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2019 - 2020
Direito Empresarial
- Apontamentos –
Apresentação
Manual de estudo:
Manual das Noções Fundamentais – disponível no Campus Online
Constituição da República Portuguesa > 2005 sem anotações
Código Civil atualizado
Site da Procuradoria Geral (PGDL)
o Podemos consultar a última alteração dos diplomas
o Tem anotações de jurisprudência
Manual de estudo:
Manual das Noções Fundamentais – disponível no Campus Online
Manual do Prof. Manuel António Pita – Noções Fundamentais de Direito Comercial
Código Civil atualizado
Código das Sociedades Comerciais 2019
20 de Setembro
O que é o Direito?
Conjunto de normas jurídicas, de acatamento obrigatório, dotadas de coercibilidade. O seu não
cumprimento origina consequências, ao contrário do que acontece com as normas de trato social ou
com a normas religiosas, por exemplo. Existem mecanismos para garantir a sua aplicação. O Estado é
o responsável por fazer cumprir as normas jurídicas.
Estado
Composto por 3 elementos:
Povo – quem tem vínculo de cidadania, detentor do poder político. Existem pessoas que
vivem num determinado país, mas não tem cidadania – apenas fazem parte da população de
um Estado. É a Lei da Nacionalidade que define o Povo.
Território – definido pela CRP. A jurisdição do Estado é territorial. As normas jurídicas são
aplicadas apenas neste território. Há povos sem território, logo não podem ser considerados
“Estado”. Portugal é um Estado Nação antigo: não tem mais do que uma nacionalidade.
Poder Político – garante a coercibilidade da norma jurídica.
Funções do Estado:
Garantir a segurança
Garantir a justiça
Garantir o bem-estar
Direito Natural
É um conceito filosófico. Existem normas jurídicas intemporais. É invocado quando se fala em Direitos
Humanos, por exemplo. São leis que estão acima das leis dos homens. O Direito Natural é evolutivo.
O que pensamos hoje como normal, não o consideraríamos no séc. XII, por exemplo.
A Carta das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos Humanos é o documento que
podemos considerar mais aproximado ao Direito Natural, mesmo no nosso século. A Declaração
Universal dos Direitos Humanos é aplicada em Portugal diretamente através da CRP.
Por outro lado, o Direito Natural é desmentido pelo Direito Positivo.
Direito Positivo
É composto pelo que está em vigor. A legislação revogada já não é direito positivo.
A fonte de Direito que nos rege é a Lei.
Códigos
São uma tentativa de codificar várias normas relacionadas, para dar coerência ao direito aplicável.
O séc. XIX foi determinante para o nascimento dos grandes códigos (comercial, civil e penal). Tinham
o objetivo de durar para a eternidade.
Napoleão foi um grande impulsionador das grandes codificações.
23 de Setembro
Direito Privado
Normas jurídicas que regulam relações entre particulares, ou entre o Estado e os particulares, em
situações que o Estado atue sem poderes de autoridade. Na origem, todo o Direito privado era Direito
civil (ou direito privado comum. É o ramo principal do Direito Privado):
1. Direito Civil
a. Família
b. Sucessões
c. Reais
d. Obrigações
2. Direito comercial
3. Direito do Trabalho
Direito Público
Normas jurídicas que regulam relações do Estado e entidades públicas, desde que atuem com
poderes de autoridade. É a organização do Estado.
1. Direito Constitucional – as constituições surgiram para limitar o poder absoluto, garantir
direitos fundamentais e para separar os poderes legislativo, judicial e executivo (é o poder
que trava o poder). É a pedra basilar do direito público.
2. Direito Administrativo – regula relações jurídicas entre o estado e os particulares, apenas
quando o Estado está dotado de poderes de autoridade. O Direito Fiscal é um ramo do direito
administrativo. Assim como o Direito autárquico.
Norma Jurídica
Tem duas características: generalidade e abstração. A lei é geral e abstrata.
Geral – aplica-se a todas as pessoas que se encontram na situação retratada. A lei não é feita a
pensar em alguém em especial, mas feita para todos os que se encontrem naquela situação. Não
quer dizer que se aplique sempre na pluralidade. Pode ter apenas um destinatário. Ex: existem leis
para o Presidente da República (tem apenas 1 categoria de destinatário).
Abstrata – a situação pode ser descrita em abstrato, sem nada concreto. Ex: quem matar outrém é
punido, não estando previsto a forma como o faz.
27 de Setembro
Sanções
Consequência prevista na lei para o incumprimento de uma norma jurídica.
As normas imperfeitas são as que não determinam uma sanção para a sua violação.
Em Direito, um dever é uma obrigação; um poder tem carácter facultativo.
A violação de uma norma pode ter associada várias sanções.
Podem ser:
1. Punitivas
Para a violação de uma norma, está prevista uma punição.
A mais grave do sistema português é a privação da liberdade. Só é utilizada em crimes
graves. Há crime que geram multas (≠ coimas). A multa é uma sanção penal e só pode ser
aplicada pelos tribunais. [A coima é uma sanção administrativa]
Podem ser criminais, mas também podem ser acessórias. Ex: expulsão para um estrangeiro –
quando comete um crime em Portugal, é condenado por esse crime, e depois tem sanção
acessória de expulsão do país. [Não podem haver penas de período indeterminado, nem
perpétuas.]
[Responsabilidade civil pode ser contratual (quando não cumpro um contrato) ou extracontratual (ex:
seguros). Os contratos têm de ser cumpridos pontualmente [ponto por ponto])
2. Reconstitutiva
Uma sanção deve servir, quando possível, para reconstituir a situação que existia antes da
violação.
Ex: pagamento de dívidas, troca de produto defeituoso, etc.
Só é possível perante coisas e prestações de facto fungíveis (que podem ser substituídas por
outras iguais). Há prestações de facto que não são fungíveis / repetíveis (ex: obra de arte
danificada).
Execução específica – posso exigir a execução de um contrato, para que seja cumprido nos
termos do mesmo. Isto é dar eficácia real ao contrato.
Obrigação de facto negativo – desfazer algo para reconstituir a situação anterior.
3. Compensatória
Vamos compensar quando não podemos reconstituir a situação anterior à violação. A mais
comum é a pecuniária (indemnização). Ex: danos morais; morte.
4. Compulsória
A mais comum é o Direito de Retenção – só incide sobre a própria coisa que foi contratada
(ex: oficina só devolve o carro mediante o pagamento).
Pode ser pecuniária compulsória – pagamento de uma quantia por cada dia de atraso.
5. Preventiva
Previnem futuras violações. Ex: suspensões; apreensão da carta de condução.
Relação Jurídica
Qualquer relação social com relevância jurídica. Qualquer facto que seja juridicamente relevante é
uma relação jurídica. Pode ser continuada e prolongada. Mais do que relação, há factos na vida que
têm relevância jurídica.
Até o tempo:
basta chegarmos aos 18 anos para atingirmos a maioridade;
prescrição de um crime ao fim de x anos;
usucapião – apropriação de algo pelo decurso do tempo;
a intempérie pode ser um facto jurídico se estiver prevista num seguro.
04 de Outubro
Pessoas singulares:
Pessoas colectivas:
Também têm personalidade jurídica, que surge com a constituição da associação ou fundação.
Art. 158º CC – Associações: quando os associados as constituem por escritura pública; Fundações:
têm de ser reconhecidas pelo Estado.
Capacidade de exercício – têm sempre de ser representadas por pessoas, que são as que estão à
frente da associação, os corpos gerentes. Neste caso, o gerente não age por si, mas em
representação da associação, e os atos refletem-se na esfera jurídica da associação e não do
representante (como no caso dos menores e dos advogados, por exemplo). Os atos praticados são da
pessoa colectiva.
07 de Outubro
1. Direito de Propriedade
É o direito real máximo. Dá todos os direitos sobre uma coisa. O proprietário pode usar,
alienar, etc.
2. Direito de Uso
Ex: se eu alugar um carro detenho o direito de uso durante esse período, sem adquirir o
direito de propriedade. Não o posso vender.
3. Direito de Habitação
Ex: arrendamento. Existe um proprietário e um arrendatário
4. Direito de Superfície
Direito de utilizar um terreno para uma finalidade, durante um certo tempo. Ex: uma Câmara
Municipal cede um terreno a uma IPSS, para que construam uma associação por 20 anos, ou
mais.
5. Servidão de Passagem
6. Direito de Usufruto
Pode beneficiar dos rendimentos gerados pela coisa.
Propriedade ≠ Posse
A posse é uma situação de facto. Quando é que pode ser constituída de direitos? Com a usucapião,
por exemplo. Neste caso, a posse transforma-se em propriedade, desde que a coisa não seja
reivindicada pelo proprietário.
Infungível só pode ser realizada pelo devedor. Ex: se comprar uma obra de arte, não há outra.
Ato Jurídico – factos jurídicos que acontecem com a ação humana. Não necessariamente intencional
(ex de atropelar alguém por acidente).
Negócio Jurídico
É um ato jurídico intencionalmente dirigido para produzir efeitos. Podem ser:
a. Unilaterais (ex: testamento) – existe apenas uma manifestação de vontades;
b. Bilaterais - ex: contrato:
a. No geral rege-se pelo Princípio da Liberdade Contratual (art. 405º CC), desde que
não seja contrário à lei (art. 280º e ss CC)
b. Em especial, a lei regula: a compra e venda, o trabalho e as sociedades comerciais.
11 de Outubro
Fontes de Direito
Fontes imediatas
Lei
1. Lei Constitucional é a lei fundamental. A validade das outras leis depende da
constituição, sob pena de serem consideradas inconstitucionais. Quando existe uma
ruptura da ordem jurídica, cria-se uma assembleia especialmente legitimada para
criar uma nova constituição, que vai regular o estado. É feita com rigidez, para que
não seja alterada com facilidade. (Há estados que não têm uma constituição formal
(ex: Reino Unido)).
2. Direito internacional
Art. 8º CRP – diz respeito ao Dto internacional. Estabelece os termos em que
o dto internacional é aplicado
Geral ou comum – aplicável à generalidade da comunidade internacional (é
para todos). É o que resulta do costume internacional, por exemplo.
Art. 8º, nº 2 CRP – direito internacional convencional (acordo, tratado,
convenções bilaterais ou não, protocolo). Tem de ser: regularmente
ratificado (de acordo com as regras: negociado pelo governo, submete-o a
aprovação pela AR (Assembleia da República), que o aprova. O PR
(Presidente da República) faz a sua ratificação), publicado, e tem de vincular
internacionalmente o Estado Português.
3. Direito comunitário (União Europeia)
As instituições europeias elaboram
Regulamentos – são diretamente aplicados aos cidadãos dos
estados-membros.
Diretivas – vinculam os Estados. Ex: incumbem o Estado para legislar
de acordo com a matéria das diretivas. A legislação de cada Estado
fica obrigada a legislar para transpor as diretivas.
Existe um diário de publicações da UE.
nº4, art 8º - direito derivado. aderimos aos tratados da EU, nos termos em
que a CRP o permite fazer. Temos poderes soberanos para abdicar da
soberania do direito comunitário.
4. Direito interno – LEI
Há uma hierarquia:
...
Costume – Prática reiterada com convicção de obrigatoriedade.
Quando é que se pode considerar um costume como fonte de direito?
Na Idade média já havia aplicação de direito, com base em normas. Nem todas as
normas seriam escritas.
Historicamente as pessoas sabiam as normas através da Tradição. Sabiam o que
podiam fazer, e até sabiam de certa forma o que lhes podia acontecer se não
cumprissem.
Tradição que passe de geração em geração
Tradição não é a única forma de determinar o costume como fonte de direito. Falta-
lhes a coercibilidade.
O costume tem de ter 2 objetivos:
Elemento objetivo: Prática reiterada
Elemento subjetivo: convicção de obrigatoriedade
Há normas de Direito Internacional que decorrem do Costume. Ex: não violação das
Embaixadas.
Fontes mediatas
14 de Outubro
Quando a AR cria um Lei, e envia para o PR para promulgar, isso chama-se decreto da Assembleia da
República. Quando é publicado passa a ser Lei.
Os decretos-lei são feitos pelo Governo, e não passam pela AR para publicação.
Leis
Quando é que a Lei e o Dec-Lei não têm o mesmo valor?
- A AR só não pode legislar sobre a organização do governo. Isso é competência exclusiva do
governo.
- Mas há muitas matérias sobre as quais o governo não pode legislar, e se o quiser fazer, tem de
fazer uma proposta de lei à AR. Art. 164º CRP – reserva absoluta de competência legislativa.
O governo propõe, mas só a AR pode legislar.
2. orgânicas (art. 166º) – têm de ser aprovadas por maioria absoluta (116 votos favoráveis)
3. as que sejam pressuposto normativo necessário para outras – ex: lei de enquadramento
orçamental – lei que define como é que o orçamento de estado é feito. O orçamento tem de
respeitar a lei de enquadramento orçamental, sob pena de ser considerado inconstitucional,
caso não o faça.
Maiorias da AR:
1. maioria simples
2. maioria absoluta (exige metade + 1 de votos favoráveis)
3. maiorias qualificadas (superior à maioria absoluta. Pode ser de 2/3 de todos os membros; 2/3
de todos os presentes; 4/5 dos membros)
- Reserva relativa (art. 165º CRP) – o governo pode pedir autorização para legislar
O governo pede uma autorização, e entrega o dec-lei autorizado. O parlamento confere uma
autorização, e o governo apresenta um dec-lei.
Mas o 164º e o 165º não cobrem todas as matérias possíveis. Nestes casos podemos
dizer que a lei e o dec-lei têm igual valor.
Há outro aspecto que permite ver que o primado da legislação pertence ao Parlamento:
- Qualquer dec-lei pode ser chamado ao governo para ser apreciado, através da APRECIAÇÃO
PARLAMENTAR DE ATOS LEGISLATIVOS (art. 169º): quando sai um dec-lei e há deputados que não
estão de acordo, juntam-se 10 assinaturas, e pede-se que o parlamento aprecie aquele dec-lei. Isto
tem de ser feito logo após a aprovação do dec-lei, e não 1 ano depois (existe um prazo). O que pode
acontecer?
1. Nada; tudo mantém-se igual
2. Serem apresentadas propostas de alteração ao diploma
a. São apresentadas alterações e daqui sai uma LEI que altera um DEC-LEI
3. Ser proposto que o diploma deixe de vigorar = Projeto de Resolução, que é votado.
No parlamento:
- Quem pode ter a iniciativa? (Direito de iniciativa) (pág. 51)
- o governo – iniciativa chama-se Propostas de Lei
- os deputados e grupos parlamentares – iniciativa chama-se Projeto de Lei
- assembleias legislativa das RA – iniciativa chama-se Propostas de Lei
- Iniciativa Legislativa de Cidadãos – iniciativa chama-se Projeto de Lei
- a iniciativa é entregue para a mesa do Parlamento
- os serviços da AR emitem uma nota de admissibilidade
- o Presidente da AR aprova a admissão e elege a comissão competente (há 12 comissões)
- os serviços parlamentares elaboram uma nota técnica e fazem o enquadramento local
- é designado um deputado pela comissão competente, que vai concluir que o diploma está pronto
para ser discutido em Assembleia.
- quando é que uma iniciativa não é levada ao plenário?