Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
de Teses e Dissertações
do PPGPS-UERJ
Rio de Janeiro
Novembro/2017
PPGPS-UERJ
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/BIBLIOTECA CEH/E
ISSN: 2178-0919
CDU 301.151
Realização:
PPGPS-UERJ
Rua São Francisco Xavier, 524, sala 10009, bloco F
Maracanã, Rio de Janeiro, RJ
Coordenação:
Profª Edna Lucia Tinoco Ponciano
Coordenação Adjunta:
Profª Anna Paula Uziel
Professores do programa:
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO .................................................................................................. 3
PROGRAMAÇÃO ................................................................................................... 4
Mesa: Psicologia e Educação ............................................................................ 4
Mesa: Psicologia e Políticas Públicas ................................................................ 5
Mesa: Avaliação e Representações Sociais ...................................................... 6
Mesa: História e Tecnologias Sociais ................................................................ 7
Mesa: Psicologia e Movimentos Sociais ............................................................ 8
Mesa: O corpo e as Religiões ............................................................................ 9
Mesa: Psicologia e Sexualidade ...................................................................... 10
Mesa: Autorregulação e Intervenções ............................................................. 11
RESUMOS............................................................................................................ 12
1. Programa de habilidades sociais educativas para professores dos anos
finais do ensino fundamental ...................................................................... 13
2. Fatores de risco e de proteção na autoeficácia acadêmica de estudantes
ao final do ensino fundamental ................................................................... 19
3. Por que falar não é fazer? Proposições para a inclusão dos dispositivos
educacionais no problema da aprendizagem ............................................. 24
4. Relações intergrupais e estratificação social: construção da identidade
social de estudantes da rede estadual do Rio de Janeiro ......................... 29
5. A construção do corpo-gênero latino nas escolas ..................................... 32
6. Enfrentamento do câncer por crianças usando práticas de atenção plena:
uma proposta de programa de intervenção................................................ 36
7. Questões Raciais no Centro de Referência em Assistência Social CRAS:
Desafios para Psicólogas e Psicólogos ...................................................... 41
8. Fortalecimento da relação entre pais e filhos(as) adolescentes:
desenvolvendo Habilidades de Vida no CRAS .......................................... 45
9. Seguindo o PET-Saúde GraduaSUS UERJ: O “faz-fazer” da formação
da(o) psicóloga(o) à luz da Teoria Ator-Rede ............................................ 51
10. Arte e cuidado na Colônia Juliano Moreira: contribuições para o uso de
atividades artísticas no campo da saúde mental ....................................... 55
11. Representações sociais de servidores públicos do Inmetro sobre o serviço
público brasileiro. ......................................................................................... 58
12. As representações socias sobre o consumo na classe A da cidade do Rio
de Janeiro .................................................................................................... 61
13. O pensamento social de diferentes grupos de servidores acerca de seu
Trabalho e os impactos em suas práticas laborais: um estudo de caso no
CEFET/RJ .................................................................................................... 64
14. Adaptação e Validação do Interpersonal Reactivity Index for Couples
(IRIC) ............................................................................................................ 68
15. Paquetá entre histórias e memórias: representações e memória social dos
moradores. ................................................................................................... 72
APRESENTAÇÃO
PROGRAMAÇÃO
Resumos
escolar nos quais a estrutura da escola modifica, pois começam a ter mais
disciplinas acadêmicas, maior cobrança por parte dos professores e também
ocorre uma transformação em suas vivências sociais como, por exemplo a
formação de grupos de amigos. Esta descontinuidade tanto na estrutura
escolar quanto nos papéis sociais requer esforços adaptativos significativos
dos estudantes do E.F. e para alguns, tais transições, podem ser
estressantes e/ou desafiadoras. Estudos apontam que a transição do E.F.
para o E.M. está frequentemente associada a um aumento do sofrimento
psicológico, ao declínio no desempenho acadêmico, à diminuição da
motivação e à diminuição de algumas habilidades acadêmicas, sendo que
alguns alunos quando não se sentem preparados e apoiados para os novos
desafios acadêmicos ao final do E.F., podem ficar vulneráveis e evadir da
escola. Apesar disso, pouco estudos focam os anos finais da educação
básica. Desse modo, o presente estudo, com delineamento transversal e
abordagem quantitativo-qualitativo tem como objetivo geral analisar como os
fatores de risco (histórico de reprovação escolar, percepção de discriminação
cotidiana e exposição à violência na família e extrafamiliar) e de proteção
(habilidades sociais, percepção de apoio social da família, pares, professores
e comunidade e clima escolar) influenciam a autoeficácia acadêmica de
estudantes nos anos finais do E.F. Os objetivos específicos são: (1) examinar
as influências de alguns fatores de risco (histórico de reprovação escolar,
percepção de discriminação cotidiana e exposição à violência na família e
extrafamiliar), proteção (habilidades sociais, percepção de apoio social da
família, pares, professores e comunidade e clima escolar) e variáveis
demográficas (sexo e nível socioeconômico) sobre a autoeficácia acadêmica
de estudantes ao final do E.F.; (2) investigar por meio de grupos focais as
percepções dos alunos do 9º ano sobre os desafios e as oportunidades
acadêmicas e interpessoais presentes em diversos contextos (família, escola
e comunidade) que surgem ao final do E.F. ; (3) avaliar os efeitos de um
Programa de Habilidades Sociais no repertório de habilidades sociais, na
autoeficácia acadêmica, na percepção de apoio social e discriminação
cotidiana de estudantes ao final do E.F. Participarão cerca de 500
estudantes, de ambos os sexos que frequentarão o 7º, 8º e 9º ano do E.F. de
Por que falar não é fazer? Proposições para a inclusão dos dispositivos
educacionais no problema da aprendizagem
Aluna: Etiane Araldi
Orientador: Ronald João Jacques Arendt
Há poucos meses atrás, tomei posse como professora em um Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia. A minha prova didática consistiu em eu
ficar quase cinquenta minutos falando sobre um determinado tema. Dentre os
exames solicitados para avaliar minha aptidão para o exercício do cargo, uma
videolaringoscopia. Recentemente, em duas ocasiões distintas, escutei o
seguinte comentário: “eu falo muito, sou professor”.
Em diversas outras cenas do cotidiano, a constatação de que o nosso sistema
educacional está distante “da prática”, conversas sobre como as teorias não
dão conta do mundo e a produção da ideia de que uma coisa é o discurso e
outra coisa é a ação. Enquanto isso, os(as) professores(as) e outras pessoas
com funções educativas continuam falando em suas aulas, palestras e
seminários.
Nesta tese, pretendemos explorar o paradoxo presente na expectativa
recorrentemente enunciada de que a educação transforme o mundo e a
produção cotidiana, nos espaços educacionais, de dispositivos de
distanciamento do território e da experiência dos estudantes. A intuição do
senso comum de que falar não é fazer nos oferece uma pista: enquanto o que
se faz predominantemente nas instituições de ensino – falas, textos, aulas,
seminários – não for considerado um fazer, dificilmente será possível interferir
nesses dispositivos de aprendizagem de modo a possibilitar a produção de
outros mundos a partir da educação.
A etimologia da palavra aula remete a um espaço. A depender dos
entendimentos grego ou romano, pode significar palácio ou corte, ou pátio
anexo a essas edificações, onde tiveram lugar, no século XVII, as primeiras
atividades caracteristicamente escolares. A instituição educacional em que
trabalho está em construção e essa experiência tem me permitido distinguir
uma infinidade de dispositivos de isolamento que precisam ser produzidos para
a formação de uma escola, desde os espaços de confinamento das salas de
aula, passando pelas grades curriculares, pelas agendas eminentemente
segunda sessão, é retomado o exercício da sessão anterior para que possa ser
melhor apreendido e trabalha-se também o foco nos sentidos (olfato, audição).
O foco nos sentidos reforça o foco no momento presente, já estimulado na
sessão anterior. Na terceira sessão, a criança exercita observar seus
pensamentos e sentimentos sem julgá-los. Isto ajuda a criança a ter maior
autoconsciência, maior autoestima e maior capacidade de regulação emocional
por aprender a reconhecer e aceitar o que pensa e sente sem julgamento
negativo. Na quarta sessão, a criança volta a sua atenção para cada parte do
seu corpo, buscando perceber o que sente em cada parte. Este exercício
também traz maior autoconsciência, além de maior relaxamento. Na quinta
sessão, repete-se a terceira sessão para que a criança tenha maior apreensão
da prática. Na sexta sessão, a criança realiza uma visualização para
relaxamento. Esta visualização ajuda na redução da ansiedade. Na sétima
sessão, repete-se a quarta sessão, e na oitava sessão, repete-se a sexta
sessão para que a criança tenha maior apreensão das práticas. A análise de
dados contemplará uma parte de análises quantitativas através da estatística
descritiva (médias, percentuais etc.) e testes de diferença de médias para
comparação da escala Likert do AEH antes e depois do programa de
enfrentamento. Serão também realizadas análises qualitativas voltadas para as
justificativas às respostas ao AEH e também com relação às perguntas
formuladas na entrevista. Será empregado o método de análise de conteúdo
temático-categorial (Oliveira, 2008), baseado na análise de conteúdo de L.
Bardin, seguido da contabilização de frequências de evocações das categorias
oriundas da análise de conteúdo. A elaboração do protocolo dessa pesquisa
buscará atender às normas da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
(CONEP, Conselho Nacional de Saúde, Ministério da Saúde, Brasil) e do
Código de Ética Profissional dos Psicólogos. Por se tratar de uma pesquis a
envolvendo seres humanos, esta investigação atenderá às exigências
estabelecidas pela Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde e
seus desdobramentos. Todas as informações coletadas nesse estudo serão
mantidas como estritamente confidenciais, podendo ser usadas apenas para
fins de estudos e ensino, e para encontros e debates científicos, sendo sempre
resguardadas as identidades dos participantes. Como a coleta de dados se
grupo focal e, após 03 meses, será realizado outro grupo focal como pesquisa
de segmento, para identificar avanços e recuos na aplicação das Habilidades
de Vida no dia a dia dos participantes. Ao longo da realização da coleta de
dados, as entrevistas e os encontros serão gravados e transcritos, e para
análise de dados será realizada Análise de Conteúdo para o estudo do
processo e discussão dos resultados obtidos. A divulgação e a discussão dos
resultados da pesquisa acontecerão com todos os envolvidos, em momentos
distintos, após encerramento das etapas acima descritas e a elaboração da
dissertação. Como uma pesquisa em andamento, pretende-se apresentar a
discussão teórica que embasa nossa proposta de intervenção, assim como as
primeiras aproximações com o CRAS e os pais de jovens. Desse modo,
pretendemos discutir a viabilidade dessa pesquisa e as possíveis propostas de
intervenção surgidas do grupo multifamiliar. É importante ressaltar que este é
um início, uma vez que, a metodologia apresentada estará em discussão e
pode ser revista, à medida que os encontros forem acontecendo,
caracterizando a participação das famílias para a construção da pesquisa e a
solução dos problemas encontrados. Espera-se que, pela interação grupal e
pela ampliação da rede pessoal das famílias, sejam desenvolvidas e
fortalecidas Habilidades de Vida nas interações cotidianas, auxiliando a
elaboração dos desafios da relação entre pais e filhos(as) adolescentes.
Financiamento: CAPES
citados pode estar sendo afetada pelos altos índices de violência apontados
pelas pesquisas que tratam da segurança pública. Observamos em estudos
recentes que os números relacionados à violência não param de crescer. Em
pesquisas realizadas por órgãos distintos, como o Instituto Brasileiro de
Opinião e Estatística (IBOPE) e o Instituto de Segurança Pública do Estado do
Rio de Janeiro (ISP), os números encontrados são alarmantes, levando a crer
que de alguma maneira o desejo de consumir e a possibilidade de consumir em
um novo contexto social onde a violência impera estão caminhando em
direções opostas. Para se obter os dados necessários para a comprovação dos
questionamentos levantados, o estudo fará uso de questionário com perguntas
abertas e fechadas aplicado em cerca de 60 indivíduos com idade entre 25 e
40 anos com perfil de consumo da Classe A. A idade escolhida foi baseada nos
estudos geracionais desenvolvidos por Karl Mannheim e a referida classe foi
definida pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Durante o questionário também serão utilizadas imagens do cotidiano, para
que os entrevistados possam identificar a cena e os personagens ali presentes.
Esta técnica tem a particularidade de possuir um caráter mais fidedigno de
entendimento e significação, pois permite que a interpretação da imagem
revele determinadas características do grupo pesquisado que a linguagem
escrita não é capaz de atingir. Depois de aplicado o questionário, uma análise
de conteúdo rigorosa será realizada para que a discussão sobre o consumo e
segurança pública (ou a falta dela) seja aprofundada e os resultados sejam
mostrados de forma clara e coesa a fim de que essa pesquisa estimule o
debate sobre o assunto exemplificado, à luz das representações sociais,
enriquecendo ainda mais esse campo de estudo.
já que realizam atividade que em geral não tem um fim em si, sendo apenas
parte de uma cadeia de processos de trabalho estanques e desarticulados. Por
tudo isso, prevê-se que as RS do Trabalho e do trabalhar desse grupo
apresente elementos que demonstrem uma concepção de trabalho esvaziada
de sentido, mais ligada ao conceito de emprego, ou seja com a ideia de
subsistência mais proeminente do que a de realização. A pesquisa será
realizada através de um instrumento contendo duas técnicas: técnica de
evocações livres e um questionário organizado em escala Likert formado por
perguntas acerca de práticas, conhecimentos e atitudes frente ao trabalho na
Instituição. Os dados da evocação livre serão tratados por análise prototípica,
seguidos de análise da similitude, já as perguntas do questionário serão
tratadas através de análises estatísticas. Espera-se que ao final da dissertação,
a análise dos conteúdos e estrutura das RS para os diferentes grupos possa
elucidar como se estruturam suas cognições sociais, e consequentemente,
como se configuram seus jogos de interesse, representações da realidade,
bem como as relações entre grupos neste campo. Essa compreensão será
fundamental para embasar Intervenções Institucionais que levem em conta
toda a complexidade do contexto e os interesses dos diversos grupos, sendo
possível assim, promover ações que gerem uma maior justiça nas relações.
análise das evocações livres será realizada análise prototípica (OLIVEIRA et al,
2005; WACHELKE, WOLTER, 2011). Já a análise da mise en cause (MEC)
será a partir do cálculo das frequências e percentuais de respostas ou com o
teste de normalidade Kolmogorov-Smirnov (K-S). Apesar de alguns estudos
realizados (PERCHERON, 1991; SHIMIZU, MENIN, 2004; SPADONI,
TORRES, 2010), pouco se tem produzido acerca do conceito de Justiça, já que
na maioria das vezes este construto está relacionado a outro e não é
pesquisado de forma isolada. A partir disso, buscar-se-á com esta pesquisa
fornecer, para área da Psicologia Social, resultados relativos à área.
por mulheres brancas já se torna uma forma de racismo, por não permitir o
tensionamento de hierarquias raciais intragênero. Relatar como o silenciamento
de questões raciais, que não explicitam a branquidade nos saberes e práticas
dos feminismos (brancos), contribui para a não marginalização e
horizontalização de experiências de mulheres racializadas em diferentes
âmbitos e consideram reflexões sobre hierarquias raciais presentes no
movimento. Por fim, entender e analisar possibilidades de racializar os
feminismos a partir de uma discussão sobre branquidade, nos faz perceber o
quão não se tem uma noção de que há um apagamento dessa categoria racial
branca nos movimentos feministas. Refletir sobre esse desconforto coloca-se
como um grande desafio para feministas brancas, pois ele explicita as
dificuldades (ou mesmo impossibilidades) de aproximações de pautas entre
feministas brancas e feministas racializadas.
companheira fixa, mas não vive com a mesma, com 11,65%; solteiros, não
possuem namorada ou companheira fixa, com 1,94%. Pode ser observado na
amostra, englobando os participantes presentes nos serviços pré-natal e pós-
natal, grande parte 50,48% possui a faixa de renda pessoal mensal aproximada
entre 1.001,00 - 2.000,00 reais. Em relação às pessoas com as quais residem,
98,05% vivem com a família; sobre a quantidade de pessoas com quem
compartilham a renda, a maioria 85,43% entre 1-4 pessoas. Sobre a questão
do pai ser primíparo informaram: sim = 53,39% e não = 46,60%. Em relação ao
número de filhos, a maior parte 53,39%, não possui filhos anteriores. Sobre a
prática de amamentação, 50,48% estavam amamentando. Com relação à
oferta do copinho ao bebê, 17,47% foi ofertado; 18,44% não foi ofertado e
13,59% não souberam responder. Discussões: Os resultados são preliminares
e apontam para uma contradição observada entre os pais de valorizar a
amamentação como necessária ao bebê, mas não se incluirem na mesma, e
também não vislumbrar formas de operar essa inclusão. Mesmo de forma
subliminar, os discursos mostram a permanência da noção de que esse é um
campo exclusivo de responsabilidade da mulher. Observa-se que o pai ocupa
um lugar de retradutor das crenças familiares, populares e de profissionais de
saúde sobre amamentação, revelando possuir informações desencontradas,
ora interferindo de forma negativa, ora positiva. O estudo da representação
social do pai sobre amamentação poderá permitir, não somente aos
pesquisadores, mas também a sociedade, entender qual é o espaço simbólico
no qual o pai está inserido, revelando seus pensamentos, crenças, valores,
atitudes, informações e opiniões sobre a amamentação. Assim, poderá
fornecer subsídios para a área da saúde paterno-infantil de identificar e
compreender as dificuldades e necessidades de apoio para que essa relação
entre o pai, a amamentação e o seu filho possam se estreitar, criando espaço
simbólico e afetivo para uma nova paternidade. Considerações finais: A
pesquisa faz parte de uma dissertação de mestrado que ainda se encontra em
fase de execução. A fase de planejamento foi bem sucedida tal como o início
da execução, não havendo problemas metodológicos e logísticos. Foi realizado
o tratamento de todos os instrumentos das coletas de dados tais como, o
questionário semi-estruturado, a preparação do corpus da técnica da evocação
Financiamento: CNPq
tenta diminuir, segregar e até destruir qualquer cultura que seja divergente à do
padrão dominante. Percebe-se uma postura de intolerância que está presente
no discurso e na conduta. Constata-se alto teor de hostilidade e agressividade
por parte de grupos radicais que depredam o patrimônio e os locais onde se
dão os cultos afro, que destroem objetos pertencentes à cultura e a religião
negra, numa postura de combate, de guerra, de “rivalização”, tomando a outra
religião, seus praticantes e seus elementos como inimigos. Curiosamente os
cultos neopentecostais validam as entidades presentes na umbanda e no
candomblé. Durante os ritos de exorcismo são identificadas diversas entidades
comuns aos cultos afro, porém, naquele ambiente religioso elas devem ser
combatidas e expulsas. Segundo os estudos de Celso Sá, a teoria das
representações sociais é uma teoria apropriada para estudar o fenômeno
religioso. A ocupação característica da perspectiva psicossocial com o
conhecimento e as experiências religiosas socialmente compartilhadas
apresenta algumas importantes diferenças em relação às abordagens
sociológica e antropológica. Este projeto de pesquisa tem como objetivos
gerais: conhecer e analisar as representações sociais da cultura afro-brasileira
que surgem na relação de grupos neopentecostais pertencentes a igrejas
estabelecidas no Rio de Janeiro. Seus objetivos específicos são: investigar o
processo de formação e a estruturação da representação social da cultura afro-
brasileira entre os neopentecostais; identificar e a analisar o processo
representacional de entidades espirituais oriundas da umbanda entre os
neopentecostais e a repercussão destas representações entre os umbandistas.
A pesquisa se dará com base no método qualitativo e pretende realizar: (1) um
estudo exploratório de campo em templos de igrejas neopentecostais
(especificamente a Igreja Universal do Reino de Deus, por ser a mais
proeminente igreja no meio neopentecostal), situados na cidade do Rio de
Janeiro, pautado numa abordagem etnográfica, utilizando as técnicas de
observação sistemática; (2) entrevistas com no mínimo 5 pastores e obreiros
vinculados a Igreja Universal do Reino de Deus; (3) entrevistas com no mínimo
5 líderes de casas de Umbanda localizadas na cidade do Rio de Janeiro (4)
observação sistemática ou participante das sessões realizadas nas casas de
umbanda dos entrevistados; (5) construção de um inventário sobre as
Financiamento: CAPES
Financiamento: CAPES.
um feminino, mas que temia como seria o encontro com sua família através da
performatividade de seu gênero. Neste momento fui habitada por um
sentimento da emergência de trazer para o protagonismo deste trabalho, essas
pessoas que são invisibilizadas em quase todos os seguimentos sociais, e
assim a escolha se deu: o campo me escolheu e acolhida por essa escolha,
também o escolhi. As angústias que assombram constantemente essas
pessoas que vivem a não norma, seus medos e anseios diante de suas
famílias, o estigma e supressão dos seus direitos mediante a toda uma
violência que as acompanham dentro e fora da prisão, foram partes
estruturantes para que essas vozes tão silenciadas fossem potencializadas
através desse trabalho, para além de um objeto de pesquisa, essas vozes irão
protagonizar as suas próprias histórias. O projeto inicial que tinha como
pressuposto pesquisar famílias e prisão foi guardado com carinho, certamente
o retomarei em algum momento, mas a intensidade com que fui capturada pelo
campo nesta unidade mista foi arrebatador e sabia que precisaria fazê-lo. Aqui
se deu a captura do encontro: pensar a transexualidade e a travestilidade no
presídio masculino nos traz à luz questões como: as normas de gênero, as
sexualidades, o controle do Estado sobre esses corpos que nasceram
biologicamente masculinos, mas que performatizam o gênero feminino, as
relações afetivas e/ou sexuais que se estabelecem, as relações familiares,
relações com a instituição e as relações e negociações com os corpos e seus
cuidados no contexto prisional. Sendo este o objetivo deste trabalho, trazer a
partir do protagonismo dessas pessoas o que é ser travesti e transexual na
condição de privação de liberdade em uma instituição masculina. Para falar
sobre travestis, transexuais e prisão, faz-se necessário discorrer sobre os
conceitos: de transexualidade e travestilidade e seus atravessamentos de
classe social, raça/cor, geração, a institucionalização, dentre outros. Ademais,
é fundamental a transversalidade com outros aspectos como, impactos da
prisão na relação familiar; relações de poder, resistência e afetividade; garantia
de direitos e o conceito de gênero, um marcador importante na distinção do
cumprimento de pena. “Discutir gênero é se situar em um espaço de lutas
marcado por interesses múltiplos” (Bento; Pelúcio, 2012, p. 575), sendo a
generificação o pano de fundo das instituições prisionais, sobretudo nessa
Financiamento: CAPES
Financiamento: CAPES.