Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
CURSO DE DIREITO
Belém/PA
2010
PRIMEIRA QUESTÃO
b) Empresa pública e sociedade de economia mista são órgãos? Qual a diferença entre órgão
e entidade?
Empresa pública e sociedade de economia mista não são órgãos, mas sim entidades, uma
vez que são dotadas de personalidade jurídica.
Segundo a definição positivada no art. 1º, § 2º, II da lei 9.784/99, “órgão é a unidade de
atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta”
enquanto que Entidade “é a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica”.
Como bem apontou Celso Antônio Bandeira de Mello os “Órgãos são unidades abstratas
que sintetizam os vários círculos de atribuição do Estado. Por se tratar, tal como o próprio Estado,
de entidades reais, porém abstratas (seres de razão), não tem vontade nem ação, no sentido de vida
psíquica ou anímica próprias, que, estas, só os seres biológicos podem possuí-las. De fato, os órgãos
não passam de simples repartições de atribuições, e nada mais”
Hely Lopes Meirelles define acertadamente órgão como sendo “centros de competência
instituídos para o desempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada
á pessoa jurídica a que pertence”
A partir destes dois conceituados autores, podemos entender que o órgão público resulta
de uma desconcentração, e suas atuações são atribuídas á União uma vez eu o mesmo, ao contrário
das entidades, não possui personalidade jurídica, patrimônio próprio e capacidade para representar
em juízo a pessoa jurídica que integram.
Inicialmente é imperioso esclarecer que o Estado realiza suas funções administrativas por
meio de órgãos, agentes e pessoas jurídicas e, na ocorrência deste último caso restará configurada a
chamada descentralização administrativa.
A descentralização pressupõe duas pessoas jurídicas distintas e, segundo a doutrina, pode ser
efetivada de duas formas: outorga e delegação.
A descentralização será efetivada por meio de outorga quando o Estado criar uma entidade
da Administração Indireta (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e
fundações públicas) e a ela transferir, mediante previsão em lei, a titularidade de determinado
serviço público.
Por sua vez, haverá delegação quando o Estado transferir, por contrato ou ato unilateral,
unicamente a execução do serviço, para que o ente delegado o preste ao público em seu próprio
nome e por sua conta e risco, sob fiscalização do Estado, o que não implica a transferência da
titularidade do serviço à pessoa delegada, mas apenas a concessão, a permissão ou a autorização
temporária para a execução do serviço.
Fixada estas premissas, temos que a CODEPA, empresas públicas, bem como sociedade de
economia mista RASA e a sua subsidiária MAPRIMAS, em tese, integram a estrutura
administrativa do Estado e são exemplos de descentralização administrativa, posto que são
entidades da Administração Indireta.
Contudo, o termo Administração Indireta e descentralização não tem necessariamente o
mesmo sentido, vez que esta última quando ocorre sob a forma de outorga pressupõe a existência de
outras pessoas jurídicas que não as entidades que compõe o mencionado tipo de administração.
Segundo o Prof. José dos Santos Carvalho Filho, as empresas públicas servem como “ verdadeiros
instrumentos de ação do Estado no papel de empresário”.
A CODEPA sendo classificada como empresa pública, pode possuir dois objetos, um que prestará
serviço de natureza econômica e outro que prestará serviços públicos, como a mesma foi criada para
a comercialização econômica do açaí podemos afirmar que a sua finalidade está correta.
Neste sentido, haja vista que a Medida Provisória não previu a criação de subsidiárias
pela RASA, não poderia o Presidente da República usurpar a competência legislativa e determinar a
criação de uma subsidiária através da expedição de decreto, uma vez que tal ato tem apenas efeitos
regulamentar ou de execução, sendo epedido com base no artigo 84, IV da CF, para possibiliatr a
fiel execução da lei, ou seja, cabe-lhe detalhar a a lei, sendo-lhe vedado ir contra a lei ou além dela,
como ocorreu no caso concreto.
Pelo exposto, podemos concluir que não poderia a Assembléia Geral da RASA criar uma
empresa subsidiária com base na autorização do Presidente da República, posto que esta não supre a
imperiosa necessidade de autorização legislativa.
Podemos afirmar que a concessão para a execução dos serviços aquaviários à RASA foi
correta, uma vez que pode um consórcio Publico expedir concessão, desde que especifique o objeto
da mesma, como foi feito No caso da RASA que prestará serviços aquaviários para a CODEPA.
Analisamos a conformidade do exposto na Lei 11.107 Art 2º § 3º “Os consórcios
públicos poderão outorgar concessão, permissão ou autorização de obras ou serviços públicos
mediante autorização prevista no contrato de consórcio público, que deverá indicar de forma
específica o objeto da concessão, permissão ou autorização e as condições a que deverá atender,
observada a legislação de normas gerais em vigor”
h) Pode uma sociedade de economia mista ser subsidiária de outra sociedade de economia
mista?
As sociedades de economia mista podem criar subsidiária, passando a gerir uma nova
sociedade mista, sendo que o Estado controla diretamente a sociedade de economia mista e
indiretamente a sua subsidiária.A subsidiária tem o objetivo de se dedicar a um dos segmentos
específicos da entidade primária, sendo que esta ultima terá domínio sobre o capital volante e a
gestão das atividades da primeira.
Vale ressaltar que para a criação de empresa subsidiária faz-se também necessário a
autorização legislativa, Art 37 XX CF “depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação
de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de
qualquer delas em empresa privada”
Haja vista que as Sociedades de Economia mista, por força do art. Segundo o art. 235 e
segs. da Lei nº 6.404/76 - Lei das Sociedades Anônimas, devem necessariamente adotar a forma de
sociedade anônima, com vistas a garantir transparência e visibilidade nos atos de direção e mando e
proteção dos acionistas minoritários, a subsidiária MAPRIMAS não pode ser assim considerada,
uma vez que fora instituída sob forma jurídica de Sociedade Ltda.
Além disto, some-se o fato de que o capital não foi distribuído de forma correta uma vez
que nas sociedades de Economia Mista há uma conjugação entre os recursos públicos e privados, e
na divisão observamos que apenas houve recurso da Administração Pública direta e indireta, sendo
que União Federal com 10% das ações; a RASA com 51%; o Estado do Pará com 14%; o
Município de Belém com 10% e CODEPA com 15%.
k) Poderia uma lei autorizar a dispensa de concurso público para uma empresa estatal
mesmo que o regime jurídico de seus servidores seja o da CLT?
Nenhuma lei poderá autorizar a dispensa de concurso público para uma empresa estatal
mesmo que o regime jurídico de seus servidores seja o da CLT, salvo quando for cargo em
comissão, pois o concurso é uma forma de se obeter eficiência e aperfeiçoamento do serviço
público, além de que o mesmo serve como forte instrumento para atender ao principio da isonomia,
por permitir que todos , que atendam aos requisitos, tenham a oportunidade de por meio dele chegar
a estes cargos ou empregos da Administração Publica.
“A Constituição de 1988 tornou obrigatória a aprovação prévia em concurso público para
o provimento de quaisquer cargos ou empregos na administração direta e indireta, inclusive para o
preenchimento de empregos nas empresas públicas e sociedade de economia mista” ( Marcelo
Alexandrino e Vicente Paulo, pág 177).
No art. 37, inciso II, da constituição, temos “ a investidura em cargo ou emprego público
depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com
a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração”.
SEGUNDA QUESTÃO:
Não, pois o regime jurídico das fundações governamentais que tem neste caso
personalidade jurídica de direito publico, possui os mesmos privilégios atribuídos aos bens públicos
em geral, logo seus bens também não podem ser penhorados como garantia para cumprimento das
obrigações adquiridas pela Administração junto a terceiros.
Observamos o exposto no seguinte trecho “À exceção dos créditos de natureza
alimentícia, os pagamentos devidos pela Fazenda Federal, Estadual, ou Municipal, em virtude de
sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios
e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou pessoas nas dotações
orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim” (art. 100 da CF).
TJSP - Agravo de Instrumento: AG 990102702820 SP
Ementa
VOTO Nº: 16.
501 EMENTA: Agravo de Instrumento - Fase de execução -
Pedido de penhora "on line" indeferido - Possibilidade - Hipótese em
que a executada é pessoa jurídica de direito público Impossibilidade
de penhora de ativos financeiros de bens públicos - Observância à
regra contida no artigo 655 do Código de Processo Civil - Decisão
mantida - Recurso improvido.
TERCEIRA QUESTÃO
Nas autarquias, nesta caso nas Universidades Federais, apenas há mera vinculação ao
poder central a medida que inexiste subordinação da autarquia a entidade instituidora da mesma,
por não haver hierarquia. Nos órgãos públicos há subordinação entre este e o Poder Central, pois
sua atuação é sempre imputada a União.