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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..............................................................................................................3
1. CASO PROBLEMA..................................................................................................5
2. DISCUSSÃO.............................................................................................................7
2.1. Automutilação, ideação suicida e depressão na adolescência em idade
escolar..........................................................................................................................7
2.2. A psicologia escolar frente à automutilação e a tentativa de suicídio em
adolescentes..............................................................................................................10
2.3. O papel do psicólogo escolar e as possibilidades de atuação....................13
3. CONCLUSÃO.........................................................................................................16
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................17
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INTRODUÇÃO
1. CASO PROBLEMA
para a escolha estão numa classificação superior. Deste modo, podemos dizer que a
única categoria que se encontra na média é o autoconhecimento, sendo que as
demais estão todos em níveis bem melhor classificados.
A.E. afirma não se influenciar por familiares, colegas e professores, e
demonstra segurança em relação a uma escolha profissional neste momento,
acreditando que conhece bem sobre profissões e mercado de trabalho. Em relação
aos conhecimentos, apenas os relativos ao autoconhecimento apresentam alguma
fragilidade, já nos conhecimentos da realidade educativa socioprofissional, ela
parece estar segura das informações e se coloca como quase pronta para formalizar
uma decisão e uma escolha final.
Embora os resultados tão positivos, acredita-se que o projeto de O.P terá um
valor muito especial para A.E., na medida em que o aprofundamento do seu
autoconhecimento poderá auxiliá-la a obter uma maturidade e um controle
emocional importante e favorável para o enfrentamento de novas perspectivas
desejáveis e atitudes frente a diversidade de situações impostas pela vida.
A respeito do problema descoberto pela escola no que se refere à
automutilação e a tentativa de suicídio da aluna, o posicionamento a priori foi de
oferecer acolhimento profissional por meio da escuta. Na sequência, a providência
tomada foi estabelecer comunicação com o núcleo familiar. Porém, os pais
verbalizam que o fato são “coisas de adolescentes”, contradizendo o relato da aluna
que se coloca em uma posição de sofrimento e angústia perante a família. A escola
continua em estado de alerta frente ao ocorrido, e mostra-se a disposição na busca
para resolução de conflitos.
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2. DISCUSSÃO
vezes até que a sensação desejada de alívio seja atingida” (ALMEIDA et al, 2018, p.
152).
Alguns motivos para o indivíduo cometer a automutilação são as dificuldades
com a regulação do afeto, manter vínculos, baixas habilidades para lidar com
problemas e pouco aprimoramento pessoal de estratégias de enfrentamento em
adolescentes em idade escolar que ainda estão desenvolvendo sua identidade e
individualidade devido a vários fatores familiares, culturais e demográficos
(GARRETO, 2015 apud ALMEIDA et al, 2018). “Colocando esse público em situação
de maior vulnerabilidade para experimentar esse comportamento como forma de
encarar as crises características dessa faixa etária“ (ALMEIDA et al, 2018, p. 153). A
aluna em questão demonstra ter baixa autoestima e aparentemente não tem o apoio
da família.
A adolescência é um conceito que difere em cada cultura, comunidade ou
sociedade em que o jovem convive, período entre a infância e a vida adulta em que
ocorrem mudanças físicas, metabólicas, psíquicas e sociais imanentes a cada
sujeito. Cada adolescente precisa se organizar frente a exigências e expectativas
vindas da família, amigos, escola e comunidade. O púbere então tende a
desenvolver novas percepções das transformações do corpo, sexualidade,
independência dos adultos, criar vínculos em novos grupos e fortalecer sua própria
identidade (ALMEIDA et al, 2018).
Almeida et al (2018) aponta que, os sujeitos têm durante a vida fases de
desenvolvimento da identidade e o corpo pode tornar-se um lugar de representações
destes conflitos como elaboração e simbolismo. Transformações corporais
particulares da adolescência propiciariam recorrer à própria pele para aliviar a carga
das experiências emocionais doloridas “ao mesmo tempo em que oferece um palco
para a dramatização de conflitos e fantasias evocadas nesse período” (ADAMO
2008 apud ALMEIDA et al, 2018, p. 152)
De acordo com Rosa (2014 apud ALMEIDA et al, 2018) casos de
automutilação têm crescido nas Instituições Escolares e a exposição das imagens
das lesões e cortes nas redes sociais, descrição de como proceder e do que estão
sentindo sobre a execução poderiam influenciar os adolescentes a seguir estes
comportamentos. Ídolos e celebridades poderiam inspirar e sugestionar a prática
deste ritual, como Demi Lovato (1992) cantora, atriz e compositora norte-americana,
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Suicídio e automutilação são atitudes diferentes entre si, mesmo que sejam
comorbidades. A pessoa que busca o suicídio tem como intenção a morte, acabar
com sua ansiedade, angústia e dor, a que se mutila está procurando paralisar,
desviar e reduzir o seu sofrimento para sentir-se melhor. Podem ser várias as
causas precipitantes como perda de controle emocional, traumas de várias origens,
sentimentos de inutilidade, culpa, vazio, rejeição e abandono. Falta de diálogo com
os pais, agressões sofridas, brigas na escola e situações em que são separadas de
pessoas com quais mantinham vínculos, distorções psíquicas ou cognitivas da
realidade entre outras motivações (BASTOS; MOREIRA, 2015).
Causar uma lesão a si mesmo é considerado um comportamento suicida,
mesmo que não tenha um alto grau de letalidade. O comportamento suicida divide-
se em 03 características: ideação suicida, tentativa de suicídio e suicídio
consumado. O suicídio consumado está, no mundo inteiro, entre as 05 razões da
morte de meninos e meninas com idade entre 15 e 19 anos, principalmente do sexo
feminino. “A idade de 15 anos é considerada crítica para manifestações de
comportamento suicida na adolescência” (BASTOS; MOREIRA, 2015, p. 446).
Ideação suicida tem a depressão como um de seus fatores associados,
pensamentos autodestrutivos estão presentes entre os sintomas dos transtornos
depressivos apresentados por adolescentes. O abuso de álcool e de substâncias
psicoativas estão também entre esses fatores. A ideação suicida antecede a
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tentativa do suicídio, que parece ser a única opção ao indivíduo, mas, se detectada
nos jovens ajudariam no entendimento e prevenção. “Ideias suicidas englobam
desejos, atitudes e planos que o indivíduo tem para dar fim à própria vida” (BASTOS;
MOREIRA, 2015, p, 447).
As pesquisas apresentadas por Fontenele et al (2018) para identificar motivos
e apresentações da depressão entre alunos matriculados na rede escolar pública e
privada com idades entre 14 e 19 anos descreveram indícios e manifestações
depressivas como: falta de ânimo, pouco apetite, magoas, isolamento social e
ideação suicida. Outros fatores associados à esta faixa etária poderiam intensificar e
potencializar emoções e reações depressivas como: a associação entre alterações
psíquicas e agressividade, bullying escolar e cibernético que afetam a integridade
social, dependência ao acesso à internet, mídias de relacionamentos ou jogos
eletrônicos.
Estudantes do sexo feminino aparecem com maior frequência entre os
sujeitos com quadros depressivos, são vivenciados por elas: falta de sentido na vida,
humor deprimido, auto recriminação, baixa autoestima, sentimentos de culpa e
desvalorização. A falta de apoio e desarranjos familiares possuem fortes ligações
com estes fenômenos. “Entre dos estudantes de ambos os sexos, 05%
apresentaram a sintomatologia depressiva na população geral, e os sintomas
identificados foram: tristeza, pensamento suicida e de morte, choro e insônia houve
predominância no sexo feminino” (FONTENELE et al, 2018, p. 144).
A depressão entre os jovens tem indícios psicológicos e biológicos, de origens
físicas, cognitivas, psíquicas, afetivas, comportamentais, psicossociais ou
econômicas. Na esfera familiar, a violência física e psicológica são apontadas como
causas e fatores estressores apresentados como inquietude e desassossego. A
vulnerabilidade social, dificuldades econômicas e famílias disfuncionais
estabeleceriam condições para que adolescentes desenvolvessem transtornos
psiquiátricos (FONTENELE et al, 2018).
Ao lidar com casos como o de A.E, a luz da psicologia escolar, deve-se levar
em consideração o que a escola tem feito com relação a essa situação, o que pode
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forma coesa, encarando uma crise de identidade que se caracteriza pela confusão
de papeis, de modo que ele passa a não saber quem é, muito menos qual é o seu
lugar na sociedade e o que pretende se tornar. A jovem A.E. é comunicativa, pensa
no futuro, tem bons relacionamentos interpessoais, os resultados de seu teste sobre
maturidade para escolha profissional foram satisfatórios, porém, ela demonstra estar
insatisfeita consigo mesma, e declara querer mudar quase tudo nela e ainda diz que
precisa se conhecer, o que pode ser indícios dessa crise. A tal crise de identidade
pode provocar no adolescente um afastamento da sequencia normal da vida, ou
mesmo despertar nele o desejo por uma busca de identidade negativa, recorrendo
por exemplo a automutilação, e em casos mais extremos, a tentativa de suicídio, que
ocorreu com a aluna. Nesse sentido, o psicólogo pode trabalhar com a
sensibilização sobre as repercussões que essas atitudes acarretam a longo prazo,
estimulando-os a buscar soluções alternativas, como a psicoterapia, atividades
físicas, artísticas, etc (ALMEIDA et al, 2018).
O autor supracitado aponta ainda que, um outro aspecto de extrema
importância é o desenvolvimento da autoestima, que trata-se de um sentimento de
valor que o sujeito tem por si mesmo, persuadindo na maneira como ele se percebe
e interage. Dessa forma, a partir da construção de uma identidade coesa, o
adolescente consegue confiar em si mesmo, sente-se mais seguro ao interagir com
as demais pessoas, o que é essencial para que não sejam influenciados pela mídia,
por exemplo, ou por amigos, que é algo muito comum.
Além disso, estes são comportamentos silenciosos, havendo nos jovens que
colocam em prática uma singularidade talhada no corpo, num aproximar-se da morte
sem morrer, é necessário proporcionar a escuta de perturbações psíquicas por ela
fomentada. O psicólogo escolar pode usar da escuta clinica como uma maneira de
abordar os fenômenos que se desenvolvem na rotina escolar, possibilitando o
desenvolvimento de ações coletivas, espaços visando à constituição de
conhecimentos sobre as experiências desses adolescentes, contribuindo para que
problemáticas como a da adolescente em questão seja discutida, e a busca de
solução seja compartilhada (MARTINS, 2013 apud ALMEIDA et al, 2018).
Silva e Santos (2018 apud ALMEIDA et al, 2018) acrescentam que, dizer o
que pode ajudar um sujeito que pratica a automutilação e a tentativa de suicídio é
dar a ele a liberdade de expressão, ouvindo-o e reconhecendo-o em sua
singularidade, favorecendo uma troca simbólica com aqueles que estão a sua volta.
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Proporcionar a fala desse individuo é dar voz ao silêncio, que é muito presente na
sociedade atual, levando em consideração que, comportamentos como esses são
formas de comunicar suas angústias. Como consequência, o oferecimento desse
espaço de escuta proporcionará a esses jovens a expressão dos seus modos de ver
e dizer como se sentem, possibilitando que compartilhem experiências e construam
espaços de singularização.
A escuta clinica pode ser desenvolvida por meio de plantão psicológico, que
possibilitará aos adolescentes o que Mahfoud (2012 apud ALMEIDA et al, 2018)
coloca como “consciência de si mesmo” e da realidade circundante. Esse espaço dá
abertura para que os indivíduos busquem ajuda no momento em que fizer sentido
para eles, de forma espontânea. Diferente da intervenção psicossociológica
tradicional, onde o psicólogo faz uma leitura diagnostica da escola, e oposta da
clínica-curativista, em que o objetivo é a superação de dificuldades no que se refere
à saúde mental, o plantão psicológico contribui para a abertura ao inesperado e a
disponibilidade de tempo e escuta sem planejamento prévio.
Não se pode esquecer do espaço para atendimento as famílias, embora a
instituição em que A.E. estuda já esteja fazendo isso, de acordo com relatos e
observações, deve-se levantar questões relacionadas a autonomia, dependência,
limites, autoritarismo, autoridade, relacionamento cognitivo e emocional da família,
visando a ressignificação dos relacionamentos intrafamiliares. É importante refletir
sobre a dificuldade de aprendizagem nesse momento do ciclo de vida familiar,
gerando espaços de diálogo quanto à dificuldade de todos, não apenas do aluno,
desfazendo nos sistemas a “culpa” pelo fracasso escolar (ALMEIDA et al, 2018).
Deve-se ressaltar que, a armadilha de que “a culpa é sempre da família” se
fragiliza quando o psicólogo atua como questionador, se esforça, e assume uma
posição investigativa, possibilitando estratégias de intervenção colaborativa, em que
todos têm influência sobre o aluno, assim como ele também sofre influência de todos
mutuamente (ANDRADA, 2005 apud ALMEIDA et al, 2018).
Na visão da psicologia escolar, trabalhando com questões como de
automutilação e suicídio, é notório a necessidade de uma atuação multidisciplinar no
que diz respeito ao encaminhamento e a prevenção, pois, antes de ser um
mecanismo aplicável, é resultante de uma conciliação social e politica que tem como
resultado o compromisso com a cidadania em seus diversos aspectos (BELISÁRIO,
1992 apud ALMEIDA et al, 2018).
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3. CONCLUSÃO
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS