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[-] www.sinaldemenos.org Ano 10, n°13, 2019.

BOLSONARISMO E
“CAPITALISMO DE FRONTEIRA”

Daniel Cunha1

“O sentido da evolução brasileira... ainda se afirma


por aquele caráter inicial da colonização”.

(Caio Prado Jr.)

A ascensão de Jair Bolsonaro e sua agenda política que mescla ultraliberalismo


econômico com racismo, misoginia, homofobia, xenofobia e militarismo (incluindo
apologia da ditadura e da tortura) tem provocado tanto inquietação política quanto
desamparo teórico. De um lado, faz-se a devida denúncia, com ensaios de mobilização
antifascista e a necessária campanha do #elenão liderada pelas mulheres; de outro,
aparecem as relações com o fascismo histórico e com outras figuras políticas
contemporâneas, como Trump nos Estados Unidos, Orban na Hungria, Erdogan na
Turquia ou talvez o melhor correlato, Duterte nas Filipinas. Essas aproximações, porém,
permanecem pouco tematizadas. A “consciência democrática” tem claro para si que “ele”
é inaceitável, mas essa consciência permanece difusa e sem maior elaboração conceitual.
Para que se vá além de relações superficiais é preciso colocar fenômenos como o
bolsonarismo em perspectiva histórico-mundial, localizando-os na trajetória da
modernidade capitalista e no seu lugar periférico brasileiro.

1 DanielCunha é doutorando em sociologia (SUNY-Binghamton), mestre em ciência ambiental (UNESCO-


IHE), engenheiro químico (UFRGS). Co-editor da revista Sinal de Menos (www.sinaldemenos.org).
Versão ligeiramente modificada de texto publicado anteriormente no Blog da Consequência em outubro
de 2018 e publicada em inglês no Brooklyn Rail em fevereiro de 2019. Ver em
https://blogdaconsequencia.com/2018/10/04/bolsonarismo-e-capitalismo-de-fronteira/ e
https://brooklynrail.org/2019/02/field-notes/Bolsonarism-and-Frontier-Capitalism

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Utilizo aqui um conceito sócio-histórico que chamarei de “capitalismo de


fronteira”, inspirado no conceito de “fronteira de mercadorias” de Jason W. Moore.2
Fronteiras de mercadorias são o resultado da incorporação de áreas e setores
previamente “exteriores” à economia-mundo capitalista. Essa incorporação é
geralmente motivada pela presença de recursos (minérios, solos naturalmente férteis
etc.) e usualmente, por estar na fronteira, é carente de força de trabalho, que tem de ser
deslocada até ela. Daí a sua relação estrutural com o trabalho escravo ou análogo à
escravidão. Trata-se do caso brasileiro; de fato, essa configuração é constitutiva do Brasil
enquanto sociedade moderna, o “sentido da colonização”, como bem mostrou Caio
Prado Jr.: a plantação de cana-de-açúcar como capítulo da expansão do capital comercial
europeu, com produção baseada na apropriação da fertilidade natural do solo (massapé),
destinada ao mercado mundial; produção baseada em trabalho escravo racializado,
tendo como pré-requisito a prévia expulsão (ou extermínio) dos habitantes e seres
anteriores daquela área de fronteira (indígenas, flora, fauna). 3 Já nascemos como um
empreendimento comercial escravista/exterminador. O padrão repetiu-se com os ciclos
do ouro e do café. Aqui já se vê que racismo e exterminismo são estruturais e fundantes
na nossa configuração do capitalismo de fronteira. A Independência que passou o
comando ao herdeiro do colonizador, a Abolição mais tardia do continente, repúblicas
de tipo “café com leite” e “anistias” de ditadores e torturadores não colaboraram para
mudar radicalmente esses fundamentos.

A partir da industrialização iniciada na Europa, uma vez que o sistema-mundo


capitalista passa a funcionar sobre as suas próprias bases (produção industrial baseada
na mais-valia relativa), a fronteira tem o seu papel sistêmico reforçado. A tendência

2 Moore (2000). O conceito de “fronteira de mercadorias” deriva da teoria da reprodução ampliada do


capital elaborado por Marx no volume 2 de O capital e discutido por Luxemburg (1970).
3 Prado Jr. (2015/1942). A racialização da escravidão foi consequência da evolução histórica da economia-

mundo, conforme Wallerstein (1974, 88-9): “O cultivo de açúcar começou nas ilhas mediterrâneas, mais
tarde avançou para as ilhas do Atlântico, e então cruzou o Atlântico em direção ao Brasil e às Índias
Ocidentais. A escravidão seguiu o açúcar. À medida que se moveu, a composição étnica da classe dos
escravos foi transformada. Mas por que africanos como os novos escravos? Por causa da exaustão da
oferta de trabalhadores autóctones das regiões das plantações, porque a Europa precisava de uma fonte
de força de trabalho de uma região razoavelmente populosa que fosse acessível e relativamente próxima
da região do seu uso. Mas ela tinha de vir de uma região externa à economia-mundo, de maneira que a
Europa não tivesse que preocupar-se com as consequências econômicas da remoção de mão-de-obra em
larga escala na forma de escravos da região de reprodução. Coube à África Ocidental preencher melhor
esses requisitos” (tradução minha).

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sistêmica de aumento da composição orgânica do capital (substituição de trabalhadores


por maquinário) acarreta a tendência de queda da taxa de lucro, conforme mostrado por
Marx. O capital emprega várias estratégias sistêmicas para contrarrestar a tendência de
queda da taxa de lucro, a mais imediata o aumento da taxa de exploração do trabalho. A
própria expansão sistêmica promovida pelo aumento de produtividade absorve novas
massas de força de trabalho. Mas um mecanismo pouco mencionado é o barateamento
do capital circulante (matérias-primas). A fronteira aqui tem papel crucial: capital
circulante barato se produz com a apropriação da natureza “virgem”, preferentemente
com trabalho escravo ou análogo à escravidão. Solos naturalmente férteis que dispensam
fertilização artificial, novas minas com minério de alto grau de pureza que minimizam a
necessidade de processamento. A fronteira, portanto, é móvel, uma zona de apropriação
em constante expansão, e assim exerce o papel de “amortecedor” da tendência de queda
da taxa de lucro.4

Se avançarmos até o século XXI, vivemos sob aquilo que Moishe Postone
chamou de “anacronismo do valor”.5 Como antecipado por Marx nos Grundrisse, a
composição orgânica do capital atinge tal grau que o valor ou tempo de trabalho
socialmente necessário passa a ser uma base mesquinha para a medição da riqueza
material.6 Trata-se do limite absoluto do modo de produção capitalista, que se desenrola
enquanto processo de crise cujos efeitos vão do desemprego estrutural à favelização
mundial, da financeirização ao asselvajamento do patriarcado, do reforço do racismo
estrutural ao agravamento da crise ecológica.7 Robert Kurz localizou esse “ponto de
viragem” na “revolução microeletrônica” a partir dos anos 70, quando as racionalizações
dos sistemas produtivos (automatização computadorizada etc.) começam a eliminar
mais trabalho vivo do que o gerado pela expansão da do sistema.8 Esse “ponto de
viragem” foi marcado por uma constelação de eventos, como o colapso de Bretton
Woods, a queda do muro de Berlim e dos regimes do Leste, a crise de dívida nos países
do Terceiro Mundo. Ocorre, se Kurz está certo, que neste ponto a “modernização”

4 Moore (2015).
5 Postone (2019), nesta edição da Sinal de Menos.
6 No célebre “fragmento sobre as máquinas”: Marx (2011/1858), 940-ss.
7 Sobre o asselvajamento do patriarcado, elemento gritante do bolsonarismo, ver Scholz (2017). Scholz

possui extensa obra sobre o tema do capitalismo e patriarcado.


8 Kurz (2018/1986).

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brasileira (e dos países do “Terceiro Mundo” em geral) ainda estava incompleta. Trata-
se do “colapso da modernização”, o fim dos projetos de “modernização retardatária”,
geralmente impulsionados por ditaduras que conduzem o desenvolvimento das forças
produtivas com mão-de-ferro. Desde então, temos uma sociedade “pós-catastrófica” em
uma economia-mundo capitalista que passa a girar em falso. 9 “Pós-catastrófica” e
apenas parcialmente modernizada, frise-se, não tendo uma completa formação de
classes, instituições e democracia de massas como nos países centrais; nem o
“proletariado” e tampouco o “cidadão” foram aqui plenamente acumulados. Racismo,
violência estrutural exterminista, mandonismo e capricho anti-republicano (para além
de suas formas militaristas mais óbvias, como por exemplo no Judiciário e no Ministério
Público), permanecem não como meros “preconceitos” ou “privilégios” idiossincráticos,
mas como elementos estruturantes de uma sociedade escravista de fronteira apenas
parcialmente superados.

Nesse contexto de crise, tem-se o asselvajamento da necessidade de capital


circulante barato para a modulação da composição orgânica do capital. Mais do que
nunca o avanço sobre fronteiras de mercadorias é vital para o prosseguimento da
acumulação. O “colapso da modernização” conjugado com essa necessidade sistêmica
resulta nesse papel do Brasil na divisão internacional do trabalho: a de uma imensa
fronteira de mercadorias cada vez mais desindustrializada. Trata-se de posição periférica
e subalterna, mas crucial. A fronteira da soja está vinculada à produção de alimentos
para a força de trabalho chinesa e, portanto, à continuidade do seu baixo custo; a
produção exportadora chinesa, por sua vez, se conjuga com o endividamento norte-
americano, em um “circuito de dívida” no qual a China compra os títulos de dívida
americanos que financiarão a exportação de suas próprias mercadorias. O minério de
ferro é crucial para a expansão urbana chinesa, mesmo que seja para acabar no concreto
de cidades-fantasma e aniquilar Mariana e o Rio Doce devido a flutuações de preço
seguidas de cortes de custos. Esse circuito China-EUA-Brasil que articula fronteiras de
mercadorias brasileiras, mão-de-obra chinesa barata e endividamento americano foi
central na continuidade da “normalidade” capitalista nos últimos 20 anos, mas em
última análise repousa sobre o colchão de ar quente do capital fictício (montanhas de

9 Kurz (1992)

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dívidas e papeis).10 Foi neste cenário de boom de mercadorias que os governos do PT


puderam aplicar políticas sociais de redistribuição sem mudanças estruturais na
sociedade brasileira, no embalo do fluxo de capital chinês e em aliança com o
agronegócio, o setor financeiro e mesmo a bancada evangélica. Um sistema de “gestão
de crise” que promoveu a “inserção pelo consumo” e que só podia ser precário e
provisório, como ficou claro em seguida.11

O estouro da bolha imobiliária em 2008, porém, estragou a festa de fim de


feira. O endividamento chinês ainda pode prolongar o boom das commodities por algum
tempo, mas o declínio inevitavelmente chegou. Isso resultou em instabilidade política
no Brasil, onde a classe média excluída do arranjo legitimador dos governos petistas foi
às ruas pedindo impeachment, embalada pela mídia oligopolizada e um Judiciário e
Ministério Público sem controle popular e partidarizado.12 Pouco antes, a desastrada
reação tecnocrática do então prefeito de São Paulo e candidato derrotado à presidência
Fernando Haddad aos protestos de junho de 2013, que inicialmente tinham demandas
progressistas, jogou as manifestações nos braços do conservadorismo.13 A legitimidade
do governo de Dilma Rousseff entre quem poderia defendê-la foi ainda ferida de morte
pela sua catastrófica opção por um ajuste fiscal neoliberal promovido pelo “Chicago Boy”
Joaquim Levy. O golpe (formalmente impeachment) coincidiu com o mínimo do índice
do preço de commodities (dezembro de 2015). O afastamento de Rousseff significou um
aprofundamento e aceleração do processo de rapinagem, agora não mais limitado por
nenhum arranjo conciliador. Michel Temer tratou, em suma, de baratear a força de
trabalho, vender o pré-sal e cortar serviços públicos.

Esse contexto de crise econômica e de legitimidade do PT (identificado como


esquerda em geral), ampliada pelos “escândalos de corrupção” movidos a “delação
premiada” e “domínio do fato”, sabotagem do PSDB, bombardeio midiático, agitação de
think tanks juvenis e ideólogos paranoicos (MBL, Reinaldo Azevedo, Olavo de Carvalho,
este último tendo diretamente indicado ao menos dois ministros de Bolsonaro) foi o

10 Sobre o circuito de dívidas EUA-China, ver Kurz (2017/2007)


11 Sobre o Partido dos Trabalhadores como “gestor de crise”, ver Menegat e Sinal de Menos (2018).
12 Sobre a crise do “pacto social” brasileiro ver Barreira e Botelho (2016)
13 Sobre a ascensão do conservadorismo já em 2013, ver Duarte (2013), Marques (2013) e Behrens e Sinal

de Menos (2013).

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caldo de cultura no qual cresceu o bolsonarismo.14 Bolsonaro mobiliza os chavões típicos


de populistas de extrema-direita em tempos de crise econômica: racismo, militarismo,
misoginia, xenofobia, homofobia, anti-comunismo, anti-intelectualismo (incluindo o
pretendido “banimento” do marxismo e das ideias de Paulo Freire das escolas e
universidades) são padrões em líderes fascistas.15 Se o antissemitismo parece residual,
as teorias conspiratórias se apresentam como mirabolantes planos de “dominação
comunista”, veja-se o delírio, sob o comando do PT – o futuro chanceler Ernesto Araújo
é adepto dessas formulações, que incluem o negacionismo climático como elemento da
conspiração.16 Mais atípico é o ultraliberalismo representado pelo seu futuro ministro
da economia Paulo Guedes, conjugado com o autoritarismo militarista do seu candidato
a vice, general Mourão. Mas aqui não há nada de inconsistente: esse é o arranjo ideal
para capitalismo de crise em um país periférico que é relegado à condição de fronteira
de mercadorias do mercado mundial enquanto uma imensa e explosiva massa de
supérfluos se acumula em favelas, precisando ser contida – daí o sentido de “guerra aos
vagabundos” da militarização da segurança pública.17 Por sua vez, a apoteose do lawfare
sistêmico representado por Sérgio Moro, agora ministro da justiça, se dedicará à
oposição política organizada. Não é à toa que frações da burguesia apoiam a candidatura
bolsonarista, pouco se importando com aparências civilizatórias; elas são as sucessoras
históricas dos modernos proprietários de escravos que forjaram a ideologia liberal-
escravista.18 Mas aqui também aparece uma diferença importante em relação ao
fascismo histórico: enquanto este último teve papel de modernização como “sistema de
mobilização total para o trabalho industrial”, fenômenos como o bolsonarismo
representam antes a mobilização total para a rapina das fronteiras de mercadorias e

14 A sabotagem do PSDB foi surpreendentemente admita por Tasso Gereissati em entrevista ao jornal O
Estado de São Paulo. Disponível em https://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,nosso-grande-
erro-foi-ter-entrado-no-governo-temer,70002500097. Em artigo publicado em 2004, o juiz Moro
escreveu: “A presunção de inocência, no mais das vezes invocada como óbice a prisões pré-julgamento,
não é absoluta, constituindo apenas instrumento pragmático destinado a prevenir a prisão de inocentes.”
Ele também defendeu as “delações premiadas”, incluindo o uso de táticas de desinformação contra os
acusados e o uso dos meios de comunicação de massa para revelar informações durante o processo,
antecipando a sua decisão de “vazar” ilegalmente a conversa entre a então presidente Dilma Rousseff e
Lula em 2016. Ver Moro (2004).
15 Ver Jiménez (2018).
16 Ver Araújo (2017) e minha crítica no adendo a este texto.
17 Cf. Botelho (2018).
18 Sobre liberais escravistas, ver Bosi (1988) e Schwarz (2000/1977).

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contenção militarizada dos não-rentáveis. Não há mais pretensão de arregimentação em


massa para o trabalho.19

Nesse contexto de “expectativas decrescentes”, afloram os mecanismos


tradicionais de desumanização do “outro”, do não-rentável, do favelado, do excluído dos
sistemas de proteção social: racismo, elitismo e circuitos de afetos reacionários. 20 A isso
junta-se um componente ideológico específico, enfatizado por alguns pesquisadores: a
emergência de uma ideologia supremacista anti-indígenas e anti-quilombolas.21
“Quilombolas, índios, gays, lésbicas, tudo que não presta”, disse Luiz Carlos Heinze em
audiência pública com produtores rurais, e Bolsonaro garante que “quilombola não serve
nem para procriar” e que não vai mais demarcar terras, enquanto seu vice Mourão
lamenta a “indolência” e a “malandragem” do negro e do indígena. 22 Ocorre que muitas
das terras indígenas e quilombolas demarcadas estão no caminho da expansão da
fronteira da soja e da mineração.23 Muito mais do que atravancando o caminho de
fazendeiros e mineradoras particulares, eles estão no caminho de um importante
mecanismo de amortecimento do aumento da composição orgânica do capital, e
portanto da continuidade da acumulação capitalista global. Longe de ser mero
“preconceito” subjetivo contra indígenas, trata-se de uma coagulação ideológica dos
interesses imediatos dos seus agentes com a configuração atual do capitalismo de crise
e uma arraigada herança histórica de extermínio. Aqui a apologia bolsonarista às armas
de fogo remete não apenas ao militarismo da ditadura, mas também ao “capitalismo de
fronteira” dos bandeirantes matadores de índios. Em 2017, 207 pessoas foram

19 Sobre o papel modernizador do nazi-fascismo, ver Kurz (s. d.).


20 Sobre a “era das expectativas decrescentes”, ver Arantes (2014). Sobre “modos de vida” e “circulação de
afetos” no processo de crise política atual, ver Safatle (2018).
21 Ver a página “De olho nos ruralistas”: https://deolhonosruralistas.com.br/
22 Conforme reportagem do jornal O Estado de São Paulo:
https://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,mourao-liga-indio-a-indolencia-e-negro-a-
malandragem,70002434689
23 Ver o mapa das áreas de mineração pretendida sobrepostas às terras indígenas em

https://www.nexojornal.com.br/grafico/2017/04/19/Quais-%C3%A1reas-ind%C3%ADgenas-as-
mineradoras-querem-explorar. Uma consequência importante desse impulse de expansão fronteiriça é
a pressão sobre a Floresta Amazônica, prejudicando a biodiversidade e arriscando o colapso da floresta
oriental se for atingido um ponto de não-retorno (tipping point) que provocará a conversão da floresta
em savana e a liberação de enorme quantidade de carbono à atomosfera. Isso configura uma pressão
adicional nos ciclos biogeoquímicos planetários, já for a de controle. Ver Lovejoy e Nobre (2018) e Cunha
(2015).

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assassinadas no campo em conflitos por terra ou ambientais.24 Junto com a favela, onde
milhares são assassinados todos os anos, esse é o lugar da milícia no “capitalismo de
fronteira”. Também neste aspecto, o bolsonarismo se diferencia da versão brasileira do
movimento fascista histórico (integralismo), que em seu projeto de “nação” imaginária
buscava “incluir” negros e indígenas (devidamente “evangelizados”), inclusive utilizando
como saudação oficial o tupi “Anauê”.25

O bolsonarismo tem elementos em comum com o fascismo histórico, mas não


coincide com ele. A transição do “trabalho liberta” (mote nazista) para o “bandido bom
é bandido morto” e o “tudo aquilo que não presta” é o espelho ideológico da transição da
ascensão para o declínio da economia-mundo capitalista. A sua força como ideologia
parece residir no fato de que ela conjuga as necessidades do capitalismo de crise
contemporâneo, tanto no que se refere à acumulação em si quanto aos processos
ideológicos, com elementos profundos e constitutivos da sociabilidade e da constituição
do sujeito no “capitalismo de fronteira” brasileiro, elementos nunca completamente
superados em nossa modernização truncada. Assim, o bolsonarismo rompe com a
“gestão de crise” petista, com isso assumindo certo ar “contestador”, mas que propõe
substancialmente não mais do que rapinagem e repressão. Nessa configuração histórica,
o bolsonarismo como ideologia política (para além do indivíduo homônimo), salvo uma
improvável queda-relâmpago, parece abrir um novo período histórico, encerrando o
breve intervalo da Nova República.

***

Adendo: Comunidade e Nacionalismo na Era da Crise do Valor26

A indicação de Ernesto Araújo como futuro chanceler por Jair Bolsonaro trouxe à
luz um debate que estava até então sendo feito implicitamente: a questão do novo
nacionalismo de extrema-direita liderado internacionalmente por figuras como Steve
Bannon.27 Araújo parece ser uma versão subalterna dessa Internacional neonacionalista,

24 Ver reportagem da BBC: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-44933382


25 Cf. Silva (2005).
26 Este adendo foi publicado originalmente no Blog da Consequência (novembro de 2018)

https://blogdaconsequencia.com/2018/11/27/comunidade-e-nacionalismo-na-era-da-crise-do-valor/
27 Ver Rossi (2018) e Fernandes (2018).

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e as suas posições parecem indicar tanto uma tendência à extrema subalternidade da


política externa quanto ao compromisso ou choque com o ultraliberalismo de Paulo
Guedes, o futuro ministro da economia. Aqui busco brevemente compreender as
condições de possibilidade para que posições francamente pseudoeruditas e amalucadas
como as de Araújo, expressas principalmente em seu texto “Trump e o Ocidente”, podem
chegar a ter condições de disputa hegemônica intelectual e política. Um exame crítico de
seu texto, evidentemente, revela toneladas de falácias, da Revolução Francesa como
“momento tenebroso da história” à projeção do nacionalismo à época de Ésquilo (500 a.
C.). É preciso lembrar, porém, que toda ideologia é expressão de contradições reais.
Tendo esta ideologia em particular tomado importantes posições de poder, inclusive na
potência (ainda) hegemônica, os Estados Unidos, é preciso levá-la a sério, não no sentido
de validar as suas aberrações, mas para desvelar as contradições reais que tornam tais
excrescências ideológicas não apenas possíveis, mas as colocam em posição de disputa
de poder e de consciência a nível global.

Subjaz ao argumento de Araújo um impulso de salvação da “comunidade”, que


estaria corrompida pelo capitalismo internacional desalmado. Para ele, a “comunidade
precisa ter base na história profunda, nos mesmos arquétipos. Comunidade construída
só com base em valores abstratos não é comunidade (…) O Ocidente que Trump quer
reviver e defender não se baseia no capitalismo nem numa democracia liberal
desnacionalizada, desencarnada, desvinculada de uma personalidade histórica, mas nos
símbolos.” Talvez o momento mais falsificador do texto seja a imputação ao “marxismo
cultural” o ímpeto de destruição da comunidade: “Não por acaso o marxismo cultural
globalista dos dias atuais promove ao mesmo tempo a diluição do gênero e a diluição do
sentimento nacional: querem um mundo de pessoas ‘de gênero fluido’ e cosmopolitas
sem pátria, negando o fato biológico do nascimento de cada pessoa em determinado
gênero e em determinada comunidade (…) Já hoje o marxismo conclama a destruir o
conceito de comunidade histórica, a nação, e não fala mais de liberdade, hoje quer um
mundo de fronteiras abertas onde todos são imigrantes e ninguém pode identificar-se
com a sua terra nem com a sua gente sem ser chamado de fascista”.

O construto “marxismo (cultural)” utilizado por Araújo é vago e impreciso, no


que parece ser uma má leitura do “Marxismo Ocidental” (Escola de Frankfurt, o jovem

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Lukács) como “crítica cultural” desvinculada da crítica da mercadoria. Tomando-se os


escritos de Marx por base, não apenas é equivocado dizer que Marx não toma a
comunidade em consideração: na verdade, a comunidade é tema central de sua obra, a
ponto de Lucio Colletti, enquanto ainda marxista, ter traçado um paralelo entre o
“comunismo primitivo” marxiano e o “sauvage” de Rousseau.28 Por certo, não se trata
da comunidade defendida por Araújo e seus chefes do novo nacionalismo internacional.
Em sua época (1845), Marx já recusava o nacionalismo (em outro contexto): “a
nacionalidade dos trabalhadores não é francesa, não é inglesa, não é alemã, mas
o trabalho, a escravidão livre, a barganha de si mesmo. O seu governo não é francês,
não é inglês, não é alemão, é o capital. A sua atmosfera natal não é francesa, não é alemã,
não é inglesa, é a atmosfera da fábrica. O solo que lhes pertence não é francês, não é
inglês, não é alemão, mas a cova alguns metros abaixo do solo.”29 Não se trata, porém,
de uma recusa abstrata da “comunidade”, mas de uma particular forma ideológica que
ofusca as fissuras sociais reais. Um ano antes, ao analisar o trabalho alienado, Marx
criticava esta forma histórica da atividade vital humana não apenas por separar o
trabalhador do seu produto, do seu processo de trabalho e da natureza, mas também por
separá-lo do seu ser-genérico (Gattunswesen), o que hoje chamaríamos de
“humanidade”, a comunidade humana. Aqui, porém, a comunidade não é uma ideologia
ou mito, mas é ancorada na atividade vital interdependente da espécie, que é negada e
pervertida pela sociedade da mercadoria.30 Daí referir-se repetidamente à realização
dessa comunidade, por exemplo, no Manifesto: “em lugar da antiga sociedade burguesa,
com suas classes e antagonismos de classes, surge uma associação na qual o livre
desenvolvimento de cada um é a condição para o livre desenvolvimento de todos”.31

Nos Grundrisse, onde registrou a sua exaustiva investigação que resultou em O


capital, lê-se na conclusão (o capítulo sobre o valor): “A troca não começa entre os
indivíduos no interior de uma comunidade, mas ali onde as comunidades terminam –
em sua fronteira, no ponto de contato entre diferentes comunidades.”32 Aqui, em Marx,

28 Ver Colletti (1969), p. 410-ss.


29 Marx 1845; livre tradução minha.
30 Ver Marx (2004), 79-90.
31 Marx (1998/1848), 59, ênfase minha.
32 Marx (2011/1858), 1220.

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se conceitua a dissolução da comunidade na sociedade produtora de mercadorias, que


internaliza essa fronteira até o nível do indivíduo. A mercadoria, por sua vez, abre O
capital, e neste capítulo de abertura Marx assevera que nesta sociedade predominam
“relações coisificadas entre pessoas e relações sociais entre coisas”. 33 Novamente aqui se
expressa a noção de que a comunidade se dissolve na sociedade da mercadoria. 34 Não se
trata de uma pura dissolução, no entanto; nenhuma sociedade se mantém coesa sem um
nexo social. Daí ser crucial o entendimento da continuidade entre a teoria da alienação
e a teoria do valor/fetichismo.35 É o valor que passa a ser o nexo social, a “comunidade
alienada” que faz a mediação cega entre os produtores privados, tanto quanto o Estado,
como exposto na Ideologia alemã, é a “comunidade ilusória”, a contraparte da
dissolução da comunidade em cidadãos privados (assim também se processando a
clivagem entre a esfera econômica e a esfera política).36 Toda a crítica política marxiana
volta-se, justamente, para o estabelecimento de uma comunidade humana universal
concreta (que admite diferenças ao não subsumi-las a um princípio universal-abstrato
como o valor). Mas essa comunidade só poderia ser estabelecida com uma forma distinta
de organização social, para além da forma-mercadoria. À diferença dos neonacionalistas,
porém, para Marx o capitalismo globalizante não é vilificado em abstrato: ele tem uma
“missão civilizatória”, de maneira que entre o “comunismo primitivo” e o comunismo
como comunidade futura do Gattunswesen ou “comunidade humana universal” haveria
uma fase de heteronomia (comunidade alienada) que estabeleceria as condições de
possibilidade para aquele comunismo futuro, o desenvolvimento das forças
produtivas.37

33 Marx (2013/1867), 207 (tradução modificada para preservar a continuidade entre sachliche e Sache).
34 Convém lembrar que no pensamento dialético, a conclusão do modo de investigação (capítulo sobre o
valor nos Grundrisse) abre o modo de exposição (primeiro capítulo d’O Capital). O capítulo de abertura
de O Capital, assim, ao invés de ser lido como um preâmbulo do que vem a seguir, como faz a maior
parte dos leitores marxistas tradicionais, deveria ser lido como uma conclusão, plenamente
compreensível apenas em uma segunda leitura do volume.
35 Ver Jappe (2014); Colletti (1992/1975)
36 Marx (2007), 37. Ver também Sobre a questão judaica (Marx (2010)). Para uma introdução da noção

de valor como nexo social, ver também Jappe (2006), 44-53.


37 Toda essa teorização da sociedade da mercadoria está presente na Escola de Frankfurt (Horkheimer,

Adorno, Marcuse) e no jovem Lukács da História e consciência de classe etc., que Araújo parece
identificar com um “marxismo cultural” divorciado da crítica da mercadoria. Já em Gramsci essa crítica
da mercadoria não parece presente. Ver Bösch (2015).

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A “onda” ideológica nacionalista, assim, também pode ser explicada a partir


dessa conceituação categorial da dissolução da comunidade. Pois se o nexo social
(alienado) é o valor, o valor agora entre em crise no atual estágio da composição orgânica
do capital, conforme prefigurado por Marx no Fragmento sobre as máquinas.38 O
tempo de trabalho socialmente necessário torna-se uma base mesquinha para as forças
de produção enormemente desenvolvidas pelo capital.39 O crescimento do
neonacionalismo de extrema-direita emerge de um fenômeno social objetivo (daí a sua
força), ocupando o espaço da anomia deixado pela decomposição do valor e deixado livre
por forças de “esquerda” mais preocupadas com política identitária e/ou gestão de crise,
e por seus déficits teóricos incapaz mesmo de conceituar essa anomia. É preciso também
apontar a dimensão estruturalmente antissemita das posições de Araújo. Trata-se do
padrão de glorificação do “concreto”, da “comunidade nacional”, do “trabalho” e da
vilificação do “abstrato”, do “cosmopolitismo”, das “finanças”. Como desvendado por
Moishe Postone, ambos os polos dessa antinomia são constitutivos do capitalismo, em
sua dialética peculiar de concreto e abstrato. Trata-se de uma crítica fetichista
(capitalista) do capitalismo, que ao fim necessita de uma teoria conspiratória para
manter-se em pé. O cosmopolitismo financeiro-cultural desalmado, então, é imputado a
um determinado grupo que deve ser combatido. Araújo parece substituir os judeus pela
“esquerda globalista”, desvelando o momento anticomunista paranoico da sua
ideologia.40

Assim, como o neonacionalismo não oferece e não propõe nenhuma mudança


na forma de organização social da sociedade produtora de mercadorias, o que se oferece
como alternativa à anomia só pode tomar a forma de um mito, literal e assumidamente:
“teopolítica”, “o Deus que age na história”. O mito que oferece à “nação” brasileira é
baseado nas navegações portuguesas como “grande ritual iniciático”, sendo o Brasil
“fruto supremo desse ‘mistério’ … de origem profunda e sagrada”. Desse mito, ficam
excluídos os negros (escravizados) e indígenas (dizimados). Aquela instituição social

38 Marx (2011/1858), 940-ss.


39Ver Kurz (2018) e Postone (2019).
40 Ver Postone (2008/1986) sobre o antissemitismo estrutural como anticapitalismo fetichista.

Lembrando que, para Adorno, o antissemitismo tem caráter funcional e independência relativa do
objeto. Ver Catalani (2018) sobre o anticomunismo bolsonarista como estruturalmente antissemita.
Ademais, se há uma “Internacional” ativa hoje, é a dos neonacionalistas comandada por Steve Bannon.

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originária que é realmente estruturante da sociedade brasileira – a escravidão – não é


jamais mencionada na mitologia de Araújo. Ademais, como mostrou Magalhães
Godinho, historicamente o objetivo dos portugueses era de início apenas a conquista
territorial do Marrocos (interesse da nobreza) e das rotas comerciais africanas de outro
e escravos (interesse da burguesia). Nem mesmo as Índias estavam no horizonte, sendo
a qualificação do Brasil como “destino manifesto” das navegações, verdadeiramente um
mito.41

Nesse contexto ideológico, um elemento importante em Araújo e na ideologia


neonacionalista em geral é o negacionismo climático. Essa é uma tendência marcante na
nova extrema-direita mundial, a tal ponto que historiador francês Jean-Baptiste Fressot
pergunta se se trata de um “carbofascismo”, tal a regularidade com que se defende a
queima de combustíveis fósseis e a derrubada de florestas.42 Araújo apresenta uma
constrangedora teoria (que, de resto, não é originalmente sua, mas forjada nos meios da
extrema-direita dos EUA), segundo a qual a mudança climática é “basicamente uma
tática globalista de instilar o medo para obter mais poder”. “Esse dogma vem servindo
para justificar o aumento do poder regulador dos Estados sobre a economia e o poder
das instituições internacionais sobre os Estados nacionais e suas populações, bem como
para sufocar o crescimento econômico nos países capitalistas democráticos e favorecer
o crescimento da China”.43 Evidentemente, o sistema climático desmente a mitologia de
Araújo, e portanto só pode lhe parecer inadmissível. Não há fronteiras ou mitos
fundantes na atmosfera. A noção de que a queima de carvão na China afetará o Brasil e
a de que a derrubada da floresta amazônica afetará a China, numa comunhão material
promíscua entre o “Ocidente” e o “Oriente”, é intolerável para a sua visão de mundo que
o divide em “blocos civilizacionais”, separando a “civilização” da “natureza” como
abstração violenta.44 O sistema climático planetário é o desmentido material dessa
ideologia, já que ele, de fato, requer um Gattunswesen, uma comunidade universal, para
que seja tratado de maneira racional.45

41 Cf. Godinho (1944).


42 Fressot (2018).
43 Di Cunto et al (2018).
44 Sobre “Natureza” e “Sociedade” como abstrações a um só tempo reais e violentas, ver Moore (2015).
45 Para aprofundamento, ver meu texto Cunha (2015).

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Há algo a aprender com a ascensão do neonacionalismo de corte proto-fascista


e sua ênfase na “comunidade nacional”, mas isso não está em suas teorias propriamente
ditas, evidentemente. Antes, está no déficit que essas ideologias revelam na própria
política da “esquerda”. A esquerda que foca exclusivamente em pautas identitárias
(reificando a fragmentação real da comunidade universal) e distributivas (gerindo a
crise) deixa intacta a forma de produção e organização social no momento em que nexo
social mesmo (o valor) entra em crise. Essa ausência de um imaginário social para além
do valor que se proponha a pensar a realização da “comunidade universal”, cujas
condições de possibilidade já estão postas, deixa o caminho aberto para que ideologias
regressivas ganhem força e produzam catástrofes sociais de dimensões difíceis de
imaginar.46 Uma posição emancipatória, portanto, não se fixa nem na “comunidade
nacional” e nem no globalismo da mercadoria, mas articula a comunidade universal
concreta que existe como ainda-não na (e para além da) interdependência mercantil
global.

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