que algo está errado. No primeiro momento é
difícil perceber que algo de errado está acontecendo e mais ainda identificar
que a própria família pode estar motivando estas mudanças. “No mundo
contemporâneo, as mudanças ocorridas na família relacionam-se com a perda
do sentido da tradição. [...] Nada nos é dado “de barato”, os relacionamentos
são construídos, negociados e repensados continuamente” (SARTI, 1995,
p.43-48).
“ A família é muito importante em todo o processo do tratamento acredito
que com o apoio da equipe e a colaboração da família seja possível a
recuperação do doente.” (Família 4, janeiro de 2008).
O discurso acima reforça assim como a família 3 a importância da
família no tratamento e ressalta que a equipe e contribui positivamente para
que seja possível atingirmos resultados positivos.
62
recuperação?
“Decepção, grande decepção a toda família. Só a família que passa pelo
problema é que sabe [...] é preciso uma atitude ele acha que não precisa de
ajuda” (Família 1, dezembro de 2007).
A família muitas vezes custa a se dar conta da necessidade de
tratamento não só pela barreira de silêncio, como também por sua própria
resistência. O reconhecimento de que a família também esta inserida no
processo de adoecimento pelo uso de droga é o primeiro passo para que se
possa estabelecer uma aproximação entre os familiares e o adicto. O
profissional que atua nesta realidade precisa viabilizar este processo.
O reconhecimento que a origem do problema pode estar na família é
algo que muitos familiares relutam em não admitir. Num ato às vezes
impensado, ocasionando o distanciamento do membro da família envolvido
com o uso de drogas e a negação de que há um comprometimento de todos na
família em relação ao problema conforme relato abaixo:
“Vergonha, degradação para a própria família e para o indivíduo que usa
a droga. A família afastou-se, mas não a condeno reconheço que o
acolhimento é fundamental, mas é difícil” (Família 2, dezembro de 2007) .
As famílias geralmente buscam auxilio terapêutico quando já estão
desgastadas suas relações e sua comunicação. São raras as famílias que
buscam auxilio preventivo (SCHENKER, 2003).
A grande maioria das famílias recorrem ao tratamento quando o uso de
droga já trouxe algum prejuízo dentre os quais destacamos o financeiro e o
afetivo, tanto os usuários quanto as famílias sempre relatam perdas financeiras
com ênfase na perca de trabalho em decorrência da dependência química. Os
laços afetivos também são fragilizados e tanto no discurso dos usuários como
na fala do familiar percebemos que a questão emocional fica bastante
comprometida:
“Problemas emocionais e financeiros, ficamos sem força para nada é
preciso ser forte [...] haja paciência preciso de muita paciência, todos os
membros da família, pai, mãe, filhos devem participar do tratamento” (Família
3, dezembro de 2007).
63
“ A Família contribui muito através do diálogo [...] a conversa o apoio
sem dúvida é um caminho que possibilita a aproximação com a pessoa que
usa droga na família.” (Família 4, janeiro de 2008).
Em todos os relatos as famílias entrevistadas demonstram
claramente uma profunda insatisfação ocasionada pela droga no âmbito
familiar, no entanto não identificam que a origem do uso da substância pode
estar na própria família.
“A família fica psicologicamente e financeiramente abalada. O uso de
drogas produz diversos prejuízos; roubos, brigas e um enorme sofrimento e se
a família não for tratada também fica enfraquecida e fragilizada.” (AS 1,
dezembro de 2007).
“Profundo sofrimento associado à culpa. A droga impacta a construção
de vida os projetos são mudados e alguns casos as mudanças podem ser
irreversíveis “ (AS 2, outubro de 2007).
64
colaborar no tratamento e expressam profundo sofrimento e decepção.
É importante ressaltar que a família 1 é representada pela mãe de um
adicto que revela que não precisa de ajuda, o que dificulta o processo de
recuperação , mas mostra a atuação da família na perspectiva de contribuir no
tratamento.
65
profissionais no tratamento.
Cabe ressaltar que esta pergunta utilizada no roteiro de entrevista foi
pensada com o propósito de observarmos se a família seria citada pelas
assistentes sociais como um dos fatores determinantes para o uso de drogas.
“A desestruturação familiar os fatores sociais e questões financeiras
como desemprego e a falta de recursos devem ser considerados. Quanto ao
adolescente destaco a família como elemento básico para entendermos o uso
de drogas e no adulto os aspectos financeiros são motivadores” (AS 1,
dezembro de 2007).
Enquanto a AS 1 destaca os fatores sociais para o uso da droga, a AS 2
lembra que a dependência química tem componentes genéticos que
determinam também o uso da droga.
“Para alguns os componentes genéticos determinam o uso de drogas a
exemplo do AA e para outros no vinculo afetivo e no desenvolvimento
psicodinâmico se dá o “nó” que desencadeia os problemas relacionados ao uso
de drogas” (AS 2, outubro de 2007).
No processo de entender a dependência como uma doença a AS 2
aponta que a grande maioria das famílias atribui o sentimento de “culpa” a si
mesma. Isto nos leva a considerar que mesmo de forma inconsciente e com
grandes dificuldades a família se inclui nesta dinâmica. A AS 1 já aponta que
quando as famílias iniciam o tratamento atribuem ao dependente a
dependência como “desleixo”:
“Acredito que 50% dos familiares entendiam a dependência como
doença e os demais acreditavam que não havia tratamento, encararam a
dependência como desleixo, sem-vergonhice. Hoje após estarem participando
do grupo de família cerca de 70% vêem o trabalho que é desenvolvido com os
familiares com outros olhos e mais importância” (AS 1, dezembro de 2007).
66
Assistentes Sociais entrevistadas:
“Há um trabalho interdisciplinar onde a equipe é composta por
assistentes sociais, psicólogos, psiquiatra e técnico de enfermagem há um
entrosamento bastante saudável entre os mesmos. O investimento da unidade
nos atendimentos em grupo ampliou significativamente o trabalho da equipe.”
(AS 1, dezembro de 2007).
A interdisciplinaridade está em debate na atualidade, mas encontra
impasses na sua efetivação, por isso é necessário considerarmos o processo
histórico das profissões:
É preciso compreender que a idéia de trabalho conjunto,
racionalizando, socializando é um exercício de uma nova sociedade
que quebra os modelos apreendidos na vida social que tenta banir a
idéia de autoridade e poder que tanto nos marca na família, escola,
clubes, instituições, emprego e partido político (RAMALHO, 2006, p.
70).
67
sempre a “integração e complementação de papéis” (SAMPAIO, 2006, p. 86).
Embora se constate o entrosamento e a interação entre os profissionais
em dados momentos é perceptível à fragmentação do saber, o que demonstra
um espaço entre o discurso e a prática, o que nos leva a concluir que ainda
ocorre a fragmentação.
68
intervenção do profissional através do conhecimento e experiência para que a
família possa realmente contribuir no tratamento:
“O trabalho realizado no grupo de família é um apoio, suporte e
esperança destaco o valor do nosso trabalho a dedicação e preocupação com
o próximo” (Técnica de Enfermagem, novembro de 2007).
As trocas de experiências entre os familiares é um exercício que
contribui em todo o processo de tratamento inclusive em relação à co-
dependência:
“Através da empatia, trabalho com as falas, todos participam, o que
funciona para um pode funcionar para o outro, há uma troca muito proveitosa”
(Psicóloga 1, dezembro de 2007).
Os trabalhos em grupos com as famílias são apontados pelos
profissionais como algo muito relevante no tratamento por que define espaços
diferenciados:
“O grupo é um lugar onde as famílias se conscientizam tem informação,
orientação e suporte. É um espaço para os familiares e muito importante
porque eles também adoecem. Os familiares descobrem que há espaço para
eles e o espaço do doente. Participam tio, pai, avós, esposa, irmão é um grupo
bem diversificado” (Psicóloga 2, dezembro de 2007).
69
fator muito positivo principalmente quando elas percebem que há solução, que
é possível através do tratamento uma superação do problema e mais elas
tomam conhecimento que alguém na sociedade se preocupa com esta
questão e pode dar apoio e suporte neste momento tão difícil” (Técnica de
enfermagem, dezembro de 2007).
A partir destes discursos é possível perceber que muitas famílias
acreditam estão sozinhas e que não há profissionais preocupados em tratar
das questões relacionadas às drogas. Por isso, no grupo, as famílias
depositam credibilidade e encontram um espaço de possibilidade para reflexão
e troca não apenas com os profissionais mais também com os demais
integrantes.
“No grupo há uma identificação com o outro as famílias não se sentem
isoladas, se sentem apoiados cria-se um elo de ajuda mútua. Quanto aos
aspectos negativos não vejo nenhum” (Psicóloga 2, dezembro de 2007).
O grupo é um espaço privilegiado onde o familiar além de ter a
possibilidade de refletir as questões discutidas, é também um lugar que o
familiar busca o seu autoconhecimento:
“Os familiares falam coisas no grupo que os usuários de drogas não
falam“ (Psicóloga 2, dezembro de 2007).
70
dispensados aos usuários e, principalmente o saber “ouvir” é fundamental para
que o usuário do serviço se sinta bem acolhido na instituição:
“ Há carência de recursos, espaço e material o que dificulta as
dinâmicas que pretendemos realizar no grupo” (Técnica de Enfermagem,
novembro de 2007).
A falta de recursos levantados pela técnica de enfermagem é ressaltado
também pela psicóloga, quando afirma que “Não existe espaço físico, não há
estrutura de acolhimento” (Psicóloga 2, dezembro de 2007).
Os resultados são considerados pelos profissionais satisfatórios. O
grupo é um espaço importante para que os familiares possam falar o quanto
são acolhidos e que entendem o que sentem. O foco é o grupo, porém o
atendimento individual auxilia o enfrentamento do problema.
71
CONSIDERAÇÕES FINAIS
72
indivíduo e por isso merece atenção continua a fim de possibilitar condições
favoráveis a um desenvolvimento sadio e buscar sempre a superação dos
desafios impostos a esta instituição.
73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.Livros
74
base de tudo. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNICEF, 2005
75
MELLO, S. L. Família: perspectiva teórica e obsevação factual. In:
CARVALHO, M. do C. B. A família contemporânea em debate. São Paulo:
Cortez/EDUC,1995.
76
Janeiro: Ed. UERJ, 2003.
77
alcoolistas – um quadro qualitativo. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, São
Paulo, v.49, n. 9,2000.
78
Camadas Popularesl: In Revista Serviço Social & Sociedade, nº 24. São
Paulo, Cortez, 1987.
79
de Serviço Social. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2007.
HEMEROGRAFIA
80
acesso em 30 de outubro de 2007.
81
ANEXOS
82
ANEXO I
12 PASSOS DA TERAPIA DE AUTO-AJUDA UTILIZADA
PELOS ALCOÓLICOS ANÔNIMOS E NARCÓTICOS
ANÔNIMOS
01. Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido
o domínio sobre nossas vidas.
02. Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia
devolver-nos à sanidade.
03. Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na
forma em que o concebíamos.
04. Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.
05. Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser
humano, a natureza exata de nossas falhas.
06. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses
defeitos de caráter.
07. Humildemente rogamos a ele que nos livrasse de nossas imperfeições.
08. Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos eis os passos
que são sugeridos como um programa de recuperação.
09. Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre
que possível, salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-las ou a outrem.
10. Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados,
nós o admitíamos prontamente.
11. Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato
consciente com Deus, na forma em que o concebíamos, rogando apenas o
conhecimento de sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa
vontade.
12. Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a esses passos,
procuramos transmitir essa mensagem aos alcoólicos e praticar esses
princípios em todas as nossas atividades .
83
ANEXO II
84
ANEXO III
85
ANEXO IV
86
ANEXO V
ENTREVISTA COM AS EQUIPES NAS INSTITUIÇÕES
87
ANEXO VI
Roteiro da Entrevista Utilizado com o Assistente Social
88
ANEXO VII
Roteiro da Entrevista Utilizado com Familiares de usuário
de drogas em tratamento
1. O que é família?
drogas?
89