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DIVIDENDOS ANTECIPADOS
Por seu turno, o CSC, no seu artigo 297.º, trata dos aí designados
adiantamentos sobre lucros no decurso do exercício.
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Comecemos pela contabilidade.
(1) Não podemos, por isso, estar minimamente de acordo com o comentário contido
na valiosa obra “Plano Oficial de Contabilidade Explicado”, de José Bento e José Fernandes
Machado, 27.ª edição, Porto Editora, a págs. 185, quando se diz:
“Pelos adiantamentos feitos pela empresa aos sócios por conta de lucros futuros:
Esta conta 25x2 credita-se por débito da conta 89 – Dividendos antecipados pelos lucros
atribuídos aos sócios, antes do apuramento final dos resultados, como estabelece o POC ao
tratar da conta 89 – Dividendos antecipados e debita-se pelo respectivo pagamento.
Deste modo, a conta 89 – Dividendos antecipados regista o débito dos sócios por lucros
que lhes sejam antecipados antes da respectiva atribuição, devendo o seu saldo (sempre
devedor) ser deduzido ao saldo da conta 88 – Resultado líquido do exercício no balanço”.
No início do exercício seguinte, o seu saldo deverá ser transferido para a conta
59 - «Resultados transitados»”.
Mas será que efectivamente esta figura dos adiantamentos sobre lucros
no decurso do exercício corresponde aos dividendos antecipados do POC e
não aos adiantamentos por conta de lucros?
(2)
Neste caso, já estamos de acordo com o entendimento de José Bento e José
Fernandes Machado, expresso na obra atrás citada, quando dizem:
2) Pelos adiantamentos recebidos pela empresa de outras empresas de que seja sócia,
por conta de lucros futuros. Esta conta 25x2 credita-se, por débito da conta 11 – Caixa, quando
se recebe adiantamentos por conta de lucros das empresas de que se seja sócia; e debita-se
quando lhe são atribuídos lucros por essas empresas, por transferência para crédito da conta
25x3 – Resultados atribuídos (quando se tratar se lucros distribuídos mas ainda não colocados à
disposição dos sócios) ou para crédito da conta 25x4 – Lucros disponíveis, quando os lucros
estiverem à disposição dos sócios, pelo montante anteriormente recebido adiantadamente.”
(3)
Estamos a referir-nos ao regime em vigor para os lucros distribuídos em 2006,
estabelecido através do Decreto-Lei n.º 192/2005, de 7 de Novembro.
(4) No caso de o sujeito passivo optar pelo englobamento, este será feito apenas em
relação a 50% dos dividendos recebidos, nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 40.º-A do
Código do IRS.
Isto é, embora seja claro que, quando são feitos adiantamentos por
conta de lucros, há logo lugar a tributação em IRS, não nos parece tão claro
que essa tributação não volte a ocorrer quando a sociedade delibera atribuir
lucros aos sócios, sendo esses lucros compensados com os adiantamentos
antes efectuados.
Claro que não tinha nenhum sentido que se fizesse uma tal tributação,
de que resultaria uma óbvia dupla tributação. Não obstante, estas coisas não
são para ter sentido ou qualquer espécie de lógica ou de razoabilidade,
exigindo-se o claro e expresso tratamento na lei.
(6) Diferente é o caso do IMT, muito embora não estejamos perante factos que
“A anulação da liquidação de imposto pago por acto ou facto translativo que não
chegou a concretizar-se pode ser pedida a todo o tempo, com o limite de um ano após o
termo do prazo de validade previsto no n.º 4 do artigo 22.º, em processo de reclamação ou de
impugnação judicial”.