Sie sind auf Seite 1von 6

Ilustríssimo Senhor Pró-Reitor de Assuntos Comunitários da Universidade Federal

de Viçosa/MG

Processo: 014843/2010

ANDRESSA DE ABREU, LILIANE CARVALHO DA CRUZ, LÍVIA MOREIRA


DE ALCÂNTARA E RAIANE RINTIELLE VAZ DE MENEZES, moradoras do apartamento
1421, do alojamento velho, inconformadas com a pena aplicada, vem respeitosamente, à
presença desta Ilustre Comissão propor

RECURSO ADMINISTRATIVO COM PEDIDO DE LIMINAR

postulando a anulabilidade do processo disciplinar ou reforma da decisão


com fulcro nos ditames da Resolução 01/98 do Consu, artigos 26, bem como a
Constituição da Republica Federativa do Brasil, artigo 5º, inciso LV, em razão de aplicação
equivocada de penalidade por suposta infração,com base e fundamentos que passa a
expor:

DA PRELIMINAR

Antes de adentrarmos ao mérito do presente processo, imperioso se faz


tecer alguns comentários acerca do procedimento adotado pela comissão disciplinar de
alojamentos no julgamento da lide, vez que não foram respeitados os princípios
constitucionais basilares do contraditório e da ampla defesa das recorrentes.

A Constituição da Republica Federativa do Brasil assegura em seu artigo 5º,


inciso LV o principio do contraditório e da ampla defesa em processos administrativos e
judiciais. De acordo com esses princípios constitucionais, todos os atos processuais
devem primar pela ciência bilateral das partes, bem como da possibilidade dos acusados,
em defesa de seus direitos, alegarem fatos e propor provas. Vejamos:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados


em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes

Observa-se que a Carta Maior deixa claro que tais princípios não são
aplicáveis, apenas, no direito processual civil, mas também nos processos administrativos.
Como não podia deixar de ser, o Regulamento da Divisão de Assistência
Estudantil, aprovado pelo Conselho Universitário, traz em seu artigo 26 a obrigatoriedade
de atinência aos princípios ora citados em eventual processo disciplinar:

Art 26. As infrações cometidas por discentes serão apuradas por comissão
instituída, conforme previsto no art. 23 deste regulamento, sendo
assegurado ao infrator o contraditório e a ampla defesa. (negritou-se)

Contudo, quando da analise do processo em questão, verifica-se que o


mesmo não respeitou esse principio constitucional, motivo pelo qual deve ser anulado.
Senão, vejamos.

É cediço que no desenrolar de um processo administrativo, o indiciado deverá


ser notificado ou intimado para comparecer pessoalmente ou através do seu advogado para
o ato solene da oitiva de testemunhas ou declarantes arroladas, sob pena de nulidade, em
homenagem ao princípio do contraditório e da ampla defesa.

Dessa forma, a intimação do indiciado é imprescindível para que o mesmo


compareça ou designe advogado para ouvir esses depoimentos e formular perguntas no
interesse da sua defesa, como também, contraditar as pessoas ouvidas e impugná-las, em
razão das possibilidades das regras de impedimentos e suspeições que devem ser
observadas igualmente no contencioso administrativo.

Nestes termos, preleciona Hely Lopes Meirelles:


A defesa é garantia constitucional de todos os acusados, em processo
judicial ou administrativo e compreende a ciência da acusação, a vista dos
autos na repartição, a oportunidade para oferecimento de contestação e
provas, a inquirição e reperguntas de testemunhas e a observância do devido
processo legal (due process of law). É um princípio universal nos Estados de
Direito, que não admite postergação nem restrições na sua aplicação.

No entanto, em nenhum momento as recorrentes foram intimadas a ouvir as


declarações das testemunhas arroladas no processo, tomando conhecimento do teor de
seus depoimentos apenas após os mesmos terem sido colhidos pela comissão disciplinar de
alojamentos. Ocorre ainda que, as recorrentes não tiveram oportunidade de apresentarem
suas testemunhas.
O depoimento da testemunha Ana Carolina do Carmo Leonor que,
aproveitando a ausência das requeridas, foi contraditório e inverídico. No entanto, não foi
oportunizado às recorrentes acompanharem o depoimento, bem como formularem
perguntas a tal testemunha.
É certo que na ata elaborada pela comissão no primeiro dia de instrução
processual há a informação do dia do depoimento de referida testemunha. Contudo, as
recorrentes, estudantes de graduação e leigas em matéria de direito, não foram informadas
da possibilidade de acompanharem o depoimento.
Observa-se, também, que as recorrentes não foram devidamente informadas
de seus direitos no transcorrer da instrução processual. Não há na convocação das mesmas
para depor, ou mesmo nas atas dos trabalhos da comissão, a informação de que elas
poderiam arrolar testemunhas ou mesmo encontrarem advogados que as defendessem.
É importante dizer, novamente, que essa desfiguração do postulado definidor
dos procedimentos no âmbito administrativo, bem como o desatendimento das regras
mencionadas pela tutela constitucional, induzem a negação do princípio do contraditório pela
ausência da bilateralidade de audiência das provas que são indispensáveis na aplicação de
sanções e penalidades a qualquer cidadão.
A orientação vinculante das manifestações do STJ é prevalente nesse sentido:
“ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. PROCESSO
DISCIPLINAR. DEMISSÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA.
NULIDADE. LEI 8.112/90.

No processo administrativo disciplinar, é indispensável que se


proporcione ao servidor processado, esteja ele já indiciado (art. 161,
§ 1º, da Lei 8.112/90) ou ainda como simples acusado (na fase de
instrução do inquérito administrativo), o direito à ampla defesa e ao
contraditório, devendo-se chamar o acusado ao feito desde o seu
início, para que tenha oportunidade de acompanhar a instrução.
Precedentes do c. STF.

O direito deve primar pela devida instrução processual e se atentar para os


casos em que um dos pólos da demanda é visivelmente hipossuficiente e desconhecedor
das normas que regem um procedimento administrativo. É irrefutável a afirmação de que a
instrução processual se deu a margem das recorrentes, que quando menos esperavam
receberam como penalidade a suspensão por 15 dias do alojamento, bem como a retirada
de seu quarto no qual vivem ha anos nessa Universidade.
A pena aplicada às recorrentes, jovens carentes que necessitam de auxilio
moradia desta Universidade para concluir seus estudos, foi por demais rigorosa em
contraponto à participação processual que lhes foi concedida e informada por esta comissão
disciplinar.
Ante o exposto, pugna-se desde já pela anulação do presente processo para que
este fato seja apurado de forma a garantir às recorrentes o direito pleno de defesa de seus
direitos.

DO MÉRITO

Quando se analisa o mérito do presente processo, observa-se que também não


assiste razão a comissão disciplinar dos alojamentos.
A comissão se baseou no artigo 39 da Resolução 1/98 do Consu, para a
aplicação da penalidade. Contudo, existem nesta própria resolução outros dispositivos legais
que acolhem a defesa apresentada pelas recorrentes.
Vejamos o que dispõe o artigo 11 desta resolução: Art. 11 O atendimento dos
pedidos de alojamento dependerá, em qualquer hipótese, da existência de vaga.
Cabe esclarecer ainda que, outra fonte para aplicação da penalidade foi oitiva de
testemunhas que não vivem a realidade das recorrentes. Ocorre ainda que, nenhum
membro da Comissão se dignou a dirigir-se ou enviar alguém ao apartamento 1421 para
verificar a real situação das moradoras para então decidirem. Ora, é fácil para a testemunha
dizer que é possível morar 6 pessoas no dito apartamento, mas se a Comissão tivesse
analisado os arquivos do apartamento teria verificado que o mesmo NUNCA foi habitado
por 6(seis) pessoas. Outro fato mencionado pela testemunha, de que as recorrentes
viajaram e colocaram aviso na porta dizendo que as vagas estavam preenchidas, isso não é
verdade e revela clara má-fé da depoente Ana Carolina.
Por oportuno, pergunta-se: qual o critério estabelecido pela divisão de
assistência estudantil para determinar quando há ou não vaga em um quarto de alojamento?
Conforme dito em sede de defesa, a própria arquitetura do alojamento velho foi
construída para receber quatro moradoras, vez que possui quatro lâmpadas, quatro mesas
de estudo, e uma estrutura que não permite o comportamento de mais moradoras. Logo, a
superlotação deste quarto causará transtornos para as moradoras com o rompimento de sua
individualidade.
Observa-se que há cada vez mais preocupação no Governo Federal com a
política de assistência estudantil nas Universidades. O Programa Nacional de Assistência
Estudantil, que vem liberando recursos cada vez maiores para as IFES investirem em
políticas que garantam a permanência digna dos estudantes nas Universidades Públicas, é
reflexo de uma nova postura que tem sido assumida pelos governantes, reitores e pró-
reitores em todo o país de preocupação com os alunos carentes.
Contudo, para que se atinja os objetivos e princípios estabelecidos por esse
programa, não podem as universidades comprometerem as condições dignas de vida dos
beneficiários da política de assistência estudantil. Um documento produzido pela Andifes,
que trata sobre o Plano Nacional de Assistência estudantil, assim dispõe:

Esses princípios legais levam à reflexão e à revisão das práticas


institucionais.
Cabe às IFES assumirem a assistência estudantil como direito e espaço
prático de cidadania e de dignidade humana, buscando ações
transformadoras no desenvolvimento do trabalho social com seus próprios
integrantes, o que irá ter efeito educativo e, consequentemente,
multiplicador.
Disponível em: http://www.sac.ufscar.br/assistencia_estudantil.pdf

Ademais, é importante dizer que as ações de assistência estudantil sugeridas


pelo PNAES devem ter como prioridade fundamental viabilizar a igualdade de oportunidades
e contribuir para a melhoria do desempenho acadêmico do aluno, além de agir,
preventivamente, para minimizar as situações de repetência e evasão decorrentes da
insuficiência de condições financeiras.

A UFV compromete os princípios deste plano ao não se atentar para o fato de


que os alojamentos foram construídos para comportar um número máximo de pessoas, que
não pode ser alterado a depender da demanda por alojamentos, sob pena de ameaça ao
bem estar das moradoras que necessitam de uma moradia digna para conclusão de seus
estudos.

É importante ressaltar que as recorrentes não agem de forma a impelir o direito


de outras pessoas que da mesma forma que elas necessitam de auxilio para permanecia na
Universidade. Contudo, o que se expõe é que não podem os moradores de alojamento
serem responsabilizados dessa forma pela ausência de políticas que garantam a expansão
dos alojamentos na Universidade.
Outro fato importante a ser mencionado, é que a divisão de assistência
estudantil não mantém dialogo com os moradores de alojamento, de forma a entender de
fato seus problemas e necessidades. O que houve foi uma imposição feita às recorrentes
para que aceitassem novas moradoras no quarto, sem em momento algum se questionarem
se tal fato as prejudicaria ou não.

A forma de preenchimento de vagas no alojamento não pode continuar se dando


de forma tão arbitrária. Nega-se com esse procedimento o direto à participação e
individualidade dos moradores de alojamento, já que não há tentativa em se estabelecer um
dialogo de forma a encontrar a melhor solução para atender as necessidades da
Universidade e dos alojados.

E, Ilmo. Sr. Pró Reitor de Assuntos Comunitários, o que se expõe nesse


momento é que não é possível a alocação de mais duas moradoras no alojamento velho,
apartamento 1421, sem o comprometimento dos estudos, individualidade e vivência digna das
recorrentes.

Ante o exposto, requer seja reformulada a decisão tomada pela Comissão


Disciplinar, não permitindo que as recorrentes sejam expulsas do quarto que há anos residem
pelo simples fato de exporem à Universidade suas necessidades.

DO PEDIDO LIMINAR

Há preenchimento dos requisitos necessários para a concessão do pedido liminar e


suspensão da decisão que tomada pela comissão disciplinar.

O perigo da demora no julgamento desses recursos esta no fato de que a divisão de


assistência estudantil deu um prazo de até domingo, dia 21 de novembro, para que as
recorrentes desocupassem o quarto, sendo que apenas até o dia 19 de novembro poderiam
guardar os pertences no guarda volume. Não há possibilidade de encontrarem outro lugar
para ficarem em tão curto espaço de tempo, uma vez que as mesmas não tem condições
financeiras para alugar apartamento na cidade.

Ademais, estamos em final de período na Universidade, e tal imposição prejudicará


muito os estudos das recorrentes, bem como comprometerá o êxito na conclusão das
disciplinas.

Requer ainda, a compreensão do Sr. Pró Reitor de Assuntos Comunitários com essa
realidade colocada e a suspensão da decisão tomada, por ser esta medida de humanidade e
justiça.

DO PEDIDO

Assim exposto, requer-se:


1) A anulação do processo sem resolução do mérito, uma vez que não foram
respeitados os princípios do contraditório e da ampla defesa. Caso não seja
esse o entendimento do Sr., no mérito, solicitamos a reforma da decisão da
comissão disciplinar.

2) Liminarmente, solicitamos a suspensão da decisão tomada pela comissão


disciplinar, em atinência ao perigo que a demora deste recurso poderá
acarretar às recorrentes.

Protesta ainda pela produção de provas por todos os meios admitidos em direito e
cabíveis à espécie, em especial a pericial e testemunhal.
Termos em que, pede deferimento.

Viçosa, 17 de novembro de 2010.

_________________________________________
ANDRESSA DE ABREU

_________________________________________
LILIANE CARVALHO DA CRUZ

_______________________________________
LÍVIA MOREIRA DE ALCÂNTARA

_________________________________________
RAIANE RINTIELLE VAZ DE MENEZES

Das könnte Ihnen auch gefallen