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Alta demanda chinesa faz disparar preço dos alimentos


em todo o mundo, não só no Brasil
Após vários anos de queda, especialistas preveem que a tendência global de
alta, já sentida pelos brasileiros, irá se acelerar no futuro próximo

LUIS DONCEL

Madri - 16 DEC 2019 - 15:01 BRT

Frigorífico em Seul, na Coreia do Sul. JEON HEON-KYUN / EFE


O mundo se acostumou a pagar pouco para se alimentar. Após anos de comida barata, o
índice de preços alimentícios da FAO (órgão da ONU para a alimentação e agricultura)
alcançou em novembro seu auge dos dois últimos anos, impulsionado pela carne (afetada
pela peste suína na China) e o óleo de cozinha. Mas o fenômeno não acaba aqui. Um relatório
do banco Nomura alerta que a era dos alimentos a preços baixos poderia chegar ao fim por
causa da elevação da demanda e de restrições à oferta que impulsionarão os custos nos
próximos anos. “Parece que se chegou a um ponto em que os preços já não são sustentáveis
para os produtores”, resume Denis Drechsler, da FAO.

Os alimentos há anos estão sendo vendidos a mínimos históricos. Ao


analisar a tendência desde 1902 até agora, os preços em termos reais —ou
seja, descontando o efeito da inflação— estariam 45% abaixo da média
dos últimos 120 anos. Mas algo está mudando nos mercados mundiais.
Uma mistura de tendências de fundo e de causas conjunturais aquece o A demanda
chinesa que
mercado, até alcançar em novembro passado seu maior nível em dois
ameaça o
anos. jumento
brasileiro

A carne está especialmente cara, com uma oferta em queda por causa da
peste africana que assola o rebanho suíno chinês. No Brasil, conforme
noticiou o EL PAÍS, o fenômeno transformou o alimento em produto de
luxo. Segundo a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA), o preço da carne teve alta de 8,09% em
novembro, o maior impacto individual na inflação geral (de 0,51%).
China e
Bolsonaro
De acordo com o índice da FAO, é preciso remontar a 2014 para encontrar transformam a
carne em
a carne custando tão caro no mundo. Também sobem os óleos,
produto quase
especialmente o de palma. Os analistas advertem que esse coquetel de luxo no
ameaça provocar uma espiral de preços. Brasil

Denis Drechsler, responsável pela Divisão de Comércio e Mercados da


FAO, aponta as incertezas nos mercados como um dos fatores que explicam a alta. Por um
lado, influi o maior apetite por proteínas em países em vias em desenvolvimento. A demanda
cresce não só na China, mas também na África e América Latina.

Enquanto os pedidos sobem, a oferta se retrai. O surto de peste africana decretado pela
China no ano passado atingiu o mercado com força: obrigou a sacrificar milhões de animais
e fez disparar a demanda por carne de porco no resto do mundo. O impacto vai além, porque
também impulsionou a demanda por outros produtos de origem animal. “Os consumidores
chineses querem carne. E se não houver porco, procurarão alternativas como o frango,
[outras] aves e a carne bovina”, explica Drechsler.

O aquecimento global gera episódios climáticos cada vez mais


extremos. Até agora tivemos a sorte de que os desastres naturais não
tiveram um grande impacto na agricultura, mas há um risco
crescente de que estes desastres afetem os países produtores

ROB SUBBARAMAN, CHEFE DE PESQUISA GLOBAL NO NOMURA

Além desse fator conjuntural, os analistas detectam tendências de mais longa duração.
“Preparem-se para a próxima alta nos preços da comida”, diz o título de um relatório
publicado há um mês pelo departamento de análise do Nomura. “Desde 2010, os preços
vinham numa tendência de baixa. Mas há riscos, aos quais por enquanto não se deu a devida
atenção, de uma alta que poderia se prolongar por vários anos”, diz Rob Subbaraman, autor
do relatório, falando por telefone de Cingapura.

Além da maior demanda, os analistas do banco de investimento japonês apontam a


mudança climática como uma das grandes perturbações no mercado internacional dos
alimentos. “O aquecimento global gera episódios climáticos cada vez mais extremos. Até
agora tivemos a sorte de que os desastres naturais não tiveram um grande impacto na
agricultura, mas há um risco crescente de que estes desastres afetem os países
produtores”, continua Subbaraman, chefe de Pesquisa Global no Nomura.

Outros fatores que explicam as tensões pelo lado da oferta são a falta de investimentos no
setor agrícola nos últimos anos —por causa justamente dos preços baixos dos últimos anos
— e a crescente demanda por carne, um setor que exige grandes extensões de terra e
quantidades de água —a qual é retirada, portanto, do cultivo de outros produtos. A guerra
comercial iniciada pelo Governo de Donald Trump joga mais lenha na fogueira das
incertezas.

“Vemos pistas de que os preços globais dos alimentos poderiam começar a subir em breve:
da peste suína africana na China aos incêndios catastróficos na Austrália, passando pelo
aumento do preço da cebola na Índia”, resume o relatório do banco japonês. A FAO prefere
não fazer previsões, mas admite os riscos da situação atual. Frente ao alarmismo, o
especialista Denis Drechsler insiste em contextualizar a atual elevação dos preços: "Alcançar
o nível máximo nos dois últimos anos pode assustar, mas é preciso recordar que estamos
em preços mínimos do ponto de vista histórico. Não vemos uma crise iminente”.

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