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C.

Peter Wagner

Derrubando as Fortalezas em Sua Cidade


Como usar o mapeamento espiritual para tornar suas orações
mais estratégicas, eficazes e com um alvo bem definido.

Série Guerreiros da Oração


Editora Bompastor
Digitalizado por BlacKnight
Revisado por SusanaCap
PDL & Semeadores da Palavra

Sumário

AS FORTALEZAS...
INTRODUÇÃO

Parte I: OS PRINCÍPIOS

1. VISÃO PANORÂMICA DO MAPEAMENTO ESPIRITUAL


2. O VISÍVEL E O INVISÍVEL
3. TRATANDO COM AS FORTALEZAS
4. MAPEAMENTO ESPIRITUAL PARA ORAÇÃO DE AÇÃO PROFÉTICA

Parte II: A PRÁTICA

5. DERROTANDO O INIMIGO COM A AJUDA DO MAPEAMENTO


ESPIRITUAL
6. PASSOS PRÁTICOS PARA LIBERTAR UMA COMUNIDADE
7. EVANGELIZANDO UMA CIDADE DEDICADA ÀS TREVAS

Parte III: APLICAÇÃO

8. MAPEANDO E DISCERNINDO SEATTLE, W ASHINGTON


9. MAPEANDO A SUA COMUNIDADE
AS FORTALEZAS...

Dizem que, durante a Guerra do Golfo Pérsico, Saddam


Hussein lançava os seus foguetes Scud, e então, ficava ouvindo o
programa da Televisão CNN para descobrir se eles haviam acertado
o alvo. Os aliados, por sua vez, atacavam com bombas dotadas de
pontaria infalível, que apontavam exatamente para as chaminés ou
janelas que deveriam atingir. Acredito que é tempo dos crentes
começarem a orar com uma pontaria infalível.
Este livro desvenda as astúcias do diabo, e desvenda os alvos
de oração que forçarão o inimigo a liberar milhões de almas perdidas,
atualmente mantidas em cativeiro. Sinto-me vibrante porque Deus
nos deu uma maravilhosa arma nova para entrarmos em uma
guerra espiritual eficaz!
C. Peter Wagner

INTRODUÇÃO
Por C. Peter Wagner

Esta é uma daquelas Introduções que você faria bem em ler,


antes de continuar lendo o resto deste volume! O mapeamento
espiritual é uma questão tão recente, que poucos que tomarem este
livro para lê-lo terão muito pano-de-fundo em sua mente que lhes
prepare o caminho. Mas para aqueles que já estiverem bem infor-
mados sobre a guerra espiritual em nível estratégico, isso não será
tão difícil, visto que já terá sido estabelecido um paradigma mental.
Para outras pessoas, no entanto, este livro servirá de ponto de
sintonia, quanto àquilo que considero uma das coisas mais
importantes que o Espírito Santo está dizendo às igrejas, nesta
década de 1990; e esta introdução será extremamente útil quanto a
esse processo.
APARECIMENTO DO MAPEAMENTO ESPIRITUAL

Pessoalmente, eu nunca tinha ouvido a expressão


"mapeamento espiritual" nas décadas de 1970 ou 1980. Mas tão
recentemente quanto o ano de 1990, em uma reunião de uma
pequena organização chamada de Spiritual Warfare Network, ouvi o
pastor Dick Bernal, do Jubilee Christian Center, dizer como os
líderes e intercessores de sua igreja tinham tentado identificar os
principados espirituais das diferentes cidades e da região em torno
da área da baía de São Francisco. Outros participantes da reunião
questionaram a sabedoria de fazer-se tal coisa, resultando daí uma
vívida discussão. Suponho que alguém já estivesse usando o termo,
antes daquela ocasião, mas, pelo menos para mim, aquela foi a
primeira vez que ouvi falar em tal conceito.
Seguiu-se uma rápida sucessão de eventos, e o desfecho foi
que a Spiritual Warfare Network tornou-se parte integrante da
United Prayer Track, um ramo do A.D. 2000 Movement. O A.D. 2000
Movement foi levantado por Deus, como a principal força
catalisadora das múltiplas igrejas, agências, ministérios e
denominações ao redor do mundo, tendo em vista um esforço
conjunto que visa completar a tarefa da evangelização do mundo,
pelo menos, tanto quanto possível, aí pelo ano 2000. Essa é uma
organização formada por pessoas comuns, e suas atividades foram
delegadas a dez teias de recursos separadas. Minha atual
responsabilidade é dirigir a A.D. 2000 United Prayer Track, que está
edificando uma base global de oração, que dê respaldo aos esforços
de todos os demais ramos do movimento de evangelismo como um
todo.
A unidade mais proeminente, dentro da United Prayer Track é
a Divisão de Mapeamento Espiritual, liderada por George Otis, Jr.,
co-coordenador da Prayer Track. O estabelecimento dessa divisão
tem elevado o perfil desse novo campo de ministério, a fim de atingir
dimensões mundiais. Nós, do A.D. 2000 Movement, não estamos
mais discutindo se deveríamos fazer mapeamento espiritual. Agora
estamos concentrando as nossas energias sobre como fazer bem esse
mapeamento.
Filtrando as Divisões

Não é nenhum segredo que a intercessão, a guerra espiritual,


o manuseio das forças demoníacas e, ultimamente, o mapeamento
espiritual tendem por atrair uma quantidade além do normal do
espírito de divisão. Os autores deste livro, a Spiritual Warfare
Network, a United Prayer Track, a Spiritual Mapping Division e o
A.D. 2000 Movement levam a sério a sua responsabilidade de
filtrarem o espírito de divisão tanto quanto possível, fazendo isso
mediante a organização de um sistema de prestação de contas, o
que nos ajuda a nos resguardarmos de apelas para o espírito de
divisão. Estamos nos esforçando por lançar alicerces para um
ministério bíblico, teológico e pastoralmente sensível, para que seja
feito um mapeamento espiritual dotado das qualidades da
excelência e da integridade. É provável que nós mesmos cheguemos
a cair em equívocos; mas esperamos que, quando assim venha a
acontecer, logo possamos notá-los, a fim de podermos corrigi-los
prontamente.

QUAL A RAZÃO DESTE LIVRO?

Dentro de cinco anos, ou mesmo dentro de dois anos, após este


livro haver sido escrito, certamente saberemos mais sobre o
mapeamento espiritual do que sabemos atualmente. Não obstante,
na providência divina, ele tem levantado um grupo de pessoas, por
enquanto bastante pequeno ainda, provenientes de muitos lugares
do mundo, que na verdade vem fazendo mapeamento espiritual faz
mais de vinte anos, o que significa que têm podido acumular
considerável experiência nesse campo.
Acredito que, mais do que qualquer outro livro que já escrevi,
este tem emergido da orientação imediata de Deus. Eu tinha
planejado escrever uma série de três volumes sobre a oração, a
começar por dois deles, com os títulos Oração de Guerra e Escudo
de Oração, ambos os quais seriam publicados pela editora Regal
Books. O terceiro volume deveria ser um livro acerca da oração no
que tange à igreja local. Todos os três volumes visam ao propósito
de ver que uma oração estratégica, dotada de alvos definidos,
contribua para a aceleração da evangelização do mundo. Deus,
entretanto, me fez interromper a seqüência, e senti fortemente que
eu devia preparar em seguida este volume que versa sobre o
mapeamento espiritual, porquanto Deus queria que os líderes das
igrejas locais contassem com um guia prático para implementar o
que o Espírito está dizendo, no presente, acerca do mapeamento
espiritual.
Quando comecei a apresentar a objeção de que eu não sabia o
suficiente sobre o mapeamento espiritual para escrever o livro
inteiro, Deus pareceu tornar-se mais específico. Lembro-me
claramente de que, em um período de oração, em um hotel em que
eu estava hospedado, em Portland, estado do Oregon, senti poderosa
unção da parte do Senhor, e, em menos de quarenta e cinco minutos,
eu já havia anotado, em meu bloco de papéis amarelos, o esboço
básico do livro que o leitor tem agora nas mãos. Sem dúvida alguma,
outros líderes evangélicos do mundo poderiam igualar os
discernimentos e a sabedoria desses autores; mas duvido que
muitos conseguiriam ultrapassá-los. Aqueles que contribuíram para
este volume procedem dos Estados Unidos da América, da Suécia,
da Guatemala e da Argentina. Cada um deles iniciou-se no
mapeamento espiritual sem qualquer treinamento prévio e sem ter
entrado em contato com outros que estavam fazendo a mesma coisa.
Mas atualmente comunicam-se uns com os outros através da
Spiritual Warfare Network, e estão todos admirados e agradecidos
de que, durante anos, eles tenham recebido, individualmente,
instruções similares da parte do Senhor.

CONHEÇA OS AUTORES CONTRIBUINTES

Em que consiste o mapeamento espiritual? Vários de nossos


pensadores têm oferecido as suas respectivas definições, todas as
quais se reforçam e complementam umas às outras. A definição
condensada e não-técnica é a seguinte: Uma tentativa para ver nossa
(preencher neste espaço a região a ser mapeada) como ela realmente
é, e não como parece ser. Essa definição foi dada por George Otis Jr.,
o qual, por meio de suas obras como The Last of the Giants (Chosen
Books) e seu ministério mundial com o The Sentinel Group e o A.D.
2000 United Prayer Track, é considerado por muitos, inclusive por
mim mesmo, como o principal líder evangélico neste campo. Fiquei
deleitado quando George concordou em contribuir com o primeiro
capítulo deste livro, provendo uma visão panorâmica do
mapeamento espiritual em geral.
Na qualidade de fundadora e presidente da Generals of
Intercession, Cindy Jacobs sobressai-se tanto no ensino quanto na
guerra espiritual em nível estratégico, liderando pastores e
intercessores para que ponham em prática, na realidade, essa
atividade no campo. O capítulo escrito por ela sobre as fortalezas
haverá de esclarecer muitas perguntas que, com freqüência, são
apresentadas. O livro de Cindy, Possuindo as Portas do Inimigo
(Editora Atos), é um iluminador manual de treinamento que visa a
uma intercessão militante, e tem sido altamente aclamado.
Kjell (pronuncia-se "Xel") Sjöberg é conhecido por causa de seu
ministério de intercessão espiritual em nível estratégico, orações de
ação profética e mapeamento espiritual. Ele vem trabalhando nesse
campo por mais tempo do que quaisquer outros autores. Seu livro,
intitulado Winning the Prayer War (Sovereign World), tem arado o
terreno à nossa frente, nesse campo. Até onde sei das coisas, nin-
guém havia relacionado o mapeamento espiritual com a oração de
ação profética, com o discernimento e a experiência prática que Kjell
nos apresenta em seu capítulo.
Juntamente com o meu capítulo sobre "O Visível e o Invisível",
que considero um dos mais importantes ensaios que tenho escrito
em anos recentes, esse grupo provê a seção de "Princípios" deste
volume. Para a seção "Prática" escolhi três praticantes de três
nações diferentes, cada um dos quais está profundamente engajado
no mapeamento espiritual, e cada um começou as suas atividades
virtualmente sem qualquer ajuda, instrução ou modelo que pudesse
seguir.

A Seção Prática

Haroldo Caballeros, o pastor da Igreja El Shaddai, da


Guatemala, que atualmente tem como membros ativos o presidente
da Guatemala e seus familiares, é o primeiro pastor em cujos
estudos pessoais descobri mais compêndios sobre arqueologia do
que comentários sobre a epístola aos Romanos. Não que Haroldo
negligencie uma exposição bíblica suficientemente informada, em
seu ministério pastoral, mas é que ele leva muito a sério a
necessidade de compreender as forças espirituais que têm moldado
a sua comunidade, desde os dias do império maia. O capítulo por
ele escrito levará o leitor diretamente ao cerne da questão.
Bob Beckett talvez tenha sido capaz de monitorar mais de perto
do que qualquer dos outros autores os resultados reais do
mapeamento espiritual e da guerra espiritual em nível estratégico,
em sua igreja local, chamada The Dwelling Place Family Church, e
em sua comunidade de Hemet, estado da Califórnia. Ao ensinar meu
curso sobre esse assunto, no Seminário Teológico Fuller, sempre
peço que Bob apresente uma preleção sobre mapeamento espiritual
e, então, levo toda a classe a Hemet para fazer um mapeamento
espiritual ao vivo, para que Bob dirija esse mapeamento. Quando
você estiver lendo o capítulo escrito por ele, obterá um bom
vislumbre daquilo que os alunos do Seminário Teológico Fuller estão
aprendendo com a ajuda de Bob Beckett.

Não consideramos que o mapeamento espiritual seja uma


finalidade em si mesma. Mas vemos uma relação de causa e
efeito entre a fidelidade do povo de Deus à oração e a vinda
do seu Reino.

Menciono Víctor Lorenzo com freqüência, em meu livro, Oração


de Guerra (Editora Bompastor), porque a Argentina tem emergido
como o nosso principal laboratório de campo para submeter a teste
a guerra espiritual em nível estratégico e porque Víctor tem sido um
dos principais personagens nesse processo. Conforme ele explicou,
ele tem trabalhado muito lado a lado com Cindy Jacobs. Dentre
todos os autores, Víctor é o que tem descoberto maior número de
informações sobre as forças do inimigo em dada cidade, incluindo a
descoberta dos nomes próprios de alguns dos espíritos territoriais.
Os resultados, no campo do evangelismo, têm sido gratificantes.

A Aplicação

Adicionamos a seção final, intitulada "Aplicação", para ajudar


a responder uma das mais freqüentes indagações que me são
dirigidas: Como é que um pastor de Pumphandle, estado de
Nebraska, que não é um Kjel Sjöberg ou uma Cindy Jacobs, pode
ficar preparando mapeamento espiritual? Mark McGregor ajusta-se
a essa descrição. Ele é um crente dedicado, embora nunca tenha
sido consagrado ao ministério, um programador de computador que
trabalha por tempo integral, e que deseja servir ao Senhor ao
máximo de suas potencialidades. Ele é o único contribuinte para
este volume que não está afiliado à Spiritual Warfare Network. A fim
de mapear a sua cidade de Seattle, ele simplesmente tomou a lista
de perguntas que aparece no livro de John Dawson, Reconquiste
Sua Cidade Para Deus (Editora Betânia), e escavou os informes
necessários consultando livros e outros recursos disponíveis para o
público, como bibliotecas, prefeituras ou sociedades históricas. Não
estamos dizendo isto para diminuir Mark, mas se ele pôde fazer isso,
você também poderá fazê-lo. Leia o capítulo escrito por ele para
obter a idéia geral do tipo de informações que se fazem necessárias.
O simples recolhimento de informes é um passo essencial,
embora ainda não seja suficiente. É nessa altura que pessoas
dotadas de dons espirituais específicos, experiência e maturidade,
precisam entrar. Uma dessas pessoas é Bev Klopp, que há anos é
reconhecida como uma intercessora e membro da equipe de
intercessores da Spiritual Warfare Network. Usando o dom de
discernimento de espíritos que ela recebeu, juntamente com anos
de experiência no campo da oração em favor de Seattle, Bev provê
um modelo de interpretação de informes e de identificação de alvos.
Quando você estiver pronto para passar do recolhimento de
informes para o campo de batalha, certifique-se de que conta com
alguns crentes como Bev Klopp em sua equipe.
No capítulo anterior, respiguei informes daquilo que outros
têm dito neste livro, reunindo um instrumento de mapeamento
espiritual que pudemos sugerir, e que alguns leitores poderão sentir
ser útil, ao entrarem nessa produtiva área do ministério.

QUÃO ÚTIL É O MAPEAMENTO ESPIRITUAL?

Conforme têm salientado diversos dos nossos contribuintes,


não consideramos o mapeamento espiritual como uma finalidade
em si mesma No entanto, cremos que é desejo de Deus que oremos:
"Venha o teu reino; seja feita a tua vontade" (Mt 6.10). Também
podemos ver uma relação de causa e efeito entre a fidelidade do povo
de Deus à oração e a vinda do seu Reino. Quando a vontade de Deus
está sendo feita na terra, vemos pessoas perdidas serem salvas;
pessoas enfermas serem curadas; pessoas empobrecidas receberem
o essencial para a vida secular; o fim de guerras, contendas e
derramamento de sangue; pessoas oprimidas que são libertadas;
governos justos serem levantados; práticas justas e equitativas no
mundo dos negócios; harmonia entre as raças — para mencionar-
mos apenas alguns desses benefícios.
Muitos líderes evangélicos sentem que, até agora, o ministério
de oração em nossas igrejas não tem sido da variedade mais
poderosa. Aprecio a maneira como George Otis, Jr. exprimiu essa
idéia:

Embora a oração seja reconhecida rotineiramente como um


importante componente dos esforços globais de
evangelização, tais expressões, no mais das vezes, são mais
um produto de hábitos religiosos adquiridos do que reflexões
com base em convicções genuínas. Tal como outros povos
religiosos ao redor do globo, oramos porque hesitamos em
embarcar em empreendimentos significativos sem primeiro
prestar honras à nossa divindade familiar. Se Deus
responderá ou não às nossas petições específicas é algo de
menor importância para nós do que garantir que não o temos
ofendido ao deixarmos de informá-lo sobre as nossas
intenções. Nesse sentido, a oração é mais supersticiosa e
profilática do que sobrenatural e procriadora.1

Conforme disse Bob Beckett em seu capítulo, grande parte de


nossas orações tem-se parecido com o lançamento dos foguetes
Scud, por parte de Saddam Hussein. Ele fazia bem pouca idéia de
quais seriam os seus alvos, pelo que os efeitos de seus foguetes
deixaram muito a desejar. Aqueles que oram a fim de livrar as
pessoas da opressão demoníaca têm aprendido, desde muito tempo
atrás, falando em sentido bem geral, que os resultados são bem
melhores quando os espíritos malignos são identificados e
especificamente ordenados para deixarem as suas vítimas no nome
de Jesus, em vez de ministrarem com uma vaga oração como:
"Senhor, se há quaisquer espíritos, ordenamos que todos eles
saiam em teu nome". Suspeitamos que outro tanto sucede quando
oramos pelo livramento de bairros, cidades ou nações. O
mapeamento espiritual é apenas uma ferramenta que nos permite
sermos mais específicos e, esperançosamente, mais poderosos em
nossas orações pelas nossas comunidades.
Escreveu George Otis, Jr.: "Aqueles que dedicam tempo tanto
para falarem com Deus quanto para lhe darem ouvidos, antes de se
aventurarem em seus respectivos ministérios, não somente achar-se-
ão no lugar certo e no tempo certo, mas também saberão o que fazer
quando chegarem ali".2 Aqueles dentre nós que estão desenvolvendo
o tema do mapeamento espiritual estão procurando aumentar a
nossa capacidade de dar ouvidos a Deus e de nos comunicarmos
uns com os outros sobre o que estamos ouvindo, com toda a
exatidão possível.

O MAPEAMENTO ESPIRITUAL É BÍBLICO?

Vários dos autores que contribuíram para este volume


reportaram-se à questão da base bíblica do mapeamento espiritual.
Não é meu propósito reiterar aqui os argumentos deles, mas apenas
dizer que todos nós, que temos contribuído para este livro, vemo-
nos como crentes bíblicos, e nenhum de nós ao menos consideraria
recomendar alguma área do ministério ao Corpo de Cristo, se não
estivesse plenamente convencido de que está ensinando de acordo
com a vontade de Deus, de um modo que não viole qualquer verdade
bíblica. Estamos pessoalmente convencidos de que o mapeamento
espiritual é um procedimento bíblico, pelo que estamos ensinando
com base nessa premissa. Ao mesmo tempo, não ignoramos o fato
de que há outros irmãos e irmãs em Cristo, da mais alta integridade,
que discordam de nós. Vários deles têm publicado recentemente
essas noções contrárias em livros e artigos. Agradecemos a Deus por
nossos bem informados críticos e os abençoamos. Em primeiro lugar,
eles têm conseguido perceber alguns erros nossos, sob a forma de
declarações equivocadas ou exageros, e agora estamos no processo
de corrigi-los. Ademais, sentimos que até mesmo os nossos críticos
menos informados nos forçam a permanecer de olhos bem abertos
e nos ajudam a aguçar aquilo que temos a dizer e o que temos a
fazer. Mas em caso nenhum temos o desejo de entrar em uma
polêmica e nem tentamos refutar os nossos críticos. Não nos incli-
namos a dar a impressão de que nós somos bons, fazendo os nossos
irmãos e irmãs em Cristo parecerem maus, razão pela qual o leitor
não encontrará tal atitude neste livro.
Estamos plenamente cônscios do fato de que o mapeamento
espiritual, juntamente com a guerra espiritual em nível estratégico,
são inovações relativamente recentes que estão sendo introduzidas
no Corpo de Cristo. Mas sucede que sentimos que estamos sendo
impelidos pelo Espírito Santo. Mesmo assim, contudo, leis
científicas sociais do conhecimento de todos, que cercam as
questões da difusão e da inovação, inexoravelmente estão entrando
em efeito. Qualquer inovação, mui tipicamente, atrai alguns
primeiros seguidores, depois seguidores secundários e, finalmente,
seguidores tardios. Em muitos casos, alguns recusam-se a adotar a
inovação, conforme fica demonstrado pela existência da Sociedade
Internacional da Terra Chata. O mapeamento espiritual, no
momento, acha-se no estágio dos primeiros seguidores, sendo esse
o estágio, conforme já seria de esperar, que estimula a controvérsia
mais acesa. A reação nervosa dos crentes, quando se opõem a
qualquer inovação, consiste em dizer: "Isso não é bíblico", conforme
sucedeu quando surgiu a Escola Dominical, e conforme fizeram
alguns, quando se começou a falar sobre a abolição da escravatura.

Exemplos Bíblicos e Arqueológicos

Um exemplo de mapeamento espiritual pode ser visto em


Ezequiel 4.1-3, onde Deus instruiu Ezequiel a preparar um mapa
tosco da cidade de Jerusalém, em uma tabuleta de argila, e, então,
lhe disse: "a cercarás". Como é óbvio, isso refere-se à guerra
espiritual, e não à guerra convencional.
Menciono isso porque algumas pesquisas têm trazido à tona o
que é considerado pelos arqueólogos como o primeiro mapa conhe-
cido de uma cidade, a cidade de Nipur, o antigo centro cultural da
Suméria. Acha-se em uma tabuleta de argila admiravelmente con-
servada, sem dúvida similar àquela que foi usada por Ezequiel. Os
traços do mapa, desenhados por volta de 1500 A.C., constituem o
que hoje chamaríamos de mapeamento espiritual. No centro da ci-
dade está escrito "o lugar de Enlil. E também está escrito que na
cidade "reside o deus do ar, Enlil, a principal divindade de panteão
da Suméria".3 Poderíamos identificá-lo como o espírito territorial que
dominava a Suméria.
Outros edifícios que aparecem nesse antigo mapa incluem
Ekur, o mais renomado templo sumeriano; o Kagal Nanna, ou seja,
o portão de Nanna, o deus-lua da Suméria; o Kagal Nergal, ou portão
de Nergal, que era considerado rei do submundo e marido da deusa
Ereshkigal; o Eshmah, ou "Santuário Sublime", que ficava nas peri-
ferias da cidade, além de muitos outros.4
Mais um fato interessante. No capítulo escrito por Víctor
Lorenzo, o leitor verá que parte do desígnio maligno e oculto da
cidade argentina de La Plata envolvia quebrar, intencionalmente, o
usual padrão latino-americano, em que as ruas apontam nas
direções dos pontos cardeais: norte, sul, leste e oeste. A mesma coisa
acontecia em Nipur! O assiriologista Samuel Kramer observou: "O
mapa não estava orientado nas direções norte e sul, porém, mais ou
menos em ângulos de quarenta e cinco graus".5
Ao que tudo indica, há alguns precedentes históricos quanto
ao mapeamento espiritual.

Isso Glorifica a Satanás?

Desmascarar as astúcias de Satanás pode tornar-se algo tão


fascinante que podemos começar a enfocar a nossa atenção sobre o
inimigo, e não sobre Deus. Isso deve ser evitado a todo custo. Se não
evitarmos essa armadilha, cairemos nas mãos do inimigo. O
principal propósito da existência de Satanás é impedir que Deus seja
glorificado, e o motivo do diabo para tanto é que ele quer que a glória
reverta para ele. Se ele puder, haverá de querer enganar os servos
de Deus, fazendo-os desviarem-se para atividades que terminam por
exaltar a criatura, e não o Criador.
Cada um dos escritores que contribuíram para este livro é um
crente espiritual e suficientemente maduro no terreno da guerra
espiritual prática, ao ponto de reconhecer plenamente os desejos de
Satanás, não lhe satisfazendo os desejos. Eles concordam que a
reação diante de tal perigo não deve ser retroceder e deixar o campo
de batalha nas mãos de Satanás. A reação deve ser avançar tão
agressivamente quanto for possível, a fim de descobrir os desejos,
as estratégias, as técnicas e as armas de Satanás. As pesquisas que
nos estão ajudando a fazer isso não visam glorificar a Satanás, tal
como as pesquisas acerca do câncer não visam glorificar o câncer.
Mas quanto mais ficamos sabendo sobre a natureza, as causas, as
características e os efeitos do câncer, mais preparados estaremos
para erradicá-lo. Anos atrás, para exemplificar, as pesquisas sobre
a varíola desmascararam muito de nossa ignorância acerca dessa
doença, e, como resultado disso, milhões e milhões de vidas
humanas foram salvas. E a varíola não foi glorificada; antes, foi
derrotada.
Ainda há o perigo maior do que o de glorificar o inimigo, que é
o perigo de ser ignorante sobre o inimigo. Gosto da maneira como
William Kumuyi, o coordenador africano do A.D. 2000 Movement, e
um dos líderes da Spiritual Warfare Network coloca a questão: "Por
muitas vezes o Adversário tira vantagem de nossa ignorância. Se
estivermos combatendo contra um inimigo invisível que está re-
solvido a destruir-nos e não nos mostrarmos vigilantes, ou nem ao
menos nos dermos conta de que está havendo um conflito, então o
Adversário tirará proveito dessa nossa ignorância e nos derrotará
ainda no meio da batalha".6
C. S. Lewis não escreveu Cartas do Coisa-Ruim a fim de glori-
ficar a Satanás ou aos demônios, como aquele de nome Absinto, mas
antes, para fornecer-nos instrumentos que nos capacitem a
combater melhor os demônios, em nome de Jesus. Livros como este,
que versa sobre o mapeamento espiritual, têm por desígnio o mesmo
propósito.

NEM TODOS SÃO CHAMADOS À LINHA DE FRENTE

É apenas natural que alguém, ao ler um livro como este, venha


a observar: "Quero ser como Haroldo Caballeros", ou então: "Quero
ser como Bob Beckett". Nada há de errado em desejar fazer as coisas
que esses crentes fazem, contanto que Deus nos chame para isso. A
verdade, porém, é que Deus não chama todos os crentes para a linha
de frente da guerra espiritual, tal como ele não chama todos os
crentes para serem evangelistas públicos ou missionários
transculturais. Para exemplificar, somente uma minúscula
porcentagem daqueles que se alistam na Força Aérea realmente
voam nos aviões de combate ou mesmo fazem parte de sua
tripulação. Outro tanto aplica-se no caso da guerra espiritual.
A Igreja inteira é um exército, e está em meio a uma guerra
espiritual. Todos os crentes deveriam entoar o hino "Avante, Solda-
dos Cristãos". Mas nem todos os que estão no exército são enviados
à linha de combate. Aqueles que estão na linha de frente precisam
daqueles que ficam na retaguarda, e aqueles que ficam na
retaguarda precisam daqueles que avançam para a linha de frente.

A LEI DA GUERRA

Quando os filhos de Israel estavam se preparando para


conquistar a Terra Prometia, Deus baixou a lei da guerra. Essa lei é
muito importante para nós, hoje em dia, quando percebemos que
Deus estava preparando os israelitas para a guerra espiritual, e não
apenas para uma guerra convencional. Qual exército convencional
já conseguiu conquistar e invadir uma cidade marchando ao redor
dela por um determinado número de vezes e tocando trombetas
feitas de chifres? Acredito que essas leis da guerra, registradas no
capítulo vinte de Deuteronômio, são válidas para os nossos próprios
dias.
Várias categorias inteiras de homens adultos e vigorosos, que
em tudo o mais poderiam ter sido considerados guerreiros do
exército de Josué, foram excluídos da linha de frente. Aqueles que
tivessem acabado de construir uma casa podiam voltar para casa.
Aqueles que tivessem plantado uma nova vinha também deveriam
retornar. E aqueles que tivessem ficado noivos, embora não se
tivessem ainda casado, também estavam dispensados. Algum
raciocínio acha-se por detrás de cada uma dessas exclusões, no
texto sagrado. Mas também ficou escrito que estaria dispensado
todo homem "medroso e de coração tímido" (Dt 20.8).
É deveras significativo, em minha opinião, que não ficou
registrada qualquer nota de repreensão ou de desapontamento
quanto a esses homens. Ao que parece, o lugar que cabia a eles era
em casa, e não nos campos de batalha.
Essa mesma lei da guerra foi aplicada posteriormente no caso
de Gideão. Gideão começou com trinta e dois mil guerreiros em
potencial. Desses, vinte e dois mil mostraram ser medrosos, e foram
encorajados a voltar para casa. Então, dentre dez mil que de outro
modo teriam sido elegíveis, Deus escolheu trezentos. Esses trezentos
não eram os maiores, os mais fortes, os mais jovens, os corredores
mais velozes, os mais experientes, os melhores espadachins e, nem
mesmo, os mais corajosos. A maneira toda sua, soberanamente,
Deus chamou trezentos para que fossem, e chamou nove mil e
setecentos para que não fossem.
É dessa maneira que o Corpo de Cristo deve funcionar. Deus
dá dons e chama somente a alguns para serem evangelistas públicos
e para pregarem o evangelho às multidões, postados em plataformas.
Deus chama somente alguns poucos para deixarem seus lares e
famílias, para irem como missionários a algum país estrangeiro e
para alguma cultura diferente. Mas esses precisam dos outros
crentes que não sobem em plataformas e nem vão a outros países,
para que lhes dêem apoio em todos os sentidos. E nós precisamos
deles. O olho não pode dizer à mão: "Não tenho necessidade de ti" (1
Co 12.21).

O coração de cada autor que contribuiu para este livro pulsa


para que o mundo venha a crer; para que multidões de
homens e de mulheres perdidos sejam libertados da negra
opressão do inimigo e sejam atraídos pelo Espírito Santo para
a gloriosa luz do evangelho de Cristo. Juntamo-nos a Jesus
para orar para que o Corpo de Cristo seja um só no Espírito.

ORANDO PELA UNIDADE ESPIRITUAL

Estamos acostumados a ver a atuação dos evangelistas


públicos e dos missionários transculturais. Mas também podemos
aplicar os mesmos princípios e modos de proceder quando nos
empenhamos na guerra espiritual? Deus chama alguns crentes para
irem até à linha de frente, ao passo que outros crentes ficam fazendo
outras coisas. Aqueles que vão não deveriam pensar que são mais
espirituais ou mais favorecidos por Deus do que aqueles que não
vão. Aqueles que permanecem em casa não devem criticar aqueles
que Deus chama para irem à frente de guerra. Antes, deve haver
afirmação mútua e apoio de todos os tipos. Disse o rei Davi: "Porque,
qual é a parte dos que desceram à peleja, tal será a parte dos que
ficaram com a bagagem; receberão partes iguais" (1 Sm 30.24).
Quando a batalha é ganha, todos se beneficiam com a vitória —
tanto os que foram até à linha de combate quanto aqueles que
ficaram em casa, tomando conta das bases.
Estou salientando esse particular porque penso que Satanás
gostaria muitíssimo de usar este livro para produzir divisões no seio
do Corpo de Jesus. Jesus orou ao Pai nestes termos: "...para que
todos sejam um... para que o mundo creia que tu me enviaste" (Jo
17.21).
O coração de cada autor que contribuiu para este livro pulsa
para que o mundo venha a crer; para que multidões de homens e de
mulheres perdidos sejam libertados da negra opressão do inimigo e
sejam atraídos pelo Espírito Santo para a gloriosa luz do evangelho
de Cristo. Para que possamos ver isso suceder, temos de aliar-nos a
Jesus, orando para que o Corpo de Cristo seja um só no Espírito.

MANTENDO O ENFOQUE

Sei por experiência própria que o assunto do mapeamento


espiritual pode ser tão fascinante que alguns podem cair no ardil de
pensar que essa atividade é um fim em si mesmo. Ou então, pior
ainda, alguns poderão pensar que não se pode mais evangelizar,
prestar socorro e desenvolvimento, ou realizar qualquer outra forma
de ministério, se não houver mapeamento espiritual prévio.
O mapeamento espiritual não é uma finalidade em si mesmo e
nem é um requisito indispensável para o ministério do evangelho.
Mas deve ser visto apenas como outra ferramenta que nos ajuda em
nossa tarefa da evangelização mundial. Exemplos de irrompimentos
dramáticos abundam em lugares de trevas, como o Nepal, a Algéria
ou a Mongólia, sem a ajuda do mapeamento espiritual. Entretanto,
naquelas circunstâncias em que o mapeamento espiritual é possível,
e quando ele é feito sob a unção do Espírito Santo, o potencial está
presente para que haja avanços sem precedentes do Reino de Deus.
Meu apelo é que quando você estiver lendo este livro, não des-
vie a atenção do enfoque central. O nosso propósito final é a glória
de Deus por intermédio de Jesus Cristo, que é o Rei dos reis e o
Senhor dos senhores. A nossa tarefa consiste em contribuir para
que a glória do Senhor espalhe-se por toda nação, tribo, língua e
povo na face da terra.

Notas

1. OTIS, JR., George, em um documento descritivo que introduziu o


artigo "Operation Second Chance", 1992, s. p.
2. Idem, ibidem.
3. KRAMER, Samuel Noah. From the Tablets of Sumer. Indian Hills,
CO, The Falcon's Wing Press, 1956. p. 271.
4. Idem, ibidem, p. 272-3.
5. Idem, ibidem, p. 272.
6. KUMUYI, W. F. The Key to Revival and Church Growth. Laos,
Nigéria, Zoe Publishing Company, 1988. p. 25.

Parte I:

OS PRINCÍPIOS

1. VISÃO PANORÂMICA DO MAPEAMENTO


ESPIRITUAL

Por George Otis, Jr.

George Otis, Jr. é o fundador e presidente do Sentinel Group,


que organiza colheitas de oração globais e mapeamentos espirituais
de alto nível. Ex-missionário da JOCUM - Jovens com Uma Missão, ele
também serviu por muitos anos como um dos associados da
Lausanne Committee for World Evangelization. Atualmente, George
atua como coordenador, juntamente com Peter Wagner, do A.D. 2000
Movement United Prayer Track, onde encabeça a divisão do
Mapeamento Espiritual. Seu livro, The Last of the Giants (Chosen),
tem sido largamente aclamado como um ousado esforço pioneiro no
campo do mapeamento espiritual.

Em dezembro de 1992, encontrei um marco pessoal


significativo — o vigésimo aniversário de meu envolvimento com
missões nas fronteiras. Tal como se dá com todos os eventos
delineadores, a ocasião foi motivo de celebração e reflexão. Foi um
tempo de regozijo devido à fidelidade de Deus, embora também um
ensejo para contemplarmos o quão radicalmente o mundo e os
campos missionários mudaram durante as duas últimas incríveis
décadas.

A Igreja está enfrentando, no momento, dois desafios


externos substanciais, que tentam embargar a sua contínua
expansão: "o entrincheiramento demoníaco" e "o adiantado
da hora".

O progresso do evangelismo, desde os começos da década de


1970 até hoje, tem sido simplesmente espantoso. Em adição aos
grande movimentos de Deus na Argentina, na Rússia, na Indonésia,
na Guatemala, no Brasil, na Nigéria, na Índia, na China, na Coréia
do Sul e nas ilhas Filipinas, também têm ocorrido desenvolvimentos
notáveis em lugares tão inesperados como o Afeganistão, o Nepal, o
Irã, a Mongólia e a Arábia Saudita. A implantação bem-sucedida de
igrejas nas ilhas do oceano Pacífico, na África e na América Latina
tem reduzido o território-alvo do esforço evangelístico mais concen-
trado a uma tira de território que vai dos 10 aos 40 graus de latitude
norte, e que percorre o Norte da África e a Ásia, conhecido como "a
Janela 10/40".
UMA VIAGEM POR CEM NAÇÕES

Nestes últimos vinte anos, tive o privilégio de contemplar


grande parte desse processo evangelístico sobre uma base pessoal e
in loco. Papéis de liderança em várias missões e movimentos têm-me
proporcionado a oportunidade de viajar e ministrar em quase cem
nações do mundo — uma jornada que me tem levado a centros de
detenção da KGB russa, às inseguras e sangrentas ruas de Beirute
e aos mosteiros infestados de demônios do Himalaia.
Essa íntima e tão ampla jornada também me tem levado a con-
cluir que o progresso da evangelização, nas últimas décadas, dificil-
mente prosseguirá em ritmo igual nas próximas décadas a menos
que os crentes familiarizem-se melhor com os princípios da guerra
espiritual. Pois se a tarefa restante de evangelização mundial haverá
de diminuir quanto à área (pelo menos no que tange a territórios e
estatísticas sobre grupos étnicos), também tornar-se-á um desafio
cada vez mais intenso. Nos últimos poucos anos, os intercessores e
os evangelistas que procuram trabalhar dentro da janela da região
de 10/40 graus de latitude norte têm-se encontrado face a face com
algumas das mais formidáveis fortalezas espirituais da terra.
A Igreja está enfrentando, no momento, dois desafios externos
substanciais, que tentam embargar a sua contínua expansão: "o
entrincheiramento demoníaco" e "o adiantado da hora".
Embora dificilmente seja sem igual o entrincheiramento dos
demônios — pois os hebreus encontraram o fenômeno tanto no Egito
quanto na Babilônia, ao passo que o apóstolo Paulo encontrou-o em
Éfeso — precisamos considerar que agora estamos vários séculos
mais avançados na história do que eles. Em alguns lugares do
mundo atual, notavelmente na Ásia, os pactos demoníacos têm sido
servidos continuamente desde os dias pós-diluvianos, e a luz
espiritual é ali quase imperceptível em nossa própria época.
Em adição a isso, também devemos considerar a hora em que
estamos vivendo. No livro de Apocalipse, Deus advertiu como segue
os habitantes da terra e do mar: "Ai dos que habitam na terra e no
mar; porque o Diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já
tem pouco tempo" (Ap 12.12). Relatos reiterados e crescentes de
incursões do evangelho em suas fortalezas, erodidas pela oração,
têm feito o inimigo perceber que a hora que ele vinha temendo há
muito está chegando sobre ele. Evidências a esse respeito são
providas na crescente incidência de sinais e prodígios demoníacos,
além de contra-ataques cada vez mais constantes contra aqueles
que estão tentando sondar ou escapar de seu covil.
Em suma, os guerreiros evangélicos, no fim do século XX,
podem esperar enfrentar desafios, no campo de batalha espiritual,
que não têm igual quanto ao tipo e à magnitude. Os métodos
comuns de discernimento e de resposta a esses desafios não
conseguirão mais resolver o problema. Conforme escrevi no meu
livro recente, The Last of the Giants (Chosen Books), se tivermos de
vencer com sucesso as obras do inimigo, "Temos de aprender a ver
o mundo conforme ele realmente é, e não como parece ser".

DEFINIÇÕES E PRESSUPOSTOS

Em 1990, cunhei uma nova expressão para essa nova maneira


de ver as coisas — "mapeamento espiritual" — que agora é o tema
central deste volume. Conforme sugeri, isso envolve "superpor a
nossa compreensão acerca das forças e eventos, no domínio
espiritual, sobre lugares e circunstâncias deste mundo material".1
O pressuposto-chave quanto a isso é que aqueles que põem em
prática o mapeamento espiritual já possuem uma fina compreensão
sobre o domínio espiritual. Dada a quantidade de tempo que muitos
crentes passam falando, cantando e lendo sobre essa dimensão
sobre a qual a realidade estaria arraigada, parece que esse deveria
ser um pressuposto razoável. Infelizmente, não é isso que acontece.
E isso constitui para nós uma profunda surpresa.
Poder-se-ia pensar que os caminhos da dimensão espiritual
são tão familiares para o crente médio como o mar é familiar para
os marinheiros; que a maioria dos crentes deveria conhecer, na
teoria e na prática, aquilo de que Paulo estava falando no sexto
capítulo da epístola aos Efésios, quando ele escreveu sobre uma
batalha que está sendo desfechada contra as hostes espirituais da
iniqüidade, nos lugares celestiais.
O problema parece ser que muitos crentes — sobretudo em
nosso atarefado hemisfério Ocidental — não têm dedicado o tempo
necessário para aprenderem a linguagem, os princípios e os
protocolos da dimensão espiritual. Alguns crentes preferem ignorar
tudo, exceto as suas características macrocósmicas (o céu, o inferno,
Deus e o diabo), ao passo que outros tendem por projetar
características extraídas de sua própria imaginação. Ambas essas
tendências constituem erros sérios. Enquanto que a primeira delas
ignora o que está ali, a segunda fica ofuscada por aquilo que não
está ali. Em ambos os casos, as obras do diabo permanecem
disfarçadas, e o reino das trevas vai florescendo.
O mapeamento espiritual é um meio através do qual podemos
ver o que está abaixo da superfície do mundo material; mas não é
um meio mágico. Trata-se de um meio subjetivo, porquanto é uma
habilidade nascida de uma correta relação com Deus e do amor ao
mundo que ele criou. E trata-se também de um meio objetivo, pois
pode ser confirmado (ou desacreditado) por meio da história, da
observação sociológica e da Palavra de Deus.
Por igual modo, o mapeamento espiritual não se confina exclu-
sivamente às obras das trevas. Alguns crentes que praticam a guer-
ra espiritual têm dado a essa disciplina uma definição mais estrita
— que a limita ao descobrimento das fortalezas demoníacas —
embora isso envolva algum perigo. Mais especificamente, ela pode
encorajar uma preocupação com a localização e as atividades do
inimigo, ao mesmo tempo que se ignora que Deus também opera na
dimensão espiritual. Quando superpomos a nossa compreensão
acerca das forças e eventos que ocorrem no domínio espiritual, para
lugares e circunstâncias deste mundo material, devemos lembrar
que essas forças e esses eventos não são todos negros. O
mapeamento espiritual simplesmente situa as obras do inimigo
dentro do contexto maior da dimensão espiritual.

O CAMPO DE BATALHA ESPIRITUAL DE HOJE

A Igreja de Jesus Cristo não deve retroceder diante da necessi-


dade de dar uma longa e atenta olhada para os obstáculos
espirituais que estão entre ela mesma e o cumprimento da Grande
Comissão. O campo de batalha espiritual da década de 1990 está-
se tornando cada vez mais um lugar sobrenatural. Existem crentes
cuja teologia pessoal mostra-se resistente a essa noção, mas esses
crentes, com freqüência, são teóricos ocidentais que não são
pessoas viajadas, que ainda precisam submeter os seus
pressupostos ao teste da realidade. Em contraste com isso, a vasta
maioria dos pastores, missionários, evangelistas e intercessores
internacionais de hoje não têm qualquer necessidade de serem
convencidos de que existe algo em algum lugar, e que esse "algo" se
está manifestando em nosso mundo material.
Mas o que, exatamente, essas pessoas estão podendo observar?
Com base nas respostas obtidas de volta, da parte de crentes
interessados ao redor do mundo, eis três observações primárias:
1. As trevas espirituais estão aumentando e tornando-se mais
sofisticadas.
2. Há certo padrão geográfico do mal e da opressão espiritual.
3. Os crentes não entendem a dimensão espiritual tão bem
quanto imaginavam.

As igrejas locais estão descobrindo que a demografia do cresci-


mento eclesiástico não nos diz tudo sobre as nossas comunidades.
As agências missionárias estão percebendo que uma bem informada
familiaridade com costumes transculturais não consegue efetuar
irrompimentos evangelísticos. E as instituições de oração
intercessória estão reconhecendo a necessidade de buscarmos
coordenadas mais precisas para os nossos alvos. Em suma, as
pessoas querem respostas para o dilema do mundo invisível, a fim
de que possam ministrar o evangelho de maneira mais eficiente.

FORTALEZAS TERRITORIAIS

Aninhado perto do âmago da filosofia do mapeamento


espiritual está o conceito das fortalezas territoriais. Não se trata de
alguma idéia nova; muitos escritores já tinham explorado esse tema.
A novidade está na crescente porcentagem do Corpo místico de
Cristo que reconhece a necessidade de atacar essas fortalezas.
O problema é que a expressão "fortalezas territoriais" tem sido
explorada ultimamente de maneira tão frouxa que precisamos
defini-la. Seu uso tem-se tornado tão elástico que aqueles que se
estão aproximando do assunto dificilmente podem decidir no que
devem crer.
Em meio à confusão, alguns autores evangélicos têm sugerido
que qualquer noção de guerra espiritual que envolva a idéia de
territorialidade espiritual é extrabíblica. Outros têm lançado um véu
de dúvidas sobre a validade da própria guerra espiritual. Embora
essas vozes estejam claramente na minoria, é evidente que
precisamos definir esses conceitos com maior exatidão.
Aqueles que não estão aceitando a idéia de territorialidade
espiritual através do argumento que se trata de uma noção
extrabíblica deveriam lembrar que há um oceano de diferença entre
aquilo que é "extrabíblico" e aquilo que é "antibíblico". Extrabíblico
é uma luz amarelada que encoraja a passagem de um veículo com
uma certa cautela; antibíblico é uma luz vermelha que requer que o
motorista faça alto, em nome da lei e do bom senso. Até o momento,
não ouvi ainda alguém afirmar que a territorialidade espiritual é
antibíblica. E a simples razão para isso é que isso não é verdade.
Peter Wagner e outros têm salientado, em escritos anteriores,
que a Bíblia toca no assunto da territorialidade espiritual em ambos
os Testamentos. 2 A instância mais constantemente citada é a do
príncipe da Pérsia, no décimo capítulo do livro de Daniel. Temos ali
um caso bem-definido de um ser espiritual maligno que governava
uma área com fronteiras explicitamente determinadas. Até mesmo
aqueles que não são eruditos devem considerar como significativo
que essa criatura não foi referida como príncipe da China ou
príncipe do Egito. Quando essa passagem é estudada
conjuntamente com versículos como os de Ezequiel 28.12-19 e
Deuteronômio 32.8 (na Septuaginta, "de acordo com o número dos
anjos de Deus"); e Efésios 6.12 (por exemplo, kosmokrátoras,
"governantes mundiais"), então o caso em favor da territorialidade
espiritual torna-se ainda mais compelidor.
Conforme atestam aqueles que fizeram uma visita mais do que
casual a lugares como a Índia, as reservas dos ameríndios navajos,
os Camarões, o Haiti, o Japão, o Marrocos, o Peru, o Nepal, a Nova
Guiné e a China, são consideradas coisas corriqueiras as
hierarquias elaboradas de divindades e espíritos. Esses seres
incorpóreos são concebidos como espíritos que controlam lares,
aldeias, cidades, vales, províncias e nações, exercendo um poder
extraordinário sobre o comportamento das populações locais. O fato
de que o próprio Deus reconheceu o poder vicário de divindades
regionais manifestou-se em sua urgente chamada de Abraão, e,
mais tarde, na chamada da nação hebréia, dentre os panteões
animados dos babilônios e dos cananeus.

POR QUE AS COISAS SÃO COMO SÃO?

Quase todas as pessoas têm tido a experiência de entrar em


alguma cidade, bairro ou país somente para sentir um desassossego
intangível ou opressão descer sobre os seus espíritos. Em muitos
desses casos, o que encontramos em tais circunstâncias é a
atmosfera sufocante de outro reino espiritual. De maneira
imperceptível para nós acabamos de cruzar uma fronteira espiritual,
que faz parte do império de que falou o apóstolo Paulo no sexto
capítulo de Efésios.
Outras situações mostram-se ainda mais óbvias. Sem importar
a teologia das pessoas, qualquer crente honesto e moderadamente
viajado reconhecerá que existem certas áreas do mundo de hoje
onde as trevas espirituais mostram-se mais pronunciadas. Sem
importar se se trata de cidades coalhadas de índios, como Varanasi
e Catmandu, ou a decadência ostentosa de Pataia ou Amsterdão, ou
as regiões espiritualmente estéreis de Omã ou da parte ocidental do
deserto do Saara, em tais lugares a realidade triunfa sobre a teoria
a cada instante.
A questão é: por quê? Por que existem algumas áreas
espiritualmente mais opressivas, mais entregues à idolatria, mais
espiritualmente estéreis do que outras? Por que as trevas parecem
medrar onde elas realmente estão?
Uma vez que alguém comece a formular essas questões funda-
mentais, é fácil vinculá-las a centenas ou mesmo milhares de situa-
ções específicas. Por que, por exemplo, a Mesopotâmia tolerou uma
tão longa lista de governantes tirânicos? Por que a nação do Haiti é
o exemplo mais deplorável de desastre social e econômico do
hemisfério ocidental? Por que as nações andinas da América do Sul
sempre parecem encabeçar as estatísticas da taxa de homicídios
anuais per capita? Por que há tanta atividade claramente demoníaca
nas montanhas do Himalaia e em redor delas? Por que o Japão
sempre se mostrou uma noz difícil de quebrar por meio do evangelho?
Por que o continente da Ásia domina de tal maneira a Janela 10/40?
Todas as igrejas locais podem apresentar dúzias de outras
perguntas, acerca de suas próprias comunidades. Não será difícil
formulá-las, uma vez que consideremos que pode ser relevante fazer
tais perguntas.
No decorrer dos poucos anos passados, minhas pesquisas em
busca por respostas a essas perguntas têm-me levado literalmente
ao redor do mundo. Isso me tem levado a uma fascinante e
instrutiva jornada, serpeando por quase cinqüenta países e
produzindo mais de trinta e cinco mil páginas de material
documentado — incluindo fotografias, livros, mapas, entrevistas e
estudos de casos.
Ao longo do caminho, tenho visitado santuários, templos, mos-
teiros, bibliotecas e universidades. Tenho subido por montes sagra-
dos, examinado cemitérios de ancestrais e tenho remado pelo sagra-
do rio Ganges, correnteza abaixo. Tenho ouvido as narrativas de
lamas tibetanos budistas, médicos-feiticeiros dos ameríndios, bem
como os principais teóricos do movimento da Nova Era. Tenho com-
parado notas com missionários e pastores nacionais de proa; entre-
vistado antropólogos e estudiosos da pré-história. E tenho sondado
as mentes de muitos especialistas que têm profundos conhecimen-
tos desde o xamanismo até à adoração dos antepassados japoneses,
passando pelo folclore do islamismo, a geomancia e as peregrinações
religiosas.
A súmula desse processo, um livro e uma série de fitas
gravadas, intitulados The Twilight Labyrinth, 3 é a seqüência natural
do livro The Last of the Giants, bem como do livro que você está
manuseando agora. Quanto àqueles que são sérios quanto à
identificação e o desgaste do poder das fortalezas territoriais, este
volume oferece o mais abrangente discernimento que se tem
publicado até esta data.

O DESAFIO DAS PESQUISAS

Aqueles que têm lido os nossos livros sabem que Peter Wagner
e eu concordamos inteiramente que a territorialidade espiritual tem
muito a ver com as coisas como elas são, em certas cidades, nações
e regiões do mundo atual. E muitos outros — incluindo pastores,
missionários praticantes e professores de teologia — têm chegado a
uma conclusão similar. Porém, ainda que esse crescente consenso
seja encorajador, muitas outras questões e tarefas ainda precisam
ser examinadas.
É útil pensar nesse processo em termos das pesquisas médicas
que têm acabado de identificar certo vírus como o agente causador
por detrás de alguma enfermidade particular. Esta ou aquela pessoa
se tem recuperado de forma extraordinária, mas muito trabalho
árduo ainda jaz à frente, se esse conhecimento tiver de ser traduzido
sob a forma de ajuda prática em favor daqueles que estão sofrendo,
ou que estão procurando tratar a enfermidade em foco.
O primeiro passo usualmente consiste em tentar e em conceber
algum tipo de instrumento diagnosticador que possa ajudar médicos
e pacientes a saberem que estão combatendo uma enfermidade no
seu estágio mais primário possível. Isso ajuda a evitar caças ao
acaso, em busca de algum tratamento eficaz. Os diagnósticos
errados e as mazelas fantasmas são, ao mesmo tempo, muito caros
e perigosos.
O passo seguinte, para os pesquisadores, consiste em dirigir o
conhecimento deles para as operações internas de uma enfermidade
qualquer, com vistas à sua cura eventual. Conhecer quais as causas
de algum problema, e como detectá-lo pode, em última análise,
tornar-se uma carga pesada, se esse conhecimento não for o
precursor da solução.
Reconhecer o papel da territorialidade espiritual, pois, serve
somente de ponto de partida quanto a qualquer pesquisa que se
proponha a compreender as razões e as conseqüências dos
modernos campos de batalha espirituais. Mas restam ainda certas
perguntas perscrutadoras. Como, por exemplo, são estabelecidas as
fortalezas espirituais? Como elas se mantêm diante da passagem do
tempo? E como são reproduzidas essas fortalezas em outras áreas?
Embora não seja possível, neste breve capítulo, responder com
detalhes a cada uma dessas perguntas, pelo menos podemos cobrir
os pontos básicos. Ao assim fazermos, nosso ponto de partida será
uma simples mas crucial definição. Em que consiste, exatamente,
uma fortaleza espiritual? Sem mergulharmos na aplicação do termo
à mente e à imaginação, uma observação atenta à variedade de
fortalezas territoriais revela duas características universais: elas
"repelem a luz" e "exportam as trevas". (Cindy Jacobs descreveu
vários tipos de fortaleza, no terceiro capítulo, mas aqui estou
tratando acerca do tipo de fortalezas territoriais.)
As fortalezas territoriais são de natureza inerentemente defen-
siva e ofensiva. Seus terraplenos escusos desviam os dardos divinos
da verdade, pois os arqueiros demoníacos mostram-se sempre muito
ocupados a lançar dardos inflamados na direção de alvos
desprotegidos, lá fora. Se seus acampamentos de prisioneiros retêm
milhares de cativos encantados, os comandos do mal e os centros
de controle vivem liberando múltiplas formas de ludibrio, através
das hostes espirituais da maldade que eles empregam.

ESTABELECENDO FORTALEZAS TERRITORIAIS

Se tivermos de entender por que as coisas são da maneira


como são hoje em dia, teremos primeiramente de examinar o que
aconteceu ontem, e também teremos de resolver o dilema da origem
delas. De onde elas vieram? Como essas coisas foram estabelecidas?
O ponto de partida óbvio desse tipo de estudo é a torre de Babel.
Pois, conforme somos informados no capítulo onze do livro de
Gênesis, foi da planície de Sinear, na antiga Mesopotâmia, que um
povo geograficamente coerente foi disperso por Deus para os quatro
cantos da terra. Mas o que aconteceu àquelas populações antigas,
ao migrarem de Babel? Artefatos antigos e tradições orais podem
oferecer-nos qualquer indício? E, nesse caso, esses indícios têm
alguma relevância para a nossa inquirição quanto a entendermos as
origens das fortalezas territoriais?
Antes de passarmos adiante, sinto que devo frisar um fato adi-
cional, que pesa sobre a nossa discussão. Colocando a questão nos
termos mais simples, os demônios podem ser achados onde quer
que estejam as pessoas. Não há motivo algum para eles estarem em
outro lugar qualquer. Não encontramos provas, nem nas Escrituras
nem na história, que os demônios estejam interessados na criação
inanimada ou amoral, como os montes, os rios, as árvores, as
cavernas, as estrelas e os animais, a menos que e enquanto as
pessoas não se fizerem presentes. A amarga ordem que receberam
foi roubar, matar e destruir aquilo que é precioso para Deus; e, como
é claro, os seres humanos, criados segundo a imagem de Deus, estão
no alto da lista de seres valiosos para Deus.
Essa seria a explicação subjacente das trevas que parecem
engolfar tantas cidades do mundo. Sempre e onde quer que as
pessoas se concentrem, para ali os demônios serão atraídos pelo
odor delas. Não teria sido por esse motivo que a torre de Babel atraiu
tão imediata intervenção divina? É difícil imaginar que aquela ímpar
concentração de seres humanos, na planície de Sinear, não tenha
precipitado um dos mais profundos ajuntamentos de poderes
demoníacos da história?
Embora pouco se conheça sobre os movimentos originais dos
primeiros grupos de pessoas que saíram da Mesopotâmia, aquilo
que sabemos sugere, pelo menos, um denominador comum da
experiência humana — os traumas. Para alguns, era a incapacidade
de transpor barragens montanhosas intransponíveis, que
bloqueavam o caminho deles. Para outros, teria havido uma súbita
falta de alimentos, produzida por severas condições climáticas.
Ainda outros acharam-se envolvidos em algum combate mortal.
Quaisquer que tenham sido esses antigos traumas, eles
sempre tiveram por efeito fazer as pessoas se verem face a face com
os seus desesperos. Como é que eles resolveriam tal desafio? Cada
caso estava carregado de implicações morais. Cada circunstância
serviu de oportunidade para um povo específico, em um lugar
específico, para voltar-se para Deus com arrependimento,
declarando-o, assim, como seu legítimo governante e único
libertador.
Infelizmente, o arrependimento em cilício, que houve em Nínive,
tem mostrado ser uma daquelas raras exceções à regra. A esmaga-
dora maioria dos povos, através da história, tem preferido trocar as
revelações divinas pela mentira. Dando ouvidos aos apelos dos
demônios, em seu desespero, têm preferido entrar em pactos quid
pro quo com o mundo dos espíritos. E como compensação pelo
consentimento particular de alguma divindade resolver seus
traumas imediatos, os homens têm oferecido a sua lealdade singular
e contínua. E assim têm vendido, coletivamente, suas almas
proverbiais.
É mediante a colocação desses antigos colchões receptivos,
pois, que são estabelecidas as fortalezas territoriais. A base da
transação é inteiramente moral. As pessoas fazem uma escolha
consciente de suprimir a verdade e de acreditar na falsidade. No fim,
os homens são enganados por terem preferido ser enganados. Peter
Wagner elaborou com eloqüência esse aspecto da questão, no
próximo capítulo, ao fazer a exegese de Romanos 1.18-25.
Visto que muitos dos mais antigos pactos entre os povos e os
poderes demoníacos foram transacionados na Ásia, e a Ásia agora
abriga os maiores centros populacionais do mundo, não nos deveria
surpreender que esse continente atualmente domine as grandes
fronteiras de povos não alcançados pelo evangelho, dentro da
conhecida Janela 10/40. População densa e longevidade têm,
ambas as coisas, muito a ver com o entrincheiramento das trevas
espirituais.

CONSERVANDO AS FORTALEZAS TERRITORIAIS

Que existem dinastias das trevas é um triste fato da história.


A indagação que persegue muita gente é o que sustenta essas
dinastias. Se as escolhas mal feitas de gerações anteriores
permitiram que as forças demoníacas penetrassem em certas
regiões, como é que esses poderes malignos conservam os seus
direitos de explorar os territórios durante séculos ou mesmo
milênios? Exprimindo a mesma coisa de outra maneira, como é que
esses poderes conseguem extensões de arrendamento, depois de
terem morrido aqueles que assinaram o contrato original de
arrendamento?
Uma das principais respostas a essa pergunta acha-se na
questão da transferência de autoridade que ocorre durante
festividades religiosas, cerimônias e peregrinações. Escrevi
extensamente sobre esse assunto no livro The Twilight Labyrinth, e
um guia cronológico desses acontecimentos, publicado por nosso
ministério, The Sentinel Group, serve como manual de contra-
ofensiva para intercessores.
Que o poder espiritual realmente é liberado durante essas ati-
vidades tem sido confirmado por inúmeros crentes nacionais e por
missionários que eles têm entrevistado. 4 Quase todos eles referem-
se a um exaltado senso de opressão de crescentes incidentes de
perseguição, e, ocasionalmente, de manifestações em larga escala
de sinais e maravilhas demoníacos. Estamos vivendo em tempos
difíceis, e os crentes com os quais tenho conversado sempre
alegram-se quando esses incidentes terminam. Somente a oração e
o louvor parecem ajudar, e, mesmo assim, algumas vezes eles
indagam se as suas orações não são interrompidas pelo mesmo tipo
de valente espiritual que adiou a resposta divina a Daniel (ver Dn
10.12, 13).
Deveríamos notar que as festividades, as cerimônias e as pere-
grinações religiosas estão sempre ocorrendo em algum lugar do
mundo, a cada semana do ano. Literalmente, milhares desses
eventos têm lugar, desde celebrações localizadas até grandes
eventos regionais e internacionais. O dia das bruxas e o hajj dos
islamitas são bem conhecidos exemplos internacionais; festividades
regionais menos conhecidas são a Kumbha Mela, na Índia, o Inti
Raymi, no Peru, e as celebrações Bon, de verão, no Japão, que
também atraem imensas multidões de participantes.

Tirando a Poeira de Antigos Colchões de Boas-Vindas

Essas celebrações decisivamente não são os espetáculos


culturais benignos, esquisitos e coloridos que as pessoas dizem com
freqüência que elas são. Antes, são transações conscientes com o
mundo dos espíritos. São oportunidades de as gerações
contemporâneas reafirmarem as escolhas e os pactos firmados pelos
seus antepassados e por seus pais. São ocasiões em que se tira a
poeira de antigos colchões de boas-vindas, ampliando o direito do
diabo de governar sobre povos e lugares específicos nos dias de hoje.
A significação desses acontecimentos não deveria ser subestimada.
Uma vez que uma população entregue-se a vãs imaginações,
os poderes demoníacos logo tiram proveito para animar as
mitologias daí resultantes. De uma maneira que nos faz lembrar o
Mágico de Oz, agentes espirituais manipuladores põem em prática
a arte de governar por detrás dos bastidores, mediante sombrinhas.
A autoridade e a lealdade prestadas a chamadas divindades
protetoras são rapidamente absorvidas — e, daquele instante em
diante, a mentira vê-se entrincheirada.
Desafortunadamente, centenas de milhares de crianças por dia
nascem nesses sistemas de feitiço ao redor do mundo. Quase todas
elas crescem ouvindo falar na mentira; mas é durante o curso dos
ritos de puberdade e das iniciações que muitos deles sentem a sua
intensa sucção gravitacional pela primeira vez. O poder da mentira,
atiçada pela mágica demoníaca, é chamado de tradição; e são as
tradições, por sua vez, que sustentam as dinastias territoriais.

Ludíbrios Adaptados

Por mais importantes que sejam as tradições na manutenção


das dinastias territoriais, entretanto, esse não é o único meio usado
pelo inimigo para chegar a essa finalidade. Outra estratégia
igualmente importante é aquilo que chamo de "ludíbrios adaptados".
Essa estratégia é empregada quando as tradições, por qualquer
razão, começam a perder o seu domínio sobre uma dada sociedade.
Os ludíbrios adaptados, dependendo de como o indivíduo
preferir encará-los, ou são correções de curso que se fazem
necessários, ou são aprimoramentos da "linha de produção" do
diabo. Esses ludíbrios funcionam por causa da propensão da
humanidade para experimentar coisas novas. Dizendo a mesma
coisa de forma mais crua, e com pedidos de desculpas aos
aficionados felinos, o diabo tem aprendido que há mais de uma
maneira para esfolar um gato.
Dois exemplos de ludíbrios adaptados dos dias modernos
encontram-se nas novas religiões folclóricas dos japoneses e dos
povos islâmicos. O islamismo folclórico é uma combinação de
crenças islâmicas e animistas, e muitas das novas religiões dos
japoneses apresentam uma curiosa mescla de conceitos budistas e
materialistas. Em termos de números de aderentes ou praticantes,
ambos os movimentos são bem-sucedidos de uma maneira colossal.
Os ludíbrios adaptados não substituem as escravidões ideológi-
cas pré-existentes, mas antes intensificam-nas. Nesse sentido, são
análogos a um nível coletivo da narrativa bíblica do demônio que
volta ao vaso humano desocupado, trazendo agora consigo sete
outros espíritos, piores do que ele mesmo (ver Mt 12.43-45; Lc
11.24-26).
SERVIDÕES PREVALENTES E SERVIDÕES ARRAIGADAS

Agora que já estamos armados com a compreensão sobre os


papéis desempenhados pelo ludibrio adaptado, pelas tradições e pe-
las festividades religiosas, na manutenção das dinastias territoriais,
precisamos ainda aprender uma lição final. Essa lição tem a ver com
o discernimento da diferença entre as "servidões prevalentes" e as
"servidões arraigadas". Devido à ausência de ensino sobre o assunto,
os guerreiros evangélicos com freqüência deixam-se enganar pelas
aparências superficiais, quando se esforçam por identificar as
fortalezas territoriais.
Um bom exemplo desse fato foi levantado pelo grande número
de pessoas que, poucos anos atrás, insistiam que a fortaleza
espiritual sobre a Albânia era o comunismo do tipo stalinista. Mas,
embora não haja como duvidar que esse tipo de comunismo fosse a
servidão prevalente na ocasião, também muitos aceitavam que essa
também era a fortaleza arraigada. A falha nesse raciocínio torna-se
óbvia quando consideramos que o comunismo só veio a tornar-se a
ideologia predominante no país em 1944. A significação desse fato é
que, por mais vil e destruidor que tenha sido esse sistema de
ateísmo, só está instalado ali faz cerca de cinqüenta anos. A história
da Albânia, antes disso, retrocede até à região bíblica do Ilírico, e
remonta a muitos milhares de anos.
Sistemas similares de última hora também podem ser
encontrados na Mesopotâmia, no Japão e em outras áreas do
mundo. Esses sistemas representam ideologias superficiais que
chegam e se vão juntamente com o vento. Embora não possam ser
ignorados, por outra parte não devem ser confundidos com o
subsolo espiritual que precisa ser quebrado se tivermos de entreter
esperanças legítimas de que veremos as fortalezas espirituais serem
invadidas com sucesso por meio do evangelho.

A EXPANSÃO DAS TREVAS

Tendo examinado a pergunta de como as fortalezas espirituais


são estabelecidas e mantidas, voltamo-nos agora para a questão da
expansão territorial. Nesse ponto ficamos interessados em saber se
o reino das trevas é geograficamente dinâmico; e, se realmente assim
acontece, como tais fortalezas são reproduzidas em outras áreas.
No meu livro, The Twilight Labyrinth, devotei um capítulo intei-
ro à dinâmica territorial, intitulado de "Caminho da figueira-de-
bengala". Conforme o próprio título sugere, baseei a ilustração sobre
essa árvore tropical, com seus ramos que se estendem e com suas
raízes aéreas descendentes, que servem de excelente analogia da
maneira como se expande o império das trevas.
Começando com um único tronco maciço, os ramos sinuosos
da figueira-de-bengala estendem-se lateralmente em todas as
direções. Dali, naquilo que sem dúvida é a característica mas
notável dessa espécie vegetal, as raízes aéreas que descem até o
chão vão formando novos troncos. Dessa forma, a figueira-de-
bengala pode mover-se lateralmente por grandes distâncias — ao
mesmo tempo em que vai criando uma moita trançada quase
impenetrável, com seus muitos troncos e ramos parecidos com a da
parreira.
Esses ramos que se estendem e essas raízes descendentes re-
presentam as duas maneiras como a expansão territorial tem lugar:
"exportação ideológica" e "fortalezas produzidas por traumas". A
exportação teológica, que é uma extensão territorial das fortalezas
territoriais, é efetuada mediante a propaganda de ideologias ou de
influências espirituais, a partir dos locais de transmissão, ou
centros de exportação, que existem em várias áreas do mundo.
Exemplos de centros assim incluem o Cairo, Trípoli, Karbala, Qom
e Meca, no mundo islâmico; Allahabade e Varanasi, no mundo do
hinduísmo; Dharamsala e Tóquio, no mundo budista; e Amsterdão,
Nova Iorque, Paris e Hollywood no mundo materialista. Se antes os
escudos defletores dos valores judaico-cristãos impediam que esses
venenos penetrassem profundamente demais na América do Norte,
a erosão da lealdade cristã, em anos recentes, infelizmente tem
chegado a significar que, em um número crescente de instâncias,
agora o inimigo somos nós mesmos.
Outra maneira pela qual o inimigo expande o seu reino no
mundo é mediante a indução de novos traumas. Tendo aprendido,
com base nas experiências passadas, o quão eficazmente as cir-
cunstâncias desesperadas podem atrair para a sua teia homens e
mulheres, o inimigo por muitas vezes usa a ganância, a
concupiscência e a desonestidade de indivíduos depravados a fim de
deflagrar novas crises.
Um exemplo gráfico de uma fortaleza induzida por um trauma,
no mundo ocidental, é o Haiti. Tirando proveito da ganância dos
africanos efiques e dos negociantes franceses de escravos, grandes
números de africanos da África Ocidental foram trazidos para a área
do Caribe e maltratados até ao ponto do desespero. Preferindo
resolver os seus conflitos entrando em novos pactos com o mundo
dos espíritos, aqueles escravos estabeleceram um sistema de adora-
ção e de governo secreto alicerçado sobre o animismo, conhecido
como vodu. Atualmente, as negras recompensas desse sistema são
largamente conhecidas, conforme Peter Wagner passará a demons-
trar, no próximo capítulo.

Será possível que o plano de Deus para a sua Igreja é


completar a Grande Comissão no mesmíssimo solo onde o
mandamento original foi entregue à primeira família da terra?

A GERAÇÃO DO LIMIAR

Conforme os exércitos do Senhor Jesus Cristo vão começando


a completar a tarefa da evangelização do mundo, na chamada
Janela 10/40, é curioso que o centro geográfico dessa região seja o
local do antigo jardim do Éden, isto é na região do moderno Iraque
(ver Gn 2.8-14). Será possível que o plano de Deus para a sua Igreja
é completar a Grande Comissão no mesmíssimo solo onde o
mandamento original foi entregue à primeira família da terra? (Ver
Gn 1.27, 28.)
Qualquer que seja a resposta a essa indagação, é claro que os
guerreiros evangélicos, que ousarem marchar para essa linha final
de combate, terão de enfrentar uma formidável oposição, da parte
de um adversário implacável e invisível. Se a missão para liberar
prisioneiros fascinados tiver de obter sucesso, será mister obter um
acurado conhecimento a respeito das questões internas do inimigo
e de seus centros de controle, bem como o equivalente espiritual dos
óculos de visão noturna, usados pelas forças armadas.
É impossível desdobrar três anos de dados colhidos e injetados
em um mapeamento espiritual em um único capítulo. Não obstante,
é minha esperança de que essa informação pelo menos deixará os
leitores em estado de alerta, a saber, os leitores que estão
contemplando iminentes missões de salvamento, alicerçados sobre
o fato de que novos instrumentos se estão tornando disponíveis para
guiá-los através do emaranhado e dos volteios desse labirinto das
horas do crepúsculo.

Perguntas para refletir

1. Discuta sobre o conceito da "territorialidade espiritual". Você


concorda que os principados espirituais da maldade poderiam ser
alocados por Satanás a certas regiões geográficas?
2. Este capítulo sugere que as festividades religiosas podem
reforçar a autoridade dos poderes malignos sobre uma área.
Nomeie e discuta tantas dessas festas quantas você puder lembrar.
3. Você já experimentou uma sensação quase física de trevas e de
opressão, em certas áreas de sua cidade ou nação? Compartilhe de
suas sensações com outros crentes.
4. As fortalezas demoníacas que dominam uma cidade ou uma
nação podem ser induzidas por traumas. Pode você pensar em tais
traumas dentro da história de sua cidade ou nação que poderiam
ter produzido fortalezas espirituais da maldade?
5. Faça uma revisão da distinção feita por George Otis, Jr., entre
os conceitos "extrabíblicos" e "antibíblicos". Você concorda com
essa distinção?

Notas

1. OTIS, JR., George. The Last of the Giants. Tarrytown, Nova


Iorque, Chosen Books, 1991. p. 85.
2. Ver, por exemplo, o livro de C. Peter Wagner, Warfare Prayer.
Ventura, CA, Regal Books, 1992. p. 87-103.
3. Informações adicionais a estas, e outros produtos intercessórios
de apoio, podem ser adquiridos através do Sentinel Group, P O.
Box 6334, Lynwood, WA 98036.
4. Testemunhos específicos têm sido recolhidos no Japão, em
Marrocos, na Indonésia, no Haiti, na Índia, no Butão, no Egito, na
Turquia, no Nepal, no Afeganistão, no Irã, nas ilhas Fiji, nas
reservas dos índios norte-americanos e em outros lugares.

2. O VISÍVEL E O INVISÍVEL

Por C. Peter Wagner

Uma tentativa para ver o mundo à nossa volta como ele


realmente é, e não como parece ser. Essa é a descrição clássica do
mapeamento espiritual. Um importante pressuposto por detrás do
mapeamento espiritual é que a realidade é mais do que nos parece
à superfície. As coisas visíveis de nossa vida diária — árvores,
pessoas, cidades, estrelas, governos, animais, profissões, artes,
padrões de comportamento — são coisas comuns, e podemos aceitá-
las como são. Entretanto, por detrás de muitos dos aspectos visíveis
do mundo ao nosso redor pode haver forças espirituais, áreas
invisíveis da realidade que podem ter maior significação final do que
as realidades visíveis.
O apóstolo Paulo deixou isso fortemente entendido quando
escreveu: "...não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas
que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se
não vêem são eternas" (2 Co 4.18).
Paulo ensinou que, ao reconhecermos a diferença entre o que
é visível e o que é invisível, somos resguardados e "não
desfalecemos" (ver 2 Co 4.16). Mas desanimar quanto a quê? Ele
mencionou novamente o desânimo — "não desfalecemos" — no
primeiro versículo do quarto capítulo, para então lamentar-se de que
os seus esforços evangelísticos não surtiam tanto efeito quanto ele
desejava que surtissem. "Mas, se ainda o nosso evangelho está
encoberto, para os que se perdem está encoberto", escreveu ele. Por
quê? Porque "o deus deste século" cegou as mentes dos incrédulos
(ver 2 Co 4.3, 4).
Entendo que a mensagem paulina significa que devemos reco-
nhecer que a batalha essencial pela evangelização do mundo é uma
batalha espiritual, e que as armas dessa guerra não são carnais, e,
sim, espirituais. E também cumpre-nos reconhecer que Deus nos
deu um mandato para podermos desfechar uma guerra espiritual
que seja inteligente e agressiva. Se pudermos entender isso, o
processo de evangelização do mundo será acelerado. Compreender
as diferenças que há entre o visível e o invisível é um dos mais
importantes componentes do plano geral de batalha, capaz de
quebrar o domínio exercido pelo inimigo sobre as almas perdidas,
que estão perecendo.

INFLAMANDO A IRA DE DEUS

A principal passagem bíblica que nos mostra a distinção entre


o que é visível e o que é invisível, o primeiro capítulo da epístola aos
Romanos, também é o grande trecho sobre a ira de Deus. É compre-
ensível que a ira de Deus não seja um de nossos temas favoritos,
pelo que não há muitos livros escritos sobre ela, e nem se ouve
muitos sermões a esse respeito. Todavia, a ira é um atributo de Deus.
Isso significa que não é apenas algum humor passageiro, que vem e
que vai, e, sim, uma parte da própria natureza divina. Deus é Deus
de ira. Ele também é Deus de justiça, Deus de amor, Deus de
misericórdia e Deus de santidade. Essa lista poderia prosseguir,
mas Romanos 1.18-31 é trecho que trata do Deus da ira.
Escreveu Paulo: "Porque do céu se manifesta a ira de Deus
sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade
em injustiça" (Rm 1.18). Essa enlouquecida injustiça tem tudo
diretamente a ver com o visível e com o invisível. Permita-me o leitor
que eu explique.

Deus criou o mundo a fim de manifestar a sua glória. Todo


ser humano foi criado para glória de Deus. Os seres humanos
ocupam uma posição superior à de outros objetos da criação,
porque somos os únicos que foram criados à imagem de
Deus.
Por que Deus criou o mundo? Ele criou o mundo a fim de mani-
festar a sua glória. Paulo esclareceu que, através das "coisas que
estão criadas", ou seja, dos aspectos visíveis da criação, "as suas
coisas invisíveis... se entendem, e claramente se vêem". Tudo quanto
vemos na criação de Deus, sem qualquer exceção, foi originalmente
criado para revelar "o seu eterno poder" e "a sua divindade" (ver Rm
1.19,20).
Que significa isso para nós? Para começo de conversa, significa
que todo ser humano foi criado para glorificar a Deus. Os seres
humanos ocupam um nível superior ao de outros objetos da criação,
porquanto somos os únicos seres que foram criados à imagem de
Deus. Todo ser angelical também foi criado para que glorificasse a
Deus. E outro tanto deve ser dito acerca de todo animal, planta,
corpo celeste, montanha, iceberg, vulcão, urânio, para
mencionarmos apenas algumas coisas. A cultura humana também
faz parte da criação divina, tendo por desígnio glorificar a Deus.
Abordarei a questão da cultura humana, com algum detalhe,
conforme for avançando neste capítulo.

CORROMPENDO A CRIAÇÃO DE DEUS

A verdade da questão é que no nosso mundo nem todos os as-


pectos da criação glorificam a Deus. Certos seres humanos têm to-
mado coisas criadas e as têm corrompido, de tal maneira que tais
coisas não mais revelam a glória de Deus. Pois eles modificaram a
glória de Deus, reduzindo-a à "semelhança da imagem de homem
corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis" (Rm 1.23).
Deus fica literalmente furioso quando vê que aquilo que foi criado
para redundar em sua glória foi transferido, especificamente, para
seres humanos, aves, mamíferos e répteis. Quando esses objetos
visíveis da criação são manipulados para representarem os poderes
sobrenaturais, isso libera a ira de Deus.
Se acompanharmos na Bíblia as referências à ira de Deus, fica
claro que coisa alguma desperta tanto a ira de Deus como adorar e
servir "mais à criatura do que ao Criador" (Rm 1.25). E Deus
abomina tal coisa, sobretudo quando os seres humanos usam o que
é visível para glorificar a Satanás e a outros seres demoníacos. A
mera leitura dos capítulos primeiro a décimo nono do livro de
Jeremias infunde temor no coração de qualquer um que ouse fazer
tão horrenda coisa, conforme o povo de Judá inclinava-se por fazer,
a despeito das advertências de Jeremias. Eles estavam dizendo à
mera madeira "Tu és meu pai"; e à pedra: "Tu me geraste" (Jr 2.27).
Isso magoa tanto a Deus que ele considera tal atitude como se fosse
adultério: "Ora, tu te maculaste com muitos amantes" (Jr 3.1). E
disse também o Senhor: "(Israel) adulterou com a pedra e com o pau"
(Jr 3.9).
Não penso que a ordem de apresentação dos Dez
Mandamentos tenha surgido por mero acaso. Deus abomina o
homicídio, o furto, a imoralidade, a violação do descanso e a cobiça.
Mas todos esses mandamentos aparecem depois do primeiro e do
segundo mandamentos: "Não terás outros deuses diante de mim". E
também: "Não farás para ti imagem de escultura..." (Êx 20.3 e 4). O
primeiro mandamento tem a ver com o que é invisível; e o segundo,
com o que é visível.
Penso que é seguro afirmar que nenhum pecado é pior do que
usar o visível para dar honra e glória aos principados demoníacos.
Nenhuma outra coisa provoca tanto a Deus ao ciúme e à ira.

O Japão e o Sol Nascente

O Japão, que serve de exemplo, é conhecido como "país do sol


nascente". O sol, naturalmente, é uma característica da criação de
Deus, cujo propósito é glorificá-lo. A bandeira japonesa exibe
somente o sol. Esse é o símbolo dessa nação. Mas o sol da bandeira
japonesa glorifica a Deus? Não. O sol é ali usado com o propósito
intencional de glorificar Amaterasu Omikami, a deusa-sol que é
reconhecida em um santuário como o espírito territorial que governa
o Japão.
As pessoas deveriam olhar para a bandeira japonesa e, então,
dizer: "Louvado seja Deus!" Em vez disso, porém, elas glorificam a
criatura, em lugar do Criador.
A Lava do Havaí

Quando, recentemente, dirigi uma conferência sobre guerra


espiritual, nas ilhas Havaí, descobri que muita gente só vivia
pensando em rochas formadas pelo vulcão Kiluea. As pessoas
deveriam contemplar essas belas rochas feitas de lava solidificada e
então exclamar: "Glória a Deus! Nosso Deus é fogo consumidor". Ele
é o Criador dessas rochas de lava.
Mas não. Muitos habitantes do Havaí olham para essas rochas
e dizem: "Glória à deusa Pele! Se não a honrarmos, ela nos
consumirá a fogo". E qual será a atitude de Deus? De acordo com o
primeiro capítulo de Romanos, isso somente o provoca à ira.

O Grande Canhão

A maioria dos crentes norte-americanos concorda que, no que


tange a características naturais, o Grand Cânion * não tem rival
como manifestação visível da majestade de Deus. Poucos cidadãos
norte-americanos, sem embargo, reconhecem, conforme fizeram
David e Jane Rumph, que há aqueles que têm corrompido
sistematicamente esse fenômeno geográfico, tornando-o um
monumento da idolatria geográfica. Em um artigo recente, eles
disseram que uma "ira justa" borbotou de dentro deles, ao
contemplarem as perversas forças invisíveis, agora glorificadas pelas
características visíveis da natureza. É lamentável que a vasta
maioria dos pontos marcantes do Grand Cânion foram chamados
por nomes de principados e potestades das trevas. Alguns glorificam
os espíritos egípcios: a torre de Rá (ou Ré), a pirâmide de Quéops, o
templo de Osíris. Outros glorificam principados hindus: o ribeiro de
Vishnu, o santuário de Rama, o santuário de Krishna. Ou então
glorificam divindades gregas e romanas: o templo de Júpiter, o
templo de Juno, o templo de Vênus, só para fazer uma seleção ao
acaso. Adicionemos a isso o ribeiro do Panteão, o canhão
Assombrado e o ribeiro do Dragão de Cristal, e você terá aí uma
fórmula segura para provocar a ira de Deus.

* Na tradução para o português foi nomeado como Grande Canhão.


Gosto da reação do casal Rumph. Eles sugerem que
deveríamos "arrepender-nos humildemente em favor de nosso povo,
por causa de seu pecado coletivo, declarando que o lugar pertence,
com todos os direitos, a Deus, intercedendo diante do Senhor para
que o Senhor seja honrado ali, através de novos nomes".1

AFIRMANDO A CULTURA

Estamos vivendo em uma época, ao redor do mundo, mas so-


bretudo nos Estados Unidos da América, quando se está desenvol-
vendo um novo respeito pela cultura. Está-se tornando moda reafir-
mar a cultura e advogar uma sociedade multicultural. Mas não de-
vemos permitir que isso ponha uma venda nos crentes. Precisamos
entender isso à luz do que é visível e do que é invisível. Por detrás
de formas culturais, tal como por detrás das rochas de lava do Havaí,
pode jazer tanto o poder invisível do Criador quanto o poder invisível
dos demônios. Se ignorarmos isso, podemos tornar-nos desnecessa-
riamente vulneráveis diante de ondas devastadoras de uma
demonização em alto nível.
A cultura humana, conforme tenho mencionado, faz parte da
criação de Deus. Portanto, a cultura é boa em si mesma. Trata-se
de um dos elementos visíveis designados a glorificar o Criador. Esse
é um ponto tão crucial que quero reforçá-lo, fazendo referência à
questão tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento.

A Torre de Babel

O livro de Gênesis revela-nos as origens culturais. De acordo


com o capítulo onze do Gênesis, houve um tempo em que a raça
humana tinha uma única cultura. Mas o propósito original de Deus
era que a raça humana se espalhasse por toda a face do planeta,
formando culturas diversas. Os homens, porém, seguindo a sua
natureza decaída, pensaram que tinham um plano melhor que o de
Deus, e assim resolveram reverter o processo de dispersão
consolidando-se em torno de uma torre, a torre de Babel. E
começaram a construir deliberadamente a torre: "...para que não
sejamos espalhados sobre a face de toda a terra" (Gn 11.4).
A torre de Babel era uma estrutura visível. Qual seria o fator
invisível? Os arqueólogos dizem-nos que a torre tinha a forma de um
típico zigurate, uma bem conhecida estrutura antiga, que visava aos
propósitos do ocultismo. Eles desejavam contar com uma torre "cujo
cume toque nos céus", a fim de atrair o poder satânico que possibili-
tasse o seu movimento ecumênico. E, assim, estavam usando o
visível para glorificar a criatura, em vez do Criador.
A reação de Deus já era previsível. Deus ficou irado. Com um
único golpe, o Senhor arruinou os planos deles, confundindo-lhes
as línguas, e eles começaram a espalhar-se, conforme Deus tinha
determinado que fosse feito. E assim a raça humana terminou "nas
suas terras, cada qual segundo a sua língua, segundo as suas
famílias, entre as suas nações" (Gn 10.5).
Os eruditos da Bíblia estão divididos em suas opiniões se as
culturas humanas hoje existentes são um castigo de Deus (plano B
de Deus) ou são um propósito de Deus (plano A de Deus). Acredito
que as culturas fazem parte do propósito criador de Deus, plano A.
Por ocasião da torre de Babel, Deus não modificou os seus planos a
longo prazo, mas tão-somente os acelerou. De acordo com o meu
ponto-de-vista, o que poderia ter ocorrido através de séculos ou
milênios, aconteceu em um único instante.
Antes de tudo, é muito próprio de Deus produzir a diversidade.
Consideremos as diferentes variedades de borboletas que Deus criou.
Ou de peixes. Ou de flores. O mundo é muito melhor com a sua
diversidade do que sem ela. Culturas diversas, pois, ajustam-se ao
padrão divino seguido na criação.

O Dom Remidor

Cada cultura ou cada grupo étnico, ou mesmo cada nação,


entra com a sua contribuição particular, como nenhum outro
ajuntamento humano poderia fazer. Muitos, seguindo a obra
pioneira de John Dawson, Reconquiste Sua Cidade Para Deus,
referem-se a essa característica ímpar da cultura humana como um
"dom remidor".2 Um dos aspectos cruciais do mapeamento espiritual
consiste em identificar o dom remidor, ou então, conforme outros
crentes dizem, o propósito redentor de uma cidade, ou nação ou
qualquer outro formigueiro humano. De fato, essa é a sua parte mais
crucial. Em última análise, nosso alvo não é desmascarar as
fortalezas satânicas, nem expor o ludibrio do ocultismo, e nem
continuar efetuando o mapeamento espiritual, e nem amarrando os
principados e as potestades do diabo. Nosso alvo é restaurar a glória
de Deus quanto a cada detalhe de sua criação. Conhecer o dom
remidor de Deus que provê uma direção específica e positiva para
as nossas orações e para outras atividades da guerra espiritual.

Nosso alvo consiste em restaurar a glória de Deus em todos


os detalhes de sua criação. Conhecer o dom remidor de Deus
provê uma orientação específica e positiva para as nossas
orações e para outras atividades da guerra espiritual.

Se porventura restar qualquer dúvida se as culturas humanas


fariam parte do propósito intencional de Deus, isso deve ser
resolvido pela declaração do apóstolo Paulo, ao falar no Areópago de
Atenas. Ali, asseverou ele: "...de um só fez toda a geração dos
homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os
tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação" (At
17.26). E qual foi o propósito de Deus ao produzir tantos grupos
étnicos ou culturas diferentes? "...para que buscassem ao Senhor..."
(At 17.27). Isso exprime, com toda a clareza, um propósito remidor.

As Más Novas: A Cultura Corrompeu-se

As boas novas anunciam que as culturas humanas tinham por


desígnio glorificar a Deus. E as más novas afirmam que, em sua
maior parte, essas culturas não glorificam a Deus, pois Satanás
conseguiu corrompê-las. O alvo primário de Satanás é impedir que
Deus seja glorificado. Ele fez isso desde o princípio, ao provocar a
queda de Adão e Eva, corrompendo assim a própria natureza
humana, que fora criada segundo a imagem de Deus. E, então,
usando multidões de seres humanos depravados, ele tem levado
avante essa perversa atividade no nível da sociedade como um todo.
Paulo acompanha esse tema em seu sermão no Areópago, uma
mensagem inteira sobre o que é visível e o que é invisível. Ele pregou
esse sermão porque "o seu espírito se comovia, em si mesmo, vendo
a cidade tão entregue à idolatria" (At 17.16). Nesse sermão, Paulo
salientou duas formas culturais comuns, com grande freqüência
usadas para glorificar as forças demoníacas tenebrosas: os templos
e a arte. Atenas estava cheia de templos e, no entanto, "O Deus que
fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não
habita em templos feitos por mãos de homens" (At 17.24). Atenas
era famosa por suas obras de arte. Não obstante, "...não havemos
de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou
à pedra, esculpida por artifício e imaginação dos homens" (At 17.29).
Não há que duvidar que tanto a arquitetura quanto todas as
demais artes podem glorificar a Deus; e, assim, realmente acontece
em grande parte desses engenhos da inteligência humana. Mas
também podem servir de instrumentos prediletos para glorificação
da criatura, Satanás e suas cortes, e não do Criador.
Os antropólogos costumam analisar coisas como a arquitetura
e a arte, bem como o comportamento humano em várias culturas.
Eles são capazes de distinguir, e com notável exatidão, as formas,
as funções e os significados dos componentes culturais. Mas até
mesmo os melhores cientistas sociais só podem examinar aquilo que
é visível. Para que possam ir mais fundo do que isso já se tem de
apelar para uma dimensão que é estranha para a antropologia
cultural — o discernimento de espíritos. A antropologia vê a cultura
como ela parece ser, ao passo que o mapeamento espiritual tenta
enxergar a cultura como ela realmente é.
Os primeiros missionários evangélicos, destreinados como
eram na antropologia cultural, conforme o são os missionários
contemporâneos, caíam em um equívoco crasso. Quando
penetravam em outra cultura, sabiam que havia um inimigo
qualquer, mas concluíam erroneamente que esse inimigo era a
cultura diferente. Faziam o melhor que estava ao alcance deles, mas
deixavam para trás muitas coisas de que agora nos lamentamos.
Hoje compreendemos que nosso inimigo não é alguma cultura
diferente da nossa, e, sim, Satanás. Nossa tarefa central é distinguir
onde o invisível corrompeu o visível, e, então, cuidar do problema
mediante um encontro de poder (2 Co 10.4, 5).
Nosso alvo é bloquear a obra de Satanás e trazer à tona o dom
remidor de Deus, e não destruir a cultura de algum povo ou nação.
REAFIRMANDO AS CULTURAS NAS AMÉRICAS

Não é mister algum extraordinário discernimento de espíritos


para saber que uma das mais poderosas fortalezas do inimigo, na
sociedade norte-americana, remonta à escravidão, e que, em nossos
dias, manifesta-se de forma igualmente virulenta por meio do
racismo. Temos procurado e continuaremos buscando meios e
modos políticos para vencer essa corrupção da nossa sociedade,
embora pareça que cada passo para a frente produz um idêntico
passo para trás.
A Proclamação da Emancipação, feita por Lincoln, que libertou
os escravos norte-americanos, em 1863, foi um passo para a frente.
Mas houve em seguida um passo claro para trás, devido à resultante
supremacia branca, que desenvolveu padrões culturalmente perver-
sos como a "assimilação" (isto é, os negros precisavam tornar-se
como os brancos, a fim de serem aceitos), ou como o slogan
enganador, como "a América é um cadinho que dissolve tudo" (isto
é, todos os cidadãos americanos são iguais). Pois misturam uma
coisa boa — "todos deveríamos ser cegos para a cor da pele" — com
uma coisa ruim — "somos cegos para o nosso racismo".
Foram necessários cem anos, até que o Movimento dos Direitos
Civis da década de 1960 começou a propalar essas idéias. Foi então
que começamos a descobrir que o negro é bonito, e que os negros
podem continuar sendo negros e serem bons cidadãos norte-
americanos. Começamos a valorizar a cultura afro-americana, bem
como as culturas de nossas outras minorias norte-americanas. Esse
foi o passo para a frente. Mas o passo para trás, que é tão novo que
muitos nem ainda se deram conta do que está sucedendo, é uma
abertura perigosa e um tanto ingênua para o paganismo. Aqui é
onde ficam diretamente ligados o visível e o invisível.

Exagerando a Tolerância

A tolerância é o contrário da discriminação. No esforço por


reafirmar o pluralismo cultural, a tolerância torna-se um conceito
altamente valorizado. Grupos intolerantes, como a Ku Klux Klan,
são considerados desvios sociais infelizes em nossos dias. Esse é um
passo para a frente.
Meu temor é que, quando a tolerância torna-se exagerada,
pode haver dois passos para trás, e no fim tudo pode acabar pior do
que no começo. Isso é assim porque, embora as formas visíveis da
cultura possam ser neutras e mereçam ser toleradas, isso não
ocorre no caso de todos os poderes espirituais que se postam por
detrás de certas formas culturais. Salomão descobriu isso quando
trouxe mulheres de diferentes culturas para o seu harém. As
mulheres e as artes e artefatos que elas trouxeram de suas culturas
pagãs eram uma coisa. Os principados e potestades demoníacos que
vieram com aquelas mulheres eram algo bem diferente, o que
acabou provocando a queda de Salomão (ver 1 Rs 11.4-10). O que
era invisível veio na esteira do que era visível.
Em nossos dias, dos bons cidadãos norte-americanos espera-
se que eles tolerem qualquer coisa, desde estilos de vida próprios do
homossexualismo até às religiões orientais. Multiculturalismo é
uma espécie de senha nas universidades. Jornalistas, artistas,
mestres e juízes precisam ser "politicamente corretos". Mas notemos
aonde isso nos conduz. Quando a tolerância torna-se suprema, a
única coisa que não pode ser tolerada é a intolerância. O
cristianismo, por sua própria natureza, é visto como uma religião
intolerante, porque reivindica que Deus é absoluto, que a sua
Palavra é a verdade, que a sua moralidade é normativa, e que
somente por meio de Jesus Cristo os seres humanos perdidos
podem recuperar o seu relacionamento pessoal com ele. O
cristianismo bíblico, pois, está longe de ser considerado politica-
mente correto.
Eis a razão pela qual não podemos orar ou ler nossas Bíblias
ou apor os Dez Mandamentos nas paredes de nossas escolas
públicas. Esse também é o motivo pelo qual a universidade de
Washington está requerendo dos líderes da Campus Crusade que
assinem formulários requerendo que abram seus postos de
liderança a todos os estudantes, sem importar o credo religioso ou
a orientação sexual destes últimos. Tim Stafford noticiou: "Em
Stanford, as pessoas podem dizer praticamente qualquer coisa a
respeito dos homens brancos ou dos fundamentalistas religiosos;
mas ai daquele indivíduo que disser ou fizer qualquer coisa
considerada ofensiva para os oprimidos: as mulheres, os
homossexuais, os incapacitados ou as pessoas de cor".3
Isso já é ruim por si mesmo, mas o mais alarmante é que tais
atitudes estão começando a penetrar na corrente principal do
cristianismo bíblico. Pesquisas recentes, feitas por George Barna,
têm revelado que somente 23% dos crentes evangélicos e
regenerados acreditam que existe tal coisa como a verdade
absoluta!4 Não admira que alguns deles estejam questionando a
necessidade de um evangelismo agressivo. Para esses, talvez a fé em
Jesus Cristo, como Salvador e Senhor, na verdade não seja assim
tão crucial, afinal de contas!
Quando contemplamos esse fenômeno à luz do que é visível e
do que é invisível, não estamos jogando nenhum jogo cultural. Antes
estamos convidando novamente o paganismo para a nossa
sociedade, à guisa de tolerância. E isso fornece fortalezas para os
espíritos territoriais invadirem e assumirem o controle da vida de
nossa sociedade. Isso atrai a demonização da sociedade, bem como
o desastre final para um grande número de pessoas.

Que Fazem os Poderes das Trevas?

Quão perigoso é esse desenvolvimento? Quando as forças


demoníacas passam a controlar a sociedade, muitas coisas podem
acontecer. Na América do Norte estamos vendo algumas delas
começarem a acontecer diante de nossos olhos. Exemplificando:
1. Podem provocar o ressurgimento do racismo sob formas
novas e mais violentas. Minorias podem voltar-se contra outras
minorias, como os conflitos entre os afro-americanos e os coreo-
americanos, ou entre os hispano-americanos e os afro-americanos.
2. Podem forçar os sistemas legislativo e judiciário para que
legalizem supostos direitos de grupos que exercem pressão, sem
importar quão danificadoras sejam essas causas para a sociedade
como um todo, a longo prazo. Direitos exagerados dos animais,
direitos dos homossexuais, questões ambientais triviais e aborto por
conveniência são vistas como medidas politicamente corretas.
3. Podem abrir as portas para a decadência moral. Quando as
pessoas adoram a criatura, e não o Criador, a moralidade naufraga,
conforme o primeiro capítulo da epístola aos Romanos nos mostra
em termos inequívocos. A sociedade pode tornar-se tão ruim que
Deus entrega tal povo à vontade deles. Por três vezes, no primeiro
capítulo de Romanos, Paulo repete: "Deus entregou". Mas entregou-
os a quê? (1) Às "concupiscências de seus corações, à imundícia,
para desonrarem seus corpos entre si" (1.24); (2) "varão com varão,
cometendo torpeza" (1.27); (3) "a um sentimento perverso, para
fazerem coisas que não convém" (1.28). E isso é seguido por uma
das mais revoltantes listas de práticas pecaminosas que podem ser
encontradas na Bíblia. Lamentavelmente, cada item que há nessa
lista pode ser encontrado nas primeiras páginas dos jornais de
nossas cidades americanas, em nossos dias.

O DESAFIO DO DISCERNIMENTO ESPIRITUAL

Em um meio ambiente nacional e internacional, onde as


culturas estejam sendo afirmadas e onde a tolerância é esperada,
onde deveríamos traçar a linha divisória? Por uma parte, queremos
fazer valer a cultura. Afinal, Deus criou cada cultura e deu a ela um
dom ou dons remidores, para a sua glória. Por outra parte,
queremos desmascarar os ludíbrios satânicos que estão bloqueando
a emergência da glória de Deus. Queremos também identificar as
fortalezas espirituais, para então, seguindo os princípios bíblicos da
guerra espiritual, derrubar aquelas fortalezas e apresentar avisos de
expulsão às forças espirituais que estão por detrás dessas fortalezas
(ver 2 Co 10.2-5 e Ef 6.12). Quanto mais habilidosos nos tornarmos
no campo do mapeamento espiritual, mais eficazes nos
mostraremos no enfrentamento desse desafio.
Algumas vezes, saber onde traçar a linha é tarefa relativamente
fácil. Pode ser feito com o bom senso espiritual. Em outras oportu-
nidades, trata-se de uma situação delicada, que requer dons espiri-
tuais como a profecia e o discernimento de espíritos, além de consi-
derável experiência prática, no campo. Permita-me o leitor dar um
exemplo pessoal e um exemplo bíblico sobre como devemos traçar
essas linhas divisórias.

Limpando a Sala de Estar da Família Wagner

Os leitores de outros livros desta série já tomaram


conhecimento de que minha esposa, Dóris, e eu temos tido de
enfrentar espíritos malignos em nosso lar em Altadena, estado da
Califórnia. Em um dos livros desta série, intitulado Escudo de
Oração (Editora Bompastor), detalhei a história de como caí de uma
escada, em minha garagem, e de como creio que a intercessão de
Cathy Schaller, naquela ocasião, salvou a minha vida. As evidências
apontam na direção da obra direta de um espírito maligno. Em outro
livro, Oração de Guerra (Editora Bompastor), contei como Dóris
chegou a ver um espírito em nosso dormitório, e de como Cathy
Schaller e George Eckart, algum tempo depois, vieram à nossa casa
e exorcizaram os espíritos.
Cathy e George encontraram mais espíritos em nossa sala de
estar do que em qualquer outra dependência da casa. Ao partirem,
eles sentiam que tinham expulsado a todos os espíritos, excetuando
um, que eles discerniram estar vinculado a um puma de pedra da
cultura dos índios quíchuas, que havíamos adquirido quando
éramos missionários na Bolívia. O puma não era nenhuma
antigüidade, mas apenas uma reprodução para turistas; mas, a
despeito disso, o invisível se havia apegado àquele objeto visível.
Além do puma, tínhamos como decoração das paredes duas
máscaras pagãs, usadas pelos índios chiquitanos, além de duas
lâmpadas entalhadas na madeira, representando a cultura dos
índios aimaras.
Quando Dóris e eu voltamos do trabalho para casa, naquele
dia, tínhamos de tomar algumas decisões. Onde deveríamos traçar
a linha divisória? Tínhamos três coleções diferentes de objetos de
arte, de três das culturas indígenas da Bolívia.
1. O puma. Crendo que um espírito maligno se havia apegado
ao puma, a decisão a respeito foi simples. O puma precisava
desaparecer. Levamos o objeto para fora, quebramo-lo e jogamos os
pedaços na lata de lixo.
2. As máscaras. Se o discernimento de Cathy e George
estavam com a razão, então nenhum espírito se atrelara àquelas
máscaras. No entanto, aquelas máscaras não eram meras
reproduções para turistas. Elas haviam sido realmente usadas pelos
índios chiquitanos em suas cerimônias animistas, com o propósito
de glorificar a seus espíritos tribais. E, apesar do pouco que
sabíamos naqueles dias, aquilo nos pareceu razão suficiente para
nos livrarmos das máscaras, o que realmente fizemos.
3. As lâmpadas. As lâmpadas eram coisas bem diferentes.
Eram belas espécimes de arte nativa. Eram reproduções esculpidas
e envernizadas de Inti, o deus-sol, que era um dos espíritos
territoriais que dominavam os índios aimaras, que viviam em terras
altas. Essas lâmpadas eram os objetos mais dispendiosos que
tínhamos trazido da Bolívia para a nossa terra. Ajustavam-se
perfeitamente bem à nossa decoração. Não estavam carregadas de
demônios, como se dava com o puma. Assim sendo, discutimos e
resolvemos que as deveríamos considerar como objetos de arte
nativa, e não como ídolos de objetos imundos. E ficamos com as
lâmpadas.
Ficamos com elas até à primeira vez em que Cindy Jacobs
visitou a nossa residência. Cindy, autora do capítulo que se segue,
que trata das fortalezas demoníacas, estava muito à frente de Dóris
e de mim em seu discernimento de espíritos e em seu conhecimento
do mapeamento espiritual. Quando ela entrou em nossa sala de
estar então, com um olhar de choque em sua fisionomia, ela
perguntou, apontando para as lâmpadas: "O que aquelas coisas
estão fazendo aqui?" Explicamos que eram apenas lembranças
inocentes, que nos faziam lembrar de nossos dias na Bolívia. Então
Cindy disse gentilmente: "Bem, por que vocês não oram a respeito
delas?", e o assunto não veio à baila novamente.
Depois que Cindy foi embora, começamos a orar. Dessa vez,
Deus orientou-nos para tomarmos uma abordagem diferente em
nossa decisão. E finalmente percebemos que nunca tínhamos
perguntado a nós mesmos a mais crucial de todas as perguntas:
Aqueles objetos glorificavam a Deus? A luz daquilo que estávamos
entendendo na época sobre a verdade bíblica do visível e do invisível,
a resposta era um óbvio "não". As mãos que tinham feito aquelas
lâmpadas, por habilidosas que elas possam ter sido, "mudaram a
glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem
corruptível" (Rm 1.23). O resultado colimado era dar glória ao deus-
sol, Inti, que seria uma mera criatura, e não ao Criador. E assim as
lâmpadas também se foram!
Mais tarde, lemos em Deuteronômio 7.25, 26, trecho que se
refere às "imagens de escultura de seus deuses", exatamente aquilo
que eram nossas lâmpadas Intis. No mesmo trecho bíblico lemos que
um objeto desses é uma "abominação" ao nosso Deus, e logo em
seguida: "Não meterás, pois, abominação em tua casa, para que não
sejas anátema, assim como ela; de todo a detestarás, e de todo a
abominarás, porque anátema é". E, assim, percebemos claramente
o quão errados estávamos, ao considerarmos aquelas lâmpadas
como inocentes peças de arte nativa.
Nossa casa foi purificada. E foi apenas recentemente que nossa
filha já adulta, Becky, disse-nos que, quando era criança, ao
caminhar sozinha pela casa, nunca entrava na nossa sala de estar.
Ela não foi capaz de verbalizar as suas impressões na oportunidade,
mas ela sentia que a nossa sala de estar estava contaminada por
poderes das trevas. Quão ignorantes mostramos ser, nós, os pais
dela.

Como Paulo Traçou a Linha

Parece que os crentes de Corinto eram mais ou menos tão


ignorantes acerca do visível e do invisível quanto o casal Wagner. No
contexto daqueles crentes, o problema surgiu quando tiveram de
enfrentar a questão das carnes que tinham sido oferecidas a ídolos.
E Paulo ajudou-os onde deveriam traçar a linha, em 1 Coríntios 8-
10.
Devemos entender que os aspectos visíveis daquela questão,
aquela que envolvia ídolos e carne, não constituíam o problema
central. Paulo fez as seguintes perguntas retóricas: "Mas, que digo?
Que o ídolo é alguma coisa? Ou que o sacrificado ao ídolo é alguma
coisa?" (2 Co 10.19). A resposta óbvia a essas perguntas é "não". O
problema real acha-se nos demônios invisíveis que se postam por
detrás dessas coisas visíveis.
Os crentes de Corinto ordinariamente podiam conseguir carne
sacrificada a ídolos em três lugares: (1) No mercado público; (2) nas
residências de amigos, em ocasiões de encontros sociais; e (3) nos
próprios templos idólatras. Onde deveriam eles traçar a linha
divisória?
1. O mercado público. Podem ir e comprar carne ali, sem fazer
quaisquer indagações (ver 1 Co 10.25).
2. Jantar na casa de um amigo. Podem comer da carne, se
ninguém levantar qualquer questão a respeito. Porém, se for
anunciado que a carne fora oferecida a ídolos, não comam dela (ver
1 Co 10.7,28).
3. O templo idólatra. Não façam isso. Por quê? Porque, embora
os espíritos invisíveis possam não estar presentes na própria carne,
ou na sala de jantar do amigo, sem dúvida estão presentes nos
templos idólatras. Disse Paulo: "Antes digo que as coisas que os
gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, e não a Deus". E ele
prosseguiu: "E não quero que sejais participantes com os demônios"
(1 Co 10.20).
Nem sempre é fácil saber onde devem ser traçadas as linhas
divisórias. Mas sempre será sábio levantar três perguntas, sempre
que restar alguma dúvida:
• Isso poderia deixar-me sujeito a alguma influência
demoníaca direta?
• Isso dá qualquer aparência de mal?
• Isso glorifica a Deus?

Limites da Autoridade

Traçar a linha divisória é uma coisa. Entrar em ação direta


contra algum objeto ou comportamento é algo bem diferente. Pude
destruir os artefatos que estavam em minha sala de estar porque eu
era o proprietário legal deles, e, assim, estavam sob a minha
autoridade. Nem Becky e nem Cindy poderiam ter tomado tal
iniciativa, por mais que tivessem desejado fazê-lo. Em muitas
situações da vida, a presença de objetos visíveis que glorificam à
criatura, e não ao Criador, não depende de nós, e nada podemos
fazer a respeito.
Para exemplificar, o edifício onde Dóris e eu temos o nosso
escritório da A.D. 2000 United Prayer Track exibe uma estátua
grosseiramente imunda, logo em sua entrada. De fato, o dedo
daquela figura indesejável aponta diretamente para a janela do meu
escritório. Se eu tivesse autoridade para tanto, sem dúvida
removeria a estátua e a destruiria, mas não posso fazê-lo. E, assim,
visto que não posso tratar com o que é visível, tenho tratado com o
que é invisível.
Dóris e eu convidamos Cindy Jacobs para juntar-se em uma
purificação de nosso escritório, assim que nos mudamos para lá.
Ela quebrou o poder dos espíritos, dentro do escritório, e amarramos
quaisquer forças das trevas vinculadas à estátua; desde então o
escritório tem-se mostrado pacífico e agradável. Se ainda resta
algum poder espiritual e invisível por detrás da estátua, não sei dizê-
lo. Mas sei que agora estamos protegidos, por termos assumido a
autoridade no nome de Jesus, sobre aquela parte do edifício que
alugamos.

DEMONIZAÇÃO NACIONAL

Tenho procurado salientar que ignorar a realidade dos poderes


invisíveis, por detrás dos aspectos visíveis da vida diária, podem ter
efeitos sérios e mesmo devastadores, tanto para o indivíduo quanto
para a sociedade. Duas nações, ainda recentemente, tomaram
insensatas providências oficiais, no nível governamental mais alto,
convidando os principados demoníacos para virem controlar a sua
terra: o Haiti e o Japão.

O Haiti

Faz muito tempo que o Haiti é a nação mais pobre do


hemisfério ocidental. Através dos anos, a religião imposta pela Igreja
Católica Romana em nada tem ajudado o país. Um vigoroso trabalho
missionário protestante também não tem ajudado. A política não
tem ajudado. A ajuda financeira estrangeira, por igual modo, em
nada tem ajudado.
Talvez o maior raio de esperança de um futuro melhor para o
Haiti ocorreu em dezembro de 1990, quando Jean-Bertrand Aristide
tornou-se o primeiro presidente eleito democraticamente, em toda a
história do Haiti. Dentro de uma lista de onze candidatos, Aristide
recebeu 67% dos votos, um fenômeno relativamente raro, em elei-
ções multipartidárias.
As coisas pareciam estar melhorando. Poucos meses depois da
posse de Aristide como presidente, Jim Shahim noticiou: "Agora o
Haiti parece um lugar diferente". Diminuíram as violações dos direi-
tos humanos. Cessou o êxodo de pessoas por meio de embarcações.
Aristide, em uma visita que fez a Paris, recebeu promessas de qui-
nhentos milhões de dólares, para serem empregados em certa varie-
dade de projetos. As pessoas estavam falando sobre o novo aspecto
do país. Até mesmo um oponente político de Aristide chamou-o de
"o nosso messias de esperança".5
Preservando as raízes culturais. Mas foi então que Aristide, que
também é um padre católico-romano, cônscia ou inconscientemente,
cometeu um sério erro espiritual. A 14 de agosto de 1991, pediu
oficialmente que os principais macumbeiros do vodu dirigissem uma
observância nacional da cerimônia de vodu, chamada Boukmann, a
fim de rededicar a nação do Haiti aos espíritos dos mortos. Essa
cerimônia, conforme alguns dizem, envolve o sacrifício de animais e
até de seres humanos. Para quê? Segundo alegavam, para
"preservar as raízes culturais do Haiti".
Cerca de um mês mais tarde, a 29 de setembro de 1991,
Aristide foi derrubado do poder mediante um golpe militar. O Haiti
deu início a um mergulho sócio-econômico. Foi imposto um embargo
internacional sobre o país. A economia normal virtualmente deixou
de existir. Milhares de empregos se perderam, muitos
irrevogavelmente. Meses após o golpe, Howard W. French expediu
esta notícia: "Port-au-Prince, uma agitada cidade em tempos
normais, agora, por muitas vezes, mais parece uma empoeirada
cidade fantasma". Os serviços públicos foram suspensos por causa
de falta de gasolina, e o lixo foi sendo empilhado em montões cada
vez maiores, nas ruas. Muitos investidores estrangeiros desistiram
definitivamente do Haiti. A nação atingiu o ponto mais baixo na
escala da miséria humana.
O que aconteceu, na realidade? Os analistas políticos são
treinados para verem o que é visível. Esses dizem que Aristide foi
derrubado pelos ricos por ser ele um teólogo liberal que favorecia os
pobres. Ou então que os oficiais militares voltaram-se contra ele por
causa de sua política anti-drogas e seu desejo de formar uma
unidade de segurança fora do controle do exército. São também
apresentadas outras razões.
Os mapeadores espirituais, por sua vez, vêem o que é invisível.
Embora sem negarem a validade das análises políticas, esses cren-
tes vêem por detrás dessas razões as operações sinistras de poderes
espirituais que se utilizam de seres humanos e de estruturas sociais,
como as forças militares, visando às suas próprias finalidades. Não
somente os praticantes do vodu, mas também os espíritos
territoriais que governam o Haiti, ficaram deleitados ao aceitarem o
convite do presidente para que se instaurasse uma demonização
nacional. Uma vez que eles adquiriram as suas fortalezas legais para
vitimizarem as massas populares do Haiti, furtando, matando e des-
truindo, não tinham mais qualquer uso para o seu "amigo" Jean-
Bertrand Aristide, e assim relegaram-no ao rol dos que só serviam
para o monturo. Seu plano para "reafirmar a cultura haitiana" foi
um tiro pela culatra, porquanto ele não foi capaz de discernir o mal
invisível dentre o bem visível.

O Japão

De certa feita perguntei de David Yonggi Cho por qual motivo


ele pensava que as igrejas evangélicas crescem tão rapidamente na
Coréia, mas não no Japão. A resposta dele me surpreendeu. Embora
reconhecendo que há muitas razões para aquele fato, uma das
razões, aquela que ele sugeriu, foi que tinha havido sérios danos
contra a tradicional cultura coreana, em trinta e seis anos de
ocupação japonesa, e, subseqüentemente, por parte do comunismo
proveniente da Coréia do Norte. O cristianismo bíblico, pois, cresceu
relativamente sem o empecilho do paganismo tradicional coreano.
Por outro lado, a cultura japonesa tem permanecido
virtualmente intocada durante três mil anos. O paganismo está
profundamente arraigado no entretecido no Japão. Os espíritos que
controlam o Japão têm podido lançar profundas raízes, e não se
dispõem a permitir que o cristianismo tenha mais do que uma
presença meramente simbólica.
O mais sério retrocesso no domínio dos espíritos territoriais do
Japão ocorreu durante um período de sete anos, imediatamente
após a Segunda Guerra Mundial. A despeito de uma fachada budista,
os espíritos mais profundamente entrincheirados no Japão são os
principados que controlam o xintoísmo, que é uma forma
espiritualizada de nacionalismo. A principal figura visível,
empregada por esses anjos negros, é o imperador. Na mente popular
dos japoneses, o imperador é uma divindade. Mas como parte do
processo de paz, logo após a Segunda Guerra Mundial, o imperador
renegou publicamente essa condição de divindade, e o governo
japonês concordou em separar-se oficialmente de qualquer
instituição religiosa, incluindo o xintoísmo. O general MacArthur
convidou milhares de missionários evangélicos, muitos se
apresentaram, e o cristianismo cresceu bem durante aqueles anos
que agora são conhecidos como os "sete anos maravilhosos".
Durante mais de trinta anos, pareceu, no que é visível, que o
Japão está mantendo o seu status quo. Mas no mundo invisível, os
anjos negros pareciam estar recuperando o seu anterior domínio. O
crescimento da Igreja evangélica diminuiu até apenas engatinhar. E
então morreu o imperador Hiroíto, e seu filho, Akihito, tornou-se o
novo imperador. Uma questão crucial girou em torno da cerimônia
do Daijosi, o componente religioso da inauguração tradicional de
todos os imperadores japoneses. O Daijosi, um ritual de ocultismo e
adivinhação, coreografado, seria o clímax de um encontro sexual
entre novo imperador e a deusa-sol, Amaterasu Omikami, a principal
divindade que domina o Japão. Pouco muda se o contato sexual é
físico (um súcubo) ou se é espiritual. No mundo invisível, o
imperador e a deusa-sol tornam-se uma só carne, e, através de seu
líder supremo, a nação convida que os demônios venham controlá-
la.
Infelizmente para o Japão, tal qual como para o Haiti, uma
decisão insensata foi tomada, e o novo imperador resolveu reverter
a posição de seu pai, tomada após a Segunda Guerra Mundial, e
novamente, na mente popular, foi "deificado" mediante a cerimônia
do Daijosi. E não somente isso, mas o governo resolveu pagar as
despesas dos ritos que custaram vários milhões de dólares, apesar
dos veementes protestos dos líderes evangélicos japoneses.
Desde então, como se esperava, a aberta participação de
oficiais do governo, como líderes nacionais, em peregrinações e
cerimônias ligadas ao tradicional paganismo japonês está em
ascendência. O que isso significa para a nação japonesa, a longo
prazo, é algo que ainda teremos de ver. Mas enquanto este livro está
sendo preparado, a bolsa de valores do Japão, e seu efeito agitador
sobre as economias tanto do Japão como do mundo todo, está em
rápido declínio, como nunca antes acontecera, desde a Segunda
Guerra Mundial, um declínio que vem desde a cerimônia do Daijosi.
Que Dizer Sobre os Estados Unidos?

Os Estados Unidos da América são bastante diferentes do Haiti


e do Japão, ambos os quais contam com populações razoavelmente
homogêneas. A reafirmação das "raízes culturais haitianas" ou da
"tradicional cultura japonesa" tem um sentido largamente entendido.
Mas os Estados Unidos lideram o mundo quanto ao
multiculturalismo nacional. Nos Estados Unidos, a reafirmação só
poderia ocorrer se fosse feita de cultura em cultura.
No momento não é considerado "politicamente correto" reafir-
mar as nossas raízes culturais e coloniais anglo-americanas, proce-
dentes da Nova Inglaterra, da Virgínia, ou das raízes batavo-
americanas de Nova Iorque, ou das raízes germano-americanas da
Pennsylvania, ou mesmo das raízes escandinavo-americanas. Mui
significativamente, essas são as culturas norte-americanas que
foram mais profundamente influenciadas pelo cristianismo e que
emergiam da reforma protestante, por mais imperfeito que tenha
sido e continue sendo esse movimento cristão.
Antes, a nova excitação cultural que há nos Estados Unidos
parece girar em torno de culturas minoritárias, como a dos
indígenas norte-americanos, divididos em muitas tribos, os afro-
americanos, e vários asiáticos-americanos. Entre os hispano-
americanos tem surgido uma tendência que tem procurado diminuir
a herança espanhola européia, e tem procurado enfatizar as raízes
nativas dos astecas, dos maias ou dos incas. Conforme vem sendo
revelado pela nossa nova compreensão do visível e do invisível, essa
reafirmação cultural pode ser vista como passos criativos para a
frente, em favor de nossa nação, embora também sirva de convite
para uma séria queda espiritual.
O passo para a frente, conforme já foi frisado, está trazendo à
luz os dons remidores que Deus tem implantado em cada cultura, a
fim de glorificar a si mesmo. Nossas culturas são intrinsecamente
boas, porquanto refletem o Criador. Deveríamos afirmar isso em
cada uma das culturas que fazem parte dos Estados Unidos da
América.
Mas também precisamos reconhecer que Satanás tem
corrompido de tal forma as culturas que algumas de suas formas,
como a arte e a arquitetura, e, particularmente, alguns de seus
padrões de comportamento, como as danças e os ritos religiosos,
evidentemente visam a glorificar à criatura, e não ao Criador. As
culturas cujas raízes religiosas exaltam os espíritos demoníacos
precisam ser afirmadas com tanta cautela nos Estados Unidos,
quanto o têm sido no Haiti e no Japão. De outra sorte, as forças
invisíveis das trevas, assim convidadas para que intervenham na
vida nacional, certamente proliferarão e provocarão Deus à ira. Deus
não tolerará a prostituição espiritual nos Estados Unidos mais do
que tolerou em Judá, nos dias do profeta Jeremias, e o juízo divino
é o resultado previsível disso. Tristemente, em vez de vermos o alívio
do sofrimento humano, podemos ver esse sofrimento intensificar-se.

O Havaí Corre Perigo?

O Havaí, o qüinquagésimo estado norte-americano,


atualmente está vivendo em meio a um forte movimento, liderado
por algumas de suas principais figuras, que busca valorizar a
cultura havaiana. A 21 de agosto de 1992, o governador do Havaí,
um dos senadores norte-americanos e muitos outros oficiais do
governo participaram de um rito do paganismo tradicional do Havaí,
rotulado como "cerimônia de cura", em favor da desabitada ilha de
Kahoolawe. A cerimônia inclui o oferecimento de corais no altar
dedicado aos espíritos das trevas, bem como o ato de beber a
sagrada awa. Parley Kanakaole, líder que dirigiu o evento,
interpretou os atos dos oficiais do governo como se quisessem dizer:
"Sim, darei apoio à herança cultural do Havaí, e tudo quanto
significa ser um kanaka maoli (um verdadeiro havaiano)".7
Um propósito declarado desse processo seria reparar o dano
feito no Havaí pelo cristianismo. Referindo-se a esse evento, Laurel
Murphy diz que depois que os missionários cristãos chegaram, "co-
meçou a morrer o poder dos deuses havaianos, e, juntamente com
isso, o poder dos varões havaianos". Parley Kanakaole "sabia que o
novo heiau (templo) tinha de ser uma mua ha'i kupuna, o lugar de
adoração da família, no antigo Havaí, onde os homens invocavam os
antepassados em sua ajuda".8
Ironicamente, o lema do estado do Havaí é o seguinte: "A vida
da terra é perpetuada pela justiça". Isso reflete o dom remidor de
Deus para o Havaí. Essa justiça seria perpetuada se Jesus Cristo
fosse exaltado como legítimo Senhor do Havaí, redundando isso na
glória do Criador. Mas o contrário também é uma possibilidade: a
morte da terra é perpetuada pela injustiça. Conforme já pudemos
mencionar, a ira de Deus é vertida sobre as pessoas que "detêm a
verdade em injustiça" (Rm 1.18), quando elas glorificam antes a
criatura do que ao Criador. Minha oração é que isso não venha a
acontecer no Havaí.

CONCLUSÃO

Onde devemos traçar a linha divisória? O mapeamento


espiritual é uma tentativa para oferecer diretrizes. Ajuda-nos a saber
quando começamos a glorificar a criatura, em lugar do Criador.
Revela os poderes invisíveis, tanto bons quanto maus, por detrás
das realidades visíveis da vida diária. Provê aos homens novos
instrumentos para nos engajarmos e vencermos o inimigo, assim
abrindo o caminho para a propagação do Reino de Deus, a fim de
que sua glória se manifeste entre as nações.

Perguntas para refletir

1. Você pode pensar em quaisquer instâncias, à parte daquelas


mencionadas neste capítulo, onde pessoas tenham abertamente
dado glória à criatura, em vez do Criador?
2. Pense sobre os nomes demoníacos dados a certos pontos desta-
cados do Grand Cânion. Por que isso produz uma "ira justa" em
certas pessoas?
3. Sua cidade tem um dom remidor. Segundo você pensa, quais
são algumas possibilidades acerca do que consiste esse dom da
sua cidade? Que dizer sobre outras cidades próximas?
4. Discuta alguns pontos específicos dos perigos de afirmar o
paganismo, ao mesmo tempo em que se tenta recuperar culturas
antigas.
5. Revise a purificação da sala de estar da família Wagner. Você
teria removido o puma? as máscaras? as lâmpadas? Por quê?
Notas

1. RUMPH, Dave e Jane. "Idolatria Geográfica: Satanás Realmente É


Dono de Tudo Isso?" Body Life, junho de 1992, p. 13.
2. DAWSON, John. Taking Our Cities for God [Reconquiste Sua Ci-
dade Para Deus]. Lake Mary, FL, Creation House, 1989. p. 39.
3. STAFFORD, Tim. "Crentes no Campus e a Política do Novo Pensa-
mento", Christianity Today, 10 de fevereiro de 1992, p. 15.
4. BARNA, George. What Americans Believe. Ventura, CA, Regai
Books, 1991. p. 84.
5. SHAHIM, Jim. "Ilha de Esperança", American Way, 1o de outubro
de 1991,p. 57.
6. FRENCH, Howard W. "O Haiti paga caro pela derrubada de
Aristide", Pasadena Star News, 25 de dezembro de 1991, s.p.
7. MURPHY, Laurel. "Líderes e dignitários havaianos, chefes de
Kahoolawe", Maui News, 21 de agosto de 1992, s.p.
8. Idem, ibidem.

3. TRATANDO COM AS FORTALEZAS

Por Cindy Jacobs

Cindy Jacobs é uma líder de oração espiritualmente dotada.


Junto com seu marido, Mike, ela é co-fundadora da Generals of
Intercession, uma organização que congraça líderes de oração por
todo o globo, que visa a fazer intercessões estratégicas em favor de
cidades, nações e grupos étnicos não alcançados. Autora do livro
Possuindo as Portas do Inimigo (Editora Atos), Cindy viaja e
preleciona nacional e internacionalmente, e tem servido de
instrumento para ensinar a doutrina da unidade ao povo de Deus.
Ela também serve na International Board of Women's Aglow
Fellowship, além de ser uma das invocadoras a Spiritual Warfare
Network, da A.D. 2000 United Prayer Track.
Rosário, Argentina — uma cidade abastada e bela diante dos
nossos olhos naturais. No verão de 1992, os pastores de Rosário
convidaram-me para ensinar em uma reunião de toda uma cidade
para falar sobre "Como Quebrar Fortalezas do Ocultismo e da
Feitiçaria". Antes de partir para a Argentina, lamentei ao assistir,
pela televisão, notícias sobre as terríveis inundações da província
argentina de Santa Fé, onde está localizada a cidade de Rosário.
Enquanto eu observava a destruição causada pela inundação, co-
mecei a indagar se aquela inundação não seria resultante de alguma
maldição. Estaria a cidade debaixo de um ataque espiritual, por
causa dos pecados de seus habitantes? Ponderei a respeito ao
entrarmos na cidade para dirigir o seminário, e orei ao Senhor para
que revelasse o segredo e as coisas ocultas daquela cidade.
No segundo dia do seminário, vários de nós, da equipe da
Harvest Evangelism, fomos almoçar com um pastor local. Esse
pastor, um representante regional da igreja de Omar Cabrera, Visão
do Futuro (uma igreja argentina liderante na área da guerra
espiritual), tinha estado presente a um seminário sobre guerra
espiritual que eu tinha ensinado no ano anterior, em Mar del Plata,
e ele começou a contar-me como havia sido fundada a cidade de
Rosário.
Parece que um grupo de padres católicos-romanos estava
transportando uma estátua da Rainha do Céu de uma cidade para
outra. Enquanto viajavam, a imagem da Virgem do Rosário caiu por
quatro vezes da carroça no chão, no espaço de uma pequena
distância. Os padres, confiantes que a estátua lhes estava tentando
dizer que ela queria que ali fosse o seu santuário, estabeleceram o
que é agora a cidade de Rosário. E assim, a fundadora espiritual
dessa cidade não é outra senão a própria Rainha do Céu! Essas
foram revelações muito iluminadoras. Assim cheguei à conclusão de
que a minha suspeita original de que a cidade estava debaixo de
uma maldição bem poderia estar com a razão.
Naquela tarde, tive um encontro com alguns pastores de
Rosário e com um pequeno grupo de líderes, os quais pediram que
eu orasse pela cidade deles. Expliquei a eles que o mapeamento
espiritual da cidade poderia ajudá-los a localizar as fortalezas do
inimigo. Compartilhei com eles acerca de como a oração, feita acerca
das portas do inferno, em uma cidade, libera os cativos de Satanás
para que possam entrar no Reino de Deus. Eles ficaram muito
excitados! E a excitação deles só aumentou quando foi descrita a
informação que eu tinha recebido sobre a fundação da cidade.
Embora alguns daqueles líderes soubessem da ligação da Virgem do
Rosário com a cidade deles, eles não sabiam que ela mesma tinha
escolhido a cidade como a sua própria cidade. E assim as suas
mentes foram iluminadas ao perceberem que aquelas estátuas da
virgem estavam localizadas em cada um dos postos da prefeitura,
bem como na praça central da cidade. Alguns argentinos chegam a
chamar a Virgem do Rosário de "generala da cidade".

ORANDO POR UMA ESTRATÉGIA


Terminada a reunião, voltei ao meu quarto de hotel a fim de
orar. Eu sentia que o arrependimento em face da idolatria que envol-
ve a Virgem do Rosário era uma das chaves para solucionamento do
problema. Senti que o arrependimento poderia fazer parar a inunda-
ção, tanto na cidade como por toda a província de Santa Fé. Entre-
tanto, eu também sabia que uma situação perigosa poderia eclodir,
se eu desmascarasse publicamente a adoração da Rainha do Céu
como idolatria. A Argentina é uma nação católica-romana onde os
protestantes são considerados uma seita. Ademais, a veneração de
virgens, como a do Rosário, está por demais entranhada na cultura
argentina. Enquanto estudava e orava, sentia que o Senhor me esta-
va dando uma estratégia.
Mais tarde, já à noitinha, quando entrei no teatro repleto, em
companhia de minha intérprete, Dóris Cabrera, muitas orações de
meu coração estavam sendo dirigidas para o céu: "Senhor, dá-me as
palavras certas; fala por meu intermédio. Ajuda Dóris a interpretar
exatamente o que eu estiver dizendo".
A adoração ao Senhor, naquela reunião, foi tremenda.
Entreguei a minha mensagem adredemente preparada sobre o
mapeamento espiritual. No encerramento do culto, li o trecho de
Jeremias 7.16-19, que mostra como a adoração à Rainha do Céu
provocava Deus à ira. Também expliquei com cuidado que a Rainha
do Céu não é Maria, a mãe de Jesus. De fato, Maria jamais desejaria
ser chamada pelo nome dessa deusa demônio. Também mostrei que
não estamos honrando Maria, mãe de Jesus, quando a veneramos
como a Rainha do Céu.
Em lugar algum da Bíblia Maria é chamada de Rainha do Céu.
Então descrevi o julgamento contra os filisteus, devido à idolatria
deles, conforme se lê em Jeremias 47.2: "Assim diz o Senhor: Eis
que se levantam as águas do norte e tornar-se-ão em torrente
transbordante, e alagarão a terra e sua plenitude, a cidade e os que
moram nela; e os homens clamarão, e todos os moradores da terra
se lamentarão".
Podia-se ouvir um alfinete que caísse no chão, naquele teatro!
Então, pedi que os pastores viessem à frente. Tínhamos um bom
número representativo dos batistas, dos nazarenos e de outros
grupos, além de carismáticos e pentecostais. Perguntei ao pastor
Norberto Carlini se ele gostaria de dirigir uma oração de
arrependimento, em face da adoração à Rainha do Céu e da idolatria
em torno dela, para em seguida declarar que a cidade voltava a
pertencer ao Senhor Jesus. Ele e os demais líderes concordaram.
Quando eles se ajoelharam para orar, todos sentiram uma
avassaladora presença de Deus. As pessoas se humilharam diante
do Senhor e começaram a chorar em razão dos pecados da cidade.
Os pastores dirigiram uma oração de arrependimento que trovejou
com o poder e a autoridade de Deus. Cada um dos líderes,
individualmente, arrependeu-se, e, então, formando um grupo, eles
declararam que a cidade não mais pertencia à Rainha do Céu, e
deixaram o governo da cidade sobre os ombros do Rei Jesus. E o
regozijo ressoou até aos céus, enquanto adorávamos e agradecíamos
ao Senhor por aquela tremenda vitória.

A Inundação Retrocede

O que aconteceu à cidade, em resultado disso? Bem, uma coisa


pôde ser discernida quase prontamente. Quando voei de volta para
casa, poucos dias mais tarde, aconteceu-me ler o Buenos Aires
Herald. Um dos artigos dizia:

Estabilizam-se as Enchentes no Delta! Em Santa Fé, os ofi-


ciais da Defesa Civil anunciaram que a crista da enchente do
rio Paraná finalmente tinha começado a mover-se para o sul,
trazendo alívio imediato à população da província que enfren-
tava diariamente a ameaça de uma evacuação. Durante as
últimas duas semanas, o nível do rio vinha subindo
constantemente naquele distrito.1
O nível do rio Paraná baixou consideravelmente na capital pro-
vincial de Santa Fé e na cidade de Rosário. Isso serviu de prova, na
dimensão visível, que a maldição tinha sido quebrada e que a cidade
tinha sido libertada! Que tremendo testemunho em favor do poder
do arrependimento! A bênção de Deus foi derramada sobre a cidade,
enquanto as fortalezas da idolatria foram derrubadas.

QUE É O MAPEAMENTO ESPIRITUAL?

Como foi que descobrimos a fortaleza da veneração à Rainha


do Céu, na cidade argentina de Rosário? Por meio de algo que
estamos chamando de "mapeamento espiritual". Até onde vai o meu
conhecimento, a primeira pessoa a usar essa expressão,
"mapeamento espiritual", foi George Otis, Jr., em seu livro, The Last
of the Giants (Chosen Books). Embora muitos de nós, que têm
ministrado no campo da guerra espiritual, tenham ensinado, já faz
agora alguns anos, sobre a necessidade de pesquisar as cidades, a
fim de descobrirmos as fortalezas espirituais do inimigo, só de algum
tempo para cá o termo "mapeamento espiritual" tornou-se aceitável
para indicar essa forma de pesquisa.
Para sermos honestos, eu tinha alguma reserva quanto a essa
expressão, quando ouvi falar dela pela primeira vez. Para mim,
soava como algo próprio da Nova Era. Expressei a minha opinião a
respeito para diversos outros líderes evangélicos e passei algum
tempo orando sobre o assunto. Finalmente, cheguei à conclusão que
"mapeamento espiritual" é, realmente, um bom título descritivo para
essa forma de pesquisa acerca de uma cidade.
Sem embargo, em que consiste, exatamente, o mapeamento
espiritual? Em minha opinião, trata-se de fazer uma sondagem em
uma cidade, a fim de descobrir as incursões que Satanás tem feito
ali, incursões essas que impedem a propagação do evangelho,
mediante a evangelização da cidade para Cristo. George Otis, Jr.
afirmou que essa atividade nos permite ver como uma cidade
realmente é — e não apenas como ela parece ser. 2
Como é que você está vendo a sua cidade? Muitos pastores têm
sido chamados para dirigir igrejas, em cidades ou vilas que parecem
ser tranqüilas e pacíficas, somente para descobrirem que isso está
longe de ser a verdade. Outros passam anos em centros urbanos
violentos com pouca colheita e finalmente desistem, indo-se embora
queimados e desencorajados. Alguns pastores têm experimentado
desfechar a guerra espiritual, mas têm sentido que quase só fazem
lutar com sombras, pois as forças que atacam as suas igrejas, e as
famílias que fazem parte delas, são invisíveis e vingativas. Mas as
coisas não precisam seguir esse rumo. Deus é o estrategista por
excelência. Na Palavra de Deus existem princípios espirituais que
nos permitem declarar guerra contra as fortalezas de Satanás,
derrubar os seus fortins e libertar os cativos.
Uma pergunta com freqüência é feita, quando se discute esse
assunto, ou seja: "A Bíblia não diz que a terra é do Senhor, com tudo
quanto há nela e que nela vive?" Naturalmente, temos aí uma
verdade. Deus é o proprietário do globo terrestre. Mas também é
verdade que Satanás se intrometeu, apresentando reivindicações
falsas. A Bíblia diz, em 2 Coríntios 4.4, que Satanás se declarou
"deus deste século". Na verdade, ele tem conseguido cativar reinos
inteiros. Mui realisticamente, a maioria dos crentes olharia para as
suas cidades e diria: "Sei que a terra é do Senhor; mas o que
aconteceu à minha cidade?" Infelizmente, a maior parte dos crentes
não sabe o que deve ser feito para alterar essa situação.
Posso perceber um despertamento recente acerca de nossa res-
ponsabilidade para orarmos em prol de nossas cidades e de nossas
nações. Cerca de dois anos atrás, quando se reuniam certos
conveniados da Spiritual Warfare Network, o Senhor me
impressionou com a idéia de que estava ocorrendo uma reforma por
todas as igrejas. O grito de guerra em favor dessa nova reforma é:
"Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e, sim, contra
os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo
tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes"
(Ef 6.1,2). E também: "Porque as armas da nossa milícia não são
carnais, e, sim, poderosas em Deus para destruir fortalezas." (2 Co
10.4). Já experimentamos muitas técnicas no terreno do
evangelismo. Por que não submetemos a teste, por igual modo, a
oração?
Por que alguns crentes se debatem com o conceito de termos
de enfrentar um império maligno invisível? Charles Kraft, do
Seminário Teológico Fuller, tem trazido à tona muitos pontos de
discernimento quanto a essa questão, em seu livro, intitulado
Christianity with Power. De acordo com Kraft, vemos aquilo que
fomos ensinados a ver. Interpretamos a realidade de conformidade
com linhas culturalmente aprovadas, e assim somos ensinados a ver
as coisas seletivamente. Essa visão seletiva das coisas, para muitas
sociedades européias e americanas, está condicionada pela nossa
"visão global ocidental". Essa visão global nos leva a crer que
somente aquilo que aprendemos através da ciência, ou que podemos
discernir mediante os nossos cinco sentidos físicos, corresponde à
realidade. Mas Kraft prossegue, a fim de dizer: "Fomos ensinados a
crer somente nas coisas visíveis. Dizem-nos que 'ver é crer'. Se
pudermos ver algo, então esse algo deve existir. Mas se não
pudermos ver alguma coisa, então é que essa coisa não existe".3

PANO-DE-FUNDO DO NOVO TESTAMENTO

De que forma essa visão global tipicamente ocidental afeta a


Igreja? Em alguns casos, de forma apreciável. Alguns crentes
chegam mesmo a relegar as potestades territoriais, alistadas em
Efésios 6.12, ao terreno da mitologia. No entanto, Paulo recomendou
que lutássemos contra esses "principados e potestades". Se
realmente existem principados e poderes invisíveis, contra os quais
nos compete lutar, não deveríamos fazê-lo dotados de um
conhecimento esclarecido?
É interessante observar o número de livros eruditos que estão
sendo atualmente publicados e que nos ajudam a abrir os olhos para
o mundo, conforme Paulo deve tê-lo visto. Alguns dos melhores
dentre esses volumes foram escritos por Clinton Arnold, que ensina
o Novo Testamento na Talbot School of Theology. Arnold examinou
ali as crenças dos gregos, dos romanos e dos judeus, bem como os
ensinos de Jesus acerca das artes mágicas, da bruxaria e da
adivinhação. Os escritos do apóstolo Paulo estão salpicados de
referências escritas diretamente contra as fortalezas espirituais da
maldade em seus dias. Para exemplificar, a respeito da questão de
ingerir carnes sacrificadas a ídolos, na igreja em Corinto, no décimo
capítulo de 1 Coríntios, escreveu Arnold: "Um dos princípios
fundamentais que orientavam Paulo, em reação contra as situações
prevalentes na igreja em Corinto, era a sua convicção de que os
demônios animam a idolatria".4
Outro estudo fascinante sobre as fortalezas demoníacas,
relacionadas à deusa Diana dos Efésios, pode ser achado no livro
chamado I Suffer Not a Woman, cujos autores são Richard Clark
Kroeger e Catherine Clark Kroeger. Embora a tese desse livro verse
sobre o ministério das mulheres nas igrejas, também provê um
profundo discernimento quanto ao mundo que prevalecia em Éfeso,
que Paulo encontrou, segundo se vê no capítulo dezenove do livro
de Atos. Ali transpira uma cultura eivada de artes mágicas, feitiçaria
e adivinhação. O erudito livro dos Kroegers nos brinda com uma
vivida descrição da deusa Diana:

Ela estava adornada por uma coroa alta, modelada para


simbolizar as muralhas da cidade de Éfeso; e o seu peitoral
estava recoberto por protuberâncias como se fossem seios.
Por cima dessas coisas ela usava um colar de bolotas de
carvalho, algumas vezes circundadas pelos sinais do zodíaco;
pois Artemis (Diana) controlava os corpos celestes do
universo. Na parte da frente de sua estreita e rígida saia
havia fileiras de animais aos triplos, e aos lados havia abelhas
e rosetas — indicativos de seu domínio sobre o parto, a vida
animal e a fertilidade. Um elaborado sistema mágico
desenvolvera-se em torno da Ephesia Grammata, as seis
palavras místicas, escritas na estátua que representava a
deusa. O livro de Atos informa-nos que os recém-convertidos
crentes repudiaram esse sistema e queimaram os seus
dispendiosos livros de mágica (At 19.19).5

Não foi preciso que Paulo e seus colegas de ministério


visitassem a biblioteca da cidade e pesquisassem a história de Éfeso
para descobrirem quais poderes invisíveis operavam por detrás dos
aspectos visíveis da cidade. Os cidadãos de Éfeso sabiam que o
espírito territorial que dominava a cidade deles era Diana, tal como
os cidadãos da moderna cidade brasileira do Rio de Janeiro sabem
que o símbolo religioso mais distintivo dali é a estátua do "Cristo do
Corcovado". A necessidade que temos de fazer um mapeamento
espiritual de nossas cidades torna-se mais crucial principalmente
por causa de nossa visão panorâmica ocidental, que tende até
mesmo para pôr em dúvida a existência dos poderes espirituais
invisíveis da maldade. Paulo não enfrentava esse problema. E, a
propósito, nem Lucas o enfrentava, conforme demonstrou a erudita
de Yale, Susana Garett, em seu excelente volume, The Demise of the
Devil.6

FORTALEZAS

"Fortaleza" parece ser um vocábulo de sentido bastante ambí-


guo, em muito da linguagem de hoje. Precisamos ter certeza quanto
ao seu significado. Uma fortaleza espiritual é um lugar fortificado
que Satanás construiu a fim de exaltar a si mesmo, em oposição ao
conhecimento e aos planos de Deus.
Um dado importante, que não podemos afastar da mente, é que
Satanás tenta ocultar que realmente existem essas fortalezas espiri-
tuais. Ele as disfarça astuciosamente, sob a capa de alguma "cultu-
ra". Conforme Peter Wagner salientou no capítulo anterior, está ha-
vendo um ressurgimento da adoração de divindades antigas nas
culturas espalhadas por todo o globo terrestre. Essa é uma
estratégia do inimigo a fim de reempossar os principados
demoníacos sobre as nações de nossos dias. Particularmente em
nossa época, é essencial que aprendamos a avaliar a nossa cultura
à luz da Palavra de Deus. Somente sob o escrutínio da lâmpada da
revelação dada por Deus seremos capazes de libertar as cidades e
as nações do mundo dos poderes das trevas, a fim de prepararmos
os povos para a colheita espiritual. Não estou querendo dizer que
teremos de expelir cada força demoníaca isolada da terra, para
sempre. Nem mesmo Jesus fez isso. Não obstante, as nossas orações
libertarão muitas regiões da influência desses poderes, por algum
tempo, enquanto estivermos ocupados na colheita de almas.
Atualmente, para os missionários treinados na antropologia,
tornou-se comum eles estudarem a cultura dos povos aos quais são
enviados a ministrar. Esses princípios têm sido claramente
enunciados por especialistas no campo ao discursarem sobre
grupos étnicos ainda não alcançados pelo evangelho. Um dos
melhores desses compêndios é o de John Robb, intitulado The Power
of People Group Thinking. 7 Nos anos que se passaram, muitos
equívocos foram cometidos por missionários bem intencionados,
que não compreendiam as culturas dos povos entre os quais
labutavam. Não queremos lançar qualquer culpa sobre esses
primeiros missionários, mas também não desejamos repetir os erros
que cometeram.
Atualmente, os missionários evangélicos podem saber como as
culturas são analisadas, mas também não entendem a necessidade
de identificar os poderes espirituais por detrás da formação das
culturas. Talvez uma das fortalezas que faríamos bem em perscrutar
seja a idolatria da cultura propriamente dita. Nem tudo que faz parte
da cultura de um povo é necessariamente piedoso! Estamos
enviando missionários a nações onde as fortalezas demoníacas estão
profundamente entrincheiradas, e, no entanto, nós lhes fornecemos
pouca ou nenhuma intercessão estratégica, no tocante à nação ou
às suas famílias. Muitos desses missionários não dispõem de
qualquer instrumento que lhes permita reconhecer uma fortaleza
espiritual, e, muito menos, como devem enfrentá-la
estrategicamente.
Fortalezas espirituais específicas precisam ser destruídas a fim
de ser liberada a colheita em nossas cidades e nações. Em primeiro
lugar, é mister perceber que existem fortalezas espirituais nos níveis
pessoal e coletivo. Estamos muito mais familiarizados com o nível
pessoal do que com o nível coletivo. O nível coletivo foi aquele com-
batido por Daniel e Neemias, quando oraram pela nação de Israel.

A guerra espiritual não é alguma grande "jornada de poder".


Antes, é uma exibição dos atributos e caminhos de Deus,
diante de um mundo perdido e moribundo, que olha para ver
se realmente nós somos os vencedores, não sujeitos aos
poderes malignos desta era.

Neste capítulo, examinarei especificamente nove fortalezas


espirituais. George Otis., Jr. trata de uma décima, a saber, as
fortalezas territoriais, no primeiro capítulo deste livro. Embora com
certeza isso não esgote a lista de fortalezas do mal, essas são aquelas
que tenho podido identificar mais claramente, até agora.
I. Fortalezas Pessoais

Em seu excelente livro, Overcoming the Dominion of Darkness,


Gary Kinnaman descreveu as fortalezas espirituais como coisas que
Satanás edifica a fim de exercer influência sobre a vida de uma pes-
soa: pecados pessoais, pensamentos, sentimentos, atitudes e
padrões de comportamento.8
Uma das maneiras do Senhor de tratar com as fortalezas pes-
soais é mediante a aplicação dos padrões bíblicos de conduta. Penso
que esse é um importante portão para o reavivamento. Quando estu-
damos os grandes reavivamentos, quase invariavelmente lemos
sobre como o sentimento de santificação os dominou. Explico isso
com detalhes no meu livro, Possuindo as Portas do Inimigo (Editora
Atos), no capítulo, "Princípios do Coração Puro".
Um dos maiores empecilhos para Deus mover-se em nossas
cidades é o orgulho dos crentes. É tempo de clamar a Deus para
retirar as vendas de nossos olhos, a fim de que possamos ver o nosso
egoísmo, as nossas más atitudes e a nossa falta de caráter e
integridade. Dei meu apoio quando ouvi Bill Gothard dizer: "A
maturidade consiste em fazer o que é certo, mesmo quando ninguém
mais está olhando!" Nossos atos são contemplados por um Deus
Santo e por todo o exército do céu.
Precisamos imitar o caráter e a retidão de Deus. A guerra
espiritual não é alguma "jornada de poder". Antes, é a exibição dos
atributos e caminhos de Deus, diante de um mundo perdido que
olha para ver se realmente somos vencedores, não sujeitos aos
poderes malignos desta era.
Essas fortalezas espirituais, são "buracos em nossa armadura".
Aprendi esse princípio da parte de Joy Dawson, grande conhecedora
da Bíblia. Joy diz que quando temos motivos errados no coração,
como o orgulho ou atos egoístas, esses são como buracos feitos em
nossa armadura, que nos deixam abertos diante dos ataques do
inimigo. Mas essas aberturas são fechadas mediante o
arrependimento, diante de um Deus santo, e mediante o
arrependimento expresso a pessoas que porventura tenhamos
ofendido. Deus só exalta e confere a vitória aos humildes. Por meio
da humildade, do arrependimento e da santidade, as fortalezas
pessoais podem ser destruídas.
2. Fortalezas Mentais

Assevera o meu amigo, Ed Silvoso: "Uma fortaleza é uma mente


impregnada com desesperança, o que leva o crente a aceitar, como
incapaz de ser mudado, algo que ele sabe ser contrário à vontade de
Deus".9 Essa é a melhor definição que já encontrei.
As fortalezas podem ser edificadas em nossas mentes de várias
maneiras. O inimigo talvez nos tenha convencido de que a nossa
cidade jamais poderá ser ganha para o evangelho. Ele gosta de
estabelecer limites às coisas em que cremos. É possível que uma
cidade seja ganha para Cristo? Podem o prefeito, os vereadores, a
força policial, os advogados e os professores serem influenciados
pelo evangelho? Naturalmente que sim! Algumas vezes tornamo-nos
apenas "prisioneiros de guerra" em nossas igrejas. Satanás não se
importa se temos pouco pão e água e alguns poucos visitantes, mas
fica muito perturbado quando resolvemos influenciar a nossa cidade
inteira. Precisamos armar o espetáculo de um grande escape da
prisão! Em primeiro lugar, precisaremos derrubar as fortalezas
construídas em nossas mentes, que sussurram que isso não pode
ser feito.
Certa feita, em minha vida, ocorreu-me uma situação que
parecia irreparável. Um amigo tinha feito algo que me havia ferido
profundamente, e eu me senti traída. As circunstâncias eram tais
que parecia que nada mais poderia ser feito para solucionar o
problema. Por dois anos, eu não vi esse amigo, e nós não falamos
um com o outro. A restauração da amizade parecia sem solução
neste lado da vida. Eu não percebia, no momento, que havia uma
fortaleza mental que o diabo tinha conseguido construir em minha
mente. Satanás tinha-me enganado para acreditar que era urna
situação imutável. Essa fortaleza exaltava-se contra o conhecimento
de Deus, o qual garante: "Tudo é possível ao que crê". Como é óbvio,
por ter sido ofendida, preferi não crer na promessa de Deus. E
aquele aspecto de minha vida sofreu um aleijão.
Um dia, quando eu estava orando, ocorreu-me que eu tinha
crido em uma mentira. Pois nada é impossível para Deus! E comecei
a buscar o Senhor quanto a uma estratégia para consertar a brecha.
Eu sentia que precisava discutir a situação com aquela pessoa e
endireitar as coisas entre nós. Não foi fácil. Eu carecia de chegar a
um lugar onde houvesse perdão e cura. Finalmente, entendi o que
deveria fazer. Escrevi uma cartinha, garantindo àquele irmão o meu
amor, bem como eu lamentava toda aquela situação. Em adição,
expliquei, de maneira não-acusadora, como eu via aquela situação.
E terminei a carta perguntando se poderíamos conversar pelo
telefone, visto que ele morava a considerável distância de mim.
Depois de ter recebido a carta, aquele irmão telefonou para mim, e
o amor de Deus manifestou-se tão fortemente, durante o nosso
diálogo, que a situação foi totalmente remediada, e nosso
relacionamento amistoso foi restaurado.

3. Fortalezas Ideológicas

Gary Kinnaman diz que as fortalezas ideológicas "envolvem


uma visão global. Homens como Karl Marx, Charles Darwin e outros
afetaram particularmente as idéias filosóficas e religiosas ou não-
religiosas que influenciam a cultura e a sociedade".10
As fortalezas ideológicas são potencialmente capazes de afetar
culturas inteiras. Adolfo Hitler é um exemplo destacado desse fato.
Livros sobre Hitler e o Terceiro Reich estão revelando e trazendo à
tona os poderes ocultos por detrás do Terceiro Reich, que enfeitiça-
ram essencialmente uma nação inteira.
Filosofias, como a do humanismo, são poderosas e sedutoras.
A Nova Era está em ascensão, e, provavelmente, é uma das ameaças
mais sérias para o cristianismo bíblico nas nações ocidentais. Os
que militam na Nova Era são ensinados que podem invocar o poder
das forças demoníacas contra qualquer religião do mundo. Estão se
infiltrando rapidamente nas escolas de muitas nações, a fim de arre-
batarem as mentes de nossos filhos e estabelecerem suas ideologias
nos governos locais e nacionais.
Precisamos entender que essas fortalezas ideológicas são
inspiradas pelas forças invisíveis dos poderes das trevas, que
provocam a criação de estruturas e instituições sociais que levam
avante os seus propósitos. Não podemos exagerar quando
afirmamos: Nossa luta não é contra carne e sangue. Essas fortalezas
devem ser atacadas mediante uma intercessão contínua, bem
enfocada, inteligente, permanente, pelas igrejas evangélicas das
nações do mundo.
A igreja trancada em suas próprias paredes tem uma
mentalidade que diz que não somos responsáveis por qualquer coisa
que aconteça fora de nossas quatro paredes, fechando os olhos para
não ver a batalha real que ocorre em nossas cidades. Muitos
pastores e líderes estão atualmente despertando para perceber que
estão fugindo de Satanás, em vez de combaterem contra ele!

4. Fortalezas do Ocultismo

Encaro as fortalezas do ocultismo como uma aplicação


francamente maligna de muitas fortalezas ideológicas.
As fortalezas do ocultismo incluem fortalezas da feitiçaria, do
satanismo e da Nova Era, que convidam a operação dos chamados
espíritos guias. Operam como "propugnadores de poder" para os es-
píritos territoriais que dominam regiões geográficas.
Os espíritos territoriais que dominam uma cidade ou região são
grandemente fortalecidos pelos encantamentos, maldições rituais e
fetiches do ocultismo, usados pelas feiticeiras, bruxos e satanistas.
Os poderes das trevas que dominam ali manipulam os indivíduos
envolvidos no ocultismo para que obedeçam às suas ordens, na
tentativa de destruir o poder da Igreja e do Reino de Deus em uma
determinada área. Os líderes evangélicos por muitas vezes mostram-
se inconscientes quanto ao que realmente está sucedendo em suas
cidades. Muitos pastores e líderes evangélicos vivem pessoalmente
debaixo de tremendos ataques satânicos, e assim, ou nada
percebem do que está sucedendo, ou ficam tão desanimados,
desencorajados e exaustos que não podem combater contra o
assédio. Não se trata de algo que precisemos temer, mas que
devemos entender e combater, lutando contra os métodos astutos
do inimigo.
Uma das maneiras que os mentores do ocultismo usam em
seus ataques contra os líderes evangélicos é despachando maldições
contra eles. Isso é feito por meio de encantamentos, intercessões
malignas e jejuns. Diz Ezequiel 13.18: "Assim diz o Senhor Deus: Ai
das que cosem pulseiras mágicas para todos os braços e que fazem
véus para as cabeças de pessoas de toda estatura, para caçarem as
almas!" (V. R.) Dick Bernal, nosso colega da Spiritual Warfare
Network, escreveu um ótimo volume sobre o assunto, intitulado
Curses: What They Are and How to Break Them.11
Não há que duvidar que a invocação de maldições era praticada
tanto nos dias do Antigo Testamento quanto do Novo Testamento
(por exemplo, Isaías 8.19-22; Atos 19.19). E isso também acontece
hoje, quando tantos líderes evangélicos caem em pecados sexuais e
em i moralidade. Os líderes evangélicos precisam de intercessores
que os resguardem, mediante a oração, dessas maldições. O livro de
Peter Wagner, Escudo de Oração (Editora Bompastor) aborda esse
assunto com grande profundidade.
Como podemos determinar se alguém foi amaldiçoado? Eis al-
guns poucos dentre os sintomas possíveis:

 Enfermidade e estado doentio sem uma causa natural


 Confusão mental (pode ser provocada pelo controle da mente)
 Falta de sono
 Sonhos sexualmente explícitos e por demais freqüentes
 Cansaço extremo
 Atitudes negativas inexplicáveis.

Estou cônscio de que os sintomas acima sugeridos também


podem ter outras causas. Uma maneira de descobrir se um
problema é resultante ou não de uma maldição é que quando o seu
poder é quebrado, os sintomas desaparecem rapidamente. Uma
exceção a isso é quando a enfermidade proveniente de uma maldição
chegou a causar algum dano físico no corpo, quando então o corpo
precisa ser tratado, em adição à quebra da maldição.
Uma Maldição Vinda da Argentina. Uma das tarefas que divi-
dimos com os Generals of Intercession consiste em discernir e des-
truir as fortalezas sobre cidades. Em 1990, minha amiga Dóris
Wagner e eu fomos à cidade de Resistência, na Argentina, a fim de
orar com os líderes evangélicos, ensinar e discernir as fortalezas
espirituais que dominavam a cidade. Víctor Lorenzo referiu-se a essa
visita em seu capítulo (ver o sétimo capítulo deste livro). Um espírito
territorial particularmente incômodo era o San La Muerte,
literalmente, Santa Morte.
Treze templos estavam espalhados pela cidade, dedicados
especificamente à adoração de San La Muerte. A vida era ali tão sem
esperança que as pessoas acreditavam que se adorassem San La
Muerte pelo menos poderiam ter uma boa morte.
Quando voltei para casa, depois daquela jornada de oração, fui
sujeitada a um pesado ataque demoníaco. Certo domingo levantei-
me para ir ao culto na igreja, e, então, no meio da reunião, comecei
a perder as forças no corpo. No começo simplesmente pensei que me
havia fatigado em demasia; mas progredindo o dia, eu podia
perceber que alguma coisa havia de seriamente errado comigo.
Finalmente, contei a meu marido, Mike: "Querido, chame os nossos
intercessores e inicie uma corrente de orações de emergência. Sinto
que estou morrendo!" Era uma situação muito incomum. Eu nunca
havia me sentido daquela maneira, em toda a minha vida, e meu
marido nunca me tinha ouvido dizer coisas assim, antes daquela
ocasião. Visto que ele me ama muito, imediatamente chamou os
intercessores da Generals of Intercession, para que entrassem em
ação. Depois de cerca de uma hora, eu podia dizer que a maldição
havia sido anulada. No dia seguinte eu me sentia totalmente
recuperada e forte.
Depois que me recuperei, algo ficou realmente me perturbando
a mente. Que direito tinha uma maldição para atingir-me? Diz a
Bíblia em Provérbios 26.2: "...a maldição sem causa não virá". Isso
levou-me à conclusão de que deveria haver algum buraco em minha
armadura. Continuando eu dedicada à oração, o Senhor fez-me
lembrar de uma chamada telefônica que eu havia recebido no dia
anterior, de alguém a quem muito estimo. Essa pessoa dissera-me
que eu estava totalmente errada por estar ensinando como fazer
guerra espiritual, e que eu precisava desistir.
Deus mostrou-me que quando aquilo me ofendera, eu não
tinha perdoado aquela pessoa. Na oportunidade eu nem havia
pensado em perdoar, mas agora, de súbito, percebi ser aquilo uma
verdade! Havia pecado guardado em meu coração. Imediatamente
perdoei e busquei dois amigos crentes para pedir que orassem
comigo, para que o Senhor curasse o meu coração partido. No dia
seguinte, a pessoa que me tinha ofendido tornou a telefonar para
mim e me pediu que a perdoasse. Aquela pessoa simplesmente havia
sido usada como instrumento do inimigo, mas agora se tinha
arrependido profundamente, tal como eu havia feito, ao mostrar
aquela atitude indisposta a perdoar.

5. Fortalezas Sociais

Uma fortaleza social é a opressão que se instala sobre uma


cidade onde a injustiça social, o racismo e a pobreza — com os
problemas conseqüentes — levam as pessoas a acreditarem que
Deus não cuida das necessidades delas.
A Igreja está acordando lentamente para a sua
responsabilidade de atirar-se contra esse tipo de fortaleza.
Estudiosos como Walter Wink e Ron Sider são pioneiros nesse
terreno. O trecho de Romanos 12.21 fornece-nos os princípios
bíblicos para que possamos reagir devidamente: "Não te deixes
vencer do mal, mas vence o mal com o bem".
As maneiras de demolir essa fortaleza são fazer doações aos
pobres, abrigar aqueles que não têm onde morar, reconciliar as
raças e vestir aqueles que padecem necessidades. Jesus quer que
nos identifiquemos com os pobres e oprimidos, engajando-nos em
qualquer tipo de ação social e política que pudermos, usando as
armas espirituais do arrependimento e da intercessão. Essa
demonstração do amor de Deus é poderosa para debilitar o inimigo.

6. Fortalezas Entre Uma Cidade e a Igreja

Satanás tem conseguido enfiar cunhas entre a Igreja e as


cidades, o que serve para criar a mentalidade que diz: "Nós estamos
contra eles". A Igreja, amiudadas vezes, vê o governo da cidade como
um inimigo, e a cidade com freqüência encara a Igreja sob uma luz
negativa. Essa fortaleza só pode ser derrubada quando a Igreja
aprende a ser uma bênção para a cidade.
A Igreja deveria ser uma das primeiras instituições para a qual
os líderes de uma cidade deveriam voltar-se em tempos perturbados.
Em vez disso, é a última coisa a que tais líderes apelam; e por muitas
vezes nunca entram em contato com ela. Para que comece a haver
boas relações com suas cidades, algumas igrejas oferecem
banquetes aos membros da polícia local, ou fazem doações especiais
à cidade, ou patrocinam projetos que abençoam a cidade, como doar
parques para os poucos privilegiados.
A comunidade comercial de uma cidade por muitas vezes
considera que os crentes são as pessoas mais miseráveis e sovinas
que se pode encontrar. Muitas garçonetes não apreciam os crentes
porque eles se queixam muito e dão gorjetas extremamente
pequenas. Não podemos esquecer que somos a única Bíblia que
muitas pessoas conseguem ler.
Algumas igrejas envergonham suas cidades devido aos
pecados de seus líderes, ou por se tornarem um embaraço para a
sua comunidade. Talvez alguns pastores deveriam ir falar com os
líderes da cidade, arrependidos das iniqüidades de suas igrejas,
naquilo que diz respeito à cidade. A disposição de manter boas
relações entre a igreja e a cidade derruba as fortalezas de Satanás
nas mentes dos líderes de uma cidade, além de entravar a
capacidade deles de nos acusarem diante dos habitantes.

7. Sedes Satânicas

Uma sede satânica é uma localização geográfica que é


altamente oprimida e controlada demoniacamente por alguma
potestade das trevas. A partir daquela sede demoníaca o inimigo
declara guerra à cidade ou nação onde se encontra.
Em Apocalipse 2.13, a Bíblia refere-se a esse tipo de fortaleza
espiritual, que existia na cidade de Pérgamo. Parece que o Senhor
nos estava procurando revelar a estratégia empregada para edificar
fortalezas para a adoração de demônios (como se fossem deuses),
em certas regiões do mundo.

A Igreja de Deus é como uma hidrelétrica em uma nação, que


visa a destruir as obras do maligno. Agora ela está
despertando para a arma mais poderosa de seu arsenal — a
unidade.
A cidade de La Plata, na Argentina, é uma sede de Satanás no
que toca à maçonaria. A cidade inteira foi construída como se fosse
um templo para a adoração dos espíritos ligados à maçonaria. As
ruas foram traçadas de acordo com os símbolos da maçonaria, em
padrões de diagonais e praças, a cada seis ruas. O capítulo escrito
por Victor Lorenzo detalha o mapeamento espiritual dessa sede de
Satanás (ver o sétimo capítulo deste livro).

8. Fortalezas do Sectarismo

As fortalezas do sectarismo causam divisões entre as igrejas,


orgulho nas doutrinas e crenças, e idolatria de denominações ou
sistemas particulares de crenças, que levam as igrejas atingidas a
se isolarem do resto do Corpo de Cristo.
A definição que os dicionários nos dão acerca de um sectarista
é: "Alguém caracterizado por algum ponto-de-vista estreito ou
faccioso; de um corpo religioso cismático, bitolado".
Acredito que as fortalezas do sectarismo são as fortalezas mais
críticas e perigosas. A Bíblia diz que uma casa dividida contra si
mesma não pode subsistir (ver Mc 3.25). Muitas igrejas estão
divididas. Satanás tem enviado os seus melhores guerrilheiros
espirituais para acabar com a unidade entre amigos sob o mesmo
pacto, e, em alguns casos, tem levado a palma da vitória em alguns
entreveros em nossas cidades; mas não conseguirá ganhar a guerra
— isso nunca acontecerá!
A Igreja de Deus é a hidrelétrica de Deus nas nações, que visa
a destruir as obras do maligno. Agora ela está despertando para a
mais poderosa arma de seu arsenal — a unidade.
Essa não é nenhuma mensagem nova para a Igreja. Ela vem
sendo pregada faz anos. Tenho uma teoria que diz respeito à nossa
incapacidade de obter uma unidade interdenominacional há mais
tempo: Estávamos tão ocupados, brigando dentro de nossas
próprias denominações, que não podíamos manusear quaisquer
novas variáveis adicionadas à nossa situação.
A unidade torna-se crítica quando buscamos tomar as terras
prometidas de nossas cidades. Vamos examinar o padrão que foi
usado na conquista da Terra Prometida, e que nos foi dado no livro
de Josué:
A. Todas as tribos entraram juntas. Que são essas tribos atual-
mente? A tribo dos batistas, a tribo dos nazarenos, dos pentecostais,
dos congregacionais, dos carismáticos, e assim por diante.
B. Todas as tribos entraram ao mesmo tempo. Isso foi
necessário porque cada tribo tinha certas habilidades necessárias
para a conquista do território.
Eu costumava ser ingênua o bastante para pensar que o diabo
é que havia inventado as diversas denominações. Somente a minha
própria denominação evangélica poderia trazer o reavivamento.
Quando todos se tornassem idênticos a nós, então, sim, Deus
poderia começar a operar. Eu nem sabia que em mim havia uma
fortaleza do sectarismo. Foi então que acabei passando para a
renovação carismática, e cheguei a pensar que nós éramos aqueles
que poderíamos trazer o reavivamento, e que todos os outros grupos
evangélicos perderiam essa bênção. Finalmente, porém, o Senhor
começou a convencer-me de meu sectarismo.
C. Os sacerdotes iam à frente, levando a arca da aliança. Note-
mos que a água não se dividiu enquanto um líder de cada tribo tam-
bém não foi com a arca, até dentro do rio Jordão (ver Js 3.9-17). Por
muitas vezes, os membros das congregações dispõem-se mais à uni-
dade do que os seus líderes; mas é essencial que os líderes dêem o
exemplo. Várias razões possíveis para a falta de disposição para a
unidade, por parte dos líderes evangélicos, são estas:

 Orgulho doutrinário
 Temor da rejeição
 Idolatria quanto à denominação ou movimento
 Temor de perder os membros
 Exaustão devido a outras demandas ministeriais.

Uma das maneiras pelas quais o Senhor acabou com a minha


fortaleza sectária foi fazer-me pensar sobre a doutrina eterna. Talvez
você não tenha pensado sobre a doutrina eterna antes desta ocasião;
e, por esse motivo, permita-me fazer-lhe uma pergunta: Quando
você estiver diante do trono e Deus, o que ele haverá de perguntar
acerca do que você creu? Será que ele perguntará se você foi
batizado, ou se você participou da Ceia do Senhor? Será que ele
perguntará se você recebeu dons do Espírito? Ou será que ele
perguntará se você falou em línguas?
Não penso desse modo. Quando ele examinar o seu nome no
Livro da Vida do Cordeiro, o mais provável é que ele indague: "Você
nasceu do alto? Você foi lavado no sangue do Cordeiro?" Essa é a
doutrina eterna. As fortalezas do sectarismo nos deixam cegos para
essas realidades.

9. Fortalezas da Iniqüidade

As fortalezas da iniqüidade derivam-se dos pecados dos pais


que produzem iniqüidades ou fraquezas para com certos tipos de
pecado, nas gerações seguintes.
Minha compreensão inicial a esse respeito ocorreu quanto tive
de tratar com iniqüidades pessoais que passam de uma geração
para outra. Mais tarde, cheguei a entender que essas iniqüidades
também operam em culturas e acabam escravizando, algumas vezes
chegando a amaldiçoar nações inteiras, devido aos pecados de seus
fundadores. E essas fortalezas também afetam denominações e
igrejas, onde os pecados dos líderes tornam-se fortalezas ou
iniqüidades nas gerações sucessivas daquelas denominações ou
igrejas. Pois isso pode escancarar a porta para poderes demoníacos
que façam esses pecados entrarem numa igreja. Mas essas
iniqüidades com freqüência ficam escondidas por meio das tradições
eclesiásticas.
A fortaleza do tradicionalismo pode produzir o legalismo. As
culturas que têm suas raízes na veneração dos ancestrais mostram-
se especialmente susceptíveis a isso. Certa igreja em outro país re-
cusou-se a permitir que se escavasse o terreno em volta de uma
gigantesca árvore apodrecida, para que esta fosse arrancada e ce-
desse lugar a um novo edifício, porque o fundador da igreja tinha
plantado aquela árvore noventa anos antes. Esse tipo de legalismo
deixou os membros daquela igreja vulneráveis diante da servidão
aos demônios.
Outra igreja era conhecida por sua história de pecado sexual.
Os pastores e demais líderes arrependeram-se desses pecados na
vida da igreja deles. Chegaram mesmo a remover a pedra de esquina
de seu templo, que fora lançada pelo pastor que tinha cometido um
sério pecado de natureza sexual. Puseram no lugar dela uma nova
pedra de esquina, em nome de Jesus. Então ordenaram que toda
contaminação e pecado do fundador de sua igreja fossem quebrados.
Em resultado, eles conseguiram anular o poder do pecado sexual
em sua igreja. E a atmosfera espiritual mudou.
As nações também cometem iniqüidades. Os pecados dos
fundadores de uma nação e os habitantes daquela nação podem
atrair o juízo divino contra ela. Muitos crentes de hoje estão orando
as Escrituras, com base em 2 Crônicas 7.14: "Se o meu povo, que
se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha
face, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos
céus, perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra".
"Sararei a sua terra." Esse é um conceito bíblico interessante.
Daniel compreendeu bem essa questão, quando estava orando e cla-
mando a Deus como segue: "Pecamos, e cometemos iniqüidade..."
(Dn 9.5).
Neemias confessou ao Senhor: "Também eu e a casa de meu
pai pecamos" (Ne 1.6). E ele também confessou os pecados de Israel,
sua nação.
Os pecados das nações podem produzir fortalezas espirituais
de âmbito nacional, e estas afetam muitos aspectos da cultura do
povo que vive naquele país. Esses pecados também podem dar aos
poderes demoníacos territoriais o direito legal de demonizarem a
cultura daquela nação.
Em coisas assim é que consistem as portas do inferno.
Poderemos postar-nos de pé na esquina de uma rua, o dia inteiro,
gritando para que o diabo abandone a nossa cidade. Mas estaremos
agindo por pura presunção e apenas fazendo barulho, se Satanás
tiver o direito legal de governar, mediante os pecados dos habitantes
daquela cidade.
Quais são os pecados nacionais capazes de produzir fortalezas
espirituais? Como podemos descobrir as iniqüidades de uma nação?
Quais passos devemos tomar em oração, a fim de abandonarmos os
nossos caminhos ímpios e quebrar as iniqüidades que escravizam
as nossas nações? Essas são perguntas fundamentais em um
mapeamento espiritual. Algumas das respostas serão descritas,
detalhadamente, na segunda seção deste livro.

Perguntas para refletir

1. Cindy Jacobs acredita que a inundação parou na cidade de


Rosário, Argentina, porque, através da oração, foi suspensa uma
maldição que pairava sobre a cidade. Você concorda? Por quê?
2. Temos sido ensinados que "ver é crer". Fale sobre algumas das
falácias dessa afirmação, à luz do presente capítulo.
3. Cindy Jacobs explica que há nove tipos diferentes de fortalezas
espirituais. Procure verbalizar o que é uma fortaleza espiritual, em
um sentido geral. Como você explicaria isso a um amigo?
4. Leia em voz alta os nomes dos nove tipos de fortaleza espiritual.
Quantas delas você pode aplicar à sua própria cidade? Descreva
aquelas que melhor se aplicam a ela, de acordo com o seu conhe-
cimento das coisas.
5. Haverá alguma fortaleza de sectarismo em sua cidade? Nesse
caso, quais passos concretos podem ser tomados, nos próximos
seis meses, para enfraquecê-la?

Notas

1. "Delta Floods Stable", Buenos Aires Herald, domingo, 28 de


junho de 1992,p.4.
2. OTIS, JR., George. The Last of the Giants. Tarrytown, NI, Chosen
Books, 1991. p. 85.
3. KRAFT, Charles. Christianity With Power. Ann Arbor, MI, Servant
Publications, 1989. p. 24.
4. ARNOLD, Clinton. Powers of Darkness. Downers Grove, IL, Inter-
Varsity Press, 1992. p. 97. Ver também Ephesians: Power and
Magic. Grand Rapids, MI, Baker Book House, 1992.
5. KROEGER, Richard Clark & KROEGER, Catherine Clark. I Suffer
Not a Woman. Grand Rapids, MI, Baker Book House. p. 53, 4.
6. GARRETT, Susan R. The Demise of the Devil. Minneapolis, MN,
Fortress Press, 1989.
7. ROBB, John. Focus! The Power of People Group Thinking.
Monróvia, CA, MARC, 1989.
8. KANNAMAN, Gary. Overcoming the Dominion of Darkness.
Tarrytown, NI, Chosen Books, 1990. p. 54, 56-8.
9. SILVOSO, Edgardo (extraído de um memorando para apoiadores e
amigos sobre o "Plano Resistência"), 15 de setembro de 1990, p. 3.
10. KANNAMAN, p. 162 e 13.
11. BERNAL, Dick. Curses: What They Are and How to Break Them
(Companion Press, Box 351, Shippensburgo, PA 17257-0351).

4. MAPEAMENTO ESPIRITUAL PARA ORAÇÃO DE


AÇÃO PROFÉTICA

Por Kjell Sjöberg

Kjell Sjöberg durante anos tem sido reconhecido como pioneiro


da guerra espiritual em nível estratégico. Depois de ter sido líder dos
Intercessores pela Suécia durante dez anos, ele tem trabalhado em
muitas nações do mundo, a fim de ensinar seminários avançados
sobre a oração e para liderar equipes de oração. Autor do livro
Winning the Prayer War (Sovereign World), Kjell (que se pronuncia
"xel") é também o coordenador nacional da Suécia da Spiritual
Warfare Network da A.D. 2000 United Prayer Track.

"Mapeamento espiritual" é uma expressão que foi cunhada


para cobrir a pesquisa que fazemos antes daquilo que gosto de
chamar de "oração de ação". Como é óbvio, quando oramos,
podemos fazê-lo com maior eficiência se estivermos bem informados.
UM POVO QUE ORA BEM INFORMADO

Um intercessor que é meu amigo, também é homem de


negócios. Ele teve a oportunidade de ter um encontro com o nosso
primeiro-ministro, a fim de apresentar-lhe um projeto industrial. Ele
chegou bem munido com documentação, estando pronto para
responder a qualquer pergunta de natureza técnica ou econômica
que o primeiro-ministro lhe quisesse dirigir.
Pouco tempo depois, esse amigo estava buscando ao Senhor,
dentro da área da oração. Ele sentiu que o Senhor falava com ele e
lhe dirigia algumas perguntas: "Lembras-te de quando visitaste o
teu primeiro-ministro? Como foi que te preparaste para aquela
entrevista? E hoje estás buscando a minha face sobre uma questão
muito importante. Eu sou o Rei dos reis. Quanto te tens preparado
para estares bem informado sobre a área que agora me estás
apresentando?" Meu amigo confessou com honestidade: "Não me
preparei da mesma maneira como o fiz para ir falar com o primeiro-
ministro". Ele sentiu que o Senhor lhe dizia: "Então volta em outra
ocasião, quando estiveres melhor preparado, porque antes que eu te
responda a tua oração, quero que estejas plenamente informado".
Os intercessores evangélicos lêem jornais e assistem ao
noticiário pela televisão, e dali recebem responsabilidades
específicas de oração. A maioria dos intercessores anela por seguir
as notícias, porquanto as respostas às suas orações com freqüência
figuram na primeira página dos jornais. Portanto, costumo desafiar
os intercessores que assumem responsabilidades pelas cidades ou
nações para que se façam tão bem informados como um delegado
de polícia ou o editor de um jornal.
Houve um tempo em que os Intercessores pela Suécia, o minis-
tério ao qual sirvo, contavam com um "gabinete nas sombras", for-
mado por homens e mulheres que tinham por responsabilidade cui-
dar de cada pasta ministerial do governo. Eles eram nomeados como
vigilantes responsáveis para prover informações para aqueles que
estavam orando pela nação. Um deles era responsável pela ecologia,
outro pela indústria e o comércio, um terceiro pela agricultura, e
assim por diante.
Podemos orar no espírito e obter informações da parte do
Espírito Santo, mas também devemos orar com o nosso
entendimento. O conceito básico do mapeamento espiritual é que
precisamos estar o mais bem informados que nos for possível,
quando estivermos orando.

PESSOAS COM O DOM DO MAPEAMENTO

Quando seleciono os membros de minha equipe para uma


dada oração de ação, procuro reunir pessoas dotadas de certa
variedade de dons espirituais. Um pastor torna-se necessário entre
os guerreiros de oração, alguém que se responsabilize pela nossa
proteção e que cuide dos fracos, dos cansados e dos feridos. Há
outros que foram espiritualmente dotados para fazer mapeamento
espiritual. Sempre disponho de um ousado espião espiritual em
minha equipe.
Certa feita, quando um congresso mundial do espiritismo foi
efetuado na Suécia, nosso espião-em-chefe sentiu-se levado a
matricular-se como delegado. Ao mesmo tempo, ele convocou uma
conferência de oração, em uma igreja das proximidades. Ele
freqüentava as sessões do congresso espírita, recolhia informações
e, então, ia até à igreja evangélica, para informar os intercessores,
que usavam as informações na guerra espiritual. E o congresso
espírita terminou sendo um fracasso e um desastre econômico.
Não recomendo que todos façam o que ele fez. Ele é um daque-
les poucos que possui tais dons e chamada divina. Sem a orientação
divina, essas atividades podem ser presunçosas e perigosas.
A fim de espionar uma sociedade sueca que está tentando
reviver a antiga religião dos vikings, e está adorando os deuses Asas,
esse mesmo intercessor espião tornou-se membro daquela
sociedade. Naturalmente, ele não usou o seu verdadeiro nome. À
sua porta havia duas placas intercambiáveis, com nomes diferentes.
Ele está sempre bem informado acerca das atividades de grupos
como a Nova Era e os satanistas, e sempre mete o nariz em suas
atividades, a fim de acompanhar as informações de que precisam os
guerreiros de oração.
Atualmente, quando temos uma conferência de oração ou
estamos planejando uma oração de ação, usualmente temos um pa-
pel de pesquisas preparado de antemão e que trata da história da
cidade da perspectiva espiritual. E isso fornece aos guerreiros de
oração uma compreensão mais ampla sobre o campo de batalha na
qual estejam pelejando.

MAPEAMENTO ESPIRITUAL EM BERGSLAGEN, SUÉCIA

Existe uma área da Suécia chamada Bergslagen, onde o


número de membros das igrejas estavam diminuindo, e onde muitos
deles estavam desempregados. Houve a decisão de fechar a fundição
de ferro, onde trabalhavam cerca de seiscentos operários. Um
domingo à noite, a cidade inteira de Gränsberg protestou, apagando
todas as lâmpadas elétricas nas casas, nas ruas e nas lojas. O
noticiário pela televisão mostrou uma cidade inteiramente às
escuras. Foi uma demonstração de desesperança — como se os
habitantes não vissem futuro para a sua cidade. O preço das
propriedades desabou e se tornou quase impossível vender uma
casa.
Na ocasião, resolvemos iniciar uma guerra de oração por seis
meses, e terminar a nossa campanha de oração com um fim de
semana de proclamações vitoriosas de esperança quanto ao futuro.
Meu amigo, Lars Widerberg, o espião de nosso time de oração, fez o
mapeamento espiritual e descobriu que havia quinze centros da
Nova Era naquela área. De cada vez, através da história, em que a
liberdade de nossa nação se viu ameaçada, os fazendeiros de
Bergslagen é que se tornavam os guerreiros da liberdade que
salvavam o país. Bergslagen era o berço da indústria sueca, mas
agora estava caindo no olvido.
A primeira fábrica da história da Suécia, na oportunidade,
estava ocupada por uma comunidade ligada à Findhorn Foundation,
da Inglaterra, que confessa que Lúcifer é a sua fonte de poder. Para
os outros, parecíamos como um grupo ocupado em agradável
conversação; mas nós estávamos olhando nos olhos uns dos outros,
enquanto proclamávamos o Senhorio de Jesus sobre a comunidade.
Dois meses mais tarde, quatro membros daquela comunidade
aceitaram o Senhor Jesus e foram cheios do Espírito Santo. O
Senhor deu-nos assim os despojos de nossa oração de ação.
Lars também descobriu que na região e Bergslagen vivia um
médium espírita que se declarava canal do espírito de Jambres, um
egípcio que viveu três mil anos passados. Então organizamos um
ônibus de oração, cheio de intercessores, e paramos do lado de fora
de cada centro da Nova Era da cidade, a fim de orarmos. O ônibus
de oração também parou fora de cada prefeitura da região. E ali
oramos para que a liderança política local recebesse sabedoria, da
parte de Deus, para resolver os problemas de desemprego da região.
Oramos também para que usassem os fundos públicos de maneira
sábia e honesta e desfechamos guerra espiritual contra o espírito de
Jambres. Jambres foi um dos mágicos egípcios que resistiu a Moisés
e a Arão, na tentativa de impedir que o povo de Israel saísse do Egito.
Enfrentamos uma batalha renhida, e houve um período de
pesada oposição por parte da imprensa local, que não podia
compreender a nossa ousadia na proclamação de um novo dia para
Bergslagen. Naquela noite, quando desafiamos diretamente o
espírito de Jambres, a oposição começou e aumentou até ao fim de
semana, quando proclamamos um novo dia para Bergslagen. A
oposição levou-nos a acreditar que tínhamos acertado bem no alvo.
É bem possível que Jambres fosse o espírito territorial que dominava
toda aquela região.
No dia seguinte ao da proclamação da vitória, o governo conce-
deu um bilhão de coroas suecas (150 milhões de dólares norte-
americanos), para serem empregadas em toda aquela área.
Imediatamente subiram os preços das propriedades, ao mesmo
tempo que caía a taxa de desemprego. A fundição realmente cerrou
as portas, mas todos os operários conseguiram novas colocações.
Nossa oração de ação atraiu pastores e igrejas para se unirem, e eles
continuaram orando juntos. Quando a imprensa noticiou as
transformações havidas na área, eles usaram as mesmas palavras
que havíamos usado em nossas proclamações de oração, posto que
não tivessem destacado a relação de causa e efeito.

A ORAÇÃO E A GEOGRAFIA

A oração tem uma dimensão geográfica, pelo que muitos


intercessores experientes interessam-se por mapas. As paredes de
minha sala de orações estão recobertas de mapas. Em uma das
paredes há um mapa do mundo; em outra, há um gigantesco mapa
da cidade de Estocolmo. Tenho sido encorajado por alguns de meus
amigos, que também dispõem de mapas nas paredes de seus
gabinetes de oração. Por muitas vezes, fico de pé defronte do mapa
do mundo, quando estou orando.
Quando eu era jovem, Watchman Nee abriu os meus olhos
para a dimensão geográfica da oração, através de seu livro, O
Ministério de Oração da Igreja. 1

Ao ensinar-nos a orar, "venha o teu reino", o Senhor estava


dizendo que há um Reino de Deus no céu, mas não neste
mundo, pelo que devemos orar para que Deus amplie as fron-
teiras do Reino dos céus para que atinja esta terra. Na Bíblia,
o Reino de Deus aparece em termos geográficos, como tam-
bém em termos históricos. A história é uma questão de
tempo, ao passo que a geografia é uma questão de espaço.
De acordo com as Escrituras, o fator geográfico do Reino de
Deus ultrapassa de seu fator histórico. Disse o Senhor Jesus:
"Mas, se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, é
conseguintemente chegado a vós o reino de Deus" (Mt
12.28). Vemos aí um problema histórico? Não, mas vê-se
nisso uma questão geográfica. Onde quer que o Filho de Deus
expulse demônios pelo Espírito de Deus, aí está o Reino de
Deus. Portanto, durante este período de tempo, o Reino de
Deus é mais geográfico do que histórico. Se o nosso conceito
do Reino for somente histórico, teremos percebido apenas
um de seus lados, e não o Reino em sua inteireza.

O Senhor está chamando intercessores para que assumam res-


ponsabilidade por cidades, nações e grupos étnicos. As fronteiras
geográficas mostram-nos as nossas áreas de responsabilidade. De
acordo com o trecho de Atos 17.26, 27, o Senhor determinou os
limites da habitação dos seres humanos, a fim de que busquemos o
Senhor dentro dessas fronteiras. Temos enviado equipes de oração
que orem ao longo das fronteiras da Suécia. Dividimos a costa
marítima em cinqüenta segmentos e pedimos a alguma igreja ou
grupo de oração que caminhe ou viaje ao longo dessa porção dos
limites do país e ore.
Algumas vezes temos estado de pé nos limites de áreas
fechadas para o evangelho, e temos orado para que as nações abram
as suas portas. Por duas vezes, antes de o regime comunista cair na
Albânia, dirigi equipes de oração que oraram nas fronteiras daquele
país. Outros ocuparam-se em orações de ação semelhantes. Antes
de a Dinamarca ter o seu referendo, quando a maioria votou em
favor do acordo de Maastrich, com vistas a uma união européia, os
intercessores fizeram passeios de oração ao longo da fronteira entre
a Alemanha e a Dinamarca, porquanto sentiam que esse acordo
seria um retrocesso para o evangelho.

A GEOGRAFIA ESPIRITUAL NA BÍBLIA

A Bíblia empresta importância espiritual especial a certas


localidades geográficas. Para exemplificar, o Senhor designou uma
importância geográfica ímpar à Terra Prometida, muito diferente
daquilo que vemos nos mapas ordinários. Seis cidades foram
escolhidas como cidades de refúgio. Quarenta e oito cidades foram
dadas aos sacerdotes e aos levitas. Quando entraram na Terra
Prometida, os filhos de Israel deveriam procurar o lugar onde o
Senhor tinha escolhido para pôr o seu nome, para ali habitar. Davi
descobriu que esse lugar era a cidade de Jerusalém. Em algumas
áreas geográficas foram proclamadas bênçãos especiais, como
quando Moisés abençoou os descendentes de José, dizendo:
"Bendita do Senhor seja a sua terra, com o mais excelente dos céus,
com o orvalho, e com o abismo que jaz abaixo, e com as mais
excelentes novidades do sol... e com o mais excelente dos outeiros
eternos" (Dt 33.13-15).
Quando estava a atravessar a fronteira, vieram-lhe ao encontro
anjos de Deus. E ele exclamou: "Este é o exército de Deus". Por essa
razão, ele deu nome àquele lugar de Maanaim, que significa "dois
exércitos" (ver Gn 32.1, 2). Outro trecho da fronteira foi chamado de
Mizpá, que significa "vigia". Labão asseverou: "Vigie o Senhor entre
mim e ti, quando estivermos apartados um do outro" (Gn 31.49, V.
R.). E Jacó afirmou que para além daquela coluna ninguém passaria
com más intenções contra o outro (ver Gn 31.48-53).
Samuel levantou uma pedra na fronteira com os filisteus,
depois de havê-los derrotado. "...e chamou o seu nome Ebenézer; e
disse: Até aqui nos ajudou o Senhor". E assim os filisteus foram
subjugados, e nunca mais tentaram qualquer incursão no território
de Israel (ver 1 Sm 7.12, 13).
A GEOGRAFIA SAGRADA E O PLANEJAMENTO DE
CIDADES PELO OCULTISMO

O antropólogo norte-americano Johan Reinhard fez um


extenso estudo sobre as montanhas dos Andes, no Peru e na Bolívia.
Ao publicar seus achados na revista National Geographic, concluiu
ele: "A paisagem não é apenas uma região de impressionante
topografia, mas realmente é um complexo mapa religioso. As
montanhas são marcos espirituais, prenhes de significação
mágica".2
Reinhard asseverou que as montanhas sagradas estão ligadas
umas às outras sob o Illimani, a divindade principal das montanhas,
o qual classificaríamos como um espírito territorial. O artigo é
ilustrado com mapas dos montes e lagos sagrados da cadeia dos
Andes. Acerca de Machu Picchu, o berço do império inca, disse
Reinhard: "A localização de Machu Picchu permite uma combinação
de geografia sagrada e de alinhamentos astronômicos, talvez sem
igual nos Andes".3
Fico espiritualmente alerta quando leio sobre os rios, lagos,
fontes, florestas, parques, cidades e montes sagrados. Dizem as
Escrituras: "Os montes trarão paz ao povo, e os outeiros justiça" (Sl
72.3). Satanás pretende bloquear o fluxo de bênçãos que Deus
tenciona dar por meio de sua criação, razão pela qual atrai tantas
pessoas para adorarem locais geográficos. Todavia, temos visto
irrompimentos e uma atmosfera diferentes, depois de declararmos
guerra espiritual em lugares que tenham sido dedicados aos
demônios.
Quando fazemos mapeamento espiritual, por muitas vezes des-
cobrimos planejamentos de cidades por meio do ocultismo, cujas
raízes se acham na Babilônia e no Egito. Isso está ocorrendo em
cidades e subúrbios recém construídos, como aquilo que Víctor
Lorenzo descreveu no capítulo sete deste livro. Na cidade de
Babilônia, os portões da cidade eram dedicados aos deuses da
cidade, e um zigurate foi erigido bem no meio da cidade. Em muitas
capitais e cidades no mundo, encontramos obeliscos que, algumas
vezes, são construídos no ponto zero, de onde são medidas todas as
distâncias. Um obelisco é um símbolo fálico da maçonaria,
vinculado à fertilidade e tendo um formato que era sagrado desde a
remota Antigüidade, ao deus-sol dos egípcios, Rá ou Ré. Os obeliscos
e os postes tótemes eram erigidos como marcos, nos distritos dos
deuses a eles dedicados.
A Meditação Transcendental está edificando na Suécia uma
vila-modelo, em Skokloster, sob a direção de Maharishi, e de acordo
com a arquitetura hindu védica, chamada Sthapatya-Veda, a ciência
do meio ambiente perfeito para a vida. Essa ciência assegura que as
casas deveriam saudar o sol, pelo que todas as suas entradas deveri-
am estar voltadas para o leste. Por igual modo, todas as casas e ruas
deveriam ser edificadas formando uma espécie de tabuleiro, que se
alinhe com certas linhas e pontos de poder, de modo a não perturbar
o fluxo de energias psíquicas. A vila está sendo edificada como
centro de meditação bem no meio, e cada casa dispõe de uma
pequena torre de meditação.

ORAÇÕES DE ATOS PROFÉTICOS

As orações de atos proféticos só são efetuadas por ordem do


Senhor, no tempo perfeito determinado por ele, de acordo com a es-
tratégia que o Senhor tiver revelado a uma equipe de oração.
Antes que Gideão contasse com o seu exército de trezentos
guerreiros escolhidos, ele usou uma pequena força de espionagem
de dez homens, em uma das primeiras histórias de ação guerrilheira
do mundo. Gideão obedeceu à ordem do Senhor, dada durante a
noite, e tomou dez de seus homens para derrubar o altar de seu pai,
consagrado a Baal, tendo derrubado o poste-ídolo ao lado dele, para
em seguida edificar um tipo de altar apropriado ao Senhor, no
mesmo lugar (ver Jz 6.25-27). Foi uma oração de ação divinamente
determinada.
Elias é um grande exemplo para os intercessores. Veio a
palavra do Senhor a Elias, dizendo: "Levanta-te, desce para
encontrar-te com Acabe, rei de Israel... Eis que está na vinha de
Nabote..." (1 Rs 21.17, 18). Elias foi ao encontro de Acabe,
exatamente quando ele ia tomar posse da vinha, depois que Nabote
havia sido assassinado. Por igual modo, o Senhor nos está dando
tarefas divinas para que sejam cumpridas no lugar preciso,
combatendo o mal nos lugares elevados.
Parte do mapeamento espiritual consiste em pedir do Senhor
palavras e visões proféticas em prol de igreja, cidades e
nações... Deus levanta intercessores que cooperem com ele,
precisamente quando estão prestes a ocorrer mudanças que
poderiam abrir uma nação para o evangelho.

As orações de ação profética estão especificamente ligadas às


equipes de oração que são enviadas às linhas de fronteira de nações
fechadas ao evangelho. Essas equipes viajam até povos não alcança-
dos, a países muçulmanos, a áreas de desastres naturais, aos
quartéis-generais do inimigo, às fortalezas das riquezas materiais e
a lugares a que até mesmo anjos não gostam de ir.
As orações de ação profética com freqüência são geradas por
grupos que se reúnem sobre bases regulares para intercederem por
cidades e nações. Orações contínuas em favor de cidades e nações
formam uma base poderosa de onde nascem orações de ação profé-
tica, quando o Senhor fala com o grupo. Em seguida, uma equipe
menor é, com freqüência, escolhida e enviada em jornadas de oração
ou outras tarefas.
Como líder de uma equipe de oração, acredito que Deus me
tem como responsável pela proteção dos intercessores de minha
equipe. Sempre pergunto a mim mesmo: Até onde poderemos
avançar? Para o que o povo está preparado? Que prazo Deus está
determinando para nós? Meus intercessores serão maduros no
Espírito o suficiente para entender as coisas que estamos prestes a
fazer? Deus nos mostra muitas coisas, a respeito da oração de
guerra, que não seríamos sábios se as discutíssemos nas grandes
reuniões de oração. Após uma dessas reuniões mais amplas, com
freqüência convocamos um número menor de crentes dotados do
dom de discernimento para que haja um intenso acompanhamento.
Há ocasiões em que é prejudicial atrair a atenção do público em
geral ou permitir que a imprensa faça as suas coberturas e dê as
notícias.
POR QUE CHAMAMOS DE "PROFÉTICAS" AS ORAÇÕES DE
AÇÃO?

Ao descobrirmos algumas orações de ação, usamos o adjetivo


"profético", porquanto oramos para que uma palavra profética de
Deus tenha cumprimento. Parte do mapeamento espiritual consiste
em pedir do Senhor palavras e visões proféticas em prol de igrejas,
cidades e nações. Os profetas da Bíblia referiram-se a palavras pro-
féticas acerca de nações do Oriente Médio, como o Irã, o Iraque , o
Líbano, a Etiópia e Israel. Quando, recentemente, fizemos uma jor-
nada de oração profética ao Egito, oramos pelo cumprimento do
capítulo dezenove de Isaías, uma profecia dirigida contra o Egito.
Com freqüência usamos a palavra profética como uma arma, em
nossas orações.
Uma dimensão de tempo profético, na oração, também precisa
ser considerada. O Senhor nos está treinando para reconhecermos
a sua vontade acerca da questão de tempo certo. O Senhor quer que
intercessores façam-se presentes nos pontos nevrálgicos da história,
pois é ele quem "muda o tempo e as estações, remove reis e estabe-
lece reis..." (Daniel 2.21). Por conseguinte, Deus levanta
intercessores que cooperem com ele, precisamente quando estão
prestes a ocorrer mudanças que poderiam abrir uma nação para o
evangelho. Antes que possamos começar a edificar e implantar, é
mister desarraigar, derrubar, destruir e arruinar as estruturas do
império das trevas, conforme Deus disse a Jeremias (ver Jr 1.10).
Por muitas vezes, o Senhor nos tem ordenado reunir o povo de
Deus para orar, em certas datas, sem sabermos exatamente por qual
motivo. Por três vezes temos sido levados a convocar conferências
nacionais de oração, quando os grupos da Nova Era têm efetuado
suas conferências de âmbito nacional. Começamos e terminamos ao
mesmo tempo sem termos tido conhecimento anterior acerca do pro-
grama da Nova Era; mas de algum modo intuímos que Deus queria
que nos dedicássemos à oração na presença dele. Em Madri, chega-
mos a acumular duas conferências simultaneamente.
Em certas ocasiões, o Senhor nos tem exortado a orar quando
há alguma atividade intensa de alto nível no mundo do ocultismo.
Estes são dias em que o Reino de Deus está avançando e quando
novas portas se estão abrindo para a Igreja. Mas a igreja local que
dormita, enquanto Satanás mostra-se ativo, terminará deprimida e
derrotada.

Motivos Para a Oração de Ação Profética

Os intercessores são convocados para servirem aos


evangelistas e prepararem o caminho para a salvação de almas. São
chamados como um ministério sacerdotal para se postarem diante
do Senhor como representantes do povo crente, confessando os
pecados do povo e pedindo misericórdia.
O pecado individual impede que o crente tenha comunhão
íntima com Deus. E o pecado coletivo impede que o Espírito de Deus
se manifeste em uma comunidade. O Senhor tem planejado encher
a terra inteira com a sua glória. Porém, no passado têm acontecido
certas coisas que, infelizmente, velam a sua glória. Jesus falou aos
líderes religiosos, em Jerusalém, acerca do pecado coletivo da cidade
— o pecado de aquela cidade não ter recebido aqueles que tinham
sido enviados pelo Senhor. "Assim, vós mesmos testificais que sois
filhos dos que mataram os profetas. Enchei vós, pois, a medida de
vossos pais" (Mt 23.31, 32).
A culpa que nunca é resolvida torna-se um convite aberto para
os poderes demoníacos. Antes de podermos amarrar o valente,
precisamos tratar dos pecados que têm outorgado ao inimigo o
direito legal de se instalar em algum lugar. O diabo e seus
principados foram derrotados por Jesus, no Calvário, e não teriam
sido capazes de continuar atuando se não dependessem de antigos
convites feitos a eles, convites esses que nunca foram cancelados.
O profeta Oséias acusou o povo de Israel de não ter resolvido
um pecado que já vinha a duzentos e cinqüenta anos sendo
cometido: "Desde os dias de Gibeá pecaste, ó Israel, e nisto
permaneceste..." (Os 10.9, V. R. A.).
Moisés instruiu os anciãos, quando estivessem numa cidade,
sobre como deveriam cuidar de algum pecado coletivo. Depois que
uma pessoa fosse achada morta no campo, sem que se soubesse
quem foi o assassino, os anciãos da cidade próxima deveriam
oferecer um sacrifício e orar: "Sê propício ao teu povo Israel, que tu,
ó Senhor, resgataste, e não ponhas o sangue inocente no meio do
teu povo Israel." E a intercessão teria o seguinte efeito: "E aquele
sangue lhes será expiado. Assim tirarás o sangue inocente do meio
de ti, pois farás o que é reto aos olhos do Senhor" (Dt 21.8, 9).
E importante que compreendamos a diferença que se destaca
aqui entre o pecado individual e o pecado coletivo. Quando os incré-
dulos se arrependem e confessam seus pecados pessoais, confiando
em Jesus, eles são salvos. Ninguém mais pode tomar o lugar deles
e confessar os pecados deles em lugar deles. No entanto, não sucede
assim com o pecado coletivo. Os intercessores podem confessar o
pecado coletivo, mesmo que não tenham participado pessoalmente
dos pecados confessados; e, assim, alguma coisa que tenha desagra-
dado a Deus pode ser removida. Quando isso sucede, Deus pode
derramar o seu Santo Espírito, e, então, torna mais fácil para os
incrédulos ouvirem o evangelho de Cristo, arrependerem-se de seus
pecados e serem salvos. E assim que a intercessão em nível
estratégico pavimenta o caminho para que haja um evangelismo
eficaz.
Esdras forneceu-nos exemplo disso. Quando ele agonizava
diante de Deus, confessando os pecados de seus antepassados,
clamou: "Desde os dias de nossos pais até ao dia de hoje estamos
em grande culpa, e por causa das nossas iniqüidade fomos
entregues, nós, os nossos reis, e os nossos sacerdotes, na mão dos
reis das terras, à espada, ao cativeiro, e ao roubo, e à confusão de
rosto, como hoje se vê" (Ed 9.7).

SETE QUESTÕES CRUCIAIS ACERCA DO MAPEAMENTO


ESPIRITUAL

Até esta altura, tenho abordado alguns dos princípios


fundamentais do mapeamento espiritual que temos podido respigar
através de anos de orações de ação profética. Por meio da
experiência, temos obtido algum discernimento sobre o tipo de
pesquisa que é mais valioso do que outros, para conferir orientação
aos pastores e intercessores, para que seja conquistada alguma
cidade ou região para Deus. Sete perguntas cruciais, que temos
descoberto serem as mais úteis, têm vindo à superfície quanto ao
tipo de oração de guerra que Deus usa mais consistentemente no
que diz respeito a mim e aos meus colegas. Outras perguntas,
contudo, poderiam ser mais úteis do que essas, para aqueles que
receberem outras tarefas a cumprir.

1. Quais são os deuses principais da nação?

Quando o Senhor libertou o povo de Israel do Egito, disse:


"...sobre todos os deuses do Egito farei juízos; eu sou o Senhor" (Êx
12.12). Quando oramos pela liberdade do povo da União Soviética,
primeiramente preparamos uma lista de seus deuses e pedimos que
o Senhor julgasse todos os seus deuses. Quando vou a alguma
nação, usualmente procuro descobrir qual deus o presidente ou rei
daquela nação costuma adorar, e quais deuses são adorados pelos
grandes homens de negócios.
O deus grego Hermes, cujo nome romano é Mercúrio, é honrado
em muitas nações pela comunidade empresarial. Podemos
encontrar a sua estátua em algumas das grandes bolsas de valores
do mundo. Hermes é protetor dos homens de negócio, dos ladrões e
dos oradores. De acordo com a mitologia grega, ele era o principal
dos ladrões. Por detrás de muitos ídolos existem demônios que
requerem adoração.
Estando em Tóquio, sentimo-nos impulsionados a orar diante
da Bolsa de Valores, e, em nome de Jesus, removemos Hermes de
sua posição de protetor dos ladrões. Isso ocorreu por ocasião da
cerimônia do Daijosi, descrita por Peter Wagner (ver o segundo
capítulo deste livro). Depois de novembro de 1990, um caso após
outro de corrupção foi desmascarado na Bolsa de Valores de Tóquio.
E ela nunca mais foi a mesma coisa desde então, em uma situação
que prossegue, enquanto escrevo este livro. Deus odeia a ganância,
e talvez estejamos vendo nisso um julgamento divino.

2. Quais são os altares, os lugares elevados e os templos ligados à


adoração dos deuses da fertilidade?

Quando Abraão chegou à Terra Prometida, ele edificou um


altar a Deus e invocou sobre ele o nome do Senhor (ver Gn 12.8).
Erigir um altar era incluir um território no pacto entre Deus e o seu
povo escolhido. Aquele território, por assim dizer, entrava em
relação de pacto com o Senhor. Quando os pagãos edificam altares
aos seus deuses, eles fazem o seu território entrar em pacto com os
ídolos e com os anjos malignos que estão por detrás desses ídolos.
Eis a maneira de tomar posse da terra: "Totalmente destruireis
todos os lugares onde as nações que possuireis serviram os seus
deuses, sobre as altas montanhas, e sobre os outeiros, e debaixo de
toda a árvore verde; e derribareis os seus altares, e quebrareis as
suas estátuas, e os seus bosques queimareis a fogo, e abatereis as
imagens esculpidas dos seus deuses, e apagareis o seu nome
daquele lugar" (Dt 12.2, 3). Essa é a chave para que nações sejam
abertas para o evangelho. Nos tempos do Novo Testamento, fazemos
isso mediante a oração de guerra. Antes de uma oração de ação
profética, precisamos mapear todos os lugares altos e seus altares,
dedicados a outros deuses. Também devemos pesquisar para
descobrir se eles foram reativados e estão sendo usados hoje em dia
por grupos que seguem as artes ocultas.

3. Líderes políticos, como reis, presidentes ou chefes tribais, têm-


se dedicado a algum "deus" vivo?

Isso não é tão incomum como alguns poderiam pensar. O


fundador de alguma nação foi exaltado para que viesse a ser adorado
como se fosse uma divindade? Temos encontrado poetas, heróis,
santos e generais nacionais elevados à posição de deuses, após a
sua morte. Sempre que reis ou líderes políticos se têm tornado
deuses, sendo adorados por seus súditos, eles têm tomado o lugar
que pertence legitimamente a Jesus. O imperador do Japão é um
exemplo disso, conforme Peter Wagner salientou (ver o segundo
capítulo deste livro).
Entre as tribos e nações que resistem ao evangelho, por muitas
vezes achamos essa lealdade que serve de obstáculo à liberdade do
evangelho. Esse é um método com freqüência usado hoje em dia
pelos ditadores, para criarem uma falsa unidade e uma obediência
cega da parte dos habitantes. Deus enviou um anjo para derrubar
Herodes, que estava aceitando adoração como se fosse um deus vivo.
E, depois que esse empecilho foi removido, Lucas foi capaz de
escrever: "E a palavra de Deus crescia e se multiplicava" (At 12.24).
4. Tem havido derramamento de sangue, um poluente da terra?

Durante o reinado de Davi, a fome se instalou no país por três


anos sucessivos. Davi buscou a face do Senhor, e o Senhor disse: "É
por causa de Saul e da sua casa sanguinária, porque matou os
gibeonitas" (2 Sm 21.1). Davi tratou da culpa de sangue, que estava
provocando escassez de alimentos, segundo as normas do Antigo
Testamento, e Deus respondeu às orações em favor da terra. A
colheita foi salva de posteriores destruições.

5. Como foi lançada a pedra fundamental da cidade ou nação em


pauta?

"E os que de ti procederem edificarão os lugares, antigamente


assolados; e levantarás os fundamentos de geração em geração; e
chamar-te-ão reparador das roturas, e restaurador de veredas para
morar" (Is 58.12).
Um grupo de pesquisas estudou a história de Sidnei, na
Austrália, e descobriu que toda uma tribo de aborígines fora varrida
do mapa quando a cidade foi construída. Outra cidade tinha sido
fundada mediante documentos forjados. O fundador da cidade
precisara fugir quando se descobriu que aqueles que tinham
vendido aquelas terras tinham sido enganados. Em certa área tribal
foi fundada uma cidade mediante um tratado feito com uma tribo.
Mas pouco depois o tratado foi quebrado, mas aqueles que tinham
violado o tratado com a tribo em foco subseqüentemente fizeram
ruas serem chamadas por seus nomes. E quando as pessoas da
tribo percorrem hoje em dia por aquelas ruas, são lembradas das
pessoas desonestas que as iludiram.
Aalborg, na Dinamarca, foi originalmente fundada como um
mercado de escravos, onde os vikings podiam vender seus
prisioneiros de guerra como escravos. Uma cidade fundada em cima
de tanto sangue e crime naturalmente está debaixo de uma maldição.
Não admira que as igrejas não possam crescer em um solo
amaldiçoado ou que algum anjo negro de Satanás tenha podido
estabelecer ali o seu trono, desde o começo da cidade. Disse o
Senhor por meio de Ezequiel: "Derribarei a parede que rebocastes
de cal não adubada, e darei com ela por terra, e o seu fundamento
se descobrirá..." (Ez 13.14). Por intermédio do mapeamento
espiritual, o Senhor está hoje deixando desnudos os alicerces,
conforme Víctor Lorenzo demonstra acerca de La Plata, Argentina
(ver o sétimo capítulo deste livro).

6. Como têm sido recebidos os mensageiros de Deus?

"E, se ninguém não vos receber, nem escutar as vossas


palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos
pés" (Mt 10.14). Esse ato fará o julgamento de Deus sobrevir a uma
cidade que se mostre assim pouco acolhedora.
Um pastor de Mallakka, na Malásia, disse-me que a sua igreja
não crescia, e que outras igrejas da cidade também não cresciam.
Alguma coisa estava bloqueando os seus esforços evangelísticos.
Então veio um profeta da Inglaterra a Mallakka, que tinha lido a
história de como o missionário católico-romano, Francisco Xavier,
havia deixado a cidade de Mallakka. O povo não deu ouvidos a
Xavier, pelo que ele subiu a um monte e literalmente sacudiu o pó
de seus pés. O profeta inglês levou um grupo de pastores de
Mallakka até ao mesmo monte, onde arrependeram-se em lugar dos
antigos habitantes, porque a cidade não tinha recebido um servo de
Deus fazia mais de quatrocentos anos. Assim a maldição foi
interrompida e o pastor disse que a partir daquele dia a sua igreja
começou a crescer. Existem outras igrejas e cidades debaixo do
julgamento de Deus, por não terem recebido servos de Deus, razão
por que aquele solo é tão estéril.

7. Como foram edificadas as antigas sedes de autoridade?

O mapeamento espiritual, com vistas às orações de ação


profética, nos conduz a novas áreas.
Para exemplificar, em algumas nações africanas, onde já há
uma elevada porcentagem de crentes nacionais, o tempo está
maduro para que mais nacionais sejam postos em posições de
liderança. Quando oramos em favor de eleições e de candidatos
evangélicos, temos descoberto que precisamos desmantelar as
antigas sedes de autoridade, para que haja líderes piedosos em
posições de autoridade.

Precisamos da mais elevada precisão de pontaria para atingir


o inimigo, em seu ponto mais vulnerável. Na batalha, a
sabedoria consiste em obter a vitória sem desperdiçar
munição.

As antigas sedes de autoridade com freqüência foram


edificadas mediante acordos com os ídolos. O ofício presidencial
talvez tenha sido dedicado ao mais poderoso espírito territorial do
presente, como também aos mortos — seus ancestrais. Desse modo,
uma sede de poder foi dedicada a um deus após outro, e todos eles
têm certas reivindicações sobre o ofício. Antes de um golpe que vise
a derrubar um presidente, cobras e rãs podem ter sido sacrificadas
a fim de que o golpe tenha sucesso. Talvez tenha havido conselhos
de algum médico-feiticeiro, que recebeu uma nova limusine
Mercedes quando o golpe obtivesse bom êxito. Logo, precisamos
mapear as sedes nacionais de poder, para que possamos orar com
maior eficácia. Precisamos, portanto, indagar: "Se as sedes de
autoridade têm espíritos, podem elas ser identificadas?"

COMO USAMOS O MAPEAMENTO ESPIRITUAL?

O mapeamento espiritual com freqüência é usado como confir-


mação de coisas que já pudemos ver no Espírito. Uma vez que a
nossa estratégia de guerra espiritual seja confirmada a partir de
várias fontes, então poderemos avançar com maior ousadia. Se o
Senhor revelar-nos o nome do valente de uma cidade, isso terá de
ser confirmado pelas Escrituras e pela história. Se tal valente tiver
estado nas imediações por centenas de anos, então certamente ele
terá deixado impressas as suas pegadas na história e na geografia
da cidade. E tudo quanto precisamos saber sobre o nosso inimigo e
suas tropas também foi revelado na Bíblia.
Usamos o mapeamento espiritual quando planejamos a nossa
estratégia de oração. Que tipo de armas espirituais devemos usar?
Qual é a natureza do campo de batalha? Em qual ordem de seqüên-
cia deveremos abordar as questões sobre as quais oraremos? Deve
haver confissão antes de começar a guerra. Primeiramente,
cancelamos os convites feitos ao valente espiritual, antes de
podermos ordenar que ele se vá embora. As pesquisas nos ajudam
no que diz respeito ao tempo e aos lugares que visitaremos. O
mapeamento espiritual mostra-nos quem deveria estar envolvido.
Quando tratamos do comércio escravagista, por exemplo,
convidamos representantes das nações que estiveram envolvidos no
comércio escravagista, para que se arrependam em favor de suas
nações. Na ocasião em que abordamos a questão da Inquisição
Espanhola, convidei um descendente direto de uma família judaica
que tinha sido expulsa da Espanha, a fim de participar da equipe.
Não nos devemos sentir escravizados à nossa pesquisa. Não
usamos todo o material preparado por pesquisadores cuidadosos.
Davi tinha cinco pedras quando se encontrou com o gigante Golias,
em campo de batalha, mas ele usou apenas uma daquelas pedras a
fim de vencer o gigante. Precisamos de uma grande precisão de
pontaria para atingirmos o inimigo em seu ponto mais vulnerável. A
sabedoria na batalha consiste em obter a vitória sem desperdiçar
munição.
Depois de termos realizado uma pesquisa e de termos
apresentado o nosso mapeamento espiritual aos líderes da cidade
em pauta, usualmente indagamos: "Vocês já cuidaram antes dessas
coisas, em oração?" Não queremos repetir o que pastores e igrejas já
fizeram. De certa feita fomos aos pastores da cidade de Berlim e
perguntamos: "Vocês já cuidaram da culpa de sangue desta cidade,
considerando que a Segunda Guerra Mundial começou em Berlim,
tendo causado a morte de milhões de pessoas?"
"Nunca pensamos sobre isso, e nunca ouvimos alguém
confessar essa culpa de sangue em alguma igreja", foi a resposta
que recebemos.
Algumas vezes, o mapeamento revela fatos até ali desconheci-
dos, sobre áreas a respeito das quais já havíamos orado. E isso
confere-nos maior liberdade para tratar daquela área, munidos de
um novo nível de compreensão.
Orando em Moscou, na Sede da KGB

Em outubro de 1987, organizamos uma oração de ação


profética em Moscou, em conexão com as celebrações do
septuagésimo aniversário da Constituição Comunista Soviética. O
profeta Daniel entendeu que era chegado o tempo certo para ele
interceder em prol do livramento de seu povo, depois dele ter
descoberto a promessa de libertação, que ocorreria após setenta
anos de cativeiro na Babilônia. O Senhor demonstrou seu poder ao
estabelecer os limites de tempo das potestades malignas. O Senhor
nos deu fé para perceber que esse mesmo limite havia sido
estabelecido para a opressão comunista que oprimia a crentes e
judeus refugiados. Tínhamos discernido cinco alvos de oração para
aquela noite, em Moscou, e um desses alvos era o quartel-general
da KGB, a polícia secreta soviética.
Para aquela oração de ação foi distribuído material pesquisado
acerca da KGB a doze pessoas na equipe de oração. Ouvimos uma
preleção de duas horas sobre a organização da KGB. A KGB tinha
dezenove mil oficiais e quatrocentos mil agentes que trabalhavam
por toda a União Soviética. Ao redor do mundo inteiro eles
dispunham de meio milhão de informantes. O seu fundador foi
Dzerzinsky, e a sua estátua fora erigida na praça defronte da prisão
de Ljublanka. No mapa de Moscou, foram assinalados lugares
vinculados à KGB, onde eles treinavam os seus agentes, bem como
a universidade Lumumba, onde recrutavam os seus agentes
provenientes de outras nações.
A um minuto depois da meia-noite entre 17 e 18 de outubro de
1987, começamos a nossa oração de ação, perto do quartel-general
da KGB. Tínhamos recebido duas palavras de conhecimento, da par-
te de um intercessor israelense e de uma irmã na Escócia, ambos os
quais disseram que nos tinham visto orando em um túnel. Defronte
do quartel da KGB há uma estação subterrânea, com um túnel de
passagem debaixo da praça. Descobrimos que esse túnel passava
exatamente por baixo da estátua de Dzerzinsky. O Senhor havia
provido um lugar onde poderíamos orar com liberdade, sem sermos
perturbados por quem quer que fosse.
Penetramos no túnel, e ninguém mais passou por ali, durante
todo o tempo em que estivemos orando. Ali proclamamos o Mene,
Mene, Tekel e Parsim, o escrito na parede que tinha anunciado a
queda do império babilônico (ver Dn 5.25). E oramos: "No nome de
Jesus, te amarramos, poder de Faraó, poder controlador de Assur,
e te deixamos caído aos pés de Jesus. Proclamamos que tua
sepultura foi preparada. Cortamos a tua influência pelas raízes".
A 22 de agosto de 1992, foi removida a estátua do fundador da
KGB. Os arquivos secretos da KGB foram dados a público. Não há
mais crentes naquela prisão Os refusniks (refugiados) judeus estão
voltando para Israel.

TRATANDO AS RAÍZES DA ESCRAVIDÃO NA ÁFRICA

Em julho de 1992, os líderes de oração na África Ocidental


convocaram intercessores do mundo inteiro para virem e ajudarem
a efetuar uma tarefa intercessória histórica na Nigéria e na África
Ocidental. Essa tarefa consistia em tratar com as raízes da
escravidão, que continuam afetando a mentalidade dos africanos.
Líderes negros na África têm ameaçado a sua própria gente, da
mesma maneira que traficantes brancos de escravos têm tratado os
escravos. A escravatura continua existindo na Mauritânia e entre
algumas tribos do Sudão.
Preparando-nos para a conferência de oração em Lagos, na
Nigéria, fizemos um estudo sobre o tráfico negreiro. O mapeamento
foi efetuado na antiga costa de escravos, famosa por seu comércio
escravagista. Obtivemos informações sobre os portos de escravos e
sobre as fortalezas onde eram mantidos os escravos, em masmorras,
antes de passarem pelo portão sem retorno. Durante quatrocentos
anos, oitenta milhões de escravos foram transportados em navios
que partiam da ilha de Goree, perto de Dacar. Aquele era um lugar
cruel de seleção, onde decidiam quais poderiam ser aproveitados
para serem embarcados para os Estados Unidos da América. Os
demais eram lançados aos tubarões, ou eram deixados para morrer
à míngua.
Durante o período de protestos de arrependimento que tivemos,
ficamos surpresos ao ver tantos africanos confessarem que seus an-
tepassados tinham tomado parte na campanha de conquista de
escravos, os quais eram vendidos aos negociantes de escravos. Uma
enfermeira de Gana chorou e confessou que seu pai lhe havia dito,
com muito orgulho, que a tribo dele tinha vendido escravos. Hoje,
as famílias que lucraram com a venda de escravos, gerações atrás,
estão enfrentando problemas que o dinheiro não pode resolver. Após
a conferência de oração que abordou as raízes da escravidão,
mediante arrependimento e oração de guerra, enviamos as nossas
equipes para orarem nos centros e portos de escravatura, ao longo
da costa da África Ocidental.
Sentimos que essa jornada de oração profética à África Ociden-
tal não derrubou todas as fortalezas do inimigo, que estão sendo
usadas para manter em servidão grandes contingentes
populacionais tanto de negros quanto de brancos. Entretanto, parte
do pecado coletivo, arraigado no comércio escravagista, certamente
foi confessado e remido. Mas muito mais precisa ser feito nesse
campo, e acredito que isso será feito em um futuro bastante próximo,
conforme o Espírito Santo continuar falando às igrejas a respeito da
guerra espiritual em nível estratégico. Pelo mundo inteiro, Deus está
levantando grandes números de intercessores para reforçar o
exército espiritual. Um dos grandes auxílios para os intercessores
será uma crescente atividade quanto a um mapeamento espiritual
inteligente, caracterizado pelo discernimento e pela sensibilidade
diante do cronômetro de Deus.

Perguntas para refletir

1. Kjell Sjöberg fala de uma pessoa que se matriculou em um con-


gresso de espiritismo a fim de realizar espionagem espiritual. Você
acha que todos os crentes deveriam fazer coisas assim? Em caso
negativo, quem deveria fazê-lo, e quem não deveria?
2. Discuta a importância espiritual das fronteiras políticas. Por que
é importante orar ao longo dessas fronteiras? Que acontece então?
3. Algumas descrições veterotestamentárias de oração de ação pa-
recem estranhas. Não é com freqüência que pensamos que Deus
continua desejando tais coisas. Mas, ao que tudo indica, é isso que
está sucedendo. Qual é a sua opinião acerca disso hoje em dia?
Apresente as suas razões.
4. Procure aplicar, uma por uma, as sete perguntas de Kjell
Stöberg à sua cidade ou nação.
5. Por que pomos em prática o mapeamento espiritual? Reveja as
razões apresentadas por Sjöberg e discuta-as.

Notas

1. NEE, Watchman. The Prayer Ministry of the Church [O Minis-


tério de Oração da Igreja - Ed. Vida]. Nova Iorque, NI, Christian
Fellowship Publishers, Inc. p. 47.
2. REINHARD, Johan. "Sacred Peaks of the Andes", National
Geographic, março de 1992, p. 93.
3. Idem, ibidem, p. 109.

Parte II:

A PRÁTICA

5. DERROTANDO O INIMIGO COM A AJUDA DO


MAPEAMENTO ESPIRITUAL

Por Haroldo Caballeros

Haroldo Caballeros é fundador e pastor da Igreja El Shaddai,


na cidade de Guatemala, uma igreja com vários milhares de membros.
Ele era advogado, antes de Deus chamá-lo para o ministério. Viajava
muito, ensinando aos líderes evangélicos de muitas nações como
guerrear espiritualmente. Haroldo serve como coordenador de área
da Spiritual Warfare Network e como representante latino-americano
da United Prayer Track do Movimento A.D. 2000 e Além. O seu
ministério interdenominacional, Jesus E Senhor, da Guatemala, conta
com mais de vinte mil intercessores na Guatemala.

A Guerra do Golfo Pérsico, em 1991, foi diferente de todas as


guerras anteriores. Sua curta duração, o vasto e diversificado nível
de tecnologia, e as comunicações e informações altamente
sofisticadas que coordenaram as forças aliadas, tudo contribuiu
para a obtenção do alvo, com pouquíssimas perdas de vidas. A
maioria dos entendidos concorda que a tecnologia sofisticada foi o
principal fator que permitiu essa vitória sem grande perda de vidas
humanas.

O mapeamento espiritual fornece-nos uma imagem ou


fotografia espiritual da situação nos lugares celestiais acima
de nós. O que uma chapa de raios-X é para um cirurgião, o
mapeamento espiritual é para os intercessores.

MAPEAMENTO ESPIRITUAL

O mundo natural é apenas um reflexo do mundo espiritual, e


sempre houve conexão entre esses dois mundos. Nós, que estamos
interessados na guerra espiritual, estamos buscando
constantemente uma tecnologia espiritual aprimorada. O trecho de
Isaías 45.1-3 ajuda-nos a perceber que Deus revela novas
informações a seu povo, a fim de que possamos desempenhar
melhor o nosso papel e obter a vitória. Podemos esperar que, se Deus
adiantou-se a Ciro, o seu "ungido", então é provável que ele fará a
mesma coisa em nosso favor, hoje em dia. Ele preparará o nosso
caminho à nossa frente (v. 2), fornecer-nos-á os tesouros das trevas
e as riquezas ocultas dos lugares secretos (v. 3), a fim de subjugar
nações.
A população do mundo cresce cada vez mais, e estamos enfren-
tando um desafio estonteante — três bilhões e seiscentos milhões
de pessoas que ainda não ouviram o evangelho! Entretanto, nosso
Deus é soberano e está revelando novas e melhores estratégias, para
que possamos atingir esses bilhões em nossa própria geração. Estou
convencido de que o mapeamento espiritual é uma dessas
revelações. Esse é um dos segredos divinos que nos ajuda a abrir
nossos "detectores" espirituais, e que nos mostra a situação da
humanidade conforme Deus a vê, ou seja, espiritualmente, e não
como nós a vemos, naturalmente.
Se eu tivesse de definir o mapeamento espiritual, então diria:
É a revelação de Deus sobre a situação espiritual do mundo no qual
vivemos. É uma visão que vai além de nossos sentidos naturais, e,
pelo Espírito Santo, revela-nos onde estão as hostes espirituais das
trevas.
O mapeamento espiritual fornece-nos uma imagem ou
fotografia espiritual da situação nos lugares celestiais acima de nós.
O que uma chapa de raios-X é para um cirurgião, o mapeamento
espiritual é para os intercessores. Trata-se de uma visão
sobrenatural que nos mostra as linhas, a localização, o número, as
armas do inimigo, e, acima de tudo, como o inimigo pode ser
derrotado.
O mapeamento espiritual desempenha o mesmo importante
papel que a espionagem e o exame de campo do inimigo
desempenham durante uma guerra. Esse mapeamento é um
instrumento espiritual, estratégico e sofisticado, que é poderoso em
Deus para ajudar na destruição das fortalezas do adversário.
Também deveríamos sublinhar outro aspecto de nossa visão
sobrenatural, a saber, os milhões de anjos que Deus tem enviado
para ministrar àqueles que herdam a salvação (ver Hb 1.14). Os
anjos obedecem ao chamamento do Senhor. Eles são guerreiros
espirituais que, como um exército disciplinado, recebem as suas
ordens da parte do próprio céu. Eles saem em nosso socorro e nos
ajudam a derrotar o inimigo (ver Dn 10.13; Sl 91.11 e Ap 12.7).
O mapeamento espiritual é um campo relativamente novo em
nossas comunidades evangélicas; coletivamente, estamos
aprendendo muito. Contudo, há um consenso bastante
pronunciado sobre várias importantes premissas teológicas, que
passo agora a iluminar. Elas são úteis para aqueles que querem
começar a estudar esse campo.
NOSSA PRINCIPAL TAREFA

Os habitantes deste mundo podem ser divididos em dois


grandes grupos gerais:

1. Os Crentes. Aqueles que, "segundo a sua misericórdia",


foram salvos "pela lavagem da regeneração e da renovação do
Espírito Santo" (Tt 3.5). O apóstolo Paulo afirma que esses são seres
humanos espirituais, capazes de discernir todas as coisas por um
ângulo espiritual (ver 1 Co 2.14, 15). A esse grupo de pessoas
chamamos de o Corpo de Cristo, ou seja, a Igreja.
2. Os Incrédulos. São os que ainda não tiveram um encontro
salvífico com Jesus Cristo, o Senhor e Salvador. Milhões de pessoas
que vivem debaixo da escravidão ao diabo, ao pecado e à ignorância
não podem desvencilhar a si mesmas dessa horrenda servidão.
Os incrédulos do mundo devem ser encarados como o objeto
de nossa formidável tarefa. Conquistar os perdidos é o grande
desafio para todos nós, que somos crentes, sendo a principal razão
para livros como este. Por que continuamos vivos neste mundo? Por
que não somos automaticamente trasladados para o céu quando nos
convertemos? Somente por ficarmos neste mundo, ficaremos "mais
salvos", "mais justificados" ou "mais santificados"?
O objetivo central da Igreja na terra é cumprir os propósitos de
Deus. "...Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens se
salvem e venham ao conhecimento da verdade" (1 Tm 2.3, 4). E tam-
bém: "O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a
têm por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo que
alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se" (2 Pe
3.9).
Em outras palavras, aquela porção da população da terra que
perfaz a Igreja tem, como seu propósito mais importante, colaborar
com Deus, a fim de que ela e o Senhor possam atingir aqueles que
ainda não reconheceram a Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador.
O DEUS DESTA ERA E A SUA ESTRATÉGIA

Muitas pessoas que ainda não receberam a Cristo como seu


Senhor e Salvador não o fizeram ainda porque não podem. E não
podem simplesmente porque Satanás os tem cegado e os mantém
cativos.
Por muitas vezes nos queixamos sobre alguém que, segundo
todas as aparências, não quer receber o evangelho, sem pararmos
para pensar que a ausência de desejos dos tais pode não ser a
verdadeira razão. Qualquer pessoa razoável, a quem a luz seja
exibida, preferirá a luz e não as trevas. Mas existem aqueles que não
podem ver a luz.
Por muitas vezes desdenhamos de uma comunidade, de uma
região ou de uma nação quando dizemos: "Eles não querem receber
o evangelho naquele lugar!" É mister que entendamos que o
verdadeiro problema usualmente tem natureza espiritual A maioria
das pessoas, de muitas regiões geográficas, vive na cobertura das
trevas, o que constitui uma venda sobre os seus olhos. Paulo refere-
se a essas pessoas como indivíduos "nos quais o deus deste século
cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não
resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem
de Deus" (2 Co 4.4).
A evangelização torna-se uma tarefa difícil quando a nossa pró-
pria atitude é negativa. Conforme salientou Cindy Jacobs em seu
livro, essa atitude pode até ser uma fortaleza espiritual que está
sendo usada pelo inimigo (ver o terceiro capítulo deste livro). Cindy
citou a definição de Ed Silvoso acerca de uma fortaleza mental: "uma
mente que fica impregnada pela desesperança, levando o crente a
aceitar, como imutável, aquilo que ele sabe ser contrário à vontade
de Deus". Em nossa igreja, na Guatemala, tentamos derrubar essa
fortaleza ao operar de acordo com esse princípio: ninguém é
inatingível!
Que o leitor me permita enfatizar este princípio. Embora possa
haver exceções, supomos que as pessoas para quem estamos
testificando não recebem Cristo porque não podem. Satanás "cegou
os entendimentos dos incrédulos", em consonância com 2 Coríntios
4.4. Nossa tarefa, por conseguinte, é combater a batalha espiritual
em favor deles, até que a sua cegueira seja removida e os cativos
sejam libertados.
A REALIDADE DA GUERRA ESPIRITUAL

A guerra espiritual é o conflito entre o Reino da Luz e o reino


das trevas, que é o império de Satanás. Esses dois reinos estão
competindo pelas almas e espíritos das pessoas que habitam o globo
terrestre. Isso resulta em uma batalha permanente, que envolve dois
reinos, o reino visível e o reino invisível. A batalha espiritual que
ocorre nos lugares celestiais, na dimensão invisível, tem início nos
corações das pessoas, mas seu efeito final faz-se sentir nesta terra,
a dimensão visível. Aqueles que estão envolvidos nesse conflito são
os seguintes:
No Reino de Deus:
1. Deus Pai
2. Jesus Cristo
3. O Espírito Santo
4. Os anjos de Deus
5. A Igreja.
No centro desse conflito estão os seres humanos. A
humanidade perdida é a razão dessa batalha. Os incrédulos, como
é claro, são vistos muito mais ao lado do reino das trevas, porquanto
são escravos do pecado e filhos da desobediência. Disse Cristo a
respeito deles: "Vós tendes por pai ao diabo" (Jo 8.44). Ao mesmo
tempo, reconhecemos que há sempre uma batalha espiritual que
gira em torno dos crentes, os quais já se acham no Reino de Deus.
Pois embora os crentes já se encontrem no Reino de Deus, ainda são
atacados pelo diabo, que persegue a Igreja na tentativa de fazer
estacar o progresso do plano de Deus.
Por outra parte, o reino das trevas compõe-se de:
1. O diabo
2. Os principados
3. As potestades
4. Os governantes das trevas deste século
5. As hostes espirituais do mal, nos lugares celestiais
6. Muitas categorias de anjos das trevas referidos na Bíblia,
incluindo poderes, domínios e todo nome que se nomeia, não só
neste mundo, mas também no mundo por vir (Ef 1.21).

O Papel dos Crentes Nesse Conflito

Em face do conhecimento que temos da Palavra de Deus,


compreendemos que Deus já fez a parte que lhe toca. Certamente
ele é a maior pessoa da Triunidade, no Antigo Testamento. No Novo
Testamento, Jesus Cristo é destacado como aquele que derrotou
pessoalmente o diabo, na cruz do Calvário, aquele que, tendo
despojado "os principados e potestades, os exibiu publicamente e
deles triunfou na mesma cruz" (Cl 2.15, V. R.).
A terceira pessoa da Triunidade, o Espírito Santo, está em
nosso meio hoje em dia, com a finalidade de guiar-nos, como filhos
de Deus. Os próprios anjos de Deus, que se mantêm atentos à sua
voz e têm grande poder, a fim de cumprir a palavra dele estão
esperando que a Igreja torne conhecida a multiforme sabedoria de
Deus aos principados e poderes, nos lugares celestiais (ver Ef 3.10).
Isso, pois, indica que a Igreja tem um papel-chave a desempe-
nhar. E a Igreja somos nós! Em conseqüência, podemos ver um im-
portante aspecto de nossa guerra espiritual como um esforço
envidado pela Igreja a fim de remover o véu da cegueira que foi posto
sobre os incrédulos, por parte do diabo.
Nós cumprimos duas tarefas básicas: (1) Rasgamos o véu de
trevas mediante a intercessão em nível estratégico, derrubando-o
por meio da Palavra de Deus e do nome de Jesus (ver Ef 6.17, 18).
(2) Nós envidamos esforços evangelísticos (Ef 6.15, 19).
Proclamamos a Palavra de Deus de uma maneira que faz as pessoas
tornarem-se vulneráveis à luz do evangelho, que agora pode brilhar
sobre elas, porquanto a cegueira delas foi curada. Muitos aceitam a
Cristo, e Deus os liberta do poder das trevas e os faz ingressar no
Reino de seu Filho amado.
NATUREZA DA GUERRA ESPIRITUAL

1. A guerra espiritual não é um fim em si mesmo. Mas é uma


arma poderosa que, quando usada como parte integral do
evangelismo, pode aumentar a possibilidade de conduzirmos outras
pessoas aos pés de Cristo. Dentro desse contexto, o mapeamento
espiritual é um recurso estratégico que nos permite localizar o poder
do inimigo, que impede um evangelismo mais frutífero.
2. As características bem reconhecidas da guerra espiritual
são estas: (a) "Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue,
mas sim, contra os principados, contra as potestades, contra os
príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da
maldade, nos lugares celestiais" (Ef 6.12); e (b) "Porque as armas da
nossa milícia não são carnais, mas sim, poderosas em Deus, para
destruição das fortalezas" (2 Co 10.4).
3. Um fato que parece ter sido ocasionalmente esquecido é a
importância da persistência e da constância. O nível estratégico da
guerra espiritual que trata com espíritos territoriais sobre cidades e
nações completas não consiste em entreveros isolados, mas em uma
guerra franca e aberta. Isso envolve uma constante sucessão de
hostilidades; não uma única batalha, mas múltiplas batalhas. O
resultado final é certo: "Depois virá o fim, quando tiver entregado o
reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e
toda a potestade e força" (1 Co 15.24).
Sumariando, cumpre-nos entender que o nosso papel humano
na guerra espiritual é decisivo, e que o nosso envolvimento como
guerreiros de oração não é opcional, mas indispensável no
cumprimento da Grande Comissão que Deus nos confiou. O próprio
Jesus Cristo, ao descrever a agenda de seu ministério em cinco
facetas, dedicou duas dessas facetas ao tema da necessidade de
libertar aqueles que estão sendo mantidos cativos (ver Lc 4.18, 19).
O ELO ENTRE OS REINOS ESPIRITUAL E TERRENO

A interconexão entre o reino invisível ou espiritual e a sua


contraparte, o reino visível ou terreno, é um tema extremamente im-
portante para nós considerarmos. Cada um dos reinos espirituais
que estão em conflito tem a sua própria contraparte terrena.
Nenhum de nós duvida da existência de um exército que repre-
senta o Reino de Deus, composto por anjos; e também não há
dúvidas quanto a outro exército organizado, composto por demônios,
que servem o reino das trevas. Tanto Miguel quanto os seus anjos,
como também Satanás e seus anjos caídos, são vividamente
descritos no capítulo doze de Apocalipse. Mas precisamos saber
mais acerca de como esses dois exércitos relacionam-se com os
seres humanos, que servem a esses dois reinos, aqui na terra, e
como isso afeta a nossa vitória final sobre o império do mal.
O Reino da Luz dispõe de servos terrenos de Deus, os quais
trabalham para produzir fruto para Deus. Esses servos são
comumente divididos em dois subgrupos: (1) Aqueles chamados
para o ministério integral (como apóstolos, profetas, evangelistas,
pastores e mestres) e (2) os restantes irmãos e irmãs, membros do
Corpo místico de Cristo, chamados de "ministros de uma nova
aliança" (2 Co 3.6).
O primeiro desses grupos geralmente é considerado como
aqueles que ocupam a primeira linha da batalha. Entretanto, esse
primeiro grupo pouco conseguiria fazer sem a ajuda e a cooperação
constantes do segundo grupo, que geralmente contribui com a
maioria dos intercessores, que são aqueles guerreiros da oração sem
os quais a vitória não seria possível.
E o reino das trevas também conta com seus servos. Em um
dos grupos há ministros de tempo integral, que usualmente recebem
nomes como bruxos, feiticeiros, xamãs, feiticeiras, canais, sacerdo-
tes e sacerdotisas satânicas, e assim por diante. Esses, juntamente
com os líderes dos cultos e das seitas satânicas, dedicam as suas
vidas à proclamação dos enganos pespegados pelo diabo, com o
propósito de arrastar pessoas para o cativeiro do reino do qual fazem
parte.
Imediatamente depois desses, acha-se o grupo que nos causa
a maior tristeza. Esse grupo é formado por todas aquelas pessoas
que, por não terem ainda recebido a Cristo, continuam debaixo do
manto da morte espiritual, sendo manipulados, em diferentes graus,
pelo diabo e por seus demônios. Essas pessoas, em sua ignorância,
constituem o exército terreno que o diabo usa.
Ter conhecimento da interação que se dá entre o exército
terreno e os principados e potestades dos ares ajuda-nos na
obtenção da vitória. O que poderia ser melhor para um exército
invasor do que saber qual a posição ocupada pelo inimigo, detectar
a localização de seus quartéis-generais e interceptar seus meios de
comunicação? É precisamente isso que o mapeamento espiritual
procura realizar.

UM SONHO REVELADOR

Uma irmã de nome Mirella, que freqüenta a nossa igreja,


chegou até mim e me disse: "Pastor, tive ontem um sonho que me
causou uma profunda impressão, embora eu não tenha entendido o
seu significado. Esta manhã, quando eu estava orando e
perguntando a Deus qual a interpretação do sonho, ele me disse:
'Este sonho não foi para ti. Vai e conta o sonho ao pastor, visto que
o sonho foi para ele'".
Desnecessário é dizer que ela chamou a minha atenção, mas
ela nem imaginava ser aquela a maneira pela qual Deus queria
alterar a maneira como nossa igreja ora. E isso teria implicações a
longo prazo, tanto para a nossa igreja quanto para o nosso país.
O sonho foi o seguinte: Mirella viu três cidades dos Estados
Unidos, que ela chamou por seus nomes, e que ela identificou sem
a menor hesitação. E então ela viu que uma corda unia as três
cidades — uma corda invisível e transparente, mas que ela podia ver.
Formou-se um triângulo, quando a corda ligou as três cidades, e
três mãos apareceram, cada qual segurando um dos lados do
triângulo. Ela disse que a parte mais estranha do sonho foram as
mãos. Eram mãos ásperas, quase rústicas. Pareceram-lhe como as
mãos de um homem vigoroso. Isso era tudo quanto eu precisava
saber.
Quem É o Valente?

Alguns dias antes disso, eu tinha meditado consideravelmente


sobre as três referências, nos evangelhos sinópticos, ao "valente".
1. Mateus 12.29: "Ou, como pode alguém entrar em casa do
homem valente e furtar os seus bens, se primeiro não maniatar o
valente, saqueando então a sua casa?"
2. Marcos 3.27: "Ninguém pode roubar os bens do valente,
entrando-lhe em sua casa, se primeiro não maniatar o valente; e
então roubará a sua casa".
3. Lucas 11.21,22: "Quando o valente guarda, armado, a sua
casa, em segurança está tudo quanto tem; mas, sobrevindo outro
mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a sua armadura
em que confiava, e reparte os seus despojos".
Meu interesse foi atraído pela palavra "homem", dentro do
sonho da irmã Mirella. Por que essa palavra é usada com tanta
freqüência nas Escrituras? Por que um homem vigoroso? Por que
não espírito ou principado ou potestade vigoroso? E por que tinha de
ser, especificamente, um "homem"? Comecei a perceber que Deus
estava falando ali da interação entre seres humanos e a dimensão
espiritual.
E apenas natural que todos os exércitos tenham o seu líder,
um general ou capitão, que baixa ordens e decide o que se deve fazer.
Esse homem poderia ser chamado de valente do exército. Sabemos
que alguns homens têm mostrado ser servos extraordinariamente
malignos de Satanás, como Nero ou Adolfo Hitler. Ambos foram
instrumentos humanos poderosos, em favor do mal, para fazerem
aquilo que o diabo sabe fazer melhor — roubar, matar e destruir.
Poderíamos chamá-los, com toda a exatidão, de valentes de
envergadura mundial.
A realidade é que o diabo escolhe aqueles que se disponham a
servi-lo e eleva-os como grandes líderes da terra. É óbvio que um
líder assim pode influenciar muitas pessoas, e, por conseguinte,
pode causar imensa destruição. Esses líderes humanos agem como
valentes de Satanás e representam as características dos
principados aos quais servem. Acredito que esses valentes humanos
recebem tarefas, na terra, da parte dos principados e das potestades
do mal, para servirem aos seus propósitos. Tais homens cultivam
uma relação íntima e direta com os demônios, por meio de suas
atividades ocultas.
Temos o exemplo da relação entre o príncipe de Tiro e o rei de
Tiro, em Ezequiel 28.2 e 12. O profeta Daniel fornece-nos outro
exemplo sobre o príncipe da Pérsia e o príncipe da Grécia, os quais,
como é óbvio, eram seres espirituais que exerciam relação e
influência diretas sobre os impérios da Pérsia e da Grécia, por meio
de seus imperadores, seus governantes terrenos (ver Dn 10.20).
Lemos no trecho de Isaías 24.21: "E será que naquele dia o
Senhor visitará os exércitos do alto na altura, e os reis da terra sobre
a terra". É evidente que o diabo governa o mundo através dos reis
da terra. Como? Sem dúvida alguma, através do relacionamento
íntimo de seus anjos negros com aquelas pessoas que resolvem
entregar-se a Satanás.
E fato sabido que Adolfo Hitler participou abertamente desse
processo, ao convidar esses poderes tenebrosos para entrarem nele,
a fim de torná-lo o homem forte ou valente de seus dias. E também
tem sido noticiado, ultimamente, que alguns líderes mundiais
contemporâneos pertencem aos cultos da Nova Era, ou a sociedades
secretas que procuram dominar o mundo.

Relação Entre o Reino Espiritual e a Humanidade

Deus quer abençoar as pessoas. Ele chama pessoas, e elas


respondem, dedicando sua vida ao serviço prestado a ele. Essas
pessoas tornam-se servas do Senhor e passam a depender dele
totalmente. Tecem linhas de comunicação com ele, como a oração,
a adoração e a audição daquilo que o Pai diz. Todos reconhecemos
como um fato o seguinte princípio: Quanto mais íntima for a nossa
comunicação com Deus, maior será a nossa unção e maior será o
nosso sucesso no ministério cristão.
Parece que o diabo, que copia e corrompe todas as coisas que
pode, também dispõe de servos que o escolheram como seu senhor,
e dedicaram sua vida para servi-lo. Esses também dispõem de linhas
de comunicação com o senhor deles, através de coisas como a
feitiçaria, a bruxaria, os sacrifícios de animais e humanos, as
sessões espíritas, a meditação transcendental e os pactos de sangue.
E também operam de acordo com o mesmo princípio. Quanto mais
íntima for a comunicação entre eles e as forças malignas, maior será
o poder de que disporão. Quando entendi isso, comecei a perceber
que Deus nos estava revelando os nomes dos valentes ou homens
fortes da Guatemala, a fim de que pudéssemos reconhecer, por
intermédio deles, os principados dominantes. Deus nos estava
revelando o inimigo, não a fim de glorificar o inimigo, mas para
ajudar-nos a derrotá-lo.

Amarrando os Valentes da Guatemala

Em conseqüência do sonho de Mirella, tive uma conversa com


um dos irmãos de nossa igreja que tem o ministério profético. Assim
que lhe contei o sonho, ele reagiu de imediato: "O senhor sabe quem
são as três pessoas das três cidades?" E ele passou a enunciar seus
nomes, o primeiro e o último! Após alguma pesquisa, pudemos ver
confirmado que aqueles três homens estavam todos efetuando
secretamente obras malignas do diabo, em suas respectivas cidades.
Um deles exercia poder através do dinheiro, o segundo, mediante a
política, e o terceiro através do tráfico de narcóticos.
E Deus nos conferiu uma estratégia ali mesmo. Disse o Senhor:
"Amarrem esses principados em nome do Senhor Jesus. Vocês deve-
rão arrancar, quebrar, destruir e derrubar as linhas de comunicação
que emprestam poder a esses homens valentes; mas não
amaldiçoem os indivíduos envolvidos, antes, bendizei-os, porquanto
foram criados à imagem e semelhança de Deus".
Como é evidente, não posso revelar os nomes desses três ho-
mens; mas posso adiantar que, em conseqüência direta da oração
no local, o primeiro deles perdeu todo o seu poder e está encarcerado,
esperando ser julgado pelos seus crimes. O segundo está prestes a
sofrer embargo político e ser tirado do ofício. E o terceiro, que está
atravessando um momento crítico de sua carreira política, sofreu
problemas pessoais e agora perdeu quase totalmente a sua
influência e poder. Os valentes humanos foram derrubados ao
mesmo tempo que os poderes celestes da maldade estavam sendo
amarrados e derrubados, por meio das orações dos santos.
Nesse caso, a guerra espiritual produziu fruto, não somente
espiritualmente, mas também na nossa dimensão natural; e o
resultado tem sido claramente bíblico. Tendo amarrado e derrotado
os valentes, podíamos então passar a tirar deles as suas armaduras,
nas quais confiavam, para então dividir os seus despojos. No caso,
os despojos têm sido um evangelismo mais frutífero, paz, redução
da taxa de violência e a mudança do governo espiritual das trevas
para a luz. A Guatemala tem agora um presidente evangélico, Jorge
Serrano, homem cheio do Espírito Santo, e que também, por acaso,
é membro de nossa igreja. Sumariando, temos aprendido que é para
vantagem nossa conhecer quem é o valente, a fim de amarrá-lo e
dividir-lhe os despojos. O mapeamento espiritual ajuda-nos a
identificar o valente. Em alguns casos, o mapeamento espiritual nos
dará uma série de características que nos guiarão diretamente ao
príncipe ou potestade maligna daquele lugar. Em outros casos, nos
estaremos defrontando com uma pessoa natural, que Satanás está
usando. E, ainda em outras oportunidades, estaremos face a face
com uma estrutura social corrupta.

Mapeamento Espiritual no Campo

Depois de compreender quão importante é discernir, por nome,


cada potestade que domina regiões em particular, saímos a campo,
para a nossa primeira experiência no campo. Em novembro de 1990,
pequenos grupos de pessoas foram enviados pelas igrejas às capitais
de cada um dos vinte e dois departamentos (ou condados) da
Guatemala, a fim de jejuarem, orarem e buscarem a orientação do
Senhor para identificar o principado do mal que predominava sobre
cada departamento. Em sua misericórdia, Deus permitiu-nos obter
resultados extraordinários, e vimos, pela primeira vez, uma espécie
de raios-X espiritual, um verdadeiro mapa espiritual da situação das
dimensões espirituais sobre o nosso país. A nossa guerra espiritual
tornou-se muito mais eficaz, e pudemos ver resultados físicos de
nossos esforços espirituais de uma maneira muito mais abundante
do que havíamos antes imaginado.

Um mapeamento espiritual maduro requer um esforço


coordenado que tenha por alvo conquistar cada território
alvejado. Nosso propósito é desfechar a guerra espiritual a
fim de abrir a porta para um evangelismo eficaz e uma
mudança social positiva.
Nossos líderes sentiam-se seguros de que se tratava de uma
abordagem viável para uma igreja local evangelizar a área geográfica
onde ela estivesse localizada. Por conseguinte, perseveramos até
havermos desenvolvido um modelo funcional. Atualmente estamos
usando esse modelo no micromapeamento das vizinhanças e
subdivisões, antes de nos atirarmos ali ao empreendimento de
evangelizar e implantar igrejas na localidade.

INSTRUÇÕES PRÁTICAS QUANTO AO MAPEAMENTO


ESPIRITUAL

Um mapeamento espiritual maduro requer um esforço


coordenado que tenha por alvo conquistar cada território alvejado.
Nosso propósito é desfechar a guerra espiritual a fim de abrir a porta
para um evangelismo eficaz e uma mudança social positiva.

PLANO PILOTO

A. Visão

Evangelização da nação

B. Objetivos Específicos

1. Entrar em guerra espiritual com o propósito de lutar


espiritualmente pela nossa nação, até que obtenhamos a vitória.
2. Fazer o mapeamento espiritual que nos capacita a saber,
dentro do possível, quais os planos, as estratégias e os conluios do
inimigo, para que entremos na batalha com inteligência, e, em
resultado, sermos vitoriosos dentro de um mínimo de tempo, com
um mínimo de riscos e perdas.
3. Se tudo for feito corretamente, o resultado da vitória
espiritual afetará a nação por meio de reavivamento, reforma e
justiça social, tudo o que é causado pela movimentação livre do
Espírito Santo naquela nação.

C. Modo de Proceder

O modo de proceder envolve dividir o campo de batalha em


territórios geográficos, todos os quais serão tratados
simultaneamente.
1. Defina com precisão cada território.
2. Obtenha a equipe de trabalho com os seus líderes.
3. Faça o mapeamento espiritual de acordo com o manual.
4. Discirna a situação do inimigo quanto ao território escolhido.
5. Avalie, arranje e comunique as informações necessárias
para que haja a guerra espiritual.

UM MANUAL DE MAPEAMENTO ESPIRITUAL

Para realizarmos esse mapeamento, dividimo-nos em três equi-


pes, cada uma das quais encarregada de uma das três áreas a serem
pesquisadas. As equipes não podem fazer revelações umas às outras.
Isso nos provê informações cruzadas da parte de cada uma daquelas
três áreas, capacitando-nos a receber confirmação, o que adiciona
credibilidade aos nossos resultados.
As três equipes de trabalho recebem, respectivamente, tarefas
de pesquisa sobre fatores históricos, fatores físicos e fatores
espirituais.
Fatores Históricos

Para fazermos a pesquisa histórica, teremos de fazer as


seguintes perguntas quanto a cada cidade ou circunvizinhança:

1. O Nome ou os Nomes

Precisamos fazer uma lista ou inventário dos nomes usados


para o nosso território, para então fazermos a nós mesmos as
seguintes indagações:

 Esse nome tem algum significado?


 Se o nome etimológico não tem significado, terá alguma impli-
cação lógica?
 Isso importa em bênção ou maldição?
 É um nome nativo, indígena ou estrangeiro?
 O nome diz alguma coisa sobre os primeiros habitantes da-
quele território?
 Descreva quaisquer características daqueles que ali residem?
 Há alguma relação entre o nome e a atitude de seus habitantes?
 Qualquer desses nomes tem alguma relação direta com os
nomes de demônios ou das artes ocultas?
 O nome está ligado a alguma religião, crença ou culto local
naquele lugar?

2. Natureza do Território

 O território tem quaisquer características especiais que o


distingam de outros?
 Está aberto ou fechado para o evangelismo?
 Há muitas ou poucas igrejas ali?
 A evangelização é fácil ou difícil?
 As condições sócio-econômicas do território são uniformes? Há
mudanças drásticas nessas condições?
 Aliste os problemas sociais mais comuns da circunvizinhança,
como drogas, alcoolismo, famílias abandonadas, corrupção do
meio ambiente, ganância, desemprego, exploração dos pobres,
etc.
 Haverá alguma área específica que chame a nossa atenção?
Por exemplo, poderíamos definir esse território ou os seus
habitantes com uma palavra? Que palavra seria essa?

3. História do Território

Quanto a esse aspecto da questão, apelamos para as


entrevistas, pesquisas na prefeitura, nas bibliotecas, etc. Uma
questão que aqui mostra ser extremamente importante consiste em
saber quais eventos dão algum indício ao surgimento dessa
circunvizinhança ou território, ou sob quais circunstâncias isso
ocorreu.
 Quando foi a sua origem?
 Quem foi seu fundador (ou fundadores)?
 Qual foi o propósito original de sua fundação?
 Que podemos aprender do seu fundador? Quais eram a religião,
as crenças e os hábitos dele? Era ele um adorador de ídolos?
 Há eventos que têm acontecido com freqüência, como mortes,
violência, tragédias ou acidentes? (No lugar há alguma
chamada "esquina ou ladeira da morte"?)
 Há algum fator que sugira a presença de alguma maldição ou
de algum espírito territorial?
 Há histórias assustadoras cercando o lugar? Essas histórias
são válidas? O que as teria causado?
 Até onde remonta a história da igreja evangélica naquele lugar?
 Como começou a igreja evangélica ali? Foi ela o fruto de algum
fator específico?

Essa lista de indagações de forma alguma é exaustiva, mas já


é um começo. Não podemos esquecer que o Espírito Santo será
nosso principal auxiliar quanto a isso.

Fatores Físicos

Os aspectos físicos referem-se a objetos materiais significativos


que possamos encontrar em nosso território. Parece que o diabo,
devido ao seu orgulho sem limites, com freqüência deixa uma esteira
para trás.

 Um estudo intensivo dos mapas disponíveis sobre a região,


incluindo os mapas mais antigos e mais recentes, que nos
permitam identificar modificações. As ruas seguem alguma
ordem em particular? Sugerem qualquer tipo de desenho ou
padrão?
 Faça um inventário dos parques.
 Faça um inventário dos monumentos.
 Existem locais arqueológicos no território?
 Faça um inventário das estátuas e estude as suas caracte-
rísticas.
 Quais tipos de instituição existem no território?
 Instituições de autoridade, instituições sociais, instituições
religiosas ou outras?
 Quantas igrejas há no território?
 Faça um inventário dos lugares onde Deus é adorado, e dos
lugares onde o diabo é adorado.
 Uma indagação extremamente importante é esta: Haverá
"lugares altos" no território?
 Há um número excessivo de bares ou centros de macumba, ou
clínicas de aborto, ou lojas de artigos pornográficos?
 Um estudo completo da demografia do território será de grande
ajuda.
 Estude as condições sócio-econômicas da circunvizinhança, a
taxa de crimes, de violência, de injustiça, de orgulho, de
bênçãos e de maldições.
 Haverá centros de culto na comunidade? Há uma distribuição
específica quanto à localização desses centros de culto?

Na Guatemala há uma estrada com cinqüenta quilômetros,


que vai até à cidade de Antígua, no território do país. Ao longo dessa
estrada há toda sorte de culto estranho, que florescem ao longo de
uma linha reta, incluindo: Bahai'i, Testemunhas de Jeová,
islamismo, Nova Era, médicos-feiticeiros, e assim por diante. Uma
estrada como essa, não há que duvidar, constitui uma linha de
poder do ocultismo, um corredor através do qual os demônios e os
poderes demoníacos fluem à vontade. Essas linhas de poder oculto
derivam-se da contaminação causada pelo diabo, mediante
maldições e a invocação a espíritos territoriais que somente agora
estamos descobrindo. É útil localizar esses pontos, a fim de reverter
a maldição para que ali comece a haver bênçãos.

Fatores Espirituais

Os fatores espirituais podem ser os mais importantes de todos


os fatores, porquanto revelam a causa real por detrás dos sintomas
expostos nas pesquisas histórica e física.
Aqueles que são chamados para trabalhar nessa área
espiritual são os intercessores, pessoas que atuam dotadas do dom
do discernimento de espíritos e que ouvem acuradamente da parte
de Deus. O grupo de intercessores deve dedicar-se a uma intensa
oração, com o propósito de saber qual a mente de Cristo e receber,
da parte de Deus, a descrição da condição espiritual do inimigo, nos
lugares celestes, por sobre o território definido.
Também queremos sugerir algumas perguntas que os
intercessores precisam formular, as quais nos guiarão quanto às
nossas orações; mas isso não pode substituir a prática de passar
tempo de boa qualidade com Deus, em favor do lugar pelo qual
estamos orando.

 Os céus estão abertos neste lugar?


 É fácil orar neste lugar? Ou há muita opressão?
 Podemos discernir uma cobertura de trevas? Podemos
definir as suas dimensões territoriais?
 Haverá diferenças expressas na atmosfera espiritual por
sobre as regiões do território visado? Em outras palavras,
os lugares celestiais estão mais abertos ou mais fechados
sobre diferentes subdivisões, circunvizinhanças ou
comunidades da área? Podemos determinar com exatidão
essas separações?
 Deus nos tem revelado algum nome?
 As informações que temos revelam uma potestade ou
principado que possamos reconhecer?
 Deus nos mostrou quem é o "valente"?

Podemos ficar desencorajados ao virmos todas essas perguntas


escritas como elas foram; mas, se confiarmos na atuação do Espírito
Santo e no desejo de Deus de revelar os seus segredos, então nos
sentiremos confiantes. Não temos aqui uma tarefa que requeira pes-
soas místicas, nem é algo esquisito. Tudo o que precisamos é de
uma equipe de obreiros que sinta uma verdadeira responsabilidade
pelo evangelismo dentro de um território específico e que dependa
da orientação do Espírito Santo.
Depois de termos completado a pesquisa quanto a todos esses
três fatores, então devemos entregá-la a um grupo de líderes e
intercessores maduros, para que avaliem as informações recolhidas.
Bev Klopp providenciou um exemplo sobre isso no oitavo capítulo
deste livro. Temos descoberto que as pesquisas feitas quanto a cada
um desses três fatores confirmarão e complementarão o trabalho
efetuado pelas outras duas equipes, se é que estamos ouvindo com
precisão aquilo que o Espírito nos está dizendo.

DANDO O NOME DO VALENTE

Temos passado por experiências verdadeiramente excitantes.


Por exemplo, um dia Deus mostrou à equipe de fatores históricos
uma área onde havia remanescentes arqueológicos, e como estavam
vinculados às características básicas da idolatria e da feitiçaria, que
remontavam à civilização dos maias. Os membros da equipe dos
fatores físicos, simultaneamente, localizou uma casa vazia,
exatamente na mesma área onde estavam ocorrendo reuniões de
idolatria e feitiçaria. Posteriormente Deus mostrou aos membros da
equipe de intercessores dos fatores espirituais que o território
espiritual que controlava aquele lugar estava usando um ser
humano como seu valente. O estilo de vida dessa pessoa incluía a
prática de artes ocultas, feitiçaria e idolatria.
Quando estávamos orando, o Senhor falou e disse: "Amanhã
darei a vocês o primeiro e o último nome desse homem, pelo jornal".
E também nos revelou em qual página esse nome apareceria. Foi
algo absolutamente sobrenatural e excitante quando descobrimos,
exatamente naquela página, o nome do indivíduo que se dedicava a
tais atividades. Ele se ajustava perfeitamente bem à descrição que
havia sido dada pelo Espírito Santo, incluindo até mesmo a sua apa-
rência física. Para coroar tudo, também descobrimos que o tal ho-
mem era o proprietário da casa vazia onde estavam tendo lugar os
rituais de artes ocultas, diretamente em frente da rua onde estava o
sítio arqueológico!
Uma vez munidos dessas conclusões, estávamos preparados
para desfechar a guerra espiritual. Não nos podemos esquecer que
nossa milícia não é contra carne e sangue, mas contra os poderes
demoníacos que controlam as pessoas. Ademais, precisamos
lembrar que fomos chamados para abençoar as pessoas afetadas, e
não para amaldiçoá-las. Em último lugar, como esquecer que Cristo
Jesus já ganhou a batalha por nós?
CONCLUSÃO

A territorialidade dos espíritos é um fato, pelo menos no que


concerne a nós, membros de nossa igreja. Temos estudado o
assunto conforme ele é exposto na Bíblia. Temos feito o nosso
trabalho de casa nesse campo. Compreendemos que o exército
maligno das dimensões espirituais requer adoração e serviço da
parte de seus seguidores, conferindo o seu poder maligno em
proporção à obediência prestada pelos ímpios.
Quando um território é ocupado por pessoas que preferiram
oferecer a sua adoração aos demônios, essa região fica contaminada,
os espíritos territoriais obtêm o direito de permanecer ali, e os
habitante do lugar são mantidos cativos às forças das trevas. Isso
posto, é mister identificar o inimigo e entrar na batalha espiritual,
até obtermos a vitória e redimirmos aquele território. O mapeamento
espiritual é um dos meios que nos permitem identificar o inimigo. É
a nossa espionagem espiritual.
Não temos tempo a perder! É chegado o tempo de o Corpo de
Cristo levantar-se, dotado do poder do Espírito Santo, para desafiar
os poderes do inferno, destruindo todos os seus esquemas e
devolvendo a terra ao Senhor Deus, que no-la deu como nossa
herança.

Perguntas para refletir

1. Haroldo Caballeros enfocou a sua atenção sobre a conquista dos


perdidos para Cristo — o evangelismo. Como é que ele vê o
mapeamento espiritual como meio que nos permite exercer um
evangelismo mais eficaz?
2. O conceito de que muitos incrédulos não aceitam a Cristo
porque não podem é uma novidade para muitos crentes.
Usualmente pensamos que isso ocorre somente porque eles não
querem. Qual é a sua opinião sobre essa questão?
3. Haverá alguma relação direta possível entre um "valente" espiri-
tual e uma pessoa viva? Você pode pensar em quaisquer exemplos
disso em sua cidade ou nação?
4. Qual é a origem histórica do nome de sua cidade? Por que esse
nome teria sido escolhido? Alguma característica de sua cidade,
hoje em dia, parece refletir o que há por detrás desse nome?
5. Pense sobre a sua própria cidade ou vila. Procure nomear pelo
menos três áreas geográficas internas que são claramente dife-
rentes umas das outras. Descreva as características físicas e pro-
cure sugerir quais poderiam ser as potestades invisíveis ou espiri-
tuais por detrás de cada uma dessas áreas.

6. PASSOS PRÁTICOS PARA LIBERTAR UMA


COMUNIDADE

Por Bob Beckett

Bob Beckett é o pastor fundador da Igreja Dwelling Place Family,


em Hemet, estado da Califórnia. Ele começou a mapear espiri-
tualmente a sua comunidade durante a década de 1970, e
atualmente está ajudando a coordenar os líderes evangélicos do sul
da Califórnia, para que se dediquem a um extenso mapeamento
espiritual. Bob é membro da Spiritual Warfare Network e é sempre
solicitado como orador sobre o assunto da guerra espiritual.

Em 1974, minha esposa, Susana, e eu fomos solicitados a nos


tornarmos diretores de instalações de segurança mínima juvenil,
pertencente a uma grande igreja baseada no condado de Orange, no
estado da Califórnia. As instalações, que ocupavam uma área de
cerca de 1800km2, estavam localizadas em uma remota comunidade
chamada San Jacinto, na área desértica a sudoeste de Palm Springs.
Nunca me esquecerei de como eu ficava perguntando por que
o Senhor nos faria mudar para o meio de lugar nenhum. Afinal, um
tanto altivamente, eu pensava que o Senhor me havia chamado para
ministrar a sua Palavra e fazer oposição às trevas espirituais em
algum lugar significativo. Mas em lugar disso, ali estava eu, vivendo
em uma remota comunidade de retiro, quase tão distante de
qualquer coisa de aparente importância ou crucial ao Reino de Deus
como era possível a alguém! Afinal, era assim que San Jacinto
parecia para nós, de acordo com um julgamento natural. Eu nem de
leve desconfiava, naqueles dias, que me havia mudado para uma
das fortalezas das trevas, de uma larga porção do império ameríndio
do sul da Califórnia!

O UMBIGO DA TERRA?

Pouco depois de havermos chegado àquelas instalações que


chamaríamos de nosso lar durante os próximos três anos, fui
informado pelo ex-proprietário do lugar que a propriedade havia sido
antes usada como retiro metafísico e centro de treinamento da
Meditação Transcendental. Durante uma de nossas primeiras
conversações, o ex-proprietário perguntou se eu estava interessado
em visitar um dos "umbigos da terra". Na ocasião eu não tinha
certeza se sabia o que isso significaria, mas a curiosidade tinha-se
apossado de mim, pelo que lá nos fomos.
Fomos caminhando até o leito de um riacho atualmente seco,
até um dos extremos remotos da propriedade, encarapitado defronte
do sopé de algumas colinas. Enquanto prosseguíamos, ele foi me
dizendo como aquele era um local muito sagrado para aqueles que
estão espiritualmente sintonizados com "o cosmos".
Finalmente, estacamos em uma localização daquilo que antes
era uma paisagem com cataratas, que fluía o ano inteiro, e apontou
como as paredes do canhão haviam sido escavadas, através dos
séculos, pela água, que ali caía em um movimento circular. Em
seguida, ele explicou que aquela localização era o "umbigo" ou
vórtice da terra, um útil centro de poder no treinamento de pessoas
que desejassem envolver-se nos níveis superiores da Meditação
Transcendental.
Um dos mais elevados exercícios espirituais dos seguidores da
Meditação Transcendental, naquele centro de retiros, era ir até às
cataratas, a qualquer momento em que as águas pluviais enchessem
o canhão. E ali punham-se a meditar, no vórtice da catarata, até que
a água parasse de girar na direção dos ponteiros do relógio,
conforme a água naturalmente faz acima do equador, mas em
direção reversa ao seu curso natural. Aquelas cataratas eram o
centro principal do treinamento deles. Meu guia chegou ao extremo
de mostrar que as paredes do canhão tinham sido desgastadas, no
processo do tempo, mediante um movimento giratório da esquerda
para a direita, mas mostrou que a areia e a terra do leito seco do
riacho tinham sido claramente marcadas por um movimento
precisamente contrário das águas, da direta para a esquerda.
Tudo aquilo parecia intrigante e misterioso, mas o que ocupava
os meus pensamentos era um centro de recuperação de jovens
problemáticos. Na oportunidade, eu não estava preparado para
debater a validade de tudo aquilo e de como aquilo poderia
relacionar-se comigo. Devo admitir, contudo, que depois de algum
tempo de nosso encontro, fiquei perplexo quanto ao motivo que o
fizera tentar compartilhar comigo, tão intensamente, tudo aquilo.
Agora acredito que era o Senhor que me estava atraindo lentamente
em uma direção para onde eu nunca iria por impulso próprio.

TRÊS PONTOS DE PODER NO MAPA

Um dia, não muito depois de minha conversa com o ex-


proprietário do lugar, eu estava planejando ir caçar na nossa área.
Enquanto examinava o mapa, casualmente assinalei a localização
do "umbigo". Eu estava interessado em ver que a nossa propriedade
e aquele "umbigo" estavam localizados bem ao lado de um ativo e
tradicional centro de xamanismo dos indígenas norte-americanos.
Não foi muito tempo depois que começou a circular o rumor de
que Maharishi Yogi havia adquirido uma propriedade em nossa
comunidade. E sucedeu que notei que a localização, de acordo com
os rumores, também ficava adjacente à reserva indígena local. Agora
a curiosidade realmente começou a invadir a minha mente. Por que
ele teria comprado uma propriedade naquela pequena e tranqüila
comunidade? De certa feita, conversei com alguém que estava
trabalhando na propriedade recém-adquirida. Quando perguntei ao
homem por que Yogi teria escolhido aquele local específico para ali
fundar suas instalações de retiro, ele retrucou: "É que esta área
facilita muito a meditação, e tem uma área espiritual à sua volta".
Embora, na ocasião, eu não tivesse dado muito crédito a essas
reivindicações, também fiquei impressionado com elas, ao ponto de
ter assinalado o local no mesmo mapa. Meu mapa agora exibia três
locais bem demarcados de atividade espiritual: o "umbigo", a reserva
indígena e a propriedade de Maharishi Yogi, todos adjacentes um ao
outro.

UMA COVA DE URSO COM UMA ESPINHA DORSAL

Em meus momentos de oração pessoal, comecei a ter uma


visão que se repetia de quando em vez e que relampejava diante de
mim. Parecia algo como uma cova de urso, no solo. Cada um dos
quatro pontos da pele do animal tinha como que uma perna de um
urso, dotada de garras. O couro do bicho não tinha cabeça, mas
parecia ainda ter a espinha dorsal. De cada vez em que eu via o
couro desse animal, parecia que ele estava centralizado sobre a
nossa área montanhosa local. Cada um dos jogos de garras da visão
parecia estar embebido em uma localização específica, incluindo o
vale de Hemet/San Jacinto. Todas as demais cidades ficavam dentro
de um raio de quarenta e oito quilômetros da nossa comunidade.
Devo mencionar que nunca tive essa visão em um sonho. Ela
sempre aparecia quando eu estava acordado, e quase sempre quan-
do eu me encontrava imerso em oração. De cada vez em que a visão
me era dada, eu sentia vagamente que poderia ter algo a ver com
espíritos das trevas, governantes do lugar, como aqueles referidos
no décimo capítulo de Daniel, a saber, o príncipe da Pérsia e o
príncipe da Grécia.
Durante certo período de oração, fiquei poderosamente impres-
sionado pelo impulso de levar um grupo de doze líderes da igreja a
uma cabana específica, localizada nas montanhas, que aparecia na-
quela visão. Por essa altura dos acontecimentos, Susana e eu
pastoreávamos uma pequena igreja que havíamos implantado na
pequena cidade de Hemet. Quando falei a respeito com os anciãos e
vários outros líderes maduros de nossa congregação, com o meu
senso de orientação dado pelo Senhor, eles concordaram em ir
comigo até à cabana, que pertencia a uma mulher que era membro
de nossa igreja. Deveríamos orar ali até termos quebrado a "espinha
dorsal" daquele espírito dominador, forçando-o a largar o domínio
espiritual que ele exercia sobre as pessoas que viviam debaixo de
seu controle.
Deus me encorajou de forma notável quando conversamos com
a mulher que era a dona da cabana. Entrei na loja que havia na
cidade, e que ela dirigia. Quando ela me viu, baixou-se por detrás
do balcão e então jogou para mim as chaves da cabana. E então
explicou: "Em minhas orações, hoje pela manhã, Deus me disse que
o senhor viria, e que eu lhe deveria dar as chaves!"
Quando todos nos reunimos na cabana, na sexta-feira seguinte,
expliquei com detalhes aquela visão que se repetia, e o que eu sentia
ser o nosso propósito ali na montanha. Compartilhei com o grupo
que eu pensava que todos saberiam quando tivéssemos partido as
costas daquela coisa, ouvindo ou sentindo os ossos estalarem.
Depois de horas de orações muito intensas, em que ministramos ao
Senhor, começamos a cantar espontaneamente o hino: "Há Poder no
Sangue". Cada um de nós foi alertado por um senso imediato e
sufocante de maldade, que nos circundava. Mas enquanto
entoávamos o hino, todos sentimos que o círculo se quebrava!
Muitos de nós chegaram a ouvir um som audível, não como se
vértebras estivessem exatamente se partindo, mas como se elas se
estivessem desconjuntando e separando. A cabana inteira chegou a
balançar!
Um profundo senso de alívio desceu sobre todos nós, quando
descemos montanha abaixo no dia seguinte. Não compreendíamos
exatamente o que tínhamos feito, e nem o que poderíamos esperar,
em resultado daquela nossa reunião de oração. Mas coisas
começaram a ocorrer espiritualmente, em nossa pequena
comunidade de retiro, aparentemente sonolenta e despretensiosa.
Todos sentimos que havia algo de diferente em nossa pequena
cidade.

OS DEUSES SOLITÁRIOS

Muitos anos mais tarde, Peter e Dóris Wagner vieram visitar-


nos, juntamente com os nossos antigos amigos, Cindy e Mike Jacobs.
Até então, eu tinha guardado aquele mapa bastante roto, pois
para mim era um objeto confidencial. Eu havia adicionado ali vários
outros pontos de poder, incluindo a gigantesca, opulenta e bem
fortificada Igreja de Cientologia Media Center, que também servia de
retiro, e que L. Ron Hubbard havia construído. Eu nunca havia
falado muito sobre o meu mapa, porque poucas pessoas da
comunidade evangélica tinham conversado sobre tais coisas, e eu
não queria dar a impressão de que estava à beira de tornar-me um
lunático. Mas Cindy encorajou-me a mostrar o mapa para Peter e
Dóris, o que fiz com certa hesitação. Exibir tal coisa a um professor
de seminário parecia um tanto intimidador.
Fiquei tremendamente encorajado quando recebi total
aprovação da parte deles. Peter disse que, em seus contatos através
da Spiritual Warfare Network, ele tinha podido confirmar que
preparar esses mapas espirituais era uma das mais poderosas novas
que o Espírito Santo parecia estar dando às igrejas, pelo mundo
inteiro, nestes nossos dias. Então ele confessou que era leitor ávido
das novelas de fronteira de Loius L'Amour, e perguntou se eu já
tinha lido o livro The Lonesome Gods (Os Deuses Solitários —
Bantam Books). E ajuntou que o palco da novela ficava localizado
na região de San Jacinto, e que abordava as antigas lendas
indígenas. Na semana seguinte, comprei um volume da novela e me
pus a lê-la. Fiquei impressionado diante das claras descrições sobre
Taquitz, o espírito que dominava sobre a cadeia montanhosa de San
Jacinto.
O leitor pode imaginar minha admiração quando pesquisei
mais profundamente e descobri que a imensa rocha que ficava bem
por detrás da cabana onde tínhamos orado até partir-se a coluna
vertebral do urso, não era outra coisa senão aquilo que se chamava
Pico Taquitz!

DESCOBRINDO A HERANÇA ESPIRITUAL DA NOSSA


COMUNIDADE

Eu havia guardado aquele desgastado mapa por dezessete


anos, onde assinalei o que eu pensava que tivesse alguma
importância. Durante o mesmo período, fiquei muito interessado em
conhecer mais sobre a história de nossa comunidade e seus pais
fundadores. Com freqüência eu passava meus dias fora, andando a
pé por áreas remotas e canhões nunca explorados, examinando
cavernas e investigando, para ver se achava por ali antigas cabanas
e relíquias indígenas.
Um daqueles canhões, conhecido como Canhão do Massacre,
tinha sido o palco da matança da tribo dos índios sobobas por outra
tribo vizinha, os temeculas. Tendo alguma compreensão acerca da
base bíblica da contaminação de terras, comecei a perguntar a mim
mesmo se aquele incidente e sua localização teria alguma
significação espiritual. E, assim, marquei devidamente a localização
do Canhão do Massacre, em meu mapa.
Outro importante evento passado, na vida de nossa
comunidade, tinha sido a tentativa, feita por uma companhia local
de serviço de água e esgoto, de perfurar uma grande adutora que
atravessasse o pé das colinas no lado norte de nosso vale. E isso
mostrou ter sido um acontecimento muito significativo. A
companhia errou em seus cálculos de engenharia e acabou
sondando a camada de águas freáticas que nutriam todas as fontes
daquela área!
Durante dezoito meses, a água fluiu sem ninguém conseguir
estacá-la. Todos os esforços para fazer estancar o fluxo de água re-
sultaram em conseqüências desastrosas. Os prejuízos foram
grandes, não somente em sentido financeiro, mas também no
sentido de perdas de vidas humanas. Eventualmente, as águas
freáticas de todo aquele vale e das montanhas ao redor se esgotaram
e a área nunca mais voltou a ser a mesma.
Isso explicava por que eu encontrava plantações de frutas
cítricas e ranchos de criação de galinhas no alto das colinas, nas
numerosas excursões que fiz às colinas. Ao que tudo indica,
floresciam antes do desastre com o lençol freático da região. Todos
aqueles ranchos tinham sistemas de irrigação e grandes poças de
água, alimentadas pelos riachos que antigamente fluíam o ano
inteiro. Após o desastre com o lençol freático, entretanto, até as
reservas indígenas locais perderam o seu abundante suprimento de
água e a sua base agrícola, o que deixou os habitantes da região na
miséria.
Muitas pessoas que continuam habitando na reserva indígena
ainda podem lembrar quão furiosos ficaram os membros do concilio
tribal por causa do desastre ecológico. Os seus xamãs amaldiçoaram
a companhia de água do homem branco, por causa de seu erro. E a
situação piorou ainda mais quando se espalharam rumores de que
a companhia de água estava desviando deliberadamente a água,
vendendo-a a outras companhias de água, não fazendo qualquer
tentativa para estacar o fluxo de água, e muito menos, querendo
compensar os indígenas devido às suas perdas.
Depois de haver localizado o lugar das perfurações em meu
mapa, notei que ele ficava ao longo da mesma cadeia de colinas onde
ficavam o "umbigo" da terra, a reserva indígena, o retiro de
Maharishi Yogi e o local do massacre dos índios sobobas.
Compreendi que isso era significativo, embora eu continuasse
inseguro sobre o que fazer com essa informação. E, assim sendo,
continuei marcando o meu mapa com descobertas que eu sentia que
estavam afetando a herança espiritual da nossa comunidade.
Ao mesmo tempo, L. Ron Hubbard e a Igreja da Cientologia
mudaram-se para a cidade. Eles tinham comprado um antigo clube
de campo, localizado em uma propriedade específica, ao longo da
mesma serra de colinas onde ficavam localizados o Canhão do
Massacre, o desastre da perfuração do lençol freático, o retio de
Maharishi Yogi, a reserva indígena e o "umbigo" da terra. Na verdade,
o lugar que eles adquiriram chamava-se Estalagem do Canhão do
Massacre. Alguma coisa estava acontecendo naquela área, e o meu
mapa estava começando a deixar isso claro. Se eu não tivesse
percebido essas coisas em um mapa, provavelmente eu jamais
poderia ter feito a associação entre essas localizações. Mas vê-las
assinaladas em um mapa conferiu-me uma perspectiva coerente.

ORAÇÕES NÃO-RESPONDIDAS PELA COMUNIDADE

Conforme mencionei, eu continuei silente acerca do mapa e de


minhas suspeitas, embora a nossa congregação, naquele tempo,
estivesse profundamente dedicada à oração e à intercessão de
manhã cedo a cada dia útil da semana. Em nossa igreja, a Igreja da
Dwelling Place, nós orávamos de modo breve, um crente depois do
outro, a respeito de questões nacionais e internacionais, além de
orarmos pelas necessidades individuais e comunitárias de nossa
área. Durante todo o tempo, contudo, manifestava-se um profundo
senso de frustração que se acumulava em todos nós, embora nos
mantivéssemos fielmente dedicados à oração pela nossa gente e pela
nossa comunidade. Essa frustração derivava-se de uma crescente
percepção de que, com toda a honestidade, as nossas orações não
estavam sendo eficazes.
Tínhamos aprendido a orar eficazmente pelas pessoas, e está-
vamos vendo homens e mulheres sendo libertados da servidão emo-
cional, espiritual, financeira e física. Muitas pessoas já haviam sido
salvas em nossa igreja, porquanto tinham visto o poder de Deus sob
a forma de curas físicas, ou por terem sido libertadas da opressão
demoníaca.
Por que coisas similares não estavam acontecendo em nossa
comunidade? Por que nossas orações em favor de pessoas estavam
sendo respondidas, mas não nossas orações por Hemet e a região
circundante, que estavam sendo ineficazes? Olhávamos, de nossa
igreja, para o norte, para o sul, para o leste e para o oeste, mas
víamos pouca mudança lá fora. Até parecia que, quanto a certos
aspectos, a nossa comunidade estava perdendo terreno. As
condições sociais deterioravam-se cada vez mais, e nós parecíamos
cercados por trevas que nos iam apertando mais e mais. Sentíamos
que estávamos sendo fiéis e diligentes, mas tudo quanto fazíamos
pouco adiantava.
Enquanto eu agonizava no meu espírito por causa da situação,
mentalmente comecei a passar da abordagem que usávamos para
libertar pessoas para a questão da servidão aos demônios. Seria pos-
sível aplicar esses mesmos princípios no terreno social, tal e qual
fazíamos no terreno pessoal? Seria possível que as cidades têm uma
certa personalidade?
Isso me levou a escavar mais as Escrituras e a buscar uma
base bíblica para o conceito de uma cidade dotada de personalidade.
Se essa premissa mostrasse ser biblicamente válida, novos passos
deveriam ser tomados para vermos a nossa comunidade como uma
comunidade, e não meramente como indivíduos, libertados e
emancipados.
Os maus espíritos, como eu sabia bem, buscam controlar uma
personalidade ou caráter. Esses espíritos acham acesso até à vida
de uma pessoa através de pecados passados, pecados atuais,
maldições que acompanhavam várias gerações e iniqüidade,
idolatria, vitimização, traumas, formas várias de contaminação
pessoal e assim por diante. Quando a personalidade de uma pessoa
é contaminada, abre-se a porta daquela personalidade para as
trevas, porquanto Satanás habita nas trevas. Minhas pesquisas, que
procuravam confirmar que uma cidade também tem personalidade,
levaram-me aos comentários feitos por Jesus, em Mateus 11.20-24:
Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se ope-
rou a maior parte dos seus prodígios o não se haverem arre-
pendido, dizendo: Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Por-
que, se em Tiro e em Sidon fossem feitos os prodígios que
em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido, com
saco e com cinza. Por isso eu vos digo que haverá menor
rigor para Tiro e Sidon, no dia do juízo, do que para vós. E
tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até
aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os
prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até
hoje. Porém eu vos digo que haverá menos rigor para os de
Sodoma, no dia do juízo, do que para ti.

Fica claro aqui que Jesus referia-se à responsabilidade pessoal


de uma cidade. Cada cidade, segundo parece, é endereçada como se
fosse uma personalidade dotada de responsabilidade por suas ações
e por sua reação diante do evangelho. Naturalmente, Jesus não
estava dizendo que uma cidade tem uma alma eterna; mas ele
referia-se a cidades como entidades coletivas. Ele dirigiu-se a cada
cidade por seu respectivo nome.
Desejoso ainda de obter maior confirmação bíblica, pesquisei
a Palavra de Deus estudando cidades e procurando qualquer
informação que me permitisse descobrir mais verdades sobre essa
área. Lemos em Hebreus 11.10: "Porque [Abraão] esperava a cidade
que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus".
Abraão estava à procura de uma cidade que tivesse incorporado
princípios piedosos como o seu alicerce. O termo grego aqui
traduzido por "fundamentos" também pode ser traduzido por
"princípios e preceitos rudimentares". Isso refere-se à moral e à ética
de uma cidade. Portanto, embutidos dentro das muralhas de cada
cidade acham-se o seu caráter e a sua personalidade!
E também descobri que esse vocábulo grego para "fundamen-
tos" é a mesma palavra usada por Paulo em 1 Coríntios 3.11, 12,
quando ele orientou aquela igreja a respeito dos alicerces da
personalidade humana: "Porque ninguém pode pôr outro
fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se
alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata,
pedras preciosas, madeira, feno, palha..."
Começamos por indagar sobre o que os fundamentos de nossa
própria cidade poderiam ter sido edificados. Teria ela sido edificada
sobre Jesus Cristo? Nossa comunidade foi construída com ouro,
prata e pedras preciosas, ou haveria na sua estrutura alguma
madeira, feno e palha? Triste é dizê-lo, vemos muita madeira, feno
e palha na área de Hemet.

COMUNICANDO-NOS COM UMA CIDADE

Comecei a acreditar que ministrar libertação a uma cidade é


algo possível. Tanto a minha comunidade quanto a sua podem ser
concebidas como comunidades dotadas de sua própria
personalidade, com fundamentos espirituais perfeitamente reais!
Uma chave para isso seria nos comunicarmos com a cidade.
Naturalmente, isso nos põe diante de um dilema sem igual. Como
podemos fazer a nossa cidade "falar" conosco, como faria uma
pessoa? Como podemos fazer uma comunidade contar-nos as coisas
que têm acontecido naquela região? Como é que ela foi contaminada
e aberta para os espíritos territoriais? Como posso fazer a minha
cidade abrir-se e começar a falar comigo?
Novamente, depois de orar e perscrutar a Palavra de Deus, em
busca de respostas, encontrei um indício. "Clama a mim, e
responder-te-ei e anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não
sabes". Esse versículo indica que as coisas ocultas e invisíveis, que
não sou capaz de entender, podem ser importantes para o Senhor.
Ao buscarmos o Senhor acerca dessas coisas ocultas, cremos que
ele é fiel e que nos responderá e nos mostrará essas verdades ocultas.
O Senhor tem indicado que uma chave para tratar com a
comunidade consiste em fazer as mesmas perguntas que
dirigiríamos a uma pessoa que busca ser libertada de opressão
demoníaca, e que ele nos conduzirá quanto aos pontos específicos,
se realmente colocarmos a nossa cidade no caminho da libertação.
E agora precisávamos descobrir como tinham sido lançados os
alicerces espirituais de nossa cidade. De que eram feitos esses
fundamentos? Onde estavam localizadas as dores e as dificuldades?
Até que ponto a história passada da cidade está relacionada aos
acontecimentos atuais? Haverá algum envolvimento da minha
cidade com o ocultismo? Alguma outra coisa tem desempenhado um
papel que conduziu às condições presentes da minha cidade, nos
campos espiritual, emocional ou físico?
Eu nem percebia que já me estava comunicando com a minha
cidade por cerca de dezenove anos! Uma das maneiras de nos comu-
nicarmos ou conversar com uma cidade consiste em estudarmos e
pesquisarmos a história e a herança daquela cidade.
Poderia o mapeamento e o conhecimento histórico de minha
cidade estar ligados, na tentativa de falar comigo sobre o alicerce —
bom ou mau — de minha cidade? Quando comecei a examinar de
novo essas informações, gradualmente comecei a ver emergir a
personalidade espiritual de minha comunidade. Era mais ou menos
como tirar um quebra-cabeça feito de peças ajustáveis, derramar
tudo sobre uma mesa e contemplar peça após peça ajustar-se no
seu devido lugar.

FOGUETES SCUD E BOMBAS DE INFALÍVEL PONTARIA

De súbito, vi-me a examinar um quadro da personalidade de


minha cidade, como eu nunca o tinha visto antes. Foi excitante
pensar que agora seríamos capazes de ministrar livramento e iniciar
o processo que poderia trazer a liberdade espiritual para o nosso
vale. Poderia ser esse também o elemento que faltava em nossas
orações e intercessões, de que precisávamos tão desesperadamente?
Estaríamos realmente acertando na mosca de nossos alvos de
oração, ou estávamos apenas atirando a esmo, em derredor de nossa
necessidade, de uma maneira vaga e ineficaz?
Pensei sobre os foguetes Scud que Saddam Hussein lançou du-
rante a Guerra do Golfo, em 1991. Embora aqueles mísseis estives-
sem apontados na direção certa, a óbvia falta de pontaria deles
impediu que os foguetes obtivessem todo o seu potencial de
destruição. Comecei a ver que as nossas orações, em favor de nossa
comunidade, se pareciam, um tanto, com os mísseis mal orientados
do ditador iraquiano. Estávamos acertando no inimigo, mas por
causa de nossa falta de informações estratégicas, éramos incapazes
de isolar ou discernir um alvo específico, apontar para ele e atingi-
lo em cheio.
Agora que estávamos começando a acumular informações es-
tratégicas sobre a personalidade de nossa cidade (por exemplo, a
sua herança, a sua fundação, o seu pano-de-fundo espiritual),
seríamos capazes de formar um plano de guerra estratégico e atingir
alvos precisos. Isso se parecia bastante com as bombas de infalível
pontaria que os aliados apontaram, em revide, contra Saddam
Hussein. Aqueles que assistiram as notícias da guerra pela televisão
ficaram admirados de como aquelas bombas eram apontadas para
portas, janelas e entradas de ar específicas.
Mas se alguma bomba espiritual de pontaria infalível tiver de
ser assim exata, alguém primeiramente precisará recolher
informações de reconhecimento. Antes de tudo, será necessário
fazer uma exploração da área. Para nós, isso significa pesquisar,
estudar a terra e os seus primeiros habitantes, mapear e escavar a
história de uma cidade. A guerra espiritual, tal como a guerra
convencional, beneficia-se enormemente com base em investigações
acuradas.
O mapeamento espiritual tem mostrado ser um instrumento
eficaz na intercessão estratégica e nos atos estratégicos de
intercessão pelas nossas comunidades. Enquanto eu reexaminava e
revisava os anos de recolhimento de informação que passei fazendo,
percebi que, intuitivamente, eu havia conseguido detectar partes
significativas da história de minha área no meu mapa. Ali, defronte
de mim, havia informações históricas, físicas e espirituais. Eu
nunca me tinha dado conta da significação que aquele mapa teria
nos anos vindouros.
Aquele desgastado mapa mostrou conter valiosas informações
para a formação de uma estratégia contra as fortalezas e os espíritos
territoriais que se tinham alojado em nossa comunidade. Uma vez
que nós, na qualidade de uma congregação, aprendemos a nos
comunicar com a "personalidade" de nossa cidade, os resultados de
nossa intercessão adquiriram um vulto dramático.

MAPEANDO UMA CIDADE

Quais, pois, são os passos necessários a um pastor, um crente


leigo ou uma congregação, para que dêem início ao mapeamento
espiritual?
A História da Cidade

Em primeiro lugar, devemos pesquisar a história e a fundação


da comunidade em pauta. Busquemos pontos de contaminação,
como derramamentos de sangue, contratos quebrados, pactos
desfeitos e preconceitos raciais que podem ter tido o apoio de antigas
leis da cidade, vinculadas a esses erros. Por muitas vezes, as
crônicas a respeito continuam guardadas na prefeitura ou na
biblioteca da cidade.
Fiz o meu pessoal pôr-se a examinar os nossos livros de
história local, visitar museus e sentar-se em nossa biblioteca,
rebuscando os documentos da cidade. Uma das coisas mais
interessantes que descobrimos foi um antigo marco histórico
localizado na propriedade de uma igreja local da nossa comunidade.
Era um grande arco arquitetônico que o condado havia preservado,
e que foi declarado um marco histórico, porque um dos primeiros
ginásios do país tinha sido construído ali.
O pastor da igreja local é um amigo pessoal bem chegado, e ele
tinha ficado muito interessado na história da propriedade de sua
igreja como com a sua possível relação com aquele marco histórico.
Suas pesquisas tinham desenterrado algumas informações
interessantes. A igreja dele e o marco histórico estavam localizados
precisamente sobre o local da aldeia dos índios sobobas, os quais,
conforme mencionei acima, foram massacrados pelos índios de
outra tribo, os temeculas. Eles começaram a matança na região que,
atualmente, é San Jacinto, e, enquanto os guerreiros lutavam, as
mulheres e as crianças fugiam dessa aldeia para o Canhão do
Massacre, onde, mais tarde, todas elas encontraram a morte.
Nossa pesquisa prosseguiu, e dessa maneira foi revelado que,
desde que a igreja fora fundada, no começo do século XX, cada pas-
tor ou membro da família de algum pastor tinha experimentado
morte violenta, com a exceção do atual pastor e do pastor que serviu
à igreja antes dele. Não podíamos evitar de perguntar se a violência
e o derramamento de sangue havidos no passado não teriam
contaminado aquele terreno e conferido uma cabeça de ponte para
que pudessem operar os espíritos da morte violenta. Também
pensamos que isso poderia ajudar a explicar por qual motivo aquela
circunvizinhança em particular se tinha tomado o centro geográfico
da violência dos bandidos de toda aquela região.
Quando o pastor ficou sabendo acerca do derramamento de
sangue entre os índios, bem como acerca da morte violenta dos
pastores, ele convocou uma reunião de seus anciãos e intercessores.
Engajaram-se em um período de intercessão sincera e de profundo
arrependimento, em favor de seu terreno e de sua igreja.
Que aconteceu? Menos de dois meses mais tarde, membros de
gangues locais começaram a converter-se ao Senhor. Pelo menos um
deles entrou na igreja, durante um culto de domingo, e disse: "Quero
ser salvo!" Outro chefe de bando, sua mãe e depois toda a família
dele aceitaram a Cristo. A violência do banditismo na região caiu
vertiginosamente desde então, embora ainda não tenha desapa-
recido de vez.

A Personalidade de Uma Cidade

O segundo passo que devemos dar, para realizar o


mapeamento espiritual de nossa comunidade é pesquisar a
formação da personalidade de nossa cidade. Em outras palavras,
nossa cidade tornara-se conhecida por causa do quê? Las Vegas
tornou-se conhecida por causa de sua ganância e jogatina; Chicago
pela violência das turbas, e São Francisco como um dos fortins de
homens efeminados e de mulheres lésbicas. Nossa própria
comunidade tornou-se conhecida como uma comunidade de
pessoas aposentadas, um lugar para onde pessoas de mais idade
costumam vir para passarem tranqüilamente os seus últimos dias e
então morrerem.

Uma área vital que não pode ser negligenciada em nosso desejo
de ver nossas comunidades libertadas da servidão espiritual é a área
do arrependimento e da remissão de pecados dessas comunidades.

Nesse segundo estágio do mapeamento, procuramos por


instituições financeiras e por quaisquer empresas ou edifícios
da cidade que parecessem formar ajuntamentos compactos.
Descobrimos que Hemet tem os maiores depósitos bancários
per capita do que qualquer outra cidade dos Estados Unidos
da América. Localizamos também bares, teatros
pornográficos e centros de distribuição de drogas.

Os Centros de Artes Ocultas da Cidade


O terceiro passo do nosso processo de mapeamento foi
pesquisar centros psíquicos, de ocultismo, da Nova Era, metafísicos,
holísticos e de cultos estranhos. Tomamos nota dos santuários, dos
templos mórmons, das livrarias da Nova Era e de todas as igrejas e
propriedades dirigidas por cultos aberrantes. Conversamos também
com jovens ginasianos envolvidos com drogas e com o satanismo, e
entrevistamos descendentes de médicos-feiticeiros dos índios locais.
Por muitas vezes, casas vazias e abandonadas são usadas para ali
haver ritos e sacrifícios de animais, pelo que essas também foram
examinadas.

ARREPENDENDO-NOS DOS PECADOS SOCIAIS


Também aprenderíamos em breve que outra área vital que não
pode ser esquecida, em nosso desejo de ver as nossas comunidades
livres da servidão espiritual, consiste em nos arrependermos e
remirmos os pecados de nossas comunidades. Esse tópico é coberto
com maiores detalhes no livro de John Dawson, Reconquiste Sua
Cidade Para Deus,1 bem como no livro de Cindy Jacobs, Possuindo
as Portas do Inimigo.2 Em setembro de 1991, Peter Wagner e Cindy
Jacobs falaram durante a Conferência Sobre Guerra Estratégica em
nossa igreja. Por ocasião dessa conferência, fomos capazes de pôr
em prática esse conceito do arrependimento em favor de nossa
cidade, buscando o perdão divino para os nossos pecados sociais.
Sob a supervisão de Cindy, os indígenas locais e um represen-
tante da companhia de água reuniram-se diante da conferência e se
declararam arrependidos um diante dos outros, por seus malefícios
praticados no passado. Um pastor metodista local subiu na platafor-
ma com um pastor pentecostal, e ambos pediram perdão pelo orgu-
lho e espírito de divisão entre os evangélicos e os carismáticos. Fi-
nalmente, um homem branco e um homem índio puseram-se de pé,
um diante do outro, e se arrependeram por causa dos pecados e do
ódio que tem havido entre as duas raças. Quando cada uma dessas
pessoas arrependeu-se, um depois do outro, perdoando-se mutua-
mente, muitos presentes à conferência choraram em voz alta, por-
que anos de divisões e ódios guardados tinham sido quebrados no
terreno espiritual. Os principados e as potestades receberam golpes
rígidos e sérios naquela noite.

DEDICAÇÃO DOS PASTORES A ALGUM TERRITÓRIO

Durante os meus primeiros dias de oração pela minha


comunidade e sua gente, senti que o Senhor começava a despertar
dentro de mim um forte amor por aquela terra e sua gente. Antes,
eu nunca me havia sentido preso à nossa comunidade. Em meu
coração, eu sempre tinha esperado que algum dia eu partiria para
algum outro lugar, dotado de algum ministério mundial de alguma
sorte. Mas o Senhor começou a mostrar-me que eu jamais poderia
ser usado para trazer libertação de significado real e duradouro, à
minha própria região, se eu estivesse vivendo ali mas com minha
bagagem emocional e espiritual sempre arrumada para ir-me
embora, sempre esperando pelo dia em que o Senhor me chamasse
para alguma comunidade maior, dotado de maior influência e
importância.
No entanto, era precisamente isso que eu estava fazendo. Eu
vivia esperando sempre por aquela "chamada superior"! E assim
percebi que o que me estava faltando era dedicação territorial. E aca-
bei sentindo ser aquele um elemento-chave para que fosse iniciado
o livramento espiritual de minha cidade.
Se minha cidade tivesse de experimentar um verdadeiro livra-
mento espiritual de seus espíritos governantes de apatia religiosa,
mesquinhez financeira, idolatria oculta e coisas semelhantes, isso
teria de começar com os líderes evangélicos, que deveriam declarar-
se comprometidos com os habitantes do local e com a própria região.
Alguma pessoa como eu precisava começar a desempacotar a sua
bagagem, deixando para trás o seu sonho de ter algum ministério
mais excitante no futuro. Pastores, líderes leigos e igrejas inteiras
precisam unir-se, assumindo responsabilidade territorial a longo
prazo, pela região onde estiverem residindo! Susana e eu
começamos anunciando à nossa congregação que considerávamos
Hemet a nossa chamada vitalícia, e também compramos sepulturas
no cemitério local.
Uma passagem do livro de Jeremias fala sobre um tempo em
que os líderes de Israel ignoraram as suas responsabilidades. "Mui-
tos pastores destruíram a minha vinha, pisaram o meu campo,
tornaram em desolado deserto o meu campo desejado. Em assolação
o tornaram, e a mim clama na sua desolação; toda a terra está
assolada, porquanto não há ninguém que tome isso a peito" (Jr 12.10,
11; a ênfase é minha).
Nossa igreja começou a tomar a peito, como nunca antes, a
nossa região. Certa manhã de domingo, senti o impulso do Espírito
Santo de levar a nossa congregação inteira a um dos lados de uma
colina que dava de frente para o inteiro vale de Hemet/San Jacinto.
Ali ficamos, ombro a ombro, de mãos estendidas na direção de
Hemet, durante meia hora, intercedendo contra as trevas espirituais
que escravizavam a nossa comunidade.
Certo ano, minha esposa, Susana, sentiu que o Senhor estava
instruindo nossa igreja para entrar na parada de Natal realizada em
Hemet. Novamente, obedecemos devidamente, entramos na parada,
e marchamos pela rua principal de nossa cidade, entoando louvores
a Jesus, com cânticos como "Quão Poderoso E o Deus Que
Servimos" e "Fazei um Ruído Jubiloso ao Senhor".

Estou convencido de que quando aprendermos a aceitar o


compromisso com os nossos territórios e com a esfera de
influência que nos foi designada, e quando aprendermos a
destruir fortalezas e principados e potestades governantes
sobre as nossas comunidades, então, começaremos a
incorporar, cidade após cidade, nossas cidades e nações
dentro do plano final de Deus para elas.

No ano passado, nossa igreja participou com mais de


quatrocentos membros de nossa congregação que tomaram parte
nos cânticos, nas danças coreográficas, no transporte de bandeiras
e coisas similares. Esforçamo-nos por ministrar às pessoas de nossa
comunidade mediante essa nossa participação, ao mesmo tempo
que fazíamos vigorosas declarações aos espíritos das trevas. A
reação favorável de nossa comunidade foi tremenda; muitas pessoas
estão se rededicando às igrejas, e as empresas atualmente estão
doando dinheiro e materiais que nos ajudam a contrabalançar o
custo dessa nossa participação. No ano passado, os juizes da parada
evangélica também ficaram impressionados e galardoaram a
participação de nossa igreja com o prêmio mais alto — o Troféu
Presidencial. Digo isso não por motivo de orgulho pessoal, mas para
mostrar como uma congregação comum realmente pode amar a uma
cidade e "trazê-la no seu coração", conforme mencionou o profeta
Jeremias.
Estou convencido de que, quando aprendermos a sentir
responsabilidade por nossos territórios e por nossa esfera
determinada de influência, e quando aprendermos a destruir as
fortalezas espirituais e os principados e potestades que dominam as
nossas comunidades, então, começaremos a incorporar, cidade após
cidade, no plano de Deus em favor de nossas cidades e nações.

APOSTANDO NOSSAS CIDADES PARA DEUS

Recentemente, enquanto orava acerca da crescente violência


dos facínoras de nossa comunidade, sentimos a necessidade de
estabelecer um dossel de orações sobre a cidade. Já tínhamos orado
antes por uma cobertura espiritual por sobre a nossa cidade, mas
nunca tínhamos feito qualquer coisa tangível como sentíamos que o
Senhor nos eslava guiando para que fizéssemos.
Em minhas orações, fui atraído pelo trecho de Isaías 33.20-23,
uma passagem que eu já havia lido por muitas vezes, nunca
sentindo que essa profecia, dirigida à Assíria, tinha qualquer coisa
de direto a ver com o meu ministério. Dessa vez, porém, senti que
Deus queria que eu desse atenção ao texto literal, aplicando-o à
nossa cidade em favor de Deus. E importante que tenhamos as
Escrituras diante de nós, enquanto vou explicando:

Olha para Sião, a cidade das nossas solenidades;


Os teus olhos verão a Jerusalém, habitação quieta,
Tenda que não será derribada,
cujas estacas nunca serão arrancadas,
E das suas cordas nenhuma se quebrará.

Mas o Senhor ali nos será grandioso,


Lugar de rios e correntes largas;
Barco nenhum de remo passará por eles,
Nem navio grande navegará por eles.
Porque o Senhor é o nosso Juiz;

O Senhor é o nosso Legislador;


O Senhor é o nosso Rei;
Ele nos salvará.

As tuas cordas estão frouxas;


Não puderam ter firme o seu mastro,
E vela não estenderam.

Quero ser o primeiro a reconhecer que essa passagem, em seu


contexto histórico, pouco ou nada tem a ver com a guerra espiritual
em nível estratégico que visa a tomar alguma cidade para Deus. Não
obstante, sentimos que era a palavra profética para a Igreja de
Dwelling Place, em Hemet, estado da Califórnia, em 1991. E assim
passamos a lhe obedecer e a aplicá-la passo a passo, conforme
sentíamos que Deus nos estava orientando.
Isaías falou ali sobre uma tenda segura em seu lugar por
estacas fincadas no chão. Essas estacas nunca seriam removidas.
Estacas em Hemet? Enquanto eu prosseguia dia após dia em oração,
sentia que o Senhor nos estava dizendo para fincarmos estacas no
chão. Eu nunca ouvira dizer que alguém já tinha feito tal coisa, e
nem ficaria surpreso se tal ato nunca tivesse sido efetuado. Mas lá
em meu espírito eu sabia que para nós seria algo correto,
particularmente se os anciãos da igreja concordassem comigo.
Convoquei todos os anciãos para uma reunião, certo domingo
pela manhã, para explicar-lhes que eu sentia que o Senhor nos
estava ordenando fincar estacas no chão, a fim de garantir um
dossel espiritual que ele queria estender por cima da cidade. Oramos
juntos e, quando assim fizemos, sentimo-nos todos de acordo em
obedecer à mente do Senhor. Concordamos que tomaríamos
providências e entraríamos em ação, de uma maneira que poderia
parecer estranha não somente para os nosso vizinhos, mas também
até para nós mesmos. Um dos anciãos, que tinha uma loja de
objetos de adorno feitos de madeira, apresentou-se como voluntário
para fazer estacas de carvalho para nós.
Naquela manhã, em ambos os cultos que houve, compartilhei
com a congregação que faríamos outra excursão de intercessão, ou
seja, aquilo a que Kjell Sjöberg chamou, no quarto capítulo, de
oração de ação profética. "Venham vestidos casualmente, e reúnam-
se no templo da igreja às 16h30", anunciei. Nós nos dividiríamos em
cinco grupos. Quatro dos grupos acompanhariam um ancião com
uma das estacas, a fim de fincá-la em uma das quatro entradas
principais do nosso vale — todas as entradas eram auto-estradas.
O quinto grupo acompanharia minha esposa e eu, até à intersecção
principal, bem no centro da cidade. Precisamente às 17 horas, cada
um dos anciãos fincaria a sua estaca no chão, para que servisse de
memorial ao Senhor; e o dossel de oração resultante permaneceria
como nossa declaração de guerra espiritual estratégica contra as
trevas que nos estavam apertando cada vez mais.
Ao mesmo tempo, Susana e eu, de pé na intersecção do centro
da cidade, simultaneamente levantaríamos as nossas vozes em
louvor ao Senhor, como se fosse um poste central do dossel
espiritual. Então voltaríamos à igreja para o culto normal das 18
horas, quando então compartilharíamos juntos de nossas
experiências, com o grupo inteiro dos crentes.
Ao orientar cada ancião sobre onde ele deveria fincar a sua
respectiva estaca, selecionei cada local através do meu mapa. Pedi
ao ancião e seu grupo que foram para o lado norte do vale que
fincassem a sua estaca ao lado do Canhão do Massacre e da Igreja
da Cientologia. Em cada estaca estava inscrita a passagem bíblica
de Isaías 33.20-24.
Rios, Correntes Largas e Navios

Quando voltamos, o ancião do grupo que se tinha dirigido à


entrada norte, disse que tinha feito uma notável descoberta. Quando
estavam lendo as Escrituras inscritas na estaca em voz alta,
perceberam que Isaías 33.21 diz que o Senhor estava em um lugar
de "rios e correntes largas". Um dos homens notou que bem defronte
deles estava o leito agora seco do rio San Jacinto, e bem à esquerda
deles estava o riacho do Canhão do Massacre, agora também seco.
Ambas as correntes atualmente estão sem água por causa do
desastre na exploração do lençol freático da companhia de água,
sobre a qual falamos páginas atrás.
Isso já serviria de encorajamento suficiente; mas ainda havia
mais. A passagem de Isaías menciona especificamente navio com
cordas, mastros e velas. Vivemos em uma comunidade no deserto,
longe de qualquer objeto náutico. No entanto, o ancião explicou à
congregação, naquela noite, que depois de terem fincado a estaca,
quando já estavam no caminho de volta para a nossa igreja,
passaram pela sede central da Igreja da Cientologia e, para grande
admiração deles, viram, no terreno dessa igreja e tendo como pano-
de-fundo os sopés das colinas, uma gigantesca réplica, em tamanho
natural, de uma escuna com três mastros, completa com cordas,
mastros e velas!
Todos prorrompemos em gritos de louvor a Deus, ao nos
darmos conta de que não pode ter sido por mera coincidência
extraordinária que todas aquelas três coisas estivessem juntas: o rio,
as correntes e um navio, com suas cordas, mastros e velas, no meio
do deserto. Desnecessário é dizer que ficamos tremendamente
encorajados a premir em intercessão, rogando pelo livramento
espiritual de nossa comunidade. Pudemos acreditar que o próprio
Senhor nos tinha dado, graciosamente, sinais palpáveis de que ele
estava dirigindo e orientando as nossas atividades.
Depois que aquele dossel espiritual foi erguido, o fluxo de infor-
mações a respeito das atividades das trevas, em nossa comunidade,
aumentou dramaticamente. Parecia que vinham pessoas de todas
as partes, trazendo informações sobre antigos edifícios, abusos
passados de terrenos, ou sobre "algum amigo de um amigo" que
conhecia onde as bruxas costumavam reunir-se. Imediatamente
começamos a ver resultados de nossa nova e acurada intercessão,
que se tornara possível por meio de nosso mapeamento espiritual.

Vida Nova Para a Igreja

Os resultados de nossa intercessão em nível estratégico e de


nossa ação de oração profética mostraram que rendiam um efeito
dramático na vida de nossa própria congregação. Se alguma coisa
nos havia notabilizado no passado, é que éramos uma igreja muito
sujeita a divisões. Tínhamos passado por cinco divisões dessas em
dezoito anos. Mas a falta de unidade é agora uma história do
passado. Um caloroso espírito de amor e harmonia está atraindo
novas pessoas à nossa igreja, a qual vem crescendo como nunca
antes.
Durante quinze anos nos tínhamos reunido em uma antiga
instalação de produtos de leite, que havia sido parcialmente
mobiliada. Meu gabinete ficava onde eram preparadas as coalhadas
e onde havia um separador do coalho e do soro do leite, e a creche
ficava no antigo frigorífico. Já nos tínhamos atirado em muitas
campanhas de levantamento de fundos, no esforço de levantar as
finanças muito necessárias, para que pudéssemos remodelar as
instalações, em um mínimo básico para as necessidades da nossa
congregação.
Os membros de nossa congregação eram, em sua maioria, ope-
rários, e a nossa capacidade financeira nunca parecia ser suficiente
para nos fazer deslanchar. A congregação, bem como a liderança,
sentia-se incapaz de alterar essa situação.
Mas agora estava acontecendo alguma coisa, o que demonstra-
va, de forma inequívoca, a atuação da mão de Deus. Depois de ter-
mos entrado nesse novo nível de intercessão, nossa própria
congregação levantou dinheiro suficiente, em um período de apenas
dezoito meses, para edificar toda uma instalação nova para as
crianças (e nada ficamos devendo). Nesse mesmo período de tempo,
remodelamos completamente o santuário (a antiga empresa de
laticínios), e a congregação duplicou de tamanho em menos de um
ano!
Nova Esperança Para a Comunidade

O resultado desse tipo de intercessão, em que enfrentávamos


as fortalezas das trevas, tem modificado francamente a face
espiritual da nossa comunidade. Nada menos de trinta e cinco
ministros, em nossa cidade, agora trabalham juntos no evangelismo.
Eles reúnem-se mensalmente para terem um período de oração e de
apoio mútuo. As igrejas compartilham de seus recursos, com
máquinas de copiar, projetores e outros equipamentos de escritório.
Uma das igrejas compartilha de seus ministérios entre as crianças,
a cada semana, com outra igreja, que está sem um local de reuniões
permanentes. Não é mais incomum ouvir que os pastores estão
trocando de púlpitos, uns com os outros, aos domingos pela manhã.
Um pastor convidou o pastor de outra igreja de nossa cidade para
vir à sua igreja, dedicar sua filha recém-nascida ao Senhor, diante
de sua congregação, e então ficar para pregar no culto matinal.
Faz pouco tempo, trinta igrejas e ministérios da cidade
reuniram-se para efetuar um reavivamento de duas semanas, em
uma tenda. A cada noite do reavivamento, pregou algum pastor
diferente, que opera na comunidade, e uma igreja diferente proveu
a música. A cada noite, por duas sólidas semanas, a tenda ficou
cheia ao máximo de sua capacidade, com membros das
congregações espalhadas por todo o nosso vale, trazendo amigos
perdidos para ouvirem o evangelho. Muitos foram salvos, curados e
libertados, nesse espetáculo aberto de unidade coletiva do Corpo
místico de Cristo, em nosso vale.
Li, em Jeremias 9.3, como o povo de Deus, certa ocasião, não
mostrou ser os "valentes em favor da verdade". Costumávamos ajus-
tar-nos a essa descrição, mas agora estamos mudando. Acredito que
conseguiremos conquistar as nossas cidades, uma a uma,
tornando-nos não somente um "nome, louvor e glória" para o Senhor,
mas também saindo de dentro dos limites de nossos templos, das
nossas atividades eclesiásticas, de nossos programas e tradições
religiosos e tornando-nos, literalmente, um povo que se põe ao lado
da causa do Senhor, valentes em defesa da verdade, por toda a face
da terra!
Perguntas para refletir

1. Bob Beckett expressou a sua frustração porque, embora orações


por indivíduos estivessem sendo respondidas, as orações pela
comunidade pareciam ineficazes. Pode você identificar-se com essa
posição? O que pode ser feito a esse respeito?
2. Analise a reunião de oração, na cabana das montanhas acerca
da "pele de urso", à luz daquilo que aprendemos no capítulo de
Kjell Sjöberg, a respeito das "orações de ação profética".
3. Jesus dirigiu-se a cidades como se fossem personalidades. Você
pensa que poderia fazer a mesma coisa? Poderia isso ser feito em
reuniões de oração coletiva, em sua igreja?
4. Segundo você pensa, quão importante é que um pastor assuma
um "compromisso territorial"? Você conhece algum pastor que
tenha feito compromissos territoriais? Eles concordariam com
Beckett?
5. Bob Beckett pensa que todos nós deveríamos sair e fincar no
solo estacas com versículos bíblicos nelas? Isso soa como algo que
você e seus amigos crentes fariam?

Notas

1. DAWSON, John. Reconquiste Sua Cidade Para Deus. Venda Nova,


MG, Editora Betânia, 1995.
2. JACOBS, Cindy. Possuindo as Portas do Inimigo. Belo Horizonte,
Editora Atos, 1996.

7. EVANGELIZANDO UMA CIDADE DEDICADA ÀS


TREVAS

Por Victor Lorenzo


Victor Lorenzo trabalha em sua pátria, a Argentina, junto à
Harvest Evangelism. Seus dons de discernimento têm-no equipado
para um extenso mapeamento espiritual nas cidades de Resistência
e La Plata. Ele foi consagrado ao ministério na Igreja Visão do Futuro,
sob o pastor Ornar Cabrera. Victor serve como secretário da Área do
Cone Sul, para a Spiritual Warfare Network da A.D. 2000 United
Prayer Track.

Sempre que nos reportamos ao assunto da guerra espiritual


em geral e à questão do mapeamento espiritual em particular,
acredito que é útil esclarecer o papel da Igreja, quanto a essa
atividade.

O MANDATO DA IGREJA

A Igreja cristã recebeu o mandato de pregar o evangelho pelo


mundo inteiro, a fim de expandir o reino de Deus e a sua justiça. A
guerra espiritual e o mapeamento espiritual são, tão-somente,
atividades que ajudam no cumprimento desse mandato. Essas duas
atividades ajudam-nos a descobrir e destruir as estratégias e
astúcias de Satanás, que ele tem usado para manter as multidões
sob o seu domínio, surdas para com a gloriosa mensagem de Jesus
Cristo.
Por mais exato que seja o mapeamento espiritual, porém, é
minha opinião que, sem um enfoque explícito sobre o evangelismo,
tal mapeamento terá pouca serventia. Por semelhante modo, o
evangelismo que não leva a sério o nosso conflito com os poderes
demoníacos, por meio da guerra espiritual, pode tornar-se um
esforço insano que rende poucos resultados.
Deus proporcionou autoridade à sua Igreja e aos seus líderes
para que tomem posse de circunvizinhanças, cidades, nações e até
continentes inteiros para Jesus Cristo. A eficácia da igreja, na
conquista dos incrédulos para Cristo e no aprimoramento moral da
sociedade, depende, em grande parte, de sua disposição para entrar
nessa batalha. A unidade espiritual entre as igrejas e a dedicação à
oração intercessória são condições importantes para a vitória.
CHAMADA DIVINA PARA O MAPEAMENTO ESPIRITUAL

A minha chamada para o mapeamento espiritual ocorreu em


resultado de meu envolvimento no "Plano Resistência", um maciço
esforço evangelístico enfocado em torno da cidade de Resistência, na
Argentina. No momento estou atarefado no ministério da Harvest
Evangelism, sob a liderança de Edgardo Silvoso, um compatriota
argentino. Tínhamos concordado, como uma equipe, que
lançaríamos um projeto evangelístico de três anos em Resistência,
uma cidade de quatrocentos mil habitantes do norte da Argentina.
Uma das ênfases mais importantes é a de nos atirarmos a uma
guerra espiritual em nível estratégico, efetuar uma intensa
campanha de oração intercessória, multiplicar o número de igrejas,
além de empregarmos métodos tradicionais de evangelismo. No
primeiro ano desse esforço, o Espírito Santo começou a mostrar-nos
que a magnitude do combate espiritual que se fazia necessária para
esse empreendimento era muito maior do que havíamos imaginado
a princípio.
Minha própria visão de guerra espiritual foi grandemente
ampliada no começo do ano de 1990. Comecei a perceber que a
guerra espiritual deve ser efetuada ao nível do solo — expulsar
demônios que atormentam as pessoas — como também ao nível
estratégico. Esta última foi uma dimensão da estratégia demoníaca
que já tinha atingido dimensões tanto complexas quanto
generalizadas. Quando li o livro de John Dawson, Taking Our Cities
for God [Reconquiste Sua Cidade Para Deus] (Creation House),
comecei a pensar sobre a necessidade de aplicar os princípios
sugeridos por Dawson à cidade de Resistência. No entanto, no
começo eu estava relutante. Eu havia ministrado a muitas pessoas
que estavam escravizadas a espíritos malignos e conhecia, em
primeira mão, quais os horrores envolvidos nas atividades do diabo.
Eu não sentia a mínima inclinação para entrar com maior
profundeza nos segredos da estratégia satânica.

Gonzalo e o Anjo Guardião

A minha relutância em fazer aquilo que, por aquela altura, eu


sabia ser a vontade de Deus, proveu uma abertura para que o
inimigo atacasse tanto a mim mesmo quanto aos meus familiares.
A cada noite, durante uma semana inteira, nosso menino de quinze
meses, Gonzalo acordava chorando, à uma hora da madrugada. A
cada noite precisávamos de cerca de quatro horas para acalmá-lo.
Finalmente, certa noite, senti que já tinha recebido bastante daquilo
e que precisava tomar alguma outra forma de providência. Eu
reconhecia que a minha atitude de rebeldia estava à raiz daquele
nosso problema e pedi que minha esposa ficasse no leito, enquanto
eu cuidava da questão.
Antes de entrar no dormitório do pequeno Gonzalo, fui até à
sala de jantar, a fim de orar, e então eu disse: "Senhor, por favor,
perdoa-me pela minha desobediência. Confesso que não tenho nem
recursos e nem capacidades, em mim mesmo, para cuidar dessa
situação. Oro para que abras os meus olhos e os meus ouvidos e
entenda o que o teu Santo Espírito me quer revelar. Por favor, Deus,
dá-me o mesmo tipo de unção que deste a Elias, para eu poder
perceber as realidades espirituais. Permite-me ver os meus inimigos,
e também concede-me a confiança de que aqueles que estão comigo
são mais numerosos e mais poderosos do que aqueles que estão
contra mim. Que eu possa divisar a realidade dos teus anjos".
Tendo fé que o Senhor tinha respondido à minha oração, dirigi-
me ao dormitório do Gonzalo. Quando abri a porta, senti-me
avassalado por uma espantosa força do mal. Senti arrepios de frio e
imediatamente percebi a presença da morte, e sabia que o Senhor
me estava revelando a identidade de meu inimigo.
Senti que o Espírito Santo me ordenava: "Assume autoridade
em nome de Jesus". E obedeci. Ordenei que o espírito da morte
saísse e que nunca mais voltasse para atormentar a meu filho.
Naquele momento, vi em minha mente uma gravura representando
um anjo guardião, com a qual eu estava bem familiarizado.
E então eu disse: "Senhor, prometeste que destacarias anjos
para estarem à nossa volta, para nos protegerem. Se for de tua
vontade, preciso agora dessa proteção, sobretudo para os meus
familiares". De pronto o dormitório foi invadido por uma luz
brilhante. Olhei na direção do berço onde Gonzalo estava deitado e
vi um anjo enorme segurando na mão uma espada desembainhada.
E então o anjo me disse: "De hoje em diante, estarei ao lado de teu
filho a fim de protegê-lo e cuidar dele, enquanto cumprires a tua
chamada divina".
Atualmente, Gonzalo está com três anos de idade, e nunca
mais foi atormentado por espíritos malignos. O menino é dotado de
uma compreensão espiritual incomum, e ele mesmo já sabe assumir
autoridade espiritual no nome de Jesus sobre qualquer poder das
trevas que ele seja capaz de perceber.

Mapeando a Cidade de Resistência

Compreendi que Deus queria que eu fizesse pesquisas quanto


à cidade de Resistência, e também eu estava dolorosamente
consciente de que me faltava treinamento ou experiência para fazer
tais pesquisas. Minha única ferramenta era aquele livro de John
Dawson, Taking Our Cities for God.1 Armei-me com as perguntas
feitas por Dawson e dirigi-me à biblioteca da cidade. Depois de ter
examinado, durante quatro dias, centenas de páginas, eu estava
totalmente frustrado. E tive de admitir que embora agora eu
dispusesse de muitas informações exatas, eu não havia ainda
descoberto uma única coisa que parecesse importante para a tarefa
que tínhamos à frente.
Humilhado por essa experiência, dediquei-me novamente à
oração. Implorei que o Espírito Santo me desse novas revelações,
mostrando-me o caminho à minha frente. Quando cheguei de volta
à minha casa, minha esposa, que não tinha conhecimento dos
detalhes daquilo que eu estava fazendo, sugeriu que eu visitasse
uma exposição local de arte nativa; e, embora eu não tivesse
entendido direito por qual motivo deveria ir, eu sentia que, se
seguisse a sugestão dela, eu encontraria algumas respostas.
Foi dito e feito. Quando fui ver a exposição, encontrei cinco
professores universitários que se mostraram mais do que dispostos
a compartilharem de suas informações comigo. Eles concordaram
que era importante compreender a identidade espiritual da cidade
de Resistência. Deram-me uma informação que constituía total
novidade para mim. Durante dez dias, e de uma maneira
absolutamente incrível, aqueles cinco eruditos confiaram a mim
tudo o de que eu precisava. Eu estava admirado da poderosa mão
de Deus, que estava agindo quanto a tudo aquilo. Era difícil de
acreditar que aqueles cinco homens, bem conhecidos e respeitados
por toda a cidade, estivessem realmente trabalhando para mim!
Os Poderes Que Dominavam a Cidade

Mediante as informações que recebi através do folclore da


cidade, fui capaz de identificar quatro potestades espirituais, a saber:
San La Muerte (espírito de morte), Pombero (espírito de medo), Curupí
(espírito de perversão sexual) e Pitón (espírito de feitiçaria e bruxaria).
Munido desses informes, mas não sabendo exatamente o que
fazer com eles, pedi ao Senhor, uma vez mais, que me mostrasse o
caminho. Dessa vez, a resposta do Senhor foi: "Espera". Esperei por
um mês e meio. E, então, Cindy Jacobs visitou a Argentina pela pri-
meira vez. A Harvest Evangelism a estava enviando para ajudar a
instruir líderes evangélicos e intercessores quanto à guerra
espiritual.
Acompanhada por Dóris Wagner, Cindy ministrou em Buenos
Aires com extraordinário poder, e então chegou a Resistência para
dirigir um seminário de dois dias. Logo no primeiro dia compartilhei
com ela das informações que havia recolhido. Falei-lhe sobre quatro
grandes murais pintados em arte moderna na praça central da cida-
de, que eu pensava poderia apresentar-nos um tipo de mapa espiri-
tual da cidade.

O mapeamento espiritual combina pesquisas, revelações


divinas e evidências confirmatórias, provendo-nos informes
completos e exatos acerca da identidade, das estratégias e
dos métodos empregados pelas forças espirituais das trevas,
a fim de influenciarem os habitantes e as igrejas de uma dada
região.

Quando Cindy examinou os painéis, naquela tarde, o Senhor,


através do dom de discernimento de espíritos que havia dado a ela,
mostrou-lhe claramente o que era invisível por detrás do que era
visível, conforme Peter Wagner discute no segundo capítulo deste
livro. Ela confirmou a presença dos quatro principados sobre
Resistência, e também discerniu a presença de mais dois
principados. Eram principados de elevada patente que ela havia
encontrado primeiramente em Buenos Aires, e acerca dos quais ela
suspeitava que exerceriam jurisdição nacional — o espírito da
Maçonaria e a Rainha do Céu.
Durante o seminário, Cindy, que foi habilidosamente
interpretada por Marfa Cabrera, compartilhou de profundos e
reveladores discernimentos. Ela conduziu-nos a uma compreensão
muito mais ampla sobre a guerra espiritual, ao mesmo tempo que
orientava os líderes das igrejas quanto a maneiras práticas de
conquistar territórios, em nome de Jesus.

A Batalha na Praça

No dia seguinte, nossa equipe foi até à praça, na companhia


dos pastores das igrejas evangélicas de Resistência, um grupo de
intercessores treinados e Cindy Jacobs. Lutamos ferozmente contra
os poderes invisíveis que dominavam a cidade, pelo espaço de quatro
horas. Atacamo-los naquilo que sentíamos ser a ordem hierárquica
deles, de baixo para cima. Primeiro desfechamos um ataque contra
Pombero, e então contra o Curupí, em seguida contra San La Muerte,
então o espírito de Maçonaria, e, então a Rainha do Céu, e,
finalmente contra Pitón, o qual, conforme suspeitávamos, atuava
como coordenador de todas as forças malignas da cidade. Ao
terminarmos, descera sobre todos nós, que tínhamos participado,
um senso quase tangível de paz e liberdade. Tínhamos a confiança
de que essa primeira batalha havia sido ganha e que a cidade agora
podia ser reivindicada para o Senhor. Depois disso, a igreja em
Resistência estava preparada para iniciar uma campanha de
evangelização em plena escala. Os incrédulos começaram a
corresponder ao evangelho como nunca antes tinham feito. E em
resultado de nossa campanha de evangelização de três anos, a
freqüência à nossa igreja aumentou em 102%. O efeito foi sentido
em todas as camadas sociais da cidade. Agora podíamos realizar
projetos comunitários como prover água potável para os pobres. A
imagem pública das igrejas evangélicas melhorou sensivelmente,
obtendo elas respeito e aprovação da parte de líderes políticos e
sociais. Fomos convidados a usar os meios de comunicação para
propalar a nossa mensagem. A guerra e o mapeamento espirituais
que pudemos realizar abriram, na cidade de Resistência, novas
portas para o evangelismo, para a melhoria social e para a colheita
espiritual de almas.
QUE É O MAPEAMENTO ESPIRITUAL?

Conforme vejo as coisas, o mapeamento espiritual combina


pesquisas, revelações divinas e evidências confirmatórias,
provendo-nos informes completos e exatos acerca da identidade, das
estratégias e dos métodos empregados pelas forças espirituais das
trevas, a fim de influenciarem os habitantes e as igrejas de uma
dada região.

Será Isso Bíblico?

Embora a Bíblia não use a nossa expressão contemporânea,


"mapeamento espiritual", vemos que esse é um dos muitos procedi-
mentos no processo da condução da guerra espiritual. E bíblico es-
tarmos conscientes dos "desígnios" de Satanás, conforme lemos em
2 Coríntios 2.11. E o mapeamento espiritual tão-somente ajuda-nos
a fazer isso. Para mim é como dizer que as cruzadas de toda uma
cidade são bíblicas por serem um meio de realizarmos evangelismo
bíblico, ou que a Escola Dominical é um meio bíblico legítimo de
nutrir espiritualmente os crentes, embora essas coisas nunca sejam
mencionadas nas Escrituras.

O mapeamento espiritual é como as forças de espionagem de


um exército. Por meio dele, vamos até atrás das linhas do
inimigo, a fim de compreendermos os planos e as
fortificações do inimigo. Assim, fazemos... "espionagem
espiritual".

O mapeamento espiritual é como as forças de espionagem de


um exército. Por meio dele, vamos até atrás das linhas do inimigo,
a fim de compreendermos os planos e as fortificações do inimigo.
Assim, fazemos, conforme disse Kjell Sjöberg, no quarto capítulo,
"espionagem espiritual".
Vemos no Antigo Testamento um modelo de conquista de cida-
des, por meio das experiências do povo de Israel. Os israelitas
primeiramente enviaram espias para aquilatar as forças adversárias.
No capítulo treze de Números, para exemplificar, achamos os
israelitas em posição de entrarem na Terra Prometida. Moisés
enviou até ali doze espias. Eles foram munidos da autoridade de
Moisés e de Deus. Eles receberam instruções claras acerca daquilo
que deveriam investigar. E eles voltaram com as informações,
juntamente com um relatório negativo, segundo a opinião da
maioria. Resultado? Quarenta anos de perambulação pelo deserto!
E, então, no capítulo segundo do livro de Josué, os israelitas
receberam outra oportunidade de entrar na Terra Prometida. Dessa
vez, Josué enviou dois espias. Eles receberam autoridade.
Receberam instruções claras. Colheram as informações da parte de
um dos membros do acampamento inimigo, Raabe. E trouxeram de
volta as suas informações, sem o acompanhamento de qualquer
opinião pessoal. Resultado? A conquista da cidade de Jericó!
No sétimo capítulo do livro de Josué, lemos que os israelitas
estavam prestes a conquistar a cidade de Ai. Eles também enviaram
espias, mas dessa vez havia pecado no acampamento de Israel.
Conforme Cindy Jacobs diria, eles "tinham buracos em suas
armaduras". Foram enviados em um momento errado, deixaram-se
enganar e trouxeram de volta um relatório defeituoso. Resultado?
Os israelitas foram derrotados!
Com base nessas e em outras passagens, tracei diversos
princípios a respeito do mapeamento espiritual, os quais, conforme
creio, são princípios bíblicos, a saber:

1. Precisamos alicerçar o nosso ministério sobre a Palavra de Deus


e a sua revelação.
2. Precisamos ter a certeza de que estamos vivendo em santidade,
antes de partirmos.
3. Precisamos ser enviados por Deus no tempo certo e com a sua
autoridade.
4. Precisamos efetuar a nossa pesquisa de acordo com as instru-
ções que nos são dadas na Bíblia.
5. Precisamos dar relatório sem opiniões pessoais ou preconceitos.
6. Precisamos manter uma atitude de fé no poder de Deus.
UM NOVO DESAFIO: LA PLATA

Parcialmente, em resultado do ministério efetuado em


Resistência, a associação ministerial da cidade de La Plata convidou
a Harvest Evangelism para efetuar um novo projeto de evangelismo
de três anos, em associação com eles. Esperávamos que as lições
aprendidas na cidade de Resistência nos ajudariam a fazer um
trabalho ainda melhor em La Plata.
Para nós, a cidade de Resistência era como um laboratório
experimental onde, sob condições incomumente estressantes,
poderíamos submeter a teste de campo cada aspecto do nosso plano.
Nosso laboratório acabou mostrando-nos tanto pontos fortes quanto
pontos fracos. Uma coisa que pudemos aprender foi que o sucesso
de qualquer plano dessa ordem depende da atitude dos pastores da
cidade e da disposição das igrejas para se atirarem a tal projeto.
Pudemos concluir que a falta de penetração em uma cidade, apesar
do uso eficaz da evangelização, tem um relacionamento direto com
a condição espiritual das igrejas.
Em La Plata, queríamos repetir aquilo que tínhamos feito em
Resistência e, ao mesmo tempo, evitar o que tinha saído errado.
Acreditamos que os resultados permanentes de qualquer
esforço evangelístico em toda uma cidade dependem, em proporção
direta, do sucesso das batalhas espirituais em que os crentes se
tiverem empenhado naquela cidade. Ao mesmo tempo, a vitória final
dependerá da higidez espiritual interna das igrejas. Para que as
igrejas sejam saudáveis, os pastores e outros líderes evangélicos
precisam enfrentar com honestidade quaisquer condições
pecaminosas que possam dar margem à atuação do diabo. As igrejas
precisam aprender a usar as armas espirituais que o Senhor deu à
sua Igreja. Os crentes precisam rejeitar qualquer forma ou
aparência de rebeldia, contenda e divisão.
Após três anos intensos de trabalho em Resistência, vimos
muitos sinais e maravilhas, vimos uma cidade abrir-se para a
pregação do evangelho de Cristo, vimos bastante melhoria social, e
nós mesmos passamos a ser melhor considerados aos olhos dos
incrédulos. Por outra parte, não conseguimos curar as feridas
causadas pela amargura, entre todos os pastores. Por conseguinte,
embora a unidade das igrejas tenha melhorado consideravelmente,
isso não tinha satisfeito plenamente os desejos do coração de Deus.
Alguns líderes não demonstraram a coragem de declarar-se
abertamente contra as fortalezas que o inimigo havia implantado
entre as igrejas. Em resultado disso, as igrejas tornaram-se mais
vulneráveis aos ataques espirituais do que era necessário que fosse,
e o projeto não se mostrou tão bem-sucedido conforme nós
havíamos esperado que fosse.
A guisa de nota de rodapé, estamos agradecidos que, enquanto
estamos escrevendo, a situação melhorou enormemente, e que o
Corpo de Cristo, em Resistência, finalmente está chegando a um
estado de unidade espiritual. Se isso tivesse acontecido, digamos,
dois ou três anos antes, sentimos que teríamos podido ver muito
mais fruto permanente do que realmente vimos. Não obstante, o
aumento de 102% no número de pessoas que freqüentam a nossa
igreja tem sido alentador.

Mudando-nos Para La Plata

O plano de evangelização para La Plata deu continuidade ao


plano que Deus deu para Edgardo Silvoso, como estratégia para
conquistar a cidade para Cristo. Silvoso alicerça a sua estratégia
sobre quatro princípios fundamentais:
1. A unidade espiritual das igrejas de uma cidade
2. Poderosas orações intercessórias
3. Guerra espiritual em nível estratégico
4. Multiplicação de novas igrejas.

Declarou Peter Wagner: "A estratégia mais sofisticada para a


evangelização de uma cidade que existe no presente é a da Harvest
Evangelism, de Edgardo Silvoso".2 Para vermos como o mapeamento
espiritual ajusta-se ao inteiro desígnio evangelístico, seja-me
permitido sintetizar os seis passos sugeridos por Silvoso para a
conquista de uma cidade para Cristo:
1. Estabelecer o perímetro de Deus na cidade

Definir quem e quantos formam o Reino de Deus na cidade.


Procurar o "remanescente fiel", ou seja, aqueles que se
comprometeram a pagar o preço necessário para começar o
reavivamento espiritual.

2. Fortalecer o perímetro

Reconhecer que o adversário infiltrou-se tanto na cidade como


nas próprias igrejas. Fortalecer e edificar os santos. Discernir as
fortalezas do inimigo. "Procurando diligentemente guardar a
unidade do Espírito no vínculo da paz" (Ef 4.3, V. R.). Iniciar o
movimento de oração e estabelecer casas de oração na cidade.

3. Expandir o perímetro de Deus na cidade

Traçar planos específicos para ampliar o Reino de Deus na


cidade. Formular alvos e objetivos. Tirar proveito de cada recurso
disponível. Começar a treinar líderes e implantadores de igrejas.

4. Infiltrar o perímetro de Satanás

Lançar um "ataque aéreo" de orações específicas de intercessão


estratégica, mediante centenas ou mesmo milhares de casas de
oração (células de oração), com o objetivo de debilitar o controle de
Satanás sobre os perdidos, reivindicando, em lugar disso, condições
favoráveis para o evangelho. Ao mesmo tempo, começar a implantar
igrejas embrionárias (faróis), em antecipação a uma colheita
abundante.
5. Atacar e destruir o perímetro de Satanás

Dar início ao "assalto frontal". Lançar a conquista espiritual da


cidade, confrontando, amarrando e derrubando as potestades
espirituais que governam a região. Proclamar a mensagem do
evangelho a todo habitante da cidade. Discipular os novos crentes
através dos "faróis" estabelecidos.

6. Estabelecer o novo perímetro de Deus, no que antes era


perímetro de Satanás

Batizar os recém-convertidos em um culto batismal unificado,


como uma declaração espiritual visível de vitória. Continuar a
discipular. Edificar as novas igrejas. Injetar a visão missionária para
que sejam evangelizadas outras cidades. Repetir o ciclo!

Enquanto estou escrevendo, o plano acerca de La Plata ainda


não atingiu o seu ponto intermediário. Tudo começou em 1991,
tendo como alvo ver 5% da população tornarem-se crentes
evangélicos, aí pelo ano de 1993. Isso significa que as oitenta e cinco
igrejas existentes em 1991 terão de aumentar para trezentas igrejas,
aí pelos fins de 1993. Até agora, mil e setecentas casas de oração
foram iniciadas, e muitos seminários de treinamento intensivo têm
sido efetuados. Em junho de 1992, Cindy Jacobs visitou La Plata
pela segunda vez. Por ocasião da primeira visita de Cindy, ela
efetuou um seminário sobre a cura interior para os membros de
igreja, os quais, em geral, não desfrutavam de higidez espiritual
excelente. Por ocasião da segunda visita de Cindy, conforme
detalharei mais adiante, ela conduziu os pastores e os intercessores
a começarem a assumir autoridade espiritual sobre a cidade,
intensificando o "ataque aéreo".

COMEÇA O MAPEAMENTO ESPIRITUAL

De acordo com os planos evangelísticos de Edgardo Silvoso, o


mapeamento espiritual deveria ser feito, em sua maior parte, antes
do passo de número cinco, "Atacar e destruir o perímetro de
Satanás". Sob a minha orientação, a maior parte do mapeamento
espiritual tinha sido feita antes da visita de Cindy Jacobs em junho.
Pouco tempo antes de meus familiares e eu nos mudarmos de
Resistência para La Plata, passei algum tempo dedicado à oração
Pedi que o Senhor me mostrasse a situação espiritual de La Plata.
Senti que o Senhor falava comigo, e, um tanto para minha surpresa,
dizia uma única palavra, "Maçonaria". Imediatamente relembrei que
um dos espíritos governantes sobre Resistência, acerca do qual
Cindy Jacobs e Dóris Wagner tinham suspeitado, era um espírito
territorial nacional, o espírito da Maçonaria. Eu sabia bastante do
papel desempenhado pela maçonaria durante a libertação da
América Latina dos espanhóis, por meio de Simón Bolívar e José de
San Martin. Além disso, entretanto, eu não tinha qualquer
conhecimento pessoal acerca daquela ordem secreta, o que ela
acredita ou faz.
Quando chegamos a La Plata, de imediato procurei e entabulei
relações firmes com os intercessores reconhecidos de diversas igre-
jas. Sem que tivesse havido qualquer comunicação entre eles, e sem
que eu tivesse mencionado qualquer coisa, três intercessores apre-
sentaram-se como voluntários para dar-me a informação que, nas
orações que eles tinham feito recentemente, tinham sido advertidos
acerca do espírito de maçonaria. Isso confirmou a mensagem que eu
havia recebido da parte do Senhor, enchendo-me de confiança para
mover-me ao longo dessa vereda em minhas pesquisas.

Os Fundadores de La Plata

Minhas pesquisas confirmaram que todos aqueles que


participaram na fundação da cidade de La Plata, pouco mais de cem
anos atrás, eram pertencentes à maçonaria. Dardo Rocha,
conhecido como o progenitor da cidade, foi um maçom de elevado
grau. Esses fundadores pertenciam à Loja Maçônica da Argentina
Oriental. O livro publicado pelo jornal El Dia, a fim de comemorar o
centésimo aniversário da fundação de La Plata, disse: "A cidade de
La Plata foi fundada a fim de fornecer refúgio à família maçônica da
Argentina Oriental".
Uma Cidade Planejada Para Glorificar o Adversário

Na página seguinte estou reproduzindo um mapa dos mil


duzentos e cinqüenta e quatro quarteirões do centro da cidade de
La Plata a fim de ilustrar o que parece ter sido o desígnio intencional
dos fundadores da cidade, ou seja, glorificar a criatura, e não o
Criador. O número-chave é o seis, número proeminente do
ocultismo, pois as praças estão espaçadas de seis em seis
quarteirões. O número seiscentos e sessenta e seis aparece
claramente em muitos dos edifícios públicos. No ponto mais elevado
da cidade fica a praça central, de onde partem os dois principais
bulevares diagonais, chamados Diagonal 73 e Diagonal 74,
apontados para os quatro pontos cardeais da bússola. A cidade não
acompanha os quatro pontos cardeais de norte, sul, leste e oeste,
conforme se dá com a maioria das cidades latino-americanas, mas
formando um ângulo de quarenta e cinco graus, ou seja, em
diagonal, de tal maneira de as Diagonais, e não as ruas ordinárias,
estão alinhadas com os pontos cardeais. Conforme é fácil de perce-
ber, as diagonais formam pirâmides quase perfeitas.
No processo de estabelecer a nova cidade de La Plata, Dardo
Rocha visitou o Egito, a terra das pirâmides, como também a antiga
terra da maçonaria. Ali chegando, ele adquiriu dezesseis múmias,
presumivelmente com a intenção de ajudar a fazer a cidade ficar sob
o poder permanente de anjos negros. Hoje, quatro dessas múmias
estão guardadas no Museu de Ciência Natural. Ninguém, de todas
as pessoas com quem entrei em contato, sabe onde ficaram as
outras doze múmias. Contudo, alguns historiadores suspeitam que
elas jazem sepultadas em pontos estratégicos da cidade, com o seu
potencial de poder oculto para influenciar o maior número possível
de habitantes.

As Quatro Mulheres

Na praça central, denominada Praça Moreno, há quatro


grandes estátuas que, a princípio, parecem quatro mulheres
atrativas. Mas um exame mais de perto mostra que cada uma das
mulheres foi moldada com o sinal da maldição, ou seja, o dedo
indicador e o dedo mínimo de uma das mãos estendidos. Uma
dessas estátuas, que se acha na Diagonal 73, na direção oeste, está
apontando para a Catedral Católica Romana, amaldiçoando assim o
poder religioso da cidade. Uma segunda estátua, na parte oriental
da Diagonal 73, está segurando um molho de trigo deformado em
uma das mãos, enquanto que com a outra amaldiçoa o solo, fonte
de pão diário. A terceira estátua fica no lado norte da Diagonal 74.
Ela se acha em uma posição sensual, oferecendo uma flor com uma
das mãos, ao passo que com a outra segura um buquê de flores,
fazendo o sinal da maldição. Ela está amaldiçoando tudo quanto
está envolvido no amor conjugal e na família. A quarta estátua fica
no lado sul da Diagonal 74, estendendo a mão na direção da
prefeitura, a fim de amaldiçoar o poder político da cidade.
Quando comecei a investigar a origem das quatro iníquas
estátuas, descobri que elas tinham sido escolhidas e pedidas de um
catálogo expedido pela Fundição Val D'Osme, em Paris, França, uma
fundição de propriedade de maçons e operada por eles. E também
descobri, para minha grande tristeza, que a maioria das estátuas de
praças por toda a Argentina foi manufaturada pela mesma fundição
maçônica.
Além disso, na praça central, e vindo da mesma fundição, exis-
tem duas grandes urnas da tradição maçônica, com alças com
formato de rostos de demônios.
Depois de haver recolhido todas essas informações a respeito
do papel da maçonaria na fundação de La Plata, ainda assim eu não
sentia que já tinha descoberto a chave verdadeira para que pudesse
fazer o mapeamento espiritual da cidade. Então consagrei-me à ora-
ção por diversos dias, pedindo que o Senhor me mostrasse mais coi-
sas. Um dia senti que o estava ouvindo dizer-me: "A chave que estás
procurando está desenhada na planta baixa da cidade".

LA PLATA: UM TEMPLO DA MAÇONARIA?

Se examinarmos mais detidamente o mapa da cidade de La


Plata, começaremos a perceber que as formas geométricas do
traçado da cidade formam símbolos maçônicos, segundo se vê nos
três pontos abaixo:
1. O Compasso. A articulação do compasso maçônico, em La
Plata, é formada pela praça Rivadávia, nome do primeiro presidente
argentino, que era maçom, e pela praça almirante Brown, nome do
oficial militar que participou da revolução argentina contra a
Espanha, e que também era maçom. Os dois braços do compasso
descem pelas Diagonais 77 e 78.
2. O Quadrado. O lado de dentro do quadrado maçônico forma
um ponto em ângulo reto na praça San Martin, nome do herói
nacional da Argentina, que também era maçom. A parte externa
forma um ponto em ângulo reto com a praça Moreno, onde também
estão localizadas as quatro notórias estátuas de que já falamos.
Moreno foi uma figura-chave da revolução de maio de 1810, e ele,
igualmente, era maçom.
3. A Cruz Invertida. Conforme se observa no mapa, a cruz
invertida é formada por aquilo que se chama de "Eixo Histórico da
Cidade", e que contém os edifícios que abrigam os poderes religiosos
e políticos de La Plata. O ponto vertical da cruz com a chefatura de
Polícia, ao pé da cruz (parte superior do mapa, visto que a cruz está
invertida), atravessa a sede do governo da província, o legislativo da
província, o teatro Argentino, a prefeitura, a catedral Católica Roma-
na, o Ministério da Saúde e termina com o quartel do exército. No
lado esquerdo da barra transversal fica o tribunal, e no lado direito
dela, o Ministério da Educação.
Um dos princípios de um governo democrático consiste em
manter os ramos do governo independentes uns dos outros. Mas já
descobri que muitas cidades planejadas pelos maçons contam com
túneis subterrâneos secretos, interligando esses vários ramos. Em
La Plata, a rua 52, também chamada de Eixo Histórico da Cidade,
não tem uma rua de superfície, e, sim, um túnel subterrâneo.
Alguns dizem que os maçons costumavam efetuar ritos secretos
debaixo dos centros de poder da cidade, exercendo assim uma
espécie de controle espiritual sobre o povo, até onde isso era possível.
Visto que os maçons não acreditam que o sangue de Jesus,
vertido no Calvário, é o único pagamento pelos nossos pecados,
assim sendo, o caminho exclusivo para a salvação, parece, por meio
do mapa, que o "X" formado pelas Diagonais 73 e 74, as diagonais
principais, cruza ou cancela a cruz. Essas diagonais cruzam-se bem
era cima da pedra fundamental da cidade, no centro da praça
Moreno. Conforme alguns dizem, ali está contida a cápsula do tempo
da maçonaria, implantada naquele ponto da cidade pelo próprio
Dardo Rocha.
Embora eu não os tenha destacado no mapa, também
encontrei outros símbolos maçônicos, no traçado das ruas da cidade,
como a Estrela Oriental, o pentagrama, e outros. Símbolos
adicionais também existem sob a forma de estátuas e monumentos
espalhados por toda a cidade.
Depois de ter feito mais algumas pesquisas, nos Estados
Unidos da América, no começo do ano de 1992, agora estou
preparado para oferecer a hipótese que La Plata bem pode ter sido a
epítome das cidades planejadas pela maçonaria. Também não me
sentiria surpreso se a própria cidade fosse considerada como um
templo da maçonaria, em todo o continente da América.

Que é a Maçonaria?

Meus estudos têm indicado que a maçonaria é um movimento


secreto do ocultismo, que adora e serve a Satanás e os poderes
demoníacos. A maçonaria usa quaisquer meios disponíveis para
obter poder, autoridade e influência sobre as atividades humanas.
Compõe-se de uma combinação de muitas crenças e tem raízes no
antigo Egito, passando depois disso pela Assíria, pela Caldéia, pela
Babilônia, pela China, pela Índia, pela Escandinávia, por Roma e
pela Grécia.
Muitas pessoas juntam-se à maçonaria por pensarem que ela
é uma associação fraternal e benevolente. Enquanto seus membros
vão subindo de grau em grau, a demonização provavelmente vai-se
acentuando, e nos graus superiores há pactos francos e irreversíveis,
estabelecidos com Satanás e as suas forças. O resultado final, na
maioria dos casos, não tem nada de benévolo, mas tão-somente
ajuda a Satanás a realizar os seus objetivos, que são roubar, matar
e destruir.
Uma das conseqüências modernas da maçonaria está
vinculada ao crescente movimento da Nova Era. De fato, a New Age
Magazine (Revista da Nova Era) é publicada pelo Supremo Concilio
Mãe do Mundo, o Supremo Concilio do Grau Trinta e Três e Final,
do Antigo e Aceito Rito Escocês da Maçonaria, Jurisdição Sul dos
Estados Unidos da América, cuja sede fica em Washington, D. C.

Os Poderes Que Dominam La Plata

Por meio de nosso estudo sobre a maçonaria e suas crenças,


sentimos que descobrimos a presença de seis principados
espirituais do mal que governam La Plata. Esses espíritos territoriais
são os seguintes:

1. O Espírito de Sensualidade. Exibido no comum


simbolismo fálico da maçonaria.
2. O Espírito de Violência. Arraigado nos métodos de punição
que cercam os ritos de iniciação da maçonaria.
3. O Espírito de Feitiçaria. Manifestado nas artes mágicas e
nas intrigas da maçonaria.
4. O Espírito da Morte em Vida. Relacionado às lendas egíp-
cias sobre Osíris, e perpetuado em La Plata por meio dos rituais de
sepultamento de múmias, com a finalidade de amaldiçoar a cidade.
5. A divindade maçônica Jah-Baal-On: Este é o valente que
domina a cidade.
6. A Rainha do Céu. Manifesta-se primariamente na adoração
à Virgem Maria, e talvez relacionado, por meio da maçonaria, à
antiga deusa egípcia Ísis.

Muitas linhas geométricas da cidade, sem dúvida, constituem


linhas de poder das artes ocultas. O Eixo Histórico de La Plata, onde
deveria estar a rua 52, serve de exemplo primário. Outra dessas li-
nhas é a Diagonal 74, que vai através da praça central, onde estão
localizadas as quatro estátuas, através de muitas praças
importantes, através da localização de uma colônia afro-brasileira,
que pratica abertamente a macumba e as maldições de morte, e
terminando no cemitério, um evidente símbolo da morte.
ASSUMINDO AUTORIDADE SOBRE LA PLATA

Houve um ano de mapeamento espiritual e de muitas outras


atividades preparativas, incluindo um seminário de curas internas
que cobriu a cidade inteira, a formação de uma poderosa teia de
intercessores, muitas reuniões de oração de pastores e o
estabelecimento de mil e setecentas casas de oração. Aí por junho
de 1992, os pastores da cidade sentiram que era chegado o tempo
da primeira batalha espiritual contra as forças satânicas
predominantes em La Plata. Cindy Jacobs, muito bem respeitada
entre os líderes evangélicos argentinos, por motivo de seus dons
espirituais e de seu ministério em que ela orienta os pastores para
conquistarem as suas cidades respectivas para Deus, visitou La
Plata, a fim de participar do ataque.
Os pastores adotaram como texto diretriz a passagem de 2 Crô-
nicas 7.14: "Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humi-
lhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus
caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e
sararei a sua terra".
Os crentes da cidade reuniram-se em uma das principais igre-
jas. Durante quatro horas, as igrejas de La Plata oraram fervorosa-
mente pela cidade, pedindo perdão por causa das iniqüidade da co-
munidade e por causa dos pecados que estavam sendo cometidos.
Os líderes rogaram humildemente a Deus que apagasse as conseqü-
ências do pecado e removesse a maldição de cima da cidade. Tam-
bém oraram por aqueles que tinham sido ofendidos pelos líderes
políticos e pelas estruturas sociais injustas, bem como por aqueles
que tinham sido ofendidos pelas igrejas e pelos líderes eclesiásticos.
Arrependeram-se da presença da maçonaria na cidade, e por ter sido
a cidade entregue a Satanás. Derramaram os seus corações,
pedindo perdão por toda forma de pecado sexual, pela violência na
cidade (especialmente durante a era terrorista), pela opressão mili-
tar, pela adoração ao principado conhecido como .Rainha do Céu, e,
então, pela bruxaria e feitiçaria. Finalmente, voltaram-se contra o
espírito de morte em vida, com a resultante apatia predominante
entre o povo.
Após um prolongado período de humilhação e arrependimento,
com o derramamento de muitas lágrimas, os crentes sentiram-se
prontos a proclamar: "Agora é chegado o tempo de Deus para aben-
çoar La Plata!"
Após aquele notável evento, e sentindo que Deus havia dado
resposta às nossas orações, que pediam livramento e perdão de
pecados, vinte pastores e diversos intercessores reuniram-se com
Cindy Jacobs e o marido dela, Mike, para planejarem uma estratégia
para declararem batalha na praça central de La Plata, a praça
Moreno. O resto do grupo ficou para trás, orando pela nossa
proteção. Ficou decidido que os pastores orariam de dois em dois,
na praça Moreno — o primeiro pastor quebraria o poder do espírito
e o segundo invocaria o espírito contrário, bem como o dom remidor
de Deus, utilizando-se das Escrituras. Um por vez, eles oraram:

1. Contra o Espírito de Sensualidade. Os pastores orariam


de pé, por sobre a pedra fundamental da cidade, na Diagonal 73,
voltados para nordeste, na direção da Europa, de onde vieram os
primeiros colonos para aquela área, quase todos eles criminosos e
prostitutas.

2. Contra o Espírito de Violência. Os pastores orariam na


Diagonal 73, voltados para oeste, olhando para o interior da nação,
onde ataques cruéis foram desfechados contra a população indígena,
causando muito derramamento de sangue e a extinção de algumas
das tribos.

3. Contra o Espírito de Feitiçaria. Os pastores orariam na


Diagonal 74, voltados para o norte, na direção do Brasil, de onde
veio o baixo espiritismo afro-brasileiro da macumba.

4. Contra o Espírito da Morte em Vida. Os pastores orariam


na Diagonal 74, de rostos voltados para o sul, na direção do
cemitério, símbolo da morte.

5. Contra o Espírito da Rainha do Céu. Os pastores orariam


de frente para a Catedral Católica-Romana, representante do culto
à adoração à Virgem Maria, ou melhor, à Rainha do Céu.
6. Contra a divindade maçônica Jah-Baal-On. Os pastores
orariam de pé sobre a pedra fundamental da cidade, contra esse
espírito que era o valente que predominava sobre a cidade.

Começamos a orar às seis horas da tarde, acreditando que o


número seis é importante, e oramos na ordem dada acima. Sentimos
que Deus nos deu alguns sinais significativos enquanto estivemos
ali. Para exemplificar, quando começamos a orar contra o espírito
da violência e da destruição, os sinos da prefeitura ficaram tocando,
sem qualquer motivo aparente. Tínhamos visto fenômeno idêntico
tanto em Mar del Plata quanto em Resistência, pelo que
interpretamos que isso seria um sinal divino. Mais tarde fomos
informados que, naquele exato momento, em que estávamos
amarrando o espírito da violência, manifestaram-se demônios em
um rapaz que praticava as artes marciais. Ele deu um salto de
2,70m no ar, chocou a cabeça contra uma parede e começou a
quebrar mesas e cadeiras. Os crentes que assistiram à cena oraram
por ele, rogando a Deus que o livrasse, e o jovem foi libertado
daquele ataque satânico.
Mais tarde, estando de pé sobre a pedra fundamental da cidade,
no centro da praça Moreno, voltamo-nos contra o espírito da
maçonaria, e sentimos liberdade, no Espírito Santo, para quebrar
as maldições postas sobre as linhas diagonais no traçado da cidade.
Proclamamos que haveria uma nova cidade, tendo a Jesus Cristo
como a pedra fundamental da cidade de La Plata. Então nos
arrumamos de modo a formar uma cruz, no centro da praça, por
sobre a pedra fundamental da cidade, elevando Jesus sobre a cidade
e restaurando a cruz, não de cabeça para baixo, mas que servisse
de símbolo de salvação para a cidade de La Plata.

CONCLUSÃO

Ainda dispomos de muitos meses em nosso esforço


evangelístico em favor da cidade de La Plata. Acreditamos que os
resultados ainda serão maiores do que em Resistência. Enquanto
concluo este capítulo, estamos em meio a uma cruzada
evangelizadora pela cidade inteira, em companhia de Carlos
Annacondia, um dos mais poderosos evangelistas de Deus. Mui
significativamente, a cruzada está sendo efetuada no quartel-
general do exército, exatamente ao pé da cruz invertida (naquilo que
seria o topo da cruz posta na sua posição correta). Regozijo-me
diante daquilo que está acontecendo e diante daquilo que
continuará acontecendo, bem como devido ao privilégio de estarmos
fazendo uma pequena contribuição para a ampliação do Reino de
Deus, mediante o mapeamento espiritual.

Perguntas para refletir

1. Alguns acharão difícil acreditar que Víctor Lorenzo realmente


tenha visto um anjo. Você acha que isso é possível? Você conhece
pessoalmente alguém que viu um anjo?
2. Reveja os seis princípios postulados por Lorenzo quanto ao
mapeamento espiritual, dados à página 177. Apresente uma razão
pessoal, sua, para cada princípio.
3. A estratégia de Edgardo Silvoso de evangelismo por toda uma
cidade incorpora a guerra espiritual em nível estratégico e o
mapeamento espiritual. Você conhece qualquer outra estratégia
para cidade inteira que faça isso?
4. Estude o mapa de La Plata. Certifique-se de que pode detectar
as características descritas por Lorenzo. Por que alguém haveria de
querer planejar uma cidade de acordo com os padrões próprios do
ocultismo?
5. Qual é a influência que a maçonaria exerce sobre a sua própria
comunidade? Como isso é percebido pelo público em geral? e pela
comunidade cristã?

Notas

1. DAWSON, John. Taking Our Cities for God [Reconquiste Sua


Cidade Para Deus - Ed. Betânia]. Lake Mary, FL, Creation House,
1989. p. 85.
2. WAGNER, C. Peter. Oração de Guerra. Editora Bompastor.

Parte III:

APLICAÇÃO

8. MAPEANDO E DISCERNINDO SEATTLE,


WASHINGTON

Por Mark McGregor e Bev Klopp

Mark McGregor é um programador de computadores que vive em


Seattle, estado de Washington. Ele está fazendo cursos no centro de
extensão do Seminário Teológico Fuller, em Seattle.
Bev Klopp é fundadora da Gateway Ministries, que ajuda as
igrejas nos campos da oração estratégica, da guerra espiritual e do
evangelismo, em suas cidades. Sendo uma bem conhecida
intercessora, Bev é membro da equipe de intercessores que servem a
Spiritual Warfare Network e a United Prayer Track do Movimento A.D.
2000 e Além.

Primeira Seção
MAPEANDO SEATTLE
Por Mark McGregor

Este documento está calcado sobre as vinte perguntas que


aparecem no livro de John Dawson, Reconquiste Sua Cidade Para
Deus.1 O propósito dessas vinte perguntas, de acordo com o próprio
John Dawson, é examinar a história de uma cidade ou país, a fim
de ajudar a determinar duas coisas: (1) áreas de pecados passados
que requerem arrependimento e perdão, e (2) os dons remidores
dessa cidade. Mas por que isso é importante?
Antes de tudo, Dawson assevera que os pecados passados de
uma cidade ou nação podem franquear a região para as influências
espirituais demoníacas, mantendo a sua população sujeita à
escravidão espiritual.
Em segundo lugar, Dawson garante que Deus tem dado certos
"dons" remidores a cada cidade, e que o inimigo tenta perverter esses
dons, para impedir que essas cidades produzam fruto espiritual.
Dawson acredita que os líderes evangélicos precisam descobrir tanto
os pecados passados quanto os dons remidores de suas cidades, a
fim de quebrarem os poderes que escravizam uma cidade, e para
que haja um avanço para que se estabeleça um verdadeiro meio
ambiente espiritual, conforme era a intenção original de Deus.

1. Que lugar ocupa a sua cidade na história de uma nação?

O território de Washington veio a tornar-se uma realidade


quando a Inglaterra e a América do Norte decidiram que resolveriam
a questão das fronteiras nacionais. A América do Norte reivindicou
e recebeu tudo entre o paralelo 48 e o rio Colúmbia, com exceção da
ilha Vitória. Os primeiros colonos chegaram à área de Seattle no
começo da década de 1850, tendo migrado do território de Oregon.
As primeiras indústrias exploraram os couros e a madeira. As peles
de lontra seguiam para a China e a madeira ia para a cidade de São
Francisco, que estava em grande período de progresso por causa da
corrida do ouro.
A cidade de Seattle começou a desenvolver-se após a Guerra
Civil norte-americana. A cidade não desempenhou qualquer papel
durante a guerra, embora, devido à sua postura e à lei, não fosse
um território escravocrata. O crescimento ocorreu aos arrancos,
visto que a região não dispunha de qualquer indústria forte e estável.
A descoberta do ouro, primeiro no Fraser, e depois no Yukon, ajudou
Seattle a crescer, visto que era um ponto natural de parada para
quem viajava pela costa marítima. Tornou-se, e até hoje é, o maior
ponto de transbordo entre o estado do Alasca e os demais estados,
que formam um bloco.

É importante examinar a história de uma cidade ou país, a


fim de ajudar a determinar: (1) áreas de pecados passados
que requerem arrependimento e perdão, e (2) os dons
remidores dessa cidade ou país.

Seattle cresceu como cidade industrial e como entreposto de


comércio, que dirigia companhias de navegação que a ligavam com
o Alasca e com o Extremo Oriente. A construção de navios e o fabrico
de aviões tornaram-se duas grandes indústrias. Durante a Segunda
Guerra Mundial, Seattle tornou-se uma das principais cidades a
destacar-se no esforço de guerra, por causa de sua localização
estratégica à beira do oceano Pacífico, e também por causa do
impacto da Corporação Boeing. É provável que esse período tenha
sido o tempo mais significativo para Seattle, durante a história
moderna.

2. Houve alguma imposição de nova cultura ou de idioma, por


causa de conquista?

Sim, embora a palavra "conquista" talvez não seja o melhor


termo para descrever os acontecimentos.
Quando o homem branco chegou àquela região, as tribos
indígenas pertenciam ao grupo de línguas costeiras salish. E a
cultura dos índios estava centrada em torno das atividades da caça
e da coleta, que tinha por centro a pesca de salmões. Juntamente
com o homem branco veio a influência das culturas espanhola,
francesa, inglesa, norte-americana e russa. Foi assim que se
desenvolveu uma língua intermediária, o chinuque, uma
combinação de salish, francês e inglês. Muitos indígenas, incluindo
o chefe Seattle, não apreciavam esse idioma, mas os brancos
recusavam-se essencialmente por aprender o salish, e geralmente
só se comunicavam em inglês, e, só muito ocasionalmente, em
chinuque.
A chegada das culturas do homem branco também indicou o
começo do fim da cultura indígena, além do que muitas tribos foram
dizimadas. Enfermidades trazidas pelo homem branco mataram
milhares de índios. A pesca, como meio de vida, foi substituída pela
exploração da madeira, pela construção e por outras formas de
trabalho manual. Os índios começaram a viciar-se nas bebidas
alcoólicas. Desapareceu o estilo de vida indígena comunitária, que
preferia as casas longas. Em muitas áreas, a cultura indígena tinha
sido de tal modo desarraigada que os antropólogos e sociólogos da
atualidade estão encontrando muita dificuldade para reconstruir o
estilo de vida tribal original. Para exemplificar, a tribo duwamish
estava localizada quase na mesma área onde Seattle foi
originalmente estabelecida. A cultura deles foi obliterada por inteiro.
Aqueles índios não receberam quaisquer terras, e não mais existem
como uma unidade tribal distinta em nossos dias.
Essa imposição de idioma e de cultura até hoje é motivo de
ressentimento, de diversas maneiras. Os índios continuam vivendo
em reservas e têm procurado recuperar a sua herança cultural. Os
conflitos continuam, a despeito dos direitos dos índios de caçarem
e pescarem, da mesma maneira que os seus antepassados
costumavam fazer. Uma forte área conflitante é o direito que os
índios têm de lançar as suas redes de pesca no oceano e nos riachos
que circundam a área de Seattle. Algumas tribos têm procurado
restabelecer suas festividades pagãs que honravam o deus salmão,
que era a figura central de muitas cerimônias religiosas.

3. Quais eram as práticas religiosas dos antigos habitantes do


lugar?

O grupo dos indígenas salish ocupava o extremo sul das


chamadas "tribos de postes-tótemes". Suas práticas e crenças
religiosas são similares às práticas da maioria dos grupos nativos
que ocupam a costa do Alasca. O líder religioso da comunidade era
um xamã, considerado dotado de grandes poderes nas áreas da
bênção, da maldição e da cura de doenças. A posição de um xamã
era validada por um encontro inicial com um espírito guia, cuja
identidade era mantida secreta. Os xamãs podiam ser do sexo
masculino ou do sexo feminino, e o poder não passava,
necessariamente, de pai para filho. O que emprestava validade e era
a chave para que alguém se tornasse um xamã era aquele encontro
inicial com um espírito.
O encontro espiritual não se limitava aos xamãs. Pessoas "co-
muns" também buscavam a orientação de espíritos para guiá-las
por toda a vida. Com freqüência, os espíritos guiavam uma pessoa
a alguma vocação específica, como o fabrico de canoas. Os artesãos
mais habilidosos eram considerados homens dotados de algum guia
espiritual. Esse espírito guia usualmente aparecia sob a forma de
algum animal. Um exemplo disso eram os entalhadores de madeira,
cujo espírito guia geralmente aparecia com a forma de um pica-pau.
Sempre que uma pessoa ouvia o som típico feito por um pica-pau,
entendia que o espírito estava nas proximidades, observando o
trabalho que estivesse sendo feito.
Um espírito guia geralmente era encontrado após algum tempo
de jejum e oração. As pessoas interessadas se purificavam
cerimonialmente, privando-se de alimentos e buscando algum tipo
de encontro com o mundo dos espíritos. Com freqüência, entravam
em um estado de transe, durante o qual tinham um encontro com o
seu espírito guia.
Os deuses dos índios salish pareciam ser um tanto impessoais
e distantes. Grande parte dos benefícios outorgados aos seres
humanos (como o fogo, instrumentos e assim por diante) viriam
através do espírito cheio de truques que era pintado como se fosse
um corvo ou um coiote. Esse espírito de truque dava às pessoas
coisas que supostamente elas não deveriam ter. Deus não seria um
ser necessariamente amigável, mas esse espírito enganador, sim,
seria amigável.
A principal cerimônia religiosa do ano girava em torno da volta
do salmão. Os indígenas mostravam o maior respeito pelo salmão,
mesmo porque o salmão era uma de suas principais fontes de
alimentos. O primeiro salmão a ser apanhado em um ano era levado
à aldeia, em meio a um cerimonial, e, ali chegando, através de rito
especial, os índios agradeciam aos espíritos a volta do peixe.
Outro ato cerimonial que não era necessariamente religioso
mas que era extremamente importante para os índios era o
"potlatch". Quando isso sucedia, o hospedeiro oferecia uma grande
festa para os seus convidados, onde não somente havia festejos, mas
também havia intensa troca de presentes. Esse ato cerimonial era
validado pelo ato de presentear. Duas razões principais para o
"potlatch" eram: (1) a autoglorificação — pois o hospedeiro
demonstrava assim as riquezas e a posição de sua família; e (2) era
obrigatório recompensar com outros presentes. Os presentes dados
de volta eram o "atrativo" maior da cerimônia do "potlatch". Para não
se sentirem diminuídos mas manterem a glória da família, os
convidados sentiam-se na obrigação de oferecer uma festa similar,
com presentes maiores e melhores ainda. Por essa razão, os ricos
ficavam cada vez mais ricos, e os pobres ficavam cada vez mais
pobres. De acordo com uma outra forma de "potlatch", em vez de
dar presentes, o hospedeiro destruía as suas possessões, a fim de
demonstrar a sua grandeza. Em vez de compartilhar, o indivíduo
destruía. Essa destruição podia incluir até mesmo os atos de matar
ou aleijar escravos.
Uma área final de prática religiosa diz respeito aos mortos. Os
espíritos dos antepassados eram grandemente temidos. As tribos
mostravam-se muito cuidadosas no sepultamento e honrarias
prestadas aos mortos, a fim de que os seus espíritos não voltassem
para assombrar a tribo. Uma das crenças era que proferir o nome
de uma pessoa morta a fazia ficar "desassossegada" no sepulcro. Por
conseguinte, deve ser considerado uma grande ameaça ao grande
chefe Seattle o fato que a cidade recebeu o nome dele, porque, cada
vez em que o nome dele é proferido, isso o afeta no além-túmulo.
Com freqüência, os locais de sepultamento eram adornados com
entalhes e fetiches, o que, em minha opinião, parece algo repelente
e feroz.

4. Houve tempo em que surgiu uma nova religião?

Não, até onde sou capaz de dizer. Os antropólogos especulam


que o xamanismo veio da Ásia, e que foi a forma dominante de
religião entre os ameríndios, até à chegada do cristianismo.

5. Sob quais circunstâncias o evangelho entrou pela primeira vez


na cidade?

Em 1852, o bispo Demers efetuou a primeira cerimônia


religiosa da cidade, e quase todos os habitantes fizeram-se presentes.
Naquele mesmo ano, o pastor Benjamim Close, um metodista,
efetuou os primeiros cultos protestantes na colônia de Seattle. O
pastor Demers estava indo para Fort Victória, e Close vivia em
Olímpia, pelo que foram apenas cultos efetuados em ocasiões de
visita.
O primeiro ministro residente, que trabalhou por tempo
integral em Seattle, chegou no outono de 1853. O pastor David
Blaine e sua esposa, Catarina, estabeleceram a primeira igreja, uma
congregação Metodista Episcopal. Foram bem acolhidos e
patrocinados por Arthur Denny, que proveu uma residência inicial
para eles. Ele e sua esposa perfizeram dois terços da congregação
inicial. Essa foi a única igreja na área, durante mais de dez anos.
Os Blaines não deixaram uma impressão profunda e
duradoura em Seattle. De acordo com os padrões da parte oriental
dos Estados Unidos, Seattle não era uma comunidade religiosa. Um
claro problema que envolvia o Rev. Blaine era a sua atitude para
com a população indígena. Em uma carta que escreveu para sua
terra de origem, ele disse basicamente que era impossível ajudar os
índios, e isso por causa destes pontos: (1) a barreira da linguagem;
(2) o comportamento pecaminoso deles; e (3) o contexto social deles.
Desde o começo de 1856 até os fins de 1860, Seattle não
contou com um ministro evangélico residente. As reuniões
evangélicas eram efetuadas a cada duas semanas, na igreja
metodista. Nos fins de 1860, chegou o pastor Daniel Bagley, vindo
do estado de Oregon. Ele era um implantador de igrejas, tendo
implantado vinte igrejas nos estados de Oregon e de Washington.
Bagley tornou-se um dos principais fundadores da segunda geração
de habitantes da cidade, além de ter servido de instrumento na
formação da primeira universidade iniciada na cidade de Seattle
(mais tarde, Universidade de Washington). Ele também era maçom,
juntamente com vários outros fundadores da cidade.
Ministros adicionais começaram a chegar, a partir de 1865,
quando os episcopais de Olímpia chegaram à cidade e iniciaram
uma congregação. Os presbiterianos chegaram em 1866, na pessoa
do pastor George Whitworth, que também se tornou industrial junto
com o Rev. Bagley. Naquele estágio inicial, as igrejas cooperavam
harmoniosamente umas com as outras — duas igrejas e quatro
pastores que representavam quatro denominações. Assim, dois
pastores trabalhavam em cada igreja, alternando-se nos deveres da
pregação, e basicamente sem criarem qualquer problema uns com
os outros. Os católicos romanos chegaram em 1867, os
congregacionais e os batistas, em 1869. O ministro batista era o
pastor Edward Hanford, que foi um dos grandes primeiros líderes
espirituais de Seattle.
O chefe Seattle, o famoso líder índio, no seu discurso de
assinatura de um tratado, provavelmente foi quem melhor articulou
a posição dos índios, no tocante ao Deus do homem branco. Uma
parte de seu discurso dizia: "O Deus de vocês não é o nosso Deus.
O Deus de vocês ama o povo de vocês, mas odeia o meu povo. Ele
abraça com amor e proteção os caras pálidas... mas esqueceu-se de
seus filhos de pele vermelha, se é que realmente são seus filhos.
Nosso Deus, o Grande Espírito, também parece ter-se esquecido de
nós". Se o chefe Seattle conseguiu dizer alguma coisa, disse que a
Igreja não consegue apresentar um quadro veraz de Deus.
Infelizmente, o que os índios viram foi que o Deus dos homens
brancos lhes ensinava a ganância, o assassinato e a luta pelo poder
espiritual. Eles viam a invasão do homem branco como uma luta de
poder espiritual, na qual o Grande Espírito teria saído perdendo.

6. O governo nacional ou da cidade já se desintegrou alguma


vez?

Sim, quanto a certa maneira de dizer. O primitivo governo da


cidade era extremamente corrupto. Henry Yesler, um proeminente
proprietário de uma madeireira, conservou-se em forte posição de
autoridade durante muitos daqueles primeiros anos, tendo usado a
sua influência para encher de dinheiro os bolsos, às custas da
cidade. Essa corrupção inicial exigiu que a cidade começasse tudo
de novo, depois que Yesler perdeu a sua posição de autoridade. As
técnicas fraudulentas de Yesler tinham levado a cidade à beira da
bancarrota, por diversas vezes.

7. Qual foi o estilo de liderança dos governos passados?

O estilo de governo de Seattle geralmente tem girado em torno


da filosofia dos negócios, antes de qualquer outra coisa. Em muitos
sentidos, os negócios têm dirigido o governo, havendo poucas regras
no mundo dos negócios. Conforme já pudemos mencionar, Henry
Yesler, durante muitos anos, foi quem exerceu autoridade no
governo de Seattle. Nessa posição, ele não foi nem honesto e nem
justo. Ele favorecia dirigir outras pessoas por meio dos negócios,
dominando com o seu negócio diversos outros negócios. Quando
alguém propunha algo que poderia beneficiar a outrem, e não a ele,
então com freqüência ele vetava o projeto, ou então afunilava fundos
para outras finalidades.
Yesler é a mais antiga epítome de riquezas e abastança que
pervertia a justiça, a eqüidade e o interesse pelas pessoas.
O período entre 1900 e 1920 foi um período crucial para dar
forma à cidade de Seattle. Foi apresentada a decisão, diante dos
eleitores, se a cidade de Seattle deveria fechar as suas portas para
os jogos, o alcoolismo e a prostituição. A votação ficou oscilando
para cá e para lá, mas no fim Seattle continuou como cidade aberta
a esses vícios, embora não tão aberta quanto tinha sido durante a
corrida do ouro do Yukon. Naquele tempo, o governo e a força
policial viviam moralmente maculados pelo suborno e pela
corrupção.

8. Já houve alguma guerra que afetasse essa cidade?

O efeito primário da guerra sobre Seattle foi a prosperidade


econômica. De várias maneiras, as duas guerras mundiais
ajudaram a fazer prosperar as indústrias de construção naval, de
aviões, de manufaturas e de navegação.

9. A própria cidade foi palco de alguma batalha?

Uma pequena batalha entre os índios ocorreu em torno de


1856. A cidade de Seattle ficou em estado de alerta, e houve então
um pequeno entrevero. Foram mortos dois residentes brancos da
cidade, e um número muito maior de índios. Os índios desfecharam
o ataque por causa de um tratado cujas promessas não tinham sido
cumpridas por parte do homem branco. Os historiadores acreditam
que Seattle sobreviveu a essa batalha somente porque os índios
atacaram a cidade mui tardiamente, o que permitiu que os
habitantes da cidade solicitassem reforços. Essa ajuda chegou sob
a forma de um barco armado da marinha, que bombardeou os índios
e causou a maior parte das perdas de vida entre os índios.

10. Quais nomes têm sido usados para rotular a cidade e quais os
significados desses nomes?

A Cidade Esmeralda. Essa alcunha é melhor entendida quando


se examina o meio ambiente de Seattle. A cidade é cercada de
árvores perenes, além de estar cercada por lagos e montanhas. O
nome reflete esse aspecto luxuriante de Seattle; entretanto, o título
também poderia representar as riquezas e a abundância da região.

11. Por que a cidade foi originalmente fundada?

Parece que no começo Seattle foi ocupada pelos índios por


causa da riqueza de seus recursos naturais e por causa do seu clima.
Embora o céu por muitas vezes costume ficar nublado, a
temperatura raramente cai abaixo da temperatura de congelamento
em qualquer período de tempo no inverno, e a neve é ali infreqüente
e de pouca duração.
O homem branco chegou ali com o propósito de fazer dinheiro,
por meio de negócios. Os primeiros homens de negócios chegaram a
caminho da China, ali negociaram com peles de lontras e descobri-
ram que poderiam fazer uma fortuna vendendo estas peles aos chi-
neses. Os primeiros colonizadores enfocaram a atenção sobre os
negócios com os índios, de quem obtinham as peles, a fim de
transportá-las à China. Esse período durou pouco tempo, pois não
demorou muito para as lontras rarearem muito, chegando mesmo à
beira da extinção.
Arthur Denny e seu grupo (os fundadores) chegaram ali à pro-
cura de um local próprio para a fundação de um porto, onde
pudessem abrir vias de comércio com o Extremo Oriente. Esses
homens de negócios, que estavam procurando uma localização
apropriada para ganhar muito dinheiro, descobriram que aquele
local era uma ilha um tanto alagadiça, mas com um porto de águas
profundas, de fácil acesso para a madeira e outros recursos naturais.
Grande parte dos negócios originais eram fechados originalmente
com a cidade de São Francisco, que era a principal cidade afetada
pela corrida do ouro da Califórnia. Seattle era um local apropriado
para plantio de cereais e para o embarque de madeira, da qual a
cidade de São Francisco precisava desesperadamente.
Os recém-chegados posteriores geralmente aportavam com a
idéia fixa de enriquecer. A cidade tinha por habitantes
primariamente pessoas pertencentes à classe média. Muitas
pessoas, na verdade, acabaram enriquecendo, e assim as classes
abastadas tinham raízes sólidas na classe média. As oportunidades
para negócios abundavam, envolvendo madeira, manufaturas
diversas e criação de gado. A cidade cresceu a uma taxa admirável,
até que, na década de 1920, chegou a um patamar onde o
crescimento estacionou, até aos anos de grande progresso, durante
a Segunda Guerra Mundial.

12. A cidade teve um fundador? Qual era o sonho dele?

Seattle foi fundada por Arthur Denny, Carson Boren e William


Bell. Esse grupo localizou o canal de águas profundas e planejou a
localização original da cidade. Charles Terry tinha originalmente
escolhido ocupar o lado oposto da baía, em Alki, mas não demorou
muito para vender algumas terras, e acabou mudando-se para
Seattle propriamente dita.
O sonho de Arthur Denny era estabelecer um lar seguro para
a sua família. Ele estava interessado em edificar uma comunidade
sólida para o futuro. Seu grande alvo não era tornar-se rico, mas
contar com uma sólida comunidade, baseada no comércio e em uma
população forte. Denny era homem de grande integridade e
honestidade, e era muito respeitado na comunidade. Ninguém podia
consumir bebidas alcoólicas em suas empresas ou em suas terras.
Ele foi um fator importante no estabelecimento de escolas (incluindo
a universidade de Washington), como também na primeira igreja
evangélica. Era considerado por todos, inclusive pelos índios,
homem cumpridor de sua palavra. Entretanto, ninguém daquela
época escreveu que gostava de Denny. Ele era homem respeitado,
honesto e probo — mas ninguém gostava dele.
Não obstante, uma forte característica negativa de Denny, que
acredito refletir-se em Seattle até hoje, também precisa ser
mencionada. Apesar de todos os seus valores de integridade, Denny
parece ter sido basicamente homem de inação no tocante às
questões morais. Até onde sou capaz de dizer, ele não fazia oposição
decidida contra os erros morais que ocorriam regularmente ao seu
derredor. Ele só pensava nos seus próprios negócios. Essa atitude
parece ter permeado a cidade nos seus dias, e assim continua a ser
até o presente.

13. Como surgiram os líderes políticos, militares e religiosos, e o


que sonhavam eles quanto a si mesmos e à sua cidade?

Uma importante visão era fundar uma cidade utópica, para a


classe média alta. Isso tornou-se evidente na divisão de Seattle e da
reconstrução e ampliação da cidade, depois do incêndio de 1889.
Quase desde o começo, Seattle foi dividida em bairros bons e bairros
ruins. Os bairros ruins ficavam localizados ao sul de Skid Road,
onde costumavam residir os alcoólatras, os paupérrimos, os
famintos, os destituídos de tudo e uma minoria da população. Era
ali que residiam os trapaceiros, os alcoviteiros e as prostitutas. Os
habitantes "respeitáveis", porém, residiam nos bairros bons da
cidade.
Aqueles que ocupavam posições políticas geralmente davam
apoio à população "boa" — os homens de negócios que pertenciam
à classe média alta. O planejamento e a expansão iniciais da cidade
tiveram por propósito aprimorar as condições de vida dessa parte
mais abastada da população. Os bondes, por exemplo, percorriam
somente os bairros bons da cidades. Parques eram ali planejados,
as ruas eram niveladas e melhoradas. Mas os beneficiários de todas
essas melhorias eram pessoas pertencentes à classe média alta.
14. Quais instituições políticas, econômicas e religiosas têm
dominado a vida da cidade?

Os grupos políticos, os empresários e os que seguem profissões


liberais são as classes que têm predominado em Seattle. Houve um
breve período de leis justas na cidade, nos primeiros anos do século
XX, principalmente no esforço de limpar a área de Skid Road. Mas
essas leis foram logo esquecidas em sua quase totalidade, e não
demoraram a ser repelidas.
As uniões trabalhistas sempre foram uma forte influência
sobre a cidade, desde a década de 1930, e algumas grandes greves
têm tido lugar ali, no decorrer dos anos. As uniões trabalhistas e um
governo fortemente orientado em favor da classe empresarial têm
tendido por produzir conflitos ao longo dos anos. Os empresários
geralmente têm explorado os trabalhadores, e as uniões de várias
maneiras têm prejudicado o empresariado mediante greves,
contratos anti-minorias e coisas semelhantes. Os líderes das uniões
trabalhista;, também têm abusado de maneira considerável de seus
liderados, incluindo coisas como liquidação de empresas, subornos
e corrupção.
A dominação econômica tem sofrido modificações com a passa-
gem do tempo. A base econômica original era a madeira e a serraria
de Yesler era a principal empresa que explorava essa atividade. Em
certo sentido, a indústria madeireira continua atuante até hoje. A
firma Weyerhaeuser, que explora a produção de objetos de madeira
está localizada nas proximidades de Seattle, e dá emprego a
aproximadamente quarenta mil pessoas.
A navegação e o comércio é uma das principais atividades da
cidade. Grande parte desses negócios tem sido com o Extremo Ori-
ente e com o Alasca. Seattle é o principal entreposto para a maior
parte do comércio com o Alasca. E essa sempre foi uma atividade
muito importante, sobretudo nos dias da descoberta de ouro no
Alasca. Atualmente, aproximadamente 17% de todos os empregos
estão vinculados aos negócios de importação e exportação.
Mas a principal força econômica da cidade é a Companhia
Boeing. A Boeing prove aproximadamente cem mil empregos locais,
diversificando-se em certa variedade de indústrias, mormente a
indústria aeroespacial. A economia de Seattle está fortemente
vinculada à Companhia Boeing, e parece seguir as diretrizes dela.
Talvez um ponto que deva causar preocupação seja a dependência
da cidade para com a Boeing, em vez da dependência para com Deus.
No terreno religioso, nenhuma instituição dominante tem
surgido em cena. Não obstante, os maçons precisam ser
mencionados. A maçonaria tem-se feito presente em Seattle desde o
começo de sua história. Vários dos primeiros líderes, no mundo dos
negócios e nas igrejas, eram maçons, incluindo Doc Maynard e o
reverendo Daniel Bagley. Bagley foi maçom a vida inteira, tendo
chegado ao grau do Arco Real da maçonaria, antes mesmo de
mudar-se para Seattle. Em Seattle, ele acabou sendo escolhido como
o Grão-Mestre da primeira loja, no mesmo ano em que aquela loja
foi fundada.

15. Qual tem sido a experiência daqueles que têm migrado para a
cidade?

Geralmente, a experiência deles tem sido boa. Os fundadores


originais da cidade mostravam-se acolhedores para com os recém-
chegados; e nunca veio à superfície qualquer preconceito contra os
irlandeses ou contra os judeus. E isso devido a dois fatores: (1)
Poucos grandes grupos de imigrantes têm-se estabelecido em Seattle
(excetuando escandinavos em Ballard); (2) a maioria, se não mesmo
todos os imigrantes, tem-se inclinado por terminar nas favelas da
cidade, o que vem acontecendo em Seattle desde a década de 1880.
Nos fins do século XIX talvez tenha surgido, por um breve período,
um desejo de impedir a imigração de chineses para a cidade; e isso
talvez tenha alguma significação espiritual.

16. Tem havido alguma experiência traumática, como colapso


econômico, choques raciais ou terremotos?

No começo de sua história econômica, Seattle esteve ligada a


São Francisco. Quando São Francisco perdeu impulso, devido à
diminuição da corrida do ouro, Seattle também perdeu impulso. Um
importante colapso econômico ocorreu na década de 1890, o qual
praticamente destruiu os bancos da cidade de Tacoma. Entretanto,
os bancos de Seattle sobreviveram, tendo apelado para o artifício de
recursos financeiros caldeados para um tesouro comum. Sustos
econômicos mais recentes têm estado geralmente ligados a
despedidas de empregados pela Boeing, no começo da década de
1970.
Levantes raciais (efetuados por grupos étnicos não-brancos)
ocorreram em 1968, quando a população negra da cidade passou
por um severo período de transição. Gangues, que a si mesmas se
apelidavam de "Negros" e de "Brancos", chegaram a fazer
manifestações pelas ruas, geralmente em choque um contra o outro.
Houve grandes incêndios que afetaram Seattle, Spokane e
Ellensburgo, em 1889. Em cada uma dessas cidades, o distrito
comercial foi virtualmente destruído. Seattle e Spokane
recuperaram-se, mas o mesmo não aconteceu com Ellensburgo. A
região do centro de Seattle adquiriu grande parte de sua atual
aparência depois desse incêndio.
Descobri registros sobre dois terremotos de significativa
magnitude. Em abril de 1949 e em abril de 1965 terremotos sérios
abalaram Seattle. O segundo deles atingiu o grau 7.0.
Em 1980, o monte Saint Helens, que fica bastante perto de
Seattle, entrou em furiosa erupção vulcânica, que arrasou o cume
do monte. Isso atraiu grande atenção da nação para a cidade de
Seattle.

17. A cidade já passou pelo surgimento de alguma tecnologia de


transformação social?

E possível. Embora o avião não tenha sido inventado em


Seattle, os avanços feitos pela Companhia Boeing, quanto à
indústria aeroespacial, podem ser considerados transformadores do
quadro social.
18. Tem havido alguma repentina oportunidade de
enriquecimento, como a descoberta de petróleo, ou alguma nova
técnica de irrigação?

Sem dúvida. Todavia, essas oportunidades geralmente se têm


limitado ao comércio.
A primeira oportunidade de comércio de Seattle foi com São
Francisco, que precisava de madeira de construção. Uma segunda
oportunidade deu-se por causa da corrida do ouro no Alasca e no
rio Fraser. Os mineiros que seguiam para o norte geralmente
passavam por Seattle, na ida e na volta, gastando sempre boas
quantias em dinheiro nesse processo.

19. Houve conflitos religiosos entre religiões rivais ou entre os


cristãos?

Até esta altura das investigações, não encontrei qualquer


conflito dessa natureza. As primeiras igrejas de Seattle com
freqüência eram interdenominacionais. Houve época em que Seattle
contava com quatro ministros de denominações diferentes, que
operavam em apenas duas igrejas. Eles resolviam as suas questões
compartilhando de deveres, em vez de construírem novos templos.

20. Qual a história dos relacionamentos entre os grupos étnicos?

Lamentável. Essa é a maior área de perturbações na história


da cidade de Seattle, o que requer muito arrependimento e oração.
Em sua maior parte, até os primórdios do século XX, as minorias
estavam centradas no distrito internacional ou nas áreas faveladas
do sul, naquilo que era conhecido como Skid Road. É mister
tentarmos compreender a história dessa região. Essa era a área
onde foram construídos os primeiros bordéis e bares. Era também a
seção da cidade onde havia jogatinas, bebedeiras e prostituição
desenfreadas. E essa era, igualmente, a área onde as minorias
étnicas tinham de viver, de acordo com as leis não escritas da
sociedade de Seattle.
Os Índios

Antes da chegada do homem branco, entre os indígenas havia


guerras e assaltos freqüentes uns contra os outros. O propósito
dessas guerras era capturar escravos, que serviam de símbolos de
riqueza e de posição social. Os escravos, entre os índios,
essencialmente não tinham quaisquer direitos. Podiam ser usados
como prostitutas, podiam ser mortos, podiam ser desfigurados, e os
seus proprietários podiam fazer com eles o que bem quisessem. As
tribos mais ferozes tendiam por estar localizadas ao norte da
Colúmbia Britânica, que hoje fica no extremo ocidental do Canadá.
Os índios locais viviam temendo aqueles grupos de índios que por
muitas vezes chegavam a seus territórios com essas missões
aterrorizantes.
Quando chegou o homem branco na região, imediatamente o
civilizado começou a explorar os índios (com a exceção dos padres
jesuítas). No princípio, os brancos vinham comerciar com couros;
todavia, depois que Seattle foi fundada, eles começaram a usar os
índios para realizarem trabalhos pesados. Naturalmente, os
indígenas eram pagos para tanto, mas recebiam muito menos do
que uma pessoa branca receberia por igual trabalho. Os brancos,
para todos os intuitos e propósitos, apossavam-se de quaisquer
terras que quisessem, ao passo que os índios eram constrangidos a
viver em reservas, "para o próprio bem deles". Eles prometiam aos
indígenas um lugar para viver, educação, ajuda para iniciar algum
negócio, assistência médica, direitos à pesca, e assim por diante.
Mas os civilizados quase nunca cumpriam essas promessas, tal
como continuam descumprindo os seus tratados com os índios, até
ao dia de hoje.
As escravas índias eram tratadas de maneira extremamente
inadequada. Os indígenas já tinham padrões sexuais muito frouxos;
e os homens brancos descobriram logo que não era difícil explorar
sexualmente as mulheres indígenas. John Pennell veio de São
Francisco até à área de Seattle, em 1861, e deu início ao bairro Skid
Road, em Seattle. Ele estabeleceu bares e bordéis para atrair o
grande número de homens solteiros que tinham dinheiro para
gastar e que queriam companhia feminina e entretenimento. Essas
"trabalhadoras" femininas eram índias (até que, finalmente,
chegaram algumas prostitutas profissionais, vindas de São
Francisco, durante a década de 1870). Essas prostitutas eram ou
escravas adquiridas de tribos indígenas locais ou mulheres que
tinham sido induzidas a vir morar naquela área, sob a promessa de
um lugar para ficarem, comida e roupa. Mas o que elas encontravam
era uma vida prostituída, exploração e muito abuso. Muito pouco,
ou mesmo nada, foi feito para pôr fim aos estabelecimentos iniciados
por Pennel.
A justiça também era negada aos indígenas. Quando Bad Jim,
um índio, foi linchado, os seus linchadores brancos foram julgados
em um tribunal. Um dos homens brancos, que estava sendo julgado,
fez parte do grande júri que o estava julgando (renunciando apenas
ao ser condenado). Quando um homem branco se confessava
culpado, o tribunal imediatamente indicava um advogado para
declará-lo inocente. Após um breve "julgamento", todos os homens
brancos eram inocentados de qualquer crime que tivessem cometido,
mesmo quando a culpa deles fosse inegável. Em contraposição,
todos os índios apresentados para julgamento geralmente eram
linchados ou condenados, sem importar quais fossem as evidências,
contra ou a favor deles. O chefe Leschi foi julgado e enforcado por
homicídio, embora as evidências fossem extremamente
circunstanciais e apesar de muitos de seus amigos (incluindo Doc
Maynard) terem argüido em favor de sua inocência.

Os Afro-Americanos

Os afro-americanos têm tido um interessante relacionamento


com Seattle. A cidade começou a crescer terminada a Guerra Civil
americana, e por lei estava em um território contrário à escravatura,
razão pela qual a questão nunca constituiu um problema na cidade.
Seattle, porém, se era contra a escravatura, também era contra os
negros, pelo que os negros nunca foram bem acolhidos na cidade,
sendo-lhes conferidos bem poucos direitos. Seattle era uma cidade
de "brancos". Os negros que ali porventura chegavam acabavam
descobrindo que só podiam residir em uma área, ou seja, as favelas
ao sul da Skid Road, o gueto de Seattle. Mesmo com a passagem dos
anos, a população negra recebia ali bem poucos direitos. Os
contratos das uniões trabalhistas excluíam os negros, até que, já em
1940, os tribunais interromperam essa norma.
Os Chineses

Os chineses tiveram de enfrentar o seu período de injustiças


sofridas, nos fins da década de 1880. Os chineses tinham sido
originalmente contratados para construir estradas de ferro e efetuar
outras tarefas braçais pesadas e perigosas. Depois que as estradas
de ferro tinham sido construídas, os chineses começaram a mudar-
se para as cidades estabelecidas, incluindo Seattle, e, ali chegando,
estabeleceram-se nas favelas da Skid Road. Muitos brancos
entenderam que isso era uma ameaça para os seus empregos, e
resolveram fazer alguma coisa no tocante aos trabalhadores
chineses. Após semanas de reuniões e agitações, as multidões
passaram a agir. Reuniram os chineses e começaram a embarcá-los
à força em um navio a vapor, rumo a São Francisco. Mas foi então
que um juiz interveio e fez parar a questão, e eventualmente as
coisas voltaram à normalidade.
O que nos deixa boquiabertos é quem eram as pessoas que se
envolveram ou não se envolveram na expulsão dos chineses de
Seattle. Somente uma igreja, metodista episcopal, publicou uma
declaração opondo-se ao movimento anti-chinês. Eventualmente, o
tribunal decidiu que os chineses não podiam ser expulsos; mas a
verdade é que várias centenas deles abandonaram de qualquer
forma a região, principalmente por motivo de medo.

Segunda Seção
DISCERNINDO SEATTLE
Por Bev Klopp

Estou muito agradecida pelas pesquisas feitas por Mark


McGregor, que lhe permitiu lançar os alicerces do mapeamento
espiritual da cidade de Seattle. Muitos dos fatos por ele trazidos à
tona fornecerão diretrizes futuras para as intercessões em favor de
Seattle, enquanto eles continuam orando pela nossa querida cidade.
Antes mesmo das pesquisas feitas por Mark, alguns de nós já
estavam intercedendo pela Cidade Esmeralda. Estou feliz por anun-
ciar que o número de crentes humildes, chamados por Deus para
mergulharem na batalha espiritual em favor de Seattle e pela área
noroeste de nosso país, à beira do Pacífico, está aumentando
rapidamente. Para vermos o Reino de Deus derramar-se sobre
Seattle, precisamos de um maior número de intercessores e
precisamos de maiores informações sobre nossa cidade e região.
Essa combinação de fatores nos provera um quadro mais nítido da
cidade, conforme ela realmente é, e não como ela parece ser,
tomando por empréstimo as palavras de George Otis, Jr.
Os pensamentos que estou aqui compartilhando com o leitor
emergiram depois de incontáveis horas de oração, por muitas vezes
agonizada, que rasgaram o meu coração, em favor da nossa cidade.
Percebo que não dispomos de respostas definitivas para todos os
poderes espirituais das trevas, que procuram manter Seattle em
servidão, pelo que aquilo de que compartilho aqui deve ser visto
como derivado de um povo que está em processo de formação. Ao
mesmo tempo, não podemos esconder o fato que cremos que está
sendo obtido bastante progresso espiritual.

ORAÇÕES REMIDORAS

Na qualidade de líderes e intercessores, temos sido orientados


pelo Senhor para tentar traduzir o tipo de pesquisa histórica que
Mark McGregor tem feito no campo das orações remidoras, da
guerra espiritual eficiente, e da evangelização restauradora, capaz
de derrubar fortalezas. E temos sido encorajados quanto a tudo isso
por termos visto alguns resultados positivos, sob a forma de
despertamento da Igreja e de salvação de almas. Temos clamado a
Deus, escudados no trecho de 2 Crônicas 7.4-16, unidos em oração
e arrependimento. A semelhança de Elias, cremos que temos visto a
pequena nuvem da presença de Deus, preparando-se para liberar
um grande derramamento do Espírito Santo em uma escala nunca
antes vista na nossa região.
Na posição de maior cidade do estado de Washington, Seattle
de muitas maneiras é uma moderna fronteira paga da
independência, onde se evidenciam todas as perversões possíveis da
adoração à deidade e do amor do Pai. O mestre dos ludíbrios tem
mantido, há muito tempo, tanto Seattle quanto a região do noroeste
das costas do Oceano Pacífico oprimidos pelas trevas espirituais.
Mas atualmente o inimigo estremece, desmascarado diante daqueles
que possuem coração puro, que estão dispostos a obedecer a Deus,
corajosa e sacrificialmente. Acredito que, nesta hora, o Senhor
desceu e colocou o seu pé sobre o estado norte-americano de
Washington, pronto a demonstrar o seu poder mediante gloriosos
atos de compaixão.
O estado de Washington é conhecido como o estado norte-ame-
ricano que conta com o menor número de igrejas, em proporção à
sua população, além de ser um dos três maiores centros do mundo
do movimento da Nova Era. Há menos de um ano, Washington foi
um foco da atenção nacional, por terem sido tomadas duas impor-
tantes decisões por voto do legislativo estadual, uma delas fortale-
cendo os direitos de aborto, e a outra permitindo a eutanásia. E as-
sim, muitos cidadãos viram o nosso estado como uma força
liderante quanto a ambas essas questões tão duvidosas. Outrossim,
Seattle é considerada por muitos como uma das cidades mais
liberais da América do Norte. Também é conhecida como a cidade
com o maior contingente de homossexuais de toda a costa ocidental
dos Estados Unidos da América.
Conforme indicou Mark McGregor, a vida dos primeiros
habitantes, os ameríndios, bem como os fundadores brancos de
Seattle refletem laços ímpios que, com freqüência, podem ser
explicados por suas raízes pagãs e por suas alianças pecaminosas
com o inimigo. Para exemplificar, os índios norte-americanos são
herdeiros da cultura mongol, pois eles chegaram da Sibéria e do
Extremo Oriente, trazendo com eles as suas práticas
entrincheiradas no xamanismo e na adoração de deusas.
No passado, muitas das tribos indígenas do noroeste norte-
americano aliaram-se aos poderes espirituais das trevas mediante o
contato com os espíritos dos ancestrais. Eles realizavam ritos
pessoais para induzir os espíritos guias a ajudá-los a conquistar
riquezas e escravos, bem como para terem êxito na guerra, na caça,
na pesca e na cura de doenças diversas. Muitas daquelas pessoas
preciosas foram afundadas mais ainda em suas raízes xamanistas
através das dificuldades da vida, dos saques impostos por outras
tribos e pela exploração e desilusão que surgiram em resultado do
tratamento que lhes foi dispensado pelos primeiros colonos
europeus. Isso ficou refletido no célebre discurso do chefe Seattle:
"O Deus de vocês ama o povo de vocês... Ele se esqueceu de seus
filhos de pele vermelha, se é que realmente são seus filhos".
Conforme salientou Mark McGregor, o famoso discurso do
chefe Seattle expressou esse desespero de que o Deus dos brancos
parecia não amar os índios. De que outra maneira ele poderia haver
interpretado a ganância, a avidez pelo sangue, os abusos e a
injustiça de muitos dos primeiros colonizadores de Seattle? Mas o
chefe Seattle também prosseguiu para dizer que os "mortos
invisíveis" de sua tribo permaneceriam. Por ocasião daquela mesma
fala, disse ele: "Nossa religião consiste nas tradições de nossos
antepassados — os sonhos de nossos homens velhos, conferidos...
pelo Grande Espírito. A noite... quando descer o silêncio sobre as
ruas das cidades de vocês... elas ficarão apinhadas com as nossas
hostes, que estarão voltando".
Os homens da raça branca não pecaram somente contra os
indígenas nativos. McGregor salientou que abusos similares ficaram
registrados no tocante aos asiáticos e aos africanos, através da
exploração de um trabalho barato, atos ilegais e outras injustiças.
Os pecados de reação e vingança, de uns contra os outros, em vez
da atitude de perdão e arrependimento, armaram em Seattle o palco
para o levantamento de outras fortalezas espirituais da maldade.

UMA IGREJA IMPONENTE

Infelizmente, a Igreja não foi ainda capaz de derrubar as


fortalezas do mal com a mensagem do amor de Deus, em parte por
causa de suas próprias concepções errôneas, mundanismo,
transigências e indiferença. Em conseqüência, as mentiras do
inimigo têm sido reforçadas, estabelecendo novas "fortalezas
mentais", conforme diria Cindy Jacobs, umas contra as outras e
contra o verdadeiro conhecimento das verdades libertadoras de
Deus. Divisões mais profundas resultaram disso, e os poderes
malignos por detrás de tanta malignidade ficaram essencialmente
ocultos, não tendo sido desmascarados. Por exemplo, as tribos
aborígines da área estão separadas e isoladas no desespero de suas
reservas, espalhadas por todo o estado, enquanto os ricos e os
poderosos continuam predominando em seus "reinos", na cidade,
com os seus deuses do materialismo, do hedonismo, do
racionalismo e do intelectualismo.
Estamos vendo que até hoje continuam postos os restos das
vendas de Satanás sobre as mentes dos incrédulos. Parece ter
havido um "fascínio atordoante" que cativa as mentes dos crentes e
dos incrédulos, por meio do ludibrio e da sedução religiosos, da
apatia, da separação e da falta de unidade. Tudo isso parece apontar
para as forças malignas mencionadas no sexto capítulo da epístola
aos Efésios, que têm reivindicado seus direitos em resultado desses
padrões pecaminosos entrincheirados e pelas alianças profanas que
homens têm estabelecido com o inimigo.
Essas alianças têm conferido ao adversário um poder irrestrito
e um largo acesso ao estado de Washington e seus grupos
populacionais. Isso pode ser averiguado através da continuação de
iniqüidade de gerações, através do aumento do movimento da Nova
Era, através dos rituais satânicos, das leis injustas, das festividades
profanas e dos pactos feitos por muitos indivíduos com as forças
satânicas. No passado, isso foi ilustrado por tratados injustos acerca
de terras, acordos violados entre os índios norte-americanos e os
primeiros colonizadores brancos, injustiças sociais contra grupos
minoritários e a remoção da oração das escolas. Esses acordos são
decretos espirituais de direitos, que permitem ao inimigo manter-se
continuamente entrincheirado dentro de suas fortalezas. Atualmen-
te, os líderes dessa área estão tomando consciência e estão ficando
alertas diante do conhecimento espiritual e da unidade necessária
para que essas fortalezas sejam derrubadas.

DEVERÍAMOS CHAMAR AS POTESTADES PELOS SEUS


NOMES?

Entendemos que nem todos concordam que devemos


perscrutar profundamente o bastante, em nossa intercessão, para
saber quais os nomes próprios dos principados e das potestades que
dominam alguma cidade, como Seattle. Não insisto que conhecer
esses nomes seja um fator essencial para uma eficaz guerra
espiritual (mas ver Mc 5.9 e Lc 8.30). Peter Wagner tem discutido
essa questão em seu livro, intitulado Oração de Guerra, e concordo
com a conclusão dele: "Embora nem sempre seja necessário dar
nomes aos poderes, ainda assim, se puderem ser descobertos esses
nomes, sem importar se são nomes pessoais ou funcionais,
usualmente é útil enfocar isso na oração de guerra".2 Não quero
mostrar-me dogmática quanto a esse aspecto da questão, mas
muitos de nós que têm laborado na intercessão pela cidade sentem
que temos chegado a algum acordo quanto às identidades das
principais potestades. A maioria delas consiste em espíritos
especificamente chamados por nome nas Escrituras.
Alguns dos nomes que pudemos descobrir surgiram
relacionados a fortalezas particulares desta região. Dou aqui nomes
a algumas dessas falsas divindades, por causa de seu "fruto", o que
pode ajudar-nos a vincular as potestades espirituais que controlam
esta área: Apoliom (ver Ap 9.11), o Destruidor, que tem sua morte e
destruição, seu espírito de adivinhação e suas obras de Jezabel, bem
como seu espírito anticristão de ludibrio, rebeldia, idolatria e cobiça.
Belzebu (ver Mt 12.24), ou seja, o chefe dos demônios, com seu
controle e suas manipulações, com seus simulacros religiosos dos
dons e com a sua doutrina de demônios. Asmodeu (que figura no
livro apócrifo de Tobias 3.8), com suas seduções religiosas, ganância
e perversões sexuais. Belial (ver 2 Co 6.15), com seus falsos profetas
e pastores, com seus líderes injustos da iniqüidade, com sua
iniqüidade e com seus falsos ensinos. Em adição a esses há um
espírito reconhecido como "Grande Espírito", na parte noroeste dos
Estados Unidos, inspirador do xamanismo e da adoração aos
antepassados.
Ademais, existem espíritos chamados Androginia e o Dragão,
arrebatador de almas. Juntamente com esses ocorrem a destruição
de pessoas, distorções do amor e da verdade de Deus, violência e
abusos sexuais contra mulheres e crianças, e perversões de toda
espécie nos papéis sexuais masculino e feminino e o relacionamento
entre os dois sexos. Eles estão vinculados à cobiça, à pornografia, à
bruxaria, ao racismo e ao espírito de religiosidade piegas. Também
pensamos que temos podido identificar um espírito regional que
ocupou o monte Rainier, o qual desde há muito vem sendo adorado
como o "deus altíssimo", através das avenidas da adoração a
Satanás, da adoração à deusa e terra mãe, através do xamanismo e
através das atividades da Nova Era. Finalmente, também
precisamos levar em conta um conceito belicoso, pirata e
aventureiro como o de um marinheiro, relacionado aos negócios, a
leis injustas, ao consumo de drogas e ao uso do ópio.
A CURA COMEÇA PELO ARREPENDIMENTO

Em nosso papel de intercessores, temos procurado fazer


retroceder o holocausto espiritual causado por esses malignos
espíritos que povoam os céus de Seattle. Esses espíritos têm
provocado o caos, a confusão e o tormento entre a nossa gente, já
faz muitos anos. E a conseqüência disso tem sido uma vereda
salpicada de mortes. Por meio da oração, todavia, estamos
procurando quebrar o poder e as maldições que conservam as
pessoas atreladas a seus fracassos passados. Estamos orando para
que as máscaras sejam retiradas, e para que o espírito sectarista
seja desmascarado por intermédio do arrependimento. Temos
procurado a graça e a misericórdia de Deus quanto aos pecados
passados, e temos rogado que o Senhor cure as feridas. Temos cla-
mado para que Deus quebre os padrões, a dureza de coração e a
insensibilidade das pessoas, tanto crentes quanto incrédulas, e que
daí resultem corações penitentes que perdoem e estendam a graça
e a misericórdia uns para com os outros.
Mediante o arrependimento, a purificação e o rompimento de
laços pecaminosos, esses espíritos devem desaparecer. Uma
legislação justa, o estabelecimento de uma adoração piedosa e
relacionamentos amistosos entre as pessoas podem quebrar mais
ainda os "direitos" que foram sendo adquiridos por esses espíritos
territoriais. A guerra espiritual e as orações de ação profética, como
aquelas descritas por Kjell Sjöberg (ver o quarto capítulo) podem
afrouxar o laço apertado, pelo menos por algum tempo, preparando
as mentes para que se abram ao evangelho, e, por conseguinte, ao
livramento final que se deriva do arrependimento pessoal e do viver
diário piedoso. Na qualidade de intercessores, temos jejuado e orado
com freqüência, procurando a cura espiritual para a nossa cidade.
Passo a passo, o Espírito Santo nos tem guiado em nossas orações,
tendentes a derrubar as fortalezas do mal nesta nossa região do país.
DERRUBANDO FORTALEZAS

Abaixo oferecemos dois exemplos das muitas maneiras como


temos procurado produzir as mudanças necessárias, através da
oração e da reconciliação.

Oração

Vários anos atrás, começamos a orar sobre a área da praça


Pioneira, situada na parte mais antiga da cidade. Esse segmento de
Seattle foi literalmente construído sobre as suas próprias ruínas,
por motivo do incêndio que foi descrito por Mark McGregor. Isso nos
prove um quadro natural que revela as condições espirituais da
cidade. Quando orávamos, passando pelas edificações feitas abaixo
do nível do solo, lembrando a corrupção passada da cidade e de seus
líderes fundadores, sentimos uma imensa tristeza. Identificamo-nos
com os pecados deles por meio de nossas próprias raízes de queda
espiritual e confessamos tanto os nossos pecados pessoais quanto
a nossa indiferença, falta de unidade e transigência moral nas
igrejas. Buscamos a misericórdia de Deus e o seu perdão, estribados
no trecho de João 20.23: "Aqueles a quem perdoardes os pecados,
lhes são perdoados..." Sim, temos reivindicado arrependimento e
restauração para a igreja e para os habitantes da cidade de Seattle.
O combate contra a cegueira das mentes, imposta por Satanás,
subiu facilmente aos nossos corações e mentes, quando a
iniqüidade patente e o ludibrio pespegado pelo inimigo foi
desmascarado. Usando os princípios ensinados no décimo capítulo
de Jeremias, temos começado a derrubar e a desarraigar, sempre
que nos defrontamos com os espíritos maus por detrás da ganância,
do oportunismo, do engano, do orgulho, da rebeldia, da
independência, da orgia, da prostituição, da sodomia, do homicídio,
do racismo, das atitudes preconceituosas, do desespero, da pobreza
abjeta, da indiferença religiosa, da influência da maçonaria, do
liberalismo, da rivalidade, da contenda, da suspeição, do interesse
próprio, da auto-exaltação, do domínio, da injustiça, da alienação
ou da opressão. Lançamos mão dos princípios ensinados em 2
Coríntios 10.4-6 e começamos a derrubar falsos argumentos e
crenças contrárias a Deus e à sua verdade. Nossa fé robusteceu-se
quando começamos a proclamar o senhorio de Jesus Cristo e
declaramos profeticamente a palavra de Deus, com cânticos que
declaram a derrota das trevas.

Arrependimento

Em maio de 1992, a Gateway Ministries Internacional, aos


quais sirvo, convidou pastores e líderes municipais para um
desjejum de meio de manhã, com o propósito de nos arrependermos
de nossos preconceitos raciais e por causa das raízes históricas de
mágoas de fundo racial em nossa região. Quase todos os grupos
étnicos estavam representados. Começamos com o relacionamento
original que fora quebrado entre os aborígines norte-americanos e
os primeiros colonos brancos, e fomos passando de grupo étnico em
grupo étnico. Na ocasião, havia mais de duzentas mulheres vindas
do estado inteiro, reunidas para uma vigília de oração de vinte e
quatro horas, no centro de Seattle, para orarem pela cidade e pelos
líderes eclesiásticos presentes. Perdão e arrependimento também
foram expressos entre as mulheres dos vários grupos étnicos
presentes. Também houve expressões de arrependimento diante dos
pecados de relacionamento entre os homens e as mulheres. Curas
notáveis tiveram lugar, e foram semeadas as sementes da renovação
espiritual.

OS DONS REMIDORES DE SEATTLE

O Corpo místico de Cristo em Seattle está começando a unir-


se. Se quisermos poder desfechar um maior impacto sobre as nossas
comunidades, precisaremos aumentar a nossa vigilância no tocante
a vigílias de oração por toda a cidade, bem como no tocante a uma
estratégia unificada para um evangelismo que produza o arrependi-
mento e a reconciliação. Fortalezas serão deitadas por terra, quando
nos amarmos uns aos outros e, então, juntos, exaltarmos o nome
do Senhor Jesus. "E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei
a mim" (Jo 12.32).
Por meio de nosso arrependimento, a Igreja receberá o poder
de efetuar uma intercessão eficaz e de pregar poderosamente
o evangelho. A Igreja precisa elevar-se à altura de sua
herança, pois hoje é o kairós (o tempo oportuno) de o Senhor
entrar triunfalmente pelos portões da nossa cidade.

Seattle está sendo chamada para ser uma cidade em uma


colina, uma cidade que não possa jazer escondida — um refúgio da
luz. Ela será uma cidade que glorifique a Deus por meio da adoração
e do louvor, compartilhando de dons espirituais e físicos com as
nações. Seattle deverá ser uma cidade missionária que anuncie a
vida e o amor de Jesus Cristo a multidões, através da oração, da
proclamação e da doação de si mesma.
As forças espirituais do mal que estão por detrás de suas
fortalezas, que têm afetado a cidade de Seattle e o estado de
Washington já faz agora séculos, em breve haverão de dobrar os
joelhos, quando a Igreja unir-se para alcançar os perdidos e os
feridos pelas injustiças da vida. Os mais fracos entre os fracos, os
mais pobres entre os pobres, e os mais desiludidos e oprimidos em
breve levantar-se-ão a fim de derrotar o inimigo, que os tem
esmagado desde os seus primórdios históricos. Por meio de nosso
arrependimento, a Igreja receberá o poder de efetuar uma
intercessão eficaz e de pregar poderosamente o evangelho. A Igreja
precisa elevar-se à altura de sua herança, pois hoje é o kairós (o
tempo oportuno) de o Senhor entrar triunfalmente pelos portões da
nossa cidade.

Perguntas para refletir

1. Por que este capítulo foi dividido em duas partes? Isso é signifi-
cativo?
2. Qual é o sentido da expressão "orações remidoras"? Em que esse
método de oração difere de outros métodos?
3. De quais maneiras a igreja pode servir de obstrução do poder de
Deus em uma cidade? Esse é o caso das igrejas existentes em sua
cidade?
4. Segundo você pensa, quão importante é descobrir os nomes dos
espíritos territoriais que dominam uma cidade qualquer?
5. Qual o papel desempenhado pelo arrependimento, na guerra
espiritual em nível estratégico? Explore as maneiras como um
arrependimento sério poderia funcionar em sua cidade.

Notas

1. DAWSON, John. Reconquiste Sua Cidade Para Deus. Venda Nova,


MG, Editora Betânia, 1995. Usado por permissão.
2. WAGNER, C. Peter. Oração de Guerra. São Paulo, Editora
Bompastor, p. 144, 1ª ed.

9. MAPEANDO A SUA COMUNIDADE

Por C. Peter Wagner

Muitos leitores deverão estar pensando: Como poderei fazer


isso em minha cidade ? Visto que poucos líderes evangélicos
atualmente têm muito pano-de-fundo formativo nesse terreno do
mapeamento espiritual, a resposta a essa pergunta não vem à tona
com facilidade. Importa não cairmos no ardil de pensar que se trata
de alguma forma de mágica que funcionará se fizermos as coisas da
mesma maneira que fizeram Victor Lorenzo ou Bev Klopp. Não existe
uma maneira única e padronizada de fazermos mapeamento
espiritual.
Tendo dito esse tanto, também quero destacar que há
diretrizes que podem ser úteis. Este breve capítulo de sumário tem
por finalidade fornecer algumas dessas diretrizes. Na preparação do
sumário, revisei todos os capítulos deste volume nos quais os
contribuintes mencionaram perguntas que eles costumam fazer ou
modos de proceder de que usualmente lançam mão quando estão
mapeando espiritualmente uma cidade ou uma região. Também tirei
proveito de algum material valioso preparado por Cindy Jacobs, mas
que não se acha no capítulo escrito por ela. Se reunirmos todas
essas informações, contaremos com uma lista sistematizada de per-
guntas a serem feitas, quando estivermos preparando o nosso
mapeamento espiritual. Essa lista de perguntas não é nem completa
e nem final. Talvez você queira acrescentar algumas outras
perguntas. Algumas delas talvez não tenham a menor utilidade para
você. Mas já será um começo.
Existem muitos níveis de mapeamento espiritual. Você poderia
preparar o mapeamento de seu bairro ou da zona de sua cidade em
que você mora. Mas você também poderia fazer o mapeamento de
sua cidade como um todo, ou então da cidade e suas
circunvizinhanças, ou de seu estado ou província, ou até mesmo de
seu país inteiro. Alguns crentes haverão de querer mapear grupos
de nações. Para efeito de maior simplicidade, vamos supor que
estaremos mapeando uma cidade, pelo que usarei de palavras
adaptáveis a isso. Mas as mesmas perguntas, como é óbvio, podem
aplicar-se virtualmente a qualquer área geográfica.
O primeiro passo consiste em recolhermos informações; o
segundo passo consiste em agirmos de acordo com essas
informações. Com isso não quero dizer que o primeiro passo inteiro
deva ser completado antes que possamos começar o segundo passo.
Pois ambos os passos podem e devem operar simultaneamente. Mas
a oração de ação mostrar-se-á mais eficaz se estiver alicerçada sobre
informações sólidas.

PRIMEIRO PASSO:
RECOLHIMENTO DE INFORMAÇÕES
Seguindo as orientações dadas por contribuintes como Haroldo
Caballeros, vou dividir a fase de recolhimento de informações em
três partes: (1) Pesquisa histórica; (2) pesquisa física; e (3) pesquisa
espiritual. Se você quiser distribuir essas três partes a três equipes
distintas, conforme costuma fazer Caballeros, isso depende somente
de você. Mas se você dispuser de pessoal suficiente, há algumas
vantagens nessa regra.

PESQUISA HISTÓRICA
I. A HISTÓRIA DA CIDADE

A. Fundação da Cidade

1. Quem eram as pessoas que fundaram a cidade?


2. Quais foram os motivos pessoais ou coletivos para a fundação
da cidade? Quais eram as suas crenças e filosofias? Qual visão ti-
nham eles acerca do futuro da cidade?
3. Qual o significado do nome original da cidade?
• Esse nome foi alterado?
• Há outros nomes ou designações populares para a cidade?
• Esses nomes têm alguma significação? Estão ligados a alguma
religião? São nomes de demônios ou artes ocultas? Apontam para
alguma bênção? Maldição? Iluminam o dom remidor da cidade?
Refletem o caráter dos habitantes da cidade?

B. História Posterior da Cidade

1. Qual o papel que a cidade tem desempenhado na vida e no cará-


ter da nação como um todo?
2. Ao surgirem líderes proeminentes da cidade, qual a visão deles
acerca da cidade?
3. Terá havido mudanças radicais no governo ou na liderança polí-
tica da cidade?
4. Terá havido mudanças significativas ou repentinas na vida
econômica da cidade? Fome? Depressão? Tecnologia? Indústria?
Descobrimento de recursos naturais?
5. Qual imigração significativa tem ocorrido? Houve a imposição de
alguma nova linguagem ou cultura sobre a cidade como um todo?
6. Como têm sido tratados os imigrantes ou as minorias? De que
maneira as raças ou grupos étnicos têm-se relacionado uns com os
outros? As leis municipais têm legitimado o racismo em qualquer
sentido?
7. Os governantes da cidade têm violado tratados, contratos ou
pactos?
8. Alguma guerra tem afetado diretamente a cidade? Na cidade
propriamente dita, houve alguma batalha? Houve derramamento
de sangue?
9. De que maneira a cidade tem tratado os pobres e os oprimidos?
A ganância tem caracterizado os governantes da cidade? Há
evidências de corrupção política, econômica ou religiosa nas ins-
tituições da cidade?
10. Quais desastres naturais têm afetado a cidade?
11. A cidade tem algum lema ou slogan? Qual é o seu significado?
12. De que tipo de música as pessoas gostam e costumam ouvir?
Qual mensagem elas recebem da parte dessa música?
13. Quais são as cinco palavras que a maior parte dos habitantes
da cidade usariam para caracterizar os aspectos positivos de sua
cidade hoje em dia? E quais as cinco palavras que eles usariam
para caracterizar os aspectos negativos da cidade?

II. HISTÓRIA DA RELIGIÃO NA CIDADE

A. Religiões Não-Cristãs

1. Quais eram os conceitos e as práticas religiosas dos habitantes


da área, antes de cidade ter sido fundada?
2. Considerações religiosas foram fatores importantes na fundação
da cidade?
3. Alguma religião não-cristã entrou na cidade em proporções
significativas?
4. Quais ordens significativas (como a maçonaria) se têm feito
presentes na cidade?
5. Quais esconderijos de serpentes, grupos de satanistas ou outros
cultos diabólicos têm operado na cidade?

B. Cristianismo

1. Quando entrou o cristianismo na cidade, se é que entrou? Sob


quais circunstâncias?
2. Os primeiros ou os últimos líderes cristãos têm sido maçons?
3. Qual papel a comunidade cristã tem desempenhado na vida da
cidade como um todo? Tem havido mudanças nisso?
4. O cristianismo está crescendo na cidade, parou em um patamar,
ou está declinando?

PESQUISAS FÍSICAS

1. Localize diferentes mapas da cidade, especialmente os mais


antigos. Quais modificações tiveram lugar nas características
físicas da cidade?
2. Quem foram os planejadores que pensaram em fundar a cidade?
Algum deles era seguidor da maçonaria?
3. Haverá desenhos ou símbolos significativos embebidos no plano
original ou planta baixa da cidade?
4. Haverá alguma significação na arquitetura, na localização ou na
relação das posições dos edifícios centrais, sobretudo daqueles que
representam os poderes político, econômico, educacional ou
religioso da cidade? Os maçons lançaram qualquer das pedras
fundamentais da cidade?
5. Tem havido qualquer significação histórica no terreno particular
sobre o qual um ou mais desses edifícios foi localizado? Quais
eram os proprietários originais das terras onde está a cidade?
6. Qual é o pano-de-fundo dos parques e das praças da cidade?
Quem os comissionou e fundou? Qual significação poderiam ter os
seus nomes?
7. Qual é o pano-de-fundo e a possível significação das estátuas e
monumentos da cidade? Algum desses objetos reflete
características demoníacas, glorificando a criatura, em vez de
glorificar o Criador?
8. Quais outras obras de arte aparecem na cidade, especialmente
nos edifícios públicos, museus ou teatros? Procure especialmente
por obras de arte sensual ou demoníaca.
9. Haverá algum local arqueológico proeminente na cidade? Qual
significado poderia ter esse sítio?
10. Qual é a localização de centros altamente visíveis de pecado,
como clínicas de aborto, livrarias ou teatros pornográficos,
lupanares, jogatina, tavernas, atividades homossexuais, etc.?
11. Onde existem áreas que concentram atividades baseadas na
cobiça, na exploração, na pobreza, na discriminação, na violência,
nas enfermidades ou em acidentes freqüentes?
12. Onde se encontram locais de derramamento de sangue no
passado ou no presente, através de massacres, guerras ou
assassinatos?
13. A posição de árvores, colinas, pedras ou rios forma qualquer
padrão aparentemente significativo?
14. Certos marcos do território da cidade têm designações que ten-
dem por desonrar o nome de Deus?
15. Qual é o ponto geográfico mais alto da cidade, e o que está
construído ou localizado ali? Talvez se trate de uma declaração de
autoridade espiritual maligna.
16. Quais zonas, setores ou bairros de sua cidade parecem ter
características todas próprias? Procure discernir áreas da cidade
que parecem ter meios ambientes espirituais diferentes.

PESQUISA ESPIRITUAL
A. Não-Cristãos

1. Quais são os nomes das principais divindades ou espíritos


territoriais associados ao passado ou presente da cidade?
2. Quais são as localizações de lugares elevados, altares, templos,
monumentos ou edifícios associados à feitiçaria, ao ocultismo, às
adivinhações, ao satanismo, à maçonaria, ao mormonismo, às re-
ligiões orientais, às Testemunhas de Jeová e cultos similares?
Quando localizados em um mapa, esses locais formam algum
padrão discernível?
3. Quais são os lugares onde, no passado, havia alguma adoração
pagã, antes mesmo da fundação da cidade?
4. Quais são os diferentes centros culturais que poderiam conter
objetos de arte ou artefatos vinculados à adoração pagã?
5. Algum líder da cidade, tendo consciência disso, dedicou-se a al-
guma divindade pagã ou a algum principado demoníaco?
6. Houve maldições conhecidas lançadas pelos habitantes originais
sobre a terra ou sobre aqueles que fundaram a cidade?

B. Cristãos

1. Como têm sido recebidos na cidade os mensageiros de Deus?


2. A evangelização da cidade tem sido fácil ou difícil?
3. Onde estão localizadas as igrejas? Quais delas você veria como
igrejas "doadoras de vida"?
4. As igrejas da cidade são espiritualmente saudáveis?
5. Quais são os líderes evangélicos considerados como "anciãos da
cidade"?
6. É fácil alguém orar em qualquer das áreas da cidade?
7. Qual é a condição de unidade entre os líderes evangélicos, se
considerarmos as questões étnicas e denominacionais?
8. Qual é a opinião dos líderes da cidade no tocante à moral cristã?
C. Divulgadoras

1. Quais são os intercessores maduros e reconhecidos que ouvem


recados de Deus a respeito da cidade?
2. Qual é a identidade dos principados de proa que aparentemente
controlam a cidade como um todo, ou certas áreas da vida ou do
território da cidade?

SEGUNDO PASSO:

AGINDO COM BASE NAS INFORMAÇÕES

Uma das vantagens para quem conta com diversos


contribuintes, em um livro como este, é que isso prove diversas
abordagens diferentes à guerra espiritual em nível estratégico. Já
vimos Cindy Jacobs levar os pastores da cidade de Resistência ao
arrependimento. Vimos o amigo de Kjell Sjöberg infiltrar-se na
organização sueca de ocultismo, e igualmente observamos Haroldo
Caballeros encontrar o nome de um valente em certo jornal da
Guatemala. Vimos Bob Beckett fincar estacas de carvalho no chão,
nas estradas para Hemet. Por igual modo, vimos Víctor Lorenzo
unir-se com outros crentes para formarem uma cruz humana no
centro da praça central, em La Plata, na Argentina, e também já
acompanhamos Bev Klopp expressar arrependimento em edifícios
subterrâneos. Todos eles descobriram alguma vantagem nos
métodos de que se utilizaram, mas nenhum deles asseverou que os
outros deveriam fazer como eles costumam agir.
Por meio da oração, Deus mostrará aos líderes, cidade após
cidade, qual ação é a mais apropriada para a situação particular de
cada um. Entrementes, há algumas regras gerais para se ministrar
em uma cidade, usando a guerra espiritual em nível estratégico.
Aqueles que leram o primeiro livro desta série, Oração de Guerra,
ter-se-ão familiarizado com as regras acerca da conquista de uma
cidade, conforme expliquei aqui. Para benefício daqueles que não
leram aqueles livros, ou para benefício daqueles que se olvidaram
dos princípios básicos, simplesmente alistarei as mesmas seis
regras, sem qualquer outra explicação:
Regra 1: A Área

Selecione uma área geográfica que você possa controlar, com


fronteiras espirituais discerníveis.

Regra 2: Os Pastores

Garanta a unidade entre os pastores e outros líderes


evangélicos na região e comecem todos a orar juntos, de uma
maneira regular.

Regra 3: O Corpo de Cristo

Projete a imagem mental clara de que o esforço não é alguma


atividade meramente dos pentecostais e carismáticos, mas de todo
o Corpo de Cristo.

Regra 4: A Preparação Espiritual

Garanta a preparação espiritual dos líderes participantes e de


outros crentes, por meio do arrependimento, da humildade e da
santidade.

Regra 5: A Pesquisa

Pesquise o pano-de-fundo histórico da cidade, a fim de detectar


quais forças espirituais têm dado forma à cidade. (Isso foi coberto
na primeira parte deste capítulo, intitulada "Recolhimento de
Informações".)
Regra 6: Os Intercessores

Trabalhe em companhia de intercessores especialmente


dotados e chamados para se ocuparem da guerra espiritual em nível
estratégico e para buscarem a revelação divina acerca destes pontos:
(a) O dom ou dons remidores da cidade; (b) as fortalezas de Satanás
na cidade; (c) os espíritos territoriais designados por Satanás para a
cidade; (d) pecados coletivos passados e presentes, que precisam ser
resolvidos; e (e) o plano de ataque e o tempo oportuno determinados
por Deus.

Perguntas para refletir

1. Este capítulo contém sessenta quesitos acerca do mapeamento


espiritual. Algumas dessas perguntas porventura não se aplicam à
sua cidade? Nesse caso, elimine-as.
2. Use as perguntas restantes para fazer o mapeamento espiritual
de sua cidade. Uma ou mais pessoas podem fazer isso em sua
companhia.
3. Marque o que você descobrir em mapas literais da cidade. Com-
pare as suas descobertas com as de outros líderes evangélicos a
fim de averiguar a exatidão de seus discernimentos.
4. Forme uma equipe de intercessores para orarem sobre o mapa e
compartilharem de seus achados com líderes evangélicos par-
ticipantes.
5. Procure ler o livro de C. Peter Wagner, intitulado Oração de
Guerra, antes de dar início à guerra espiritual em sua cidade.

FIM

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