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Universidade Estadual do Piauí

Curso: Bacharelado em Direito – Bloco X


Disciplina: Direito da Criança e do Adolescente
Professor: Cristiano Roberto Brasileiro da Silva Passos
Acadêmico: João Emílio Guedes de Souza

Família natural, família substituta (guarda, tutela e adoção) de acordo com o estatuto da
criança e do adolescente (eca), crimes contra a criança e o adolescente

CORRENTE-PI
Dezembro - 2019
FAMÍLIA NATURAL, FAMÍLIA SUBSTITUTA (GUARDA, TUTELA E ADOÇÃO) DE
ACORDO COM O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA), CRIMES
CONTRA A CRIANÇA E O ADOLESCENTE

O Estatuto da Criança e do Adolescente reconhece a existência de três espécies de


família: a natural, a extensa e a substituta.
a) família natural: assim entendida a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus
descendentes (art. 25, caput, ECA).
b) família extensa: aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do
casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém
vínculos de afinidade e afetividade (art. 25, parágrafo único, ECA).
c) família substituta: para a qual o menor deve ser encaminhado de maneira excepcional, por
meio de qualquer das três modalidades possíveis, que são: guarda, tutela e adoção.
Art. 28, ECA: A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou
adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta
Lei.
Colocação de crianças e adolescente em família substituta
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê três hipóteses diferentes de espécies de
família, as quais são: família natural, família extensa e família substituta. A família natural é
compreendida como aquela formada pelos pais ou qualquer um deles e seus descendentes, está
prevista no artigo 25 caput do ECA, a família extensa compreende a extensão para além da
unidade entre pais e filhos, é formada por parentes próximos com os quais a criança ou o
adolescente mantém convivência e cria vínculos de afetividade e afinidade, está prevista no
artigo 25 parágrafo único do ECA, e a família substituta a qual é o objeto deste artigo é aqueles
que traz para dentro do ambiente familiar uma criança ou adolescente que tenha sido
desprovido de sua família natural, seja qual for o motivo, para tornar-se integrante da mesma,
promovendo o seu desenvolvimento garantindo a sua proteção integral, está prevista no artigo
28 do ECA, e é uma maneira excepcional de acolhimento do menor, por tanto este passará a ser
membro desta família que a acolheu solidariamente.
A Declaração Universal dos Direitos da Criança afirma que para garantir o
desenvolvimento completo e harmonioso da personalidade deste ser é necessário amor e
compreensão, e em todas as hipóteses ser criado em um ambiente de afeto e segurança material
e moral, assim ele poderá crescer e se tornar um cidadão que vive e respeitas a moral e os bons
costumes da sociedade. Nessa mesma linha a constituição brasileira e o estatuto garantem que
toda criança e adolescente tem direito à convivência familiar, pressupondo ser o local onde se
encontrará amor, respeito, compreensão e segurança.
A excepcionalidade da formação da família substituta se dá pelo raciocínio que a criança
será criada pela sua família natural, mas por haver casos de existência de uma família
disfuncional, que ao notório entender jurídico, significa relativamente que o núcleo familiar não
está atendendo as necessidades exigidas para a formação saudável de um futuro cidadão, sejam
elas emocionais, físicas ou até mesmo intelectuais, o que a transforma em uma entidade
inadequada para desempenhar o seu papel na função de criar um pessoa de bem com todos os
seus direitos fundamentais garantidos. Assim, entende-se como objetivo da família substituta
suprir os encargos diretamente ligados a maternidade e a paternidade, significando em tese
cumprir todos os deveres dos pais naturais, incluindo resguardar e diminuir as influências
sofridas pelo desamparo e abandono.
Com o advento das normas constitucionais de 1988 houveram bruscas alterações da
maneira de se analisar as famílias, modernizando principalmente a sua formação, o que só era
possível, perante o Código Civil de 1916, com o casamento. Posteriormente tivemos o Estatuto
que prevê necessariamente para o Estado o dever de proteger a família, com a principal
finalidade de garantir que os menores tenham direito a convivência familiar e comunitária. A
Lei Maior estabeleceu a igualdade entre os sexos, os filhos naturais e os adotivos, trazendo
assim a sociafetividade para tal situação jurídica, pois trata a família como a base da sociedade,
explicando assim a necessidade de uma completa proteção estatal. A convivência familiar está
diretamente ligada com o cumprimento dos direitos e garantias fundamentais previstas no
ordenamento jurídico brasileiro, sendo eles: direito à vida, à saúde, à alimentação, à liberdade,
ao respeito e à dignidade, à convivência comunitária, à educação, à cultura, ao esporte e ao
lazer, à profissionalização e proteção do trabalho.
Conceituar o instituto familiar é tarefa intrinsecamente uma relação subjetiva e
classificada por um parte clássica da doutrina como uma instituição jurídica criada e regida por
influências sociais, formada por pessoas as quais possuam laços ou vínculos afetivos ou de
afinidade, ou mesmo consanguíneos (como é o caso da família natural), não possuindo então
uma personalidade jurídica e nem uma capacidade de usufruir direitos e contrair obrigações,
pois todos os direitos imateriais atribuído a ela nada mais são do que direitos subjetivos a cada
membro da família.
É, pois, na família que ocorrerá os primeiros contatos da criança com a sociedade,
partindo dessa premissa está estampado no primeiro artigo da Carta Magna o princípio da
dignidade da pessoa humana, persistindo no entendimento de garantir que toda criança e
adolescente deverá ser criada no seio de uma família, seja ela natural, ou como medida extrema,
substituta. Sendo escolhida aquela que melhor couber a situação do menor para garantir a sua
proteção e garantia dos seus direitos fundamentais.
O extinto Código de Menores já previa a colocação de crianças e adolescentes em
famílias substitutas, pois estabelecia modalidades para esse feito, sendo elas: guarda, tutela,
delegação do pátrio poder, adoção simples e adoção plena. O que também permaneceu no
estatuto foi o fato de ser essa uma medida com natureza jurídica de proteção, e a sua
peculiaridade de ser excepcional.
A principal finalidade funcional das medidas de colocação da criança ou adolescente
em família substituta é a garantia de que haja um desenvolvimento saudável e promissor deste
em um ambiente familiar ligado consequentemente a sua reintegração à sociedade, já que a
família natural falhou neste requisito. A família a qual o menor será inserido deverá ser capaz
de cumprir a necessidade de retirá-lo da situação de risco em que se encontra, caso os seus
familiares não tenham capacidade para cumprir tarefa imposta pelo ordenamento jurídico, ele
será inserido em uma família substituta que trouxer maior vantagem para a garantia dos seus
direitos. Essa análise de capacidade é feita a partir de uma avaliação psicossocial, haja vista que
o seu resultado indicará o destino do menor, sendo mencionada principalmente a personalidade
a pessoa que pretender obter a responsabilidade quanto a criação da criança ou do adolescente.
A colocação de crianças e adolescente em famílias substitutas compreende 03 (três)
modalidades: guarda, tutela e adoção. Esse artigo tem o intuito de abranger estudos e conceituar
acerca da matéria exposta, estudando cada uma em suas peculiaridades.

Guarda
A modalidade de colocação em família substituta na qual explanaremos neste capítulo
destina-se a uma regularização da convivência de fato da criança ou do adolescente com o
guardião. Das espécies de modalidades é a mais simples e usual; está prevista a partir do artigo
33 e ss do ECA:

Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e


educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de
opor-se a terceiros, inclusive aos pais. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida,
liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no
de adoção por estrangeiros.
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela e adoção,
para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou
responsável, podendo ser deferido o direito de representação para a prática de
atos determinados.
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para
todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários.
§ 4o Salvo expressa e fundamentada determinação em contrário, da autoridade
judiciária competente, ou quando a medida for aplicada em preparação para
adoção, o deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros não
impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de
prestar alimentos, que serão objeto de regulamentação específica, a pedido do
interessado ou do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Vigência

O tipo de guarda em questão difere da guarda que se atribui aos pais previstas pelo
Código Civil de 2002. Essa, assim como todas as normas do ECA buscam em primeiro lugar o
bem-estar, o superior e o melhor interesse do menor.
A competência para julgar e processar as ações de guarda como medida de proteção são
da Vara da Infância e Juventude, e pode ser deferida de forma liminar ou incidental, desde que
se limite a considerar o melhor e superior interesse do menor.
O instituto de modalidade, guarda, permite ao guardião lega, não só as obrigações
impostas pelo artigo acima mencionado, mas também, permite que ele possa opor-se a terceiros,
inclusive se esses terceiros forem os pais. Mas ao contrário das outras formas colocação em
família substituta diferencia-se da tutela e da adoção pelo fato de que não precisa
necessariamente pressupor a destituição ou suspensão do poder familiar, aquele de posse da
família natural. Essa hipótese também confere ao menor uma condição de dependente, para
qualquer fim de direito.
No Ordenamento Jurídico Brasileiro estão previstas 03 (três) tipos de guarda: peculiar,
permanente e provisória. A guarda provisória se subdivide em duas outras, liminar ou
incidental, e é possível apenas para os casos de tutela e de adoção nacional, impossibilitando
juridicamente a guarda provisória nos casos de adoção internacional, essa hipótese está prevista
nos parágrafos primeiro e segundo do artigo 33 já mencionado neste trabalho. A guarda
permanente está para atender algumas situações onde não se colocar as modalidade de tutela ou
adoção, porém a doutrina diverge ao fato de sustentar o entendimento de que esse tipo de guarda
já não mais existe em nosso ordenamento, data vênia se confrontado esse entendimento a Carta
Magna é visível a sua possibilidade existência, sim pois, ela é uma medida de cunho perene. A
guarda peculiar é a hipótese que inovou o ordenamento ao ser trazida pelo estatuto, e busca
apenas um suprimento de uma falta eventual dos pais.
A guarda pressupõe a aquele que a possui uma outorga sobre o direito de representação
do menor, o que antes era privativo do curador especial e do tutor, além das já mencionadas
obrigações sobre a prestação de assistência educacional, moral e material ao menor.
A maior vantagem da guarda frente aos outros institutos de colocação em família
substituta é que pode ser protelada de ofício pelo juiz, sendo uma maneira mais rápida e menos
burocrática, isso se dá porque é um instituto provisório, requerendo sempre que caso o menor
seja considerado capacitado deverá ter a sua vontade ouvida e analisada pelo magistrado antes
de declarada a decisão judicial.
A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, por decisão fundamentada do
magistrado ou por requerimento do Ministério Público.

Tutela
A tutela está restringida diretamente as hipóteses casuísticas de que os pais sejam
desconhecidos, estejam destituídos do poder familiar ou estejam falecidos. O que ocorre com
frequência é a postulação desse instituto pela facilidade de obter os direitos previdenciários.
Vale salientar que mesmo o genitor estando desaparecido não se aplicará a tutela e sim a guarda,
prevendo não haver uma sentença de ausência, pois somente após esta ser decretada é que a
tutela poderá ser postulada.
O que fundamenta esse entendimento é o caso de que essa medida pressupõe o
envolvimento de todos os poderes de representação. Em caso de vários parentes postulando a
tutela do menor o Código Civil estabeleceu uma ordem de preferência o caso de ausência de
um tutor testamentário, porém essa ordem poderá ser quebrada caso não seja verificado o
melhor e superior interesse do menor.
A vedação na tutela persiste ao caso de emancipação do tutelado ou usufruir dos bens
do menor. Porém a principal diferença está no fato de existir sob constante intervenção do poder
judiciário, pois é exercida aos olhos do magistrado, e deve o tutor ao fim de cada período,
estipulado pelo Código Civil de 2002, de 02 (dois) em 02 (dois) anos, prestar contas ao que
refere-se ao patrimônio do tutelado.

Art. 1.757. Os tutores prestarão contas de dois em dois anos, e também quando,
por qualquer motivo, deixarem o exercício da tutela ou toda vez que o juiz
achar conveniente.
Parágrafo único. As contas serão prestadas em juízo, e julgadas depois da
audiência dos interessados, recolhendo o tutor imediatamente a
estabelecimento bancário oficial os saldos, ou adquirindo bens imóveis, ou
títulos, obrigações ou letras, na forma do § 1o do art. 1.753.

A tutela, assim como a guarda, possui caráter temporário, pois estende apenas até o
término do período desse instituto, data vênia que o tutor não é obrigado a ter a posse da tutela
sobre a tutela por período superior a dois, segundo o Código Civil de 2002, em seu artigo 1765,
mas caso o MM. Decidir poderá ser estendida.

Art. 1.765. O tutor é obrigado a servir por espaço de dois anos.


Parágrafo único. Pode o tutor continuar no exercício da tutela, além do prazo
previsto neste artigo, se o quiser e o juiz julgar conveniente ao menor.

Adoção
O instituto da adoção, diferentemente das outras modalidades de colocação do menor
em família substituta foge à regra da temporariedade e é definitiva, pois extinto o poder familiar
é incluso a extinção também de todos os parentes consanguíneos, com exceção apenas para os
impedimentos para o casamento. Isso acontece porque são estabelecidos novos vínculos de
parentesco entre o adotado e o adotante, como também com a família e os parentes dos
adotantes.
Nesse sentido, com extinto o poder familiar dos pais, o adotante assume o poder familiar
completo do adotado, incluindo a modificação do nome dos genitores no Registro de
Nascimento do adotado. O renomado doutrinador e jurista no âmbito do direito civil, Cáio
Mário Pereira da Silva Pereira, entende a adoção como sendo um ato jurídico, perfazendo a
ideia de que é o modo pelo qual uma pessoa recebe outra como filho. Com o advento das normas
constitucionais de 1988 foi extinta qualquer diferença imposta entre os filhos naturais e
adotados, sendo assim, eles gozam dos mesmos direitos. E para garantir que não haja qualquer
resignação discriminatória desse sentido é vedada qualquer averbação ou coisa do tipo no
registro público que identifique o fato de uma pessoa ter sido adotada. Isso também inclui o
direito sucessório.
Ao que se refere as regras de adoção, vale salientar que somente pessoas maiores de 18
(dezoito) anos podem adotar, desde que respeitem a diferente de idade de 16 anos entre adotado
e adotante. Não importa se a pessoa for solteira ou casada ou que convivam em união estável,
o importante é provar uma estrutura familiar capaz de oferecer o melhor para o menor e garantir
a proteção dos direitos fundamentais para a criança ou adolescente. Também é possível a
adoção por casais homoafetivos, pois também constituem família como qualquer outra pessoa,
esse preceito decorre diretamente do princípio da Dignidade da pessoa Humana, da Igualdade
das entidades familiares e do melhor e superior interesse do menor.
A vedação para adotar está para os menores de 18 (dezoito) anos, aqueles que não
possuírem um ambiente familiar adequado ao desenvolvimento saudável da criança ou do
adolescente, aos avós, que são proibidos de adotar seus netos, e aos irmãos, conforme veda o
artigo 42 do Estatuto. Salientando também ser vedada a doção de nascituro devido a Convenção
Internacional de Haia.

Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do


estado civil. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando.
§ 2º A adoção por ambos os cônjuges ou concubinos poderá ser formalizada,
desde que um deles tenha completado vinte e um anos de idade, comprovada
a estabilidade da família.
§ 2º Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados
civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família.
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o
adotando.
§ 4º Os divorciados e os judicialmente separados poderão adotar
conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas, e
desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância da
sociedade conjugal.
§ 5º A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca
manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de
prolatada a sentença.
§ 4 º Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem
adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de
visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância
do período de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de
afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a
excepcionalidade da concessão. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
Vigência
§ 5º Nos casos do § 4o deste artigo, desde que demonstrado efetivo benefício
ao adotando, será assegurada a guarda compartilhada, conforme previsto no
art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil. (Redação
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 6º A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca
manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de
prolatada a sentença.

Com o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente lei nº 8.069 de 13 de Julho de


1990 ficou vedada a hipótese de existir adoção por procuração no Brasil, visto que adotar é um
ato personalíssimo, sendo imprescindível a existência de um processo judicial para analisar e
assegurar o melhor e superior interesse do menor, feito através de um acompanhamento
criterioso realizado por uma equipe técnica multidisciplinar e condicionado a uma chancela
judicial, a qual estabelecerá uma filiação e uma paternidade entre adotante e adotado.
Como já mencionado neste artigo é um ato excepcional de forma irrevogável. É exigida
também a anuência do cônjuge ou companheiro quando não ambos não estejam pleiteando
juntos o processo de adoção.
Existe também um Cadastro de Habilitação Nacional ao qual todos aqueles que desejem
adotar devem estar inscritos, a única exceção para a exigência dessa inscrição está nos casos
em que já tenham um vínculo de afetividade e afinidade entre o adotado e adotante.
Com as inovações no ordenamento jurídico é ilegal a “adoção à brasileira” – aquela em
que os adotantes de dirigem ao cartório e registram o adotado como filho biológico.
Adoção póstuma ocorre quando durante o procedimento judicial o adotante vem a
falecer, porém o processo será concluído com mérito quando não tenha restado a clara
manifestação da vontade do de cujus no sentido de constituir o ato jurídico, esse tipo está
previsto no artigo 42 em seu § 6º do ECA:

Art. 42 § 6º A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca


manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de
prolatada a sentença.

Nos casos de adoção por estrangeiros, a legislação nacional versa que o interessado em
adotar que resida fora das fronteiras do Estado Brasileiro deverá ser devidamente representado
por uma entidade brasileira habilitada, sendo vedada a doção realizada de forma direta pelo
interessado. O pretenso adotante somente poderá adotar aquelas crianças que não foram
adotadas previamente pelos residentes no Brasil.

CRIMES E PENAS TIPIFICADOS NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

ART. 230, ECA:


A apreensão ilegal se dá quando não houver flagrante de ato infracional ou quando não
houver ordem judicial de apreensão.
Pode haver também o caso de apreensão sem as formalidades legais, significa que a
apreensão é legal, mas são inobservadas as formalidades legais na sua formalização.
Se ocorrer a privação da liberdade da vítima, por qualquer outra forma que não seja a
apreensão, haverá o crime de sequestro ou cárcere privado.
É um crime comum. Pode ser praticado por qualquer pessoa; o elemento subjetivo é o
dolo. Não se pune a forma culposa dessa conduta; consumação se dá com a privação da
liberdade da vítima; a tentativa é perfeitamente possível. Haverá quando o agente não conseguir
privar ilegalmente a liberdade da vítima.

ART. 231, ECA:


Tem origem na Constituição Federal. Esta impõe um duplo dever de comunicação:
comunica ao juiz e comunica à família ou pessoa indicada pelo infrator.
Tal comunicação tem que ser imediata. Não é em 24 horas; o atraso na comunicação,
sem justa causa, configura o crime; deve ser comunicado o juiz competente. Se o delegado,
propositalmente, comunica a juiz incompetente para retardar o controle judicial, responde pelo
crime.
Sujeito ativo do crime é a autoridade policial responsável pela apreensão (delegado). Se
outros policiais realizam a apreensão e deixam de comunicar ao juiz, eles já estarão incorrendo
no crime do art. 230.
Esse crime é punido com dolo. Não há forma culposa. Se o delegado, por esquecimento,
não comunicou ao juiz, não há crime; a consumação se dá com a simples omissão na
comunicação. E a tentativa não é possível porque é crime omissivo puro ou próprio.

ART. 233, ECA:


Esse artigo foi expressamente revogado pela Lei de Tortura (Lei 9.455/97). Portanto,
hoje, tortura contra criança ou adolescente não configura crime do ECA, configura crime da
Lei de Tortura com aumento de pena de 1/6 a 1/3.

ART. 237, ECA:


Subtrair criança é retirá-la do responsável sem autorização (ou sem conhecimento dele).
Só haverá o crime se a vítima for subtraída de quem lhe tenha a guarda em virtude de
lei ou de ordem judicial. Se a vítima tem apenas a guarda de fato da criança (a tia que cria a
criança, por exemplo), não haverá este crime.
Esse tipo penal exige uma finalidade específica. É o elemento subjetivo do tipo, qual
seja, a finalidade de colocar a vítima em lar substituto. Esse crime só se configura se a subtração
for acompanhada dessa finalidade específica. Caso a subtração não tenha a finalidade de colocar
a vítima em lar substituto, haverá o crime de subtração de incapazes do art. 249, do CP –
Subtrair menor de 18 anos ou interdito ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de
lei ou de ordem judicial.
Interessante saber: não cabe perdão judicial nesse crime do ECA, embora cabível perdão
judicial na subtração de incapazes do CP. Isso porque no CP há uma previsão de perdão judicial.
No ECA, não há. E o perdão judicial é uma causa extintiva da punibilidade que só é cabível nos
casos expressamente previstos em lei.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa que não tenha a guarda legal ou judicial do
menor, inclusive o próprio pai ou a mãe, tutor, ou curador.
A consumação se dá com a subtração da vítima com a finalidade de colocá-la em lar
substituto, mesmo que essa colocação não seja efetivada. A tentativa é possível quando o
infrator sequer consegue subtrair a criança de quem detém a sua guarda.
O sujeito passivo (vítima), além da criança e do adolescente é também quem tem a
guarda dela.

ART. 239, ECA:


Esse crime é chamado pela doutrina de tráfico internacional de criança e de adolescente.
As condutas são duas: promover ou auxiliar na efetivação de ato destinado ao envio da vítima
para o exterior: 1) Sem as formalidades legais ou 2) Com o fito de lucro.
Na primeira hipótese (sem as formalidades legais) não há necessidade de intenção de
lucro. Ou seja, o envio gratuito configura crime, pois o crime consiste em não observar as
formalidades legais.
O crime será qualificado se o ato destinado ao envio foi praticado com violência
(violência aqui é violência física) exercida contra a própria criança ou contra terceiros (contra
o pai, por exemplo). Também se o ato foi cometido com grave ameaça ou com fraude. A pena
será de reclusão de 6 a 8 anos, além da pena correspondente à violência. Portanto, se houver
violência, o infrator vai responder pelo crime do art. 239 mais o crime correspondente à
violência em concurso material necessário ou obrigatório.
Sujeito ativo: qualquer pessoa, inclusive os próprios pais ou familiares da vitima. O
elemento subjetivo do crime é o dolo. Lembrando que na segunda hipótese (com o fito de lucro),
é o dolo acrescido da finalidade específica de lucro.
Consumação e tentativa – a consumação do crime se dá com a efetivação do “ato
destinado a” enviar a vítima para o estrangeiro. Ainda que a vítima não seja enviada. O
encaminhamento efetivo da vítima para o estrangeiro é exaurimento de crime já consumado;
No caso da finalidade de lucro, também não é necessária a obtenção do lucro para o crime estar
consumado. Basta a finalidade de lucro; É possível a tentativa quando o crime for
plurissubsistente (a conduta puder ser fracionada em vários atos).

ART. 240, ECA:


O art. 240 mudou todo pela conhecida Lei da Pedofilia. Vejamos como ficou:
Condutas: Produzir, Reproduzir, Dirigir, Fotografar, Filmar ou por qualquer outro meio
registrar.
Objeto Material do Crime: Cena de sexo explícito ou pornográfica.
Elemento Normativo do Tipo: “Envolvendo criança ou adolescente”
Pena:Reclusão de 4 a 8 anos + multa
Condutas Equiparadas:
1- Agenciar, facilitar, recrutar, coagir ou de qualquer modo intermediar a participação da
vítima nas cenas.
2- Contracenar com a criança ou adolescente
Elemento subjetivo – Dolo. Esse crime não exige finalidade de lucro, mas na redação
anterior, a finalidade de lucro era qualificadora caso existisse. A doutrina vem dizendo: a
finalidade de lucro agora deve ser considerada circunstancia judicial desfavorável, dosada na
pena-base.
Consumação e tentativa – Consumação se dá com a prática de qualquer uma das
condutas do tipo e aí incluídas as condutas equiparadas. Trata-se de crime de perigo abstrato e
formal. E a tentativa é perfeitamente possível.

ART. 241, ECA:


Condutas: Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro (v.g. DVC, pendrive)
contendo as cenas
Objeto Material do Crime: Fotografia, vídeo ou outro registro contendo as cenas.
Pena: Reclusão de 4 a 8 anos + multa
Condutas Equiparadas: Revogado
Formas Qualificadas: Revogado

ART. 243, ECA:


Elemento normativo do tipo – Sem justa causa. Só existe esse crime se a conduta for
praticada sem justa causa, leia-se, sem um motivo justificado. Exemplo: ministrar remédio em
criança doente não é crime. Ainda que seja um remédio que possa causar dependência. A
conduta, nesse caso, não é sem justa causa.
Objeto material – Produtos cujos componentes possam causar dependência física ou
psíquica. Não precisa a substância causar. Basta que um componente apenas da substância
possa causar dependência física ou psíquica.
Se essa substancia que causa dependência for droga, da Portaria 344/98, haverá crime
de tráfico de drogas. O preceito sancionador é bem claro: se o fato não constitui crime mais
grave. Portanto, esse art. 243 é um crime subsidiário.
A tentativa é perfeitamente possível. Tentar vender, tentar ministrar são exemplos.

ART. 244-A, ECA:


A conduta é submeter (impor coativamente ou moralmente) a vítima à prostituição ou à
exploração sexual.
Prostituição: são atos sexuais habituais com finalidade de lucro.
Exploração sexual: são atos sexuais isolados com finalidade de lucro.
Na prostituição, portanto, o crime é habitual, na exploração sexual, não.
Se a prostituição ou exploração ocorrerem em estabelecimentos comerciais, lícitos ou
ilícitos, também responderá pelo crime o proprietário, o gerente ou responsável pelo
estabelecimento.
Elemento subjetivo do crime – Dolo. Não existe a forma culposa.
Consumação e tentativa – A consumação se dá com a simples submissão da adolescente
ou criança à prostituição ou exploração, não se exigindo que haja prejuízo à formação moral
dela. Portanto, estamos diante de um crime formal. A tentativa é possível no caso da exploração
sexual, visto que a prostituição é é crime habitual e não admite tentativa.

ART. 244-B, ECA:


Esse era o crime de corrupção de menores da Lei 2.252/54 (expressamente revogada) e
agora configura crime do art. 244-B, do ECA. O tipo penal ficou idêntico.
Sujeito passivo desse crime – Menor de 18 anos. Mas, para grande parte da doutrina é o
menor de 18 anos ainda ano corrompido. Não é possível corromper alguém que já está
corrompido. Se o menor já está corrompido, haverá crime impossível por absoluta
impropriedade do objeto. A vítima, no entanto, não precisa ficar corrompida para que o crime
seja consumado. Basta que o maior pratique infração penal com ele ou o induza a praticá-la.
Esse crime é um tipo penal de forma vinculada. Ou corrupção de forma vinculada. Isso
porque a corrupção ou possibilidade de corrupção do adolescente se dá quando o infrator pratica
infração penal com a vítima ou induz a praticá-la.
O tipo penal fala: “com ele praticando infração penal”. Essa expressão abarca tanto o
crime quanto a contravenção.
O elemento subjetivo é o dolo, ou seja, não existe a forma culposa desse crime.
Esse crime é material ou formal? Corrente amplamente majoritária no STF e no STJ: O
crime é formal, ou seja, o crime se consuma quando o infrator pratica a infração com o menor
ou o induz a praticá-lo, mesmo que ele não fique efetivamente corrompido (daí se dizer que o
crime é formal). “O crime é de perigo, sendo desnecessária a demonstração de efetiva
corrupção do menor.” (REsp 880795/SP – STJ: 2007)
Foram acrescentados os dois parágrafos ao art. 244-B que não tinham na Lei de
Corrupção de Menores.
§ 1º – Induzir o adolescente a praticar um crime por meio da internet ou praticar um crime com
ele por meio da internet também configura a infração. Isso não tinha na Lei 2.252 porque a lei
era de 1954.
§ 2º – Induzir o menor a cometer crime hediondo ou praticar um crime hediondo com o menor,
a pena da corrupção de menores é aumentada de 1/3. Isso também não tinha na Lei 2.252 porque
em 1954 não havia a Lei de Crimes Hediondos.

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