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Pierre Bourdieu 3° Edicdo Te EDITORA = OZES SOCIORSIGEN © 1980 by Les Editions de Minuit Titulo original frances: Le sens pratique Direitos de publicagao em lingua portuguesa ~ Brasil 2009, Editora Vozes Lida Rua Frei Luis, 100 23689-900 Petropolis, RJ Internet: hup:awww.vozes com. br Brasil Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poder ser reproduzida ou uansmitida por qualquer forma c/ou quaisquer meios (eletronico ou mecanico, incluindo forocopia e:gravacao) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissao escrita da Editora Diretor editorial Frei Antonio Moser Editores Aline dos Santos Carneiro José Maria da Silva Lidio Peretti Marilac Loraine Oleniki Secretario executive Joao Batista Kreuch, Editoracao: Maria da Conceicao B. de Sousa Projelo grafico: AG.SR Deseny. Grafico ‘Capa: Juliana Teresa Hannickel ISBN 978-85-326-3928-8 (edi¢ao brasileira) ISBN 2-7073-0298-8 (edicao francesa) Editado conforme o novo acordo ortogratico. Este livro foi composto e impresso pela Editora Vozes Ltda. Sumario Apresentacao da colecao, 7 Prefacio, 9 Livro 1 Critica da razao teorica, 41 Prologo, 43 <1 Objetivar a objetivacao, 50 2 A antropologia imaginaria do subjetivismo, 70 3 Fstruturas, habitus, praticas, 86 4) A crenga e 0 corpo, 108 5 A logica da pratica, 133 6 Aacao do tempo, 164 7 O capital simbolico, 187 8 Os modos de dominacao, 203 9 A objetividade do subjetivo, 226 Livro 2 Légicas praticas, 239 Prologo, 241 J A terra ¢ as estratégias matrimoniais, 244 20s usos sociais do parentesco, 266 3 O demonio da analogia, 329 Anexo A casa ou o mundo invertido, 437 Bibliografia, 457 Indice remissivo, 463 3 Estruturas, habitus, praticas | | | objetivismo constitui o mundo social como um espetaculy oferecido a um observador que adota “um ponto de vista” sobre; aco € que, ao importar ao objeto os principios de sua relagao com 9 objeto, faz como se estivesse destinado somente ao conhecimento como se todas as interacdes com ele se reduzissem as trocas simbil cas. Fsse ponto de vista € o que se adota a partir das posicoes eleva. das da estrutura social de onde o mundo social se oferece como um, representacao — no sentido da filosofia idealista, mas também dy pintura e do teatro ~ e de onde as praticas nao sao senao papeis ter trais, execugdes de partituras ou aplicacdes de planos. A teoria di pratica como pratica evoca, contra o materialismo positivista, que ‘05 objetos de conhecimento sao construfdos, e nao passivamente re gistrados e, contra o idealismo intelectualista, que o principio des: construcao € 0 sistema das disposicoes estruturadas e estruturanies que se constitui na pratica e que é sempre orientado para funcoes praticas. Pode-se, com efeito, com 0 Marx das Teses sobre Feuerbac abandonar 0 ponto de vista soberano a partir do qual o idealism: objetivista ordena o mundo sem ser obrigado a Ihe abandonar “os pecto ativo” da apreensao do mundo ao reduzir 0 conhecimentoa um registro: basta para isso se situar na “atividade real como tal”, seja, na relacao pratica com o mundo, essa presenca pré-ocupadas ativa no mundo pela qual o mundo impée sua presenca, com suas urgencias, suas coisas por fazer ou por dizer, suas coisas feitas para serem ditas, que comandam diretamente os gestos ow as palavras sem jamais se revelar como um espetaculo. Trata-se de escapar an realismo da estrutura ao qual o objetivismo, momento necessatio dt ruptura com a experiencia primeira e daconstrucdo das relacdes ob- jetivas, conduz necessariamente quando hipostasia essas rela¢de a0 trata-las como realidades j4 constitufdas fora da historia do indi viduo e do grupo, sem recair, no entanto, no subjetivisme, total mente incapaz de dar conta da necessidade do mundo social: pst 86 soso. € preciso retornar a pratica, higar da dialética do opus operaium “Jo modus operandi, dos produtos objetivados ¢ dos produtos in- rporados da pratica historica, das estruturas ¢ dos habitus! (Os condicionamentos associados a uma classe particular de condigaes de existencia produzem habitus, sistemas de disposicoes Sjpniveis € transponiveis, estruttras estruturadas predispostas a fancionar como estruturas estruturantes, ou seja, como principios weradores € organizadores de praticas e de representacoes que po- ‘Jem ser objetivamente adaptadas ao seu objetivo sem supor a inten- “ao consciente de fins e o dominio expresso das operacies necessa- Shs para alcanca-los, objetivamente “reguladas” € “regulares” sem {mnada ser o produto da obediéncia a algumas regras e, sendo mdo sss0, coletivamente orquestradas sem ser o produto da acao organi- sad ade um maestro. 1, Aatualizacao dos pressupostos inerentes a construcdo objetivista se encontrou re- inka, paradoxalmente, pelos esforcos de todos os que, em linguistica como em an: ‘ropologia, tentaram “corrigis” o modelo estrucuralista recorrendo ao “contexto” ou 1 siuuacio” pata explicar as variacdes, as excecoes e os acidentes (em vez de fazer de- ics como os estruturalistas, simples variantes, absorvicas na estrutura) € que se economizaram um questionamento radical do modo de pensamento objeti {quindo simplesmente nao cairam na livre escolha de ura puro sujeito sem ligacoes nem rates, Assim, © método chamado situational analysis, que consiste em “obser- ‘ar as pessoas nas diferentes situacbes sociais” a fim de determinar “como os indivi- ‘duos podem exercer escolhas nos limites de uma estrutura social particular” (cl GLUCKMAN, M. “Ethnographic data in british social anthropology”, Sociological Review, IX (1), mar/L961, p. 5-17. + VAN VELSEN, J. The Politics of Kinship ~ A. Study'in Social Manipulation among the Lakeside Tonga, Manchester: Manchester Univesity Press, 1964 [reed. 1971]) permanece enclausurada na alternativa da regra edaexcesao, que Leach (muitas vezes invocado pelos adeptos desse metodo) expri- ‘me com muita clareza: "Postulo que os sistemas estruturals nos quais todas as vias de acto social sto estritamente institucionalizadas sao impossiveis. Fm todo sistema viavel, deve exist uma esfera em que o indlividuo ¢ livre para escolher de modo a manipular 0 sistema a seu vor” (LEACH, F. “On certain unconsidered aspects of double descent systems”. Man, LXII, 1962, p. 133). 2 Seria necessario poder evitar cgmpletamente falar dos conceitos por si mesmos, tdese expor assim a ser tanto esduematico como formal. Come todas os conceitos dsposicionais, 0 conceito de habitus, que o conjunto de seus usos historicos pre- dspoe a designar um sistema de disposigdes adquiridas, permanentes e geradoras, lulvez valha em primeiro lugar pelos falsos problemas € pelas falsas solucdes que ‘hmina, pelas questoes que permite colocar ou resolver melhor, pelas dificuldades Propriamente cientificas que faz surgir. 87 acon ik maneira alguma se exclui que as respostas do hab scompanhan de uum caleulo estratégico que tende a realizar de Fe : € a operacao que o habitus realiza de um outro my a saber, uma estimativa das possibilidades que supoe a traneforn do eleito passado em objetivo esperado, o lato € que elas ce a antes, fora de qualquer calculo, em relacao as potencialiclades ve rape ediatamente inscritas no presente, coisas para fazer Tal zer, dizer ou nao dizer, em relacao a um por vir provavel qué 2 trario do futuro como “passibilidade abseheia” Cn aeecr ae = Hegel (ou de Sartre), Projetada pelo projeto nae tung liberdade negativa’, propoe-se com uma urgéncia © uma y em existit que exclui a deliberacao. Os stimuli nao exe Para a pratica em sua verdade objetiva de desencadeadores condvh inais€ convencionais, agindo somente com a condiao de encom 'gentes condicionados a reconhece-los’. O mundo pratico 2 constitu na relaca0 com o habitus como sistema de estratings fey tivas ¢ motivadoras ¢ um mundo de fins ja realizados, modes Hee rego ou movimentosa seguir, ebjetos dotados de um “carater tele. : iz Husserl, ferramenta: ituicdes, Isso porque as regularidades inctentes a uma condicio ween oe sentido de Saussure ou de Mauss) tendem a aparecer como necesséne » até mesmo naturais, pois estao no principio dos esquemes de Cepcao e de apreciacao por meio dos quais sto apreendidas, 3.A nogao de reteo estruural dos ati core mato (or expo a ou ona ama lc en lim uaiameno semanico qualquer do signiiccts eee ee ora” (LE NY, F La senanaque pychologge Pats PUR one Somo a noedo weberiana de “chances medias” que € 0 seu equivalence oe ene .¢ uma ahsnaco uma ves que orelevo vara de sconlscan ete Seus principios, isto €, fazendo-a existir como queside perig manera particular de imterrogar a realidade, Pranemeemreferéncia numa a8 Caso se observe regularmente uma correlacao muito estreita en- gs probabilidades objetivas cientificamente construidas (por 4 plo, as possibilidades de acesso a este ou aquele bem) e as espe- =: subjetivas (as “motivacdes” e as “necessidades”), no € por- ne os agentes ajustem conscientemente suas aspiracoes a uma ava fo exata de suas chances de éxito, a maneira de um jogador que ilaria scu jogo em Fungo de uma informacao perfeita sobre as ibilidades de ganho. Em realidade, pelo fato de que as disposi- , duravelmente inculcadas pelas possibilidades e impossibilida- liberdades e necessidades, facilidades ¢ impedimentos que es- Inscritos nas condicdes objetivas (¢ que a ciéncia apreende por cio das regularidades estatisticas como as probabilidades objetiva- nte ligadas a um grupo ou a uma classe) engendram disposicoes Zoo: compativeis com essas condigoes e de alguma forma pré-adaptadas a suas exigencias, as mais improvaveis praticas se en- contram excluidas, antes de qualquer exame, na qualidade de im- sdvel, por essa espécie de submissio imediata a ordem que incli- naa fazer da necessidade virtude, ou seja, a recusar 0 recusado ¢ a querer 0 inevitavel. As proprias condicées da producao do habitus, necessidade feita virtude, fazem com que as antecipagées que cle en- gendra tendam a ignorar a restrigao a qual esta subordinada a vali- dade de todo célculo das probabilidades, a saber, que as condicoes da experiéncia nao tenham sido modificadas: diferentemente das_ estimagdes eruditas que se corrigem apds cada experiencia confor- me as regras rigorosas de calculo, as antecipacoes do habitus, espé- cie de hipoteses praticas fundadas na experiencia passada, atribuem um peso desmedido as primeiras experiéncias; sao, com efeito, as estruturas caracteristicas de uma classe determinada de condicdes de existéncia que, por meio da necessidade econdmica e social que fazem pesar sobre o universo relativamente auténomo da economia domestica e das relacées familiais, ou melhor, por meio das mani- festacoes propriamente familiais dessa necessidade externa (forma da divisao do trabalho entre os sexos, universo de objetos, modos de consumo, relac&o com os parentes etc.), produzem as estruturas do habitus que estao por sua vez no principio da percepcao e da apreci- acao de toda experiéncia ulterior. a9 Produto da historia, o habitus produz as praticas, indivicha coletivas, portanto, da histéria, conforme aos esquemas engendet dos pela historia: ele garante a presenca ativa das experiéncias pe sadas que, depositadas em cada organismo soba forma de esquerc, de percepeao, de pensamento e de agao, tendem, de forma mais. gura que todas as regras formais ¢ que todas as normas explicites | garantir a conformidade das praticas ¢ sua constancia ao lon ae tempo". Passado que sobrevive no atual e que tende a se node ho porvir ao se atualizar nas praticas estruturadas de acordo con seus principios, lei interior por meio da qual se exerce continuy mente a lei de necessidades externas irredutiveis as presses ime, diatas da conjuntura, 0 sistema das disposigdes esta no principio da continuidade e da regularidade que o objetivismo concede as pratt cas sociais sem poder explica-las e também das transformacoes re. guladas das quais nao podem dar conta nem os determinismos ex. trinsecos e instanténeos de um sociologismo mecanicista nem ade, terminacao puramente interior, mas igualmente pontual do subjet vismo espontaneista, [Ao escapar a alternativa das forgas inscritas ng estado anterior do sistema, no exterior dos corpos, ¢ das forcas inte. riores motivacdes surgidas, no instante, da decisao livre, as disposi 60es interiores, interiorizacdo da exterioridade, permite que as for 4. Nis formagoes soi em que reproduc das relates de dominio ede piel eendico ou cultura moe avant pelos menisci, nee tntenio desinado ao fracaso cao cle nie pudesseconar coms consane ds as socinente conus ssaniemene eos fs ene dem quereinanoseéebros eo habits, isto eo organise que como grupo dela apropriou e que ele ede antemao atrbutdo is exigenclas do grupo, uncon cone 2matralizaga da memeriacoletiva,reprodusingo nov sucesores a agutsgho ds Iredecoors tenn do grupo em pesrvarem nt ser ques sonia sim garantidafanctona em um nvel multo mais profundo de que ae tradigdes iia, ct permanenciasupce uma fideldad consent a © bem dos guards, que tm, por xo, una rgher estrangera 2 etapa 6 habs cap de venta, em presensa de tues nov els moves deca Cher anges antiga mln mas prund do ue a eaten conse pelas quais os agentes pensat em agi expressamente sobre seu futuroe molda.oa Inge do paso, como a esposgoe testament ou ate mesmo torn cxplictas, que sao simples chamatios orden, e20 prove explctas,guestosipleschannesa orden, sea prove. ejects Pr eriores sejam exercidas, mas segundo a légica especiica dos 's nos quais estao incorporadas, ou seja, de maneira dura tica € nao mecanica: sistema adquirido de esquemas ge jabitus torna possivel a produgao livre de todos os pensa nos li cas ext Srganismos vel sister hi ,dores. © Mentos. de todas as percepcoes € de todas as acdes inscritas emp inerentes ts condicdes particulares ce sua producdo, e somen- mdaquelas. Por meio dele, a estrutura da qual € 0 produto governaa pravia, nao de acordo com as vias de um determinismo mecanico, pee por meio das pressoes e dos limites originariamente atribuidos miyas invencoes. Capacidade de geracao infinita e, no entanto, es- mente limitada, 0 habitus 56 € dificil de ser pensando enquanto se permanece confinado as alternativas ordinarias, que ele pretende superar, do determinismo e da liberdade, do condicionamento € da eratividade, da consciencia e do inconsciente ou do individuo e da Sociedade. Porque 0 habitus é uma capacidade infinita de engendrar emtoda liberdade (controlada) produtos — pensamentos, percepcoes, expressbes, aces — que sempre tem como limites as condicoes histo~ feamente ¢ socialmente situadas de sua producao, a liberdade condi- tionada e condicional que ele garante esta tdo distante de uma cria- ao de imprevisivel novidade quanto de uma simples reproducao mecnica dos condicionamentos iniciais. Nada é mais enganador do que a ilusao retrospectiva que revela oconjunto dos tragos de uma vida, tais como as obras de um artista ou osacontecimientos de uma biografia, como a realizacao de uma esséncia que Ihes preexistiria: da mesma maneira que a verdade de tum estilo artistico nao esta inscrita em germe em uma inspiracdo 0- riginal, mas se define e se redefine continuamente na dialetica da in- tencio de objetivacao e da intengao ja objetivada, da mesma manei- raé pela confrontagao entre as questdes que nao existem senao pelo ¢ para um espirito armado de um tipo determinado de esquemas € de solucoes obtidas pela aplicacao desses mesmos esquemas, mas capazes de transforma-los, que se constitui essa unidade de sentido que, retrospectivamente, pode parecer ter precedido os atos e as obras anunciadoras da significacdo final, transformando retroativa- mente os diferentes momentos da série temporal em simples esbo- cos preparatorios. Sea génese do sistema das obras ‘ou das praticas engendradas pelo mesmo habitus (ou por habitus homologos como, 1 aqueles que fazem a unidade do estilo de vida de um grupo ou de uma classe) nao pode ser descrita nem como desenvolvimento auto, nomo de uma essencia unica e sempre identica a si mesma, nem, como criacao continua de novidade, é porque se realiza nae pela confrontacao ao mesmo tempo necessaria e imprevisivel do habitus com 0 acontecimento, que nao pode exercer sobre o habitus uma in. citacao pertinente a nao ser que este o arranque & contingencia dg acidente e o constitua em problema aplicando-the os proprios prin. cipios de sua solucao; € porque o habitus, como toda arte de inventay € 0 que permite produzir priticas em numero infinito, € relativa. mente imprevisiveis (como as situagdes correspondentes), mas li. mitadas, todavia, em sua diversidade. Ou seja, sendo 0 produto de uma classe determinada de regularidades objetivas, o habitus tende a engendrar todas as condutas “razoaveis”, do “senso comum”, que so possiveis nos limites dessas regularidades, ¢ apenas dessas, e que tém todas as possibilidades de ser positivamente sancionadas porque sdo objetivamente ajustadas a logica caracteristica de um campo determinado, do qual antecipam o porvir objetivo; ele tende consequentemente a excluir “sem violéncia, sem arte, sem argu. mento”, todas as “loucuras” (“isso nao é para nds”, ou seja, todas as condutas destinadas a ser negativamente sancionadas porque in- compativeis com as condigdes objetivas. Porque tendem a reproduzir as regularidades imanentes as con- digdes nas quais foi produzido seu principio gerador ajustando-se a0 mesmo tempo as exigencias inscritas como potencialidade obje- tiva na situacdo tal como € definida pelas estruturas cognitivas e motivadoras que sao constitutivas do habitus, as praticas nao se dei xam deduzir nem das condicdes presentes que podem parecer t@-las suscitado nem das condi¢des passadas que produziram o habitus, 5. "Essa probabilidade subjetiva, variavel, que as vezes exclui a divida e engendra uma certeza sul generis, que antes nao aparecia senao como uma luz vacilante, €0 que nomeamos probabilidade filosofica porque ela se prende ao exercicio dessa fr culdade superior pela qual nés nos damos conta da ordem e da razao das coisas. 0 sentimento confuso de semethantes probabilidades existe em todos os homens ra- zoaveis; ele determina entao, ou pelo menos justifica, as crencas indestrutiveis ch ‘madas de senso comum” (COURNOT, A. Essai sur les fondements de la connaissance etsur les caracteres de la critique philosophique. Paris: Hachette, 1922, 1851, p. 70). a Jas, portanto. incipio durivel de sua producto, Sé se pode exphic Prine mondicdo de relacionaras condicdes sociais nas quais se cons- corn a ehabilus que as engendrow ¢ as condicdes sociais nas quais ae psto em aCA0, OU Seja, com a condicao de operar pelo trabalho st wuico a relacao desses dois estados do mundo social que o habi- fac efetua, ao ocultd-Io, nia ¢ pela pratica, © “inconsciente™, que per- fae fazer a economia dessa relacio, nao ¢ jamais, com efeito, senao 0 Tequecimento da historia que a propria historia produz ao realizar as GGrraturas objetivas que engendra nessas quase-naturezas que S40 0s habitus’. Historia incorporada, feita natureza, e por isso esquecida como tal, o habitus é a presenca operante de todo 0 passado do qual € produto: no entanto, ele € 0 que confere as praticas sua independéen- vin relativa em relacao as determinagoes exteriores do presente ime- dfiato, Essa autonomia €a do passado operado e operante que, funcio~ nando como capital acumulado, produz historia a partir da historia e garante assim a permanencia na mudanca que faz 0 agente indivi- fual como mundo no mundo. Espontaneidade sem consciéncia nem vontade, o habitus nao se poe menos a necessidade mecanica do quea liberdade reflexiva, as coisas sem historia das teorias meca- nicistas do que aos sujeitos “sem inércia” das teorias racionalistas. A visao dualista que nao quer conhecer senao o ato de conscién- cia transparente a si mesmo ou a coisa determinada como exteriori- dade, é preciso, portanto, opor a logica real da acdo que coloca em presenca duas objetivacdes da historia, a objetivacdo nos corpos € a objetivagao nas instituigdes ou,.o que da no mesmo, dois estados do capital, objetivado ¢ incorporado, pelos quais se instaura uma dis- tancia em relacdo a necessidade e as suas urgencias. Logica da qual se pode ver uma forma paradigmatica na dialética das disposicoes 6."Em cada um de nos, de acorda com proporcdes varidveis, ha homem de on- tem; €0 mesmo homemn de ontem que, pela forea das coisas, ¢ predomsinante crm rds, uma vez que o presente néo significa grande coisa se comparado a esse longo passedo ao longo do qual nos nos formamos e do qual somos o resultado. Mas,- tural necessario para perceber efetivamente as “ocasies potenciais: formalmente oferecidasa todos: e também qe Dotresmas disposicocs, 20 adapta os mais desprovidos seonomieca e culturalmente a condigao espectfica das quais las sio 0 produto e ao contribuir também para tornar im provivel ou impossivel sua adaptacio as exigénciss gene Plas do cosmos economico (calculando ou prevendo, por txemplo), os comduzem a aceltar as sancoes negativas que aac ram dessa inadaptacao, ou seja, sua condicao desfa- weteeida, Em resumo, a arte de estimar e de perceber as probabilidades, a aptidao a antecipar o porvir por wna Eepecie de inducto pratica on até mesmo a jogar o Poss vol contra o provavel mediante um risco calculado, sto Mgumas das disposicdes que nao podem ser adquiidas setae sob certas condigdes, ou seja, sob certas condicoes seaiais, Assim como a propensao para investir OU o ¢sPi- sno empreendedor, a informacao econdmica ¢ functo do poder sobre a economia: isso porque a propensio Para EXquirlr depende das probabilidades de utlizacdo bem-sv- sedida e que as probabilidades de adquirir dependem das probabilidades de utilizé-la com sucesso; € tambers Por fue, longe de ser uma simples capacidade técnica ada da cob certas condicdes, a competéncia economica, assim como qualquer outra competéncia Cinguistica, politics cee clam poder tacitamente recbnhecido aqueles que ‘tna um poder sobre a economia ou, como a palavra diz, uma especie de atributo estatuario E somente na experiéncia imaginaria (a do conto, por exem, plo), que neutraliza o sentido das realidades sociats, que o mund, social reveste a [orma de um universo de possiveis igualmente pos. siveis para todo sujeito possivel. Os agentes se determinam em rely cao aos indices concretos do acessivel ¢ do inacessivel, do “€ pay nos” ¢ do “nao é para nos”, divisao tao fundamental ¢ tao funds mentalmente reconhecida quanto a que separa o sagrado do prof, no. Os direitos de preempcao sobre o futuro que define o direito ¢ mo. nopolio de alguns possiveis que ele garante nao sao senao a form explicitamente garantida de todo esse conjunto de possibilidades apropriadas pelas quais as relacdes de forca presentes s€ projetam no porvir, que comandam em contrapartida as disposicdes presen tes, ¢ especialmente as disposicdes em relagao ao porvir. De fato, relacao pratica que um agente particular mantém com o potvir e que comanda sua pratica presente se define na relagao entre, de um lado, seu habitus e especialmente estruturas temporais € disposicées em relagao ao porvir que se constitufram na duracdo de uma relacao particular com um universo particular de provaveis, e, por outro lado, um estado determinado das possibilidades que Ihe sao objeti vamente concedidas pelo mundo social. A relacao com os possiveis uma relacao com os poderes; 0 sentido do porvir provavel se consti tui na relacao prolongada com um mundo estruturado de acordo com a categoria do possivel (para nos) € do imposstvel (para nes), do que é de antemao apropriado por outros € para.outros e daquilos que se ¢ de antemao designado. Princfpio de uma percepcao seletivs dos indicios apropriados a confirma-lo e a reforca-lo mais do que + transforma-lo e matriz geradora de respostas de antemao aciaptadas a todas as condigoes objetivas idénticas ou homslogas as condigoes (passadas) de sua producao, o habitus se determina em fungao de um porvir provavel que ele antecipa e que contribui a fazer porvir porque © le diretamente no presente do mundo preswmido, 0 tinico que cle sempre pode conhecer”. Dessa maneira, ele esta no fundamento do 21, Exemplo limite dessa antecipacio, a emogio € wma presentificagao alucinat do por vir que, como testemunham suas reagdes corporais, absolutamente ident cas aquelas da situacao real, leva a viver como ja presente, ou até mesmo ja passade, portanto, necesséria, inevitavel ~ “eu estou morto”, “eu estou perdido” ete — 1m porvir ainda suspendido, em suspenso. 106 que Marx denomina a “demanda efetiva’™ (em oposigao a “demanda ifn efeito”. fundada na necessidade € no deseja), relacao realista wim os possivels que encontra seu fundamento ¢ ao mesmo tempo Secs limites no poder e que, como disposicao que inchui a referen- jpasuas condicoes (sociais) de aquisicao e de realizacao, tende ase qjustar as possibilidades objetivas da satisfacao da necessidade ou Jo desejo, que leva a viver “segundo seus gostos”, ou sej mea sua condiga0”, como diz a maxima tomista, e a se tornar assim cumplice dos processos que tendem a realizar o provavel confor- 22. MARX, K, “Ebauche d'une eritique de l'économie politique”. In: Euvres, Eco- ‘omic. I. Paris: Gallimard, 1968, p. 117. 107

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