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Ítalo Márcio Gurgel de Castro

Noções fundamentais do Direito


unidade 1
AULA 02
A Ciência do Direito

Curso Técnico Subsequente em


Segurança do
Trabalho
Disciplina: INTRODUÇÃO AO DIREITO
Apresentação

Na aula inicial, você estudou a importância do direito para a sociedade,


funcionando como importante instrumento de controle social, de forma a
justificar o estudo do direito nesse curso.
Nesta aula, você vai entender o direito como ciência, com seus
princípios e fundamentos que lhe são inerentes, no sentido de ajudar-lhe a
compreender como funciona o direito-ciência. Você verá também as
ramificações do direito e a sua justificativa para tal, além de estudar uma
apresentação das noções iniciais acerca da lei e da norma como instrumentos
a serviço do direito.
Para alcançar esse intento, vamos procurar transmitir para você os
conhecimentos básicos para se entender a ciência do direito, as suas técnicas
e vias utilizadas na produção científica jurídica.

OBJETIVOS
Entender o direito como ciência autônoma.
Compreender a criação e o desenvolvimento da ciência do direito.
Conhecer os ramos do direito.
Identificar os princípios centrais do direito.
Conceituar e diferenciar a lei e a norma.
O direito como ciência

E o direito é ciência?...
Os conceitos iniciais de ciência ligavam-se especialmente às ciências
físico-naturais, servindo como grande barreira ao reconhecimento do direito
como ciência.
Com o passar do tempo, o conceito de ciência superou essa idéia
inicial, tendo estendido a sua amplitude de ação, de forma que hoje não se
discute mais a qualidade do direito como ciência autônoma, com princípios e
fundamentos próprios.
Sabemos, também, que toda ciência tem um objeto, uma matéria a ser
trabalhada e desenvolvida através da utilização de métodos de estudo e
procedimentos empíricos que visam a realizar as descobertas e as adaptações
sociais a que se propôs, de acordo com o desenvolvimento de conceitos e
atitudes a exigir do direito novas regras e novos instrumentos a apresentarem
resultados mais eficazes.

E qual seria o objeto da ciência do


direito?

Numa primeira análise, poderíamos pensar que o objeto da ciência do


direito seria a norma jurídica. No entanto, numa análise mais apurada,
podemos perceber que a norma jurídica nada mais é do que o resultado, o
produto do direito como ciência, que busca, inclusive, sempre aperfeiçoar e
aproximar a norma jurídica da realidade, do contexto social na qual está
inserida, o que afasta, evidentemente, esse pensamento incipiente de que o
objeto da ciência do direito seria a norma em si.
É fato que a grande mutabilidade da norma jurídica inviabilizaria a sua
qualidade como objeto da ciência do direito, uma vez que essa transformação
tornaria a norma objeto do direito muito volúvel, diante da possibilidade real
de modificar-se totalmente e de modo muito rápido com o desenvolvimento
da sociedade.
Diante disso, aparece com uma melhor adequação para o objeto da
ciência jurídica a experiência jurídica, que segundo Gusmão (2003, p. 5), é
“dotada de certa estabilidade, semelhante à dos demais fatos históricos, pois,
pelo menos ao se modificar, não apaga a experiência passada, que, como
tradição, se mantém viva”.
Nesse sentido, a experiência jurídica engloba um conjunto de fatores
que possibilitam à ciência do direito encontrar soluções que melhor se
adéquem à realidade da sociedade, a partir de estudos e experimentos,
visando a um ideal de justiça.
Para alcançar essa meta, o direito se utiliza de técnicas que lhe
auxiliem nessa busca do ideal de justiça que melhor se iguale aos anseios
sociais contemporâneos.
Essa técnica, ainda de acordo com Gusmão (2003, p. 7), “seria
tripartida: 1ª, técnica de formulação legislativa do direito; 2ª, técnica da
ciência do direito e 3ª, técnica da aplicação do direito”.
Portanto, ao buscar utilizar com harmonia essas técnicas, é que a
ciência do direito procura se aperfeiçoar, visando a uma produção legislativa
mais atual, como resultado de uma produção científica eficiente, condizente
com o que se espera da ciência jurídica e aliado a modernas técnicas de
aplicação do direito, de tal forma que esse conjunto, ao final, possa resultar
num meio mais eficiente de controle social a serviço da sociedade.
Fontes do Direito

A palavra “fonte” significa segundo Aurélio (2000, p. 328), “nascente


de água, chafariz, origem”.
“Fonte do direito”, por sua vez, vai significar “de onde o direito
provém, de onde o direito se origina, de onde o direito nasce”.

Nesse contexto, os estudiosos do direito, embora com divergências,


reconhecem duas espécies de fontes do direito: as fontes materiais e as
fontes formais.
Para Gusmão (2003, p. 101), ”as fontes materiais são, de acordo com o
sentido estreito de fonte como nascedouro de direito, o local de onde se
origina o direito, de onde o direito provém, sendo, portanto, segundo o autor,
as únicas fontes do direito”.
Ainda, de acordo com o autor, se fonte do direito significa a origem do
direito, essas fontes só poderiam ser as materiais, uma vez que são os fatos
econômicos e sociais, problemas demográficos e climas, dentre outras
matérias de relevância social, que dão o conteúdo da norma jurídica, e não as
formais, que dão as formas de que se revestem as primeiras (lei, costume,
etc.).

Logo, para o autor (GUSMÃO, 2003, p. 104), as fontes formais nada mais
são “do que os meios ou as formas pelas quais o direito positivo 1 se apresenta
na história”.
Destarte, as fontes formais correspondem à forma como o direito se
exterioriza, como as leis, a jurisprudência, a doutrina e os costumes, que
tendem a apresentar regramentos de conduta ou interpretações condizentes
com a realidade social e os princípios do direito.
Essas formas vão variar na representação do direito de acordo com a
técnica jurídica adotada pelo país: a do direito escrito, ou a do direito

1
Direito positivo, como já estudamos na aula 1, corresponde ao direito escrito, o direito elaborado pelo
homem. Caso reste alguma dúvida, recomendamos uma releitura no tópico DIREITO NATURAL E
DIREITO POSITIVO da aula 1 deste curso.
costumeiro, ou common law, uma vez que, de acordo com a adoção de um ou
outro, pode haver uma influência na forma como o direito irá se apresentar:
através de lei, nos países que adotam o direito positivo ou escrito; ou por
meio de julgamentos ou decisões judiciais, nos países que pregam o direito
costumeiro.
Para melhorar o entendimento, citamos as palavras de Nader (2003, p.
139), que explica com maestria a fisiologia do direito escrito:

Para os países que seguem a tradição romano-germânica,


como o Brasil, a principal forma de expressão é o Direito
escrito, que se manifesta por leis e códigos, enquanto que o
costume figura como fonte complementar. A jurisprudência,
que se forma pelo conjunto uniforme de decisões judiciais
sobre determinada indagação jurídica, não constitui uma
fonte formal, pois sua função não é a de gerar normas
jurídicas, apenas a de interpretar o Direito à luz dos casos
concretos.

Embora esses sistemas ainda existam nos dias de hoje, a tendência,


diante desse mundo globalizado, é que eles se aproximem cada vez mais um
do outro, no sentido de apresentarmos sistemas legais semelhantes. Nesse
aspecto, já é possível observar o aumento da importância da jurisprudência
nos países que seguem o direito escrito, bem como, nos países do common
law, de acordo com Nader (2003, p. 139), “a cada dia que passa, porém
avolumam-se as leis nesses países, com a circunstância de que, na hierarquia
das fontes, a lei possui o primado sobre os precedentes judiciais”.

Nesse aspecto, é relevante ressaltarmos que a principal fonte formal do


direito positivo é a lei. De fato, em países como o nosso, que adotam o Direito
Codificado, as leis e os códigos se destacam como fontes do direito,
instrumentos normativos criados com a finalidade de regular e reger as
relações humanas.
Você sabia?

Você sabia que, através da internet, você pode ter


acesso facilmente a todas as leis existentes no Brasil?
O acervo pode ser encontrado nos sites oficiais, como o
do Senado Federal e o do Planalto.

Nesses sites, você pode acompanhar também os projetos


de leis em andamento, assim como ter acesso a razões de veto
de leis ou artigos, de forma a facilitar o entendimento do
assunto procurado.
Atividade 01

1. Como falado na seção “Você sabia” anterior, existem sites que


disponibilizam a legislação brasileira em sua íntegra. Para que você se familiarize
com o ambiente, faça uma visita ao site do planalto <www.planalto.gov.br>. Observe
que nessa página existe um link denominado legislação. Clicando nesse link, você vai
ter acesso a uma página interativa que vai lhe orientar a realizar buscas na legislação
por diversos dados. Observe que o site disponibiliza, além da Constituição Federal, a
Constituição de todos os estados. Acesse a Constituição Federal e a Constituição do
seu estado, a título de sugestão, e busque por algumas leis que você conheça ou
tenha interesse em conhecer. Com esses passos iniciais, você vai poder conhecer os
recursos que o site lhe oferece. E lembre-se: sempre que você quiser consultar
alguma lei federal, você vai ter disponível esse conteúdo nesse site.

2. Para você, qual a diferença entre o direito positivo do common law?


O Direito Público e Privado

As diferenças existentes entre as pessoas, assim como a matéria


tratada no direito, fez surgir uma importante classificação do direito: o
direito público e o direito privado.

O direito público se caracteriza, como regra, pelo direito que visa a


regular situações em que o Estado se encontra em um dos lados. Seria,
portanto, o direito que visa a tratar das relações de ordem pública, ou seja,
as relações em que o Estado, de uma forma direta ou indireta, estaria
envolvido.
Por sua vez, o direito privado consiste nos ramos do direito que visam a
regular as situações entre os particulares, ou seja, as relações do homem com
os seus pares.
Observe que essa divisão tem por justificativa a especialidade existente
em relação ao interesse público, que apresenta particularidades nas relações
quando comparado com os particulares, apresentando, inclusive, princípios
exclusivos a regular as suas relações com os particulares, a fundamentar essa
distinção.
O direito também apresenta divisão em relação à abrangência de suas
normas. Nesse aspecto, podemos dizer que temos o direito interno ou direito
nacional, quando as normas regulam as relações jurídicas dentro de um
Estado, e o direito internacional que, por sua vez, rege relações jurídicas que
ultrapassam as fronteiras de um Estado. Trata de interesses de pessoas que se
encontram em Estados diversos, logo, está em jogo a aplicabilidade de dois
ordenamentos jurídicos diversos.
O direito internacional, também, levando em consideração as partes
que regula, divide-se em Direito Internacional Público, que disciplina as
relações jurídicas entre os Estados Soberanos, e o Direito Internacional
Privado, que regula as relações jurídicas entre particulares situados em
Estados diferentes, visando a resolver eventuais conflitos existentes entre os
ordenamentos jurídicos dos países.
Os Ramos do Direito Público Interno

Como falamos, o direito público interno visa a regular as relações


jurídicas entre o Estado e seus cidadãos. É o direito que busca manter a
ordem referente às relações do Estado com os seus administrados, a fim de
amparar, pelo menos de uma forma mais imediatista, o interesse público
frente ao privado.
São ramos do Direito Público Interno o Direito Constitucional, o
Direito Administrativo, o Direito Tributário, o Direito Processual e o Direito
Penal. Como forma de facilitar a compreensão, apresentaremos esses ramos
do direito público interno, acompanhados dos seus conceitos e principais
características.

1) Direito Constitucional – responsável pelo estudo da


constituição, instrumento jurídico maior que cria o
próprio Estado, disciplinando sua organização ao tratar
da divisão dos Poderes (Executivo, Legislativo e
Judiciário), das funções e limites de seus órgãos, bem
como regular as relações entre governantes e
governados.

2) Direito Administrativo – corresponde ao conjunto de normas


que busca regulamentar a atividade administrativa do
Estado, visando a promover uma maior eficiência na
gestão pública, bem como resguardar o interesse
público, para alcançar os fins sociais e políticos, através
da normatização da atuação governamental, através da
regulamentação das diversas ações realizadas pela
administração. Como exemplo, podemos citar a
administração dos bens públicos, a realização de
concursos públicos, a aquisição de bens pela
administração pública, dentre outras.
3) Direito Tributário – ramo do direito que tem por objetivo
regular o poder de tributar do Estado. A Constituição
Federal2, que é a lei máxima do país, conferiu aos entes
administrativos (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios) o poder de tributar. O Direito Tributário tem
por finalidade orientar como deve se dar essa atividade
de alimentar os cofres públicos, estabelecendo limites e
condições para que seja exercida a atuação do estado
de criar e cobrar os impostos, tendo hoje um
importante objetivo de evitar abusos por parte do
Estado ao cobrar tributo, estabelecendo garantias ao
contribuinte. Regulamenta, portanto, a criação dos
tributos por parte dos entes públicos.

4) Direito Processual – É o conjunto de regras jurídicas que


disciplinam a atividade do Poder Judiciário no exercício
da sua atividade de dizer o direito. Ora, sabemos que o
direito traça regras que nem sempre são seguidas
espontaneamente pelas pessoas. O direito processual,
também é denominado de direito instrumental, uma vez
que se apresenta como um instrumento de fazer valer o
direito material. Corresponde ao ramo do direito cuja
finalidade é definir as regras de como vai se
desenvolver o processo, visando a regular os atos
processuais, a produção de provas, os recursos, dentre
outros assuntos de relevância para o processo,
assegurando o devido processo legal, em respeito ao
contraditório e à ampla defesa, direitos fundamentais
constitucionais de obediência obrigatória na relação
processual.

2
Uma explicação melhor sobre a constituição vai ser dada na aula 3 (A Constituição Federal de
1988: conceito e princípios).
5) Direito Penal – direito que tem por finalidade repugnar as ações
mais nocivas à sociedade. Atua, portanto, definindo as
condutas que devam ser consideradas como criminosas,
estabelecendo, consequentemente, as penalidades
respectivas, visando a manter a integridade da ordem
jurídica, mediante sua função preventiva e repressiva.
Também conhecido como Direito Criminal.

Os Ramos do Direito Privado Interno

Por sua vez, o Direito Privado Interno tem por ramos o Direito Civil, o
Direito Comercial e o Direito do Trabalho, sobre os quais comentaremos a
seguir de forma a facilitar o entendimento sobre o Direito Privado Interno e os
seus principais ramos:

1) Direito Civil – ramo de maior destaque do direito privado interno,


uma vez que é o conjunto de preceitos que regulamenta os
direitos e deveres das pessoas, contendo normas sobre a
personalidade, o estado e a capacidade das pessoas, sobre as
coisas e bens, sobre as obrigações e os contratos, dispõe
ainda sobre as regras do direito de família e das sucessões.
Como visto, a abrangência deste ramo do direito é muito
vasta, ficando fora de seus regramentos apenas as relações
referentes aos outros ramos do direito mais específicos.

2) Direito Empresarial – regulamenta a atividade empresarial. Muitas


de suas normas encontram-se no Código Civil, dada a
revogação de toda a primeira parte do Código Comercial pelo
novo instrumento civil de 2002, no entanto, sua autonomia
como ramo do direito é reconhecida. Também denominado
de Direito de Empresa ou Direito Comercial.

3) Direito do Trabalho – ramo do direito cuja finalidade é regular as


relações de trabalho, ou seja, tem por objeto regular os
direitos dos empregados e empregadores no cumprimento do
contrato de trabalho. O Direito do Trabalho tem por função
elementar oferecer proteção ao economicamente mais fraco,
o empregado, que certamente parte em desvantagem na
relação trabalhista por não ter condições de impor a sua
vontade perante o empregador. Diante da habitual
necessidade de encontrar o emprego, o empregado
frequentemente se sujeita a empregos que não garantem os
direitos previstos na lei, bem como não raramente submetem
o trabalhador a condições desumanas de trabalho. Alguns
doutrinadores preferem classificá-lo como direito de natureza
mista, tendo em vista essa sua relevância social em proteger
o direito do mais fraco, aproximando-o do direito público.

O Direito de natureza jurídica mista

Levando-se em consideração os mesmos parâmetros apresentados até


então, acerca do direito público e privado, alguns ramos do direito, devido as
suas características, aproximam-se tanto do direito público quanto do direito
privado, razão pela qual eles são chamados de ramos de direito misto.

A doutrina tradicional classifica como ramo do direito misto espécies de


direito como o direito agrário, o direito de navegação, o direito aeronáutico,
o direito falimentar, dentre outros.
Sobre o assunto, comenta Gusmão (2003, p. 148):

A bipartição romana do direito em público e privado não


corresponde mais à realidade jurídica e à complexidade
jurídica da sociedade moderna. No mundo atual, entre esses
dois grandes e tradicionais campos do direito se encontra o
direito misto, seja por tutelar tanto o interesse público ou
social como o interesse privado...

Essa classificação não é pacífica na doutrina, alguns autores divergem


em relação à consideração de algumas dessas espécies do direito, porém, essa
discussão é de menor importância, o que se deve perceber é a maior
proximidade do direito em relação às relações entre os particulares ou com o
Estado ou o interesse público.

Além disso, essa divisão do direito em ramos facilita a didática para o


seu estudo, bem como possibilita um melhor desenvolvimento do direito como
ciência, uma vez que o direito, dividido em gêneros, vai possibilitar que
princípios específicos referentes a cada espécime pode ser e desenvolvam de
forma a propiciar melhores meios de se fazer uma produção científica maior,
favorecendo um aprofundamento mais significativo dos seus ramos em
separado. Tudo isso, em prol da prestação de um direito mais eficiente para a
sociedade.
Atividade 02
Com base no que você estudou nesta aula, justifique, com suas palavras:

1) Por que o Direito Constitucional é classificado como ramo do direito público?

2) Por que o Direito Penal é classificado como ramo do direito público?

3) Por que o Direito Processual como ramo do direito público?

4) Por sua vez, justifique os motivos que entende relevante para a


classificação do direito civil como ramo do direito privado.

5) E o direito do trabalho, na sua opinião, por que ele é considerado ramo do


direito privado?
Falando em Princípios...

Vamos estudar os Princípios Básicos do Direito

Como toda ciência, o direito tem princípios fundamentais que lhe são
inerentes de forma a subsidiar a sua atividade de produção científica, bem
como de forma a nortear a sua interpretação e aplicabilidade.
Esses princípios podem ser citados como princípios gerais, no entanto,
alguns deles se aproximam bastante de alguns ramos específicos do direito, a
ponto de se incorporarem a eles de tanta intimidade, ou apresentam outras
vertentes que se aproximam de alguns ramos específicos do direito.

Segundo Sidou (2003, p. 684), os princípios gerais do direito são


“grandes preceitos abstratos que, em orientação interpretativa, são chamados
a integrar o direito positivo em caso de lacuna, ou seja, quando para o caso
concreto não há previsão legal ou costume estabelecido”.
Os princípios não são absolutos. Na situação concreta, o aplicador do
direito, dentro de um juízo de valor do caso em foco, escolherá qual dos
princípios deve prevalecer. Em outro contexto, no qual se enfrentem
novamente os mesmos princípios, a solução encontrada para o novo caso pode
ser diversa, ou seja, poderá prevalecer o outro princípio que fora reprimido
no caso anterior.

Como exemplo, podemos citar os seguintes princípios:

1) Princípio da Liberdade – a liberdade é um fundamento básico da


humanidade garantido constitucionalmente, de tal forma
que a constituição de forma expressa prevê a liberdade de
crença, liberdade de locomoção, liberdade de
pensamento, dentre outras.
2) Princípio da Igualdade – princípio previsto na Constituição
Federal (art. 5º, caput), que diz que todos são iguais
perante a Lei, sem distinção de qualquer
natureza...(art. 5º, caput). Prega, portanto, a igualdade
entre os homens, vedando discriminações de qualquer
natureza. Sobre esse princípio, ampliaremos o nosso
estudo quando trabalharmos os princípios presentes na
Constituição Federal.

3) Princípio da Legalidade – princípio fundamental do direito


que prega a obediência da lei como única forma de
vincular as pessoas, de forma a estabelecer o preceito de
que o homem somente deve se submeter ao que está
previsto na lei, sendo, pois, premissa básica a previsão
legal para que se possa obrigar alguém a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa, é o que prevê o inciso II, do artigo 5º,
da Constituição Federal cuja redação diz: Ninguém será
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em virtude da Lei. Diante disso, podemos dizer que se faz
necessária previsão legal para que possamos submeter
alguém ao cumprimento de algum ato ou abster-se da
prática de outro. Esse princípio também apresenta outras
vertentes no âmbito do direito administrativo e penal que
estudaremos mais adiante.

4) Princípio da Imparcialidade – esse princípio, de natureza


processual, prega a necessidade do Juiz em ser imparcial,
como forma de garantir uma prestação jurisdicional isenta
de favorecimento a uma das partes por parte do
magistrado.

5) Princípio do Contraditório – princípio de índole


constitucional a ser aplicável no direito processual previsto
no art. 5º, LV, da Constituição Federal, garantindo: aos
litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Visa,
pois, a assegurar o desenvolvimento da relação processual
de forma a proporcionar às partes a oportunidade de
contra-argumentar os documentos ou alegações da outra
parte.

6) Princípio da Supremacia do Interesse Público –


fundamento de caráter administrativo que prega a
prevalência do interesse público sobre o interesse
individual, respeitadas as garantias constitucionais e
indenizados os eventuais danos causados ao particular,
quando for o caso.

7) Princípio da Publicidade – princípio que, em nome da


transparência, prega a publicidade dos atos processuais.
Admite exceções nos casos dos processos que correm em
segredo de justiça.

8) Princípio do Juiz Natural – fundamento de cunho


constitucional que garante aos litigantes em processo
judicial o julgamento pela autoridade competente,
previamente estabelecida pela lei de organização
judiciária local. É previsto no artigo 5º, LIII – ninguém será
processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente – e inciso XXXVII, do mesmo artigo, dizendo
que não haverá juízo ou tribunal de exceção.

Importante lembrar que esses princípios não são absolutos,


frequentemente eles vão se confrontar com outros fundamentos e um juízo de
valor sobre o caso concreto vai apresentar uma solução que mais se aproxime
do ideal de justiça para aquele caso.
Atividade 03

1. O que você entendeu sobre o princípio do contraditório?

2. Para você, o que é o princípio da legalidade?

3. Trabalhamos nas linhas acima o conceito e alguns princípios do direito.


Pesquise em livros, internet, revistas ou em outras publicações que
falem algo mais sobre os princípios do direito e, após concluir a leitura,
elabore uma redação sobre o assunto, ressaltando a sua conceituação e
a sua importância para o direito.
A lei e a norma

No dia-dia, a lei e a norma são utilizadas como sinônimos, sendo


aplicado indistintamente quando se faz referência tanto a uma quanto a
outra.
Tecnicamente, lei e norma não se confundem: a norma corresponde a
uma proposta regulamentadora que vem apresentada em um instrumento, e
tanto pode ser uma lei, como pode ser um tratado internacional ou um
regulamento.
Nesse sentido, podemos dizer que a lei é um veículo ou um instrumento
através do qual a norma é apresentada no direito contemporâneo. É bem
verdade que a lei é a principal forma de apresentação da norma.
É por isso que Nader (2003, p. 139) diz que a lei “é a forma moderna de
produção do Direito Positivo. É ato do Poder Legislativo, que estabelece
normas de acordo com os interesses sociais”.

Compreendendo a diferença entre


lei e norma

Como visto, a lei é para a norma como um veículo, como uma forma de
apresentação. Para que fique bem clara para você a diferença entre a lei e a
norma, podemos dizer que a lei é o instrumento, a matéria, enquanto a
norma é o sentido, é o recado que se quer transmitir, seja através da lei ou
através de outros instrumentos como acordos internacionais ou regulamentos.

Vejamos isso num exemplo prático: o Artigo 121 do Código Penal diz:
Matar alguém:
Pena – reclusão de 6 a 20 anos. Observe que essa é a disposição legal,
ou seja, essa é a lei.
Ao se buscar o sentido da lei, ou seja, o que a norma quer dizer,
poderíamos dizer que a norma quer passar, de fato, através da lei, a seguinte
mensagem: Não mate, pois se você matar sujeitar-se-á a uma pena de 6 a
20 anos de reclusão.
Logo, essa é a norma, que corresponde à mensagem que se quer passar,
a idéia central a ser transmitida.
A norma frequentemente se apresenta de forma geral e abstrata, tendo
funções imperativa, declarativa, explicativa ou interpretativa.
Diz-se que a norma é geral uma vez que ela é direcionada a toda uma
coletividade.
Por sua vez, entende-se como abstrata a norma, uma vez que ela
trabalha com situações que, embora sejam passíveis de ocorrência na
realidade, são trabalhadas de maneira apartada da situação em concreto,
visando a uma eventual ocorrência daquela previsão normativa no futuro, seja
no sentido de estimular aquela prática ou para reprimi-la.
Por fim, diz-se que a norma é imperativa, uma vez que ela
normalmente contém um comando, uma conduta a ser cumprida ou até uma
inércia a ser respeitada.
Essa imperatividade normalmente é acompanhada de meios coercitivos,
meios que possam forçar a pessoa ou pelo menos direcioná-la ao cumprimento
da lei, como por exemplo, uma pena de multa para quem descumprir o seu
predicado.

Gusmão (2003, p. 85) define a sanção jurídica como “a conseqüência


jurídica danosa, prevista na própria norma, aplicável no caso de sua
inobservância, não desejada por quem a transgride, sendo-lhe aplicável pelo
poder público (direito nacional) ou por uma organização internacional (direito
internacional)”.
A norma também pode ter natureza explicativa, quando tenha por
objetivo explicar ou clarear outra norma ou situação jurídica.

Diz-se que a norma tem função declarativa, quando visa a fazer alguma
declaração em relação a certa situação jurídica.
A norma pode ainda se apresentar com a finalidade interpretativa,
quando visa a orientar como deve ser interpretada uma determinada regra.
Apesar de poder apresentar essas funções diversas da imperatividade,
ainda assim a norma não perde essa sua característica imperativa, uma vez
que esse atributo vai ser utilizado, inclusive, para fazer valer a explicação, a
declaração ou a interpretação, de acordo com o caso.

Nesse sentido, Gusmão (2003, p. 82) diz que mesmo “as normas
declarativas, explicativas e interpretativas são imperativas, porque
estabelecem o sentido de outras normas de direito. Estão vinculadas às
normas cujo sentido elas conferem...”

É, portanto, utilizando-se dessas características, em especial a


imperatividade e coercibilidade, que a norma tenta, com o respaldo da
sociedade, conferir ao direito regramentos e meios eficazes para realizar o
controle social esperado.
Atividade 04

Você pôde estudar a diferença entre a lei e a norma. Foi visto que muitas
vezes esses termos são utilizados como sinônimos, no entanto, tecnicamente eles não
se confundem. Diante do que foi estudado, diferencie a lei da norma. Utilize
exemplos, com base no que falamos nesta aula, para justificar o seu pensamento.
Leituras Complementares

O livro sugerido vai ajudar você a compreender que o conhecimento


está intimamente relacionado com o exercício do poder, com a leitura do
texto você vai poder aprofundar o estudo em relação à ciência do direito, a
sua origem e utilidade social.

IHERING, Rudolf Von. A luta pelo direito: coleções a obra-prima de cada autor. São Paulo: Editora
Martin Claret, ANO.

A Luta Pelo Direito - Col.

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Von Jhering, Rudolf / Russell

SILVA, Ronaldo Sérgio Moreira da. A ciência do direito. 2006. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9247>. Acesso em: 21 ago. 2009.

Resumo

Nesta aula, você estudou o conceito do Direito-ciência; você verificou


que o direito se utiliza de técnicas jurídicas de estudo, elaboração e aplicação
da norma, fundamentadas em princípios próprios da ciência do direito que
visam, por sua vez, a apresentar os fundamentos elementares do direito, você
pode perceber que o direito apresenta classificações, como em direito interno
e externo, público e privado, sendo ramos do Direito Público Interno o Direito
Constitucional, o Direito Administrativo, o Direito Tributário, o Direito
Processual e o Direito Penal; enquanto o Direito Privado Interno apresenta
como ramos o Direito Civil, o Direito Comercial e o Direito do Trabalho.
Verificamos também que alguns dos ramos do direito se aproximam tanto do
lado público quanto do privado, por fim, apresentamos a diferença existente
entre a lei e a norma.
Autoavaliação

1) Nesta aula, vimos que o direito é uma ciência autônoma. Para você, qual a
importância da autonomia do direito como ciência?

2) Você viu que o direito se divide em ramos. Justifique a necessidade de se


dividir em ramos o direito e liste as principais vantagens dessa divisão no
seu entendimento.

3) Classifique os ramos do direito, de acordo com o seu posicionamento,


como ramo do direito público ou privado, colocando entre aspas o número
1 quando corresponder a ramo do direito público e 2 quando for ramo de
direito privado:
( ) Direito Constitucional ( ) Direito Empresarial
( ) Direito Administrativo ( ) Direito Penal
( ) Direito do Trabalho ( ) Direito Civil
( ) Direito Processual ( ) Direito Tributário
4) Cite alguns dos principais princípios do direito. Classifique cada um quanto
a sua função.

5) O que você entende por princípio da legalidade?

6) Explique em que consiste o princípio da supremacia do interesse público


sobre o privado.

7) Porque dizemos que a norma, via de regra, tem um caráter imperativo?


REFERÊNCIAS

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio século XXI escolar: o


minidicionário da língua portuguesa. 4. ed. rev e ampl. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2000.

GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito. 33. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2003.

IHERING, Rudolf Von. A luta pelo direito: coleções a obra-prima de cada


autor. São Paulo: Editora Martin Claret.

NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. 23. ed. Rio de Janeiro:


Forense, 2003.

NASCIMENTO, Walter Vieira do. Lições de história do direito. 12. ed. rev. e
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SIDOU, J. M. Othon. Dicionário jurídico: Academia Brasileira de Letras


Jurídicas. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.

SILVA, Ronaldo Sérgio Moreira da. A ciência do direito. 2006. Disponível em:
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2009.

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