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Matemática Básica Aula 1 Cristiane Argento

Ion Moutinho

Aula 1
Números naturais

Metas
Esta aula apresenta a noção matemática que traduz o processo de contagem, a saber, a
noção dada pelo conjunto dos números naturais.

Objetivos
Ao final desta aula você deve:
• conhecer os números naturais, assim como a sua representação em notação decimal;
• saber resolver problemas práticos por meio de contagem;
• saber aplicar métodos alternativos de contagens;
• conhecer uma representação geométrica dos números naturais;
• conhecer as duas operações básicas entre números naturais;
• entender como se pode aplicar as operações na resolução de problemas práticos;
• conhecer os números inteiros e as duas operações entre inteiros, soma e produto.

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Grandezas representadas numericamente

Os objetos da matemática não pertencem ao mundo real, são resultados de


idealizações. Todos os seus conceitos e definições são abstratos. Contudo, boa parte
deste conhecimento abstrato nasceu da necessidade de uma resposta a situações e
problemas práticos, e está subordinada a algum contexto natural, social ou cultural.
Uma boa forma de relacionar o nosso universo físico com o universo abstrato da
Matemática se dá através de uma associação ou representação de grandezas e objetos do
mundo físico com conceitos matemáticos.
De particular importância é a associação de grandezas a números, conhecida
como processo de quantificação de uma grandeza (ou simplesmente, quantificação de
uma grandeza, ou também, graduação de uma grandeza). Neste contexto, entenda que
o termo grandeza é usado para fazer referência a tudo o que pode aumentar ou diminuir.
A noção de grandeza apresentada aqui pode parecer um pouco vaga. Na verdade,
precisar esta ideia é um problema que inclusive merece uma boa discussão, mas vamos
simplesmente dar um pequeno exemplo para ilustrá-la.

Exemplo: Temperatura é uma grandeza física que indica o grau de aquecimento de uma
certa porção de matéria. De modo vulgar, a temperatura é usada para informar o quanto
uma porção de matéria está fria ou quente.

A princípio, toda referência feita a uma grandeza só pode ser de natureza


qualitativa. Se fosse perguntado sobre a temperatura de um forno, por exemplo, a
resposta só poderia ser algo parecido com quente, frio, muito quente, muito frio, ou
qualquer outra qualificação não muito precisa. Contudo, existe uma forma bastante
eficiente de lidar com grandezas. Isto acontece através de um processo de quantificação.

Exemplo: (ainda sobre temperatura) Uma forma de quantificar a temperatura é criar um


termômetro de mercúrio, por exemplo. Neste caso, o processo de quantificação da
temperatura se dá atribuindo o valor 0 à temperatura de solidificação da água e 100 à
temperatura de ebulição da água. Com a devida marcação do termômetro a partir desta
convenção, cria-se um processo de quantificação da temperatura. Agora, de posse deste
instrumento, pode-se, então, medir a temperatura de uma porção de matéria qualquer.

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Por exemplo, voltando ao forno, com a temperatura graduada é possível regular o calor
produzido dentro do forno do modo mais adequado para se assar os pratos mais
variados como um bolo, uma pizza ou até um prato mais delicado como um suflê. Você
já tentou trabalhar com um forno a lenha? Não é nada fácil.

A ideia de se procurar quantificar grandezas é importante porque a tradução


numérica de uma grandeza permite trabalhá-la de forma mais precisa e eficiente. Sem
este processo de quantificação, toda referência a uma grandeza só pode ser feita de
modo qualitativo.

Só por curiosidade, vejamos alguns poucos exemplos de grandezas que podemos


encontrar quantificadas: calor, tempo, comprimento, área, volume, ângulo, massa,
energia, força, voltagem, população de bactérias, informação, valor financeiro de um
bem, velocidade, aceleração, pressão, massa, resistência elétrica, lucro, custo, receita,
produção, aprendizado, respiração, pressão arterial.

Toda vez que encontrarmos um problema envolvendo grandezas que podem ser
representadas numericamente, encontramos um problema que podemos tentar resolver
com o auxílio da Matemática.

Números naturais e o processo de contagem

A noção matemática que representa o processo de contagem é dada pelo


conjunto dos números naturais. Bem a grosso modo, o conjunto dos números naturais é
caracterizado por ser formado por um elemento, o sucessor deste elemento, o sucessor
do sucessor, e assim por diante, sendo que o primeiro elemento mencionado não é
sucessor de nenhum outro elemento. O primeiro número natural, aquele que não é
sucessor de ninguém, é representado pelo algarismo 1. O próximo número natural, isto
é, o sucessor de 1, é representado pelo algarismo 2. Na sequência de sucessores, os
números naturais seguintes são representados pelos algarismos 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9,
respectivamente.
Como o processo de considerar o sucessor do sucessor não termina nunca, o
problema de representar qualquer número natural por símbolos variados parece ser um

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pouco complicado. Felizmente, existe uma forma bem esperta de representar qualquer
número natural somente através dos algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, e 9, além do
algarismo 0.
O sucessor do 9 é representado por 10, o sucessor do 10 é representado por 11, o
do 11 é representado por 12, e assim por diante, até 19. Trabalhando sempre com
agrupamentos de elementos de 10 em 10 quantidades, podemos representar qualquer
número natural só com os algarismos 0, 1, 2, ..., 9. A representação dos números
naturais através deste método é chamada representação decimal (ou representação na
base 10). Segundo a representação decimal, o conjunto dos números naturais pode ser
representado parcialmente por

 = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, ..., 20, 21, ..., 100, 101, ..., 140, 141, ...}.

Observação: Neste momento, o algarismo 0 tem apenas a função de marcar posição. Por
exemplo, sem o zero, o significado de 1 2 poderia ficar confuso. Significa o número 12
ou o número 102? O algarismo 0 marcando a posição das dezenas, no caso, ajuda a
definir este tipo de questão.

Atividade 1: Represente a quantidade de círculos da figura a seguir através de um


número natural (representado na base 10). (Dica: faça grupos de 10 círculos)

Esta atividade ajudou você a perceber por que a representação simbólica dos
números naturais é eficiente? Por exemplo, veja o espaço ocupado pelos círculos e o
espaço ocupado pela sua resposta. Ou, então, imagine este grupo de círculos sendo

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comparado com outro grupo de círculos. É muito diferente de comparar as quantidades
denotadas por números?

Atividade 2:
a) Se os números naturais fossem representados na base 3 (só com os algarismos 1, 2 e
0), quantos números poderíamos descrever utilizando no máximo dois algarismos (entre
1, 2 e 0)? Faça uma listagem de todos estes números. Como ficaria a representação do
número decimal 8 na base 3?
b) Procure exemplos de utilização de outras bases na representação dos números
naturais.

Desafio: Normalmente, nós contamos os dias, os meses e os anos. Você consegue dar
uma razão para os dias da semana e os meses do ano serem citados por nomes e os dias
do mês e os anos serem citados por números?

Exemplo: (comprimento) Podemos utilizar os números na avaliação de comprimentos.


Dada uma reta r, fixamos dois pontos, O e U, pertencentes a esta. O segmento OU é
associado ao número 1 e é chamado de segmento unitário ou de unidade de medida de
comprimento.
O U r

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Um segmento AB da reta r é associado a um número natural n se AB é obtido
pela justaposição sucessiva de n segmentos congruentes a OU. Neste caso, dizemos que
o comprimento de AB é n.
O U A r

O segmento OA coincide com a justaposição de


3 segmentos congruentes a OU, donde
o comprimento de OA é 3.

Sem a quantificação dos segmentos, isto é, sem a noção de comprimento, uma


discussão sobre medidas se dá de modo qualitativo, “um segmento é maior do que
outro”, por exemplo. E, mesmo assim, em alguns casos pode ser difícil estabelecer
alguma comparação. Na figura a seguir, é claro que o segundo quadrado tem perímetro

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maior do que o do primeiro quadrado. No entanto, não parece claro qual perímetro é
maior, o do segundo quadrado ou o do retângulo. Leitor, você arrisca um palpite?
Lembre-se que o perímetro de um polígono é a soma das medidas dos lados que
formam o polígono.

Vamos, agora, repetir as figuras anteriores, mas em cima de uma rede


quadriculada. Adotando os lados dos quadrados da rede como unidade de medida,
podemos fazer uma avaliação mais precisa do perímetro de cada figura.

Contando os segmentos unitários, temos que o quadrado menor tem perímetro


igual a 4, o quadrado maior tem perímetro igual a 8 e o retângulo tem perímetro igual a
10. Assim, podemos trocar a frase “o segundo quadrado tem perímetro maior do que o
do primeiro quadrado” pela frase mais precisa “o segundo quadrado tem perímetro duas
vezes maior do que o do primeiro quadrado”. Leitor, você achou que o retângulo tivesse
perímetro maior? Você esperava esta diferença toda?

Atividade 3: Construa um polígono formado pelo agrupamento, sobre uma rede


quadriculada, de 9 quadrados de lado 1. A medida é dada pelos lados da rede
quadriculada. Existem vários polígonos que podem ser obtidos a partir destas condições.
Encontre a figura que, nestas condições, tenha o menor perímetro possível e a figura que
tenha o maior perímetro possível. (Dica: Como a atividade pede para desenhar somente
polígonos, é interessante rever a definição de polígono a fim de não fazer desenhos fora
do que foi pedido.)

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Dica: Você pode desenhar as figuras pedidas. Neste caso, fica mais fácil realizar os
desenhos em uma folha de papel quadriculado. Contudo, pode ser interessante recortar 9
quadrados de mesmo lado e obter as figuras encaixando os quadrados, como se fosse
um quebra-cabeça.

Exemplo: (área) A noção de área pode ser quantificada de modo análogo à noção de
comprimento. Uma maneira de fazer isto é fixar um quadrado como unidade de medida
de área. A área de uma figura é dada pela quantidade de quadrados unitários que
compõem a figura.
Na figura anterior, do exemplo de comprimento, utilizando os quadrados da rede
como unidade de medida de área, vemos que o quadrado menor tem área igual a 1, o
quadrado maior tem área igual a 4 e o retângulo também tem área igual a 4.

Veja que, na figura anterior, o segundo quadrado tem área igual ao retângulo,
mas tem perímetro menor. Existe alguma relação entre o perímetro e a área de uma
figura?

Contagem na comparação de grandezas

A Matemática tem aspectos bastante intrigantes. Às vezes nos esquecemos da


necessidade prática que nos fez lidar com certos objetos matemáticos e começamos a
fazer perguntas matemáticas sem qualquer preocupação com a aplicação prática das
eventuais respostas. O interessante é que especulações matemáticas teóricas muitas
vezes acabam gerando respostas para problemas que nem imaginávamos que tivesse
qualquer relação. Por exemplo, qual pode ser o interesse em saber que duas regiões de
mesma área podem ter perímetros diferentes? Este tipo de questão pode ser útil na
construção de uma casa, por exemplo. A área de uma casa é uma informação bastante
importante, é ela que determina o tamanho da casa (por exemplo, o IPTU de um terreno
é calculado sobre a área construída). Contudo, existem várias formas com mesma área,
mas com perímetros diferentes. Assim, para economizar na construção das paredes,
pode ser interessante considerar formas que minimizem o perímetro.

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Atividade 4: Verifique que as duas figuras a seguir têm a mesma área, mas têm
perímetros diferentes. (Por exemplo, se os dois desenhos representassem a planta de
uma casa, qual seria a opção de projeto mais econômica?)

Desafio: Você seria capaz de determinar a figura formada pelo mesmo número de
quadrados (mesma área) da atividade e de menor perímetro possível?

Atividade 5: Suponha que você tenha 10 metros de grade e que queira construir um
cercado retangular aproveitando um muro já existente (veja a figura a seguir). Qual deve
ser o formato do cercado de modo a obter a maior área possível para os 10 metros de
cerca estabelecidos? (Para simplificar o problema, vamos supor que os retângulos
tenham que estar sobre a rede quadriculada do desenho.)

Neste desenho, o cercado de 10 m tem


uma área de 12 m2.

Observação: Nos últimos exemplos, discutimos um pouco sobre a relação entre área e
comprimento. Note que estes são objetos de naturezas diferentes. A princípio, não
temos como comparar uma superfície com uma linha. Contudo, o fato de termos
quantificados estes dois tipos de grandezas permitiu compará-las. Na verdade, esta é
mais uma das vantagens do estudo matemático. Através da quantificação de grandezas,
criamos um parâmetro de comparação entre grandezas como tempo e calor, peso e
massa, velocidade e distância, volume e pressão, etc.

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Vimos como os números naturais podem ser associados à noção de
comprimento. Esta associação pode ainda ser mais bem explorada. De fato, podemos
obter uma interpretação geométrica para os números naturais. Isto permite que
visualizemos os números naturais, o que pode ser muito vantajoso.

Atividade 7: (construindo uma régua com números naturais – a reta graduada)


a) Consiga uma folha de papel quadriculado e uma régua. Com o auxílio da régua,
usando uma caneta de cor diferente da dos quadriculados da folha, destaque uma reta da
folha e fixe uma unidade de medida. Tente obter uma figura parecida com a seguinte.

A partir destas convenções, o número 1 é representado pelo segmento OU. O número 2


é representado pelo segmento que coincide com a justaposição do segmento OU com o
segmento côngruo a este. Considerando justaposições sucessivas, obtemos os números
naturais representados por segmentos de uma reta com unidade de medida fixada.

A fim de não sobrecarregar a representação dos números sobre a reta, é mais


conveniente marcar o número sobre a extremidade do segmento que o representa.
Fazendo isto, leitor, tente obter a seguinte representação dos números naturais sobre a
sua reta de unidade de comprimento fixada.

O U

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Observe como este processo de construção dos números naturais sobre a reta
reproduz a ideia que temos sobre os números naturais. Determinamos o primeiro

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segmento, determinamos o sucessor do primeiro segmento, depois o sucessor do
sucessor e assim por diante. Deste modo, acabamos de descrever uma outra maneira de
representar os números naturais, a representação geométrica dos números naturais. No
desenho anterior, temos as duas representações ao mesmo tempo, a geométrica e a de
base 10.
b) Determine o perímetro do seguinte triângulo. A unidade de medida é dada pelos
lados dos quadrados da rede.

Sugestão: Tente “linearizar” os lados do triângulo. Para isto, coloque os lados do


triângulo em uma mesma reta, um justaposto ao outro. Faça isto em uma reta numerada.
Dica: Você pode reproduzir a figura em um papel quadriculado e recortar os lados,
colocando-os justapostos em cima de uma reta numerada. Uma maneira interessante é
reproduzir os lados do triângulo por meio de um compasso. Para isto, basta regular a
abertura do compasso de acordo com o lado a ser reproduzido.

Desafio: Leitor, você consegue construir uma reta graduada a partir de uma unidade de
medida arbitrária, em uma folha sem nenhuma pauta? Dica: Utilize uma régua para a
construção da reta e um compasso para a construção dos múltiplos da unidade (não
utilize as unidades da régua).

Contagem na previsão de eventos

Até agora vimos alguns exemplos onde os números naturais foram úteis na
comparação de grandezas. Podemos aplicar o conhecimento dos números naturais em
outro tipo de problema bem interessante, a saber, o problema de previsão.

Exemplo: Um forno é desligado quando a temperatura estava a 200ºC. Passado um


minuto, o cozinheiro verificou que a temperatura tinha mudado para 188ºC, ou seja
tinha diminuído 12ºC. Passado mais um minuto, o cozinheiro verificou que a

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temperatura tinha diminuído mais 12ºC, passando para 176ºC. Admitindo que este
comportamento se mantenha, quanto tempo o forno levará para atingir a temperatura
ambiente de 20ºC?

Solução: A resposta para este problema pode ser obtida por um simples processo de
contagem. Na verdade, é uma contagem especial, pois é preciso contar de 12 em 12, a
partir do 200 e diminuindo, mas não deixa de ser uma contagem.
A sequência de valores contados pode ser acompanhada na seguinte tabela.
x min 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
o
yC 188 176 164 152 140 128 116 104 92 80 68 56 44 32 20
Assim, contando o tempo decorrido, em minutos, e a mudança sucessiva de
temperatura, podemos antecipar que o forno vai alcançar a temperatura ambiente depois
de 15 minutos.
Leitor, veja como a contagem realizada nesta questão é interessante, não
precisamos esperar passar os 15 minutos para ficar sabendo que o forno alcançou a
temperatura ambiente. Contudo, é bom ficar claro que isto é uma previsão. Estamos
supondo que é isto que vai acontecer (sem precisar esperar os 15 minutos passarem). É
evidente que podem aparecer outros fatores capazes de alterar esta previsão. Mas, a
princípio, baseado nos dados fornecidos, o tempo de espera de 15 minutos parece ser
uma boa estimativa.
Por exemplo, se você utilizou um forno em condições semelhantes e possui uma
criança pequena em casa, já pode prever que a criança só poderá entrar na cozinha em
segurança depois de 15 minutos de ter desligado o forno.

Atividade 8:
a) Existe uma forma bem simples de montar uma tabela como a do exemplo anterior.
As planilhas eletrônicas (por exemplo, o Excel ou BrOffice – este último é um
programa livre, você pode pedir ajuda ao seu tutor de Informática) oferecem ótimos
recursos matemáticos e um destes é ajudar a montar facilmente tabelas como a anterior.
Tente realizar as etapas descritas a seguir.
1º) Em uma planilha, preencha as três primeiras células da primeira linha com os
valores 1, 2 e 3, respectivamente.

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2º) Selecione as três células preenchidas, você encontrará as três células cercadas
por um retângulo com um pequeno quadrado do lado, chamado alça de

preenchimento, com o seguinte aspecto: .

3º) Clique em cima do pequeno quadrado e arraste a alça ao longo da linha, você
verá as células sendo preenchidas automaticamente.
Se você começar a preencher as células com sequências variadas, o programa irá
preencher as células seguintes de acordo com a sequência
seq ência definida. Experimente criar
automaticamente a sequência dos
dos números pares, ou a sequência dos números múltiplos
de 9, por exemplo. Tente recriar a tabela do exemplo anterior.
b) Uma forma interessante de realizar contagens se dá através da representação
geométrica dos números naturais. Consiga uma trena com 2 m de comprimento, pelo
menos. Consiga também um pedaço de linha de 12 centímetros. Vamos representar a
temperatura do forno através dos centímetros da trena. Assim, a marca 200 cm da trena
representa a temperatura inicial do forno. Ande com o pedaço de linha a partir da marca
de 200 cm, diminuindo de 12 cm em 12 cm. Conte cada diminuição de marca, até
chegar à temperaturaa ambiente, isto é, até chegar à marca de 20 cm.

Exemplo: Imagine que você comece a brincar com palitos, formando quadrados, como
na figura a seguir. Quantos palitos são necessários para se montar uma sequência de 17
quadrados?

Solução: Como temos visto nesta unidade, para resolver este problema, basta contar.
Para
ra montar um quadrado, precisamos de quatro palitos. Para montar dois quadrados,
precisamos de 7 palitos. Para montar três quadrados, precisamos de 10 palitos. Bom, o
processo segue assim, sempre juntando mais 3 palitos para obter um outro quadrado.
Ficou com dúvida sobre o processo descrito? Monte os quadrados e verifique os
números citados.

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Percebendo que a sequência de palitos necessários cresce de 3 em 3, a partir do
4, basta montar a seguinte tabela, com a primeira linha representando o número de
quadrados e a segunda linha representando o número de palitos usados.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52
Assim, são necessários 52 palitos.

Observação: Veja, neste último exemplo, mais um aspecto sobre a previsão matemática.
Primeiro, lembre como a contagem já ajudou a antecipar um evento, como no caso de
prever quando o forno atingiria a temperatura ambiente, sem precisar esperar o tempo
decorrer. Agora, você viu como prever a quantidade de palitos necessários para a
construção da sequência de quadrados sem precisar lançar mão de uma grande
quantidade de palitos para o experimento, sem precisar arrumar espaço para montar a
sequência de quadrados e sem perder tempo montando os quadrados. Com um simples
esquema gráfico e a contagem numérica, o problema foi rapidamente resolvido, com
grande economia de material, de espaço e de tempo.
É claro que montar sequências de palitos é só uma brincadeira, mas é o método
utilizado que importa. Veja, a seguir, uma situação semelhante, só que agora mais séria.

Exemplo: um comerciante compra um determinado produto do fabricante. Este cobra


100 reais pela entrega e mais 15 reais por cada peça. Se o comerciante vende cada peça
por 30 reais, quantas peças ele precisa vender para começar a ter algum lucro?
Solução: Vejamos uma tabela relacionando o custo das peças e a receita na venda das
peças com a quantidade de peças.

No de peças 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Custo 115 130 145 160 175 190 205 220 235
Receita 30 60 90 120 150 180 210 240 270

Na primeira linha, temos a contagem do número de peças. Na segunda linha,


temos o custo correspondente à quantidade de peças. Para uma peça, temos a tarifa de
100 reais pela entrega, mais 15 reais pelo custo da peça. Para duas peças, temos 115
mais o custo da segunda peça. Daí por diante, continuamos a aumentar o custo em 15
reais para cada nova peça, fazendo, assim, a contagem de 15 em 15.
Na terceira linha, temos a receita correspondente ao número de peças vendidas.
Com uma peça vendida, o comerciante recebe 30 reais. Com duas peças vendidas, ele

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recebe mais 15, somando 30, então. O preenchimento da terceira linha prossegue com a
contagem de 15 em 15.
De acordo com os números obtidos, o comerciante tem que encomendar pelo
menos 7 peças, para obter algum lucro (é quando temos a receita maior do que o custo –
lembre que: lucro = receita − custo).

Observação: Novamente, leitor, veja como o processo de contagem ajuda a prever


situações e com uma série de economias. Neste último exemplo, o comerciante não
precisou comprar as peças, nem vendê-las, para só então constatar qual é a melhor
maneira de montar o seu estoque. Ele simplesmente previu isto através do processo de
contagem.

Atividade 9: Ainda com relação ao exemplo anterior, o comerciante descobriu um novo


fabricante que vende o mesmo tipo de peça, mas por 13 reais a unidade. O problema é
que a taxa de entrega é de 150 reais. Se o comerciante pretende comprar 14 peças, qual
fabricante oferece as melhores condições? (Lembre-se que você dispõe de vários
recursos para realizar a contagem dos valores.)

Atividade 10: Uma piscina de 5000 litros, vazia, recebe água a uma vazão constante.
Como podemos estimar quando a piscina ficará cheia?
a) Imagine que você tenha um balde de 6 litros e que marcou o tempo que levava para
encher o balde, 2 minutos. Baseado nestas informações, faça a previsão de quando a
piscina ficará cheia. (Utilize os recursos de contagem que você aprendeu aqui.)
b) Suponha que a piscina, de novo vazia, esteja agora com um pequeno vazamento e
que esteja perdendo um litro de água a cada 10 minutos. Refaça a previsão de quando a
piscina ficará cheia.

O processo de contagem, em seu estado mais evoluído, é muito mais do que


associar quantidades, ou representar quantidades. O processo matemático de contagem
pode significar também a possibilidade de trabalhar com objetos, mesmo sem tê-los à
frente, ou de trabalhar com quantidades inimagináveis. Assim, podemos fazer
referências a manadas de elefantes, sem precisar juntá-los em um mesmo lugar.
Podemos contar planetas, mesmo que não possamos vê-los. Podemos até falar sobre
toda a massa do universo, algo em torno do 1 seguido de 54 zeros, sem precisar
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percorrer nossa vista sobre cada átomo existente no nosso universo. Vimos, por
exemplo, que, com a contagem, podemos inclusive adiantar o tempo e estimar prováveis
resultados.

As operações básicas dos números naturais

Para os números naturais, definem-se as operações fundamentais soma e


produto. É com a definição destas operações que a noção de número se mostra
realmente importante. Em particular, muitas vezes temos o processo de contagem
bastante simplificado através do uso destas operações.

Exemplo: Voltemos ao problema do forno que é desligado quando a temperatura estava


a 200ºC e cuja temperatura diminui 12ºC a cada minuto. Utilizando operações
matemáticas, podemos representar o fenômeno da variação de temperatura do forno em
função do tempo pela equação
y = −12x + 200,
onde x representa o tempo em minutos e y representa a temperatura em grau Celsius.
Foi pedido para determinar em quanto tempo o forno atinge a temperatura 20oC,
ou seja, quanto vale x quando y = 20. Assim, queremos resolver a equação
20 = −12x + 200.
Com habilidade matemática, é fácil encontrar a solução:
12x = 200 − 20 = 180 ∴ x = 180/12 = 15.
Assim, o forno chegará à temperatura ambiente após 15 minutos.

Observação: Leitor, procure pensar um pouco sobre a história completa e nos seus
detalhes. É apresentado um problema prático e este é resolvido, de modo muito
eficiente, a partir da manipulação das expressões matemáticas. A história apresentada
desta forma normalmente não é muito bem entendida, pois várias passagens ficam
suprimidas. Aliás, é por isso que a história é contada de forma tão eficiente, por ter
muitos detalhes suprimidos. Contudo, pelo que vem sendo visto ao longo do texto,
estamos aprendendo a entender o que está por trás do uso tão eficiente das expressões
matemáticas.

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Exemplo: Voltemos ao problema de determinar o número de palitos para a construção
de uma sequência de quadrados. Pelos dados do problema, precisamos de 4 palitos para
o primeiro quadrado e, daí por diante, mais 3 palitos para cada novo quadrado. Assim, a
quantidade de palitos, y, para cada quadrado, x, pode ser expressa matematicamente pela
fórmula
y = 1 + 3x.
No problema, foi pedido para determinar o número de palitos para se construir 17
quadrados. De posse da fórmula, precisamos calcular o valor de y quando x = 17.
Portanto,
y = 1 + 3x = 1 + 3.17 = 52.

Observação: Não foi explicado, mas no futuro vocês verão como obter fórmulas para
problemas como os ilustrados aqui.

Exemplo: Vejamos um exemplo de determinação de perímetro de um triângulo sem o


conhecimento de um dos lados do triângulo. No triângulo a seguir, podemos determinar
imediatamente a medida de dois lados, a saber, 3 e 4.

Como o triângulo é retângulo, pelo teorema de Pitágoras, sabemos que seus lados
satisfazem a relação a2 + b2 = c2, onde a e b representam os catetos (os lados menores) e
c a hipotenusa (o lado maior).
Assim, temos c2 = 32 + 42 = 9 + 16 = 25, isto é, c2 = 25. Se fizermos algumas
contas (12, 22, ...), chegamos logo a igualdade 52 = 25. Daí, c = 5 é a medida do lado
maior. Logo, o perímetro é 12.
Note como usamos a fórmula para a determinação do lado, sem recorrer ao
processo de contagem.

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Atividade 11: Determine o terceiro lado do triângulo do exemplo anterior sem recorrer
ao teorema de Pitágoras, utilize a reta graduada e um compasso.

Desafio: Será que sempre podemos determinar o terceiro lado de um triângulo a partir
do conhecimento dos outros dois, qualquer que seja o triângulo?

Exemplo: (Área de um retângulo) Considere um retângulo com base medindo a e altura


medindo b, com a, b ∈ . Como podemos determinar o número de quadrados unitários
que compõem este retângulo? Ou seja, como podemos determinar a área deste
retângulo? Pelo que vimos até agora, a resposta é muito simples, é só contar a
quantidade de quadrados unitários. Entretanto, existe uma forma mais econômica de
resolver este problema, sem precisar contar todos os quadrados unitários.
Se a altura do retângulo mede b unidades é porque ela é formada por uma coluna
de b quadrados. Se a base do retângulo mede a unidades é porque ela é formada por
uma linha de a quadrados. Ou seja, o retângulo é formado por a colunas, cada uma com
b quadrados. Assim, contando ao longo da linha da base, temos uma coluna com b
quadrados, mais outra coluna com b quarados, mais outra coluna com b quadrados, e
assim por diante, até a colunas serem contadas. Logo, o número de quadrados que
compõem o retângulo é dado pela a soma sucessiva de b quadrados, a vezes, ou seja, o
número de quadrados é igual a ab.
Tente acompanhar a explicação pelo próximo desenho.

b 



a b + b + b +  + b + b (a vezes) = ab

Assim, a área de um retângulo de base a e altura b, com a, b  , é dada pela


fórmula, A = ab, onde A denota a área. De outro modo, o número de quadrados unitários
que compõem o retângulo dado é ab.

Aplicação: Leitor, veja como a operação produto aparece como um simplificador do


processo de contagem. Suponha que você tenha uma grande quantidade de objetos a

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serem contados. Então, a princípio, você terá que fazer corresponder cada objeto com
um número natural, um por um. Pelo último exemplo, uma boa estratégia é formar um
retângulo com os objetos. Aí, em vez de contar um por um, basta contar os objetos da
base e da altura do retângulo. Para encontrar o total de objetos, só é preciso fazer o
produto dos dois valores encontrados.
Veja a figura a seguir.

Olhando os objetos da forma desordenada que estão, a única maneira de contar estes
objetos passando por cada um deles, de um em um. Agora, olhe a figura a seguir,
formada com os mesmos objetos, mas organizados numa forma retangular.

Ainda podemos contar objeto por objeto. Mas, vamos apenas contar os objetos
da base e da altura. Na base, temos 12 objetos. Na altura, temos 11. Assim, o total de
objetos pode ser calculado por: total de objetos = 12×11 = 131.
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Exemplo: Você consegue contar rapidamente o número de quadrados na seguinte


figura?

Sinceramente, não parece ser nada estimulante ter que contar todos estes
quadrados, por mais simples que seja o processo de contagem. Será que não existe um
atalho, uma forma econômica de resolver esta questão? Às vezes, quando nos
deparamos com uma situação mais complicada, pode ser interessante tentar trabalhar
com uma situação semelhante e mais simples. Veja as figuras a seguir.

Temos aqui três pilhas “triangulares” semelhantes ao desenho do exemplo, mas


com menos quadrados (note o padrão de arrumação das pilhas, com cada coluna tendo
um quadrado a mais do que a coluna anterior). Em todos os casos podemos estender a
figura até obter um retângulo. Em cada retângulo obtido, a área da pilha triangular é
metade da área do retângulo. Se a pilha triangular de quadrados tem n quadrados na
base, o retângulo tem a base com n unidades e a altura com n + 1 unidades. Assim, a

área do retângulo é dada por n(n + 1). Neste caso, a área da pilha triângular é

Como a área é dada pelo número de quadrados unitários que compõem a figura, temos

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que a quantidade de quadrados em uma pilha triangular de quadrados com n quadrados

na base é dada por

. Confira a fórmula com as 3 pilhas acima.

Se esta fórmula funciona mesmo, verificando que a pilha de quadrados do




  
exemplo tem 32 quadrados na base, temos que a pilha tem ao todo

. Você pode conferir o resultado contando cada quadrado, um por um.

Observação: Leitor, veja se você não acha esta relação interessante. No início desta
unidade, aprendemos a calcular a área de uma região através do processo de contagem.
Contudo, neste último exemplo, vimos como podemos utilizar a noção de área e a
manipulação de figuras geométricas para realizar uma contagem com mais agilidade e
eficiência (é muito fácil errar uma contagem envolvendo muitos objetos).

A escola de Pitágoras estudou, entre outros assuntos, os números naturais que


podiam ser representados através de alguma construção geométrica, os chamados
números figurados. Dentre os números figurados, encontram-se os números
triangulares. Os números 3, 6, 10 e 528, apresentados no exemplo anterior, são alguns
exemplos de números triangulares. Vimos também, no mesmo exemplo, que todo

número triangular pode ser obtido pela fórmula . Note que o 1 também pode ser

 

visto como um número triangular (

).

Outro tipo de número figurado é dado pelos números que podem ser
representados na forma de um quadrado. Veja alguns exemplos de representação em
forma de quadrado.

Pela fórmula da área do quadrado, segue que todo número quadrado é da forma
n2, para algum número natural n. Aliás, o uso da expressão “n elevado ao quadrado”, no
lugar de “n elevado a 2” tem origem nesta representação figurada dos números. Você

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saberia justificar o uso da expressão “n elevado ao cubo” no lugar da expressão “n
elevado a 3”?

Atividade 12: Faça a contagem de quadrados em cada figura a seguir.

Observação: Com a utilização das operações, o símbolo 0 passou a ter maior


importância. Por exemplo, é interessante ter um símbolo para representar a operação a −
a, quando temos uma quantidade e depois a retiramos. Ficamos com o que? Com a
evolução nas manipulações matemáticas dos números naturais, sentiu-se a necessidade
de acrescentar um símbolo que representasse a ausência de quantidade. Assim, o 0
passou a ter esta função. Deste modo, os números naturais passaram a ter a seguinte
representação:

 = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, ..., 20, 21, ...}.

Neste caso, quando for necessário fazer referência aos naturais diferentes de zero, usa-se
a notação *. Ou seja, temos *= {1, 2, 3, 4, ...}.

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Já vimos como a representação geométrica dos números naturais pode ser útil no
processo de contagem. Será que esta interpretação geométrica dos números também
pode ser utilizada na realização das operações? Veja, leitor, o que acha das próximas
atividades.

Atividade 13: (Calculadora analógica de soma) Consiga duas retas. Trabalhando com
elas como na figura abaixo, você obtém uma calculadora de soma. Por exemplo, para
efetuar a soma, 4 + 7, posicione a origem da segunda superior sobre o número 4 da reta
da base. Verifique que o número 7 da reta superior coincide com o valor da soma, 11.
Se você trabalhar com réguas maiores, poderá efetuar somas maiores.
Experimente!

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

a) Utilize a calculadora de soma para efetuar 5 + 3 e 3 + 5.


b) Resolva a equação 7 + x = 13 com o auxílio da sua nova calculadora.
c) Com o auxílio da calculadora, tente resolver a equação 8 + x = 5.
d) Utilize a calculadora geométrica para efetuar 5 − 1; 7 − 4; 10 − 2. Você consegue
efetuar 4 − 7?
e) Utilize a calculadora geométrica para efetuar 4 − 4; 3 + 0; 0 + 5.

Exemplo: As pirâmides egípcias são monumentos grandiosos do mundo antigo. O


filósofo grego Tales (nascido por volta de 585 a.C.), em uma de suas viagens ao Egito e
admirado com o tamanho destes monumentos, conseguiu medir a altura de uma das
pirâmides através de um princípio de proporção conhecido por ele. Tales utilizou um
bastão e a medida da sombra deste e da sombra da pirâmide para determinar a altura
desta.
Acompanhe as figuras a seguir.

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Seguindo a proporção, se a sombra da pirâmide for 70 vezes maior do que a


sombra do bastão então a altura da pirâmide deve ser 70 vezes maior do que a altura do
bastão. Por exemplo, se o bastão utilizado tivesse 2 metros então a altura da pirâmide
deveria ser de 140 metros.

Atividade 14: (Calculadora geométrica de produto) O método utilizado por Tales no


cálculo da altura de uma pirâmide e a representação geométrica dos números pode dar
uma boa ideia para a construção de uma calculadora geométrica de produto. Por
exemplo, vamos calcular geometricamente o produto de 3 por 2 utilizando a ideia de
proporção de Tales. Imagine raios de sol chegando na Terra. A figura a seguir ilustra
dois raios de sol. O primeiro passa pelo bastão de altura 1 de modo que a sombra tem
comprimento 3. O segundo raio passa pela marca de altura 2. Pela proporção das
sombras, o segundo raio deve tocar no chão na marca 6, que é justamente o resultado do
produto de 2 por 3. Acompanhe a figura a seguir.

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a) Tente fazer alguns produtos seguindo o modelo do desenho. Construa a reta
graduada, além de outra reta graduada, mas perpendicular à primeira. Utilize uma régua
e um esquadro para desenhar as retas paralelas. Trabalhe com papel quadriculado.
b) Atualmente, existe um recurso muito interessante para a realização deste tipo de
atividade, a Geometria Dinâmica. Um programa adequado para os nossos propósitos é o
GeoGebra (você pode obter informações sobre o assunto na página
http://www.professores.uff.br/hjbortol/geogebra/index.html, do professor Humberto
José Bortolossi).
c) Resolva a equação 3x = 15.

Observação: Em termos computacionais, é claro que uma calculadora digital


convencional é muito mais eficiente do que as calculadoras geométricas apresentadas
aqui. Contudo, estas calculadoras geométricas ainda podem ser muito úteis no estudo
das propriedades operacionais.

Números inteiros

Ao longo do texto falamos sobre o uso dos números naturais em problemas de


previsão. Esta visão de aplicação do processo de contagem ainda pode ser estendida.
Além de ajudar a prever o futuro, a Matemática também pode nos ajudar a contar um
pouco mais sobre nosso passado. É possível dizer, por exemplo, quando determinada
espécie extinta vivia na Terra. Pode-se estimar quando a vida apareceu na Terra, ou
quando a Terra foi criada. Questões como essas podem facilmente ser resolvidas por
contagem. Só que é uma contagem ao contrário, para “trás”, voltando no tempo.
Na verdade, existem várias situações onde podemos precisar de contar num
sentido contrário do esperado. Por exemplo, em construções com elevadores, os andares
acima do nível do chão são contados e representados pelos números naturais. Mas,
existem situações que o elevador pode descer para níveis abaixo do nível do chão. Neste
caso, pode-se contar os andares para baixo, mas a contagem tem um significado
diferente da contagem para cima. Um exemplo bem mais comum de contagem com
mais de um significado pode ser encontrado nas operações financeiras. Podemos contar
dinheiro. O problema é quando começamos a contar dívidas, isto é, contar dinheiro que
não temos e precisamos pagar a alguém.

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Para lidar com situações envolvendo contagens com dois significados, perda e
ganho, antes e depois, para cima e para baixo, a Matemática desenvolveu um novo
conjunto numérico, o conjunto dos inteiros, . Este conjunto estende o conjunto dos
números naturais e sua representação decimal é parcialmente dada a seguir.

 = { ... , −4, −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, 4, ... }.

Uma representação geométrica parcial de  é a seguinte.


r

−2 −1 0 1 2 3 4 5

Os números inteiros possuem uma classificação especial. Os números


pertencentes ao conjunto {1, 2, 3, 4, ...} são chamados números positivos e os números
pertencentes ao conjunto {−1, −2, −3, −4, ...} são chamados números negativos.

Observação: Uma das peculiaridades da Matemática é o uso especializado de símbolos.


A ideia de se usar símbolos é bastante frutífera. Com símbolos podemos representar
ideias ou objetos de uma forma mais simples (econômica) ou mais representativa. Você
se lembra da atividade 1, quando foi pedido para representar uma grande quantidade de
objetos por símbolos numéricos, uma representação bem mais simples?

Os números negativos e positivos têm grande importância em estudos


matemáticos e também possuem uma notação especial. Temos as seguintes notações em
símbolos:
+ = {1, 2, 3, 4, ...},
− = {−1, −2, −3, −4, ...}.

Agora, o uso de símbolos ajuda de um lado, mas pode complicar de outro. Às


vezes, com o uso de muitos símbolos, podemos nos perder sobre o completo significado
de determinado símbolo. Este é um preço que temos que pagar pela simplificação. O
importante, nestes casos, é estudar de vez em quando os principais símbolos.

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Atividade 15: Verifique que as seguintes igualdades entre símbolos matemáticos: + =
*; − =  \ *;  = − ∪ {0} ∪ +.

A manipulação dos números inteiros é semelhante à dos números naturais. A


maior diferença é que agora não temos o menor elemento. No conjunto , os números
não possuem um limite superior de valor e também não possuem um limite inferior. Um
problema maior pode acontecer com as operações soma e produto neste novo conjunto.
Na verdade os cálculos se realizam da mesma maneira, só que é preciso tomar certo
cuidado com os sinais. Se você, leitor, ainda se confunde com esta questão, dê uma
olhada na próxima atividade.

Atividade 16:
a) As duas réguas da calculadora de soma ainda podem ser usadas para somar números
inteiros. Basta usar a régua de forma invertida quando trabalhar com números negativos.
Procure realizar algumas contas para ver se faz sentido. Por exemplo, veja se, com as
réguas, você obtém −4 + 5 = 1, −3 + (−1) = −4, 5 + (−6) = −1, (−2) + 2 = 0.
b) A calculadora geométrica de produtos pode ser adaptada para os números inteiros.
Veja se mudando a altura do objeto (segundo fator do produto) e a sombra do bastão
unidade (primeiro fator do produto) para valores negativos e fazendo passar raios
paralelos pelas devidas marcas então você obtém a sombra do objeto como o produto
esperado. Por exemplo, veja o que acontece com produtos como 2.(−3), (−3).2,
(−1).(−1). Veja se a sombra obtida confere com a regra dos sinais em uma
multiplicação.

Observações:
1) Trabalhando com inteiros, temos a notação a − b = a + (−b).
2) Uma regra útil para produto é a seguinte: (−a)b = a(−b) = −ab.
3) A notação −a não representa um número negativo. Cuidado! Esta notação indica o
simétrico de um número. Por exemplo, se a = −3, temos −a = 3, um número positivo.

Comentários finais

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A resolução abreviada de problemas através de expressões matemáticas ilustra
bem como as operações podem ser importantes na manipulação dos números. Em
particular, mostra como o domínio de técnicas matemáticas pode ajudar a resolver os
problemas mais variados, tanto os da própria Matemática, quanto os de fora desta.
Caro leitor, ao longo deste curso, você deve rever algumas das técnicas
matemáticas estudadas no ensino básico, principalmente no ensino médio. O domínio
destas técnicas pode ajudar na resolução de problemas, como ilustrado aqui, mas
também pode ajudar você a adquirir novos conhecimentos matemáticos, aqueles que
serão motivo de estudo nas disciplinas do seu curso.
Você está convidado a entrar nesta viagem de conhecimentos que pode te levar a
horizontes infinitos. O conjunto dos números naturais é apenas o primeiro passo desta
jornada.

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