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Salvador 2019
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
1.1 Dados da instituição
1.2 Projeto do estágio
1.3 Metodologia
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivos gerais
2.2 Objetivos específicos
3. REFERENCIAL TEÓRICO
4. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO ESTAGIÁRIO
5. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DAS ATIVIDADES
5.1 Acompanhamento terapêutico
5.2 Auxiliar pedagógico
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
7. REFERÊNCIAS
8. ANEXOS
INTRODUÇÃO
A partir desde momento, que coincidiu com uma troca de medicação feita pelo
antigo psiquiatra que o acompanhava, houve uma deterioração comportamental,
rejeitando a sala de aula, se limitando a permanecer na biblioteca, negando
atividades propostas e apresentando comportamentos agressivos em relação às
pessoas ao seu redor e às instalações da escola, num movimento de derrubar
tudo ao chão.
Após essa conversa prévia e ao início do ano letivo para o garoto, aconteceu o
primeiro contato com o garoto, mediado por sua professora. Na biblioteca, lhe foi
apresentado que este ano teria uma amiga da “pró” ajudando em sala de aula,
e, contrariando as expectativas, Pedro não apresentou nenhum comportamento
que pudesse ser compreendido como rejeição à nova integrante da equipe. Logo
nos primeiros dias, Pedro compreendeu que a função da acompanhante
terapêutica era ajudá-lo nas atividades em geral e não se opôs.
Por conta disso, antes que fosse feita a retirada de Pedro da biblioteca, seus
novos colegas estavam ansiosos por conhece-lo, perguntando quando Pedro iria
retornar para a sala de aula. Tudo isso era explicado a Pedro, para que soubesse
que embora a sala fosse a mesma, os colegas seriam outros mas que estavam
tão ansiosos para conhece-los quanto seus antigos colegas.
As aulas para o ensino regular tem início às 13:10h terminando às 17:30h, no
entanto, atendendo as necessidades educativas especiais de Pedro, sua aula
tinha início 13:30h, finalizando às 16:30h. Logo, sempre que Pedro chegava em
sala de aula todos os seus colegas já estavam acomodados em suas cadeiras,
mas ao vê-lo, sempre havia um movimento da turma de levantar e ir ao seu
encontro abraça-lo e beijá-lo no rosto. Este foi um movimento natural da turma,
iniciado por alunos individualmente e sendo seguido pelo grupo, mas que foi
incentivado para que fosse um movimento diário, sendo permitido pela
professora levantar durante a aula somente nos casos de ida ao banheiro ou
para recepcionar a chegada de Pedro.
A partir daí, a rotina de Pedro foi se estabelecendo dia após dia, se estruturando
da seguinte forma: recepcionado na entrada da escola e seguindo acompanhado
até a sala de aula, onde guardava sua mochila e se direcionava à sua mesa,
sentando todos os dias no mesmo lugar, após algum tempo, saía da sala e
transitava pela escola, ora correndo no parque ora pelos corredores derrubando
algo no chão. Na hora do lanche, lanchava com os colegas e retornava para a
sala de aula, alguns colegas retornavam a sala após o lanche para convidá-lo
para irem brincar no parque, mas poucas vezes Pedro demonstrou algum
interesse. Por meio da relação transferencial, se foi possível assumir uma
presença ativa, interpretando e traduzindo as linguagens da criança e da escola.
Nos momentos em sala de aula, eram utilizados jogos educativos e livros como
instrumentos que o fizessem permanecer cada vez mais tempo sentado
interessado pelos recursos do lugar. No entanto, embora colaborasse com as
atividades propostas, apresentava comportamento hiperativo, levantando
repentinamente e saindo a correr pela escola, por vezes desencadeando um
comportamento heteroagressivo quando lhe era informado que tal
comportamento estava sendo inadequado. Este comportamento foi sinalizando
que seu plano de intervenção deveria focar no ensino de normas sociais
necessárias para a vivência dentro de uma instituição escolar.
Foi explicado que o acontecido com Pedro não é um caso isolado dentro do
espectro autista, que essa deterioração pode acontecer nos primeiros anos de
vida ou na adolescência, e que poderia estar relacionado ao aparecimento dos
desafios da alfabetização. Após diálogo com o profissional, foi estabelecido um
aumento na dosagem da medicação utilizada até então, Aristab, com o objetivo
de aumentar a capacidade do aluno em manter a atenção concentrada por
períodos maiores de tempo.
Essa questão, embora diga respeito de forma direta à rotina do aluno em casa
com sua família, é ressaltada pelo corpo docente e por sua acompanhante pois,
ao chegar na escola instável emocionalmente, traz reflexos para a sua vida
escolar, impossibilitando a realização de atividades em sala de aula uma vez que
qualquer dificuldade presente no processo de aprendizagem acaba agindo
enquanto catalizador para comportamentos heteroagressivos, batendo e
mordendo aqueles que estão ao seu redor (sua acompanhante, professora,
coordenadora e psicóloga da escola, por muitas vezes).
No retorno das férias juninas, sua rotina foi marcada por uma chegada à escola
agitada com recusa em entrar em sala de aula, seguida de comportamentos
heteroagressivos, dormindo logo após por cerca de 20 a 30 minutos, e
acordando mais calmo e disposto à realização das atividades escolares. Em
relação ao comportamento de Pedro dentro da sala de aula, é possível perceber
alguns progressos no que diz respeito a socialização do aluno com seus pares
e maior participação nas atividades escolares, no entanto, ao perder o interesse,
Pedro rapidamente se levanta e começa com o movimento de jogar todos os
objetos que estão em sua frente no chão. Este comportamento está presente
desde o início do ano letivo, no entanto, pôde-se perceber uma mudança na
reação do aluno: antes ele rapidamente se movimentava para colocar tudo de
volta, agora Pedro olha para a situação e tem crises de riso, como se a situação
lhe trouxesse algum prazer, além de apresentar resistência para arrumar de
volta.
Numa tentativa de fazer sua chegada na escola mais tranquila, passou a ser
permitido que Pedro ficasse um pouco na coordenação vendo desenhos no
computador antes que entrasse em sala de aula. Nestes momentos, era possível
ver a habilidade dele com o computador, realizando todos os processos
necessários para ver o desenho com facilidade. Evitando que acontecesse o
mesmo na coordenação que aconteceu com a biblioteca, a coordenadora
informava a Pedro após um certo tempo que precisaria trabalhar e, portanto, ele
deveria retornar a sala de aula. Por sua vez, Pedro relutava à ordem ficando
mais agitado, mas após se acalmar ia direto para a sala de aula.
Após o contato, foi passado pela familia a data do retorno de Pedro ao psiquiatra,
para que a professora e a acompanhante terapêutica pudesse acompanha-los
mais uma vez e dar o feedback da escola. No dia da consulta, foi relatado ao
médico todo o caminho escolar de Pedro, dentre os progressos no
desenvolvimento e preocupações da escola. A partir desta conversa, o médico
ressaltou novamente a necessidade de estruturação psíquica do aluno, para que
aja uma constituição do sujeito, e a partir daí seja possível maior eficácia das
intervenções psicopedagógicas.
Foi estabelecido pelos envolvidos então um período que Pedro deveria ficar em
casa para que fosse observado pela família os efeitos da nova posologia. Além
disso, foi entregue um relatório a escola informando todo o acompanhamento
psiquiátrico de Pedro no ano de 2019.
No dia de seu retorno a escola para finalização do ano letivo, pôde-se perceber
uma dificuldade em controle de intensidade, falando num tom de voz mais alto
do que o usual, pisando com mais força ao andar do que anteriormente, e a
incapacidade de permanecer na mesma posição por um período estendido de
tempo. Pedro foi então recebido pelos colegas, mas não quis ficar muito tempo
em sala de aula, transitando pelos ambientes da escola e permanecendo mais
na sala da coordenação.
Com isso, ao final do ano letivo, se faz necessária um novo contato com a familia,
a fim de alinhar as expectativas e objetivos para que seja feita um novo plano de
intervenção para o ano de 2020.