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Por BBC
16/10/2017 19h06 · Atualizado há menos de 1 minuto
Holliday, hoje com 29 anos, foi inicialmente descrito como menino em sua certidão de
nascimento. Mas ele conta que um especialista do Great Ormond Street Hospital - centro
de referência de saúde infantil em Londres -- foi quem sugeriu a sua mãe que passasse a
criá-lo como uma menina, alegando que cirurgicamente seria mais fácil e por causa da
ausência de genitais masculinos.
Por isso, em seu primeiro aniversário, ele passou de Joe a Joella, do dia para a noite.
Seguindo os conselhos médicos, sua mãe trocou suas roupas de azul para cor-de-rosa.
Ele literalmente foi dormir certo dia sendo tratado como um menino e acordou sendo
tratado como uma menina.
Uma década depois, em 1998, ele foi retratado, aos 10 anos, em um documentário da BBC
que acompanhava a batalha legal de sua família para mudar a certidão de nascimento de
menino para menina.
Mas foi o início de um período de grande sofrimento para Holliday. Como Joella, ele sofreu
de depressão e ansiedade, se automutilou e chegou a tentar suicídio.
"Durante alguns anos, me sentia em um buraco negro e
não sabia por que", conta hoje Holliday à BBC.
Foi só aos 25 anos que, por acaso, ele encontrou um prontuário médico antigo que
mostrava que seus cromossomos eram XY -- ou seja, geneticamente, ele era do sexo
masculino.
Ele também descobriu que seus testículos haviam sido removidos quando ele tinha um
ano e meio de idade, apesar de estarem perfeitamente saudáveis.
Com essas descobertas, Holliday passou a se aceitar como homem e assumiu sua
identidade masculina.
Diferenciação sexual
A intersexualidade é um distúrbio de diferenciação sexual (DDS), quando características
como genitais, órgãos reprodutivos ou padrões cromossômicos não se desenvolvem
conforme o esperado e não se enquadram nas divisões binárias de masculino e feminino -
assim, pacientes podem ter características sexuais mescladas.
Quando criança, Joe era tratado como Joella (Foto: Arquivo Pessoal)
"Isso ocorre por causa de uma diferença entre os genes e a forma como (o corpo do
paciente) responde aos hormônios sexuais", informa o NHS, serviço público de saúde
britânico. "Pode ser genético, mas muitas vezes isso ocorre aleatoriamente, sem que haja
uma causa óbvia."
Dados da ONU apontam que, em âmbito global, até 1,7% da população tenha traços
intersexuais.
O caso de Holliday vem à tona em uma nova investigação da BBC, que revelou que o
Great Ormond Street Hospital ainda hoje não tem sido capaz de oferecer um tratamento
de excelência para crianças intersexuais.
Anhembi Morumbi
Cruzeiro do Sul
Unip
Uninove
Exames - de ultrassons dos órgãos internos a exames de sangue para análise genética ou
hormonal -- podem ajudar familiares e especialistas a escolher o melhor caminho.
Mas ainda se trata de uma área "muito complicada da medicina", a rma Ieuan Hughes,
professor emérito de pediatria da Universidade de Cambridge e especialista em distúrbios
hormonais.
Ele agrega ser vital que as famílias com casos de DDS recebam apoio psicológico antes
que qualquer cirurgia seja realizada nas crianças, já que as implicações da decisão
costumam ser para a vida toda.