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2* ediçSo
Porto Alegre
2011
&
Verbo Jurídico
editora
A474s Alves, Alexandre Henry
Sentença cível / Alexandre Henry Alves. - Porto Alegre :
Verbo Jurídico, 2011.
440 p.
ISBN 978-85-7699-186-1
CDDir 341.4652
Verbo Jurídico
edilora
R ua Prof. Cri sti ano Fischer, 2012
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A v. Pau l ist a, 1. 159 - C on j . 9D 7
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Cu ri ti ba/PR (41) 3D2 3. 3D G 3
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Agradeço aos colegas Juizes
Federais que se dispuseram a me man-
dar suas sentenças para compor esta
obra e, especialmente, aos meus amigos
Marcos Antônio Garapa de Carvalho e
Eduardo Nunes Marques, pela ajuda na
revisão técnica. Agradeço ainda a
Deus, pelo que sempre me proporcio-
nou, e à Rose, por me ceder um tempo
precioso de nossa convivência para que
eu pudesse me dedicar à escrita.
SUMÁRIO
Considerações iniciais...................................................................... 11
CAPÍTULO I - A sentença .................................................................. 15
1 Tio, o que é esse negócio de sentença?.......................................15
2 A sentençaem termos um pouco mais técnicos..........................18
3 A sentença na legislação e na doutrina........................................ 22
4 Como se aprende a fazer sentença?............................................ 26
CAPÍTULO
1 O relatóriIIo........................................
- Preparando os dados...........................
parajulgamento
o .................29
.................... 29
2 Utilizando um caso como modelo................................................32
3 O pedido......................................................................................34
4 Descobrindo quais são os pontos controvertidos........................46
5 O que diz o acervo probatório?.................................................... 52
6 E as datas?.................................................................................. 54
CAPÍTULO III - Técnicas de redação ..................................................57
1 A ordem das questões a serem analisadas.................................. 57
2 A boa redação............................................................................. 67
3 Citação de legislação................................................................... 72
4 Citação de jurisprudência............................................................ 75
5 Citação de doutrina......................................................................76
6 Um exemplo para auxiliar............................................................ 77
CAPÍTULO IV - Preâmbulo e ementa..................................................87
1 O preâmbulo................................................................................87
2 A ementa..................................................................................... 88
3 A expressão “Vistos, etc.”........................................................... 91
CAPÍTULO V - Preliminares............................................................... 93
1 Introdução...................................................................................93
2 Competência............................................................................... 94
3 Inexistência ou nulidade da citação............................................. 102
4 Conexão e continência................................................................ 104
5 Perempção.................................................................................. 105
6 Litispendência e coisa julgada..................................................... 106
7 Incapacidade da parte e processual............................................. 110
8 Legitimidade para a causa........................................................... 115
a) As condições de ação..................................................................115
b) Legitimidade ordinária................................................................. 117
c) Legitimidade extraordinária......................................................... 126
d) Legitimidadeem mandadode segurança ....................................134
9 Interessede agir.......................................................................... 138
10 Possibilidade jurídica do pedido.................................................. 143
11 Defeito de representação............................................................. 145
12 Falta de autorização..................................................................... 148
13 Convenção de arbitragem............................................................150
CAPÍTULO VI - Formação dos polos processuais.............................. 151
1 Litisconsórcio: considerações iniciais......................................... 151
2 Litisconsórcio ativo..................................................................... 155
3 Litisconsórcio passivo................................................................. 157
4 Assistência..................................................................................159
56 Int
Interv
ervenç
enção
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...ia......
............
......
......
......
......
......
......
......
.. 16
1624
7 Intervençãode terceiros:denunciação da lide .............................166
8 Intervençãode terceiros:chamamentoao processo ....................172
CAPÍTULO VII - Prejudiciais de mérito................................................175
1 Introdução................................................................................... 175
2 Decadência..................................................................................177
3 Prescrição...................................................................................178
CAPÍTULO VIII - Contra-ação............................................................. 185
1 Introdução................................................................................... 185
2 Ações dúplices............................................................................ 188
3 Reconvenção.............................................................................. 189
4 Pedido contraposto..................................................................... 192
CAPÍTULO IX - Análise do mérito....................................................... 195
1 Confronto dos argumentos das partes.........................................195
2 Questões meramente de direito................................................... 196
3 Análise das provas...................................................................... 203
4 Antecipação da tutela na sentença............................................... 204
5 Correção monetária e juros..........................................................208
6 Ônus da sucumbência................................................................. 211
CAPÍTULO X ■ Dispositivo................................................................ 219
CAPÍTULO XI -Sentenças de concursos resolvidas ..........................223
TRF da 1a Região - XII Concurso para Juiz Federal (Caso-modelo) ....224
TRF da 1a Região - IX Concurso para Juiz Federal..............................232
TRF da 1a Região - X Concurso para Juiz Federal ..............................257
TRF da 1a Região - XI Concurso para Juiz Federal..............................264
TRF da 1a Região - XII Concurso para Juiz Federal .............................271
TRF da 2a Região - X Concurso para Juiz Federal..............................280
TRF da 4a Região - IX Concurso para Juiz Federal .............................285
TRF da 4a Região - X Concurso para Juiz Federal.............................. 296
TRF da 5a Região - VI Concurso para Juiz Federal............................. 301
CAPÍTULO XII - Sentenças de casos reais.........................................311
1 Ação cominatóriapromovidapelo MinistérioPúblicoEstadual....31 1
2 Ação CivilPública - Improbidade Administrativa..........................315
3 Mandado de segurança............................................................... 328
4 Execução fiscal - extintiva........................................................... 333
5 Juizado Especial Federal............................................................. 337
6 Ação cautelar- Indeferimentoda inicial .......................................342
7 Ação ordinária - Reconvenção.....................................................346
8 Ação de reintegraçãode posse...................................................356
9 Ação ordinária - Denunciação da lide...........................................359
10 Ação monitória............................................................................ 369
CAPÍTULO XIII - Propostas de sentenças aplicadas em
concursos.........................................................................................377
TRF da 1a Região - VIII Concurso para Juiz Federal ...........................377
TRF da 2a Região - XI Concurso para Juiz Federal .............................383
TRF da 3a Região - VI Concurso para Juiz Federal .............................385
TRF da 3 Região - VII Concurso para Juiz Federal
a ............................386
TRF da 3a Região - VIII Concurso para Juiz Federal ...........................389
TRF da 3a Região - IX Concurso para Juiz Federal .............................391
TRF da 3a Região - X Concurso para Juiz Federal ..............................393
TRF da 3a Região - XI Concurso para Juiz Federal............................. 398
TRF da 3a Região -XII Concurso para Juiz Federal ............................402
TRF da 4a Região - XI Concurso para Juiz Federal .............................406
TRF da 4a Região - XII Concurso para Juiz Federal ............................408
TRF da 5a Região - VII Concurso para Juiz Federal ............................411
TRF da 5a Região - VIII Concurso para Juiz Federal............................414
TRF da 5a Região - IX Concurso para Juiz Federal .............................415
TJ/GO- 512 Concurso para Juiz Substituto....................................416
(1)
TJ/GO - 51a Concurso para Juiz Substituto (2)................................... 418
am o examinador
dades a darcasos.
de solução dos nota máxima, mas apenas uma das possibili
Feitas essas observações, aproveite o livro, pois você pode
rá tirar dele importantes lições para desenvolver sua capacidade de
redigir sentenças. Sugiro que você utilize esta obra da seguinte ma
neira:
a) primeiro, dê uma lida geral: parte teórica, sentenças re
solvidas de concursos, sentenças reais e propostas de sen
tenças aplicadas em concursos; não deixe de ler esta última
parte, porque faço inúmeras referências a esses casos para
ilustrar cada um dos assuntos; se você ainda não os tiver li
do, poderá não captar completamente a informação que ten
to transmitir, bem como poderá, em certo ponto, até achar a
leitura cansativa;
b) resolva as sentenças de concursos que já trazem uma
resposta neste livro, comparando em seguida o que você fez
com o que eu decidi;
c) por fim, resolva as propostas de sentença transcritas no
final.
A sentença
SobreSobre
-- Não. as férias?
coisas que acontecem com outras pessoas.
- Com quem?
- Com pessoas que estão com problemas. Quando elas não
conseguem resolver as coisas sozinhas, então procuram a gente lá
no meu trabalho. E a gente tem que resolver o problema delas.
- Então é igual quando eu reclamo com a mamãe que a Cris
pegou minhas coisas...
Sim, é mais ou menos isso. Você reclama com a sua mãe
ou com o seu pai. Mas, quando você crescer e tiver problemas com
um estranho, eles não poderão resolver mais nada. Aí, você vai
precisar procurar a Justiça, que é onde eu trabalho.
- E o que é que isso tem a ver com redação e com essa tal de
sentença?
Calma que eu chego lá. Imagine que você já é adulta e tem
um carro bem bonito. Um dia, você sai de casa e um caminhão
daqueles grandões e verdes do Exército bate nele...
- Tadinho!
- É, mas o problema é que você estava certa, porque foi o
motorista do cáminhão que não parou no sinal vermelho. Só que ele
diz que não vai pagar. O que é que você faz?
Conto para a mamãe!
- Mas você já é adulta e sua mãe não vai resolver nada,
porque ela não tem como mandar o motorista do caminhão pagar o
conserto do seu carro. É aí que você procura a Justiça para resol-
ver seu problema e conseguir o dinheiro para arrumar a batida.
- Essa tal de Justiça é bonita? Ela é loira ou morena?
Ela não é gente. Justiça é o lugar onde eu trabalho, já te
disse. Pois então, você vai lá e conta a sua história, mas tem que ser
no papel. Você tem que fazer uma redação, dizendo o que aconte-
ceu, por que você acha que está certa e o que você quer. É simples:
conte que você estava na rua tal, que o sinal estava verde para você
e que o motorista do caminhão do Exército não parou, batendo no
seu carro. Conte na sua redação também que quem não para no
sinal vermelho e estraga o carro dos outros é obrigado a pagar o
conserto.
pagar todoNoo final, peça para a Justiça mandar o dono do caminhão
estrago.
- Isso é sentença? Se for, eu sei fazer também.
- Ainda não. Esse é o pedido que você faz lá no meu traba-
lho. Eles colocam sua redação em uma capa bonita e mandam para
mim. Eu vou olhar para ver se está tudo certo e vou fazer que nem a
sua mãe faz: chamar a Cris para ela explicar o que aconteceu e ver
se você realmente tem razão. O dono do caminhão vai ter que fazer
uma redação também, contando tudo e dizendo se concorda ou não
com o seu pedido. Normalmente, ele não vai concordar.
- Sei...
Ai é que entra a sentença, ou seja, a minha redação. Eu
vou ler o que você escreveu, o que o dono do caminhão escreveu, e
decidir quem está certo, do jeito que a sua mãe faz. Só que, ao con-
trário dela, eu tenho que colocar tudo no papel, fazer a minha pró-
pria redação. É bem simples: primeiro, eu conto o que você pediu e
o que o dono do caminhão falou. Depois, eu conto o que aconteceu
nessa história depois de você procurar a Justiça, ou seja, se mais
alguém participou de tudo, se eu chamei você ou o motorista para
conversar pessoalmente comigo, se eu conversei com alguém que
viu o acidente, enfim, eu conto todos os acontecimentos. Mas, a
redação não acaba por aí. Em seguida, eu vou dizer quem está cer-
to e quem está errado, só que eu tenho que explicar direitinho por
que eu entendi que você, dona do carro, deve receber o dinheiro do
conserto dele. No final, eu termino a minha redação dizendo quem
ganhou a briga e quanto tem que receber do outro. Isso é a senten-
ça e é isso o que eu faço todos os dias.
- Você fica resolvendo briga dos outros todos os dias?
É, mais ou menos.
- Tio, e eles te obedecem?
- Bem, isso já é outra história e bem mais comprida!
!Sempre que for feita a referência a um artigo, sem especificar a qual lei ele pertence,
estamos tratando do Código de Processo Civil.
contestação, mesmo porque isso é um ônus que ele tem (art. 267, §
3o e art. 301). De qualquer maneira, várias dessas matérias, como as
condições de ação e os pressupostos processuais, podem e devem
ser analisados de ofício pelo magistrado, ainda que o réu não alegue
nada.
Tais questões são o que se convencionou chamar de prelimi
nares. Algumas delas, como a prescrição, são chamadas por vários
autores de questões prejudiciais de mérito 3 Todas elas devem ser
analisadas necessariamente antes de se julgar o pedido do autor em
si, visto que podem prejudicar esta última análise e até tomá-la des
necessária. Faz parte da sequencia lógica de toda boa sentença, seja
ela de concurso ou de um caso concreto. Se já passou o prazo para a
minha sobrinha pedir a indenização pelos prejuízos no carro dela,
por que o juiz vai perder tempo analisando quem atravessou no sinal
verde e quem atravessou no vermelho? Se eu, como juiz federal, não
sou competente para analisar a causa, já que o caminhão não era do
Exército, mas da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina, qual a
razão de entrar em detalhes sobre o momento do acidente?
Com o exercício da magistratura, aprendi que uma sentença
de concurso é mais fácil do que uma “da vida real”, ao menos no
que diz respeito à análise dessas questões preliminares e prejudiciais
de mérito. Isso porque o examinador já traz tudo mastigado ali, já
detalha quais são as alegações do réu e quais os problemas proces
suais que existem. No dia a dia, o magistrado não encontra um re
sumo assim tão bem feito. Às vezes, quando ele vai fazer a sentença,
descobre que ainda ficaram diligências em aberto e o processo tem
que voltar para a secretaria. Outras vezes, tem que se esforçar para
entender o que o autor realmente deseja. E quando o réu faz uma
contestação absolutamente caótica, sem sequencia lógica, alegando
preliminares no final, embolando argumentos e deixando qualquer
um louco? Cabe ao magistrado descobrir quais são todos os pontos
3 Conforme leciona Antonio Carlos de Araújo Cintra: “Fala-se em questão para designar um
ponto duvidoso de fato ou de direito, ou seja, qualquer elemento objeto de afirmação rele
vante no processo, enquanto sujeito a incerteza ou controvérsia. Será principal, ou de
mérito, a questão que se refere imediatamente à existência da relação litigiosa e que se
resolve na resposta do juiz ao pedido formulado pelo autor na inicial. As demais são ques
tões prévias, cuja solução constitui antecedente lógico necessário ao julgamento da causa.
Essas questões prévias, por sua vez, bipartem-se em preliminares e prejudiciais, na confor
midade do tipo de influência que sua decisão exerce sobre a resolução da questão a elas
logicamente conseqüentes: são prejudiciais as questões de cuja solução dependerá o teor
ou conteúdo da decisão das prejudicadas; e preliminares aquelas cuja solução condicionará
asenecessidade
transformamou empossibilidade
fundamentosdodajulgamento
sentença”.deIn outras. Uma vez
Comentários resolvidas,
ao Código as questões
de Processo Civil,
vol. IV: arts. 332 a 475. Rio de Janeiro: Forense, 2003. (Páginas 283 e 284)
da contestação apresentada pelo réu, ainda que esses pontos não
estejam tão claros como seria desejável. Se não fizer isso, é possível
que posteriormente uma apelação seja provida, anulando-se a sen
tença de primeira instância, por conta do tal cerceamento de defesa.
Já no concurso, como dito, isso não acontece, pois o examinador
destaca claramente quais são os problemas, cabendo ao candidato
apenas não deixar de analisar nenhum deles, especialmente os que
são alegados pelo réu na sua defesa.
Pois bem, superadas essas etapas, vem a fundamentação rela
tiva ao mérito.
damente É a parte dadosentença
cada argumento autor e na
doqual o juiz vaiosanalisar
réu (exceto deti
que já foram
objeto das preliminares, é claro), para que possa decidir os pontos
centrais do caso sob o julgamento. Não há muito a ensinar quanto a
esse “capítulo” da sentença, pois aqui vale muito mais o conteúdo
do que a forma. É na fundamentação do mérito que o candidato ou o
profissional demonstra todo o conhecimento acerca do direito mate
rial, tudo aquilo que foi aprendido na faculdade e nos vários anos de
estudo posteriores. Em regra, não há muitos cuidados formais a
serem tomados, mas é de bom senso respeitar mais ou menos a se
quencia de argumentos do autor ou do réu. Eu prefiro ter como ro
teiro a peça de defesa, até mesmo para não me esquecer de nenhum
ponto e não ter a sentença anulada posteriormente, por cerceamento
do direito
mentos dode
réudefesa. Assim, enumero
e vou analisando-os. e destaco cada
Geralmente, tomoum dos argu
o cuidado de
separar, ao menos por meio de parágrafos, cada um dos pontos deci
didos, até para facilitar a leitura e a compreensão da sentença.
No final, toda sentença traz um dispositivo, que significa
simplesmente dizer quem estava com a razão ou, em alguns casos,
dizer que nenhum dos dois tem razão. Além disso, é importante
deixar bem claro o que foi objeto de declaração, constituição ou
condenação, para que a sentença não fique sujeita a embargos de
declaração. No mais, não se pode esquecer do que eu convencionei
chamar de “complementos do dispositivo”: quem vai pagar os hono
rários; quem vai pagar as custas; quais são os índices de correção
monetária e de juros do débito, bem como o período em que os en
cargos incidirão; quais as intimações devem ser feitas; se há reexa-
me necessário ou não; enfim, elementos que não podem ficar de fora
ou complicarão a execução posterior do julgado.
Sentença é isso, em um rápido resumo e não tão técnico como
sugeriu o título deste capítulo. Não complique o que não tem com
plicação. Separe sua “redação” em três partes (relatório; fundamen
tação - incluindo preliminares, prejudiciais de mérito e o mérito
propriamente dito; dispositivo), não se esqueça de analisar nenhum
dos pontos colocados pelo autor ou pela defesa e, acima de tudo,
utilize uma linguagem clara, objetiva, sem rodeios. Sentença não é
um livro e não deve conter dezenas ou centenas de páginas, a menos
que o caso específico realmente exija isso - e acredite, há processos
que demandam do juiz a confecção de um verdadeiro livro, mas isso
não é rotina nos gabinetes e muito menos em uma prova de concur
so. Sentença também não é lugar para demonstrar conhecimento
erudito, domínio de línguas estrangeiras, do latim, muito menos
citações filosóficas, psicossociais ou seja lá o que for. Às vezes,
essas coisas cabem em uma sentença, mas desde que sejam muito
bem dosadas e sem causar sombra ao principal, que é resolver os
problemas das partes em um texto que seja de fácil entendimento
para elas.
O art. 267 trata das causas que extinguem o processo sem re
solver o mérito, normalmente ligadas a vícios processuais, ausência
das condições de ação, dos pressupostos de validade e desenvolvi
mento do processo, bem como a existência de convenção de arbitra
gem, entre outros. Neste caso específico, é possível utilizar a defini
ção anterior e dizer que tal sentença realmente porá termo ao pro
cesso, pois se ele foi extinto sem resolução de mérito, não haverá
execução. Isto é, em regra, pois o autor pode ter sido condenado nas
custas e honorários e o réu abrirá uma nova fase para executar tais
valores. De qualquer maneira, fica claro que é considerado sentença
o ato por meio do qual o juiz declara que não há como ser examina
do o mérito.
Já o art. 269 do CPC não fala em extinção do processo, mas
apenas em resolução do mérito. Assim, pode-se conceituar também
como sentença o ato por meio do qual o juiz decide o mérito da
causa e põe fim ao seu trabalho, só podendo alterar o que decidiu
nos estritos termos do art. 463, ou seja, “para lhe corrigir, de ofício
ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou lhe retificar
erros de cálculo”, bem como “por meio de embargos de declaração”.
Isso é o que diz a legislação processual civil sobre a sentença.
Já no campo doutrinário, podemos encontrar algumas definições
interessantes. Entre elas, a de que “a sentença é o ápice da vivifica-
ção da execução do poder judicante, ao qual incumbe, na tripartição
dos poderes do Estado, o poder dever de julgar, compondo as lides,
como um fato jurídico e como um ato de vontade, na qual o juiz
externa seu livre convencimento, conforme os elementos dos autos,
motivando-os, sem se transformar em legislador. Sem embargo, para
a sociedade a sentença judicial é a resposta aos conflitos gerados em
seu meio, como forma de debelá-los ou acomodá-los mas, em qual
quer caso, com justiça”5
Essa definição doutrinária é bastante completa, técnica e tor
na desnecessária a feitura de outras citações, especialmente porque a
pretensão desta obra é ser bastante objetiva, tal como se espera de
uma sentença.
Pois bem, a importância de se saber exatamente o que é uma
sentença reside, entre outras coisas, na necessidade conseqüente de
se saber qual o recurso cabível contra aquela decisão. Em regra, não
haverá dúvidas de que estamos diante de uma sentença, mas ocorre
rão casos específicos em que essa definição não será tão fácil, po
dendo a dúvida chegar aos tribunais, inclusive aos superiores. Ape
nas para ilustração dessas dificuldades, seguem algumas decisões
judiciais a esse respeito:
PROCESSUAL CIVIL - ILEGITIMIDADE PASSIVA DE LITIS-
CONSORTE - RECURSO CABÍVEL - AGRAVO DE INSTRU
MENTO. 1. Nos termos do art. 162, 8§do 1 CPC, sentença é o
ato judicial que põe termo ao processo. 2. Decisão que exclui li-
tisconsorte passivo não põe termo ao processo, mas somente à
ação em relação a um dos réus, sendo, portanto, passível de
impugnação via agravo de instrumento. 3. Recurso especial pro
vido. (REsp 675.885/PR, Rei. Ministra ELIANA CALMON, SE
GUNDA TURMA, julgado em 21.04.2006, DJ 10.05.2006 p. 175)
PROCESSUAL CIVIL - EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL -
EXTINÇÃO, POR MEIO DE COMPENSAÇÃO, DA EXECUÇÃO
MOVIDA PELA FAZENDA PÚBLICA PARA RECEBIMENTO DE
HONORÁRIOS - PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO DA
AUTORA PELO SALDO REMANESCENTE - RECURSO CABÍ
VEL: AGRAVO DE INSTRUMENTO. 1. Nos termos do art. 162, §
1Q do CPC, sentença é o ato judicial que põe termo ao processo.
2. O Tribunal de srcem determinou o prosseguimento da execu-
5POLONI, Ismair Roberto. Técnica estrutural da sentença cível: juízo comum e juizado
especial. 2a ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. (Páginas 12/13)
ção da empresa pelo saldo remanescente, após a compensação
com os honorários advocatícios por ela devidos à Fazenda Pú
blica, extinguindo a execução movida pela Fazenda. 3. Decisão
passível de agravo de instrumento. 4. Recurso especial improvi-
do. (REsp 598.067/SP, Rei. Ministra ELIANA CALMON, SE
GUNDA TURMA, julgado em 23.08.2005, DJ 19.09.2005 p. 264)
PROCESSUAL CIVIL. INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL
DE EXECUÇÃO DE SENTENÇA. RECURSO CABÍVEL. APE
LAÇÃO. 1. É sentença o ato de indeferimento da petição inicial
do processo autônomo de execução, sendo, por isso, recorrível
mediante
vido para apelação. Precedentes.
que a apelação 2. Agravo
seja remetida de instrumento
a este pro
Tribunal. â(TRF 1
REGIÃO - AG 2003.01.00.021883-5/DF, Rei. Desembargador
Federal João Batista Moreira, Quinta Turma, DJ de 05/10/2007,
p.72)
9 Sobre o principio da fungibilidade, ensina Ernane Fidélis dos Santos: “Embora a lei não
preveja, como ocorria no Código de 1939, é possível que um recurso seja conhecido por
outro. É o quemister
lungibilidade, se chama principio
se faz da fungibilidade
que ocorram dos recursos.
o erro escusável e a boa Para
fé. A que se admitados
fungibilidade a
racursos só tem cabida em primeira instância, pois, em razão das características peculiares
da cada um, os de instância superior não permitem o erro escusável. (...) Para que haja erro
•■cusável, basta que a doutrina e principalmente a jurisprudência não tenham pensamento
uniforme sobre o recurso apropriado”. Manual de direito processual civil - Processo de
oonhecimento. São Paulo: Saraiva, 1999. (Páginas 598/599)
4 Como se aprende a fazer sentença?
Agora que você já sabe, em linhas gerais, o que é uma sen
tença e o que ela contém, pode ainda assim querer saber como é que
se aprende a fazer uma. Eu respondo: fazendo. Tentativa e erro, em
um exercício de escrita, interpretação e aplicação do direito proces
sual e material.
Quando iniciei meus estudos para concorrer a uma vaga na
magistratura federal, eu nunca tinha feito uma sentença, como já
disse no início. Comprei então um livro que tratava da parte penal e
outro da parte cível, os dois ensinando o arroz com feijão sobre o
tema. De posse de tais livros, peguei propostas de sentenças feitas
em concursos e passei a tentar resolver cada uma delas. Na primeira,
você fica todo travado, esquece algumas coisas, troca as bolas em
outros pontos e não tem uma boa desenvoltura. Mas, na segunda as
coisas já começam a melhorar. Quando você chegar à sua décima
sentença, já terá aprendido a identificar rapidamente quais os pontos
controvertidos, enfrentado a maioria das preliminares e prejudiciais
de mérito, aprendido a desenvolver bem seu raciocínio na funda
mentação e, finalmente, acostumado-s um pouco mais com os dize-
res que sempre fazem parte do dispositivo.
Nessa trajetória de aprendizagem, livros como este são muito
importantes, pois dão um pequeno roteiro para que você não se per
ca. Além disso, servem como fontes de consulta muito convenientes
quando alguma
livro deixará pedra
você nova
pronto aparece
para no seu
fazer uma boacaminho.
prova deMas nenhum
concurso ou
exercer de forma satisfatória a profissão de magistrado. É mais ou
menos como ler um manual de ensino de piano: ele é essencial para
você ter as primeiras lições, saber ler uma partitura, acostumar-se às
notas, aos acordes, mas nunca te fará um bom pianista. Para isso, só
a prática mesmo. E o bom é que, quanto mais você treina, mais as
coisas se tomam simples e automáticas para você, além do seu cére
bro ficar mais livre para a aplicação do Direito em si, já que a forma
geral da sentença terá se tomado algo corriqueiro para você.
Isso vale não apenas para quem está estudando para concur
sos, mas especialmente para quem está iniciando na profissão. Ao
longo das semanas, meses e anos, você vai acumulando sentenças e
mais sentenças no seu currículo, aumentando tanto a velocidade de
redação quanto a qualidade dos seus julgados. Em resumo, não há
nada melhor do que a prática. Não condicione seu aprendizado à
leitura de vários livros sobre sentenças, nem a uma enorme quanti
dade de aulas com um bom professor, porque as lições sobre o as
sunto são simples e poucas. Aqui, mais vale o seu próprio suor.
■Capítulo II
10 relatório
Elpídio Donizetti ensina que o “relatório consiste numa expo
sição circunstanciada, um histórico de toda a marcha do procedi
mento. Constitui uma demonstração, por parte do juiz, de que en
tendeu a lide que lhe foi submetida. Deve identificar os elementos
da causa (partes, pedido e causa de pedir), bem como as principais
ocorrências do processo. Tudo de forma sucinta e objetiva” 7.
O art. 458 do Código de Processo Civil coloca o relatório
como um dos requisitos essenciais da sentença, ao lado dos funda
mentos e do dispositivo. Porém, nem toda sentença obrigatoriamen
te tem relatório. No caso de sentença proferida em sede de juizado
especial, a Lei n°. 9.099/1995 o dispensa (art. 38), o que não signifi
ca que o magistrado não possa fazer o relatório. Tendo em vista que
o art. 459 diz que “nos casos de extinção do processo sem julgamen
to do mérito, o juiz decidirá em forma concisa”, a jurisprudência
também afasta a necessidade de relatório em outros casos, como no
responsabilidade estatal).
ça do XII Concurso do TRFPorém,
da Iaacredito
Região,que a proposta
embora seja dedeum
senten
tema
relativamente árido - custeio previdenciário -, traz uma gama muito
interessante de preliminares. Por conta disso, leia com atenção o
texto que o examinador forneceu, o qual já deve ser considerado
como relatório.
SENTENÇA CÍVEL: o candidato deverá considerar a exposição
a seguir como relatório, iniciando seu trabalho a partir da funda
mentação.
O Município A, por seu Prefeito Municipal; a Câmara Municipal
do Município B, por seu Presidente; e, em nome próprio, o Vice-
Prefeito e os vereadores do Município C ajuizaram em
25/10/2005, perante o Juiz Federal da Subseção Judiciária do
Município D, ao qual jurisdicionados os autores, ação de rito or
dinário contra a União e o INSS, objetivando verem-se eximidos,
desde então, da contribuição previdenciária sobre os subsídios
dos detentores de mandato eletivo (prefeitos, vice prefeitos e ve
readores).
Pediram, outrossim, que as contribuições recolhidas na vigência
da Lei n. 9.506 (art. 13), de 30/10/97, que introduziu a alínea "h"
ao art. 12, I, da Lei n. 8.212/91, de 24/07/91, porque declarada
inconstitucional pelo STF no RE 351.717-1/PR (DJ 21/11/2003),
e as ulteriores recolhidas a partir da EC n. 20/98, de 16/12/98, ou
na vigência da Lei n. 10.887, de 18/06/2004, que introduziu a a-
línea "j" ao mesmo artigo 12 da Lei n. 8.212/91, sejam compen
sadas com quaisquer tributos administrados pela SRF e pelo
INSS, corrigidos, tais indébitos, plenamente com expurgos infla
cionários, acrescidos dos juros de 6% ao ano contados do res-
9Aliás, a jurisprudência é bastante tranqüila quanto a aceitar relatórios sucintos, desde que
identifiquem corretamente o que está sendo julgado, nos termos do art. 458, I, do CPC.
Nesse sentido: TRF da 1fl Região, AMS 2002.34.00.009763-3/DF.
pectivo pagamento, a título de juros compensatórios pelo ilícito,
e da taxa SELIC (Lei n. 9.250, de 26/12/95), condenados os réus
nas custas e em verba honorária de 20% (per capita) sobre o valor
da causa (R$ 200.000,00).
Na contestação, a União arguiu a incompetência absoluta do juízo
federal da Vara interiorana, pedindo a remessa dos autos ao Juiz
Federal na Capital do Estado, ex vi do §2° do art. 109/CF88; ar
guiu, também, sua ilegitimação passiva, porque a causa é exclusi
vamente previdenciária com a legitimação exclusiva do INSS. No
mérito, alegou a decadência qüinqüenal para a repetição do indé
bito desde
ção, aduziuosque
pagamentos e, sustentando
esses indébitos a regularidade
previdenciários da exa
não podem ser
compensados com tributos administrados pela Secretaria da Re
ceita Federal - SRF.
O INSS, em contestação, arguiu que o Município Anada pode
pleitear em relação à contribuição pessoal dos ocupantes de cargo
eletivo municipal; que a Câmara Municipal do Município B não re
presenta o Município nem seus vereadores; que o vice-prefeito e
os vereadores do Município C não representam o Município e, pa
ra postularem em relação a suas contribuições pessoais, devem
ajuizar ação própria na Comarca do Município, conforme previsto
no § 3o do art. 109 /CF88; que o recolhimento da contribuição pa
tronal e das contribuições pessoais retidas pelos Municípios não
autoriza o litisconsórcio ativo unitário, razões pelas quais a Câma
ra Municipal do Município B e os autores pessoas naturais/físicas
devem
dos emser excluídos
custas da honorária.
e verba lide, com extinção
No mérito,do após
processo,
alegarcondena
a deca
dência da ação repetitória na forma da LC n. 118/2005, de
09102/05, sustentou que a inconstitucionalidade da Lei n. 9.506/97
declarada no RE 351.717-1 IPR só tem efeito entre as partes; que
a Resolução n. 26/2005, de 21/06/05, do Senado Federal, que
suspendeu a execução da alínea "h" do inciso I do art. 12 da Lei n.
8.212/91, só tem efeito para o futuro. Argumentou que a Lei n.
9.506/97 foi constitucionalizada pela EC n. 20/98 e, por isso, a
contribuição continuou devida, pelo menos desde sua promulga
ção, pois o texto constitucional trouxe para o seio da legislação
previdenciária os novos contribuintes, tal como já legislado na Lei
n. 8.212/91 (art. 15,1; art. 20 c/c 28; art. 22 e art. 30). De qualquer
sorte, embora a Lei n. 10.887/2004 apenas tenha explicitado o
contido na EC n. 20/98 e não padeça de qualquer vício de incons
titucionalidade,
pugnou o pedidoa decontribuição seria devida até
expurgos inflacionários e depela nova
juros lei. Im
compensa
tórios, por falta de previsão legal e por incabíveis na modalidade
de compensação; disse, também, incabível a compensação dos
indébitos com tributos administrados pela SRF, pois compensá-
Elpídio Donizetti Nunes, um autor que me agrada bastante
pela objetividade, clareza e simplicidade com que expõe as lições
básicas do processo civil, rememora os conceitos clássicos de sen
tença citra petita, ultra petita e extra petita. Guarde bem esses ensi
namentos e nunca cometa o pecado mortal de proferir uma sentença
com algum desses defeitos11.
Pois bem, o autor destaca que “sentença citra petita é aquela
que não examina em toda a sua amplitude o pedido formulado na
inicial (com a sua fundamentação) ou a defesa do réu”12. Isso não
significa não conceder tudo o que o autor pede, por exemplo, mas
deixar de analisar parte de seu pedido. No caso do X Concurso do
TRF
tença,daa autora
Ia Região, referente
efetuou aopedidos
quatro qual já fizemos o relatório
diferentes. da sen
Se o magistrado
analisar apenas o referente à indenização dos gastos médicos e hos
pitalares, nada falando sobre o pedido de pensão, terá proferido uma
sentença citra petita.
No caso de uma sentença ultra petita, “o defeito é caracteri
zado pelo fato de o juiz ter ido além do pedido do autor, dando mais
do que fora pedido”13 Se a autora pede que o valor da pensão a ser
paga pela União Federal seja equivalente à remuneração do Agente
de Polícia Federal, não pode o juiz estipular uma pensão baseada no
salário de um Delegado, que em geral é mais elevado. Seria ir além
do pedido e o art. 460 do CPC não permite tal decisão.
Por fim,
risdicional “a sentença
deferida é extra
é diversa petita
da que quando a providência
foi postulada; ju-
quando o juiz
defere a prestação pedida com base em fundamento não invocado;
quando o juiz acolhe defesa não arguida pelo réu, a menos que haja
previsão legal para o conhecimento de ofício (art. 267, § 3o)”14.
" Dinamarco vai direto ao ponto: “A interpretação estrita do pedido constitui norma funda-
mental, em tema de fidelidade da sentença a este. Não é lícito ao juiz optar por uma com
preensão maior, quando a demanda deixa dúvidas sobre sua própria amplitude (art. 293 -
supra - n. 454). A lei fala em i nterpretação restritiva, mas não é o caso de restringir; ou seja,
de diminuir a extensão do pedido. Interpretá-lo de modo estrito é não interpretá-lo ampliati-
vamente, ou seja, é não se aventurar pelo majus quando não se sabe se o autor está a
postular o majus ou o minus. Estará ultrapassando os limites jurídicos do pedido o juiz que
optar pela compreensão maior, nessa situação; e incorrerá no vício de citra petita aquele
que restringir a intenção do autor”. In Instituições de Direito Processual Civil - Volume III. 4a
ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2004. p. 276.
12 NUNES, Elpídio Donizetti. Curso didático de direito processual civil. - 5. ed. - Belo Hori
zonte:
13 Idem.Del Rey, 2004. p. 255.
14 Idem.
Seria o caso de, diante dos pedidos de indenização por prejuízos
materiais e pagamento de pensão, o magistrado proferisse sentença
condenando a União Federal a pagar indenização por danos morais.
Isso não estava no pedido inicial e, portanto, não pode constar na
decisão final.
Porém, é preciso lembrar que toda regra tem exceção e, no
presente caso, as exceções são dadas pelo Código de Processo Civil.
Embora, como alertou Cândido Rangel Dinamarco em lição já
transcrita aqui, não seja “lícito ao juiz optar por uma compreensão
maior, quando a demanda deixe dúvidas sobre sua própria amplitu
de”, o magistrado encontra três exceções. A primeira delas, seguin
do os ensinamentos de Dinamarco, está descrita no art. 293 do CPC,
que determina a aplicação dos juros legais, ainda que não constem
do pedido. Também o art. 290 abre outra exceção, quando a obriga
ção consistir em prestações periódicas, pois nesse caso “considerar-
se-ão elas incluídas no pedido, independentemente de declaração
expressa do autor”. Por fim, o art. 461, que faculta ao juiz, nos casos
de sentença com condenação em obrigação de fazer ou não fazer, a
imposição de multa diária ao réu, independentemente de pedido do
autor.
No caso do X Concurso do TRF da 4a Região (leia a proposta
de sentença para conhecer o caso), por exemplo, temos uma ação
civil pública na qual há o pedido de uma obrigação de fazer, qual
seja revisar a renda mensal inicial de todos os benefícios previden-
ciários concedidos anteriormente à vigência da Constituição Federal
de 1988. Há também um pedido de antecipação dos efeitos da tutela.
Suponhamos (e isso é só suposição mesmo) que a demanda fosse
considerada procedente e o magistrado vislumbrasse a ocorrência
dos pressupostos para o deferimento da antecipação dos efeitos da
tutela. Para quem adota a corrente no sentido de que à Fazenda Pú
blica pode ser imposta a multa do art. 461 do Código de Processo
Civil, caberia deferir a antecipação, dando prazo à ré para cumprir a
obrigação, sob pena de incidência de multa diária de determinado
valor - ainda que não conste na proposta de sentença qualquer pedi
do nesse sentido. Também caberia uma exceção aos limites do pedi
do no caso do IX Concurso do TRF da 5a Região, no qual a empresa
autora pedia a restituição de um valor pago a título de IPI. Se você
observar, na proposta de sentença não há referências a um pedido de
Incidência de juros sobre tal valor. Porém, caso a pretensão realmen-
deverá ser deferido o primeiro requerimento (aposentadoria por
invalidez) ou o segundo (auxílio-doença).
19 Leciona José Carlos Barbosa Moreira: "Em termos gerais, é possível distinguir, no pedido,
um objeto imediato e um objeto mediato. Objeto imediato do pedido é a providência jurisdi-
cional solicitada (ex.: a condenação do réu ao pagamento de x); objeto mediato é o bem que
o autor pretende conseguir por meio dessa providência (ex.: a importância x). O objeto
imediato (de um pedido) é sempre único e determinado; não assim o mediato". In O novo
processo civil brasileiro: exposição sistemática do procedimento. Ed. rev. e atual. Rio de
Janeiro: Forense,
16 O art. 475-N 2007.incluído
do CPC, (Página 12)
em 2005, de certa forma pacifica o entendimento segundo o
qual as sentenças declaratórias podem ser executadas, pois diz ser título executivo a sen-
só por aí: cada tipo de ação, analisado conjuntamente com o pedido,
determinará um dispositivo distinto. Se uma pessoa ajuíza um man
dado de segurança contra o Procurador-Chefe da Fazenda Nacional
para que este se abstenha de incluir seu nome no cadastro de ina
dimplentes, você não poderá, ao final, condenar a União Federal na
obrigação negativa de não “negativar” o nome do autor. Um manda
do de segurança gera uma ordem judicial à autoridade impetrada.
Algo como: “Diante do exposto, concedo a segurança e determino à
autoridade impetrada que se abstenha de incluir o nome do autor no
cadastro de inadimplentes, em virtude dos débitos constantes no
processo administrativo n°. tal e qual”.
Assim, apenas para que nós recordemos as lições básicas do
direito, é bom relembrar que há inicialmente as ações declarató-
rias17, tratadas no art. 4o do Código de Processo Civil:
Art. 4o O interesse do autor pode limitar-se à declaração:
I - da existência ou da inexistência de relação jurídica;
II - da autenticidade ou falsidade de documento.
Parágrafo único. É admissível a ação declaratória, ainda que te
nha ocorrido a violação do direito.
doclaratório, constitutivo
Toorla Geral do Processo. -ou
20.condenatório, substituindo
ed. - São Paulo: Malheiros oEditores,
termo “ação”
2004. por “processo”
p. 301 a 306) {In
Imbora doutrinariamente essa seja uma questão interessante, não é intuito dessa obra
iprofundar em temas polêmicos, bastando ao leitor a compreensão das diferenças entre se
fjoolarar um direito, constituí-lo ou condenar o réu a alguma prestação.
_ DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil - Volume II. 4a ed.
iáo Paulo: Malheiros Editores, 2004. p. 37.
magistrado de acordo com o que foi pleiteado pelas partes, devem
ficar bem guardadas na memória não só dos candidatos a uma vaga
na magistratura, mas de todos aqueles que trabalham com o Direito.
Por do
por parte fim,examinador,
os honorários.
pois Aqui, há umaque
ele destacou sutileza muitoé inteligente
o pedido de conde
nação em verba honorária calculada em 20% sobre o valor da causa,
per capita. Assim, temos três questões em discussão:
a) o índice realmente de
é 20%?
b) a base de cálculo realmente é o valor
da causa?
c) a condenação deve ser de 20% para cada um dos réus, sobre
o valor da causa ou de outra base a ser utilizada, ou de 20% divididos
para cada um dos réus?
Com isso, detalhamos cuidadosamente os pedidos e não corre
mos mais o risco de deixar nada de fora, gerando uma sentença omissa
passível de embargos de declaração. Além disso, podemos agora veri
ficar quais as defesas apresentadas pelas partes em relação a cada um
dos pontos do pedido.
§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se
reproduz ação anteriormente ajuizada.
§ 2o Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas par
tes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.
§ 3o Há litispendência, quando se repete ação, que está em cur
so; há coisa julgada, quando se repete ação que já foi decidida
por sentença, de que não caiba recurso.
§ 4o Com exceção do compromisso arbitrai, o juiz conhecerá de
ofício da matéria enumerada neste artigo.
Grave em sua mente, de uma vez por todas, esse último pará
grafo:Todo
juiz. só o ocompromisso
resto pode earbitrai nãoanalisado
dever ser será conhecido de ofícioainda
pelo julgador, pelo
que as partes não tenham alegado nada. Mais à frente, ainda falarei
que uma sentença de concurso dificilmente para nas preliminares.
Porém, parte dela pode parar. Imaginemos um caso em que o autor
esteja acionando o réu sob a alegação de que, após perder um jogo
de cartas, o réu tenha esbofeteado e xingado o autor na frente de
uma verdadeira multidão, causando-lhe um imenso prejuízo moral.
Por conta disso, o autor deseja receber a dívida do jogo e uma inde
nização por danos morais. Suponhamos que, na proposta de senten
ça, o examinador tenha colocado como contestação apenas a alega
ção do réu no sentido de que foi o autor que começou a briga. E aí,
quais os pontos controvertidos que você anotará ao fazer o seu ras
cunho?
um casoHá
emalguma preliminar?pátria
que a legislação É claro
vedaque há! Estamos
a cobrança diante de
de dívidas de
jogos, razão pela qual se trata de um pedido juridicamente impossí
vel, ou seja, é carência de ação quanto a essa matéria. Você deverá
enfrentar esse ponto nas preliminares, caso queira fazer uma senten
ça bem estruturada, como manda a boa técnica. E deverá também
conhecer dessa matéria de ofício, ainda que o examinador, como
dito, não tenha assinalado na contestação que o réu arguiu a inexigi-
bilidade da dívida de jogo.
Voltando ao estudo que estamos fazendo do X Concurso do
TRF da Ia Região, não foi arguida somente a prescrição. A ré tam
bém alega que:
a) aa autora
b) culpa foi
nãoexclusivamente
possuía vínculodajurídico
autora; com a Academia;
c) a legislação não contempla qualquer previsão de indeniza
ção por invalidez ou morte no curso de formação;
d) já existe um seguro para isso, de contratação obrigatória
pelos alunos;
e) a autora já recebeu R$ 6.000,00 (seis mil reais), como in
denização, mais R$ 3.000,00 (três mil reais) para fazer frente
às despesas com tratamento de saúde, tudo por conta do refe
rido seguro, razão pela qual não deve ser indenizada por con
ta das despesas de tratamento ou seria isso um bis in idem;
f) não houve prova das despesas com o tratamento e, por is
so, não pode a União Federal ser condenada nesse quesito.
Em síntese, pela leitura da inicial e da contestação (resumidas
na proposta de sentença), os pontos controvertidos são os expostos
acima. Note que, no caso sob análise, o examinador centrou-se mui
to sobre as matérias relativas ao mérito, o que não é tão comum
assim em concursos, especialmente para a magistratura federal. Em
regra, há uma avalanche de preliminares e o candidato deve ficar
bem atento para anotar todas, separadas por tópicos como fizemos
acima, para não se esquecer de analisar nenhuma delas. Pegue como
exemplo a proposta de sentença do IX Concurso para Juiz Federal
Substituto do TRF da 4a Região, transcrita na segunda parte deste
livro. É também um caso de responsabilidade estatal, mas lá o que
ocorreu foi a morte de uma pessoa em virtude do atropelamento por
um carro dirigido por um preso em fuga, que estava sendo persegui
do pela Polícia Federal. Se estivéssemos usando esse caso como
modelo, veríamos ao menos cinco preliminares ou questões parale
las: a) incompetência do juízo; b) inépcia da petição inicial; c) ilegi
timidade passiva; d) prescrição; e) antecipação dos efeitos da tutela
pretendida. E acredite em mim: quanto mais preliminares, mais
extensa e complicada fica a sentença.
Pois bem, a contestação pode trazer ou não todos os pontos
controvertidos do caso. No nosso exercício, pelas palavras da União
Federal já foi possível ver o que o candidato teria que resolver, uma
vez que as questões
levantaram informações seguintes
adicionais, massobre as auxiliaram
apenas provas produzidas não
na resolução
da causa. Porém, uma leitura cuidadosa até o final da proposta pode
revelar outros pontos de conflito que devem ser tratados na resolu-
5 O que diz o acervo probatório?
Lembremos que nós ainda estamos apenas fazendo um ras
cunho dos principais pontos da proposta de sentença, a fim de sa
bermos corretamente o que está em pauta para ser decidido.
Pois bem, se já anotamos os pontos chaves do pedido do au
tor e da defesa do réu, resta analisar quais as provas que o processo
traz e o que elas nos dizem. Saber quais os tipos de provas existen
tes e a função de cada uma delas é algo corriqueiro também, que se
aprende na graduação, mas muita gente não guarda essas lições e
acaba se equivocando na hora do exame.
Apenas para recordar, então, vejamos alguns pontos sobre es
se tema. Para começar, como não poderia deixar de ser, vamos dire
to à legislação, pois ela é a base de tudo. O Código de Processo
Civil traz os seguintes meios, após alertar no seu art. 332 que “todos
os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não
especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos
fatos, em que se funda a ação ou a defesa”:
a) depoimento pessoal;
b) confissão (na verdade, pode ser feita por petição e outros
meios, mas também pode ser um simples desdobramento do
depoimento pessoal da parte);
c) documentos;
d)
e) testemunhas;
perícia;
f) inspeção judicial.
Não vamos detalhar nenhum deles, pois nós estamos ainda
somente colhendo os elementos dos autos, como eu já disse. Para
quem está fazendo uma prova, a vida é mais simples do que no dia a
dia, visto que você deverá apenas analisar o resultado do acervo
probatório já trazido pelo examinador. Na vida real, há uma outra
tarefa às vezes mais complexa ainda para o magistrado, que é saber
quais provas são necessárias, quais são meramente protelatórias e
qual rejeição de um pedido pode configurar cerceamento de defesa
ou não. Mais do que isso, cabe ao juiz cuidar para que as provas
sejam produzidas
defesa de forma
e sem atrapalhar legal, sem
a marcha ferir o contraditório
processual. e a ampla
Aos estudantes, po
rém, a maioria dessas questões é irrelevante em uma prova de con
curso, pois são fases do processo que acontecem antes da prolação
da sentença.
Pois bem, logo após anotar os pedidos do autor e as teses de
defesa do réu, anote também o que os autos ou a proposta do exami
nador falam sobre as provas. Voltemos ao nosso caso de responsabi
lidade estatal da prova do X Concurso do TRF da Ia Região, para
ver o que o relatório diz:
a) Autora - documentos: 1) certidão consignando a ocorrên
cia do acidente; 2) certidão atestando que autora foi hospitali
zada.
b) Ré - documentos: 1) comprovante de seguro e de sua li
quidação em favor da autora; 2) documentos tratando sobre a
assistência que a ré teria dado à autora durante sua fase de
convalescimento.
c) Perícia: atestou que as lesões são permanentes; que a auto
ra está incapacitada para exercer atividades em que tenha que
permanecer de pé por longo período e fazer flexões com os
membros inferiores; que a incapacidade da paciente é seqüela
do acidente.
d) Testemunhas: Ia) confirmou que a autora sofreu o aciden
te em exercício obrigatório na Academia, não tendo recebido
as devidas instruções sobre como fazer tal exercício; 2a) que a
autora recebeu todos os cuidados da ré em sua recuperação;
que a autora não recebeu as devidas instruções para realizar
os exercícios.
Técnicas de redação
llie cada
•m da constitucionalidade
um dos momentosda- cobrança da contribuição
Lei n°. 9.506/97, previdenciária
EC n°. 20/98 e Lei n°.
10.887/2004. Se constatado realmente que algum recolhimento deve
•§r objeto de compensação, deve-se analisar então a possibilidade da
Oompensação ser feita com tributos administrados pela SRF e pelo
INSS, a fim de saber se ela poderá ocorrer nos dois casos ou somente
•m um deles.
2 A boa redação
Em termos de redação, acredito que os melhores profissionais
lio os jornalistas e os publicitários. No exercício de suas atividades,
lies são obrigados a buscar uma linguagem que respeite as normas
da língua, mas ao mesmo tempo consiga a maior eficácia possível
BB transmissão da mensagem. É preciso lembrar que um texto nada
Wais é do que um veículo para uma informação, que sairá de um
transmissor (no caso, quem o escreve) e chegará a um receptor (o
leitor).
No caso de um texto literário, de uma poesia, não somente o
conteúdo da informação tem relevância, mas o próprio veículo em si
vale muito. Em tais escritos, ganham destaque especialmente a for
ma, a maneira como frases e parágrafos são escritos, a musicalidade
•ntre as palavras. Pegue como exemplo José Saramago, escritor
português
•nciclopédiaganhador doWikipedia
eletrônica Prêmio Nobel
assimde Literatura.
comenta sobreAseu
inovadora
estilo de
iicrever: “José Saramago foi conhecido por utilizar um estilo oral,
ooevo dos contos de tradição oral populares em que a vivacidade da
comunicação é mais importante do que a correção de uma lingua
gem escrita. Todas as características de uma linguagem oral, predo
minantemente usada na oratória, na dialética, na retórica e que ser
vem sobremaneira o seu estilo interventivo e persuasivo estão pre
sentes. Assim, utiliza frases e períodos compridos, usando a pontua
ção de uma maneira não convencional. Os diálogos das personagens
são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma
que não existem travessões nos seus livros. Este tipo de marcação
das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a
ponto do leitor chegar a confundir-se se um certo diálogo foi real ou
apenas um pensamento. Muitas das suas frases (i.e. orações) ocu
pam
toresmais
usariadepontos
uma página,
finais. usando vírgulas
Da mesma onde
forma, a maioria
muitos dos pará
dos seus escri
grafos ocupariam capítulos inteiros de outros autores.” . Leia a
24
maravilhosa obra “As intermitências da morte” e você comprovará
esse estilo peculiar de escrita. Diante disso, eu pergunto: Saramago
escreve errado? De jeito nenhum! O que ele faz é literatura, é arte e
escritores como Camões e Shakespeare ajudaram a moldar suas
línguas.
É claro que uma sentença que seja estruturada de maneira a
aproveitar de forma mais azeitada e bela o que a língua oferece é
uma sentença mais rica, o mesmo acontecendo com uma reportagem
jornalística ou uma peça publicitária. Só que, em todos esses casos,
não temos o peso da forma como vemos na literatura.
Isso significa que a compreensão da informação deve ser o
ponto principal em um texto jurídico. Como diferenças em relação
ao trabalho dos jornalistas, por exemplo, está a questão da lingua
gem técnica e, por vezes, científica, o que determina uma preocupa
ção maior do magistrado ao redigir uma sentença. Enquanto um
corpo estendido no chão pode ser retratado de diversas maneiras em
uma reportagem policial, uma denunciação à lide deve ter um trata
mento de linguagem mais técnico e uniforme por parte do juiz, a
quem não é permitido um equívoco de chamar tal intervenção de
terceiros de chamamento ao processo, por exemplo (embora o legis
lador eventualmente cometa deslizes técnicos, como no caso do
artigo 101, inciso I, do CDC). Outro paralelo que eu sempre faço é
quanto à área tributária. Nos jornais, é comum um texto se referir a
24 Disponível em hto://Dt.wikipedia.ora/wiki/José Saramago Acessado em 17 jun. 2011.
uma contribuição social como sendo um imposto ou vice-versa.
Bmbora não seja o mais correto, o que interessa ali é que o leitor
laiba que o jornalista está se referindo a um tributo, ou seja, a um
valor que o cidadão tem que pagar para o governo. Se tecnicamente
•quilo é uma contribuição e não um imposto, isso não interessa
muito. Já em uma sentença, essa diferença não pode passar desper
cebida. É preciso cuidar para que a linguagem técnica do Direito
ttão seja negligenciada a ponto de causar confusão no texto.
Mas, é só isso. De resto, ao menos na minha opinião, os ope
radores do Direito têm muito que aprender com os jornalistas e pu
blicitários. Um texto é para ser compreendido, é para fazer com que
a informação
era a intençãoali
de transmitida seja recepcionada
quem a redigiu. Isso significapelo leitor tal
ser direto, e qual
objetivo,
usar palavras de fácil compreensão por qualquer pessoa que leia o
texto (sem esquecer das expressões jurídicas de uso obrigatório,
como já dito), enfim, ter a clareza como um objetivo maior.
E como escrever uma sentença que contemple essa meta?
Duas coisas são a chave do sucesso de qualquer texto; coe
rência e coesão. Para o Direito, coerência é tudo. Eu sempre brinca
va com meus alunos da especialização que eles poderiam escrever o
que quisessem nos questionários, poderiam defender que se deve
pagar ou não pagar tal e qual tributo, desde que fundamentassem a
resposta e, acima de tudo, fossem coerentes. Se você diz que uma lei
ordinária não pode dispor sobre prazos prescricionais em matéria de
contribuições sociais, não pode, logo em seguida, dizer que a e stipu-
lação do prazo prescricional de dez anos para tais contribuições,
feita pela Lei n°. 8.212/91, está em consonância com o sistema tribu
tário nacional25 A incoerência mata qualquer argumentação e des
moraliza o escritor.
Já sobre o tema coesão, vale transcrever a lição tirada de uma
obra simples e muito interessante: “Quando escrevemos um texto,
uma das maiores preocupações é como amarrar a frase seguinte à
interior. Isso só é possível se dominarmos os princípios básicos de
coesão. A cada frase enunciada devemos ver se ela mantém um
vínculo com a anterior ou anteriores para não perdermos o fio do
pensamento. De outra forma, teremos uma sequencia de fraseis sem
** Esseo tema
onais tributário
parágrafo únicofoidopacificado pelo
artigo 5° do STF na súmula
Decreto-Lei vinculante
n° 1.569/1977 n°artigos
e os 08: “São
45i enconstituci
4(6 da Lei
n* 8,212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário1'.
sentido, sucedendo-se umas às outras sem muita lógica, sem ne
nhuma coerência. A coesão, no entanto, não é só esse processo de
olhar constantemente para trás. É também o de olhar para adiante.
Um termo pode esclarecer-se somente na frase seguinte. Se minha
frase inicial for Pedro tinha um grande desejo, estou criando um
movimento para adiante. Só vamos saber de que desejo se trata na
próxima frase: Ele queria ser médico. O importante é cada enuncia
do estabelecer relações estreitas com os outros a fim de tomar sólida
a estrutura do texto”26.
Enfim, coesão é aquilo que faz a gente achar um texto redon-
dinho, sem pontas, bem amarrado. É aquilo que toma a leitura muito
mais
frasesfácil,
vão sepois parece que
sucedendo as informações
de maneira vão conduzindo
harmônica, deslanchando, as
o texto
à conclusão.
Retirei um exemplo de uma decisão que fiz, sobre a penhora
de ativos financeiros nas execuções fiscais. Repare esse pequeno
parágrafo:
Além do mais. é preciso abandonar em nosso país a cultura ex
tremamente protetora do devedor, que só serve para aumentar a
inadimplência e contribuir para que as taxas de juros sejam man
tidas em patamares elevadíssimos. Foi com tal intenção que o
Legislativo editou a Lei n°. 11.382/2006, que promoveu importan
tes alterações na execução por quantia certa contra devedor sol
vente.
talvez
“encherconsidere
lingüiça”,que
na aquilo é apenas
linguagem o bom
popular. e velho
Enfim, exercício
transcrever de
textos
artigos legais é algo que deve ser feito na dose certa, em casos
cessários, como o uso de um antibiótico para curar um problema
saúde.
Fora dos casos de concursos, o operador do Direito é absolu-
nente livre para transcrever como quiser os artigos de lei, corren-
i apenas o risco de redigir uma sentença muito grande e, às vezes,
m a compreensão dificultada por conta do excesso de transcri-
es.
4 Citação de jurisprudência
Em se tratando da resolução de uma sentença em uma prova
concurso, é bobagem falar de citação de jurisprudência, porque
cê não terá uma fonte de consulta à sua disposição. Quer dizer,
bagem em termos, pois algumas súmulas a gente acaba decoran-
como a de n°. 105 do STJ, que afasta a imposição de honorários
vocatícios em mandado de segurança, além das súmulas vinculan-
Fora casos raros como esse, não se cita jurisprudência em con-
rsos, a não ser de forma genérica - algo como: “De acordo com
risprudência reiterada do STF, é passível a cobrança de contribui-
o previdenciária dos servidores inativos...”.
Fora dos concursos, são poucos os juizes que deixam de citar
5um
v, comojulgado em suas
os Estados decisões.
Unidos, Nãoa jurisprudência
no qual decommon
somos um paísacaba sendo
fonte primeira do Direito. Mas isso não impede que as decisões
iteradas dos tribunais sirvam de paradigma para os juizes de pri-
íira instância, até mesmo porque o sistema precisa de uma certa
gurança para funcionar. Nesse sentido, inclusive, a criação da
mula vinculante, que acaba por fazer da jurisprudência brasileira
STF realmente uma verdadeira e direta fonte do Direito.
Quais são os cuidados que devemos ter ao citar a jurispru-
ncia? Em regra, a transcrição é apenas da ementa, pois ela é o
sumo do que foi decidido no tribunal. Isso não impede o mapstra-
de transcrever também partes do voto do relator, especialmente
for necessário para uma melhor compreensão dos motivos da
cisão.
a nãoOserque
emnão se deve
casos fazer é transcrever
absolutamente um voto
específicos. Fora integralmen-
essas exce-
es, a cópia integral de um voto pode levar a uma sentença muito
iga e cansativa, abarcando temas desnecessários para a solução
daquele caso específico e prejudicando a própria compreensão do
texto. De qualquer maneira, o que não se pode esquecer nunca é
citar o tribunal, o número do processo e a classificação processual
relativos à ementa ou voto transcrito, para que o leitor possa identi
ficar a srcem do paradigma e, se quiser, consultar o acórdão na
integralidade. Nos casos em que transcrevo parte do voto, costumo
também destacar o nome do relator, até como forma de respeitar a
propriedade intelectual. Quando transcrevo somente a ementa, nem
sempre tenho essa preocupação, embora em textos científicos seja
mais correto o destaque do nome do relator, em qualquer caso.
Por outro lado, é preciso também tomar muito cuidado com
as ementas,
da decisão e,pois elasvezes,
muitas nem sempre
podemrefletem precisamente
dar a entender o conteúdo
justamente o con
trário. Por isso, procure sempre ao menos passar os olhos no voto do
relator ou do revisor, conforme o caso, para que você tenha seguran
ça de estar utilizando uma fonte que apoie a sua tese. Às vezes, o
seu pensamento é contrário ao que foi decidido, mas o voto vencido
é no mesmo rumo da sua decisão. Nesses casos, embora sempre seja
mais inteligente encontrar um acórdão totalmente favorável, é pos
sível transcrever parte do voto vencido.
Por fim, se você está estudando para concursos, procure fazer
seus exercícios de sentença citando jurisprudências. Embora na hora
da prova você não tenha sua fonte de consultas por perto, a pesquisa
anterior em seu treinamento irá ajudá-lo a recuperar o assunto na
memória
para e a terdomais
a solução segurança em relação ao caminho a ser tomado
caso.
5 Citação de doutrina
A citação de um posicionamento doutrinário também é com
plicada na hora da prova de um concurso, pelo simples fato de que
seus livros não estarão à sua disposição. O máximo que você terá
serão códigos e leis esparsas, sem qualquer comentário ou anotação.
Em virtude de tal fato, a sentença terá que ser resolvida como se
aquele fosse o primeiro caso sobre o tema, sem estudos doutrinários
ou decisões jurisprudenciais. Enfim, o doutrinador será você mes
mo.
Fora dos concursos, porém, a citação da doutrina também é
algo absolutamente comum e corriqueiro na praxe forense. Particu
larmente, não faço citações com tanta frequência, pois acabo me
apoiando mais na jurisprudência. De qualquer maneira, especial
mente em temas mais complexos, polêmicos ou recentes, é sempre
conveniente procurar a opinião de quem estudou o assunto a fundo.
Isso é um recurso muito importante em textos argumentativos, mui
to conhecido como “argumento de autoridade”28. Ao demonstrar que
determinada pessoa, de grande renome naquela área específica,
pensa de acordo com a tese que você defende, o julgador certamente
avaliará com mais cuidado o que você diz, pois você não estará
Nozinho
tante que naquele raciocínio.
você saiba escolherPor
um conta disso, éque
doutrinador absolutamente impor
realmente seja de
peso e muito respeitado no meio jurídico. Pode-se até não concordar
com José Afonso da Silva em questões constitucionais, mas não é
possível desprezar a sua opinião. Se o assunto for direitos difusos,
Hugo Nigro Mazzilli pode até ser controverso, mas é uma autorida
de na área. Autores assim dão credibilidade à sua tese e impõem um
maior peso ao seu raciocínio.
Apenas para finalizar, procure não transcrever longos trechos
de obras doutrinárias, pelos mesmos motivos já expostos em relação
à jurisprudência. Um bom texto jurídico é aquele que diz o essencial
para a compreensão do tema, sem falar além do preciso. Por isso, vá
ao ponto central da exposição do doutrinador e transcreva só o que
for absolutamente
forma completa a necessário, não se
fonte, inclusive esquecendo,
a edição é claro,
do livro de citarda
e o número de
página.
2. FUNDAMENTAÇÃO
2.1 Preliminares
A União Federal alega incapacidade processual
do autor, visto que os fatos em questão ocorre
ram quando ele ainda era menor de idade, o que
levaria à necessidade de assistência ou repre
sentação por parte de seu responsável legal.
2.3 Mérito
No mérito, entendo que o autor está com a
Mérito razão. A ocorrência do fato que srcinou a res
ponsabilidade da União
mente comprovada, poisFederal
a cópiaficou devida
da gravação
da câmera na. 2.567, da Secretaria Municipal de
Trânsito, que estava posicionada no cruzamen
to onde aconteceu o acidente, deixou claro que
o veículo do Ministério do Trabalho avançou o
semáforo vermelho e atropelou o autor, quando
este se encontrava atravessando a rua na faixa
de pedestres. Não é preciso nem tecer conside
rações sobre a responsabilidade estatal ser de
índole objetiva, visto que a culpa neste caso
ficou devidamente comprovada, o que só refor
ça o dever de indenização.
Em relação à comprovação das despesas,
entendo que os documentos juntados no mo
mento
para do ajuizamento
tanto. Com efeito, da
as causa são suficientes
gravações de vídeo
comprovaram a data do acidente, o que tam
bém ficou demonstrado por meio do boletim de
ocorrência policial. Como os recibos do hospital
atestaram a data de internação, que coincidiu
com a do acidente, não há dúvidas de que se
trata realmente das despesas efetuadas pelo
autor por conta do referido acidente. Da mesma
maneira, as receitas médicas estão condizentes
com os medicamentos comprados, bem como
com o tratamento fisioterápico realizado pelo
autor, todos com pagamentos devidamente
comprovados.
Cabe à União Federal arcar, assim, com todas
as despesas incorridas pelo autor com a sua
recuperação por conta do acidente sofrido. É o
que determinam tanto o art. 37, § 6 a da Consti
tuição Federal, ao falar da responsabilidade
objetiva das pessoas jurídicas de direito público
pelos atos de seus agentes, quanto o art. 927
do Código Civil, ao determinar àquele que, por
ato ilícito, causar dano a outrem, a obrigação de
repará-lo.
Por outro lado, tendo em vista que o acidente
foi cometido culposamente pelo agente da Uni
ão Federal, indo além da mera responsabilidade
objetiva, entendo que os juros aplicáveis ao
caso devem ser contados a partir da data de
pagamento de cada uma das despesas. É a
interpretação que se pode fazer a partir da
leitura do art. 398 do Código Civil, pois este
determina que nas obrigações provenientes de
ato ilícito, considera-se o devedor em mora,
desde que o praticou. Quanto ao percentual,
deve ser de 6% (seis por cento) ao ano até a
data de entrada em vigor do novo Código Civil,
a partir da qual o percentual será de 1,0% (um
por cento) ao mês. Aplico, em relação aos juros,
o seguinte precedente do Tribunal Regional
Federal da 1a Região (grifei):
CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO,
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RESPON
SABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ES
TADO. ACIDENTE
DECORRENTE AUTOMOBILÍSTICO
DE BURACO NA PISTA.
DANOS MATERIAIS E MORAIS. PENSI-
ONAMENTO CIVIL E PREVIDÊNCIÁRIO.
POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO. JU
ROS MORATÓRIOS E CORREÇÃO MO
NETÁRIA. 1. "Incide nos efeitos da res
ponsabilidade civil, por força da teoria ob
jetiva, o órgão público responsáve l pela
conservação das estradas de rodagem,
que não toma providência para sinalizar
buracos existentes na pista” (TRF - 1 â Re
gião, AC nfi.96.01.44285-5/DF), 4a. Turma,
DJ de 25/06/1999, relator Desembargador
Federal Mário César Ribeiro). 2. Compro
vado o nexo
resultado causaique
danoso entre a conduta
reclama eo
reparação,
emerge inequívoca a obrigação da União
relativa à recomposição dos danos expe
rimentada pela autora, que tivera a perda
irreparável de seu esposo, restando o de
ver do responsável minorar o sofrimento,
com a recomposição dos danos materiais
e morais experimentados. 3. Consideran
do que a vítima era vendedor, portanto,
profissional autônomo sem comprovação
de renda, se mostra razoável a fixação da
pensão mensal no equivalente a três salá
rios mínimos, ainda mais se a União não
se desincumbiu em nenhum momento de
desconstituir a alegação
à veracidade do valor da da autora
renda quanto
mensal
declarada. 4. Não se compensam, nem se
deduzem da indenização por ato ilícito na
forma de pensionamento, as quantias re
cebidas pela beneficiária da vítima dos
institutos previdenciários ou assistenciais,
haja vista que são verbas pagas sob títu
los e pressupostos distintos, sem relação
de causalidade entre si, podendo ser per
feitamente cumuláveis. 5. Já que o quan-
tum fixado para indenização do dano mo
ral não pode configurar valor exorbitante
que caracterize o enriquecimento sem
causa da vítima ou seus beneficiários,
nema consistir
zar valor
indenização irrisório mostra-se
almejada, a descaracteri-
justa e equânime a fixação do valor da in
denização por danos morais na quantia de
R$ 20.000,00 (vinte mil reais) para a auto
ra, com a ressalva de que tão-somente
quanto ao valor da condenação por dano
moral o termo a quo para a incidência da
correção monetária é a data em que foi
arbitrado o valor definitivo, ou seja, na
sentença. 6. Quanto à correção monetária
e os juros moratórios, aplicam-se, respec
tivamente, os Enunciados de ns. 43 e 54,
do STJ, que dizem: "Incide correção mo
netária sobre dívida por ato ilícito a partir
da data do efetivo
moratórios fluem aprejuízo"
partir doeevento
"Os iuros
dano
so. em caso de responsabilidade extra-
contratual". com a ressalva de que tão-
somente quanto ao valor da condenação
por dano moral o termo a quo para a inci
dência da correção monetária é a data em
que foi arbitrado o valor definitivo, ou seja,
na sentença. 7. Os percentuais de iuros
moratórios devem ser fixados em 6% (seis
por cento) ao ano até a entrada em viaor
do novo Códiao Civil (11/01/2003) e 1%
(um por cento) ao mês a partir de então,
em conformidade com a leaislacão civil
(CC/1916. art. 1.062: e CC/2002. art. 406)
e com o Enunciado
Jornada n s. 20,
de Direito Civil, formuladopelo
organizado na I
Conselho de Justiça Federal. 8. A-
pelação da União e remessa oficial impro-
vidas. (AC 2001.38.00.016866-7/MG, Rei.
Juiz Federal Moacir Ferreira Ramos
(conv), Sexta Turma, DJ de 17/09/2007,
p. 102)
aCivil (11/01/2003)
partir de então. e 1% (um por cento) ao mês
Ante a sucumbência, condeno a União Federal
a ressarcir as custas despendidas pelo autor,
bem como a pagar honorários advocatícios, que
arbitro em 10% (dez por cento) do valor da
condenação, nos termos do art. 20, § 4a, do
Código de Processo Civil.
Afeitos próprios e Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
diretos
Ipatinga, 24 de março de 2007.
Epílogo
Nero Augustus Germanikus33
Juiz Federal
Preâmbulo e ementa
1 O preâmbulo
O preâmbulo é a parte da sentença que identifica o caso sob
gamento, trazendo o tipo ou natureza da ação, o número dos autos
i identificação das partes. É o conhecido cabeçalho e tem uma
portância muito grande, visto que, como dito acima, é ali que se
>erá qual a lide que será objeto da sentença. Algo mais ou menos
lim:
Ação Ordinária
2 A ementa
O art. 563 do Código de Processo Civil diz que todo acórdão
deverá ter ementa. Ora, acórdão é a decisão proferida de forma co-
legiada, normalmente em tribunais e turmas recursais dos juizados
especiais. A pergunta que fica então é a seguinte: pode-se colocar
uma ementa em uma sentença? É claro que sim, embora a maioria
dos magistrados não utilize esse recurso, por conta do relativo traba
lho que dá construir umadeementa
receberbem
feita.processos,
Como as prateleiras
secretarias não param novos o excesso das
de
trabalho acaba por cortar tudo o que não é exigido pela legislação.
Em alguns lugares, porém, é tradição utilizar ementas em todas as
sentenças. Quando iniciei minhas atividades de magistrado na Justi
ça Federal de Sergipe, deparei-me com todo um histórico local nesse
sentido e, em conseqüência, também passei a utilizar as ementas,
embora a quantidade volumosa de processos no juizado especial
recomendasse o contrário. Tempos depois, já no TRF da I a Região,
abandonei o hábito por conta do excesso de processos e por não ter
encontrado por lá a mesma tradição de Sergipe.
Mas, o que é uma ementa? Em palavras bastante simples, é
um resumo da decisão, constituído de duas partes. Na primeira par
te, que muitos colocam em letras maiúsculas, itálicas ou destacadas
de alguma outra forma, são apresentadas palavras ou expressões-
chaves para que o leitor saiba quais os assuntos principais tratados.
Nu segunda parte, que pode ser separada por tópicos numerados ou
nflo, constroem-se algumas frases que resumem o conteúdo da deci-
ofio. Vejamos um exemplo do Tribunal Regional Federal da Ia Região:
CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. ACIDENTE DE
TRÂNSITO CAUSADO POR PREPOSTO DA UNIÃO. RES
PONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO. INDENIZA
ÇÃO PELA MORTE DO CÔNJUGE E PELOS DANOS MATERI
AIS. TEMPESTIVIDADE DA APELAÇÃO DA UNIÃO RECO
NHECIDA PELO STJ. REDUÇÃO DO VALOR DA PENSÃO EM
1/3.
1. No julgamento do REsp 662.668/AM, decidiu o egrégio Supe
rior Tribunal de Justiça ser tempestiva a apelação interposta pela
União, em face de sentença proferida em embargos de declara
ção, ao fundamento de que o prazo para a interposição do re
curso começa a correr da data da juntada aos autos do mandado
de intimação, e não da data de intimação de seu representante
legal.
2. Comprovada a culpa do motorista, condutor de veículo oficial,
configura-se a responsabilidade civil do Estado em indenizar a
família da vítima e reparar os danos pessoais e patrimoniais, os
quais foram objeto de prova regular no âmbito do processo (CF,
art. 37, § 6a).
3. A jurisprudência atual do Superior Tribunal de Justiça pacifi-
cou-se no sentido de que é devida a dedução, do valor da inde
nização, do terço correspondente às despesas que o falecido te
ria com seu próprio sustento, partindo do pressuposto de que, se
ainda estivesse vivo, parte dos seus rendimentos seriam desti
nados a gastos de natureza pessoal (REsp 826.491/CE, Quarta
Turma, Rei. Ministro Jorge Scartezzini, DJ de 05.06.2006, p. 295
e REsp 434.940/PR, Primeira Turma, Rei8. Ministra Denise Arru
da, DJ de 09.10.2006, p. 259).
4. Mantido o valor da indenização pelos danos causados ao veí
culo de propriedade da vítima.
5. Apelação da União parcialmente provida.
(AC 2000.01.00.062707-2/AM, Rei. Desembargador Federal Fa
gundes De Deus, Quinta Turma, DJ de 23/11/2007, p.63)
Pois bem, conforme se vê, no início há uma sequencia de pa
lavras e expressões que permitem ao leitor saber a área do Direito
envolvida, bem como se tratar de um julgamento de um acidente de
trânsito envolvendo pedido de danos morais e materiais, responsabi
lidade objetiva e quantificação da indenização. Isso é suficiente para
traçar um panorama geral da decisão, auxiliando em uma futura
catalogação ou algo semelhante.
Em seguida, o julgador detalha o que foi decidido. Observe
que não se trata de uma transcrição da decisão, mas de um resumo
mesmo - por óbvio. O que se deve ter em mente, para facilitar a
compreensão de quem lê a ementa, é que cada tema deve vir separa
do por tópicos. No primeiro, o julgador tratou do prazo do recurso,
ou seja, de uma preliminar. Isso porque a ementa deve seguir, se
possível, a ordem de disposição dos assuntos na sentença ou no
voto. Depois da preliminar, o tópico seguinte resumiu a decisão
sobre a responsabilidade estatal. Na sequencia, tratou-se da quantifi
cação da indenização para, finalmente, falar do resultado do julga
mento. Quanto aos dados da ação, que estão na última linha entre
parênteses, não são colocados nas ementas srcinalmente nessa
sequencia, visto que o que se transcreveu foi a ementa em uma for
matação feita justamente para transcrições. Nos acórdãos, a ementa
já vem precedida da identificação dos elementos principais do pro
cesso, como número dos autos, tipo de ação, julgador, partes etc. Já
na sentença, esses dados vêm no preâmbulo, razão pela qual a emen
ta deve conter apenas o conteúdo da decisão.
Sugiro a leitura de alguma obra específica sobre o assunto, ou
mesmo de artigos que podem ser encontrados na internet, para quem
deseja se aprofundar na redação de ementas. Na prática cotidiana, se
o tempo permitir, elas são bem-vindas, pois facilitam uma futura
catalogação e busca, conforme já dito. Em concursos, não são co
bradas, razão pela qual os estudantes devem fixar o estudo em ou
tros elementos da sentença.
Caso-modelo: XII Concurso do TRF da 1S Região
Se o preâmbulo é algo que se faz quase sempre em primeiro lu
gar, a ementa sempre fica para o final. Isso é bastante lógico, pois, se a
•menta é um resumo do julgamento, não há como fazê-la antes mesmo
de saber qual o rumo da sentença.
No nosso caso padrão, não há necessidade de fazer o preâmbu
lo. Quanto à ementa, como o examinador já trouxe a proposição como
■endo o próprio relatório, cabendo ao candidato continuar a partir da
fundamentação, também não há espaço para construí-la e, como já
dito, mesmo que houvesse isso não seria absolutamente necessário.
do
nãonosso
tiver tempo é deixar
finalidade. Forade
delado
modatudo o que
soaria não for útil,
a sentença que tudo que
iniciasse
com ‘Vistos e examinados estes autos no I dia do ano do segundo
o
36 Idem, p. 5.
^Capitulo V
Preliminares
1 Introdução
Até agora, vimos o que é sentença, lemos uma proposta de
Concurso e anotamos em um rascunho quais os pedidos da autora, os
pontos contestados pela ré e as provas produzidas. Além disso, vi
mos também qual a ordem mais coerente de se redigir uma sentença.
No capítulo anterior, tratamos rapidamente do preâmbulo,
ementa e da expressão “Vistos, etc.”. Pela lógica, deveríamos falar
agora do relatório. Porém, já tratamos dele quando discorremos
■obre a colheita dos dados para o julgamento, até porque a feitura do
relatório ajuda muito nesse trabalho. Por conta disso, apesar dessa
parte da sentença se inserir após o preâmbulo e antes da análise das
preliminares, não tocaremos novamente no assunto, deixando con-
lignadas as lições já expostas.
Sigamos em frente, colocando a mão na massa. Mas, como o
nosso caso modelo não é o mais completo, vamos tratar de todas as
principais preliminares processuais que são arguidas comumente em
provas e na prática do magistrado, às vezes fazendo referência às
propostas de sentença trazidas no final deste livro, às vezes tratando
de casos fictícios.
2 Competência
Pois bem, entendo que o melhor a se fazer é começar pela
questão da competência37, por dois motivos muito simples: a) se o
magistrado não for competente, não caberá a ele analisar mais nada
no processo; b) esse é um pressuposto processual absolutamente
recorrente nas provas de concursos para a magistratura. Com efeito,
se analisarmos as propostas de sentenças transcritas neste livro,
veremos a alegação de incompetência em inúmeros casos.
Elpídio Donizetti Nunes, sempre com o didatismo que lhe é
peculiar, traz um simplificado roteiro para se definir a exata38 com
petência. Para tanto, deve-se fazer algumas perguntas na sequencia:
a) Qual a justiça competente: nacional ou estrangeira?39
b) Definida a competência da justiça brasileira, resta saber: a
ação deve ser proposta na justiça comum ou especializada?40
c) Definida a competência da justiça comum, cabe indagar: a
demanda deve ser proposta na justiça comum federal ou na
justiça comum estadual?41
d) O conhecimento da causa cabe a órgão superior ou inferi
or?42
e) Definido que a ação pode ser proposta no Brasil, em órgão
inferior da justiça comum estadual, é de se indagar: em qual
comarca (foro) deve ser proposta?
f) Havendo
matéria, na comarca
das pessoas ou dovaras especializadas
valor emérazão
da causa, qual da
o juízo
competente?
tência
42 Umada Justiça
ação Federal.
rescisória do julgado de um Juiz Federal, por exemplo, é de competência
srcinária do Tribunal Regional Federal.
Eu ainda complementaria as excelentes palavras de Elpídio
Donizetti com a seguinte indagação, embora ela caiba no item “f”: a
competência é da vara comum ou do juizado? Se for uma questão
federal, a competência dos juizados é absoluta (Lei n°. 10.259/2001,
art. 3o, § 3o); se for estadual, é relativa.
Pois bem, guardemos esse pequeno roteiro como um auxílio
nos casos em que for demandada a análise acerca do órgão compe
tente para analisar a causa. Nem sempre é preciso fazer todo esse
processo, aliás, em regra não o é, ao menos para o magistrado. Isso
porque, conforme se pode ver na prova do VII Concurso do TRF da
5* Região, em geral o réu já diz qual é o juízo que ele considera
competente, bastando ao juiz analisar se ele tem razão ou não.
Seguindo adiante, a primeira lição básica que devemos recor
dar é a de que existe a competência denominada relativa e a absolu
ta. Relativa é aquela que pode ser prorrogada, ou seja, a legislação
diz que determinado juízo não é competente para analisar a ação,
mas caso esta seja proposta perante ele, em não havendo oposição
das partes, não haverá nulidade alguma43. Da mesma forma, relativa
é a competência que pode ser alterada pelas partes, como acontece
nos contratos em que se elege um foro distinto daquele expresso no
Código de Processo Civil. Em regra, são relativas as competências
em razão
las que doadmitem
não valor e em razão do território.
prorrogação, Já as
ou seja, em absolutas
caso são aque
algum poderá ser
proferida decisão no juízo diferente do determinado pelas leis pro
cessuais e de organização judiciária. Em regra, são absolutas as
competências em razão da matéria, da pessoa e pelo critério funcio
nal.
Não vou entrar em detalhes, pois esta não é uma obra de pro
cesso civil, almejando apenas ser um simples roteiro para a resolu
ção de sentenças. Assim, recomendo uma boa leitura tanto da legis
lação, quanto da doutrina e da jurisprudência, para que o candidato
ou o profissional do Direito se inteirem desse assunto de extrema
Importância.
O que
absoluta nos interessa,
ou relativa, quanto
é a forma à questão
como de ser
ela deverá seraarguida
competência
pelas
u Lembrando que há até a Súmula n° 33 do Superior Tribunal de Justiça para deixar bem
Oltro: “A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”.
partes. Sobre o assunto, vale transcrever dois importantes artigos do
Código de Processo Civil:
Art. 112 - Argui-se, por meio de exceção, a incompetência relati
va.
Art. 113 - A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício
e pode ser alegada, em qualquer tempo e grau de jurisdição, in
dependentemente de exceção.
TRATO.
sível a alegação deincompetência
- Apesarde se tratar de irregularidade formal, é admis
relativa em preliminar de con
testação, em virtude do princípio da instrumentalidade. - Não se
admite a interpretação de cláusulas contratuais em sede de re
curso especial. - É vedado o reexame fático-probatório em sede
de recurso especial. Negado provimento ao agravo. (AgRg no Ag
696.779/RS, Rei. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 08.11.2005, DJ 28.11.2005 p. 284)
Dinamarco (obra citada, volume I, p. 449) parece adotar os ditames do CPC ao consignar:
“0 modo processual único e exclusivo, instituído para a parte arguir a i ncompetência relativa,
é a exceção de incompetência (CPC, arts. 112 304 ss.). É vedado ao juiz o controle espon
tâneo da competência relativa (Súmula 33, STJ) e, quando não oposta regular exceção no
prazo, ocorre a preclusão e a competência se prorroga”.
Caso você detecte desde já que o juízo é competente, eu acho
até interessante, caso realmente você adote a corrente expressada
nesse julgado do STJ, falar rapidamente do assunto, referindo-se à
jurisprudência e à instrumentalidade do processo. Demonstrará um
bom conhecimento das questões atuais do direito processual e enri
quecerá a sua sentença, mas se aparentemente o caso é de incompe
tência relativa mesmo, recomendo rejeitar a arguição no corpo da
contestação por afronta ao art. 112 do Código de Processo Civil.
A arguição de incompetência territorial é bastante comum em
concursos para a magistratura estadual. No âmbito federal, o que
ocorre muito é a arguição da competência ou não da Justiça Federal,
de caráter absoluto.
a competência Tal fato
da Justiça é justificado
Federal, trazidade
noforma bastante
art. 109 simples:
da Constitui
ção, é específica e não de natureza residual, como ocorre com a
estadual. Assim, o operador do Direito precisa saber em quais casos
específicos a demanda deverá ser apresentada a um Juiz Federal.
Raquel Femandez Perrini, em obra que recomendo sobre o
assunto45, gastou mais de 400 páginas para falar sobre as competên
cias da Justiça Federal Comum, o que desde já demonstra ser total
mente inviável ensinar aqui, em um livro de sentença, o que compe
te e o que não compete a essa instituição.
A leitura de uma boa obra sobre o tema, acompanhada de
uma imersão completa no art. 109 da Constituição, deve ser comple
tada
sobrepor uma busca na
competência quejurisprudência
estão sendo acerca dos casos
discutidos mais federal.
na esfera recentes
Além disso, o candidato deve ficar bastante atento aos detalhes, que
por vezes diferenciam a questão do que se vê no âmbito estadual.
Peguemos como exemplo o IX Concurso do TRF da 4a Regi
ão, em cuja proposta de sentença consta o seguinte:
Citada, a União ofereceu contestação, arguindo, preliminarmen-
te, a incompetência absoluta do juízo federal de Canoas, pois o
acidente que deu srcem à demanda ocorreu na capital do Esta-
do.
49 Sugiro a leitura dos arts. 213 a 233 do CPC, que detalham o assunto.
dele, gerando inclusive reabertura do prazo de defesa. Em outras
palavras: o comparecimento do réu faz as vezes da citação válida”50
Esse é o caso mais comum que pode aparecer em um con
curso. Na proposta de sentença, você verá a arguição de nulidade
por ausência ou irregularidade de citação, mas seguida da contesta
ção apresentada pelo réu. A saída? Utilizar o art. 214 do CPC e
seguir adiante.
Porém, é bom estudar direitinho todas as modalidades de ci
tação, pois há casos em que a solução é um pouco diferente. Uma
execução comum de título extrajudicial não admite citação pelo
correio (art. 222, “d”), mas uma execução fiscal admite por expressa
o
disposição
ser essa umalegal (Lei que
questão n°. 6.830/80, art. 8aflições
cause grandes , I). Assim, apesar de para
em concursos não
a magistratura, é sempre bom estar por dentro de todas as exceções
às regras gerais sobre citação.
DISPOSITIVO: se não houve citação ou ela foi nula, o que
cabe é uma decisão interlocutória, “baixando os autos em diligên
cia”, para que a citação seja feita ou refeita, se não foi suprida pelo
comparecimento espontâneo do réu aos autos. Se a preliminar foi
rejeitada na sentença, o dispositivo não precisará fazer qualquer
referência a ela.
4 Conexão e continência
Segundo o Código de Processo Civil, “reputam-se conexas
duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto ou a causa de
pedir” (art. 103) e “dá-se a continência entre duas ou mais ações
sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o
objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras” (art. 104).
Essas duas questões podem levar ao que se convencionou
chamar de modificação de competência, ou seja, quando o magistra
do remete os autos para outro juízo, para que lá o julgamento seja
continuado.
Na prática cotidiana, essas questões costumam ser analisadas
antes do magistrado proferir a sentença. Em regra, se o réu alega
conexão com outra causa, que já teria prevenido o juízo, o problema
é solucionado na fase saneadora. Assim, se realmente houver cone
xão, o juiz proferirá uma decisão ao final da qual enviará os autos
50 Curso de Direito Processual Civil - Volume I. Rio de Janeiro: Forense, 2000. p. 251.
para onde estiver o outro processo. Caso contrário, prosseguirá no
julgamento e, ao menos que o réu apresente sua irresignação por
meio do instrumento processual adequado, a questão estará preclusa
e não será necessário nem falar sobre ela na sentença, a não ser no
relatório.
Em uma prova de concurso, porém, o examinador poderá tra
zer o problema e dizer que ele ficou para ser solucionado na senten
ça. Aí, volto àquela dica que já dei anteriormente: a não ser em um
caso raro, a alegação de conexão ou continência não será proceden
te, ou a sentença terminaria por ali e a avaliação dos candidatos
ficaria prejudicada, visto que outros pontos importantes em uma
sentença deixariam de ser trabalhados.
DISPOSITIVO: valem as mesmas observações já feitas para
a alegação de nulidade ou inexistência de citação.
5 Perempção
Essa palavra para mim sempre soou meio esquisita, quase
como um palavrão. Mas, tecnicamente é algo simples e o próprio
Código de Processo Civil deixa claro o que é a perempção quando
diz: se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo por
não promover os atos e diligências que lhe competir, abandonando a
causa por mais de 30 (trinta) dias, não poderá intentar nova ação
contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretan
to, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito (arts. 268 c/c
267). Em melhores palavras, o autor é obrigado a promover o anda
mento do feito. Se não o fizer espontaneamente, o juiz normalmente
o intima para cumprir o ato. Não cumprido o ato e abandonada a
causa por mais de trinta dias, o processo é extinto sem resolução de
mérito, nos termos do art. 267, III, mas isso não o impede de ajuizar
novamente a causa, a menos que já existam três processos extintos
pelo mesmo motivo. Aí, ocorre a perempção e ele não mais poderá
ajuizar demanda com a mesma causa de pedir.
Nos concursos que fiz, nunca me deparei com uma alegação
dessas. Aliás,
cilmente até na prática
uma pessoa cotidiana
ajuíza três vezes isso
umaéação
meiopelos
raro,mesmos
porque difi
fun
damentos, abandonando-a seguidamente. Por conta disso, acho difí
cil o examinador trazer uma preliminar de perempção em uma prova
de concursos, a não ser que a hipótese abranja apenas parte do caso
que está sendo julgado agora. Se trouxer, e já partindo daquela pre
missa de que raramente a sentença terminará em tal preliminar,
cuide apenas para ver se o caso realmente se encaixa no que diz o
parágrafo único do art. 268 do CPC. Para tanto, faça as seguintes
indagações:
a) Os pedidos e causas de pedir eram os mesmos nas três a-
ções, ou seja, havia identidade entre elas? Lembre-se o que o
CPC fala em ação contra o mesmo réu e o mesmo objeto.
b) Todos os processos foram extintos por abandono do réu
ou algum deles foi extinto por outro motivo?
Com isso, creio que você poderá resolver esse tópico da sen
tença com facilidade. Isso, é claro, se você encontrar uma prova que
traga o problema da perempção.
57 REsp 946.676/CE.
58 Como exemplo dessa atuação excepcional em juízo das Câmaras Municipais, podemos
citar o RMS 12.068/MG julgado pelo STJ, que assim consignou: "O Município tem personali
dade jurídica e a Câmara de Vereadores personalidade judiciária (capacidade processual)
para a defesa dos seus interesses e prerrogativas institucionais. Afetados os direitos do
Município e inerte o Poder Executivo, no caso concreto (municipalização de escolas estadu
ais), influindo
tação ossubjetivo
de direito denominados direitos-função
público, (impondo
legitimando-se deveres),
a Câmara nãopara
Municipal há negar a manifes
impetrar manda
do de segurança”.
prefeito ou procurador. Porém, não precisaríamos descer a esses deta
lhes, visto ser possível entender a partir do enunciado da questão que
eles pleitearam a compensação das contribuições previdenciárias que
foram descontadas de suas remunerações, ou seja, não pediram nada
que fosse de direito do Município C em si. Logo, eles têm legitimidade,
capacidade de serem partes e capacidade processual.
Por sua vez, é preciso perguntar, apesar dessa questão não ter
sido levantada no enunciado da prova: e o INSS, ele tem capacidade de
ser parte ou mesmo processual? Sim. O Imstituto Nacional do Seguro
Social é uma autarquia, sendo esta considerada uma pessoa jurídica de
direito público interno (Código Civil, art. 41, IV). No caso, o INSS ape
nas é representado
vigente, porparte
mas pode ser seusem
procuradores,
juízo. de acordo com a legislação
Em resumo, fique bem atento ao enuinciado da prova. Em geral,
quase sempre há uma preliminar de ilegitimidade, tema que veremos no
próximo capítulo. Nos concursos estaduais,, especialmente em provas
que envolvam direito de família, o candidato também poderá encontrar
questões ligadas à capacidade processual., como uma ação em que
uma criança pleiteia, em nome próprio e sem representação por parte
da mãe, uma pensão alimentícia. Já a capacidade de ser parte é tema
mais raro, mas às vezes aparece, como ocorreu nessa prova do XII
Concurso do TRF da 1 a Região.______________________________
b) Legitimidade ordinária
Para resumir, fala-se em legitimidade ordinária para se referir
àquela que tem o próprio detentor do direito. Se eu sou o proprietá
rio de um veículo e alguém bate no meu carro, tenho legitimidade
ativa ordinária para ingressar com uma ação contra o causador do
63 Nesse caso, meu irmão poderia pedir em nome próprio indenização por danos morais.
»e trata de uma preliminar de ilegitimidade passiva, mas de uma
questão que envolve o próprio mérito da causa.
Qual a saída? Ainda nas preliminares, faça referência a essa
alegação e explique, resumidamente, que não se trata propriamente
de um caso de ilegitimidade, mas do mérito em si, razão pela qual a
alegação será analisada após o julgamento das preliminares.
Voltemos aos casos práticos.
Outro problema de alegação de ilegitimidade ativa foi levan-
a
tudo
uma na prova
ação do IX por
ordinária Concurso do qual
meio da TRFadaempresa
5 Região. Tratava-sepor
B, sucessora de
Incorporação da empresa A, postulava a restituição do valor pago a
título de IPI por esta última. Não era um caso dos mais difíceis, ao
contrário, era bastante simples. Imagino que o examinador queria
apenas ver a atenção do candidato, se ele iria se esquecer de exami
nar ou não essa preliminar, bem como saber se ele tinha a mínima
noção de direito comercial. Bastava se lembrar do disposto no art.
1.116 do Código Civil, que diz:
Art. 1.116. Na incorporação, uma ou várias sociedades são ab
sorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obri
gações, devendo todas aprová-la, na forma estabelecida para os
respectivos tipos.
Conforme
exigível, quando se
forviu acima,
o caso é perfeitamente
- promover possível
a extinção parcial- do
e, aliás,
feito
lem resolução de mérito. Uma sentença não tem uma solução única
para todos os pedidos: cada um pode ser considerado procedente ou
improcedente, cada parte por ser considerada legítima ou ilegítima
para esse ou aquele pedido.
Ainda quanto à personalidade jurídica de outros entes além
da União Federal, Estados e Municípios, é saudável recordar que as
agências reguladoras criadas nos últimos anos, como a ANTT,
ANP64, ANATEL e outras são consideradas autarquias e, por conta
disso, também têm personalidade jurídica própria. Essa questão caiu
na sentença do XII Concurso do TRF da 4a Região e provavelmente
voltará em outras provas, lembrando que já há Estados que têm suas
próprias agências reguladoras65, razão pela qual o problema pode
aparecer também nas provas da magistratura estadual.
Por fim,
tura federal queresta alertar a quem
as empresas pretende
públicas uma vagade
e sociedades na economia
magistra
mista também têm personalidade jurídica própria. No XI Concurso
do TRF da 4a Região, por exemplo, a União Federal alega sua ilegi
timidade passiva sob o argumento de que quem deveria responder
pelos danos seria o Hospital das Clínicas de Porto Alegre, uma em
presa pública federal. O que não se pode esquecer, apesar de não ser
o caso dessa proposta de sentença, é que as sociedades de economia
mista não são julgadas ordinariamente66 pela Justiça Federal.
Conforme se vê, o tema da legitimidade ordinária ativa ou
passiva é por demais recorrente na prática cotidiana e nos concursos
para que o candidato deixe-o de lado. É preciso um estudo aprofun
dado não só das questões processuais, mas do direito material ligado
aos casosreguladoras.
agências em evidência na jurisprudência, como esse último das
Apenas para não deixar o leitor sem una orientação sobre essa questão, indico que o
examinador que redigiu
bargador Luciano a proposta
Tolentino Amaral,de sertença
havia cíveltempos
sroferido do XII do TRFada
antes 1* Região,
seguinte Desem
decisão: PRO
CESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO - RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS -
Por outro lado, não seria um absurdo jurídico dizer que a União
'•deral é parte passiva legítima, tendo em vista o pedido de compen-
!
ição das contribuições com débitos administrados por um órgão seu,
0 caso a Secretaria da Receita Federal. Há, pois, um pedido concreto
ontra a União, embora se possa argumentar não ser ela a administra-
ora das contribuições. O fato da compensação poder ou não ser feita
om créditos da Receita Federal não é matéria de preliminar, mas diz
IBpeito ao próprio mérito. Assim, como dito anteriormente, poderia o
'Otndidato manter a União no polo passivo, sob o argumento de que,
fnesmo não administrando as contribuições, havia um pedido dirigido
diretamente contra ela, deixando para resolver no mérito acerca da
possibilidade de utilização dos débitos na Receita Federal para com
pensação.
Ressalto, como dito, que essa é uma das interpretações possí
veis para o caso. Não há certeza jurídica absoluta, tanto que a socieda
de precisa de juizes para decidir infinitas questões. Entre os juizes,
também não há unanimidade, tanto que foram criados os tribunais não
•ó para dar às partes uma segunda opinião, mas também para tentar
pacificar os entendimentos jurisprudenciais. Só que... os tribunais tam
bém não primam sempre pela coerência, havendo divergências entre
turmas, seções e por aí afora. Ponto final mesmo quem dá é só o STF,
• isso também é relativo, pois a obrigatoriedade de seguimento da
decisão só ocorreria nos casos de súmula vinculante ou controle con
centrado. Por fim, ainda que exista uma súmula vinculante, a própria
legislação prevê a sua reforma, o que às vezes acontece no STF com
•eus julgados, quando sua composição muda substancialmente - basta
lembrar o caso dos depósitos recursais em processos administrativos.
Em resumo, uma prova de sentença nunca é fechada, aceitando
mais de uma solução, a menos que o examinador seja radical e só
•ceite o ponto de vista dele. O que o candidato não pode deixar de lado
é a coerência e a boa fundamentação, além de não cometer aberrações
jurídicas.___________________ ______________________________
A defesa dos interesses difusos em juízo: meio ambiente, consumidor, patrimônio cultural,
patrimônio público e outros interesses. - 15. ed. rev. ampl. e atual. - São Paulo: Saraiva,
2002.
69 p. 53Elpfdlo
NUNES, e 54. Donizetti. Curso didático de direito processual civil. - 5. ed. - Belo Hori
zonte: Del Rey, 2004. p. 31.
Também o art. 5o traz outra disposição, em seu inciso LXX,
especificando quem tem legitimidade para ajuizar mandado de segu
rança coletivo: a) partido político com representação no Congresso
Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano,
em defesa dos interesses de seus membros ou associados.
Por aplicação analógica do inciso LXX acima referido, o Su
premo Tribunal Federal passou a aceitar também a existência dos
mandados de injunção coletivos70, visão compartilhada também por
José Afonso da Silva71. Relembrando que tal instrumento processual
será utilizado sempre que a falta de norma regulamentadora tome
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania
(CF/88, art. 5o, LXXI).
Nesses casos, os autores ajuízam as ações em nome próprio,
mas o provimento judicial aproveitará, em regra, seus filiados e
associados.
Quanto ao habeas data, é uma ação de previsão constitucio
nal (art. 5o, LXXII), utilizada para assegurar o conhecimento de
informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros
ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter pú
blico; e para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
por processo sigiloso, judicial ou administrativo. Porém, há séria
controvérsia acerca da possibilidade de legitimação extraordinária
no caso do habeas data. Alexandre de Moraes, ao defender o caráter
personalíssimo desse remédio constitucional, abre caminho para a
rejeição de um habeas data coletivo: “Através do habeas data só se
podem pleitear informações relativas ao próprio impetrante, nunca
de terceiros. O caráter personalíssimo dessa ação constitucional
deriva da própria amplitude do direito defendido, pois o direito de
saber os próprios dados e registros constantes nas entidades gover
namentais ou de caráter público compreende o direito de que esses
Nessea sentido:
admitir "Apelos
utilização, jurisprudência
organismos do sindicais
SupremoeTribunal Federal firmou-se
pelas entidades de classe,no
dosentido
mandadode de
Injunção coletivo, com a finalidade de viabilizar, em favor dos membros ou associados
dessas instituições, o exercido de direitos assegurados pela Constituição. Precedentes e
doutrina" (STF: Mandado de Injunção n g 20/DF. Relator: Ministro Celso de Mello).
71 Curso de direito constitucional positivo. - 17. ed. - São Paulo: Malheiros Editores, 2000. p.
461
dados não sejam devassados ou difundidos a terceiros”72. Nesse
mesmo sentido, Amoldo Wald e Rodrigo Garcia: “Na falta de previ
são legal, entendemos ser inviável o ajuizamento de habeas data
coletivo, embora seja possível a formação de litisconsórcio ativo se
as informações em questão forem do interesse dos vários impetran
tes”73. No âmbito trabalhista, porém, há posições em sentido diver
so, como a de André Araújo Molina 74, para quem é possível um
sindicato, desde que autorizado pelos seus filiados, impetrar habeas
data para obter informações da esfera laborai.
A Constituição Federal ainda traz em seu art. 5 o uma ferra
menta social de extrema importância, embora nem sempre utilizada
pelos cidadãos como seria de se esperar: a ação popular. Aliás,o
quando o texto constitucional fala logo no parágrafo único do art. I
em exercício direto do poder pelo povo, uma das formas de tal exer
cício direto é justamente a ação popular, por meio da qual há uma
participação do cidadão na administração da justiça75. Nos termos
do inc. LXXm do art. 5o da Constituição Federal, qualquer cidadão
é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesi
vo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histó
rico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
custas judiciais e do ônus da sucumbência. Assim, agindo em nome
próprio, o cidadão defende um interesse de toda a coletividade, ca
racterizando uma legitimidade extraordinária.
Outro caso que convém estudar, pela importância que repre
senta atualmente no país, é o das ações civis públicas, amparadas
principalmente pela Lei n°. 7.347/1985. Esse valioso instrumento de
provocação do Poder Judiciário é utilizado para apurar a responsabi
lidade por damos morais e patrimoniais causados: ao meio-ambiente;
ao consumidor; à ordem urbanística; a bens e direitos de valor artís
tico, estético., histórico, turístico e paisagístico; por infração da or
dem econômica e da economia popular (art. Io da Lei n°.
72 Direito Constitucional. -15. ed. - São Paulo: Atlas, 2004. p. 157.
73 WALD, Amoldo>; FONSECA, Rodrigo Garcia da. O habeas data na Lei n. 9.507/97. 2006.
Disponível em: -<http://www.saraivajur.com.br/doutrinaArtigosDetalhe.cfm?doutrina=743 >.
Acesso em: 13 de>z. 2007.
74 MOLINA, Andrsé Araújo. O novo inciso IV do artigo 114 da Constituição Federal e a sua
aplicabilidade, abirangência e procedimento na Justiça do Trabalho. Jus Navigandi, Teresina,
ano 14, n.
Acesso 2129,
em: 30 abr.
17 jun. 2011.2009. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/12724>.
75 José Afonso da Silva, obra citada, p. 150.
7.347/1985). Por meio da ação civil pública, algumas pessoas previ
amente designadas em lei pleiteiam, em nome próprio, a proteção de
Interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos, neste último
caso não sem uma controvérsia jurisprudencial e doutrinária.
Como você deve ter percebido, em vários desses casos, seja o
mandado de segurança coletivo ou uma ação popular, por exemplo,
o autor também pode defender um interesse próprio. Se a prefeitura
da minha cidade vai construir um aterro sanitário em um local im
próprio, com prejuízo da fonte de abastecimento de água da popula
ção, eu tenho interesse direto no impedimento dessa obra, visto que
também utilizo em minha casa daquela água. Logo, entrando com
uma ação popular, eu posso até defender o interesse da coletividade,
Nem, no entanto, deixar de defender meu direito pessoal. Assim, fica
u pergunta: como compatibilizar essa questão com o instituto da
legitimação extraordinária? A resposta é simples, ao menos no meu
entendimento. Embora para mim seja importante ter uma água de
qualidade na minha casa, não se pode negar que o efeito maior da
ução popular será para a coletividade em geral. Por isso, cabe pon
derar qual o direito mais relevante defendido, se é que se pode falar
em relevância nesse caso. Mazzilli também defende essa ideia, ao
dizer que continua a “identificar na ação civil pública ou coletiva a
predominância
substituição do fenômeno
processual, da legitimação
pois esse extraordinária
fenômeno processual só nãoouocor
da
reria se o titular da pretensão processual estivesse agindo apenas na
defesa de interesse material dele próprio, por ele mesmo invocado.
Mas na ação civil pública ou coletiva, embora em nome próprio, os
legitimados ativos, ainda que ajam de forma autônoma e, às vezes,
também defendam interesses próprios, na verdade estão a buscar em
juízo mais que a proteção de meros interesses próprios: o pedido
formulado na ação civil pública ou coletiva não visa à satisfação
apenas do interesse do autor, mas sim de todo o grupo lesado...”76.
Não é objetivo desta obra aprofundar questões relativas às ci-
tudas ações, que são as principais77 quando se fala em legitimação
” Obra
11 citada,
Mas não sãop.as55.
únicas. Há inúmeras ações ajuizáveis pelo Ministério Público, como as de
Inltrdição de pessoas, nas quais o referido Órgão não defende interesse próprio, agindo por
legitimação extraordinária. Exemplo dessa exceção pode ser visto na prova do VI Concurso
doTRF da 5* Região, que trouxe um caso de ação de improbidade administrativa movida
ptlo Ministério Público Federal. Além disso, entendo ser cabível falar também em legitlmlda-
d» extraordinária nos casos de controle concentrado de constitucionalidade.
extraordinária. Sobre elas, ainda voltaremos a falar mais adianto,
apenas para identificar alguns problemas mais comuns que podem
aparecer. Por enquanto, vamos nos restringir a verificar alguns caso»
exigidos em concursos que demandam do candidato o conhecimento
da legitimação extraordinária.
ação
Beocê me(já que a legitimidade
como é queéeu
uma dasnacondições de ação). Aí,não
ÍOra,inhonãoa internet
pergunta: faço hora da prova, já que
para poder consultar a jurisprudência e saber isso?
conte com a internet do momento da prova! É importante
bltudar jurisprudência, especialmente para os concursos da magis-
batura. Lendo previamente os entendimentos jurisprudenciais domi
nantes, você veria que várias decisões como essa do STJ são emba
ladas nos arts. 127 e 129 da Constituição Federal, que estabelecem
|Ue o Ministério Público tem poder para defender interesses difusos,
poletivos e individuais indisponíveis, sem fazer referência a interes-
' ís individuais disponíveis. Então, essa é a regra, só quebrada por
Kceções como a do Código de Defesa do Consumidor (art. 81). E,
amo consumidor não é o mesmo que contribuinte e nem beneficiá-
da previdência social, não haveria legitimidade nesse caso. Na
jva você pode até fazer uma referência à jurisprudência: “Con-
le jurisprudência dominante, o Ministério Público...”. Mas, é
ro, sem detalhar um julgado específico, a menos que você tenha
na memória extraterrestre que te permita gravar os cabeçalhos das
cisões que você leu enquanto estudava.
O interessante desse caso específico, do X Concurso do TRF
da 4a Região, é que a sentença acabaria nas preliminares, caso ado
tada a jurisprudência do Supeiior Tribunal de Justiça Assim decidiu
o STJ, sobre tema idêntico ao da prova:
PROCESSO CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. FALTA DE INDICA
ÇÃO EXPRESSA DO DISPOSITIVO LEGAL APONTADO CO
MO VIOLADO. INDENIZAÇÃO POR CONTAMINAÇÃO PELO
VÍRUS HIV EM TRANSFUSÕES SANGÜÍNEAS. RELAÇÃO JU
RÍDICA ESTABELECIDA ENTRE A UNIÃO E O CIDADAO. NÃO
APLICABILIDADE, AO CASO, DA LEI Ns 7.347/85, POSTO
QUE A REFERIDA AÇÃiO PRESTA-SE À PROTEÇÃO DOS IN
TERESSES E DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS,
QUANDO OS SEUS TITULARES SOFREREM DANOS NA
CONDIÇÃO
MINISTÉRIODEPÚBLICO
CONSUMIDORES. ILEGITIMIDADE
RECONHECIDA. ATIVA DO
PRECEDENTES
DESTA CORTE SUPERIOR. 1. O recurso, para ter acesso à
sua apreciação neste Tribunal, deve indicar, quando da sua in-
terposição, expressamente, o dispositivo e alínea que autorizam
sua admissão. Da mesma forma, cabe ao recorrente, ainda,
mencionar, com clareza,, as normas que tenham sido contraria
das ou cuja vigência tetnha sido negada (AG n s 4719/SP, Rei.
Min. Nilson Naves, DJU de 20/09/90, pág. 9762; REsp n8
4485/MG, Rei. Min. Nilson Naves, DJU de 15/10/90, pág. 11190;
REsp n8 6702/RS, Rei Min. Fontes de Alencar, DJU de
11/03/91, pág. 2399). Em assim não ocorrendo, ou se dê de mo
do deficiente, o recurso torna-se inadmissível. 2. Nos exatos
termos da Lei n8 7.347/85, a Ação Civil Pública é o instrumento
processual adequado para reprimir ou impedir danos ao meio
ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, es
tético, histórico, turístico e paisagístico, protegendo, dessa for
ma, os interesses difusos da sociedade. 3. A jurisprudência des
ta colenda Corte de Justiça vem se firmando no sentido de não
ser cabível o uso da Ação Civil Pública para fins de amparar di
reitos individuais, nem se prestar à reparação de prejuízos cau
sados por particulares pela conduta comissiva ou omissiva da
parte ré, não revestindo o caso em apreço no conceito constante
da Lei na 7.347/85. 4. A Ação Civil Pública não se presta como
meio adequado a indenizar cidadãos que tenham sido contami
nados pelo vírus HIV erm transfusões sanguíneas realizadas em
quaisquer estabelecimentos do país. 5. Os interesses e direitos
individuais homogêneos, de que trata o art. 21, da Lei n 8
7.347/85, somente poderão ser tutelados, pela via da ação cole
tiva, quando os seus titulares sofrerem danos na condição de
consumidores. 6. Ilegitimidade ativa do Ministério Público reco
nhecida. Precedentes desta Casa Julgadora. 7. Recurso Especial
improvido. (REsp 220.256/SP, Rei. Ministro JOSÉ DELGADO,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 14.09.1999, DJ 18.10.1999 p. 215)
Repare que a decisão é de 1999 e o concurso ocorreu em
2001, logo, a decisão do STJ já era conhecida. Isso demonstra duas
coisas. Primeiro, que aquela regra que eu vivo repetindo, no sentido
de que uma sentença de concurso nunca termina nas preliminares,
(em lá suas exceções e estamos diante de uma delas. Segundo, que a
questão da legitimidade extraordinária é tão complexa, rica e polê
mica, especialmente em relação às ações civis públicas, que o exa
minador poderia redigir uma proposta de sentença que terminasse
nas preliminares, sem fazer, com isso, com que o candidato fosse
precariamente
4“ Região, umavaliado.
Tribunal Éconhecido
claro, no caso do X Concurso
por inovar em váriosdotemas,
TRF da
o
candidato poderia defender uma tese diferente, acatando a legitimi
dade do Ministério Público e seguindo para a análise do mérito,
desde que fundamentasse bem sua decisão, obviamente. Mas pode
ria também, e isso era o mais natural, encerrar a questão ali.
Diante de tudo isso, a minha recomendação é que você estude
muito bem quem pode propor as ações como legitimado extraordi
nário, especialmente nesse caso de ação civil pública, tema muito
em voga devido à ampliação da atuação do Ministério Público. Mas
não é só. Na ação popular, há margem para o examinador testar o
candidato para saber se ele, por exemplo, sabe que apenas os cida
dãos podem ajuizar esse tipo de ação (Lei 4.717/65, art. I o). E se
houver um
jurídica, porlitisconsórcio
exemplo? Opassivo em entre
que fazer? um cidadão
O candidato e uma
deve saberpessoa
que
esse é um caso de acatar a preliminar de ilegitimidade ativa da pes
soa jurídica, extinguindo o feito quanto a ela sem resolução do méri
to. Essa e outras questões podem ser exigidas na prova e, para saber
respondê-las, não basta a leitura de um livro sobre sentenças, pelo
contrário: é fundamental ler algo específico sobre o tema ou, ao
menos, as leis que regem as principais ações que trazem a legitima
ção extraordinária.
Seguindo em frente, é preciso tomar muito cuidado com os
casos em que o examinador leva a crer que estamos diante da polê
mica sobre a existência ou não de uma legitimidade extraordinária,
quando na verdade o caso não passa pela análise desse instituto.
Peguemos a prova de sentença cível do TJ/DFT, relativa ao concur
so de 2007. Tínhamos ali um caso de responsabilidade estatal em
que a autora pleiteava valores do poder público em decorrência do
falecimento de seu companheiro, vítima de um acidente cuja res-
ponsabilidade poderia, em tese, ser imputada ao Distrito Federal. 0
que a ré arguiu na contestação? A ilegitimidade ativa “ad causam"
da Autora, vez que estaria pleiteando, em nome próprio, direito
alheio. O candidato não precisaria nem descer a detalhes sobre legi
timidade extraordinária para derrubar a preliminar, especialmente
porque a questão passava longe dessa análise. Bastava dizer que a
autora não estava pleiteando um direito alheio, mas um direito pró
prio, visto que seu companheiro participava da manutenção das
necessidades do lar e sua ausência acarretava prejuízos a ela, que
deveriam ser suportados por quem causara a referida ausência. Ali
ás, essa questão específica da prova do TJ/DFT até se confunde em
partes com o mérito. De qualquer maneira, caberia analisá-la em
sede de preliminar, ainda que rapidamente, apenas para dizer que o
que se pleiteava era um direito próprio.
DISPOSITIVO: reconhecida a legitimidade extraordinária do
autor, nada há a ser destacado sobre isso no dispositivo da sentença.
Caso contrário, extingue-se o processo sem resolução de mérito, nos
termos do inciso VI do art. 267 do CPC.
' Sempre
última preferi
indica queahouve
expressão “autoridade
uma coação, impetrada
quando ” a na
somente “autoridade
sentença écoatora”
que se ,confirmará
visto que esta
ou
não tal fato.
Há raras exceções na jurisprudência. O Tribunal de Contas da União, por exemplo, já foi
considerado parte legítima do polo passivo em mandado de segurança (TRF da 1a Região,
AMS 2002.34.00.029835-2/DF, Rei. Juíza Federal Sônia Diniz Viana, Primeira Turma, DJ de
30/07/2007, p.10).
parará com essa preliminar. Naquele exame, a autoridade impetrada
(Reitor da Universidade Federal de Sergipe) alegou ser parte ilegí
tima, devido ao fato de o ato combatido haver sido praticado pela
comissão processante (era um caso de punição disciplinar de servi
dores), limitando-se o impetrado a acolher as conclusões da comis
são. Como já vimos, o mandado de segurança é impetrado contra
uma autoridade, razão pela qual não se poderia falar, nesse caso, em
incluir a comissão processante no polo passivo80. Em conseqüência,
para resolver o caso sob análise, caberia ao candidato se lembrar da
lição firmada pela jurisprudência, no sentido de que, no mandado de
segurança, a autoridade coatora tem sua legitimidade medida tanto
pela possibilidade de fazer quanto de desfazer o ato indigitado coa-
tor81. Em resumo, esse tipo de ação visa combater um ato ilegal ou
abusivo. A pessoa incluída no polo passivo é autoridade com atribu
ição para fazer ou desfazer tal ato? Se a resposta for positiva, não se
fala em ilegitimidade passiva.
Por conta das dificuldades de se descobrir quem tem compe
tência para fazer ou desfazer o ato que se está combatendo, normal
mente os advogados costumam colocar um monte de autoridades no
polo passivo, para ver se sobra ao menos uma delas ao final. Essa
prática é estimulada pelo fato de não haver condenação em honorá
rios no caso de sucumbência (STJ, Súmula n°. 105), ou seja, se a
autoridade X for excluída da lide, o impetrante não será penalizado
financeiramente por isso. Consequentemente, se é um caso corri
queiro
não serna lide forense,naéhora
surpreendido bomda
o candidato
prova. Leiaestudar bem osobre
o que puder tema man
para
dados de segurança e, mais do que isso, procure na jurisprudência os
entendimentos sedimentados e aqueles que estão em discussão mais
evidente na atualidade.
Quanto ao polo ativo, impetrante deve ser quem sofrer ou pu
der sofrer as conseqüências do ato ilegal ou abusivo. Não tem muito
segredo. A única questão que pode eventualmente aparecer é no
caso de mandado de segurança coletivo, tema mais afeto à legitima-
80 Também aqui a jurisprudência traz exceções, aceitando que uma comissão ocupe o polo
passivo de um mandado de segurança, desde que representada pelo seu Presidente e
somente se a hipótese fosse de ilegalidade de ato da própria Comissão (TRF da 1a Região,
AMS 2000.37,00.008950-1/MA, Rei. Juiz Federal Manoel José Ferreira Nunes, Primeira
Turma, DJ de 04/12/2006, p. 19). Mas, repare que, ainda assim, exigiu-se a figura de uma
autoridade,
81 TRF da 1ano caso oAMS
Região, Presidente da comissão.
2000.34.00.019508-3/DF,
Rei. Desembargador Federal Leomar
Barros Amorim De Sousa, Oitava Turma, DJ de 04/12/2006, p.185.
Vão extraordinária que vimos no capítulo anterior. Nesse caso, basta
guardar o que diz o art. 5o, inciso LXX, da Constituição Federal
sobre os legitimados a promover a ação coletiva: a) partido político
com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical,
entidade de classe ou associação legalmente constituída e em fun
cionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
inembros ou associados. O que se discute nos tribunais, e que pode
ser objeto de uma prova, normalmente é a questão da existência há
pelo menos um ano e da pertinência do interesse defendido em rela
ção aos objetivos estatutários do autor do mandado de segurança
coletivo. Mas isso é tema para ser visto em outra obra, pois foge ao
alvo deste livro. De resto, vale lembrar que, se em um caso de man
dado de segurança coletivo o examinador não tocou em nenhum
detalhe sobre a observância dos requisitos da alínea “b” desse citado
inciso LXX, como ocorreu na prova do XXXVIII Concurso para
Juiz de Direito do TJ/RJ, é porque ficou presumida a regularidade
na formação do polo ativo. Quanto à debatida questão da necessida
de ou não de autorização expressa dos associados, no caso de man
dado de segurança coletivo, essa questão será vista quando tratar
mos dos defeitos de representação ou falta de autorização.
“Interesse
Dinamarco, por exemplo,
de agir: acolhe
Instituições..., a adequação
Volume como um dos fatores da existência do
II, p. 305/306.
14 Nesse sentido, de ligar o interesse de agir à adequação da via eleita: STJ, AgRg no Ag
648.450/RS, Rei. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em
02.02.2006, DJ 20.03.2006 p. 284. Se bem que a leitura da íntegra do acórdão não revela
totalmente a adoção da adequação como um dos elementos do interesse de agir, havendo
■penas uma rápida referência ao tema na ementa.
incômodos e delongas da prévia cognição? Seria antes o caso do
falar em excesso do que em falta de interesse...”85
Como não é objetivo nosso ficar aprofundando questões dou
trinárias do direito processual civil, vamos acatar a lição de Barbosa
Moreira e ficar com apenas aqueles dois requisitos para a existência
do interesse de agir: necessidade e utilidade do provimento judicial.
Pois bem, a prova do XI Concurso do TRF da aI Região trou
xe um caso envolvendo interesse de agir que é bastante comum na
prática das varas federais: a necessidade de ter havido prévio reque
rimento administrativo junto ao INSS para que o cidadão possa
ingressar em juízo pleiteando um benefício previdenciário. No texto
da prova, a expressão “interesse de agir” não foi mencionada, mas,
ao alegar a ausência de requerimento administrativo como prelimi
nar, o INSS estava dizendo que não havia necessidade de acionar o
Poder Judiciário se o benefício podia ter sido deferido administrati
vamente.
Nos tribunais, a questão desse caso específico ainda não é pa
cífica. Há julgados tanto no sentido da desnecessidade 86 do prévio
requerimento administrativo, quanto da sua necessidade87, como
condicionante do interesse de agir. Ocorre que o candidato precisava
decidir ali na hora da prova e acatar essa preliminar significaria
jogar todas as demais questões do caso no lixo. Suponhamos que
85 Obra citada, p. 201 e 202.
86
emSTJ, AgRg noDJ
12.12.2006, REsp 871.060/RS,
05.02.2007 Rei. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado
p. 371.
87 Nesse caso, parece que a exigência do prévio requerimento administrativo tem fundamen
tos mais práticos do que jurídicos, no sentido de viabilizar o funcionamento dos juizado»
especiais federais, impedindo que eles se tornem meros balcões de uma repartição prevl-
denciária. É o que se depreende do seguinte julgado da Turma Nacional de Uniformização
dos JEFs: “PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA ESPECIAL - TRABALHADOR RURAL
EM REGIME DE ECONOMA FAMILIAR - SENTENÇA QUE JULGA EXTINTO O PROCES
SO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO - FALTA DE INTERESSE DE AGIR - AUSÊNCIA DE
PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO - NECESSIDADE DE PRÉVIA CARACTE
RIZAÇÃO DE LIDE - PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NÃO CONHECIDO. I - A Jurispru-
dência do C. Superior Tribunal de Justiça que afasta a necessidade de prévio requerimento
administrativo para que o segurado possa ajuizar ação de natureza previdenciária não tem
similitude fática com as hipóteses das ações previdenciárias que tramitam nos Juizados
Especiais Federais, tendo em vista que foram estabelecidos em processos previdenciários
de varas federais comuns, antes mesmo da criação dos Juizados Especiais Federais. II -
Nas ações previdenciárias no âmbito dos JEFs, é necessária a prévia caracterização de lide
para atender à condição da ação relativa ao interesse de agir, na sua modalidade de utilida
de/necessidade do provimento jurisdicional, o que se dá com o prévio requerimento adminis
trativo, em que haja indeferimento expresso do pedido ou demora injustificável para sua
apreciação. III - Entendimento contrário importa no aumento extraordinário do número do
demandas desnecessárias no âmbito dos JEFs, o que compromete a celeridade daqueles
processos
n. onde realmente Relator
2005.72.95.006179-0/SC. haja lideJuiz
e necessidade da intervenção
Federal Alexandre do Poder
Miguel. Turma Judiciário.
Nacional de (PU
Uniformização. Maioria. DJU de 21/11/2006)”.
você tivesse convicção de que realmente o prévio requerimento
administrativo é necessário, até porque o INSS tem direito de ter
submetido primeiramente a ele um pedido de benefício previdenciá
rio antes do ajuizamento da correspondente ação judicial, que gerará
custas e honorários para o perdedor da demanda. Qual a saída? Ado
tar um entendimento que eu mesmo já utilizei no exercício da ma
gistratura: “A ausência de requerimento administrativo caracteriza
lalta de interesse de agir, acarretando a prematura extinção do pro
cesso. Entretanto, no caso dos autos, a Autarquia Previdenciária
contestou o mérito da pretensão, fazendo crer que o pedido adminis
trativo seria indeferido. Dessa forma, havendo resistência por parte
do réu, não há que se falar em ausência do interesse de agir em juí
zo»88.
Quando eu falei em erro quanto ao significado da expressão
“interesse de agir”, no início deste tópico, eu me referia a casos
como aquele que constou na prova do XII Concurso do TRF da 4 a
Região. A autora seria uma empresa de transporte que por anos
explorara uma linha interestadual de ônibus, mesmo sem autoriza
ção para tanto, mas que em determinado momento recebeu um auto
de infração da ANTT por conta dessa conduta. Sob diversas alega
ções, especialmente da supremacia do interesse público, já que o
serviço prestado pela empresa era de relevância social, a autora
pedia um provimento para poder continuar operando a linha. Em
uma das suas alegações, porém, a ANTT arguiu a falta de interesse
de agir da autora, porque apenas após sagrar-se vencedora em licita
ção específica, poderia receber permissão para realizar serviços de
transporte terrestre. Tudo bem que, em termos de defesa, um erro
pode ser proposital e com uma intenção clara, mas, tecnicamente
falando, o fato da autora não ter obtido a concessão da linha por
meio de uma licitação específica não significava falta de interesse
de agir, até porque a empresa argumentava que a supremacia do
interesse público suplantava a necessidade de licitação.
Esse é um caso muito comum, da parte ré alegar falta de inte
resse de agir utilizando como argumento um fato que se refere na
verdade
Cabe ao mérito, ou,
ao magistrado ou no
seja, à em
caso improcedência do próprio
análise, ao candidato pedido.
repelir
11 Defeito de representação
O de procuração
xistência defeito denos
representação
autos ou denão abrange
vícios em talapenas casos de ine
instrumento,
mas vários outros. Segundo Emane Fidélis, “o defeito de represen
tação tanto se refere à relativa aos incapazes, abrangendo também os
Como exemplo de tal equívoco, gerando correção pelo Tribunal, caberia transcrever o
MQUinte julgado do TRF da 1 a Região: “PROCESSUAL CIVIL. INDEFERIMENTO LIMINAR
DA PETIÇÃO INICIAL (CPC, ART. 295, III). RAZÕES DE MÉRITO. ANULAÇÃO DA SEN-
TENÇA. 1. Pretendia o autor anulação do exame psicotécnico a que fora submetido, a fim de
assegurar sua permanência em concurso público para provimento de Cargo de Agente
Penitenciário Federal. 2. A petição inicial foi i ndeferida liminarmente, por carência do direito
ele ação (CPC, art. 295, III ), sob as seguintes considerações: a) "o autor vergasta a sua
desclassificação no exame psicotécnico sem que, contudo, solicite do Poder Judiciário seja-
Ihe deferida novel oportunidade de submeter-se ao referido teste"; b) "é vedado ao Juiz
apreciar questão que tanja os critérios de conveniência e oportunidade da Administração
Pública"; c) "o certame a que se submeteu o autor previu a realização do exame psicotécni-
eo, exigência esta lídima e de assento legal"; d) "ao pleitear, tão-somente, a reserva de
vaga, in limine, e a matrícula no Curso de Formação, no mérito, pretende-se que o Judiciário
declare a desnecessidade de o requerente não ser submetido ao exame profissiográfico, em
elara afronta ao princípio da harmoniosa separação dos Poderes da República"; e) "tal
provimento estabeleceria
lendo certo que flagrantdo
os concorrentes e desrespeito ao princípio
autor se submeteram da isonomia
à exigência porentre osinvectiva-
ele ora candidatos,
da". 3. As razões invocadas pelo MM. Juiz configuram apreciação do mérito. Não se trata de
matéria processual (ausência de interesse ou mesmo impossibilidade jurídica do pedido). 4.
lentença anulada de ofício, com retorno dos autos à Vara de srcem para novo julgamento,
ipôs instrução da causa. 5. Apelação prejudicada. (AC 2006.34.00.012487-5/DF, Rei.
Desembargador Federal João Batista Moreira, Quinta Turma, DJ de 05/10/2007, p.100)".
casos de assistência (art. 8o), como também à das pessoas jurídicas e
das entidades que, sem ter personalidade, têm capacidade de ser
parte (art. 12), e ainda à capacidade postulatória. Como exemplo de
necessidade de autorização, cita-se a hipótese do art. 10 do Código
de Processo Civil, que prevê a obrigatoriedade de consentimento do
outro cônjuge, ‘para propor (o autor) ações que versam sobre bens
imóveis ou direitos reais sobre imóveis alheios’, e a do art. 68 do
Código de Processo Penal, que dá legitimidade ao Ministério Públi
co para execução, no cível, de sentença penal condenatória, ou ação
civil, para reparação do dano, mediante requerimento, quando o
titular do direito for pobre”92.
si, masNão
de se está falando
problemas comaqui sobre incapacidade
a representação. de osercaso
Imagine partedeem
um
adolescente de 16 anos que ajuíze uma ação postulando uma indeni
zação por danos materiais. Ele pode ser parte? Sim, pois é titular de
direitos. Porém, se não for assistido por seus representantes legais,
haverá um vício processual capaz de levar à extinção do feito. Da
mesma maneira, um processo no qual não exista a procuração dando
poderes para o advogado sofrerá de defeito de representação. Como
exemplos, seguindo a linha traçada por Emane Fidélis, podemos
falar ainda de uma empresa que vai a juízo por meio de advogados
constituídos, mas com procuração assinada por um funcionário que
não tem poderes no contrato social para outorgar procurações; um
município, representado pelo presidente da Câmara de Vereadores;
um condomínio, representado por um morador que não seja seu
síndico etc.
Nas propostas de sentença que trouxemos a este livro é possí
vel observar um caso de defeito de representação. Na prova do X
Concurso do TRF da 2a Região, há a seguinte alegação da defesa:
“Ainda, preliminarmente, afirma existir defeito na representação
processual do Autor, tendo em vista que a procuração foi outorgada
ao advogado por instrumento particular, o qual, embora com cláusu
la ad judicia e assinado pelo outorgante, não contém a indicação da
ação e nem o nome do Réu contra quem deveria ser proposta”. Co
mo era de se prever, tal preliminar não levaria à extinção do feito
nesse caso específico de concurso. Bastava ao candidato dizer que o
M6* Turma Cível - Processo: APC 2005.01.1.121348-6; 4* Turma Cível - Processo : APC
2001.01.1.001097-0.
12 Falta de autorização
A falta de autorização, matéria que deverá ser arguida pelo
réu em sua contestação, costuma ser um assunto muito comum nau
ações ajuizadas coletivamente ou em substituição processual.
Na prova do VIII Concurso do TRF da Ia Região, essa ques
tão foi levantada. O caso era de uma ação relativa ao Sistema Finan
ceiro de Habitação, tema que por anos encheu as prateleiras das
varas federais de todo o Brasil, e trazia um pedido de litisconsórcio
ativo de uma associação de mutuários. O ingresso da associação nos
autos foi refutado pela ré sob alegação de falta de autorização de
seus sócios.
Para se aprofundar sobre o tema, o melhor a fazer é ler o que
dizem os grandes doutrinadores e pesquisar a jurisprudência. De
qualquer maneira, é imprescindível ter em mente dois incisos do art.
5o e um do art. 8o da Constituição Federal:
Art. 59 Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros resi
dentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autori
zadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou
extrajudicialmente;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação le
galmente constituída e em funcionamento há pelo menos um
ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
Art. 8S. É livre a associação profissional ou sindical, observado o
seguinte:
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos
ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
administrativas;
É
m relação Jurídica prooassual existente entre o assistente e os adversários do assistido.
r@t§ a oondanaolo «m honorários. 2. Apelo Improvido. (AC 1999.01.00.106682-4/BA,
Juíi Hlllon Outiroí, Quarta Turma, DJ da 04/08/2000, p.370)”
itJ: Rlip 579739/DF, Rei. Mlnlitro Joaó Delgado
Quando estava estudando para concursos, procurei uma ex
plicação absurdamente simples para compreender e diferenciar as
modalidades de intervenção de terceiros. Primeiro, para guardar os
nomes, coloquei na cabeça que o CPC as trazia em ordem alfabética
decrescente: oposição, nomeação, denunciação e chamamento.
Quanto à oposição, criei na minha cabeça a imagem de alguém fa
lando para duas pessoas que estão brigando por um bem qualquer:
“Não adianta brigar, porque isso aí é meu”.
Realmente, a oposição é mais ou menos isso: duas pessoas li-
tigam por uma coisa ou direito e uma terceira intervém na lide, sob
alegação de que aquilo lhe pertence (art. 56 do CPC). Mas o opoente
deve fazer isso até antes de ser proferida a sentença, senão terá que
buscar seus direitos por outra maneira.
Para fins de feitura de uma sentença, seja na vida prática ou
em um concurso, o mais importante é guardar o que diz o art. 61 do
CPC:
Art. 61. Cabendo ao juiz decidir simultaneamente a ação e a o-
posição, desta conhecerá em primeiro lugar.
edico
qualdedeveria ser?eBoa
cada um pergunta.
a sua Aqui,deentra
capacidade o conhecimento
fundamentação. jurída
Diante
existência de divergência na doutrina, o que não poderia ocorrer é o
candidato deixar de analisar a admissibilidade da oposição.
Embora tenhamos esse exemplo de concurso em que o exa
minador pediu conhecimentos sobre tal modalidade de intervenção
de terceiros, não é tão comum assim o tema cair em uma prova de
sentença. Na esfera federal, exceto um caso excepcional como o do
IX Concurso do TRF da Ia Região, a tendência é não abordar o as
sunto. Se for feita uma análise, a maioria das provas federais cobra
responsabilidade estatal, direito tributário, mandados de segurança
ou questões previdenciárias, temas com pouca incidência do institu
to da oposição. Mas, como toda regra tem exceção, o candidato deve
estar bem preparado para enfrentar a questão.
IW REO 2000.39.02.002509-9/PA
m AC 2006.35.01.002515-4/GO
MODELO DE DISPOSITIVO COM OPOSIÇÃO
Em virtude do exposto, julgo procedente a pretensão
formulada na oposição e, via de conseqüência, improcedente
a pretensão apresentada na ação principal, razão pela qual
declaro o opoente legítimo proprietário do veículo Ferrari F-40
de placa YXZ-0123. Em sede de antecipação de tutela, de
termino ao réu a imediata entrega do bem ao opoente, sob
pena de multa diária de R$ 500,00 (quinhentos reais), nos
termos do art. 461 -A c/c art. 461, § 4a.
Condeno o autor e o réu a pagarem, em proporções
iguais, as custas do processo, bem como a pagarem os ho
norários advocatícios devidos ao advogado do opoente, na
quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais) para cada um.
Oficie-se o Departamento de Trânsito, para que pro
ceda ao registro do veículo no nome do opoente.
P.R.I.
A denunciação
cotidiana e nas provas da
de lide é um tema
concursos. Paramais freqüente
entender o que na prátioi
significa,
também utilizei uma ideia “leiga”, imaginando o réu falar: “Tudo
bem, Dr. Juiz, eu até respondo pela ação, mas o fulano de tal tam*
bém tem que participar porque, se eu perder aqui, ele tem que m#
reembolsar pelo que eu tiver que pagar para o autor”.
Essa ideia simples, porém, mostra apenas uma das hipótese!
de cabimento da denunciação da lide. Melhor transcrever o que diz
o CPC, para uma compreensão plena:
Art. 70. A denunciação da lide é obrigatória:
I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo
dominio foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer 0
direito que da evicção lhe resulta;
II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força dt
obrigação ou direito, em casos como o do usufrutuário, do credOf
pignoratício, do locatário, o réu, citado em nome próprio, exerçi
a posse direta da coisa demandada;
III- àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a In*
denizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a deman*
da.
do,intervenção
de o que indicadeque ele não Como
terceiros. entendia como
dito, cabível
se fosse essa modalidade
cabível, seria o caso
de baixar o processo em diligência para que o servidor fosse citado.
Embora existam vários julgados admitindo a denunciação da lida
nos casos de responsabilidade estatal106, tese em princípio dominan*
te, também é verdade que os tribunais admitem a sua desnecessida
de, pois a responsabilidade estatal tem natureza objetiva e a do ser
vidor tem natureza subjetiva, podendo o Estado pleitear ação regres
siva posteriormente, sem perder seus direitos por conta da ausência
de denunciação107Diante disso, aconselhável seria dizer que a de
nunciação da lide era desnecessária, por causar atraso na marcha
processual, podendo a União Federal intentar posteriormente ação
regressiva contra o servidor. Isso porque, adotar tese contrária e
admitir
ofender tal intervenção
os artigos de do
71 e 72 terceiros,
CPC e já na fase
causar de sentença,
nulidade poderia
processual.
É preciso ressaltar, até porque isso leva à solução de inúme
ros casos, que já está praticamente pacífico o entendimento de que a
obrigatoriedade de denunciação da lide se dá apenas nos casos de
evicção (art. 70,1). Nos demais casos, ela é facultativa, e, uma vez
não intentada pelo réu, a única conseqüência é a impossibilidade de
se discutir a responsabilidade do terceiro naquele mesmo processo,
cabendo o ajuizamento em qualquer caso de uma ação regressiva
autônoma. Com isso, a jurisprudência tem aceitado a rejeição da
concursos,
ão tambéma trouxe
prova de
umsentença
caso dedodenunciação
XI Concursodadolide,
TRF envolvendo
da 4* Regi*
responsabilidade estatal. Face a um pedido de indenização formula
do contra a União Federal e o Hospital de Clínicas de Porto Alegre,
este último denunciou da lide os médicos que realizaram o atendi
mento ao paciente, o qual teria sido a causa dos problemas. Houve
citação regular e defesa por parte dos denunciados, inclusive com
prova pericial concluindo pela culpa dos médicos. Nesse caso, en
tendo que não era o melhor caminho rejeitar a denunciação da lide
na sentença, seja porque o magistrado nada opusera sobre isso du-
podendo ser proposta a ação para reparação dos danos contra o causador direto, contra o
indireto, ou contra ambos. Assim, inexistindo expressa determinação legal nesse sentido, ou
unicidade na relação de direito material, o Poder Judiciário não pode compelir a empresi
contratada
impede queaaparticipar
PETROBRÁS da demanda, na qualidade
S/A promova de litisconsorte.
ação própria Demais
para reivindicar disso,direito
eventual nadl em
face da empreiteira”.
rante as fases postulatória e probatória, seja porque a alegação recor
rente de dificuldades de se provar a culpa, em um caso que srcina-
riamente era de responsabilidade objetiva, já estava sanada com a
perícia. Em conseqüência, concluindo o candidato que realmente
houve culpa por parte dos médicos, o mais indicado seria condenar
o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (a União Federal deveria ser
excluída da lide antes, já que o Hospital tem personalidade jurídica
própria) a indenizar a parte autora, bem como, ao final, condenar os
médicos a ressarcirem o Hospital, face à denunciação da lide.
Na prova de Comercial do Concurso para Juiz Substituto do
TJ/DFT, de 2007, apareceu mais um caso envolvendo o tema, com
denunciação da lide ao SERASA. De se ressaltar o que eu já disse:
se o examinador não colocou no relatório da sentença que o denun
ciado foi regularmente citado, a lógica é que a tal modalidade de
intervenção de terceiros será rejeitada, sob pena de nulidade proces
sual, diante da ausência de citação. No caso específico, por qual
motivo? Como a matéria era relativa a direito do consumidor, a
denunciação da lide poderia ser rejeitada com base na vedação a ela
feita pelo Código de Defesa do Consumidor em processos de tal
natureza (art. 88)111. Ou ainda pelo simples fato de que o SERASA
não pode ser responsabilizado nesse caso, pois nenhum ato irregular
Ressalte-se que assim já decidiu o STJ: “A vedação à denunciação à lide disposta no art.
88 da Lei n. 8.078/1990 restringe-se à responsabilidade do comerciante por fato do produto
(art. 13), não alcançando o defeito na prestação de serviços (art. 14), situação, todavia, que
não exclui o exame do caso concreto à luz da norma processual geral de cabimento da
denunciação, prevista no art. 70, III, da lei adjetiva civil.
(REsp 439.233/SP, Rei. Ministro Aldir Passarinho Junior)”.
MODELO DE DISPOSITIVO - DENUNCIAÇAO DA LIDE
Em razão do exposto, julgo procedente o pedido e, em
conseqüência, condeno o réu a pagar ao autor, a título de inda-
nização por danos morais, a quantia de R$ 10.000,00 (dez mil
reais). Esse montante será corrigido a partir da sentença, apll>
cando-se juros de mora a 1 % (um por cento) ao mês.
Condeno o réu ao pagamento das custas processuais a
dos honorários advocatícios a favor da procuradora da autora,
no valor correspondente a 15% da indenização a ser paga, apól
apuração da correção fixada nesta decisão.
Por outro lado, julgo improcedente o pedido de denuncia*
ção da lide em face da empresa de seguros, tendo em vista a
cláusula de exclusão de cobertura para pagamento de indeniza*
ção por danos morais. Consequentemente, condeno o denunci
ante/réu da lide a pagar R$ 500,00 (quinhentos reais), a título da
honorários advocatícios a favor do procurador da denunciada.
Fica o réu, ainda, cientificado de que, havendo o trânsito
em julgado desta decisão, tem o prazo de quinze dias para o pa
gamento voluntário da presente condenação, sob pena de au
mento da multa de 10%, prevista no artigo 475-J do CPC.
P.R.I.
Prejudiciais de mérito
1 Introdução
Já falamos anteriormente que alguns autores dividem as pre
liminares em processuais e de mérito. A prática mais comum, po
rém, é chamar as primeiras simplesmente de preliminares e as outras
de prejudiciais de mérito. Adotando essa denominação mais comum,
podemos dizer que as preliminares se referem realmente a questões
processuais que impedem o juiz de analisar o pedido principal em si,
ou ao menos demandam que certas providências sejam adotadas
antes dessa análise. Já as prejudiciais de mérito não são ligadas a
questões
impedindoprocessuais,
que ele sejamas dizempor
analisado respeito
outrosdiretamente ao mérito,
motivos: satisfação do
crédito, decadência, prescrição etc.
Tomemos como exemplo uma ação de cobrança de indeniza
ção por danos materiais, por meio da qual o autor alega que o réu
causou um acidente automobilístico que destruiu completamente seu
veículo. Em conseqüência, pede exclusivamente uma indenização
do valor do bem destruído. O mérito, nesse caso, está ligado à análi
se da ocorrência ou não do acidente, bem como da responsabilidade
do réu em relação aos fatos. O réu, porém, antes de contestar a sua
obrigação de indenizar, pode alegar e comprovar que já pagou o
prejuízo do autor. Ora, qual a razão do juiz analisar a responsabili
dade do réu sem antes verificar se ele realmente já indenizou o au
tor? Há quem entenda que essa é uma questão de mérito, mas fico
com a opção pela prejudicialidade do mérito. Não se adentra, quan
do da análise desse argumento de pagamento, na análise do acidente
em si e da responsabilidade do réu. Essa é a questão principal pro
posta pelo autor na inicial e todas as que a antecedem ou serão pre
liminares ou prejudiciais de mérito. Como o pagamento não é uma
matéria processual, entendo que seja uma verdadeira prejudicial de
mérito. Acaso o magistrado decida que realmente a indenização já
foi
querpaga,
outroextinguirá o feito
ponto sobre ali mesmo,
o acidente, sem passar
a menos à análise
que o réu de qual
tenha apresen
tado reconvenção para excluir sua responsabilidade e ter de volta o
que pagou espontaneamente.
De qualquer maneira, essa questão não deve causar aflição no
candidato. Se você se sentir inseguro ou se não concordar com essa
classificação sobre as prejudiciais de mérito, simplesmente analise
as preliminares (processuais) em um capítulo da sentença e, no ou
tro, passe à análise do mérito, cuidando inicialmente daquelas ques
tões que podem prejudicar o julgamento das demais, como os fatos
impeditivos, modificativos ou extintivos do pedido (art. 326 do
CPC), a prescrição ou a decadência. Na prática cotidiana, eu nem
sempre separo rigorosamente as preliminares processuais das preju
diciais de mérito e do mérito propriamente dito113. Em muitos casos,
eu apenas analiso as preliminares e, em seguida, já passo ao mérito,
onde vejo questões como a prescrição. Não acho que exista prejuízo
nesse caso, mesmo porque não há determinação legal alguma no
sentido de que a sentença seja dividida por tópicos. Assim, nem
mesmo seria necessário criar um capítulo numerado para as prelimi
nares e outro para o mérito. Basta que as matérias sejam analisadas
na sequencia correta, guardando a ordem de prejudicialidade de
umas em relação às outras, além da sequencia geral da sentença:
relatório, fundamentação e dispositivo.
Digo isso porque o próprio examinador às vezes não é muito
criterioso quanto a essa classificação. Pegue como exemplo a sen-
113 Dinamarco, por exemplo, coloca as questões impeditivas, modificativas ou extintivas do
direito do autor entre as questões de mérito. Obra citada, Volume III, pg. 36.
tença do X Concurso do TRF da Ia Região. Nela, o examinador
assim dispôs:
Contestação: Preliminar: A União vem arguir a prescrição do di
reito por decorridos mais de 5 (cinco) anos entre o acidente e o
ajuizamento da ação, 1996 - 2003, ou dois anos e meio entre a
data da ciência do indeferimento, 18.2.2001 e a citação
28.8.2003, súmula n. 383/STF.
2 Decadência
Quanto à decadência, ela é uma alegação bastante comum em
sede de mandado de segurança, visto que o prazo para se ajuizar
essa ação de cunho constitucional é de apenas 120 dias. Dê uma
olhada na prova do VII Concurso do TRF da 5a Região e você verá
justamente essa alegação. Nesse caso específico, bastava dizer que o
prazo somente se inicia quando da ciência dos impetrantes acerca do
ato ilegal ou abusivo. Sendo um processo administrativo, em conse
qüência, o prazo não se inicia com a prolação da decisão, mas com
114 Caio Mario fala sobre os dois institutos: “Agora cuidamos dos efeitos do tempo nas
relações jurídicas, sob tríplice ângulo de visão. De um lado, e seguido de outros fatores, é
causa da aquisição de direitos, quando toma inatacável e inabalável a situação que o titular
vem exercendo continuamente {prescrição aquisitiva). De outro, conduz à extinção da
relação jurídica, que se não exercita por certo período, em razão da inércia do titular (pres
crição extintiva). E, finalmente, institui o requisito de validade de alguns direitos, que somen
te podem ser exercidos dentro em certo prazo, sob pena de perecerem (decadinclê ou
caducidade)". Obra citada, Volume I, pg. 433.
sua comunicação aos interessados, até por respeito ao princípio da
publicidade los atos administrativos (Constituição Federal, art. 37).
É preciso tonar muito cuidado também, em relação aos mandados
de segurança para saber se são preventivos ou repressivos, já que no
primeiro cas» não se fala em decadência do direito à impetração113,
tendo em visa que o ato ilegal ou abusivo ainda não foi cometido.
Mas, íão é somente o mandado de segurança que tem prazo
decadencial. Conforme se vê na prova do 51° Concurso do TJ/Goiás
(2), pode sei que o réu alegue essa prejudicial também em outros
casos, como se via nessa proposta, tratando da Lei de Imprensa. O
candidato de/eria, então, estar por dentro da jurisprudência da épo
ca, que recothecia a não recepção pela Constituição Federal de 1988
do prazo decidencial disposto na referida lei116.
Também na prova do XXXIX Concurso do TJ/RJ houve uma
alegação de decadência, dessa vez em relação ao direito de questio
nar a paternidade. Mais uma vez, a resolução do problema dependia
do candidato ter estudado a jurisprudência, para saber que os tribu
nais têm conãderado imprescritível tal ação117
Por fin, cabe destacar o Direito Tributário, área na qual o
tema decadêicia e prescrição é absolutamente recorrente. Não vou
tecer comentírios sobre os prazos relativos aos diversos tributos e às
formas de larçamento, pois não é esse o objetivo do presente traba
lho. Toco no assunto apenas para alertar ao candidato para não dei
xar
sejaessa matéia
quanto de ladoentre
àconfusão na hora dos estudos,
os institutos118. seja quanto aos prazos,
3 Prescrição
Em geial, diz-se que a prescrição (na modalidade extintiva) é
a perda do direito de exigir em juízo determinado bem da vida, ten
do em vista i inércia do titular do direito por determinado prazo
116 Na esfera tribuária, diferenciar decadência de prescrição é bem mais fácil do que na
esfera cível, visto que a primeira ocorre antes do lançamento e a segunda somente após o
crédito tributário jáestar constituído.
previsto em lei. É a velha máxima de que o direito não socorre a
quem dorme.
O Código Civil enumera diversos prazos prescricionais em
seu art. 206. Como as provas de sentença em concursos permitem
que o candidato consulte a legislação pura119, não há grandes preo
cupações quanto a essa questão, visto que bastará uma leitura de tal
dispositivo legal. De qualquer maneira, vale ressaltar que o prazo
geral é de dez anos, conforme o art. 205. Além disso, como ainda
estamos em um momento de transição em relação ao Código Civil
de 1916, recomendo um bom estudo nas regras de transição acerca
da prescrição, constantes nos artigos 2.028 a 2.030 do novo Código.
Por outro lado, algo que costuma pegar muito candidato des
prevenido são os casos de suspensão e interrupção da prescrição,
destacados nos artigos 197 a 204 do Código Civil. Quer um exem
plo? Dê uma olhada na prova do EX Concurso do TRF da 4a Região.
Ali, o essencial não era saber que a prescrição se dava em cinco
anos do acidente, mas que não corre prescrição contra os absoluta
mente incapazes, conforme determina o inciso I do art. 198 do Có
digo Civil. Na correria de uma prova, especialmente quando a pres
crição não atinge toda a causa, mas apenas parte dela, o candidato
pode ignorar essas suspensões ou impedimentos da prescrição e
extinguir o feito
Civil. Assim, com abase
atenção essenoponto.
art. 269, IV, do Código de Processo
Outro caso a ser analisado é em relação às prestações de trato
sucessivo, como as pensões alimentícias, previdenciárias, remunera
ções de servidores públicos e por aí afora. É bastante comum a ale
gação no sentido de que ocorreu a prescrição e, por vezes, o fato que
deu srcem ao pedido realmente aconteceu há mais tempo que o
prazo prescricional. Porém, especialmente em relação à administra
ção pública, o tema já foi objeto até da Súmula n°. 85 do STJ, que
diz:
“Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda
Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o
próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as presta
ções vencidas antes do qüinqüênio anterior à propositura da a-
ção”.
Analisando
é possível perceberasnão
propostas
somentedeessa
sentença apresentadas
recorrência do temaneste livro,
prescri
ção, mas também a sua riqueza e as suas diversas nuances. Onde há
uma exceção na regra geral, lá está o examinador a exigir os conhe
cimentos do candidato. Observe a prova do VI Concurso do TRF da
5a Região, que tratava de um caso de improbidade administrativa.
Um dos réus alegava a prescrição qüinqüenal em relação aos atos
cometidos havia mais de cinco anos do ajuizamento da ação. A
prescrição realmente é qüinqüenal nesse caso? Sim, mas cabia ao
candidato saber que a Lei n°. 8.429/1992 diz, em seu art. 23, que as
ações destinadas a levar a efeitos as sanções por conta de improbi
dade administrativa podem ser propostas até cinco anos após o tér
mino do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função
de confiança. Com isso, estaria afastada a prescrição.
Quer outro exemplo de como os examinadores aproveitam
cada uma das exceções e particularidades legais? Leia a prova do
VII Concurso do mesmo TRF da 5a Região e repare que lá há outro
caso de prescrição, agora ligado a processos administrativos disci-
plinares. Uma solução para esse caso poderia ser redigida assim:
Alegam os impetrantes que seria ilegal o ato de punição porque
a pena de suspensão prescreveria em dois anos, nos termos do
inciso II do art. 142 da Lei 8.112/90, sendo que a punição só foi
efetivada após esse lapso temporal.
Com efeito, a Lei 8.112/90 adota o prazo de dois anos em casos
como o presente. Porém, o § 3 8 do referido art. 142 é claro ao
dizer que a abertura de sindicância ou a instauração de processo
disciplinar interrompe a prescrição. Logo, aberto o procedimento
em 19 de abril de 2002, interrompida foi a prescrição. Poder-se-ia
questionar se haveria uma prescrição intercorrente nesse caso,
mas a legislação é clara ao dizer que o prazo prescricional fica
interrompido até a decisão final proferida pela autoridade compe
tente. Ou seja: durante o processo de apuração da falta, deter
mina o § 3S que não corre a prescrição.
Diante dessas conclusões, verifica-se que, entre o ato dos impe
trantes que deu srcem à punição e a instauração do processo
disciplinar, não decorreu o prazo de dois anos. Assim, não se
pode falar em prescrição do direito de punição que a Administra
ção tem no caso, razão pela qual rejeito tais alegações dos im
petrantes.
^««Capitulo VIII
Contra-ação
1 Introdução
Em um processo judicial que conte com autor e réu, a regra é
o primeiro fazer um pedido contra o segundo, que se manifesta nos
autos na tentativa de que seja mantido ostatus quo anterior. Se Hen
rique ajuíza ação para que Ricardo lhe entregue um veículo, o réu
buscará em sua defesa tão somente que o magistrado mantenha tudo
como está, ou seja, o carro em sua posse.
Essa é a regra, mas há exceções.
mas a Em algumas
resposta ações,
judicial o autor
pode levarformula um pedido
a uma situação contra
mais o réu,
prejudicial
ao autor do que se ele não tivesse ingressado em juízo. Isso se dá
basicamente por meio de três institutos: reconvenção, pedido con
traposto e ação dúplice. Por quase sempre desaguarem no mesmo
resultado, ou seja, na possibilidade do autor ter que responder por
um bem da vida perante o réu, nem sempre os três institutos são
compreendidos corretamente. Como não é intenção desta obra tratar
profundamente de questões de direito material ou processual, como
Já foi observado anteriormente, recomendo um estudo apurado para
quem quer se aprofundar no assunto, por meio da leitura de obras
específicas sobre o tema. Na internet há um interessante e conden
sado artigc de Daniel Amorim Assumpção Neves que procura fazei
essa difereiciação123. Recomendo a leitura.
De qualquer maneira, façamos um pequeno resumo sobre o
tema, segiindo em parte a linha exposta pelo professor Amorim,
Pois bem, i reconvenção é prevista em vários artigos do CPC, mas o
art. 315 trata de forma mais explícita o instituto:
Art. 315. O réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda
vez que a reconvenção seja conexa com a ação principal ou com
o fundamento da defesa.
Parágrafo único. Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir
ao ajtor, quando este demandar em nome de outrem.
2 Ações dúplices
Apenas para relembrar, “o réu não exerce direito de ação nas
hipóteses de ação dúplice. Nestes casos, sua pretensão já está inseri
da no objeto do processo desde a propositura da demanda pelo autor
devido à própria natureza do direito material controvertido. A prin
cipal implicação desta afirmação reside na eventual decretação de
carência de ação em fase procedimental posterior ao oferecimento
da defesa pelo réu; o processo será extinto sem julgamento de méri-
"4 Contra-ataque
<httD:// do réu: indevida confusão entre as diferentes espécies. Disponível
www.professoramorim.com.br/amorim/dados/anexos/376.doc em:21 jan.
>. Acesso em:
2008.
Io e não haverá possibilidade de o réu aproveitar os atos processuais
praticados para obter provimento favorável a sua pretensão. Sendo o
uutor carecedor de ação, a relação de direito material não será apre
ciada pelo Poder Judiciário e, consequentemente, não haverá qual
quer manifestação acerca da pretensão do réu (pois esta é decorrên
cia lógica da relação de direito material)”. Essas são as lições de
Juliana Demarchi125.
Pois bem, não serão tão comuns os casos de ações tipicamen
te dúplices em concursos, porque elas são limitadas. Em regra, a
doutrina traz como exemplo as possessórias - embora tenhamos
visto que, adotando as lições de Daniel Amorim Assumpção Neves,
us possessórias
contraposto. Emnaconcursos
verdade não
parasãoa dúplices, masfederal,
magistratura contêm será
um pedido
mais
raro ainda encontrar uma proposta de sentença que abarque uma
questão possessória. Raro, mas possível. Também são citadas pela
doutrina as ações demarcatórias e as divisórias, além da prestação de
contas. Outro caso de ação dúplice ocorre nas consignações em
pagamento, quando o réu alega que o depósito não foi integral. Nes
ses casos, ele não precisa pedir o complemento, pois isso está implí
cito pela natureza da demanda, sendo que a sentença que concluir
pela insuficiência do depósito já valerá como título executivo em
favor do réu (CPC, art. 899, § 2o).
Enfim, a chance de se deparar com uma ação dúplice é pe
quena. Porém, é preciso saber o que fazer no caso do examinador
pedir
cupar,uma sentença
porque assim. natural
o desfecho Em regra,
do não
casohápoderá
muito ser
comfavorável
o que preo
ao
autor ou ao réu, como já dissemos sobre as prestações de conta.
Quanto às possessórias, até mesmo porque não são puramente
dúplices, o juiz deverá consignar no dispositivo em favor de quem a
demanda é procedente - mas isso somente no caso do réu ter feito o
pedido contraposto ao autor, nos termos do art. 922 do CPC.
3 Reconvenção
A reconvenção é muito mais comum em concursos, especi
almente na esfera estadual. Inicialmente, o magistrado precisa ob
servar duas coisas. Primeiro, se não estamos diante de um procedi
125 In: DIDIER JR., Fredie (Org.). Leituras Compiementares de Processo Civil. 3a ed. rev.
ampl. e atual. Salvador: JusPODIVM, 2005. Pg. 40.
mento sumário ou dos juizados especiais, pois nesses casos caberá 0
pedido contraposto e não a reconvenção. Também nas ações dúpll*
ces não se utiliza tal instituto, mesmo porque falta interesse proces
sual ao réu, já que a sentença necessariamente poderá ser favorável
a qualquer uma das partes, independentemente de pedido do réu,
Segundo, sendo mesmo o caso de reconvenção, se ela foi feita em
petição separada e no mesmo momento que a contestação (embori
esta não seja absolutamente necessária). São requisitos fundamen
tais para o processamento da reconvenção.
Além disso, é preciso observar se a “contra-ação” do réu ó
conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa, noi
termos odoautor
contra art. que
315 não
do CPC.
tenha aNão poderelação
menor o réu com
apresentar um pedido
a demanda inicial,
Em assim sendo, caberá a ele ajuizar nova ação, totalmente desvin
culada daquela. Mais ainda, diz o parágrafo único do art. 315 que
não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este
demandar em nome de outrem. Caso clássico é quando o autor age
como legitimado extraordinário, não cabendo aí reconvenção por
parte do réu.
Outros detalhes importantes sobre o tema: o autor deve ser in
timado (e não citado) para contestar a reconvenção (art. 316), q u e
será julgada na mesma sentença que a ação (art. 318), sendoq u e
qualquer causa que leve à extinção desta última não atingirá a pri
meira (art. 317).
Vejamos então os casos de reconvenção em nossas sentenças
de estudo.
A prova do XII Concurso do TRF da 3* Região traz um inte
ressante caso, no qual uma Fundação mantenedora de hospitais ajui
zou demanda contra a União Federal, o INSS e o Estado de São
Paulo para manter em vigência um contrato de prestação de servi
ços. A União Federal não apenas contestou, mas também apresentou
reconvenção em face da Fundação, pleiteando a condenação do
Fundação Mantenedora em devolver os valores recebidos pelo»
Hospitais, sem ter havido a correspondente prestação dos exames 0
serviços médicos cobrados. A Fundação contestou a reconvenção,
dizendo que ela não era cabível naquele caso.
Pergunto: era cabível ou não? Em primeiro lugar, verifica-se
que é uma ação de conhecimento correndo pelo procedimento ordl*
nário, ou seja, em princípio cabia reconvenção. Além disso, o pedi
do da União Federal era conexo com o fundamento da defesa, visto
que a resilição contratual teria sido derivada justamente das cobran
ças indevidas por parte da Fundação. Assim, em princípio não have
ria problema processual quanto à utilização da reconvenção. Con
cluindo o candidato nesse sentido, deveria então passar à análise do
mérito em si, seja da ação, seja do pedido do réu.
Em síntese, havendo uma reconvenção, inicialmente é preciso
observar se ela preenche os requisitos de existência e validade, co
mo o procedimento correto e a conexão com a ação ou com os fun
damentos da defesa, além da apresentação em petição apartada. Isso,
logicamente, depois de apreciar o pedido do autor na sentença. Pro
cedente o pedido do autor e sendo ele excludente do que requer o
réu na reconvenção, bastará ao juiz explicar tal fato e julgar a im-
procedência da reconvenção, sem se esquecer da questão dos ônus
da sucumbência, que são independentes em relação à ação e à re
convenção.
Se o pedido do autor for julgado improcedente, a análise da
reconvenção deve ser mais aprofundada, mas nem sempre ela será
considerada procedente pelo simples fato de o autor não ter tido
Nucesso em seu pedido. Relembrando o caso da colisão entre os dois
ultraleves, é possível que a perícia conclua que o causador do aci
dente foi uma terceira pessoa, razão pela qual tanto a ação quanto a
reconvenção não terão seus pedidos julgados procedentes.
Outras decisões sobre o tema: a reconvenção é cabível na a-
ção monitória, após a conversão do procedimento em ordinário
(STJ, Súmula n°. 292); não cabe reconvenção quando a matéria
puder ser alegada com idêntico efeito prático em sede de contesta
ção (STJ, MC 12.809/RS); os honorários advocatícios, na reconven-
çflo, são independentes daqueles fixados na ação principal, razão
pela qual pode ser estabelecido percentual distinto para seu cálculo
(STJ, AgRg no REsp 753.095/DF);
MODELO DE DISPOSITIVO - RECONVENÇÃO
Ante o exposto, julgo improcedente o pedido feito pelo au
tor de restabelecimento do percentual de 28,86% (vinte e oito
vírgula oitenta e seis por cento), a incidir sobre a folha de paga
mento do autor, bem como recebimento das verbas atrasadas a
tal título, desde janeiro de 2003, data em que o percentual deixou
de integrar seu salário.
Julgo parcialmente procedente a reconvenção oferecida
pela Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro - FMTM, hoje
Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM, para obrigar
o autor/reconvindo a devolver à UFTM os valores recebidos por
força da decisão judicial proferida nos autos n s. 95.0201992-0, de
outubro de 1995 a fevereiro de 2002 , corrigidos monetariamente
a partir de cada pagamento, de acordo com o manual de cálculos
da Justiça Federal, acrescidos de juros de 0,5% (cinco décimos
por cento) ao mês, a partir da intimação do autor/reconvindo a-
cerca da reconvenção, tudo conforme cálculos a serem apurados
em sede de liquidação de sentença. Ressalto que a reposição de
tal montante deverá ser feita mensalmente, respeitado o limite de
10% (dez por cento) dos vencimentos totais do autor/reconvinte,
nos termos do art. 46 da Lei nfi. 8.112/1990.
Tendo em vista a sucumbência na ação e na reconven
ção, condeno o autor nas custas processuais, bem como ao pa
gamento de honorários advocatícios calculados em 10% (dez por
cento) do valor a ser restituído à ré/reconvinda.
Retifique-se a autuação, para fazer constar como nome
da ré aPublique-se.
UniversidadeRegistre-se.
Federal do Triângulo Mineiro - UFTM.
Intimem-se.
4 Pedido contraposto
Conforme já dito, o pedido contraposto aparece, em regra, na
procedimento sumário e nos juizados especiais. Vale relembrar que
ele é totalmente vinculado à existência da ação, ou seja, se o autor
desistir da ação ou esta for extinta por conta de qualquer outro fatOf
processual, o pedido contraposto morrerá também.
Em concursos não é tão comum a existência de pedido con*
traposto. Isso porque a maioria das propostas de sentença é relativa
a ações ordinárias e mandados de segurança, nos quais não é cabível
essa forma
provocar de pedido do réu.
o conhecimento Claro, o inserindo
do candidato examinadorumsempre
pedido poderá
contra*
posto onde ele não é cabível, mas nesse caso basta falar da imperti
nência do pedido. De qualquer maneira, em sendo cabível esse insti
tuto processual, não haverá maiores dificuldades em analisá-lo. No
caso do procedimento sumário, o réu só poderá formular uma de
manda contra o autor se ela for fundada nos mesmos fatos referidos
na inicial (CPC, art. 278, § Io), ou seja, o campo é ainda mais estrei
to do que na reconvenção, que exige apenas uma conexão. Logo, se
os fatos da ação e do pedido contraposto devem ser os mesmos, a
Instrução probatória já levará à solução do caso, seja em favor do
uutor, seja em favor do réu, sem maiores dificuldades. Em resumo,
não háuma
cada necessidade
das partesobrigatória de sedistintos
em capítulos dividir adaanálise dos pois
sentença, pedidos
tudode
será decidido de uma vez só. No dispositivo, bastará ao magistrado
dizer quem teve sua demanda julgada procedente, especificando os
termos de tal dispositivo, bem como condenando o vencido nas
verbas de sucumbência.
Por fim, cabe falar de um caso que já apareceu nos tribunais e
que pode vir a ser cobrado em uma prova de concurso da magistra
tura federal. Falo da possibilidade de a União Federal, em uma ação
em que é ré no juizado especial, fazer um pedido contraposto em
fuce do autor. Como se sabe, a legislação vigente permite que a
União seja ré nos procedimentos do juizado especial, mas não auto-
ru. Em face disso, já se decidiu que não cabe nesses casos um pedi
do contraposto126. O tema é interessante e merece uma reflexão mais
apurada, mas admito a lógica da exclusão desse instituto processual
nos juizados especiais federais, embora o pedido contraposto não
Inaugure uma demanda relativamente independente da principal,
çomo no caso da reconvenção.
MODELO DE DISPOSITIVO - PEDIDO CONTRAPOSTO
Ante o exposto, com fundamento nos arts. 5 B e 6a da Lei
1.099/1995, julgo improcedente o pedido formulado pelo autor. Em
iontrapartida, julgo parcialmente procedente o pedido contraposto e
OOndeno o autor, MARCIUS TERCIUS, a pagar ao réu, CAIUS AU-
QUSTUS, a importância de R$ 300,00 (trezentos reais), a título de da
nos materiais, devendo incidir correção monetária a partir do ajuizamen
to da ação e juros de 1% (um por cento) ao mês, a partir da citação.
Itm custas e honorários advocatícios.
P.R.I.
is»
^Juizado Especial Federal da 1a Região, 1a Turma Recursal de Goiás: Recurso Cível n s.
100235007073116 (Relator: Lindoval Marques de Brito).
msmm
^pfCapítulo IX
Análise do mérito
Essa observação nem sempre é válida para os processos que correm nos JuizadM
Especiais Federais, especialmente quando se trata de ações previdenciárias de aposenttdP
ria rural.
128 Também .
são vistas discussões judiciais envolvendo contratos decorrentes de licitaçOfh
por exemplo, mas não constituem regra e, sim, exceção.
A resolução de um problema trazido pelas partes que envolve
unicamente questões de direito não traz maiores dificuldades para o
julgador em termos processuais. O que se deve fazer é basicamente
colher os argumentos jurídicos do autor, a contra-argumentação do
réu e, a partir disso, procurar uma solução, no bom e velho esquema
da tese, antítese e síntese.
Vamos a um caso prático, pois o tema não demanda maiores
considerações teóricas. Peguemos a nossa sentença modelo, do XII
Concurso do TRF da Ia Região, pois ela traz somente discussões
jurídicas. Sugiro que
proposta exigida você
nesse faça uma
concurso, pausa
para não aqui
ficar eperdido,
releia novamente
pois trabaa
lharemos detalhadamente o caso.
O pedido dos autores é para que seja feita a compensação dos
valores pagos a título de contribuição previdenciária incidente sobre
os subsídios dos detentores de mandato eletivo. Façamos então o
confronto dos argumentos, deixando de lado as questões já decidi
das nas preliminares e prejudiciais de mérito. Dividiremos cada
ponto em um capítulo da sentença:
Autores Réus
STF. Portanto,previdenciárias
contribuições a cobrança dasem tos entre
tratou de asumpartes, já que em
julgamento se
questão não encontra amparo sede de controle difuso.
constitucional. b) A Resolução n®. 26/2005 do
Senado Federal, que suspendeu
a execução da norma em ques
tão, só tem efeitos futuros.
Observe
três períodos que o pedido
distintos, de compensação
cada um deles refutadopode
pelosser dividido effl
réus:
a) da edição da Lei n°. 9.506/97 até a edição da EC 20/98;
b) da EC 20/98 até a edição da Lei n°. 10.887/2004;
c) a partir da Lei n°. 10.887/2004.
Esse é o cerne principal da ação e, devido ao fato de cada um
desses períodos guardar suas próprias particularidades legais, é inti*
ressante analisá-los separadamente.
Em relação ao primeiro período, o examinador já deixou ex»
plícito que a cobrança foi declarada inconstitucional pelo Supremo
Tribunal Federal. Os réus não questionam esse fato, mas apentl
alegam que a decisão do STF foi dada em controle difuso de constt*
tucionalidade e, por conta disso, vale apenas para as partes envolví*
das naquele Recurso Extraordinário n°. 351.717-1/PR. Para resolvil
u questão, o candidato poderia percorrer um caminho mais comple
xo e defender as ideias do Ministro Gilmar Mendes, no sentido de
que, uma vez decidida a questão pelo plenário do STF, não há senti
do em não estender seus efeitos erga omnes, ou seja, para todos,
ainda que seja uma decisão em controle difuso. Assim, a decisão do
STF que declarou a inconstitucionalidade do art. 13 da Lei n°.
9.506/97, que instituiu a contribuição previdenciária sobre os subsí
dios dos detentores de mandato eletivo, seria aplicável a todos os
casos e, portanto, estaria reconhecido o direito dos autores quanto a
esse período.
Porém, se na prática forense não costumo fugir das polêmi
cas, até porque o convencimento do magistrado, embora deva ser
motivado, ainda é livre neste país, em uma prova de concursos eu
nunca fui de arriscar por caminhos que ainda causam calorosas dis
cussões nos meios jurídicos. Assim, eu deixaria de lado a questão do
efeito erga omnes no controle difuso de constitucionalidade e parti
ria logo para a análise da questão em si. Isso porque, por óbvio, se o
STF declarou a inconstitucionalidade em controle difuso e essa
decisão não é automaticamente aplicável a todos os casos, isso não
significa que eu não possa, no meu caso específico, também declarar
u inconstitucionalidade.
STF noPara
RE tanto, poderiam citado
351.717-1/PR, ser utilizados os mesmoscuja
pelo examinador, argumentos do
ementa foi
assim redigida:
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PREVIDÊNCIA
SOCIAL. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL: PARLAMENTAR: EXER-
CENTE DE MANDATO ELETIVO FEDERAL, ESTADUAL ou
MUNICIPAL. Lei 9.506, de 30.10.97. Lei 8.212, de 24.7.91. C.F.,
art. 195, II, sem a EC 20/98; art. 195, § 42; art. 154, I. I. - A Lei
9.506/97, § 1fi do art. 13, acrescentou a alínea h ao inc. I do art.
12 da Lei 8.212/91, tornando segurado obrigatório do regime ge
ral de previdência social o exercente de mandato eletivo, desde
que não vinculado a regime próprio de previdência social. II. -
Todavia, não poderia a lei criar figura nova de segurado obriga
tório da previdência social, tendo em vista o disposto no art. 195,
II, C.F.. Ademais, a Lei 9.506/97, § 1® do art. 13, ao criar figura
nova de segurado obrigatório, instituiu fonte nova de custeio da
seguridade social, instituindo contribuição social sobre o subsídio
de agente político. A instituição dessa nova contribuição, que
não estaria incidindo sobre "a folha de salários, o faturamento e
os lucros" (C.F., art. 195, I, sem a EC 20/98), exigiria a técnloí
da competência residual da União, art. 154, I, ex vi do dispoato
no art. 195, § 4S, ambos da C. F. É dizer, somente por lei com*
plementar poderia ser instituída citada contribuição. III. - lnconstl>
tucionalidade da alínea h do inc. I do art. 12 da Lei 8.212/91, In*
traduzida pela Lei 9.506/97, § 1 a do art. 13. IV. - R.E. conhecido
e provido.
Região, Federal
Receita foi ediitada a Lei nfi 11.457/2007,
a administração que passou
das contribuições para a esfera de
previdenciárias. Secompetência
já estivesse da
em vigor
no momento da prova, essa lei mudaria a resolução do caso.
o art. 170 do Código Tributário Nacional, não havendo previsão
legal para compensação entre valores administrados por esses dois
órgãos diferentes, seria possível concluir, na esteira da jurisprudên
cia133, que a compensação pleiteada só seria possível com débitos
dos autores junto ao próprio INSS. Como tenho ressaltado reiteradas
vezes, essa era uma das soluções possíveis, cabendo ao candidato
decidir de acordo com seus conhecimentos jurídicos. O que ele não
podia é ignorar esse capítulo da sentença, como se os réus não tives
sem se oposto à compensação cruzada entre os dois órgãos.
Estão resolvidos os pontos centrais do mérito, restando ainda
a questão da correção dos valores a serem restituídos, bem como o
problema das custas e honorários. Veremos esses tópicos em outro
capítulo.
do federal.
reflexos Vejamos então
na elaboração os sentença.
de uma pontos emInicialmente,
que esse tema tem
cabe mais
falar da
redação de uma sentença que julga procedente o pedido do autor,
em um processo no qual já havia sido deferida a antecipação dos
efeitos da tutela. Pois bem, embora não seja necessário, é muito
comum redigir o dispositivo confirmando os efeitos da tutela já
concedida. Algo mais ou menos assim:
Ante o exposto, confirmando os efeitos da tutela já concedida
antecipadamente, julgo procedente o pedido da autora e conde
no a União Federal a pagar à autora pensão mensal vitalícia cal
culada em dois salários mínimos mensais.
dos principais!
das tribunais superiores.
discussõesPortanto, fique monetária
sobre correção atento e esteja por dentro
e juros.
Vamos ao nosso caso prático, relativo à prova do XII Con
curso do TRF da Ia Região, já que não há muita teoria a ser discuti
da sobre o tema em um livro de sentenças, cabendo ao candidato ou
operador do Direito buscar em outras fontes o conhecimento mais
aprofundado sobre o assunto. Se necessário, releia a proposta de
sentença.
Dispositivo
1. RELATÓRIO
(Dispensado)
FUNDAMENTAÇÃO
2. Preliminares
2.1 incompetência
A União Federal alega a incompetência absoluta deste juízo e requer •
remessa dos autos ao Juízo Federal da Capital do Estado, com base no § 2 2 do
art. 109 da CF/1988. Diz o citado dispositivo:
§ 2aAs causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção
judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido
o ato ou fato que deu srcem à demanda ou onde esteja situada a coisa,
ou, ainda, no Distrito Federal
2.3
O Ilegitimidade ativa que o Município A nada pode pleitear em relação à
INSS argumenta
contribuição pessoal dos ocupantes de cargo eletivo municipal. Com razão,
visto que a contribuição previdenciária se subdivide em duas cobranças, uma a
cargo do empregador e outra a cargo do trabalhador. Nesse sentido, embora o
empregador seja responsável pela retenção e repasse dos valores devidos peloi
trabalhadores, estes é que têm legitimidade para pleitear restituição ou com
pensação de seus próprios indébitos. Logo, falece ao Município A legitimidade
em sua pretensão no que diz respeito às contribuições dos trabalhadores - no
caso, dos detentores de mandato eletivo.
3. Prejudicial de mérito
A União Federal e o INSS argumentaram, em sede de contestação, que
houve a "decadência qüinqüenal para a repetição do indébito desde os paga
mentos". Entendo que o caso não é de decadência, mas de prescrição. De qual
quer forma, a mudança terminológica não influirá na solução deste caso especí
fico.
A contribuição previdenciária em questão está sujeita ao lançamento
por homologação, mais especificamente ao que a doutrina convencionou cha
mar de "auto-lançamento", visto que o contribuinte é responsável por quantifi
car o tributo devido e recolhê-lo aos cofres públicos, antes de qualquer provi
dência da Administração Tributária. Em relação aos tributos sujeitos a esse tipo
de lançamento, aos poucos consolidou-se na jurisprudência, especialmente do
Superior Tribunal de Justiça, a tese conhecida como "cinco mais cinco". Segundo
essa tese, nos casos em que o contribuinte pleiteia a restituição ou compensa
ção de tributos lançados por homologação, o prazo para fazer o pedido se inicia
somente após cinco anos da extinção do crédito tributário, nos termos do inciso
I do art. 168 do Código Tributário Nacional. Como a extinção do crédito estaria
vinculada ao seu lançamento e este somente ocorreria em cinco anos após a
ocorrência do fato gerador, conforme determina o § 4 2 do art 150 do CTN,
quando não há homologação expressa. Com isso, teríamos um prazo de dez
anos a partir da ocorrência
Se a tese do fato
é questionável ou gerador.
não, o fato é que se consolidou na jurispru
dência e soa ineficiente e economicamente prejudicial contrariar um entendi
mento firme. Se assim é, não teria ocorrido a prescrição no presente caso, visto
que: a) as contribuições previdenciárias são sujeitas ao lançamento por homo
logação; b) os pagamentos mais antigos datam do ano de 1997; c) ainda não se
passaram dez anos do pagamento mais antigo.
Ocorre que o INSS levanta também a existência da Lei Complementar
ne. 118/2005, já em vigor na data do ajuizamento da ação (que se deu em
25/10/2005), visto que nela há as seguintes normas:
Art. 3S Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172,
de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, a extinção do
crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por
homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o §lo
do art 150 da referida Lei.
Art 4- Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publico-
ção, observado, quanto ao art 3g, o disposto no art 106, inciso I, da Lei no
5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional.
4. Mérito
4.1 A Lei n*. 9.506/97
O INSS argumentou que a declaração de inconstitucionalidade da Lei nB,
9.506/97, feita no RE 351.717-1/PR, somente tem efeito entre as partes. Ainda
que concorde com essa afirmação, visto se tratar de um julgamento em controle
de constitucionalidade difuso, tal fato não impede que aqui se declare da mel*
ma forma a inconstitucionalidade. E esse é o meu entendimento, visto que a
Constituição Federal, até a edição da Emenda Constitucional n2. 20/1998, não
previa a cobrança de contribuições previdenciárias dos exercentes de mandato
eletivo. Assim, a instituição de uma nova modalidade de contribuição somente
poderia ser feita por meio de lei complementar, conforme determina o § 42 do
art. 195 c/c art. 154,1, ambos da Constituição Federal. Como a Lei n 2. 9.506/97
era uma lei ordinária, não poderia instituir nova contribuição, sendo inconsti
tucional seu art. 13.
Em razão do exposto, entendo que todos os pagamentos efetuados com
base na Lei n2. 9.506/97 foram indevidos, sejam eles de contribuições patronall
ou pessoais dos exercentes de mandato eletivo.
que chegou
tucional a ter vida.nada
ns. 20/1998 Emreflete
conseqüência, a edição
sobre a Lei posteriorpois
n s. 9.506/97, da Emenda
a análise Consti
acerca
da recepção ou não de uma lei frente a uma Emenda Constitucional somente é
feita se aquela lei mantinha plena consonância com as regras da Constituição
então vigentes.
Tudo isso quer dizer que não se pode falar em constitucionalização de
uma lei. Ou ela já nasce de acordo com a Carta Magna ou não tem vida. Assim, é
de se rejeitar a alegação de que a cobrança da contribuição previdenciária
passou a ser possível com a edição da Emenda Constitucional n2. 20/1998, visto
que a Emenda não podia sanar a inconstitucionalidade que já existia na Lei n2.
9.506/97.
Por outro lado, entendo também que uma norma constitucional não
cria tributos, mas apenas define competências. Assim, a Emenda Constitucional
n2. 20/1998 não criou a contribuição previdenciária sobre a remuneração dos
exercentes de mandato eletivo, mas apenas deu poderes à União Federal para
que criasse tal contribuição.
4.4 Compensação
Os autores pleiteiam a compensação dos indébitos com quaisquer tribu
tos administrados pela Secretaria da Receita Federal e pelo INSS, pedido esse
refutado pela União Federal, sob alegação de que indébitos previdenciários não
podem ser compensados com tributos administrados pela SRF.
Razão assiste à ré. Segundo o art. 170 do Código Tributário Nacional, a
compensação tributária é efetuada nas condições e sob as garantias que a lei
estipular. Ocorre que não há previsão legal permitindo a compensação de indé
bitos previdenciários com tributos administrados pela SRF, conforme se conclui
da leitura do art 74 da Lei n9.9.430/1996, que em seu § 12 assim dispõe:
§ 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses:
II em que o crédito:
e) não se refira a tributos e contribuições administrados pela Secretaria
da Receita Federal - SRF.
DISPOSITIVO
Em razão do exposto, declaro extinto o processo sem resolução do mé
rito em relação à Câmara Municipal do Município B, que pagará aos réus hono
rários advocatícios arbitrados individualmente em R$ 1.000,00 (um mil reais).
Julgo parcialmente procedente a pretensão deduzida pelos demais au
tores, declarando o direito à compensação da contribuição previdenciária
patronal paga pelo Município A, até noventa dias após a edição da Lei ns.
10.887/2004, bem como da contribuição previdenciária pessoal paga pelo vice-
prefeito e vereadores do Município C, durante o mesmo período, com débitos
dos autores de natureza também previdenciária. Os valores a serem compensa
dos serão corrigidos exclusivamente pela taxa SELIC.
Condeno os réus a ressarcirem as custas pagas pelo vice-prefeito e pe
los vereadores do Município C.
Condeno os réus a pagarem honorários advocatícios aos autores, os
quais arbitro em 5% (cinco por cento) do montante a ser compensado, já corri
gido pela SELIC, arcando cada réu com 50% (cinqüenta por cento) dos honorá
rios.
Sentença sujeita ao reexame necessário.
competeFundamentos da contestação
à União desapropriar 0 INCRA
por interesse é parte
social parailegítima ad causam,
fins de reforma pois
agrária.
Foi confirmado o apossamento. Datando ocupação de janeiro/1990, arguiuse
prescrição qüinqüenal, à luz da regra geral do Decretolei ns. 20.910, de
06/01/1932, e mesmo decadência, também qüinqüenal, com base na Medida
Provisória n° 2.027 40, de 29 de setembro de 2000.
No mérito, foi afirmado que a indenização cobrada não tem base no mer-
cado de imóveis da região, onde o valor médio do hectare não passa de R$90,00
(noventa reais), ainda mais porque o imóvel ocupada tendo produção inexpressi-
va, não cumpria a sua função social, devendo, por outro lado, sofrer um redutor
(depreciação) de 20% (vinte por cento) do seu preço de mercado, pelo fato de
estar invadido por posseiros na data da ocupação.
A indenização pela terra deve ser paga em Títulos da Dívida Agrária
TDA's (e não em dinheiro, como pretendido), nos termos do art 184 da Constitui-
ção, visto que o imóvel foi destinado inteiramente aos programas governamentais
de reforma agrária.
Como os Títulos da Dívida Agrária TDA's já contêm cláusula de preser-
vação do valor real, como manda a Constituição, não se faz atendível o pedido de
correção monetária. (Seria um bis in idem atentatório ao patrimônio público.)
Os juros de mora, legalmente, são devidos apenas à taxa de 6% (seis por
cento) ao ano, a partir de 1 0 da janeiro do exercício seguinte àquele em que o
pagamento deveria ser feito, nos termos do artlOO da Constituição.
Os juros compensatórios, destinados a compensar a perda de renda com
provadamente sofrida pelo proprietário, como um substitutivo dos lucros cessan-
tes, não são devidos na hipótese, porque o imóvel nao gerava renda expressiva e
compatível com a sua potencialidade.
Se considerados devidos ad argumentandum tantum , devem ser pagos
pela taxa de até 6% ao ano, como estipula a Medida Provisória nQ. 2.027
40/2000, tendo como base a diferença eventualmente apurada entre 80% do
preço ofertado em juízo e o valor do bem fixado na sentença.
Não procede o pleito de pagamento dos honorários do assistente técnico
dos autores, pois a lei não lhes exige obrigatoriamente a indicação, que não passa
de uma faculdade da parte, de quem o assistente técnico é apenas um assessor.
Foi contestado também o preço buscado pelas acessões e benfeitorias, dado como
superfaturado.
Os honorários advocatícios devem ser pagos na escala percentual de 0,5%
a 5% (não se aplicando ao caso, consequentemente, os lindes do § 3o do art20 do
Código de Processo Civil) da diferença entre a oferta e a condenação, observado o
valor máximo de R$151.000,00 (cento e cinqüenta e um mil reais), a teor do
quanto dispõe a MP ns 2.027 40/2000.
Existência de oposição EUGÊNIO PIACENTINNI DE ABREU e MARTA
CONCEIÇÃO DE ABREU, casados entre si, agricultores, residentes em Araçatuba
ofereceram oposição logo depois da contestação.
Afirmaram e comprovaram que celebraram com os autores compro-
misso de compra e venda, por instrumento público, em 15 de junho de 1998, tendo
por objeto 1.200 hectares das terras da parte norte da "Fazenda Cruzeiro do Sul",
com cobertura vegetal proporcional à existente no restante da propriedade,
porém sem benfeitoras, desconhecendo a sua ocupação pelo INCRA pelo preço de
R$350.000, 00 (trezentos e cinqüenta mil reais), a ser pago em sete parcelas
iguais; e que, mesmo implementado o pagamento, os compromitentes vendedores
se recusaram a lavrar a escritura definitiva, alegando que o preço recebido não
correspondera ao de mercado e que a lei lhes permitia o arrependimento.
Pediram em face da irreversibilidade da situação defato, com o imóvel
já afetado a programas de reforma agrária que parte da indenização buscada
pelos autores, correspondente aos 1.200 hectares objeto do compromisso, lhes
fosse paga pelo INCRA, de acordo com a avaliação adotada pela sentença, acres-
cida, em proporção, de todos os itens financeiros que o julgador viesse a deferir
aos autores opostos.
Citados os opostos, o INCRA afirmou que a oposição era incompatível com
o processo judicial de desapropriação (indireta, no caso), que somente permite
discussão sobre vício processual e o preço ofertado.
Destacou, porém, que, se admitida a intervenção, não se opunha ao pedi-
do dos opoentes, exceto quanto ao pagamento proporcional dos itens financeiros
buscados por similitude com o princípio constitucional da justa indenização, visto
cuidarse de uma mera pretensão indenizatória entre compromitentes compra-
dores e compromitentes vendedores, sem nenhuma vinculação ou identidade com
o instituto da desapropriação.
Os autores opostos contestaram o pedido, afirmando que o compromisso
de compra e venda, mesmo irretratável, não fora registrado, deixando de propici-
ar o pleito indenizatório dos opoentes. pois também não lhes ensejaria a adjudi-
cação compulsória, segundo precedentes do Supremo Tribunal Federal.
Sustentaram, também, que o princípio da incoercibilidade das prestações
de fato, inscrito no art.1.088 do Código Civil, propiciaria aos opoentes, quando
muito, o direito a uma compensação por perdas e danos, e nunca ao pagamento
do preço
objeto donuma desapropriação indireta, como se proprietários fossem do imóvel
apossamento.
Replicaram estes; aduzindo ser cabível a sua intervenção, por não se tra-
tar de desapropriação em sentido estrito; e que a falta de registro imobiliário do
compromisso não lhes obstaculiza o pleito; que não tem natureza real mas pura-
mente obrigacional (pessoal), trazendo à colação, por semelhança, o teor da
Súmula ns. 84 do Superior Tribunal de Justiça.
Por fim, insurgiramse veementemente contra a restrição indenizatória
aventada pelo INCRA, realçando que o mesmo fato do apossamento, correspon-
dendo a uma desapropriação (indireta) do imóvel como um todo, não pode, sem o
cometimento de injustiça, ensejar efeitos diferentes para eles, os compromissários
compradores, e para os opostos, os compromitentes vendedores que não honra-
ram o contrato
restrição celebradoPediram
indenizatória, e pago,também
com relação aos quais
o reembolso dasa custas
autarquia não fez a
e o pagamento
de honorários advocatícios de 20% do valor (proporcional) da condenação.
Segmentos instrutórios Replicados os fundamentos da contestação, o ju-
iz exarou despacho, irrecorrido, diferindo o exame das preliminares para o pórti-
co da sentença, dada a necessidade de melhor exame dos fatos do processo sobre
os quais se erguem, em face do conjunto da prova. Quanto à oposição, afirmou
que examinaria a sua admissibilidade também a final, com julgamento simultâ-
neo das duas ações, sendo o caso.
0 perito nomeado, um Engenheiro Agrônomo, apresentou laudo circuns-
tanciado avaliando o imóvel em R$1.017.SOO,00 (um milhão, dezessete mil e
quinhentos reais), à razão de R$185,00 (cento e oitenta e cinco reais) o hectare,
envolvendo a terra nua e a cobertura arbórea, afirmando que este item constitui
parte integrante do solo, e que. em face da realidade fundiária do mercado local,
não tem ele recebido avaliação e pagamento separados.
Sobre o redutor (depreciação) de 20% (vinte por cento) do seu preço de
mercado, buscado pelo INCRA pelo fato de estar invadido por posseiros na data
da ocupação, afirmou que não o adotava na sua sistemática de avaliação embo-
ra adotado por alguns julgados , deixando o aspecto para o prudente arbítrio do
julgador.
As acessões e benfeitorias foram avaliadas em R$260.000,00 (duzentos e
sessenta mil reais), louvandose o perito, nas duas situações, em elementos
transações imobiliárias, informações de corretores de imóveis, preço da arroba de
boi gordo, dados da carteira de crédito rural do Banco do Brasil, custo estimado
da construção das barragens, das cercas de arame, do pasto mecanizado e das
instalações complementares - do mercado imobiliário da microrregião de Reden-
ção Pará, onde se concentrava todo o movimento econômico da "Fazenda Cru-
zeiro do Sul". (Até o número do 000 do telefone da Fazenda disse o perito para
realçar a sua opção era o da cidade de Redenção.)
Os honorários
quinhentos dodepositados
reais), foram perito, arbitrados pelo juizpor
pelos autores, em determinação
R$7.500,00 (sete mil e e
judicial,
levantados ao cabo dos trabalhos.
0 assistente técnico do INCRA, também Engenheiro Agrônomo, avaliou o
imóvel em R$935.000,00 (novecentos e trinta e cinco mil reais), à razão de
R$170,00 (cento e setenta reais) o hectare, já levando em consideração a cobertu-
ra florística, também ao fundamento de que a dinâmica do mercado fundiário
não costuma avaliála em separado.
Também não adotou o redutor (depreciação) de 20% (vinte por cento) do
seu preço de mercado, buscado pelo INCRA pelo fato de estar invadido por possei-
ros na data da ocupação, afirmando que a desapropriação, em si mesma, já re-
presenta uma punição aos donos dos imóveis improdutivos. Todavia, consignou
que também devolvia o exame do aspecto adotado por alguns precedentes ao
prudente arbítrio do julgador.
As acessões (construções) e benfeitorias foram avaliadas em R$260. 000,
00 (duzentos e sessenta mil reais), porém com uma redução de 10% de deprecia-
ção, conforme praxe corrente em avaliações de imóveis rústicos, ficando a avalia-
ção final desse item em R$234.000,00 (duzentos e trinta e quatro mil reais).
Pautouse o expert em elementos valor de transações registradas no
cartório de imóveis, dados negociais fornecidos pela carteira de crédito rural do
Banco do Brasil, informações de corretores imobiliários, custo estimado da cons-
trução das barragens, das cercas de arame, do pasto mecanizado etc -» coletados
na microrregião de Conceição do Araguaia Pará da situação da propriedade,
levando em consideração: a mais disso, a sua localização geográfica, a funciona-
lidade e o estado de conservação das acessões e benfeitorias.
Na análise da localização, afirmou o assistente que o imóvel está a 1.184
km de Belém, Capital do Estado, principal centro consumidor do Pará, conforme
dados do Guia Brasill96 Quatro Rodas (Editora Abril São Paulo, 1996, p.20S),
sendo também grande a sua distância (530 km) da cidade de Marabá, grande
cento consumidor do sul do Estado.
0 assistente
R$7.000,00 (sete mil técnico dos trabalho,
reais) pelo autores, conforme
um Engenheiro Civil, quenoscobrou
recibo inserido autos,
inclusive de recolhimento de IRPF, avaliou a terra nua em R$1.045.000,00 (um
milhão e quarenta e cinco mil reais), à razão de R$190,00 (cento e noventa reais)
o hectare. (0 engenheiro não foi o mesmo que subscrevera o laudo que instruiu a
inicial.)
A cobertura florestal cerca de 1.900 hectares contendo várias espécies
de madeira de lei, conforme amostragem de inventário florestal foi avaliada em
separado, em R$380.000,00 (trezentos e oitenta mil reais), à razão de R$200,00
(duzentos reais) o hectare, destacando o profissional, por outro lado, o alto valor
daquela madeira no mercado. (Foram feitos estudos de volumetria e dos custos dê
extração e do transporte para a serraria.)
0 assentamento das famílias de trabalhadores, pelo INCRA, segundo afi■
ançou, não impediu uma avaliação criteriosa do valor econômico da mata no
momento do apossamento pela autarquia, em janeiro de 1990.
As acessões (construções) foram avaliadas em R$300.000,00 (trezentos
mil reais), tudo com base em dados transações imobiliárias, informações de
corretores imobiliários, preço da arroba de boi gordo e dados da carteira de
crédito rural do Banco do Brasil, custo da construção das barragens, das cercas
de arame, do pasto mecanizado etc da microrregião de Redenção Pará Os
laudos foram discutidos em audiência de instrução e julgamento.
Alegações finais - Os autores reiteraram todos os pleitos vestibulares e,
invocando o princípio do livre convencimento, pediram a condenação com base
no laudo do seu assistente técnico, dizendoo elaborado com pontual e exata
atenção a todos os ditames do mercado de imóveis e à exploração econômica da
propriedade invadida.
Afirmaram, ainda, que vasta jurisprudência, inclusive do Supremo Tribu-
nal Federal, tem firmado o princípio de que as florestas naturais, como acessões
do solo, devem ser indenizadas separadamente, em atenção ao princípio da justa
indenização, de estatura constitucional, e mesmo à vista da proteção que a Cons-
tituição confere ao direito de propriedade (plena in re potestas).
Pediram, também, o ressarcimento da quantia de R$4.500,00 (quatro mil
e quinhentos reais) paga pelo laudo que juntaram à inicial, e o reembolso dos
honorários do perito, cujo depósito fizeram por determinação do julgador, reno-
vando, por fim, o pedido de ressarcimento dos honorários pagos ao seu assistente
técnico.
Os opoentes, da mesma forma, renovaram o pedido, destacando que a in-
denização deveria ser fixada com base no laudo ofertado pelo assistente técnico
dos autores opostos.
0 INCRA repudiou os laudos do perito e do assistente técnico dos autores:
aquele, pordo
Conceição levar em conta
Araguaia elementos
PA, de mercado
onde se localiza alheios Cruzeiro
a "Fazenda à microrregião
do Sul"dee, de
resto, por não fazer uma avaliação criteriosa em face do mercado de terras na
própria microrregião de Redenção PA tomada como parâmetro; este, por ter
incidido no mesmo equívoco (dados de mercado de outra microrregião), por
superfaturar a indenização, por avaliar em separado a cobertura florestal, infrin-
gindo a lei e os ditames do mercado imobiliário da região; e, por derradeiro,
porque firmado por um Engenheiro Civil, quando a lei exige a avaliação por um
Engenheiro Agrônomo. (Isso fora objeto de impugnação à época da indicação,
afastada pelo juiz do processo e irrecorrida.)
Em conseqüência, e igualmente invocando a regra da livre apreciação da
prova, pediu que a indenização fosse fixada com base nos valores do laudo do seu
assistente técnico, que expressam a avaliação correta e criteriosa do imóvel, com
suas matas naturais, suas pastagens e suas acessões (construções), tudo em sinto-
nia com o mercado de imóveis da microrregião de Conceição do Araguaia.
Insistiu no pedido de aplicação do redutor (depreciação) de 20% (vinte
por cento) do seu preço de mercado, pelo fato de estar invadido por posseiros na
data da ocupação, enfatizando se este, indiscutivelmente, um elemento de redu-
ção do preço de mercado dos imóveis rurais.
Renovou, da mesma forma, toda a sua irresignação, expressa na contesta-
ção, contra a forma de composição dos itens financeiros da indenização, tal como
buscada pelos autores e pelos opoertes. Os autos foram conclusos para sentença.
Vistos, etc.
1. RELATÓRIO
(0 relatório foi exigido nessa prova, mas não o fiz por questão de tempo
e porque não vem sendo mais exigido)
2. JULGAMENTO DA OPOSIÇÃO
3. DAS PRELIMINARES
3.1 Alegação de ilegi.tiinLdâd.epagSÍ^a.dQ INCRA
Alega o INCRA que a competência para desapropriação para fins de re
forma agrária é da União Federal. Não é procedente tal alegação, pois, embora a
União
por Federal
meio sejapessoa
de outra competente para
jurídica tal matéria,
pertencente podeadministração
à sua exercer sua competência
indireta, no
caso o INCRA. Sobre o tema, já decidiu o TRF da l Região:
ã
AC 2000.38.00.030778-8/MG
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO INDIRE
TA. INVASÃO DO IMÓVEL POR TRABALHADORES RURAIS APÓS VIS-
TORIA. RESPONSABILIDADE DO INCRA. INOCORÊNCIA. ILEGITIMI
DADE ATIVA DA UNIÃO. AGRAVO RETIDO. 1. Não se conhece de agra
vo retido se a parte não requereu expressamente seu julgamento na
apelação ou nas contra-razões Art. 523, §12, do CPC). 2. A União é par
te ilegítima quando a ação versa sobre ato de competência exclusiva
de ente descentralizado, que detém personalidade jurídica própria. 3,
A invasão de propriedade rural por trabalhadores sem terra, após vis
toria do INCRA, não enseja, de per si, responsabilidade da Autarquia.
4. Apelações improvidas. Sentença confirmada.
XXIV - aouleiutilidade
sidadee estabelecerá o procedimento
pública parasocial
, ou por interesse desapropriação por eneces
mediante justa pré--
via imdenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constí-
tuição;
Alega
por cento), o réu
pslo fato que
de oaimóvel
indenização deve sofrer
estar invadido porum redutornadedata
posseiros 20% da(vinte
ocupa
ção. Sobre o tema, porém, o TRF da lâ Região já tem posição pacífica, afastando
tal redutor:
"Já com relação à depreciação em virtude de encontrar-se a
propriedade ocupada por posseiros, tenho que não deve prevalecer a
sentença no ponto. Não é de se levar em conta, como redutor de pre
ço, o fato de encontrar-se a propriedade ocupada por posseiros, como
têm proclamado os precedentes. O fato não autoriza a que o Estado,
invocando em seu favor a invasão ilícita, muitas vezes por ele direta
ou indiretamente estimulada, imponha ao proprietário, já punido com
a perda compulsória do bem por força do ato expropriatório, a desva
lorização do imóvel em função de ocupações não raro fomentadas e
patrocinadas por grupos políticos de pressão ligados à reforma agrá
ria. Reafirmo que esta Turma tem entendido que a presença de pos
seiros na área expropriada não serve de fator de depreciação do valor
do imóvel". AC 2002.39.01.001264-5/PA
§delorenda
Os juros compensatóriossofrida
comprovadamente destinamse, apenas, a compensar a perda
pelo proprietário.
§ 2o Não serão devidos juros compensatórios quando o imóvel possuir
graus de utilização da terra e de eficiência na exploração iguais a zero.
§ 3o 0 disposto no caput deste artigo aplicase também às ações ordiná•
rias de indenização por apossamento administrativo ou desapropriação
indireta, bem assim às ações que visem a indenização por restrições de•
correntes de atos do Poder Público, em especial aqueles destinados à pro
teção ambiental, incidindo os juros sobre o valor fixado na sentença.
§ 4o Nas ações referidas no § 3o, não será o Poder Público onerado por ju-
ros compensatórios relativos a período anterior à aquisição da proprie-
dade ou posse titulada pelo autor da ação.
Ocorre que a limitação dos juros em seis por cento ao ano foi suspensa
pelo STF na ADI 2332. Assim, são devidos os juros compensatórios à taxa de
12% (doze
imóvel. por cento)
As decisões ao ano,
abaixo desdeo aentendimento
ilustram imissão da expropriante
do TRF da ls na posse do
Região:
Ao contrário do que afirma a apelante, são devidos
também os juros compensatórios, verba que, no formato
clássico da desapropriação, é destinada a compensar o pro
prietário pela perda antecipada do imóvel, decorrente da
imissão do desapropriante na sua posse (DL n e 3.365/41 -
art. 15-A, § 3S), e que é igualmente devida na desapropria
ção indireta, a partir da ocupação (Súmula 114 - STJ), no
percentual de 12% ao (Súmula 618 - STF).
Tradicionalmente, na desapropriação direta, os ju
ros compensatórios são pagos à razão de 12% (doze por
cento) ao ano, incidindo a partir da imissão na posse (cf,
Súmula nQ 69 - STJ) e calculados, até a data do laudo, pelo
valor simples da indenização e, desde então, sobre o referi
do valor corrigido monetariamente, nos moldes da Súmula
Q ô
nção74mais
- TFR; ou, nos
recente, termos
a partir dada Súmulanan posse,
imissão 113 - calculados
STJ, de edi
sobre o valor da indenização, corrigido monetariamente.
Na desapropriação indireta, como visto, é paga a verba a
partir da ocupação.
Esse percentual foi alterado para 6% pela Medida
Provisória ng 2.183-56, de 24/08/01, acrescentando o já
referido art. 15 - A ao Decreto-lei n Q 3.365, de 21/06/41 0
lei geral das desapropriações 0, não sendo devido o item
quando o imóvel não registrar produção, mas o preceito -
aqui citado apenas em relação ao percentual 0 foi suspenso
na sua eficácia pelo STF, ao examinar a ADin nQ 2.332-1/DF,
Rei. Min. Moreira Alves. (AC 1999.38.00.003056-8/MG)
Os juros compensatórios destinam-se a remunerar o
proprietário do imóvel pela perda de sua posse, ainda que
inexista produtividade. A redução prevista nas MP's 1.577
e 2.183
lo STF (de 12% 2.332-2,
(ADIN para 6%)rei.
foi declarada
Min. Moreirainconstitucional
Alves; e AG pe
373.872/RJ, rei. Min. Néri da Silveira, j. de 04.02.02), per
manecendo inalterado o percentual de 12% fixado na sen
tença. (AC 1997.38.01.003284-0/MG)
A exceção fica apenas no caso abaixo, que não guarda suporte com o dos
presentes autos:
Tendo a ação desapropriação indireta causa de pe
dir fundada na limitação da exploração econômica do imó
vel, em face de estar inserido em área de parque nacional, e
não pelo apossamento físico da área pela autarquia, por isso
sem imissão na posse, não são devidos os juros compensa
tórios, posto que têm destinação para compensar o proprie
tário pela perda antecipada do imóvel, o que não se dá na
hipótese, pois o imóvel ainda está na posse direta dos auto
res, com aproveitamento econômico pelos mesmos. (AC
2001.38.00.006072-1/MG)
Como não se trata de desapropriação direta, não incidem também as
regras abaixo:
ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS
DE REFORMA AGRÁRIA. INDENIZAÇÃO. TERRA NUA. BEN
FEITORIAS. LAUDO ADMINISTRATIVO. JUROS COMPENSA
TÓRIOS. JUROS MORATÓRIOS. CORREÇÃO MONETÁRIA.
1. O laudo administrativo apresentado pelo INCRA é
sólido e bem fundamentado, tendo corretamente avaliado a
terra nua, bem como as benfeitorias existentes no imóvel,
levando em conta a localização, acesso, tipo de solo, clima,
hidrografia, realidade imobiliária etc. Trabalho que bem re
flete o valor de mercado da propriedade.
2. Juros compensatórios indevidos, uma vez que
não houve divergência entre o preço ofertado em luizo
e Q valor dQ tern flxadQ np sentença. Art. 15-A da Medida
Provisória 2.183-56/01.
3. Não incidência de juros moratórios quando o va
lor da indenização é o mesmo da oferta inicial.
4. Em desapropriação é permitida a aplicação da
correção monetária sobre o valor a ser pago em dinheiro.
Na hipótese dos TDA's, é possível apenas até o seu depósito,
(AC 1997.43.00.001648-7/TO]
Incidem juros compensatórios a partir da imissão
na posse do imóvel. A base de cálculo de tais juros é a dife»
rença entre 80% do preço ofertado em juízo e o valor
fixado para a indenização. (AC 1998.41.00.000951-5/RO)
Assim, apenas por questões didáticas (FIZ ESSA PARTE APENAS POR
CONTA DE SER UM ESTUDO), os juros compensatórios nas desapropriações são
calculados da seguinte forma:
Desapropriação direta:
a) só incidem se houver diferença entre avaliação e
oferta;
b) o termo inicial é o da imissão provisória na posse
do bem;
c) a base de cálculo é a diferença entre o valor fixa
do na indenização e 80% do preço ofertado (ou seja, incide
sobre a parte não levantada pelo expropriado, mais a dife
rença apurada em juízo);
d) o percentual é de 12%, não se aplicando o limite
do art 15-A do Decreto-Lei nQ 3.365/41, por decisão do STF
na ADin 2.332;
e) incide ainda que a terra não seja explorada, por
que, segundo a jurisprudência, os juros são uma retribuição
pela perda da propriedade, até que se dê a sua integral in
denização.
Desapropriação indireta:
a) incidem em qualquer caso, porque não houve o-
ferta inicial;
b) o termo inicial é o do apossamento por conta do
expropriante;____________________________________
c) a base de cálculo é o valor da indenização, corri
gido moietariamente;
0 o percentual é de 12%, não se aplicando o limite
do art. 15-A do Decreto-Lei ns 3.365/41, por decisão do STF
na ADin 2.332;
0 incide ainda que a terra não seja explorada, por
que, segundo a jurisprudência, os juros são uma retribuição
pela perda da propriedade, até que se dê a sua integral in
denização_______________________________________
Assim,apenas
vendo incidir rejeitonos
a aplicação
termos o dos
art. juros
15-B moratórios a partir
do Decreto-Lei da citação, de
3.365/1941.
4.10 Honorários advocatícios
Os autores requerem a condenação do réu em honorários calculado!
em 20% da condenação. Em contrapartida, os réus alegam que os honorárlOI
devem ser de 0,5% a 5% da diferença entre a oferta e a condenação, observan*
do o valor máximo de R$ 151.000,00, a teor do que dispõe a MP n 2. 2027»
40/2000.
Diz a referida MP (que incluiu o art. 27 no Decreto-Lei n2. 3365/41):
§ loA sentença que fixar o valor da indenização quando este for superior
ao preço oferecido condenará o desapropriante a pagar honorários dõ
advogado, que serão fixados entre meio e cinco por cento do valor da dfr
ferença, observado o disposto no § 4o do art. 20 do Código de Processo Cl
vil, não podendo os honorários ultrapassar R$ 151.000,00 (cento ec/n-
quenta e um mil reais).
1. Ocorre
tempo prescrição
hábil, a rescisãoquando a autora
dos contratos não promove,
de alienação em
de terras
públicas.
2. Em desapropriação indireta, a prova de domínio deve o-
correr nos próprios autos.
3. Os honorários advocatícios incidem sobre o total da
indenização.
4. Somente é possível a indenização em separado da cober
tura florística quando for objeto de exploração autorizada
pelo órgão competente.
5. O laudo do perito, se elaborado com base em metodologia
aceita, deve ser adotado, tendo em vista a presunção de im
parcialidade do perito.
6. Apelação do INCRA desprovida e apelação dos expropri-
antes provida em parte.
(AC 2000.41.00.Q02287-1/RO)
Quanto ao percentual, o STF não considerou inconstitucional o limite de
5%, até mesmo porque o próprio CPC traz regra diversa para os casos de con
denação da Fazenda Pública (§4S do art. 20). De qualquer maneira, nas indeni
zações que não sejam por interesse social, bem nas ações de indenização por
desapropriação indireta, o TRF da Ia Região tem mantido a aplicação do CPC,
entendendo que a norma do Decreto-Lei n 2. 3365/41 é aplicada em conjunto
com o CPC:
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO
INDIRETA PRESCRIÇÃO. JUROS MORATÓRIOS. HONORÁ
RIOS ADVOCATÍCIOS.
1. É de 20 (vinte) anos o prazo para propositura de ação in-
denizatória em desapropriação indireta. Súmula 119 do STJ.
2. Manifestação por escrito, do particular à Administração,
reconhecendo a dívida, caracteriza-se como fato interrupti-
vo do prazo prescricional, nos termos do art. 202, V, do Có
digo Civil.
3. Os honorários advocatícios. em desapropriação indi
reta. são fixados em conformidade com o artigo 20. S 4g.
do CPC.
4. Os juros moratórios são fixados à razão de 6 % ao ano,
contados a partir de 12 de janeiro do exercício seguinte a-
quele em que o pagamento deveria ser feito, nos termos do
art. 100 da Constituição.
5. Apelação da União e Recurso Adesivo dos expropriados
desprovidos.
(AC 2003.38.01.003891-3/MG)
CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CI
VIL. DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. INDENIZAÇÃO FIXADA
COM BASE NA PERÍCIA. JUROS COMPENSATÓRIOS. JUROS
MORATÓRIOS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
1. Indenização fixada com base no laudo oficial, laborado
com base em pesquisa de mercado imobiliário na região.
2. A taxa dos juros compensatórios é de 12% (doze por cen
to) ao ano e "na desapropriação indireta, incidem a partir da
ocupação, calculados sobre o valor da indenização corrigido
monetariamente" (Súmula 114 do STJ).
3. Aplicável à espécie o art 15-B do Decreto-Lei n2
3.365/1941, introduzido pela MP 1.901-31, de 26 de outu
bro de 1999, que alterou o termo a quo dos juros morató
rios para "a partir de l2 de janeiro do exercício seguinte à-
quele em que o pagamento deveria ser feito, nos termos do
art. 100 da Constituição". Precedentes desta Turma.
4. Honorários advocatícios regularmente fixados em
conformidade com o § 4S do art. 20 do CPC c/c o § l2 do
art. TI do Decreto-Lei 3.365/1941, com a redação dadi
pela Medida Provisória 2.183/2001.
5. Remessa oficial parcialmente provida.
5.PKSPQSmVQ
Em razão do exposto, julgo extinta a oposição, sem resolução do méritOi
por ser incabível tal modalidade de intervenção de terceiros na presente de
manda. Julgo improcedentes as preliminares de ilegitimidade passiva e dê
prescrição e decadência. No mérito, julgo parcialmente procedentes os pedidol
para condenar o réu, por conta da desapropriação da Fazenda Cruzeiro do Sul
(INCRA 1.047.017.255.051-4):
a) ao pagamento de indenização aos autores no montante de R$
1.251.500,00 (um milhão duzentos e cinqüenta e um mil e quinhento*
reais), sendo R$ 1.017.500,00 pela terra nua, incluindo a coberturâ
florestal, e R$ 234.000,00 pelas acessões e benfeitorias;
b) ao pagamento de honorários advocatícios calculados em 5% do
valor total da condenação corrigido monetariamente, incluindo os ju
ros;
c) a ressarcimento das custas processuais, inclusive dos honorário*
do assistente técnico dos autores.
Os juros compensatórios serão calculados em 12% (doze por cento)
ao ano sobre o valor da condenação, desde a imissão na posse por parte do
expropriante.
Os juros moratórios serão devidos no percentual de 6% (seis por cen
to) ao ano, a partir de l 2 de janeiro do exercício seguinte àquele em que o
pagamento deveria ser feito, caso este não ocorra.
Elabore
natura ou sentença
qualquer outro, atendendo aos requisitos
sinal, julgando a questãodohipotética
art 458 doabaixo
CPC, exposta.
sem assi-O
relatório (síntese dos fatos relevantes do processo) é imprescindível, sob pena de
eliminação.
Petição inicial protocolizada em 15 de abril de 2003, na Justiça Federal:
Sifrônia Alves Pestana, brasileira, solteira, desempregada, residente e domiciliada
em Brasília, por seu advogado..., ingressa com a presente Ação Ordinária contra a
União Federal para obter indenização por despesas médicas e de hospitalização e
pensão vitalícia correspondente aos vencimentos de Agente da Polícia Federal,
nos termos da legislação de regência, pelos fatos e fundamentos que passa a
narrar: em 1996, após ter sido aprovada em concurso público, foi matriculada e
passou a freqüentar Curso de Formação de Agente da Polícia Federal, ministrado
a partir de abril daquele ano, pela Academia Nacional de Polícia, do Departamen-
to de Polícia Federal, Ministério da Justiça. Logo de início tomou conhecimento
das normas disciplinares, direitos e deveres dos alunos, onde ficou sabendo que,
dentre inúmeros
efetivamente deveres,
de todas estavaemobrigada,
as aulas todas as como todos
matérias, sobospena
alunos, a participar
de punição, que ia
de advertência até ao desligamento. Pois bem, no dia 23.4.1996, quando partici-
pava de uma aula de preparação física, sofreu gravíssimo acidente do qual resul-
tou incapacidade permanente irreversível (conforme laudos médicos nos Autos),
para o exercício da Junção policial, para a qual se habilitara em regular concurso
publico.
Em maio de 2000 requereu, administrativamente, a indenização e a pen-
são, pedido indeferido em fevereiro de 2001, conforme cartanotificação que
anexa, recebida em 18 de fevereiro de 2001.
Pede assim citação da ré, e decreto de procedência condenandose a Uni-
ão a indenizar pelas despesas médicas e de hospitalização e a pagar pensão no
valor correspondente à remuneração de Agente da Polícia Federal, desde abril de
1996, tudo acrescido de juros e correção monetária a partir de cada mês de refe-
rência.
Inicial despachada em 17 de abril de 2003, determinada a citação nesta
mesma data, mandado de citação cumprido em 28 de agosto, em virtude do ex-
cesso de mandados na Central de Mandados, juntado aos autos em 22 de setem-
bro de 2003, em face da burocracia na Secretaria da Vara.
Contestação: Preliminar: A União vem arguir a prescrição do direito por
decorridos mais de 5 (cinco) anos entre o acidente e o ajuizamento da ação, 1996
2003, ou dois anos e meio entre a data da ciência do indeferimento, 18.2.2001 e
a citação 28.8.2003, súmula n. 383/STF.
Mérito: 0 acidente durante o treinamento ocorreu por culpa exclusiva da
Autora que não obedeceu às orientações do instrutor. Por outro lado, a Autora
não possuía nenhum vínculo jurídico com a referida Academia, conforme depre-
ende do art. 33, do Regulamento da referida Academia Nacional de Polícia, a
seguir transcrito: "A Bolsa de Estudos não configura qualquer vínculo empregatí
cio do aluno com o Departamento de Polícia Federal, constituindose apenas uma
ajuda transitória, durante a realização do respectivo curso." Fazse mister ainda
acrescentar que, como a legislação vigente não contempla os alunos da Academia
Nacional de Polícia com qualquer indenização em virtude de acidente provocado
de morte ou invalidez, são os mesmos obrigados a fazer seguro de acidentes
pessoais, para cobrir invalidez ou morte. Dada a existência do acima mencionado
seguro, percebeu a Autora, à época do acidente, a quantia de R$ 6.000,00 (seis mil
reais), como indenização, mais R$ 3.000,00 (três mil reais) para fazer frente às
despesas com tratamento de saúde. Assim, impõese o indeferimento do pleito da
Autora em perceber "indenização das despesas de tratamento", de vez que, em
assim não entendendo, estarseá deferindo à parte ativa deste feito o juridicQ'
mente condenável bis in iden dessa parcela. Além disso, verificase que, em mo*
mento algum, logrou a Autora demonstrar os gastos efetivamente realizados, fato
este mais que suficiente a ensejar o indeferimento do pedido. As partes juntam: A
Autora: Uma certidão da Academia consignando acidente durante exercício na
Pista de Obstáculos do Stand de Tiros, em 23.4.1996; outra certidão, onde consta
que nesse dia foi a Autora hospitalizada com fratura nas pernas. Comprova,
ainda, a Autora, que foi desligada por motivo de saúde. A União: Comprovante dê
seguro e de sua liquidação afavor da Autora. Demonstrativo de que a Academia
manteve a Autora, após o ccidente, em seus alojamentos até janeiro de 1997.
Durante este período deu toéa assistência possível, tendo em vista que seus fami-
liares residiam no Maranhão e a mesma encontravase sozinha nesta Capital.
Comprovando que a Autora;ó deixou a Academia quando as condições de saúde
lhe permitiram e após ter sido indenizada pela Seguradora.
Laudo Pericial em jiízo 1. Histórico: Paciente deu entrada no HRS na
unidade de Ortopedia e Traunatologia referindo ter pulado aproximadamente de
3 l/2m de altura durante o reinamento na Academia Nacional de Polícia. Apre-
sentava quadro de dor intenta, impotência funcional dos MMII (membros inferio-
res) que sedia.
no mesmo apresentavam
2 Examesen semiflexão.
:ealizados: Foi encaminhada
A paciente ao centro
foi examinada cirúrgico
por mim com
queixa de dor, impossibilidace de ficar em pé continuamente por 30 minutos e de
permanecer de cócoras. 0 exame físico evidenciava deformidade em varo dos
joelhos, déficit nos movimertos de flexoextensão. Solicitei RX dos joelhos que
evidenciava alterações degeierativas e deformidade anatômica. Em suma, apre-
senta deformidades que podirão ser corrigidas parcialmente com efeito estético,
não funcional. 3 Resposta cos quesitos solicitados pelos advogados das partes: I
Lesão Traumática. II Sin. Fratura de ambas as tíbias com afundamento dos
plateaus e assimetria dos memos. III - As lesões produzem incapacidade perma-
nente e total. Déficitflexão e extensão deformidade em varo. IV - A paciente
encontrase impossibilitada le exercer atividades em que tenha que permanecer
de pé por longo período efazr flexão completa dos membros inferiores. V - Pelo
item respondido acima, julg) impossível que possa exercer qualquer atividade
remunerada. VI A incapacilade da paciente é seqüela do acidente. VII A paci-
ente pode ser
de esperar submetida
melhora a crurgia para melhora estética dos joelhos, não sendo
funcionai
Prova testemunhai cdhida na instrução: 1. Joaquim Silveira, que foi cole-
ga da Autora na Academia - Que os exercícios eram obrigatórios sob pena de
desligamento do curso. Que c Autora foi obrigada pelo instrutor a pular um obs-
táculo de aproximadamente! (três) metros de altura. Que não foi dada nenhuma
orientação sobre qual aforrm de se efetuar o pulo ou o preparo para a queda, se
frontal ou lateral. Que depoissoube que o correto seria “cair de lado", todavia não
houvera nenhuma explicação antes. Que a autora caiu de frente, sem realizar
movimento para os lados, dd ter sido projetada para a frente no solo, causando
as fraturas. 2. Antônio Carlimos Sobrera Que a Autora permaneceu até recupe-
ração do acidente em alojanento da Academia, sendo atendida em hospitais
públicos e pelo Corpo Médio da Polícia Federal. Acredita não ter incorrido a
Autora em despesas médicas Que antes dos exercícios o instrutor da Academia
não deu nenhuma orientaçãcou explicação sobre a maneira de se realizar o pulo
e a travessia dos obstáculos.
Vistos, etc.
1. RELATÓRIO
Trata-se de pedido de indenização por danos materiais em virtude da
incapacidade laborai gerada por acidente que teria sofrido a autora, em treina
mento do Curso de Formação de Agente da Polícia Federal. Pede a autora tanto
o ressarcimento dos gastos médicos e hospitalares, quanto do que deixou da
ganhar em virtude do acidente, que deverá ser pago por meio de pensão vitalí
cia. Alega ter feito requerimento administrativo com o mesmo objetivo, mal
teve seu pedido indeferido.
Citada, a União Federal apresentou sua contestação, na qual arguiu, re
sumidamente: preliminar de prescrição, tendo em vista o transcurso de cinco
anos desde o acidente ou, em outra via, o transcurso do prazo de dois anos •
meio desde a ciência do indeferimento administrativo até a citação da ré; no
mérito, alega culpa exclusiva; ausência de vínculo jurídico entre a União Federal
e a autora; desobrigatoriedade de indenizar, em virtude de norma regulamen»
tar e da existência de seguro de acidentes pessoais para cobrir invalidez ou
morte; pagamento de seguro para a autora; ausência de provas quanto ao|
gastos alegados.
Foram juntadas as seguintes provas: pela autora, certidão da Academli
Nacional de Polícia consignando o acidente, certidão consignando a internaçlO
da autora em virtude de fratura nas pernas, comprovante do desligamento dff
Curso por motivos de saúde; pela ré, comprovante do seguro e de sua liquida4
ção em favor da autora e demonstrativo de que a Academia manteve a autori
em seus alojamentos até janeiro de 1997, prestando-lhe completa assistência.
Perícia realizada confirmou lesão traumática decorrente do referido ft
cidente, que causou incapacidade permanente e total, com conseqüente impo
sibilidade de exercer qualquer atividade remunerada.
Colhida prova testemunhai em que o depoente confirmou a ocorrênd
do acidente, a falta de orientação para os alunos e que a autora permaneceu a"
a recuperação do acidente em alojamento da Academia, sendo atendida a
hospitais públicos e pelo Corpo Médico da Polícia Federal.
É o relatório.
2. FUNDAMENTAÇÃO
2.1. Pa preliminar de prescrição
Alega a União Federal que teria ocorrido a prescrição. O primeiro
gumento é pela consideração do prazo de cinco anos entre a data do acide
(23sentido
no de abrildedeque,
1996) e oaajuizamento
após da ação (15 de
ciência do indeferimento abril de 2003).teria
administrativo, O segun
cor
o prazo de dois anos e meio até a citação na presente ação.
A prescrição, no presente caso, é regulada pelo Decreto
20.910/1932, que estipula o prazo de cinco anos para a cobrança de dívl
passivas dos entes da Federação (art. I 2). Ocorre que o referido Decreto tam
bém estipula os casos de suspensão desse prazo:
Art 4S Não corre a prescrição durante a demora que; no estudo, no re-
conhecimento ou no pagamento da dívida, considerada líquida, tiverem
as repartições ou funcionários encarregados de estudar e apurála.
Parágrafo único. A suspensão da prescrição, neste caso, veriflcarseá pela
entrada do requerimento do titular do direito ou do credor nos livros ou
protocolos das repartições públicas, com designação do dia, mês e ano.
Ora, a norma acima deixa claro que deve ser aplicada apenas no caso de
interrupção do prazo prescricional, o que não se vê na presente hipótese, pois o
art. 42 trata de suspensão, não de interrupção. Logo, após a ciência do indeferi
mento administrativo, recomeçou a contagem do prazo do ponto em que havia
sido suspensa.
Estaria então prescrito o direito da autora, em virtude do prazo superi
or a cinco anos desde a data do acidente, já considerado o período de suspensão
para análise do pleito administrativamente?
Tenho para mim que a resposta é negativa, ao menos em parte. Isso
porque é possível visualizar fatos geradores distintos para o dever de indenizar
da Administração: quanto à pensão vitalícia requerida, seria a data do acidente;
quanto às despesas médicas e hospitalares, seria cada uma das datas em que
tais despesas foram pagas pela autora. Logo, é preciso estudar o lapso qüinqüe
nal antes da propositura da ação para delimitar o período já decaído.
Nesse sentido, tenho para mim que o prazo de cinco anos deve conside
rar a data de propositura da ação, ou seja, 15 de abril de 2003. Isso porque,
embora a citação tenha se dado apenas em 28 de agosto de 2003, tal atraso não
pode ser imputado à autora e, por isso mesmo, é de ser aplicado o § l2 do art
219 do Código de Processo Civil, que determina a retroação dos efeitos da
citação, quanto à prescrição, à data do ajuizamento da demanda. Isto posto, a
data a ser considerada é, realmente, 15 de abril de 2003.
Em virtude disso, estão prescritos os valores relativos a fatos gerador»!
ocorridos antes de 15 de abril de 1998, especialmente quanto a despesas médi
cas e hospitalares incorridas antes de tal data.
Porém, em que pese ter sido dito que o fato gerador do direito à penslo
vitalícia se deu na data do acidente, que foi anterior a abril de 1998, estão prei-
critos apenas os valores relativos aos períodos anteriores a tal data. Isso por*
que estamos diante de uma prestação de trato sucessivo na qual, se o direito
srcinário não tiver sido negado, a prescrição atinge apenas o qüinqüênio ante*
rior ao ajuizamento da ação, conforme pacificado na jurisprudência.
Em virtude do exposto, acolho parcialmente a alegação de prescriçflo,
para declarar prescritos quaisquer valores relativos a gastos com despesM
médicas e hospitalares, assim como às parcelas a título de pensão eventualmen
te devidas, anteriores ao prazo de cinco anos da propositura da presente ação.
2.3. Pa pensáaYlíâllçjia
Para que seja deferido o pedido de pensão vitalícia, é preciso primeira*
mente averiguar a efetiva responsabilidade da União Federal quanto ao fató
ocorrido.
Inicialmente, cabe ressaltar que a ocorrência do acidente durante 0
treinamento da autora na Academia Nacional de Polícia é fato incontroveraOi
nos termos do inciso III do art. 334 do Código de Processo Civil. Cinge-se I
questão a saber se há alguma excludente de responsabilidade no caso.
A perícia foi conclusiva em atestar que o acidente gerou lesões perma*
nentes e irreversíveis na autora, que, por conta disso, restou impossibilitada dt
exercer qualquer atividade profissional. Temos então um fato (o acidente), U&
resultado (as lesões incapacitantes) e um nexo de causalidade entre eles, o qu#
é suficiente para a responsabilização objetiva, pela teoria do risco administrâtí*
vo, nos termos do § 62, art 37, da Constituição Federal.
Porém, é preciso verificar se não houve ruptura desse nexo de causali
dade, que se daria por algum caso fortuito ou de força maior, bem como por
culpa exclusiva da vítima ou de terceiro. A alegação da ré, aliás, é justamente no
sentido de ter havido culpa exclusiva da autora, que não teria obedecido às
instruções a ela repassadas no treinamento.
Ocorre que tais excludentes devem ser provadas pela Administração,
pois são fatos impeditivos do direito da autora, nos termos do inciso II, art 333,
do Código de Processo Civil. Não foi o que se viu nos autos, pelo contrário, a
testemunha foi clara ao dizer que não foi dada nenhuma orientação sobre qual
a forma de se efetuar o pulo ou o preparo para a queda. Ora, como a autora
poderia desobedecer instruções que nem foram dadas? Impossível, pois, reco
nhecer a excludente de responsabilidade no presente caso.
Concluo, pois, pela obrigatoriedade da ré em responder pelos prejuízos
causados pelo acidente. Passo, assim, à análise do pedido de pensão vitalícia.
Tenho para mim que não estamos diante de um caso de pensão de natu
reza previdenciária, já que o curso de formação dos Agentes de Polícia Federal
se dá antes da nomeação. Ora, somente após a nomeação e posse, com o provi
mento do cargo, é que decorreria a responsabilidade da União Federal de cunho
previdenciário.
O que temos então é um caso de pensão de natureza alimentícia, em vir
tude da falta imputada à Administração. O caso é de lucros cessantes, do que
deixou a autora de ganhar em razão do acidente por ela sofrido. E o que deixou
a autora de ganhar? Certamente, sua remuneração no cargo de Agente da Polí
cia Federal, que deve servir de base para a pensão mensal a ser recebida pela
autora.
O marco inicial para o direito à pensão é a data do acidente, porém,
prescritas estão as parcelas devidas há mais de cinco anos da propositura da
presente ação, conforme já explicitado anteriormente. O marco final deverá ser
o falecimento da autora, quando este sobrevier.
7. DISPOSITIVO
Em razão do exposto, julgo improcedente o pedido de indenização no
que tange aos gastos com médicos e hospitais e, em relação ao pedido de pen
são alimentícia, julgo-o parcialmente procedente para:
a) declarar que a autora tem direito a receber uma pensão mensal vita-
líciia, equivalente à remuneração inicial integral no cargo de Agente de Polícia
Federal, devendo a União Federal implantar em folha o pagamento de tal renda,
dispensada, por conta dessa implantação, da constituição de outras garantias
ou cauções;
b) condenar a União Federal a pagar à autora os valores vencidos den
tro do período de cinco anos da propositura da presente ação, devidos a título
da referida pensão, havendo incidência de correção monetária a partir do ven-
clnnento de cada uma das parcelas, observados os índices decorrentes da apli-
cação da Lei 6.899/81, como enunciados no Manual de Orientação de Procedi
mentos para Cálculos da Justiça Federal. Sobre tais parcelas ainda incidirão
juros de mora, desde cada vencimento, à taxa de 1% (um por cento) ao mês,
tendo em vista a natureza alimentar da obrigação, conforme entendimento do
STJ;
Em face da sucumbência, condeno o réu a restituir à autora o valor das
custas, bem como a pagar os honorários de sucumbência, que serão calculados
em 5% (cinco por cento) sobre as parcelas vencidas até o momento de prolação
da sentença, não incidindo sobre qualquer parcela vincenda, de acordo com o
previsto no § 32 do art 20 do CPC e na Súmula 111/STJ, nos moldes da juris
prudência deste Tribunal e do STJ.
P.R.I.
ANA SILVA, brasileira, viúva, com 65 anos de idade pretende ver declara•
do tempo de serviço na condição de rurícola, para fins de benefício previdenciário
(aposentadoria), cumulado com pedido de pensão que não lhe vem sendo paga, a
partir da data do óbito, por morte de seu marido AULUS SILVA, a qual sustenta
ter sido trabalhador rural, por mais de 35 anos.
A autora traz como prova: certidão de casamento, celebrado em 20 dê
março de 1955, em que figura como doméstica e seu falecido marido como traba-
lhador rural; certidão de óbito do marido, ocorrido em 4 de setembro de 1994}
declaração do Ministério Público estadual, datada de 5 de fevereiro de 1990,
afirmando que ela e o de cujus eram trabalhadores rurais; cópia da carteira do
antigo marido, expedida em 1965, de associado do Sindicato dos Trabalhadores
Rurais do Município de Conselheiro Lafaiete; cópia de escritura, pela qual seu
marido adquiriu pequena gleba de terra em 8 de maio de 1954, que até hoje é dê
propriedade da autora, por efeito de sucessão; declaração do fazendeiro FABRU
CIO PEREIRA, dizendo que AULUS SILVA foi seu empregado na Fazenda "Canto
Feliz", por cerca de 5 anos (1950 a 1955); rol de três testemunhas que, a seu
sentir, conhecem bem a situação da autora e do seu antigo marido.
Alega a autora que sempre trabalhou em regime de economia familiar e,
seu extinto marido, uma grande parte também nesse regime, e outra como em•
pregado, como, aliás, já aludido.
Requer ainda, assistência judiciária.
O a declaração
aceitar~se INSS alega que a prova
do Ministério é imprestável,
Público; quer porquer
não por não ser mais
ter qualquer valiapossível
a
declaração do dito exempregador; quer, ainda, por não ter havido prévio reque-
rimento administrativo e, ainda, por serem inacumuláveis os benefícios de que
cuida a pretensão. Por último, quanto à prova testemunhai, de que ela nada vale,
até por que em matéria previdenciária não se aceita a exclusivamente testemu-
nhai.
Quanto ao mérito, nega qualquer direito ou reconhecimento do tempo de
serviço pretendido, bem como da pensão pleiteada que, apenas para argumentar,
esta última, se houvesse o direito, só poderia ocorrer a partir da sentença.
Ademais, ad argumentandum, alega que a ser procedente o pleito da pen-
são, teriam de ser descontados os valores que corresponderiam às contribuições
previdenciárias não efetuadas opportuno tempore.
1. RELATÓRIO
ANA SILVA ajuizou a presente ação visando: 1) ter declarado tempo de
serviço na condição de rurícola, para fins de benefício previdenciário (aposen
tadoria); 2) ver deferido pedido de pensão que não lhe vem sendo paga, a partir
da data do óbito, por morte de seu marido AULUS SILVA, a qual sustenta ter
sido trabalhador rural, por mais de 35 anos.
A autora traz como prova: certidão de casamento, celebrado em 20 de
março de 1955, em que figura como doméstica e seu falecido marido como
trabalhador rural; certidão de óbito do marido, ocorrido em 4 de setembro de
1994; declaração do Ministério Público estadual, datada de 5 de fevereiro de
1990, afirmando que ela e o de cujus eram trabalhadores rurais; cópia da car
teira do antigo marido, expedida em 1965, de associado do Sindicato dos Traba
lhadores Rurais do Município de Conselheiro Lafaiete; cópia de escritura, pela
qual seu marido adquiriu pequena gleba de terra em 8 de maio de 1954, que até
hoje é de propriedade da autora, por efeito de sucessão; declaração do fazen
deiro FABRÍCIO PEREIRA, dizendo que AULUS SILVA foi seu empregado na
Fazenda "Canto Feliz", por cerca de 5 anos (1950 a 1955); rol de três testemu
nhas que, a seu sentir, conhecem bem a situação da autora e do seu antigo
marido.
Alega a autora que sempre trabalhou em regime de economia familiar e,
seu extinto marido, uma grande parte também nesse regime, e outra como
empregado, como, aliás, já aludido.
Requer ainda, assistência judiciária.
O a declaração
aceitar-se INSS do
alega que a prova
Ministério é imprestável,
Público; querterpor
quer por não não servalia
qualquer maisapossível
declaração do dito ex-empregador; quer, ainda, por não ter havido prévio re
querimento administrativo e, ainda, por serem inacumuláveis os benefícios de
que cuida a pretensão. Por último, quanto à prova testemunhai, de que ela nada
vale, até por que em matéria previdenciária não se aceita a exclusivament
testemunhai.
Quanto ao mérito, nega qualquer direito ou reconhecimento do tempo
de serviço pretendido, bem como da pensão pleiteada que, apenas para argu
mentar, esta última, se houvesse o direito, só poderia ocorrer a partir da sen
tença.
Ademais, ad argumentandum, alega que a ser procedente o pleito da
pensão, teriam de ser descontados os valores que corresponderiam às contribu
ições previdenciárias não efetuadas opportuno tempore.
Pede a condenação da autora nas custas e na verba honorária.
2. A ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
Preliminarmente, cabe apreciar o pedido de assistência judiciária. Pois
bem, nos termos do parágrafo único do art 22, da Lei 1.060/1.950,
"Considerase necessitado, para os fins legais, todo aquele cuja situação
econômica não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários
de advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou da família".
A mesma Lei é clara:
"Art 4. A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante
simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condi-
ções de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem
prejuízo próprio ou de sua família. (Redação dada pela Lei ns 7.510, de
1986)"
Assim, tendo a autora afirmado que não tem condições de arcar com as
despesas processuais sem prejuízo de seu próprio sustento, defiro o pedido de
assistência judiciária.
3. O PEDIDO DE PENSÃO
Requer a autora que lhe seja deferida a pensão por conta do falecimen
to de seu marido, que teria exercido atividade laborai de âmbito rural pelo
prazo exigido legalmente.
Quanto ao direito de a autora constar como beneficiária de eventual
pensão deixada por seu falecido marido, não há maiores questionamentos,
tendo em vista o que diz a Lei 8.213/1.991:
"Art 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do
segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data: (Redação da-
da pela Lei ns 9.528, de 10.12.97)
I do óbito, quando requerida até trinta dias depois deste; (Inciso acres-
centado pela Lei ns 9.528, de 10.12.97)
II do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso
anterior; (Inciso acrescentado pela Lei nQ 9.528, de 10.12.97)
III da decisão judicial, no caso de morte presumida. (Inciso acrescentado
pela Lei ns 9.528, de 10.12.97)"
Sendo o cônjuge considerado dependente dos beneficiários da Previ
dência Social, nos termos do inciso I, art. 16, da mesma Lei, considerando-se
ainda que foi juntada a certidão de casamento, provado está o direito a eventual
pensão deixada pelo falecido marido.
A questão restringe-se, pois, a saber se o "de cujos" reunia as condições
de segurado da Previdência Social.
Primeiro, porém, é preciso analisar o argumento do INSS quanto à ne
cessidade de prévio requerimento administrativo. O antigo Tribunal Federal de
Recursos já editara a súmula n s. 213, segundo a qual "o exaurimento da via
administrativa não é condição para a propositura de ação de natureza previ
denciária". Por outro lado, a jurisprudência, com muita lógica, se firmou no
sentido de ser desnecessário o requerimento administrativo, especialmente
quando a ré, no caso o INSS, vem ao processo e contesta o direito do autor. Ora,
se judicialmente houve contestação de mérito, se a ré diz que o autor não tem
direito ao que pleiteia, é de se presumir que administrativamente também
questionasse o pedido e o indeferisse. Inútil, pois, seria enviar a autora para a
sede administrativa, pois lá teria negado o seu pedido e esta demanda seria
repetida. Por tais razões, rejeito a alegação do INSS no sentido de que seria
necessário o prévio requerimento administrativo.
Quanto ao mérito, alega o INSS que as provas trazidas aos autos são im
prestáveis e que, por conta disso, só restariam as provas testemunhais, razão
pela qual deveria ser declarado improcedente o pedido, uma vez que a legisla
ção vigente veda a utilização exclusiva de provas testemunhais para a compro
vação de tempo de serviço para fins previdenciários.
Porém, conforme pacificado na jurisprudência, quando a comprovação
de tempo é relativa a trabalho rural, até mesmo em respeito ao princípio da
razoabilidade, são aceitas as provas testemunhais em havendo um princípio de
prova material. Vejamos então as provas trazidas aos autos.
A primeira delas é a certidão de casamento, celebrado este em 20 de
março de 1955. Segundo a certidão, que, ressalte-se, é lavrada por oficial que
tem fé pública, o falecido era, naquela data, trabalhador rural.
Também merecedora de fé pública é a declaração do Órgão do Ministé
rio Público, datada de 5 de fevereiro de 1990, afirmando que a autora e seu
marido eram trabalhadores rurais. É de se destacar ainda que a redação srci
nal do art. 106, inciso IV, da Lei 8.213/1991, previa expressamente como prova
de tempo de serviço a declaração firmada pelo Ministério Público.
Quanto à cópia da carteira do antigo marido, expedida em 1965, de as
sociado do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Município de Conselheiro
Lafaiete, considere que ela comprova o exercício da atividade rural naquela
data. Não poderia ser de forma diferente, uma vez que os filiados a sindicato de
trabalhadores de uma determinada categoria, por presunção, pertencem a essa
categoria.
Todos esses elementos probantes são adicionados à aquisição de pe
quena gleba de terra em 8 de maio de 1.954, além dos três testemunhos que
afirmaram ter o "de cujos" exercido o trabalho rural por todo o período vindi-
cado. Isso sem levar em conta a declaração do ex-empregador, no sentido de
que o "de cujos" teria sido seu empregado na Fazenda "Canto Feliz" por cerca de
cinco anos, entre 1.950 e 1.955. Se a jurisprudência se firmou no sentido da
relatividade de tal tipo de prova, que deve ser analisada com extrema cautela,
não pode ela ser ignorada quanto todo o conjunto das demais provas demons
tram realmente ter o falecido exercido trabalho rural.
Há provas que são diretas. No presente caso, um exemplo seria a exis
tência de registro em carteira profissional que atestasse todo o tempo de servi
ço. Mas há também as provas indiretas, ou mesmo aquelas diretas que, embora
não comprovem um "todo", comprovam parte dele. E a soma dessas provas de
"partes” é capaz de provar o todo, como se vê no presente caso. Em melhores
palavras, foram produzidas provas materiais que demonstraram o exercício da
atividade rural pelo "de cujos" durante vários momentos da sua vida, provas
essas que, somadas às testemunhais, deixam clara a continuidade no exercício
da atividade laborai rurícola.
Exigir mais do que isso é ignorar a realidade brasileira, é ignorar que
até poucas décadas muitos e muitos brasileiros viviam em grotões, praticando
uma agricultura rudimentar de subsistência que nada mais permitia além de
uma parca sobrevivência, a única possível diante da distância do Poder Público.
Se não havia nessas condições a mínima ajuda que se espera de um Estado
solidário, como exigir de um trabalhador rural daquela época provas inquestio
náveis, materiais, absolutamente formais, de que ele era um rurícola? Certo é
que a Previdência Social deve ser protegida para que a todos possa continuar a
atender, mas também é certo de que não se pode alijar cidadãos de tal proteção
por excesso de formalismo.
É nesse sentido que se posicionou a nossa jurisprudência. Por isso é
que, havendo início de prova documental, corroborada com provas testemu
nhais, deve ser deferida a averbação do tempo de serviço do trabalhador rural.
Em razão do exposto, considero, pois, comprovado como tempo de ser
viço ruralde
fevereiro do1990,
falecido
datamarido da autoradoo Ministério
da declaração período dePúblico.
8 de maio de 1954
Deixo a 5 de
de conside
rar o período anterior a tal data em face da ausência de certeza do ex-
empregador quanto ao período em que o "de cujos" teria sido seu empregado.
Assim, mesmo que não tenha ficado comprovado que, à data do óbito, o
"de cujos" era segurado da Previdência Social, o certo é que, naquele momento,
ele já tinha direito à aposentadoria, pois ao trabalhador rural é assegurada
aposentadoria por idade, mesmo sem contribuição para a previdência social,
desde que comprove o referido exercício de sua condição profissional, median
te prova material, ainda que indiciária, complementada por prova testemunhai
(Lei n2 8.213/91, art. 39 e 55). E tendo ele direito à aposentadoria, seus depen
dentes têm direito à pensão em decorrência de sua morte.
4. O PEDIDO DE APOSENTADORIA
A autora requer ainda a concessão de aposentadoria.
Diz o inciso VII, art. 11, da Lei 8.213/1991, que são segurados obrigató
rios (grifei):
VII como segurado especial: o produtor, o parceiro; o meeiro e o arren-
datário rurais, o garimpeiro, o pescador artesanal e o assemelhado, que
exerçam suas atividades, individualmente ou em regime de economia fa-
miliar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, bem como seus
respectivos cônjuges ou companheiros e filhos maiores de 14 (quatorze)
anos ou a eles equiparados, desde que trabalhem, comprovadamente, com
0 grupo familiar respectivo.
5. CUMULAÇÃO DE BENEFÍCIOS
Argumenta o INSS que os benefícios de aposentadoria e pensão não são
cumuláveis. Ocorre que, no presente caso, temos dois benefícios de naturezas
distintas. Enquanto a aposentadoria é devida aos segurados, por terem essa
condição, a pensão é devida por outra condição, qual seja a de dependente de
segurado.
Diz a Lei 8.213/1991:
Art 124. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimen-
to conjunto dos seguintes benefícios da Previdência Social:
I aposentadoria e auxíliodoença;
II mais de uma aposentadoria; (Redação dada pela Lei ng 9.032, de
28.4.95)
III aposentadoria e abono de permanência em serviço;
IV saláriomaternidade e auxíliodoença; (Inciso acrescentado pela Lei
n3 9.032, de28.4.95)
V mais de um auxílioacidente; (Inciso acrescentado pela Lei n3 9.032, de
28.4.95)
VI mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro, ressalvado
o direito de opção pela mais vantajosa. (Inciso acrescentado pela Lei n3
9.032, de 28.4.95)
Parágrafo único. É vedado o recebimento conjunto do segurodesemprego
com qualquer benefício de prestação continuada da Previdência Social,
exceto pensão por morte ou auxfíioacidente. (Parágrafo único acrescen-
tado pela Lei n3 9.032, de 28.4.95)
8. DISPOSITIVO
Em razão do exposto, julgo procedente a presente ação para:
a) declarar como tempo de trabalho rural de Aulus Silva, marido
da autora, o período de 8 de maio de 1954 a 5 de fevereiro de 1990;
b) em conseqüência, declarar que a autora tem à pensão deixa
da por Aulus Silva, ficando a ré condenada a implantar o benefício a
partir da data de sua citação, sendo que as parcelas vencidas deverão
sofrer
rentes adaincidência
aplicaçãode
da correção monetária,
Lei 6.899/81, como observados
enunciados os
noíndices
Manualdecor
de 0-
rientação de Procedimentos para Cálculos da Justiça Federal. Sobre tais
parcelas ainda incidirão juros de mora, desde cada vencimento, à taxa
de 1% [um por cento) ao mês, tendo em vista a natureza alimentar da
obrigação, conforme entendimento do STJ;
c) declarar como tempo de trabalho rural da autora o período
de 8 de maio de 1954 a 5 de fevereiro de 1990, bem como seu direito de
perceber aposentadoria a partir da citação da ré, que deverá pagar as
parcelas vencidas nos mesmos moldes do item anterior.
Em face da sucumbência, condeno o réu a restituir à autora o valor das
custas, bem como a pagar os honorários de sucumbência, que serão calculados
em 10% (dez por cento) sobre as parcelas vencidas até o momento de prolação
da sentença,
previsto no §não incidindo
3Q do sobre
art. 20 do CPCqualquer parcela
e na Súmula vincenda,
111/STJ, nosde acordodacom
moldes o
juris
prudência deste Tribunal e do STJ.
P.R.I.
Poder Judiciário
Justiça Federal de 1- Instância
Seção Judiciária do Estado do Amazonas
2a Vara Federal
Autos n2
Autor: União
Litisconsortes: Estado do Amazonas, IBAMA, ICMBio, Greenpeace, MPF a
MPE/AM
Réus: Município de Manaus, João José da Silva, Joaquim dos Anzóis, Pedro
Antônio Brasileiro, Manoel Felicíssimo, Felizardo Tristão, Nova Floresta Pecua
rista Ltda, Renascer Produtos Agropecuários Ltda, Campos Belos Ltda, Fazendl
Verdes Ares Ltda e Fazenda Nova Esperança Ltda.
entais
em suacausados na Unidade de Proteção Integral Parque Nacional da Amazônil
zona de amortecimento.
Sustenta a autora em síntese, que o município de Manaus editou lei que
instituiu a demarcação de áreas prioritárias de criação de animais em povoados
situados dentro dos limites do Parque Nacional da Amazônia, unidade de con
servação da natureza de proteção integral, instituída há muito tempo por lei
federal. Assevera que em decorrência de aprovação da referida lei municipal,
restou autorizado o desmatamento da unidade de conservação para a instala
ção de criatórios de gado bovino e plantio de soja transgênica, o que vem ocor
rendo a cerca de três anos.
Posteriormente, cinco pessoas físicas e cinco pessoas jurídicas, também
réus no presente feito, foram cadastrados e selecionados pelo município, medi
ante prévio licenciamento ambiental, e instalaram-se nas áreas prioritárias
promovendo os desmatamentos necessários para o exercício de suas ativida
des.
Entende a União que os réus, ao assim procederem, causaram diversos
danos ambientais, atentando contra o sistema nacional de unidades de conser
vação da natureza.
Em sede de liminar, requereu a antecipação da tutela inibitória para
impor aos réus obrigação de não fazer consistente na abdicação de qualquer
medida de desmatamento dentro das áreas do Parque Nacional e de sua zona
de amortecimento, sob pena de multa de R$ 10.000,00 por dia de inadimple-
mento.
Ao fim, pugna pela condenação dos réus ao ressarcimento dos danos
causados na unidade de conservação, a demolição de todas as construções,
benfeitorias e plantações existentes, bem como a apresentação, no prazo de
quinze dias, dos projetos de recuperação das áreas degradadas visando à revi
talização dos ecossistemas. Requer, ainda, a condenação dos réus em custas e
honorários advocatícios.
Protestaram pela produção de provas documentais, periciais, testemu
nhais. Atribuiu à causa o valor de R$ 2.000.000,00 (estimado).
Os réus apresentaram contestação, suscitaram, em sede de preliminar,
a ilegitimidade ativa da União, a incompetência absoluta da Justiça Federal para
o processamento e julgamento do feito, que entendem caber à Justiça Estadual
em face de alegado foro privativo. Requerem, ainda, o indeferimento da inicial
sob o entendimento de não ser cabível o controle de constitucionalidade de leis
por meio de ação civil pública. No mérito, defendem a adequação da lei munici
pal de Manaus às diretrizes fixadas pelo art 170, CF/88, a competência concor
rente do município e a regularidade do projeto socioeconômico, que atendeu a
todos os requisitos estabelecidos pelos órgãos ambientais competentes, inclu
sive com a elaboração do EIA/RIMA. Por tais razões, requerem a improcedência
da ação.
Sucessivamente, os réus veicularam pedido indenizatório, sustentando
que todas as intervenções por eles realizadas ocorreram de boa fé, com a auto
rização e sob o controle do Poder Público municipal, além de respaldados por
estudos de impacto ambiental.
Ainda em caráter sucessivo, requereram permissão para a realização de
termos de ajustamento de conduta objetivando concluir com efetivo proveito
seu projeto socioeconômico. Prova pericial às fls... Alegações finais das partes às
fls...
O Estado do Amazonas, o IBAMA, o ICMBio, a organização internacional
Greenpeace, o Ministério Público Federal e o Ministério Público Estadual reque
reram ingresso no feito na condição de litisconsortes, o que foi deferido por
decisão judicial irrecorrida. O MPF pugnou pela procedência da ação em suas
razões finais.
Vieram os autos conclusos. É o breve relato do necessário.
Passo a decidir.
- Indeferimento da inicial
Ainda em sede de preliminar, os réus buscam o indeferimento da peti
ção inicial, sob o entendimento de não ser cabível controle de constitucionali-
dade de leis por meio de ação civil pública.
Considerando que a petição inicial já foi recebida, estando o feito apto à
prolação de sentença, entendo mais adequado apreciar a pretensão preliminar
dos réus à luz das condições da ação, mais especificamente quanto à possibili
dade jurídica do pedido (art. 295, § único, III, c/c 267, VI, CPC).
Ao assim proceder, entendo que a presente preliminar não merece
prosperar. A ação civil pública, como toda ação judicial, pode atrair o controle
de constitucionalidade difuso, cabendo a todos os juizes examinar, no momento
de aplicação da lei, sua constitucionalidade.
No caso dos autos, a União não busca exercer o controle abstrato de
constitucionalidade da lei, o que de fato não lhe seria permitido. 0 que se pre
tende atacar no presente feito são os atos concretos materiais derivados de
uma lei municipal, sendo a questão constitucional, portanto, incidental.
Essa linha de raciocínio tem sido reconhecida pelos tribunais superio
res, que admitem a possibilidade de controle incidental de constitucionalidade
nas ações civis públicas. Diante do exposto, REJEITO A PRELIMINAR.
-MÉRITO
- Tutela antecipada
Por considerar preenchidos os requisitos previstos no art. 273, CPC,
concedo a tutela antecipatória inibitória para determinar que os réus se abste-
nham de quaisquer medidas que impliquem no desmatamento do Parque Na
cional da Amazônia e sua zona de amortecimento, sob pena de multa diária que
fixo em R$ 10.000,00.
- Dispositivo
Vistos, etc.
1. RELATÓRIO
(Dispensado)
2. PRELIMINARES
2.1. Representação processual
Argui a União Federal preliminar de falha na representação processual
do autor, sob o argumento de que a procuração nâo contém indicação da ação
ou do nome do réu.
A procuração geral para o foro é prevista no art. 38 do Código de Pro
cesso Civil, que não traz como requisitos essenciais do instrumento o nome do
autor ou a ação. A procuração é ali definida como "geral para o foro", sendo
pacífico que basta ter sido aposta a assinatura do outorgante devidamente
qualificado, em texto que dê ao advogado devidamente identificado os poderes
gerais para atuar em juízo.
Por conta disso, rejeito a preliminar de defeito na representação pro
cessual.
4. DISPOSITIVO
Em razão do exposto, julgo extinta a lide em relação à União Federal,
quaanto ao pedido de indenização, bem como declaro improcedentes tal pedido
de? indenização e o de reintegração ao cargo antigo. Condeno ainda o autor nos
9
hoDnorários advocatícios,
Prrocesso Civil, quepor
em 10% (dez arbitro, nosdotermos
cento) docausa,
valor da art 20,divididos
§ 4 , do Código de
"pro rata"
paara cada um dos réus.
Custas pelo autor.
P.R.I.
Vistos, etc.
1. RELATÓRIO
(Dispensado)
2. PRELIMINARES
2.1 Incompetência do juízo
Alega a União Federal a incompetência do juízo, sob o argumento que o
acidente que deu srcem à demanda ocorreu na capital do Estado. Pois bem, o
CPC é expresso ao dizer que a incompetência relativa, tal qual a em discussão
(posto que territorial), deve ser arguida por meio de exceção e não no corpo da
própria contestação. Em que pese tal fato, o TRF da Ia Região já aceitou a análi
se da questão sem a necessária exceção:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. COMPE
TÊNCIA RELATIVA (TERRITORIAL). ARGUIÇÃO. PRELIMINAR, NA
CONTESTAÇÃO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALI-
DADE DO PROCESSO. AUTARQUIA FEDERAL (ANS). FORO COMPE
TENTE. SEDE OU FILIAL. ELEIÇÃO DO DEMANDANTE. 1. A competên
cia em razão dp território, oh .competência de foro, é relativa, e deve
ser arguida mediante exceção de incompetência (CPC. art 112). mas,
considerando o princípio da instrumentalidade do processo, pode-se
admiti-la como preliminar da contestação, relevando-se o rigor for
mal. 2. A Agência Nacional de Saúde - ANS, autarquia federal, tem ju
risdição em todo o território nacional, sendo o recolhimento da taxa
instituída pela Lei n. 9.961/2000 (artigo 20,1) efetivado em qualquer
agência do Banco do Brasil, de modo simplificado, assim, a ação que
impugna a sua cobrança pode ser manejada no lugar do seu recolhi
mento. 3. "A regra basilar quanto à competência territorial, nas de
mandas contra a União e suas Autarquias, obedecendo a cláusula do
efetivo acesso à justiça é a de que compete ao foro da sede da pessoa
jurídica ou de sua sucursal ou agência, o julgamento das ações em que
figurar como ré, desde que a lide não envolva obrigação contratual.
(...) por força do mesmo princípio, cabe ao demandante a escolha do
foro competente em se tratando de controvérsia acerca de obrigação
instituída por lei." (Min. LUIZ FUX, EDREsp. n. 495.838/PR). 4. Agravo
de Instrumento provido. (AG 2001.01.00.015730-6/MG, Rei. Desem
bargador Federal
04/06/2004, p.178)Mário César Ribeiro, Oitava Turma, DJ de
Porém, ainda que pudesse a incompetência ser analisada no presente
caso, não poderia ser decretada, pois diz o § 2 Q do art 109 da Constituição
Federal:
§ 22 - As causas intentadas contra a União poderão ser afora
das na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde
houver ocorrido o ato ou fato que deu srcem à demanda ou onde es
teja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.
Assim, embora o fato tenha ocorrido em Porto Alegre, se os autores re
sidem em Canoas, a norma em questão permite que a ação seja ajuizada em
Canoas. Pelo exposto, rejeito a preliminar de incompetência do juízo.
3. MÉRITO
Antes de decidir sobre a procedência de qualquer dos pedidos dos au
tores, é necessário apurar se houve responsabilidade por parte da União Fede
ral no caso em questão.
Pois bem, a vítima faleceu em conseqüência de atropelamento. O carro
que a colheu trafegava em alta velocidade e era conduzido por um preso. Esse
preso só conseguiu dirigir o veículo porque iludiu a vigilância dos guardas que
o conduziam para interrogatório na Justiça Federal. Entre os condutores do
preso estavam policiais federais, com responsabilidade de mantê-lo sob vigi
lância e privado de liberdade, seja porque o crime é de natureza federal, seja
por conta da audiência ocorrer na Justiça Federal.
Ora, não creio que esteja afastada a responsabilidade da União Federal.
É certo que foi o foragido que causou o acidente, mas não o teria feito se os
agentes públicos não tivessem falhado em seu dever de vigilância. Além disso, o
acidente aconteceu em seguida ao descuido dos agentes, sendo que, segundo
testemunha, o preso era perseguido por veículo da Polícia Federal.
Afasto a alegação de que o preso estava abrigado em presídio estadual.
Conforme se conclui dos autos, no momento do acidente ele não estava no
presídio. Mais do que isso, sua fuga se deu quando ele já estava fora do estabe
lecimento estadual, sob vigilância, dentre outros, de policiais federais.
Não é necessário fazer maiores digressões sob a responsabilidade esta
tal, já que a questão é tranqüila na doutrina e na jurisprudência, uma vez que a
Constituição Federal expressamente adotou a teoria do risco administrativo.
Em face do exposto, concluo pela responsabilidade da União Federal,
tendo em vista que o dano em análise foi causado por fato imputável a ação ou
omissão de seus agentes.
Passo, pois, à análise de cada um dos pedidos dos autores.
a) Danos morais
Requerem os autores indenização no montante de R$ 220.000,00 (du*
zentos e vinte mil reais), a título de danos morais.
Quanto ao direito à indenização em si, entendo como procedente. Nfle
há como negar que uma criança não sofra pela perda prematura de seu genitor,
fato que, ainda mais a morte tendo se dado por fato trágico, causa grande abale
psicológico no infante. Nem se diga que uma criança de quatro anos, como era 0
caso de Maria da Silva na época dos fatos, não sofre abalo por não entender a
perda. Se hoje se sabe que até mesmo os bebês são capazes de, ainda que da
forma inconsciente, sofrer a perda ou distância de um dos pais, que dirá quandi
a criançacircunstância
própria já anda, falado
e está
filhoatécrescer
mesmo emoidade
sem pré-escolar.
pai, de a cada dia Não fosseseisso,
que dele lem*a
brar vier à mente a imagem da morte trágica, já é mais do que suficiente para
antever o dano moral, o abalo na saúde psicológica dos autores.
Porém, faço ressalva quanto ao valor pedido. É certo que a indenização
por danos morais é tema que angustia todo julgador brasileiro, pois não M
como aferir o quanto cada pessoa sofre. Além disso, certas perdas, como a da
um pai, não são substituídas por dinheiro, que se torna apenas uma compenaa*
ção meramente indireta pela dor sofrida. Por outro lado, a indenização nlo
pode ser fonte de enriquecimento ilícito, nem pode ser ínfima a ponto de calf
no ridículo.
Por conta disso, tenho por mim que o valor de R$ 100.000,00 (cem mil
reais), dividido entre os autores, está em consonância com o que vem conca*
dendo a jurisprudência nacional. Assim já dispôs o TRF da lâ Região (grifei):
CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. ATO ILÍCITO DO PODER PÚ*
BLICO. NAUFRÁGIO DE EMBARCAÇÃO DE PROPRIEDADE MUNICh
PAL. CULPA "IN VIGILANDO" DA CAPITANIA DOS PORTOS. RESPON
SABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. LEGITIMIDADE PASSIVA AD
CAUSAM DA UNIÃO FEDERAL. MORTE DE MENOR IMPÚBERE. DA*
NOS MORAIS E MATERIAIS. CUMULAÇÂO. CABIMENTO. CRITÉRI0I
DE FIXAÇÃO. I - Nos termos do Regulamento para o Tráfego MarítlmOi
aprovado pelo Decreto ne 87.648/82, vigente na época dos fatOfi
questionados nos autos, é da competência da União Federal, por In*
termédio da Capitania dos Portos, a fiscalização e a execução das ath
vidades de sinalização náutica (artigos 6 2, incisos II e IV, 121, § l8, a?
línea c, 269 e respectivo parágrafo único, e 32 do aludido Decreto),
revelando, assim, a sua responsabilidade objetiva pelos danos que
seus agentes, por ação ou omissão, venham a causar a terceiros, come
no caso. II - Caracterizado o nexo de causalidade entre a omissão a*
pontada e o evento danoso, a que se refere o artigo 37, § 62, da Conl8*
tuição Federal, impõe-se à União Federal o dever de indenizar o daRe
causado ao demandante, no contexto normativo da responsabilidade
civil objetiva do Estado. III - Nas famílias de baixa renda, há presurt.
ção de que os filhos contribuirão, direta ou indiretamente, para a
formação do orçamento familiar, afigurando-se devida, por isso, a in
denização por danos materiais, por força de naufrágio com resultado
morte de filho menor impúbere, ainda que este não exercesse ativ h
dade remunerada ao tempo do óbito. IV - Seguindo a linha do enten
dimento jurisprudencial já pacificado em nossos tribunais, é legítima
a fixação do quantum indenizatório, por danos materiais, em valc r
correspondente a 2/3 (dois terços) do valor do salário mínimo, a pa>-
tir dos 14 (quatorze) anos de idade, desde a data do evento danosb
até quando a de cujus completaria 25 (vinte e cinco anos), reduzind^.
se, a partir daí, para 1/3 (um terço), até o limite etário de 65 (sessen
ta e cinco) anos de idade, ou até a morte do titular da pensão, deven
do o quantum respectivo ser apurado em regular execução de senten
ça. V - 0 quantum fixado paramdenfoação. não pode configurar val<£
exorbitante que caracterize o enriquecimento sem causa da vítim L
como também, não pode consistir em valor irrisório a descaracteriz^
a indenização almejada, afigurando-se correta a fixação do seu valc£
em R$ 100.000,00 (cem mil reais), por se encontrar em sintonâ
com o princípio da razoabilidade. como forma compensatória do darQ
moral que dai resulte, em plexo de sofrimento, dor, mágoa e triste^
injustamente imposta ao demandante, com repercussão familiar e so
cial. (AC 2002.01.00.033556-0/PA, Rei. Desembargador Federal So\.
za Prudente, Sexta Turma, DJ de 29/05/2006, p.171)
4. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
Os autores requerem antecipação de tutela, tendo como b ase o seguin*
te:
• Ausência de trabalho para os autores.
• Necessidades materiais, tendo em vista doença e desempra»
go da genitora.
A antecipação de tutela em sede de sentença é possível, pois não há va«
dação legal em sentido contrário. Quanto aos requisitos, eles estão no art. 273
do CPC:
Art 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou par*
cialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde quê,
existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação
e:
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou
II - fique
sito caracterizado
protelatório do réu. o abuso de direito de defesa ou o manifesto propà■
§ lo Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro f
preciso, as razões do seu convencimento.
§ 2o Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo d$
irreversibilidade do provimento antecipado.
§ 3o A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e cofl1
forme sua natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4o e 5o, $
461-A.
§ 4o A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquê?
tempo, em decisão fundamentada.
§ 5o Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o procêUê
até final julgamento.
§ 6o A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um M l
mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso,
§ 7 o S e o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de
natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressu
postos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajui
zado.
narmente,Regularmemte citados,
a incompoetência do os réusa ilegitimidade
juízo, ofereceram resposta, arguindo,
dos autores, prelimi
a inviabilidade
do litisconsórcio passsivo e a impossibilidade jurídica dos pedidos, pois todos eles
dizem respeito a difreitos individuais homogêneos plenamente disponíveis, além
de que não encontraam correspondência no direito positivo. No mérito, pediram a
improcedência da açção, defendendo a correção dos índices utilizados, a regulari
dade dos cancelameentos e a inexistência de responsabilidade pela contaminação
dos pacientes submeetidos a transfusões de sangue.
Invocando oo caráter alimentar dos pedidos, a penúria dos segurados da
Previdência Social e? a situação dramática das vítimas da AIDS, os autores reque
reram a antecipaçãoo da tutela.
Vistos, etc.
1. RELATÓRIO
(Dispensado)
2. PRELIMINARES
2.1 Incompetência do juízo
Em sua defesa, alegam os réus a incompetência deste juízo federal. Não
vejo como considerar procedente a preliminar. No polo passivo, temos a União
Federal e o INSS, autarquia federal. Ora, em consonância com o art. 109 da
Constituição, a competência para julgar ações que tenham tais pessoas no polo
passivo é da Justiça Federal. Quanto ao juízo competente ser de primeiro ou
segundo grau, ou mesmo dos tribunais superiores, é certo que a Constituição
Federal não prevê qualquer foro privilegiado nos casos de ação civil pública.
Logo, competente este juízo e improcedente a alegação preliminar.
Origem: STJ
RESP - RECURSO ESPECIAL - 506457
Processo: 200300312740/PR
Relator(a): FELIX FISCHER
PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO CIVIL PÚBLI
CA. REVISÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. DIREITOS INDIVIDU
AIS DISPONÍVEIS. AUSÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO ENTRE O
INSS E O SEGURADO. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. ILEGITIMI-
DADE ATIVA "AD CAUSAM". I - Trata-se de Ação Civil Pública objeti
vando, no âmbito da Circunscrição Judiciária de Francisco Beltrão/PR,
a condenação da autarquia previdenciária ao recálculo da renda men
sal inicial de todos os benefícios de prestação continuada da Previ
dência Social concedidos entre o advento da Lei n 2 6.423/77 e a pro
mulgação da Constituição Federal, com base no disposto na Súmula n2
02 do TRF da 4ê Região, em razão da correção dos benefícios previ
denciários concedidos anteriormente à CF/88 por índices não oficiais,
com a conseqüente implantação das diferenças nos benefícios previ
denciários, corrigidas monetariamente, com reflexo em todas as de
mais verbas devidas. II - A quaestio trazida à baila diz respeito a direi
to que conquanto pleiteado por um grupo de pessoas, não atinge a co
letividade como um todo, não obstante apresentar aspecto de interes
se social. Sendo assim, por se tratar de direito individual disponí
vel. evidencia-se a inexequibilidade da defesa de tais direitos por
intermédio da ação civil pública. Destarte, as relações jurídicas e-
b) Indenização
A por contaminação
ação traz outro pelo HIVdos réus ao pagamento de inde
pedido: condenação
nização em favor de todos os portadores do HIV por transfusão de sangue na
rede de saúde pública. Pois bem, decidindo questão análoga, o STJ emitiu o
seguinte pronunciamento:
Origem: STJ
RESP - RECURSO ESPECIAL - 220256
Processo: 199900558065/SP
Relator (a): JOSÉ DELGADO
PROCESSO CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. FALTA DE INDICA
ÇÃO EXPRESSA DO DISPOSITIVO LEGAL APONTADO COMO VIOLADO.
INDENIZAÇÃO POR CONTAMINAÇÃO PELO VÍRUS HIV EM TRANSFU
SÕES SANGÜÍNEAS. RELAÇÃO JURÍDICA ESTABELECIDA ENTRE A
UNIÃO E O CIDADÃO. NÃO APLICABILIDADE, AO CASO, DA LEI N®
7.347/85,
DOS POSTO QUE
INTERESSES A REFERIDA
E DIREITOS AÇÃO PRESTA-SE
INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS,À PROTEÇÃOQUANDO
OS SEUS TITULARES SOFREREM DANOS NA CONDIÇÃO DE CONSU
MIDORES ILEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO RECO
NHECIDA. PRECEDENTES DiSTA CORTE SUPERIOR. 1.0 recurso, pa
ra ter acesso à sua apreciação neste Tribunal, deve indicar, quando da
sua interposição, expressamente, o dispositivo e alínea que autorizam
sua admissão. Da mesma forma, cabe ao recorrente, ainda, mencionar,
com clareza, as normas que tenham sido contrariadas ou cuja vigência
tenha sido negada (AG nQ 4719/SP, Rei. Min. Nilson Naves, DJU de
20/09/90, pág. 9762; REsp n2 4485/MG, Rei. Min. Nilson Naves, DJU
de 15/10/90, pág. 11190; REsp n2 6702/RS, Rei. Min. Fontes de Alen
car, DJU de 11/03/91, pág. 2399). Em assim não ocorrendo, ou se dê
de modo deficiente, o recurso torna-se inadmissível. 2. Nos exatos
termos da Lei n2 7.347/85, a Ação Civil Pública é o instrumento pro
cessual adequado para reprimir ou impedir danos ao meio ambiente,
ao consumidor, a bens e dire tos de valor artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico, protegendo, dessa forma, os interesses difusos
da sociedade. 3. A jurisprudência desta colenda Corte de Justiça vem
se firmando no sentido de não ser cabível o uso da Ação Civil Pública
para fins de amparar direitos individuais, nem se prestar à reparação
de prejuízos causados por particulares pela conduta comissiva ou o-
missiva da parte ré, não revestindo o caso em apreço no conceito
constante da Lei n2 7.347/85. 4. A Ação Civil Pública não se presta
como meio adequado a indenizar cidadãos que tenhaiiL sido con
taminados pelo vírus HIV em transfusões sanguíneas realizadas
em quaisquer estabelecimentos do país. 5. Os interesses e direitos
individuais homogêneos, de que trata o art 21, da Lei n 2 7.347/85,
somente poderão ser tutelados, pela via da ação coletiva, quando os
seus titulares sofrerem danos na condição de consumidores. 6. Ilegi
timidade ativa do Ministério Público reconhecida. Precedentes desta
Casa Julgadora. 7. Recurso Especial improvido.
3. DISPOSITIVO
Em razão do exposto, julgo extinto o processo sem resolução do mérito,
nos termos do art 267, VI, do Código de Processo Civil.
Custas e honorários incabíveis na espécie.
P.R.I.
dois últimos
ções - ME. Osócios
MPFdas empresas
instruiu Salustiano
a inicial Alimentos
com cópia - ME e Salustiano
de representação Constru
formulada pelo
atual prefeito de Nazaré da Mata, na qual são apontadas irregularidades cometi
das pelo ex-secretário em benefício de seus primos, ora réus. Alegou o procurador
da República, em sua inicial, o que se segue.
• José Salustiano tornara-se o único ordenador de despesas do município
de Nazaré da Mata, de 3/1/1997 até 31/12/2000, em face do ato de delegação do
prefeito à época (Decreto Municipal n.3 2/1997), que lhe delegara todas as atri
buições referentes a licitações, contratos e ordenação de despesas. Tal situação
persistiu durante todo o período em que José Salustiano exerceu o cargo de secre
tário municipal de administração e finanças.
• Em 15/3/1998, invocando o art. 25, II, da Lei n.s 8.666/1993, José Salus
tiano entendeu inexigível licitação e contratou coma empresa Salustiano Alimen
tos - ME, pelo valor de cento e vinte mil reais, com verba federal oriunda do Fun
do de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização
do Magistério (FUNDEF), disciplinado pela Lei n° 9.494/1996, o fornecimento de
alimentos para a merenda de cinco escolas municipais. 0 fornecimento ocorreu
até julho de 1998. Houve um aditivo de prorrogação do contrato, com os mesmos
valores unitários, até setembro de 1998, o que representou acréscimo de trinta
mil reais, com a entrega dos produtos.
• Em janeiro de 1999, o município de Nazaré da Mata firmou convênio
com o Ministério dos Transportes (Convênio n.s 4/1999) para manutenção e
reparo de estradas municipais, no valor total de trezentos mil reais. Recebidos os
recursos, o primeiro réu resolveu aprovar trinta pequenos projetos no valor de
dez mil reais cada. Dispensou as licitações em face do pequeno valor de cada
contrato (art 24, I, da Lei n. s 8.666/1993) e contratou, para todos, a empresa
Salustiano Construções - ME. Afirmou o MPF que, além da irregularidade da falta
de licitação, nesse caso, só 60% dos serviços teriam sido efetuados, destacando,
ainda, que os preços estariam 25% superiores aos de mercado.
aarts 9. , 10 e 11
condenação dosdaréus:
Lei on.primeiro,
8.429/1992, requerendo
à perda do cargoa de
procedência do pedido
auditor fiscal com
do tesouro
nacional (AFTN), do qual é titular desde 3/2/1979 (tendo-se afastado apenas
para exercer o cargo de secretário municipal) e todos, à perda dos direitos políti
cos e ao ressarcimento do erário, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.
Houve a notificação prevista no art. 17 da Lei n.3 8.429/1992, tendo os
réus se manifestado, sendo recebida a inicial.
Dessa decisão, houve agravo de instrumento improvido por decisão defi
nitiva do TRF.
Efetuadas as citações, todos contestaram tempestivamente.
Em sua defesa, José Salustiano (fls. 40/50) alegou, como preliminares, a
incompetência do juízo, afirmando ter praticado os atos por delegação do prefei
to, sendo, pois, atos a serem apreciados em sede de ação de improbidade perante
o TRF da 5.- Região e não perante o juiz de primeiro grau. Defendeu, ainda, a
ocorrênciahádemais
ocorridos prescrição
de cincoemanos
relação aos atos referentes
do ajuizamento da ação. àAfirmou,
compra ainda,
de alimentos
serem
questões impeditivas de apreciação de mérito o fato de as contas de 1997,1998 e
1999 do município terem sido aprovadas pelo Poder Legislativo municipal e o fato
de o Tribunal de Contas da União (TCU) ter considerado regulares os contratos.
Defendeu a inexistência de superfaturamento, a inocorrência de prejuízo para o
erário e o cumprimento integral dos contratos. Instruiu a resposta com documen
tos referentes à aprovação das contas e ao exame dos contratos pelo TCU.
Os demais réus apresentaram defesa conjunta; ratificando os termos da
defesa do primeiro réu, destacando, ainda, a regularidade da dispensa de licita
ção pelos valores de cada contrato (no tocante ao reparo e à manutenção de
estradas) e a inexigibilidade de licitação em relação ao fornecimento de alimen
tos em
mais de face da especialidade
20 anos. da empresa,o já
Defenderam, finalmente, no ramo dedos
cumprimento estivas e alimentos
contratos há
e a inexis
tência de superfaturamento e de prejuízo para o erário. Pleitearam a improce-
dência do pedido.
0 juiz decidiu deixar as preliminares para apreciação quando da sentença
e dispensou a oitiva das partes.
Testemunhas não foram arroladas.
Determinada a realização de perícias requeridas pelo Ministério Público,
foram tais provas produzidas. A perícia de engenharia concluiu que a realização
dos serviços de manutenção e reparo de estradas se dera pelo preço médio de
mercado; a contábil concluiu que os alimentos teriam sido vendidos ao município
por valores 25% superiores, em média, em comparação aos praticados à época.
Após a conclusão da perícia, cada um dos peritos requereu a fixação dos
honorários respectivos em R$2.000,00.
Intimadas as partes sobre as perícias, nada requereram.
Encerrada a instrução, peticionou nos autos, por advogado, Pedro Celes
tino, ex-prefeito de Nazaré da Mata no período de janeiro de 1997 a dezembro de
2000, alegando que, tendo tomado conhecimento da ação, por entender legal a
conduta de seu ex-secretário, requeria sua admissão como litisconsorte passivo,
com a conseqüente remessa dos autos ao TRF da 5.- Região e posterior improce-
dência do pedido.
0 juiz determinou a juntada da peça aos autos para apreciação na sen
tença.
Nas alegações finais, o representante do MPF opôs-se à admissão do litis
consórcio ulterior e requereu a procedência do pedido.
Os réus, em suas alegações finais, se posicionaram pelo deferimento do
pedido deformação de litisconsórcio, postulando o acolhimento das preliminares
e, caso fossem essas ultrapassadas, a improcedência do pedido.
Em face dosentença
dente à competente caso hipotético descrito,o julgue-o
(dispensando-se relatório).e redija o texto correspon
Vistos, etc.
1. RELATÓRIO
(Dispensado)
inclusão de
promova todos dos
a citação os litisconsortes na lide,
demais, sob pena o juiz do
de extinção determinará ao autor
feito, nos termos do que
art.
47 do CPC. Por outro lado, haverá litisconsórcio unitário, segundo a melhor
doutrina, quando, por disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o
juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes.
Pois bem, não vislumbro na presente lide a necessidade de formação do
litisconsórcio passivo. Não há, por parte do Ministério Público Federal, qual
quer imputação ao Sr. Pedro Celestino de atos arrolados na Lei n2. 8.429/1992,
constando nos autos que o único ordenador de despesas do município era o Sr.
José Salustiano. Assim, o que aqui for decidido, a princípio, não afetará qualquer
direito individual do requerente, nem de forma direta ou reflexa, nem influirá
em sua relação jurídica com os réus.
Portanto, ausente a necessidade de litisconsórcio necessário passivo,
cabe analisar se seria o caso de litisconsórcio facultativo. Não vislumbro, po
rém, qualquer incidência das hipóteses previstas no art 46 do CPC. E, ainda que
houvesse, conforme já dito anteriormente, não pode alguém pleitear sua inclu
são em uma lide de maneira a obrigar o autor com ele litigar, sendo deste, repi-
ta-se, a liberdade de decidir se inclui ou não esta ou aquela pessoa na lide,
exceto nos casos previstos em lei - que aqui não encontram abrigo.
Nesses termos, indefiro o pedido do requerente Pedro Celestino para
que passe a integrar a lide em litisconsórcio com os réus.
3. PRELIMINARES
3.1) Preliminar de incompetência do juízo
Argui o réu José Salustiano que este juízo monocrático seria incompe
tente para apreciar o feito, tendo em vista ter o citado réu praticado os atos por
delegação do prefeito, sendo, pois, atos a serem apreciados em sede de ação de
improbidade administrativa perante o TRF da 53 Região e não perante o juiz de
primeiro grau.
A alegação se funda no § 2Q do art. 84 do Código de Processo Penal, in
cluído pela Lei n2.10.628/2002, que determinou que as ações de improbidade
administrativa seguem o foro criminal privilegiado da autoridade. Assim, sendo
o prefeito municipal julgado por tribunal quanto aos crimes por ele praticados,
a presente ação deveria correr junto ao Tribunal Regional Federal.
Ocorre que o prefeito municipal não compõe a presente lide. Não há,
contra ele, acusação de improbidade administrativa pelos fatos em análise,
sendo que a delegação por ele dada ao secretário municipal certamente não
abrangeu poderes para cometer ilícitos. Não sendo ele, pois, acusado nesta
ação, não há qualquer foro privilegiado.
Ressalte-se, por oportuno, que o Supremo Tribunal Federal declarou in
constitucionais as disposições do § 22 do art. 84 do CPP, tendo em vista o fato
de que as competências por prerrogativa de função são apenas aquelas explici
tadas no texto constitucional. Assim, ainda que presente o prefeito nesta lide, a
competência para julgá-la não seria do Tribunal Regional Federal.
Pelo exposto, rejeito a preliminar de incompetência do juízo.
4. ANÁLISE DO MÉRITO
4.1) A aprovação das contas e dos contratos
Em suas defesas, alegam os réus terem sido as contas do município re
lativas aos anos de 1997,1998 e 1999 aprovadas pelo Poder Legislativo muni
cipal, bem como terem sido os contratos em análise aprovados pelo Tribunal de
Contas da União. Assim, esses dois fatos seriam impeditivos da análise do méri
to por parte do Judiciário.
Segundo o art 21 da Lei 8.429/1992, a aplicação das sanções por im
probidade administrativa independe da efetiva ocorrência de dano ao patrimô
nio público ou da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle
interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas. Cabe entender, nesse caso, que
a expressão "contas" abrange os instrumentos jurídicos geradores de obriga
ções para o município, no caso os contratos firmados, razão pela qual a alegação
de que o Tribunal de Contas da União aprovou todos os contratos não tem o
condão de afastar a análise da causa pelo Poder Judiciário, até mesmo em nome
da consagrada separação dos poderes, estabelecida pela Constituição Federal.
Da mesma forma, aplica-se a norma acima, por analogia, à aprovação de
contas por parte da Câmara Municipal. Percebe-se a intenção do legislador de
não excluir da apreciação do Judiciário nenhum caso, mesmo havendo qualquer
tipo de aprovação das contas por outros órgãos - privilegiando, conforme já
dito, a separação de poderes.
Assim, enquadramento
lise do possível concluo que foidoilegal a dispensa
ato nos ditaitnes de licitação.
da Lei Passo, então, à aná
8.429/1992.
Segundo concluiu a perícia, os serviços foram prestados pelo preç) mé
dio de mercado. Por outro lado, não ficou coimprovado que apenas 60% (ses
senta por cento) dos serviços foram realizados;, como afirmou o autor da ação.
Logo, não está configurada nenhuma das hipótteses dos artigos 92 e 10 da Lei
8.429/1992, pois nem os atos importaram e&m enriquecimento ilícito, nem
causaram prejuízos financeiros ao Patrimônio Público. Porém, cabe aqui a
aplicação dos preceitos do art. 11, pois os atos de dispensa de licitação alenta
ram contra princípios da Administração Públicai, pois:
- revestidos de ilegalidade, pois já ficou comprovado que não erc caso
de dispensa de licitação;
- feriram o princípio da impessoalidade- e da moralidade, pois beneficia
ram empresa pertencente aos familiares do Ex-!Secretário Municipal.
5. DISPOSITIVO
Em razão do exposto, julgo parcialmente procedente a presente ação de
improbidade administrativa, por terem os réus praticados atos descritos noa
artigos 10 e 11 da Lei 8.429/1992, condenando-os nas seguintes penas:
a) Pelos atos descritos no art. 10 da Lei 8.429/1992, referen
tes aos contratos de fornecimentos de alimentos para a merenda es
colar, a ressarcirem ao município de Nazaré da Mata a quantia cor
respondente ao prejuízo sofrido pela municipalidade, quais sejam ai
parcelas dos preços pagos pelos alimentos que superaram os valorei
médios praticados à época, segundo apurado pela perícia, corrigidos
monetariamente e acrescidos de juros de 0,5% (cinco décimos por
cento) ao mês. Condeno os réus ainda: à suspensão dos direitos polí
ticos pelo prazo de oito anos, pela gravidade do ato, por se tratar de
verba destinada a despesa essencial para a população infantil (me
renda escolar); ao pagamento de multa civil no montante correspon
dente a duas vezes o prejuízo sofrido pelo município; e, por fim, à pro
ibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou in
centivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual sejam sócios majoritários, pelo
prazo de cinco anos.
b) Pelos atos descritos no art. 11 da Lei 8.429/1992, referen*
tes aos serviços de manutenção e reparo das estradas, á suspensflo
dos direitos políticos por três anos, pena estabelecida no mínimo
não ter havido prejuízo ao Erário ou comprovação de enriquecimento
ilícito. Condeno os réus ainda, nos termos do inciso III do art. 12 da
Lei em questão, à proibição de contratar com o Poder Público ou re*
ceber benefícios ou incentivos fiscais e creditícios, direta ou indlre»
tamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual sejam
sócios majoritários, pelo prazo de três anos.
Tendo em vista a sucumbência dos réus, condeno-os ao pagamento das
custas processuais e aos honorários advocatícios calculados em 10% (dez por
cento) do valor total apurado nas condenações dos itens "a" e "b" acima, bem
como condeno os réus ao pagamento de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), pro
rata, referentes aos honorários periciais.
P.R.I.
Capítulo XII
versos,Oporquanto
mandadopertinente
de segurança apontado
a período como paradigma
pretérito, tratapela
não alcançado de fatos
presenti
ação. Assim, ante a diversidade de pedidos, descabe falar em litispendência, a
qual pressupõe tríplice identidade dos elementos identificadores da demanda.
Ademais, a propositura do writ não impede o ingresso da parte com a
ação de rito ordinário, ante a dicção do art. 15 da Lei 1.533/51 e o fato de que
esta possibilita ampla dilação probatória e aquele não. 0 impedimento acarre
taria indevida mitigação do acesso ao Judiciário e ofensa ao princípio da máxi
ma efetividade das normas constitucionais.
Po mérito.
Como regra, o Judiciário não deve determinar o modo como o Executivo
deve se desincumbir de seu encargo de prestar serviços de saúde à população,
sob pena de malferir a tripartição de pod eres.
Nada obstante, em situações especiais em que há ofensa à razoabilidade
e à proporcionalidade, como no caso presente, deve o julgador garantir o acesso
do ser humano à saúde e à vida.
É que, in casu, o hipossuficiente defendido pelo MP é portador de doen
ça gravíssima (esquizofrenia), com histórico de ameaças a seus familiares, os
quais também necessitam da medida. Diga-se, outrossim, que a moléstia de
manda tratamento sem solução de continuidade e medicamentos notória e
invulgarmente caros, cujos custos seguramente serão insuportáveis pelo núcleo
familiar em que vive a parte vulnerável.
Em suma: invocando-se o princípio da proporcionalidade, inserto no
art. 52, § 22, da CF (segundo prestigiado escólio de Paulo Bonavides), deve
prevalecer o direito à vida, em confronto com dificuldade orçamentária episó
dica e contornável (trata-se de caso isolado).
Nessa linha, ante a singularidade da situação versada, deve a municipa
lidade arcar com o tratamento pleiteado.
BQ-diSPQSitiVQ
Ante o exposto, julgo procedente o pedido articulado na inicial para
condenar o Município de Andradina/SP a prestar assistência médica a Alessan-
dro Teixeira, qualificado nos autos, para avaliação e recomendação do trata
mento necessário, seja mediante internação ou regime ambulatorial, tornando
o tratamento efetivo na conformidade da recomendação médica, com forneci
mento de todos os medicamentos necessários, busca imediata de vaga em
hospital da rede pública para o caso de tratamento mediante internação e
transporte do paciente para o local em que vier a ser disponibilizada vaga para
internação, sob pena de desobediência.
Deixo de condenar o réu ao pagamento de custas e despesas processu
ais, por se tratar de pessoa política imune. Condeno o réu ao pagamento de
honorários advocatícios, equitativamente, nos termos do art. 20, § 42, do CPC,
em R$ 380,00.
P.R.I.
Andradina, 15 de agosto de 2007.
ÉRICO ANTONINI
JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
2 Ação Civil Pública - Improbidade Administrativa
gularidade
mento a umformal consstente
fim igualmente na aplicação
público, de não
em que pese dinheiro público para
ser o indicado o "atendi
pela Lei (fl.
205). Sustenta também que houve uma falha de ordem formal, "pois o cheque
que era para ser depositado na conta do PETI em 30 de dezembro de 2004, (...), foi
colocado indevidamente na conta salário do Município" (fl. 204), o qual não pode
ser corrigido a tempo por ser véspera do último dia do mandato de Prefeito.
Defende, ainda, que a atuação do agente político não pode ser equiparada a de
um agente administrativo, não podendo ser exposto ao "risco de ressarcir os
danos provenientes de erro (omissivo ou comissivo), ainda que grosseiro, mas
praticado de boa-fé, sem que, com isso, lhes seja tolhida a sua ação enquanto
dignatário do Poder Público" (fl. 210).
2. FUNDAMENTAÇÃO
0 mérito da demanda compõe-se de matéria fática e de direito, contudo
não necessita da produção de prova oral em audiência, circunstância que auto
riza o julgamento antecipado da lide, a teor do art. 330, inc. I, do CPC.
Antes de adentrar no mérito propriamente dito, isto é, a prática ou não
do ato de improbidade administrativa, impõe-se examinar algumas questões
previamente, tais como competência da Justiça Federal, legitimidade do Minis
tério Público Federal, a utilização dos elementos instrutórios contidos no in
quérito civil público, a responsabilidade do agente político por ato de improbi
dade.
139 REsp 644994/MG, 2a Turma, Rei. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, julgado em
17.02.2005,
140 DJ 21.03.2005
REsp 476660/MG, p. 336Rei. Ministra ELIANA CALMON, julgado em 20.05.2003, DJ
2a Turma,
04.08.2003 p. 274
ficam a salvo da responsabilização civil por seus eventuais erros de atuação;
a menos que tenha agido com culpa grosseira , má fé ou abuso de poder.
ções
agentesgovernamentais e decisórias.
políticos ficariam tolhidos naSemsuaessas prerrogativas
liberdade de opçãofuncionais,
e de deci-os
são, ante o temor da responsabilização pelos padrões comuns da culpa
civil e do erro técnico a que ficam sujeitos os funcionários profissiona-
lizados"141
Acórdão Ministro
sentido: AgRg no LUIZ
REspFUX, julgado em
903.855/PR, Rei.24.10.2006, DJ 20.11.2006
Ministro FRANCISCO p. 273. PRIMEIRA
FALCÃO, No
TURMA, julgado em 10.04.2007, DJ 30.04.2007 p. 296
tem por objetivo geral: “Erradicar, em parceria com os diversos setores go
vernamentais e da sociedade civil, o trabalho infantil nas atividade perigosas,
insalubres, penosas ou degradantes nas zonas urbanas e rural"; e objetivos
específicos: "possibilitar o acesso, a permarência e o bom desempenho de
crianças e adolescentes na escola; implantar atividades complementares à
escola - Jornada Ampliada; conceder um complementação mensal de renda -
Bolsa Criança Cidadã, às famílias; proporcionar apoio e orientação às famílias
beneficiadas; promover programas e projetos de qualificação profissional e de
geração de trabalho e renda junto às famílias. Seu público-alvo é, prioritaria
mente, as famílias com renda per capita de até Vi salário mínimo, com crianças
e adolescentes de 7 a 14 anos trabalhando em atividades consideradas perigo
sas, insalubres, penosas ou degradantes", podendo atender também “os casos
de adolescentes de 15 anos de idade vítimas de exploração de sua mão de obra,
em situação de extremo risco" ou então "os casos de crianças e adolescentes de
7 a 15 anos, oriundos de famílias com renda per capita de até % salário mínimo,
vitimados pela exploração sexual comercial, cecorrentes de encaminhamento
do Programa Sentinela, com anuência expressados Conselhos Tutelares".
A linha básica de atuação consiste na piestação de um auxílio financeiro
às famílias carentes através da concessão mersal da Bolsa Criança Cidadã que
dependerá da frequência mínima da criança e do adolescente nas atividades do
ensino regular e da Jornada Ampliada, bem como a realização das Atividades da
Jornada Ampliada que busca aumentar o tempo de permanência da criança e do
adolescente na escola, incentivando um segundo turno de atividades nas uni
dades escolares ou de apoio. Almeja aumentar as potencialidades das crianças e
dos adolescentes mediante o desenvolvimento de atividade que visem o enri
quecimento do universo informacional, cultural, esportivo, artístico e lúdico e o
desenvolvimento da autoestima das crianças e adolescentes; o reforço escolar e
auxílio tarefa, sendo vedado a realização de atividade profissionalizantes, ou
ditas semiprofissionalizantes com as crianças e adolescentes do PETI, com
exceção dos casos de adolescentes de 15 anos de idade vítimas de exploração
sexual ou outras formas de exploração de sua mão de obra, em situação de
extremo risco.
O valor mensal da Bolsa para a zona rural é de R$ 25,00 por crian
ça/adolescente e para a manutenção da Jornada Ampliada para a zona rural é
de R$ 20,00 por criança/adolescente.
Em síntese, trata-se de um programa ds transferência de renda para as
famílias carentes, visando equalizar a igualdade de chance das crianças e dos
adolescentes mediante a sua frequência na escola e também atividades extras e
também o seu afastamento de atividade perigosas, insalubres, penosas ou
degradantes na zona urbana e rural, ou a exploração sexual.
Examinando a farta documentação que acompanha a petição inicial, ve-
rifica-se, inicialmente, que, no dia 01.12.2004, foram depositados na Agência n. 2
1060-X e Conta n.Q 58.063-5 os recursos do PETI correspondentes ao mês de
outubro de 2004, nos valores de R$ 15.875,00 [quinze mil oitocentos e setenta
e cinco reais) referente à Bolsa Criança Cidadá e de R$ 12.700,00 (doze mil e
setecentos reais) referente a jornada estendida (fl. 49). Já, na fl. 51, consta que,
no dia 30/12/2004, o Prefeito à época, Sr. ARNALDO PEDRO DA SILVA, junta
mente com a então Secretária de Finanças, VALQUÍRIA ARAÚJO DA SILVA,
assinaram um cheque no valor de R$ 21.074,78 (vinte e um mil setenta e quatro
reais e setenta e oito centavos), sacando tal valor da conta geral do PETI e
depositando-o na conta de pagamento da folha dos funcionários municipais,
conforme se infere dos extratos de fl. 34 e 105.
Ouvido no curso do Procedimento de Investigação Preliminar (PIP), ins
taurado pela Promotoria da Comarca de Flores/PE, e também em Juízo em sede
de ação penal, o Sr. Arnaldo Pedro da Silva prestou as seguintes declarações:
"que foi Prefeito do Município de Flores nos anos de 2001 a 2004;
que a pessoa responsável pela administração dos recursos do PETI era o Sr.
José Paulino; (...) que o declarante assinava todos os cheques referentes à li-
beração dos recursos
movimentação da conta dovinculada
PETI; que
ao oPETI
controle
erada realizado
entrada depela
recursos e de
Secretá-
ria de Finanças, Sra. Valquíria de Araújo da Silva, filha do declarante,
juntamente com a tesoureira, Sra. Francisca Alves dos Santos; que o decla-
rante acredita que assinava os cheques que eram entregues às famílias par-
ticipantes do PETI; (...) que reconhece a assinatura constante no cheque
acostado às fls. 28 do PIP n 9 02/2005 como sua; que a segunda assinatu-
ra constante no cheque acostado às fls. 28 é de sua filha, Valquíria; que não
se recorda a que se destinavam os recursos referentes ao cheque em questão;
que no mês de dezembro de 2004foram transferidos valores referentes
ao PETI para a conta folha da Prefeitura; que acredita que essa transfe-
rência foi realizada em razão de uma obrigação legal, pois as contas do mu-
nicípio são encerradas ao final da gestão (...)" (fls. 74/75 - Grifos acrescen
tados)
"que perguntado se era comum o interrogado assinar cheques sem
ler o destino do cheque, respondeu que eram apenas três assinaturas de che-
ques por mês, relativos a repasse de verbas federais à Prefeitura; que, re
perguntado, o réu afirmou que não era comum assinar cheques sem ler
o destinatário" (fl. 122)
Sem dúvida, os réus agiram dolosamente. Com efeito, o dinheiro foi sa
cado e depositado na Conta n.2 7454 ao invés de ser transferido para a Conta
n.2 7455-1, específica para o pagamento dos beneficiários do PETI. Como repre
sentantes máximos do Município de Flores/PE (Prefeito e Secretária de Finan
ças) já seria difícil que um desvio irregular de recursos públicos passasse desa
percebido pelos mesmos, quando mais, no caso em comento, foram responsá
veis diretos pela movimentação irregular. Anote-se, ainda, que
Não resta dúvida, portanto, de que ao desviar verba FEDERAL, que ti
nha destinação própria e definida, para o pagamento da folha MUNICIPAL, os
agentes causaram prejuízo ao erário federal, realizando o ato de improbidade
previsto no art 10, XI da Lei n2 8429/92:
"Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao
erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda
patrimonial, desvio, apropriação, malbàratamento ou dilapidação dos
bens ou haveres das entidades referidas no art. 13 desta Lei, e notadamen
te:
c..)
XI “ hiberar verba pública sem a estrita observância das normas per-
tinenxtes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular
3. DISPOSITIVO
Diante do exposto, julgo procedente o pedido para CONDENAR os réus
ARNALDO PEDRO DA SILVA e VALQUÍRIA ARAÚJO DA SILVA pela prática do
ato de improbidade que causou prejuízo ao erário, previsto no art 10, XI, da Lei
ns 8.429/92, aplicando-lhes a SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS PELO
PRAZO DE 5 (CINCO) ANOS.
Havendo possibilidade de recursos de ambas as partes, mantenho, ex
cepcionalmente, eficácia da liminar de fls. 120/122 até o trânsito em julgado.
Condeno, ainda, o demandado ao pagamento de custas e em honorários
advocatícios no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), com fulcro no §42 do art.
20, CPC.
Após o trânsito em julgado:
1) oficie-se ao TRE/PE dando ciência da presente sentença para que se
proceda à suspensão ora determinada;
2) inexistindo reforma ou anulação desta sentença, levante a indisponi
bilidade dos bens gravados nas fls. 142/150 e 156.
Publique-se. Registre-se. Intime-se.
Serra Talhada, 25 de setembro de 2007
3 Mandado de segurança
I. Relatório
A impetrante ajuizou mandado de segurança contra suposto ato abusi
vo e ilegal do impetrado, objetivando a exclusão do ICMS, imposto estadual
incidente sobre operações de venda de mercadorias ou serviços, das bases de
cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS e
do Programa de Integração Social - PIS.
Disse que o referido imposto estadual não poderia integrar a base de
cálculo das referidas contribuições, porque ele não pode ser enquadrado no
conceito de faturamento.
Pediu a exclusão mencionada e a declaração do direito a compensação
dos valores indevidamente pagos nos últimos cinco anos.
Juntou procuração e documentos (fls. 20/77).
A liminar foi indeferida (fls. 80/84).
Notificada, a autoridade coatora apresentou suas informações, alegando
que o ICMS integra o conceito de faturamento e, via de conseqüência, a base de
cálculo do PIS e da COFINS (fls. 126/138).
A União requereu sua admissão no feito, como interveniente (fls.
141/142).
Intimado, o Ministério Público Federal disse que não havia interesse
público que justificasse sua manifestação nos autos (fls. 144/147).
É o relatório. Passo a Decidir.
II. Fundamentação
O Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS é daqueles
denominados de indiretos, já que grava, economicamente, o elo final da cadeia
produtiva, qual seja, o consumidor.
Embora, no mundo fenomênico, quem suporte o ônus fiscal seja o ad-
quirente final do bem vendido, como de resto em todas as modalidades de
tributos e demais custos que oneram a produção, o sujeito passivo da relação
tributária é o vendedor da mercadoria, já que a hipótese de incidência assim o
elege. Ao contrário do que ocorre com o Imposto sobre Produtos Industriali
zados - IPI, o ICMS integra o preço da mercadoria vendida e o seu destaque, na
emissão da nota fiscal, constitui mera indicação contábil, sinalizando para o
comprador a quantia a ser eventualmente recuperada, nas hipóteses em que
cabível tal recuperação, dado que se trata de tributo não cumulativo. Ou seja, o
cálculo do ICMS é feito "por dentro" do preço do produto vendido, como afirma
o vulgo.
Já o IPI, imposto federal sobre produção e consumo comumente utiliza
do como parâmetro na análise do seu "primo" estadual, é imposto direto, ou
seja, quem suporta o ônus é o adquirente dos produtos industrializados, não a
unidade produtora. Assim, é que o IPI é calculado à parte, destacado do valor do
bem vendido em si, modalidade de cálculo dita vulgarmente "por fora".
Por exemplo, na venda de uma mercadoria qualquer pelo valor de R$
100.00 (cem reais), R$ 17,00 (dezessete reais) serão devidos a título de ICMS,
mas eles integram o próprio preço da venda. Se a mesma operação for também
fato gerador do IPI e a alíquota de tal tributo for de, por exemplo, 10% (dez por
cento), a fatura da operação será de R$ 110,00 (cento e dez reais), sendo R$
10.00 (dez reais) relativos a este último tributo e R$ 100,00 (cem reais) o preço
do bem, já integrado pelo ICMS.
Através deste exemplo simples, vê-se que o preço do bem recebido pelo
vendedor integra o patrimônio do sujeito passivo, que deverá realizar as opera
ções contábeis de débito e crédito relativas ao ICMS, a fim de encontrar o saldo
devedor a ser recolhido aos cofres estaduais, ou credor, a ser apropriado em
sua escrituração, para posterior abatimento.
No caso do IPI, ainda que ele também seja não cumulativo, o fato de seu
contribuinte de fato ser o adquirente, altera esta sistemática, de modo que o
valor destacado no documento fiscal não integrará o patrimônio do vendedor.
É por isso que o IPI, em regra, não está incluso na base de cálculo da
COFINS, diferentemente do que ocorre com o ICMS, pois o valor deste último,
diversamente do primeiro, integra o faturamento da vendedora.
Inclusive a fórmula de cálculo do custo da mercadoria vendida é uma,
para o caso do ICMS, e outra, para o IPI, em razão justamente desta diversidade
de natureza jurídica tributária.
Aliás, a prevalecer o entendimento de que os encargos tributários não
constituem receita, por pertencerem ao Estado, tal exegese haveria que ser
estendida inclusive para outras espécies tributárias, cuja base imponível tam
bém exija uma expressão econômica afeta ao contribuinte.
Assim, se formos descontar do preço dos produtos todos os elementos
que tiverem correspondência no passivo da empresa, compondo seus custos, na
realidade não teremos mais um tributo sobre faturamento ou receita bruta, mas
sobre o lucro da empresa.
Em outras palavras, teremos que entender inconstitucional qualquer
tributo que incidir sobre receita bruta, pois evidentemente a empresa, para
auferir a receita, tem seus custos, sejam eles financeiros ou tributários.
A posição aqui adotada encontra-se em plena sintonia com a jurispru
dência consolidada do STJ, no sentido de reconhecer que a parcela relativa ao
ICMS insere-se na base de cálculo do PIS e da COFINS, estando, portanto, res-
guardada de qualquer violação dos dispositivos legais tidos por malferidos.
Confiram-se, a propósito, os recentes julgados do STJ:
"PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. PIS
E COFINS. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. LEI Ns 9.718/98, ART. 3a, §
2* III. VALORES TRANSFERIDOS A OUTRA PESSOA JURÍDICA. NORMA
DEPENDENTE DE REGULAMENTAÇÃO. REVOGAÇÃO PELA MP NQ1991
18/2000. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 97, IV, DO CTN. INCLUSÃO
DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO. SÚMULAS NSS 68 E 94, DO STJ. PRECE-
DENTES.
1. Agravo regimental contra decisão que desproveu agravo de
instrumento
de exclusão daembase
face de cálculo
acórdãodoa quo
PIS esegundo o qualosnão
da COFINS são possíveis
valores repassados
a outras pessoas jurídicas. Asseverou, também, com base nas Súmulas
nss 68 e 94 do STJ, estar pacificado o entendimento de que a parcela re-
lativa ao ICMS se inclui na base de cálculo do PIS e da COFINS.
2. Se o comando legal inserto no art. 3 B, § 2Q, III, da Lei ns
9718/98 previa que a exclusão de crédito tributário ali prevista depen-
dia de normas regulamentares a serem expedidas pelo Executivo, é certo
que, embora vigente, não teve eficácia no mundo jurídico, já que não edi-
tado o decreto regulamentador, a citada norma foi expressamente revo-
gada com a edição de MP ns 1.99118/2000. Não comete violação do art.
97, IV, do CTN o decisório que em decorrência deste fato não reconhece o
direito de o recorrente proceder à compensação dos valores que entende
ter pago a mais a título de contribuição para o PIS e a COFINS.
3. In casu, o legislador não pretendeu a aplicação imediata e ge-
anérica da lei sem
recorrente, casoque lhe fossem
contrário, nãodados outros contornos
teria limitado seu podercomo pretende
de abrangên-
cia.
4. Pacífico o entendimento nesta Corte de que a parcela re-
lativa ao ICMS incluise na base de cálculo do FINSOCIAL (e, conse-
quentemente, da COFINS, tributo da mesma espécie) e também do
PIS. Súmulas nss 68 e 94/STJ, respectivamente: “a parcela relativa
ao ICM incluise na base de cálculo do PISH e "a parcela relativa ao
ICMS incluise na base de cálculo do Finsocial."
5. Precedentes desta Corte Superior.
6. Agravo regimental nãoprovido".
(STJ, Primeira Turma, AGA n.g 750493/ RS, rei. Min. José Delga-
do, decisão de 18/05/2006, fonte: DJ de 08/06/2006, p. 136, unânime e
os grifos são meus)
ART. 545"PROCESSUAL
DO CPC. ICMS. CIVIL E TRIBUTÁRIO.
INCLUSÃO NA BASEAGRAVO REGIMENTAL
DE CÁLCULO DO PIS E DA
COFINS. SÚMULAS N.?S 68 E 94 DO STJ.
1. Incluise na base de cálculo da contribuição ao PIS e da CO-
FINS a parcela referente ao imposto sobre a circulação de mercadorias e
sobre a prestação de serviços de transporte, interestadual e intermunici
pal, e de comunicação.
2. Inteligência dos enunciados sumulares n.3s 68 e 94 deste Supe-
rior Tribunal de Justiça.
3. Precedentes: REsp n.3 496.969/RS, Segunda Turma, Rei. Min.
Franciulli Netto, DJ de 14/03/2005; REsp n.3 668.571/RS, Segunda Tur-
ma, Rei. Min. Eliana Calmon, DJ de 13/12/2004; e REsp n.° 572.805/SC,
Primeira Turma, Rei. Min. José Delgado, DJ de 10/05/2004.
4. Agravo regimental improvido."
(STJ, Primeira Turma, AgRg no Ag n.3 623.163PR, rei Min. Luiz
Fux, DJ de 27.6.2005.)
JUSTIÇA FEDERAL
SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE UBERABA/MG -1** VARA
SENTENÇA
Por meio do despacho de fl. 26, a exequente foi intimada para se mani
festar sobre possível ocorrência de prescrição intercorrente.
Por meio da petição de fls. 27/28, a União Federal refutou a ocorrência
de prescrição sob os seguintes argumentos:
a) nos casos de arquivamento de execuções por conta do baixo valor,
aplica-se o Decreto-Lei n2.1.569/77, que suspende a prescrição;
b) o §2 do art 40 da Lei ns. 6.830/80 se aplica somente aos casos de ar
quivamento por conta da não localização do devedor ou de bens penho-
ráveis;
c) impossibilidade de aplicação da prescrição de ofício às execuções
propostas antes da vigência da Lei n2.11.051/2004.
Aialisando os autos, verifico que a execução foi proposta em
13/10/1997 e arquivada em 05/06/2000 e, novamente, em 26/05/2002, após
pedido da exequente, por conta de seu baixo valor. Desde a suspensão inicial,
passaramse mais de seis anos sem qualquer movimentação objetiva em busca
de satisfação do crédito.
A referida suspensão encontrava fundamento, entre outros dispositi
vos, no art 5e do Decreto-Lei ne. 1.569/77, que diz:
An. 5S Sem prejuízo da incidência da atualização monetária e dos juros
demora, bem como da exigência da prova de quitação para com a Fazen-
da Nacional, o Ministro da Fazenda poderá determinar a não inscrição
cono Dívida Ativa da União ou a sustação da cobrança judicial dos débi
tosde comprovada inexequibilidade e de reduzido valor.
Pcrágrafo único A aplicação do disposto neste artigo suspende a pres-
crição dos créditos a que se refere.
Nã) ignoro o parágrafo único acima transcrito, que fala sobre a suspen
são da prcscrição. Porém, entendo que o contribuinte não pode ficar sujeito a
ter contra si um débito ad eternum, para quem sabe ser cobrado algum dia,
quando ese débito alcance determinado valor. Embora justificável a medida
adotada pila Fazenda Nacional no sentido de levar em conta a relação cus
to/benefício, a fim de não ajuizar valores pequenos, o fato é que isso não impe
de a ocorrência de prescrição.
A jrescrição, em regra, começa a correr do lançamento tributário. Em
uma interpretação mais favorável à União Federal sobre dívidas não ajuizáveis,
como no (aso em discussão, poder-se-ia considerar que os débitos de baixo
valor não ijuizáveis ou aqueles com suspensão da execução deferida gozam de
uma "suspsnsão da prescrição" a partir da inscrição em dívida ativa ou da do
arquivamento provisório do feito, conforme o caso. Porém, essa suspensão não
pode sero siperior
atingiu ao prazo
\alor mínimo paradeser
cinco anos usual.
ajuizado, Findo
para que tal prazo,fiscal
a execução se o débito não
seja pro
movida ou para que ela prossiga, deve-se declarar a ocorrência da prescrição.
Repito: asíim é se for feita uma interpretação totalmente favorável à Fazenda
Nacional, om base no Decreto destacado.
En endo ser assim porque, como dito, uma dívida não pode ficar em a-
berto etenamente. O devedor deve ser cobrado ou então a dívida deve ser
extinta. Nã) pode ficar em estado de latência infinitamente.
Além disso, a própria jurisprudência reconhece esse entendimento e
reconhece, inclusive, a prescrição de débitos já ajuizados, mas arquivados por
baixo valoi, conforme se vê na seguinte decisão do TRF da Sê Região (grifei):
Acórdão: TRIBUNAL QUINTA REGIÃO
Classe: AC Apelação Cível 390450
Processo: 200083000113451/PE
Data da decisão: 22/08/2006
Relator(a): Desembargador Federal Napoleão Maia Filho
TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. VALOR REDUZIDO. ARQUIVA-
MENTO DO FEITO (ART. 20 DA MP 1.97363/00). DECURSO DE PRAZO
SUPERIOR A 5 ÂNOS. RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO INTERCOR
RENTE DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE A PARTIR DA LEI 11.051/04. CON-
TRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. NATUREZA TRIBUTÁRIA. APELAÇÃO IM
PROVIDA.
1. A Execução Fiscal, ajuizada em 04.07.00, foi arquivada (fls.
18), em 05.09.00. com fulcro no art. 20 da MP 1.97363/00, por se tratar
de execução de valor reduzido; ressaltese que a exequente, em 29.09.05
(fls. 21verso), foi devidamente intimada a se pronunciar sobre a consu-
mação da prescrição intercorrente (conforme inovação trazida pela Lei
11.051/04), momento em que, aliás, não trouxe qualquer elemento que
possibilitasse o prosseguimento do processo executivo, cuja continuidade
representaria apenas o retorno dos autos ao arquivo em razão do baixo
valor da execução.
2. 0 STI já decidiu que. arquivado o feito sem baixa na dis-
tribuição. por se tratar de cobrança de pequeno valor, inexistindo.
üq diptoma legal que autor\m tal hipótese de arquivamento, regra
atinente à suspensão do prazo prescricional. aplicase o entendi-
mento pacificado no STI. reconhecendose a prescrição intercorren
tea se. a exeçuçãQ ficou paralisada por mm de çííiçq anos (REsp.
773.367RS, Rei. Min. TEORIALBINO ZAVASCKI, DJU20.03.06, p. 209).
3. 0 art. 40, parág. 4o. da LEF, acrescentado pela Lei 11.051/04,
autoriza o juiz a decretar de ofício a prescrição intercorrente, desde que
ouvida a Fazenda Pública (possibilitando que esta demonstre eventual
causa interruptiya/suspensiva da prescrição); tal alteração não é de direi-
to material, uma vez que não modifica o prazo prescricional, apenas per-
mite o reconhecimento de ofício pelo Juiz, sendo, portanto, de natureza
processual, tem aplicação imediata, alcançando os processos em curso
(STJ,REsp. 815.711RS, Rei. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJU 10.04.06,
p. 162).
4. A partir da CF/88 consolidouse a natureza tributária das con-
tribuições previdenciárias; a decadência e a prescrição de tributos consti-
tuem matérias reservadas à Lei Complementar (art 146, III, b, da CF/88),
sendo aplicáveis as normas do CTN, que prevalecem em relação ao prazo
decenal previsto pelo art. 46 da Lei 8.212/91 para a Seguridade Social co-
brar seus créditcs.
5. Apelação improvida; sem Remessa Oficial (parág. 2o. do art.
475 do CPC).
E ainda:
EXECUÇÃO FISCAL. PROCESSUAL CIVIL. EXCEÇÃO DE PRÉ
EXECUTIVIDADE. RECONHECIMENTO DE PRESCRIÇÃO. POSSIBILIDADE.
1. A exceção de préexecutividade é um incidente processual construído
pela Doutrina e pela Jurisprudência, e se revela como meio hábil ao reco
nhecimento da prescrição da ação de Execução Fiscal desde que não de-
mande dilação probatória. Precedentes do colendo Superior Tribunal de
Justiça STJ. 2. Execução Fiscal que foi ajuizada depois do transcurso de
mais de 5 (cinco) anos, contados da efetivação do lançamento tributário,
incluindose a contagem dos 180 dias de suspensão previstos no art. 2a,
parágrafo 33 da Lei n3 6.830/80. 3. A edição da Portaria n3 289/MF, que
regulamentou o art 53 do DecretoLei n3 1.569/77 e o art. 65 da Lei n3
7.779/89, teve por escopo impedir o ajuizamento de Execuções Fiscais de
valores ínfimos, evitandose maiores ônus para a parte e prejuízos para a
Administração Pública. Não há a finalidade de suspender o prazo
prçççrjçjQnal dps çréditoç tril)utáriQS_até_que chegasse a um deter-
minado valor em que pudessem ser executados. Apelação improvida.
(TRF5, Processo: 200184000052882, UF: RN, Órgão Julgador: Terceira
Turma,
Data daRelator(a) Desembargadora
decisão: 24/11/2005, Federal Joana
DJ 17/02/2006, Carolina Lins Pereira,
p. 902).
xecuçãoEnfim,
fiscal. é aplicável o instituto da prescrição intercorrente à presente e-
P1SPQSIT1Y.0.
Ante o exposto, nos termos do § 42 do art. 40 da Lei n2. 6.830/80, decla
ro de ofício a ocorrência da prescrição intercorrente, julgando EXTINTO o feito.
Sem reexame necessário (art. 472, § 22 do CPC). Após o trânsito em jul
gado, arquivem-se os presentes autos.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Uberaba, 18 de janeiro de 2008.
Alexandre Henry Alves
Juiz Federal Substituto
PROCESSO N2 2005.81.03.500006-0
CLASSE: 169 - PROCEDIMENTO COMUM DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
AUTOR (A): MIGUEL SAMPAIO DO NASCIMENTO
RÉU: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
TIPO: A
BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE RENDA CONTINUADA.
LOAS. PORTADOR DE DEFIÊNCIA. SEQÜELAS DE POLIOMELITE.
INCAPACIDADE PARCIAL PARA O TRABALHO. CAPACIDADE
PARA A VIDA INDEPENDENTE. CONDIÇÕES PESSOAIS. MISERA-
BILIDADE. INÍCIO DO BENEFÍCIO.
1. A averiguação de capacidade para o trabalho deve
considerar não apenas o laudo pericial, que entendeu pela inca
pacidade parcial, mas também as condições pessoais do deficien
te, tais como grau de instrução e idade.
2. A verificação da incapacidade para a vida independen
te só faz sentido para o menor de dezesseis anos, impossibilitado
para o trabalho por força de determinação constitucional, de
modo que, estando ela presente, certamente implica a mobiliza
ção dos parentes
do-lhes nosdos
a obtenção cuidados exigidos
recursos pelo menor,
necessários dificultan
à manutenção do
grupo familiar.
3. A comprovação da renda familiar per capita inferior a
V a (um quarto) do salário mínimo, estando presente a Impossibi
lidade física de prover o próprio sustento, implica o direito à
percepção do amparo assistencial de renda continuada.
4. Tendo o laudo pericial judicial atestado a incapacidade
apenas parcial para o trabalho, o início do gozo do benefício de
ve coincidir com a data da prolação desta sentença, ocasião em
que foram ponderados outros aspectos para a configuração da
impossibilidade de o Autor prover o próprio sustento.
5. Pedido procedente em parte.
I - Relatório.
Dispensado, nos termos do art 38 da Lei n° 9.099/95, aplicado ao caso
por força do art Io da Lei n° 10.259/2001.
II Fundamentação.
Dizendo-se portadora de deficiência física, que lhe incapacita para o
trabalho e para a vida independente, e sem condições de prover à própria sub
sistência ou de tê-la provida por seus familiares, a parte autora vem a juízo
requerer benefício assistencial de renda continuada no valor de um salário
mínimo.
Ausentes questões preliminares a examinar, passo à apreciação do mé
rito.
Dando cumprimento ao determinado pelo art 203, inciso V, da Consti
tuição Federal, que garantiu benefício mensal no valor de um salário mínimo à
pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios
de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, foi editada
a Lei 8.742/93 que delineou, em seus arts. 20 e 21, os parâmetros para conces
são e manutenção de referida prestação.
Assim a Lei de Organização da Assistência Social - LOAS - qualificou
como deficiente não apenas o incapaz para o trabalho, mas também para a vida
independente, não obstante a Carta Constitucional não tenha mencionado este
último requisito.
A correta interpretação a ser dada a essa noya exigência, trazida pelo §
22 do art. 20 da LOAS, de modo a conformá-la com os parâmetros constitucio
nais, é a de que ela só deve ser aplicável para os menores de dezesseis anos, em
decorrência de a eles já ser vedado o trabalho por força de determinação cons
titucional, salvo na condição de menor aprendiz a partir de quatorze anos.
Em tais circunstâncias, de fato, não faz sentido qualificar a deficiência
como incapacitante para o trabalho, motivo pelo qual a LOAS fez inserir o re
quisito de incapacidade para a vida independente cue, estando presente, cer
tamente implica a mobilização dos parentes nos cuidados exigidos pelo menor,
dificultando-lhes a obtenção dos recursos necessárias à manutenção do grupo
familiar. A respeito, reproduzo interessante julgado do Superior Tribunal de
Justiça:
RESP 360202. QUINTA TURMÀ. 04/06/2002. DJ DA
TA:01/07/2002 PÁGINA:377. Rei Min. GILSON DlPP.
PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA.
ART. 20, § 2a DA LEI 8.742/93. PORTADOR DO VÍRUS HIV. INCAPACI-
DADE PARA O TRABALHO E PARA PROVER O PRÓPRIO SUSTENTO OU
DE TÊLO PROVIDO PELA FAMÍLIA. LAUDO PERICIAL QUE ATESTA A
CAPACIDADEROTINEIRAS
ATIVIDADES PARA A VIDA DOINDEPENDENTE BASEADO APENASDO
SER HUMANO. IMPROPRIEDADE NASÓ
BICEÀ PERCEPÇÃO DO BENEFÍCIO. RECURSO DESPROVIDO.
I A pessoa portadora do vírus HIV, que necessita de cuidados
freqüentes de médico e psicólogo e que se encontra incapacitada, tanto
para o trabalho, quanto de prover o seu próprio sustento ou de têlo
provido por sua família tem direito à percepção do benefício de pres-
tação continuada previsto no art. 20 da Lei 8.742/93, ainda que haja
laudo médicopericial atestando a capacidade para a vida independen-
te.
I I O laudo pericial que atesta a incapacidade para a vida labo-
rai e a capacidade para a vida independente, pelo simples fato da pes-
soa não necessitar da ajuda de outros para se alimentar, fazer sua higi-
ene ou se vestir, não pode obstar a percepção do benefício, pois, se esta
fosse a conceituação de vida independente, o benefício de prestação
continuada só seria devido aos portadores de deficiência tal, que su-
primisse a capacidade de locomoção do indivíduo - o que não parece ser
o intuito do legislador.
III Recurso desprovido.
Em consonância com esse entendimento, o próprio regulamento da LO
AS, aprovado pelo Decreto 6.214/2007, fixou, em seu art. 4e, § 22, que "para fins
de reconhecimento do direito ao Benefício de Prestação Continuada de crianças
e adolescentes até dezesseis anos de idade, deve ser avaliada a existência da
deficiência e o seu impacto na limitação do desempenho de atividade e restri
ção da participação social, compatível com a idade, sendo dispensável proceder
à avaliação da incapacidade para o trabalho".
Para efeito de aferir a miserabilidade do grupo familiar, considerado es
te o conjunto de pessoas elencadas no art. 16 da Lei 8.213/91, desde que vivam
sob o mesmo teto (Lei 8.742/93, art. 20, § l 2), a LOAS fixou como patamar
máximo a renda familiar mensal per capita de Va (um quarto) do salário míni
mo, devendo ela manter-se inferior a esse limite.
O § 82 do art. 20 da LOAS, por sua vez, determinou que "a renda familiar
2
mensal a que legal,
representante se refere o § 3 deverá
sujeitando-se aos ser declarada
demais pelo requerente
procedimentos ou seu
previstos no
regulamento para o deferimento do pedido".
No caso presente, consta, nos autos, declaração firmada por assistente
social, emitida pela Secretaria de Assistência Social do Município de Crateús,
atestando a miserabilidade do grupo familiar da parte autora (Doc. 3), não
tendo a Autarquia Ré infirmado tal realidade, muito embora o art. 13, § 32, do
regulamento da LOAS, tenha determinado que "o INSS verificará, mediante
consulta a cadastro específico, a existência de registro de benefício previdenci
ário, de emprego e renda do requerente ou beneficiário e dos integrantes da
família.".
O laudo pericial, realizado no âmbito deste processo, por sua vez, ates
tou ser a parte autora portadora de seqüelas de poliomielite, "com perda total
da capacidade laborativa no membro superior direito e perda parcial leve no
membro inferior direito, pois consegue deambular relativamente bem". Por
conta dessa deficiência, estaria parcial e definitivamente incapacitada para o
trabalho.
O Autor encontra-se com trinta e sete anos de idade, não possuindo
qualquer grau de instrução, uma vez que consta de seu RG a informação "não
alfabetizado". Diante dessas circunstâncias, entendo ser dever do Estado, com
provada a miserabilidade do deficiente, arcar com a sua subsistência e promo
ver, através da assistência social, a sua inserção no mercado de trabalho, dentro
de suas possibilidades.
De fato, a averiguação da capacidade para o trabalho de um deficiente
deve ser levada a efeito considerando não apenas o laudo pericial médico, como
também as suas circunstâncias pessoais. Nesse sentido, somos sabedores das
dificuldades que uma pessoa sã e instruída encontra para obter uma ocupação
laborativa, dificuldades essas que se tornam quase intransponíveis para um
deficiente físico analfabeto.
Desse modo, restando demonstrada a presença dos requisitos de mise
rabilidade e da incapacidade para o trabalho, evidencia-se o direito do Supli
cante ao benefício pleiteado, o qual deverá ser implantado de imediato, tendo
em vista que o art. 43 da Lei 9.099/95, aplicável aos Juizados Especiais Federais
por força do art. l s da lei 10.259/2001, determina que só excepcionalmente o
recurso seja recebido no efeito suspensivo, o que não é o caso.
Entendo, contudo, não ser cabível o pagamento de prestações atrasa
das, uma vez que a Administração, em face do laudo pericial desfavorável, ficou
impedida de deferir o beneficio requerido. Do mesmo modo, tudo está a indicar
a coincidência das conclusões médicas proferidas nos laudos periciais adminis
trativo e judicial, só tendo este juízo decidido pela procedência do pedido em
razão das condições pessoais do Requerente.
Assim, tendo o laudo pericial judicial atestado a incapacidade apenas
parcial para o trabalho, o início do gozo do benefício deve coincidir com a data
da prolação desta sentença, ocasião em que foram ponderados outros aspectos
para a configuração da impossibilidade de o Autor prover o próprio sustento.
Processo não sujeito a custas ou honorários advocatícios, no primeiro
grau, por força do disposto no art. I 2 da Lei n2.10.259/01, c/c os arts. 54 e 55
da Lei n2.9.099/95.
III - Dispositivo.
Diante de todo o exposto, JULGO PROCEDENTE EM PARTE o pedido, pa
ra condenar o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS - a conceder o benefí
cio de prestação continuada à pessoa portôdora de deficiência, com Renda
Mensal Inicial - RMI - no valor de um salário mínimo, e implantação a partir do
mês subsequente a este, no prazo de 90 (noventa) dias, contados da intimação
deste decisum, sob pena de cominação de multa diária, uma vez que eventual
recurso só será recebido no efeito devolutivo.
Vistos etc.
Trata-se de ação cautelar em que se pretende determinação judicial pa
ra a instituição financeira requerida juntar aos autos os extratos bancários dos
meses de junho e julho de 1987 e de janeiro e fevereiro de 1989 relativos às
contas de caderneta de poupança do requerente. Com isto, objetiva-se a obten
ção de elementos para poder-se ajuizar ação de cobrança das diferenças de
atualização monetária expurgadas pelos Planos Bresser e Verão (fls. 03/06).
Porém, entende o juízo ser desnecessário o ajuizamento de ação caute
lar, porquanto os referidos documentos podem ser apresentados pela Caixa
Econômica Federal nos autos do processo de conhecimento.
Não obstante, ao invés de indeferir a petição inicial por manifesta falta
de interesse processual (CPC, artigo 267, I; artigo 295, III), houve por bem o
juízo determinar à parte requerente que emendasse a peça inaugural para
adequá-la ao procedimento comum ordinário do processo de conhecimento
(fls. 11/12).
Fê-lo por princípio de economia processual.
Contudo, disse a parte autora que ajuizará a ação principal (fl. 15).
Na tentativa de aproveitarem-se os autos já praticados, novamente o ju
ízo determinou a emenda da petição inicial (fls. 16/17).
Contudo, em vão: a parte requerente insiste na via cautelar e entende
ter a faculdade de eleger a via que lhe pareça mais adequada, porque a Caixa
Econômica Federal teria oposto resistência à pretensão (fls. 19/20).
É o relatório.
Decido.
0 processo civil brasileiro conhece três espécies de exibição (cf. SILVA,
Ovídio Araújo Baptista da. A ação cautelar inominada do direito brasileiro. 4. ed.
Rio de Janeiro: Forense, 1992, p. 366-379; idem, As ações cautelares e o novo
processo civil. Rio de Jineiro: Forense, 1974, pp. 141-145; THEODORO JR.,
Humberto. Processo cautelar. 19. ed. São Paulo: LEUD, 2000, pp. 275-278): (a)
exibÜçãQ QÇQUtelQtoriQ (CPC, arts. 844 a 845); (b) exibição probatória (CPC, arts.
355 a 363 e 381 a 382); íc) exibição como direito material autônomo.
A exibição cautelar - que é sempre uma ação cautelar preparatória -,
não tem natureza proba:ória. Não há aqui a produção de prova documental ou
entrega de coisa. Por meio dela é assegurada, simplesmente, "a pretensão a
conhecer
risco os dados
de uma de una
ação mal ação" (Pontes
proposta de Miranda).
ou instruída Quer-se com
deficientemente, a fimela
de evitar
que o o
requerente não se depare, no curso do futuro processo, com uma situação de
prova impossível ou inexistente. Daí por que cabe ação exibitória cautelar, p.
ex., para a prévia exibição de coisa a ser objeto de futura reivindicação, para
que o autor afaste dúvidas sobre a sua identidade ou posse por parte do réu.
Tem ela cabimento, p. et., para a prévia exibição de coisa a ser examinada em
perícia preventiva. Logo no âmbito de um processo cautelar de exibição docu
mental, não pode haver pretensão de direito material satisfeita, mas meramen
te assegurada.
Já a exibição probatória não é uma ação. Trata-se de medida de instru
ção tomada no curso do processo. É mero inciden:e probatório implantado no
decorrer da lide, sem qie se tenha de ajuizar uma outra demanda de natureza
cautelar incidental. Enfim, não há aqui atividade acautelatória, mas atividade
probatória. Mediante essa espécie exibitória, não se assegura prova; tampouco
se
se protege
desde já.preventivamente
Aqui, há produção pretensão dedocumental
de prova direito material. Faz-se
mediante mais: prova-
exibição inciden
ter tantum no transcorrer processual (ordenada ex offlcio pelo magistrado ou
então a requerimento da parte).
Por fim, tem-se exibição ligada a pretensão autônoma de direito mate-
riâl- Trata-se de uma ação condenatória principaliter, sem ter-se de ajuizar
outra ação principal. Não se trata de ação cautelar, porquanto não se pretende
simplesmente assegurar pretensão de direito material, mas satisfazêla. Tam
pouco se está diante de um expediente probatória o interesse na produção de
uma prova é meramente mediato. Em verdade, há aqui exercício de pretensão
autônoma a ver o documento, examiná-lo e conhecer seu conteúdo preciso. É a
exibição dos livros e papéis de escrituração empresarial a que se tem direito
(CC de 2002, art. 1.191). É a pretensão exibitória do depositante contra o depo
sitário, do herdeiro contra inventariante, do dono dos bens contra quem os
administra. É a pretensão que o credor tem à prévia exibição, nas obrigações
alternativas, para depois proceder à escolha. Daí o motivo pelo qual a exibição
judicial aqui é satisfativa, e não meramente assecuratória.
Pois bem, no caso concreto, lendo-se detidamente a petição inicial, no-
ta-se que a parte requerente não exerce "pretensão a conhecer os dados de uma
ação". Noutras palavras: embora não disponha dos extratos bancários necessá
rios para o dimensionamento aritmético dos valores expurgados, a parte não
propôs a demanda cautelar para certificar-se preventivamente da efetiva inflic-
ção dos expurgos às suas contas de caderneta de poupança (evitando com isto o
risco de uma ação mal proposta). Em verdade, a parte requer exibição dos
extratos bancários para instruir a petição inicial de sua futura ação de cobrança.
Enfim, a parte requer concessão de tutela jurisdicional de cunho eminentemen
te probatório, não de cunho acautelatório. No entanto, para forçar a Caixa Eco
nômica Federal a produzir a prova documental pretendida, a parte requerente
não necessita da via processual cautelar. Basta-lhe requer ao juiz que determi
ne a juntada desses documentos pela instituição financeira no curso do proces
so de conhecimento.
Logo, não se trata de ordenar cautelarmente a exibição de documentos
em ação preparatória,
mencionada mas de
prova no curso da imputar incidentalmente o dever de produzir a
ação principal.
Ora, conquanto o art 330 do Código de Processo Civil esteja estrutura
do sob um modelo rígido, analítico e mecanicista de imputação a priori de ônus
probatórios, a doutrina e a jurisprudência têm evoluído para um modelo flexí
vel, pragmático e adaptativo. De acordo com esse novo modelo, cabe ao juiz
atribuir o encargo processual a quem tenha casuisticamente melhores condi
ções de dele desincumbir-se. Em outras palavras: após uma análise dos contor
nos da lide, cabe ao juiz dizer quem tem mais facilidades para a produção da
prova necessária para o deslinde da causa (= teoria das "cargas probatórias
dinâmicas") (sobre o tema, p. ex., DALL'AGNOL JR., Antônio Janyr. "Distribuição
dinâmica dos ônus probatórios". In RT 788, pp. 92-107). Logo, no caso em tela,
se a instituição financeira tem sob a sua custódia todos os extratos bancários
indispensáveis para a prova e a quantificação dos expurgos infligidos à remu
neração das cadernetas de poupança, nada mais razoável que lhe seja impingi
do o dever processual (não se podendo mais falar, simplesmente, em ônus) de
juntar aos autos do processo de conhecimento os aludidos extratos.
Como se não bastasse, a relação jurídica de direito material controver
tida rege-se pelo Código Nacional de Defesa do Consumidor. Assim, diante da
verossimilhança das alegações contidas na petição inicial da ação de cobrança e
da hipossuficiência da parte autora, pode o juiz aplicar ao caso a regra do inciso
VIII do art. 6S da Lei 8.078/90, ou seja, pode "inverter o ônus da prova", sem
que a parte tenha de propor ação cautelar preparatória ou incidente para a
exibição judicial dos extratos bancários.
De acordo com o Superior Tribunal de Justiça:
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PROVA. JUNTADA.
DOCUMENTOS. O Juiz pode ordenar ao banco réu a juntada de cópia
de contrato e de extrato bancário, atendendo aos princípios da inver
são do ônus da prova e da facilitação da defesa do direito do consu
midor emart.
multa do Juízo.
538Art.6o,
do CPC. VIII, do CDC.
Recurso Art. 381emdoparte
conhecido CPC.e provido
Exclusão(STJ,
da
4â Turma, RESP 264.083-RS, rei. Ministro Ruy Rosado de Aguiar, j.
29.05.2001, DJU 20.08.2001, p. 473, in RSTf 154/438).
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO ORDINARIA. FGTS. CORREÇÃO
MONETARIA. SALDO NAS CONTAS VINCULADAS. PROVA. REQUISI
ÇÃO A CEF DOS DOCUMENTOS PERTINENTES. DEFERIMENTO.
I - Cabendo à CEF, por lei, a obrigação de "emitir regularmente
os extratos ind viduais correspondentes às contas vinculadas", pode o
juiz requisitar tais documentos à instituirão financeira, indispensá
veis ao julgamento da causa, se a parte tem dificuldade em obtê-los.
I - Ofensa aos arts. 282, VI, 283 E 333,1, do CPC, não caracte
rizada.
II - Recurso especial não conhecido.
(STJ, 2* Turma, RESP 107.025-PF, rei. Ministro Antônio de
Pádua Ribeiro, j. 16.05.1997, DJU 01.09.1997, p. 40.801).
JUSTIÇA FEDERAL
SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE UBERABA - Ia VARA
PROCESSO N2.: 2003.38.02.002949-7
AÇÃO: ORDINÁRIA
AUTOR: WALTER ANTÔNIO CUNHA
RÉ: FACULDADE DE MEDICINA DO TRIÂNGULO MINEIRO - FMTM
SENTENÇA
WALTER ANTÔNIO CUNHA ajuizou a presente ação ordinária, com pe
dido de tutela antecipada, em desfavor da FACULDADE DE MEDICINA DO
TRIÂNGULO MINEIRO - FMTM, objetivando o restabelecimento do percentual
de 28,86% (vinte e oito vírgula oitenta e seis por cento), a incidir sobre sua
folha de pagamento, bem como recebimento das verbas atrasadas a tal título,
desde janeiro de 2003, data em que o percentual defrou de integrar seu salário.
Para tanto, aduziu: a) o Ato Administrativo EM n 2. 01/93 incorporou à
folha de pagamento dos servidores públicos civis da Faculdade de Medicina do
Triângulo Mineiro - FMTM o percentual equivalente a 28,86%, referente ao
reajuste salarial
revogou concedido
o benefício; c) em aos militares;dab)edição
decorrência a Portaria n 2. 174/95,
da citada Portaria,todavia,
houve
ajuizamento de mandado de segurança individual pelo médico Wilson Roose-
velt Gaia, sendo que a Associação dos Médicos da FMTM ingressou posterior
mente na lide, na qualidade de assistente litisconsorcial, encontrando-se o
processo em grau recursal; d) restou sedimentado ros Tribunais de todo o país
que a vedação quanto ao direito ao benefício refere-se tão-somente aos servi
dores públicos civis concursados como professores da entidade; e) porém, não
é concursado como docente da FMTM, fazendo jus ao restabelecimento do
benefício; f) o pleito encetado pela Associação dos Médicos da FMTM não lhe
gerará nenhum efeito, eis que a maioria dos associados representados pela
associação médica são professores universitários; g) deixou de receber a im
portância desde o mês de janeiro de 2003.
Instruiu a inicial com a procuração e documentos de fls. 18/62 e 68.
O pedido de tutela antecipada foi deferido (fls. 64/65).
A Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro - FMTM, às fls. 86/119,
apresentou reconvenção, aduzindo, em síntese, que: a) o autor/reconvindo
recebeu o percentual de 28,86% entre os meses de outubro de 1995 a dezem
bro de 2002 por força de liminar concedida no mandado de segurança n2.
95.0201992-0, impetrado por Wilson Roosevelt Gaia, porém, já havia obtido o
mesmo reajuste em data anterior ao deferimento da liminar, sendo que o pa
gamento determinado em razão daquela decisão constituiu-se em verdadeiro
bis in idem; b) por força da Lei n2. 8.627/93, o autor/reconvindo recebeu rea
juste salarial de 33,09%, superior, portanto, aos 28,86% pleiteados; c) o autor
deve à autarquia reconvinte a importância de R$89.627,29 (oitenta e nove mil,
seiscentos e vinte e sete reais e vinte e nove centavos), a título de restituição
das verbas pagas a maior.
Às fls. 120/153, a ré apresentou contestação, aduzindo, preliminarmen
te, que a tutela antecipada deferida ao autor foi integralmente cumprida, apesar
de nãojáter
ativo, produzido
que, na parte nenhum acréscimo
final da decisão, financeiro
restou aos vencimentos
determinado do polo
que o pagamento do
percentual de 28,86% deveria ser compensado com eventual aumento já con
cedido ao autor a mesmo título e, como o autor/reconvindo já obteve o reajuste
de 33,09%, não houve repercussão em seus vencimentos. No mérito, salientou
que o autor/reconvindo nada tem a receber a título de reajuste de 28,86%, mas
sim devolver os valores recebidos em razão da liminar deferida no mandado de
segurança n2. 95.0201992-0.
A resposta à reconvenção veio nas fls. 155/161 e a impugnação à con
testação às fls. 162/171.
Instada a cumprir a liminar (fl. 176), a FMTM carreou a petição e do
cumentos de fls. 178/207, aduzindo, novamente, ter cumprido integralmente a
liminar, já que o autor obteve reajuste maior do que o percentual postulado na
inicial.
Às fls. 209/210 a FMTM apresentou impugnação à contestação do re-
convindo e, às fls. 212/214, o autor/reconvindo apresentou resposta à impug
nação.
A decisão de fl. 215, ao tempo em que reconheceu ter sido o autor bene
ficiado com o reposicionamento decorrente da Lei 8.627/93, no percentual de
33,09%, e, consequentemente, ter a ré cumprido a liminar, declinou prazo às
partes para especificação de provas.
O autor/reconvindo postulou pelo depoimento pessoal do representan
te da FMTM, prova documental e perícia contábil (fls. 222/225).
A impugnação ao valor da causa relativa à reconvenção da FMTM foi
julgada improcedente (fls. 232/235).
A FMTM, à fl. 236, aduziu não ter provas adicionais a produzir.
A decisão de fl. 281 indeferiu o pedido de gratuidade judiciária do au
tor, bem como o depoimento pessoal do representante legal da ré e a perícia
contábil.
Posteriormente (fl. 287), tanto a gratuidade judiciária como a prova pe
ricial foram deferidas, facultando-se às partes a formulação de quesitos e a
indicação de assistentes técnicos.
Os quesitos do autor vieram nas fls. 289/292 e os da ré às fls. 295. Às
fls. 298/413, o autor apresentou quesitos suplementares e outros documentos
a fim de serem periciados pelo expert.
A FMTM, às fls. 416/417, rechaçou a alegação de extemporaneidade da
apresentação de seus quesitos e juntou cópia de demonstrativo de compensa
ção.
O despacho de fl. 421 acatou os quesitos apresentados pela ré, bem co
mo determinou a juntada de novos documentos pela ré, conforme solicitado
pelo perito nomeado à fl. 418. O documento foi juntado pela FMTM à fl. 423.
O laudo pericial foi juntado às fls. 423-B/475, tendo o autor se manifes
tado às fls. 480/485 e a ré às fls. 487/488.
O perito apresentou esclarecimentos às fls. 491/494 e 503/507, mani
festando-se novamente as partes: autor: fls. 509/513; ré: fls. 517/518.
O pedido do autor de substituição do perito nomeado foi indeferido (fls.
519/521).
Memoriais do autor às fls. 522/540 e da ré à fl. 542.
Então, os autos vieram-me conclusos {ara sentença.
É o relatório.
Decido.
a) Ação
Postula o autor o restabelecimento dopercentual de 28,86% (vinte e oi
to vírgula oitenta e seis por cento), a incidir sobre sua folha de pagamento, bem
comoem
data o recebimento das deixou
que o percentual verbas atrasadas
de integrara seu
tal título,
salário.desde janeiro de 2003,
No Supremo Tribunal Federal, a questão referente ao reajuste de
28,86%, inicialmente concedido exclusivamente aos militares, foi objeto de
decisão no Recurso Ordinário em Mandado de Segurança n.s 22.307-7/DF, rei.
Ministro Marco Aurélio, reconhecendo-se a revisão geral de vencimentos, com
extensão aos servidores públicos civis. Mas, ao se julgar os embargos declarató-
rios interpostos contra a referida decisão, atribuindo efeito modificativo ao
recurso, a Suprema Corte determinou a conwensação dos percentuais de rea
juste, em razão do reposicionamento funcional concedido aos servidores públi
cos federais civis, pelos artigos l.Q e 3.Q da Lein.Q 8.627/93.
A propósito, transcreve-se a ementa dos Embargos de Declaração em
Recurso Ordinário em Mandado de Segurança n. 2 22.307-7/DF, redator para o
acórdão Min. Ilmar Galvão:
"EMENTA: ADMINISTRATIVO. SERVIDORES DO MINISTÉRIO DA
PREVIDÊNCIA SOCIAL. REAJUSTE DE VENCIMENTOS DE 28,86%, DE-
CORRENTE DA LEI N2. 8.627/93. DECSÃO DEFERITÓRIA QUE TERIA SI-
DO OMISSA QUANTO AOS AUMENTOS DE VENCIMENTOS DIFERENCIA-
DOS COM QUE O REFERIDO DIPLOMA LEGAL CONTEMPLOU DIVERSAS
CA TEGORIAS FUNCIONAIS NELE ESPE:iFICADAS.
Diploma legal que, de efeito, beneficiou não apenas os servidores
militares, por meio da "adequação dospostos egraduações", mas também
nada menos que vinte categorias de tervidores civis, contemplados com
"reposicionamentos" (arts. 18 e 3Q), entre as quais aquelas a que pertence
a maioria dos impetrantes.
Circunstância que não se poderia deixar de ter em conta, para fim
da indispensável compensação, sendo certo que a Lei ns. 8.627/93 contém
elementos concretos que permitem calcular o percentual efetivamente
devido a cada servidor.
Embargos acolhidos para o fln explicitado."
0 autor exerce o cargo de médico, regido pelo regime jurídico único dos
servidores públicos civis da União, das Autarquias e das Fundações Públicas
Federais (fls. 19/22).
Conquanto alegue tratar a variação de 33,09% de promoção à categoria
profissional posterior, o certo é que o egrégio STF determinou a compensação
daqueles valores havidos por meio de reposicionamento a algumas categorias
de servidores civis com o percentual de 28,86% concedido pela Lei 8.622/93 e
8.627/93. Ressalto que o Supremo Tribunal Federal, ao decidir assim, não
ignorou que os 33,09% referiam-se à promoção na carreira, ou seja, o STF
decidiu que, mesmo assim sendo, deve ser feita a compensação.
Também não procede a alegação de não ser concursado como docente,
já que sua categoria também foi beneficiada com o reposicionamento, conforme
se verifica do documento acostado à fl. 186.
Logo, seguindo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, inexiste
razão para o restabelecimento do referido percentual.
b) ReçpnvençãQ.
No tocante ao pedido de reconvenção alinhavado pela FMTM, para que
o autor/reconvindo seja condenado a restituir a importância recebida indevi
damente em decorrência do mandado de segurança ns. 95.0201992-0, impe
trado por Wilson Roosevelt Gaia e cujos efeitos se estenderam a toda categoria
médica da FMTM, tendo em vista já ter o mesmo recebido reajuste salarial de
33,09%, superior, portanto, aos 28,86% pleiteados, o autor/reconvindo se
defende alegando: a) o reajuste de 33,09% não substitui os 28,86%; b) natureza
alimentar da verba; c) prescrição qüinqüenal.
Com relação ao argumento de que o reajuste de 33,09% não substitui os
28,86%, desnecessário tecer maiores considerações, visto que o assunto já foi
exaustivamente tratado no julgamento da ação.
Em relação à prescrição, tenho por mim que ela não ocorreu. A Facul
dade de Medicina do Triângulo Mineiro - FMTM, hoje Universidade Federal do
Triângulo Mineiro - UFTM, foi obrigada por decisão judicial proferida nos autos
950201992-0/MG a pagar o reajuste dos 28,86% a todos os servidores da
instituição, embora a referida ação fosse um mandado de segurança de caráter
individual. Tendo em vista esse fato, o Tribunal Regional Federal da 1 Região
reformou a sentença monocrática para determinar que o pagamento se limitas
se ao impetrante (AMS 1998.01.00.021922-5/MG). A ementa foi nesse sentido
(grifei):
CONSTITUCIONAL - ADMINISTRATIVO - REAJUSTE DE VENCIMEN-
TOS LEIS mS. 8.622/93 E 8.627/93.
I. O direito pretoriano inclinouse pela concessão do reajuste de
28,86% (Leis n3s. 8.622/93 e 8.627/93) também aos civis, com arrimo no
art. 37, inciso X, da Constituição, exceto aos professores (q.v. EIAC nQ.
95.01.270696/DF, ACn* 96.01.S33583/PA eACnl 96.01.000720/MG);
II. Impõese ajustar o decisum ao julgado nos Embargos de Decla-
ração no ROMS nQ. 22307/7DF, pelo STF (Rei. Ministro limar Galvão);
III. Forçoso limitar os efeitos da sentença tãosomente ao im-
petrante. nos termos do art 472 do CPC.
IV. Apelos e remessa parcialmente providos.
(AMS 1998.01.00.0219225/MG, Rei. Juiz Carlos Fernando Mathias,
Segunda Turma, D] de 27/02/2002, p.69)
Tal decisão do Tribunal Regional Federal da Ia Região foi publicada em
27 de fevereiro de 2002, sendo que a intimação da União Federal acerca do
acórdão foi juntada aos autos em 04/03/2002, tudo conforme consulta proces
sual na página eletrônica do TRF da I a Região.
Isso significa que, até ser intimada da decisão que limitou o pagamento
dos 28,86% apenas ao impetrante daquele mandado de segurança, a FMTM
estava obrigada a efetuar tal pagamento e, portanto, impedida de cessá-lo e, em
conseqüência óbvia, de pedir a restituição dos valores já pagos. Em melhores
palavras, até 04/03/2002 a FMTM não podia acionar administrativa ou judici
almente os seus servidores para devolver os valores já pagos a título dos
28,86%.
Aplica-se ao caso, então, o chamado princípio da "actio nata": a prescri
ção começa do dia em que nasce a ação ajuizável. Se somente em 04/03/2002 a
FMTM passou a ter direito de acionar o Judiciário para exigir de volta o que
havia pagado aos seus servidores, somente nessa iniciou-se o prazo prescricio
nal de cinco anos. Em conseqüência, como a reconvenção foi proposta em 012
de agosto de 2003 (fl. 86), não havia transcorrido naquele momento o prazo
qüinqüenal e, portanto, não se pode falar em prescrição.
Por outro lado, apenas para complementar o raciocínio e não deixar
margem para omissões, ressalto que a FMTM tinha cinco anos, contados a
partir de 04/03/2002, para exigir judicialmente dos seus servidores a devolu
ção dos valores pagos a título de 28,86% durante todo o prazo de vigência da
medida judicial proferida nos autos 950201992-0/MG, e não apenas relativa
mente aos cinco anos anteriores à reconvenção. Tudo com base no já citado
princípio da "actio nata".
Pelo exposto, rejeito a alegação de prescrição feita pelo au
tor/reconvindo.
Com relação ao argumento de que a verba foi recebida de boa fé e tem
natureza alimentar e, por conta disso, não haveria obrigação de devolução, é
preciso tecer algumas considerações. A jurisprudência pátria é praticamente
uniforme no sentido de que o servidor não é obrigado a devolver verbas rece
bidas da Administração
o pagamento quando
com base em as recebeu
uma razoável de boa-fé e da
interpretação a Administração
legislação. efetuou
Merecem destaques as Súmulas n2.106 e 249 do Tribunal de Contas da
União, in verbis:
"Súmula 106: 0 julgamento, pela ilegalidade, das concessões de re-
forma aposentadoria e pensão, não implica por si só a obrigatoriedade da
reposição das importâncias já recebidas de boafé, até a data do conheci-
mento da decisão pelo órgão competente".
"Súmula 249: É dispensada a reposição de importâncias indevida-
mente percebidas, de boafé, por servidores ativos e inativos, e pensionistas,
em virtude de erro escusável de interpretação de lei por parte do ór-
gão/entidade, ou por parte de autoridade legalmente investida em função
de orientação e supervisão, à vista da presunção de legalidade do ato admi-
nistrativo e do caráter alimentar das parcelas salariais".
Ocorre que o pagamento do percentual de 28,86% ao autor/reconvindo
não se deu em virtude de erro escusável de interpretação de lei por parte do
órgão/entidade, mas por força de uma decisão judicial.
Reconheço que a maioria dos julgados atuais entende que, mesmo nos
casos de decisão judicial, os valores não devem ser devolvidos. Nesse sentido,
segue recente decisão do Superior Tribunal de Justiça (destaquei):
RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA - DESCONTO
DE VALORES RECEBIDOS DE BOA FÉ POR SERVIDOR PÚBLICO EM DE-
CORRÊNCIA DE LIMINAR OBTIDA EM AÇÃO JUDICIAL IMPOSSIBILIDADE
RECURSO PROVIDO.
1. O requisito estabelecido pela jurisprudência, para a não devolu-
ção de valores recebidos indevidamente pelo servidor, não corresponde ao
erro da Administração, mas, sim, ao recebimento de boafé.
2. Mesmo que o servidor tenha recebido determinado valor, de
maneira indevida, por força de decisão judicial, se acreditou que o re-
cebimento era legítimo e ressaltese que a boafé é presumível, en-
quanto o dolo há de ser comprovado não cabe falar em dever de res-
tituição.
3. Não bastasse, os descontos, uma vez admitidos, deverão ser efe-
tuados, observandose o percentual máximo de 10% dos rendimentos ou
dos proventos do servidor, por força dos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, e deverão ser precedidos das garantias do contraditório
e da ampla defesa.
4. Recurso ordinário provido.
(RMS 18.121/RS, Rei. Ministro PAULO MEDINA, SEXTA TURMA,
julgado em 13.12.2005, DJ 08.10.2007 p. 367)
Ocorre que, apesar de majoritário, esse pensamento não é unânime. No
específico julgamento acima transcrito, houve voto divergente que assim con
signou (grifei):
O SENHOR MINISTRO PAULO GALLOTTI (PRESIDENTE): Esse re-
conhecimento em caráter liminar e aí é que está, no meu modo de ver, a
distinção há ser feita - é de caráter provisório. A liminar é de caráter provi
sório. Se o direito não vier a ser reconhecido ao final é evidente; com a de-
vida vênia de V. Exas., que os valores percebidos desde então devem ser de-
volvidos, sob pena. sim . de enriquecimento indevido. Por esse motivo,
pedindo vênia a V. Exas., entendendo, repito, que a questão não é de boafé,
mas, sim, da precariedade do ato que reconheceu o direito, que o meu voto
nega provimento ao recurso em mandado de segurança.
Entendo que o Ministro Paulo Gallotti, embora vencido nesse caso espe
cífico, está com a razão. Uma medida judicial, enquanto não transitar em julga
do, tem o caráter provisório e os seus efeitos são passíveis de reversão, caso
não seja confirmada ao término do processo. É de se ressaltar o que diz o Códi
go de Processo
Art.Civil:
4750. A execução provisória da sentença farseá, no que cou-
ber, do mesmo modo que a definitiva, observadas as seguintes normas: (In-
cluído pela Lei nQ. 11.232, de 2005)
I corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exequente, que
se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado
haja sofrido; (Incluído pela Lei n3.11.232, de 2005)
II fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a
sentença objeto da execução, restituindose as partes ao estado anterior e
liquidados eventuais prejuízos nos mesmos autos, por arbitramento; (Inclu-
ído pela Lei ns. 11.232, de 2005)
O cumprimento de uma liminar, ou mesmo de uma sentença que conce
de a segurança, não difere de uma execução provisória e tem os mesmos efeitos.
Se o Código de Processo Civil determina que e\entual reforma da sentença leva
à obrigatoriedade
visória, de lógica
qual a razão restituição do quepara
ou jurídica foi recebido em sede
nso se aplicar de execução
o mesmo pro
raciocínio
ao presente caso? 0 que se está tentando preíervar é a vedação ao enriqueci
mento sem causa, um princípio basilar de todo d sistema jurídico nacional.
Ressalto que o argumento expedido m transcrito RMS 18.121/RS, do
Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que o que importa é a boa-fé e não a
existência ou não de uma medida judicial determinando o pagamento de verbas
ao servidor, não se sustenta diante do que diz o Código de Processo Civil, com o
devido respeito àquela Corte. Mais do que isso, sempre haverá boa-fé por parte
do servidor quando o pagamento é feito devid) a uma ordem judicial. Assim, a
questão não deve ser centrada nesse aspecto, nas na provisoriedade da liminar
ou da sentença reformável.
Não se trata aqui do que se convencionou chamar de "rebeldia da ls
Instância", tendo em vista que a questão não é pacífica nem mesmo no âmbito
do STJ, conforme se viu no posicionamento do Ministro Paulo Gallotti.
Também não entendo que a simples natureza alimentar da verba afaste
a obrigatoriedade da sua devolução. Isso porcue ninguém é obrigado a pagar
verbas alimentares sem que a lei assim o detemine e, se pagou, ainda que em
virtude de uma decisão judicial posteriormente reformada, tem direito à resti
tuição dos valores, sob pena do já citado enriquecimento sem causa. E mais: o
que o autor/reconvinte recebeu e agora é pleiteado pela FMTM não é toda a sua
remuneração de 1995 a 2002, mas tão somente uma parcela dela, correspon
dente ao aumento posteriormente julgado indevido. Como as verbas alimenta-
res são aquelas necessárias ao mínimo existencial do cidadão, em tese nem
seria possível falar em natureza alimentar propriamente dita no caso sob análi
se, devido aos valores bem acima da média nacional recebidos pelo au
tor/reconvindo.
Para proteger o servidor em caso de obrigatoriedade de devolução de
quantias recebidas indevidamente, a Lei n2. 8.112/1990 já previa na redação
srcinal de seu art. 46 que "as reposições e indenizações ao erário serão des
contadas em parcelas mensais não excedentes à décima parte da remuneração
ou provento, em valores atualizados".
Todo esse pensamento, como dito, não é isolado e encontra apoio na ju
risprudência, embora em caráter minoritário. Nesse sentido, já decidiu o Tribu
nal Regional Federal da 2â Região:
DISPOSITIVO
Ante o exposto, Julgo improcedente o pedido feito pelo autor de resta
belecimento do percentual de 28,86% (vinte e oito vírgula oitenta e seis por
cento), a incidir sobre a folha de pagamento do autor, bem como recebimento
das verbas
tual deixouatrasadas a tal
de integrar seutítulo, desde janeiro de 2003, data em que o percen
salário.
Julgo parcialmente procedente a reconvenção oferecida pela Facul
dade de Medicina do Triângulo Mineiro - FMTM, hoje Universidade Federal do
Triângulo Mineiro - UFTM, para obrigar o autor/reconvindo a devolver à UFTM
os valores recebidos por força da decisão judicial proferida nos autos n2.
95.0201992-0, de outubro de 1995 a fevereiro de 2002146, corrigidos monetari
amente a partir de cada pagamento, de acordo com o manual de cálculos da
Justiça Federal, acrescidos de juros de 0,5% (cinco décimos por cento) ao mês, a
partir da intimação do autor/reconvindo acerca da reconvenção, tudo confor
me cálculos a serem apurados em sede de liquidação de sentença. Ressalto que
a reposição de tal montante deverá ser feita mensalmente, respeitado o limite
de 10% (dez por cento) dos vencimentos totais do autor/reconvinte, nos ter
mos do art 46 da Lei n 2.8.112/1990.
146 Tendo em vista que a União Federal foi intimada em 04/03/2002 acerca da limitação dos
efeitos de tal ação às partes envolvidas.
Sem custas e honorários advocatícios, tendo em vista a gratuidade judi
ciária concedida ao autor à fl. 287.
Retifique-se a autuação, para fazer constar como nome da ré a Univer
sidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Uberaba-MG, 29/11/2007.
ALEXANDRE HENRY ALVES
Juiz Federal Substituto
JUSTIÇA
SUBSEÇÃOFEDERAL
JUDICIÁRIA DE UBERABA - Ia VARA
PROCESSO: 2003.38.02.006411-4
AÇÃO: REINTEGRAÇÃO DE POSSE
AUTOR: CONSÓRCIO DA USINA HIDROELÉTRICA DE IGARAPAVA
RÉU: ANTÔNIO SANTOS RODRIGUES
SENTENÇA
O CONSÓRCIO DA USINA HIDROELÉTICA DE IGARAPAVA ajuizou a
presente ação em desfavor de ANTÔNIO SANTOS RODRIGUES, buscando, já
em sede de liminar, a reintegração de posse do autor da área invadida pelo réu.
Para tanto, aduziu que: a) adquiriu a área delimitada no processo de
desapropriação promovido contra Sebastião Gallis e outros em ação que trami
ta perante o Juízo da 1- Vara Federal de Uberaba (autos n s 1998.38.02.000586-
9), tendo sido imitido na posse da referida área, conforme mandados de imissão
devidamente cumpridos; b) o requerido, em total má-fé e clandestinidade,
invadiu parte da área e nela construiu um rancho de lazer; c) ao descobrir a
invasão, em fevereiro de 2003, promoveu a notificação judicial do requerido,
mas este não se dispôs a desocupar a área; d) a invasão se deu com extrema
má-fé, visto tratar-se de área desapropriada e onde não se pode erguer qual
quer tipo de construção, por ser de preservação permanente.
Instruiu a inicial com os documentos de fls. 15/71.
O pedido de liminar foi indeferido (fl. 108). Na oportunidade, designou-
se audiência de justificação.
Posteriormente (fls. 113/114), a audiência de justificação anteriormen
te designada foi cancelada, bem como deferida a liminar e determinada a expe
dição de mandado de reintegração de posse.
A União Federal postulou sua admissão à lide, na qualidade de assisten
te litisconsorcial do requerente (fls. 134/136).
O autor foi reintegrado na posse (fl. 143).
O prazo para contestação transcorreu in albis, conforme certidão de fl.
154.
À fl. 155 a União foi admitida no processo, oportunidade em que dei-
xou-se de agregar o IBAMA como parte no processo.
Na fase de especificação de provas (fl. 155), a União Federal requereu
fosse decretada a revelia do requerido, bem como o julgamento antecipado da
lide (fl. 161). As partes, embora intimadas, quedaram silentes (fls. 158/159-
verso).
Foi decretada a revelia do requerido, bem assim determinada a apre
sentação de memoriais pelas partes (fl. 162).
Instado (fl. 155), o Ministério Público Federal manifestou-se pelo pros
seguimento do feito (fls. 163/164).
Memoriais do autor à fl. 166 e da União às fls. 168/169.
Então, os autos vieram-me conclusos para sentença.
É o relatório.
Passo a decidir.
Presentes os pressupostos processuais e as condições da ação, passo ao
julgamento do mérito.
Pretende o Consórcio da Usina Hidrelétrica de Igarapava a presente a-
ção de reintegração de posse de área situada às margens da Usina Hidrelétrica
de Igarapava.
Alega que adquiriu a área descrita no decreto expropriatório, que en
globa as áreas delimitadas no processo de desapropriação promovida contra
Sebastião Gallis e outros, em ação que tramita perante a lâ Vara Federal de
Uberaba, autos nQ 1998.38.02.000586-9, tendo sido imitido na posse da referi
da área.
Aduz, ainda, que o requerido, em total má-fé, invadiu uma parte que se
situa numa área de sua propriedade e nela construiu um rancho de lazer.
Sobre a questão dos autos, dispõe o art. 927 do Código de Processo Ci
vil, verbis:
"Art. 927 Incumbe ao autor provar:
/ - a sua posse;
I I a turbaçâo ou o esbulho praticado pelo réu;
III a data da turbação ou do esbulho;
I V a continuação da posse; embora turbada, na ação de manutenção; a
perda da posse; na ação de reintegração".
Ora, o decreto expropriatório de 2-05-1996, publicado no Diário Oficial,
em 3-05-1996, página 85 (fl. 25) declara de utilidade pública para fins de desa
propriação em favor do Autor a área descrita nas fls. 06/10 da exordial, a qual
engloba área delimitada no processo de desapropriação promovido contra
Sebastião Gallis, conforme já mencionado, tendo sido imitido na posse, conso
ante mandados de imissão de fls. 37/50.
O requerente juntou fotos, planta baixa de localização, imagem de saté
lite e descrição da área invadida para demonstrar que se trata da mesma área
que foi alvo de desapropriação.
No afa de solucionar a questão, o Consórcio-Autor notificou judicial
mente o réu sobre a ilegitimidade da conduta por ele perpetrada, ou seja, inva
dir área de preservação permanente de sua propriedade, visando constituir em
mora o requerido, caso não desocupasse o terreno.
Como visto, o autor tomou providência, oportunizando ao réu desocu
par a área litigiosa, porém a tentativa amistosa restou infrutífera.
Impende destacar, que a União, ao apresentar suas razões finais (fls.
168/169), defende a reintegração de posse requerida pelo Consórcio-autor,
haja vista ser "inquestionável a posse irregular do réu em relação aos terrenos
marginais do Rio Grande, sendo inadmissível a edificação de rancho de lazer na
área em questão".
Pelo exposto, julgo procedente o pedido, determinando a reintegra
ção do Consórcio da Usina Hidrelétrica de Igarapava, na posse da área descrita
na inicial e aditada às fls. 76/106, bem como, nos termos do art 921, III, do CPC,
condeno o requerido a desfazer a construção erguida na referida área, no prazo
de 60 (sessenta) dias, o qual transcorrido fica o requerente autorizado a desfa
zê-la às expensas do requerido. Ficará o requerido sujeito ao pagamento de
multa cominatória, no valor de 1 (um) salário mínimo vigente à época, em caso
ademulta
turbação na posse será
cominatória do requerente
de 2 (dois)(art. 921 do
salários CPC). Se
mínimos porocorrer
mês denovo esbulho,
privação da
posse, em valores vigentes à época.
Condeno o requerido no pagamento de custas e honorários advocatí
cios, estes arbitrados em 10% (dez por cento) do valor da causa.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Uberaba, 05 de setembro de 2007.
ALEXANDRE HENRY ALVES
Juiz Federal Substituto
9 Ação ordinária - Denunciação da lide
I - RELATÓRIO
rdo
eudeporpânico, vindode
intercessão a tentar cometer o suicídio, situação que apenas não ocor
seus familiares.
Relata que, após conversa com o assistente social do COAS, submeteu-
se a exame confirmatório, quando, então, o resultado foi "negativo".
Sustenta ter ocorrido atitude negligente dos funcionários públicos en
volvidos nos exames sorológicos, que resultaram em sérios problemas de or
dem psicológica e emocional.
Devidamente citado (fl. 22), o Instituto Evandro Chagas apresentou
contestação às fls. 23/34, suscitando, em suma, a preliminar de ausência de
pressuposto de desenvolvimento válido e regular do processo.
No mérito, requer a improcedência do pedido. Sustenta que a respon
sabilidade do Instituto Evandro Chagas está adstrita ao recebimento de amos
tra, análise e diagnóstico do material, para posterior emissão do resultado, pelo
que não pode ser responsabilizado com possíveis falhas na coleta, identificação
e transporte do material destinado ao exame, procedimentos feitos pelo COAS.
Afirma
positivos, o queque
podealtaocorrer
proporção de doadores
por causas de sangue
biológicas, apresenta
a exemplo resultados
de infecções por
outros vírus, uso de drogas endovenosas.
Assevera que o exame possui margem de erro. Aduz, em face do expos
to, a inexistência de nexo de causalidade e a excludente de culpabilidade, em
virtude de margem de erro de testes Anti-HIV, já que, por se tratar de ato omis-
sivo, a responsabilidade da contestante, em tese, seria subjetiva.
Denunciado à lide pelo réu, o Município de Belém apresentou contesta
ção às fls. 62/72.
Sustenta, em síntese: a prescrição trienal, nos termos do Código Civil de
2002, a prescrição qüinqüenal em relação tão apenas ao Município de Belém e,
no mérito, a ausência de responsabilidade do ente municipal.
No mais, argumenta, também, que há possibilidade de resultados de e-
xames do tipo se apresentarem falsamente positivos, argumentando, ademais,
que eventual dano deve ser reparado pelo exclusivamente pelo IEC - Instituto
Evandro Chagas, que teria deixado de apor as observações necessárias no co
municado dos exames, de modo a esclarecer à autora de possível erro no resul
tado.
Réplicas
O às fls.
Município de48/54 e 81/82.
Belém, às fls. 85/86, manifestou desinteresse em produ
zir provas. A União requereu prova pericial, por ocasião da contestação e peti
ção de fls. 58. A autora, por sua vez, pleiteou produção de prova testemunhai.
O pedido de prova pericial foi indeferido à fl. 112, tendo havido inter-
posição de agravo de instrumento (fls. 108/113).
As provas testemunhais requeridas pela autora, embora deferidas, não
foram produzidas, tendo em vista que a parte demandante não conduziu as
testemunhas à audiência, independente de intimação, embora nesse sentido
tenha se comprometido.
É o relatório. Decido.
II - FUNDAMENTAÇÃO
PRELIMINARES DE MÉRITO
versal
3. No princípio da actio
caso, a ação foi nata.
ajuizada em 06.08.2003, cerca de trinta e nove anos
após a ocorrência do evento danoso que constitui o fundamento do pedi-
do, o que evidencia a ocorrência da prescrição.
4. Recurso especial a que se nega provimento."
(REsp 972.770/RS, Rei. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 18/09/2007, DJ 08/10/2007 p. 244).
"Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este
Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido
mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada."
DA DENUNCIAÇÃO A LIDE
MÉRITO
Pública Diante
Direta,deste
pelospreceito, a responsabilidade
danos que dos entes da Administração
causarem aos administrados independe de
culpa em sentido amplo, ou seja, não há necessidade de que, para obter repara
ção do dano, a vítima demonstre dolo ou culpa em sentido estrito do agente,
bastando a comprovação do dano e do nexo de causalidade entre este e a atua
ção administrativa.
É a consagração da responsabilidade objetiva do Estado, com base na
teoria do risco administrativo. Nada obstante, pode a pessoa jurídica interessa
da, a fim de afastar sua responsabilidade, comprovar que o evento se deu por
culpa exclusiva da vítima ou por motivo de força maior, em que é dispensada
qualquer incursão em aspectos intrínsecos da conduta do agente público, con
cernentes a dolo ou à culpa.
A verificação da referida responsabilidade objetiva, no caso ora em e-
xame, deve ser feita à luz de três requisitos extraídos a partir do mencionado
dispositivo constitucional, quais sejam: a) existência do dano; b) ação adminis
trativa; c) nexo causai
Quanto entre requisito,
ao primeiro o dano e aconsiste
ação administrativa.
na demonstração da lesão efeti
vamente sofrida pela autora, ou seja, que, de fato, tenha sido vítima de erro de
exame Anti-HIV.
0 segundo constitui na demonstração de que, no contexto fático abar
cado pela causa de pedir, está inserta uma conduta da Administração Pública.
Por fim, o terceiro requisito envolve a necessária demonstração da rela
ção de causa e efeito entre a conduta da Administração e a lesão supostamente
sofrida pela vítima do dano, que, no caso, é a demonstração de relação da con
duta inserta no serviço público executado pelo Instituto Evandro Chagas, en
volvendo o invocado erro no resultado de exame Anti-HIV, com a ofensa moral
sofrida pela autora.
Trazendo os sobreditos conceitos para o caso concreto sob exame, dian
te das provas existentes nos autos, entendo que resta configurada a responsabi
lidade civil do Estado, de modo a render ensejo ao pagamento da indenização
pretendida.
0 réu, em meio à peça contestatória, confessou os fatos narrados pela
autora, queseaclaram
consoante observaa às
ocorrência
fls. 24/26de(grifo):
sua conduta administrativa lesiva à moral,
vel a que
HIV indenização por dano moral
indica equivocado em positivo.
resultado caso de Precedentes
comunicação desta
de exame
Corte dee
do STJ. 4. Excludente de responsabilidade caso fortuito - não caracteri-
zada, por ser insuficiente a alegação de que o exame de HIV pelos méto-
dos Elise e Western Blot não é isento de erro. Se havia probabilidade de
erro, este deveria ter sido evitado quando a apelada se submeteu ao se-
gundo teste, mas com inexatidão igual ao anterior apontoua como sendo
soropositivo. Tal argumento não ilide a responsabilidade objetiva da
UFMT, vez que comprovados o dano e o nexo de causalidade. 5. Os valores
arbitrados a título de danos morais R$ 18.000,00 (dezoito mil reais) em
favor da apelada e R$ 6.000,00 (seis mil reais) para o apelado mostram
se justos e adequados para reparar os danos causados aos autores. 6. Sen-
tença confirmada. 7. Apelo da Universidade Federal de Mato Grosso e re-
messa oficial improvidos."
(AC 1999.36.00.006117-3/MT, Rei. Desembargadora Federal Selene
Maria De Almeida, Quinta Turma,e-DJFl p.281 de 21/02/2008).
"PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO RETIDO. PROVA PERICIAL. DESNECESSI-
DADE. APTIDÃO FÍSICA PARA ADMISSÃO. POSSE JÁ EFETIVADA POR ATO
ADMINISTRATIVO. AGRAVO DESPROVIDO. SERVIDOR PÚBLICO. NOMEA-
ÇÃO. PROFESSOR TITULAR. POSSE. RETARDAMENTO ALÉM DO PRAZO
LEGAL ATO IMPUTÁVEL À ADMINISTRAÇÃO. EXIGÊNCIA DE PROVIDÊN-
CIAS DESPROVIDAS DE FUNDAMENTO LEGAL DANO MATERIAL. POSSE
RETROATIVA. DANO MORAL SUBMISSÃO A CONSTRANGIMENTO. SUB-
MISSÃO A SITUAÇÃO VEXATÓRIA. EXAME HIV. EXIGÊNCIA PROIBIDA
POR ATO NORMATIVO. DANO MORAL VINTE MIL REAIS. CORRESPON-
DÊNCIA A 167 SALÁRIOS MÍNIMOS AO TEMPO DO ARBITRAMENTO.
ELEVAÇÃO. AUSÊNCIA DE MOTIVOS. AGRAVO RETIDO E APELAÇÕES
DESPROVIDAS. REMESSA OFICIAL PARCIALMENTE PROVIDA. 1. Agravo
retido a que se nega provimento. Além de competir ao julgador avaliar a
utilidade
da e necessidade
após exaustiva daprocessual,
instrução prova, no testemunhai
caso, a decisão agravada
e documental. foi proferi-
Ade
mais, a finalidade perseguida com a prova pericial restou prejudicada na
medida em que a situação de fato, ao tempo de seu requerimento, não era
a mesma existente à época da nomeação do Autor ao cargo público. Ade-
mais, a própria Ré já efetivara a posse do Autor ao cargo para o qual fora
nomeado, independentemente de parecer do Serviço de Assistência Medi-
ca. Sob outro aspecto, o objeto da controvérsia não é a aptidão para as-
sunção ao cargo público em si, mas as seguidas exigências realizadas co-
mo condição à posse, em face dos fundamentos legais que a motivaram e
das providências já atendidas pelo Autor. 2. Os elementos de instrução
processual autorizam a convicção quanto a existir o dano alegado como
fundamento para a pretensão indenizatória, qual seja, haver a posse do
Autor no cargo de professor Titular, ocorrido seis meses da data legal-
mente estabelecida, tendo atendido todas as exigências legais. Assim, ao
invés de ser empossado em setembro, após atender as necessárias provi-
dências para a admissão, somente foi empossado em março de 1.996. E
durante todo este período, não pode perceber os efeitos financeiros decor-
rentes do exercício do cargo para o qual fora nomeado. 3. Resta compro-
vada a relação de causalidade entre o retardamento da posse, o prejuízo
decorrente deste fato e o comportamento atribuído ao órgão de avaliação
médica da UFMG Serviço de Assistência Medida e Social em face das
reiteradas exigências de providências para a admissão, as quais, ou eram
desnecessárias em face da comprovada aptidão já demonstrada pelo Au-
tor, ou eram ilegais em razão de expressa vedação administrativa, como
no caso do exame HIV. 4. Relevante acrescer a estes elementos, o fato de
já ser o Autor servidor da UFMG, na condição de professor adjunto do
mesmo Departamento, desde 1.975 e estar no pleno exercício do cargo
mesmo durante o período em que aguardava posse no cargo de professor
titular, condicionada pela resistência do Serviço de Assistência Médica e
Assistencial em lhe reconhecer aptidão para a admissão. 5. Caracteriza-
da, igualmente, a responsabilidade relativamente ao dever de indenizar
pelos danos morais sofridos em razão do retardamento para a posse em
cargo público e de todo o comportamento imputado à Ré, relativamente
às exigências indevidas e constrangedoras impostas ao Autor. A posterga-
ção da posse do Autor, em virtude da simples suspeita de que o mesmo era
portador do vírus HIV, de conhecimento público no meio acadêmico, como
se vê dos depoimentos colhidos na Audiência de Instrução e Julgamento,
comprovam, inequivocamente, o constrangimento moral sofrido pelo Au-
tor. No período em que se viu impedido de tomar posse, o Autor passou
por situações vexatórias e especulativas sobre a sua vida privada, sua pre-
ferência sexual, se era usuário de drogas injetáveis, se era ou não promís-
cuo, etc.” 6. A dor moral indenizável, porque íntima à pessoa não é passí-
vel de ser comprovada. No caso, somente o Autor, vítima do procedimen-
to, atípico, para ele estabelecido, no qual se evidencia situação reveladora
de indesejáveis sentimentos provocadores de insatisfação, tanto pessoal,
quanto nas relações sociais e profissionais, pode avaliar as conseqüências
do dano moral cuja indenização postula. 7. Valor da indenização arbitra-
da em 20 vezes o valor da causa, sendo este definido em RS 1.000.00. As
$im, arbitrada a indenização em R$ 20tQQQ,QQ e. considerando o valor, do
salário mínimo vigente ao tempo em que ajuizada a ação, chega 167 sa-
lários mínimos. Valor razoável à míngua de outros critérios objetivos. 8.
Agravo retido; Apelação do Autor, do Réu desprovidos e remessa oficial
parcialmente provida para fixar os juros de mora em 1% (um por cento)
ao mês, a partir da citação, até o advento MP n s 2.18035, de 2001, quan-
do devem incidir no percentual de 0,5% (meio por cento) ao mês."
(AC 1997.38.00.013698-8/MG, Rei. Desembargador Federal Luiz Gon
zaga Barbosa Moreira, Primeira Turma,DJ p.2 de 02/07/2007).
III- DISPOSITIVO
SENTENÇA nl /2010
RELATÓRIO:
inocorrência
refere de responsabilidade
ao pagamento do Tribunal
ao servidor Mário de Justiça
Kobayashi do Estado
e ausência no queor
de previsão se
çamentária para fazer face ao pagamento das supostas diferenças pleiteadas
pelo autor, protestando pela improcedência do pedido.
Em decisão de fls. 66 foi recebido os embargos monitórios e determina
do a suspensão da eficácia do mandado inicial.
A requerente apresentou impugnação aos embargos às fls. 68/73, asse
verando a adequação do instrumento processual da tutela monitória contra a
Fazenda Pública, a ausência de prescrição e que a cessão foi realizada com ônus
total.
Vieram os autos conclusos.
FUNDAMENTAÇÃO:
147 CAMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. Vol. III. 16. Ed - Rio de
Janeiro. Lúmen Júris. 2010. pg. 487.
Destarte, a execução das obrigações pecuniárias vai se desenvolver,
no sistema jurídico-processual brasileiro, em outro módulo processual, da
mesma forma como acontece com as execuções de títulos judiciais referentes a
obrigação dessa natureza.
O que não se pode impedir, através de uma interpretação restritiva, a
possibilidade do ente público, ao ser intimado via mandado executório, reco
nheça voluntariamente um débito, independentemente da existência de título
executivo, e pague-o.
Ressalte-se que a adoção da ação monitória, desde que, respeitadas as
prerrogativas da Fazenda Pública, não traz qualquer prejuízo ao ente público.
Por outro lado, prestigia o princípio da razoável duração do processo, inscul
pido no art. 52, LXXVIII, da Constituição Federal de 1988, eis que ocasionará
uma rápida formação do título executivo, o que implica ganho de tempo.
Outro não é o entendimento do suso doutrinador148, para quem nada
impede a utilização do procedimento monitório contra a Fazenda Pública. 0
pagamento espontâneo da obrigação pela Fazenda (ainda que se trate de
obrigação pecuniária) não irá contrariar a exigência de observância da ordem
dos precatórios porque não se trata de pagamento em cumprimento de con
denação, mas de pagamento espontâneo.
Continua lecionando o eminente jurista que, a omissão da Fazenda
Pública em oferecer embargos dará srcem a título judicial, cuja execução será
feita através do procedimento próprio (execução contra a Fazenda Pública).
Nesse sentido há jurisprudência do STJ, abaixo transcrita:
art. 730,
título do CPC,
judicial não induz
(REsp o raciocínioRei.
n2 42.774-6/SP, de que a execução
Min. pressupõe
Costa Leite, DJU
19/09/94). 6. Embora parte da doutrina irresigne-se contra a expedi
ção initlo litis do mandado de pagamento ou de entrega da coisa con
tra o Estado, tal argumento deve sofrer atenuações em sua interpreta
ção. Nada impede que a Fazenda reconheça o seu débito e efetue a
obrigação exigida pelo credor, cumprindo voluntariamente a ordem
injuntiva, sem desrespeitar o sistema do precatório. Para tanto, basta o
reconhecimento da condição de devedora. 7. Não cumprido o mandado
para pagamento ou entrega da coisa, à Fazenda é facultado o ofereci
mento de embargos (art. 1.102c do CPC). Tal hipótese evidencia-se
mais tranqüila, eis que estes serão processados pelo procedimento or
dinário, assegurando-se amplamente o contraditório e ensejando a
possibilidade de farta discussão dos fatos, ampliando sobremaneira o
âmbito cognitivo do magistrado e a defesa da devedora. Se rejeitados
os embargos, aapós
prossegue-se submissão
execução, da sentença
em caso ao duplo
de quantia certa, grau de jurisdição,
de acordo com os
termos do art. 730 e seguintes, do CPC, e em obediência ao sistema dos
precatórios previsto no art. 100, da CF/88. 8. Se a Fazenda não apre
sentar embargos, constituir-se-á de pleno direito o título executivo ju
dicial, convertendo-se o mandado inicial em mandado executivo, pros
seguindo-se, igualmente, no caso de quantia certa, o rumo traçado pelo
art. 730 e seguintes, devendo adequar-se, no particular, às regras do
art. 1.102c, caput, parte final, e § 3 2, parte final, todos do CPC, pro-
traindo-se o pagamento pelo precatório nos termos do art. 100, da
CF/88. 9. Na hipótese de não interposição de embargos, com a conse
qüente conversão do mandado de pagamento em título executivo, co
mungo do entendimento que defende a possibilidade de, nos casos em
que a Fazenda figurar no polo passivo da demanda, haver reapreciação
da decisão pelo Tribunal. Assim, resguardadas estarão as prerrogati
vas
ta e do Estado dedos
a incidência queefeitos
contra da
elerevelia,
não prevalece a regra
por se tratar deda confissão
direito fic-
indispo-
nível (art. 320, II, do CPC). 10. Precedentes desta Corte Superior. 11.
Recurso especial não provido. (STJ. RESP 200400243873 - RESP - RE-
CURSO ESPECIAL - 631773. Rei. JOSÉ DELGADO. PRIMEIRA TURMA.
DJ DATA:09/08/2004 PG:00194).
dade. Entretanto,
nização pela mortecaso sejaficar
deve outra a conclusão,
circunscrita posiciona
à pensão que a inde
alimentícia, no
montante de 2/3 daquilo que percebia a vítima em vida, a ser dividi
do entre os autores, não podendo, ainda, ter caráter de vitaliciedade,
face ser devida somente até o tempo em que a vítima completaria 65
anos.
Aduz, ainda, que no momento em que o autor menor comple
tar a maioridade, a sua parcela na pensão não pode ser revertida em
favor da mãe, devendo ser extinta.
Destaca, também, ser indevido o ressarcimento das despesas
com o hospital, dado que deveria ter o tratamento sido realizado
através do SUS, já que a vítima era contribuinte da Previdência
Social, nada justificando, por conseguinte, a opção pelo tratamento
com médicos particulares. Ainda, posiciona que as avarias ocorridas
no veículo não podem ser indenizadas, dado não ter sido comprova
do que o conserto foi realizado pela oficina que oferecia menor
valor.
Ressalta, por outro ângulo, que os danos morais são inacumu
láveis com danos materiais, além de que somente são devidos quan
do demonstrada a repercussão econômica, não podendo ser a ques
tão relegada para a liquidação de sentença, bem como entende inde
vida a correção monetária e juros de mora.
Pede, também, no final da contestação, seja alterado o valor
da causa, face ser exorbitante e não guardar correspondência com o
montante da indenização pleiteada, culminando, assim, em requerer
a extinção do processo sem julgamento de mérito ou, quando não, o
julgamento pela improcedência, com a imposição dos ônus da su
cumbência.
A contestação da União Federal não veio acompanhada de
documentos. O Ministério da Justiça não foi citado e também nada
manifestou nos autos.
Não houve a realização de provas em audiência, face a au
sência de requerimento nesse sentido e, também, em razão do Juiz
ter entendido não ser necessária a determinação de provas, de ofício.
Sentencie, enfrentando todas as questões suscitadas.
TRF da 3a Região - VIII Concurso para Juiz Federal
_____ Tema principal: Constitucional - Mandado de Seguran a
Tendo em vista as questões de fato e de direito indicadas
abaixo, elaborar SENTENÇA apontando seus requisitos essenciais.
A Associação Movimento Comunitário Rádio Comunitária
"Liberdade de Antena" ingressa com mandado de segurança, com
base no que estabelecem o artigo 5 o, inciso LXIX, da Constituição
Federal e Lei Federal n° 1.533 de 31/12/51, em face de ato do Se
nhor Delegado Regional do Ministério das Comunicações em São
Paulo, com pedido liminar, para o fim de que lhe seja reconhecido o
direito de manter-se em funcionamento. Alega a impetrante, cuja
sede e antena foram lacradas por ordem da autoridade coatora, que,
na consecução dos seus objetivos sociais, busca prestar serviços de
radiodifusão operando em frequência que não ocasiona congestio
namento do espectro eletromagnético, com programação e noticiá
rios de caráter predominantemente educativo, cultural, histórico,
recreativo, informativo, de lazer, esportes e infantis, voltados à co
munidade local.
Sustenta seu direito com base no que estabelecem os artigos
215e216da Carta Magna (fundamentos de proteção ao Meio Am
biente
leiros eCultural), destacando,
estrangeiros inclusive,
residentes no paísque
de atergarantia dada ao brasi
assegurado pleno
exercício dos direitos culturais encontra sua fonte primeira em cláu
sula "pétrea" vinculada à Constituição Federal, na medida em que o
artigo 5o, incisos IV, IX e XIV garantem o direito de livre manifes
tação do pensamento, bem como expressão da atividade intelectual,
artística, científica e de comunicação, independentemente de censu
ra ou licença, assegurando a todos acesso à toda e qualquer informa
ção (direito de informar e de ser informado).
Entendendo que o ato da autoridade impetrada teria violado
direito líquido e certo, pede concessão de liminar e da segurança
para que se determine ao impetrado a imediata deslacração dos
equipamentos, devolução do material apreendido, assim como ma
nutenção e continuidade das atividades colimadas nos objetivos
sociais da entidade, elidindo os termos do auto de lacração e apreen
são dos equipamentos. Pede, ainda, honorários advocatícios em face
do que estabelecem os artigos 22 e seguintes da Lei n° 8.906/94,
recepcionada pela Carta Maior.
Notificada, a autoridade impetrada defende o ato impugnado
argumentando que os referidos equipamentos encontravam-se insta
lados sem a devida autorização do poder concedente, constituindo
crime previsto no artigo 70 do Código Brasileiro de Telecomunica
ções, instituído pela Lei n° 4.117/62 com nova redação dada pelo
Decreto-lei n° 236/67. Aponta que o Ministério das Comunicações e
a Polícia Federal têm empreendido ações bem sucedidas no combate
às "Rádios Piratas" no Estado de São Paulo, na medida em que há
rádios ilegais, como no caso em tela, interferindo nas ondas das
emissoras
Além disso,legais, ocasionandoilegal
o funcionamento verdadeira baderna
da Rádio eletromagnética.
"Liberdade de Antena"
estava ocasionando poluição eletromagnética nas residências da
comunidade, provocando nos lares situações de desconforto, tais
como aparelhos de TV invadidos por vozes de locutores, som de
rádio distorcido etc, violando direitos metaindividuais, em decorrên
cia do que estabelece a legislação em vigor. Argumenta, outrossim,
antes de discutir o mérito da lide, não ser competente a Justiça Fede
ral para processar e julgar o feito, vez que a matéria discutida é de
competência da Justiça Estadual (artigo 125 da Constituição Fede
ral), destacando ser ainda a autora carecedora da ação, na medida
em que a Associação Civil não tem legitimidade ativa visando de
fender em juízo interesses individuais homogêneos de seus associa
dos utilizando-se de mandado de segurança individual, bem como
inexistir possibilidade jurídica do pedido, em face da proibição do
ordenamento jurídico em vigor de utilização de instrumentos pro
cessuais individuais (Lei n° 1.533/51) para lides metaindividuais.
Sustentando a legalidade do ato impugnado, pede a autorida
de impetrada o acolhimento das preliminares apontadas (artigos 301,
incisos II e X, do Código de Processo Civil, por duplo fundamento)
com extinção do processo sem julgamento do mérito, ou mesmo, a
improcedência da ação com julgamento do mérito.
Instado a se manifestar, o Ministério Público Federal ratifica
e reitera os argumentos trazidos pela autoridade coatora.
TRF da 3a Região - IX Concurso para Juiz Federal
Tema principal: Ambiental — Responsabilidade Estatal
Navio de bandeira alienígena "EL SOPLITS" na entrada da
barra de porto nacional, procedeu ao descarregamento de petróleo
bruto de seus tanques, transpondo-o para a barcaça HANAPS, de
propriedade da PETROBRÁS S/A, ocasião em que ocorreu o vaza
mento de parte substancial do produto, que foi lançado ao mar, espa
lhando-se rapidamente, vindo a atingir várias regiões costeiras.
A Associação dos Pescadores da Aldeia de Criméia ingressou
na Justiça Federal, com ação em face da União Federal e da PE
TROBRÁS S/A, pleiteando o ressarcimento dos danos decorrentes
da paralisação da atividade pesqueira de seus associados, bem como
a indenização dos bananais lindeiros à propriedade que fazem parte
da economia de subsistência dos associados e ainda, pelos estragos
causados ao manguezal atingido em decorrência do acidente ambi
ental.
O Ministério Público Federal ingressou no feito na qualidade
de assistente litisconsorcial da Associação, requerendo de plano, a
convolação da ação em Civil Pública, ratificando em todos os seus
termos a inicial.
A Uniío Federal
sua ilegitimi<iade respondeu
"ad causam" à ação,
posto que alegando preliminarmente
a co-ré é dotada de perso
nalidade jurídica própria que não se confunde com a dela, União
Federal; adenais, assim reconhecida e acolhida a preliminar, pede
sua exclusão da lide, bem como desaforamento do feito à d. Justiça
Estadual, por falecer à Justiça Federal competência para conhecer
do pedido. Aduziu mais que a Associação autora não detém legiti
midade processual para figurar no polo ativo da ação, porquanto não
havia prova de ter sido constituída há mais de ano e tampouco que
houvera assembleia que autorizasse o ajuizamento da demanda.
Caso superacas as preliminares, no mérito alegou não ter havido
participação ie qualquer agente federal no episódio do indigitado
Vazamento e que tampouco está obrigada, quer por lei, quer por
contrato a responder pelas conseqüências desse acidente, não ha
vendo que se afirmar sua responsabilidade, pedindo em decorrência
o decreto de improcedência do pedido.
Por seu turno, em resposta, a PETROBRÁS deduziu a in
competência de foro do Juízo acionado, uma vez que a empresa tem
sede em outro Juízo para o qual deverão os autos serem necessaria
mente remetidos; requereu ainda a denunciação à lide do armador
"EL RATEAU", que transportava o petróleo no navio "EL SO-
PLITS", uma vez que o vazamento se dera por exclusiva responsabi
lidade e culpa de seus prepostos, que não se houveram com o dever
de diligência e observância necessária para o procedimento. Quanto
ao mérito, aduziu a co-ré que os terrenos de marinha atingidos não
poderiam ser objeto de apropriação, mediante a plantação de bana
neiras, por serem insuscetíveis de prescrição aquisitiva, bens da
União
ção dasFederal. Demais
atividades disso, no
pesqueiras, tocanteimprocede
também à obrigatoriedade
o pedidodeeiscessa
que
nesta época do ano, a pesca é vedada, por se tratar de época de aca
salamento e desova das espécies marítimas e se a situação aventada
com a inicial for verdadeira, tanto os pescadores quanto a autora que
os representa estariam cometendo crime ambiental, o que afastaria,
ante a ilicitude da conduta, a responsabilidade indenizatória dela,
PETROBRÁS; no que se refere ao manguezal alegou não haver
provas de que o ecossistema houvesse sido, sequer remotamente
afetado.
O denunciado à lide compareceu aos autos para alegar que a
responsabilidade pelo acidente era da PETROBRÁS, porquanto não
houvera a abertura a tempo do tanque de recepção da barcaça, o que
veio a ocasionar o refluxo do petróleo com as conseqüências previ
síveis, donde não poderia este ser minimamente responsabilizado
por fato de terceiro.
Houve réplicas às respostas, bem como manifestação ministe
rial, tendo o juiz determinado a apreciação oportuna das prelimina
res arguidas.
Produzidas provas e encerrada a instrução as partes ofertaram
memoriais, vindo os autos conclusos para sentença.
Elabore a sentença partindo deste relatório, enfrentando todas
as questões suscitadas.
TRF da 3a Região - X Concurso para Juiz Federal
_____ Tema principal: Tributário___________________________
A empresa Biarron Marques S.A., com sede na capital de
Mato Grosso do Sul e filiais na cidade de São Paulo, bem como o
seu diretor presidente, Leandro Biarron, domiciliado em Campo
Grande - MS, impetraram mandado de segurança, perante a Segunda
Vara Federal da Subseção Judiciária de Campo Grande/MS, acoi-
mando de inconstitucional, ilegal e abusivo o ato do Delegado da
Receitan°Federal
fiscais 309-01 em Campodeterminou,
e 310-01, Grande/MS,comque, nos procedimentos
substrato na autoriza
ção contida na Lei Complementar n° 105, de 10 de janeiro de 2001,
e Lei n° 10.174, de 9 de janeiro de 2001, a intimação dos impetran
tes para que apresentassem os documentos relativos às movimenta
ções bancárias realizadas tanto pela empresa, como pelo seu diretor,
individualmente, nos anos de 1999 e 2000, e para que demonstras
sem a srcem dos valores movimentados.
Assim, aduzem os impetrantes que a legislação invocada pela
autoridade impetrada para instaurar os procedimentos fiscais e em-
basar as intimações está eivada de inconstitucionalidade, tendo em
vista que o acesso aos dados relativos a operações bancárias está
protegido por sigilo, que somente pode ser quebrado por meio de
decisão judicial, o que não ocorreu na espécie, porque, na realidade,
a Receita Federal ter-se-ia valido de informações enviadas pelas
instituições financeiras para fins de recolhimento da CPMF, a im
portar em ofensa aos direitos constitucionais da privacidade e da
intimidade, garantidos pelos incisos X e XH do artigo 5o da Consti
tuição Federal.
Destacam, também, que o direito ao sigilo bancário represen
ta uma garantia fundamental, de caráter absoluto, dado proteger a
esfera de intimidade do cidadão, somente podendo ser quebrado
para fins de investigação criminal e mediante decisão judicial, ja
mais por ordem de autoridade fiscal, ainda mais para fins de lança
mento tributário, conforme asseguram a Constituição Federal, em
o
seu
qualartigo 5 , inciso
a prova colhidaXII,
com e oinfração
art. 38 da Lei primados
a tais n° 4.595/64, razão pela
caracteriza-se
como ilícita e não pode ser utilizada para quaisquer fins, em face do
que dispõe o artigo 5o, LVI, da Carta Magna e a teoria dos frutos da
árvore proibida.
Sustentam, ainda, que estão sendo aplicados dispositivos le
gais de forma retroativa, a violar o princípio da irretroatividade da
lei, tendo em vista que as leis apontadas somente passaram a vigorar
em 2001 e, no entanto, está a autoridade impetrada se utilizando de
dados relativos a 1999 e 2000, quando estava ainda em vigor o arti
go 11, parágrafo 3o, da Lei n° 9.311/96, sem a alteração procedida
pela Lei n° 10.174/01, sendo que esse dispositivo resguardava o
sigilo das informações prestadas pelas instituições financeiras para
fins de CPMF e vedava sua utilização para constituição do crédito
tributário relativo a outras contribuições ou impostos.
Desta forma, entendem que, como as operações bancárias fo
ram realizadas no período anterior à vigência da legislação invoca
da, o ato da autoridade impetrada está a afrontar o artigo 5 o, inciso
XXXVI, e artigo 150, III, da Constituição Federal, a reclamar, tam
bém por esse fundamento, correção pela via mandamental.
Pleiteiam seja declarada a inconstitucionalidade dos disposi
tivos legais citados e decretada a ilegalidade dos atos praticados pela
autoridade impetrada, pelo que requerem a concessão de liminar,
para impedir, desde logo, o acesso aos dados relativos às movimen
tações financeiras dos impetrantes, por estar presente o "periculum
in mora", pois iminente a violação ao sigilo, com conseqüências e
prejuízos
definitivo irreparáveis. Pedem,
para que sejam também,
anulados a concessão fiscais
os procedimentos da ordem em
instau
rados.
Com a inicial, foram anexados documentos, evidenciando a
instauração dos procedimentos fiscais e o envio de requisições de
informações sobre movimentações financeiras às instituições bancá
rias, além das intimações recebidas pelos impetrantes, os instrumen
tos de mandato e atos constitutivos da empresa.
A liminar foi deferida, sob o fundamento de estarem presen
tes os requisitos legais ensejadores.
Devidamente notificada, a autoridade impetrada prestou in
formações, arguindo, preliminarmente, a falta de legitimidade ativa
"ad causam"
inexistir da àimpetrante
direito Biarron
privacidade Marques
e intimidade S.A., ao argumento
conferidos de
à pessoa jurí
dica, por se tratar, na verdade, de garantia individual prevista consti
tucionalmente, pelo que jamais poderia uma empresa utilizar esse
fundamento para impugnar o procedimento fiscal instaurado.
Argui, também, sua ilegitimidade passiva "ad causam", ao ar
gumento de que o Secretário da Receita Federal em Brasília expediu
uma instrução normativa, em que restou estabelecido que deveriam
ser instaurados processos fiscais em relação às pessoas físicas e
jurídicas que tivessem tido movimentações financeiras elevadas nos
últimos anos, pelo que somente deu cumprimento a essa regra e,
assim, entende ter sido o presente mandado de segurança dirigido
contra quem não tem condições de corrigir os atos inquinados de
inconstitucionais, ilegais e abusivos, além de que, pelas mesmas
razões, sustenta estar caracterizada a incompetência absoluta do
Juízo Federal em Campo Grande e pede seja assim reconhecido,
com a conseqüente extinção do processo ou, então, a remessa para o
Juízo Federal do Distrito Federal.
Aduz, ainda, estar ausente a possibilidade jurídica do pedido,
tendo em vista buscarem os impetrantes a declaração de inconstitu-
cionalidade da Lei Complementar n° 105/01 e Lei n° 10.174/01, o
que não é viável em se tratando de mandado de segurança, somente
podendo esse provimento jurisdicional ser dado pelo Supremo Tri
bunal Federal, em sede de ação direta de inconstitucionalidade.
Argui, ainda, o descabimento do mandado de segurança, sob
o fundamento de que não há lesão ou ameaça de lesão a direito lí
quido e certo, configurando, na verdade, a pretensão deduzida um
verdadeiro ataque à lei em tese, o que não é viável nesta via.
Realça, também, não ser caso de mandado de segurança, em
face de a matéria exigir dilação probatória, o que não se apresenta
cabível na via estreita adotada, em virtude do que pede a extinção do
processo.
Destaca que o valor dado à causa, de R$ 1.000,00, está incor
reto, em razão de o benefício pleiteado pelos impetrantes ser superi
or a R$ 230.000.000,00, razão pela qual as custas não foram reco
lhidas nos valores
pressupostos devidos eeassim
de constituição entende estar
desenvolvimento ausente
válido um dos
e regular do
processo.
No mérito, sustenta a autoridade impetrada que o direito ao
sigilo de dados não é absoluto, mas tem caráter relativo, podendo ser
quebrado sempre que presente o interesse público, o que ao seu
entender está evidenciado, na situação em tela, em razão de ter a
empresa impetrante movimentado nos anos de 1999 e 2000 mais de
R$ 200.000.000,00, ao passo que em sua declaração de renda con
signou ter tido prejuízos, além de que o seu diretor realizou opera
ções bancárias nesse mesmo período, individualmente, superiores a
R$ 30.000.000,00, e ao Fisco apresentou declaração de imposto de
renda como se estivesse isento.
Defende a constitucionalidade das normas autorizadoras da
quebra de sigilo previstas na Lei Complementar n° 105/01 e Lei n°
10.174/01, sob o fundamento de que a Constituição Federal somente
preservou o sigilo das comunicações e não o relativo aos dados e
que sob o pálio da intimidade e privacidade não podem ser acober
tados ilícitos administrativos e fiscais, pois o interesse público deve
prevalecer sobre o particular, sendo que sustenta estar esse princípio
insculpido no artigo 145, parágrafo Io, da Carta Magna, que também
autoriza a administração tributária, nos termos da lei, a identificar o
patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribu
inte.
Sustenta, ainda, que o acesso a dados relativos às contas ban
cárias e operações financeiras pode ser realizado pela autoridade
fiscal, sem necessidade de prévia decisão judicial, dado neste parti
cular não adotar a Constituição Federal a reserva do juiz, além de
que a Lei n° 4.595/64 veio a ser alterada pela Lei Complementar n°
105/01, sendo que seu artigo 5o, parágrafos 4o e 5o, permitem que a
autoridade fiscal exija a apresentação dos dados e documentos rela
tivos às movimentações bancárias do contribuinte.
Aduz, também, não contar com substrato constitucional a a-
legação de ser somente possível a quebra de sigilo bancário para fins
de investigação criminal, tendo em vista não ser essa a exegese cor
reta do inciso XII do artigo 5o da Constituição Federal.
Destaca, ainda, que não está havendo violação ao princípio da
irretroatividade da lei, tendo em vista que a legislação que rege o
lançamento fiscal é anterior ao período que se pretende investigar e
em relação ao qual não houve o recolhimento dos tributos devidos
pelos impetrantes, sendo que a Lei Complementar n° 105/01 e a Lei
n° 10.174/01 não vieram a instituir qualquer tributo, nem tampouco
majorá-lo, tendo, exclusivamente, permitido a realização de uma
prova necessária à constituição do crédito tributário no tocante a
contribuintes desonestos, que sonegam os impostos devidos, não os
recolhendo ao erário, causando, por conseguinte, grandes prejuízos à
sociedade, que se vê tolhida desses recursos, que poderiam ser apli
cados em atividades essenciais.
Enfatiza, assim, que os dispositivos da Lei Complementar n°
105/01 e da Lei n° 10.174/01, ao autorizarem a quebra do sigilo
bancário diretamente pela autoridade administrativa, têm a natureza
de normas processuais, dado disciplinarem a prova, pelo que para
efeito de aplicação da lei no tempo, a sua incidência é imediata, não
havendo, destarte, que se falar em ofensa a direito adquirido, ao ato
jurídico perfeito ou à coisa julgada, ainda mais porque pretendem os
impetrantes simplesmente obter a ocultação de rendimentos tributá
veis, devidos em exercícios anteriores, e em relação aos quais não
houve ainda decadência do direito do Fisco proceder ao seu lança
mento.
Ademais, posiciona que o Código Tributário Nacional, artigo
144, parágrafo Io, autoriza os agentes tributários a fiscalizar os con
tribuintes
dados, aléme acessar
de que sua escrituração,
ninguém documentos,
alega quebra bem
de sigilo comoda
quando outros
en
trega de sua declaração anual de imposto de renda, o que revela o
quão despropositada é a argumentação expendida na inicial.
Realça, por fim, que o acesso aos dados relativos às opera
ções financeiras dos impetrantes não quer significar divulgação
dessas informações a qualquer pessoa, dado que o sigilo é transferi
do aos agentes públicos responsáveis pelos processos fiscais, que
devem resguardá-lo sob pena, inclusive, da perpetração de ilícito
penal, pelo que não há qualquer violação à privacidade ou à intimi
dade, mas, isto sim, a correta aplicação da lei.
Culmina, desta forma, pleiteando sejam acolhidas as prelimi
nares suscitadas,
267, IV e VI, dojulgando-se
CPC, e nãoextinto
sendo oeste
processo, na forma doque,
o entendimento, artigo
no
mérito, seja denegada a ordem.
O Ministério Público Federal emitiu parecer, reeditando as
preliminares suscitadas pela autoridade impetrada e acrescentando
que, no tocante às filiais da empresa impetrante, o mandado de segu
rança deveria ser impetrado em São Paulo e não em Campo Grande,
a evidenciar a incompetência absoluta do juízo.
No mérito, opina seja denegada a ordem, sob o fundamento
de que o direito à privacidade e intimidade não é absoluto, devendo
ceder espaço quando presente o interesse público, no caso caracteri
zado pelas vultosas quantias que transitaram pelas contas dos impe
trantes sem que tivessem sido declaradas ao Fisco.
Posiciona, também, que na esteira da "teoria das esferas",
consagrada pela doutrina constitucional alemã e defendida por A-
LEXY, o direito à intimidade e à privacidade é assegurado tomando-
se em consideração a existência de vários graus de proteção da vida
privada, pelo que, somente na esfera mais interna, que diz respeito
exclusivamente à vida pessoal, a quebra do sigilo depende de prévia
autorização judicial, hipótese essa que não se registra na situação
presente. No caso em tela, por se tratar de dados pertinentes ao pa
trimônio dos impetrantes, que interessam não só aos seus titulares,
mas também ao Estado, que precisa cumprir suas funções sociais e
que tem como um de seus instrumentos justamente a tributação, a
intromissão na esfera privada sofre uma proteção de menor intensi
dade, podendo ocorrer a sua quebra através de decisão da autoridade
administrativa, ainda mais porque encontra abrigo não só na legisla
ção invocada pela autoridade impetrada, mas, principalmente, no
próprio artigo 145, parágrafo 4o, da Constituição Federal, que permi
te à administração tributária identificar o patrimônio, os rendimentos
e as atividades econômicas do contribuinte.
Tomando a questão acima enunciada como relatório, passe à
fundamentação e ao dispositivo da sentença.
Esclarece
des indicadas terequipe
pela sanado,
detempestivamente,
fiscalização, e tertodas as irregularida
a resilição contratual
desrespeitado os princípios da ampla defesa e do contraditório, bem
como as cláusulas contratuais.
Pede a antecipação da tutela, nos termos do art. 273 do CPC,
para o fim de manter a vigência e eficácia das disposições contratu
ais enquanto não decidido o mérito da causa.
Com a inicial junta cópia dos contratos e aditivos formulados,
os documentos referentes à importação dos equipamentos de resso
nância magnética e de tomografia computadorizada, bem como das
suas manifestações no procedimento administrativo. Protesta pela
realização de prova pericial e posterior juntada de outros documen
tos.
Citada a União Federal, aduziu, preliminarmente, irregulari
dade da capacidade postulatória, já que ausente cópia dos atos cons
titutivos da Fundação, de molde a comprovar possuírem os outor-
gantes da procuração os necessários poderes para representá-la. No
mérito refutou as alegações de violação aos princípios da ampla
defesa e do contraditório, uma vez que a resilição contratual fora
precedida de procedimento administrativo, instaurado para apurar
irregularidades denunciadas no cumprimento dos serviços prestados
pelos Hospitais da Fundação, tais como cobrança de cirurgias, con
sultas e exames não realizados e cobrados da Administração, retor
nos indevidos de pacientes, e superfaturamento. Reforçou a natureza
administrativa do contrato padrão e dos subsequentes aditivos, sen
do, assim, passível sua resilição unilateral. Ademais, as sanções
previstas no contrato-padrão são de natureza alternativa, dependen
do, exclusivamente, da gravidade das irregularidades apuradas.
Sustentou, ainda, não haver a autora demonstrado a existência
de perdas e danos, bem como de lucros cessantes, sem embargo de
não ser aplicável o disposto no art. 473, parágrafo único do CC, por
tratar-se de contrato administrativo. Requereu a improcedência do
pedido e a condenação da autora como litigante de má-fé por omitir
fatos relevantes para a solução da causa em sua inicial. Com a defe
sa apresentou cópia integral do procedimento administrativo.
Cumulativamente entrou com Reconvenção pleiteando a con
denação da Fundação Mantenedora em devolver os valores recebi
dos pelos Hospitais, sem ter havido a correspondente prestação dos
exames e serviços médicos cobrados, acrescidos de juros e correção
monetária desde a data do
mentos comprobatórios dosrecebimento.
pagamentosCom a inicial juntou docu
realizados.
A Fazenda do Estado, na contestação apresentada, alegou,
preliminarmente, ilegitimidade passiva "ad causam", pois se tratan
do de ação visando à manutenção do contrato celebrado, apenas as
partes contratantes são legitimadas a figurar nos polos da relação
processual. Requereu seu ingresso na lide como assistente simples,
em razão de participar do custeio do SUS.
Por seu turno, o INSS, alegou, em preliminar, ilegitimidade
passiva "ad causam", por não ser parte contratante, e não ter interes
se jurídico na solução da demanda. No mérito, reconheceu ter a
autora efetuado algumas perícias médicas para fins de concessão de
benefício previdenciário, contudo, como se constatou posteriormen
te vinte e sete por cento das perícias cobradas pela autora não foram
efetivamente realizadas, razão pela qual adequada e correta a resili
ção do contrato. Requereu sua exclusão da lide e a improcedência
do pedido.
Citada para responder a reconvenção, a Fundação alegou,
preliminarmente, não ser cabível reconvenção no presente caso. No
mérito, negou a existência de cobrança indevida, bem como reiterou
a correção dos procedimentos adotados e dos serviços prestados.
Requereu a produção de prova pericial.
Em réplica, a Fundação autora rejeitou as preliminares alega
das pelos réus, e reiterou os termos da inicial, em particular a inci
dência dos princípios gerais do contrato, notadamente o princípio da
isonomia contratual, a obstaculizar sua resilição unilateral.
Por decisão o magistrado determinou especificassem as par
tes eventuais provas a produzir, bem como regularizasse a autora
sua capacidade postulatória, no prazo de dez dias.
Em atenção à r. decisão a União Federal requereu o julga
mento antecipado, posto estarem os autos bem instruídos documen
talmente. A Fazenda do Estado e o INSS não se manifestaram.
A Fundação requereu a realização de prova pericial contábil,
bem como reiterou o pedido de antecipação de tutela. Ainda que
intempestivamente, regularizou sua capacidade postulatória juntan
do aos autos as Atas de eleição da diretoria da Fundação.
O Juiz indeferiu a prova pericial e determinou a conclusão do
feito para sentença, não tendo havido interposição de recurso da
decisão.
Considerando os elementos apresentados elabore SEN
TENÇA (fundamentação e dispositivo), analise as questões a-
presentadas e requerimentos formulados nas manifestações das
partes, aprecie e decida os pedidos deduzidos na ação e recon
venção.
TRF da 4a Região - XI Concurso para Juiz Federal
Tema principal: Administrativo Responsabilidade estatal
Profira sentença cível, considerando o texto adiante como re
latório, devendo elaborar somente os fundamentos e o dispositivo.
Maria da Silva e José da Silva ajuizaram ação ordinária, na
Justiça Federal, contra o Hospital de Clínicas de Porto Alegre e a
União Federal, requerendo indenização por danos materiais e morais
sofridos em decorrência da morte de seu filho João Roberto da Sil
va, de 11 anos de idade. Alegaram que o menor foi internado no
Setor de Emergências daquele Hospital com fortes dores abdomi
nais. Após atendimento de emergência, levado ao Centro Cirúrgico,
foi submetido à cirurgia abdominal, sendo-lhe extirpado o apêndice.
Decorridos três dias, o menor recebeu alta, tendo retomado, após
quatro dias, ao mesmo Hospital onde ficou internado por quatro
meses, quando veio a falecer na CTI.
Requereram a condenação dos réus em: a) pagamento de R$
300.000.00 (trezentos mil reais) a título de reparação por danos
morais; b) ressarcimento pelos prejuízos patrimoniais referentes aos
valores despendidos com alimentação, educação e manutenção de
seu filho até a data do óbito; c) ressarcimento dos gastos com medi
camentos e faneral; d) indenização correspondente ao auxílio do
filho na renda familiar a partir da sua maioridade até a morte natu
ral,
reramprevisível
perícia, dentro datestemunhas
oitiva de média de vida do cidadão brasileiro.
e condenação Reque
em honorários de
20% sobre o valor da condenação. Requereram, ainda, o benefício
da assistência judiciária gratuita. Atribuíram à causa o valor de R$
30.000.00 (trinta mil reais).
Citado, contestou o Hospital de Clínicas, alegando culpa ex
clusiva dos autores que teriam levado o menor a atendimento quan
do o quadro infeccioso com febre alta já estava deflagrado há mais
de três dias. Impugnou o valor dado à causa, bem como o pedido de
assistência judiciária gratuita, porque não comprovada a insuficiên
cia de recursos dos autores. Requereu, em preliminar, a decretação
da prescrição, por ter sido a ação ajuizada há mais de cinco anos do
dia do internamento de João Roberto, ocorrido em 01/03/1995 e a
ação ajuizada em 01/05/2000. Repeliu a exorbitância do valor do
dano moral e a inexistência de prova de despesas com a manutenção
e educação do filho.
O Hospital de Clínicas de Porto Alegre denunciou da lide os
médicos André e Marcelo que realizaram o atendimento. André,
médico residente, atendeu no setor de emergências e Marcelo, cirur
gião contratado do Hospital, realizou a cirurgia.
A União Federal contestou, alegando, em preliminar, sua ile
gitimidade passiva para o feito, já que o Hospital de Clínicas é uma
empresa públicaadministrativa.
do e autonomia federal com personalidade
E, mais, em jurídica de feito
tendo sido direito priva
o aten
dimento pelo Sistema Único de Saúde, é o hospital o único respon
sável pela prestação do serviço. No mérito, reiterou as alegações de
culpa exclusiva dos autores no retardamento da busca de atendimen
to ao menor.
Replicaram os autores pela inteira responsabilidade do Hospi
tal de Clínicas e da União Federal, tendo em vista a universalidade
de atendimento da saúde. Juntaram alguns recibos referentes a gas
tos em supermercado e material escolar sem data precisa.
Citados, os denunciados contestaram, aduzindo suas condutas
técnicas corretas para o quadro, a debilidade do paciente quando
chegou ao hospital;
mentos referentes juntaramdos
à evolução a anamnese
sintomas do
do atendimento
menor. e docu
Todas as partes requereram perícia que foi regularmente rea
lizada, tendo sido elaborado laudo detalhado com base na necropsia
e em todos os exames e documentos referentes às internações, bem
como no atestado de óbito. Concluíram os peritos, em conjunto, que
o menor, baixado na Emergência do Hospital de Clínicas, com dores
abdominais foi, imediatamente, encaminhado à cirurgia, em face do
diagnóstico de apendicite; submetido à cirurgia com sucesso, rece
beu alta após três dias; foi trazido ao Hospital, quatro dias depois,
com febre alta e calafrios, sendo submetido à laparotomia explora
dora pela qual foram encontrados alguns corpos estranhos que, e-
xaminados, foram definidos como gazes cirúrgicas. Nesse transope-
ratório, o menor apresentou quadro de parada cardiorrespiratória,
tendo sido reanimado por cerca de vinte minutos. O pós-operatório
evoluiu com seqüelas de anóxia cerebral, permanecendo o paciente
na CTI por quatro meses, vindo a falecer de broncopneumonia aspi-
rativa que não respondeu ao manejo clínico executado. Concluíram,
ainda, os peritos que o menor estava deitado de costas na hora da
morte, o que não corresponde ao procedimento médico adequado.
Realizada audiência, foram ouvidas as seis testemunhas arro
ladas pelas partes. Todas circunstanciais que apenas confirmaram a
baixa do menor na emergência e o seu óbito nas datas mencionadas
nos autos.
Feitos os debates orais, as partes reiteraram suas razões, ten
do os autores requerido a antecipação de tutela para que fosse defe
rido, no mínimo, o pagamento das despesas comprovadas nos autos
quanto aos medicamentos e funeral do filho.
Os autos foram conclusos para sentença.
Requer os
jam proibidos a concessão de provimento
réus de obstaculizar, antecipatório
de qualquer modo,para que se
a continu
idade da exploração da linha de ônibus entre as cidades de Rio
Grande-RS e Curitiba-PR, sob pena de multa diária de R$ 20.000,00
(vinte mil reais); e que, ao final, sejam os réus condenados à absten
ção de prática de quaisquer atos tendentes a impedir a atividade de
transporte regular de passageiros na linha Rio Grande a Curitiba.
Pleiteia, também, a anulação do auto de infração emitido pela ré
ANTT, e, subsidiariamente, caso não concedida a medida liminar, a
condenação de todos os réus, de forma solidária, ao pagamento de
indenização relativa aos lucros cessantes pelo período em que esti
ver impedida de explorar a referida linha de transporte, na base do
valor equivalente ao de 30 (trinta) passagens por dia, que aponta
como a média de ocupação para o mesmo trecho. Postula, mais, a
citação dos réus e a condenação destes nas despesas processuais e
honorários advocatícios em 20% do valor da causa, valorando a
demanda em R$ 100.000,00 (cem mil reais), juntando documentos.
O juiz federal que então dirigia o processo antecipou os efei
tos da tutela jurisdicional, inaudita altera parte, proibindo aos réus
que turbassem a exploração da linha, com imposição de multa diá
ria, para o caso de descumprimento, de R$ 10.000,00 (dez mil re
ais); e ordenou a citação de todos os réus.
A União alegou, em preliminar, impossibilidade jurídica do
pedido, afirmando não ser possível conceder judicialmente permis
são de exploração de serviço de transporte. Suscitou, também, sua
ilegitimidade passiva para a causa, apontando competir à ANTT a
regulação da atividade, com completa autonomia. Asseverou, mais,
ser incabível a concessão de antecipação de tutela contra pessoa
jurídica de direito público, além de não haver prova inequívoca que
autorizasse a providência. No mérito, disse ser improcedente o pedi
do porque a exploração de serviço de transporte depende de permis
são outorgada por ela própria, União, precedida de licitação, que não
houve no caso, e que, na hipótese de ser judicialmente autorizada a
exploração, ela somente poderia ter vigência até a realização do
procedimento licitatório. Por fim, aduziu ser indevida qualquer in
denização, eis que o lucro cessante reclamado não teria base jurídi
ca; mas, se porventura houvesse condenação, ela não poderia ter por
base a presunção apresentada pela autora, e sim deveria ficar sujeita
à liquidação por arbitramento.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT adu
ziu a ilegitimidade
do Paraná, para a de
ao argumento causa
quedos Estados
a matéria dedo Rio Grande
transporte do Sul e
interestadu
al seria de competência federal, sem qualquer tipo de poder ou res
ponsabilidade de Estados-membros, cabendo a ela, ANTT, velar
pela preservação da competência federal na matéria. Apontou, tam
bém, falta de interesse processual da autora, porque apenas após
sagrar-se vencedora em licitação específica, poderia receber permis
são para realizar serviços de transporte terrestre. No mérito, disse
que a autuação tinha base legal, porque a exploração da atividade
pela autora seria irregular pela inexistência de permissão, bem como
de decreto específico criando a linha de ônibus Rio Grande a Curiti
ba. Sustentou, outrossim, que o pedido condenatório seria improce
dente, à falta de dano; e, ainda, porque agiu em exercício regular de
direito ao impedir a autora de exercer o transporte na referida linha.
Para a hipótese de ser outro o entendimento do magistrado, reputou
descabida a condenação solidária, cabendo apenas à União suportar
a obrigação.
O Estado do Paraná apresentou contestação em que alegou
sua ilegitimidade para a causa, afirmando não ter contribuído de
nenhuma forma para os fatos. Disse que apenas à União, ou à sua
Agência, caberia suportar eventual condenação em favor da autora.
Nomeou à autoria a União, alegando que, apesar dela já integrar a
relação processual, guardava o ônus de provocar a intervenção, sob
pena de responder por perdas e danos nos termos do Código de Pro
cesso Civil.
O Estado do Rio Grande do Sul não ofertou contestação no
prazo, o que foi devidamente certificado, nem se fez presente em
momento posterior nos autos.
Houve agravos, de parte da União e da ANTT, contra a deci
são que antecipou a tutela, que não receberam efeito suspensivo.
Intimada, a autora manifestou-se sobre as contestações, ale
gando revelia e confissão ficta do Estado do Rio Grande do Sul,
pedindo sua condenação na integralidade do pedido. Afirmou que a
antecipação de tutela seria plenamente possível contra pessoas jurí
dicas de direito público, “nos termos da jurisprudência consolidada
nos tribunais pátrios”. Sustentou a permanência dos réus no feito,
rechaçando as preliminares apresentadas nas contestações e pugnan
do pelo acolhimento integral dos pedidos.
Os autos foram conclusos para sentença, com requerimento
de todas as partes pelo julgamento antecipado da lide.
descumprimento
monobras ilegais.da finalidade
Essas social
condutas forame imputadas
o uso da pessoa ficta
ao sócio para
Manoel
de Sousa. Com a inicial vieram vários documentos, além de que foi
requerida a produção de prova oral e pericial.
Em contestação, que foi apresentada dois dias após o término
do prazo legal previsto (intempestiva, portanto), Manoel de Sousa
refutou os argumentos de fato e de direito contidos na peça vestibu
lar, concentrando sua defesa no fato de que o princípio de continui
dade da empresa impediria a pretensão do autor. Apresentou docu
mentos.
Houve
da Silva impugnação
suscitou à contestação,
a intempestividade oportunidade
da defesa em que
apresentada José
e reque
reu a decretação da revilia com a conseqüente incidência de seus
efeitos legais.
Observou-se a completa instrução probatória, com a colheita
de prova testemunhai, depoimentos pessoais e perícia técnica contá
bil. As provas colhidas em juízo formariam a convicção sobre a tese
esboçada pelo autor da ação.
Nos memoriais escritos apresentados por ambas as partes, ca
da uma delas ratificou as suas respectivas teses.
Os autos foram conclusos para sentença.
OBSERVAÇÕES:
01-0 (a) candidato (a), diante deste caso concreto, deve pro
ferir a sentença cabível, observando todas as normas de direito que
permeiam o caso, em especial aquelas que regulam o ato processual
a ser elaborado nesta prova, bem como o direito material próprio.
02 - Os fatos que envolvem o caso concreto são apenas os
que constam do enunciado acima, ressalvando-se que todos ele de
verão ser considerados para efeito de proferimento da sentença. Não
será portanto, admitida divagação por parte do candidato (a).
TJ/GO - 51° Concurso para Juiz Substituto (2)
Tema principal: Constitucional / Civil - Responsabilidade
Civil___________________________________________________
PENÉLOPE STANKIS, domiciliada nesta cidade, move ação
indenizatória em face da SOCIEDADE INFORMATIVA ANULA-
TESE LTDA (REVISTA FALA TUDO), e do jornalista ARISTIÁ- /
COLIS XERAFONTIS, com fundamento nos artigos 5o, V, X, XTV
e 220, da Constituição Federal e artigo 186 do Código Civil, sob a
seguinte argumentação:
Na condição
- "A Lógica" de atriz, aMadalena,
- interpretando autora integra
uma oprostituta
elenco daque
peça teatral
chega ao
ápice da sociedade onde vive, graças às informações recebidas de
seus "clientes", pessoas influentes na Corte, num pais imaginário,
cujo reinado era caracterizado pela desorganização total. Salienta
que tem vinte anos de exercício da profissão artística, recebendo
várias premiações e durante esse período jamais ficou desemprega
da, a ponto de adquirir, fruto de seu trabalho, considerável patrimô
nio, além de elevado conceito internacional como atriz. Relata que,
a pretexto de comentar sua atuação na peça exibida nesta cidade
(Goiânia), local em que fixou residência há três anos, à procura de
melhor qualidade de vida, por ironia do destino, a primeira requeri
da publicou sua fotografia na capa da REVISTA FALA TUDO -
36a edição,
DE?", com do
de autoria a seguinte chamada: com
segundo requerido, "FICÇÃO OU nacional
circulação REALIDAno
dia 25 de dezembro de 2003.
Considera o conteúdo da matéria veiculada como altamente
ofensiva à sua pessoa, pois teve sua honra, a intimidade, a vida pri
vada e a imagem desprezadas pelos requeridos. À guisa de se co
mentar sua atuação na peça teatral, a matéria questionada tece con
siderações descabidas, preconceituosas, gratuitas, migrando para o
ataque pessoal. Cita trechos da publicação:
"A atriz Penélope interpreta tão bem a personagem Madalena
graças aos seus dotes físicos, negra poposuda, faladeira, dissimula
da, íntima de políticos da República, ficando à vontade para exterio-
rizar no palco aquilo que faz muito bem na realidade..."
Contam que a Pê (como era conhecida na noite carioca),
costumava levar filhos de homens influentes ao seu lupanar, uma
cobertura na zona sul, para iniciá-los na vida sexual..."
Discorre sobre várias considerações injuriosas e difamatórias
veiculadas na matéria sob enfoque, fatos que possibilitam a repara
ção por dano moral e à imagem, além dos reflexos de ordem eco
nômica, pois teve seus contratos de publicidade cancelados, além da
rescisão do seu contrato de trabalho com a Companhia Theatral Lux
Ltda., por conta do escândalo deflagrado a partir da nefasta e irres
ponsável matéria jornalística.
Ao final, após arrolar lições doutrinárias e precedentes juris-
prudenciais acerca do tema, roga o acolhimento dos pedidos, com a
condenação dos requeridos, solidariamente, à indenização por danos
morais e à imagem na ordem de R$ 1.000.000,00 (hum milhão de
reais), além dos danos materiais, lucros cessantes e danos emergen
tes, a serem apurados por liquidação de sentença, custas e honorá
rios.
A documentação de fls. 45/108 acompanha a inicial.
Citados, os requeridos ofertaram resposta próprias, por advo
gados distintos. A primeira requerida, em preliminar, argui a incom
petência deste juízo, pois embora tenha sua sede nesta cidade, o
jornalista autor da matéria questionada e segundo requerido reside
na cidade de Aparecida de Goiânia e, por força do art. 94 do Código
de Processo Civil e da Lei de Imprensa, o foro de seu domicílio
deve ser o determinante para a competência. Aduz, também, a deca
dência, pois na data da publicação da matéria ao exercício da ação
(protocolização dia 02 de abril de 2004) demandou tempo superior a
três meses. No mesmo passo, salienta que é parte ilegítima para
figurar no polo passivo da ação, já que não pode ser responsabiliza
da por ato de terceiro, o jornalista que assinou a matéria. No mérito,
pondera que a Carta Magna consagra a liberdade de expressão e que
o conteúdo da matéria questionada não pode dar ensejo à qualquer
indenização, pois é conforme o direito (artigo 5o, IX, IV, XIV e 220,
parágrafo Io da Constituição Federal).Verbera que a autora, como
pessoa famosa, célebre, não deve ocultar nada de sua vida ao conhe
cimento público, nem tampouco a sua imagem. Ademais, é papel da
imprensa noticiar fatos de interesse da coletividade, em detrimento
do interesse individual, como na hipótese. Requer, pois, caso supe
radas as preliminares, que os pedidos sejam julgados improcedentes,
com as conseqüências da sucumbência.
O segundo requerido, em sua contestação, articula as mesmas
preliminares, com exceção da ilegitimidade ad causam passiva, pois
entende que quem deve responder pela eventual responsabilização é
apenas a primeira requerida. No mérito, assevera que não praticou
ilícito algum. Diz que seu comportamento está amparado no artigo
5o, IX, IV, XIV e artigo 220, da Constituição Federal. Lembra que a
liberdade de expressão é sustentáculo maior da democracia. Critica
alguns julgados citados na inicial como retrógrados, jamais vistos
sequerinvestigativo,
lismo na pior fase da ditadura militar.
informador, Articula que
livre, possuindo vastarealiza jorna
contribuição
ao aprimoramento das relações sociais. Reafirma o que disse na
matéria questionada, fruto de sua investigação acerca dos fatos junto
a fontes fidedignas (sobre as quais não está obrigado a revelar).
Pede, também, na eventualidade da superação das preliminares, que
no mérito seja desacolhida a pretensão exteriorizada na inicial. A-
ponta, de outro passo, que a indenização pleiteada é exorbitante,
positivando intenção de enriquecimento sem causa, fora dos parâ
metros estabelecidos pela Lei de Imprensa (tarifária), legislação
infraconstitucional que disciplina a espécie.
Houve réplica, ocasião em que a autora se mostrou irresigna-
da com a forma utilizada pelos requeridos para a arguição da in
competência relativa.processual,
laridade da marcha A seu juízo, istorejeição
cuja reflete ato
eraatentatório
imperativoàlegal.
regu
Refuta, também, tanto a questão prejudicial como as preliminares,
porque inocorrentes no caso. Por outro lado, entende como extem
porâneas as contestações dos requeridos, pois a citação de ambos
ocorrera no dia 12 de abril de 2004, enquanto que as peças de res
postas foram protocolizadas coincidentemente no dia 28 de abril do
mesmo ano, ou seja, no 16° (décimo sexto) dia de fluência do prazo.
Assim, finaliza, impostergável o reconhecimento da revelia.
Instaladas a que se manifestassem sobre eventual necessidade
de dilação probatória, as partes requereram o julgamento do proces
so conforme o seu estado.
É o relatório. Decido.
TJ/DFT - Concurso para Juiz Substituto 2006 (Adminis
trativo)
_____ Tema principal: Tributário___________________________
Prova de sentença. Valor: 6 (seis) pontos. Elabore a funda
mentação e a parte dispositiva. Não precisa repetir o relatório. A
matéria é de discussão exclusiva de direito.
RELATÓRIO
A empresa Solartec Teleinformática Ltda. ajuizou ação decla
ratória de inexistência de relação jurídico-tributária, pelo rito ordiná
rio com pedido de liminar, contra o Distrito Federal, o Banco do
Brasil S/A e o Banco Regional de Brasília (BRB).
A autora tem sede em São Paulo (SP) e atua no ramo de
transmissão de informações via satélite ou por telefone.
Afirma que, em agosto de 2005, celebrou contrato com o
Banco do Brasil S/A e o BRB para o fornecimento de informações,
transmitidas aos dois clientes via satélite.
Pelo contrato, a Solartec se obriga a coletar informações a
respeito da cotação de moedas estrangeiras e do mercado de capitais
em
meioSão Paulo (Bovespa)
de satélite, ao Banco edoa Brasil
retransmiti-las,
e ao BRB,em tempo
ambos real, por
localizados
no Distrito Federal. Para tanto, instala, sem ônus, nos edifícios da
Direção Geral dos bancos-réus, equipamentos de sua propriedade e
“softwares” destinados à recepção de informações.
Os dados são enviados de São Paulo para os equipamentos da
autora localizados em Brasília e, em seguida, repassados aos depar
tamentos de câmbio das referidas instituições financeiras.
A autora menciona que os bancos-réus, por exigência da le
gislação do Distrito Federal, no momento em que efetuam o paga
mento devido a ela em razão do contrato, retêm, a título de Imposto
sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), 5% (cinco) por cento do
valor de cada fatura paga e, depois, os repassa aos cofres do Distrito
Federal. Alega que emite notas fiscais em São Paulo, onde o serviço
é realizado, e que, por conseqüência, recolhe o ISS para o fisco
paulistano. Além disso, a autora sustenta que a circunstância de não
ter sede ou filial no Distrito Federal afasta a possibilidade de exi
gência do ISS pelo fisco distrital.
Por fim, com o escopo de justificar a legitimidade passiva dos
bancos réus, diz a autora que a legislação distrital determina a res
ponsabilidade dos tomadores de serviço pela retenção do ISS, além
de requerer a procedência da pretensão para declarar que o tributo é
devido ao Município de São Paulo.
Art. 8o - Fica atribuída a responsabilidade pela reten
ção e recolhimento do imposto, quando vinculados ao fato
gerador, na condição de contratante, fonte pagadora ou in
Aduziu
do cheque, que, comoaprazo
e decorrido perda,prescricional
pela prescrição, da força
de dois executiva
anos da ação de
enriquecimento contra a emitente, não pode o autor se valer da mo
nitória, que não serve para afastar prescrição consumada - a da exe
cução e da ação de enriquecimento.
Acrescentou que sustou o pagamento do cheque e não pagou
o restante do preço porque o veículo que adquiriu não tinha a capa
cidade de carga que constou no anúncio de venda que a atraiu, irre
gularidade que afronta normas de proteção ao consumidor, as quais
exigem transparência nas informações sobre produtos anunciados à
venda.
Aduziu que, se não julgados procedentes integralmente os
É o relatório.
Decido.
réu, o BANCO
ção aposta DO do
no verso TRABALHADOR S/A.,
título, asseverando queem que pese
o mesmo nãoa observa
poderi-
a, de qualquer forma, ser pago antes da data prevista para o seu
vencimento.
Em razão do precipitado depósito e do correspondente saque
procedido em sua conta, o autor sofreu prejuízos diversos, eis que,
não possuindo saldo suficiente para tanto, teve de se socorrer do
valor que lhe foi creditado pelo terceiro réu em razão do contrato de
cheque especial, sendo obrigado a arcar com o pagamento de taxas
bancárias e com altíssimos encargos moratórios.
Alega, mais, a ocorrência de danos morais, eis que, em razão
do ocorrido, deixou de arcar com outros compromissos perante ter
ceiros, tendo sido devolvidos outros cheques que emitiu, o que deu
ensejo, inclusive, à negativação do seu nome perante o SERASA,
sendo notório o constrangimento e o aborrecimento que lhe foram
causados pela precipitação do depósito ocorrido.
Encerra por pleitear a procedência do pedido, condenando-se
os réus, solidariamente, a indenizar-lhe os danos materiais causados,
estes estimados em R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais), e em
danos morais, que pede sejam fixados em valor correspondente a
dez vezes o valor do título em questão, além das custas processuais
e honorários advocatícios.
Regularmente citados, somente compareceram aos autos os
primeiro e segundo réus, deixando transconrer, in albis, o terceiro
réu, o prazo para contestar.
Em sua contestação, aduz o primeiro réu, que se faz necessá
rio, ab initio, o chamamento do SERASA à lide, uma vez que foi o
mesmo quem incluiu o nome do autor em seus cadastros, acrescen
tando que não pode responder a ação, considerando que, a partir de
quando o depósito foi realizado em nome do segundo réu, não pode
o mesmo, por via de conseqüência, ser responsabilizado por ato
praticado por outrem.
Argumentou, mais, que o pedido formulado não procede: a
uma, porque em se tratando de cheque, poderia a empresa contestan-
te apresentá-lo imediatamente para liquidação, de modo que, se
assim poderia fazer, igualmente poderia transmiti-lo a terceiro para
honrar suas obrigações; a duas, porque os danos materiais buscados
tiveram ensejo no pagamento realizado pelo banco sacado, ora ter
ceiro réu, quando o mesmo não possuía fundos para tanto, de modo
que não
partir depode responder
quando por tais
fez circular supostos
o título, prejuízos;
deixou a três,
de existir porque,
relação que oa
ligasse ao autor, passando esta a ocorrer em relação ao segundo réu,
o qual, efetivamente, foi quem se beneficiou do depósito realizado;
a quatro, porque, no tocante aos danos morais, a inscrição do nome
do autor junto ao SERASA decorreu de relação outra que não a
estabelecida inicialmente com a primeira ré, de vez que tal se deu
em função de outros cheques emitidos e que teriam sido devolvidos
por insuficiência de fundos, faltando, pois, ao autor, nexo de causa
lidade.
Encerra por pedir a extinção do feito, em relação à sua pesso-
a, e, alternativamente, a improcedência do pedido, com o estabele
cimento dos ônus sucumbenciais.
Por seu tumo, o segundo réu contestou, asseverando que não
poderia ser demandado pelo autor, uma vez que não participou da
relação negociai entabulada entre o autor e a primeira ré, destacando
que em se tratando o cheque de um título para pagamento à vista,
não estaria obrigado a aguardar o prazo aposto na cártula, tanto mais
quando, segundo a Lei do Cheque, é de 30 dias o prazo para sua
apresentação em se tratando de emissão na própria praça, o que
ocorre na hipótese, ou seja, se aguardasse o vencimento da data
impropriamente registrada no cheque (20.02.07), perderia o prazo
referido, uma vez que o negócio que o srcinou se realizou em 20 de
dezembro de 2006.
Afirmou ser possuidor de boa-fé, pelo que não poderia res
ponder pelos supostos prejuízos causados ao autor e que este não
teria demonstrado o nexo de causalidade entre a negativação do seu
nome e o depósito pelo mesmo realizado, pugnando pela improce
dência dos pedidos, com a imposição dos ônus da sucumbência ao
autor.
Em réplica, o autor reiterou os argumentos expendidos na ini
cial, pugnando pela decretação da revelia em relação ao terceiro réu.
Chamadas a especificar provas, as partes manifestaram-se no
sentido de nada mais ter a produzir, oportunidade em que a primeira
ré renovou o pedido de denunciação à lide do SERASA.
É o relatório.
Decido.
Tema principal: Tributário Mandado de Segurança Coletivo
A Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro, re
presentando as empresas de importação e exportação baseadas no
Estado, impetrou Mandado de Segurança Coletivo, com pedido de
liminar, contra ato do Sr. Diretor da Receita Estadual, objetivando
suspender os efeitos da portaria especial do drawback sobre a expor
tação do produto com insumo importado a ele agregado, para exigir
a comprovação de exportação das mercadorias para fruição do bene
fício na importação, com a conseqüente isenção tributária. Argu
menta
possívelquecom
a exigência é ilegal
o simples e abusiva,
registro pois odebenefício
no sistema drawback isentivo
Afirmaé
que a exigência fazendária caracteriza bis in iden . Deferida a limi
nar, a autoridade coatora prestou as informações pedindo a revoga
ção da liminar e a denegação do writ, defendendo a legalidade da
resolução sob o fundamento de que o regime de drawback impõe
operação real de exportação, não se coadunando com ato fictício, e
não se caracterizando bis in iden . O representante do M.P., em ofí
cio, opina desfavoravelmente à pretensão do impetrante.
Sendo este o relatório, fundamente e decida, na forma de sen
tença.