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do Distrito do Funchal
(1835 - 1892) e (1901 – 1976)
ALBERTO VIEIRA
(Coordenação)
A Junta Geral do Distrito do Funchal
(1835 - 1892) E (1901 – 1976)
COORDENAÇÃO
ALBERTO VIEIRA
COORDENAÇÃO
ALBERTO VIEIRA
TEXTOS PRINCIPAIS
José Emanuel Ferraz Janes /Alberto Vieira
PARTICIPAÇÃO DE INVESTIGAÇÃO E TEXTOS: Alexandra
Spranger Saldanha Cardoso, Amílcar Pereira, Ana Madalena
Trigo de Sousa, Ana Salgueiro, Gabriel Pita, Marília Bruna Freitas,
Manuel Esteves, Odeta Pereira.
COLEÇÃO:
Deve & Haver, N.º 4
EDIÇÃO:
Email: geral.ceha@gov-madeira.pt
Webpage: http://ceha.gov-madeira.pt/
O DEVE E O HAVER.
Projeto de Investigação sobre as Finanças e Instituições da Madeira
VOLUMES PUBLICADOS
n.º 1.A.: VIEIRA, Alberto: O Deve e o Haver das Finanças da Madeira. Finanças
Públicas e Fiscalidade na Madeira nos Séculos XV a XXI. Funchal, 2014. ISBN:
978-972-8263-75-1, vols: 2 [em Formato digital com folheto]
n.º 1.B.: VIEIRA, Alberto: Credit and Debit in Madeira Finance. Public Finance and
Tax System in Madeira from the 15th to the 21st Centuries. Funchal, 2014. ISBN:
978-972-8263-76-8 vols: 2 [Formato digital com folheto]
n.º 2.A.: VIEIRA, Alberto: Entender o Deve e o Haver das Finanças da Madeira.
Funchal, 2014. ISBN: 978-972-8263-77-5, vols: 1 [Formato papel]
n.º 2.B.: VIEIRA, Alberto: Understanding Credit and Debit in Madeira Finance.
Funchal, 2014. ISBN: 978-972-8263-78-2, vols: 1 [Formato papel]
n.º 3.A.: FARIA, Cláudia, ALVES, Graça, GOMES, Sandra, Paisagens Literárias.
(Quadros da Madeira). Funchal, 2014. ISBN: 978-972-8263-79-9, vols: 1
[Formato digital com folheto]
n.º 3.B.: FARIA, Cláudia, ALVES, Graça, GOMES, Sandra, Literary Landscapes
(Sketches of Madeira Island). Funchal, 2014. ISBN: 978-972-8263-80-5, vols: 1
[Formato digital com folheto]
n.º 4.: VIEIRA, Alberto (Coordenação): Debates Parlamentares. 1821-2010. Funchal,
2014. ISBN: 978-972-8263-81-2, vols: 1, [Formato digital com folheto]
n.º 5.: VIEIRA, Alberto: Dicionário de Finanças Públicas. Conceitos, Instituições,
Funcionários. Funchal, 2014. ISBN: 978-972-8263-84-3, vols: 1, [Formato digi
tal com folheto]
n.º 6.: VIEIRA, Alberto: Dicionário de Impostos. Contribuições, Direitos, Impostos,
Rendas e Tributos. Funchal, 2014. ISBN: 978-972-8263-83-6, vols: 1 [Formato
digital com folheto]
n.º 7.: VIEIRA, Alberto: Livro das Citações do Deve & Haver das Finanças da Madeira.
Funchal, 2014. ISBN: 978-972-8263-82-9, vols: 1 [Formato digital com folheto]
n.º 8.: VIEIRA, Alberto: Cronologia. A História das Instituições, Finanças e Impostos.
Funchal, 2014. ISBN: 978-972-8263-85-0, vols: 1 [Formato digital com folheto]
n.º 9.: VIEIRA, Alberto (Coordenação): Junta Geral do Distrito do Funchal (1835-
1892, 1901-1976). Funchal, 2014. ISBN: 978-972-8263-92-8, vols: 2 [Formato
digital com folheto]
n.º 10.: VIEIRA, Alberto (Coordenação): A Junta Agrícola do Distrito Autónomo
do Funchal (1911 – 1918). Funchal, 2014. ISBN 978-972-8263-93-5: vols: 2
[Formato digital com folheto]
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Junta Geral
ÍNDICE GERAL
7 Apresentação
9 Introdução
364 Conclusão
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APRESENTAÇÃO
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Junta Geral
INTRODUÇÃO
antes. Com esta última lei, aplicava-se à Junta Geral do Distrito do Funchal a
organização autonómica já estabelecida para alguns dos distritos açorianos, em
1895, e largamente reivindicada pelo povo madeirense.
A mudança de regime, em outubro de 1910, não implicou mudanças neste
quadro institucional, pois os vários governos da República pouco ou nada alteraram
o diploma de 1901; apenas em 1913, modificaram o número de procuradores à
Junta Geral, eleitos pelos vários concelhos da Madeira. O facto mais significativo
foi, sem dúvida, o compasso de espera na sua ação, por força do aparecimento da
Junta Agrícola (1911-1919), que capitalizou toda a atenção e obras públicas no seu
curto período de existência.
Com o Movimento de 28 de maio de 1926, em especial após a chegada de
Salazar ao poder e a consolidação do Estado Novo, vai haver lugar a mudanças no
estatuto autonómico da Junta Geral do Distrito do Funchal. A 16-02-1928, ainda
sem Salazar, o decreto n.º 15.035, com o argumento de que o estatuto vigente já
tinha muitos anos (era de 1901), tentava aperfeiçoar os serviços da Junta Geral,
proporcionando-lhe mais recursos financeiros. A composição da Junta passou de
15 para 25 procuradores efetivos, eleitos diretamente pelos eleitores do Distrito,
mas, em termos de competências e atribuições, continuavam mais ou menos as
mesmas.
A 30 de julho de 1928, já com Salazar no Governo, o decreto n.º 15.805, vinha
acrescentar algumas alterações ao anterior. No preâmbulo, dizia-se que os distritos
insulares gozavam, pelas suas condições geográficas e económicas, de uma relativa
autonomia havia mais de 30 anos e que, para manterem serviços que antes eram
responsabilidade do Estado, seriam entregues às Juntas Gerais as contribuições
diretas indispensáveis, recebendo o Estado apenas uma indemnização pelas
despesas de cobrança a seu cargo.
O novo regime da Junta Geral do Funchal ocasionava, porém, duplicação de
serviços, havendo repartições do Estado com uma restrita esfera de ação, como
sucedia nas obras públicas, daí que este diploma introduzisse como vogais natos,
os chefes dos principais serviços distritais. O preâmbulo deste diploma dizia que
era intenção do Governo conceder maior autonomia administrativa à Madeira,
dentro da unidade política do Estado, em condições favoráveis ao progresso dos
distritos insulanos e às finanças do Estado e fortalecida pelo decreto anterior de
16 de fevereiro de 1928. O aumento geral dos impostos, então decretado, e a sua
execução atribuídos às Juntas, vinha dar-lhes importantes aumentos de receita
que ainda não satisfaziam os aumentos das despesas a seu cargo.
O período entre 1926 e 1931 foi de grandes dificuldades económico-sociais,
para além da continuação da instabilidade governativa, o que naturalmente se
refletia na Madeira, com falência de bancos, fome, convulsões sociais. A nomeação
do Dr. João Figueira de Freitas para presidente da Comissão Administrativa da
Junta Geral era vista como uma possibilidade de encontrar soluções viáveis
para os problemas do distrito, até porque era ele o Presidente da Comissão
Distrital da União Nacional. Infelizmente, a sua gerência ficou marcada pelos
célebres acontecimentos da Revolta da Madeira e não foi bem sucedida, devido
essencialmente ao novo imposto criado aos madeirenses para colmatar os prejuízos
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Junta Geral
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Junta Geral
A Junta acabou por ser a instituição de ligação direta à realidade local, aquela,
que a par do município, mais fazia sentir a presença da figura do Estado. Daí a
importância a referência que a mesma assume no quotidiano distrital. Para as
ilhas, passado o primeiro momento em que tudo permaneceu igual ao continente,
aconteceu a segunda época, em que esta ganha uma dimensão inusitada no quadro
institucional e quotidiano dos insulares. É desses momentos que queremos aqui
e agora fazer a História desta instituição, fundamentalmente através da expressão
dos anseios e esperanças nela depositados pela população com das insistentes
reclamações daqueles que tiveram lugar como quadros dirigentes.
Falar da Junta será o mesmo que valorizar os anseios perdidos ou adiados de
progresso social e económico e a eterna esperança de que um dia o ilhéu saberá
que, para cá da Travessa, mandam os que cá estão e estes terão as condições
financeiras para realizar em pleno os anseios dos madeirenses.
Neste quadro, torna-se relevante analisar a múltipla legislação e códigos
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Junta Geral
1832-1940
A Junta Geral: A legislação e os códigos administrativos
1 SILVA, Henrique Dias da, Reformas Administrativas em Portugal desde o século XIX; 17 de ulho de 2013,https://www.
google.pt/?gfe_rd=cr&ei=AZKMU5_JMMXe8ge49YCwBg#q=reformas+administrativas+em+portugal+desde+o+se
culo+XIX+Henrique+Dias+da+silva.
2 José Xavier Mouzinho da Silveira foi Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Fazenda no Governo da regência
de D. Pedro.
3 Neste sentido, também SÁ, Victor de, A Reforma Administrativa Liberal que precedeu a de Mousinho da Silveira; in
Revista da Faculdade de Letras: História, 02, 1985, p. 201.
4 Ver a este propósito os artigos 30.º e ss.
5 Vide artigos 51.º e ss.
6 Artigos 60.º e ss.
7 O Prefeito é nomeado por carta régia expedida pela Secretaria do Estado dos Negócios do Reino e é remunerado -
artigos 4.º a 6.º e 31.º e 33.º.
8 Corpo do artigo 11.º.
9 Ou seja, era permitida a reeleição – artigo 12.º.
10 §§ 11.º a 13.º do sobredito artigo 11.º.
11 Eram eleitos na proporção de um Procurador por cada concelho que exista na província.
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exercer este cargo, era requisito essencial ter residência na província, sob pena de
nulidade.
A Junta Geral é convocada, anualmente, pelo Prefeito, na época designada
pelo Governo. As sessões duram 15 dias, prorrogáveis pelo Prefeito, por mais 8
dias. Os seus membros escolhem um para presidente e outro para secretário12. Só
pode ser dissolvida pelo Rei ou, nos Açores e na Madeira, pelo Prefeito, dissolução
essa que carecia de confirmação régia. As deliberações da Junta são tomadas,
tendo por base todos os documentos e informações que lhe são facultadas pelo
Prefeito, no primeiro dia da sessão – cf. artigo 19.º.
À Junta, eram dadas as seguintes atribuições:13 fazer a repartição das
contribuições diretas, e do recrutamento entre as comarcas da província; decidir
sobre os requerimentos para a redução feitas pelas Juntas da Comarca e as
Câmaras Municipais; impor as derramas e fintas necessárias para as despesas
de utilidade geral da província; contrair empréstimos, necessários para objetos
de utilidade geral da província, mas desde que tivessem autorização das Cortes;
celebrar contratos para a realização de obras de interesse geral; examinar e aprovar
as contas anuais de todos os rendimentos privativos da província em questão,
apresentadas pelo Prefeito; promover uma consulta geral sobre as necessidades,
melhoramentos e outras necessidades da província – este parecer era entregue ao
Prefeito que o enviava ao Rei. O Prefeito tem assento nas sessões da Junta, com
voto consultivo – artigo 18.º.
Sublinha a lei que, nos casos de contração de empréstimos e celebração
de contratos, para os invocados fins, cabe à Junta Geral a deliberação sobre o
objeto da obra e os termos e condições do contrato, porque a execução dessas
deliberações pertence sempre ao Prefeito. É portanto em 1832 que aparece este
corpo administrativo, então denominado Junta Geral da Província e que está na
génese da Junta Geral, nosso objeto de estudo.
A carta de lei de 25 de abril de 1835 veio estabelecer a divisão administrativa do
país. Dividiu o Reino, em 17 distritos, administrados por um magistrado nomeado
pelo Rei. Estes dividem-se em concelhos que possuem um Administrador escolhido
pelo Governo – exercem funções por 2 anos, mas podem ser reeleitos14. Em cada
um dos distritos, existirá uma Junta de distrito15. Este órgão é eleito e tem como
atribuições as que competiam às Juntas provinciais – pelo decreto n.º 23 de 16 de
maio de 183216. Os magistrados serão remunerados, mas os Administradores do
concelho não terão ordenado fixo17.
A carta de lei em análise autoriza, então, o Governo a proceder à divisão
administrativa do reino, nos termos aqui definidos18. E é na sequência daquela carta
de lei19 que surge este decreto de 18 de julho de 1835 que regula a organização
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do corrente ano para fazer provisoriamente e na conformidade da mesma lei a divisão administrativa do reino, assim
como os regulamentos indispensáveis para a sua execução, pondo em harmonia com as bases dela os demais ramos de
administração pública…
20 Capítulo I do decreto em análise.
21 § 4.º do artigo 10.º.
22 Diz o artigo 20.º: Ninguém sendo eleito, pode escusar-se senão por incompatibilidade de serviço declarada por lei, ou por
impossibilidade absoluta…. Cabe ao Conselho de distrito validar as escusas dos membros eleitos para a Junta.
23 A escusa está limitada aos casos previstos no § 2.º do artigo 22.º.
24 § 13.º do artigo 22.º.
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31 Artigo 189.
32 Artigo 197.
33 Artigo 69.
34 O Decreto de convocação determinará as matérias que serão tratadas nessa reunião extraordinária e a duração da
mesma – artigo 76.
35 Artigo 70.
36 Artigo 71.
37 Artigo 206.
38 Cfr. artigo 78.
39 Cabe também à Junta deliberar sobre o objeto da Obra e sobre os termos e condições do contrato; mas a execução das
deliberações cabe ao administrador geral - §§ 4 e 5 do mencionado artigo 77.
40 Filhos ilegítimos abandonados.
41 Onde as crianças eram deixadas, para que se preservasse a identidade de quem as abandonava.
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42 Artigo 207.
43 Artigo 208. Nos outros distritos, os corpos administrativos só podem ser dissolvidos por ordem do Rei.
44 A escolha será feita tendo em conta a população de cada Município – artigo 11.º § 1.º in fine. Prevê-se até que se um
Município tiver uma população diminuta, não podendo como tal eleger um procurador, os seus votos juntar-se-ão aos
do Município vizinho; neste caso a assembleia eleitoral, presidida pelo respetivo Presidente da Câmara, será na capital
do concelho mais populoso - §§ 2.º e 3.º do referido artigo.
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45 Ou como define o Estatuto dos Distritos Autónomos das Ilhas Adjacentes, é o órgão da administração distrital
autónoma, que exerce as suas atribuições e competência diretamente ou por intermédio de uma comissão executiva –
artigo 4.º.
46 Como dissemos, o Código Administrativo de 1837 qualifica-as mesmo como honoríficas e talvez por isso estabeleça
que os elegíveis para a Junta tinham de possuir uma determina renda anual.
47 Decreto de MOUZINHO DA SILVEIRA. Segundo o aqui estipulado, a organização administrativa dividia-se em
província, comarca e concelho. A província era governada por um prefeito na Junta Geral da Província. A comarca,
por um delegado da Junta da Comarca e o concelho, por um provedor na Câmara Municipal do Concelho. Todos estes
governadores eram cargos de nomeação régia – OURIQUE, Arnaldo; in O Governo das Ilhas Portuguesas no Final
do Século XX; comunicação parcialmente apresentada no Colóquio “Portugal e a governação das Ilhas”, organizado
pela Universidade dos Açores, Universidade Nova de Lisboa e Câmara Municipal da Praia da Vitória, de 28 a 30 de
novembro de 2002; p. 202, http://www.estig.ipbeja.pt/~ac_direito/Arnaldo_Ourique.pdf.
48 FRANCO, António de Sousa, As Finanças das Regiões Autónomas: uma Tentativa de Síntese, in Estudos de Direito
Regional, Lex, Lisboa 1997, p. 517.
49 AMARAL, Diogo Freitas do, Curso de Direito Administrativo, Volume I, 3.ª Ed., Almedina, Coimbra, p. 109; cit. por
SILVA, Henrique Dias da, Reformas Administrativas em Portugal desde o Século XIX, p. 69.
50 Neste sentido, MARCELO CAETANO, Os antecedentes da Reforma Administrativa de 1832, in Revista da Faculdade
de Direito da Universidade de Lisboa, Ano XXII, 1968-1968, pp. 22 e 23.
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55 In Revista de Direito Administrativo de 15 de outubro de 1892, citado por J. B. SERRA; As Reformas da Administração
local de 1872 a 1910; Análise Social, vol. XXIV (103-104), 1988 (4.º e 5.º), 1037-1066, pp. 1052 e 1053.
56 Marcelo CAETANO, A Codificação Administrativa em Portugal: Um Século de Experiência (1836-1935); Lisboa,
separata da Revista da Faculdade de Direito de Lisboa, 2.º ano.
57 SERRA, JOÃO B., ob. cit. p. 1052.
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58 O que aconteceu nos distritos de Ponta Delgada (através do decreto de 18 de novembro de 1895) e no de Angra do
Heroísmo (pelo decreto de 6 de outubro de 1898). O distrito da Horta não optou por este regime, pelo que estes dois
distritos adquiriram um modelo de autonomia administrativa semelhante ao do Código Administrativo de 1886.
59 Por isso não têm orçamento e tem funções muito limitadas.
60 Neste sentido, SOUSA FRANCO, ob. Cit. P. 518.
61 LEITE, José Guilherme Reis, A Autonomia dos Açores na Legislação Portuguesa, 1892 – 1974; Ed. Assembleia Regional
dos Açores, Horta 1987, p. 220.
62 Já que o Código Administrativo de 1936 diz expressamente que não se aplica às Ilhas Adjacentes.
63 Relembramos que a cobrança dos impostos era feita mensalmente pelo Estado, que cobrava os referidos 2% por este
“serviço” e que eram imediatamente deduzidos, antes da entrega da receita às Juntas.
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64 Refira-se o estipulado no artigo 83.º, que permite um adicional até 20% sobre as coletas de contribuições e impostos,
para além dos impostos diretos a que estavam sujeitos.
65 SOUSA FRANCO, ob. cit. pp. 518 e 519.
66 SOUSA FRANCO, ob. cit. p. 519.
67 Ob cit., p. 351.
68 SOUSA FRANCO, ob. cit. p. 519.º
69 Excetuam-se os concelhos de Lisboa e Porto que se dividem em bairros e estes em paróquias civis - § 2.º do artigo 1.º.
70 Reduziu os distritos a 11.
71 Artigos 202.º ss.
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deputados72 são diretas, feitas pelos cidadãos portugueses que têm o direito de
votar, os devidamente recenseados nos respetivos distritos e que saibam ler,
escrever e contar e que não sejam clérigos – artigos 364.º e ss73. São elegíveis para
o cargo de deputado à Junta Geral do Distrito, os cidadãos recenseados no distrito
como elegíveis para o cargo de deputado nas Cortes. O cargo é obrigatório, não
havendo causa de escusa e é remunerado, sendo pago pelo cofre do distrito –
artigos 214.º, 215.º, 216.º.
A Junta reúne-se obrigatoriamente no dia 1 de outubro de cada ano ou no dia
imediato, se for feriado. Cada sessão ordinária pode durar até 30 dias, prorrogável
até 15, por alvará do governador do distrito, ou até 30 dias, por decreto do Governo.
As prorrogações serão consideradas sessões extraordinárias – artigos 217.º a 219.º
Os governadores civis podem convocar sessões extraordinárias da Junta por
alvará, publicado na folha oficial do Governo e na do distrito, se existir. O Governo
também pode convocar sessões extraordinárias da Junta. O quórum exigido é o
da maioria simples74 – artigo 230.º - e os deputados elegem, de entre eles, um
presidente, um vice-presidente, um secretário e um vice-secretário. O Governador
do distrito tem assento nas sessões da Junta, com voto consultivo – artigo 234.º - e
compete-lhe apresentar propostas e relatórios – artigos 235.º e 236.º.
Este diploma legal define, assim, o corpo administrativo que estamos a estudar:
…as juntas geraes de districto são corporações administrativas com atribuições
consultivas e deliberativas, podemos ler no corpo do seu artigo 246.º.
Explica que as competências da Junta Geral de Distrito englobam: delegação
do poder legislativo, delegação do poder executivo, representa os interesses legais
do distrito e constitui um corpo consultivo, no que respeita às necessidades e
interesses do seu distrito – vide artigo 245.º. Em especial, compete-lhes75: repartir,
pelos concelhos, os montantes relativos às contribuições gerais de repartição
atribuídos aos respetivos distritos, de acordo com a lei; exercer as atribuições
relativas às estradas distritais que lhes forem conferidas por lei; distribuir os
contingentes do recrutamento; deliberar definitivamente quanto a projetos,
planos e orçamentos de quaisquer trabalhos a executar a expensas do distrito;
votar o orçamento distrital; autorizar contratos cujo objeto sejam obras distritais
ou quaisquer outros bens relativos ao distrito76; tomar as contas anuais dos
rendimentos privativos do distrito prestadas pelo seu Governador77; nomear o
tesoureiro geral do distrito78; fazer regulamentos79 e outras atribuições especiais
que lhe sejam atribuídas por lei ou regulamento.
72 Artigos 53.º, 55.º, 56.º, 58.º e 60.º, aplicáveis por força do artigo 204.º
73 A lei descreve exaustivamente todo o processo eleitoral desde o referenciado artigo 364.º até ao artigo 422.º.
74 Qualquer deliberação tomada pela Junta com violação do quórum estabelecido na lei tem como sanção a nulidade –
artigo 237.º.
75 Artigo 247.º.
76 Salvo os contratos que sejam da competência do Governo – n.º 7 do artigo 247.º.
77 E o artigo continua, dizendo: …salva a prestação d’ellas pelo mesmo governador perante o tribunal de contas, nos termos
da legislação em vigor… – n.º 8 do mesmo artigo 247.º.
78 O tesoureiro era escolhido de entre os cidadãos residentes na capital do distrito respetivo – n.º 9 do referido artigo.
79 Estes regulamentos versavam assuntos de interesse geral do distrito e de administração interna e polícia distrital …
podendo comminar penas cujo máximo não exceda o estabelecido no artigo 489.º do código penal… – artigo 247.º n.º 10,
parte final.
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80 Exceto quando esses rendimentos estejam afetos a algum serviço público, caso em que a mudança tem de ser aprovada
pelo Governo – artigo 247.º n.º 4, III in fine.
81 As despesas relativas a estes edifícios distritais são inscritas no orçamento – artigo 247.º, n.º 4, V.
82 Artigos 251.º a 253.º.
83 Estes hospícios destinavam-se à criação e educação dos menores abandonados e desvalidos.
84 Artigos 247.º n.º 11.º e 248.º. Para empréstimos com amortizações superiores a 20 anos e menos de 30 anos, a
deliberação da Junta só produz efeitos depois de aprovada pelo Governo, no prazo de 90 dias – a contar da data em que
o pedido der entrada na Secretaria de Estado dos Negócios do Reino -, nos termos do disposto no artigo 249.º. Para
outros empréstimos recorrer-se-á a lei especial – artigo 250.º.
85 A percentagem será igual para todos os concelhos de cada distrito – § único do artigo 255.º.
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86 Artigo 260.º.
87 Artigo 261.º e 262.º.
88 Normas sistematicamente inseridas na Seção II do Capítulo IV, designada por Da fazenda districtal, artigos 264.º a
272.º.
89 O orçamento distrital deve ser apresentado ao Governo para aprovação até ao dia 15 de novembro de cada ano. A
aprovação deve ser dada no prazo de 30 dias, prorrogável por mais 30 dias, desde a apresentação do orçamento na
Secretaria de Estado dos Negócios do Reino. Se decorrido o prazo não houver resolução do Governo, …ter-se-ha este
como aprovado… – artigo 271.º in fine -, uma espécie de consentimento tácito diremos nós.
90 O orçamento pode ser ordinário, extraordinário, suplementar ou retificativo.
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109 O § 1.º do artigo 389.º prevê os casos em que é dispensada a hasta pública.
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110 Este prazo é o estabelecido para as Ilhas Adjacentes. Para o restante território do reino, o prazo é de 40 dias – corpo do
artigo 56.º e o seu § 1.º.
111 Em vez de suspender a deliberação, o Governo pode recomendar à Junta que reveja a deliberação. A suspensão é feita
por Decreto publicado na folha oficial do Governo e tem de ser fundamentada. Dela tem de ser dado conhecimento às
Cortesa - §§ 3.º, 4.º, 5.º do referido artigo 56.º.
112 Cf. artigo 57.º.
113 Artigo 58.º.
114 O orçamento distrital é ordinário ou suplementar – artigos 63.º a 72.º
115 O orçamento ordinário é votado na reunião do mês de novembro e os suplementares em qualquer sessão ordinária da
Junta, ou em sessão extraordinária expressamente convocada para esse fim – artigo 68.º.
116 Antes de aprovado, a reclamação será para a Junta. Depois de aprovado, para o Governador Civil e, em certos casos
previstos no artigo 30.º, para o Tribunal Administrativo - § 3.º do artigo 63.º.
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1901-1926.
A Junta Geral no final da Monarquia e durante a República.
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presidente da Junta Geral e dois procuradores por ela designados e por dois Postal ilustrado, alusivo
à visita do Rei D. Carlos
substitutos138. O secretário da comissão distrital será o empregado superior à Madeira, em 1901.
da repartição do expediente da Junta Geral e tem de estar presente em todas
as suas sessões. O quadro dos empregados desta repartição será regulado pelo
Governo139. Para que as suas deliberações sejam válidas e executórias, têm de ter a
maioria de dois votos140. A comissão distrital não pode deliberar sobre assuntos da
competência exclusiva da Junta Geral, quando esta não esteja reunida. Se o fizer,
cabe ao Governador Civil anulá-las141. Desta decisão pode a comissão recorrer para
o Governo.
O Governador Civil aprova142 as deliberações municipais sobre orçamentos e
sobre percentagens, taxas ou quaisquer impostos, cuja aprovação não dependa do
Governo – artigo 1.º alínea h).
O quadro dos empregados dos serviços agrícolas, pecuários e das obras
públicas, a cargo da Junta Geral, é fixado pelo Ministério das Obras Públicas,
comércio e indústria, de entre o pessoal requisitado pela comissão distrital – alínea
i) do mesmo artigo.
A polícia civil dos distritos e os vencimentos dos comissários, chefes, cabos e
guardas serão estabelecidos pelo Governo, ouvida a Junta143.
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154 Não se podem efetuar obras de construção ou grandes reparações, sem se terem feito estudos e orçamentos respetivos,
nos termos do artigo 192.º.
155 O prazo da amortização nunca poderá exceder 30 anos - § 2.º do referido artigo 191.º.
156 Artigo 193.º.
157 § único do sobredito artigo 193.º.
158 cf. § 4.º do artigo 87.º.
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167 Com base no decreto n.º 15.035, de 16 de fevereiro de 1928 – amplia a autonomia administrativa dos distritos insulares;
lei n.º 1.967 de 3 de abril de 1936, executada pelo D.L. n.º 31.095, de 31 de dezembro de 1940 e alterada pelo DL n.º
36.453, de 4 de agosto de 1947 – Estatuto dos Distritos Autónomos das Ilhas Adjacentes; DL n.º 30.214, de 22 de
dezembro de 1939 – Lei Orgânica dos Serviços das Respetivas Juntas Gerais. Cf. CAMACHO, Augusto da Silva Branco
e CARVALHO, Mário Luís Jesus, Estatuto dos Distritos Autónomos das Ilhas Adjacentes, Anotada e Actualizada; 2.ª ed,
Tip. Gráfica Açoriana, Limitada; Ponta Delgada, 1972.
168 Cf. art. 4.º.
169 Cf. Art. 285.º do Código Administrativo (C.A.)
170 Alterações introduzidas pelo DL n.º 42.536, de 28 de setembro de 1959.
171 Por motivo de idade, o pedido de escusa tem de ser feito até 20 dias após a data marcada para a posse – artigo 19.º §§
2.º e 3.º C.A.
172 O pedido de escusa por moléstia poderá ser feito a todo o tempo e acompanhado de atestado médico comprovativo - §
2.º do artigo 290.º C.A.
173 Esta Concordata foi tornada direito interno pelo DL n.º 30.615, de 25 de julho de 1940.
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Antonio de Oliveira
Salazar e Mário de
Figueiredo no Hotel
Monte Palace, em 1925
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174 Cf. art. 334.º do Código Administrativo e arts. 8.º e 29.º do Estatuto.
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De acordo com o artigo 15.º do Estatuto, a Junta Geral pode ter atribuições:
administração dos bens distritais – cadastro, conservação, uso e fruição dos bens
próprios que constituem o património do distrito; cadastro, polícia e defesa dos bens
do domínio público distrital (art. 16.º do Estatuto); de fomento agrário – estudo das
possibilidades agrícolas do distrito e o seu aproveitamento integral; experimentação
e introdução de novas culturas e melhoramento das existentes; estabelecimento
de viveiros, de campos de ensaio e de demonstração e de postos agrícolas móveis;
assistência fitopatológica e criação de postos de sanidade vegetal; realização de
concursos, exposições e feiras agrícolas; instituição de prémios aos agricultores que
adotem novos processos técnicos mais convenientes ou introduzam novas culturas
de interesse para a economia distrital; fomento da apicultura e da sericicultura
(art. 17.º do Estatuto); de fomento florestal – revogado pelo artigo 19.º do DL n.º
42.935, de 21 de abril de 1960175; de fomento pecuário – proteção, melhoramento
e aumento da riqueza pecuária do distrito; higiene e sanidade dos gados, criação e
manutenção de postos zootécnicos, introdução e difusão de novas espécies e raças
pecuárias, convenientes às condições do distrito e melhoramento das existentes,
mediante parecer favorável da Direção-Geral dos ServiçosPecuários; instituição de
prémios aos criadores; realização de feiras, concursos e exposições de gado (art.
19.º do Estatuto); de coordenação económica – realização de inquéritos à vida
económica do distrito e estudo das soluções convenientes aos seus problemas;
aproveitamento e divulgação das estatísticas oficiais que interessem à economia
do distrito e elaboração das que lhe forem cometidas pelo Instituto Nacional de
Estatística; harmonização dos interesses e atividades económicas do distrito, em
ordem a obter maior benefício público; conjugação de esforços dos municípios,
freguesias e casas do povo para melhoria da condição social dos habitantes do
distrito176 (art. 20.º do Estatuto); obras públicas, fiscalização industrial177 e viação –
construção, reparação, conservação, arborização e polícia das estradas que ligam
as sedes dos distritos às sedes dos concelhos e das vias principais que asseguram
as comunicações entre os diversos lugares das ilhas, pela sua importância
económica ou turística, como estradas distritais178; estabelecimento de caminhos-
de-ferro no leito das suas estradas ou em leito próprio; construção, reparação e
conservação de edifícios públicos distritais; proteção de monumentos nacionais;
fruição e aproveitamento de águas públicas na sua administração; regularização
das torrentes e caudais e limpeza, regularização e correção de valas e cursos de
água; aproveitamento de águas por meio de obras de irrigação; obras de fixação do
nível das lagoas; polícia das águas e da pesca; fiscalização das indústrias elétricas;
licenciamento e fiscalização das indústrias insalubres, incómodas e perigosas;
inspeção de pesos e medidas; proteção, desenvolvimento e aperfeiçoamento
175 Pelo DL n.º 38178, de 22 de fevereiro de 1951 foi criada a Circunscrição Florestal do Funchal e extinta a Regência
Florestal .
176 Nesta sequência, a Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal foi autorizada, pelo D L n.º 43.459 de 31 de dezembro
de 1960, a participar com a quota de 2% no capital da sociedade que venha a constituir-se para a instalação e exploração
da indústria de laticínios na Ilha da Madeira. Pelo que, conjugando o disposto neste DL e no n.º 3 do artigo 20.º admite-
se a participação financeira das Juntas Gerais no setor privado, em matéria das atividades económicas distritais.
177 Em matéria de condicionamento industrial, as Juntas Gerais têm a mesma competência que a Direção Geral dos
Serviços Industriais, pelo que estão sujeitas a recurso hierárquico para o Ministro da Economia – cf. Acórdão do S.T.A.
de 2 de junho de 1967.
178 Pelo DL n.º 40.167, de 20 de maio de 1955, atribuiu-se ao Ministro das Obras Públicas, depois de ouvir a Junta
Autónoma das Estradas e a Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal, alterar no futuro a classificação das estradas
nacionais desse Distrito Autónomo.
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179 De acordo com o DL n.º 36.508, de 17 de setembro de 1947, os liceus cuja manutenção esteja a cargo das Juntas Gerais
dos Distritos Autónomos das Ilhas Adjacentes consideram-se liceus nacionais e não municipais. Acresce que, se numa
localidade só existir um liceu, terá como denominação o nome da localidade; se existir mais do que um, terão uma
denominação que os distinga dos outros. As Juntas Gerais aprovam os orçamentos privativos dos estabelecimentos de
ensino com autonomia administrativa postos a seu cargo.
180 Nos termos do § único do artigo 24.º do Estatuto, aditado pelo DL n.º 36.453, de 4 de agosto de 1947, os bolseiros que,
sem justificação aceite pela Junta, deixem de cumprir… a exigência de que devem prosseguir os estudos fora do distrito
… ficam responsáveis pelo reembolso das importâncias que lhe tiverem sido abonadas. De destacar ainda que as bolsas de
estudo podiam ser concedidas a indivíduos não naturais do respetivo distrito.
181 A classificação de imóveis ou móveis de reconhecido interesse artístico e histórica pertencia em exclusivo à Junta
Nacional da Educação pela 1.ª Subsecção da Secção de Belas Artes. A Junta Geral poderá apenas promover junto
daquele Ministério a defesa e classificação dos valores que considere dignos de classificação.
182 A proteção que a lei aqui confere às Juntas Gerais não abrange a atribuição de poderes para conceder ou denegar
autorização para obras, pois esta matéria é da competência das Câmaras Municipais.
183 As Juntas Gerais não podiam conceder subsídios a estabelecimentos de ensino particular, exceto se proporcionassem
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ensino gratuito a estudantes pobres; nem podiam conceder subsídios às comissões venatórias.
184 Estas três atribuições podem ser transferidas, por acordo, para as Câmaras Municipais nos troços de estrada que
atravessem povoações, nos termos do § único deste artigo 25.º do Estatuto.
185 Redação dada pelo D. G. n.º 247, Iª série, de 23 de outubro de 1947. Cf. art. 358.º do C. A. e artigo 36.º n.º 1.º do
Estatuto, que estabelece como competência das comissões executivas das Juntas Gerais a aquisição de bens mobiliários
e imobiliários de valor até 500.000$00.
186 Este valor das empreitadas foi fixado pelo D L n.º 49564, de 27 de dezembro de 1969.
187 Cf. artigo 359.º e ss do C. A. e n.ºs 3º e 5º do artigo 36.º do Estatuto, normas que determinam como competências
das comissões executivas, a contratação com empresas individuais ou coletivas para os fornecimentos necessários
ao funcionamento dos serviços e à execução das obras distritais, quando por tempo inferior a um ano e a efetivação
das obras públicas, por administração direta, empreitada ou concessão, quando até aquele valor determinado, de
500.000$00.
188 O plano passou a ser trienal o D L n.º 49189, de 14 de agosto de 1969.
189 Cf. artigos 27.º (que descreve o plano trienal) e 38.º n.º 4 do Estatuto (que determina como competência do presidente
da Comissão Executiva a de elaborar aquele plano).
190 De acordo com o n.º 3 do artigo 363.º do C. A., são nulas e de nenhum efeito, independentemente de declaração pelos
tribunais, as deliberações que transgridam as disposições legais relativas ao lançamento de impostos.
191 Cf. artigo 83.º do Estatuto, que discrimina a receita ordinária dos distritos autónomos. O DL n.º 39726, de 13 de julho
de 1954, autorizou a Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal a assumir os encargos de juros e amortização
respeitante a um empréstimo a favor da Comissão Administrativa dos Aproveitamentos Hidráulicos da Madeira. Este
empréstimo estava previsto no artigo 2.º do DL n.º 39566, de 16 de março de 1954.
192 Depois da Junta Geral aprovar as bases do orçamento ordinário, elaboradas pelo presidente da Junta Geral (artigo 38.º
n.º 5) e este elaborado, deve ser aprovado pela Comissão Executiva (artigo 36.º).
193 Cf. artigo 35.º do Estatuto, que determina que estes recursos serão apreciados na primeira reunião celebrada após a data
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da deliberação e que a decisão de revogar, converter ou reformar só terá efeito retroativo se versar sobre deliberações da
Comissão Executiva; nos outros casos apenas produzirá efeitos para o futuro.
194 Cf. artigo 23.º n.º 6 do Estatuto, atrás referido.
195 Nos termos do DL 23052, de 23 de setembro de 1933, as Juntas Gerais não devem comparticipar nos encargos da
construção de bairros de casas económicas que as Câmaras Municipais se proponham edificar, já que estas entidades
estão sujeitas a regulamentação específica. Porém, podem participar, com as Câmaras Municipais, nos encargos
que respeitem à aquisição de terrenos e respetiva urbanização que excederem o produto da importância paga pela
Repartição de casas económicas, por metro quadrado. Também as Juntas só podem atribuir subsídios às Juntas de
Freguesia, como obras de construção, ampliação ou reparação de igrejas e respetivos anexos, desde que, nas freguesias,
não estejam legalmente constituídas as respetivas comissões fabriqueiras.
196 Acrescentado pelo D L n.º 3645, de 4 de agosto de 1947.
197 Cf. artigo 101.º do Estatuto.
198 Vide arts. 353.º, 355.º e 363.º do C. A.
199 Cf. arts. 366.º e 367.º do C. A.
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215 Cf. já atrás exposto, de acordo com os artigos 26.º n.º 6 e 27.º do Estatuto. O plano trienal cfr. DL n.º 49.189 de 14 de
agosto de 1969. Quer o plano trienal, quer os planos anuais devem ser elaborados em subordinação e coordenação,
respetivamente, com o plano de fomento nacional e os seus programas anuais de execução – vide § único do artigo38.º
do Estatuto.
216 Como já explicamos atrás, as bases do orçamento ordinário seriam depois aprovadas pela Junta Geral, cuja Comissão
executiva aprovaria mais tarde o próprio orçamento – artigo 26.º n.º 9 do Estatuto.
217 Cf. artigos 36.º n.º 13, 93.º n.º I e 99.º n.º 5 do Estatuto.
218 Vide artigo 93.º n.º 4 do Estatuto.
219 Tais como superintender os serviços de secretaria e tesouraria, o que compreendia o poder de advertir e repreender
verbalmente os funcionários e distribuir pelos vários serviços o pessoal, cf. artigos 42.º, 45.º, 46.º n.º 8 e 79.º § I.º do
Estatuto. Podia também inspecionar os demais serviços dependentes da Junta e transmitir-lhes as deliberações desta e
da sua comissão executiva.
220 O presidente representava a Junta Geral em juízo e fora dele – artigo 21.º do Código de Processo Civil.
221 Para o que podia expedir os alvarás, licenças e diplomas necessários.
222 Artigo 43.º n.º 10.º.
223 Depois de assinados pelo tesoureiro e visados pela contabilidade.
224 O artigo 5.º explica que o Governador do Distrito é o representante na sua circunscrição do Governo da República.
225 Artigo 40.º do Estatuto.
226 Regulado nos artigos 41.º a 43.º do Estatuto.
227 Artigos 44.º a 46.º do Estatuto.
228 Artigos 47.º a 52.º do Estatuto.
229 Artigos 53.º a 55.º do Estatuto.
230 Artigos 56.º a 59.º do Estatuto.
231 Artigos 60.º a 65.º do Estatuto.
232 Artigos 66.º a 69.º do Estatuto.
233 Artigos 70.º a 72.º do Estatuto.
234 Artigos 73.º a 75.º do Estatuto.
235 Estes adicionais correspondem aos do artigo 784.º do C. A.
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tenha acerca da execução das disposições legais relativas à realização de despesas e da sujeição ao exame e visto.
251 Cabe-lhe examinar e visar: as minutas de todos os contratos de arrendamento, empreitada e concessão, bem como os
de fornecimentos por prazo superior a 1 mês, contratos de qualquer natureza, todas as deliberações e decisões que
envolvam abonos de qualquer espécie a pagar por verbas do orçamento distrital, incluindo as nomeações, mesmo
interinas, e as que concederem gratificações de carater permanente autorizadas por lei, mas sem limite fixo nela
expresso. Estão dispensados de visto: as autorizações e mandados para pagamento de vencimentos certos ou eventuais
inerentes, por disposição legal expressa, ao exercício de qualquer cargo e os abonos a pagar por verbas globais em
soldadas, férias e salários de pessoal operário. As formalidades para o exame e visto estão descritas no artigo 94.º do
Estatuto.
252 Ou como define o Estatuto dos Distritos Autónomos das Ilhas Adjacentes, é o órgão da administração distrital
autónoma, que exerce as suas atribuições e competência diretamente ou por intermédio de uma comissão executiva –
artigo 4.º.
253 Raízes da Autonomia Constitucional, in Estudos de Direito Regional, Lex, Lisboa 1997, p. 780.
254 O Código Administrativo de 1837 qualifica-as mesmo como honoríficas e talvez por isso estabeleça que os elegíveis
para a Junta tinham de possuir uma determina renda anual.
255 Decreto de MOUZINHO DA SILVEIRA. Segundo o aqui estipulado, a organização administrativa dividia-se em
província, comarca e concelho. A província era governada por um prefeito na Junta Geral da Província. A comarca,
por um delegado da Junta da Comarca e o concelho, por um provedor na Câmara Municipal do Concelho. Todos estes
governadores eram cargos de nomeação régia – OURIQUE, Arnaldo; in O Governo das Ilhas Portuguesas no Final
do Século XX; comunicação parcialmente apresentada no Colóquio “Portugal e a governação das Ilhas”, organizado
pela Universidade dos Açores, Universidade Nova de Lisboa e Câmara Municipal da Praia da Vitória, de 28 a 30 de
novembro de 2002; p. 202, http://www.estig.ipbeja.pt/~ac_direito/Arnaldo_Ourique.pdf. 54
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256 FRANCO, António de Sousa, As Finanças das Regiões Autónomas: uma Tentativa de Síntese, in Estudos de Direito
Regional, Lex, Lisboa 1997, p. 517.
257 AMARAL, Diogo Freitas do, Curso de Direito Administrativo, Volume I, 3.ª ed., Almedina, Coimbra, p. 109; cit. por
SILVA, Henrique Dias da, Reformas Administrativas em Portugal desde o Século XIX, p. 69.
258 Neste sentido, MARCELO CAETANO, Os antecedentes da Reforma Administrativa de 1832, in Revista da Faculdade
de Direito da Universidade de Lisboa, Ano XXII, 1968-1968, pp. 22 e 23.
259 SILVA, Henrique Dias, ob. cit. p. 70.
260 A este propósito, a possibilidade de contrair empréstimos tinha de ser autorizada pelas Cortes e a dependência quase
total do administrador geral que até pode, nas Ilhas, dissolver os corpos administrativos.
261 Umas vezes província ou distrito, ora Junta Geral ou junta distrital, tendo como órgãos distritais a junta e a comissão,
mas sempre com o representante do governo central: o governador civil.
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262 In Revista de Direito Administrativo de 15 de outubro de 1892, citado por J. B.S ERRA; As Reformas da Administração
local de 1872 a 1910; Análise Social, vol. XXIV (103-104), 1988 (4.º e 5.º), 1037 -1066, pp. 1052 e 1053.
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263 CAETANO, MARCELO, A Codificação Administrativa em Portugal: Um Século de Experiência (1836-1935); Lisboa,
separata da Revista da Faculdade de Direito de Lisboa, 2.º ano.
264 SERRA, JOÃO B., ob. cit. p. 1052.
265 O que aconteceu nos distritos de Ponta Delgada (através do decreto de 18 de novembro de 1895) e no de Angra do
Heroísmo (pelo decreto de 6 de outubro de 1898). O distrito da Horta não optou por este regime, pelo que estes dois
distritos adquiriram um modelo de autonomia administrativa semelhante ao do Código Administrativo de 1886.
266 Por isso não têm orçamento e têm funções muito limitadas.
267 Neste sentido, SOUSA FRANCO, ob. cit. P. 518.
268 LEITE, José Guilherme Reis, A Autonomia dos Açores na Legislação Portuguesa, 1892 – 1974, Ed. Assembleia Regional
dos Açores, Horta 1987, p. 220.
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269 Já que o Código Administrativo de 1936 diz expressamente que não se aplica às Ilhas Adjacentes.
270 Relembramos que a cobrança dos impostos era feita mensalmente pelo Estado, que cobrava os referidos 2% por este
serviço e que eram imediatamente deduzidos, antes da entrega da receita às Juntas.
271 Refira-se o estipulado no artigo 83.º, que permite um adicional até 20% sobre as coletas de contribuições e impostos,
para além dos impostos diretos a que estavam sujeitos.
272 SOUSA FRANCO, ob. cit. pp. 518 e 519.
273 SOUSA FRANCO, ob. cit. p. 519.
274 Ob. cit., p. 351.
275 SOUSA FRANCO, ob. cit. p. 519.
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de nomeação, não chegaram a ter existência real digna de registo e muito menos
ação política. Esta época – mais do que outras - foi marcada por uma intervenção
de madeirenses na política e governo das finanças da metrópole: José Gualberto
de Oliveira (1788-1852), 1º barão e conde de Tojal, foi Ministro e Secretário de
Estado dos Negócios da Fazenda por diversas vezes, entre 1837 e 1847276.
276 Exerceu as referidas funções por quatro períodos distintos: 01-06-1837/16-04-1837; 12.03.1841/08.06.1841;
24.02.1842/20.05.1846; 20.02.1847/22.08.1847. Foi ainda Ministro dos Negócios Estrangeiros, no período de 1849-51.
Entretanto, de 1834 a 1843, foi um parlamentar de relevo em representação da Madeira onde atuou como deputado
(1834-36), senador (1838-40, 1840-42) e par do reino (1843). Sobre a sua ação cf. MAIOR, Antonio da Cunha Souto,
1843, Hontem, Hoje e amanhã visto perlo direito, Lisboa; 1847. Livro Azul ou Correspondencia relativa aos negocios de
Portugal apresentada em ambas as camaras inglezas. Lisboa, p.193.
277 MARQUES, 1989, Do Vintismo ao Cabralismo, p. 23.
278 REIS, 1989 (dir.), Portugal Contemporâneo, Vol I, p. 17.
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acordo com leis de 23 de junho de 1863 e 11 de junho de 1864, sabemos que esta
correspondia a 8% da referida receita do impostos municipais em causa.
A lei de 1 de julho de 1867 estabeleceu a obrigatoriedade de uma nova cadeia
pública em cada distrito, mas o Estado não provia os meios para tal, ficando o
seu funcionamento a cargo do magro orçamento da Junta. Assim, foi criada uma
comissão para o efeito que apresentou uma proposta de empréstimo, de 25 contos
de reis, aprovada pela Junta. Verba aliás insuficiente, pois não dava para a compra
dos terrenos previsto ou para, em alternativa, proceder à adequação do castelo de
S. João Baptista para o efeito.
A exiguidade da receita atribuída à Junta levava a que esta funcionasse em
precárias condições, num edifício mobilado do Governo Civil. No ano económico
de 1872-1873, houve necessidade de comprar mobiliário para as reuniões da
Junta, pois a existente, de empréstimo, encontrava-se em mau estado. A despesa
foi repartida por este ano económico e os seguintes. Aqui ficam claras as condições
precárias de funcionamento de uma instituição tão importante para a ilha, numa
época em que a sua intervenção se deveria fazer sentir nos diversos setores que
lhe estavam acometidos.
Todos os Governadores Civis que presidem à Junta manifestam grande
preocupação em acudir a todas as situações e compromissos deste órgão, mas
faltava sempre o dinheiro, pois a receita consignada era exígua e não havia qualquer
atenção da parte do poder central aos seus incessantes lamentos e pedidos de
apoio. Em março de 1878, o Governador Civil, Afonso de Castro, afirmava: Não
tem o distrito caminhos de ferro, não tem estradas carroçáveis, não há aqui pontes
monumentais, longos canais, soberbas construções urbanas, e, portanto, não é
muito que peça, que inste por uma pequena doca no porto do Funchal, onde não
há o mais pequenos melhoramento. Mas quem o ouvirá, para além dos delegados
da Junta que aprovaram o seu relatório?
Olhando ao estado calamitoso da agricultura, dada a crise provocada pela
filoxera, reclama a necessidade de melhoria das comunicações, uma vez que Sem
meios de transporte fáceis e baratos, não são possíveis os progressos agrícolas.
Mas, para que isso aconteça, é necessário um esforço do Governo, pelo que pede
que o poder central venha em nosso auxilio, mas de um modo mais eficaz, do
que até hoje o tem feito...é preciso que o governo seja menos generoso com este
distrito, do que o tem sido para com os outros.
Entretanto, a 6 de agosto de 1892, esta Junta foi extinta, mas os problemas
de administração e de falta de atenção das autoridades continuaram, sofrendo um
agravamento que provocará diversas e insistentes reclamações dos madeirenses.
Foi preciso a visita de D. Carlos à Madeira, para que a Ilha visse reinstalada, pelo
decreto de 8 de agosto de 1901, a Junta Geral, a exemplo do que havia já sucedido,
em 1895, nos distritos de Angra do Heroísmo e Ponta Delgada. De acordo com o
decreto de 12 de junho de 1901, a Junta terá uma comissão distrital composta
por um presidente e dois vogais. Aumenta-se, assim, a capacidade de intervenção
deste órgão, reforçando a sua receita. Esta passará a contar com o produto liquido
das despesas de cobrança, das contribuições diretas arrecadas no distrito, predial,
industrial, de renda de casas e sumptuaria, e dos adicionais que sobre cada uma
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de receitas próprias, que só melhora a partir de 1921. A Junta ia buscar os seus Evocação do Quinto
meios de financiamento às Câmaras Municipais e a alguns impostos, que depois Centenário do
Descobrimento da
usava para pagar as despesas com obras públicas, segurança e beneficência. Madeira. 1922.
Já no período que medeia entre o início da autonomia administrativa da Junta
Geral e o regime autonómico da Ditadura Militar (1903-1927), com o alargar das
competências e equivalentes despesas, é manifesta a dificuldade em conseguir
a receita necessária ao seu funcionamento. Desta forma, a Junta apresenta-se
incumpridora perante os funcionários, beneficiários, prestadores de serviços e
fornecedores.
No quadro estrito da tributação para este período, temos a criação por
lei de 1 de julho de 1863 da Conservatória do Registo Predial para registos de
propriedades, domínios e direitos, hipotecas e encargos. Entretanto, por decreto
de 14 de abril de 1869, que estabelecia a nova orgânica do Ministério da Fazenda,
foram criadas as repartições da fazenda, uma por cada distrito, que ficavam a cargo
de um delegado do Tesouro, em vez dos Escrivães da Fazenda. As Comarcas tinham
à sua frente um subdelegado do Tesouro. Com a República, houve a reorganização
dos serviços das Finanças, por decreto de 26 de maio de 1911281. Em 1927, temos
referências ao cargo de Director de Finanças.
Foi preciso a visita de D. Carlos à Madeira, para que a Ilha visse reinstalada,
pelo decreto de 8 de agosto de 1901, a Junta Geral, a exemplo do que havia já
sucedido, em 1895, nos distritos de Angra do Heroísmo e Ponta Delgada. De
acordo com o decreto de 12 de junho de 1901, a Junta terá uma comissão distrital
281 Organização dos serviços de finanças nos districtos e concelhos do continente da república e ilhas adjacentes: decreto com
força de lei de 26 de maio de 1911. Lisboa: Imp. Nacional, 1911.
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Figuração da República.
Teto do antigo
Seminário do Funchal.
1911-1926. República.
282 (…) d’entre todas as cidades do mundo, o pobre e abandonado Funchal é uma das grandes victimas da guerra. Porto de
mar, n’uma ilha bem collocada no Atlantico (…) o Funchal tinha de se ressentir profundamente n’este período afflictivo de
intranquilidade, penúria e miséria em que a humanidade se contorce e debate (Ferreira, 1921, p. 154).
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São várias as situações que marcam a História da Junta Geral, neste período.
Relevamos apenas algumas datas mais significativas. Assim no quadro da estrutura
administrativa tivemos:
1928: Decreto procedendo à revisão da Autonomia Administrativa, atribuindo
novos recursos financeiros à Junta Geral do Distrito, através de vários
aumentos de receitas.
- Decreto ampliando a descentralização da Administração Pública insular,
atribuindo novas competências à Junta Geral do Distrito, mas sem
o simultâneo aumento de recursos financeiros. António de Oliveira
Salazar era já então Ministro das Finanças.
1939: Decreto aprovando a lei orgânica dos serviços da Junta Geral do Distrito
do Funchal.
- II Guerra Mundial.
1940: Promulgação do Estatuto dos Distritos Autónomos das Ilhas Adjacentes.
1947: Decreto-lei altera o Estatuto dos Distritos Autónomos das Ilhas
Adjacentes.
As reformas do sistema político na Ditadura e depois no Estado Novo refletem-
se, de forma clara, na definição do quadro institucional do arquipélago.
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Junta Geral
285 Atente-se às intervenções dos deputados na Assembleia Nacional: Diário da Assembleia, n.º 164, pp. 404-405, de 3 de
março de 1038 (intervenção do deputado Favila Vieira); n.º 165, pp. 416-422, de 4 de março de 1938 (intervenção do
deputado Hintze Ribeiro ).
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286 Cf. Jesus, Quirino de, 1923, A Autonomia da Madeira e dos Açores, in A Pátria, n.º 960, Lisboa, 7 de julho.
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287 Alguns visitantes reconhecem o labor da Junta Geral: vamos olhando as terras da Junta Geral e vendo o cuidado com que
são tratadas as estradas madeirenses, limpas, calcetadas, sem poeira, debruadas por flores tenras que, dentro de anos as
emoldurarão ricamente(Montês, 1938:190). E ainda o Conde do Funchal afirmava: preparámo-nos para desembarcar no
Funchal, capital dum arquipélago feliz, que tem esplêndidas estradas, sem poeira, construídos em terreno dificílimo, que
são frequentemente verdadeiras obras de arte (…) com a electrificação rural mais adiantada do país, (…) além de possuir
já um óptimo porto de mar, com o abastecimento dos combustíveis líquidos à navegação e uma rede hoteleira das mais
modernas e confortáveis. Finalmente tem em Porto Santo um aeródromo de categoria internacional, e vai dispor, dentro
em breve, na própria Ilha da Madeira, da pista de Santa Catarina. Por todos estes melhoramentos, que a administração
nacional realizou e por todas aquelas excelências que Deus Nosso Senhor lhe deu, a Ilha da Madeira poderia considerar-se
entre as mais felizes das suas congéneres.(Conde do Funchal, 1962: 183).
288 O Professor esteve no Funchal de 5 a 13 de agosto de 1938, ficando instalado no Hotel Belmonte. cf. Diário de Noticias
de 6 e 13 de agosto de 1938.
289 Cf. referências ao estatuto com a reforma administrativa (Diário da Assembleia, 85, pp. 391-392, de 5 de março de
1940); ENES, Carlos, 2005, Açores e Madeira vistos por Marcelo Caetano em 1938, in Boletim do NCH, n.º 14, online
em: http://www.nch.pt/biblioteca-virtual/bol-nch14/n14-7.htmlhttp://www.nch.pt/biblioteca-virtual/bol-nch14/n14-
7.htmlhttp://www.nch.pt/biblioteca-virtual/bol-nch14/n14-7.html . Consulta em 25.04.2012.
72
Junta Geral
uniformizadora do Estado e a luta dos insulares por uma opção política particular
e diferenciada290.
Continua a não existir, por parte dos políticos, uma visão diferenciada da
realidade insular. A ideia de adjacência implica uma situação de continuidade
geográfica e política, a perda de identidade própria para os espaços insulares. Isto
foi estabelecido na Constituição de 1822 para designar a situação dos arquipélagos
da Madeira e dos Açores, como forma de os diferenciar das colónias e de os agregar
à metrópole. Esta realidade está perfeitamente definida pelo Governo, na lei n.º
1967 de 30 de abril de 1938: Parece desnecessário insistir na conveniência de um
regime administrativo insular diverso do adotado para o continente: estão os dois
arquipélagos dos Açores e da Madeira separados de Portugal continental pelo
Oceano, longe portanto das vistas diretas dos governantes e ligados a Lisboa por
comunicações marítimas muito espaçadas (sobretudo com os Açores); constituem-
nos um grande número de pequenas ilhas que não mantêm entre si laços de tão
estreita cooperação como por vezes se pensa, mas que são solidárias pela posição
geográfica, pelo estado social e pelas necessidades dos seus habitantes, cuja
índole e modo de viver diferem bastante dos do maior número das populações
continentais; por isso, a descentralização se impõe e a desconcentração também
- uma e outra em benefício dos povos e com vantagem para a boa administração.
Esta ideia foi reforçada no parecer da Câmara Corporativa. Isto significa que aquilo
que é atribuído à Junta Geral das Receitas do Estado, na Região, é muito pouco e
que o Governo, quando retribui, obriga-a a um esforço financeiro de 25%. Recorde-
se que, a partir da década de trinta do século XX, tivemos várias obras públicas em
que foi exigido este redobrado esforço financeiro à Junta. Tendo em conta que as
receitas não davam para cobrir estas despesas, a Junta via-se obrigada a contrair
empréstimos291.
290 Em 1938, o legislador reconhece esta diferença definida pela Geografia: Parece desnecessário insistir na conveniência
de um regime administrativo insular diverso do adoptado para o continente: estão os dois arquipélagos dos Açores e da
Madeira separados de Portugal continental pelo Oceano, longe portanto das vistas directas dos governantes e ligados a
Lisboa por comunicações marítimas muito espaçadas (sobretudo com os Açores)... (Relatório da lei n.º 138, 30 de abril,
publ. LEITE, J. G. Reis (1987), A Autonomia dos Açores na Legislação Portuguesa, Horta, p. 229), sendo reforçada pela
intervenção do Deputado madeirense Favila Vieira: A Madeira e os Açores, situados em pleno Atlântico, a alguns dias
de viagem de Lisboa, estão fora do contacto, da influência directa do Governo; as suas economias têm caracteres próprios,
que as diferenciam das províncias do continente: o espírito das suas populações, pela natureza insular do território, pelo
clima, pelo intercâmbio com o estrangeiro, pela sua vida económica e social, oferece, em certos aspectos, uma feição típica.
Para governar e administrar as nossas ilhas adjacentes é indispensável conhecê-las na intimidade, ter não só a inteligência
dos seus problemas, mas também o sentido da sua sensibilidade. (Discussão na Assembleia Nacional da proposta de lei
do regime administrativo das Ilhas Adjacentes. Ordem do dia, 3 de março de 1938. Intervenção de Favila Vieira). Este
discurso diferenciador da realidade insular continuará a ser uma palavra de ordem nos meios políticos madeirenses.
Em 1961, o Dr. Agostinho Cardoso afirmava que: A Madeira apresenta adentro do pais uma individualidade económica
muito diferenciada. (Agostinho Cardoso, Diário das Sessões, n.º 5, 12 de dezembro, p. 141.), que repete, em 1966,
quando afirma: Tem assim a Madeira aspectos económicos bem diferentes dos de qualquer outro distrito ou província da
metrópole, (...). Mesmo adentro das ilhas adjacentes, com seu estatuto administrativo próprio, o arquipélago da Madeira
tem cada vez mais características específicas, obrigando a que se encarem os seus problemas de modo individual. (...) Os
grandes problemas de produção agrícola nacional pouco influem na sua vida interna (Agostinho Cardoso, Diário das
Sessões, n.º 44, pp. 1005-1009).
291 Desta situação de desequilíbrio sentida pelos insulares, entre a receita consignada às Juntas e as despesas a que tinha
acudir, faz eco a lei de 30 de abril de 1938: queixam-se os distritos insulares de que o regime de 1928 lhes é incomportável,
porque as receitas não chegam para cobrir as despesas, e há quem, perdendo de vista o equilíbrio que tem de haver
entre a riqueza existente e a satisfação das necessidades públicas, sustente que se deve progredir ainda na autonomia.
negando-se ao Estado o direito de ir buscar um ceitil que seja à economia das ilhas. É este modo de ver filho de um vicioso
particularismo regional. que esquece a solidariedade que liga as diversas partes da Nação e a existência de órgãos políticos
e administrativos de interesse geral, para cuja manutenção todos os cidadãos têm o dever de contribuir. A administração
das circunscrições está longe de ser um circuito fechado entre as suas receitas próprias e as próprias despesas: o Estado
unitário compreende e indissoluvelmente liga as comunidades locais. acorrendo com os recursos da Fazenda Pública onde
for mais conveniente e útil para o interesse nacional. Formam as ilhas adjacentes um todo com o continente, é o mesmo o
seu sistema de administração e governo, como o mesmo é o grau de civilização dos habitantes e de progresso social: seria,
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Junta Geral
pois, contrário ao bem comum consagrar uma forma egoísta de plena autonomia financeira que parecesse realizar a
desintegração do Estado de uma parte do seu território metropolitano.
292 São várias vozes sobre esta asfixia financeira das juntas: A diminuição das receitas, a insuficiência das que se colhem e o
aumento das despesas, analisado tudo através da eloquência irrefutável dos números, explicam bem claramente a questão.
Assim, para exemplificar a contribuição industrial que em 1920-30 rendeu escudos 4:368.741$47, passou no ano findo de
1933-34, para 3: 346.242$01, com uma diminuição de 23%. A contribuição de aplicação de capitais (sempre reportando-
nos aos mesmos anos económicos para termo de comparação), baixou 57%, isto é, rendeu menos 767.233$31.( CÉSAR,
Oldemiro, 1944, p. 157).
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293 Recorde-se, a propósito que, em 1939, o porto do Funchal apresentava maior movimento de embarcações que o de
Leixões, assim enquanto na Madeira tivemos 1298 embarcações com 8.037.000 toneladas de carga, neste tivemos
apenas 415 navios com uma tonelagem de 8.037.000. Isto prova a pertinência dos melhoramentos do porto funchalense
que acarretaria um retorno favorável ao Estado.
294 I Legislatura, 4ª Sessão Legislativa: Sessão da Assembleia Nacional de 3-12-1937; Diário da Assembleia, n.º 149 de 4-12-
1937, pp. 199-208.
295 A receita desta faculdade fora atribuída por lei de 10 de Julho de 1914 às obras da Junta Autónoma dos Portos da
Madeira. Depois, a 20 de janeiro de 1920 as câmaras tiveram autorização para o lançamento de um imposto de $50
por Kg de tabaco importado ou produzido na ilha. Pelo decreto-lei n.º 39.963, de 13 de dezembro de 1954, foi elevado
para 8$00 por quilograma o imposto sobre o tabaco produzido na localidade ou importado das outras ilhas, de cuja
importância, 6$00, constitui receita das Câmaras Municipais e o restante pertence às Juntas Gerais.
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Junta Geral
que a cultura, fabrico e comércio do tabaco era livre do estanco nas ilhas.
Com esta alteração do estatuto, também se produzem alterações quanto à
despesa consignada às Juntas Gerais. Assim, estas estão obrigadas às despesas
com o pessoal dos quadros aprovados por lei, as pensões de aposentação,
hospitalização do alienados e demais do expediente, de instalação e conservação
da direção de finanças, governo civil, estabelecimentos de ensino liceal e técnico,
escolas do magistério primário, delegação do INTP, tribunal de trabalho, direção do
distrito escolar e arquivo distrital. Acrescem os vencimentos do pessoal do Arquivo
distrital e do referente ao ensino primário296. A última situação passou a ser um
encargo do Estado, por decreto-lei n.º 58.371c de 23 de dezembro de 1971. Tenha-
se em conta que esta e outras questões de índole financeira estiveram presentes
na proposta de revisão dos estatutos que saiu da reunião dos políticos insulares
realizada em 1970297.
Em 1947, o decreto 36.455 de 24 de agosto determinava, como consequência,
que a passagem dos funcionários do serviço de estradas do Estado para a alçada
da Junta passaria a contar, como contrapartida, com mais 2800 contos, verba, na
verdade muito insuficiente, pois os encargos eram de 4.500 contos (cf. quadros em
anexo).
Em quase todos os relatórios da Junta, era tónica comum a seguinte
constatação: as receitas ordinárias não são suficientes para dar satisfação
completa às necessidades dos diversos serviços e à realização de algumas obras
e empreendimentos que é forçoso adiar por mais algum tempo. Entretanto, por
decreto 34.349 de 5 de setembro de 1953, a Junta passou a contar com a receita
da venda da aguardente, mas mesmo assim não eram suficientes para suportar o
agravamento de despesas, o qual é proveniente do recente aumento de vencimentos
e abono de família e, sobretudo, do notável incremento dado à instrução primária.
Atente-se no facto de que, nesta, as cobranças dos impostos que lhe
pertenciam, cobriam apenas 68% da despesa. Passados seis anos, a mesma
situação de aumento dos vencimentos provoca esta situação de rutura financeira
que leva as autoridades a invocarem o decreto 30.214, de 26 de dezembro de 1939,
para suprirem esta dificuldade. A fazer fé no decreto 39.903 de 13 de dezembro
de 1954, haviam sido feitos estudos sobre a situação financeira das Juntas, em
face da transferência de serviços. Deste modo, mantém-se o regime de subsídios,
estabelecido com caráter provisório, pelo decreto-lei 36.455 de 4 de agosto de
1947, enquanto se procede ao aumento do imposto do tabaco e à revisão dos
rendimentos matriciais da propriedade rústica. Fez-se, ainda, transitar para o
Governo Central as despesas com o pessoal da circunscrição florestal do Funchal.
A 27 de outubro de 1968, Marcelo Caetano substituiu Salazar. As expetativas
eram grandes quanto à revisão da autonomia. Nas eleições para a Assembleia
Nacional, realizadas a 26 de outubro de 1969, a oposição aguardava essa necessária
abertura às reivindicações autonómicas. Nos anos setenta, uma cimeira insular no
Funchal e Ponta Delgada apresentou uma proposta de alteração dos estatutos.
296 Por decreto-lei n.º 46.925 de 29 de março de 1966, os encargos com a instalação e manutenção da Delegação do
Instituto Nacional de Estatística são da Junta. Também por decreto-lei n.º 41.506 de 17 de janeiro de 1958, os estudos
e projetos, compra dos terrenos e construção aeroportos.
297 Cf. Boletim da Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal, n.º05, 10 (1970), pp. 1-2, 1-5.
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298 O seu retorno ao cargo é feito com uma mão de ferro, como o testemunha o seu discurso de tomada de posse: sei muito
bem o que quero e para onde vou, mas não se me exija que chegue ao fim em poucos meses. No mais, que o país estude,
represente, reclame, discuta, mas que obedeça quando se chegar à altura de mandar.Cf. PATRIARCA, Fátima, 2006,
«Diário» de Leal Marques sobre a formação do primeiro governo de Salazar. Análise Social, n.º 178, p. 174, nota 24.
299 A este propósito, refere Eduardo A. Pestana: O ano defunto de 1924 representa para a economia da Ilha uma perda
calculável em 100.000 contos, assim distribuídos: bordados, 30.000; vinhos, 10.000; aguardente, 6000; álcool e açúcares,
6500; propriedades em transacção, mercadorias armazenadas e mercadorias em retalho, os demais 47.500 contos. in JM
de 15 de abril de 1925, cit em PESTANA, 1970, Ilha da Madeira, II Estudos Madeirenses, p. 176 .
300 Cf. apresentação e debate do decreto em Diário das Sessões, n.º 17, 28 de janeiro de 1970, pp. 1-2. Tenha-se em conta
que, por despacho de 6 de novembro de 1968 do Ministro do Interior, foi criado um grupo de trabalho “ad-hoc”
para o estudo dos entraves à livre circulação de mercadorias nacionais entre as várias ilhas adjacentes e entre estas e
o continente, tendo como base um estudo preliminar realizado pela Direcção de Serviços de integração Económica
Nacional.
301 Apenas para que se veja a forma vexatória da situação, tomamos em linha de conta uma tonelada de sal importada do
Algarve que, na origem, ficava por 335$00, e que à chegada ao Funchal, ao valor indicado, deveria adicionar-se 419$83.
Esta informação é dada em ofício do Grémios dos Industriais de Panificação do Funchal, n.º 26/69, de 25 de janeiro,
dirigido ao Presidente da comissão de Coordenação Económica. Outra informação da Somagel referente a 1 de Março
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Nesta época que vai até 1974, foi ativa a intervenção de alguns madeirenses
na política nacional, o que não se reverteu, de modo algum, em favor da ilha,
como acontecera nos Açores, em finais da centúria anterior. Primeiro, foi o General
José Vicente de Freitas (1892-1952) que, na qualidade de Presidente do Concelho,
chamou Salazar para a pasta das Finanças. A par disso, outros madeirenses privaram
de perto com Salazar e foram intervenientes ativos no programa financeiro: António
Sebastião Spínola (1876-1956), madeirense e Inspetor Superior das Finanças, foi
chefe de Gabinete do Dr. Oliveira Salazar a partir de 1935305, João Pinto da Costa
de 1969, sobre a importação de 960 Kgs de peixe em 32 caixas no valor de 9.100$00, vimos a fatura ser acrescida de
881$50. Documento disponível em: S.A., Relatório sobre a Proposta de lei sobre a circulação de mercadorias nacionais
ou nacionalizadas entre o continente e as ilhas adjacentes, Lisboa, Ministério das Finanças e da Economia, Documentos,
O Deve e Haver das Finanças da Madeira. Séculos. XV.XXI, Funchal, Biblioteca Digital do CEHA (acesso local).
302 O decreto 8/70, que aprova a referida alteração, revogou os seguintes diplomas: carta de lei de 27 de dezembro de 1870;
lei de 26 de outubro de 1904; lei n.º 80, de 21 de julho de 1913; lei n.º 1892, de 13 de janeiro de 1928; lei n.º 1404, de
27 de fevereiro de 1923, alterada pelo decreto n.º 14.686, de 8 de dezembro de 1927, salvo no que se refere à tributação
do tabaco, que se mantém em vigor enquanto não forem alterados os direitos de importação do tabaco nas ilhas
adjacentes; lei n.º 1561, de 10 de março de 1924; decreto-lei n.º 26.424, de 17 de março de 1986; decreto-lei n.º 29.236,
de 8 de dezembro de 1938; decreto-lei n.º 36.375, de 26 de junho de 1947; decreto-lei n.º 36.820, de 7 de abril de 1948,
salvo no que se refere à tributação do tabaco, que se mantém em vigor enquanto não forem alterados os direitos de
importação do tabaco nas ilhas adjacentes; decreto-lei n.º 36.924, de 22 de junho de 1948; decreto-lei n.º 38.291, de 7 de
junho de 1951; decreto n.º 11.871, de 16 de dezembro de 1925; decreto n.º 14.736, de 16 de dezembro de 1927; decreto
n.º 16.548, de 28 de fevereiro de 1929; decreto n.º 18.041, de 28 de fevereiro de 1930; decreto n.º 18.586, de 10 de julho
de 1930; decreto n.º 19.669, de 80 de abril de 1931; decreto n.º 19.902, de 18 de junho de 1931; decreto n.º 26.952, de
28 de agosto de 1936; decreto n.º 29.477, de 9 de março de 1939; artigos 106.º a 108.º e n.º 9 do artigo 99.º do Estatuto
dos Distritos Autónomos das Ilhas Adjacentes, aprovado pelo decreto-lei n.º 86.453, de 4 de agosto de 1947; artigos
2.º e 3.º do decreto n.º 12.782, de 30 de novembro de 1926; alínea f) do artigo 6.º do decreto n.º 15.110, de 5 de março
de 1928; artigo 6.º do decreto n.º 22.389, de 29 de março de 1933; alínea c) do artigo 5.º do decreto-lei n.º 26.985, de
5 de setembro de 1936; § 2.º, do artigo 10.º do decreto-lei n.º 30.554, de 28 de junho de 1940; artigos 13.º e 14.º do
decreto n.º 30.290, de 13 de fevereiro de 1940; artigo 8.º do decreto-lei n.º 88.590, de 29 de março de 1944; alínea c) do
n.º 6.º do Regimento Geral dos Preços dos Medicamentos e Manipulações, aprovado pela portaria n.º 19.240, de 18 de
junho de 1962. Documento disponível em: S.A., Relatório sobre a Proposta de lei sobre a circulação de mercadorias
nacionais ou nacionalizadas entre o continente e as ilhas adjacentes, Lisboa, Ministério das Finanças e da Economia,
Documentos, O Deve e Haver das Finanças da Madeira. Séculos. XV.XXI, Funchal, Biblioteca Digital do CEHA (acesso
local).
303 Este imposto foi criado pelo decreto-lei 48.766 de 8 de junho de 1961 e não abrangia as ilhas, que gozavam desde o
século XIX de um regime especial quanto à tributação do tabaco.
304 Medida estabelecida pelo decreto-lei n.º 44.508, de 14 de agosto de 1962, publ. Diário do Governo, n.º186/62 SÉRIE I,
pp. 1101-1102.
305 Antes disso, havia passado pelo Ministério das Finanças apenas por 13 dias. Na sequência do golpe de 28 de maio de
1926, foi convidado por Mendes Cabeçadas para Ministro da referida pasta, mas não assumiu regressando a Coimbra a
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Junta Geral
Leite (Lumbrales) (1905-1975) foi Ministro das Finanças, de 1940 a 1950; Quirino
Avelino de Jesus (1865-1935)306 interveio de forma destacada, em termos de
produção teórica no campo financeiro,307 na primeira República, e depois foi íntimo
5 de Julho. Cf. PATRIARCA, Fátima, 2006, «Diário» de Leal Marques sobre a formação do primeiro governo de Salazar.
Análise Social, n.º 178, pp.169-222.
306 Comissão do Livro Negro, 1987, Cartas e Relatórios de Quirino de Jesus a Oliveira Salazar, Lisboa, Presidência do
Conselho de Ministros.
307 Recorde-se que o seu Livro A Crise Portuguesa-subsídios para a política de reorganização nacional (1923), serviu de
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Junta Geral
colaborador de Salazar. Por fim, não devemos esquecer a amizade que ligava o
Dr. Oliveira Salazar a alguns madeirenses como o Dr. João Abel de Freitas (1893-
1948), que contribuiu para influenciar de forma decisiva a opinião de Salazar sobre
a Madeira.
Distinta é a atitude de muitos visitantes nacionais que, de forma clara,
criticam a postura do governo Central em relação às ilhas. Oldemiro César, em duas
viagens de estudo realizadas ao arquipélago, em 1924 e 1934, respetivamente,
é testemunha do abandono a que os governos o haviam votado: Há mais de 30
anos que as Ilhas não recebiam um membro do Governo. As suas reclamações, as
suas aspirações, as suas queixas ao Terreiro do Paço longínquo chegavam apenas
transmitidas pelos fios do telégrafo, quando não pela voz dos chefes dos districtos
(...). Depois o regresso com muitas promessas e nenhumas certezas, que o tempo
convertia em tristes desilusões, assim criando entre Portugal isolado no Atlântico
e o Poder Central do Continente, um mal-estar contínuo e irritante que a ninguém
aproveitava nem mesmo a processos e habilidades políticas de outros tempos308.
O mesmo em 1934, de regresso à ilha, fica com a impressão de que pouco
teria mudado pois, para além do monumento a Gonçalves Zarco, nada de novo
(…) de progressivo ou de interessante em matéria de urbanização na sua pitoresca
cidade do Funchal. (...) arrastam-se as obras do pôrto com uma morosidade que a
falta de recursos explica (…) as três quintas, da Vigia, Pavão e Bianchi, que o Estado
vantajosamente adquiriu, oferecem o mais lamentável aspecto de abandono,
com os seus edifícios, que foram confortáveis habitações particulares, caindo em
ruínas309. Será esta manifesta situação de orfandade, que se prolonga no tempo, a
razão que levará os madeirenses às revoltas em 1931 e 1936.
A esta poderiam juntar-se outras vozes que, ao longo desta centúria, reclamam
da situação de abandono e de falta de atenção das autoridades, em termos de
investimentos públicos. Até de entre algumas personalidades e amigos do Dr.
Oliveira Salazar, na ilha, surgiram algumas vozes nesse sentido, o médico João Abel
de Freitas, amigo do Dr. Oliveira Salazar que, em 15 de janeiro de 1935, assumiu as
funções de Presidente da Junta Geral, por exemplo. A 28 de março do ano da sua
posse, em carta pessoal ao Dr. Oliveira Salazar, lança um grito pungente de pedido
de ajuda310 e testemunha aquilo que é crença popular: A grande maioria do povo
da Madeira está convencida de que o Governo Central nos tem abandonado como
castigo da revolução da Madeira, de bem triste memória.
base à política financeira definida e seguida por Oliveira Salazar, a partir de 1928. Para o estudo desta figura, veja-se:
RODRIGUES, Abel Martins, 2006, As origens do salazarismo: o nacionalismo português segundo Quirino de Jesus,
Braga: Univ. do Minho; LEAL, Ernesto Castro, 2002, A problemática da “crise nacional” em Quirino de Jesus: moral,
política e administração, Lisboa: [s.n.]; LEAL, Ernesto Castro, 1994, Quirino Avelino de Jesus, um católico “pragmático”:
notas para o estudo crítico da relação existente entre publicismo e política (1894-1926), Lisboa: s.n.; VERÍSSIMO, Nelson,
1990, Autonomia Insular: as ideias de Quirino Avelino de Jesus, Revista Islenha, n.º 7, Funchal, 1990, pp. 32-36;
VERÍSSIMO, Nelson, 1990, «O alargamento da autonomia dos distritos insulares: o debate na Madeira (1922-1923)»,
in Actas do II Colóquio Internacional de História da Madeira, Funchal, 18-23 Setembro 1989, s. l., Comissão Nacional
para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1990, pp. 493-515.
308 César, 1944, p. 148.
309 César, 1944, p. 149.
310 Diz o mesmo: Peço pelos meus filhos; peço por todos os madeirenses; peço por todos os portugueses porque o engrandecimento
da Madeira será um reflexo da prosperidade de Portugal. (...) Reputo absolutamente necessário e urgente qualquer acto de
V. Ex.a. Em benefício da Madeira, que prove a esta gente que não continuará completamente abandonada pelo Governo
Central.(...) A continuarem as coisas como estão em breve a Madeira seria como já referi, teatro duma tragédia, a maior
das que a têm assolado em todos os tempos.
81
Junta Geral
311 Entretanto, o Diário de Noticias de 17 de abril de 1936 transcreve outra carta oficial de 9 de abril de 1936, assinada por
Antero Leal Marques, chefe de Gabinete de Salazar que retoma estas questões. Estas diligências junto de Salazar, por
parte do Dr. João Abel de Freitas e dos deputados madeirenses, são reveladas em entrevista ao mesmo diário no dia 31
de março pelo governador civil, Comandante Goulart de Medeiros.
312 Tenha-se em conta que estas ideias ganham forma de lei em 1938, com a lei 138 de 30 de abril: Queixam-se os distritos
insulares de que o regime de 1928 lhes é incomportável, porque as receitas não chegam para cobrir as despesas, e há quem,
perdendo de vista o equilíbrio que tem de haver entre a riqueza existente e a satisfação das necessidades públicas, sustente
que se deve progredir ainda na autonomia, negando-se ao Estado o direito de ir buscar um ceitil que seja à economia das
ilhas. É este modo de ver filho de um vicioso particularismo regional, que esquece a solidariedade que liga as diversas
partes da Nação e a existência de órgãos políticos e administrativos de interesse geral, para cuja manutenção todos os
cidadãos têm o dever de contribuir. A administração das circunscrições está longe de ser um circuito fechado entre as suas
receitas próprias e as próprias despesas: o Estado unitário compreende e indissoluvelmente liga as comunidades locais.
acorrendo com os recursos da Fazenda Pública onde for mais conveniente e útil para o interesse nacional. Formam as
ilhas adjacentes um todo com o continente, é o mesmo o seu sistema de administração e governo, como o mesmo é o grau
de civilização dos habitantes e de progresso social: seria, pois, contrário ao bem comum consagrar uma forma egoísta de
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Junta Geral
plena autonomia financeira que parecesse realizar a desintegração do Estado de uma parte do seu território metropolitano.
(Relatório da lei n.º138, 30 de abril, publ. Leite, J. G. Reis (1987), A Autonomia dos Açores na Legislação Portuguesa,
Horta, p. 229.)
313 Caetano, Marcello, 1970, Mandato Inadiável, Lisboa.
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Juvenal de Araújo
314 A lista de jornais e de transcrições destes discursos na imprensa madeirense é extensa. Damos aqui apenas alguns
exemplos: Semanário Oficial, 17.05.1956; A Regeneração, 27.01.1871; A Voz do Povo, 07.07.1884; Diário de Noticias,
27.05.1883, 22 a 26.02.1907, 4.03.1907, 23 e 24.10.1910, 23.11.1910, 22.01.1936, 03.03.1936, 07.12.1937, 22 a 24.12.1937,
_. 03.1938, 16.03.1938, 7 e 8. 05.1938, 29.02.1940, 12.03.1940, 12.12.1942, 04.04.1944, 04.03.1945, 27.03.1945,
19.12.1945, 12.02.1946, 05.03.1945, 21.03.1945, 28.03.1945, 19 e 20.12.1946, 28.12.1946, 27.02.1947, 13.03.1947,
23.03.1947, 10 e 11.12.1947, 06.02.1948, 15.04.1948, 12.12.1948, 08.04.1949, 21.12.1949, 28.01.1950, 28 e 29.01.1950,
25.03.1950, 05.04.1950, 30.04.1950, 15.12.1950, 17.12.1950, 22.12.1950, 20.12.1950, 18.03.1951, 05.12.1975, 21.12.1975.
315 ARAÚJO, Juvenal de; PEREIRA, Domingos, pref., 1928, Trabalhos parlamentares. Funchal: Tip. Diário da Madeira;
CARDOSO, Agostinho Gabriel de Jesus, 1964. A Madeira e o Turismo Nacional. Funchal: Junta Geral do Distrito
Autónomo do Funchal, [intervenção na sessão legislativa de 1963-64]; CARDOSO, Agostinho Gabriel de Jesus, 1968,
O fenómeno económico social de emigração madeirense, Coimbra: [s. n. ], Sep. da Revista de Direito Administrativo.
Tomo XII [artigo ampliado de apresentação feita na Assembleia Nacional em 1968]; GARCIA, Elias, co-aut, 1885,
Discursos proferidos na Gamara dos Srs. Deputados nas sessões de 13 e 14 de Janeiro de 1885. Pelos Srs. Deputados
Consiglieri Pedroso, Pedro Maria Gonçalves e Elias Garcia. Funchal: Typ. do Povo; GOUVEIA, António Homem de,
1905, Defeza Monumental dos Direitos da Egreja no Parlamento Portuguez. Discurso do ilustre deputado nacionalistas Sr
Cónego António Homem de Gouveia na sessão de 5 de Maio de 1905, Lisboa, Imprensa Nacional; GOUVEIA, António
Homem de, 1905, A Escravidão da Igreja em Portugal. Discurso sobre a Portaria 15 de Abril proferido na sessão de 5
de Maio de 1905 pelo deputado Cónego António Homem de Gouveia. Lisboa: Imprensa Nacional; GOUVEIA, António
Homem de, 1907, A Situação da Madeira. Discurso proferido na Câmara dos Senhores Deputados no dia 19 de Fevereiro
de 1907, Lisboa, Typ. do Bem Publico; GOUVEIA, António Homem de, 1907, Necessidade do descanço Dominical.
Discurso pronunciado no dia 6 de Fevereiro de 1907, na Gamara dos Senhores Deputados, a proposito do projecto do
descanço semanal. Pelo deputado conego António Homem de Gouveia. Lisboa: Typ. Do Bem Publico; MONIZ, Jaime
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Junta Geral
Constantino de Freitas, 1878, Discurso proferido na Câmara dos Deputados na Sessão de 15 de Março de 1878, Lisboa;
MONIZ, Jaime Constantino de Freitas, 1890, Discurso proferido na Câmara dos Dignos Pares do Reino. Por Jayme
Constantino de Freitas Moniz em Sessão de 17 de Julho de 1890. Lisboa: Imprensa Nacional; PEREIRA, João Augusto,
1903, Discurso acêrca do estado anarchico em que se encontra o Distrito do Funchal pronunciado pelo illustre membro
d’aquella casa do Parlamento (Sessão de 17 de Março de 1903) Camara dos Srs. Deputados. Funchal: Typ. do Diario
Popular; TOJAL, Conde do (João Gualberto de Oliveira), 1848, Discursos de Exmo. Sr. Conde do Tojal, pronunciado na
Camara do Dignos Pares: Nas sessões de 4 e 8 de Fevereiro de 1848, em defeza da Administração Terceira - Cabral de que
S. Exa. fez parte como Ministro da Fazenda. Porto: Typ. da Revista; VIEIRA, Manuel José, 1883. Discurso pronunciado
na Gamara dos Senhores Deputados na sessão de 7 de Maio de 1883, pelo Deputado por Santa Cruz (Ilha da Madeira)
Manuel José Vieira. E resposta do Exmo. Ministro das Obras Publicas. Lisboa: Typ. do “Diário da Manhã”; VIEIRA,
Manuel José, 1884. Discurso proferido na Camara dos Deputados na sessão de 13 de Fevereiro de 1884. Pelo deputado
Manuel José Vieira. Lisboa: Imprensa Nacional; VIEIRA, Manuel José, 1888, A Questão da Propriedade na Madeira.
Discurso Prenunciado na Câmara dos Senhores Deputados na Sessão de 7 de Julho de 1888 pelo Deputado, Funchal.
316 REIS, 1989 (dir. ), Portugal Contemporâneo, Vol. I, p. 36.
317 AHP, Primeira Legislatura, Cortes Constituintes, Diário n.º 37, 20-06-1821, p. 515.
318 VIEIRA, 2001 (coord. ), História da Madeira, p. 262.
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na voz d’Afonseca, uma proposta. Contudo, antes, este deputado faz uma
apresentação da Madeira como um paraíso: A Madeira é um paiz completamente
excepcional. A Madeira excepcional, em primeiro logar porque é um oasis no
meio das liquidas campinas do oceano, em segundo logar porque está distante
da metropole 180 leguas, e foi chrismada provincia por uma lei precipitadíssima,
que não attendeu a cousa alguma se não a fazer numero de provincias. A Madeira
é um paiz excepcional, porque tem um commercio tambem excepcional; tem um
artigo só, se póde dizer, que é o vinho, que tambem é um commercio especial,
emfim tem todas as condições de um paiz completamente excepcional. Em virtude
d’isto a legislação para elle deve adaptar-se a essas condições e circumstancias.
Legislar com uniformidade para todos os pontos de um paiz é desconhecer estas
verdades de simples intuição. É incisivo ao apresentar a Madeira como um «paiz»
desconhecido relativamente à sua economia, visto que a legislação deve adaptar-
se a essas mesmas circunstâncias. Relembra outras figuras, tais como o duque
da Terceira, e seus collegas, os srs. conde do Tojal, Falcão, Gomes de Castro e
Costa Cabral, dizendo que estes tinham um maior conhecimento de economia
do que os que estão hoje no Parlamento e se lá estivessem, com toda a certeza,
haveria mudanças. Esta é uma situação que provoca risos na Câmara. Perante
essa situação, diz: A risada não é resposta a cousa alguma, se querem responder
peçam a palavra. A risada é uma arma ridícula. Silvestre Ribeiro aponta um
caminho para o comércio: Isto entendo eu, porque é uma doutrina que devia ser
adotada não só aqui, mas em toda a parte; porque, querer que um ponto distante
do continente, por exemplo 180 leguas, com productos excepcionaes e commercio
também excepcional, tenha a mesma legislação que tem o continente, é não saber
legislar nem administrar. Diz que a Madeira chegou a um estado desgraçadíssimo,
houve tempo em que produziu 35:000 a 40:000 pipas de vinho, com o oidium fukeri
talvez não produzisse 40 almudes, e hoje apenas tem 4:000 pipas. E continua, Nós
como portuguezes estamos promptos e temos obrigação rigorosa de partilhar
os encargos que pesam sobre o continente, mas não temos as vantagens, não
temos os confortos, nem os melhoramentos que têem os habitantes do continente
do reino. Nós não temos uma estrada, se póde dizer, não temos melhoramento
alguns e havemos de carregar com uma parte importante do que se vota para
o continente?! Não póde ser; a boa logica manda que se faça uma differença,
manda-o igualmente a boa administração.
Diz ainda que há um deficit que oprime aquela ilha. Se acaso nós tivessemos
a coragem de recuar em muitas das medidas precipitadas que tomámos em 1833,
as circumstancias da Madeira a este respeito seriam completamente diversas
(apoiados). Refere-se nomeadamente às pautas alfandegárias. Assim sendo, o seu
projeto vai no sentido de ser dado um parecer sobre o aumento extraordinário de
contribuições e alterações de pautas nas ilhas adjacentes, onerando desta forma os
produtos com graves consequências nos comerciantes. O projeto foi aprovado. Na
sessão de 10 de dezembro de 1870, Feliciano Teixeira apresenta um projeto-lei, no
sentido de uma maior igualdade entre as pautas alfandegárias e no de promover
uma melhor comercialização do vinho Madeira, considerado um dos melhores:
Os vinhos do continente portuguez pagarão na alfandega do Funchal o mesmo
imposto de consumo que o vinho de procedência insulana paga na alfandega de
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Lisboa322. E isto porque são já enormes os estragos feitos pela phylloxera nas vinhas
da Madeira. E cita: Na freguezia de Camara de Lobos, distincta pela excellencia dos
seus vinhos, porque era ali que se produzia o vinho mais fino, mais precioso e mais
afamado de toda a ilha, foram todas as vinhas destruidas pela phylloxera. Creio
que não escapou nem uma videira. Indica ainda a urgência do aproveitamento das
águas de rega, visto que a Madeira está atravessando uma crise gravissima.
Feliciano Teixeira323 continua, em 1880, a análise económica do arquipélago,
dando conta que a consequência desta situação é a miséria e a emigração. E esta,
em seu entender, tinha tomado proporções assustadoras. Assim sendo, Teixeira
diz que Os deveres e os direitos são correlativos. A Madeira, que tem os mesmos
deveres que as provincias do continente, tambem podia e devia ter os mesmos
direitos a entrar na communhão dos mesmos gosos, no goso dos mesmos bens que
as outras provincias continentaes.
A 30 de março de 1883324, a situação da ilha é examinada por Manuel de Arriaga,
designando de «calamitoso» o estado em que se encontra a Madeira e Porto Santo e
afirma aguardar resposta do governo para que a situação seja resolvida. Diz mesmo
que estes males que affligem tanto a ilha de Porto Santo, como a do Funchal, alguns
dos quaes, pela sua natureza e longa data, são uma verdadeira vergonha para a
historia da monarchia portugueza! O formoso arquipélago», designadamente a
ilha do Porto Santo, atravessam uma crise alimenticia de primeira ordem, lutando
as classes trabalhadoras com a miseria e grande parte d’ellas com a fome! (…) Tal e
o quadro desolador que, segundo informações fidedignas, apresenta hoje aos olhos
de nacionaes e estrangeiros a mais formosa das nossas ilhas, a que está archivada
na historia portugueza como o primeiro padrão das nossas glorias maritimas! Uma
verdadeira vergonha! E, no entanto, segundo os documentos officiaes e os dados
estatisticos que tenho consultado, possue a ilha da Madeira o porto de maior
movimento e de mais valiosos rendimentos aduaneiros, de quantos temos depois
de Lisboa e Porto! Dirigindo-se ao ministro das Obras Públicas, Hintze Ribeiro,
Arriaga afirma: Sou um insulano, e tenho a satisfação e a honra de dirigir-me a
um ministro que é igualmente insulano. Certamente por esta razão, terá maior
sensibilidade e compreensão sobre a realidade insular: Ninguem melhor do que s.
exa. conhece as condições precarias em que todas as nossas ilhas se acham, e as
justificadissimas queixas que todas dirigem á mãe patria! Não a vêem como mãe,
vêem-n’a como madrasta; sentem-se, e é verdade, exploradas por ella, e reclamam
constantemente contra esta expoliação. Reconhece que a Madeira é aquela que
maiores problemas e mais queixas tem contra a metrópole e que aquele era o
momento de se fazer justiça. Hintze responde: Não pense que o governo tenha sido
indifferente ás suggestões que d’aquella ilha tem partido, como não deve pensar
que fosse necessario que a palavra sempre eloquente de s. exa. viesse acordar
os echos do parlamento, para que o parlamento se lembrasse de que a alguns
kilometros de Portugal existe uma das suas ilhas mais formosas, e reconhecesse
quanto ella tem empobrecido por circumstancias imprevistas. (…) É assim que,
ainda não ha muito, independentemente das palavras que estimo sempre ouvir da
322 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima terceira Legislatura, Diário n.º 30, 20-02-1880, pp. 515, 517-519.
323 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima terceira Legislatura, Diário n.º 30, 20-02-1880, pp. 515, 517-519.
324 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima quarta Legislatura, Diário n.º 52, 30-03-1883, pp. 852-856.
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325 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima quarta Legislatura, Diário n.º 28, 12-02-1884, pp. 285-298.
326 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima sexta Legislatura, Diário n.º 115, 09-08-1887, pp. 2445-2446.
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327 AHP, Câmara dos Deputados, Trigésima segunda Legislatura, Diário n.º 99, 01-07-1899, pp. 1, 3.
328 AHP, Câmara dos Deputados, Primeira Legislatura, Diário n.º 48, 02-04-1901, pp. 1, 4-5, 41-44.
329 AHP, Câmara dos Deputados, Primeira Legislatura, Diário n.º 33, 13-02-1823, pp. 805-806.
330 AHP, Câmara dos Deputados, Primeira Legislatura, Diário n.º 65, 14-04-1835, pp. 815-816, 832, 840-842.
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331 AHP, Câmara dos Deputados, Sétima Legislatura, Diário n.º 20, 26-01-1849, pp. 186, 191.
332 AHP, Câmara dos Deputados, Sétima Legislatura, Diário n.º 132, 22-06-1849, pp. 249, 267-268.
333 AHP, Câmara dos Deputados, Décima sétima Legislatura, Diário n.º 46, 02-07-1869, pp. 595-597.
334 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima terceira sétima Legislatura, Diário n.º 28, 17-02-1880, pp. 483-484.
335 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima terceira Legislatura, Diário n.º 30, 20-02-1880, pp. 515, 517-519.
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a Madeira á custa do continente e com sacrificio d’elle. Podia fazelo sem recear
com isso estabelecer um precedente novo, ainda que não fosse auctorisado pelas
condições difficeis que actualmente se dão. Os deveres e os direitos são correlativos.
A Madeira, que tem os mesmos deveres que as provincias do continente, tambem
podia e devia ter os mesmos direitos a entrar na communhão dos mesmos gosos,
no goso dos mesmos bens que as outras provincias continentaes. Assim, se o
governo consentir que fique na ilha o avultado producto das suas contribuições,
depois de deduzidas todas as despezas para se gastar nas obras, seria uma medida
transitória, pois que acabadas as obras das levadas, passada a crise, fechar-se-ha
este parenthesis, e a Madeira voltará então remoçada e cheia de vida a tomar o
posto que occupava no orçamento geral do estado, contribuindo mais que d’antes
para os melhoramentos geraes do paiz. E este assunto da construção vai ganhando
cada vez mais relevo, na medida em que muitas das levadas não eram mais do
que condutas de madeira. Esta incipiente forma de encaminhar as águas permitia
enormes perdas por infiltração e por evaporação.
Em 1900336, o Visconde da Ribeira Brava, apoiado por José António de Almada,
João Catanho de Menezes e João Augusto Pereira exploram novamente a questão,
dando conta que, sem irrigação, as culturas na ilha são impossíveis e por isso,
tendo em consideração que existem muitas levadas particulares e a cada uma das
quais corresponde uma associação de proprietários e lavradores, propõem que o
governo venda as águas que o Estado possui na ilha. Em 1898, o Visconde da Ribeira
Brava tinha já apresentado no Parlamento um projeto que previa a alienação das
levadas do Estado existentes na Madeira aos proprietários das terras. No entanto,
só dois anos decorridos, a Comissão Parlamentar de Obras Públicas subscrevia
estas posições337.
João Augusto Pereira, na sessão de 15 de junho de 1900338, juntamente com
outros deputados, protagoniza uma defesa acérrima do assunto «levadas». O
deputado Mascarenhas Gaivão, na sua intervenção, considera ser este um assunto
particular pois que apenas interessa a grupos de lavradores. Geral seria, na sua
perspetiva, o debate acerca do fomento vinícola e afirma: Não se trata de interesses
particulares de qualidade alguma. Por outro lado, Pereira dos Santos reconhece
a essência da questão apresentada por Augusto Pereira e enuncia uma reflexão
que defende os interesses da ilha: A Madeira com o seu nectar preciosissimo e
pela sua situação geographica, situada ao meio das derrotas desde o norte da
Europa até á Africa o á America, tem naturalmente concorrido para ser conhecido
o nome portuguez em toda a parte do mundo! (…) a sua primeira necessidade é
que se façam as suas levadas; porque a Madeira, sem agua, não póde valer cousa
nenhuma e as suas culturas ricas podem desapparecer.
Neste contexto de desenvolvimento sustentável, diríamos nós hoje, a
arborização das serras da Madeira é um outro tema que ganha importância nos
debates. Alfredo César de Oliveira, em fevereiro de 1879339, apresentava um
projeto, com o fim de autorizar o governo a arborizar os terrenos das serras e
336 AHP, Câmara dos Deputados, Trigésima terceira Legislatura, Diário n.º 87, 12-06-1900, pp. 1, 5-13.
337 CÂMARA, 2002, A Economia da Madeira (1850-1914), p. 39.
338 AHP, Câmara dos Deputados, Trigésima terceira Legislatura, Diário n.º 88, 15-06-1900, pp. 1, 7-9.
339 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima segunda Legislatura, Diário n.º 29, 10-02-1879, pp. 383-389.
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zona que só póde ser fecundada pelas chuvas, e sendo a arborisacão o unico meio
de attrahir as chuvas regulares, parece-me, senhores, que o complemento desta
obra de tamanho alcance para os madeirenses será a arborisação das serras da
Madeira. Por isso, pede no Parlamento que voteis uma verba especial para este,
aliás momentoso, melhoramento; mas considerando, todavia, que se não póde
emprehender na Madeira, depois da tiragem das levadas, obra mais importante
do que a arborisação das serras; só pedirei, e ouso esperar, senhores, que mo não
recusareis, que da verba votada annualmente para obras publicas no districto do
Funchal a quarta parte seja applicada a arborisacão das serras.
Em toda esta descrição das circunstâncias económicas do arquipélago, os
impostos constituem referência acutilante nas intervenções dos madeirenses.
Manuel Caetano Pimenta de Aguiar, Caetano Alberto Soares e Lourenço José Moniz,
já na sessão de 20 de março de 1827343, apontam o desfasamento, no que concerne
às pautas alfandegárias entre Lisboa e a Madeira, o que condiciona as atividades
comerciais e principalmente não constitui um regime de igualdade nas alfândegas,
prejudicando a atividade comercial insular. O mesmo acontece noutras sessões344.
A 21 de janeiro de 1843, os deputados Luís Vicente d’Afonseca, Bartolomeu dos
Mártires e Sousa, Francisco Correia de Herédia de Aragão e Melo e João da Câmara
Carvalhal Esmeraldo alertam para este aspeto, uma vez mais, apontando o facto
de ser uma forma de não atrair estrangeiros a esta ilha do Atlântico. Luís Vicente
d’Afonseca, em 1843, considera que é preciso atender à especificidade insular,
quando se aborda a questão das pautas alfandegárias e diz mesmo: Sr. Presidente,
dizia Camões: Passámos a grande ilha da Madeira, Hoje pôde-se dizer: Passámos o
penhasco da Madeira, Que por mendigo e pobre assim se chama. E aponta o dedo
a uma errónea decisão: Se a Lei da Pauta não tivesse comprehendido a Madeira,
a Metrópole teria mais alguns centos de contos para alivio dos encargos geraes, e
na Madeira não se daria o caso ate agora virgem de estalar gente de fome como
tem acontecido depois da inundação do anno passado, nem cinco mil desgraça,
dos se teriam ido arremessar aos Pântanos, (…) de Demerara, onde quasi todos
succumbirão. Prossegue a sua análise, descrevendo uma ilha à beira do precipício
e cheia de mendigos.
O deputado açoriano, Pegado, em 1853345, demonstra solidariedade para
com a realidade madeirense, ao ser proposta a suspensão da cobrança do dízimo,
uma iniciativa de António da Luz Pita e José Silvestre Ribeiro, tendo em conta
a situação económica de então. O seu sentir de ilhéu fá-lo expressar-se assim:
Sr. presidente, nunca ouvi pronunciar o nome da ilha da Madeira, que me não
recordasse pungentemente da minha patria; porque as circumstancias actuaes
de ambas sao as mesmas. Esta identidade da sorte faz que ella tome o maior
interesse pelo presente estado da nossa ilha, que bem se póde chamar o estado
de desesperação, porque os seus habitantes, uns vão-se e deixam o torrão natal;
os que ficam, não teem para subsistirem. A ilha da Madeira, a flor do Atlantico
como lhe chamam os navegantes, tem sido a inveja dos estrangeiros, e a vergonha
de Portugal; porque tudo quanta ella tem de bom, deve-o á natureza, pouco ao
343 AHP, Câmara dos Deputados, Primeira Legislatura, Diário n.º 57, 20-03-1827, pp. 635-638.
344 AHP, Câmara dos Deputados, Quarta Legislatura, Diário n.º 112, 19-10-1840, pp. 393-395; AHP, Câmara dos Deputados,
Quinta Legislatura, Diário n.º 17, 21-01-1843, pp. 182-183.
345 AHP, Câmara dos Deputados, Nona Legislatura, Diário n.º 14, 18-06-1853, pp. 194, 199-208.
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homem, menos aos governos. Os viajantes admiram tanto a sua belleza, a sua
magnificencia natural, e a portentosa variedade das suas zonas, como o desleixo
da nação a que pertence. Fóra ella dos americanos, ou dos inglezes, que de ha
muito teria sido o paraizo terreal; qual lhe cabia por aquellas qualidades, e pela
sua posição no globo. A ilha da Madeira é, como todas as nossas possessões de
além do Oceano, o testimunho vivo, a prova visivel, ostensiva, e perante do pouco
que se tem sabido entre nós governar e administrar. A ilha de Hong-Kong é ingleza,
ha menos de 10 annos tem já cáes, planos inclinados para a subida e revista dos
navios, docas que os abrigam: os nossos desfazem-se no Tejo sob a acção continua
dos ventos, das chutas, e das correntes; tem quarteis espaçosos, hospitaes,
armazens, escriptorios officinas, ruas amplissimas: ilha de terreno infecundo, de
atmosfera ventosissima, e mal sã, cortada hoje de estradas! (…) Nenhum districto
da monarchia está hoje como a ilha da Madeira. Não se deve, pois, dizer que igual
medida se estenda aos mais districtos; ou que sé espere por medidas geraes.
Convem-nos ser menos egoistas. A minha opinião é, que para a Madeira, faça-
se o que se puder, por pequeno bem que seja; porque lhe dá alguns recursos, e
alimenta a esperança, e a não desanima, e provoca o abandono da ilha. Cuide-
se já, já da Madeira, e cuidar-se-ha depois dos outros districtos: a excepção está
justificada pela necessidade, pelo principio da humanidade, e pelo brio e decóro
nacional. Os próprios estrangeiros têem concorrido com donativos para o soccorro
de madeirenses: não é possivel que o parlamento deixe de concorrer tambem para
tudo o que tende a melhorar a sua sorte. Assim, vota neste projeto dos porta-vozes
da realidade insular. Neste contexto, Tavares Macedo reage: O illustre deputado
disse — a ilha da Madeira deve tudo á natureza, pouco aos homens, e nada ao
governo — Que a ilha da Madeira deve muito á natureza, é proverbial; basta
lembrar que se lhe chama — a flor do Oceano — que ella deve pouco aos homens,
não sei como similhante cousa se possa dizer. (Apoiados) A ilha da Madeira foi
descoberta pelos portuguezes, foi por elles colonisada, foi por elles levada a um
alto gráo de prosperidade; é muito povoada, e os seus habitantes estão sendo
muitos civilisados; e se se diz que a ilha da Madeira nada deve aos homens, isto,
na minha opinião, é desacreditar a raça portugueza. Disse-se — que a ilha da
Madeira nada deve ao governo. Peço licença para lançar um rapido golpe de vista
sobre a politica portugueza acêrca da ilha da Madeira, não a politica antiga mas a
politica actual. Aquella ilha tem uma pauta de alfandega aonde se estabeleceram
direitos que se julgaram rasoaveis; mas acontece que na ilha da Madeira apenas
se pagam 40 por cento, em relação ao que pagam os contribuintes do continente
europeu, quer dizer, que em 1842 tomou-se uma providencia, a qual existe ainda
em vigor, em virtude da qual quando o contribuinte do continente paga 100 réis
pelos generos que importa do estrangeiro, o contribuinte da Madeira paga só 40
réis. Considera que o contribuinte da Madeira tem sido mais favorecido que o do
continente porque o da Madeira tem sido isento de certos tributos que se tem pago
no continente, como, por exemplo, o tributo para amortisação das notas, e muitos
outros. E no entretanto diz-se que a ilha da Madeira não deve nada ao governo! Eu
perguntarei — se o governo abandona ou tracta mal a ilha da Madeira, quando lhe
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faz beneficios desta ordem! E estes beneficios poderia eu dizer, que eram injustos,
porque é necessario haver igualdade, visto que todos são subditos portuguezes. Eu
intendo que quando ha uma circumstancia especial, e extraordinaria, póde e deve
fazer-se uma excepção qualquer; mas adopta-la como regra geral, como medida
constante e permanente, com isso é que eu não posso concordar. Todos sabem
que para se favorecerem os cereaes portuguezes, se impozeram altos direitos
quanto á importação de cereaes estrangeiros, e que depois se estabeleceu um
direito diminuto, como premio á exportação dos nossos cereaes. Parece natural
que um territorio portuguez qualquer consumisse generos portuguezes, mas a
ilha da Madeira tem gosado da vantagem de admittir generos estrangeiros. Paga,
é verdade, um direito, mas esse direito é municipal. E note-se que em quanto o
contribuinte do continente paga grandes tributos municipaes, lá paga-se um
imposto municipal muito diminuto lançado sobre estes generos. E não deverá
nada a ilha da Madeira ao governo? Segundo o deputado, a Madeira é a cousa
mais elastica que eu tenho visto. Umas vezes é summamente fertil, e deve tudo á
natureza, outras vezes é summamente esteril, e não produz nada, para pedir-se
medidas taes como a que está em discussão. Custa-me fallar nestas cousas, custa-
me trazer estes factos; mas se o faço, é por achar realmente desagradavel o dizer-
se que a Madeira não deve nada ao governo! E note se que quando digo governo
não me refiro a este ou áquelle ministerio, refiro-me ao governo da nação; sendo
fóra de duvida que todos os ministerios tem favorecido, e favorecido altamente a
ilha da Madeira. (Apoiados).
O discurso do deputado é longo e todo ele vai no sentido de apontar as
especificidades que são, segundo refere o diário parlamentar, concedidas à ilha,
pelo que vota contra o projeto. Alves Martins, intervém, referindo que: Não se póde
dizer que o governo olhe com olhos de indifferença para a Madeira, nem tambem
a camara, e mesmo os srs. deputados pela Madeira não se queixam disso, mas são
tantas as presunções a favor da Madeira, que eu confesso que já estou cançado de
ouvir tanto sentimentalismo a respeito da Madeira. Nós estamos promptos a tornar
todas as providencias que estiverem ao nosso alcance a favor daquelles povos,
são nossos irmãos, são portuguezes; que mais querem de nós? Dizem os illustres
deputados pela Madeira — queremos uma medida que acuda aos males daquella
ilha; ora vamos a vêr qual é o remedio que os illustres deputados, e a commissão,
propõem que se applique á Madeira. E eu não estou indisposto com a Madeira,
pelo contrario sou portuguez, sou homem, tenho sentimento como os outros tem,
e não obstante eu vêr neste projecto uma excepção á regra geral, excepção anti-
economica e contra a doutrina, comtudo attendendo ao caso especial em que está
a Madeira, faria excepção ás doutrinas, faria excepção á legislação para acudir
a Madeira; esta é a minha disposição; mas eu voto contra o projecto, não por
elle ser contra as doutrinas, porem por ser contraproducente, por não acudir ao
mal que se quer remediar, porque me parece mais nem eu quero dizer o que me
parece. Ora eu vou provar á camara como o projecto não acode aos males a que
a commissão de fazenda quer que se acuda, eu vou provar como não serve para
cousa alguma, senão para occupar tempo á camara, e eu se fosse deputado pela
Madeira não queria a gloria de o ter conseguido da camara. Luz Pita reage com
uma questão: Terá um parlamento portuguez a coragem de recusar áquella ilha,
pobre e desgraçada como está, a pequena e justa concessão que se lhe pede?
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346 AHP, Câmara dos Deputados, Nona Legislatura, Diário n.º 17, 23-06-1855, pp. 802-803.
347 AHP, Câmara dos Deputados, Décima primeira Legislatura, Diário n.º 1, 01-07-1858, pp. 3, 7.
348 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima primeira Legislatura, Diário n.º 28, 13-02-1875, pp. 369-371.
349 AHP, Câmara dos Deputados, Décima primeira Legislatura, Diário n.º 13, 16-02-1859, pp. 103-105.
350 AHP, Câmara dos Deputados, Décima terceira Legislatura, Diário n.º 7, 31-12-1861, pp. 14, 16-17.
351 AHP, Câmara dos Deputados, Primeira Legislatura, Diário n.º 39, 20-02-1823, pp. 886, 905-907.
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352 AHP, Câmara dos Deputados, Primeira Legislatura, Diário n.º 31, 11-02-1828, pp. 411, 420-426.
353 AHP, Câmara dos Deputados, Primeira Legislatura, Diário n.º 32, 12-02-1828, pp. 503, 512.
354 AHP, Câmara dos Deputados, Primeira Legislatura, Diário n.º 43, 04-03-1828, p. 679.
355 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima sexta Legislatura, Diário n.º 115, 09-08-1887, pp. 2445-2446.
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365 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima quarta Legislatura, Diário n.º 52, 30-03-1883, pp. 852-856.
366 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima quarta Legislatura, Diário n.º 80, 07-05-1883, pp. 1432-1437.
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A fome entrou já nos casaes dos lavradores, a miseria lavra por toda a parte:
braços validos de centenares de homens não encontram trabalho; e o resultado
é o que ahi vemos - a emigração, que começa hoje em quasi mil pessoas, e que
ámanhã ha de ser de duas mil ou mais, sem se attentar nas funestas consequencias
que advem de um tal estado de cousas. Não são os vadios, os mandriões, os
ambiciosos e aventureiros que emigram; mas os chefes de familia, os homens
validos para o trabalho, os operarios e lavradores que abandonam o lar domestico,
a sua parochia, a terra onde nasceram. Hontem commoviam-nos esses grupos
de homens, mulheres e creanças, atravessando as ruas do Funchal, uns com as
faces cobertas de lagrimas, ao darem o ultimo adeus aos paes, parentes e amigos,
outros com o sorriso da esperança nos labios, porque julgam que os aguardam
n’essas longinquas paragens os confortos que a patria lhes nega, o trabalho que
ella lhes não dá.
A emigração, já anteriormente referida, é um drama apresentado em inúmeros
debates e uma consequência da conjuntura. Silvestre Ribeiro é um dos que mais
faz ouvir a sua voz, perante o quadro trágico que se verifica na Madeira. Foi, na
verdade, com este governador (1846-1852) que se estabeleceu uma política
pragmática de combate à emigração, face aos números elevados da mesma e à
miséria a que estava reduzida a maioria da população da ilha367.
Daniel de Ornelas e Vasconcelos368, em 1843, refere que essa emigração foi
muito voluntaria, e que nella lucraram, porque essa gente não linha alli de que
viver: aquella Ilha conta cento e vinte mil Habitantes, muitos dos quaes não podem
tirar a subsistencia do pequeno espaço de terra, em que viviam, pela falta de
trabalho, resultante da estagnação do commercio: por tanto, ou haviam de tornar-
se salteadores, ou emigrar.
Manuel José Vieira, a 7 de maio de 1883369, regista no Parlamento que a ilha
do Porto Santo tem estado reduzida a um tal estado de miséria que se anda a pedir
esmola para ela, pelo estrangeiro e repetidos têm sido os bailes que se tem dado
no Funchal, a fim de beneficiar aquela pobre gente. (…) Mas não é só o Porto Santo
que se encontra nestas circunstâncias. Nas mesmas está também a ilha da Madeira,
em grande parte. (…) A fome entrou já nas casas dos lavradores, a miséria lavra
por toda a parte; braços válidos de centenas de homens não encontram trabalho
(…).
Obras públicas, nomeadamente a rede viária e o porto do Funchal são
apontadas como forma de evitar a emigração e são propostas por Alfredo César
de Oliveira na sessão de 12 de maio de 1879370. Referindo-se a um artigo do
Diário de Notícias do Funchal sobre a emigração madeirense, aponta essas obras,
tão carentes de operários, como forma de manter na ilha, aqueles que, por
necessidades económicas, estão a sair em proporções assustadoras371.
As obras públicas como um motor de desenvolvimento do arquipélago serão
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372 AHP, Cortes Constituintes, Primeira Legislatura, Diário n.º 81, 16-05-1821, p. 925.
373 AHP, Câmara dos Deputados, Primeira Legislatura, Diário n.º 33, 13-02-1823, pp. 784, 805-806.
374 AHP, Câmara dos Deputados, Primeira Legislatura, Diário n.º 64, 28-03-1827, pp. 749, 756.
375 AHP, Câmara dos Deputados, Décima primeira Legislatura, Diário n.º 20, 23-07-1858, pp. 261, 264.
376 AHP, Câmara dos Deputados, Décima segunda Legislatura, Diário n.º 4, 04-06-1860, pp. 77-79.
377 AHP, Câmara dos Deputados, Décima segunda Legislatura, Diário n.º 29, 08-02-1861, pp. 361-362.
378 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima quarta Legislatura, Diário n.º 58, 31-03-1882, pp. 982-988.
379 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima quarta Legislatura, Diário n.º 89, 16-05-1882, p. 1449.
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386 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima quarta Legislatura, Diário n.º 58, 31-03-1882, pp. 982-988.
387 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima quarta Legislatura, Diário n.º 28, 12-02-1884, pp. 285-298.
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preferencia para a navegação que se dirige para a America do norte. Para a que se
dirige para a America do sul, para a Africa Occidental e ainda parte da oriental, o
primeiro ponto de escala é effectivamente a Madeira. O archipelago das Canarias
por sua parte está mais ao sul do que nós, e por isso a sua situação geographica
é superior. Basta olhar para os pontos iniciaes d’onde essa navegação procede -
Inglaterra e norte da Europa - e pontos extremos a que ella se dirige - costas oriental
da America do sul, e occidental e parte oriental d’Africa. Quanto mais a localidade
for ao sul, tanto mais central será ella em relação áquelles pontos extremos de
navegação, e tanto maior conveniencia offerecerá, portanto, á navegação a
vapor. Esta é situação geographica da Madeira, como todos nós conhecemos, em
relação ao archipelago das Canarias. Nesse sentido, se as Canárias nos ultrapassa
na questão das facilidades aduaneiras do seu porto, o que fica a favor da ilha da
Madeira? Continua e acrescenta: unicamente, como disse, o seu excellente clima,
e por consequencia resta-nos a fraca probabilidade de ser procurada por alguns
passageiros que para ali vão passar a estação invernosa, em procura do lenitivos
a seus males. No entanto, se os vapores não chegam à ilha, como poderão eles
aproveitar o belo clima d’aquella ilha?
Vieira menciona, igualmente, outro facto, não menos importante. A valorização
de uma burocracia que é prejudicial aos interesses insulares: chega um vapor ao
Funchal, supponhâmos com 3:000 toneladas, de carga, sendo 1:000 toneladas
para a Madeira. Em logar de se lhe exigir unicamente os documentos; relativos á
carga destinada para o porto do Funchal, exige se-lhe mais uma relação de todo
o resto da carga para outros portos de escala, com designação dos volumes, seu
peso marcas, e outras minucias que nenhuma cousa util produzem, causando
aliás enormes perdas do tampo, maiores do que a demora que seria precisa para
um paquete fornecer-se de carvão e seguir. Será isto desenvolvimento o auxilio á
navegação? Nas Canarias nenhuma d’estas exigencias é feita. Assim, os benefícios
tendem todos para o porto canário. Augusto Dias Ferreira, na mesma sessão,
informa a Câmara que o Funchal é visitado por grande quantidade de estrangeiros;
porque quaesquer que sejam as localidades da Italia e da Hespanha, que muita
gente procura para recuperar a saude, nenhuma d’essas localidades se avantaja á
ilha da Madeira. N’este sentido, estou persuadido que o primeiro paiz do mundo é
a ilha da Madeira. Mas, não e indifferente para paiz nenhum o chamar ou deixar
de chamar os estrangeiros ao seu territorio, porque elles deixam riquezas de todo
o genero. Mas levanta uma questão vital: quem chega á Madeira não tem um caes
de desembarque! Além disso, o porto de mais a mais, no inverno, é perigosissimo.
Eu já embarquei ali, no 1.º de junho, que não era inverno, e filo com perigo de vida.
Perante a intervenção dos deputados, António Augusto de Aguiar, ministro
das Obras Públicas diz estar de acordo com a necessidade de obras na ilha mas
não concorda com os deputados que acusaram os governos de terem despresado
aquella ilha desde longos annos. Faz ainda outra reflexões acerca do governo não
póder acudir a uma localidade, e auxiliala como desejava, esquecendo as outras.
E agora tomo a defeza de todos os governos. O governo attende ao paiz em geral,
o auxilia cada uma das localidades, em que elle se divide, segundo a urgencia das
necessidades. Por outro lado, indica que a alfândega nunca deixou de aumentar os
direitos de entrada sobre os produtos importados e aponta dados. Menciona ainda
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que não lhe fora apresentado um projeto final sobre o porto. Termina o ministro,
dizendo que todos estarão de accordo em que o governo não pode conceder tudo
que se lhe pede; (Apoiados.) mas eu estou disposto a conceder alguma cousa.
E considera que, muitas vezes, os deputados madeirenses que fallaram sobre
esta questão exageraram um pouco a situação da ilha da Madeira, e eu preciso
fazer algumas referencias a essa parte dos seus discursos, para não ser notado
que não houvesse quem só levantasse, não só para defender este governo, mas
todos os governos que o têem precedido. Estou certo que todo o governo, quando
póde fazer qualquer melhoramento de que se espera que o paiz ha de tirar bom
resultado, tem n’isso uma grande satisfação. (Apoiados.) Mas ha obras que são
mais opportunas do que outras.
No respeitante às verbas para o porto, indica diversos valores: Quer v. exa.
saber qual foi o orçamento da muralha que deve ligar o futuro molhe com o caes da
Pontinha? Foi de 118:000$000 réis. Quer saber quanto se tem despendido com elle
até hoje? 55:000$000 réis. Falta despender 63:000$000 réis. Sabe quanto o director
pediu este anno para a muralha? 20:000$000 réis. E sabe quanto mandámos já?
10:000$000 réis. Mandámos já metade d’esta quantia e não estamos ainda no
meio do anno. Por consequencia não se diga - que o governo portuguez desattende
a ilha da Madeira. Portanto, para o ministro, é necessario que se saiba que todos
os governos de Portugal, dentro das suas finanças escassas e apertadas, têem
attendido á Madeira como verdadeiros portuguezes. Diante desses montantes,
Arriaga interrompe e acrescenta: Se confrontarmos este acto com o que se tem
feito com os Açores, ha grande desproporção. No final do seu discurso, António
Augusto de Aguiar informa: Vou convidar com a maior rapidez os representantes
da ilha da Madeira para terem uma conferencia commigo, e dentro dos recursos
actuaes havemos de fazer alguma cousa que se não contentar aquella ilha, a
colloque pelo menos em circumstancias de poder lutar com o porto das Canarias.
Em junho de 1888388, Fidélio de Freitas Branco e Manuel José Vieira explanam,
uma vez mais, na sua intervenção, a urgência da construção do porto no Funchal,
visto que, no inverno anterior, a Madeira fora frequentada por pessoas pertencentes
ás mais altas classes da sociedade européa (…) um numero considerável de pessoas
pertencentes ás famílias mais ricas e aristocráticas da Europa; pessoas que estão
mais no caso de espalharem n’aquella importante povoação dinheiro e outros
benefícios. Assim, alertam para que não succeda obrigarmos essas pessoas que
vão á Madeira procurar uma residencia favoravel á cura das enfermidades de que
padecem e ainda uma residencia agradavel de inverno, a assistirem ao espectaculo
de um desembarque tão barbaro como aquelle que ainda ali se faz.
Em 1893389, António de Gouveia Osório solicita informações sobre o porto
de abrigo no Funchal que é, segundo o parlamentar, uma das obras que tanto
dinheiro custou, e que logo no primeiro anno quasi que se arruinou por completo.
E continua: parece que um mau fado persegue as obras da Madeira. A realidade
dura para o porto é que depois de muitos esforços, e de se terem despendido
avultadas quantias, conseguiu-se um porto de abrigo no porto do Funchal; pouco
tempo depois de concluido o mar destruiu-o. E lá está arruinado, sem fazer serviço
388 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima sexta Legislatura, Diário n.º 122, 19-06-1888, pp. 2091-2092.
389 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima nona Legislatura, Diário n.º 37, 08-07-1893, pp. 405, 414-416.
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390 AHP, Câmara dos Deputados, Quarta Legislatura, Diário n.º 22, 25-06-1840, pp. 333, 346-347.
391 AHP, Câmara dos Deputados, Sétima Legislatura, Diário n.º 22, 25-05-1848, pp. 1-5.
392 AHP, Câmara dos Deputados, Décima primeira Legislatura, Diário n.º 22, 29-01-1859, pp. 299-313.
393 AHP, Câmara dos Deputados, Sétima Legislatura, Diário n.º 84, 19-04-1849, pp. 208-209.
394 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima nona Legislatura, Diário n.º 53, 20-06-1893, pp. 1, 4-5.
395 AHP, Câmara dos Deputados, Décima segunda Legislatura, Diário n.º 8, 08-06-1860, pp. 129, 131, 141-142.
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396 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima nona Legislatura, Diário n.º 68, 07-07-1893, pp. 1, 19-32.
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397 AHP, Câmara dos Deputados, Trigésima segunda Legislatura, Diário n.º 14, 15-07-1897, pp. 241-242.
398 AHP, Câmara dos Deputados, Décima primeira Legislatura, Diário n.º 9, 12-03-1859, pp. 91-92; AHP, Câmara dos
Deputados, Décima primeira Legislatura, Diário n.º 6, 07-04-1859, pp. 75-76; AHP, Câmara dos Deputados, Décima
quinta Legislatura, Diário n.º 124, 28-11-1865, p. 2699; Câmara dos Deputados, Vigésima primeira Legislatura, Diário
n.º 20, 29-01-1875, p. 241.
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elemento essencial para o desenvolvimento turístico que se começa a sentir, nos Comboio do Monte.
finais do século XIX, no Funchal. Em 1891399, os parlamentares representantes 1900.
da Madeira, enquadram a sua situação económica no âmbito da construção
do caminho-de-ferro, dando conta que para em parte obviar aos males acima
apontados um grupo de capitalistas do Funchal, reunidos em sociedade anonyma,
emprehendeu construir um caminho-de-ferro de forte rampa, que ligue aquella
cidade com o norte da ilha, para onde não ha vias de communicação que possam
em todas as estações do anno trazer a mercados mais remuneradores os productos
agricolas das regiões distantes. No entanto, tal projeto supõe investimentos
elevados e, subjacente à conjuntura madeirense, contam com a protecção do
estado para a isenção de impostos sobre o material de que carecerem, como de
outras vezes e para fins similares já se tem feito a outras emprezas. Nesse âmbito,
Gouveia Osório salienta, em 1893400, que o que se pede é uma cousa que é de
inteira justiça, e que não ha rasão plausivel para que seja recusada. O caminho-
de-ferro, de forte rampa, systema Riggenback, entre a cidade do Funchal e o sitio
399 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima oitava Legislatura, Diário n.º 21, 23-06-1891, pp. 1-2.
400 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima nona Legislatura, Diário n.º 37, 08-07-1893, pp. 405, 414-416.
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401 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima quarta Legislatura, Diário n.º 38, 01-03-1884, pp. 475-476.
402 AHP, Câmara dos Deputados, Trigésima primeira Legislatura, Diário n.º 52, 07-04-1896, pp. 907-909.
403 AHP, Câmara dos Deputados, Trigésima segunda Legislatura, Diário n.º 15, 16-07-1897, pp. 261, 263.
404 AHP, Câmara dos Deputados, Trigésima segunda Legislatura, Diário n.º 48, 26-08-1897, pp. 827-832.
405 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima oitava Legislatura, Diário n.º 24, 12-02-1892, pp. 1-4.
113
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406 AHP, Câmara dos Deputados, Trigésima primeira Legislatura, Diário n.º 61, 20-04-1896, pp. 1141-1142.
407 CARITA, 2008, Funchal 500 anos de História, pp. 105, 111.
408 AHP, Câmara dos Deputados, Décima segunda Legislatura, Diário n.º 29, 08-02-1861, pp. 361-362.
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409 AHP, Cortes Constituintes, Primeira Legislatura, Diário n.º 216, 03-11-1821, pp. 2911-2912.
410 AHP, Cortes Constituintes, Primeira Legislatura, Diário n.º 252, 17-12-1821, pp. 3429, 3441.
411 AHP, Câmara dos Deputados, Nona Legislatura, Diário n.º 2, 03-05-1853, pp. 8, 12-13.
412 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima nona Legislatura, Diário n.º 59, 26-06-1893, pp. 1-2.
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413 AHP, Câmara dos Deputados, Décima primeira Legislatura, Diário n.º 11, 14-12-1858, p. 142.
414 AHP, Câmara dos Deputados, Décima segunda Legislatura, Diário n.º 24, 30-05-1860, p. 324.
415 AHP, Câmara dos Deputados, Décima quinta Legislatura, Diário n.º111, 13-11-1865, p. 2542.
416 AHP, Câmara dos Deputados, Décima sétima Legislatura, Diário n.º 58, 20-07-1869, pp. 811, 816-827.
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417 AHP, Câmara dos Deputados, Primeira Legislatura, Diário n.º 43, 22-03-1902, pp. 1, 44.
418 AHP, Câmara dos Deputados, Quarta Legislatura, Diário n.º 68, 25-06-1841, pp. 337-338, 344; AHP, Câmara dos
Deputados, Quinta Legislatura, Diário n.º 17, 21-01-1843, pp. 182-183.
419 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima sexta Legislatura, Diário n.º 29, 20-02-1888, pp. 515-516.
420 AHP, Câmara dos Deputados, Nona Legislatura, Diário n.º 2, 03-05-1853, pp. 8, 12-13.
421 AHP, Câmara dos Deputados, Décima segunda Legislatura, Diário n.º 4, 04-06-1860, pp. 77-79.
422 AHP, Câmara dos Deputados, Nona Legislatura, Diário n.º 11, 19-04-1855, pp. 167, 180.
423 AHP, Câmara dos Deputados, Décima quinta Legislatura, Diário n.º 124, 28-11-1865, p. 2699.
424 AHP, Cortes Constituintes, Primeira Legislatura, Diário n.º 91, 28-05-1821, pp. 1051, 1056.
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perspetiva dos inúmeros deputados insulares que irão passar pelo Parlamento,
parece existir uma secundarização relativamente a tudo aquilo que é por si
requerido. Freitas Aragão425 manifesta a sua preocupação, no que diz respeito aos
deputados, pois não deseja que sejam considerados de omissos por aquelles, a
quem temos a honra de representar [e assim] tambem eu requeiro, que os projectos
dados a bem da ilha da Madeira já impressos, e distribuidos, sejão quanto antes
objecto de discussão (…) No ano seguinte426, Castelo Branco lamenta e afirma: Eu já
por muitas vezes me tenho aqui levantado para que se dêm algumas providencias
a respeito da ilha da Madeira: não tenho sido attendido, e já se vão vendo as
consequencias, e queira Deus que estas sejão as ultimas; porem eu ainda espero
algumas mais funestas, e por isso digo que he necessario dar algumas providencias
a este respeito (…). Ainda em 1822427, Castelo Branco faz o seguinte comentário:
Desgraçada he a ilha da Madeira, Sr. Presidente. Todos os dias se propõem
emendas aos artigos dos projectos, approvão-se ou reprovão-se sem discussão;
hoje porque são negocios da Madeira, não se póde, sem discussão, votar sobre
ellas. Desgraçada ilha da Madeira! eu o repito. Requeiro pois, Sr. Presidente, que
ao menos se tome uma base sobre a qual a Commissão funde os seus trabalhos, e
que se lhe remettão as indicações depois, mas com a maior urgencia. Segundo o
deputado, os projetos que se referem a assuntos da Madeira são tratados de forma
desigual. Várias iniciativas permanecem meses consecutivos em debate e outras só
são aprovadas no ano seguinte, nomeadamente o projeto referente à proibição da
importação das aguardentes estrangeiras: (…) o Sr. Deputado Secretario Felgueiras
deu conta da ultima redacção do decreto sobre a introducção de aguas ardentes
nas ilhas da Madeira, e Porto Santo, que foi approvado428.
Neste contexto de adiamento de forma continuada, o deputado Castelo
Branco apresenta uma moção escrita a propor sessões extraordinárias, a fim de
serem discutidos os projetos referentes à Madeira429: (…) se devêra alterar a ordem
do dia (…) assentou-se serem de toda a urgencia semelhantes projectos; por tanto
requeiro a sua promptissima discussão, a fim de que os nossos representados vejão
algum fructo dos nossos trabalhos (…). Na mesma sessão, o deputado Monteiro
acaba mesmo por referir que (…) a ilha da Madeira merecia uma contemplação
muito distincta, por ser a primeira provincia que se unio a Portugal. Diante de tal
solicitação, (…) decidiu-se, que se reunissem as duas Commissões de agricultura e
commercio a fim de prepararem o trabalho para a discussão dos projectos relativos
á ilha da Madeira, e se assignou para a discussão o dia de quinta feira. Mesmo
no respeitante ao famoso vinho da Madeira, o deputado Canavarro afirma: Diz-
se que os vinhos da Madeira são os melhores vinhos do mundo! Porem se alguns
Preopinantes soubessem dos vinhos do Douro chamados muscatel, e malvasia,
saberião quão grande he a superioridade destes vinhos sobre os da Madeira430. O
vinho da Madeira assume uma posição de uma certa desvalorização.
425 AHP, Cortes Constituintes, Primeira Legislatura, Diário n.º 129, 17-07-1821, pp. 1563-1564.
426 AHP, Cortes Constituintes, Primeira Legislatura, Diário n.º 31, 08-03-1822, pp. 407-408.
427 AHP, Cortes Constituintes, Primeira Legislatura, Diário n.º 40, 25-06-1822, pp. 541, 545-549, 553, 555-556.
428 AHP, Cortes Constituintes, Primeira Legislatura, Diário n.º 69, 31-07-1822, p. 1005.
429 AHP, Cortes Constituintes, Primeira Legislatura, Diário n.º 129, 17-07-1821, p. 1564; AHP, Cortes Constituintes,
Primeira Legislatura, Diário n.º 130, 18-07-1821, p. 1585.
430 AHP, Cortes Constituintes, Primeira Legislatura, Diário n.º 131, 19-07-1821, p. 1595.
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Junta Geral
431 AHP, Cortes Constituintes, Primeira Legislatura, Diário n.º 39, 20-02-1823, pp. 905-906.
432 O Patriota Funchalense, 1822, 16 de janeiro apud BARROS, 2003, Os Deputados Brasileiros nas Primeiras Constituintes
e a Ilha da Madeira (1821-1823), p. 143.
433 O Patriota Funchalense, 1822, 19 de janeiro apud BARROS, 2003, Os Deputados Brasileiros nas Primeiras Constituintes
e a Ilha da Madeira (1821-1823), p. 143.
434 BARROS, 2003, Os Deputados Brasileiros nas Primeiras Constituintes e a Ilha da Madeira (1821-1823), p. 142.
435 AHP, Cortes Constituintes, Primeira Legislatura, Diário n.º 31, 08-03-1822, p. 408.
436 AHP, Cortes Constituintes, Primeira Legislatura, Diário n.º 131, 19-07-1821, p. 1595.
437 AHP, Cortes Constituintes, Primeira Legislatura, Diário n.º 80, 15-05-1821, p. 917.
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Junta Geral
438 AHP, Câmara dos Deputados, Primeira Legislatura, Diário n.º 69, 16-05-1823, p. 19.
439 AHP, Câmara dos Deputados, Primeira Legislatura, Diário n.º 69, 16-05-1823, p. 19.
440 AHP, Cortes Constituintes, Primeira Legislatura, Diário n.º 194, 08-10-1821, pp. 2561- 2562; AHP, Cortes Constituintes,
Primeira Legislatura, Diário n.º 143, 03-08-1821, p. 1759.
441 AHP, Câmara dos Deputados, Décima quarta Legislatura, Diário n.º 73, 01-05-1865, pp. 1131-1132.
442 AHP, Câmara dos Deputados, Décima sétima Legislatura, Diário n.º 33, 14-06-1869, pp. 329, 332.
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Junta Geral
serios.
A 12 de fevereiro de 1884443, Arriaga recorda o discurso do ministro das Obras
Públicas que acentuava o caráter da exagerada e asphyxiadora centralisação
administrativa e politica que têem seguido visto que chamaram a si a direção de
todos os negócios, mesmo os mais insignificantes, impedindo a iniciativa e as
liberdades locaes. Esta perspetiva denota, para Arriaga, uma atitude de controle
por parte da metrópole em relação às ilhas.
Logo em 1822444, Francisco João Moniz, João José de Freitas Aragão e Maurício
José Castelo Branco Manuel solicitam, para o Porto Santo, além do governador
que lá exerce funções, um juiz de fora. A 16 de maio de 1823445, Caetano de Aguiar
insiste no facto de que o projeto de divisão do território não apresenta uma
menção à ilha do Porto Santo, numa clara alusão ao esquecimento das ilhas.
A reivindicação de um Tribunal da Relação na Madeira é defendida em 1828, por
Lourenço José Moniz446. No projeto de divisão administrativa do país, Moniz realça
a essência da unidade do território insular447, quando afirma: julgo aquella ilha
indivisivel, e por isso peço que se não altere em nada o que alli está, porque quando
uma provincia existe em grande distancia do Governo, já pelo seu clima, já pelos
habitos dos povos, deve ter uma legislação especial. E continuam as pretensões,
nomeadamente em manter a cidade do Funchal com duas comarcas448: oriental
e ocidental, residindo na mesma cidade os juízes por não ser possível organisar
o Juizo convenientemente em outra parte da Ilha. E para poupar despesas449,
acrescenta: é do dever de um representante da nação no parlamento, contribuir
efficazmente para que aos povos sejam proporcionadas todas as commodidades a
fim de que estes possam poupar o tempo, e evitar despezas, sempre que poderosos
motivos a isso não obstarem. Daí ser pedido um tabelião para a vila de Câmara de
Lobos e para a povoação da Fajã da Ovelha.
Em 1854450, José Silvestre Ribeiro, anterior Governador Civil da Madeira, num
projeto por si apresentado, pede a nomeação de um funcionário que reuna e possa
exercer as attribuições de governador civil e commandante militar, no districto
do Funchal, accumulando os vencimentos que se acham estabelecidos para os
empregados, que separadamente fazem o serviço dos dois cargos. Entende que
a divisão de atribuições administrativas e militares é um princípio a manter como
garantia das liberdades públicas e individuais. No entanto, tal se deve attendendo
ás circumstancias extraordinarias em que se acha aquelle districto, e a que é
preciso empregar providencias efficazes, para minorar os males que affligem os
seus habitantes.
Feliciano Teixeira, em 1880451, manda para a mesa um requerimento por
443 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima quarta Legislatura, Diário n.º 28, 12-02-1884, pp. 285-298.
444 AHP, Cortes Constituintes, Primeira Legislatura, Diário n.º 41, 26-06-1822, pp. 557, 572.
445 AHP, Câmara dos Deputados, Primeira Legislatura, Diário n.º 69, 16-05-1823, pp. 6, 11.
446 AHP, Câmara dos Deputados, Primeira Legislatura, Diário n.º 13, 18-01-1828, pp. 153, 161-165.
447 AHP, Câmara dos Deputados, Primeira Legislatura, Diário n.º 64, 13-04-1835, pp. 808-810.
448 AHP, Câmara dos Deputados, Oitava Legislatura, Diário n.º 39, 20-02-1852, pp. 189-190.
449 AHP, Câmara dos Deputados Nona Legislatura, Diário n.º 12, 19-05-1853, pp. 167-168.
450 AHP, Câmara dos Deputados, Nona Legislatura, Diário n.º 13, 15-03-1854, pp. 196, 204-205.
451 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima terceira Legislatura, Diário n.º 24, 12-02-1880, pp. 401, 403-404.
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452 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima quinta Legislatura, Diário n.º 51, 23-03-1885, pp. 865, 868.
453 AHP, Câmara dos Deputados, Vigésima quinta Legislatura, Diário n.º 90, 25-05-1885, pp. 1763, 1770-1771.
454 AHP, Câmara dos Deputados, Trigésima segunda Legislatura, Diário n.º 13, 14-07-1897, pp. 227-228.
455 AHP, Câmara dos Deputados, Trigésima segunda Legislatura, Diário n.º 14, 15-07-1897, pp. 241-242.
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Reclamam da ação do juiz do Porto Santo que não dispensa os seus habitantes
do pesado tributo de fazer uma viagem á sede da comarca, ainda por causa das
questões mais insignificantes. E para se avaliar o incommodo d’esta viagem basta
attender que a ilha do Porto Santo dista da Madeira 18 leguas, sendo muitas vezes
difficil a travessia do mar, as passagens dispendiosas e o serviço de navegação em
más condições. Quando se referem à organização judicial na Madeira, afirmam
que seria preferível a orgânica anterior, visto que esta concorre para dizer que os
benefícios que resultaram da instalação das comarcas, foram a bem dizer nullos,
porque a falta de estradas e de percursos marítimos, tornam também difficeis
e até perigosas as communicações entre as freguezias ruraes. Mencionam que,
anteriormente, todo o districto era dividido em duas comarcas, com séde no
Funchal e que seria esta a melhor organização, obviamente complementada pela
instalação dos juízes municipais nos concelhos em que fosse permitido criá-los.
Esta perspetiva dos deputados parece contrária aos desejos de uma
descentralização e da possibilidade de todos os habitantes da ilha terem acesso
aos mais diversos serviços. Mas tal visão é justificada pelo facto de a população
ter relações frequentes com a cidade do Funchal, onde vem abastecer-se de quasi
todos os artigos importados do estrangeiro, pela falta de estabelecimentos em que
os adquiram nas povoações ruraes e, obviamente, pela ausência de uma política
eficaz, no respeitante à rede viária. A centralidade da capital da ilha e o exíguo
movimento judicial em comarcas, tais como Ponta do Sol, São Vicente e Santa
Cruz, devido à inexistência de advogados, assim o exige. Deste modo, existe um
encarecimento das demandas, tornando os honorários dos juristas extremamente
mais elevados do que o seriam se fossem prestados no Funchal. Por isso, a extincção
d’aquellas comarcas é uma necessidade quasi unanimemente reclamada, e será
recebida com geral agrado, principalmente se for permittida a installação de juizos
municipaes nos concelhos da ilha da Madeira, cujas povoações distem mais de 15
kilometros da sede da comarca. No entanto, para fazer face a estas alterações, nem
o município do Porto Santo nem os municípios rurais da Madeira estão habilitados
a satisfazer todos os encargos pelas enormes despesas e faltas de receita que têm
escasseado. É proposto então que a cargo das Câmaras municipais fique o edifício
próprio para serviço de audiencias e para cadeia de simples detenção policial e
transito de presos, e a verba do expediente [fique à responsabilidade] do tribunal.
A 4 e 5 de junho de 1900456, os deputados João Catanho de Menezes, Francisco
Correia de Herédia, João Augusto Pereira e José António de Almada reivindicam um
regime administrativo para o Funchal semelhante ao dos Açores. Os parlamentares
tomam, como ponto de referência, o código administrativo de 2 de março de
1895457, analisado na sessão de 16 de janeiro de 1897. O regime dos Açores
permitira a este arquipélago uma organização administrativa diferente em alguns
pontos essenciaes, da destinada ao continente do reino. E este novo estatuto foi
conseguido como fruto das reclamações instantes [que] os povos dos Açores traziam
perante os poderes publicos, pedindo uma organisação administrativa especial,
ora em termos expressos de autonomia, ora apenas com regimen approximado
456 AHP, Câmara dos Deputados, Trigésima terceira Legislatura, Diário n.º 80, 04-06-1900, pp. 1, 3; AHP, Câmara dos
Deputados, Trigésima terceira Legislatura, Diário n.º 81, 05-06-1900, pp. 1-2.
457 AHP, Câmara dos Deputados, Trigésima primeira Legislatura, Diário n.º 8, 16-01-1897, pp. 45-59.
124
Junta Geral
458 GUERRA, 2010, Funchal 500 anos: Momentos e Documentos da História da Nossa Cidade, p. 105.
125
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459 1911, Constituição Política da República Portuguesa de 21 de Agosto de 1911, Coimbra, Edição da Livraria Editora F.
França, Amado.
126
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sessão n.º 18, de 11 de julho de 1911, e a de Carlos Olavo, na sessão n.º 22, de Engenho do Hinton
17 de julho de 1911, dois tratados de filosofia política. O único tema, diretamente
relacionado com a Madeira, a ser abordado, foi a questão Hinton460 e, nessa
discussão, não interveio nenhum dos deputados eleitos pelo Funchal. Questionou-
se o posicionamento do novo regime, face aos privilégios daquele súbdito inglês
e lançou-se a dúvida se houvera intervenção oficial ou particular de ministros
da Inglaterra para favorecer o seu concidadão, como já ocorrera no anterior
regime monárquico. Transversalmente, porém, foram feitas algumas referências
à conjuntura política e às questões que preocupavam os madeirenses como os
incidentes eleitorais461, o surto de cólera462, a questão da autonomia das Ilhas
460 AHP, Assembleia Constituinte, I legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 39, 07-08-1911, pp. 10-12, 24-25; AHP,
Assembleia Constituinte, I legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 42, 09-08-1911, pp. 7-8; AHP, Assembleia
Constituinte, I legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 43, 10-08-1911, pp. 19-20.
461 AHP, Assembleia Constituinte, I legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 6, 26-06-1911, pp. 11-12; AHP, Assembleia
Constituinte, I legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 50, 16-08-1911, pp. 6-7; AHP, Assembleia Constituinte, I
legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 52, 17-08-1911, p. 7.
462 AHP, Assembleia Constituinte, I legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 43, 10-08-1911, pp. 7-9; AHP, Assembleia
Constituinte, I legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 50, 16-08-1911, p. 7.
127
Junta Geral
463 AHP, Assembleia Constituinte, I legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 20, 13-07-1911, pp. 12-13.
464 AHP, Assembleia Constituinte, I legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 39, 07-08-1911, p. 11.
128
Junta Geral
465 AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 4ª sessão parlamentar, Diário n.º 81, 27-04-1914, p. 8.
466 AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 104, 07-05-1912, p. 3; AHP, Câmara
dos Deputados, I legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 109, 14-05-1912, p. 3; AHP, Câmara dos Deputados, I
legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 111, 16-05-1912, p. 3; AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 2ª sessão
parlamentar, Diário n.º 117, 23-05-1912, pp. 2-3; AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário
n.º 125, 01-06-1912, p. 3; AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 178, 28-11-1912,
p. 3; AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 3ª sessão parlamentar, Diário n.º 48, 28-02-1913, p. 48; AHP, Câmara
dos Deputados, I legislatura, 4ª sessão parlamentar, Diário n.º 75, 17-04-1914, pp. 4; AHP, Câmara dos Deputados, I
legislatura, 4ª sessão parlamentar, Diário n.º 76, 20-04-1914, pp. 4; AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 4ª sessão
parlamentar, Diário n.º 77, 21-04-1914, pp. 8; AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 4ª sessão parlamentar, Diário
n.º 87, 30-04-1914, pp. 3; AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 4ª sessão parlamentar, Diário n.º 1118, 13-06-
1914, pp. 3-4; AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 4ª sessão parlamentar, Diário n.º 137, 27-07-1914, pp. 08;
AHP, Câmara dos Deputados, II legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 23, 26-07-1915, pp. 04; AHP, Câmara
dos Deputados, III legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 46, 22-02-1916, pp. 4; AHP, Câmara dos Deputados, II
legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 46, 23-02-1916, pp. 4; AHP, Câmara dos Deputados, II legislatura, 1ª sessão
parlamentar, Diário n.º 52, 15-3-1916, pp. 3-4; AHP, Câmara dos Deputados, II legislatura, 1ª sessão parlamentar,
Diário n.º 107, 10-05-1912, pp. 11; AHP, Câmara dos Deputados, II legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 54,
20-03-1916, pp. 3; AHP, Câmara dos Deputados, II legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 67, 06-04-1916, pp. 3;
AHP, Câmara dos Deputados, II legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 69, 10-04-1916, pp. 3-4; AHP, Câmara
dos Deputados, II legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 70, 11-04-1916, pp. 4; AHP, Câmara dos Deputados, II
legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 74, 25-04-1916, pp. 6; AHP, Câmara dos Deputados, II legislatura, 1ª sessão
parlamentar, Diário n.º 78, 01-05-1916, pp. 4; AHP, Câmara dos Deputados, II legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário
n.º 127, 23-08-1917, pp. 4; AHP, Câmara dos Deputados, IV legislatura, sessão parlamentar extraordinária, Diário n.º
05, 11-06-1919, pp. 4; AHP, Câmara dos Deputados, IV legislatura, sessão parlamentar extraordinária, Diário n.º 06,
12-06-1919, pp. 3; AHP, Câmara dos Deputados, IV legislatura, sessão parlamentar extraordinária, Diário n.º 08, 17-06-
1919, pp. 3; AHP, Câmara dos Deputados, IV legislatura, sessão parlamentar extraordinária, Diário n.º 12, 24-06-1919,
pp. 3; AHP, Câmara dos Deputados, IV legislatura, sessão parlamentar extraordinária, Diário n.º 23, 16-07-1919, pp.
3; AHP, Câmara dos Deputados, IV legislatura, sessão parlamentar extraordinária, Diário n.º 29, 28-07-1919, pp. 5;
AHP, Câmara dos Deputados, IV legislatura, sessão parlamentar extraordinária, Diário n.º 66, 22-10-1919, pp. 3- 4;
AHP, Câmara dos Deputados, IV legislatura, sessão parlamentar extraordinária, Diário n.º 67, 23-10-1919, pp. 4; AHP,
Câmara dos Deputados, IV legislatura, sessão parlamentar extraordinária, Diário n.º 69 23-10-1919, pp. 4; AHP, Câmara
dos Deputados, IV legislatura, sessão parlamentar extraordinária, Diário n.º 72, 30-10-1919, pp. 3-4; AHP, Câmara
dos Deputados, IV legislatura, sessão parlamentar extraordinária, Diário n.º 73, 31-10-1919, pp. 4; AHP, Câmara dos
Deputados, IV legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 10, 15-12-1919, pp. 4; AHP, Câmara dos Deputados, IV
129
Junta Geral
legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 38, 09-02-1920, pp. 4; AHP, Câmara dos Deputados, IV legislatura, 1ª
sessão parlamentar, Diário n.º 42, 13-02-1919, pp. 3; AHP, Câmara dos Deputados, IV legislatura, 1ª sessão parlamentar,
Diário n.º 44, 23-02-1920, pp. 5; AHP, Câmara dos Deputados, IV legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 50, 03-
03-1920, pp. 4; AHP, Câmara dos Deputados, IV legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 126, 09-08-1920, pp. 5;
AHP, Câmara dos Deputados, IV legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 16, 17-01-1921, pp. 4; AHP, Câmara
dos Deputados, IV legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 38, 15-03-1921, pp. 4; AHP, Câmara dos Deputados, V
legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 25, 14-09-1921, pp. 3; AHP, Câmara dos Deputados, V legislatura, 1ª sessão
parlamentar, Diário n.º 27, 16-09-1921, pp. 3; AHP, Câmara dos Deputados, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar,
Diário n.º 21, 28-03-1922, pp. 3; AHP, Câmara dos Deputados, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 29,
24-04-1922, pp. 4; Câmara dos Deputados, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 32, 28-04-1922, pp. 4;
AHP, Câmara dos Deputados, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 33, 01-05-1922, pp. 3; AHP, Câmara
dos Deputados, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 33, 01-05-1922, pp. 3; AHP, Câmara dos Deputados, VI
legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 35, 04-05-1922, pp. 4; AHP, Câmara dos Deputados, VI legislatura, 1ª sessão
parlamentar, Diário n.º 48, 19-05-1922, pp. 3; Câmara dos Deputados, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º
49, 22-05-1922, pp. 4; AHP, Câmara dos Deputados, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 52, 25-05-1922, pp.
3; AHP, Câmara dos Deputados, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 56, 29-05-1922, pp. 4; AHP, Câmara
dos Deputados, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 57, 30-05-1922, pp. 3; AHP, Câmara dos Deputados,
VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 59, 31-05-1922, pp. 3; Câmara dos Deputados, VI legislatura, 1ª sessão
parlamentar, Diário n.º 63, 02-06-1922, pp. 3; AHP, Câmara dos Deputados, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar,
Diário n.º 65, 05-06-1922, pp. 4; AHP, Câmara dos Deputados, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 69,
07-06-1922, pp. 4; AHP, Câmara dos Deputados, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 76, 16-06-1922, pp.
4; AHP, Câmara dos Deputados, VI legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 02, 04-12-1922, pp. 4; Câmara dos
Deputados, VI legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 79, 10-05-1923, pp. 4; AHP, Câmara dos Deputados, VI
legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 142, 04-08-1923, pp. 4; Câmara dos Deputados, VI legislatura, 2ª sessão
parlamentar, Diário n.º144, 26-09-1923, pp. 5; AHP, Câmara dos Deputados, VI legislatura, 2ª sessão parlamentar,
Diário n.º 171, 30-11-1923, pp. 3; AHP, Câmara dos Deputados, VI legislatura, 3ª sessão parlamentar, Diário n.º 34,
11-02-1924, pp. 4; AHP, Câmara dos Deputados, VI legislatura, 4ª sessão parlamentar, Diário n.º 24, 03-02-1925, pp. 4.
467 AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 107, 10-05-1912, pp. 11; AHP, Câmara
dos Deputados, II legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 06, 09-12-1915: p. 03; AHP, Câmara dos Deputados,
IV legislatura, sessão parlamentar extraordinária, Diário n.º 05, 11-06-1919: p. 03; AHP, Câmara dos Deputados,
IV legislatura, sessão parlamentar extraordinária, Diário n.º 06, 12-06-1919: p. 03; AHP, Câmara dos Deputados,
IV legislatura, sessão parlamentar extraordinária, Diário n.º 08, 17-06-1919: p. 03; AHP, Câmara dos Deputados, IV
legislatura, sessão parlamentar extraordinária, Diário n.º 18, 02-07-1919: pp. 18-20; AHP, Câmara dos Deputados, IV
legislatura, sessão parlamentar extraordinária, Diário n.º 41, 12-08-1919: pp. 14-28; AHP, Câmara dos Deputados, IV
legislatura, sessão parlamentar extraordinária, Diário n.º 91, 28-11-1919: pp. 27-28; AHP, Câmara dos Deputados, I
legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 112, 19-07-1920: p. 03.
468 AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 3ª sessão parlamentar, Diário n.º 16, 03-01-1913: p. 20; AHP, Câmara dos
Deputados, IV legislatura, sessão parlamentar extraordinária, Diário n.º 09, 18-06-1919: pp. 10-11; AHP, Câmara
dos Deputados, IV legislatura, sessão parlamentar extraordinária, Diário n.º 76, 05-11-1919: p. 05; AHP, Câmara
dos Deputados, IV legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 36, 10-03-1921: p. 19; AHP, Câmara dos Deputados,
V legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 03, 05-08-1921: pp. 14-15, 30, 39, 49, 115-116; AHP, Câmara dos
Deputados, VI legislatura, 3ª sessão parlamentar, Diário n.º 02, 03-12-1923: pp. 4-6; AHP, Câmara dos Deputados, VI
legislatura, 4ª sessão parlamentar, Diário n.º 46, 17-03-1925: pp. 5-9.
130
Junta Geral
469 AHP, Câmara dos Deputados, II legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 44, 16-08-1915: pp. 20-22; AHP, Câmara
dos Deputados, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 05, 03-03-1922: pp. 42-6, 13.
470 AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 4ª sessão parlamentar, Diário n.º 41, 18-02-1912: pp. 12-16; AHP, Câmara
dos Deputados, I legislatura, 4ª sessão parlamentar, Diário n.º 73, 31-10-1919: pp. 5-7; AHP, Câmara dos Deputados, VI
legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 05, 03-03-1922: pp. 4-8; AHP, Câmara dos Deputados, VI legislatura, 1ª
sessão parlamentar, Diário n.º 90, 30-06-1922: pp. 12-22.
471 AHP, Câmara dos Deputados, IV legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 40, 11-02-1920: pp. 4-6; AHP, Câmara
dos Deputados, VII legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 06, 17-12-1914: pp. 6-7; AHP, Câmara dos Deputados,
VII legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 25, 27-01-1926: pp. 6.
472 AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 84, 25-03-1912: pp. 15-16; AHP, Câmara
dos Deputados, I legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 97, 25-04-1912: pp. 5-6; AHP, Câmara dos Deputados,
I legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 100, 01-05-1912: p. 07; AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 2ª
sessão parlamentar, Diário n.º 108 13-05-1912: p. 38; AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 2ª sessão parlamentar,
Diário n.º 108, 13-05-1912: p. 39; AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 110,
15-05-1912: pp. 4-8; AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 132, 12-06-1912:
pp. 02; AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 139, 20-06-1912: pp. 8-9; AHP,
Câmara dos Deputados, I legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 154, 01-07-1912: pp. 12-14; AHP, Câmara dos
Deputados, I legislatura, 3ª sessão parlamentar, Diário n.º 37, 12-02-1913: pp. 28-33; AHP, Câmara dos Deputados, I
legislatura, 3ª sessão parlamentar, Diário n.º 40, 13-02-1913: pp. 25-30; AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 3ª
sessão parlamentar, Diário n.º 42, 19-02-1913: pp. 9-11;
473 AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 4ª sessão parlamentar, Diário n.º 117/12-06-1914, pp. 6-8; AHP, Câmara dos
Deputados, 2 legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 21/22-07-1915, p. 4.
474 AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 3ª sessão parlamentar, n.º 39/14-02-1913, pp. 9-18; AHP, Câmara dos
Deputados, III legislatura, sessão extraordinária, Diário n.º 10/05-08-1918, pp. 23-26; AHP, Câmara dos Deputados, IV
legislatura, sessão extraordinária, Diário n.º 23/16-07-1919, pp. 4-5; AHP, Câmara dos Deputados, IV legislatura, sessão
extraordinária, Diário n.º 26/22-07-1919, p. 4.
475 AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 2º sessão, Diário n.º 30, 25-01-1912, p. 7; AHP, Câmara dos Deputados, I
legislatura, 3º sessão, Diário n.º 33, 27-01-1913, pp. 14-15, 24-25; AHP, Câmara dos Deputados, IV legislatura, sessão
extraordinária, Diário n.º 38/07-08-1919, p. 26; AHP, Câmara dos Deputados, IV legislatura, sessão extraordinária,
Diário n.º 73/31-10-1919, pp. 5-7; AHP, Câmara dos Deputados, VI legislatura, 1ª sessão n.º 65/05-06-1922, p. 16; AHP,
Câmara dos Deputados, VI legislatura, 1ª sessão n.º 90/30-06-1922, pp. 12-22.
476 Há uma grande desigualdade na maneira como são cuidados os interesses das ilhas dos Açores e os da Madeira. Isto
resulta, creio, de constar que nos Açores está iminente um movimento separatista, que eu não sei se existe ou não, mas
que muito tem servido àquele arquipélago para conseguir a realização das suas justas aspirações. Ora muito bem. Pois
eu quero prevenir V. Ex.ª e a Câmara de que, se for necessário, para a Madeira progredir o ter, consequentemente, aquilo
a que tem direito, existir também ali um movimento separatista, êle surgirá. Fique isto assente! A Madeira tem direito a
viver, e há-de viver! E não se esqueça que movimentos separatistas surgem em toda a parte, quando se provocam; como
está a fazer-se. Mais uma vez: se for necessário, se teimarem em provocá-lo, poderá aparecer, também ali, esse movimento.
Tenho dito (Pedro Pita, AHP, Câmara de Deputados, sessão de 28 de novembro de 1919, p. 8).
477 AHP, Câmara dos Deputados, I legislatura, 4ª sessão parlamentar, Diário n.º 113, 04-06-1914, pp. 4-8.
131
Junta Geral
478 AHP, Senado da República, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 7, 22-12-1922, pp. 7-9; AHP, Senado da
República, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 22, 06-03-1923, pp. 4-8.
479 AHP, Senado da República, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 86, 25-07-1922, pp. 6-12, 22-23; AHP,
Senado da República, VII legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 853, 04-05-1926, pp. 5-6, 9.
480 AHP, Senado da República, I legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 77, 29-04-1912, p. 8.
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133
Junta Geral
481 AHP, Senado da República, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 22, 23-03-1923, pp. 3-8.
482 AHP, Senado da República, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 21, 02-03-1923, pp. 6-9.
483 AHP, Senado da República, VI legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 82, 15-07-1924, pp. 17-18; AHP, Senado da
República, VI legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 87, 25-07-1924, pp. 12, 15-23.
484 AHP, Senado da República, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 86, 25-07-1922, pp. 6-12, 22-23.
485 AHP, Senado da República, I legislatura, 4ª sessão parlamentar, Diário n.º 75, 17-04-1914: pp. 8-15; AHP, Senado da
134
Junta Geral
República, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 110, -08-1922, pp. 3-5.
486 AHP, Senado da República, I legislatura, 3ª sessão parlamentar, Diário n.º 93, 05-05-1913: pp. 6-7; AHP, Senado da
República, I legislatura, 4ª sessão parlamentar, Diário n.º 75, 17-04-1914: pp. 8-15; Senado da República, VI legislatura, 4ª
sessão parlamentar, Diário n.º 107, 03-06-1914, pp. 9; AHP, Senado da República, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar,
Diário n.º 86, 25-07-1922, pp. 6-12, 22-23; AHP, Senado da República, VI legislatura, 4ª sessão parlamentar, Diário n.º
109, 06-06-1914: pp. 6-24.
487 AHP, Senado da República, II legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 82, 09-07-1917, p. 4; AHP, Senado da
República, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 84, 21-07-1922, p. 23; AHP, Senado da República, VI
legislatura, 4ª sessão parlamentar, Diário n.º 108, 04-06-1914, p. 3.
488 AHP, Senado da República, VI legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 89, 30-07-1924, pp. 22-23; AHP, Senado da
República, VI legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 104, 12-11-1924, pp. 17-18, AHP, Senado da República, VI
legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 07, 22-12-1922, p. 7; AHP, Senado da República, VI legislatura, 1ª sessão
parlamentar, Diário n.º 86, 25-07-1922, pp. 6-12, 22-23.
489 AHP, Senado da República, II legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 96, 09-08-1917, pp. 4-5; AHP, Senado da
República, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 116, 08-09-1922, pp. 2-5; AHP, Senado da República, VI
legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 86, 25-07-1922, pp. 6-12, 22-23; AHP, Senado da República, VI legislatura,
2ª sessão parlamentar, Diário n.º 82, 15-07-1924, pp. 13-18; AHP, Senado da República, VI legislatura, 2ª sessão
parlamentar, Diário n.º 82, 15-07-1924, pp. 45; AHP, Senado da República, VI legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário
n.º 82, 15-07-1924, pp. 2-4; AHP, Senado da República, VII legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 36, 12-03-1926,
pp. 9-13.
490 AHP, Senado da República, I legislatura, 3ª sessão parlamentar, Diário n.º 143, 28-06-1913, pp. 9-10, 12; AHP, Senado
da República, I legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 21, 30-07-1915, pp. 11-12; AHP, Senado da República, I
legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 96, 09-08-1917, pp. 4-5.
491 AHP, Senado da República, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 85, 24-07-1922, pp. 4-9; AHP, Senado da
República, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 86, 25-07-1922, pp. 35-38; AHP, Senado da República, VI
legislatura, 1ª sessão parlamentar, Diário n.º 27, 23-03-19223, pp. 4-9; Senado da República, VI legislatura, 2ª sessão
parlamentar, Diário n.º 41, 03-08-1924, pp. 7-14; AHP, Senado da República, VI legislatura, 1ª sessão parlamentar,
Diário n.º 41, 28-03-1924, pp. 8-14; AHP, Senado da República, VI legislatura, 3ª sessão parlamentar, Diário n.º 251,
07-03-1925, pp. 12-19.
492 AHP, Senado da República, I legislatura, 2ª sessão parlamentar, Diário n.º 20, 01-19-1913, pp. 23-28; AHP, Senado
da República, I legislatura 32ª sessão parlamentar, Diário n.º 81, 17-04-1913, pp. 7-9; AHP, Senado da República,
I legislatura, 3ª sessão parlamentar, Diário n.º 91, 01-05-1911, pp. 7-14; AHP, Senado da República, VI legislatura,
2ª sessão parlamentar, Diário n.º 41 28-03-1924, pp. 10-14; AHP, Senado da República, VII legislatura, 3ª sessão
parlamentar, Diário n.º 56, 15-07-1925, pp. 11-12.
135
Junta Geral
Entre 1933 e 1974, vigorou em Portugal o sistema político que ficou conhecido
por Estado Novo. Alicerçado político e ideologicamente na Constituição de 1933,
o Estado Novo caraterizou-se por implementar uma governação estruturada no
corporativismo com a finalidade de abranger toda a organização social e política.
De acordo com a Constituição de 1933, devia funcionar, ao lado da Assembleia
Nacional, uma Câmara de natureza corporativa cujas funções eram de cariz
consultivo face à atividade legislativa da Assembleia e do Governo. Era um órgão
que materializava a definição do Estado português como uma república fundada
na participação dos elementos estruturais da Nação na política e na administração
geral e local493. A Câmara Corporativa era composta por procuradores que
representavam as autarquias locais e os interesses da sociedade, divididos em
quatro ramos considerados fundamentais: de ordem moral, de ordem cultural,
de ordem económica e de ordem administrativa. Emitia pareceres de natureza
meramente consultiva, mas que nos revelam o trabalho dos mais conceituados
especialistas e a sua perspetiva da vida política, económica e social do país,
exprimindo os diferentes tipos de interesses e forças nele existentes494.
As intervenções dos deputados madeirenses dedicadas aos problemas da
economia madeirense foram uma constante, logo a partir da II Legislatura, altura
em que a Madeira começou a sofrer o impacto da II Guerra Mundial. Salientamos,
neste domínio, as intervenções dos deputados Álvaro Favila Vieira e Gabriel
Maurício Teixeira, ambas de 1940. Para uma região insular como a Madeira, a
conjuntura de guerra significou uma quebra acentuadíssima da procura externa,
tendo em consideração que a sua economia estava alicerçada no vinho, nos
bordados e no turismo, cuja receita provinha de clientes estrangeiros, sobretudo
europeus. De acordo com Álvaro Favila Vieira, a crise madeirense, na sua natural
progressão, asfixia implacavelmente a vida da Ilha, pela cessação ou contracção das
suas principais actividades e fontes de riqueza495. Contudo, refere que a depressão
económica da Madeira teria principiado no início da década de trinta. Por volta de
1939, a Madeira apresentava indicadores económicos deveras preocupantes com
uma diminuição do consumo de farinha em cerca de 40%, apesar do aumento
populacional; com um aumento do desemprego (10.845 desempregados em
dezembro de 1939); com uma diminuição acentuada do rendimento da Alfândega
do Funchal. Refira-se que a receita da Alfândega atingira, no início da década de
trinta, o montante de 25.000 contos, mas, nove anos mais tarde, não fora além
de 16.000 contos496. Na sua intervenção, Álvaro Favila Vieira, propunha que o
Governo Central adotasse um conjunto de medidas que deviam ser as seguintes:
concessão de um subsídio de socorro aos desempregados; diminuição do preço
dos cereais praticado localmente; colocação no Brasil e na África Portuguesa de
alguns milhares desses desempregados, por meio de acordos e contratos que
493 ROSAS, BRITO, 1996, Dicionário de História do Estado Novo […], pp. 113-115.
494 FERREIRA, 2009, A Câmara Corporativa no Estado Novo […], pp. 30-39.
495 AHP, Assembleia Nacional, II Legislatura, Sessão de 1-3-1940, Diário n.º 83, pp. 361-362.
496 Ibidem.
136
Junta Geral
497 Ibidem.
498 Ibidem.
499 Ibidem.
500 AHP, Assembleia Nacional, II Legislatura, Sessão de 5-3-1940, Diário n.º 85, pp. 391-392.
501 Ibidem.
502 AHP, Assembleia Nacional, VI Legislatura, Sessão de 11-12-1953, Diário n.º 6, pp. 62-64.
503 Ibidem.
137
Junta Geral
504 AHP, Assembleia Nacional, IX Legislatura, Sessão de 25-1-1967, Diário n.º 62, pp. 1128-1129.
505 Ibidem.
506 AHP, Assembleia Nacional, IV Legislatura, Sessão de 22-3-1947, Diário n.º 111, pp. 1003-1006.
507 Ibidem.
508 AHP, Assembleia Nacional, VI Legislatura, Sessão de 9-12-1955, Diário n.º 106, p. 134.
509 Ibidem.
510 AHP, Assembleia Nacional, VII Legislatura, Sessão de 9-12-1959, Diário n.º 136, pp. 108-110.
138
Junta Geral
511 Ibidem.
512 AHP, Assembleia Nacional, IX Legislatura, Sessão de 12-12-1968, Diário n.º 154, pp. 2809-2812.
513 Ibidem.
514 AHP, Assembleia Nacional, X Legislatura, Sessão de 21-4-1970, Diário n.º 39, pp. 815-816.
515 Ibidem.
139
Junta Geral
516 AHP, Assembleia Nacional, VIII Legislatura, Sessão de 18-2-1964, Diário n.º 130, pp. 3240-3242.
517 Ibidem.
518 Ibidem.
519 AHP, Assembleia Nacional, IX Legislatura, Sessão de 6-12-1967, Diário n.º 106, pp. 1999-2002.
140
Junta Geral
província da metrópole. Aquilo que mais condicionava a economia madeirense era, Postal ilustrado.
na perspetiva do deputado Agostinho Cardoso, a interdependência dos setores
económicos locais, a mútua repercussão das suas atividades, a variável extensão
do terreno por onde se expande cada produto agrícola, segundo a sua fortuita
valorização, os volumes de produção, consumo, rarefação, ou pletora do seu bem
delimitado mercado interno e a possibilidade de absorção por parte dos mercados
externos dos seus clientes520. Os principais produtos da economia madeirense
estavam a passar por uma situação algo conturbada. Os bordados, o vinho, o
açúcar e a banana estavam demasiado dependentes das condições do mercado
externo. Neste ponto, o deputado Agostinho Cardoso perspetiva uma realidade
não muito animadora. Em relação ao bordado, este dificilmente teria capacidade
de vencer, no contexto do mercado da América do Norte, a concorrência maciça
dos bordados produzidos na China, no caso de os dois países reatarem relações
comerciais.
Para Agostinho Cardoso, o planeamento e estruturação da economia madeirense
teria de estar, imperativamente, ligados às perspetivas do desenvolvimento do
520 AHP, Assembleia Nacional, VIII Legislatura, Sessão de 13-3-1962, Diário n.º 44, pp. 1005-1009.
141
Junta Geral
turismo local. Só este sacudiria a vida económica da Madeira521. Contudo, uma Postal ilustrado.
economia assente no turismo necessitava de ver resolvido, de forma urgente, um
conjunto de problemas. Agostinho Cardoso enumera-os, numa sua intervenção,
no ano de 1964: reestruturação da agricultura com a respetiva mecanização;
construção de silos para cereais; proteção à comercialização dos produtos agrícolas
madeirenses, como o açúcar e a banana; modernização dos métodos agrícolas na
nascente indústria da floricultura; criação de um organismo coordenador, a nível
distrital, com a missão de prestar informação e assistência especializada em matéria
de prospeção dos mercados interno e externo522. Para que o desenvolvimento
turístico da Madeira fosse uma realidade, o deputado Agostinho Cardoso chamava
a atenção para o cumprimento de uma lista de prerrogativas, da qual são dignas
de menção a construção e apetrechamento de hotéis a um ritmo acelerado, mas
com a atenção de se considerar o equilíbrio necessário entre os hotéis de primeira
classe e os de turismo médio. Em sintonia com o ponto anterior, Agostinho Cardoso
advertia para a necessidade de haver construção de apartamentos e residências
turísticas enquanto não fossem edificados os novos hotéis.
A importância das comunicações não podia ser ignorada. Com esse fim, deveria
ser instalado o posto da Emissora Nacional, com a possibilidade de implementar a
televisão e, simultaneamente, ampliar a ligação telefónica direta entre a Madeira
e o estrangeiro. A definição de uma política de liberalização do tráfego aéreo era
521 Ibidem.
522 AHP, Assembleia Nacional, VIII Legislatura, Sessão de 3-3-1964, Diário n.º 138, pp. 3455-3468.
142
Junta Geral
um outro ponto considerado vital, assim como a inclusão da ilha do Porto Santo
no plano de desenvolvimento turístico da Madeira. As questões de segurança
impunham-se numa região turística. Assim, deviam ser aumentados os efetivos da
Polícia de Segurança Pública, considerados insuficientes face às necessidades do
setor do turismo.
O património da Madeira devia ser valorizado, utilizando-se, para fins
turísticos, alguns edifícios antigos e fortalezas na posse do Estado. A criação de uma
Escola Hoteleira era um outro ponto considerado da maior importância, segundo
o deputado Agostinho Cardoso, para a qual deviam ser devidamente estudadas e
adotadas providências no setor da educação, tendo em conta esse fim. Igualmente
importante seria estimular o turismo interno, para que os madeirenses e os
continentais pudessem conhecer melhor as respetivas regiões. Finalmente, era
fundamental dar prioridade à Madeira, no âmbito dos investimentos a realizar, de
acordo com o plano de desenvolvimento turístico, estruturado a nível nacional523.
Concluía Agostinho Cardoso com a frase, não isenta de algum dramatismo: Já não
há mais terra a arrotear. Que do turismo brote o pão para a população madeirense.
As intervenções dos deputados sobre o problema das comunicações
marítimas e aéreas com a Madeira praticamente ofuscaram um outro problema,
o das comunicações internas, que, pelas vozes de Juvenal Henriques de Araújo
e de Álvaro Favila Vieira, fora mencionado em 1937. Referimo-nos à rede
complementar de estradas da Madeira. No contexto da discussão da proposta de
lei da autorização das receitas e das despesas públicas para o ano de 1938, Juvenal
Henriques de Araújo põe em relevo o facto de o artigo 9º da mencionada proposta
de lei autorizar o Governo a subsidiar a construção da rede complementar de
estradas da Ilha da Madeira, tendo em consideração o facto de se tratar de um
território cuja orografia exigia condições especiais para a realização destas obras,
exigindo um trabalho e um dispêndio muito superior ao verificado no continente.
Contudo, Juvenal Henriques de Araújo sublinhava que a Madeira continuava a ter
uma enorme carência de comunicações capazes de unir o litoral ao interior524.
Sobre este assunto, destacava o deputado Álvaro Favila Vieira que a construção
da rede de estradas do distrito constituía, pela sua dimensão e pelo seu custo,
um problema da maior importância para a administração distrital. De facto, eram
numerosos, ainda, os centros populacionais que estavam incomunicáveis entre
si, ou sem vias de circulação suficientemente cómodas capazes de transportar as
pessoas às sedes dos concelhos e ao Funchal. Ao mesmo tempo, muitos locais de
interesse turístico, no interior da ilha, continuavam praticamente inacessíveis525.
Como a realização desta rede de estradas excedia, em muito, as possibilidades
financeiras da Junta Geral do Distrito, cujas receitas eram totalmente absorvidas
pelas despesas ordinárias, era requerido o auxílio financeiro por parte do Governo
Central526. O plano de trabalhos para a execução da rede complementar das
estradas da ilha da Madeira seria aprovado pelo decreto-lei n.º 28.592, de 14 de
abril de 1938 que determinava a comparticipação do Governo na proporção de
523 Ibidem.
524 AHP, Assembleia Nacional, I Legislatura, Sessão de 2-12-1937, Diário n.º 148, pp. 184-186.
525 AHP, Assembleia Nacional, I Legislatura, Sessão de 3-12-1937, Diário n.º 149, p. 207.
526 Ibidem.
143
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144
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534 AHP, Assembleia Nacional, VI Legislatura, Sessão de 11-1-1955, Diário n.º 64, pp. 269-271.
535 Ibidem.
536 AHP, Assembleia Nacional, VI Legislatura, Sessão de 28-2-1957, Diário n.º 183, pp. 296-297.
537 AHP, Assembleia Nacional, VII Legislatura, Sessão de 9-12-1959, Diário n.º 136, pp. 108-110.
538 AHP, Assembleia Nacional, VI Legislatura, Sessão de 28-2-1957, Diário n.º 183, pp. 296-297.
539 AHP, Assembleia Nacional, IV Legislatura, Sessão de 23-2-1946, Diário n.º 57, pp. 975-977.
540 Ibidem.
541 Ibidem.
145
Junta Geral
Deus Figueira que encarava a ligação à Madeira por hidroavião, não uma solução
mas um remédio insuficiente542. Gastão de Deus Figueira assumia a sua confiança
na deslocação à Madeira do ministro das Obras Públicas, esperando que este
analisasse a hipótese de construção de um aeródromo que, na opinião de muito
boa gente, é efetivamente necessária543. A irregularidade nas ligações aéreas para
a Madeira, motivada pelo recurso aos hidroaviões, foi uma questão devidamente
exposta pelo deputado Alberto Henriques de Araújo, ressaltando o problema
da falta de comunicações durante os meses de inverno, devido à forte agitação
marítima, prejudicando a atividade turística544.
A necessidade de inserção do projeto de construção do aeródromo da Madeira
no Plano de Fomento é mencionada, novamente, pelo deputado Alberto Henriques
de Araújo, em virtude do problema da irregularidade do transporte por hidroavião
ter sido uma temática tratada no Parlamento de Inglaterra, em consequência de
várias reclamações efetuadas por viajantes ingleses545. Ciente de que se tratava de
uma situação prejudicial ao desenvolvimento turístico da Madeira, Henriques de
Araújo reiterava a absoluta necessidade de construção daquela infra-estrutura546.
Pela intervenção do deputado António Camacho Teixeira de Sousa, na sessão
de 25-4-1957, ficamos com a informação de que o Ministério das Comunicações
determinara a deslocação à Madeira de engenheiros da Direcção-Geral da
Aeronáutica Civil e do Laboratório Nacional de Engenharia Civil que, em colaboração
com os técnicos da Direcção de Obras Públicas e da Junta Geral de Distrito do
Funchal estavam a elaborar os devidos estudos e projetos para a construção do
aeródromo da Madeira547.
A construção do aeródromo da ilha do Porto Santo era iniciada em 1959, em
virtude da suavidade do seu relevo. No entanto, o deputado Alberto Henriques de
Araújo chamava a atenção para o facto de que essa obra, por si só, em nada serviria
a Madeira e o seu turismo, pois a ideia de se fazer a ligação, por via marítima,
entre as duas ilhas, numa pequena embarcação, não apresentava qualquer
viabilidade: o viajante que soubesse que para ir à Madeira teria de descer no Porto
Santo, atravessar num pequeno barco o mar da Travessa e fazer depois o retorno,
desistiria imediatamente do seu propósito548. Nesta perspetiva, Alberto Henriques
de Araújo considerava que a solução perfeita do problema das ligações aéreas para
o arquipélago passava pela construção de dois aeródromos, um no Porto Santo e o
outro na Madeira549. A solução de construir esta infraestrutura em Santa Catarina,
próximo da vila de Santa Cruz, na Madeira, estaria a ser equacionada em 1960550.
Com efeito, a obra viria a ser inaugurada alguns anos mais tarde.
Fortemente implicados nas questões económicas que marcaram a História da
542 AHP, Assembleia Nacional, V Legislatura, Sessão de 9-3-1950, Diário n.º 28, pp. 437-440.
543 Ibidem.
544 AHP, Assembleia Nacional, VI Legislatura, Sessão de 28-6-1956, Diário n.º 159, p. 1214.
545 AHP, Assembleia Nacional, VI Legislatura, Sessão de 28-2-1957, Diário n.º 183, pp. 296-297.
546 Ibidem.
547 AHP, Assembleia Nacional, VI Legislatura, Sessão de 25-4-1957, Diário n.º 206, pp. 797-798.
548 AHP, Assembleia Nacional, VII Legislatura, Sessão de 9-12-1959, Diário n.º 136, pp. 108-110.
549 Ibidem.
550 AHP, Assembleia Nacional, VII Legislatura, Sessão de 6-4-1960, Diário n.º 164, pp. 579-580.
146
Junta Geral
Madeira durante o período do Estado Novo, estão os problemas sociais vividos na Revolta da Madeira.
ilha e cuja notícia é levada à Assembleia Nacional pelos deputados eleitos pelo 4 de abril de 1931.
Funchal551. A respeito destas temáticas, destacam-se, em diferentes períodos,
as vozes de alguns desses representantes insulares. Na transição de 1939 para
1940, as intervenções de Gastão de Deus Figueira e Álvaro Favilla Vieira dão conta
da agudização das situações de desemprego e da verdadeira miséria social daí
decorrente552, problemas que ambos os deputados não deixam de associar aos
perigos de perturbação da ordem pública definida pelo Estado Novo, num período
em que, até por sinais implícitos nos seus discursos, ainda é notória a sombra
das consequência locais e nacionais geradas pelas revoltas registadas na Madeira,
durante a década de 1930: a Revolta da Farinha, em fevereiro de 1931; a Revolta
da Madeira, em abril desse mesmo ano; e a Revolta do Leite, já em 1936553.
Destacando a verdadeira situação de “emergência” vivida na ilha, um espaço que,
segundo Álvaro Favilla Vieira, asfixia[va] implacavelmente perante a gravíssima
551 Referimo-nos aos problemas da ilha e não do arquipélago porque, de facto, o discurso dos deputados relativamente
aos problemas sociais aqui experienciados centra-se sobretudo na realidade madeirense, ignorando, praticamente,
o Porto Santo. A título excepcional, destaque-se a intervenção de Eleutério Aguiar que, em defesa da urgência de
desenvolvimento de uma política urbanística no arquipélago, com preocupações sociais (saneamento básico,
eletricidade, habitação social, comunicações, etc.), destaca, em 1972, a necessidade da aplicação dessa política também
ao Porto Santo – cf. AHP, Assembleia Nacional, X Legislatura, Sessão de 26-04-1972, Diário n.º 189, p. 3742.
552 AHP, Assembleia Nacional, II Legislatura, Sessão de 01-03-1940, Diário n.º 83 p. 361.
553 Sobre estas insurreições ver: BRAZÃO e ABREU, 2008, A Revolta da Madeira, 1931 […]; FREITAS, 2011, A Revolta do
Leite: Madeira 1936 […].
147
Junta Geral
554 AHP, Assembleia Nacional, II Legislatura, Sessão de 01-03-1940, Diário n.º 83, p. 361.
555 Ibidem.
556 Ibidem.
557 Ibidem.
558 Cf. CRUZ, PINTO, 2004, Dicionário Biográfico Parlamentar 1935-1974 […], pp. 418-420.
559 AHP, Assembleia Nacional, II Legislatura, Sessão de 01-03-1940, Diário n.º 83, p. 362.
560 AHP, Assembleia Nacional, II Legislatura, Sessão de 25-11-1939, Diário n.º 48, p. 3.
561 Ibidem.
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562 Ibidem.
563 Ibidem.
564 AHP, Assembleia Nacional, VI Legislatura, Sessão de 07-12-1955, Diário n.º 105, p. 112.
565 Ibidem.
566 Ibidem.
567 Ibidem.
149
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568 Ibidem.
569 Ibidem.
570 AHP, Assembleia Nacional, X Legislatura, Sessão de 26-04-1972, Diário n.º 189, p. 3741.
571 AHP, Assembleia Nacional, VI Legislatura, Sessão de 07-12-1955, Diário n.º 105, p. 112.
572 AHP, Assembleia Nacional, VII Legislatura, Sessão de 09-12-1959, Diário n.º 136, p. 109.
573 AHP, Assembleia Nacional, X Legislatura, Sessão de 26-04-1972, Diário n.º 189, p. 3741.
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574 Ibidem.
575 Ibidem.
576 Ibidem.
577 Ibidem.
578 AHP, Assembleia Nacional, II Legislatura, Sessão de 16-02-1940, Diário n.º 77, p. 301.
579 AHP, Assembleia Nacional, II Legislatura, Sessão de 25-11-1939, Diário n.º 48, p. 3.
580 AHP, Assembleia Nacional, IX Legislatura, Sessão de 22-02-1968, Diário n.º 139, p. 2509.
151
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581 AHP, Assembleia Nacional, II Legislatura, Sessão de 16-02-1940, Diário n.º 77, p. 300.
582 Ibidem.
583 Ibidem.
584 Ibidem.
585 Ibidem.
586 Não esquecer, a este respeito, que em novembro de 1937, Getúlio Vargas passava a liderar o Estado Novo brasileiro,
cujo ideário político acompanhava o Estado Novo de Salazar.
587 AHP, Assembleia Nacional, II Legislatura, Sessão de 16-02-1940, Diário n.º 77, p. 301.
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Junta Geral
588 Ibidem.
589 Segundo Daniel de Melo, o assalto ao paquete de luxo “Santa Maria”, ocorrido a 22 de janeiro de 1961, em águas
internacionais das Caraíbas, foi uma operação desencadeada pelo Directório Revolucionário Ibérico de Libertação.
Esta era uma organização antifascista, criada na Venezuela em 1960 e constituído por exilados políticos portugueses
e espanhóis, anti-Salazar e anti-Franco, respetivamente. Embora não tendo alcançado a dimensão pretendida, este
assalto terá uma forte repercussão mundial, agravando o isolamento externo a que se vê remetido o Governo de Lisboa,
ROSAS, BRITO, 1996, Dicionário de História do Estado Novo […], pp. 67-69.
590 MATTOSO, 1994, História de Portugal […], p. 420.
591 AHP, Assembleia Nacional, VII Legislatura, Sessão de 06-04-1961, Diário n.º 206, p. 326.
592 MATTOSO, 1994, História de Portugal […], p. 532.
593 AHP, Assembleia Nacional, VII Legislatura, Sessão de 06-04-1961, Diário n.º 206, p. 326.
594 Ibidem.
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595 CRUZ, PINTO, 2004, Dicionário Biográfico Parlamentar […], pp. 186-188.
596 AHP, Assembleia Nacional, IX Legislatura, Sessão de 22-02-1968, Diário n.º 139, pp. 2508-2512.
597 Ibidem.
598 Ibidem.
154
Junta Geral
599 Ibidem.
600 Ibidem.
601 Cf. , por exemplo, a intervenção de Agostinho Cardoso, em 1964, a respeito dos conflitos no Congo: AHP, Assembleia
Nacional, VIII Legislatura, Sessão de 02-12-1964, Diário n.º 159, p. 3938.
602 Pela lei n.º 1.967, de 30 de abril de 1938, foram publicadas as bases do regime administrativo insular. Esta lei seria
completada com o Estatuto dos distritos autónomos das ilhas adjacentes, aprovado pelo decreto – lei n.º 30 214, de 22
de dezembro de 1939. Pelo decreto-lei n.º 36453, de 4 de agosto de 1947 foi aprovada nova redacção do Estatuto que,
conservando a estrutura, introduziu no texto algumas alterações secundárias. Veja-se CAETANO, 1982, Manual de
Direito Administrativo […], p. 159.
603 AHP, Assembleia Nacional, I Legislatura, Sessão de 3-3-1938, Diário n.º 164, pp. 404-405.
604 Ibidem.
605 Ibidem.
155
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606 Ibidem.
607 Ibidem.
608 AHP, Assembleia Nacional, I Legislatura, Sessão de 4-3-1938, Diário n.º 165, pp. 416-422.
609 Ibidem.
156
Junta Geral
na maior parte das vezes, chegava ao fim do seu mandato. Por conseguinte, ficava
prejudicada a resolução atempada dos problemas do distrito. Tal não aconteceria,
no entender de Hintze Ribeiro, se os presidentes das Juntas Gerais tivessem maior
poder de decisão610. Contudo, apesar de expor estas sugestões, Hintze Ribeiro
assumia a noção de que, à semelhança do Código Administrativo anterior, o atual
seria muito parecido, apenas contendo a diferenciação nas disposições especiais
que regulam o funcionamento das Juntas Gerais. No final deste debate, foi votada,
e aprovada por unanimidade, uma moção onde a Assembleia Nacional prestou
homenagem ao espírito de unidade nacional e à devoção patriótica que caraterizam
os portugueses dos arquipélagos da Madeira e dos Açores611. A aplicação do regime
administrativo das Ilhas Adjacentes (lei n.º 1.967, de 30 de abril de 1938 e lei n.º
30.214, de 22 de dezembro de 1939) mereceu a aceitação unânime por parte dos
deputados madeirenses.
O Estatuto dos Distritos Autónomos das Ilhas Adjacentes (1940) determinava
o distrito do Funchal como um distrito de primeira ordem. Relativamente às Juntas
Gerais, ficou estabelecido que estas passavam a ser designadas Juntas Gerais dos
Distritos Autónomos e que continuavam fortemente tuteladas pelo Governo de
Lisboa, através do seu representante na Madeira, o governador civil. De facto, este
tinha a faculdade de escolher os presidentes dos municípios e os da Junta Geral,
cujo número de procuradores baixou de 15 para 7, todos eleitos pelos municípios
e pelos organismos corporativos ao nível do distrito612.
As competências das Juntas eram vastas, mas muito condicionadas pela
falta de meios financeiros. Assim, essas competências estavam direcionadas para
importantes aspetos da vida distrital como a administração dos bens distritais, o
fomento agrícola, pecuário e florestal, a coordenação das atividades económicas do
distrito, as obras públicas, a saúde e a assistência. Os meios de financiamento das
Juntas eram o produto de alguns impostos, cobrados pelo Estado, nomeadamente,
a contribuição predial e industrial assim como o imposto profissional. Esta legislação
manteve-se, com muito poucas alterações, até 1976613.
Um ano mais tarde, Álvaro Favila Vieira não hesitava em afirmar que se
tinha adotado um regime que torna solidários, na sua hierarquia própria, os
interesses superiores do Estado e as exigências da administração local. Dão-se às
Juntas Gerais autónomas maiores contribuições e meios de acção, em obediência
às necessidades da descentralização, ao mesmo tempo que, paralelamente,
se estende e torna mais efectiva a fiscalização do Governo614. Já na década de
50, o deputado António Camacho Teixeira de Sousa, entendia que o Estatuto
dos Distritos Autónomos das Ilhas Adjacentes, de 4 de agosto de 1947, tinha
trazido importantes vantagens para a Madeira, designadamente nas obras de
aproveitamento hidráulico e no alargamento da rede de estradas, opinião que
fora secundada pelo deputado açoriano, Pedro Cymbron, que salienta o poder de
intervenção do Estado na autonomia administrativa das Ilhas Adjacentes, onde
610 Ibidem.
611 Ibidem.
612 BRAGA, 2010, Madeirenses na Assembleia Nacional […], pp. 99-112.
613 OLIVEIRA, 1996, História dos Municípios e do Poder Local […], pp. 315-316.
614 AHP, Assembleia Nacional, II Legislatura, Sessão de 5-3-1940, Diário n.º 85, pp. 391-392.
157
Junta Geral
era bem recebida a orientação dos serviços centrais615. Este regime autonómico,
fortemente condicionado pelo centralismo corporativo - burocrático do regime só
começaria a ser colocado em causa, e de uma forma muito ténue, no início da
década de 70. No âmbito de uma discussão sobre a livre circulação de mercadorias
no espaço metropolitano e referindo-se ao anúncio da revisão do Estatuto das
Ilhas Adjacentes, Agostinho Cardoso afirmava que a lei que regula a autonomia das
ilhas muito tem a atualizar, no sentido de uma maior eficiência dessa autonomia,
transformando-a num verdadeiro estatuto de região em desenvolvimento,
fortalecendo-se a capacidade e o poder de atuação dos governadores de distrito616.
Em sessão legislativa posterior, Agostinho Cardoso salientava o problema do
funcionamento das instituições, pois, na Madeira, existiam cerca de vinte
organismos dependentes, pelo menos, de três ministérios diferentes, Interior,
Finanças e Economia, completamente descoordenados a nível distrital, porque
não comunicavam com a Junta Geral, exceto por mera deferência, e igualmente
descoordenados a nível nacional, porque pertenciam a diferentes ministérios que
opinavam e decidiam sobre os problemas da Madeira, sem comunicarem uns com
os outros. Uma solução deste problema passaria por encontrar fórmulas para evitar
que o Estado duplicasse serviços na região e, de igual modo, dar, ao Governador
do distrito autónomo, o conhecimento oficial dos problemas económicos desse
mesmo distrito617. Idêntica posição encontra-se no deputado Eleutério de Aguiar,
que sublinhava o facto de o Estado ter de continuar a desempenhar um importante
papel, no fomento dos arquipélagos dos Açores e da Madeira, mas respeitando
a autonomia administrativa das Ilhas Adjacentes, num processo que se desejava
capaz de facilitar a vida económica insular e não o oposto618.
Temas bem diversos dos anteriores são os implicados em questões
ambientais respeitantes às ilhas e que foram também abordados na Assembleia
Nacional pelos deputados madeirenses. Umas vezes, esses temas emergirão em
debates de âmbito mais abrangente, como a discussão em torno da reflorestação
nacional, a propósito da qual, por exemplo, Álvaro Favila Vieira, logo em 1938,
requererá a inclusão das Ilhas Adjacentes nesse plano do povoamento florestal,
dado considerar que em nenhuma região do continente a questão do povoamento
florestal te[ria] maior acuidade e aspectos mais graves e alarmantes do que no
Arquipélago da Madeira619. Em outras situações, pelo contrário, esses temas serão
suscitados ou por ocorrências calamitosas verificadas no arquipélago, ou pela
deteção de situações que colocavam em risco o ambiente das ilhas. Ilustrativas
deste primeiro caso são as intervenções de Gastão de Deus Figueira e Alberto
Henriques de Araújo, em novembro e dezembro de 1956, a propósito das chuvas
torrenciais que, a 3 de novembro, haviam gerado desastres muito graves em Santa
Cruz, Machico e Porto da Cruz620. Exemplificativos do segundo, são os discursos de
alerta de Agostinho Cardoso e Eleutério Gomes de Aguiar, dirigidos aos seus pares
em janeiro de 1972 e chamando a atenção para o perigo de poluição da praia do
615 AHP, Assembleia Nacional, VI Legislatura, Sessão de 26-4-1957, Diário n.º 207, pp. 861-865.
616 AHP, Assembleia Nacional, X Legislatura, Sessão de 7-4-1970, Diário n.º 30, pp. 577-579.
617 AHP, Assembleia Nacional, X Legislatura, Sessão de 21-4-1970, Diário n.º 39, pp. 815-816.
618 AHP, Assembleia Nacional, X Legislatura, Sessão de 23-4-1970, Diário n.º 41, pp. 856-858.
619 AHP, Assembleia Nacional, I Legislatura, Sessão de 26-04-1938, Diário n.º 190, pp. 775-776.
620 AHP, Assembleia Nacional, VI Legislatura, Sessão de 26-11-1956, Diário n.º 170, p. 4.
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621 AHP, Assembleia Nacional, X Legislatura, Sessão de 26-01- 1972, Diário n.º 153, p. 3089.
622 AHP, Assembleia Nacional, I Legislatura, Sessão de 26-04-1938, Diário n.º 190, p. 775-776.
623 AHP, Assembleia Nacional, V Legislatura, Sessão de 30-11-1949, Diário n.º 4, p. 27.
624 Ibidem.
625 AHP, Assembleia Nacional, IV Legislatura, Sessão de 20-02-1947, Diário n.º 89, p. 557.
626 AHP, Assembleia Nacional, V Legislatura, Sessão de 23-02-1951, Diário n.º 74, p. 370.
627 AHP, Assembleia Nacional, V Legislatura, Sessão de 30-11-1949, Diário n.º 4, p. 27.
628 Ibidem.
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629 AHP, Assembleia Nacional, VI Legislatura, Sessão de 26-11-1956, Diário n.º 170, p. 4; e AHP, Assembleia Nacional,
Sessão de 10-12-1956, Diário n.º 171, pp. 10-11.
630 AHP, Assembleia Nacional, I Legislatura, Sessão de 26-04-1938, Diário n.º 190, p. 776.
631 AHP, Assembleia Nacional, VI Legislatura, Sessão de 10-12-1956, Diário n.º 171, p. 10.
632 Ibidem.
633 AHP, Assembleia Nacionall, VI Legislatura, Sessão de 26-11-1956, Diário n.º 170, p. 4.
634 AHP, Assembleia Nacional, Sessão de 10-12-1956, Diário n.º 171, p. 11.
635 Idem.
160
Junta Geral
o seu carinho pela Madeira636. Por seu lado, Alberto Henriques de Araújo, como
fica implícito nas suas palavras, anteriormente aqui citadas, manifestará idêntica
adesão/inculcação: bem ao gosto salazarista, atribuirá à História de Portugal e
da Madeira um sentido providencial e mítico (Toda a nossa ilha é, na verdade,
um milagre. Milagre de Deus nas suas belezas sem par, milagre dos homens no
hino esplendoroso do seu esforço e do seu trabalho637), inserindo o infortúnio e
a desgraça da aluvião de 1956, no plano transcendente de um corajoso destino
superior a cumprir pelo homem nacional. Aos madeirenses restaria confiar nas
bençãos de Deus, e no apoio de Salazar para, enquanto agentes dessa história
providencial, sararem as feridas que o desastre causara no seio da sua terra
fecunda e no coração do seu povo generoso638.
Bem mais terrenas foram as considerações sobre o sistema de saúde na
Madeira, levadas pelos seus representantes à Assembleia Nacional. Os deputados
que, na década de 1960, refletirão sobre este tema serão Alberto Henriques de
Araújo, em dezembro de 1961639; Agostinho Cardoso, o médico tisiologista afeto
ao Sanatório do Funchal, em fevereiro de 1962640; e Rui Manuel da Silva Vieira,
em dezembro de 1965641. Alberto Henriques de Araújo traçará um preocupante
retrato do sistema hospitalar no Funchal, dando conta das péssimas condições e
das numerosas pessoas com doenças graves ou necessitando de assistência médica
que se acumulavam nas poucas salas do Hospital da Misericórdia do Funchal642.
Este deputado apelava, assim, para que o Governo incluísse no “Orçamento
Geral do Estado” a dotação necessária para, pelo Ministério das Obras Públicas,
ser iniciada em 1962 a construção do futuro hospital do Funchal 643. Só assim, a
breve trecho, se poderia aliviar o congestionamento hospitalar no edifício dos
Marmeleiros e em outras instituições hospitalares da ilha, um problema que
punha manifestamente em perigo a saúde pública644. Em diferente registo, agora
laudatório, Agostinho Cardoso evocava, em fevereiro de 1962, o I centenário da
fundação do Sanatório do Funchal pela princesa Maria Amélia, filha de D. Pedro I
do Brasil, uma instituição que, em seu entender, fora criada, de acordo com as mais
modernas indicações de sumidades médicas da época645. Esta seria a principal razão
pela qual este mais antigo sanatório de tuberculosos em Portugal desempenhara,
até então, um relevante papel na Madeira646: ora do ponto de vista médico e
social, ao abrir as suas portas a tuberculosos pobres, portugueses e brasileiros e
ao desenvolver, em volta do Hospício, um orfanato para filhos de tuberculosos,
escolas primárias para centenas de crianças pobres e a piedosa associação das
Filhas de Maria e a Associação das Senhoras da Caridade647; ora do ponto de vista
636 AHP, Assembleia Nacional, VI Legislatura, Sessão de 26-11-1956, Diário n.º 170, p. 4.
637 AHP, Assembleia Nacional, VI Legislatura, Sessão de 10-12-1956, Diário n.º 171, p. 11.
638 Ibidem.
639 AHP, Assembleia Nacional, VIII Legislatura, Sessão de 13-12-1961, Diário n.º 6, pp. 167-168.
640 AHP, Assembleia Nacional, VIII Legislatura, Sessão de 02-02-1962, Diário n.º 27, pp. 620-621.
641 AHP, Assembleia Nacional, IX Legislatura, Sessão de 02-02-1962, Diário n.º 27, p. 620.
642 AHP, Assembleia Nacional, VIII Legislatura, Sessão de 13-12-1961, Diário n.º 6, p. 167.
643 Ibidem.
644 Ibidem.
645 AHP, Assembleia Nacional, VIII Legislatura, Sessão de 02-02-1962, Diário n.º 27, p. 620.
646 Ibidem.
647 Ibidem.
161
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648 Ibidem.
649 Ibidem.
650 AHP, Assembleia Nacional, IX Legislatura, Sessão de 10-12-1965, Diário n.º 5, p. 45.
651 Ibidem.
652 Ibidem.
653 Ibidem, p. 46.
654 Ibidem.
655 Ibidem.
656 CAMPOS, 2011, Novos rumos da educação […], p. 1; TEODORO, 2000, O fim do isolacionismo […], pp. 52 -54.
162
Junta Geral
657 A série de anomalias e absurdos que ao longo dos anos se criou em volta do professorado de ensino secundário e técnico,
com reflexos cada vez mais graves sobre as condições e resultados do ensino, parece-me que aconselhava um conjunto
de medidas de saneamento da situação que preceda a completa reforma geral destes sectores […]é de pedir-se […] um
aumento substancial de dotações orçamentais orientadas nesse sentido. Só assim será possível melhoria de remunerações,
aumento do quadro dos professores efectivos, […] abertura de estágios em certos grupos, hoje fechados, no ensino técnico
– AHP, VIII Legislatura, Sessão de 23-04-1965, Diário n.º 203, p. 4851.
658 AHP, VIII Legislatura, Sessão de 23-04-1965, Diário n.º 203, p. 4852. A respeito do Plano Regional do Mediterrâneo
e da sua implicação nas políticas educacionais adotadas (ou não) pelo Estado Novo, ver TEODORO, 2000, O fim do
isolacionismo […], pp. 48-54.
659 Ibidem, p. 4853.
660 Ibidem, p. 4853.
661 Ibidem.
662 Ibidem. Em 1971, Agostinho Cardoso voltará a chamar a atenção para as desigualdades de situação entre a juventude
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das grandes cidades do continente e a das aldeias ou vilas distantes, sobretudo a das ilhas dos arquipélagos metropolitanos
dos Açores e da Madeira – AHP, X Legislatura, Sessão de 13-01-1971, Diário n.º 65, p. 1326.
663 Ibidem.
664 Ibidem.
665 Ibidem.
666 Ibidem.
667 AHP, X Legislatura, Sessão de 24-01-1973, Diário n.º 215, p. 4275 e p. 4276.
668 Ibidem, p. 4275.
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outra distinção que não [fosse] a resultante da capacidade dos méritos669. Ora,
segundo Agostinho Cardoso, a distância e a insularidade da Madeira relativamente
aos centros académicos metropolitanos, quando não compensadas de alguma
forma, punham em causa esse direito dos cidadãos portugueses habitantes nas
Ilhas Adjacentes670. E como notava também Eleutério de Aguiar, a criação de um
“Instituto Politécnico” (previsto, segundo esclarecimento seu, para 1974) e da
“Escola Normal Superior”, a acrescentar à Academia de Música e de Belas-Artes da
Madeira, eram decisivos para o progresso económico e social do arquipélago, uma
região ainda em vias de desenvolvimento671.
Já anteriormente apontámos o modo como, durante o Estado Novo, os
deputados eleitos pelo Funchal equacionaram o problema da autonomia
administrativa. Importa agora salientar que no discurso desses representantes
da Madeira não se regista, com notória evidência, a reivindicação de um sistema
cultural autónomo ou diferenciado, relativamente ao sistema nacional legitimado
e permitido pelo Estado Novo. Registando-se algumas modalizações que, em
estudo mais aprofundado do que aquele por nós aqui desenvolvido, merecem
ser analisadas, quer do ponto de vista diacrónico, quer tendo em consideração
o pensamento e ação políticos de cada um dos deputados, os representantes do
arquipélago terão sempre o cuidado de assegurar que as suas reivindicações para
a Madeira e Porto Santo não pretendem pôr em causa a unidade da Nação e uma
completa integração do arquipélago (e das suas pretensões) no todo metropolitano
e no projeto político que o Estado Novo pretendia para o país e para o império. Aliás,
nos primeiros anos do regime (e aqui não devemos esquecer o contexto político da
época), encontram-se mesmo intervenções em que é evidente a preocupação de
atenuar a potencial intencionalidade regionalista das propostas ou reivindicações
apresentadas pelos deputados madeirenses. Lembremos, a título ilustrativo, as
palavras de Álvaro Favilla Vieira, a respeito do seu pedido de alargamento do
plano de reflorestação nacional às Ilhas Adjacentes: Não desejo, evidentemente,
perante um plano de carácter nacional, levantar questões de mero interesse local
que, de uma forma ou de outra, possam comprometer os objectivos da proposta.
Não ignoro nem deixo de sentir vivamente que os interesses regionais se colocam,
por força das circunstâncias e da ordem natural das coisas, em lugar secundário,
subordinados à hierarquia dos interesses nacionais (…). Ninguém, afigura-se-me,
pode tomar à conta de impertinência o facto de, uma vez ou outra, se chamar
a atenção do País para as ilhas adjacentes, onde cerca de 470.000 portugueses
recordam e documentam a nossa epopeia marítima e afirma e garantem a
soberania nacional672.
É certo que, muito pontualmente, se encontram comentários que assinalam
uma diferenciação cultural detetável entre a Madeira e o todo homogéneo que
o Estado Novo considerava ser a Nação. Desta rara perspetiva, são exemplo as
palavras do deputado continental Sebastião Ramires, em março de 1940: tenho
para mim como um axioma que o governo vai, mais uma vez, olhar com carinho
669 Ibidem.
670 Ibidem.
671 Ibidem, p. 4276.
672 AHP, I Legislatura, Sessão de 26-04-1938, Diário n.º 190, p. 775.
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para a Madeira e, mais uma vez, encontrará as melhores soluções que adentro do
condicionalismo actual sejam possíveis, porque não podemos esquecer - o Governo
e todos nós – que a Madeira, apesar do contacto permanente com povos de outras
civilizações e de outras línguas, mantém bem viva a sua fé patriótica e o seu amor
à Pátria673.
Contudo, notas como estas são verdadeiras exceções, sendo dominante
o discurso contrário, que, como já demonstrámos, procurará, inclusivamente,
inscrever a Madeira no destino providencial que a historiografia do Estado Novo
atribuía a Portugal.
É, portanto, neste quadro de valores, que devem ser inseridas as intervenções
dos deputados eleitos pelo Funchal que ora exaltam figuras madeirenses que
contribuíram para a empresa dos Descobrimentos ou para a construção do Império,
ora destacam a relevância da visita de figuras do Estado português à Madeira, por
se tratarem, em seu entender, de encontros promotores da coesão nacional674. Será
também, porventura, nesse mesmo quadro ideológico que deverão ser entendidos
muitos dos silêncios desses mesmos deputados quanto à (não) reivindicação quer
de valores culturais próprios, quer de criação de instituições culturais específicas
e autónomas.
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1837-1895
A JUNTA GERAL NA REGENERAÇÃO
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Junta Geral.
Não era por isso, no entanto, que os procuradores à Junta Geral do Distrito
esmoreciam no seu trabalho e na determinação de procurar resolver os problemas
do Distrito. Apesar das grandes dificuldades e dos escolhos que lhe surgiam com
frequência pelo caminho, a Junta Geral prosseguia no seu trabalho porque era
o órgão legal de nossos cidadãos, devemos tomar esta responsabilidade sem as
contemplações entorpecerem a defesa que aqueles esperam de nosso zelo e da
confiança que em nós depositam1. A 22-4-1854, propunha-se que se rogue ao
Governo de Sua Majestade que até o ano de 1860 não mande ele aplicar para
fora deste Distrito rendimento algum do cofre dele e que, pagas as suas despesas
ordinárias, se apliquem as sobras ao aproveitamento de águas e outras obras
públicas neste Distrito, enquanto durasse a calamitosa crise que atravessamos. O
vogal Dr. Perestrelo ia mais longe, propondo que, em vez de pedir ao Governo que
protelasse a arrecadação dos impostos, se lhe peça que, á imitação do Governo
espanhol na Galiza, no-la perdoe, enquanto continuasse a crise porque atravessava
o distrito. Todos os procuradores estavam preocupados com a grave crise que a
Madeira atravessava no início da Regeneração; o presidente da Junta constatava
que a miséria e a fome já fazem sentir seus horrores, os povos espavoridos e
aterrados só ambicionam embarcações que os levem ainda aos climas mais
insalubres, para não perecerem de cruel inanição. O próprio Governo solicita nas
nações estrangeiras subscrições filantrópicas à pró daquela mesma província
que, quando feliz, deu à mãe pátria milhões e hoje desgraçada, não só lamenta
que não tenha merecido o que o Governo de Espanha, de próximo, praticou com
a Galiza, em menos aflitivas circunstancias, mas nem ainda uma subscrição na
Corte!!... Será justo ou ainda humano que se exijam e ordenem execuções fiscais,
durante uma semelhante crise, por tributos e fintos que se devam?! Será justo ou
compatível com a boa razão e equidade que, quando o Governo solicita esmolas
para que lhe não pereça esta Província, faça distrair para outras aplicações, que
não sejam a bem dela, os dinheiros e rendimentos que ela produzir e que lhe são
tão necessários para objectos de sua própria salvação?
Para resolver a crise profunda por que passava o Distrito, a Junta Geral do
Funchal propunha ao Governo que autorizasse a contração de um empréstimo para
ajudar os agricultores a mudarem e a melhorarem as suas culturas e ainda para
resolver questões urgentes. Pedia, ainda, que não se cobrassem os fintos e outros
tributos em dívida, e que se suspendesse as execuções que tivessem começado
durante essa crise, porque seria uma barbaridade exigir executivamente dívidas
de quem privado de meios para matar a fome, estende a mão para pedir esmola.
Pediam, ainda, ao procuradores que os dinheiros das rendas deste Distrito não
sejam distraídas da província, mas aplicadas às necessidades dela – maxime para
represas de águas, tiragem de lavadas e obras de pública utilidade, socorro às
Câmaras que se não podem manter, nem acudir aos infelizes expostos e outras
urgências.
A 25-4-1854, o Presidente sustentou a sua proposta de empréstimo como
sendo de imediata necessidade para salvação da Província, dizendo esperar que o
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Governo atendesse àquele justo fim, fazendo pela Madeira o que já havia feito pelo
Alentejo, quando envolto numa crise não maior do que aquela por que passava
este distrito, solicitando que esse empréstimo fosse do Governo, sob hipoteca da
propriedade pública ou privada que quem beneficiasse com ele.
Em relação à cobrança dos fintos atrasados e das execuções fiscais, resolveu-
se não arrecadá-los, sem que fosse realizada a substituição dos vinhedos
afectados pelo oidium tuchery, (vulgo “mangra”) e que o seu pagamento se fizesse
voluntariamente, entrando-se com o pagamento do ano que então se vencer e
outro dos atrasados e que igualmente se pedisse a suspensão das execuções
fiscais por dívidas contraídas até o ano de 1852, visto que as posteriores já tinham
sido contraídas com conhecimento desse estado de crise e que para o pagamento
daquelas se tornasse extensivo o benefício da lei de 26 de novembro de 1846.
Na reunião de 27 de abril desse ano, continuou-se a discutir o empréstimo
e as suas garantias, tendo o Presidente proposto que esse empréstimo não fosse
inferior a seiscentos contos de réis. Na mesma reunião, o procurador Antas propôs
que se procedesse à substituição das vinhas devido à moléstia de que se acham
acometidas, pela cultura da cana-de-açúcar, por ser de maior confiança, apesar da
constatação de que as avultadas porções de mel, ou melaço, que se tem introduzido
ultimamente neste mercado, desencorajavam os agricultores. Proponha que o mel
ou melaço pagasse direitos de entrada, pelo menos, seiscentos réis por galão de
duas canadas e meia. Insistia ainda que o Governo deveria dar à cana-de-açúcar a
mesma proteção que dera à produção vinícola taxando a aguardente estrangeira.
A 4-7-1855, foram discutidas as providências indicadas na sessão ordinária
anterior e, por isso, a primeira que se apresentou foi a necessidade do governo
animar a nascente cultura da cana-de-açúcar, impondo uma contribuição sobre
todo o mel ou melaço estrangeiro importado na Madeira. A Junta resolveu
unanimemente instar por esta providência, com o argumento de que só subjeitando
a um direito o mel estrangeiro, se poderá evitar a concorrência, que traria á
moribunda Madeira a sua ultima e inevitavel ruina. Para facilitar a consecução
desta providência, resolveu conformar-se com a opinião do Governador Civil,
manifestada no ofício dirigido ao Ministro do Reino a 14 de abril de 1855, no qual
dizia que o imposto deveria ser de mil e duzentos réis por arroba.
Os vinhos acreditados nos diferentes mercados estrangeiros por elevado
preço constituiam o principal setor da produção agrícola madeirense. A invasão
do oidium tuchery, em 1852, quase fez desaparecer as vinhas. O desaparecimento
das vinhas deu lugar a novas culturas que se desenvolveram de forma muito
satisfatória. Mesmo assim, o Distrito continuou a sua decadência económica
porque os recursos encontrados não foram capazes de superar a perda da cultura
do vinho. Os mapas da exportação do vinho no longo período de 22 anos, entre
1828 e 1849, registam a quantia de 166.474 pipas, uma média de 7.567 por ano.
O agricultor vendia o vinho à média de 50.000 réis à pipa. Quem controlava este
negócio era o negociante inglês que, sendo o único comprador, monopolizava
os preços comprando ao preço que queria, realizando lucros fabulosos, mas o
lavrador ou o colono vivia miseravelmente.
Esta questão do vinho era tão importante para a Madeira que, a 30 de outubro
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Junta Geral
de 1866, a Junta Geral faz uma consulta especial ao Governo, contestando a livre
entrada dos vinhos e aguardentes do território continental na Madeira e pedia
para que fosse terminado esse regime de excepção que os princípios da ciência
económica reprovam e que os factos se têm encarregado de demonstrar menos
vantajoso. A Madeira vivia essencialmente da produção do vinho e adaptar os
terrenos que o produziam, para outras culturas, custaria muito dinheiro ao Estado,
sem a certeza do seu sucesso, vendo o pequeno desenvolvimento que entre nós
têm as obras públicas, pelos poucos rendimentos do nosso cofre e pela dificuldade
de serem para ele enviadas da metrópole as somas de que carece e que ao cofre
central da nação cumpre satisfazer. Sendo assim, teria o vinho de continuar a ser
a nossa principal produção, tendo os preços ultimamente sido influenciados –
não só pelo diminuto das colheitas, mas pela falta de concorrência; tendo esta
de diminui-los e de um modo notável nos primeiros tempos, pelo menos; é certo
que deve resultar daqui, crise a que o Governo de Vossa Magestade nem pode,
nem deve ficar indiferente. A Junta pedia que o Governo abrisse o comércio do
vinho à concorrência porque via nela um meio de levar o nosso industrial vinícola
a produzir vinhos menos alcoolizados, mais em harmonia com o gosto da grande
maioria dos consumidores, mais baratos, mais vendáveis portanto. Esperamos que
a concorrencia forçando a produzir com mais economia, influa ainda no sistema de
cultura e o melhore; mas tememos uma transição demasiado rápida, assusta-nos
o desânimo dos que palpam os inconvenientes no presente, sem saber antever as
vantagens futuras e desejamos compensações, auxílio para os que têm que sofrer
e não pouco. Pedia ao Governo que adoptasse providências nesse sentido evitando
os inconvenientes de uma transição rápida, acreditando que a criação dum imposto
aduaneiro idêntico ao que os vinhos da Madeira pagavam em Lisboa seria o mais
conveniente, porque a Junta não desconhece que esta ideia não é rigorosamente
harmonica com as verdadeiras teorias económicas; mas vendo-a ainda em vigor
em tantos pontos do país, vendo-a decretada não há muito, e depois já de votada
a liberdade do comércio dos vinhos do Douro não hesita em aventa-la.
Outra consulta especial que foi levada a efeito pela Junta Geral ao Governo,
nesta mesma data, incidia sobre outra cultura importante para a vida económica
da Madeira, a cultura da cana-de-açúcar, que depois da terrível crise que devastou
grande parte dos vinhedos da Madeira no ano de 1852, começou a desenvolver-
se, tendo tomado um notável incremento, contribuindo para atenuar, até certo
ponto, os males que a invasão do oidium havia causado aos proprietarios da
Madeira. A Junta considerava indispensavel que essa cultura continuasse e que
se desenvolvesse, aproveitando-se para ela os terrenos mais abundantes em
águas e menos próprios para a vinha. Assim, conseguir-se-ia uma produção que
poderia animar o comércio externo, evitando a dependência dum único produto
de exportação. Constatava a Junta que grande parte do produto bruto da cana era
destinada ao fabrico de aguardente, quase toda consumida na Ilha. Acreditava que
este consumo haveria de baixar porque, com o aumento da produção vinícola e
com a introdução dos vinhos e aguardentes do território continental, ela perderia
o interesse económico que ainda tinha. A matéria-prima da cana teria de ser
transformada quase exclusivamente em açúcar, mas para que ela se tornasse
vantajosa seria necessário produzir melhor açúcar e de forma mais económica,
conseguindo-se aumentar a sua venda no mercado interno e alargar o seu consumo
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Junta Geral
no continente, que deveria ser o seu principal mercado externo. Para consegui-lo,
a Junta considerava indispensavel que, pelo menos, montemos mais uma fábrica,
estabelecida em ponto grande e em que funcionem os aparelhos modernos mais
perfeitos. Neste empenho lida já uma associação de diferentes proprietários desta
terra – associação digna de sinceros elogios, mas as despesas a fazer são tão
consideráveis, os capitais na Madeira são tão caros e pouco especuladores, que a
associação terá de lutar com dificuldades porventura insuperáveis, se o Governo
não vier em seu auxílio.
Considerava ainda a Junta que esta consulta seria desnecessária, se o Governo
criasse as instituições de crédito a que a Madeira tinha direito e onde o proprietário
pudesse ter à sua disposição os capitais necessários à reconversão das suas culturas.
Lamentava o facto de elas não existirem, concluindo que o crédito, e só ele, poderá
libertar a terra ainda hoje escrava por efeito do contrato de colonia; só ele poderá
fornecer aos proprietários os meios para melhorar, desenvolver e variar as culturas;
só ele poderá habilita-los, para que se associem com o fim de exportarem os seus
vinhos sustentando-lhes aqui preço remunerados e acreditando-os nos mercados
estrangeiros.
Até 1852, a importação de cereais para consumo era entre nove e dez mil
moios de milho e cinco mil e quinhentos moios de trigo. Desde essa época, a
importação reduziu-se à média de aproximadamente quatro mil e quinhentos
moios de milho e de mil e quinhentos moios de trigo. Calculando o preço de cada
moio de trigo em quarenta mil réis e do milho em trinta mil réis, o que é inferior ao
que realmente se pagava, teremos aqui uma compensação de duzentos e setenta
contos de réis aproximadamente, o que reduz a pouco mais de cem contos o deficit
causado pela perda dos vinhos. Mas, mesmo com a introdução da nova cultura da
cana-de-açúcar e hortaliças, a decadência económica da Madeira é um facto que
se regista nos anos que se seguem. E há que contar ainda com antiquadas práticas
agrícolas, revelando o agricultor madeirense alguma aversão ao uso de processos
mais racionais, cujas vantagens a experiência confirmava.
Face a esta situação, a Junta pretendia difundir pelos agricultores os
conhecimentos agrónomicos que os habilitassem a produzir mais e melhor,
com menos custos, tendo pedido ainda do Governo, através do Ministério das
Obras Públicas, um subsídio para o estabelecimento de um campo de culturas
experimentais, destinado a auxiliar os diversos ramos da agricultura na Madeira.
A 5 de julho de 1858, a Câmara Municipal do Funchal, autorizada pela lei
de 29 de março de 1836, lançou, por acordão de 27 de maio do mesmo ano,
um imposto sobre os cereais importados, pagando os nacionais metade do que
pagavam os estrangeiros, criando assim uma boa fonte de receita para si e para as
outras câmaras do Distrito que recebiam uma quarta parte dela. A carta de lei de
26 de junho de 1850 isentou daquele imposto os cereais importados do continente
português, com o intuito de favorecer a indústria nacional. O resultado, porém,
não correspondeu ao pensamento dessa lei e veio tirar às câmaras o único recurso
de que podiam lançar mão, para fazerem face às muitas despesas obrigatórias a
que tinham de acudir e para se libertarem das enormes dívidas que sobre elas
pesavam. Em resultado do insucesso destas medidas, a Junta pediu ao Governo
a revogação da lei de 26 de junho de 1850 e que mantivesse em vigor a de 29 de
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março de 1836.
A 14 de julho desse ano, o procurador Francisco Leandro Severim mostrava a
necessidade de aplicar na entrada dos cereais nacionais metade da contribuição
municipal que pagavam os cereais estrangeiros, a fim de acudir à pobreza geral que
grassava no Distrito e ao atraso em que se encontravam as câmaras municipais.
A comissão encarregada de analisar esta proposta entendia, pelo contrario, que
seria difícil conseguir esse pedido por depender das Cortes, onde existiam muitos
interessados na cultura nacional e que essa redução da contribuição não só
afastaria os cereais estrangeiros como os nacionais, o que prejudicaria a população
madeirense, até porque quase todo o milho e trigo que se consumia vinha do
estrangeiro, apesar do imposto municipal e o lançamento do imposto, nos cereais
nacionais, afastaria o comércio dos Açores e portos do Reino, entregando o seu
monopólio aos negociantes da Barbaria e Mediterrâneo, sem proveito algum
do Distrito, nem dos cofres das câmaras, nem do povo. Entendia que de maior
proveito para os municípios e de muito maior interesse para a agricultura e
indústria madeirense seria substituir esta proposta pelo imposto para as câmaras
de 320 réis por arroba de açúcar estrangeiro, que se importasse na ilha, dando-se-
lhe a mesma aplicação e forma de arrecadação que se acha determinada para os
cereais na Lei de vinte e seis de Junho de mil oitocentos e cinquenta, artigo oitavo,
parágrafo primeiro. Este imposto aumentaria, assim, dez réis em arratel no preço
do consumo, protegendo a nova cultura da cana e as fábricas de açúcar, recaindo
menos sobre as classes pobres do que o imposto dos cereais.
Uma semana depois, a 22-07-1858, o procurador Jaime de França Neto via ser
discutida a sua proposta que pedia: 1º a isenção do dízimo da cana doce por três
anos e quando chegue a ser cobrado, que o seja na mesma cana; 2º que o direito
sobre o melaço estrangeiro continue por mais três anos; 3º que se eleve o direito
sobre o açúcar para proteger o seu fabrico e 4º que se promova o estabelecimento
de fábricas de açúcar nesta Ilha.
A comissão encarregada de analisar esta proposta discordou do primeiro
ponto, por entender que o imposto a que as canas-de-açúcar estavam obrigadas,
não era o do dízimo, mas sim o da vigéssima parte do seu produto, a que ficara
reduzido pelo decreto de 5 de janeiro de 1837 e parecia à Comissão que, no
estado em que se encontrava essa cultura, não se podia considerar excessivo, se
se conseguirem as outras medidas proteectoras que cumpria reclamar, oferecendo
esta cultura já uma fonte de receita considerável para o Estado. Concorda porém
a comissão com as razões apresentadas para que esse imposto fosse cobrado na
mesma cana, na ocasião em que ela era apanhada como se praticava na divisão
entre o senhorio e o colono.
Face às grandes dificuldades económicas da Madeira e às crises cíclicas de
subsistência, a 6 de agosto de 1868, o procurador Diogo de Ornelas defendia que se
pedisse ao Governo a continuação do imposto sobre o mel estrangeiro importado
na Madeira, considerando que a livre entrada do mel e a baixa dos direitos sobre o
açúcar estrangeiro importado, seriam a completa ruína da então principal cultura,
a da cana-de-açúcar, da qual vinha a maior receita fundamental para acudir às
necessidades económicas dos madeirenses.
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parágrafo antecedente. Parágrafo terceiro. As quantias restituidas serão deduzidas da soma total do produto dos
impostos que estiverem ou vierem a estar em depósito no cofre da câmara do Funchal, antes de se proceder à divisão
mensal pelas outras câmaras do distrito. Artigo sétimo. Para os efeitos do artigo antecedente, serão consideradas
medidas de grosso como o mínimo para a exportação, para o sal, a de doze mil e trezentos litros; para a cerveja, a
de trezentos litros, para o cognhac e rum, a de cem litros; para a genébra, a de duzentos e oitenta e nove litros; para
o champanhe, a de noventa e seis litros; para os demais vinhos estrangeiros, a de duzentos litros; para aguardente,
a de trezentos e oitenta e nove litros; para o mel e melaço, a de seis centos quilogramas. Parágrafo único. Quando
de futuro as câmaras municipais tributarem os demais liquidos importados pela alfândega do Funchal, será tambem
considerada como o mínimo da medida por grosso (nos termos acima expostos), para o azeite comum e purificado, a de
seis centos quilogrammas; para a água-raz, a de cem quilogrammas; para o alcatrão e coltart, a de cem quilogramas;
para o petróleo, a de duzentos e cinquenta quilogramas; para o óleo de linhaça, a de seis centos quilogrammas; para
os óleos fixos não especificados, a de trezentos quilogramas; para o vinagre, a de trezentos e oitenta e nove litros;
para os licores, a de noventa e seis litros; para whisky, a de trezentos e oitenta e nove litros; para o verniz, a de cem
quilogramas. Artigo oitavo. As câmaras municipais poderão, quanto aos impostos indirectos de que trata a lei de 13
de Maio de 1872, empregar todos os meios de fiscalização que as suas posturas estatuem ou venham a estatuir para
a fiscalização das contribuições municipais. Artigo nono. O presente regulamento, feito em observância do disposto
no artigo quinto da lei de 13 de Maio de 1872, será, depois de públicado, destribuido às auctoridades e corporações
a que competir, para a inteira e fiel execução das disposições que no mesmo se contêm.
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sujeitas às contribuições.
Para superar todos estes problemas, a comissão entendia que a base que
deveria fundamentar a repartição do contingente pelos concelhos do Distrito
deveria ser a soma do rendimento coletável dos mesmos concelhos, porque as
matrizes eram, de uma forma aproximada, a expressão das verdadeiras condições
em que os diversos concelhos estavam uns para com os outros.
Apresentados estes fundamentos, a comissão propôs a aprovação do projeto
para a repartição pelos concelhos do Distrito, na proporção de oito porcento sobre
o seu rendimento coletável, de acordo com o decreto de 9 de fevereiro desse ano.
A comissão apresentou, em seguida, o mapa das quotas que cabia a cada um dos
concelhos do Distrito no contigente da contribuição predial, fixado pelo referido
decreto:
Distribuição da contribuição predial (em réis)
Concelhos Montante
Funchal 16.378$250
Câmara de Lobos 2.217$630
Ponta do Sol 3.175$260
Calheta 3.078$200
Porto do Moniz 2.066$340
São Vicente 2.424$740
Santana 2.682$209
Machico 2.617$060
Santa Cruz 2.678$820
Porto Santo 1.320$900
Total 38.639$500
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era de parecer que a única base possível e adotável era a da soma coletável das
matrizes dos diversos concelhos, que fora de trinta e oito contos quinhentos vinte
e nove mil setecentos e sessenta réis, com relação aos anos de 1864 e 1865,
constante do seguinte mapa:
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Concelhos Montante
Funchal 16.378$250
Câmara de Lobos 2.217$630
Ponta do Sol 3.175$260
Calheta 3.078$200
Porto do Moniz 2.066$340
São Vicente 2.424$740
Santana 2.682$290
Machico 2.617$070
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a base que lhe pareceu mais justa e proporcional ao rendimento dos concelhos,
como se encontrava declarado em algumas portarias e, designadamente, na
portaria do Ministério da Fazenda de 16 de janeiro de 1874, a distribuição feita na
sua sessão ordinaria de 1868, tomando por base os rendimentos constantes dos
dados estatísticos fornecidos pelas administrações dos concelhos, que deu lugar
a injustiças lesivas em alguns concelhos. E, mesmo considerando as matrizes da
contribuição predial muito imperfeitas e irregulares, considerava a comissão que
elas eram a base mais aproximada da verdade, sendo consideradas como a mais
legal e equitativa pelo conselho de Estado, na sua decisão de 30 de abril de 1863.
Funchal 16.219$140
Câmara de Lobos 3.731$515
Ponta do Sol 3.502$264
Calheta 3.502$264
Porto do Moniz 1.151$135
São Vicente 2.123$613
Santana 2.118$716
Machico 2.207$836
Santa Cruz 3.134$131
Porto Santo 1.169$837
Total 38.639$500
Fajã da Ovelha Fajã da Ovelha, Jardim do Mar, Paul do Mar, Ponta do Pargo
e Prazeres
Santa Cruz Caniço Camacha e Caniço
São Pedro Santa Luzia, São Pedro, São Roque e Senhora do Monte
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doméstico e industrial era uma das mais decisivas causas que dificultavam o
progresso agrícola e o desenvolvimento económico em geral da ilha. A fecundidade
do seu solo e a vastidão das suas campinas, acessíveis à ação do arado, asseguravam
abundantes e boas produções. A prosperidade da ilha do Porto Santo era também
muito útil ao arquipélago em geral e à cidade do Funchal em particular, tornando
o mercado de cereais e outros géneros alimentícios mais abundante. A 9 de março
de 1874, o procurador pelo Funchal, Álvaro Rodrigues de Azevedo, propunha que
a Junta consultasse o Governo a fim de que seja comissionada pessoa hábil, para
na ilha do Porto Santo fazer explorações hidraúlicas e que, sendo essas explorações
de resultado satisfatório, se proceda, prontamente e em primeiro logar, às obras
das fontes precisas para abastecimento público e depois à construcção de levadas
ou aquedutos para irrigação. Apresentou, então, uma proposta na qual, face à
dificuldade de comunicações em que a ilha se encontrava, grande responsável
pelo seu atraso e decadência e, estando pendente o contrato de carreiras de
navios a vapor directas e regulares entre Lisboa e o Funchal, propunha que a Junta
consultasse o Governo para que, nesse contrato, se estabelecesse a condição dos
navios dessa carreira passarem e demorarem-se, por algum tempo, tanto na vinda,
como na volta, no Porto Santo. Pedia também ao Governo que estabelecesse ali
uma estação fiscal. A 8 de março de 1875, o Dr. Manuel Inácio Brum do Canto,
procurador pelo concelho do Porto Santo, renovando a iniciativa da Consulta
do ano anterior, requeria que a Junta consultasse o Governo no sentido de se
debruçar Primeiro: Sobre a urgente necessidade de ser estabelecida na mesma ilha
a delegação da alfândega do Funchal que foi criada por decretos de 17 de Agosto
de 1866 (Diário de Lisboa número cento noventa e sete) e de 23 de Dezembro
de 1869; Segundo: Acerca da necessidade também urgnte de se despender na
construção de estradas e exploração de águas algumas quantias, a expensas do
Estado; Terceiro: Finalmente sobre a não menos urgente necessidade de se impor à
Empresa Insulana a obrigação de fazer na ida e volta escala de algumas horas pela
ilha do Porto Santo os paquetes a vapor subsídiados pelo Estado, que mensalmente
navegam entre esta ilha da Madeira e a metrópole. Ao mesmo tempo, remeteu
à mesa da presidência a representação datada de 27 de março de 1873, que a
Câmara Municipal do Porto Santo dirigiu ao Governador Civil do distrito, onde,
desenvolvidamente, reclamava os referidos melhoramentos. O procurador pediu
que esta matéria fosse incluída na Consulta que a Junta tinha de enviar ao Governo.
A lei de 27 de julho de 1855, no seu artigo 3º, 1º parágrafo, incumbia às Juntas
Gerais o trabalho da subdivisão do contingente de recrutas atribuído ao distrito.
Esta situação criou algumas dificuldades à comissão administrativa da Junta porque
muitos dos mancebos na idade da recruta fugiam para o estrangeiro, à procura
de melhor vida, para além de que a definição do contingente para o Distrito do
Funchal demorava a chegar. Vários governadores civis fizeram diligências perante
o Governo, no sentido deste definir o número de recrutas. Não menos importante
foi o desaparecimento dos cadernos que continham os termos de responsabilidade
dos fiadores que se tinham responsabilizado por menores que tiravam passaportes
para emigrarem para o estrangeiro. Os governadores civis chamaram, por várias
vezes, a atenção dos Administradores dos Concelhos para a importância do
recrutamento, exigindo execuções contra os fiadores que não apresentassem os
seus afiançados, no prazo em que eram intimados. Apesar de tudo, em 1864, a
193
Junta Geral
Junta Geral nomeou uma comissão que tinha o encargo de distribuir o contingente
de recrutas e que apresentou o seu trabalho na reunião de 25 de novembro desse
ano, tendo procedido à distribuição do seguinte modo:
Concelhos Quantitativo
Funchal 24
Santa Cruz 7
Machico 6
Santana 6
São Vicente 6
Porto Moniz 5
Calheta 10
Ponta do Sol 12
Câmara de Lobos 10
Porto Santo 1
Totais 87
A solução para a miséria do povo era sempre a mesma, o recurso à emigração
que, de uma forma legal ou clandestina, levava milhares de madeirenses a procurar
a sua sorte noutros países, deixando a sua terra ainda mais pobre e com falta de
braços para trabalhar a terra.
As várias comissões administrativas da Junta Geral do Distrito, por diversas
vezes, se insurgiram contra a emigração, em especial a emigração clandestina
e ilegal, “Tráfico da Escravatura Branca”, que colocava em risco a vida de
tantos cidadãos. A 4-5-1854, o procurador António Gil Gomes apresentou uma
proposta de repressão à emigração clandestina. Entendia que se tinha abolido
a escravatura para ser substituída impunemente pela “escravatura branca”, com
todas as agravantes que daí advinham. Considerava este tráfico uma vergonha
que os jornais da época regularmente denunciavam, mostrando a perversidade
desse tráfico desumano que vendia com fria atrocidade em praça pública e para
mundos pestilentes e escravidão, uma criatura humana, como se fora um animal
irracional, que trafica escandalosamente com as mulheres, convertidas em objectos
comerciáveis, fazendo das cidades uns lupanares de abominável devassidão, como
nós temos presenciado no nosso Funchal que deve ser limpo desta praga, e como
temos notícia de estar acontecendo no Brasil onde a beleza da mulher imigrante
é posta em hasta pública, para fins de brutal sensualidade!. O mesmo procurador
chamava a atenção dos poderes públicos para o facto desta emigração despovoar
as terras, faltando os braços para o trabalho, não desconhecendo que a população
é uma riqueza de renda efectiva e que a terra pouco vale sem o braço do homem
que a fecunda, por que ela produz pouquíssimos frutos espontâneos. Na sequência
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Junta Geral
6 Sobre os quesitos gerais: Ao 1.º – O contrato de colonia na ilha da Madeira é fundado em costume da terra, mas como
não tenha sido reduzido a escritura autêntica é sempre necessário provar as condições dele por testemunhas em questões
judiciais e as testemunhas, ou por menos claras, ou por menos exactas em seus depoimentos, apresentam em tal variedade
o que dizem ser costume invariavel que produzem decisões contraditórias em diferentes juízos e diferentes épocas e põem
os direitos e obrigações do senhorio e do colono em tal oscilação que não pode deixar de ser prejudicial à agricultura.
Ao 2.º – O costume que constitue o verdadeiro contrato originário é de tempo imemorial. Os colonos desta ilha, considerados
famulos dos senhorios, sempre foram como tais, chamados caseiros deles, e lhes chamavam seus amos, respeitando-os
como tais, fazendo-lhes alguns pequenos serviços próprios de domésticos, alem dos trabalhos e despesas da cultura, e tendo
para pagamento de tudo a divida dos frutos da terra que cultivavam[.]
Os serviços e respeito de famulos têm caído em desuso desde 1820.
No norte da ilha pertence ao colono um terço dos frutos de toda a fazenda a seu cargo, ou de demarcada porção dela, se em
toda, ou só nessa porção há benfeitorias do senhorio – delle exclusivamente, ou de mistura com algumas de colono.
– E quando são adjudicadas aos próprios Nacionaes, no Norte ou no Sul da Ilha, benfeitorias de algum colono por
dívida fiscal, é só dado um quarto dos frutos ao individuo que se incumbe de as amanhar, prestando fiança para as
renovar e conservar sem deterioração. – Elas, salvas raríssimas excepções, o colono está mui longe de ser exacto
na partilha. – O senhorio nunca há-de receber a renda que lhe pertencer, enquanto ela for dependente da partilha
de frutos.
São tambem cláusulas antigas do contrato de colonia as seguintes:
Não devem de ser colhidos os frutos, nem partilhados, sem licença do senhorio; mas esta clausula é sempre mais ou menos
iludida.
As plantas que nascem e crescem espontaneamente são todas do senhorio, mas os frutos delas devem entrar na partilha geral
em quanto o senhorio as conservar.
Como o crescimento das árvores não é obra do colono, o senhorio tem só de pagar-lhe o trabalho da plantação, sementeira,
ou enxerto delas, salva convenção em contrário.
Pode o colono fazer paredes rústicas (que são as de menor custo e maior duração) para sustentarem as terras inclinadas;
mas não pode fazer casa de qualidade alguma, nem obra de pedra e cal, ou desnecessária, sem licença do senhorio.
Contra esta providente cláusula há imensos abusos que têm por fim dificultar o despejo, apresentando a terra sobrecarregada
de obras não necessárias, não úteis e muitas vezes prejudiciais, que com o argumento de tácita aprovação, e com
o receio do resultado de lítigios dispendiosos e incómodos, colocam o senhorio na necessidade de – ou suportar
um mau colono e a sua descendência perpétuamente, se não pode ou lhe não convém pagar todas essas obras, e as
benfeitorias úteis, – ou despender muito para libertar a sua terra.
O senhorio por ser dono da terra que mandava cultivar por seus caseiros, mediante a referida paga, e por ser interessado
no melhoramento da produção, tinha (e bem natural é que tivesse) a faculdade de dirigir a cultura. Ha muitos anos,
porem, que o colono cultiva se quer ou como quer e se o senhorio o adverte de sua principal obrigação, que é a de
cultivar bem, responde que o despeça pagando-lhe as chamadas benfeitorias, que em grande parte ele só fez para se
perpetuar na colonia, retendo e desfrutando como melhor lhe convier uma terra alheia.
Não é permitido ao senhorio requerer o despejo só de parte de uma fazenda; mas pode excluir o colono de uma e deixá-lo em
outra, pagas préviamente todas as benfeitorias necessárias, e as autoridades, ainda que não necessárias, nemúuteis.
Têm com tudo alguns senhorios mandado cultivar por si ou por um terceiro a porção ou porções de fazenda que o
colono não quer ou não pode cultivar e este arbítrio, que parece bem fundado e de conveniência pública, tem algumas
vezes sido questionado em juizo e decidida a questão contra o senhorio, não havendo com tudo costume fixo a tal
respeito.
O senhorio dispõe da sua água como lhe convém e geralmente usa deste direito para correcção do mau colono. Alguns terão
abusado, tirando água a um bom cultivador; mas bem poucos serão os que queiram a sua terra desaproveitada e
contra capricho, malícia ou desgoverno do senhorio há direito e acção.
Tais são as cláusulas do contracto de colonia, não escrito, que com certeza pode a Junta declarar.
Ao 3.º quesito responde negativamente e do mesmo modo à primeira parte do quarto; referindo-se quanto á segunda, ao que
deixa escrito, em resposta ao segundo quesito.
Ao 5.º – É de grande necessidade reduzir a lei escrita o contrato de colonia na Ilha da Madeira, mas não pode a Junta, no
curto periodo de seus trabalhos legais, apresentar informação cabal que sirva de base a todas as provisões que essa
lei deve conter. Limita-se portanto a dizer que o projecto de lei apresentado à Câmara dos senhores Deputados, pelo
snr. Deputado José Silvestre Ribeiro, na sessão de 17 de Março de 1854, contém as providências de que, com a maior
urgencia, carece a agricultura na ilha da Madeira, contra os abusos do contracto de colonia; pedindo licença para
manifestar seu desejo de que no art.º 1.º fique mais saliente a faculdade que, natural e justamente, tem o senhorio de
mandar fazer a cultura mais conveniente dando preferência ao colono, sem intervenção previa de alguma autoridade
pública, – salva a acção do colono contra o abuso; – por quanto se se entender, contra o espírito do artigo, que a
questão de conveniência deve preceder ao aproveitamento das terras, o artigo ficará inutil.
Sobre os quesitos especiais[:]
O primeiro tem resposta nas que foram dadas aos quesitos gerais.
Ao 2.º – É infelizmente mui certo o demasiado e absurdo retalhamento da terra por causa das benfeitorias do colono. – A
terra que tivera um só e rendia para o sustentar com a sua família, passou a ser dividida e subdividida por herdeiros,
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Junta Geral
credores, ou compradores, com ofensa dos direitos dominicais e, assim retalhada, torna-se ordináriamente inútil.
Dão-se a um simples colono parciário faculdades que não tem o senhorio útil de um prazo! Mas não lhas deu o
contrato, – introduziu-as o abuso que muito convém reprimir e acabar, para utilidade do senhorio, do Estado, e do
próprio colono.
Ao 3.º – Uma terra que origináriamente tivera um só colono e uma só casa de habitação para ele e sua familia,
passou a ter muitas casas de residência dos muito[s] colonos que a invadiram. Tem isto acontecido geralmente e já
se vê que por esta forma tem a agricultura perdido algumas léguas de terra produtiva e crescido para os senhorios as
dificuldades de libertarem as suas terras de maus colonos. São, na maior parte, choupanas informes essas habitações,
por que pertencem a pequenos colonos; – há por toda a parte arrumações, em forma de paredes, feitas das pedras
toscas que os colonos vão separando da terra vegetal, e a tais paredes também chamam benfeitorias; – mas as obras
não toscas, as paredes de pedra preparada como para um edifício urbano, essas são as que mais habilitam o colono
para sujeitar o seu arbítrio a terra e o senhorio.
Ao 4.º e 5.º responde-se afirmativamente.
Sala das Sessões da Junta do Funchal, 21 de Julho de 1855.
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Junta Geral
projecto; Terceiro – Que ao melhor projecto seja adjudicado por parte desta Junta
o prémio de cento e cincoenta mil réis, e ao immediato o de trinta mil réis; Quarto
– Que a apreciação dos projectos apresentado pelos concorrentes e escolha do
melhor e do immediato, sejão commettidos a um jury composto de cinco membros,
sendo nomeado um por Sua Excellencia o Governador Civil, dois eleitos por esta
Junta, e dois pela Sociedade Agricola, os quais poderão tomar as informações que
lhes parecerem necessárias; Quinto – Que os projectos apresentados dentro do
prazo do concurso estejão nos sessenta dias immediatos, patentes, no local que
previamente fôr annunciado pelas folhas da terra, pera serem examinados por
quem quizer certificar-se das providencias que eles contenhão, convidando-se ao
mesmo tempo o público a apresentar as considerações que julgar convenientes,
para serem apreciadas pelo jury na occazião do julgamento.
Nessa mesma altura, o procurador João Frederico da Câmara Leme apresentou
outra proposta para que se pedisse ao Governo a elaboração de uma lei onde as
avaliações para a exclusão dos colonos fosse feita, tendo em conta os rendimentos
que, nos três anos anteriores, os colonos tivessem dado aos senhorios.
Para redação de um projeto de lei em conformidade com as necessidades
da Ilha, a Junta Geral decidiu abrir um concurso ao público, com um prémio
monetário para os melhores trabalhos, para apresentação de propostas sobre o
contrato de colonia. Para isto, a Junta pedia a colaboração das várias câmaras do
Distrito, deliberando lançar uma derrama entre elas do montante de trezentos
mil réis, para as despesas de impressão das várias propostas que viessem a
receber. Foi nomeado um júri para avaliar o mérito das propostas, presidido pelo
Governador Civil. A 5-12-1864, o procurador Luiz Figueiroa de Albuquerque propôs
que, no programa do concurso, os concorrentes apresentassem os seus projetos
acompanhados de uma exposição dos motivos que tinham presidido à redação de
cada um dos respetivos artigos.
Infelizmente, durante a existência da Junta Geral na Regeneração, esses
projetos nunca foram plasmados em lei.
Os expostos também constituíam preocupação para a Junta Geral. Segundo
as Ordenações Manuelinas de 1521, competia às Câmaras Municipais suportar o
custo da criação das crianças abandonadas nos respetivos concelhos, até aos 7 anos
de idade. Devido às constantes crises que afetaram a Madeira, as câmaras, por não
terem fundos, deixaram de poder cumprir com esse preceito, constatando a Junta
que havia necessidade urgente de tomar providências, para evitar o descalabro
neste serviço fundamental para a comunidade. Havia anos que estas não pagavam
às amas que cuidavam dos expostos, ficando em dívida para com elas, durante
muitos anos, deixando-se de cumprir a lei de 7 de outubro de 1837. A Junta
tinha consciência dessa situação e da impossibilidade em que se encontravam os
municípios de fazerem esse pagamento.
A Junta achava necessário proporcionar às câmaras os meios necessários para
a regularização desse serviço, pagando normalmente às amas, fazendo inspeções
frequentes aos expostos e assegurando-lhes um bom tratamento. Em 1854,
das contas relativas à sustentação dos expostos, via-se que as câmaras deviam
às amas, até 31 de março desse ano, a avultada quantia de 18.379$232 réis. A
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Junta Geral
Junta entendia que era urgente criar uma receita específica para fazer face a esta
despesa, sugerindo a criação dum imposto sobre o mel e figos importados, embora
reconhecendo os problemas que causaria à comercialização desses produtos.
Em substituição, a Comissão administrativa da Junta decidiu solicitar ao Governo
um auxílio extraordinário para pagamento daquela dívida, comprometendo-se as
câmaras, a partir daqui, a cumprir o integral pagamento anual desta despesa. E,
para impedir o progressivo aumento de expostos, cuja despesa poderia absorver a
maior parte dos rendimentos das câmaras, recomendava uma vigilância apertada
sobre as mulheres solteiras em estado de gravidez, para que fossem obrigadas,
não só a apresentar os filhos como a criá-los. Para a regular sustentação dos
expostos, a Comissão entendia que devia manter-se a deliberação da Junta de 18
de junho de 1845, a qual estabelecia que as câmaras concorressem para a caixa
dos expostos com uma quota proporcional à sua receita.
A 18-06-1855, o Governador Civil, na apresentação do seu relatório,
informava a Junta que tinham sido adotadas medidas para entrar na normalidade
a administração dos expostos. No entanto, esta situação parecia insolúvel. A 03-
07-1858, o procurador Jaime de França Neto assumia que as dívidas das câmaras
às amas dos expostos eram demasiado avultadas, não lhes sendo possível acertar
as contas, mesmo que recorressem à criação de novos impostos e derramas que,
nesse momento, eram considerados incompatíveis com a miséria da população.
Este procurador, representante do concelho da Ponta do Sol, informava que a
câmara do concelho que representava submetia o estado decadente das suas
finanças à consideração da Junta Geral e pedia para ser embolsada pelo cofre da
mesma Junta, do saldo que esta lhe devia, por conta dos expostos. Admitia que
talvez fosse proveitoso pedir ao Governo que concedesse às câmaras a faculdade
de transigir com os seus credores. Muitas amas a quem as câmaras deviam
avultadas quantias, querendo emigrar, abdicavam da totalidade da dívida, para
poderem receber algum, mas as câmaras não podiam aceitar tais propostas por
lhes ser impedido por lei essa faculdade.
A 31 de dezembro de 1857, o número de expostos em todo o Distrito era
de 972 e a despesa de 12.385$910 réis, com a sua sustentação, foi distribuída
pelas Câmaras Municipais, através de quotas calculadas segundo a receita de cada
uma delas, no decurso desse ano. Nessa conta, foram igualmente indicadas as
importâncias que o cofre geral dos expostos devia a algumas Câmaras Municipais,
por conta dessa despesa nos anos anteriores, assim como os saldos que outras
tinham de pagar ao mesmo cofre, das quotas que lhes tinham cabido nas derramas
respetivas. Da falta de meios com que lutavam as Câmaras Municipais, resultava
que as amas dos expostos eram credoras da avultada soma de 37.145$475 réis,
quantia que, dificilmente, seria amortizada, sem o lançamento de uma derrama
para este fim em especial.
A 30-06-1863, o procurador Tenente Coronel António Pedro de Azevedo
recomendava ao Governador Civil a conveniência de levar a efeito um rigoroso
inquérito sobre os abusos que as câmaras eventualmente tenham cometido,
prejudicando os jovens expostos que se encontravam desprotegidos, compelindo-
as a pagar às amas as dívidas atrasadas e que as despesas correntes com os expostos
se fizessem em conformidade com o preceito da portaria de 17 de dezembro de
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Junta Geral
1840, que lhe dava preferência a todas as outras despesas municipais e que os
pagamentos atrasados fossem feitos num curto espaço de tempo em prestações
mensais. Em relação ao inquérito sugerido, entendia que o Governador Civil
deveria ordenar as medidas que lhe parecessem convenientes, mandando repor
em vigor as instruções de 30 de abril de 1855, a todas as câmaras que tivessem
a administração da roda de expostos. Nesta mesma reunião, o vogal Manuel
Joaquim de Gouveia fazia sentir ao Governador Civil a conveniência de ordenar às
câmaras que colocasse um cognome aos expostos, no ato do baptismo, a fim de
melhor serem conhecidos no recenseamento e para que não ficassem isentos de
tal tributo.
Em 1863, o Cónego Filipe José Nunes, vogal que fazia parte da comissão dos
expostos, considerava que o modo que se estava provendo à sua sustentação não
era o mais justo, porque alguns concelhos rurais contribuíam, em alguns anos, com
uma quota inferior à que era necessária. Aprovava, no entanto, esse sistema como
o mais conveniente, porque não era possível, nesse momento, adotar outro modo
de satisfazer esse encargo, na medida em que as rendas do concelho do Funchal
eram, na sua quase totalidade, consumidas pelos expostos. Solicitava que se
determinasse às Câmaras Municipais que, sempre que fosse possível, fizessem com
que os expostos fossem criados por amas domiciliadas no mesmo concelho e não
por amas que residissem noutros concelhos, porque, desse modo, seria mais fácil
não só evitar alguns abusos, mas também fiscalizar-se o bem-estar dos expostos.
A 11 de julho desse ano, a verba de 8.850$000 réis, proposta no orçamento e
aprovada para sustentação dos expostos a cargo das Câmaras Municipais do
distrito, foi distribuída na proporção das contas da receita das referidas câmaras
no ano civil de 1862.
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expostos, foi pela mesma forma e proporção distribuída por elas, como mostra o
seguinte quadro:
Subsído da Junta Geral para amortização das dívidas dos expostos em 1862
Subsídio da Junta Geral para amortização das dívidas dos expostos em 1864
Concelhos Dívida Quota
Funchal 27.561$600 2.756$160
Santa Cruz 2.289$045 228$904
Machico 839$645 83$964
Santana 149$755 14$975
São Vicente 293$090 29$309
Porto do Moniz - -
Calheta 2.704$180 270$418
Ponta do Sol 1.014$300 101$430
Câmara de Lobos 1.091$715 109$171
Porto Santo - -
Totais - -
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dos pobres, já que essa isenção era reconhecida nas leis de 12 de dezembro de
1844 e 30 de junho de 1860.
Os únicos meios considerados eficazes para combater e cortar pela raiz
a mendicidade eram, segundo os elementos da Comissão Administrativa da
Junta Geral, a difusão da instrução, a generalização dos princípios económicos
disseminados pelas massas, revestidos com a linguagem própria e a elas acessível
e o amor pela religião.
Assim sendo, a Junta tentou, pelos meios ao seu alcance, divulgar entre a
população as vantagens da instrução pública, embora reconhecesse que o quadro
de dificuldades não fosse propício ao desenvolvimento da escolaridade, mesmo
tendo as estatísticas da época revelado alguns progressos. Como afirmava então o
Governador Civil, o denominado vilão refutava uma inutilidade e até um prejuízo
mandar seus filhos aprender a ler e escrever, porque ao mesmo tempo que não
queriam compreender para que isso lhes servia, tinham de privar-se do auxílio que
nos seus trabalhos campestres costumavam receber dos filhos desde a mais tenra
idade. O número de escolas era então muito limitado e a sua frequência, mais
difícil. O relatório do Governador Civil indicava que tinham aumentado o número
de escolas sustentadas pelo Estado ou pelos municípios, tendo também aumentado
as particulares consideravelmente e o amor pela instrução tem-se desenvolvido ao
ponto de ser muito lisongeiro, apesar de ser ainda inferior ao que seria de desejar.
Em 1863, a população do Distrito em idade própria para receber a instrução
primária não excederia muito as seis mil almas. A frequência, no ano de 1862,
fora de 2.704 indivíduos distribuídos pelo seguinte modo: – 1.341 nas escolas
municipais e 620 nas particulares. Dos 2.704 alunos, 1.113 pertenciam ao sexo
feminino. Constatava-se que, havia poucos anos, apenas havia uma escola régia
para o sexo feminino, em todo o distrito. Nessa altura, a educação da mulher era
completamente descurada pelo homem. A ninguem é hoje lícito desconhecer a
influência da mulher nos costumes e na civilisação – a ninguem é permitido preterir
a necessidade de lhe formar o espírito e o coração por meio de uma educação, que
a eleve e prepare a grande missão, que é chamada a desenpenhar na Sociedade.
Nesse ano, já contava o distrito com nove escolas régias para o sexo feminino e
algumas outras particulares. A Junta, entusiasmada com estes números, ia criando
escolas o mais próximo das populações.
A falta de pessoal devidamente habilitado para exercer a docência era outro
problema que preocupava a Junta. A situação topográfica da ilha e a modesta
retribuição, que auferiam os professores impedia que concorressem para os
concelhos mais distantes pessoas estranhas à localidade, que confirmava o adágio:
ou um mestre pouco apto, ou a escola fechada.
Na reunião de 25 de junho de 1855, a Junta decidiu criar escolas em todas
as freguesias rurais que tivessem um número de população que o exigisse. Nessa
mesma reunião, a Junta recebera um mapa, enviado pelo Governador Civil, de
todas as escolas de ambos os sexos, tanto públicas como particulares, que havia
no Distrito, designando as localidades em que se encontravam e por quem
eram custeadas. A Junta considerava então a instrução primária o germen do
aperfeiçoamento da sociedade, das artes e da boa morigeração dos povos, por
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7 As do sexo masculino eram as seguintes: uma no Funchal, nas três primeiras horas da noite, para artistas e classes operárias;
quatro para jovens no Concelho de Câmara de Lobos, a saber: uma na freguesia de Câmara de Lobos, sítio da Saraiva; outra
na freguesia do Estreito de Nossa Senhora da Graça, sítio da Igreja; outra na freguesia do Curral das Freiras, sítio da Igreja
do Livramento e outra na freguesia da Quinta Grande, sítio da Igreja dos Remédios; duas no concelho da Ponta do Sol, a
saber: uma na freguesia dos Canhas, sítio do Jogo da Bola e outra na freguesia da Ribeira Brava, sítio da Igreja; uma no
Concelho da Calheta, na freguesia da Fajã da Ovelha, sítio da Igreja; quatro no Concelho de S. Vicente, uma no sítio dos
Barros, outra na freguesia da Ribeira da Janella, sítio da Igreja; outra na freguesia do Seixal, sítio do Açougue; e a quarta na
freguesia da Boaventura, sítio do Serrão; três no Concelho de Santana, a saber: uma na freguesia de S. Roque do Faial, sítio
do Lombo de Baixo, outra na freguesia de S. Jorge, sítio da Igreja e outra na freguesia do Arco de S. Jorge, sítio da Igreja;
duas no Concelho de Machico, a saber: uma na freguesia do Porto da Cruz, sítio da Igreja, outra na freguesia de Santo
António da Serra, na casa dos Romeiros, e finalmente três no Concelho de Santa Cruz, a saber: a primeira na freguesia do
Caniço, sítio da Azenha, a segunda em Gaula, no sítio da Igreja, e a 3ª na Camacha, no sítio da Igreja. É de advertir, porém,
que estas três últimas e algumas outras, já existiam sustentadas pelos Municípios; mas deixaram de ser devido à enorme
falta de meios que com a perda dos vinhos passaram as Câmaras. As três escolas do sexo feminino eram as duas primeiras
no Concelho de Câmara de Lobos, a saber: uma na freguesia de Câmara de Lobos, sítio da Torre e na freguesia do Estreito
de Nossa Senhora da Graça, sítio da Igreja; e a terceira no Concelho da Calheta, no sítio da Vila.
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para que esta pedisse ao Governo que o Liceu continuasse, para todos os efeitos, a
ser considerado de primeira classe, atentas as circunstâncias especiais em que se
encontrava esta província, separada do continente do Reino.
1901-1926.
8 Os elementos que compunham a nova comissão administrativa da Junta Geral eram os seguintes: Aníbal Sertório dos
Santos, José Joaquim de Freitas, Pedro Luís Rodrigues, Augusto César Coutinho Gorjão e Francisco Augusto da Silva.
9 O presente capítulo foi elaborado com base nas atas que se juntam no anexo documental, para onde se remetem todas
as referências.
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Junta Geral preocupações acrescidas que lhe causaram transtorno económico com
o tratamento de doentes e disponibilização de habitações para recolhê-los. Uma
parte importante dos seus recursos económicos foi canalizada para a contenção
desta epidemia e o combate às questões sociais que ela causou.
A 31 de dezembro de 1911, o Diário de Notícias informava que, no dia
anterior, a Comissão Administrativa da Junta Geral tinha autorizado pagamentos,
na importância de 15.000$000 réis aproximadamente, assim como o levantamento
de 38.000$000 réis por conta das receitas gerais da Junta.
A jurisdição das estradas foi, então, cedida à Câmara Municipal do Funchal,
para que esta pudesse estabelecer o sistema de viação acelerada. Tratou-se de um
processo longo, que se arrastou por vários anos, de forma que a Junta reivindicou
a realização desta obra, apesar de não ter tido mas êxito, devido aos eternos
problemas financeiros.
No dia 26 de janeiro de 1912 foi instalada na Junta Geral, por portaria do
Ministro do Fomento, uma comissão para os melhoramentos de que carecia o porto
artificial do Funchal, a qual apresentou, logo a seguir, o seu plano de trabalhos. Essa
portaria limitava os trabalhos desta comissão, pelo que o presidente da Associação
Comercial do Funchal (ACF), Luís Fialho sugeriu que se limitasse a propor as
necessárias reparações a introduzir no molhe da Pontinha. Mais tarde, um ofício
do mesmo ministro veio esclarecer que a ação desta comissão abarcava toda a
envolvência do porto do Funchal e não apenas o porto artificial. Na reunião de
2-2-12, o Visconde da Ribeira Brava, convidado a tomar parte nos trabalhos desta
comissão, afirmou que fora ele que tivera a iniciativa de instituir esta comissão, a
fim de orientar o Governo acerca dos melhoramentos mais necessários a realizar
no porto, entendendo que a comissão deveria restringir-se a traçar um plano
das obras mais urgentes, tais como o posto de desinfeção, o prolongamento do
cais e a construção de um cais acostável desde a entrada da cidade até ao forte
de S. Tiago ou, pelo menos, até à foz da ribeira de Santa Luzia, proposta que foi
aprovada por unanimidade. Luís da Rocha Machado, vogal da Junta, entendia que
a Madeira deveria pedir ao Governo a construção de um porto de abrigo, como
forma de atrair a navegação estrangeira e que era uma vergonha para o Funchal
que o existente não possuísse as condições mínimas.
A 1 de fevereiro, são aprovados os projetos das obras no Caminho do Trapiche
e do Caminho do Lombo dos Aguiares, em Santo António, assim como o do
matadouro de Santa Cruz. A ACF pedia urgência na construção do farol da Ponta
do Pargo, como um melhoramento de grande alcance e importância económica,
tendo sido informada de que as obras já tinham sido mandadas executar. A 29-2-
1912 foi presente, à reunião, o projeto deste farol, orçado em 14.200$000 réis, não
incluindo o aparelho ótico e a sua montagem.
Entretanto, tinham sido expropriados vários terrenos para construção da
estrada da Ribeira Brava a S. Vicente. Na reunião de 8-2-1912, foram arrematados
o 2º e 3º lanço desta estrada, pelas quantias de 19.770$000 réis e 31.900$000
respetivamente.
A Empresa Funchalense de Cabotagem, que fazia as viagens entre o Funchal e
os vários concelhos da Madeira e Porto Santo, prontificava-se a melhorar o serviço
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Luciano e Francisco Andrade. O Visconde da Ribeira Brava disse que não podia ser
assíduo às sessões da Junta Geral, dados os seus muitos afazeres, mostrando-se,
no entanto, pronto a cooperar com todos os vogais e o presidente. Mais tarde,
Francisco Correia Herédia veio a ser nomeado representante da Junta Geral da
Madeira, junto da Junta Consultiva de Agricultura, em Lisboa.
Na reunião de 8 de novembro de 1912, face às ausências do Visconde da
Ribeira Brava às reuniões da Junta Geral, o presidente questionou se ele poderia
ser considerado vogal dessa comissão administrativa, já que apenas tinha tomado
posse do cargo de vogal e não mais tinha comparecido nas reuniões. Afirmava-o,
apoiado no código administrativo de 2-3-1895, no seu artigo 59, no seu parágrafo
único, que dizia que se as faltas forem mais de dez em cada ano ou menos de
dez, mas excedentes às duma sessão ordinária ou extraordinária, além da
multa correspondente aos dias das faltas, incorreria também, os procuradores,
na pena de suspensão dos direitos políticos por dois anos. Esta questão causou
algum incómodo, a sessão foi interrompida e retomada mais tarde. O presidente
convidou, por várias vezes, o Visconde a retirar-se da sala, o que ele recusou
sistematicamente, exigindo usar da palavra, o que nunca lhe foi permitido. A sessão
foi suspensa pela segunda vez, os vogais bateram várias pancadas de protesto nas
carteiras onde se sentavam, até que a sessão foi suspensa definitivamente. A 15 de
novembro, o mesmo problema continuou: o Visconde apresenta-se à reunião da
Comissão Administrativa e não lhe é concedida a palavra. Continuando os trabalhos
e a insistência do Visconde, foi chamado o comissário de polícia que ficou, por
algum tempo, na sala de sessões. O presidente volta a esclarecer que o Visconde,
perante o número de faltas dadas, já tinha sido substituído por um outro vogal.
Produz-se um tumulto na sala, há algazarra e batidas de carteiras, gritam-se vivas e
foras. O vogal Joaquim Vieira desabafa que na Madeira só pode mandar o Visconde
da Ribeira Brava e propõe vivas ao Visconde. A sessão é, de novo, encerrada. Os
jornais de 19 de novembro informam que o Ministro do Interior iria nomear um
juiz de direito para fazer uma sindicância aos tumultos das três últimas reuniões da
Junta Geral. No dia 21 do mesmo mês, diziam que tinham sido nomeados Joaquim
Fernandes de Almeida e Clemente de Freitas da Silva. Na reunião seguinte da Junta
Geral, realizada nesse mesmo dia, o presidente enviou, ao chefe do distrito, um
protesto contra as pessoas nomeadas para realizar a sindicância à Junta, por não
lhe merecerem confiança, já que estavam reconhecidamente ligados a uma das
partes em conflito. O primeiro tinha aderido à facção democrática representada
na Junta pela minoria; o segundo era diretor e proprietário do bissemanário Brado
d´Oeste, da Ponta do Sol, que já tomara publicamente partido pela minoria que
causara os tumultos na Junta Geral, tendo, em três números do seu jornal, feito
a defesa da atitude tumultuosa da minoria e manifestado parcialidade na análise
desta questão. Nesta reunião, realizada sem a presença do Visconde da Ribeira
Brava, os ânimos estavam serenados. Esta comissão administrativa pretendia ter
uma atitude mais implementadora e dinamizadora das várias atividades da Junta
Geral. Para isso logo após a sua posse nomeou várias comissões para esse fim. A 20
de abril, foi nomeada uma comissão para tratar das bases para a reorganização do
corpo de polícia cívica, uma comissão para elaborar o regulamento da secretaria,
tesouraria e obras públicas da Junta; a 11 de maio, foi constituída uma comissão
para estudar as modificações que deveriam ser feitas no serviço costeiro de
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navegação.
Entretanto, na reunião de 17 de abril de 1912, foi presente um ofício,
informando que a Junta tivera, nesse ano, um aumento de receita na importância
de 50.000$000 réis, que provinha do aumento das contribuições diretas que
constituíam receita dos distritos autónomos.
A 11-5-1912, foi decidido pedir ao Governo a cedência do Palácio de S.
Lourenço e os terrenos adjacentes, para construção de um edifício onde pudessem
ser instaladas as diversas repartições da Junta Geral.
No dia 8-9-1912, a Junta Geral concedeu, à CMF, um subsídio de 850$000
réis, para a iluminação pública e comprou águas, no valor de 200$000 réis, para
fornecer a vários marcos fontanários, na freguesia de Santo António, no Funchal.
Mandou, ainda, proceder ao estudo para a construção da estrada entre o Paúl e o
Jardim do Mar.
O Diário do Governo de 11 de fevereiro de 1913 publicou a composição da
nova comissão administrativa da Junta Geral12, presidida pelo General Daniel Telo
Simões Soares. Na tomada de posse, o vogal Francisco Correia Herédia chamou
a atenção para os melhoramentos necessários que havia a fazer na Madeira, em
especial nas estradas e construção de outras, nomeadamente: da Ribeira Brava
a S. Vicente, da Ribeira Brava ao Funchal, do Funchal a Machico, da Pontinha à
Ponte Monumental, pela beira-mar, da porta da Sé, começo da estrada n.º 23,
pelo antigo passeio público, hoje praça da República, a fazer a ligação com a rua
Hermenegildo Capelo, em linha recta com a rua da Princesa D. Amélia até à Ponte
Monumental, sendo a avenida, pelo menos de largura de 10 metros. Propôs também
a coordenação entre a Junta Geral, a Junta Agrícola e a Câmara Municipal do
Funchal, a fim de assentarem um plano de melhoramentos para o embelezamento
da cidade; a votação de um subsídio à CMF, para a construção da estrada de cintura
sobre a ribeira de Santa Luzia, para ligar as freguesias de S. Roque e Santa Maria
Maior, no sítio do Bom Sucesso. Para fazer face às despesas, era de opinião de
que a Junta deveria contrair um empréstimo, na Caixa Geral de Depósitos, até
700.000$000 réis, em harmonia com a autorização parlamentar de 12 de julho de
1912, acrescentando que a Madeira tem visto passar tanto tempo sem nada de
proveitoso se realizar, mas espero que dora avante até os minutos se aproveitem e
assim verem certamente coroados de êxitos os nossos desejos. Fazendo referência
à presença na Madeira do arquiteto paisagista continental, Ventura Terra, para
fazer o plano de melhoramentos da cidade, sugeria que lhe fosse pedido, também,
um projeto de embelezamento das salas do palácio de S. Lourenço. Na sessão de
24-10-1913, propunha, ainda, obras no cais e salientava a importância do projeto
já apresentado no Parlamento que criava a Junta Autónoma de melhoramentos do
Porto do Funchal. Para o Porto Santo, indicava a necessidade da construção de um
cais. Propunha, ainda, que a Junta mandasse proceder aos estudos dos projetos e
respetivos orçamentos de um cais para a Calheta, Paul do Mar e melhoramento do
da Ribeira Brava e desse particular atenção à canalização de águas e construção de
12 A nova Comissão administrativa da Junta Geral era composta por: General Daniel Simões Soares, Drs. Alberto Figueira
Jardim, António Filipe de Noronha e Remígio António Gil Spínola Barreto, Francisco Correia Herédia, Carlos Ferreira,
Diogo Alberto Cunha, Ernesto Guilherme dos Ramos, Henrique Tristão Bettencourt da Câmara, João Augusto Pina,
João Paulo Nogueira Guimarães, José Marcelo Figueira, Manuel Martins Júnior e Nuno Cardoso de Castro e Abreu.
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15 A Comissão Administrativa da Junta Geral do Distrito do Funchal ficou assim constituída: a Comissão Distrital era
presidida pelo General Daniel Telo Simões Soares, tendo como secretário António Augusto da Silva; a Comissão
Executiva era presidida por Vasco Gonçalves Marques que tinha como vogais Diogo Alberto Cunha e Alberto Figueira
Jardim; como substitutos foram eleitos José Marcelo Figueira, José Maria das Neves e Clemente de Freitas da Silva;
Comissão de Contas: Luís Gomes da Conceição; Comissão do Orçamento: Gregório Pestana Júnior; Comissão de
Obras Públicas: General Daniel Telo Simões Soares.
16 1º que na generalidade se não altere a actual distribuição dos impostos municipais e que a haver nova divisão, esta se
efectue apenas entre as câmaras municipais da Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Ribeira Brava, distribuindo-se pelas
três o que dantes pertencia apenas às duas primeiras; 2º que a haver uma nova distribuição geral, se tome por base a
contribuição industrial e predial de cada concelho; 3º que se não adopte para base de uma nova distribuição a população
de cada concelho, visto os artigos de luxo “os que mais pagam“ serem consumidos na sua quase totalidade no Funchal, ao
passo que a farinha e milho utilizados em grande escala nos campos, e nenhum imposto municipal estão sujeitos. (Cfr.
Diário de Notícias, 22-11-1914).
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de dizer que, apesar das dificuldades que a Junta atravessava, era de opinião que
esta se devia empenhar em baixar o preço do pão e do peixe, entendendo que, no
caso deste último, bastava que este viesse diretamente do pescador para a praça,
sem intermediários.
A 25-5-1915, foi apresentado o orçamento suplementar ao ordinário para o
ano em curso, na importância de 126.271$950 réis.
Nesta reunião, foi pedida a extinção da Direção das Obras Públicas do Estado,
por se despender, por ano, cerca de 15.000$000 réis sem justificação, passando
estas funções para a Junta Geral. Pestana Júnior pediu à Junta que enviasse uma
mensagem ao Parlamento, a solicitar a isenção de direitos, durante 5 anos, de
todo o material importado pela Junta Geral, que importasse diretamente o milho,
vendendo-o, sem qualquer lucro, ao consumidor, por intermédio das autoridades
administrativas, para minorar as dificuldades das populações mais pobres e que
solicitasse ao Governo a isenção de direitos sobre o arroz entrado na Alfândega,
enquanto durasse a crise. A Junta acabaria por receber um ofício do Governo, a 25
de junho desse ano, com a informação de que mantinha os direitos alfandegários
sobre o arroz importado no Continente do Reino.
Em resposta, o Dr. Vasco Marques disse que o Estado levava da Madeira,
anualmente, o melhor de oitocentos contos de réis, tendo ainda apresentado a
conta de pagamentos de subsídios a expostos e menores desvalidos no 2º semestre
de 1915, na quantia de 2.648$409 réis.
Na reunião de 1 de junho de 1915, o procurador Dr. Pedro Lomelino, apoiado
pelo Dr. Pestana Júnior, faz uma intervenção de fundo, em relação aos impostos
municipais cobrados no Porto Santo, chamando a atenção para a crónica falta de
água, a filoxera e o aparecimento da formiga em grande escala, estragando as
únicas produções que a terra dá, vinha e cereal, deixando as populações daquela
ilha no mais lamentável estado de pobreza e propondo que a Comissão Executiva
da Junta solicitasse, às entidades competentes, a modificação do número ou
fator de 2,141, distribuído àquele concelho para dar cumprimento ao Código da
Contribuição Predial, de 5 de junho de 1913.
A Junta era contrária à alteração do regulamento dos vinhos, de 8 de
novembro de 1913, que o Governo pretendia introduzir, porque o projeto
apresentado continha várias disposições contrárias aos interesses vitícolas e
vinícolas do distrito. Consideravam os procuradores da Junta que esse projeto
representava uma excepção odiosa para a Madeira, visto que, em nenhuma
parte do Continente, tais disposições se aplicavam, sendo certo que todos estes
serviços no País se achavam regulados pelas mesmas leis e que o aludido projeto
seria ruinoso, cheio de encargos, vexatório, impraticável e muito prejudicial para
o distrito, e portanto para este corpo administrativo, não só pela verba que lhe
levaria, cerca de 60.000$000 réis mas também pelo cerceamento que acarretaria
nas suas receitas. O vogal Nunes Vieira faz a seguinte proposta, que foi aprovada
por unanimidade: Que se peça por telegrama ao Presidente do Conselho, Ministros
do Fomento, Finanças e Justiça, que seja mantido sem alteração o regulamento
de 8 de Novembro de 1913, visto satisfazer a todos os interesses do distrito e por
serem altamente prejudiciais todas as modificações contidas no citado projecto de
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regulamento, além de que a Junta não pode arcar com despesas além das que já é
obrigada20. Tendo em conta o pessoal e as receitas da Junta, podemos considerar
que ela operava grandes milagres para fazer todas as obras que propunham os
seus procuradores. O presidente, Dr. Vasco Marques, pediu-lhes que, nas suas
propostas, tivessem em conta a situação financeira da Junta Geral.
Foi pedido também ao Governo que subsidiasse a criação da cadeira de
Inglês, na Escola Industrial ou que lhe desse receita para esse fim. A Junta já tinha
subsidiado seis disciplinas, no valor de 10.000$000 réis e não podia subsidiar o
Inglês porque, nessa altura, as suas despesas estavam bastante sobrecarregadas.
Sobre isto, dizia Vasco Marques: O Governo nada mais quer dar à Junta Geral, dele
nenhuma coisa podemos esperar e deve atender-se a que além da despesa com
o pessoal da secretaria e da repartição técnica — uma gota de água — impedem
sobre a Junta o pagamento da Polícia Cívica, Polícia de Emigração, Produtos
Agrícolas, Manicómio Câmara Pestana, Serviços Silvícolas, Governo Civil, o que
eleva a despesa obrigatória a 80 contos que somados aos 42.500$000 réis para
o empréstimo perfaz cerca de 130.000$000 réis. A Junta a partir de agora tem de
ser mais parcimoniosa, fazendo boa administração dos seus recursos económicos.
O Governo que mercê da obra da Junta Geral indirectamente vai obtendo lucros
consideráveis não quer encargos, nós também não os podemos ter21.
Na reunião de 3 de novembro de 1915, procedeu-se à eleição das comissões
especiais para o ano de 191622.
A 13 de novembro, foi proposta a construção de um desembarcadouro aéreo,
no sítio da Beira dos Casais, no Arco de S. Jorge, para facilitar a agricultura e o
comércio daquela localidade (vinho e cana-de-açúcar) e o pagamento de obras
no palácio de S. Lourenço, transformando um casarão em ruinas numa habitação
luxuosa à altura da categoria e representação do cargo de Governador Civil.
Foi presente o relatório da comissão executiva que suscitou dos procuradores
algumas dúvidas, embora tenha sido aprovado por maioria. Perante esta situação,
o Dr. Vasco Marques, presidente da comissão e o Dr. Alberto Jardim, secretário da
mesma, apresentaram a sua demissão. Face a este desenlace imprevisto, propôs-se
que, de acordo com o disposto no n.º 2 do art.º 45 do Código Administrativo, fosse
considerado terminado o mandato dos vogais efetivos e substitutos da Comissão
Executiva e se passasse a eleger novos vogais. No entanto, a eleição da nova
comissão executiva recaiu, uma vez mais, sobre os mesmos vogais demissionários
que aceitaram a nova eleição. Efetivos: Presidente Vasco Gonçalves Marques,
vogal José Marcelo Figueira e secretário Alberto F. Jardim. Substitutos: Manuel
Martins, José Maria das Neves e João Maria Ribeiro. Vasco Marques enviou, então,
para a mesa, o orçamento para o ano de 1916, na receita de 393.068$880 réis e
igual despesa. Este orçamento consignava a importância de 186.053$370 réis para
obras. Na reunião de 3 de novembro, foi presente o 2º orçamento suplementar para
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25 A comissão ficou composta por: Vasco Marques - presidente, Alberto Figueira Jardim - vogal, José Marcelo Figueira
- secretário.
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29 No final da ata, refere-se: A sala das sessões achava-se ornamentada com palmas e flores naturais, sendo a comissão
saudada pela assistência, ao entrara na sala, com uma calorosa salva de palmas.
30 A sentença foi conhecida na reunião de 5 de junho de 1919.
31 No discurso de posse, afirma: sob o ponto de vista politico a atitude da comissão da sua presidência será sinceramente
republicana e de defesa da Republica e folga muito em ver a administração do distrito novamente entregue a cidadãos
portadores de ideias genuinamente republicanas, que haviam sido violentamente arrancados dos seus cargos pela
despótica ditadura sidonista.
32 Era o 34º governo da República, liderado por Francisco Cunha Leal, que foi nomeado a 16 de dezembro de 1921 e
exonerado a 6 de fevereiro de 1922.
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junta, que, nas palavras do Governador civil, a sessão acontecia, com verdadeira
cordura, correção e fidalguia...deixando as suas paixões e que ali dentro apenas
os animava o propósito de exercerem as dignas funções de procuradores dos
povos do distrito. Mas estava enganado. A 25 de novembro, inicia-se o mandato
da nova junta para o triénio seguinte, onde se expressa, de forma clara, a divisão
partidária que imperava na sociedade. Dos 44 procuradores, 22 são católicos e 20
da oposição.
As sessões da Junta assumem-se, claramente, como a tribuna de debate e de
afrontamento de ambos os grupos. A 6 de abril, o debate foi mesmo acalorado,
obrigando à sua interrupção durante meia hora. Desta forma, na sessão do dia
29, o presidente da comissão, Fernando Tolentino, apresenta o seu protesto pelos
tumultos, sendo secundado por Manuel Pestana Reis. A 18 de maio, a sessão
plenária foi ensombrada com novos tumultos, com a presença de público, o que
levou à intervenção da polícia cívica.
A 1 de janeiro de 1926, tomaram posse os novos procuradores para o triénio
de 1926-28. A sessão foi presidida pelo procurador mais votado, Dr. Luís Vieira
de Castro, tendo, ao seu lado direito, o Governador civil e sendo secretariado por
Firmo Figueiredo Silva e João Francisco de Canhas. Foi eleito presidente da Junta
Vasco Marques. O Engenheiro Henriques Araújo, na saudação que lhe faz, refere
que anceia porque se realize uma obra vasta, estudando-se a melhor forma de
a conseguir, pois muito dela necessita o distrito. Afastem-se dessa obra todas as
preocupações partidárias e tenha-se apenas em mira os interesses real do distrito.
O novo presidente, em resposta, manifesta o desejo de uma ampla autonomia e
maiores receitas. Mas os acontecimentos de 28 de maio traçaram outro rumo.
Uma das questões mais prementes da ação da junta prende-se com o
problema dos abastecimentos, nomeadamente do espaço urbano. Desta forma,
em 15 de maio de 1917, foi proposta a criação de uma comissão de abastecimento
para atender a esses problemas. Neste contexto, tivemos em 04 de novembro,
uma barraca para venda pública de produtos. Por outro lado, de modo a impedir
os elevados preços da venda dos produtos essenciais, o governador insiste, em
12 de agosto de 1917, no sentido de câmara e Junta custearem o desembarque
de cereais. A 6 de abril de 1918, o milho continuava a faltar e, por isso, pede-se a
tomada de medidas para o seu abastecimento. A 3 de abril, sabemos que a Junta
assumira os custos do abastecimento de 491 sacas de milho, fazendo-o vender, na
sua barraca, a preço de custo. Em 1923, os problemas com o abastecimento de
carne levaram o delegado do Comissariado de abastecimento a referir, em reunião
de 21 de setembro, que não tinha poderes para interferir em tal, uma vez que era
uma obrigação da câmara. De acordo com Manuel Pestana Reis, aí expressa, esta
falta de carne devia-se ao baixo preço estabelecido pela câmara, pedindo-se o seu
aumento e o socorro ao gado açoriano.
Como sabemos, eram múltiplas as áreas de intervenção da Junta, através
da sua reunião de procuradores ou da comissão executiva, mas sem dúvida que
as obras públicas e, nomeadamente a reparação, calcetamento e construção de
estradas ocupa um lugar cimeiro no conjunto das deliberações. Recorde-se que,
entre 1911 e 1918, parte desta atribuição estava acometida à Junta Agrícola, mas
com o fim desta última, pelo decreto 379 de 1 de janeiro de 1918, foi restabelecida
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33 Além da Polícia Cívica, temos, na ilha, a Guarda Republicana, primeiro instalada no Lazareto e, depois, passado para
as instalações da Quinta Vigia (cf. Atas de 19 de maio e 3 de junho). Recorde-se que, por reunião de 22 de dezembro
de 1921, sabemos que o efetivo da polícia cívica fora aumentado para 100 homens.
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1926-1974.
34 Cf. SEQUEIRA, Manuel Braz. Argumento a favor da arborização obrigatória das serras da ilha da Madeira, Funchal,
1913; CAMACHO, João Henriques, Notas para o estudo da rearborização da Ilha da Madeira, Lisboa, 1920; SILVA,
Fernando Augusto da. O revestimento florestal do Arquipélago da Madeira, Funchal, 1946.
35 Aí refere-se: …foi um dos mais ilustres madeirenses e um dos mais distintos membros desta Junta, tendo advogado
sempre com ardor e tenacidade, no Parlamento e fóra dele, os interesses da Madeira, que lhe ficou a dever os mais
assinalados serviços e obras da mais larga iniciativa, que muito teem contribuído no futuro para o desenvolvimento
e prosperidade deste distrito. (…) O nome do Visconde da Ribeira Brava fica indelevelmente ligado às mais largas
iniciativas e maiores melhoramentos em favor da Madeira… o Visconde da Ribeira Brava sempre procurou servir a
terra que lhe foi berço.
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Junta Geral
administrativa do Estado Novo, estas foram substituídas pela lei n.º 1.945, de
21 de dezembro de 1936, pelas Juntas de Província, excetuando-se os Distritos
Autónomos Insulares.
Com a chegada de Salazar ao poder e a consolidação do Estado Novo, a partir
de 1933, foram introduzidas mudanças no estatuto autonómico da Junta Geral
do Distrito do Funchal. Já a 16 de fevereiro de 1928, ainda Salazar não estava no
Ministério das Finanças, surgiu o decreto n.º 15.035, com o argumento de que o
estatuto vigente já tinha muitos anos (de 1901) e havia que estabelecer alterações
aos serviços da Junta Geral, dando-lhes maiores recursos financeiros. A 30 de
julho desse mesmo ano, já Salazar estava no Governo como Ministro das Finanças,
surgem algumas alterações ao estatuto, com o decreto n.º 15.805.
No preâmbulo, diz-se que os distritos insulares gozavam, pelas suas condições
geográficas e económicas, de uma relativa autonomia, há mais de 30 anos; que, para
manterem serviços que antes eram responsabilidade do Estado, seriam entregues
às Juntas Gerais as contribuições diretas indispensáveis, recebendo o Estado
apenas uma indemnização pelas despesas de cobrança, a seu cargo. Assinala-se
que havia, por vezes, duplicação de serviços que causavam inconvenientes graves,
com repartições do Estado com uma restrita esfera de ação, como sucedia nas
obras públicas; exatamente por isso, este diploma introduz nas Juntas, como
vogais natos, os chefes dos principais serviços distritais. O decreto preconizava
a urgência das autarquias fazerem economias, em consonância com as que se
impunham ao orçamento geral do Estado, reforçando o acréscimo garantido das
receitas, passando-se agora para as Juntas a importância cobrada pelo fundo de
instrução primária e as receitas correspondentes ao adicional de 1% para o cofre
geral de emolumentos, receitas essas que o decreto de 16 de fevereiro desse ano
tinha reservado para o Estado. O mesmo previa, ainda, a concessão de subsídios
necessários à descentralização de serviços que agora propunha.
Uma das preocupações estava certamente nas obras públicas e, de forma
especial, no plano viário. Muito ainda havia por fazer e a Madeira precisava destes
investimentos para sair definitivamente do atraso e abandono. O desenvolvimento
do plano viário da ilha foi um processo muito mais moroso. A orografia da ilha
não favoreceu a construção de estradas e as que foram sendo construídas foram-
no a muito custo e com elevadas despesas para a Junta Geral36. Desde 1928 que
esta dispunha da receita dos impostos sobre as transações e sobre a aplicação de
capitais, consignada à construção e reforma das estradas37.
Em 1938, foi definido um plano de construção de estradas pelo período de
oito anos, com o custo de 44.000 contos, competindo ao Governo o financiamento
de 75% e o restante à Junta38que, para honrar a sua parte, teve de solicitar um
empréstimo no valor de 3750 contos39. Esta proporção mantém-se em 1967,
ano em que a participação do Estado foi de 33.750 contos e a da Junta Geral de
36 A este propósito, refere Edmundo Tavares (1948, p.40): Há estradas que foram inteiramente abertas a dinamite. Outras
só conseguiriam ter continuação à custa de arrojadas obras de engenharia, tais como muralhas de suporte, pontões,
viadutos e pontes altíssimas.
37 LEITE, 1987, p. 218.
38 Diário das Sessões, 2 de dezembro de 1938.
39 Diário do Governo, n.º 140, 20 de junho de 1938.
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ribeiras e alguns (poucos) túneis que faziam o homem entrar nas entranhas da
ilha, implicavam um redobrado esforço da engenharia e da capacidade humana,
assim como um dispêndio avultado de verbas, que muitas vezes, os políticos da
metrópole não entendiam.
Chegamos, assim, ao final do século XX e a tecnologia alivia o esforço humano
e substitui a terraplanagem por viadutos, pontes e túneis, encurtando os trajetos
que se faziam pelo rendilhado das encostas, permitindo uma circulação rápida e
eficaz, na aproximação dos diversos núcleos populacionais, deixando que as vias
terrestres ultrapassassem as marítimas. Deste modo, o quadro da rede viária na
década de trinta era já distinto e tornava-se motivo de elogios, contrastando com
as realidades apontadas para a centúria anterior41.
Esta obra de engenharia, que demorou em ganhar expressão por toda a
ilha, não se fez à custa dos apoios do Governo Central, que sempre foram bem
calculados, mas foi, sim, resultado da integração de Portugal na Comunidade
Económica Europeia, em que, de forma definitiva, foi estabelecida uma situação
particular para a política de desenvolvimento local que contemplará estes
avultados investimentos na rede viária, portuária e aeroportuária. Recorde-se
que, em 1975, a rede viária madeirense compreendia apenas 275 Km e, em 2005,
atinge os 624Km.
A 18 de julho de 1926, na sequência do movimento revolucionário de 28 de
maio, o Diário do Governo, 1.ª série, publicava o decreto n.º 11.875, que dissolvia
todos os corpos administrativos do país. Em relação às ilhas, os governadores civis
enviariam, no prazo de 20 dias, ao Ministro do Interior, os nomes dos cidadãos
que haviam de compor as Comissões Administrativas. No dia seguinte, um outro
decreto sobre as novas corporações administrativas dizia que delas podem fazer
parte cidadãos que pertenciam às gerências dissolvidas.
Na Madeira, a demora na chegada do novo Governador Civil e as guerrilhas
entre as várias fações políticas dificultaram a escolha dos nomes para as novas
comissões administrativas42. Apenas a 13 de agosto,43 foi anunciada a nova comissão
administrativa da Junta Geral do Funchal, constituída pelo Tenente-coronel António
Bettencourt da Câmara, pelos capitães Abel Magno de Vasconcelos e Jaime Nunes
41 Alguns visitantes reconhecem o labor da Junta Geral: vamos olhando as terras da Junta Geral e vendo o cuidado com
que são tratadas as estradas madeirenses, limpas, calcetadas, sem poeira, debruadas por flores tenras que, dentro de
anos as emoldurarão ricamente (MONTÊS, 1938, p. 190). O Conde do Funchal afirmava também: preparámo-nos para
desembarcar no Funchal, capital dum arquipélago feliz, que tem esplêndidas estradas, sem poeira, construídos em terreno
dificílimo, que são frequentemente verdadeiras obras de arte (…) com a electrificação rural mais adiantada do país, (…)
além de possuir já um óptimo porto de mar, com o abastecimento dos combustíveis líquidos à navegação e uma rede
hoteleira das mais modernas e confortáveis. Finalmente tem em Porto Santo um aeródromo de categoria internacional,
e vai dispor, dentro em breve, na própria Ilha da Madeira, da pista de Santa Catarina. Por todos estes melhoramentos,
que a administração nacional realizou e por todas aquelas excelências que Deus Nosso Senhor lhe deu, a Ilha da Madeira
poderia considerar-se entre as mais felizes das suas congéneres. (Conde do Funchal, 1962, p. 183).
42 A 13 de agosto, o Diário de Notícias, em editorial, assinado pelo seu redator principal, F. Conceição Rodrigues, e
intitulado “E então ?!...”, escrevia que o povo já começava a enervar-se com a demora na nomeação das novas comissões
administrativas, fervilhando boatos que não prestigiavam as novas administrações. Dizia o Diário de Notícias que
as reuniões iam pela noite dentro, que eram frequentadas predominantemente por uma determinada casta, não se
justificando a continuação deste marasmo, porque a obra a realizar era muito complexa e numerosos os problemas a
resolver. Incitava a que ninguém recusasse os convites feitos, porque a hora era grave e era necessário olhar pelo futuro
da Madeira. Considerava que as responsabilidades eram grandes, mas entendia que os escolhidos teriam de tomar a
iniciativa dos grandes empreendimentos de que carece esta ilha, estabelecendo um plano que execute escrupulosamente.
Sugeria, para a Junta Geral, a nomeação de um homem de acção e iniciativa, que se tenha dedicado ao estudo dos
problemas que interessam ao distrito.
43 Diário de Notícias de 14 de agosto de 1926.
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Junta Geral
de Oliveira, pelo Dr. Alexandre da Cunha Teles e Luís Portugal Rodrigues dos Santos,
que tomou posse no dia seguinte.
Na primeira reunião da nova Comissão Administrativa da Junta Geral, realizada
no dia 23 desse mês, foi presente um relatório exaustivo sobre a precária situação
financeira da Junta44. Fazendo um cálculo aproximado da receita e despesa da
Junta, este chegava à conclusão de que, no fim desse ano, continuaria a haver um
deficit nas contas da Junta, que, no ano anterior, fora de 712 contos e que, naquele,
deveria aproximar-se deste valor. A situação implicava que não se pudessem
realizar obras de uma certa importância, sem que novos recursos viessem a ser
obtidos. Impunha-se, em primeiro lugar, economizar, acabando-se com obras que
não fossem de absoluta utilidade pública. Quanto ao pessoal, necessário seria
reduzi-lo. Outras propostas de poupança foram, mais tarde, apresentadas pelo
vogal Cunha Teles, depois do exame do orçamento ordinário da Junta45.
O presidente propôs que se elaborasse um relatório detalhado, expondo toda
a situação do distrito ao Ministro das Finanças, salientando que a parte das receitas
do Estado que ficava na Ilha era manifestamente insuficiente para que pudessem
ser realizadas, neste distrito, as obras e os melhoramentos de que carecia e,
vivendo esta ilha muito do turismo, não se podia deixar ao abandono as obras já
realizadas, por falta de dinheiro. Pedia, para isso, a intervenção do Governador
Civil, junto do Presidente do Ministério e do Ministro da Finanças, para que alguns
encargos, como assistência e polícia, deixassem de pertencer à Junta Geral ou que,
em alternativa, houvesse um aumento das receitas para esse fim.
A batalha pela reivindicação de mais receitas para a Junta, que é o mesmo
que dizer o retorno das receitas dos madeirenses, continua. Assim, na sessão de
20 de setembro46, desse ano, reclamava-se que revertesse para a Junta Geral a
totalidade dos impostos lançados pelo Governo sobre produtos como o tabaco e
estabelecimentos bancários, que na Madeira perfaziam cerca de 400 contos, e que
estavam destinados à assistência pública.
São várias as vozes de protesto, por esta situação. O Tenente-coronel António
Bettencourt da Câmara, dececionado por não conseguir solucionar os problemas
do Distrito, pediu a sua exoneração, no dia 8 de março de 192747, sendo substituído
pelo capitão Abel Magno de Vasconcelos que, pelos mesmos motivos, se demitiu
a 20 de julho de 1930, passando o cargo ao engenheiro Luís Menezes de Aciaiolli.
Este último, devido a doença prolongada, deixou o cargo a 8 de janeiro de 1931,
dando lugar ao Dr. João Figueira de Freitas.
Este período de 1926-1931 foi marcado por grandes dificuldades económico-
sociais, para além da continuação da instabilidade governativa, o que naturalmente
se refletia na Madeira, onde se acrescentam a falência de bancos, a fome e as
convulsões sociais. A nomeação do Dr. João Figueira de Freitas para presidente
da Comissão Administrativa da Junta Geral era uma possibilidade de encontrar
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Junta Geral
soluções viáveis para os problemas do distrito, até porque era o Presidente da Revolta da Madeira
Comissão Distrital da União Nacional, o que lhe assegurava uma grande capacidade 1931.
de intervenção no sistema político.
A primeira Comissão Administrativa da Junta do Estado Novo teve de
defrontar-se com a crise política marcada pela Revolução da Madeira, em abril
de 1931. Durante o período revolucionário, os corpos administrativos da ilha
foram substituídos por apaniguados da situação revolucionária, o que aconteceu
naturalmente também na Junta Geral, desde 6 de abril até 2 de maio de 1931.
Após a revolta madeirense, os órgãos gerentes das Comissões Administrativas
voltaram aos lugares que ocupavam anteriormente, assumindo João Figueira de
Freitas a presidência da Junta Geral, a partir de 7 de maio desse ano. A primeira
decisão foi anular todo o expediente, atas, deliberações e despachos proferidos pela
comissão que gerira os negócios da Junta durante o curto período revolucionário.
Em janeiro de 1934, na cerimónia de posse do novo Governador Civil do
Distrito, Dr. Caldeira Coelho, o Dr. João Figueira de Freitas, referindo-se à sua ação
como Presidente da Comissão Administrativa da Junta Geral, considerava ser o
cargo mais espinhoso depois do Governador Civil, acrescentando que a mesma teve
que lutar com uma grande diminuição de receitas que se faz sentir principalmente
pela crise no Comércio e na Indústria, cuja causa próxima mais importante foi
precipitada pelo desastre bancário, mas que mercê duma compressão violenta de
despesas, a Junta conseguiu o equilíbrio orçamental no qual vive. Entendia que a
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Junta Geral
sua obra era razoável, que ainda havia muito para fazer mas que, para isso, eram
necessários milhares de contos48. Foi durante a sua presidência que se procedeu à
mudança de instalações da Junta Geral para o edifício atual, o antigo Hospital da
Misericórdia, facto que ocorreu em 1933.
A Comissão Administrativa da Junta Geral, liderada pelo Dr. João Figueira
de Freitas, deu prioridade ao desenvolvimento da rede de estradas da Madeira.
Para isso, solicitou ao Governo Nacional autorização para contrair um empréstimo
de 15.000 contos49. Em janeiro de 1931, para atenuar a grave crise de trabalho
por que passava a Madeira, pediu ao Presidente do Ministério e Ministros do
Interior, Comércio e Finanças para que aprovassem de imediato a adjudicação da
empreitada das obras do cais do Funchal e de outras obras que, entretanto, se
seguiram50.
Uma das grandes preocupações desta comissão administrativa foi o
abastecimento de água potável e de irrigação a todos os concelhos da Ilha, um
problema quase permanente do arquipélago, cuja solução continuava a depender
de elevados investimentos, que aconteciam de forma lenta51. Para a sua realização,
convidou o Pe. Fernando Gomes, técnico especialista na exploração de águas, a vir à
Madeira, com o fim de estudar os novos locais onde se podia fazer, com segurança,
novas captações de água para irrigação de terrenos. Como esta comissão não tinha
receitas suficientes para iniciar estas importantes explorações, tentou obter do
Governo autorização para proceder à venda de algumas das suas águas aos atuais
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Junta Geral
52 As obras tiveram início a 9 de junho de 1932, com o lançamento à água do primeiro bloco. Este prolongamento foi
inaugurado a 28 de maio de 1933.
53 No ano de 1931, procedeu à organização da Carta Escolar do Ensino Primário e criou 10 novas escolas, nas freguesias
da Ribeira Brava, Tabua, S. Vicente, Monte, S. Gonçalo, Machico, Santo António e Calheta.
54 Foram pensados vários locais para a sua construção, nomeou-se uma comissão que ficaria encarregada de escolher o
local mais adequado, composta pelo Reitor do Liceu, Dr. Ângelo A. Silva, o médico escolar, Dr. William Clode e o Eng.º
Abel Vieira, Diretor da Repartição Técnica da Junta Geral. Quatro propriedades foram então sugeridas: Hotel Reid, do
Carmo, Quinta das Cruzes e Hospital Militar. Optou-se pelo Hospital Militar, para o que se oficiou ao Ministério da
Guerra, com vista à sua cedência, assim como dos terrenos anexos.
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55 Refira-se que o artigo 9º, alínea i do decreto, lhe atribui a categoria de Arquivo Geral.
56 No edifício do antigo Hospital da Misericórdia do Funchal. Diariamente, eram distribuídas 700 sopas aos pobres.
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57 A 27 de janeiro, o Diário de Notícias anunciava que a Junta Geral tinha procedido à arborização do Montado do Poiso,
com 36.021 árvores, sendo também ali instalado um campo experimental com 3.472 metros e um viveiro com 3.611
metros e construído uma estrada com a extensão de 3 km, ornamentada com cedros, castanheiros, hortênsias e coroas
de Henrique. Foram ainda feitas vedações numa extensão de 500.000 metros.
58 Tomou posse a 14 de janeiro de 1935.
59 Diário de Notícias de 2 de julho de 1935.
60 Com esta verba, a presidência de João Abel de Freitas conseguiu deixar uma obra emblemática, no campo rodoviário:
as estradas Funchal – Santana, Santana – Ponta Delgada, Prazeres – Porto do Moniz, Porto do Moniz – Ribeira da
Janela, S. Vicente – Ponta Delgada, Portela – Porto da Cruz, Porto da Cruz – Faial, Camacha – Santo da Serra, Camacha
– Portela, S. Vicente – Seixal. Procedeu ainda ao calcetamento de estradas já concluídas: Ponta do Sol - Prazeres,
Machico - Portela, Funchal - Camacha, Ribeiro Frio - Fajã do Cedro, Rosário – S. Vicente e as estradas da Serra de Água
e do Curral das Freiras, entre outras.
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particulares, não pôde aceitar o cargo de presidente, proposto pelo Dr. João Abel
de Freitas, já então Governador Civil. Face a esta recusa, o novo Governador Civil
convidou o Dr. João Figueira de Freitas, então também presidente da Comissão
Distrital da União Nacional, para desempenhar o cargo, para o qual é nomeado a 30
de agosto, desse ano. Na tomada de posse, a 1 de setembro de 1947, João Figueira
de Freitas deixou a promessa de continuar a imprimir maior impulso à construção
das estradas distritais e à luta contra o analfabetismo, ao melhoramento da saúde
pública, à riqueza florestal, aos transportes públicos e coletivos e aos serviços
pecuários.
A 28 de maio de 1949, inaugura-se a ponte monumental sobre a Ribeira de S.
Jorge e da estrada Santana - Arco de S. Jorge. João Figueira de Freitas, no discurso
inaugural, informava que o Estado contribuíra com 75% do custo desta obra,
relembrando o grande impulso, dado pelo Governo, em 1932, para conclusão das
obras, com a autorização para que a Junta contraísse um empréstimo de 15.000
contos. Com o estabelecimento do plano complementar, deu uma comparticipação
de 44.000 contos, elevada, em 1946, para 66.000 contos e, no ano de 1948, para
78.000 contos.
Efetuou obras de proteção nas ribeiras, no Funchal e na Madalena do Mar,
além de trabalhos de desassoreamento, e realizou e comparticipou em diversos
empreendimentos61. Esta comissão resolveu ainda fazer reparações e beneficiações
nas casas de abrigo do Caramujo e Lombo do Mouro e aproveitar as ruínas para
construir uma nova casa para abrigo do pessoal. Decidiu orçamentar a construção
de uma casa para os serviços de cantoneiros, em ponto a escolher abaixo da
Encumeada62.
No sentido de proporcionar água potável à população do Distrito, mandou
construir um túnel para transporte de água entre a nora da Junta Geral e o sítio do
Tanque, no Porto Santo63. Para beneficiar a irrigação das terras agrícolas, mandou
construir novas levadas e reparar outras, para que a água pudesse chegar a todos
os pontos fulcrais da ilha64.
Mandou fazer estudos para construção de uma barragem, nos terrenos da
Bica da Cana, para garantir a irrigação e o aumento dos caudais das levadas daquela
zona. Procedeu à construção de um sifão para regadio da Achada do Gramacho, em
Santana e de um tanque e de uma nitreira, na Quinta Grande. Ordenou, também,
estudos hidrogeológicos no Porto Santo, conseguindo que o engenheiro Professor
Dr. Ernesto Fleury, com grande competência nestes assuntos, viesse ao Porto Santo
e, em conjunto com os engenheiros Pinto Eliseu e Amaro da Costa, apresentasse
um relatório sobre as obras desta especialidade a fazer nesta ilha.
61 Começou a edificar o prédio destinado à instalação da Direção de Finanças, construiu o novo observatório do Areeiro.
Mandou fazer obras no Hospital dos Marmeleiros e no Sanatório Dr. João de Almada, construir novas moradias no
Bairro dos Viveiros, o Dispensário de Higiene Infantil de Câmara de Lobos e o edifício para colocação do Laboratório
Distrital. Comparticipou na construção do Colégio Missionário e mandou fazer estudos para construção do novo
edifício da Alfândega do Funchal.
62 Em sessão de 4-11-1948.
63 Em sessão de 15-5-1948.
64 A 5 de agosto de 1949, o Diário de Notícias anuncia, de forma festiva, a inauguração da levada de Machico-Caniçal,
beneficiação hidroagrícola que trazia a água, regando as terras das encostas do Caniçal, desde o Facho à Cancela e as
vertentes da margem esquerda da ribeira de Machico, sobranceiras à velha levada da rocha, aquém do Cheque, num
total de 16. 670 metros de canal.
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Construção de levada.
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Aberttura da
Estrada do Curral
das Freiras, 1960
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66 Cf. PAULINO, Francisco Faria e Susana Silva, 2000, Aeroporto da Madeira. A História de um Sonho, Funchal.
67 Diário das Sessões, 11 de abril de 1958, 31 de agosto de 1959.
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FINANÇAS E CONTABILIDADE
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Comissão Executiva da Junta Geral e/ou dos balancetes, nos Boletins da Junta Geral
do Distrito Autónomo do Funchal. Por este facto, não possuímos certezas quanto
aos valores para aqueles anos, mas apenas valores aproximados, sobretudo no
que respeita aos obtidos, a partir dos balancetes dos Boletins da Junta Geral, com
data anterior a 30 de dezembro do ano a que respeitam.
Todos os montantes contabilísticos manifestados em Conta, entre os
anos de 1887 e 197672, foram registados e tratados por categorias que fossem
simultaneamente relevantes para a nossa análise, e aglutinadoras, já que os
documentos são, por vezes, extensos registos de artigos de Receita e Despesa que
podem ultrapassar as sete centenas de lançamentos, por ano económico.
O Orçamento e a Conta da Junta Geral vão manter-se calculados na unidade
monetária Réis, até 1912, passando a Escudos, no ano de 1913, sendo, no entanto,
neste ano, calculados até aos mil avos. Dos valores aqui expressos algumas
advertências, para a sua interpretação, são necessárias. A designação de 1928
apenas respeita ao primeiro semestre daquele ano. Em 1928, as contas passam
a ser apresentadas por ano económico. O ano económico tinha início a 1 de julho
e findava a 30 de junho, do ano civil seguinte. A Conta de Gerência de 1934-1935
contempla este ano económico ao qual adicionaram, à época, o segundo semestre
do ano de 1935, só terminando a 31 de dezembro deste.
72 Termina a 30/9/1976, JGDFUN-SEC, Cx. 3345, Cap. 5, Arquivo Regional da Madeira, Folha n.º 1.
73 FRANCO, António L. de Sousa, Finanças Públicas e Direito Financeiro, Vol. I, 4ª Edição, Almedina, Coimbra, 1999, pp.
335 e seguintes.
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Junta Geral
diminuem o valor inicial atribuído à receita e à despesa, a não ser que ocorra uma
receita extraordinária e exista a necessidade de a aplicar. Assim sendo, o que temos
feito relativamente aos suplementares é retificar os valores das rubricas da receita
e da despesa, apresentado valores únicos para cada um dos anos orçamentados.
Se, num ano, temos o orçamento ordinário obrigatório, vamos reformulando as
duas componentes do orçamento, com os posteriores suplementares e, assim,
temos os valores efetivos para cada uma das rubricas.
Na receita, aparecem as várias rubricas em grandes grupos: Saldo, Contribuições
Diretas, Impostos Distritais, Impostos para Socorros a Náufragos e Tuberculose,
Levadas, Receitas dos diversos serviços, Multas e Taxas, Dívidas Ativas. Na receita
ordinária, são contempladas as rubricas: despesa, deduções no combate à
tuberculose e deduções na cobrança. Em vez de transferirmos estas rubricas para a
despesa, mantivemo-la na receita, mas com valor negativo e, assim, conseguimos
apresentar os valores finais corretos. A despesa recai principalmente nos
seguintes grupos: Vencimentos, Imóveis, Obras Públicas, Apoios Sociais, Subsídios,
Empréstimos, Dívida, Outras despesas e Donativos.
74 SILVA, Pe. Fernando Augusto da / MENESES, Carlos Azevedo de, Elucidário Madeirense, SREC, DRAC, 1998, Vol.I, p.
107.
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75 Este decreto, o primeiro que traz a assinatura de Salazar, é o rebate da Ditadura em relação as veleidades autonomistas
insulares. Aparentemente tem a lógica de alargar o conceito mas é o primeiro passo para asfixiar financeiramente as Juntas
Gerais. Os velhos autonomistas haviam calculado mal os propósitos do Governo da Ditadura e acima de tudo não tinham
contado com as teorias de Salazar sobre finanças públicas, que no caso ilhéu fica bem patente na carta ao Presidente da
Junta Geral do Funchal. in LEITE, José Guilherme Reis, A Autonomia dos Açores na Legislação Portuguesa 1892-1947,
Assembleia Regional dos Açores, Horta, 1987, p. 220.
261
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A partir deste decreto, transitaram, do Estado para a dependência da Junta Hotel Golden Gate e
Geral, os serviços dependentes dos Ministérios do Comércio, Agricultura e Delegação de Turismo
no Funchal.
Instrução. Apenas não transitaram destes ministérios os serviços dos correios e
telégrafos, os serviços meteorológicos e os da fiscalização do ensino. Transitaram
também os dos governos civis, polícia cívica, saúde, assistência e previdência, que
se encontravam subordinados aos Ministérios do Interior e das Finanças, recebendo
a Junta os encargos dos respetivos funcionários, agora como seus funcionários.
O decreto-lei n.º 15.805 fixa, como receitas da Junta Geral, o seguinte: o
rendimento dos bens próprios, juros de papéis de crédito, fundos consolidados,
depósitos e dividendos de ações de bancos e companhias; o rendimento dos
estabelecimentos e serviços distritais que o produzam; o produto das multas
impostas em regulamentos de polícia ou outros quaisquer que por lei sejam
aplicadas para o cofre da junta geral; parte do produto líquido, atribuída ao distrito,
nos impostos criados para hospitalização de alienados, socorros a náufragos e
para outros serviços que estejam a cargo das juntas; emolumentos autorizados
na tabela especial; rendimento do fundo de viação e turismo; produto líquido das
despesas de cobrança das contribuições e impostos abaixo mencionados ou outras
receitas do Estado que as substituam, e respetivos adicionais, com exceção dos de
instrução primária e cofre de emolumentos do Ministério das Finanças ou outros
de futuro criados com aplicação especial para serviços do Estado - contribuição
predial rústica e urbana; contribuição industrial; Imposto de aplicação de capitais;
Imposto de transação e o produto dos impostos distritais.
Para além da receita ordinária, constituem receita extraordinária: as heranças,
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A Junta Geral teve que recorrer, ao longo deste período em análise, a vários
empréstimos, para a despesa com obras públicas e com a amortização da dívida.
Os empréstimos mais importantes são os de 1914, 1932, 1940, 1946 e o de 1958;
o primeiro e o segundo foram justificados para efetuar obras públicas; o de 1940
e o de 1946 foram contraídos, principalmente, para amortização das anteriores
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Junta Geral
dívidas; o de 1958 serviu para financiar o início das construções dos aeroportos
do Porto Santo e o de Santa Catarina, nomeadamente com as expropriações, e
indemnizações.
As transferências do Estado surgem em 1928, por influência das compensações
atribuídas pelo decreto-lei n.º 15.805, mas começam a ter relevância a partir de
1938. É o caso de alguns importantes subsídios, como o fundo de desemprego,
que servia para o financiamento de obras públicas, e as compensações atribuídas
à Junta Geral.
Rendimentos próprios são todas as receitas provenientes dos vários serviços
da Junta Geral, como as dos serviços agrícolas, de viação, saúde, educação, as
receitas das levadas ou o produto da venda de aguardente.
Consideram-se outros rendimentos, todos aqueles que não se enquadrem
nas rubricas anteriores. Esta receita, na soma total, representa cerca de 17% e é a
segunda maior fonte de receita da Junta Geral.
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76 Decreto de 2 de março de 1895, Cap.III, Secção I, art.32º, in: LEITE, J. G. Reis, A autonomia dos Açores na
legislação portuguesa, Edição da Assembleia Legislativa dos Açores, Horta, 1987, p.105.
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Junta Geral
aumentem. Uma das maiores responsáveis pelos valores mais elevados são as
escolas, designadamente o Liceu e a Escola Comercial e Industrial do Funchal e
ainda a Instrução Primária, que, por exemplo, no ano de 1959, teve uma despesa
com vencimentos de 14.091.170$00, perfazendo 53.6% da despesa total com
vencimentos nesse ano.
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77 PEREIRA, Eduardo C. N., Ilhas de Zargo, 1968, Vol. II, 3ª edição, Câmara Municipal do Funchal, p. 9.
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A relação entre a contração de empréstimos e a sua utilização em obras públicas Aeroporto do Porto
pode ser constatada através do gráfico. Encontra-se patente no mesmo que, no Santo
momento em que a Junta contrai um empréstimo, ocorre um ‘pico’ simultâneo
na despesa com obras públicas. Por outras palavras, no âmbito da contração
dum empréstimo, a Junta Geral do Funchal aplica essa receita extraordinária no
departamento das obras públicas. Acrescentamos que o destino dos empréstimos
não são exclusivamente as obras, mas também, a amortização de empréstimos
anteriores.
Nas despesas com saúde e assistência, incluem-se: o tratamento de doentes
na Casa de Saúde Câmara Pestana, na Casa de Saúde do Trapiche, no Sanatório
da Sagrada Família, despesas do Asilo dos Velhinhos «Dr. João Abel de Freitas»,
e subsídios às mais variadas instituições sociais da ilha, nomeadamente a Santa
Casa da Misericórdia, a Associação de Assistência aos Indigentes da Madeira, a
Associação Protectora dos Pobres (Sopa Económica), às Câmaras Municipais
para obras, bombeiros, orfanatos, Conferência de S. Vicente de Paulo, Mocidade
Portuguesa, a privados, estabelecimentos de Instrução Primária, etc.
Como já referimos, também neste campo podemos falar numa linha tendencial
de aumento, sendo possível identificar dois momentos de maior estabilidade: de
1903 a 1924 e outro de 1936 a 1942.
Na distribuição das amortizações dos empréstimos efetuados por esta
Junta Geral, evidenciam-se os anos de 1940 e 1946, aos quais corresponde
igualmente uma receita superior neste campo. Esta situação permite-nos concluir
273
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que a contração de um empréstimo nestes anos, parece ter tido como destino
o pagamento de outros empréstimos. O de 1940 foi contraído para pagamento
de outros empréstimos e para fazer face às obras de construção do Liceu Jaime
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Junta Geral
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que vai de, supõe-se, 194079 até 197680. Esta é uma coleção documental do Arquivo
Regional da Madeira que se encontra incompleta. Tem começo no livro Junta Geral
do Funchal, Livro n.º 2, Contas da Receita e Despesa, 1887 – 1892, 1903 – 1913,
porque o livro n.º 1 não foi encontrado. Neste livro inicial, verifica-se a inexistência
de Contas para os anos da Comissão Distrital, ou seja, entre 1892 e 1901, e para o
primeiro ano civil completo da Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal, 1902.
Reiniciada a escrituração em 1903, esta mantém-se sem faltas até 1940.
É a partir deste ano que mais Contas se encontram em localização incerta e
indisponíveis neste Arquivo Regional, nomeadamente para os períodos: 1941 a
1944, 1946 a 1956, 1958 a 1963, como, aliás, fizemos referência na introdução.
Todos os montantes contabilísticos manifestados em Conta, entre os
anos de 1887 e 197681, foram registados e tratados por categorias que fossem
simultaneamente relevantes para a nossa análise, e aglutinadoras, já que os
documentos são, por vezes, extensos registos de artigos de Receita e Despesa que
podem ultrapassar as sete centenas de lançamentos por ano económico.
Para a Conta de Gerência da Receita e da Despesa da Junta Geral de 1887
a 1892 e de 1903 a 1913, foram considerados todos os totais apresentados: na
receita, a receita orçada, a receita liquidada e a receita cobrada; na despesa, a
despesa votada, a despesa autorizada e a despesa paga. Foram também feitos
quadros síntese para a receita, apurando, individualmente, os Impostos: - Impostos
Distritais; - Contribuições Diretas e Adicionais;- Imposto do Vinho de Estufa;
Imposto para Hospitalização de Alienados e Socorros a Náufragos; Impostos sobre
o Açúcar, o Álcool e a Aguardente; Imposto sobre os Combustíveis; Fundo de Viação
e Turismo; Contribuição Predial; Contribuição Industrial; Imposto Sobre Capitais;
Imposto Sobre Transações; Imposto de Camionagem; Imposto Profissional; Imposto
de Trânsito; Imposto de Compensação; Imposto do Tabaco; artigo 1.º do decreto-
lei n.º 34.051; artigo 2.º do decreto-lei n.º 34.051; Imposto do Selo; Imposto de
Circulação; e outras categorias como Emolumentos, Multas e Taxas, Receita de
Diversos Serviços, Rendimento das Levadas do Estado, Consignação de Receitas,
Recebimentos para Outras Entidades, Subsídios, Empréstimos, Dívidas, Subsídios
do Fundo de Desemprego e Outras Receitas.
Procedendo, de igual forma, com a despesa foram elaborados quadros
síntese que apuram individualmente Vencimentos, Gratificações e Aposentações,
Despesa com Imóveis, Obras Públicas, Apoios Sociais, Subsídios, Empréstimos,
Outras Despesas, Compensação ao Estado, Subvenção da Polícia, Imposto do Selo,
Consignação de Receita e Recebimentos para Outras Entidades. Estas Categorias
são obtidas a partir da observação dos documentos e não são universais a todas
as fontes, motivo pelo qual só são apresentadas para determinados segmentos
cronológicos.
Numa tentativa de uniformização de toda esta diversidade de elementos,
para uma mais inteligível análise, houve a necessidade de uma categorização
277
Junta Geral
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Junta Geral
82 In http://www.archive.org/stream/cdigoadministra00portgoog#page/n26/mode/2up.
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Junta Geral
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Junta Geral
Cerimónias Oficiais
do V Centenário do
Descobrimento da
Madeira em 1922.
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Cerimónias Oficiais
do V Centenário do
Descobrimento da
Madeira em 1922.
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Junta Geral
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Junta Geral
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Junta Geral
Despesa Obrigatória, integra novos artigos, são integrados os artigos 13.º Instrução
Pública e 17.º Tribunal de Desastres de Trabalho. No Capítulo, Encargos Diversos,
ressurge o artigo Restituição de Propinas, surge o artigo nomeado de Repartição
Finanças do Funchal e são eliminados o Hospital Civil e o Casa dos Pobres. Esta
Conta foi Julgada. A Receita Extraordinária de 1931-1932 apresenta um novo
artigo, Empréstimo Contraído por Escritura de 7 de abril de 1932. Novo artigo é
integrado no Capítulo 1.º da Despesa Obrigatória, Vencimento dos Funcionários e
Empregados Pagos pelo Cofre da Junta Geral, o Arquivo Distrital. Ao Capítulo 9.º é
adicionado o artigo Sindicâncias e retirados os Restituição de Propinas e Repartição
de Finanças do Funchal. A Despesa Facultativa apresenta adicionalmente o artigo
Turismo. A partir deste ano, o Capítulo 4.º, Estabelecimentos e Propriedades
Distritais, integra um artigo novo Compra do Antigo Edifício do Hospital. Esta Conta
foi julgada.
Em 1932-1933, o artigo Inspecção Técnica das Indústrias e Comércio Agrícolas
passa a fazer parte da Receita Ordinária, bem como o artigo Arquivo Distrital.
Neste ano económico, o Subsídio do Estado na Receita Extraordinária é substituído
por Subsídio. O Capítulo 1.º da Despesa Obrigatória acrescenta o artigo Delegação
da Inspecção Técnica das Indústrias e Comércio Agrícolas. Os Encargos Diversos,
na Despesa Obrigatória vai apresentar os novos artigos Pensões, Pavilhão para
Tuberculosos e Indemnização do Palácio da Encarnação e subtrair o Avaliação de
Prédios. Esta Conta foi julgada.
No ano económico de 1933-1934, o artigo 8.º da Receita Ordinária passa a
designar-se Serviços Hidráulicos e Eléctricos. Na Receita Extraordinária, um novo
artigo intitulado Donativo. Quanto à Despesa Obrigatória, o seu Capítulo 1.º tem
dois novos artigos, Tribunal do Trabalho e Secção Técnica dos Serviços de Viação.
Dois novos artigos para os Encargos Diversos, Juízo Criminal e Compensação à Caixa
Geral de Depósitos e supressão dos artigos Pensões, Pavilhão para Tuberculosos e
Indemnização do Palácio da Encarnação. A Despesa Facultativa integra o Capítulo
4.º, Turismo e Festas da Cidade. Esta Conta não foi julgada.
Em 1934-1935, mais um artigo é adicionado à Receita Ordinária, Taxas do
Tribunal do Trabalho e outros à Receita Extraordinária como os artigos Caixa Geral
de Depósitos, Crédito e Previdência, Restituição e Turismo. Esta Conta tem 18
meses de execução, uma vez que contempla todo o ano de 1935. No Capítulo
1.º da Despesa, Vencimento dos Funcionários e Empregados Pagos pelo Cofre da
Junta Geral, o artigo Polícia de Emigração é substituído por Delegação dos Serviços
de Emigração; é suprimido o Tribunal de Desastres de Trabalho e adicionado o
Serviços de Turismo. No Capítulo 9.º, Encargos Diversos, há a adição de novos
capítulos, Julgamento de Contas, Indemnização, Remissão d’um Foro, Demarcação
de Concelhos e Aquisição de Prédios. Capítulos como Juízo Criminal, Compensação
à Caixa Geral de Depósitos e Subsídios às Câmaras Municipais do Distrito (para
satisfação do disposto do art.º 2.º do decreto 16.956 de 14 de junho de 1929), são
eliminados. Esta Conta não foi julgada. Ficaram em branco as folhas 95 verso e 96
a 100 frente.
O documento, com a identificação JGDFUN 1754 do Arquivo Regional da
Madeira, tem por título Registo de Contas a partir de 1936, é um livro com 99
folhas, manualmente numeradas e rubricadas na frente, no canto superior direito,
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Junta Geral
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290
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83 In http://213.58.158.153/Arquivo-SG-----EMP-FUN--015/1/P26.html a P60.html .
291
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84 In http://213.58.158.153/Arquivo-SG-----EMP-FUN--016/1/P57.html a P91.html
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Junta Geral
(subdividido em: Para mais e Para menos). A segunda parte destinada ao registo da
Despesa tem como título Em documentos de Despesa que se estende do verso da
folha anterior à frente da folha seguinte e está subintitulado de: (1) Designação e
descrição da despesa (pela ordem orçamental), (2) Número das Verbas orçamentais
(subdividido para inscrição da alínea e do artigo), (3) Pagamentos autorizados em
194_, (4) Pagamentos efectuados em 194_, (5) Saldo, (6) Verba votada, (Diferença
entre 4 e 6) (subdividido em: Para mais e Para menos).
São capítulos da receita desta Conta: 1.º Contribuições e Impostos, 2.º Taxas –
Rendimentos de Diversos Serviços e de Bens Próprios, 3.º Consignação de Receitas,
4.º Reembolsos, Reposições e Dívidas Activas e 5.º Receita Extraordinária. O Capítulo
1.º tem por artigos: Contribuição Predial, Rústica e Urbana; Contribuição Industrial;
Imposto Profissional; Imposto Sobre a Aplicação de Capitais; Imposto de Trânsito;
Imposto de Camionagem; Juros de Mora; Imposto Sobre Bebidas Alcoólicas; e
Rendimento dos Direitos e Taxa de Salvação Nacional, Cobradas pelas Alfândegas
Relativos a Gasolina, camaras de ar e Protectores Importados ou Enviados (art.º
1.º dodecreto-lei n.º 34.051 de 21 de outubro de 1944). O Capítulo 2.º tem
como artigos: Secretaria da Junta, Casas de Saúde do Trapiche e Câmara Pestana,
Estação Agrária, Circunscrição Florestal, Intendência de Pecuária, Inspecção de
Saúde, Direcção das Obras Públicas, Direcção dos Serviços Industriais, Eléctricos
e de Viação, Laboratório Distrital, Governo do Distrito Autónomo, Educação
Nacional, Tribunal do Trabalho, Comando Distrital da Polícia de Segurança Pública,
Outros Serviços Distritais e Bens Próprios. A Consignação de Receitas divide-se
nos artigos seguintes: Adicionais, Taxas e Multas Destinadas ao Estado; Receitas
Cobradas por Conta de Diversas Entidades; Imposto de Selo; Assistência Nacional
aos Funcionários Civis Tuberculosos; e Emolumentos de Secretaria de Estado. A
Receita Extraordinária compõe-se de: Produto de Alienação de Bens, Rendimentos
Incertos e Eventuais, Subsídios, Reembolso de Capitais, Empréstimos e Dívidas
Activas.
A despesa deste ano de 1952 apresenta os capítulos que se seguem: 1.º
Encargos de Empréstimos, 2.º Pensões de Aposentação ou Outras Pagas a
Funcionários Fora do Serviço, 3.º Presidência da Junta Geral, 4.º Secretaria, 5.º
Estação Agrária, 6.º Circunscrição Florestal, 7.º Intendência de Pecuária, 8.º
Inspecção de Saúde, 9.º Direcção das Obras Públicas, 10.º Direcção dos Serviços
Industriais, Eléctricos e de Viação, 11.º Laboratório Distrital, 12.º Governo do
Distrito Autónomo, 13.º Liceu de Jaime Moniz, 14.º Escola Industrial e Comercial
de António Augusto de Aguiar, 15.º Instrução Primária, 16.º Tribunal do Trabalho e
Delegação do Instituto Nacional do Trabalho, 17.º Arquivo Distrital, 18.º Subsídios,
19.º Pagamento a Diversas Entidades por Consignações de Receitas, 20.º Despeza
Extraordinaria. Os Capítulos de Receita estão resumidos e somados no verso da
folha 12 e frente da folha 13 e os de Despesa no verso da folha 31 e frente da folha
32 deste livro.
O documento, com a identificação Arquivo/SG/EMP/FUN/01885, do Arquivo
Digital da Secretaria-geral do Ministério das Finanças e da Administração Pública,
tem por título Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal, Ano de 1956, é um
85 In http://213.58.158.153/Arquivo-SG-----EMP-FUN--018/1/P29.html a P66.html.
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195_, (4) Pagamentos efectuados em 195_, (5) Saldo, (6) Verba votada, (Diferença
entre 4 e 6) (subdividido em: Para mais e Para menos).
São capítulos da receita desta Conta: 1.º Contribuições e Impostos, 2.º Taxas
– Rendimentos de Diversos Serviços e de Bens Próprios, 3.º Consignação de
Receitas, 4.º Reembolsos, Reposições e Dívidas Activas e 5.º Receita Extraordinária.
O Capítulo 1.º tem como novos artigos o Imposto de Compensação e o Imposto
Sobre Tabacos (nos termos do decreto-lei n.º 39.963 de 13 de dezembro de 1954)
e perde o Imposto Sobre os Lucros Extraordinários da Guerra neste Distrito (art.º
2.º do Decreto-Lei n.º 34.051 de 21 de Outubro de 1944). O Capítulo 2.º tem
imensos novos artigos: Secretaria da Junta, Internamento nas Casas de Saúde e
no Asilo dos Velhinhos, Estação Agrária, Inspecção de Saúde, Direcção das Obras
Públicas, Direcção dos Serviços Industriais, Eléctricos e de Viação, Laboratório
Distrital, Governo do Distrito Autónomo, Comando Distrital da Polícia de Segurança
Pública, Direcção de Finanças, Arquivo Distrital, Outros Rendimentos Permanentes
Destinados por Lei a Constituir Receita Distrital, Diversos Serviços, Ocupação
do “sub-solo”; e outros do ano anterior como Educação Nacional, Intendência
Pecuária, Bens Próprios e Tribunal do Trabalho. A Consignação de Receitas recebe o
artigo Outras Receitas Consignadas e perde os artigos Imposto de Selo, Assistência
Nacional aos Funcionários Civis Tuberculosos e Emolumentos de Secretaria de
Estado. A Receita Extraordinária perde Rendimentos Incertos e Eventuais.
A despesa do ano de 1957 apresenta as alterações nos capítulos que passamos
a descrever: o Capítulo 2.º passa a ter a redação seguinte Pensões de Aposentação
a Pagar a Funcionários Fora do Serviço e Outras Pensões, o 3.º Secretaria passa
a 4.º (Tesouraria, que desaparece), o 3.º é agora Presidência da Junta Geral, o
6.º passa a designar-se Intendência de Pecuária e a Regência Florestal sai da
Conta, o 7.º é a Inspecção de Saúde, 8.º Direcção das Obras Públicas, 9.º Direcção
dos Serviços Industriais, Eléctricos e de Viação, 10.º Laboratório Distrital, 11.º
Governo do Distrito Autónomo, 12.º Liceu de Jaime Moniz, 13.º Escola Industrial
e Comercial de António Augusto de Aguiar, 14.º Instrução Primária, (neste não
está contemplada a Delegação da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado) 15.º
Tribunal do Trabalho, para 16.º entra o Delegado do Instituto Nacional do Trabalho
e Previdência, 17.º Arquivo Distrital, 18.º Subsídios 19.º Pagamento a Diversas
Entidades por Consignações de Receitas, 20.º é a Despesa Extraordinária e são
eliminados Comparticipação e Aceitação duma Doação. Na Despesa Extraordinária,
salientam-se os artigos: Construção e Obras Novas, Aquisições de Utilização
Permanente, Conservação e Aproveitamento de Material e Outros Serviços e
Encargos. Capítulos de Receita estão resumidos e somados no verso da folha 14 e
frente da folha 15 e os de Despesa, no verso da folha 35 e frente da folha 36 deste
livro.
O documento, com a identificação JGDFUN-SEC, Caixa 3344, Capilha 3 do
Arquivo Regional da Madeira, tem por título Junta Geral do Distrito Autónomo do
Funchal, Ano de 1963, Conta da gerência da Junta Geral referente ao ano supra, é um
livro com 52 folhas, manualmente numeradas, exceto a primeira que tem impressa
Folha N.º 1. Apresenta uma dimensão aproximada à do formato A4 (para mais).
De capa mole e papel com quadros previamente impressos para o fim específico a
que se destinam (referências: Mod. 21-53866, para a capa e contracapa; Mod. 21-
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Junta Geral
53869 para a primeira e última folha do livro; Mod. 21 Tip. Comercial 1326, para as
folhas de título Em documentos de Cobrança; e Mod. 21-Tip. Comercial 1326, para
as folhas de título Em documentos de Despesa), tem, na frente da primeira folha, os
seguintes subtítulos, após a designação da Junta e do ano a que respeita a Conta,
Conta de responsabilidade do Tesoureiro, ao que se segue a sua identificação e
período de responsabilidade e Acordão, onde a entidade competente procede ao
registo do julgamento da Conta. No verso da folha 52 (a última), surgem os títulos
Em Dinheiro, onde se indica o saldo em numerário e Recopilação dos Saldos,
para registo dos parciais e total destes, seguidos da data e dos campos para as
assinaturas do Chefe da Secretaria e do Tesoureiro. A primeira parte do documento
está dedicada ao registo da Receita. Sob o título Em Documentos de Cobrança, que
se estende do verso da folha anterior à frente da folha seguinte, aparecem como
colunas na grelha de inscrição os subtítulos: (1) Designação dos rendimentos (que
deveriam ser inscritos por ordem orçamental), (2) Número das Verbas orçamentais
(subdividido em Alínea e Artigo), (3) Divida em 1 de Janeiro de 19__, (4) Receita
liquidada virtual e eventualmente em 19__, (5) Soma, (6) Receita cobrada virtual e
eventualmente em 19__, (7) Receita virtual anulada em 19__, (8) Soma, (9) Saldo
que transita para a gerência imediata, (10) Verba orçada, (Diferença entre 6 e 10)
(subdividido em: Para mais e Para menos). A segunda parte, destinada ao registo da
Despesa, tem como título Em documentos de Despesa, que se estende do verso da
folha anterior à frente da folha seguinte e está subintitulado de: (1) Designação e
descrição da despesa (pela ordem orçamental), (2) Número das Verbas orçamentais
(subdividido para inscrição da alínea e do artigo), (3) Pagamentos autorisados em
19__, (4) Pagamentos efectuados em 19__, (5) Saldo, (6) Verba votada, (Diferença
entre 4 e 6) (subdividido em: Para mais e Para menos).
São capítulos da receita desta Conta: 1.º Contribuições e Impostos, 2.º Taxas –
Rendimentos de Diversos Serviços e de Bens Próprios, 3.º Consignação de Receitas,
4.º Reembolsos, Reposições e Dívidas Activas e 5.º Receita Extraordinária. O
Capítulo 1.º mantém a configuração do ano anterior adicionando apenas o artigo
Adicionais Cobrados nos Termos do Decreto-lei n.º 44.187 de 14 de Fevereiro de
1962, Sobre a Contribuição Industrial e Depositados na Caixa Geral de Depósitos,
Crédito e Previdência pelo Director de Finanças de Lisboa. O Capítulo 2.º adiciona
o artigo Da Comissão Distrital de Assistência, Comparticipação para o Asilo dos
Velhinhos “Dr. João Abel de Freitas”. A Consignação de Receitas recebe um novo
artigo - Receita Emolumentar dos Funcionários. Da Receita Extraordinária sai o
artigo Empréstimos e entra Outras Receitas Extraordinárias.
A despesa do ano de 1963 apresenta as alterações nos capítulos que passamos
a descrever: o capítulo 3.º troca de posição com o 4.º, Presidência, e, para 18.º,
entra Polícia Judiciária. Na Despesa Extraordinária, sai o artigo Conservação e
Aproveitamento de Material. Os capítulos de receita estão resumidos e somados
no verso da folha 14 e frente da folha 15 e os de despesa no verso da folha 45 e
frente da folha 46 deste livro. As folhas 15 verso e 16 frente e 46 verso a 52 frente
estão cortadas.
O documento, com a identificação JGDFUN-SEC, Caixa 3344, Capilha 4 do
Arquivo Regional da Madeira, tem por título Junta Geral do Distrito Autónomo
do Funchal, Ano de 1964, Conta da gerência da Junta Geral referente ao ano
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Junta Geral
298
Junta Geral
igual ao documento da Capilha 6, mas de leitura mais fácil por ser datilografado. De
capa mole e papel com quadros previamente impressos para o fim específico a que
se destinam (referências: Mod. 21-53866, para a capa e contracapa; Mod. 21-3806
para a primeira e última folha do livro; 3729, para as folhas de título Em documentos
de Cobrança; e 3728, para as folhas de título Em documentos de Despesa), tem,
na frente da primeira folha, os seguintes subtítulos, após a designação da Junta
e do ano a que respeita a Conta, Conta de responsabilidade do Tesoureiro, ao
que se segue a sua identificação e período de responsabilidade e Acórdão, onde
a entidade competente procede ao registo do julgamento da Conta. No verso
da folha 46 (a última), surgem os títulos Em Dinheiro, onde se indica o saldo em
numerário e Recopilação dos Saldos, para registo dos parciais e seus totais, seguidos
da data e dos campos para as assinaturas do Chefe da Secretaria e do Tesoureiro.
A primeira parte do documento está dedicada ao registo da Receita. Sob o título
Em Documentos de Cobrança, que se estende do verso da folha anterior à frente
da folha seguinte, aparecem como colunas na grelha de inscrição os subtítulos: (1)
Designação dos rendimentos (que deveriam ser inscritos por ordem orçamental),
(2) Número das Verbas orçamentais (subdividido em Capítulo, Artigo e Alínea), (3)
Divida em 1 de Janeiro de 196_, (4) Receita liquidada virtual e eventualmente em
19__, (5) Soma, (6) Receita cobrada virtual e eventualmente em 19__, (7) Receita
virtual anulada em 19__, (8) Soma, (9) Saldo que transita para a gerência imediata,
(10) Verba orçada, Diferença (6 e 10) (subdividido em: Para mais e Para menos) e
Observações. A segunda parte destinada ao registo da despesa tem como título
Em documentos de Despesa, que se estende do verso da folha anterior à frente
da folha seguinte e está subintitulado de: (1) Designação e descrição da despesa
(pela ordem orçamental), (2) Número das verbas orçamentais (subdividido para
inscrição do Capítulo, Artigo e Alínea), (3) Pagamentos autorizados em 19__, (4)
Pagamentos efectuados em 19__, (5) Saldo, (6) Verba votada, Diferença (4 e 6)
(subdividido em: Para mais e Para menos) e Observações.
São capítulos da Receita desta Conta os mesmos cinco dos anteriores
documentos desta Caixa 3344. Os capítulos mantêm-se inalteráveis, face ao ano
anterior. Da Receita Extraordinária, sai o artigo Cauções Bancárias. A Despesa do
ano de 1965 não apresenta alterações nos capítulos. A Despesa Extraordinária
continua com os mesmos artigos. Os capítulos de Receita estão resumidos e
somados no verso da folha 13 e frente da folha 14 e os de Despesa no verso da
folha 45 e frente da folha 46 deste livro. O verso da folha 14 a folha 15 e a frente
da 16 estão cortados.
O documento, com a identificação JGDFUN-SEC, Caixa 3344, Capilha 8 do
Arquivo Regional da Madeira, tem por título Junta Geral do Distrito Autónomo do
Funchal, Ano de 1966, Conta da gerência da Junta Geral referente ao ano supra,
é um livro com 52 folhas, numeradas manualmente a lápis até à 50, excepto a
primeira que tem impressa Folha N.º 1. Apresenta uma dimensão aproximada à do
formato A4 (para mais) e está designado de Duplicado, a lápis. De conteúdo igual
ao documento da Capilha 7, mas de leitura mais fácil por ser datilografado. De
capa mole e papel com quadros previamente impressos para o fim específico a que
se destinam (referências: Mod. 21-53866, para a capa e contracapa; Mod. 21-3805
para a primeira e última folha do livro; 3602, para as folhas de título Em documentos
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Junta Geral
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301
Junta Geral
302
Junta Geral
e Recopilação dos Saldos para registo dos parciais e total destes, seguidos da
data e dos campos para as assinaturas do Chefe da Secretaria e do Tesoureiro. A
primeira parte do documento está dedicada ao registo da Receita. Sob o título Em
Documentos de Cobrança, que se estende do verso da folha anterior à frente da
folha seguinte, aparecem como colunas na grelha de inscrição os subtítulos: (1)
Designação dos rendimentos (que deveriam ser inscritos por ordem orçamental),
(2) Número das Verbas orçamentais (subdividido em Capítulo, Artigo e Alínea), (3)
Divida em 1 de Janeiro de 196_, (4) Receita liquidada virtual e eventualmente em
19__, (5) Soma, (6) Receita cobrada virtual e eventualmente em 19__, (7) Receita
virtual anulada em 19__, (8) Soma, (9) Saldo que transita para a gerência imediata,
(10) Verba orçada, Diferença (6 e 10) (subdividido em: Para mais e Para menos) e
Observações. A segunda parte destinada ao registo da Despesa tem como título
Em documentos de Despesa, que se estende do verso da folha anterior à frente
da folha seguinte e está subintitulado de: (1) Designação e Descrição da Despesa
(pela ordem orçamental), (2) Número das verbas orçamentais (subdividido para
inscrição do Capítulo, Artigo e Alínea), (3) Pagamentos autorizados em 19__, (4)
Pagamentos efectuados em 19__, (5) Saldo, (6) Verba votada, Diferença (4 e 6)
(subdividido em: Para mais e Para menos) e Observações.
São Capítulos da Receita desta Conta os mesmos cinco dos anteriores
documentos desta Caixa 3344. Os capítulos 1.º e 2.º mantêm a configuração do
ano anterior. A Receita Extraordinária recebe o artigo Reposições.
A Despesa do ano de 1969 apresenta uma alteração na redação dos Capítulos
12.º e 13.º, passando a designar-se, respetivamente: Liceu Nacional do Funchal
e Escola do Magistério Primário e Escola Preparatória Gonçalves Zarco; Escola
Industrial e Comercial do Funchal. A Despesa Extraordinária mantém-se inalterável
nos seus artigos. Os Capítulos de Receita estão resumidos e somados no verso da
folha 14 e frente da folha 15 e os de Despesa no verso da folha 50 e frente da folha
51 deste livro. O verso das folhas 15 e 51 as folhas 16 e 17 e a frente das 18 e 52
estão em branco.
O documento, com a identificação JGDFUN-SEC, Caixa 3344, Capilha 13 do
Arquivo Regional da Madeira, tem por título Junta Geral do Distrito Autónomo
do Funchal, Ano de 1970, Conta da gerência da Junta Geral referente ao ano
supra, é um livro com 54 folhas, numeradas manualmente a carimbo, exceto a
primeira que tem impressa Folha N.º 1, rubricadas e validadas a selo branco da
Junta Geral, no canto superior direito. Apresenta uma dimensão aproximada à do
formato A4 (para mais) e é de fácil leitura por ser datilografado. Está identificado
com um carimbo, na capa, como Duplicado. De capa mole e papel com quadros
previamente impressos para o fim específico a que se destinam (referências: Mod.
21-53866, para a capa e contracapa; Mod. 21-3805 para a primeira e última folha
do livro; 3602, para as folhas de título Em documentos de Cobrança; e Mod. 143-
31-1-71, para as folhas de título Em documentos de Despesa), tem na frente da
primeira folha os seguintes subtítulos, após a designação da Junta e do ano a
que respeita a Conta, Conta de responsabilidade do Tesoureiro, ao que se segue
a sua identificação e período de responsabilidade e Acórdão, onde a entidade
competente procede ao registo do julgamento da Conta. No verso da folha 54
(a última), surgem os títulos Em Dinheiro, onde se indica o saldo em numerário
303
Junta Geral
e Recopilação dos Saldos, para registo dos parciais e total destes, seguidos da
data e dos campos para as assinaturas do Chefe da Secretaria e do Tesoureiro. A
primeira parte do documento está dedicada ao registo da Receita. Sob o título, Em
Documentos de Cobrança, que se estende do verso da folha anterior à frente da
folha seguinte, aparecem como colunas na grelha de inscrição os subtítulos: (1)
Designação dos rendimentos (que deveriam ser inscritos por ordem orçamental),
(2) Número das Verbas orçamentais (subdividido em Capítulo, Artigo e Alínea), (3)
Divida em 1 de Janeiro de 196_, (4) Receita liquidada virtual e eventualmente em
19__, (5) Soma, (6) Receita cobrada virtual e eventualmente em 19__, (7) Receita
virtual anulada em 19__, (8) Soma, (9) Saldo que transita para a gerência imediata,
(10) Verba orçada, Diferença (6 e 10) (subdividido em: Para mais e Para menos) e
Observações. A segunda parte destinada ao registo da Despesa tem como título
Em documentos de Despesa, que se estende do verso da folha anterior à frente da
folha seguinte e está subintitulado como: (1) Designação e Descrição da Despesa
(pela ordem orçamental), (2) Número das verbas orçamentais (subdividido para
inscrição do Capítulo, Artigo e Alínea), (3) Pagamentos autorizados em 19__, (4)
Pagamentos efectuados em 19__, (5) Saldo, (6) Verba votada, Diferença (4 e 6)
(subdividido em: Para mais e Para menos) e Observações.
São Capítulos da Receita desta Conta os mesmos cinco dos anteriores
documentos desta Caixa 3344. O capítulo 1.º mantém a configuração do ano anterior.
O capítulo 2.º apresenta extraordinariamente o artigo Receita do Tribunal Colectivo
de Géneros Alimentícios (que por lapso foi dirigido a esta Junta). Posteriormente,
o referido Tribunal comunicou à Junta que a quantia enviada era destinada ao
Ajudante de Pecuária António de Paiva e Cunha. A Receita Extraordinária recebe
o artigo Empréstimos. A Despesa do ano de 1970 apresenta uma mesma redação
dos capítulos relativamente ao ano anterior. A Despesa Extraordinária mantém-se
inalterável nos seus artigos. Os Capítulos de Receita estão resumidos e somados
no verso da folha 14 e frente da folha 15 e os de Despesa, no verso da folha 53 e
frente da folha 54 deste livro. O verso da folha 15 as folhas 16 e 21 e a frente da
22 estão cortados.
O documento, com a identificação JGDFUN-SEC, Caixa 3344, Capilha 14 do
Arquivo Regional da Madeira, tem por título Junta Geral do Distrito Autónomo
do Funchal, Ano de 1971, Conta da gerência da Junta Geral referente ao ano
supra, é um livro com 48 folhas, numeradas manualmente a carimbo, excepto a
primeira que tem impressa Folha N.º 1. Apresenta uma dimensão aproximada à do
formato A4 (para mais) e é de fácil leitura por ser datilografado. Está identificado
com um carimbo, na capa, como Duplicado. De capa mole e papel com quadros
previamente impressos para o fim específico a que se destinam (referências: Mod.
21-53866, para a capa e contracapa; Mod. 21-3805, para a primeira e última folha
do livro; Mod. 143-406-12-70, para as folhas de título Em documentos de Cobrança;
e Mod. 143-31-1-71, para as folhas de título Em documentos de Despesa), tem,
na frente da primeira folha, os seguintes subtítulos, após a designação da Junta
e do ano a que respeita a Conta, Conta de responsabilidade do Tesoureiro, ao
que se segue a sua identificação e período de responsabilidade e Acórdão, onde
a entidade competente procede ao registo do julgamento da Conta. No verso
da folha 48 (a última), surgem os títulos Em Dinheiro, onde se indica o saldo em
304
Junta Geral
numerário e Recopilação dos Saldos, para registo dos parciais e seu total, seguidos
da data e dos campos para as assinaturas do Chefe da Secretaria e do Tesoureiro.
A primeira parte do documento está dedicada ao registo da Receita. Sob o título
Em Documentos de Cobrança, que se estende do verso da folha anterior à frente
da folha seguinte, aparecem como colunas na grelha de inscrição os subtítulos: (1)
Designação dos rendimentos (que deveriam ser inscritos por ordem orçamental),
(2) Número das Verbas orçamentais (subdividido em Capítulo, Artigo e Alínea), (3)
Divida em 1 de Janeiro de 197_, (4) Receita liquidada virtual e eventualmente em
19__, (5) Soma, (6) Receita cobrada virtual e eventualmente em 19__, (7) Receita
virtual anulada em 19__, (8) Soma, (9) Saldo que transita para a gerência imediata,
(10) Verba orçada, Diferença (6 e 10) (subdividido em: Para mais e Para menos) e
Observações. A segunda parte destinada ao registo da Despesa tem como título
Em documentos de Despesa, que se estende do verso da folha anterior à frente
da folha seguinte e está subintitulado de: (1) Designação e Descrição da Despesa
(pela ordem orçamental), (2) Número das verbas orçamentais (subdividido para
inscrição do Capítulo, Artigo e Alínea), (3) Pagamentos autorizados em 19__, (4)
Pagamentos efectuados em 19__, (5) Saldo, (6) Verba votada, Diferença (4 e 6)
(subdividido em: Para mais e Para menos) e Observações.
São Capítulos da Receita desta Conta os mesmos cinco que nos anteriores
documentos desta Caixa 3344. O Capítulo 1.º introduz à configuração do ano
anterior o artigo Imposto Sobre a Produção e Venda de Álcool e Aguardente. O
Capítulo 2.º regressa à apresentação de 1969. A Receita Extraordinária mantém os
artigos do ano anterior.
A Despesa do ano de 1971 apresenta uma mesma redação dos capítulos
relativamente ao ano transato. A Despesa Extraordinária mantém-se inalterável
nos seus artigos. Os Capítulos de Receita estão resumidos e somados, no verso
da folha 14 e frente da folha 15 e, os de Despesa, no verso da folha 46 e frente
da folha 47 deste livro. O verso das folhas 15 e 47 e a frente das 16 e 48 estão
cortados.
A referência JGDFUN Secretaria, Caixa 3345, do Arquivo Regional da Madeira,
é uma caixa contendo 14 capilhas. Atendendo que a nossa atenção vai para a
Conta da Gerência da Junta Geral, só nos interessaram as capilhas 1 a 5. À Capilha
1 corresponde à Conta da Gerência da Junta Geral do ano de 1972, à 2.ª Capilha o
Duplicado da Conta de 1973, à 3.ª o Duplicado da Conta de 1974, à 4.ª o Triplicado
da Conta de 1975, à 5.ª capilha a Conta de 1976 (sem capa).
O documento, com a identificação JGDFUN-SEC, Caixa 3345, Capilha 1 do
Arquivo Regional da Madeira, tem por título Junta Geral do Distrito Autónomo do
Funchal, Ano de 1972, Conta da gerência da Junta Geral referente ao ano supra, é
um livro com 54 folhas, numeradas manualmente a carimbo, excepto a primeira
que tem impressa Folha N.º 1, e rubricadas no canto superior direito. Apresenta
uma dimensão aproximada à do formato A4 (para mais) e é de fácil leitura por
ser datilografado. De capa mole e papel com quadros previamente impressos
para o fim específico a que se destinam (referências: Mod. 21-53866, para a capa
e contracapa; Mod. 21-3806 para a primeira e última folha do livro; Mod. 143-
406-12-70, para as folhas de título Em documentos de Cobrança; e Mod. 143-
406-12-70, para as folhas de título Em documentos de Despesa), tem na frente
305
Junta Geral
mole e papel com quadros previamente impressos para o fim específico a que
se destinam (referências: Mod. 21-53866, para a capa e contracapa; Mod. 21-
3805 para a primeira e última folha do livro; Mod. 143-406-12-70, para as folhas
de título Em documentos de Cobrança; e Mod. 143-31-1-70, para as folhas de
título Em documentos de Despesa), tem, na frente da primeira folha, os seguintes
subtítulos, após a designação da Junta e do ano a que respeita a Conta, Conta
de responsabilidade do Tesoureiro, ao que se segue a sua identificação e período
de responsabilidade e Acórdão, onde a entidade competente procede ao registo
do julgamento da Conta. No verso da folha 56 (a última), surgem os títulos
Em Dinheiro, onde se indica o saldo em numerário e Recopilação dos Saldos,
para registo dos parciais e total destes, seguidos da data e dos campos para as
assinaturas do Chefe da Secretaria e do Tesoureiro. A primeira parte do documento
está dedicada ao registo da Receita. Sob o título Em Documentos de Cobrança, que
se estende do verso da folha anterior à frente da folha seguinte, aparecem como
colunas na grelha de inscrição os subtítulos: (1) Designação dos rendimentos (que
deveriam ser inscritos por ordem orçamental), (2) Número das Verbas orçamentais
(subdividido em Capítulo, Artigo e Alínea), (3) Divida em 1 de Janeiro de 197_, (4)
Receita liquidada virtual e eventualmente em 19__, (5) Soma, (6) Receita cobrada
virtual e eventualmente em 19__, (7) Receita virtual anulada em 19__, (8) Soma,
(9) Saldo que transita para a gerência imediata, (10) Verba orçada, Diferença (6
e 10) (subdividido em: Para mais e Para menos) e Observações. A segunda parte
destinada ao registo da Despesa tem como título Em documentos de Despesa, que
se estende do verso da folha anterior à frente da folha seguinte e está subintitulado
de: (1) Designação e Descrição da Despesa (pela ordem orçamental), (2) Número
das verbas orçamentais (subdividido para inscrição do Capítulo, Artigo e Alínea),
(3) Pagamentos autorizados em 19__, (4) Pagamentos efectuados em 19__, (5)
Saldo, (6) Verba votada, Diferença (4 e 6) (subdividido em: Para mais e Para menos)
e Observações.
São Capítulos da Receita desta Conta os mesmos cinco que no anterior
documento da Caixa 3345. O capítulo 1.º integra os três novos artigos, Licenças de
Uso e Porte de Arma e Outros Rendimentos da Mesma Natureza, Estabelecimentos
Insalubres e Impostos Rodoviários e retira o Imposto Sobre a Produção e Venda
de Álcool e Aguardente. O capítulo 2.º tem a apresentação de 1972. A Receita
Extraordinária apresenta os seguintes artigos: Produtos da Alienação de Bens,
Subsídios e Comparticipações, Reembolso de Capitais e Empréstimos.
A Despesa do ano de 1973 apresenta uma pouco diferente redação,
relativamente ao ano anterior, sendo alterado o capítulo 16.º para Escolas
Preparatórias. A Despesa Extraordinária mantém-se inalterável nos seus artigos.
Os Capítulos de Receita estão resumidos e somados no verso da folha 16 e
frente da folha 17 e os de Despesa no verso da folha 54 e frente da folha 55 deste
livro. O verso das folhas 17 e 55, as folhas 18 a 21 e a frente das 22 e 56 estão
cortados.
O documento, com a identificação JGDFUN-SEC, Caixa 3345, Capilha 3 do
Arquivo Regional da Madeira, tem por título Junta Geral do Distrito Autónomo
do Funchal, Ano de 1974, Conta da gerência da Junta Geral referente ao ano
supra, é um livro com 56 folhas, numeradas manualmente a carimbo, exceto a
307
Junta Geral
primeira que tem impressa Folha N.º 1, e rubricadas no canto superior direito.
Apresenta uma dimensão aproximada à do formato A4 (para mais) e é de fácil
leitura por ser datilografado. Tem apenso na capa o carimbo Duplicado. De capa
mole e papel com quadros previamente impressos para o fim específico a que
se destinam (referências: Mod. 21-53866, para a capa e contracapa; Mod. 21-
3805 para a primeira e última folha do livro; Mod. 143-406-12-70, para as folhas
de título Em documentos de Cobrança; e Mod. 635-84-1-75, para as folhas de
título Em documentos de Despesa), tem, na frente da primeira folha, os seguintes
subtítulos, após a designação da Junta e do ano a que respeita a Conta, Conta
de responsabilidade do Tesoureiro, ao que se segue a sua identificação e período
de responsabilidade e Acórdão, onde a entidade competente procede ao registo
do julgamento da Conta. No verso da folha 56 (a última), surgem os títulos
Em Dinheiro, onde se indica o saldo em numerário e Recopilação dos Saldos,
para registo dos parciais e total destes, seguidos da data e dos campos para as
assinaturas do Chefe da Secretaria e do Tesoureiro. A primeira parte do documento
está dedicada ao registo da Receita. Sob o título Em Documentos de Cobrança, que
se estende do verso da folha anterior à frente da folha seguinte, aparecem como
colunas na grelha de inscrição os subtítulos: (1) Designação dos rendimentos (que
deveriam ser inscritos por ordem orçamental), (2) Número das Verbas orçamentais
(subdividido em Capítulo, Artigo e Alínea), (3) Divida em 1 de Janeiro de 197_, (4)
Receita liquidada virtual e eventualmente em 19__, (5) Soma, (6) Receita cobrada
virtual e eventualmente em 19__, (7) Receita virtual anulada em 19__, (8) Soma,
(9) Saldo que transita para a gerência imediata, (10) Verba orçada, Diferença (6
e 10) (subdividido em: Para mais e Para menos) e Observações. A segunda parte
destinada ao registo da Despesa tem como título Em documentos de Despesa, que
se estende do verso da folha anterior à frente da folha seguinte e está subintitulado
de: (1) Designação e Descrição da Despesa (pela ordem orçamental), (2) Número
das verbas orçamentais (subdividido para inscrição do Capítulo, Artigo e Alínea),
(3) Pagamentos autorizados em 19__, (4) Pagamentos efectuados em 19__, (5)
Saldo, (6) Verba votada, Diferença (4 e 6) (subdividido em: Para mais e Para menos)
e Observações.
São Capítulos da Receita desta Conta os mesmos cinco que nos anteriores
documentos da Caixa 3345. O Capítulo 1.º retira à configuração do ano anterior
os artigos Imposto de Trânsito, Imposto de Circulação, Imposto de Camionagem,
Imposto de Compensação e Estabelecimentos Insalubres, modifica a designação
do artigo Imposto do Uso, Porte e Detenção de Armas e introduz o artigo,
Serviços Gerais e Licenciamentos Concedidos a Empresas. O Capítulo 2.º tem
nova apresentação, integrando o artigo Jardim Botânico e eliminando o artigo Da
Comissão Distrital de Assistência, Comparticipação Para o Lar dos Velhinhos “Dr.
João Abel de Freitas”. A Receita Extraordinária apresenta os mesmos artigos de
1973.
A Despesa do ano de 1974 apresenta uma diferente redação, relativamente
ao ano transato, sendo alterados os seguintes: Capítulo 6.º Coordenação
Económica e 8.º Jardim Botânico. A Despesa Extraordinária sofre alterações nos
seus artigos: Investimentos e Acções de Maior Relevo para o Desenvolvimento do
Distrito [(Iniciados em anos anteriores e alguns incluídos no IV Plano de Fomento)
308
Junta Geral
309
Junta Geral
310
Junta Geral
e Comparticipações.
A Despesa do ano de 1976 apresenta alterações à redação dos artigos do ano
anterior, sai o Capítulo 3.º-A Junta de Planeamento da Madeira e o Capítulo 6.º
Coordenação Económica e o Capítulo 5.º passa a chamar-se Planeamento Regional
e Coordenação Económica. A Despesa Extraordinária adiciona à redação do ano
anterior os artigos Junta Regional da Madeira, Junta de Planeamento da Madeira,
Governo Regional da Madeira e Assembleia Regional da Madeira.
Esta Conta apresenta um período de execução entre 1 de janeiro e 30 de
setembro deste ano, altura em que as competências são transferidas para o
Governo Regional da Madeira.
Os capítulos de Receita estão resumidos e somados no verso da folha 18 e
frente da folha 19 e, os de Despesa, no verso da folha 56 e frente da folha 57 deste
livro. O verso das folhas 19 e 57, as folhas 20, 21 e 58, 59 e a frente das 22 e 60
estão cortados.
A Documentação consultada é constituída por coleções incompletas ou
mesmo muito incompletas, desde os Impostos Municipais passando pelos Impostos
Especiais e do Tabaco à Conta da Junta Geral. A documentação observada para a
Conta da Junta Geral apresenta quatro grandes períodos distintos na forma de
averbamento: o período do século XIX até à extinção da Junta Geral do Distrito
(1887-1892); o período do século XX entre o início da autonomia administrativa
da Junta Geral e o regime autonómico da Ditadura Militar (1903-1927); o período
que medeia o regime autonómico estabelecido pelos decreto n.º 15.035, de 16
de fevereiro de 1928, n.º 15.805, de 31 de julho de 1928, da Ditadura, até ao
Estatuto dos Distritos Autónomos das Ilhas Adjacentes (1928-1940) e o período
pós Estatuto, até ao Governo Regional (1941-1976).
Num primeiro momento, o que é visível é uma quase inexistência de receitas
próprias, que se resumia ao financiamento junto das Câmaras Municipais para
pagar despesas ligadas à segurança e à beneficência. Depois, um período de
expansão de competências, onde se denota uma grande dificuldade em obter
as receitas necessárias à execução daquelas, em que é notório e recorrente o
endividamento perante os funcionários, por impossibilidade de pagamento dos
salários e um terceiro momento onde se denota um maior rigor no registo dos
capítulos e artigos da Conta e se verifica um forte crescimento e consolidação
das receitas bem como uma satisfação das despesas. Finalmente, um período
de grande rigor e organização no assentamento da Receita e da Despesa, com
capítulos e artigos claramente definidos e documentação de produção normalizada
para o efeito do seu lançamento. Comum a todos estes momentos, o facto de
estarem sempre presentes, nos registos de averbamento da Conta da Receita e
da Despesa, no campo do débito, os montantes orçados, liquidados e cobrados
e, no campo do crédito, as somas votadas, autorizadas e pagas. Os valores dos
montantes liquidados e cobrados foram sempre coincidentes e, frequentemente,
o mesmo verificou-se entre o autorizado e pago. Os erros são esporádicos, muito
pouco significativos e quase inexistentes nos quantitativos do cobrado e do pago.
No quadro que apresentamos, mostramos os totais que nos foi possível apurar
a partir das Contas de Gerência ou, na sua ausência, pela consulta de fontes várias,
311
Junta Geral
312
Junta Geral
313
Junta Geral
90000
80000
70000
Réis / Escudos
60000
50000
40000
30000
20000
10000
0
1903
1906
1909
1912
1915
1918
1921
1924
1927
1929-1930
1932-1933
1936
1939
1942
1945
1948
1951
1954
1957
1960
Receita Despesa
314
Junta Geral
315
Junta Geral
80%
60%
40%
20%
0%
1903
1906
1909
1912
1915
1918
1921
1924
1927
1929-1930
1932-1933
1936
1939
1942
1945
1948
1951
1954
1957
1960
316
Junta Geral
Os Empréstimos
18000
Milhares
16000
14000
12000
Réis / Escudos
10000
8000
6000
4000
2000
0
1903
1906
1909
1912
1915
1918
1921
1924
1927
1936
1939
1942
1945
1948
1951
1954
1957
1960
1929-1930
1932-1933
317
Junta Geral
Os Subsídios do Estado
12000
Milhares
10000
Réis / Escudos
8000
6000
4000
2000
0
1903
1906
1909
1912
1915
1918
1921
1924
1927
1936
1939
1942
1945
1948
1951
1954
1957
1960
1929-1930
1932-1933
87 VIEIRA, Alberto (Coord.), História da Madeira, Funchal, Secretaria Regional da Educação, 2001, pp. 319-320.
319
Junta Geral
1200
1000
Réis / Escudos
800
600
400
200
0
1903
1906
1909
1912
1915
1918
1921
1924
1927
1936
1939
1942
1945
1948
1951
1954
1957
1960
1929-1930
1932-1933
As Outras Receitas
10000
Milhares
9000
8000
7000
Réis / Escudos
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
1903
1906
1909
1912
1915
1918
1921
1924
1927
1936
1939
1942
1945
1948
1951
1954
1957
1960
1929-1930
1932-1933
320
Junta Geral
80%
60%
40%
20%
0%
1903
1906
1909
1912
1915
1918
1921
1924
1927
1929-1930
1932-1933
1936
1939
1942
1945
1948
1951
1954
1957
1960
321
Junta Geral
80%
60%
40%
20%
0%
1903
1906
1909
1912
1915
1918
1921
1924
1927
1929-1930
1932-1933
1936
1939
1942
1945
1948
1951
1954
1957
1960
Pessoal Obras Públicas Assistência Social Educação Funcionamento Outra Despesa
O Pessoal
9000
Milhares
8000
7000
6000
Réis / Escudos
5000
4000
3000
2000
1000
0
1903
1906
1909
1912
1915
1918
1921
1924
1927
1936
1939
1942
1945
1948
1951
1954
1957
1960
1929-1930
1932-1933
322
Junta Geral
As Obras Públicas
25000
Milhares
20000
Réis / Escudos
15000
10000
5000
0
1903
1906
1909
1912
1915
1918
1921
1924
1927
1936
1939
1942
1945
1948
1951
1954
1957
1960
1929-1930
1932-1933
1917 e 1920, dá-se uma forte retração no investimento em Obras (de 343.426$53
em 1915, para 7.656$55 em 1918) que estará relacionado com a participação
de Portugal no primeiro conflito mundial. Este investimento só será retomado
em 1921. O ano de 1925 revela um novo crescimento deste capítulo com o
calcetamento, conclusão, expropriação e indemnizações. Para o ano económico
de 1928-1929, são os principais responsáveis por estes dispêndios, o calcetamento
de estradas já abertas, as estradas Ribeira Brava – Ponta do Sol e Funchal –
Santana e as expropriações. Em 1931-1932, o ligeiro decréscimo tem que ver
com o investimento significativo apenas em calcetamento de vias já abertas e
expropriações. Entrado 1932-1933, as estradas mais caras foram a Ponta do Sol –
Porto Moniz, Machico – Porto da Cruz e a Levada de Santa Luzia – Bom Sucesso, com
as respetivas expropriações e indemnizações. Nos dois anos seguintes, para além
das expropriações e indemnizações, as estradas nas quais a Junta mais dinheiro
despende são novamente a Ponta do Sol – Porto Moniz e a Machico – Porto da
Cruz mais a do Ribeiro Frio – Santana. Com o ano civil novamente a coincidir
com o económico, começa 1936 e o investimento centra-se no prolongamento e
alargamento da Avenida Zarco e na estrada Ponta do Sol – Porto Moniz. Aquela
avenida será o principal empreendimento de 1937. De salientar, em 1938, os
323
Junta Geral
A Assistência Social
8000
Milhares
7000
6000
Réis / Escudos
5000
4000
3000
2000
1000
0
1903
1906
1909
1912
1915
1918
1921
1924
1927
1936
1939
1942
1945
1948
1951
1954
1957
1960
1929-1930
1932-1933
A Educação
18000
Milhares
16000
14000
12000
Réis / Escudos
10000
8000
6000
4000
2000
0
1903
1906
1909
1912
1915
1918
1921
1924
1927
1936
1939
1942
1945
1948
1951
1954
1957
1960
1929-1930
1932-1933
325
Junta Geral
sendo desconhecida para os períodos em que a Conta não está disponível. O valor
mais baixo é de 2.378$400, para 1903 e o mais elevado de 7.231.845$30 para
1957.
A Educação é a área que teve uma aposta mais descontínua, nas prioridades
da Junta Geral. Os seus gastos de 1913 a 1922 resumem-se à Escola de Utilidades
e Bellas Artes. Em 1925, paga-se material escolar para a Escola Industrial António
Augusto de Aguiar e, em 1926, saldam-se despesas dos Cursos Complementares
do Liceu Jaime Moniz. No ano de 1927, material e outras despesas são liquidadas
ao mesmo Liceu. Com o ano económico de 1928-1929, chega o capítulo ,Instrução
Pública e as despesas com a instrução primária. O ano de 1936 adiciona o Liceu
de Jaime Moniz e a Escola Industrial e Comercial António Augusto de Aguiar à
Instrução Primária. Estes três artigos representam, em 1945, expensas superiores a
4.000.000$00. A Conta de 1952 atribui para a construção e expropriações do novo
edifício da Escola Industrial e Comercial António Augusto de Aguiar, 1.671.525$20.
Para 1956, os valores daquele estabelecimento de ensino atingem os 1.996.805$20.
Ficaram assim distribuídos os montantes para o ano de 1957: 2.165.053$80 para
o Liceu Nacional do Funchal, 1.811.257$50, para a Escola Industrial e Comercial
António Augusto de Aguiar e 9.116.318$10, para a Instrução Primária. A Educação
nem sempre foi uma atribuição da Junta Geral, não estando contemplada entre
1903 e 1912 e 1923, 1924, sendo desconhecida para os períodos em que a Conta
não está disponível. O valor mais baixo é de 500$00 para 1922 e o mais elevado de
15.640.112$80 para 1956.
O Funcionamento
7000
Milhares
6000
5000
Réis / Escudos
4000
3000
2000
1000
0
1903
1906
1909
1912
1915
1918
1921
1924
1927
1936
1939
1942
1945
1948
1951
1954
1957
1960
1929-1930
1932-1933
326
Junta Geral
As Outras Despesas
18000
Milhares
16000
14000
Réis / Escudos
12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
1903
1906
1909
1912
1915
1918
1921
1924
1927
1936
1939
1942
1945
1948
1951
1954
1957
1960
1929-1930
1932-1933
Para 1903, a Outra Despesa mais significativa foi a Anuidade para a Conclusão
de Levadas. Em 1925, os subsídios a várias Comissões e Associações justificam
o acréscimo do montante. Com a atribuição das receitas dos Impostos Diretos e
Adicionais, em 1928-1929, a Junta Geral fica obrigada a entregar ao Estado 1% das
mesmas. O ano de 1940, o mais excecional, justifica-se muito simplesmente com a
liquidação de dois empréstimos, na Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência,
no valor de 13.968.266$71, contraídos pelas Escrituras de 23 de setembro de
1913 e de 7 de abril de 1932. A partir de 1940, a contrapartida para o Estado,
por benefício da receita dos Impostos Directos e Adicionais, passa para 2% do
cobrado (§ 1.º do artigo 84.º do Estatuto Administrativo dos Distritos Autónomos
das Ilhas Adjacentes). A Junta fica também obrigada à entrega de uma subvenção
obrigatória para os Serviços Policiais (500.000$00). Em 1945, a Compensação
ao Estado de 2% representou mais de 340.000$00 a adicionar à Subvenção dos
Serviços Policiais. A estes valores, junta-se um subsídio no valor de 3.000.000$00,
destinado à Comissão Administrativa dos Aproveitamentos Hidráulicos da Madeira.
Os encargos com empréstimos no ano de 1956 são responsáveis por um montante
superior a 4.000.000$00 nesta despesa. A Outra despesa não é uma constante na
Conta, não estando contemplada em 1907, 1908 e 1910, sendo desconhecida para
os períodos em que a Conta não está disponível. O valor mais baixo é de 300$000
para 1911 e o mais elevado de 15.998.047$64 para 1940.
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para o ano seguinte. Portanto, apesar de tudo, os saldos executados são positivos.
A Receita prevista e a efetivamente arrecadada evoluem, normalmente,
328
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1835-1895
A Junta Geral era o órgão deliberativo da administração distrital, com
competências nas áreas da instrução pública, fomento industrial e agrícola e
obras públicas. A sua capacidade de intervenção estava limitada por força do seu
orçamento. A única fonte de receita assentava no imposto sobre as estufas de
vinho, criado em 1806, e na contribuição anual de cinco dias de trabalho ou de
mil réis, para as obras de construção e reparo dos caminhos. A isto juntavam-se
algumas dádivas particulares e o lançamento de fintas entre todos os moradores.
Por alvará de 13 de maio de 1838, foi criada uma comissão municipal para
administração das obras das estradas e caminhos. Esta comissão era eleita no início
do biénio, tal como preceituava a lei de 6 de Junho de 1864. Segundo o seu relatório
do ano de 1838, contou com uma verba de 9.927$938 réis, sendo 67% do imposto
das estufas e o restante da contribuição de trabalho. Esta verba era insuficiente
para acudir às diversas despesas com reparo das estradas, nomeadamente em
épocas de aluvião. Além disso, a partir de 1856, a Junta deixou de poder contar
com o imposto das estufas que fora extinto. Assim, em 1846, a dívida era superior
a três mil reis. Por outro lado, a Comissão quase só tinha capacidade de proceder a
332
Junta Geral
333
Junta Geral
Foi preciso a visita de D. Carlos à Madeira, para que a Ilha visse reinstalada, pelo
decreto de 8 de agosto de 1901, a Junta Geral, a exemplo do que havia já sucedido,
em 1895, nos distritos de Angra do Heroísmo e Ponta Delgada. De acordo com o
decreto de 12 de junho de 1901, a Junta terá uma comissão distrital composta
por um presidente e dois vogais. Aumenta-se, assim, a capacidade de intervenção
deste órgão, reforçando a sua receita. Esta passará a contar com o produto liquido
das despesas de cobrança, das contribuições diretas arrecadas no distrito, predial,
industrial, de renda de casas e sumptuaria, e dos adicionais que sobre cada uma
delas incidam ou venham a incidir ou das que as substituírem.
Durante muito tempo, as reivindicações dos madeirenses assentam no
retorno do dinheiro dos seus impostos para a realização de obras necessárias ao
desenvolvimento da ilha que, em muitas situações, acabarão por trazer retorno
ao Estado. Com o programa de regadio, amplia-se a área agrícola e os tributos
também; com a construção de portos, cais e embarcadouros, são garantidas as
condições de circulação de pessoas e produtos, mecanismo eficaz de animação
da agricultura e mercado. Por fim, o porto principal no Funchal, com condições de
apoio à navegação livre de taxas tributárias é uma esperança para os madeirenses
que veem nele o futuro.
Tudo isto era conhecido e sabido, mas continuavam a tardar as soluções.
As populações continuavam isoladas nos seus locais de nascimento, muitas
vezes, alheias a tudo. Ir ao Funchal era um acontecimento ocasional e de grande
comemoração, tal como nos refere Francisco Barral: de alguns camponeses nunca
terem saído do vale onde nasceram, e outros registar como um dia de felicidade
jamais esquecido aquele em que fazem a primeira excursão à cidade do Funchal!88
Para muitos visitantes, o conhecimento da ilha limitava-se à cidade, pois, como
afirmava, em 1869, Júlio Dinis: Passeios a pé são impraticáveis graças às pavorosas
subidas que por toda a parte se encontram. A rede não é tão cómoda como parece;
e os carros em rodas não podem vencer todos os caminhos.
A orografia da ilha sempre foi um dos principais obstáculos ao desenvolvimento
da agricultura, dadas as dificuldades em encontrar espaços planos em condições de
serem cultivados, assim como da possibilidade de estabelecer meios de circulação
das pessoas e produtos. Os poios erguem-se sobre os precipícios e os caminhos
suspendem-se sobre as ravinas. O madeirense vive em permanente convívio com
o abismo. A esta dificuldade de traçar caminhos de trânsito de carros e pessoas
juntam-se as permanentes aluviões que assolam a ilha e intervêm com a ação do
Homem nos leitos das ribeiras, destruindo caminhos e pontes. Após o inverno, a
primavera anunciava-se, quase sempre como um momento de trabalho redobrado
no campo, mas também de reparação dos estragos que as aluviões haviam causado
aos caminhos, pontes e levadas, para que a vida voltasse à normalidade.
A partir do século XIX, levantam-se as vozes das autoridades a clamar por
apoios e a apresentar soluções, no sentido de resolver esta ancestral dificuldade.
88 RAMOS, 1879, Ilha da Madeira, A este propósito, refere-se Guilherme Read Cabral: A falta de estrada, ponderou um
passageiro, filho da Madeira, e consequentemente os meios de transporte dos productos da ilha, é outro grande obstáculo
ao seu desenvolvimento, e francamente não sei qual destes melhoramentos é mais reclamado. (1895, Ângela Santa Clara,
p. 182).
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89 Actas da Junta Geral do districto Administrativo do Funchal, anno de 1840, Funchal, pp. 5-6.
90 Idem, p. 18.
91 1884, Discurso pronunciado na Câmara dos Senhores Deputados na sessão de 13 de fevereiro de 1884, Lisboa, p. 20.
92 BULHÕES, Miguel de, 1885, A Fazenda Publica de Portugal, Lisboa, p. 156.
93 1851, Brevissima Resenha de Alguns Serviços que ao districto do Funchal tem prestado o Conselheiro José Silvestre Ribeiro,
Funchal, p. 20.
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Junta Geral
Câmara de Lobos. Em 1854, foram distribuídos mais 2410$973 reis pelas obras das
estradas Monumental, do Monte e Palheiro Ferreiro.
A década de quarenta do século XIX foi marcada pela fome, recebendo a ilha
vários socorros de fora. De entre estes, temos a salientar a dádiva norte-americana
de milho que, depois, foi distribuída à população como moeda de troca pelos
trabalhos realizados na abertura e reparação de estradas e pontes. Desta situação,
resultou a ponte no Ribeiro do Moinho, na Ponta do Pargo, que liga os sítios do
Pedregal e Salão. Como memória, ficou inscrita numa pedra a seguinte inscrição:
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Obras Despesa
Igrejas 211.372$942
Estradas e caminhos 12.592$925
Pontes 24.359$788
Varadouros e postos 758$735
Ribeiras 9429$415
Total 2.160.870$288
Fonte: Tibério Augusto Blanc e outros, 1851, Brevissima resenha dos serviços que ao districto do
Funchal tem prestado o conselheiro José Silvestre Ribeiro, Funchal.
creação até ao dia em que a actual commissão administrativa tomou conta da Direcção, Funchal, Typ. de Bernardo F.
L. Machado; BLANC, Tibério Augusto e outros, 1851, Brevissima resenha dos serviços que ao districto do Funchal tem
prestado o conselheiro José Silvestre Ribeiro, Funchal.
97 FRANÇA, Isabella, 1970, Jornal de uma Visita à Madeira e a Portugal. 1853-1854, Funchal, Junta Geral, pp. 52, 126.
98 Relatorios sobre o Estado da Administração Pública..., Lisboa, 1857, p. 380.
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Junta Geral
grandes condições para o traçar de qualquer rede viária e aquilo que se fizesse
seria sempre muito custoso e demorado. Assim, num período de mais de quarenta
anos, gastaram-se 60.000$000 rs e apenas se alcançaram 6 Km de estrada entre o
Funchal e Câmara de Lobos. Perante isto, D. João da Câmara Leme propõe a viação
por cabos de transporte Hodgson99.
Perante tantos obstáculos, o mar era a solução mais imediata e económica,
mas tardou até que isso acontecesse100. Seria o medo do mar e o constante apego
à terra que os impelia para esta situação? A verdade é que, para os primórdios do
século XX, a prioridade esteve na definição de uma rede de transportes costeiros e
a criação de infraestruturas de apoios.
Várias são as opiniões a favor de uma adequada política de regadio. Aqui,
as levadas são consideradas fundamentais para a promoção da agricultura
madeirense. Na voz de Henrique Valle,101 são as águas o principal incremento para
o desenvolvimento e prosperidade agricola.
É por isso que os madeirenses reclamam por mais atenção do Estado, o
que não significa a demissão das suas responsabilidades, pois não se pense que,
quando se falla em levadas, nós madeirenses, estamos simplesmente á espera que
o governo as faça; nós temos feito muitas levadas á nossa custa, que representam
centenas e até milhares de contos de réis, e para as quaes não solicitamos nem um
real dos governos. Não estejamos por consequência a falar de leve em levadas,
aparecendo que nada temos feito102.
A primeira intenção de construção de levadas por parte do Estado data do
século XVIII e tem a ver com o aproveitamento das águas do Rabaçal. Todavia,
só em 1835, se começou a construir a levada do Rabaçal, que ficou concluída em
1860, tendo custado ao Estado 69.369$420103.
Impelido por insistentes reclamações, o Estado decide definitivamente intervir
no sistema de aproveitamento dos recursos hídricos, como forma de promover a
agricultura. Em 1849, o deputado José Silvestre Ribeiro apresentou na câmara dos
deputados uma proposta, no sentido do Governo financiar com 6 contos insulanos
as obras das levadas, o que foi feito por decreto de 11 de julho104. A 20 de março de
1857, António Correia Herédia apresenta à Câmara de Deputados uma proposta
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de decreto para o lançamento de um adicional de 1% sobre os direitos a ser usado Levada Nova do
nestas obras. Rabaçal.
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108 Decretos: 13 de novembro de 1903 crédito especial de 20.000$000 rs; 3 de janeiro de 1905 crédito de 16.051$000; 24 de
agosto de 1905: 20.0000$000 rs; 29 de agosto de 1906: 20.000$000. Outros decretos foram feitos em 8 de novembro de
1906, 4 de maio de 1920.
109 Por lei de 20 de setembro refere-se que o governo tem direito a 35% das cobranças a serem feitas ao concessionário das
levadas. Cf. 1896, Relatorio Justificativo da Proposta apresentada pelo consultorio d’engenharia e Architectura do Funchal
no Concurso para a Adjudicação da empreza d’Irrigação no Archipelago da Madeira, a que se refere o Decreto de 18 de
junho de 1896, Funchal. A proposta é de 5 de setembro de 1896 e foi subscrita por Carlos Roma Machado de Faria e
Maia e Anibal Augusto Trigo.
110 1916, A imprensa e os tres projectos sobre colonia, venda de aguas do estado e autonomia da Junta Agricola..., Funchal,
111 VALLE PARAIZO, Visconde. Relatório apresentado pelo visconde de Valle Paraizo. como presidente da Commissão
Delegada da Liga das Levadas derivadas da Ribeira de Sta Luzia, na sessão de 9 de junho de 1906. (5.1.): (8. n.), (1906?).
112 A primeira proposta é de 1882, surgindo outras em 1891 e 1892.
113 1888, Considerações appresentadas á Comissão encarregada de estudar a situação economica da Madeira. Por AIguns
Madeirenses. Funchal: Typ. do Diario de Noticias; CACONGO, Visconde e outros, 1891, Representação dirigida ao
Governo acerca das aguas d’irrigação na Madeira, Funchal, Typ. Esperança; JESUS, Ouirino, 1897, Representação
dirigida ao Governo ácerca das aguas d’irrigação na Madeira. Funchal: Typ. Esperança; 1897, Empreza das levadas
do archipelago da madeira. instrucções para as commissões syndico-agricolas concelhias de irrigação. Funchal: Typ.
Esperança; JESUS, Quirino Avelino de, As aguas e as levadas da Madeira.in Revista. Portugal em Africa. de março de
1898; TRIGO, Adriano Augusto, 1911, Plano geral de distribuição e arrendamento das agues da Levada da Serra do Falai
para irrigação das freguezias do Caniço. S. Gonçalo e Sta. Maria Maior (Ilha da Madeira). Lisboa, Imprensa Nacional.
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Junta Geral
1901-1926
114 1863, Relatório Apresentado à Junta Geral do Distrito do Funchal na sua sessão ordinária de 1863 pelo secretário-geral
servindo de Governador Civil Jacinto António Perdigão, Funchal, doc. anexo; VASCONCELLOS, João H. de 1879,
Apontamentos para o Estudo da Crise Agrícola do Distrito do Funchal, Funchal, pp. 36, 101-103, 136 e 157.
115 1872, Relatorio e documentos dirigidos a Junta Geral do districto do Funchal em 1 de março de 1872, Funchal, pp. 7-8.
116 Relatorio da Junta Geral, 1874.
341
Junta Geral
de 27.437$360117. Por outro lado, a Junta Geral intervém com 1.2000$000, com a
finalidade de abrir as estradas de ligação do Funchal a Machico e a S. Vicente.
A construção de estradas é grande preocupação desta época. Tanto mais que
o desenvolvimento do transporte automóvel vai obrigar à definição de uma nova
política de estradas e caminhos. Entretanto, a partir da década de quarenta do
século XIX, por força do turismo, é insistente a reclamação para que se apostasse
numa rede viária. Recorde-se que o plano de estradas andará sempre ligado ao
Turismo, incluso em termos de estrutura administrativa.
Será este o verdadeiro impulsionador da rede viária e não as necessidades
sentidas no setor agrícola e industrial. Em 1921, surgiu a Administração Geral das
Estradas e Turismo que, em 1927, deu lugar à Junta Autónoma das Estradas (JAE)
e à Direcção Geral de Estradas. O madeirense Francisco Maria Henriques (1879-
1942), que havia sido chefe de Gabinete do Dr. Sidónio Pais, entre 1911-12, foi
vice-Presidente desta Junta Autónoma de Estradas.
A construção da ponte do Ribeiro Seco, a partir de 1848, é o principal símbolo
da modernidade e o ponto de partida para o traçar de uma adequada rede viária
madeirense que diminuísse as distâncias e aproximasse os diversos núcleos
populacionais e espaços agrícolas do Funchal, que atua como centro administrativo
e de comércio de importação e exportação a ser usado nestas obras de construção
de levadas e estradas118. Esta modernidade dará novas condições para o traçar de
uma rede viária para a ilha. Mesmo assim, apesar de tantas solicitações por mais
estradas, há quem se pergunte se as mesmas seriam viáveis119.
Parece que a ideia não conquistava adeptos na metrópole pois, do plano de
intenções de construção de 936 Km de estrada apresentado em 1883, não passava
dos 10km120, no ano seguinte. Contudo, as vozes em prol de um plano viário para
a Madeira não esmorecem, pois é fundamental para a valorização e afirmação da
agricultura e para a animação do comércio121.
Vários governadores civis insistiram na precariedade do sistema viário da ilha
e na necessidade do seu melhoramento. Em 1856, o Governador António R. G.
Couceiro é claro: As estradas e caminhos que existem são quasi todos de muito
dificil transito, e nem um só delles permitte o uso de carros nem de outros meios de
117 Diário da Câmara dos Deputados, 8 de março de 1912, pp.18-20; 25 de Março de 1912, p. 9.
118 A Ordem, n.º28, pp. 2-3.
119 Em 1879, Henrique de Lima e Cunha, o Capitão de artilharia em serviço nas obras públicas do Funchal referia: É claro
que no estado actual das sciencias seria exequível fazer todas as obras de arte, estradas capazes de serem percorridas por
vehiculos de rodas, mas tal empreza seria perfeitamente absurda, considerada pelo lado económico, e ainda que em taes
trabalhos se houvesse somente de gastar a décima parte do que realmente seria necessário, os gastos não compensariam as
vantagens. (Plano de Melhoramentos para a ilha da Madeira. Relatório, Lisboa, p. 12.
120 VIEIRA, M. J., 1884, Discurso Proferido na Câmara dos Senhores Deputados na Sessão de 13 de Fevereiro de 1884,
Lisboa, p. 8.
121 Cf. LYRA, Manuel Inisio da Costa, 1888, Propostas Apresentadas por Manuel Inisio da Costa Lyra na commissão de
inquerito creada para estudar as causas da crise economica da Madeira. Por decreto de 31 de Dezembro, Funchal, pp. 5,
14; (1895), Propostas Apresentadas pela Commissão nomeada pela Assembleia da Associação Comercial do Funchal a 14
de Novembro de 1894 para Estudar as Causas do Desvio da Navegação do nosso Porto e do afastamento dos Forasteiros,
Funchal, p. 18; RAMOS, Acúrcio Garcia, 1880, ilha da Madeira, t.I, Lisboa, p.33; Castro, José de (1885), As Vitimas
d’Elrei. História dos Processos movidos contra os perseguidos políticos da ilha da Madeira desde 29 de Junho de 1884 até
ao anno de 1885, Lisboa, p. 73. A este propósito, diz-nos HERÉDIA, Francisco Correia: Os caminhos e estradas mais
urgentes são os que devem dar communicação facil entre os centros de produção e os portos de mar, e entre o norte e o
sul da ilha. Chegados os productos aos portos, seguem dahi por mar por preços commodos para todos os pontos da ilha
onde convenha leva-los, quer para consumo immediato, quer para as localidades de fabricas de assucar e de aguardente.
(Situação Económica da ilha da Madeira, Funchal, p. 28).
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130 Documento disponível em: Nosolini, José,1939, Relatório ao ministro do Interior, Documentos, O Deve e Haver das
Finanças da Madeira. Séculos. XV.XXI, Funchal, Biblioteca Digital do CEHA (acesso local).
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131 Cf. apresentação e debate do Decreto em Diário das Sessões n.º 17, 28 de janeiro de 1970, pp. 1-2. Tenha-se em conta
que, por despacho de 6 de novembro de 1968 do Ministro do Interior, foi criado um grupo de trabalho ad-hoc,para
o estudo dos entraves à livre circulação de mercadorias nacionais entre as várias ilhas adjacentes e entre estas e o
continente, tendo como base um estudo preliminar realizado pela Direcção de Serviços de integração Económica
Nacional.
132 Apenas para que se veja a forma vexatória da situação, tomamos em linha de conta uma tonelada de sal importada do
Algarve que, na origem, ficava por 335$00, e que à chegada ao Funchal, ao valor indicado, deveria adicionar-se 419$83.
Esta informação é dada em ofício do Grémios dos industriais de Panificação do Funchal, n.º26/69 de 25 de janeiro,
dirigido ao Presidente da comissão de Coordenação Económica. Outra informação da Somagel referente a 1 de Março
de 1969, sobre a importação de 960 Kgs de peixe em 32 caixas no valor de 9.100$00, vimos a fatura ser acrescida de
881$50. Documento disponível em: S.A., Relatório sobre a Proposta de lei sobre a circulação de mercadorias nacionais
ou nacionalizadas entre o continente e as ilhas adjacentes, Lisboa, Ministério das Finanças e da Economia, Documentos,
O Deve e Haver das Finanças da Madeira. Séculos. XV.XXI, Funchal, Biblioteca Digital do CEHA (acesso local).
133 O decreto 8/70, que aprova a referida alteração, revogou os seguintes diplomas: carta de lei de 27 de dezembro de 1870;
lei de 26 de outubro de 1904; lei n.º 80, de 21 de julho de 1913; lei n.º 1892, de 13 de janeiro de 1928; lei n.º 1404, de
27 de fevereiro de 1923, alterada pelo decreto n.º 14.686, de 8 de dezembro de 1927, salvo no que se refere à tributação
do tabaco, que se mantém em vigor enquanto não forem alterados os direitos de importação do tabaco nas ilhas
adjacentes; lei n.º 1561, de 10 de março de 1924; decreto-lei n.º 26 424, de 17 de março de 1986; decreto-lei n.º 29.236,
de 8 de dezembro de 1938; decreto-lei n.º 36.375, de 26 de junho de 1947; decreto-lei n.º 36.820, de 7 de abril de 1948,
salvo no que se refere à tributação do tabaco, que se mantém em vigor enquanto não forem alterados os direitos dê
importação do tabaco nas ilhas adjacentes; decreto-lei n.º 36.924, de 22 de junho de 1948; decreto-lei n.º 38.291, de 7 de
junho de 1951; decreto n.º 11.871, de 16 de dezembro de 1925; decreto n.º 14.736, de 16 de dezembro de 1927; decreto
n.º 16.548, de 28 de fevereiro de 1929; decreto n.º 18.041, de 28 de fevereiro de 1930; decreto n.º 18.586, de 10 de julho
de 1930; decreto n.º 19.669, de 8 de abril de 1931; decreto n.º 19.902, de 18 de junho de 1931; decreto n.º 26.952, de
28 de agosto de 1936; decreto n.º 29.477, de 9 de março de 1939; artigos 106.º a 108.º e n.º 9 do artigo 99.º do Estatuto
dos Distritos Autónomos das Ilhas Adjacentes, provado pelo decreto-lei n.º 86.453, de 4 de agosto de 1947; artigos 2.º
e 3.º do decreto n.º 12.782, de 30 de novembro de 1926; Alínea f) do artigo 6º, do decreto n.º 15.110, de 5 de março de
1928; artigo 6.º do decreto n.º 22.389, de 29 de março de 1933; alínea c) do artigo 5.º do decreto-lei n.º 26.985, de 5 de
setembro de 1936; § 2.º do artigo 10.º do decreto-lei n.º 30.554, de 28 de junho de 1940; artigos 13.º e 14.º do decreto
n.º 30.290, de 13 de fevereiro de 1940; artigo 8.º do decreto-lei n.º 88.590, de 29 de março de 1944; alínea c) do n.º 6.º
do Regimento Geral dos Preços dos Medicamentos e Manipulações, aprovado pela portaria n.º 19.240, de 18 de junho
de 1962. Documento disponível em: S.A., Relatório sobre a Proposta de lei sobre a circulação de mercadorias nacionais
ou nacionalizadas entre o continente e as ilhas adjacentes, Lisboa, Ministério das Finanças e da Economia, Documentos,
O Deve e Haver das Finanças da Madeira. Séculos. XV.XXI, Funchal, Biblioteca Digital do CEHA (acesso local).
134 Este imposto foi criado pelo decreto-lei 48.766 de 8 de junho de 1961 e não abrangia as ilhas, que gozavam desde o
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Junta Geral
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Junta Geral
1974-1976
INTERLÚDIO PARA O REGIME AUTONÓMICO.
350
Junta Geral
uma composição e poderes mais amplos dos do Governador Civil e da Junta Geral.
A Junta foi criada pelo decreto-lei n.° 139/75, promulgado a 11 de março, pelo
Presidente da República, Costa Gomes, e publicado sete dias depois. A junta, que era
presidida pelo Governador Civil e integrava três vogais, tomou posse a 25 de março.
Por decreto-lei 339-A/75, de 2 de julho, este órgão ficou acometido da função de
proceder ao saneamento dos serviços do Estado e corpos administrativos e outras
entidades aí existentes, passando a contar com mais um vogal, o Representante
do Comando Militar. A situação de instabilidade política e, de forma especial, o
desagrado dos partidos pela sua ação levou-a a pedir a demissão a 9 de agosto
de 1975. Manteve-se, porém, em gestão até meados de outubro e, apenas em
20 de fevereiro de 1976, foi substituída pela Junta Regional, pelo decreto-lei n.º
101/76, de 3 de fevereiro de 1976, à Junta Administrativa e de Desenvolvimento
Regional, com competências no Planeamento e nas Finanças. A anterior Junta
havia pedido a demissão por força da instabilidade politica e oposição manifesta
do PSD, que a intitulava de comunista. Este partido apresentou, a 26 de setembro,
ao Governador Civil, a proposta de uma nova Junta. A 1 de outubro desse ano, o
Brigadeiro Carlos Azeredo consulta os partidos políticos sobre a composição da
nova Junta, manifestando o CDS a indisponibilidade para tal. Entretanto, a sua
composição foi aprovada no Conselho de Ministros do dia 13 de dezembro, sendo
o decreto promulgado pelo Presidente da República, a 29 de janeiro. A nova Junta
Regional tomou posse a 20 de fevereiro de 1976, sendo composta de 6 vogais
sob a presidência do Brigadeiro Carlos Azeredo. A Junta Regional manteve-se em
funções até finais de Setembro do ano, dando lugar, a 1 de outubro, ao primeiro
Governo Regional da Madeira. Durante este curto mandato, para além de preparar
e coordenar as eleições regionais e a instalação da primeira Assembleia Regional, a
Junta Geral atuou de forma direta em diversas situações da sociedade madeirense,
com múltiplas determinações de caráter económico e social.
A Junta Geral e a Junta Regional em outubro de 1976, pelo decreto regional
n.º 2/76, de 21 de outubro, mediante o processo político de mudança político-
institucional, dá lugar ao primeiro Governo Regional da Madeira, chefiado pelo
Eng. Ornelas Camacho. Em março de 1978, toma posse o Dr. Alberto João Jardim,
que se mantém no cargo até ao presente. A partir do 25 de abril de 1974, com
a deposição do regime político vigente, abriu-se uma nova página de esperança
para os madeirenses que não desistiram da sua luta por uma autonomia capaz
de satisfazer as suas necessidades de desenvolvimento económico e social, com a
adequada utilização dos seus impostos. A consolidação do regime autonómico faz-
se através da transferências de competências em múltiplas áreas e serviços que
passam, paulatinamente, a integrar a estrutura do Governo Regional. O processo
iniciou-se em 1978 e só ficou concluído em 2005, com a regionalização dos serviços
de finanças.
O 25 de abril de 1974 abriu novas oportunidades para a afirmação e o
desenvolvimento da autonomia. A clarificação do processo político, com a
aprovação do Estatuto Provisório da Madeira em 29 de abril de 1976 e o ato
eleitoral para a Assembleia Regional a 27 de junho, foram o primeiro passo para
a afirmação do processo constitucional, com a atribuição da autonomia político
administrativa consagrada na Constituição, aprovada a 2 de abril de 1976. Daqui
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1975-1976:
Os primórdios da Nova Democracia Parlamentar.
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analisar, deixamos alguns desses silêncios insulares que a voz de deputados [da
ilha, de outras ilhas e do continente] faz ouvir.
Moura Guedes (PPD) manifesta a sua esperança no momento em que saúda
o governo: Pela atenção que mostra dispensar às justíssimas reivindicações de
autonomia dos esquecidos arquipélagos dos Açores e da Madeira; Monteiro de
Aguiar (PS) inicia assim a sua intervenção do dia 4 de dezembro de 1975: Ao trazer
a esta Assembleia alguns problemas do arquipélago da Madeira, faço-o com o
entusiasmo que eles sempre me despertaram, porque os vivo, tal como o povo
trabalhador, esse povo que vem aguardando, calma e serenamente, que um dia
seja libertado das situações injustas de que tem sido vítima ao longo de vários
anos8 ou então, Para terminar esta minha intervenção, ficará um apelo: Que o
Governo tome em consideração os problemas aqui levantados em relação ao povo
do arquipélago da Madeira, e não os deixe esquecidos, como acontecia e ainda
acontece.
O povo da minha terra, que tem sofrido e continua a sofrer tamanhas injustiças,
quer ver, sentir, que a Revolução, como disse, chegou também a ele, e que, assim
sendo, os madeirenses são também portugueses.
As palavras do deputado Jaime Gama (PS) concorrem para a mesma perceção.
Referindo-se concretamente aos Açores, acaba por juntar-lhe a questão da
Madeira, juntando os arquipélagos na palavra abandono : Que este abandono dos
problemas insulares tenha sido timbre dos Governos anteriores ao VI, onde forças
políticas minoritárias tinham participação excessiva, é algo que se não justifica,
mas cujas razões se podem compreender. A política de intriga e de movimentação
palaciana teve, no caso açoriano, um dos expoentes máximos do gonçalvismo, a
que o povo, por via democrática e no uso das liberdades públicas, soube dar a
resposta firme no momento oportuno.
Para além desta, talvez a explicação esteja no ir e vir das marés, no isolamento
geográfico das ilhas, Nós já conhecemos o que significa um regime centralizador
nas relações continente-ilhas. Sabemos o que é estar afastados e dependentes dos
centros de decisão, que, desconhecendo a realidade local e pressionadas por outros
acontecimentos e preocupações, acabam por esquecer e abandonar as ilhas ao seu
isolamento. Quem afirma é o Deputado José Camacho. Falando de autonomia,
as palavras do deputado Independente dos Açores, José Bettencourt, são
solidárias com a realidade da Madeira: E a construção de um Portugal que se quer
verdadeiramente livre e justo tem de passar inequivocamente pela consagração,
na Constituição, de uma ampla, real e efectiva autonomia político-administrativa
das regiões da Madeira e dos Açores.
Regiões essas que, precisamente por serem ilhas, mais abandonadas têm sido
dentro deste Portugal abandonado, esquecido e explorado por todos quantos a
partir do Terreiro do Paço impunham cruelmente o facho da ditadura.
Por outro lado, desenha-se, no sentir dos madeirenses, a vontade em tomar
o seu destino nas mãos. Um exemplo, apenas: na resposta a um Requerimento do
deputado Américo dos Reis Duarte, da UDP, que tratava um caso específico ocorrido
em Machico, em que (…) o padre Martins foi de novo destituído do cargo para que
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foi eleito, que o Machico foi invadido por forças policiais e militares que de novo
agrediram cobardemente o povo, Manuel Rodrigues responde assim: Desde já,
confesso que não compreendo a razão dos espirros do Sr. Deputado relativamente
ao povo madeirense; não compreendo donde lhe advém a legitimidade para falar de
problemas com os quais ele não se identifica; não compreendo tanta preocupação
de tutela da UDP no tocante à Madeira, tutela que os Madeirenses dispensam em
absoluto; não compreendo, finalmente, como se pode ter o despudor de tratar
de problemas insulares quando se desconhece a mentalidade, o modo de ser sui
generis do ilhéu.
Estavam lançadas as razões para a Constituição de Regiões Autónomas. Os
Açores e a Madeira preparavam aquele que viria a ser o seu futuro.
A Autonomia / A Independência . Se acertar a hora das ilhas com a hora de
Lisboa é sinal de unidade nacional, sim, mas pensar as ilhas, a partir da capital –
lugar do poder central – não será, certamente, a melhor forma de resolver os seus
problemas.
Serão objeto de debate, na fase inicial da construção efetiva das autonomias,
questões como a salvaguarda dos direitos das populações insulares, os custos da
insularidade, as relações económico-financeiras com a Metrópole, o princípio da
solidariedade nacional, os perigos inerentes ao separatismo.
Neste período, definia-se aquilo que Ruben Raposo definirá como Uma
autonomia ao serviço de todas as ilhas, ao serviço de todas as populações,
particularmente as mais desfavorecidas. Estava traçado um percurso diferente que
abre, para os Açores e para a Madeira, um caminho novo que, olhando o futuro de
frente, vale a pena percorrer.
Propomos, então, seguir a discussão e assinalar os pontos nevrálgicos que
as palavras sugeriram na construção do texto final. E partimos de um comentário
de Medeiros Ferreira, deputado do Partido socialista a uma intervenção de Vital
Moreira do PCP: Em primeiro lugar, existe um problema chamado Açores e Madeira,
e não é tentando não encará-lo de frente que ele não existe. É, tentando dentro do
quadro da soberania portuguesa, dar-lhe uma resposta adequada.
É nesta conformidade que o artigo 6º da Constituição se apresenta nestes
moldes:
ARTIGO 6. º
1. O Estado é unitário e organiza-se no respeito pelos princípios da autonomia
das autarquias locais e da descentralização democrática da administração pública.
2. Os arquipélagos dos Açores e da Madeira constituem regiões autónomas
dotadas de estatutos especiais.
Sem tirar os olhos da unidade do Estado, sem pôr em causa o Estado unitário,
ou, muito menos, a Administração Central, portanto, o PPD, pela voz açoriana do
deputado Mota Amaral assume a conquista da autonomia como sua. Efetivamente,
numa declaração de voto relativa ao Parecer da Comissão das regiões autónomas
dos Açores e da Madeira clarifica alguns aspetos, a saber: estabelecimento de
estatutos político-administrativos próprios adaptados às condições das regiões
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Amaral). Muito menos diz respeito, nesta Assembleia Constituinte, aos Deputados
eleitos, pelos círculos eleitorais das ilhas, ou delas oriundos. É um problema que
interessa a todo o povo português. É um problema que deve interessar todos
os Deputados, representantes como são de todos os eleitores e não dos círculos
eleitorais por que foram eleitos. Não podemos deixar de manifestar a mais funda
preocupação pelo alheamento da maioria dos Deputadas em relação a esta
matéria, como que a significar ou a pressupor que isto é negócio de ilhéus.
Nós não podemos partilhar dessa concepção. Nós entendemos que nenhum
Deputado o deve fazer.
Ou ainda,
Ao defender a autonomia regional dos Açores e da Madeira, os Deputados do
PCP lutam por um justo regime constitucional de autonomia que não permita pôr em
causa a unidade nacional e os interesses dos trabalhadores e das massas populares
dessas regiões. Os Deputados do PCP entendem que não é fazendo concessões à
linguagem ou às posições separatistas que se «amorteceu o separatismo.
(…) Os Deputados do PCP não contam entre os interesses a considerar
mesquinhas contabilidades eleitoralistas. Os Deputados do PCP, com a autoridade
que lhes dá a experiência colhida pelas organizações do partido e pelos seus
militantes nos Açores e na Madeira, sentem-se no direito de reclamar desta
Assembleia que a apreciação e discussão da questão da autonomia regional seja
feita com objectividade, imune às tensões existentes nos arquipélagos e liberta da
pressão das forças reaccionárias afectas ao separatismo, em termo de dar resposta
eficaz, coerente e justa a um problema que interessa a todos os portugueses.
Efetivamente, a História conta histórias desta ambição dos povos insulares.
Américo Viveiros, por exemplo, explica que aquilo que constará da Constituição é a
vontade do povo, espezinhado e abafado pelo ditador Salazar, que satanicamente
nos retirou a autonomia.
Estava dado o mote para a história do movimento autonomista nos Açores
e na Madeira. Tomaram a palavra para o efeito, Jaime Gama, pelo PS e Emanuel
Rodrigues pela Madeira.
Sem grandes restrições, o deputado açoriano reforça a esperança trazida pelo
25 de abril, no sentido de que a autonomia pudesse voltar a ser uma realidade
no plano das instituições, realidade capaz de contribuir de forma mais eficaz para
a solução dos problemas regionais, designadamente em ordem a conseguir o
desenvolvimento económico-social do arquipélago, uma autonomia ampla que
não perde [nem deixa perder]de vista que é parte de um todo: Trata-se de uma
ampla autonomia, que não deve ser entendida como forma de mútua isolamento,
ou alheamento recíproco, nem por parte da região nem por parte do Estado. Com
efeito, ao Estado é fixada a responsabilidade de cooperar para o desenvolvimento
das regiões autónomas, em ordem a corrigir as desigualdades derivadas da
insularidade, e aos órgãos de Soberania cabe ouvir os órgãos de governo regional
em todas as matérias da sua competência respeitantes às regiões.
Esta posição virá a ser reforçada numa intervenção do madeirense socialista,
Monteiro de Aguiar. Numa análise à vida da Madeira pós 74 e, num capítulo dedicado
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maciçamente no significativo acto nacional que foi a eleição para esta Assembleia
Constituinte? Mas porquê, se votaram em peso, como os seus concidadãos
continentais, nos dois partidos majoritários?
Entre acusações múltiplas e linhas de pensamento diversas, este tema perpassa
alguns discursos da direita e da esquerda. Se, por um lado, a direita entende todas
as reações de violência, personificadas na FLA e na FLAMA, como respostas contra
uma ditadura comunista - Quem tiver mediana informação da temática insular
sabe, perfeitamente, que a ideia separatista surgiu não como repúdio de Portugal,
mas como fuga ao risco de ditadura comunista em Portugal- por outro, a UDP
diz que a luta do povo da Madeira é a mesma luta do povo do continente. É a
luta de todo o povo português contra a dominação do imperialismo americano e
do social imperialismo russo.E, enquanto o deputado Américo Duarte acusa, em
requerimento, elementos do PPD e do CDS no envolvimento da ocupação do Posto
Emissor Regional da Madeira,Moura Guedes, do PPD, envolve o PCP em violências,
na Madeira também.
O MDP/CDE, pela voz de Marques Pinto fala em projetos de independência
mais ou menos encapotados38; Vital Moreira, do PCP, considera que a autonomia
regional não possa constituir apenas um instrumento de reforço do poder da
grande burguesia insular.
A dezassete de março de 1976, no debate do Projeto Constitucional, o
Presidente da 8ª Comissão, Jaime Gama, explica esta necessidade de conciliar
os imperativos da autonomia político-administrativa regional com a necessária e
equilibrada salvaguarda das experiências da unidade nacional, dentro do quadro
da sua sociedade democrática e livre.
Numa intervenção breve, assume o articulado em apreciação como um
documento que responde às aspirações autonomistas manifestadas nas ilhas, um
marco decisivo para a história dos Açores e da Madeira e, neste aspecto, constitui
uma destruição positiva de toda a asfixia centralizadora operada pelo fascismo
contra a dinâmica das sociedades insulares (…) que exige apoio e estímulo - mas
não paternalismo - por parte do Estado, visto que nele se empenha e com ele se
compromete, por via desta Assembleia, todo o povo português. De acordo com
este preâmbulo, são a descentralização e a autonomia que ajudam a definir a
democracia e a vida de uma nação que vive em liberdade.
Há, porém, uma outra questão que se levanta nestes debates: as relações
financeiras com o Estado. Talvez seja o grande pomo de discórdia desta [e podemos,
neste momento, afirmar de outras] assembleia. Da mesma forma que se pede a
autonomia política e administrativa, pede-se também o apoio para a resolução dos
problemas que a ilha da Madeira - região das mais pobres do país - apresenta. É a
partir deste pressuposto e da agudização de uma crise económica que se aproxima
que o deputado José António Camacho, do PPD, exige medidas que contrariem a
situação da ilha:
Outro indicador sobre o panorama madeirense é o facto de o Estado ter
realizado nos últimos dez anos uma poupança pública que ascendeu a um milhão
de contos, colocando a região da Madeira como financiadora da macrocefalia
de Lisboa, isto é, não atendendo às enormes carências que existem em todos
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Conclusão
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elevada preocupação da Junta, na definição de uma rede viária como numa outra
de fontenários públicos os que permitissem a disponibilidade de água potável a
todas as populações.
Entre 1901 e 1976, a Junta Geral funcionou como o Governo da região/
arquipélago da Madeira, pelo que, ao tentar fazer-se as contas do Deve e Haver das
relações financeiras da Madeira com o Estado, se torna importante esta abordagem,
que permitiu, uma vez mais, relevar o quanto os madeirenses foram espoliados da
sua riqueza/impostos em benefício do Estado/Continente, revertendo pouco ou
quase nenhum proveito para os madeirenses.
Na verdade, a História diz-nos que, a partir de determinado momento, deram-
nos alguns meios institucionais para que a ilha pudesse decidir e avançar, na senda
de uma maior autonomia política, em relação ao poder central, mas faltaram os
pilares financeiros com que se constrói e se afirma.
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INSTRUMENTOS DE TRABALHO
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supra; Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal, Ano de 1957.
Conta da gerência da Junta Geral referente ao ano supra; Junta Geral do Distrito
Autónomo do Funchal, Ano de 1963.
Conta da gerência da Junta Geral referente ao ano supra; Junta Geral do Distrito
Autónomo do Funchal, Ano de 1964.
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Autónomo do Funchal, Ano de 1965.
Conta da gerência da Junta Geral referente ao ano supra; Junta Geral do Distrito
Autónomo do Funchal, Ano de 1966.
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Autónomo do Funchal, Ano de 1967.
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Autónomo do Funchal, Ano de 1968.
Conta da gerência da Junta Geral referente ao ano supra; Junta Geral do Distrito
Autónomo do Funchal, Ano de 1969.
Conta da gerência da Junta Geral referente ao ano supra; Junta Geral do Distrito
Autónomo do Funchal, Ano de 1970.
Conta da gerência da Junta Geral referente ao ano supra; Junta Geral do Distrito
Autónomo do Funchal, Ano de 1971.
Conta da gerência da Junta Geral referente ao ano supra; Junta Geral do Distrito
Autónomo do Funchal, Ano de 1972.
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Autónomo do Funchal, Ano de 1973.
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