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MEDIÇÃO DE TENSÕES LATERAIS COM PZT: APLICAÇÃO AO PÉ

Marques, A.1, 2; Vaz, M.A.1; Ribeiro, R.1, Mendes, J.1


1
Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
2
Departamento de Física
Instituto Superior de Engenharia do Porto

RESUMO
O objectivo principal deste estudo é a medição das tensões num plano. Para isso, optou-se
pela utilização de transdutores piezoeléctricos pela sua versatilidade e características. A
aplicação deste trabalho visa o estudo das forças observadas na planta do pé diabético,
tendo, no entanto, grande relevância no estudo da postura e dos padrões de marcha de
crianças.

1 - INTRODUÇÃO sobre o estado de tensão numa


determinada zona da sola. Com a
Os transdutores piezoeléctricos têm
colocação de alguns destes sensores em
sido amplamente utilizados na medição de
pontos conhecidos como sendo pontos de
forças de pressão exercidas na planta do
maior pressão plantar, poder-se-á obter o
pé, nomeadamente no estudo do pé
mapa de tensões na sola do sapato.
diabético. A sua escolha reside em dois
factores: a rápida resposta a
comportamentos dinâmicos e a ausência de 2 – COMPORTAMENTO SHEAR-MODE
sinal de alimentação. A fácil integração em
solas de sapato foi também um factor Os transdutores piezoeléctricos são
decisivo na escolha deste tipo de capazes de gerar um sinal eléctrico como
transdutor. consequência de deformações que lhes são
impostas. Por sua vez essas deformações
Actualmente, pode-se obter o mapa traduzem-se muito facilmente em tensões
das pressões que são exercidas no pé, se as características mecânicas do material
nomeadamente em situações patológicas forem conhecidas. A direcção de
como por exemplo, a diabetes, com polarização do transdutor e a posição dos
sistemas comerciais (Lobmann et al, seus eléctrodos pode ser variada e como
2001). No entanto, esta informação não é tal, podem ser especificados de forma a
suficiente para caracterizar todas as serem mais sensíveis a determinadas
componentes das forças que actuam em direcções de excitação. Assim, o
cada instante. Para isso é necessário coeficiente de tensão (ou deformação) será
complementar estes dados com medidas diferente, uma vez que traduz a capacidade
das tensões no plano. de conversão de excitações mecânicas em
Optou-se então por desenhar um eléctricas ou vice-versa. Num trabalho
sensor composto por três elementos anterior (Marques et al, 2004),
piezoeléctricos, dispostos em forma de demonstrou-se que um transdutor do tipo
roseta (roseta delta), que nos permite aferir thickness-mode, mais sensível a excitações
na direcção da espessura da amostra,
1
poderia ser utilizado na detecção de Observou-se um comportamento
excitações de corte, ou seja, no plano. linear entre a deformação de corte imposta
SP e o sinal observado, tal como esperado.

SP (V)
100
4
80
PP (V)

60
40 2
3 – CARACTERIZAÇÃO NO PLANO
20
0 0
PP
Os dispositivos mais vulgarmente
-20
-0,5 0,0 0,5 1,0 utilizados na caracterização de campos de
T im e (m s)
(a) tensões são os extensómetros. Em analogia
com esta tecnologia e uma vez que se trata
120 0 ,2
do mesmo objectivo de medida, optou-se
SP (V)

100
80
0 ,0 SP
por um sensor composto por três
PP (V)

60
40
-0 ,2 transdutores numa disposição tipo delta,
20
-0 ,4
PP disposição esta que permite a medição da
0
-5 0
T im e (m s )
5 10
deformação/tensão de corte. Assim,
(b) partindo dos sinais obtidos em cada
Fig 1 – Resposta do sensor PZT (SP) às transições
ascendentes (a) e descendentes (b) do sinal de
transdutor da roseta, εA, εB e εC, pode-se
excitação (PP). determinar o estado de deformação nessa
mesma zona, estado este representado por
A utilização de amostras do tipo
shear-mode seria mais apropriada para componentes εx, εy e εxy, expressas num
medição de deformações no plano. No referencial cartesiano. Assim, para a roseta
entanto, as medidas efectuadas com este em causa, e supondo que um dos
tipo de transdutor, demonstraram que são transdutores, está colocado na direcção do
também sensíveis a excitações eixo dos xx no referencial cartesiano, as
transversais, sendo a razão de 10:1 entre os deformações obtidas serão:
dois sinais longitudinal e transversal. ⎧
⎪ε = ε
Na figura 2 apresentam-se as ⎪ x A
⎪ 2 εA
⎨ε y = (ε B + ε C ) −
medidas efectuadas com este tipo de (1)
amostra, à qual foi induzida uma ⎪ 3 3
deformação de corte. O sistema utilizado ⎪ εC − ε B
para provocar esta deformação foi o ⎪ε xy =
⎩ 3
mesmo utilizado nos estudos anteriores.
As deformações principais, ε1 e ε2,
U P - O U T(V )

U P -X (u m )

12 5

10
4,5
4
bem como as suas direcções caracterizadas
8 3,5
3 por φ1, serão calculadas a partir das
6 2,5

4
2 equações (2):
RES 0 1,5
RES 3 RES 0
1
⎧ 1
2

⎪ε 1,2 = 3 (ε A + ε B + ε C ) ±
RES 10 RES 3
0,5 RES 10
0 0


0 50 100 0 50 100

( )
IN (V) IN (V)

⎪ 2
⎪± 3 ε A + ε B + ε C − (ε Aε B + ε Bε C + ε C ε A )
2 2 2
(a)
U P - X (u m )


2,5 6
U P - O U T (V )

2
5 ⎪
90 RES 0

3 (ε C − ε B )
RES 0
79,6 4 RES 3
1,5 RES 3
70 RES 10

⎪tg 2φ1 = 2ε − (ε + ε )
RES 10 RES 5
RES 5
60 3
1 50
30
40
2 ⎩ A B C
0,5 20
10 1 (2)
0
0
0 50 100
IN (V) 0 50
IN (V)
100 Conhecendo o estado de tensão em
(b)
diversos pontos, poder-se-á determinar o
Fig 2 – Resposta da amostra shear-mode em excitação mapa das tensões e daí determinar o vector
longitudinal (a) e em excitação transversal (b). força aplicado em cada instante.
Representação dos sinais em tensão gerados na
amostra e correspondentes deslocamentos,
medidos com um vibrometer.

2
Nestes estudos, a informação das pressões
plantares combinada com a cinemática do
4 – APLICAÇÕES MÉDICAS movimento permite calcular as forças e os
A sola instrumentada (Hosein, 2000) momentos, utilizando modelos
permite obter um conjunto de informações matemáticos adequados a cada paciente.
dinâmicas bastante valiosas no que respeita Com esta informação descreve-se a
as componentes horizontais das forças biomecânica do movimento do paciente,
exercidas durante diversas actividades permitindo aferir quais os ligamentos em
físicas, como por exemplo, a corrida, a risco e identificar padrões anómalos de
marcha em esforço (com declive) ou sem marcha.
esforço (sem declive), etc, bem como em
situações patológicas como sejam a
diabetes (Caselli et al, 2002) ou no estudo 5 - CONCLUSÕES
da marcha em crianças (Carollo, 2002) ou A metodologia proposta é
adultos. promissora para a medição de tensões
Existem outras técnicas para obter laterais num plano. A sua aplicação de
este tipo de informações (Hsiao et al, incorporação numa sola de sapato, permite
2002) mas continuam a apresentar algumas o desenvolvimento de um sistema
desvantagens: normalmente são sistemas autónomo, portátil com possíveis
fixos confinados a um laboratório, aplicações ao estudo da diabetes e da
principalmente pelas suas dimensões, ou marcha.
então, sendo sistemas mais portáteis
(actualmente existentes no mercado), são
REFERÊNCIAS
sistemas que apresentam um conjunto de
dados insuficientes para caracterização Marques, A.; Mendes, J.; Ribeiro, R.; Vaz, M.
completa das forças no pé, nomeadamente A., Shear-Forces in Thickness-mode
no que respeita a componente horizontal Piezoelectric Ceramic Plates, Bioévora
da força. 2004, (2004)
No caso da diabetes, a conjugação de Hosein, R.; Lord, M., A study of in-shoe
pressões plantares elevadas associadas à plantar shear in normals, Clinical
Biomechanics 15 (2000) 46-53.
falta de sensibilidade nessa zona é muitas
Lobmann, R.; Kayser, R.; Kasten, G.; Kasten,
vezes responsável pelo aparecimento de U.; Kluge, K.; Neumann, W.; Lehnert, H.,
úlceras. Nos estudos efectuados, Caselli et Effects of preventative footwear on foot
al (2002) demonstraram que 19% dos pressure as determined by pedobarography
indivíduos observados desenvolveram in diabetic patients: a prospective study,
úlceras plantares. A esses indivíduos foi Diabetic Medicine, 18 (2001), 314-319
associado um limiar de pico de pressão Hsiao, H.; Guan, J.; Weatherly, M., Accuracy
plantar superior a 6 kg/cm2, estabelecendo- and precision of two in-shoe pressure
se assim um índice de risco. No entanto, measurement systems, ERGONOMICS, 45
neste tipo de pacientes as pressões No 8 (2002) 537-555
plantares podem ser diminuídos com a Caselli, A.; Pham, H.; Giurini, J.; Armstrong,
D.; Veves, A., The Forefoot-to-Rearfoot
utilização de ortóteses fabricadas à medida
Plantar Pressure Ratio Is Increased in
de cada caso. Lobmann et al (2001) Severe Diabetic Neuropathy and Can
reportaram uma diminuição de 30% nas Predict Foot Ulceration, DIABETES
pressões plantares máximas, num período CARE, 25, No 6, (2002) 1066-1071
inicial de controlo de 6 meses, seguido por Carollo, J., Computerized Movement Analysis
um pequeno aumento no 6 meses for Children with Gait Impairments, PM&R
seguintes. Update, 7, No3, (2003)
No que respeita à análise da marcha, Carollo, J.; Matthews, D., Strategies for
os padrões normais apresentam diferentes Clinical Motion Analysis Based on
Functional Decomposition of the Gait
valores máximos de pressão plantar em Cycle; Physical Medicine and
função não só da zona do pé, como Rehabilitation Clinics of North America,
também das condições em que é efectuada. 13, (2002) 949-977

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