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1Jl 1111 1 tv1 e 11 N 1/\ 11UM/\N/\S

10

A pesquisa psicossocial traz em si a promessa


de revelações e compreensão dos fenômenos
gerais e coletivos. Quando conduzida segundo
métodos rigorosos ela pode, e deve, tornar-se
um meio de ajustamento e eficácia da ação
dos diversos organismos sociais.
Esta obra clara e completa explica como
construir um questionário, realizar uma
pesquisa e interpretar os resultados.

Esta coleção reúne os senunanos de


formação e aperfeiçoamento organizados
pelo prof. Roger Mucchielli e seus colabora-
dores, em todos os ramos das Ciências
Humanas. Vem sendo publicada na França
desde 1965 com grande sucesso: mais de
400 000 exemplares vendidos.
Seu objetivo é oferecer aos profissionais
nas empresas e aos que se preparam nas
universidades uma fórmula original e eficien-
te de autoformação; uma base sólida para o
desempenho nas diversas áreas a que são
chamados a intervir. e dirigida, portanto,
a um público bastante amplo: animadores,
líderes de grupo, executivos, chefes de
pessoal , formadores, educadores e professo-
re , entrevistadores, pesquisadores de merca-
do, a isten tes e trabalhadores sociais, estu-
tlunt s de Ciências Humanas e a todos
uqu I que, a título pessoal ou profissional ,
Si' 111[ •r ' am pela Psicologia Social.
l •IJ l'll lt\ÇtlO Permanente em Ciências Humanas

1 1 11/1 111"/11 Nao-clfretiva


Reger Mucchielli
li (J 11,·1 /1111111 rio 1m Pes quisa Psicossocial
/'1 1,·,i/1111111 1/tt U lação de Autoridade
U l'11tl111/11u ·m Equipe
1 /'11 // <1 tfrt Criatividade
U i M, to<lun Ativos na F ormação de Adultos
11dUHc ele Cont eúdo
C:u 1111rnioação e R edes de Comunicação
A ()onduçã o de Reuniões
O Questionário
na Pesquisa
() 'onf lito na Empresa
J•'urinação para a chefia: TWI, OM e S.O.R.A.
Opiniões e Mudança de Opinião

Psicossocial
TRADUÇÃO

Luiz Lorenzo Rivera


Sílvia Magaldi

REVISÃO

Mônica Stahel M. da Silva

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',,{,:.!)!JJJ(U!lln Tonfp, [dilora..O,J11.
:SEUV
LIVRARIA DO MESSIAS
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1,1 2: Av.Urig Lui7. Antonio,269
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Tel; J'AUX <.<>4-7111
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OMO UTILIZAR ESTE MANUAL DE FORMAÇÃO O AUTOR


o QUESTIONARIO
NA PESQUISA
A obra está dividida em duas partes: a pri- Nascido na Córsega em 1919, R<>H ,
meira, intitulada TEORIA, com informações Mucchielli é doutor em Medicina (
PSICOSSOCIAL
técnicas e conhecimentos intelectuais indispen- pecializado em Neuropsiquialr a) , 1
sáveis à compreensão do tema proposto; a se- doutor em Letras.
gunda, PRÁTICA, com exercícios para forma- Lecionou Psicologia e Pedago i 1 111
ção pessoal concreta apresentados de maneira faculdades de Rennes e Nic ap 1 11,
progressiva, e as respostas-modelo para correção. trabalhado durante cinco t1110 1111
Nas páginas centrais (coloridas) o leitor CNRS (Centre National de la R('c/1,·,, 1,,
encontrará um Ll'.~XICO contendo os termos Scientifique).
técnicos e, ao final do livro, após a parte Durante vários anos organ 1.011 d
prática, PROGRAMAS com os quais poderá rigiu através da França e paí . d,
organizar pedagógica e racionalmente tanto o gua francesa os Seminári
treinamento em equipe quanto seu próprio ção e Aperfeiçoamento
plano de autoformação. Humanas. Dada a repercu
Os exercícios poderão ser feitos no próprio resse despertado pelos rni11 1111 1111,
livro utilizando-se dos espaços reservados para to às universidades e cmp, 1 , 111 111
a respostas. Recomenda-se fazer o esforço de a idéia de organizar umu ·olr·\. 11 111
pe quisa e reflexão pessoais solicitados, antes reconstituísse , em f rm 1 111 lt ,,,
d consultar as correções. mesmo espírito e pra li id.1d1 d,,
De modo geral, recomenda-se que as exposi- minários.
Ç< • t óricas jam lidas APÕS os exercícios Esse projeto rc ultou
ordem proposta no programa de Formação Perman n l
o. Humanas.
t ntativas pessoais de aplicação na Atualmente , R ,
. ion 1, ria 6til retomar e reler o presidente do lnstilllt1• 1111, 1111
f ,., ·r notaç das observações de Syntheses P. :ychot, ,,,,,1,,11,
1 li a coleçã lf, rizons <11• l II I' 1 , /
Titulo original:

l,c ·questionaire dans l'enquête psycho-sociale


(e) Copyright by Librairics Tcchniques,
ÍNDICE
Entreprise Modcrne d'EdÍtion e
Les Editions ESF, Paris, 1975

Primeira Parte
TEORIA

CIP-Brasil. Catalogação-na-Fonte
Câmara Brasileira do Livro, SP
INTRODUÇÃO .. .. . ...... .... ... . . ..... ... .............. . 9
l.ª EXPOSIÇÃO: A enquête psicossocial ............... ·'-: . 11
Cap. 1 - Definição e dificuldades da enquête psicossocial ....... . 11
M ucchiell i, Roger, 1919- Cap. 2 - Os métodos e os riscos de erro ....................... . 16
M914q 0 questionário na pesquisa psicossocial / Roger Mucchielli ; Cap. 3 As etapas de uma enquête psicossocial através de questio-
tradução (de) Lmz Lorenzo Rivera ; Sílvia Magaldi ; revisão (de) nário ............................................. . 16
Mônica Stahel Monteiro da Silva. - São Paulo : Martins Fontes ,
1978. Cap. 4 Da idéia da enquête à escolha de seus objetivos ......... . 19

(Formação permanente em ciências humanas)


2.ª EXP_OSIÇA(?:_ A escolha das pessoas a interrogar e dos
Bibliografia. meios a utilizar ......... ...... ...................... . 25
Cap. 1 - A amostragem ................................ , .... . . 21>
1. Pesquisa social 2. Questionários 1. Título. Cap. 2 - Os diferentes modelos de questões utilizáveis .......... . ll4
Cap. 3 - A medida das atitudes . .................... . ..... ... . llll
Cap. 4 - Os téstes na enquête psicossocial ..................... . ,rn
CDD-300.72
78-0858 -158.3
! • P.XPOSIÇÃO: O questionário .......................... .
'op. 1 - Os fenômenos psicossociais da situação de resposta u
questões . .. .................................... . . . . no
índices para catálogo sistemático:
1. Pesquisa : Ciências sociais 300.72
C11p , 2 -
Cu J). !l -
O pré-teste .... ................... .. ...... . .. ...... .
A apresentação do questionário .................... ... . ºº
(l:J
2. Pesquisa social : Ciências sociais 300. 72 '1111 , 4 - O entrevistador face a face com o entrevistado ... .... . 00
3. Questionários : Psicologia aplicada 158.3

1 • I \ 110 , l,ÇÃO: Análise e síntese das respostas ao questionári ótJ


t ' 1q1 l A apuração das respostas .... . .... .................. . (10
Produção Gráfica: Nilton Thomé e
t '11 p, ' A análise dos resultados de conjunto .................. .
Heraldo Ferreira Vaz de Oliveira
t 1111 'I A r claçüo do relatório da enquête ..... : ............. . 7r;
'npa: M~rina Pontual
J\rt1•: Mavcr

1•, 1'-llrAO: As a plicações da enquête psicos ocial oça >


1979 ,,,1 .... ... ..................... ........ .... . . HI
1 1 A 1111111 ~ / 11ocinl propriamente dita ....... . ........ . , , HI
'1'0111\M Ol'I dir<'ilo i, ckstn <'<lição para a Língua Portuguesa:
t.lVltA ttTA MARTINS FONTES EDITORA LTDA. • 1rn1111uli1t1H d m t·cado ... . .. ·.......... . ........ , , , , IH
ll1111 Cun 111lwiro ltt1mnlho, 330/340
01 a:u, H1w 1'1111!0 HP lll'llsil
11)). 3 - A cnquête psicossocial em suas aplicações · à publicidade 86
'ap. 4 - A enquête psicossocial na ação psicológica . , . . . . . . . . . . 89

CONCLUSAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
/JIBLIOGRAFIA SUMARIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
RELAÇAO DAS OBRAS DA COLEÇAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
ANEXOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
LEXICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

Segunda Parte
PRÁTICA

EXERCÍCIO 1. -
Análise de um fenômeno psicossocial . . . 113
EXERClCIO 2. -
Crítica de projetos de enquêtes . . . . . . . 115
EXERClCIO 3. -
Crítica de projetos de questionários . . . 119
EXERCICIO 4. - Definição de "populações" . . . . . . . . . . . . 123 Primeira Parte
EXERCÍCIO 5. - Estudo das causas de erro durante uma
enquête . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
EXERCÍCIO 6. - Construção de escalas de atitudes . . . . .
125
129
TEORIA
EXERCÍCIO 7. - Análise das causas de erros na formula-
ção das questões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
EXERCÍCIO 8. - A dinâmica da entrevista . . . . . . . . . . . . . 137
EXERCICIO 9. - Apresentação e análise crítica de um
questionário completo . . . . . . . . . . . . . . . . 143
EXERCÍCIO 10. - Apuração de um questionário . . . . . . . . . 149
CORREÇôES DOS EXERCÍCIOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
MODELOS DE PROGRAMAS DE SEMINARIOS . . . . . . . . . . . . 167
PLANO DO TRABALHO INDIVIDUAL PARA AUTOFORMA-
ÇAO ACELERADA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
INTRODUÇÃO

De dois pescadorf?s - pescando no mesmo local - dos quais um .


pega muitos peixes e o outro fica à-toa, pode-se dizer que o
primeiro tem conhecimentos ou experiência dos hábitos e das rea-
ções dos peixes e também uma habilidade especial no manejo de
seus instrumentos de captura, iscas, armadilhas, anzóis, linha . ..
e que o segundo é um amador que não sabe pescar.

A comparação é válida também para uma outra pesca, gigan-


tesca, a pesca dos dados psicossociais, isto é, das características
psicológicas de um conjunto de indivíduos que formam aquilo que
se chama um "universo social", grupo, público ou clientela. De fato,
quantos "lançadores" de enquêtes psicossociais, "fazedores de ques-
tionários" . .. partem para o campo com muita segurança, sem des-
confiar que o desconhecimento da realidade que querem conhecer
f:! a má qualidade de sua técnica proyocarão o fracasso e farão com
que retornem de mãC1s abanando.
No entanto, a diferença entre o pescador infeliz e o pesquisador
(ou o promotor da enquête) ineficaz é que o primeiro sabe que não
pegou nada enquanto o último acredita ter coletado informações,
sem perceber que elas são ilusórias, falsas, deturpadas. . . em lin-
guagem técnica diríamos que são "destorcidas". ·
Quantos lançadores de enquêtes, que não têm qualquer possi-
bilidade de controle, permanecem na ilusão ingênua ou tomam de ..
cisões importantes, baseados na garantia de resultados sem valor,
porque suas enquêtes e seus questionários, construídos sem méto-
do, são eles próprios sem valor?
· Primeira Exposição

A ENQUÊTE PSICOSSOCIAL

Definição e dificuldades da
1 enquête psicossocial

O termo enquête não tem evidentemente nada em comum


com inquérito policial ou judicial, e deve ser tomado aqui no sen-
tido de pesquisa de informações ou de busca de informações *. En-
tretanto, a isso se acrescentam duas idéias: por um lado, a idéia
de que esta busca é metódica, portanto deve satisfazer certas exi-
gências de rigor, permitindo chegar a resultados "quantificáveis",
isto é, traduzíveis em números. . . e, de outro lado, a idéia de que
esta pesquisa se aplica a uma realidade toda particular: a vida psi-
cológica de um grupo social, seus comportamentos, seus gostos,
suas opiniões, suas necessidades, suas expectativas ... seus motivos
de agir e de reagir, suas maneiras de viver, de trabalhar, de se dis-
trair. . . suas mudanças e as influências às quais ele é sensível.

• HISTORICAMENTE, Só NOS ÚLTIMOS TEMPOS A ENOU~TE PSICOSSOCIAL


CONHECEU SEU DESENVOLVIMENTO CIENTIFICO.

Desde que existem homens que falam e escrevem, tem havido


descrições e relatórios sobre os costumes, o estado de espírito ou
as reações de uma ou outra categoria de seres humanos, neste ou
naquele território e estas informações tiveram sempre uma inci-
dência sobre as decisões dos soberanos desses territórios.

(*) Em francês "quête d'informations", o que permite reforçar a idéia do Autor:


"en quête d'informations" (em busca de informações). (N.T.)

11
e formularmos uma pergunta com duas possibilidades de r s
A enquête pessoal tornou-se em seguida ocupação d~ moralistas posta: CERTO ou ERRADO, ou então SIM ou NÃO, constataremos
e cronistas. Entre os primeiros modelos do genero, cit~mos .Ma- que as respostas "CERTO" e "SIM" exercem estatisticamente umn
quiavel que publicou em 1508 e 1510: "Relato sobre as co~.sas vistas considerável influência de atração. É o que se chama tendência . _
Alemanha" e "Relato sobre as coisas vistas na França ... e Da- aquiescência. Os governos sabem disso muito bem e colocam, nos
~fel Defoe que, em 1722, publica o famoso "Diário sobre o ano da referendos, a questão ou as questões sob tal forma que a respo ta
peste". SIM seja a que eles desejam. Com efeito é possível calcular, por
, lo XIX , começam a tomar impulso correntes refor- meio de enquêtes metodológicas experimentais, que a atração do
Cam o secu . • · ·, SIM (qualquer que seja o conteúdo da questão colocada) é capaz
madoras e revolucionárias que procuram apo10 em enquetes so~1~s de acrescentar por si só um suplemento de 8% a 21 % à repartição
ainda desenvolvidas pessoalmente pelos autores, mas com a aJui:. real dos votos.
de documentos e depoimentos. Se o termo SOC\ºJ--g1t1s:t já
ventado por Augusto Comte em 1839, º. t,ermo_ . . _ Nas pesquisas experimentais sob forma de perguntas, pesquisas
lta de 1830 As monografias soczazs abundam. sao durante as quais se jogou com a totalidade dos fatores psicosso-
nascera por v O . . . . f .. entemente
descri ões metódicas de fenômenos sociais, mais requ , . ciais de influência sobre as respostas, as percentagens de uma
sócio-~conômicos (Enquête sobre "o estado físico dos operano~ nas mesma opinião e com as mesmas pessoas variaram de 8 % a 78 % .
Manufaturas", de Villerme, 1840; "Situação das classes laboriosas Veremos abaixo a lista . completa desses fatores de influência nas
na Inglaterra", de Engels, 1845, etc ...). respostas a um questionário (cf. 3.ª Exposição).
Entretanto é necessário esperar 1915/1920 para que surj~ a Um outro exemplo, bastante simples:
consciência cla~a dos problemas técnicos coloca_dos /ela e~quete,
problemas ligados ao cuida~o de ~bter informaçoes ignas e con- Demonstrou-se que as donas de casa, que moram na periferia
das cidades, ao sair para fazer suas compras diárias, se deslocavam
fiança sobre a realidade psicossocial. quase irresistivelmente em direção ao centro da cidade. Pode-se
A artir de 1940, as técnicas tiveram um grande, avanç~ e es- verificar essa tendência psicossocial observando a freqüência às lo-
tamos ~m pleno período de florescimento das e__nquetes pdicosso- jas em função da origem topográfica das donas de casa. Isso sig-
ciais de todo o tipo, das social-survey como sao chama as nos nifica que uma mercearia que se estabelecesse a 100 metros de um
grande edifício, mas para além deste em relação ao centro da ci,
E.U.A. dade perderia a maior parte de sua clientela se uma outra mercearia
Hoje são poucos os dirigentes que não tê:I1, em suas gavetas idêntica viesse a se estabelecer igualmente a 100 metros do pré-
ou em seus projetos, um questionário de enquete. dio, porém na direção do centro da cidade. E isto ainda que o
centro esteja, de fato, situado relativamente longe do edifício. Po-
der-se-ia "calcular" esta força centrípeta estudando a variação da
a A REALIDADE PSICOSSOCIAL .; UMA REALIDADE ESPECIFICA. clientela quando se aumenta a dimensão, variedade de provisões,
a atração publicitária da mercearia preterida até contrabalançar o
\!::i~
lo difundido - é acreditar que um fenômeno social rt
O maior erro que se pode cometer - e que n8:tural~ente
u:_: idéia
fator de fuga.
A apreensão da realidade psicossocial é delicada e pode-se dizer
igualmente que os instrumentos para essa captação devem ser re-
~~rI'cr~t;;:n~:n~l~r~d::ii~i1:;:~~oerr~~~~:r~:;~ t:rfst~-observa-
gulados com cuidado e ciência. Aquele que para "ter uma idéia"
dor as áreas onde ocorre. de um fenômeno psicossocial cujo conhecimento é necessário para
lh , , · ·rredutível uma decisão ou para uma ação social, constrói apressadamente um
A realidade social tem uma vida que e e propna, .i ar certos
(1 vida dos indiví~uos e o I?roblema ~ jdsta:~~~a~ã~e
a'>pt·clos dessa vida coletiva atraves a
~ªX~
opinião
questionário, vai à pesca sem muitas chances de sucesso.

• OS OBJETIVOS HABITUAIS DE UMA ENQUETE PSICOSSOCIAL.


dm i 11d iv{duos.
. . 1 tomados ao acaso na
<'01,..,iclt•r 'mos dois fatos mmto simp es . ou de É preciso levar em consideração, em primeiro lugar, que esses
"', ., d,· fr11 menos que dizem respeito, de uma maneira objetivos excluem radical e absolutamente qualquer recenseamentq
1111 t, , , , 1°11,11111 /e psicossocial.

13
l' col 'ta de dado d itos enumerativos. Um grande número de in- 2 Os métodos e os riscos de erro
lormaçoe demográficas, econômicas, sociológicas, geográficas, ad-
mini trativas estão previamente disponíveis e teremos ocasião de fa.
lar de seu emprego para a definição da população da enquête.
A lista dos organismos detentores dessas informações na França • OS Ml:TODOS.
é apresentada mais adiante em anexo* (antes do vocabulário) .
Os objetivos habituais de uma enquête psicossocial que u tiliza Dividem-se em três grandes t . . ,
vação, os métodos de entr . ca e~or~a~. o~ metodos de obser-
tais dados distrib uem-se, no conjunto, em cinco campos: questionários. Nós nos o ev1stas (md1:'1dua1s ou coletivas), os
l.º Os chamados dados pessoais: por exemplo, grau de ins- são de dois tipos : cuparemos aqm dos questionários. Eles
trução, religião, nacionalidade, participação neste ou naquele gru·
po, dados econômicos (rendas, dívidas, créditos ... ), dados p rofis- l .º Os questionários cha d d .
só, diante do questionário pmaa os e atdl~Ol·aphcação (o sujeito fica
!:.ionais ou familiares, etc ... , tudo isso se referindo aos indivíduos , ra respon e- o);
na coletividade ou ao meio social no qual se efetua a enquête.
2.º Os questionários por · d (
2.0 Os dados sobre o meio: por exemplo circunstâncias n as perguntas e anota as respostas)~sqmsa ores o pesquisador faz as
quais os indivíduos vivem, tipos de vizinhança, relações familiares,
habitat etc ... É conveniente notar desde . ,
3. Os dados de comportamento: foi possível dizer (Fest inger
0

e Katz) que "todas as enquêtes, mesmo aquelas qu e se referem à


retomar mais adiante
derado como uma listade
chamado "Questionário"
qu:
Ja - m3:s teremos oportunidade de
um questionário não deve ser consi-
t~d';untas: ~aze~ parte daquilo que será
economia ou à saúde pública têm relação com o comportamento
dos seres h umanos". Procuramos com efeito saber, através d as isto_ é, as questões propriame:teº~i~:10:s º e P[;cura bde dres posta,
ou imagens os meios d d . d d , . --sco as so re esenhos
enquêtes, como se comportam os membros da população estu· as técnicas de revela ão ed me 1 ª ~ atltud~s ~escala de atitudes),
dada, e todas as formas de comportamento podem interessar as zadas como meios d~ enq~fr!j"5º~ahd;.de ~ecmcas p_rojetivas utili-
enquêtes. Sem dúvida, este campo pode tamb ém ser ob jeto de posta procurada é ide 1 , e c... ican o entendido que a res-
uma observação metódica (cf. R . Mucchielli, "L'observation psy- dos indivíduos (e' mes~~enti; aquela 9-ue, at~avés da subjetividade
chologique et psychosociologique" ). refletida), exprime direta ~tiind:'eztes, ª rev(eha de sua consciência
4.º Os níveis de informação, as opiniões, as expectativas (isto . , . ire amente mas sempre da ·
a mais ut1 1 e a mais utilizável possível) f A maneira

é, esperanças, apreensões, asp irações). Vasto campo onde a en- remos conhecer ou compreender. o enomeno social que que-
quête reina como a senhora quase ab soluta, e onde triunfam os
métodos de sondagem.
5. As atitudes e m otivações, das quais se pode dizer, em li-
N.B. 1 . - ~f ~~esti~~á~ios aplicados por pesquisadores e por te-
0 ca 0 ·cÍ. m1 o o raramente utilizado na França serão
nhas gerais, que representam aquilo que leva à ação, à escolh a, à f ns! _erad os COJ?O um caso muito particular d~ ques-
decisão. São o " Porquê" dos comportamentos e das opiniões. 10nano o 2.º tipo.
Os objetivos d a e41.quête psicossocial não consistem somente N .B. 2 . Qduanto à _entrevista, ela utiliza geralmente um "roteiro
'm obter essas informações m as tamb ém e sob retudo em estudar e entrevista"
. . que é uma sucessao - d e temas sobre os
a· relações entre os fatos coleta.d os. q_ua1s o entrevistador deve fa zer falar ind·iv1'd uos suces-
s1vos ou g N-
. rupos. ao trataremos dela, encaminhando
para isso, por um lado ao volume d t 1 -
a e;.trev~sta) não-diretiv; (capitulo sob:e
ªa~ºe~~~~t!~bJ:
~sºtaivdaçoes e, ~or outro lado, ao livro sobre a entre
e grupo. ·

( *) R. Mucchiel!i, "L'interview de groupe". (N.T.)

( ) 1'1, ,·1 o Drnsil, ver nota do mesmo anexo. (N.T.)


15
• OS DESVIOS.
perdido quan do se tem pressa cm obter res ultados - é tempo
ganh o para o valor das informações e dos resul tados .
O termo francês biais (desvio) é a transposição de uma palavra
anglo-americana (bias). O desvio é a deformação ou o risco de
deformação - portanto de erro - em que incorre a enquête. Os
• UMA ENOUETE SERIAMENTE MONTADA COMPORTA DOZE ETAPAS, qu ,
questionários devem evitar os desvios, que ameaçam a cada etap a
da enquête: gostaríamos de detalhar para bem evidenciar o encadeamento
rigoroso:
l.º Ao nível da escolha do "universo" da enquête, ou seja, da
população que é visada pela enquête; l.ª A defini ção do objeto da enquête e o estudo dos m eios
materiais (limitações de orçamento e de tempo) ... ;
2.º Ao nível da construção exata da amostra; quer dizer, quan-
do vamos determinar quem, na população delimitada, vai ser· inter- 2: A preparação geral da enquête, a quilo que chamaremos a
rogado; pré-enquête . . . ;
3.º Ao nível da construção do questionário (desvio proveniente 3." A determinação dos objetivos e as hipóteses da enquête .. . ;
dos fatores de influência que agem na formulação das quest ões, na
sua sucessão, etc ...); 4.ª A determinação da população da enquête ou universo da
enquête . . . ;
4.º Ao nível da aplicação pessoal do questionário p or um pes-
quisador (desvio proveniente das atitudes do pesquisador, da su a 5." A determinação da amostra, ou amostragem propriamente
maneira de fazer as perguntas, de sua própria pessoa e da r elação dita . .. ;
inter-humana entrevistador-entrevistado ... ) ; 6.ª A escolha das técnicas a utilizar e a r edação do projeto
5.º Ao nível da própria realização, caso a amostra realmente de questionário . .. ;
interrogada não corresponda à amostra teoricamente definida ... ; 7." O pré-teste ou a aplicação probatória do projeto de ques-
6.º Ao nível da codificação das respostas obtidas; tionário ... ;
7.º Ao nível da apuração e da análise dos resultados ... 8.ª A redação definitiva do questionário . .. ;
f. necessário ao promotor da enquête ou ao formulador de 9.ª A escolha do modo de aplicação do questionário e sua
questionário, uma espécie de vigilância constante quanto aos des- apresentação definitiva como questionário . A es ta fase também es-
vios possíveis, correspondendo, pode-se dizer, ao cuidado do labo- tão ligados os problemas de expedição, ou os problemas relativos
ratorista quando analisa as soluções químicas, de ter os recipientes à informação dos pesquisadores (briefin g *, roteiro para aplica-
limpos ... para evitar encontrar, em seus resultados, traços de im- ção, etc.) .. . ;
purezas negligenciadas e tomá-los por constituintes do objeto que
estuda. · 10.ª A apuração e codificação dos r esultados . A esta fase per-
tencem as intervenções eventuais para validar ou retificar os resul-
tados já registrados;
11.ª A análise dos resultados em r elação aos objetivos da en-
qu ête . . . ;
As etapas de uma enquête
3 psicossocial através de questionário
12." A solução dos problemas da redação do relatório e da
eventual publicação dos resultados.
Estamos considerando como garantidos, por outro lado, tan-
De um modo geral podemos afirmar que o tempo que se passa to os meios materiais (dentre os quais o orçamento) quanto a qua-
na preparação cuidadosa de uma enquête, anterior a seu lançamen- lificação profissional dos pesquisadores.
to efetivo - tempo este considerado freqüentemente como "tempo
(* ) Em inglês no original.

16 17
• NECESSIDADES DE COLABORAÇÃO DE ESPECIALISTAS QUALIFICADOS. Da idéia da enquête
Cada uma dessas etapas, pode-se ver, implica operações minu- 4 à escolha de seus objetivos
ciosas e exige competências. Com muita freqüência é o trabalho de
equipe que garante o sucesso. A discussão do objeto da enquête e
a seguir de seus objetivos, exige uma comunicação estreita com A idéia da enquête brota no espírito de u~ dirigent~ . sob "
aquele que decidiu a pesquisa e que a financia, porque é ele pressão de um problema geral que d~ve ;e:
resolvi~o r,iayratica . . -.~
que, apesar do caráter nebuloso que muitas vezes acompanha a de uma intenção de pesquisas psicolo_gicas, soc10log1cas, po1ft~
idéia original, sabe o que espera da enquête porque está em condi- cas ... , de uma necessidade de informaçao sobre um problema P, t
ções de precisar, quando o entrevistamos metodicamente, o tipo
de informações indispensáveis ou úteis às tomadas de decisão, às cossocial ou sócio-econômico.
modificações, à elaboração de projetos, às pesquisas teóricas ... Em estado nascente, por assim dizer, a idéia indica uma dire-
das quais ele é o autor ou o responsável. ção mas não distingue seus objetivos.
Pode-se dizer o mesmo quanto à discussão das previsoes (ou Assim um estudante de psicologia gostaria de fazer u~~ e11 •
das limitações) do orçamento ou dos prazos. Ora, a determinação
dos meios financeiros e dos prazos (orçamento-Verba, e orçamento-
Tempo) condiciona os objetivos da enquête, o número destes, o
:m
e uête sob;e "A informação médica do público" . .. Um ~mistro,
função das providências a tomar, sol~ci!a uma enquete sobr~·
"as razões do fracasso da formação profiss10nal ~os futuros e~ 1
"nível de profundidade" a almejar, as técnicas a empregar, o nú- cutivos africanos, na França e na Africa" - :. Um Diretodr Co;erci t~
mero de pesquisadores a utilizar. retende mandar fazer "uma enquête sobre os resulta os e um,1
N .B. - A propósito, é necessário saber que praticamente uma en- pcampanh a publ"ici"t ana
' · " . . . Um responsável por um centro ded for
quête consome sempre o dobro do orçamento calculado e
o triplo do tempo previsto.
mação acelerada tem interesse pelas "?1?.tivações de seus ,~an
tos",. . . Uma Assistente Social tem a ideia de faz~; uma enqu e
iêr
ºd

O estatístico é indispensável para a definição da amostragem sobre as necessidades dos jovens quanto ao lazer . . . . , 1;,ma outra
e sua retificação eventual. trabalha sobre "as condições de vida das pessoas idosas ... , etc ...
O psicólogo é chamado para prever ou para adaptar os testes
e as escalas, para construir alguns instrumentos específicos, e para • O OBJETO DA ENQUETE É UMA DEFINIÇÃO MAIS PRECISA A PARTIR ~
validá-los antes de serem empregados. IDÉIA, E UMA DELIMITAÇÃO DE SEU "CAMPO" COM O MÁXIMO
CLAREZA.
O pesquisador psicossociólogo (ou os pesquisadores) da pré-en-
quête deve ser particularmente qualificado, bem como os que farão
o pré-teste, e veremos adiante porque. Para chegar aí, é absolutamente necessário determinar o alvo
visado pelo promotor da enquête.
Redatores, desenhistas (para o caso de confecção de testes es-
peciais), documentalistas, analistas de conteúdo são igualmente ne- o problema das "condições de vida das pessoas idosas" ,é ~uij<>
cessários. É muito raro que todas essas qualificações estejam reu- va O e só se tornará preciso quando soubermos o que s~;ª visa ?
nidas numa única pessoa. Tudo isso confirma a idéia de que um co~ a enquête: condições de habitação por e~emplo, .?~. coml?º1'.
dirigente de grupo ou de -~mpresa que organizasse, sem consultores ão e origem de sua renda", ou "tipos ~e ah~entaça? _ ou am(,''
nem agentes especializados, uma enquête psicossocial, só poderia, \omparação das condições gerais de e~1stência (~ondiçoes de h,1-
na melhor das hipóteses, fazer uma enquête jornalística. bitação, renda, meio familiar, status social'. ocupaçoes, lazer, ,~o~u
nicações sociais) das pessoas idosas, na cidade e no ~ampo, ·. m
qualquer das hipóteses, será necessário definir a faixa etana d·
uma maneira precisa.
Passando da idéia de enquête à delimitação do obje!o, perccb ·
mos a "amplitude do campo" ou a . ex!ensão da en_quete. So~os
levados a uma estimativa inicial mais Justa dos meios e, frequ n
temente, a escolher um ponto preciso.
19
18
Uma reuniüo-c.liscussao é portanto ncccs á .
torno do promotor p essoas com s na, agrupando cm 2.0 E somente a presença clara e precisa da hipótese no espi-
tensão do campo" e de redei · ·tpetentes,bcapazes de avaliar a "ex- rita do redator do questionário que permitirá formular as que toes
imi ar o pro lema.
que, por agrupamento ou diretamente, levarão a testar a hipótese
ou as hipóteses .
• DO OBJETO AOS OBJETIVOS.
Não tomar consciência das hipóteses possíveis, é impedir-se
A definição dos objetivos (q · . de formular eficazmente as questões correspondentes, e, pelo con
possível sem definição prévia da:h .co,ntstitm a f~se seguinte) é im- trário, correr o risco de redigir questões portadoras de hipóte \'
zpo eses gerais da enquête. não pensadas. ·
Poder-se-ia ver aí uma peti ão d . , .
uma vez que a enquête é f 't ~ e prmcip10 (um círculo vicioso) 3.º As hipóteses dão sentido à enquête; esta irá, por sua vez,
e que por def· . - ei a Justamente para sugerir as hipóteses' colocá-las à prova e tentar sua avaliação quantificável.
, miçao, parte-se de uma 'd d d .
sobre o objeto designado. Ent t t nece~si a e e mformação
se realize, é necessário formul:: ~~ º: se qmsermos que a enquête 4.º A comprovação e a avaliação das hipóteses representam
o questionário é necessário di·sp ipdotehs~s,, porque, para construir os objetivos da enquête.
' or e zpoteses
Entretanto, continua inalterado o problema de saber como se
Este ponto crucial para a validad l · , passa, praticamente, do objeto da enquête à determinação das hi-
a possibilidade prática de constru· ~ u tenor da enquete e para
caso, o questionário) merece que ~~; Jntstruhmento de pesquisa (no póteses, que são os objetivos reais, a serem testadas no campo.
e en amos um pouco. É esse exatamente o problema da pré-enquête.
l.º Podemos constatar (e é uma " , . ,,
e~i~te questionário de enquête sem hi:~r°va ~ ~~ntra1;'IO ) que não • A PRl:-ENQUUE.
sano notar que é impossível for l o ese. e ~r amda, e neces-
hipótese esteja contida nela - mu. ar uma que~tao sem que uma
· . queiramos ou nao de Visa determinar as hipóteses da enquête e, em conseqüência,
neira mais ou menos perceptível . - uma ma-
, mais ou menos explícita. os objetivos (testar as hipóteses).
Numa questão como:
A pré-enquête é o essencial da fase preparatória da enquête:
"Onde você costuma comprar - ?" h. , é uma etapa de procura de hipóteses possíveis, mas de hipóteses
compra pão em algum lu ar" o u/ªº. . a ipo,tese é que "você verificáveis.
mesmo possa fabricá-lo . g q exclm ª hipotese de que você
Em tese ela compreende também os problemas da definição
Esta outra quesCao (apresenta d a aos contramestres). do orçamento, do "cronograma" da enquête (plano da pesquisa pos-
"O . terior), do estudo das condições gerais da enquête (eventuais auto-
um dos ~~e~f~~;ªJeq~~~ds~ç~cif1ece um acidente de trabalho com rizações que devem ser solicitadas, estratégia das operações, pre-
visão das necessidades materiais, etc ...), mas tudo isso só tem sen-
~- Registro do acidente no livro de atendimentos. tido se a enquête realmente se realizar. Portanto, o essencial é
determinar as hipóteses e os objetivos. Sobre isso, os especialistas
. istu;o das causas e das responsabilidades do acidente têm naturalmente, preferências de método, mas parece-me prudente
C. stu o de. um dispositivo de segurança. · enumerá-los todos e recomendar a utilização convergente de todos
D. Nenhuma mtervenção." os que lhes sejam possíveis ou que sejam acessíveis no âmbito do
contém uma hipótese mais d'd d objeto da sua enquête específica.
suspeitar se soubermos ue escon ~ a a qual. soment~ podemos
a tcndimentos significa
Diretoria o que , '1
n:! f d râgistro do ª.cidente no livro de
rea i a e, a comumcação do acidente à
A pesquisa das hipóteses pode ser feita:
Pelo método documental, que consiste em utilizar, ler e
1.0
a de que certos c~n~~!~!~:~:ar_ e ?~rigatório. ~ hi~ótese é então
1

analisar a documentação escrita existente sobre o problema ou


acidente (item A . .nao rn .armam a Direçao em caso de sobre os problemas conexos. Seria uma estupidez não se estar a
ns ini cia ti vas (it~~~rBvi: ~e)gatI~a), seJa po~~ue .eles· mesmos tomam par de uma enquête já efetuada sobre o mesmo objeto, e de não
, seJa por negligencia (item D). consultar os respectivos relatórios. Livros, artigos, filmes, confe-
JO
21
. - dê · as mas basta ter f ·ito
tema inl •r •ssante para d1scussoes aca mie : . t' ·a dessas
rt:ncias, di cos talvez existam (existem sem dúvida), na França ou uma enquête no campo para se perceber. a mcons1s e~c1 erai ·.
cm qualquer outra parte, sobre o problema que lhe interessa. objeções. f. necessário que as hipóteses existam e que seJam g ·
2.º Pelo método de gabinete, que consiste em refletir sobre O verdadeiro problema é duplo:
a questão no silêncio de seu escritório, e em proceder a uma aná-
lise sistemática das hipóteses possíveis ou dos fatores da situação a) o roblema de restringir os ca~~os. que se abrem: d_e ma
a estudar. neira a evftar a dispersão e a extensão ilimitada da enquete,
3.ºEm reuniões de discussão, com a participação de pessoas b) o problema da dissimulação das hipótese.:' gerais nos g~ li
t- ara ue não se tornem sugestoes de respost,~s,
não diretamente vinculadas, mas que poderiam "ter idéias" quando pos de 9-ue\des, _P da ~ipótese permaneça possível (caso con~ráno,
discutindo livremente numa reunião bem orientada (cf. R. Muc-
chielli, A Condução de Reuniões *). ~ 'ç~1a~;:"a:~ tJ!~tões encontrará n~s respostas, ,como P~~nd~:~~~~
4.º Em entrevistas de grupo, que podem ser feitas seja com ~r~bl~~:~eºr~d:~: ii!~~~ ~!s!~~~áã-fi!~e~~;::n~i.\ necessári ·
pessoas competentes, "conhecendo o problema" (à sua maneira), falar da amostragem.
seja com pessoas que mais tarde serão (ou seriam) diretamente
envolvidas pelo objeto da enquête (para a técnica em questão, ver
R. Mucchielli, L'interview de groupe).
5.0 Em entrevista-para-ver. Várias entrevistas, do tipo não-di-
retivo, mas centradas no tema, são realizadas (por um, ou melhor,
por vários pesquisadores, que se reunirão em seguida numa dis-
cussão de grupo) de maneira livre, junto a pessoas selecionadas
empiricamente por sua grande informação pessoal ou por sua im-
plicação comprovada no objeto da enquête. Isto equivale a pro-
curar uma verdadeira "documentação viva", paralelamente à do-
cumentação escrita.
Após as diversas pesquisas preparatórias, dispomos de hipó-
teses que se traduzem sob a forma de "proposições", como diz
Claude JAVEAU (op. cit., p. 10). Isto é, de enunciados que são ou-
tras tantas respostas à questão colocada ou ao problema que se
procura resolver. Mas são simples hipóteses, idéias, "possibilida-
des" e vamos, precisamente "traduzir esses conceitos e noções em
operações de pesquisa" (R. BOUDON, Les méthodes en Sociologie,
P.U.F., Que sais-je?, 1969).
A síntese final da pré-enquête tira a limpo todas essas idéias,
decanta-as, filtra-as, formula-as em outras tantas possibilidades a
verificar (hipóteses), e tem ainda, como vantagem evidente, clari-
ficar o campo da enquéte. As nuvens se dissipam. Sabe-se onde
se vai.
São objeções ao princípio da pré-enquête, por um lado, a gene-
ralidade das hipóteses formuláveis após esse trabalho; por outro
ludo, o interesse que haveria em "nada saber" sobre o objeto da
en.quête, de modo a poder entrar nela sem preconceitos. É um

( •) Publicado nesta coleção.


2
22
Segunda Exposição

A ESCOLHA DAS PESSOAS A INTERROGAR E


DOS MEIOS A UTILIZAR

Digamos logo de início que o nosso objetivo metodológico é o


emprego do questionário; na "escolha dos meios" será feito apenas
um inventário dos tipos de questões e dos diferentes processos en-
volvidos naquilo que se chama "questionário".

1 A amostragem
A determinação da amostra final, isto é, da lista das pessóàs
que serão interrogadas, é o resultado de uma série de operações
indispensáveis e precisas.

• O UNIVERSO DA ENQUETE.

Chamamos "universo da enquête" o conjunto do grupo humano


ao qual se aplicam os objetivos da enquête. É desse universo que
será retirada a amostra. O universo também é chamado "a popu-
lação" da enquête.
Se quisermos fazer, como Gallup, uma sondagem de opinião
antes das eleições, o universo da enquête (sua população) será o
corpo eleitoral.

25
e qui se rm os e Kº r
licladc da 1;,ulhc/ c~~~oss~nsc~, azer 1:1ma enquête sobre a sexua- :É a qui que surge a necessidade de documentos gerais confiá-
mulhc rcs a partir da idade ~:~il o ~1:1verso ,se~á o ~onjunto das veis ou recenseamentos.
univer sos mais restritos· pod . ao poss1ve1s, evidentemente.
enquête sobre os memb.ros d:m~:i; por exemplo, _pr_omover uma Nesta etapa preparatória da enquête, esses documentos que
agricultores de uma única reg·- a bmesma prof1ssao, sobre os servem de base são indispensáveis; por exemplo:
ça, etc. .. iao, so re os estudantes na Fran-
- a lista nominal dos habitantes de uma vila ou de uma ci-
dade (na França, a lista eleitoral é, geralmente, um documento su-
Uma enquête recente a do Reader's D° " b ficiente);
dores nos seis países da éomunidade Euro1g:i~ so re ~s consumi,~
tem, como universo 221750000 P e na Gra-Bretanha - a lista das cidades com um determinado número de habitan-
. , · . pessoas. tes, por exemplo, compreendido entre 2.001 e 50.000 habitantes,
A fbam?,sa enquête, realizada a partir de 1941 nos Estados Uni· etc ... ;
d os, so re o soldado ame · " b - - o número de profissionais de todas as categorias, por idade,
de soldados. ncano a rangeu, efetivamente, 8 milhões por região, por renda média;
- o número de famílias com 1, 2, 3, 4, 5 filhos e mais etc ... ,
Uma enquête sobre o moral dos operário d f'b . etc ...
volvia o conjunto dos operários dessa fábrica iu s:J.uam2ª50ª0 nca en-
da e: ' , . pessoas.
~~~re1?a.mente import~nt~, .desde o momento em que o ob'eto
objeti~os ed:t~1;;~0 e, a fortwn, imediatamente após a fixação ~os
N.B. - Em anexo, o leitor encontrará nomes e endereços de insti-
tuições que possuem esses recenseamentos e esses dados
numéricos objetivos.
, mar exatamente o universo da At AI
vezes, isto é mais difícil do U em;ue e. gumas Em alguns casos privilegiados, a enquête pode atingir todos os
países africanos de lín ua que parece. m~ enq:tet~ recente nos indivíduos da população definida.
de nível médio" O g francesa, estuda os tecmcos africanos
me'd'10 "?. . que se entende exatamente por "técnico de nível Sempre que o universo da enquête for reduzido, convém inter-
rogar todos os que fazem parte desse universo.
Penso ser necessário fazer aqu. . - Pode acontecer que, com grandes recursos em dinheiro, tempo,
nários haverá "itens de ide t'f ! ~,ma antecip~~ª.?· No~ questio- número de pesquisadores e máquinas seja possível fazer uma en-
mo podemos facilment n Ib1caçao qu~ per~mt1rao verificar, co-
ao universo da enquêt: (eerce .er, se O SUJeito, mterrogado pertence quête total, mesmo quando o universo é numeroso. Assim, eviden-
verso f . b d I" . ' mais exatamente, a amostra). Se o uni- temente, os riscos de erro (desvios) provenientes da amostragem
são evitados.
nos cri~~ri~~dae ~:~~~~ã~e~!R~f1!sá~o listar tts itenf· com base

~:!~ªq~: :~~~:s~a~eà pe~:~~~=. ~ :~j:~tfa1Ji~:Fi{i:i~~iir~~:iá~


Na maioria dos casos é necessário construir uma amostra, isto
é, limitar a pesquisa a um pequeno número de pessoas (uma sobre
10, ou uma sobre 20, ou uma sobre 200, ou uma sobre 2.000, etc ...)
• de 21 a 29 anos que formará a amostra da população da enquête segundo o que se
• de 30 a 39 anos estabelecer.
• de 40 a 54 anos O problema essencial então, é assegurar a representatividade
• de 55 anos ou mais da amostra, isto é, as condições de sua composição que garantirão
será inútil prever uma perg t b d a extrapolação posterior dos resultados obtidos com a amostra ao
s uficiente pedir ao sujeito ;n ª so ~e ~ ata/~ nasci~ento e será conjunto do universo da enquête. O bom senso propõe: é neces-
p ertence num item onde es a~a assma. ar a aixa de idade a que sário construir um mini-universo que, em relação à grandeza na-
contrári~ se a faixa e , . t~Jª1:1 previstas essas 4 categorias. Ao tural do universo, seja como uma maquete em relação a uma obra
definida 'é inu' tºl tana n~o e uma característica da população arquitetônica .. . Espíritos mais matemáticos do que artesanais pro-
, 1 prever esse item. porão o contrário: é agora ou nunca a oportunidade de aplicar o
E stand d f ºd
brá-lo e pirta::~1
'
do unibrso da enquête é necessário <lesmem-
' esmem rar as suas características objetivas.
cálculo de probabilidades, que nos permitirá calcular o erro pro-
vável da nossa generalização e, portanto, proceder às retificações
dos resultados.
26
27
'\ J:?c fato, cs ·cs s~o o~ dois ~randes m é todos possíveis, aos quais Cada uma dessas características tinha, objetivamente,
vem Juntar-se combrnaçoes mais ou menos astuciosas.
uma percentagem na população real. A amostra havia sido
fixada em 250 pessoas.
• OS M~TODOS DE CONSTRUÇÃO DA AMOSTRA.
Na fábrica havia 57 mulheres e 2.443 homens e, por
outro lado, 150 técnicos de nível superior, 400 técnicos de
l .º O método do modelo reduzido ou método das cotas. Mé- nível médio, 1.950 operários.
todo ~rte~;mal de bom senso (aliás, também chamado "de escolha
plane3ada ), o método das cotas consiste: A amostra deveria comportar, portanto, 15 técnicos de
nível superior, 40 técnicos de nível médio , 195 operários ...
- e1;1 a1;1-alisar cuidadosamente as características da população e, por outro lado, 6 mulheres e 244 homens .
d~ ~rz_qu~~e a lu~ dos recenseamentos e estatísticas objetivas ou
oficiais, Ja menc10nados; Mas, como no conjunto operários-técnicos havia 200
pessoas com tempo de serviço compreen dido entre 20 e 35
- em ide?tificar, dentre essas características, quais estão logi- anos, 250 entre 10 e 20 anos, 503 entre 2 e 5 anos e 1.493
camente relaczonadas com os objetivos da enquête: com menos de dois anos de tempo de serviço. . . a amostra
deveria incluir - ainda entre as mesmas 250 pessoas -
Exemplo: Se a enquéte deve estudar "o trabalho feminino"
não se irá procurar estatísticas sobre a altura média dos indivíduos respectivamente 20 empregados com tempo de serviço com-
por região ou sobre o número de fumantes de charutos mas obser- preendido entre 20 e 35 anos, 25 com 10 a 20 anos de ser-
var-~e-á a di:7isão cidade-campo, a situação habitacionaÍ, o número viço, 5 com 5 a 10 anos de serviço, SÓ com 2 a 5 anos e
de filhos, a idade dos filhos, a renda média do chefe de família as 149 com menos de dois anos de casa.
faixas etárias etc., etc ... Momento essencial para a construção' de
nosso modelo reduzido. Como a mesma operação deve ser efetua da para trans-
por todas as características fixadas, no final o pesquisador
, -:- em transpor para a amostra as percentagens dessas carac- dispunha de um plano de pesquisa no campo, que era este:
tensticas. Se existem 46% de homens e 54% de mulheres no uni- (cf. quadro na página seguinte).
verso da enquête, e se a distribuição homem-mulher é uma das
características fixadas nos objetivos da enquête, ... de antemão se O pesquisador tem liberdade de interrogar a quem qui-
poderá determinar que, para uma amostra de 50 pessoas deverão ser, e isso representa uma grande simplificação para ele
ser incluídos 23 homens e 27 mulheres. (ao menos no início); mas, no fim, terá de "cair na reali-
dade" e respeitar as cotas.
~om~ são muitas as características assim transpostas, a amos-
tra fmal ~ ?astante complicada e o pesquisador, no campo, irá en- Ei-lo no trabalho de campo. Todas as precauções es-
cont:ª1: difo:;;ll~ades ,~ada vez maiores à medida que for chegando tratégicas e de preparação foram - supomos - tornadas.
aos ultimos clientes da sua amostra.
Ele interroga a primeira pessoa que encontra e vai, por-
Tomemos um exemplo: tanto, colher suas respostas no questionário. Entretanto,
ele topa com uma secretária da direção que, com relação
, . Na en_qu~te sobre o moral numa fábrica de 2.500 ope- a seu plano de pesquisa, tem de algum modo as sete carac-
ranos e tecmcos, as categorias objetivas fixadas eram: ní- terísticas: mulher, de 29 anos, técnico de nível médio, ten-
vel ~e sal~rio, categoria dos cargos ocupados, tempo de do feito 3 estágios de aperfeiçoamento após seu ingresso
serv.iço, numero de estágios de formação ou reciclagem na empresa, com 5 anos de casa, solteira (sem filhos), sa-
realizados, número de filhos, sexo, idade. lários na faixa de 601 a 1.000.
N .B. - Lembremos de que não se trata de uma seqüência Tendo interrogado esta pessoa, o pesquisador, em con-
de perguntas a fazer. Trata-se somente da cons- seqüência, modifica o seu quadro. De fato, ele deve inter-
trução do nosso modelo reduzido. rogar a partir de agora 5 mulheres em vez de 6, 39 técnicos
28
29
de nível médio em vez de 40, etc ... Cada característica de
'-3 seu cliente diminuindo de 1 a cota prevista para essa ca-
~d?
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COTAS - (/l:,:,
:><..., > racterística.
;> n n
.. ..., Compreende-se o que acontece: a liberdade do pesqui-
(J) (J) tT1
1 sador diminui à medida que ele progride e, para seu 250.ª
e último cliente, ele vai se encontrar numa procura an-
siosa daquele pássaro raro, tal como, por exemplo, o téc-
1v
UI
~ tv
~ ti)
tT1
nico de nível superior, homem, de 21 a 30 anos, não tendo
o ,t.. :><
o feito nenhum estágio, com 5 a 10 anos de casa, tendo mai
°' -1:1..
de cinco filhos e ganhando menos de 2.000 por mês! ...
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Pode-se facilmente chegar a impasses, e a acrobacia
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o deve começar desde cedo para que o pesquisador preca-
vido não se deixe "encurralar" nesses últimos momento .
V, V, o o o 2.0 O método do cálculo de probabilidades ou método do
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amostra, é necessário dispor:


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tabela dos números ao acaso - essas tabelas são publicadas em
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todos os manuais de estatística);
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decidiu tomar com relação à população da enquête.
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segurança da interpretação estatística ulterior, é necessário saber
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V, ze:, que, reduzir pela metade a margem de erro (portanto para duplicar
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::, Oo ::t? ~ u.;, t!?
oç:: "1 s:t'T1 a segurança) é necessário multiplicar o tamanho da amostra por
s= VI t=::
sê" ~ g-É s=
V, e:, V, ...... '-1 s= -i:.. :,:, quatro. . . para triplicar a margem de segurança, é necessário mul-
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V,
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V,
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p,
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tiplicar o tamanho da amostra por 9. . . etc.
;;;· o
t'T1
Por outro lado, a extrapolação obedece a cálculos precisos:
p,
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(1) o. quando se sorteia uma amostra de 10 pessoas de uma lista de
(1) o.. 100, pode-se calcular a variáncia de uma resposta particular obtida,
§' ...... ...... (1)

o O\
N
VI
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-i:..
$ll

o.
VI
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l/1
....
o
°' ....
o Oo
u.;,
o
-
p,
......
e:,
'-1
VI
o
r:, s:
.o t'T1 t"'
e z >,
~ caso tivéssemos escolhido outras 10 pessoas igualmente ao acaso.
Para uma população determinável, a fórmula é:
o-
(1)
$ll $ll p, - rn :,:,
N N ,_. O\ o t"' o-
o>
o o VI
o o
o
n P' (1 - P')
o
..... o
o
o
o o (1-N> n-1

31
onde: n é o número de indivíduos da amostra; 3.º Outros métodos de construção da amostra.
N o número total da população da enquête; a) O método das áreas, o sorteio se faz não mais entre indivf.
duos, mas entre áreas. Divide-se um mapa em quadrados num .
P' a média da amostra, isto é, a relação entre o número de
rados, de tamanho uniforme e sorteiam-se as áreas nas quais terá
pessoas que dão determinada resposta que nos interessa e o nú- lugar a enquête. Na cidade pode-se fazer isso por blocos de casas .
mero de indivíduos da amostra.
Pode-se também utilizar como unidades do sorteio as divisões
Em nosso exemplo (10 pessoas escolhidas ao acaso interroga- administrativas (municípios, cidades, circunscrições, parcelas do
das sobre 100), se 5 das pessoas interrogadas respondem SIM a cadastro). ·
uma das questões, podemos calcular que a variância é de:
b) Os métodos de amostragem em vários níveis ou em diversas
(l _ ~ ) X 0,5 (1 - 0,5) 25 fases. Faz-se o sorteio inicialmente pelo método das áreas, por
ou seja 0,025 ou exemplo. Depois, dentro das unidades assim designadas, sorteiam-se
100 10 - 1 1.000
os indivíduos.
O que significa que teremos 25 chances sobre 1.000 de obter
uma outra distribuição dos SIM em um outro grupo de 10 esco- c) Os métodos de amostragem estratificada. A população é
lhidos também ao acaso. Pode-se reformular a frase e dizer que dividida em estratos, quer dizer em categorias homogêneas do
teremos 975 chances sobre 1.000 de obter a mesma distribuição ponto de vista de uma característica (exemplo: faixa de idade ou
dos sim. número de habitantes dos municípios com população entre 20.000
e 30.000 ou categorias profissionais, etc ...). É claro que esses
Isso mostra a segurança do sistema de sorteio. estratos são determinados a partir dos documentos e recensea-
Enfim, o cálculo de probabilidade permite uma estimativa do mentos objetivos, devem ser em número reduzido e não coincidem
grau de segurança na extrapolação das percentagens de respostas com as características fixadas no objeto da enquête. Eles repre-
sentam divisões naturais ou sociais da População (urbano-rural,
obtidas em uma amostra para a população total.
regiões geográficas, categorias profissionais, grupos de idade, di-
A fórmula é a seguinte: mensões das empresas agrícolas, etc ...). Em cada estrato separa-se
P' ± [tx (desvio padrão)] uma amostra por sorteio. Pode-se fazer sondagens combinando os
estratos com o método das diversas fases: fixam-se os estratos
Por definição, "o desvio padrão" é a raiz quadrada da variância primários e sorteia-se; obtém-se "unidades primárias" que, por sua
de P'. vez, vão ser divididas segundo uma nova estratificação. Depois, um
segundo sorteio fará aparecer os indivíduos a interrogar.
Lembremos que P' é a média da amostra na resposta
considerada. d) A amostra "a priori" (chamada também "mestra") é uma
amostra ampla, bem caracterizada segundo todas as categorias e
Por exemplo, se 5 pessoas sobre 10 de minha amostra respon- preparada previamente. Quando se empreende uma enquête, dimen-
deram SIM a uma questão, minha amostra sendo de 10 sobre 100 siona-se sua amostra dentro dessa amostra a priori. Naturalmente,
com relação à população, calcula-se que haverá provavelmente um é necessário que a evolução das suas características seja cuidado-
número total de SIM sobre 100 compreendido entre 42 e 57. Dizendo samente atualizada.
isso, sabemos que temos 50 chances sobre 100 de nos enganar. Se
quisermos ter 95 chances sobre 100 de prever corretamente, cal- e) O painel. É uma amostra fixa servindo de referência regular
para todas as enquêtes ou para uma série consecutiva de enquêtes.
cula-se que o intervalo de confiança estará compreendido entre 25
e 74 SIM dentro da população total de 100. As pessoas que participam foram selecionadas segundo o sistema
da amostra a priori a aceitaram ser regularmente submetidas a
Para "apertar" este intervalo até uma precisão ótima, é neces- questionários diversos. Como no caso precedente, aqui os riscos são
sário aumentar até um ótimo calculável o número da amostra ou a degradação da amostra pelo tempo (25 % de perda anual aproxi-
mais exatamente, aumentar a relação, isto é, interrogar um maio; madamente) e, sobretudo, a mudança das próprias pessoas pelo
número de pessoas. Cf. os quadros de cálculos em anexo. efeito da repetição das enquêtes.

32 33
E em função das ne~essidades da enquête e de suas limitações
( lem~o, orçamento, numero de pesquisadores, amplitude da
Um conjunto de questões "fechadas" constitui o que se chama
enquete) que o promotor de uma sondagem escolherá seu método "um questionário pré-codificado", por oposição ao questionário
d e amostragem.
"pós-codificado" que é um conjunto de "questões abertas".
. Apó~ ? invent~rio dos tipos de amostras parece-nos útil fazer Vantagens das questões fechadas:
0
mventano dos tipos_ de perguntas, de modo a mostrar ao leitor
º. a_rsenal de que d1spoe. a enquête antes de detalhar (cf. 3.ª Expo- 1. Permitem localizar e classificar rapidamente o cliente numa
s1çao) a arte de constrmr o questionário propriamente dito. das categorias objetivas ou numa das cotas da amostra.
Permitem classificar rapidamente uma resposta numa das cate·
gorias de análise previstas. Facilitação da tabulação posterior do
questionário. ·

Os diferentes modelos 2. Permitem uma resposta fácil, não exigindo mais do que o
2 de questões utilizáveis
esforço de assinalar uma casa e permanecendo suficientementt.!
anônimo.
3. Podem servir de "filtros", isto é, de discriminação entre as
. Nesta parte, tratar-se-à_ so?1~nte dos tipos de questões entre os pessoas que deverão ou não responder a uma série de· questões
quaisd o redator do quest10nano deverá escolher posteriormente posteriores, e portanto dispensam certos clientes de responder a
ifª~ 0
ch~gar ~ momento de compor seu instrumento de enquête.
ed levera entao colocar um conteúdo preciso nesses diversos
questões que não lhes concerne.
mo e os. 4. Servem freqüentemente de questões introdutórias, mesmo
se não têm nenhuma importância para os objetivos e sirvam
• A QUESTÃO "FECHADA". unicamente para engajar o cliente no questionário, através de
perguntas fáceis.
. Mode~o simpl~s de pergunta, geralmente colocada sob forma
O maior inconveniente das questões fechadas é que elas são
1~ter~?gativa e_ CUJa característica é fixar previamente 'respostas do
~1p o Aprovaçao-~esaprovação", ou "avaliação sob uma ()'ama de ineficazes e contra-indicadas nos casos em que se procura obter
JU1gamentos previstos". .b alguma coisa a mais que características objetivas ou informações
facilmente reveláveis, permitindo discriminar os entrevistados.
EXEMPLO 1. - Você viu o filme "A Doce Vida"?
O sim
O não a A QUESTÃO "ABERTA".

O sem resposta
Ao contrário da precedente, a questão chamada "aberta" não
(assinale a casa correspondente à sua resposta).
prevê respostas e deixa ao indivíduo a completa liberdade de se
EXEMPLO 2. - Em que faixa de idade você se encontra atual- expressar como quiser, de formular a seu modo a resposta à questão
mente?
colocada.
O abaixo de 20 anos
O de 21 a 29 anos EXEMPLO 1. - Se um jovem perguntasse hoje a sua opinião
O de 30 a 39 anos sobre o melhor futuro profissional que poderá escolher, qual a
O de 40 a 49 anos carreira que você lhe aconselharia?
O de 50 a 60 ·anos
O acima de 60 anos
(assinale a casa correspondente à sua resposta).
4
EXEMPLO 2. - O que este curso ofereceu a você no plano Existem aí duas idéias para distinguir provisoriamente.
profissional?
Anotaremos:
Vantagens das questões abertas:
l .º Reforço das relações com os colegas ................. .
1. Permitem, quando bem formuladas, abordar qualquer tema 2.º Melhoria da participação nos grupos de trabalho . ..... . .
e obter realmente informações úteis.
A segunda resposta lida é:
2. São indispensáveis para abordar problemas delicados.
"Travei conhecimentos com jovens colegas que até então
Inconvenientes: encontrava muito pouco e compreendi algumas das minhas dif i-
culdades profissionais nas relações com os clientes."
1. Sua formulação demanda tato.
Aparecem novamente duas idéias. A 1.ª (novas relações com
2. A apuração é trabalhosa porque as respostas obtidas exigem jovens colegas) faz parte do mesmo tema da l .ª precedent~, 1:1-as
uma verdadeira análise de conteúdo. . permite prever uma nova formulação en~loband? as duas 1dé1as,
como vizinhas. A 2.ª idéia, deve ser menc10nada a parte.
• MUODO PRATICO DE APURAÇÃO DE RESPOSTAS A UMA QUESTÃO ABERTA. Resultado:

E necessário para a seqüência da exploração que tratemos aqui - Melhoria das relações com os colegas ............... · · ·
deste problema.
- Melhoria da participação nos grupos de trabalho ...... .
Trata-se de inventariar e de classificar as respostas livres a uma
mesma questão. Diante da variedade aparente das respostas, a - Compreensão de dificuldades anteriores com clientes . .. .
pessoa encarregada da apuração deve inicialmente tranqüilizar-se
porque, embora as respostas sejam diversas na sua formulação, Constata-se, aliás, que essas três idéias se reagrupar_ia!-11 even-
classificam-se sempre dentro de uns poucos conceitos-chave. O tualmente sob o mesmo tema: Melhoria das relações sociais.
essencial será encontrar esses conceitos.
... A seqüência da apuração dirá se é útil processar este novo
Para tanto, basta um pouco de imaginação, de memória e de reagrupamento temático, ou não ...
inteligência.
Assim, progridem paralelamente. a apuração ~ . a análise ~e
1. Comece lendo um certo número dessas respóstas, um terço conteúdo (para mais informações técmcas, sobre analise de conteu-
do total se tiver entre 40 e 60 questionários a apurar, um quarto se do, ver R. Mucchielli, "A análise de conteúdo" *).
tiver uma centena. Você constatará que certos temas aparecem sob
fórmulas diferentes ou mesmo freqüentemente com palavras • AS QUESTÕES "CAFETERIA".
idênticas.

2. Inicie a apuração escrevendo a idéia-mestra ou as idéias- Para evitar os inconvenientes da apuração de resp?st~s ,livres,
-mestras da resposta n.º 1 marcando com um sinal que tal idéia (ou pensou-se prever todas as categorias de r~sposta_s p~ss1Y.e1s a u~~
tais idéias) acaba(m) de aparecer uma vez. questão do tipo "aberto". Chegou-se então a q_:1estao dita. cafetena ,
muito mal denominada aliás, cujo nome supoe que o cliente encon-
Exemplo: à questão enunciada acima ("o que este curso ofe- trará aí aquilo que deseja, dentro do "leque" de respostas propostas.
receu a você no plano profissional?"), a primeira resposta lida é:
Exemplo: "O que caracteriza, segundo você, um homem de
"Uma oportunidade de encontrar alguns colegas, de reforçar "esquerda"?
minhas relações com eles, e de superar as dificuldades de participar
em grupos, o que é muito útil profissionalmente."
("') Publicado nesta coleção.
36
37
O o anticlericalismo, tituirá o "leque" de respostas oferecidas na questão "cafeteria",
a qual fará parte do questionário.
D a preocupação com a defesa das liberdades Lembremos que a primeira elaboração do questionário dever,
individuais, 3
ser, por sua vez, submetida ao pré-teste (cf. a seguir, 3. exposição,
O a atenção voltada para os problemas do capítulo 2).
proletariado, Ao lado desses modelos de questões, das quais acabamos d·
O o pacifismo, ver as características, o questionário, pode dispor de outros
O a preferência pelo dirigismo em matéria procedimentos.
econômica,
O fidelidade ao sistema republicano,
D o internacionalismo,
O outra característica, na sua opinião, ........ .
N.B. - Vocês notarão que, assim como nas questões "fechadas"
convém prever o sem resposta, também aqui convém
3 A medida das atitudes
prever a outra resposta eventual. A ausência desta menção
faz com que a apuração se tome a mesma das questões
fechadas. Sua presença necessita uma análise de conteúdo Era inevitável que a avaliação e a medida das atitudes viesse
das respostas livres, mas abre também uma saída a com- a se tomar uma preocupação da enquête psicossocial, pelo simplc
plementos possíveis. fato de que as opiniões são o seu objeto.
Vantagens da questão: "caf eteria":
• A NOÇÃO DE ATITUDE.
1. Considerável ajuda para a memória do sujeito inteITogado;
2. Grande variedade de respostas oferecidas ao sujeito sem De fato, uma opinião (e a enquête psicossocial, por questionário
aumentar o seu esforço; ou por entrevista colhe, principalmente, opiniões) só interessa ao
pesquisador na medida em que for mais do que um simples palpite
3. Facilidade na apuração. pessoal, vago ou acidental sobre o objeto da questão. Nos casos em
que é dada por amabilidade ou por sugestão, ocasionalmen_te ou
O maior inconveniente é que esse tipo de questão pode sugerir
opiniões não-espontâneas no sujeito. superficialmente, não pode ser a expressão de um determinante
real da conduta social. O pesquisador e o psicossociólogo procuram
Entretanto, todo o valor da questão: "cafeteria" (assim como as opiniões finais e pessoais, aquelas que são capazes a cada in ·
de seu paliativo) está no trabalho efetuado durante a pré- tante de se traduzir em atos, em reações, em sentimentos poderoso ,
enquête. De fato, se quem elabora o questionário tira essas respostas socialmente significativos. Sentimos muito bem por experiência
de sua própria reflexão, podemos estar certos de que a questão própria, que algumas · de nossas opiniões são frouxas ( ... "não
será duvidosa e que o item "Outras respostas eventuais" vai ficar estamos fazendo tanta questão assim") ... que, em outras, engajamo
cheio de anotações. Isso obrigará a fazer uma análise de conteúdo realmente toda a nossa personalidade.
(o que queríamos evitar), e revela a imperícia do responsável. Daí o problema da definição e da avaliação da intensidade da
Durante a pré-enquête, por ocasião das entrevistas, pudemos opiniões emitidas pelos sujeitos interrogados.
recolher as respostas aos temas da enquête. O trabalho de elabo-
ração da questão "sirva-se você mesmo" fica então fácil de ser Deixemos de lado o debate teórico sobre a aplicação da noção
explicado: física de "intensidade" a um fenômeno psicológico e acompanhemos
as pesquisas efetuadas sobre o problema (cf. R. Mucchielli,
É necessário aplicar a análise de conteúdo às questões ampla- Opiniões e mudança de opinião*, Exp. l.ª e 2.ª).
mente abertas, colocadas quando da pré-enquête. É dos resul-
tados dessa análise que tiramos os conceitos-chave cuja lista cons- ( •) Publicado nesta coleção. ( N. T.)

38 39
Uma opinião "intensa" é, antes de mais nada, a que se traduz · O moderadamente contrário,
por afirmações firmes, categóricas, absolutas. Daí decorrem possi- O absolutamente contrário.
bilidades ele procedimentos de avaliação.
N.B. _ A atitude expressa pela última resposta é tão sistemática
Ela é, também, aquela que integra um sistema de opiniões, que
se irradia a toda uma série de campos anexos ou conexos. É quanto a primeira.
aquela que se "aferra" a uma maneira de ser, de perceber, de 2. O autoposicionamento numa escala de opiniões.
compreender a vida, de agir e de reagir, que é estável, resiste à
mudança, se exprime em nossa conduta diária de diversos modos ... o princípio é o mesmo, espera-se ?bter °:ª~s "nuances:· do
É aquela que expressa o que se chama uma estrutura latente da que com O primeiro processo. Pode-se pedir ao suJelto que sublmhc:
personalidade. numa lista de adjetivos, aqueles que correspon~em aos seus senti·
mentas. Pode-se também pedir-lhe que se situe numa escala
Atitude (no sentido psicológico em que usamos aqui esta pala- graduada.
vra) não significa "pose artificial", "papel ou personagem que
alguém se esforça por representar", nem "postura ocasional do Exemplo: Você poderia indicar com precisão sua opinião ~o~í-
corpo". É, pelo contrário, em seu sentido pleno, uma "tomada de tica marcando com uma cruz, na linha graduada, a sua poszçao
posição" sobre um determinado problema ou sobre uma questão pessoal?
debatida, portanto uma "matriz" de numerosas opiniões pessoais. Centro Extrema-direi ta
É também uma maneira crônica de reagir, uma predisposição a Extrema-esquerda
1
certo tipo de reações, o que interfere na. própria maneira de perce- 1

o 5 10
ber e de definir os objetos de opinião. É natural, pois, que se 10 5
procure medir as atitudes ou revelá-las. O primeiro objetivo levou A dificuldade, neste último exemplo, é qu: . o "centro" não
à criação de escalas de atitudes e o segundo à utilização dos testes corresponde a uma opinião de .i~diferenç~ poh~1ca, mas, a. uma
de personalidade nas enquêtes psicossociais. opção que pode ter em alguns suJe1tos, sua mtens1dade_ pr.?pr~a.
o inconveniente geral dos processos de auto-avahaçao e que
• OS PROCESSOS DE AUTO-AVALIAÇÃO (ou autonotação).
se torna difícil agrupar os sujeitos por grau~, porque o mesm~ g:au
de afirmação ou de avaliação expressa nao co:responde e et1va-
men te, em todos, à mesma "intensidade" de reaçoes.
Pensou-se de início em solicitar ao próprio sujeito que esti- Além disso O princípio latente desses processos é o ~e que
masse a força, o vigor, ou a fraqueza de suas reações psicossociais toda opinião vai de um extremo ao outro passando por um ponto
(de suas opiniões, por exemplo). . " que não corresponde sempre à realidade (cf. m R.
zero , 0 d . . - ,, * E . - n º 2 as
l. A autonotação. Submete-se ao sujeito uma opinião firme Mucchielli, "Opiniões e mudança e opmiao . · xpos1çao · ,
(correspondente a uma atitude sistematizada) e pergunta-se "se ele ilusões do continuum).
a aprova absolutamente, moderadamente, se fica indiferente. se a
desaprova moderadamente ou se a desaprova absolutamente". a A ATRIBUIÇÃO DE NOTAS POR EXAMINADORES.

Exemplo. - O alcoolismo é uma chaga nacional. E necessário Para evitar a subjetividade e a simplificação que são os incon·
arrancar as vinhas, destruir os alambiques e proibir a fabricação de venientes dos processos acima, teve-se a idéia de fazer co~ que,?
álcool sob todas as suas f armas ingeríveis. "nota de intensidade" fosse dada por examinadores ou Jmzes ·
Dispondo de várias manifestações por parte de todos os ind~-
Você é: víduos de uma população (observação do comportamento, c~m!eu-
D absolutamente favorável a esta opinião, dos de entrevistas livres, biografias, cartas, etc. . ), _um e~peciahsta
(ou vários) classifica essas expressões por nível de mtens1dade gra·
D moderadamente favorável, ças à comparação dos documentos. A experiência prova que os
O indiferente (nem aprovação, nem desaprovação), (*) Publicado nesta coleção. (N.T.)

41
40
examinadores introduzem pouquíssimos desvios pessoais, ao con- O Apenas como amigos eu aceitaria os refratários.
trário daquilo que se poderia temer. O Aceitaria apenas ter relações ocasionais com os
refratários.
• ESCALA DE ATITUDES DE BOGARDUS.
O Não quero nenhum tipo de negócio com os refratários.
~rop_osta ~esde 1925, esta escala de atitudes foi inventada para D Acho que os refratários deveriam ser presos.
medir a mtens1dade dos preconceitos nacionais e raciais.
D Penso que os refratários deveriam ser fuzilados como
. Depois de ter comparado os enunciados de opiniões ou de traidores.
atitudes os "juízes" são convidados individualmente a classifi-
cá-los segunAdo _uma "intensidade" crescente. Registra-se seus pontos Os "intervalos" entre os graus, porém, eram empíricos, e isto
de concordancia (pode-se mesmo quantificar seu grau de concor- não satisfazia aos psicossociólogos. Digamos, entretanto, que a esca-
dância). . la de Bogardus na prática dá bons resultados.
Quando a lista "crescendo" fica assim estabelecida ela se torna As três escalas seguintes têm uma construção mais difícil.
" a escala" que acompanha a questão e permite "medir" , a atitude
do interrogado.
• A ESCALA DE ATITUDE DE THURSTONE COM INTERVALOS CALCULÁVEIS.
Nos exemplos que seguem, "mede-se" a intensidade da rejei-
ção pelo "distanciamento" crescente.
Com o mesmo objetivo da precedente, ela tem o cuidado de
EXEMPLO 1 (adaptado de Bogardus): equalizar (ou de calcular), tanto quanto possível, os intervalos.
Propõe-se ao "cliente" a questão seguinte: :E. construída em cinco etapas:
"Guiando-se apenas pelo impulso de seus sentimentos e consi- 1. Coleta ampla de asserções, propos1çoes, opm10es sobre o
derando cada raça ou nacionalidade em seu conjunto, sem levar tema que se pretende submeter a enquête. Estas proposições (várias
em conta os indivíduos que você pode apreciar pessoalmente como centenas) são redigidas claramente, de modo a provocar uma res-
bons ou como maus . .. posta sem equívoco, do tipo "Concordo-Discordo".
Você admitirá de bom grado que um Negro seja: 2. Apresentação dessas proposições a uma centena de exami-
1 seu parente próximo por casamento ....... . nadores, encarregados de classificá-las por ordem de intensidade
sim-não progressiva, em uma dezena de "graus".
2 seu amigo pessoal em seu clube ...... ·..... . sim-não
3 vizinho em sua rua ......... . ............ . sim-não 3. Exame comparativo dos resultados. As proposições para as
4 colega em seu trabalho ................... . sim-não quais o acordo dos examinadores não é evidente são rigorosamente
5 cidadão de seu país ...................... . eliminadas.
sim-não
6 proibido de permanecer no seu país ....... . sim-não 4. As demais são reescritas para serem condensadas sob uma
EXEMPLO 2 (dado por Crespi): formulação clara e receber um índice de classificação correspon-
dendo à média das cotações atribuídas pelos examinadores.
Assinale, entre as seis proposições seguintes que se referem aos
refratários ao Serviço Militar *, aquela que você assumiria como 5. As proposições finalmente mantidas são misturadas ao
sua, seguindo unicamente o impulso de seus sentimentos: acaso e apresentadas ao entrevistado.
O Não tenho razão para tratar um refratário de modo EXEMPLO: - Queira assinalar qual das proposiçoes sobre a
dif e_rente do .que qualquer outra pessoa; não me repug- guerra corresponde melhor à sua opinião pessoal:
naria que ele entrasse em minha família por casamento. 1. Quando a guerra é declarada, é dever alistar-se para
(•) "Objeteurs de conscience". (N.T.) combater.

42 43
2. Tanto a guerra quanto a paz são essenciais ao progresso. níveis abaixo. 1:. o mesmo que ocorre quando, no termômetro, a
3. Todas as nações deveriam imediatamente desarmar-se. coluna de mercúrio atinge 25°, após ter passado por todos os
graus inferiores antes de se estabilizar em 25º.
4. Um país nunca dá toda a atenção devida à honra nacio-
nal, e a guerra é o único meio de manter a honra Aplicada às atitudes, a técnica de composição da escala utiliza
nacional.
uma matriz especial chamada escalograrna. Eis o resultado de um
5. As. gi:erras somente são legítimas quando têm por desses cálculos aplicados à atitude de "militância política": cada
ob7etivo a defesa das nações fracas. comportamento representando um engajamento cada vez mais
pessoal e arriscado, supõe-se que "quem faz o mais fez ou faz
6. O que se pode fazer de melhor é abolir parcialmente a também o menos". (N.B. A lista deve ser lida de baixo para cima.)
guerra.
7. A guerra implica no desprezo à vida e aos direitos do 8. Você já colou com uma equipe, cartazes políticos sem
homem e isto tem como conseqüência a multiplicação autorização?
dos crimes.
Essas proposições seriam arrumadas na ordem crescente se- 7. Você já tentou convencer pessoas a aderir a um partido?
guinte, sobre uma escala virtual de 11 pontos:
6. Você assistiu a reuniões políticas?
Proposição 4 (cotada 1,3)
Proposição 1 (cotada 2,5) 5. Você deu dinheiro a um partido?
Proposição 5 (cotada 5,2) 4. Você tem discussões políticas com seus colegas?
Proposição 2 (cotada 5,4)
Proposição 6 3. Você se considera suficientemente bem informado em
(cotada 5,6) política?
Proposição 7 (cotada 8,4)
Proposição 3 (cotada 10,6) 2. Você votou nas últimas eleições municipais?

O sistema de Thurstone permite, como se vê, obter "unidades 1. Você votou nas últimas eleições presidenciais?
de medida".
O escalograma de Guttman é um instrumento que permite, de
A escala de Likert (1932) é, por seus resultados, bastante com- uma parte, observar as atitudes a serem fixadas para o crescendo
parável à de Thurstone, mas a diferença está no método e no <la escala e eliminar os outros e, de outra parte, descobrir a hierar-
cálculo (inspirado pela análise fatorial de Spearman). Durante o quia das atitudes ... na massa das atitudes coletadas no campo de
pré-!este, apresenta-se a vários indivíduos uma lista de questões, opinião estudado.
pedmdo-lhes apenas para avaliar seu grau de acordo ou desacordo.
Procura-se a seguir, pelo método fatorial, as atitudes (ou fatores Em conclusão, o esforço dos pesquisadores levou à obtenção
gerai~). subjacentes e formulam-se as proposições-chave que se
cJass1hcam em graus, exatamente como as aptidões. de instrumentos que se revelam muito úteis na prática da sondagem
de opiniões, quando se trata de avaliar, para além das simples
opiniões, os determinantes dos comportamentos sociais.
• A ESCALA DE GUTTMAN.

N.B. - Complementos importantes a este capítulo sobre as esca


A idéia de Guttman se refere ainda mais à imagem do termô- las de atitudes encontram-se em R. Mucchielli, "Opiniões
metro, pois ele imaginou uma lista de proposições tais que a adesão e mudança de opinião". Consultar-se-á também a obra
a um grau superior implica necessariamente a adesão a todos os (citada na bibliografia) de Victor ALEXANDRE.
44
45
4 Os testes na enquête psicossocial
Exemplo 2. - Se numa enquête sobre as atitudes religiosas,
um dos fatores for a ansiedade pessoal, uma escala de ansiedade
(teste de Cattel) será incorporada à enquête.
O problema, em casos como esses, é evidentemente o da for-
_ Toda a. ~ama dos testes psicológicos pode, em certas condi- mação psicotécnica dos pesquisadores.
çoes, st~·utihzada. na enquête psicossocial, embora sua utilização
1
::t
g~~imr . gªc ?sKe1 ªº ~x~me, psicotécnico ou ªº exame psicoló-
c mico c · . ucchielh, L examem psychotechnique).
• A ENOUETE PSICOSSOCIAL PODE SER LEVADA A FABRICAR TESTES
ADAPTADOS A SEUS OBJETIVOS ESPECIFICOS. A construção das escalas de
atitudes é um exemplo:
Alg1;1ns testes são em si mesmos questionários outros utili-
zam me10s materiais especiais. '
O princípio de certos testes (princípio das técnicas projetivas
Pobd.e-s.e dividir os testes psicológicos, do ponto de vista de por exemplo) pode ser utilizado para a realização de certos instru-
seus o 3et1vos, em 4 categorias: mentos especiais:
't ~.º A) s provas de medida dos conhecimentos (intelectuais ou Exemplo 1:
pra lCOS.
Uma firma comercial especializada na fabricação de
d
/s
l·ºd ·1n1w)
O
o.s :t~steJ de ,aptidões, muito conhecidos e muito utilizados
~ sec.u~o, :permitem medir (comparando com rné-
batom queria saber, por necessidade de sua publicidade e
para realizar a apresentação adequada do estojo do batom ...
c;fi~o e I ha be'l'da idntehgencia, a atenção, a memória, os dons espe- a que categorias sociais correspondiam, no espírito das
s, a a 11 a e manual, etc ... muheres em geral, certa tonalidade de vermelho e esta ou
~/ Os questionários e inventários de personalidade procuram aquela apresentação do estojo. Em outras palavras, seu
c1assi icar os t~aços de per~onali~ade, de caráter ou de tempera- objetivo comercial era de adaptar o melhor possível o
mt~~tdo,d... me11r a adaptaçao soCial, os interesses, as formas de produto (o vermelho de uma tonalidade particular) e sua
a 1v1 a e, o mvel de ansiedade, etc ... apresentação (o estojo) segundo as categorias sociais das
mulheres. A firma solicitou a um órgão especializado uma
Desta categoria fazem partes os testes de traços patológicos. enquête psicossocial.
Alguns destes testes comportam escalas de medida da mentira Entre os objetivos da enquête encontrava-se a pesquisa
nas respostas ao teste ou ao questionário. da categorização das tonalidades de batom e dos estojos,
pelas mulheres, em função da imagem que tinham das
_4.º As chamadas técnicas projetivas são meios de investi- categorias sócio-econômicas.
gaça,o . das estrutura~ latentes da personalidade pela provocação Um teste especial foi preparado para elucidar este
11:etod(1ca de expressao da personalidade e pela análise das produ- ponto, sem lançar mão de um questionário, onde os desvios
çoes que chamamos "projeções") assim obtidas. seriam muito numerosos.
Em suma, o pesquisador abria: diante da pessoa inter-
• : ENQUETE PSICOSSOCIAL. P~DE UTILIZAR, SEM ALTERAÇÃO UM TESTE
rogada um cartaz no qual se ençontravam imagens repre-
i:~~~L<?Gl~O quando, nas h1poteses da enquête, somos levados a prever a sentando mulheres em um certo ambiente: uma camponesa
·1c el~c~a
Ps o og1co.
e um fator cuja detecção ou medida depende de um teste dando de comer a galinhas, uma datilógrafa em seu escri-
tório, uma dama da sociedade num camarote de teatro,
uma professora primária em sua classe, uma burguesa em
Exemplo 1. . - Em uma enquête sobre "a adaptação dos seu apartamento confortável, etc, ..
adult~s formados nos e.entras de Formação Acelerada a seu cargo Em cartolinas destacáveis se encontravam, de um lado,
~tual , .un:1 dos fatores fixados como hipótese (e portanto como um uma série de batons (sem o estojo) de nuances variadas,
Hos .0 bJetivos) da enquête, foi o nível e a forma de inteligência. de outro lado uma série de estojos. Havia mais batons e
d avia rortanto uma ~arte da enquête consagrada à determinação mais estojos do que imagens.
este ator ..os pesqmsadores submetiam os sujeitos da enquête O "jogo" consistia, para a pessoa interrogada, em asso-
a uma batena de testes de nível intelectual. ciar, segundo sua idéia, cor e estojo com cada fotografia,
46 47
de acordo com a seguinte indicação do entrevistador: cada
uma dessas mulheres tem na sua bolsa um estojo de batom
com um vermelho de uma certa tonalidade. Na sua opinião,
qual destes batons e qual destes estojos?
Exemplo 2:
Em 1953, por conta da revista Les Temps Modernes (que
publicou o relatório final em seu número de agosto-setem-
bro de 1954), o Instituto Francês de Opinião Pública lançou Terceira Exposição
uma enquête sobre as Reações aos problemas sociais na
França.
Entre o material podia-se ver dez fotografias muito
imprecisas quanto aos detalhes, mas "tematizadas", repre-
O QUESTIONÁRIO
sentando cenas de greve, de agitações sindicais, de prisões
durante manifestações, etc., sobre as quais o entrevistado
devia expressar o que sentia. Um questionário de enquête n ão é uma lista de perguntas, como
Isso já nos introduz aos meios qu e devem ser utilizados p ara já dissemos por ocasião da revisão que fizemos de tudo aquilo qu •
superar ou forçar as defesas naturais do entrevistado durante uma ele pode comportar como meios de pesquisa de reações
enquête. Entretanto, eu gostaria de concluir esta exposição com psicossociais .
uma observação tranqüilizadora: o que quer que pense o entre- Acrescentemos agora que o questionário não deve ser uma
vistado, o objetivo de uma enquête psicossocial não é de com- lista de questões diretas quando se trata de sondar, através das
preender um indivíduo ou de ajudá-lo a se compreender. Conseqüen- respostas dos suj eitos, os fatores de comportamentos sociais. Es e
temente, as técnicas utilizadas, das quais vocês descobrirão a ponto preliminar é muito importante. A tentação natural e imediata
amplitude e a eficácia potencial, não representam nenhum risco de quem promove enquêtes, não possuindo formação técnica,
para o indivíduo enquanto tal. O que se procura, através de suas ignorando o p erigo dos desvios e procurando sozinho formular
opiniões, atitudes ou reações, é captar os determinantes dos com- questões claras para respostas facilmente utilizáveis,. . . é a d
portamentos coletivos na população considerada. É portanto como preparar uma lista curta de questões diretas. Imagina por exemplo
membro da população estudada que o indivíduo é interrogado. que, para saber o que as pessoas pensam do Governo, é necessári
Ê porque ele participa das maneiras de sentir e de reagir de uma perguntar: "O que pensa você do Governo?", para saber o que os
coletividade particular. . . que o entrevistado interessa ao pesqui- empregados pensam do seu trabalho, basta perguntar-lhes " O que
sador, não enquanto atormentado por problemas íntimos. vocês pensam do seu trabalho?", etc., etc. . . É necessário saber
Todos os meios de enquête, passados em revista sucintamente que a ques tão direta é muito raramente apropriada e que ela cor-
nesta exposição, convergem, pela delimitação da população da r esponde à atitude do pescador que pensasse, indo para a pesca, qu
enquête (universo da enquête). . . a determinação da amostra que "os peixes o esperam para se atirar em sua rede". Digamos com
garantirá, sob certas condições calculáveis, a generalização dos ênfase, como diz R. Daval: E preciso não sucumbir à tentação de
resultados ... a escolha dos objetivos psicossociais da pesquisa, a
avaliação dos instrumentos de trabalho. . . para a compreensão de colocar os objetivos da enquête diretamente sob forma de
um fenômeno social. Mas, para atingir uma realidade desta ordem, perguntas.
o questionário, deve necessariamente passar pela relação com os Podemos lamentar que não sej a suficiente fazer perguntas dire-
indivíduos da população envolvida. Ora, o indivíduo como tal, tas; não temos o direito de ignorar tal fato, porque os fenômeno s
acreditando-se implicado pessoalmente (mesmo pelo questionário que tornam inúteis (inoperantes) as questões diretas são já, também
escrito), não deixa transparecer facilmente aquilo que interessa ao eles, psicossociais. Falou-se muito dos "mecanismos de defesa d
psicossociólogo, engana-se, defende-se deixa-se sugestionar. ego" desde FREUD e sobretudo desde o livro de sua filha (Anna
É necessário portanto estudar agora essas reações, se quiser- FREUD) que tem esse título . Tratava-se dos mecanismos de defe a
mos dar acabamento definitivo ao nosso instrumento de pesquisa: do ego contra seu próprio inconsciente (o recalcamento por
o questionário.
exemplo) .

48 49
Quanto ao que se passa entre o entrevistado e o entrevistador, questionário. O redator terá portanto meio de verificar os resultados
não se trata daqueles mecanismos de defesa. Lidamos, desta vez, das precauções tomadas para evitar os desvios.
com mecanismos de defesa social do Ego, infelizmente muito pouco Descreveremos a seguir diversos desvios e, para maior
estudados até agora e que constituem os possantes obstáculos que segurança, indicaremos as medidas que devem ser tomadas par
encontra todo "fazedor de perguntas". evitá-los.
Essas defesas colocam-se em alerta automática, contra o entre-
vistador e contra a pergunta como se se tratasse de uma proteção- • AS DEFORMAÇÕES. INVOLUNTÁRIAS DECORRENTES DAS DEFESAS SOCIAIS
-reflexo: o indivíduo interrogado dá uma resposta de proteção, de AUTOMÁTICAS NO SUJEITO INTERROGADO.
"cobertura", de fachada. Poderá, segundo o caso, procurar agradar,
intimidar, fugir discretamente, mas sempre estará atento à pessoa As deformações involuntárias das respostas (o que arruína o
do pesquisador, à opinião que está formulando e que procura dar valor dos resultados), é fruto do fato de que a questão coloca em
de si mesmo. . . mais do que à própria pergunta. É por isso que alerta os mecanismos psicossociais automáticos. Analisaremos, a
as perguntas diretas sobre problemas importantes para o indivíduo seguir, sete dos principais:
questionado estão fadadas a captar apenas máscaras. • A reação de prestígio ou "defesa de fachada". Trata-se de uma rea-
Os mecanismos de defesa social do "Ego", postos em cena ção automática correspondente ao medo de provocar, por sua
automaticamente pela situação de resposta a questões ou a um resposta um julgamento negativo. É uma tendência "de fachada"
pesquisador, tendem a apresentar o "Ego" como inteligente, lógico- no sentido de que se trata de salvar as aparências porque se acredita
-coerente, conforme às normas sociais do grupo de referência, e estar correndo o risco de ser julgado.
"socialmente desejável", inocente e justificado, socialmente e racio- Esta reação se traduz pela minimização das opiniões, a esti-
nalmente aceitável. É contra essa "fachada" defensiva que a questão mulação-defensiva, o refúgio nos estereótipos (isto é, os clichês
direta se choca, e o pesquisador que a ignora, recolhe, com excita- socialmente admitidos), ou de um modo geral por respostas em
ção e satisfação, respostas sem valor real algum para seus função daquilo que é "socialmente desejável". Pesquisas experi-
objetivos. mentais provaram que esse tipo de respostas aumenta proporcional-
mente ao nível de instrução, ao status social e à inteligência.
Aumenta também quando o pesquisador não pertence ao mesmo
grupo social do pesquisado.
Exemplo. - A pesquisadora (promotora de uma pesquisa sob re
Os fenômenos psicossociais da
1 situação de resposta a questões
o trabalho das mulheres casadas) prevê a seguinte questão durante
o pré-teste:
Entre os sete itens seguintes, assinale aqueles que corres-
pondem às razões pelas quais você assumiu um trabalho (você pode
Cada um dos mecanismos de defesa social que serão aqui des- mencionar várias razões):
critos intervém de maneira inconsciente ou subconsciente, reflexa
por assim dizer, e em todo caso automaticamente, na situação de - para melhorar o orçamento familiar,
resposta a um questionário. Eliminamos portanto a intenção deli- - porque eu me aborrecia em casa,
berada de mentir, contra a qual, se ela é consciente e organizada, a - por gosto e interesse pelo trabalho que eu assumi,
única coisa que se tem a fazer é esperar que este desvio seja estatis- - para ter meu próprio dinheiro,
ticamente anulado na massa das informações recolhidas. - para ser independente,
Os fenômenos psicossociais automáticos dos quais iremos falar, - para ter minha aposentadoria,
ao contrário, interferem regularmente e constituem outros tantos - para permitir que as crianças continuassem seus
desvios possíveis para a en.quête, caso não os evitemos. O redator estudos.
do questionário deverá portanto prestar muita atenção a isso. Eis, a seguir, os resultados obtidos (razões ordenadas por
Digamos mais uma vez, agora, que há uma etapa da construção ordem decrescente, com uma nota de freqüência média):
do questionário, etapa chamada PRÉ-TESTE, que tem como objeti- - melhorar o orçamento . . . . . . . . . . . . . . . . 9 ,8
vo previsto pôr à prova a forma das questões e sua ordenação no - estudos para as crianças . . . . . . . . . . . . . . 6,2

50 51
Isto não é senão o efeito atenuado de uma reação defensiva
ter uma aposentadoria . . . . . . . . . . . . . . . . 4,4 cuja expressão mais forte aparece diante das pergunt~s que provo
interesse pelo trabalho . . . . . . . . . . . . . . . 4,0 cam o medo de uma utilização da resposta contra sz, ou o fecha·
ser independente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2,6 menta diante de uma questão considerada "pessoal" e "delicada".
ter seu próprio dinheiro . . . . . . . . . . . . . . . . 1,8
Medidas que devem ser tomadas para evitar os retraimentos defensivos desse tipo:
por aborrecer-me em casa . . . . . . . . . . . . . . 1,2
não iniciar o questionário por perguntas que possam provo
Esta lista representa com toda evidência o efeito de uma defesa
de fachada: as razões dadas se agrupam segundo a ordem das car esse tipo de reação;
razões cada vez mais difíceis a confessar em relação à sociedade. A evitar a personalização direta das questões, sempre que o
prova é tirada por perguntas de identificação sobre o status social tema abordado for delicado (não há problema desse tipo,
do marido, o número e idade das crianças. quando se trata de determinar as características "obje-
Constatou-se, com efeito, que o orçamento real da família e a tivas");
idade dos filhos estava, em 80% dos casos, em contradição com as evitar que os pesquisadores sejam "estranhos" ao grupo de
principais razões invocadas. Normalmente, a questão, sob esta entrevistados;
forma direta, será abandonada depois do pré-teste. de modo geral, evitar a utilização de perguntas diretas para
abordar problemas de opiniões pessoais ou para tratar
Medidas a tomar para evitar as reações de prestígio: pontos delicados.
Isto nos leva a falar aqui da pergunta indireta. Ela é sem-
Existe primeiramente a introdução, no questionário, de esca-
pre preferível nas circunstâncias que acabam de ser definidas.
las destinada~ a avaliar as tendências de fachada e as reações de
defesa pela preocupação com o prestígio social. A escala K do Utilizam-se vários procedimentos:
M.M.P.I. (isto é, uma série de questões incorporadas ao inventário a) A abordagem do tema por um aspecto significativo, mas não
de personalidade, conhecido sob o nome de M.M.P.I.), a escala SD evidente. Não se perguntará a um sindicalista o que pensa do
de Edwards, a escala de sinceridade do teste PNP de Pichot, são Secretário Geral do Sindicato. Perguntaremos "se ele pensa que a
meios desse tipo. ação desenvolvida pelo seu sindicato, na conjuntura atual, está
Convém evitar, por outro lado, iniciar o questionário por organizada de maneira eficaz".
perguntas que trazem o risco de provocar respostas de fachada, b) A fuga ao tema direto, que só será reencontrado pela arti-
e é preciso sempre e antes de mais nada pensar nessas atitudes culação de duas ou três perguntas pouco chocantes. Não se per:g':1n·
automáticas, formular e arrumar as perguntas para neutralizar tará aos contramestres o que pensam dos representantes operanos
esse efeito, ou prever articulações com outras perguntas. Essas e da influência deles junto à Direção. Perguntar-se-á (essas duas
articulações terão por objetivo seja verificar a autenticidade de questões estando distantes uma da outra, no questionário) por um
uma resposta através de algumas outras, seja conhecer a verda- lado: "Quando os contramestres dirigem um pedido, um relatório
deira resposta por dedução de questões que, uma a uma, não ou uma sugestão à Direção, eles são aterui.idos?", e por outro lado:
trazem o risco de provocar a defensiva. "Quando os representantes operários fazem um pedido, um rela-
Evidentemente o sexo, a idade, as referências sociais aparentes, tório, uma sugestão à Direção, eles são atendidos?". Se para essas
as ati~udes da pessoa envolvida na enquête pesam bastante na duas perguntas foi prevista uma resposta fechada com _9-uat_ro
indução desse tipo de respostas. possibilidades (com muita freqüência, com alguma frequência,
algumas vezes, nunca), poder-se-á, por comparação, apreciar o g.:au
e O retraimento defensivo diante da pergunta personalizada.
de ressentimento de uns contra outros. Com as mesmas questoe ,
aliás, se poderia sondar indiretamente a opinião sobre a Direção.
Observou-se anteriormente que as questões personalizadas c) O uso do "tema embaralhado". Dissimula-se o ponto-ch ~v'
diretas (começando por "O que você pensa de ... ", "Na sua em um conjunto. Não se perguntará a um paroquiano se ele vai à
opinião ... ", "Você pode dizer: "Eu ... " etc ... ) não facilitavam missa, mas podemos pedir-lhe para de~crever o emprego de seu
a expressão das opiniões e, ao contrário, provocavam respostas de tempo nas duas últimas manhãs de dommgo . .
fuga (aumento do número de recusas ou hesitações do gênero "Não Escalas de atitudes podem ser construídas com esse obJet1vo.
sei", "impossível dizer", "não tenho opinião").
53
52
d) o pro eclimcnlo do funil (f unnel) ... que consi t cm parlir Acr ditamo que um efeito de sugestão deve ser l?revi~t? p ·lo
de longe e de ques lões gerais para ir cercando progressivamenle, fato mesmo de que toda pergunta (com exceção _d~s de 1dent1fi~a :H!
c~da v~z J:?ais, o tema delicado. O sujeito, tendo chegado até aí, ou de características objetivas) formula uma h1potese, como Já fot
nao vai deixar de responder um pouco mais. visto (cf. pág. 20).
No exemplo que segue, o pesquisador soube despersonalizar
Medidas que devem ser tomadas para evitar a sugestão decorrente da forma da
uma questão delicada.
pergunta.
. Exe:11-plo. - Em seu relatório da enquête sobre " Psicologia so-
cial do imposto na França de hoje ", Jean Dubergé conta que se O redator do questionário, assim como o promotor da enquêtc
encontrava diante da necessidade de fazer uma pergunta sobre a e os próprios entrevistadores, devem estar conscientes dos ri o~
f:aude fiscal e relata as desventuras do pré-teste. A pergunta fixada de desvios que representam opiniões a priori, mesmo fundadas so
fmalmente é a seguinte (introduzida como 10.ª após numerosas bre uma experiência pessoal anterior, e a formulação direta da :
questões de preparação): questões a partir das hipóteses.
Um simples traço de formulação tendenciosa. transforma-se _em
. "A!gu:11-as pe~soas têm a tendência de julgar a fraude fiscal com sugestão para os sujeitos. Em certos casos, a a~üude que cons1Sl_'
indulgencia, considerando que em matéria de impostos, o civismo em responder em função daquilo que o entrevistador espera (ali
tem um papel menos importante que nos outros aspectos. Você tude de gentileza que pode ser, além do. mais, culturalme~t: valo·
pensa que eles estejam: Completamente errados? Parcialmente er- rizada e que se intensifica se o entrev1stad<;>r tem prest~g~o. ª<?s
rados? Por que?" olhos do entrevistado) cria, no sujeito pesqmsado, uma v1g1lan •:1
As respostas, sobre uma amostra de 792 pesquisadores, são: extraordinária aos sinais não-verbais (olhos, tom e mímica) da op1
Completamente errados . . . . . . . . . 42 % niâo pessoal do pesquisador.
Parcialmente errados . . . . . . . . . . 21 % O "tom" das perguntas escritas também deve merecer cuidado,
Certos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 %
Sem opinião . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6% sob esse ponto de vista.
É interessante notar as múltiplas preocupações tomadas que e A atração da resposta positiva.
permitem dar crédito aos resultados.
Além disso, a pergunta Por que? introduzida no fim, permitiu A atração da resposta positiva (SIM - CER:TO - :OE A~ORDO,
ver a percentagem de recusas a responder, mesmo entre aqueles etc ...) é uma tendência muito conhecida em psicologia soCial (tcn
que condenam oficialmente a fraude, ou o número de "respostas dência ao assentimento). Pesquisas experimentais (Pichot, na Fran
confusas e embaraçadas". ça) mostraram que existe umi verdadeira correlação. e~!re a ten
O exame combinado das respostas e das explicações, escreve o dencia a responder "sim" aos questionários e a sens1b1hdade ~os
autor, permitiu constatar que 12% somente dos franceses conde- placebos (ver Léxico). Estaríamos pois diante de uma das expresso s
nam a fraude com real convicção. De fato, entre os 42%, um da sugestibilidade.
grande número (cerca de dois terços, representando 26,6% da po-
pulação) explicavam sua condenação "moral" da fraude pelo fato Medidas que devem ser tomadas para evitar a atr"ãção da resposta positiva:
de pertencerem, infelizmente, a uma categoria social para a qual
a fraude é impossível! - Prever eventualmente perguntas formuladas inversamente.
- Evitar questões fechadas SIM-NÃO, CERTO-E~R~DO, CON
e As respostas de sugestão devidas à própria formulação da pergunta. CORDA-NÃO CONCORDA, quando se trata de uma opm1ao pessoa l
Existem perguntas de Sim-Não nas quais a forma tem um efeito solicitada ao indivíduo interrogado.
determinante: a hipótese é expressa de maneira tão tendenciosa • o medo a certas palavras. É necessário evjtar ce~~as. palavr ,
que engaja a resposta, seja porque quem responde percebe o que que, carregadas .afetivamente ou socialmente nao dese1avezs, provo
espera dele o entrevistador (e responde mais a essa expectativa do cam por si mesmas reações de defesa e de fuga.
que à própria questão), seja porque uma das duas respostas é logi-
camente ou socialmente inaceitável. Exemplo J. - Numa enquête sobre a educação, feita no~
Ex_emplo. - "A competência técnica parece-lhe, uma condição E.U.A., a palavra punição foi eliminada após o pré-teste, e subsll
essencial para ser um bom operário especializado? SIM - NÃO". tuída por um eufemismo: "métodos de discipliná".

5
54
Exemplo 2. - Em outubro de 1941, a questão da entrada dos a) "Você acha que o Congresso deveria modificar a lei da neu-
E.U.A. na guerra foi proposta durante uma sondagem, de duas tralidade para que a França e a In glaterra pudessem com-
maneiras diferentes: prar material de guerra dos E .V.A.?"
a) Os Estados Unidos devem agora tomar parte no conflito? b) "Você acha que a França e a Inglaterra deveriam poder
b) Os Estados Unidos devem agora declarar guerra à Alemanha?
comprar material de guerra dos E.V.A.?"
A forma B, que continha a expressão inquietante "declarar Forma A FormaB
guerra" foi objeto de uma percentagem de NÃO muito maior que Respostas
a forma A (e inversamente para os SIM). · Sim .............. . ......... . .... 53% 61%
Não ...... .. . . ............. . . . ... 33% 31%
Medidas a tomar: 8%
Sem opinião .. .. .. . .. . . . .. .. .. ... . 14%
Evitar as palavras chocantes, afetivamente ou socialmente car-
regadas, encontrar "equivalentes" mais neutros. Conclusão. - É interessante notar que esses mecanismos de
defesa social do Ego, cuja influência estatística aparece nitida-
• A influência da referência a pessoa de destaque. mente, definem as tendências gerais da personalidade social, isto é,
os grandes fatores psicossociais de influência das condutas
:É evidente que a referência a pessoas de destaque vai trans-
individuais:
ferir para o conteúdo da questão o peso da simpatia-antipatia, da
autoridade moral ou do desprezo publico, que essa personalidade • Busca da conformidade ao grupo;
suscita. • Sugestibilidade social;
Aqueles que não têm nenhuma opinião precisa sobre o proble- • Imitação social;
ma colocado ou que não o compreendem, tomam posição a favor • Medo do julgamento do outro;
ou contra em virtude de sua reação ao que a pessoa representa • Procura de prestígio social;
como bandeira. • Participação nas emoções coletivas;
Exemplo. - Em 1940, uma enquête sobre a ajuda americana • Submissão aos estereótipos culturais;
à França e à Inglaterra coloca a mesma questão sob duas formas: e, por outro lado, fazem aparecer no nível psicossocial reações
a) "Você acha que os E.V.A. deveriam fazer mais do que aquilo automáticas que poderíamos considerar próximas dos mecanismos
que fazem atualmente para ajudar a França e a Grã- puramente biológicos de proteção ou de conservação:
-Bretanha?" - defesa contra a violentação do ser;
b) "Você acha que os E.U.A. deveriam.fazer mais do que aquilo - ·fuga do esforço (economia dos esforços);
que fazem atualmente para ajudar a França e a Grã- - tendência a proteger-se em caso de perigo.
-Bretanha na sua luta contra Hitler?"
• AS DEFORMAÇÕES INVOLUNTÁRIAS DECORRENTES DA APRESENTAÇÃO E
Respostas Forma A Forma B DA ORGANIZAÇÃO INTERNA DO QUESTIONÁRIO.
,, Depois de ter considerado a forma interna das questões uma a
Deveriam " não fazer mais ........ 22% 13%
Deveriam fazer mais . . . . . . . . . . . . . . 66% 75% uma, consideremos agora o questionário como um todo.
12% 12% Podemos destacar, sob este ponto de vista, 4 fenômenos psicos-
Sem opinião ......................
sociais que intervêm também como desvios e, portanto, devem ser
neutralizados.
• O medo à mudança. - Existe uma tendência ao conformismo,
correlata à inquietação ligada à idéia de uma mudança, se essa • O retraimento defensivo em face do questionário.
mudança aparece como suscetível de repercurtir sobre um certo
equilíbrio de vida. "Engajar-se" no questionário é um ato especial que necessita
Exemplo. - Em setembro de 1939 . nos E.U.A., a mesma questão a superação de hesitações normais que decorrem :
f'oi colocada sob estas duas formas: - do próprio engajamento como risco;

57

da inquietação com relação aos objetivos explícitos ou Quando o que ·tionário for enviado pelo correio é preciso prcv •r
ocultos do questionário; cuidadosamente as passagens e estudar a apresentação tipográ/ica
da exigência de atenção; elas transições.
da disponibilidade de tempo. - estudar cuidadosamente a abordagem das questões delicadas
O entrevistador, ou o questionário em si mesmo, exige do e até mesmo prever estrategicamente perguntas de transição, sem
entrevistado que ele se "exponha" e que faça um esforço. Esta interesse direto para a enquête, mas psicologicamente úteis ao
situação provoca normalmente uma reação defensiva. prosseguimento do questionário, "oásis" de repouso e de distensão.

• O efeito de halo ou efeito de contaminação das questões umas pelas·


Medidas a tomar contra o retraimento defensivo:
outras.
São essenciais, caso contrário tal retraimento provocará a
recusa a responder, ou o envio do questionário ... ao lixo. O efeito de halo, ou de contaminação , ou ainda de contágio das
respostas umas pelas outras, foi demonstrado por pesquisas expe-
- O futuro entrevistado deve ser "preparado". Essa operação rimentais passando os mesmos questionários com ordem variável
é evidentemente inútil nos painéis, daí o interesse destes. Nos outros na sucessão das perguntas.
casos, é necessária uma informação prévia suficiente sobre o ques-
O contágio pode se dar:
tionário, isto é, sobre os objetivos da enquête, sobre o para que
serve sua resposta, sobre a entidade promotora. etc. - por irradiação do sentimento (perguntas que provocaram
Veremos a seguir, para o questionário enviado pelo correio, a respostas de irritação, por exemplo, influenciam as perguntas se-
importância e o conteúdo da nota de introdução geral. guintes na medida em que a irritação persiste);
- É absolutamente necessário colocar no início do questio- - pela organização lógica do pensamento. O cliente, tendo
nário perguntas que não provoquem nem esforço particular, nem respondido de uma certa maneira a uma pergunta, é levado pela
sensação de ficar "exposto". Nenhuma questão "delicada" antes dedução, e evita uma resposta não coerente (isto em virtude de uma
que o engajamento no questionário esteja assegurado! ação conjugada do halo e de uma reação de fachada) .
- No plano do contato pessoal, o pesquisador deve criar um É por isso que o procedimento do funil, (funnel) que consiste
clima de confiança e de distensão. em partir de uma questão geral e cercar progressivamente o tema,
pode ser considerado como excelente, se representar uma abor-
• O retraimento defensivo em face de mudanças bruscas do tema. dagem prudente de temas delicados (como já vimos acima a propó-
sito das abordagens indiretas), mas comporta seu próprio efeito de
No questionário toda mudança brusca na orientação geral das contaminação.
perguntas, reativa e agrava o retraimento ao engajamento. "Recusas
a continuar" podem então ocorrer. Medida a tomar contra o efeito de halo:
Essas mudanças podem originar-se:
- da passagem das perguntas cujo escopo é o de criar con- - Dispersar as perguntas suscetíveis de contaminar suas
fiança (ou perguntas de características objetivas), a perguntas respectivas respostas. Isto é mais fácil quando o questionário é
"delicadas"; apresentado verbalmente ao entrevistado. Na auto-aplicação do
- da passagem de um procedimento a outro (passagem de questionário (recebido pelo correio), a possibilidade que o cliente
perguntas propriamente ditas a um teste de personalidade); tem de ler todas as perguntas antes de responder traz o risco de
- de uma "mudança de campo" do próprio questionário tornar ineficazes estas medidas e é necessário combinar então o
(chegada a uma 2.a parte do questionário). distanciamento e mudança de forma.

Medidas que devem ser tomadas para evitar o retraimento defensivo em face • Os efeitos da extensão do questionário,
das mudanças:
Há um efeito devido à extensão de cada pergunta e um outro
- assegurar passagens progressivas de um método a outro, devido à extensão global do questionário.
de um tema a outro ou A pergunta longa, complicada, exigindo reflexão, necessitando
- ao contrário, marcar nitidamente uma parada e recomeçar atenção porque é preciso preencher espaços ou não se enganar de
a "preparação" da enquête fornecendo as explicações necessárias. coluna, provoca uma tendência a desistir.

58 59
() questionário muito longo produz, num certo momento, o
mesmo efeito. Foi possível mostrar experimentalmente que, no preparação de uma enquête psicossocial são ambas necessárias a
q ues tioná rio enviado por correio, o aumento do tamanho aumenta títulos diversos. Situam-se em momentos diferentes do período de
a u toma ticamente a percentagem de não respostas. pr eparação: com r elação ao questionário, que é o objeto principal
A extensão total ótima, se o questionário deve ser preenchido deste livro, digamos que a pré-enquête tem lugar antes de qualquer
pelo en tr evistado sozinho diante de sua folha, é de 15 a 30 perguntas. redação do questionário e que o pré-teste tem lugar após a redação
Só é possível aumentar a dificuldade das questões e a extensão do do questionário.
q uestionário se o entrevistado está muito "motivado". Bem entendido, o questionário de cujo exame se trata aqui cm
especial não é o ünico objeto da prova. São todos os instrumentos
Medidas a tomar. da enquête que, preparados e prontos para serem utilizados, passam
pela etapa última da qual sairá sua validação como instrumentos
Decorrem do que acaba de ser dito. O redator deve prever da enquête.
perguntas claras, sem ambigüidade, cuja compreensão não traga
Voltemos ao questionário . Em relação a ele, a pré-enquête (deter -
nenhuma dificuldade. (Tem-se sempre ilusões sobre o grau de atenção
minando as hipóteses) permite pensar: "Que perguntas deverão ser
disponível - de cultura ou de inteligência - dos entrevistados e,
em todo caso é necessário redigir como se devêssemos esperar o
formuladas nesta hipótese?" Redigem-se as questões deste ponto
de vista, tendo em conta os desvios a evitar na redação. O questio-
bloqueio intelectual multiplicado pela má vontade).
nário é a seguir submetido à prova do pré-teste.
Ora, a possibilidade da pergunta ser clara e inteligível é tanto
m aior quanto mais curta ela for. O pré-teste não tem, assim. nem a pretensão nem a esperança
- Por outro lado, é necessário sempre "motivar" o indivíduo de captar algum aspecto dos objetivos da enquête. Não pode trazer
submetido à enquête, cuidando da apresentação material (tipográ- nenhum "resultado" quanto a esses objetivos. Ele está centrado na
fica), facilitando o ato de responder (em que lugar, como fazê-lo) avaliação dos instrumentos enquanto tais.
e, sobretudo, cuidando da introdução ao questionário. Retoma-
remos esse ponto em detalhe, a seguir. • OS PROBLEMAS ESPECIFICO$ DO PRE-TESTE.
Conclusão. - A segurança do instrumento e sua eficácia exigem Ainda que o questionário deva ser depois enviado pelo correio,
esforço e competência. Esses obstáculos não devem irritar. São os o pré-teste exige que o instrumento seja testado por entrevistador
efeitos ou as expressões de um dado, de um real, que tem suas leis. que faça às pessoas as perguntas previstas. Não há pré-teste sem
entrevistas pessoais.
a) Problemas relativos aos indivíduos aos quais será aplicado
o questionário durante o pré-teste.
Antes de mais nada, estes indivíduos devem caracterizar-se por
pertencer à população da enquête posterior. Seu número pode ser
2 O Pré-teste bastante restrito: de 10 a 20, para uma enquête que abrangerá
depois uma amostra que pode ir de 100 a 2.000 pessoas.
Isto decorre da diferença radical de objetivos próprios ao
pré-teste em relação aos objetivos da enquête. A extensão do
Pareceu-nos necessano consagrar um capítulo especial ao pré-teste é inútil.
p ré-teste. Chama-se assim o ato de colocar a prova o questionário Em compensação, é necessário intensificar ao máximo os meio
como instrumento. Isso supõe que o questionário esteja redigido; de análise do instrumento no seu ensaio de funcionamento.
mas antes de ser utilizado na enquête propriamente dita, ele deve É necessário portanto:
passar por uma prova preliminar, uma espécie de teste do seu valor. - Encarregar do pré-teste entrevistadores experientes, dotados
Este "teste-antes" é, desse modo, naturalmente chamado pré-teste. de uma formação científica e metodológica bastante aprofundada.
É mais que provável que tais entrevistadores-pesquisadores, depois,
• PRE-TESTE E PRE-ENQUETE. não participarão da enquête.
O que ficou dito anteriormente lançou uma primeira luz sobre a - Escolher "clientes" que, sempre sendo típicos do universo
diferença entre pré-enquête e pré-teste. Essas duas etapas da da enquête, aceitem dedicar tempo para responder ao questionário ...
mais tempo do que dedicarão os entrevistados da enquête propria-
60
6)
mente dita . Daí a necessidade de escolher pessoas com as quais os • A APRESENTAÇÃO GRAFICA.
ent revistadores tenham estabelecido (ou saibam estabelecer) uma
boa relação pessoal . O questionário da enquête propriamente dita (quer seja ele
- Multiplicar os meios de análise do instrumento posto à enviado pelo correio ou aplicado por um entrevistador a domicílio)
prova : gravação das respostas, discussão livre com o cliente após deve no final permitir uma apuração, uma codificação, eventual-
a primeira aplicação do questionário, análise conjunta das dificul- mente uma tabulação. . . e o cuidado para com essas operações
dades encontradas. finais deve repercutir retroativamente sobre os problemas de orga-
- Intensificar a reflexão comparativa sobre os resultados nização e de apresentação materiais.
obtidos e julgar o valor de cada questão na ordenação global do
questionário posto a prova. l.º A tipografia. - A escolha dos caracteres, do papel, a diagra-
b) Problemas relativos aos elementos funcionais do ins- mação, o espaçamento das questões ... , a apresentação, se for o
trumento. caso, dos quadros a preencher ou quadrinhos a assinalar . .. , a distri-
Deste ponto de vista, o pré-teste deve assegurar os seguintes buição das instruções em itálico para explicar como responder a tal
resultados: pergunta, etc ... devem ser pensados em função do público, do
l.º Clareza e precisão dos termos. Os termos utilizados não conteúdo das perguntas e da apuração posterior.
devem exigir explicação. Se os indivíduos interrogados durante o 2.º Cuidados na apresentação - :e. preciso prestar atenção
pré-teste tiverem necessidade de explicação será necessário procurar sobretudo a quatro pontos particulares:
e encontrar, com eles, uma outra palavra.
2.0 Desmembramento das questões. Quando o entrevistado res- a) Os casos em que uma pergunta leva a esta ou àquela pergunta
ponder fazendo distinções entre palavras ou grupos de palavras seguinte, conforme a resposta que lhe for dada.
utilizados, será necessário transformar a pergunta prevista e divi- Tanto o entrevistado quanto o entrevistador não devem cometer
dí-la em duas ou três. enganos quanto a isso. :e necessário portanto marcar especialmente,
3.º Teste da forma das perguntas. Pode-se introduzir no pré- de maneira bem clara, em qual série ou para qual pergunta se está
-teste "duplicações", distanciadas uma da outra, isto é, perguntas de sendo remetido.
igual conteúdo mas sob formas diferentes, para sondar a ação dos b) As transições quando se passa de uma parte (ou seção) a
automatismos de defesa analisados no capítulo precedente. uma outra. Não se deve hesitar em imprimir fórmulas de transição
4.0 Teste da ordem das perguntas. A ordem das perguntas, o (que correspondam ao que deve ser dito pelo entrevistador se o
lugar das perguntas "delicadas" (que não devem encabeçar o questionário for apresentaria pessoalmente).
questionário), e das perguntas ditas de distensão etc .. . devem ser
objeto de atenção especial. Exemplo. - Acabamos de falar de. . . Agora pediríamos para
5.º Teste de introdução do questionário. Analisando as expli- você abordar. . . Primeiro. . . Em segundo lugar . ..
cações solicitadas pelo cliente, suas inquietações, seus modos parti- Pode-se também reduzir o texto de transição, mas é necessário
culares de compreensão dos objetivos da enquête acertam-se as então prever títulos claros para cada seção.
fórmulas a serem utilizadas quando da introdução dos questionários c) As respostas às questões sobre características objetivas
junto aos entrevistados da amostra real.
devem ser fáceis de classificar na apuração. A tipografia deve, nesse
aspecto, ajudar ao máximo o responsável pela codificação.
d) Prever tipograficamente um lugar (ou um código conven-
cional) para poder inscrever a data de recepção do questionário
preenchido, ou a data da entrevista.
3 A apresentação do questionário
Tomar precauções quanto a interpretação, pelo clien.te, de
qualquer sinal ininteligível para ele: se o anonimat~ lhe .foi asse-
gurado, ele verá aí um risco de descoberta de sua 1dent1dade.
N.B. - Clareza das indicações de origem e de reexpedição. A enti-
Analisaremos sucessivamente os problemas da apresentação dade promotora e o endereço ao qual devolver o questio-
material e os da introdução do questionário junto aos entrevistados.
nário devem ser graficamente fáceis de perceber.
62
63
• A INTRODUÇÃO-APRESENTAÇÃO DO QUESTIONÁRIO. você de um certo modo, poderá ser diagnosticado e medido graças
Quando um pesquisador se apresenta no domicílio de alguém à enquête, utilizando métodos adequados, se você tiver a bondade,
para inter~rog_á:lo, terá ?~t1;1r~lmente o cuidado inicial de se apre- você, indivíduo do universo da enquête, de responder a um questio-
sentar, de Justificar sua miciativa, de falar dos objetivos da enquête nário" ... (o que é a estrita verdade), obteríamos respostas variando
e da entidade que a patrocina. Por que isso? Para prevenir ou desde a ironia até a estupefação muda, expressando todas, igual-
atenuar a reação normal de defesa, de desconfiança, de fechamento- mente, incompreensão e incredulidade. . . Uma enquête psicos-
-rejeição. . . para suscitar a acolhida despertando o interesse e ... social poderia ser realizada para verificar esta hipótese.
para obter a cooperação e portanto o engajamento do sujeito na Somos pois obrigados a motivar o entrevistado de outro modo.
situação de questionamento. Um grande número de truques têm sido utilizados apelando para
No questionário enviado pelo correio esta introdução se faz as motivações humanas habituais: .
por escrito: o interesse: organiza-se um concurso com prêmios ...
seja através de carta fechada e assinada, precedendo ou ou então se dá uma gratificação àquele que aceita
acompanhando o questionário. responder ... ;
seja por uma "abertura" introdutória do questionário, apre- a necessidade de prestígio: o questionário é apresen-
sen~ada em tipos gráficos especiais e encabeçando o tado como um desafio aos poderes públicos ("temos
COnJunto. necessidade de demonstrar que l .000 pessoas são envol-
vidas por este trabalho") ou então insiste-se sobre a
Em certos casos, os dois métodos são combinados. A carta de importância social de sua contribuição para a solução
int~oduçã_o, assinada, (assinatura manuscrita ou impressa) segundo de um vasto problema de interesse geral;
a dimensao da enquete, ocupa toda a primeira página do caderno
que contém o questionário. a pressão social de conformidade: "10.000 já respon-
deram; . por que não dar você também o seu teste-
.A introdução deve ser eficaz. Para tanto deve ser clara, demons- munho ... ".
trativa (refutar de partida as objeções, justificar os objetivos) e ou qualquer outro traço de personalidade social, espe-
brev_e, porque a extensão destrói a força do impacto e aborrece cífico da população da enquête.
o leito;· Um cert~ nú-?1-_ero de pontos essenciais não podem ser
esquecidos (eles sao validos também para os entrevistadores). Não esquecer de terminar esta introdução por um apelo
' l.'' Sob o patrocínio de quem? ... Nada suspeito ... f. neces- forçando à ação imediata, isto é, a resposta.
sário abrir o jogo, isto é, dar o nome da entidade e, imaginando-se 4.º Garantir o anonimato se a enquête é efetivamente anônima
que ela não seja necessariamente conhecida, oferecer com precisão (o que não é forçosamente o caso geral).
suas referências. Indicar claramente o endereço e o telefone. 5.º Facilitar, por todos os meios, a expedição de retorno caso se
2.º Por que este estudo? Enfatizar os objetivos e não ter medo trate de um questionário a ser devolvido pelo correio ou que deva
de inserí-los ~o quadro de um problema geral de nosso Tempo ou ser entregue em algum lugar. Não se deve contar com qualquer
de ~ossa Sociedade. Um questionário sobre os problemas sindicais iniciativa do consultado para a devolução das respostas. A menor
far~ _u~ ªI?~~o, na sua apresentação, ao "período de mudança dificuldade interfere como fator de recusa para responder. Inver-
sociais ou a tomada de consciência política característica de nossa samente, a facilitação da reexpedição intervém retroativamente
épo~a"; um questionário sobre a educação evocará "os problemas como fator facilitador do engajamento no ato de responder.
da Juventude e de seu futuro"; ... uma enquête sobre as máquinas O envelope de resposta com endereço do destinatário (evitan-
de lavar,, falará inicialmente "do bem estar da dona de casa do-se qualquer menção publicitária no envelope) ou melhor, o
moderna ... envelope selado ou envelope de taxa franqueada, pagável pelo desti-
_ Não se trata apenas de "aparência". f. um dispositivo que é natário. . . são meios muito bons.
tao natural quanto o mecanismo de defesa dos entrevistados. A coleta a domicílio pode ser prevista quando a área da enquête
não for muito extensa. Neste caso, é necessário organizar as coisas
3.º, ~or _que é n~cessário dar-se ao trabalho de responder? f. do seguinte modo: um emissário (que deverá possuir todas as
necessa~10 amda exph_car ao consultado porque ELE deve participar. qualidades de apresentação do entrevistador) entrega pessoalmente
f. provav~l que, s~ disséssemos a qualquer cidadão: "O fenômeno o questionário, após tê-lo "introduzido", como ficou dito acima, e
pszcossocial pesquisado, não consciente para você mas presente em anota o dia e a hora que poderá voltar para buscá-lo.
64 65
O entrevistador face a face
4 com o entrevistado.
Este outro sistema, em contrapartida, tem também seus pró-
prios problemas dos quais a fonte comum se prende ao fato de que
a relação entrevistador-entrevistado intervém na situação.

• OS DESVIOS INTRODUZIDOS PELA RELAÇÃO ENTREVISTADOR-ENTREVISTADO.


Na situação de "face a face" com o entrevistado, a personali-
dade do entrevistador desempenha um papel do qual é necessário Existem 3 principais:
conhecer os efeitos (para remediá-los pois trata-se ainda de desvios).
O "perguntador" representa uma variável que é necessário levar 1. Aumento da desconfiança "a priori". O pesquisador aparece
em conta. precisamente como tal - uma "pessoa que pesquisa", com tudo
quanto esta palavra comporta de inquietação nas pessoas, sempre
• COMPARAÇÃO ENTRE OS DOIS TIPOS DE QUESTIONÁRIO: prontas a temer uma inquisição e um julgamento. . . sempre pron-
tas a defender o que elas chamam sua vida pessoal ou privada, sem
Aquele ao qual o sujeito responde sozinho e aquele que é nada compreender dos objetivos psicossociais.
respondido em uma entrevista pessoal.
2. Reações à própria pessoa do pesquisador. O sexo, a idade,
Criticou-se muito o questionário do primeiro tipo, que chama- o físico, a classe social, a cultura (estas duas últimas características
remos de questionário auto-aplicado. A única crítica válida é a de do entrevistador sendo avaliadas intuitivamente pelo cliente) inter-
que a quantidade de informações recolhidas não pode ser garantida. ferem na situação. (Cf. "As variáveis da situação de entrevista" in:
É inútil esperar respostas a um questionário que demande mais de R. Mucchielli, A Entrevista Não-Diretiva). O lugar onde se faz a
1O a 20 minutos para ser preenchido. Deve-se esperar um número de entrevista também tem um papel importante.
não-respostas variando de 25 a 80%! Veremos a seguir (cf. Pro-
blemas de apuração) como fazer nesse caso. 3. Perigos de sugestão e de indução das respostas. As reações
de defesa e de prestígio irão sem dúvida multiplicar-se, mas o
A explicação do fenômeno se prende a três pontos: não poder, perigo de sugestão e de indução é o mais gr~ve. Tudo se. passa
não saber, não querer.
como se o indivíduo interrogado procurasse ativamente (e mcons-
1. O procedimento exige que o sujeito seja capaz de se cientemente) qual é a opinião do pesquisador, ou o que é que este
expressar. O nível de atenção, de conhecimento e de compreensão espera (ou o que ele quer que lhe seja dito). Existe também um
requerido é ínuito superior ao que se chama geralmente "saber ler esforço vigilante e bastante instintivo para decifrar o sentido das
e escrever". perguntas a partir de um esquema decodificador completamente
diferente. A pessoa que responde levanta inevitavelmente hipóteses
2. Este procedimento exige de quem responde que saiba
responder. Aos temas, já pouco familiares, acrescenta-se uma nova sobre as hipótese da enquête, e este tipo de preocupação aumenta na
complicação com as dificuldades que ele encontrar para se situar proporção da desconfiança e do grau de conformismo ou de anti-
no questionário. conformismo.
3. Enfim o procedimento exige que quem responde queira Sem contar a sugestão direta da resposta ou das "exp!icações"
responder. que o pesquisador corre o risco de ser levado, ª. dar, existe _uma
sugestão que dispensa mesmo as palavras (m1m1ca, tom, atitude
Entretanto, o questionário enviado ou entregue para auto- global, olhares, esboço de gestos etc ... ).
-aplicação é muito econômico; é indicado quando a amostra
é muito grande. Exige uma preparação das questões muito mais • MEDIDAS QUE DEVEM SER TOMADAS PARA EVITAR
minuciosa que o questionário aplicado por um entrevistador. ESSES DESVIOS:
Exige uma redação muito cuidadosa das questões e da carta 1. Contra a desconfiança. - Trabalhar metodicamente para
de introdução. obter a confiança do cliente.
As dificuldades desse procedimento são naturalmente evitadas A introdução do questionário, com efeito, deve ser precedida
com a utilização de um entrevistador: este obterá mais respostas, pela introdução do próprio pesquisador. Re~o:11enda~ão de uma
pode-se permitir o uso de maior número de "perguntas abertas", pessoa conhecida do entrevis~ado. . . patroc1~110 , ~sento de uma
pode-se ter certeza de que o questionário será preenchido correta- personalidade de renome, mais do campo c1entif1co do q?-e do
mente, o que facilitará a apuração. político ... , apresentação da entidade ... , identidade do pesqmsador

66 67
(cartão de visitas) ... , explicação da escolha do entrevistado ("por
que eu?") ... , exposição dos objetivos e de seu interesse, o que nos
leva de novo aos elementos funcionais da introdução escrita, nos
questionários enviados pelo correio (cf. acima cap. 3 desta expo-
sição). Enfim, a garantia do anonimato vai ser mais difícil de
transmitir. O entrevistador só poderá acreditar que a transmitiu
se as reações à sua pessoa tiverem sido favoráveis.
Quarta Exposição
2. Contra as reações à pessoa. - Trabalhar em função das
características do Universo da enquête, de seus estratos, de suas
categorias. Não se mandará um Negro entrevistar Brancos, nem
Brancos entrevistar Negros, quando existe uma tensão psicossocial ANALISE E S(NTESE DAS RESPOSTAS AO
entre esses grupos. Não se enviará um delegado patronal entrevistar
sindicalistas, nem o inverso. Ou se utilizam pesquisadores escolhi- QUESTIONÁRIO
dos para inspirar uma simpatia imediata através de sua própria
pessoa (aspecto exterior, classe social, linguagem, maneiras de ser
em geral). . . ou então é necessário estar atento a uma espécie de
impessoalidade do aspecto exterior do entrevistador, como garantia
de sua neutralidade. Assim, a enquête, que progrediu metodicamente desde a idéia
A impressão de impessoalidade do pesquisador, sobretudo original do seu promotor até os questionários preenchidos pelo
quando ela se associa à impressão, por parte do entrevistado, de indivíduos consultados, chega natural e logicamente à fase de
ser realmente entrevistado não como indivíduo particular, mas exploração dos resultados.
como membro de um grupo social. . . é um fator importante de Se todas as armadilhas (desvios) que apareceram em cada uma
sucesso da entrevista. das etapas precedentes puderam ser evitadas, será também neces-
3. Contra a sugestão e a indução das respostas (desvio que é sário evitar os desvios próprios a esta última fase.
catastrófico para os resultados da enquête), há uma única defesa:
A FORMAÇÃO DO ENTREVISTADOR.
Deve-se acrescentar a tudo isso as precauções que, em certos
casos precisos, assumem repentinamente muita importância. Essas
precauções fazem parte da estratégia da enquête. Por exemplo,
interrogar operários sobre a idéia que fazem de seus cargos, reali-
zando a enquête no local de trabalho, em presença d~ seus colegas
1 A apuração das respostas
e sendo apresentado por um representante da Direção ( a quem se
solicitou, naturalmente, a autorização para entrevistar) ... equivale
a acumular desvios capazes de aniquilar toda esperança de infor- Os profissionais encarregados da apuração devem possuir
mação válida. qualidades diferentes daquelas que fazem um bom entrevistador na
Lembremos que existe um momento no desenrolar geral da situação face a face com seu entrevistado.
enquête, mesmo se o questionário auto-aplicado for finalmente
• O PROBLEMA DAS NÃO-RESPOSTAS.
escolhido, em que o entrevistador é absolutamente indispensável:
por ocasião do pré-teste.
É bastante divertido (se não fosse tão perigoso para as decisões)
ver os pesquisadores-amadores considerarem irrelevante o proble-
ma das não-respostas, quando o questionário foi enviado pelo
correio. Os "sem resposta" que o pesquisador anota no seu questio-
nário durante uma entrevista têm, por certo, um sentido completa-
mente diferente. Poderia mesmo parecer a certos amadores que,

68 69
aumentando a extensão da amostra (e supondo-se que a definição Podemos constatar muito bem e muito rapidamente quais as
desta tenha sido feita segundo as regras), estariam reduzindo conse- categorias de indivíduos que responderam e tirar conclusões não
qüentemente os desvios devidos às não-respostas. apenas sobre os objetivos da enquête em relação às características
Isto é um erro, tanto do ponto de vista do desvio assim do grupo dos que responderam, mas também sobre os objetivos da
introduzido na amostragem (isto é, a amostra que respondeu não enquête com relação aos outros indivíduos (aqueles que não res-
corresponde mais à amostra) como, conseqüentemente, do ponto ponderam). ·
de vista da interpretação dos resultados, com relação aos objetivos 2.º A determinação das características dos que não responderam
da enquête. permite prever enquêtes complementares sobre o novo universo
assim definido.
a) Resolvamos inicialmente o problema das não-respostas nos
questionários preenchidos, isto é, as "respostas" em que foram Pode-se também afirmar que esses "suplementos de enquête"
assinalados os itens "sem respostas", "sem opinião", "não se não poderão ser feitos através de questionários auto-aplicados e
aplica", "não sei", "?" (tanto nos questionários auto-aplicados como que será necessário prever o trabalho de entrevistadores com uma
nos questionários apresentados por um entrevistador). Essas não- nova amostragem e com hipóteses novas.
-respostas serão codificadas como tais na apuração e têm um sentido. 3.º Cálculos estatísticos da amostra atingida, em comparação
Elas significam, com efeito, uma das quatro coisas seguintes: com a amostra visada, permitem fazer extrapolações "retificadas".
Para esta retificação será necessário o concurso de um estatístico
1.º Desconhecimento real do tema da pergunta, por parte da especializado.
pessoa interrogada.
Pode acontecer que um dos objetivos da enquête seja justa- • A CODIFICAÇÃO.
mente o de avaliar se os indivíduos do grupo representando o 1. A primeira etapa da codificação é a operação que consiste,
universo da enquête sabem ou não, podem definir ou não, com- no âmbito da apuração final por computador, em atribuir um
preendem ou não . . . alguma coisa.
número de código para cada categoria de respostas.
2.º Recusa a se comprometer com uma resposta firme ou com Quando tudo foi previsto no momento da elaboração do
as respostas previstas. Isso pode ter um sentido e em certos questionário, a operação fica facilitada.
casos, pode ser visto como uma atitude de oposição. 2. A codificação propriamente dita consiste em encaixar cada
3.º Fuga da resposta porque a pergunta despertou inquietação resposta concreta em uma das categorias do código. E uma operação
ou desconfiança. Já assinalamos o aumento do número de "sem realizada, em tese, por um "codificador" (cf. JAVEAU, op. cit.,
respostas" às perguntas que envolvem opinião ou atitude, quando pp. 114-138).
elas são formuladas de modo direto. Posteriormente, deverá ser feita a "perfuração" (com máquil).as
perfuradoras), que consiste em transferir para cartões perfurados
4.0 Incompreensão da pergunta e refúgio na não-resposta. Ainda
nesse caso, o aumento do número do "sem-resposta" deve, quando os resultados da codificação.
do pré-teste, levantar a suspeita de que a formulação da questão As demais operações (verificação, triagem, cálculos) são pura-
não é boa. mente mecanográficas.
b) As não-respostas expressas pela não devolução do questio- O aspecto matemático e mecânico dessas operações não deve
nário. O problema das causas foi evocado (não poder, não saber, esconder os desvios que os codificadores introduzem. A codifi-
não querer) e as medidas prévias a serem estudadas para evitar esse cação, operação essencial da apuração, consiste praticamente na
fenômeno foram dadas acima. Resta-nos ver como tratar o proble- transformação de uma resposta concreta em resposta codificada,
ma por ocasião da apuração. isto é, consiste em decidir sobre a significação de uma resposta em
função de um sistema de categorias de respostas.
l.º Os questionários recebidos devem servir, antes de mais Quando se trata de apurar perguntas com respostas pré-formu-
nada, para definir as características da amostra efetivamente atin- ladas (perguntas fechadas, questões "cafeteria", escalas de opiniões
gida, no âmbito da amostra visada. · e de atitudes, resultados de certos testes validados etc.) não há
E aqui que as famosas perguntas de identificação e de carac- nenhuma dificuldade. O mesmo não acontece com as questões
terísticas objetivas adquirem uma grande importância.' abertas e, forçosamente, com a apuração das respostas obtidas

70 71
<lurante uma entrevista sobre o tema dado, conduzida de man ira Logicamente, o cálculo estatístico é necessário para avaliar os
não-diretiva. "movimentos" da variável que se está estudando nos resultados,
Encontramo-nos nestes casos diante de um problema de análise em confronto com a hipótese tomada.
de conteúdo (cf. R. Mucchielli,A Análise de Conteúdo) e já abor- ·
damos esse ponto (cf. segunda exposição, cap. 2). Por exemplo, a propósito das influências que se exercem sobre
o "absenteísmo eleitoral das mulheres", uma enquête formula a
O problema do "codificador" é portanto um problema de hipótese de que a idade, a profissão, a situação matrimonial, o
interpretação das respostas. Não se pode minimizar o risco da número de filhos, o local" de residência, o desconhecimento das
interpretação porque, mesmo inconscientemente, as opiniões pes-
opções políticas ... são fatores .
soais do "codificador", suas hipóteses pessoais quanto aos resul-
tados da enquête levam-no a perceber a resposta com uma certa A partir daí, devem ser feitas perguntas que correspondem a
significação, e o orientam, portanto, para uma classificação dessa essa hipótese. Cada fator tomado isoladamente é considerado, na
resposta em uma certa categoria, mais do que em uma outra. apuração da enquête como uma variável.
Lembremos o exemplo q.aquela enquête sobre a vadiagem na A análise primária consiste em calcular qual é a parte, a
qual, segundo os pesquisadores-codificadores, com a mesma amos- importância, a influência. . . estatísticas de cada uma dessas variá-
tra, uns (com tendência puritanas) encontravam uma correlação veis . Dir-se-á que os resultados são "estatisticamente significativos"
positiva com o alcoolismo, outros (com orientação socialista) encon- quando o cálculo estatístico demonstrar que a medida de uma
travam com a mesma boa fé - uma correlação positiva com as variável na amostra, depois de confrontada com a relação entre a
condições sócio-econômicas (cf. R. Mucchielli A Entrevista Não-
-Diretiva). amostra e a população, e com as leis do acaso . . . significa que se
pode afirmar (com uma porcentagem também calculável de se
estar dizendo a verdade) que aquilo corresponde realmente a um
fenômeno psicossocial, isto é, que existe uma influência mais ou
menos determinante ou, ao contrário, que não existe de fato nenhu-
m a influência dessa variável (a prova estatística podendo ser signi-
ficativa tanto positiva como negativamente).
2 A a11álise dos resultados de conjunto Diremos que os resultados são "estatisticamente não significa-
tivos" quando o mesmo cálculo demonstrar que o número absoluto
atrib uído à variável pode muito bem ser fruto do acaso.
Talvez seja esta a etapa que demanda, ao mesmo tempo, mais O leitor talvez calcule, agora, até que ponto a análise primária
método' e mais curiosidade livre ... , a mais fria ob jetividade e a só pode tirar conclusões sobre idéias preestabelecidas. No momento
maior imaginação. em que a pré-enquête é fechada e quando os instrumentos para
Distinguiremos didaticamente 3 modalidades: a análise primá- testar a hipótese são definidos, não há mais lugar para outras
ria, a análise secundária e a análise qualitativa (as duas primeiras hipóteses e a análise primária não d~rá mais . nenhuma o~tra
são quantitativas). indicação, do mesmo modo que um termornetro feito para medir a
temperatura não pode dar uma indicação sobre a umidade do ar
• A ANALISE PRIMARIA. ou seu teor de radioatividade.
Consiste em analisar as informações recolhidas, colocando-nos Se tínhamos outras idéias, deveríamos ter falado delas por
no ponto de vista exato dos objetivos da enquête. ocasião da pré-enquête, que é precisamente "a enquêté de explo-
Como já vimos, tendo insistido bastante sobre isso, os objeti- ração das hipóteses que deverão ser mantidas".
vos da enquête psicossocial, nascidos das hipóteses elaboradas
após a pré-enquête, serviram para preparar os instrumentos da Se temos outras idéia~ depois da enquête realizada será neces-
enquête (e primeiramente do pré-teste). sário fazer uma outra enquête.
A análise primária consiste em avaliar os resultados do ponto No entanto existem ainda os dois outros modos de exploração
de vista dessas hipóteses. Elas são precisadas, mensuradas, confir- dos resultados, que permitem escapar um pouco da rigidez do
madas ou infirmadas. modelo de construção.

72 73
• A ANALISE SECUNDARIA.
cores, sonor ização, ventilação, etc .. . ) eram falsas e se percebeu,
As informações reunidas talvez contenham, potencialmente, a partir de certos índices discretos de seus resultados, que o
indicações inesperadas. É evidente que isso só é possível na medida "moral", correlacionado positivamente com o rendimento, tinha
em que a própria enquéte permitiu acumular uma grande quanti- provavelmente vinculação com a importância das relações infor-
dade de materiais. A análise secundária consiste em procurá-las mais (isto é, afetivas e não hierárquicas) na fábrica (cf. R.
através do cálculo aplicado aos resultados numéricos tirados da Mucchielli, L'étude des postes de travai[ - relatório completo dessa
análise primária. enquête, no Exercício prático n.º 3).
Ela comporta várias direções de pesquisas:
Em outros casos, a configuração geral dos fatos recolhidos
1. As correlações. - É a pesquisa de relações significativas evoca uma significação global ou uma explicação de conjunto, que
entre variáveis que haviam sido consideradas, na análise primária, as análises quantitativas não podiam revelar.
em confronto com as hipóteses, e que agora são consideradas em
confronto umas com as outras. Em outras palavras, consideramos os Assim, a análise qualitativa é rica de descobertas e de sugestões
resultados da análise primária como fatos de experimentação e para lançar novas enquêtes.
procuramos verificar se alguns desses fatos apresentam uma rela-
ção entre si.
O coeficiente de correlação mede o grau de ligação das variáveis
entre si. Dizemos que o coeficiente de correlação é igual a 1
quando as grandezas são rigorosamente ligadas e proporcionais,
diretamente (correlação positiva, + 1), ou inversamente (correlação
negativa, - 1).
3 A redação do relatório da enquête
O coeficiente de correlação (chamado também r de Pearson)
é positivo se os valores elevados de uma variável são associados a
valores elevados de outra variável; é negativo quando os valores Não existem regras quanto a um documento final da enquête.
elevados de uma variável são associados a valores baixos de outra Apenas há o imperativo de que é preciso redigi-lo.
variável. Entre esses dois extremos, todos os graus são calculáveis.
Uma correlação, em si mesma, não significa que exista um elo • QUEM LERA?
de causa e efeito entre as variáveis consideradas. Em tese, os primeiros leitores são os promotores que encomen-
2. A çspecificação. - Se cruzarmos em todos os sentidos as daram e financiaram a enquête. Uma vez que eles entrem em acordo
categorias de indivíduos que apresentam características surgidas prévio com os responsáveis pela enquête, poderá ser feita uma
quando da análise primária, podemos agrupá-los experimental- publicação do relatório destinada, seja a outras entidades ou
mente ou dividi-los segundo outros critérios objetivos que não pessoas diretamente interessadas em seu conteúdo, seja ao grande
tinham sido utilizados até então para isso. Procuramos, desse modo, público.
as variáveis "de reforço" de uma atitude ou de "condição
necessária". Quaisquer que sejam os leitores do documento, o redator deve
fazê-lo para não-especialistas.
• A ANALISE QUALITATIVA. Deste ponto de vista, o relatório deve conter 3 partes:
Abandonando os cálculos, a análise qualitativa orienta-se, ao - introdução sobre os objetivos da enquête e sobre a popu-
contrário, para a análise psicológica das observações recolhidas. lação abrangida;
Existe, de fato, entre os resultados das operações precedentes, - apresentação e comentário dos resultados; a apresentação
fatos que surpreendem, constatações inesperadas. devendo incluir quadros claros, gráficos, ou mesmo desenhos
As conclusões que o analista tira desse material podem ser ilustrativos;
muito fecundas. Foi assim que, na célebre enquête sobre o rendi- - metodologia utilizada e justificação dos cálculos.
mento dos operários em fábricas, MAYO constatou que as hipóteses
O "esquecimento" de qualquer dessas três partes desqualifica
da enquête (influência dos fatores físicos: iluminação, temperatura,
o relatório (e, sem dúvida, também a enquête).
74 75
• OS GRÁFICOS, FIGURAS E DESENHOS.
imagem clara do futuro (e este número aumenta um pouco no
A apresentação dos resultados quantitativos brutos "diz" muito correr elos anos, o que prova que um certo número de "esperanças"
pouc<? aos leitores não especializados no campo estudado pela se perdem), não é menos verdade que se constata (na população
enquete. das quatro escolas consideradas) um deslocamento significativo das
Gráficos, figuras e desenhos podem facilmente, às vezes com aspirações, à medida que os jovens passam do l.º para o 3.º ano.
um pouco de imaginação, representar os dados numéricos. "Ser operário qualificado" e "ser patrão" (isto é, estabelecer-se por
Exemplo: através de um questionário auto-aplicado, distri- conta própria, ter seu negócio), são "idéias" de primeiro ano. S r
buído a 5.158 jovens aprendizes (4.563 respostas recebidas) que " técnico de nível médio" (outra aspiração sócio-profissional, qu •
se preparavam, em quatro escolas, para obter o Certificado implica a integração industrial), é uma idéia que toca mais nitida-
de Aptidão Profissional, os promotores da enqu.ête quiseram mente os de 3.º ano.
(objeto da enquête) definir a "mentalidade" dos aprendizes esco-
larizados. A questão que aqui consideramos (questão 28, tirada do Outro exemplo de gráfico:
relatório de Schielé e Monjardet: "Les Apprentis Scolarisés", Édi-
tions Ouvrieres) era a seguinte: "Qual é a situação profissional que Na enquête sobre os hábitos e as op1moes dos consumidores
penso, mais tarde, atingir". Essa questão, segundo os autores, dos seis países da Comunidade Européia e mais a Grã-Bretanha
devia sondar as aspirações sócio-profissionais. (enquête do Reader's Digest intitulada: 221.750.000 Consumidores),
os autores representam assim os resultados da questão aberta
seguinte, ou questão de imigração forçada:
RESULTADOS ESTATÍSTICOS
"Se você ou sua família fossem obrigados a instalar-se no
% por ano estrangeiro para trabalhar, para qual país vocês prefeririam ir?"
de aprendizagem (Pode-se indagar se esta pergunta não representa uma pergunta
indireta sobre o grau de simpatia e de confiança dos habitantes de
cada país considerado para com os outros países e especialmente
para com os países da Comunidade Européia.)
40 (Por outro lado, a própria noção de "emigração" é mais ou
menos facilmente aceita e a pergunta mede também, indiretamente,
o grau de mobilidade virtual da população.)
No gráfico adiante a diferença entre 100% e o total das "emi-
30 grações" representa o número daqueles que não escolheram nenhum
país ou que não têm opinião.
++-1- 39ano

20 29ano

19ano

10

operário técnico "patrão" técnico sem


qualificado nível médio superior definição

Este gráfico ilustra nitidamente o .comentário dos resultados


11uméricos. Se um grande número de aprendizes não tem uma

76
77
PAfSES ESCOLHIDOS EM CASO DE EMIGRAÇÃO FORÇADA • OS COMENTÁRIOS DOS OBJETIVOS E DOS RESULTADOS.

~ Espera-se evidentemente que o redator do relatório apresente


os objetivos da enquête de modo sincero e os resultados de maneira
ó
~
honesta.
a) No tocante aos objetivos:
1.º Não dissimular as hipóteses m1cia1s (cuja avaliação no
campo representa os objetivos da enquête).
2.º Expor e justificar as hipóteses como tais, através dos dados
da pré-enquête.
3.º Formular claramente as hipóteses e a transformação delas
em objetivos.
4.0 Definir exatamente o universo da enquête.
b) No tocante aos resultados:
1.º Não dissimular os resultados que vão no sentido de uma
invalidação das hipóteses, com · finalidade de valorizar as
confirmações.
2.º Apresentar os resultados da análise direta sem dissimular
as margens estatísticas de erro (coisa que, infelizmente, somos
inclinados a fazer por ignorância ou por intenção tendenciosa).
3.º Apresentar os resultados da análise indireta e da análise
qualitativa, com a prudência necessária.
4.º Concluir o relatório pela recapitulação e abertura para
novas pistas de pesquisa.
c) No tocante aos anexos metodológicos:
1.º Não omiti-los, porque surge imediatamente a suspeita de que
os responsáveis pela enquête pretendem assim dissimular sua defi-
ciência metodológica.
2.º Detalhar os procedimentos de amostragem, quando a
enquête não abrangeu a totalidade da população. Justificar a
t - - -.. , O país escolhido faz amostragem.
~--V" parte do Mercado Comum.
3.º Apresentar os Instrumentos da enquête em sua totalidade:
111111111 11 ,. Onãopaís
escolhido é europeu, mas
faz parte do Mercado Comum. texto do questionário e outros meios eventualmente utilizados.
O país escolhido não é 4.º Apresentar os !!Úmeros brutos referentes aos que respon·
um país europeu. deram e a composição da amostra real constituída por eles (este
ponto é também comumente omitido), em comparação com a
Exemplo: 4% apenas dos ingleses aceitariam instalar-se em algum país do amostra calculada e almejada. Apresentar os números brutos de
Mercado Comum. respostas a cada pergunta.
89 % optariam por um país não-europeu (geralmente um país da
Commonwealth). S.º Apresentar os cálculos estatísticos, assim ~orno os cálculos
de correlação, com seu grau de precisão.
78
79
a OS PROBLEMAS DA PUBLICAÇÃO.

Esses problemas se apresentam sob várias formas, que convém


enumerar.
l.º Os problemas materiais da publicação: financiamento e
prazos.
2.º ~s i:roblemas_ deontológicos que dizem respeito aos direitos
de pubhcaçao e de divulgação dos resultados. Quinta Exposição
3.º O~ problemas psi_cossoci_ológicos da publicação, isto é, a
pondera5ao sobre os efeitos psicossociais do conhecimento, pela
pop~laçao! dos resu!tados da enquête (efeito FLOYD MANN, cf. a
segmr Qumta Exposição, cap. 4).
AS APLICAÇÕES DA ENQUÊTE PSICOSSOCIAL
Os problemas apontados nos ítens 2.º e 3.º serão remetidos um
A AÇÃO SOCIAL
para as observações de conclusão desta obra e outro para a te;ceir;
parte da quinta exposição.
A facilidade das fases finais depende, de forma decisiva e sob
~º?<?s. os aspect~s, da maneira pela qual foram conduzidas as fases
1mc1a1s. E_ por, isso que podemos concluir que a redação do do- Era previsível que os desenvolvimentos da enquête psicos-
cumen!º. fmal e prep:3-rada (e esse cuidado deve estar, pois, presente social, correspondendo a uma melhor compreensão dos fenômenos
no espmto do pesqmsador) desde o ponto de partida do projeto. coletivos e a um aperfeiçoamento dos métodos de sua descoberta .. .
"estimulassem" muitas pessoas, interessadas antecipadamente pelas
realidades psicossociais latentes que orientam os comportamentos
do público sem que este se dê conta.
Entre as grandes aplicações que se desenvolveram ao mesmo
tempo que as pesquisas, destacaremos: a enquête social propria-
mente dita, as pesquisas de mercado, as enquêtes publicitárias e a
ação psicológica.

1 A enquête social propriamente dita

Todo trabalhador social e todo responsável por entidade social


se acha em confronto com um determinado "meio social" ao qual
não pertence, e cuja "mentalidade" ele deve captar para desem-
penhar seu papel. .
Notemos desde já a aplicação aqui de um princípio longamente
desenvolvido em "A entrevista não-diretiva", isto é, que a ação de
ajuda não pode ser adequada se não se fundamentar na compreensão
da realidade à qual se aplicará. Na relação de ajuda (no casework,
80 81
counseling ou guidance), a realidade a ser compreendida é o tir-lhe pa ar da intuição incontrolável ao método objetivo e
"universo particular" do sujeito, isto é, as significações que seu transmissível.
meio ambiente e seus problemas têm para ele. Na enquête
social, encontra-se a mesma exigência: a ação social (nos seus dois 1 Os próprios fenômenos psicossociais devem .ser situados num
aspectos principais como resposta às necessidades e como educação quad;o mais amplo. Para compreender as ~mo_ções ~oletivas de ·uma
social) só poderá ser adequada e eficaz se for previamente baseada determinada população em dada circunstancia, ~ msegurança ~os
no conhecimento da psicologia do grupo social envolvido, da camponeses de determinada aldeia ou os preparat~vos de um motim
"população" (no sentido psicossocial) à qual esta ação deve ser em determinada prisão ... é necessário ter conhecimentos s~b.re um
aplicada. conjunto mais amplo de população; nos no~sos. ~xe~plos: e o mj!-
-estar camponês de nosso tempo, esse tambem m_setid_o na me1;1t! I-
a A ENQUETE PSICOSSOCIAL COMO QUADRO DE REFERENCIA DE UMA dade rural, é O "universo carcerário" ou psicossoc10logia das pnsoes
PESQUISA SOCIAL TRATANDO SOBRE UM INDIVÍDUO OU UMA FAMILIA e dos presos.
O pertencimento a um meio social não é somente uma carac- 2. Algumas realidades psicossociais são inacessív~is à ?bser-
terização administrativa. Tanto para o indivíduo como para a vação direta, como a mentalidade 10s vagabundos, a psicologia ~os
família (sendo esta, por sua parte, grupo de pertencimento para doentes, o universo das pessoas idosas . . . e somente a enquete
seus membros), é um fato gerador, a um nível não consciente, de sistemática pode revelá-las.
maneiras de pensar, de atitudes, de valores, que intervêm como 3. Os fenômenos de grupo não necessita;11, na população envol-
princípios latentes de percepções e de reações, ou mais exatamente, vida, de uma consciência de grupo. É Justament: P?rque as
como uma estruturação constante de opiniões e de condutas. opiniões, as necessidades, as atitudes . c?letivas sao ignoradas
O trabalhador social deve "situar" os problemas de seus freqüentemente pelos indivíduos (que participam dela~ se1:1 o s~ber),
"clientes" em relação aos meios sociais de pertencimento destes, e que a enquête psicossocial é reveladora ~ que a pubhcaçao de seus
não em relação a si mesmo. resultados pode ter uma influência considerável sobre o grupo (cf.
abaixo a action-research).
Sua objetividade consiste precisamente em colocar entre parên-
teses (fora de circuito) seu próprio quadro de referência, para o; habitantes de um conjunto arquitetônico formado de peque-
ninos apartamentos acreditam justamente estar cada um em. seu
compreender, tanto quanto possível, o de seus clientes.
Ora, para "situar" seu cliente entre as influências sociais que casulo. Entretanto, eles têm em comum necessidades,. e:'pectatlvas,
se exercem sobre ele, o trabalhador social deve, a partir do indi- reações potenciais insuspeitadas, advindas das condiçoes comuns
víduo e de suas características, encontrar o pano de fundo psicos- de existência.
social sobre o qual se destacam (e adquirem um sentido) os proble-
mas individuais ou familiares. • A ENQUETE SOCIAL SOBRE AS NECESSIDADES, AS EXPECTATIVAS E OS
PROBLEMAS SOCIAIS ' COLETIVOS. .

• A ENQUETE PSICOSSOCIAL COMO MEIO DE CONHECER UMA POPULAÇÃO Sob este aspecto típico, a enquête psicossocial . tem pre~isa-
OU UM "SETOR", PREVIAMENTE A TODA COMPREENSÃO DO QUE Af
SE PASSA, mente por objeto mostrar aquilo que exist~ como :e~hdades psic~s-
sociais latentes, acessíveis somente à pesqmsa metodi~. ~ra, a aç~~
Conhecer o seu setor rural para uma assistente rural. . . conhe- social, as decisões dos responsáveis por entida~es. sociais, como Jª
cer a mentalidade dos jovens numa "zona" suburbana mais ou enfatizamos desde a introdução, têm como obJetlvos responder:_ a
menos infestada de delinqüentes ou de prostituição. . . conhecer o essas necessidades ou a essas expectativas, prever sua evoluçao,
meio operário de tal fábrica ou de tal região. . . é apropriar-se da organizar a mudança. .
única possibilidade séria de compreender posteriormente os 1. Sob esse aspecto, a enquête social é tipicamente psicoss_o-
fenômenos coletivos que aparecerão nessa "população", de perce- cial, na medida em que não toma mais por. obJ:to a compd~dnsd~
ber seus sinais e de prevê-los. Isso é tão verdadeiro que todo das estruturas sociológicas, mas a determmaçao e a n:e i a .
responsável por uma ação social é rapidamente levado a fazer fenômenos psicológicos coletivos: n~cessi_dades, expectativas, aspi-
"sua própria experiência" do meio que lhe interessa. Ele o faz rações, motivações, percepção das sltuaçoes. . . . . .
segundo o modelo da enquête jornalística ou da coleta de im-
2. Seus métodos serão, pois, os da enquête p~icossocial. S~
pressões pessoais. As técnicas da enquête psicossocial vão permi- a observação metódica (cf. R. Mucchielli, L'observation psychologt-
82
83
que) é por vezes po sível, se a entrevista de grupo é freqüentemente A pe quisa de mercado tem como objeto saber o que as pessoa ·
útil (cf. R. Mucchielli, L'interview de group) é, regra geral, o mé- querem ou desejam comprar, aquilo de que elas têm vontade,
todo do questionário aplicado por entrevistadores que continua aquilo de que têm necessidade; chegam assim a prever por dife-
sendo o mais fecundo, com todas as exigências de sua elaboração rentes métodos, a clientela virtual para um produto que não existe,
científica, da qual detalhamos as etapas. a não ser como possibilidade. Pode-se compreender quanto es '
Em conclusão, impõe-se a formação dos trabalhadores sociais conhecimento interessa a quem pode ou poderá produzir, ou dirigir
e ~os responsáveis por entidades sociais nos métodos da enquête sua produção no sentido de um ajustamento a essa clientela virtual.
· ps1cossocial. Antes de mais nada, são os métodos do questionário A pesquisa de mercado leva portanto a produzir aquilo que tem
que lhes serão úteis, entendendo-se por isso o conjunto dos métodos chances de ser vendido. Ela tem sua continuação - após a fabrica-
que, partindo do questionário mais "estruturado" e de auto-aplica- ção - pela ~ublicidade, que terá por objetivo fazer comprar aquilo
ção vão até a entrevista centrada no tema, praticada em forma que foi fabricado.
de entrevista não-diretiva (individual ou de grupo).
Em certo sentido e nesse domínio, este volume dedicado ao Pesquisa de mercado (objetivos e meios) e publicidade (objeti-
questionário e o precedente, consagrado à entrevista face a face * vos e meios) formam juntas um setor importante do marketing.
formam os dois pólos desse conjunto metodológico. N.B. - Para maiores detalhes sobre este ponto, ver R. Mucchielli,
"Psychologie de la publicité et de la propagande".

• OS OBJETIVOS GERAIS DAS PESQUISAS DE MERCADO.

Conhecer os comportamentos de uma "população" ou conhecer


os determinantes desses comportamentos, tais são os objetivos ge-
2 As pesquisas de mercado rais nos quais se inscrevem necessariamente as pesquisas de mer-
cado. O problema mais importante é, entretanto, o da determinação
da própria população.
Foi praticamente depois do fim da Segunda Guerra Mundial "População" tem aqui o sentido de "clientela" e o conhecimento
que as pesquisas de mercado, iniciadas desde 1929 nos Estados dos comportamentos ou motivações dessa clientela só pode ser
1:Jnidos, se desenvolveram. Sua aparição marca uma etapa econô- obtido através de enquêtes exploratórias ao nível de uma popula-
mica importante: a indústria, até então baseada na produção, ção definida mais amplamente.
- seus meios, seus cálculos, sua progressão intrínseca - clescobria a
população dos consumidores como a realidade final da qual depen- Daí decorre uma particularidade da pesquisa de mercado: a
diam sua existência, sua expansão ou sua ruína. Essa mudança de enquête psicossocial de exploração de um Universo "possível",
orientação por parte das empresas determinou modificações pro- para delimitar nele a população mais restrita e melhor categorizada,
fundas de estrutura geral e de distribuição das responsabilidades. sobre a qual será feita a enquête de comportamento psicossocial ou
Já não se tratava mais de vender o que se produzia, mas de produ- de motivações.
zir aquilo que se poderia vender. Toda organização que tinha al-
• OS Ml:TODOS.'
guma coisa para "vender a uma clientela" desenvolveu um Serviço
Comercial ou um Serviço de Relações Públicas, que tinha entre É necessário fazer uma distinção entre os métodos das enquê-
tarefas "as pesquisas de mercado". tes de exploração (para determinar a população visada) e as enquê-
tes propriamente ditas (sobre os comportamentos e as motivações) .
• PESQUISAS DE MERCADO E MARKETING
a) As primeiras são um desenvolvimento novo da pré-enquêle
A pesquisa de mercado é freqüentemente confundida com o clássica. Elas se subdividem em dois grupos vizinhos.
marketing, mas estas expressões, embora representando operações 1.0 As sondagens de população ampla, nas quais se isola, tanto
solidárias, têm uma extensão diferente.
quanto possível, grupos diferentes segundo características objetivas.
( •) R. Mucchie!li - A Entrevista Não-Diretiva, nesta coleção. Comparação de amostras de grupos-pilotos; ·

84 85
2.º A análise do comportamento de consumidores num painel. pela verificação detalhada das faturas e dos estoques r elativos ao
Aqui, o grupo-piloto é o próprio painel (onde todos os indivíduos produto, junto a um grupo de varejistas.
têm características objetivas conhecidas). É possível servir-se do Esses varejistas podem ser selecionados por um cálculo de
painel não apenas (como é o caso, na en,quête propriamente dita) amostragem preciso. Quando a empresa ou firma tem sucursais,
para estudar a evolução das necessidades e das compras, mas tam-
o conjunto destas pode representar o grupo-piloto.
bém para categorizar a clientela virtual.
2.º As lojas-piloto. - Este método consiste em analisar as
b) As segundas correspondem aos métodos que estudamos ao vendas de produtos variados, em uma ou várias lojas-piloto, inde-
longo desta obra. pendentes umas das outras e situadas em diversas localidades,
Vemos aí a aplicação pura e simples, em todos os detalhes, dos amostras essas mais ou menos expressamente determinadas.
métodos, técnicas e procedimentos da enquête psicossocial; e o A característica essencial desse método - e que o diferencia
questionário (auto-aplicado ou aplicado por entrevistador) é am- do precedente - é que ele pode assumir todas as características
piamente utilizado. de uma espionagem comercial da concorrência.
c) Incluem-se aí, também, os métodos específicos relativos à O responsável pela loja-piloto fica preso ao sigilo prometido
~nálise de vendas, · métodos que, embora fazendo parte de vasta ao fabricante e este, sem "empurrar" seus próprios produtos (o
área do marketing, referem-se tanto aos problemas da publicidade que falsearia os resultados) analisa comparativamente pelas fatu-
quanto aos da pesquisa de mercado. Trataremos disso a propósito ras e pelos estoques, a venda de todos os produtos da loja e, eviden-
da publicidade. temente, os de seus concorrentes.
Pelos resultados, é possível perceber a maneira como "se com-
portam" as vendas.
Complicando um pouco o mesmo método, pode-se ligá-lo à
pesquisa de mercado. Basta, de fato, que um pesquisador-obser-
A enquête psicossocial em suas vador possa anotar na própria loja as características dos clientes-
3 aplicações à publicidade -compradores (do ou dos produtos estudados, para ter-se uma idéia
precisa da "clientela" do produto (numerosos desdobramentos são
possíveis, porque se pode combinar o sistema com um questionário
curto).
Somos obrigados a diferenciar aqui vanos campos, segundo
os objetivos gerais: o controle de vendas, aliad<::l ao controle de pu- Orientando-se diferentemente o mesmo método, a loja-piloto
blicidade; a organização da publicidade; a ação psicológica com pode também ser utilizada para:
objetivos publicitários. experimentar um novo produto antes de sua fabricação em
Considerando que um volume inteiro é consagrado a essas série;
questões e especialmente às duas últimas (cf. R. Mucchielli, Psycho- controlar uma idéia de publicidade antes de lançar a publi-
logie de la publicité et de la propagande) vamos nos ater a algu-· cidade em grande escala;
mas observações de caráter geral comparativas com as enquêtes registrar as queixas dos compradores ou suas observações
psicossociais. contra o produto ou os produtos dos concorrentes (donde
a dedução de motivações negativas e orientação da publi-
• O CONTROLE DE VENDAS. cidade posterior).
Para controlar as vendas, isto é, para ficar sabendo aquilo que
• A ENQUETE DE MOTIVAÇÕES EM FUNÇÃO DA PUBLICIDADE.
se vende ou não se vende, é necessário elaborar uma forma de en-
quête psicossocial utilizando métodos específicos. Vimos a propósito dos estudos de motivações (cf. A Entrevista
l .º O grupo-piloto de varejistas. - Trata-se de um método co- Não-Diretiva*, 5.a Exposição, cap. 2: A entrevista na enquête de
nhecido pelo nome da empresa que o criou, o método 1ndice Niel- motivação), a própria noção de motivação e os métodos de análise.
scn, qué consiste em avaliar as vendas de um determinado produto ( *) Publicado nesta coleção.

86 87
Além disso, a noção de motivação já foi objeto de uma análise A enquête psicossocial na
completa, no nosso livro Psychologie de la publicité et de la pro-
pagande.
4 ação psicológica

Uma motivação é uma estrutura latente da conduta que opera,


por assim dizer (numa simplificação da representação do processo A noção de "ação psicológica" provoca inquietação porque ~la
cm causa), uma pressão permanente sobre o comportamento de um implica uma "manipulação" da opinião coletiva através d~ 1:1ei<?s
sujeito, para orientá-lo em certa direção, para fazê-lo responder ocultos. Mas o medo da palavra não altera em nada a existencia
de uma maneira determinada e estável a um certo tipo de situação, do fato e em nada impede as ações de propaganda camuflada.
para fazê-lo executar tal tipo de ato, para fazê-lo reagir de uma O que nos parece mais importante é analisar os yrocessos pelos
maneira constante a tal categoria de problemas ou a tal espécie de quais a enquête psicossocial pode tor~~r-se _urr_i mstrumento de_
excitantes (estímulos) . acão seja psicológica política ou pedagogica (limitar-nos-emos aqm
a' esse aspecto; para 'outros aspectos ver R. ~':1~chielli, Psychologie
O leitor compreende, por esta definição, a relação existente, em de la publicité et de la propagande e Opmwes e mudanças de
psicologia geral, entre motivação e atitude, e isto nos remete ao opinião*).
que ficou dito acima sobre as atitudes (Segunda Exposição, cap. 3).
a A DESCOBERTA DOS EFEITOS DE FEEDBACK DA ENQUETE.
Todos aqueles que se ocupam de publicidade têm interesse nas
motivações uma vez que: Chama-se "efeito de feedback" o efeito produzido sobre_ ~ P?·
pulação da enquête pelo conhecimento dos resultados da P:opna
l .º Conhecer as motivações de uma determinada "população" enquête. Em primeiro lugar, este efeito é apenas um caso particular
permite utilizá-las para orientar o interesse e depois a compra, das mudanças de opinião que se produzem quando as pesso~s ~e
rumo ao objeto da publicidade ... dão conta (de uma maneira ou de outra) de que a grande ma10na
de um gn,ipo ao qual pertencem tem uma opinião precisa, da qual
2.º Criar necessidades pode permitir, caso isso aconteça, a não suspeitavam.
construção artificial de motivações "exploráveis" em uma segunda Suponhamos que, por ocasião de eleições nacionais, a votação
fase publicitária. nas pequenas cidades fosse encerr~da às 18 horas,e_nas grandes
Por exemplo, uma enquête psicossocial (Lyon, 1957) sobre a cidades às 20 horas e que fossem divulgados pelo rad_10 os resulta-
mentalidade dos adolescentes, revela que as motos são "atraentes" dos, o mais rápido possível entre 18 e 19 horas, _selec10nando-se. as
localidades em que 85%, 90%, 100%, dos votos tlve~semJa~orecido
por duas razões: "a independência que elas trazem" e a "velocidade uma determinada orientação política. Haveria uma mfluencia, s~bre
que se pode alcançar".
os eleitores que, nas cidades mais populosas, esper~m ?- u~~ima
Se estas são as duas principais motivações de compra dessas hora para votar. A coloração polít~<;ª ~esses votos tena sido des-
máquinas por parte dos jovens, pode-se compreender que uma locada" no sentido dos resultados Jª divulgados.
É a· isso que os americanos chamam o efeito de band ~agon;
publicidade adaptada irá associar uma marca de motos com slogans
que "baterão" sobre esses dois pontos. as pessoas fogem dos vencidos e precipitam-se para partl~har a
vitória quando não há mais dúvidas sobre ela. Trata-se evide~te-
Outro exemplo: durante uma "enquête psicossocial" com obje- mente de um efeito estatístico, isto é, apreciável somente a mvel
tivos políticos, um grupo político governamental francês mandou das massas.
É igualmente um efeito de feedback o que po~e ser observado
entrevistar, em 1966, uma ampla amostragem de eleitores e eleito-
quando da divulgação de resultados de uma enquete: a tomada ~e
ras, por região, sobre os temas seguintes: "Quais são, na sua opi-
consciência dos problemas, de sua natureza e de sua extensao,
nião, os problemas principais da sua região?" e "O que é necessário provoca reações no meio social submetido à enquête. . ..
fazer, na sua opinião, para resolvê-los?" Este fenômeno, desde que foi descoberto, tem sido utlhza?o
A apuração dos resultados deveria evidentemente possibilitar
intencionalmente: FLOYD MANN definiu aquilo que chama derem-
a formulação dos slogans da campanha eleitoral, por região. <*) Publicado nesta coleção.
88 89
jeção dos resultados da enquête na população pesquisada e estudou . 1 (cf acima pág. 33) são progressivamente ~'educadas" pela
os seus efeitos. O método é considerado como um instrumento de um pa~nc . uesti~nários; seu nível de informaçao aumen~a,_ ~s-
transformação do meio social, de ação modificadora sobre esse s~cessao
sxm seu qm've1 de reflexão crítica e sua capacidade de xmcia-
comodos
meio.
tiva pessoal.
• A "ACTION RESEARCH". A enquête assim aplicada pode ser usada sistematicamente:
O valor da ação sobre o meio social tornou-se, para certos teó- - para informar uma "população" de enquête;
ricos da psicologia social e da sociologia, uma verdadeira concepção
teórica da enquête. Sua definição deixa de ser a que demos nesta para " sens1"b"l
i. iza-
. , la" sobre uma questão
. e. .mobilizar
( as
lo·ener-
en-
ias no sentido de uma ação mais positiva . exemp . ..
obra (meio de apreensão e de avaliação de um fenômeno psicosso- !uête de Dumazedier, em Annecy, sobre as ehtes locais),
cial) para se tornar "uma pesquisa ativa visando modificar um
meio social" (Kurt Lewin e Escola de Michigan). - para modificar o "clima" de um grup?, su~ percepção da
situação global e suas reações a essa situaçao.
E preciso distinguir aqui dois tipos de pesquisas "ativas":
.
Em todas essas aphcaçoes · 1ares, a enquête
- partlcu , . psicossocial
. d
As enquêtes psicossociais que têm por objetivo a ação, isto
1.º
é, a decisão a ser tomada conforme os resultados obtidos. Esta r aniza e se desenvolve segundo re?ra~ P;atlcas enur.icxa, ~s
se. o g . t é ela utiliza: o questionário distnbmdo, o. questrnnarJo
acepção é perfeitamente conciliável com nossa definição. As cha-
madas enquêtes de diagnóstico, aplicadas a uma empresa são, em
princípio, desse tipo. Devemos considerar entretanto que as deci-
sões, neste caso, não são necessariamente uma satisfação dada às
::;.::~d~ :r:f~~~';.;tu:::"e~~:!!r::!d~~~·s!ndir;~':s~:''d~
~ràmas técnicas têm uma eficácia superior.
expectativas ou às necessidades assim descobertas (a "política" de
uma entidade social pode legitimamente ter seus objetivos pró-
De qualquer forma, uma enquête psicossoc_ial terri efeitos prt
prios), mas, de um modo ou de outro, os resultados da enquête ~r;~:ã:º~is ºs::Sb~:~~t~~o:~q~~teté~~~~~/~: s~c~~~~:e~~:ih p=ã~
serão l~vados em conta. apenas a formalização desses efeitos.
2.º As enquêtes psicossociais que têm diretamente como obje- ' · de
Poder-se-ia dizer, assim sendo, que a e!:quête, come~ef:ii~om-
tivo modificar o meio. São então um instrumento de "ação psico-
lógica" ou de "ação pedagógica", sem que seja possível impedir que entrevistas abertas ap~icadafs ª umf pop~~b~=o~:: ;!soa isolada,
parável ao da entrevista ace a ace .d d d re
se tornem um instrumento de "ação política". do o ob"etivo da entrevista é aumentar a capaci ª. e e .
qua~ cntlca
flexao , · J d o " c1·ente"
i e de . sua iniciativa para solucionar, ele
O método da "reinjeção dos resultados" é deste último tipo.
próprio, seus problemas pessoais.
Se forem reinjetados "resultados provisórios" provocando reuniões
sobre o tema (exemplo: enquête de Crozier na S.E.I.T.A.*), haverá De certo modo, e mais estritamente ainda, a enq,uê_te te~ ~m
uma intervenção ainda mais ativa.
Enfim, a própria enquête pode ter como objetivo direto, ao
:!~~ ~~k~~:~~ àr:~~r1~~~:si~;~~~~s e;i~~~~ ~~~~J!~~m:o!e~~~~:

f l~~!tsFef:1~
nível dos próprios pesquisados, produzir modificações de opinião é aplicada (cf. R. Mucchielli, L'Interview de groupe). .
ou de conduta.

Esta orientação da enquête ativa é uma aplicação do fato cons- ma ;ã~o:;~:;o~~:!i~ t:\~~b~~º~fti~~f
tatado de que os indivíduos submetidos à enquête são modificados que se servem de suas desco ertas, que po e
pela enquête antes de qualquer conhecimento dos resultados. São psicossocial um instrumento sutil da propaganda.
levados a refletir sobre questões até então ignoradas ou minimiza-
das. Já observamos, por exemplo, que as pessoas que compõem

(• ) Service d'Exploitation Industrielle du Tabac et des Alumettes. Empresa


estatal francesa. (N.T.)

90
91
CONCLUSÃO

Impõe-se uma deontologia para as enquêtes psicossociais, deon-


tologia esta que ainda não encontrou formulação institucional.
Ela deverá, de uma maneira muito geral, comportar regras
sobre os quatro pontos seguintes:
l .º Formação dos pesquisadores. Estes devem ser informados
dos aspectos teóricos e práticos da aplicação da estatística às ciên-
cias sociais. Devem também e sobretudo, ser formados de modo a
poder evitar os numerosos desvios pelos quais podem ser - mes-
mo inconscientemente - responsáveis no transcorrer de uma en-
quête.
2.º Competência e responsabilidade dos órgãos promotores de
enquêtes. Muitas entidades lançam enquêtes atualmente sem co-
nhecer as técnicas e sem dispor de quadro suficiente de entrevista-
dores ou de pesquisadores. Um número demasiadamente grande
de "relatórios" não se fundamenta sobre qualquer base teórica e
metodológica séria.
3.0 Propriedade dos resultados, legislação sobre a investiga-
ção, codificação dos direitos e poderes de publicação. Sobre estes
pontos também é necessário que a ordem seja estabelecida.
4.º Formação e informação do público para que, compreen-
dendo o interesse das enquêtes, participe delas mais espontanea-
mente e, ao mesmo tempo, conhecendo as exigências técnicas de
uma enquête bem feita, não venha a tomar como verdadeiros os
resultados apresentados sob forma estatística sem nenhuma ga-
rantia de objetividade.
A enquête psicossocial, método novo e promissor de revelação
e compreensão dos fenômenos psicossociológicos e coletivos, d v
e pode tornar-se um meio de adequação e aumento de eficácia do
organi mos sociais. Sob a condição de ser feita segundo rnétod '
rigorosos, que cvilam as inúmeras distorções de sua trajetória.

3
Bibliografia Sumária

As obras marcadas com um asterisco são de leitura mais fácil ou são mais
centradas no assunto em questão. O sinal • indica as obras disponíveis
em língua portuguesa.

* ALBOU (P.). - Les questionnaires psychologiques, P .U.F. Col. Le


Psych., 1968.
* ALEXANDRE (V.). - Les échelles d'attitudes, Ed. Universitaires, 1971.
BouQUEREL (F.). - Les études de marchés. P .U.F. Que sais-je? 1966.
• O Estudo dos Mercados, Difel - Col. Saber Atual, São Paulo.
CAPLOW (Th.). - L'enquête sociologique, tr. fr., Ed. Armand Colin,
Col. U, 1970, part. pp. 222 à 240.
CAZENEUVE (J.,), AKOUN (A.) et BALLE (F.). - Guide de l'étudiant en
sociologie, P.U.F., 1971, part. cap. 2, pp. 38-82.
DAVAL (R.) e coll. - Traité de Psychologie sociale, 2 vol. P.U.F.,
Logos, 1963.
* DAUTRIAT (Huguette). - Le Questionnaire. Publications de l'I.H.A.,
Bordeaux, 1959.
DEBATY (P.) - La mesure des altitudes, P.U.F., Col. Psych., 1967.
DESABIE (M.). - Théorie et pratique des sondages, Dunod, 1965.
DuvERGER (M.). - Méthodes des sciences sociales, P.U.F., 1964.
FAVERGE (J.M.). - Recherche et traitement des informations dans
l'étude de motivation. Rev. Métra, 1963, n. 0 2, pp. 217-227.
FESTINGER (L.) e .KATZ (D.). - Les méthodes de recherche dans les
sciences sociales, 2 vol., P.U.F., 1963.
• A Pesquisa na Psicologia Social, Fund. Getúlio Vargas, Rio de
Janeiro, 1976.
95
FRAISSE (P.). - Les altitudes, P.U.F., 1961. Relação das obras da coleção
GALLUP (G.). - Mes expériences de sondages de 1936 à 1948 . Rev. FORMATION PERMANENTE EN SCIENCES HUMAINES
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* JAVEAU (CL). - L'enquête par questionnaire, Ed. de l'Université de
Bruxelles, distrib. France Éditions d'Organisation, 1971.
KRECH e CRUTCHFIELD - Téories et problemes de psychologie sociale.
Trad. fr. P.U.F. 1952 tomo 2, pp. 352 e segs.
• O Indivíduo na Sociedade - Um Manual de Psicologia Social, L'entretien de face a face dans la relation d'aide (6.ª edição, 1975).
Editora Pioneira, São Paulo, 1975. • A Entrevista Não-diretiva, Livraria Martins Fontes Editora,
São Paulo.
LEMAINE (J.M.). - Initiation aux échelles d'attitudes, in Buli. Psycho.,
França, 1971-1972, XXV, n. 0 295, pp. 72-101. Le questionnaire dans l'enquête psycho-sociale (5.ª edição, 1975).
• O Questionário na Pesquisa Psicossocial, Livraria Martins Fon-
MAISONNEUVE (J.). - La psychologie sociale, P.U.F., Que sais-je? 1964. tes Editora, São Paulo.
• A Psicologia Social, Dif el - Col. Saber Atual, São Paulo. La conduite des réunions (6.ª edição, 1975).
• A Condução de Reuniões, Livraria Martins Fontes Editora,
Manuel des enquêteurs par sondage. Publicações do I.N.S.E.E., mimeo- São Paulo.
grafadas.
La dynamique des groupes (7.ª edição, 1976).
MARCUS STEIFF (J.). - Les études de motivations, Hermann, 1961. La méthode des cas (4.ª edição, 1976).
MEYER (R.W.). - L'étude des marchés, ses possibilités, ses limites. L'interview de groupe (3.ª edição, 1974).
Trad. fr. 1962. Ed. Eyrolles. L'étude des postes de travai! (3.ª edição, 1975).
MINON (P.). - Initiation aux méthodes d'enquête sacia/e, Bruxelles, • Postos de Trabalho, Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro,
La pensée catholique, distr. France Office gén. du Livre, Col. 1978.
Études sociales, 1959. L'examen psychotechnique (3.ª edição, 1975).
• O Exame Psicotécnico, Livros Técnicos e Científicos, Rio de
* NOELLE (Elisabeth). - Les sondages d'opinion, tr. fr., Éditions du Janeiro, 1978.
Minuit, 1966.
Opinions et changement d'opinion (2.ª edição, 1972).
PINTO (R.) e GRAWITZ (M.). - Méthodes des sciences sociales, 2 vol., • Opiniões e Mudança de Opinião, Livraria Martins Fontes Edi-
Dalloz, 1964. tora, São Paulo.
STOETZEL (J.). - Les sondages d'opinion publique. Ed. du Scarabée, Psychologie de la publicité et de la propagande (2.ª edição, 1972).
1948. • A Psicologia da Publicidade e da Propaganda, Livros Técnicos
e Científicos, Rio de Janeiro, 1978.
* STOETZEL ( J.). - La connaissance des opinions, in Traité de psycho-
Les complexes personnels, (2.ª edição, 1975).
logie appliquée de M. REUCHLIN, P.U.F., 1952, Livro II, cap. 14.
Communication et réseaux de communications (3.ª edição, 1976).
STOETZEL (J.). - Psychologie sociale, Flammarion, 1963. • Comunicação e Redes de Comunicação, Livraria Martins Fontes
• Psicologia Social, Cia. Editora Nacional, São Paulo, 1976. Editora, São Paulo.
Les méthodes actives dans la pédagogie des adultes (2.ª edição, 1975).
VERSEREAU (A.). - La statistique, P.U.F., Que sais-je? n. 0 281. • Os Métodos Ativos na Formação de Adultos, Livraria Martins
• A Estatística, Difel - Col. Saber Atual, São Paulo. Fontes Editora, São Paulo.
Organigrammes et sociogrammes (1.ª edição, 1973).
L'analyse de contenu (2.ª edição, 1977).

96 97
• A Análise de Conteúdo, Livraria Martins Fontes Editora, ão
Paulo.
Psychologie de la vie conjuga/e (l.ª edição, 1974).
L'observation psychologique et psycho-sociologique (l.ª edição, 1975) .
Le travai! en équipe (1.ª edição, 1975).
• O Trabalho em Equipe, Livraria Martins Fontes Editora, São
Paulo.
Psychologie de la relation d'autorité (l.ª edição, 1976). ANEXOS
• Psicologia da Relação de Autoridade, Livraria Martins Fontes
Editora, São Paulo.
Psycho-sociologie d'une commune rurale (l.ª edição, 1976).

Seminários de MICHEL FusnER Relação dos órgãos oficiais .e


das publicações especializadas *
Le conflit dans l'Entreprise (1.ª edição, 1975).
• O Conflito na Empresa, Livraria Martins Fontes Editora, São que fornecem informações estatísticas de base, necessárias a toda
Paulo. pesquisa, sobre as características objetivas da população.
Pratique de la créativité (l.ª edição, 1976). 1. O.N.U. - Informações estatísticas internacionais, editadas pelas
• Prática da Criatividade, Livraria Martins Fontes Editora, São Edições Pedone, 13, Rue Soufflot, Paris (5).
Paulo.
La résolution de problemes, méthodologie de l'action (l.ª edição, 2. Presidence du Conseil:
1977). - La Documentation Française e as publicações do Com-
missariat au Plan.
3. I.N.S.E.E. (Institut National de la Statistique et des :E.tudes
Seminários de RoGER BAZIN :E.conbmiques), 29, quai Branly, Paris (7).
Publicações:
La formation parles méthodes TWI, OM, S.O.R.A. (l.ª edição, 1976). - Bulletin hebdomadaire de statistiques;
• Formação para a Chefia - TWI, OM e S.O.R.A., Livraria Mar- -· Bulletin rnensuel de statistiques;
tins Fontes Editora, São Paulo. - Annuaire statistique de la France;
- Annuaire statistique retrospectif de la France (que es-
tuda os recenseamentos por categorias para um período
Seminários de EDOUARD LIMBOS de 100 anos);
- Tableau économique de la vie française;
L'animation des groupés de culture et de loisirs (l.ª edição, 1977). - Etudes et conjonctures (revista mensal).
4. C.R.E.D.O.C. (Centre de Recherches et de Documentation sur la
Seminários de JEAN SoucHoN Consommation) 30, rue d'Astorg, Paris (8).
- Revista: Consommation (trimestral).
Psycho-sociologie de la négociation. 5. LN.E.D. (Institut Nacional d'Etudes Démographiques)
23, avenue Franklin-Roosevelt, Paris (8).
revista: Population (trimestral).

( *) Ver na página seguinte órgãos oficiais e publicações especializadas no


Brasil.
98
99
QUADROS INDICATIVOS DAS RELAÇÕES ENTRE OS
RESULTADOS OBTIDOS SOBRE AMOSTRA SORTEADA
E SUA EXTRAPOLAÇÃO PARA A POPULAÇÃO TOTAL

Quadro I

ÓRGÃOS OFICIAS E PUBLICAÇÕES ESPECIALIZADAS Número de 95 % de seguran-


respostas ça, isto é, pode- 50% de seguran-
NO BRASIL SIM obtidas se dizer, com 95 ça, isto é, pode-
na amostra chances sobre se dizer, com 50
com uma 100 de acertar chances sobre
População questão de que na população 100 de acertar,
1. O.N.U. - informações estatísticas internacionais total Amostra resposta total, o número que na população
Praia do Botafogo, 188, Rio de Janeiro, GB sorteada SIM-NÃO de SIM estará total o número
(ou número compreendido de SIM estará
2. Fundação IBGE - informações estatísticas de casos entre ... compreendido
publicações: Anuário Estatístico do Brasil positivos entre .•.
na alter- .
Boletim Estatístico (trimestral) nativa)
Brasil, Séries Estatísticas Retrospectivas 10 5 25 e 74 42 e 57
Censos (por Estado): Demográfico 100 20 10 29 e 70 43 e 56
de Serviços 30 15 34 e 65 44 e 55
Comercial 50 25 40 e 60 46 e C:'l
10 5 85 e 415 195 e 305
Industrial 30 15 160 340
e 220 e 280
- agências em todos os Estados 500 50 25 180 e 315 225 e 270
3. Fundação Getúlio Vargas 100 50 205 e 295 235 e 265
publicações: Conjuntura Econômica - mensal (índices econô- 200 100 220 e 275 240 e 255
micos e financeiros do país). 10 5 168 e 832 388 e 612
Praia do Botafogo, 190, Rio de Janeiro, GB 50 25 362 e 638 454 e 546
Av. 9 de Julho, 2.039 - São Paulo, SP. 1 000 100 50 406 e 594 469 e 531
200 100 438 e 562 480 e 520
4. Serviço de Estatística da Educação e Cultura 500 250 468 e 532 489 e 510
Palácio da Cultura, 3.º andar, Rio de Janeiro, GB 10 5 830 e 4170 1935 e 3065
5. Centro de Documentação e Informática do Ministério do Tra- 30 15 1580 e 3400 2195 e 2805
balho - Palácio do Trabalho - 13.º andar Rio de Janeiro, GB 5 000 50 25 1800 e 3200 2270 e 2830
100 50 2010 e 2990 2340 e 2660
6. Divisão Nacional de Epidemiologia e Estatística da Saúde
Av. Brasil - Rio de Janeiro - GB 200 100 2160 e 2840 2390 e 2610
500 250 2290 e 2710 2430 e 2570
ESTADO DE SAO PAULO 10 5 1650 e 8350 3870 e 6130
Secretaria de Economia e Planejamento - 20 10 2720 e 7280 4240 e 5760
Departamento de Estatística 30 15 3160 e 6840 4390 e 5610
_publicações: Anuário Estatístico 10 000 50 25 3580 e 6420 4830 e 5470
100 50 4020 e 5980 4680 e 5320
Ensino Primário Comum (anual)
200 100 4320 e 5680 5220 e 4773
Ensino Médio (anual) 500 250 4560 e 5440 4850 e 5140
100
101
Quadro II

Se a metade da amostra ao acaso responde


Sim a uma alternativa SIM-NÃO, ou
corresponde a um caso positivo numa
alternativa de certo-errado .. .
Número da Pode-se prever com Pode-se prever com
amostra 95</c de chances de 50% de chances de
sorteada População acertar, que o número acertar, que o número
ou total de Sim ou de casos de Sim (ou de casos
ao acaso positivos) na popula- positivos) na popula-
ção total, estará com- ção total, estará com-
preendido entre esses preendido entre esses
dois números: dois números:

100 25 - 74 42 - 57 LÉXICO
soo 85 - 415 195 - 305
10 1000 168 - 832 388 - 612
5 000 830 - 4170 1935 - 3065
10 000 1650 8350 3870 - 6130
100 40 - 60 46 - 53
500 180 - 315 225 - 270
50 1 000 362 - 638 454 - 546
5 000 1800 - 3200 2270 - 2830
10 000 3580 - 6420 4530 - 5470
500 205 - 295 235 - 265
100 1000 406 - 594 469 - 531
5 000 2010 - 2990 2340 - 2660
10 000 4020 - 5980 4680 - 5320

102
ABERTA (Questão): Questão que distinguir a amostra ao acaso (cha-
não comporta resposta previamente mada também aleatória ou probabi-
codificada (Questão fechada) e para lística), amostra por cotas ... e mui-
a qual o entrevistado formula livre- tas outras variedades resultando de
mente uma resposta dizendo o que métodos de amostragem mais com-
pensa (por escrito ou oralmente). plexos.
Essa resposta deverá ser posterior-
AMOSTRA A PRIORI (Amostra-
mente analisada e codificada.
-mestra): Constituição prévia e a
ALEATÓRIO: Do latim alea: jogo priori de uma amostra "ampla" da
de dados. Por extensão: acaso, in- qual será "retirada" a amostra real
certeza, não previsível, indetermi- para umá enquête de acordo com os
nado. objetivos desta. Por definição a
Na linguagem corrente a palavra amostra a priori é uma espécie de
aleatória significa submetido ao aca- "reserva" bem determinada, conhe-
so, imprevisível. cida e polivalente, que permite obter
rapidamente uma amostra particular.
Em linguagem técnica, um evento
aleatório pertence ao campo das leis ANALISE DE CONTEúDO: Método
do cálculo de probabilidades e pode de inventário, de apuração e de dis-
ser representado segundo um mode- tribuição em categorias dos elementos
lo probabilista. e aspectos significativos de uma
No que se refere à enquête psicos- "comunicação" (informação, mensa-
social, chama-se sondagem aleatória gens, textos escritos, textos falados,
uma sondagem que é realizada com mímicas, filmes, etc ... ). Os métodos
uma amostra de pessoas sorteadas de análise são qualitativos e quanti-
ao acaso. Só a sondagem aleatória tativos e levam a resultados objetivos
se presta ao emprego do cálculo das · e a avaliações mensuráveis. Variam
probabilidades estatísticas. conforme os objetivos da operação,
desde a simples classificação dos da-
AMOSTRA: Uma amostra é parte de dos por categorias ou temas, até as
uma quantidade que permite, através análises lingüisticas.
da sua apreciação, conhecer o todo.
AREAS, (Métodos das) ou AREO-
Assim, pode-se retirar "uma amos-
LAR: De area, palavra latina que
tra" de vinho, de leite, de trigo, de
significa superficie limitada. Em esta-
tecido. As características da amostra
tística aplicada à psicologia da vida
são as mesmas do todo na medida
social o método das áreas consiste
em que os "elementos" são perfei-
em fazer a amostragem das áreas
tamente homogêneos e idênticos.
(dos territórios limitados) cuja po-
Na enquête por sondagem, cha,ma- pulação será submetida à enquête.
-se amostra uma certa porcentagem
representativa da população que se AREOLAR: ver Areas.
quer estudar.
ATITUDE: No sentido comum signi-
A determinação da amostra quan- fica pose corporal expressiva. Em
do o todo é heterogêneo, como no sentido social corrente é um com-
caso das realidades humanas, impli- portamento significativo face a outra
ca numerosos problemas. Pode-se pessoa.

I
Est ritamente falando, uma atitude dido que a existência de gr ande quais os homens procuram satisfazer ticas da "população" da enquête . ..
é uma tomada de posição geradora de número de desvios alter a e chega a suas necessidades de consumo. divide-se essa população em "sub-
opiniões e de ações referentes a um anular o valor dos resultados. 2. 2 ) A economia é a ciência que -conjuntos" (ou sub-populações)
problema ou em determinadas cir- trata das trocas econômicas, isto é, a chamadas estratos. Esta divisão é
DIAGNOSTICO DE EMPRESA: Pes-
cunstâncias. Esta tomada de posição circulação das mercadorias, e as rela- feita segundo categorias ou critérios.
quisa que tem por objeto tirar, do
pode ser a atualização de uma atitude ções dos homens durante estas trocas. Por definição, um estrato é um sub-
conjunto dos fatores (estruturas, conjunto homogêneo, isto é, que rea-
latente, isto é, de uma predisposição
tecnologia, grupos humanos ... ) que 3. 2 ) A economia, como ciência
(crônica e habitual ou, ao contrário, grupa indivíduos que apresentam
agem sobre a empresa, informações prospectiva, se empenha em pensar
de reação a uma experiência ou a características comuns.
exatas sobre a . situação atual, a fim racionalmente a ordenação e a repar-
circunstâncias ) a perceber de uma
de prever as possíveis próximas evo- tição dos meios de produção e de ESTRUTURA: Num primeir o senti-
certa maneira os problemas e a res-
luções em função das intervenções riqueza para aumentar o bem-estar. do a estrutura é a forma de organi-
ponder num certo sentido. Mais
. que devem ser efetuadas. O objetivo zação de um conjunto de coisas, de
profundamente, fala-se de atitudes ENTREVISTA: Deve ser estabelecida
de um diagnóstico de empresa é, por partes ou de forças, que constituem
existenciais para designar as estru- uma nítida diferença entre a entre-
exemplo, poder ver a ação com maior um todo unificado ou específico.
turas da afetividade que determinam vista no sentido de entrevista de face
clareza. Num segundo sentido, a est r utura
os significados pessoais constantes do a face conduzida de modo não-dire-
que é vivenciado. Desenvolve-se em várias fases: é uma forma dinâmica, que repre-
tivo para compreender os problemas
1.2) Observação dos fatos; senta uma espécie de constante da
BIAS: (ver Desvio). vividos por um sujeito-cliente ... e a
2.0) Diagnóstico propriamente dito entrevista que consiste em colher as personalidade, dando uma certa coe-
(isto é, determinação e explicação "do opiniões ou as impressões de um rência de significado ao que é per-
CARACTERISTICAS: Critérios espe-
que se passa" ) ; indivíduo durante uma enquête psi- cebido e uma certa "forma" à reação
cificos que permitem determinar uma
3. 2 ) Prognóstico ou previsões. cossocial. No pólo 1 situam-se a en- afetiva ou de comportamento.
população de enquête. A população é
determinada de modo objetivo pelo DISTANCIA SOCIAL: Palavra que trevista clínica, a entrevista em pro- ESTUDO DE MERCADO: (Ver
fato de seus membros sociais terem serve .para designar a separação obje- fundidade, a entrevista de ajuda. No Mercado).
em comum as características esco- tiva ou subjetiva entre as pessoas, pólo 2, a entrevista centrada sobre
EXPECTAÇÃO: Espera (no sent ido
lhidas. isto é, a ausência ou a raridade dos temas, a entrevista com questões
de esperar algo); expectativa ou
contatos e da comunicação inter-hu- abertas e a entrevista com questio-
DEMOGRAFIA: Ciência estatística conjunto das expectativas de um in-
mana. Em um sentido secundário o nário.
da população. Estudos quantitativos divíduo relativas à realização de si
sobre as populações humanas. O ter- termo significa a diferença de status ESCALA DE ATITUDES: Procedi- mesmo ou à promoção que ele es-
mo data de meados do século XIX. sociais. mentos ou técnicas que procuram pera do futuro a prazo mais ou me-
Esta ciência tem duas dimensões medir a "intensidade" das opiniões nos longo.
ECONOMETRIA: Etimologicamente
principais : a econometria é a medida dos fenôme- ou das reações de um sujeito com EXTRAPOLAÇÃO: A extrapolação
nos econômicos e a aplicação da referência a um "objeto" de opinião. é a extensão de um resultado, de
1.2) Estudo dos fatos e das estru- Para tanto as atitudes são localizadas
turas demográficas num momento matemática, especialmente da esta- uma experiência ou da compreensão
tística, ao estudo dos fatos e dos numa espécie de quadro das atitudes de um processo . . . a campos mais
dado (composição da população por possíveis entre dois extremos, ou en-
idade, por sexo, por profissão, por processos econômicos. amplos que não são conhecidos di-
Num sentido particular, a econo- tão, numa relação hierarquizada de retamente mas que têm relação com
local de residência, etc . . . ) ; opiniões possíveis sobre esse "objeto".
metria procura verificar as leis eco- o campo restrito da investigação. A
2.0) Estudo das variações demográ- nômicas ou adaptar a gestão das Várias técnicas foram elaboradas: extrapolação é uma espécie de ge-
ficas, isto é, dos movimentos de po- empresas à realidade das leis econô- Escala de Bogardus, de Thurstone, de neralização.
pulação. micas. Likert, de Guttman, etc ...
FECHADA (Questão): Questão cujas
DESVIO : Na linguagem técnica da ECONOMIA: Existem três sentidos ESTRATO: Em certos casos em que respostas possíveis são previstas de
psicologia social, um desvio é uma próximos : a amostra direta não é facilmente · antemão e apresentadas de tal for-
deformação introduzida numa ou 1.2 ) A economia é a ciência que determinável, geralmente em razão m a que a pessoa que responde ne-
noutra etapa da enquête. Fica enten- estuda os fenômenos através dos do número e das diversas caracterís- cessita apenas assinalar uma delas.

II III
FEEDBACK: Retroação, efeito de MARKETING: Palavra inglesa que MOTIVAÇOK : Em s ntldo corrente, que significa que as questões Rllo
retorno. Em cibernética o feedback é significa colocação à venda. No sen- força psicológica inconsciente que "abertas" (Os entrevistados formu
tido técnico atual, significa a or- "empurra" os indivíduos humanos Iam suas próprias respostas com seus
um dispositivo que permite agir so-
bre o começo de uma operação ganização racional da venda de pro- para um certo tipo de objetivos ou próprios termos e segundo sua "livr«•"
"injetando" uma informação captada dutos fabricados ou de serviços. para um certo tipo de reações. iniciativa) e serão posteriormcnt
a partir dos resultados. Na linguagem científica da psicolo- analisados e codificados.
O marketing engloba: os estudos
Em psicologia social o feedback é de mercado (permitindo a previsão gia é uma orientação persistente do PROJETIVO (teste ) : Teste destinado
o conhecimento dos resultados de racional das vendas pela determina- comportamento n~o-refletido que se a estudar a personalidade profunda
uma enquête pela população que foi ção dos clientes possíveis), a adap- manifesta sob forma de interesses dos sujeitos submetidos a um exame>
submetida a ela. tação dos produtos aos clientes, a constantes, de necessidades, de ten- psicológico, através de suas interprl'
organização dos planos e programas são gerada por um certo tipo de tações significativas provocadas por
Em Pedagogia, chama-se feedback
de publicidade, a preparação direta "objetos que satisfazem" ou por "si- material especial.
a uma circulação de informações que,
dos vendedores, a organização da tuações que trazem satisfação" , ou
partindo do receptor em direção do QUANTIFICAÇÃO: Tipo de avalia
rede de vendas. mesmo sob forma de atitudes.
emissor, permite a este adaptar a ção resultando em medidas numérica
sua emissão. NORMA: Regra, lei ou exemplo que e em números.
MASS-MEDIA: Meios de comunica-
ção de massas, isto é, capazes de temos como referência.
FILTRO: Questão que permite eli- QUESTIONARIO: Seqüência de pro-
minar uma categoria de entrevis- veicular uma mesma informação PAINEL: No sentido literal do termo
para um número bastante elevado posições que têm uma forma deter
tados (ou uma categoria de respos- inglês (panel) significa: lista de
de pessoas (jornais, rádio, televisão, minada e distribuídas numa certn
tas), para os quais se reserva um especialistas. Em sua aplicação à psi-
cinema, cartazes, etc.). ordem, para as quais se solicita n
tratamento diferente. cologia social e aos métodos de en-
opinião, o julgamento ou a avaliação
quête, o painel é um conjunto de
HIPóTESE: Proposição admitida a MEIO AMBIENTE: Designa o con- do sujeito que se interroga.
indivíduos caracterizado e conhecido,
título provisório e que deve ser veri- junto das relações vivenciadas por
constituindo uma espécie de amostra SOCIOLOGIA: Termo criado por Au -
ficada (confirmada, modificada ou um organismo ou um sujeito com o
fixa de uma determinada população. gusto Comte na metade do século
desmentida) pela experiência. meio em que vive e suas condições.
É para essa amostra fixa que são XIX; esta palavra substitui a expres-
MERCADO: (Estudo de ... ): Pesqui- apresentados os questionários suces- são "física social" empregada ante-
INDIVIDUO: Por definição, chama- sivos em diversos períodos.
-se individuo em psicologia social e sa sobre aquilo de que as pessoas riormente pelo mesmo autor. No seu
especialmente no que se refere às necessitam ou de que têm vontade. PLACEBO: Chama-se assim uma sentido mais geral, a sociologia é o
amostras, o elemento de uma "popu - Procura assim avaliar por anteci- substância quimicamente inerte que estudo das sociedades humanas e dos
lação", sabendo-se que se chama pação, racionalmente, as possibilida- é "dotada" de propriedades terapêu- fenômenos sociais globais. Em sentido
"população" o conjunto que é obje- des de compra para um produto ticas. . . tais como comprimidos de estrito, é o estudo dos grupos sociais
to de uma enquête, qualquer que determinado e que poderá (ou não) miolo de pão. . . capazes de fazer e de suas instituições.
seja este conjunto. ser vendido. Com relação à publici- melhorar o doente contanto que ele
dade, podemos definir o estudo de SONDAGEM: Em sentido estrito, a
O termo não tem aqui o sentido acredite tratar-se de um verdadeiro
mercado como tendo por objetivo sondagem é o exame, com auxmo
vulgar e é estreitamente ligado ao remédio. A eficácia dos placebos vem
levar a produzir aquilo que poderá de uma sonda, da natureza ou da
sentido técnico de "população" em da sugestão.
ser vendido, enquanto que a publi- profundidade de um objeto distante
termos estatisticos. POPULAÇÃO: (de uma enquête): Ver e ao qual não se tem acesso direta-
cidade procura vender o que foi fa-
Universo no último sentido. mente. Em psicologia social, uma
ITEM: Elemento constitutivo de uma bricado.
sondagem de opiniões é uma pesquisa
questão, de uma escala, de um teste. PÓS-CODIFICADO: Ver Pré-Codi-
MONOGRAFIA: Chamamos mono- de opinião efetuada com um pequeno
Corresponde a um elemento do re- ficado.
grafia o estudo aprofundado de um número de pessoas (amostra) repre -
sultado quantificável. Se a questão PR:e-CODIFICADO (questionário): sentativo de uma população da
caso particular envolvendo um con-
é simples e única, ela própria é um Conjunto de questões "fechadas" (Ver qual se procura conhecer a opinião
junto real bem definido.
item. Fechada) . Opõe-se a pós-codificado, dominante.

IV V
TESTE: Procedimento que procura que devem ser compreendidas (objeto
medir especificamente as funções ou da psicologia clinica).
as reações de um sujeito através da
maneira de realizar uma tarefa pre- Em psicologia social, o termo uni-
cisa. O teste é uma microssituação verso é relativo a um grupo social.
construída de modo a exigir uma Só é possível falar de "universo de
aptidão particular para resolvê-la. enquête" referindo-se implicitamente
Cada teste é objeto, antes de sua utili- ao modo como um grupo determi-
zação normal, de estudos de fidelidade nado vive, pensa, age, reage, percebe.
e de validade. O universo da enquête, em sentido
estrito, é a realidade coletiva da qual
UNIVERSO: A noção de universo as reações psicológicas devem ser
vem da psicologia animal (von estudadas pela enquête. Daí o sentido
Uexküll) e da Ecologia (descrição habitual de "universo" em psicologia
dos "mundos" particulares de cada social: significa praticamente a popu-
espécie animal. O "mundo" da mosca lação estudada pela enquête, isto é,
não é o mesmo do orangotango). Em o conjunto humano caracterizado
psicologia individual, a noção de cujas opiniões, necessidades, reações,
universo (diz-se mais "universo pri- etc., se procura conhecer. A popula-
vado") designa o sistema das signi-
ficações pessoais que um sujeito
ção é "caracterizada" o que quer dizer Segunda Parte
que ela tem de comum, objetiva-
humano dá à sua existência e àquilo mente, características conhecidas per-
que constitui sua existência cotidiana.
Considera-se hoje que esse universo
mitindo o que se chamará a "identi-
ficação" psicossocial dos "indivíduos"
PRÁTICA
singular e integralmente vivenciado deste grupo.
tem estruturas latentes, "constantes"

VI

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