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Laênio Loche*
loche@livrepensamento.com.br
Para superar o primeiro motivo, dificuldades discentes, muitas instituições, além de alerta-
rem a sociedade sobre o problema, ofertam reforços pedagógicos no sentido de compensar a defa-
sagem.
Referente ao segundo motivo, deficiência instrucional, excetuando o conteúdo programá-
tico, as didáticas e avaliações praticadas nas IES normalmente não trabalham intencionalmente
o desenvolvimento das competências e habilidades, sobretudo cognitivas, e também não exercitam,
de maneira mais orientada, a aplicação dos conteúdos à realidade brasileira e mundial. Portanto, dos
3 objetivos avaliados pelo ENADE, de maneira geral, apenas o primeiro (conteúdo programático)
é contemplado a contento pelas instituições de ensino superior.
Os alunos são avaliados pelo MEC de uma forma que, salvo algumas exceções, não corres-
ponde às experiências de ensino-aprendizagem vivenciadas no ambiente acadêmico. Para eliminar tal
condição as instituições começam a cobrar dos docentes atuações alinhadas com o modelo avaliativo
adotado pelo Ministério da Educação.
No que tange a associação dos conteúdos com a realidade brasileira e mundial geralmente os
professores não sentem dificuldade, pois, dentre outras ações, consiste em propiciar exemplos, fatos
e casuísticas nacionais e internacionais, principalmente contemporâneos, além de propor problemá-
ticas de natureza regional e global sobre as quais os alunos devam aplicar o conhecimento aprendido.
O problema surge no como desenvolver as competências e habilidades cognitivas através
das mais diferentes disciplinas, dos mais diversificados cursos. Os professores passam a ser cobrados
sobre uma atribuição para qual a grande maioria não foi preparada tecnicamente.
Pode-se questionar a pertinência da importância atribuída às competências e habilidades.
Para compreendê-la é necessária a contextualização da sociedade no momento atual. Nesse início de
terceiro milênio, o problema já não é, na maioria das áreas de conhecimento, a escassez de informa-
ções, mas justamente o contrário, o excesso. Há muita quantidade, mas pouca qualidade.
O reflexo da sobrecarga informacional na educação se manifesta na condição de boa parte
do conteúdo curricular ser cada vez mais transitório. A transitoriedade curricular ocorre por vários
motivos:
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Os dois exemplos abordam o mesmo conteúdo, contudo diferem nas operações mentais
exigidas. Repare que o primeiro, transmissivo, solicita a definição das modalidades sócio-
emocionais. Em tese o aluno realiza a habilidade cognitiva de definir, porém o exercício apresenta
alta probabilidade de tornar-se apenas mnemônico ou de cópia, caso o aluno tenha decorado ou
acesse a informação pronta em livros, artigos, sites ou qualquer outra fonte. Ela propicia o recurso
do copy/paste e em provas predispõe a cola através do papel escondido.
A segunda atividade, reflexiva, trabalha o conteúdo conceitual associado às habilidades
de:
1. Analisar, pois exige do aluno decompor em partes cada uma das situações descritas.
2. Interpretar, pois para responder o aluno deve atribuir significado aos exemplos
fornecidos
3. Classificar, conforme a interpretação o aluno aponta a correspondência com o conceito
mais adequado (tipo de resposta sócio-emocional).
Perguntamos ao leitor: qual dos dois modelos de atividade propicia ao aluno pensar e
aprender de maneira significativa?
Imagine então todas as aulas, disciplinas e atividades acadêmicas predominarem no estilo
mais reflexivo, estimulando o pensamento crítico dos alunos. Qual o efeito disso na aprendizagem?
E na motivação dos alunos?
Mais do que nunca é necessário qualificar o corpo docente das IES para uma didática do
pensamento crítico.
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