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RESUMO
O objectivo principal deste estudo é a medição das tensões num plano. Para isso, optou-se
pela utilização de transdutores piezoeléctricos pela sua versatilidade e características. A
aplicação deste trabalho visa o estudo das forças observadas na planta do pé diabético,
tendo, no entanto, grande relevância no estudo da postura e dos padrões de marcha de
crianças.
SP (V)
100
4
80
PP (V)
60
40 2
3 – CARACTERIZAÇÃO NO PLANO
20
0 0
PP
Os dispositivos mais vulgarmente
-20
-0,5 0,0 0,5 1,0 utilizados na caracterização de campos de
T im e (m s)
(a) tensões são os extensómetros. Em analogia
com esta tecnologia e uma vez que se trata
120 0 ,2
do mesmo objectivo de medida, optou-se
SP (V)
100
80
0 ,0 SP
por um sensor composto por três
PP (V)
60
40
-0 ,2 transdutores numa disposição tipo delta,
20
-0 ,4
PP disposição esta que permite a medição da
0
-5 0
T im e (m s )
5 10
deformação/tensão de corte. Assim,
(b) partindo dos sinais obtidos em cada
Fig 1 – Resposta do sensor PZT (SP) às transições
ascendentes (a) e descendentes (b) do sinal de
transdutor da roseta, εA, εB e εC, pode-se
excitação (PP). determinar o estado de deformação nessa
mesma zona, estado este representado por
A utilização de amostras do tipo
shear-mode seria mais apropriada para componentes εx, εy e εxy, expressas num
medição de deformações no plano. No referencial cartesiano. Assim, para a roseta
entanto, as medidas efectuadas com este em causa, e supondo que um dos
tipo de transdutor, demonstraram que são transdutores, está colocado na direcção do
também sensíveis a excitações eixo dos xx no referencial cartesiano, as
transversais, sendo a razão de 10:1 entre os deformações obtidas serão:
dois sinais longitudinal e transversal. ⎧
⎪ε = ε
Na figura 2 apresentam-se as ⎪ x A
⎪ 2 εA
⎨ε y = (ε B + ε C ) −
medidas efectuadas com este tipo de (1)
amostra, à qual foi induzida uma ⎪ 3 3
deformação de corte. O sistema utilizado ⎪ εC − ε B
para provocar esta deformação foi o ⎪ε xy =
⎩ 3
mesmo utilizado nos estudos anteriores.
As deformações principais, ε1 e ε2,
U P - O U T(V )
U P -X (u m )
12 5
10
4,5
4
bem como as suas direcções caracterizadas
8 3,5
3 por φ1, serão calculadas a partir das
6 2,5
4
2 equações (2):
RES 0 1,5
RES 3 RES 0
1
⎧ 1
2
⎪ε 1,2 = 3 (ε A + ε B + ε C ) ±
RES 10 RES 3
0,5 RES 10
0 0
⎪
0 50 100 0 50 100
( )
IN (V) IN (V)
⎪ 2
⎪± 3 ε A + ε B + ε C − (ε Aε B + ε Bε C + ε C ε A )
2 2 2
(a)
U P - X (u m )
⎨
2,5 6
U P - O U T (V )
2
5 ⎪
90 RES 0
⎪
3 (ε C − ε B )
RES 0
79,6 4 RES 3
1,5 RES 3
70 RES 10
⎪
⎪tg 2φ1 = 2ε − (ε + ε )
RES 10 RES 5
RES 5
60 3
1 50
30
40
2 ⎩ A B C
0,5 20
10 1 (2)
0
0
0 50 100
IN (V) 0 50
IN (V)
100 Conhecendo o estado de tensão em
(b)
diversos pontos, poder-se-á determinar o
Fig 2 – Resposta da amostra shear-mode em excitação mapa das tensões e daí determinar o vector
longitudinal (a) e em excitação transversal (b). força aplicado em cada instante.
Representação dos sinais em tensão gerados na
amostra e correspondentes deslocamentos,
medidos com um vibrometer.
2
Nestes estudos, a informação das pressões
plantares combinada com a cinemática do
4 – APLICAÇÕES MÉDICAS movimento permite calcular as forças e os
A sola instrumentada (Hosein, 2000) momentos, utilizando modelos
permite obter um conjunto de informações matemáticos adequados a cada paciente.
dinâmicas bastante valiosas no que respeita Com esta informação descreve-se a
as componentes horizontais das forças biomecânica do movimento do paciente,
exercidas durante diversas actividades permitindo aferir quais os ligamentos em
físicas, como por exemplo, a corrida, a risco e identificar padrões anómalos de
marcha em esforço (com declive) ou sem marcha.
esforço (sem declive), etc, bem como em
situações patológicas como sejam a
diabetes (Caselli et al, 2002) ou no estudo 5 - CONCLUSÕES
da marcha em crianças (Carollo, 2002) ou A metodologia proposta é
adultos. promissora para a medição de tensões
Existem outras técnicas para obter laterais num plano. A sua aplicação de
este tipo de informações (Hsiao et al, incorporação numa sola de sapato, permite
2002) mas continuam a apresentar algumas o desenvolvimento de um sistema
desvantagens: normalmente são sistemas autónomo, portátil com possíveis
fixos confinados a um laboratório, aplicações ao estudo da diabetes e da
principalmente pelas suas dimensões, ou marcha.
então, sendo sistemas mais portáteis
(actualmente existentes no mercado), são
REFERÊNCIAS
sistemas que apresentam um conjunto de
dados insuficientes para caracterização Marques, A.; Mendes, J.; Ribeiro, R.; Vaz, M.
completa das forças no pé, nomeadamente A., Shear-Forces in Thickness-mode
no que respeita a componente horizontal Piezoelectric Ceramic Plates, Bioévora
da força. 2004, (2004)
No caso da diabetes, a conjugação de Hosein, R.; Lord, M., A study of in-shoe
pressões plantares elevadas associadas à plantar shear in normals, Clinical
Biomechanics 15 (2000) 46-53.
falta de sensibilidade nessa zona é muitas
Lobmann, R.; Kayser, R.; Kasten, G.; Kasten,
vezes responsável pelo aparecimento de U.; Kluge, K.; Neumann, W.; Lehnert, H.,
úlceras. Nos estudos efectuados, Caselli et Effects of preventative footwear on foot
al (2002) demonstraram que 19% dos pressure as determined by pedobarography
indivíduos observados desenvolveram in diabetic patients: a prospective study,
úlceras plantares. A esses indivíduos foi Diabetic Medicine, 18 (2001), 314-319
associado um limiar de pico de pressão Hsiao, H.; Guan, J.; Weatherly, M., Accuracy
plantar superior a 6 kg/cm2, estabelecendo- and precision of two in-shoe pressure
se assim um índice de risco. No entanto, measurement systems, ERGONOMICS, 45
neste tipo de pacientes as pressões No 8 (2002) 537-555
plantares podem ser diminuídos com a Caselli, A.; Pham, H.; Giurini, J.; Armstrong,
D.; Veves, A., The Forefoot-to-Rearfoot
utilização de ortóteses fabricadas à medida
Plantar Pressure Ratio Is Increased in
de cada caso. Lobmann et al (2001) Severe Diabetic Neuropathy and Can
reportaram uma diminuição de 30% nas Predict Foot Ulceration, DIABETES
pressões plantares máximas, num período CARE, 25, No 6, (2002) 1066-1071
inicial de controlo de 6 meses, seguido por Carollo, J., Computerized Movement Analysis
um pequeno aumento no 6 meses for Children with Gait Impairments, PM&R
seguintes. Update, 7, No3, (2003)
No que respeita à análise da marcha, Carollo, J.; Matthews, D., Strategies for
os padrões normais apresentam diferentes Clinical Motion Analysis Based on
Functional Decomposition of the Gait
valores máximos de pressão plantar em Cycle; Physical Medicine and
função não só da zona do pé, como Rehabilitation Clinics of North America,
também das condições em que é efectuada. 13, (2002) 949-977