Sie sind auf Seite 1von 24

6

O exercício da profissão
características gerais da inserção
profissional do psicólogo
Roberto Heloani, Kátia Barbosa Macêdo e Rosângela Cassiolato

Este capítulo oferece um panorama ge­ O mundo do trabalho


ral e inicial sobre como o psicólogo se contemporâneo:
insere no mercado de trabalho. Algumas do Liberalismo ao
questões que serão abordadas aqui são: neoliberalismo
exerce ati­vidades atualmente no campo da
psicologia e, caso não seja esta a situação, Deu-se o nome de liberalismo ao con­
por que nunca o fez? Alguma vez exerceu junto de princípios que serviram de base
atividades profis­sionais como psicólogo e ideológica às revoluções antiabso­lutistas
abandonou? Caso exerça a profissão, pos­ na Europa Ocidental nos séculos XVII e
sui vínculo empre­gatício ou é autônomo? XVIII e ao processo de independência dos
Combina trabalhos na Psicologia e em ou­ Estados Unidos. Esse movimento se pres­
tros campos? Qual o rendimento que aufere tava aos in­teresses da burguesia que se
do exercício pro­fissional? Uma atenção firmava econo­micamente e competia com
especial é dada à comparação entre aque- uma aristocracia enfraquecida. O acervo
les que são empre­gados e os que são au­ de princípios dessa doutrina era composto
tônomos, uma difer­ença que marca a Psi­ por vários pres­su­postos: o direito à pro­
cologia como profissão e que gera tensões priedade, o respeito pela livre iniciativa e
internas ao processo de formação e à cons­ pela concorrência, a ampla liberdade indi­
trução da sua identidade. Mas, antes de o vidual, todos esses fa­tores interagindo em
capítulo focar essas impor­tantes questões, uma democracia repre­sentativa, com a devi­
será dedicado um espaço à caracterização da independência dos poderes legislativo, ju­
do mundo do trabalho con­tem­porâneo. diciário e executivo.
108 Bastos, Guedes e colaboradores

Nesse contexto, a ação econômica do com a concepção liberal, o melhor instru­


Estado não era bem-vinda, pois, de acordo mento para a consecução do “ideal” do li­
com essa concepção, seu papel deveria li­ beralismo, e os capitalistas, por sua vez, pro­
mitar-se a propiciar a livre-concorrência e o prietários dos meios de produção, seriam os
direito à propriedade individual. Ainda de atores sociais nessa empreitada. Os pobres
acordo com tais princípios, adotou-se, no ficariam à mercê da “mão invisível do mer­
comércio internacional, a política de livre- cado”, que agora passaria a regular as rela­
-cambismo (Heloani, 2003). ções comerciais, afetando a tudo e a todos e
A ampla liberdade econômica expressa propiciando a “felicidade” de todos: dos que
pela máxima do pensamento liberal – laissez compram e dos que vendem sua força de
faire, laissez passer – já era fortemente defen­ trabalho. Partindo dessas ideias, a remu­
dida pelos economistas fisiocratas. Estes neração do capital seria a justa retribuição
acreditavam que intervenções na economia pelo esforço daquele que “livre e esponta­
eram atos “não naturais”, já que ocorre uma neamente” vendia sua força de trabalho.
circulação natural de renda na sociedade, Essas concepções transformaram-se após
apoiados na ideia de forças naturais estuda­ a Segunda Grande Guerra. Surge o neoli­be­
das pela física, daí o termo fisiocratas. O Esta­ ralismo, um contra-ataque em relação ao
do deveria, então, limitar-se a ser o guar­­dião Welfare State, que pode ser compreendido
da liberdade econômica e, logica­men­te, da como um conjunto de políticas públicas que
pro­priedade privada. Pouco tempo depois de visava à melhoria das condições de vida da
tais ideias serem adotadas na Grã-Bre­ta­nha, classe trabalhadora.
Adam Smith tornava pública a sua prin­cipal No contexto neoliberal, estabilidade mo­
obra, A riqueza das nações: inves­tiga­ção sobre ne­tária, reformas fiscais, privatização, redução
sua natureza e suas causas, que não demorou do custo do setor produtivo (com demissões
muito para tornar-se um ver­da­deiro best-seller coletivas, precarização das relações de tra­
em 1776 (Hobsbawm, 1996; 1998). balho e retrocesso no que concerne aos di­
Como fundamentação do liberalismo, reitos sociais já conquistados) e comércio in­
Adam Smith advogava que as pessoas eram ternacional livre de barreiras alfandegárias
movidas pelos seus legítimos interesses in- passaram a ser as palavras de ordem.
di­viduais, e que inevitavelmente, compe­tiam O neoliberalismo causou mudanças no
entre si, o que, pelo princípio da fra­ternidade mundo do trabalho, cujas consequências
cristã, gerava certo desconforto. Então, para atin­giram direta ou indiretamente todas as
rebater críticas de cunho moral, ele defendia categorias profissionais. Os psicólogos não
que se tal “proatividade” não fosse “contro­ constituíram uma exceção. Eles também
lada” pelo aparato estatal, cria­ria bens e pas­­­sam a conviver com o fantasma do de­
produtos que seriam redistribuídos, geran- semprego, com uma maior competição no
do o progresso social e econômico a que o ambiente trabalho e com um acúmulo de
pró­prio título de sua obra se refere, A ri- funções.
queza das nações. O neoliberalismo surgiu “como uma so­
O amplo espectro de ideias, que povoou o lução” à difícil conjuntura geral, aos sig­ni­
senso comum e a filosofia do século XVIII, cul­ ficativos problemas de ajustes econômicos e
minou no nascimento teórico da con­cepção à crise do petróleo nos anos de 1970. O
liberal da economia e, por conse­quência, aca­ Welfare State, visto como benéfico pela gran­
bou colaborando na fundamen­tação teórica de maioria dos países europeus, passou a ser
do Estado Liberal (Heloani, 2003). contestado. Os governos socialmente regres­
Dessa forma, a empresa privada, livre sivos de Ronald Reagan, nos Estados Uni-
das “amarras do Estado”, seria, de acordo dos (1980); Margaret Thatcher, na Ingla­
O trabalho do psicólogo no Brasil 109

terra (1979); Yasuhiro Nakasone, no Japão O fato é que o discurso da ampla reforma
(1982) e Helmut Kohl, na Alemanha (1982), do Estado surgiu como um dos fundamentos
começaram a advogar o Estado Mínimo, fis­ das políticas públicas na década de 1980. O
cal, ou o “Estado Guarda- Noturno”, que atua­ esvaziamento das funções do Estado cons­
va de modo contido e pontual, obje­tivando, tituiu uma importante causa do desempre-
mormente, garantir a “lógica do mer­cado”. go. Nas organizações privadas e públicas,
Assim começou a defesa de um Estado Neo­ ter­mos e conceitos como empregabilidade,
liberal, em oposição à ideia de um Estado des­regulamentação, privatização, mercado,
Positivo, keynesiano, interventor nos setores downsizing, terceirização, flexibilização dos
essenciais da economia e da vida social. contratos de trabalho e administração pública
A vitória desses governos neoliberais, gerencial tornaram-se recorrentes em todos
neoconservadores, foi revigorada pela fa- os níveis hierárquicos e gozaram de inaudi-
lên­cia dos países do leste europeu, cujo sím­ to concurso da mídia e de alguns intelec-
bolo máximo foi a derrubada do Muro de tuais orgânicos (pensadores ligados a grupos
Berlim, em 1989. Com essa vitória, a política emer­gentes, dominantes).
de do­minação financeira apresentou-se de for­ O neoliberalismo propõe a “despoliti­za­
ma emblemática no chamado Consenso de ção” radical das relações sociais, em que
Washington, também em 1989, em que foram qual­quer regulação política de mercado
elaboradas as políticas gerais que tor­nariam (quer por via do Estado ou de outras ins­
exequíveis o programa de esta­bi­lização e as tituições) é, já a princípio, repelida. Ocorre
reformas estruturais sancionadas pelo Fundo um neoliberalismo convertido em concepção
Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco ideal do pensamento antidemocrático con­
Mundial. O Fundo Monetário Internacional, tem­porâneo, que serve aos interesses do
ale­gando a busca do equilíbrio do sistema fi­ capital. É o que aponta Przeworski (apud
nanceiro internacional, passou a emprestar di­ Neto, 1995, p. 80-81), afirmando que a gran­
nheiro a países em dificuldades, em troca de ­de burguesia não se ilude com o absten­cio­
adoção de rígidas políticas eco­nômicas; o Ban­ nismo estatal nem acredita em um mer­cado
co Mundial, por sua vez, começou a fi­nanciar totalmente “livre”. O que ela pretende, como
projetos sociais de in­fraestrutura em países bem afirma Neto, em Crise do socialismo e
em desenvolvimento (Heloani, 2003). ofensiva neoliberal, é direcionar a in­tervenção
Em 10 anos de aplicação de políticas neo­ do Estado para a defesa de seus particulares
liberais, foi possível consolidar o mito de interesses de classe, trans­for­man­do o “Estado
que o esvaziamento do papel do Estado no Mínimo” (para defender os in­teresses dos
Brasil levaria tanto ao crescimento econô­ tra­balhadores) em “Estado Má­­­ximo para o
mico sus­tentado quanto à expansão do nível capital”, de forma que este circule benefi­
de em­prego. Isso não ocorreu, muito pelo ciando-a sem restrições.
con­trá­rio. Justamente após cinco décadas de Como se observa, o processo de pri­vati­
ampla manifestação de um padrão de inter­ zação, como elemento propiciador do en­
venção do Estado favorável ao crescimento xugamento do Estado, vem acompanhado
econômico e ao emprego, observou-se, a
de forte aparato ideológico que começa a es­
par­tir de 1990, a adoção de um novo mode-
lo econômico que resultou pouco positivo
truturar-se nos anos de 1970, em decor­rên­
para a economia e para o trabalho no Brasil. cia do novo ambiente econômico que sina­
Não apenas o desemprego assumiu volume lizava a inadequação do modelo fordista em
sem paralelo histórico nacional, como o ren­ manter o repasse da produtividade para os
di­men­to do trabalho alcançou uma das salários. O processo consolidou-se na dé­ca-
mais baixas participações na renda nacional. da de 1980, quando o empresariado arti­
(Pochmann, 2001, p. 11) culou três pontos de ataque em sua políti-
110 Bastos, Guedes e colaboradores

ca econômica: a produção globalizada, a di­ supervisionar e a estudar seu comportamento,


minuição da atuação do Estado-Previdência contando, em alguns casos, com o recurso
e a desindexação dos salários, características das técnicas e procedimentos psicológicos
básicas do que se convencionou chamar de desenvolvidos e aperfeiçoados à época.
pós-fordismo. Ademais, a mobilidade do ca­ O capital, com certo receio de perder
pital, unida à flexibilidade tecnológica e so­ o controle da situação, não se opôs aber­
cial propiciada pela desregulamentação de tamente a tais experiências. Em vez disso,
direitos consagrados e pela hegemonia ideo­ criou limitações para que esses ensaios par­
lógica nos principais setores de formação de ticipativos não obtivessem muito êxito. No
opinião, possibilitou a mercantilização de Brasil, essa forma de gestão deve ser vista
pra­ticamente tudo, solapando fronteiras e dentro de um contexto em que se priorizam
so­beranias nacionais (Heloani, 2003). melhores condições de produtividade e qua­
Os investimentos da produção foram lidade em detrimento do “fator humano”.
des­locados para o setor de serviços, o que Os esforços para a implantação da admi­
impulsionou a “terceirização”. Esse deslo­ nistração participativa arrefeceram com a
camento do capital gerou um aumento ainda ascensão do ideário neoliberal. O empre­
maior da desigualdade na distribuição de sariado já não necessitava tornar o emprego
renda nos países de capitalismo central e tão atraente dentro de um contexto de acha­
periférico – como o Brasil – apesar dos inú­ tamento de salários e de desemprego. A se­
meros discursos com promessas de quali­ dução provinha do simples fato de “oportu­
ficação e “empregabilidade” pelo acréscimo nizar ao trabalhador estar empregado”. Em
da escolarização. Não é sem razão que, em um sistema altamente competitivo e fle­xí-
2004, em um dos famosos concursos para vel, a organização pós-fordista estimula­va o
gari na cidade do Rio de Janeiro, inscreveram- desenvolvimento da iniciativa, da capaci­da­
se, entre os 15 mil candidatos, bacharéis em de cognitiva, do raciocínio lógico e do poten­
direito, licenciados em física, engenheiros e, cial de criação para que seus em­pre­gados
como não poderia deixar de ser, psicólogos. pudessem dar respostas imediatas a situa­
Ainda no final da década de 1960, em ções-problema. Nesse contexto, o psi­cólogo
um processo que se estendeu até meados da organizacional e do trabalho se via mais
década seguinte, foram feitas experiências uma vez em uma situação delicada: ou efe­
com o objetivo de tornar o espaço laboral tivamente colaborava com seu conheci­mento
mais atraente para os jovens trabalhadores, – que não era pequeno nesta área – para a
reduzindo assim a evasão da classe traba­ emancipação dos trabalhadores, em con­tras­
lhadora. Algumas dessas tentativas, que de te com aqueles que advogavam uma acomo­
fato não introduziram inovações relevantes, dação utópica com o capital, apesar dos de­
foram denominadas por alguns pesquisado- terminismos da lógica econômica, ou ajudava
res de administração participativa, cogestão, o capital na exploração dos mesmos, a saber,
etc. Experimentou-se dar certa autonomia na constituição de uma subjetividade inau­
ao modo de gestão do processo laboral – têntica, como diria Tertulian (1993).
consi­derando-se alguns setores previamente O fato é que, embora delegue certa au-
esco­lhidos – sem que o conjunto da empresa to­nomia a alguns trabalhadores, a organi­
ti­vesse que ser adaptado para integrar-se zação necessita manter um controle indireto
com os segmentos que adotaram tal gestão sobre sua atuação. Para isso, são adotadas
“au­tônoma”. Isso impossibilitava uma real técnicas de administração simbólica para
ino­vação, já que até o layout fora planejado “facilitar” que os trabalhadores assimilem e
com o intuito de manter o empregado de­ in­corporem suas regras de funcionamento
pendente de uma gerência que continuava a como elemento de sua percepção, inter­fe­
O trabalho do psicólogo no Brasil 111

rindo em seu funcionamento psíquico, con­ que atua pela extensão dos meca­nismos de
forme Clegg (1992), Freitas (1997), Enrí­quez poder, chegando às mais refinadas técnicas
(1997), Macêdo (1998) e Pagés e colabo­ra­ de manipulação psicológica.
dores (1987). A subjetividade é, assim, to­ Os referidos controles sofisticaram-se de
mada como um recurso a mais a ser mani­ tal forma, que a dominação, como meio de
pulado para que os trabalhadores, identi­fi­ca­ exercício do poder, estará mais apoiada na
dos com o discurso organizacional, colo­quem introjeção dessas normas ou regras do am­
à disposição do capital o que eles têm de biente organizacional do que em um cercea­
mais precioso, sua saúde física e mental (He­ mento mais direto. Os conglomerados do
loani, 1994, 2003). capitalismo globalizado deverão dar conta
Em consequência da globalização da de gerir a dimensão psíquica de seus “co­
economia, a nova divisão do trabalho criada laboradores”. (Heloani, 1994; 2003).
pela lógica pós-fordista mostrou-se competiti­ A lógica liberalista foi reeditada em for­
va e intensiva no que concerne às novas tec­ ma de neoliberalismo, o que contribuiu para
nologias. A cooperação do trabalho com a impactar enormemente nas formas de tra­
elevação da produtividade, mediante progra­ balho no final do século XX e início do século
mas como qualidade total (TQM), kaizen, XXI. Dentre elas, o aumento do de­semprego,
sistemas de qualidade ISO 9000, ISO 14000, o aumento do trabalho informal (com todas
benchmarking, reengenharia, método 5S, as perdas de direitos que ele acarreta), as ter­
6S, processos de terceirização, quarteiriza- ceirizações, as quartei­ri­zações e os con­tratos
ção, sistemas integrados, etc., tornou-se im­ de trabalho tem­porários, que visam basica­
pres­cindível e, para consegui-la, foram cria­ mente atender aos interesses capita­listas em
das novas formas de gestão da produção. detrimento da sustentabilidade social e de
In­vestiu-se intensamente em equipamentos dignidade dos trabalhadores.
e serviços de manutenção (software) e os O fato é que esse contexto econômico
trabalhadores tornaram-se responsáveis não com diretrizes neoliberais trouxe novas exi­-
só por manter sistemas caros e sofisticados, gê­n­cias para o mundo do trabalho. Exigências
mas também por conseguir novos ganhos de relacionadas à revolução tecnológica, à com­
produtividade e repassá-los à organização. pe­titividade, à crescente qualidade da merca­
O que não se pode negar é que com a infor­ doria e à flexibilização na interpretação da
matização e a integração sistêmica, o núme- legislação trabalhista. Dessa maneira, sur­giu
ro de trabalhadores decresceu, mas as orga­ um novo perfil de trabalhador, cada vez mais
nizações não lograram dispensar totalmente solicitado a se especializar conti­nua­men­te pa­
seus “colaboradores” (Heloani, 2003). ra atender às novas demandas do mer­cado de
Apesar de não ser possível analisar aqui trabalho. Os psicólogos tam­bém fa­zem parte
todas as experiências de gestão, existe uma desse novo perfil profis­sional, so­frendo essa
característica fundamental, comum a todas pressão de contínua especialização para se
elas: a tentativa de harmonizar um maior manterem no mercado de trabalho.
grau de autonomia dos empregados, para Apesar de, no Brasil, ter ocorrido al­gumas
or­ga­nizar um setor de produção, com o de­ mudanças econômicas no final dos anos de
senvolvimento de controles mais sutis que 1990 e início do século XXI, em forma de im­
objetivam colocar o trabalho em uma posição plantação de vários programas sociais visando
de dependência ou incapacidade em relação a combater as desigualdades sociais, percebe-
ao capital. Assim, essas novas estratégias ex­ -se que ainda estão presentes a má distribui-
plicitam uma notória modificação na for­ ção de renda, a exclusão de uma grande par­
mulação de poder no espaço organiza­cional: cela da população do acesso a programas de
a consecução de uma lógica de do­minação saú­de, educação e inserção social via forma-
112 Bastos, Guedes e colaboradores

ção profissional e emprego. Desse modo, a dos psicólogos inscritos nos Conselhos Re-
pro­fis­são do psicólogo se de­para mais uma gio­nais de Psicologia. Aproximadamente 2/3
vez com um desafio, por atuar junto a essa (62,1%) dos psicólogos atuam exclusiva­
população, devendo se preparar para assumir mente no campo da Psicologia, o que con­
uma pos­tura mais política e socialmente en­ figura um tipo de inserção pleno na profissão.
ga­jada no sentido de contribuir na promoção O res­tante dos participantes apresenta algum
de melhor quali­dade de vida. tipo de inserção que revela alguma preca­
Assim, em um contexto no qual os tra­ riedade. Dos psicólogos, 22,1% combinam a
balhadores cada vez adoecem mais, têm me­ atuação em psicologia com alguma ativida-
nos direitos resguardados,  cresce a neces­ de de trabalho fora da profissão;  9,1%, em-
   
sidade de intervenções mais comprometidas b­ora tendo graduação  em psicologia,
 atuam

socialmente, e a psicologia se configura co­ fora do campo; 5,2% estão


 desempregados,

 
   
   
mo uma ciência capaz de oferecer um aporte embora já

te­n ha trabalhado


 como

psicólogo;


importante para essas novas

práticas sociais. e, final­ m ente,
 há um
 


pequeno



grupo



de pro­


   
A atividade de pesquisa e a difusão do co­ fis­sio­n ais (1,4%) que
nunca

chegou

a
 atuar

 
nhecimento científico não podem se esquivar na profissão,   apesar  de graduado
  e inscrito
    
desse 
movimento. Considera-se
   que,
inde­ nos Conselhos
  Regionais.
 

  
pen­dentemente
  de
onde
 o
profissional
 de 
 Examinando-se
   esses
  dados, identifica-
        
   
 
psi­cologia atue, no setor
   público,
   
  
 no
 privado
 -se uma

 
 taxa


de 
  desemprego
  em torno de
ou no terceiro setor
   (ver
Capítulo
 7),
   sua6,6% que
 poderia
  ser 

 ampliada
 para 15,7%
      
   
con­duta profissional deve se   pela
pautar  
éti­ se fossem  
incluídos aqueles que trabalham
        
           
ca e pelo engajamento

   em ações que pro­mo­ fora do
 campo  profissional
 
 



(seriauma  taxa 

vam a
melhoria das condições sociais da de desemprego da ocupação
 
– 
empregado,





população, até porque, antes de ser profis­ masnão
      
na psicologia). Por outro
  lado,há 
    
sional, o 
psicólogo é também
   cida­ d ão.
   

um índice
  um pouco superior

a

1/5 
da 
         amostra,
  o que revela a precariedade  das  
        
 
  
   
inserções,
 
inferida da necessidade de se pre­
Atuação em Psicologia –  cisar
   combinar o trabalho
   como
 psicólogo
           
um quadro geral com outras
        
atividades fora do
 
campo. Essa
condição seria maior
          se nela   incluídos
fossem
A Figura 6.1 mostra, em percentuais,    as aqueles psicólogos que só  atuam
 fora da
formas de atuação e não atuação profissional profissão, perfazendo 31,2% da categoria.

1,4 5,2
1,4

Nunca atuou
Já atuou, mas não exerce nenhuma
atividade atualmente
22,1
Exerce atividades fora do campo da
psicologia
Exerce atividade na psicologia e
em outros campos
Exerce atividades somente em psicologia

62,1

Figura 6.1 Panorama da inserção do psicólogo no mercado de trabalho.

     


           
O trabalho do psicólogo no Brasil 113

Os dados sobre inserção no mercado se constata pela observação dos percentuais


pro­fissional, aqui apresentados, não se reve­ já citados. Além disso, o IBGE informa que os
lam su­ficientes, no entanto, para se ter a percen­tuais de psicólogos que não atuam na
exata di­mensão do gap existente entre o nú­ pro­fissão apon­tados pela pesquisa, são seme­­
mero de psicólogos graduados no país e lhantes aos per­centuais de desempregados
aqueles que efetivamente passam a exercer em outras áreas.
a profissão. Nesse sentido, os dados da pes­ Uma pesquisa nacional conduzida pelo
quisa de 2006 não podem ser tomados como IBOPE/MQI, no período de 4 a 25 de março
uma avaliação do nível de emprego da cate­ de 2004, realizada com psicólogos inscritos
goria ocupacional. Em princípio, os partici­ nos Conselhos Regionais de Psicologia, iden­­
pantes do estudo eram profissionais inscritos ti­ficou na amostra, por meio de entre­vista, o
nos Conselhos Regionais, o que significa que percentual de 58% de profissionais que atuam
deviam estar atuando na profissão ou tinham somente na área de psicologia. Os psicólogos
expectativa de vir a atuar. que atuam tanto na sua pro­fissão quanto em
Outro dado importante é que os percen­ outras atividades somam 26%. Assim, na pes­
tuais identificados nessa pesquisa quanto a quisa do IBOPE, 84% dos pro­fissionais tra­ba­
psicólogos que não estão trabalhando apro­ lham “somente na psi­­cologia” e “na psi­co­logia
ximam-se do universo dos diplomados em e em outros campos”. Já aqueles psi­có­logos
ní­vel superior desempregados no Brasil, con­ que não exercem a pro­fissão, mas pre­tendem
for­me aponta o Departamento Intersin­dical exercê-la no futuro representam 13%.
de Estatística e Estudos Socioeco­nô­micos No período que antecedeu o ano de 1988,
(2008). De fato, em 2006, o desem­prego de pesquisadores identificaram entre os psicó­lo­
cidadãos por­tado­res de diploma de ensino gos um percentual de 17,8%, assim distri­buí­
superior nas regiões metropo­li­tanas e no do: nunca trabalharam (1,9%); já tinham tra­
Distrito Federal chegava aos percentuais de: balhado, mas não em Psicologia (4,2%); os que
5,1% em Porto Alegre (o menor percentual); trabalhavam, naquele mo­mento, mas não em
5,8% em São Paulo; 5,8% no Distrito Federal; Psicologia, 11,7%. A mesma pesquisa apon­­­tou
5,9% em Belo Horizonte; 6,9% em Recife; e que, de um total de 2478 psicólogos, 45,8%
7,5% em Sal­vador (o maior percentual) (De­ desses profissio­nais trabalhavam na pro­fis­são,
partamento Intersindical de Estatística e enquanto 25% trabalhavam como psi­có­­logo e
Estudos Socio­econômicos, 2008). em outras ati­vidades, totalizando 70,8% de
No Brasil, segundo o IBGE, o percentual profissionais atuantes na profissão (Conse­lho
de cidadãos com nível de escolaridade su- Federal de Psicologia, 1988, p. 139).
pe­­rior desempregados em 2003 era de 3,4%, Como as diferentes condições de inserção
per­centual que, em 2004, diminuiu para 2,9%. profissional do psicólogo ocorrem nas dife­
Ademais, houve um aumento do nú­me­ro de rentes regiões do país? Os dados da pesquisa
pessoas, segundo a condição de ocu­pa­­­ção, de encontram-se na Figura 6.2.
6.425, no ano de 2003, para 6.843, no ano de Como se constata na Figura 6.2, não há
2004 (Instituto Brasileiro de Geo­grafia e Es­ diferenças estatisticamente significati­vas quan­
tatística, 2004). O IBGE aponta que nos úl­ ­do as regiões brasileiras são com­pa­radas, re­
timos anos houve uma progressão do número velando que o quadro da inser­ção no mercado
de pessoas com nível de escolari­dade superior não se altera, mesmo ao com­parar regiões
empregadas segun­do a sua ocupação, o que com diferentes níveis de desen­volvimento e
mostra, nesse nível de es­colaridade, uma di­ complexidade da estru­tura de mercado de
minuição da taxa de de­sem­prego no Brasil. trabalho. Algumas di­ferenças, no entanto, po­
Entretanto, as infor­ma­ções do IBGE mostram dem ser identifi­cadas como tendências inte­
que isso é um proces-so lento, o que facilmente ressantes de se registrar.
114 Bastos, Guedes e colaboradores

66,0
E = Exerce atividades somente em psicologia 60,1
64,9
59,9

19,8
D = Exerce atividade em psicologia 23,1
e em outros campos 20,7
22,2

8,9
9,4
C = Exerce atividades fora do campo da psicologia 8,1
9,9

4,2
B = Já atuou, mas não exerce 5,6
nenhuma atividade atualmente 4,6
6,3

1,2
1,4
A = Nunca atuou 1,8
1,6

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0

Sul Sudeste Nordeste Norte/CentroOeste

Figura 6.2 Percentual de psicólogos por tipo de inserção no mercado de trabalho nas diferentes
regiões brasileiras.

A região Sul destaca-se com o maior per­ trabalho pode explicar os dados das re­giões
centual de psicólogos que atuam exclu­ norte e centro-oeste.
sivamente no campo, ao lado dos menores As diferentes condições de inserção
percentuais de quem combina a psicologia pro­­­fissional associam-se a perfis distintos
com outros campos, de desempregados e de do psi­có­logo, quando se consideram carac­
profissionais que nunca atuaram como psi­ terís­ticas pessoais, tempo de formação, ti­
cólogos. Trata-se do perfil mais positivo de tulação e ren­dimentos, como se verifica
inserção profissional. O Nordeste apresenta na Figura 6.3.
o segundo melhor perfil, com percentuais O pequeno contingente daqueles que
ligeiramente diferentes da região sul, mas nunca se inseriram no campo profissional
revelando a mesma tendência básica. Por (1,4%), como esperado, é constituído por
outro lado, o sudeste e o norte/centro-oeste1 psicólogos mais jovens (idade média de 28,7
são as regiões que apresentam indicadores anos), com menos tempo de formado (média
menos positivos de inserção. Nelas, se veri­ de 3,2 anos), que possui apenas o curso de
ficam menores percentuais de psicólogos graduação. Nele, se encontra, também, pro­
atuando exclusivamente na psicologia (em porcionalmente à amostra geral, um maior
torno de 60%); são ligeiramente maiores os contingente de mulheres.
percentuais de quem combina a psicologia O segundo grupo de psicólogos que po­
com outras atividades, de quem atua fora da dem ser considerados desempregados (5,2%)
psicologia e de quem está desempregado. já apresenta uma média de idade ligeiramente
Possivelmente, a maior concentração de cur­ superior, maior qualificação (maior o número
sos no sudeste explica os dados dessa região; de profissionais com curso de especialização),
por outro lado, a situação do mercado de maior tempo de formado. Nessa condição,
O trabalho do psicólogo no Brasil 115

• 94,1% mulheres
• Idade média – 28,7 anos
• Tempo médio de graduação – 3,2 anos
Nunca atuou
• Titulação mais frequente: apenas graduação (73%) – especialização (17,6%)

• 90% mulheres
• Idade média – 32,1 anos
Ja atuou • Tempo médio de graduação – 6,4 anos
Não atua • Titulação mais frequente: apenas graduação (56,7%) – especialização (35,6%)

• 66,7% mulheres
• Idade média – 36 anos
Atuou fora da • Tempo médio de graduação – 7,5 anos
Psicologia • Titulação mais frequente: apenas graduação (72,6%) – especialização (22,6%)

• 77,2% mulheres
• Idade média – 38,1 anos
• Tempo médio de graduação – 10,6 anos
Atuou fora e na • Titulação mais frequente: apenas graduação (40,5%) –
Psicologia especialização (41,5%) mestrado (13,6%)
• Renda média – R$ 2,822,00 – % médio da psicologia – 58,4%

• 85,6% mulheres
• Idade média – 35,5 anos
• Tempo médio de graduação – 9,7 anos
Atuou apenas na • Titulação mais frequente: apenas graduação (43%) –
Psicologia especialização (36,3%) mestrado (15%)
• Renda média – R$ 2,769,8 0
Figura 6.3 Distribuição dos psicólogos considerando os dados sociodemográficos e sua atuação pro­
fissional.

também se encontra, proporcionalmente, um Os homens também estão proporcio­nal­


pouco mais de psicólogas do que psicólogos. mente mais do que as mulheres na condição
A terceira condição que revela fragilidade em que se combina a atuação em psicologia
da inserção profissional é daqueles que, em­ com outro trabalho, revelando a insuficiência
bora diplomados, atuam apenas fora da Psi­ de o mercado da psicologia assegurar con­
cologia. Trata-se de um percentual não des­ dições satisfatórias. Esse grupo apresenta
prezível de 9%, constituído proporcional­ uma renda média que é ligeir­am
­ ente superior
mente muito mais por homens do que por à daqueles que atuam apenas na Psicologia.
mulheres. Ou seja, os homens, possivelmente, No entanto, apenas 58,4% de tal renda pro­
pela fragilidade das condições de trabalho, vém da Psicologia, indicando que a busca
buscam outras atividades e terminam se por melhor remuneração motiva a inserção
afas­tando do campo profissional da psico­ profissional fora da área.
logia. Outro dado interessante desse grupo é Finalmente, o grupo que melhor carac­
o maior contingente de profissionais que teriza uma inserção plena no campo pro­
possuem apenas o curso de graduação, in­ fissional da psicologia caracteriza-se por
dicando um não investimento na profissão. apre­sentar percentuais muito próximos aos
116 Bastos, Guedes e colaboradores

da amostra geral no tocante à composição Condições de inserção e


por sexo, com idade média em torno de 35,5 renda entre psicólogos
anos, quase 10 anos de formado e já com um
número mais expressivo de profissionais com Um indicador básico e fundamental na
curso de especialização e mestrado. São, cer­ avaliação das condições de inserção pro­fis­
tamente, aqueles que estão dedicados à pro­ sional do psicólogo é o rendimento au­fe­ri­do
fissão e a exercendo plenamente. Trata-se, com a sua atividade. Os resultados sobre a
também, daquele profissional que mais está ren­da obtidos na pesquisa podem ser vistos,
investindo na formação continuada. para a amostra geral, na Figura 6.4.

Nenhuma renda
até 3 SM
de 3 a 6 SM
de 6 a 9 SM
de 9 a 15 SM
de 15 a 21 SM
acima de 21 SM

Figura 6.4 Percentual de psicólogos por categorias de renda mensal.

A distribuição da renda dos participan- ção profissional. Interessa, sobretudo, nesse


tes da pesquisa revela que 60,8% dos psi­cólo- mo­men­to, os dados daqueles trabalhadores
   
gos
possuem um rendimento  de no má­ximo com 15  ou mais anos de estudo.
no­v e salários
    mínimos. Deste
 con­ t
ingente,  Os dados
 do Instituto Brasileiro de Geo­
 1,6%
  não
possui renda e 27,3% ganham
 degrafia e
Estatística (IBGE, 2005) mostram que
três a
  seis 
salários mínimos. A maior concen­71,7% dos profissionais nessa condição re­
tração
  de 
  psi­cólogos encontra-se
 nafaixa decebem até 10 salários mínimos, enquanto
   
renda entre
6 e 15 salários 
mínimos (38,2%) e 28,3% 
recebem acima desse patamar. Perce-
 
um per­
 menor daqueles
centual  com  elevados be-se que 
o psicólogo encontra-se em uma con­
     
rendi­men­tos (acima de 21 SM , 9,6%).   
*
dição ligeiramente mais positiva que os traba­
       
A formação em Psicologia requer no lhadores em geral com tempo idêntico de for­
       
mínimo 17 anos de estudos,
    
incluindo

os di­ mação 
(o percentual acima de 9 SM, na pes­
versos
   níveis de educação no
 Brasil
(Ensino quisa de 2006, corresponde a 39,2%). Há que

 Fundamental, Médio e Superior). Tendo
 isso se registrar, contudo, que os mesmos dados do
em mente, é possível comparar  os
dados de IBGE mostram que, com esse nível de for­
rendimento do psicólogo com os 
 dados, dis­ mação, há apenas 0,3% de profissionais sem
poníveis do IBGE sobre os rendimentos rendimentos ou com rendimento de até meio
 
do trabalhador brasileiro,
considerando-se o salário mínimo. Entre os psi­cólogos, há 1,4%
  
tem­po de estudo envolvido  na sua forma- que relata não ter qualquer rendimento.
     
     
   *
N.
de R. Salário Mínimo.
     
    
 

 
   
O trabalho do psicólogo no Brasil 117

Os rendimentos guardam, certamente, ter atuado na psicologia, de ter atuado e


uma estreita relação com o tipo de inserção não estar atuando no momento presente,
do psicólogo no mercado de trabalho. Na e a de atuar apenas fora da Psicologia.
Figura 6.5 pode-se observar os resultados Na segunda condição, encontram-se os psi­
obtidos na pesquisa do psicólogo de 2006. cólogos que combinam o trabalho em Psi­
Para analisar a associação entre rendimen- cologia com trabalhos fora do campo. E
tos e tipo de inserção no mercado, agrupou- denominou-se de inserção plena aquela
-se em uma mesma categoria (denomina- em que o psicólogo atua apenas no campo
da in­serção precária) as condições de nunca da Psicologia.

9,4
Acima de 21 SM 9,7
10,9

9,8
Até 21 SM 10
11,1

18,9
Até 15 SM 20,4
21,3

18,5
Até 9 SM 18,8
19,3

27,8
Até 6 SM 26,4
25,6

14,0
Até 3 SM 13,0
8,6

1,5
Sem renda 1,3
3,0

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0

Inserção plena Combina Psicologia e outras Inserções precárias

Figura 6.5 Percentual de psicólogos por faixas de rendimentos obtidos nos diferentes tipos de
inserção no mercado de trabalho.

Os dados revelam alguns resultados que Esse percentual é superior àquele do grupo
merecem destaque. A condição de inserção de inserção plena e que só atua na psicolo-
precária na profissão não significa, neces­ gia (38,1% encontram-se nesses níveis mais
sariamente, precariedade de rendimentos. ele­vados de rendimento). A combinação do
Pelo contrário, aqueles que atuam em outras trabalho na Psicologia e em outra área tam­
áreas representam percentuais ligeiramente bém conduz a um aumento do rendimento,
mais elevados nas categorias de maior ren­ como se verifica no índice de 40,5% nos
dimento (43,4% com rendimentos acima de níveis mais elevados de renda.
9 salários mínimos). Isso indica que o ren­ Por outro lado, há psicólogos que atuam
dimento é, provavelmente, fator central para apenas como psicólogos e que não possuem
não ingressar ou não atuar como psicólogo. rendimentos, caso de trabalhos voluntários
118 Bastos, Guedes e colaboradores

(1,5% da amostra, mas que representa o Ainda explorando os rendimentos dos


con­tingente numericamente maior nessa psicólogos brasileiros, outro dado importante
con­dição). O maior número de psicólogos refere-se a como esses rendimentos variam
com inserção plena, no entanto, encontra-se conforme as regiões do país. Os dados en­
na faixa de três a seis salários mínimos. contram-se na Figura 6.6.

Norte e Centro-oeste Nordeste Sudeste Sul

Sem renda 1,2% 1,5% 1,9% 1,4%

até 3 sm 7,5% 13,2% 13,0% 16,8%

até 6 sm 20,9% 29,6% 27,7% 29,4%

até 9 sm 23,5% 20,6% 18,0% 15,9%

até 15 SM 25,2% 18,8% 18,3% 19,7%

até 21 SM 11,3% 10,7% 10,5% 8,0%

> 21 SM 10,4% 5,7% 11,2% 8,8%

Figura 6.6 Percentuais de psicólogos por faixa de rendimento nas diferentes regiões do país.

As diferenças observadas não são estatis­ te/Centro-oeste encontram-se os me­no­­res


ticamente significativas, atestando, uma vez per­centuais de psicólogos nas faixas de menor
mais, que as condições de inserção profis­ rendimento (apenas 8,7% ganham até 3 SM),
sional configuram uma realidade nacional. o que se deve ao grande peso da par­ticipação
No entanto, algumas pequenas diferenças do Distrito Federal nesse grupo, uni­dade fe­
merecem ser destacadas. de­rativa com níveis salariais mais ele­vados.
No Sul e no Nordeste encontra-se, pro­ Em oposição, na região sul, há 18,2% dos psi­
porcionalmente, o maior percentual de psi­ cólogos nessas duas faixas iniciais, per­­centual
cólogos que atuam apenas na Psicologia, co­ que supera o Nordeste e o Sudes­te.
mo apontado anteriormente. Exatamente nes­­ A pesquisa realizada pelo CFP, na década
sas duas regiões, se evidenciam os meno­res de 1980, apontou que o salário mensal dos
percentuais de profissionais com os dois ní­ psicólogos variava muito entre as regiões do
veis mais elevados de rendimento (acima de Brasil. A média nacional era de aproxima­
15 salários mínimos, há 16,4% no Nor­deste e damente 11 salários mínimos. Porém, varia­
16,8% no Sul). No Sudeste e no Nor­te/Cen­ va de seis salários mínimos, no CRP02 (Per­
tro-Oeste, o percentual é de 21,7%). No Nor­ nam­buco e Alagoas, naquela época), até
O trabalho do psicólogo no Brasil 119

acima de 11 salários mínimos, no CRP06 – dia de contribuição para o orçamento fami­liar


São Paulo (Conselho Federal de Psicologia, é de aproximadamente 50%. Pratica­men­­te es­
1988, p. 162). sa mes­ma proporção foi constatada na pesquisa
Conforme os dados citados do IBGE, da da década de 1980, na qual os psi­cólogos bra­
pesquisa atual e da pesquisa da década de si­leiros contribuíam com 50% pa­ra a receita
1980, o percentual de psicólogos desempre­ familiar, em todas as regiões do país (Conselho
gados não se diferencia dos diplomados de Federal de Psicologia, 1988, p. 162). So­mente
ensino superior de outras profissões. O mes­­ para 30,6% dos psicólogos, o seu rendi­mento
mo ocorre com os salários dos psicó­logos. co­mo psi­cólogo contribui entre 91 e 100% de
Entretanto, atualmente, a situação sa­larial orça­mento familiar. Do total da amos­­tra, 15,2%
dos psicólogos está aquém do sa­lário identi­ não contribuem para o orçamento familiar.
ficado na pesquisa do Conselho Federal de Com o objetivo de compreender de modo
Psicologia dos anos de 1980, considerando o mais aprofundado os variados segmentos de
salário mínimo como parâ­metro, embora seja inserção profissional, como os psicólogos per­
difícil comparar o poder aquisitivo do salário cebem a sua atuação, suas expectativas em
mínimo nos dois dife­rentes períodos (são relação ao futuro e o tipo de experiência que
apro­­ximadamente 20 anos de diferen­ça). Es­ têm ou tiveram no campo da Psicologia, as
sa mesma pesquisa da década de 1980 iden­ próximas seções serão dedicadas a cada um
tificou que a média salarial nacio­nal dos psi­ deles em separado.
cólogos era de apro­ximadamente 11 salá­rios
mínimos, e atual­mente a média é de seis sa­
lários mínimos. Há, portanto, uma queda no Quem nunca atuou
rendimento médio da cate­goria, prova­vel­ na profissão
mente expli­cado pela preca­riedade da socie­
dade assa­lariada, que ofe­rece emprego, mas Conforme o que já foi apontado, do total
baixos salários. Isso tor­na compreensível a da amostra nacional, somente 1,4% nunca
necessi­dade de o psicó­logo assumir mais de atuou profissionalmente na psicologia. Esses
um vín­culo pro­fis­sional, o que será visto no psicólogos apontam vários motivos para sua
Ca­pítulo 7 sobre o trabalho assalariado, que não inserção, que incluem fatores pessoais,
per­­mite concluir que o psicólogo combi­na a familiares, de formação e da própria estru­
ati­vidade autô­noma com algum empre­go no tura do mercado de trabalho. Dos motivos
se­tor público, privado ou terceiro setor. apontados por eles, o que mais se destacou
Sobre a participação do rendimento au­ foi a ausência de oferta de trabalho na área
ferido com o trabalho como psicólogo na da psicologia, que junto à reduzida remu­
renda total dos profissionais, os resultados neração das alternativas disponíveis, res­
apontam que, em média, 80% da renda do pondem por 41,2% dos motivos apontados,
psicólogo provém de suas próprias ativida- como se vê na Figura 6.7.
des. Esse percentual modifica-se substancial­ A ausência de oferta de trabalho apon­
mente quando se consideram os tipos de in­ tada pelos psicólogos e a baixa remuneração
serção. Para os psicólogos que combinam a das alternativas disponíveis são indicadores
Psicologia e outra atuação profissional, os de uma estrutura ainda restritiva do mer­
rendimentos da psicologia correspondem a cado de trabalho. Esse percentual apontado
58,4% da sua renda total. na pes­quisa pode também ser um indicador
Finalmente, para explorar a condição so­ do porquê da existência de um número ele­
cio­econômica dos psicólogos, mapeou-se o vado de psicólogos que conclui o curso de
quan­­to o seu rendimento como profissional psico­logia, mas não está inscrito nos res­
con­­tribuía para o orçamento familiar. A mé­- pectivos conselhos.
120 Bastos, Guedes e colaboradores

INTENÇÃO DE SE INSERIR
MOTIVO DA NÃO INSERÇÃO
• SIM – 64%
• Pessoal – 5,9%
• Familiar – 2,9% EM QUE ÁREA?
• Ausência de oferta de trabalho – 35,3%
• Clínica – 29,4%
• Percepção de defasagem entre habilidades e
• Escolar – 5,9%
demandas de mercado – 2,9%
• Organizacional – 11,8%
• Proposta de trabalho de baixa
• Docência – 2,9%
remuneração – 5,9%
• Comunitária – 2,9%
• Outro motivo – 5,9%
• Esporte – 11,8%

Figura 6.7 Distribuição dos respondentes que nunca atuaram e os motivos que os impediram de atuar.

A pesquisa da década de 1980 apontou também foi a preferida pelos psicólogos na


que pesquisa da década de 1980. Chama a aten­
pouco mais da metade dos formados em psi­ ção, entre as demais áreas apontadas, o per­
cologia no Brasil está inscrita nos res­pec­tivos centual da área do esporte (11,8%), mesmo
Conselhos Regionais. Assim, os dados referentes índice da área organizacional.
ao não exercício e ao abandono da profissão Em resumo, apesar de não atuarem fun­
não representam um retrato com­pleto da si­ damentalmente por não terem vislum­brado
tuação, em termos de mercado de trabalho pa­ possibilidades de inserção, os psi­cólogos gos­
ra a Psicologia (Conselho Federal de Psicologia, tariam de estar atuando, o que permite inferir
1988, p. 143). que o quadro seria outro se houvesse efeti­
Em 2004, os da­dos do MEC e do CRP-SP vamente mais oferta de vagas para psi­cólo-
con­firmaram a exis­tência de um índice de 44% gos, principalmente no serviço público, o
de profissionais que exercem outros tipos de prin­cipal empregador (ver Ca­pítulo 7).
ativi­dades que não a de psicólogo (Jornal de
Psi­cologia CRP, 2004).
Embora seja reduzido o número de par­ Quem já atuou na profissão e
ticipantes da pesquisa nessa condição de in­ não está atuando no momento
serção, os dados disponíveis sobre número por motivo de desemprego
de alunos graduados e de psicólogos que se
inscrevem nos Conselhos revelam que este Na primeira parte do capítulo, a Figura
contingente de profissionais que não se in­ 6.1 apontou um percentual de 5,2% de pro­
sere na profissão é bem mais expressivo do fis­sionais que já atuaram na área de psi­colo-
que o quantitativo encontrado na pesquisa. gia anteriormente e atualmente estão desem­
Na realidade, a inscrição no Conselho revela pregados. Para esse contingente de psicólogos,
claramente a intenção de vir a atuar como buscou-se conhecer as características do tra­
psicólogo, como se constata na Figura 6.7, ba­lho e os motivos do afastamento.
pois, dos psicólogos que nunca atuaram na Observa-se, na Figura 6.8, dados relati­
área da psicologia, mais de 64% mostraram vos ao tempo de atuação profissional, área e
a intenção de inserir-se na área. Desse total, local de trabalho. Em média, o psicólogo
aproximadamente 30% demonstraram inte­ havia trabalhado 3,9 anos antes de deixar a
res­se de vir a atuar na área clínica. Essa área área: 29,6% deixaram a área com apenas
O trabalho do psicólogo no Brasil 121

um ano de atuação; 64,4% dos psicólogos com percentuais abaixo de 10%). 55,7% dos
deixou de trabalhar nas áreas clinica ou or­ psicólogos nessa condição deixa­ram de tra­
gani­zacional (ambas com percentuais acima balhar em empresas privadas e 25,7% em
de 30%). O percentual de afastamento das empresas públicas.
de­mais áreas é bem menos expressivo (todas

• Média: 3,9 anos


POR QUANTO
• Apenas um ano (29,6%)
TEMPO
• Dois anos (24,1%)
TRABALHOU? • Três ou quatro anos (20,4%)

• Clínica – 33,9%
• Organizacional – 30,5%
EM QUE • Escolar – 6,8%
ÁREA ATUOU? • Saúde, Hospitalar – 8,5%
• Social/Comunitária – 6,8%
• Docência e pesquisa – 4,4%

• Empresa pública – 25,7%


ONDE TRABALHOU? • Empresa privada – 55,7%
• Organização da sociedade civil – 18,6%

Figura 6.8 Distribuição de respondentes que já atuaram na profissão, mas que não estavam atuando
na época da coleta de dados.

Outro conjunto de informações coletadas pes­­quisa da década de 1980. São eles: pessoais
junto ao grupo de desempregados consistiu (18,8%), condições de trabalho (71,1%) e fa­
nos motivos da saída, no tempo decorrido des­ lhas na formação (10,1%).
de que deixou a área e se o emprego perdido Em resumo, os dados sinalizam que o per­
era ou não o primeiro emprego. Con­forme po­ centual de psicólogos que abandonou a pro­
de ser observado na Figura 6.9, 75% dos fissão o fez por motivos de natureza pessoal ou
psicólogos perderam o primeiro em­prego na familiar e por causa da estrutura do mercado
área da Psicologia. Esse resultado demonstra de trabalho, sugerindo ser bem mais complexa
que a maioria procurou atuar na área como a explicação sobre a retirada do mercado de
primeira opção, e conseguiu permanecer nela trabalho, o que exige estudos subsequentes.
por um tempo médio de 3,9 anos (ver Figura
6.8). É digno de nota que 42,5% tenham saído
do emprego há ape­nas um ano. Esses profis­ Quem está trabalhando
sionais apontaram vários motivos que os leva­ fora da Psicologia
ram a abandonar a profissão. Os motivos mais
citados foram problemas: pessoal (23,6%), fa­ Do total da amostra, um expressivo con­
miliar (20%) e baixa remuneração (14,5%). tingente de 9,1% dos psicólogos exerce ati­
Mo­tivos se­me­lhantes foram detectados pela vidades fora do campo da Psicologia. Os re­
122 Bastos, Guedes e colaboradores

sultados que exploram motivos e pro­jetos cárias do trabalho como psicólogo. Em ou­tras
futuros desse grupo de profissionais en­con­ palavras, isso pode estar sinalizando que, em­
tram-se na Figura 6.10. bora o psicólogo que abandonou a psico­logia
Os motivos da não inserção ou do aban­ o tenha feito por motivos pessoais e fa­mi­
dono se revelam mais fortemente associados a liares, tendo pesado pouco a oferta de tra­
questões das condições de trabalho. A oferta balho em outra área, os que optaram por
de um emprego melhor (38,2%) e a baixa atuar fora da psicologia o fizeram fortemente
remu­neração do trabalho em Psicologia (20%) por terem sido atraídos por melhores salá­rios.
representam quase 2/3 dos motivos apontados Talvez isso seja um indício do dilema vivido
por esse grupo de psicólogos. Há ainda um por muitos psicólogos, o de gostar do que faz,
per­centual de 7,3% que percebeu um des­ mas reconhecer não ser bem remu­nerado e,
compasso entre habilidades e de­mandas do sendo assim, acabar optando por privilegiar
trabalho em Psicologia. No en­tanto, existem outras oportunidades de inserção profissional
também motivos pessoais e familiares que le­ que assegurem melhores condi­ções de remu­
vam ao abandono do exer­cício profissional. neração. Observe que 91,1% dos que atuam
As Figuras 6.9 e 6.10 permitem constatar fora da psicologia respon­deram afirmativa­
que os motivos pelos quais os psicólogos mente à pergunta sobre se gostariam de voltar
abandonaram o primeiro emprego dentro de a atuar na sua área de formação.
sua área são semelhantes aos dos psicólogos Em resumo, tanto os psicólogos que nun­
que estão trabalhando fora da área da psi­ ca atuaram quanto aqueles que estão traba­
cologia. Os motivos que levam a não se in­ lhando fora do campo da psicologia pretendem
serir na profissão e os que explicam o seu inserir-se nela, mesmo conside­rando escassa
abandono revelam o peso de condições pre­ a oferta de trabalho. As áreas de intenção de

FOI O PRIMEIRO • SIM – 75%


EMPREGO? • NÃO – 25%

• Pessoal – 23,6%
• Familiar – 20,0%
MOTIVOS DE • Outra oferta de trabalho – 7,3%
ABANDONO? • Baixa remuneração – 14,5%
• Defasagem habilidades/demandas – 3,6%
• Outros motivos – 14,5%

• Média: 3,1 anos


HÁ QUANTO TEMPO • Apenas um ano (42,5%)
NÃO EXERCE? • Dois anos (25%)
• Três anos (12,5%)

Figura 6.9 Distribuição de respondentes que relataram não estarem mais atuando como psicólogos
e os motivos do abandono.
O trabalho do psicólogo no Brasil 123

• Pessoal – 16,4%
• Familiar – 7,3%
MOTIVOS DA • Outra oferta de trabalho – 38,2%
NÃO INSERÇÃO? • Baixa remuneração – 20,0%
• Defasagem habilidades/demandas – 7,3%
• Outros motivos – 10,9%

TEMPO ATUANDO FORA DA PSICOLOGIA


• Média de anos – 5,3%
TEMPO FORA E
• Um ano – 42,5%
PLANOS DE VOLTAR • Dois anos – 25,5%
A SE INSERIR NO • Três ou quatro anos – 17,5%
CAMPO DA PSICOLOGIA
PRETENDE VOLTAR A SE INSERIR
• sim – 91,1%

• Clínica – 28,6%
• Organizacional – 16,3%
EM QUE ÁREA • Escolar – 6,1%
• Saúde, Hospitalar – 8,5%
PRETENDE ATUAR?
• Social/Comunitária – 18,4%
• Docência e pesquisa – 24,5%
• Esporte – 6,1%

Figura 6.10 Percentual de psicólogos que trabalham fora da profissão, motivos e projetos futuros
em relação à inserção na área.

inserção são semelhantes às identificadas na mo inserção plena) e aqueles que a combinam


pesquisa realizada pelo Con­selho Federal de com outra atua­ção. Os dados que encontram-
Psicologia na década de 1980: a Clínica, a Or­ se na Figura 6.11 revelam que, desse grupo,
ganizacional, a Escolar, a Docente, a Comu­ 74% se de­dicam ex­clusivamente à Psicologia,
nitária, a Pes­quisa e ou­tras com menores per­ enquanto 26% combinam trabalhos da Psico­
centuais (Conselho Federal de Psicologia, logia com traba­lhos de outras áreas.
1988, p. 169). Essa mesma pesquisa mostrou Esse dado sobre a composição do grupo
que, desde os primórdios da Psi­cologia, a área que atua na profissão é um indicador adi­cional
Clínica é a mais pro­curada pelos psicólogos. de possíveis fragilidades do mercado de tra­
Assim, essa área continua sen­do, até os dias balho que leva o psicólogo a ter de com­binar
atuais, a pre­ferida até mesmo pelos profis­ diferentes inserções ocupacionais, algumas de­
sionais que não estão atuando na psicologia. las fora da profissão para a qual se preparou.
A Figura 6.12 revela as combinações que
caracterizam a inserção no campo da Psi­
Quem atua em Psicologia cologia, indicando os setores que absor­vem
o psicólogo e discriminando os grupos que
Finalmente, existe o grupo mais nume­roso atuam exclusivamente ou que combinam a
de psicólogos (84,2%, ver Figura 6.1) que atua psicologia com outros trabalhos.
na profissão, cumprindo as expec­tativas que se Como se pode observar na Figura 6.12, o
tem em relação àquele que investiu pelo menos maior empregador é o setor pú­blico, que em­
cinco anos de sua vida para se graduar como prega 17,8% dos psicólogos que possuem ape­
psicólogo. No entanto, esse contingente é com­ nas um vínculo emprega­tício. De outro lado,
posto por profissionais que atuam ex­clusi­va­ 16% dos psicólogos vivem ex­clusi­vamente de
mente em Psicologia (o que carac­te­rizou-se co­ sua renda como autô­nomo. Chama a atenção,
124 Bastos, Guedes e colaboradores

Psicologia + outro
trabalho fora
26%

Apenas em
Psicologia
74%

Figura 6.11 Distribuição dos psicólogos que atuam na profissão, exclusivamente ou a combinando
com outros trabalhos.

no entanto, o nú­mero ele­vado de psicólogos explicar a razão pela qual a maioria dos psi­
que possuem mais de duas (28,9%) ou três cólogos possui jornadas duplas ou triplas de
inserções (24,8%). E isso serve tanto para trabalho, que acarretam sobrecarga ocupa­­cio­
psicólogos que atuam na área quanto para nal. Sobrecarga que pode trazer conse­quên­cias
aqueles que conciliam suas ati­vidades em psi­ nocivas para a sua saúde física e mental.
cologia com outras áreas. A precariedade dos A inserção profissional somente na psi­co­
empregos (baixa remune­ração) atinge a psico­ logia parece, portanto, não ser suficiente.
logia e outras áreas tam­bém. Essa situação pode Conforme foi visto, tanto os psicólogos que

24,8
Combina mais de 2 inserções 30,3

28,9
Combina 2 inserções 24,9

16,6
Autônomo e consultoria 18,2

3,0
ONGs e cooperativas 3,5

8,9
Setor privado 10,8

17,9
Setor público 12,4

5,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0

E = Exerce atividades somente na Psicologia (n = 2.254)

D = Exerce atividades na Psicologia e em outros campos (n = 780)

Figura 6.12 Formas e setores de inserção profissional dos psicólogos.


O trabalho do psicólogo no Brasil 125

nunca atuaram na psicologia quanto aqueles seu próprio desenvolvimento. Por um lado, o
que já atuaram nessa área e atualmente estão peso histórico desempenhado pela atuação
trabalhando em outros campos preten­dem clínica, exercida em consultórios particulares,
inserir-se, no futuro, na área da psico­logia. gerou uma imagem social de que a Psicologia é
Assim, evidencia-se que os psicólogos buscam uma profissão liberal. Por outro lado, a forte
outras áreas de atuação porque a Psicologia inserção, inicialmente no setor privado, em
ainda tem um papel restrito na sociedade e empresas e em instituições escolares, introduz
nas políticas públicas. Repare que se forem a face de uma profissão assalariada. A dinâmica
somadas as porcentagens dos que atuam no ocupacional, com o crescimento da inserção
setor privado, em ONGs e no setor autônomo, sobretudo nos ser­viços públicos de saúde, tem
constata-se que a inserção do psicólogo é feito com que o predomínio da vertente liberal
mais regida por questões de mercado de tra­ perca es­paço ao longo do tempo.
balho do que por políticas públicas, fruto da Dados sobre essa questão encontram-se
percepção do psicólogo como um profissional na Figura 6.13, que compara o grupo de de­di­
fundamental para o desenvolvimento social. cação exclusiva ou inserção plena com o grupo
E é assim que a globalização caracteriza- que combina a Psicologia com tra­balhos fora
-se, sobretudo pela liberação dos mercados desse campo. Nesses dois grupos, predo­minam
nacionais. psicó­logos que combinam pelo menos um vín­
Nesse novo cenário mundial, per­dem forças culo assalariado e um trabalho autô­nomo (no
os trabalhadores, devido à flexi­bilização do geral, 42,6%). Considerados isolada­mente, ho­
trabalho, ao enfraquecimento dos sindicatos je, o número de psicólogos que traba­lham ape­
e ao desmonte do sistema de pro­teção social, nas como assalariado (34,5%) é supe­rior ao
fundado em direitos arduamente adquiridos. daque­les que traba­lham apenas como autô­no­
(Almeida, 2002, p. 136).
mos (22,8%). Do total de 2.171 que exer­cem
A não atuação do psicólogo em vários ati­vidades so­mente no campo da psi­cologia,
campos da sociedade deve-se à ausência da 42,4% con­ciliam o trabalho assala­ria­do com o
intervenção do Estado-Previdência nas áreas tra­balho autônomo, 35,6% são apenas assa­la­
da saúde e da educação. Sabe-se que o psi­ riados e 22,1% são apenas autônomos ou vo­
cólogo pode ser muito útil em vários setores lun­tários. Do total de 749 psicólogos que exer­
públicos. Inúmeras áreas da sociedade cla­ cem ativida­des na psicologia e em outros cam­
mam a presença de um psicólogo para tra­ pos, as por­cen­tagens são respectivamente 44,2%
balhar, principalmente, na saúde e na edu­ (tra­balho as­salariado e autônomo), 31,1% (tra­
cação, além de outros setores sociais. balho as­salariado) e 24,7% (autôno­mo).
Em resumo, o dado de que mais de 40%
dos psicólogos conciliam atividades autôno­
Uma profissão liberal ou
mas com trabalho assalariado, e que o nú­
um trabalho assalariado?
mero de apenas assalariados é superior ao de
Examinando-se a diversidade de vínculos autô­no­mos, indica uma importante mu­dan-
ou inserções que caracterizam a atuação pro­ ça em rela­ção à pesquisa realizada na dé­cada
fissional do psicólogo no Brasil, uma ques­tão de 1980. Lá, o cenário era outro, con­­­forme
importante se impõe: em que me­dida a psi­ apon­tou a pes­quisa do Conselho Fe­deral de
cologia é uma profissão liberal ou assalariada? Psico­lo­­gia: “no quadro na­cional, a profissão
Reconhece-se que a Psicologia é um campo do psi­cólogo é, portanto, uma profissão li­be­
pro­fissional que favorece variadas possibili­da­ ral” (CFP, 1988, p. 154).
des de atuação em subáreas espe­cializadas. Explorando um pouco mais as diferenças
A discussão sobre a natureza assalariada gerais entre esses dois tipos de exercício pro­
ou liberal da profissão é algo que acompanha o fissional, os resultados a seguir apresentados
126 Bastos, Guedes e colaboradores

42,4
Assalariado e autônomo
44,2

22,1
Só autônomo e voluntário
24,7

35,6
Só assalariado
31,1

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0

Exerce atividades somente em psicologia (n = 2,171)

Exerce atividade na psicologia em outros campos (n = 749)

Figura 6.13 Distribuição dos psicólogos que atuam na profissão pela condição de vínculo assalariado
e autônomo.

comparam os níveis de formação e o tempo termos de titu­lação se en­con­tram entre aqueles


de graduação desses grupos. que con­ciliam al­gum em­prego com a atividade
Ao relacionar o tipo de inserção e a ti­tu­la­ au­tô­noma (18,6% de mestres e 5% de dou­
ção, constata-se, como se vê na Figura 6.14, tores). Os autônomos, por sua vez, concen­tram
que, dos psicólogos assalariados, 42,1% têm a maior parte dos graduados (49%) e de es­pe­
co­mo formação somente a graduação, 35,2%, cialistas (40%). Ao se consi­derar que os psicó­
têm especialização, 14,6% têm o mestrado e logos assala­riados e os au­tônomos re­presen-
8,1%, o doutorado. Dos psicólogos autonômos tam a maioria (42,65%), seguida pe­los psicó­
e voluntários, 49,3% possuem ape­nas a gra­dua­ logos assala­riados (34,5%) e pe­los psicó­logos
ção, 40,1% tem a especialização, 8,5% cursa- autô­nomos ou voluntários (22,85%), pode-se
ram o mes­trado e 2,1%, o doutorado. Por úl­ti­ con­cluir que o vínculo de assalariado compele
mo, dos psi­cólogos assalariados e au­tonômos, o psi­cólogo a buscar mais capacitação no nível
37,7% pos­suem apenas a graduação, 38,7%, a de pós-graduação que o exercício profissional
es­pe­cia­li­zação, 18,6%, o mestrado e 5%, o como autônomo ou de voluntariado.
douto­rado. Dados semelhantes também foram en­
É fácil constatar que a maior por­cen­tagem con­trados na pesquisa realizada pelo Ibope
de doutores é encontrada entre os assala­ria- em 2004. Metade do contingente de psicó­
dos (8,1%), provavelmente os que atuam em logos (49%) já fez ou estava fazendo um
docência de ensino superior em univer­sidades curso de especialização. Desse percentual, a
públicas ou privadas. Ob­serva-se que 32,7% maioria (45%) escolheu o aprimoramento
dos assalariados con­cluiram pós-graduação em Psicologia Clínica. Os psicólogos que op­
stricto sensu (mestrado 14,5% e doutorado taram pela Psicologia Organizacional e do
8,1%). Em seguida, os mais qua­lificados em Trabalho somaram apenas 10%. Na se­quên­
O trabalho do psicólogo no Brasil 127

5,4
Doutorado 5,0
2,1
8,1

14,9
Mestrado 18,6
8,5
14,1

37,8
Especialização 38,7
40,1
35,2

41,9
Graduação 37,7
49,3
42,1

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0

Total da amostra (n = 2,934) Assalariado e autônomo (n = 1,251)

Só autônomo ou voluntário (n = 670) Só assalariado (n = 1,013)

Figura 6.14 Distribuição dos respondentes em relação à sua titulação e ao seu vínculo profissional.

cia, as áreas de Psicologia Hospitalar e Edu-­ que mais fizeram pós-graduação, exigência
ca­cional foram responsáveis por 9% das op­ do mercado de trabalho para que se man­
ções, igualmente. O curso de mestrado foi tenham em atividade. Sob essa ótica, o co­
procurado por 7% desses profissionais e ape­ nhecimento tende a obedecer aos interesses
nas 2% optou pelo curso de doutorado (Jornal do setor privado. “O que caracteriza a nova
de Psicologia CRP, 2004, p. 10). forma de apropriação do conhecimento é a
A pesquisa realizada pelo Conselho Fe­ abertura ao mercado, que redefine as relações
deral de Psicologia no final da década de 1980 entre os produtores do conhecimento e os seus
apontou que já existia um aumento dos cursos consumidores.” (Almeida, 2002, p. 35). Dessa
de graduação e pós-graduação em Psicologia. forma, os psicólogos assalariados atendem à
Na década de 1980, eram poucos os psicólogos lógica atual do mercado de trabalho, que os
que possuíam o título de Mestre e um per­ leva a uma constante especialização, en­
centual bem menor obtinha o título de Doutor. quanto os psicólogos que atuam como autô­
Revela-se, desse modo, que, apesar de ter ha­ nomos e voluntários apresentam um pequeno
vido transfor­mações nesse setor de formação, índice de prosseguimento nos estudos (pós-
os psicó­logos titulados com mestrado e dou­ -graduação). Para essas duas categorias, o
torado ainda são minoria, conforme mostra a nível de competitividade não pode ser infe­
Figura 6.14. (Para mais detalhes sobre a for­ rido pela análise e pela interpretação dos
mação, ver Capítulo 4 deste livro.) dados da pesquisa efetuada.
Esse conjunto de dados sobre vínculo e A atualização profissional, como é do
titulação permite ressaltar que os psicólogos co­nhecimento de todos, se faz necessária pe­
que mantêm a relação de trabalho como las pró­prias exigências do mercado de tra­
“assalariado e autônomo” são os profissionais balho. Nos últimos anos, muitas transfor­ma­
128 Bastos, Guedes e colaboradores

ções têm ocorrido no mercado de trabalho e inserção do psicólogo formado até dois anos
começa a surgir um novo perfil profissional é via trabalho autônomo ou de voluntariado
para aten­der às necessidades da sociedade. (27%), tendo uma leve queda nos dois anos
Benevides-Pe­reira concorda com esse ponto subsequentes (três a cinco anos – 21,8%)
de vis­ta quando afirma que “o trabalho do (ver Ca­pí­tulo 5). É digna de nota também a
psi­cólogo exige cons­tante atualização, muito por­centagem de recém-formados que ingres­
trei­no e ha­bilidade, ex­periência (...)” (Bene­ sa no mercado por vínculo empregatício de
vides-Pereira, 2002, p. 159). as­salariado (23,9%), tendo uma leve queda
Um segundo elemento para analisar as ao entrar na faixa dos três a cinco anos de
diferenças gerais entre os perfis do assala­riado formado (21,7%). De qualquer modo, os da­
e do autônomo, refere-se ao tempo de forma- dos sina­lizam que não há uma forma pri­
do, dados que se encontram na Figura 6.15. vilegiada de acesso ao mundo de trabalho
Os dados mostram que entre os psicó­ (embora se perceba uma tendência pequena
logos com vínculos de “assalariados e au­ de o psicó­logo começar a trabalhar como au­
tônomos”, “só assalariados” e “só autônomos tônomo e voluntário) que se mantém relati­
ou voluntários” a principal modalidade de vamente constante ao longo do tempo.

17,0
Mais de 20 anos 16,3
18,7
16,7

19,9
Entre 11 e 20 anos 21,4
16,6
20,3

17,5
18,3
Entre 6 e 10 anos 15,1
17,4

21,9
Entre 3 e 5 anos 22,1
21,8
21,7

23,7
21,8
Até 2 anos 26,9
23,9

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,00

Total da amostra (n = 2,934) Assalariado e autônomo (n = 1,251)

Só autônomo ou voluntário (n = 670) Só assalariado (n = 1,013)

Figura 6.15 Tipo de inserção e tempo de graduação.

CONCLUSÃO quadro geral da inserção do psicólogo ao


mercado de trabalho, revelando a diversida-
Os resultados apresentados neste capí­ de de como esse processo ocorre e apontando,
tulo instigam uma reflexão sobre a atual si­ especialmente, alguns indica­dores da fragi­
tuação profissional dos psicólogos no Bra­sil. lidade ainda observada na absorção do psi­
Os resultados aqui apresentados traçam um cólogo. Tais indicadores, na pesquisa reali­
O trabalho do psicólogo no Brasil 129

zada em 2006, indicam a fragilidade mais O fato é que diante da restrição do mer­ca­
pelo número de inserções, diversidade de do de trabalho para os psicólogos, tanto os que
vínculos do que propriamente pelos índices nunca atuaram na área quanto os que, em­bora
de desemprego e subemprego identificados. tenham sido atuantes, estão no mo­mento de­
A pesquisa realizada, ao to­mar o psicólogo sem­pregados almejam seguir ou con­tinuar
inscrito nos Conselhos Re­gionais, já excluiu atuando nessa área. Assim, os psicólogos em­
previamente um número não quantificado pre­gados ou desempregados sofrem as con­-
de profissionais graduados que não se inse­re se­quências do processo de globalização, que
na profissão e outro número que a abando­ trou­­xe, no pacote econô­mico, novas exigências
naram e que, por­tanto, se desligara do Con­ nele embutidas para o chamado trabalhador,
selho. Para aces­so a tal realidade de forma que deveria ser “polivalente, flexível, pró-ati-
mais precisa, outro delineamento de pesqui- vo, anti-hierár­quico, destemido”, etc. Dessa
sa deveria ser empregado (para infor­ma- for­­ma, gra­da­­tivamente, começa a surgir um
ções sobre a pes­quisa, ver Apêndice 1). novo per­fil pro­fissional para atender às novas
No final da década de 1980, já era pre­ demandas do mercado de trabalho, mais exi­
visto que o sistema educacional sofreria im­ gente e compe­ti­tivo.
pactos do modelo neoliberal, conforme apon­ De forma embrionária, há uma transfor­
tou Lyotard (1985). Segundo esse autor, a mação no panorama do atual mercado de
ten­dência seria a de que, no futuro, o conhe­ trabalho para o psicólogo. Como os resultados
cimento ganharia um caráter estratégico, per­ mostraram, a maior parte dos psicólogos
dendo seu caráter público, e, paula­tina­mente, possui dois ou mais vínculos de trabalho, o
convertendo-se em mercadoria. que é um indicador da existência de baixa
Segundo informação obtida do MEC re­muneração na categoria. Esse fato se alia à
(2006), o elevado número de matrículas nos sobrecarga de trabalho, que pode compro­
cursos de graduação em psicologia é discre­ meter a saúde física e mental desses pro­fis­
pante quando comparado ao número de con­ sionais. Dados semelhantes também foram
cluintes nos referidos cursos. Além disso, da­ en­contrados em pesquisas anteriores (Bene­
dos obtidos do Conselho Federal de Psi­cologia vides-Pereira, 2002, p. 157-185).
(2008) atestam que o número de alunos con­ No que tange à relação do psicólogo com
cluintes nos cursos Psicologia é maior que o seu exercício profissional, observou-se que a
dos inscritos nos seus respectivos Conselhos grande maioria desses profissionais está pas­
Regionais. Assim, em todo o ter­ritório nacio­ sando para a condição de traba­lhador assa­
nal, o número de psicólogos ins­critos nos Con­ lariado nas mais diferentes insti­tuições e or­
selhos Regionais aproxima-se de 180 mil (Con­ ganizações, inclusive no setor público, em­bo­
selho Federal de Psicologia, 2008). Mas acre­ ra uma porcentagem significa­tiva declare que
dita-se que muitos psi­cólogos inscritos nos exerce sua atividade como autônoma.
seus respectivos Con­selhos Regionais atuam As grandes transformações ocorridas nas
fora do campo da psicologia. últimas décadas, como a globalização e a in­
Ao se considerar essa realidade, o atual formatização, criaram um cenário de rápidas
cenário do mundo do trabalho dos psicólogos transformações: as empresas adota­ram novos
não se mostra muito promissor. Uma grande modelos organizacionais, terceiri­zaram ativi­
parte deles trabalha em dois ou mais em­pre- dades e reduziram equipes e níveis hierárquicos,
gos, subempregados. Ademais, o número de o que culminou com uma si­tuação desfavorável
psicó­logos que atuaram na área de psi­colo- para os traba­lhadores, que se tornaram mais
gia e que, atualmente, estão de­sempre­gados expostos e fragilizados. Esta situação de pre­
deve ser maior do que o apontado nessa cariedade das relações de trabalho atingiu tam­
pesquisa. bém os psicólogos, que, como os demais, tive­
130 Bastos, Guedes e colaboradores

ram de se adaptar ao novo contexto. O aumento tura brasileira. In: MOTTA, F. C. P. (Org.). Cultura
das exigências do mercado de trabalho e a ne­ orga­ni­zacional e cultura brasileira. São Paulo:
cessidade de cum­primento de metas cada vez Atlas, 1997.
mais elevadas criaram um cenário dan­tesco, no HELOANI, Roberto. Psicologia do trabalho ou do
capital? Eis a questão... Revista psicologia polí­tica,
qual esses profissionais precisam adaptar-se a
São Paulo: Sociedade Brasileira de Psico­logia Po­
mudanças e superar dificuldades em ritmo
lítica, p. 297-312, vol.5, n.10-(JUL./DEZ.), 2005.
veloz. Toda essa situação faz com que o em­ ______. Gestão e organização no capitalismo globa­
prego seja um item central da agenda social e o li­zado: história da manipulação psicológica no
cerne de muitas outras questões sociais. mundo do trabalho. São Paulo: Atlas, 2003.
______. Organização do trabalho e administração:
uma visão multidiciplinar. São Paulo: Cortez,
NOTA 1994.
HOBSBAWM, Eric. Ecos da Marselhesa. São Paulo:
1 As regiões norte e centro-oeste são tratadas Companhia das Letras, 1998.
con­juntamente porque o CRP01 inclui o Distrito HOBSBAWM, Eric. A era do capital. São Paulo:
Federal e vários estados da Região Norte, não Paz e Terra, 1996.
permitindo tratar tais dados de forma desa­gre­ INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ES­TA­
gada por cada região. TÍSTICA, MTC, indicadores nacionais de ciência e tec­
nologia (C&T), 2004. Acesso em: maio de 2008.
______. PNAD. 2005. acesso em maio 2008.
IBOPE/MQI. Jornal de Psicologia. CRP., SP. jul/set,
REFERÊNCIAS
2004.
ALMEIDA, M. L. P. Universidade pública & Ini­cia­ JORNAL DE PSICOLOGIA CRP. SP jul/set, 2004.
tiva privada: os desafios da globalização. Cam­ mai/jun.2008.
pinas., SP: Editora Alínea, 2002. JÚNIOR, J. R. S. Universidade na América Latina:
BENEVIDES-PEREIRA, M. A. in: BENEVIDES-PE­ tendências e perspectiva. Afrânio Mendes Catani
REIRA (Org.) Burnout: quando o trabalho ameaça (org.) São Paulo: Ed. Cortez, 1996 (Coleção ques­
o bem-estar do trabalhador. São Paulo: Casa do tões da nossa época; v.(60).
Psicólogo, 2002. LYOTARD, J. F. O pós-moderno. Rio de Janeiro:
CLEGG, S. Critical issues in organizations. Lon­ José Olympio, 1985.
don: Routledge and Kegren Paul, 1977. MACÊDO, K. B. Sobre a politicidade e a dinâmica
______. Radical revisions: power, discipline and or­ do poder nas organizações. Revista Psicologia &
ga­nizations. Organization Studies, v. 10(1), p. 97- Sociedade da ABRAPSO – Associação Brasileira de
115, 1989 Psicologia Social, v.10, n.1, jan/jul 1998.
______. Frameworks of power. London: Sage pu­ MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA- MEC.
bli­cation, 1989. Informações de 2006, acesso em: junho de 2008.
______. Tecnologia, instrumentalidade e po­der nas NETO, José Paulo. Crise do socialismo e ofensiva
organizações. RAE – Revista de Administração de neoliberal. São Paulo: Cortez, 1995.
Em­presas da Fundação Getúlio Vargas, São Pau­lo, PAGÉS, M. et.al. O poder das organizações. Tra­­du­
v.32(5), p. 68-95 , nov./dez. 1992. ção de M.C. P. Tavares. São Paulo: Atlas, 1987 .
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Quem é POCHMANN, Marcio. A década dos mitos. São
o psicólogo brasileiro? São Paulo: Edicon, 1988. Pau­­lo: Contexto, 2001.
______. Informações concedidas em: junho de 2008 _______. O fenômeno do desemprego no Brasil:
DIEESE/SEADE, MTE/FAT e convênios regionais. diag­nóstico e perspectivas In: BEDIN, A.G. (Org.) Re­
Pesquisa de emprego desemprego. São Paulo, 2006. estruturação produtiva, desemprego no Brasil e éti­ca
Acesso em: maio de 2008. www.dieese.org.br. nas relações econômicas. Ijuí – RS: Ed. UNI­JUÍ, 2000.
ENRIQUEZ , E. A organização em análise. Tra­du­ TERTULIAN, Nicolas. Le concept d’aliénation
ção de F. Rocha Filho. Petrópolis: Vozes, 1997. chez Heidegger et Lukács. In: Archives de Philo­
FREITAS, A. B. Traços brasileiros para uma análise sophie. Re­ser­­ches et Documentation (56), jul./set.,
or­ganizacional in Cultura organizacional e Cul­ Paris, 1993.

Das könnte Ihnen auch gefallen