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10
Psicossocial
TRADUÇÃO
REVISÃO
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LIVRARIA DO MESSIAS
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Tel; J'AUX <.<>4-7111
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Primeira Parte
TEORIA
CIP-Brasil. Catalogação-na-Fonte
Câmara Brasileira do Livro, SP
INTRODUÇÃO .. .. . ...... .... ... . . ..... ... .............. . 9
l.ª EXPOSIÇÃO: A enquête psicossocial ............... ·'-: . 11
Cap. 1 - Definição e dificuldades da enquête psicossocial ....... . 11
M ucchiell i, Roger, 1919- Cap. 2 - Os métodos e os riscos de erro ....................... . 16
M914q 0 questionário na pesquisa psicossocial / Roger Mucchielli ; Cap. 3 As etapas de uma enquête psicossocial através de questio-
tradução (de) Lmz Lorenzo Rivera ; Sílvia Magaldi ; revisão (de) nário ............................................. . 16
Mônica Stahel Monteiro da Silva. - São Paulo : Martins Fontes ,
1978. Cap. 4 Da idéia da enquête à escolha de seus objetivos ......... . 19
CONCLUSAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
/JIBLIOGRAFIA SUMARIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
RELAÇAO DAS OBRAS DA COLEÇAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
ANEXOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
LEXICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Segunda Parte
PRÁTICA
EXERCÍCIO 1. -
Análise de um fenômeno psicossocial . . . 113
EXERClCIO 2. -
Crítica de projetos de enquêtes . . . . . . . 115
EXERClCIO 3. -
Crítica de projetos de questionários . . . 119
EXERCICIO 4. - Definição de "populações" . . . . . . . . . . . . 123 Primeira Parte
EXERCÍCIO 5. - Estudo das causas de erro durante uma
enquête . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
EXERCÍCIO 6. - Construção de escalas de atitudes . . . . .
125
129
TEORIA
EXERCÍCIO 7. - Análise das causas de erros na formula-
ção das questões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
EXERCÍCIO 8. - A dinâmica da entrevista . . . . . . . . . . . . . 137
EXERCICIO 9. - Apresentação e análise crítica de um
questionário completo . . . . . . . . . . . . . . . . 143
EXERCÍCIO 10. - Apuração de um questionário . . . . . . . . . 149
CORREÇôES DOS EXERCÍCIOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
MODELOS DE PROGRAMAS DE SEMINARIOS . . . . . . . . . . . . 167
PLANO DO TRABALHO INDIVIDUAL PARA AUTOFORMA-
ÇAO ACELERADA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
INTRODUÇÃO
A ENQUÊTE PSICOSSOCIAL
Definição e dificuldades da
1 enquête psicossocial
11
e formularmos uma pergunta com duas possibilidades de r s
A enquête pessoal tornou-se em seguida ocupação d~ moralistas posta: CERTO ou ERRADO, ou então SIM ou NÃO, constataremos
e cronistas. Entre os primeiros modelos do genero, cit~mos .Ma- que as respostas "CERTO" e "SIM" exercem estatisticamente umn
quiavel que publicou em 1508 e 1510: "Relato sobre as co~.sas vistas considerável influência de atração. É o que se chama tendência . _
Alemanha" e "Relato sobre as coisas vistas na França ... e Da- aquiescência. Os governos sabem disso muito bem e colocam, nos
~fel Defoe que, em 1722, publica o famoso "Diário sobre o ano da referendos, a questão ou as questões sob tal forma que a respo ta
peste". SIM seja a que eles desejam. Com efeito é possível calcular, por
, lo XIX , começam a tomar impulso correntes refor- meio de enquêtes metodológicas experimentais, que a atração do
Cam o secu . • · ·, SIM (qualquer que seja o conteúdo da questão colocada) é capaz
madoras e revolucionárias que procuram apo10 em enquetes so~1~s de acrescentar por si só um suplemento de 8% a 21 % à repartição
ainda desenvolvidas pessoalmente pelos autores, mas com a aJui:. real dos votos.
de documentos e depoimentos. Se o termo SOC\ºJ--g1t1s:t já
ventado por Augusto Comte em 1839, º. t,ermo_ . . _ Nas pesquisas experimentais sob forma de perguntas, pesquisas
lta de 1830 As monografias soczazs abundam. sao durante as quais se jogou com a totalidade dos fatores psicosso-
nascera por v O . . . . f .. entemente
descri ões metódicas de fenômenos sociais, mais requ , . ciais de influência sobre as respostas, as percentagens de uma
sócio-~conômicos (Enquête sobre "o estado físico dos operano~ nas mesma opinião e com as mesmas pessoas variaram de 8 % a 78 % .
Manufaturas", de Villerme, 1840; "Situação das classes laboriosas Veremos abaixo a lista . completa desses fatores de influência nas
na Inglaterra", de Engels, 1845, etc ...). respostas a um questionário (cf. 3.ª Exposição).
Entretanto é necessário esperar 1915/1920 para que surj~ a Um outro exemplo, bastante simples:
consciência cla~a dos problemas técnicos coloca_dos /ela e~quete,
problemas ligados ao cuida~o de ~bter informaçoes ignas e con- Demonstrou-se que as donas de casa, que moram na periferia
das cidades, ao sair para fazer suas compras diárias, se deslocavam
fiança sobre a realidade psicossocial. quase irresistivelmente em direção ao centro da cidade. Pode-se
A artir de 1940, as técnicas tiveram um grande, avanç~ e es- verificar essa tendência psicossocial observando a freqüência às lo-
tamos ~m pleno período de florescimento das e__nquetes pdicosso- jas em função da origem topográfica das donas de casa. Isso sig-
ciais de todo o tipo, das social-survey como sao chama as nos nifica que uma mercearia que se estabelecesse a 100 metros de um
grande edifício, mas para além deste em relação ao centro da ci,
E.U.A. dade perderia a maior parte de sua clientela se uma outra mercearia
Hoje são poucos os dirigentes que não tê:I1, em suas gavetas idêntica viesse a se estabelecer igualmente a 100 metros do pré-
ou em seus projetos, um questionário de enquete. dio, porém na direção do centro da cidade. E isto ainda que o
centro esteja, de fato, situado relativamente longe do edifício. Po-
der-se-ia "calcular" esta força centrípeta estudando a variação da
a A REALIDADE PSICOSSOCIAL .; UMA REALIDADE ESPECIFICA. clientela quando se aumenta a dimensão, variedade de provisões,
a atração publicitária da mercearia preterida até contrabalançar o
\!::i~
lo difundido - é acreditar que um fenômeno social rt
O maior erro que se pode cometer - e que n8:tural~ente
u:_: idéia
fator de fuga.
A apreensão da realidade psicossocial é delicada e pode-se dizer
igualmente que os instrumentos para essa captação devem ser re-
~~rI'cr~t;;:n~:n~l~r~d::ii~i1:;:~~oerr~~~~:r~:;~ t:rfst~-observa-
gulados com cuidado e ciência. Aquele que para "ter uma idéia"
dor as áreas onde ocorre. de um fenômeno psicossocial cujo conhecimento é necessário para
lh , , · ·rredutível uma decisão ou para uma ação social, constrói apressadamente um
A realidade social tem uma vida que e e propna, .i ar certos
(1 vida dos indiví~uos e o I?roblema ~ jdsta:~~~a~ã~e
a'>pt·clos dessa vida coletiva atraves a
~ªX~
opinião
questionário, vai à pesca sem muitas chances de sucesso.
13
l' col 'ta de dado d itos enumerativos. Um grande número de in- 2 Os métodos e os riscos de erro
lormaçoe demográficas, econômicas, sociológicas, geográficas, ad-
mini trativas estão previamente disponíveis e teremos ocasião de fa.
lar de seu emprego para a definição da população da enquête.
A lista dos organismos detentores dessas informações na França • OS Ml:TODOS.
é apresentada mais adiante em anexo* (antes do vocabulário) .
Os objetivos habituais de uma enquête psicossocial que u tiliza Dividem-se em três grandes t . . ,
vação, os métodos de entr . ca e~or~a~. o~ metodos de obser-
tais dados distrib uem-se, no conjunto, em cinco campos: questionários. Nós nos o ev1stas (md1:'1dua1s ou coletivas), os
l.º Os chamados dados pessoais: por exemplo, grau de ins- são de dois tipos : cuparemos aqm dos questionários. Eles
trução, religião, nacionalidade, participação neste ou naquele gru·
po, dados econômicos (rendas, dívidas, créditos ... ), dados p rofis- l .º Os questionários cha d d .
só, diante do questionário pmaa os e atdl~Ol·aphcação (o sujeito fica
!:.ionais ou familiares, etc ... , tudo isso se referindo aos indivíduos , ra respon e- o);
na coletividade ou ao meio social no qual se efetua a enquête.
2.º Os questionários por · d (
2.0 Os dados sobre o meio: por exemplo circunstâncias n as perguntas e anota as respostas)~sqmsa ores o pesquisador faz as
quais os indivíduos vivem, tipos de vizinhança, relações familiares,
habitat etc ... É conveniente notar desde . ,
3. Os dados de comportamento: foi possível dizer (Fest inger
0
é, esperanças, apreensões, asp irações). Vasto campo onde a en- remos conhecer ou compreender. o enomeno social que que-
quête reina como a senhora quase ab soluta, e onde triunfam os
métodos de sondagem.
5. As atitudes e m otivações, das quais se pode dizer, em li-
N.B. 1 . - ~f ~~esti~~á~ios aplicados por pesquisadores e por te-
0 ca 0 ·cÍ. m1 o o raramente utilizado na França serão
nhas gerais, que representam aquilo que leva à ação, à escolh a, à f ns! _erad os COJ?O um caso muito particular d~ ques-
decisão. São o " Porquê" dos comportamentos e das opiniões. 10nano o 2.º tipo.
Os objetivos d a e41.quête psicossocial não consistem somente N .B. 2 . Qduanto à _entrevista, ela utiliza geralmente um "roteiro
'm obter essas informações m as tamb ém e sob retudo em estudar e entrevista"
. . que é uma sucessao - d e temas sobre os
a· relações entre os fatos coleta.d os. q_ua1s o entrevistador deve fa zer falar ind·iv1'd uos suces-
s1vos ou g N-
. rupos. ao trataremos dela, encaminhando
para isso, por um lado ao volume d t 1 -
a e;.trev~sta) não-diretiv; (capitulo sob:e
ªa~ºe~~~~t!~bJ:
~sºtaivdaçoes e, ~or outro lado, ao livro sobre a entre
e grupo. ·
16 17
• NECESSIDADES DE COLABORAÇÃO DE ESPECIALISTAS QUALIFICADOS. Da idéia da enquête
Cada uma dessas etapas, pode-se ver, implica operações minu- 4 à escolha de seus objetivos
ciosas e exige competências. Com muita freqüência é o trabalho de
equipe que garante o sucesso. A discussão do objeto da enquête e
a seguir de seus objetivos, exige uma comunicação estreita com A idéia da enquête brota no espírito de u~ dirigent~ . sob "
aquele que decidiu a pesquisa e que a financia, porque é ele pressão de um problema geral que d~ve ;e:
resolvi~o r,iayratica . . -.~
que, apesar do caráter nebuloso que muitas vezes acompanha a de uma intenção de pesquisas psicolo_gicas, soc10log1cas, po1ft~
idéia original, sabe o que espera da enquête porque está em condi- cas ... , de uma necessidade de informaçao sobre um problema P, t
ções de precisar, quando o entrevistamos metodicamente, o tipo
de informações indispensáveis ou úteis às tomadas de decisão, às cossocial ou sócio-econômico.
modificações, à elaboração de projetos, às pesquisas teóricas ... Em estado nascente, por assim dizer, a idéia indica uma dire-
das quais ele é o autor ou o responsável. ção mas não distingue seus objetivos.
Pode-se dizer o mesmo quanto à discussão das previsoes (ou Assim um estudante de psicologia gostaria de fazer u~~ e11 •
das limitações) do orçamento ou dos prazos. Ora, a determinação
dos meios financeiros e dos prazos (orçamento-Verba, e orçamento-
Tempo) condiciona os objetivos da enquête, o número destes, o
:m
e uête sob;e "A informação médica do público" . .. Um ~mistro,
função das providências a tomar, sol~ci!a uma enquete sobr~·
"as razões do fracasso da formação profiss10nal ~os futuros e~ 1
"nível de profundidade" a almejar, as técnicas a empregar, o nú- cutivos africanos, na França e na Africa" - :. Um Diretodr Co;erci t~
mero de pesquisadores a utilizar. retende mandar fazer "uma enquête sobre os resulta os e um,1
N .B. - A propósito, é necessário saber que praticamente uma en- pcampanh a publ"ici"t ana
' · " . . . Um responsável por um centro ded for
quête consome sempre o dobro do orçamento calculado e
o triplo do tempo previsto.
mação acelerada tem interesse pelas "?1?.tivações de seus ,~an
tos",. . . Uma Assistente Social tem a ideia de faz~; uma enqu e
iêr
ºd
O estatístico é indispensável para a definição da amostragem sobre as necessidades dos jovens quanto ao lazer . . . . , 1;,ma outra
e sua retificação eventual. trabalha sobre "as condições de vida das pessoas idosas ... , etc ...
O psicólogo é chamado para prever ou para adaptar os testes
e as escalas, para construir alguns instrumentos específicos, e para • O OBJETO DA ENQUETE É UMA DEFINIÇÃO MAIS PRECISA A PARTIR ~
validá-los antes de serem empregados. IDÉIA, E UMA DELIMITAÇÃO DE SEU "CAMPO" COM O MÁXIMO
CLAREZA.
O pesquisador psicossociólogo (ou os pesquisadores) da pré-en-
quête deve ser particularmente qualificado, bem como os que farão
o pré-teste, e veremos adiante porque. Para chegar aí, é absolutamente necessário determinar o alvo
visado pelo promotor da enquête.
Redatores, desenhistas (para o caso de confecção de testes es-
peciais), documentalistas, analistas de conteúdo são igualmente ne- o problema das "condições de vida das pessoas idosas" ,é ~uij<>
cessários. É muito raro que todas essas qualificações estejam reu- va O e só se tornará preciso quando soubermos o que s~;ª visa ?
nidas numa única pessoa. Tudo isso confirma a idéia de que um co~ a enquête: condições de habitação por e~emplo, .?~. coml?º1'.
dirigente de grupo ou de -~mpresa que organizasse, sem consultores ão e origem de sua renda", ou "tipos ~e ah~entaça? _ ou am(,''
nem agentes especializados, uma enquête psicossocial, só poderia, \omparação das condições gerais de e~1stência (~ondiçoes de h,1-
na melhor das hipóteses, fazer uma enquête jornalística. bitação, renda, meio familiar, status social'. ocupaçoes, lazer, ,~o~u
nicações sociais) das pessoas idosas, na cidade e no ~ampo, ·. m
qualquer das hipóteses, será necessário definir a faixa etana d·
uma maneira precisa.
Passando da idéia de enquête à delimitação do obje!o, perccb ·
mos a "amplitude do campo" ou a . ex!ensão da en_quete. So~os
levados a uma estimativa inicial mais Justa dos meios e, frequ n
temente, a escolher um ponto preciso.
19
18
Uma reuniüo-c.liscussao é portanto ncccs á .
torno do promotor p essoas com s na, agrupando cm 2.0 E somente a presença clara e precisa da hipótese no espi-
tensão do campo" e de redei · ·tpetentes,bcapazes de avaliar a "ex- rita do redator do questionário que permitirá formular as que toes
imi ar o pro lema.
que, por agrupamento ou diretamente, levarão a testar a hipótese
ou as hipóteses .
• DO OBJETO AOS OBJETIVOS.
Não tomar consciência das hipóteses possíveis, é impedir-se
A definição dos objetivos (q · . de formular eficazmente as questões correspondentes, e, pelo con
possível sem definição prévia da:h .co,ntstitm a f~se seguinte) é im- trário, correr o risco de redigir questões portadoras de hipóte \'
zpo eses gerais da enquête. não pensadas. ·
Poder-se-ia ver aí uma peti ão d . , .
uma vez que a enquête é f 't ~ e prmcip10 (um círculo vicioso) 3.º As hipóteses dão sentido à enquête; esta irá, por sua vez,
e que por def· . - ei a Justamente para sugerir as hipóteses' colocá-las à prova e tentar sua avaliação quantificável.
, miçao, parte-se de uma 'd d d .
sobre o objeto designado. Ent t t nece~si a e e mformação
se realize, é necessário formul:: ~~ º: se qmsermos que a enquête 4.º A comprovação e a avaliação das hipóteses representam
o questionário é necessário di·sp ipdotehs~s,, porque, para construir os objetivos da enquête.
' or e zpoteses
Entretanto, continua inalterado o problema de saber como se
Este ponto crucial para a validad l · , passa, praticamente, do objeto da enquête à determinação das hi-
a possibilidade prática de constru· ~ u tenor da enquete e para
caso, o questionário) merece que ~~; Jntstruhmento de pesquisa (no póteses, que são os objetivos reais, a serem testadas no campo.
e en amos um pouco. É esse exatamente o problema da pré-enquête.
l.º Podemos constatar (e é uma " , . ,,
e~i~te questionário de enquête sem hi:~r°va ~ ~~ntra1;'IO ) que não • A PRl:-ENQUUE.
sano notar que é impossível for l o ese. e ~r amda, e neces-
hipótese esteja contida nela - mu. ar uma que~tao sem que uma
· . queiramos ou nao de Visa determinar as hipóteses da enquête e, em conseqüência,
neira mais ou menos perceptível . - uma ma-
, mais ou menos explícita. os objetivos (testar as hipóteses).
Numa questão como:
A pré-enquête é o essencial da fase preparatória da enquête:
"Onde você costuma comprar - ?" h. , é uma etapa de procura de hipóteses possíveis, mas de hipóteses
compra pão em algum lu ar" o u/ªº. . a ipo,tese é que "você verificáveis.
mesmo possa fabricá-lo . g q exclm ª hipotese de que você
Em tese ela compreende também os problemas da definição
Esta outra quesCao (apresenta d a aos contramestres). do orçamento, do "cronograma" da enquête (plano da pesquisa pos-
"O . terior), do estudo das condições gerais da enquête (eventuais auto-
um dos ~~e~f~~;ªJeq~~~ds~ç~cif1ece um acidente de trabalho com rizações que devem ser solicitadas, estratégia das operações, pre-
visão das necessidades materiais, etc ...), mas tudo isso só tem sen-
~- Registro do acidente no livro de atendimentos. tido se a enquête realmente se realizar. Portanto, o essencial é
determinar as hipóteses e os objetivos. Sobre isso, os especialistas
. istu;o das causas e das responsabilidades do acidente têm naturalmente, preferências de método, mas parece-me prudente
C. stu o de. um dispositivo de segurança. · enumerá-los todos e recomendar a utilização convergente de todos
D. Nenhuma mtervenção." os que lhes sejam possíveis ou que sejam acessíveis no âmbito do
contém uma hipótese mais d'd d objeto da sua enquête específica.
suspeitar se soubermos ue escon ~ a a qual. soment~ podemos
a tcndimentos significa
Diretoria o que , '1
n:! f d râgistro do ª.cidente no livro de
rea i a e, a comumcação do acidente à
A pesquisa das hipóteses pode ser feita:
Pelo método documental, que consiste em utilizar, ler e
1.0
a de que certos c~n~~!~!~:~:ar_ e ?~rigatório. ~ hi~ótese é então
1
1 A amostragem
A determinação da amostra final, isto é, da lista das pessóàs
que serão interrogadas, é o resultado de uma série de operações
indispensáveis e precisas.
• O UNIVERSO DA ENQUETE.
25
e qui se rm os e Kº r
licladc da 1;,ulhc/ c~~~oss~nsc~, azer 1:1ma enquête sobre a sexua- :É a qui que surge a necessidade de documentos gerais confiá-
mulhc rcs a partir da idade ~:~il o ~1:1verso ,se~á o ~onjunto das veis ou recenseamentos.
univer sos mais restritos· pod . ao poss1ve1s, evidentemente.
enquête sobre os memb.ros d:m~:i; por exemplo, _pr_omover uma Nesta etapa preparatória da enquête, esses documentos que
agricultores de uma única reg·- a bmesma prof1ssao, sobre os servem de base são indispensáveis; por exemplo:
ça, etc. .. iao, so re os estudantes na Fran-
- a lista nominal dos habitantes de uma vila ou de uma ci-
dade (na França, a lista eleitoral é, geralmente, um documento su-
Uma enquête recente a do Reader's D° " b ficiente);
dores nos seis países da éomunidade Euro1g:i~ so re ~s consumi,~
tem, como universo 221750000 P e na Gra-Bretanha - a lista das cidades com um determinado número de habitan-
. , · . pessoas. tes, por exemplo, compreendido entre 2.001 e 50.000 habitantes,
A fbam?,sa enquête, realizada a partir de 1941 nos Estados Uni· etc ... ;
d os, so re o soldado ame · " b - - o número de profissionais de todas as categorias, por idade,
de soldados. ncano a rangeu, efetivamente, 8 milhões por região, por renda média;
- o número de famílias com 1, 2, 3, 4, 5 filhos e mais etc ... ,
Uma enquête sobre o moral dos operário d f'b . etc ...
volvia o conjunto dos operários dessa fábrica iu s:J.uam2ª50ª0 nca en-
da e: ' , . pessoas.
~~~re1?a.mente import~nt~, .desde o momento em que o ob'eto
objeti~os ed:t~1;;~0 e, a fortwn, imediatamente após a fixação ~os
N.B. - Em anexo, o leitor encontrará nomes e endereços de insti-
tuições que possuem esses recenseamentos e esses dados
numéricos objetivos.
, mar exatamente o universo da At AI
vezes, isto é mais difícil do U em;ue e. gumas Em alguns casos privilegiados, a enquête pode atingir todos os
países africanos de lín ua que parece. m~ enq:tet~ recente nos indivíduos da população definida.
de nível médio" O g francesa, estuda os tecmcos africanos
me'd'10 "?. . que se entende exatamente por "técnico de nível Sempre que o universo da enquête for reduzido, convém inter-
rogar todos os que fazem parte desse universo.
Penso ser necessário fazer aqu. . - Pode acontecer que, com grandes recursos em dinheiro, tempo,
nários haverá "itens de ide t'f ! ~,ma antecip~~ª.?· No~ questio- número de pesquisadores e máquinas seja possível fazer uma en-
mo podemos facilment n Ib1caçao qu~ per~mt1rao verificar, co-
ao universo da enquêt: (eerce .er, se O SUJeito, mterrogado pertence quête total, mesmo quando o universo é numeroso. Assim, eviden-
verso f . b d I" . ' mais exatamente, a amostra). Se o uni- temente, os riscos de erro (desvios) provenientes da amostragem
são evitados.
nos cri~~ri~~dae ~:~~~~ã~e~!R~f1!sá~o listar tts itenf· com base
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o deve começar desde cedo para que o pesquisador preca-
vido não se deixe "encurralar" nesses últimos momento .
V, V, o o o 2.0 O método do cálculo de probabilidades ou método do
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decidiu tomar com relação à população da enquête.
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segurança da interpretação estatística ulterior, é necessário saber
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oç:: "1 s:t'T1 a segurança) é necessário multiplicar o tamanho da amostra por
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V, e:, V, ...... '-1 s= -i:.. :,:, quatro. . . para triplicar a margem de segurança, é necessário mul-
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tiplicar o tamanho da amostra por 9. . . etc.
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Por outro lado, a extrapolação obedece a cálculos precisos:
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(1) o. quando se sorteia uma amostra de 10 pessoas de uma lista de
(1) o.. 100, pode-se calcular a variáncia de uma resposta particular obtida,
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~ caso tivéssemos escolhido outras 10 pessoas igualmente ao acaso.
Para uma população determinável, a fórmula é:
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N N ,_. O\ o t"' o-
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o o VI
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n P' (1 - P')
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31
onde: n é o número de indivíduos da amostra; 3.º Outros métodos de construção da amostra.
N o número total da população da enquête; a) O método das áreas, o sorteio se faz não mais entre indivf.
duos, mas entre áreas. Divide-se um mapa em quadrados num .
P' a média da amostra, isto é, a relação entre o número de
rados, de tamanho uniforme e sorteiam-se as áreas nas quais terá
pessoas que dão determinada resposta que nos interessa e o nú- lugar a enquête. Na cidade pode-se fazer isso por blocos de casas .
mero de indivíduos da amostra.
Pode-se também utilizar como unidades do sorteio as divisões
Em nosso exemplo (10 pessoas escolhidas ao acaso interroga- administrativas (municípios, cidades, circunscrições, parcelas do
das sobre 100), se 5 das pessoas interrogadas respondem SIM a cadastro). ·
uma das questões, podemos calcular que a variância é de:
b) Os métodos de amostragem em vários níveis ou em diversas
(l _ ~ ) X 0,5 (1 - 0,5) 25 fases. Faz-se o sorteio inicialmente pelo método das áreas, por
ou seja 0,025 ou exemplo. Depois, dentro das unidades assim designadas, sorteiam-se
100 10 - 1 1.000
os indivíduos.
O que significa que teremos 25 chances sobre 1.000 de obter
uma outra distribuição dos SIM em um outro grupo de 10 esco- c) Os métodos de amostragem estratificada. A população é
lhidos também ao acaso. Pode-se reformular a frase e dizer que dividida em estratos, quer dizer em categorias homogêneas do
teremos 975 chances sobre 1.000 de obter a mesma distribuição ponto de vista de uma característica (exemplo: faixa de idade ou
dos sim. número de habitantes dos municípios com população entre 20.000
e 30.000 ou categorias profissionais, etc ...). É claro que esses
Isso mostra a segurança do sistema de sorteio. estratos são determinados a partir dos documentos e recensea-
Enfim, o cálculo de probabilidade permite uma estimativa do mentos objetivos, devem ser em número reduzido e não coincidem
grau de segurança na extrapolação das percentagens de respostas com as características fixadas no objeto da enquête. Eles repre-
sentam divisões naturais ou sociais da População (urbano-rural,
obtidas em uma amostra para a população total.
regiões geográficas, categorias profissionais, grupos de idade, di-
A fórmula é a seguinte: mensões das empresas agrícolas, etc ...). Em cada estrato separa-se
P' ± [tx (desvio padrão)] uma amostra por sorteio. Pode-se fazer sondagens combinando os
estratos com o método das diversas fases: fixam-se os estratos
Por definição, "o desvio padrão" é a raiz quadrada da variância primários e sorteia-se; obtém-se "unidades primárias" que, por sua
de P'. vez, vão ser divididas segundo uma nova estratificação. Depois, um
segundo sorteio fará aparecer os indivíduos a interrogar.
Lembremos que P' é a média da amostra na resposta
considerada. d) A amostra "a priori" (chamada também "mestra") é uma
amostra ampla, bem caracterizada segundo todas as categorias e
Por exemplo, se 5 pessoas sobre 10 de minha amostra respon- preparada previamente. Quando se empreende uma enquête, dimen-
deram SIM a uma questão, minha amostra sendo de 10 sobre 100 siona-se sua amostra dentro dessa amostra a priori. Naturalmente,
com relação à população, calcula-se que haverá provavelmente um é necessário que a evolução das suas características seja cuidado-
número total de SIM sobre 100 compreendido entre 42 e 57. Dizendo samente atualizada.
isso, sabemos que temos 50 chances sobre 100 de nos enganar. Se
quisermos ter 95 chances sobre 100 de prever corretamente, cal- e) O painel. É uma amostra fixa servindo de referência regular
para todas as enquêtes ou para uma série consecutiva de enquêtes.
cula-se que o intervalo de confiança estará compreendido entre 25
e 74 SIM dentro da população total de 100. As pessoas que participam foram selecionadas segundo o sistema
da amostra a priori a aceitaram ser regularmente submetidas a
Para "apertar" este intervalo até uma precisão ótima, é neces- questionários diversos. Como no caso precedente, aqui os riscos são
sário aumentar até um ótimo calculável o número da amostra ou a degradação da amostra pelo tempo (25 % de perda anual aproxi-
mais exatamente, aumentar a relação, isto é, interrogar um maio; madamente) e, sobretudo, a mudança das próprias pessoas pelo
número de pessoas. Cf. os quadros de cálculos em anexo. efeito da repetição das enquêtes.
32 33
E em função das ne~essidades da enquête e de suas limitações
( lem~o, orçamento, numero de pesquisadores, amplitude da
Um conjunto de questões "fechadas" constitui o que se chama
enquete) que o promotor de uma sondagem escolherá seu método "um questionário pré-codificado", por oposição ao questionário
d e amostragem.
"pós-codificado" que é um conjunto de "questões abertas".
. Apó~ ? invent~rio dos tipos de amostras parece-nos útil fazer Vantagens das questões fechadas:
0
mventano dos tipos_ de perguntas, de modo a mostrar ao leitor
º. a_rsenal de que d1spoe. a enquête antes de detalhar (cf. 3.ª Expo- 1. Permitem localizar e classificar rapidamente o cliente numa
s1çao) a arte de constrmr o questionário propriamente dito. das categorias objetivas ou numa das cotas da amostra.
Permitem classificar rapidamente uma resposta numa das cate·
gorias de análise previstas. Facilitação da tabulação posterior do
questionário. ·
Os diferentes modelos 2. Permitem uma resposta fácil, não exigindo mais do que o
2 de questões utilizáveis
esforço de assinalar uma casa e permanecendo suficientementt.!
anônimo.
3. Podem servir de "filtros", isto é, de discriminação entre as
. Nesta parte, tratar-se-à_ so?1~nte dos tipos de questões entre os pessoas que deverão ou não responder a uma série de· questões
quaisd o redator do quest10nano deverá escolher posteriormente posteriores, e portanto dispensam certos clientes de responder a
ifª~ 0
ch~gar ~ momento de compor seu instrumento de enquête.
ed levera entao colocar um conteúdo preciso nesses diversos
questões que não lhes concerne.
mo e os. 4. Servem freqüentemente de questões introdutórias, mesmo
se não têm nenhuma importância para os objetivos e sirvam
• A QUESTÃO "FECHADA". unicamente para engajar o cliente no questionário, através de
perguntas fáceis.
. Mode~o simpl~s de pergunta, geralmente colocada sob forma
O maior inconveniente das questões fechadas é que elas são
1~ter~?gativa e_ CUJa característica é fixar previamente 'respostas do
~1p o Aprovaçao-~esaprovação", ou "avaliação sob uma ()'ama de ineficazes e contra-indicadas nos casos em que se procura obter
JU1gamentos previstos". .b alguma coisa a mais que características objetivas ou informações
facilmente reveláveis, permitindo discriminar os entrevistados.
EXEMPLO 1. - Você viu o filme "A Doce Vida"?
O sim
O não a A QUESTÃO "ABERTA".
O sem resposta
Ao contrário da precedente, a questão chamada "aberta" não
(assinale a casa correspondente à sua resposta).
prevê respostas e deixa ao indivíduo a completa liberdade de se
EXEMPLO 2. - Em que faixa de idade você se encontra atual- expressar como quiser, de formular a seu modo a resposta à questão
mente?
colocada.
O abaixo de 20 anos
O de 21 a 29 anos EXEMPLO 1. - Se um jovem perguntasse hoje a sua opinião
O de 30 a 39 anos sobre o melhor futuro profissional que poderá escolher, qual a
O de 40 a 49 anos carreira que você lhe aconselharia?
O de 50 a 60 ·anos
O acima de 60 anos
(assinale a casa correspondente à sua resposta).
4
EXEMPLO 2. - O que este curso ofereceu a você no plano Existem aí duas idéias para distinguir provisoriamente.
profissional?
Anotaremos:
Vantagens das questões abertas:
l .º Reforço das relações com os colegas ................. .
1. Permitem, quando bem formuladas, abordar qualquer tema 2.º Melhoria da participação nos grupos de trabalho . ..... . .
e obter realmente informações úteis.
A segunda resposta lida é:
2. São indispensáveis para abordar problemas delicados.
"Travei conhecimentos com jovens colegas que até então
Inconvenientes: encontrava muito pouco e compreendi algumas das minhas dif i-
culdades profissionais nas relações com os clientes."
1. Sua formulação demanda tato.
Aparecem novamente duas idéias. A 1.ª (novas relações com
2. A apuração é trabalhosa porque as respostas obtidas exigem jovens colegas) faz parte do mesmo tema da l .ª precedent~, 1:1-as
uma verdadeira análise de conteúdo. . permite prever uma nova formulação en~loband? as duas 1dé1as,
como vizinhas. A 2.ª idéia, deve ser menc10nada a parte.
• MUODO PRATICO DE APURAÇÃO DE RESPOSTAS A UMA QUESTÃO ABERTA. Resultado:
E necessário para a seqüência da exploração que tratemos aqui - Melhoria das relações com os colegas ............... · · ·
deste problema.
- Melhoria da participação nos grupos de trabalho ...... .
Trata-se de inventariar e de classificar as respostas livres a uma
mesma questão. Diante da variedade aparente das respostas, a - Compreensão de dificuldades anteriores com clientes . .. .
pessoa encarregada da apuração deve inicialmente tranqüilizar-se
porque, embora as respostas sejam diversas na sua formulação, Constata-se, aliás, que essas três idéias se reagrupar_ia!-11 even-
classificam-se sempre dentro de uns poucos conceitos-chave. O tualmente sob o mesmo tema: Melhoria das relações sociais.
essencial será encontrar esses conceitos.
... A seqüência da apuração dirá se é útil processar este novo
Para tanto, basta um pouco de imaginação, de memória e de reagrupamento temático, ou não ...
inteligência.
Assim, progridem paralelamente. a apuração ~ . a análise ~e
1. Comece lendo um certo número dessas respóstas, um terço conteúdo (para mais informações técmcas, sobre analise de conteu-
do total se tiver entre 40 e 60 questionários a apurar, um quarto se do, ver R. Mucchielli, "A análise de conteúdo" *).
tiver uma centena. Você constatará que certos temas aparecem sob
fórmulas diferentes ou mesmo freqüentemente com palavras • AS QUESTÕES "CAFETERIA".
idênticas.
2. Inicie a apuração escrevendo a idéia-mestra ou as idéias- Para evitar os inconvenientes da apuração de resp?st~s ,livres,
-mestras da resposta n.º 1 marcando com um sinal que tal idéia (ou pensou-se prever todas as categorias de r~sposta_s p~ss1Y.e1s a u~~
tais idéias) acaba(m) de aparecer uma vez. questão do tipo "aberto". Chegou-se então a q_:1estao dita. cafetena ,
muito mal denominada aliás, cujo nome supoe que o cliente encon-
Exemplo: à questão enunciada acima ("o que este curso ofe- trará aí aquilo que deseja, dentro do "leque" de respostas propostas.
receu a você no plano profissional?"), a primeira resposta lida é:
Exemplo: "O que caracteriza, segundo você, um homem de
"Uma oportunidade de encontrar alguns colegas, de reforçar "esquerda"?
minhas relações com eles, e de superar as dificuldades de participar
em grupos, o que é muito útil profissionalmente."
("') Publicado nesta coleção.
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O o anticlericalismo, tituirá o "leque" de respostas oferecidas na questão "cafeteria",
a qual fará parte do questionário.
D a preocupação com a defesa das liberdades Lembremos que a primeira elaboração do questionário dever,
individuais, 3
ser, por sua vez, submetida ao pré-teste (cf. a seguir, 3. exposição,
O a atenção voltada para os problemas do capítulo 2).
proletariado, Ao lado desses modelos de questões, das quais acabamos d·
O o pacifismo, ver as características, o questionário, pode dispor de outros
O a preferência pelo dirigismo em matéria procedimentos.
econômica,
O fidelidade ao sistema republicano,
D o internacionalismo,
O outra característica, na sua opinião, ........ .
N.B. - Vocês notarão que, assim como nas questões "fechadas"
convém prever o sem resposta, também aqui convém
3 A medida das atitudes
prever a outra resposta eventual. A ausência desta menção
faz com que a apuração se tome a mesma das questões
fechadas. Sua presença necessita uma análise de conteúdo Era inevitável que a avaliação e a medida das atitudes viesse
das respostas livres, mas abre também uma saída a com- a se tomar uma preocupação da enquête psicossocial, pelo simplc
plementos possíveis. fato de que as opiniões são o seu objeto.
Vantagens da questão: "caf eteria":
• A NOÇÃO DE ATITUDE.
1. Considerável ajuda para a memória do sujeito inteITogado;
2. Grande variedade de respostas oferecidas ao sujeito sem De fato, uma opinião (e a enquête psicossocial, por questionário
aumentar o seu esforço; ou por entrevista colhe, principalmente, opiniões) só interessa ao
pesquisador na medida em que for mais do que um simples palpite
3. Facilidade na apuração. pessoal, vago ou acidental sobre o objeto da questão. Nos casos em
que é dada por amabilidade ou por sugestão, ocasionalmen_te ou
O maior inconveniente é que esse tipo de questão pode sugerir
opiniões não-espontâneas no sujeito. superficialmente, não pode ser a expressão de um determinante
real da conduta social. O pesquisador e o psicossociólogo procuram
Entretanto, todo o valor da questão: "cafeteria" (assim como as opiniões finais e pessoais, aquelas que são capazes a cada in ·
de seu paliativo) está no trabalho efetuado durante a pré- tante de se traduzir em atos, em reações, em sentimentos poderoso ,
enquête. De fato, se quem elabora o questionário tira essas respostas socialmente significativos. Sentimos muito bem por experiência
de sua própria reflexão, podemos estar certos de que a questão própria, que algumas · de nossas opiniões são frouxas ( ... "não
será duvidosa e que o item "Outras respostas eventuais" vai ficar estamos fazendo tanta questão assim") ... que, em outras, engajamo
cheio de anotações. Isso obrigará a fazer uma análise de conteúdo realmente toda a nossa personalidade.
(o que queríamos evitar), e revela a imperícia do responsável. Daí o problema da definição e da avaliação da intensidade da
Durante a pré-enquête, por ocasião das entrevistas, pudemos opiniões emitidas pelos sujeitos interrogados.
recolher as respostas aos temas da enquête. O trabalho de elabo-
ração da questão "sirva-se você mesmo" fica então fácil de ser Deixemos de lado o debate teórico sobre a aplicação da noção
explicado: física de "intensidade" a um fenômeno psicológico e acompanhemos
as pesquisas efetuadas sobre o problema (cf. R. Mucchielli,
É necessário aplicar a análise de conteúdo às questões ampla- Opiniões e mudança de opinião*, Exp. l.ª e 2.ª).
mente abertas, colocadas quando da pré-enquête. É dos resul-
tados dessa análise que tiramos os conceitos-chave cuja lista cons- ( •) Publicado nesta coleção. ( N. T.)
38 39
Uma opinião "intensa" é, antes de mais nada, a que se traduz · O moderadamente contrário,
por afirmações firmes, categóricas, absolutas. Daí decorrem possi- O absolutamente contrário.
bilidades ele procedimentos de avaliação.
N.B. _ A atitude expressa pela última resposta é tão sistemática
Ela é, também, aquela que integra um sistema de opiniões, que
se irradia a toda uma série de campos anexos ou conexos. É quanto a primeira.
aquela que se "aferra" a uma maneira de ser, de perceber, de 2. O autoposicionamento numa escala de opiniões.
compreender a vida, de agir e de reagir, que é estável, resiste à
mudança, se exprime em nossa conduta diária de diversos modos ... o princípio é o mesmo, espera-se ?bter °:ª~s "nuances:· do
É aquela que expressa o que se chama uma estrutura latente da que com O primeiro processo. Pode-se pedir ao suJelto que sublmhc:
personalidade. numa lista de adjetivos, aqueles que correspon~em aos seus senti·
mentas. Pode-se também pedir-lhe que se situe numa escala
Atitude (no sentido psicológico em que usamos aqui esta pala- graduada.
vra) não significa "pose artificial", "papel ou personagem que
alguém se esforça por representar", nem "postura ocasional do Exemplo: Você poderia indicar com precisão sua opinião ~o~í-
corpo". É, pelo contrário, em seu sentido pleno, uma "tomada de tica marcando com uma cruz, na linha graduada, a sua poszçao
posição" sobre um determinado problema ou sobre uma questão pessoal?
debatida, portanto uma "matriz" de numerosas opiniões pessoais. Centro Extrema-direi ta
É também uma maneira crônica de reagir, uma predisposição a Extrema-esquerda
1
certo tipo de reações, o que interfere na. própria maneira de perce- 1
o 5 10
ber e de definir os objetos de opinião. É natural, pois, que se 10 5
procure medir as atitudes ou revelá-las. O primeiro objetivo levou A dificuldade, neste último exemplo, é qu: . o "centro" não
à criação de escalas de atitudes e o segundo à utilização dos testes corresponde a uma opinião de .i~diferenç~ poh~1ca, mas, a. uma
de personalidade nas enquêtes psicossociais. opção que pode ter em alguns suJe1tos, sua mtens1dade_ pr.?pr~a.
o inconveniente geral dos processos de auto-avahaçao e que
• OS PROCESSOS DE AUTO-AVALIAÇÃO (ou autonotação).
se torna difícil agrupar os sujeitos por grau~, porque o mesm~ g:au
de afirmação ou de avaliação expressa nao co:responde e et1va-
men te, em todos, à mesma "intensidade" de reaçoes.
Pensou-se de início em solicitar ao próprio sujeito que esti- Além disso O princípio latente desses processos é o ~e que
masse a força, o vigor, ou a fraqueza de suas reações psicossociais toda opinião vai de um extremo ao outro passando por um ponto
(de suas opiniões, por exemplo). . " que não corresponde sempre à realidade (cf. m R.
zero , 0 d . . - ,, * E . - n º 2 as
l. A autonotação. Submete-se ao sujeito uma opinião firme Mucchielli, "Opiniões e mudança e opmiao . · xpos1çao · ,
(correspondente a uma atitude sistematizada) e pergunta-se "se ele ilusões do continuum).
a aprova absolutamente, moderadamente, se fica indiferente. se a
desaprova moderadamente ou se a desaprova absolutamente". a A ATRIBUIÇÃO DE NOTAS POR EXAMINADORES.
Exemplo. - O alcoolismo é uma chaga nacional. E necessário Para evitar a subjetividade e a simplificação que são os incon·
arrancar as vinhas, destruir os alambiques e proibir a fabricação de venientes dos processos acima, teve-se a idéia de fazer co~ que,?
álcool sob todas as suas f armas ingeríveis. "nota de intensidade" fosse dada por examinadores ou Jmzes ·
Dispondo de várias manifestações por parte de todos os ind~-
Você é: víduos de uma população (observação do comportamento, c~m!eu-
D absolutamente favorável a esta opinião, dos de entrevistas livres, biografias, cartas, etc. . ), _um e~peciahsta
(ou vários) classifica essas expressões por nível de mtens1dade gra·
D moderadamente favorável, ças à comparação dos documentos. A experiência prova que os
O indiferente (nem aprovação, nem desaprovação), (*) Publicado nesta coleção. (N.T.)
41
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examinadores introduzem pouquíssimos desvios pessoais, ao con- O Apenas como amigos eu aceitaria os refratários.
trário daquilo que se poderia temer. O Aceitaria apenas ter relações ocasionais com os
refratários.
• ESCALA DE ATITUDES DE BOGARDUS.
O Não quero nenhum tipo de negócio com os refratários.
~rop_osta ~esde 1925, esta escala de atitudes foi inventada para D Acho que os refratários deveriam ser presos.
medir a mtens1dade dos preconceitos nacionais e raciais.
D Penso que os refratários deveriam ser fuzilados como
. Depois de ter comparado os enunciados de opiniões ou de traidores.
atitudes os "juízes" são convidados individualmente a classifi-
cá-los segunAdo _uma "intensidade" crescente. Registra-se seus pontos Os "intervalos" entre os graus, porém, eram empíricos, e isto
de concordancia (pode-se mesmo quantificar seu grau de concor- não satisfazia aos psicossociólogos. Digamos, entretanto, que a esca-
dância). . la de Bogardus na prática dá bons resultados.
Quando a lista "crescendo" fica assim estabelecida ela se torna As três escalas seguintes têm uma construção mais difícil.
" a escala" que acompanha a questão e permite "medir" , a atitude
do interrogado.
• A ESCALA DE ATITUDE DE THURSTONE COM INTERVALOS CALCULÁVEIS.
Nos exemplos que seguem, "mede-se" a intensidade da rejei-
ção pelo "distanciamento" crescente.
Com o mesmo objetivo da precedente, ela tem o cuidado de
EXEMPLO 1 (adaptado de Bogardus): equalizar (ou de calcular), tanto quanto possível, os intervalos.
Propõe-se ao "cliente" a questão seguinte: :E. construída em cinco etapas:
"Guiando-se apenas pelo impulso de seus sentimentos e consi- 1. Coleta ampla de asserções, propos1çoes, opm10es sobre o
derando cada raça ou nacionalidade em seu conjunto, sem levar tema que se pretende submeter a enquête. Estas proposições (várias
em conta os indivíduos que você pode apreciar pessoalmente como centenas) são redigidas claramente, de modo a provocar uma res-
bons ou como maus . .. posta sem equívoco, do tipo "Concordo-Discordo".
Você admitirá de bom grado que um Negro seja: 2. Apresentação dessas proposições a uma centena de exami-
1 seu parente próximo por casamento ....... . nadores, encarregados de classificá-las por ordem de intensidade
sim-não progressiva, em uma dezena de "graus".
2 seu amigo pessoal em seu clube ...... ·..... . sim-não
3 vizinho em sua rua ......... . ............ . sim-não 3. Exame comparativo dos resultados. As proposições para as
4 colega em seu trabalho ................... . sim-não quais o acordo dos examinadores não é evidente são rigorosamente
5 cidadão de seu país ...................... . eliminadas.
sim-não
6 proibido de permanecer no seu país ....... . sim-não 4. As demais são reescritas para serem condensadas sob uma
EXEMPLO 2 (dado por Crespi): formulação clara e receber um índice de classificação correspon-
dendo à média das cotações atribuídas pelos examinadores.
Assinale, entre as seis proposições seguintes que se referem aos
refratários ao Serviço Militar *, aquela que você assumiria como 5. As proposições finalmente mantidas são misturadas ao
sua, seguindo unicamente o impulso de seus sentimentos: acaso e apresentadas ao entrevistado.
O Não tenho razão para tratar um refratário de modo EXEMPLO: - Queira assinalar qual das proposiçoes sobre a
dif e_rente do .que qualquer outra pessoa; não me repug- guerra corresponde melhor à sua opinião pessoal:
naria que ele entrasse em minha família por casamento. 1. Quando a guerra é declarada, é dever alistar-se para
(•) "Objeteurs de conscience". (N.T.) combater.
42 43
2. Tanto a guerra quanto a paz são essenciais ao progresso. níveis abaixo. 1:. o mesmo que ocorre quando, no termômetro, a
3. Todas as nações deveriam imediatamente desarmar-se. coluna de mercúrio atinge 25°, após ter passado por todos os
graus inferiores antes de se estabilizar em 25º.
4. Um país nunca dá toda a atenção devida à honra nacio-
nal, e a guerra é o único meio de manter a honra Aplicada às atitudes, a técnica de composição da escala utiliza
nacional.
uma matriz especial chamada escalograrna. Eis o resultado de um
5. As. gi:erras somente são legítimas quando têm por desses cálculos aplicados à atitude de "militância política": cada
ob7etivo a defesa das nações fracas. comportamento representando um engajamento cada vez mais
pessoal e arriscado, supõe-se que "quem faz o mais fez ou faz
6. O que se pode fazer de melhor é abolir parcialmente a também o menos". (N.B. A lista deve ser lida de baixo para cima.)
guerra.
7. A guerra implica no desprezo à vida e aos direitos do 8. Você já colou com uma equipe, cartazes políticos sem
homem e isto tem como conseqüência a multiplicação autorização?
dos crimes.
Essas proposições seriam arrumadas na ordem crescente se- 7. Você já tentou convencer pessoas a aderir a um partido?
guinte, sobre uma escala virtual de 11 pontos:
6. Você assistiu a reuniões políticas?
Proposição 4 (cotada 1,3)
Proposição 1 (cotada 2,5) 5. Você deu dinheiro a um partido?
Proposição 5 (cotada 5,2) 4. Você tem discussões políticas com seus colegas?
Proposição 2 (cotada 5,4)
Proposição 6 3. Você se considera suficientemente bem informado em
(cotada 5,6) política?
Proposição 7 (cotada 8,4)
Proposição 3 (cotada 10,6) 2. Você votou nas últimas eleições municipais?
O sistema de Thurstone permite, como se vê, obter "unidades 1. Você votou nas últimas eleições presidenciais?
de medida".
O escalograma de Guttman é um instrumento que permite, de
A escala de Likert (1932) é, por seus resultados, bastante com- uma parte, observar as atitudes a serem fixadas para o crescendo
parável à de Thurstone, mas a diferença está no método e no <la escala e eliminar os outros e, de outra parte, descobrir a hierar-
cálculo (inspirado pela análise fatorial de Spearman). Durante o quia das atitudes ... na massa das atitudes coletadas no campo de
pré-!este, apresenta-se a vários indivíduos uma lista de questões, opinião estudado.
pedmdo-lhes apenas para avaliar seu grau de acordo ou desacordo.
Procura-se a seguir, pelo método fatorial, as atitudes (ou fatores Em conclusão, o esforço dos pesquisadores levou à obtenção
gerai~). subjacentes e formulam-se as proposições-chave que se
cJass1hcam em graus, exatamente como as aptidões. de instrumentos que se revelam muito úteis na prática da sondagem
de opiniões, quando se trata de avaliar, para além das simples
opiniões, os determinantes dos comportamentos sociais.
• A ESCALA DE GUTTMAN.
48 49
Quanto ao que se passa entre o entrevistado e o entrevistador, questionário. O redator terá portanto meio de verificar os resultados
não se trata daqueles mecanismos de defesa. Lidamos, desta vez, das precauções tomadas para evitar os desvios.
com mecanismos de defesa social do Ego, infelizmente muito pouco Descreveremos a seguir diversos desvios e, para maior
estudados até agora e que constituem os possantes obstáculos que segurança, indicaremos as medidas que devem ser tomadas par
encontra todo "fazedor de perguntas". evitá-los.
Essas defesas colocam-se em alerta automática, contra o entre-
vistador e contra a pergunta como se se tratasse de uma proteção- • AS DEFORMAÇÕES. INVOLUNTÁRIAS DECORRENTES DAS DEFESAS SOCIAIS
-reflexo: o indivíduo interrogado dá uma resposta de proteção, de AUTOMÁTICAS NO SUJEITO INTERROGADO.
"cobertura", de fachada. Poderá, segundo o caso, procurar agradar,
intimidar, fugir discretamente, mas sempre estará atento à pessoa As deformações involuntárias das respostas (o que arruína o
do pesquisador, à opinião que está formulando e que procura dar valor dos resultados), é fruto do fato de que a questão coloca em
de si mesmo. . . mais do que à própria pergunta. É por isso que alerta os mecanismos psicossociais automáticos. Analisaremos, a
as perguntas diretas sobre problemas importantes para o indivíduo seguir, sete dos principais:
questionado estão fadadas a captar apenas máscaras. • A reação de prestígio ou "defesa de fachada". Trata-se de uma rea-
Os mecanismos de defesa social do "Ego", postos em cena ção automática correspondente ao medo de provocar, por sua
automaticamente pela situação de resposta a questões ou a um resposta um julgamento negativo. É uma tendência "de fachada"
pesquisador, tendem a apresentar o "Ego" como inteligente, lógico- no sentido de que se trata de salvar as aparências porque se acredita
-coerente, conforme às normas sociais do grupo de referência, e estar correndo o risco de ser julgado.
"socialmente desejável", inocente e justificado, socialmente e racio- Esta reação se traduz pela minimização das opiniões, a esti-
nalmente aceitável. É contra essa "fachada" defensiva que a questão mulação-defensiva, o refúgio nos estereótipos (isto é, os clichês
direta se choca, e o pesquisador que a ignora, recolhe, com excita- socialmente admitidos), ou de um modo geral por respostas em
ção e satisfação, respostas sem valor real algum para seus função daquilo que é "socialmente desejável". Pesquisas experi-
objetivos. mentais provaram que esse tipo de respostas aumenta proporcional-
mente ao nível de instrução, ao status social e à inteligência.
Aumenta também quando o pesquisador não pertence ao mesmo
grupo social do pesquisado.
Exemplo. - A pesquisadora (promotora de uma pesquisa sob re
Os fenômenos psicossociais da
1 situação de resposta a questões
o trabalho das mulheres casadas) prevê a seguinte questão durante
o pré-teste:
Entre os sete itens seguintes, assinale aqueles que corres-
pondem às razões pelas quais você assumiu um trabalho (você pode
Cada um dos mecanismos de defesa social que serão aqui des- mencionar várias razões):
critos intervém de maneira inconsciente ou subconsciente, reflexa
por assim dizer, e em todo caso automaticamente, na situação de - para melhorar o orçamento familiar,
resposta a um questionário. Eliminamos portanto a intenção deli- - porque eu me aborrecia em casa,
berada de mentir, contra a qual, se ela é consciente e organizada, a - por gosto e interesse pelo trabalho que eu assumi,
única coisa que se tem a fazer é esperar que este desvio seja estatis- - para ter meu próprio dinheiro,
ticamente anulado na massa das informações recolhidas. - para ser independente,
Os fenômenos psicossociais automáticos dos quais iremos falar, - para ter minha aposentadoria,
ao contrário, interferem regularmente e constituem outros tantos - para permitir que as crianças continuassem seus
desvios possíveis para a en.quête, caso não os evitemos. O redator estudos.
do questionário deverá portanto prestar muita atenção a isso. Eis, a seguir, os resultados obtidos (razões ordenadas por
Digamos mais uma vez, agora, que há uma etapa da construção ordem decrescente, com uma nota de freqüência média):
do questionário, etapa chamada PRÉ-TESTE, que tem como objeti- - melhorar o orçamento . . . . . . . . . . . . . . . . 9 ,8
vo previsto pôr à prova a forma das questões e sua ordenação no - estudos para as crianças . . . . . . . . . . . . . . 6,2
50 51
Isto não é senão o efeito atenuado de uma reação defensiva
ter uma aposentadoria . . . . . . . . . . . . . . . . 4,4 cuja expressão mais forte aparece diante das pergunt~s que provo
interesse pelo trabalho . . . . . . . . . . . . . . . 4,0 cam o medo de uma utilização da resposta contra sz, ou o fecha·
ser independente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2,6 menta diante de uma questão considerada "pessoal" e "delicada".
ter seu próprio dinheiro . . . . . . . . . . . . . . . . 1,8
Medidas que devem ser tomadas para evitar os retraimentos defensivos desse tipo:
por aborrecer-me em casa . . . . . . . . . . . . . . 1,2
não iniciar o questionário por perguntas que possam provo
Esta lista representa com toda evidência o efeito de uma defesa
de fachada: as razões dadas se agrupam segundo a ordem das car esse tipo de reação;
razões cada vez mais difíceis a confessar em relação à sociedade. A evitar a personalização direta das questões, sempre que o
prova é tirada por perguntas de identificação sobre o status social tema abordado for delicado (não há problema desse tipo,
do marido, o número e idade das crianças. quando se trata de determinar as características "obje-
Constatou-se, com efeito, que o orçamento real da família e a tivas");
idade dos filhos estava, em 80% dos casos, em contradição com as evitar que os pesquisadores sejam "estranhos" ao grupo de
principais razões invocadas. Normalmente, a questão, sob esta entrevistados;
forma direta, será abandonada depois do pré-teste. de modo geral, evitar a utilização de perguntas diretas para
abordar problemas de opiniões pessoais ou para tratar
Medidas a tomar para evitar as reações de prestígio: pontos delicados.
Isto nos leva a falar aqui da pergunta indireta. Ela é sem-
Existe primeiramente a introdução, no questionário, de esca-
pre preferível nas circunstâncias que acabam de ser definidas.
las destinada~ a avaliar as tendências de fachada e as reações de
defesa pela preocupação com o prestígio social. A escala K do Utilizam-se vários procedimentos:
M.M.P.I. (isto é, uma série de questões incorporadas ao inventário a) A abordagem do tema por um aspecto significativo, mas não
de personalidade, conhecido sob o nome de M.M.P.I.), a escala SD evidente. Não se perguntará a um sindicalista o que pensa do
de Edwards, a escala de sinceridade do teste PNP de Pichot, são Secretário Geral do Sindicato. Perguntaremos "se ele pensa que a
meios desse tipo. ação desenvolvida pelo seu sindicato, na conjuntura atual, está
Convém evitar, por outro lado, iniciar o questionário por organizada de maneira eficaz".
perguntas que trazem o risco de provocar respostas de fachada, b) A fuga ao tema direto, que só será reencontrado pela arti-
e é preciso sempre e antes de mais nada pensar nessas atitudes culação de duas ou três perguntas pouco chocantes. Não se per:g':1n·
automáticas, formular e arrumar as perguntas para neutralizar tará aos contramestres o que pensam dos representantes operanos
esse efeito, ou prever articulações com outras perguntas. Essas e da influência deles junto à Direção. Perguntar-se-á (essas duas
articulações terão por objetivo seja verificar a autenticidade de questões estando distantes uma da outra, no questionário) por um
uma resposta através de algumas outras, seja conhecer a verda- lado: "Quando os contramestres dirigem um pedido, um relatório
deira resposta por dedução de questões que, uma a uma, não ou uma sugestão à Direção, eles são aterui.idos?", e por outro lado:
trazem o risco de provocar a defensiva. "Quando os representantes operários fazem um pedido, um rela-
Evidentemente o sexo, a idade, as referências sociais aparentes, tório, uma sugestão à Direção, eles são atendidos?". Se para essas
as ati~udes da pessoa envolvida na enquête pesam bastante na duas perguntas foi prevista uma resposta fechada com _9-uat_ro
indução desse tipo de respostas. possibilidades (com muita freqüência, com alguma frequência,
algumas vezes, nunca), poder-se-á, por comparação, apreciar o g.:au
e O retraimento defensivo diante da pergunta personalizada.
de ressentimento de uns contra outros. Com as mesmas questoe ,
aliás, se poderia sondar indiretamente a opinião sobre a Direção.
Observou-se anteriormente que as questões personalizadas c) O uso do "tema embaralhado". Dissimula-se o ponto-ch ~v'
diretas (começando por "O que você pensa de ... ", "Na sua em um conjunto. Não se perguntará a um paroquiano se ele vai à
opinião ... ", "Você pode dizer: "Eu ... " etc ... ) não facilitavam missa, mas podemos pedir-lhe para de~crever o emprego de seu
a expressão das opiniões e, ao contrário, provocavam respostas de tempo nas duas últimas manhãs de dommgo . .
fuga (aumento do número de recusas ou hesitações do gênero "Não Escalas de atitudes podem ser construídas com esse obJet1vo.
sei", "impossível dizer", "não tenho opinião").
53
52
d) o pro eclimcnlo do funil (f unnel) ... que consi t cm parlir Acr ditamo que um efeito de sugestão deve ser l?revi~t? p ·lo
de longe e de ques lões gerais para ir cercando progressivamenle, fato mesmo de que toda pergunta (com exceção _d~s de 1dent1fi~a :H!
c~da v~z J:?ais, o tema delicado. O sujeito, tendo chegado até aí, ou de características objetivas) formula uma h1potese, como Já fot
nao vai deixar de responder um pouco mais. visto (cf. pág. 20).
No exemplo que segue, o pesquisador soube despersonalizar
Medidas que devem ser tomadas para evitar a sugestão decorrente da forma da
uma questão delicada.
pergunta.
. Exe:11-plo. - Em seu relatório da enquête sobre " Psicologia so-
cial do imposto na França de hoje ", Jean Dubergé conta que se O redator do questionário, assim como o promotor da enquêtc
encontrava diante da necessidade de fazer uma pergunta sobre a e os próprios entrevistadores, devem estar conscientes dos ri o~
f:aude fiscal e relata as desventuras do pré-teste. A pergunta fixada de desvios que representam opiniões a priori, mesmo fundadas so
fmalmente é a seguinte (introduzida como 10.ª após numerosas bre uma experiência pessoal anterior, e a formulação direta da :
questões de preparação): questões a partir das hipóteses.
Um simples traço de formulação tendenciosa. transforma-se _em
. "A!gu:11-as pe~soas têm a tendência de julgar a fraude fiscal com sugestão para os sujeitos. Em certos casos, a a~üude que cons1Sl_'
indulgencia, considerando que em matéria de impostos, o civismo em responder em função daquilo que o entrevistador espera (ali
tem um papel menos importante que nos outros aspectos. Você tude de gentileza que pode ser, além do. mais, culturalme~t: valo·
pensa que eles estejam: Completamente errados? Parcialmente er- rizada e que se intensifica se o entrev1stad<;>r tem prest~g~o. ª<?s
rados? Por que?" olhos do entrevistado) cria, no sujeito pesqmsado, uma v1g1lan •:1
As respostas, sobre uma amostra de 792 pesquisadores, são: extraordinária aos sinais não-verbais (olhos, tom e mímica) da op1
Completamente errados . . . . . . . . . 42 % niâo pessoal do pesquisador.
Parcialmente errados . . . . . . . . . . 21 % O "tom" das perguntas escritas também deve merecer cuidado,
Certos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 %
Sem opinião . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6% sob esse ponto de vista.
É interessante notar as múltiplas preocupações tomadas que e A atração da resposta positiva.
permitem dar crédito aos resultados.
Além disso, a pergunta Por que? introduzida no fim, permitiu A atração da resposta positiva (SIM - CER:TO - :OE A~ORDO,
ver a percentagem de recusas a responder, mesmo entre aqueles etc ...) é uma tendência muito conhecida em psicologia soCial (tcn
que condenam oficialmente a fraude, ou o número de "respostas dência ao assentimento). Pesquisas experimentais (Pichot, na Fran
confusas e embaraçadas". ça) mostraram que existe umi verdadeira correlação. e~!re a ten
O exame combinado das respostas e das explicações, escreve o dencia a responder "sim" aos questionários e a sens1b1hdade ~os
autor, permitiu constatar que 12% somente dos franceses conde- placebos (ver Léxico). Estaríamos pois diante de uma das expresso s
nam a fraude com real convicção. De fato, entre os 42%, um da sugestibilidade.
grande número (cerca de dois terços, representando 26,6% da po-
pulação) explicavam sua condenação "moral" da fraude pelo fato Medidas que devem ser tomadas para evitar a atr"ãção da resposta positiva:
de pertencerem, infelizmente, a uma categoria social para a qual
a fraude é impossível! - Prever eventualmente perguntas formuladas inversamente.
- Evitar questões fechadas SIM-NÃO, CERTO-E~R~DO, CON
e As respostas de sugestão devidas à própria formulação da pergunta. CORDA-NÃO CONCORDA, quando se trata de uma opm1ao pessoa l
Existem perguntas de Sim-Não nas quais a forma tem um efeito solicitada ao indivíduo interrogado.
determinante: a hipótese é expressa de maneira tão tendenciosa • o medo a certas palavras. É necessário evjtar ce~~as. palavr ,
que engaja a resposta, seja porque quem responde percebe o que que, carregadas .afetivamente ou socialmente nao dese1avezs, provo
espera dele o entrevistador (e responde mais a essa expectativa do cam por si mesmas reações de defesa e de fuga.
que à própria questão), seja porque uma das duas respostas é logi-
camente ou socialmente inaceitável. Exemplo J. - Numa enquête sobre a educação, feita no~
Ex_emplo. - "A competência técnica parece-lhe, uma condição E.U.A., a palavra punição foi eliminada após o pré-teste, e subsll
essencial para ser um bom operário especializado? SIM - NÃO". tuída por um eufemismo: "métodos de discipliná".
5
54
Exemplo 2. - Em outubro de 1941, a questão da entrada dos a) "Você acha que o Congresso deveria modificar a lei da neu-
E.U.A. na guerra foi proposta durante uma sondagem, de duas tralidade para que a França e a In glaterra pudessem com-
maneiras diferentes: prar material de guerra dos E .V.A.?"
a) Os Estados Unidos devem agora tomar parte no conflito? b) "Você acha que a França e a Inglaterra deveriam poder
b) Os Estados Unidos devem agora declarar guerra à Alemanha?
comprar material de guerra dos E.V.A.?"
A forma B, que continha a expressão inquietante "declarar Forma A FormaB
guerra" foi objeto de uma percentagem de NÃO muito maior que Respostas
a forma A (e inversamente para os SIM). · Sim .............. . ......... . .... 53% 61%
Não ...... .. . . ............. . . . ... 33% 31%
Medidas a tomar: 8%
Sem opinião .. .. .. . .. . . . .. .. .. ... . 14%
Evitar as palavras chocantes, afetivamente ou socialmente car-
regadas, encontrar "equivalentes" mais neutros. Conclusão. - É interessante notar que esses mecanismos de
defesa social do Ego, cuja influência estatística aparece nitida-
• A influência da referência a pessoa de destaque. mente, definem as tendências gerais da personalidade social, isto é,
os grandes fatores psicossociais de influência das condutas
:É evidente que a referência a pessoas de destaque vai trans-
individuais:
ferir para o conteúdo da questão o peso da simpatia-antipatia, da
autoridade moral ou do desprezo publico, que essa personalidade • Busca da conformidade ao grupo;
suscita. • Sugestibilidade social;
Aqueles que não têm nenhuma opinião precisa sobre o proble- • Imitação social;
ma colocado ou que não o compreendem, tomam posição a favor • Medo do julgamento do outro;
ou contra em virtude de sua reação ao que a pessoa representa • Procura de prestígio social;
como bandeira. • Participação nas emoções coletivas;
Exemplo. - Em 1940, uma enquête sobre a ajuda americana • Submissão aos estereótipos culturais;
à França e à Inglaterra coloca a mesma questão sob duas formas: e, por outro lado, fazem aparecer no nível psicossocial reações
a) "Você acha que os E.V.A. deveriam fazer mais do que aquilo automáticas que poderíamos considerar próximas dos mecanismos
que fazem atualmente para ajudar a França e a Grã- puramente biológicos de proteção ou de conservação:
-Bretanha?" - defesa contra a violentação do ser;
b) "Você acha que os E.U.A. deveriam.fazer mais do que aquilo - ·fuga do esforço (economia dos esforços);
que fazem atualmente para ajudar a França e a Grã- - tendência a proteger-se em caso de perigo.
-Bretanha na sua luta contra Hitler?"
• AS DEFORMAÇÕES INVOLUNTÁRIAS DECORRENTES DA APRESENTAÇÃO E
Respostas Forma A Forma B DA ORGANIZAÇÃO INTERNA DO QUESTIONÁRIO.
,, Depois de ter considerado a forma interna das questões uma a
Deveriam " não fazer mais ........ 22% 13%
Deveriam fazer mais . . . . . . . . . . . . . . 66% 75% uma, consideremos agora o questionário como um todo.
12% 12% Podemos destacar, sob este ponto de vista, 4 fenômenos psicos-
Sem opinião ......................
sociais que intervêm também como desvios e, portanto, devem ser
neutralizados.
• O medo à mudança. - Existe uma tendência ao conformismo,
correlata à inquietação ligada à idéia de uma mudança, se essa • O retraimento defensivo em face do questionário.
mudança aparece como suscetível de repercurtir sobre um certo
equilíbrio de vida. "Engajar-se" no questionário é um ato especial que necessita
Exemplo. - Em setembro de 1939 . nos E.U.A., a mesma questão a superação de hesitações normais que decorrem :
f'oi colocada sob estas duas formas: - do próprio engajamento como risco;
57
•
da inquietação com relação aos objetivos explícitos ou Quando o que ·tionário for enviado pelo correio é preciso prcv •r
ocultos do questionário; cuidadosamente as passagens e estudar a apresentação tipográ/ica
da exigência de atenção; elas transições.
da disponibilidade de tempo. - estudar cuidadosamente a abordagem das questões delicadas
O entrevistador, ou o questionário em si mesmo, exige do e até mesmo prever estrategicamente perguntas de transição, sem
entrevistado que ele se "exponha" e que faça um esforço. Esta interesse direto para a enquête, mas psicologicamente úteis ao
situação provoca normalmente uma reação defensiva. prosseguimento do questionário, "oásis" de repouso e de distensão.
Medidas que devem ser tomadas para evitar o retraimento defensivo em face • Os efeitos da extensão do questionário,
das mudanças:
Há um efeito devido à extensão de cada pergunta e um outro
- assegurar passagens progressivas de um método a outro, devido à extensão global do questionário.
de um tema a outro ou A pergunta longa, complicada, exigindo reflexão, necessitando
- ao contrário, marcar nitidamente uma parada e recomeçar atenção porque é preciso preencher espaços ou não se enganar de
a "preparação" da enquête fornecendo as explicações necessárias. coluna, provoca uma tendência a desistir.
58 59
() questionário muito longo produz, num certo momento, o
mesmo efeito. Foi possível mostrar experimentalmente que, no preparação de uma enquête psicossocial são ambas necessárias a
q ues tioná rio enviado por correio, o aumento do tamanho aumenta títulos diversos. Situam-se em momentos diferentes do período de
a u toma ticamente a percentagem de não respostas. pr eparação: com r elação ao questionário, que é o objeto principal
A extensão total ótima, se o questionário deve ser preenchido deste livro, digamos que a pré-enquête tem lugar antes de qualquer
pelo en tr evistado sozinho diante de sua folha, é de 15 a 30 perguntas. redação do questionário e que o pré-teste tem lugar após a redação
Só é possível aumentar a dificuldade das questões e a extensão do do questionário.
q uestionário se o entrevistado está muito "motivado". Bem entendido, o questionário de cujo exame se trata aqui cm
especial não é o ünico objeto da prova. São todos os instrumentos
Medidas a tomar. da enquête que, preparados e prontos para serem utilizados, passam
pela etapa última da qual sairá sua validação como instrumentos
Decorrem do que acaba de ser dito. O redator deve prever da enquête.
perguntas claras, sem ambigüidade, cuja compreensão não traga
Voltemos ao questionário . Em relação a ele, a pré-enquête (deter -
nenhuma dificuldade. (Tem-se sempre ilusões sobre o grau de atenção
minando as hipóteses) permite pensar: "Que perguntas deverão ser
disponível - de cultura ou de inteligência - dos entrevistados e,
em todo caso é necessário redigir como se devêssemos esperar o
formuladas nesta hipótese?" Redigem-se as questões deste ponto
de vista, tendo em conta os desvios a evitar na redação. O questio-
bloqueio intelectual multiplicado pela má vontade).
nário é a seguir submetido à prova do pré-teste.
Ora, a possibilidade da pergunta ser clara e inteligível é tanto
m aior quanto mais curta ela for. O pré-teste não tem, assim. nem a pretensão nem a esperança
- Por outro lado, é necessário sempre "motivar" o indivíduo de captar algum aspecto dos objetivos da enquête. Não pode trazer
submetido à enquête, cuidando da apresentação material (tipográ- nenhum "resultado" quanto a esses objetivos. Ele está centrado na
fica), facilitando o ato de responder (em que lugar, como fazê-lo) avaliação dos instrumentos enquanto tais.
e, sobretudo, cuidando da introdução ao questionário. Retoma-
remos esse ponto em detalhe, a seguir. • OS PROBLEMAS ESPECIFICO$ DO PRE-TESTE.
Conclusão. - A segurança do instrumento e sua eficácia exigem Ainda que o questionário deva ser depois enviado pelo correio,
esforço e competência. Esses obstáculos não devem irritar. São os o pré-teste exige que o instrumento seja testado por entrevistador
efeitos ou as expressões de um dado, de um real, que tem suas leis. que faça às pessoas as perguntas previstas. Não há pré-teste sem
entrevistas pessoais.
a) Problemas relativos aos indivíduos aos quais será aplicado
o questionário durante o pré-teste.
Antes de mais nada, estes indivíduos devem caracterizar-se por
pertencer à população da enquête posterior. Seu número pode ser
2 O Pré-teste bastante restrito: de 10 a 20, para uma enquête que abrangerá
depois uma amostra que pode ir de 100 a 2.000 pessoas.
Isto decorre da diferença radical de objetivos próprios ao
pré-teste em relação aos objetivos da enquête. A extensão do
Pareceu-nos necessano consagrar um capítulo especial ao pré-teste é inútil.
p ré-teste. Chama-se assim o ato de colocar a prova o questionário Em compensação, é necessário intensificar ao máximo os meio
como instrumento. Isso supõe que o questionário esteja redigido; de análise do instrumento no seu ensaio de funcionamento.
mas antes de ser utilizado na enquête propriamente dita, ele deve É necessário portanto:
passar por uma prova preliminar, uma espécie de teste do seu valor. - Encarregar do pré-teste entrevistadores experientes, dotados
Este "teste-antes" é, desse modo, naturalmente chamado pré-teste. de uma formação científica e metodológica bastante aprofundada.
É mais que provável que tais entrevistadores-pesquisadores, depois,
• PRE-TESTE E PRE-ENQUETE. não participarão da enquête.
O que ficou dito anteriormente lançou uma primeira luz sobre a - Escolher "clientes" que, sempre sendo típicos do universo
diferença entre pré-enquête e pré-teste. Essas duas etapas da da enquête, aceitem dedicar tempo para responder ao questionário ...
mais tempo do que dedicarão os entrevistados da enquête propria-
60
6)
mente dita . Daí a necessidade de escolher pessoas com as quais os • A APRESENTAÇÃO GRAFICA.
ent revistadores tenham estabelecido (ou saibam estabelecer) uma
boa relação pessoal . O questionário da enquête propriamente dita (quer seja ele
- Multiplicar os meios de análise do instrumento posto à enviado pelo correio ou aplicado por um entrevistador a domicílio)
prova : gravação das respostas, discussão livre com o cliente após deve no final permitir uma apuração, uma codificação, eventual-
a primeira aplicação do questionário, análise conjunta das dificul- mente uma tabulação. . . e o cuidado para com essas operações
dades encontradas. finais deve repercutir retroativamente sobre os problemas de orga-
- Intensificar a reflexão comparativa sobre os resultados nização e de apresentação materiais.
obtidos e julgar o valor de cada questão na ordenação global do
questionário posto a prova. l.º A tipografia. - A escolha dos caracteres, do papel, a diagra-
b) Problemas relativos aos elementos funcionais do ins- mação, o espaçamento das questões ... , a apresentação, se for o
trumento. caso, dos quadros a preencher ou quadrinhos a assinalar . .. , a distri-
Deste ponto de vista, o pré-teste deve assegurar os seguintes buição das instruções em itálico para explicar como responder a tal
resultados: pergunta, etc ... devem ser pensados em função do público, do
l.º Clareza e precisão dos termos. Os termos utilizados não conteúdo das perguntas e da apuração posterior.
devem exigir explicação. Se os indivíduos interrogados durante o 2.º Cuidados na apresentação - :e. preciso prestar atenção
pré-teste tiverem necessidade de explicação será necessário procurar sobretudo a quatro pontos particulares:
e encontrar, com eles, uma outra palavra.
2.0 Desmembramento das questões. Quando o entrevistado res- a) Os casos em que uma pergunta leva a esta ou àquela pergunta
ponder fazendo distinções entre palavras ou grupos de palavras seguinte, conforme a resposta que lhe for dada.
utilizados, será necessário transformar a pergunta prevista e divi- Tanto o entrevistado quanto o entrevistador não devem cometer
dí-la em duas ou três. enganos quanto a isso. :e necessário portanto marcar especialmente,
3.º Teste da forma das perguntas. Pode-se introduzir no pré- de maneira bem clara, em qual série ou para qual pergunta se está
-teste "duplicações", distanciadas uma da outra, isto é, perguntas de sendo remetido.
igual conteúdo mas sob formas diferentes, para sondar a ação dos b) As transições quando se passa de uma parte (ou seção) a
automatismos de defesa analisados no capítulo precedente. uma outra. Não se deve hesitar em imprimir fórmulas de transição
4.0 Teste da ordem das perguntas. A ordem das perguntas, o (que correspondam ao que deve ser dito pelo entrevistador se o
lugar das perguntas "delicadas" (que não devem encabeçar o questionário for apresentaria pessoalmente).
questionário), e das perguntas ditas de distensão etc .. . devem ser
objeto de atenção especial. Exemplo. - Acabamos de falar de. . . Agora pediríamos para
5.º Teste de introdução do questionário. Analisando as expli- você abordar. . . Primeiro. . . Em segundo lugar . ..
cações solicitadas pelo cliente, suas inquietações, seus modos parti- Pode-se também reduzir o texto de transição, mas é necessário
culares de compreensão dos objetivos da enquête acertam-se as então prever títulos claros para cada seção.
fórmulas a serem utilizadas quando da introdução dos questionários c) As respostas às questões sobre características objetivas
junto aos entrevistados da amostra real.
devem ser fáceis de classificar na apuração. A tipografia deve, nesse
aspecto, ajudar ao máximo o responsável pela codificação.
d) Prever tipograficamente um lugar (ou um código conven-
cional) para poder inscrever a data de recepção do questionário
preenchido, ou a data da entrevista.
3 A apresentação do questionário
Tomar precauções quanto a interpretação, pelo clien.te, de
qualquer sinal ininteligível para ele: se o anonimat~ lhe .foi asse-
gurado, ele verá aí um risco de descoberta de sua 1dent1dade.
N.B. - Clareza das indicações de origem e de reexpedição. A enti-
Analisaremos sucessivamente os problemas da apresentação dade promotora e o endereço ao qual devolver o questio-
material e os da introdução do questionário junto aos entrevistados.
nário devem ser graficamente fáceis de perceber.
62
63
• A INTRODUÇÃO-APRESENTAÇÃO DO QUESTIONÁRIO. você de um certo modo, poderá ser diagnosticado e medido graças
Quando um pesquisador se apresenta no domicílio de alguém à enquête, utilizando métodos adequados, se você tiver a bondade,
para inter~rog_á:lo, terá ?~t1;1r~lmente o cuidado inicial de se apre- você, indivíduo do universo da enquête, de responder a um questio-
sentar, de Justificar sua miciativa, de falar dos objetivos da enquête nário" ... (o que é a estrita verdade), obteríamos respostas variando
e da entidade que a patrocina. Por que isso? Para prevenir ou desde a ironia até a estupefação muda, expressando todas, igual-
atenuar a reação normal de defesa, de desconfiança, de fechamento- mente, incompreensão e incredulidade. . . Uma enquête psicos-
-rejeição. . . para suscitar a acolhida despertando o interesse e ... social poderia ser realizada para verificar esta hipótese.
para obter a cooperação e portanto o engajamento do sujeito na Somos pois obrigados a motivar o entrevistado de outro modo.
situação de questionamento. Um grande número de truques têm sido utilizados apelando para
No questionário enviado pelo correio esta introdução se faz as motivações humanas habituais: .
por escrito: o interesse: organiza-se um concurso com prêmios ...
seja através de carta fechada e assinada, precedendo ou ou então se dá uma gratificação àquele que aceita
acompanhando o questionário. responder ... ;
seja por uma "abertura" introdutória do questionário, apre- a necessidade de prestígio: o questionário é apresen-
sen~ada em tipos gráficos especiais e encabeçando o tado como um desafio aos poderes públicos ("temos
COnJunto. necessidade de demonstrar que l .000 pessoas são envol-
vidas por este trabalho") ou então insiste-se sobre a
Em certos casos, os dois métodos são combinados. A carta de importância social de sua contribuição para a solução
int~oduçã_o, assinada, (assinatura manuscrita ou impressa) segundo de um vasto problema de interesse geral;
a dimensao da enquete, ocupa toda a primeira página do caderno
que contém o questionário. a pressão social de conformidade: "10.000 já respon-
deram; . por que não dar você também o seu teste-
.A introdução deve ser eficaz. Para tanto deve ser clara, demons- munho ... ".
trativa (refutar de partida as objeções, justificar os objetivos) e ou qualquer outro traço de personalidade social, espe-
brev_e, porque a extensão destrói a força do impacto e aborrece cífico da população da enquête.
o leito;· Um cert~ nú-?1-_ero de pontos essenciais não podem ser
esquecidos (eles sao validos também para os entrevistadores). Não esquecer de terminar esta introdução por um apelo
' l.'' Sob o patrocínio de quem? ... Nada suspeito ... f. neces- forçando à ação imediata, isto é, a resposta.
sário abrir o jogo, isto é, dar o nome da entidade e, imaginando-se 4.º Garantir o anonimato se a enquête é efetivamente anônima
que ela não seja necessariamente conhecida, oferecer com precisão (o que não é forçosamente o caso geral).
suas referências. Indicar claramente o endereço e o telefone. 5.º Facilitar, por todos os meios, a expedição de retorno caso se
2.º Por que este estudo? Enfatizar os objetivos e não ter medo trate de um questionário a ser devolvido pelo correio ou que deva
de inserí-los ~o quadro de um problema geral de nosso Tempo ou ser entregue em algum lugar. Não se deve contar com qualquer
de ~ossa Sociedade. Um questionário sobre os problemas sindicais iniciativa do consultado para a devolução das respostas. A menor
far~ _u~ ªI?~~o, na sua apresentação, ao "período de mudança dificuldade interfere como fator de recusa para responder. Inver-
sociais ou a tomada de consciência política característica de nossa samente, a facilitação da reexpedição intervém retroativamente
épo~a"; um questionário sobre a educação evocará "os problemas como fator facilitador do engajamento no ato de responder.
da Juventude e de seu futuro"; ... uma enquête sobre as máquinas O envelope de resposta com endereço do destinatário (evitan-
de lavar,, falará inicialmente "do bem estar da dona de casa do-se qualquer menção publicitária no envelope) ou melhor, o
moderna ... envelope selado ou envelope de taxa franqueada, pagável pelo desti-
_ Não se trata apenas de "aparência". f. um dispositivo que é natário. . . são meios muito bons.
tao natural quanto o mecanismo de defesa dos entrevistados. A coleta a domicílio pode ser prevista quando a área da enquête
não for muito extensa. Neste caso, é necessário organizar as coisas
3.º, ~or _que é n~cessário dar-se ao trabalho de responder? f. do seguinte modo: um emissário (que deverá possuir todas as
necessa~10 amda exph_car ao consultado porque ELE deve participar. qualidades de apresentação do entrevistador) entrega pessoalmente
f. provav~l que, s~ disséssemos a qualquer cidadão: "O fenômeno o questionário, após tê-lo "introduzido", como ficou dito acima, e
pszcossocial pesquisado, não consciente para você mas presente em anota o dia e a hora que poderá voltar para buscá-lo.
64 65
O entrevistador face a face
4 com o entrevistado.
Este outro sistema, em contrapartida, tem também seus pró-
prios problemas dos quais a fonte comum se prende ao fato de que
a relação entrevistador-entrevistado intervém na situação.
66 67
(cartão de visitas) ... , explicação da escolha do entrevistado ("por
que eu?") ... , exposição dos objetivos e de seu interesse, o que nos
leva de novo aos elementos funcionais da introdução escrita, nos
questionários enviados pelo correio (cf. acima cap. 3 desta expo-
sição). Enfim, a garantia do anonimato vai ser mais difícil de
transmitir. O entrevistador só poderá acreditar que a transmitiu
se as reações à sua pessoa tiverem sido favoráveis.
Quarta Exposição
2. Contra as reações à pessoa. - Trabalhar em função das
características do Universo da enquête, de seus estratos, de suas
categorias. Não se mandará um Negro entrevistar Brancos, nem
Brancos entrevistar Negros, quando existe uma tensão psicossocial ANALISE E S(NTESE DAS RESPOSTAS AO
entre esses grupos. Não se enviará um delegado patronal entrevistar
sindicalistas, nem o inverso. Ou se utilizam pesquisadores escolhi- QUESTIONÁRIO
dos para inspirar uma simpatia imediata através de sua própria
pessoa (aspecto exterior, classe social, linguagem, maneiras de ser
em geral). . . ou então é necessário estar atento a uma espécie de
impessoalidade do aspecto exterior do entrevistador, como garantia
de sua neutralidade. Assim, a enquête, que progrediu metodicamente desde a idéia
A impressão de impessoalidade do pesquisador, sobretudo original do seu promotor até os questionários preenchidos pelo
quando ela se associa à impressão, por parte do entrevistado, de indivíduos consultados, chega natural e logicamente à fase de
ser realmente entrevistado não como indivíduo particular, mas exploração dos resultados.
como membro de um grupo social. . . é um fator importante de Se todas as armadilhas (desvios) que apareceram em cada uma
sucesso da entrevista. das etapas precedentes puderam ser evitadas, será também neces-
3. Contra a sugestão e a indução das respostas (desvio que é sário evitar os desvios próprios a esta última fase.
catastrófico para os resultados da enquête), há uma única defesa:
A FORMAÇÃO DO ENTREVISTADOR.
Deve-se acrescentar a tudo isso as precauções que, em certos
casos precisos, assumem repentinamente muita importância. Essas
precauções fazem parte da estratégia da enquête. Por exemplo,
interrogar operários sobre a idéia que fazem de seus cargos, reali-
zando a enquête no local de trabalho, em presença d~ seus colegas
1 A apuração das respostas
e sendo apresentado por um representante da Direção ( a quem se
solicitou, naturalmente, a autorização para entrevistar) ... equivale
a acumular desvios capazes de aniquilar toda esperança de infor- Os profissionais encarregados da apuração devem possuir
mação válida. qualidades diferentes daquelas que fazem um bom entrevistador na
Lembremos que existe um momento no desenrolar geral da situação face a face com seu entrevistado.
enquête, mesmo se o questionário auto-aplicado for finalmente
• O PROBLEMA DAS NÃO-RESPOSTAS.
escolhido, em que o entrevistador é absolutamente indispensável:
por ocasião do pré-teste.
É bastante divertido (se não fosse tão perigoso para as decisões)
ver os pesquisadores-amadores considerarem irrelevante o proble-
ma das não-respostas, quando o questionário foi enviado pelo
correio. Os "sem resposta" que o pesquisador anota no seu questio-
nário durante uma entrevista têm, por certo, um sentido completa-
mente diferente. Poderia mesmo parecer a certos amadores que,
68 69
aumentando a extensão da amostra (e supondo-se que a definição Podemos constatar muito bem e muito rapidamente quais as
desta tenha sido feita segundo as regras), estariam reduzindo conse- categorias de indivíduos que responderam e tirar conclusões não
qüentemente os desvios devidos às não-respostas. apenas sobre os objetivos da enquête em relação às características
Isto é um erro, tanto do ponto de vista do desvio assim do grupo dos que responderam, mas também sobre os objetivos da
introduzido na amostragem (isto é, a amostra que respondeu não enquête com relação aos outros indivíduos (aqueles que não res-
corresponde mais à amostra) como, conseqüentemente, do ponto ponderam). ·
de vista da interpretação dos resultados, com relação aos objetivos 2.º A determinação das características dos que não responderam
da enquête. permite prever enquêtes complementares sobre o novo universo
assim definido.
a) Resolvamos inicialmente o problema das não-respostas nos
questionários preenchidos, isto é, as "respostas" em que foram Pode-se também afirmar que esses "suplementos de enquête"
assinalados os itens "sem respostas", "sem opinião", "não se não poderão ser feitos através de questionários auto-aplicados e
aplica", "não sei", "?" (tanto nos questionários auto-aplicados como que será necessário prever o trabalho de entrevistadores com uma
nos questionários apresentados por um entrevistador). Essas não- nova amostragem e com hipóteses novas.
-respostas serão codificadas como tais na apuração e têm um sentido. 3.º Cálculos estatísticos da amostra atingida, em comparação
Elas significam, com efeito, uma das quatro coisas seguintes: com a amostra visada, permitem fazer extrapolações "retificadas".
Para esta retificação será necessário o concurso de um estatístico
1.º Desconhecimento real do tema da pergunta, por parte da especializado.
pessoa interrogada.
Pode acontecer que um dos objetivos da enquête seja justa- • A CODIFICAÇÃO.
mente o de avaliar se os indivíduos do grupo representando o 1. A primeira etapa da codificação é a operação que consiste,
universo da enquête sabem ou não, podem definir ou não, com- no âmbito da apuração final por computador, em atribuir um
preendem ou não . . . alguma coisa.
número de código para cada categoria de respostas.
2.º Recusa a se comprometer com uma resposta firme ou com Quando tudo foi previsto no momento da elaboração do
as respostas previstas. Isso pode ter um sentido e em certos questionário, a operação fica facilitada.
casos, pode ser visto como uma atitude de oposição. 2. A codificação propriamente dita consiste em encaixar cada
3.º Fuga da resposta porque a pergunta despertou inquietação resposta concreta em uma das categorias do código. E uma operação
ou desconfiança. Já assinalamos o aumento do número de "sem realizada, em tese, por um "codificador" (cf. JAVEAU, op. cit.,
respostas" às perguntas que envolvem opinião ou atitude, quando pp. 114-138).
elas são formuladas de modo direto. Posteriormente, deverá ser feita a "perfuração" (com máquil).as
perfuradoras), que consiste em transferir para cartões perfurados
4.0 Incompreensão da pergunta e refúgio na não-resposta. Ainda
nesse caso, o aumento do número do "sem-resposta" deve, quando os resultados da codificação.
do pré-teste, levantar a suspeita de que a formulação da questão As demais operações (verificação, triagem, cálculos) são pura-
não é boa. mente mecanográficas.
b) As não-respostas expressas pela não devolução do questio- O aspecto matemático e mecânico dessas operações não deve
nário. O problema das causas foi evocado (não poder, não saber, esconder os desvios que os codificadores introduzem. A codifi-
não querer) e as medidas prévias a serem estudadas para evitar esse cação, operação essencial da apuração, consiste praticamente na
fenômeno foram dadas acima. Resta-nos ver como tratar o proble- transformação de uma resposta concreta em resposta codificada,
ma por ocasião da apuração. isto é, consiste em decidir sobre a significação de uma resposta em
função de um sistema de categorias de respostas.
l.º Os questionários recebidos devem servir, antes de mais Quando se trata de apurar perguntas com respostas pré-formu-
nada, para definir as características da amostra efetivamente atin- ladas (perguntas fechadas, questões "cafeteria", escalas de opiniões
gida, no âmbito da amostra visada. · e de atitudes, resultados de certos testes validados etc.) não há
E aqui que as famosas perguntas de identificação e de carac- nenhuma dificuldade. O mesmo não acontece com as questões
terísticas objetivas adquirem uma grande importância.' abertas e, forçosamente, com a apuração das respostas obtidas
70 71
<lurante uma entrevista sobre o tema dado, conduzida de man ira Logicamente, o cálculo estatístico é necessário para avaliar os
não-diretiva. "movimentos" da variável que se está estudando nos resultados,
Encontramo-nos nestes casos diante de um problema de análise em confronto com a hipótese tomada.
de conteúdo (cf. R. Mucchielli,A Análise de Conteúdo) e já abor- ·
damos esse ponto (cf. segunda exposição, cap. 2). Por exemplo, a propósito das influências que se exercem sobre
o "absenteísmo eleitoral das mulheres", uma enquête formula a
O problema do "codificador" é portanto um problema de hipótese de que a idade, a profissão, a situação matrimonial, o
interpretação das respostas. Não se pode minimizar o risco da número de filhos, o local" de residência, o desconhecimento das
interpretação porque, mesmo inconscientemente, as opiniões pes-
opções políticas ... são fatores .
soais do "codificador", suas hipóteses pessoais quanto aos resul-
tados da enquête levam-no a perceber a resposta com uma certa A partir daí, devem ser feitas perguntas que correspondem a
significação, e o orientam, portanto, para uma classificação dessa essa hipótese. Cada fator tomado isoladamente é considerado, na
resposta em uma certa categoria, mais do que em uma outra. apuração da enquête como uma variável.
Lembremos o exemplo q.aquela enquête sobre a vadiagem na A análise primária consiste em calcular qual é a parte, a
qual, segundo os pesquisadores-codificadores, com a mesma amos- importância, a influência. . . estatísticas de cada uma dessas variá-
tra, uns (com tendência puritanas) encontravam uma correlação veis . Dir-se-á que os resultados são "estatisticamente significativos"
positiva com o alcoolismo, outros (com orientação socialista) encon- quando o cálculo estatístico demonstrar que a medida de uma
travam com a mesma boa fé - uma correlação positiva com as variável na amostra, depois de confrontada com a relação entre a
condições sócio-econômicas (cf. R. Mucchielli A Entrevista Não-
-Diretiva). amostra e a população, e com as leis do acaso . . . significa que se
pode afirmar (com uma porcentagem também calculável de se
estar dizendo a verdade) que aquilo corresponde realmente a um
fenômeno psicossocial, isto é, que existe uma influência mais ou
menos determinante ou, ao contrário, que não existe de fato nenhu-
m a influência dessa variável (a prova estatística podendo ser signi-
ficativa tanto positiva como negativamente).
2 A a11álise dos resultados de conjunto Diremos que os resultados são "estatisticamente não significa-
tivos" quando o mesmo cálculo demonstrar que o número absoluto
atrib uído à variável pode muito bem ser fruto do acaso.
Talvez seja esta a etapa que demanda, ao mesmo tempo, mais O leitor talvez calcule, agora, até que ponto a análise primária
método' e mais curiosidade livre ... , a mais fria ob jetividade e a só pode tirar conclusões sobre idéias preestabelecidas. No momento
maior imaginação. em que a pré-enquête é fechada e quando os instrumentos para
Distinguiremos didaticamente 3 modalidades: a análise primá- testar a hipótese são definidos, não há mais lugar para outras
ria, a análise secundária e a análise qualitativa (as duas primeiras hipóteses e a análise primária não d~rá mais . nenhuma o~tra
são quantitativas). indicação, do mesmo modo que um termornetro feito para medir a
temperatura não pode dar uma indicação sobre a umidade do ar
• A ANALISE PRIMARIA. ou seu teor de radioatividade.
Consiste em analisar as informações recolhidas, colocando-nos Se tínhamos outras idéias, deveríamos ter falado delas por
no ponto de vista exato dos objetivos da enquête. ocasião da pré-enquête, que é precisamente "a enquêté de explo-
Como já vimos, tendo insistido bastante sobre isso, os objeti- ração das hipóteses que deverão ser mantidas".
vos da enquête psicossocial, nascidos das hipóteses elaboradas
após a pré-enquête, serviram para preparar os instrumentos da Se temos outras idéia~ depois da enquête realizada será neces-
enquête (e primeiramente do pré-teste). sário fazer uma outra enquête.
A análise primária consiste em avaliar os resultados do ponto No entanto existem ainda os dois outros modos de exploração
de vista dessas hipóteses. Elas são precisadas, mensuradas, confir- dos resultados, que permitem escapar um pouco da rigidez do
madas ou infirmadas. modelo de construção.
72 73
• A ANALISE SECUNDARIA.
cores, sonor ização, ventilação, etc .. . ) eram falsas e se percebeu,
As informações reunidas talvez contenham, potencialmente, a partir de certos índices discretos de seus resultados, que o
indicações inesperadas. É evidente que isso só é possível na medida "moral", correlacionado positivamente com o rendimento, tinha
em que a própria enquéte permitiu acumular uma grande quanti- provavelmente vinculação com a importância das relações infor-
dade de materiais. A análise secundária consiste em procurá-las mais (isto é, afetivas e não hierárquicas) na fábrica (cf. R.
através do cálculo aplicado aos resultados numéricos tirados da Mucchielli, L'étude des postes de travai[ - relatório completo dessa
análise primária. enquête, no Exercício prático n.º 3).
Ela comporta várias direções de pesquisas:
Em outros casos, a configuração geral dos fatos recolhidos
1. As correlações. - É a pesquisa de relações significativas evoca uma significação global ou uma explicação de conjunto, que
entre variáveis que haviam sido consideradas, na análise primária, as análises quantitativas não podiam revelar.
em confronto com as hipóteses, e que agora são consideradas em
confronto umas com as outras. Em outras palavras, consideramos os Assim, a análise qualitativa é rica de descobertas e de sugestões
resultados da análise primária como fatos de experimentação e para lançar novas enquêtes.
procuramos verificar se alguns desses fatos apresentam uma rela-
ção entre si.
O coeficiente de correlação mede o grau de ligação das variáveis
entre si. Dizemos que o coeficiente de correlação é igual a 1
quando as grandezas são rigorosamente ligadas e proporcionais,
diretamente (correlação positiva, + 1), ou inversamente (correlação
negativa, - 1).
3 A redação do relatório da enquête
O coeficiente de correlação (chamado também r de Pearson)
é positivo se os valores elevados de uma variável são associados a
valores elevados de outra variável; é negativo quando os valores Não existem regras quanto a um documento final da enquête.
elevados de uma variável são associados a valores baixos de outra Apenas há o imperativo de que é preciso redigi-lo.
variável. Entre esses dois extremos, todos os graus são calculáveis.
Uma correlação, em si mesma, não significa que exista um elo • QUEM LERA?
de causa e efeito entre as variáveis consideradas. Em tese, os primeiros leitores são os promotores que encomen-
2. A çspecificação. - Se cruzarmos em todos os sentidos as daram e financiaram a enquête. Uma vez que eles entrem em acordo
categorias de indivíduos que apresentam características surgidas prévio com os responsáveis pela enquête, poderá ser feita uma
quando da análise primária, podemos agrupá-los experimental- publicação do relatório destinada, seja a outras entidades ou
mente ou dividi-los segundo outros critérios objetivos que não pessoas diretamente interessadas em seu conteúdo, seja ao grande
tinham sido utilizados até então para isso. Procuramos, desse modo, público.
as variáveis "de reforço" de uma atitude ou de "condição
necessária". Quaisquer que sejam os leitores do documento, o redator deve
fazê-lo para não-especialistas.
• A ANALISE QUALITATIVA. Deste ponto de vista, o relatório deve conter 3 partes:
Abandonando os cálculos, a análise qualitativa orienta-se, ao - introdução sobre os objetivos da enquête e sobre a popu-
contrário, para a análise psicológica das observações recolhidas. lação abrangida;
Existe, de fato, entre os resultados das operações precedentes, - apresentação e comentário dos resultados; a apresentação
fatos que surpreendem, constatações inesperadas. devendo incluir quadros claros, gráficos, ou mesmo desenhos
As conclusões que o analista tira desse material podem ser ilustrativos;
muito fecundas. Foi assim que, na célebre enquête sobre o rendi- - metodologia utilizada e justificação dos cálculos.
mento dos operários em fábricas, MAYO constatou que as hipóteses
O "esquecimento" de qualquer dessas três partes desqualifica
da enquête (influência dos fatores físicos: iluminação, temperatura,
o relatório (e, sem dúvida, também a enquête).
74 75
• OS GRÁFICOS, FIGURAS E DESENHOS.
imagem clara do futuro (e este número aumenta um pouco no
A apresentação dos resultados quantitativos brutos "diz" muito correr elos anos, o que prova que um certo número de "esperanças"
pouc<? aos leitores não especializados no campo estudado pela se perdem), não é menos verdade que se constata (na população
enquete. das quatro escolas consideradas) um deslocamento significativo das
Gráficos, figuras e desenhos podem facilmente, às vezes com aspirações, à medida que os jovens passam do l.º para o 3.º ano.
um pouco de imaginação, representar os dados numéricos. "Ser operário qualificado" e "ser patrão" (isto é, estabelecer-se por
Exemplo: através de um questionário auto-aplicado, distri- conta própria, ter seu negócio), são "idéias" de primeiro ano. S r
buído a 5.158 jovens aprendizes (4.563 respostas recebidas) que " técnico de nível médio" (outra aspiração sócio-profissional, qu •
se preparavam, em quatro escolas, para obter o Certificado implica a integração industrial), é uma idéia que toca mais nitida-
de Aptidão Profissional, os promotores da enqu.ête quiseram mente os de 3.º ano.
(objeto da enquête) definir a "mentalidade" dos aprendizes esco-
larizados. A questão que aqui consideramos (questão 28, tirada do Outro exemplo de gráfico:
relatório de Schielé e Monjardet: "Les Apprentis Scolarisés", Édi-
tions Ouvrieres) era a seguinte: "Qual é a situação profissional que Na enquête sobre os hábitos e as op1moes dos consumidores
penso, mais tarde, atingir". Essa questão, segundo os autores, dos seis países da Comunidade Européia e mais a Grã-Bretanha
devia sondar as aspirações sócio-profissionais. (enquête do Reader's Digest intitulada: 221.750.000 Consumidores),
os autores representam assim os resultados da questão aberta
seguinte, ou questão de imigração forçada:
RESULTADOS ESTATÍSTICOS
"Se você ou sua família fossem obrigados a instalar-se no
% por ano estrangeiro para trabalhar, para qual país vocês prefeririam ir?"
de aprendizagem (Pode-se indagar se esta pergunta não representa uma pergunta
indireta sobre o grau de simpatia e de confiança dos habitantes de
cada país considerado para com os outros países e especialmente
para com os países da Comunidade Européia.)
40 (Por outro lado, a própria noção de "emigração" é mais ou
menos facilmente aceita e a pergunta mede também, indiretamente,
o grau de mobilidade virtual da população.)
No gráfico adiante a diferença entre 100% e o total das "emi-
30 grações" representa o número daqueles que não escolheram nenhum
país ou que não têm opinião.
++-1- 39ano
20 29ano
19ano
10
76
77
PAfSES ESCOLHIDOS EM CASO DE EMIGRAÇÃO FORÇADA • OS COMENTÁRIOS DOS OBJETIVOS E DOS RESULTADOS.
• A ENQUETE PSICOSSOCIAL COMO MEIO DE CONHECER UMA POPULAÇÃO Sob este aspecto típico, a enquête psicossocial . tem pre~isa-
OU UM "SETOR", PREVIAMENTE A TODA COMPREENSÃO DO QUE Af
SE PASSA, mente por objeto mostrar aquilo que exist~ como :e~hdades psic~s-
sociais latentes, acessíveis somente à pesqmsa metodi~. ~ra, a aç~~
Conhecer o seu setor rural para uma assistente rural. . . conhe- social, as decisões dos responsáveis por entida~es. sociais, como Jª
cer a mentalidade dos jovens numa "zona" suburbana mais ou enfatizamos desde a introdução, têm como obJetlvos responder:_ a
menos infestada de delinqüentes ou de prostituição. . . conhecer o essas necessidades ou a essas expectativas, prever sua evoluçao,
meio operário de tal fábrica ou de tal região. . . é apropriar-se da organizar a mudança. .
única possibilidade séria de compreender posteriormente os 1. Sob esse aspecto, a enquête social é tipicamente psicoss_o-
fenômenos coletivos que aparecerão nessa "população", de perce- cial, na medida em que não toma mais por. obJ:to a compd~dnsd~
ber seus sinais e de prevê-los. Isso é tão verdadeiro que todo das estruturas sociológicas, mas a determmaçao e a n:e i a .
responsável por uma ação social é rapidamente levado a fazer fenômenos psicológicos coletivos: n~cessi_dades, expectativas, aspi-
"sua própria experiência" do meio que lhe interessa. Ele o faz rações, motivações, percepção das sltuaçoes. . . . . .
segundo o modelo da enquête jornalística ou da coleta de im-
2. Seus métodos serão, pois, os da enquête p~icossocial. S~
pressões pessoais. As técnicas da enquête psicossocial vão permi- a observação metódica (cf. R. Mucchielli, L'observation psychologt-
82
83
que) é por vezes po sível, se a entrevista de grupo é freqüentemente A pe quisa de mercado tem como objeto saber o que as pessoa ·
útil (cf. R. Mucchielli, L'interview de group) é, regra geral, o mé- querem ou desejam comprar, aquilo de que elas têm vontade,
todo do questionário aplicado por entrevistadores que continua aquilo de que têm necessidade; chegam assim a prever por dife-
sendo o mais fecundo, com todas as exigências de sua elaboração rentes métodos, a clientela virtual para um produto que não existe,
científica, da qual detalhamos as etapas. a não ser como possibilidade. Pode-se compreender quanto es '
Em conclusão, impõe-se a formação dos trabalhadores sociais conhecimento interessa a quem pode ou poderá produzir, ou dirigir
e ~os responsáveis por entidades sociais nos métodos da enquête sua produção no sentido de um ajustamento a essa clientela virtual.
· ps1cossocial. Antes de mais nada, são os métodos do questionário A pesquisa de mercado leva portanto a produzir aquilo que tem
que lhes serão úteis, entendendo-se por isso o conjunto dos métodos chances de ser vendido. Ela tem sua continuação - após a fabrica-
que, partindo do questionário mais "estruturado" e de auto-aplica- ção - pela ~ublicidade, que terá por objetivo fazer comprar aquilo
ção vão até a entrevista centrada no tema, praticada em forma que foi fabricado.
de entrevista não-diretiva (individual ou de grupo).
Em certo sentido e nesse domínio, este volume dedicado ao Pesquisa de mercado (objetivos e meios) e publicidade (objeti-
questionário e o precedente, consagrado à entrevista face a face * vos e meios) formam juntas um setor importante do marketing.
formam os dois pólos desse conjunto metodológico. N.B. - Para maiores detalhes sobre este ponto, ver R. Mucchielli,
"Psychologie de la publicité et de la propagande".
84 85
2.º A análise do comportamento de consumidores num painel. pela verificação detalhada das faturas e dos estoques r elativos ao
Aqui, o grupo-piloto é o próprio painel (onde todos os indivíduos produto, junto a um grupo de varejistas.
têm características objetivas conhecidas). É possível servir-se do Esses varejistas podem ser selecionados por um cálculo de
painel não apenas (como é o caso, na en,quête propriamente dita) amostragem preciso. Quando a empresa ou firma tem sucursais,
para estudar a evolução das necessidades e das compras, mas tam-
o conjunto destas pode representar o grupo-piloto.
bém para categorizar a clientela virtual.
2.º As lojas-piloto. - Este método consiste em analisar as
b) As segundas correspondem aos métodos que estudamos ao vendas de produtos variados, em uma ou várias lojas-piloto, inde-
longo desta obra. pendentes umas das outras e situadas em diversas localidades,
Vemos aí a aplicação pura e simples, em todos os detalhes, dos amostras essas mais ou menos expressamente determinadas.
métodos, técnicas e procedimentos da enquête psicossocial; e o A característica essencial desse método - e que o diferencia
questionário (auto-aplicado ou aplicado por entrevistador) é am- do precedente - é que ele pode assumir todas as características
piamente utilizado. de uma espionagem comercial da concorrência.
c) Incluem-se aí, também, os métodos específicos relativos à O responsável pela loja-piloto fica preso ao sigilo prometido
~nálise de vendas, · métodos que, embora fazendo parte de vasta ao fabricante e este, sem "empurrar" seus próprios produtos (o
área do marketing, referem-se tanto aos problemas da publicidade que falsearia os resultados) analisa comparativamente pelas fatu-
quanto aos da pesquisa de mercado. Trataremos disso a propósito ras e pelos estoques, a venda de todos os produtos da loja e, eviden-
da publicidade. temente, os de seus concorrentes.
Pelos resultados, é possível perceber a maneira como "se com-
portam" as vendas.
Complicando um pouco o mesmo método, pode-se ligá-lo à
pesquisa de mercado. Basta, de fato, que um pesquisador-obser-
A enquête psicossocial em suas vador possa anotar na própria loja as características dos clientes-
3 aplicações à publicidade -compradores (do ou dos produtos estudados, para ter-se uma idéia
precisa da "clientela" do produto (numerosos desdobramentos são
possíveis, porque se pode combinar o sistema com um questionário
curto).
Somos obrigados a diferenciar aqui vanos campos, segundo
os objetivos gerais: o controle de vendas, aliad<::l ao controle de pu- Orientando-se diferentemente o mesmo método, a loja-piloto
blicidade; a organização da publicidade; a ação psicológica com pode também ser utilizada para:
objetivos publicitários. experimentar um novo produto antes de sua fabricação em
Considerando que um volume inteiro é consagrado a essas série;
questões e especialmente às duas últimas (cf. R. Mucchielli, Psycho- controlar uma idéia de publicidade antes de lançar a publi-
logie de la publicité et de la propagande) vamos nos ater a algu-· cidade em grande escala;
mas observações de caráter geral comparativas com as enquêtes registrar as queixas dos compradores ou suas observações
psicossociais. contra o produto ou os produtos dos concorrentes (donde
a dedução de motivações negativas e orientação da publi-
• O CONTROLE DE VENDAS. cidade posterior).
Para controlar as vendas, isto é, para ficar sabendo aquilo que
• A ENQUETE DE MOTIVAÇÕES EM FUNÇÃO DA PUBLICIDADE.
se vende ou não se vende, é necessário elaborar uma forma de en-
quête psicossocial utilizando métodos específicos. Vimos a propósito dos estudos de motivações (cf. A Entrevista
l .º O grupo-piloto de varejistas. - Trata-se de um método co- Não-Diretiva*, 5.a Exposição, cap. 2: A entrevista na enquête de
nhecido pelo nome da empresa que o criou, o método 1ndice Niel- motivação), a própria noção de motivação e os métodos de análise.
scn, qué consiste em avaliar as vendas de um determinado produto ( *) Publicado nesta coleção.
86 87
Além disso, a noção de motivação já foi objeto de uma análise A enquête psicossocial na
completa, no nosso livro Psychologie de la publicité et de la pro-
pagande.
4 ação psicológica
f l~~!tsFef:1~
nível dos próprios pesquisados, produzir modificações de opinião é aplicada (cf. R. Mucchielli, L'Interview de groupe). .
ou de conduta.
Esta orientação da enquête ativa é uma aplicação do fato cons- ma ;ã~o:;~:;o~~:!i~ t:\~~b~~º~fti~~f
tatado de que os indivíduos submetidos à enquête são modificados que se servem de suas desco ertas, que po e
pela enquête antes de qualquer conhecimento dos resultados. São psicossocial um instrumento sutil da propaganda.
levados a refletir sobre questões até então ignoradas ou minimiza-
das. Já observamos, por exemplo, que as pessoas que compõem
90
91
CONCLUSÃO
3
Bibliografia Sumária
As obras marcadas com um asterisco são de leitura mais fácil ou são mais
centradas no assunto em questão. O sinal • indica as obras disponíveis
em língua portuguesa.
96 97
• A Análise de Conteúdo, Livraria Martins Fontes Editora, ão
Paulo.
Psychologie de la vie conjuga/e (l.ª edição, 1974).
L'observation psychologique et psycho-sociologique (l.ª edição, 1975) .
Le travai! en équipe (1.ª edição, 1975).
• O Trabalho em Equipe, Livraria Martins Fontes Editora, São
Paulo.
Psychologie de la relation d'autorité (l.ª edição, 1976). ANEXOS
• Psicologia da Relação de Autoridade, Livraria Martins Fontes
Editora, São Paulo.
Psycho-sociologie d'une commune rurale (l.ª edição, 1976).
Quadro I
100 25 - 74 42 - 57 LÉXICO
soo 85 - 415 195 - 305
10 1000 168 - 832 388 - 612
5 000 830 - 4170 1935 - 3065
10 000 1650 8350 3870 - 6130
100 40 - 60 46 - 53
500 180 - 315 225 - 270
50 1 000 362 - 638 454 - 546
5 000 1800 - 3200 2270 - 2830
10 000 3580 - 6420 4530 - 5470
500 205 - 295 235 - 265
100 1000 406 - 594 469 - 531
5 000 2010 - 2990 2340 - 2660
10 000 4020 - 5980 4680 - 5320
102
ABERTA (Questão): Questão que distinguir a amostra ao acaso (cha-
não comporta resposta previamente mada também aleatória ou probabi-
codificada (Questão fechada) e para lística), amostra por cotas ... e mui-
a qual o entrevistado formula livre- tas outras variedades resultando de
mente uma resposta dizendo o que métodos de amostragem mais com-
pensa (por escrito ou oralmente). plexos.
Essa resposta deverá ser posterior-
AMOSTRA A PRIORI (Amostra-
mente analisada e codificada.
-mestra): Constituição prévia e a
ALEATÓRIO: Do latim alea: jogo priori de uma amostra "ampla" da
de dados. Por extensão: acaso, in- qual será "retirada" a amostra real
certeza, não previsível, indetermi- para umá enquête de acordo com os
nado. objetivos desta. Por definição a
Na linguagem corrente a palavra amostra a priori é uma espécie de
aleatória significa submetido ao aca- "reserva" bem determinada, conhe-
so, imprevisível. cida e polivalente, que permite obter
rapidamente uma amostra particular.
Em linguagem técnica, um evento
aleatório pertence ao campo das leis ANALISE DE CONTEúDO: Método
do cálculo de probabilidades e pode de inventário, de apuração e de dis-
ser representado segundo um mode- tribuição em categorias dos elementos
lo probabilista. e aspectos significativos de uma
No que se refere à enquête psicos- "comunicação" (informação, mensa-
social, chama-se sondagem aleatória gens, textos escritos, textos falados,
uma sondagem que é realizada com mímicas, filmes, etc ... ). Os métodos
uma amostra de pessoas sorteadas de análise são qualitativos e quanti-
ao acaso. Só a sondagem aleatória tativos e levam a resultados objetivos
se presta ao emprego do cálculo das · e a avaliações mensuráveis. Variam
probabilidades estatísticas. conforme os objetivos da operação,
desde a simples classificação dos da-
AMOSTRA: Uma amostra é parte de dos por categorias ou temas, até as
uma quantidade que permite, através análises lingüisticas.
da sua apreciação, conhecer o todo.
AREAS, (Métodos das) ou AREO-
Assim, pode-se retirar "uma amos-
LAR: De area, palavra latina que
tra" de vinho, de leite, de trigo, de
significa superficie limitada. Em esta-
tecido. As características da amostra
tística aplicada à psicologia da vida
são as mesmas do todo na medida
social o método das áreas consiste
em que os "elementos" são perfei-
em fazer a amostragem das áreas
tamente homogêneos e idênticos.
(dos territórios limitados) cuja po-
Na enquête por sondagem, cha,ma- pulação será submetida à enquête.
-se amostra uma certa porcentagem
representativa da população que se AREOLAR: ver Areas.
quer estudar.
ATITUDE: No sentido comum signi-
A determinação da amostra quan- fica pose corporal expressiva. Em
do o todo é heterogêneo, como no sentido social corrente é um com-
caso das realidades humanas, impli- portamento significativo face a outra
ca numerosos problemas. Pode-se pessoa.
I
Est ritamente falando, uma atitude dido que a existência de gr ande quais os homens procuram satisfazer ticas da "população" da enquête . ..
é uma tomada de posição geradora de número de desvios alter a e chega a suas necessidades de consumo. divide-se essa população em "sub-
opiniões e de ações referentes a um anular o valor dos resultados. 2. 2 ) A economia é a ciência que -conjuntos" (ou sub-populações)
problema ou em determinadas cir- trata das trocas econômicas, isto é, a chamadas estratos. Esta divisão é
DIAGNOSTICO DE EMPRESA: Pes-
cunstâncias. Esta tomada de posição circulação das mercadorias, e as rela- feita segundo categorias ou critérios.
quisa que tem por objeto tirar, do
pode ser a atualização de uma atitude ções dos homens durante estas trocas. Por definição, um estrato é um sub-
conjunto dos fatores (estruturas, conjunto homogêneo, isto é, que rea-
latente, isto é, de uma predisposição
tecnologia, grupos humanos ... ) que 3. 2 ) A economia, como ciência
(crônica e habitual ou, ao contrário, grupa indivíduos que apresentam
agem sobre a empresa, informações prospectiva, se empenha em pensar
de reação a uma experiência ou a características comuns.
exatas sobre a . situação atual, a fim racionalmente a ordenação e a repar-
circunstâncias ) a perceber de uma
de prever as possíveis próximas evo- tição dos meios de produção e de ESTRUTURA: Num primeir o senti-
certa maneira os problemas e a res-
luções em função das intervenções riqueza para aumentar o bem-estar. do a estrutura é a forma de organi-
ponder num certo sentido. Mais
. que devem ser efetuadas. O objetivo zação de um conjunto de coisas, de
profundamente, fala-se de atitudes ENTREVISTA: Deve ser estabelecida
de um diagnóstico de empresa é, por partes ou de forças, que constituem
existenciais para designar as estru- uma nítida diferença entre a entre-
exemplo, poder ver a ação com maior um todo unificado ou específico.
turas da afetividade que determinam vista no sentido de entrevista de face
clareza. Num segundo sentido, a est r utura
os significados pessoais constantes do a face conduzida de modo não-dire-
que é vivenciado. Desenvolve-se em várias fases: é uma forma dinâmica, que repre-
tivo para compreender os problemas
1.2) Observação dos fatos; senta uma espécie de constante da
BIAS: (ver Desvio). vividos por um sujeito-cliente ... e a
2.0) Diagnóstico propriamente dito entrevista que consiste em colher as personalidade, dando uma certa coe-
(isto é, determinação e explicação "do opiniões ou as impressões de um rência de significado ao que é per-
CARACTERISTICAS: Critérios espe-
que se passa" ) ; indivíduo durante uma enquête psi- cebido e uma certa "forma" à reação
cificos que permitem determinar uma
3. 2 ) Prognóstico ou previsões. cossocial. No pólo 1 situam-se a en- afetiva ou de comportamento.
população de enquête. A população é
determinada de modo objetivo pelo DISTANCIA SOCIAL: Palavra que trevista clínica, a entrevista em pro- ESTUDO DE MERCADO: (Ver
fato de seus membros sociais terem serve .para designar a separação obje- fundidade, a entrevista de ajuda. No Mercado).
em comum as características esco- tiva ou subjetiva entre as pessoas, pólo 2, a entrevista centrada sobre
EXPECTAÇÃO: Espera (no sent ido
lhidas. isto é, a ausência ou a raridade dos temas, a entrevista com questões
de esperar algo); expectativa ou
contatos e da comunicação inter-hu- abertas e a entrevista com questio-
DEMOGRAFIA: Ciência estatística conjunto das expectativas de um in-
mana. Em um sentido secundário o nário.
da população. Estudos quantitativos divíduo relativas à realização de si
sobre as populações humanas. O ter- termo significa a diferença de status ESCALA DE ATITUDES: Procedi- mesmo ou à promoção que ele es-
mo data de meados do século XIX. sociais. mentos ou técnicas que procuram pera do futuro a prazo mais ou me-
Esta ciência tem duas dimensões medir a "intensidade" das opiniões nos longo.
ECONOMETRIA: Etimologicamente
principais : a econometria é a medida dos fenôme- ou das reações de um sujeito com EXTRAPOLAÇÃO: A extrapolação
nos econômicos e a aplicação da referência a um "objeto" de opinião. é a extensão de um resultado, de
1.2) Estudo dos fatos e das estru- Para tanto as atitudes são localizadas
turas demográficas num momento matemática, especialmente da esta- uma experiência ou da compreensão
tística, ao estudo dos fatos e dos numa espécie de quadro das atitudes de um processo . . . a campos mais
dado (composição da população por possíveis entre dois extremos, ou en-
idade, por sexo, por profissão, por processos econômicos. amplos que não são conhecidos di-
Num sentido particular, a econo- tão, numa relação hierarquizada de retamente mas que têm relação com
local de residência, etc . . . ) ; opiniões possíveis sobre esse "objeto".
metria procura verificar as leis eco- o campo restrito da investigação. A
2.0) Estudo das variações demográ- nômicas ou adaptar a gestão das Várias técnicas foram elaboradas: extrapolação é uma espécie de ge-
ficas, isto é, dos movimentos de po- empresas à realidade das leis econô- Escala de Bogardus, de Thurstone, de neralização.
pulação. micas. Likert, de Guttman, etc ...
FECHADA (Questão): Questão cujas
DESVIO : Na linguagem técnica da ECONOMIA: Existem três sentidos ESTRATO: Em certos casos em que respostas possíveis são previstas de
psicologia social, um desvio é uma próximos : a amostra direta não é facilmente · antemão e apresentadas de tal for-
deformação introduzida numa ou 1.2 ) A economia é a ciência que determinável, geralmente em razão m a que a pessoa que responde ne-
noutra etapa da enquête. Fica enten- estuda os fenômenos através dos do número e das diversas caracterís- cessita apenas assinalar uma delas.
II III
FEEDBACK: Retroação, efeito de MARKETING: Palavra inglesa que MOTIVAÇOK : Em s ntldo corrente, que significa que as questões Rllo
retorno. Em cibernética o feedback é significa colocação à venda. No sen- força psicológica inconsciente que "abertas" (Os entrevistados formu
tido técnico atual, significa a or- "empurra" os indivíduos humanos Iam suas próprias respostas com seus
um dispositivo que permite agir so-
bre o começo de uma operação ganização racional da venda de pro- para um certo tipo de objetivos ou próprios termos e segundo sua "livr«•"
"injetando" uma informação captada dutos fabricados ou de serviços. para um certo tipo de reações. iniciativa) e serão posteriormcnt
a partir dos resultados. Na linguagem científica da psicolo- analisados e codificados.
O marketing engloba: os estudos
Em psicologia social o feedback é de mercado (permitindo a previsão gia é uma orientação persistente do PROJETIVO (teste ) : Teste destinado
o conhecimento dos resultados de racional das vendas pela determina- comportamento n~o-refletido que se a estudar a personalidade profunda
uma enquête pela população que foi ção dos clientes possíveis), a adap- manifesta sob forma de interesses dos sujeitos submetidos a um exame>
submetida a ela. tação dos produtos aos clientes, a constantes, de necessidades, de ten- psicológico, através de suas interprl'
organização dos planos e programas são gerada por um certo tipo de tações significativas provocadas por
Em Pedagogia, chama-se feedback
de publicidade, a preparação direta "objetos que satisfazem" ou por "si- material especial.
a uma circulação de informações que,
dos vendedores, a organização da tuações que trazem satisfação" , ou
partindo do receptor em direção do QUANTIFICAÇÃO: Tipo de avalia
rede de vendas. mesmo sob forma de atitudes.
emissor, permite a este adaptar a ção resultando em medidas numérica
sua emissão. NORMA: Regra, lei ou exemplo que e em números.
MASS-MEDIA: Meios de comunica-
ção de massas, isto é, capazes de temos como referência.
FILTRO: Questão que permite eli- QUESTIONARIO: Seqüência de pro-
minar uma categoria de entrevis- veicular uma mesma informação PAINEL: No sentido literal do termo
para um número bastante elevado posições que têm uma forma deter
tados (ou uma categoria de respos- inglês (panel) significa: lista de
de pessoas (jornais, rádio, televisão, minada e distribuídas numa certn
tas), para os quais se reserva um especialistas. Em sua aplicação à psi-
cinema, cartazes, etc.). ordem, para as quais se solicita n
tratamento diferente. cologia social e aos métodos de en-
opinião, o julgamento ou a avaliação
quête, o painel é um conjunto de
HIPóTESE: Proposição admitida a MEIO AMBIENTE: Designa o con- do sujeito que se interroga.
indivíduos caracterizado e conhecido,
título provisório e que deve ser veri- junto das relações vivenciadas por
constituindo uma espécie de amostra SOCIOLOGIA: Termo criado por Au -
ficada (confirmada, modificada ou um organismo ou um sujeito com o
fixa de uma determinada população. gusto Comte na metade do século
desmentida) pela experiência. meio em que vive e suas condições.
É para essa amostra fixa que são XIX; esta palavra substitui a expres-
MERCADO: (Estudo de ... ): Pesqui- apresentados os questionários suces- são "física social" empregada ante-
INDIVIDUO: Por definição, chama- sivos em diversos períodos.
-se individuo em psicologia social e sa sobre aquilo de que as pessoas riormente pelo mesmo autor. No seu
especialmente no que se refere às necessitam ou de que têm vontade. PLACEBO: Chama-se assim uma sentido mais geral, a sociologia é o
amostras, o elemento de uma "popu - Procura assim avaliar por anteci- substância quimicamente inerte que estudo das sociedades humanas e dos
lação", sabendo-se que se chama pação, racionalmente, as possibilida- é "dotada" de propriedades terapêu- fenômenos sociais globais. Em sentido
"população" o conjunto que é obje- des de compra para um produto ticas. . . tais como comprimidos de estrito, é o estudo dos grupos sociais
to de uma enquête, qualquer que determinado e que poderá (ou não) miolo de pão. . . capazes de fazer e de suas instituições.
seja este conjunto. ser vendido. Com relação à publici- melhorar o doente contanto que ele
dade, podemos definir o estudo de SONDAGEM: Em sentido estrito, a
O termo não tem aqui o sentido acredite tratar-se de um verdadeiro
mercado como tendo por objetivo sondagem é o exame, com auxmo
vulgar e é estreitamente ligado ao remédio. A eficácia dos placebos vem
levar a produzir aquilo que poderá de uma sonda, da natureza ou da
sentido técnico de "população" em da sugestão.
ser vendido, enquanto que a publi- profundidade de um objeto distante
termos estatisticos. POPULAÇÃO: (de uma enquête): Ver e ao qual não se tem acesso direta-
cidade procura vender o que foi fa-
Universo no último sentido. mente. Em psicologia social, uma
ITEM: Elemento constitutivo de uma bricado.
sondagem de opiniões é uma pesquisa
questão, de uma escala, de um teste. PÓS-CODIFICADO: Ver Pré-Codi-
MONOGRAFIA: Chamamos mono- de opinião efetuada com um pequeno
Corresponde a um elemento do re- ficado.
grafia o estudo aprofundado de um número de pessoas (amostra) repre -
sultado quantificável. Se a questão PR:e-CODIFICADO (questionário): sentativo de uma população da
caso particular envolvendo um con-
é simples e única, ela própria é um Conjunto de questões "fechadas" (Ver qual se procura conhecer a opinião
junto real bem definido.
item. Fechada) . Opõe-se a pós-codificado, dominante.
IV V
TESTE: Procedimento que procura que devem ser compreendidas (objeto
medir especificamente as funções ou da psicologia clinica).
as reações de um sujeito através da
maneira de realizar uma tarefa pre- Em psicologia social, o termo uni-
cisa. O teste é uma microssituação verso é relativo a um grupo social.
construída de modo a exigir uma Só é possível falar de "universo de
aptidão particular para resolvê-la. enquête" referindo-se implicitamente
Cada teste é objeto, antes de sua utili- ao modo como um grupo determi-
zação normal, de estudos de fidelidade nado vive, pensa, age, reage, percebe.
e de validade. O universo da enquête, em sentido
estrito, é a realidade coletiva da qual
UNIVERSO: A noção de universo as reações psicológicas devem ser
vem da psicologia animal (von estudadas pela enquête. Daí o sentido
Uexküll) e da Ecologia (descrição habitual de "universo" em psicologia
dos "mundos" particulares de cada social: significa praticamente a popu-
espécie animal. O "mundo" da mosca lação estudada pela enquête, isto é,
não é o mesmo do orangotango). Em o conjunto humano caracterizado
psicologia individual, a noção de cujas opiniões, necessidades, reações,
universo (diz-se mais "universo pri- etc., se procura conhecer. A popula-
vado") designa o sistema das signi-
ficações pessoais que um sujeito
ção é "caracterizada" o que quer dizer Segunda Parte
que ela tem de comum, objetiva-
humano dá à sua existência e àquilo mente, características conhecidas per-
que constitui sua existência cotidiana.
Considera-se hoje que esse universo
mitindo o que se chamará a "identi-
ficação" psicossocial dos "indivíduos"
PRÁTICA
singular e integralmente vivenciado deste grupo.
tem estruturas latentes, "constantes"
VI