Sie sind auf Seite 1von 2

Súmula 528-STJ

Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO PROCESSUAL PENAL

COMPETÊNCIA
Competência no caso de tráfico transnacional de drogas pelo correio

Súmula 528-STJ: Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior
pela via postal processar e julgar o crime de tráfico internacional.
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 13/05/2015, DJe 18/05/2015.

Imagine a seguinte situação hipotética:


Pablo, que mora na Espanha, enviou de lá, por correio, uma caixa contendo droga.
O destinatário da encomenda seria alguém que mora em Londrina (PR) e que encomendou pela internet o
entorpecente.
Ocorre que, ao chegar no Brasil, em um voo que veio de Madrid e pousou em São Paulo, a caixa foi levada
para inspeção no posto da Receita Federal e lá se descobriu, por meio da máquina de raio X, a existência
da droga.

Qual foi o delito em tese praticado pela pessoa que seria destinatária da droga (que encomendou o
entorpecente)?
Tráfico transnacional de drogas (art. 33 c/c art. 40, I, da Lei nº 11.343/2006). Essa pessoa, em tese,
importou a droga.

A competência para julgar será da Justiça Estadual ou Federal?


Justiça Federal, nos termos do art. 109, V, da CF/88 e art. 70 da Lei nº 11.343/2006:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;

Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito
transnacional, são da competência da Justiça Federal.

A competência será da Justiça Federal de São Paulo ou de Londrina?


Será da Justiça Federal de São Paulo (local da apreensão). Na hipótese em que drogas enviadas via postal
do exterior tenham sido apreendidas na alfândega, competirá ao juízo federal do local da apreensão da
substância processar e julgar o crime de tráfico de drogas, ainda que a correspondência seja endereçada a
pessoa não identificada residente em outra localidade.

Por quê?
O CPP prevê que a competência é definida pelo local em que o crime se consumar:
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso
de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.

Súmula 528-STJ – Márcio André Lopes Cavalcante | 1


A conduta prevista no art. 33, caput, da Lei nº 11.343/2006 constitui delito formal, multinuclear, sendo
que, para sua consumação, basta a execução de qualquer das condutas previstas no dispositivo legal.

No caso em tela, a pessoa que encomendou a droga, praticou o verbo “importar”, que significa “fazer vir
de outro país, estado ou município; trazer para dentro.”

Logo, pode-se afirmar que o delito se consumou no instante em que tocou o território nacional, entrada
essa consubstanciada na apreensão da droga.

Vale ressaltar que, para que ocorra a consumação do delito de tráfico transnacional de drogas, é
desnecessário que a correspondência chegue ao destinatário final. Se chegar, haverá mero exaurimento da
conduta. Também não importa, para fins de consumação e competência, se a pessoa que encomendou a
droga já foi identificada ou não pela polícia. A consumação (importação) ocorreu quando a encomenda
entrou no território nacional.

Dessa forma, o delito se consumou em São Paulo, local de entrada da mercadoria, sendo esse o juízo
competente, nos termos do art. 70 do CPP.

Súmula 528-STJ – Márcio André Lopes Cavalcante | 2

Das könnte Ihnen auch gefallen